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a solução para o seu concurso!

CBMERJ
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO

CADETE BM do 1º ano do
Curso de Formação de
Oficiais
EDITAL Nº 01/2024

CÓD: SL-156JN-24
7908433248866
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Norma ortográfica...................................................................................................................................................................... 11
2. Morfossintaxe: Classes de palavras............................................................................................................................................ 11
3. Processos de derivação .............................................................................................................................................................. 20
4. Processos de flexão verbal e nominal ........................................................................................................................................ 22
5. Concordância nominal e verbal ................................................................................................................................................. 25
6. Regência nominal e verbal ......................................................................................................................................................... 27
7. Crase .......................................................................................................................................................................................... 29
8. Coordenação e subordinação .................................................................................................................................................... 30
9. Colocação das palavras .............................................................................................................................................................. 33
10. Pontuação .................................................................................................................................................................................. 33
11. Leitura e interpretação de texto: Organização textual............................................................................................................... 35
12. Mecanismos de Coesão e Coerência ......................................................................................................................................... 39
13. Figuras de linguagem ................................................................................................................................................................. 40
14. Significação das palavras............................................................................................................................................................ 43

Língua Inglesa
1. Compreensão geral do sentido e do propósito do texto ........................................................................................................... 49
2. Compreensão de ideias específicas expressas em parágrafos e frases e a relação entre parágrafos e frases do texto............. 49
3. Localização e identificação de informações específicas em um ou mais trechos do texto ........................................................ 50
4. Identificação de marcadores textuais como conjunções, advérbios, preposições etc., e compreensão de sua função essencial
no texto ...................................................................................................................................................................................... 51
5. Compreensão do significado de itens lexicais fundamentais para a correta interpretação do texto seja por meio de substitui-
ção (sinonímia) ou de explicação da carga semântica do termo ou expressão ......................................................................... 56
6. Localização de referência textual específica de elementos, tais como pronomes, advérbios, entre outros, sempre em função
de sua relevância para a compreensão das ideias expressas no texto ...................................................................................... 57
7. Compreensão da função de elementos linguísticos específicos na produção de sentido no contexto em que são utilizados.. 61

Matemática
1. Conjuntos numéricos: Números naturais e números inteiros: indução finita, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo
múltiplo comum, decomposição em fatores primos. Números racionais e noção elementar de números reais: operações e
propriedades, ordem, valor absoluto, desigualdades. Números complexos: representação e operações nas formas algébrica
e trigonométrica, raízes da unidade. Sequências: noção de sequência, progressões aritmética e geométrica, noção de limite
de uma sequência, soma da série geométrica, representação decimal de um número real. Grandezas direta e inversamente
proporcionais. Porcentagem; juros simples e compostos.......................................................................................................... 67
2. Polinômios: Conceito, grau e propriedades fundamentais. Operações com polinômios, divisão de um polinômio por um
binômio da forma x-a, divisão de um polinômio por outro polinômio de grau menor ou igual................................................ 89
3. Equações algébricas: Definição, conceito de raiz, multiplicidade de raízes, enunciado do Teorema Fundamental da Álgebra.
Relações entre coeficientes e raízes. Pesquisa de raízes múltiplas. Raízes: racionais, reais e complexas.................................. 93
4. Análise combinatória e probabilidade: Princípio fundamental de contagem. Arranjos, permutações e combinações simples.
Binômio de Newton. Eventos. Conjunto universo. Conceituação de probabilidade. Eventos mutuamente exclusivos. Probabi-
lidade da união e da intersecção de dois ou mais eventos. Probabilidade condicional. Eventos independentes ..................... 97

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ÍNDICE

5. Noções básicas de estatística: Representação gráfica (barras, segmentos, setores, histogramas). Medidas de tendência cen-
tral (média, mediana e moda) ................................................................................................................................................... 100
6. Matrizes, determinantes e sistemas lineares: Matrizes: operações, matriz inversa. Sistemas lineares. Matriz associada a um
sistema. Resolução e discussão de um sistema linear. Determinante de uma matriz quadrada: propriedades e aplicações,
regras de Cramer ....................................................................................................................................................................... 108
7. Geometria analítica: Coordenadas cartesianas na reta e no plano. Distância entre dois pontos. Equação da reta: formas re-
duzida, geral e segmentária; coeficiente angular. Distância de um ponto a uma reta. Equação da circunferência; tangentes a
uma circunferência; intersecção de uma reta a uma circunferência. Elipse, hipérbole e parábola: equações reduzidas ......... 117
8. Funções: Gráficos de funções injetoras, sobrejetoras e bijetoras; função composta; função inversa. Função e função quadrá-
tica. Função exponencial e função logarítmica. Teoria dos logaritmos; uso de logaritmos em cálculos. Equações e inequações:
lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas .................................................................................................................... 125
9. Trigonometria: Arcos e ângulos: medidas, relações entre arcos. Razões trigonométricas: Cálculo dos valores em /6, /4 e /3.
Resolução de triângulos retângulos. Resolução de triângulos quaisquer: lei dos senos e lei dos cossenos. Funções trigonomé-
tricas: periodicidade, gráficos, simetrias. Fórmulas de adição, subtração, duplicação e bissecção de arcos. Transformações de
somas de funções trigonométricas em produtos. Equações e inequações trigonométricas ..................................................... 137
10. Geometria plana: Figuras geométricas simples: reta, semirreta, segmento, ângulo plano, polígonos planos, circunferência e
círculo. Congruência de figuras planas. Semelhança de triângulos. Relações métricas nos triângulos, polígonos regulares e
círculos. Áreas de polígonos, círculos, coroa e sector circular. Intersecção de retas, retas paralelas e perpendiculares. Feixe
de retas. Área de um triângulo. Paralelismo e perpendicularismo ............................................................................................ 143
11. Geometria espacial: Retas e planos no espaço.. ângulos diedros e ângulos poliédricos. Poliedros: poliedros regulares. Pris-
mas, pirâmides e respectivos troncos. Cálculo de áreas e volumes. Cilindro, cone e esfera: cálculo de áreas e volumes ......... 154

Sociologia
1. O homem na sociedade e a sociologia. Como pensar diferentes realidades. O homem como ser social ................................. 169
2. O que permite ao homem viver em sociedade? A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho. Relações
e interações sociais. Socialização ............................................................................................................................................... 170
3. O que nos une e o que nos diferencia como humanos? O que nos diferencia como humanos. Conteúdos simbólicos da vida
humana: cultura. Características da cultura. A humanidade na diferença ................................................................................ 171
4. O que nos desiguala como humanos? Etnias. Classes sociais. Gênero. Geração ....................................................................... 171
5. A diversidade social brasileira. A população brasileira: diversidade nacional e regional. O estrangeiro do ponto de vista socio-
lógico. A formação da diversidade: Migração, emigração e imigração. Aculturação e assimilação .......................................... 174
6. A importância do trabalho na vida social brasileira. O trabalho como mediação. Divisão social do trabalho: Divisão sexual
e etária do trabalho. Divisão manufatureira do trabalho. Processo de trabalho e relações de trabalho. Transformações no
mundo do trabalho. Emprego e desemprego na atualidade ..................................................................................................... 176
7. O homem em meio aos significados da violência no brasil. Violências simbólicas, físicas e psicológicas. Diferentes formas de
violência: doméstica, sexual e na escola. Razões para a violência ............................................................................................. 190
8. Cidadania. O significado de ser cidadão ontem e hoje. Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos.
A Constituição Brasileira e a Constituição Paulista. A expansão da cidadania para grupos especiais: Crianças e adolescentes,
idosos e mulheres ...................................................................................................................................................................... 195
9. A organização política do estado brasileiro. Estado e governo. Sistemas de governo. Organização dos poderes: Executivo,
Legislativo e Judiciário ............................................................................................................................................................... 222
10. A não cidadania. Desumanização e coisificação do outro. Reprodução da violência e da desigualdade social ........................ 227

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ÍNDICE

Geografia
1. A relação sociedade-natureza: Os mecanismos da natureza ..................................................................................................... 241
2. Os recursos naturais e a sobrevivência do homem.................................................................................................................... 241
3. As desigualdades na distribuição e na apropriação dos recursos naturais no mundo............................................................... 246
4. O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente .............................................................................................. 247
5. Estruturação econômica, social e política do espaço mundial: Capitalismo, industrialização e transnacionalização do capi-
tal ............................................................................................................................................................................................... 248
6. Economias industriais e não industriais: articulação e desigualdades....................................................................................... 254
7. As transformações na relação cidade-campo ............................................................................................................................ 255
8. Industrialização e desenvolvimento tecnológico: dominação/subordinação político-econômica ............................................ 255
9. O papel do Estado e as organizações político-econômicas na produção do espaço .................................................................. 266
10. Fundamentos econômicos, sociais e políticos da mobilidade espacial e do crescimento demográfico .................................... 267
11. A divisão internacional e territorial do trabalho ........................................................................................................................ 272
12. O fim da Guerra Fria .................................................................................................................................................................. 278
13. A desagregação da URSS ............................................................................................................................................................ 286
14. A nova ordem econômica mundial ........................................................................................................................................... 290
15. O processo de ocupação e produção do espaço brasileiro: A formação territorial do Brasil e sua relação com a natureza ..... 291
16. O processo de industrialização brasileira e a internacionalização do capital............................................................................. 296
17. Urbanização, metropolização e qualidade de vida .................................................................................................................... 297
18. Estrutura e produção agrária e impactos ambientais ................................................................................................................ 297
19. População: crescimento, estrutura e migrações, condições de vida e de trabalho ................................................................... 302
20. O papel do Estado e as políticas territoriais............................................................................................................................... 305
21. A regionalização do Brasil: desenvolvimento desigual e combinado ........................................................................................ 305

Física
1. Movimentos. Conceitos básicos e formas de representação. Leis de Newton .......................................................................... 323
2. Conservação da energia. Trabalho, energia cinética, energia potencial e energia mecânica. Conservação da Energia Mecâni-
ca ............................................................................................................................................................................................... 327
3. Termologia. Temperatura, calor como energia em trânsito, dilatação térmica ......................................................................... 341
4. Eletricidade. Carga elétrica e sua conservação, Lei de Coulomb. Corrente elétrica e sua conservação .................................... 354

Química
1. Aspectos macroscópicos da matéria: Estados físicos da matéria. Mudança de estado. Processos de separação e critérios de
pureza. Densidade .................................................................................................................................................................... 403
2. Átomos e moléculas: Constituição do átomo; distribuição eletrônica em níveis. Elementos químicos, moléculas. Número
atômico, número de massa e isotopia. Massa atômica e molecular ......................................................................................... 410
3. Classificação e propriedades periódicas dos elementos: Periodicidade das propriedades químicas dos elementos. Tabela
periódica .................................................................................................................................................................................... 415
4. Ligação química. Metálica, iônica e covalente ........................................................................................................................... 419

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ÍNDICE

5. Funções inorgânicas: Óxidos, ácidos, bases e sais .................................................................................................................... 429


6. Reações químicas: Transformações químicas e sua representação simbólica. Lei da conservação da matéria. Balanceamento
de equações químicas ................................................................................................................................................................ 444

Material Digital
Literatura Brasileira
1. Desde as origens até a atualidade ............................................................................................................................................. 5

Literatura Portuguesa
1. Desde as origens até o Primeiro Modernismo (século XX) ........................................................................................................ 35

História
1. Antiguidade Os povos do Oriente Próximo e suas organizações políticas. As cidades-estados da Grécia. Formação, desen-
volvimento e declínio do Império Romano do Ocidente. A vida socioeconômica e religiosa dos mesopotâmicos, egípcios,
fenícios e hebreus. O legado cultural dos gregos e dos romanos .............................................................................................. 57
2. Mundo medieval Formação e desenvolvimento do sistema feudal. A organização política feudal; os reinos cristãos da Penín-
sula Ibérica. O crescimento comercial-urbano e a desagregação do feudalismo. A Civilização Muçulmana. O legado cultural
do Mundo Medieval. A Civilização Bizantina ............................................................................................................................. 69
3. Mundo moderno. A Renascença: a Reforma e a Contrarreforma.............................................................................................. 72
4. A expansão marítimo-comercial e o processo de colonização da América, África e Ásia .......................................................... 74
5. Formação e evolução das monarquias nacionais; as revoluções burguesas do século XVII; Iluminismo e Despotismo ........... 81
6. A política econômica mercantilista; a crise do sistema colonial e a independência no continente americano......................... 88
7. Mundo contemporâneo A Revolução Francesa; o período napoleônico; os movimentos de independência das Colônias Lati-
no-Americanas; o ideal europeu de unificação nacional ........................................................................................................... 90
8. A Revolução Industrial; a expansão e o universo capitalista; o apogeu da hegemonia europeia .............................................. 92
9. A corrida imperialista; a Primeira Guerra Mundial; a Revolução Russa de 1917 e a formação da URSS ................................... 95
10. O período Entre Guerras; as democracias liberais e os regimes totalitários ............................................................................. 98
11. A Segunda Guerra Mundial; a descolonização afro-asiática; a Guerra Fria; a estrutura de espoliação da América Latina ........ 100
12. A fase do Pós-Guerra; os oprimidos do Terceiro Mundo; as grandes linhas do desenvolvimento científico e tecnológico do
século XX ..................................................................................................................................................................................... 107
13. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas ....................................................................................................................... 109
14. Brasil Colônia A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento geográfico e a exploração do
pau- -brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização. A organização político-administrativa; a expansão territorial;
os tratados de limites. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a interiorização da colonização; a
mineração e a economia colonial. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movi-
mentos nativistas. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação ........................................................ 110
15. Brasil Império A crise do antigo sistema colonial e o processo de emancipação política do Brasil; o reconhecimento interna-
cional. O processo político no Primeiro Reinado; as rebeliões provinciais; a abdicação de D. Pedro I. O centralismo político
e os conflitos sociais do Período Regencial; a evolução político-administrativa do Segundo Reinado; a política externa e os
conflitos latino-americanos do século XIX. A sociedade brasileira da fase imperial, o surto do café, as transformações econô-
micas, a imigração, a abolição da escravidão, as questões religiosa e militar.As manifestações culturais; as ciências, as artes
e a literatura no período imperial ............................................................................................................................................... 115

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ÍNDICE

16. Brasil República. A crise do sistema monárquico imperial e a solução republicana; a Constituição de 1891. A Primeira Repú-
blica (1889-1930) e sua evolução político-administrativa; as dissidências oligárquicas e a Revolução de 1930; a vida econô-
mica e os movimentos sociais no campo e nas cidades. A Segunda República e sua trajetória político-institucional; do Estado
Novo ao golpe militar de 1964; a curta experiência parlamentarista; as Constituições de 1946, 1967 e 1988. As transforma-
ções socioeconômicas ao longo dos cem anos de vida republicana; o café e o processo de industrialização; as crises e as lutas
operárias; o processo de internacionalização da economia brasileira e o endividamento externo. Aspectos do desenvolvi-
mento cultural e científico do Brasil no século XX ...................................................................................................................... 126
17. A globalização e as questões ambientais .................................................................................................................................... 146

Biologia
1. Célula. A unidade dos seres vivos. Diversidade e organização das células. Célula e manutenção da vida. Diversidade celular
nos organismos multicelulares .................................................................................................................................................. 157
2. A continuidade da vida hereditariedade e evolução. As concepções da hereditariedade. Teoria cromossômica da herança.
Ampliações dos princípios de Mendel. A natureza química e a expressão dos genes. Teoria da EvoluçãO............................... 179
3. Diversidade dos seres vivos. Alguns sistemas de classificação. Caracterização geral dos grandes grupos. A Biologia das plan-
tas. A Biologia dos animais ........................................................................................................................................................ 222

Filosofia
1. A Filosofia e suas origens na Grécia Antiga: o surgimento do pensamento filosófico, mito e logos ......................................... 273
2. Filosofia e a polis: as condições históricas e as relações com a filosofia nascente .................................................................... 278
3. Temas e áreas da Filosofia: Metafísica, Ética, Política, Epistemologia, Teoria do Conhecimento, Lógica e Estética - os conceitos
e delimitações das respectivas áreas ......................................................................................................................................... 280
4. Filosofia e Cultura: A estrutura da Ética - Virtude e Felicidade na antiguidade clássica, Contextualismo e Universalismo, Escra-
vidão e Democracia ................................................................................................................................................................... 291
5. Teologia - Fé e Razão, As provas da existência de Deus, Filosofia Muçulmana e Cristã ............................................................. 292
6. Política: a fundação do Estado de Direito .................................................................................................................................. 294
7. Socialismo e Liberalismo ............................................................................................................................................................ 297
8. Pluralismo e Totalitarismo ......................................................................................................................................................... 298
9. Modernidade e Secularização: esfera pública e esfera privada, Iluminismo, Individualismo e Cidadania ................................ 299
10. Estética: o Belo e a Obra de arte ................................................................................................................................................ 300
11. Apolíneo e Dionisíaco ................................................................................................................................................................ 303
12. Indústria Cultural ...................................................................................................................................................................... 303
13. Características do pensamento filosófico e sua relação com as ciências. A temática da razão: semelhanças e diferenças entre
Filosofia e Ciência ...................................................................................................................................................................... 305
14. A sistematização do conhecimento filosófico ............................................................................................................................ 307
15. A especificidade da reflexão filosófica ...................................................................................................................................... 307
16. Filosofia na Antiguidade Clássica: as indagações dos pré-socráticos: o princípio da natureza e da origem ............................. 308
17. As ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles ................................................................................................................................. 308
18. A maiêutica socrática ................................................................................................................................................................. 310
19. O conhecimento e a indagação socrática................................................................................................................................... 311
20. Platão: a teoria das ideias .......................................................................................................................................................... 312
21. A construção da cidade justa na “República” ........................................................................................................................... 313
22. Aristóteles: os princípios da metafísica, da ética e da política ................................................................................................... 314

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ÍNDICE

23. Filosofias do período helenista: estoicismo e epicurismo - as éticas helênicas e os modelos da vida feliz ............................... 314
24. A Patrística e a Escolástica: a filosofia do período cristão desde a Antiguidade Tardia à Idade Média...................................... 317
25. As releituras de Platão e de Aristóteles, as relações entre Fé e Razão, a questão do livre arbítrio ........................................... 318
26. As sistematizações e especificidades da Patrística e da Escolástica........................................................................................... 319
27. Pensadores do período moderno (séculos XV a XVIII) e seus temas: o antropocentrismo, o humanismo, as revoluções cientí-
ficas, a emergência do indivíduo e do sujeito do conhecimento ............................................................................................... 320
28. Os procedimentos da razão ...................................................................................................................................................... 324
29. As teorias políticas do período .................................................................................................................................................. 327
30. Pensadores do período contemporâneo (séculos XIX e XX) e seus temas ................................................................................. 330
31. A temática da razão: relação entre a Razão e a Natureza, entre a Razão e a Moral. As críticas à moral racionalista ................ 331
32. A indagação sobre as técnicas ................................................................................................................................................... 337
33. A noção de ideologia ................................................................................................................................................................. 338
34. A inserção das questões econômicas e sociais. ......................................................................................................................... 338
35. Os questionamentos da filosofia da existência .......................................................................................................................... 339
36. A linguagem e a comunicação................................................................................................................................................... 339
37. O ensino de Filosofia e suas indagações na atualidade: a tradução do saber filosófico para o aluno ...................................... 340
38. as estratégias didáticas .............................................................................................................................................................. 341
39. a seleção de conteúdo .............................................................................................................................................................. 342
40. os objetivos da Filosofia no Ensino Médio ................................................................................................................................. 342
41. a contribuição das aulas de Filosofia para o desenvolvimento do senso crítico ........................................................................ 343
42. A Filosofia como componente da área de Ciências Humanas no currículo do ensino médio.................................................... 343
43. Filosofia, Razão e Linguagem: Lógica, Indução, Dedução, Argumentação, A Linguagem e a Razão, Mito e Poesia, Saber e Po-
der, Razão instrumental e Razão prática .................................................................................................................................... 344

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LÍNGUA PORTUGUESA

s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:


NORMA ORTOGRÁFICA – Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa,
verminose.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos.
— Definições Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que burguês/burguesa.
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); – Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
decorrentes dessas funções, entre outros. toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam porque/pois nada está molhado.
ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
distintos. Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase). Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão cancelamento do show.
estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes. por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português do show.
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao
As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente.
para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo: Por quê?
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
(quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma). Parônimos e homônimos
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus – Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na
derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver
York. (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e
apreender (capturar).
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos – Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas
do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e
regras: “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome
demonstrativo).
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
abacaxi. MORFOSSINTAXE: CLASSES DE PALAVRAS
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, — Definição
mexerica. As classes gramaticais são grupos de palavras que organizam
o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua
portuguesa condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida
em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades
de cada classe gramatical.

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— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


– Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para se referirem a um ser específico por já ter sido mencionado ou
por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
– Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento
não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


– Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.
– Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo: “No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronomes possessivo dela.
– Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe: “Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.” e Acrescente aproximadamente umas três ou quatro
gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substantivos
se subdividem em:
– Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
– Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra
palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
– Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que
nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.
– Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado),
constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).

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— Adjetivo Locução adjetiva


É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Exemplos:
ou extensão à palavra, locução, oração ou pronome. – Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
Os tipos de adjetivos – Associação de comércios (associação comercial).
– Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo
simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta — Verbo
mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo,
amarelo-limão). fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
– Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos – Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados,
é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo, não têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
substantivo morte → adjetivo mortal; verbo lamentar → adjetivo “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação). Observe
lamentável). o exemplo do verbo “nutrir”:
– Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou – Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino). significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
O gênero dos adjetivos tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
– Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse
/ “Ana é uma amiga leal.” no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
– Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.”/”Menina tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
travessa”. – Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e/ou
O número dos adjetivos têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
Por concordarem com o número do substantivo a que se Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito
referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos;
a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda
instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar
formosos. duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer
fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo
O grau dos adjetivos seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades). — Pronome
– Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem
quanto o anterior.” fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
– Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
que Luciana.” número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
– Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
do que a equipe.” substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
– Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
podendo ser: relativos.
• Analítico: “A modelo é extremamente bonita.”
• Sintético: “Pedro é uma pessoa boníssima.” Pronomes pessoais
– Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso
• Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
• Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.” (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
(atuam como complemento), sendo que, para cada o caso reto,
Pronome adjetivo existe um correspondente oblíquo.
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer
concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
substantivo comum professora).

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CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nós, conosco.
Vós Vós, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos e nas desempenham apenas a função de objeto direto.

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1a pessoa – Eu Meu, minha, meus, minhas
2a pessoa – Tu Teu, tua, teus, tuas
a
3 pessoa – Ele / Ela Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se de termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação).
São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de
expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos
pronomes de tratamento, os verbos devem ser usados na 3a pessoa.

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Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo, ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


Os seres ou objetos estão
Este, esta, estes, estas,
1a pessoa próximos da pessoa que
isto.
fala.

Os seres ou objetos estão


Esse, essa, esses, essas,
2a pessoa próximos da pessoa com
isso.
quem se fala.

Aquele, aquela, aqueles,


3a pessoa De quem/ do que se fala.
aquelas, aquilo.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada.
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS

Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo,


VARIÁVEIS
um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.

Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais,


INVARIÁVEIS
outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, ou seja, para prevenir a repetição
indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto,
VARIÁVEIS
quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

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Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
vlugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior,
“Coloquei-o cuidadosamente
depressa, devagar. Grande parte das
no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO palavras que terminam em “-mente”,
“Andou depressa por causa
como cuidadosamente, calmamente,
da chuva.”
tristemente.
“O carro está fora.”
“Procurei pelas chaves aqui e
Perto, longe, dentro, fora, aqui, lá, acolá, mas elas estavam aqui, na
ADVÉRBIO DE LUGAR
atrás. gaveta”
“Demorou, mas chegou
longe.”
“Sempre que precisar de
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã,
ADVÉRBIO DE TEMPO algo, basta chamar-me.” “Cedo ou
sempre, nunca, cedo, tarde
tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão
Muito, pouco, bastante, tão, demais, bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE
tanto “Elas conversam demais!”
“Você saiu muito depressa.”
Sim e decerto; palavras afirmativas
com sufixo “-mente” (certamente, real- “Decerto passaram por aqui.”
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO mente). Palavras como claro e positivo “Claro que irei!”
podem ser advérbio, dependendo do “Entendi, sim.”
contexto
Não e nem; palavras como negativo, “Jamais reatarei meu namoro
nenhum, nunca, jamais, entre outras, com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO
podem ser advérbio de negação, depen- “Sequer pensou para falar.”
dendo do contexto. “Não pediu ajuda.”
“Quiçá seremos recebidas.”
Talvez, quiçá, porventura, e palavras
“Provavelmente, sairei mais
ADVÉRBIO DE DÚVIDA que expressem dúvida, acrescidas do
cedo.”
sufixo “: -mente”, como possivelmente.
“Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?”
(Oração interrogativa direta, que
Quando, como, onde, aonde, donde, indica causa)
por que; esse advérbio pode indicar “Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE INTERROGA-
circunstâncias de modo, tempo, lugar e interrogativa direta que indica
ÇÃO
causa; é usado somente em frases inter- tempo)
rogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez is-
so.”(oração interrogativa indireta,
que indica modo.

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— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado maior clareza e precisão.

– Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

– Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
– Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função
o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

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Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
“É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

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Numeral – em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando


É a classe de palavra variável que exprime um número atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número
determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três...), duplos sentidos.
ordinais (primeiro, segundo, terceiro...), fracionários (meio, terço, – Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem
quarto...) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo...). Antes de quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12
nos profundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais unidades).
e suas três principais finalidades: – os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
1 – indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados
os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); — Preposição
Parágrafo 10° (Parágrafo 10). Essa classe de palavras tem o objetivo de marcar as relações
2 – indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e
numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas
primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto. as preposições não possuem significado próprio se isoladas no
3 – indicar capítulos, séculos, reis e papas: após o substantivo discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe
emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo utiliza- gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização
se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico,
(quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis). que gera significado e sentido, esteja presente, apenas possui um
menor valor.
Os tipos de numerais
– Cardinais: são os números em sua forma fundamental e Classificação das preposições
exprimem quantidades. Preposições essenciais: só aparecem na língua propriamente
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil. como preposições, sem outra função. São elas:
– alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas,
quinhentos/quinhentas).
– alguns números cardinais variam em número, como é o caso:
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– a palavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois – Exemplo 1) ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.”
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, Em ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
mas os dois/ambos foram reprovados. preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
– Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a conforme o contexto.
ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de – Exemplo 2) “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
objetos. o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma
– os numerais ordinais variam em gênero (masculino e preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas. valor estrutural (gramática).
– alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo.
Exemplo: A carne de segunda está na promoção. Classificação das preposições
– Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas – Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três podem assumir essa atribuição. São elas:
quartos (¾), 1/12 avos.
– os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
– Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo. ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.

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Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções As palavras são formadas por estruturas menores, com signifi-
prepositivas. cados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para
a formação das palavras.

Estrutura das palavras


As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórfi-
cos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
– vogais e consoantes de ligação.

Radical: Elemento que contém a base de significação do vocá-


bulo.
Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.

Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.


— Interjeição
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que Dividem-se em:
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., Nominais
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais Exemplos
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas pequenO, pequenA, alunO, aluna.
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras Verbais
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. Exemplos
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!” vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!” vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

Os tipos de interjeição Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.


De acordo com as reações que expressam, as interjeições Exemplos
podem ser de: 1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr

Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica
oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.

Tema: União do radical e a vogal temática.


Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter-


põem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
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Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).

1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA


inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga

2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA
SUFIXO PALAVRA DERIVADA
PRIMITIVA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente

3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade

4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer

5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina
substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição
ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das
vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VERBO RADICAL DESINÊNCIA VOGAL TEMÁTICA SUBSTANTIVO


debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda

6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.

Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.
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3) Ocorre com os substantivos terminados em EM a retirada


PROCESSOS DE FLEXÃO VERBAL E NOMINAL da última letra e a colocação de NS. Ex.: homem – homens; vintém
– vinténs

Flexão nominal 4) Aos substantivos terminados em S (na sílaba tônica), Z (na


sílaba tônica) e R, acrescenta-se ES. Ex.: francês – franceses; luz –
Flexões Nominais1 indicam gênero e número. Exemplos: casa – luzes; rapaz – rapazes; dor – dores; júnior – juniores. Obs.: Cós pode
casas (número) ou gato – gata (gênero). ter duas formas para o plural: coses ou cós.

Gênero 5) Os substantivos terminados em EN normalmente terão duas


Comum de dois gêneros - designa os indivíduos dos dois sexos formas de plural. Poder-se-á acrescentar somente S, como também
mantendo a mesma forma, e o gênero é indicado pelo artigo, adje- ES.
tivo etc. Ex.: o acrobata, a acrobata; o artista, a artista. Atenção: Os paroxítonos terminados em EN, sofrendo o acrés-
cimo de S, perderão o acento. Acrescendo ES, o acento será man-
Sobrecomum - possui a mesma forma para o masculino ou tido.
feminino e, diferentemente do comum-de-dois-gêneros, não varia Ex.: abdômen – abdomens, abdômenes; pólen – polens, póle-
de gênero. Ex.: a criança (pode ser um menino ou uma menina); a nes.
testemunha; o monstro.
6) Os substantivos terminados em AL, OL, UL perderão a última
Epiceno ou promíscuo - designa animais que possuem apenas letra e receberão IS. Ex.: jornal – jornais; paiol – paióis; anzol – an-
uma forma para o masculino e para o feminino. Ex.: girafa (pode ser zóis. Obs.: cônsul – cônsules; mal – males; cal – cales, cais.
girafa macho ou fêmea); avestruz; águia.
7) Os substantivos terminados em IL (tônico) perderão a última
Heterônimo ou desconexo - designa substantivos cujos femini- letra e receberão IS. Ex.: anil – anis; fuzil – fuzis; projetil – projetis.
nos se formam com um radical completamente diferente do mascu-
lino. Ex.: homem - mulher; boi - vaca. 8) Os substantivos terminados em IL (átono) perderão a última
letra e receberão EIS. Ex.: fóssil – fósseis; projétil – projéteis.
Femininos
anfitrião - anfitriã, anfitrioa 9) Os substantivos terminados em EL perderão a última letra
ateu - ateia e receberão EIS. Ex.: anel – anéis; móvel – móveis; papel – papéis.
Obs.: mel – meles, méis; fel – feles, féis.
Casos especiais de gênero dos substantivos
o aneurisma, o apêndice 10) Os substantivos terminados em S (na sílaba átona) e X não
o gambá, o ou a hélice variam no plural. Ex.: lápis – os lápis; pires – os pires; tórax – os
tórax.
Substantivos que mudam de sentido com a mudança do gê-
nero Plural dos Substantivos Compostos
O cabeça (o líder, o chefe), a cabeça (parte do corpo) 1) Quando houver preposição, somente o primeiro termo irá
O língua (o intérprete), a língua (o idioma) para o plural. Ex.: pão de ló; pães de ló; mula sem cabeça; mulas
sem cabeça
Número
Plural de alguns substantivos, como por exemplo: 2) Quando houver substantivo + substantivo (ou adjetivo), os
Gravidez - gravidezes dois termos irão para o plural. Ex.: baixo-relevo; baixos-relevos; ci-
Projetil - projetis rurgião-dentista; cirurgiões-dentistas. Obs.: Quando o segundo ter-
Projétil - projéteis mo indicar uma finalidade, formato, cor ou especificação qualquer
Tórax - os tórax do primeiro termo, somente este varia. Ex.: navio-escola; navios-es-
cola; pombo-correio; pombos-correio; manga-rosa; mangas-rosa.
Regras do plural de substantivos simples
3) Os verbos e advérbios serão invariáveis. Ex.: para-queda; pa-
1) Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo oral acres- ra-quedas; vira-lata; vira-latas; abaixo-assinado; abaixo-assinados.
centa-se S. Ex.: pé – pés; palavra – palavras; troféu – troféus. Obs.: GUARDA significando POLICIAL é substantivo; portanto, se fle-
xiona no plural. Quando GUARDA significar PROTEGER, será verbo;
2) Aos substantivos terminados nos ditongos nasais átonos ou por conseguinte não possui forma pluralizada. Ex.: guarda-chuva;
na vogal nasal ã acrescenta-se S. Ex.: órfão – órfãos; bênção – bên- guarda-chuvas; guarda-noturno; guardas-noturnos.
çãos; ímã – ímãs.
4) Quando houver numeral, os dois termos irão para o plural.
Ex.: meio-dia; meios-dias; segunda-feira; segundas-feiras.

1 ROSENTHAL. Marcelo. Gramática para Concursosl. 6ª. ed Rio de Janeiro: 5) Quando houver onomatopeia, somente o segundo termo irá
Campuss, 2013. para o plural. Ex.: tique-taque; tique-taques; reco-reco; reco-recos.
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6) Os termos vice, pseudo, super, grão (significando grande) se- 3) Modos: são três.
rão invariáveis. Ex.: vice-presidente; vice-presidentes; grã-fino; grã- a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indu-
-finos. Obs.: grão-de-bico; grãos-de-bico. Grão, neste caso, significa, bitável. Ex.: vendo.
semente, e, como há preposição, somente o primeiro elemento irá
para o plural. b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hi-
potética. Ex.: que eu venda.
Plural com metafonia
Existem substantivos e adjetivos cujas formas de plural se fa- c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma or-
zem com alteração na vogal tônica, transformando-a de fechada em dem. Ex.: venda!
aberta.
aposto (ô) apostos (ó) 4) Tempos: são três.
fogo (ô) fogos (ó) a) Presente: falo

Obs.: Os adjetivos terminados em OSO também sofrerão a alte- b) Pretérito:


ração citada acima. Ex.: nervoso – nervosos. - Perfeito: falei
- Imperfeito: falava
Não sofrem alteração fonética as formas plurais dos seguintes - Mais-que-perfeito: falara
substantivos:
adorno - adornos Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfei-
almoço - almoços to, uma ação que se prolongava num determinado ponto do pas-
bojo - bojos sado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra
bolso - bolsos ação, também passada. Ex.:
esposo - esposos Eu cantei aquela música. (perfeito)
estojo - estojos Eu cantava aquela música. (imperfeito)
globo - globos Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
gosto - gostos
moço - moços c) Futuro:
pescoço - pescoços - Do presente: estudaremos
polvo - polvos - Do pretérito: estudaríamos
reboco - rebocos
sogro - sogros Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples,
soro - soros temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o futuro (sem
divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
Grau
Aumentativos 5) Vozes: são três.
cabeça, cabeçorra, cabeçalho a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
forno, fornalha Ex.: O carro derrubou o poste.

Diminutivos b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.


globo, glóbulo - Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
vidro, vidrilho Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.

FLEXÃO VERBAL - Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.


Ex.: Derrubou-se o poste.
1) Número: singular ou plural
Ex.: ando, andas, anda → singular Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula
andamos, andais, andam → plural apassivadora) na sétima lição: concordância verbal.

2) Pessoas: são três. c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machucou.
(singular) e nós (plural).
Ex.: escreverei, escreveremos. Formação do Imperativo
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pro- letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo.
nomes tu (singular) e vós (plural). Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Ex.: escreverás, escrevereis. Bebo → beba
bebes → bebe (tu) bebas
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos bebe beba → beba (você)
pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural). bebemos bebamos → bebamos (nós)
Ex.: escreverá, escreverão. bebeis → bebei (vós) bebais
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bebem bebam → bebam (vocês) c) o futuro do subjuntivo.


Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam. Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couber-
des, couberem.
2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
Ex.: beba 3) Do infinitivo impessoal derivam:
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você) a) o imperfeito do indicativo.
bebamos → não bebamos (nós) Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.
bebais → não bebais (vós)
bebam → não bebam (vocês) b) o futuro do presente.
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais, Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis,
não bebam. caberão.

Observações: c) o futuro do pretérito.


a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis,
terceira pessoa é você. caberiam.

b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do pre- d) o infinitivo pessoal.
sente do indicativo. Eis o seu imperativo: Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, cabe-
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam. rem.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não
sejam. e) o gerúndio.
Ex.: caber → cabendo.
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode
mudar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos f) o particípio.
passar para tu, e vice-versa. Ex.: caber → cabido.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
Peça agora a sua comida. (tratamento: você) Tempos Compostos
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afir- haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar.
mativo, perder também a letra e que aparece antes da desinência s.
Ex.: faze (tu) ou faz (tu) 1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particí-
dize (tu) ou diz (tu) pio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indica-
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do tivo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do subjuntivo.
imperativo. É assunto muito cobrado em concursos públicos.
2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais
Tempos Primitivos e Tempos Derivados particípio do principal.
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pes- Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
soa do singular sai todo o presente do subjuntivo. tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
dizes 3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
diz Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não do presente).
apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular.
Ex.: eu sou → que eu seja. Verbos Irregulares Comuns em Concursos
eu sei → que eu saiba. É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles
estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos mais pro-
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa blemáticos.
do singular saem: 1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integral-
mente o verbo pôr.
a) o mais-que-perfeito. Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, pus → compus, repus, expus etc.
coubéreis, couberam.
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o
b) o imperfeito do subjuntivo. verbo ter.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
coubésseis, coubessem. tiveste → retiveste, mantiveste etc.

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3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobilie-
verbo vir. mos, mobilieis, mobíliem.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
vim → intervim, convim etc. 12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos,
polis, pulem.
4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo
ver. 13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros termina-
Ex.: vi → revi, previ etc. dos em ear)
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc. a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passea-
mos, passeais, passeiam.
Observações: b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passee-
- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado se- mos, passeeis, passeiem.
gue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo primitivo
e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos Observações:
derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma - Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o diton-
regra explicada acima. go ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos dois presentes.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se - Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
fala por aí). Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.

- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos que- 14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
rer e ver. Eles serão mostrados mais adiante. Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.

5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cre- Observações:


mos, crestes, creram. - Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas.

6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fe- - Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, ape-
chado em todos os tempos, inclusive o presente do indicativo. Ex.: A sar de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei.
bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz). Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam,
medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis, medeiem.
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expe-
lir, repelir: 15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do pre-
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, ade- sente do indicativo e, consequentemente, em todo o presente do
rimos, aderem. subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adi- requeira, requeiras, requeira
rais, adiram. requeri, requereste, requereu

Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira 16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfei-
pessoa do singular do presente do indicativo e em todas do presen- to, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no futuro do
te do subjuntivo. subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo
ver.
8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar: Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; pro-
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxá- vesse, provesses, provesse etc.
guas, enxágua. provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, prove-
rás, proverá etc.
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxá-
gues, enxágue. 17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, res-
sarcir, demolir, acontecer, doer são verbos defectivos. Estude o que
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, argui- falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação
mos, arguis, argúem. dos verbos. Ex.: Reaver, no presente do indicativo: reavemos, rea-
veis.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo:
apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos, apazigueis, apazi-
gúem. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

11) Mobiliar:
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobilia- Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
mos, mobiliais, mobíliam. estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.

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– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar concorda com o termo que antecede o pronome:
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, – “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é – “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
flexionado para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas ou por verbos transitivos indiretos:
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
concordância ocorre em gênero e pessoa
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
Casos específicos de concordância verbal concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
situações em que o verbo no infinitivo é flexionado: – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito; Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
forem distintos. a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
ser empregada:
Observe os exemplos: – “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” entraram.”
“Isto é para nós solicitarmos.” – “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
pessoas entenderam.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos mas também concordar com a forma no masculino plural:
imperativos. – “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.” Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular,
tendo em vista que não existe um sujeito. Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
Observe os casos a seguir: ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
nevar, amanhecer. substantivo deve estar no plural:
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas xadrez.”
professoras vigiando as crianças.” – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz xadrez.”
duas horas que estamos esperando.”
Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino
no singular ou no plural: singular:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” – “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos proibido circulação de pessoas não identificadas.”
do que ocorreria.” – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
de crianças acompanhadas.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, Concordância nominal com menos: a palavra menos
ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela
permanece na 3a pessoa do singular: advérbio ou adjetivo:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.» – “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em gênero e
número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

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LÍNGUA PORTUGUESA

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”

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convocação NÃO “Chame todos!”


“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

CRASE

Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial, em
palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome
demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a
crase, como regra geral, ocorre diante de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que
recebem a crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de união representado
pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e consideração”.

Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na construção
sintática.

Técnicas para o emprego da crase


1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da palavra
feminina.

Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
“Irei ao evento / à festa.”
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2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, Frase


chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da, Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo
ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
deve ser empregado. uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou
Exemplos: não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.” apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.” discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada,
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que a disposição das palavras na frase também é fundamental para a
estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá. Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
Exemplos: sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
de estudar / Insiste em estudar.” ser compreendida pelo interlocutor.
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua
filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.” Oração
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Gosto de você / Penso em você.” verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase. 1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
Exemplos: contém verbo.
“Tudo às avessas.” 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
“Barcos à deriva.” como oração.

5 – Outros casos envolvendo locuções e crase: Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
“moda de”, ficando somente o à explícito. estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
Exemplos: exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
“Arroz à (moda) grega.” “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
“Bife à (moda) parmegiana.” Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso sintática diferente.
de horas especificadas e definidas: Exemplos:
“À uma hora.” Classificação das orações: as orações podem ser simples ou
“Às cinco e quinze”. compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao noticiário”.
estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem Período
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período. frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
Vejamos: classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
ficarei preocupada.” - contém dois verbos.

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— Análise Sintática – Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo
estrutura de um período e das orações que compõem um período. que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
a seguir as especificidades de cada tipo. – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração cair, mergulhar, correr.
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual – Verbo de ligação: servem para expressar características de
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
respectivos exemplos a seguir: (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
sobre o sujeito). (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
respectivos casos: ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
“Fred fez um lindo discurso.” inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
“Um lindo discurso Fred fez.” é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Fez um lindo discurso, Fred.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
concordância verbal. palavra substantivada.
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” aula. Por isso, estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a
concordância do verbo o destaca de forma indireta. 2 – Termos integrantes da oração
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
determiná-lo. verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
Esse sujeito pode aparecer com: completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. – Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se exigindo preposição.
padeiro.”». – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
estiver lá.” seja compreendido.

– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, Quanto ao objeto direto, podemos ter:
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. – Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos acontecido.”
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos: – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
“Choveu muito ontem”. os aparelhos.»
“Era uma hora e quinze”.
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
também recebem sua classificação, conforme abaixo: os exemplos:

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– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que Observe os exemplos:
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
nominal. “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. –
“rapidamente” é advérbio de modo. – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
substantivo. ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, apelo. Observe:
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
passiva: “Vista o casaco, filha!”
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.” — Estudo da relação entre as orações
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” Os períodos compostos são formados por várias orações.
As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
3 – Termos acessórios da oração subordinação.
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos – Período composto por coordenação: é formado por
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
para complementar a informação, exprimindo circunstância, ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira individualmente porque apresentam sentidos completos.
abaixo quais são eles: Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: doces.”
“Dormimos muito.” – Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
preparei os doces.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” logo, passou no exame.”
“Maria escreve bastante bem.” – Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
porque estudou bastante.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
– Período composto por subordinação: são constituídos por
Os adjuntos adverbiais podem ser: orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
tempo). – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
que o suspeito era realmente o culpado.”
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado queria que isso acontecesse.”
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
de escola.” expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Sujeito: “jovem apaixonado” – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” é que meus pais são saudáveis.”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
adjuntos adnominais de “colega”. felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para para que nós chegássemos a casa em segurança.”
caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
informação já completa. cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
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– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, – Ordem inversa: “No Rio de Janeiro, estive ano passado”.
espero por você.» – Ordem inversa com intercalação do aposto: “No Rio de Janei-
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que ro, cidade maravilhosa, estive ano passado”.
estivesse cansado, concluiu a maratona.” – Ordem inversa com vocativo intercalado entre verbo e ob-
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia jeto/complemento: “No Rio de Janeiro, meus caros amigos, estive
como se ainda vivesse no interior.” ano passado.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme – Ordem inversa com as circunstâncias antes do sujeito: “Ano
combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.” passado, estive no Rio de Janeiro.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais – Ordem inversa com o verbo colocado antes do sujeito: “Esti-
me exercito, mais tenho disposição.” veram, ele e seu compadre, no Rio de Janeiro.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que
passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve PONTUAÇÃO
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
— Visão Geral
COLOCAÇÃO DAS PALAVRAS O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
Definição e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
A sintaxe de colocação de palavras, também chamada de sin- em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
taxe da ordem, dedica-se à forma como os falantes de uma língua gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
fazem a ordenação das palavras para construir sentenças. A orde- compreensão da frase.
nação dos termos nas frases é crucial para geração de sentido. Por O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
exemplo, não fará sentido se falarmos ou escrevermos: “homem – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
lobo próprio homem”. Uma mensagem somente poderá ser elabo- tipos textuais;
rada com a sintaxe de colocação, assim, teremos: “O homem é lobo – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
do próprio homem” (Thomas Hobbes). – Demarcar das unidades de um texto;
Essa categoria de sintaxe é tecnicamente adequada para modi- – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
ficar a mensagem que se pretende transmitir. Observe a diferença
entre as frases “A avó segurou a criança” e “A criança segurou a — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
avó”, apesar de conterem exatamente as mesmas palavras, as sen- enunciado
tenças passam mensagens completamente distintas. Assim, a orde-
nação das palavras e termos tem impacto substancial no sentido a Vírgula
ser gerado pela oração ou enunciado. De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
A Ordem dos termos da sentença da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
Não existe, de fato, uma ordem única, pois o que importa é que se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
haja coesão e sentido no emprego das palavras e termos na frase, não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
isto é, uma ordenação adequada conforme o que se deseja transmi- tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
tir e a maneira com que deseja fazê-la. outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
empregada:
Ordem direta dos termos na oração: é o modo mais comum
pelo qual os usuários de uma língua organizam seus raciocínios ou • No interior da sentença
se expressam. Na maioria das vezes, ao expressar nossos pensa- 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
mentos, costumamos colocar primeiramente o pronome “eu”, sem
seguida, colocamos os verbos e, por fim, as circunstâncias e os com- ENUMERAÇÃO
plementos.
Assim, temos o esquema sujeito → verbo → complemento. A Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Gramática da Língua Portuguesa segue esse fundamento para fazer Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
a descrição do funcionamento da língua e, desse modo, instruir os
falantes no que se refere à ordenação do pensamento. No entanto,
não há impedimentos para que se ordene as orações de modo dife- REPETIÇÃO
rente. Observe que, muitas vezes, é possível iniciar uma frase pelos Os arranjos estão lindos, lindos!
complementos: “No mês que vem, entrarei em férias”.
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
Ordem inversa dos termos da oração: basicamente, é a ordem
na qual o sujeito é colocado após o verbo, isto é, é a ordenação que 2 – Isolar o vocativo
transgride a estrutura sujeito → verbo → complemento. Ela pode “Crianças, venham almoçar!”
ocorrer de algumas formas principais. Exemplos: “Quando será a prova, professora?”

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3 – Separar apostos 2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre


“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.” que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar
alguma ideia, por exemplo:
4 – Isolar expressões explicativas: “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
responsabilizado.” esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)

5 – Separar conjunções intercaladas 3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas


“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
funcionários do setor.” e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
“Estas alegações, não as considero legítimas.” apositiva nem se apresente inversamente).

8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas Ponto


por conjunções) 1 – Para indicar final de frase declarativa:
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.” “O almoço está pronto e será servido.”

9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: 2 – Abrevia palavras:


“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
10 – Marcar a omissão de um termo: – “Dr.” (Doutor)
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
“fazer”). 3 – Para separar períodos:
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas Ponto e Vírgula
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.” 1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e “Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG;
assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”: nossa amiga, de praticar esportes.”
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
ajudasse.” 2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a Mercúrio;
principal: Vênus;
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.” Terra;
Marte;
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas Júpiter;
ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal: Saturno;
Urano;
Por ser sempre assim, ninguém dá Netuno.”
Reduzida
atenção!
Dois Pontos
Porque é sempre assim, já ninguém dá 1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas,
Desenvolvida
atenção! enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
ideias anteriores.
5 – Separar as sentenças intercaladas: “Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu “Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela
leito, até que você se recupere por completo.” grande ofensa.”

• Antes da conjunção “e” 2 – Para introduzirem citação direta:


1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire “Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente
valores que não expressam adição, como consequência ou muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se
diversidade, por exemplo. transforma’.”
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”

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3 – Para iniciar fala de personagens: 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Ele gritava repetidamente: “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
– Sou inocente!”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
Reticências “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta
sintaticamente: Aspas
“Quem sabe um dia...” 1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta,
como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos,
2 – Para indicar hesitação ou dúvida: arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
ainda.” “A reunião será feita ‘online’.”

3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o 2 – Para indicar uma citação direta:
objetivo de prolongar o raciocínio: “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas Assis)
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).

4 – Suprimem palavras em uma transcrição: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: ORGANIZAÇÃO


“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - TEXTUAL
Raimundo Fagner).
Definição Geral
Ponto de Interrogação
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
1 – Para perguntas diretas:
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
“Quando você pode comparecer?”
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
destacar o enunciado:
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
“Não brinca, é sério?!”
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.
Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
Compreensão de Textos
“Nossa Que legal!”
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem.
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso
“Infelizmente!”
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender.
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
3 – Após vocativo
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a
“Ana, boa tarde!”
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo,
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos
4 – Para fechar de frases imperativas:
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito
“Entre já!”
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado
evento.
Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Interpretação de Textos
intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os
a vírgula:
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
sempre)
é decodificar o sentido de um texto por indução.
quem seria promovido.”
A interpretação de textos compreende a habilidade de se
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de
Travessão
texto, seja ele escrito, oral ou visual.
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado
“O rapaz perguntou ao padre:
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado
— Amar demais é pecado?”
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva,
podendo ser diferente entre leitores.
2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”

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Exemplo de compreensão e interpretação de textos IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO


Para compreender melhor a compreensão e interpretação de O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
um texto misto (verbal e visual): identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Esco- tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
lar Especial > 2015 você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
Português > Compreensão e interpretação de textos significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social. texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
menos severas.” CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
1988. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
severas. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
ou não. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
incluídos socialmente. outro e a parceria deu certo.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
Comentário da questão: to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. = do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
afirmativa correta. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
“deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta. As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/ subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta. de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. = conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
afirmativa correta. Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. = capaz de identificar o tema do texto!
afirmativa correta.
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão, deias-secundarias/
visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
texto.

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IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
TEXTOS VARIADOS uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
Ironia personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- morte.
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
novo sentido, gerando um efeito de humor. Ironia dramática (ou satírica)
Exemplo: A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!

Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.

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ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ- Diferença entre compreensão e interpretação


NERO EM QUE SE INSCREVE A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao leitor tira conclusões subjetivas do texto.
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
principal. Compreender relações semânticas é uma competência Fato
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode- do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro- uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal. ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.

Busca de sentidos Exemplo de fato:


Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo A mãe foi viajar.
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto. Interpretação
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
citadas ou apresentando novos conceitos. sas, previmos suas consequências.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer ças sejam detectáveis.
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Importância da interpretação tro país.
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- do que com a filha.
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
específicos, aprimora a escrita. Opinião
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- que fazemos do fato.
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- anteriores:
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- do que com a filha. Ela foi egoísta.
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, mos expressando nosso julgamento.
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo.

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Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA
com o sofrimento da filha.

Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais — Definições e diferenciação


são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em comum
da estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais
classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão
são variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos textual se volta para as questões gramaticais, isto é, na articulação
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. externa da mensagem.
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.
— Coesão Textual
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças das palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio realiza por meio de palavras denominadas conectivos.
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos
tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto As técnicas de coesão
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos
são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à
Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como
as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe endofóricas. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora
abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.
inserem em cada tipo textual:
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, As regras de coesão
desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as
pela apresentação das ações de personagens em um tempo e regras relacionadas abaixo sejam seguidas.
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas Referência
e fábulas. – Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem Exemplo:
lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de «Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de
texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica
em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de (retoma termo já mencionado).
restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir – Comparativa: emprego de comparações com base em
ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição, semelhanças.
conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, Exemplo:
jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos “Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência
expositivos. comparativa endofórica.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo
de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é, – Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes
caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é demonstrativos.
composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos Exemplo:
argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e “Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.”
abaixo-assinado. Temos uma referência demonstrativa catafórica.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor – Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja
procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido.
verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem Analise o exemplo:
a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais “Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
de instruções, entre outros.
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é
o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma, evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar
texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos. quaisquer informações ao texto.

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– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de
nominal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse. funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã,
Exemplo: sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc.
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que Exemplo:
proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica “Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
ciente de que o locutor está procurando por Ana.
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na
– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações. frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os
Exemplo: chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente nada têm a ver com o Natal.
aconteceu.” Conjunção concessiva.

– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem FIGURAS DE LINGUAGEM


parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido
aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos,
entre outros. As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
Exemplo: valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
dando conta da demanda populacional.” comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
nando-o poético.
— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto As figuras de linguagem classificam-se em
que se origina da sua argumentação – consequência decorrente – figuras de palavra;
dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto – figuras de pensamento;
redundante e contraditório, ou cujas ideias introduzidas não – figuras de construção ou sintaxe.
apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer Figuras de palavra
que a falta de coerência não consiste apenas na ignorância por parte Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven-
dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
emissão de ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais. pressivo na comunicação.
Observe os exemplos:
“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
o momento.” Aqui, temos um processo verbal acabado e um nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
inacabado. vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.

“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos Exemplos


não consomem produtos de origem animal. ...a vida é cigana
É caravana
Princípios Básicos da Coerência É pedra de gelo ao sol.
– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas. (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes. Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os Comparação: aproxima dois elementos que se identificam,
interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as inferências ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal
podem simplificar as informações. como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
Exemplo: paração: parecer, assemelhar-se e outros.
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que
voltagem da lavadora é 220w”. Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de você entrou em mim como um sol no quintal.
que existe um local adequado para ligar determinado aparelho. (Belchior)

– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa qual não existe uma designação apropriada.
memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo

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Exemplos Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou


– folha de papel na prosódia, mas diferentes no sentido.
– braço de poltrona
– céu da boca Exemplo
– pé da montanha Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- quero que você ganhe que
tidos físicos. [você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
Exemplo [mamãe.
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) (Caetano Veloso)
mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade) Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
duzido por seres animados e inanimados.
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- Exemplo
ça gelada”. Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, inseto múltiplo reunido
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
Exemplos zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
O filósofo de Genebra (= Calvino). da noite em branco
O águia de Haia (= Rui Barbosa). (Carlos Drummond de Andrade)

Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Exemplos Figuras de sintaxe ou de construção


Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Tomei um Danone. (iogurte)
Podem ser formadas por:
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Exemplo ruptura: anacoluto;
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro concordância ideológica: silepse.
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural) Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,
(José Cândido de Carvalho) frase ou verso.

Figuras Sonoras Exemplo


Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Dentro do tempo o universo
mente em posição inicial da palavra. [na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
Exemplo [do verão.
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- Dentro da vida uma vida me
ladas. [conta uma estória que fala
(Cruz e Sousa) [de mim.
Dentro de nós os mistérios
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um [do espaço sem fim!
verso ou poesia. (Toquinho/Mutinho)

Exemplo Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam


Sou Ana, da cama, vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
da cana, fulana, bacana vírgulas.
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)

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Exemplo Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-


Não nos movemos, as mãos é tos na frase.
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se, Exemplos
apertando-se, fundindo-se. Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Machado de Assis) (Carlos Drummond de Andrade)

Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde- Paciência tenho eu tido...


nativa mais vezes do que exige a norma gramatical. (Antônio Nobre)

Exemplo Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a


Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
tuge, nem muge. período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
(Rubem Braga) função sintática definida.

Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter- Exemplos


mo já expresso. E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres-
são, dando ênfase à mensagem. Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
tassem as mãos.
Exemplos (José Lins do Rego)
Não os venci. Venceram-me
eles a mim. Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
(Rui Barbosa) pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).

Morrerás morte vil na mão de um forte. Exemplo


(Gonçalves Dias) ...em cada olho um grito castanho de ódio.
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia- (Dalton Trevisan)
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado. ...em cada olho castanho um grito de ódio)

Exemplos Silepse
Ouvir com os ouvidos. Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
Rolar escadas abaixo. ou pronome com a pessoa a que se refere.
Colaborar juntos. Exemplos
Hemorragia de sangue. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Repetir de novo. (Rachel de Queiroz)

Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben- V. Ex.a parece magoado...
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con- (Carlos Drummond de Andrade)
junções, preposições e verbos.
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
Exemplos o sujeito da oração.
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu) Exemplos
Ele dormiu duas horas. (durante) Os dois ora estais reunidos...
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver) (Carlos Drummond de Andrade)
(Camões)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior- (Machado de Assis)
mente.
Silepse de número: Não há concordância do número verbal
Exemplos com o sujeito da oração.
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco) Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes. (Mário Barreto)
(Machado de Assis)

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– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar


SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS (definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das chorar) .
palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas. – Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e
apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento
Denotação e conotação (saudação).
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
palavras. Exemplos: QUESTÕES
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
1: FGV - Esc Pol (PC AM)/PC AM/4ª Classe/2022
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro Assunto: Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a Assinale a frase em que se comete um erro de grafia.
palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma (A) A seção em que trabalho é a mais procurada.
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano. (B) A adolescência é uma fase difícil.
(C) Essas coisas nunca passam despercebidas.
Hiperonímia e hiponímia (D) Nunca mais vi aqueles facínoras.
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, (E) Chegaram as encomendas atravez do correio.
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um
hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. 2: FGV - CM (CM Aracaju)/CM Aracaju/Administrativo/2021
Exemplos: Assunto: Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. A frase que serviu de base para a elaboração da questão desta
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. prova foi retirada do “Dicionário das Citações” de Ettore Barelli e
Sergio Pennacchietti.
Polissemia e monossemia “Convém, a quem nasce, muita cautela na escolha do local, do
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra ano e dos pais.”
apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o O verbo “nascer” é grafado com SC; a palavra abaixo que tam-
contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas bém deveria ser escrita com essas letras é:
palavras apresentam apenas um significado. Exemplos: (A) docente;
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma (B) indecente;
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. (C) fluorecente;
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não (D) precisão;
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. (E) concisão.
Sinonímia e antonímia 3: FGV - Sold (CBM AM)/CBM AM/2022
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem Assunto: Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que, porquê
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras A questão desta prova é elaborada a partir de pequenos textos
expressam proximidade e contrariedade. e pretendem avaliar sua capacidade em interpretar e compreender
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = textos, assim como em redigir de forma correta e adequada.
veloz. Assinale a frase a seguir em que a expressão todo / todo o está
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x bem empregada.
atrasado. (A) Alguns divórcios são amigáveis, mas todo o casamento é
litigioso.
Homonímia e paronímia (B) Um estadista é um homem calmo que conta todo trabalho
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras como algo sério e importante.
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de (C) Todo o mundo é oportunista, mas nem todos sabem sê-lo
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas com oportunidade.
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças (D) A arte da guerra consiste em vencer todo o inimigo sem
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). combater.
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de (E) Os ventos e as ondas estão sempre ao lado de todo o timo-
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja neiro.
os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).

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4: FGV - AFRE ES/SEFAZ ES/2021 (D) (3) um valor afetivo;


Assunto: Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que, porquê (E) (4) um valor irônico.
e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Assinale a opção em que a expressão sublinhada está adequa- 8: FGV - AUFC (TCU)/TCU/Controle Externo/Auditoria Governa-
damente empregada. mental/2022
(A) Graças à inflação, os preços dispararam. Assunto: Adjetivo
(B) Cerca de 37,4% dos preços subiram. Abaixo está o início de um conto de Lygia Fagundes Telles, de-
(C) Todos estamos afim de enriquecer. nominado A Ceia.
(D) O capitalista foi de encontro a um grande negócio. “O restaurante era modesto e pouco frequentado, com mesi-
(E) Ao invés de ganhar, todos tiveram prejuízo. nhas ao ar livre, espalhadas debaixo das árvores. Em cada mesinha,
um abajur de garrafa projetava sobre a toalha de xadrez vermelho e
5: FGV - Estag (MPE BA)/MPE BA/Direito/2022 branco um pálido círculo de luz.”
Assunto: Formação e Estrutura das palavras Todos sabemos que os termos de um texto podem indicar va-
Sabendo-se que o radical cultura entra na composição de mui- lores bem variados. Nesse segmento foram sublinhados alguns que
tos vocábulos com o significado de “criação, cultivo; cuidado, exa- funcionam como adjetivos; a afirmação correta sobre um deles é:
me”, a palavra que tem seu significado corretamente indicado é: (A) o adjetivo “modesto” indica uma qualificação do restauran-
(A) piscicultura: cultura de pêssegos; te por parte do narrador e não é acompanhado de nenhum
(B) triticultura: cultura de trigo; termo que o justifique;
(C) monocultura: criação de macacos; (B) o adjetivo “pouco frequentado” mostra uma qualificação
(D) ranicultura: cultura de ramos alimentícios; do substantivo restaurante, indicando uma clientela de elite;
(E) canicultura: cultura de cana-de-açúcar. (C) a locução adjetiva “de garrafa” indica o material de que é
feito o abajur, destacando simultaneamente a qualidade sofis-
6: FGV - Ag Pol (RN)/PC RN/2021 ticada do restaurante descrito;
Assunto: Artigo (D) os adjetivos “vermelho e branco”, que indicam característi-
Texto 1 cas, podem trazer informações implícitas sobre a nacionalidade
“A instituição policial brasileira, segundo documentação exis- da comida no local;
tente no Museu Nacional do Rio de Janeiro, data de 1530, quando (E) o adjetivo “pálido”, que indica uma relação, mostra uma in-
da chegada de Martim Afonso de Sousa enviado ao Brasil – Colônia tensidade da luz, com o valor implícito de decadência e pouca
por D. João III. A pesquisa histórica revela que no dia 20 de novem- qualidade do restaurante.
bro de 1530, a polícia brasileira iniciava as suas ações, promovendo
justiça e organizando os serviços de ordem pública, como melhor 9: FGV - Red (CM Aracaju)/CM Aracaju/2021
entendesse nas terras conquistadas do Brasil. A partir de então a Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
instituição policial brasileira passou por seguidas reformulações nos e tempos verbais
anos de 1534, 1538, 1557, 1565, 1566, 1603, e, assim, sucessiva- Texto 2
mente. Somente em 1808, com a chegada do príncipe Dom João “ De repente, um índio jovem, neto do tuxaua Senembi, o Ca-
ao Brasil, a polícia começou a ser estruturada, comandada por um maleão, que integrava a expedição de Carrasco, se aproxima de um
delegado e composta por escrivães e agentes.” dos cativos (que estava preso pela muçurana), bate nele branda-
A frase abaixo em que há ERRO no emprego ou na ausência do mente, várias vezes, com a mão espalmada, e reivindica a sua pos-
artigo definido é: se, alegando que fora ele, neto de Senembi, quem primeiro tocara
(A) Não importa se o gato é preto ou branco, desde que ele aquele inimigo, durante a luta – circunstância que lhe garantia o
pegue os ratos; direito de executá-lo.” (Alberto Mussa, A primeira história do mun-
(B) As grandes ideias sempre encontram os homens que as pro- do, p. 129)
curam; “...que integrava a expedição de Carrasco...” (texto 2); a forma
(C) As ideias concordam bem mais entre si do que os homens; verbal sublinhada está no pretérito imperfeito do indicativo, tempo
(D) Todo o dia em que se trabalha é um dia perdido; verbal que indica uma ação:
(E)A virtude premeditada é a virtude do vício. (A) completamente passada;
(B) anterior a outra ação passada;
7: FGV - AJ (TJ RO)/TJ RO/Administrador/2021 (C) em desenvolvimento no passado;
Assunto: Substantivo (D) desenvolvida em futuro próximo;
Observe as seguintes frases de e-mails, prestando atenção ao (E) passada, de término indeterminado.
emprego de diminutivos:
1. João está bem, mas deve tomar cuidadinho.
2. Estou um pouquinho cheio deste trabalho.
3. Ela faz uma coisinha qualquer e logo a mãe baba.
4. Pouco a pouco vou aprendendo um pouquinho mais.
O que se pode depreender do emprego desses diminutivos é
que há em:
(A) (1) uma recomendação ao comportamento de João;
(B)(2) uma maior intensidade na afirmação;
(C) (2) e (4) idêntico valor;
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10: FGV - AJ (TJ RO)/TJ RO/Administrador/2021 12: FGV - Estag (MPE BA)/MPE BA/Direito/2022
Assunto: Pronomes de tratamento Assunto: Pronomes relativos
Um estudante e um professor, que haviam marcado uma reu- A frase em que o pronome relativo destacado se refere ao ter-
nião de estudos após as aulas, se encontram no corredor e travam mo entre parênteses, presente na mesma frase, é:
o seguinte diálogo: (A) A família é um conjunto de pessoas que se defendem em
- Estudante: Oi, Paulo, você vai estar no seu gabinete amanhã bloco e se atacam em particular – (conjunto);
às três horas, não é? (B) Algumas das mais belas árvores genealógicas que vicejam
- Professor: Bom, não sei... por aí têm raízes no esterco – (algumas);
- Estudante: Mas, o senhor... (se afasta, contrariado) (C) Todo homem tem horas de criança, e infeliz daquele que
Sobre essa conversação, é correto afirmar que: não as tem – (todo homem);
(A) o estudante mostra não dominar o uso correto da língua, ao (D) Não é a qualidade do dinheiro que você ganha, é a quanti-
misturar os tratamentos “você” e “senhor”; dade de dinheiro que você guarda – (dinheiro);
(B) o emprego de “você” na primeira frase do estudante mostra (E) Avó é a mãe que teve uma segunda chance – (avó).
descortesia, já que se trata de um professor, a quem se deve
dirigir um tratamento respeitoso; 13: FGV - Alun Of (PM AM)/PM AM/2022
(C) o tratamento de “senhor” mostra um distanciamento em Assunto: Advérbio
relação ao professor, em função da situação criada; o texto a seguir refere-se a questão.
d) as reticências ao final da fala do professor indicam que algo “Os deuses certamente não revelaram tudo aos mortais desde
não foi registrado no texto; o princípio, mas, procurando, os homens encontram pouco a pouco
(E) as reticências ao final da segunda fala do estudante indicam o melhor”. (Xenófanes, poeta e filósofo grego)
dúvida sobre o que pensar. Nessa mesma frase “Os deuses certamente não revelaram tudo
aos mortais desde o princípio, mas, procurando, os homens encon-
11: FGV - ACE (TCE-PI)/TCE-PI/Engenharia/2021 tram pouco a pouco o melhor”, há uma locução adverbial sublinha-
Assunto: Pronomes demonstrativos da que equivale adequadamente ao advérbio
Texto 3 (A) vagarosamente.
“Um dos grandes problemas enfrentados pelos moradores das (B) seguramente.
grandes cidades brasileiras é a deficiente infraestrutura de trans- (C) firmemente.
portes. As pessoas demoram muito tempo para se deslocarem, sem (D) paulatinamente.
condições mínimas de conforto, tendo muitas vezes que encarar (E) progressivamente.
longas distâncias em pé, em ônibus lotados.
Este problema tem origem em meados do século XX, quando 14: FGV - ACE (TCE-PI)/TCE-PI/Engenharia/2021
o Brasil passou por um processo de industrialização que aconteceu Assunto: Numeral
de forma rápida e descontrolada. Houve migração muito grande de Texto 4 – O transporte público
pessoas para as cidades, o que levou à supervalorização do preço “O responsável primário pelo transporte público urbano é o
dos terrenos e imóveis. poder público municipal. É isso que prevê o inciso V do artigo 30 da
A solução, para as pessoas de renda mais baixa, foi estabele- Constituição Federal:
cer moradia em zonas mais afastadas, além de favelas e ocupações ‘[Cabe ao município] organizar e prestar, diretamente ou sob
irregulares. As ofertas de empregos e serviços, no entanto, ficou regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de inte-
concentrada nos bairros mais nobres, o que exige deslocamento de resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter es-
grandes distâncias pelos trabalhadores.” sencial’.
O segundo parágrafo do texto 3 se inicia com o pronome este, Entretanto, como você pode observar, esse dispositivo da
em referência a um termo anterior, podendo ser substituído por Constituição dá liberdade aos municípios quanto a como ofertar
esse. esse serviço. Primeiro, o município pode escolher cuidar do trans-
A única frase abaixo em que os demonstrativos empregados porte coletivo por conta própria. A prefeitura se responsabiliza di-
mostram a utilização adequada é: retamente pela gestão do sistema e desembolsa 100% dos recursos
(A) Ônibus e trens são transportes urbanos; esses mais demo- para mantê-lo.
rados que aqueles; É claro que o modelo direto é pouco adotado, já que o orça-
(B) Automóveis, trens e ônibus são transportes das grandes ci- mento municipal costuma ser apertado e há outras áreas que as
dades; estes menos caros que esses; prefeituras devem suprir (saúde e educação, por exemplo). Nesse
(C) Automóveis, trens e ônibus são transportes urbanos; estes caso, quais opções restam?
menos rápidos; esses mais velozes e aqueles mais caros; A saída mais comum é contratar empresas para desempenhar
(D) Automóveis e ônibus são transportes urbanos; estes mais essa função. Para fazer isso, é preciso realizar uma licitação, proce-
populares e aqueles para minorias; dimento padrão para que uma empresa desempenhe um serviço
(E) Automóveis, trens e ônibus são transportes urbanos; estes, público. As empresas vencedoras da licitação atuam sob regime de
esses e aqueles igualmente desconfortáveis. concessão ou permissão. A diferença entre os dois é sutil e pouco
relevante; o que importa saber é que a empresa firma um contrato
com a prefeitura por certo período de tempo, para administrar a
maior parte do sistema de transporte coletivo municipal.”
(Politize!, 30/05/2021)

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“O responsável primário pelo transporte público urbano é o 18: FGV - Ass (FunSaúde CE)/FunSaúde CE/2021
poder público municipal. É isso que prevê o inciso V do artigo 30 da Assunto: Sinônimos e Antônimos
Constituição Federal:” “É a doença que torna a saúde agradável e boa, o mesmo faz a
Temos, nesse caso (texto 4), o emprego de dois números: inciso fome com a saciedade, e o cansaço, com o repouso”.
V e artigo 30; a frase independente abaixo em que a grafia do alga- Não há dúvida de que, nessa frase, há uma correspondência se-
rismo arábico é INADEQUADA é: mântica entre doença/saúde, fome/saciedade e cansaço/repouso.
(A) O caminhão trouxe 1.356 caixas; A mesma correspondência não se estabelece adequadamente
(B) O Grêmio ganhou de 2 X 1; entre
(C) O ônibus viajou por 2.150 quilômetros; (A) frio/calor.
(D) 328 passageiros chegaram de avião; (B) nervosismo/tranquilidade.
(E) O ônibus 747 passou atrasado. (C) medo/calma.
(D) sede/bebida.
15: FGV - Of Sau (PM AM)/PM AM/Enfermeiro/2022 (E) ignorância/estudo.
Assunto: Preposição
As preposições podem ter valor gramatical, quando são exigi- 19: FGV - Insp Pol (PC RJ)/PC RJ/2022
das por um termo anterior, com presença obrigatória, e valor nocio- Assunto: Homônimos e Parônimos
nal quando são empregadas para acrescentar alguma informação Texto 2
ao texto. “Um homem acusado de tráfico de drogas e associação para
Assinale a frase a seguir em que a preposição DE mostra valor o tráfico foi preso, neste sábado (13/11), por policiais civis da 110ª
nocional. DP (Teresópolis) e militares. Contra ele foi cumprido um mandado
(A) Jamais alguém se arrependeu de ter-se acostumado a ma- de prisão.
drugar e a ter-se casado jovem. O criminoso foi capturado após informações de inteligência. Ele
(B) Quando a história se encarrega de fazer teatro, o faz mara- foi encaminhado para o sistema prisional, onde ficará à disposição
vilhosamente. da Justiça.”
(C) Quem mais tempo sabe aproveitar mais certo está de ga- No texto 2 há a ocorrência de três vocábulos que poderiam ser
nhar. confundidos com seus parônimos: tráfico/tráfego, cumprido/com-
(D) A vida necessita de pausas. prido, mandado/mandato.
(E) Aproveita bem o dia de hoje. A frase abaixo em que o vocábulo destacado está bem empre-
gado é:
16: FGV - AJ (TJ RO)/TJ RO/Administrador/2021 (A) absolver / absorver – O juiz decidiu absorver todo o grupo
Assunto: Conjunção já que todas as provas eram circunstanciais;
Um comentário crítico sobre um filme dizia: “O filme é bom, (B) aprender / apreender – O grupo de policiais aprendeu uma
MAS um pouco lento e monótono!”. grande quantidade de drogas no galpão da empresa;
A frase abaixo em que o termo MAS apresenta idêntico signifi- (C) delatar / dilatar – O delegado resolveu delatar o prazo da
cado ao desse caso é: investigação a fim de ajudar o trabalho dos agentes;
(A) Tem muito dinheiro, mas é muito infeliz. (D) despensa / dispensa – A administração do presídio guarda-
(B) Mas por que ela não veio? va numa espécie de dispensa todas as frutas;
(C) Não só ele mas também ela compareceu. (E) fluir / fruir – Após o conserto a água fluía da torneira com
(D) Mas você é muito maluco, cara! toda a facilidade.
(E) Você acaba de saber disso, mas como?
20: FGV - Insp Pol (PC RJ)/PC RJ/2022
17: FGV - AO (SSP AM)/SSP AM/2022 Assunto: Denotação e Conotação
Assunto: Colocação pronominal Todas as frases abaixo mostram linguagem figurada; a que
A frase abaixo que mostra um erro quanto à colocação de um mostra uma expansão da figura inicial, com o emprego de outra
pronome pessoal é: expressão figurada, é:
(A) “Não são apenas nossos erros que nos arruínam, mas o (A) Felicidade é um lugar onde você pode pousar, mas não
modo como agimos depois de cometê-los”. pode fazer seu ninho;
(B) “Admita seus erros antes que alguém exagere-os”. (B) Felicidade é como um beijo: você deve compartilhar para
(C) “Existe, sem dúvida, um remédio para cada culpa: reconhe- aproveitá-lo;
cê-la”; (C) Felicidade é uma escrivaninha muito pequena e uma grande
(D) “A maioria das pessoas gasta mais tempo e energia ao falar cesta de lixo;
dos problemas do que ao enfrentá-los”. (D) Felicidade é um fluxo de caixa positivo;
(E) “Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sem- (E) A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido.
pre inteira”.

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21: FGV - 2º Ten (CBM AM)/CBM AM/2022 (D) Amar-se a si mesmo é o começo de uma aventura que dura
Assunto: Polissemia a vida inteira / efêmera;
A questão desta prova é elaborada a partir de pequenos textos (E) Nem todo grande homem escreve livros / político.
e pretendem avaliar sua capacidade em interpretar e compreender
textos, assim como em redigir de forma correta e adequada. 25: FGV - AO (SSP AM)/SSP AM/2022
Em todos os pensamentos a seguir há a repetição de termos Assunto: Frase, oração e período
destacados; assinale a frase em que esses termos não mostram o O ex-presidente americano Thomas Jefferson declarou que
mesmo significado. “Fundamental é aplicar a lei a homens de todas as condições”.
(A) Se não queres perder-te no esquecimento logo ao morrer, O segmento sublinhado traz um verbo no infinitivo e, por isso,
ou escreve coisas dignas de ler-se ou faze coisas dignas de es- a oração em que esse segmento está inserido denomina-se reduzi-
crever-se. da de infinitivo. A forma de oração desenvolvida adequada desse
(B) Você consegue muito mais com uma palavra amável e um segmento é
revólver do que somente com uma palavra amável. (A) que se aplicasse.
(C) Entre duas palavras escolha sempre a mais simples. Entre (B) que a lei fosse aplicada.
duas palavras simples, escolha sempre a mais curta. (C) a lei ser aplicada.
(D) O mundo se divide em duas espécies de pessoas: aquelas (D) a aplicação da lei.
que querem falar com você e aquelas com as quais você quer (E) que se aplique.
falar.
(E) Um homem sério tem poucas ideias. Um homem de ideias
nunca está sério. GABARITO

22: FGV - ATCE (TCE-AM)/TCE-AM/Auditoria de Tecnologia da


Informação/2021
Assunto: Polissemia 1 E
Em todas as frases abaixo há a repetição de um vocábulo; a fra- 2 C
se em que esse vocábulo repetido mostra significados diferentes é:
(A) “O que tiveres de fazer, faze-o depressa”; 3 B
(B) “O ideal é não esperar pelo momento ideal”; 4 E
(C) “Não existem executivos bem-sucedidos. Há executados
5 B
bem-sucedidos”;
(D) “A arte de agradar é a arte de enganar”; 6 D
(E) “Há pessoas que têm dinheiro e pessoas que são ricas”. 7 A
23: FGV - Sold (PM AM)/PM AM/2022 8 D
Assunto: Significação de vocábulo e expressões 9 E
Os vocábulos abatimento, tristeza, pena, nostalgia, melancolia,
10 C
infelicidade, desespero podem ser empregados como sinônimos
em alguns contextos. 11 D
Assinale a frase a seguir em que um desses vocábulos foi em- 12 D
pregado de forma adequada.
(A) Minha cachorrinha morreu e isso trouxe-me melancolia. 13 D
(B) Causa desespero ver que o homem não está à altura de seu 14 D
criador.
(C) As desgraças sucessivas produziram nele grande pena. 15 E
(D) Com o atropelamento sofrido, sentiu imenso abatimento. 16 A
(E) Recordo com nostalgia os dias felizes que ali passei.
17 B
24: FGV - Red (CM Aracaju)/CM Aracaju/2021 18 C
Assunto: Significação de vocábulo e expressões 19 E
Em todas as frases abaixo há a substituição de um termo subli-
nhado na frase por uma só palavra; a frase em que a substituição 20 A
está adequada é: 21 E
(A) Prefiro entrar em uma mercearia hoje a ir ao banquete de
um rei há cem anos / uma década; 22 B
(B) O asterisco nada mais é que um ponto final hippie / é so- 23 E
mente;
24 B
(C) Odeio os movimentos que ultrapassam os limites / limita-
dos; 25 E

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ANOTAÇÕES

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• Informação não-verbal: é toda informação dada através de


COMPREENSÃO GERAL DO SENTIDO E DO PROPÓSITO DO figuras, gráficos, tabelas, mapas, etc. A informação não-verbal deve
TEXTO ser considerada como parte da informação ou ideia que o texto de-
seja transmitir.
• Palavras-chave: são fundamentais para a compreensão do
Reading Comprehension texto, pois se trata de palavras relacionadas à área e ao assunto
Interpretar textos pode ser algo trabalhoso, dependendo do abordado pelo texto. São de fácil compreensão, pois, geralmente,
assunto, ou da forma como é abordado. Tem as questões sobre o aparecem repetidamente no texto e é possível obter sua ideia atra-
texto. Mas, quando o texto é em outra língua? Tudo pode ser mais vés do contexto.
assustador. • Grupos nominais: formados por um núcleo (substantivo) e
Se o leitor manter a calma, e se embasar nas estratégias do um ou mais modificadores (adjetivos ou substantivos). Na língua
Inglês Instrumental e ter certeza que ninguém é cem por cento leigo inglesa o modificador aparece antes do núcleo, diferente da língua
em nada, tudo pode ficar mais claro. portuguesa.
Vejamos o que é e quais são suas estratégias de leitura: • Afixos: são prefixos e/ou sufixos adicionados a uma raiz, que
modifica o significado da palavra. Assim, conhecendo o significado
Inglês Instrumental de cada afixo pode-se compreender mais facilmente uma palavra
Também conhecido como Inglês para Fins Específicos - ESP, o composta por um prefixo ou sufixo.
Inglês Instrumental fundamenta-se no treinamento instrumental • Conhecimento prévio: para compreender um texto, o leitor
dessa língua. Tem como objetivo essencial proporcionar ao aluno, depende do conhecimento que ele já tem e está armazenado em
em curto prazo, a capacidade de ler e compreender aquilo que for sua memória. É a partir desse conhecimento que o leitor terá o
de extrema importância e fundamental para que este possa desem- entendimento do assunto tratado no texto e assimilará novas in-
penhar a atividade de leitura em uma área específica. formações. Trata-se de um recurso essencial para o leitor formular
hipóteses e inferências a respeito do significado do texto.
Estratégias de leitura
• Skimming: trata-se de uma estratégia onde o leitor vai buscar O leitor tem, portanto, um papel ativo no processo de leitura
a ideia geral do texto através de uma leitura rápida, sem apegar-se e compreensão de textos, pois é ele que estabelecerá as relações
a ideias mínimas ou específicas, para dizer sobre o que o texto trata. entre aquele conteúdo do texto e os conhecimentos de mundo que
• Scanning: através do scanning, o leitor busca ideias especí- ele carrega consigo. Ou mesmo, será ele que poderá agregar mais
ficas no texto. Isso ocorre pela leitura do texto à procura de um profundidade ao conteúdo do texto a partir de sua capacidade de
detalhe específico. Praticamos o scanning diariamente para encon- buscar mais conhecimentos acerca dos assuntos que o texto traz e
trarmos um número na lista telefônica, selecionar um e-mail para sugere.
ler, etc. Não se esqueça que saber interpretar textos em inglês é muito
• Cognatos: são palavras idênticas ou parecidas entre duas importante para ter melhor acesso aos conteúdos escritos fora do
línguas e que possuem o mesmo significado, como a palavra “ví- país, ou para fazer provas de vestibular ou concursos.
rus” é escrita igualmente em português e inglês, a única diferença
é que em português a palavra recebe acentuação. Porém, é preciso
atentar para os chamados falsos cognatos, ou seja, palavras que são COMPREENSÃO DE IDEIAS ESPECÍFICAS EXPRESSAS EM
escritas igual ou parecidas, mas com o significado diferente, como PARÁGRAFOS E FRASES E A RELAÇÃO ENTRE PARÁGRAFOS
“evaluation”, que pode ser confundida com “evolução” onde na ver- E FRASES DO TEXTO
dade, significa “avaliação”.
• Inferência contextual: o leitor lança mão da inferência, ou
seja, ele tenta adivinhar ou sugerir o assunto tratado pelo texto, e Paragraph structure is an essential aspect of effective writing,
durante a leitura ele pode confirmar ou descartar suas hipóteses. contributing to the overall coherence and clarity of a piece of text. A
• Reconhecimento de gêneros textuais: são tipo de textos que well-structured paragraph typically consists of several key elements:
se caracterizam por organização, estrutura gramatical, vocabulário
específico e contexto social em que ocorrem. Dependendo das mar- Topic Sentence:
cas textuais, podemos distinguir uma poesia de uma receita culiná- - The topic sentence is the main idea or point of the paragraph.
ria, por exemplo. It often appears at the beginning and provides a clear focus for the
reader, outlining what the paragraph is going to discuss.

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LÍNGUA INGLESA

Supporting Sentences: Skim the Text:


- Following the topic sentence, there are supporting sentences - Begin by quickly skimming through the text to get a general
that provide additional information, details, examples, or arguments sense of its content, structure, and main ideas. Pay attention to
to support the main idea. These sentences should logically connect headings, subheadings, and any formatting that might indicate the
to the topic sentence and each other. organization of information.

Transitions: Read Carefully:


- Transitional words and phrases help guide the reader through - Once you have a general understanding, read the text
the paragraph, indicating relationships between ideas. Examples more carefully. Focus on the introduction, conclusion, and topic
include “however,” “in addition,” “furthermore,” and “conversely.” sentences of paragraphs to identify key points. These areas often
contain essential information.
Coherence:
- A well-structured paragraph maintains coherence by Highlight or Take Notes:
presenting ideas in a logical order. Sentences should flow smoothly, - As you read, highlight or take notes on specific details that
and there should be a clear progression of thought from one relate to the information you’re looking for. Use different colors or
sentence to the next. symbols to distinguish between different types of information.

Unity: Use Keywords:


- All sentences in a paragraph should contribute to the - Identify keywords or terms related to the specific information
development of the main idea. Avoid including unrelated or off- you are searching for. This will help you locate relevant passages
topic information that may distract the reader. more efficiently.

Concluding Sentence (optional): Refer to Headings and Subheadings:


- While not every paragraph requires a concluding sentence, - Check headings and subheadings to find sections that might
it can be beneficial to include one if it helps to summarize the main contain the information you need. Often, these sections provide a
point or transition to the next paragraph. clear indication of the content covered.

Here’s a simple example to illustrate paragraph structure: Utilize Search Function:


- If you are working with digital text, use the search function
Example: to locate specific keywords or phrases quickly. This can save time
Topic Sentence: Climate change poses a significant threat to and help you find the information you’re looking for.
global ecosystems.
Refer to Index or Table of Contents (if applicable):
Supporting Sentences: - In longer texts, especially academic or reference materials,
- Rising global temperatures contribute to the melting of polar the index or table of contents can be valuable for locating specific
ice caps. information.
- This melting leads to a rise in sea levels, threatening coastal
areas. Read Surrounding Context:
- Changes in temperature patterns also impact weather events, - When you identify a potential passage containing the
causing more frequent and severe storms. information you need, read the surrounding context. This helps
ensure that you understand the information in its proper context
Concluding Sentence: In conclusion, addressing climate change and avoid misinterpretation.
is crucial for the preservation of our planet’s ecosystems and the
well-being of future generations. Verify Information:
- Cross-check the information you’ve found with other parts
Remember that the specifics of paragraph structure can of the text or external sources to ensure accuracy and reliability.
vary depending on the type of writing (e.g., argumentative essay,
narrative, academic paper), but the principles of coherence, unity, Organize the Information:
and logical progression apply universally. - Organize the extracted information in a systematic way.
This could involve creating an outline, summarizing key points, or
categorizing details based on their relevance.
LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES ESPE-
CÍFICAS EM UM OU MAIS TRECHOS DO TEXTO By following these steps, you can effectively locate and identify
specific information within a text, whether it’s a paragraph, article,
or more extended document. This approach helps streamline the
Locating and identifying specific information in a text involves process and enhances your ability to extract the information you
a systematic approach to extract the relevant details. Here’s a step- need.
by-step guide to help you with this process:

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LÍNGUA INGLESA

— Com sentido de contraste


IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES TEXTUAIS COMO CON-
JUNÇÕES, ADVÉRBIOS, PREPOSIÇÕES ETC., E COMPREEN- Walter was sad but he didn’t
SÃO DE SUA FUNÇÃO ESSENCIAL NO TEXTO cry.
But – mas
(Walter estava triste, mas ele
não chorou).
CONJUNÇÕES
Os marcadores discursivos são uma classe de palavras res- We could go, however, we
ponsáveis por conectar orações de modo que elas sejam coesas e have to be back by 9.
However - porém
coerentes, estas palavras podem ser conjunções, locuções ou ex- (Nós poderíamos ir, porém,
pressões idiomáticas, e são de extrema importância para a com- temos que voltar às 9)
preensão e interpretação da mensagem presente em uma oração. Mandy chose that job,
Confira abaixo uma lista de alguns dos principais tipos de con- nevertheless, she is unhappy.
junções, o seu sentido e um exemplo prático. Nevertheless – no entanto (Mandy escolheu aquele
emprego, no entanto, ela
— Com sentido de adição: está infeliz)
Although the movie is great,
She watched movies and the book is far better.
Although, though – embora
And – e series. (Embora o filme seja ótimo, o
(Ela assiste filmes e séries) livro é bem melhor)
In addition to playing soccer, Inspite of all I did, I’m still a
he also plays volleyball. good father.
In addition to – além de Despite, in spite of – apesar de
(Além de jogar futebol, ele (Apesar de tudo que fiz, eu
também joga vôlei) ainda sou um bom pai)
He despises that movie, He’s a great cook, on the
besides, he can’t go to the other hand, a terrible
Futhermore, moreover, movies with us. On the other hand – por outro person.
besides – além disso (Ele odeia aquele filme, além lado (Ele é um ótimo cozinheiro,
disso ele não pode ir ao por outro lado, é péssima
cinema conosco) pessoa)
They love sushi as well as me. It was a good idea, still
As well as, Both... and – bem
(Eles amam sushi tanto quanto they shouldn’t have done it
como, tanto... quanto
eu) without permission.
Still
We also lived in Bulgaria. (Foi uma ótima ideia, ainda
Too, also – também (Nós também moramos na assim, eles não deveriam tê-
Bulgária) la feito sem permissão)

Not only she went alone, she


had fun by herself!
Not only – não apenas
Ela não apenas foi sozinha, ela
se divertiu sozinha!
By the way, she called last
night.
By the way – à proposto
(À propósito, ela ligou ontem
à noite)

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LÍNGUA INGLESA

— Com sentido de causa e consequência


Tristan finally decided to tell
her.
Finally – finalmente
She had a headache so she (Tristan finalmente decidiu
decided to take a pill. contá-la)
So – então, sendo assim (Ela tinha dor de cabeça,
What shall we do next?
então decidiu tomar um Next – após, depois disso, em
(O que devemos fazer em
remédio) seguida
seguida?)
He’s faster than I am,
Formerly, she had graduated
therefore he can win the
from college.
Therefore – sendo assim, race. Formerly – anteriormente
Anteriormente, ela tinha se
portanto (Ele é mais rápido que eu,
formado na faculdade
portanto ele pode ganhar a
corrida) This doesn’t match what she
told me previously.
We had no time to study, as a Previously – anteriormente
(Isso não combina com o que
result we failed the exam.
ela me disse anteriormente)
As a result – como resultado (Nós não tivemos tempo para
estudar, como resultado nós He told me he got nervous
reprovamos na prova) afterwards.
Afterwards – posteriormente
Ele me disse que havia ficado
Since you’re going there, can
nervoso posteriormente.
you get me a bottle of water?
Since – desde, já que (Já que você está indo lá, We will wait for you until you
você pegar uma garrafa de come.
Until – até
água para mim? (Nós esperaremos por você
até que você venha)
Grandma can’t come
because her car broke down.
Because – porque — Que expressam ênfase
Vovó não pode vir porque
seu carro quebrou.
He indeed loved carrot cake.
Can you give us his number
Indeed – de fato, de verdade (Ele de fato amava bolo de
so that we can solve this?
cenoura)
So that – afim de (que) (Você poderia nos passar
o número dele para que As a matter of fact, that was
resolvamos isso?) the best book I read.
As a matter of fact – de fato
(De fato, aquele era o melhor
She will move far away, thus
livro que li)
she won’t see us very often.
Thus – logo (Ela vai se mudar para longe, Actually, I look more like my
logo ela não nos verá com grandma.
Actually – na verdade
tanta frequência) (Na verdade, eu me pareço
mais com minha avó)
They consequently stopped
Consequently – smoking.
ADVÉRBIOS
consequentemente (Eles consequentemente
Na língua inglesa, os advérbios possuem o mesmo propósito
pararam de fumar.)
dos adjetivos, qualificar um objeto, mas diferem-se deles pois con-
fere qualidade a um verbo em vez a um substantivo. As caracterís-
— Com sentido de tempo
ticas que os advérbios podem conferir aos verbos podem ser de
modo, tempo, lugar, frequência ou intensidade. Em uma oração, os
First of all, I’d like to thank advérbios vêm logo depois do verbo principal da frase. geralmente
my parents. costumam aparecer na frase logo após os verbos principais. Confira
First of all – primeiro de tudo
(Primeiro de tudo, gostaria a seguir os diferentes tipos de advérbio e sua formação:
de agradecer meus pais.)
He eventually stopped — Advérbio de modo
talking to me. Formados a partir de adjetivos acrescidos do sufixo -ly, em por-
Eventually – eventualmente tuguês são as palavras terminadas em -mente. Veja os exemplos:
(Ele eventualmente parou de
falar comigo.) • The doctor carefully examined the patient. (O médico exami-
nou o paciente cuidadosamente)
• He walked slowly to the door. (Ele andou varagoramente até
a porta)

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

• Gaby was getting nervous quickly. (Gaby estava ficando ner- • Veronica was sort of quiet yesterday. (Veronica estava um
vosa rapidamente) pouco quieta ontem)
• I did that intentionally. (Eu o fiz intencionalmente)
Os advérbios de quantidade, por sua vez, são formados pe-
— Advérbio de tempo los próprios numerais,cardinais e ordinais, da língua inglesa, mas
Os advérbios de tempo são palavras que indicam o momento também por outras palavras quantificadoras, como many (muitos),
em que a ação ocorre, palavras como today (hoje), tonight (hoje à much (muito), few (pouco, poucos), a ton (um monte de), a lot of
noite), yesterday (ontem), Early (cedo), late (tarde), after (depois), (muitos), one (um), two (dois), three (três), fist (primeiro), second
before (antes), now (agora), lately (ultimamente), ente outros. Veja (segundo), third (terceiro), both (ambos), etc. Observe os exem-
a seguir: plos:
• She soon began to worry (Ela rapidamente começou a se • She had two beautiful dogs. (Ela tinha dois lindos cachorros)
preocupar) • This recipe requires many potatoes. (Essa receita requer mui-
• We went to the movies after dinner (Nós fomos ao cinema tas batatas)
depois do jantar) • We don’t have much time to talk now. (Nós não temos muito
• He already knows the big news. (Ele já sabe da grande notícia) tempo para conversar agora)
• Walter is not coming to the party tomorrow. (Walter não vai • Kevin came in third in the competition. (Kevin ganhou em
à festa amanhã) primeiro lugar na competição.)

— Advérbio de lugar Veja alguns dos principais advérbios da língua inglesa e seus
Os advérbios de lugar são palavras que indicam o local em que exemplos:
a ação ocorre, palavras como here (aqui), there (lá), somewhere
(em algum lugar), near (perto), far (longe), right (direita), left (es-
We’ll be with you Estaremos com
querda), above (acima), below (abaixo), entre outras. Confira al- Shortly
shortly. vocês brevemente.
guns exemplos:
• She left the book under her desk. (Ela deixou seu livro debai- Put your coat on Coloque seu casaco
Immediately
xo da mesa) immediately. imediatamente.
• The Johnsons live close to the mall. (Os Johnsons moram per- The doctor will be O médico estará
to do shopping) Soon
here soon. aqui em breve.
• Brad found the keys on the conter. (Brad encontrou as chaves
no balcão) Por que ela está
Why is she so upset
• We’ll be there in half an hour. (Nós estaremos lá em meia Lately tão chateada
lately?
hora) ultimamente?
Now Let’s go now. Vamos agora.
— Advérbio de frequência
Ele me beijou
Os advérbios de frequência são palavras que indicam a fre- Slowly He kissed me slowly
vagarosamente.
quência em que a ação ocorre, palavras como regularly (regular-
mente), often (frequentemente), hardly ever (raramente), never Você precisa
You need to lift it
(nunca), sometimes (às vezes), every other day (dia sim, dia não), Carefully levantá-lo
carefully
usually (geralmente), once (uma vez), twice (duas vezes), entre ou- cuidadosamente.
tras. Confira: Eles alegremente
• Tom and I rarely speak to each other. (Tom e eu raramente They gadly received
Gladly receberam nosso
nos falamos) our gift.
presente.
• I usually work out in the morning. (Eu geralmente me exér-
cito de manhã) He plays the cello Ele toca o violoncelo
Beautifully
• They have never eaten frozen food. (Eles nunca comeram co- beautifully lindamente.
mida congelada) I’ll try to finish it Tentarei terminar
• Hannah sometimes gives me a ride. (Hannah às vezes me dá Quickly
quickly. rapidamente.
uma carona)
Did you see them
There Você os viu lá?
— Advérbio de intensidade there?
Os advérbios de intensidade são palavras que indicam a inten- Nós podemos ir a
sidade em que a ação ocorre, palavras como very (muito), a few We can go wherever
Wherever qualquer lugar que
(um pouco), so (muito), kind of (mais ou menos), almost (quase), you want
você quiser.
completely (completamente), nearly (quase) etc. Veja a seguir.
The shoes were Os sapatos estavam
• Your mom was so worried about you. (Sua mãe estava tão Behind
behind the door. atrás da porta
preocupada contigo)
• She almost got fired. (Ela quase foi demitida) Ele não podia estar
He can’t be further
• My dad nearly had a hear attack. (Meu pai quase teve um Further mais longe da
from the truth.
infarto) verdade.

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LÍNGUA INGLESA

There’s na excelente Há uma ótima Eu não tenho


Near Quite I’m not quite sure.
pizza place near here. pizzaria perto daqui. completa certeza.
She surely knows how Ela certamente sabe Rarely He rarely calls. Ele raramente liga.
Surely
to dance. dançar. Mamãe nunca diz
Mom never says how
They indeed hate Eles de fato te Never o quanto ela se
Indeed much she cares.
you. odeiam. importa.
John certamente I usually wake up Eu geralmente me
John certainly didn’t Usually
Certainly não quis fazer mal at 7. levanto às 7.
mean no harm.
algum. Ian often visits his Ian frequentemente
Often
As crianças grandparents. visita seus avós.
The kids evidently
Evidently evidentemente Ela é sempre tão
love their parents. Always She’s always so clever
amam seus pais. esperta.
He obviously loves Ele obviamente te When When is she coming Quando ela vem?
Obviously
you. ama.
Did you she where Você viu onde ela
Não, nós não Where
No No, we can’t. she went? foi?
podemos.
Quanto você
He is not the guy for Ele não é cara para How much do you
Not How alimenta o seu
you. você. feed your dog?
cachorro?
First You said it first! Você disse primeiro! Why didn’t they Por que eles não
Why
And, secondly, I’m E, em segundo lugar, come? vieram?
Secondly really bad at making eu sou ruim em
friends. fazer amigos. PREPOSIÇÕES
Em terceiro lugar, Bem como na língua portuguesa, as preposições na língua in-
Thirdly, they didn’t glesa são elementos linguísticos que agem como conectivos entre
eles nem mesmo
Thirdly even understand frases, de modo a conectá-las de modo lógico e provido de sentido,
entenderam o que
what I said. baseado na relação que se pretende estabelecer entre uma ora-
eu disse.
ção e outra. Confira abaixo as preposições mais comuns da língua
Por último, eles inglesa:
Lastly, they played
Lastly tocaram minha
my favorite song.
música favorita.
In Dentro de; em; de; no; na.
Maybe she doesn’t Talvez ela não goste
Maybe She was born in July.
like cats. de gatos.
(Ela nasceu em julho)
Anna possibly speaks Anna possivelmente
Possibly
Chinese. fala chinês. Oliver lives in Romenia.
Perhaps I should be Talvez eu deva (Oliver mora na Romênia)
Perhaps
studying math. estudar matemática.
Her pencils are in her pencil case.
They probably had Eles provavelmente (Os lápis dela estão em seu estojo)
Probably
too much to drink. beberam demais.
Ela concorda Lucas is working in his bedroom.
She strongly agrees
Strongly veementemente (Lucas está trabalhando em seu quarto)
with them.
com eles.
At À; às; em; na; no
They barely talked Eles mal falaram
Barely Is this meeting at 5 pm?
to me. comigo.
(Esta reunião é às 17h?)
Ele sabia
He knew exaclty what
Exactly exatamente o que
I wanted. They live at 97 Broadway Street, California.
eu queria.
(Eles moram na Rua Broadway, número 97, na Califórnia)
Meus pais me
My parents gave me
deram dinheiro He works at the National Bank.
Nearly nearly enough money
quase o suficiente (Ele trabalha no Banco Nacional)
to travel.
para eu viajar.
Will you be waiting for us at the airport?
(Você esperará por nós no aeroporto?)
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

On Sobre a; em cima de; acima de; em; no; na. Além destas preposições, existem diversas outras que indicam
lugar e lugar. Confira a seguir uma lista com mais exemplos:
She was born on July 17th, 1992.
(Ela nasceu em 17 de julho de 1992)
Preposições Significado
We have to work on the weekend. Before Antes
(Nós temos que trabalhar no fim de semana)
After Depois
Ron never goes jogging on Sundays. During Durante
(Ron nunca faz cooper aos domingos.) Since Desde
Her pencils are on her desk. For Por
(Os lápis dela estão em sua escrivaninha) Until/till Até
From Desde, da, das
Joseph is dancing on the stage.
(Joseph está dançando no palco) Up to Até agora
By Até
The office is on Maple Avenue.
(O escritório é na avenida Maple) At Às
Ago Atrás
We watch the Oprah Winfrey show on TV.
(Nós assistimos ao show da Oprah Winfrey na TV) Past Antes (hora)
On Sobre
You can purchase our products on our website.
Under Debaixo
(Você pode adquirir nossos produtos em nosso site)
In Em
For para; durante; por; há. Above Acima
My wife uses our porch area for painting. In front Em frente à
(Minha esposa usa nossa área da sacada para pintar) Across Do outro lado
This store is for women only. Below Abaixo
(Esta loja é apenas para mulheres) Along Ao longo de
Behind Atrás
He has been working in that company for eleven years.
(Ele trabalha naquela empresa há onze anos) Beside Ao lado
Between Entre
You’ve been in the bathroom for half an hour.
(Você está no banheiro há uma hora) Among Entre
By Ao lado de
To Para; a.
Far from Longe de
His family is moving to Australia in a month.
(A família dele vai se mudar para a Austrália em um mês) Near Perto
Inside Dentro
Grandma is going to the store.
(A vovó está indo à loja) Outside Fora
Next to Próximo a/ao
We studied together from 2011 to 2016.
Through Através
(Nós estudamos juntos de 2011 a 2016)
Toward Em direção a
We prefer drinking juice to drinking soda.
(Nós preferimos beber suco do que refrigerante.)

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

COMPREENSÃO DO SIGNIFICADO DE ITENS LEXICAIS FUNDAMENTAIS PARA A CORRETA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEJA
POR MEIO DE SUBSTITUIÇÃO (SINONÍMIA) OU DE EXPLICAÇÃO DA CARGA SEMÂNTICA DO TERMO OU EXPRESSÃO

Understanding the meaning of lexical items, or words, is crucial for accurate interpretation of a text. This understanding can be achie-
ved through various methods, including substitution (synonymy) and explanation of the semantic load of the term or expression. Here’s
how you can approach these aspects:

Substitution (Synonymy):
-Method: Replace the target word with a synonym and see if the sentence’s meaning remains unchanged. Synonyms are words with
similar meanings.
- Example:If the term in question is “happy,” you can substitute it with “joyful” or “content” to assess whether the overall meaning
is maintained.

Explanation of Semantic Load:


- Method: Analyze the word’s semantic load, which includes its denotation (literal meaning) and connotation (emotional or cultural
associations).
- Example: The word “home” denotes a place where one lives, but its connotations may include feelings of comfort, security, and
belonging.

Contextual Analysis:
-Method: Examine the context in which the word is used. Surrounding words, phrases, or sentences provide clues to the intended
meaning.
- Example: In the sentence “The actor’s performance was riveting,” the word “riveting” implies that the performance was captivating
and held the audience’s attention.

Consulting Dictionaries and Thesauruses:


- Method: Refer to dictionaries and thesauruses to obtain formal definitions, synonyms, and related words.
- Example:Looking up the word “ephemeral” in a dictionary would reveal its meaning as “lasting for a very short time” or “transient.”

Etymology:
- Method: Explore the word’s origin and historical development. Understanding a word’s roots can provide insights into its meaning.
- Example:The word “amphibian” comes from the Greek words “amphi” (both) and “bios” (life), indicating an organism that can live
both in water and on land.

Word Families and Collocations:


- Method: Examine related words and common collocations (words that often appear together) to gain a broader understanding of
the term.
- Example: Understanding that “strength” is related to “strong” and often collocates with words like “physical” or “emotional” enhan-
ces comprehension.

Cultural and Idiomatic Considerations:


- Method:Be aware of cultural nuances and idiomatic expressions that may influence a word’s meaning.
- Example: The word “biscuit” refers to a small, baked bread product in the United States, but in the United Kingdom, it commonly
means a sweet baked good.

By employing these methods, you can develop a nuanced understanding of lexical items and enhance your ability to interpret a text
accurately. Synonym substitution, contextual analysis, and exploration of semantic nuances contribute to a more comprehensive grasp of
the meaning conveyed by words in various contexts.

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56
a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

LOCALIZAÇÃO DE REFERÊNCIA TEXTUAL ESPECÍFICA DE ELEMENTOS, TAIS COMO PRONOMES, ADVÉRBIOS, ENTRE OUTROS,
SEMPRE EM FUNÇÃO DE SUA RELEVÂNCIA PARA A COMPREENSÃO DAS IDEIAS EXPRESSAS NO TEXTO

Os pronomes substituem os substantivos. Um pronome diferente é necessário dependendo de dois elementos: o substantivo que
está sendo substituído e a função que o substantivo tem na frase. Em inglês, os pronomes assumem apenas o gênero do substantivo que
substituem na 3ª pessoa do singular. Os pronomes de 2ª pessoa do plural são idênticos aos pronomes de 2ª pessoa do singular, exceto
pelo pronome reflexivo.

Adjetivos Pronomes
Pronome Pronomes
Pronomes objeto possessivos Reflexivos e
sujeito possessivos
(determinantes) Intensivos
1st person
I me my mine myself
singular
2nd person
you you your yours yourself
singular
3rd person
he him his his himself
singular, male
3rd person
singular, she her her hers herself
female
3rd person
singular, it it its itself
neutral
1st person
we us our ours ourselves
plural
2nd person
you you your yours yourselves
plural
3rd person
they them their theirs themselves
plural

— Pronome sujeito
Os pronomes sujeitos substituem os substantivos que são o sujeito de sua oração. Na 3ª pessoa, os pronomes do sujeito são frequen-
temente usados para evitar a repetição do nome do sujeito.

Exemplos:
• I am 22 years old (Eu tenho 22 anos de idade)
• You look tired. (Você parece cansado)
• Pam is upset, and she wants Johnny to apologize. (Pam está chateada e quer que Johnny a peça desculpas)
• This desk is old. It needs to be restored. (Esta escrivaninha é velha. Ela precisa ser restaurada)
• We aren’t ready. (Nós não estamos prontos)
• They don’t eat hot (Eles não comem cachorro-quente)

— Pronomes objeto
Os pronomes objeto são usados para substituir substantivos que são o objeto direto ou indireto de uma oração.

Exemplos:
• Pass me the salt. (Passe-me o sal)
• Mom need to talk to you (Mamãe precisa falar com você)
• Jessica is crying because Anna lied to her. (Jessica está chorando porque Anna mentiu para ela)
• Rachel told him yesterday. (Rachel contou para ele ontem)
• Where is my bookmark? I can’t find it! (Onde está meu marca-páginas? Não consigo encontra-lo)
• She can’t come with us. (Ela não pode vir conosco)
• My kids study here. Have you seen them? (Meus filhos estudam aqui. Você os viu?)

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LÍNGUA INGLESA

— Adjetivos possessivos (determinantes) presente, em alguns casos elas se diferenciam. O padrão de conju-
Adjetivos possessivos não são pronomes, mas sim determinan- gação no presente simples se estabelece retirando o “to” do verbo
tes. É útil aprendê-los ao mesmo tempo que os pronomes, no en- no infinitivo em todos os casos.
tanto, porque eles são semelhantes em forma aos pronomes pos-
sessivos. Adjetivos possessivos funcionam como adjetivos, então Ex: to eat – comer // I eat bread. (Eu como pão)
eles aparecem antes do substantivo que eles modificam. Eles não
substituem um substantivo como os pronomes. Observe que o “to” foi removido para realizar a conjugação de
acordo com o pronome em questão, esta regra se aplica a seguinte
Exemplos: lista de pronomes (veja como exemplo a conjugação do verbo cita-
• I love my new dress (Eu amo meu novo vestido) do anteriormente):
• We are going to your house (Nós vamos para a sua casa)
• He never shares his ideas. (Ele nunca compartilha suas ideias) I (eu) Eat
• Her new bike is broken (A nova bicicleta dela está quebrada)
• The cat is White, but its paws are brown. (O gato é branco, You (tu, você) Eat
mas suas patas são marrons) He/she/it (ele, ela) Eats
• Dad likes to listen to our stories. (Papai gosta de ouvir nossas
histórias) We (nós) Eat
• Did you see their new car? (Você viu o carro novo deles?) You (vós, vocês) Eat
They (Eles, elas) Eat
— Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos substituem os substantivos posses-
sivos como sujeito ou objeto de uma oração. Como o substantivo Observe que no caso dos pronomes na terceira pessoa do sin-
que está sendo substituído não aparece na frase, ele deve estar gular he, she e it, a conjugação ocorrerá de modo diferenciado. Aos
claro no contexto. verbos que acompanham estes pronomes, acrescenta-se a letra
• This shirt is mine. (Esta camisa é minha) “s”, “es” ou “ies”. Verbos terminados em consoantes, de forma ge-
• The backpack is not yours. (A mochila não é sua) ral, apresentam terminação padrão “s”, como é o caso do verbo to
• My shoes look like his. (Meus sapatos parecem com os dele) drink (beber), to play (jogar), to speak (falar). Veja:
• The school papers are not hers. (Os papéis da escola não são
dela) I (eu) drink
• That house is ours. (Aquela casa é nossa) You (tu, você) drink
• Are those boxes theirs? (Essas caixas são deles?)
He/she/it (ele, ela) drinks
— Pronomes Reflexivos e Intensivos We (nós) drink
Os pronomes reflexivos e intensivos são o mesmo conjunto de
palavras, mas têm funções diferentes em uma frase. Os pronomes You (vós, vocês) drink
reflexivos referem-se ao sujeito da oração porque o sujeito da ação They (Eles, elas) drinks
também é o objeto direto ou indireto. Apenas certos tipos de ver-
bos podem ser reflexivos. Você não pode remover um pronome re- To drink
flexivo de uma frase porque a frase restante seria gramaticalmente No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, acrescenta-
incorreta. mos “es”, como no caso do verbo to finish (terminar).

Exemplos: To finish
I asked myself if I really wanted to go. (Eu me perguntei se real-
mente queria ir)
I (eu) finish
Did you hurt yourself while playing? (Você se machucou en-
quanto brincava?) You (tu, você) finish
He got himself in trouble (Ele se colocou em apuros) He/she/it (ele, ela) finishes
She saw herself in the mirror. (Ela se viu no espelho)
The dog loves to lick itself. (O cão ama se lamber) We (nós) finish
We stopped ourselves from fighting (Nós nos impedimos de You (vós, vocês) drink
brigar)
Annie and Louise can take care of themselves. (Annie e Louise They (Eles, elas) drinks
podem tomar conta de si mesmas).
Em alguns casos, em verbos com terminações em y precedidos
— Simple present por uma consoante, como em to study (estudar), to fly (voar) e to
O presente simples em inglês tem sua conjugação de verbos cry (chorar).
dividida entre pronomes. Os pronomes da terceira pessoa do singu-
lar se enquadram em uma categoria e os demais em outra. Apesar
de suas conjugações serem simples ao expressar ações no tempo

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

To study Já os verbos irregulares do passado não possuem regras espe-


cífica, mas podemos memorizá-los a fim de expandir o vocabulário.
I (eu) study Confira a tabela a seguir:

You (tu, você) study


Verbo no infi- Verbo irregular no
He/she/it (ele, ela) studies Tradução
nitivo passado
We (nós) study To eat Ate Comer
You (vós, vocês) study To come Came Vir
They (Eles, elas) study To leave Left Partir, sair, deixar
— Simple past To understand Understood Entender
O passado simples é usado para expressar ações realizadas e To say Said Dizer
finalizadas no tempo passado. Para usá-lo é obrigatório o uso do
verbo auxiliar DID. Este tempo verbal é também marcado pelo uso To send Sent Enviar
de verbos regulares e irregulares. To write Wrote Escrever
Os verbos regulares no passado possuem uma terminação
To read Read Ler
padrão em “ed” ou “ied” (verbos terminados em y precedidos por
uma consoante). Já os demais verbos que não comportam da mes- To run Ran Correr
ma maneira quando conjugados no tempo passado, ou seja, pos- To lend Lent Emprestar
suem uma escrita diferente da forma original no verbo no presente,
são chamados de irregulares. To put Put Colocar, pôr
Os verbos são modificados para se adequarem ao passado To drive Drove Dirigir
apenas em frases afirmativas. Em frases negativas e interrogativas,
To take Took Levar
utilizamos o verbo auxiliar did ou did + not (não), já o próprio verbo
volta ao seu estado original (infinitivo sem o “to”). To keep Kept Manter, guardar
Confira alguns exemplos com verbos regulares na afirmativa, To wake up Woke up Acordar
negativa e interrogativa
To get Got Pegar, conseguir
I studied at a public Eu estudei em uma To bring Brought Trazer
Afirmativa
school! escola pública. To buy Bought Comprar
I didn’t study at a Eu não estudei em To sell Sold Vender
Negativa
public school! uma escola pública.
Did I study at a public Você estudou em — Simple future
Interrogativa O simple future em inglês é o tempo verbal usado para expres-
school? uma escola pública?
sar ações futuras. Existem dois tipos de futuro simples: o futuro
Nós começamos próximo ou certo e o futuro mais distante e incerto. O primeiro
We started a new busi-
Afirmativa um novo curso de é marcado pelo verbo to be (ser, estar) + GOING TO; o segundo é
ness course.
negócios. marcado pelo verbo modal de futuro WILL.
Para tratar de situações que acontecerão em breve ou são mais
Nós não começamos
We didn’t start a new prováveis de acontecer, utilizamos verb to be + GOING TO + um
Negativa um novo curso de
business course. verbo complementar + complemento do assunto. Confira a seguir
negócios.
alguns exemplos:
Nós começamos • She is going to spend Christmas with her family. (futuro pró-
Did we start a new
Interrogativa um novo curso de ximo/certeza)
business course?
negócios? (Ela vai passar o Natal com a família dela)

• They aren’t going to believe my story. (grandes chances/pro-


babilidade)
(Eles não vão acreditar na minha história)

• Are you going to accept the job? (certeza/probabilidade)


(Você vai aceitar o emprego?)

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

A conjugação das orações com GOING TO no futuro simples se Tradução: Eu estive no Brasil
dá de mesmo modo que as orações com verbo to be no presente
simples. No caso dos sujeitos I, you, we, they utilizamos o verbo auxi-
Em orações cuja intenção é expressar um futuro incerto ou liar HAVE e no caso dos sujeitos he, she, it usamos HAS que é sua
mais distante do presente, usa-se o WILL. Sua estrutura é bem conjugação base no presente. E é por este motivo que este tempo
simples, observe um exemplo na afirmativa com WILL + verbo no verbal leva o nome de presente perfeito. Observe que o verbo no
tempo presente. particípio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os verbos
• Matthew will live in Canada in a couple of years. irregulares no passado, também serão irregulares no particípio. Os
(Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos.) verbos regulares mantêm a sua estrutura do passado simples mes-
mo quando conjugadas no particípio. Veja:
Na negativa, somamos o WILL + not, o que poderá ser contraí-
do para won’t.
HAVE/HAS Verbo no
• She won’t accept the judge’s decision / She will not accept the Sujeito Complemento
(aux.) particípio
judge’s decision. (Ela não aceitará a decisão do juiz)
He has talked to the principal
E na interrogativa, inverte-se a posição do verbo modal WILL e
o sujeito em questão na oração; ela também pode vir em sua forma Tradução: Ele conversou com o diretor.
negativa (WON’T), usada para confirmar ou reafirmar informações
através de uma pergunta. Confira: O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e, portanto, as-
• Will you say yes if he proposes to you? sume sua forma no particípio de maneira idêntica à sua forma no
(Você dirá sim se ele te pedir a mão?) passado simples, talked.
Em frases negativas no presente perfect, é o verbo auxiliar que
• Won’t you travel to Bulgaria next year? fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao has, podendo vir con-
(Você não viajará para a Bulgária no próximo ano?) traído como haven’t ou hasn’t.
• She hasn’t called me to explain it. (Ela não me ligou para ex-
— Present perfect plicar.)
O present perfect é um tempo verbal da língua inglesa que não • They haven’t started the monthly planning. (Eles não come-
encontra equivalente em português, sendo assim um dos tempos çaram o planejamento mensal)
verbais mais controversos do idioma. Porém, entender sua estru- • It hasn’t made any sense to me. (Não fez nenhum sentido
tura e propósito facilitam a compreensão de quem estuda inglês. para mim)
Apesar de ser similar ao passado simples quando traduzido literal-
mente, o presente perfect serve para expressar ações no tempo Em orações interrogativas, inverte-se a posição do verbo auxi-
passado de modo indeterminado, ou seja, que não precisam neces- liar e do sujeito.
sariamente ter incisão de tempo. • Have you considered joining the army? (Você considerou ir
No passado simples, as ações ocorrem e terminam no passado para o exército?)
e isto é comumente expresso com alguns advérbios de tempo e • Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou louco?)
palavras e expressões de tempo como last week (semana passada), • Has Jenna commented anything? (Jenna comentou alguma
yesterday (ontem), at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch (antes do coisa?)
almoço), two months ago (há dois meses), entre outros utilizados
no simple past. Alguns advérbios de frequência são utilizados juntamente ao
O present perfect, por outro lado, é utilizado quando a ação present perfect para indicar ações que já ocorreram ou não em al-
a ser reportada é mais importante do que quando ela ocorreu no gum momento na vida, sem a necessidade da incidência de tempo.
passado, ou seja, sem indicação temporal e para expressar aconte- São eles: ever, already, never e yet. Eles são colocados logo após
cimentos passados que tem consequências ou repercussão no tem- o verbo auxiliar, salvo pelo yet que deve estar no fim da oração.
po presente. Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar HAVE ou HAS Observe alguns exemplos:
seguido de um verbo no particípio. Confira: • She has never been to another country. (Ela nunca esteve em
outro país)
• I have already made many mistakes. (Eu já cometi muitos
HAVE/HAS Verbo no
Sujeito Complemento erros)
(aux.) particípio
• Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?)
I have been to Brazil • They haven’t decided anything yet. (Eles não decidiram nada
ainda)

Substantivo é uma classe de palavras que se refere a uma pes-


soa, lugar, coisa, evento, substância ou qualidade; ele pode ser
contável ou incontável. Substantivos contáveis têm formas singular
e plural, enquanto substantivos incontáveis podem ser usados ape-
nas no singular.

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA INGLESA

Existem várias maneiras de classificar os substantivos. Uma de- O artigo indefinido não é usado com substantivos incontáveis.
las é se eles são substantivos contáveis (também conhecidos como Em vez disso, o artigo definido the pode ser usado com substanti-
countable) ou incontáveis (também conhecidos como uncounta- vos incontáveis ao se referir a itens específicos.
ble). Substantivos contáveis, como o termo sugere, referem-se a • I found the luggage that I had lost. I appreciated the honesty
itens que podem ser contados. of the salesman. (Encontrei a bagagem que havia perdido. Apreciei
a honestidade do vendedor.)
Observe nos exemplos a seguir as formas singulares e plurais:
• table, tables; (mesa, mesas) Você pode usar the com substantivos contáveis quando existe
• month, months; (mês, meses) apenas uma coisa ou pessoa na oração.
• pen, pens. (caneta, canetas) • The baby stared at the moon in fascination. (O bebê olhou
fascinado para a lua.)
Em geral, um substantivo contável se torna plural adicionando -s • Please take me to the doctor near the market. I’m not feeling
no final da palavra. Mas há exceções, como as dos exemplos a seguir: well. (Por favor, leve-me ao médico perto do mercado. Eu não es-
• man, men; (homem, homens) tou me sentindo bem.)
• child, children; (criança, crianças)
• goose, geese. (ganso, gansos)
COMPREENSÃO DA FUNÇÃO DE ELEMENTOS LINGUÍSTI-
Em contraste, substantivos incontáveis não podem ser conta- COS ESPECÍFICOS NA PRODUÇÃO DE SENTIDO NO CON-
dos. Eles têm uma forma singular e não têm plural, ou seja, você TEXTO EM QUE SÃO UTILIZADOS
não pode adicionar um -s à palavra para torná-la plural, pois geral-
mente já fala de um conjunto que não se pode contar numerica-
mente. Por exemplo: Understanding the function of specific linguistic elements is
• dirt; (sujeira) crucial for grasping the nuanced meaning in a given context. Here’s
• rice; (arroz) a breakdown of various linguistic elements and how they contribute
• information; (informação) to the production of meaning:
• hair. (cabelo)
Alguns substantivos incontáveis são abstratos, como advice Nouns:
(conselho) e knowledge (conhecimento). - Function: Nouns represent people, places, things, or ideas.
• Her jewellery is designed by a well-known celebrity. (Suas They serve as the subjects or objects in sentences, contributing to
joias são desenhadas por uma famosa celebridade.) the identification and description of entities.
• I needed some advice, so I went to see the counsellor. (Eu - Example: In the sentence “The cat sat on the windowsill,”
precisava de alguns conselhos, então fui ver o conselheiro) “cat” is a noun that identifies the subject of the action.

Alguns substantivos podem ser contáveis ou incontáveis, de- Verbs:


pendendo do contexto ou da situação. - Function: Verbs indicate actions, states, or occurrences. They
• We’ll have two coffees. (Nós vamos querer dois cafés) - con- drive the narrative by describing what is happening or being done.
tável - Example: In the sentence “She danced gracefully,” “danced”
• I don’t like coffee (Eu não gusto de café) – incontável is a verb that conveys the action performed by the subject.

Você não pode se referir a um substantivo contável singular Adjectives:


sozinho. Geralmente é usado precedido por um artigo. Artigos re- - Function: Adjectives modify nouns, providing additional
ferem-se a artigos indefinidos a, an (um, uma) e o artigo definido information about their qualities or attributes.
the (o, a). - Example: In the phrase “a tall building,” “tall” is an adjective
Quando o substantivo contável é mencionado pela primeira describing the quality of the noun “building.”
vez, você usa um artigo indefinido a (um, uma) para palavras que
começam com som de consoante ou an (um, uma) se o substanti- Adverbs:
vo começa com som de vogal. No entanto, quando um substantivo - Function: Adverbs modify verbs, adjectives, or other adverbs,
contável é mencionado pela segunda vez, geralmente é precedido offering details about how, when, where, or to what degree an
pelo artigo definido the. action occurs.
• I saw a (artigo indefinido) cat yesterday. The (artigo definido) - Example: In the sentence “He ran quickly,” “quickly” is an
cat was grey with black stripes. (Eu vi um gato ontem. O gato era adverb modifying the verb “ran.”
cinza com listras brancas)
Prepositions:
Às vezes, quando substantivos incontáveis são tratados como - Function: Prepositions indicate relationships between nouns
substantivos contáveis, você pode usar o artigo indefinido. (or pronouns) and other elements in a sentence, conveying location,
• Please select a wine that you like. (Por favor, selecione um direction, time, or manner.
vinho que você gosta.) - Example: In the phrase “on the table,” “on” is a preposition
indicating the location of the noun “table.”

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a solução para o seu concurso!
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Conjunctions: remembers the thread of your dialogue, using previous ques-


- Function: Conjunctions connect words, phrases, or clauses, tions and answers to inform its next responses. It derives its
establishing relationships and coherence within a sentence or answers from huge volumes of information on the internet.
between sentences. ChatGPT is a big deal. The tool seems pretty knowledgeable
- Example: In the sentence “She likes both coffee and tea,” in areas where there’s good training data for it to learn from.
“and” is a conjunction connecting the two items. It’s not omniscient or smart enough to replace all humans yet,
but it can be creative, and its answers can sound downright
Pronouns: authoritative. A few days after its launch, more than a million
- Function: Pronouns replace nouns to avoid repetition. They people were trying out ChatGPT.
contribute to sentence flow and clarity. But be careful, OpenAI warns. ChatGPT has all kinds of po-
- Example: In the sentence “John bought a new car. He loves tential pitfalls, some easy to spot and some more subtle.
it,” “he” and “it” are pronouns replacing the noun “John” and “car.” “It’s a mistake to be relying on it for anything important right
now,” OpenAI Chief Executive Sam Altman tweeted. “We have
Articles: lots of work to do on robustness and truthfulness.” […]
- Function: Articles (definite “the” and indefinite “a” or “an”) What is ChatGPT?
specify whether a noun is specific or general, helping to establish ChatGPT is an AI chatbot system that OpenAI released in
context. November to show off and test what a very large, powerful AI
- Example:In the phrase “an apple,” “an” is an indefinite article system can accomplish. You can ask it countless questions and
indicating a general reference to any apple. often will get an answer that’s useful.
For example, you can ask it encyclopedia questions like,
Interjections: “Explain Newton’s laws of motion.” You can tell it, “Write me
- Function: Interjections express strong emotions or sentiments a poem,” and when it does, say, “Now make it more exciting.”
independently, contributing to the overall tone or mood. You ask it to write a computer program that’ll show you all the
- Example: In the exclamation “Wow! That’s amazing,” “Wow” different ways you can arrange the letters of a word.
is an interjection expressing surprise. Here’s the catch: ChatGPT doesn’t exactly know anything.
It’s an AI that’s trained to recognize patterns in vast swaths of
Understanding how these linguistic elements function in a text harvested from the internet, then further trained with
given context involves considering their roles within sentences and human assistance to deliver more useful, better dialog. The
their contributions to the overall meaning of the text. Analyzing the answers you get may sound plausible and even authoritative,
interplay between these elements enhances comprehension and but they might well be entirely wrong, as OpenAI warns.
interpretation. Adapted from: https://www.cnet.com/tech/computing/why-
-were-all-obsessedwith-the-mind-blowing-chatgpt-ai-chatbot/
In if somewhat stilted (2nd paragraph), the author thinks the
QUESTÕES responses are rather
(A) evasive.
(B) effusive.
1. FGV - 2023 - Banco do Brasil - Analista Tecnológico (C) accurate.
Read Text I and answer the questions 1 a 5. (D) contrived.
Text I (E) effortless.
Why We’re Obsessed With the Mind-Blowing ChatGPT AI Cha-
tbot 2. FGV - 2023 - Banco do Brasil - Analista Tecnológico- In the
Stephen Shankland final sentence, the author expresses some
Feb. 19, 2023 5:00 a.m. PT (A) caution.
(B) distress.
(C) sadness.
(D) amazement.
(E) cheerfulness.

3. FGV - 2023 - Banco do Brasil - Analista Tecnológico- The word


yet in It’s not omniscient or smart enough to replace all humans yet
is similar in meaning to
This artificial intelligence bot can answer questions, write (A) so far.
essays, summarize documents and write software. But deep (B) since then.
down, it doesn’t know what’s true. (C) right away.
Even if you aren’t into artificial intelligence, it’s time to pay (D) hardly ever.
attention to ChatGPT, because this one is a big deal. (E) from now on.
The tool, from a power player in artificial intelligence called
OpenAI, lets you type natural-language prompts. ChatGPT then
offers conversational, if somewhat stilted, responses. The bot

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4. FGV - 2023 - Banco do Brasil - Analista Tecnológico- The word 7. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica - Pro-
pretty in The tool seems pretty knowledgeable indicates fessor Regente Letras - Inglês
(A) place. Read Text VIII and answer the questions 7 a 10
(B) manner.
(C) intensity.
(D) frequency.
(E) appearance.

5. FGV - 2023 - Banco do Brasil - Analista Tecnológico-


Based on Text I, mark the statements below as true (T) or false
(F).
( ) The author thinks that this artificial intelligence bot launched
in November should not be overlooked.
( ) ChatGPT is able to keep up with conversation sequences.
( ) According to OpenAI, the bot is fully trustworthy.
The statements are, respectively,
(A) T – F – F. From: https://slideplayer.com/slide/7593575/
(B) T – T – F. In “strict adherence”, the adjective that is similar to “strict” is
(C) F – T – T. (A) soft.
(D) F – F – T. (B) firm.
(E) F – T – F. (C) easy.
(D) loose.
6. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica - Pro- (E) gentle.
fessor Regente - Educação Indígena Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas 8. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica - Pro-
fessor Regente Letras - Inglês- In “a fixed curriculum”, the word “a”
is a(n)
(A) pronoun.
(B) adverb.
(C) article.
(D) verb.
(E) noun.

9. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica - Pro-


fessor Regente Letras - Inglês- Read the following skills:
1. Emphasizing social interaction.
2. Asking students to memorize.
Disponível em:<http://www.jaideresbell.com.br/ 3. Building on previous knowledge.
site/2016/07/01/it-was-amazon/>. . Acesso em: 4 mar. 2023. 4. Providing repetition exercises.
Tendo em vista o texto acima, analise os itens a seguir. 5. Copying facial expressions. 6. Interacting with students.
I. A intenção do texto é denunciar a devastação da floresta e The skills which are typical of a constructivist class are, respec-
extinção dos animais da maior floresta tropical do mundo. tively,
II. A tradução livre do texto verbal para a Língua Portuguesa é (A) 1 – 2 – 5.
“Isso foi a Amazônia”. (B) 1 – 3 – 6.
III. A tela pintada faz parte da arte indígena contemporânea (C) 3 – 4 – 6.
aliada aos desígnios da indústria da cultura global e, a ela serve, ao (D) 1 – 2 – 3.
empregar a língua inglesa. (E) 4 – 5 – 6.
Está correto o que se afirma em V
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas. 10. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica -
(C) I e III, apenas. Professor Regente Letras - Inglês- Based on the information provi-
(D) II e III, apenas. ded by Text, mark the statements below as true (T) or false (F).
(E) I, II e III. ( ) Traditional classes always use authentic materials.
( ) In constructivist classrooms, students work exclusively by
themselves.
( ) Students’ experiences are taken into consideration in a cons-
tructivist environment.
The statements are, respectively,
(A) F – F – T.
(B) F – T – T.
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(C) T – F – T. To be in line with the BNCC, if teaching Dear Baobab to elemen-


(D) F – T – F. tary school children, teachers should
(E) T – T – F. (A) use flashcards with words related to hobbies.
(B) play a bingo game using food items from Brazil.
11. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica - (C) create sorting activities showing sizes and colours of flowers.
Professor Regente Letras - Inglês (D) ask students to dress in Halloween costumes to celebrate
Read Text VII and answer the questions 11 a 15 the date.
Here are two multicultural picture books about immigration (E) identify similarities and differences between local and other
thathave been suggested cultures.
for elementary school children:
Here I Am 12. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica -
by Patti Kim Professor Regente Letras - Inglês- The boy in Dear Baobab travelled
with his
(A) relatives.
(B) parents.
(C) friends.
(D) plants.
(E) books.

13. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica -


Professor Regente Letras - Inglês- In Dear Baobab, the tree
(A) is very tall.
(B) provides fruits.
(C) offers much shade.
(D) comes from Canada.
Newly arrived in America from an Asian country, a young (E) serves as a confidant.
boy is overwhelmed by the lights and noise of a busy city. He
finds comfort in a red seed he brought from his faraway home 14. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica -
country. When he loses the seed, the search for it eventually Professor Regente Letras - Inglês- The excerpt that expresses the
leads him to new friendship. Without words and in expressive reviewer’s opinion about Dear Baobab is:
cartoon style, Here I am describes the confusion and sadness (A) “little Maiko feels homesick”.
of an uprooted child. (B) “the tree sings to him and shares his secrets”.
(C) “He remembers the big baobab tree in his home village”.
Dear Baobab (D) “he knows what it feels like to be planted in the wrong pla-
by Cheryl Foggo ce”.
(E) “Dear Baobab is one of my favourite multicultural picture
books about immigration”.

15. FGV - 2023 - SEDUC-TO - Professor da Educação Básica -


Professor Regente Letras - Inglês- In Here I am, the boy finds the
city too
(A) fascinating.
(B) congested.
(C) delightful.
(D) friendly.
(E) boring.

Moving from Tanzania to Canada with his aunt and uncle, litt-
le Maiko feels homesick. He remembers the big baobab tree in his GABARITO
home village, and feels a connection to a small spruce tree in his
new home. Seven years old just like Maiko, the tree sings to him
and shares his secrets. When there is talk of cutting down the tree
because it is too close to the house, Maiko tries to save it. After all 1 D
he knows what it feels like to be planted in the wrong place. Dear 2 A
Baobab is one of my favourite multicultural picture books about im-
3 A
migration, because of its easy-to-relate-to allegory of an uprooted
tree. 4 C
From: https://coloursofus.com/multicultural-picture-books- 5 B
-immigration/
6 B
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7 B ______________________________________________________

8 C ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 E
12 A ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 B
______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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MATEMÁTICA

CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS NATURAIS E NÚMEROS INTEIROS: INDUÇÃO FINITA, DIVISIBILIDADE, MÁXIMO DI-
VISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM, DECOMPOSIÇÃO EM FATORES PRIMOS. NÚMEROS RACIONAIS E NOÇÃO
ELEMENTAR DE NÚMEROS REAIS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES, ORDEM, VALOR ABSOLUTO, DESIGUALDADES. NÚMEROS
COMPLEXOS: REPRESENTAÇÃO E OPERAÇÕES NAS FORMAS ALGÉBRICA E TRIGONOMÉTRICA, RAÍZES DA UNIDADE. SE-
QUÊNCIAS: NOÇÃO DE SEQUÊNCIA, PROGRESSÕES ARITMÉTICA E GEOMÉTRICA, NOÇÃO DE LIMITE DE UMA SEQUÊNCIA,
SOMA DA SÉRIE GEOMÉTRICA, REPRESENTAÇÃO DECIMAL DE UM NÚMERO REAL. GRANDEZAS DIRETA E INVERSA-
MENTE PROPORCIONAIS. PORCENTAGEM; JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

CONJUNTOS NUMÉRICOS
O agrupamento de termos ou elementos que associam características semelhantes é denominado conjunto. Quando aplicamos essa
ideia à matemática, se os elementos com características semelhantes são números, referimo-nos a esses agrupamentos como conjuntos
numéricos.
Em geral, os conjuntos numéricos podem ser representados graficamente ou de maneira extensiva, sendo esta última a forma mais
comum ao lidar com operações matemáticas. Na representação extensiva, os números são listados entre chaves {}. Caso o conjunto seja
infinito, ou seja, contenha uma quantidade incontável de números, utilizamos reticências após listar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1,
2, 3, 4…}.
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois são os mais utilizados em problemas e questões durante o estudo da Matemática.
Esses conjuntos são os Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais.

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS (N)


O conjunto dos números naturais é simbolizado pela letra N e abrange os números que utilizamos para realizar contagem, incluindo o
zero. Esse conjunto é infinito. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}

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MATEMÁTICA

O conjunto dos números naturais pode ser dividido em


subconjuntos:
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números
naturais não nulos, ou sem o zero.
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
pares.
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
ímpares.
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos.
Princípios fundamentais em uma divisão de números naturais
– Em uma divisão exata de números naturais, o divisor deve ser
menor do que o dividendo. 45 : 9 = 5
– Em uma divisão exata de números naturais, o dividendo é o
produto do divisor pelo quociente. 45 = 5 x 9
– A divisão de um número natural n por zero não é possível,
pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então poderíamos
Operações com Números Naturais escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q = 0 o que não é
Praticamente, toda a Matemática é edificada sobre essas duas correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem sentido ou ainda é dita
operações fundamentais: adição e multiplicação. impossível.

Adição de Números Naturais Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números


A primeira operação essencial da Aritmética tem como objetivo Naturais
reunir em um único número todas as unidades de dois ou mais Para todo a, b e c ∈N
números. 1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
Exemplo: 6 + 4 = 10, onde 6 e 4 são as parcelas e 10 é a soma 2) Comutativa da adição: a + b = b + a
ou o total. 3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a
4) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
Subtração de Números Naturais 5) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a
É utilizada quando precisamos retirar uma quantidade de outra; 6) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
é a operação inversa da adição. A subtração é válida apenas nos 7) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c
números naturais quando subtraímos o maior número do menor, ) = ab + ac
ou seja, quando quando a-b tal que a≥b. 8) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b
Exemplo: 200 – 193 = 7, onde 200 é o Minuendo, o 193 –c) = ab – ac
Subtraendo e 7 a diferença. 9) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um
número natural por outro número natural, continua como resultado
Obs.: o minuendo também é conhecido como aditivo e o um número natural.
subtraendo como subtrativo.
Exemplos:
Multiplicação de Números Naturais 1) Em uma gráfica, a máquina utilizada para imprimir certo
É a operação que visa adicionar o primeiro número, denominado tipo de calendário está com defeito, e, após imprimir 5 calendários
multiplicando ou parcela, tantas vezes quantas são as unidades do perfeitos (P), o próximo sai com defeito (D), conforme mostra o
segundo número, chamado multiplicador. esquema.
Exemplo: 3 x 5 = 15, onde 3 e 5 são os fatores e o 15 produto. Considerando que, ao se imprimir um lote com 5 000
- 3 vezes 5 é somar o número 3 cinco vezes: 3 x 5 = 3 + 3 + 3 + 3 calendários, os cinco primeiros saíram perfeitos e o sexto saiu com
+ 3 = 15. Podemos no lugar do “x” (vezes) utilizar o ponto “. “, para defeito e que essa mesma sequência se manteve durante toda a
indicar a multiplicação). impressão do lote, é correto dizer que o número de calendários
perfeitos desse lote foi
Divisão de Números Naturais (A) 3 642.
Dados dois números naturais, às vezes precisamos saber (B) 3 828.
quantas vezes o segundo está contido no primeiro. O primeiro (C) 4 093.
número, que é o maior, é chamado de dividendo, e o outro (D) 4 167.
número, que é menor, é o divisor. O resultado da divisão é chamado (E) 4 256.
quociente. Se multiplicarmos o divisor pelo quociente, obtemos o
dividendo. Solução: Resposta: D.
No conjunto dos números naturais, a divisão não é fechada, Vamos dividir 5000 pela sequência repetida (6):
pois nem sempre é possível dividir um número natural por outro 5000 / 6 = 833 + resto 2.
número natural, e, nesses casos, a divisão não é exata. Isto significa que saíram 833. 5 = 4165 calendários perfeitos,
mais 2 calendários perfeitos que restaram na conta de divisão.
Assim, são 4167 calendários perfeitos.

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MATEMÁTICA

2) João e Maria disputaram a prefeitura de uma determinada Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não
cidade que possui apenas duas zonas eleitorais. Ao final da sua positivos e não nulos.
apuração o Tribunal Regional Eleitoral divulgou a seguinte tabela
com os resultados da eleição. A quantidade de eleitores desta Módulo
cidade é: O módulo de um número inteiro é a distância ou afastamento
desse número até o zero, na reta numérica inteira. Ele é representado
pelo símbolo | |.
1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
João 1750 2245 O módulo de +6 é 6 e indica-se |+6| = 6
Maria 850 2320 O módulo de –3 é 3 e indica-se |–3| = 3
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é
Nulos 150 217 sempre positivo.
Brancos 18 25
Números Opostos
Abstenções 183 175
Dois números inteiros são considerados opostos quando sua
soma resulta em zero; dessa forma, os pontos que os representam
(A) 3995 na reta numérica estão equidistantes da origem.
(B) 7165 Exemplo: o oposto do número 4 é -4, e o oposto de -4 é 4, pois
(C) 7532 4 + (-4) = (-4) + 4 = 0. Em termos gerais, o oposto, ou simétrico, de
(D) 7575 “a” é “-a”, e vice-versa; notavelmente, o oposto de zero é o próprio
(E) 7933 zero.
Solução: Resposta: E.
Vamos somar a 1ª Zona: 1750 + 850 + 150 + 18 + 183 = 2951
2ª Zona: 2245 + 2320 + 217 + 25 + 175 = 4982
Somando os dois: 2951 + 4982 = 7933

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS (Z)


O conjunto dos números inteiros é denotado pela letra
maiúscula Z e compreende os números inteiros negativos, positivos
e o zero.

Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} — Operações com Números Inteiros

Adição de Números Inteiros


Para facilitar a compreensão dessa operação, associamos a
ideia de ganhar aos números inteiros positivos e a ideia de perder
aos números inteiros negativos.
Ganhar 3 + ganhar 5 = ganhar 8 (3 + 5 = 8)
Perder 4 + perder 3 = perder 7 (-4 + (-3) = -7)
Ganhar 5 + perder 3 = ganhar 2 (5 + (-3) = 2)
Perder 5 + ganhar 3 = perder 2 (-5 + 3 = -2)

Observação: O sinal (+) antes do número positivo pode ser


omitido, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

Subtração de Números Inteiros


A subtração é utilizada nos seguintes casos:
– Ao retirarmos uma quantidade de outra quantidade;
– Quando temos duas quantidades e queremos saber a
O conjunto dos números inteiros também possui alguns diferença entre elas;
subconjuntos: – Quando temos duas quantidades e desejamos saber quanto
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não falta para que uma delas atinja a outra.
negativos.
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não A subtração é a operação inversa da adição. Concluímos que
positivos. subtrair dois números inteiros é equivalente a adicionar o primeiro
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negativos com o oposto do segundo.
e não nulos, ou seja, sem o zero.

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MATEMÁTICA

Observação: todos os parênteses, colchetes, chaves, números, etc., precedidos de sinal negativo têm seu sinal invertido, ou seja,
representam o seu oposto.

Multiplicação de Números Inteiros


A multiplicação funciona como uma forma simplificada de adição quando os números são repetidos. Podemos entender essa situação
como ganhar repetidamente uma determinada quantidade. Por exemplo, ganhar 1 objeto 15 vezes consecutivas significa ganhar 30
objetos, e essa repetição pode ser indicada pelo símbolo “x”, ou seja: 1+ 1 +1 + ... + 1 = 15 x 1 = 15.
Se substituirmos o número 1 pelo número 2, obtemos: 2 + 2 + 2 + ... + 2 = 15 x 2 = 30
Na multiplicação, o produto dos números “a” e “b” pode ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

Divisão de Números Inteiros

Divisão exata de números inteiros


Considere o cálculo: - 15/3 = q à 3q = - 15 à q = -5
No exemplo dado, podemos concluir que, para realizar a divisão exata de um número inteiro por outro número inteiro (diferente de
zero), dividimos o módulo do dividendo pelo módulo do divisor.
No conjunto dos números inteiros Z, a divisão não é comutativa, não é associativa, e não possui a propriedade da existência do
elemento neutro. Além disso, não é possível realizar a divisão por zero. Quando dividimos zero por qualquer número inteiro (diferente de
zero), o resultado é sempre zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual a zero.

Regra de sinais

Potenciação de Números Inteiros


A potência an do número inteiro a, é definida como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número n é
o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multiplicado por a n vezes.

– Qualquer potência com uma base positiva resulta em um número inteiro positivo.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é par, então o resultado é um número inteiro positivo.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é ímpar, então o resultado é um número inteiro negativo.

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MATEMÁTICA

Radiciação de Números Inteiros


A radiciação de números inteiros envolve a obtenção da raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a. Esse processo resulta em
outro número inteiro não negativo, representado por b, que, quando elevado à potência n, reproduz o número original a. O índice da raiz
é representado por n, e o número a é conhecido como radicando, posicionado sob o sinal do radical.
A raiz quadrada, de ordem 2, é um exemplo comum. Ela produz um número inteiro não negativo cujo quadrado é igual ao número
original a.
Importante observação: não é possível calcular a raiz quadrada de um número inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
É importante notar que não há um número inteiro não negativo cujo produto consigo mesmo resulte em um número negativo.
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a operação que gera outro número inteiro. Esse número, quando elevado ao cubo,
é igual ao número original a. É crucial observar que, ao contrário da raiz quadrada, não restringimos nossos cálculos apenas a números
não negativos.

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Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números Inteiros


Para todo a, b e c ∈Z
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
2) Comutativa da adição: a + b = b +a
3) Elemento neutro da adição : a + 0 = a
4) Elemento oposto da adição: a + (-a) = 0
5) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
6) Comutativa da multiplicação : a.b = b.a
7) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
8) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c ) = ab + ac
9) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b –c) = ab –ac
10) Elemento inverso da multiplicação: Para todo inteiro z diferente de zero, existe um inverso z –1 = 1/z em Z, tal que, z x z–1 = z x
(1/z) = 1

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MATEMÁTICA

11) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um números naturais e inteiros podem ser representados por frações.
número natural por outro número natural, continua como resultado Além desses, os números decimais e as dízimas periódicas também
um número natural. fazem parte do conjunto dos números racionais.

Exemplos:
1) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do
uso adequado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em
atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-
se uma dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes
negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se
que cada um classificasse suas atitudes como positiva ou negativa,
atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude
negativa. Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50
atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36. Representação na reta:
(E) 32.

Solução: Resposta: A.
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50

2) Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior Também temos subconjuntos dos números racionais:
quantidade possível, sem ficar devendo na loja. Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
Verificou o preço de alguns produtos: pelos números racionais sem o zero.
TV: R$ 562,00 Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos,
DVD: R$ 399,00 formado pelos números racionais positivos.
Micro-ondas: R$ 429,00 Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
Geladeira: R$ 1.213,00 pelos números racionais positivos e não nulos.
Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, formado
Na aquisição dos produtos, conforme as condições pelos números racionais negativos e o zero.
mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
será de: pelos números racionais negativos e não nulos.
(A) R$ 84,00
(B) R$ 74,00 Representação Decimal das Frações
(C) R$ 36,00 Tomemos um número racional a/b, tal que a não seja múltiplo
(D) R$ 26,00 de b. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do
(E) R$ 16,00 numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
Solução: Resposta: D. 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um
Geladeira + Micro-ondas + DVD = 1213 + 429 + 399 = 2041 número finito de algarismos. Decimais Exatos:
Geladeira + Micro-ondas + TV = 1213 + 429 + 562 = 2204, 2/5 = 0,4
extrapola o orçamento 1/4 = 0,25
Geladeira + TV + DVD = 1213 + 562 + 399 = 2174, é a maior
quantidade gasta possível dentro do orçamento. 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
Troco:2200 – 2174 = 26 reais algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente
Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS (Q) 1/3 = 0,333...
Os números racionais são aqueles que podem ser expressos na 167/66 = 2,53030...
forma de fração. Nessa representação, tanto o numerador quanto
o denominador pertencem ao conjunto dos números inteiros, e é Existem frações muito simples que são representadas por
fundamental observar que o denominador não pode ser zero, pois formas decimais infinitas, com uma característica especial: existe
a divisão por zero não está definida. um período.
O conjunto dos números racionais é simbolizado por Q.
Vale ressaltar que os conjuntos dos números naturais e inteiros
são subconjuntos dos números racionais, uma vez que todos os
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para converter uma dízima periódica simples em fração, é


suficiente utilizar o dígito 9 no denominador para cada quantidade
de dígitos que compõe o período da dízima.
Exemplos: Inverso de um Número Racional
1) Seja a dízima 0, 333....
Veja que o período que se repete é apenas 1(formado pelo 3),
então vamos colocar um 9 no denominador e repetir no numerador
o período.
— Operações com números Racionais

Soma (Adição) de Números Racionais


Como cada número racional pode ser expresso como uma fra-
ção, ou seja, na forma de a/b, onde “a” e “b” são números inteiros
3 e “b” não é zero, podemos definir a adição entre números racionais
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
a c
2) Seja a dízima 1, 23434... da seguinte forma: e , da mesma forma que a soma de fra-
O número 234 é formado pela combinação do ante período ções, através de: b d
com o período. Trata-se de uma dízima periódica composta, onde
há uma parte não repetitiva (ante período) e outra que se repete
(período). No exemplo dado, o ante período é representado pelo
número 2, enquanto o período é representado por 34.
Para converter esse número em fração, podemos realizar a
seguinte operação: subtrair o ante período do número original (234 Subtração de Números Racionais
- 2) para obter o numerador, que é 232. O denominador é formado A subtração de dois números racionais, representados por a e
por tantos dígitos 9 quanto o período (dois noves, neste caso) e um b, é equivalente à operação de adição do número p com o oposto
dígito 0 para cada dígito no ante período (um zero, neste caso). de q. Em outras palavras, a – b = a + (-b)
Assim, a fração equivalente ao número 234 é 232/990
a c ad − b
c
- =
b d bd

Multiplicação (Produto) de Números Racionais


O produto de dois números racionais é definido considerando
que todo número racional pode ser expresso na forma de uma
fração. Dessa forma, o produto de dois números racionais,
representados por a e b é obtido multiplicando-se seus
numeradores e denominadores, respectivamente. A expressão
geral para o produto de dois números racionais é a.b. O produto
dos números racionais a/b e c/d também pode ser indicado por a/b
× c/d, a/b.c/d. Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda a
Matemática:
611 Podemos assim concluir que o produto de dois números com o
Simplificando por 2, obtemos x = , a fração geratriz da
dízima 1, 23434... 495 mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois números com sinais
diferentes é negativo.
Módulo ou valor absoluto
Refere-se à distância do ponto que representa esse número até Divisão (Quociente) de Números Racionais
o ponto de abscissa zero. A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação
de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q = p × q-1

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MATEMÁTICA

Potenciação de Números Racionais (A) 1/4


A potência qn do número racional q é um produto de n (B) 3/10
fatores iguais. O número q é denominado a base e o número n é o (C) 2/9
expoente. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto (D) 4/5
dos Números Inteiros. (E) 3/2
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
Solução: Resposta: B.
Radiciação de Números Racionais Somando português e matemática:
Se um número é representado como o produto de dois ou
mais fatores iguais, cada um desses fatores é denominado raiz do
número. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto
dos Números Inteiros.
O que resta gosta de ciências:

2) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Solução: Resposta: B.
Propriedades da Adição e Multiplicação de Números Racionais 1,3333...= 12/9 = 4/3
1) Fechamento: o conjunto Q é fechado para a operação de 1,5 = 15/10 = 3/2
adição e multiplicação, isto é, a soma e a multiplicação de dois
números racionais ainda é um número racional.
2) Associativa da adição: para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) =
(a+b)+c
3) Comutativa da adição: para todos a, b em Q: a + b = b + a
4) Elemento neutro da adição: existe 0 em Q, que adicionado a
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS (R)
5) Elemento oposto: para todo q em Q, existe -q em Q, tal que O conjunto dos números reais, representado por R, é a fusão
q + (–q) = 0 do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números
6) Associativa da multiplicação: para todos a, b, c em Q: a × ( b irracionais. Vale ressaltar que o conjunto dos números racionais
×c)=(a×b)×c é a combinação dos conjuntos dos números naturais e inteiros.
7) Comutativa da multiplicação: para todos a, b em Q: a × b = Podemos afirmar que entre quaisquer dois números reais há uma
b×a infinidade de outros números.
8) Elemento neutro da multiplicação: existe 1 em Q, que
multiplicado por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × R = Q U I, sendo Q ∩ I = Ø ( Se um número real é racional, não
1=q
a irracional, e vice-versa).
9) Elemento inverso da multiplicação: Para todo q = em Q,
q diferente de zero, existe : b
b a b
q-1 = em Q: q × q-1 = 1 x =1
a b a
10) Distributiva da multiplicação: Para todos a, b, c em Q: a × (
b+c)=(a×b)+(a×c)

Exemplos:
1) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua portuguesa
como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como favorita e
os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual fração
representa os alunos que têm ciências como disciplina favorita?

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q, podemos construir o diagrama abaixo:

Entre os conjuntos números reais, temos:


R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.

Valem todas as propriedades anteriormente discutidas nos conjuntos anteriores, incluindo os conceitos de módulo, números opostos
e números inversos (quando aplicável).
A representação dos números reais permite estabelecer uma relação de ordem entre eles. Os números reais positivos são maiores
que zero, enquanto os negativos são menores. Expressamos a relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números reais, a e b,
a≤b↔b–a≥0

Operações com números Reais


Operando com as aproximações, obtemos uma sequência de intervalos fixos que determinam um número real. Assim, vamos abordar
as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.

Intervalos reais
O conjunto dos números reais possui subconjuntos chamados intervalos, determinados por meio de desigualdades. Dados os números
a e b, com a < b, temos os seguintes intervalos:
– Bolinha aberta: representa o intervalo aberto (excluindo o número), utilizando os símbolos:
> ;< ; ] ; [

– Bolinha fechada: representa o intervalo fechado (incluindo o número), utilizando os símbolos:


≥;≤;[;]

Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] para indicar as extremidades abertas dos intervalos:
[a, b[ = (a, b);
]a, b] = (a, b];
]a, b[ = (a, b).

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

a) Em algumas situações, é necessário registrar numericamente variações de valores em sentidos opostos, ou seja, maiores ou
acima de zero (positivos), como as medidas de temperatura ou valores em débito ou em haver, etc. Esses números, que se estendem
indefinidamente tanto para o lado direito (positivos) quanto para o lado esquerdo (negativos), são chamados números relativos.
b) O valor absoluto de um número relativo é o valor numérico desse número sem levar em consideração o sinal.
c) O valor simétrico de um número é o mesmo numeral, diferindo apenas no sinal.

— Operações com Números Relativos

Adição e Subtração de Números Relativos


a) Quando os numerais possuem o mesmo sinal, adicione os valores absolutos e conserve o sinal.
b) Se os numerais têm sinais diferentes, subtraia o numeral de menor valor e atribua o sinal do numeral de maior valor.

Multiplicação e Divisão de Números Relativos


a) Se dois números relativos têm o mesmo sinal, o produto e o quociente são sempre positivos.
b) Se os números relativos têm sinais diferentes, o produto e o quociente são sempre negativos.

Exemplos:
1) Na figura abaixo, o ponto que melhor representa a diferença na reta dos números reais é:

(A) P.
(B) Q.
(C) R.
(D) S.
Solução: Resposta: A.

2) Considere m um número real menor que 20 e avalie as afirmações I, II e III:


I- (20 – m) é um número menor que 20.
II- (20 m) é um número maior que 20.
III- (20 m) é um número menor que 20.

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MATEMÁTICA

É correto afirmar que: – O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
A) I, II e III são verdadeiras. multiplicado por 7, resulta em 49. 49 = 7 · 7
B) apenas I e II são verdadeiras. – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
C) I, II e III são falsas. que, multiplicado por 3, resulta em 324.
D) apenas II e III são falsas. 324 = 3 · 108

Solução: Resposta: C. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. 523 = 2 · ?”
III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo.
– Múltiplos de 4
MÚLTIPLOS E DIVISORES Como observamos, para identificar os múltiplos do número 4, é
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural necessário multiplicar o 4 por números inteiros. Portanto:
podem ser estendidos para o conjunto dos números inteiros1. Ao 4·1=4
abordar múltiplos e divisores, estamos nos referindo a conjuntos 4·2=8
numéricos que satisfazem certas condições. Múltiplos são obtidos 4 · 3 = 12
pela multiplicação por números inteiros, enquanto divisores são 4 · 4 = 16
números pelos quais um determinado número é divisível. 4 · 5 = 20
Esses conceitos conduzem a subconjuntos dos números 4 · 6 = 24
inteiros, pois os elementos dos conjuntos de múltiplos e divisores 4 · 7 = 28
pertencem ao conjunto dos números inteiros. Para compreender 4 · 8 = 32
o que são números primos, é fundamental ter uma compreensão 4 · 9 = 36
sólida do conceito de divisores. 4 · 10 = 40
4 · 11 = 44
Múltiplos de um Número 4 · 12 = 48
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número
a é múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k ...
tal que a=b⋅k. Portanto, o conjunto dos múltiplos de a é obtido
multiplicando a por todos os números inteiros, e os resultados Portanto, os múltiplos de 4 são:
dessas multiplicações são os múltiplos de a. M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
Por exemplo, podemos listar os 12 primeiros múltiplos de 2
da seguinte maneira, multiplicando o número 2 pelos 12 primeiros Divisores de um Número
números inteiros: 2⋅1,2⋅2,2⋅3,…,2⋅12 Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
Isso resulta nos seguintes múltiplos de 2: 2,4,6,…,24 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·1=2 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·2=4 Veja alguns exemplos:
2·3=6 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2·4=8 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 5 = 10
2 · 6 = 12 CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE
2 · 7 = 14 Critérios de divisibilidade são diretrizes práticas que permitem
2 · 8 = 16 determinar se um número é divisível por outro sem realizar a
2 · 9 = 18 operação de divisão.
2 · 10 = 20 – Divisibilidade por 2 ocorre quando um número termina em 0,
2 · 11 = 22 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando é um número par.
2 · 12 = 24 – A divisibilidade por 3 ocorre quando a soma dos valores
absolutos dos algarismos de um número é divisível por 3.
Portanto, os múltiplos de 2 são: – Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando seus
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} dois últimos algarismos formam um número divisível por 4.
– Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas termina em 0 ou 5.
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista – Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando é
de múltiplos é gerada pela multiplicação do número por todos os divisível por 2 e por 3 simultaneamente.
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. – Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando
Para verificar se um número é múltiplo de outro, é necessário o dobro do seu último algarismo, subtraído do número sem esse
encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação entre algarismo, resulta em um número múltiplo de 7. Esse processo é
eles resulte no primeiro número. Em outras palavras, a é múltiplo repetido até verificar a divisibilidade.
de b se existir um número inteiro k tal que a=b⋅k. Veja os exemplos: – Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando seus
três últimos algarismos formam um número divisível por 8.
1 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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MATEMÁTICA

– Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando a 3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e


soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por 9. multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.
– Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 quando o
algarismo da unidade termina em zero. 2) Considere um número divisível por 6, composto por 3
– Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 quando a algarismos distintos e pertencentes ao conjunto A={3,4,5,6,7}.A
diferença entre a soma dos algarismos de posição ímpar e a soma quantidade de números que podem ser formados sob tais condições
dos algarismos de posição par resulta em um número divisível por é:
11, ou quando essas somas são iguais. (A) 6
– Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é (B) 7
divisível por 3 e por 4 simultaneamente. (C) 9
– Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é (D) 8
divisível por 3 e por 5 simultaneamente. (E) 10

Para listar os divisores de um número, devemos buscar os Solução: Resposta: D.


números que o dividem. Veja: Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao mesmo
– Liste os divisores de 2, 3 e 20. tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos seus
D(2) = {1, 2} algarismos deve ser um múltiplo de 3.
D(3) = {1, 3} Logo os finais devem ser 4 e 6:
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20} 354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8 números.

Propriedade dos Múltiplos e Divisores NÚMEROS PRIMOS


Essas propriedades estão associadas à divisão entre dois Os números primos2 pertencem ao conjunto dos números
inteiros. É importante notar que quando um inteiro é múltiplo de naturais e são caracterizados por possuir apenas dois divisores: o
outro, ele é também divisível por esse outro número. número um e ele mesmo. Por exemplo, o número 2 é primo, pois é
divisível apenas por 1 e 2.
Vamos considerar o algoritmo da divisão para uma melhor Quando um número tem mais de dois divisores, é classificado
compreensão das propriedades: como composto e pode ser expresso como o produto de números
N=d⋅q+r, onde q e r são números inteiros. primos. Por exemplo, o número 6 é composto, pois possui os
Lembre-se de que: divisores 1, 2 e 3, e pode ser representado como o produto dos
N: dividendo; números primos 2 x 3 = 6.
d, divisor; Algumas considerações sobre os números primos incluem:
q: quociente; – O número 1 não é considerado primo, pois só é divisível por
r: resto. ele mesmo.
– O número 2 é o menor e único número primo par.
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N−r) – O número 5 é o único primo terminado em 5.
é um múltiplo do divisor, ou seja, o número d é um divisor de N−r. – Os demais números primos são ímpares e terminam nos
– Propriedade 2: A soma entre o dividendo e o resto, acrescida algarismos 1, 3, 7 e 9.
do divisor (N−r+d), é um múltiplo de d, indicando que d é um divisor
de (N−r+d). Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo
Alguns exemplos: fazemos uso dos critérios de divisibilidade:
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as
resto r = 5. divisões com os próximos números primos menores que o número
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que as até que:
propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível por – Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número
8 e: 528 = 8 · 66 não é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
Exemplos: quociente for menor que o divisor, então o número é primo.
1) O número de divisores positivos do número 40 é: – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
(A) 8 quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
(B) 6
(C) 4 Exemplo: verificar se o número 113 é primo.
(D) 2 Sobre o número 113, temos:
(E) 20 – Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
divisível por 2;
Solução: Resposta: A. – A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número
Vamos decompor o número 40 em fatores primos. divisível por 3;
40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a cada – Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
expoente:
2 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
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MATEMÁTICA

Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber Solução: Resposta “número 11”.
se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
operação de divisão. MÁXIMO DIVISOR COMUM
O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
Divisão pelo número primo 7: não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
• Decompor o número em fatores primos
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
• Multiplicar os fatores entre si.

Exemplo:

Divisão pelo número primo 11:


15 3 24 2
5 5 12 2
1 6 2
3 3
1

Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente 15 = 3.5 24 = 23.3
é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
FATORAÇÃO NUMÉRICA m.d.c
A fatoração numérica ocorre por meio da decomposição em (15,24) = 3
fatores primos. Para decompor um número natural em fatores
primos, realizamos divisões sucessivas pelo menor divisor primo. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
Em seguida, repetimos o processo com os quocientes obtidos O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
até alcançar o quociente 1. O produto de todos os fatores primos o menor número, diferente de zero.
resultantes representa a fatoração do número.
Exemplo: Para calcular devemos seguir as etapas:
• Decompor os números em fatores primos
• Multiplicar os fatores entre si

Exemplo:

15,24 2
15,12 2
15,6 2
Exemplos: 15,3 3
1) Escreva três números diferentes cujos únicos fatores primos
5,1 5
são os números 2 e 3.
1
Solução: Resposta “12, 18, 108”.
A resposta pode ser muito variada. Alguns exemplos estão na Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.
justificativa abaixo. Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão
Para chegarmos a alguns números que possuem por fatores com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí-
apenas os números 2 e 3 não precisamos escolher um número e veis ao mesmo tempo.
fatorá-lo. O meio mais rápido de encontrar um número que possui Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
por únicos fatores os números 2 e 3 é “criá-lo” multiplicando 2 e 3 aparecendo.
quantas vezes quisermos.
Exemplos: Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120
2 x 2 x 3 = 12
3 x 3 x 2 = 18
2 x 2 x 3 x 3 x 3 = 108.

2) Qual é o menor número primo com dois algarismos?


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MATEMÁTICA

Exemplo Então será depois de 11horas que se encontrarão


O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será 7+11=18h
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os INDUÇÃO MATEMÁTICA
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão Indução matemática é usada para provar resultados em uma
possível. grande variedade de objetos discretos:
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir – Complexidade de algoritmos
– Corretude de alguns tipos de programas de computador
(A) mais de 30 cm. – Teoremas sobre grafos e árvores
(B) menos de 15 cm. – E uma grande quantidade de inequações.
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm. Princípio da Indução Matemática
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm. Seja P(n) um predicado definido para os inteiros n, e seja n0 um
Resposta: A. inteiro fixo.
– Suponha que as duas afirmações seguintes sejam verdadeiras:
352 2 416 2 1. P(n0) é Verdadeira (V).
2. Para todos inteiros k ≥ n0, se P(k) é V então P(k +1) é V.
176 2 208 2
88 2 104 2 Logo, a afirmação para todos inteiros n≥ n0, P(n) é V.
44 2 52 2
22 2 26 2
11 11 13 13
1 1
A prova por indução matemática de que P(n) é verdadeira para
Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível todo inteiro n consiste de dois passos:
E são os fatores que temos iguais:25=32 Passo base: A proposição P(1) é verdadeira
Passo indutivo: A implicação P(k) →P(k+1) é verdadeira para
Exemplo todos os inteiros positivos k.
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aero-
porto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias Este princípio pode ser expresso pela seguinte regra de
aéreas. Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da inferência:
companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 mi-
nutos. Em um domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três com-
panhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse
mesmo dia, às:
(A) 16h 30min.
(B) 17h 30min.
(C) 18h 30min.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas.

Resposta: E.
Numa prova por indução matemática não é assumido que P(k)
é verdadeiro para todos os inteiros. É mostrado que se for assumido
20,30,44 2 que P(k) é verdadeiro, então P(k +1) também é verdadeiro.
10,15,22 2
Os passos para mostrar que o proposição P(n) é verdadeiro
5,15,11 3 para todos os inteiros positivos n são:
5,5,11 5 Passo Base: A proposição P(1) é verdadeira.
1,1,11 11 Passo Indutivo: [P(1)Ù P(2) Ù ... Ù P(k)] → P(k+1) é verdadeira
para todo inteiro positivo k.
1,1,1
Indução matemática forte é conhecida também como o
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660 segundo princípio da indução matemática. As duas formas de
indução matemática são equivalentes.
1h---60minutos
x-----660
x=660/60=11

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MATEMÁTICA

— Propriedade da boa ordenação Gauss e Argand os que realmente conseguiram expor uma inter-
– Seja S um conjunto de um ou mais números inteiros que são pretação geométrica num outro conjunto de números, chamado de
maiores que um dado inteiro fixo. Então S tem um elemento que é números complexos, que representamos por C.
menor de todos.
– Todo conjunto não-negativo de inteiros possui um elemento Chama-se conjunto dos números complexos, e representa-se
que é o menos de todos. por C, o conjunto de pares ordenados, ou seja:
z = (x,y)
Princípio da Indução onde x pertence a R e y pertence a R.
Sejam m ϵ N0 = N U {0}, Nm = {l ϵ N0: l ≥ m} e S um subconjunto
de Nm tal que: Então, por definição, se z = (x,y) = (x,0) + (y,0)(0,1) onde i=(0,1),
podemos escrever que:
z=(x,y)=x+yi

Exemplos:
(5,3)=5+3i
(2,1)=2+i
Então S = Nm.
(-1,3)=-1+3i
DESIGUALDADES
Dessa forma, todo o números complexo z=(x,y) pode ser escri-
Alguns símbolos matemáticos são muito importantes em diver-
to na forma z=x+yi, conhecido como forma algébrica, onde temos:
sos tipos de estudos, porém causam certas dúvidas (ou confusão)
x=Re(z, parte real de z
na hora de aplicar, ou até para interpretar.
y=Im(z), parte imaginária de z
Iremos dar ênfase no estudo sobre, As relações de “igual”,
“maior”, “menor”, “maior ou igual”, “menor ou igual” e suas va-
Igualdade entre números complexos
riações.
Dois números complexos são iguais se, e somente se, apresen-
A equação é caracterizada pelo sinal da igualdade (=). A inequa-
tam simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária. As-
ção é caracterizada pelos sinais de maior (>), menor (<), maior ou
sim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
igual (≥) e menor ou igual (≤).
z1=z2<==> a=c e b=d
Exemplos
Adição de números complexos
01.
Para somarmos dois números complexos basta somarmos, se-
2x – 3 = 21
paradamente, as partes reais e imaginárias desses números. Assim,
2x = 21 + 3
se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
2x = 24
z1+z2=(a+c) + (b+d)
x = 24/2
x = 12
Subtração de números complexos
Para subtrairmos dois números complexos basta subtrairmos,
02.
separadamente, as partes reais e imaginárias desses números. As-
2x – 3 ≥ 21
sim, se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
2x ≥ 21 + 3
z1-z2=(a-c) + (b-d)
2x ≥ 24
x ≥ 24/2
Potências de i
x ≥ 12
Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então:
i0 = 1
03. (CLIN – Gari – COSEAC) É correto afirmar que:
i1 = i
(A) 1/2 é maior que 1/3
i2 = -1
(B) 1/4 é menor que 1/5.
i3 = i2.i = -1.i = -i
(C) 1/3 é menor que 1/5.
i4 = i2.i2=-1.-1=1
(D) 1/4 é maior que 1/2.
i5 = i4. 1=1.i= i
i6 = i5. i =i.i=i2=-1
½ = 0,5 e 1/3 = 0,333..., logo ½ é maior que 1/3.
i7 = i6. i =(-1).i=-i ......
NÚMEROS COMPLEXOS
Observamos que no desenvolvimento de in (n pertencente a N,
Quantas vezes, ao calcularmos o valor de Delta (b2- 4ac) na re-
com n variando, os valores repetem-se de 4 em 4 unidades. Desta
solução da equação do 2º grau, nos deparamos com um valor ne-
forma, para calcularmos in basta calcularmos ir onde r é o resto da
gativo (Delta < 0). Nesse caso, sempre dizemos ser impossível a raiz
divisão de n por 4.
no universo considerado (normalmente no conjunto dos reais- R).
Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63=i3=-i
A partir daí, vários matemáticos estudaram este problema, sendo

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Multiplicação de números complexos a)Multiplicação


Para multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos
a multiplicação de dois binômios, observando os valores das potên-
cia de i. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2
z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci b) Divisão
z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
Observar que : i2= -1

Conjugado de um número complexo


Dado z=a+bi, define-se como conjugado de z (representa-se
por z-) ==> z-= a-bi c) Potenciação
Exemplo:
z=3 - 5i ==> z- = 3 + 5i
z = 7i ==> z- = - 7i
z = 3 ==> z- = 3
d) Radiciação
Divisão de números complexos
Para dividirmos dois números complexos basta multiplicarmos
o numerador e o denominador pelo conjugado do denominador.
Assim, se z1= a + bi e z2= c + di, temos que:
z1 / z2 = [z1.z2-] / [z2z2-] = [ (a+bi)(c-di) ] / [ (c+di)(c-di) ] para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1

Módulo de um número complexo SEQUÊNCIAS


Dado z = a+bi, chama-se módulo de z ==> | z | = (a2+b2)1/2, co- Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
nhecido como ro um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência.
Interpretação geométrica O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por
Como dissemos, no início, a interpretação geométrica dos nú- a2, e o n-ésimo por an.
meros complexos é que deu o impulso para o seu estudo. Assim,
representamos o complexo z = a+bi da seguinte maneira Termo Geral de uma Sequência
Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de
formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
mo com sua posição.
Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)

Progressão Aritmética
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma cons-
tante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da PA.
an = an-1 + r(n ≥ 2)

Exemplo
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:
a1 = 2
Forma polar dos números complexos
a2 = 2 + 5 = 7
Da interpretação geométrica, temos que:
a3 = 7 + 5 = 12

Classificação
As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
com o valor da razão r.
r < 0, PA decrescente
r > 0, PA crescente
que é conhecida como forma polar ou trigonométrica de um r = 0, PA constante
número complexo.
Propriedades das Progressões Aritméticas
Operações na forma polar -Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
Sejam z1=ro1(cos t11) e z2=ro1(cos t1+i sent1). Então, temos que: aritmética entre o anterior e o posterior.

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MATEMÁTICA

central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos.


Em notação matemática temos:

-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à


soma dos extremos.
a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2

Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
seguinte forma:
a2 = a1 + r
a3 = a2 + r = a1 + 2r
a4 = a3 + r = a1 + 3r
Assim sendo:
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.
número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade.
an = a1 + (n - 1)r Progressão Geométrica
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). por uma constante q, chamada razão da PG.
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40
Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16
Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre-
mos é igual à soma dos extremos. Classificação
As classificações geométricas são classificadas assim:
Soma dos Termos - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal- ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética. - Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
Sn - Soma dos primeiros termos A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
a1 - primeiro termo - Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
an - enésimo termo quando a1 = 0 ou q = 0.
n - número de termos
Termo Geral da PG
Exemplo Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo? a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
menos uma unidade.
Solução
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo a2 = a1 . q2-1
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua a3 = a1 . q3-1
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão:
Portanto, o termo geral é:
an = a1 . qn-1

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita


Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes mos Sn:
dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

1º Caso: q=1 Produto dos termos de uma PG finita

Sn = n . a 1

2º Caso: q≠1

RAZÃO

Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com


b ≠ 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por
Exemplo a/b ou a : b.
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos Exemplo:
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
29524 Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(lembrando que razão é divisão)
Solução:
a1 = 1; q = 3; n = 6

PROPORÇÃO

Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre


A/B e C/D é a igualdade:

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-


meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:

AxD=BxC

Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:


Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita

1º Caso:-1 < q < 1

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja


em proporção com 4/6.

Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:
convergente.

2º Caso: |q| > 1


A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di-
vergente

3º Caso: |q| = 1
Também não possui soma finita, portanto divergente

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Segunda propriedade das proporções mais informal, se eu pergunto:


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois Quanto mais.....mais....
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está Exemplo
para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos: Distância percorrida e combustível gasto

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2
Ou
39 3
52 4

Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Ou Diretamente proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível

GRANDEZAS INVERSAMENTE PROPORCIONAIS

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


Ou porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo:
Terceira propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as- VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)
sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen- 5 200
te. Temos então:
8 125
10 100
16 62,5
20 50
Ou
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo??
Inversamente proporcional
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.

Diretamente Proporcionais
Ou Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e
p1+p2+...+pn=P.

Ou

A solução segue das propriedades das proporções:

GRANDEZAS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS

Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo Acréscimo
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro- de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
porcional? abaixo:

ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO


10% 1,10
15% 1,15
20% 1,20
47% 1,47
67% 1,67

Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:


Carlos ganhará R$210000,00 e João R$315000,00. 10 x 1,10 = R$ 11,00
Inversamente Proporcionais Desconto
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver- No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal)
M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2, Veja a tabela abaixo:
..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
10% 0,90
25% 0,75
34% 0,66
cuja solução segue das propriedades das proporções: 60% 0,40
90% 0,10

Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:

10 X 0,90 = R$ 9,00
PORCENTAGEM
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e
Este termo se refere a uma fração cujo denominador é 100, seu venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontra- Lucro=preço de venda -preço de custo
mos nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de
calcular, etc. Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas
formas:
Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
muito na resolução do exercício.

Exemplo
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x%
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível
para x é igual a
(A) 8.
(B) 15.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

(C) 10. M=C(1+i.n)


(D) 6.
(E) 12. JUROS SIMPLES
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em-
Resolução préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
45------100% prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial.
X-------60% Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
X=27 é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to- envolvendo juros simples é a seguinte:
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão. J = C i n, onde:
J = juros
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
ano...)
Resposta: C.
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica-
MATEMÁTICA FINANCEIRA ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O
sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia- que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações qualquer outra combinação de períodos.
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito, Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU-
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés- balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores,
timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C)
superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para
nome de juros. qualquer combinação.
Capital Exemplo
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan- Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista.
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre- Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de
pela tecla PV nas calculadoras financeiras). R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:
Taxa de juros e Tempo (A) 5,0%
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro (B) 5,9%
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente (C) 7,5%
expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí- (D) 10,0%
odo de tempo a que se refere: (E) 12,5%
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano). Resposta Letra “e”.
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: parcela a ser paga de R$45.
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês). Aplicando a fórmula M = C + J:
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre) 45 = 40 + J
J=5
Montante Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi- 5 = 40 X i X 1
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo. i = 0,125 = 12,5%
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
questões. JUROS COMPOSTOS
M=C+J o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo
M = montante no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in-
C = capital inicial tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render
J = juros juros também.
M=C+C.i.n
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Quando usamos juros simples e juros compostos? São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n:
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com- ak = bk
postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan- Redução de Termos Semelhantes
ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos Assim como fizemos no caso dos monômios, também podemos
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de fazer a redução de polinômios através da adição algébrica dos seus
juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro- termos semelhantes.
cesso de desconto simples de duplicatas. No exemplo abaixo realizamos a soma algébrica do primeiro
com o terceiro termo, e do segundo com o quarto termo, reduzindo
O cálculo do montante é dado por: um polinômio de quatro termos a um outro de apenas dois.
3xy+2a²-xy+3a²=2xy+5a²
M = C (1 + i)t
Polinômios reduzidos de dois termos também são denomina-
Exemplo dos binômios. Polinômios reduzidos de três termos, também são
Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de denominados trinômios.
R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C = 25000 Ordenação de um polinômio
i = 25%aa = 0,25 A ordem de um polinômio deve ser do maior para o menor
i = 72 meses = 6 anos expoente.
M = C (1 + i)t 4x4+2x³-x²+5x-1
M = 25000 (1 + 0,25)6 Este polinômio não está ordenado:
M = 25000 (1,25)6 3x³+4x5-x²
M = 95367,50
Operações
M=C+J Adição e Subtração de Polinômios
J = 95367,50 - 25000 = 70367,50 Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com expo-
entes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença de
dois polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mesmo
POLINÔMIOS: CONCEITO, GRAU E PROPRIEDADES FUN- grau.
DAMENTAIS. OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS, DIVISÃO DE
UM POLINÔMIO POR UM BINÔMIO DA FORMA X-A, DI- Exemplo
VISÃO DE UM POLINÔMIO POR OUTRO POLINÔMIO DE
GRAU MENOR OU IGUAL

Denomina-se polinômio a função:

Grau de um polinômio
Multiplicação de Polinômios
Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indi-
Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada
camos: gr(P)=n
termo de um deles por todos os termos do outro, somando os co-
Exemplo
eficientes.
P(x)=7 gr(P)=0
P(x)=7x+1 gr(P)=1
Exemplo
Valor Numérico
O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número
que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
Exemplo
P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é:
P(2)=2³+2²+1=13
O número a é denominado raiz de P(x).

Igualdade de polinômios
Os polinômios p e q em P(x), definidos por: Divisão de Polinômios
P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn Considere P(x) e D(x), não nulos, tais que o grau de P(x) seja
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar
a divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):
Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)
P(x)=dividendo
Q(x)=quociente
D(x)=divisor
R(x)=resto

Método da Chave
Passos
1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decrescentes de x.
2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de D(x), obtendo o primeiro termo de Q(x).
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtraímos de P(x).
4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de D(x), ou resto nulo.

Exemplo
Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1

Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do quociente e do resto a partir da identidade:

Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2

Solução
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que:

Vamos analisar os graus:

Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para que haja igualdade:

Algoritmo de Briot-Ruffini
Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a

Exemplo
Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2

Solução
Passos
– Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
– Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
– Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4

Produtos Notáveis

1. O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos

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MATEMÁTICA

2. O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos:

3. O produto da soma pela diferença de dois termos.


Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados.

Exemplos
(4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
(x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2
(m + n).(m – n) = m2 – n2

4. O cubo da soma de dois termos.

Consideremos o caso a seguir:


(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base.
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Exemplos:
(2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y + 24xy2 + 8y3
(w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 + 27z3
(m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3

5. O cubo da diferença de dois termos

Acompanhem o caso seguinte:


(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base.
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3

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MATEMÁTICA

Exemplos Operação com frações algébricas


(2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2
+ 12y – 8 Adição e subtração de frações algébricas
(2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + Da mesma forma que ocorre com as frações numéricas, as fra-
6wz2 – z3 ções algébricas são somadas ou subtraídas obedecendo dois casos
diferentes.
(c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3
Caso 1: denominadores iguais.
Fatoração Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denomina-
Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma dores iguais, as mesmas regras aplicadas às frações numéricas aqui
de um produto de expressões mais simples. são aplicadas também.
(2x2-5)/x2 -(x2+3)/x2 +(9-x2)/x2
Casos de fatoração (2x2-5-x2-3+9-x2)/x2 =1/x2

Fator Comum: Caso 2: denominadores diferentes.


Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c) Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominado-
res diferentes, siga as mesmas orientações dadas na resolução de
O fator comum é x. frações numéricas de denominadores diferentes.
Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1) (3x+1)/(2x-2)-(x+1)/(x-1)
(3x+1)/2(x-1) -2(x+1)/2(x-1)
O fator comum é 3x (3x+1-2x-2)/(2(x-1))=(x-1)/2(x-1) =1/2

Agrupamento: Multiplicação de frações algébricas


Ex.: ax + ay + bx + by Para multiplicar ou dividir frações algébricas, usamos o mesmo
processo das frações numéricas. Fatorando os termos da fração e
Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator simplificar os fatores comuns.
comum. 2x/(x-4)·3x/(x+5)
(ax + ay) + (bx + by)
Multiplica-se os denominadores e os numeradores.
Colocar em evidência o fator comum de cada grupo (6x2)/((x-4)(x+5))=(6x2)/(x2+x-20)
a(x + y) + b(x + y)
Divisão de frações algébricas
Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este Multiplica-se a primeira pelo inverso da segunda.
produto é a forma fatorada da expressão dada 7x/(3-4x) ∶x/(x+1)
7x/(3-4x)·((x+1))/x
Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b) 7x(x+1)/(3-4x)x=(7x2+7x)/(3x-4x²)

Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)²


EQUAÇÕES ALGÉBRICAS: DEFINIÇÃO, CONCEITO DE RAIZ,
Trinômio do 2º Grau: Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio, MULTIPLICIDADE DE RAÍZES, ENUNCIADO DO TEOREMA
temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0 FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA. RELAÇÕES ENTRE COEFI-
CIENTES E RAÍZES. PESQUISA DE RAÍZES MÚLTIPLAS. RAÍ-
MDC e MMC de polinômios ZES: RACIONAIS, REAIS E COMPLEXAS
Mínimo Múltiplo Comum entre polinômios, é formado pelo
produto dos fatores com os maiores expoentes.
Cálculo algébrico é aquele onde não se trabalha a resolução de
Máximo Divisor Comum é o produto dos fatores primos com o
problemas e sim onde diferenciamos, um monômio, binômio, tri-
menor expoente.
nômio, polinômio, e suas referidas operações elementares (adição,
Exemplo
subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação).
X²+7x+10 e 3x²+12x+12
Expressões Algébricas: São aquelas que contêm números e le-
Primeiro passo é fatorar as expressões:
tras.
X²+7x+10=(x+2)(x+5)
Ex.: 2ax² + bx
3x²+12x+12=3(x²+4x+4)=3(x+2)²
Mmc=3(x+2)²(x+5)
Variáveis: São as letras das expressões algébricas que repre-
Mdc=x+2
sentam um número real e que de princípio não possuem um valor
definido.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Valor numérico de uma expressão algébrica é o número que obtemos substituindo as variáveis por números e efetuamos suas ope-
rações.

Ex.: Sendo x = 1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) da expressão:


x² + y → 1² + 2 = 3; Portando o valor numérico da expressão é 3.

Monômio: Os números e letras estão ligados apenas por produtos.


Ex.: 4x

Binômio: São as operações de adição e subtração entre dois monômios.


Ex.: 4x + 5x

Trinômio: São operações de adição e subtração entre três monômios.


Ex.: 3x² + 3x + 4

Polinômio: É a soma ou subtração de monômios.


Ex.: 4x + 2y

Termos semelhantes: São aqueles que possuem partes literais iguais (variáveis).
Ex.: 2 x³ y² z e 3 x³ y² z • são termos semelhantes pois possuem a mesma parte literal.

Adição e Subtração de Expressões Algébricas

Para determinarmos a soma ou subtração de expressões algébricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou
2 x³ y² z - 3x³ y² z = -x³ y² z

Convém lembrar-se dos jogos de sinais.

Na expressão:

Multiplicação e Divisão de Expressões Algébricas


Devemos usar a propriedade distributiva. Exemplos:

2) (a + b).(x + y) = ax + ay + bx + by
3) x (x² + y) = x³ + xy

Obs.: Para multiplicarmos potências de mesma base, conservamos a base e somamos os expoentes.

Na divisão de potências devemos conservar a base e subtrair os expoentes. Exemplos:


1) 4x² 2x = 2x
2) (6x³ - 8x) 2x = 3x² - 4
3) =

Resolução:

Editora
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94
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Potenciação de monômios
Na potenciação de monômios devemos novamente utilizar uma propriedade da potenciação:

I- (a . b)m = am . bm
II- (am)n = am . n

Veja alguns exemplos:


(-5x2b6)2 aplicando a propriedade

(-5)2 . (x2)2 . (b6)2 = 25 . x4 . b12 = 25x4b12

Radiciação de monômios
Na radiciação de monômios retiramos a raiz do coeficiente numérico e também de cada um de seus fatores, em resumo isso equivale
a dividirmos cada expoente dos fatores pelo índice da raiz.

Exemplo
A raiz de

Teorema fundamental da álgebra


Toda equação algébrica P(x) = 0, de grau n > 0, admite pelo menos uma raiz real ou complexa.

Propriedades Importantes
- Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes.
Exemplo: a equação x3 - x = 0 possui 3 raízes a saber: x = 0 ou x = 1 ou x = -1. Dizemos então que o conjunto verdade ou conjunto
solução da equação dada é S = {0, 1, -1}.

- Se b for raiz de P(x) = 0, então P(x) é divisível por (x – b). Esta propriedade é muito importante para abaixar o grau de uma equação,
o que se consegue dividindo P(x) por x - b, aplicando Briot-Ruffini.

- Se o número complexo (a + bi) for raiz de P(x) = 0, então o conjugado (a – bi) também será raiz.
Exemplo: qual o grau mínimo da equação P(x) = 0, sabendo-se que três de suas raízes são os números 5, 3 + 2i e 4 - 3i. Ora, pelo que
acabamos de ver, se um número complexo é solução, então o seu conjugado também será solução, assim sendo, os complexos conjugados
3 - 2i e 4 + 3i são também raízes. Logo, concluímos que o grau mínimo de P(x) é igual a 5, ou seja, P(x) possui no mínimo 5 raízes.

- Se a equação P(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dizemos que m é uma raiz de grau de multiplicidade k.
Exemplo: a equação (x - 4)10 = 0 possui 10 raízes iguais a 4. Portanto 4 é raiz décupla ou de multiplicidade 10.

- Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica P(x) = 0 for nula, então a unidade é raiz da equação (1 é raiz).
Exemplo: 1 é raiz de 40x5 -10x3 + 10x - 40 = 0, pois a soma dos coeficientes é igual a zero, isto é, 40 – 10 + 10 – 40 = 0.

- Toda equação de termo independente nulo, admite um número de raízes nulas igual ao menor expoente da variável.
Exemplo: a equação 3x5 + 4x2 = 0 possui cinco raízes, das quais duas são nulas.

- Se x1 , x2 , x3 , ... , xn são raízes da equação a0xn + a1xn-1 + a2xn-2 + ... + an = 0, então ela pode ser escrita na forma fatorada: a0(x – x1) .
(x – x2) . (x – x3) . ... . (x – xn) = 0.
Exemplo: Se - 1, 2 e 53 são as raízes de uma equação do 3º grau, então podemos escrever: (x + 1) . (x – 2) . (x – 53) = 0, que desenvolvida
fica: x3 - 54x2 + 51x + 106 = 0.

Relações de Girard
São as relações existentes entre os coeficientes e as raízes de uma equação algébrica.
Para uma equação do 2º grau, da forma ax2 + bx + c = 0, já conhecemos as seguintes relações entre os coeficientes e as raízes x1 e x2:
Soma: x1 + x2 = - b/a;
Produto: x1 . x2 = c/a.

Para uma equação do 3º grau, da forma ax3 + bx2 + cx + d = 0, sendo x1, x2 e x3 as raízes, temos as seguintes relações de Girard:
x1 + x2 + x3 = - b/a;
x1.x2 + x1.x3 + x2.x3 = c/a;

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

x1.x2.x3 = - d/a. f(a).f(b) > 0 → Existe um número par, ou zero raízes no intervalo
]a,b[
Para uma equação do 4º grau, da forma ax4 + bx3 + cx2 + dx + e = f(a).f(b) = 0 → a ou b é raiz.
0, sendo as raízes iguais a x1, x2, x3 e x4, temos as seguintes relações
de Girard: Esse teorema é bastante intuitivo, pois se f(a). f(b) possui um
x1 + x2 + x3 + x4 = -b/a; produto negativo, significa que os sinais de f(a) e f(b) são diferentes,
x1.x2 + x1.x3 + x1.x4 + x2.x3 + x2.x4 + x3.x4 = c/a; e portanto f(a) e f(b) estão em lados opostos em relação ao eixo x.
x1.x2.x3 + x1.x2.x3 + x1.x3.x4 + x2.x3.x4 = - d/a; Com isso, temos que a função deve ter cruzado o eixo x um número
x1.x2.x3.x4 = e/a. ímpar de vezes (logo há um número ímpar de raízes no intervalo
dado). Se f(a).f(b) >0, os dois estão no mesmo lado em relação ao
Teorema das Raízes Racionais eixo x. Com isso, f cruzou o eixo um número par ou 0 vezes. Se f(a).
Seja a equação polinomial ax4 + bx3 + cx2 + dx + e = 0, segundo o f(b) = 0, implica que f(a) = 0 ou f(b)=0, logo temos que a ou b são
raízes.
teorema, se o número racional for raiz da equação polinomial,
onde p e q são primos entre si, então “e” é divisível por p e “a” é Temos também a Regra de Descartes que determina o número
divisível por q. de raízes positivas e negativas de um polinômio.
De acordo com essa regra, se os termos de um polinômio com
Exemplo coeficientes reais são colocados em ordem decrescente de grau, en-
Queremos saber se a equação x3 – x2 + x – 6 = 0 possui raízes tão o número de raízes positivas do polinômio é ou igual ao número
racionais: p deve ser divisor de 6, portanto: ±6, ±3, ±2, ±1; q deve de permutações de sinal ou menor por uma diferença par. Mais pre-
ser divisor de 1, portanto: ±1; Portanto, os possíveis valores da fra- cisamente falando, o número de permutações é igual ao número
ção são p/q: ±6, ±3, ±2 e ±1. Substituindo esses valores na equação, de raízes positivas acrescido do número de raízes imaginárias (que
descobrimos que 2 é uma de suas raízes. Como esse polinômio é sempre acontecem aos pares em polinômios de coeficientes reais).
de grau 3 (x3) é necessário descobrir apenas uma raiz para determi- Por exemplo, x³ + x² - 5x + 3, observe que esse polinômio pos-
nar as demais. Se fosse de grau 4 (x4) precisaríamos descobrir duas sui uma mudança de sinal entre o segundo e o terceiro termo e
raízes. As demais raízes podem facilmente ser encontradas utilizan- também entre o terceiro e o quarto termo, ou seja, possui duas
do-se o dispositivo prático de Briot-Ruffini e a fórmula de Bháskara. variações de sinal, assim possui duas raízes positivas, agora subs-
tituindo x por – x teremos, , - x³ + x² + 5x + 3, que possui apenas
O Teorema de Bolzano uma variação de sinal, entre o primeiro e o segundo termo, assim
Também conhecido por “Teorema dos Valores Intermédios” ou só possui uma raiz negativa.
ainda por “Teorema de Bolzano-Cauchy” é muito usado na mate-
mática por causa do seu corolário que permite verificar a existência
ou não de zeros numa função contínua num intervalo. O teorema ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE: PRINCÍPIO
refere o seguinte: FUNDAMENTAL DE CONTAGEM. ARRANJOS, PERMUTA-
ÇÕES E COMBINAÇÕES SIMPLES. BINÔMIO DE NEWTON.
Se f é uma função contínua num intervalo [a,b], qualquer que EVENTOS. CONJUNTO UNIVERSO. CONCEITUAÇÃO DE
seja o valor k compreendido entre f(a) e f(b), existe pelo menos um PROBABILIDADE. EVENTOS MUTUAMENTE EXCLUSIVOS.
valor c compreendido entre a e b tal que f(c) = k. PROBABILIDADE DA UNIÃO E DA INTERSECÇÃO DE DOIS
OU MAIS EVENTOS. PROBABILIDADE CONDICIONAL.
EVENTOS INDEPENDENTES

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
problemas de contagem.

Princípio Fundamental da Contagem


Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.

pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_do_valor_intermediário

Dada a função f(x), para um intervalo aberto ]a,b[, temos que:


f(a).f(b) < 0 → Existe um número ímpar de raízes no intervalo ]
a,b[
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MATEMÁTICA

Exemplo Pn = n!

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).
3(blusas)=6 maneiras

Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu- Exemplo
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial. Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N)
Solução
Arranjo Simples Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
sequência de p elementos distintos de E.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E
Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução

Observe que os números obtidos diferem entre si:


Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos Números Binomiais
3 elementos tomados 2 a 2. O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .
Indica-se A3,2

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de-
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer nominadores é igual ao numerador são iguais:
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.
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MATEMÁTICA

Relação de Stifel

Triângulo de Pascal

LINHA 0 1
LINHA 1 1 1
LINHA 2 1 2 1
LINHA 3 1 3 3 1
LINHA 4 1 4 6 4 1
LINHA 5 1 5 10 10 5 1
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a + b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de Pascal.

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MATEMÁTICA

PROBABILIDADE

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível,
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento
de um dado.

Espaço Amostral
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E. Note que
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}

No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para Exemplo


cima: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
E={Ca,Co} Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
Evento seja vermelha.
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que Solução
E={1,2,3,4,5,6}

Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer


um número par, tem-se {2,4,6}.
São complementares.
Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas
para cima em três lançamentos de uma moeda.

a) Quantos elementos tem o espaço amostral? Adição de probabilidades


b) Descreva o espaço amostral. Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
vazio. Tem-se:
Solução
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
há duas possibilidades.

2x2x2=8 Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
b) um número par ou menor que 5, na face superior?
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)}
Solução
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.
Sejam os eventos
A={2,4,6} n(A)=3
B={1,2,3,4} n(B)=4

Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

Probabilidade Condicional
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
evento B, definido por:

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MATEMÁTICA

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

Eventos Simultâneos
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA: REPRESENTAÇÃO GRÁFICA (BARRAS, SEGMENTOS, SETORES, HISTOGRAMAS). MEDIDAS
DE TENDÊNCIA CENTRAL (MÉDIA, MEDIANA E MODA)

TABELAS E GRÁFICOS

O nosso cotidiano é permeado das mais diversas informações, sendo muito delas expressas em formas de tabelas e gráficos3, as quais
constatamos através do noticiários televisivos, jornais, revistas, entre outros. Os gráficos e tabelas fazem parte da linguagem universal da
Matemática, e compreensão desses elementos é fundamental para a leitura de informações e análise de dados.
A parte da Matemática que organiza e apresenta dados numéricos e a partir deles fornecer conclusões é chamada de Estatística.

Tabelas: as informações nela são apresentadas em linhas e colunas, possibilitando uma melhor leitura e interpretação. Exemplo:

Fonte: SEBRAE

Observação: nas tabelas e nos gráficos podemos notar que a um título e uma fonte. O título é utilizado para evidenciar a principal
informação apresentada, e a fonte identifica de onde os dados foram obtidos.

3 https://www.infoenem.com.br
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Tipos de Gráficos Gráfico de barras horizontais: as frequências são indicadas em


um eixo horizontal. Marcamos os pontos determinados pelos pares
Gráfico de linhas: são utilizados, em geral, para representar a ordenados (frequência, classe) e os ligamos ao eixo das classes por
variação de uma grandeza em certo período de tempo. meio de barras horizontais. Exemplo:
Marcamos os pontos determinados pelos pares ordenados
(classe, frequência) e os ligados por segmentos de reta. Nesse tipo
de gráfico, apenas os extremos dos segmentos de reta que com-
põem a linha oferecem informações sobre o comportamento da
amostra. Exemplo:

Observação: em um gráfico de colunas, cada barra deve ser


proporcional à informação por ela representada.

Gráfico de setores: são utilizados, em geral, para visualizar a


relação entre as partes e o todo.
Dividimos um círculo em setores, com ângulos de medidas di-
retamente proporcionais às frequências de classes. A medida α, em
grau, do ângulo central que corresponde a uma classe de frequên-
cia F é dada por:

Gráfico de barras: também conhecido como gráficos de colu-


nas, são utilizados, em geral, quando há uma grande quantidade de
dados. Para facilitar a leitura, em alguns casos, os dados numéricos
podem ser colocados acima das colunas correspondentes. Eles po- Onde:
dem ser de dois tipos: barras verticais e horizontais. Ft = frequência total

Gráfico de barras verticais: as frequências são indicadas em Exemplo


um eixo vertical. Marcamos os pontos determinados pelos pares
ordenados (classe, frequência) e os ligamos ao eixo das classes por
meio de barras verticais. Exemplo:

Para acharmos a frequência relativa, podemos fazer uma regra


de três simples:
400 --- 100%
160 --- x
x = 160 .100/ 400 = 40%, e assim sucessivamente.

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MATEMÁTICA

Aplicando a fórmula teremos:

Como o gráfico é de setores, os dados percentuais serão distribuídos levando-se em conta a proporção da área a ser representada
relacionada aos valores das porcentagens. A área representativa no gráfico será demarcada da seguinte maneira:

Com as informações, traçamos os ângulos da circunferência e assim montamos o gráfico:

Pictograma ou gráficos pictóricos: em alguns casos, certos gráficos, encontrados em jornais, revistas e outros meios de comunicação,
apresentam imagens relacionadas ao contexto. Eles são desenhos ilustrativos. Exemplo:

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MATEMÁTICA

Histograma: o consiste em retângulos contíguos com base nas faixas de valores da variável e com área igual à frequência relativa da
respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente densidade definida pelo
quociente da área pela amplitude da faixa. Alguns autores utilizam a frequência absoluta ou a porcentagem na construção do histogra-
ma, o que pode ocasionar distorções (e, consequentemente, más interpretações) quando amplitudes diferentes são utilizadas nas faixas.
Exemplo:

Polígono de Frequência: semelhante ao histograma, mas construído a partir dos pontos médios das classes. Exemplo:

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MATEMÁTICA

Gráfico de Ogiva: apresenta uma distribuição de frequências acumuladas, utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos
extremos.

Cartograma: é uma representação sobre uma carta geográfica. Este gráfico é empregado quando o objetivo é de figurar os dados
estatísticos diretamente relacionados com áreas geográficas ou políticas.

Interpretação de tabelas e gráficos

Para uma melhor interpretação de tabelas e gráficos devemos ter em mente algumas considerações:
- Observar primeiramente quais informações/dados estão presentes nos eixos vertical e horizontal, para então fazer a leitura adequa-
da do gráfico;
- Fazer a leitura isolada dos pontos.
- Leia com atenção o enunciado e esteja atento ao que pede o enunciado.

Exemplos

(Enem) O termo agronegócio não se refere apenas à agricultura e à pecuária, pois as atividades ligadas a essa produção incluem for-
necedores de equipamentos, serviços para a zona rural, industrialização e comercialização dos produtos.
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MATEMÁTICA

O gráfico seguinte mostra a participação percentual do agrone- Com base no gráfico e nas informações do texto, é possível in-
gócio no PIB brasileiro: ferir que houve maior aquecimento global em
(A)1995.
(B)1998.
(C) 2000.
(D)2005.
(E)2007.

Resolução

O enunciado nos traz uma informação bastante importante e


interessante, sendo chave para a resolução da questão. Ele associa
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). a camada de gelo marítimo com a reflexão da luz solar e conse-
Almanaque abril 2010. São Paulo: Abril, ano 36 (adaptado) quentemente ao resfriamento da Terra. Logo, quanto menor for a
extensão de gelo marítimo, menor será o resfriamento e portanto
Esse gráfico foi usado em uma palestra na qual o orador ressal- maior será o aquecimento global.
tou uma queda da participação do agronegócio no PIB brasileiro e a O ano que, segundo o gráfico, apresenta a menor extensão de
posterior recuperação dessa participação, em termos percentuais. gelo marítimo, é 2007.
Segundo o gráfico, o período de queda ocorreu entre os anos
de
A) 1998 e 2001.
B) 2001 e 2003.
C) 2003 e 2006.
D) 2003 e 2007.
E) 2003 e 2008.

Resolução

Segundo o gráfico apresentado na questão, o período de queda


da participação do agronegócio no PIB brasileiro se deu no período
entre 2003 e 2006. Esta informação é extraída através de leitura
direta do gráfico: em 2003 a participação era de 28,28%, caiu para
27,79% em 2004, 25,83% em 2005, chegando a 23,92% em 2006 –
depois deste período, a participação volta a aumentar.
Resposta: C

(Enem) O gráfico mostra a variação da extensão média de gelo Resposta: E


marítimo, em milhões de quilômetros quadrados, comparando da-
dos dos anos 1995, 1998, 2000, 2005 e 2007. Os dados correspon- Mais alguns exemplos:
dem aos meses de junho a setembro. O Ártico começa a recobrar o
gelo quando termina o verão, em meados de setembro. O gelo do 01. Todos os objetos estão cheios de água.
mar atua como o sistema de resfriamento da Terra, refletindo quase
toda a luz solar de volta ao espaço. Águas de oceanos escuros, por
sua vez, absorvem a luz solar e reforçam o aquecimento do Ártico,
ocasionando derretimento crescente do gelo.

Qual deles pode conter exatamente 1 litro de água?


(A) A caneca
(B) A jarra
(C) O garrafão
(D) O tambor

O caminho é identificar grandezas que fazem parte do dia a dia


e conhecer unidades de medida, no caso, o litro. Preste atenção na
palavra exatamente, logo a resposta está na alternativa B.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

02. No gráfico abaixo, encontra-se representada, em bilhões Mediana (Md)


de reais, a arrecadação de impostos federais no período de 2003 Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn
a 2006. Nesse período, a arrecadação anual de impostos federais:
Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-
ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de
termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn)
em rol.
Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit-
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que
precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é,
a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequ-
ência (xn) em rol.

Exemplo 1:
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}

Solução:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10,
(A) nunca ultrapassou os 400 bilhões de reais. 12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12
(B) sempre foi superior a 300 bilhões de reais. Resposta: Md=12.
(C) manteve-se constante nos quatro anos.
(D) foi maior em 2006 que nos outros anos. Exemplo 2:
(E) chegou a ser inferior a 200 bilhões de reais. Determinar a mediana do conjunto de dados:
Analisando cada alternativa temos que a única resposta correta {10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
é a D.
Solução:
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se (3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética
obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos entre os dois termos centrais do rol.
do conjunto.
Representemos a média aritmética por . Logo:
A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na
pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritméti- Resposta: Md=15
ca para variáveis quantitativas.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen- Moda (Mo)
tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe- Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda
lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências. aquele valor que ocorre com maior frequência.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos
jogadores é: Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.
1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07
+2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0 Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte- isto é, Mo=8.
remos a média aritmética das alturas:
Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.

Medidas de dispersão
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m. Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
central semelhantes podem apresentar características diversas.
Média Ponderada Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi- grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama- qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados
da média aritmética ponderada. medidas de dispersão.

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106
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Variância
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é chamado
de variância. Esse índice é assim definido:
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se por
, o número:

Isto é:

E para amostra

Exemplo 1:
Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o seguinte desempenho, descrito na tabela abaixo:

JOGO NÚMERO DE PONTOS


1 22
2 18
3 13
4 24
5 26
6 20
7 19
8 18

a) Qual a média de pontos por jogo?


b) Qual a variância do conjunto de pontos?

Solução:

a) A média de pontos por jogo é:

b) A variância é:

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Desvio médio
Definição
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma sequência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada
elemento da amostra e seu valor médio.

Desvio padrão
Definição
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua média aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indica-se
por , o número:

Isto é:

Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são: 2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.

Solução:

Sendo a estatura média, temos:

Sendo o desvio padrão, tem-se:

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES: MATRIZES: OPERAÇÕES, MATRIZ INVERSA. SISTEMAS LINEARES. MA-
TRIZ ASSOCIADA A UM SISTEMA. RESOLUÇÃO E DISCUSSÃO DE UM SISTEMA LINEAR. DETERMINANTE DE UMA MATRIZ
QUADRADA: PROPRIEDADES E APLICAÇÕES, REGRAS DE CRAMER

MATRIZ
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo linhas horizontais e colunas verticais.
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é denominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de ele-
mento da matriz.

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MATEMÁTICA

Tipo ou ordem de uma matriz Resolução:


As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de Turno i –linha da matriz
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- Turno j- coluna da matriz
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois 2º turno do 2º dia – a22=18
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: 3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Somando:18+25+19=62
Resposta: E.

Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

Representação genérica de uma matriz Operações com matrizes


Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula Adição: somamos os elementos correspondentes das matri-
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra. zes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.
Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sen-
tença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor


de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
Exemplo (C) 8.
(PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo regis- (D) 10.
tra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
uma semana. Resolução:

y=10
Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme- Resposta: D.
ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz
como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será: de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
(A) 61 elementos de A por k.
(B) 59
(C) 58
(D) 60
(E) 62

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MATEMÁTICA

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

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MATEMÁTICA

Resposta: B.

Casos particulares
Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais elemen-
tos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

DETERMINANTES

Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

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MATEMÁTICA

Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2
Resposta: C.

Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é

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MATEMÁTICA

(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A.

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:
Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

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MATEMÁTICA

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores.
Dica: pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48

Resposta: D.

Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

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MATEMÁTICA

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, então o determinante é nulo.

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mesmo
número k.

d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a seguinte propriedade:


det (A. B) = det A + det B.

e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu determinante for diferente de zero.

SISTEMA DE EQUAÇÕES LINEARES


Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

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MATEMÁTICA

Em que: Classificação

1. Sistema Possível e Determinado

O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois


Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equações line-
ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


a1 x + b1 y = c1 duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e

a2 + b2 y = c2 Determinado), pois possui uma única solução.

2. Sistema Possível e Indeterminado


Sistema Linear 3x3

Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x


e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y
Sistemas Lineares equivalentes podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
são ditos equivalentes. Por exemplo: 3. Sistema Impossível

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas


São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.
S={(1,2)}
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or- Sistema Escalonado
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas
equações do sistema. das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien-
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa- te não-nulo da equação anterior.
ções do sistema.
Exemplo
Matriz Associada a um Sistema Linear Sistema 2x2 escalonado.
Dado o seguinte sistema:

Sistema 3x3
Matriz incompleta
A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
tem dois e a terceira, apenas um.

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MATEMÁTICA

Sistema 2x3 Resolução

1 3
D= = a−6
2 a
Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza- Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.
das com suas equações: Para a ≠ 6, temos:
– Trocas as posições de duas equações
– Multiplicar uma das equações por um número real diferente
de 0. x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o  ← −2 0 x + 0 y = −9

resultado a outra equação.
Que é um sistema impossível.
Exemplo Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

Regra de Cramer
Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-
niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação. Consideramos os sistema .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta


desse sistema é , cujo determinante é indicado por D =
ad – bc.

Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela
Multiplicando a equação por -2: coluna dos coeficientes independentes, obteremos ,cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.

Assim, .

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e consideran-


Somando as duas equações:
do a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In- GEOMETRIA ANALÍTICA: COORDENADAS CARTESIANAS
cógnitas NA RETA E NO PLANO. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS.
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº EQUAÇÃO DA RETA: FORMAS REDUZIDA, GERAL E SEG-
de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos MENTÁRIA; COEFICIENTE ANGULAR. DISTÂNCIA DE UM
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e: PONTO A UMA RETA. EQUAÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA;
– Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado. TANGENTES A UMA CIRCUNFERÊNCIA; INTERSECÇÃO DE
– Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível. UMA RETA A UMA CIRCUNFERÊNCIA. ELIPSE, HIPÉR-
BOLE E PARÁBOLA: EQUAÇÕES REDUZIDAS
Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou
impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta
pelo método de eliminação de Gauss. que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta
dada, estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.
Exemplos
- Discutir, em função de a, o sistema: — Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)
Para representar graficamente um par ordenado de números
reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta
x é o eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se
pode verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas proprieda-
des.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Ponto médio de um segmento

Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos


linhas perpendiculares aos eixos x e y.
– xp é a abscissa do ponto P;
– yp é a ordenada do ponto P; Baricentro
– xp e yp constituem as coordenadas do ponto P. O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
de 2:1.

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas


que serão uteis ao cálculo. Condição de alinhamento de três pontos
Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
— Distância entre dois pontos de um plano A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).
Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo-
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras.

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices


de um triângulo cuja área é:

Onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

— Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta


(ou declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de • Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2)
inclinação da reta r do plano cartesiano. Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa-
ções, podemos determinar o coeficiente
angular da reta:

Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos


dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
m = -3 e Q(x, y)
y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x + y -
4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0
Já a declividade é dada por: m = tgα
Equação reduzida da reta
Cálculo do coeficiente angular
A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da
Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o co-
reta y - b = mx
eficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da
reta, como podemos verificar na imagem.

Equação segmentária da reta


É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).
— Reta

Equação da reta
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis-
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação:
• Um ponto e o coeficiente angular
Exemplo: Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente an-
gular m = 2.
Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:

ax + by + c = 0

Onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-


multaneamente nulos.

Posições relativas de duas retas


Em relação a sua posição elas podem ser:
• Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus
ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes.
Intersecção de retas
Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção
P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações
de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta
resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas.

Condição de perpendicularismo
Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte
relação deverá ser verdadeira.

Onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2,


respectivamente.
• Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o
eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares Distância entre um ponto e uma reta
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces- A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir
para obtermos esta distância.

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .

— Circunferência
• Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor- É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto
tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe- fixo O, denominado centro da circunferência.
ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao
iguais. centro O é sempre constante e é denominada raio.

Equação reduzida da circunferência


Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe-
rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Equação Geral da circunferência


A equação geral de uma circunferência é obtida através do desenvolvimento da equação reduzida.

— Elipse
É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos:

Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Equações da elipse
– Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.

– Centrada na origem e com o eixo maior na vertical.

— Hipérbole
É o conjunto dos pontos do plano tais que o módulo da diferença das distâncias a dois pontos fixos (focos) é constante e menor que
a distância entre eles.

Equação Reduzida

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MATEMÁTICA

Equação Reduzida

Temos então, pela condição dada,


PF = e. Pd, onde e é uma constante real.
Usando a fórmula de distância entre dois pontos, fica:

Quadrando e desenvolvendo ambos os membros da expressão


acima, vem:
(x – f)2 + y2 = e2 .(x – d)2
x2 – 2.f.x + f2 + y2 = e2 (x2– 2.d.x + d2)
x2 – e2.x2 – 2.f.x + e2.2.d.x + y2 + f2– e2.d2 = 0
x2(1 – e2) + y2 + (2e2d – 2f)x + f2– e2.d2 = 0

Ou finalmente:
x2(1 – e2) + y2 + 2(e2d – f)x + f2 – e2d2 = 0
Equação Reduzida da Hipérbole centrada em (α, β):
Fazendo e = 1 na igualdade acima, obteremos y2 + 2(d – f).x +
f – d2 = 0
2

Fazendo d = - f, vem: y2 – 4fx = 0 ou y2 = 4fx, que é uma parábola


da forma y2 = 2px, onde f = p/2, conforme vimos no texto corres-
pondente.
A constante e é denominada excentricidade. Vê-se pois, que a
excentricidade de uma parábola é igual a 1

— Parábola
É o conjunto de todos os pontos do plano que estão à mesma
distância de F e d. Construindo os pontos, temos:

Considere o seguinte problema geral:


Determinar o lugar geométrico dos pontos P(x, y) do plano car-
tesiano que satisfazem à condição PF = e . Pd, onde F é um ponto
fixo do plano denominado foco e d uma reta denominada diretriz,
sendo e uma constante real. A figura ilustra o desenvolvimento do
tema

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Onde:
– o ponto F, foco da parábola;
– a reta d, diretriz da parábola;
– o ponto V, vértice da parábola (ponto médio de FD, distância de F até d);
– a reta que passa por F, perpendicular à diretriz d, que se chama eixo de simetria da parábola;
– a medida de FD, parâmetro (2c) da parábola.

Assim, definimos que parábola é o lugar geométrico dos pontos do plano que distam igualmente de uma reta fixa d, chamada diretriz,
e de um ponto fixo F, não pertencente à diretriz, chamado foco.

Equação da parábola

• Equação da parábola com vértice na origem


A partir do foco (F) e da diretriz (d), podemos chegar à equação da parábola formada por todos os pontos P(x, y) do plano tais que
d(P, F) 5 d(P, d).
1o caso: diretriz x = -c e foco F(c, 0)

Nesse caso, o vértice está na origem e a parábola é simétrica em relação ao eixo Ox, que é o eixo da parábola. Os demais casos são
análogos. Assim, temos:

2o caso: diretriz y = -c e foco F(0, c)

Nesse caso, o vértice está na origem e a parábola é simétrica em relação ao eixo Oy, que é o eixo da parábola.

3o caso: diretriz x = c e F(-c, 0)

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

4o caso: diretriz y = c e F(0, -c)

Assim, parábolas com foco em um dos eixos, diretriz paralela ao outro eixo e vértice V(0, 0) têm essas
equações. Vale também a recíproca do que foi visto: as equações y2 = 4cx, x2 = 4cy, y2 = -4cx e x2 = -4cy, com c > 0, representam pará-
bolas com foco em um dos eixos, diretriz paralela ao outro eixo e vértice V(0, 0).

Propriedades Refletoras
A elipse, a parábola e a hipérbole são curvas que possuem propriedades que as tornam importantes em várias aplicações. Aqui vamos
ocupar-nos apenas das chamadas propriedades de reflexão dessas curvas, relacionadas com pontos especiais chamados focos.

FUNÇÕES: GRÁFICOS DE FUNÇÕES INJETORAS, SOBREJETORAS E BIJETORAS; FUNÇÃO COMPOSTA; FUNÇÃO INVERSA. FUN-
ÇÃO E FUNÇÃO QUADRÁTICA. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARÍTMICA. TEORIA DOS LOGARITMOS; USO DE LO-
GARITMOS EM CÁLCULOS. EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES: LINEARES, QUADRÁTICAS, EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICAS

Diagrama de Flechas

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Gráfico Cartesiano

No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contradomínio é


= {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9, 12}

Classificação das funções


Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
apresentam imagens também distintas no contradomínio.
Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma
relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela- Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-
ção de A em B. rem imagens de pelo menos um elemento do domínio.
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen-
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do
conjunto B.

Notação: f: A→B (lê-se função f de A em B)

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
da por todos os valores correspondentes da variável dependente.

O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.


O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan- Bijetora: Quando apresentar as características de função inje-
do, isto é, os valores possíveis para a variável x. tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis-
O conjunto B é denominado contradomínio, CD. tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con-
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con- tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio.
tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos
por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos
a função f: A→B. definida por f(x) = x + 5 que também pode ser
representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos,
desta função, é:

FUNÇÃO DO 1º GRAU
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos
de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
ção f(x) = ax + b.

Editora
126
126
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MATEMÁTICA

Estudo dos Sinais o valor de x (raiz da função).


Definimos função como relação entre duas grandezas repre- X=-b/a
sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax + Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas
b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero. equações para acharmos o valor de a e b.
Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da Exemplo:
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien- Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente. F(1)=1a+b
3=a+b
Função Crescente: a > 0 F(3)=3a+b
De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os 5=3a+b
valores de y vão crescendo.

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Função Decrescente: a < 0 Portanto,


Nesse caso, os valores de y, caem. a=3-b
a=3-2=1
Assim, f(x)=x+2

FUNÇÃO DO 2º GRAU
Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo
grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)

É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e


deve ser o maior termo.

Concavidade
Raiz da função A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se
Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a a<0
reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:

Discriminante(∆)
∆ = b²-4ac
∆>0
Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-
de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando

Editora
127
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MATEMÁTICA

∆=0

Quando ∆=0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante ∆ = 0, as duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0

A função não tem raízes reais

Raízes

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
voltada para baixo e um ponto de máximo V.

Em qualquer caso, as coordenadas de V são .

Veja os gráficos:

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128
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MATEMÁTICA

Solução

FUNÇÃO EXPONENCIAL
A expressão matemática que define a função exponencial é
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e
diferente de 1 e o expoente é uma variável.

Função crescente
Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer
que seja o valor real de x.
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente.

Função decrescente

Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em


todo o domínio da função.
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
Equação Exponencial menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de é decrescente.
uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

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129
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MATEMÁTICA

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)

O número e é um número irracional e positivo e em função da definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.

O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


e = 2,7182818284

Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)

Propriedades dos expoentes


Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

Logaritmo
Sendo a um número real, positivo e diferente de 1 e N um número real positivo, chama-se logaritmo de N na base a o número ao qual
devemos elevar a base a para obtermos N.

Definição: , onde:
- N é chamado de logaritmando e N > 0.
- a é chamado de base e a > 0 e a ≠ 1.
Exemplo:

Casos particulares:
1) , pois a1 = a
2) , pois na = na
3) , pois a0 = 1

Propriedades dos logaritmos


I) Logaritmo do Produto: o logaritmo de um produto é igual à soma de logaritmos.

II) Logaritmo da Divisão: o logaritmo da divisão é igual à subtração de dois logaritmos.

III) Logaritmo da Potência: o expoente passa multiplicando.

Mudança de Base
Em alguns casos é necessário efetuar uma mudança na base que foi dada, para isto temos a seguinte fórmula:

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MATEMÁTICA

FUNÇÃO LOGARÍTMICA

Uma função dada por , em que a constante a é positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmi-
ca.

FUNÇÃO INVERSA

A inversa4 de uma função f, denotada por f-1, é a função que desfaz a operação executada pela função f. Vejamos a figura abaixo:

Observe que:
1º A função f “leva” o valor - 2 até o valor - 16, enquanto que a inversa f-1, “traz de volta” o valor - 16 até o valor - 2, desfazendo assim
o efeito de f sobre - 2.
2º Outra maneira de entender essa ideia é: a função f associa o valor -16 ao valor -2, enquanto que a inversa, f-1, associa o valor -2 ao
valor -16.
3º Dada uma tabela de valores funcionais para f(x), podemos obter uma tabela para a inversa f-1, invertendo as colunas x e y.
4º Se aplicarmos, em qualquer ordem, f e também f-1 a um número qualquer, obtemos esse número de volta.

Definição

Seja uma função bijetora com domínio A e imagem B. A função inversa f-1 é a função , com domínio B e ima-
gem A tal que:

f-1(f(a)) = a para a A e f(f-1(b)) = b para b B

4 IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática Elementar – Vol. 01 – Conjuntos e Funções


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MATEMÁTICA

Assim, podemos definir a função inversa f-1 por: FUNÇÃO COMPOSTA

, para y em B. Função composta5 pode ser entendida pela determinação de


uma terceira função C, formada pela junção das funções A e B. Ma-
Exemplo tematicamente falando, temos que f: A → B e g: B → C, denomina a
A ideia de trocar x por y para escrever a função inversa, nos formação da função composta de g com f, h: A → C. Dizemos função
fornece um método para obter o gráfico de f-1 a partir do gráfico de g composta com a função f, representada por gof.
f. Vejamos então como isso é possível, levando em conta que:
Exemplos
1) Dado uma função f(x) = x + 1 e g(x) = x2. Qual será o resultado
final se tomarmos um x real e a ele aplicarmos sucessivamente a lei
Podemos concluir que:
de f e a lei de g?

O resultado final é que x é levado a (x + 1)2. Essa função h de R


em R que leva x até (x + 1)2 é chamada de função composta.

2) Dada f (x) = 2x – 3 e f (g (x)) = 6x + 11, calcular g (x).


Como f(g(x)) = 6x + 11, então 2g(x) – 3 = 6x + 11 • 2g(x) = 6x +
14 • g(x) = 3x + 7

Propriedade Na função composta você aplica as propriedades da primeira


Os gráficos cartesianos de f e f -1 são simétricos em relação a na segunda ou vice-versa, ou até mesmo ambas juntas.
bissetriz dos quadrantes 1 e 3 do plano cartesiano.

Regra prática para determinar a inversa de uma função: EQUAÇÃO DO 1° GRAU


- primeiramente temos que toda função ( f(x), g(x), h(x), ....) Na Matemática, a equação é uma igualdade que envolve uma
representa o “y”. ou mais incógnitas. Quem determina o “grau” dessa equação é o
expoente dessa incógnita, ou seja, se o expoente for 1, temos a
Para determinar a inversa temos dois passos: equação do 1º grau. Se o expoente for 2, a equação será do 2º grau;
se o expoente for 3, a equação será de 3º grau. Exemplos:
1° Passo: isolamos o x. 4x + 2 = 16 (equação do 1º grau)
2° passo: trocamos x por y e y por x. x² + 2x + 4 = 0 (equação do 2º grau)
x³ + 2x² + 5x – 2 = 0 (equação do 3º grau)
Exemplo
Determinar a inversa da função f(x) = 3x + 1, sabendo que é A equação do 1º grau é apresentada da seguinte forma:
bijetora.

Então, temos que:


y = 3x + 1 É importante dizer que a e b representam qualquer número real
e a é diferente de zero (a 0). A incógnita x pode ser representada por
1° passo: qualquer letra, contudo, usualmente, utilizamos x ou y como valor
a ser encontrado para o resultado da equação. O primeiro membro
da equação são os números do lado esquerdo da igualdade, e o
y – 1 = 3x → (isolamos o x) segundo membro, o que estão do lado direito da igualdade.

2º passo: Como resolver uma equação do primeiro grau


Para resolvermos uma equação do primeiro grau, devemos
achar o valor da incógnita (que vamos chamar de x) e, para que isso
(trocamos x por y e y por x), temos a inversa de f(x) seja possível, é só isolar o valor do x na igualdade, ou seja, o x deve
ficar sozinho em um dos membros da equação.
→ .

5 IEZZI, Gelson - Matemática- Volume Único


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MATEMÁTICA

O próximo passo é analisar qual operação está sendo feita no Passando o número 3, que está multiplicando x, para o outro
mesmo membro em que se encontra x e “jogar” para o outro lado lado, teremos:
da igualdade fazendo a operação oposta e isolando x.
1° exemplo:

Nesse caso, o número que aparece do mesmo lado de x é o 4 e


ele está somando. Para isolar a incógnita, ele vai para o outro lado
— Propriedade Fundamental das Equações
da igualdade fazendo a operação inversa (subtração):
A propriedade fundamental das equações é também chamada
de regra da balança. Não é muito utilizada no Brasil, mas tem
a vantagem de ser uma única regra. A ideia é que tudo que for
feito no primeiro membro da equação deve também ser feito no
segundo membro com o objetivo de isolar a incógnita para se obter
2° exemplo: o resultado. Veja a demonstração nesse exemplo:

O número que está do mesmo lado de x é o 12 e ele está Começaremos com a eliminação do número 12. Como ele
subtraindo. Nesse exemplo, ele vai para o outro lado da igualdade está somando, vamos subtrair o número 12 nos dois membros da
com a operação inversa, que é a soma: equação:

3° exemplo: Para finalizar, o número 3 que está multiplicando a incógnita


será dividido por 3 nos dois membros da equação:

Vamos analisar os números que estão no mesmo lado da


incógnita, o 4 e o 2. O número 2 está somando e vai para o outro
lado da igualdade subtraindo e o número 4, que está multiplicando,
passa para o outro lado dividindo.
EQUAÇÃO DO 2° GRAU

Toda equação que puder ser escrita na forma ax2 + bx + c = 0


será chamada equação do segundo grau6. O único detalhe é que
a, b e c devem ser números reais, e a não pode ser igual a zero em
hipótese alguma.
Uma equação é uma expressão que relaciona números
conhecidos (chamados coeficientes) a números desconhecidos
(chamados incógnitas), por meio de uma igualdade. Resolver uma
equação é usar as propriedades dessa igualdade para descobrir
o valor numérico desses números desconhecidos. Como eles
são representados pela letra x, podemos dizer que resolver uma
equação é encontrar os valores que x pode assumir, fazendo com
4° exemplo:
que a igualdade seja verdadeira.
Esse exemplo envolve números negativos e, antes de passar
o número para o outro lado, devemos sempre deixar o lado da
incógnita positivo, por isso vamos multiplicar toda a equação por -1.

6 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacoes-segundo-grau.
htm#:~:text=Toda%20equa%C3%A7%C3%A3o%20que%20puder%20
ser,a%20zero%20em%20hip%C3%B3tese%20alguma.
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133
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Como resolver equações do 2º grau? Se Δ = 0, a equação possui apenas uma solução real.
Conhecemos como soluções ou raízes da equação ax² + bx + c = Se Δ > 0, a equação possui duas soluções reais.
0 os valores de x que fazem com que essa equação seja verdadeira7.
Uma equação do 2º grau pode ter no máximo dois números reais Isso acontece porque, na fórmula de Bhaskara, calcularemos a
que sejam raízes dela. Para resolver equações do 2º grau completas, raiz de Δ. Se o discriminante é negativo, é impossível calcular essas
existem dois métodos mais comuns: raízes.
- Fórmula de Bhaskara;
- Soma e produto. 3) Encontrar as soluções da equação
Para encontrar as soluções de uma equação do segundo
O primeiro método é bastante mecânico, o que faz com grau usando fórmula de Bhaskara, basta substituir coeficientes e
que muitos o prefiram. Já para utilizar o segundo, é necessário o discriminante na seguinte expressão:
conhecimento de múltiplos e divisores. Além disso, quando as
soluções da equação são números quebrados, soma e produto não
é uma alternativa boa.

— Fórmula de Bhaskara
Observe a presença de um sinal ± na fórmula de Bhaskara.
1) Determinar os coeficientes da equação Esse sinal indica que deveremos fazer um cálculo para √Δ positivo
Os coeficientes de uma equação são todos os números que não e outro para √Δ negativo. Ainda no exemplo 4x2 – 4x – 24 = 0,
são a incógnita dessa equação, sejam eles conhecidos ou não. Para substituiremos seus coeficientes e seu discriminante na fórmula de
isso, é mais fácil comparar a equação dada com a forma geral das Bhaskara:
equações do segundo grau, que é: ax2 + bx + c = 0. Observe que
o coeficiente “a” multiplica x2, o coeficiente “b” multiplica x, e o
coeficiente “c” é constante.
Por exemplo, na seguinte equação:
x² + 3x + 9 = 0

O coeficiente a = 1, o coeficiente b = 3 e o coeficiente c = 9.

Na equação:
– x² + x = 0

O coeficiente a = – 1, o coeficiente b = 1 e o coeficiente c = 0.


2) Encontrar o discriminante
O discriminante de uma equação do segundo grau é
representado pela letra grega Δ e pode ser encontrado pela seguinte
fórmula:
Δ = b² – 4·a·c

Nessa fórmula, a, b e c são os coeficientes da equação do


segundo grau. Na equação: 4x² – 4x – 24 = 0, por exemplo, os Então, as soluções dessa equação são 3 e – 2, e seu conjunto de
coeficientes são: a = 4, b = – 4 e c = – 24. Substituindo esses números solução é: S = {3, – 2}.
na fórmula do discriminante, teremos:
Δ = b² – 4 · a · c — Soma e Produto
Δ= (– 4)² – 4 · 4 · (– 24) Nesse método é importante conhecer os divisores de um
Δ = 16 – 16 · (– 24) número. Ele se torna interessante quando as raízes da equação são
Δ = 16 + 384 números inteiros, porém, quando são um número decimal, esse
Δ = 400 método fica bastante complicado.
A soma e o produto é uma relação entre as raízes x1 e x2 da
— Quantidade de soluções de uma equação equação do segundo grau, logo devemos buscar quais são os
As equações do segundo grau podem ter até duas soluções possíveis valores para as raízes que satisfazem a seguinte relação:
reais8. Por meio do discriminante, é possível descobrir quantas
soluções a equação terá. Muitas vezes, o exercício solicita isso em
vez de perguntar quais as soluções de uma equação. Então, nesse
caso, não é necessário resolvê-la, mas apenas fazer o seguinte:
Se Δ < 0, a equação não possui soluções reais.
7 https://www.preparaenem.com/matematica/equacao-do-2-grau.
htm
8 https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/discriminante-u-
ma-equacao-segundo-grau.htm
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134
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo: Encontre as soluções para a equação x² – 5x + 6 = 0. Quando o c = 0, a equação do 2º grau é incompleta e é uma
1º passo: encontrar a, b e c. equação do tipo ax² + bx = 0. Para encontrar seu conjunto de
a=1 soluções, colocamos a variável x em evidência, reescrevendo essa
b = -5 equação como uma equação produto. Vejamos um exemplo a
c=6 seguir.
Exemplo: Encontre as soluções da equação 2x² + 5x = 0.
2º passo: substituir os valores de a, b e c na fórmula. 1º passo: colocar x em evidência.
Reescrevendo a equação colocando x em evidência, temos que:
2x² + 5x = 0
x · (2x + 5) = 0

2º passo: separar a equação produto em dois casos.


Para que a multiplicação entre dois números seja igual a zero,
um deles tem que ser igual a zero, no caso, temos que:
x · (2x + 5) = 0
x = 0 ou 2x + 5 = 0

3º passo: encontrar as soluções.


Já encontramos a primeira solução, x = 0, agora falta encontrar
o valor de x que faz com que 2x + 5 seja igual a zero, então, temos
3º passo: encontrar o valor de x1 e x2 analisando a equação. que:
Nesse caso, estamos procurando dois números cujo produto 2x + 5 = 0
seja igual a 6 e a soma seja igual a 5. 2x = -5
Os números cuja multiplicação é igual a 6 são: x = -5/2
I. 6 x 1 = 6
II. 3 x 2 =6 Então encontramos as duas soluções da equação, x = 0 ou x =
III. (-6) x (-1) = 6 -5/2.
IV. (-3) x (-2) = 6
Quando b = 0
Dos possíveis resultados, vamos buscar aquele em que a soma Quando b = 0, encontramos uma equação incompleta do tipo
seja igual a 5. Note que somente a II possui soma igual a 5, logo as ax² + c = 0. Nesse caso, vamos isolar a variável x até encontrar as
raízes da equação são x1 = 3 e x2 = 2. possíveis soluções da equação. Vejamos um exemplo:
Exemplo: Encontre as soluções da equação 3x² – 12 = 0.
— Equação do 2º Grau Incompleta Para encontrar as soluções, vamos isolar a variável.
Equação do 2º grau é incompleta quando ela possui b e/ou c 3x² – 12 = 0
iguais a zero. Existem três tipos dessas equações, cada um com um 3x² = 12
método mais adequado para sua resolução. x² = 12 : 3
Uma equação do 2º grau é conhecida como incompleta quando x² = 4
um dos seus coeficientes, b ou c, é igual a zero. Existem três casos
possíveis de equações incompletas, que são: Ao extrair a raiz no segundo membro, é importante lembrar que
- Equações que possuem b = 0, ou seja, ax² + c = 0; existem sempre dois números e que, ao elevarmos ao quadrado,
- Equações que possuem c = 0, ou seja, ax² + bx = 0; encontramos como solução o número 4 e, por isso, colocamos o
- Equações em que b = 0 e c = 0, então a equação será ax² = 0. símbolo de ±.
x = ±√4
Em cada caso, é possível utilizar métodos diferentes para x = ±2
encontrar o conjunto de soluções da equação. Por mais que seja Então as soluções possíveis são x = 2 e x = -2.
possível resolvê-la utilizando a fórmula de Bhaskara, os métodos
específicos de cada equação incompleta acabam sendo menos Quando b = 0 e c = 0
trabalhosos. A diferença entre a equação completa e a equação Quando tanto o coeficiente b quanto o coeficiente c são iguais
incompleta é que naquela todos os coeficientes são diferentes de 0, a zero, a equação será do tipo ax² = 0 e terá sempre como única
já nesta pelo menos um dos seus coeficientes é zero. solução x = 0. Vejamos um exemplo a seguir.
Exemplo:
Como Resolver Equações do 2º Grau Incompletas 3x² = 0
Para encontrar as soluções de uma equação do 2º grau, é x² = 0 : 3
bastante comum a utilização da fórmula de Bhaskara, porém x² = 0
existem métodos específicos para cada um dos casos de equações x = ±√0
incompletas, a seguir veremos cada um deles. x = ±0
x=0
Quando c = 0

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135
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

INEQUAÇÃO DO 1º GRAU x≤5

Inequação é uma sentença matemática que apresenta pelo Portanto, a solução dessa inequação é x ≤ 5.
menos um valor desconhecido (incógnita) e representa uma
desigualdade9. — Resolução usando o gráfico da inequação
Nas inequações usamos os símbolos: Outra forma de resolver uma inequação é fazer um gráfico no
> maior que plano cartesiano.
< menor que No gráfico, fazemos o estudo do sinal da inequação identificando
≥ maior que ou igual que valores de x transformam a desigualdade em uma sentença
≤ menor que ou igual verdadeira.
Para resolver uma inequação usando esse método devemos
Exemplos: seguir os passos:
a) 3x - 5 > 62 1º) Colocar todos os termos da inequação em um mesmo lado.
b) 10 + 2x ≤ 20 2º) Substituir o sinal da desigualdade pelo da igualdade.
3º) Resolver a equação, ou seja, encontrar sua raiz.
Uma inequação é do 1º grau quando o maior expoente da 4º) Fazer o estudo do sinal da equação, identificando os valores
incógnita é igual a 1. Podem assumir as seguintes formas: de x que representam a solução da inequação.
ax + b >0
ax + b < 0 Exemplo: Resolvendo a inequação 3x + 19 < 40.
ax + b ≥ 0 Primeiro, vamos escrever a inequação com todos os termos de
ax + b ≤ 0 um lado da desigualdade:

Sendo a e b números reais e a ≠ 0. 3x + 19 - 40 < 0


3x - 21 < 0
— Resolução de uma inequação do primeiro grau.
Para resolver uma inequação desse tipo, podemos fazer da Essa expressão indica que a solução da inequação são os
mesma forma que fazemos nas equações. valores de x que tornam a inequação negativa (< 0).
Contudo, devemos ter cuidado quando a incógnita ficar Encontrar a raiz da equação 3x - 21 = 0
negativa.
Nesse caso, devemos multiplicar por (-1) e inverter o símbolo x = 21/3
da desigualdade. x = 7 (raiz da equação)

Exemplos: Representar no plano cartesiano os pares de pontos


a) Resolvendo a inequação 3x + 19 < 40. encontrados ao substituir valores no x na equação. O gráfico deste
Para resolver a inequação devemos isolar o x, passando o 19 e tipo de equação é uma reta.
o 3 para o outro lado da desigualdade.
Lembrando que ao mudar de lado devemos trocar a operação.
Assim, o 19 que estava somando, passará diminuindo e o 3 que
estava multiplicando passará dividindo.

3x < 40 -19
x < 21/3
x<7

b) Como resolver a inequação 15 - 7x ≥ 2x - 30?


Quando há termos algébricos (x) dos dois lados da desigualdade,
devemos juntá-los no mesmo lado.
Ao fazer isso, os números que mudam de lado têm o sinal
alterado.

15 - 7x ≥ 2x - 30
- 7x - 2 x ≥ - 30 -15
- 9x ≥ - 45
Identificamos que os valores < 0 (valores negativos) são os
Agora, vamos multiplicar toda a inequação por (-1). Para tanto, valores de x < 7. O valor encontrado coincide com o valor que
trocamos o sinal de todos os termos: encontramos ao resolver diretamente (exemplo a, anterior).

9x ≤ 45 (observe que invertemos o símbolo ≥ para ≤)


x ≤ 45/9
9 https://www.todamateria.com.br/inequacao/
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MATEMÁTICA

INEQUAÇÃO DO 2º GRAU

Uma inequação é do 2º grau quando o maior expoente da


incógnita é igual a 2. Podem assumir as seguintes formas:
ax² + bx + c > 0
ax² + bx + c < 0
ax² + bx + c ≥ 0
ax² + bx + c ≤ 0

Sendo a, b e c números reais e a ≠ 0.


Podemos resolver esse tipo de inequação usando o gráfico que
representa a equação do 2º grau para fazer o estudo do sinal, da
mesma forma que fizemos no da inequação do 1º grau.
Lembrando que, nesse caso, o gráfico será uma parábola.

Exemplo: Resolvendo a inequação x² - x - 6 < 0.

Para resolver uma inequação do segundo grau é preciso


encontrar valores cuja expressão do lado esquerdo do sinal < dê Pelo gráfico, observamos que os valores que satisfazem a
uma solução menor do que 0 (valores negativos). inequação são: - 2 < x < 3.
Primeiro, identifique os coeficientes: Podemos indicar a solução usando a seguinte notação:
a=1
b=-1
c=-6
.
Utilizamos a fórmula de Bhaskara (Δ = b² - 4ac) e substituímos
pelos valores dos coeficientes:
Um número x que pertence ao conjunto dos números Reais, tal
Δ = (- 1)² - 4 . 1 . (- 6) que, x seja maior que -2 e menor que 3.
Δ = 1 + 24
Δ = 25
TRIGONOMETRIA: ARCOS E ÂNGULOS: MEDIDAS, RELA-
ÇÕES ENTRE ARCOS. RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS: CÁL-
Continuando na fórmula de Bhaskara, substituímos novamente
CULO DOS VALORES EM /6, /4 E /3. RESOLUÇÃO DE TRI-
pelos valores dos nossos coeficientes:
ÂNGULOS RETÂNGULOS. RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS
QUAISQUER: LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS. FUN-
ÇÕES TRIGONOMÉTRICAS: PERIODICIDADE, GRÁFICOS,
SIMETRIAS. FÓRMULAS DE ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, DUPLI-
CAÇÃO E BISSECÇÃO DE ARCOS. TRANSFORMAÇÕES DE
SOMAS DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS EM PRODU-
TOS. EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Para que exista uma equação qualquer é preciso que tenha


pelo menos uma incógnita e uma igualdade.
Agora, para ser uma equação trigonométrica é preciso que,
além de ter essas características gerais, é preciso que a função tri-
gonométrica seja a função de uma incógnita.
sen x = cos 2x
sen 2x – cos 4x = 0
4 . sen3 x – 3 . sen x = 0
As raízes da equação são -2 e 3. Como o coeficiente a da
equação do 2º grau é positivo, seu gráfico terá a concavidade São exemplos de equações trigonométricas, pois a incógnita
voltada para cima. pertence à função trigonométrica.
x2 + sen 30° . (x + 1) = 15
Esse é um exemplo de equação do segundo grau e não de uma
equação trigonométrica, pois a incógnita não pertence à função tri-
gonométrica.
Editora
137
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Grande parte das equações trigonométricas é escrita na forma


de equações trigonométricas elementares ou equações trigonomé-
tricas fundamentais, representadas da seguinte forma:
sen x = sen α
cos x = cos α
tg x = tg α

Cada uma dessas equações acima possui um tipo de solução,


ou seja, de um conjunto de valores que a incógnita deverá assumir
em cada equação.

Resolução da 1ª equação fundamental


- sen x = sen α
Para que dois arcos x e α da primeira volta possuam o mesmo Assim temos x = α ou x = α ±π como raízes da equação tg x =
seno, é necessário que suas extremidades estejam sobre uma única tg α
horizontal. Podemos dizer também que basta que suas extremida-
des coincidam ou sejam simétricas em relação ao eixo dos senos. Solução geral de uma equação
Assim, os valores de x que resolvem a equação sen x = sen α Quando resolvemos uma equação considerando o conjunto
(com α conhecido) são x = α ou x = π- α. Veja a figura: universo mais amplo possível, encontramos a sua solução geral.
Essa solução é composta de todos os valores que podem ser atribu-
ído à incógnita de modo que a sentença se torne verdadeira.
Exemplo:
Ao resolver a equação sen x = ½ no conjunto dos reais ( U=R),
fazemos:
sen x = ½ • sen x = sen π/6 •

Obtendo todos os arcos x (por meio da expressão geral dos ar-


- cos x = cos α cos x) que tornam verdadeira a sentença sen x = ½
Para que x e α possuam o mesmo cosseno, é necessário que
suas extremidades coincidam ou sejam simétricas em relação ao
eixo dos cossenos, ou, em outras palavras, que ocupem no ciclo a
mesma vertical.

Portanto: S = { x ϵ R | x = π/6 + 2kπ ou x = 5π/6 + 2kπ, k ϵ Z)

INEQUAÇÃO TRIGONOMÉTRICA

Inequação trigonométrica será onde teremos os sinais da desi-


gualdades, e algum valor trigonométrico, por exemplo:
Nessas condições, com α dado, os valores de x que resolvem a Senx> -1
equação cos x = cos α são: x = a ou x = 2π- α. Cosx≤ 1
tgx≥-2
- tg x = tg α
Dois arcos possuem a mesma tangente quando são iguais ou Vejamos os seis tipos de inequações trigonométricas funda-
diferem π radianos, ou seja, têm as extremidades coincidentes ou mentais:
simétricas em relação ao centro do ciclo.
1° tipo) sen x > n (sen x ≥ n)
Seja n o seno de um arco y qualquer, tal que 0 ≤ n < 1. Se sen x >
n, então todo x entre y e π – y é solução da inequação, assim como
podemos ver na parte destacada de azul na figura a seguir:
Editora
138
138
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo sen x > n

A solução dessa inequação pode ser dada na primeira volta do ciclo trigonométrico como S = { x | y < x < π – y}. Para estender
essa solução para o conjunto dos reais, podemos afirmar que S = { x | y + 2kπ < x < π – y + 2kπ, k } ou S = { x | y + 2kπ < x <
(2k + 1)π – y, k }

2° tipo) sen x < n (sen x ≤ n)


Se sen x < n, então a solução é dada por dois intervalos. A figura a seguir representa essa situação:

Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo sen x < n

Na primeira volta do ciclo, a solução pode ser dada como S = { x | 0 ≤ x ≤ y ou π – y ≤ x ≤ 2π} . No conjunto dos reais, podemos
afirmar que S = { x | 2kπ ≤ x < y + 2kπ ou π – y + 2kπ ≤ x ≤ (k + 1).2π, k }.

3° tipo) cos x > n (cos x ≥ n)


Seja n o cosseno de um arco y, tal que – 1 < n < 1. A solução deve ser dada a partir de dois intervalos: 0 ≤ n < 1 ou – 1 < n ≤ 0. Veja a
figura a seguir:

Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo cos x > n

Editora
139
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para que a solução dessa inequação esteja na primeira volta do 6° tipo) tg x < n (tg x ≤ n)
ciclo trigonométrico, devemos apresentar S = { x |0≤x< Esse caso é semelhante ao anterior. Se n > 0, temos:
y ou 2π – y ≤ x < 2π }. Para estender essa solução para o conjun-
to dos reais, podemos dizer que S = { x | 2kπ ≤ x < π +
2kπ ou 2π – y + 2kπ < x < (k + 1).2π, k }.

4° tipo) cos x < n (cos x ≤ n)


Nesses casos, há apenas um intervalo e uma única solução. Ob-
serve a figura a seguir:

Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo tg x <


n

Na primeira volta do ciclo, temos como solução: S = { x |0


≤ x < y ou π/2 < x < y + π ou 3π/2 < x < 2π}. No conjunto dos reais a
Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo cos x solução é S = { x | kπ ≤ x < y + kπou π/2 + kπ < x < (k + 1).π,
<n k }.

FÓRMULAS TRIGONOMÉTRICAS
Na primeira volta do ciclo, a solução é S = { x | y < x < 2π –
y}. No conjunto dos reais, a solução é S = { x | y + 2kπ < x < Relação Fundamental
2π – y + 2kπ, k }. Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.
5° tipo) tg x > n (tg x ≥ n)
Seja n a tangente de um arco y qualquer, tal que n > 0. Se tg x >
n, há duas soluções como podemos ver na figura:

Neste triângulo, temos que: c² = a² + b²


Dividindo os membros por c²

Representação da solução da inequação trigonométrica do tipo tg x >


n

A solução dessa inequação pode ser dada no conjunto dos reais


como S = { x | y + 2kπ < x < π/2 + 2kπ ou y + π + 2kπ < x

< /2 + 2kπ}. Na primeira volta do ciclo, temos: S = { x |y<
x < π/2 ou y + π < x < 3π/2, k }.
Editora
140
140
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Lei dos Cossenos Temos:


A lei dos cossenos é uma importante ferramenta matemática
para o cálculo de medidas dos lados e dos ângulos de triângulos cateto!oposto!a!! !
sen!α = =
quaisquer. hipotenusa !

cateto!adjacente!a!! !
cos ! = =
hipotenusa !

cateto!oposto!a!! !
tg!α = =
!"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!

1 !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!"#$!! = = =
!"!! !"#$#%!!"!#$!!!!! !

1 ℎ!"#$%&'() !
Lei dos Senos sec ! = = =
cos ! !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !

1 ℎ!"#$%&'() !
!"#$!!! = = = !
!"#$ !"#$#%!!"!#$!!!!! !
!

Teorema de Pitágoras

c² = a² + b²

Considere um arco , contido numa circunferência de raio r,


tal que o comprimento do arco seja igual a r.

Dizemos que a medida do arco é 1 radiano(1rad)


Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo
Transformação de arcos e ângulos
Considerando o triângulo retângulo ABC.
Determinar em radianos a medida de 120°

!"#$ = 180°!

π ---- 180
X ---- 120

120! 2!
!= = !"#
!": ℎ!"#$%&'() = ! 180 3
!
!": !"#$#%!!"!#$!!!!!!!!!"#!$%&'%!!!! = !
!": !"#$#%!!"#!$%&'%!!!!!!!!"!#$!!!!! = !
!
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141
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Circunferência Trigonométrica Função Cosseno


A função cosseno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco
de medida x ϵ R associa a abscissa x do ponto M.

D=R
Im = [-1,1]

Exemplo
Redução ao Primeiro quadrante Determine o conjunto imagem da função f (x) = 2 + cos x.
Sen (π - x) = senx
Cos (π - x) = -cos x Solução
Tg (π - x) = -tg x -1 ≤ cos x ≤ 1
Sen (π + x) = -sen x -1 + 2 ≤ 2 + cos x ≤ 1 + 2
Cos (π + x) = -cos x 1 ≤ f (x) ≤ 3
Tg (π + x) = tg x
Sen (2π - x) = -sen x Logo, Im = [1,3]
Cos (2π - x) = cos x
Tg (2π - x) = -tg x Função Tangente
A todo arco de medida x associa a ordenada yT do pontoT.
Funções Trigonométricas O ponto T é a interseção da reta com o eixo das tangentes.

Função seno ! ! = !"!! !


A função seno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco
de medida x ϵ R associa a ordenada y’ do ponto M.

! ! = !"#!! !

D=R e Im=[-1,1]

!
!= !∈!!≠ + !", ! ∈ ! !
2
Im = R

Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope-


rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas
Exemplo
seguintes identidades:
Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da fun-
ção f(x)=2sen x.
!"# ! + ! = !"#!! ∙ cos ! + cos ! ∙ !"#!!
Solução
-1 ≤ sen x ≤ 1 cos ! + ! = cos ! ∙ cos ! − !"#!! ∙ !"#!!
-2 ≤ 2 sen x ≤ 2
-2 ≤ f (x) ≤ 2 !"!! + !"!!
!" ! + ! =
1 − !"!! ∙ !"!!
Im = [-2,2] !

Editora
142
142
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Duplicação de arcos

!"#2! = 2!"#$! ∙ !"#$

!"#2! = !"! ! ! − !"!! !

2!"#
!"2! =
1 − !!! !
!
Partes de uma reta
Estudamos, particularmente, duas partes de uma reta:
GEOMETRIA PLANA: FIGURAS GEOMÉTRICAS SIMPLES:
- Semirreta: é uma parte da reta que tem origem em um ponto
RETA, SEMIRRETA, SEGMENTO, ÂNGULO PLANO, POLÍGO-
e é infinita.
NOS PLANOS, CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO. CONGRUÊN-
Exemplo: (semirreta ), tem origem em A e passa por B.
CIA DE FIGURAS PLANAS. SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS.
RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS, POLÍGONOS RE-
GULARES E CÍRCULOS. ÁREAS DE POLÍGONOS, CÍRCULOS,
- Segmento de reta: é uma parte finita (tem começo e fim) da
COROA E SECTOR CIRCULAR. INTERSECÇÃO DE RETAS, RE-
reta.
TAS PARALELAS E PERPENDICULARES. FEIXE DE RETAS.
Exemplo: (segmento de reta ).
ÁREA DE UM TRIÂNGULO. PARALELISMO E PERPEN-
DICULARISMO

Ponto, reta e plano


Observação:
Ao estudo das figuras em um só plano chamamos de Geome-
tria Plana.
A Geometria estuda, basicamente, os três princípios funda- Posição relativa entre retas
mentais (ou também chamados de “entes primitivos”) que são:
Ponto, Reta e Plano. Estes três princípios não tem definição e nem - Retas concorrentes: duas retas são concorrentes quando se
dimensão (tamanho). interceptam em um ponto. Observe que a figura abaixo as retas c e
d se interceptam no ponto B.
Para representar um ponto usamos. e para dar nome usamos
letras maiúsculas do nosso alfabeto.
Exemplo: A (ponto A).

Para representar uma reta usamos e para dar nome usamos


letras minúsculas do nosso alfabeto ou dois pontos por onde esta
reta passa.
Exemplo: t ( reta t ou reta AB↔).

- Retas paralelas: são retas que por mais que se prolonguem


nunca se encontram, mantêm a mesma distância e nunca se
cruzam. O ângulo de inclinação de duas ou mais retas paralelas em
Para representar um plano usamos uma figura chamada para- relação a outra é sempre igual. Indicamos retas paralelas a e b por
lelogramo e para dar nome usamos letras minúsculas do alfabeto a // b.
grego (α, β, π, θ,...).
Exemplo:

Semiplano: toda reta de um plano que o divide em outras duas


porções as quais denominamos de semiplano. Observe a figura: - Retas coincidentes: duas retas são coincidentes se pertencem
ao mesmo plano e possuem todos os pontos em comum.

Editora
143
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

- Retas perpendiculares: são retas concorrentes que se cruzam num ponto formando entre si ângulos de 90º ou seja ângulos retos.

Paralelismo

Ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no mesmo plano e não possuem ponto em comum.
Vamos observar a figura abaixo:

Ângulos colaterais internos: (colaterais = mesmo lado)

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144
144
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

A soma dos ângulos 4 e 5 é igual a 180°.

Os ângulos 3 e 5 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 3 e 6 é igual a 180° Ângulos alternos externos:

Ângulos colaterais externos:

Os ângulos 1 e 7 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 2 e 7 é igual a 180°

Os ângulos 2 e 8 são congruentes (iguais)

A soma dos ângulos 1 e 8 é igual a 180° Ângulos correspondentes: são ângulos que ocupam uma
mesma posição na reta transversal, um na região interna e o outro
Ângulos alternos internos: (alternos = lados diferentes) na região externa.

Os ângulos 4 e 6 são congruentes (iguais) Os ângulos 1 e 5 são congruentes (iguais)

Editora
145
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Os ângulos 2 e 6 são congruentes (iguais) Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.
os ângulos 3 e 7 são congruentes (iguais)

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.

os ângulos 4 e 8 são congruentes (iguais)

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la-
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

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146
146
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um


ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.
Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.


Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a
esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo


que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Editora
147
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Triângulo retângulo: tem um ângulo reto Observações:


- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos


Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades
a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior ângulo são vértices não-consecutivos desse polígono.
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Número de Diagonais

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Editora
148
148
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Ângulos Internos 2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)


A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con- Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
vexo de n lados é (n-2).180 nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es- ses dois triângulos são semelhantes.
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
internos dos n-2 triângulos.

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.
Ângulos Externos

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


A soma dos ângulos externos=360°
Considerando o triângulo retângulo ABC.
Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Editora
149
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Temos: O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.
2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela
altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos


catetos (Teorema de Pitágoras).
Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²
Dividindo os membros por c²

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano.
Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não
estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever-
sas.

Como Retas Coplanares

a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.

Editora
150
150
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.


2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coincidentes.

Perímetros e Áreas

Perímetro: é a soma de todos os lados de uma figura plana.


Exemplo:

Perímetro = 10 + 10 + 9 + 9 = 38 cm

Perímetros de algumas das figuras planas:

Editora
151
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Área: é a medida da superfície de uma figura plana.


A unidade básica de área é o m2 (metro quadrado), isto é, uma superfície correspondente a um quadrado que tem 1 m de lado.

Fórmulas de área das principais figuras planas:

1) Retângulo
- sendo b a base e h a altura:

2. Paralelogramo
- sendo b a base e h a altura:

3. Trapézio
- sendo B a base maior, b a base menor e h a altura:

4. Losango
- sendo D a diagonal maior e d a diagonal menor:

Editora
152
152
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

5. Quadrado
- sendo l o lado:

6. Triângulo: essa figura tem 6 fórmulas de área, dependendo dos dados do problema a ser resolvido.

I) sendo dados a base b e a altura h:

II) sendo dados as medidas dos três lados a, b e c:

III) sendo dados as medidas de dois lados e o ângulo formado entre eles:

IV) triângulo equilátero (tem os três lados iguais):

V) circunferência inscrita:

Editora
153
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

VI) circunferência circunscrita: IV- Segmento circular:


É uma região compreendida entre um círculo e uma corda (seg-
mento que une dois pontos de uma circunferência) deste círculo.
Para calcular a área de um segmento circular temos que subtrair
a área de um triângulo da área de um setor circular, então temos:

Área do círculo e suas partes

I- Círculo:
Quem primeiro descreveu a área de um círculo foi o matemá-
tico grego Arquimedes (287/212 a.C.), de Siracusa, mais ou menos
por volta do século II antes de Cristo. Ele concluiu que quanto mais
lados tem um polígono regular mais ele se aproxima de uma cir-
cunferência e o apótema (a) deste polígono tende ao raio r. Assim,
como a fórmula da área de um polígono regular é dada por A = p.a GEOMETRIA ESPACIAL: RETAS E PLANOS NO ESPAÇO..
(onde p é semiperímetro e a é o apótema), temos para a área do NGULOS DIEDROS E ÂNGULOS POLIÉDRICOS. POLIEDROS:
círculo , então temos: POLIEDROS REGULARES. PRISMAS, PIRÂMIDES E RESPEC-
TIVOS TRONCOS. CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES. CILIN-
DRO, CONE E ESFERA: CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES

POLIEDROS

Diedros
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) α e β, o
II- Coroa circular: espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é
É uma região compreendida entre dois círculos concêntricos feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os planos.
(tem o mesmo centro). A área da coroa circular é igual a diferença
entre as áreas do círculo maior e do círculo menor. A = R2 – r2, como
temos o como fator comum, podemos colocá-lo em evidência, en-
tão temos:

III- Setor circular:


É uma região compreendida entre dois raios distintos de um
círculo. O setor circular tem como elementos principais o raio r, um
ângulo central e o comprimento do arco l, então temos duas fór-
mulas:

Poliedros
São sólidos geométricos10 ou figuras geométricas espaciais for-
madas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Cha-
mamos de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos
planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois so-
mente uma aresta em comum. Veja alguns exemplos:
10 educacao.uol.com.br
www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_19t.php
http://www.infoescola.com
Editora
154
154
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Todo poliedro convexo é euleriano, mas nem todo


poliedro euleriano é convexo.

Exemplos:
1) O número de faces de um poliedro convexo que possui exa-
tamente oito ângulos triédricos é?
A cada 8 vértices do poliedro concorrem 3 arestas, assim o nú-
mero de arestas é dado por

Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos Pela relação de Euler: V – A + F = 2 → 8 - 12 + F = 2 → F = 6 (o po-
polígonos são as arestas e os vértices do poliedro. liedro possui 6 faces). Assim o poliedro com essas características é:
Cada vértice pode ser a interseção de três ou mais arestas. Ob-
servando a figura abaixo temos que em torno de cada um dos vér-
tices forma-se um triedro.

Soma dos ângulos poliédricos: as faces de um poliedro são po-


Convexidade lígonos. Sabemos que a soma das medidas dos ângulos das faces de
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a ne- um poliedro convexo é dada por:
nhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não S = (v – 2).360º
possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.
Poliedros de Platão
São poliedros que satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de ares-
tas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

Exemplos:
1) O prisma quadrangular da figura a seguir é um poliedro de
Platão.
Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o
número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes rela-
ções de Euler:

1) Poliedro Fechado: V – A + F = 2

2) Poliedro Aberto: V – A + F = 1

Observação: Para calcular o número de arestas de um poliedro Vejamos se ele atende as condições:
temos que multiplicar o número de faces F pelo número de lados - todas as 6 faces são quadriláteros (n = 4);
de cada face n e dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de - todos os ângulos são triédricos (m = 3);
face, basta somar os resultados. - sendo V = 8, F = 6 e A = 12, temos: 8 – 12 + 6 = 14 -12 = 2

2) O prisma triangular da figura abaixo é poliedro de Platão?

Podemos verificar a relação de Euler para alguns poliedros não


convexos. Assim dizemos:

Editora
155
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

As faces são 2 triangulares e 3 faces são quadrangulares, logo não é um poliedro de Platão, uma vez que atende a uma das condições.

- Propriedade: existem exatamente cinco poliedros de Platão (pois atendem as 3 condições). Determinados apenas pelos pares orde-
nados (m,n) como mostra a tabela abaixo.

m n A V F Poliedro
3 3 6 4 4 Tetraedro
3 4 12 8 6 Hexaedro
4 3 12 6 8 Octaedro
3 5 30 20 12 Dodecaedro
5 3 30 12 20 Icosaedro

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;
Por essas condições e observações podemos afirmar que todos os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.
Observação:

Todo poliedro regular é poliedro de Platão, mas nem


todo poliedro de Platão é poliedro regular.

Por exemplo, uma caixa de bombom, como a da figura a seguir, é um poliedro de Platão (hexaedro), mas não é um poliedro regular,
pois as faces não são polígonos regulares e congruentes.

Editora
156
156
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

A figura se compara ao paralelepípedo que é um hexaedro, e é um poliedro de Platão, mas não é considerado um poliedro regular:

- Não Poliedros

Os sólidos acima são: Cilindro, Cone e Esfera, são considerados não planos pois possuem suas superfícies curvas.
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

- Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Poliedro Planificação Elementos

- 4 faces triangulares
- 4 vértices
- 6 arestas

Tetraedro

- 6 faces quadrangulares
- 8 vértices
- 12 arestas

Hexaedro

Editora
157
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

- 8 faces triangulares
- 6 vértices
- 12 arestas

Octaedro

-12 faces pentagonais


- 20 vértices
- 30 arestas

Dodecaedro

- 20 faces triangulares
- 12 vértices
- 30 arestas

Icosaedro

Geometria de posição

A geometria de posição estuda os três entes primitivos da geometria: ponto, reta e plano no espaço. Temos o estudo dos postulado,
das posições relativas entre estes entes.
Na matemática nós temos afirmações que são chamadas de postulados e outras são chamadas de teoremas.
Postulado: são afirmações que são aceitas sem demonstração. Isto é, sabemos que são verdadeiras, porém não tem como ser de-
monstradas.
Teorema: são afirmações que tem demonstração.

Estudo dos Postulados


Na Geometria de Posição, os postulados se dividem em quatro categorias:

I) Postulados da existência:

a) No espaço existem infinitos pontos, retas e planos. (este postulado também é chamado de postulado fundamental da geometria
de posição).

Editora
158
158
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

b) Numa reta e fora dela existem infinitos pontos. - Retas paralelas coincidentes: tem todos os pontos em co-
mum. Temos duas retas, sendo uma sobre a outra.
c) Num plano e fora dele existem infinitos pontos e retas.
representa-
d) Entre dois pontos distintos, sempre existe um outro ponto. mos por r s
II) Postulados da determinação: - Retas concorrentes: tem um único ponto em comum.
a) Dois pontos distintos determinam uma única reta. (Observe
que a palavra distintos está destacada, tem que ser distintos e não
somente dois pontos).

b) Três pontos não colineares determinam um único plano.


(Observe que as palavras não colineares estão destacadas, tem que
ser não colineares e não somente três pontos).
Observação: duas retas concorrentes que formam entre si um
- como consequência deste postulado, temos também: ângulo reto (90°) são chamadas de perpendiculares.
b.1) uma reta e um ponto fora dela determinam um único pla- b) Retas não coplanares: não estão no mesmo plano. São:
no.
b.2) duas retas paralelas distintas determinam um único plano. - Retas Reversas: não tem ponto em comum.
b.3) duas retas concorrentes determinam um único plano.

III) Postulado da inclusão.

- Se dois pontos distintos de uma reta pertencem a um plano,


então a reta está contida no plano.

IV) Postulados da divisão.

a) Um ponto divide uma reta em duas semirretas.


Observação: duas retas reversas que “formam” entre si um ân-
b) Uma reta divide um plano em dois semiplanos.
gulo reto (90°) são chamadas de ortogonais.
c) Um plano divide o espaço em dois semiespaços.
Como podemos verificar, retas paralelas distintas e retas re-
versas não tem ponto em comum. Então esta não é uma condição
Estudo das posições relativas
suficiente para diferenciar as posições, porém é uma condição ne-
Vamos estudar, agora, as posições relativas entre duas retas;
cessária. Para diferenciar paralelas distintas e reversas temos duas
entre dois planos e entre um plano e uma reta.
condições:
- Paralelas distintas não tem ponto em comum e estão no mes-
I) Posições relativas entre duas retas.
mo plano (coplanares).
- Reversas não tem ponto em comum e não estão no mesmo
plano (não coplanares).

II) Posições relativas entre reta e plano.


Não coplanares: - Reversas
a) Reta paralela ao plano: não tem nenhum ponto em comum
No esquema acima, temos: com o plano. A intersecção da reta com o plano é um conjunto va-
zio.
a) Retas coplanares :estão no mesmo plano. Podem ser:

- Retas paralelas distintas: não tem nenhum ponto em comum.

Editora
159
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Observação: uma reta paralela a um plano é paralela com infi- ÁREAS E VOLUMES
nitas retas do plano, mas não a todas. Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro O
b) Reta contida no plano: tem todos os pontos em comum com contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
o plano. Também obedece ao postulado da Inclusão. A intersecção Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de to-
da reta com o plano é igual à própria reta. dos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo e no
outro plano.

c) Reta secante (ou incidente) ao plano: tem um único ponto


em comum com o plano. A intersecção da reta com o plano é o
ponto P.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as geratri-
zes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equilá-
tero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

III) Posições relativas entre dois planos


a) Planos paralelos: não tem nenhum ponto em comum. A in-
tersecção entre os planos é um conjunto vazio.
b) Planos coincidentes: tem todos os pontos em comum.
c) Planos secantes (ou incidentes): tem uma única reta em co-
mum. A intersecção entre os planos é uma reta. Podem ser oblíquos
(formam entre si um ângulo diferente de 90°) ou podem ser per-
pendiculares (formam entre si um ângulo de 90°).

Área
Área da base: Sb=πr²

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um pon-
to V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmen-
tos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num
ponto do círculo denomina-se cone circular.

Editora
160
160
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao número de
lados da base.

Classificação
-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em tor-
no de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também chamado
de cone de revolução.
Área e Volume
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é denomi-
nado cone equilátero.
Área lateral: Sl = n. área de um triângulo

Onde n = quantidade de lados

Stotal = Sb + Sl

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R contido
em α e uma reta r concorrente aos dois.

g2 = h2 + r2

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de todos


os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono R e no
plano β.
Área

Volume

Editora
161
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruentes e


paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos ligando-se
os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

Classificação

Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às bases


Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO


Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o
prisma é dito regular.
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são con-
gruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)

Área
Área cubo: St = 6a2

Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)

Classificação pelo polígono da base A área de um prisma: St = 2Sb + St

Onde: St = área total


TRIANGULAR QUADRANGULAR
Sb = área da base
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

Volume
Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³

Demais: V = Sb . h

QUESTÕES

E assim por diante...


1. (IFBAIANO – TÉCNICO EM CONTABILIDADE – FCM/2017)
Paralelepípedos O montante acumulado ao final de 6 meses e os juros recebidos a
Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se pa- partir de um capital de 10 mil reais, com uma taxa de juros de 1% ao
ralelepípedos. mês, pelo regime de capitalização simples, é de
(A) R$ 9.400,00 e R$ 600,00.
(B) R$ 9.420,00 e R$ 615,20.
PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO
(C) R$ 10.000,00 e R$ 600,00.
(D) R$ 10.600,00 e R$ 600,00.
(E) R$ 10.615,20 e R$ 615,20.

2. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017)


José, pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, respec-
tivamente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$ 240,00,
em partes diretamente proporcionais às suas idades. Considerando
o intento do genitor, é possível afirmar que cada filho vai receber,
Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces quadra- em ordem crescente de idades, os seguintes valores:
das. (A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00.
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00.
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00.
(D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00.
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00.

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162
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

3. (PETROBRAS - TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO 8. (Pref. de Trindade/GO – Auxiliar Administrativo – FUNRIO)


JÚNIOR -CESGRANRIO/2017) A soma dos n primeiros termos de Um aluno dividiu o polinômio (x2 − 5x + 6) pelo binômio (x − 3)
uma progressão geométrica é dada por e obteve, corretamente, resto igual zero e quociente (ax + b). O
valor de (a − b) é igual a:
(A) 0
(B) 1
(C) 2
(D) 3
Quanto vale o quarto termo dessa progressão geométrica? (E) 4
(A) 1
(B) 3 9. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma de-
(C) 27 terminada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos.
(D) 39 Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares
(E) 40 estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca-
rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
4. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Os valo- automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois
res numéricos do quociente e do resto da divisão de p(x) = 5x4 – 3x2 bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da
+ 6x – 1 por d(x) = x2 + x + 1, para x = -1 são, respectivamente, família nos lugares do automóvel é igual a:
(A) -7 e -12 (A) 1440
(B) -7 e 14 (B) 1480
(C) 7 e -14 (C) 1520
(D) 7 e -12 (D) 1560
(E) -7 e 12 (E) 1600
5. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Na equa- 10. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al-
ção garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos
distintos podem ser formados?
(A) 120.
(B) 210.
(C) 360.
(D) 630.
Sendo a e b números reais não nulos, o valor de a/b é
(E) 840.
(A) 0,8
(B) 0,7
11. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Em cada
(C) 0,5
(D) 0,4 um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são numeradas de 1
(E) 0,3 a 6. Lançando os dois dados simultaneamente, cuja ocorrência de
cada face é igualmente provável, a probabilidade de que o produto
6. (Pref. de Terra de Areia/RS – Agente Administrativo – OBJE- dos números obtidos seja um número ímpar é de:
TIVA) Assinalar a alternativa que apresenta o resultado do poli- (A) 1/4.
nômio abaixo: (B) 1/3.
(C) 1/2.
2x(5x + 7y) + 9x(2y)
(D) 2/3.
(A) 10x + 14xy + 18yx
(E) 3/4.
(B) 6x² + 21xy
(C) 10x² + 32xy
(D) 10x² + 9y 12. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA -
(E) 22x + 9y MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pessoas, entre
homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a probabilidade de se
7. (Pref. de Cipotânea/MG – Auxiliar Administrativo – sortear um homem é de 5/12 . Quantas mulheres foram à excursão?
REIS&REIS) Subtraia os polinômios abaixo: (A) 20
(-12ab + 6a) – (-13ab + 5a) = (B) 24
(A) 2ab + a (C) 28
(B) a + b (D) 32
(C) ab + a
(D) ab + 2a
(E) -14ab

Editora
163
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

13. (Pref. Fortaleza/CE – Pedagogia – Pref. Fortaleza) “Estar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar dados
apresentados de maneira organizada e construir representações, para formular e resolver problemas que impliquem o recolhimento de
dados e a análise de informações. Essa característica da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma demanda em abordar
elementos da estatística, da combinatória e da probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Observe os gráficos e analise as informações.

A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afirmar que:


(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianópolis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.

14. (CRBIO – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – VUNESP/2017) Uma empresa tem 120 funcionários no total: 70 possuem curso superior
e 50 não possuem curso superior. Sabe-se que a média salarial de toda a empresa é de R$ 5.000,00, e que a média salarial somente dos
funcionários que possuem curso superior é de R$ 6.000,00. Desse modo, é correto afirmar que a média salarial dos funcionários dessa
empresa que não possuem curso superior é de
(A) R$ 4.000,00.
(B) R$ 3.900,00.
(C) R$ 3.800,00.
(D) R$ 3.700,00.
(E) R$ 3.600,00.

Editora
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164
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

15. (UFAL – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – COPEVE/2016) A ta- 18. (PREFEITURA DE CAMBÉ/PR - TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL
bela apresenta o número de empréstimos de livros de uma biblio-
teca setorial de um Instituto Federal, no primeiro semestre de 2016.
- UNIFIL/2021) Considere uma matriz A= . Assinale a
alternativa que apresenta o determinante de A.
MÊS EMPRÉSTIMOS (A) Det (A) = 47
JANEIRO 15 (B) Det (A) = 67
(C) Det (A) = -54
FEVEREIRO 25 (D) Det (A) = -43
MARÇO 22 (E) Det (A) = 45
ABRIL 30
19. (IF – PA – PROFESSOR – MATEMÁTICA – FADESP – 2018) A
MAIO 28 Catedral de São Paulo, em Londres, apresenta um fenômeno inte-
JUNHO 15 ressante chamada “galeria de sussurro”: dois visitantes localizados
em pontos diametralmente opostos em relação ao centro podem
Dadas as afirmativas, conversar sussurrando. Isto acontece porque o teto e as paredes
I. A biblioteca emprestou, em média, 22,5 livros por mês. da Catedral formam um semi-elipsóide de revolução com focos lo-
II. A mediana da série de valores é igual a 26. calizados numa altura razoável. Este fenômeno é consequência da
III. A moda da série de valores é igual a 15. seguinte propriedade da elipse:
Verifica-se que está(ão) correta(s) (A) as ondas sonoras são refletidas de um foco ao outro.
(A) II, apenas. (B) as ondas sonoras são refletidas paralelamente ao eixo ho-
(B) III, apenas. rizontal.
(C) I e II, apenas. (C) as ondas sonoras são refletidas perpendicularmente entre
(D) I e III, apenas. os focos.
(E) I, II e III. (D)as ondas sonoras são refletidas perpendicularmente ao eixo
horizontal.
(E) as ondas sonoras são refratadas de um foco ao outro.
16. (CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE AD-
MINISTRATIVO - OBJETIVA/2022) Considerando-se o sistema linear
20. (PETROBRAS – GEOFÍSICO JÚNIOR – FÍSICA – CESGRANRIO
abaixo, assinalar a alternativa que apresenta os valores de x e de y
– 2018) Uma câmara dos sussurros é um espaço em que, se duas
que satisfazem o sistema:
pessoas estão nas posições especificadas como foco, elas podem fa-
lar entre si, mesmo sussurrando, a uma distância considerável. Isso
porque os painéis colocados atrás delas são partes de uma mesma
elipse cujos focos são as posições das cabeças das pessoas.
Na câmara de sussurros representada na Figura a seguir, a dis-
tância entre as duas pessoas é de 20 m, e a distância de cada pessoa
(A) x = 8 e y = -2. até um vértice da elipse é de 2 m.
(B) x = 8 e y = 2.
(C) x = -8 e y = 2.
(D) x = -8 e y = -2.

17. (PREFEITURA DE BOMBINHAS/SC - PROFESSOR DE ENSINO


FUNDAMENTAL II - PREFEITURA DE BOMBINHAS - SC/2021) É cor-
reto afirmar que:
(A) A matriz unitária é uma matriz quadrada que possui todos
os elementos da diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0;
(B) Duas matrizes A = [aij]mxn e B = [bij]nxm são opostas se, e
somente se, aij = bji;
(C) Uma matriz é quadrada quando o número de linhas é igual
ao número de colunas.
(D) Uma matriz é dita nula se todos os seus elementos são di-
ferentes de zero.

A equação da elipse que contém os painéis da câmara repre-


sentada no sistema de eixos proposto na Figura é

Editora
165
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

23. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) No siste-


ma de coordenadas cartesianas da figura abaixo, encontram-se re-
(A) presentados o gráfico da função de segundo grau f, definida por f(x),
e o gráfico da função de primeiro grau g, definida por g(x).

(B)

(C)

(D)

(E)

21. (UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar


a procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta.
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este
trajeto ficou bem definido através da equação:
(A) y = 2x – 1
(B) y = - 3x + 14
(C) y = x + 2
(D) y = - x + 8
(E) y = 3x – 4 Os valores de x, soluções da equação f(x)=g(x), são
(A)-0,5 e 2,5.
(B) -0,5 e 3.
22. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Uma lo-
(C) -1 e 2.
cadora de automóveis oferece dois planos de aluguel de carros a
(D) -1 e 2,5.
seus clientes:
(E) -1 e 3.
Plano A: diária a R$ 120,00, com quilometragem livre.
Plano B: diária a R$ 90,00, mais R$ 0,40 por quilômetro rodado. 24. (UECE) A idade de Paulo, em anos, é um número inteiro par
Alugando um automóvel, nesta locadora, quantos quilômetros que satisfaz a desigualdade x2 - 32x + 252 < 0. O número que repre-
precisam ser rodados para que o valor do aluguel pelo Plano A seja senta a idade de Paulo pertence ao conjunto:
igual ao valor do aluguel pelo Plano B? (A) {12, 13, 14}.
(A) 30. (B) {15, 16, 17}.
(B) 36. (C) {18, 19, 20}.
(C) 48. (D) {21, 22, 23}.
(D) 75.
(E) 84. 25. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA DE CLAS-
SE I – VUNESP/2013) Roberto irá cercar uma parte de seu terreno
para fazer um canil. Como ele tem um alambrado de 10 metros, de-
cidiu aproveitar o canto murado de seu terreno (em ângulo reto) e
fechar essa área triangular esticando todo o alambrado, sem sobra.
Se ele utilizou 6 metros de um muro, do outro muro ele irá utilizar,
em metros,
(A) 7.
(B) 5.
(C) 8.
(D) 6.
(E) 9.

Editora
166
166
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

26. (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) No clube, há


um campo de futebol cujas traves retangulares têm 6 m de largura GABARITO
e 2 m de altura. Logo, a medida da diagonal da trave
(A) menor que 6 metros.
(B) maior que 6 metros e menor que 7 metros. 1 D
(C) maior que 7 metros e menor que 8 metros.
2 E
(D) maior que 8 metros e menor que 9 metros.
(E) maior que 9 metros. 3 A
4 D
27. A área de um quadrado cuja diagonal mede cm é, em cm2,
igual a: 5 C
(A) 12 6 C
(B) 13
7 C
(C) 14
(D) 15 8 D
(E) 16 9 A
28. (TJM-SP - Oficial de Justiça – VUNESP) Um grande terreno 10 C
foi dividido em 6 lotes retangulares congruentes, conforme mostra 11 A
a figura, cujas dimensões indicadas estão em metros.
12 C
13 C
14 E
15 D
16 A
17 C
18 D
19 A
20 E
Sabendo-se que o perímetro do terreno original, delineado em 21 C
negrito na figura, mede x + 285, conclui-se que a área total desse 22 D
terreno é, em m2, igual a:
(A) 2 400. 23 E
(B) 2 600. 24 B
(C) 2 800.
25 C
(D) 3000.
(E) 3 200. 26 B
27 C
29. (PREF. DE ITAPEMA/SC – TÉCNICO CONTÁBIL – MSCON-
CURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, cuja altura é 28 A
39 cm, é 30% maior do que o volume de um cilindro circular reto. 29 D
Sabendo que o raio da base do cone é o triplo do raio da base do
30 D
cilindro, a altura do cilindro é:
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm ANOTAÇÕES
(D) 90 cm
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30. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ___________________________________________
MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de óleo per-
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feitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a altura é 20 cm? (use
π=3) ___________________________________________
(A)3,84 l ___________________________________________
(B)96 ml ___________________________________________
(C) 384 ml
(D) 960 ml ___________________________________________
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

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SOCIOLOGIA

Coercitivos, porque essas ideias, normas e regras devem ser se-


O HOMEM NA SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA. COMO PEN- guidas pelos membros da sociedade. Se alguém desobedece a elas,
SAR DIFERENTES REALIDADES. O HOMEM COMO SER SO- é punido pelo resto do grupo.
CIAL
Outro conceito importante para Émile Durkheim é o de insti-
tuição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e regras
Como Pensar Diferentes Realidades de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações
Sociologia é o estudo do comportamento social das interações transmitem umas as outras. Ex.: a Igreja, o Exército, a família, etc.
e organizações humanas. Todos nós somos sociólogos porque es- As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles as-
tamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas expe- similem as regras e normas necessárias à vida em comum.
riências interpessoais em situações organizadas.
O objetivo da sociologia é tornar essas compreensões cotidia- O Homem como Ser Social
nas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas O Homem enquanto ser social partilha uma herança genética
percepções vão além de nossas experiências pessoais. que o define como ser humano.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a to- A nossa estrutura cerebral permite-nos desenvolver a lingua-
talidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não gem e interpretar os estímulos provenientes do meio.
seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar É na capacidade de o ser humano se adaptar ao meio e de
as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez transmitir ás gerações seguintes as suas conquistas, é na sua
mais estreitas. capacidade de aprender que reside a linha que distingue o ser
A sociologia também busca mostrar ao indivíduo as diferentes humano do animal.
realidades que o cerca. Porém, a Sociologia não é uma ciência e sim O homem só se realiza como Pessoa na relação com os outros,
apenas uma orientação teórico-metodológica dominante. Ela traz relação essa que tem vários níveis e assume múltiplas formas: Uni-
diferentes estudos e diferentes caminhos para a explicação da rea- versalidade; Sociabilidade e intimidade.
lidade social. Assim, pode-se claramente observar que a Sociologia Ao nível da intimidade a pessoa encara-se como um ser dotado
tem ao menos três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus de uma consciência de si, baseada na racionalidade e nas emoções
autores clássicos, das quais podem se citar, não necessariamente que, embora seja individual e interior, só se constrói com base em
em ordem de importância: relações significativas com outros seres humanos...
• A positivista-funcionalista, tendo como fundador Auguste Ao nível da sociabilidade a pessoa encontra-se como membro
Comte e seu principal expoente clássico em Émile Durkheim, de de uma sociedade organizada, necessitando de passar por um lon-
fundamentação analítica; go processo de sociabilização até que possa assumir-se como um
• A sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de matriz membro ativo da sociedade a que pertence. Não se pode dizer que
teórico metodológica hermenêutico compreensiva; a sociedade é uma mera soma de indivíduos, uma vez que cada
• A linha de explicação sociológica dialética, iniciada por Karl indivíduo é, em si mesmo, um produto da cultura da sociedade a
Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretenden- que pertence...
do a tal, deu início a uma profícua linha de explicação sociológica. A filosofia, a arte, a religião, a literatura, a ciência... São vias
para alcançar a Universalidade, uma integração do indivíduo no
Para o filósofo francês Émile Durkheim, na vida em sociedade COSMOS, no TODO, realizando-se como Pessoa, no encontro do
o homem defronta com regras de conduta que não foram direta- que o transcende e pode dar um sentido à sua existência.
mente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em “Dentro de ti estão todos os que te viram como gente ou não,
sociedade, devendo ser seguidas por todos. cada palavra que te dirigiram é uma luz ou uma ferida, às vezes,
Seguindo essas ideias, Durkheim afirma que os fatos sociais, ou um clarão que cega ou mostra que sim, outras vezes um muro de
seja, o objeto de estudo da Sociologia, são justamente essas regras sombra e um rio que secou sem razão porque a palavra não pode
e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em socie- semear-se no campo largo do contentamento fazendo crescer uma
dade. floresta morta de desencanta no que podia ser um jardim ou um
Esses fatos sociais têm duas características básicas que permiti- campo verde sem princípio nem fim” Herman Melville.
rão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos.
Exteriores, porque consistem em ideias, normas ou regras de
conduta, foram criadas pela sociedade e já existem fora dos indiví-
duos quando eles nascem.

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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

São facilmente perceptíveis as diferenças de costumes que


O QUE PERMITE AO HOMEM VIVER EM SOCIEDADE? A existem de uma sociedade para outra. Os primeiros pensadores so-
INSERÇÃO EM GRUPOS SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA, VIZI- ciais apontaram, com certa razão, que estes costumes são diferen-
NHANÇA, TRABALHO. RELAÇÕES E INTERAÇÕES SOCIAIS. tes em parte por causa da própria diferença entre os meios físicos
SOCIALIZAÇÃO em que se encontram as sociedades: em um ambiente de clima frio,
as pessoas usarão mais roupas e provavelmente ficarão menos tem-
po fora de suas casas; em um local com alimentos abundantes elas
A Inserção em Grupos Sociais (família, escola, vizinhança, tra- poderão trabalhar menos e não terão de competir por comida. Mas
balho) e Relações e Interações Sociais. como explicar, através desta ideia de determinismo físico, que em
Uma tendência natural do ser humano é a de procurar uma certos lugares a manipulação da comida seja feita com dois pauzi-
identificação em alguém ou em alguma coisa. nhos, em outros com diversos talheres e ainda em outros com as
Quando uma pessoa se identifica com outra e passa a estabele- próprias mãos? Estas diferenças são resultados não da adaptação
cer um vínculo social com ela, ocorre uma associação humana. Com da sociedade ao meio, mas da adequação dos indivíduos à vida em
o estabelecimento de muitas associações humanas, o ser humano sociedade. É a este processo de integração de cada pessoa aos cos-
passou a estabelecer verdadeiros grupos sociais. tumes preexistentes que damos o nome da socialização.
Podemos definir que grupo social é uma forma básica de asso- De maneira mais completa, define-se socialização como a in-
ciação humana que se considera como um todo, com tradições mo- ternalização de ideias e valores estabelecidos coletivamente e a as-
rais e materiais. Para que exista um grupo social é necessário que similação de papéis e de comportamentos socialmente desejáveis.
haja uma interação entre seus participantes. Um grupo de pessoas Significa, portanto, a incorporação de cada homem a uma identi-
que só apresenta uma serialidade entre si, como em uma fila de dade maior que a individual: no caso, a incorporação do homem à
cinema, por exemplo, não pode ser considerado como grupo social, sociedade. É importante associar de maneira correta a socialização
visto que estas pessoas não interagem entre si. à cultura: esta se encontra profundamente ligada à estrutura social,
Os grupos sociais possuem uma forma de organização, mesmo enquanto que a socialização pode ser resumida à transmissão de
que subjetiva. Outra característica é que estes grupos são superio- padrões culturais.
res e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um gru- O processo de socialização por excelência é a educação. Mas
po, provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo não somente aquela que adquirimos na escola, a denominada edu-
também possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), cação formal que consiste, entre outros conhecimentos, no apren-
certos valores, princípios e objetivos em comum. dizado da língua e da história do próprio povo. Há outra educação,
Os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato de seus que aprendemos apenas no próprio convívio com as outras pessoas
membros. Os grupos primários são aqueles em que os membros e que corresponde ao modo como devemos agir em momentos-
possuem contatos primários, mais íntimos. Exemplos: família, gru- -chave da nossa vida. É a socialização através da família, dos amigos
pos de amigos, vizinhos, etc. e até mesmo de desconhecidos. As famílias ensinam, a título de
Diferentemente dos grupos primários, os secundários são exemplo, quais das suas necessidades devem ser atendidas pelo pai
aqueles em que os membros não possuem tamanho grau de pro- e quais devem ser atendidas pela mãe. Com os amigos aprendemos
ximidade. Exemplos: igrejas, partidos políticos, etc. Outro tipo de os princípios da solidariedade e a importância da prática de espor-
grupos sociais são os intermediários, que apresentam as duas for- tes. Com desconhecidos podemos aprender a aguardar a nossa vez
mas de contato: primário e secundário. Exemplo: escola, trabalho. em fila, sem atropelos, e a não falar alto em locais como o teatro
A interação social é o resultado de constante desse relaciona- ou a sala de aula. Outro exemplo claro é o caso de um homem que
mento entre indivíduos através de contato e comunicação, é a ação muda de país e que tem de aprender o idioma e as normas da nova
social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em con- sociedade em que se encontra, isto é, os padrões segundo os quais
tato. seus membros se relacionam.
O aspecto mais importante da interação social é que ela modi- Vista dessa maneira, a socialização pode ser interpretada como
fica o comportamento dos indivíduos envolvidos, como resultado condicionadora das atitudes e, portanto, como uma expressão da
do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Desse coerção social. Mas a socialização, justamente por se realizar de
modo, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para maneira difusa e fragmentada por diferentes processos, deixa al-
que haja uma interação social. guns espaços de ação livres para a iniciativa individual espontânea,
Os contatos sociais e a interação constituem, portanto, condi- como a escolha dos amigos, do local onde se deseja morar ou da
ções indispensáveis à associação humana. Os indivíduos se socia- atividade que se quer exercer.
lizam por meios dos contatos e da interação social; e a interação Se existem diferentes processos de socialização, tanto entre so-
social pode ocorrer entre uma pessoa e outra, entre uma pessoa e ciedades quanto dentro de uma mesma, é possível atribuir a eles
um grupo e outro. limites e graduações. A socialização na esfera econômica induz ao
trabalho, mas não a que tipo de trabalho. Aprende-se a respeitar os
Socialização mais velhos, mas nada impede a repreensão de um setuagenário
A socialização é um tipo específico de interação - que molda a que solte baforadas de charuto em alguém. Há a possibilidade de
natureza da personalidade humana e, por sua vez, o comportamen- identificarmos indivíduos mais ou menos socializados, isto é, mais
to humano, a interação e a participação na sociedade. Sem sociali- ou menos integrados aos padrões sociais. Uma pessoa pode ser um
zação, nem os homens sem a sociedade seriam possíveis. ótimo arquiteto, ao mesmo tempo em que é alcoólatra. Uma pes-
soa pouco socializada não absorveu completamente os princípios
que regem a sociedade, causando frequentemente transtornos aos
que estão à sua volta.
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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

A cultura pode ser distinguida conceptualmente da «socieda-


O QUE NOS UNE E O QUE NOS DIFERENCIA COMO HU- de», mas há conexões muito estreitas entre estas noções. Uma so-
MANOS? O QUE NOS DIFERENCIA COMO HUMANOS. ciedade é um sistema de inter-relações que ligam os indivíduos em
CONTEÚDOS SIMBÓLICOS DA VIDA HUMANA: CULTURA. conjunto. Nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade. Mas,
CARACTERÍSTICAS DA CULTURA. A HUMANIDADE NA DI- igualmente, nenhuma sociedade existe sem cultura. Sem cultura,
FERENÇA não seríamos de modo algum «humanos», no sentido em que nor-
malmente usamos este termo.

O que nos Diferencia como Humanos Características da Cultura


O ser humano é o único animal capaz de sentir e expressar as A principal característica da cultura é o chamado mecanismo
suas próprias emoções. É o único também capaz de perceber o que adaptativo: a capacidade de responder ao meio de acordo com mu-
realmente acontece à sua volta. E é justamente essa capacidade de dança de hábitos, mais rápida do que uma possível evolução bio-
construir uma análise crítica própria e do mundo, que o distingue lógica.
dos outros animais1. O homem não precisou, por exemplo, desenvolver longa pe-
O que nos diferencia uns dos outros é a intensidade de um mo- lagem e grossas camadas de gordura sob a pele para viver em am-
tivo e a prioridade que tal motivo tem na vida de uma pessoa. Por bientes mais frios – ele simplesmente adaptou-se com o uso de
isso que cada pessoa apresenta uma estrutura motivacional dife- roupas, do fogo e de habitações. A evolução cultural é mais rápida
rente. do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o
Cada um de nós possui uma essência, e isso é a principal dife- homem torna-se dependente da cultura, pois esta age em substi-
rença entre cada um de nós. tuição a elementos que constituiriam o ser humano; a falta de um
É exatamente o oposto ao princípio da tábula rasa, enunciado destes elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da cul-
por John Locke, que diz que cada um de nós ao nascer é como se tura) causaria o mesmo efeito de uma amputação ou defeito físico,
fosse uma folha de papel em branco, e que as diferenças entre os talvez ainda pior.
seres humanos se dão somente a partir das experiências que cada Além disso, a cultura é também um mecanismo cumulativo. As
um vivencia. modificações trazidas por uma geração passam à geração seguin-
As experiências também geram diferenças entre nós, é claro. te, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando
As influências familiares, culturais, os grupos sociais aos quais es- aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das
tamos inseridos. novas gerações.
Um exemplo de vantagem obtida através da cultura é o desen-
Conteúdos Simbólicos da Vida: Cultura volvimento do cultivo do solo, a agricultura.
O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das no- Com ela o homem pôde ter maior controle sobre o forneci-
ções mais amplamente usadas em Sociologia. mento de alimentos, minimizando os efeitos de escassez de caça
A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, ou coleta. Também pôde abandonar o nomadismo; daí a fixação em
nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. Os valores aldeamentos, cidades e estados.
são ideias abstratas, enquanto as normas são princípios definidos
ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas represen- A Humanidade na Diferença
tam o «permitido» e o «interdito» da vida social. Assim, a monoga- A agricultura também permitiu o crescimento populacional de
mia – ser fiel a um único parceiro matrimonial – é um valor proe- maneira acentuada, que gerou novo problema: produzir alimento
minente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras para uma população maior. Desenvolvimentos técnicos – facilita-
culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos dos pelo maior número de mentes pensantes – permitem que essa
simultaneamente. As normas de comportamento no casamento in- dificuldade seja superada, mas por sua vez induzem a um novo au-
cluem, por exemplo, como se espera que os esposos se comportem mento da população; o aumento populacional e assim causa e con-
com os seus parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o ma- sequência do avanço cultural.
rido ou a mulher devem estabelecer uma relação próxima com os
seus parentes por afinidade; noutras, espera-se que se mantenham
nítidas distâncias entre eles. O QUE NOS DESIGUALA COMO HUMANOS? ETNIAS. CLAS-
Quando usamos o termo, na conversa quotidiana comum, pen- SES SOCIAIS. GÊNERO. GERAÇÃO
samos muitas vezes na «cultura» como equivalente às «coisas mais
elevadas do espírito» – arte, literatura, música e pintura. Os sociólo-
gos incluem no conceito estas atividades, mas também muito mais. Etnias
A cultura refere-se aos modos de vida dos membros de uma socie- O conceito de etnia vem ganhando espaço cada vez maior nas
dade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem ciências sociais a partir das crescentes críticas ao conceito de raça
os costumes de casamento e de vida familiar, as formas de trabalho, e, em alguns casos, ao conceito de tribo. Apesar disso, é ainda con-
as cerimônias religiosas e as ocupações dos tempos livres. Abrange siderado por muitos uma noção pouco definida. O termo etnia sur-
também os bens que criam e que se tornam portadores de sentido giu no início do século XIX para designar as características culturais
para eles – arcos e flechas, arados, fábricas e máquinas, computa- próprias de um grupo, como a língua e os costumes. Foi criado por
dores, livros, habitações. Vancher de Lapouge, antropólogo que acreditava que a raça era o
fator determinante na história. Para ele, a raça era entendida como
1 UFJF. Filosofando o Cotidiano. https://www.ufjf.br/pensandobem/ as características hereditárias comuns a um grupo de indivíduos.
programas/filosofando-o-cotidiano/cafe-filosofico/2006-2/. Elaborou então o conceito de etnia para se referir às características
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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

não abarcadas pela raça, definindo etnia como um agrupamento Atualmente, os debates em torno da ideia de etnia continuam
humano baseado em laços culturais compartilhados, de modo acirrados. Primeiro porque a Antropologia não considera mais raça
a diferenciar esse conceito do de raça (que estava associado a um conceito determinado biologicamente. Hoje, raça significa a
características físicas). Já Max Weber, por sua vez, fez uma distinção percepção das diferenças físicas pelos grupos sociais, e como essa
não apenas entre raça e etnia, mas também entre etnia e Nação. percepção afeta as relações sociais, aproxima-se bastante da pró-
Para ele, pertencer a uma raça era ter a mesma origem (biológica pria definição de etnia. Por outro lado, alguns antropólogos france-
ou cultural), ao passo que pertencer a uma etnia era acreditar em ses, no fim da década de 1980, afirmaram que o conceito de etnia
uma origem cultural comum. A Nação também possuía tal estava sendo pregado para as sociedades ditas primitivas com a in-
crença, mas acrescentava uma reivindicação de poder político. tenção de apagar a historicidade delas. Para Amselle, por exemplo,
A etnia é um objeto de estudo da Antropologia, e se caracte- o conceito de etnia, bem como o de tribo, era usado em substitui-
rizou desde cedo como tema principal da Etnologia, ciência que ção ao de Nação, para as “sociedades primitivas”, passando a ideia
se propõe a estudar diferentes grupos étnicos, constituindo-se de Nação a pertencer exclusivamente aos “Estados civilizados”.
em torno da própria noção de etnia. Durante o século XX, essas Dessa forma, o conceito de etnia teria um sentido etnocêntrico bas-
duas disciplinas multiplicaram as conceituações sobre o termo. Au- tante acentuado. Mas, apesar dessas controvérsias, a Antropologia
tores como Nadel e Meyers Fontes afirmam que uma etnia é um trabalha também com a noção de etnicidade, que é um sentimento
grupo cuja coesão vem de seus membros acreditarem possuir um de pertencer exclusivamente aum determinado grupo étnico. Um
antepassado comum, além de compartilharem uma mesma lingua- conceito próximo ao de identidade.
gem. Para essa definição, baseada em Weber, uma etnia seria um Podemos perceber, dessa forma, os intensos debates em torno
conjunto de indivíduos que afirma ter traços culturais comuns, do conceito de etnia, e o quanto esse conceito ainda precisa ser
distinguindo-se, assim, de outros grupos culturais. mais bem caracterizado. Não obstante, os estudos etnológicos têm
Nesse sentido, não importa se o grupo realmente descende de crescido, principalmente porque, desde a década de 1960, muitas rei-
uma mesma comunidade original: o que importa é que os indiví- vindicações políticas no mundo se apresentam como étnicas, basea-
duos compartilhem essa crença em uma origem comum. Uma cren- das em crenças em uma identidade comum, contexto esse que mo-
ça confirmada, a seu ver, pelos costumes semelhantes. tiva os cientistas sociais a continuarem refletindo sobre o conceito.
Assim, uma etnia se sente parte de uma mesma comunidade É preciso ressaltar que se, por um lado, muitas comunidades se
que possui religião, língua, costumes - logo, uma cultura - em co- auto afirmam positivamente a partir de seus costumes, por outro, a
mum. Notemos que nesse conceito não importa somente o fato identidade étnica (a etnicidade) é um elemento que contribui para
de as pessoas que compõem uma etnia compartilharem os mes- a construção do etnocentrismo. Ao se identificarem como mem-
mos costumes, mas sobretudo o fato de elas acreditarem fazer par- bros de uma cultura em comum, diferente dos que o cercam, um
te de um mesmo grupo. Nesse sentido, a etnia é uma construção determinado grupo reage às culturas diferentes muitas vezes com
artificial do grupo, e sua existência depende de seus integrantes repulsa. O sentimento de superioridade diante de diferentes cultu-
quererem e acreditarem fazer parte dela. ras é, assim, criado na identidade étnica. Dessa forma, os fran-
Toda etnia se identifica como um grupo distinto, consideran- ceses se sentem superiores aos “árabes” (como classificam todos
do-se diferente de outros grupos, e baseia sua identidade em uma os que professam a fé muçulmana, sejam árabes ou não) por acre-
religião e rituais específicos. Assim, os judeus e muçulmanos dentro ditarem possuir uma origem diferente e uma cultura que os outros
das atuais Nações europeias são, cada um por seu lado, etnias, por não compartilham. Isso acontece com os norte-americanos diante
se identificarem como grupos distintos e reivindicarem identidades dos hispânicos, e já aconteceu em outras épocas da história, como
próprias baseadas em religiões e costumes diferentes das socieda- entre os alemães e os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
des em que estão inseridos. No caso dos muçulmanos, a construção Em suma, a discussão sobre etnia nos leva a repensar o próprio
artificial desse conceito é mais nítida, pois quase sempre oriundos conceito de etnocentrismo. Para o professor de História, conhe-
de migrações recentes para a Europa, seus integrantes são originá- cer o conceito de etnia é uma exigência fundamental, pois os
rios de diferentes países e culturas distintas, mas ao se instalarem programas curriculares discutem cada vez mais as minorias no
em lugares como a França e a Inglaterra em geral se identificam Brasil. Essas minorias são estudadas pela Antropologia como etnias,
como uma mesma etnia, independentemente do país de origem. mas algumas delas ainda se identificam muitas vezes como raças. É
Tal situação pode ser percebida sobretudo com relação o caso dos negros brasileiros. Enquanto os antropólogos discutem a
aos descendentes dos primeiros imigrantes, e a construção de uma validade de termos como raça e etnia, o que precisamos apreender
identidade comum “árabe” ou “muçulmana” vem tanto do fato de de todo esse debate e discutir com os alunos é que, seja na raça
possuírem uma mesma religião quanto do fato de a sociedade os ou na etnia, o fato de um indivíduo pertencer a um desses grupos
tratar em geral como um grupo homogêneo. é mais uma questão de sentimento, de identidade, do que de de-
Alguns sociólogos diferenciam etnia e grupo étnico, pois terminação física ou mesmo cultural. Vale lembrar ainda que tan-
para eles um grupo precisa de uma interação entre todos os seus to a concepção atual de raça quanto a de etnia são conceitos que
membros, enquanto a etnia abrange um número grande demais de buscam dar conta da multiplicidade de culturas, de hábitos e
pessoas para que haja relação direta entre todas elas. crenças que a humanidade apresenta, e das implicações políticas
O grupo étnico seria, então, um conjunto de indivíduos que dessas diferenças2.
apresenta uma interação entre todos os seus membros, além das
características gerais da etnia. Por essa distinção, os membros de Classes Sociais
uma vizinhança judaica em uma cidade do Ocidente, por exemplo, Quantas classes há na sociedade - isto é, pessoas que dividem
onde todos os indivíduos frequentam a mesma sinagoga, consti- uma dada fatia da torta de dinheiro e prestígio e que, desta forma,
tuem um grupo étnico, ao passo que os judeus como um todo com- revelam características comuns?
põem uma etnia. 2 Fonte: SILVA, K. V. e SILVA, M. H.
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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

Quão claras são as fronteiras? Quanta mobilidade de classe Gênero


para classe ocorre durante uma, ou entre gerações? E quão dura- Em todas as sociedades, os indivíduos categorizam-se uns aos
douras são as classes? Algumas das respostas a essas perguntas são outros como masculino ou feminino e, com base nessa distinção,
mais fáceis do que outras. Vamos tomá-las em ordem. as crenças culturais e normas indicam quais status os homens e as
Quantas classes existem? A resposta depende da nossa sinto- mulheres deveriam ocupar e como elas deveriam desempenhar os
nia com a realidade. Uma aproximação irregular distinguiria o se- papéis associados com esses status. Tem havido no curso da evo-
guinte: elite (ricos, poderosos e prestigiosos), muito ricos (riqueza lução humana enorme variação no que é definido como adequado
acumulada e prestígio de profissões de alta renda ou empresas), aos homens e às mulheres, um fato que indica que distinções entre
profissionais executivos de classe médio-alta (profissionais com alto os sexos são mais socioculturais do que biológicas. Esse processo
salário ou pessoas de negócios bem sucedidas que acumularam al- de definir culturalmente status e papéis adequados para cada sexo
guma riqueza), sólida classe média administrativa (renda respeitá- é denominado de diferenciação de gênero; e esse conceito deveria
vel, alguma riqueza em fundo de pensão e participação de lucros ser distinto da diferenciação sexual, que denota as diferenças bioló-
da empresa), classe média mais baixa (renda modesta, poucos gicas entre homens e mulheres As duas noções, de sexo e gênero,
bens acumulados, talvez participação de lucros da empresa), clas- entretanto, não são tão facilmente separadas porque muito do que
se trabalhadora alta (renda respeitável, alguma riqueza em fundos a população costuma ver como tendências “naturais”, biológicas,
de pensão e participação de lucros da empresa), operária de clas- dos sexos são culturalmente definidos e reforçado através de san-
se média (renda modesta, poucos bens acumulados), e os pobres ções. As únicas diferenças biológicas claras entre os homens e as
(renda baixa, desempregados, “desempregáveis” sem qualquer au- mulheres são diferenças geneticamente causadas nas secreções
xílio). Como importante observação, esta última classe, de pessoas hormonais e seus efeitos no desenvolvimento dos órgãos sexuais
pobres, é a maior do mundo. e outras características anatômicas (estrutura óssea, percentual de
Uma pesquisa divulgada pelo jornal “O Globo”, em 2006, afir- camada de gordura e musculatura). Pode haver outras diferenças
ma que a riqueza está fortemente concentrada na América do Nor- fundamentadas geneticamente, mas não há evidências claras para
te, na Europa e nos países de alta renda da Ásia e do Pacífico. Os essas. Além disso, até mesmo as diferenças mais inequívocas tor-
moradores desses países detêm juntos quase 90 por cento do total nam-se tão elaboradas e impregnadas por crenças culturais e nor-
da riqueza do planeta’’, disse a pesquisa. mas, e por papéis sociais e práticas dentro de estruturas sociais,
“Nós calculamos que os 2 por cento dos adultos mais ricos do que tornam obscura a fronteira entre o sexo e o gênero.
mundo possuem mais da metade da riqueza global enquanto os 50 A base da noção de sexo socialmente construída é bastante
por cento mais pobres, 1 por cento”, disse Anthony Shorrocks, di- ilustrada por casos nos quais a identidade sexual biológica é am-
retor do instituto. bígua. Por exemplo, em um estudo, crianças que nasceram com os
As diferenças nessas classes giram em torno de diversos fato- órgãos de ambos os sexos (antigamente chamadas de hermafrodi-
res. Um deles é se o trabalho é manual (operárias) ou não manual tas, atualmente chamadas de intersexuais) empregaram as carac-
(intelectual); esse fator é muito importante, e podemos sempre terísticas sexuais - atitudes, comportamento e preferências sexuais
observar facilmente as diferenças na conduta, no estilo de vida e - que refletiram sua socialização pelos pais, tanto masculinos quan-
em outras características das pessoas do setor administrativo e da to femininos (Ellis, 1945; Money ê Ehrhardt, 1972). Em outro caso
linha de produção. Outro ponto de corte é o nível de renda e a ca- elucidativo, uma garota jovem que tinha os órgãos sexuais externos
pacidade de acumular bens de sua própria renda; as pessoas que de uma mulher e que fora criada como mulher, sofreu uma mudan-
têm bens agem e pensam diferentemente do que as que não têm. ça de voz na puberdade; um exame médico mais detalhado revelou
E quanto menos dinheiro você tem, maior é a diferença entre você que “ela era “XY”, ou seja, um homem”. Informada disso, ela “foi
e os que têm alguns bens. para casa, jogou fora suas roupas de moça e tornou-se um garoto,
Uma última fronteira é quanto poder e prestígio você tem, começando imediatamente a se comportar como os outros garo-
como resultado de sua renda ou natureza de seu trabalho. Pessoas tos” (Reynolds, 1976).
com poder e prestígio agem e pensam diferentemente dos que não Ou seja, o gênero é mais determinante do que o sexo quando
têm esses bens. pensamos em assumir papéis. Um indivíduo pode ter nascido do
Essas fronteiras de classe são vagas, indicando que não há sexo feminino e optar, posteriormente, pelo gênero feminino se tor-
qualquer divisão ou rígida descontinuidade entre elas. Voltando nando, portanto, uma mulher. Outro ponto importante é distinguir
à questão da mobilidade social, há possibilidades de mobilidade gênero de orientação sexual. Embora existam várias orientações
entre essas classes, mas não há grandes saltos. Estatisticamente, é sexuais, as mais conhecidas são: homossexuais, heterossexuais e
mais provável que você mude para a classe mais próxima - ou acima bissexuais. A orientação sexual (e não opção sexual) não é deter-
ou abaixo. Se começar pela média baixa, você pode esperar mudar minada pelo sexo nem pelo gênero. O que determina o seu sexo
para a média sólida, ou mudar para um emprego operário mais alto. são suas características biológicas; seu gênero é determinado pelas
Se começar nas classes operárias, você pode mudar com a aquisi- suas características culturais e sociais; sua orientação sexual se defi-
ção de diplomas para as classes médias. Mas, se a economia está ne para qual gênero você tem sua afetividade direcionada.
em recessão e se o governo corta gastos, então é provável que você De um ponto de vista sociológico, então, é melhor nos concen-
permaneça onde começou ou que até mesmo desça a escada da trarmos nos processos de gênero, ou aquelas causas culturais e so-
estratificação. A maioria dos brasileiros permanece em uma classe ciais que afetam os status e os papéis desempenhados por todos
social durante toda a sua vida; e, se eles mudam, não é para muito na sociedade. Vamos nos concentrar na estratificação de gênero
longe - apesar de muito discurso sobre aqueles que passaram de porque esse é o tópico que diretamente afeta tudo em nossas vidas.
muito pobres a ricos.

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Geração - As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades


Nas Ciências Sociais, e mesmo no âmbito de senso comum, culturais.
o termo traduz, vulgarmente, a referência a um conjunto de indi- No Nordeste, a cultura é representada através de danças e fes-
víduos nascidos num mesmo tempo, que detêm uma experiência tas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciran-
comum, e expressa uma determinada forma de encarar a vida e os da, coco, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A culinária típica é
seus problemas. A geração pode também ser entendida na base de representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e frutos do
um movimento cultural que emergiu em determinado momento da mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca,
vida de uma sociedade, sem que isso tenha a ver com o tempo de broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque,
nascimento daqueles que o representam. É com esse sentido que, entre tantos outros. A cultura nordestina também está presente no
por exemplo, se alude à geração de 70 por referência ao movimento artesanato de rendas.
literário português do século XIX. Mas, em termos mais concretos, O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas
cada geração distancia-se das que lhe estão chegadas - anterior e cavalhadas e procissão do fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu
posterior - por um período de 20 anos. Diz-se, de forma consensual, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem in-
que uma geração representa vinte anos e isso implica aceitarmos as dígena e recebe forte influência da culinária mineira e paulista. Os
diferenças que ela possa ter em relação a outras gerações, diferen- pratos principais são: galinhada com pequi e guariroba, empadão
ças que, naturalmente, se traduzem em todos os domínios sociais goiano, pamonha, angu, curral, os peixes do Pantanal – como o pin-
e para as quais contribuem o progresso tecnológico, a escola, as tado, pacu e dourado.
transformações económicas e, em sentido lato, as transformações As representações culturais no Norte do Brasil estão nas festas
de toda uma sociedade. Por isso, as diferenças entre gerações, ao populares como o círio de Nazaré e festival de Paratins, a maior fes-
existirem, têm necessariamente uma relação com a sociedade em ta do boi-bumbá do país. A culinária apresenta uma grande herança
si e, mais do que isso, com a sua própria estrutura sociodemográ- indígena, baseada na mandioca e em peixes. Pratos como otacacá,
fica. Hoje se fala muito, nas sociedades desenvolvidas, em conflito pirarucu de casaca, pato no tucupi, picadinho de jacaré e mussarela
de gerações como uma consequência do progressivo aumento da es- de búfala são muito populares. As frutas típicas são: cupuaçu, ba-
perança média de vida nas idades mais avançadas: as distâncias de curi, açaí, taperebá, graviola, buriti.
tempo que existem entre os jovens e os idosos é, nesta interpretação, No Sudeste, várias festas populares de cunho religioso são ce-
um fator de desentendimento entre gerações, dadas as distâncias lebradas no interior da região. Festa do divino, festejos da páscoa
de valores e de universos socialmente apreendidos. Não é pacífica e dos santos padroeiros, com destaque para a peregrinação a Apa-
esta tese, tanto mais que, nas mesmas sociedades, nunca se deixou recida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba meu boi,
de valorizar, apesar de outro tipo de “concorrências”, o papel, por carnaval e peão de boiadeiro. A culinária é muito diversificada, os
exemplo, dos avós na educação dos netos e, por consequência, a sua principais pratos são: queijo minas, pão de queijo, feijão tropeiro,
importante ação enquanto transmissores de certa ideia da sociedade tutu de feijão, moqueca capixaba, feijoada, farofa, pirão, etc.
em que estão inseridos e dos valores que partilham. O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses,
Em termos analíticos, podemos ainda definir geração por um espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. Algumas cidades
corte efetuado sobre um conjunto de pessoas nascidas em determi- ainda celebram as tradições dos antepassados em festas típicas,
nado período, coincidente, normalmente, com um ano civil. como a festa da uva (cultura italiana) e a oktoberfest (cultura ale-
mã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita
e congada. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, ca-
A DIVERSIDADE SOCIAL BRASILEIRA. A POPULAÇÃO BRA- marão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne
SILEIRA: DIVERSIDADE NACIONAL E REGIONAL. O ESTRAN- em uma panela de barro) e vinho.
GEIRO DO PONTO DE VISTA SOCIOLÓGICO. A FORMAÇÃO
DA DIVERSIDADE: MIGRAÇÃO, EMIGRAÇÃO E IMIGRA- O Estrangeiro do Ponto de Vista Sociológica
ÇÃO. ACULTURAÇÃO E ASSIMILAÇÃO No século XIX começaram a chegar muitos imigrantes, princi-
palmente da Europa, para substituírem os escravos nas lavouras,
por causa do fim do tráfico negreiro. Outros motivos foram: os do-
A População Brasileira: Diversidade Nacional e Regional nos de fazendas não queriam pagar salários para ex-escravos e ha-
Apesar do processo de globalização, que busca a mundialização via uma política que buscava o clareamento da população. De ita-
do espaço geográfico – tentando, através dos meios de comunica- lianos, ao contrário do que eu disse para algumas turmas, chegaram
ção, criar uma sociedade homogênea – aspectos locais continuam ao Brasil aproximadamente 1,5 milhão de italianos. Destes vários
fortemente presentes. A cultura é um desses aspectos: várias co- imigrantes – onde se enquadram também os alemães, poloneses,
munidades continuam mantendo seus costumes e tradições3. ucranianos, japoneses, chineses, espanhóis, sírio-libaneses, armê-
O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, pos- nios, coreanos – alguns se espalharam com suas famílias e outros
sui vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, a popula- se organizaram em colônias ou vilas. Os grupos que se mantiveram
ção indígena e os escravos africanos foram os primeiros responsá- unidos até hoje conseguiram resguardar a cultura de seus ante-
veis pela disseminação cultural no Brasil. Em seguida, os imigrantes passados, ao contrário de outros indivíduos que simplesmente se
italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros, contribuíram misturaram ao resto da população brasileira. Assim, encontramos
para a diversidade cultural do Brasil. Aspectos como a culinária, colônias japonesas espalhadas pelo Brasil, assim como bairros com
danças, religião, são elementos que integram a cultura de um povo. grupos de descendentes de grupos de imigrantes predominantes
3 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, ou até cidades fundadas por grupos de imigrantes, como, por exem-
Edição nº 14 Vol. 01 dezembro/2017. file:///C:/Users/tutor11/Down- plo: as cidades de Americana e Holambra (de origem estadunidense
loads/marina-martins-185948.pdf e holandesa, respectivamente), e os bairros da Mooca, do Bexiga e
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a solução para o seu concurso!
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da Liberdade, na cidade de São Paulo (sendo os dois primeiros de Outro grupo se estabeleceu no país, casando-se aqui e consti-
origem italiana e o outro de origem japonesa). Nestes lugares, a tuindo família, além de perderem o contato com seus parentes de
cultura pode ser vista nos estabelecimentos comerciais, no dialeto sua terra natal;
e nas festas tradicionais. E havia o grupo de imigrantes que, ou achavam que o Brasil era
O que ainda é muito visível, independente de onde se esteja, um país melhor que o seu próprio; ou achavam que o seu país era
é o caso do fenômeno dos decasséguis – com um grande aumento muito ruim e, mesmo achando que o Brasil não era ótimo, ainda era
na quantidade de descendentes de japoneses que vão para o Japão melhor que a pátria mãe.
trabalhar – e, ainda sobre os nisseis e sanseis, o fato de muitos an-
darem em grupos formados por outros descendentes de japoneses. A formação da Diversidade
Isto se dá pela força da cultura que faz com que os seus pais sejam Nos processos de aculturação e de assimilação ocorrem mu-
muito rígidos na formação dos filhos, até mesmo sobre os seus re- danças culturais, porem são diferentes. Estas mudanças ocorrem
lacionamentos. por causas externas, quando duas ou mais culturas entram em con-
Uma curiosidade: O “Moinho de Holambra” funciona como os tato, porém as mudanças não se dão apenas por causas externas,
moinhos holandeses, não sendo meramente um enfeite. há mudanças por fatores internos da própria cultura. No final do
processo de aculturação pode ocorrer a assimilação, que implica o
O estrangeiro sob a ótica de Georg Simmel fim da cultura de um dos grupos, uma vez que a cultura do segundo
Temos na teoria de Georg Simmel uma distinção entre o via- grupo é assimilada pelo primeiro, embora seja algo muito difícil de
jante e o estrangeiro. Mesmo usando corriqueiramente estrangeiro ocorrer (Falaremos no item 5.3.2 mais detalhadamente sobre Acul-
como todo e qualquer indivíduo que não seja do país do qual esta- turação e Assimilação).
mos olhando. Neste caso, Simmel estabelece aqueles que viajam,
mas não se estabelecem (viajantes), e os que viajam para se estabe- - Migração, emigração e imigração.
lecer no local de destino (estrangeiro). Assim, não é necessário que Basicamente a diferença entre migração, emigração e imigra-
essa pessoa tenha vindo de outro país, mas sim de qualquer lugar, ção são as seguintes:
longe ou perto do local de destino. O estrangeiro se destaca dos - Migração - migração está em trocar de região, país, estado ou
outros integrantes do local de destino por suas particularidades: até mesmo domicílio.
cultural, idioma, características físicas. Por estes mesmos motivos, - Imigração - movimento de entrada, com ânimo permanente
ele nunca se insere totalmente no grupo, às vezes, nem os seus des- ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de
cendentes. A relação que se dá entre os estrangeiros e os habitan- pessoas ou populações, de um país para outro.
tes locais sempre se configuram na relação de amizade entre alguns
membros deste grupo, mas de um distanciamento e desprezo, por Não se deve confundir a figura do imigrante com a do turista,
ambas as partes, quando se olha a relação com o grupo por suas que ingressa em um país apenas com o intuito de visitá-lo e depois
diferenças4. retornar ao seu país natal.
- Emigração - é o ato e o fenômeno espontâneo de deixar seu
Por que o indivíduo imigra? local de residência para se estabelecer numa outra região ou nação.
Um primeiro movimento é o da impossibilidade dos imigrantes,
dando destaque para aqueles que vieram para o Brasil, de se man- - Aculturação e Assimilação:
terem nas suas terras pelos custos de produção e de impostos; por Além do conceito de Darcy Ribeiro sobre como se fundou a
não conseguirem pagar suas dívidas contraídas; não poderem sus- sociedade brasileira – através da miscigenação da “raça” branca
tentar suas famílias em suas terras e; por não conseguirem comprar (português), negra (povos africanos) e índio (nativos brasileiros) –
uma porção de terra quando buscava constituir família. O segundo outros autores ao olhar de outra maneira, menos “poética”, olham,
movimento ocorre nas cidades: Aqueles que saem do campo au- além deste primeiro momento da miscigenação um tanto forçada
mentam vertiginosamente o quadro de mão-de-obra na indústria, na maior pare do tempo entre estes três grupos.
que não consegue ser absorvido ou passa a ter que aceitar subem- Outros grupos que fizeram parte da formação da sociedade
pregos para poderem sobreviver. O terceiro e último movimento é brasileira vieram, principalmente, da Europa. Muitos países da
a sedução que muitos passaram a receber com propagandas sobre Europa tiveram sua contribuição na imigração brasileira: Espanha,
fazer a vida na América: Muitos acreditavam que na América teriam Portugal, Itália, Alemanha, Suíça, Holanda, Ucrânia. Além disso, ti-
a possibilidade de terem terras, fazer fortuna com pouco trabalho, vemos a imigração chinesa, coreana, japonesa, estadunidense, bo-
ou ao menos fazerem fortuna. liviana, sírio-libanesa, e outras imigrações menos representativas.
Depois que o fenômeno imigratório cessou, os imigrantes ti- Em todo caso, cada um destes grupos possibilitaram mudanças na
veram inúmeros resultados para não voltarem, mesmo depois da realidade cultural no Brasil desde o século XVI. É evidente, e não
estabilidade econômica na Europa e Japão, pós 1960: Muitos não podemos descartar, que o Brasil como colônia tinha outras caracte-
conseguiram enriquecer como as propagandas afirmavam. Manti- rísticas que hoje já não são as mesmas, inclusive naquilo que ainda
nha-se a intenção de “fazer a América”; é muito forte: a religião. Os dogmas católicos já resultaram em pu-
Outros, ao contrário, enriqueceram ou se estabeleceram muito nições severas para os tidos como hereges ou pagãos. Hoje, depois
bem no país, não havendo motivos para voltarem para seus países de séculos de iluminismo e liberalismo, os direitos individuais se
de origem, correndo risco de ficarem pobres de novo; fortaleceram, como o direito a vida.
Todos os povos, isolados ou não, possuem mudanças em sua
4 Portal São Francisco. Brasil, um país de imigrantes. https://www. cultura com o passar do tempo. No caso brasileiro, encontramos
portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/brasil-um-pais-de-mi- essas mudanças no idioma, na alimentação, no vestuário. Exem-
grantes. plo: Mandioca (Manioca – Tupi), Nhoque (Gnocchi – italiano), calça
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jeans (genes – italiano, mas difundido como jeans por Levis Strauss O Trabalho na Vida do Homem
– estadunidense). Todas estas coisas, e outras mais fazem parte do O trabalho sempre fez parte da vida dos seres humanos. Foi
nosso dia a dia e compõem nossa cultura. Um dos primeiros a es- através dele que as civilizações conseguiram se desenvolver e al-
tudar esse fenômeno foi John Wesley Powell, um geólogo estadu- cançar o nível atual. O trabalho gera conhecimentos, riquezas mate-
nidense. Na segunda metade do século XIX, após ter estudado a riais, satisfação pessoal e desenvolvimento econômico. Por isso ele
cultura indígena do oeste dos EUA, Powell começou a estudar fenô- é e sempre foi muito valorizado em todas as sociedades.
meno da imigração italiana para o país. Deste estudo, percebeu que
as características de uma cultura podiam ser adquiridas pela outra Trabalho e Salário – Capitalismo
a partir do contato, a modificando, independente do distanciamen- Nas sociedades europeias, depois da Idade Média, a ideia do
to ou discriminação que um grupo cultural possa ter em relação trabalho regular se impõe aos poucos. É o início do Capitalismo.
ao outro. A esta “troca” de características, Powell deu o nome de Essa nova concepção vai além da atividade agrícola marcada pelos
aculturação. ciclos da natureza.
Outro fenômeno que se aproxima deste é outro, mais raro: a À medida que se aprofundam as relações típicas da sociedade
Assimilação. Neste fenômeno, um grupo cultural mais forte “absor- capitalista, ocorre a valorização do capital, com a transformação de
ve” o grupo cultural mais fraco. No Brasil, muitos dos imigrantes se insumos em produtos, em mercadorias e em lucros.
casaram com brasileiros, ou os seus filhos, fazendo que muito do Os donos do capital se apropriam dos meios de produção, o
fosse uma cultura de povo, mas isolada em uma família, se “diluís- que significa que eles compram, com salários, a força de trabalho
se” em meio à sociedade brasileira, restando apenas algumas carac- daqueles que passam a viver desse trabalho.
terísticas do povo nos descendentes destes imigrantes. Outro ponto As longas jornadas são definidas pelo capital e perdem a rela-
foi à destruição dos tupinambás: as mulheres eram capturadas e ção natural com o movimento da Terra, com as estações do ano ou
forçadas a viver com os portugueses que vieram morar no Brasil; os clima. O tempo pertence ao capital, que exige trabalho.
homens, ou eram escravizados, ou mortos em “guerras justas”. Os As pequenas oficinas onde se produziam os artefatos vão per-
séculos que se seguiram desde a chegada das primeiras embarca- dendo espaço para o surgimento das fábricas. As guildas ou as cor-
ções de Portugal, os tupinambás e outros grupos étnicos deixaram porações de ofício, que reuniam mestres e artesãos, começam a
algumas de suas características – produtos alimentícios, técnicas de tomar a forma dos primeiros sindicatos. Mas o que é essa novidade
artesanato, armas – mas a grande etnia Tupi foi dizimada. chamada “fábrica”?
Fábrica é o lugar onde os trabalhadores eram reunidos para
executar diferentes tarefas para produzir uma mercadoria. Das
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA SOCIAL BRASI- oficinas às fábricas chega-se à manufatura, e logo aos sistemas de
LEIRA. O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO. DIVISÃO SOCIAL máquinas, à automação, às grandes fábricas capazes de produzir
DO TRABALHO: DIVISÃO SEXUAL E ETÁRIA DO TRABALHO. algo complexo do seu início até a operação final sob o comando do
DIVISÃO MANUFATUREIRA DO TRABALHO. PROCESSO DE capitalista, representado pelo capataz ou feitor. É o longo processo
TRABALHO E RELAÇÕES DE TRABALHO. TRANSFORMA- da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVII.
ÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO. EMPREGO E DESEM- Ao surgimento da fábrica, corresponde o aparecimento dos sin-
PREGO NA ATUALIDADE dicatos em defesa dos interesses da classe trabalhadora e em busca
pela justiça na produção capitalista.

O Trabalho como Mediação Diferença entre Trabalho e Emprego


A palavra Trabalho deriva do latim tripalium, objeto de três Vale dizer que há diferença entre trabalho e emprego. Enquan-
paus aguçados utilizado na agricultura e também como instrumen- to o primeiro envolve a atividade executada em si, o segundo re-
to de tortura. Mas ao trabalho associamos a transformação da na- fere-se ao cargo ou ocupação de um indivíduo numa empresa ou
tureza em produtos ou serviços, portanto em elementos de cultura. órgão público.
O trabalho é, desse modo, o esforço realizado, e também a capaci-
dade de reflexão, criação e coordenação5. Trabalho em Karl Marx
Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas formas. Um Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da
importante pensador sobre esse assunto foi Karl Marx. Para esse humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade hu-
autor, o trabalho, fruto da relação do homem com a natureza, e do mana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social.
homem com o próprio homem, é o que nos distingue dos animais Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de
e move a História. produção e suas relações sociais fundam todo processo de forma-
ção da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é
radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir
dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alie-
nação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx
compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do
real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.
Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o traba-
5 ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES lho, por isso, uma condição de existência do homem, independente
DA FACULDADE ARAGUAIA, 2: 78-93. Relações Humanas: Organização de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de
X Colaboradores. https://www.fara.edu.br/sipe/index.php/anuario/ mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da
article/download/145/129 vida humana.”
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Os animais também trabalham e produzem, porem somente O trabalho é o caráter específico que aparece no valor da mer-
para atender as exigências práticas imediatas, exigências materiais cadoria, e, ao que interessa a esta análise, confere a mercadoria a
diretas dos mesmos ou de seus filhotes portanto, não podendo ser propriedade que transita em todos os entendimentos de valor que
livres ao trabalharem, pois a atividade dos mesmos é determinada a mesma possa ter: “que é a de serem produtos do trabalho.”
unicamente pelo instinto ou pela experiência limitada que podem Contudo, em sua análise, ainda sobre o aspecto da mercadoria
ter. e trabalho, Marx permite a visualização de um fator característico
de nossa sociedade: a descaracterização do produto (mercadoria)
O que ocorre ao homem é diferente. Anterior a realização de como fruto do trabalho humano. Não se conhece quem produziu,
seu trabalho, o homem é capaz de projetá-lo, ou seja, a capacidade apenas o que foi produzido. O valor da mercadoria está em si mes-
de definir meios diversos que possibilitam o alcance de seu objeti- mo e não transcende a isto.
vo, possuindo a livre escolha da alternativa que melhor se adeque a “Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, de-
seus meios e procura segui-los. saparece o caráter útil dos trabalhos nele representados, e desa-
Justamente porque o trabalho humano pode ser diferente do parecem também, portanto, as diferentes formas concretas desses
trabalho dos animais é que o homem modifica a natureza de acordo trabalhos, que deixam de diferenciar-se um do outro para reduzir-
com suas possibilidades. O que Marx observa na História é a evo- -se em sua totalidade a igual trabalho humano, a trabalho humano
lução gradativa do trabalho, naquilo que corresponde a evolução abstrato.
do homem e a necessidade de suprir suas necessidades frente ao Consideremos agora o resíduo dos produtos do trabalho. Não
meio. restou deles a não ser a mesma objetividade fantasmagórica, uma
“Uma formação social nunca perece antes que estejam desen- simples gelatina de trabalho humano indiferenciado, isto é, do dis-
volvidas todas as forças produtivas para as quais ela é suficiente- pêndio de força de trabalho humano, sem consideração pela forma
mente desenvolvida, e novas relações de produção mais adiantadas como foi dispendida.”
jamais tomarão o lugar, antes que suas condições materiais de exis- Portanto, um dos determinantes do valor da mercadoria é o
tência tenham sido geradas no seio da mesma velha sociedade. É trabalho despendido em sua fabricação. Assim sendo, o trabalho
por isso que a humanidade só se propõe as tarefas que pode resol- não possui a característica de ser reconhecido na compra da mer-
ver, pois, se se considera mais atentamente, se chegará a conclusão cadoria, porém, no valor da mesma. O trabalho despendido desta
de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de forma, tornou-se valor agregado, passando ao aspecto de “venda”
sua solução já existem, ou, pelo menos, são captadas no processo da mão de obra, sem a interligação do trabalhador e o produto, sur-
de seu devir.” gindo neste meio, o proprietário dos meios de produção. O trabalho
Para aumentar o seu poder sobre a natureza, o homem pas- tornou-se uma mercadoria, a partir do momento que o trabalhador
sa a utilizar instrumentos, acrescenta meios artificiais de ação aos a vende como única fonte de sua sobrevivência.
meios naturais de seu organismo multiplicando-se enormemente a “O que essas coisas ainda representam é apenas que em sua
capacidade do trabalho humano de transformar o próprio homem. produção foi despendida força de trabalho humano, foi acumulado
O desenvolvimento do trabalho criador aparece, assim, aos trabalho humano. Como cristalização dessa substância social co-
olhos de Marx, como uma condição necessária para que o homem mum a todas elas, são elas valores, valores mercantis.”
seja cada vez mais livre, mais dono de si próprio. Contudo Marx Sendo o exercício do trabalho em qualquer regime econômico
verifica que em sua contemporaneidade, o trabalho assumiu carac- sucedido ao longo da História um dispêndio físico de energia, so-
terísticas diferentes das anteriormente pensadas: os homens que mente sob o regime capitalista vamos encontrar na força de traba-
produzem os bens materiais, alguns indispensáveis a sua própria lho humana a particularidade de ser fonte de valor. O valor é um fe-
existência, porém, não se realizam como seres humanos em suas nômeno puramente social; o valor de um produto é portanto, uma
atividades. função social e não função natural adquirida por representar um va-
Se no trabalho encontramos o sentido de transformação dos lor de uso ou trabalho nos sentidos fisiológicos ou técnico material.
bens necessários a espécie, e é o trabalho o fomentador de seu pro- O pensamento econômico evolui no sentido de buscar desven-
gresso, como pode transformar-se em grilhão? Para conseguimos dar as formas sociais de trabalho abstraindo as formas concretas de
compreender este antagonismo, devemos prestar atenção no cará- trabalho. O trabalho abstrato não está compreendido na materiali-
ter do trabalho em nossa sociedade que se exterioriza sob a forma dade, pois sua forma é puramente uma construção social da econo-
da mercadoria. mia Mercantil Capitalista.
“A riqueza de uma sociedade em que domina o modo de pro- Como o trabalho abstrato é o responsável pela criação de valor
dução capitalista aparece como uma “imensa coleção de mercado- em nossa sociedade capitalista, o mesmo fica dependente da ex-
rias”, e a mercadoria individual como sua forma elementar.” pansão e consumação do modo capitalista de produção. Esta neces-
Karl Marx Em Marx, a análise do papel da mercadoria den- sidade de universalização colocou-se na base do processo histórico
tro do sistema capitalista é que permite determinar o caráter do que engendra o trabalho abstrato como aquele que cria valor.
trabalho no mesmo. Busca compreender a especificidade da merca- Sob este aspecto, e na caracterização do trabalho abstrato
doria dentro do sistema, e, principalmente a que se deve seu valor; como uma espécie de trabalho socialmente igualado, não há no
especifica dois tipos de valores: aquele no qual se encontra agrega- mercado mundial nenhuma outra “mercadoria” capaz de regular
do o valor do trabalho em si, mas que de certa forma, abstrai-se na o conjunto das diversas economias a não ser o próprio trabalho, e
aquisição do produto, e seu valor de uso que parece aos olhos do através de Marx , é que conseguimos chegar a esta compreensão.
comprador como o determinante de seu preço. No sistema atual o trabalhador produz bens que não lhe per-
tencem e cujo destino, depois de prontos, escapa ao seu controle.
O trabalhador, assim, não pode se reconhecer no produto de seu
trabalho; não há a percepção daquilo que ele criou como fruto de
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suas capacidades físicas e mentais, pois se trata de algo que ao tra- plantas comestíveis, criação de animas domésticos, à fiação, tece-
balhador não terá utilidade alguma. A criação (o produto), se apre- lagem e olaria, atividades concretizadas em áreas muito próximas
senta diante do mesmo como algo estranho e por vezes hostil, e dos próprios locais de residência. As mulheres ficaram assim ex-
não como o resultado normal de sua atividade e do seu poder de cluídas duma participação ativa na vida social e política, situação
modificar livremente a natureza. que ocorreu em todas as civilizações. Não gozavam de qualquer dos
Assim sendo, se o produto do trabalho não pertence ao traba- privilégios políticos conferidos pela cidadania, não participando em
lhador e de certa forma, se defronta com o mesmo de uma forma assembleias, na magistratura ou em qualquer posição social com-
estranha, isso somente ocorre porque tal produto pertence a outro parável. É claro que havia diferenças entre as mulheres escravas,
homem que não o trabalhador. Portanto, quem se apropria de parte as mulheres de homens livres ou as de membros de nível elevado
do fruto e do próprio trabalho operário ? Marx responde: O capita- da sociedade. Mas, mesmo nestes casos, em que as mulheres nada
lista; o proprietário dos meios de produção. produziam e gozavam de condições materiais excelentes na sua
Este trabalho gostaria de alçar voos mais longínquos, porém, a vida quotidiana, a sua existência desenrolava-se meramente num
percepção da falta de embasamento teórico não permite que o au- contexto dum sistema de vida patriarcal.
tor deste se proponha a escrever aquilo que ainda não compreende As tribos que povoavam territórios dotados de ricas pastagens
em todo seu conjunto. A vontade cede a realidade. Gostaria de po- tendem a abandonar a agricultura e a dedicar-se à criação intensi-
der trabalhar com o caráter da alienação e da apropriação da mão va de animais, originando a formação de comunidades nómadas. À
de obra por meio da caracterização desta como mercadoria, mas medida que se desenvolve a atividade agrária, destacam-se as tribos
atenho-me ao que compreendo. com atividades exclusivamente pastoris. Esta separação contribuiu
Poucos homens tem a compreensão de sua contemporanei- para elevar sensivelmente a produtividade do trabalho e criou as
dade e por tal, não conseguem atuar de forma determinante den- premissas materiais para o aparecimento da propriedade privada.
tro do meio em que vivem. Não se atua sobre aquilo que não se A ocupação de todo o tempo de alguns indivíduos na ativida-
conhece, a não ser de forma inconsciente e despretensiosa. Marx de agrícola impede que se dediquem simultaneamente a produzir
conhecia seu tempo e o processo que trazia à mendicância humana os instrumentos e os artefatos que lhes são necessários. O uso de
deplorável aos homens. novos instrumentos de trabalho mais aperfeiçoados e complexos
Muito mais do que conhecer, ele se propôs a ensinar, através determina uma especialização que contribuiu para o aparecimento
de sua obra, aquilo que pôde conhecer e desvendar. Mais do que dos artesãos, indivíduos dedicados exclusivamente ao seu fabrico e
qualquer tese, foi um homem disposto a mudar o mundo em vivia. manutenção. Surgem assim artífices independentes que ocupam a
totalidade do seu tempo na criação desses meios de produção, que
Divisão Social do Trabalho depois terão de trocar por géneros alimentícios. O desenvolvimen-
A divisão social do trabalho é o modo como se distribui o traba- to destas atividades especializadas culmina na separação entre o
lho nas diferentes sociedades ou estruturas socioeconômicas e que artesanato e a agricultura, que conduziu à intensificação das trocas
surge quando grupos de produtores realizam atividades específicas diretas internas e, posteriormente, das trocas indiretas através do
em consequência do avanço dum certo grau de desenvolvimento mercado e, por fim, ao aparecimento da atividade mercantil. Esta
das forças produtivas e de organização interna das comunidades. especialização do trabalho tende a alargar-se à pesca. O papel dos
Com a determinação de funções para as formas variadas e múlti- agricultores-pescadores tende a diminuir para aumentar o de pro-
plas do trabalho constituem-se grupos sociais que se diferenciam fissionais voltados exclusivamente para esta faina, quer na água
de acordo com a sua implantação no processo de produção. Tais doce, quer no mar.
grupos correspondem ao estatuto que adquirem dentro da socie- À medida que aparecem profissões diversificadas, acontece
dade e ao trabalho que executam. que os indivíduos mais concentrados num determinado tipo de
Numa fase inicial, a divisão do trabalho limitava-se a uma dis- atividade têm de recorrer à troca daquilo que produzem pelos
tribuição de tarefas entre homens e mulheres ou entre adultos, an- objetos que eles próprios não produzem, mas de que precisam
ciãos ou crianças, em virtude da força física, das necessidades ou do a fim de satisfazer as suas necessidades profissionais, além das
acaso, sem que tal conduzisse ao aparecimento de grupos especiali- individuais ou familiares. A intensificação do intercâmbio entre estes
zados de pessoas com os seus próprios interesses ou características, grupos de produtores especializados, a formação de excedentes
não originando portanto diferenças de natureza social. e a entrega de tributos em dinheiro às classes com um estatuto
O desenvolvimento da agricultura originou profundas divisões dominante, ampliou a necessidade de produzir artigos destinados
sociais no trabalho. Os arroteamentos florestais, os grandes sanea- à troca, dando lugar à produção com um propósito mercantil e à
mentos de zonas pantanosas, a introdução de pesados instrumen- formação duma classe de mercadores.
tos agrícolas, a lavra da terra com a ajuda de animais de tração, A divisão do trabalho desencadeada pelo incremento da ativi-
tornaram-se trabalhos demasiado pesados que acentuaram uma dade comercial, ligada à ampliação das atividades transformadoras
separação de atividades entre homens e mulheres, com a concomi- e da navegação, deslocou o centro dos interesses económicos do
tante passagem do matriarcado ao patriarcado. interior para o litoral. Ao lado da divisão entre agricultores, arte-
Esta mudança abriu uma brecha na organização gentílica e re- sãos e mercadores, passou a existir uma outra, entre trabalhadores
fletiu-se na posse dos bens materiais. A família adquiriu a caracte- rurais e citadinos, que corresponde, total ou parcialmente, à opo-
rística de uma unidade de produção e de transmissão hereditária sição entre o campo e a cidade. Na estrutura urbana observa-se
de bens entretanto acumulados. A divisão social do trabalho entre uma distinção entre sectores comerciais, administrativos, culturais,
os sexos tornou-se muito nítida. Os trabalhos domésticos foram-se transportadores, artesanais e até agrícolas, fenómeno com menor
transformando em ofícios especializados e as mulheres, sobretudo relevância nos meios rurais.
a partir da introdução do arado, terão deixado o trabalho agrícola
mais pesado e dedicado mais à horticultura, a recolha de frutos e
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A divisão social do trabalho manifesta-se também entre traba- têm informado as distintas regras de envelhecimento vigentes nos
lho mental e material. O processo geral alcançado a nível bastante mercados de trabalho, a depender das ocupações (GUIMARÃES,
elevado de separação entre o trabalho intelectual e o trabalho fí- 2004), da região e do contexto econômico.
sico, levou ao surgimento duma elite que escapava ao quadro dos A produção ‘flexível’ ou em curto prazo teve início com a crise
interesses dos diferentes estados. do modelo fordista de produção, que a partir da recessão instala-
As distintas fases de desenvolvimento da divisão social do da a partir de 1973, iniciou um processo de transição no interior
trabalho contribuíram para elevar sensivelmente a produtividade do processo de acumulação de capital (HARVEY, 1992), buscando
do trabalho e criar as premissas materiais para o aparecimento da superar o modelo fordista/taylorista, que predominou na grande in-
propriedade do solo, da apropriação dos meios e dos produtos do dústria capitalista ao longo do século XX (ANTUNES, 2006). Em mui-
trabalho. Contribuíram igualmente para tornar mais consistente a tos setores produtivos, esta transição tem expressão na fusão entre
existência de sociedades baseadas na divisão entre classes domi- ‘velhos’ e ‘novos’ modelos, ou seja, os modelos antigos (fordismo/
nantes e classes subordinadas. taylorismo) mesclam-se com práticas do toyotismo ou “modelo
Sob o capitalismo, a produção especializa-se e tem como ob- japonês”. Talvez o mais perverso deste processo esteja, sobretu-
jetivo exclusivo a obtenção de lucro. A divisão social do trabalho do, na junção entre o que tem de pior nos três modelos produtivos:
desenvolve-se espontaneamente, com o avanço desigual dos di- a produção em série e cronometrada (do fordismo/taylorismo) com
ferentes ramos de produção, acompanhado duma luta constante a ‘polivalência’ da força de trabalho (do toyotismo).
competitiva e duma desordem e dissipação do trabalho social. Os Desse modo, tendemos a concordar com autores, como Harvey
limites das economias nacionais são ultrapassados pelo desenvolvi- (1992), no referente à rejeição das teses que decretaram a “morte
mento do comércio internacional, circunstância que dá lugar a uma do fordismo”. Para ele, a acumulação flexível é “marcada por um
divisão internacional de trabalho. confronto direto com a rigidez do fordismo” e “se apoia na flexibi-
lidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos
Divisão Sexual e Etária do Trabalho produtos e padrões de consumo”; entre outros aspectos, destaca
que a acumulação flexível “envolve rápidas mudanças dos padrões
O Sexo e a Idade na Dinâmica do Capital Flexível do desenvolvimento desigual”, mencionando aquelas que se dão
As categorias biossociais sexo e idade são os mais antigos cri- “entre regiões geográficas”, criando “conjuntos industriais comple-
térios de divisão do trabalho encontrado entre os grupos sociais tamente novos em regiões até então não desenvolvidas...”6.
(BLAY, 1978). Estas podem ser articuladas tanto como qualificadoras
quanto como desqualificadoras da força de trabalho (SARDENBERG, Divisão Manufatureira do Trabalho
2004).
A primeira, o sexo, é geralmente identificado como algo genui- Dupla Origem da Manufatura
namente biológico. Mas, ele é culturalmente definido. Este se ins- A cooperação fundada na divisão do trabalho adquire sua for-
creve num corpo socializado numa determinada cultura e traz em si ma clássica na manufatura. A manufatura se origina de dois modos.
as suas marcas. E, assim sendo, tem como referência o “bio-social”, Nasce quando são concentrados numa oficina, sob o comando do mes-
expressando-se na cultura enquanto gênero (MOTTA, 2005), ou mo capitalista, trabalhadores de ofícios diversos e independentes, por
seja, como um construto social do masculino e do feminino – e por cujas mãos tem de passar um produto até seu acabamento final. Uma
extensão, do “ser homem” e do “ser mulher”. carruagem, por exemplo, era o produto global dos trabalhos de nume-
Esta diferenciação social estabelecida a partir de uma leitura rosos artífices independentes, como o carpinteiro de seges, o estofa-
sobre o sexo (gênero) é o que fundamenta a divisão sexual do tra- dor, o costureiro, o serralheiro, o correeiro, o torneiro, o passamaneiro,
balho existente em todas as sociedades. Assim, a noção de divisão o vidraceiro, o pintor, o envernizador, o dourador, etc.
sexual do trabalho é especialmente importante para a análise da Mas a manufatura pode ter origem oposta. O mesmo capital
produção e reprodução das relações de poder entre os sexos não reúne ao mesmo tempo na mesma oficina muitos trabalhadores
só no ambiente do trabalho doméstico, mas nos mais variados es- que fazem a mesma coisa ou a mesma espécie de trabalho. Isto
paços sociais, a exemplo do trabalho profissional. Esta “refere-se a pode ocorrer, por exemplo, com trabalhadores especializados em
uma modalidade da divisão social do trabalho” (KERGOAT, 1987), na papel, ou em tipos de imprensa ou em agulhas. Contudo, circuns-
qual o trabalho produtivo foi (e, em menor medida, segue sendo) tância externas logo levam o capitalista a utilizar de maneira dife-
imputado ao homem e o trabalho doméstico foi (e continua a ser) rente a concentração dos trabalhadores no mesmo local. Redistri-
imposto exclusivamente às mulheres (HIRATA e KERGOAT, 2003). bui-se então o trabalho. Em vez de o mesmo artífice executar as
A segunda categoria, a idade, é outro importante elemento de diferentes operações dentro de uma sequência, são elas destacadas
organização das relações da vida social (MOTTA, 2007), que em to- umas das outras, isoladas, justapostas no espaço, cada uma delas
das as épocas atuaram no sentido de prescrever “limites” a cada um confiada a um artífice diferente. Essa repartição acidental de tarefas
na vida social (idem, 2005). Enquanto componente bio-sócio-histó- revela suas vantagens peculiares e ossifica-se progressivamente em
rico, às idades são atribuídas sentidos culturais, políticos e econô- divisão sistemática do trabalho.
micos, expressos sob a forma de direitos e deveres, ou possibilida- A manufatura portanto, se origina e se forma a partir do ar-
des e interdições. Por isso mesmo, tornam-se também definidoras tesanato, de duas maneiras. De um lado, surge da combinação de
do tempo de entrada e de saída do mercado de trabalho. ofícios independentes diversos que perdem sua independência e se
As demarcações por idades são arbitrárias, conforme expressa formam tão especializados que passam a constituir apenas opera-
Bourdieu (1983) e sofrem variações de uma sociedade para outra, ções parciais do processo de produção. De outro, tem sua origem
de um modo de produção para outro, de uma profissão para outra na cooperação de artífices de determinado ofício, decompondo o
porque expressam o jogo de poder entre as gerações (LENOIR, ofício em suas diferentes operações particulares, isolando-as e in-
1997). Neste sentido, pesquisas voltadas para o campo do trabalho 6 Fonte: SILVA, Z. A.
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dividualizando-as para tornar cada uma delas função exclusiva de Manufatura dessa espécie, quando combina ofícios primitiva-
um trabalhador especial. A manufatura ora introduz a divisão do mente dispersos, reduz o espaço que separa as diversas fases de
trabalho num processo de produção ou a aperfeiçoa, ora combina produção do artigo. Ganha-se força produtiva em relação ao artesa-
ofícios anteriormente distintos. A divisão manufatureira do traba- nato. Por outro lado, a divisão, o princípio característico da manufa-
lho é uma espécie particular de cooperação, e muito de suas van- tura, exige o isolamento das diferentes fases de produção e sua in-
tagens decorrem não dessa forma particular, mas da natureza geral dependência recíproca. Para estabelecer e manter a conexão entre
da cooperação. as diferentes funções isoladas, é necessário o transporte ininterrup-
to do artigo de uma mão para outra e de um processo para outro.
O Trabalhador Parcial e sua Ferramenta Isto representa, confrontando-se com a grande indústria mecani-
O trabalhador coletivo que constitui o mecanismo vivo da ma- zada, uma limitação peculiar, custosa e imanente ao princípio da
nufatura consiste apenas desses trabalhadores parciais, limitados. manufatura. A manufatura, entretanto, não se limita a aproveitar as
Por isso, produz-se em menos tempo ou eleva-se a força produtiva condições para cooperação como as encontra; ela as cria, até certo
do trabalho, em comparação com os ofícios independentes. Tam- ponto, decompondo a atividade artesão. Por outro lado, consegue
bém aperfeiçoa-se o método do trabalho parcial, depois que este essa organização social do processo de trabalho apenas aprisionan-
se torna função exclusiva de uma pessoa. A produtividade do traba- do cada trabalhador a uma única fração de ofício.
lho depende não só da virtuosidade do trabalhador, mas também Sendo o produto parcial de cada trabalhador parcial apenas
da perfeição de suas ferramentas. Ferramentas da mesma espécie um estágio particular na produção do mesmo artigo, cada traba-
como facas, perfuradores, verrumas, martelos, etc, são utilizadas lhador ou cada grupo de trabalhadores recebe de outro sua maté-
em diferentes processos de trabalho. Mas, logo, que as diversas ria-prima. O resultado do trabalho de um é o ponto de partida para
operações de um processo de trabalho se dissociam e cada opera- o trabalho do outro. Um trabalhador dá ocupação diretamente ao
ção parcial assume nas mãos do trabalhador parcial a forma mais outro. É claro que essa dependência direta dos trabalhos e dos tra-
adequada possível e portanto exclusiva, tornam-se necessárias balhadores entre si obriga cada um há só empregar o tempo neces-
modificações nos instrumentos anteriormente utilizados para múl- sário a sua função, obtendo-se assim continuidade, uniformidade,
tiplos fins. regularidade, ordenamento. Na produção de mercadorias em geral,
revela-se norma coativa e externa da concorrência o princípio de só
A manufatura se caracteriza pela diferenciação das ferramen- aplicar na fabricação de uma mercadoria o tempo de trabalho so-
tas, que imprime aos instrumentos da mesma espécie formas de- cialmente necessário pois, cada produtor tem vender a mercadoria
terminadas para cada emprego útil especial, e pela especialização, ao preço de mercado. Na manufatura, torna-se lei técnica do pró-
que só permite a cada uma dessas ferramentas operar plenamente prio processo de produção o fornecimento de determinada quanti-
em mãos do trabalhador parcial específico. O trabalhador parcial e dade de produto num tempo dado.
seu instrumento constituem os elementos simples da manufatura. A divisão manufatureira do trabalho simplifica e diversifica não
só os órgãos qualitativamente diversos do trabalhador coletivo so-
As Duas Formas Fundamentais da Manufatura: Manufatura cial, mas também cria uma relação matemática fixa para o tamanho
Heterogênea e Manufatura Orgânica desses órgãos, isto é, para o número relativo de trabalhadores ou
A manufatura se apresenta sob duas formas fundamentais. para a magnitude relativa do grupo de trabalhadores em cada fun-
Esse duplo caráter decorre da natureza do artigo produzido. Ou o ção particular. Desenvolve, juntamente com a subdivisão qualitativa
artigo se constitui pelo simples ajustamento mecânico de produtos do processo de trabalho social, a regra quantitativa a proporciona-
parciais independentes ou deve sua forma acabada a uma sequên- lidade desse processo.
cia de operações e manipulações conexas. De produto individual, O grupo isolado consiste de elementos homogêneos e consti-
o relógio transformou-se no produto social de numerosos traba- tui órgão especial do mecanismo global. Em diversas manufaturas
lhadores parciais, cada um com o encargo de um produto parcial, entretanto, o próprio grupo é um conjunto heterogêneo de traba-
como as rodas em bruto, as molas, o mostrador, a mola espiral, os lho, sendo o organismo global constituído pela repetição ou pela
furos para as pedras e as alavancas com rubis, os ponteiros, etc. multiplicação desses organismos produtivos elementares. Exemplo,
Essa relação externa do produto acabado com seus diferentes ele- na fabricação de garrafas de vidro, na mesma boca de um forno tra-
mentos, observada na relojoaria e em fabricações análogas, torna balha um grupo, chamado na Inglaterra de “hole”, composto de um
acidental a congregação dos trabalhadores parciais na mesma ofici- encarregado de fazer a garrafa, de um soprador, um apanhador, um
na. As operações parciais podem mesmo ser executadas como ofí- carregador e um arrumador. Esses cincos trabalhadores constituem
cios independentes entre si. órgãos especiais de um organismo de trabalho, que só pode atuar
Só excepcionalmente é lucrativa a exploração manufatureira, unido, com a cooperação direta de todos os cinco. Faltando um des-
nesse ramo, pois é a mais aguçada possível a concorrência entre os ses cinco membros, esse organismo fica paralisado.
trabalhadores que querem trabalhar em casa, o fracionamento da A estrutura de cada grupo se fundamenta diretamente na divi-
produção em numerosos processos heterogêneos pouco permite o são do trabalho, mas o que liga esses grupos é a cooperação sim-
emprego de instrumental comum de trabalho e o capitalista evita ples, que emprega de maneira mais econômica, por utilizá-lo em
as despesas de construção com o sistema disperso de fabricação. comum, um dos meios de produção, no caso, o forno para a fabri-
A segunda espécie de manufatura produz artigos que percorrem cação de vidro. Finalmente, a manufatura, do mesmo modo que
fases de produção conexas, uma sequência de processos gradativos, pode derivar da combinação de ofícios diferentes, pode tornar-se
como, por exemplo, na manufatura de agulhas, em que o arame uma combinação de diferentes manufaturas. As maiores vidrarias
passa por 72 pessoas. inglesas, por exemplo, fabricam o próprio cadinho de argila, por de-
pender substancialmente da qualidade deste o sucesso ou fracasso
da produção. A manufatura de um meio de produção combina-se
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aqui com a manufatura do produto. A manufatura do produto pode to da produção social. A divisão social do trabalho surge aí através
combinar-se com manufaturas a que serve de matéria-prima ou da troca entre os ramos de produção. Mas, quando a divisão fisioló-
com cujos produtos se junta posteriormente. Assim, por exemplo, gica do trabalho constitui o ponto de partida, os órgãos particulares
na Inglaterra a manufatura de flint-glass combinar-se com o enta- de um todo unificado se desprendem uns dos outros, se dissociam,
lhamento de vidro e com a fundição de latão. sob a influência da troca de mercadorias com outras comunidades
Apesar das vantagens oferecidas por essa combinação de e tornam-se interdependentes.
manufaturas, ela nunca adquire, em virtude de sua própria base O fundamento de toda a divisão do trabalho desenvolvida e
manufatureira, verdadeira unidade técnica. Esta só surge, quando processada através da troca de mercadorias é a separação entre a
a manufatura se transforma em indústria mecanizada. O período cidade e o campo. Constitui condição material para a divisão do tra-
do artesanato gerou as invenções importantes da bússola, da pól- balho de manufatura o emprego ao mesmo tempo de certo número
vora, da imprensa, mas em geral, a maquinaria desempenha, no de trabalhadores. A divisão do trabalho na sociedade depende da
período manufatureiro, aquele papel secundário que Adam Smith magnitude e densidade da população. Sendo a produção e a cir-
lhe atribui, ao compará-la com a divisão do trabalho. O mecanis- culação de mercadorias condições fundamentais do modo de pro-
mo específico do período manufatureiro é o trabalhador coletivo, dução capitalista, a divisão manufatureira do trabalho pressupõe
constituído de muitos trabalhadores parciais. O trabalhador coleti- que a divisão do trabalho na sociedade tenha atingido certo grau
vo passa a possuir então todas as qualidades produtivas no mesmo de desenvolvimento. A divisão manufatureira do trabalho, desen-
grau elevado de virtuosidade e as depende ao mesmo tempo da volve e multiplica a divisão social do trabalho. Com a diferenciação
maneira mais econômica, individualizando todos os seus órgãos em das ferramentas diferenciam-se cada vez mais os ofícios que fazem
trabalhadores especiais. A estreiteza e as deficiências do trabalha- essas ferramentas.
dor parcial tornam-se perfeições quando ele é parte integrante do Apesar das numerosas analogias e das conexões entre a divi-
trabalhador coletivo. são do trabalho na sociedade e a divisão do trabalho na manufatu-
As diferentes funções do trabalhador coletivo são simples ou ra, há entre elas uma diferença não só de grau mas de substância .
complexas, inferiores ou superiores, e seus órgãos, as forças indi- A analogia mais se evidencia incontestável quando uma conexão ín-
viduais de trabalho, exigem diferentes graus de formação, possuin- tima entrelaça diversos ramos de atividade. O criador de gado, por
do por isso valores diversos. A manufatura desenvolve portanto exemplo, produz peles, o curtidor transforma as peles em couro, o
uma hierarquia nas forças de trabalho. O trabalhador individual sapateiro, o couro em sapatos. Cada produto é uma etapa para o
pertence a uma função única, limitada e as diferentes tarefas es- artigo final. A divisão do trabalho na sociedade se processa através
tabelecidas nessa hierarquia são adaptadas as habilidades naturais da compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de trabalho,
e adquiridas. A manufatura cria uma classe de trabalhadores sem a conexão dentro da manufatura, dos trabalhos parciais se realiza
qualquer destreza especial, os quais o artesanato punha totalmente através da venda de diferentes forças de trabalho ao mesmo capi-
de lado. Ao lado da graduação hierárquica, surge a classificação dos talista que as emprega como força de trabalho coletivo. A divisão
trabalhadores em hábeis e inábeis. Para os últimos não há custos manufatureira do trabalho pressupõe concentração dos meios de
de aprendizagem, e, para os primeiros, esses custos se reduzem em produção nas mãos de um capitalista, a divisão social do trabalho,
relação às despesas necessárias para formar um artesão. Em ambos dispersão dos meios de produção entre produtores de mercadorias,
os casos, cai o valor da força de trabalho. A desvalorização relativa independentes entre si. A divisão manufatureira do trabalho pres-
da força de trabalho, decorrente da eliminação ou da redução dos supõe a autoridade incondicional do capitalista sobre seres huma-
custos de aprendizagem, redunda para o capital em acréscimo ime- nos transformados em simples membros de um mecanismo que a
diato de mais valia. ele pertence. A divisão social do trabalho faz confrontar-se produto-
res independentes de mercadorias, os quais não reconhecem outra
Divisão do Trabalho na Manufatura e Divisão do Trabalho na autoridade além da concorrência.
Sociedade Enquanto a divisão social do trabalho, quer se processe ou não
Considerando apenas o trabalho, podemos chamar a sepa- através da troca de mercadorias, é inerente às mais diversas forma-
ração da produção social em seus grandes ramos, agricultura, in- ções econômicas da sociedade, a divisão do trabalho na manufatu-
dústria, etc., divisão do trabalho em geral; a diferenciação desses ra é uma criação específica do modo de produção capitalista.
grandes ramos em espécies e variedades, de divisão do trabalho
em particular, e a divisão do trabalho numa oficina, de divisão do Caráter Capitalista da Manufatura
trabalho individualizada, singularizada. A divisão social do trabalho Um grande número de trabalhadores sob o comando de um mes-
e a correspondente limitação dos indivíduos a esferas profissionais mo capital é o ponto de partida natural tanto da cooperação em geral
particulares desenvolvem-se, como a divisão do trabalho na manu- quanto da manufatura. E a divisão manufatureira do trabalho torna o
fatura. Numa família e posteriormente numa tribo surge uma divi- incremento do número dos trabalhadores empregados uma necessi-
são natural de trabalho, em virtude das diferenças de sexo e idade. dade técnica. O mínimo de trabalhadores que cada capitalista tem de
A troca de produtos se origina nos pontos em que diferentes famí- empregar, é lhe então prescrito pela divisão do trabalho estabelecida.
lias, tribos, comunidades entram em contato. Comunidades dife- Crescendo o capital variável aumenta necessariamente o ca-
rentes encontram diferentes meios de produção e diferentes meios pital constante, ampliando-se as condições comuns de produção,
de subsistência em seu ambiente natural. É essa diferença natural como construções, fornos, etc., tem de aumentar principalmente
que provoca a troca recíproca de produtos e em consequência a e quantidade de matérias-primas. A quantidade de matéria-prima
transformação progressiva desses produtos em mercadoria. consumida num tempo dado por determinada quantidade de tra-
A troca não cria a diferença entre os ramos de produção, mas balho aumenta na mesma proporção em que a produtividade cres-
estabelece relações entre os ramos diferentes e os transforma-os ce em virtude da divisão do trabalho.
em atividades mais ou menos interdependentes dentro do conjun-
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O organismo coletivo que trabalha, na cooperação simples ou do homem primitivo com sua forma ainda instintiva de trabalho.
na manufatura, é uma forma de existência do capital. A manufatura Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana. Uma
propriamente dita não só submete ao comando e a disciplina do aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha
capital o trabalhador antes independente, mas também cria uma supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que
graduação hierárquica entre os próprios trabalhadores. Enquanto a distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na
cooperação simples, em geral, não modifica o modo de trabalhar do mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim
indivíduo, a manufatura o revoluciona inteiramente e se apodera do processo do trabalho aparece um resultado que já existia an-
da força individual de trabalho em suas raízes. Originariamente, o tes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma
trabalhador vendia sua força de trabalho ao capital por lhe faltarem apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o
os meios materiais para produzir uma mercadoria. Agora, sua força projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei
individual de trabalho não funciona se não estiver vendida ao capi- determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordi-
tal. O trabalhado da manufatura, incapacitado, naturalmente, por nar sua vontade. E essa subordinação não é um ato fortuito. Além
sua condição, de fazer algo independente, só consegue desenvolver do esforço dos órgãos que trabalham, é mister a vontade adequa-
sua atividade produtiva como acessório da oficina do capitalista. O da que se manifesta através da atenção durante todo o curso do
que perdem os trabalhadores parciais, concentra-se no capital que trabalho. E isto é tanto mais necessário quanto menos se sinta o
se confronta com eles. trabalhador atraído pelo conteúdo e pelo método de execução de
Na manufatura, o enriquecimento do trabalhador coletivo e, sua tarefa, que lhe oferece por isso menos possibilidade de fruir da
por isso, do capital, em forças produtivas, realiza-se às custas do aplicação das suas próprias forças físicas e espirituais.
empobrecimento do trabalhador em forças produtivas. Para evitar Os elementos componentes do processo de trabalho são:
a degeneração completa do povo em geral, oriunda da divisão do 1) a atividade adequada a um fim, isto é o próprio trabalho;
trabalho, recomenda Adam Smith o ensino popular pelo Estado, 2) a matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho;
embora em doses prudentemente homeopáticas. A economia polí- 3) os meios de trabalho, o instrumental de trabalho.
tica que só aparecer como ciência autônoma no período manufatu-
reiro observa a divisão social do trabalho em geral do ponto de vista A terra (do ponto de vista económico, compreende a água) que,
exclusivo da divisão manufatureira do trabalho e vê nela apenas o ao surgir o homem, o provê com meios de subsistência prontos para
meio de produzir com a mesma quantidade de trabalho mais mer- utilização imediata, (1) existe independentemente da ação dele,
cadorias, barateando-as e apressando assim a acumulação do capi- sendo o objeto universal do trabalho humano. Todas as coisas que
tal. Para eles, da separação dos ramos sociais da produção resulta o trabalho apenas separa de sua conexão imediata com seu meio
que as mercadorias são melhor feitas, que as diferentes tendências natural constituem objetos de trabalho, fornecidos pela natureza.
e talentos dos seres humanos procuram as esferas de ação a que Assim, os peixes que se pescam, que são tirados do seu elemento, a
melhor se ajustam. Com a divisão do trabalho melhoram portanto água, a madeira derrubada na floresta virgem, o minério arrancado
o produto e o produtor7. dos filões. Se o objeto de trabalho é, por assim dizer, filtrado através
de trabalho anterior, chamamo-lo de matéria-prima. Por exemplo, o
Processo de Trabalho e Relações de Trabalho minério extraído depois de ser lavado. Toda matéria-prima é objeto
A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O com- de trabalho, mas nem todo objeto de trabalho é matéria-prima. O
prador da força de trabalho consome-a, fazendo o vendedor de ela objeto de trabalho só é matéria-prima depois de ter experimentado
trabalhar. Este, ao trabalhar, torna-se realmente no que antes era modificação efetuada pelo trabalho.
apenas potencialmente: força de trabalho em ação, trabalhador. O meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas,
Para o trabalho reaparecer em mercadorias, tem de ser empregado que o trabalhador insere entre si mesmo e o objeto de trabalho e
em valores-de-uso, em coisas que sirvam para satisfazer necessida- lhe serve para dirigir sua atividade sobre esse objeto. Ele utiliza as
des de qualquer natureza. O que o capitalista determina ao traba- propriedades mecânicas, físicas, químicas das coisas, para fazê-las
lhador produzir é, portanto um valor-de-uso particular, um artigo atuarem como forças sobre outras coisas, de acordo com o fim que
especificado. A produção de valores-de-uso muda sua natureza ge- tem em mira. A coisa de que o trabalhador se apossa imediatamen-
ral por ser levada a cabo em benefício do capitalista ou estar sob te, - excetuados meios de subsistência colhidos já prontos, como
seu controle. Por isso, temos inicialmente de considerar o processo frutas, quando seus próprios membros servem de meio de traba-
de trabalho à parte de qualquer estrutura social determinada. lho, - não é o objeto de trabalho, mas o meio de trabalho. Desse
Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam modo, faz de uma coisa da natureza órgão de sua própria atividade,
o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua um órgão que acrescenta a seus próprios órgãos corporais, aumen-
própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio mate- tando seu próprio corpo natural, apesar da Bíblia. A terra, seu celei-
rial com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas ro primitivo, é também seu arsenal primitivo de meios de trabalho.
forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços Fornece-lhe, por exemplo, a pedra que lança e lhe serve para moer,
e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da na- prensar, cortar etc. A própria terra é um meio de trabalho, mas,
tureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim para servir como tal na agricultura, pressupõe toda uma série de
sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modi- outros meios de trabalho e um desenvolvimento relativamente ele-
fica sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela ador- vado da força de trabalho. O processo de trabalho, ao atingir certo
mecidas e submete ao seu domínio o jogo das forças naturais. Não nível de desenvolvimento, exige meios de trabalho já elaborados.
se trata aqui das formas instintivas, animais, de trabalho. Quando o Nas cavernas mais antigas habitadas pelos homens, encontramos
trabalhador chega ao mercado para vender sua força de trabalho, instrumentos e armas de pedra. No começo da história humana,
é imensa a distância histórica que medeia entre sua condição e a desempenham a principal função de meios de trabalho os animais
7 Fonte: MARX, Karl. O Capital. domesticados, amansados e modificados pelo trabalho, ao lado de
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pedras, madeira, ossos e conchas trabalhados. O uso e a fabrica- vés de muitas gerações, realizada sob controle do homem e pelo
ção de meios de trabalho, embora em germe em certas espécies seu trabalho. No tocante aos meios de trabalho, a observação mais
animais, caracterizam o processo especificamente humano de tra- superficial descobre, na grande maioria deles, os vestígios do traba-
balho e Franklin define o homem como “a toolmaking animal”, um lho de épocas passadas.
animal que faz instrumentos de trabalho. Restos de antigos instru- A matéria-prima pode ser a substância principal de um produ-
mentos de trabalho têm, para a avaliação de formações econômi- to, ou contribuir para sua constituição como material acessório. O
co-sociais extintas, a mesma importância que a estrutura dos ossos meio de trabalho consome o material acessório: assim, a máquina
fósseis para o conhecimento de espécies animais desaparecidas. O a vapor, o carvão; a roda, o óleo; o cavalo de tração, o feno. Ou o
que distingue as diferentes épocas econômicas não é o que se faz, material acessório é adicionado à matéria-prima, para modificá-la
mas como, com que meios de trabalho se faz. Os meios de trabalho materialmente: o cloro ao pano cru, o carvão ao ferro, a anilina à lá;
servem para medir o desenvolvimento da força humana de trabalho ou facilita a execução do próprio trabalho: os materiais, por exem-
e, além disso, indicam as condições sociais em que se realiza o tra- plo, utilizados para iluminar e aquecer o local de trabalho. A dife-
balho. Os meios mecânicos, que em seu conjunto podem ser cha- rença entre substância principal e acessória desaparece na fabri-
mados de sistema ósseo e muscular da produção, ilustram muito cação em que se processe uma transformação química, pois nesse
mais as características marcantes de uma época social de produção, caso nenhuma das matérias-primas empregadas reaparece como a
que os meios que apenas servem de recipientes da matéria objeto substância do produto.
de trabalho e que, em seu conjunto, podem ser denominados de Tendo cada coisa muitas propriedades e servindo em con-
sistema vascular da produção, como, por exemplo, tubos, barris, sequência a diferentes aplicações úteis, pode o mesmo produto
cestos, cântaros etc. Estes só começam a desempenhar papel im- constituir matéria-prima de processos de trabalho muito diversos.
portante na produção química. O centeio, por exemplo, é matéria-prima do moleiro, do fabrican-
Além das coisas que permitem ao trabalho aplicar-se a seu ob- te de amido, do destilador de aguardente, do criador de gado etc.
jeto e servem de qualquer modo para conduzir a atividade, con- Como semente, é matéria-prima de sua própria produção. O carvão
sideramos meios de trabalho em sentido lato todas as condições é produto da indústria de mineração e, ao mesmo tempo, meio de
materiais seja como forem necessárias à realização do processo de produção dela.
trabalho. Elas não participam diretamente do processo, mas este O mesmo produto pode no processo de trabalho servir de meio
fica sem elas total ou parcialmente impossibilitado de concretizar- de trabalho e de matéria-prima. Na engorda de gado, por exemplo,
-se. Nesse sentido, a terra é ainda um meio universal de trabalho, o boi é matéria-prima a ser elaborada e ao mesmo tempo instru-
pois fornece o local ao trabalhador e proporciona ao processo que mento de produção de adubo.
ele desenvolve o campo de operação (field of employment). Perten- Um produto que existe em forma final para consumo pode tor-
cem a essa classe meios resultantes de trabalho anterior, tais como nar-se matéria-prima. A uva, por exemplo, serve de matéria-prima
edifícios de fábricas, canais, estradas etc. para o vinho. Ou o trabalho dá ao produto formas que só permitem
No processo de trabalho, a atividade do homem opera uma sua utilização como matéria-prima. Nesse caso, chama-se a maté-
transformação, subordinada a um determinado fim, no objeto so- ria-prima de semiproduto, ou, melhor, de produto intermediário,
bre que atua por meio do instrumental de trabalho. O processo ex- como algodão, fios, linhas etc. Embora já seja produto, a maté-
tingue-se ao concluir-se o produto. O produto é um valor-de-uso, ria-prima original tem de percorrer toda uma série de diferentes
um material da natureza adaptado às necessidades humanas atra- processos, funcionando em cada um deles com nova forma, como
vés da mudança de forma. O trabalho está incorporado ao objeto matéria-prima, até atingir o último processo, que faz dela produto
sobre que atuou. Concretizou-se e a matéria está trabalhada. O que acabado, pronto para consumo ou para ser utilizado como meio de
se manifestava em movimento, do lado do trabalhador, se revela trabalho.
agora qualidade fixa, na forma de ser, do lado do produto. Ele teceu Como se vê, um valor-de-uso pode ser considerado matéria-
e o produto é um tecido. -prima, meio de trabalho ou produto, dependendo inteiramente da
Observando-se todo o processo do ponto de vista do resultado, sua função no processo de trabalho, da posição que nele ocupa,
do produto, evidencia-se que meio e objeto de trabalho são meios variando com essa posição a natureza do valor-de-uso.
de produção e o trabalho é trabalho produtivo. Ao servirem de meios de produção em novos processos de tra-
Quando um valor-de-uso sai do processo de trabalho como balho perdem os produtos o caráter de produto. Funcionam apenas
produto, participaram da sua feitura, como meios de produção, ou- como fatores materiais desses processos. O fiandeiro vê no fuso
tros valores-de-uso, produtos de anteriores processos de trabalho. apenas o meio de trabalho, e na fibra de linho apenas a matéria
Valor-de-uso que é produto de um trabalho torna-se assim meio que fia, objeto de trabalho. Por certo, é impossível a fiação sem
de produção de outro. Os produtos destinados a servir de meio de material para fiar e sem fuso. Pressupõe-se a existência desses pro-
produção não são apenas resultado, mas também condição do pro- dutos para que tenha início a fiação. Mas, dentro desse processo
cesso de trabalho. ninguém se preocupa com o fato de a fibra de linho e o fuso serem
Excetuadas as indústrias extrativas, cujo objeto de trabalho é produtos de trabalho anterior, do mesmo modo que é indiferente
fornecido pela natureza (mineração, caça, pesca etc.; a agricultura ao processo digestivo que o pão seja produto dos trabalhos anterio-
se compreende nessa categoria apenas quando desbrava terras vir- res do triticultor, do moleiro, do padeiro etc. Ao contrário, é através
gens), todos os ramos industriais têm por objeto de trabalho a ma- dos defeitos que os meios de produção utilizados no processo de
téria-prima, isto é, um objeto já filtrado pelo trabalho, um produto trabalho fazem valer sua condição de produtos de trabalho anterior.
do próprio trabalho. É o caso da semente na agricultura. Animais e Uma faca que não corta, o fio que se quebra etc. lembram logo o
plantas que costumamos considerar produtos da natureza são pos- cuteleiro A e o fiandeiro B. No produto normal desaparece o traba-
sivelmente não só produtos do trabalho do ano anterior, mas, em lho anterior que lhe imprimiu as qualidades úteis.
sua forma atual, produtos de uma transformação continuada, atra-
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Uma máquina que não serve ao processo de trabalho é inú- intervenção do capitalista também não muda o método de fazer
til. Além disso, deteriora-se sob a poderosa ação destruidora das calçados ou de fiar. No começo tem de adquirir a força de traba-
forças naturais. O ferro enferruja, a madeira apodrece. O fio que lho como a encontra no mercado, de satisfazer-se com o trabalho
não se emprega na produção de tecido ou de malha, é algodão da espécie que existia antes de aparecerem os capitalistas. Só mais
que se perde. O trabalho vivo tem de apoderar-se dessas coisas, tarde pode ocorrer a transformação dos métodos de produção em
de arrancá-las de sua inércia, de transformá-las de valores-de-uso virtude da subordinação do trabalho ao capital e, por isso, só trata-
possíveis em valores-de-uso reais e efetivos. O trabalho, com sua remos dela mais adiante:
chama, delas se apropria, como se fossem partes do seu organismo, O processo de trabalho, quando ocorre como processo de con-
e de acordo com a finalidade que o move lhes empresta vida para sumo da força de trabalho pelo capitalista, apresenta dois fenôme-
cumprirem suas funções; elas são consumidas, mas com um propó- nos característicos.
sito que as torna elementos constitutivos de novos valores-de-uso, O trabalhador trabalha sob o controle do capitalista, a quem
de novos produtos que podem servir ao consumo individual como pertence seu trabalho. O capitalista cuida em que o trabalho se rea-
meios de subsistência ou a novo processo de trabalho como meios lize de maneira apropriada e em que se apliquem adequadamen-
de produção. te os meios de produção, não se desperdiçando matéria-prima e
Os produtos de trabalho anterior que, além de resultado, cons- poupando-se o instrumental de trabalho, de modo que só se gaste
tituem condições de existência do processo de trabalho, só se man- deles o que for imprescindível à execução do trabalho.
têm e se realizam como valores-de-uso através de sua participação Além disso, o produto é propriedade do capitalista, não do pro-
nesse processo, de seu contato com o trabalho vivo. dutor imediato, o trabalhador. O capitalista paga, por exemplo, o
O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto e seus valor diário da força de trabalho. Sua utilização, como a de qual-
meios, consume-os, é um processo de consumo. Trata-se de consu- quer outra mercadoria, por exemplo, a de um cavalo que alugou
mo produtivo que se distingue do consumo individual: este gasta por um dia, pertence-lhe durante o dia. Ao comprador pertence o
os produtos como meios de vida do indivíduo, enquanto aquele os uso da mercadoria, e o possuidor da força de trabalho apenas cede
consome como meios através dos quais funciona a força de traba- realmente o valor-de-uso que vendeu, ao ceder seu trabalho. Ao
lho posta em ação pelo indivíduo. O produto do consumo individual penetrar o trabalhador na oficina do capitalista, pertence a este o
é, portanto, o próprio consumidor, e o resultado do consumo pro- valor-de-uso de sua força de trabalho, sua utilização, o trabalho. O
dutivo um produto distinto do consumidor. capitalista compra a força de trabalho e incorpora o trabalho, fer-
Quando seus meios (instrumental) e seu objeto (matérias-pri- mento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, os
mas etc.) já são produtos, o trabalho consome produtos para criar quais também lhe pertencem. Do seu ponto de vista, o processo
produtos, ou utiliza-se de produtos como meios de produção de de trabalho é apenas o consumo da mercadoria que comprou, a
produtos. Mas, primitivamente, o processo de trabalho ocorria en- força de trabalho, que só pode consumir adicionando-lhe meios de
tre o homem e a terra tal como existia sem sua intervenção, e hoje produção. O processo de trabalho é um processo que ocorre entre
continuam a lhe servir de meios de produção coisas diretamente coisas que o capitalista comprou, entre coisas que lhe pertencem.
fornecidas pela natureza, as quais não representam, portanto, ne- O produto desse processo pertence-lhe do mesmo modo que o pro-
nhuma combinação entre substâncias naturais e trabalho humano. duto do processo de fermentação em sua adega.
O processo de trabalho, que descrevemos em seus elementos
simples e abstratos, é atividade dirigida com o fim de criar valo- O Processo de Produção de Mais Valia
res-de-uso, de apropriar os elementos naturais às necessidades O produto, de propriedade do capitalista, é um valor-de-uso,
humanas; é condição necessária do intercâmbio material entre o fios, calçados etc. Mas, embora calçados sejam úteis à marcha da
homem e a natureza; é condição natural eterna da vida humana, sociedade e nosso capitalista seja um decidido progressista, não fa-
sem depender, portanto, de qualquer forma dessa vida, sendo an- brica sapatos por paixão aos sapatos. Na produção de mercadorias,
tes comum a todas as suas formas sociais. Não foi por isso necessá- nosso capitalista não é movido por puro amor aos valores-de-uso.
rio tratar do trabalhador em sua relação com outros trabalhadores. Produz valores-de-uso apenas por serem e enquanto forem subs-
Bastaram o homem e seu trabalho, de um lado, a natureza e seus trato material, detentores de valor-de-troca. Tem dois objetivos.
elementos materiais, do outro. O gosto do pão não revela quem Primeiro, quer produzir um valor-de-uso, que tenha um valor-de-
plantou o trigo, e o processo examinado nada nos diz sobre as con- -troca, um artigo destinado à venda, uma mercadoria. E segundo,
dições em que ele se realiza, se sob o látego do feitor de escravos quer produzir uma mercadoria de valor mais elevado que o valor
ou sob o olhar ansioso do capitalista, ou se o executa Cincinato la- conjunto das mercadorias necessárias para produzi-la, isto é, a
vrando algumas jeiras de terra ou o selvagem ao abater um animal soma dos valores dos meios de produção e força de trabalho, pelos
bravio com uma pedra. quais antecipou seu bom dinheiro no mercado. Além de um valo-
Voltemos ao nosso capitalista em embrião. Deixamo-lo depois r-de-uso quer produzir mercadoria, além de valor-de-uso, valor, e
de ter ele comprado no mercado todos os elementos necessários não só valor, mas também valor excedente (mais valia).
ao processo de trabalho, os materiais ou meios de produção e o Tratando-se agora de produção de mercadorias, só considera-
pessoal, a força de trabalho. Com sua experiência e sagacidade, es- mos realmente até aqui um aspecto do processo. Sendo a própria
colheu os meios de produção e as forças de trabalho adequados a mercadoria unidade de valor-de-uso e valor, o processo de produzi-
seu ramo especial de negócios, fiação, fabricação de calçados etc. -la tem de ser um processo de trabalho ou um processe de produzir
Nosso capitalista põe-se então a consumir a mercadoria, a força valor-de-uso e, ao mesmo tempo, um processo de produzir valor.
de trabalho que adquiriu, fazendo o detentor dela, o trabalhador, Focalizaremos sua produção do ponto de vista do valor.
consumir os meios de produção com o seu trabalho. Evidentemen- Sabemos que o valor de qualquer mercadoria é determinado
te, não muda a natureza geral do processo de trabalho executá-lo pela quantidade de trabalho materializado em seu valor-de-uso,
o trabalhador para o capitalista e não para si mesmo. De início, a pelo tempo de trabalho socialmente necessário a sua produção.
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Isto se aplica também ao produto que vai para as mãos do capi- valor-de-uso qualquer. Segundo, pressupõe-se que só foi aplicado
talista, como resultado do processo de trabalho. De início, temos o tempo de trabalho necessário nas condições sociais de produção
portanto de quantificar o trabalho materializado nesse produto. reinantes. Se 1 quilo de algodão é necessário para produzir 1 quilo
Exemplifiquemos com fios. de fio, só deve ser consumido 1 quilo de algodão na fabricação de
Para a produção de fios é necessário, digamos, 10 quilos de al- 1 quilo de fio. O mesmo vale para os fusos. Se o capitalista se der
godão. No tocante ao valor do algodão, não é necessário investigar, ao luxo de empregar fusos de ouro em vez de fusos de aço, só se
pois supomos ter sido comprado no mercado pelo seu valor, 10 xe- computa no valor do fio o trabalho socialmente necessário, isto é, o
lins. No preço do algodão já está representado o trabalho exigido tempo de trabalho necessário à produção de fusos de aço.
para sua produção em termos de trabalho social médio. Admitire- Sabemos agora à parte do valor do fio formada pelos meios de
mos ainda que, na elaboração do algodão, o desgaste do fuso, que produção, algodão e fuso. É igual a 12 xelins, que representam dois
representa no caso todos os outros meios de trabalho empregados, dias de trabalho. Vejamos agora a porção de valor que o trabalho do
atinge um valor de 2 xelins. Se uma quantidade de ouro representa- fiandeiro acrescenta ao algodão.
da por 12 xelins é o produto de 24 horas de trabalho ou de 2 dias de Agora temos de focalizar o trabalho sob aspecto totalmente
trabalho, infere-se que, de início, já estão incorporados no fio dois diverso daquele sob o qual o consideramos no processo de tra-
dias de trabalho. balho. Tratava-se, então, da atividade adequada para transformar
Não nos deve levar à confusão nem a mudança de forma do al- algodão em fio. Quanto mais apropriado o trabalho, melhor o fio,
godão nem a circunstância de ter desaparecido inteiramente o que continuando inalteradas as demais circunstâncias. O trabalho do
foi consumido do fuso. A equação valor de 40 quilos de fio = valor fiandeiro, como processo de produzir valor-de-uso, é especifica-
de 40 quilos de algodão + valor de um fuso inteiro seria verdadeira, mente distinto dos outros trabalhos produtivos, e a diversidade se
segundo a lei geral do valor, se a mesma quantidade de trabalho patenteia subjetiva e objetivamente, na finalidade exclusiva de fiar,
fosse exigida para produzir o que está em cada um dos lados da no modo especial de operar, na natureza particular dos meios de
equação; nas mesmas condições, 10 quilos de fio são o equivalente produção, no valor-de-uso específico do seu produto. Algodão e
de 10 quilos de algodão mais 1/4 de fuso. fuso são indispensáveis ao trabalho de fiar, mas não se pode com
No caso, o mesmo tempo de trabalho está representado, de eles estriar canos na fabricação de canhões. Mas, agora, considera-
um lado, no valor-de-uso fio, e, do outro, nos valores-de-uso algo- mos o trabalho do fiandeiro como criador de valor, fonte de valor, e
dão e fuso. Não altera o valor aparecer sob a forma de fio, fuso ou sob esse aspecto não difere do trabalho do perfurador de canhões,
algodão. Se, em vez de deixar parados o fuso e o algodão, combi- nem se distingue, tomando exemplo mais próximo, dos trabalhos
namo-los no processo de fiação que modifica suas formas de uso, do plantador de algodão e do produtor de fusos. É essa identidade
transformando-os em fio, essa circunstância em nada alteraria o va- que permite aos trabalhos de plantar algodão, de fazer fusos e de
lor deles; seria o mesmo que os trocar simplesmente por seu equi- fiar constituírem partes, que diferem apenas quantitativamente, do
valente em fio. mesmo valor global, o valor do fio. Não se trata mais da qualidade,
O tempo de trabalho exigido para a produção do algodão, a da natureza e do conteúdo do trabalho, mas apenas da sua quanti-
matéria-prima no caso, é parte do necessário à produção do fio e dade. Basta calcula-la. Pressupomos que o trabalho de fiar é traba-
por isso está contido no fio. O mesmo ocorre com o tempo de tra- lho simples, trabalho social médio. Ver-se-á depois que pressupor o
balho exigido para a produção da parte dos fusos que tem de ser contrário em nada altera a questão.
desgastada ou consumida para fiar o algodão. Durante o processo de trabalho, o trabalho se transmuta de
No tocante ao valor do fio, o tempo de trabalho necessário à ação em ser, de movimento em produto concreto. Ao fim de uma
sua produção, podemos considerar fases sucessivas de um mesmo hora, a ação de fiar está representada em determinada quantida-
processo de trabalho, os diversos processos especiais de trabalho, de de fio; uma determinada quantidade de trabalho, uma hora de
separados no tempo e no espaço, a serem percorridos, para produ- trabalho se incorpora ao algodão. Falamos em trabalho, ou seja,
zir o próprio algodão, a parte consumida dos fusos e, finalmente, no dispêndio da força vital do fiandeiro durante uma hora, porque
o fio com o algodão e os fusos. Todo o trabalho contido no fio é o trabalho de fiar só interessa, aqui, como dispêndio da força de
trabalho pretérito. Não tem a menor importância que o tempo de trabalho e não como trabalho especializado.
trabalho exigido para a produção dos elementos constitutivos es- É da maior importância que durante o processo, durante a
teja mais afastado do presente que o aplicado imediatamente no transformação do algodão em fio, só se empregue o tempo de
processo final, na fiação. Se determinada quantidade de trabalho, trabalho socialmente necessário. Se sob condições sociais de
digamos, 30 dias de trabalho, é necessária à construção de uma produção normais, médias, se transformam x quilos de algodão
casa, em nada altera o tempo de trabalho incorporado à casa que durante uma hora de trabalho em y quilos de fio, só se pode
o trigésimo dia de trabalho se aplique na construção 29 dias depois considerar dia de trabalho de 12 horas, o que transforma 12x quilos
do primeiro. Basta considerar o tempo de trabalho contido no ma- de algodão em 12y quilos de fio. Só se considera criador de valor o
terial e no instrumental do trabalho como se tivesse sido despendi- tempo de trabalho socialmente necessário.
do num estágio anterior ao processo de fiação, antes do trabalho de Como o trabalho, assumem a matéria-prima e o produto as-
fiar finalmente acrescentado. pecto totalmente diverso daquele sob o qual os consideramos no
Os valores dos meios de produção, o algodão e o fuso, expres- processo de trabalho. A matéria-prima serve aqui para absorver
sos no preço de 12 xelins, constituem partes componentes do valor determinada quantidade de trabalho. Com essa absorção trans-
do fio ou do valor do produto. forma-se em fio, por ter sido à força de trabalho, a ela aplicada,
Mas, duas condições têm de ser preenchidas. Primeiro algodão despendida sob a forma de fiação. Mas, o produto, o fio, apenas
e fuso devem ter servido realmente à produção de um valor-de-u- mede agora o trabalho absorvido pelo algodão. E, numa hora, 1.2/3
so. No caso, deve o fio ter surgido deles. O valor não depende do quilos de algodão se convertem em1. 2/3 quilos de fio, 10 quilos de
valor-de-uso que o representa, mas tem de estar incorporado num fio representam 6 horas de trabalho absorvidas. Quantidades de
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produto determinadas, estabelecidas pela experiência, significam tanto, que tem agora fio em vez de remorsos. Que não se deixe do-
determinada quantidade de trabalho, determinado tempo de tra- minar pela tentação de entesourar, pois já vimos a que resultados
balho solidificado. Apenas materializam tantas horas ou tantos dias leva o ascetismo do entesourador. Além disso, o rei perde seus direi-
de trabalho social. tos onde nada existe. Qualquer que seja o mérito de sua renúncia,
Não importa que o trabalho seja de fiação, que seu material nada existe para remunerá-la, uma vez que o valor do produto que
seja algodão e seu produto fio, nem interessa tampouco que esse sai do processo apenas iguala a soma dos valores das mercadorias
material já seja produto, matéria-prima, portanto. Se o trabalha- que nele entraram. Que ele se console com a ideia de a virtude ser a
dor, em vez de fiar, estiver ocupado numa mina de carvão, o carvão recompensa da virtude. Mas não, ele se torna importuno. O fio não
objeto de trabalho será fornecido pela natureza. Apesar disso, de- tem para ele nenhuma utilidade. Produziu-o para vender. Se assim
terminada quantidade de carvão extraído, 100 quilos, por exemplo, é, que o venda, ou melhor, ainda, que doravante só produza coisas
representará a quantidade de trabalho que absorveu. para o próprio consumo, receita que MacCulloch, o médico da fa-
mília, já lhe prescrevera como infalível contra a epidemia da super-
Ao tratar da venda da força de trabalho, supomos seu valor produção. O capitalista se lança ao ataque. Poderia o trabalhador
diário = 3 xelins, objetivando-se nessa quantia 6 horas de trabalho. construir fábricas no ar, produzir mercadorias? Não lhe forneceu
Essa quantidade de trabalho é, portanto necessária para produzir ele os elementos materiais, sem os quais não lhe teria sido possível
a soma média diária dos meios de subsistência do trabalhador. Se materializar seu trabalho? Sendo a maioria da sociedade constituí-
numa hora de trabalho nosso fiandeiro transforma 1.2/3 quilos de da dos que nada possuem, não prestou ele um serviço inestimável à
algodão em 1.2/2 quilos de fio, é claro que em 6 horas converterá sociedade com seus meios de produção, seu algodão e seus fusos, e
10 quilos de algodão em 10 quilos de fio. Assim, durante a fiação, ao próprio trabalhador, a quem forneceu ainda os meios de subsis-
absorve o algodão 6 horas de trabalho. O mesmo tempo está repre- tência? Não deve ele computar todo esse serviço? Mas, reparamos,
sentado numa quantidade de ouro com o valor de 3 xelins. Com a não lhe compensou o trabalhador ao converter o algodão e o fuso
fiação, acrescenta-se ao algodão um valor de 3 xelins. em fio? Além disso, não se trata aqui de serviço. Serviço nada mais
Vejamos agora o valor total do produto, os 10 quilos de fio. Ne- é que o efeito útil de um valor-de-uso, mercadoria ou trabalho. Tra-
les se incorporaram 2.1/2 dias de trabalho, dos quais 2 se contêm ta-se aqui de valor-de-troca. O capitalista pagou ao trabalhador o
no algodão e na substância consumida do fuso e 1/2 foi absorvido valor de 3 xelins. O trabalhador devolveu-lhe um equivalente exato
durante o processo de fiação. Esses 2.1/2 dias de trabalho corres- no valor de 3 xelins, acrescido ao algodão. Valor contra valor. Nosso
pondem a uma quantidade de ouro equivalente a 15 xelins. O preço amigo, até a pouco arrogante, assume subitamente a atitude mo-
adequado ao valor dos 10 quilos de fio é, portanto 15 xelins, e o de desta do seu próprio trabalhador. Não trabalhou ele, não realizou
um quilo de fio, 1 xelim e 6 pence. o trabalho de vigiar e de superintender o fiandeiro? Não constitui
Nosso capitalista fica perplexo. O valor do produto é igual ao valor esse trabalho? Mas, seu capataz e seu gerente encolhem os
do capital adiantado. O valor adiantado não cresceu, não produziu ombros. Entrementes, nosso capitalista recobra sua fisionomia cos-
excedente (mais valia), o dinheiro não se transformou em capital. tumeira com um sorriso jovial. Com toda aquela ladainha, estava
O preço dos 10 quilos de fio é 15 xelins e essa quantia foi gasta no apenas se divertindo às nossas custas. Não daria um centavo por
mercado com os elementos constitutivos do produto ou, o que é ela. Deixa esses e outros subterfúgios e embustes por conta dos
o mesmo, com os fatores do processo de trabalho: 10 xelins com professores de economia, especialmente pagos para isso. Ele é um
algodão, 2 xelins com a parte consumida do fuso e 3 xelins com a homem prático que nem sempre pondera o que diz fora do negócio,
força de trabalho. Pouco importa o valor agregado do fio, pois é mas sabe o que faz dentro dele.
apenas a soma dos valores existentes antes no algodão, no fuso e Examinemos o assunto mais de perto. O valor diário da força de
na força de trabalho, e dessa mera adição de valores existentes não trabalho importava em 3 xelins, pois nela se materializa meio dia de
pode jamais surgir mais valia. trabalho, isto é, custam meio dia de trabalho os meios de subsistên-
Esses valores estão agora concentrados numa só coisa, mas já cia quotidianamente necessários para produzir a força de trabalho.
formavam uma unidade na quantidade de 15 xelins antes de ela se Mas, o trabalho pretérito que se materializa na força de trabalho e
distribuir em três compras de mercadorias. o trabalho vivo que ela pode realizar, os custos diários de sua pro-
Considerado em si mesmo não há por que estranhar esse resul- dução e o trabalho que ela despende são duas grandezas inteira-
tado. O valor de 1 quilo de fio é 1 xelim e 6 pence e por 10 quilos de mente diversas. A primeira grandeza determina seu valor-de-troca,
fio nosso capitalista teria de pagar no mercado 15 xelins. Tanto faz a segunda constitui seu valor-de-uso. Por ser necessário meio dia
que compre no mercado, já construída, sua casa particular ou que de trabalho para a manutenção do trabalhador durante 24 horas,
a mande construir: o modo de aquisição não alterará a quantia de não se infira que este está impedido de trabalhar uma jornada in-
dinheiro que tiver de empregar. teira. O valor da força de trabalho e o valor que ela cria no processo
O capitalista, familiarizado com a economia vulgar, dirá prova- de trabalho são, portanto duas magnitudes distintas. O capitalista
velmente que adiantou seu dinheiro com a intenção de fazer com tinha em vista essa diferença de valor quando comprou a força de
ele mais dinheiro. Mas, o caminho do inferno está calçado de boas trabalho. A propriedade útil desta, de fazer fios ou sapatos, era ape-
intenções, e ele podia ter até a intenção de fazer dinheiro, sem nada nas uma conditio sine qua non, pois o trabalho para criar valor, tem
produzir. Ameaça. Não o embrulharão de novo. Futuramente com- de ser despendido em forma útil. Mas, o decisivo foi o valor-de-uso
prará a mercadoria pronta no mercado, em vez de fabricá-la. Mas específico da força de trabalho, o qual consiste em ser ela fonte de
se todos os seus colegas capitalistas fizerem o mesmo, como achar valor e de mais valor que o que tem. Este é o serviço específico que
mercadoria para comprar? Não pode comer seu dinheiro. Resolve o capitalista dela espera. E ele procede no caso de acordo com as
doutrinar. Sua abstinência deve ser levada em consideração. Podia leis eternas da troca de mercadorias. Na realidade, o vendedor da
ter esbanjado em prazeres seus 15 xelins. Ao invés disso, consumiu- força de trabalho, como o de qualquer outra mercadoria, realiza seu
-os produtivamente, transformando-os em fio. Reparamos, entre- valor-de-troca e aliena seu valor-de-uso. Não pode receber um, sem
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transferir o outro. O valor-de-uso do óleo vendido não pertence ao Se comparamos o processo de produzir valor com o processo
comerciante que o vendeu, e o valor-de-uso da força de trabalho, o de trabalho, verificaremos que este consiste no trabalho útil que
próprio trabalho, tampouco pertence a seu vendedor. O possuidor produz valores-de-uso. A atividade neste processo é considerada
do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; pertence-lhe, qualitativamente, em sua espécie particular, segundo seu objetivo
portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma jornada in- e conteúdo. Mas, quando se cogita da produção de valor, o mesmo
teira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa apenas processo de trabalho é considerado apenas sob o aspecto quanti-
meia jornada, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar tativo. Só importa o tempo que o trabalhador leva para executar a
uma jornada inteira, e o valor que sua utilização cria num dia é o operação ou o período durante o qual a força de trabalho é gasta
dobro do próprio valor-de-troca. Isto é uma grande felicidade para utilmente. Também as mercadorias que entram no processo de tra-
o comprador, sem constituir injustiça contra o vendedor. balho não são mais vistas como elementos materiais da força de
Nosso capitalista previu a situação que o faz sorrir. Por isso, o trabalho, adequados aos fins estabelecidos e com funções deter-
trabalhador encontra na oficina os meios de produção não para um minadas. São consideradas quantidades determinadas de trabalho
processo de trabalho de seis horas, mas de doze. Se 10 quilos de materializado. Contido nos meios de produção ou acrescentado
algodão absorvem 6 horas de trabalho e se transformam em 10 qui- pela força de trabalho, só se computa o trabalho de acordo com sua
los de fio, 20 quilos de algodão absorverão 12 horas de trabalho e duração, em horas, dias etc.
se converterão em 20 quilos de fio. Examinemos o produto do pro- Mas, quando se mede o tempo de trabalho aplicado na pro-
cesso de trabalho prolongado. Nos 20 quilos de fio estão materiali- dução de um valor-de-uso, só se considera o tempo de trabalho
zados agora 5 dias de trabalho, dos quais 4 no algodão e na porção socialmente necessário. Isto envolve muitas coisas. A força de tra-
consumida do fuso, e 1 absorvido pelo algodão durante a fiação. A balho deve funcionar em condições normais. Se o instrumento de
expressão em ouro de 5 dias de trabalho é 30 xelins. Este é o preço trabalho socialmente dominante na fiação é a máquina de fiar, não
de 20 quilos de fio. 1 quilo de fio custa agora, como dantes, 1 xelim se deve pôr nas mãos do trabalhador uma roda de fiar. O trabalha-
e 6 pence. Mas a soma dos valores das mercadorias lançadas no dor deve receber algodão de qualidade normal e não refugo que se
processo importa em 27 xelins. O valor do fio é de 30 xelins. O valor parte a todo instante. Em ambos os casos gastaria ele mais do que o
do produto ultrapassa de 1/9 o valor antecipado para sua produção. tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de um
Desse modo, 27 xelins se transformaram em 30 xelins. Criou-se uma quilo de fio, e esse tempo excedente não geraria valor nem dinhei-
mais valia de 3 xelins. Consumou-se finalmente o truque; o dinheiro ro. A normalidade dos fatores materiais do trabalho não depende
se transformou em capital. do trabalhador, mas do capitalista. Outra condição é a normalidade
Satisfizeram-se todas as condições do problema e não se vio- da própria força de trabalho. Deve possuir o grau médio de habilida-
laram as leis que regem a troca de mercadorias. Trocou-se equiva- de, destreza e rapidez reinantes na especialidade em que se aplica.
lente por equivalente. Como comprador, o capitalista pagou toda Mas, nosso capitalista comprou no mercado força de trabalho de
mercadoria pelo valor, algodão, fuso, força de trabalho. E fez o que qualidade normal. Essa força tem de ser gasta conforme a quanti-
faz qualquer outro comprador de mercadoria. Consumiu seu valor- dade média de esforço estabelecida pelo costume, de acordo com
-de-uso. Do processo de consumo da força de trabalho, ao mesmo o grau de intensidade socialmente usual. O capitalista está cuidado-
tempo processo de produção de mercadoria, resultaram 20 quilos samente atento a isto, e zela também por que não se passe o tempo
de fio com um valor de 30 xelins. O capitalista, depois de ter com- sem trabalho. Comprou a força de trabalho por prazo determinado.
prado mercadoria, volta ao mercado para vender mercadoria. Ven- Empenha-se por ter o que é seu. Não quer ser roubado. Finalmente,
de o quilo de fio por 1 xelim e 6 pence, nem um centavo acima ou e para isso tem ele seu código penal particular, não deve ocorrer
abaixo de seu valor. Tira, contudo, da circulação 3 xelins mais do nenhum consumo impróprio de matéria-prima e de instrumental,
que nela lançou. Essa metamorfose, a transformação de seu dinhei- pois material ou instrumentos desperdiçados significam quantida-
ro em capital, sucede na esfera da circulação e não sucede nela. Por des superfluamente despendidas de trabalho materializado, não
intermédio da circulação, por depender da compra da força de tra- sendo portanto consideradas nem incluídas na produção de valor.
balho no mercado. Fora da circulação, por esta servir apenas para Vemos que a diferença estabelecida, através da análise da mer-
se chegar à produção da mais valia, que ocorre na esfera da produ- cadoria, entre o trabalho que produz valor-de-uso e o trabalho que
ção. E assim “tudo que acontece é o melhor que pode acontecer no produz valor se manifesta agora sob a forma de dois aspectos dis-
melhor dos mundos possíveis”. tintos do processo de produção.
Ao converter dinheiro em mercadorias que servem de elemen- O processo de produção, quando unidade do processo de tra-
tos materiais de novo produto ou de fatores do processo de traba- balho e do processo de produzir valor, é processo de produção de
lho e ao incorporar força de trabalho viva à materialidade morta mercadorias; quando unidade do processo de trabalho e do proces-
desses elementos, transforma valor, trabalho pretérito, materiali- so de produzir mais valia, é processo capitalista de produção, forma
zado, morto, em capital, em valor que se amplia, um monstro ani- capitalista da produção de mercadorias.
mado que começa a “trabalhar”, como se tivesse o diabo no corpo. Observamos anteriormente que não importa ao processo de
Comparando o processo de produzir valor com o de produzir criação da mais valia que o trabalho de que se apossa o capitalis-
mais valia, veremos que o segundo só difere do primeiro por se pro- ta seja trabalho simples, trabalho social médio, ou trabalho mais
longar além de certo ponto. O processo de produzir valor simples- complexo, de peso específico superior. Confrontado com o trabalho
mente dura até o ponto em que o valor da força de trabalho pago social médio, o trabalho que se considera superior, mais complexo,
pelo capital é substituído por um equivalente. Ultrapassando esse é dispêndio de força de trabalho formada com custos mais altos,
ponto, o processo de produzir valor torna-se processo de produzir que requer mais tempo de trabalho para ser produzida, tendo, por
mais valia (valor excedente). isso, valor mais elevado que a força de trabalho simples. Quando o
valor da força de trabalho é mais elevado, emprega-se ela em tra-
balho superior e materializa-se, no mesmo espaço de tempo, em
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valores proporcionalmente mais elevados. Qualquer que seja a di- personalizados, softwares para empresas segundo sua necessida-
ferença fundamental entre o trabalho do fiandeiro e o do ourives, de, calçados, móveis, objetos, acessórios personalizados de acordo
à parte do trabalho deste artífice com a qual apenas cobre o valor com a vontade do consumidor.
da própria força de trabalho não se distingue qualitativamente da Isso é possível, principalmente, devido, as tecnologias basea-
parte adicional com que produz mais valia. A mais valia se origina das na computação. Desse modo, o domínio da informática ganha
de um excedente quantitativo de trabalho, da duração prolongada cada vez mais importância no mundo do trabalho.
do mesmo processo de trabalho, tanto no processo de produção
de fios, quanto no processo de produção de artigos de ourivesaria. - Produção em grupo: Ao contrário do fordismo, em que as em-
Ademais, em todo processo de produzir valor, o trabalho supe- presas tinham uma gerência que funcionava como uma espécie de
rior tem de ser reduzido a trabalho social médio, por exemplo, um “cérebro da empresa”, que pensava todas as etapas da produção,
dia de trabalho superior a x dias de trabalho simples. Evita-se uma na acumulação flexível, a tendência é que os grupos de trabalha-
operação supérflua e facilita a análise, admitindo-se que o traba- dores colaborem no desenvolvimento de todo o processo de pro-
lhador empregado pelo capital executa trabalho simples, ao mesmo dução. A atividade do trabalhador não se resume mais à execução
tempo trabalho social médio. de uma tarefa repetitiva e exaustiva: deve também ajudar a propor
soluções para a empresa.
Transformações no Mundo do Trabalho
Na década de 1970, com a recessão econômica causada pela - Trabalho em equipe: Ao invés de ter um cargo definido, com
crise do petróleo, os capitalistas desenvolveram novas formas de um conjunto fixo de tarefas a serem realizadas, o trabalhador deve
trabalho, visando diminuir os custos de produção e aumentar seus enfrentar situações distintas em grupos colaborativos.
ganhos. Começaram, então, a surgir formas de flexibilização do tra- Forma-se um grupo para realizar um projeto e, logo depois,
balho e do mercado que tem a ver com a busca desenfreada por dissolve-se esta equipe, deslocando seus membros para novos pro-
mais lucro. jetos. Ex: agências de publicidade, projetos de engenharia, grupos
O fordismo começou a apresentar problemas, por que não es- de pesquisa, etc.
tava mais conseguindo acompanhar o mercado, ou seja, as pessoas
queriam produtos diversificados, personalizados e inovadores. O - Habilidades múltiplas: Como dito anteriormente, a participa-
fordismo era lento para inovar, cada vez que se modificava um pro- ção do empregado não é mais exigida somente em uma única tarefa
duto tinha que modificar muitas máquinas, supunha um estoque repetida à exaustão, mas em uma variedade de tarefas. Por isso, o
grande de mercadorias, etc. tudo isso elevou os custos de produção. mercado exige um empregado capaz de resolver problemas e pro-
Flexibilização ou acumulação flexível, se refere aos processos por ideias criativas.
que o mundo do trabalho vem sofrendo no âmbito da produção, As decisões em relação à contratação de um funcionário não
dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. são mais baseadas exclusivamente na sua escolarização e qualifi-
Todos estes baseados na inovação e na contraposição aos padrões cações, mas na capacidade desse funcionário de se adaptar e ad-
fordistas de acumulação. quirir novas habilidades com rapidez. (Isso não quer dizer que não
devemos nos qualificar, ao contrário, quer dizer que devemos estar
Nova tendência: Acumulação Flexível constantemente nos atualizando, dominando novos recursos).
Sistema no qual a rigidez fordista é substituída pela produção
flexível. Emprego e Desemprego na Atualidade
Nesse sistema, inverte-se a lógica fordista em que a indústria Ter um emprego não só constitui o principal recurso com que
determinava o que seria consumido. Hoje os consumidores deter- conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades mate-
minam o que as empresas irão produzir e oferecer. riais como também lhes permite plena integração social. Por isso,
A acumulação flexível assim está formatada ou pensada, para a maior parte dos países reconhece o direito ao trabalho como um
atender as novas tendências do mercado. Os consumidores que dos direitos fundamentais dos cidadãos.
não querem mais produtos padronizados na sua generalidade, mas Emprego é a função e a condição das pessoas que trabalham,
requerem produtos com características que correspondam a sua em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo de ativi-
personalidade e necessidade. Diferentes públicos como jovens, mu- dade econômica, remunerada ou não. Por desemprego se entende
lheres, idosos, deficientes, gays, esportistas, empresários, etc. exi- a condição ou situação das pessoas incluídas na faixa das “idades
gem produtos com detalhes e adereços próprios para o seu grupo, ativas” (em geral entre 14 e 65 anos), que estejam, por determi-
que como dito, correspondam a sua personalidade e necessidade. nado prazo, sem realizar trabalho em qualquer tipo de atividade
Baseado nisso, o sistema possui características como: econômica, remunerada ou não.
As possibilidades de emprego que os sistemas econômicos po-
- Produção flexível: Produção de um reduzido número de mer- dem oferecer em certo período relacionam-se com a capacidade de
cadorias, voltadas a um público específico. Ex.: mulheres, jovens, produção da economia, com as políticas de utilização dessa capaci-
velhos, deficientes, homossexuais, ecologistas, aventureiros, etc. dade e com a tecnologia empregada na produção.
Diferentemente do fordismo que está destinado para fabrica- Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno em-
ção de produtos padronizados e homogêneos em grande quanti- prego dos fatores de produção (entre eles o trabalho) era normal,
dade e para mercados de massa em que os consumidores não se estando a economia sempre em equilíbrio. John Stuart Mill dizia:
distinguem. A produção flexível oferece produtos específicos para “Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país, duplicare-
públicos distintos. Os produtos podem ser carros adaptados ou mos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo
duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens.” Dentro dessa li-
nha de ideias, o aparecimento de desempregados em certas épocas
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era explicado como a resultante de um desajustamento temporá- - Desemprego tecnológico, que atinge sobretudo os países
rio. O ajustamento (ocupação da força de trabalho desempregada) mais adiantados. Resulta da substituição do homem pela máquina
ocorreria quando os trabalhadores decidissem aceitar voluntaria- e é representado pela maior procura de técnicos e especialistas e
mente os salários mais baixos oferecidos pelos empresários. pela queda, em maior proporção, da procura dos trabalhos mera-
mente braçais.
Teorias - Desemprego conjuntural, também chamado desemprego cí-
John Maynard Keynes contestou essas afirmações, negando clico, característico da depressão, quando os bancos retraem os cré-
que haja um ajustamento automático para o pleno emprego no re- ditos, desestimulando os investimentos, e o poder de compra dos
gime da propriedade privada dos meios de produção. Afirmam os assalariados cai em consequência da elevação de preços.
keynesianos que a lei do mercado dos clássicos, segundo a qual “a - Desemprego friccional, motivado pela mudança de emprego
oferta cria a sua própria procura”, é ilusória e que o pleno emprego ou atividade dos indivíduos. É o tipo de desemprego de menor sig-
é uma situação excepcional, de pouca duração e raramente atingi- nificação econômica.
da. Para Keynes, é a procura efetiva que determina a maior produ- - Desemprego temporário, forma de subemprego comum nas
ção e em consequência o mais alto nível de emprego, enquanto a regiões agrícolas, motivado pelo caráter sazonal do trabalho em
produção global nem sempre encontra procura efetiva. “Quando a certos setores agrícolas.
procura efetiva é insuficiente, o sistema econômico se vê forçado a
contrair a produção”, o que resulta no desemprego. “Não há meio Exército de Reserva
de assegurar maior nível de ocupação, a não ser pelo aumento do Thomas Robert Malthus, economista inglês do século XVIII,
consumo.” A procura efetiva estaria na dependência da renda real, atribuiu o desemprego a leis eternas da natureza. De acordo com
ou seja, do efetivo poder de compra da comunidade, e o subconsu- a sua “lei da população”, desde a origem da sociedade humana a
mo, causador do desemprego, seria consequência do fato de que população aumenta em progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32...)
“uma parte excessivamente grande do poder de compra fica com e os meios de subsistência, dado o caráter limitado das riquezas
os beneficiários de rendas importantes”, como disse Bertrand de naturais, aumentam em progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6...).
Jouvenel. Esta, segundo Malthus, é a causa original dos excedentes de popu-
Marx também formulou uma lei da população para explicar lação, de fome e de miséria. Segundo Malthus, para se libertar da
o desemprego. Chamou-a de “lei capitalista do desemprego”, e a miséria e da fome o proletariado deveria reduzir artificialmente os
considerou uma consequência da propriedade privada dos meios nascimentos.
de produção. Segundo ele, na sociedade burguesa a acumulação A desocupação de uma percentagem de três por cento da for-
do capital faz com que uma parte da população operária se torne ça de trabalho é considerada nos países capitalistas como desem-
inevitavelmente supérflua. É eliminada da produção e condenada à prego mínimo ou normal e só acima desse índice é que se fala em
fome. Essa “superpopulação relativa” toma diferentes nomes, se- desemprego. Há quem considere essa quota como necessária ao
gundo os aspectos que apresenta: desenvolvimento da indústria. Os defensores dessa tese afirmam
- Superpopulação flutuante, constituída pelos operários que que uma certa porcentagem de desemprego é salutar à economia,
perdem seu trabalho por certo tempo, em consequência da queda por constituir uma reserva de mão-de-obra para a expansão indus-
da produção, do emprego de novas máquinas, do fechamento de trial. E alegam que nos períodos de recuperação e avanço industrial,
empresas. Com o incremento da produção, uma parte desses de- quando o crescimento rápido da produção se impõe, uma quantida-
sempregados volta a se empregar; e também consegue emprego de suficiente de empregados estará à disposição dos empresários.
uma parcela dos novos trabalhadores que alcançaram a idade pro-
dutiva. O número total dos operários empregados aumenta, mas Desemprego na América Latina
numa proporção decrescente em relação ao aumento da produção. O potencial de mão-de-obra latino-americano está longe de
- Superpopulação latente, constituída pelos pequenos produto- seu pleno aproveitamento. Há na economia agropecuária um de-
res arruinados e principalmente pelos camponeses pobres e pelos semprego latente, disfarçado e, embora generalizado, dificilmente
operários agrícolas que estão ocupados na agricultura somente du- mensurável em termos estatísticos.
rante parte do ano. Ao contrário do que ocorre no setor industrial, o O mesmo ocorre nas camadas economicamente marginais da
progresso técnico na agricultura provoca uma diminuição absoluta população urbana. É também cada vez maior o desemprego nos
da demanda de mão-de-obra. subgrupos secundário e terciário das atividades econômicas no se-
- Superpopulação estagnada, constituída pelos grupos numero- tor citadino. Observam-se na América Latina os diversos tipos de
sos de pessoas que perderam definitivamente seu emprego e cujas desemprego comuns à economia capitalista. Como nessa região do
ocupações irregulares são pagas muito abaixo do nível habitual de mundo coexistem formas de exploração da terra em regime semi-
salário. Encontram-se entre esses os trabalhadores domésticos e os feudal pré-capitalista até atividades em centros altamente indus-
que vivem de trabalho ocasional. trializados, aí estão também desde o subemprego rural, decorrente
da concentração da propriedade da terra, até o desemprego tecno-
Classificação lógico, consequência da maior procura de mão-de-obra especializa-
Costuma-se classificar o desemprego segundo sua origem: da em lugar de simples trabalhadores braçais.
- Desemprego estrutural, característico dos países subdesen- Estanislau Fischlowitz chama a atenção para o denominado “fa-
volvidos, ligado às particularidades intrínsecas de sua economia. Ex- tor de patologia social do mercado do trabalho”, ou seja, o desem-
plica-se pelo excesso de mão-de-obra empregado na agricultura e prego de preponderante origem populacional, que se delineia cla-
atividades correlatas e pela insuficiência dos equipamentos de base ramente na América Latina. A população cresce num ritmo tal que
que levariam à criação cumulativa de emprego. os contingentes de pessoas a alcançar a idade de trabalho é maior
do que a capacidade de absorção de mão-de-obra. Dada a alta fre-
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quência de adolescentes e a melhora nos índices de sobrevivência, Poderia parecer que a violência simbólica se exerce apenas
esse sociólogo calcula em vários milhões o número de jovens que, sobre os dominados, mas não é assim. Para que o domínio se per-
a cada ano, entram no mercado de trabalho, em busca do primeiro petue e não seja detectado e denunciado, é preciso que não só as
emprego remunerado. Em vários países sul-americanos, a situação identidades dos dominados, mas também as dos dominantes sejam
seria menos sombria se não fosse a altíssima taxa de aumento de- construídas em conformidade com estes dois modelos de compor-
mográfico, calculada em 2,7% ao ano. A situação é particularmente tamento, não se desculpando a mais leve transgressão, o mais ligei-
grave em El Salvador, o país latino-americano de maior densidade ro desvio à norma. É por isso que «um homem não chora»; que um
populacional. menino que gosta de brincadeiras menos agressivas é um «mariqui-
No Brasil, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Es- nhas», que certas profissões são impróprias para homens, etc. etc.
tatística, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – é preciso garantir a reprodução das estruturas de domínio. Cada
(PNAD, concluiu que o Brasil tinha 62 milhões de pessoas com al- homem está também sob a pressão constante de afirmar a sua vi-
gum tipo de ocupação, dos quais 40 milhões empregadas; a pro- rilidade e a sociedade é implacável para aqueles que são “frouxos”
porção de desempregados (2,4%) era relativamente baixa. Esses – é preciso garantir a manutenção dessas estruturas. Esta pressão
números escondiam acentuadas disparidades regionais, como a começa cedo, na escola, os meninos perseguem sempre aquele que
proporção de crianças de 10 a 13 anos que trabalhavam: 7,3% em parece não se conformar à norma e, pela vida fora, qualquer ho-
São Paulo, 28,4% no Piauí. mem sente que tem de estar à altura da ideia que tem do que é ser
Calcula-se que nos países menos desenvolvidos de 25 a 30% do homem.
potencial de trabalho seja perdido por meio do desemprego e do Nesta camisa de forças que é a violência simbólica – exercida
subemprego. No entanto, a taxa de crescimento demográfico extre- através de um conjunto de mecanismos subtis de conservação e
mamente alta não é a principal causa de subutilização da força de reprodução das estruturas de domínio, mulheres e homens têm
trabalho. O problema se deve basicamente a graves desequilíbrios poucas opções; estará a sua liberdade ferida de morte?
e inadequações nos sistemas econômicos e sociais desses países.
Entre esses fatores, aponta-se a má distribuição de renda. Violência Física
A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, dei-
xando ou não marcas evidentes.
O HOMEM EM MEIO AOS SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA São comuns, murros, estalos e agressões com diversos objetos
NO BRASIL. VIOLÊNCIAS SIMBÓLICAS, FÍSICAS E PSICOLÓ- e queimaduras.
GICAS. DIFERENTES FORMAS DE VIOLÊNCIA: DOMÉSTICA, A violência física pode ser agravada quando o agressor está sob
SEXUAL E NA ESCOLA. RAZÕES PARA A VIOLÊNCIA o efeito do álcool, ou quando possui uma Embriagues Patológica ou
um Transtorno Explosivo.

Violência simbólica Violência Psicológica


O conceito de violência simbólica foi cunhado por Pierre Bour- A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que
dieu, sociólogo francês, e permite compreender melhor as motiva- lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe
ções profundas que se encontram na origem da aceitação de atitu- prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degra-
des e comportamentos de submissão8. dar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
Nas relações sociais em que o vínculo é de domínio/submissão, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, iso-
os dominados, inconsciente e involuntariamente, assimilam os va- lamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chan-
lores e a visão do mundo dos dominantes e desse modo tornam-se tagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir
cúmplices da ordem estabelecida sem perceberem que são as pri- ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica
meiras e principais vítimas dessa mesma ordem. Não são violenta- e à autodeterminação
dos nem por palavras nem por atos, aparentemente não há coação
nem constrangimento, mas a violência continua lá sob forma subtil Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola.
e escondida, sob forma de violência simbólica: o modo de ver, a
maneira de valorar, as concepções de fundo são as dos dominantes, Violência Doméstica
mas os dominados ignoram totalmente esse processo de aquisição Na atualidade, em razão de vários fatos ocorridos no Brasil, te-
e partem ingenuamente do princípio que essas ideias e esses valo- mos presenciado um sensacionalismo muito grande por parte dos
res são os seus. meios de comunicação, principalmente os televisivos. Porém, esse
A relação de domínio não é percebida como uma relação de assunto existe há milhares de anos.
força em que o mais forte impõe a regra e a norma ao mais fraco, e, A violência doméstica acontece contra crianças, adolescentes,
não se compreendendo que deve ter começado algures no espaço mulheres e idosos, sendo que os agressores são os próprios fami-
e no tempo, é aceite como um dado, uma inevitabilidade e desse liares das vítimas.
modo é naturalizada. Acontece ainda que as instituições religiosas, Um dos grandes fatores que favorecem a violência física, como
políticas, sociais e culturais convergem no sentido de reforçarem os espancamentos, é a personalidade desestruturada para um con-
esta característica. vívio familiar do agressor, que não sabe lidar com pequenas frustra-
ções que essas relações causam no decorrer do cotidiano.
O perfil do agressor é caracterizado por autoritarismo, falta de
8 Conceitos e formas de violência [recurso eletrônico]: / org. Maura paciência, irritabilidade, grosserias e xingamentos constantes, ou
Regina Modena. – Caxias do Sul, RS: Educs, 2016. https://www.ucs.br/ acompanhados de alcoolismo e uso de outras drogas.
site/midia/arquivos/ebook-conceitos-formas_3.pdf.
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As violências domésticas se dividem por espancamentos, ten- Tipos e Penalidades


do maior número de vítimas as crianças de até cinco anos; abusos Em um relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde), de-
sexuais, acontecendo em maior quantidade entre meninas de sete fine como violência sexual como: “Qualquer ato sexual ou tentativa
a dez anos de idade; e por danos morais, em adolescentes e mulhe- do ato não desejada, ou atos para traficar a sexualidade de uma
res. É bom lembrar que os idosos tem tido grande participação na pessoa, utilizando repressão, ameaças ou força física, praticados
violência doméstica, mas aqueles que necessitam de cuidados es- por qualquer pessoa independente de suas relações com a vítima,
peciais, sofrendo as agressões por pessoas contatadas pela família. qualquer cenário, incluindo, mas não limitado ao do lar ou do tra-
Outro destaque para as vítimas das agressões são as crianças balho”. A violência estabelece-se em uma transgressão dos direitos
portadoras de necessidades especiais. Normalmente as mães são sexuais e reprodutivos da mulher, principalmente ao atentado de
as maiores agressoras das mesmas, por exigirem cuidados excessi- direito físico e ao controle de sua capacidade sexual e reprodutiva.
vos como higiene pessoal, alimentação, locomoção, onde estas se Conforme o Código Penal Brasileiro em vigência, a violência se-
sentem sobrecarregadas e por não receberem apoio dos pais da xual é considerada uma transgressão pesada, há três tipos: o estu-
criança ou uma estrutura advinda de órgãos governamentais. pro, o atentado violento ao pudor e o assédio sexual.
No caso do estupro, segundo o Código Penal artigo 213, “Cons-
- Criança se Protegendo de Gritos Violentos tranger mulher à conjunção carnal mediante violência ou grave
As mães também são as grandes espancadoras quando, por al- ameaça. Pena: reclusão, de 6 a 10 anos”. Ou seja, qualquer relação
gum motivo, acontece uma quebra na vinculação afetiva entre ela homem/mulher sem consentimento é definida como estupro.
e o filho, seja por doença, hospitalização ou mesmo por não ter No caso do atentado violento ao pudor, segundo o Código Pe-
aceitado a gravidez. nal artigo 214, “constranger alguém, mediante violência ou grave
Essas crianças apresentam grande dificuldade em ganhar peso ameaça, a praticar ou permitir que com ela se pratique ato libidi-
nos primeiros meses de vida e, no período escolar, não conseguem noso diverso da conjunção carnal. Pena: reclusão de 6 a 10 anos”.
estabelecer uma vinculação positiva com a professora nem tam- Considera-se ato libidinoso as carícias íntimas, masturbação, entre
pouco com o aprendizado, levando-as a tirarem várias notas baixas. outros.
Se observarmos o comportamento infantil dentro das escolas, No caso do assédio sexual, segundo o Código Penal artigo 216A,
podemos notar que as crianças são o espelho daquilo que recebem “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favoreci-
dentro de casa, se convivem com situações de agressividade po- mento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de supe-
dem apresentar-se da mesma forma com os colegas e professora ou rior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego,
partindo para o extremo, tornando-se apática às relações sociais, cargo ou função. Pena - detenção, de 1 a 2 anos”. Ao impor ou forçar
se excluindo do grupo. Já as crianças que convivem num ambiente outra pessoa a exercer um ato sexual, que pode ser beijar, despir-se
familiar saudável, de amizade, amor e respeito conseguem estabe- ou até mesmo o próprio ato, sobre qualquer ameaça, seja de perder
lecer vínculo positivo com quase todo o grupo, sem dificuldades. o emprego ou ser privado de uma promoção, é assédio sexual.
A violência aparece também de forma psíquica, onde se destrói
a moral e a autoestima do sujeito, sem marcas visíveis ao corpo da Denúncia
vítima que normalmente são adolescentes e mulheres. As marcas Muitas pessoas que sofrem de violência ficam envergonhadas
nesse caso são internas, psicológicas, através de humilhações, xin- e tem dificuldade de denunciar e de pedir ajuda. Primeiramente,
gamentos, podendo chegar a injúrias e ameaças contra a vida. elas sofreram um trauma emocional e físico muito grande e ainda
O importante é que, ao se tomar conhecimento dessas formas quando vão denunciar são vítimas de piadinhas e indiretas por par-
de violência, sejam feitas denúncias aos órgãos especializados, a te da própria delegacia, são tratadas com desconfiança, antes de
fim de ajudar as vítimas, tentar tirá-las desse convívio de tanto so- terem seus direitos garantidos. Isso faz com que a vítima desista de
frimento e mostrar ao agressor que ele não é tão poderoso quan- denunciar seus agressores.
to imagina, mas sim covarde por só ter coragem de manifestar sua Quem sofre uma violência sexual tem o direito à: registro de
agressividade dentro de casa, contra pessoas indefesas e sem expo- ocorrência policial, inquérito policial e à realização de exames pe-
sição pública9. riciais junto ao Departamento Médico Legal (DML); recebimento
gratuito de assistência médica com indicação de contracepção de
Violência Sexual emergência para evitar a gravidez indesejada; recebimento de pro-
Um conceito de violência sexual é: “tipo de violência em que filaxia para HIV e para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST);
envolve relações sexuais não consentias e pode ser praticada tanto aborto legal em caso de gravidez decorrente de estupro, de acordo
por conhecido ou familiar ou por um estranho”. Neste trabalho tra- com a legislação vigente do Código Penal no artigo 128; promo-
taremos do assunto dizendo seus tipos e penalidades, como denun- ção da Ação Penal para responsabilização do agressor (processar o
ciar e proceder após a violência e também, falaremos sobre alguns agressor) pelo Ministério Público quando a violência sexual for pra-
mitos falsos. ticada com abuso de o pátrio poder ou da qualidade de padrasto,
Pode se dizer que violência sexual é uma questão de gênero, tutor ou curador; ou quando a vítima não tiver condições de prover
ela se dá por causa dos papéis de homem e mulher por razão social as despesas do processo.
e cultural em que o homem é o dominador. Este é um problema uni- Após a denúncia, a vítima deve ir à Delegacia de Polícia fazer o
versal, no homem é uma questão de poder e controle e que atinge registro de ocorrência; ir ao Departamento Médico Legal para fazer
as mulheres de todos os tipos e lugares. o exame de corpo de delito; ir ao hospital ou posto de saúde para
receber a Pílula de emergência e fazer o tratamento que evita as
doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS e caso seja neces-
sário, ir ao Hospital para fazer o Aborto Legal.
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Aconselha-se que não se faça nenhum tipo de higiene pessoal Muitas de nossas crianças e adolescente passam por violên-
antes que o registro seja feito, já que assim pode se apagar even- cias, e ficam calados – algumas delas não têm coragem de revelar,
tuais provas, deve-se preservar as roupas em seu estado de agres- outras, por medo da retaliação do agressor. Essa violência entre co-
são, quer dizer, deixar as roupas rasgadas e sujas, pois nelas pode legas não é a única. A violência entre professores e alunos também
haver vestígios do crime. Outro ponto importante é tentar prestar tem crescido. Assustadoramente, a violência de alunos contra pro-
atenção se o agressor possui eventuais marcas, cicatrizes ou tatua- fessores é a regra agora, e não mais o oposto. A violência não contra
gens pelo corpo, isso ajuda a polícia a identificar o criminoso. um ou outro, mas contra a escola mesmo, em todos os sentidos e
Quando for fazer a denúncia quem deve fazê-la é a própria modos, também tem aumentado.
vítima, mas se for menor de idade, o responsável legal do menor O que tem intrigado a todos é que esse aumento da violên-
deverá fazer a ocorrência. Há, em casos normais, seis meses para cia veio junto com a ampliação dos direitos dos cidadãos e com o
se fazer a denúncia, mas se a vítima tiver idade inferior à de dezoito Estatuto da Criança e Adolescente. Essa é uma questão que não
anos, ela terá até sua maioridade para efetuá-la. devemos desprezar. No meu ponto de vista, o Estatuto prioriza os
direitos em detrimento dos deveres.
Mitos Após a promulgação do Estatuto as ações contra a violência
Há alguns mitos que são consideravelmente importantes de se nas escolas têm se realizado a partir da mediação, conselhos, etc. O
falar. Mitos do tipo que o agressor é sempre um desconhecido são que, também, é muito bom. A mediação de conflitos é importante,
um deles, na verdade a maioria dos casos de agressão, os agresso- necessária, e muitos problemas são resolvidos, mas, muitas vezes,
res são conhecidos da vítima, que possuem um vínculo afetivo com não basta. Junto com a mediação, infelizmente, tem que haver a
ela, às vezes meu próprio pai é o agressor. punição. Vou citar um exemplo que não é do ambiente escolar, mas
por analogia podemos refletir sobre essa questão. Por exemplo, o
Outro mito é que as mulheres provocam a agressão por usarem problema de dirigir um veículo embriagado. A conscientização é
roupas consideradas insinuantes e passarem por lugares esmos e importante? Sim. Resolve? Não. É necessário fiscalização, multa,
horários impróprios, o que é uma mentira. Todos tem o direito de prisão, etc.
usar a roupa que quiser e à liberdade de ir e vir a hora em que Não estamos conseguindo resolver o problema da violência
bem quiser, e esses direitos devem ser respeitados. Não é por ser nas escolas e, isto é grave. Por quê? Falta, para isso, entendimen-
uma prostituta ou garota de programa, que elas terão seus direitos to, lucidez. Ou seja, falta pensamento crítico, entender o “porque”
violados. agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que os proble-
Este tipo de violência não é causado pelo álcool ou pela dro- mas podem ser amenizados. Para resolver, de fato, é preciso sair
ga, eles atuam como agravantes e precursores da violência, assim da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que
como diversos outros fatores que levam ao descontrole emocional, tantos acham magnífico expor. Aqueles que expõem suas emoções
porém não pode ser dito que eles são causadores da violência. se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, creem-se como an-
tecipadamente capacitados porque emotivos. Porém, não basta. As
Violência na Escola emoções em relação à violência na escola passam e tudo continua
Na última década a violência nas escolas tem preocupado o como antes. Para isso, não podemos ver o problema da violência
poder público e toda sociedade, principalmente, pela forma como sob um só viés. É preciso dialética, racionalidade, determinação e,
esta tem se configurado. O conflito e violência sempre existiram e sobretudo, a união de todos.
sempre existirão, principalmente, na escola, que é um ambiente Podemos classificar inúmeras questões que levam a violência
social em que os jovens estão experimentando, isto é, estão apren- para o ambiente escolar. Por exemplo, os mais gerais: diferenças
dendo a conviver com as diferenças, a viver em sociedade. sociais, culturais, psicológicas, etc. e tantas outras como: experiên-
O grande problema é que a violência tem se tornado em pro- cias de frustrações, diferenças de personalidades, competição, etc.
porções inaceitáveis. Os menos jovens, como eu, estão assustados. Também, podemos enumerar vários tipos, áreas, níveis de violên-
Os professores estão angustiados, com medo, nunca se sabe o que cia. Cada área do saber tem o seu método próprio de análise, a
pode acontecer no cotidiano escolar; os pais, preocupados. Não Filosofia, Sociologia, Psicologia e o Direito. Hoje, sabemos que a
é raro os jornais noticiarem situações de violência nas escolas, as tendência da desfragmentação do saber é o melhor caminho a tri-
mais perversas. lhar. A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade é a proposta
Não quero dizer com isso que antes não existia violência. Exis- em voga de superação da fragmentação do saber. Somente através
tia sim, e muita. “Desde que o mundo é mundo, há violência entre do diálogo aliado a práxis efetiva é que poderemos amenizar o grau
os jovens”. Todos os diferentes, para o bem ou para o mal, são ví- de violência no interior das escolas.
timas em potencial na escola, há muito tempo. Brigas, agressões Esse círculo de violência deve ter um olhar mais universal, prin-
físicas, enfim, sempre existiram. cipalmente, por aqueles que pensam sobre a educação. É necessá-
O que não existia antes e, que hoje tornou comum é que os rio ver que a violência contra a instituição escolar, contra colegas
jovens depredam a escola, quebram os ventiladores, portas, vidros, e professores e, de certo modo, a violência dos adultos contra as
enfim, tudo que é possível destruir, eles destroem. Antes, não se crianças, também, contém elementos de caracterização bem co-
riscava, não murchava ou cortava o pneu do carro do professor. muns. A não aceitação das diferenças em toda a sua amplitude – se
Agredir fisicamente ou fazer ameaças ao mestre, nem pensar. Não é diferente, é hostilizado, desprezado, humilhado. E quando a víti-
se levava revolver e faca e não se consumia drogas e álcool no inte- ma reage é violentada.
rior das escolas. No meu tempo, por exemplo, nunca se ouviu falar
que um colega tinha assassinado um amiguinho na sala de aula ou
que alguém tinha jogado álcool no colega e ateado fogo. Enfim, são
muitos os relatos de violência extrema no interior das escolas.
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A não aceitação das diferenças, também, perpassa pela esco- A discussão a respeito da existência de práticas violentas desde
la como instituição, com seus próprios professores, funcionários e a Antiguidade é tratada por Buoro (1999) quando ele explicita que a
com os próprios alunos. Essa uniformização, isto é, uniformizar o violência se tornou algo ligada ao nosso cotidiano e assim, passamos a
diferente, é feita com violência – em todos os casos. E esse compor- acreditar que o mundo nunca foi tão violento como atualmente. Como
tamento institucional, gera violência. estamos tão envolvidos com a violência, nós deixamos de ampliar o
Não são raros os casos em que o professor que faz a aula dife- tempo histórico, obtendo-se assim, esta visão incorreta.
rente, ainda que seja boa, é admoestado pelo diretor. O diretor que O fato é que a questão sobre a violência começou a ser deba-
pensa diferente é castrado pelos supervisores ou pelo dirigente re- tida em maior número principalmente a partir da década de 1980,
gional de ensino e, assim, sucessivamente. O aluno que é diferente, quando se toma consciência da dimensão do problema que passa
que pergunta demais é admoestado pelo professor e, aquele que a fazer parte do modo de viver do homem em sociedade, ou seja,
pergunta na hora que a aula está acabando é vaiado pelos colegas. a violência torna-se banalizada, passa a ser algo comum entre os
Essas são pequenas violências que alimentam as grandes violên- homens. Assim, segundo Odalia (1985) “[...] uma das condições bá-
cias. Não reconhecer nesse processo é o nosso grande problema. sicas da sobrevivência do homem, num mundo natural hostil, foi
Atualmente, vivemos um problema ético de não reconhecimento exatamente sua capacidade de produzir violência numa escala des-
da nossa incompetência, o problema sempre são os outros, eu não. conhecida pelos outros animais.” Porém, a ideia de violência é um
A escola é o primeiro ambiente social que a criança experi- conceito que varia de sociedade para sociedade, mesmo que tenha
menta, antes disso, ou seja, na socialização primária se restringe a feito parte de vários processos civilizatórios.
família, igrejas, vizinhos, enfim, um circuito bastante restrito. É na É arriscado expor um conceito da palavra violência, pois ela
escola, aonde ele vai, realmente, experimentar um ambiente social pode ter vários sentidos, tais como: ataque físico, sentido geral
– lá ele vai aprender a conviver com as diferenças e constituir um de uso da força física, ameaça ou até mesmo um comportamento
ser para si. Esse ser é para a sociedade. ingovernável. Segundo o dicionário francês Robert (ROBERT, 1964
Por isso, a urgência que se tornou essencial hoje – e que muitos apud MICHAUD, 1989) a violência é:
não percebem, é tratar a violência na escola como um trabalho de a) O fato de agir sobre alguém ou de fazê-lo agir contra a sua
lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas, vontade empregando a força ou a intimidação;
sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para b) o ato através do qual se exerce a violência;
isso, é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um c) uma imposição natural para a expressão brutal dos senti-
novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmen- mentos.
te em vista10. d) a força irresistível de uma coisa,
e) o caráter brutal de uma ação.
Razões para a Violência
A temática da violência não é um tema sociológico recente, Raymond Williams destaca que “[...] se trata de uma palavra
pois são conhecidas diversas práticas violentas usuais na Antiguida- que necessita de definição específica inicial, se não quisermos co-
de. Essas práticas começaram a serem discutidas a partir do século meter uma violência contra ela.” (2007). Sendo assim, a palavra
XIX. Assim, a violência passou a ser caracterizada como um fenôme- violência passa a ter o sentido de: arrancá-la de seu significado. Ou-
no social e despertou a preocupação do poder público e também tro autor que trata desta conceituação é Michaud (1989) que tenta
de estudiosos de várias áreas, tais como: Ciências Sociais, História, defini-la como:
Geografia, Economia, Medicina, Psicologia, Direito, entre outros. [...] há violência quando, numa situação de interação, um ou
Os principais autores que passaram a debater sobre a violên- vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou espar-
cia clássica relacionada à Barbárie foram Marx, Hegel e Nietzsche. sa, acusando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis,
Porém, esse tipo de violência ainda pode acontecer na atualidade. seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em
Com base em Filho (2001), para Marx a violência passou a ser algo suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais.
superável e não inerente ao homem. E para Nietzsche ela é algo Além da análise com relação à definição da palavra violência,
que pertence ao homem. Por se tratar de uma questão já existente existem também algumas interpretações sobre o tema. A violên-
desde a Antiguidade, vale lembrar que existem relatos referentes cia é considerada um fenômeno biopsicossocial cuja complexidade
à Idade Média em que a violência física fazia parte do homem me- dinâmica emerge na vida em sociedade, sendo que esta noção de
dieval. Atos violentos eram comuns, tais como: mãos decepadas, violência não faz parte da natureza humana por não possuir raízes
purificações em fogueiras, mortes públicas, entre outros. Não é di- biológicas. Por isso, a compreensão desta leva à análise histórica,
fícil encontrar indícios na Bíblia de cenas violentas, a começar pela sociológica e antropológica, considerando as interfaces das ques-
expulsão de Adão e Eva do paraíso, pois esta é: [...] um repositório tões sociais, morais, econômicas, psicológicas e institucionais (MI-
incomum de violências, um abecedário completo e variado, que vai NAYO, 1994). Algumas visões adotam uma posição maniqueísta
da violência física à violência sutil e maliciosa, do estupro ao fratri- da violência, que ajudam a explicar o uso abusivo da força sobre o
cídio, do crime passional ao crime político (Odalia, 1985). outro, mas há também visões do ato violento como algo ligado ao
Norbert Elias analisou o processo civilizador, enfatizando prin- poder, tal como argumenta Chauí (1985) que acredita na violência
cipalmente a universalização dos costumes, sobretudo após o Re- não como violação e transgressão, mas como a conversão de uma
nascimento. Este processo civilizador (ELIAS apud BUORO, 1999) só diferença hierárquica com fins de dominação e opressão, que ocor-
foi possível devido ao fato dos indivíduos obedecerem a normas rem juntamente com passividade e o silêncio dos sujeitos3. Santos
de convívio e de conferirem ao Estado o monopólio do exercício (2002) define a violência como um dispositivo de poder, composto
da violência. Com efeito, esta violência deixou de ser espontânea e por diversas linhas de realização, que realiza uma relação específica
irracional para ser centralizada e monopolizada. com outro, utilizando para isso, a força e a coerção, produzindo-se
10 TONCHIS, L. C.
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assim, um prejuízo social. Por outro lado, Hanna Arendt (2003) mos- colonial perigoso, porém não descartável, pois para ele, estamos
tra a violência como algo oposto ao poder, pois seria a desintegra- congelando a história no tempo, sem atualizar e reinterpretar essa
ção do poder que possibilitaria o surgimento da violência. herança.
O sociólogo Zygmunt Bauman (2001) fala sobre os dramas pró- Contudo, quando a sociedade brasileira passou a viver os cha-
prios das sociedades contemporâneas, inseridas na experiência da mados processos de modernização, as múltiplas práticas sociais da
modernidade líquida, em que tudo é temporário e fluido e grande violência, especialmente a criminal, passaram a ser vistas como fe-
parte dos indivíduos estão permanentemente confrontados com nômenos relevantes, objeto de estudiosos e também de interven-
sua condição de desamparo, insuficiência e vulnerabilidade, sem ções do poder público.
que o Estado e as demais instituições políticas da própria sociedade Atualmente, a violência não possui um lócus específico. Ela
ofereçam a atenção devida para os referidos dramas. A respeito está presente tanto nos bairros mais sofisticados quanto nas fave-
deste discurso sobre a modernidade, Giddens (1991) destaca que las, ela abrange o centro e a periferia, perpassando pelas diversas
o mundo em que nós vivemos hoje está carregado e perigoso, e classes sociais. Vários tipos e formas de violência são noticiados e
isto leva ao enfraquecimento da esperança de que a emergência da espetacularizados, dentre elas podemos citar algumas, tais como:
modernidade nos levaria a uma ordem social feliz e segura. roubos, furtos, assassinatos, sequestros, guerras, atentados, terro-
A violência também pode ser definida de acordo com termos rismo, violência física, violência sexual, violência psicológica, tortu-
antropológico- filosóficos, em que ela é a fronteira da racionalidade ra (muito utilizada por regimes autoritários e o durante períodos
e da destruição, da destituição dos homens da sua dignidade, ou ditatoriais), violência policial, dentre outras, sendo estas, demons-
seja, transforma-os em coisas. Além destes termos, ela pode ser trações de produções modernas da violência. Até mesmo a arqui-
definida de acordo com os termos sociológicos, em que a lógica tetura contemporânea demonstra o medo da violência. Hoje, as
excludente do capitalismo e do e neoliberalismo considera os ci- casas possuem muros altos, com cercas elétricas, sem nenhuma
dadãos como clientes e ainda os exclui dessa condição de cidadãos visibilidade para a rua, com cães de guarda e alarmes. O fato é que
(CARBONARI, 2002). Segundo Filho (2001) a violência “organiza as arquitetura de espaço aberto cedeu seu espaço para a defesa e a
relações de poder, de território, de autodefesa, de inclusão e exclu- proteção, porém, nos bairros mais pobres e favelas, a violência é
são e institui-se como único paradigma”. escancarada, sem ser escondida por cercas e muros. Não há mais “o
sabor pela vida exterior, interioriza-se, e o que se busca, desespera-
Partindo para uma análise de práticas violentas no Brasil, po- damente é a segurança e a defesa.” (ODALIA, 1985).
de-se destacar o contexto de seu passado colonial e agrário. A Devemos nos atentar para a crítica relacionada ao mito da não-
violência do sistema escravocrata não era um fator que causava -violência da sociedade brasileira, que é tratado por autores como
estranheza, seja quando vitimizava os escravos, seja quando era Marilena Chauí e Pereira. Para este último, a sociedade brasileira
o “costume” para dirimir conflitos entre os homens pobres livres construiu uma imagem de um país cordial, habitado por um povo
(FRANCO, 1978). Em concordância com Franco, Buoro (1999) des- pacífico, contrários a grandes conflitos e atos violentos. Além disso,
taca que no período colonial a sociedade era completamente desi- é preciso ressaltar a necessidade de não caminharmos para o argu-
gual, a violência era algo comum devido às rivalidades e facções, a mento de que a pobreza é a causa exclusiva da violência. É arris-
população andava armada e havia casos de emboscadas e guerras cado tratarmos o assunto como o senso comum, sem analisarmos
urbanas. O autor relata o elevado número de infanticídios neste pe- esta relação de forma cuidadosa, pois esta associação é decorrente
ríodo. Em relação ao período imperial e republicano, Buoro ressalta do desenvolvimento do capitalismo nas sociedades ocidentais mo-
que houve levantes e a Guerra do Paraguai, e após a proclamação dernas onde as classes menos favorecidas passaram a serem con-
da República, floresceu o coronelismo, e consequentemente o ban- sideradas perigosas. Adorno (2003) se baseia na hipótese de que
ditismo rural de jagunços e cangaceiros. este argumento da relação existente entre a pobreza e a violência
De acordo com a hipótese de Filho (2001) acerca deste tema no é incorreto. O que acontece é que não tem como estabelecer uma
Brasil, há uma violência fundadora que está relacionada a uma cul- relação direta entre eles.
tura tradicional herdada, baseada no passado escravocrata da so- Porém, o autor concorda que existe uma rota que a violência
ciedade brasileira e no tipo de colonização e colonizadores que para segue, e esta rota é a da riqueza e não da pobreza, mesmo porque
cá vieram. Em nossa sociedade caracterizada por relações violentas, aquela tem se deslocado para o interior de nosso país. Contudo, ele
a violência transforma-se numa linguagem organizadora, fazendo conclui que esta relação não explica o crime, pois este está difundi-
surgir uma espécie de senha de identificação que distingue iguais. do em nossa sociedade. Esta relação pode implicar a incidência da
Em concordância com esta afirmação de uma existência de uma lin- criminalização e da punição sobre os menos favorecidos.
guagem da violência é possível destacar a análise de Pereira (2000), Se considerarmos um aumento nos índices de criminalidade
em que o autor discute que há na violência brasileira um paradoxo, entre jovens de classe média, podemos argumentar que se a de-
pois de um lado existe uma realidade alheia e hostil à democracia, e sigualdade sozinha explicasse a violência, todos os jovens pobres
do outro, há um limite entre articulações culturais. Sendo assim, há buscariam o tráfico de drogas e outras práticas criminosas para se
uma linguagem da violência que não aparece somente em conflitos, afirmar socialmente, o que de fato não ocorre. Assim como Alba
mas também pode levar a emergência de alteridades, denunciando Zaluar (2004), acredita-se que a adesão às práticas da violência
a existência de formas culturais diversas, que “encontram modos pode ser uma busca de reconhecimento e de imposição social pelo
de expressão, passíveis de exibição privilegiada pela mídia e de as- medo, processo que torna a relação entre pobreza e violência ques-
similação pelo público, instituindo sentidos e ganhando adeptos.” tionável, na medida em que o medo, em face da violência potencial
(PEREIRA, 2000). Ainda segundo Pereira, a violência cria expressões e efetiva, está presente em todas as classes sociais.
estéticas que se formam segundo produtos culturais na mídia. Em Michaud (1989) arrisca-se a identificar algumas possíveis cau-
contrapartida, Adorno (2003) considera o argumento da herança sas da violência, que são divididas de acordo com a perspectiva
antropológica e sociológica. A primeira perspectiva diz respeito
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ao surgimento da cultura que fez completar os instintos, mas tam-


bém os tornou inúteis e perigosos. Esta abordagem prefere falar CIDADANIA. O SIGNIFICADO DE SER CIDADÃO ONTEM
de agressividade, agressão, irritabilidade e combatividade. Sendo E HOJE. DIREITOS CIVIS, DIREITOS POLÍTICOS, DIREITOS
assim, surge um comportamento retraído e de fuga após a ruptura SOCIAIS E DIREITOS HUMANOS. A CONSTITUIÇÃO BRASI-
com a natureza animal. O autor enfatiza que, “a agressão acom- LEIRA E A CONSTITUIÇÃO PAULISTA. A EXPANSÃO DA CI-
panha a conquista, a destruição e a exploração. Neste sentido, há DADANIA PARA GRUPOS ESPECIAIS: CRIANÇAS E ADO-
violência no próprio âmago da humanidade, que anima suas inven- LESCENTES, IDOSOS E MULHERES
ções, suas descobertas e sua produção de cultura.” A segunda pers-
pectiva trata da disparidade entre as interpretações, pois existem
abordagens funcionalistas em que a violência é tratada como uma No decorrer da história da humanidade surgiram diversos
unidade funcional com diversos graus de integração, e para tratar entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia e
esta questão, Michaud destaca autores como Merton e Parsons. Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o concei-
Em relação ao ponto de vista sistêmico, podemos destacar que um to de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no contexto do
sistema é constituído d e um conjunto de variáveis ligadas ao meio surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.
ambiente, manifestando-se assim, regularidades de comportamen- O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que
to. A concepção marxista nos mostra que há uma relação entre vio- significa “cidade”. Estabelece um estatuto de pertencimento de um
lência e luta de classes, que é o motor da história, ou seja, os confli- indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e
tos são irredutíveis. São as transformações sociais que passam pela que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência
violência, e não o contrário. É feita uma crítica às interpretações de uma constituição. Ao contrário dos direitos humanos – que ten-
com base no funcionamento social do tema da violência. Além dis- dem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade
so, os estudos microssociológicos corroboram para a banalização da –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concep-
violência. E sendo assim, a violência cotidiana difere dos discursos ções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas catego-
ideológicos ou míticos que a apoiam. rias: formal e substantiva.
Todavia, não podemos nos ater a um discurso social de uma A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indica-
violência única e singular, e sim como um fenômeno inscrito na tivo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por
realidade do mundo social que se expressa de diversas maneiras. exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segun-
Contudo, é preciso pensar o fenômeno da violência e suas causas do lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido
como um elemento plural. Por acreditarmos que este fenômeno mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de
é um fator proveniente de múltiplas causas, podemos destacar: o direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a
mau funcionamento da Justiça, impunidade, colapso da educação e que nos interessa.
da saúde, corrupção, influência da mídia, crescimento das cidades, A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem
egoísmo, ineficácia de políticas públicas das práticas de intervenção a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – Cidadania e classe so-
e prevenção da violência, conivência silenciosa dos envolvidos (das cial, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políti-
vítimas, dos demais, dos profissionais), entre outros. cos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos
O que é importante é não generalizar e não banalizar o assunto tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com
antes de analisar, avaliar e ponderar, pois as notícias a que temos aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Esta-
acesso hoje anunciam atores de práticas violentas provenientes de do de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios
outras classes, ou seja, são atores que não têm relação exclusiva mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva
com a pobreza e a miséria. Precisamos refletir sobre como a violên- participação da população em geral foram fundamentais para que
cia foi inserida em nosso cotidiano, como as políticas públicas do houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais
Estado e ações da sociedade civil estão tratando esta questão, pois e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico,
não basta dizermos não às mazelas da sociedade contemporânea lazer, educação e político.
para que elas desapareçam, é preciso atacar as causas dessa prática A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
e não só seus efeitos, ou seja, é preciso ir além11. referencial de conquista da humanidade, através daqueles que
sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias
individuais e coletivas, e não se conformando frente às dominações,
seja do próprio Estado ou de outras instituições.
No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após
o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está
muito distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos
políticos, sociais e civis não consegue ocultar o drama de milhões
de pessoas em situação de miséria, altos índices de desemprego,
da taxa significativa de analfabetos e semianalfabetos, sem falar do
drama nacional das vítimas da violência particular e oficial.
Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no
Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela descrita
por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados
em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos
11 HAYECK, C. M.
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direitos civis por um ditador que se tornou popular (Getúlio Vargas). A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem
Depois vieram os direitos políticos... a expansão do direito do voto a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – Cidadania e classe so-
deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de repressão cial, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políti-
política foram transformados em peça decorativa do regime [mi- cos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos
litar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com
para baixo”.1 aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Esta-
Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por do de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios
etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se dotada mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva
de todos os três tipos de direito: participação da população em geral foram fundamentais para que
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais
expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico,
de contratos; direito à justiça; que foi instituída no século 18; lazer, educação e político.
2. Política: direito de participação no exercício do poder políti- A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
co, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autorida- referencial de conquista da humanidade, através daqueles que
de pública, constituída no século 19; sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômi- individuais e coletivas, e não se conformando frente às dominações,
co e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível seja do próprio Estado ou de outras instituições.
de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade, que são No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
conquistas do século 20. cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após
o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está
Cidadania muito distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos
Conforme texto de Orson Camargo12, temos que, no decorrer políticos, sociais e civis não consegue ocultar o drama de milhões
da história da humanidade surgiram diversos entendimentos de ci- de pessoas em situação de miséria, altos índices de desemprego,
dadania em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga da taxa significativa de analfabetos e semianalfabetos, sem falar do
e Europa da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como drama nacional das vítimas da violência particular e oficial.
conhecemos hoje, insere-se no contexto do surgimento da Moder- Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no
nidade e da estruturação do Estado-Nação. Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela descrita
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados
que significa “cidade”. A palavra cidadania foi usada na Roma an- em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos di-
tiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos reitos civis por um ditador que se tornou popular (Getúlio Vargas).
que essa pessoa tinha ou podia exercer. Estabelece um estatuto de Depois vieram os direitos políticos... a expansão do direito do voto
pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de repressão
articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos política foram transformados em peça decorativa do regime [mi-
e obrigações, sob vigência de uma constituição. O termo cidadão litar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça
refere-se ao habitante da “cidade”, o indivíduo no gozo dos direitos para baixo”.14
civis e políticos de um determinado Estado. Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por
etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se dotada
Segundo Dalmo Dallari: de todos os três tipos de direito:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pes-
soa a possibilidade de participar ativamente da vida e do gover- 1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de
no de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão
excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa de contratos; direito à justiça; que foi instituída no século 18;
posição de inferioridade dentro do grupo social”.13 2. Política: direito de participação no exercício do poder políti-
Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universa- co, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autorida-
lidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania de pública, constituída no século 19;
moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais anti- 3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômi-
gas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e co e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível
substantiva. de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade, que são
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indica- conquistas do século 20.
tivo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por
exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segun- Ainda com base no que dispõe a doutrina, o conceito de ci-
do lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido dadania comporta duas concepções, sendo estas de cidadania em
mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de sentido estrito e em sentido amplo.
direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a A cidadania em sentido estrito, de acordo com a terminologia
que nos interessa. tradicional, adotada pela legislação infraconstitucional e pela quase
unanimidade dos autores de direito constitucional, é o direito de
12 O QUE É CIDADANIA? Disponível em http://www.brasilescola.com/ participar da vida política do País, da formação da vontade nacio-
sociologia/cidadania-ou-estadania.htm.
13 DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 14 CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio
1998. p.14 de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29.
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nal, abrangendo os direitos de votar e ser votado. É uma qualidade Curioso o conceito de democracia dado por Norberto Bobbio,
própria do cidadão, que é justamente o nacional no gozo de direitos para quem a democracia é o poder em público. E, de fato, a parti-
políticos. cipação do povo no exercício do poder somente se viabiliza através
Por sua vez, a cidadania em sentido amplo, quer significar a da transparência, da publicidade, da abertura, quando decisões são
participação do cidadão em diversas atividades ligadas ao exercí- tomadas de forma clara e a todos acessíveis. Somente desta forma,
cio de direitos individuais, fundamentando-se, então, no artigo 1º o povo, titular de todo poder, pode eficazmente intervir nas toma-
da Constituição da República. Esta tem um alcance maior. Adotado das de decisões contestando-as, pelos meios legais, quando delas
este sentido mais abrangente, os nacionais identificam-se como os discordarem.
cidadãos de um Estado. Sendo assim, o exercício da cidadania, como gozo de direitos
Existem duas espécies de cidadania: ativa e passiva. A primeira e desempenho de deveres, deve pautar-se por contornos éticos: o
é o direito de votar, enquanto a segunda, o de ser votado. exercício da cidadania deve materializar-se na escolha da melhor
conduta tendo em vista o bem comum, resultando em uma ação
A Constituição Federal (CF/88), chamada de “constituição ci- moral como expressão do bem.
dadã”, por ser considerada a mais completa entre as constituições
brasileiras, com destaque para os vários aspectos que garantem o Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos correlatos:
acesso à cidadania, traz já em seu artigo 1º, inciso II, a cidadania a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um indi-
como direito fundamental.15 A preocupação com os direitos do ci- víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar
dadão é claramente uma resposta ao período histórico diretamente o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
anterior ao da promulgação da constituição. b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
pelo vínculo da nacionalidade.
Noções de cidadania c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio-
nais ou não.
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que possui o
Conforme Perla Müller16, cidadão é o indivíduo que, dentro de vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza
um Estado, goza de direitos (civis e políticos) e desempenha deve- de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado.
res (civis e políticos). Na disciplina constitucional, os direitos políticos garantidos
Assim, a cidadania, ou seja, a qualidade de que é cidadão, se àquele que é cidadão encontram-se disciplinados nos artigos 14
exerce no campo associativo (da associação civil), pela cooperação e 15. Direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais a
de homens reunidos no Estado. Desta forma, a sobrevivência e har- Constituição Federal permite o exercício da soberania popular, atri-
monia da sociedade, como grupo, associação de homens que é, de- buindo poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na
pende da vida cooperativa de seus cidadãos. condução da coisa pública de forma direta ou indireta17.
As atribuições cívico – políticas do cidadão dependem da con- A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza18: “estamos
formação do Estado a que pertence, ou seja, da forma de governo diante da democracia semidireta ou participativa, um ‘sistema hí-
por este adotada. brido’, uma democracia representativa, com peculiaridades e atri-
Sendo a democracia a forma de governo eleita pelo Estado, a butos da democracia direta. Pode-se falar, então, em participação
cidadania retrata a qualidade dos “sujeitos politicamente livres, ou popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercí-
seja, cidadãos que participam da criação e concordam com a ordem cio da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, re-
jurídica vigente”. ferendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como a ação
Por democracia entende-se de forma geral, o governo do povo, popular”.
como governo de todos os cidadãos. Para que a democracia se es-
tabeleça, necessário o respeito à pluralidade, à transparência e à O QUE É CIDADANIA?
rotatividade.
A democracia caracteriza-se pelo respeito à divergência (hete- Significado de ser Cidadão Ontem e Hoje
rogeneidade), pela publicidade do exercício do poder e pela certeza A ideia de cidadania implica em uma variedade de formas de
de que ninguém ou grupo nenhum tem lugar cativo no poder, aces- pensar, sentir e agir, uma vez que, existem diversas construções de
sível a todos e exercido precária e transitoriamente. seus significados, que podem também ser divididos por modelos;
características; paradigmas e dimensões. Apesar dessas classifica-
15 CF/88: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união ções, as construções da cidadania são atreladas, ou seja, elas não
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se se excluem, mas se complementam.
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: É importante e necessário pensar nesta construção de
I - a soberania; significados presente na ideia de cidadania, uma vez que este
II - a cidadania conceito aparece de forma veemente nos documentos oficiais que
III - a dignidade da pessoa humana; institucionalizam o ensino de Sociologia nas escolas e comisso, estes
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; significados são da mesma maneira construídos e reconstruídos de
V - o pluralismo político. acordo com o processo de feitura destes documentos.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constitui- 17 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15.
ção. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
16 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço 18 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15.
Público. Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, páginas 28 a 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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É também importante ter em mente que a ideia de cidadania Direitos Civis, Direitos Políticos, Direitos Sociais e Direitos Hu-
é construída de acordo com a necessidade como apresenta José manos.
Murilo de Carvalho (CARVALHO, 2004) dando dois aspectos de
desta construção: o primeiro gera uma relação entre pessoas e Direitos Civis
Estado e o segundo entre pessoas e nação, podendo ser um dos A cidadania moderna refere-se ao conjunto de direitos e deve-
dois mais forte que o outro dependendo do contexto em que se res dos cidadãos que pertencem a uma nação, ou seja, o povo de
faz presente. um país. O núcleo dessa cidadania compõe-se basicamente de três
Esta visão de construção de cidadania, que considera e desta- elementos: o civil, o político e o social.
ca o Estado nação, abre o conceito em duas formas distintas de se O aparecimento e a extensão dos direitos de cidadania ocorre-
pensar o mesmo, sendo estas a dimensão cultural e jurídica. A ci- ram de forma lenta e gradual, variando bastante conforme a região.
dadania não de forma alguma um fenômenos moderno, porém é Os direitos civis agrupam as prerrogativas de liberdade indivi-
fortemente influenciado pela modernidade. A cidadania não é um dual, liberdade de palavra, pensamento e fé, liberdade de ir e vir,
conceito pronto, mas que sofre transformações no tempo e no es- o direito à propriedade, o direito de contrair contratos válidos e o
paço é histórico e como seu significado variante. direito à justiça. Os tribunais são as instituições públicas por exce-
A noção de cidadania que temos na modernidade fundamen- lência para salvaguarda dos direitos civis.
ta-se em aspectos jurídicos. Concordamos também com os autores
Jaime e Carla Pinsky, para quem é “(...) importante mostrar que a - Iguais perante a lei
sociedade moderna adquiriu um grau de complexidade muito gran- Antes da constituição da cidadania moderna, os direitos e de-
de a ponto de a divisão clássica dos direitos dos cidadãos em indivi- veres entre os homens eram definidos por privilégios sociais (pos-
duais, políticos e sociais não dar conta sozinha da realidade” (JAIME ses, rendas, títulos de nobreza).
PINSKY; CARLA PINSKY, 2005). O surgimento dos direitos civis assinalou uma mudança subs-
Contudo, a noção de cidadania sofre uma grande transforma- tancial nas relações dos homens em sociedade. Foram rompidos os
ção, sobretudo, na segunda metade do século XX, é neste perío- laços de dominação baseados nas relações comunitárias tradicio-
do que o significado de cidadania com base em direitos e deveres nais, característicos do período medieval e do sistema feudal.
surge também as questões culturais e de identidade, com aspectos Os direitos civis impuseram um nivelamento jurídico entre os
particularistas que exigem a ampliação e o reconhecimento de gru- cidadãos, que passaram a ser considerados iguais perante a lei. As
pos étnicos, feministas, raciais, sexuais, entre outros. distinções de origem e classe social continuam a existir, mas não de-
Com isso a ideia de cidadania se transforma, uma vez que ela vem interferir na igualdade jurídica dos cidadãos. Esse é o princípio
não é pautada apenas por referencias de direitos e deveres, mas básico de tais direitos.
também pela demanda e apelo multiculturalista, fazendo com que
a cidadania seja reconstruída mesmo que uma se sobreponha a ou- - O contrato social
tra e ao mesmo tempo não sendo características antagônicas. Ou O surgimento dos direitos civis está vinculado às revoluções
seja, as demandas culturais são reconhecidas pelo Estado democrá- burguesas na Europa do século 18. Elas tiraram a força das monar-
tico de direito, porém, os grupos sociais e identitários continuam a quias absolutistas e romperam com a sociedade hierarquizada do
lutar por uma ampliação e prática de seus direitos a cidadania. período pré-moderno. No absolutismo monárquico, a autoridade
Outra forma de construção do conceito de cidadania traz a política (o rei) detinha o poder com base em privilégios sociais (no-
noção de exclusão e após o de inclusão. A cidadania, por sua vez breza hereditária).
torna-se cada vez mais ampla e complexa, pois agora movimen- Os filósofos do liberalismo político foram os autores das dou-
tos sociais que antes eram não jurídicos passam a apresentar suas trinas contratualistas. Também denominadas “contrato social”, elas
demandas de cunho jurídico. Para MARSHALL (1967), que divide fundamentaram no plano ideológico a nascente igualdade formal nas
classicamente o conceito de cidadania entre direitos civis, sociais e relações entre os cidadãos. Os mais influentes filósofos contratualis-
políticos, proporciona outra maneira de vê-la. Esta divisão se dá a tas foram o inglês John Locke e o francês Jean-Jacques Rousseau.
partir da dimensão da liberdade individual; dimensão da igualdade No Brasil, o primeiro avanço registrado na área dos direitos
e a dimensão da participação, ou seja, o estudo sobre a cidadania civis foi a abolição da escravidão (1888). A primeira Constituição
nos leva a pensá-la também a partir da construção de dimensões de republicana (1891) assegurou a igualdade legal entre os cidadãos
cidadania, logo quais tipos de cidadania existem e quais as caracte- brasileiros. Garantiu as liberdades de crença, de associação e reu-
rísticas dos mesmos. nião, além do habeas corpus, para remediar qualquer violência ou
Um bom exemplo desta característica é a questão racial no coação por ilegalidade ou abuso de poder20.
Brasil, com seus aspectos culturais e a concepção de alguns líderes
e grupos negros se utilizam para contarem sua versão da história. Direitos Políticos e Sociais
Como se deu as lutas por vários direitos como: educação, trabalho Nos países ocidentais dos continentes europeu e americano,
e direitos à igualdade e a diferença como por demandas jurídicas19. a cidadania moderna se constituiu por etapas: depois dos direitos
civis, no século 18, vieram os direitos políticos, no século 19. Os
direitos sociais são conquistas do século 20, assim como a quarta
geração de direitos de cidadania, nascida no fim desse período.

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- O direito de eleger e ser eleito A Constituição de 1934 instituiu uma minuciosa regulamenta-
São os direitos políticos, de voto e de acesso ao cargo político. ção das condições de trabalho ao estabelecer o salário mínimo, a
As instituições públicas relacionadas aos direitos políticos são os ór- jornada de trabalho de 8 horas, o repouso semanal, as férias remu-
gãos legislativos representativos e executivos. neradas, a indenização por dispensa sem justa causa, a assistência
Inicialmente, a atividade política era uma função de poucos, médica ao trabalhador e à gestante.
restrita à participação das elites dominantes. O surgimento dos di- Foi proibido pela nova Carta o trabalho de menores. Estabele-
reitos políticos foi obra dos movimentos populares dos trabalha- ceu-se, ainda, a submissão do direito de propriedade ao interesse
dores. Ao se organizar e defender seus interesses eles perceberam social ou coletivo.
que a política influencia a vida da sociedade.
As camadas populares começaram a se conscientizar de que - A quarta geração de direitos
a participação no exercício do poder político era condição funda- Desde o final do século 20 surgiram inúmeros movimentos so-
mental para assegurar seus direitos. Essa participação podia ser ciais que atualmente lutam para ampliar a cidadania através da de-
como membro de um organismo investido de autoridade política, fesa de novos direitos.
ou como eleitor dos integrantes de tal organismo. A quarta geração de direitos de cidadania agrega demandas
provenientes de novos tipos de movimento social, como o das mi-
- Voto restrito norias étnicas e culturais, dos homossexuais, dos movimentos eco-
Inicialmente, inúmeras restrições limitavam a participação po- lógicos e feministas.
lítica de todos os cidadãos. O direito de eleger e ser eleito manteve- No contexto dos novos padrões de sociabilidade e da globali-
-se restrito aos homens adultos. O voto censitário impunha padrões zação, esses movimentos sociais possuem novas práticas participa-
de renda e de escolaridade. Com isso, excluía grande parte da popu- tivas e de mobilização coletiva. Isso reflete o caráter dinâmico da
lação do direito de ser eleito e de eleger representantes políticos. cidadania21.
Esses impedimentos perduraram por décadas. As mulheres
adultas e os analfabetos conquistaram direitos políticos muito tar- Direitos Humanos
diamente, somente no século 20. Nenhum outro tema desperta tanta polêmica em relação ao
seu significado, ao seu reconhecimento, como o de direitos huma-
- No Brasil, fim do voto censitário por renda. nos. É relativamente fácil entendermos e lutarmos por questões
No caso do Brasil, a proclamação da República provocou mu- que dizem respeito à cidadania, à ampliação da cidadania. A própria
danças na participação política. Foi abolido o voto censitário pe- palavra cidadania já se incorporou de tal maneira ao nosso voca-
cuniário que, para ser exercido, exigia certa renda do cidadão. Foi bulário que, sobre certos aspectos, ela até tende a virar substanti-
estabelecida a idade mínima de 21 anos para participar do processo vo, como se representasse todo o povo. Muitas vezes já ouvimos,
eleitoral. por exemplo, de uma autoridade política a expressão: a cidadania
Os analfabetos e as mulheres permaneceram excluídos da par- decidirá, precisamos ouvir a voz da cidadania! Quer dizer, usando
ticipação política. As mulheres só conquistaram o direito de voto a palavra cidadania como sinônimo de povo, povo no sentido de
em 1934. Os analfabetos conquistaram o direito de voto em 1985, o conjunto de cidadãos, que é o sentido democrático de povo. Os
mas estão impossibilitados de se candidatar a cargos eletivos. direitos dos cidadãos são, cada vez mais, reivindicados por todos,
do “povão” à elite. Tais direitos estão explicitamente elencados na
Direitos Sociais constituição de um país.
Os direitos sociais demarcam uma importante mudança na Mas, e em relação aos direitos humanos? Insisto que dificil-
evolução da cidadania moderna. Sua função é garantir certas prer- mente um tema já venha carregado de tanta ambiguidade, por um
rogativas relacionadas com condições mínimas de bem-estar social lado, e deturpação voluntária, de outro. Provavelmente vocês já
e econômico que possibilitem aos cidadãos usufruir plenamente do ouviram muitas vezes referência aos direitos humanos no sentido
exercício dos direitos civis e políticos. pejorativo ou excludente, no sentido de identificá-los com direitos
O princípio norteador dos direitos sociais é o argumento de que dos bandidos. Quantas vezes vocês já ouviram - principalmente
as desigualdades de provimentos (condições sociais e econômicas) depois do noticiário sobre crimes de extrema violência: Ah! E os
não podem se traduzir em desigualdades de prerrogativas (direitos defensores dos direitos humanos, onde é que estão? Então, a nos-
civis e políticos). Desse modo, adquiriu-se a noção de que determi- sa primeira tarefa é deixar claro do que nós estamos falando tanto
nado grau de pobreza priva os cidadãos de participação cívica. quando nos referimos a direitos dos cidadãos, como quando nos
referimos a direitos humanos, com a premissa de que associamos
- Finalidade dos direitos sociais direitos humanos à ideia central de democracia e às ideias básicas
Os direitos sociais não têm por objetivo eliminar por comple- envolvidas no tema mais amplo da educação.
to as desigualdades sociais e econômicas e as diferenças de classe É bom lembrar também que, nas sociedades democráticas
social. Sua finalidade é assegurar que elas não interfiram no pleno do chamado mundo desenvolvido, a ideia, a prática, a defesa e
exercício da cidadania. a promoção dos direitos humanos, de certa maneira, já estão
As instituições públicas representativas dos direitos sociais são incorporadas à vida política. Já se incorporaram no elenco de valores
os sistemas de seguridade e previdência social e educacional. de um povo, de uma nação. Mas, pelo contrário, é justamente nos
países que mais violam os direitos humanos, nas sociedades que são
- Constituição varguista mais marcadas pela discriminação, pelo preconceito e pelas mais
No Brasil, o marco da instituição dos direitos sociais ocorreu na variadas formas de racismo e intolerância, que a ideia de direitos
época do regime do Estado Novo, com Getúlio Vargas (1930-1937). humanos permanece ambígua e deturpada. Portanto, no Brasil,
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hoje, é extremamente importante situar direitos humanos no seu Então, é por isso que se dá nos meios de comunicação de mas-
lugar. A geração mais jovem, que não viveu os anos da ditadura sa, ênfase especial à violência associada à pobreza, à ignorância e
militar certamente terá ouvido falar do movimento de defesa à miséria. É o medo dos de baixo - que, um dia, podem se revoltar
dos direitos humanos em benefício daqueles que estavam sendo - que motiva os de cima a manterem o estigma sobre a ideia de
perseguidos por suas convicções ou por sua militância política, direitos humanos.
daqueles que foram presos, torturados, assassinados, exilados, Enfim, o que são direitos humanos e em que eles diferem dos
banidos. Mas talvez não saiba como cresceu, naquela época, o direitos do cidadão e em que se aproximam?
reconhecimento de que aquelas pessoas perseguidas tinham Cidadania e direitos da cidadania dizem respeito a uma deter-
direitos invioláveis, mesmo que julgadas e apenadas, continuavam minada ordem jurídico-política de um país, de um Estado, no qual
portadores de direitos e se evocava, para sua defesa e proteção, a uma Constituição define e garante quem é cidadão, que direitos e
garantia dos direitos humanos, o direito a ter direitos. deveres ele terá em função de uma série de variáveis tais como a
idade, o estado civil, a condição de sanidade física e mental, o fato
Infelizmente, terminada a parte mais repressora do regime de estar ou não em dívida com a justiça penal etc. Os direitos do
militar, a ideia de que todos, independentemente da posição so- cidadão e a própria ideia de cidadania não são universais no senti-
cial, são merecedores da preocupação com a garantia dos direitos do de que eles estão fixos a uma específica e determinada ordem
fundamentais – e não mais apenas aqueles chamados de presos jurídico-política. Daí, identificamos cidadãos brasileiros, cidadãos
políticos, que não mais existiam – não prosperou como era de se norte-americanos e cidadãos argentinos, e sabemos que variam os
esperar. A defesa dos direitos humanos (DH) passou a ser associada direitos e deveres dos cidadãos de um país para outro.
à defesa dos criminosos comuns que, quando são denunciados e A ideia da cidadania é uma ideia eminentemente política que
apenados, pertencem em sua esmagadora maioria, às classes po- não está necessariamente ligada a valores universais, mas a deci-
pulares. Então, a questão deixou de ter o mesmo interesse para seg- sões políticas. Um determinado governo, por exemplo, pode modi-
mentos da classe média que incluía familiares e amigos daqueles ficar radicalmente as prioridades no que diz respeito aos deveres e
presos do tempo da ditadura. E aí vemos como já se explica uma aos direitos do cidadão; pode modificar, por exemplo, o código pe-
parte da ambiguidade que cerca a ideia de direitos humanos no nal no sentido de alterar sanções; pode modificar o código civil no
Brasil, porque depois da defesa dos direitos daqueles perseguidos sentido de equiparar direitos entre homens e mulheres, pode mo-
pelo regime militar se estabeleceria uma cunha, uma diferenciação dificar o código de família no que diz respeito aos direitos e deve-
profunda e cruel entre ricos e pobres, entre intelectuais e iletra- res dos cônjuges, na sociedade conjugal, em relação aos filhos, em
dos, entre a classe média e a classe alta, de um lado, e as classes relação um ao outro. Pode estabelecer deveres por um determina-
populares de outro, incluindo-se aí, certamente, grande parte da do período, por exemplo, àqueles relativos à prestação do serviço
população negra. militar. Tudo isso diz respeito à cidadania. Mas, o mais importante
É evidente que existem exceções, pessoas e grupos que é o dado a que me referi inicialmente: direitos de cidadania não
continuaram a lutar pela defesa dos direitos de todos, do preso são direitos universais, são direitos específicos dos membros de um
político ao delinquente comum. Mas também é evidente que, se determinado Estado, de uma determinada ordem jurídico-política.
até no meio mais “progressista” essa distinção vigorou, o que dizer No entanto, em muitos casos, os direitos do cidadão coincidem com
da incompreensão ou hostilidade dos meios mais conservadores? os direitos humanos, que são os mais amplos e abrangentes. Em so-
Como esperar que eles percebam a necessidade de se reconhecer, ciedades democráticas é, geralmente, o que ocorre e, em nenhuma
defender e promover os direitos humanos em nosso país, sem uma hipótese, direitos ou deveres do cidadão podem ser invocados para
vigorosa campanha de esclarecimento, sem um compromisso com justificar violação de direitos humanos fundamentais.
a educação para a cidadania democrática, desde muito cedo? Os Direitos Humanos são universais e naturais. Os direitos do
O tema dos DH, hoje, permanece prejudicado pela manipula- cidadão não são direitos naturais, são direitos criados e devem ne-
ção da opinião pública, no sentido de associar direitos humanos cessariamente estar especificados num determinado ordenamento
com a bandidagem, com a criminalidade. É uma deturpação. Por- jurídico. Já os Direitos Humanos são universais no sentido de que
tanto, é voluntária, ou seja, há interesses poderosos por trás dessa aquilo que é considerado um direito humano no Brasil, também de-
associação deturpadora. Somos uma sociedade profundamente verá sê-lo com o mesmo nível de exigência, de respeitabilidade e de
marcada pelas desigualdades sociais de toda sorte, e, além disso, garantia em qualquer país do mundo, porque eles não se referem a
somos a sociedade que tem a maior distância entre os extremos, a um membro de uma sociedade política; a um membro de um Esta-
base e o topo da pirâmide socioeconômica. Nosso país é campeão do; eles se referem à pessoa humana na sua universalidade. Por isso
na desigualdade e distribuição de renda. As classes populares são são chamados de direitos naturais, porque dizem respeito à digni-
geralmente vistas como “classes perigosas”. São ameaçadoras pela dade da natureza humana. São naturais, também, porque existem
feiura da miséria, são ameaçadoras pelo grande número, pelo medo antes de qualquer lei, e não precisam estar especificados numa lei,
atávico das “massas”. Assim, de certa maneira, parece necessário às para serem exigidos, reconhecidos, protegidos e promovidos.
classes dominantes criminalizar as classes populares associando-as Evidentemente, é ótimo que eles estejam reconhecidos na le-
ao banditismo, à violência e à criminalidade; porque esta é uma gislação, é um avanço, mas se não estiverem, deverão ser reconhe-
maneira de circunscrever a violência, que existe em toda a socieda- cidos assim mesmo. Poder-se-ia perguntar: mas por quê? Por que
de, apenas aos “desclassificados”, que, portanto, mereceriam todo são universais e devem ser reconhecidos, se não existe nenhuma
o rigor da polícia, da suspeita permanente, da indiferença diante de legislação superior que assim o obrigue? Essa é a grande questão
seus legítimos anseios. da Idade Moderna. Porque é uma grande conquista da humanida-
de ter chegado a algumas conclusões a respeito da dignidade e da
universalidade da pessoa humana, e do conjunto de direitos asso-
ciados à pessoa humana. É uma conquista universal que se exem-
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plifica no fato de que hoje, pelo menos nos países filiados à tradição É bom lembrar que esse julgamento moral pode ser de vários
ocidental, não se aceita mais a prática da escravidão. A escravidão tipos, pode ser, por exemplo, aquele que exclua determinados
não apenas é proibida na legislação como ela repugna a consciência militantes políticos como o «terrorista» (aliás, o que é chamado
moral da humanidade. Não se aceita mais o trabalho infantil. Não de terrorismo pode ser, por mais ignóbil que seja a continuação
se aceitam mais castigos cruéis e degradantes. Vejam bem como da guerra por outros meios). O terrorista pode perder a cidadania,
essa questão é complicada: há países no ocidente que aceitam a mas continua fazendo parte da comunidade dos seres humanos
pena de morte, mas não aceitam o castigo cruel ou degradante; e, portanto, pode ser preso e execrado pela opinião pública,
aceitam a pena de morte, mas não aceitam a tortura. mas continuará portador de direitos fundamentais, no que diz
É claro que a distância entre o valor e a prática concreta respeito à sua dignidade, ou seja, ele não deve ser torturado,
continua sendo muito grande. Não se aceita mais a escravidão, mas deve ter um julgamento imparcial, deve ter direito a advogado
nós sabemos que existe trabalho escravo aqui pertinho de nós, no etc. É bom lembrar, também, que muitos dentre grandes Estados
interior de São Paulo. Não se aceita mais o trabalho infantil, mas que hoje orgulhosamente defendem a democracia e os Direitos
nós sabemos que se aceitam as crianças vivendo na rua e sendo Humanos começaram em seguida a revoluções e atos que hoje nós
exploradas no trabalho. Mas isso repugna à consciência universal, chamaríamos de atos terroristas.
haja vista a exigência de certos organismos internacionais no senti- Além de serem naturais intrínsecos à natureza humana, e uni-
do de se exigir cláusulas sociais nos contratos comerciais, para pro- versais - no sentido de que são comuns a todos (sendo naturais eles
teção da infância, contra a discriminação racial e contra o trabalho são universais, pois se supõe que a natureza humana seja uma só)
infantil. -, os Direitos Humanos também são históricos. Esse é outro aspecto
Assim, percebemos como direitos que são naturais e univer- complexo do entendimento dos Direitos Humanos, pois como eles
sais são diferentes de direitos que fazem parte de um conjunto de podem ser universais, naturais e ao mesmo tempo históricos, se por
direitos e deveres ligados às ideias de cidadão e cidadania. Um pe- históricos supomos que haja uma mudança histórica? A contradição
queno exemplo esclarece, penso eu, essa questão: uma criança não é apenas aparente; Direitos Humanos são naturais e universais por-
é cidadã, no sentido de que ela não tem certos direitos do adulto, que vinculados à natureza humana, mas são históricos no sentido
responsável pelos seus atos, nem tem deveres em relação ao Esta- de que mudaram ao longo do tempo, de que mudaram num mesmo
do, nem em relação aos outros; no entanto, ela tem integralmente país e é diferente o seu reconhecimento em países diferentes, num
o conjunto dos Direitos Humanos. Um doente mental não é um ci- mesmo tempo.
dadão pleno, no sentido de que ele não é responsável pelos seus O núcleo fundamental dos Direitos Humanos é, evidentemen-
atos, portanto ele não pode ter direitos, como, por ex., o direito ao te, o direito à vida, porque de nada adiantaria os outros Direitos Hu-
voto, o direito pleno à propriedade e muito menos os deveres, mas manos se não valesse o direito à vida. Mesmo esse, que é o núcleo
ele continua integralmente credor dos Direitos Humanos. Outros fundamental e o pressuposto de todo o resto, é um valor histórico,
exemplos poderiam ser lembrados: os indígenas são tutelados, não é um direito que evoluiu com as mudanças históricas e mesmo hoje
são cidadãos à parte inteira, mas devem ter integralmente respeita- pode ser eventualmente contestado, em função de especificidades
dos seus Direitos Humanos. culturais. Quando se admite, por exemplo, o direito de se escravizar
E quais são esses DH que, já insisti, são universais; e univer- outra pessoa, se está automaticamente colocando em dúvida o di-
sais são aqueles direitos que são comuns a todos os seres humanos reito à vida, pois a pessoa que tem o direito de propriedade sobre
sem distinção alguma de etnia (antigamente se falava raça, hoje o outra tem também o direito sobre a vida e a morte dessa outra
conceito de raça está superado), de nacionalidade, de cidadania pessoa, que é sua propriedade.
política, de sexo, de classe social, de nível de instrução, de cor, de Quando falamos em direito à vida, reconhecemos que ninguém
religião, de opção sexual, ou de qualquer tipo de julgamento moral, tem o direito de tirar a vida do outro, mas isto também não é ób-
são aqueles que decorrem do reconhecimento da dignidade intrín- vio, se observamos exemplos ao longo da história da humanidade.
seca de todo ser humano. Eu insisto em que são direitos que devem Basta ler a Bíblia para vermos, por exemplo, a legitimidade dos sa-
ser reconhecidos, identificados e protegidos, garantidos indepen- crifícios humanos. Nas sociedades coloniais e patriarcais, o pater
dentemente de qualquer tipo de distinção e dentre essas distinções famílias tinha o direito de vida e morte sobre sua família e os afei-
eu destacaria a de julgamento moral, porque nos parece simples, çoados. Sendo históricos, isso significa que os DH têm evoluído ao
óbvio, fácil entendermos que não devemos discriminar aqueles longo do tempo e que podem ainda mudar daqui para frente. Lem-
que tenham alguma diferença de ordem étnica, de sexo, de nível braria rapidamente um exemplo: são relativamente recentes, no rol
de instrução, de nível sócio- econômico etc. Já estamos acostuma- dos direitos fundamentais da pessoa humana, aqueles que dizem
dos a aceitar o tipo de denúncia por racismo, por sexo, ou por nível respeito ao meio ambiente, aqueles que dizem respeito a direitos
de instrução etc. Mas a não discriminação por julgamento moral, sociais não vinculados ao mundo do trabalho. Hoje, com as desco-
das mais difíceis de aceitar; é justamente o reconhecimento de que bertas científicas no campo da genética, podemos imaginar como
toda pessoa humana, mesmo o pior dos criminosos, continua tendo o rol dos Direitos Humanos voltados para a dignidade da pessoa
direito ao reconhecimento de sua dignidade como pessoa humana. humana poderá se ampliar.
É o lado mais difícil no entendimento dos Direitos Humanos. O fato Os Direitos Humanos, no que dizem respeito à opção sexual,
de nós termos um julgamento moral que nos leve a estigmatizar por exemplo, seriam impensáveis há vinte anos; hoje eles já inte-
uma pessoa, mesmo a considerá-la merecedora das punições mais gram perfeitamente o núcleo daqueles direitos considerados fun-
severas da nossa legislação, o que é natural e mesmo desejável, não damentais, ou seja, ninguém poderá ser discriminado, maltratado,
significa que tenhamos que excluir essa pessoa da comunidade dos excluído da comunidade política e social em função de sua opção
seres humanos. sexual.

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Os Direitos Humanos são, então, naturais, universais, históri- É evidente que tudo isso poderia, e deve ser objeto de uma
cos e também são indivisíveis e interdependentes. São indivisíveis reflexão maior, mas são apenas alguns pontos para fixar essa ideia,
e interdependentes porque à medida que são acrescentados ao rol que é central para a compreensão dos Direitos Humanos, que é a
dos direitos fundamentais da pessoa humana eles não podem mais da dignidade da pessoa humana. É isso universalidade que explica,
serem fracionados, ou seja, você tem o direito até aqui, daqui para por exemplo, porque quando ocorre uma violação grave dos DH
frente é só para os homens, ou só para as mulheres, ou só para os no Brasil temos que aceitar a interferência de outro Estado, como,
ricos, ou só para os sábios etc. por exemplo, as comissões europeias e norte-americanas, que vêm
Se o pressuposto dos Direitos Humanos é o direito à vida, não investigar genocídio de índios, massacre de criança, as violações
se pode admitir nem a pena de morte e os demais castigos cruéis e dos Direitos Humanos dos presos etc. Por que essa intromissão é
degradantes, porque isso é diretamente atentado contra a vida, e legítima? Porque sendo naturais e universais os Direitos Humanos
nem a exploração desumana do trabalho, porque isso incide direta- são direitos sem fronteiras, são direitos que superam as fronteiras
mente sobre o direito à dignidade. E aqui deve ser salientado esse jurídicas e a soberania dos Estados.
ponto, que talvez seja um dos mais complexos no entendimento Do ponto de vista histórico, há uma distinção já bem aceita dos
dos Direitos Humanos: o que estamos querendo dizer quando fala- Direitos Humanos, que talvez seja interessante reafirmar aqui. O
mos em dignidade humana? conjunto dos Direitos Humanos é classificado em três gerações, são
É evidente que todos nós sabemos, quando diante de um fato gerações no sentido da evolução histórica e não geração no sentido
concreto, se aquilo atinge a nossa dignidade, ou a dignidade de biológico, pois não são superados com a chegada de uma nova ge-
alguém. Nós sabemos que são indignos da pessoa humana certos ração, mas se superam dialeticamente, os novos direitos continuam
comportamentos, certas atitudes. Ninguém ficaria muito chocado, incorporados na nova geração.
mesmo que tivesse compaixão, de ver, por exemplo, um animal A primeira geração é a das liberdades individuais, ou os cha-
morto abandonado numa estrada, mas certamente todos nós mados direitos civis. São as liberdades consagradas no século
sentiríamos como uma profunda indignidade abandonar o corpo XVIII, com o advento do liberalismo, são direitos individuais contra
de uma pessoa numa rua, numa estrada, para ser devorado pelos a opressão do Estado, contra o absolutismo, as perseguições reli-
bichos. Essa ideia nos parece ferir radicalmente a dignidade de uma giosas e políticas, contra o medo avassalador em uma época em
pessoa. Todas as atitudes marcadas pelo preconceito, pelo racismo que predominava o arbítrio e a distinção rigorosíssima, mais que
atentam contra a dignidade da pessoa e nós assim sentimos; se em classes sociais, em castas sociais. Que liberdades individuais são
algo humilha uma pessoa, a humilhação não atinge a propriedade, essas? As de locomoção, a de propriedade, de segurança, de acesso
e pode não atingir a integridade física, mas atinge a sua dignidade à justiça, de opinião, de crença religiosa, de integridade física. Es-
enquanto pessoa humana. sas liberdades individuais, também chamadas direitos civis, foram
De que estamos falando quando recorremos, em última instân- consagradas em várias declarações e firmadas nas constituições de
cia, à dignidade da pessoa humana para justificar os Direitos Hu- diversos países.
manos? Muitos podem identificar essa dignidade com questões de A segunda geração é a dos direitos sociais, do século XIX e mea-
fé: somos todos filhos de Deus, então temos a mesma dignidade; dos do século XX. São todos aqueles direitos ligados ao mundo do
evidentemente, o artigo de fé não pode ser invocado na sua uni- trabalho. Como o direito ao salário, à seguridade social, a férias, a
versalidade, pois há várias religiões, várias crenças e até mesmo a horário, à previdência etc. E são também aqueles direitos que não
ausência de qualquer crença religiosa. E outros invocam a mesma estão vinculados ao mundo do trabalho, e que são, portanto, mais
espécie humana e suas características biológicas, que conferem a importantes ainda, porque são direitos de todos e não apenas para
dignidade. Esse é um argumento que pode ser entendido no con- aqueles que estão empregados: são os direitos de caráter social
texto da universalidade dos direitos, aquelas características essen- mais geral, como o direito a educação, à saúde, à habitação. São
ciais do ser humano que fundamentam a sua dignidade. E esse é um direitos marcados pelas lutas dos trabalhadores já no século XIX e
assunto, evidentemente, para toda a vida. Vou apenas citar, porque acentuadas no século XX. As lutas dos socialistas e da socialdemo-
todos já são bastante conhecidos, a minha tarefa vai ser sistema- cracia, que desembocaram no Estado de Bem-Estar Social.
tizá-los. Quais são essas características essenciais do ser humano A terceira geração é aquela que se refere aos direitos coletivos
que fundamentam a dignidade essencial para a compreensão dos da humanidade. Referem-se ao meio ambiente, à defesa ecológica,
Direitos Humanos? à paz, ao desenvolvimento, à autodeterminação dos povos, à par-
A racionalidade criativa; o uso da palavra, como sinal exterior tilha do patrimônio científico, cultural e tecnológico. Direitos sem
mais óbvio da superioridade da espécie humana; a mentalidade fronteiras, direitos chamados de solidariedade planetária. É por isso
axiológica, no sentido da sensibilidade para o que é belo bom e jus- que nós também somos responsáveis quando, por exemplo, a Fran-
to; a liberdade, no sentido da capacidade de julgar - o que supera ça realiza explosões nucleares no Pacífico. Porque o direito das ge-
o mero determinismo biológico; a autoconsciência (o ser humano rações futuras a um meio ambiente não degradado já se incorporou
como ser reflexivo); a sociabilidade e todas as formas de solidarie- à consciência internacional como um direito inalienável.
dade; a historicidade (o ser humano é aquele que tem a memória Essas três gerações, de certa maneira, englobam e enfeixam os
do passado e o projeto para o futuro); a unicidade existencial, no três ideais da Revolução Francesa: o da liberdade, o da igualdade e
sentido de que cada ser é insubstituível (É claro que só essa última o da fraternidade, ou da solidariedade. Como enfatizei que os Direi-
questão demandaria uma discussão infindável em função das novas tos Humanos são históricos, vale lembrar que já se fala numa quarta
possibilidades genéticas com a possível produção de clones). Enfim, geração de Direitos Humanos, que são aqueles direitos que pode-
eu concluiria citando Kant, quando afirma que o único ser que não rão surgir a partir de novas descobertas científicas, novas aborda-
pode jamais ser considerado um meio para se alcançar um determi- gens em função do reconhecimento da diversidade cultural e das
nado fim é o homem, porque ele já é um fim em si mesmo. mudanças políticas.

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A presente abordagem é apenas introdutória a uma temática Sendo a democracia a forma de governo eleita pelo Estado, a
mais ampla dos Direitos Humanos. O ponto com o qual gostaríamos cidadania retrata a qualidade dos “sujeitos politicamente livres, ou
de terminar refere-se à questão da igualdade, até aqui associada, seja, cidadãos que participam da criação e concordam com a ordem
lembrando os ideais da Revolução Francesa, aos direitos sociais, jurídica vigente”.
tanto no mundo do trabalho, como os direitos sociais mais amplos, Por democracia entende-se de forma geral, o governo do povo,
como o direito à educação. E seria interessante chamar a atenção para como governo de todos os cidadãos. Para que a democracia se es-
a dificuldade que temos em entender a ideia da igualdade. Temos uma tabeleça, necessário o respeito à pluralidade, à transparência e à
relativa facilidade em entender o valor da liberdade, a primeira geração rotatividade.
de DH, as liberdades individuais, os direitos civis, o direito de expressão A democracia caracteriza-se pelo respeito à divergência (hete-
contra todas as formas de intolerância política e religiosa. Mas, de que rogeneidade), pela publicidade do exercício do poder e pela certeza
estamos falando quando insistimos na igualdade? de que ninguém ou grupo nenhum tem lugar cativo no poder, aces-
Partimos da premissa de que a igualdade não significa unifor- sível a todos e exercido precária e transitoriamente.
midade, homogeneidade. Daí, o direito à igualdade pressupõe, e Curioso o conceito de democracia dado por Norberto Bobbio,
não é uma contradição, o direito à diferença. Diferença não é si- para quem a democracia é o poder em público. E, de fato, a parti-
nônimo de desigualdade, assim como igualdade não é sinônimo de cipação do povo no exercício do poder somente se viabiliza através
homogeneidade e de uniformidade. A desigualdade pressupõe uma da transparência, da publicidade, da abertura, quando decisões são
valoração de inferior e superior, pressupõe uma valorização positiva tomadas de forma clara e a todos acessíveis. Somente desta forma,
ou negativa, e, portanto, estabelecemos quem nasceu para mandar o povo, titular de todo poder, pode eficazmente intervir nas toma-
e quem nasceu para obedecer; quem nasceu para ser respeitado e das de decisões contestando-as, pelos meios legais, quando delas
quem nasceu só para respeitar. Isso é desigualdade. A diferença é discordarem.
uma relação horizontal, nós podemos ser muito diferentes (já nas- Sendo assim, o exercício da cidadania, como gozo de direitos
cemos homens ou mulheres; já é uma diferença fundamental, mas e desempenho de deveres, deve pautar-se por contornos éticos: o
não é uma desigualdade; será uma desigualdade se essa diferença exercício da cidadania deve materializar-se na escolha da melhor
for valorizada no sentido de que os homens são superiores às mu- conduta tendo em vista o bem comum, resultando em uma ação
lheres, ou vice-versa que os brancos são superiores aos negros, ou moral como expressão do bem.
vice-versa, que os europeus são superiores aos latino-americanos e Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos correlatos:
assim por diante). A igualdade significa a isonomia, que é a igualda- a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um indi-
de diante da lei, da justiça, diante das oportunidades na sociedade, víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar
se democraticamente aberta a todos. A igualdade no sentido so- o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
cioeconômico - e volto à questão da dignidade - daquele mínimo b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
que garanta a vida com dignidade, e é o que está contemplado na pelo vínculo da nacionalidade.
segunda geração de Direitos Humanos. E a igualdade entendida c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio-
como o direito à diferença: todos somos igualmente portadores do nais ou não.
direito à diversidade cultural, do direito à diferença de ordem cultu-
ral, de livre escolha ou por contingência de nascimento22. Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que possui o
vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza
Constituição Brasileira e a Constituição Paulista. de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado.
Na disciplina constitucional, os direitos políticos garantidos
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania àquele que é cidadão encontram-se disciplinados nos artigos 14
Conforme Perla Müller23, cidadão é o indivíduo que, dentro de e 15. Direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais a
um Estado, goza de direitos (civis e políticos) e desempenha deve- Constituição Federal permite o exercício da soberania popular, atri-
res (civis e políticos). buindo poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na
Assim, a cidadania, ou seja, a qualidade de que é cidadão, se condução da coisa pública de forma direta ou indireta24.
exerce no campo associativo (da associação civil), pela cooperação A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza25: “estamos
de homens reunidos no Estado. Desta forma, a sobrevivência e har- diante da democracia semidireta ou participativa, um ‘sistema hí-
monia da sociedade, como grupo, associação de homens que é, de- brido’, uma democracia representativa, com peculiaridades e atri-
pende da vida cooperativa de seus cidadãos. butos da democracia direta. Pode-se falar, então, em participação
As atribuições cívico-políticas do cidadão dependem da con- popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercí-
formação do Estado a que pertence, ou seja, da forma de governo cio da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, re-
por este adotada. ferendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como a ação
popular”.

24 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15.


22 BENEVIDES, M. V. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
23 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço 25 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15.
Público. Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, páginas 28 a 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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Destaca-se o caput do artigo 14: § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de


inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
DE 1988 considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou
CAPÍTULO IV o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
DOS DIREITOS POLÍTICOS direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer- Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
termos da lei, mediante: fraude.
I - plebiscito; § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
II - referendo; de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
III - iniciativa popular. manifesta má-fé.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; Nacionalidade:
II - facultativos para: “Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indiví-
a) os analfabetos; duo a um determinado Estado, fazendo com que este indivíduo pas-
b) os maiores de setenta anos; se a integrar o povo daquele Estado e, por consequência, desfrute
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. de direitos e submeta-se a obrigações”. 26
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Art. 14 CF: Democracia Participativa ou Semidireta, ou seja,
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: participação popular no poder por intermédio de um processo.
I - a nacionalidade brasileira; Diz o Art. 14 CF: A soberania popular será exercida pelo sufrá-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para to-
III - o alistamento eleitoral; dos, e, nos termos da lei, mediante:
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; I) Plebiscito;
V - a filiação partidária; II) Referendo;
VI - a idade mínima de: III) Iniciativa Popular.
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
pública e Senador; Vejamos alguns conceitos básicos e fundamentais para melhor
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e compreensão dos direitos políticos:
do Distrito Federal; Democracia: É o governo do povo;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; Soberania Popular: “É a qualidade máxima do poder extraída
d) dezoito anos para Vereador. da soma dos atributos de cada membro da sociedade estatal, en-
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. carregado de escolher os seus representantes no governo por meio
§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado do sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário”. (BULOS,
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou Uadi Lammêgo).
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente. Em outras palavras, é o exercício do poder político pelo povo.27
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Nacionalidade: Como vimos, é o vínculo jurídico-político que
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis liga o indivíduo a um Estado;
meses antes do pleito.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o Cidadania: “Tem por pressuposto a nacionalidade (que é mais
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ampla que a cidadania), caracterizando-se como a titularidade de
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de direitos políticos de votar e ser votado.” (SILVA, José Afonso da). O
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os cidadão, portanto, nada mais é do que o nacional que exerce os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se direitos políticos;
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes Sufrágio: É o direito de votar e ser votado;
condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço deverá afastar-se da Voto: É o instrumento do exercício do direito de sufrágio;
atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato 26 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11ª ed. São
da diplomação, para a inatividade. Paulo: Método, 2007.
27 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodi-
vm, 2014.
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Escrutínio: É a forma de exteriorização do voto, público ou se- Em concordância com Luciano Dutra 31, segundo o Art. 15 da
creto; CF, é vedada a cassação dos direitos políticos, pois a mesma se-
ria uma supressão arbitrária, ou seja, sem o devido processo legal,
Plebiscito: É o instrumento de exercício de democracia direta notadamente sob a ótica do contraditório e da ampla defesa, mo-
por meio do qual o povo é consultado previamente sobre a viabili- tivada por perseguições político- ideológicas praticadas em outros
dade de uma determinada proposta de alteração legislativa.28 momentos antidemocráticos do Estado brasileiro.
No entanto, em que pese a vedação à cassação, o mesmo arti-
Referendo: É o instrumento de exercício de democracia direta go autoriza a privação dos direitos políticos, seja por meio da perda
por meio do qual o povo é consultado posteriormente sobre uma ou da suspensão.
determinada proposta de alteração legislativa.29 Com efeito, o cidadão pode ser privado dos seus direitos po-
líticos por prazo indeterminado (perda), sendo que, neste caso, o
Iniciativa Popular: É o instrumento de exercício de democracia restabelecimento dos direitos políticos dependerá do exercício de
direta por meio do qual o povo inicia o processo legislativo. ato de vontade do indivíduo, de um novo alistamento eleitoral.
Noutro giro, a privação dos direitos políticos pode se dar por
IMPORTANTE: prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
O projeto de iniciativa popular é apresentado à Câmara dos De- dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta-
putados, não ao Senado Federal ou Congresso Nacional. ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
Cassação, Perda e Suspensão dos Direitos Políticos: Assim:
PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PERDA SUSPENSÃO
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS Privação por prazo Privação por prazo
indeterminado determinado
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos
suspensão só se dará nos casos de: políticos depende de um novo direitos políticos se dá
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em alistamento eleitoral automaticamente
julgado;
II - incapacidade civil absoluta; Assim:
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
rarem seus efeitos; suspensão só se dará nos casos de:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; julgado; (perda)
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. II - incapacidade civil absoluta; (suspensão)
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
Art. 15 CF: É vedada a cassação de direitos políticos. Entretan- rarem seus efeitos; (suspensão)
to, admite-se a perda e a suspensão dos mesmos. IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (perda)
Cassação: É a retirada dos direitos políticos de modo arbitrário,
sem qualquer fundamento constitucional ou legal e, por isso, é CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
prática vedada no Brasil.
Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1989,
Perda: É a retirada definitiva dos direitos políticos e que tem com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº
por base as hipóteses previstas na Constituição. 1/1990 a 28/2009.
Suspensão: É a retirada temporária dos direitos políticos, tam- PREÂMBULO
bém com fundamento na Constituição.30
O Povo Paulista, invocando a proteção de Deus, e inspirado nos
OBSERVE COM ATENÇÃO! princípios constitucionais da República e no ideal de a todos asse-
gurar justiça e bem-estar, decreta e promulga, por seus represen-
PRIVAÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS: tantes, a CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO

28 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodi-


vm, 2014; grifo nosso.
29 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodi-
vm, 2014; grifo nosso.
30 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodi- 31 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. 2ª Edição. Rio de
vm, 2014; grifo nosso. Janeiro: Elsevier, 2014; p.173.
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TÍTULO I 1 - pelo Presidente, nos seguintes casos:


DOS FUNDAMENTOS DO ESTADO a) decretação de estado de sítio ou de estado de defesa que
atinja todo ou parte do território estadual;
Artigo 1º - O Estado de São Paulo, integrante da República b) intervenção no Estado ou em Município;
Federativa do Brasil, exerce as competências que não lhe são c) recebimento dos autos de prisão de Deputado, na hipótese
vedadas pela Constituição Federal. de crime inafiançável.
Artigo 2º - A lei estabelecerá procedimentos judiciários 2 - pela maioria absoluta dos membros da Assembleia
abreviados e de custos reduzidos para as ações cujo objeto principal Legislativa ou pelo Governador, em caso de urgência ou interesse
seja a salvaguarda dos direitos e liberdades fundamentais. público relevante.
Artigo 3º - O Estado prestará assistência jurídica integral e § 6º - Na sessão legislativa extraordinária, a Assembleia
gratuita aos que declararem insuficiência de recursos. Legislativa somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
Artigo 4º - Nos procedimentos administrativos, qualquer que convocada, vedado o pagamento de parcela indenizatória de valor
seja o objeto, observar-se-ão, entre outros requisitos de validade, superior ao subsídio mensal.
a igualdade entre os administrados e o devido processo legal, Artigo 10 - A Assembleia Legislativa funcionará em sessões
especialmente quanto à exigência da publicidade, do contraditório, públicas, presente, pelo menos, um quarto de seus membros.
da ampla defesa e do despacho ou decisão motivados. § 1º - Salvo disposição constitucional em contrário, as
deliberações da Assembleia Legislativa e de suas Comissões serão
TÍTULO II tomadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES membros.
§ 2º - O voto será público.
CAPÍTULO I Artigo 11 - Os membros da Mesa e seus substitutos serão
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES eleitos para um mandato de dois anos.
§ 1º - A eleição far-se-á, em primeiro escrutínio, pela maioria
Artigo 5º - São Poderes do Estado, independentes e harmônicos absoluta da Assembleia Legislativa.
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
§ 1º - É vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições. § 2º - É vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
§ 2º - O cidadão, investido na função de um dos Poderes, imediatamente subsequente.
não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas nesta Artigo 12 - Na constituição da Mesa e das Comissões assegurar-
Constituição. se-á, tanto quanto possível, a representação proporcional dos
Artigo 6º - O Município de São Paulo é a Capital do Estado. partidos políticos com assento na Assembleia Legislativa.
Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o brasão de Artigo 13 - A Assembleia Legislativa terá Comissões
armas e o hino. permanentes e temporárias, na forma e com as atribuições
Artigo 8º - Além dos indicados no artigo 26 da Constituição previstas no Regimento Interno.
Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terrenos reservados § 1º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência,
às margens dos rios e lagos do seu domínio. cabe:
1 - discutir e votar projetos de lei que dispensarem, na forma
CAPÍTULO II do Regimento Interno, a competência do Plenário, salvo se houver,
DO PODER LEGISLATIVO para decisão deste, requerimento de um décimo dos membros da
Assembleia Legislativa;
SEÇÃO I 2 - convocar Secretário de Estado, sem prejuízo do disposto no
DA ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO artigo 52-A, para prestar pessoalmente, no prazo de 30 (trinta dias),
informações sobre assunto previamente determinado, importando
Artigo 9º - O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada;
Legislativa, constituída de Deputados, eleitos e investidos na forma 3 - convocar dirigentes de autarquias, empresas públicas,
da legislação federal, para uma legislatura de quatro anos. sociedades de economia mista e fundações instituídas ou mantidas
§ 1º - A Assembleia Legislativa reunir-se-á, em sessão legislativa pelo Poder Público, para prestar informações sobre assuntos de
anual, independentemente de convocação, de 1º de fevereiro a 30 área de sua competência, previamente determinados, no prazo
de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. de trinta dias, sujeitando-se, pelo não comparecimento sem
§ 2º - No primeiro ano da legislatura, a Assembleia Legislativa justificação adequada, às penas da lei;
reunir-se-á, da mesma forma, em sessões preparatórias, a partir 4 - convocar o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral
de 15 de março, para a posse de seus membros e eleição da Mesa. do Estado e o Defensor Público Geral, para prestar informações
§ 3º - As reuniões marcadas para as datas fixadas no § 1º serão a respeito de assuntos previamente fixados, relacionados com a
transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem respectiva área;
em sábado, domingo ou feriado. 5 - acompanhar a execução orçamentária;
§ 4º - A sessão legislativa não será interrompida sem aprovação 6 - realizar audiências públicas dentro ou fora da sede do Poder
do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e sem deliberação Legislativo;
sobre o projeto de lei do orçamento e sobre as contas prestadas 7 - receber petições, reclamações, representações ou queixas,
pelo Governador, referentes ao exercício anterior. de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou
§ 5º - A convocação extraordinária da Assembleia Legislativa entidades públicas;
far-se-á:
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8 - velar pela completa adequação dos atos do Poder Executivo § 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades
que regulamentem dispositivos legais; de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus
9 - tomar o depoimento de autoridade e solicitar o de cidadão; débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes
10 - fiscalizar e apreciar programas de obras, planos estaduais, de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se
regionais e setoriais de desenvolvimento e, sobre eles, emitir o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
parecer; valores atualizados monetariamente.
11 - convocar representantes de empresa resultante de § 2º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
sociedade desestatizada e representantes de empresa prestadora consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presiden-
de serviço público concedido ou permitido, para prestar informações te do Tribunal de Justiça proferir a decisão exeqüenda e determinar
sobre assuntos de sua área de competência, previamente o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar,
determinados, no prazo de 30 (trinta) dias, sujeitando-se, pelo não a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de pre-
comparecimento sem adequada justificação, às penas da lei. terimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia
- Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 10, de necessária à satisfação do débito.
20/2/2001. § 3º - Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles
§ 2º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além complementações, benefícios previdenciários e indenizações por
de outros previstos no Regimento Interno, serão criadas mediante morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude
requerimento de um terço dos membros da Assembleia Legislativa, de sentença transitada em julgado.
para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo § 4º - O disposto no “caput” deste artigo, relativamente à
suas conclusões, quando for o caso, encaminhadas aos órgãos expedição dos precatórios, não se aplica aos pagamentos de
competentes do Estado para que promovam a responsabilidade obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda
civil e criminal de quem de direito. Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial
§ 3º - O Regimento Interno disporá sobre a competência da transitada em julgado.
comissão representativa da Assembleia Legislativa que funcionará
durante o recesso, quando não houver convocação extraordinária. § 5º - São vedados a expedição de precatório complementar ou
suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição
CAPÍTULO IV ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não
DO PODER JUDICIÁRIO se faça, em parte, na forma estabelecida no § 4º deste artigo e, em
parte, mediante expedição de precatório.
SEÇÃO I § 6º - A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades
de direito público.
Artigo 54 - São órgãos do Poder Judiciário do Estado: § 7º - Incorrerá em crime de responsabilidade o Presidente do
I - o Tribunal de Justiça; Tribunal de Justiça se, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
II - o Tribunal de Justiça Militar; tentar frustrar a liquidação regular de precatório.
III - os Tribunais do Júri; Artigo 58 - Ao Tribunal de Justiça, mediante ato de seu
IV - as Turmas de Recursos; Presidente, compete nomear, promover, remover, aposentar e
V - os Juízes de Direito; colocar em disponibilidade os juízes de sua Jurisdição, ressalvado o
VI - as Auditorias Militares; disposto no art. 62, exercendo, pelos seus órgãos competentes, as
VII - os Juizados Especiais; demais atribuições previstas nesta Constituição.
VIII - os Juizados de Pequenas Causas. Artigo 59 - A Magistratura é estruturada em carreira,
Artigo 55 - Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia observados os princípios, garantias, prerrogativas e vedações
financeira e administrativa. estabelecidos na Constituição Federal, nesta Constituição e no
Parágrafo único - São assegurados, na forma do artigo 99 Estatuto da Magistratura.
da Constituição Federal, ao Poder Judiciário, recursos suficientes Parágrafo único - O benefício da pensão por morte deve
para manutenção, expansão e aperfeiçoamento de suas atividades obedecer o princípio do art. 40, § 7º, da Constituição Federal.
jurisdicionais, visando ao acesso de todos à Justiça. Artigo 60 - No Tribunal de Justiça haverá um Órgão Especial,
Artigo 56 - Dentro dos limites estipulados conjuntamente com com vinte e cinco Desembargadores, para o exercício das atribuições
os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias, o Tribunal de administrativas e jurisdicionais de competência do Tribunal Pleno,
Justiça, pelo seu Órgão Especial, elaborará proposta orçamentária inclusive para uniformizar a jurisprudência divergente entre suas
do Poder Judiciário, encaminhando-a, por intermédio de seu Seções e entre estas e o Plenário.
Presidente, ao Poder Executivo, para inclusão no projeto de lei Artigo 61 - O acesso dos Desembargadores ao Órgão Especial,
orçamentária. respeitadas a situação existente e a representação do quinto
Artigo 57 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, constitucional, dar-se-á pelos critérios de antigüidade e eleição, al-
os pagamentos devidos pela Fazenda Estadual ou Municipal e ternadamente.
correspondentes autarquias, em virtude de sentença judiciária, Parágrafo único - Pelo primeiro critério, a vaga será preenchida
far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação pelo Desembargador mais antigo, salvo recusa oportunamente
de precatórios e à conta dos respectivos créditos, proibida a manifestada. Pelo segundo, serão elegíveis pelo Tribunal Pleno.
designação de casos ou pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para esse fim.
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Artigo 62 - O Presidente e o 1º Vice-Presidente do Tribunal de Parágrafo único - Compete ao Poder Judiciário a realização
Justiça e o Corregedor Geral da Justiça, eleitos, a cada biênio, pela do concurso de que trata este artigo, observadas as normas da
totalidade dos Desembargadores, dentre os integrantes do órgão legislação estadual vigente.
especial, comporão o Conselho Superior da Magistratura.
- Dispositivo com eficácia suspensa, em virtude de liminar con- TÍTULO VII
cedida pelo Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado de DA ORDEM SOCIAL
constitucionalidade.
§ 1º - Haverá um Vice-Corregedor Geral da Justiça, para de- CAPÍTULO I
sempenhar funções, em caráter itinerante, em todo o território do DISPOSIÇÃO GERAL
Estado.
§ 2º - Cada Seção do Tribunal de Justiça será presidida por um Artigo 217 - Ao Estado cumpre assegurar o bem-estar social,
Vice-Presidente. garantindo o pleno acesso aos bens e serviços essenciais ao
Artigo 63 - Um quinto dos lugares dos Tribunais de Justiça e desenvolvimento individual e coletivo.
de Justiça Militar será composto de advogados e de membros do
Ministério Público, de notório saber jurídico e reputação ilibada, CAPÍTULO II
com mais de dez anos de efetiva atividade profissional ou na DA SEGURIDADE SOCIAL
carreira, indicados em lista sêxtupla, pela Seção Estadual da Ordem
dos Advogados do Brasil ou pelo Ministério Público, conforme a SEÇÃO I
classe a que pertencer o cargo a ser provido. DISPOSIÇÃO GERAL
Parágrafo único - Dentre os nomes indicados, o Órgão Especial
do Tribunal de Justiça formará lista tríplice, encaminhando-a ao Artigo 218 - O Estado garantirá, em seu território, o
Governador do Estado que, nos vinte dias subsequentes, escolherá planejamento e desenvolvimento de ações que viabilizem, no
um de seus integrantes para o cargo e onomeará, depois de aprova- âmbito de sua competência, os princípios de seguridade social
da a escolha pela maioria absoluta da Assembleia Legislativa.” previstos nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal.

- A expressão “...depois de aprovada a escolha pela maioria ab- SEÇÃO II


soluta da Assembleia Legislativa.”, do parágrafo único do artigo 63, DA SAÚDE
encontra-se com eficácia suspensa por meio de liminar concedida
pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da Ação Direta de Incons- Artigo 219 - A saúde é direito de todos e dever do Estado.
titucionalidade nº 4150-9. Parágrafo único - O Poder Público estadual e municipal
Artigo 64 - As decisões administrativas dos Tribunais de garantirão o direito à saúde mediante:
segundo grau serão motivadas e tomadas em sessão pública, sendo 1 - políticas sociais, econômicas e ambientais que visem ao
as de caráter disciplinar tomadas por voto da maioria absoluta bem-estar físico, mental e social do indivíduo e da coletividade e à
dos membros do Tribunal de Justiça, ou de seu Órgão Especial, redução do risco de doenças e outros agravos;
salvo nos casos de remoção, disponibilidade e aposentadoria de 2 - acesso universal e igualitário às ações e ao serviço de saúde,
magistrado, por interesse público, que dependerão de voto de dois em todos os níveis;
terços, assegurada ampla defesa. 3 - direito à obtenção de informações e esclarecimentos de
Artigo 65 - Aos órgãos do Poder Judiciário do Estado competem interesse da saúde individual e coletiva, assim como as atividades
a administração e uso dos imóveis e instalações forenses, podendo desenvolvidas pelo sistema;
ser autorizada parte desse uso a órgãos diversos, no interesse do 4 - atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção,
serviço judiciário, como dispuser o Tribunal de Justiça, asseguradas preservação e recuperação de sua saúde.
salas privativas, condignas e permanentes aos advogados e Artigo 220 - As ações e os serviços de saúde são de relevância
membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, sob a pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
administração das respectivas entidades. sua regulamentação, fiscalização e controle.
Artigo 66 - Os processos cíveis já findos em que houver acordo § 1º - As ações e os serviços de preservação da saúde abrangem
ou satisfação total da pretensão, não constarão das certidões o ambiente natural, os locais públicos e de trabalho.
expedidas pelos cartórios dos Distribuidores, salvo se houver § 2º - As ações e serviços de saúde serão realizados,
autorização da autoridade judicial competente. preferencialmente, de forma direta, pelo Poder Público ou através
Parágrafo único - As certidões relativas aos atos de que cuida de terceiros, e pela iniciativa privada.
este artigo serão expedidas com isenção de custos e emolumentos, § 3º - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
quando se trate de interessado que declare insuficiência de § 4º - A participação do setor privado no sistema único de
recursos. saúde efetivar-se-á segundo suas diretrizes, mediante convênio
Artigo 67 - As comarcas do Estado serão classificadas em ou contrato de direito público, tendo preferência as entidades
entrâncias, nos termos da Lei de Organização Judiciária. filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Artigo 68 - O ingresso na atividade notarial e registral, tanto de § 5º - As pessoas físicas e as pessoas jurídicas de direito
titular como de preposto, depende de concurso público de provas privado, quando participarem do sistema único de saúde, ficam
e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga sem sujeitas às suas diretrizes e às normas administrativas incidentes
abertura de concurso por mais de seis meses. sobre o objeto de convênio ou de contrato.
§ 6º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílio
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
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Artigo 221 - Os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, V - a organização, fiscalização e controle da produção
que terão sua composição, organização e competência fixadas em e distribuição dos componentes farmacêuticos básicos,
lei, garantem a participação de representantes da comunidade, em medicamentos, produtos químicos, biotecnológicos, imunobiológi-
especial, dos trabalhadores, entidades e prestadores de serviços da cos, hemoderivados e outros de interesse para a saúde, facilitando
área de saúde, além do Poder Público, na elaboração e controle à população, o acesso a eles;
das políticas de saúde, bem como na formulação, fiscalização e VI - a colaboração na proteção do meio ambiente, incluindo do
acompanhamento do sistema único de saúde. trabalho, atuando em relação ao processo produtivo para garantir:
Artigo 222 - As ações e os serviços de saúde executados a) o acesso dos trabalhadores às informações referentes a
e desenvolvidos pelos órgãos e instituições públicas estaduais atividades que comportem riscos à saúde e a métodos de controle,
e municipais, da administração direta, indireta e fundacional, bem como aos resultados das avaliações realizadas;
constituem o sistema único de saúde, nos termos da Constituição b) a adoção de medidas preventivas de acidentes e de doenças
Federal, que se organizará ao nível do Estado, de acordo com as do trabalho;
seguintes diretrizes e bases: VII - a participação no controle e fiscalização da produção,
I - descentralização com direção única no âmbito estadual e armazenamento, transporte, guarda e utilização de substâncias de
no de cada Município, sob a direção de um profissional de saúde; produtos psicoativos, tóxicos e teratogênicos;
II - municipalização dos recursos, serviços e ações de saúde, VIII - a adoção de política de recursos humanos em saúde
com estabelecimento em lei dos critérios de repasse das verbas e na capacitação, formação e valorização de profissionais da
oriundas das esferas federal e estadual; área, no sentido de propiciar melhor adequação às necessidades
III - integração das ações e serviços com base na regionalização específicas do Estado e de suas regiões e ainda àqueles segmentos
e hierarquização do atendimento individual e coletivo, adequado da população cujas particularidades requerem atenção especial, de
às diversas realidades epidemiológicas; forma a aprimorar a prestação de assistência integral;
IV - universalização da assistência de igual qualidade com IX - a implantação de atendimento integral aos portadores
instalação e acesso a todos os níveis, dos serviços de saúde à de deficiências, de caráter regionalizado, descentralizado e
população urbana e rural; hierarquizado em níveis de complexidade crescente, abrangendo
desde a atenção primária, secundária e terciária de saúde, até
V - gratuidade dos serviços prestados, vedada a cobrança de o fornecimento de todos os equipamentos necessários à sua
despesas e taxas sob qualquer título. integração social;
Parágrafo único - O Poder Público Estadual e os Municípios X - a garantia do direito à auto-regulação da fertilidade como
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde livre decisão do homem, da mulher ou do casal, tanto para exercer
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados a procriação como para evitá-la, provendo por meios educacionais,
sobre: científicos e assistenciais para assegurá-lo, vedada qualquer forma
1 - no caso do Estado, o produto da arrecadação dos impostos coercitiva ou de indução por parte de instituições públicas ou pri-
a que se refere o art. 165 da Constituição Estadual e dos recursos vadas;
de que tratam os arts. 157 e 159, I, “a”, e II, da Constituição Federal, XI - a revisão do Código Sanitário Estadual a cada cinco anos;
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos Municípios; XII - a fiscalização e controle do equipamento e aparelhagem
2 - no caso dos Municípios, o produto da arrecadação dos utilizados no sistema de saúde, na forma da lei.
impostos a que se refere o art. 156 da Constituição Federal e dos Artigo 224 - Cabe à rede pública de saúde, pelo seu corpo
recursos de que tratam os arts. 158, I e II, e 159, I, “b”, da Constitui- clínico especializado, prestar o atendimento médico para a
ção Federal e art. 167 da Constituição Estadual. prática do aborto nos casos excludentes de antijuridicidade,
Artigo 223 - Compete ao sistema único de saúde, nos termos previstos na legislação penal.
da lei, além de outras atribuições: Artigo 225 - O Estado criará banco de órgãos, tecidos e
I - a assistência integral à saúde, respeitadas as necessidades substâncias humanas.
específicas de todos os segmentos da população; § 1º - A lei disporá sobre as condições e requisitos que facilitem
II - a identificação e o controle dos fatores determinantes a remoção de órgão, tecidos e substâncias humanas, para fins
e condicionantes da saúde individual e coletiva, mediante, de transplante, obedecendo-se à ordem cronológica da lista de
especialmente, ações referentes à: receptores e respeitando-se, rigorosamente, as urgências médicas,
a) vigilância sanitária; pesquisa e tratamento, bem como, a coleta, processamento e
b) vigilância epidemiológica; transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
c) saúde do trabalhador; comercialização.
d) saúde do idoso; § 2º - A notificação, em caráter de emergência, em todos os
e) saúde da mulher; casos de morte encefálica comprovada, tanto para hospital público,
f) saúde da criança e do adolescente; como para a rede privada, nos limites do Estado, é obrigatória.
g) saúde dos portadores de deficiências; § 3º - Cabe ao Poder Público providenciar recursos e condições
III - a implementação dos planos estaduais de saúde e de para receber as notificações que deverão ser feitas em caráter de
alimentação e nutrição, em termos de prioridades e estratégias emergência, para atender ao disposto nos §§ 1º e 2º.
regionais, em consonância com os Planos Nacionais; Artigo 226 - É vedada a nomeação ou designação, para
IV - a participação na formulação da política e na execução das cargo ou função de chefia ou assessoramento na área de Saúde,
ações de saneamento básico; em qualquer nível, de pessoa que participe de direção, gerência

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ou administração de entidades que mantenham contratos ou Artigo 233 - As ações governamentais e os programas de
convênios com o sistema único de saúde, a nível estadual, ou sejam assistência social, pela sua natureza emergencial e compensatória,
por ele credenciadas. não deverão prevalecer sobre a formulação e aplicação
Artigo 227 - O Estado incentivará e auxiliará os Órgãos Públicos de políticas sociais básicas nas áreas de saúde, educação,
e entidades filantrópicas de estudo, pesquisa e combate ao câncer, abastecimento, transporte e alimentação.
constituídos na forma da lei, respeitando a sua autonomia e Artigo 234 - O Estado subvencionará os programas
independência de atuação científica. desenvolvidos pelas entidades assistenciais filantrópicas e sem fins
Artigo 228 - O Estado regulamentará, em seu território, todo lucrativos, com especial atenção às que se dediquem à assistência
processo de coleta e percurso de sangue. aos portadores de deficiências, conforme critérios definidos em
Artigo 229 - Compete à autoridade estadual, de ofício ou lei, desde que cumpridas as exigências de fins dos serviços de
mediante denúncia de risco à saúde, proceder à avaliação das assistência social a serem prestados.
fontes de risco no ambiente de trabalho, e determinar a adoção das Parágrafo único - Compete ao Estado a fiscalização dos serviços
devidas providências para que cessem os motivos que lhe deram prestados pelas entidades citadas no “caput” deste artigo.
causa. Artigo 235 - É vedada a distribuição de recursos públicos, na
§ 1º - Ao sindicato de trabalhadores, ou a representante que área de assistência social, diretamente ou por indicação e sugestão
designar, é garantido requerer a interdição de máquina, de setor ao órgão competente, por ocupantes de cargos eletivos.
de serviço ou de todo o ambiente de trabalho, quando houver Artigo 236 - O Estado criará o Conselho Estadual de Promoção
exposição a risco iminente para a vida ou a saúde dos empregados. Social, cuja composição, funções e regulamentos serão definidos
§ 2º - Em condições de risco grave ou iminente no local de em lei.
trabalho, será lícito ao empregado interromper suas atividades,
sem prejuízo de quaisquer direitos, até a eliminação do risco. CAPÍTULO III
§ 3º - O Estado atuará para garantir a saúde e a segurança dos DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DOS ESPORTES E LAZER
empregados nos ambientes de trabalho.
§ 4º - É assegurada a cooperação dos sindicatos de trabalhadores SEÇÃO I
nas ações de vigilância sanitária desenvolvidas no local de trabalho. DA EDUCAÇÃO
Artigo 230 - O Estado garantirá o funcionamento de unidades
terapêuticas para recuperação de usuários de substâncias que Artigo 237 - A educação, ministrada com base nos princípios
geram dependência física ou psíquica, resguardado o direito de estabelecidos no artigo 205 e seguintes da Constituição Federal e
livre adesão dos pacientes, salvo ordem judicial. inspirada nos princípios de liberdade e solidariedade humana, tem
Artigo 231 - Assegurar-se-á ao paciente, internado em hospitais por fim:
da rede pública ou privada, a faculdade de ser assistido, religiosa e
espiritualmente, por ministro de culto religioso. I - a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do
cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem
SEÇÃO III a comunidade;
DA PROMOÇÃO SOCIAL II - o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais da
pessoa humana;
Artigo 232 - As ações do Poder Público, por meio de programas III - o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade
e projetos na área de promoção social, serão organizadas, internacional;
elaboradas, executadas e acompanhadas com base nos seguintes IV - o desenvolvimento integral da personalidade humana e a
princípios: sua participação na obra do bem comum;
I - participação da comunidade; V - o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos
II - descentralização administrativa, respeitada a legislação conhecimentos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar
federal, cabendo a coordenação e execução de programas às as possibilidades e vencer as dificuldades do meio, preservando-o;
esferas estadual e municipal, considerados os Municípios e as VI - a preservação, difusão e expansão do patrimônio cultural;
comunidades como instâncias básicas para o atendimento e VII - a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo
realização dos programas; de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer
III - integração das ações dos órgãos e entidades da preconceitos de classe, raça ou sexo;
administração em geral, compatibilizando programas e recursos e VIII - o desenvolvimento da capacidade de elaboração e
evitando a duplicidade de atendimento entre as esferas estadual e reflexão crítica da realidade.
municipal. Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do Estado de
Parágrafo único - É facultado ao Poder Público vincular a São Paulo, levando em conta o princípio da descentralização.
programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Estadual
por cento de sua receita tributária, vedada a aplicação desses de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalidades, incluindo
recursos no pagamento de: a especial, estabelecendo normas gerais de funcionamento para
1 - despesas com pessoal e encargos sociais; as escolas públicas estaduais e municipais, bem como para as
2 - serviço da dívida; particulares.
3 - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente § 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sistemas
aos investimentos ou ações apoiados. de ensino.

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§ 2º - O Poder Público oferecerá atendimento especializado qualidade, devendo ser definidas com os Municípios formas de
aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
de ensino. obrigatório.
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscalização, § 3º - O ensino fundamental público e gratuito será também
controle e avaliação, na forma da lei. garantido aos jovens e adultos que, na idade própria, a ele não
Artigo 240 - Os Municípios responsabilizar-se-ão tiveram acesso, e terá organização adequada às características dos
prioritariamente pelo ensino fundamental, inclusive para os que a alunos.
ele não tiveram acesso na idade própria, e pré-escolar, só podendo § 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino fundamental
atuar nos níveis mais elevados quando a demanda naqueles níveis diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às condições de
estiver plena e satisfatoriamente atendida, do ponto de vista vida do educando que já tenha ingressado no mercado de trabalho.
qualitativo e quantitativo. § 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a partir
Artigo 241 - O Plano Estadual de Educação, estabelecido em dos seis anos de idade, desde que plenamente atendida a demanda
lei, é de responsabilidade do Poder Público Estadual, tendo sua das crianças de sete anos de idade.
elaboração coordenada pelo Executivo, consultados os órgãos Artigo 250 - O Poder Público responsabilizar-se-á pela
descentralizados do Sistema Estadual de Ensino, a comunidade manutenção e expansão do ensino médio, público e gratuito,
educacional, e considerados os diagnósticos e necessidades inclusive para os jovens e adultos que, na idade própria, a ele não
apontados nos Planos Municipais de Educação. tiveram acesso, tomando providências para universalizá-lo.
Artigo 242 - O Conselho Estadual de Educação é órgão § 1º - O Estado proverá o atendimento do ensino médio em
normativo, consultivo e deliberativo do sistema de ensino do Estado curso diurno e noturno, regular e supletivo, aos jovens e adultos,
de São Paulo, com suas atribuições, organização e composição especialmente trabalhadores, de forma compatível com suas
definidas em lei. condições de vida.
Artigo 243 - Os critérios para criação de Conselhos Regionais § 2º - Além de outras modalidades que a lei vier a estabelecer
e Municipais de Educação, sua composição e atribuições, bem no ensino médio, fica assegurada a especificidade do curso de
como as normas para seu funcionamento, serão estabelecidos e formação do magistério para a pré-escola e das quatro primeiras
regulamentados por lei. séries do ensino fundamental, inclusive com formação de docentes
Artigo 244 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, para atuarem na educação de portadores de deficiências.
constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos profissionais de
ensino fundamental. ensino, mediante fixação de planos de carreira para o magistério
Artigo 245 - Nos três níveis de ensino, será estimulada a prática público, com piso salarial profissional, carga horária compatível com
de esportes individuais e coletivos, como complemento à formação o exercício das funções e ingresso exclusivamente por concurso
integral do indivíduo. público de provas e títulos.
Parágrafo Único - A prática referida no “caput”, sempre que Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de ensino
possível, será levada em conta em face das necessidades dos superior, articulado com os demais níveis.
portadores de deficiências.
Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios públicos Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Estado de
estaduais, para o funcionamento de estabelecimentos de ensino São Paulo incluirá universidades e outros estabelecimentos.
privado de qualquer natureza. Artigo 253 - A organização do sistema de ensino superior
Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos, integrada do Estado será orientada para a ampliação do número de vagas
ao sistema de ensino, respeitará as características próprias dessa oferecidas no ensino público diurno e noturno, respeitadas
faixa etária. as condições para a manutenção da qualidade de ensino e do
Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado desenvolvimento da pesquisa.
será responsável pela definição de normas, autorização de Parágrafo único - As universidades públicas estaduais deverão
funcionamento, supervisão e fiscalização das creches e pré-escolas manter cursos noturnos que, no conjunto de suas unidades,
públicas e privadas no Estado. correspondam a um terço pelo menos, do total das vagas por elas
Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de ensino oferecidas.
estejam organizados, será delegada competência para autorizar Artigo 254 - A autonomia da universidade será exercida,
o funcionamento e supervisionar as instituições de educação das respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária
crianças de zero a seis anos de idade. democratização do ensino e a responsabilidade pública da
Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de duração é instituição, observados os seguintes princípios:
obrigatório para todas as crianças, a partir dos sete anos de idade, I - utilização dos recursos de forma a ampliar o atendimento
visando a propiciar formação básica e comum indispensável a à demanda social, tanto mediante cursos regulares, quanto
todos. atividades de extensão;
§ 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo o II - representação e participação de todos os segmentos
território paulista, de vagas em número suficiente para atender à da comunidade interna nos órgãos decisórios e na escolha de
demanda do ensino fundamental obrigatório e gratuito. dirigentes, na forma de seus estatutos.
§ 2º - A atuação da administração pública estadual no ensino § 1º - A lei criará formas de participação da sociedade, por
público fundamental dar-se-á por meio de rede própria ou em meio de instâncias públicas externas à universidade, na avaliação
cooperação técnica e financeira com os Municípios, nos termos do desempenho da gestão dos recursos.
do art. 30, VI, da Constituição Federal, assegurando a existência § 2º - É facultado às universidades admitir professores, técnicos
de escolas com corpo técnico qualificado e elevado padrão de e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
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§ 3º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se às instituições VI - compromisso do Estado de resguardar e defender a


de pesquisa científica e tecnológica. integridade, pluralidade, independência e autenticidade das
Artigo 255 - O Estado aplicará, anualmente, na manutenção e culturas brasileiras, em seu território;
no desenvolvimento do ensino público, no mínimo, trinta por cento VII - cumprimento, por parte do Estado, de uma política
da receita resultante de impostos, incluindo recursos provenientes cultural não intervencionista, visando à participação de todos na
de transferências. vida cultural;
Parágrafo único - A lei definirá as despesas que se caracterizem VIII - preservação dos documentos, obras e demais registros de
como manutenção e desenvolvimento do ensino. valor histórico ou científico.
Artigo 256 - O Estado e os Municípios publicarão, até trinta dias Artigo 263 - A lei estimulará, mediante mecanismos
após o encerramento de cada trimestre, informações completas específicos, os empreendimentos privados que se voltem à
sobre receitas arrecadadas e transferências de recursos destinados preservação e à restauração do patrimônio cultural do Estado, bem
à educação, nesse período e discriminadas por nível de ensino. como incentivará os proprietários de bens culturais tombados, que
Artigo 257 - A distribuição dos recursos públicos assegurará atendam às recomendações de preservação do patrimônio cultural.
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino Artigo 263-A - É facultado ao Poder Público vincular a fundo
fundamental. estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua
Parágrafo único - Parcela dos recursos públicos destinados à educação receita tributária, para o financiamento de programas e projetos
deverá ser utilizada em programas integrados de aperfeiçoamento e culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
atualização para os educadores em exercício no ensino público. I - despesas com pessoal e encargos sociais;
Artigo 258 - O Poder Público poderá, mediante convênio, II - serviço da dívida;
destinar parcela dos recursos de que trata o artigo 255 III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente
a instituições filantrópicas, definidas em lei, para a manutenção e aos investimentos ou ações apoiados.
o desenvolvimento de atendimento educacional, especializado e
gratuito a educandos portadores de necessidades especiais. SEÇÃO III
DOS ESPORTES E LAZER
SEÇÃO II
DA CULTURA Artigo 264 - O Estado apoiará e incentivará as práticas
esportivas formais e não-formais, como direito de todos.
Artigo 259 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício Artigo 265 - O Poder Público apoiará e incentivará o lazer como
dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura, e apoiará e forma de integração social.
incentivará a valorização e a difusão de suas manifestações. Artigo 266 - As ações do Poder Público e a destinação de
Artigo 260 - Constituem patrimônio cultural estadual os bens recursos orçamentários para o setor darão prioridade:
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou I - ao esporte educacional, ao esporte comunitário e, na forma
em conjunto, portadores de referências à identidade, à ação e à da lei, ao esporte de alto rendimento;
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade nos quais II - ao lazer popular;
se incluem:
I - as formas de expressão; III - à construção e manutenção de espaços devidamente
II - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; equipados para as práticas esportivas e o lazer;
III - as obras, objetos, documentos, edificações e demais IV - à promoção, estímulo e orientação à prática e difusão da
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; Educação Física;
IV - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, V - à adequação dos locais já existentes e previsão de medidas
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. necessárias quando da construção de novos espaços, tendo em vista
Artigo 261 - O Poder Público pesquisará, identificará, protegerá a prática de esportes e atividades de lazer por parte dos portadores
e valorizará o patrimônio cultural paulista, através do Conselho de deficiências, idosos e gestantes, de maneira integrada aos
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e demais cidadãos.
Turístico do Estado de São Paulo - CONDEPHAAT, na forma que a Parágrafo único - O Poder Público estimulará e apoiará as
lei estabelecer. entidades e associações da comunidade dedicadas às práticas
Artigo 262 - O Poder Público incentivará a livre manifestação esportivas.
cultural mediante: Artigo 267 - O Poder Público incrementará a prática esportiva
I - criação, manutenção e abertura de espaços públicos às crianças, aos idosos e aos portadores de deficiências.
devidamente equipados e capazes de garantir a produção,
divulgação e apresentação das manifestações culturais e artísticas; CAPÍTULO VII
II - desenvolvimento de intercâmbio cultural e artístico com os DA PROTEÇÃO ESPECIAL
Municípios, integração de programas culturais e apoio à instalação
de casas de cultura e de bibliotecas públicas; SEÇÃO I
III - acesso aos acervos das bibliotecas, museus, arquivos e DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO IDOSO
congêneres; E DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS
IV - promoção do aperfeiçoamento e valorização dos
profissionais da cultura; Artigo 277 - Cabe ao Poder Público, bem como à família,
V - planejamento e gestão do conjunto das ações, garantida a assegurar à criança, ao adolescente, ao idoso e aos portadores de
participação de representantes da comunidade; deficiências, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
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à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à I - criação de centros profissionalizantes para treinamento,


cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência habilitação e reabilitação profissional de portadores de deficiências,
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma oferecendo os meios adequados para esse fim aos que não tenham
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e condições de frequentar a rede regular de ensino;
agressão. II - implantação de sistema “Braille” em estabelecimentos da
Parágrafo único - O direito à proteção especial, conforme a lei, rede oficial de ensino, em cidade pólo regional, de forma a atender
abrangerá, entre outros, os seguintes aspectos: às necessidades educacionais e sociais dos portadores de deficiên-
1 - garantia à criança e ao adolescente de conhecimento formal cias.
do ato infracional que lhe seja atribuído, de igualdade na relação Parágrafo único - As empresas que adaptarem seus
processual, representação legal, acompanhamento psicológico e equipamentos para o trabalho de portadores de deficiências
social, e defesa técnica por profissionais habilitados; poderão receber incentivos, na forma da lei.
2 - obrigação de empresas e instituições, que recebam do Artigo 280 - É assegurado, na forma da lei, aos portadores
Estado recursos financeiros para a realização de programas, de deficiências e aos idosos, acesso adequado aos logradouros
projetos e atividades culturais, educacionais, de lazer e outros e edifícios de uso público, bem como aos veículos de transporte
afins, de preverem o acesso e a participação de portadores de coletivo urbano.
deficiências. Artigo 281 - O Estado propiciará, por meio de financiamentos,
Artigo 278 - O Poder Público promoverá programas especiais, aos portadores de deficiências, a aquisição dos equipamentos que
admitindo a participação de entidades não governamentais e tendo se destinam a uso pessoal e que permitam a correção, diminuição
como propósito: e superação de suas limitações, segundo condições a serem
I - assistência social e material às famílias de baixa renda dos estabelecidas em lei.
egressos de hospitais psiquiátricos do Estado, até sua reintegração
na sociedade; Observação: No Texto da Constituição Federal e da Constitui-
II - concessão de incentivo às empresas para adequação de seus ção Paulista, comtemplamos somente os artigos mais relevantes,
equipamentos, instalações e rotinas de trabalho aos portadores de correspondentes ao contexto abordo no tópico em questão.
deficiências.
III - garantia às pessoas idosas de condições de vida apropriadas, Expansão da Cidadania para Grupos Especiais:
frequência e participação em todos os equipamentos, serviços A expansão dos direitos civis no século XVIII, a emergência da
e programas culturais, educacionais, esportivos, recreativos e vida pública e o assalariamento de crescentes camadas da popula-
de lazer, defendendo sua dignidade e visando à sua integração à ção desencadearam, no longo prazo, processos pujantes de integra-
sociedade; ção social. Esses processos operaram sobre a ruína e a desagrega-
IV - integração social de portadores de deficiências, mediante ção social de formas arraigadas de pertença e filiação comunitária.
treinamento para o trabalho, convivência e facilitação do acesso A obra destrutiva da construção das sociedades modernas encetou,
aos bens e serviços coletivos. assim, a problemática da questão social enquanto expressão especi-
V - criação e manutenção de serviços de prevenção, orientação, ficamente moderna da desigualdade. Entretanto, o processo simul-
recebimento e encaminhamento de denúncias referentes à tâneo de ampliação do desarraigo, e de subordinação disciplinar da
violência; população aos ditames do mercado de trabalho, veio acompanhado
VI - instalação e manutenção de núcleos de atendimento de novas vias de integração: edificaram-se os expedientes moder-
especial e casas destinadas ao acolhimento provisório de crianças, nos de constituição e vinculação a uma comunidade política regida
adolescentes, idosos, portadores de deficiências e vítimas de por princípios universais e por mecanismos públicos de produção
violência, incluindo a criação de serviços jurídicos de apoio às de legitimidade. A cidadania constituiu a cristalização institucional
vítimas, integrados a atendimento psicológico e social; desses novos expedientes de solidariedade abstrata e generalizada.
VII - nos internamentos de crianças com até doze anos nos A cidadania moderna, assim definida e ampliada secularmente
hospitais vinculados aos órgãos da administração direta ou indireta, mediante o reconhecimento de novos direitos e de novos setores
é assegurada a permanência da mãe, também nas enfermarias, na da população investidos com capacidade legal de usufruí-los, en-
forma da lei. contra-se hoje diante de uma encruzilhada de caminhos incertos.
VIII - prestação de orientação e informação sobre a sexualidade As condições que lhe outorgaram viabilidade política e plausibilida-
humana e conceitos básicos da instituição da família, sempre que de simbólica, enquanto status universal sofreram transformações
possível, de forma integrada aos conteúdos curriculares do ensino profundas; transformações cujas implicações suscitam controvérsia
fundamental e médio; quanto ao futuro da própria cidadania e aos eventuais rumos de
IX - criação e manutenção de serviços e programas de sua reconstrução para se adequar às exigências dos novos tempos.
prevenção e orientação contra entorpecentes, álcool e drogas As páginas que se seguem estão inscritas nesse cenário e nelas
afins, bem como de encaminhamento de denúncias e atendimento é desenvolvida uma análise
especializado, referentes à criança, ao adolescente, ao adulto e ao i) da concepção tradicional da cidadania,
idoso dependentes. ii) das forças responsáveis pela sua desestabilização,
Artigo 279 - Os Poderes Públicos estadual e municipal iii) das reações na literatura teórica perante tal desestabilização
assegurarão condições de prevenção de deficiências, com prioridade e, sobretudo,
para a assistência pré-natal e à infância, bem como integração iv) das diferentes tensões que, na edificação da cidadania mo-
social de portadores de deficiências, mediante treinamento para o derna, caracterizaram a relação do binômio igualdade/diferença
trabalho e para a convivência, mediante: tensões tematizadas de forma parcial no debate contemporâneo.

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Por razões a serem analisadas no percurso deste texto, pro- 3) princípio plebiscitário da cidadania ou individualização da
põe-se que não existem, hoje, empecilhos de peso na lógica uni- cidadania: generalização dos vínculos diretos entre o indivíduo e
versalista da cidadania para a assimilação política e institucional o Estado como forma legítima de reconhecimento e subordinação
dos reclamos da diferença; no entanto, nas últimas décadas têm se política, suprimindo não apenas o princípio funcional da tutela das
cristalizado sérias restrições à expansão da cidadania especialmen- antigas corporações, mas também o chamado governo indireto,
te no que diz respeito à capacidade do Estado para universalizar quer dizer, a delegação das funções do Estado às camadas locais de
benefícios. Configura- se assim um panorama que encerra certa iro- intermediários entre os poderes centrais e os donos de terras, os
nia histórica: o reconhecimento da diferença, porém sem equidade. mercenários, o clero, e diversos tipos de oligarquias;
4) índole estatal-nacional da cidadania: existência de vínculo
Concepção Tradicional e sua Crítica constitutivo entre a cidadania e a edificação do Estado-nação, gra-
A primeira dificuldade ao se falar da “crise” ou desafios atuais ças à construção histórica de coincidência dupla: entre o território
da cidadania consiste no pressuposto da existência de um conjunto e um poder centralizado único, de um lado, e, do outro, entre a po-
de traços razoavelmente consensuais, cuja conjugação define aqui- pulação constituída como comunidade política e o Estado enquan-
lo que deve ser compreendido por cidadania moderna, fornecendo to encarnação presuntiva páginas das obras em questão (Marshall,
assim um parâmetro de comparação para se avaliar a natureza e 194; Bendix, 1964).
envergadura de determinadas transformações em curso. Falar em
“cidadania moderna”, nesse sentido, apenas é possível no plano de Antes de sumariar as discrepâncias mais frequentes suscitadas
formulações em maior ou menor medida abstratas, cuja construção pela concepção tradicional da cidadania no debate das últimas dé-
estilizada permite sintetizar para a análise aquilo que, no terreno cadas do século XX, cumpre atentar para um aspecto presente de
da história, corresponde aos complexos processos de edificação dos forma implícita na conjugação dos elementos vertidos acima, cujas
Estados-nação; processos tanto mais diferenciados quanto mais se implicações adquirirão relevância no decorrer destas páginas. Na
aproxima a análise da questão social dos direitos sociais e de sua concepção tradicional da cidadania, não apenas como burilada ana-
cristalização em constelações distintas de regimes e bem-estar. liticamente por Marshall ou Bendix, mas também tal e como incor-
Sem dúvida, a concepção mais influente da cidadania moderna porada pela teoria social no terceiro quartel do século XX, “cidada-
foi elaborada por T. H. Marshall, quando da sua conferência seminal nia” opera no plano cognitivo como conceito sintético-descritivo e
“Cidadania e Classe Social”, ministrada no final dos anos quarenta a não como categoria normativa. Por outras palavras, os elementos
propósito da obra do economista Alfred Marshall. A tal concepção recém-expostos pretendem fornecer uma síntese capaz de descre-
seria pertinente adicionar as formulações de Reinhart Bendix ver os caminhos percorridos historicamente na edificação do status
não apenas por sua influência, mas por se tratar de desenvolvi- moderno da cidadania, sem assumir qualquer afirmação sobre a
mento analítico complementar ao pensamento do primeiro autor. substância ou dever ser da cidadania.
No contexto da argumentação aqui apresentada, assume-se que a O uso analítico do termo remete de forma sintética a processos
concepção tradicional da cidadania pode ser cabalmente encontra- longos e conflituosos de sedimentação de direitos civis, políticos e
da no opúsculo canônico de Marshall (1949) ou no estudo clássico sociais, mediante os quais equacionaram-se nas sociedades ociden-
do segundo autor acerca da relação entre a cidadania e os proces- tais os dilemas da subordinação política e da integração social. Se
sos de centralização do poder em aparatos burocráticos modernos em cada caso histórico os usos práticos políticos e ideológicos da
construção do Estado-nação (Bendix, 1964). É claro que as ideias ideia de cidadania englobam o valor da vida digna presente nessa
de ambos os sociólogos não são isentas de controvérsias; todavia, sociedade, a reconstrução analítica do conceito, do ponto de vista
os matizes e restrições introduzidos pelas críticas mais recorrentes da teoria social, não pressupõe a aceitação ou prescrição de qual-
não comprometem o núcleo daquilo que ainda hoje é tido como quer conteúdo necessário à substância da cidadania. Para dizê-lo
as feições distintivas da cidadania moderna. È bem conhecido o nas palavras de Marshall: “A cidadania é um status concedido àque-
modelo dito evolutivo de Marshall, no qual o progressivo alarga- les que são membros integrais de uma comunidade. Todos aqueles
mento da cidadania enquanto status de direitos atribuídos emerge que possuem o status são iguais com respeito aos direitos e obriga-
como desdobramento dos direitos civis em políticos, e destes em ções pertinentes ao status. Não há nenhum princípio universal que
direitos sociais; contudo, a excessiva atenção normalmente pres- determine o que estes direitos e obrigações serão, mas as socie-
tada ao componente dinâmico da concepção marshalliana tende a dades nas quais a cidadania é uma instituição em desenvolvimen-
obliterar aquilo que de mais importante têm o pensamento desse to criam uma imagem de uma cidadania ideal em relação à qual
autor quanto às características constitutivas da cidadania moderna. o sucesso pode ser medido e em relação à qual a aspiração pode
Groso modo, tais características são passíveis de síntese em quatro ser dirigida”. (Marsahll, 1949) Segundo será visto mais adiante, ante
elementos: as forças desestabilizadoras da concepção tradicional da cidadania,
1) universalidade da cidadania: atribuição de um status ela- registra-se mudança notável de sentido nos usos conceptuais dessa
bora- do em termos de direitos universais para categorias sociais categoria agora investida de considerável carga normativa.
formalmente definidas, ao invés de para estamentos ou castas com Uma vez explicitado o teor sintético-descritivo da concepção
qualidades substantivas inerentes; tradicional da cidadania, cabe dar passo de forma breve a suas críti-
2) territorialização da cidadania: territorialidade combinada cas mais frequentes. No último quartel do século XX, em particular
com o elemento anterior para delimitar politicamente os alcances após a ascensão do neoconservadorismo, a temática da cidadania
da cidadania, ou seja, assunção do território como critério horizon- passou a ser explorada de forma crescente, até assumir posição
tal a delimitar a abrangência desse status, em substituição dos prin- de destaque no debate acadêmico dos últimos anos em especial
cípios corporativos; na agenda da filosofia política e da teoria social. No corpus dessa
literatura, em expansão vertiginosa, são bem conhecidas as críti-
cas à concepção marshalliana, salientando de forma recorrente ora
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a indevida generalização do caso inglês, ora o desenho de roteiro exige com premência a ação pública e, a um só tempo, limitam sua
histórico altamente estilizado quanto à gênese e transformação da efetividade e seus alcances. A vulnerabilidade financeira e migra-
cidadania, ora a simplificação da emergência dos direitos nas so- tória das fronteiras nacionais, os processos de integração econô-
ciedades modernas em três subconjuntos indevidamente homogê- mica internacional e a consequente cessão parcial de soberania, o
neos, ora certo evolucionismo e linearidade em relação à trajetória acirramento da desigualdade social sob formas inéditas entre
efetivamente seguida pelas sociedades europeias inclusive a ingle- elas o alastramento do desemprego estrutural, a redefinição do pa-
sa). Não é esta a oportunidade para avaliar a pertinência dessas pel do Estado e sua consequente retração no plano da intervenção
ressalvas, apenas cabe explicitar que a despeito de sua ampla di- social, adicionada às crescentes limitações fiscais da ação pública,
fusão, nem todas elas fazem juz ao pensamento do sociólogo bri- compõem um panorama crivado de restrições não apenas para a
tânico, particularmente se considerada a ausência de uma filosofia ampliação da cidadania, senão também para preservação de sua
da história subjacente à sua análise, e, portanto, sua concepção da substância já cristalizada em direitos. Mais adiante serão retomadas
mudança social como fenômeno por excelência contingente (Held, de modo breve essas forças enquanto constrangimentos à efetiva
1997). capacidade de universalização da cidadania, paradoxalmente, em
Em perspectiva mais abrangente, o caráter liberal da concep- momento simbolizado pelo crescente reconhecimento do direito à
ção tradicional da cidadania foi questionado da ótica dos marxis- diferença.
mos pela ausência de formulações quanto ao papel desse status Já o segundo conjunto de fatores presentes na desestabiliza-
sócio-político moderno dentro da lógica de dominação do Estado- ção da cidadania diz respeito à diferenciação social e a mudanças
-nação, e pela escassa atenção prestada ao conflito social no reco- socioculturais. Trata-se, em grandes traços, de fenômenos os mais
nhecimento de novos direito. diversos a exprimirem de formas distintas as dificuldades de se re-
Embora o sentido geral dessas críticas seja parcialmente cor- presentar e processar, com plausibilidade simbólica, questões ou-
reto, elas ocultam que a verdadeira divergência reside em outro trora elaboradas na linguagem do universal: o descrédito das gran-
ponto, na centralidade conferida pelo marxismo à luta de classes, des ideologias, a suspeição suscitada pelas categorias totalizadoras
pois, embora em registro diferente, tanto as demandas coletivas na (Savater, 1989), a emergência e proliferação de identidades restritas
definição de novos direitos e na ampliação dos já existentes quan- (Zermeño, 1987), o desencanto da política (Tenzer, 1990), a multipli-
to o papel da cidadania na consolidação do Estado, constituem te- cação de formas associativas civis a reivindicarem novos princípios
mas relevantes nas reflexões de ambos os autores. Para além da de representatividade (Dagnino, 2002), a proliferação da chamada
correção ou incorreção dessas e de outras críticas menos usuais, política da diferença, entre outras manifestações.
a síntese proposta por Marshall, assim como suas repercussões e Nesse elenco há fenômenos em maior ou menor medida recen-
reformulação na sociologia histórico-comparativa de Bendix, per- tes, mas sem dúvida a eles também subjazem tendências que obe-
manecem ainda hoje como pontos de referência obrigatórios no decem linhas de mudança de longa duração. De fato, pluralismo,
debate acerca do futuro da cidadania. política da diferença, diferenciação social, evolução e incremento
da complexidade social, especialização funcional, multiplicação dos
Forças Desestabilizadoras sentidos socialmente relevantes, descentramento da sociedade,
É possível delinear certos consensos no plano da “crise” da nomadismo das identidades, constelações pós-nacionais e patrio-
cidadania ou, melhor, das tendências que, em tese, abalariam alguns tismo constitucional são, entre outros, termos de uso crescente
de seus pressupostos modernos de funcionamento. É amplamente nas ciências sociais ao longo da segunda metade do século XX, e,
aceito que a expansão desse status universal de pertença a uma malgrado as controvérsias e até os dissensos irreconciliáveis en-
comunidade política forneceu os expedientes predominantes tre aqueles que os sustentam, em conjunto coincidem em ponto
para equacionar, nos planos simbólicos e político-institucional, as crucial, a saber, que não mais é plausível responder aos problemas
problemáticas da subordinação política e da integração social ao do ordenamento político e da integração social como fizeram-no
longo dos processos seculares de alastramento da economia de os pensadores oitocentistas; quer dizer, a partir dos pressupostos
mercado e de consolidação do Estado nacional. Mesmo em socie- e categorias ilustrados de teor fortemente universalista, próprios à
dades marcadas por diferenças socioeconômicas abissais, pela de- cidadania moderna.
sigual efetivação do direito, pela vulnerabilidade dos direitos civis e As consequências desses fenômenos para a concepção tradi-
por outras iniquidades amplamente presentes na América Latina, cional da cidadania nem sempre são evidentes e, sobretudo, raras
as tarefas da ordenação política e da incorporação social passaram vezes são unívocas. À guisa de ilustração cabe analisar como mu-
pela edificação da cidadania embora não raro sob formas qualifi- danças acontecidas no plano difuso da ação social e das identida-
cadas com adjetivos que visam a acusar alguma anomalia. des coletivas poderiam acarretar efeitos corrosivos para o funciona-
Para além das polêmicas em torno da (in) suficiência e (in) mento da cidadania. Considerações de longos e curtos prazos são
eficiência da cidadania, os modelos ideais e arranjos institucionais invocadas frequentemente na literatura para explicar a emergência
que, no século XX, definiram seu notável alargamento quanto à co- e proliferação inédita de uma miríade de práticas de consociação e
bertura e à substância, parecem hoje comprometidos por tendên- atores coletivos orientados por identidades restringidas para dizê-lo
cias de médios e longos prazos. com atinada fórmula cunhada por Sergio Zermeño (1987). Quando
Cumpre centrar a atenção, primeiro, nas forças desestabiliza- projetadas para a arena política, tais identidades geram efeitos de-
doras da cidadania no terreno dos pressupostos macro institucio- sestabilizadores em dois flancos, na medida em que colocam em
nais ou estatais que viabilizaram politicamente sua consolidação. xeque, pelo menos parcialmente, duas ordens de pressupostos fun-
Trata-se, é claro, da capacidade do Estado para institucionalizar cionais e simbólicos da concepção tradicional da cidadania: primei-
volumes conflitantes de interesses populares, e para impor as de- ro, a legitimidade da produção dos direitos que alteram o perfil da
cisões vinculantes inclusive a assunção de perdas exigidas por própria cidadania, seja como incorporação a enriquecer sua subs-
tal institucionalização. Hoje, uma combinação complexa de fatores tância, seja como limitação restritiva ou reguladora dessa substân-
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cia; segundo, o princípio de universalidade como critério normativo zação particularmente nítida dessa problemática reside na prepon-
sine qua non a determinar o tipo de demandas, benefícios e obri- derância dos direitos negativos no pensamento liberal clássico. No
gações passíveis de incorporação legítima no status da cidadania. campo da teoria social, a tensão entre igualdade e diferença remete
Assim, quanto à legitimidade dos processos consagrados de ao binômio integração/ desintegração social, à questão social tal e
produção da cidadania, a diversificação de temas, interesses e como inaugurada pela modernidade (Castel, 1995); onde a ênfase
problemas com pretensões semelhantes de validez e relevância no polo da integração, característica da dimensão nacional dos Esta-
impulsionada pela proliferação de identidades restringidas, tem dos modernos, vem acompanhada da determinação de diferenças
evidenciado a parcialidade e insuficiência do arcabouço institucio- legítimas aquelas que não comprometem a homogeneidade (pres-
nal incumbido da agregação e representação de interesses. Sem su) posta pelas ideologias nacionais, nem ferem os estereótipos
negligenciar o papel dos conflitos sociais não normalizados, é pre- morais da vida social. Nesse senti- do, cumpre lembrar, a cidadania
cisamente no interior das instituições da democracia que ocorrem operou como reconhecimento de diferenças legítimas incorporadas
os processos de determinação de prioridades na criação e regula- a sistemas institucionalizados e abstratos de solidariedade social.
ção de direitos associados ao status de cidadão. Por sua vez, tais Aquém ou além dos obstáculos enfrentados pela teoria social e
identidades firmam-se como portadoras de necessidades específi- pela filosofia política na formulação de respostas capazes de conci-
cas e de reclamos diferenciados, cuja satisfação não é passível de liar tensões complexas como as recém-citadas igualdade/liberdade,
equacionamento nos marcos de um status universal caracterizado diferença/integração, é fato que a evolução da cidadania permitiu
desde suas origens por pressupostos normativos que alicerçaram aprimorar em escala nacional fórmulas de equacionamento simbó-
simbolicamente o reconhecimento de direitos iguais para os mem- lico e institucional do binômio igualdade/diferença. A despeito de
bros da comunidade política em detrimento do direito à diferen- essa afirmação ser pacífica ou isenta de controvérsia, a compreen-
ça. Em suma, em ambos os casos está em jogo a imparcialidade são das tensões entre ambos os termos desse binômio na cidadania
e representatividade dos processos institucionais de produção da moderna é questão polêmica e complexa. De fato, a pertinência da
cidadania, assim como sua sensibilidade para contornar os riscos da crítica à concepção tradicional da cidadania por seu hermetismo
sinonímia entre igualdade e homogeneidade. perante a diferença atinge de forma algo imprecisa características
Especificamente no que diz respeito à igualdade, cabe lembrar constitutivas da cidadania que, todavia, não mais exercem papel
que o quid reside no fato de a cidadania ter introduzido distinção central no seu funcionamento contemporâneo. Com maior preci-
dupla, de inclusão e exclusão: primeiro, expandiu o terreno da igual- são, a oposição entre igualdade e diferença pressuposta nessa críti-
dade garantido pela lei, isto é, determinou áreas relevantes da vida ca resulta extemporânea à própria concepção tradicional da cidada-
social nas quais deviam primar condições de acesso, participação nia, pois negligencia o fato de a igualdade assumir, a um só tempo
ou usufruto semelhantes para os segmentos sociais investidos de e com sentidos diferentes, a posição de polo contrário em mais de
status cidadão; segundo, a consagração dessas áreas da herança uma dicotomia central na configuração da própria cidadania.
social a ser compartilhada como pressuposto de uma vida civilizada Quando posta em oposição ao princípio da liberdade, conce-
simultaneamente desautoriza a legitimidade de qualquer demanda bido em chave liberal, a igualdade ocupou posição francamente
que escape de suas fronteiras. Nas palavras de Marshall: “O status subordinada, como atestado pelo fato de os direitos civis terem
não foi eliminado do sistema social. O status diferencial, associado constituído a substância inicial da cidadania e de os direitos políti-
com classe, função e família, foi substituído pelo status uniforme de cos terem emergido como desdobramento ideológico “natural” da
cidadania que ofereceu o fundamento da igualdade sobre a qual a capacidade civil da propriedade privada, isto é, da atribuição, aos
estrutura da desigualdade foi edificada”. livre-proprietários, do direito de participar na determinação dos ru-
mos da comunidade política.
Repensando a Igualdade e a Diferença Quando situada no processo de definição da substância e
A dupla confluência acima esboçada apresenta alguns traços cobertura da cidadania, a igualdade aparece vinculada a tensões
paradoxais. Como será argumentado logo a seguir, se, de um lado, diferentes, mas desta vez como polo dominante perante a desi-
a ênfase analítica nas implicações atuais da oposição universalismo gualdade e a diferença. Com efeito, a igualdade, com seu potencial
ou igualdade versus diferença parecem supervalorizadas na litera- integrador, consagrou-se como registro dominante para lidar simul-
tura particularmente se considerado que a tensão entre igualdade e taneamente com a desigualdade e com a diferença; todavia, no pri-
diferença não mais se encontra subordinada ás exigências impostas meiro caso o significado antônimo apontava para a equalização e no
pela construção dos Estados-nação, do outro, a aposta na reconstrução segundo para a homogeneização integração material e cultural ou
da cidadania como categoria normativa, em contexto particularmen- identitária, respectivamente. Nessa perspectiva, a igualdade opera
te restritivo para a ampliação efetiva de direitos sociais, emerge como como ideia extraordinariamente potente para equacionar em re-
uma escolha analítica impregnada da força do apelo moral, mas com gistros distintos tanto a questão da desigualdade quanto a questão
dúbios ganhos cognitivos para os desafios da análise social. da diferença: a primeira concebida no plano das disparidades so-
O espinhoso tema da relação entre igualdade e diferença im- cioeconômicas, das condições a perpetuarem o acesso desigual aos
pregna, mas transborda a questão da cidadania, trazendo à tona recursos materiais; a segunda entendida no terreno da atribuição
os fundamentos da filosofia política e da teoria social modernas, do status da cidadania, da delimitação do conjunto de iguais que
pelo menos no sentido de a conexão entre ambos os termos evocar formam a comunidade política, isto é, da identidade.
problemáticas clássicas no âmbito dessas áreas do conhecimento Embora nem sempre diferenciados com nitidez no debate dos
especulativo. No caso da filosofia política, trata-se da tensão entre últimos anos, há, com efeito, dois eixos em que operam dinâmicas
a liberdade e a igualdade, de cujo cerne emergiram e continuam a de igualdade na cidadania moderna; ambos inscritos em tendências
emergir respostas acerca da desigualdade legítima; quer dizer, das que levaram à progressiva aceitação de critérios universais para a
desigualdades toleradas e inclusive consideradas necessárias à ple- especificação da cobertura e substância desse status. No que diz
na realização do homem e à reprodução da sociedade. Uma cristali- respeito à substância da cidadania, ou seja, à determinação das de-
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sigualdades que não podem ser admitidas em determinada comu- A homogeneização fundamental introduzida pela cidadania é,
nidade política, os componentes de bem-estar adequados a uma pois, produto e condição de possibilidade da edificação do Estado-
vida digna foram processados medi- ante a tríade “desigualdade/ -nação. É claro que ao se privilegiar o cidadão como categoria for-
integração socioeconômica/ equalização” ordenada na sequência mal e, portanto, impessoal para a atribuição de direitos, diferenças
problema, meio e fim. Se os efeitos de equalização são inerentes à como as de gênero, cultura, ou preferência sexual (para considerar
expansão da cidadania moderna, seus alcances, é claro, derivaram distinções mais atuais), efetivamente ativas na vida das comunida-
de processos históricos particulares em que se conjugaram, entre des, foram parcial ou totalmente escamoteadas no estabelecimen-
diferentes fatores, lutas sociais e políticas, tradições culturais, e es- to dos padrões de convivência aceitos como civilizados e legítimos.
truturas socioeconômicas. Daí as faces positiva e negativa da igualdade na cidadania, no pri-
No limite, os processos de equalização social se alastraram de meiro caso como afirmação de padrões satisfatórios de bem-estar
forma tão intensa a partir da segunda metade do século XIX, e, so- para uma vida digna, e no segundo como supressão da diferença.
bretudo, no século XX, que Marshall concluiu pelo efetivo abranda- Porém, o desafio histórico da edificação dos Estados e das so-
mento da classe social enquanto sistema de desigualdades. Mais: beranias nacionais foi superado, em piores ou melhores termos,
mesmo considerando que a expansão da cidadania assentava as pela maior parte das sociedades ocidentais ao longo dos últimos
bases de novas formas de desigualdade legítima, em princípio não três séculos na América Latina só um século depois das guerras de
parecia existir qualquer limite necessário identificável a priori independência. Não mais há imperativos de supressão da diferença
para tal expansão. Em bela passagem do seu opúsculo, discorrendo como condição de estabilização do próprio Estado; antes, é a plena
sobre a eventual diminuição da ambição social de mobilidade so- consolidação do Estado que parece ter aberto as portas para rene-
cioeconômica sob os influxos equalizadores dos direitos sociais, o gociar em novos termos a questão da diferença. Com efeito, mais
autor realiza afirmação bastante ilustrativa: “Se isto se desenvolver do que uma contradição entre os reclamos da diferença e os prin-
em demasia, poderemos verificar que a única motivação restante cípios universais de uma cidadania formal, observam-se hoje inú-
com um efeito distributivo consistente [...] será a ambição do meni- meras experiências de adequação institucional dessa categoria às
no de fazer seus deveres escolares, passar nos exames e ser promo- exigências dos novos tempos. Diferentemente da rigidez apontada
vido na escala educacional”. na literatura, a cidadania tem mostrado extraordinária flexibilidade
Quanto à determinação da cobertura da cidadania, a igualda- na incorporação de formas não tradicionais de representação de
de remete ao plano da identidade, da delimitação da comunidade interesses e na ampliação de sua substância mediante o reconhe-
política de iguais á qual poderá ser atribuído o status. Nesse caso, a cimento de direitos específicos; flexibilidade, aliás, evidenciada há
construção simbólica e política da comunidade nacional ou, melhor, tempo com a admissão de direitos sociais de índole corporativa,
a nacionalização de uma comunidade inventada, com a consequen- destacados por Marshall e por Bendix como uma anomalia na ló-
te delimitação da categoria “estrangeiro”, foi atendida mediante gica interna do desenvolvimento da cidadania. Dentre outros, são
a tríade diferença/ integração político-cultural/ homogeneização exemplos dessa maleabilidade a expansão de políticas públicas afir-
também conforme à sequência problema, meio e fim. Sabe-se que, mativas, a multiplicação de formas participativas no exercício da ad-
em percurso secular, a cidadania tornou-se expressão de um status ministração do Estado, o reconhecimento generalizado do voto no
de direitos universais para os membros de determinada comunida- exterior e o reconhecimento de autonomias intranacionais.
de política, mas também, e isso é fundamental, alicerçou a própria Nesse sentido, não parece descabido afirmar que a conciliação
consolidação do Estado-nação. Se o nexo entre direitos e status, prática entre igualdade e diferença está longe de representar obstá-
consagrado na cidadania moderna, assimilou longa tradição medie- culo incontornável nas tendências atuais da cidadania. Não parece
val de atribuição estamental de direitos consoante com uma con- provir daí da universalização processada sob condições de hete-
cepção da cidadania ancorada no princípio da personalidade, sua rogeneidade o maior desafio a ser enfrentado por essa categoria
“territorialização” constitui nota distintiva especificamente moder- política moderna, mas da corrosão das condições para operar uma
na. O caráter territorial da cidadania exprime seu desenvolvimento efetiva universalização da equidade. Trata-se do primeiro conjunto
enquanto fenômeno paralelo à concentração do poder e à cons- de forças desestabilizadoras da concepção tradicional da cidadania
trução histórica da soberania estatal como princípio de autoridade já abordado, isto é, da desestruturação dos pressupostos macro
inconteste dentro das fronteiras nacionais. institucionais ou estatais que viabilizaram politicamente a amplia-
Assim, a cidadania tornou-se fulcro da articulação entre legi- ção efetiva desse status. Constrangimentos de diversa índole têm
timidade, identidade e a integração social. À margem da violência reduzido a capacidade do Estado para absorver demandas e inves-
ampla- mente exercida para construir a identidade entre o Estado e ti-las de estatuto público na forma de direitos. Na questão é fácil
a nação, não há dúvida quanto ao papel desempenhado pelo pro- reconhecer um componente de restrições materiais ou econômicas
gressivo alargamento da cidadania como pedra angular que viabi- a diminuir o leque de demandas sociais passíveis de serem atendi-
lizou o vínculo entre subordinação e incorporação nas sociedades das, o que levanta o paradoxo de uma crescente heterogeneização
modernas. Por isso a ambiguidade ou o caráter duplo da cidadania: da substância da cidadania sem condições institucionais correspon-
de um lado, em decorrência dos conflitos sociais e do imperativo da dentes que viabilizem politicamente sua efetivação.
integração, seu extraordinário vigor como instrumento de redução Porém, há nesses constrangimentos à ação pública um com-
da desigualdade; do outro, em conexão com as exigências do domí- ponente simbólico menos evidente, cujas consequências merecem
nio, seu papel na homogeneização forçada de qualquer diferença atenção. Trata-se do abandono da semântica política no discurso do
não equacionável em termos de “legítima” igualdade universal no- Estado e da sua substituição por uma linguagem cifrada em termos
tadamente, a supressão simbólica e até existencial de todas aquelas econômicos. Particularmente do ponto de vista fiscal, não é banal
qual- idades consideradas estranhas aos atributos “fundadores” da lembrar que a consolidação da cidadania como sistema abstrato de
identidade nacional (raça, língua, religião, linhagem etc.). solidariedades constitui um dos feitos mais extraordinários a pos-
sibilitarem a integração nas sociedades modernas. A progressiva
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abstração da cidadania ocorreu de forma paralela ao advento dos Importante trazer a conceituação do princípio da igualdade
impostos, quer dizer, à história da substituição dos expedientes de para uma melhor compreensão do tema proposto, qual seja, aná-
tributação negociados em espécie com o Estado em troca de con- lise dos estatutos do menor, do idoso e da mulher, como já dito,
cessões específicas. Assim, a existência de benefícios locais, pac- grupos de pessoas hipossuficientes sob o prisma constitucional.
tuados pela aceitação de deveres perante o Estado como o recruta- Outros princípios que serão analisados no presente estudo é o
mento militar de um filho por família, ou o sacrifício de parcela da princípio da proporcionalidade e o princípio da razoabilidade, implí-
produção familiar, cedeu passo paulatinamente ante as noções abs- citos na Constituição Federal.
tratas de direitos universais e do imposto como nexo tributário des-
vinculado de benefícios concretos. Para além dos constrangimentos Estatuto da Criança e do Adolescente
orçamentários, sem dúvidas fundamentais, a atual linguagem do O Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/1990,
Estado mina as condições simbólicas da sua atuação no sentido de é reconhecido internacionalmente como um dos mais avançados
ampliar ou mesmo apenas de assegurar a substância da cidadania. Diplomas Legais dedicados à garantia dos direitos da população in-
Lançando mão de frase de efeito, o panorama até aqui esboçado fanto-juvenil.33
poderia ser sintetizado em fórmula que encerra certa ironia histó- As crianças e adolescentes brasileiros são protegidos por uma
rica: diferença sem equidade, quer dizer, a diversificação da subs- série de regras e leis estabelecidas pelo país. Após anos de debates
tância da cidadania reconhecimento dos reclamos da diferença sem e mobilizações, chegou-se ao consenso de que a infância e a ado-
condições para avançar na universalização da equidade32. lescência devem ser protegidas por toda a sociedade das diferentes
formas de violência. Também acordou-se que todos somos respon-
Crianças e Adolescentes, Idosos e Mulheres sáveis por garantir o desenvolvimento integral desse grupo.
O texto visa a análise do Estatuto da Criança e do Adolescente, Em vigor desde 1990, o ECA é considerado um marco na pro-
do Estatuto do Idoso e da Lei Maria da Penha, três legislações dis- teção da infância e tem como base a doutrina de proteção integral,
tintas, que tem como objetivo a proteção de determinados grupos reforçando a ideia de “prioridade absoluta” da Constituição.
de pessoas, hipossuficientes, à luz da Constituição Federal de 1988. No ECA estão determinadas questões, como os direitos funda-
A criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento, mentais das crianças e dos adolescentes; as sanções, quando há o
dividindo-se em recém-nascida que vai do nascimento até um mês cometimento de ato infracional; quais órgãos devem prestar assis-
de idade, bebê entre o segundo e o décimo-oitavo mês, e criança tência; e a tipificação de crimes contra criança.34
quando têm entre dezoito meses até onze anos de idade comple- A doutrina de proteção integral à criança consagrada na Con-
tos. O adolescente tem entre doze e dezoito anos de idade, incom- venção Internacional sobre os Direitos da Criança e da Organização
pletos. Independente da faixa etária e classificação, todos têm pro- das Nações Unidas (1989) e na Declaração Universal dos Direitos da
teção do Estatuto da Criança e do Adolescente. Criança (1959), assim como pela constituição da República Fede-
O idoso é uma pessoa de idade avançada, sendo classificado rativa do Brasil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA,
pela Organização Mundial de Saúde como idosos as pessoas com designa um sistema em que crianças e adolescentes, até 18 (dezoi-
mais de 65 anos em países desenvolvidos, e com mais de 60 anos to) anos de idade, são considerados titulares de interesses subor-
de idade em países em desenvolvimento. A expectativa de vida do dinados, frente à família, à sociedade e ao Estado, cujos princípios,
brasileiro, de acordo a OMS, é de 68 anos para os homens e de 75 estão sintetizados no caput do artigo 227 da Constituição Federal.
anos para as mulheres. Para todos os efeitos, a legislação considera A teoria de proteção integral parte da compreensão de que as
e protege as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. normas que cuidam de crianças e de adolescentes devem concebê-
-los como cidadãos plenos, porém sujeitos à proteção prioritária,
A mulher, por sua vez, é aquela pessoa do sexo feminino, bio- tendo em vista que são pessoas em desenvolvimento físico, psico-
logicamente definida. A Lei Maria da Penha protege todas as mu- lógico e moral.35
lheres, sem distinção de idade, o que engloba a criança e a idosa, O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, é um conjunto
desde que do sexo feminino. Além do que, a proteção é integral, de normas do ordenamento jurídico brasileiro que tem como ob-
mas para os casos de violência doméstica, como se verá adiante. jetivo a proteção integral da criança e do adolescente, aplicando
O legislador entendeu em proteger estes três grupos de indi- medidas e expedindo encaminhamentos para o juiz. É o marco legal
víduos hipossuficientes, pessoas que não são autossuficientes, que e regulatório dos direitos humanos de crianças e adolescentes.
estão em desequilibro em relação a outro grupo.
Assim, buscar-se-á, partindo de premissas de índole constitu- 33 Digiácomo, Murillo José, 1969- Estatuto da criança e do adolescen-
cional, demonstrar que o atual ordenamento está em conflito, pelo te anotado e interpretado / Murillo José Digiácomo e Ildeara Amorim
menos aparente, devendo a doutrina e a jurisprudência trazer as Digiácomo.- Curitiba .. Ministério Público do Estado do Paraná. Centro
soluções para a integração das normas e dos estatutos. de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente,
A Constituição Federal de 1988 consagrou como princípio bá- 2013. 6ª Edição. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/ar-
sico a igualdade, pilar de qualquer Estado Democrático de Direito. quivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf.
Este princípio é visto sob dois aspectos: formal e material; o pri- 34 Direitos da Infância – ECA e legislação. Disponível em: http://
meiro consiste na igualdade de todos perante a lei, enquanto o se- www.promenino.org.br/direitosdainfancia/eca-e-legislacao?utm_
gundo diz respeito à igualdade na lei. O que pode ser sintetizado source=Grants2014&utm_medium=Adwords&utm_campaign=A-
da seguinte maneira: tratar os desiguais de forma desigual para se dwords-GrantsFT&gclid=CJutx7WT.
atingir a igualdade. 35 LUZ, Wirlande da. A doutrina de proteção integral à criança. Dis-
ponível em: http://www.crmrr.cfm.org.br/index.php?option=com_con-
tent&view=article&id=21021:a-doutrina-de-protecao-integral-a-crian-
32 LAVALLE, A. G. ca&catid=46:artigos.
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O ECA teve como inspiração as diretrizes fornecidas pela Cons- As entidades de atendimento ao idoso podem ser classificas
tituição Federal de 1988, internalizando uma série de normativas como aquelas que executam atividades lucrativas e atividades filan-
internacionais, como a Declaração dos Direitos da Criança; as Re- trópicas (que podem incluir gratuidade parcial ou total de serviços).
gras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Contudo, suas obrigações são idênticas frente à questão do atendi-
Infância e da Juventude - Regras de Beijing; e as Diretrizes das Na- mento das necessidades do idoso, enquanto direito fundamental.
ções Unidas para prevenção da Delinquência Juvenil. O Estatuto do Idoso, assim como o ECA (Estatuto da Criança e
O Estatuto divide-se em 2 livros: o primeiro trata da proteção do Adolescente), é mais um instrumento para a realização da ci-
dos direitos fundamentais à pessoa em desenvolvimento e o segun- dadania.
do trata dos órgãos e procedimentos protetivos. Encontram-se os O idoso possui direito à liberdade, à dignidade, à integridade,
procedimentos de adoção (Livro I, capítulo V), a aplicação de medi- à educação, à saúde, a um meio ambiente de qualidade, entre ou-
das socioeducativas (Livro II, capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro tros direitos fundamentais (individuais, sociais, difusos e coletivos),
II, capítulo V), e também dos crimes cometidos contra crianças e cabendo ao Estado, à Sociedade e à família a responsabilidade
adolescentes. pela proteção e garantia desses direitos.
Pode-se afirmar que o cerne do Estatuto está nas normas gerais
A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem que referem sobre a PROTEÇÃO INTEGRAL.
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos A natureza e essência encontram-se no Artigo 2º, quando es-
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em tabelece a sucessão de direitos do idoso e visualiza sua condição
desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado. como ser constituído de corpo, mente e espírito – já prevê a pre-
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, servação de seu bem-estar físico, mental e espiritual – e identifica
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e a existência de instrumentos que assegurem seu bem-estar, o qual
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e na lei seria:
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos fundamentais ineren-
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que tra-
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao ta esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- condições de liberdade e dignidade.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre O grande desafio diário é construir uma consciência coletiva
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados de forma a que tenhamos “uma sociedade para todas as idades”,
à Constituição da República de 1988. com justiça e garantia plena de direitos.
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob-
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, FIQUE LIGADO: Artigos Importantes e bastante cobrados em
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de- CONCURSOS:
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus Art.4º - Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
direitos fundamentais. negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido
Estatuto do Idoso na forma da lei.
Após sete anos tramitando no Congresso, o ESTATUTO DO IDO- Art.10 - É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à
SO foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo presiden- pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
te da República no mês seguinte, ampliando os direitos dos cida- humana e sujeito de direitos civis, político, individuais e sociais, dos
dãos com idade acima de 60 anos. O mesmo vem mais abrangente espaços e dos objetos pessoais.
que a Política Nacional do Idoso, lei de 1994, que dava garantias à §2º - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
terceira idade. E uma de suas principais inovações legais é o fato do integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da
estatuto instituir penas severas para quem desrespeitar ou aban- imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças,
donar cidadãos da terceira idade. dos espaços e dos objetos pessoais.
O Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos assegu- §3º - É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
rados às pessoas, considerando-se a idade cronológica igual ou su- colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
perior a 60 anos e de dispor de seus direitos fundamentais e de ci- aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
dadania, bem como a assistência judiciária. Além de preocupar-se Art.15 - É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por
com a execução dos direitos pelas entidades de atendimento que o intermédio dos Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o
promovem, também volta-se para sua vigilância e defesa, por meio acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
de instituições públicas. Tendo como seu principal objetivo, assegu- das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
rar os direitos da pessoa idosa. recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
O Estatuto do Idoso vem implementar a participação de parce- afetam preferencialmente os idosos.
la significativa do povo brasileiro (os idosos), por intermédio de en- §2º - Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
tidades representativas, os Conselhos, que têm por objetivo delibe- gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
rar sobre políticas públicas, controlar ações de atendimento, além continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos
de zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso, de acordo com o relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
novo Estatuto, em seu Art. 7º. Art.19- Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos
contra idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos profissio-
nais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos:
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I - Autoridade Policial; . Que nenhum idoso seja objeto de negligência, discriminação,


II - Ministério Público; violência, crueldade e opressão;
III - Conselho Municipal do Idoso; . Prioridade na tramitação dos processos, procedimentos e exe-
IV - Conselho Estadual do Idoso; cução dos atos e diligências judiciais;
V - Conselho Nacional do Idoso; . 50% de descontos em atividades de cultura, esporte e lazer;
Art.74 - Compete ao Ministério Público: . Reserva de 3% de unidades residências nos programas habi-
I - instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a pro- tacionais públicos;
teção dos direitos e interesses difusos, individuais indisponíveis e . A cargo dos Conselhos Nacional, Estadual e municipais do ido-
individuais homogêneos do idoso. so e do Ministério Público, a fiscalização e controle da aplicação do
Art.230 da Constituição Federal - A Família, a sociedade e o Estatuto.
Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem- DICA:
estar e garantindo-lhes o direito à vida. Os direitos das pessoas com mais de 60 anos não se resumem
§1º. Os programas de amparo aos idosos serão executados a poder pegar a fila preferencial ou andar de ônibus de graça. Mas,
preferencialmente em seus lares. apesar de o Estatuto do Idoso já ter completado dez anos, a maio-
§2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a ria dos brasileiros costuma conhecer apenas esses direitos mais
gratuidade dos transportes coletivos urbanos. manjados. Segundo Adriana Zorub Fonte Feal, presidente da comis-
são dos direitos dos advogados idosos da OAB/ SP, o país está enve-
Política Nacional do Idoso: lhecendo, mas ainda não parece pronto para isso. “Ao não reconhe-
Tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso para cer o próprio envelhecimento, o idoso abre mão de seus direitos”,
assim promover sua autonomia, integração e participação efetiva explica a advogada. Por isso é importante conhecer bem a lei e fazer
na sociedade. questão de que ela seja cumprida.
No artigo 3º, estabelece: ·A família, a sociedade e o Estado Veja, a seguir, alguns pontos do estatuto bem importantes:
têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
garantindo sua participação na comunidade, defendendo a sua BEM-ESTAR: O que são maus-tratos? Maus-tratos contra ido-
dignidade, bem-estar e direito à vida; ·O idoso deve ser o principal sos não são apenas agressões físicas de fato, como aqueles espan-
agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas por camentos horríveis que vivem aparecendo no noticiário. Deixar um
meio desta política; ·O idoso não deve sofrer discriminação de qual- velho sozinho a maior parte do tempo, não trocar a fralda geriátrica
quer natureza. A regulamentação da Política Nacional do Idoso foi na frequência necessária ou não oferecer alimentação adequada
publicada no dia 3 de junho de 1996, por meio do decreto 1.948, também são exemplos de ações consideradas maus-tratos pelo Es-
explicitando a forma de implementação dos avanços previstos na tatuto do Idoso. A quem recorrer? Qualquer tipo de denúncia pode
lei 8.842/94 e estabelecendo as competências dos órgãos e das en- ser registrada numa delegacia do idoso, presente em vários muni-
tidades públicas envolvidas no processo. cípios, ou mesmo numa delegacia comum. Para pedidos de pensão
alimentícia, vá à Defensoria Pública. Em situações de risco, como
Objetivo: abandono ou maus-tratos, também é possível procurar o promotor
O Estatuto do Idoso tem como objetivo promover a inclusão de Justiça no Ministério Público.
social e garantir os direitos desses cidadãos uma vez que essa FINANÇAS: Pessoas com 65 anos ou mais que nunca contribuí-
parcela da população brasileira se encontra desprotegida, apesar ram para a previdência e fazem parte de uma família com renda per
de as estatísticas indicarem a importância de políticas públicas capita inferior a R$ 181 (um quarto do salário-mínimo) têm direito
devido ao grande número de pessoas com mais de 60 anos no ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), cujo valor é um salário
Brasil, garantindo e ampliando os direitos desses brasileiros com mínimo por mês. Para calcular a renda per capita da família, some
mais de 60 anos. os rendimentos de todos e divida o resultado pelo número de pes-
Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, considera soas que vivem na casa. Para solicitar o BPC, basta ir a uma agência
os mais velhos como prioridade absoluta e institui penas aplicáveis do INSS com comprovante de residência, certidão de nascimento,
a quem desrespeitar ou abandonar cidadãos idosos. Entre outras CPF, documento de identidade e carteira de trabalho do idoso e dos
coisas, além do direito de prioridade, garante: outros membros da família.

. A distribuição gratuita de próteses, órteses e medicamentos; Caso não tenha como se manter por conta própria, o idoso
. Que os planos de saúde não possam reajustar as mensalida- também pode pedir pensão alimentícia para seus descendentes (fi-
des pelo critério de idade; lhos, netos, sobrinhos etc) ou ascendentes (pais ou avos). O valor
. O direito ao transporte coletivo público gratuito e reservas de e calculado de acordo com a possibilidade financeira do parente.
10% dos assentos; Mesmo quem recebe aposentadoria pode solicitar a pensão ali-
. Nos transportes coletivos estaduais, a reserva de duas vagas mentícia caso o beneficio não seja suficiente para as necessidades
gratuitas para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mí- da pessoa. Quem desvia o dinheiro ou usa os cartões dos mais
nimos; velhos indevidamente pode ser punido por isso. Essa violência
. No Art. 40, II diz: idoso terá desconto de 50%, no mínimo, no financeira representa 70% das denuncias registradas pelos idosos,
valor das passagens, para aqueles que excederem as vagas gratuitas revela Adriana. Idosos que recebem aposentadoria ou pensão e
destinadas a estes, tendo renda inferior a dois salários mínimos; tem alguma doença grave são isentos do imposto de renda.
portanto cabendo aos órgãos competentes destinados a definir os
mecanismos e critérios para exercício do inciso II;
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SAÚDE: Embora o governo não tenha programas específicos de A Lei Maria da Penha veio quebrar esse paradigma relativo a
distribuição de medicamentos para essa faixa etária, os maiores de essa tolerância, nesses casos de agressão contra a mulher. Seria
60 podem recorrer às lojas que fazem parte do programa Farmá- uma litigiosidade contida, que com esta lei, veio sair do anonimato.
cia Popular, do Ministério da Saúde, para comprar alguns remédios Ela surgiu de um consórcio, ou seja, um conjunto de articula-
com desconto e para retirar, de graça, fraldas geriátricas e medica- ções de parlamentares, movimentos sociais, e do movimento femi-
mentos para diabetes, hipertensão e asma, disponíveis para toda a nista e ganhou “força final” com o caso da cearense Maria da Pe-
população. Idosos doentes não podem ser obrigados a ir a um ór- nha, que foi vitimada de tentativa de homicídio por duas vezes pelo
gão publico para atender chamados do governo. O órgão deve man- marido, e ainda assim, o caso não tinha andamento. Somente após
dar um representante até a casa da pessoa para resolver a questão. anos, quando a senhora Maria da Penha, já estava em cadeira de ro-
Se estiver lúcido, o idoso tem direito de tomar as decisões relativas das, tendo ficado a mesma paraplégica, por conta dessas agressões
a tratamentos aos quais tenha que se submeter. sofridas pelo marido que a lei surgiu e ganhou o seu nome.
É uma lei de políticas públicas de todos os tipos, inclusive de
LAZER: A turma da terceira idade paga meia-entrada em cine- prevenção.
mas, teatros, shows e eventos esportivos. Idosos com renda inferior E é uma lei popular, visto que, de acordo com pesquisas, ape-
a dois salários-mínimos podem viajar de graça em ônibus interesta- nas 2% da população brasileira não conhece a mesma.
duais. Se a renda for maior que isso, pagam apenas metade do valor Uma pergunta interessante e de relevante interesse aos con-
da passagem. cursos públicos, é se seria possível a aplicação da Lei Maria da Pe-
nha, quando o homem for o vitimado numa relação doméstica ou
LEI MARIA DA PENHA afetiva? Resposta: Já existem alguns poucos precedentes, principal-
mente no Rio Grande do Sul, porém, ainda com grande dificuldade
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 de aplicação, visto que, este não é o objetivo da mesma. A Lei Ma-
ria da Penha prevê que a violência sofrida tenha sido praticada em
A Lei Maria da Penha, denominação popular da Lei nº. 11.340 função do gênero (no caso feminino), por ser este mais vulnerável.
é um dispositivo legal brasileiro que visa combater a violência do- Também já existem algumas hipóteses dessa lei aplicada a transe-
méstica e familiar, bem como aumentar o rigor das punições aos xuais, discutidas por sua identidade civil que se comporta com gê-
homens que agridem física ou psicologicamente a uma mulher ou à nero feminino. Agora ser aplicada a homens, há muita dificuldade.
esposa, o que é mais recorrente. Outra inovação legal trazida por essa lei são as chamadas Me-
A Lei nº 11.340/06 foi concebida para tutelar a mulher que se didas Protetivas. Exemplo: proibir o agressor de se aproximar ou
encontra em uma situação de vulnerabilidade no âmbito de uma manter qualquer tipo de contato com a vítima, até mesmo o afas-
relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, é nesse sentido que tamento do lar. Essas Medidas Protetivas podem ser obtidas com
seus dispositivos deverão ser interpretados, atentando o operador base no Código de Processo Penal, com sua última alteração.
sobremaneira às peculiares condições das mulheres em situação de Quando a Lei Maria da Penha menciona as formas de violência
violência doméstica e familiar. a qual a mesma é aplicada, ela dá visibilidade para um tipo de vio-
Os Artigos 5º e 7º da Lei Maria da Penha, trazem o conceito ou lência até então, pouco conhecida, que é a violência psicológica.
definição do que seria violência doméstica. A Lei Maria da Penha também abrange a possibilidade da pri-
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA é todo tipo de ação ou omissão, ba- são preventiva do agressor.
seadas no gênero (no caso feminino), que cause qualquer tipo de Porém, uma das grandes dificuldades que essa lei enfrenta
sofrimento à mulher, seja este sofrimento de ordem física, emocio- para sua aplicação definitiva, ainda é a sub – notificação dos casos
nal, psicológica, sexual, moral, ou até mesmo patrimonial, desde de violência contra as mulheres, visto que as mesmas ainda demo-
que praticado num contexto de uma unidade doméstica, ou seja, ram anos para “romper” com o silêncio e denunciar. Além disso,
num ambiente familiar ou numa relação íntima de afeto. existe a constante mudança de disposição da vítima.
Atentamos ao conceito inovador desta lei, ao tratar da relação
íntima de afeto, ou seja, a mesma abrange todo tipo de relaciona- IMPORTANTE PARA CONCURSOS PÚBLICOS: Anteriormente,
mento, independente da vítima ainda “viver” ou coabitar com o nos crimes de lesão corporal e ameaça, a vítima poderia se retra-
parceiro agressor. tar, ou seja, se arrepender da denúncia que fez contra seu agressor,
assim, ainda que já realizada a primeira denúncia e já registrada a
Muito importante para concursos públicos, sabermos que esta ocorrência, o promotor de justiça não poderia ajuizar a ação penal,
lei abrange inclusive, ex-relações, ou relações ainda que atuais, mas não podendo entrar com a denúncia e nem tão pouco processar.
que o casal não “more junto”. Engloba por exemplo, agressões pro- Hoje em dia, com base na decisão do Supremo Tribunal Fede-
venientes de namoros, noivados, relacionamentos já rompidos e ral, a retratação apenas é cabível nos casos de ameaça. Em caso
até mesmo o famoso “ficar”, tão comum nos dias atuais. de lesão corporal, não cabe mais retratação por parte da vítima.
A Lei Maria da Penha é de extrema importância, visto que an- A ação penal é pública incondicionada e o promotor deve agir.
teriormente a mesma, os casos de violência contra a mulher eram Porém, continua a se enfrentar esse problema em relação à
tratados pela Justiça, baseados na Lei 9099/95, ou seja, pela Lei dos ameaça. A mudança da versão da vítima em juízo atrapalha muito
Juizados Especiais Criminais. O procedimento era realizado em uma nas provas e na instrução. Deve ser efetivamente trabalhada essa
conciliação, sem nenhuma intervenção multidisciplinar. Era realiza- mudança de disposição por parte da vítima. Exemplo: se arrepen-
da apenas uma transação penal, ou seja, o pagamento de uma mul- der da denúncia, pois o agressor é pai de seus filhos.
ta, e o processo não tinha seguimento. Inclusive tal multa, muitas
vezes era convertida em prestação de cesta básica.

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Para finalizar, apontaremos alguns desafios para que a Lei Ma- O governo antecede ao Estado, pois é toda forma de organiza-
ria da Penha possa ser efetivamente aplicada: ção do poder para a orientação de uma sociedade. Ainda que ocupe
- Ampliação de trabalhos e projetos de conscientização da so- parte da estrutura do poder executivo, o governo é mais do que o
ciedade; executivo, pois se caracteriza por se estabilizar institucionalmente
- Políticas que fiscalizem as medidas protetivas; no Estado e assumir a responsabilidade da orientação política geral.
- Criação de uma qualificadora objetiva referente às circuns-
tâncias de gênero (exemplo: “no contexto de violência no âmbito Funções do Estado e o Governo
doméstico, uma qualificadora para agressões sexuais, provenientes As funções do Estado se confundem com os seus poderes, por-
de tortura, ou que causem mutilações no rosto da vítima”). que o Estado se legitima pela sua utilidade. Ao assumir um poder
específico o associa a uma respectiva função social, ou seja, à ideia
de que aquela capacidade é útil e necessária. Mas aqui não será
A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO. ESTA- identificado como poder, e sim por essa utilidade e necessidade.
DO E GOVERNO. SISTEMAS DE GOVERNO. ORGANIZAÇÃO O Estado é um conjunto de órgãos responsáveis pelo desem-
DOS PODERES: EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO penho de suas funções. Os órgãos do Estado fazem o que é do seu
interesse, pois exercem o poder do Estado, não possuem vontade
própria, por isso são órgãos.
Estado e Governo As funções são a executiva, a legislativa e a judiciária. A função
É comum e indevido confundir o Estado com o governo. O executiva é composta pela administração pública, como organiza-
Estado é toda a sociedade política, incluindo o governo. O governo ção da burocracia estatal, e pelo governo, como conjunto de órgãos
é principalmente identificado pelo grupo político que está no decisórios. O governo possui a discricionariedade, que é a liberdade
comando de um Estado. O Estado possui as funções executiva, de ação e de escolha nos limites da legalidade, mas o Estado possui
legislativa e judiciária. O governo, dentro da função executiva, se princípios que limitam a opção ideológica dos governos. As opções
ocupa em gerir os interesses sociais e econômicos da sociedade, e ideológicas dos governos correspondem à fonte soberana do poder,
de acordo com sua orientação ideológica, estabelece níveis maio- que nas democracias é expressa pelo voto popular, mas é definida
res ou menores de intervenção. Assim, governo também não se por um conjunto complexo de forças sociais que compõe uma elite
confunde com o poder executivo, este é composto pelo governo, efetivamente poderosa. Por isso o executivo não é um mero execu-
responsável pela direção política do Estado, e pela administração, tor das decisões legislativas.
como conjunto técnico e burocrático que auxilia o governo e faz A função legislativa é a essência do poder. É a fonte última das
funcionar a máquina pública. decisões e por isso se confunde com o poder soberano. Nas demo-
A diferença entre Estado e governo é atualmente mais acen- cracias que justificam o poder na vontade popular afirma-se que o
tuada com a personalização jurídica do Estado, porque o Estado legislador é o representante do povo. A prática tem demonstrado
como pessoa tem vontade própria, distinta da vontade individual que o poder executivo é muito mais influente. O exercício do po-
do governante. No Estado Democrático e de Direito há a perspec- der legislativo é geralmente atribuído a colegiados, para se obter
tiva de reduzir a participação do governo ao máximo possível. Fa- uma maior distribuição da representatividade e para obter soluções
zem parte deste Estado e não fazem parte do seu governo a Cons- mais discutidas e amadurecidas.
tituição, o conjunto de servidores públicos estáveis, o patrimônio A função judiciária é de controle. Controle sobre os atos públi-
público, a máquina burocrática pública, as forças públicas, etc. Isto cos e privados para a garantia da legalidade. Pela teoria de freios
porque a sociedade precisa que estas instituições sejam estáveis e de contrapesos de Montesquieu, os atos judiciários são atos espe-
impessoais, que não estejam sujeitas às mudanças de governo no ciais como os atos do executivo. Eles estão na mesma categoria de
processo eleitoral e que sejam republicanas – pertencente ao con- identificação da lei com a realidade. Mas o judiciário não se limita
junto da sociedade e não aos interesses de quem está no poder. à identificação da legalidade na sociedade, a produção de jurispru-
Isto é uma peculiaridade da democracia constitucional, nos regimes dência no preenchimento das lacunas da lei é uma verdadeira ação
autoritários a ausência de limites aos governos os levam absorver decisória.
ao máximo o Estado. O princípio republicano de responsabilidade No Estado de Direito as funções do Estado, caracterizadas na
política dos governos está presente nas constituições modernas das forma de poder, devem ser separadas para não caracterizar o be-
democracias e das monarquias, como limite ao poder e como iden- nefício do poder para o indivíduo que a ocupa, segundo a teoria de
tificação da coisa pública distinta do governo. freios e contrapesos. É neste sentido que as funções do Estado não
devem também se confundir com os ocupantes do governo.
A personalização jurídica do Estado é a sua identificação como Separação de Poderes e as Implicações no Estado e no Go-
pessoa, com vontade própria, caracterizada nos princípios de sua verno
constituição. Um governo de um Estado que se legitima pelos prin- A Democracia Moderna, fundada no Estado de Direito e no
cípios desse Estado terá uma margem de discricionariedade menor, constitucionalismo, se utiliza da Separação de Poderes e da garantia
sempre dentro destes princípios. Excepcionalmente e geralmente dos Direitos fundamentais do homem. Junto com o seu presiden-
em momentos de crise, os governos buscam legitimação no carisma cialismo, os EUA simbolizam o modelo de democracia que combina
de seus líderes e de seus programas, mas é a legalidade conferida a separação de poderes em executivo, legislativo e judiciário com
na ordem pública estatal a principal fonte de legitimidade moderna. a responsabilidade política republicana de uma Constituição mate-
Também o processo eleitoral de composição dos governos, com a rial, acima da vontade arbitrária dos governantes.
distinção entre situação e oposição legitimando-se reciprocamente, A separação formal dos poderes é uma característica de alguns
contribui para a separação entre o Estado e o governo e para a sua Estados Democráticos e de Direito para a realização desta condi-
legitimação. ção. De regra, os Estados antigos centralizaram as decisões das fun-
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ções públicas. Em parte, isto é decorrência do modelo de Estado uma ação para a realização de interesses públicos comuns e o subs-
Democrático e de Direito, mas em parte contribuiu o rol restrito de titui por uma cidadania de ação pública de realização de interesses
funções públicas, além de sociedades menores e menos burocrati- privados a democracia tal qual como foi idealizada para a moderni-
zadas. Para ocorrer a separação, a cada poder foi atribuído órgãos dade já não faz mais sentido. Isto atinge todas as suas instituições,
respectivos, com personalidade jurídica e independência, a ponto não somente a separação de poderes, mas também tudo que im-
de muitas vezes se confundir o órgão com o poder. Entretanto a plica na relação entre Estado e governo. O governo será muito mais
doutrina nos ensina que órgão público é um espaço dentro da admi- um gestor das tensões produzidas pelo individualismo e a serviço
nistração, destinado a um fim. O órgão se caracteriza pela estrutura de um ideal de eficiência tipicamente privado, do que uma equipe
de organização, com os seus critérios de preenchimento, funciona- promotora dos ideais ideológicos de um grupo, segmento ou classe
mento e execução da finalidade, combinados com esta finalidade. social36.
Entretanto um órgão pode ser substituído por outro diferentemen-
te caracterizado, permanecendo a finalidade. A função legislativa Sistemas de Governo
é comumente desempenhada por colegiados em órgãos como As- O sistema de governo identifica os mecanismos de distribuição
sembleias, Câmaras, Congressos, Parlamentos, etc., a função exe- horizontal do poder político e, consequentemente, o modo como se
cutiva é comumente desempenhada por órgãos como presidências, articulam os Poderes do Estado, notadamente o Executivo e o Le-
gabinetes, prefeituras, etc. e a função judiciária possui órgãos como gislativo. Como se sabe, são dois os modelos dominantes no mun-
tribunais, varas, fórum, etc. Em alguns Estados a Separação de Po- do: o parlamentarismo e o presidencialismo. Mais recentemente,
deres é ainda maior, com órgãos com um grau de autonomia em consolidou-se em alguns países uma fórmula híbrida, que combina
relação aos demais a ponto de politicamente serem reconhecidos elementos dos dois sistemas clássicos. Trata-se do semipresiden-
como um novo poder. É o que ocorre com o Ministério Público no cialismo, modelo que apresenta duas particularidades: os poderes
Brasil, ainda que a Constituição não indique assim expressamente. do Parlamento são limitados e o chefe de Estado não desempenha
Assim, a Separação de Poderes não é apenas a divisão de fun- apenas funções cerimoniais ou simbólicas, titularizando poderes
ções, ainda que esta pareça lógica e eficiente. É, na verdade, um próprios e efetivos. Em meio a outros aspectos, o sempresidencia-
mecanismo de autocontrole do Estado, com independência e atri- lismo conjuga a especial legitimação que caracteriza a eleição direta
buição de fiscalização recíproca entre os poderes. É inspirada na do chefe de Estado com mecanismos de responsabilização política
Teoria de Freios e Contrapesos de Montesquieu, segundo o qual os do chefe de Governo.
atos do Estado podem ser divididos em atos gerais e atos especiais. A seguir, serão apresentadas, de maneira objetiva, as principais
Os primeiros se caracterizam por serem indistintos, impessoais, e características de cada um dos dois sistema puros. No tópico sub-
destinam-se a estabelecer regras gerais para a sociedade, é a ação sequente, far-se-á uma apreciação do sistema semipresidencialista,
de legislar, e os segundos se caracterizam por serem concretos, in- com ênfase em algumas peculiaridades dos modelos que vigem em
dividualizados, e identificam os atos gerais com o comportamento Portugal e na França. Como se observará, o semipresidencialismo
das pessoas em sociedade, é a ação executiva. Para ocorrer a sepa- representou para aqueles países o termo final de um longo e tor-
ração de poderes, que garante o autocontrole do Estado, é impe- tuoso processo de maturação institucional, propiciando uma equa-
rioso que os responsáveis pelos atos gerais não tenham controle ção mais equilibrada entre os Poderes Executivo e Legislativo. Em
e conhecimento sobre os destinatários destes atos, bem como os desfecho, serão expostas as razões pelas quais se sustenta que esta
responsáveis sobre os atos especiais não tenham participação ex- fórmula engenhosa de combinação das virtudes dos sistema clássi-
clusiva na elaboração dos atos gerais e sejam apenas aplicadores cos é adequada para o Brasil, sendo mais conveniente que o presi-
da lei. Este mecanismo garante hipoteticamente que o indivíduo dencialismo puro de nossa tradição republicana. Pretende-se com
responsável pelo ato público não se beneficie individualmente da a proposta neutralizar alguns problemas que vêm de longe e são
sua atribuição pública. recorrentes, como (i) a superconcentração de poderes no Execu-
tivo, sem mecanismos adequados de controle e responsabilização
Separação de Poderes e a Pós-modernidade política; (ii) a refuncionalização da atividade legislativa, pela atua-
Este modelo que garante a democracia e o Estado de Direito ção concertada de Governo e Parlamento.
com a imposição de uma separação de poderes é aplicável e própria
da modernidade. Na pós-modernidade o Estado perde a sua capa- Parlamentarismo
cidade de articulação das funções, que estão engessadas, burocra- O parlamentarismo tem como característica fundamental a di-
tizadas e sobrecarregadas. Gradativamente os Estados que adota- visão do Poder Executivo entre um chefe de Estado e um chefe de
ram a separação de poderes estão criando normas que implicam Governo. Este último é normalmente denominado Primeiro-Minis-
na ingerência de um poder no outro. E a razão é muito simples: tro, sendo escolhido pelo Parlamento. O Primeiro-Ministro depen-
na pós-modernidade o fundamento moderno de legitimidade pro- de, para a estabilidade de seu governo, da manutenção do apoio
duzido por legalidade é substituído pelo fundamento da eficiência parlamentar. Esta dualidade no Executivo e a responsabilização do
produzida pela operatividade. A atual crise do Estado afeta indistin- chefe de Governo perante o Poder Legislativo são os traços funda-
tamente todas as suas instituições. As funções do Estado continuam mentais do sistema parlamentarista. A estrutura do poder segue a
as mesmas, até mesmo o pragmatismo de sua separação é aceito, repartição tripartite, mas a separação entre os Poderes Executivo
entretanto no limite de sua eficiência, e não na necessidade de ga- e Legislativo não é rígida. O chefe de Estado, por sua vez, exerce
rantir um Estado Democrático e de Direito. A democracia e o Estado funções predominantemente protocolares, de representação sim-
de Direito, por consequência também estão afetados, não somente bólica do Estado. Não é por outra razão que, em pleno século XXI, o
pela inviabilidade da absoluta separação de poderes, mas porque
a pós-modernidade está produzindo outros parâmetros para a po-
lítica. Quando o indivíduo abandona o sentido de cidadania como 36 Fonte: ROCHA, M. I. C.).
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posto continua a ser exercido por Monarcas em diversos países ca- mais centrada na atuação dos partidos, já que são eles que indicam
racterizados por elevados índices de desenvolvimento econômico e os Governos. Para mudar o Governo, o povo deverá votar de modo
social, como Reino Unido, Dinamarca e Holanda, em meio a outros. a alterar a composição partidária do Parlamento.
Várias vantagens são atribuídas a esse sistema de governo. A No Brasil, a percepção geral é de que o Presidente da República
principal delas é tornar a relação entre Executivo e Legislativo mais é escolhido pelo povo de modo mais atento e cuidadoso que os
harmoniosa e articulada. O chefe de Governo é, em regra, oriundo parlamentares. De fato, a população se mobiliza muito mais para
dos quadros do Legislativo, sendo indicado pelo partido que obteve a escolha do chefe do Executivo do que para a dos Deputados. Nos
maioria nas eleições parlamentares. Esse apoio da maioria facilita países em que a eleição do chefe de Governo depende do partido
a atuação político-administrativa. No entanto, não é incomum que ao qual a maioria dos parlamentares pertence, essa atenção espe-
a maioria do Parlamento retire seu apoio ao Governo, embora isto cial se transfere, pelo menos em parte, para as eleições parlamen-
se dê apenas em face de graves divergências. Nesse caso, ocorre a tares. Considere-se, sobretudo, que durante o processo eleitoral os
aprovação de um voto de desconfiança e o Governo é substituído. partidos já apresentam o quadro partidário que ocupará, em caso
Em seu lugar, passa a governar um novo Gabinete, que tenha ob- de vitória, a função de Primeiro-Ministro. Para utilizar um termo
tido apoio parlamentar. É possível, inclusive, que em uma mesma usado por Ackerman em outro contexto, há uma “institucionaliza-
legislatura o Governo seja substituído várias vezes, sem que, para ção do carisma”, o que certamente exerce um importante papel no
isso, sejam feitas novas eleições parlamentares. Não há, portanto, a fortalecimento dos partidos.
hipótese de um Governo que não seja apoiado pela maioria do Par-
lamento. Isso permite, em tese, uma maior eficiência do Governo, Presidencialismo
que não tem a sua ação obstruída por um Legislativo hostil. No sistema presidencialista, os poderes da chefia de Estado
Por conta dessa possibilidade de substituição facilitada do Ga- e de Governo se concentram no Presidente da República. O Presi-
binete governamental, o sistema se torna mais propício à supera- dente governa auxiliado por seus ministros, que são, em regra, de-
ção de crises políticas. Se o Governo não possui mais o apoio do missíveis ad nutum. O Presidente não é politicamente responsável
Parlamento, este pode aprovar uma moção de desconfiança, o que perante o Parlamento. O programa de governo pode ser comple-
leva à queda do Gabinete. Observe-se que isso pode se dar por ra- tamente divergente das concepções compartilhadas pela maioria
zões políticas, e não apenas por razões éticas. Se o Governo en- parlamentar. O presidencialismo possibilita, por exemplo, a coexis-
frenta uma crise grave, não só por conta de algum procedimento tência entre um Presidente socialista e um Parlamento de maioria
reputado ilegal ou ilegítimo, mas também em razão de uma decisão liberal. Uma vez eleito, o Presidente deverá cumprir um mandato.
política que tomou, ele é substituído imediatamente, sem que seja Enquanto durar o mandato, o Presidente não poderá ser substituí-
necessária a instauração de um processo complexo e frequente- do – salvo procedimentos excepcionais, como o impeachment e o
mente conturbado como o de impeachment. O Governo não possui recall –, mesmo que seu governo deixe de contar com o apoio da
mandato. Ele governa apenas pelo período em que goze de apoio maioria dos parlamentares e, até mesmo, da maioria do povo.
parlamentar. O sistema presidencialista apresenta algumas virtudes destacá-
Por outro lado, o Governo terá também mecanismos para evi- veis. A primeira delas diz respeito à legitimidade do chefe do Execu-
tar a obstrução contínua por parte do Parlamento, solicitando ao tivo. Na maioria dos países que adotam esse sistema, a eleição para
Presidente a dissolução da legislatura. Presidente da República se faz de forma direta. Por isso, o eleito
Pode-se objetar que essa virtude do parlamentarismo tem o goza de grande legitimidade, sobretudo nos momentos posteriores
seu reverso: nem sempre haverá concerto entre o Legislativo e o aos pleitos eleitorais. O fato de ter sido o próprio povo que o esco-
Executivo, o que provocará instabilidade, com sucessivas trocas de lheu torna-o mais habilitado a tomar decisões polêmicas. O presi-
Gabinete. A constatação, de fato, se confirma na história. É comum dencialismo, por essa razão, seria um sistema mais aberto a permi-
que alguns países parlamentaristas passem por períodos de suces- tir transformações profundas na sociedade. É por esse motivo que
sivas trocas de gabinete. Em 54 anos de pós-guerra, a Itália já havia grande parte da esquerda brasileira, ao contrário do que costuma
conhecido 58 gabinetes. Mas o inverso também se verifica. Há ca- ocorrer no plano internacional, tem defendido o presidencialismo
sos em que um mesmo gabinete governa por diversas legislaturas. como sistema de governo adequado ao Brasil.
Lembre-se, por exemplo, do que tem ocorrido na Inglaterra, país Além disso, o presidencialismo garantiria maior estabilidade
em que o Partido Conservador governou por diversas legislaturas administrativa, por conta de os mandatos serem exercidos durante
(18 anos), sendo em seguida substituído pelo Partido Trabalhista, um período pré-determinado. No Brasil, o Presidente da República
que governa desde 19979. O sistema, portanto, nem sempre é ca- é eleito para cumprir o mandato e, no curso desse período, não
paz de prevenir crises, mas oferece mecanismos mais céleres e me- pode ser substituído, a não ser por razões excepcionais, subsumidas
nos traumáticos para sua superação. às hipóteses de crime de responsabilidade, apuradas em processo
Alega-se, em relação ao parlamentarismo, que o sistema de- de impeachment. Como acima consignado, passa-se diferentemen-
pende de um ambiente no qual o quadro partidário seja dotado te no parlamentarismo, sistema no qual o chefe de Governo pode
de racionalidade e não seja excessivamente fragmentado. De fato, ser substituído a qualquer tempo, mesmo que por razões políticas.
a funcionalidade do modelo diminui em situações nas quais sejam Por isso, no presidencialismo, o mandato presidencial permitiria
necessárias coalizões complexas, que são menos estáveis e super- que o programa de governo fosse formulado considerando um pra-
valorizam o papel de pequenos partidos, quando necessários à zo maior para sua implementação, com ganhos em estabilidade ad-
composição da maioria parlamentar. Portanto, como regra, o argu- ministrativa e previsibilidade da atuação estatal.
mento é procedente. Ele desconsidera, no entanto, que o próprio Entretanto, a despeito dessas vantagens, o presidencialismo
parlamentarismo tende a conformar um sistema partidário mais também não está isento de críticas importantes. A primeira delas
depurado. De fato, nesse sistema a atividade parlamentar torna-se refere-se à forte concentração de poder numa só figura, o que po-
tencializa o risco de autoritarismo. Na história constitucional brasi-
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leira, a emergência de governos autoritários sempre se deu através tamente para se pronunciar acerca da permanência ou não de um
do fortalecimento do Executivo em detrimento do Legislativo. Foi governante no poder. Ambos são procedimentos custosos e trau-
o que ocorreu tanto na ditadura do Estado Novo quanto no regime máticos.
militar de 1964. Mesmo em momentos de normalidade democrá-
tica, a presença de um Executivo excessivamente forte tem aberto Sistema Semipresidencialista
espaço a certas práticas arbitrárias. No Brasil, essa crítica tem sido Sem embargo de suas virtudes, os dois modelos clássicos – par-
recentemente desenvolvida a propósito do uso excessivo de medi- lamentarismo e presidencialismo – apresentam disfunções impor-
das provisórias no período pós-88. De fato, a ausência da respon- tantes. Esses problemas se manifestam tanto no plano da instaura-
sabilidade política incrementa em demasia a liberdade de ação do ção de regimes verdadeiramente democráticos, quanto no que diz
governante. Essas ponderações são procedentes. No entanto, duas respeito à governabilidade, à eficiência e à capacidade estrutural de
observações devem ser feitas. superar crises políticas. O modelo semipresidencialista surge como
Em primeiro lugar, as decisões do Executivo são, em regra, con- uma alternativa que busca reunir as qualidades desses sistemas pu-
troláveis pelo Poder Judiciário, o qual utilizará, como parâmetros, ros, sem incidir em algumas de suas vicissitudes. Ressalte-se, desde
tanto as leis quanto a Constituição. Na verdade, a atuação judicial logo, não se tratar de um modelo híbrido desprovido de unidade e
costuma ser mais incisiva no presidencialismo que no parlamenta- coerência, um agregado de elementos estanques. Pelo contrário,
rismo. Não se pode perder de vista o fato de que o próprio controle trata-se de uma fórmula dotada de identidade própria, capaz de
de constitucionalidade tem sua origem no sistema político norte-a- oferecer solução adequada para alguns dos principais problemas da
mericano, que é também a matriz do modelo presidencialista de se- vida política brasileira.
paração de poderes. Embora possam ser identificadas importantes No semipresidencialismo, o Presidente da República é o chefe
exceções em países que adotam o parlamentarismo, em regra, é se- de Estado, eleito pelo voto direto do povo, e o Primeiro-Ministro
guro afirmar que, diante das decisões do Parlamento, os juízes cos- o chefe de Governo, nomeado pelo Presidente e chancelado pela
tumam ser mais cautelosos que perante as decisões do Executivo. maioria do Parlamento. Assim como no parlamentarismo, no semi-
Em segundo lugar, tanto regimes presidencialistas quanto par- presidencialismo também tem lugar a dualidade do Executivo, que
lamentaristas estão expostos a degenerações autoritárias. E há Es- se divide entre as chefias de Estado e de Governo. Contudo, en-
tados presidencialistas que não são autoritários. É o que se verifica quanto no parlamentarismo a chefia de Estado tem funções mera-
historicamente. Na América Latina, as ditaduras não se implanta- mente formais (como as de representação internacional, assinatura
ram propriamente por conta do presidencialismo, mas em razão da de tratados, geralmente a pedido do Primeiro-Ministro), no semi-
ruptura, pela via dos golpes militares, da ordem constitucional. Por presidencialismo lhe são atribuídas algumas importantes funções
outro lado, a ascensão dos regimes totalitários na primeira metade políticas. Dentre essas se destacam, de modo geral, as seguintes:
do século, tanto na Alemanha quanto na Itália, se deu através do nomear o Primeiro-Ministro; dissolver o Parlamento; propor proje-
sistema parlamentarista. Não foram os chefes de Estado que leva- tos de lei; conduzir a política externa; exercer poderes especiais em
ram à instauração daqueles regimes de força e iniquidade, mas Pri- momentos de crise; submeter leis à Corte Constitucional; exercer o
meiros-Ministros. comando das Forças Armadas; nomear alguns funcionários de alto-
Outra desvantagem do presidencialismo – e esta sim tem ge- -escalão; convocar referendos. A nota distintiva dos países que ado-
rado graves problemas na vida política brasileira – é a possibilida- tam o semipresidencialismo situa-se na maior ou menor atuação do
de de crises institucionais graves causadas pelo desacordo entre o Presidente na vida política.
Executivo e o Legislativo. No presidencialismo, de fato, não existem A principal vantagem que o semipresidencialismo herda do
instrumentos hábeis para a solução rápida e normal de crises polí- parlamentarismo repousa nos mecanismos céleres para a substitui-
ticas, tal como ocorre no parlamentarismo. Ademais, na hipótese ção do Governo, sem que com isso se provoquem crises institucio-
de o Presidente não conseguir compor maioria no Parlamento, a nais de maior gravidade. O Primeiro-Ministro pode ser substituído
execução dos programas de governo e das políticas públicas em sem que tenha de se submeter aos complexos e demorados meca-
geral fica substancialmente prejudicada. No parlamentarismo, se nismos do impeachment e do recall. Por outro lado, se quem está
ocorre uma incompatibilidade fundamental entre o Parlamento e em desacordo com a vontade popular não é o Primeiro-Ministro (ou
o Governo, este cai, e forma-se um novo Governo, com apoio par- não é apenas ele), mas o próprio Parlamento cabe ao Presidente
lamentar. Por outro lado, se o Parlamento não consegue formar um dissolvê-lo e convocar novas eleições. Do presidencialismo, o sis-
novo Governo, ou se é o Parlamento que está em desacordo com tema semipresidencialista mantém, especialmente, a eleição do
a vontade popular, há mecanismos que permitem a convocação de Presidente da República e parte de suas competências. A eleição
novas eleições parlamentares. direta garante especial legitimidade ao mandatário, dando sentido
No presidencialismo, essas possibilidades inexistem, e o Gover- político consistente a sua atuação institucional. O ponto merece um
no acaba se prolongando até o final do mandato sem sustentação comentário adicional.
congressual e sem condições de implementar seu plano de ação. O No semipresidencialismo, as funções do chefe de Estado se
país fica sujeito, então, a anos de paralisia e de indefinição política, aproximam daquelas atribuídas ao Poder Moderador por Benjamin
o que pode gerar sérios problemas econômicos e sociais, ou pelo Constant. O Presidente da República se situa em uma posição de
menos, deixá-los sem solução imediata. Além disso, a pré-fixação superioridade institucional em relação à chefia de Governo e ao
do mandato presidencial pode manter no poder um governante Parlamento, mas esse papel especial não se legitima no exercício
que tenha perdido inteiramente o apoio popular. A destituição de da política ordinária, mas na atuação equilibrada na superação de
um Presidente somente se dará na hipótese de crime de responsa- crises políticas e na recomposição dos órgãos do Estado. Embora
bilidade, pela complexa via do impeachment, ou por outra medida o semipresidencialismo esteja necessariamente vinculado à forma
excepcional, que é o recall, em que o eleitorado é convocado dire- republicana, o fato de a chefia de Estado ser exercida por um Presi-
dente eleito não é suficiente para caracterizá-lo. É possível conce-
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ber um sistema parlamentarista em que o chefe de Estado também Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões, que
seja um Presidente eleito. O fundamental, no particular, é que seja têm por finalidade apreciar assuntos submetidos ao seu exame e
titular de competências políticas significativas. sobre eles deliberar. Na constituição de cada comissão é assegura-
O semipresidencialismo é adotado em diversos países (como da, tanto quanto possível, a representação proporcional dos parti-
Colômbia, Finlândia, França, Polônia, Portugal e Romênia). A seguir dos e dos blocos parlamentares que integram a Casa.
serão examinados dois exemplos: o português e o francês, enfati- Na Câmara dos Deputados há dezoito comissões permanentes
zando-se como o sistema logrou dar cabo de longos períodos de em funcionamento e no Senado Federal, sete. As comissões podem
instabilidade institucional, equilibrando a relação entre os Poderes. ser ainda, temporárias, quando criadas para apreciar determinado
Em seguida, serão apresentadas as razões pelas quais o sistema assunto e por prazo limitado. As comissões parlamentares de in-
também pode fornecer ao Brasil maior estabilidade política, osten- quérito (CPIs), as comissões externas e as especiais são exemplos
tando sensível vocação para se consolidar também como o sistema de comissões temporárias.
de nossa maturidade institucional37. No Congresso Nacional as comissões são integradas por de-
putados e senadores. A única comissão mista permanente é a de
Organização dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo, existe tam-
bém a Representação Brasileira de Comissão Parlamentar Conjunta
Poder Legislativo do Mercosul. Já as comissões temporárias obedecem aos mesmos
É o encarregado de exercer a função legislativa do estado, que critérios de criação e funcionamento adotados pela Câmara e pelo
consiste em regular as relações dos indivíduos entre si e com o Senado.
próprio Estado, mediante a elaboração de leis. O processo legislativo compreende a elaboração de emendas
No Brasil, o Poder Legislativo é organizado em um sistema bi- à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas,
cameral e exercido pelo Congresso Nacional que é composto pela medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Todos es-
Câmara dos Deputados, como representante do povo, e pelo Sena- tes instrumentos legais tramitam no Congresso Nacional e em suas
do Federal, representante das Unidades da Federação. Esse modelo Casas segundo procedimentos próprios previamente definidos em
bicameral confere às duas Casas autonomia, poderes, prerrogativas regimentos internos.
e imunidades referentes à sua organização e funcionamento em re- Apesar de o Congresso Nacional ser um órgão legislativo, sua
lação ao exercício de suas funções. competência não se resume à elaboração de leis. Além das atribui-
A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por 513 ções legislativas, o Congresso dispõe de atribuições deliberativas;
membros eleitos pelo sistema proporcional à população de cada de fiscalização e controle; de julgamento de crimes de responsabili-
Estado e do Distrito Federal, com mandato de quatro anos. O nú- dade; além de outras privativas de cada Casa, conforme disposto na
mero de deputados eleitos pode variar de uma eleição para outra Constituição Federal de 1988.
em razão de sua proporcionalidade à população de cada Estado e O Congresso está localizado na área central de Brasília, próximo
do Distrito Federal. No caso de criação de Territórios, cada um de- aos órgãos representativos dos Poderes Executivo e Judiciário, for-
les elegerá quatro representantes. A Constituição Federal de 1988 mando a praça dos Três Poderes. Internamente, o Congresso é uma
fixou que nenhuma unidade federativa poderá ter menos de oito ou verdadeira “cidade” contando com bibliotecas, livrarias, bancas de
mais de 70 representantes. revistas e jornais, barbearias, bancos, restaurantes, dentre outros
Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sistema ma- serviços.
joritário (3 para cada Estado e para o Distrito Federal) têm mandato
de oito anos, renovando-se a cada quatro anos, 1/3 e 2/3 alterna- Poder Executivo
damente. Nas eleições de 1998 foram renovados 1/3 dos senadores O Poder Executivo Federal é exercido, no sistema presidencia-
e nas eleições de 2002, 2/3 dos membros. lista, pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Es-
Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a integrar a tado.
bancada do partido ao qual pertencem. Cabe às bancadas partidá- O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente,
rias escolher, dentre seus membros, um líder para representá-los. são eleitos pelo voto direto e secreto para um período de quatro
Assim, para orientar essas bancadas durante os trabalhos legislati- anos.
vos, há a figura do líder partidário e suas respectivas estruturas ad- Em 1997, através de Emenda Constitucional nº 16, foi permiti-
ministrativas. O governo também possui líderes, na Câmara, no Se- da a reeleição, para um único mandato subsequente, do Presiden-
nado e no Congresso, que o representa nas atividades legislativas. te da República, dos Governadores e dos Prefeitos. Dessa forma, o
O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma or- Presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou, em 1º de janeiro de
ganizada, tendo os seus trabalhos coordenados pelas respectivas 1999, seu segundo mandato para o qual foi reeleito em 1º turno nas
Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados e a do Senado eleições de outubro de 1998, se tornando o primeiro Presidente da
Federal são presididas por um representante do partido majoritário República a ser reeleito.
em cada Casa, com mandato de dois anos. Além do presidente, a Em caso de impedimento do Presidente da República, ou va-
Mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários. cância do respectivo cargo, serão chamados sucessivamente para
A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presidente do exercer o cargo, o Vice-Presidente, o Presidente da Câmara dos De-
Senado Federal e os demais cargos ocupados, alternadamente, pe- putados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal.
los respectivos membros das Mesas das duas Casas.

37 Fonte: Instituto Ideias.


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Compete ao Presidente da República entre outros, chefiar o À Justiça Eleitoral compete, principalmente, a organização, a
governo; administrar a coisa pública; aplicar as leis; iniciar o proces- fiscalização e a apuração das eleições que ocorrem no país, bem
so legislativo; vetar, total ou parcialmente projetos de lei; declarar como a diplomação dos eleitos. É formada pelas Juntas Eleitorais,
guerra; prover e extinguir cargos públicos federais; e editar medidas pelos Tribunais Regionais Eleitorais, compostos por sete juízes
provisórias com força de lei. e pelo Tribunal Superior Eleitoral, também composto por sete
Aos Ministros de Estado compete exercer a orientação, coorde- ministros.
nação e supervisão dos órgãos e entidades na área de sua compe- E, à Justiça Militar, compete processar e julgar os crimes mi-
tência e referendar os atos assinados pelo Presidente da República litares definidos em lei. É composta pelos juízes-auditores e seus
e expedir instruções para a execução das leis, decretos e regula- substitutos, pelos Conselhos de Justiça, especiais ou permanentes,
mentos. integrados pelos juízes-auditores e pelo Superior Tribunal Militar,
A indicação de ministros é feita pelo Presidente da República que possui quinze ministros nomeados pelo Presidente da Repúbli-
com base em critérios políticos, de modo a fazer acomodações na ca, após aprovação do Senado Federal.
base de sustentação do governo. Entretanto, isso não exclui a possi-
bilidade de, em alguns momentos, ser utilizado um critério exclusi- - São órgãos do Poder Judiciário:
vamente técnico para a escolha do ministro. - Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo do Poder
O exercício das funções relativas ao Poder Executivo é feito Judiciário, tendo como competência precípua a guarda da Consti-
através da Administração Direta e Indireta. tuição Federal. É composto por 11 ministros nomeados pelo Pre-
sidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado
Poder Judiciário Federal. Aprecia, além da matéria atinente a sua competência origi-
A função do Poder Judiciário, no âmbito do Estado democrá- nária, recursos extraordinários cabíveis em razão de desobediência
tico, consiste em aplicar a lei a casos concretos, para assegurar a à Constituição Federal.
soberania da justiça e a realização dos direitos individuais nas rela- - Superior Tribunal de Justiça, ao qual cabe a guarda do direito
ções sociais. nacional infraconstitucional mediante harmonização das decisões
A estrutura do Poder Judiciário é baseada na hierarquia dos proferidas pelos tribunais regionais federais e pelos tribunais esta-
órgãos que o compõem, formando assim as instâncias. A primeira duais de segunda instância. Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros
instância corresponde ao órgão que irá primeiramente analisar e nomeados pelo Presidente da República. Aprecia, além da matéria
julgar a ação apresentada ao Poder Judiciário. As demais instâncias referente a sua competência originária, recursos especiais cabíveis
apreciam as decisões proferidas pela instância inferior a ela, e sem- quando contrariadas leis federais.
pre o fazem em órgãos colegiados, ou seja, por um grupo de juízes - Tribunais Regionais, que julgam ações provenientes de vários
que participam do julgamento. estados do país, divididos por regiões. São eles: os Tribunais Regio-
Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, as decisões nais Federais (divididos em 5 regiões), os Tribunais Regionais do Tra-
proferidas em primeira instância poderão ser submetidas à aprecia- balho (divididos em 24 regiões) e os Tribunais Regionais Eleitorais
ção da instância superior, dando oportunidade às partes conflitan- (divididos em 27 regiões).
tes de obterem o reexame da matéria. - Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e de Al-
Às instâncias superiores, cabe, também, em decorrência de çada, organizados de acordo com os princípios e normas da consti-
sua competência originária, apreciar determinadas ações que, em tuição Estadual e do Estatuto da Magistratura. Apreciam, em grau
razão da matéria, lhes são apresentadas diretamente, sem que de recurso ou em razão de sua competência originária, as matérias
tenham sido submetidas, anteriormente, à apreciação do juízo comuns que não se encaixam na competência das justiças federais
inferior. A competência originária dos tribunais está disposta na especializadas.
Constituição Federal. - Juízos de primeira instância são onde se iniciam, na maioria
A organização do Poder Judiciário está fundamentada na divi- das vezes, as ações judiciais estaduais e federais (comuns e espe-
são da competência entre os vários órgãos que o integram nos âm- cializadas). Compreende os juízes estaduais e os federais comuns e
bitos estadual e federal. da justiça especializada (juízes do trabalho, eleitorais, militares)38.
À Justiça Estadual cabe o julgamento das ações não
compreendidas na competência da Justiça Federal comum ou
especializada. A NÃO CIDADANIA. DESUMANIZAÇÃO E COISIFICAÇÃO DO
A Justiça Federal comum é aquela composta pelos tribunais e OUTRO. REPRODUÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA DESIGUALDA-
juízes federais, e responsável pelo julgamento de ações em que a DE SOCIAL
União, as autarquias ou as empresas públicas federais forem inte-
ressadas; e a especializada, aquela composta pelas Justiças do Tra-
balho, Eleitoral e Militar. O QUE É NÃO-CIDADANIA?
No que se refere à competência da Justiça Federal especiali-
zada, tem-se que à Justiça do Trabalho compete conciliar e julgar Desumanização e Coisificação do Outro
os conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e empre- Vivemos tempos de crises. Vivemos o tempo da crise. É possível
gadores. É formado por Juntas de Conciliação e Julgamento, pelos apresentar toda história do capitalismo através do encadeamento
Tribunais Regionais do Trabalho, composto por juízes nomeados de crises que sucessivamente marcaram diferentes momentos des-
pelo Presidente da República, e pelo Tribunal Superior do Trabalho, se modo de produção. Respaldada na realidade histórica, é possível
composto por vinte e sete ministros, nomeados pelo Presidente da asseverar que a crise é elemento constitutivo do capitalismo. “Não
República, após aprovação pelo Senado Federal. existiu, não existe e não existirá capitalismo sem crise” afirma NETO
38 Fonte: WESSLER, D. R.
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(2006), com o cuidado de advertir que sua afirmação não signifi- reformas político-sociais visando diluir, pelo discurso, a luta de clas-
ca uma naturalização da crise. Defender que toda economia, inde- ses e qualquer outra forma de organização societal para além do
pendentemente da contextualização histórica, tem crise e que, por capitalismo. O decreto do fim da história, intimamente ligado ao
conseguinte, é natural a existência de crises, funciona como um ar- fim da utopia, substituiu a possibilidade da luta revolucionária por
gumento ideológico para disseminar a aceitação do particular como práticas reformistas propositivas, institucionalizadas na forma de
universal. A naturalização da crise, especificamente produzida sob cooperação e parcerias editadas no âmbito da participação cidadã
a lógica do capital, tem sido muito utilizada pela ideologia burguesa e da promessa de emancipação política.
na mitificação das causas da crise conhecidas no capitalismo39. Portanto, a reedição do discurso apologético do mercado, re-
Crises econômicas não são fenômenos naturais, são fenôme- curso ideológico embasado num retorno aos economistas clássicos
nos sociais, portanto, podem ocorrer, inclusive, em sociedade que e ao liberalismo nascente, serviu como veículo de consenso para as
não estejam organizadas sob a lógica do capital, mas sob a lógica reformas exigidas. Pela trilha d’O Caminho da Servidão2 a ideologia
do capital a crise é ineliminável. É forçoso destacar esses dois as- liberal foi alçada a neoliberalismo que de maneira dogmática eter-
pectos: primeiro, a crise é faz parte do capitalismo, mas não por nizou o capitalismo na plenitude do consumo - potencializado pela
força da natureza; segundo, não existe nenhum dado histórico que lógica do descartável; e nas conquistas da democracia burguesa -
possibilite universalizar a crise no âmbito da sociabilidade humana. potencializadas pelo discurso da participação representativa.
Assim, nenhum argumento ideológico pode retirar do horizonte his- A ideia do novo que projetava a liberdade humana como possi-
tórico a possibilidade real da construção de uma organização eco- bilidade que levaria ao futuro, presente no pensamento iluminista,
nômica diversa da capitalista, capaz de suprimir as causas da crise e defendido pelo projeto civilizatório da burguesia nascente, desa-
estrutural que submete a humanidade a uma existência desumana. pareceu. Restou, em meio aos limites da racionalidade pragmática
Obviamente as situações de crise não apareceram na história e utilitarista, o interesse conservador da reprodução incessante do
da humanidade com o capitalismo, antes da sociedade produtora metabolismo societal do capital, ideologicamente atualizado na tur-
de mercadorias é possível constatar inúmeras crises que advieram va visão pós-moderna. O que vivemos hoje, na aceitação fatídica
em outros contextos históricos. Entretanto, não existe uma seme- dos velho-novos tempos como imperativo categórico de um mo-
lhança entre as crises que ocorreram nas sociedades pré-capita- mento histórico que não mais anuncia o futuro, está presente na
listas e as crises ocorridas sob a lógica do capital. Aquelas crises desrazão intrínseca ao caráter totalizante do capital. Sob a ideologia
apareciam sempre em decorrência da destruição de produtores e que forja a consciência contingente, essa desrazão parece natural
meios de produção em consequência de desastres naturais ou ca- no limite da aparência fenomênica das promessas, irrealizáveis, de
tástrofes sociais gerando uma insuficiência na produção de valor de desenvolvimento para a humanidade. Não é sem razão que o ardil
uso, uma crise de subprodução. Inversamente, as crises no capitalis- ideológico precisa compor, no âmbito das subjetividades, a mitifica-
mo ocorrem em meio à superprodução de valores de troca que não ção necessária para o acatamento da atualização objetiva das estra-
encontram escoamento no mercado, não realizam o valor. As crises tégias, cada vez mais reificantes e desumanizadoras, da reprodução
anteriores ao capitalismo existiam em função das necessidades hu- do capital.
manas enquanto as crises do capital ocorrem primordialmente em Segundo NETO (2006), a prosperidade capitalista apregoada
função dos interesses de reprodução do capital. Eis o cerne da ques- pela revolução da produção foi desde sempre marcada por crises.
tão... E é sobre essa questão: a crise do capital e a construção de Desde 1825 até o momento imediatamente anterior a Segunda
uma alternativa societária, que supere os antagonismos do nosso Guerra Mundial ocorreram pelo menos quatorze crises, número su-
tempo, que propomos refletir neste artigo. (NETO, 2006). ficiente para dar relevo à instabilidade do sistema. Se as primeiras
crises do capitalismo eram mais ou menos localizadas, a partir de
Crise Estrutural do Capital 1847-1848, seguindo a própria lógica expansionista do capital, as
Um breve recuo histórico nos coloca frente às demandas ad- crises foram tomando proporção mundial, como é exemplar a cri-
vindas da crise do capital, que marcaram as últimas três décadas do se de 1929. Até aquele momento entre uma crise e outra ocorria
século XX, e se estende aos dias atuais. Essa crise, embora ligada as um ciclo econômico em torno de 8 a 12 anos aproximadamente,
crises anteriores, assumiu uma forma diferente expondo, inegavel- mas após a Segunda Guerra Mundial esses ciclos foram encurtan-
mente, seu caráter estrutural. Mas essa diferença não é empirica- do mais e mais. Para enfrentar as crises que começavam a ter uma
mente perceptível no caos cotidiano dos antagonismos da socieda- existência quase contínua o papel do estado foi redimensionado no
de de mercado e tem sido naturalmente tratada, pelos capitalistas, âmbito da dinâmica econômica criando condições para o surgimen-
como mais um episódio de crise ligada a um ciclo econômico que se to de políticas macroeconômicas implementadas por organismos
esgota para em seguida, pelas soluções adotadas, surgir outro ciclo. supranacionais instituídos para administrar e reduzir o impacto das
Nesta perspectiva, a crise que se manifestou nos anos 70 foi en- crises.
frentada da mesma forma que as crises anteriores, ou seja, epider- Portanto, todo o século XX foi palco de crises do capitalismo
micamente. As medidas reestruturantes adotadas foram suficientes que, inicialmente cíclicas e passiveis de controle por estratégias
para o capital poder reproduzir-se, não apenas consolidando livre- anódinas, confluíram, pelo adiamento da resolução dos antagonis-
mente sua movimentação em circuito planetário, mas, sobretudo, mos geradores da crise, dos limites relativamente moderáveis para
reeditando o mito da propriedade fundada no trabalho próprio e do limites estruturais, insuperáveis dentro da ordem do capital. No
mercado como fundamento da sociabilidade humana. O conjunto rol dos “remédios milagrosos” essas medidas de caráter paliativo
dessas medidas adotado na mudança do modelo de reestruturação acabaram contribuindo para o aprofundamento da crise que vai se
produtiva necessitou de um suporte ideológico e de importantes tornando crescentemente contínua. As estratégias de mudar para
39 Beth Furtado. QUAL ALTERNATIVA? UMA QUESTÃO TECIDA NA não mudar estão, cada vez mais, dando mostras de exaustão e, nas
ESPERANÇA DO FUTURO. Revista Labor. http://www.revistalabor.ufc. últimas décadas, o caráter contínuo da crise não pode mais ser obs-
br/Artigo/volume2/BethFurtado.pdf. curecido pelas diferentes expressões fenomênicas imediatamente
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visíveis. A crise não se expressa nem se limita a uma questão técnica em fundos de investimentos especulativos, expandindo-se pelo sis-
ou a uma disfunção monetária passageira como querem fazer crer tema bancário do mundo inteiro, em condições tais que ninguém
os economistas e/ou ideólogos burgueses. podia saber exatamente o que estava comprando. Foi dessa manei-
Convertida em “problema técnico”, a crise dos anos 70 foi vin- ra que surgiu o sistema dos subprimes que parece ter desencadea-
culada à falta de sincronia dentro da extrema fragmentação do pro- do toda a crise financeira.
cesso de produção taylorista-fordista. Avaliando que esse padrão Desde 2005, com o fim da política de juros baixos, que era
produtivo acabou acarretando uma perda de tempo na resultante apenas uma estratégia artificialmente originada para minimizar as
da soma dos tempos de espera, entre os ciclos cada vez mais curtos turbulências do sistema financeiro, teve início a denominada crise
e cada vez mais parcelados dos movimentos de trabalho, a crise foi financeira. A partir da explosão do sistema dos subprimes se expan-
enfrentada com uma reestruturação da base produtiva. Contudo o diu para além dos EUA alcançando, no segundo semestre de 2007,
“remédio” vindo do oriente na prescrição toyotista e todo arsenal o sistema bancário e a economia global. Mas, em relação ao caráter
neoliberal que serviu de suporte ideológico para as propaladas mu- financeiro e global dessa crise é fundamental observar o que Fran-
danças não logrou sanar o problema, confirmando que essa crise cisco de Oliveira protesta no artigo Quo vadis capitalismus?
não se esgota num problema meramente técnico, mas como bem Esta não é uma crise da globalização, e não apenas global. Pois
define MÉSZÁROS (1987), é uma crise estrutural que atinge as insti- ela nasceu nas periferias, China e Índia, que já nem são periferias,
tuições capitalistas do controle social na sua totalidade. Neste caso, senão parte do centro. É uma crise clássica de realização do valor,
mesmo a política, que nada mais é senão a aplicação consciente de com a diferença de que desta vez a produção do valor se dá nas ago-
medidas estratégicas capazes de afetar profundamente o desenvol- ra importantes periferias citadas, enquanto sua realização depende
vimento social como um todo, é transformada em instrumento de do consumo das classes sociais nos países mais desenvolvidos. Que
manipulação, desprovida de sua finalidade própria, restando ao dis- ela tome logo o aspecto de uma crise financeira, pois o dinheiro é
curso político – neoliberal - apenas seguir o padrão de movimento o equivalente geral e toda produção de valor tende imediatamen-
reativo tardio e de curto prazo, em resposta às crises que irrompem te a transformar-se em dinheiro, pois como sabíamos desde Marx,
na base econômico-social da produção e acumulação do capital que dinheiro não é mais do que a circulação de mercadorias, incluindo
se invalida. o chamado “capital fictício” cujo delirante desenvolvimento escon-
A crise estrutural do capital é, portanto, o encontro do siste- deu por muito tempo as raízes materiais da crise em gestação. Daí
ma com seus próprios limites intrínsecos, mesmo que se manifeste, que nos países centrais, sobretudo nos Estados Unidos, ela tenha
como atualmente, numa crise financeira que se tece, desde a déca- imediatamente se convertido em crise financeira com a inadim-
da de 90, nos problemas de liquidez, restrição de credito, queda do plência das hipotecas, mas, no caminhar da carruagem, o setor pro-
dólar e na alta dos preços do petróleo, das matérias primas e dos dutivo nos países centrais logo acusou o golpe financeiro e entrou
alimentos. De forma imediata, ressalte-se imediatamente aparente, em recessão, com o risco de transformar-se na primeira grande De-
o que estamos vivendo - agora - são as consequências do “buraco” pressão, com D maiúsculo, depois de Trinta. (OLIVEIRA, 2009).
criado pelo capital fictício que começou com mais de 200 bilhões de Apesar de não sabermos a exata extensão do problema em nú-
euros, valor da dívida de mais de três milhões de famílias, que criou meros reais da crise e da ajuda financeira que os bancos centrais e
um efeito dominó atingindo grandes estabelecimentos de crédito os governos, norte-americano, e do resto do mundo, dispuseram
do mundo e a economia real numa crise de proporção mundial. para socorrer o sistema financeiro em bancarrota, sabe-se das mui-
Toda a etapa de liberalização e globalização financeira dos anos tas centenas de bilhões de dólares e euros que foram usados para
80 e 90 esteve baseada na acumulação de capital fictício, sobretudo restaurar, não apenas as perdas monetárias, mas, sobretudo, a con-
nas mãos de fundos de investimentos, fundo de pensões, fundos fi- fiança no mercado frente a mais grave crise da era da economia
nanceiros hoje é que em muitíssimos países os sistemas de aposen- mundializada. Em Davos - 2009, o fundador do Fórum Econômico
tadoria estão baseados no capital fictício (...) desde finais ou mea- Mundial - Klaus Schwa - manifestou sua preocupação com a com-
dos dos anos 90 e ao longo dos anos 2000 foi, nos Estados Unidos e plexidade e profundidade dessa crise afirmando: “o grau de perda
na Grã Bretanha em particular, o impulso extraordinário que se deu de confiança do mundo nas suas instituições é sério”. Essa afirma-
a criação do capital fictício na forma de crédito (...) a empresas, mas ção é um claro indicativo que, não obstante as controvérsias a res-
também e, sobretudo de crédito habitacional, créditos ao consumo peito da crise, é o mercado que deve ser protegido, é o capital que
e a maior parte em créditos hipotecários originando formas ainda precisa ser reproduzido.
mais agudas de vulnerabilidade e fragilidade do mercado acionário Também não podemos ignorar que mesmo na crise, a própria
(...) existira a ilusão de que não havia limites para a alta no preço das crise, serve como elemento re-ordenador do capital e, portanto, por
ações, isso não podia ocorrer no setor imobiliário: quando se trata algum tempo alguns se beneficiam. “Os administradores de fundos
de edifícios e casas é inevitável que chegue o momento em que o enriqueceram e os investidores viram o seu dinheiro desaparecer.
boom acaba. (CHESNAIS,2008) E estamos falando de muito dinheiro, em todo esse processo”, as-
Logo no início do século XXI, com o estouro da supervaloriza- segurou o Nobel de Economia e colunista do New York Times - Paul
ção das empresas ligadas a internet, o presidente do banco central Krugmann. No mesmo sentido e com ironia, The Economist de 6 de
norte-americano - Alan Greenspan, com a finalidade de resguardar dezembro de 2008 mostrou na capa um imenso buraco negro, e a
os investidores lançou uma política de redução dos encargos finan- manchete “Where have all your savings gone” (para onde foram
ceiros e de juros baixos. Isso induziu um enorme volume de inves- todas as suas poupanças). O título é uma brincadeira com a música
timentos para o mercado imobiliário gerando uma ampla rede que “Where have all the flowers gone” cantada por pessoas alegres em
envolveu famílias sem grande poder aquisitivo em empréstimos 1968. Mas na realidade, trata-se da poupança de uma imensa mas-
hipotecários de risco e taxa variável. Prevendo o risco que corriam sa de pessoas que foi para o buraco, e estas pessoas não estão nada
nessa roda-viva hipotecaria os grandes investidores venderam, para felizes. O mais inquietante é que na realidade, não desapareceu a ri-
outros bancos, uma parte de seus créditos de risco, estes colocaram queza, o mundo continua a contar com o mesmo número de casas,
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de carros etc. É o direito sobre estas casas e outros bens que mudou somente para realizar sua própria atividade, mas, também, para
de mãos. Esta apropriação de riquezas por quem não as produziu, simplesmente salvaguardar sua própria existência. (MARX apud
e inclusive desorganiza os processos produtivos, constitui um do MÉSZÁROS 2002).
elementos centrais da deformação do sistema. (DOWBOR, 2009). A análise de Marx expressa bem a realidade deste início de sé-
culo, a nova fase do capital mundializado que em sua mais alargada
Sentido e Significado da Crise Estrutural extensão de miséria e barbárie conjuga, paradoxalmente, cresci-
Mais profunda que uma crise de dominação, que coloca em mento econômico sem desenvolvimento humano, melhor dizen-
xeque o poder da política de consenso do capital – a crise estru- do, a custa do desenvolvimento humano. CHASIN (1987) refere-se
tural coloca no horizonte histórico da humanidade o risco do fim a essa face destrutiva do capital afirmando que o desenho que se
da própria humanidade, como indica o rastro de barbárie e aniqui- mostra do tópico ao profundo é o de um colosso desgovernado/
lamento da natureza deixado pela produção destrutiva do capital. desgovernante, complexo movente/movido que, pelo seu próprio
Neste caso, aquelas soluções provisórias, na expectativa de criar estatuto roeu seus controles e devorou seu nexo. No gigantismo da
situações não definitivas, mostram-se ainda mais ineficazes. Nada sua hipermaturidade perdeu a proporcionalidade interna, e, com
foge a lógica da irreversível extensão do capital e seu domínio se esta, os recursos compensatórios que foram capazes de engendrar
estende a todos os aspectos da vida humana. Vale ressaltar que, se novos ciclos em fases anteriores. No Manifesto Comunista esta pro-
as consequências do enfrentamento de limites relativos nas crises blemática está posta nos seguintes termos:
cíclicas já se mostravam destrutivas, as consequências produzidas Porque a sociedade possui civilização em excesso, meios de
sob as condições de uma crise estrutural, atingindo as dimensões subsistências em excesso, indústria em excesso, comércio em ex-
fundamentais do sistema, se mostram ainda mais devastadoras. cesso. As forças produtivas que dispõem não mais favorecem o de-
A cega lei natural do mecanismo de mercado traz consigo o senvolvimento das relações burguesas de propriedade; pelo con-
inelutável resultado de que os graves problemas sociais, necessa- trário tornaram-se poderosas demais para essas condições, passam
riamente associados com a produção e a concentração do capital, a ser tolhidas por elas; e assim que se libertam desses entraves
jamais são solucionados, mas apenas adiados (...). Crescimento e lançam na desordem a sociedade inteira e ameaçam a existência
expansão são necessidades inerentes do sistema de produção capi- da propriedade burguesa. O sistema burguês tornou-se demasiado
talista e, quando os limites locais são atingidos não resta outra saída estreito para conter as riquezas criadas em seu seio. E de que ma-
a não ser reajustar violentamente a relação dominante de forças neira consegue a burguesia vencer essas crises? De um lado pela
(MÉSZÁROS, 1987). destruição violenta de grande quantidade de forças produtivas; de
Uma análise crítica da crise estrutural do capital, na busca do outro, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais
seu real sentido e significado, nos permite percebê-la visceralmente intensa dos antigos. A que leva tudo isso? Ao preparo de crises mais
ligada ao processo de reprodução ampliada do capital, que necessi- intensas e mais destruidoras e a diminuição de meios para evitá-las.
ta de métodos cada vez mais destrutivos ante o inexorável desafio (MARX e ENGELS, 1998).
de expandir-se. A produção destrutiva do capital, enfatizada por A história do capitalismo demonstra essa afirmação, na crescen-
Mészáros (2002), tem sido nas últimas décadas, a solução adota- te exigência de reordenamento econômico e de reajuste da relação
da pelo capital no sentido de salvaguardar a extração do trabalho de forças a alternativa do capital tem residido na intensificação da
excedente; a diminuição do tempo impresso na mercadoria no que taxa de exploração do capital sobre o trabalho, condição necessária
tange à produção e a taxa decrescente do valor de uso, tempo ne- a produção de mais-valia. Via de regra isso ocorreu, também, arti-
cessário pra o consumo. Em outras palavras, a produção de merca- culado a ciência e a tecnologia, atualmente essa prática de extração
dorias nessa lógica destrutiva de diminuição de tempo socialmente da mais-valia relativa está avigorada, e o resultado apresenta que o
necessário de produção e de circulação-consumo, faz acelerar as crescimento econômico aliado a um avanço tecnológico ímpar am-
demandas produtivas, que exigem cada vez mais força de trabalho pliou, também e de forma notável, a exploração do trabalho sob o
no sentido de criar mais trabalho excedente e produzir mais valor. A império do trabalho acumulado, trabalho morto. Paradoxalmente,
efetivação desse padrão destrutivo, marcado pela urgência de con- tudo isso se mantém invisível na sutileza da feição da exploração
sumo, é a razão da ênfase ao descartável que acelera o esgotamen- introduzida pela produção flexível e a forma volátil que o capital
to das matérias primas pondo em risco o equilíbrio ecológico do assumiu nos circuitos financeiros mundializados.
planeta e o próprio homem. Atrás de uma aparência factual da crise, CHASIN (1987) adver-
Mas, de onde vem esse potencial crescentemente destrutivo te acerca da desproporcionalidade estrutural alargada, na qual se
que se revela no cotidiano da crise? Ainda de acordo com Mészáros, instaura o agigantamento e a desigualdade própria e intrínseca ao
o primeiro teórico a avaliar o potencial destrutivo do capital em seu sistema do capital, cujo circuito internacional é tomado pelas con-
processo de auto expansão foi Marx, mesmo quando essas forças sequências do super crescimento e monopolização do incremento
destrutivas ainda estavam longe da plena manifestação vivida nos tecnológico que desgovernam a lei do valor. Em consequência dis-
dias atuais. A letalidade desse sistema, hoje constatada, já estava so, o fluxo entre os vasos comunicantes do sistema deixam de fun-
anunciada em 1845, nas palavras do autor do O Capital: cionar apenas em mão única, no deslocamento das contradições no
No desenvolvimento das forças produtivas surge uma etapa sentido centro periferia, passando a um transito de mão dupla, ob-
em que se criam essas forças e os meios de inter-relacionamento, viamente desigual. As contradições destinadas à periferia, que em
sob os quais as relações existentes apenas prejudicam e já não são fases anteriores eram assimiladas por completo, passam a retornar
forças produtivas, mas destrutivas. ... No sistema da propriedade ao centro na forma de contradições multiplicadas, assim, o circuito
privada, essas forças produtivas se desenvolvem de forma apenas inteiro apresenta a face de um sistema que parece ter perdido a ca-
unilateral e, em sua maioria, tornam-se forças destrutivas. Deste pacidade de reter seu nexo, implodindo, por exacerbação, os laços
modo, as coisas chegam a tal situação que as pessoas são obrigadas contraditórios que antes davam coesão ao sistema. Por outro lado,
a apropriar-se da totalidade das forças produtivas existentes, não mas, no mesmo sentido, julgando ter domesticado a lei do valor, a
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monopolização do incremento tecnológico, de fato, pelo transtorno MÉSZÁROS (2002) adverte que a classe que domina está atenta às
e constrangimento da lógica do valor, desequilibra todo o sistema formas de controle embora saiba, melhor até que algumas organi-
aprofundando de modo vulcânico o conjunto de suas contradições, zações e partidos representativas dos trabalhadores, que a classe
a crise passa a ser, então, a mercadoria mais abundante, e a barbá- trabalhadora não se transformou em massa amorfa de consumido-
rie a alternativa “natural” à auto- expansão do capital. res.
Chasin, como Chesnais e Mészáros, cada um à sua maneira, A classe trabalhadora também trilha pela linha da menor resis-
mas na mesma perspectiva de análise posta por Marx, expõem no tência, mas certamente esse não será o caminho a ser construído
centro da crise a determinação ontológica do capital: sua orienta- para o futuro. A opção reformista tem sido muitas vezes adotada
ção à expansão pelo impulso da acumulação. É justamente a rea- dentro da lógica do capital, contribuindo para o adiamento resolu-
lização dessa determinação que torna cada vez mais irrefutável o tivo dos antagonismos do modo de produção capitalista. Embora
caráter estrutural da crise do capital, por isso não pode haver capi- seja inegável a necessidade de ações imediatas no que se refere à
talismo sem crise. Como objetivamente é a capacidade de extrair e distribuição da riqueza, como exigência da miséria produzida pela
acumular trabalho excedente a condição de existência do capital e exploração do trabalho, é indispensável enfrentar a armadilha es-
do seu processo de auto reprodução, cada vez mais é indispensável téril e enganadora de teses como a do distributivismo, adotando-o
expandir-se gerando mais-valia para reproduzir o capital. como a saída para as mazelas sociais do capitalismo dentro dos li-
mites do próprio capital.
Pelo Caminho da Linha de Menor Resistência Para os trabalhadores o problema da distribuição deve estar
Para MÉSZÁROS (2002), a atual forma de produção destrutiva ligado à necessidade de revolucionar a produção no sentido dos
do capital expõe o fato de o capital ter, historicamente, optado pela interesses humanos, caso contrário será mais uma estratégia, dos
adoção da linha de menor resistência, ou seja, uma tendência que trabalhadores, de adoção da linha de menor resistência. O anta-
o capital vem adotando na produção/reprodução de encontrar uma gonismo fundado no e pelo capital base da riqueza e da barbárie
estratégia funcional, “capitalisticamente” mais viável e facilmente do mundo de hoje, aponta indubitavelmente para a exigência de
exequível, no curso da acumulação em vez de apreender o que as mudanças estruturais, não apenas do padrão de distribuição, mas
determinações materiais predicam, de modo diferente, na expan- no modo de produção, na totalidade social. Obviamente o interes-
são da produção e no correspondente desenvolvimento das ne- se de revolucionar essa situação não pode ser dos capitalistas. É a
cessidades humanas. Assim, o capital, no imediatismo de soluções realidade vivenciada pelos trabalhadores, resultante do lugar que
pragmáticas, tem adotado um programa de ação que vem assegu- ocupam na sociedade produtora de mercadorias, que coloca para a
rando o controle social exigido na manutenção do status quo sem classe trabalhadora a necessidade de livrar-se de toda exploração e
buscar novas estratégias, ao custo do próprio capital, para produzir coisificação para retomar sua humanidade.
opções que possam incluir as possibilidades de desenvolvimento O capital tem mantido determinadamente sua rota, apesar do
humano. enorme sofrimento imposto aos trabalhadores. A opção por cons-
Foi na adoção dessa linha de menor resistência e em obediên- truir saídas conservadoras, assegurando o processo de acumulação
cia a lógica intrínseca de expansão do capital que ocorreu a produ- nas mesmas bases, indica que sem revolucionar a base produtiva
ção e circulação ampliada, uma equação que apareceu dar certo não se altera a distribuição da riqueza socialmente produzida e pri-
até o esgotamento do modelo taylorista-fordista. Com as crises de vativamente acumulada. Neste caso, a experiência pós-capitalista
acumulação e novas exigências da reprodução do capital ocorreu a da ex-URSS é exemplar, pois não bastou converter os meios de pro-
exaustão funcional deste modelo de acumulação. Ante a impossibi- dução em propriedade coletiva sob o controle do Estado se a for-
lidade da abertura de mercados, na mesma lógica da linha de me- ma produtiva permaneceu nos parâmetros do modelo fordista de
nor resistência a saída foi acelerar a velocidade da circulação dentro produção e o mecanismo de assalariamento impediu revolucionar
do próprio círculo de consumo já existente. Vem daí toda produção a exploração do trabalho.
generalizada do desperdício. Para muitos teóricos marxistas que vivem no contexto dessa
Essa estratégia de ampliar as transações já estabelecidas em crise, ressaltando Mészáros, a exploração do trabalho excedente,
detrimento do alargamento do círculo de consumo parece ser aos é o ponto nodal da total impossibilidade da emancipação humana
olhos do capital o caminho mais fácil, não obstante todas as ma- dentro da sociedade capitalista.
zelas que tal opção provoca ao arrancar as pessoas do círculo de O capital no processo de reprodução ampliada tem dado mos-
consumo. Apesar do movimento produzido por esta lógica, da so- tras da sua incrível capacidade de manipulação bem-sucedida tanto
lução de menor custo para o capital, cobrar um elevado custo para do círculo de consumo como da intensificação da extorsão das taxas
o ser humano e para o planeta, essa alternativa só será alterada de mais-valia absoluta, enormemente reforçada pela forma relati-
quando a opção eleita se mostrar totalmente incapaz ao que é re- va. Isso tem ampliado a margem de manobra do capital retardando
querido pela produção/reprodução no processo de recomposição a maturação das suas contradições internas.
do capital. Somente neste momento será buscada outra forma, mas Enquanto as condições recém-criadas pelas reestruturações e
seguindo sempre a mesma racionalidade da linha de menor resis- reformas implementadas prevalecerem, habilitando o capital a uma
tência. (MÉSZÁROS; 2002) nova tentativa de controle graças a uma adequada reconfiguração,
Até lá resta aos capitalistas a administração da crise, deslocan- a linha de menor resistência continua sendo a melhor saída adota-
do as contradições subjacentes às exigências ontológicas do capital da pelo capitalismo em crise. Todavia, mesmo que a forma de admi-
e prevenindo qualquer potencialidade de enfrentamento ou supe- nistrar as crises pareça ser radicalmente nova também vai confluir
ração que possa advir do mundo do trabalho, que possa pôr em para o processo de exaustão das estratégias de reprodução ad eter-
risco o padrão de distribuição adotado. È importante ressaltar que nam do capital. É inegável que, desde algum tempo, o capitalismo,
a adoção da linha de menor resistência não é uma alternativa ape- eficiente explorador e organizador do trabalho, perdeu sua função
nas do capital, o trabalho também tem aderido a essa lógica. Mas, civilizatória e as consequências danosas para a humanidade podem
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ser constatadas por todos os lados. A obsolescência planejada, o limites insuperáveis e reprime o caráter radicalmente ilimitado da
culto ao desperdício, o desemprego estrutural, a miséria humana, a história. A exigência expansionista do capital projeta na forma de
guerra, mostram a notável capacidade do capitalismo de absorver produção e de consumo crescentemente destrutivo, inevitavelmen-
oposições e amortecer contradições mesmo ao custo da irrefreá- te, a crise que exige reordenamentos cada vez mais amiúdes. Na
vel negação da humanidade e da natureza. Mas, ao mesmo tempo, crise atual a estratégia eleita para a recomposição da taxa de lucro
tudo isso pode ser um indicativo do esgotamento das alternativas tem sido a mega ajuda governamental destinada ao salvamento de
que o sistema contava para ampliar-se. Vivemos, talvez, as últimas bancos e empresas e a elevação da extração de mais valia.
batalhas da uma guerra do capital contra o próprio homem. Mas, como observa CHESNAIS (2008b), a amplitude da inter-
Assim, o desafio da situação de desumanização que o homem venção do Tesouro conseguiu que a contração da atividade dos Es-
está submetido, da destruição crescente da natureza se apresenta tados Unidos e a queda nas importações tenha sido até agora muito
irresoluto nos limites de um modo de produção subordinado ao ca- limitada. O problema é saber quanto tempo se poderá ter como
pital. Como já foi explicitada por Marx, e por tantos outros teóricos, único método de política econômica criar mais e mais liquidez.
a realização da exigência ontológica do capital, de contínua expan- Será possível que não há limites a criação de capital fictício sobre
são, exige que qualquer obstáculo, até mesmo o próprio homem, a forma de liquidez para manter o valor do capital fictício já exis-
seja ignorado e suplantado. Por isso, o capital necessita adotar pro- tente? Parece uma hipótese demasiado otimista, e mesmo entre os
cessos de produção cada vez mais destrutivos. economistas norte-americanos, muitos duvidam, pois a estatização
A devastação sistemática da natureza e a acumulação contínua das dívidas implica a criação imediata de mais capitais fictícios para
do poder de destruição – para as quais se destina globalmente uma manter a ilusão de um valor do capital que está a ponto de desapa-
quantia superior a um trilhão de dólares por ano – indicam o lado ma- recer. Crescem os rumores do fim da crise nas análises burguesas,
terial amedrontador da lógica absurda do desenvolvimento do capi- mas Chesnais, no encontro realizado pela revista Herramienta em
tal. Ao mesmo tempo, ocorre a negação completa das necessidades setembro de 2008 fez uma advertência muito adequada aos dias
elementares de incontáveis milhões de famintos: o lado esquecido e atuais: “é prematuro o discurso de que o “que o pior já passou”,
que sofre as consequências dos trilhões desperdiçados. O lado huma- quando o certo é que ‘o pior’ pode ainda estar por vir. O risco de
no paralisante deste desenvolvimento é visível não só na obscenidade minimizar a gravidade da situação reforça a possibilidade de que,
do “subdesenvolvimento” forçado, mas em todos os lugares, inclusive inadvertidamente, estejamos interiorizando também esse discurso
na maioria dos países de capitalismo avançado. O sistema existente de de que, definitivamente ‘está tudo bem’”.
dominação está em crise porque sua raison d’être e sua justificação Para o autor de Para além do Capital, contrariando as expec-
histórica desapareceram, e já não podem mais ser reinventadas, por tativas de Marx, no fim século XX o capital revolucionou formas de
maior que seja a manipulação ou a pura repressão (MÉSZÁROS, 2002). assegurar a acumulação, intensificando a exploração da mais-valia
Riqueza e miséria em coeficientes inimagináveis. Um paradoxo sem ampliar a periferia da circulação. Isso significa que novos limites
autofágico entre o dinamismo expansionista da realização do valor, para a expansão do capital foram postos e as condições objetivas de
sem precedentes históricos, e a crescente incapacidade do capital saturação da estrutura global da reprodução do capital foram qua-
de enfrentar os seus próprios limites. Uma pulsão de contradições litativamente redefinidas. Consequentemente, qualquer tendência,
advindas do imperativo de crescimento e expansão do capital, o fora da linha de menor resistência que aponte para a alternativa
que parece ser, na leitura da classe hegemônica, a única alternativa revolucionária em relação à sociabilidade parece estar, pelo menos
histórica para a humanidade. Essa tem sido a saída, não obstante neste momento, efetivamente bloqueada. Mas, isto não significa,
sua resultante ser a submissão da natureza e do homem aos inte- sob nenhuma hipótese, que a alternativa revolucionária tenha de-
resses da acumulação do capital. saparecido do horizonte da classe trabalhadora. Mesmo porque é a
Como foi mostrada anteriormente, a alternativa do capital aos barbárie a melhor alternativa para a qual mostra a linha de menor
graves problemas gerados pelo processo de expropriação, de apro- resistência. (MÉSZÁROS, 2002)
priação/acumulação e de exclusão do capital, tem sido a adoção de Os capitalistas têm administrado as crises deslocando as con-
medidas emergenciais dentro da lógica da linha de menor resistên- tradições subjacentes às exigências ontológicas do capital e preve-
cia. CHESNAIS (2008b) sintetiza a alternativa adotada pelo capital nindo qualquer potencialidade de enfrentamento ou superação que
para enfrentar seus limites imanentes, em três estratégias utilizadas possa advir do mundo do trabalho, pondo em risco o padrão de dis-
desde as últimas décadas do século passado e que confluíram para tribuição adotado. É importante ressaltar que a adoção da linha de
as condições atuais de aprofundamento da crise. A primeira refe- menor resistência não tem sido uma alternativa apenas do capital,
re-se à liberalização das finanças, do comércio e dos investimentos o trabalho tem aderido, pela ausência de alternativas contrárias ao
que aliados a um processo de destruição das relações políticas per- já estabelecido, a essa lógica. Todavia, a classe trabalhadora pode
mitiu a criação de um mercado mundializado, enquanto um espaço até trilha pela linha da menor resistência, mas certamente esse não
aberto, mas não homogêneo, que amortizou os obstáculos à mobi- será o caminho a ser construído para o futuro. A história mostra
lidade do capital e permitiu a organização do seu ciclo de valoriza- que a opção reformista, mais fácil, tem sido muitas vezes adotada e
ção em escala mundial. A segunda estratégia, localizada no centro que isso tem contribuído também para o adiamento resolutivo dos
do sistema, foi a criação, numa escala sem precedentes, do capital antagonismos do capital.
fictício - e os meios de crédito para ampliar uma demanda efetiva Embora seja inegável a necessidade de ações imediatas no que
compatível. A terceira, historicamente a mais importante para o ca- se refere à distribuição da riqueza, como exigência da miséria pro-
pital, foi a reincorporação, enquanto elementos plenos do sistema duzida pela exploração do trabalho, é indispensável enfrentar a ar-
capitalista mundial, da União Soviética e seus satélites, e da China. madilha estéril e enganadora de teses que se esgotam nos marcos
Foi essa alternativa, e suas diversas estratégias, que trouxe a do capital, como a do distributivismo, adotando-as como a saída
humanidade a uma condição cada vez mais limitada ao imperati- para as mazelas sociais do capitalismo dentro dos limites do próprio
vo da reprodução do capital que aprisiona tudo e todos em seus capital.
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Para os trabalhadores o problema da distribuição deve estar construção do futuro da humanidade. É urgente fazer ruir teórica e
ligado à necessidade de revolucionar a produção no sentido dos praticamente o mito, tão propagado pelo pessimismo-otimista da
interesses humanos, caso contrário será mais uma estratégia, dos burguesia, da falta de alternativas frente ao capital, pois para
trabalhadores, de adoção da linha de menor resistência. O anta- além da doxa paralisante da negação de alternativas, a questão
gonismo fundado no e pelo capital base da riqueza e da barbárie é: qual alternativa40?
do mundo de hoje, aponta indubitavelmente para a exigência de
mudanças estruturais, não apenas do padrão de distribuição, mas Reprodução da Violência e da Desigualdade Social
no modo de produção, na totalidade social. Obviamente o interes- A violência permeia a história da humanidade desempenhando
se de revolucionar essa situação não pode ser dos capitalistas. É a papéis importantes e variados nas diferentes formas de relação e
realidade vivenciada pelos trabalhadores, resultante do lugar que organização social. É um tema controverso que vem ganhando cada
ocupam na sociedade produtora de mercadorias, que coloca para a vez mais espaço, tanto pelo seu agravamento na contemporanei-
classe trabalhadora a necessidade de livrar-se de toda exploração e dade, quanto por sua interferência na vida cotidiana dos homens.
coisificação para retomar sua humanidade. Constitui-se em um fenômeno real, complexo e multifacetado que
O capital tem mantido determinadamente sua rota, apesar do assume configurações específicas na sociedade capitalista, as quais
enorme sofrimento imposto aos trabalhadores. A opção por cons- tem sido objeto de frequentes intervenções do Estado por meio de
truir saídas conservadoras, assegurando o processo de acumulação políticas públicas, com enfoque especial para as chamadas “violên-
nas mesmas bases, indica que sem revolucionar a base produtiva cia urbana” e “violência doméstica”.
não se altera a distribuição da riqueza socialmente produzida e pri- Entendemos, porém, que as diversas formas de objetivação
vativamente acumulada. Neste caso, a experiência pós-capitalista da violência na sociedade contemporânea não podem ser apreen-
da ex-URSS é exemplar, pois não bastou converter os meios de pro- didas isoladamente. Uma perspectiva de compreensão do tem em
dução em propriedade coletiva sob o controle do Estado se a for- sua totalidade exige antes de tudo uma análise da sociedade ca-
ma produtiva permaneceu nos parâmetros do modelo fordista de pitalista, o terreno por onde a violência se produz e reproduz, e a
produção e o mecanismo de assalariamento impediu revolucionar apreensão das relações que se estabelecem entre as variadas
a exploração do trabalho. formas de violência, em especial a violência estrutural.
O fato da classe dominante está atenta às formas de controle é O presente ensaio objetiva então apontar reflexões para uma
o reconhecimento, melhor até que algumas organizações e partidos compreensão mais profunda do tema, em especial da violência es-
representativos dos trabalhadores, que a classe trabalhadora não trutural, entendendo esta como ponto de partida para a compreen-
se transformou em massa amorfa de consumidores sem potencial são da violência na sociedade contemporânea.
luta. MÉSZÁROS quando reflete sobre o desafio e o fardo do tem-
po histórico lembra que Marx escreveu em uma de suas primeiras Caráter Ontológico-social da Violência na História Humana
obras que a “produção de novas necessidades constitui o primeiro Na busca pela apreensão do tema em sua totalidade, consi-
ato histórico”, e conclui que: deramos a violência como categoria ontológico-social diretamente
Nesse sentido, preconizam-se agora atos históricos importan- ligada a produção e reprodução da vida humana. Segundo Barroco
tes porque é impossível responder com êxito ao desafio e ao far- (2007) as categorias são modos de ser objetivos, expressam o pro-
do do nosso tempo histórico sem a criação e a consolidação das cesso de (re) produção do ser social na história, sendo o trabalho a
necessidades capazes de assegurar não apenas a sobrevivência da categoria ontológica central já que, como apontou Marx, é este o
humanidade, mas também seu desenvolvimento positivo no futu- fundamento ontológico social do ser social, pois permite o desen-
ro. Assim, como conclusão, consideremos suficiente a indicação dos volvimento de mediações que instituem a diferencialidade do ser
novos atos históricos absolutamente necessários sob a urgência do social face de outros seres da natureza. É por meio do trabalho que
nosso tempo para a criação de duas necessidades vitais das quais o homem transforma a natureza e a si mesmo, que institui modos
outras se seguirão naturalmente. A primeira é a necessidade de de relação social, que realiza a práxis, enquanto atividade criadora
adotar a economia responsável em nosso sistema produtivo, que só e transformadora, e é em relação práxis que se encontra o sentido
a alternativa socialista hegemônica ao modo de controle sociome- ontológico da violência, como um atributo também exclusivamente
tabólico do capital pode proporcionar. E a segunda é a busca cons- humano.
ciente da determinação de superar – de uma forma historicamente Vázquez (1977), ao abordar a relação entre violência e práxis,
sustentável – a conflitualidade/adversidade antagônica endêmica refere-se a violência como elemento intrínseco à práxis, já que am-
ao sistema do capital e que produz destruição em última instância bas pressupõem a alteração de uma determinada ordem. Segundo
incontrolável em uma escala potencialmente catastrófica. (MÉSZÁ- o autor, o homem, para manter sua legalidade propriamente huma-
ROS, 2007). na, necessita violentar uma legalidade exterior, ao contrário do ani-
Não é possível continuar fascinado diante de uma realidade mal que se submete a uma ordem estabelecida passivamente sem
que aponta, não apenas para a da autodestruição do próprio sis- poder alterá-la. “A humanização da natureza nada mais é do que
tema do capital, mas, também, para a possibilidade concreta de um processo pelo qual o homem lhe impõe uma lei a ela estranha,
destruição da própria humanidade. O que Fazer? Continua sendo a uma lei humana, forçando ou violentando sua legalidade natural”
pergunta mais urgente e lúcida que desafia a classe trabalhadora na (VAZQUEZ, 1977).
luta contra a exploração do capital e pela emancipação humana. A A violência significa, assim, um meio ou “elemento indispen-
alternativa a ser construída pela classe dominada passa necessaria- sável” para a realização da práxis e se manifesta onde o natural ou
mente do esforço da crítica à realidade e à consciência contingente o humano resiste ao homem, é, enfim, um elemento necessário à
que se forma a partir dela articulada a uma prática coerente dire-
cionada para além do capital. Nessa direção cabe, também, refle-
tir acerca do papel da educação nesse processo de ruptura para a 40 FURTADO, B.
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transformação. Em sentido amplo, a violência está relacionada à A violência nesse processo existiu como um meio e até como
destruição ou alteração de uma ordem natural ou humana, é exata- consequência da instauração dessa nova ordem societária, que traz
mente a alteração da estabilidade, imobilidade ou identidade. intrínseca a si a subordinação do homem ao capital. Dessa forma,
Existem diferentes formas de violência, Vásquez diferencia parece-nos claro que para compreender a violência em sua comple-
a violência nas práxis produtiva e artística da violência na práxis xidade é preciso ir além de suas manifestações aparentes, enten-
social. Na práxis produtiva e artística, o humano se opõe ao não dendo seus processos de produção e reprodução nesta organização
humano, a matéria, a práxis, nesse caso, enfrenta limites, mas não social determinada. É preciso antes de tudo entender a forma como
enfrenta uma antipráxis. Já na práxis social, o homem não é apenas as relações sociais se tecem na sociedade burguesa.
sujeito, mas também objeto da ação. Trata-se da práxis como ação Apesar tratar-se de um fenômeno que muitas vezes se
de seres humanos sobre outros, não tanto no que tange ao seu ser manifesta na esfera individual, a violência não fica restrita a ela,
físico, mas especialmente ao seu ser social e às relações sociais que e mesmo que imediatamente esteja ligado apenas àqueles indiví-
se constituem. “A práxis social tende à destruição ou alteração de duos que violentam ou são violentados, não podemos nos esquecer
uma determinada estrutura social constituída por certas relações e de que se tratam de seres sociais inseridos em processos sociais
instituições sociais”. reconstruídos em dadas condições históricas. Assim, mesmo que
Nesse caso, a práxis esbarra no limite oferecido pelos in- apareça inicialmente como fenômeno individual, “é um complexo
divíduos e na sua capacidade maior de resistência e possibilidade social potencializado por indivíduos sociais” (SILVA, 2008A, p.3).
de uma antipráxis, junto à violência que acompanha a práxis está Como complexo social, imbricado a dinâmica das próprias re-
a contraviolência dos que se opõem a ela, assim a “violência está lações sociais em condições históricas determinadas, a violência
tanto no sujeito como no objeto e acompanha tanto a práxis como não pode ser enquadrada em um conceito, seu estudo requer o
a antipráxis, tanto a atividade que objetiva subverter a ordem esta- desvelamento das múltiplas determinações que a influenciam, ou
belecida como a que visa conservá-la. mesmo a produzem, seja de forma direta ou indireta. Nessa pers-
Nessa perspectiva, a violência aparece nas relações sociais pectiva, entendemos que se faz essencial considerá-la em sua in-
tanto como forma de transformação dessas relações, quanto como serção no mundo capitalista. Não pretendemos afirmar assim, que
modo de dominação, coerção e manutenção de uma determinada toda violência deriva do capitalismo, mas que, no mínimo, “a ordem
ordem. Vincula-se, na história humana, à criação e à transforma- do capital oferece o terreno sócio histórico e as condições objetivas
ção da própria sociedade, possuindo um papel importante, seja no para a materialização de todo e qualquer processo violento (por
sentido revolucionário, contribuindo para subverter a ordem esta- mais pontual que pareça)”.
belecida, seja para conservá-la. A violência desempenha “o papel
de parteira de toda velha sociedade, que traz em si uma nova” (EN- Configurações da Violência Estrutural e sua Naturalização na
GELS, 1976, p.188). Sociedade Capitalista Contemporânea
Isso não significa, contudo, considerá-la como elemento his- Recorrendo aos estudos de Marx sobre a acumulação ca-
tórico fundamental sobre o qual se desenvolvem as relações de pitalista, temos que “produzir mais valia2 é a lei absoluta deste
dominação, é possível atribuir papéis positivos e negativos para a modo de produção”, e se a mais valia é produzida a partir do traba-
violência, a questão não está então na violência em si, mas na sua lho, temos então este como elemento essencial à acumulação. Mas
inserção e função em determinada sociedade. não qualquer trabalho, e sim o trabalho em condições alienadas,
Engels (1976), em seu texto “teoria sobre violência”, afirma que em condições de ser explorado ao máximo, desprovido de suas po-
toda a evolução da sociedade e, em especial da sociedade burgue- tencialidades emancipadoras, de forma que os indivíduos não con-
sa, tem como base as relações econômicas; assim, a violência é, na sigam mais se reconhecer como sujeitos. O trabalho “se converte
história humana, o meio, enquanto a vantagem econômica é o fim. em algo que não diz respeito aos indivíduos singulares, o próprio
A violência é então determinada pelo estado econômico e não o indivíduo se torna objeto e os objetos passam a valer como coisas”.
contrário. Não é a violência que determina a organização social ou O estranhamento do sujeito em relação ao seu trabalho retira
mesmo as formas de opressão de uma classe sobre outra, e sim o do homem suas possibilidades de emancipação, ele não é mais ca-
“estado econômico”, “o poder econômico” que tece relações que se paz de se reconhecer no que produz ou mesmo de reconhecer o seu
utilizam da violência. trabalho no que é produzido. Se por um lado o trabalho é essencial
A violência exige condições concretas para sua materialização, para o capitalista, por outro é primordial que o capital tenha domí-
necessita de instrumentos que devem ser produzidos, de forma que nio sobre ele, ou seja, apesar da acumulação de capital depender
“o produtor dos mais perfeitos instrumentos de violência, que do trabalho, a sociedade do capital não pode ficar submetida ao tra-
são as armas, triunfa sobre o produtor dos mais imperfeitos”. balhador, sob pena de deixar de existir. O capitalista, para garantir
Nas relações sociais, então, o aparecimento da violência está sua finalidade maior, o lucro, precisa ter o domínio das relações de
ligado a fatores objetivos, como o surgimento da propriedade pri- produção e isso só é possível quando a única forma de subsistência
vada e a divisão em classes sociais. Examinando a transição da so- do proletariado é a venda de sua força de trabalho e quando são
ciedade feudal para a sociedade burguesa, observamos que esta retiradas todas as suas possibilidades de autonomia ante o capital.
se deu pela via econômica, quando a burguesia tornou-se dema- Para manter a exploração, então, é necessário que o capital te-
siadamente poderosa economicamente com a evolução das forças nha total controle sobre o trabalho e uma forma de manter esse
produtivas e a nobreza perdeu suas funções sociais. E ainda de uma controle é a existência de uma população excedente, vulnerável, a
maneira inteiramente econômica, a sociedade burguesa deu ori- qual Marx denomina “exército industrial de reserva”, que permite
gem a uma nova classe, a qual surgiu mesmo contra a sua vontade, que a classe trabalhadora fique disponível às oscilações e necessi-
o proletariado. dades do mercado. Essa população trabalhadora excedente “pro-
porciona o material humano a serviço das necessidades variáveis de
expansão do capital e sempre pronto para ser explorado”
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Esse exército industrial de reserva permite ao capital dispor do perestrutura), a qual corresponde a determinadas formas de cons-
trabalhador em graus maiores ou menores de exploração, confor- ciência social. Surge a partir das condições específicas de produção
me lhe convier, garantindo que ele esteja firmemente acorrentado e reprodução da questão social, envolvendo aspectos econômicos,
ao capital. A acumulação de riqueza exige ao mesmo tempo, e in- políticos e ideológicos. Relaciona-se com o acesso (ou não acesso)
versamente, a acumulação da miséria: aos direitos sociais, bem como a mercantilização das relações hu-
A magnitude relativa do exército industrial de reserva cresce, manas. (SILVA, 2005)
portanto, com as potências da riqueza, mas, quanto maior esse Historicamente, temos períodos em que as sequelas da ques-
exército de reserva em relação ao exército ativo, tanto maior a tão social agravam-se, especialmente para as parcelas mais pobres
massa da superpopulação consolidada, cuja miséria está na razão da classe trabalhadora, e outros que parecem se atenuar trazendo
inversa do suplício de seu trabalho. E ainda, quanto maiores essa a ilusão de que o sistema pode ser mais “humanizado”, sendo mais
camada de lázaros da classe trabalhadora e o exército industrial de sutil em suas “consequências aos pobres”, contudo é fato histórico
reserva, tanto maior, usando-se a terminologia oficial, o pauperis- que as crises do capital são cíclicas e junto com elas sua necessida-
mo. Esta é a lei geral absoluta da acumulação capitalista. de de intensificar os níveis de exploração, ou seja, no caso da pobre-
A condição de existência do trabalhador é em si precária, uma za, “o aumento ou diminuição da massa de indigentes refletem as
vez que ele precisa vender sua força de trabalho para garantir mudanças periódicas do ciclo industrial” (MARX, 2006).
sua sobrevivência e seu trabalho contribui sempre para aumentar O capitalismo é inerentemente violento, especialmente em
a riqueza alheia, assim, por mais que trabalhe, só consegue trazer seus períodos de crises e depressões, quando não mede esforços
para si e para sua família o essencial para “sobreviver”, e mesmo para garantir sua expansão, já que a lei natural do mercado, como
aquele considerado com “melhor remuneração” dificilmente terá afirma Mészáros, “traz consigo o inelutável resultado de que os
condições de desvencilhar-se das amarras do sistema. Marx, ao ci- graves problemas sociais necessariamente associados à produção
tar o pastor anglicano Townsed, ilustra essa máxima da sociedade e à concentração do capital jamais são solucionados, mas apenas
capitalista: adiados” (2002).
“O trabalho obtido por meio de coação legal exige grande dose Na contemporaneidade, a subordinação da sociabilidade hu-
de aborrecimentos, violência e barulho, enquanto a fome pressio- mana às coisas retrata um desenvolvimento econômico que se tra-
na pacífica, silenciosa e incessantemente e, sendo o motivo mais duz como barbárie social. Em tempos de “capital fetiche4”, como
natural para a diligência e para o trabalho, leva a que se façam os denomina Iamamoto (2008), verificamos a condensação e o agrava-
maiores esforços”. mento da alienação, da invisibilidade do trabalho e a radicalização
As necessidades, ou a insatisfação delas, são o motor da explo- das expressões da questão social. E se o que vale é a lógica capita-
ração. A existência de uma superpopulação de supérfluos e a con- lista, então aqueles sujeitos que não têm utilidade para o mercado,
denação de uma parte da classe trabalhadora a ociosidade forçada não produzem e não consomem, não possuem valor social e por
e, consequentemente, a uma condição miserável, é a garantia da isso acabam tendo sua humanidade negada, bem como seus direi-
manutenção do controle do capital e fonte de enriquecimento dos tos mais fundamentais41.
capitalistas. Outra citação no texto de Marx ilustra essa questão:
Nos países onde a propriedade está bem protegida, é mais fácil
viver sem dinheiro do que sem pobres, pois quem faria o trabalho? QUESTÕES
(...) Se não se deve deixar os pobres morrerem de fome, não se lhes
deve dar coisa alguma que lhes permita economizarem. (...) Os que
ganham sua vida com o trabalho quotidiano só tem como estímulo 1.(VUNESP - 2015 - Aluno-Oficial (PM SP)
para prestar seus serviços suas necessidades. Por isso, é prudente Muitos sociólogos pesquisaram extensivamente a respeito das
mitigá-las, mas seria loucura curá-las. consequências potenciais da divisão do trabalho – tanto para os tra-
Cabe ao capitalismo manter a classe trabalhadora subjugada balhadores em termos individuais, quanto para toda a sociedade.
aos seus ditames para garantir sua sobrevivência e isso é feito não Para Karl Marx, a industrialização e o assalariamento dos trabalha-
pelo uso da força, a coação se dá pela produção e reprodução da dores resultaram na
miséria. E essa é uma das formas mais cruéis de violência, uma (A) especialização do trabalho, conduzindo à profissionalização
violência produzida pela própria estrutura social que se desdobra e ao desenvolvimento de novas identidades sociais.
numa série de outras que permeiam o cotidiano do trabalhador e (B) autonomia dos trabalhadores pela condição de assalariamen-
são naturalizadas pela sociedade. to, que os liberta das relações servis existentes no mundo rural.
É a violência da miséria, da fome, da prostituição ou das (C) socialização dos trabalhadores que, concentrados em um mes-
enfermidades, que já não é a resposta à outra violência potencial mo ambiente, desenvolvem relações de cooperação e solidarieda-
ou em ato, mas sim a própria violência como modo de vida porque de superiores às existentes nas outras esferas da vida social.
assim o exige a própria essência do regime social. (D) alienação entre os trabalhadores, pela perda do controle
A miséria, a pobreza e a precariedade das condições de vida do seu trabalho, sendo obrigados a desempenharem tarefas
de uma grande parcela da população são produto desse modo de monótonas, de rotina, que despojariam seu trabalho do valor
produção e condição para manter a riqueza. Essa violência estrutu- criativo intrínseco.
ral, ou como apontou Vásquez, a naturalização da violência “como (E) ideologização do trabalho, que passa a ser visto como ca-
modo de vida”, está relacionada então, à imposição de regras, valo- minho para superação das limitações humanas e redenção dos
res e propostas, muitas vezes considerados naturais e necessários, indivíduos.
que constituem a essência da ordem burguesa e se materializam
envolvendo tanto a base econômica, por onde se organiza o modelo
societário (a estrutura), quanto sua sustentação ideológica (a su- 41 ROS, A. C. P.
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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

2.(VUNESP - 2014 - Aluno-Oficial (PM SP) 5.(VUNESP - 2014 - Aluno-Oficial (PM SP)
Na análise de Max Weber, o que determina a posição de classe Por que entre os animais só existe sociedade, e não existe cul-
de um indivíduo é: tura?
(A) posse de bens, nível de escolaridade e habilidades técnicas. (A) Pela impossibilidade de viverem coletivamente; criam re-
(B) nível de renda, religião e filiação partidária. gras de convívio social que não são passadas para os descen-
(C) nível de consumo, propriedade da terra e habilidade ma- dentes.
nual. (B) Porque o instinto animal impossibilita o desenvolvimento
(D) religião, hábitos e nível de renda. da simbolização, portanto não criam regras de convívio social.
(E) religião, filiação partidária e nacionalidade. (C) Por serem os animais regidos pela capacidade de simboli-
zação; criam regras flexíveis que impedem o estabelecimento
3.(VUNESP - 2014 - Aluno-Oficial (PM SP) de tradições.
O que significa olhar o mundo sob a perspectiva sociológica? (D) Porque os animais não possuem a capacidade de simboli-
zação da vida social nem uma tradição viva passada de geração
em geração.
(E) Pela possibilidade de criar um sistema de símbolos entre-
laçados entre si que definam seu padrão de comportamento,
transmitido de geração em geração.

6.(VUNESP - 2013 - Aluno-Oficial (PM SP)


O etnocentrismo como uma postura que avalia os outros a
partir dos valores de sua própria cultura está associado a práticas
(A) Considerar as nossas pré-noções sobre o social como ex- sociais de
pressão da verdade. (A) integração cultural, desenvolvimento social e participação
(B) Desenvolver um olhar de estranhamento para a realidade a política.
fim de percebê-la como construção social. (B) diálogo inter-religioso, desenvolvimento cooperativo social
(C) Reconhecer a ausência de nexo explicativo entre as vidas e participação comunitária.
individuais e a realidade social. (C) integração cultural, xenofobia e desigualdade social.
(D) Desenvolver um olhar de naturalização da sociedade, pois o (D) intolerância étnica, intolerância religiosa e violência social.
mundo e as coisas que nos cercam sempre foram assim. (E) tolerância inter-étnica, igualdade social e democracia.
(E) Desenvolver um olhar de neutralidade para realidade, para
a formação de pré-noções sobre o social. 7.(VUNESP - 2015 - Aluno-Oficial (PM SP)
O conceito de identidade social se tornou central na Sociologia
4.(VUNESP - 2015 - Aluno-Oficial (PM SP) nos últimos anos, por possibilitar a compreensão de quem somos e
Leia o texto a seguir. quem são as outras pessoas.
Falar da contribuição das raças humanas para a civilização
mundial poderia assumir um aspecto surpreendente numa coleção
de brochuras destinadas a lutar contra o preconceito racista. Resul-
taria num esforço vão ter consagrado tanto talento e tantos esfor-
ços para demonstrar que nada, no estado atual da ciência, permite
afirmar a superioridade ou a inferioridade intelectual de uma raça
em relação a outra […].
(Claude Lévi-Strauss. Raça e História. 3ª Edição. Lisboa, Edito-
rial Presença,1980. Adaptado)

O que determina a diferença cultural entre os povos?


(A) Herança genética.
(B) História cultural.
(C) Variação do ambiente físico.
(D) Traços psicológicos inatos. Sobre a formação da identidade social dos indivíduos, é correto
(E) Relativismo cultural. afirmar que é formada
(A) por processos contínuos de interação social.
(B) na socialização primária dos indivíduos.
(C) na inserção do indivíduo no mercado de trabalho.
(D) pelo olhar que o indivíduo tem de si mesmo.
(E) pela identificação com as ideologias políticas existentes na
sociedade.

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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

8.(VUNESP - 2019 - Aluno-Oficial (PM SP) A violência é definida como o uso intencional da força física ou
A violência de todos os tipos está fortemente associada a de- do poder contra si mesmo, outra pessoa, um grupo ou uma comu-
terminantes sociais como governança fraca, Estado de Direito frágil, nidade.
normas culturais, sociais e de gênero, desemprego, desigualdade A violência simbólica pode ser definida como
de renda e de gênero, mudanças sociais rápidas e oportunidades (A) toda forma de ameaça que indique probabilidade de causar
educacionais limitadas. Em conjunto, esses fatores criam um am- lesão física.
biente social que leva à violência e, na falta de esforços para en- (B) o tipo de violência em que se usa do poder de persuasão
frentá-los, torna-se difícil alcançar ganhos na prevenção sustentada contra outra pessoa.
da violência. Assim sendo, qualquer estratégia abrangente para a (C) o tipo de violência que não causa a morte, mas atenta con-
prevenção da violência juvenil deve identificar maneiras para miti- tra a integridade física dos indivíduos.
gar ou amenizar esses riscos. (D) toda forma de violência que envolva grupos organizados.
(Organização Mundial da Saúde – OMS. Prevenindo a violên- (E) o tipo de violência em que o agressor destrói os bens da
cia juvenil: um panorama das evidências. p. 18. Disponível em: vítima.
http://nevusp.org/wp-content/ uploads/2016/10/Prevenindo-
-a-viole%CC%82ncia-juvenil-Pt-Br-1.pdf) 10.(VUNESP - 2012- Aluno-Oficial (PM SP)
A partir das colocações do texto, é correto afirmar que A ECO-92 trouxe de inédito a emergência de uma vigorosa so-
(A) os fatores socioeconômicos causadores da violência juvenil ciedade civil e de organizações não governamentais em torno da
devem ser prevenidos por políticas públicas. criação de uma nova consciência ecológica. Nessa frente de luta,
(B) os índices de violência juvenil na sociedade contemporânea temas como a Guerra Fria foram substituídos pelas preocupações
não estão associados a fatores socioeconômicos. ambientais e pela defesa dos Direitos Humanos. 20 anos depois,
(C) a violência juvenil envolve fatores cuja difícil identificação durante a Rio+20, notou-se que
impede traçar estratégias repressivas eficazes. (A) permanece a disputa de poder entre Leste e Oeste, conhe-
(D) a política de repressão da violência juvenil deve operar in- cida como “Guerra Fria”.
dependentemente dos fatores sociais que a promovem. (B) o muro de Berlim ainda está de pé, marcando a divisão en-
(E) a diminuição dos índices de violência juvenil será alcançada tre Ocidente e Oriente, capitalismo e socialismo.
implementando políticas públicas repressivas. (C) a União Soviética é parte do G20 – o grupo de 20 países
mais poderosos do mundo.
9.(VUNESP - 2013 - Aluno-Oficial (PM SP) (D) as questões ambientais já estão no centro da agenda mun-
Leia o texto a seguir. dial e seduziram novas gerações.
“E necessário contrapor-se a tal ausência de consciência, é (E) os direitos humanos mostraram-se “privilégios de bandi-
preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados sem refletir a dos”.
respeito de si próprias.”
(Theodor Adorno. Educação após Auschwitz. Disponível 11.(VUNESP - 2010- Aluno-Oficial (PM SP)
em: https://ead.ufrgs. br/rooda/biblioteca/abrirArquivo. A globalização dos mercados tem estimulado a migração entre
php/.../11142.pdf. Acesso em 18.05.2013) países muito diferentes, agravando os chamados choques culturais.
Compreender cientificamente o conceito de cultura, básico para a
formação do pensamento sociológico, tornou-se crucial para aque-
les que lidam com conflitos e problemas sociais. Sobre a relação
entre os indivíduos e sua cultura, é possível afirmar:
(A) são portadores de cultura apenas os intelectuais e os cien-
tistas, já que passam a vida acumulando conhecimentos.
(B) a cultura é construída socialmente e, nesse sentido, todos
os indivíduos praticam e possuem a cultura do seu grupo.
(C) todos os seres humanos possuem cultura, com exceção dos
indígenas e caboclos, que vivem nas florestas em equilíbrio
com a natureza.
(D) os indivíduos socializados na chamada cultura ocidental são
mais inteligentes, porque vivem uma cultura superior a todas
as outras.
(E) os indivíduos não necessitam da cultura para se humaniza-
rem, uma vez que herdam as características biopsíquicas dos
seus pais.

Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wiki-


bully.jpg?uselang=pt-br. Acesso em 16.06.2013)

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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

12.(VUNESP - 2012- Aluno-Oficial (PM SP) 14.(VUNESP - 2015 - Aluno-Oficial (PM SP)
Leia o texto. Leia o texto a seguir.
Historicamente, o mundo insistiu em ignorar o Haiti e sua gran- A televisão se tornou ubíqua e está tão arraigada na rotina da
deza. vida cotidiana que a maioria das pessoas simplesmente a conside-
Ao embargo político e intelectual secular – como definir de ra uma parte integral da vida social. Assistimos TV, falamos sobre
outra forma o ostracismo ao qual foi relegado o Haiti após sua vi- programas com amigos e familiares, e organizamos nosso tempo de
toriosa revolução que culminou com sua independência em 1804? lazer em torno do horário da televisão. A ‘caixa no canto’ fica ligada
– sucederam-se intervenções e ocupações que sempre procuraram enquanto estamos fazendo outras coisas e parece proporcionar um
negar aos haitianos o sentimento do orgulho dos seus feitos; e, por pano de fundo essencial para a vida que transcorre.
fim, o golpe de misericórdia, a imposição de uma agenda ditada (Anthony Giddens. Sociologia. 6a Ed. Porto Alegre: Penso,
pela Guerra Fria, que, entre os anos 1950 e 1980, destruiu o Estado 2012)
haitiano, fragilizou suas instituições, criminalizou os movimentos * Ubíqua – que está ou existe ao mesmo tempo em toda parte;
sociais e arrebentou seu sistema econômico. onipresente
Não foi a interferência americana que destruiu o plantio de Qual o papel da mídia na sociedade contemporânea?
milho e interrompeu as conexões existentes entre o camponês, os (A) A mídia transmite informações sobre a sociedade, contri-
fornos e os consumidores? Ou outra intervenção que promoveu buindo para a redução das desigualdades regionais.
a eliminação do porco crioulo, base econômica de famílias? Ou o (B) A mídia transmite informações e forja valores comuns; ocu-
embargo internacional que promoveu o golpe final nas reservas pa papel estratégico na disseminação do consumismo em nos-
florestais impondo o uso indiscriminado de carvão vegetal? Diante sa sociedade.
da fúria da natureza não cabe outro sentimento que o de uma frus- (C) A mídia transmite informações e conhecimentos imparciais
tração que deita raízes numa história profunda e que subitamente e é responsável pela elevação cultural da nossa sociedade.
pode ganhar cor: o mundo dos brancos nos destruiu; o mundo dos (D) A mídia contribui para a difusão da cultura local e é respon-
brancos diz que quer fazer alguma coisa, mas o que faz, além de sável pela preservação da cultura nacional.
nutrir seus telejornais com fotos miseráveis que só fazem alimentar (E) A mídia contribui para a difusão de conhecimentos social-
a satisfação autocentrada dos países ditos ocidentais? mente produzidos e contribui para elevação da consciência po-
(Omar Ribeiro Thomaz, “O Haiti já estava de joelhos, agora lítica da população.
está prostrado”, Folha de S.Paulo, 14.01.2010. Adaptado)
A partir do texto, é correto concluir que 15.(VUNESP - 2011 - Aluno-Oficial (PM SP)
(A) a história do Haiti está marcada por profundas e cruéis in- O conceito de cidadania se consolidou durante a Revolução
terferências externas. Francesa, associado aos direitos da burguesia. Cidadão era então
(B) a “fúria da natureza” (isto é, o terremoto no Haiti) fez surgir o burguês (proprietário dos bens de produção) do sexo masculino
um sentimento de compaixão entre diferentes etnias. e habitante da cidade. Como decorrência das lutas sociais, o con-
(C) a interferência externa contribuiu para elevar o Estado Hai- ceito se ampliou para se vincular à questão dos Direitos Humanos
tiano e o orgulho de seu povo. – a mais formidável conquista social da humanidade, expressa na
(D) o Haiti não teve um passado do qual os haitianos podem famosa Declaração da O.N.U. em 1948. Como consequência dessa
se orgulhar. ampliação, pode-se afirmar que
(E) o plantio do milho e a criação de porco crioulo salvaram o (A) o Estado, enquanto instituição política, não tem obrigações
Haiti de uma catástrofe. relativas a questões sociais, sendo o cidadão livre para lutar ou
submeter-se às leis do mercado.
13.(VUNESP - 2011 - Aluno-Oficial (PM SP) (B) o conceito de cidadania pouco mudou desde a Revolução
A literatura sociológica registra dramáticas consequências em Francesa, apesar da intensa luta de classes que marcou os sé-
casos de crianças que cresceram sem contato social. Crianças cria- culos XIX e XX nas sociedades do Ocidente.
das por lobos, por exemplo, foram descobertas na Índia, já no sé- (C) cidadão é o habitante da cidade, conforme a etimologia da
culo XX, apresentando comportamentos lupinizados, ou seja, anda- palavra, e se refere ao fato de que nas cidades se goza de mais
vam de quatro, fugiam da luz, uivavam como lobos e não falavam. liberdade do que no campo.
Casos assim são evidências claras (D) cidadão é hoje o habitante de um país, no campo ou na ci-
(A) de que o “homem é o lobo do homem”, como proclamava dade, desde que não seja analfabeto, o que o impede de votar.
um famoso filósofo no século XVII. (E) um bom indicador do grau de cidadania de um país é o cui-
(B) de que alguns povos não amam suas crianças e gostam de dado e a proteção que se dá a crianças, adolescentes e idosos,
atirá-las aos lobos ou a outros animais. categorias frágeis que exigem políticas públicas especiais.
(C) de que o homem não é um animal social como proclamava
Aristóteles, no século IV antes de Cristo.
(D) de que tornar-se humano não depende da cultura, pois já é
determinado pela evolução humana.
(E) da força do processo de socialização, através do qual nos
tornamos humanos, internalizando a cultura.

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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

16.(VUNESP - 2010 - Aluno-Oficial (PM SP) 18.(VUNESP - 2022 - Aluno-Oficial (PM SP)
Em dezembro de 2008, foram celebrados, em quase todos os A ênfase na flexibilidade está mudando o próprio significado do
países, os 60 anos da proclamação da Declaração Universal dos Di- trabalho, e também as palavras que empregamos para ele. “Carrei-
reitos Humanos, pela ONU, que afirma, logo em seu artigo 1.º, a ra”, por exemplo, significava originalmente, na língua inglesa, uma
dignidade do ser humano. Podemos concluir, em relação aos Direi- estrada para carruagens, e, como acabou sendo aplicada ao traba-
tos Humanos, que são aplicáveis: lho, um canal para as atividades econômicas de alguém durante a
(A) ao cidadão honesto, que comprove ser trabalhador, com vida inteira. O capitalismo flexível bloqueou a estrada reta da car-
registro em carteira profissional assinada. reira, desviando de repente os empregados de um tipo de trabalho
(B) a todos os adultos, de ambos os sexos, excluindo-se ado- para outro. A palavra job [serviço, emprego], em inglês do século
lescentes e criminosos, categorias consideradas incapazes de XIV, queria dizer um bloco ou parte de alguma coisa que se podia
discernimento em questões fundamentais. transportar numa carroça de um lado para o outro. A flexibilidade
(C) a todos os homens e mulheres, de qualquer idade, em qual- hoje traz de volta esse sentido arcano de job, na medida em que as
quer espaço, seja público ou privado, empresa ou prisão, hos- pessoas fazem blocos, partes de trabalho, no curso de uma vida.
pital ou clínica psiquiátrica. (Richard Sennett. A corrosão do caráter: consequências pesso-
(D) apenas aos cidadãos que compõem as classes fundamen- ais do trabalho no novo capitalismo, 2015. Adaptado.)
tais (produtivas) da sociedade, as quais contribuem para o de- A flexibilidade e as transformações no trabalho citadas pelo so-
senvolvimento econômico do país. ciólogo Richard Sennett geram
(E) apenas aos cidadãos, em cada país, excluindo-se, portanto, (A) consolidação dos direitos trabalhistas.
estrangeiros, índios e quilombolas. (B) instabilidade ao empregador.
(C) redução de vagas temporárias.
17.(VUNESP - 2019 - Aluno-Oficial (PM SP) (D) vulnerabilidade do emprego.
O Brasil possui uma das dez maiores diferenças salariais do (E) queda das taxas de desemprego.
mundo entre o nível operacional e o alto escalão das empresas, de
acordo com um estudo da consultoria Mercer, que analisou salários 19.(VUNESP - 2014 - Aluno-Oficial (PM SP)
em 75 países. No Brasil, um profissional com um cargo de lideran- Quais são as consequências sociais das transformações no
ça, como gerência ou diretoria de departamento, recebe quase 14 mundo do trabalho nas últimas décadas, marcadas pela intensa ra-
vezes o salário de um funcionário de nível operacional, como ope- cionalização, a introdução de novas tecnologias e flexibilização das
radores de máquinas. Isso faz do Brasil o décimo país com a maior relações de trabalho?
diferença entre um nível e outro. (A) Aumento do poder sindical e redução do desemprego.
(Acessível em https://economia.uol.com.br (B) Erradicação do trabalho degradante e aumento da partici-
/noticias/valor-online/2013/05/28/ brasil-tem-uma-das-maio- pação dos trabalhadores nos lucros das empresas.
res-diferencas-salariais-entre-a-base-e-o-topo.htm) (C) Aumento do desemprego e precarização das condições de
Considerando os dados e as informações do texto, selecione a trabalho.
alternativa correta. (D) Ampliação da gestão participativa e redução dos salários.
(A) Os dados da notícia justificam a concepção de solidarieda- (E) Redução do desemprego e redução dos salários.
de orgânica, sustentando a divisão do trabalho, de acordo com
Émile Durkheim. 20.(VUNESP - 2010 - Aluno-Oficial (PM SP)
(B) A ditadura do proletariado defende a divisão do trabalho Em pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a
entre atividades operacionais e de liderança, inspirada em Karl participação da renda gerada pelo trabalho informal no Brasil caiu
Marx. de 16,9% para 14,9%, entre 2003 e 2008, e o percentual de traba-
(C) As diferenças salariais entre atividades operacionais e de lhadores informais também caiu, de 25,8% para 22,8%. No entanto,
liderança promovem a justiça social, conforme Max Weber. os trabalhadores informais ainda são um contingente expressivo no
(D) As diferenças salariais extremas na remuneração do traba- mercado.
lho estão de acordo com a ética protestante, segundo Émile Assinale a alternativa que caracteriza o trabalho informal.
Durkheim. (A) Os trabalhadores informais possuem registro em carteira de
(E) A divisão do trabalho entre atividades operacionais e de li- trabalho, o que lhes assegura todos os direitos trabalhistas da
derança constitui instrumento de alienação, na perspectiva de legislação em vigor.
Karl Marx. (B) Os trabalhadores informais não possuem carteira de traba-
lho, o que lhes garante o seguro desemprego.
(C) Os trabalhadores informais gozam dos mesmos direitos e
obrigações dos trabalhadores formais.
(D) Os trabalhadores informais não possuem nenhum direito
trabalhista assegurado.
(E) Os trabalhadores informais não podem ser considerados
trabalhadores, uma vez que não contribuem para a Previdên-
cia Social.

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a solução para o seu concurso!
SOCIOLOGIA

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GABARITO
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1 D
______________________________________________________
2 A
3 B ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 A
8 A ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 B
12 A ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 E
______________________________________________________
16 C
17 E ______________________________________________________
18 D ______________________________________________________
19 C
______________________________________________________
20 D
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ANOTAÇÕES
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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA

Fenômenos Meteorológicos:
A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA: OS MECANISMOS DA - Incluem padrões climáticos, como ventos, chuvas,
NATUREZA tempestades e furacões, que são impulsionados pelos diferenciais
de temperatura na atmosfera. Esses fenômenos são parte integrante
do sistema climático global.
Os mecanismos da natureza referem-se aos processos e
fenômenos que ocorrem na biosfera, geosfera, atmosfera e Fenômenos Astronômicos:
hidrosfera, constituindo os sistemas naturais que compõem a Terra. - Incluem eventos como rotação e translação da Terra,
Esses mecanismos são essenciais para a manutenção da vida e para estações do ano, eclipses e marés, que são influenciados pelas
o funcionamento equilibrado do planeta. Aqui estão alguns dos interações entre a Terra, o Sol e a Lua.
principais mecanismos naturais:
Biodiversidade e Evolução:
Ciclo da Água: - A evolução das espécies ao longo do tempo é um mecanismo
- A água está constantemente em movimento na Terra, fundamental que conduz à diversidade biológica. A seleção natural
passando pelos processos de evaporação, condensação, e outros processos evolutivos moldam a vida na Terra.
precipitação, escoamento superficial e infiltração. Esse ciclo é vital
para a distribuição de água em diferentes partes do planeta. Decomposição:
- A decomposição de matéria orgânica por microorganismos
Ciclos Biogeoquímicos: libera nutrientes no solo, contribuindo para a fertilidade e
- Ciclos como o do carbono, nitrogênio, fósforo e outros sustentabilidade dos ecossistemas.
envolvem a movimentação de elementos químicos entre a
atmosfera, biosfera, geosfera e hidrosfera. Esses ciclos são Esses são apenas alguns exemplos dos complexos mecanismos
fundamentais para a manutenção da vida. que caracterizam a natureza. A interconexão desses processos
forma o equilíbrio dinâmico que sustenta a vida na Terra.
Fotossíntese:
- Processo realizado por plantas e algumas bactérias, onde
a luz solar é convertida em energia química para a produção de OS RECURSOS NATURAIS E A SOBREVIVÊNCIA DO HOMEM
alimentos. Esse mecanismo é essencial para a produção de oxigênio
na atmosfera.
Os recursos naturais desempenham um papel fundamental na
Respiração Celular: sobrevivência e no bem-estar da humanidade. Eles são elementos
- Processo em que organismos que consomem oxigênio presentes na natureza que são utilizados pelos seres humanos para
liberam energia a partir da quebra de compostos orgânicos. Esse atender às suas necessidades básicas, desenvolver tecnologias, e
processo contribui para a manutenção do equilíbrio do oxigênio na sustentar suas atividades cotidianas. A relação entre os recursos na-
atmosfera. turais e a sobrevivência humana é complexa e multifacetada. Aqui
estão alguns pontos-chave dessa interação:
Tectônica de Placas:
- Os movimentos das placas tectônicas na crosta terrestre Recursos naturais
causam terremotos, formação de montanhas, vulcanismo e a A economia dos recursos naturais é o ramo da economia que
criação de diferentes formas de relevo. Esses processos moldam a lida com os aspectos da extração e exploração dos recursos naturais
superfície terrestre ao longo do tempo. ao longo do tempo, e a sua optimização em termos económicos e
ambientais.[1] Procura compreender o papel dos recursos naturais
Erosão e Sedimentação: na economia, a fim de desenvolver métodos de gestão mais sus-
- A ação da água, vento, gelo e outros agentes erode a tentável destes recursos para garantir a sua disponibilidade para as
superfície da Terra e transporta sedimentos para outros locais. Esse gerações futuras.
processo é responsável pela formação de vales, deltas e outras O que se conhece por “economia dos recursos naturais” é um
características geológicas. campo da teoria microeconômica que emerge das análises neo-
clássicas a respeito da utilização das terras agrícolas, dos recursos
minerais, dos peixes, dos recursos florestais madeireiros e não ma-
deireiros, da água, todos os recursos naturais reprodutíveis e os não
reprodutíveis.(Maria Amélia Enriquez)
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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA

- Renováveis - São recursos compatíveis com o horizonte de e, sobretudo, boa vontade, podem perfeitamente ajudar a solucio-
vida do homem. nar boa parte dos problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas
Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora. necessidades energéticas de locomoção e bem-estar.

- Não Renováveis - São recursos que necessitam de eras “geoló- - Fontes de Energia.
gicas” para sua formação. Fontes de energia são matérias-primas que direta ou indireta-
Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis (petróleo e mente produzem energia para movimentar as máquinas, os trans-
gás natural). portes, a indústria, o comércio, a agricultura, as casas, etc.

“Um recurso que é extraído mais rápido do que é renovado por O carvão, o petróleo, as águas dos rios e dos oceanos, o vento e
Processos naturais é um recurso não renovável. Um recurso que é certos alimentos são alguns exemplos de fontes energéticas.
Reposto tão rápido quanto é extraído é certamente renovável” (Ire-
ne Domenes Zapparoli). - Energia Renováveis e Não Renováveis
O principal critério para a classificação dos recursos naturais As fontes de energia ou recursos energéticos podem ser classi-
é a capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do ficados em dois grupos: energias renováveis e não renováveis.
tempo humano. Um recurso que é extraído mais veloz do que é
renovado por processos naturais é um recurso não-renovável. Um
recurso que é reposto tão rápido quanto é retirado é certamente
um recurso renovável.

Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos a atual


classificação:
- Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora no geral.
- Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não reprodutí-
veis: minérios, combustíveis.
O estudo da economia dos recursos naturais tem adquirido im-
portância crescente em várias correntes do pensamento econômi-
co, mas a abordagem dominante ainda é a da economia neoclássica
(também chamada de economia convencional).

Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais:


- Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre, bronze;
- Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás; Diferentes fontes de energia: hidrelétrica, eólica, térmica,
- Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais – podem ser solar, nuclear
finitos, a depender do seu grau de utilização
- Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais minérios – - Energias Renováveis
podem ser recuperados, porém em escalas de tempo sobre-huma- Energias renováveis são aquelas que regeneram-se espontane-
nas. amente ou através da intervenção humana. São consideradas ener-
gias limpas, pois os resíduos deixados na natureza são nulos.
Como podemos perceber analisando o breve esquema acima Alguns exemplos de energias renováveis são:
a maioria dos recursos naturais, mesmo os renováveis, podem não Hidrelétrica - oriunda pela força da água dos rios;
ser inesgotáveis, principalmente se forem utilizados de maneira ir- Solar - obtida pelo calor e luz do sol;
responsável e em larga escala. Com isso, talvez o maior desafio, não Eólica - derivada da força dos ventos,
somente dos gestores ambientais, mas de toda a espécie humana, Geotérmica - provém do calor do interior da terra;
seja justamente o de conciliar o desenvolvimento econômico com a Biomassa - procedente de matérias orgânicas;
preservação e conservação do meio ambiente. Mares e Oceanos - natural da força das ondas;
E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utilização de fon- Hidrogênio - provém da reação entre hidrogênio e oxigênio que
tes de energia limpas, baratas e economicamente viáveis, para que libera energia.
sejam atendidas todas as necessidades energéticas da humanidade,
porém, sem prejudicar nem esgotar as reservas naturais, preser- - Energias Não Renováveis
vando-as e conservando-as para as próximas gerações que estão Energias não renováveis são aquelas que se encontram na na-
por vir. tureza em grandes quantidades, mas uma vez esgotadas, não po-
Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia após dia, dem mais ser regeneradas.
em todo o mundo. Painéis solares à base de garrafas PET, biodiges- Têm reservas finitas, pois é necessário muito tempo para sua
tores, moinhos e cataventos geradores de energia eólica, geradores formação na natureza. São consideradas energias poluentes, por-
de energia a partir das ondas do mar, carregadores de celular à base que sua utilização causa danos para o meio-ambiente.
de energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar, compu- Exemplos de energia não renováveis:
tadores que funcionam movidos a pedais de bicicleta, enfim, uma
verdadeira infinidade de ideias inovadoras que, com investimento

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Combustíveis fósseis: como o petróleo, o carvão mineral, o xis- Os rios também são agentes erosivos do relevo, moldando-o
to e o gás natural; ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que resultam da concen-
Energia Nuclear: que necessita urânio e tório para ser produ- tração de água em vales, podem se originar de várias fontes: fontes
zida. subterrâneas (que se formam com a água das chuvas), transborda-
mento de lagos ou mesmo da fusão de neves e geleiras.
- Fontes de Energia no Brasil
A busca por fontes alternativas de energias não poluentes ou Hidrografia brasileira
renováveis tem avançado no mundo. Seja para diminuir a depen- O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que se refere
dência do petróleo, seja para descer os níveis de poluição, o fato é aos complexos hidrográficos, contando com um dos mais comple-
que a busca por diferentes fontes de energia já são uma realidade xos do planeta. Aqui no país, encontramos rios de grande extensão,
no mundo. largura e profundidade, que nascem, em sua maioria, em regiões
No Brasil, o uso do álcool, proveniente da cana-de-açúcar, data que são pouco elevadas, excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns
de 1975, com a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proál- afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. De toda a água
cool), em decorrência da crise do petróleo. Hoje o álcool é também doce que está na superfície do planeta, 8% encontra-se no Brasil e,
usado como aditivo à gasolina. além disso, a maior bacia fluvial do mundo também encontra-se no
Igualmente, o uso e a exploração da energia solar e eólica, vem Brasil, e é a Amazônica.
sendo estimulada ainda que de maneira tímida por parte do gover-
no. Bacias hidrográficas
Percebemos que a fonte energética mais utilizada no Brasil é a Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde acontece a
hidráulica, enquanto a energia solar praticamente não é explorada. drenagem da água das chuvas para um determinado curso de água
Isso pode ser considerado um despropósito, devido ao tamanho do que, normalmente, é um rio. O terreno em declive faz com que as
território e a quantidade de luz solar a que o país está exposto. águas acabem desaguando em um determinado rio, o que forma
uma bacia hidrográfica. Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Ge-
- Transformação ografia e Estatística, existem nove bacias, que são a Bacia do Ama-
As fontes de energias são encontradas na natureza em estado zonas, que é a maior do mundo e encontra-se, mais de sua metade,
bruto, e para serem aproveitadas economicamente devem passar no Brasil; Bacia do Nordeste; Bacia do Tocantins-Araguaia (maior
por um processo de transformação e armazenamento. bacia hidrográfica totalmente situada em território brasileiro); Ba-
A água, o sol, o vento, o petróleo, o carvão, o urânio são cana- cia do Paraguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francisco; Bacia do
lizados pelo ser humano e assim toda sua capacidade de produzir Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste.
energia será explorada.
Os centros de transformação podem ser: Usinas hidrelétricas do Brasil
Usinas Hidrelétricas - a força da queda d’água faz girar as turbi- As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da energia elé-
nas e assim convertida em eletricidade trica produzida no país.
Refinarias de Petróleo - o petróleo é transformado em óleo die- A instalação de barragens para a construção de usinas iniciou-
sel, gasolina, querosene, etc. -se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi após a Segunda
Usinas Termoelétricas - através da queima do carvão mineral e Grande Guerra Mundial (1939-1945) que a adoção de hidrelétricas
do petróleo, obtém-se energia. passou a ser relevante na produção de energia brasileira.
Coquerias - o carvão mineral é transformado em coque, que é Apesar de o Brasil representar o terceiro maior potencial hi-
um produto empregado para aquecer altos fornos da siderurgia e dráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e China), o país importa
indústrias. parte da energia hidrelétrica que consome. Isso ocorre em razão de
que a maior hidrelétrica das Américas e segunda maior do mundo,
Recursos Hídricos a Usina de Itaipu, não é totalmente brasileira.
No Brasil, a maior parte da energia elétrica que chega às casas
e às indústrias, vem das hidrelétricas. Por se localizar na divisa do Brasil com o Paraguai, 50% da pro-
dução da usina pertence ao país vizinho que, na incapacidade de
consumir esse montante, vende o excedente para o Brasil. O Brasil
também consome energia produzida pelas hidrelétricas argentinas
de Garabi e Yaceritá.

A produção de energia elétrica no Brasil é realizada através de


dois grandes sistemas estruturais integrados: o sistema Sul-Sudes-
te-Centro-Oeste e o sistema Norte-Nordeste, que correspondem,
respectivamente, por 70% e 25% da produção de energia hidrelé-
trica no Brasil.

Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica binacional locali-


zada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai

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Principais usinas hidrelétricas do Brasil Usina Hidrelétrica de Tucuruí


Estado: Pará | Rio: Tocantins | Capacidade: 8.370 MW
Usina Hidrelétrica de Itaipu
Estado: Paraná | Rio: Paraná | Capacidade: 14.000 MW

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio


Usina Hidrelétrica de Belo Monte Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW
Estado: Pará | Rio: Xingú | Capacidade: 11.233 MW

Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós


Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 8.381 MW Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira
Estado: São Paulo | Rio: Paraná | Capacidade: 3.444 MW

Usina Hidrelétrica de Jirau


Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW

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Usina Hidrelétrica de Xingó O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro,
Estados: Alagoas e Sergipe | Rio: São Francisco | Capacidade: é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com melhor in-
3.162 MW fra-estrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corumbá, no rio
Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído de
uma área próxima da cidade de Corumbá.

Transporte Hidroviário
O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica na-
vegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos
rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região
não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte
do País mercados produtores e consumidores de peso.
Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista
econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno
aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da constru-
ção de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmente, de
portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as principais
hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná e a
Hidrovia Taguari -Guaíba.

Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso Principais hidrovias


Estado: Bahia | Rio: São Francisco | Capacidade: 2.462 MW
Hidrovia Araguaia-Tocantins
A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no
Brasil. Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável
numa extensão de 1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e
Peixes, em Goiás, e seu potencial hidrelétrico é parcialmente apro-
veitado na Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de
Tocantins de norte a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A
construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor
de transporte intermodal na região Norte.

Hidrovia São Francisco


Entre a Serra da Canastra, onde nasce, em Minas Gerais, e sua
Hidrovias no Brasil foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o “Velho Chico”, como é conhe-
Os últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito cido o maior rio situado inteiramente em território brasileiro, é o
de tornar os rios brasileiros navegáveis. grande fornecedor de água da região semi-árida do Nordeste. Seu
Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível das principal trecho navegável situa-se entre as cidades de Pirapora, em
águas nas barragens das usinas hidrelétricas. Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia, num trecho de 1.300 quilôme-
Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior tros. Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso
em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de me- e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em
nor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre Minas Gerais. Os principais projetos em execução ao longo do rio
devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por visam melhorar a navegabilidade e permitir a navegação noturna.
exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a
navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e
outros. Outro motivo são os rios de planície facilmente navegáveis Hidrovia da Madeira
(Amazonas e Paraguai), os quais encontram-se afastados dos gran- O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita
des centros econômicos do Brasil. do Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permi-
tir a navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As
Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intui- obras ainda em andamento visam baratear o escoamento de grãos
to de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas no Norte e no Centro-oeste.
para superar as diferenças de nível das águas nas barragens das usi-
nas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita no rio Tietê e Hidrovia Tietê-Paraná
da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas. Esta via possui enorme importância econômica por permitir
Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à Ba- o transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato
cia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação da Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros
região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Para-
implantado. O seu significado econômico e social é de grande im- ná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira
portância, pois permitirá um transporte de baixo custo.

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do Paraná com o Paraguai e a Argentina. Para operacionalizar esses localizado na região Norte. Apesar da importância desses aquíferos,
1.250 quilômetros, há necessidade de conclusão de eclusa na re- eles estão sendo afetados pela poluição humana, principalmente
presa de Jupiá para que os dois trechos se conectem. pelas atividades industriais e agrícolas.

Taguari-Guaíba
Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta
é a principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É
operada por uma frota de 72 embarcações, que podem movimen-
tar um total de 130 mil toneladas. Os principais produtos trans-
portados na hidrovia são grãos e óleos. Uma de suas importantes
características é ser bem servida de terminais intermodais, o que fa-
cilita o transbordo das cargas. No que diz respeito ao tráfego, outras
hidrovias possuem mais importância local, principalmente no trans-
porte de passageiros e no abastecimento de localidades ribeirinhas.

Aquíferos no Brasil
Aquífero é uma formação geológica subterrânea que funciona
como reservatório de água. É formado por rochas porosas e per-
meáveis que retém a água da chuva, mas também permite sua
movimentação. Quando a água passa pelos poros das rochas ocor-
re um processo natural de filtragem tornando os aquíferos fontes
importantíssimas de água doce potável que serve como proveitosa
fonte de abastecimento, fornecendo água para poços e nascentes
em proporções suficientes.
AS DESIGUALDADES NA DISTRIBUIÇÃO E NA APROPRIA-
Existem várias formas de classificar os aquíferos, as mais co-
ÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS NO MUNDO
muns são de acordo com o armazenamento da água e tipo de rocha
armazenadora.

Quanto ao armazenamento: As desigualdades na distribuição e apropriação dos recursos


• Livres: possuem uma base impermeável e a superfície livre. naturais no mundo são um tema significativo que envolve ques-
tões sociais, econômicas e ambientais. Essas disparidades podem
resultar de fatores históricos, políticos, econômicos e culturais,
contribuindo para diferentes níveis de acesso e controle sobre os
recursos naturais. Aqui estão algumas das principais dimensões das
desigualdades na distribuição e apropriação desses recursos:

Recursos Naturais Abundantes vs. Escassos:


- Países ou regiões com abundância de recursos naturais, como
petróleo, gás, minerais e terras férteis, muitas vezes têm maior po-
der econômico e político. Isso pode levar a desigualdades signifi-
cativas entre nações ricas em recursos e aquelas que enfrentam
escassez.

Confinados: além da base impermeável, possui uma camada Apropriação por Empresas e Governos:
impermeável acima do aquífero. - A apropriação de recursos naturais muitas vezes é controlada
por empresas multinacionais e governos. Em alguns casos, essas
De acordo com o tipo de rocha os aquíferos podem ser: entidades exploram os recursos sem uma distribuição equitativa
• Porosos: estão associados com rochas sedimentares e solos dos benefícios, resultando em desigualdades socioeconômicas.
arenosos (Representam o grupo de aquíferos mais importantes,
devido ao grande volume de água que armazenam e também por Deslocamento de Comunidades Locais:
serem encontrados em muitas áreas). - A exploração de recursos naturais, como mineração e extra-
• Fraturados: rochas ígneas e metamórficas que possuem fra- ção de petróleo, pode levar ao deslocamento de comunidades lo-
turas abertas que acumulam água. cais. Muitas vezes, essas comunidades enfrentam perda de terra,
• Cársticos: formados em rochas carbonáticas. Podem atingir habitação e modos de vida, enquanto os benefícios econômicos são
grandes dimensões, formando rios subterrâneos. concentrados em mãos externas.

No Brasil, estima-se que existam 27 aquíferos, com destaque


para os dois maiores e mais importantes: o Guarani, situado no
Centro-sul e que se estende por outros países e o Alter do Chão,

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Controle de Áreas Estratégicas: Conservação da Biodiversidade:


- A posse e controle de áreas estratégicas, como fontes de água - A biodiversidade é fundamental para a estabilidade dos ecos-
doce, terras agrícolas férteis e recursos minerais valiosos, podem sistemas. A conservação de áreas naturais, a proteção de espécies
criar desigualdades entre grupos étnicos, comunidades locais e na- ameaçadas e a promoção de corredores ecológicos são estratégias
ções. importantes para preservar a diversidade biológica.

Impactos das Mudanças Climáticas: Eficiência no Uso de Recursos:


- As mudanças climáticas afetam diferentes regiões de manei- - Promover a eficiência no uso de recursos significa minimizar
ras distintas. Países mais pobres, muitas vezes menos responsáveis o desperdício e otimizar o uso de materiais. Isso inclui a adoção de
pelas emissões de gases de efeito estufa, podem sofrer despropor- tecnologias mais eficientes, a redução do consumo excessivo e a
cionalmente com os impactos climáticos, como secas, enchentes e reciclagem para prolongar a vida útil dos materiais.
aumento do nível do mar.
Fontes de Energia Renovável:
Uso de Terras Agrícolas: - A transição para fontes de energia renovável, como solar, eó-
- A distribuição desigual de terras agrícolas pode resultar em lica, hidrelétrica e geotérmica, é crucial para reduzir a dependência
disparidades na produção de alimentos e na segurança alimentar. de combustíveis fósseis e mitigar os impactos negativos nas mudan-
Algumas áreas têm acesso limitado a terras aráveis, enquanto ou- ças climáticas.
tras concentram grandes extensões de terras nas mãos de poucos.
Gestão Sustentável da Água:
Acesso à Água: A gestão sustentável dos recursos hídricos envolve a conserva-
- A disponibilidade e o acesso à água potável também são fon- ção da água, proteção de ecossistemas aquáticos, controle da po-
tes de desigualdade. Algumas regiões enfrentam escassez de água, luição e utilização responsável dos recursos hídricos para garantir o
enquanto em outras, o acesso é controlado por elites locais. acesso a água potável para todos.

Impactos Ambientais Desiguais: Práticas Agrícolas Sustentáveis:


- As comunidades mais pobres muitas vezes enfrentam os - Agricultura sustentável visa a produção de alimentos de ma-
maiores impactos de atividades industriais poluentes, como despe- neira ambientalmente amigável, respeitando os ciclos naturais do
jo de resíduos tóxicos e poluição do ar. Isso contribui para desigual- solo, minimizando o uso de agroquímicos e promovendo a diversi-
dades ambientais e de saúde. dade de culturas.

Para abordar essas desigualdades, são necessárias políticas Desenvolvimento Urbano Sustentável:
globais, nacionais e locais que promovam a equidade na gestão e - Planejamento urbano que integra princípios de sustentabili-
distribuição de recursos naturais, garantindo benefícios justos para dade, incluindo o uso eficiente de espaço, transporte público, áre-
todas as comunidades e minimizando os impactos negativos nas as verdes e gestão de resíduos, é essencial para criar cidades mais
populações mais vulneráveis. sustentáveis.

Educação Ambiental:
O USO DOS RECURSOS NATURAIS E A PRESERVAÇÃO DO - Promover a conscientização e a educação ambiental é fun-
MEIO AMBIENTE damental para cultivar uma mentalidade de respeito pelo meio
ambiente. Isso inclui ensinar sobre a importância da natureza, as
consequências de ações prejudiciais e práticas sustentáveis.
O uso dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente
são temas interconectados e essenciais para garantir a sustenta- Políticas Ambientais:
bilidade a longo prazo do planeta. Enquanto os recursos naturais - Implementar políticas eficazes de conservação e gestão am-
são fundamentais para atender às necessidades humanas, é crucial biental, bem como regulamentações para controlar a emissão de
equilibrar essa utilização de forma responsável, garantindo a pre- poluentes e proteger ecossistemas críticos, é vital para orientar o
servação dos ecossistemas e a qualidade do meio ambiente. Aqui comportamento humano em direção à sustentabilidade.
estão alguns pontos-chave sobre essa relação:
A busca por um equilíbrio entre o uso dos recursos naturais e
Uso Sustentável: a preservação do meio ambiente é uma responsabilidade global.
- O uso sustentável dos recursos naturais envolve a exploração Ações individuais, comunitárias e governamentais são necessárias
de maneira que atenda às necessidades atuais sem comprometer para garantir que as futuras gerações possam desfrutar dos bene-
a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias fícios dos recursos naturais sem comprometer a saúde do planeta.
necessidades. Isso inclui práticas agrícolas sustentáveis, manejo flo-
restal responsável e pesca sustentável.

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A Igreja Católica, para tentar conter a crise, propôs a “Paz de


ESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E POLÍTICA DO Deus” (proteção aos cultivadores, viajantes e mulheres) e a “Trégua
ESPAÇO MUNDIAL: CAPITALISMO, INDUSTRIALIZAÇÃO E de Deus” (na qual os dias para realizar guerras ficavam limitados a
TRANSNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL 90 por ano). Porém, essa intervenção da Igreja não foi suficiente
para conter a crise e a violência feudais.

O capitalismo é um modo de organizar a economia, isto é, a As Cruzadas


produção e a troca de bens e serviços. Uma economia capitalista Como as tentativas anteriores não obtiveram o resultado espe-
reúne três elementos-chave, que a definem: a propriedade privada rado, a Igreja propôs as Cruzadas, uma contraofensiva da cristanda-
dos meios de produção, o mercado de trabalho e a troca de produ- de diante do avanço do Islã. A Europa, que, entre os séculos VIII e
tos num mercado visando ao lucro. XI, não teve condições de reagir contra os árabes, passava a reunir
O capitalismo tem suas raízes na Baixa Idade Média, com o Re- nesse momento as condições necessárias:
nascimento Comercial e urbano, proporcionado pelo aumento po- - Mão-de-obra militar marginalizada e ociosa;
pulacional, pelo contato com outros povos e o início da decadência - Controle espiritual e religioso que a Igreja exercia sobre o ho-
do feudalismo. mem medieval, que o levou a crer na necessidade de resgatar o
De maneira geral podemos classificar o capitalismo em três fa- Santo Sepulcro e combater o infiel muçulmano;
ses distintas: - Poder papal que se fortalecera quando Gregário VII impôs sua
Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se entre os autoridade a Henrique IV, na Querela das Investiduras:
séculos XV e XVIII. É o chamado Mercantilismo. As grandes potên- -A Igreja do Ocidente pretendia a reunificação da cristandade,
cias da época (Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França) ex- quebrada pelo Cisma de 1054;
ploravam novas terras e comercializavam escravos, metais precio- - O desejo do imperador de Constantinopla em afastar o perigo
sos etc. com a intenção de enriquecer. que os muçulmanos representavam;
Capitalismo Industrial: Foi a época da Revolução Industrial. - Para Urbano II, o papa do exílio imposto pela Querela das In-
Capitalismo Financeiro: após a segunda guerra, algumas em- vestiduras, convocar as Cruzadas demonstrava prestígio e autorida-
presas começaram a exportar meios de produção por causa da alta de perante toda a Igreja.
concorrência e do crescimento da indústria. Em 1095, durante Concílio de Clermont, Urbano II convocou a
cristandade para uma guerra santa contra o Islã. Foram realizadas
A baixa Idade média e as mudanças na sociedade Feudal oito Cruzadas, entre 1095 e 1270.
Na Baixa Idade Média, ocorreu a transição para o sistema capi- Apesar da mobilização realizada pelas Cruzadas, elas são con-
talista. Ao mesmo tempo, surgiram novas classes sociais, principal- sideradas um insucesso, que se deve em primeiro lugar ao caráter
mente a burguesia, que auxiliou a realeza no processo de centrali- superficial da ocupação. A presença cristã no Oriente Médio não
zação política. criou raízes entre as populações locais. Outra razão foi a anarquia
A questão fundamental para entender as mudanças durante a feudal, que enfraquecia as colônias militares estabelecidas em ter-
Baixa Idade Média é a crise do feudalismo. A produção feudal era ritório inimigo. A luta fratricida foi uma constante entre as ordens
baseada no trabalho servil, sendo limitada e estática, o que, por sua religiosas e os cruzados latinos.
vez, representava o baixo nível de técnica do sistema feudal.
No século XI, cessaram as ondas invasoras, criando uma certa Consequências das Cruzadas
estabilidade na Europa, além de condições de segurança para o au- As Cruzadas não se limitaram às expedições ao Oriente. Ao
mento da circulação de mercadorias. Houve uma maior redistribui- mesmo tempo, os reinos ibéricos de Leão, Castela, Navarra e Aragão
ção da produção, gerando um crescimento demográfico que não foi começavam a Reconquista da Península Ibérica contra os muçulma-
acompanhado pelo aumento da oferta de empregos e alimentos. nos. A ofensiva teve início com a tomada da cidade de Toledo, em
Com o aumento da circulação de mercadorias e a introdução 1036, e concluiu-se, em 1492, com a tomada de Granada. A vitória
de novos artigos de luxo, os senhores feudais passaram a ter neces- dos italianos sobre os muçulmanos no Mar Tirreno e norte da África
sidade de aumentar as suas rendas. Para obter mais recursos, eles fez com que as cidades italianas iniciassem o seu domínio sobre o
eram obrigados a aumentar as obrigações dos servos, que, pres- Mediterrâneo, lançando as sementes do comércio e do capitalismo.
sionados, partiam para as cidades em busca de uma vida melhor. As relações entre Ocidente e Oriente foram redinamizadas depois
A solução para a crise seria a substituição do regime de trabalho de séculos de bloqueio, e as mercadorias orientais se espalhavam
servil pelo trabalho assalariado, porém essa mudança incentivou a pela Europa. O contato com o Oriente trouxe o conhecimento de
evolução do modo de produção feudal para o capitalista, o que não novas técnicas de produção, fabricação de tecidos e metalurgia.
seria viável num curto período.
Dessa forma, a crise do feudalismo ocorreu pela incapacidade O Renascimento do Comércio
da antiga estrutura econômica de sustentar as mudanças, o que foi As transformações econômicas e sócias entre os séculos XI e
gerando uma nova organização do modo de vida. XIV na Europa foram imensos. A crise do feudalismo acentuou-se,
A crise do sistema feudal deu origem a um processo de mar- principalmente depois das cruzadas. Ao voltarem das batalhas em
ginalização social, quer pela fuga dos servos, quer pelos deserda- terras orientais, os cruzados traziam consigo produtos de luxo,
mentos ocorridos na camada senhorial. Essa marginalização trouxe como tapetes persas, porcelanas chinesas, tecidos finos ou espe-
como consequência o aumento da belicosidade, marcada por assal- ciarias (temperos como cravo, canela e pimenta), que atraíam a
tos e sequestros a ricos cavaleiros. população europeia, proporcionado o Renascimento do Comércio.

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Por haverem estabelecido feitorias nessas regiões mais afasta- O choque entre burguesia e nobreza foi resolvido com a inter-
das, os europeus abriram um novo eixo comercial ligando o Ociden- venção dos monarcas, interessados em submeter a nobreza feudal
te ao Oriente. As principais rotas de comércio eram feitas pelo mar à um poder centralizado.
Mediterrâneo e estavam sob o controle de cidades como Gênova, Como forma de assegurar seu domínio, os monarcas aproxi-
Veneza, Pisa, Constantinopla, Barcelona e Marselha. No mar Báltico maram-se da burguesia, cobrando um imposto nacional. Com o
e no mar do Norte, o domínio ficava por conta de cidades como dinheiro arrecadado através do imposto, o rei passava a dispor de
Hamburgo, Bremen e pela região de Flandres (Países Baixos). recursos para enfrentar e superar a nobreza, centralizando todo o
poder político em suas mãos e fundando o Estado Nacional e tam-
Burgos e burgueses bém o Exército Nacional.
Com a retomada do comércio, muitos europeus deixaram o Durante o processo de formação e centralização do poder, os
campo e foram viver dentro dos burgos - vilas fortificadas com mu- monarcas europeus tiveram que superar, além dos senhores feu-
ralhas, construídas entre os séculos IX e X e posteriormente aban- dais, com seus interesses diversos, as pretensões políticas do Papa,
donadas -, onde esperavam encontrar melhores condições de vida. reivindicador do poder espiritual universal sobre todo o ocidente.
Em pouco tempo, contudo, esses lugares tomaram-se pequenos e Cada Estado Nacional teve suas particularidades durante sua
as pessoas viram-se obrigadas a se instalar do lado de fora de suas formação, que serão apresentadas a seguir.
muralhas.
Essa população, formada principalmente por artesãos, operá- França
rios e comerciantes, acabou dando origem a novos burgos em vá- O processo de centralização do poder teve início durante o
rios pontos da Europa. Seus habitantes, por oposição aos nobres século X, na dinastia capetíngia, sucessora da dinastia carolíngia.
que viviam em castelos, ficaram conhecidos como burgueses. Entre os principais monarcas que buscaram o poder centralizado,
O aumento do comércio e do volume de negociações gerou estavam:
uma nova necessidade: a padronização de unidades de valor. O uso Felipe Augusto (Felipe II – 1180-1223) – O rei aproximou-se da
de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo ou troca burguesia, iniciando a cobrança de impostos e a criação de um exér-
de mercadorias. Com a criação das moedas, surgiram também pri- cito nacional. Através da utilização de seu exército, Felipe combateu
meiras casas bancárias, responsáveis pelas operações de câmbio e a nobreza militar, obtendo vitórias significantes, como a tomada da
empréstimos a juros. Toda essa dinâmica fez com que o dinheiro região da Normandia. Criou cargos de fiscais, conhecidos como bai-
passasse a ganhar importância e a terra e a produção agropecuária lios ou senescais, que percorriam a França, recolhendo impostos e
deixassem de ser a base da riqueza na Europa. fazendo com que a justiça real sobrepujasse a justiça estabelecida
Com o aumento do comércio, e, consequentemente, dos lu- localmente pelos senhores feudais. Também criou as cartas de fran-
cros, os mercadores e banqueiros conquistavam maior status social quia para os burgos e manteve um controle firme sobre a nobreza
e passaram a ansiar pelo poder político. A burguesia ganhava Luís IX (1226-1270) Responsável por fortalecer os tribunais
prestígio e espaço, aproximando-se dos reis e emprestando-lhes reais e pela padronização monetária, estabelecendo uma moeda
dinheiro em troca de medidas políticas favoráveis ao comércio. Ao única para a França. O rei também teve participação na sétima e na
mesmo tempo, os senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, oitava cruzada, onde morreu. Posteriormente foi canonizado pela
muitas delas decorrentes das altas despesas com as Cruzadas. igreja, recebendo o título de São Luís.
Felipe IV, o Belo (1285-1314) Felipe IV gerou atritos com a Igre-
A construção dos Estados Nacionais ja, após estabelecer para o clero o pagamento de taxas. Por suas
A construção dos estados nacionais deu-se a partir de um longo atitudes o rei foi ameaçado de excomunhão pelo papa Bonifácio
processo ocorrido durante a Idade Média. VIII. Buscando uma maneira de fortalecer seu poder, o rei criou a
A transição do feudalismo para o capitalismo foi marcada pelo Assembleia dos Estados Gerais, que reunia alguns representantes
confronto entre a ascendente Burguesia capitalista e a decadente da sociedade francesa: clero, nobreza e trabalhadores (burguesia).
Nobreza feudal. A burguesia, interessada na ampliação de seus ne- Apesar de possuir um caráter apenas consultivo, a assembleia ser-
gócios e, sobretudo, em assegurar para si condições estáveis para via como instrumento de legitimação das ações do rei.
exercê-los, via a nobreza feudal cada vez mais como um obstáculo. Após a morte de Bonifácio VIII, Felipe influenciou na nomeação
Para a nobreza, o poder político fragmentado era vantajoso, do um novo papa, o francês Clemente V. Além da indicação do papa,
pois permitia: o rei transferiu a sede do papado para Avignon, no sul da França.
- A ação de nobres saqueadores, que tornavam incerto o Essa transferência ficou conhecida como Cativeiro de Avingnon, e
comércio, e inseguras as rotas; durou de 1307 a 1377. Em 1341 foi eleito um novo papa, gerando a
- A coexistência de leis e tribunais diversos, dificultando o esta- divisão da cristandade ocidental em dois papados, criando a Cisma
belecimento e cumprimento de contratos; do Ocidente.
- A cobrança de tributos diversos encarecendo a prática do co-
mércio; Inglaterra
- Diversidade monetária, pois cada cidade ou região cunhava A formação do Estado Nacional Inglês tem origem na dinastia
sua própria moeda. Plantageneta, iniciada em 1154 com a chegada de Henrique II ao
trono. O sucessor de Henrique, Ricardo I Coração de Leão, que go-
A nobreza via com desconfiança o crescimento das cidades, vernou entre 1189 e 1199, esteve envolvido com o movimento das
berço de um novo poder e polo de atração para uma população Cruzadas, e não conseguiu estabelecer a centralização do poder.
servil cada vez menos disposta a cumprir as obrigações feudais. Entre suas tentativas, o aumento constante de impostos deixou a
população insatisfeita.

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João-sem-Terra, que governou entre 1199 e 1216, também não Com a centralização e estabilidade política conquistados com a
conseguiu atingir a centralização, cercado por várias guerras que formação dos Estados Nacionais, a exploração de novos mercados e
levaram ao aumento de impostos para financiamento do exército. riquezas tornou-se um objetivo.
A necessidade cada vez maior de recursos levou o rei a confron- Durante a primeira fase do colonialismo, no século XVI, a preo-
tar o papa Inocêncio III. Enfraquecido pela falta de apoio, o rei foi cupação das potencias europeias estava pautado no metalismo
obrigado a assinar a Magna Carta, proposta tanta pela burguesia (acumulação de ouro e prata), no encontro de mercados fornecedo-
quanto pela aristocracia. Essa medida submetia os reis da Inglaterra res de especiarias e outros produtos tropicais e de mercados consu-
à autoridade de um Grande Conselho de Nobres, principalmente midores para os produtos manufaturados europeus. Durante essa
no que dizia respeito à cobrança de impostos. O Parlamento inglês fase a concentração de interesses esteve voltada principalmente
teve sua origem no Grande Conselho. para a América, também chamada de Novo Mundo.
Com a submissão do rei à um Conselho, a centralização do po-
der na Inglaterra tornava-se cada vez mais distante, tendo sido con- O Mercantilismo
cretizada após a Guerra das Duas Rosas, quando a dinastia Tudor O mercantilismo deve ser entendido como a política econômi-
chega ao poder, já no final do século XV. ca do capitalismo comercial, isto é, do período da história econô-
mica no qual a produção é obtida pelo trabalho assalariado (o que
Sacro Império Romano Germânico não ocorre no feudalismo) e a acumulação de capital se dá pela
O Sacro Império Romano Germânico foi criado no século X, atividade comercial.
e correspondia aproximadamente aos atuais territórios da Itália e Entre os componentes essenciais do mercantilismo estão: ba-
Alemanha, mantendo uma estrutura política descentralizada e tipi- lança comercial favorável, monopólio e protecionismo. No início a
camente feudal. balança comercial era o dado mais importante, ficando o monopó-
Apesar da existência de um imperador, o Sacro Império era lio e o protecionismo como instrumentos dela. O monopólio garan-
também residência do papa, e gerava conflitos entre ambos. O tido pelo protecionismo depois ganhou mais destaque, passando a
ápice dos conflitos ocorreu durante o pontificado de Gregório VII constituir o dado essencial do sistema mercantilista – seu elemento
(1073-1085), através do episódio conhecido como Querela das In- definidor.
vestiduras. Após esse episódio, os principados alemães e das cida- O sistema colonial enquadra-se no mercantilismo, constituin-
des do norte da Itália, que tornaram-se praticamente independen- do seu elemento mais importante e favorecendo, tanto o fortaleci-
tes. A unificação tanto da Itália quanto da Alemanha só ocorreria de mento do Estado como a ascensão da burguesia.
fato durante o século XIX. As ideias do mercantilismo como sistema de mercado come-
çam a perder espaço com a revolução industrial, que vai mudar
A Península Ibérica toda a concepção de comércio e produção de mercadorias.
A Península Ibérica foi marcada pelas invasões árabes durante A revolução industrial é um dos momentos de maior impor-
o século VII. Com a expansão do islamismo na península, os grupos tância e influência sobre o modo de vida das sociedades atuais. Ela
cristãos concentraram-se em quatro pequenos reinos: Leão, Caste- marca a passagem e as transformações sociais ocorridas primei-
la, Navarra e Aragão. A partir disso, iniciou-se durante o século XI a ramente na Europa e que se espalharam pelo restante do mundo,
Guerra de Reconquista, que tinha por objetivo expulsar os árabes principalmente a passagem da sociedade rural para a sociedade ur-
da região e restabelecer o cristianismo. bana e a transformação do trabalho artesanal e manufatureiro para
A guerra de reconquista teve fim em 1492, quando a cidade o trabalho assalariado e a organização fabril.
de Granada foi dominada. Durante os conflitos ao longo de mais de A Revolução Industrial normalmente é dividida em três fases:
300 anos, os quatro pequenos reinos foram se expandindo e tam-
bém acabaram por unir-se. O casamento dos “reis católicos”, Isabel A Primeira Fase que vai de 1760 a 1850, predominantemente
de Castela e Fernando de Aragão, em 1479, foi marco no nascimen- na Inglaterra, quando surgiram as primeiras maquinas a vapor;
to da Espanha. A Segunda Fase que vai de 1830 a 1900 e marca a difusão da
Já Portugal teve suas origens na doação de um feudo, feita pelo revolução por países europeus como Bélgica, França, Alemanha e
rei de Leão, Afonso VI, para o nobre francês Henrique de Borgonha, Itália, além dos Estados Unidos e Japão. Durante esse período sur-
que lutou na Reconquista. Em 1139, o Condado Portucalense ad- gem formas alternativas de energia, como a hidrelétrica e motores
quiriu autonomia, através da iniciativa de D. Afonso Henriques, filho de combustão interna, movidos a gasolina e diesel.
de Henrique de Borgonha com D. Teresa. Dessa forma foi fundado o A Terceira Fase começa em 1900, caracterizada pela inovação
reino de Portugal e sua primeira dinastia, a de Borgonha. nas comunicações e o aumento da produção em massa.
Uma das práticas do feudalismo português foi a doação de ter-
ras em caráter não hereditário, feita pelo rei aos nobres. Com a prá- Entre os principais teóricos do capitalismo está o escocês Adam
tica, o rei conseguia manter domínio sobre a nobreza, que dependia Smith, importante pensador da economia que vinha se consolidan-
de sua indicação para adquirir terras. do na Europa. Segundo suas ideias, a riqueza era resultado da atua-
A Guerra dos Cem Anos contribuiu de maneira excepcional ção dos indivíduos que agiam de acordo com interesses próprios,
para a centralização do poder em Portugal. Com os conflitos, as promovendo o desenvolvimento e a inovação.
rotas continentais europeias passaram a cruzar parte do território Segundo suas afirmações, não é da benevolência do padeiro,
português, criando uma vasta atividade comercial. do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jan-
Com um rei forte, uma nobreza controlada e um setor mercan- tar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse.
til a pleno vapor, Portugal atingiu a centralização política antes de Smith defendia que o homem capitalista devia ser completa-
seus vizinhos europeus, com a chegada de D. João de Avis ao trono, mente livre para comprar e vender e que o estado não deveria in-
em 1385. tervir. Assim, a sociedade receberia mais produção de cada uma das
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pessoas que dela fazia parte. A competição livre entre os diversos O pensador afirma que o corpo é a primeira propriedade do
fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas homem. Assim, o homem é, antes de mais nada, proprietário de
também a constantes inovações tecnológicas por conta da ânsia de si mesmo, o que coloca em evidência a ideia da escravidão como
baratear o custo de produção e vencer os competidores. algo desnecessário. Sobre a propriedade da terra, Locke afirma que
Adam Smith influenciou tanto a formação dos estados nacio- no estado de natureza, Deus garantiu a todos a posse comum, e
nais quanto o Direito. Estabeleceu importantes conceitos regedores por esse razão, qualquer um poderia apropriar-se dela e suprir suas
das sociedades capitalistas judaico-cristãs. Descreveu uma socieda- necessidades.
de que não precisava do estado para produzir e para permanecer A legitimidade que Locke concede à propriedade privada, gera-
em equilíbrio. Segundo Smith, o preço da mercadoria seria determi- da na origem pelo direito natural à apropriação, e sujeita a inúmeras
nado pelo mercado, mas o valor da mercadoria seria determinado restrições, só será garantida, de fato e de direito, pela esfera política
pela quantidade de trabalho nela existente. instituída pelo pacto, um pacto de consentimento e confiança, es-
Todos trocariam seus produtos no mercado e não haveria in- tabelecido pela maioria com vista à segurança, que permite a cada
terferência do governo, o qual seria apenas mais um participante membro usufruir por completo daquilo que lhe é próprio: seu corpo
do mercado. Porém, todos os participantes seriam individualistas e e seus bens, entre eles a liberdade.
lutariam por seus próprios interesses.
O governo, nessa concepção, deveria existir para garantir os di- Religião
reitos sobre a propriedade e a harmonia dentro da sociedade, evi- A religião é mostrada como uma alternativa para a consolida-
tando desentendimentos. ção do capitalismo, segundo Max Weber.
Um dos principais críticos do sistema capitalista foi o filósofo A explicação de Weber enfatiza aspectos culturais que permi-
alemão Karl marx. Segundo ele, o capitalismo firmou-se completa- tiram a expansão do capitalismo. Para ele, o desejo pelo acúmulo
mente a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, que teve de riquezas sempre existiu nas sociedades humanas, como no Im-
início na Inglaterra e, a partir de então, foi alcançando os demais pério Romano ou durante as grandes navegações, mas até meados
países europeus. do século XVII faltavam condições sociais que justificassem a sua
Marx divide a sociedade capitalista em duas classes sociais an- perseguição ininterrupta.
tagônicas: a burguesia e o proletariado. Em sua essência, o siste- Como base para sua afirmação, o autor demonstra que a Igreja
ma capitalista era representado pela busca do capital, pelo qual a Católica, por meio da inquisição e outras ferramentas de repressão,
burguesia, que era a classe social dominante através da economia condenava a usura e os lucros dos comerciantes, principalmente
e da posse dos meios de produção concentra o poder. Nessa busca, nos séculos XV e XVI.
esse sistema econômico não vê nenhum impedimento político, mo- O Protestantismo surgiu como uma salvação às práticas co-
ral ou ético para expropriar o trabalhador de todos os seus atributos merciais proibidas pelo catolicismo. A Reforma protagonizada por
humanos. Marx afirma que no processo de produção capitalista, o Lutero, e que ganhou força com Calvino, permitiu a acumulação de
homem se aliena, tornando-se mera peça de engrenagem produti- capital necessária para a formação do sistema capitalista.
va. Ele não é mais dono dos seus instrumentos de trabalho, o ritmo Pelos ideais protestantes, em Lutero e principalmente em Cal-
de produção não é imposto por ele e tampouco domina o processo vino, o trabalho e a acumulação não eram condenados por Deus.
produtivo, ou seja, a divisão do trabalho. A principal consequência Na verdade, esses religiosos colocam o trabalho e a conquista de
desse processo é que o trabalhador não se reconhece no produto riquezas como algo necessário para alcançar a salvação divina, pois
que fez, e assim perde a sua identidade enquanto sujeito. algumas pessoas estariam predestinadas por Deus para alcançar o
sucesso através do trabalho, e seria errado não exercer esses valo-
Propriedade Privada res. Calvino aponta essa riqueza alcançada pelo trabalho como a
A propriedade privada pode ser definida como o direito de usar predestinação divina.
algo de maneira exclusiva, de acordo com os anseios e interesses de Porém, o calvinismo condena as tendências ao prazer e ao
seu dono. Ela deve ser limitada pelo Estado para garantir sua posse gozo, afirmando que os homens devem privar-se de todas as coisas
e continuidade, como também assegurar as liberdades individuais. que não são estritamente necessárias para a sua subsistência ou
A propriedade privada dos meios de produção, é aquela que se para que possa levar um estilo de vida digno e seguro. O calvinismo
constitui pelos meios de trabalho e pelos objetos de trabalho. Os condena tudo aquilo que implique desperdício ou esbanjamento.
meios de trabalho são os instrumentos de produção como máqui- Eles também pregam que a riqueza criada deve ser reinvestida,
nas, equipamentos, ferramentas e tecnologia. deve servir de estímulo para que sejam criadas novas formas de
Considerado o pai do liberalismo, o filósofo inglês John Locke trabalho.
(1632-1704) concebeu a propriedade privada como um conceito Essa predestinação vai ser considerada um dogma na doutrina
central. Para ele, o fundamento da propriedade estava no próprio protestante, juntamente com regras menores como o gerenciamen-
homem, em sua capacidade de transformar a natureza pelo traba- to minucioso do tempo, para evitar qualquer forma de desperdício.
lho. O conceito de propriedade para Locke é que ela é um direito Segundo Weber, essas normas casaram-se muito bem com as exi-
natural, ou seja, já existia no estado de natureza, assim como o di- gências administrativas da empresa (valorização do trabalho e bus-
reito à vida e à liberdade. ca do lucro), criando as condições necessárias para a expansão do
Para Locke, a propriedade é a razão para a construção da so- espirito capitalista e posteriormente da sociedade industrial.
ciedade civil, para a instituição do governo civil, com o fim principal De acordo com o autor, o objetivo do capitalismo é sempre e
da união dos homens em comunidades, garantindo direitos funda- em todo lugar, aumentar a riqueza alcançada, aumentar o capital.
mentais. E esse processo de enriquecimento constitui uma indicação segu-
ra de que se está “predestinado”. Suas afirmações são sustentadas
pela relação entre os países que fizeram parte da Reforma Religiosa
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do século XVI ou sofreram grande influência destes. Entre os países Posteriormente, no entanto, ao final do século XIX e início do
que alcançaram um grande desenvolvimento nos moldes capitalis- século XX, o capitalismo conheceu uma nova era, sobretudo pela
tas estão: divisão das empresas em ações e pela união entre o capital indus-
- Alemanha – berço da Reforma Protestante; trial e o capital bancário. Nascia, então, o capitalismo financeiro, o
- Inglaterra – berço do Anglicanismo e da revolução industrial; momento em que a economia passou a estar centrada no mercado
- Estados Unidos – destino de milhares de protestantes que de ações e no sistema especulativo de créditos, juros, valorizações,
buscavam fugir da perseguição religiosa na Europa. entre outros elementos.
O grande símbolo, por assim dizer, do sistema capitalista a par-
Neoliberalismo tir de sua constituição financeira é a bolsa de valores, pois é nela
O neoliberalismo foi proposto pelo economista austríaco Frie- que os principais capitais, bem como as ações e títulos, são negocia-
drich August von Hayek, no final da década de 1940. Ele surge como dos. É possível conceber, então, que ela funciona como um grande
uma contraproposta aos ideais keynesianos de bem-estar social e “coração” do capitalismo a partir de então, pois passou a concen-
contra o Estado intervencionista. trar em torno de si todos os principais investimentos no mercado.
Entre suas ideias estavam a diminuição do Estado para patama- Além disso, o peso dos bancos na economia tornou-se ainda mais
res mínimos e a sociedade sendo organizada pelo mercado. Dentro elevado. Isso porque é a partir deles que as atividades produtivas,
do neoliberalismo busca-se diminuir cada vez mais a participação na cidade ou no campo, passaram a ser financiadas. Os bancos
e principalmente a regulação do Estado na Economia (Estado míni- também atuam diretamente no desenvolvimento econômico,
mo), privatizando todos os setores possíveis da sociedade, até mes- negociando empréstimos, faturando por meio de juros e transfor-
mo a saúde e educação. As organizações sindicais são duramente mando ações e dívidas em “ativos”, que são comercializados como
combatidas, assim como a regulamentação de direitos trabalhistas, se fossem mercadorias.
afirmando que o salário mínimo é fator de desemprego, por distor- O desenvolvimento das empresas, que passaram a ser admi-
cer a economia. nistradas por inúmeros acionistas, ocorreu de forma acentuada,
Apesar de suas ideias terem sido propostas na primeira metade sobretudo aquelas inicialmente oriundas de países desenvolvidos.
do século XX, apenas na década de 1980, com os líderes do Reino Elas adquiriram a capacidade de investir em outras empresas (inclu-
Unido e Estados Unidos, Margareth Thatcher e Ronald Reagan, res- sive as concorrentes), comprando as suas ações e, assim, controlan-
pectivamente, elas foram colocadas em prática. do o mercado. Em virtude dessa dinâmica, em que poucas marcas
Em 1989, com a prática neoliberal já consolidada nos Estados dominam a rede comercial, muitos teóricos passaram a chamar o
Unidos, o Institute for International Economics realizou em Washin- capitalismo financeiro de capitalismo monopolista.
gton um encontro com os principais pensadores e apoiadores dessa Além disso, com o desenvolvimento das técnicas e os investi-
doutrina, além de diversos líderes sul-americanos. mentos em comunicação e transporte, essas grandes corporações
O encontro tinha como objetivo, segundo seus organizadores, começaram a instalar-se em outros territórios, ganhando dimen-
“acelerar o desenvolvimento sem piorar a distribuição de renda” sões internacionais: são as chamadas empresas transnacionais,
Entre os pontos sugeridos aos países participantes da reunião também conhecidas como multinacionais ou empresas globais.
estavam a diminuição de gastos do Estado, com corte de custos e de O crescimento das grandes corporações avançou principal-
funcionários; a reforma tributária privilegiando as empresas; priva- mente em direção aos países periféricos e emergentes, incluindo o
tização de empresas estatais; abertura comercial e desregulamen- Brasil, que conheceram, assim, o seu processo de industrialização.
tação de leis trabalhistas. Note que em países subdesenvolvidos, a industrialização, portanto,
O Brasil não aderiu de imediato aos pontos propostos, porém, ocorreu pela intervenção estrangeira sobrepondo-se ao desenvol-
os aplicou de maneira ampla ao longo da década de 1990, principal- vimento local. Essas empresas buscavam um maior acesso a maté-
mente com as privatizações nos setores de energia, comunicação e rias-primas, o emprego de mão de obra a custos muito inferiores e
mineração. a expansão de seus mercados consumidores.
Houve, então, uma transformação nas características da Divi-
Capitalismo financeiro ou monopolista1 são Internacional do Trabalho (DIT). Os países subdesenvolvidos,
O capitalismo financeiro representa a fase do sistema capitalis- que apenas exportavam matérias-primas, passaram a produzir tam-
ta marcada pela especulação monetária e pelo maior peso do setor bém produtos industrializados. As grandes empresas conseguiram
bancário na economia. produzir, então, a custos mais baixos, principalmente em razão dos
O sistema capitalista, desde o seu surgimento, ao final do sé- incentivos fiscais cedidos pelos governos locais, que demandam a
culo XIV e início do século XV, passou por diferentes eventos que presença dessas indústrias para a geração de empregos.
foram responsáveis por alterar a sua dinâmica e suas principais ca- Com os avanços e transformações produzidos pela Terceira Re-
racterísticas. volução Industrial, o capitalismo financeiro estendeu-se por todo o
Inicialmente, ele constituiu-se em sua fase comercial, isto é, em mundo, fato que foi intensificado pela queda do Muro de Berlim e o
que as trocas envolvendo mercadorias (sobretudo especiarias) es- consequente fim da Guerra Fria. Atualmente, com a colaboração do
tavam no centro do andamento da economia. Posteriormente, com chamado Capitalismo Informacional, termo criado pelo sociólogo
o avanço da industrialização, essa centralidade passou a ser exerci- espanhol Manuell Castells, o sistema financeiro global estende-se
da pelas empresas e suas fábricas. pelo planeta com a integração de todas as bolsas de valores e com
o dólar como a principal moeda internacional de trocas comerciais.

1 PENA, A. F. R. Capitalismo Financeiro. Mundo educação. https://bit.ly/2nlpxG2.


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O capitalismo nos séculos XIX e XX cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista:
lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e
História do Capitalismo2 expansão dos negócios.
A época moderna pode ser considerada, exatamente, como
uma época de “revolução social” cuja base consiste na “substituição
do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista”.
Com as revoluções liberais da Idade Moderna o capitalismo se esta-
beleceu como sistema econômico predominante, pela primeira vez
na história, nos países da Europa Ocidental. Algumas dessas revo-
luções foram a Revolução Inglesa (1640-60, Hill 1940), a Revolução
Francesa (1789-99, Soboul 1965) e a Independência dos EUA, que
construíram o arcabouço institucional de suporte ao desenvolvi-
mento capitalista. Assim começou a era do capitalismo moderno.

Fases do Capitalismo
Primeira Fase - Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo:
Essa fase estende-se do século XVI ao XVIII, iniciando-se com as
Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias. O acúmulo
O capitalismo tem seu início na Europa. Suas características de riqueza era gerado através do comércio de especiarias e maté-
aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a rias-primas não encontradas em solo europeu.
transferência do centro da vida econômica social e política dos feu- Segunda Fase - Capitalismo Industrial: Inicia-se com a Revolu-
dos para a cidade. ção Industrial. O acúmulo de riqueza provinha do comércio de pro-
O feudalismo passou por uma grave crise decorrente da catás- dutos industrializados das fábricas europeias. Enorme capacidade
trofe demográfica causada pela Peste Negra que dizimou 40% da de transformação da natureza, por meio da utilização cada vez mais
população europeia e pela fome que assolava o povo. Entretanto, de maquinas movidas a vapor, gerando uma grande produção onde
a elevada taxa de natalidade permitiu o aumento progressivo da a multiplicação dos lucros era cada vez maior.
população que, em 1500, era de aproximadamente 70 milhões de Terceira Fase - Capitalismo Monopolista-Financeiro: Iniciada
habitantes em toda a Europa, o que significava recuperar os níveis no século XX (após término da Segunda Guerra Mundial) e esten-
anteriores à Peste Negra. dendo-se até os dias de hoje. Uma das consequências mais impor-
Embora o povoamento fosse majoritariamente rural, havia li- tantes do crescimento acelerado da economia Capitalista foi brutal
geira tendência à migração da população para as cidades. No início processo de centralização dos capitais. Várias empresas surgiram e
do século XVI, algumas delas, como Nápoles, Paris, Sevilha e Lisboa, cresceram rapidamente: Indústrias, Bancos, Corretoras de Valores,
contavam com cerca de 200 mil habitantes. Casas Comerciais e etc. A acirrada concorrência favoreceu as gran-
No mundo rural podem ser destacadas as seguintes transfor- des empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram a
mações entre o s séculos XV e XVI: parti dos fins do século XIX, na monopolização de muitos setores
• O Declínio progressivo da servidão. da economia.
• O Pequeno crescimento das rendas agrárias em relação ao
aumento das manufaturas ou no comércio. Com isso, os encargos Mercantilismo3
impostos pela nobreza rural aos camponeses aumentara, de modo O Mercantilismo foi o conjunto de ideias e práticas econômi-
notável. cas, adotadas e desenvolvidas na Europa durante a fase do capita-
• A concentração da propriedade rural nas mãos das grandes lismo comercial. Começou a surgir na Baixa Idade Média (X a XV),
famílias nobiliárquicas, com o passar do tempo consolidaram alguns época em que teve início o processo de formação das monarquias
de seis traços e instituições mais característicos, como os matrimô- nacionais, mas foi somente na Idade Moderna (XV a XVIII) que ele
nios endogâmicos e as primogenituras. A Pequena nobreza emigrou se firmou como política econômica nacional e atingiu o seu desen-
para as cidades. volvimento.
• As revoltas camponesas, sobretudo no Sacro Império Roma- Ao passo que as monarquias europeias foram se firmando
no-Germânico (Atual Alemanha), provocadas por tributos senho- como Estados modernos, os reis, recebiam o apoio da burguesia
reais, secas, pragas e anos de fome. comercial, que buscava a expansão do comércio para fora das fron-
Manifestou-se nas cidades o desejo recíproco de unir, pelo ma- teiras do país. Além disso, o Estado lhe concedia o monopólio das
trimônio, as famílias burguesas e as da nobreza – classe burguesa. atividades mercantis e defendia o comércio nacional e colonial da
Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comer- interferência de grupos estrangeiros.
ciais.
Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, Principais Características
cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, Embora as práticas e ideias não tenham sido aplicados de ma-
numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historia- neira homogênea, o mercantilismo apresentou alguns elementos
dores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos comuns nas diferentes nações europeias:

2 https://bit.ly/2vrTf0v.
3 https://bit.ly/2IG6ZJU
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- Controle estatal da economia – os reis com o apoio da burgue- Desafios e Desigualdades:


sia mercantil foram assumindo o controle da economia nacional, - Desigualdades salariais entre trabalhadores industriais e de
visando fortalecer ainda mais o poder central e obter os recursos outros setores.
necessários para expandir o comércio. Dessa forma o controle esta- - Concentração de riqueza em grandes empresas e centros
tal da economia tornou-se a base do mercantilismo; urbanos.
- Balança comercial favorável – consistia na ideia de que a ri- - Desafios ambientais associados à produção em larga escala.
queza de uma nação estava associada a sua capacidade de exportar
mais do que importar. Para que as exportações superassem sempre Economias Não Industriais (ou Pré-Industriais):
as importações (superávit), era necessário que o Estado se ocupas-
se com o aumento da produção e com a busca de mercados exter- Características:
nos para a venda dos seus produtos; - Base econômica centrada em setores primários, como agri-
- Monopólio – controladores da economia, os governos inte- cultura, pesca e mineração.
ressados numa rápida acumulação de capital, estabeleceram mo- - Menor diversificação econômica e dependência de recursos
nopólio sobre as atividades mercantis e manufatureiras, tanto na naturais.
metrópole como nas colônias. Donos do monopólio, o Estado o - Uso limitado de tecnologias industriais avançadas.
transferia para a burguesia metropolitana por pagamento em di- - População frequentemente dispersa em áreas rurais.
nheiro. A burguesia favorecida pela concessão exclusiva comprava
pelo preço mais baixo o que os colonos produziam e vendiam pelo Impactos Positivos:
preço mais alto tudo o que os colonos necessitavam. Dessa forma, a - Preservação de práticas tradicionais e culturas locais.
economia colonial funcionava como um complemento da economia - Contribuição para a segurança alimentar e subsistência.
da metrópole;
- Protecionismo – era realizado através de barreiras alfande- Desafios e Desigualdades:
gárias, com o aumento das tarifas, que elevava os preços dos pro- - Vulnerabilidade a choques nos preços de commodities.
dutos importados, e também através da proibição de se exportar - Limitações de acesso a serviços básicos em áreas rurais.
matérias-primas que favorecessem o crescimento industrial do país - Potencial para desigualdades socioeconômicas, especial-
concorrente; mente em sociedades agrárias tradicionais.
- Ideal metalista – os mercantilistas defendiam a ideia de que a
riqueza de um país era medida pela quantidade de ouro e prata que Articulações e Desigualdades:
possuíssem. Na prática essa ideia provou não ser verdadeira.
Globalização:
- A globalização muitas vezes beneficia economias industriais
ECONOMIAS INDUSTRIAIS E NÃO INDUSTRIAIS: ARTICU- ao promover a exportação de produtos manufaturados. No entan-
LAÇÃO E DESIGUALDADES to, pode contribuir para a exploração de recursos naturais em eco-
nomias não industriais.

A distinção entre economias industriais e não industriais está Transferência de Tecnologia:


relacionada ao grau de desenvolvimento industrial de um país ou - Economias industriais muitas vezes possuem avanços tecno-
região. Essa diferença tem implicações significativas nas dinâmicas lógicos que podem ser transferidos para economias não industriais
econômicas, sociais e políticas, levando a uma variedade de arti- para promover desenvolvimento. No entanto, essa transferência
culações e desigualdades. Vamos explorar alguns aspectos dessa nem sempre é equitativa.
dicotomia:
Ciclos Econômicos:
Economias Industriais: - Economias industriais podem ser mais suscetíveis a ciclos
econômicos globais, enquanto economias não industriais podem
Características: depender fortemente da estabilidade dos preços de commodities.
- Forte presença de setores industriais, como manufatura e
produção de bens. Desafios Ambientais:
- Uso extensivo de tecnologias avançadas e automação. - Economias industriais geralmente enfrentam desafios am-
- Maior diversificação econômica e especialização em indús- bientais significativos devido à produção em larga escala. Esses de-
trias de alto valor agregado. safios podem impactar áreas não industriais por meio da poluição
- Alto nível de urbanização e concentração populacional em global e das mudanças climáticas.
áreas metropolitanas.
Acesso a Recursos:
Impactos Positivos: - A desigual distribuição de recursos naturais pode criar depen-
- Geração de empregos em setores industriais. dências econômicas e, por vezes, exploração de recursos em econo-
- Contribuição significativa para o PIB e receitas fiscais. mias não industriais por parte de economias industriais.
- Desenvolvimento de infraestrutura avançada.

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Desigualdades Regionais: a urbanização junto da industrialização causou buracos na socie-


-Dentro de um país, desigualdades entre regiões industrializa- dade, como a desigualdade social e falta de oportunidades para as
das e não industrializadas podem persistir, impactando o acesso a pessoas.
oportunidades econômicas e serviços. — A Questão Agrária e Conflitos no Campo no Brasil
A questão agrária diz respeito a conflitos que ocorrem no meio
A busca por mitigar essas desigualdades requer estratégias glo- rural, nos meios de produção agrícolas e a relação entre o capita-
bais, nacionais e locais que promovam o desenvolvimento susten- lismo e o trabalho rural. Com a modernização deste espaço rural,
tável, inclusivo e equitativo. Isso pode envolver investimentos em problemas como a desigualdade, concentração de terras e êxodo
educação, tecnologia, infraestrutura e políticas que visam abordar rural acabaram se intensificando. A urbanização causou um aumen-
as disparidades econômicas e sociais entre diferentes tipos de eco- to na demanda de produtos agrícolas, e como consequência, meios
nomias. de acelerar essa produção, como o uso de agrotóxicos. Isso diminui
o preço dos produtos enquanto produtos industrializados tem seu
preço elevado.
AS TRANSFORMAÇÕES NA RELAÇÃO CIDADE-CAMPO — Rede e Hierarquia Urbana Brasileira
Hierarquia Urbana é a organização de cidades em níveis hie-
rárquicos de subordinação, ou seja, cidades médias têm influência
— Definição e função sobre as menores. Dizemos maior em relação a produtividade, bens
Cidade e serviços oferecidos, e não em relação a seu tamanho físico. A hie-
Area industrializada e povoada com zonas residenciais e co- rarquia também integra as cidades em uma rede urbana, uma rede
merciais. A cidade é uma zona urbana, o contrário de zona rural, ou que as conecta econômica, social e culturalmente. Pode ser cate-
seja, é a parte do município em que há uma grande concentração gorizada em:
de pessoas e estruturas industriais. • Metrópole: cidade de grande porte que exerce influência so-
As zonas rurais, também denominadas de campo, são partes bre outras cidades. Uma metrópole pode ser nacional (grande cen-
de um município em que são utilizadas para atividades da agricul- tro urbano) ou regional (uma cidade em que habitam mais de um
tura e agropecuária, onde há pouquíssima industrialização, e são milhão de habitantes e exerce influência em todo o estado).
áreas que abrigam paisagens naturais. • Centros Regionais: cidades de médio porte, exercem influên-
As zonas urbanas e rurais coexistem, são dependentes umas cia na região e produzem bens para outras cidades.
das outras, pois a zona urbana utiliza produtos produzidos nas zo- • Cidade local: cidades de porte pequeno que dependem de
nas rurais e as zonas rurais comercializam com as zonas urbanas. cidades maiores.
— Industrialização e Urbanização • Vilas: pequena concentração urbana que não atinge critérios
Os processos de industrialização e urbanização são interligados, para se considerar uma cidade, e depende muito das grandes me-
desde a revolução industrial as cidades começaram a se desenvol- trópoles.
ver de forma que o movimento de pessoas aumentou e consequen- — Concentração e Desconcentração das Indústrias no Brasil
temente, a urbanização se desenvolveu. Quanto maior o número Concentração e Desconcentração Industrial é o processo de
de pessoas, mais consumiam e produziam, movimentando assim, a migração das indústrias dentro de um certo país. No Brasil, a indus-
indústria e ocasionando também deu rápido desenvolvimento. trialização ocorreu tarde, mas não demorou muito para se solidifi-
O crescimento da Indústria em todos os países do mundo, car, nos anos 70, a região do Sudeste já estava bem industrializada
mas principalmente na Inglaterra, proporcionou diversas transfor- e com boa infraestrutura urbana. Há muito tempo, o Sudeste lidera
mações no espaço geográfico. Além de um maior movimento de o processo industrial no Brasil, porém atualmente tem acontecido
pessoas, estruturas relacionadas ao transporte, como trens, metrô, uma mudança nessa concentração, a partir de planejamentos go-
veículos em geral, ruas asfaltadas, grandes centros comerciais, en- vernamentais de democratizar a indústria pelas regiões do país. São
tre outros, foram criadas e desenvolvidas. Isso, mas principalmente Paulo continua sendo o estado de maior concentração industrial,
o fator de empregos na área industrial, acabou causando o êxodo porém o desenvolvimento desse setor nas outras regiões tem cres-
rural, que é quando as pessoas que residem nas zonas rurais se mu- cido e possivelmente causará em breve uma desconcentração das
dam para a zona urbana a fim de encontrar empregos e condições Indústrias no Brasil.
melhores de vida, o que ocorreu bastante no processo da revolução
Industrial.
— Urbanização Brasileira e Regiões Metropolitanas INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGI-
A urbanização brasileira iniciou-se no século XX, com o desen- CO: DOMINAÇÃO/SUBORDINAÇÃO POLÍTICO-ECONÔMI-
volvimento da indústria o êxodo rural começou a acontecer, em CA
meados de 1950, e portanto, a urbanização a se desenvolver prin-
cipalmente no Sudeste do país. Algo que influenciou bastante esse
desenvolvimento foi a política de desenvolvimento dos governos No início do século XX era necessária uma grande quantidade
Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek que prometiam “50 anos em de trabalhadores nas linhas de produção e as indústrias impulsio-
5”. Nos anos 60, a urbanização começa a se desenvolver no centro- naram grandes transformações no espaço geográfico. Como por
-oeste do país. Hoje, mais de 70% da população do Brasil reside em exemplo, o aumento dos fluxos migratórios, de produtos e de ser-
áreas urbanas, portanto as regiões diferem bastante em relação a viços, a construção de moradias, o surgimento de novos bairros, o
infraestruturas. As regiões do Sudeste e do Sul são mais desenvol- investimento em transportes coletivos, etc.
vidas, enquanto o Nordeste ainda tem uma grande carência. Assim,

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Para entendermos o atual estágio de desenvolvimento econômico brasileiro, é necessário conhecer o contexto histórico do processo
de industrialização e de desenvolvimento das atividades terciárias no país.
Desde o período colonial, o desenvolvimento econômico brasileiro, e consequentemente a industrialização, foram comandados por
grupos e setores que pressionaram os governos a atender a seus interesses políticos e econômicos.
Assim, só é possível entender as etapas da industrialização brasileira se for analisada a conjuntura econômica (brasileira e mundial)
e política de cada momento histórico.
Como exemplo, podemos citar os investimentos em infraestrutura de energia, transportes e comunicações, que impulsionaram di-
versos setores da economia. Entretanto, a construção de grandes usinas hidrelétricas sempre envolve questões socioambientais, como
inundações de pequeno ou grande porte e deslocamento de povos indígenas e de moradores locais.

Origens da Industrialização

A industrialização brasileira teve início, embora de forma incipiente, na segunda metade do século XIX, período em que se destacaram
importantes empreendedores, como o barão de Mauá, no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em Pernambuco.
Foi principalmente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que o país passou por um significativo desenvolvimento industrial
e maior diversificação do parque fabril, pois, em virtude do conflito na Europa, houve redução da entrada de mercadorias estrangeiras no
Brasil. Observe a tabela abaixo.

Brasil: estabelecimentos industriais existentes em 1920, de acordo com a data de fundação das empresas
Data de fundação Número de estabelecimentos Valor da produção (%)
Até 1884 388 8,7
1885-1889 248 8,3
1890-1894 452 9,3
1895-1899 472 4,7
1900-1904 1080 7,5
1905-1909 1358 12,3
1910-1914 3135 21,3
1915-1919 5936 26,3
Data desconhecida* 267 1,6
*Corresponde a estabelecimentos industriais existentes em 1920 cuja data de fundação era desconhecida ou não informada.

Em 1919, período posterior à Primeira Guerra Mundial, as fábricas brasileiras eram responsáveis por 70% da população industrial na-
cional e produziam tecidos, roupas, alimentos e bebidas (indústrias de bens de consumo não duráveis, com predomínio de investimentos
de capital privado nacional). No início da Segunda Guerra Mundial (1939), essa porcentagem caiu para 58%, porque houve ingresso de
empresas estrangeiras em setores como aço, máquinas e material elétrico.
Apesar da importância dos setores industrial e agrícola na economia brasileira, as atividades terciárias (como o comércio e os serviços)
apresentavam índices de crescimento econômico superiores. Isso porque é no comércio e nos serviços que circula toda a produção agrária
e industrial.
A agricultura cafeeira, principal atividade econômica nacional até então, exigia a construção de uma eficiente rede de transportes.
Assim, as ferrovias foram se desenvolvendo no país para escoar a produção do interior para os portos. Também se estabeleceram s]um
sistema bancário integrado à economia mundial e um comércio para atender às crescentes necessidades nas cidades.
Nessa época, as indústrias utilizavam muitos trabalhadores nas linhas de produção e impulsionaram importantes transformações,
como o desenvolvimento de transportes coletivos.
Embora tenha passado por importantes períodos de crescimento, como o da Primeira Guerra, a industrialização brasileira sofreu seu
maior impulso apenas a partir de 1929, com a crise econômica mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Na região
Sudeste do Brasil, principalmente, essa crise se refletiu na redução do volume de exportações de café e na perda da importância dessa
atividade no cenário econômico, contribuindo para a diversificação da produção agrícola brasileira.

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Outro acontecimento que contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro foi a Revolução de 1930, que tirou a oligarquia4
agroexportadora paulista do poder e criou novas possibilidades político-administrativas em favor da industrialização, ema vez que o grupo
que tomou o poder com Getúlio Vargas era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial. Apesar disso, a agricultura conti-
nuou responsável pela maior parte das exportações brasileiras até a década de 1970.
A partir da crise de 1929, as atividades industriais passaram a apresentar índices de crescimento superiores aos das atividades agríco-
las. O colapso econômico mundial diminuiu a entrada de mercadorias estrangeiras que poderiam competir com as nacionais incentivando
o desenvolvimento industrial nacional.
É importante destacar que o cultivo do café permitiu o acúmulo de capitais que serviram para dinamizar e impulsionar a atividade
industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na cidade de São Paulo, aplicavam enorme quantidade de
capital no sistema financeiro, para cuidar da comercialização da produção nos bancos e investir na Bolsa de Valores. Parte desse capital
aplicado ficou disponível para montar indústrias e investir em infraestrutura. Todas as ferrovias, construídas, com a finalidade principal de
escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se na capital paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte.
Havia também grande disponibilidade de mão de obra imigrante que foi liberada dos cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além
de significativa produção de energia elétrica.
A associação desses fatores favoreceu o processo de industrialização, que passou a crescer notadamente na cidade de São Paulo, onde
havia maior disponibilidade de capitais, trabalhadores qualificados e uma infraestrutura básica, mas também em algumas regiões dos es-
tados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Na instalação de novas indústrias predominava, com raras exceções, o capital de origem nacional, acumulado em atividades agroex-
portadoras. A política industrial comandada pelo governo federal era a de substituir as importações, visando à obtenção de um superávit
cada vez maior na balança comercial e no balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos investimentos nos setores de energia e
transportes.

O Governo Vargas e a Política de “Substituição de Importações”

Getúlio Vargas governou o país pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a Revolução de 1930, caracterizada pelo aspecto
modernizador. Até então, o mundo capitalista acreditava no liberalismo econômico, ou seja, que as forças do mercado deveriam agir livre-
mente para promover maior desenvolvimento e crescimento econômico. Com a crise, iniciou-se um período em que o Estado passou a
intervir diretamente na economia para evitar novos sobressaltos do mercado.
De 1930 a 1956, a industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia governamental de criação de indústrias estatais nos se-
tores de bens intermediários e de infraestrutura de transportes e energia. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi uma das importantes
indústrias que se destacaram no período, na extração de minerais. Outras de grande destaque foram a Petrobras, para extração de petró-
leo e petroquímica; a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); a Fábrica Nacional de Motores (FNM), que, além de caminhões e automóveis,
fabricava máquinas e motores; e também a Companha Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), para produção de energia hidrelétrica.
Foi necessário um investimento inicial muito elevado para o desenvolvimento desses setores industriais e para a infraestrutura estra-
tégica. Entretanto, por dar retorno a logo prazo, esse investimento não interessava ao capital privado, seja nacional, seja estrangeiro. Por
isso, o próprio governo o assumiu.
A ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os investimentos no parque industrial do país, combatendo os principais
obstáculos ao crescimento econômico e fornecendo, a preços mais baixos, os bens intermediários e os serviços de que os industriais pri-
vados necessitavam. Era uma política de caráter nacionalista.
Embora a expressão substituição de importações possa ser utilizada desde que a primeira fábrica foi instalada no país, foi o governo
de Getúlio Vargas que iniciou a adoção de medidas cambiais e fiscais que caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna
de mercadorias.
As duas principais medidas adotadas foram a desvalorização da moeda nacional (réis até 1942 e, em seguida, cruzeiro) em relação ao
dólar, o que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as importações), e a introdução de leis e tributos que restringiam, e
às vezes proibiam, a importação de bens de consumo e de produção que pudessem ser fabricados internamente.
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova Constituição, que incluiu a regulamentação das relações de trabalho, como a criação do
salário mínimo, as férias anuais e o descanso semanal remunerado, o que garantiu o apoio da classe trabalhadora. Com base no apoio po-
pular, Vargas aprovou uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até ser deposto, ao fim da Segunda Guerra,
em 1945, período que ficou conhecido como Estado Novo.
A intervenção do Estado possibilitou um forte crescimento da produção industrial, com exceção do período da Segunda Guerra. Du-
rante os seis anos desse conflito, em razão da carência de indústrias de base e das dificuldades de importação, o crescimento industrial
brasileiro foi de 5,4%, uma média inferior a 1% ao ano.

4 Oligarquia é um regime político sob o controle de um pequeno grupo de pessoas pertencentes a um partido, classe ou família. O poder é exercido somente por pes-
soas desse pequeno grupo.
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Veja a tabela abaixo.

Brasil: taxas de crescimento da produção industrial (em %) – 1939/1945


Metalúrgicas 9,1
Material de transporte -11,0
Óleos vegetais 6,7
Têxteis 6,2
Calçados 7,8
Bebida e fumo 7,6
Total 5,4
Observe que houve um significativo crescimento na produção interna em diversos setores que sofreram restrições durante a guerra,
mas o setor de transportes, cuja expansão não poderia ocorrer sem a importação de veículos, máquinas e equipamentos, sofreu forte
redução.

Política Econômica e Industrialização Brasileira do Pós-Guerra à Ditadura Militar

O final da Segunda Guerra levou muitos países ao enfrentamento dos problemas que aconteceram durante os anos do conflito e que
prejudicaram o desenvolvimento de muitas atividades econômicas.
No caso brasileiro, entre o final da Segunda Guerra e o início da ditadura militar (1946-1964), houve alternância de diretrizes na po-
lítica econômica e de estratégias de desenvolvimento ao longo dos governos que se sucederam nesse período: Dutra, retorno de Getúlio
Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.

Políticas Econômicas

O Governo Dutra (1946-1951)


O general Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência em 1946 e instituiu o Plano Salte, destinando investimentos
ao setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação.
No decorrer do governo Dutra, as reservas de capital acumuladas durante a Segunda Guerra foram utilizadas com:
a) importação de máquinas e equipamentos para as indústrias têxteis e mecânicas;
b) reequipamento do sistema de transportes;
c) incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e energéticos.
Houve também abertura à importação de bens de consumo, o que contrariava os interesses da indústria nacional.
Os empresários nacionais defendiam a reserva de mercado.

O Retorno de Getúlio e da Política Nacionalista (1951-1954)


Em 1951, Getúlio Vargas retornou à presidência eleito pelo povo e retomou seu projeto nacionalista:
a) investiu em setores que impulsionaram o crescimento econômico, como sistemas de transportes, comunicações,
produção de energia elétrica e petróleo, e restringiu a importação de bens de consumo;
b) dedicou-se à criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES (1952) e da Petro-
bras (1953).
O projeto nacionalista de Getúlio acabou sendo derrotado pelos liberais, que argumentavam que:
a) com a economia fechada ao capital estrangeiro, a modernização e a expansão do parque industrial nacional tor-
navam-se dependentes do resultado da exportação de produtos primários;
b) qualquer crise ou queda de preço desses produtos, particularmente do café, resultava em crise na modernização
e na expansão do parque industrial.
Em 1954, em meio à séria crise política, Vargas suicidou-se. Café Filho, seu vice-presidente, assumiu o poder, per-
manecendo até 1956.

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Juscelino Kubitschek e o Plano de Metas (1956-1961)


Durante o governo de JK foi implantado o Plano de Metas, com as seguintes estratégias:
a) investir em agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil para atrair investimen-
tos estrangeiros;
b) fazer o país crescer “50 anos em 5”;
c) transferir a capital federal do Rio de Janeiro (litoral) para Brasília (centro do país), buscando promover a ocupação
do interior do território;
d) direcionar 73% dos investimentos aos setores de energia e transportes;
e) facilitar o ingresso de capital estrangeiro, principalmente nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de
eletrodomésticos.
O parque industrial brasileiro passou a contar com significativa produção de bens de consumo duráveis, o que deu
continuidade à política de substituição de importações.
Ao longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas indústrias:
a) de bens de consumo não duráveis, com amplo predomínio do capital privado nacional;
b) de bens intermediários e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos governos de Getúlio Vargas;
c) de bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro.
Com a concentração do parque industrial no Sudeste, as migrações internas intensificaram-se e os maiores centros
urbanos registram crescimento desordenado.
O crescimento econômico acelerado e o aumento da dívida externa provocaram o aumento da inflação.
A partir de 1959 foram criados diversos órgãos de planejamento com a estratégia de descentralizar investimentos
produtivos por todas as regiões do país.

O Governo João Goulart e a Tentativa de Reformas (1961-1964)


João Goulart, conhecido como Jango, então vice-presidente, assumiu a Presidência do Brasil após a renúncia do
presidente Jânio Quadros, empossado poucos meses antes.
A renúncia de Jânio agravou os problemas econômicos herdados do governo JK, como a elevada dívida externa e
a inflação.
A posse de Jango, em 7 de setembro de 1961, ocorreu após a instauração do parlamentarismo, que reduziu os po-
deres do chefe do Executivo (presidente).
Durante o período parlamentarista do governo João Goulart (até início de 1963), a inflação e o desemprego aumen-
taram, e as taxas de crescimento reduziram-se.
Em 6 de janeiro de 1963 houve o retorno ao presidencialismo e foram encaminhadas as reformas de base, com as
seguintes diretrizes:
a) reforma dos sistemas tributário, bancário eleitoral;
b) regulamentação dos investimentos estrangeiros e da remessa de lucros ao exterior;
c) reforma agrária;
d) maiores investimentos em educação e saúde.
Tal política foi tachada de comunista pelos setores mais conservadores da sociedade civil e militar, criando as condi-
ções para o golpe de 31 de março de 1964.

O Período Militar

Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no país o regime militar, com uma estru-
tura de governo ditatorial. O Brasil apresentava o 43º PIB do mundo capitalista e uma dívida externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, ao
término do regime, o Brasil apresentava o 9º PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de aproximadamente 95 bilhões de dólares,
ou seja, o país cresceu muito, mas à custa de um pesado endividamento.
O parque industrial se desenvolveu de uma forma bastante significativa, e a infraestrutura nos setores de energia, transportes e te-
lecomunicações se modernizou. No entanto, embora os indicadores econômicos tenham evoluído positivamente, a desigualdade social
aprofundou-se muito nesse período, concentrando a renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o Banco Mundial, em
1960 os 20% mais ricos da sociedade brasileira dispunham de 54% da renda nacional; em 1970 passaram a contar com 62% e em 1989,
com 67,5%.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-se em ritmo acelerado.
Houve um crescimento acelerado anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975. Esse ritmo de crescimento foi sustentado por investi-
mentos governamentais em infraestrutura, como energia, transporte e telecomunicações. No entanto, várias obras tinham necessidade,
rentabilidade ou eficiência questionáveis, como as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e Alemanha.
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Além disso, muitos investimentos foram feitos graças à captação de → Desvalorização cambial, ou seja, a valorização do dólar em
recursos no exterior, com taxa de juros flutuantes, o que levou a relação ao cruzeiro (moeda da época) facilitava as exportações e
dívida externa. dificultava as importações.
Quanto à construção da rodovia Transamazônica, a mesma foi Assim se explica o aparente paradoxo: a economia cresce, mas
construída numa época em que não existia preocupação com a sus- o povo empobrece.
tentabilidade ambiental e sem planejamento eficiente para a pro- Na busca de um maior superávit na balança comercial, o gover-
moção do crescimento econômico com justiça social, um dos eixos no aumentou os impostos de importação não apenas para bens de
do desenvolvimento sustentável. consumo, como também para os bens de capital e intermediários.
O capital estrangeiro entrou em setores como o de telecomuni- A consequência dessa medida foi a redução da competitividade do
cações, a extração de minerais metálicos (projetos Carajás, Trombe- parque industrial brasileiro diante do exterior ao longo dos anos
tas e Jari), a expansão das áreas agrícolas (monoculturas de expor- 1980. Os industriais não tinham como importar novas máquinas,
tação), as indústrias química e farmacêutica e a fabricação de bens pois eram caras, o que afetou a produtividade e a qualidade dos
de capital (máquinas e equipamentos) utilizados pelas indústrias de produtos. Com isso, as indústrias, com raras exceções, foram per-
bens de consumo. dendo competitividade no mercado internacional e as mercadorias
Como o aumento dos preços dos produtos (inflação) não era comercializadas internamente tornaram-se caras e tecnologica-
integralmente repassado aos salários, a taxa de lucro dos empre- mente defasadas em relação às estrangeiras.
sários foi ampliada com a diminuição do poder aquisitivo dos tra- Os efeitos negativos dessa política se agravaram com a crise
balhadores. Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos mundial, iniciada em 1979. As taxas de juros da dívida externa atin-
lucros em setores que gerariam empregos, principalmente para os giram, em 1982, o recorde histórico de14% ao ano. Durante toda a
trabalhadores qualificados, mas as pessoas pobres eram excluídas, década de 1980 e início da de 1990, a economia brasileira passou
o que deu continuidade ao processo histórico de concentração da por um período em que se alternavam anos de recessão e outros
renda nacional. de baixo crescimento, conhecido como ciranda financeira, na qual
Nesse contexto, pessoas de classe média com qualificação pro- o governo imitia títulos públicos para captar o dinheiro deposita-
fissional viram seu poder de compra ampliado, quer pela elevação do pela população nos bancos. Como as taxas de juros oferecidas
dos salários em cargos que exigiam formação técnica e superior, internamente eram muito altas, muitos empresários deixavam de
quer pela ampliação do sistema de crédito bancário, permitindo investir no setor produtivo, o que geraria empregos e estimularia
maior financiamento de consumo. Enquanto isso, trabalhadores a economia aumentado o PIB, para investir no mercado financeiro.
sem qualificação tiveram seu poder de compra diminuído e ainda Na época, essa “ciranda” criava a necessidade de emissão de moe-
foram prejudicados com a degradação dos serviços públicos, sobre- da em excesso, o que levou os índices de inflação.
tudo os de educação e saúde. O período dos governos militares no Brasil caracterizou-se pela
No final da década de 1970, os Estados Unidos promoveram a apropriação do poder público por agentes que desviaram os inte-
elevação das taxas de juros no mercado internacional, reduzindo resses do Estado para as necessidades empresariais. As carências
os investimentos destinados aos países em desenvolvimento. Além da população ficaram em segundo plano; as prioridades foram o
de sofrer essa redução, a economia brasileira teve de arcar com o crescimento do PIB e do superávit da balança comercial. O objetivo
pagamento crescente dos juros da dívida externa. de qualquer governo é aumentar a produção econômica; o proble-
Diante dessa nova realidade, a saída encontrada pelo gover- ma é saber como atingi-lo sem comprometer os investimentos em
no para honrar os compromissos da dívida pode ser sintetizada na serviços públicos, que possibilitam a melhoria da qualidade de vida
frase: “Exportar é o que importa”. Porém, em um país em desenvol- das pessoas.
vimento como o Brasil, que quase não investia em tecnologia, era Apesar do exposto, durante esse período, o processo de in-
muito difícil tornar seus produtos internacionalmente competitivos. dustrialização e de urbanização continuou avançando, resultando
A frase do então ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, em em significativa melhora nos índices de natalidade, mortalidade e
resposta à inquietação dos trabalhadores ao ver seus salários arro- expectativa de vida. Esse fato deve-se, sobretudo, ao intenso êxo-
chados, ficou famosa: “É necessário fazer o bolo crescer para depois do rural, já que nas cidades havia mais acesso a saneamento bá-
reparti-lo”. O bolo (a economia) cresceu, o Brasil chegou a ser a 9ª sico, a atendimento médico-hospitalar, a remédios e a programas
maior economia do mundo capitalista no início da década de 1980. de vacinação em postos de saúde, o que garantiu uma melhora da
No entanto, a renda permaneceu muito concentrada. Segundo o qualidade de vida de muitas pessoas que migraram para os centros
Censo Demográfico de 1980, naquele ano 33,3% da população re- urbanos.
cebia até 1 salário mínimo e detinha 7,1% da renda nacional, en- Em 1984, a campanha por eleições diretas para presidente con-
quanto 1,7% ganhava mais de 10 salários mínimos e detinha 34,3% tou com a realização de comícios simultâneos em todas as capitais e
da renda. grandes cidades brasileiras, reunindo milhões de pessoas.
As soluções encontradas, apesar de favorecerem a venda de O fim do período militar ocorreu em 1985, depois de várias ma-
produtos no mercado externo, foram desastrosas para o mercado nifestações populares a favor das eleições diretas para presidente
interno: da República. Os problemas econômicos herdados do regime mili-
→ Redução do poder de compra dos assalariados, conhecida tar foram agravados no governo que se seguiu, o de José Sarney, e
como “arrocho salarial”, para combater o aumento dos preços; só foram enfrentados efetivamente nos anos de 1990.
→ Subsídios fiscais para exportação (cobrava-se menos impos-
to por um produto exportado do que por um similar vendido no
mercado interno);
→ Negligência com o ambiente, levando a diversas agressões
ao meio natural;
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Indústria e Transformações no Espaço Geográfico * indústria bélica – produção de armas, tanques, navios e avi-
ões de guerra.
Não é exagero afirmar que o espaço geográfico contemporâ-
neo é resultado, em boa medida, das transformações promovidas É possível considerar três estágios bem distintos na evolução
pela Revolução Industrial em diferentes etapas. E o modo de vida do processo de modernização da produção industrial fabril:
atual é reflexo, direta ou indiretamente, das inovações da tecnolo- * a Primeira Revolução Industrial (1750-1870);
gia industrial. * a Segunda Revolução Industrial (1870-1945);
A atividade industrial manifesta-se não só em sua ocorrência * a Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-cientí-
no espaço físico, mas também nos produtos consumidos pela popu- fica (após 1945).
lação local, nos meios de comunicação e nos meios de transporte.
A indústria foi responsável pelas grandes transformações ur-
banas, pela multiplicação de diversos ramos de serviços que carac-
terizam a cidade moderna e pelo desenvolvimento dos meios de
transporte e comunicação que atualmente interligam todo o espa-
ço mundial. Ela também foi responsável pelo aumento da produção
agrícola, graças à mecanização das atividades de criação, plantio e
colheita, além do uso de insumos de origem industrial. Enfim, por
causa da indústria criou-se um novo modelo de vida, com novos
hábitos de consumo e novas profissões, ocorreu uma nova estratifi-
cação da sociedade e modificou-se significativamente a relação da
sociedade com a natureza.
As Revoluções Industriais e o Perfil do Trabalhador
O que é Indústria?
Com a Primeira Revolução Industrial, em meados do século
A indústria consiste em um processo de produção de instala-
XVIII na Inglaterra, houve uma reestruturação da força de trabalho.
ções, a fábrica, usando máquinas e o trabalho humano, que trans-
Os cercamentos levaram à expulsão dos camponeses, que migra-
forma e combina as matérias-primas para produzir uma merca-
ram para as cidades, em busca de trabalho.
doria. Nos dias atuais a indústria utiliza tecnologias cada vez mais
As manufaturas ofereciam empregos braçais e repetitivos para
sofisticadas, como robôs (em trabalhos que eram realizados pelo
operários sem qualificação profissional, pois nesse processo, os tra-
ser humano) e equipamentos de grande precisão.
balhadores sofreram duas expropriações: do seu conhecimento e,
As atividades industriais podem ser classificadas em:
ainda, dos seus meios de subsistência. Os salários eram baixos e
as jornadas de trabalho muito longas, fatos que impeliam todos os
1. indústria extrativa – extração de recursos naturais de ori-
membros da família ao trabalho.
gens diversas, principalmente de minerais;
A despeito das lutas dos trabalhadores, a exploração se acen-
tuou com a entrada maciça de mulheres no mercado de trabalho,
2. indústria de transformação – produção de bens a partir da
que recebiam salários inferiores aos pagos aos homens.
transformação de matérias – primas; de acordo com o destino des-
Um século depois, diversas nações europeias e também dos
ses bens. Podem ser divididas em:
EUA faziam parte da era industrial.
A chamada Primeira Revolução Industrial resultou em várias
* indústrias de base ou de bens de produção – produzem ma-
alterações nas relações sociais de produção.
térias – primas para outras indústrias, como alumínio (metalúrgica),
Os artesãos perderam autonomia com as primeiras tecnologias
aço (siderúrgica), cimento e derivados de petróleo (petroquímica),
e máquinas que apareceram no processo produtivo. Tais máquinas
que serão utilizadas para fabricação de outros produtos;
eram propriedade de um pequeno grupo da burguesia que buscou
extinguir as condições anteriormente existentes de produção, ba-
* indústrias de bens de capital – produzem máquinas, peças e
seadas no artesanato. Essa fase da Revolução Industrial foi caracte-
equipamentos para outras indústrias;
rizada também pelos seguintes fatores:
→ invenção do tear mecânico e do descaroçador de algodão,
* indústrias de bens de consumo – produzem mercadorias
promovendo o desenvolvimento da indústria têxtil e o aumento da
diretamente para o consumidor; os bens de consumo podem ser
produção de tecidos;
duráveis (móveis, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, auto-
→ invenção da máquina a vapor, em substituição às tradicio-
móveis, computadores, etc.) e não-duráveis (alimentos, bebidas,
nais fontes de energia (eólica e hidráulica) e à tração animal, o que
cigarros, vestuário, calçados, etc.).
possibilitou a expansão do mercado e das trocas;
As atividades industriais podem, ainda, ser individualizadas nos
→ uso do coque para a fundição do ferro e seu uso, por exem-
seguintes setores:
plo, nas estradas de ferro que dinamizaram o transporte e a distri-
buição de mercadorias;
* indústria da construção civil – construção de edifícios, usinas
→ redefinição da urbanização possibilitando um adensamento
para produção de energia, pontes, etc.;
da mão de obra nas grandes cidades, que se consolidaram como o
lugar da realização do capital, e ao mesmo tempo, a organização da
* indústria da construção naval – construção de navios;
classe trabalhadora, que passou a lutar contra a exploração exacer-
bada da burguesia industrial.
* indústria aeronáutica – construção de aviões;
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A Primeira Revolução Industrial transporte estimularam o desenvolvimento da atividade industrial


e criaram novas possibilidades em relação à localização geográfica
A Revolução Industrial introduziu uma forma mais eficiente de de alguns setores industriais.
produzir mercadorias; maior quantidade em menor tempo e com Nessa fase, a livre concorrência das pequenas e médias empre-
menores custos. Isso foi possível com o agrupamento dos trabalha- sas da Primeira Revolução Industrial foi praticamente substituída
dores nas fábricas e com a divisão do trabalho, de modo que cada pelo monopólio praticado por empresas gigantescas, comandadas
trabalhador realizasse uma etapa do processo produtivo. Essas mu- por grandes bancos que passaram a investir, também, na produção.
danças foram introduzidas em meados do século XVIII, na Inglater- O empresário, isolado, não tinha como realizar investimentos tão
ra, e logo difundiram-se para outros países da Europa. elevados.
A primeira mudança foi, sem dúvida, a invenção da máquina O domínio econômico das grandes empresas intensificou as
a vapor, que utilizava a energia produzida pela queima do carvão disputas comerciais entre os países e ampliou as disputas territo-
mineral, recurso abundante em vários países da Europa. riais para muito além de suas fronteiras. No final do século XIX, a
Com a utilização da máquina a vapor, as fábricas puderam se Inglaterra, que mantinha o maior império colonial do planeta, não
localizar perto das cidades. Antes, as pequenas fábricas existentes era a única potência industrial. Os países que se industrializaram
se encontravam dispersas, pois utilizavam energia hidráulica e pre- nesse período incorporaram as tecnologias mais recentes e moder-
cisavam ser instaladas próximo de rios. nas, enquanto algumas indústrias inglesas eram consideradas “ve-
As invenções voltadas para a produção de mercadorias refleti- lharias” da Primeira Revolução Industrial. Alemanha, Itália, França,
ram em todas as instâncias da vida social. Por exemplo, do ponto de Japão e Estados Unidos competiam em pé de igualdade com a in-
vista das comunicações e transportes, ampliaram as relações entre dústria inglesa e, em diversos setores, até com superioridade. Todos
regiões distantes. Além disso, intensificaram a urbanização nos pa- queriam ampliar seus mercados e suas fontes de matérias-primas.
íses industrializados. Os Estados Unidos já exerciam domínio sobre o continente
Nas fábricas, os operários eram obrigados a trabalhar no ritmo americano. A Itália, a Alemanha e o Japão não tinham colônias para
definido pela necessidade de produção. Devido à extenuante jor- ampliar a base de sua produção industrial. O mundo industrializado
nada de trabalho, que chegava a 16 horas por dia, os operários, na criou um vasto império colonial que se estendeu por todo o planeta
maioria das vezes vindos do campo, preferiram ocupar habitações com ocupação direta de territórios, guerras e acordos econômicos
muito precárias junto das fábricas, formando bairros miseráveis. com as elites das novas colônias. É a fase do imperialismo ou neo-
A industrialização ampliou a divisão social do trabalho dentro colonialismo.
da unidade de produção (a fábrica) e no interior da sociedade de A Segunda Revolução Industrial, no século XIX, trouxe novida-
cada país. des tecnológicas também nas relações de trabalho. O carvão, com-
Ao mesmo tempo em que ampliou divisão social do trabalho, ponente energético da Primeira Revolução Industrial, foi sendo,
a Revolução Industrial estabeleceu uma divisão internacional do paulatinamente, substituído pelos derivados do petróleo. Os moto-
trabalho entre os países industriais (que produziam e exportavam res a explosão levaram ao desenvolvimento dos automóveis que se
manufaturas) e as regiões fornecedoras de produtos agrícolas e mi- tornaram gênero de produção em série.
nerais (que produziam e exportavam matérias-primas e alimentos). Diversos postos de trabalho requeriam mão de obra com espe-
O crescimento da população industrial na Inglaterra e a ne- cialização, muito embora os salários continuassem baixos.
cessidade de ampliar o mercado para além das próprias fronteiras Foram desenvolvidas as práticas do fordismo e do taylorismo
deram origem ao liberalismo econômico, uma nova maneira de com o objetivo de aumentar a produtividade e, consequentemente,
pensar a economia. O liberalismo considerava nociva a intervenção o lucro empresarial.
do Estado na produção e na distribuição das riquezas e defendia a
livre concorrência entre as empresas e os países. Naquele momen- Tecnologias de Processo – Fordismo e Taylorismo
to, as ideias liberais interessavam à Inglaterra, que não encontrava A evolução da produtividade não depende apenas das máqui-
concorrentes devido ao seu avançado estágio de desenvolvimento nas. Foi o que demonstraram os Estados Unidos no início do século
tecnológico e a sua grande capacidade de transporte propiciada por XX, em plena Segunda Revolução Industrial, com a introdução de
sua imensa frota naval. novas técnicas de produção industrial, que possibilitaram uma ra-
cionalização extrema no processo do trabalho no interior da fábri-
A Segunda Revolução Industrial e o Imperialismo ca: o taylorismo e o fordismo.
O taylorismo, idealizado pelo inventor Frederick Winslow
Novas tecnologias, novas fontes de energia e a expansão da Taylor (1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril
atividade industrial marcaram uma nova etapa do desenvolvimento era um conjunto de tarefas totalmente independentes da profissão
capitalista, na segunda metade do século XIX. É o início da Segun- do trabalhador. Para Taylor, o melhor operário não é nada mais que
da Revolução Industrial. As hidrelétricas e o petróleo ampliaram a um operário. O conhecimento do processo produtivo era uma ta-
capacidade de geração de energia e acrescentaram novas possibi- refa exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada
lidades à tecnologia de produção e, portanto, ao aparecimento de etapa dos trabalhos a serem feitos no menor espaço de tempo e
novos produtos. Surgiram as grandes siderúrgicas e as indústrias sem perda de qualidade.
químicas. A marinha mercante multiplicou a sua frota em diversos O fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863-
países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se 1947) na produção de automóveis, no início do século XX. O modelo
expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e como de produção fordista associada a linha de montagem às técnicas de
atividade empresarial. A evolução e a ampliação dos sistemas de organização do taylorismo. O automóvel, em processo de monta-
gem, deslocava-se no interior da fábrica para a realização de cada

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etapa de produção. O trabalhador, especializado, realizava sua tare- Com mais de 20 milhões de desempregados, sendo 14 milhões
fa num tempo determinado e o automóvel continuava a se deslocar nos EUA no pós-guerra, os países centrais não tinham outra solução
até a instalação da última peça, do último acabamento. a não ser promover uma política de fortalecimento do Estado e das
Método de otimização da produção, o fordismo baseava-se na bases sociais para garantir o funcionamento do próprio sistema.
linha de produção em série com os funcionários desempenhando Com as medidas do Welfare State, as populações da Europa e
cada um uma única função em ritmo acelerado. dos EUA passaram a desfrutar de avanços sociais significativos. Ob-
A produção era verticalizada, contando com uma rígida hierar- viamente, os custos empresariais se elevaram com o aumento dos
quia de chefes e subchefes, com ordens encaminhadas do alto para salários, as jornadas de trabalho reduzidas e os impostos mais altos.
o baixo escalão. Para as empresas, os países centrais viraram sinônimos de mer-
Ao fordismo foi acoplado o taylorismo, método desenvolvido cado consumidor e mão de obra qualificada, pois agora contavam
pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor em que o tempo de pro- com escolarização, enquanto nos países periféricos, as políticas pú-
dução das máquinas e dos operários era rigidamente controlado blicas de bem-estar social não haviam sido implantadas.
para se obter a máxima produtividade. O taylorismo era inflexível Os países periféricos, dessa forma, tornaram-se interessantes
com horários e metas de produção. como áreas de exploração da mão de obra e dos recursos naturais.
Mudava-se a concepção da função dos países centrais e periféricos
na chamada DIT (Divisão Internacional do Trabalho e da produção).
Diversos países periféricos, sobretudo da América Latina (Bra-
sil, Argentina e México) e posteriormente da Ásia (na época chama-
dos de Tigres e Novos Tigres Asiáticos), industrializaram-se seguin-
do os interesses das empresas transnacionais, que ansiavam por
lucros mais expressivos.
Os governos dos países periféricos incumbiram-se de criar a
infraestrutura necessária para a implantação das indústrias estran-
geiras, recorrendo a empréstimos internacionais.
Sabemos que o preço de um produto é fixado, primeiramente,
pelo seu custo e valor agregado. Quanto maior a tecnologia empre-
gada, maior será o valor final. Dessa forma, o trabalho intelectual, o
de criação tecnológica, tem um valor muito maior do que o de ação
Chaplin em “Tempos modernos”, 1936: uma denúncia da alie-
mecânica, isto é, o da produção do gênero em série. Assim, para
nação e da violência na produção industrial.
equilibrar os valores gastos nas importações de tecnologia - pro-
dutos de alto valor agregado e máquinas - os países periféricos são
A produtividade aumentou e, com ela, o lucro. Essa equação
obrigados a produzir gêneros em quantidades cada vez maiores.
era muito interessante para os empresários da época, exceto por
Em última instância, o dinheiro é remetido, por meio do siste-
um aspecto: o mercado consumidor não acompanhava o ritmo da
ma financeiro internacional, para locais mais seguros ou lucrativos,
produção, o que gerava estoques e capital estagnado.
ou seja, nem sempre quem produziu ficará com o resultado para
Ao longo da década de 1920, a crise da superprodução e dos
futuros investimentos.
baixos salários gerou falências e desemprego, fatos que colocaram
É por isso que vemos a situação do PIB (Produto Interno Bruto)
o sistema capitalista em situação de colapso.
dos países de forma tão discrepante no mundo.
Em 1929, a crise deflagrou a quebra da bolsa de valores de
A política do Bem-Estar Social incentivou a qualificação pro-
Nova York.
fissional e o desenvolvimento de novas tecnologias. O mercado de
A década de 1930 apresentou uma depressão econômica que
trabalho passou a valorizar indivíduos que têm a noção do todo e
motivou fortes insatisfações, que contribuíram para a erupção da
não apenas de uma parte da produção.
Segunda Guerra Mundial.
Se as condições de vida melhoraram, pode-se dizer o mesmo
para a economia dos países centrais. A nova DIT contribuiu para a
A Reestruturação do Sistema Capitalista
acumulação de riquezas, explorando os países periféricos, além de
também ter gerado uma massa de consumidores de elevado poder
Com o final da Segunda Guerra Mundial, as nações europeias
aquisitivo, principalmente nos países desenvolvidos.
criaram o “Estado do Bem-Estar Social”, conhecido como Welfare
Contudo, fatores de ordem econômica e tecnológica implica-
State, para dar garantias de sobrevivência, moradia, saúde e educa-
ram uma nova dinâmica de produção e consumo, nas décadas de
ção aos cidadãos de maneira indistinta. O programa do Bem-Estar
1970 e 1980. Vejamos alguns destaques:
Social foi se aprimorando ao longo das décadas do século XX, crian-
→ As crises do petróleo (1973 e 1979) aumentaram muito os
do o sistema previdenciário para gerar segurança para a população.
preços dos combustíveis fósseis, símbolos da Segunda Revolução
O Welfare State apoiou-se nas ideias do economista britânico
Industrial;
John Maynard Keynes (1883-1946). Para Keynes, o Estado deveria
→ O insucesso norte-americano da Guerra do Vietnã. Apesar
ser o interventor e o articulador da economia. Os investimentos
dessa derrota, a indústria bélica norte-americana, em decorrência
seriam necessários para tirar os países da crise em que se encon-
do conflito, passou por um forte desenvolvimento do Complexo In-
travam e garantir, a longo prazo, a estabilidade do emprego, o que
dustrial- Militar.
resultaria na estabilidade da demanda e, consequentemente, evita-
ria novas crises.

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A geração de novas tecnologias, sobretudo no campo da infor- → Uma produção no modelo just-in-time, que produz de acor-
mática e da robótica, pelos países capitalistas, aumentou a eficiên- do com a demanda ou os pedidos. Associado a isso pode ocorrer
cia da economia ocidental. Sem essa eficiência, o bloco socialista o just-in-case, que é a produção mediante existência de estoque
ficou em defasagem na produção industrial e militar, o que contri- mínimo;
buiu para a sua crise, o desmoronamento e o fim da Guerra Fria. → Uma forte ligação entre fábricas e centros de pesquisa e uni-
versidades;
A Terceira Revolução Industrial e o Desemprego Estrutural → Estabelecimento de uma nova relação entre os oligopólios e
as pequenas e médias empresas, que arcam com os riscos e custos
O fim do bloco socialista, a vitória do capitalismo e a chegada de pesquisas tecnológicas para o desenvolvimento das grandes em-
da Nova Ordem Mundial determinaram o fim da disputa ideológica presas, gerando uma alta competitividade.
típica da Guerra Fria. E, sem a necessidade de mostrar o sistema A Terceira Revolução Industrial – ou Revolução Técnico-cientí-
capitalista como o mais benéfico para os trabalhadores, as grandes fica – começou a tomar forma no final da Segunda Guerra Mun-
empresas ficaram livres para reduzir os seus custos, principalmente dial, mas os seus efeitos têm se manifestado em todo o mundo,
os de mão de obra. de forma mais intensa, há cerca de duas décadas. Esse processo
A era da informatização ou Terceira Revolução Industrial trouxe de desenvolvimento da atividade industrial vem repercutindo for-
agilidade, interligou o planeta por meio dos sistemas de comunica- temente nos demais setores econômicos, nas relações sociais e nas
ção e transportes muito eficientes, incorporou máquinas e robôs na relações sociedade-natureza. Uma das suas características mais im-
produção. Postos de trabalho foram eliminados permanentemente, portantes é a interação entre a informática e as telecomunicações –
configurando o desemprego estrutural. a telemática -, mas podemos citar também outros de seus aspectos
Nesse mesmo período, o neoliberalismo ganhou força, defen- característicos:
dido, principalmente, pelos governos dos EUA e da Inglaterra. Para * o avanço nos sistemas de telecomunicações (satélites artifi-
estes, a economia se “autorregula” e, portanto, o Estado não preci- ciais, cabos de fibra óptica);
sa intervir na economia. * o desenvolvimento da informática, tanto nos equipamentos
Ora, o fim da “mão protetora do Estado” ficou muito eviden- (hardware) quanto nos programas e sistemas operacionais (softwa-
te nos antigos países socialistas, quando o socialismo real ruiu. Os re);
neoliberais queriam mais. Mais abertura econômica e o fim dos be- * o desenvolvimento da microeletrônica, da robótica, da en-
nefícios sociais-conquistados. Seria o fim do Welfare State? genharia genética;
E em países em que ele sequer foi implantado de forma signi- * a utilização da energia nuclear.
ficativa? A Revolução Técnico-científica, ao mesmo tempo em que gera
No plano da propaganda, o neoliberalismo prega que o bem- riquezas e amplia as taxas de lucros, responde também pelo desem-
-estar é uma conquista individual, adquirida por meio da competên- prego de milhões de pessoas em todo o mundo, pois vem permi-
cia, em vez do paternalismo do Estado. tindo produzir mais mercadorias e gerar mais serviços com menor
Dessa forma, o discurso se afasta do campo das “oportunida- número de trabalhadores. E isso é válido para a indústria, a agrope-
des” e se finca no aspecto da competência individual. Assim, a res- cuária, o extrativismo, o comércio e os serviços.
ponsabilidade sobre o sucesso ou o fracasso cabe, exclusivamente, A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à ativida-
ao indivíduo. de industrial e às outras atividades econômicas: agropecuária, co-
Com excesso de mão de obra no mercado, os processos sele- mércio, serviços. O desenvolvimento científico e tecnológico é um
tivos são cada vez mais rigorosos, enquanto os salários estão cada componente fundamental para as empresas, pois é convertido em
vez mais baixos. novos produtos e em redução de custos, permitindo maior capa-
O aprimoramento das técnicas e as novas relações de traba- cidade de competição num mercado cada vez mais disputado. As
lho, avalizadas pelo Estado, trouxeram uma acumulação de capital grandes empresas multinacionais possuem seus próprios centros
como nunca se tinha visto. de pesquisa e tem sido crescente o investimento na aquisição de
Se o poder econômico interfere no poder político, podemos novos conhecimentos científicos, em relação ao conjunto da ativi-
concluir que os grandes conglomerados ditam as normas mundiais. dade produtiva.
O pensamento do historiador Immanuel Wallerstein resume O Estado, por meio de universidades e de instituições de pes-
a atual fase capitalista monopolista e de concentração pessoal de quisa, também estimula o desenvolvimento tecnológico, preparan-
renda: Acumula-se capital a fim de se acumular mais capital. Os do novos profissionais e capacitando-os para as funções de pesqui-
capitalistas são como camundongos numa roda, correndo sempre sa na área industrial ou agrícola, assim como no desenvolvimento
mais depressa a fim de correrem ainda mais depressa. de tecnologias, transferidas ou adaptadas às novas mercadorias de
consumo ou aos novos equipamentos de produção. Nesse sentido,
Terceira Revolução Industrial e Tecnopolos a pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de novos produ-
Com a Terceira Revolução Industrial, ocorreu ainda a formação tos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado, visando
dos tecnopolos, a partir da necessidade de acumulação capitalista ao desenvolvimento econômico.
em maior volume. São áreas onde a produção se faz com uso de Um exemplo desse apoio estatal ao desenvolvimento de novas
tecnologias de ponta e ocorre um controle sobre o trabalho mais tecnologias é o MITI (Ministério da Indústria e Comércio Exterior),
eficaz, ora por omissão do Estado ora por debilidade sindical. do Japão. Por intermédio do MITI – que recebe verbas das empre-
Estes tecnopolos são produzidos em áreas onde podem se sas e do governo japonês -, desenvolvem-se pesquisas que serão
associar empregos especializados e desenvolvimento por pesquisas. aplicadas à criação e ao aperfeiçoamento de produtos pela indús-
Os tecnopolos caracterizam-se por: tria. Outro exemplo é o MIT (Massachusetts Institute of Tecnology),

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situado no nordeste dos Estados Unidos, considerado um dos prin- É preciso ressaltar, no entanto, que a difusão do toyotismo
cipais centros de pesquisa do mundo, mantido pelo governo norte- trouxe uma ampliação nos fluxos de mercadorias, inclusive, num
-americano e por grandes empresas privadas. ritmo mais acelerado, demandando novas exigências ao setor de
Outro exemplo do desenvolvimento de novas tecnologias me- transportes.
diante parcerias entre empresas industriais e universidades é o caso
da Universidade de Stanford, em torno da qual surgiu o Vale do Silí- A Sociedade da Informação
cio, onde se concentra o maior conjunto de indústrias de informáti- Os computadores invadiram a vida cotidiana. Apesar de não es-
ca de todo o mundo. Nos países capitalistas, sobretudo nos Estados tarem presentes em todas as residências do mundo, indiretamente
Unidos, boa parte das conquistas tecnológicas foi adaptada e esten- atingem todas as pessoas. Eles coletam, armazenam e divulgam in-
dida à criação de uma infinidade de bens de consumo, mesmo na formações de forma maciça e instantânea, ligando o mundo numa
época da Guerra Fria, quando o investimento em tecnologia estava grande rede, e estão presentes em diversos momentos do dia-a-dia.
voltado para a corrida armamentista ou espacial. Por exemplo, o ato de usar o caixa eletrônico só é possível mediante
Com a Revolução Técnico-científica, o tempo entre qualquer informações transmitidas a um computador central, que autoriza
inovação e sua difusão, na forma de mercadorias ou de serviços, é ou não a transação. No supermercado, um terminal, no caixa, lê o
cada vez mais curto. Alguns produtos industriais classificados, em código de barras do produto, informa o preço à máquina registra-
princípio, como bens de consumo duráveis (especialmente aqueles dora, dá baixa do produto no estoque e encaminha essa informação
ligados aos setores de ponta, como a microeletrônica e informáti- ao departamento de compras, para a reposição do estoque.
ca), são cada vez menos duráveis e tornam-se obsoletos devido à Em muitas residências, o computador faz parte dos equipa-
rapidez com quem são incorporadas novas tecnologias. mentos básicos do dia-a-dia. Por computador, usando a Internet,
pode-se acessar informações em qualquer parte do mundo para re-
Tecnologia de Processo – Toyotismo alizar pesquisas, pagar contas, transferir dinheiro de uma conta de
Foi no Japão que ocorreu a transformação do processo de pro- banco para outra, ou comprar mercadorias e serviços.
dução de mercadorias na Terceira Revolução Industrial. Por ser um Tais atividades, já corriqueiras para uma pequena parcela da
país com um território pequeno, dependente da importação de ma- população mundial, dependem de um complexo sistema de infra-
térias-primas e com pouco espaço para estocar os seus produtos, -estrutura que usa desde satélites artificiais de comunicação em
nesse país a produção foi organizada de um modo diferente do tra- órbita permanente até fios telefônicos e cabos de fibra óptica que
dicional modelo fordista. atravessam oceanos. Enfim, trata-se de um novo modo de vida que
Essa nova organização da produção ficou conhecida pelo nome combina mercadoria industrial com serviços. Aparelhos diversos
de just-in-time (literalmente, tempo justo) e foi implementada pela – computadores, telefones e televisores – têm que estar ligados a
primeira vez, em meados do século XX, na fábrica de motores da uma ampla rede de serviços para que possam ser utilizados.
Toyota. Depois, foi incorporada pelas principais indústrias do mun- Foi essa Revolução Técnico-científica, caracterizada também
do. pelo desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitou a
No interior da fábrica, as diferentes etapas de produção, desde descentralização da produção industrial para os mais distantes re-
a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são reali- cantos do mundo.
zadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e com-
pradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exa- Trabalho, sua Relação com o Meio Ambiente
tamente à quantidade de mercadorias que serão produzidas. Essas
mercadorias são feitas dentro do prazo estipulado e de acordo com O trabalho5 é um elemento transformador, não apenas do ho-
o pedido dos compradores. Além da eficiência, o sistema just-in-ti- mem que trabalha, mas também da natureza, fonte já não tão ines-
me permite diminuir o custo de estocagem e o volume da produção gotável de recursos, além de modificador também das relações que
fica diretamente relacionado à capacidade do mercado de consu- se estabelecem na sociedade.
mo, evitando-se perdas de estoque ou diminuição do preço, caso A ampliação do processo do trabalho ensejou que o trabalha-
ocorra uma defasagem tecnológica do produto. dor passasse a ter garantido, por meio de leis e regulamentos, cer-
O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do tos direitos frente ao tomador de seus serviços. Todavia, ainda que
sistema fordista foi substituído por um sistema flexível, em que o tenha havido progressos nesse âmbito, visto que constantemente
trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções, de novos direitos vão sendo incluídos no rol dos já existentes, nada
acordo com as necessidades da produção em cada momento. ou quase nada foi feito para se garantir que os trabalhadores fos-
Nesse novo sistema, a modificação e a atualização nos modelos sem capazes de tomar ciência dos efeitos de seu trabalho sobre o
das mercadorias podem ser feitas a partir de pequenas reestrutu- meio ambiente, assim como pouco tem sido feito no sentido de se
rações da mesma fábrica, utilizando-se os mesmos equipamentos. procurar novas alternativas menos agressivas, no sentido de incluir
Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, in- o trabalhador na busca de desenvolver atividades cada vez menos
tensivamente utilizados nesse sistema, viabilizam essas frequentes nocivas à integridade dos recursos naturais.
mudanças. Primeiramente, porque a eles, na maioria das vezes, não cabe
Essa flexibilidade industrial tornou-se importante num mundo maior poder de decisão sobre a administração da organização; se-
em que a evolução tecnológica acarreta constante criação e modi- gundo, porque a busca por novas alternativas demanda, inicialmen-
ficação de produtos, com consequente diminuição da vida útil das te, um dispêndio de valores que nem sempre as corporações estão
mercadorias. dispostas a bancar.

5 https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1010/Dissertacao%20
Fabio%20Rodrigues.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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Todos os avanços referentes ao trabalho do ser humano de- Exploração do Trabalho e da Natureza6
mandam uma nova adaptação frente à degradação ambiental: é Sendo o toyotismo um sistema de organização voltado para a
preciso uma educação ambiental para que ainda haja tempo de produção de mercadorias, paralelamente ao mesmo, se difundiram
preservar o que resta da natureza. novas relações de trabalho, caracterizadas pelos salários baixos e
Desde a pré-história, o homem subsistia com aquilo que conse- direitos trabalhistas restritos ou inexistentes.
guia colher manualmente na natureza, consumindo, principalmen- A maioria desses empregos foram criados em países em desen-
te, frutas, legumes, raízes, além da carne obtida por meio da caça volvimento, onde ainda em grande parte se mantinham o método
e da pesca. de produção fordista7, baseado na super exploração dos trabalha-
Sua atividade consistia, basicamente, em procurar e colher tais dores.
recursos da natureza, pouco interferindo no meio ambiente. No entanto, em muitos deles, como a China, a Índia e o Brasil,
Tal atuação não implicava em maior dano aos recursos natu- também há indústrias modernas e a introdução do toyotismo.
rais, visto que eram atividades desempenhadas estritamente para Também em diversos países desenvolvidos a flexibilização da
manutenção do indivíduo, o qual se apossava de recursos renová- legislação trabalhista, com a redução dos salários e dos benefícios
veis da natureza, produzidos de forma periódica e em decorrência sociais e previdenciários, tem levado ao enfraquecimento do movi-
de seu ciclo normal de reprodução. mento sindical.
Tal fato, no entanto, foi incapaz de garantir recursos suficien- Vários fatores contribuem para tal situação: a competição das
tes para satisfazer as necessidades alimentares de uma população novas tecnologias e dos novos processos produtivos, a desconcen-
que crescia constantemente, forçando, ao final, a busca por novos tração da produção industrial e a concorrência dos trabalhadores
recursos. mal remunerados, numerosos nos países em desenvolvimento.
Aos poucos, o homem passa a desenvolver novas habilidades, Entretanto, para milhões de trabalhadores da periferia do siste-
tornando-se, então, um produtor de alimentos e, de certa maneira, ma capitalista, que estavam fora do processo de produção, as condi-
interferindo e modificando o meio em que vive. Disso, prosperam ções de vida melhoraram.
novas alternativas, fazendo com que o processo produtivo acelere, A vida na cidade, em geral, é melhor do que na zona rural. Isso
assim como se constituam novas formas de organização do indiví- é particularmente verdadeiro na China, cuja economia atraiu gran-
duo em sociedade. de volume de investimentos estrangeiros por causa dos baixos cus-
Os modelos econômicos adotados, feudalista, capitalista, etc., tos de sua mão de obra.
exerceram grande influência nesse processo, em razão de terem Segundo o Banco Mundial, o número de chineses que viviam
favorecido o aprimoramento do setor produtivo e da organização na pobreza extrema caiu de 756 milhões (67% da população total),
social. em 1990, para 19 milhões (1,4% da população), em 2014.
No entanto, embora esse avanço, num primeiro instante, pos- Em menor escala, isso também ocorreu no Brasil, no México,
sa representar melhores condições de vida para os seres humanos, na Índia e em outros países emergentes.
também tem acarretado graves danos ao meio ambiente, face o au- Além de permitir a exploração do trabalhador, durante muito
mento da extração de recursos não renováveis, passível de levar ao tempo, a legislação ambiental dos países em desenvolvimento era,
seu consequente esgotamento. em sua maior parte, frágil. Esse fato permitia produzir a custos me-
Nesse enfoque, destaca-se o modelo capitalista de produção, nores e contribuía para atrair indústrias poluidoras.
que, mesmo significando um novo estímulo à produção de bens e Embora isso ainda aconteça na atualidade, a crescente preocu-
ao progresso econômico, tende a aprofundar ainda mais o fosso pação mundial com o desenvolvimento sustentável tem pressiona-
formado entre o desequilíbrio ambiental e a geração e acumulação do os dirigentes das fábricas a desenvolver métodos de produção
de riquezas, gerando riscos ao meio ambiente e desigualdades só- que causem menos impactos ambientais.
cio econômicas. Vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentá-
Esse modelo econômico tem proporcionado, de um lado, uma vel pode contribuir para aumentar a produtividade das empresas e,
melhoria da produtividade, desencadeada, predominantemente, consequentemente, a competividade e os lucros, além de reforçar
pelos resultados alcançados em pesquisas tecnológicas e científi- a imagem positiva resultante da certificação com um “selo verde”.
cas, pela competitividade, pela possibilidade de acumulação de
bens materiais e, em alguns casos, a criação de tipos novos de
ocupação; enquanto, por outro lado, tem sido fonte, dentre outras O PAPEL DO ESTADO E AS ORGANIZAÇÕES POLÍTICO-ECO-
coisas, da precarização da qualidade de vida de uma parcela signi- NÔMICAS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO
ficativa da população, gerando mais desemprego, menos oportu-
nidade de acesso aos benefícios alcançados com o progresso, mais
desequilíbrio na distribuição das riquezas, além de um crescimento O papel do Estado e das organizações político-econômicas de-
exagerado da exploração dos recursos naturais. sempenha um papel crucial na produção e organização do espaço
Cientes de que o planeta apresenta uma limitação na sua ca- em níveis local, regional e global. A “produção do espaço” refere-
pacidade de gerar recursos, de fornecer matéria-prima e que a ca- -se à forma como os espaços físicos são moldados, estruturados e
pacidade de reprodução dos seres humanos continua crescendo,
acarretando um aumento da demanda por novos recursos, torna-se
imperiosa a busca por alternativas capazes de conciliar a satisfação 6 SENE, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de
dessas necessidades com progresso econômico e preservação am- Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
biental, a fim de que seja possível ter uma qualidade digna de vida. 7 O Fordismo é um modo de produção em massa baseado na linha de produção
idealizada por Henry Ford. Foi fundamental para a racionalização do processo
produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital.
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utilizados de acordo com decisões políticas, econômicas e sociais. Turismo e Lazer:


Aqui estão algumas maneiras pelas quais o Estado e as organizações - Políticas de promoção do turismo e do lazer impactam a confi-
político-econômicas influenciam a produção do espaço: guração de áreas destinadas a essas atividades, muitas vezes trans-
formando espaços urbanos e rurais para atender às demandas do
Planejamento Urbano e Regional: setor.
- O Estado desempenha um papel significativo na formulação
de políticas de planejamento urbano e regional. Decisões sobre O entendimento dessas dinâmicas é essencial para analisar
zoneamento, infraestrutura, uso do solo e transporte afetam dire- como as decisões políticas e econômicas moldam o espaço, influen-
tamente a configuração e o desenvolvimento de áreas urbanas e ciando a distribuição de recursos, poder, oportunidades e qualidade
rurais. de vida em diferentes partes do mundo. Esses processos podem
resultar em formas complexas de desigualdade e desafios relacio-
Desenvolvimento Econômico: nados à justiça espacial e ao desenvolvimento sustentável.
- Políticas econômicas implementadas pelo Estado, em conjun-
to com organizações político-econômicas, impactam o desenvol-
vimento de áreas específicas. Incentivos fiscais, investimentos em FUNDAMENTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E POLÍTICOS DA
infraestrutura e atração de indústrias são formas de influenciar a MOBILIDADE ESPACIAL E DO CRESCIMENTO DEMOGRÁFI-
economia local e regional. CO

Globalização:
- Organizações político-econômicas, como blocos comerciais Crescimento Populacional no Mundo
e tratados internacionais, influenciam a integração econômica e a
movimentação de mercadorias e serviços entre diferentes regiões População é o conjunto de pessoas que reside em determina-
do mundo. Isso pode levar à concentração de atividades econômi- da área. Ela pode ser caracterizada de acordo com vários aspectos,
cas em determinadas áreas. como gênero, faixa etária, religião, etnia, idioma, local de moradia,
atividade econômica praticada, entre outros.
Políticas de Habitação e Moradia: As condições de vida e o comportamento da população, no
- Decisões sobre políticas habitacionais e de moradia, como entanto, são retratados por meio de indicadores sociais, ou seja,
subsídios, regulamentações e programas sociais, afetam diretamen- taxas de natalidade e mortalidade, expectativa de vida, índices de
te a distribuição da população em espaços urbanos e rurais. analfabetismo, participação na renda, etc.
A dinâmica da população varia bastante entre os países. Nas
Infraestrutura e Serviços Públicos: economias desenvolvidas o crescimento demográfico é inexpressi-
- Investimentos em infraestrutura, como estradas, redes de vo, sendo até mesmo negativo em alguns locais.
transporte público, saneamento e serviços de saúde, moldam a Nos países em desenvolvimento e emergentes ocorrem as mais
acessibilidade e a qualidade de vida em diferentes áreas. variadas situações: em algumas nações, o elevado crescimento po-
pulacional compromete a busca pelo desenvolvimento sustentável;
Conflitos Territoriais: em outras, a população tende a se estabilizar nas próximas décadas,
- Decisões políticas podem levar a conflitos territoriais, dispu- como é o caso do Brasil.
tas por recursos naturais e competição por espaços estratégicos, Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA),
afetando a demarcação de fronteiras e a organização territorial. em 2017, o planeta Terra era habitado por 7,5 bilhões de pessoas,
distribuídas de maneira distinta pelos países e pelas regiões.
Industrialização e Aglomerações Urbanas:
- A localização de indústrias e centros urbanos é frequentemen- População Mundial
te influenciada por políticas industriais, incentivos fiscais e estraté- Em 2013, segundo o relatório World Development Indicators
gias de desenvolvimento econômico, resultando em aglomerações 2017, do Banco Mundial, aproximadamente 11% da população vivia
urbanas específicas. em condições de pobreza extrema. A maior parte estava em países
em desenvolvimento da África subsaariana e da Ásia meridional.
Preservação Ambiental: Muitos países apresentaram um expressivo crescimento eco-
- Políticas ambientais determinam a preservação de áreas na- nômico e as condições de vida de suas populações melhoraram,
turais e a gestão de recursos naturais. Isso pode resultar em áreas principalmente durante a segunda metade do século XX e o início
protegidas ou em desenvolvimento sustentável. do século XXI.
De acordo com o Banco Mundial, em 1990 cerca de 1,9 bilhão
Transformações Tecnológicas: de pessoas viviam em condições de pobreza extrema (com menos
- A implementação de tecnologias, como a internet e as co- de US$ 1,90 por dia). Esse número foi reduzido quase pela metade,
municações, pode reduzir as barreiras geográficas e influenciar a apesar do crescimento populacional do período.
produção do espaço ao facilitar a conectividade entre diferentes No período de 2010 a 2020, segundo o UNFPA, nos países de-
regiões. senvolvidos a esperança de vida média era de 76 anos para os ho-
mens e 82 anos para as mulheres; na América Latina e no Caribe, 72
e 79; e na África ocidental e na África central, 56 e 58 anos.

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Tais diferenças se explicam pela deficiência ou, muitas vezes, de hábitos e novas relações de trabalho. As condições de vida nas
pela completa falta de acesso a ´[agua potável; a coleta e tratamen- áreas industriais eram inicialmente precárias, mas aos poucos nas
to de esgoto; a alimentação, educação e condições de habitação cidades foram ocorrendo melhorias sanitárias significativas e a po-
adequadas e, principalmente, a bons programas de saúde destina- pulação urbana passou a ter maior acesso aos serviços de saúde. A
dos à população, incluindo campanhas de vacinação, hospitais e Revolução Industrial, enfim, não foi apenas uma transformação no
maternidade de qualidade, entre outros. modo de produzir mercadorias, mas uma transformação tecnológi-
ca e cientifica que atingiu todas as áreas do conhecimento, entre as
As Taxas – Fundamentos Básicos para a Leitura dos Dados De- quais a medicina.
mográficos A solução de problemas sanitários e o avanço na medicina con-
tribuíram para a diminuição da mortalidade infantil e da mortalida-
Taxa de natalidade: número de nascidos vivos em um ano por de da população em geral. A elevação da média de vida provocou o
mil habitantes. É a relação entre os nascimentos e a população to- aumento do número de habitantes nos países que primeiramente
tal, expressa por mil habitantes. se industrializaram. A vacina contra a varíola, entre o final do sécu-
lo XVIII e o início do XIX, foi a descoberta médica mais importante
Exemplo: para o crescimento populacional, já que houve redução das taxas
Nascimentos anuais: 775 000; de mortalidade e a natalidade permaneceu por longo tempo ainda
População total: 55 173 000 habitantes; em patamares elevados.
Taxa de natalidade: 775 000 x 1000 = 14% Alguns pesquisadores do período da Revolução Industrial con-
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, nasceram 14 sideram outros fatores também responsáveis pela elevação do cres-
crianças vivas num ano. cimento populacional nos países industrializados do século XIX. Por
exemplo, a utilização generalizada da mão-de-obra infantil nesse
Taxa de mortalidade: número de óbitos em um ano por mil período pode ter estimulado o aumento do número de filhos para
habitantes. É calculada a partir da relação entre óbitos anuais, mul- ampliar a renda das famílias. Assim, o crescimento populacional te-
tiplicados por mil, e a população total. ria resultado não apenas da diminuição da mortalidade, mas tam-
bém do aumento da natalidade.
Exemplo:
Óbitos anuais: 335 000; Crescimento da População e a Primeira Teoria Populacional –
População total: 55 173 000 habitantes; o Malthusianismo
Taxa de mortalidade: 335 000 x 1000 = 6% A Grã-Bretanha, pioneira na Revolução Industrial, tinha pouco
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, morreram 6 pes- mais de 5 milhões de habitantes por volta de 1750. A partir daí o
soas num ano. processo de crescimento populacional foi rápido. Em 1840 haviam
atingido mais de 10 milhões de habitantes. Meio século depois
Obs.: As taxas de natalidade e de mortalidade também são passou a marca dos 20 milhões. Essa tendência generalizou-se nos
expressas em porcentagem. Assim, baseando-se nos dados dos demais países europeus que acompanharam a primeira fase da Re-
exemplos anteriores: taxa de natalidade, 1,4%; taxa de mortalida- volução Industrial.
de, 0,6%. Foi justamente a partir da observação da etapa inicial desse
processo que surgiu a primeira e mais polêmica teoria sobre o cres-
Taxa de crescimento vegetativo: diferença entre a taxa de na- cimento populacional.
talidade e a taxa de mortalidade. Conforme os exemplos de taxas de Em 1798, Thomas Robert Malthus, um pastor protestante, es-
natalidade e mortalidade anteriores: creveu a obra Ensaio sobre o Princípio da População. Malthus acre-
ditava que a população tinha um potencial de crescimento ilimitado
Taxa de natalidade: 14%; enquanto a natureza tem recursos limitados para alimentar a cres-
Taxa de mortalidade: - 6%; cente população. Afirmava que as populações humanas cresciam
Crescimento vegetativo: 8% ou 0,8% em progressão geométrica (2, 4, 16, 32 ...), enquanto a produção de
alimentos crescia em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10 ...).
Obs.: A taxa de crescimento vegetativo é também denominada Colocava-se assim a fatalidade de a humanidade ter que con-
taxa de crescimento natural. viver no futuro com subnutrição, fome, doenças, epidemias, infan-
ticídio, guerras por disputas de terras para ampliar a produção de
Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em alimentos e, consequentemente, com a desestruturação de toda a
idade de procriar, entre 15 e 49 anos. vida social.
Para evitar a tragédia anunciada, Malthus defendia o “contro-
Taxa de mortalidade infantil: é o número de óbitos de le moral”. Descartava a utilização de métodos contraceptivos para
crianças com menos de u mano de vida, a cada mil nascidas vivas, limitar o crescimento populacional, conforme a sua formação reli-
considerando-se o período de um ano. giosa. Do ponto de vista prático, pregava uma série de normas de
conduta que incluíam a abstinência sexual e o adiamento dos casa-
A Revolução Industrial e o Crescimento Demográfico mentos, que só deveriam ser permitidos mediante capacidade com-
provada de renda para sustenta a provável prole. É evidente que
A Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, teve forte re- tais normas atingiam apenas os pobres, que Malthus considerava
percussão na organização socioespacial. Passaram a ocorrer um in- os grandes responsáveis pela própria pobreza, devido à tendência
tenso processo de migração do campo para as cidades, mudanças de se casarem cedo e se reproduzirem em excesso.
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A principal refutação às ideias malthusianas foi elaborada por A partir da década de 1980, vários países do continente eu-
Karl Marx, para quem o grande responsável pela fome e pela ca- ropeu registraram, em alguns anos, crescimento natural negativo,
rência da população era o sistema capitalista. As injustiças sociais pois as taxas de mortalidade superaram as taxas de natalidade.
e a má distribuição de riquezas entre as classes sociais seriam os Como visto, o processo de urbanização, interligado a outros fa-
verdadeiros responsáveis pela fome e pela miséria. Argumentava tores, como a presença marcante da mulher no mercado de traba-
que os empresários capitalistas mantinham estrategicamente cer- lho, a redefinição de seu papel na família e o modo de vida baseado
to número de desempregados (Exército Industrial de Reserva) para na preservação da individualidade são questões incorporadas pela
manter baixos os salários, e que manipulavam esses desemprega- cultura europeia ao longo do tempo. Muitos filhos significam, nesse
dos de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. sentido, abrir mão dessa individualidade e, no caso das mulheres,
Para Marx, Malthus subestimava a capacidade da tecnologia podem constituir uma barreira às suas perspectivas profissionais.
em elevar a quantidade de alimentos produzidos no mundo. De
fato, a validade desse argumento foi comprovada pela própria his- Explosão Demográfica e Novas Teorias Populacionais
tória. A fome, que condena quase 1 bilhão de seres humanos nos
dias atuais, não se deve à incapacidade de produção de alimentos e A explosão demográfica do século XX foi um fenômeno do
sim à má distribuição dos alimentos produzidos, devido às desigual- mundo subdesenvolvido, que a partir da década de 1950 passou a
dades sociais e econômicas. registrar elevadas taxas de crescimento demográfico. Alguns países
subdesenvolvidos chegaram a dobrar a sua taxa de crescimento em
O Baby Boom menos de uma geração.
A partir do final da Segunda Guerra Mundial, a população dos É importante ressaltar que a expressão explosão demográfi-
países desenvolvidos teve um rápido surto de crescimento. Esse ca é criticada por alguns demógrafos, pois sugere um crescimento
fenômeno ficou conhecido como Baby Boom e foi o resultado do descontrolado da população, o qual tornaria caótica a vida humana
grande número de casamentos, adiados durante o período da guer- na Terra.
ra. Esse fenômeno atingiu principalmente os países europeus, o Foram esses países que mais contribuíram para o crescimento
Japão, os Estados Unidos e outros diretamente envolvidos no con- da população mundial no século XX. Atualmente concentram mais
flito. Depois de dois ou três anos as taxas de crescimento voltaram de 80% da população do planeta e esse índice tende a ampliar-se.
a declinar. Muitas doenças infecciosas que assolavam principalmente os
países subdesenvolvidos foram derrotadas com a descoberta de
A Estabilização Demográfica no Mundo Desenvolvido novas vacinas e dos antibióticos. Esses avanços na medicina obti-
As migrações em massa da população europeia em direção à dos nos países desenvolvidos foram estendidos a várias regiões do
América e a outros continentes, e a Revolução Agrícola, que elevou mundo e provocaram um declínio significativo nas taxas de mortali-
a produção de alimentos, diluíram os efeitos do grande crescimento dade, com consequente crescimento da população.
populacional na Europa do século XIX. Com o avanço do processo de urbanização em vários países do
O estágio de desenvolvimento europeu no final do século XIX e mundo subdesenvolvido, sobretudo nos que industrializaram, as
início do XX refletiu na demografia. As taxas de natalidade e morta- taxas de crescimento vegetativo também têm se mostrado decli-
lidade começaram a cair devido à urbanização de parcela significa- nantes nas últimas duas décadas.
tiva da sociedade, ao atendimento médico e hospitalar, ao aumento No continente africano, onde a maioria dos países ainda se ve-
das possibilidades de acesso à informação e às mudanças no papel rificam índices de população urbana inferiores a 50%, as taxas de
da mulher, que passou a participar ativamente do mercado de Tra- crescimento vegetativo permaneceram superiores a 2% ao ano.
balho industrial. As taxas de crescimento entraram em declínio na A taxa de fecundidade nos países subdesenvolvidos é pratica-
Europa e continuaram caindo durante todo o século XX. mente o dobro da registrada nos países subdesenvolvidos. No en-
Nos últimos 50 anos, o mundo desenvolvido, em geral – sobre- tanto, se na África o número médio de filhos por mulher está próxi-
tudo os países europeus -, entrou num processo de crescimento mo de 5, na América Latina, onde a urbanização tem sido intensa,
lento, com a efetivação do modo de vida urbano para a maioria de essa taxa é praticamente a metade da africana.
seus habitantes.
Nas cidades, o custo de criação dos filhos é maior do que no As Teorias Antinatalistas da Segunda Metade do Século XX
campo; os jovens ingressam mais tarde no mercado de trabalho; O fenômeno da explosão demográfica contribuiu para que sur-
o trabalho feminino extradomiciliar leva à necessidade do cuidado gissem novas teorias relacionadas ao crescimento populacional. As
dos filhos por outras pessoas ou instituições, gerando outros gastos primeiras teorias associavam o crescimento demográfico à questão
para as famílias. Nesse contexto, a invenção da pílula anticoncep- do desenvolvimento e propunham soluções antinatalistas para os
cional, em 1960, e a consolidação de algumas conquistas femininas problemas econômicos enfrentados pelos países subdesenvolvidos.
– como a ampliação de sua participação no mercado de trabalho e Ficaram conhecidas como teorias neomalthusianas, por serem ca-
nas relações familiares – foram fundamentais nesse processo. tastrofistas e por apontarem o controle populacional como única
No final do século XX, as duas taxas (mortalidade e natalida- saída. Mas, ao contrário de Malthus, os neomalthusianos eram fa-
de) estavam praticamente em equilíbrio, determinando taxas de voráveis ao uso de métodos anticoncepcionais e propunham a sua
crescimento vegetativo em torno de 0% ao ano e inaugurando uma difusão em massa nos países do mundo subdesenvolvido.
nova fase, conhecida como estabilização demográfica. Essa situa- Argumentavam que os países que mantêm elevadas taxas de
ção também foi denominada por alguns demógrafos de implosão crescimento veem-se obrigados a investir doa parte de seus recur-
demográfica. sos em educação e saúde, devido à grande porcentagem de jovens

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que abrigam. Essas elevadas somas de investimentos poderiam ser É evidente que tal critério não atende ás condições de diversos
aplicadas em atividades produtivas, ligadas à agricultura, à indús- países em que, entre as camadas sociais pobres, o trabalho infantil
tria, aos transportes, etc., que dinamizariam a economia do país. é um fato comum e os idosos veem-se, em muitos casos, obrigados
Os neomalthusianos ressaltavam ainda que o crescimento ace- a trabalhar até morrerem ou se tornarem incapazes de qualquer
lerado da população de um país acarretava a diminuição da sua ren- atividade por motivo de doença ou de incapacidade física.
da per capita. Portanto, para aumentar a renda média dos habitan- Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Traba-
tes, era necessário controlar o crescimento populacional. lho), em 2000, quase três milhões de crianças entre cinco e 14 anos
Os argumentos convincentes dos neomalthusianos foram des- trabalhavam no Brasil.
feitos pela dinâmica demográfica real. Os países que tiveram que- O subemprego é uma forma precária de complementação de
das acentuadas em suas taxas de natalidade foram aqueles cujas renda para os idosos que não conseguem reingressar no mercado
conquistas econômicas estenderam-se à maioria dos habitantes, de trabalho formal.
na forma de maior renda e melhoria do padrão cultural. A história
comprovou que havia uma inversão no pensamento neomalthusia- Fundamentos Básicos para a Análise de um Histograma de
no. A redução do crescimento populacional não é o ponto de parti- Distribuição Etária e Sexual e as Fases de Crescimento Demográ-
da para a conquista do desenvolvimento social e econômico, mas o fico
ponto de chegada. A pirâmide etária é uma representação da população por sexo
Essa dinâmica demográfica já havia sido apontada pelos re- e idade em um gráfico conhecido como histograma. Deve ser ana-
formistas, que destacavam as conquistas socioeconômicas como lisado a partir dos percentuais de homens e mulheres em cada fai-
responsáveis pela redução das taxas de crescimento populacional. xa etária com relação à população total. O tamanho de cada barra
Para os reformistas, uma melhor distribuição de renda e o maior corresponde à proporção de cada grupo de idade, conforme o sexo:
acesso à cultura e à educação podem modificar os padrões de cres- masculino, cujas barras estão no lado esquerdo da pirâmide; ou fe-
cimento e promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas. minino, cujas barras estão no lado direito.
Outra visão antinatalistas surgiu com alguns ecologistas já no No eixo horizontal do gráfico (base) está registrado o percen-
final da década de 1960, com a publicação do livro A bomba popu- tual da população por sexo. No eixo vertical estão indicadas as dife-
lacional de Paul Ehrlich. Mas esses ecologistas não se limitaram à rentes faixas etárias da população. Por meio das pirâmides etárias
questão demográfica para discutir as ameaças dos problemas am- é possível analisar algumas alterações demográficas dos países e as
bientais. Ressaltaram o papel negativo do consumismo da popula- tendências dessas alterações.
ção dos países desenvolvidos e, portanto, a necessidade de trans-
formação do modelo econômico do mundo atual.

O Método para os Estudos de População


As características de uma determinada população mudam em
função de condições socioeconômicas, políticas e territoriais, sub-
metidas a múltiplas determinações culturais.
A análise da orientação, do ritmo e da natureza do crescimento
dessa população, a par dos deslocamentos, permite entender seu
comportamento e fazer projeções para o futuro.
O termo técnico mais comum para designar esse comporta-
mento populacional é dinâmica demográfica.
Em geral, a análise da dinâmica demográfica considera um pe-
ríodo de tempo predeterminado.

Crescimento, Composição Etária e Impactos Sociais


Os padrões demográficos gerais de um país ou região (natalida-
de, mortalidade, migrações) determinam a distribuição da popula-
ção por faixas de idade.
Essa distribuição, ao mesmo tempo que resulta do estágio de
desenvolvimento, causa impacto na economia e na distribuição dos
recursos em saúde, educação, formação profissional e outros.
Não existe um único critério para a distribuição da população
por faixa etária, mas o mais utilizado e adotado (inclusive pelo IBGE
atualmente) divide a população em jovens (0-14 anos), adultos (15-
65 anos) e idosos (acima de 65 anos).
Essa divisão tem por base a população ligada ao mercado de
trabalho (pessoas de 15 a 65 anos), empregada ou não, e as pessoas
que são consideradas fora desse mercado (com menos de 15 anos
e com mais de 65 anos).

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Como as barras da base da pirâmide correspondem às faixas de Nos países classificados pela ONU como “emergentes”, caso do
idade, uma pirâmide de base larga com formato piramidal (trian- Brasil, a situação também é preocupante. Nesses países, embora
gular) representa um país de população jovem acentuada e menor o índice de crescimento populacional venha diminuindo (e, conse-
expectativa de vida, como os países subdesenvolvidos, que ainda quentemente, o número de jovens), o índice da população idosa
permanecem em fase de crescimento acelerado, ou na primeira vem aumentando.
fase da transição demográfica.
Envelhecimento Populacional e Previdência Social
As pirâmides que apresentam pequeno estreitamento na base A questão da previdência social pode, segundo alguns econo-
mas o restante da pirâmide triangular, como as de alguns países mistas – sobretudo os de orientação neoliberal -, acarretar conse-
subdesenvolvidos industrializados (Brasil, México, Argentina) ou de quências negativas para os orçamentos dos governos e ter reper-
nível sociocultural mais elevado (Chile, Uruguai, Costa Rica) estão cussões também ruins no mercado financeiro mundial quando o
na segunda fase da transição demográfica. número da população idosa for bem superior ao de contribuintes
As pirâmides com formas irregulares e topo largo correspon- inseridos no mercado de trabalho. Esse problema ameaça tanto
dem aos países com predomínio de população adulta e população os países desenvolvidos quanto os subdesenvolvidos, nos quais é
envelhecida, caso dos países desenvolvidos que atingiram a fase de ainda mais grave. É o que ocorreu com o Brasil no começo deste
estabilização demográfica. século. Os países desenvolvidos enriqueceram e depois “envelhe-
ceram”, mas alguns países subdesenvolvidos estão “envelhecendo”
A Questão Etária nos Países Subdesenvolvidos de Elevado antes de enriquecerem.
Crescimento Demográfico Se, por um lado, a elevação da expectativa de vida prolongou o
Nos países subdesenvolvidos que ainda mantêm um elevado tempo de recebimento dos benefícios da aposentadoria, por outro
padrão de crescimento populacional, o número de jovens é supe- lado, a redução da fecundidade provocará, a médio e longo prazos,
rior às demais faixas etárias da população. Os custos de manuten- a diminuição do número de contribuintes ao sistema previdenciá-
ção e de formação da população na faixa etária dos jovens são um rio.
sério problema nos países onde o Estado, além de desprovido dos
recursos necessários, está mal estruturado para atender às necessi- Distribuição da População por Sexo
dades de saúde e educação. Há pouco mais de um século havia equilíbrio entre o número
Além disso, o grande número de jovens coloca as populações de homens e o de mulheres na composição da população mundial.
dos países mais pobres numa situação desfavorável. A necessidade Porém, desde o final do século XIX, os recenseamentos vêm
de sustentar um número maior de filhos limita a formação da pou- acusando um aumento progressivo no número de mulheres.
pança familiar e dificulta oferecer a educação necessária à ascensão Ocorre que até o século XIX as principais causas de mortalida-
social e ao progresso econômico. De um ponto de vista mais amplo, de eram as doenças infectocontagiosas, que atingiam proporcional-
os países subdesenvolvidos são impedidos de aproveitar seu me- mente homens e mulheres.
lhor recurso, o humano. A partir do século XX, gradativamente, aumenta o número de
No estágio atual da globalização econômica e transformações mortes resultantes de doenças cardiovasculares, que afetam espe-
tecnológicas, os trabalhadores menos qualificados têm sido os mais cialmente os homens.
afetados pelo desemprego, e a tendência é de que as inovações dos Assim, há um número um pouco maior de mulheres na faixa
processos de produção os afastem ainda mais do mercado de tra- etária dos idosos.
balho. O baixo investimento na formação educacional dos jovens, Naquela época, o IBGE registrou uma expectativa de média de
que ainda por algumas décadas constituirão a parcela maior da po- vida de 71 anos, no Brasil.
pulação do planeta, aponta questões difíceis de serem resolvidas a Para os homens era de 67,3 anos, enquanto a das mulheres
curto e a médio prazos. chegava a 74,9.
Atualmente, a média está entre 75,2 anos, no geral.
A Questão Etária nos Países Desenvolvidos No caso brasileiro influi significativamente o fato de que os ho-
Nos países desenvolvidos o crescimento da população que não mens são as principais vítimas da violência.
trabalha decorre basicamente do aumento da população idosa, pois Os homicídios e acidentes atingem principalmente os homens
as baixas taxas de fecundidade não contribuem para a formação de na faixa de idade entre 15 e 35 anos.
um grupo etário numeroso. Enquanto a média mundial de fecundi- A alteração do papel da mulher na sociedade, ao mesmo tem-
dade da mulher situa-se em torno de 2,6 filhos, nos países desen- po que representa uma conquista, tem elevado a taxa de estresse
volvidos é de 1,5 e nos países subdesenvolvidos é de 2,8 filhos. Para da população feminina.
que um país mantenha a sua população em volume constante é São comuns, também, os casos em que mulheres separadas
preciso que a taxa seja de 2 filhos para cada mulher, necessária para são obrigadas a assumir sozinhas a responsabilidade de cuidar dos
a reposição da população que morre. filhos e garantir os custos de subsistência e de formação.
O processo de aumento na participação dos idosos no conjunto Os países ou regiões que atraem imigrantes apresentam um
total da população é denominado envelhecimento da população, o predomínio da população masculina.
qual obriga os países desenvolvidos (cuja população com mais de Ocorre o contrário nos países ou regiões de emigração, onde há
65 anos, a maioria fora do mercado de trabalho, é superior à 15% predomínio de mulheres.
da população total) a destinarem um volume crescente de recursos No caso brasileiro, esse fator manifesta-se por um número
ao sistema de previdência. No Japão, na Itália, Alemanha e Grécia, superior de população feminina e mesmo de mulheres “chefes de
por exemplo, 1 em cada 5 pessoas tem mais de 65 anos de idade. família” na região Nordeste, devido à emigração da população mas-
culina para outras regiões.
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É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em


A DIVISÃO INTERNACIONAL E TERRITORIAL DO TRABALHO Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, nomeia a Nova
Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido mi-
litar, pois os Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão
das diversas crescentes econômicas de novos polos de poder, so-
bretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A Divisão do Mundo entre Norte e Sul

Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineira-


mente dividido entre leste e oeste.
O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos
EUA, enquanto o Leste demarcava o mundo Socialista representado
pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios
cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de
Cuba) e no leste havia nações capitalistas.
Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido
entre Norte e Sul, de modo que no Norte encontram-se as nações
Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas
hierarquias de poder existentes entre os países do mundo. Dessa ou emergentes. Tal divisão também segue os ditames da Nova Or-
forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu dem Mundial, em considerar preferencialmente os critérios econô-
contexto histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, micos em detrimento do poderio bélico.
estamos nos referindo ao atual contexto das relações políticas e
econômicas internacionais de poder.
Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que
dominavam e polarizavam as relações de poder no globo: Estados
Unidos e União Soviética.
Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas corridas
armamentista e espacial e pelas disputas geopolíticas no que se re-
fere ao grau de influência de cada uma no plano internacional. Este
era o mundo bipolar.
A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990,
mais especificamente após a queda do Muro de Berlim e do esfa-
celamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer apenas Em vermelho, os países do sul subdesenvolvido e, em azul, os
uma grande potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. países do norte desenvolvido
Analistas e cientistas políticos passaram a nomear a então ordem
mundial vigente como unipolar. Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não
Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas há uma total fidelidade aos critérios cartográficos, uma vez que al-
enxergavam que tal soberania pudesse não ser tão notável assim, guns poucos países localizados ao sul pertencem ao “Norte” (como
até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio a Austrália) e alguns países do norte pertencem ao “Sul” (como a
bélico e espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio China).
político e econômico.
Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às suces- A Economia Capitalista Hoje
sivas crescentes econômicas da União Europeia e do Japão, apesar
das crises que estas frentes de poder sofreram no final dos anos Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional.
2000. Suas características tornam-se a cada dia mais claras. Suas raízes
De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de cres- econômicas remontam às transformações iniciadas com as tecno-
cimento econômico que colocaram a China como a segunda maior logias dos anos de 1970, que influenciam as potências atuais de
nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por forma marcante.
esse motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a crise
Nova Ordem Mundial como mundo multipolar. do socialismo, o fim da Guerra Fria e a valorização dos problemas
Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação sociais e ambientais.
que possua o poderio bélico e nuclear dos EUA. Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado por
Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam 23 nações (Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelân-
capazes de destruir todo o planeta várias vezes. dia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União Europeia),
A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo pos- torna-se cada vez mais rico. Em 2005, a população dessas nações
suindo tecnologia nuclear e um elevado número de armamentos, somava 900 milhões de pessoas (13% do total mundial) e produzia
vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de inves- cerca de 32 trilhões de dólares (80% do PIB mundial), o que dava
timentos na manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades
econômicas enfrentadas pelo país após a Guerra Fria.
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uma renda per capita de mais de 35 mil dólares. Em 1960, os mes- da maior integração e complementação econômica dos conjuntos
mos países tinham cerca de 20% da população mundial e controla- de países que formaram organizações ou zonas de livre comércio,
vam cerca de 60% do PIB do mundo. como a União Europeia e o Nafta.
Uma das características político-econômicas mais importantes
da Nova Ordem Internacional foi o crescente uso dos princípios teó- Características da Nova Ordem Internacional8
ricos do neoliberalismo.
Especialistas acreditam que os neoliberais criaram, com seu A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por um
pragmatismo, um conjunto de regras econômicas muito claro, que amplo conjunto de aspectos. Citaremos todos, porém, nos atenta-
se resume aos seguintes aspectos: remos mais detalhadamente, à Globalização.
* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas; São eles:
* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido; * Investimentos em P&D;
* As empresas estatais devem ser privatizadas; * Os blocos econômicos;
* O Banco Central de cada país deve ser independente; * Dívida externa;
* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação; *Desemprego;
* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições; * As economias em transição;
* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e desregula- * O problema da pobreza.
mentados;
* A produção industrial deve ser internacionalizada, buscando- Globalização
-se mão-de-obra mais barata; A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela evolui
* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e competi- na forma de ciclos, intensificando os fluxos de pessoas, bens, capital
tivas. e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira fase da expansão
capitalista europeia, impulsionada pelas Grandes Navegações do fi-
Frente às crises e ao aumento da miséria nos países subdesen- nal do século XV. Entre 1870 e 1890, a globalização foi novamente
volvidos, alguns neoliberais modernos defendem que esse recei- intensificada, graças à aceleração dos investimentos internacionais,
tuário não tem dado certo por culpa dos governos. Seria necessário a ampliação do comércio e o aperfeiçoamento dos meios de trans-
apenas conter os monopólios privados, supervisionar os bancos portes e comunicações. Posteriormente, durante o período que se
com mais atenção, investir em educação e aumentar a poupança estende entre 1910 e 1920, houve nova aceleração desse processo,
interna. associada ao crescente militarismo, que culminaria com a Primei-
Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os países ra Guerra Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante a década de
desenvolvidos exerciam sobre o comércio de exportação no mundo 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial.
continuou, embora sua participação no total tenha sido um pouco Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de globalização
reduzida. Essa redução foi consequência do crescimento das expor- foi mais lento, amarrado pelas relações limitadas entre os países
tações conquistado pelos países subdesenvolvidos industrializados. capitalistas e os socialistas e pelas políticas comerciais altamente
A participação dos países subdesenvolvidos no comércio mun- protecionistas. Somente na década de 1990 os investimentos inter-
dial de exportação vinha decrescendo desde o início da Ordem da nacionais retornariam ao patamar de 1941.
Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial em 1950 e caiu
para cerca de 20% em 1985). Essa situação começou a se reverter Corporações Transnacionais9
no início da Nova Ordem Internacional. Nos dez anos seguintes, os As transnacionais correspondem às corporações industriais,
países pobres passaram a controlar maiores parcelas do comércio comerciais e de prestação de serviços que atuam em distintos terri-
mundial de exportação. tórios dispersos no mundo. Nesse caso, ultrapassam os limites ter-
Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente para ritoriais dos países de origem das empresas.
elevar o padrão de riqueza dos países subdesenvolvidos como um Grande parte das empresas transnacionais é oriunda de paí-
todo. A maior parte desse aumento foi de responsabilidade de um ses industrializados e desenvolvidos que detêm um grande capital
restrito grupo de países subdesenvolvidos industrializados, enquan- acumulado; o excedente, nesse caso, é direcionado para países em
to a grande maioria dos mais de 150 países subdesenvolvidos con- todos os continentes.
tinuou a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de expor- Os investimentos dessas empresas são altíssimos, uma vez
tação (commodities) e a redução de sua participação no comércio que a matriz emite os recursos para as filiais localizadas em muitos
mundial, exceto os exportadores de petróleo. países pobres. Nesses países, as transnacionais exercem funções
Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é importantes como acelerar o desenvolvimento industrial, além de
apontado como um dos indicadores da aceleração do processo de gerar postos de trabalho.
globalização, que criou uma maior dependência das economias na- No entanto, essas empresas não têm objetivo social no mo-
cionais em relação à economia internacional, pois uma grande par- mento em que se instalam em um determinado país. Pelo contrário,
cela das atividades produtivas e dos trabalhadores fica dependente para sua instalação acontecer, o governo oferece uma série de be-
do desempenho de seus países no mercado mundial. nefícios e incentivos, tais como isenção parcial ou total de tributos,
Esse crescimento do comércio e essa maior dependência das
economias nacionais são o resultado das políticas de liberalização 8 SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia Geral – Geopolítica. 4ª edição. São
alfandegária colocadas em prática desde o final da Segunda Guer- Paulo: Anglo.
ra Mundial. Desde então, as taxas alfandegárias médias dos países TERRA, Lygia; et. al. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª edição.
mais desenvolvidos do mundo caíram de 40% para menos de 5%. São Paulo: Moderna.
Por outro lado, o crescimento do comércio internacional foi fruto 9 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/transnacionais.htm.
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até mesmo dos lucros. Esses países se submetem a essas exigências Podemos notar facilmente que a maior parte dos investimen-
a fim de atrair novos investimentos estrangeiros e também garantir tos tem sido sempre no mercado financeiro, ou seja, nas bolsas de
a permanência das empresas. valores. É o que se chama de capital volátil. Esses investimentos en-
As transnacionais estão ligadas à globalização da produção, na tram nos países e saem muito rapidamente, circulando diariamente
qual um único produto pode ter várias origens, isso por que os seus no mundo, de uma bolsa para outra, mais de 3 trilhões de dólares.
componentes têm origens distintas e são montados em uma deter- O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas de
minada localidade do mundo. Esse fluxo produtivo visa unicamen- valores estocava um patrimônio coletivo de 47 trilhões de dólares
te verticalizar os lucros, diminuindo os custos, consolidando-se no em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o mercado finan-
mercado como empresas competitivas que buscam alcançar gran- ceiro se acelerou como forma de investimento.
des parcelas do mercado internacional. Os investimentos financeiros diretos também cresceram bas-
Há pouco tempo essas empresas eram denominadas multina- tante, aumentando mais de sete vezes nesse período, principal-
cionais, porém gradativamente esse termo não mais está sendo mente por meio da compra de empresas privatizadas, dentro da
usado, uma vez que a expressão emite uma ideia de uma empresa política neoliberal. As privatizações se expandiram muito desde o
que possui diversas nacionalidades. Dessa forma, empresas com início da década de 1990. Entre 1988 e 2003, houve mais de 9 mil
essas características recebem o nome de transnacionais, possuem privatizações em cerca de 120 países, que somaram mais de 410
sede em um país e desempenham atividades em diversos outros. bilhões de dólares de transações.
Atualmente, existem em funcionamento cerca de 40 mil em- Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na
presas transnacionais, muitas originadas de países desenvolvidos, atualidade, só ocorrem em países subdesenvolvidos ou nos países
porém existem ainda corporações oriundas da Coreia, Índia, México socialistas que estão em transição para a economia de mercado. Na
e Brasil. verdade, a década de 1990 foi marcada pelo aumento das privatiza-
As transnacionais exercem influência que transcende a econo- ções em diversos países desenvolvidos.
mia, pois interfere em governos e nas relações entre países. Embora a globalização seja comandada pelos agentes financei-
Essas empresas surgiram efetivamente a partir da Segunda ros e econômicos, há uma profunda relação entre seus interesses
Guerra Mundial, quando empresas de países ricos migraram suas e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na atualidade,
atividades para lugares espalhados pelo mundo. vemos uma espécie de privatização do Estado, que é colocado a
Com a expansão das transnacionais, a partir da década de serviço dos interesses do grande capital.
1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a Terceira Revolução Indus- Hoje, mais do que em qualquer outra época da modernidade,
trial, que gerou um sistema de produção econômica com regras que a elite econômica colocou o Estado a serviço de seus interesses.
se uniformizam e se universalizam rapidamente, está criando uma São os governos dos países mais ricos do mundo que promovem,
nova onda de globalização. Suas instituições passam a controlar e numa ação política bem orquestrada, a globalização, preparando
organizar essa economia em que as fronteiras perdem a importân- encontros, ampliando o raio de ação das organizações internacio-
cia e muitos Estados disputam o direito de abrigar as sedes ou as fi- nais, realizando acordos comerciais, que favorecem a quem contro-
liais das grandes corporações, que controlam a oferta de empregos la a economia.
e investimentos. Recentemente, por causa das transformações econômicas em
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado em direção à globalização, a redução das taxas alfandegárias e a libe-
direção a uma crescente homogeneização, fruto da imposição de ração do movimento dos capitais, muitos estudiosos passaram a
um sistema econômico e social globalizado sobre toda a superfície acreditar que o Estado nacional estava em fase de dissolução. Em
da Terra. Nas últimas décadas, esse processo sofreu uma forte ace- verdade, ocorreu a sua transformação: as relações entre o Estado
leração, especialmente porque o polo de oposição ao capitalismo, e a economia se internacionalizaram, e a privatização tornou-se
que durante 45 anos compartia o mundo, criando a bipolaridade da norma. Dessa forma, o Estado abandonou o papel de agente eco-
Guerra Fria, entrou em crise. nômico, desfazendo-se dos seus ativos, e passou a exercer o papel
Os investimentos internacionais são realizados de forma dire- de organizador e gestor de uma economia globalizada, no qual o
ta, pelas empresas transnacionais que implantam ou ampliam suas conceito de soberania nacional passou por uma revisão.
unidades produtivas, ou indireta, quando se relacionam aos fluxos As aquisições e fusões que têm caracterizado a globalização
de capital que entram por meio de empréstimos, moeda trazida por desde o início da década de 1990 não pretendem aumentar a pro-
estrangeiros, pagamentos de exportações, vendas de títulos públi- dução, criar novas fábricas e ampliar os empregos. A função dessa
cos no exterior e investimentos no mercado financeiro (especial- onda de fusões é cortar as atividades redundantes, reduzir a con-
mente em bolsas de valores). Observe sua evolução recente: corrência e aumentar a concentração de capitais. O resultado final
Os investimentos internacionais foram acelerados na Nova Or- tem sido sempre a elevação das taxas de desemprego e o aumento
dem. Eles saltaram de 924 bilhões de dólares em 1991 para mais de da monopolização.
5,4 trilhões em 2001. O volume das transações financeiras provocadas pelas fusões
Na era da globalização, quando as informações são instantâ- de grandes empresas tem ampliado o mercado de ações e acelera-
neas, um observador pode acompanhar a abertura e o fechamento do a movimentação de capitais.
das mais importantes bolsas de valores do mundo durante 22 horas No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos ou
seguidas: se ele estiver em São Paulo, a Bolsa de Tóquio abre às periféricos não têm peso na definição desse novo panorama geopo-
21 horas (hora de Brasília) e fecha às 5 horas do dia seguinte. Uma lítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos países
hora mais tarde, abre a Bolsa de Londres e, às 11 horas, a de Nova líderes. Assim, com a decadência do bloco socialista, resta para o
Iorque, que só fecha às 19 horas. capitalismo resolver, num futuro próximo, três graves problemas:

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Desigualdade – Há uma crescente desigualdade de padrão de produção de mercadorias e de geração de serviços, e pelo processo
vida entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, além das de globalização (por exemplo, ampliação dos fluxos de informações,
diferenças de renda dentro dos próprios países desenvolvidos. Se- capitais e mercadorias).
gundo Hobsbawm, a ameaça que a expansão socialista represen-
tou após 1945 impulsionou a formação do Welfare State (Estado de Mundialização do Planeta
bem-estar social), com reformas sociais nos países desenvolvidos, Os processos de exclusão que estamos observando no mundo
criando-se uma parceria entre capital e trabalho organizado (sin- inteiro não afetam unicamente os países do sul, mas representam a
dicatos), sob os auspícios do Estado. Isso gerou a consciência de principal preocupação dos países industriais. Tal como se processa
que a democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe tra- a globalização nas formas atuais, muita gente está ficando de fora.
balhadora, com caras concessões econômicas. O abandono dessas Segundo estimativas de autores americanos, inclui um terço e deixa
políticas sociais tem ampliado o quadro da desigualdade social, até fora dois terços da população mundial. Metaforicamente, está ha-
mesmo em países desenvolvidos. vendo uma terceiro-mundialização do planeta.
Apesar de a globalização ter acentuado os problemas sociais
Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e crescente xenofobia, nos países do norte, esses problemas são extremamente mais gra-
especialmente na Europa e nos Estados Unidos, devido ao grande ves nos países do sul, onde a capacidade de solução dessas ques-
fluxo de imigrantes das regiões mais pobres para os países indus- tões é bastante limitada.
trialmente mais desenvolvidos.
Divisão Norte-Sul
Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que alerta para a A divisão Norte-Sul simboliza a separação entre os mundos de-
necessidade de solucionar as agressões ao meio ambiente, que po- senvolvido e subdesenvolvido. Os países desenvolvidos estão situa-
dem afetar todo o planeta. dos quase todos no hemisfério Norte (com exceção da Austrália e
Nova Zelândia, que também são classificados como países do norte)
Globalização e Subdesenvolvimento e os subdesenvolvidos estão situados ao sul do bloco dos países de-
senvolvidos. Por esta razão a expressão norte passou a ser sinônimo
Subdesenvolvimento não é fruto da globalização. Ele se carac- de desenvolvimento e sul, do inverso.
teriza por graves problemas sociais e grande desigualdade no inte- Considerando a situação atual dos países do mundo, as diferen-
rior da sociedade e pela capacidade limitada de desenvolvimento ças são gritantes. Os países do G-8 (grupo que inclui os sete países
tecnológico, entre outros fatores. Os países incluídos nesse grupo mais ricos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino
também são diferentes entre si. Alguns possuem elevada capacida- Unido e Canadá, além da Rússia) são responsáveis pela produção
de de produção instalada e atraem volumes expressivos de investi- de cerca de 56% de toda a riqueza do mundo. Todos os demais paí-
mentos do exterior, como é o caso do Brasil. Outros estão excluídos ses reunidos, onde vivem 85% da população mundial, produzem os
da ordem econômica mundial e dependem de ajuda humanitária 44% restantes.
para a sobrevivência da população faminta, sem oportunidades de As distâncias socioeconômicas entre os países tendem a au-
trabalho e sem condições de obter renda. mentar a cada ano com o desenvolvimento técnico-científico acele-
rado e concentrado nos países mais desenvolvidos. Segundo o Re-
Origens do Subdesenvolvimento latório 2002 do Fundo de População das Nações Unidas, em 1960
A origem do processo de formação dos países desenvolvidos o rendimento dos 20% mais pobres no mundo era 30 vezes menor
e subdesenvolvidos remonta às grandes navegações empreendidas que o dos 20% mais ricos. Essa diferença havia aumentado para 74
pelos Estados-nações recém-formados na Europa, a partir do século vezes em 2002. O mesmo relatório aponta que cerca de três mi-
XV. Nessa época, esses Estados expandiram o comércio, explorando lhões de pessoas vivem com menos de dois dólares por dia.
os produtos e recursos da América, da África e da Ásia e passaram Considerando que o desenvolvimento tecnológico é um ele-
a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes, contro- mento importante para o processo de globalização, o Brasil, no iní-
lando a extração e a produção neles realizadas. cio do século XXI, ocupava a desconfortável 43ª posição no mundo
As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam em conquistas tecnológicas.
autonomia administrativa, e seus recursos e riquezas eram explora-
dos intensamente, em benefício de alguns países, como Portugal, O Conselho de Washington
Espanha, Holanda, França e Inglaterra (as metrópoles). O Conselho de Washington refere-se a um conjunto de receitas
A exploração dos recursos das colônias, como metais precio- econômicas criadas, em 1989, visando acelerar o desenvolvimento
sos, minérios e produtos agrícolas, proporcionou de fato um grande da América Latina. O economista John Williamson reuniu o pensa-
enriquecimento às metrópoles. mento das grandes instituições financeiras (FMI, Banco Mundial,
Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo. São os BIRD) e também do governo norte-americano, que pretendiam re-
casos da Austrália, Nova Zelândia, Canadá e dos EUA. solver a crise dos países pobres e particularmente os da América
Mas, ainda nas duas últimas décadas, o processo de globaliza- Latina, e propor caminhos para o desenvolvimento.
ção acentuou a distância entre o mundo rico e o mundo pobre, e a Entre essas instituições havia “consenso” sobre alguns pontos
quantidade de pessoas vivendo em condições de pobreza elevou-se principais. De acordo com o Conselho de Washington, os países de-
inclusive nos países ricos. Segundo o economistas, no início do sé- veriam:
culo XXI, cerca de 2/3 da população do planeta encontra-se à mar- * promover uma reforma fiscal, isto é, uma reforma no sistema
gem dos benefícios propiciados pelo aumento na capacidade de de atribuição e de arrecadação de impostos, para que as empresas
pudessem pagar menos e adquirir maior competitividade.

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* promover o corte de salários e demissão dos funcionários pú- nacional do trabalho. Os países dominantes ficavam com a maior
blicos em excesso, e realizar mudanças na previdência social, nas parte da riqueza produzida, enquanto as colônias tinham a função
leis trabalhistas e no sistema de aposentadoria, para diminuir a dí- de contribuir para a acumulação de capital nas metrópoles.
vida do governo (chamada dívida pública). A economia capitalista se desenvolveu concentrando riqueza e
Além disso, o Conselho de Washington propunha a abertura poder nas mãos das elites, principalmente das potências dominan-
comercial, o aumento de facilidades para a entrada e saída de capi- tes, criando em contrapartida regiões pouco desenvolvidas econo-
tais e a privatização de empresas estatais. micamente e pouco industrializadas, chamadas a partir da segunda
metade do século XX de subdesenvolvidas.
Risco-País Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos países
Numa economia internacional muito integrada, s maiores in- chamados subdesenvolvidos esteve durante muito tempo na condi-
vestidores têm grande “controle” ou “poder” sobre a situação eco- ção de colônia, e a exploração de seus recursos naturais e humanos
nômico-financeira de um país, conforme a dependência desse país impediu o seu crescimento econômico e seu desenvolvimento so-
em relação aos investimentos externos. As agências internacionais cial. Ou seja, dentro de um mesmo processo, o crescimento econô-
de investimentos, por sua vez, divulgam relatórios constantemente mico de uns foi conseguido em detrimento de outros.
sobre a capacidade dos países para pagar seus compromissos exter- Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais di-
nos e avaliam o “nível de segurança” de cada país. Essa classificação videm o mundo em dois grandes grupos: o dos países ricos, mais
recebe o nome de risco-país, e os investidores levam em conta es- industrializados, desenvolvidos, com menores problemas sociais, e
ses relatórios ao aplicarem seu capital. o dos países pobres, menos industrializados, que contam com inú-
Enfim, nesse mundo globalizado, o sistema financeiro interna- meros problemas sociais, incluindo enorme quantidade de pessoas
cional acaba tendo forte influência na vida das sociedades dos di- que vivem em precárias condições de vida. Esses grupos não são
versos países, com consequências muitas vezes negativas. homogêneos, apresentando grandes diferenças.
O que é risco-país?
É uma classificação baseada na diferença entre o juro pago Grandes Conjuntos de Países
por um papel (título) e a taxa oferecida por um título com prazo Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra Mun-
de vencimento semelhante pelo Tesouro dos Estados Unidos, dial, passaram a investir na indústria, ficando conhecidos como paí-
título este considerado o papel mais seguro do planeta, de risco ses em subdesenvolvimento. Como a Primeira Revolução Industrial
praticamente zero. Essa avaliação é realizada por agências de ocorreu no século XVIII e a Segunda Revolução Industrial no século
investimentos como Moody`s, Standard & Poor`s (S&P) e Fitch (to- XIX, esse processo é considerado industrialização tardia ou retar-
das norte-americanas). datária. E o caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos (Co-
A classificação reflete, na visão dos investidores, qual é a pos- reia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China).
sibilidade de o país pagar ou não suas dívidas interna e principal- Os países ricos e pobres já receberam diversas denominações.
mente externa. Uma delas, a partir da década de 1980, refere-se à localização geo-
Quanto maior a taxa de risco de um país, mais altos serão os gráfica. Os mais desenvolvidos passaram a ser chamados de países
juros que o governo terá de pagar para renovar ou obter novos em- do Norte, pois na sua maior parte encontravam-se no Hemisfério
préstimos, e menos para receber novos investimentos. (Adaptado Norte. Os subdesenvolvidos, localizados majoritariamente no He-
de Folha de São Paulo, 13/06/2002, p. B-4 e 22/10/2002, p. B-1). misfério Sul, ficaram conhecidos como países do Sul.
Os países, para serem confiáveis, deveriam cumprir as normas Mais recentemente, com a expansão e a internacionalização
e as sugestões do “Consenso”. Nada era obrigatório, mas seguir dos mercados, os países foram divididos em países centrais, merca-
suas determinações básicas era condição para receber ajuda finan- dos emergentes (ou semiperiféricos) e países periféricos.
ceira externa e atrair capitais estrangeiros. Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e Ar-
gentina), o processo de industrialização apoiou-se no modelo de
A Escala Regional na Ordem Global substituição de importações, que incluía a proteção do mercado
interno, a proibição da entrada de manufaturados estrangeiros e
Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU reconhe- o fortalecimento de indústrias locais (nacionais e transnacionais).
ceu, por maioria, a Palestina como Estado observador não membro Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos, in-
(Nova York, Estados Unidos). Para muitos analistas, esse reconheci- dustrializaram-se a partir do modelo de plataformas de exporta-
mento poderia ter significado a retomada do processo de paz. ção, no qual empresas transnacionais se instalam em determinado
país e passam a exportar sua produção para outros países, onde o
Comércio Desigual e Regionalização na Economia Global produto final é montado.
De acordo com a inserção na economia mundial, é possível
identificar grandes conjunto de países. A profunda desigualdade na Mudanças nos Padrões de Divisão Internacional do Trabalho
participação no comércio mundial está relacionada com as mudan- Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças nos
ças nos padrões da divisão internacional do trabalho. padrões da divisão da produção e do comércio internacional, com
o crescimento da participação dos países em desenvolvimento nas
Inserção Desigual dos Países na Economia Mundial exportações de manufaturados.
Os países não se inserem na economia mundial da mesma ma- No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, in-
neira. O atraso econômico de muitos países é resultado de um pro- cluindo o Brasil, eram predominantemente agroexportadores. Na
cesso histórico. O crescimento econômico das nações nos últimos tradicional divisão internacional do trabalho essas economias esta-
séculos se confunde com a própria história do desenvolvimento do vam assentadas principalmente na exportação de matérias primas
capitalismo, que desde o século XVI estabeleceu uma divisão inter- ou produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais) para os
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países ricos. Por outro lado, os países subdesenvolvidos recebiam Também fazem parte desse grupo países da América Latina,
dos países desenvolvidos produtos do setor secundário (indus- como México, Brasil e Argentina, que fabricam e exportam produ-
trializados) e do setor terciário (comércio, capital, tecnologia). Os tos industrializados utilizando principalmente baixa e média tecno-
produtos exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor logia, mas também exportam produtos agrícolas, matérias-primas
valor que os exportados pelos países desenvolvidos. Na produção minerais e vegetais.
industrial e tecnológica estão os produtos de maior valor agregado, Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua partici-
ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada. pação nas exportações mundiais, representando 31,5% do total em
Desde as últimas décadas do século XX, os países em desen- 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos tornan-
volvimento têm encontrado algumas brechas para produzir e co- do-se a primeira potência comercial do mundo. Os Tigres Asiáticos
locar produtos manufaturados no comércio mundial. No entanto, constituíram uma indústria nacional voltada para o mercado in-
em grande parte, ainda exportam produtos que agregam apenas ternacional, abastecendo-o com produtos de tecnologia avançada
tecnologia tradicional. (computadores, automóveis e aparelhos eletrônicos). Investimen-
O êxito no mercado internacional, com entrada significativa de tos em educação produziram uma mão de obra qualificada, embora
divisas, não ocorre apenas para produção e exportação de grande barata.
volume de mercadorias. O que importa mais é o valor agregado à Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto formado por Malásia, In-
mercadoria. No caso, os países desenvolvidos agregam alta tecno- donésia, Filipinas e Tailândia, procuram aumentar sua produção
logia. e exportação de manufaturados. Esses países se industrializaram
A maior parte do aumento da participação dos países em de- na década de 1970, na mesma época da industrialização de Chile,
senvolvimento no mercado de bens manufaturados provém da Ásia Egito, Turquia, Ilhas Maurício, Venezuela, Colômbia, Peru, Argélia e
Oriental e do Pacífico. Marrocos.
Somente um pequeno grupo de países participa das exporta- Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais dinâmi-
ções de alta e média tecnologia (China e Taiwan, Coreia do Sul, Ma- cos, que respondem por até 80% das exportações dos países em de-
lásia, Cingapura, Índia, além do México, na América Latina). senvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia, são apenas sete:
O mesmo acontece com as exportações de manufaturados com China, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Taiwan, México e Índia.
utilização de baixa tecnologia, nas quais se destacam China, Taiwan, A China e a Índia, economias que têm crescido muito, inte-
Coreia do Sul, México e índia. gram-se ao esquema de produção e comercialização fabricando,
Outros fatores como o custo dos transportes a distância entre entre outros, partes de componentes para computadores ou carros.
os mercados mundiais influem no comércio. Contando com um terço da população mundial e com grandes taxas
de crescimento econômico, apesar de apresentarem grandes pro-
Nova Divisão Internacional do Trabalho blemas sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes
Atualmente, tem-se estabelecido entre os países uma nova di- poderia redefinir o poder mundial.
visão internacional do trabalho, destacando-se três grupos de paí- Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da pri-
ses: os industrializados centrais, os industrializados semiperiféricos meira metade do século XXI será impossível ignorar a sigla Brics –
e as economias periféricas, predominantemente agroexportadoras. iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa).
Os países industrializados centrais iniciaram sua industrializa- Inicialmente, os quatro primeiros países constituíram o Bric, um
ção ainda no século XIX, formando uma indústria nacional e conso- grupo de cooperação que realizava reuniões anuais com o objeti-
lidando um mercado interno. Atualmente fabricam e exportam pro- vo de aumentar sua importância geopolítica no cenário mundial.
dutos da indústria de ponta (informática, aeroespacial e outras), os Em 2011, a África do Sul foi formalmente incluída no grupo, por
quais agregam alta tecnologia. apresentar desenvolvimento similar. Esses países são considerados
Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns paí- a elite dos mercados emergentes com crescente importância na
ses da Europa Ocidental (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Ho- economia global. Segundo prognósticos, esses cinco países deverão
landa, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá. estar entre as maiores economias do planeta, desbancando potên-
O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados Unidos, cias como o Japão e a Alemanha.
Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá) é conhecido Os países de fraca industrialização (ou periféricos) consti-
como G-7. Em alguns casos a Rússia integra esse grupo, que passa tuem-se de parte dos países asiáticos, parte dos latino-americanos
a ser denominado G-8. e a maioria dos africanos. Contando com pouca industrialização e
Os países industrializados semiperiféricos formam um grupo tendo por base uma economia agroexportadora, participam mar-
muito diversificado e a maior parte tem pouca porcentagem de par- ginalmente do mercado mundial, fornecendo principalmente pro-
ticipação nas exportações de produtos manufaturados. dutos primários.
Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do Mar-
(como Polônia, Espanha, Portugal e Grécia) ou ex-colônias euro- fim), de tabaco (Zimbábue) e de minérios, como o diamante (Bot-
peias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam como es- suana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia). Na América Central
paços de produção industrial anexos dos países centrais. e América do Sul, Jamaica e Suriname exportam bauxita; a Bolívia,
Alguns países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), gás natural; e o Chile, cobre. Na Ásia, o Sri Lanka depende das ex-
como Rússia, Cazaquistão, Belarus e Ucrânia, tentam se reorganizar portações de chá.
industrialmente após o abandono do regime socialista. As cotações das commodities (mercadorias em estado bruto
ou produtos primários) são fixadas pelos países ricos, sendo cons-
tantemente depreciadas. Além disso, os países ricos mantêm um
conjunto de barreiras protecionistas e de subsídios agrícolas, desfa-
vorecendo ainda mais os países periféricos.
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Interesses Econômicos e Comércio Internacional venções e créditos protecionistas aos seus produtos agrícolas. Esse
Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a Conferên- fato acentuou ainda mais a desigualdade de condições dos países
cia de Bretton Woods, realizada em 1944 nos Estados Unidos, esta- no comércio mundial.
beleceu novas regras financeiras e comerciais mundiais. O sistema Por causa dessas dificuldades, outras organizações exercem
monetário internacional utilizava o padrão-ouro para definir o valor um poder político importante no contexto internacional. Esse é o
das moedas a partir do peso do ouro ou equivalente (1870-1914). A caso da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o De-
substituição do padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), senvolvimento (Unctad), que desde 1964 presta auxílio técnico aos
definido na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados países em desenvolvimento para a integração no comércio mundial.
Unidos a principal moeda internacional, assegurando seu predo- Por considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países
mínio nos bancos centrais dos países e no comércio mundial. Os apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos.
Estados Unidos se comprometiam a trocar, sempre que necessário, A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
dólares por ouro. também é um bom exemplo de organização paralela de defesa de
Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em dó- interesses.
lar e em ouro para o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos
organismos criados nessa conferência, que tinha a função de garan- Fluxos do Comércio Internacional
tir a estabilidade do sistema financeiro para favorecer a expansão Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio in-
e o desenvolvimento do comércio mundial. Posteriormente esse ternacional tem apresentando crescimento acelerado, ciclo que foi
organismo passou a supervisionar as dívidas externas dos países. momentaneamente interrompido com a crise financeira dos Esta-
Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi criado dos Unidos, no final de 2008.
também o Banco Mundial, em 1945, que financiou a reconstrução O mercado imobiliário americano passou por uma fase de ex-
da Europa no pós-guerra. Atualmente realiza empréstimos para paí- pansão acelerada desde 2001, estimulado pela queda gradativa de
ses periféricos ou semiperiféricos. Uma das principais instituições juros e incorporação de segmentos da sociedade de renda mais bai-
que compõem o Banco Mundial é o Banco Internacional para a Re- xa e com dificuldade de comprovar sua capacidade de pagamento
construção e o Desenvolvimento (Bird). de débitos. Esses negócios estimularam o mercado de títulos de
Na fase da globalização financeira, déficits na balança de paga- maior risco até gerar uma reação em cadeia de inadimplência que
mentos dos Estados Unidos levaram o país a declarar, em 1971, que quebrou o mercado de créditos imobiliários. Essa crise imobiliária
não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi estabelecido o provocou uma crise mais ampla no mercado financeiro americano,
padrão financeiro de câmbio flutuante, adotando-se o sistema de afetando o desempenho da economia mundial.
taxas de câmbio flutuantes entre divisas. Dessa maneira, abriu-se o Por causa dessa crise, as economias do mundo rico encolheram
caminho para os programas de reajuste estrutural, impostos pelo 3,2% em 2009 e cresceram, em média, 2% em 2010. O desemprego
FMI aos países periféricos, e para a liberalização do comércio exter- também aumentou nesses países, atingindo patamares acima de
no. Os países subdesenvolvidos obtiveram permissão para contrair 8%. Em contrapartida, no Bric, a crise teve um impacto menor.
empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países em Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente con-
desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões de dó- centrado nos países mais ricos, e os principais prejudicados da crise
lares oprimindo-os e impedindo-lhes o desenvolvimento. financeira foram os mais pobres. Segundo projeções do Banco Mun-
Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras, foram dial, o número de pessoas muito pobres será maior até 2020 do que
consideradas “odiosas” por alguns economistas e organizações, poderia ser se o crescimento econômico não tivesse diminuído des-
pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo o pagamento de de 2008 e os programas sociais não tivessem sido afetadas.
enormes quantias tem sido insuficiente para quitar parte dessa dí-
vida externa diante dos altos encargos de juros e dos serviços da
dívida (reembolso anual de capital e interesses vencidos). Estima-se O FIM DA GUERRA FRIA
que a África Subsaariana pagou duas vezes o montante de sua dí-
vida externa, entre 1980 e 1996, mas encontra-se três vezes mais
endividada. Sendo assim, os países pobres passam a depender de Guerra Fria
mais empréstimos de instituições como o FMI e o Banco Mundial
para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às imposições de O período conhecido como Guerra Fria teve início logo após
ajustes estruturais. o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, percorrendo pratica-
Outro organismo que estabelece regras para o comércio inter- mente todo o restante do século XX, e terminando em 1991, com o
nacional, visando diminuir barreiras comerciais, é a Organização fim da União Soviética.
Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995 em substituição ao Ela tem início partir da emergência de duas grandes potências
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), de 1947. Em diversas ne- econômicas no fim da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos e
gociações, esse organismo tem favorecido os países mais industria- União Soviética, defensores do Capitalismo e do Socialismo, res-
lizados, como entre 1986 e 1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, pectivamente.
na Rodada do Milênio; e, em 2001, na Rodada de Doha. A diferença ideológica entre os dois países era marcante, o que
De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos – levou o período a ser conhecido também como Mundo Bipolar.
13,5% para os Estados Unidos e Japão, e 14,3% para os da União
Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres (cerca de 30%). A Conferência de Potsdam
Isso se deve ao fato de que a pressão da União Europeia e dos Es- Logo após o término da guerra, em 1945, as nações vencedoras
tados Unidos foi maior para exportar seus produtos industriais e do conflito reuniram-se para decidir sobre os rumos da política e da
serviços a taxas aduaneiras mais baixas do que a diminuição de sub- economia mundial.
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No dia 17 de julho os Estados Unidos, a União Soviética e o - Recuperar e reorganizar a economia dos países capitalistas,
Reino Unido estabeleceram as definições sobre a Alemanha no pós- aumentando o vínculo deles com os Estados Unidos, principalmen-
-guerra, dividindo-a em zonas de ocupação. Sob o controle sovié- te através das relações comerciais;
tico ficaram os territórios a leste dos rios Oder e Neisse. Berlim, - Fazer frente aos avanços do socialismo presente, principal-
encravada no território que viraria Alemanha Oriental, também foi mente, no leste europeu.
dividida em quatro setores. Ao final da conferencia foram definidas
quatro ações prioritárias a serem exercidas na Alemanha: desnazi- Até o início da década de 1950, os Estados Unidos destinaram
ficar, desmilitarizar, descentralizar a economia e reeducar os ale- cerca de 13 bilhões de dólares aos países que aderiram ao plano.
mães para a democracia. Também foi exigida a rendição imediata O dinheiro foi aplicado em assistência técnica e econômica e, ao
do Japão. fim do período de investimento, os países participantes viram suas
economias crescerem muito mais do que os índices registrados an-
As Tensões Começam tes da Segunda Guerra Mundial. A Europa Ocidental gozou de pros-
Desde a Revolução Russa, em 1917, vários setores do capita- peridade e crescimento nas duas décadas seguintes e viu nascer a
lismo, especialmente nos Estados Unidos, temiam o aumento do integração que hoje a caracteriza. Por outro lado, os Estados Unidos
socialismo, conflitante com seus interesses. Após o fim da Segunda solidificavam sua hegemonia mundial e a influência sobre vários
Guerra essa preocupação aumentou ainda mais, já que a União So- países europeus, enquanto impunha seus princípios a vários países
viética havia saído como uma das vencedoras do conflito. de outros continentes. Entre os países que mais receberam auxílio
A definição de fronteiras estabelecidas durante acordos ante- do plano estão a França, a Inglaterra e a Alemanha.
riores, como a conferencia de Yalta não agradou a todos, e focos de A União Soviética também buscou recuperar a economia dos
conflitos começaram a aflorar. Em 1947 surgiram, tanto na Grécia países participantes do bloco socialista, através da COMECON (Con-
quanto na Turquia, movimentos revolucionários de caráter comu- selho de Assistência Econômica Mútua) auxiliando a Polônia, Bul-
nista, com o objetivo de aliar esses países à União Soviética. Pelo gária, Hungria, Romênia, Mongólia, Tchecoslováquia e Alemanha
acordo estabelecido na Conferência de Yalta, ambos os países de- Oriental. Assim como os Estados Unidos, a União Soviética também
veriam ficar sob o domínio do Reino Unido, o que levou as tropas utilizou o plano para espalhar sua influência e sua ideologia para os
estadunidenses a intervirem na região e sufocar os movimentos países beneficiados.
revolucionários. Baseados nesses programas de ajuda, os dois blocos que se for-
Como parte da justificativa para a invasão, o presidente dos mavam passaram a construir alianças político-militares com o obje-
Estados Unidos, Harry Truman, enviou uma mensagem ao Congres- tivo de proteção contra ataques inimigos. Essas alianças também
so dizendo que os Estados Unidos deveriam apoiar os países livres eram utilizadas como demonstração de força através do desenvol-
que estavam “resistindo a tentativas de subjugação por minorias vimento armamentista.
armadas ou por pressões externas.” Com esse discurso o presidente
pretendia justificar também qualquer intervenção em países que As Alianças Militares
estivessem sob o domínio ou influência política comunista. No dia 4 de abril de 1949 foi criada em Washington a Organiza-
Essa atitude do presidente ficou conhecida como Doutrina Tru- ção do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), formada pelos Estados
man, iniciando efetivamente a Guerra Fria. A partir de então, Esta- Unidos, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental, Canadá, Islândia,
dos Unidos e União Soviética passaram a buscar o fortalecimento Bélgica, Holanda, Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Portugal, Itá-
econômico, político, ideológico e militar, formando os dois blocos lia, Grécia e Turquia. Ficava então estabelecido que os países envol-
econômicos que dominaram o mundo durante restante do conflito. vidos se comprometiam na colaboração militar mútua em caso de
A oposição dos Estados Unidos ao comunismo gerou um pen- ataques oriundos dos países referentes ao bloco socialista.
samento maniqueísta, colocando capitalismo como algo bom e o A atuação da OTAN não ficou restrita apenas ao campo militar.
comunismo como algo ruim e mau. A análise desses sistemas eco- Embora fosse seu preceito inicial, a organização tomou dimensões
nômicos através de definições tão simples é algo equivocado, pois de interferência nas relações econômicas e comerciais dos países
não é possível reduzi-los a uma comparação tão rasa. O auge desse envolvidos.
maniqueísmo político se deu através da figura do senador Joseph
Raymond McCarthy. Por meio de discursos inflamados e diversos
projetos de lei, esse estadista conseguiu aprovar a formação de
comitês e leis que determinavam o controle e a imposição de pe-
nalidades contra aqueles que tivessem algum envolvimento com
“atividades antiamericanas”. Essa perseguição ao comunistas ficou
conhecida como Macarthismo.

Incentivos Econômicos
Em 1947 os Estados Unidos lançaram uma política econômica
de reconstrução da Europa, devastada pela guerra. O Programa de Bandeira da OTAN
Recuperação Europeia ficou popularmente conhecido como Plano
Marshall. Recebeu esse nome em função do Secretário de Estado Como resposta à criação da OTAN, em 1955 o bloco soviético
dos Estados Unidos chamado George Marshall, seu idealizador. também criou uma aliança militar, o Pacto de Varsóvia, celebrado
Entre os objetivos do Plano Marshall estavam: entre a União Soviética, Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Hun-
- Possibilitar a reconstrução material dos países capitalistas gria, Polônia, Romênia e Alemanha Oriental.
destruídos na Segunda Guerra Mundial;
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A atuação do Pacto de Varsóvia se deu no âmbito militar e no americanas avançaram novamente entre fevereiro e março, expul-
econômico, e manteve a ligação entre os países membros. As princi- sando as tropas coreanas e chinesas e obrigando-as a retornar para
pais ações do Pacto de Varsóvia se deram na repressão das revoltas os limites estabelecidos pelo Paralelo 38º, deixando os conflitos
internas. Foi o caso no ano de 1956 quando as forças militares do equilibrados entre os dois lados. A guerra continua até meados de
grupo reprimiram ações de revoltosos na Hungria e na Polônia e 1953, quando em 27 de julho o tratado de paz é assinado, com o Ar-
também em 1968 no evento conhecido como Primavera de Praga, mistício de Panmunjon. Após o tratado, as fronteiras estabelecidas
ocorrido na Tchecoslováquia. em 1948 foram mantidas e foi criada uma região desmilitarizada
entre as duas Coreias. Apesar do fim da guerra as tensões entre os
Conflitos dois países continua até a atualidade, com a corrida armamentista
e as declarações da Coreia do Norte sobre a fabricação e armazena-
Com a criação das alianças políticas, tanto Estados Unidos mento de armamento nuclear.
como União Soviética estiveram presentes em diversos conflitos
pelo mundo, fosse com a presença militar ou com o apoio econô- Guerra do Vietnã (1959-1975)
mico. Apesar disso, os países nunca enfrentaram um ao outro dire- O Vietnã está localizado na península da Indochina. Era uma
tamente. possessão colonial francesa. Na Segunda Guerra foi invadido pelos
japoneses. Os vietnamitas expulsaram o Japão ao fim da guerra e
Guerra da Coréia (1950-1953) teve início o processo independência (chamado pelos franceses de
Após o termino da Segunda Guerra, a Coréia foi dividida em descolonização). Ao norte as tropas que expulsaram os franceses
duas zonas de influência: o Sul foi ocupado pelos Estados Unidos eram tropas lideradas por líderes socialistas. Em 1954, na Conven-
e o Norte foi ocupado pela União Soviética, sendo divididos pelo ção de Genebra, foi reconhecida a independência dos países da pe-
Paralelo 38º, determinado pela conferência de Potsdam nínsula da Indochina: Laos, Camboja e Vietnã.
Em 1947, na tentativa de unificar a Coréia, a Organização das Foi estabelecida então a divisão do Vietnã pelo Paralelo 17º. O
Nações Unidas – ONU - cria um grupo não autorizado pela URSS, Vietnã do Norte manteve-se governado pelo líder comunista Ho Chi
para pretensamente ordenar a nação através da realização de elei- Minh e o Vietnã do Sul, governado pelo rei Bao Dai, que nomeou
ções em todo o país. Esta iniciativa não tem êxito e, no dia 9 de se- Ngo Dinh Diem como Primeiro-ministro.
tembro de 1948, a zona soviética anuncia sua independência como Em 1955, Ngo Dinh Diem, aplicou um golpe de Estado e depôs
República Democrática Popular da Coréia, mais conhecida como o rei Bao Dai. Após a chegada ao poder, Ngo Dihn Diem proclamou a
Coréia do Norte. A partir de então, a região é dividida em dois paí- República, recebendo apoio dos Estados Unidos. O governo de Ngo
ses diferentes - o norte socialista, apoiado pelos soviéticos; e o sul, Dihn Diem foi marcado pelo autoritarismo e pela impopularidade.
reconhecido e patrocinado pelos EUA. Em 1956 o presidente suspendeu as eleições estabelecidas pela
Mesmo após a divisão entre os dois países, a região da fronteira conferência de Genebra, repetindo o ato em 1960.
continuou gerando tensões, com tentativas dos dois lados para Em oposição ao governo foi criada a Frente de Libertação Na-
garantir a soberania sobre o território vizinho, principalmente atra- cional, que tinha como objetivo depor o presidente e unificar o
vés da propaganda, de ambos os lados. Vietnã. A Frente de Libertação, possuía um exército guerrilheiro, o
Em 25 de junho de 1950 a Coreia do Norte alegou uma trans- Vietcongue.
gressão do paralelo 38º pela Coreia do Sul. A partir de então come- Após o cancelamento das eleições em 1960, o conflito teve iní-
ça uma invasão que resulta na tomada da capital sul-coreana, Seul, cio. O exército Vietcongue teve apoio do Vietnã do Norte e em 1961
em 3 de julho do mesmo ano. os Estados Unidos enviaram auxilio ao presidente do Vietnã do Sul.
A ONU não aceitou a invasão propagada pela Coreia do Nor- O exército guerrilheiro dominou boa parte dos territórios do Sul até
te e enviou tropas para conter o avanço, comandadas pelo gene- 1963, mesmo ano em que morreu o presidente dos Estados Uni-
ral americano Douglas MacArthur, para expulsar os socialistas, que dos, John Kennedy, e o governo foi assumido por seu vice, Lyndon
pretendiam unificar o país sob a bandeira do Comunismo. A união Johnson.
Soviética não agiu diretamente no conflito, porém, cedeu apoio mi- Em 1964, dois comandantes estadunidenses iniciaram o bom-
litar para a Coreia do Norte. bardeio do Vietnã do Norte, sob a alegação de que o país havia ata-
Em setembro de 1950, as forças das Nações Unidas tentam res- cados dois navios norte-americanos em Tonquim.
gatar o litoral da região oeste, sob o domínio dos norte-coreanos, Os bombardeios norte-americanos sobre o Norte prolonga-
atingindo sem muitas dificuldades Inchon, próximo a Seul, onde se ram-se até 1968, quando foram suspensos com o início das conver-
desenrola uma das principais batalhas, e depois de poucas horas sações de paz, em Paris, entre norte-americanos e norte-vietnami-
elas ingressam na cidade invadida, com cerca de cento e quaren- tas. Como nos encontros de Paris não se chegou a uma solução, os
ta mil soldados, contra setenta mil soldados da Coréia do Norte. O combates prosseguiram. Em 1970, o presidente dos EUA, Richard
resultado é inevitável, vencem as forças sob o comando dos EUA. Nixon, autorizou a invasão do Camboja e, em 1971, tropas sul-viet-
Com o domínio do Sul, as tropas multinacionais seguem o exemplo namitas e norte-americanas invadiram o Laos. Os bombardeios so-
dos norte-coreanos e também atravessam o Paralelo 38º. Seguem bre o Vietnã do Norte por aviões dos EUA recomeçaram em 1972.
então na direção da Coréia do Norte, entrando logo depois em sua Desde 1968, a opinião pública norte-americana, perplexa dian-
capital, Pyongyang, ameaçando a fronteira chinesa ao acuar os nor- te dos horrores produzidos pela guerra, colocava-se contrária à per-
te-coreanos no Rio Yalu, sede de intensa batalha. manência dos EUA no conflito, exercendo uma forte pressão sobre
Com medo do avanço das tropas sobre seu território, a China o governo, que iniciou a retirada gradual dos soldados. Em 1961,
resolve entrar na batalha, enviando trezentos mil soldados para au- eram 184.300 soldados norte-americanos em combate; em 1965,
xiliar a Coreia do Norte, forçando o general MacArthur a recuar e esse número se elevou para 536.100 soldados; e, em 1971, o núme-
conquistando Seul em janeiro de 1951. Em contrapartida, as tropas ro caía para 156.800 soldados. Em 27 de janeiro de 1973 era assi-
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nado o Acordo de Paris, segundo o qual as tropas norte-americanas Em 14 de maio de 1948, com a criação de Israel, os palestinos e
se retiravam do conflito; haveria a troca de prisioneiros de guerra e os países árabes vizinhos declararam guerra a Israel. Forças árabes
a realização de eleições no Vietnã do Sul. Com a retirada das tropas ocuparam partes da Palestina, mas quando acabou a guerra Israel
norte-americanas, os norte-vietnamitas e o Vietcongue deram iní- ficou com mais terras do que tinha antes.
cio a urna fulminante ofensiva sobre o Sul, que resultou, em abril de Em janeiro de 1949, Israel e os países árabes assinaram acordos
1975, na vitória do Norte. Em 1976, o Vietnã reunificava-se, adotan- sobre as fronteiras. Contudo, não houve um tratado de paz. Os inú-
do o regime comunista, sob influência soviética. Em 1975, os mo- meros palestinos que perderam suas casas foram acabar em cam-
vimentos de resistência no Laos e no Camboja também tomaram pos de refugiados nos países árabes.
o poder, adotando o regime comunista, sob influência chinesa no Em meados de 1967, o conflito entre a Síria e Israel levou à
caso do Camboja. Os soldados cambojanos, com apoio vietnamita, Guerra dos Seis Dias. Israel viu que o Egito estava se preparando
em 1979, derrubaram o governo pró-chinês do Khmer Vermelho. para entrar na guerra para ajudar a Síria. Em 5 de junho, os israelen-
A guerra do Vietnã é considerada o conflito mais violento da ses atacaram rapidamente a força aérea egípcia e destruíram-na
segunda metade do século XX, com violações constantes dos direi- quase por completo. Em apenas seis dias Israel ocupou a Cidade
tos humanos e batalhas sangrentas. Durante todo o desenrolar da Velha de Jerusalém, a península do Sinai, a Faixa de Gaza, o terri-
guerra, os meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram a tório da Jordânia a oeste do rio Jordão (chamado Cisjordânia) e as
violência e intensidade do conflito, além de falarem sobre o mau colinas sírias de Golã, junto à fronteira de Israel.
desempenho dos americanos, que investiram bilhões de dólares e Em 6 de outubro de 1973, dia do Yom Kippur (ou Dia do Per-
mesmo assim, não conseguiram derrotar o Vietnã. Foi nesta guerra dão), que é sagrado para os judeus, e época do ramadã, mês sagra-
que os helicópteros foram usados pela primeira vez. do para os palestinos, o Egito e a Síria atacaram Israel. Nessa guerra,
Entre as técnicas mais devastadoras utilizadas pelos Estados os israelenses empurraram ambos os exércitos inimigos de volta a
Unidos estavam o Agente Laranja e o Napalm. seus territórios, mas sofreram pesadas perdas. Ao terminar a luta,
A característica de guerrilha do exército Vietcongue priorizava no início de 1974, a ONU estabeleceu zonas neutras entre esses
os ataques através de emboscadas, evitando o combate direto. Para países e Israel.
facilitar a identificação dos guerrilheiros nas matas, os norte-ameri- Em 26 de março de 1979, Israel e o Egito assinaram um trata-
canos e sul-vietnamitas utilizaram o Agente Laranja, um desfolhan- do de paz. Contudo, a tensão entre Israel e as comunidades árabes
te (produto químico que causa a queda das folhas, normalmente continuou. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) ata-
utilizado como agrotóxico) lançando-o através de aviões, o que cou Israel em 1982, a partir de campos de refugiados no Líbano.
impedia que os soldados se escondessem na mata. Calcula-se que Em 5 de junho de 19892, Israel contraatacou e invadiu esse país.
tenham sido lançados 45,6 milhões de litros do produto durante os Após meses de bombaredeios israeleses, foi negociada a retirada
anos 60, atingindo vinte e seis mil aldeias e cobrindo dez por cen- da OLP da capital libanesa. As tropas israelenses permaneceram ali
to do território do Vietnã. O Agente Laranja causa sérios danos ao até 2000.
meio ambiente e à população, e seus efeitos, como degradação do No final da década de 1970, os israelenses começaram a cons-
solo e mutações genéticas são sentidos até hoje. truir assentamentos nas áreas ocupadas por eles na Faixa de Gaza
Outro agente químico utilizado na guerra, foi o Napalm, que é e na Cisjordânia. Em 1987, o aumento no número desses assen-
um conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada, tamentos causou protestos dos palestinos. Estouraram rebeliões e
tendo o nome vindo de seus componentes: sais de alumínio co-pre- ataques — conhecidos como intifada —, que continuaram até o iní-
cipitados dos ácidos nafténico e palmítico. cio dos anos 1990. Em 1993, Israel concordou em ceder aos pales-
O napalm foi usado em lança-chamas e bombas incendiárias tinos parte do controle dos territórios ocupados. Em 2000, porém,
pelos Estados Unidos, vitimando alvos militares e cidades e vilarejos começou nova intifada. Isso paralisou as conversações de paz entre
de civis posteriormente. Israel e os palestinos.

Conflitos Árabes-Israelenses (1948-1974) A Questão Alemã e o Muro de Berlim


Desde a criação de Israel, em 1948, por diversas ocasiões o es-
tado judeu entrou em guerra com seus vizinhos árabes. As diferen- Após a divisão alemã entre os vencedores da Segunda Guerra,
ças entre esses grupos continuam no século XXI. os países capitalistas (Estados Unidos, França e Inglaterra) resol-
A parte do Oriente Médio conhecida como Palestina era a an- veram unificar suas zonas de ocupação e implantar uma reforma
tiga terra do povo judeu. No século I d.C., os romanos expulsaram monetária, além de criar um Estado provisório sob seu controle.
grande parte dos judeus da região, espalhando-os por outras partes Para empresários e autônomos, a reforma era algo extremamente
do império. Os muçulmanos tomaram posse da Palestina no século favorável.
VII. De 1923 a 1948, a região foi dominada pelos britânicos, e nesse Com medo de que a população do lado oriental migrasse para
período muitos judeus emigraram de volta da Europa para lá. Tanto a zona de domínio ocidental, Stalin bloqueou o lado ocidental de
os árabes como os judeus que viviam na Palestina passaram a dis- Berlim, deixando-o isolado. Para incorporar essa parte da cidade
putar o controle do território. à Zona de Ocupação Soviética, Stalin mandou interditar todas as
Quando os britânicos deixaram a região, as Nações Unidas comunicações por terra.
(ONU) dividiram a região. Cada um dos dois povos recebeu uma Vale lembrar que pela divisão de territórios em Potsdam, Ber-
parte da terra, mas os árabes não concordaram com a partilha, di- lim estava situada dentro do domínio soviético. Porém, a cidade
zendo que os judeus receberam terras que pertenciam a eles. também foi dividida, provocando isolamento da parte Ocidental
por via terrestre.

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Isolado das zonas ocidentais e de Berlim Oriental, o oeste de Berlim ficou sem luz nem alimentos de 23 de junho de 1948 até 12 de
maio de 1949. A população só sobreviveu graças a uma ponte aérea organizada pelos Aliados, que garantiu seu abastecimento.
Em 23 de maio de 1949, os aliados criaram a República Federal da Alemanha (RFA). A URSS que ocupava a parte leste do país decidiu
também por transformá-la em um país, e em outubro do mesmo ano foi fundada a República Democrática Alemã (RDA), com capital em
Berlim Oriental. A RDA era baseada na política comunista e de economia planificada, dando prosseguimento à socialização da indústria
e ao confisco de terras e de propriedades privadas. O Partido Socialista Unitário (SED) passou a ser a única força política na “democracia
antifascista” alemã-oriental.
Com a criação dos dois Estados alemães, a disputa entre EUA e URSS foi acirrada, manifestando de maneira intensa a disputa da
Guerra Fria.
Auxiliada pelo Plano Marshall, em alguns anos a Alemanha Ocidental alcançou um nível de prosperidade econômica elevada, garanti-
da também pela estabilidade interna e pela integração à comunidade europeia que surgia no pós-guerra. A RFA também integrou a OTAN.
A Alemanha Oriental integrou o pacto de Varsóvia, e apesar das despesas com a guerra e com a reconstrução do país, também alcan-
çou desenvolvimento significativo entre os países socialistas.
Apesar do avanço, com o passar do tempo as diferenças foram acentuando-se, e muitos alemães residentes na parte Oriental migra-
vam para a parte ocidental, atraídos pela liberdade democrática e pelo estilo de vida.
A situação ficou crítica no final dos anos 50, com as tentativas de unificação. A RFA não reconhecia a RDA como um país, e exigia a
integração. Por outro lado, os soviéticos exigiam a saída das tropas norte-americanas de Berlim Ocidental.
Entre 1949 a 1961, quase 3 milhões de pessoas fugiram da Alemanha comunista para os setores ocidentais de Berlim. Somente em
julho de 1961, 30 mil pessoas escaparam. A ameaça de esvaziamento da Alemanha Oriental levou a URSS a construir uma barreira física
no meio da cidade. Na manhã de 13 de agosto de 1961, soldados começaram a construir o Muro de Berlim, demarcando a linha divisória
inicialmente com arame farpado, tanques e trincheiras. Nos meses seguintes, foi sendo erguido em concreto armado o muro que marcaria
a vida da cidade até 1989. Ao longo dos anos, a fronteira transformou-se numa fortaleza. Como os soldados tivessem ordem de atirar para
matar, muitos que tentaram atravessar acabaram morrendo.

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Foto de Conrad Schumann, soldado da Alemanha Oriental, em direção à Berlim Ocidental, saltando o muro que até então era uma
cerca de arame farpado, em 15 de agosto de 1961

A divisão imposta pelo Muro de Berlim também separou muitas famílias, o que levou muitas pessoas a tentar atravessá-lo durante os
28 anos em que manteve-se de pé. Ao longo do tempo o muro foi sendo fortificado com paredes de concreto, alarmes, e torres de vigia,
dificultando cada vez mais a fuga.

Corrida Armamentista
Apesar de não terem travado batalhas diretas, os líderes dos blocos econômicos gastaram massivamente na pesquisa, desenvolvimen-
to e produção de armas. Assim que um novo armamento era apresentado por um país, o outro buscava desenvolver algo semelhante e, se
possível, melhor. Essa busca pela superioridade bélica ficou conhecida como corrida armamentista, e preocupou muitos, pois a capacida-
de de destruição alcançada pelos armamentos poderia até mesmo destruir o planeta, caso usados com força total.
O ponto de partida da corrida armamentista se deu com as bombas nucleares lançadas pelos Estados Unidos no Japão em 1945. Em
1949 a União Soviética também possuía a tecnologia para produzir tais bomba. A possibilidade de ataque nuclear por ambos os lados cria-
ram a ideia de uma Hecatombe Nuclear, que aconteceria caso um dos países atacasse o outro, desencadeando uma guerra que terminaria
por extinguir os seres humanos.
Surgiu assim um jogo político-diplomático conhecido como “o equilíbrio do terror”, que se transformou num dos elementos princi-
pais do jogo de poder entre EUA e URSS. Os dois buscavam produzir cada vez mais armamentos de destruição em massa, como forma de
ameaçar o inimigo.
A corrida armamentista implicava também uma estratégia de dominação, em que as alianças regionais e a instalação de bases milita-
res eram de extrema importância. Os exércitos de ambos os lados possuíam centenas de soldados, armas convencionais, armas mortais,
mísseis de todos os tipos, inclusive nucleares que estavam permanentemente apontados para o inimigo, com objetivo de atingir o alvo a
partir de longas distâncias.
Para se ter uma noção do poder destrutivo dos armamentos, em 1960 a União Soviética produziu a maior bomba nuclear de todos os
tempos, a Tsar Bomba. Com um poder de detonação de 100 megatons a bomba era 3 mil vezes mais poderosa que a bomba lançada sobre
Hiroshima em 1945, e era capaz de destruir tudo em um raio de 35 quilômetros da explosão.
A necessidade de posicionar-se contra o inimigo deixou o mundo muito perto da Terceira Guerra Mundial em 1962, durante o episó-
dio conhecido como Crise dos Mísseis de Cuba.
Em 1961 os Estados Unidos haviam instalado uma base na Turquia, com capacidade de operação de armamentos nucleares. A atitude
desagradou os soviéticos, devido à proximidade geográfica da Turquia e da URSS. Para revidar, a União Soviética decidiu instalar uma base
de misseis em Cuba, sua aliada na América, que havia passado por uma revolução socialista em 1959, e estava localizada a aproximada-
mente 200 quilômetros da costa da Flórida, ao sul dos Estados Unidos.
Desde a revolução socialista, os Estados Unidos tentavam derrubar o presidente da ilha, Fidel Castro. Em 1961, apoiados pela CIA,
agência secreta americana, um grupos de 1400 refugiados cubanos tentou invadir a ilha pela baía dos Porcos, em um episódio desastroso
que acabou com a morte de 112 pessoas e a prisão dos restantes.
Buscando novas maneiras de depor o presidente, em 1962 os americanos sobrevoaram a ilha e descobriram que a União Soviética
estava instalando também plataformas de lançamento de armamentos nucleares.

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No dia 14 de agosto, o presidente americano, John Kennedy, Fim da Guerra Fria


anunciou para a população de seu país sobre o risco existente com A disputa entre União Soviética e Estados Unidos durante a
a possibilidade de um ataque altamente destrutivo, encarando o Guerra Fria sofreu uma desaceleração entre o fim dos anos 1970
fato como um ato de guerra. Do outro lado do Atlântico, o Primeiro e início de 1980. Durante esse período a União Soviética passou
Ministro soviético Nikita Kruschev alegou que a base com os mísseis a enfrentar crises internas nos setores políticos e econômicos. O
resultavam apenas de uma ação defensiva e serviriam também para gasto com armamentos e pesquisas espaciais para equiparar-se aos
impedir um nova invasão dos Estados Unidos à Cuba. Estados Unidos foi enorme, e os dois países buscam firmar acordos
Durante treze dias de tensão, foram realizadas diversas nego- para reduzir o poder bélico, e finalmente alcançar uma trégua.
ciações que acabaram por resultar na retirada dos misseis da Tur- Internamente, o país passava por crises de abastecimento e re-
quia e de Cuba. voltas sociais. Desde a morte de Stalin, em 1956, a URSS passou por
pequenas reformas, porém manteve o perfil ditatorial, com contro-
le sobre os meios de comunicação e da população. Os líderes que
A tentativa de superioridade não esteve limitada ao campo bé- sucederam Stalin mantiveram o mesmo sistema, o que agravou a
lico. Durante a Guerra Fria a disputa também foi travada fora do crise interna. Em 1985 o país colocou no poder o ultimo líder do
planeta. Partido Comunista da União Soviética: Mikhail Gorbachev. Gorba-
Durante a Segunda Guerra, os cientistas alemães desenvolve- chev defendia a ideia de que a URSS deveria passar por mudanças
ram a tecnologia de propulsão de foguetes, que foram utilizados que a adequassem à realidade mundial.
para equipar as bombas V-1 e V-2. Após o termino da guerra, mui- Durante a década de 1980 a União Soviética enfrentou momen-
tos dos cientistas que trabalharam no projeto de construção desses tos difíceis, como a invasão ao Afeganistão, que gerou altos gastos,
artefatos foram capturados por ambos os lados, que buscavam o e o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Além disso,
domínio dessa tecnologia. boa parte das commodities, matérias-primas exportadas pelo país,
Em 4 de outubro de 1957 a União Soviética lançou na órbita como petróleo e gás natural sofreram quedas nos preços. Buscan-
terrestre o satélite Sputnik I. Poucas semanas depois, em novem- do salvar o país de um colapso iminente, Gorbachev lançou dois
bro, os soviéticos inovaram novamente e lançaram o primeiro ser planos: a Perestroika e o Glasnost.
vivo ao espaço, a cadela Laika, que morreu na volta. A Perestroika, Também chamada de reestruturação econômi-
Como reação por parte dos Estados Unidos, em 1958 foi criada ca, teve início em 1986, logo após a instalação do governo Gorba-
a National Aeronautics & Space Administration, NASA, que no mes- tchev. A Perestroika consistia em um projeto de reintrodução dos
mo ano lançou ao espaço o satélite Explorer 1. mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade pri-
Buscando superar suas conquistas, a união Soviética saiu na vada em diferentes setores e retomada do crescimento. Ou seja,
frente novamente, lançando o primeiro ser humano em órbita ter- acabar com a economia planificada existente na União Soviética.
restre. Em 12 de abril de 1961, durante uma hora e quarenta e oito A Economia planificada, também chamada de “economia cen-
minutos, o cosmonauta Iuri Gagarin percorreu 40 mil quilômetros tralizada” ou “economia centralmente planejada”, é um sistema
ao redor da terra, a bordo da capsula espacial Vostok 1. Os Estados econômico no qual a produção é previa e racionalmente planejada
Unidos reagiram em 1962, ao enviar o astronauta John Glenn para por especialistas, na qual os meios de produção são propriedade do
o espaço. Estado e a atividade econômica é controlada por uma autoridade
Após os lançamentos de seres humanos ao espaço, o objetivo central.
foi enviar um ser humano para a lua. Os Estados Unidos investiram A perestroika tinha como objetivo acabar com os monopólios
pesadamente no programa Apollo, que em 1968 enviou a primeira estatais, descentralizar as decisões empresariais e criar setores in-
equipe de astronautas para a órbita lunar e, em 1969 realizou o dustriais, comerciais e de serviços em mãos de proprietários pri-
primeiro pouso, com os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin. vados nacionais e estrangeiros. Apesar das mudanças, o Estado
A União Soviética não conseguiu acompanhar o passo dos Esta- continuaria como principal proprietário, porém, permitindo a pro-
dos Unidos, e mudou seu foco para a exploração e pesquisa do am- priedade privada em setores secundários da produção de bens de
biente espacial e da gravidade zero com a estação espacial Salyut, consumo, comércio varejista e serviços não-essenciais. No setor
lançada em 19 de abril de 1971. Em resposta, os americanos lança- agrícola foi permitido o arrendamento de terras estatais e coopera-
ram, em maio de 1973, a Skylab. Em 1986, a URSS lançou a Mir, que tivas por grupos familiares e indivíduos. A retomada do crescimento
já foi destruída. é projetada por meio da conversão de indústrias militares em civis,
Durante a Guerra Fria, importantes projetos espaciais foram voltadas para a produção de bens de consumo, e de investimentos
realizados. A sonda americana Voyager 1, lançada em 1977, foi a estrangeiros.
Júpiter e a Saturno e a Voyager 2, lançada no mesmo ano, visitou Jú- O Glasnost, Também chamado de transparência política, sur-
piter, Saturno, Urano e Netuno. As duas sondas encontram-se agora giu juntamente com a perestroika, e foi considerado essencial para
fora do sistema solar. O Telescópio Espacial Hubble, a nave Galileu, mudar a mentalidade social, liquidar a burocracia e criar uma von-
a Estação Espacial Internacional Alpha, a exploração de Marte e o tade política nacional de realizar as reformas.
Neat (Programas de Rastreamento de Asteroides Próximos da Ter- Entre as medidas mais importantes estavam o fim da censura,
ra) fazem parte dessa geração. da perseguição e da proibição de determinados assuntos. Foi mar-
Em 1978, a Agência Espacial Europeia entra na corrida espacial cada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Andrei Sakha-
com os foguetes lançadores Ariane. A França passa a controlar sozi- rov, em 1986, e incluiu campanhas contra a corrupção e a ineficiên-
nha o projeto Ariane em 1984 e, atualmente, detém cerca de 50% cia administrativa, realizadas com a intervenção ativa dos meios de
do mercado mundial de lançamento de satélites.

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comunicação e a crescente participação da população. Avança ainda na liberalização cultural, com a liberação de obras proibidas, a per-
missão para a publicação de uma nova safra de obras literárias críticas ao regime e a liberdade de imprensa, caracterizada pelo número
crescente de jornais e programas de rádio e TV que abrem espaço às críticas.
A abertura causada pela Perestroika e pelo Glasnost impulsionaram os movimentos de independência e de separação de países
membros da URSS, enfraquecendo o Pacto de Varsóvia. Um importante acontecimento nesse período foi a queda do Muro de Berlim, que
simbolicamente representava o fim da Guerra Fria.
O muro de Berlim formava uma barreira, sendo que Somente na região metropolitana de Berlim, o Muro tinha mais de 43 quilômetros
de comprimento, vigiado por torres militares para observação do movimento nos arredores. Além disso, contava com cães policiais e cer-
cas elétricas para manter a população afastada. Mesmo com todos esses mecanismos, muitas pessoas tentaram atravessar essa barreira,
resultando em 80 mortes oficialmente.
A proibição existia apenas na passagem de Berlim Oriental para Berlim Ocidental. O trajeto contrário era permitido. Durante a déca-
da de 70, havia oito pontos onde, obtidas as permissões e os documentos necessários, as pessoas do lado ocidental podiam atravessar
o muro. O mais famoso deles - conhecido como Checkpoint Charlie - era reservado para visitantes estrangeiros, incluindo diplomatas e
autoridades militares do bloco capitalista.
Durante o tempo em que esteve de pé, o Muro de Berlim foi um ícone da Guerra Fria. Com as mudanças políticas ocorridas na União
Soviética, várias revoltas começaram a surgir nas duas partes da Alemanha, pedindo a queda do Muro, que separava o país desde 1961.
No dia 9 de novembro de 1989, diante das pressões contra o controle de passagem do muro, o porta-voz da Alemanha Oriental, Günter
Schabowski, disse em uma entrevista que o governo iria permitir viagens da população ao lado Ocidental. Questionado sobre quando essa
mudança vigoraria, ele deu a entender que já estava valendo. Finalmente, população revoltada resolve derrubar o muro por conta própria,
utilizando marretas, martelos e tudo o mais que estivesse disponível.

O muro só foi totalmente destruído entre julho e novembro de 1990, porém as pessoas e o próprio governo iam abrindo passagens
para facilitar o transito entre as duas partes da cidade. No dia 3 de outubro de 1991, após uma separação que dividiu a Alemanha em
duas, o país foi novamente unificado por lei, atendendo ao desejo da população alemã que celebrou a vitória.

Além da Alemanha, a Polônia e a Hungria abriam caminho para eleições livres, e revoltas pelo fim da URSS aconteceram na Tchecoslo-
váquia, Bulgária, e Romênia. As políticas adotadas por Gorbachev causaram uma divisão dentro do Partido Comunista, com setores contra
e a favor das reformas. Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo General Guenédi Ianaiev
e Boris Pugo, a tentar um golpe de estado contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado por Boris Iéltsin. Mesmo
assim, a liderança de Gorbachev estava em decadência e, em Setembro, os países bálticos conseguiram a independência.
Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou independente. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciava o fim
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo.
Assim termina a União Soviética, e também acaba oficialmente a Guerra Fria.

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sua independência. No final daquele mesmo ano, a União Soviética


A DESAGREGAÇÃO DA URSS somente contava com a integração do Cazaquistão e do Turcome-
nistão.
No ano de 1992, o governo foi passado para as mãos de Boris
FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA10 Ieltsin. Mesmo implementando diversas medidas modernizantes, o
governo Ieltsin foi marcado por crises inflacionárias que colocavam
A queda do governo de Stálin trouxe à tona uma série de trans- o futuro da Rússia em questão. No ano de 1998, a crise econômica
formações que abriu portas para o fim da centralização política russa atingiu patamares alarmantes. Sem condições de governar o
promovida pelo stalinismo. No governo de Nikita Kruchev, várias governo, doente e sofrendo com o alcoolismo, Boris Ieltsin renun-
das práticas corruptas e criminosas do regime stalinista foram de- ciou ao governo. Somente a partir de 1999, com a valorização do
nunciadas. Depois de seu governo, Leonid Brjnev firmou-se frente a petróleo no governo de Vladimir Putin, a Rússia deu sinais de re-
URSS de 1964 a 1982. Depois desse período, Andropov e Constantin cuperação.
Tchernenko assumiram o governo russo.
Nesse período, os problemas gerados pela burocratização Declínio do Socialismo nos Países Europeus11
do governo soviético foram piorando a situação social, política e
econômica do país. O fechamento do país para as nações não-so- Depois da Segunda Guerra Mundial, os países da Europa Orien-
cialistas forçou a União Soviética a sofrer um processo de atraso tal ficaram sob a área de influência da União Soviética. Com exceção
econômico que deixou a indústria soviética em situação de atraso. da Iugoslávia e da Albânia, todos eles seguiam rigorosamente as
Além disso, os gastos gerados pela corrida armamentista da Guerra diretrizes do Partido Comunista da União Soviética. É claro, portan-
Fria impediam que a União Soviética fosse capaz de fazer frente às to, que a introdução da perestroika e da glasnost iria desencadear
potências capitalistas. enormes mudanças também nesses países.
A população que tinha acesso ao ensino superior acabou per- Por seu significado no jogo da guerra fria, o grande marco des-
cebendo que o projeto socialista começava a ruir. As promessas de sas mudanças foi a queda do muro de Berlim, em novembro de
prosperidade e igualdade, propagandeadas pelos veículos de co- 1989. A destruição do muro – que o mundo inteiro viu com a sensa-
municação estatais, fazia contraste com os privilégios a uma classe ção de estar assistindo ao próprio desenrolar da História – simboli-
que vivia à custa da riqueza controlada pelo governo. Esse grupo zou como nenhum outro fato o esfacelamento do mundo socialista
privilegiado, chamado de nomenklatura, defendia a manutenção do e a redefinição do poder no mundo.
sistema unipartidário e a centralização dos poderes políticos. Vamos examinar a transformação ocorrida nos países da Euro-
No ano de 1985, o estadista Mikhail Gorbatchev assumiu o pa Oriental, um por um: Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgá-
controle do Partido Comunista Soviético com idéias inovadoras. En- ria, Romênia, Albânia, Alemanha Oriental e Iugoslávia.
tre suas maiores metas governamentais, Gorbatchev empreendeu
duas medidas: a perestroika (reestruturação) e a glasnost (trans- Polônia
parência). A primeira visava modernizar a economia russa com a Na Polônia, o processo de transformações políticas e econô-
adoção de medidas que diminuía a participação do Estado na eco- micas começou antes que em qualquer outro país socialista. Já no
nomia. A glasnost tinha como objetivo abrandar o poder de intro- final da década de 1970 e início da de 1980, movimentos grevistas
missão do governo nas questões civis. agitaram os principais centros industriais do país, principalmente os
Em esfera internacional, a União Soviética buscou dar sinais estaleiros de Gdansk.
para o fim da Guerra Fria. As tropas russas que ocupavam o Afe- Diante da falta de iniciativa das autoridades e dos sindicatos,
ganistão se retiraram do país e novos acordos econômicos foram atrelados ao governo, um grupo de operários e de intelectuais fun-
firmados junto aos Estados Unidos. Logo em seguida, as autorida- dou um sindicato independente, o Solidarnosc (Solidariedade). Sua
des soviéticas pediram auxílio para que outras nações capitalistas combatividade entusiasmou os operários, que aderiram em massa
fornecessem apoio financeiro para que a nação soviética superasse à organização.
suas dificuldades internas. A iniciativa dos trabalhadores e de seus líderes, entre os quais
A ação renovadora de Mikhail Gorbatchev criou uma cisão po- se destacava Lech Walesa, atingiu frontalmente as autoridades, que
lítica no interior da União Soviética. Alas ligadas à burocracia estatal passaram imediatamente a combater o Solidariedade. Como não
e militar faziam forte oposição à abertura política e econômica do conseguiram resultado, em 1982 o governo instaurou a lei marcial,
Estado soviético. Em contrapartida, um grupo de liberais liderados e o sindicato foi declarado ilegal e proibido de funcionar.
por Boris Ieltsin defendia o aprofundamento das mudanças com a Os anos seguintes foram extremamente difíceis. O Solidarie-
promoção da economia de mercado e a privatização do setor indus- dade funcionou na ilegalidade e diversos membros da sua direção
trial russo. Em agosto de 1991, um grupo de militares tentou dar estiveram presos.
um golpe político sitiando com tanques a cidade de Moscou. Com a perestroika na União Soviética, a partir de 1985, a situa-
O insucesso do golpe militar abriu portas para que os liberais ção começou a mudar, e em 1988 o sindicato emergiu novamente
tomassem o poder. No dia 29 de agosto de 1991, o Partido Comu- com força, liderando uma onda de greves. O governo foi obrigado a
nista Soviético foi colocado na ilegalidade. Temendo maiores agi- ceder. Por um acordo assinado entre o Solidariedade e o governo,
tações políticas na Rússia, as nações que compunham a União So- em abril de 1989, a ilegalidade do sindicato foi revoga da e foram
viética começaram a exigir a autonomia política de seus territórios.
Letônia, Estônia e Lituânia foram os primeiros países a declararem 11 As mudanças nos Países da Europa Oriental. Aticaeducacional. Disponível em: <
http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/Especiais/URSS/link17.htm> Acesso em 03 de
maio de 2017.
10 http://brasilescola.uol.com.br/historiag/urss.htm
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estabelecidas novas regras para o jogo político: foi criado o cargo Alexander Dubcek assumiu a presidência da Câmara dos Deputa-
de presidente da República e instituído um Parlamento com duas dos. Vaclav Havel tornou-se presidente da República. As mudanças
câmaras. na Tchecoslováquia receberam o nome de revolução de veludo.
Em junho do mesmo ano, o Solidariedade, agora transformado Com a democratização, voltou a manifestar-se o nacionalismo
em partido, conquistou 99 das 100 cadeiras do Senado e 35% das da eslovaco, represado durante o regime socialista. Em 1º de janeiro
Câmara dos Deputados (65% haviam sido reservadas aos comunis- de 1993, concluindo um processo pacífico de negociação, a Tche-
tas e seus aliados). Tadeus Mazowiecki, um dos principais líderes do coslováquia dividiu-se em dois Estados indepentendentes: a Repú-
Solidariedade, assumiu o cargo de primeiro-ministro. blica Tcheca e a Eslováquia.
O Partido Comunista, após as eleições, passou a perder força a
cada dia, até tornar-se totalmente inexpressivo. Alemanha Oriental
Em 1990 Lech Walesa venceu a primeira eleição para presiden- A República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental, era o
te da República. Durante seu governo, procurou acelerar o processo país mais desenvolvido de todo o Leste europeu. Erich Hõnecker era
de retorno da economia polonesa às regras do livre mercado. seu dirigente máximo.
Na década de 1980, para manter a política de subsídios, carac-
Hungria terística dos regimes socialistas, o governo recorreu a empréstimos
Em 1956 a Hungria fez uma tentativa de mudar os rumos do externos, endividando o país e diminuindo os investimentos em
socialismo. Imre Nagy liderou um movimento que propunha a de- infraestrutura. Em decorrência, a economia entrou em crise. Mais
mocratização do regime, com maior liberdade de expressão e certa do que nunca, os alemães orientais se viram tentados a cruzar a
liberalização da economia, mas as tropas enviadas pela facção stali- fronteira com a Alemanha Ocidental, o país mais rico da Europa, em
nista do PC esmagaram a rebelião. busca de novas oportunidades de trabalho. Nem o muro de Berlim
O sucessor de Nagy , embora seguisse inicialmente a orienta- conseguia desestimular as fugas.
ção de Moscou, começou lentamente a introduzir algumas refor- No final de década de 1980, com a abertura dos regimes da Po-
mas na economia. A produção de bens de consumo passou a ter lônia e da Hungria, consolidou-se uma via segura de evasão. Como
prioridade e as empresas estatais ganharam maior autonomia. não era necessário passaporte para transitar entre os países socia-
A coletivização da agricultura foi abandonada, os camponeses listas, os alemães orientais dirigiam-se para a Polônia e a Hungria e
ganharam liberdade para comercializar suas safras. Graças a essas dali para o Ocidente, sem maiores dificuldades.
medidas, o abastecimento alcançou excelentes níveis de eficiência, Em agosto de 1989, quando a Hungria abriu suas fronteiras com
difíceis de observar nos outros países socialistas. a Áustria, milhares de alemães orientais atravessaram a Tchecoslo-
Com o advento da perestroika, essas reformas foram acelera- váquia, a Hungria e a Áustria e chegaram à Alemanha Ocidental.
das por iniciativa do próprio Partido Socialista Operário Húngaro (o Em setembro começaram a ocorrer em diversas cidades gran-
Partido Comunista). Em fevereiro de 1989 foi abolido o sistema de des manifestações populares em favor de reformas. A polícia polí-
partido único e introduzido o pluripartidarismo. No ano seguinte tica – Stasi –tentava reprimi-las, mas com pouco sucesso. Em 1989,
realizaram-se eleições para a Presidência da República e o Parla- Egon Krenz, um dos altos dirigentes do Partido Comunista, derru-
mento. bou Erich Hõnecker e deu início a reformas no partido e no regime.
A transição para a economia de mercado manteve-se em ritmo Em novembro de 1989, sem ver outra alternativa, o governo de
acelerado. Em 1990 a Hungria inaugurou a primeira bolsa de valo- Egon Krenz determinou a derrubada do muro de Berlim.
res do mundo socialista. Foi uma festa. Milhares de pessoas ajudaram alegremente a
quebrar a muralha. Todos queriam participar daquele momento
T c h e c o s l o v á q u i a histórico. Em três dias, 3 milhões de alemães-orientais foram visi-
Em 1968, Alexander Dubcek, então secretário-geral do Partido Co- tar Berlim Ocidental. Eram recebidos com alegria e ganhavam de
munista da Tchecoslováquia, iniciou um intenso movimento de de- presente do governo ocidental alguns marcos para comemorar a
mocratização do país, que ficou conhecido como Primavera de Pra- liberdade.
ga. Os tanques do Pacto de Varsóvia interromperam violentamente O muro de Berlim, que tinha sido o marco principal da divi-
as reformas e Dubcek foi destituído do cargo. são do mundo entre capitalismo e socialismo, tornava-se o símbolo
Só em 1977 é que um novo movimento começou a estruturar- mais importante da derrocada do mundo socialista.
-se com a publicação de um manifesto assinado por diversos inte- A população passou a se organizar em partidos, sindicatos e
lectuais. A Carta 77 protestava contra a repressão e exigia maior grupos políticos diversos, alguns dos quais defendiam a reunifi-
respeito aos direitos humanos. A violenta reação do governo inter- cação da Alemanha. Entre esses movimentos destacou-se o Novo
rompeu o processo, que seria retomado apenas na segunda metade Fórum, com uma plataforma contrária reunificação e a favor da de-
da década de 80, graças à perestroika. mocratização do socialismo. Era, até o início de 90, a agremiação
A partir de 1987 a oposição se reorganizou e recomeçaram os favorita nas eleições previstas para abril.
protestos contra o regime. O movimento intensificou-se em 1989, Mas, de olho na unificação, partidos políticos da Alemanha
quando os intelectuais da Carta 77 passaram a liderá-lo. Eles tinham Ocidental interferiram na política interna Oriental, especialmente
fundado o Fórum Cívico, cujo líder mais importante era Vaclav Ha- Helmut Kohl, chanceler (primeiro-ministro) e membro da Democra-
vel, grande escritor e teatrólogo. cia Cristã. Procurando agrupar os conservadores, Kohl conseguiu
Rapidamente o movimento de oposição, fortalecido por gran- formar uma coalizão – Aliança pela Alemanha – com um discurso
des manifestações populares, obrigou o Partido Comunista a deixar pró-unificação que surtiu efeito junto ao eleitorado alemão orien-
o poder, que foi assumido pelo Fórum Cívico. Em dezembro de 1989 tal, esvaziando a força do Novo Fórum.

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Nas eleições, a Aliança pela Alemanha recebeu sozinha 48% Permaneceu ao lado do ditador apenas a Securitate, sua polícia
dos votos para o Parlamento da Alemanha Oriental. Helmut Kohl secreta, que no entanto não deu conta de protegê-lo. Ceausescu
conseguira seu intento: em 3 de outubro de 1990 a Alemanha foi acabou preso quando tentava fugir de helicóptero. Ele e sua mulher
reunificada. foram em seguida submetidos a um tribunal militar, condenados à
Após os festejos que uniram alemães dos dois lados, começou morte e fuzilados, diante das câmaras de televisão.
o processo de absorção da parte oriental pela parte ocidental. Mui- Na falta de partidos de oposição organizados, foi criada a Fren-
tas empresas do leste foram fechadas, pois utilizavam tecnologia te de Salvação Nacional, formada basicamente por ex-dirigentes do
superada. A moeda oriental foi trocada pela ocidental. Como a uni- Partido Comunista que haviam caído em desgraça sob o governo de
ficação se deu muito rapidamente, acabou sendo traumática para Ceausescu, tendo à frente Ion Iliescu.
muitas pessoas, que perderam seus empregos. Foi anunciado imediatamente o fim da censura, a liberdade
partidária, a dissolução da Securitate e o fim do racionamento dos
Bulgária gêneros de primeira necessidade. Em 1990 Iliescu foi eleito presi-
A Bulgária sempre foi um país fielmente ligado à União Sovié- dente por ampla margem de votos.
tica. Por isso, as mudanças começaram apenas em 1989, quando o A falta de uma tradição democrática retardou a reorganização
movimento já estava muito adiantado em outros países da Europa da sociedade romena. Além de sofrer os problemas econômicos e
Oriental. políticos próprios de um período de transição, o país assistiu ao res-
No final de 1989, começaram manifestações exigindo reformas. surgimento de grupos ultranacionalistas e racistas, que pressiona-
Todor Jivkov, que estava no poder havia 35 anos, foi substituído por vam pela expulsão da minoria húngara.
um dirigente identificado com a perestroika, que prometeu implan- Apesar desses conflitos, em novembro de 1991 foi aprovada uma
tar o pluripartidarismo no país. Na mesma época surgiu a União das nova Constituição, que consagrou a propriedade privada e estabe-
Forças Democráticas, que levou 100 mil pessoas às ruas para exigir leceu diretrizes para levar o país à abertura econômica, a exemplo
eleições livres e o fim do regime de partido único. dos demais países do Leste Europeu.
As manifestações prosseguiram e, no início de 1990, Jivkov foi
preso e acusado de crimes contra o Estado. O próprio Partido Co- Albânia
munista adotou a denominação de Partido Socialista e passou a de- Último reduto do stalinismo na Europa, a Albânia resistiu o
fender a economia de mercado. quanto pôde aos ventos da abertura. Sob a condução de Enver
Ainda em 1990 foi eleita uma Assembleia Constituinte, que Hohxa, que governou o país desde o fim da Segunda Guerra
elaborou uma nova Constituição, promulgada no ano seguinte. Foi Mundial até 1985, a Albânia se isolou do mundo. Em 1961 afastou-
instaurada a democracia e definido o parlamentarismo como forma se até da União Soviética e do Comecon, por não concordar com
de governo. Na economia, iniciou-se o processo de privatização das a desestalinização proposta por Kruschev. Alinhou-se então com a
empresas estatais. China.
Sua política econômica sempre privilegiou a indústria pesada,
Romênia aproveitando as fontes de matéria-prima existentes no país, como
A onda de liberalização do Leste Europeu não deixou de atin- o petróleo e o cromo. Na agricultura a regra era a coletivização. A
gir a Romênia, governada com mão de ferro por Nicolae Ceausescu médio prazo, esse modelo fez o país atingir a autossuficiência em
durante 24 anos. Justamente por sua resistência a acompanhar o alimentos. Trocas no exterior, só a dinheiro, e quando absolutamen-
processo desencadeado pela perestroika, ele acabou derrubado do te imprescindíveis.
poder de forma violenta e fuzilado no dia de Natal de 1989. A partir dos anos 80, já rompida também com a China, a Albâ-
Na década de 1970, Ceausescu lançara um ambicioso plano de nia iniciou uma pequena aproximação econômica com o Ocidente.
industrialização, centralizado na petroquímica e financiado por em- Mas sua política permaneceu inalterada até 1985, quando Enver
préstimos externos. Em meados da década, em decorrência da crise Hohxa morreu. Seu sucessor continuou com essas diretrizes, e o
internacional do petróleo, o déficit comercial da Romênia atingiu país chegou ao final da década com um padrão de consumo muito
cifras elevadas. Considerado pelo Ocidente como um bom pagador, restrito. Produtos banais – absorventes, por exemplo – não existiam
Ceausescu resolveu honrar seus compromissos à custa de sacrifícios no mercado local.
impostos à população. Trabalho redobrado, racionamento de gêne- O governo apresentava, como conquistas importantes,
ros de primeira necessidade, cortes no fornecimento de energia, fa- bons sistemas de saúde, educação, transporte e habitação. Mas
zia-se de tudo para ampliar as exportações e carrear recursos para esse argumento não sensibilizava os mais jovens, que ansiavam
os cofres públicos. Qualquer contestação era duramente punida. por um padrão de vida melhor, que conheciam pelos progra-
Como parte de seus planos, o ditador decretou a romenização mas de televisão captados da Iugoslávia, da Itália e da Grécia.
da minoria húngara que vivia no país. Esse ato de força desenca- Em julho de 1990, milhares de albaneses começaram a invadir em-
deou forte reação popular a partir da cidade de Timisoara, berço da baixadas estrangeiras na capital, Tirana, em busca de asilo. O go-
minoria húngara, em dezembro de 1989. Ceausescu mandou repri- verno acabou autorizando a emigração. Simultaneamente, tomou
mir com violência as manifestações. Houve milhares de mortos. A medidas para afastar os ministros mais duros, que queriam reprimir
revolta se intensificou mais ainda, alcançando praticamente todo o a população.
país, incluindo a capital. Diante disso, o Exército também se revol- Os albaneses conseguiram obter legalmente seus passaportes,
tou, indo engrossar a oposição. pequenas empresas familiares foram autorizadas a funcionar, a en-
trada de capital estrangeiro foi permitida, ainda que timidamente, e

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os camponeses foram autorizados a vender sua produção aos preços de mercado. Após o relaxamento da censura, foi concedida também
liberdade religiosa e partidária. Finalmente, em março de 91, realizaram-se eleições parlamentares, que deram 66% dos votos aos candi-
datos do Partido do Trabalho, o Partido Comunista local.
Apesar desses avanços, parte da população decidiu não esperar mais pela melhoria das condições de vida, ainda bastante duras em
comparação com os vizinhos mais prósperos.
Em agosto de 91, uma leva de 22 mil albaneses tentou emigrar para a Itália, através de Brindise, no sul do país. O governo italiano, que
havia acolhido albaneses anteriormente, dessa vez se recusou, pois o mercado de trabalho no sul da Itália, região menos desenvolvida do
país, não comportaria tal volume de imigrantes. Sob protesto, 17 mil albaneses foram repatriados.
Em março de 1992, novas eleições para o Parlamento deram vitória ao Partido Democrático (não-comunista). Era o fim da experiência
socialista na Albânia.

Iugoslávia – Formação e Desagregação12

A antiga Iugoslávia era composta por diferentes povos: croatas, eslovenos, sérvios, muçulmanos, albaneses, macedônios, entre ou-
tros. Esses povos tinham diferentes características culturais, como a língua, os hábitos e a religião, tão específicos que chegaram a entrar
em conflito várias vezes no decorrer da história.

A Formação da Iugoslávia e a Importância de Tito


A Federação Iugoslava originou-se após a Primeira Guerra Mundial, a partir de territórios que faziam parte dos Impérios Austro-
-Húngaro e Turco-Otomano. Apesar da balcanização étnica e religiosa, a Iugoslávia manteve-se unida após a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Essa união deveu-se à influência e habilidade política de um líder socialista e carismático, o marechal Josip Broz Tito, que se
destacou na luta contra os invasores nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Tito implantou na Iugoslávia um regime socialista, mas jamais aceitou a interferência da União Soviética. Após a morte de Tito, em
1980, a situação política e econômica começou a se agravar.
A Iugoslávia era formada por uma federação de repúblicas (Sérvia, Montenegro, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia)
e por regiões autônomas (Voivodina e Kosovo). Dentre as repúblicas que integravam a Iugoslávia, a Sérvia era a mais poderosa, uma vez
que controlava a maior parte das forças armadas e da economia do país.
A ocorrência de minorias sérvias na Bósnia-Hezergovina, Croácia e Eslovênia teve o objetivo de misturar os povos do país, a fim de
dificultar futuros movimentos separatistas nessas regiões.

Conflitos e mudanças geopolíticas recentes:


1- Bósnia-Herzegovina (Guerra Civil entre 1991-1995)
2- Kosovo (conflito em 1999, área com administração da ONU com presença de tropas da OTAN e Rússia)
3- Macedônia (conflitos entre macedônios e a minoria albanesa em 2001)
4- Independência de Montenegro por referendo em 2006

12 Iugoslávia – Formação e Desagregação. Cola da Web. Disponível em: < http://www.coladaweb.com/geografia/paises/iugoslavia-formacao-e-desagregacao> Acesso em 03 de maio
de 2017.

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Eslovênia, Croácia e Macedônia e financeiras, entre outros. Vamos explorar algumas características
Na década de 1990, com a ampliação da crise econômica na Iu- que frequentemente estão associadas à discussão sobre a nova or-
goslávia, revigoraram-se as antigas rivalidades entre os grupos étni- dem econômica mundial:
cos, conduzindo a movimentos nacionalistas e separatistas. A partir
de então, iniciou-se a fragmentação política e territorial iugoslava. Multipolaridade:
A Eslovênia foi a primeira república a declarar-se independen- - Tradicionalmente, a ordem econômica mundial foi caracteri-
te, firmando a cidade de Liubliana como sua capital. Trata-se de um zada por um sistema bipolar durante a Guerra Fria, com os Estados
pequeno país, mas com razoável industrialização e renda per-capita Unidos e a União Soviética como principais atores. A ideia de uma
elevada para os padrões do Leste Europeu. nova ordem econômica mundial frequentemente sugere uma mul-
Em seguida, a Croácia declarou sua independência, com a tipolaridade, com a ascensão de múltiplos centros de poder econô-
capital em Zagreb. O governo central iugoslavo, controlado pelos mico, como a China, a União Europeia e outros.
sérvios, mandou tropas para conter os separatistas e os combates
agravaram a crise. Globalização Econômica:
A Macedônia, a mais pobre das ex repúblicas iugoslavas, tam- - A crescente interconectividade entre países e regiões impul-
bém tomou-se independente. A partir de 2000, o país passou a sionada pela globalização econômica é um elemento importante na
enfrentar conflitos entre macedônios e a minoria albanesa, que se nova ordem. O comércio internacional, investimentos transnacio-
rebelou na fronteira com Kosovo. nais e fluxos de informação contribuem para uma rede econômica
global mais complexa.
Bósnia-Herzegovina
A crise na Iugoslávia tornou-se ia mais grave na república da Ascensão de Novos Atores Econômicos:
Bósnia-Herzegovina, pois sua população era composta por grupos - A ascensão de economias emergentes, particularmente a Chi-
étnicos diferentes, 44% de muçulmanos, 31% de sérvios e 17% de na, tem alterado o equilíbrio de poder econômico. Esses países têm
croatas, grupos estes que tinham objetivos divergentes: desempenhado papéis mais proeminentes em instituições financei-
Os croatas e muçulmanos que viviam na Bósnia desejavam sua ras internacionais e em acordos comerciais.
independência política;
Os sérvios que moravam na Bósnia queriam continuar perten- Tecnologia e Transformação Digital:
cendo à Iugoslávia, com a Sérvia e Montenegro. - Avanços tecnológicos, como inteligência artificial, blockchain
Um plebiscito aprovou a independência da Bósnia-Herzegovina e automação, têm impactado a produção, distribuição e consumo
em 1992, reconhecida por vários países europeus e pelos Estados de bens e serviços em escala global. Essas transformações influen-
Unidos. Entretanto, as divergências entre os três grupos étnicos le- ciam a competitividade e a posição econômica de diferentes na-
varam a uma sangrenta guerra civil, que visava ao controle sobre ções.
vários territórios. Os sérvios-bósnios tiveram auxílio da Iugoslávia
(Sérvia e Montenegro); já os croatas-bósnios foram ajudados pela Evolução do Papel das Instituições Internacionais:
vizinha Croácia. - A dinâmica das instituições econômicas internacionais, como
A guerra civil deixou cerca de 200 mil mortos. Foram violados o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, pode
quase todos os direitos humanos básicos. Houve massacre de popu- estar mudando para refletir a nova realidade econômica. Novas ins-
lações civis indefesas, campos de concentração, alocação de cadá- tituições ou reformas significativas nas existentes podem ser pro-
veres em valas comuns, estupros em massa de mulheres de grupos postas.
étnicos adversários, entre outras atrocidades. Os anos de guerra
levaram à devastação da economia e da infraestrutura da Bósnia. Mudanças nas Cadeias de Suprimentos:
Por meio de pressões internacionais lideradas pela ONU, Esta- - A reconfiguração das cadeias globais de suprimentos é um
dos Unidos, Rússia e União Europeia, chegou-se a um acordo de paz aspecto importante da nova ordem econômica mundial. Fatores
a partir de 1995, após a assinatura do Tratado de Dayton. Por esse como a busca por eficiência, questões geopolíticas e pandemias po-
acordo, a Bósnia-Herzegovina foi mantida como país independente dem levar a uma reorganização dessas cadeias.
por meio de uma Confederação.
Cerca de 49% do seu território ficou sob controle sérvio-bósnio, Desafios Ambientais e Sustentabilidade:
enquanto que 51% dele passou para o controle dos muçulmanos e - A preocupação com questões ambientais e a busca por práti-
croatas-bósnios. Essa divisão territorial por grupos étnicos também cas econômicas mais sustentáveis estão influenciando as decisões
passou a vigorar na sua capital, Sarajevo. e políticas econômicas em nível global. Isso pode levar a mudanças
na forma como os recursos são explorados e as empresas operam.

A NOVA ORDEM ECONÔMICA MUNDIAL Políticas de Autossuficiência e Nacionalismo Econômico:


- Em alguns casos, observa-se um movimento em direção a
políticas de autossuficiência e maior controle sobre os recursos e
A expressão “nova ordem econômica mundial” refere-se a mu- setores estratégicos, refletindo tendências nacionalistas e protecio-
danças significativas nas dinâmicas econômicas globais que podem nistas.
afetar o equilíbrio de poder, comércio, investimento e desenvol-
vimento em escala internacional. Essas mudanças podem ocorrer
devido a uma variedade de fatores, incluindo avanços tecnológi-
cos, movimentos geopolíticos, mudanças nas relações comerciais
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Mudanças nas Finanças Globais: A doação de uma capitania era feita por meio de dois docu-
- Transformações nas finanças globais, incluindo questões re- mentos: a Carta de Doação e a Carta Foral. Pela primeira, o donatá-
lacionadas a moedas de reserva, regulação financeira e o papel de rio recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos,
centros financeiros globais, podem ser parte integrante da nova mas não vendê-la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas
ordem. da costa na extensão de toda a capitania. Devia fundar vilas, cons-
truir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo
Desafios à Ordem Liberal Baseada em Regras: até decretar a pena de morte para escravos, índios e homens livres.
- Críticas à ordem econômica baseada em regras estabelecida Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios
após a Segunda Guerra Mundial estão surgindo, com alguns argu- e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
mentando por uma abordagem mais pragmática e centrada em in- A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pa-
teresses nacionais. gos pelos colonos. Definia ainda, o que pertencia à Coroa e ao do-
natário. Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da
A dinâmica da nova ordem econômica mundial é complexa e Coroa e, ao donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa
multifacetada. Ela reflete mudanças em curso nas relações econô- detinha o monopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O
micas globais e pode ter implicações significativas para o comércio, donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem coloni-
a política internacional e o desenvolvimento econômico. Essas mu- zá-las e defendê-las, tornando-se assim colonos.
danças podem ser moldadas por uma variedade de atores, incluin- O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na
do Estados, organizações internacionais, empresas multinacionais e grande propriedade rural voltada para a exportação. Dois fatores
a sociedade civil. influíram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis
no litoral brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na
Europa.
O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO ESPAÇO Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do tra-
BRASILEIRO: A FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL E SUA balho escravo do índio e, depois, do negro africano. A colonização
RELAÇÃO COM A NATUREZA iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade
rural, a monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mer-
cado europeu e o trabalho escravo.
A cartografia da formação territorial brasileira revela, em di- As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os
ferentes períodos, os processos que levaram o Brasil a chegar até donatários podiam calcular. Era difícil a adaptação às condições
a forma territorial e as divisões internas atuais. Desde 1500, o país climáticas e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa.
passou por diversas conformações territoriais, fruto de diferentes Além disso, o alto custo do investimento não trazia retorno ime-
organizações políticas e administrativas. Observe o mapa. diato. Alguns donatários nem chegaram a tomar posse das terras,
deixando-as abandonadas.
Brasil: Capitanias Hereditárias (1534-1536)
A cartografia da formação territorial do Brasil

Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o


território americano passou a ser cobiçado pelos principais países
europeus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja
Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas,
que repartia as novas terras entre esses dois países. Observe o
mapa a seguir.

Brasil: o Tratado de Tordesilhas

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Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas Porém, ainda havia uma grande parcela de terras a leste de Tor-
seriam de posse de Portugal e aquelas localizadas a oeste seriam desilhas que não tinha sido explorada pelos portugueses. Por mais
de propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não que, segundo o tratado, pertencessem à Portugal, na prática esses
garantiu na prática a posse dos territórios na América. Primeiro por- territórios ainda eram controlados por indígenas. Portanto, para se-
que esses territórios não estavam vazios, ou seja, encontravam-se rem conquistados, eles deveriam ser explorados e ocupados.
ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espa- A exploração desses territórios deu-se a partir do século XVII,
nhóis teriam de conquistar suas terras, o que envolveu muitas ba- por meio das entradas e bandeiras. As entradas eram expedições
talhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França, Inglaterra e oficiais de exploração do território da Colônia, financiados pela Co-
Holanda) não reconheciam a legitimidade do tratado nem o direito roa Portuguesa. Já as bandeiras, apesar de também possuírem um
de Portugal e Espanha sobre essas terras e também as disputavam. caráter exploratório, eram expedições particulares, movidas por in-
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocor- teresses econômicos e comandadas por homens conhecidos como
reu de fato a partir de 1530. Até então, Portugal limitou-se a criar bandeirantes.
postos de comércio no litoral para a comercialização de pau-bra-
sil – as feitorias. Porém, devido a constantes invasões de piratas e As Bandeiras e os Bandeirantes
expedições estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar o território
para garantir o seu domínio. Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicen-
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições te e São Paulo. Devido às dificuldades econômicas enfrentadas no
de exploração e colonização do litoral brasileiro e de algumas re- sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos
giões no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a explo- territórios em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de
ração e o povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao escravos indígenas para vender. Outra atividade comum era a cap-
seu interior. No século XVII, o desenvolvimento da economia açu- tura de escravos negros fugitivos.
careira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram
mercado interno proporcionou a exploração e ocupação de novos responsáveis pela exploração de grande parte do atual território
territórios – uma vez que era necessário espaço para desenvolvê- brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão
-las. Observe o mapa a seguir. do território brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de con-
trovérsia. Não devemos esquecer que eles foram responsáveis pela
Brasil: povoamento no século XVI escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa
a seguir, que mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII.

Brasil: principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)

A exploração e a ocupação de novas terras na Colônia acompa-


nharam o processo de desenvolvimento da economia local, confor-
me é possível observar o mapa anterior. É importante ressaltar que
o desenvolvimento econômico e as consequentes possibilidades de
enriquecimento serviam de estímulo para promover o povoamento Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991
da Colônia.
É possível notar ainda que, no século XVII, a maior parte de Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que
cidades e vilas ainda se concentrava no litoral. Porém, graças às ati- partiam de São Paulo tinham como direção o interior da Colônia, ul-
vidades como a pecuária e a procura pelas chamadas drogas do ser- trapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições
tão, ervas encontradas na região amazônica, foi possível conhecer foram responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas
e ocupar novos territórios no continente – ultrapassando, inclusive, regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país – que até então haviam
os limites da Linha de Tordesilhas. sido nada ou pouco exploradas.

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É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal perma- de mudar a capital do Estado do Brasil, passando de Salvador para
neceu sob domínio espanhol, época conhecida como a União Ibéri- o Rio de Janeiro. Em 1774, a Coroa portuguesa decretou a reunifi-
ca. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas pas- cação da Colônia, que permaneceu assim até a sua independência.
sou a ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil
de territórios além de seus limites por parte dos bandeirantes. em 1709 e em 1822, ano da independência do país.
Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tra-
tado que substituía o de Tordesilhas. Ambos os países reconheciam Divisão Territorial do Brasil (1709) - São Paulo no seu Máximo
que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historica- A partir de 1709, o Brasil já estava dividido em sete estados.
mente respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de Onde hoje abrange parte da Amazônia, no Norte do país, localiza-
Madri, que teve como objetivo regularizar a fronteira entre suas va-se a província do Grão-Pará. Abaixo, na área que pertence atual-
colônias. mente a Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins,
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colô- Minas Gerais, Goiás, São Paulo e parte do Paraná, era dominada
nias deveriam ser estabelecidas como base na lógica de Uti Posside- pelo Estado de São Paulo. O estado do Nordeste era ocupado ape-
tis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado nas por Maranhão, Pernambuco e Bahia. Na região Sul, apenas a
território tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou província de São Pedro. A Sudeste, o Rio de Janeiro.
a fronteira brasileira após o Tratado de Madri.

O território brasileiro após o Tratado de Madri (1750)

Divisão territorial do Brasil (1822)

Em 1822, ano da independência brasileira, o território brasilei-


ro configurava-se assim:

Brasil em 1822

Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos


imites do Tratado de Tordesilhas – aproximando-se, inclusive, de
seus limites atuais.
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu gra-
ças à ação exploratória dos bandeirantes, que foram responsáveis
por explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no
Tratado de Madri, em 1750.
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões
referentes a territórios e fronteiras na região. Até o fim do período
colonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados
entre Brasil e Espanha.

A Organização Política e Administrativa do Brasil


Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro asse-
Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a melhavam-se aos atuais. Nesse caso, deve-se destacar a região da
separação da Colônia portuguesa em dois estados: Estado do Ma- Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a
ranhão, com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar
no Rio de Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido Uruguai.
em várias capitanias, conforme representa o mapa que mostra a
divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão
era composto pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo
sua capital transferida para a cidade de Belém. Em 1763, foi a vez

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1823: Províncias Imperiais O estado é composto por diversos municípios. Todos os esta-
dos possuem um governador e uma assembleia legislativa que são
No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, responsáveis por gerir e regular as políticas dentro de seu território.
foram acrescentados ainda mais territórios. O Brasil ganhou os esta-
dos do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará O Brasil no Mundo: Localização e Extensão
e Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da
Província da Cisplatina, o atual Uruguai. Posição Geográfica e Noções Cartográficas do Brasil
Os pontos extremos do Brasil são: setentrional – nascente do
Divisão territorial do Brasil (1889) Rio Ailã, no Monte Caburaí (em Roraima, fronteira com a Guiana);
meridional: Arroio Chuí (no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uru-
guai); oriental: Ponta do Seixas (na Paraíba); ocidental: a nascente
do Rio Moa, na Serra do Divisor ou Contamana (no Acre, na frontei-
ra com o Peru).

O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719


quilômetros de fronteiras que o Brasil possui com quase todos os
países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos
7.367 quilômetros de costa atlântica.
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do
Equador e o Trópico de Capricórnio, e que o predomínio das terras
nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um
país tropical.
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção
de diferentes fusos horários.

A Posição Latitudinal do Brasil e suas Implicações


A latitude corresponde ao ângulo formado pela distância de
um lado paralelo em relação à Linha do Equador.
Na época da independência, a divisão político-administrativa A variação latitudinal implica mudanças da obliquidade, isto é,
brasileira era baseada em províncias, e não em estados, como hoje da inclinação com a qual os raios solares incidem sobre a superfície
em dia. Repare como as diversas províncias existentes em 1822, as- terrestre.
sim como suas fronteiras, deram origem a muitos estados atuais. No território brasileiro, dadas as suas grandes dimensões, essa
Até o fim do Império e a formação da República, em 1889, o mudança da inclinação da incidência solar é relativamente percep-
território brasileiro sofreu algumas pequenas modificações. Da tível.
mesma forma, alguns territórios deixaram de pertencer a algumas O extremo sul do Brasil recebe raios oblíquos, que implicam
províncias e foram incorporados a outras, como mostra o mapa aci- temperaturas médias anuais mais baixas e, consequentemente, cli-
ma. mas mais amenos em comparação àqueles dominantes na maior
Com a instauração da República, a divisão político-administra- parte do país.
tiva brasileira, que antes compunha várias províncias, passou a se Quanto a extensão latitudinal do Brasil e a localização espacial
basear em estados. Dessa forma, o Brasil tornou-se uma República do extremo sul, essa porção do território brasileiro está situada ao
Federativa, composta por diferentes unidades. sul do Trópico de Capricórnio, o que implica obliquidade maior. Por
Desde 1889 foram criados alguns estados novos, bem como isso, é dominada pelo clima zonal temperado, cujas temperaturas
uma nova divisão político-administrativa: os territórios federais. médias estão entre as mais baixa registradas no país.
Esses territórios integravam diretamente a União, sem pertencer a
nenhum estado. Em 1988, os territórios federais existentes foram A Posição Longitudinal do Brasil e suas Implicações
extintos e suas áreas foram incorporadas a estados vizinhos. A longitude corresponde ao ângulo formado pela distância de
um ponto qualquer da superfície terrestre em relação ao meridiano
As Unidades Federativas do Brasil de Greenwich, que, divide a Terra em dois hemisférios: o Ocidental
e o Oriental.
As unidades federativas são entidades político-administrativas A longitude varia de zero a 180 graus a partir do Meridiano de
e territoriais vinculadas ao Estado Nacional – no caso brasileiro, à Greenwich, tanto para o leste, como para oeste. O território brasi-
República Federativa. leiro se localiza integralmente no Hemisfério Ocidental.
Elas possuem autonomia no que diz respeito à eleição de seus
governantes, à criação de determinadas leis e à cobrança de im- Fronteiras Marítimas do Brasil
postos.
Atualmente, o Estado brasileiro é composto por 27 unidades Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou
federativas: 26 estados e o Distrito Federal, onde se localiza Brasília, a atenção da sociedade e do governo brasileiro: e as águas do Ocea-
a capital do país. no Atlântico que banham nosso território.

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Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Se- Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para
gunda Guerra Mundial criou navios mais rápidos que os anterio- além das 200 milhas devem apresentar um relatório para a Conven-
res e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes ção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga
distâncias, explorando economicamente as águas longe de seus para além de 200 milhas.
territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos japoneses e Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na
europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes década de 1980, o projeto Levantamento da Plataforma Continental
permitem explorar, até a exaustão, os cardumes que se deslocam (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras participaram
em alto-mar. dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente
Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspecti- todo aprovado pela comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a
vas às nações, que passaram a considerar o mar não só uma via área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o que prati-
de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de camente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia.
riquezas e matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram- Foi por isso que muitos passaram a chamar essa região de Amazô-
-se estratégicos, e muitos países passaram a tentar incorporar áreas nia Azul.
marítimas aos seus territórios. Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasi-
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diver- leira. Muitos especialistas afirmam que em um futuro próximo será
sas reuniões sobre os limites marinhos. Elas ficaram conhecidas possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar.
como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nes- Por esse tratado, o Brasil também é responsável, por exemplo,
sa época, muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos, por operações de resgate em uma área muito maior que a Amazô-
situados além das jurisdições nacionais, fossem considerados pa- nia Azul. Trata-se de uma nova fronteira que ainda precisa ser muito
trimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser ne- estudada e conhecida.
cessário determinar os limites marítimos de cada Estado costeiro.
Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em A Divisão Regional do IBGE
1970, para resguardar os interesses econômicos do país e por ra-
zões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e fo-
de 370 quilômetros) para exploração das águas territoriais brasilei- ram realizados sob a coordenação do engenheiro, geógrafo e pro-
ras. fessor Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar
Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados as diversas propostas de divisão regional que já existiam naquela
de superfície aquática – somente navios brasileiros e de empresas época, esse trabalho visava a elaborar uma única divisão regional
estrangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exer- do Brasil para a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade
cer alguma atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam socioespacial de nosso país.
multas e seriam apreendidos. Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do
Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Uni- IBGE, que levava em conta sobretudo as características naturais.
das sobre o Direito do Mar (CNUDM). Foi nessa convenção que os Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste,
limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma: Sul e Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste
Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez, a região Leste foi subdi-
* mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas vidida em Leste Setentrional e Leste Meridional.
(cerca de 22 quilômetros) de largura, medidas a partir do litoral e Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil,
das ilhas brasileiras. Nesse espaço marítimo, o Estado costeiro tem levando em consideração, agora, sub-regiões denominadas zonas
total controle sobre as águas, o espaço aéreo e o fundo do mar; fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espa-
* zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do ciais de dimensão mais reduzida que as das unidades da federação.
mar territorial. Essa faixa é importante, pois se trata de uma área de Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta
segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações pelo IBGE.
que nela navegarem; Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo
IBGE, há um aspecto importante em comum: os limites das regiões
* zona econômica exclusiva: área que se estende até 200 coincidem com os limites estaduais.
milhas além do mar territorial. Pela convenção da ONU, os Estados Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta
costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os as especificidades naturais do nosso país. O norte de Minas Gerais,
recursos (sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão
toda essa região. Desde o início da década de 1980, o Brasil vem nordestino, integra a região Sudeste.
realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano
Atlântico e zelar pela manutenção dele; Lista do Estados e Capitais por região
Região Norte
* plataforma continental: conforme a convenção de 1982, cor- Acre – Capital: Rio Branco.
responde ao leito e ao subsolo das áreas submarinas que se esten- Amapá – Capital: Macapá.
dem além do seu mar territorial. Amazonas – Capital: Manaus.
Pará – Capital: Belém.
Rondônia – Capital: Porto Velho.
Roraima – Capital: Boa Vista.
Tocantins – Capital: Palmas.
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Região Nordeste Crescimento do Setor Automotivo:


Alagoas – Capital: Maceió. - A década de 1950 testemunhou um crescimento notável
Bahia – Capital: Salvador. na indústria automotiva. Empresas estrangeiras estabeleceram fá-
Ceará – Capital: Fortaleza. bricas no Brasil, e políticas protecionistas incentivaram a produção
Maranhão – Capital: São Luís. local de veículos.
Paraíba – Capital: João Pessoa.
Pernambuco – Capital: Recife. Incentivos Fiscais e Protecionismo:
Piauí – Capital: Teresina. - O governo brasileiro implementou uma série de políticas
Rio Grande do Norte – Capital: Natal. protecionistas e ofereceu incentivos fiscais para as indústrias nacio-
Sergipe – Capital: Aracaju. nais, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento do setor
industrial.
Região Centro-Oeste
Goiás – Capital: Goiânia. Crescimento do Setor Financeiro:
Mato Grosso – Capital: Cuiabá. - A internacionalização do capital também ocorreu por meio
Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande. do crescimento do setor financeiro. Bancos internacionais estabe-
Distrito Federal – Capital: Brasília. leceram operações no Brasil, contribuindo para a expansão do sis-
tema financeiro.
Região Sudeste
Espírito Santo – Capital: Vitória. Ditadura Militar e Desenvolvimento Industrial:
Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte. - Durante o regime militar (1964-1985), políticas de desenvol-
São Paulo – Capital: São Paulo. vimento industrial foram mantidas e expandidas. Grandes projetos
Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro. de infraestrutura foram promovidos, incluindo a construção de hi-
drelétricas, estradas e indústrias de base.
Região Sul
Paraná – Capital: Curitiba. Endividamento Externo:
Rio Grande do Sul – Capital: Porto Alegre. - Para financiar projetos de desenvolvimento, o Brasil recor-
Santa Catarina – Capital: Florianópolis. reu ao endividamento externo. A obtenção de empréstimos inter-
nacionais contribuiu para o aumento da dívida externa, criando de-
safios financeiros no futuro.
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA E A IN-
TERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL Anos 1990 e Globalização:
- Na década de 1990, o Brasil passou por reformas econômi-
cas que incluíram a abertura comercial e a privatização de várias
A industrialização brasileira e a internacionalização do capital empresas estatais. Esse período foi marcado pela integração do Bra-
estão intrinsecamente ligadas à história econômica do Brasil ao sil à economia global.
longo do século XX. Vamos examinar os principais aspectos desse
processo: Desafios e Tendências Recentes:
- O Brasil enfrenta desafios na competitividade industrial, na
Início da Industrialização: modernização tecnológica e na diversificação econômica. A inter-
- O processo de industrialização no Brasil teve início de forma nacionalização do capital continua, com investimentos estrangeiros
mais intensiva a partir da década de 1930, com o governo de Ge- diretos e a presença de multinacionais no país.
túlio Vargas. Políticas industrializantes foram implementadas para
diversificar a economia, reduzir a dependência das exportações Setor Agroindustrial:
agrícolas e promover a produção interna de bens. - Além da indústria tradicional, o setor agroindustrial, espe-
cialmente no agronegócio, tem desempenhado um papel significa-
Substituição de Importações: tivo na economia brasileira, contribuindo para as exportações e a
- Uma estratégia chave foi a política de substituição de im- balança comercial.
portações, que buscava criar uma base industrial interna capaz de
produzir bens que antes eram importados. Isso envolveu a criação O processo de industrialização brasileira e a internacionaliza-
de indústrias em setores como têxtil, siderurgia, petroquímica e au- ção do capital são fases cruciais na evolução econômica do país.
tomobilística. Eles moldaram a estrutura produtiva, a dinâmica industrial e as re-
lações econômicas internacionais, contribuindo para a complexida-
Intervenção Estatal: de do cenário econômico brasileiro ao longo do tempo.
- Durante o período conhecido como Estado Novo (1937-
1945), o Estado desempenhou um papel significativo na promoção
da industrialização, seja através de investimentos diretos ou da cria-
ção de empresas estatais.

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Determinantes:
URBANIZAÇÃO, METROPOLIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA - A qualidade de vida está relacionada a aspectos como saú-
de, educação, emprego, segurança, meio ambiente, lazer, cultura e
participação cívica.
A urbanização e metropolização são fenômenos complexos
que envolvem o crescimento e desenvolvimento das áreas urbanas Relação com Urbanização e Metropolização:
e metropolitanas. Eles têm implicações significativas na qualidade - **Positiva:** Áreas urbanas e metropolitanas podem ofere-
de vida das populações afetadas. Vamos explorar esses conceitos e cer acesso a uma variedade de serviços e oportunidades que contri-
sua relação com a qualidade de vida: buem para uma melhor qualidade de vida.
- **Negativa:** Desafios como poluição, tráfego, falta de mo-
Urbanização: radia e desigualdades podem afetar negativamente a qualidade de
vida.
Definição:
- Urbanização refere-se ao aumento da população urbana em Abordagens para Melhorar a Qualidade de Vida:
relação à população rural. Envolve a transformação de áreas rurais
em urbanas, acompanhada pelo crescimento de cidades e centros Planejamento Urbano Sustentável:
urbanos. - Desenvolvimento de cidades e áreas metropolitanas com
foco na sustentabilidade ambiental, acessibilidade, segurança e
Causas: qualidade do ambiente construído.
- A urbanização é impulsionada por fatores como industria-
lização, migração do campo para a cidade em busca de emprego, Investimento em Infraestrutura:
oportunidades educacionais e acesso a serviços. - Melhoria e expansão de infraestruturas críticas, como trans-
porte público, redes de água e saneamento, contribuindo para a
Impactos na Qualidade de Vida: qualidade de vida urbana.
- Positivos: Maior acesso a serviços como educação, saúde,
infraestrutura e oportunidades de emprego. Inclusão Social e Redução de Desigualdades:
- Desafios: Pode levar a problemas como congestionamento, - Políticas que buscam reduzir disparidades sociais e econô-
poluição, falta de moradia acessível e desigualdades socioeconômi- micas, promovendo inclusão, acesso igualitário a oportunidades e
cas. serviços.

Metropolização: Preservação de Espaços Verdes e Culturais:


- Manutenção de parques, áreas verdes e espaços culturais
Definição: que contribuem para o bem-estar emocional e social das comuni-
- Metropolização refere-se ao processo pelo qual áreas me- dades.
tropolitanas crescem em termos de população, atividades econô-
micas e complexidade urbana. Políticas de Habitação Acessível:
- Promoção de políticas que garantam o acesso a moradias
Causas: dignas e acessíveis para todos os estratos da sociedade.
- A metropolização é muitas vezes impulsionada por fatores
como concentração de oportunidades de emprego, infraestrutura Em resumo, o processo de urbanização e metropolização pode
avançada, serviços especializados e atrativos culturais. ter impactos variados na qualidade de vida, dependendo de como
esses processos são planejados, gerenciados e implementados.
Impactos na Qualidade de Vida: Abordagens sustentáveis e inclusivas são essenciais para garantir
- Positivos: Concentração de oportunidades de emprego, que o crescimento urbano contribua para uma melhoria efetiva na
acesso a instituições culturais, serviços de saúde especializados e qualidade de vida das populações urbanas.
educação superior.
- Desafios: Tráfego intenso, custo de vida mais alto, desigual-
dades sociais e pressão sobre a infraestrutura. ESTRUTURA E PRODUÇÃO AGRÁRIA E IMPACTOS AMBIEN-
TAIS
Qualidade de Vida:

Definição: Agropecuária é a denominação dada para as atividades que


- Qualidade de vida refere-se ao bem-estar geral de uma pes- usam o solo com fins econômicos e que são voltadas à produção
soa ou comunidade, levando em consideração fatores físicos, so- agrícola associada à criação de animais.
ciais, econômicos e ambientais.
Distribuição e Função Social da Terra no Brasil

No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamen-


te desigual. Uma das características mais marcantes das áreas de
produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras,
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também chamada de concentração fundiária. Isso significa que há Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do
grandes propriedades de terra, conhecidas como latifúndios, con- governador-geral para obtenção de sesmarias, essa não era a única
centradas nas mãos de poucos indivíduos. forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abun-
As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tama- dância de áreas inexploradas no território e ao baixo número de
nhos diferentes, mas também distintas formas de organização do habitantes europeus na Colônia, as terras do interior não possuíam
trabalho. Como a agricultura familiar, aquela em que a mão de valor comercial.
obra predominante é composta por integrantes da família proprie- Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse perío-
tária da terra. Geralmente trata-se de pequenas propriedades onde do diz respeito à mão de obra disponível. Para produzir em grande
é praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies. escala, era necessário o uso intenso de trabalhadores – os africa-
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio13, nos escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que
a mão de obra é contratada, e a produção, altamente mecanizada. possuíam maior número de escravos. Por isso, na condição de mais
Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o ricos da colônia, os maiores proprietários de terra eram aqueles
cultivo de uma única espécie. que podiam comprar mais escravos.
Embora as propriedades sejam menores, em termos gerais, na As pessoas que penetravam no interior do território e se mos-
agricultura familiar trabalham mais pessoas do que na agricultura travam dispostas a enfrentar indígenas e a desbravar as áreas vir-
não familiar. gens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir
Existem estabelecimentos rurais de propriedade familiar que a fim de conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse
vendem sua produção para grandes empresas agrícolas. No entan- não contestada da terra, esses colonos não possuíam a propriedade
to, é a agricultura familiar que produz uma parcela significativa dos legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão
alimentos consumidos no Brasil. oficial.
Pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimen- A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que
to de produtos básicos. Estes, porém, não geram muita renda aos ocupa uma área territorial para obter a sua posse, mas sem ter a
produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não
do agronegócio. possuíam capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma
Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga es- produção de pequena escala voltada para a subsistência ou para o
cala de mercadorias destinadas principalmente ao mercado exter- abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colo-
no, como soja, algodão, milho e cana-de-açúcar. nial, coexistiam grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao po-
der local e pequenas propriedades pertencentes aos camponeses
Condições de Trabalho no Campo locais.

Estrutura Agrária Brasileira Surgimento do Trabalho Assalariado e a Lei de Terras


A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei Eusébio de
desde o período colonial. Devido ao papel da agricultura em nossa Queirós, que proibia o tráfico de escravos no Brasil. Apesar de não
economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um
acumulou riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária marco no processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma
que vem grande parte de nosso Produto Interno Bruto (PIB). perspectiva de término desse tipo de relação de trabalho, ela esti-
mulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro.
Sesmarias no Período Colonial Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês.
O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no ter- Mesmo com a independência do Brasil e a formação do Estado bra-
ritório brasileiro foi o sistema de doação de sesmarias, enormes sileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação
parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou das propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até
pelo governador-geral, visando promover a colonização de terras e então, deu-se continuidade ao processo de obtenção de terras por
implantar o sistema de plantation na colônia. As sesmarias vigora- meio da posse, sem a sua devida documentação.
ram no Brasil até 1822, ano de sua independência. Além de propor a regularização das propriedades não docu-
Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pes- mentadas no país, a Lei de Terras buscou criar uma política para
soas nobres ou ricas – que possuíam algum tipo de relação com regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela,
a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economi- estabeleceu-se que as terras não exploradas passariam a pertencer
camente suas propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias ao Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da compra – e não
correspondiam às áreas produtivas e já exploradas no litoral ou pró- mais pela ocupação e exploração do território.
ximas dessa região. Segundo a Lei de Terras, para realizar esse processo, os possei-
Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzir em suas terras, ros deveriam legalizar as suas terras em cartórios localizados nas
o proprietário tinha o direito de posse por toda a vida, repassan- cidades, os quais, na época, eram de difícil acesso para a população
do-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a rural, pois não havia facilidades de deslocamentos como hoje em
Colônia assistia à formação de uma elite, composta por famílias que dia. Além disso, a maioria deles não possuía recursos para pagar
concentravam em suas mãos as maiores terras e, consequentemen- taxas de registro e oficializar sua propriedade.
te, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam. Os proprietários não legalizados (os posseiros) deveriam regis-
tra-las em cartórios para regularizar a sua documentação. Caso con-
13 Agronegócio é a denominação das atividades comerciais e industriais trário, a propriedade da terra não seria reconhecida. Ao definir a
que envolvem a produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na
propriedade rural até a chegada aos consumidores.
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compra como a única forma de obtenção de terras, o Estado excluiu A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição
a possibilidade da população pobre como posseiros, ex. escravos, brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que as propriedades rurais que
tornar-se proprietário rural. não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem
Em contrapartida, favorecia a minoria rica do país, que se via ser desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores
em condições de adquirir as maiores e melhores terras. Isso resul- sem-terra.
tou no monopólio das terras nas mãos de uma minoria a abundân- Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social
cia de trabalhadores livres necessária para substituir futuramente no campo e o aumento da produtividade agrícola no país.
os escravos. De fato, a concentração de terras pode acarretar em uma me-
Além de alto número de terras ocupadas sem registro legal, nor produtividade, já que, devido às suas condições econômicas e
suas demarcações eram feitas de modo impreciso. Os limites das ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-se obri-
propriedades, eram, muitas vezes, vagamente definidos por ele- gados a produzir o máximo em suas propriedades de modo a garan-
mentos naturais como rios, quedas d’agua ou morros. Esse cenário tir a maior renda possível. Em contrapartida, muitos dos grandes
foi agravado pelo início de um intenso processo de apropriação ile- produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de suas
gal de terras no país denominado grilagem de terra. propriedades.
Muitos apropriaram-se das facilidades políticas e dos conhe- Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária
cimentos legais que possuíam para registrar terras que não lhes adquiriu após a Lei de Terras, desenvolveu-se no país uma prática
pertenciam – fossem elas ocupadas por posseiros, indígenas ou de de especulação, por meio da qual grandes proprietários mantêm
propriedade do Estado. Em um contexto no qual a grande maioria vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando es-
da população era analfabeta, os únicos aptos a produzir tais docu- tiverem valorizadas.
mentos eram os integrantes da minoria letrada do país. Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária
Em muitos casos, essas terras não foram incorporadas com também implicaria no aumento da oferta de alimentos no país e,
fins produtivos. Ao se apropriarem delas, os grileiros tinham como com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produ-
objetivo esperar a sua valorização para, posteriormente, vendê-las tos. Enquanto a produção dos latifúndios é voltada para o mercado
a um preço alto. Devido ao seu caráter excludente com relação à externo, são os pequenos produtores os responsáveis pela maior
distribuição de terras, a Lei de Terras resultou em uma estrutura parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional.
fundiária extremamente desigual e que se perpetua até os dias de
hoje no Brasil. Polêmicas da Reforma Agrária
A vida e a economia no campo brasileiro carregam uma série
Movimentos Sociais e a Reforma Agrária de contradições. Por um lado, a produção agrícola para exportação
apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de
A má distribuição de terras foi responsável por uma série de mecanização. Essa atividade também possui grande participação na
problemas nas zonas rurais brasileiras. A difusão do processo de economia brasileira, sendo responsável por boa parte das exporta-
grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas ções.
terras. Porém, é nas zonas rurais que se encontram as regiões mais
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passiva- pobres do país, onde as condições de trabalho são as piores. Da
mente a expulsão das terras que ocupavam há anos, ou mesmo há mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm
gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam condições financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico
ser resolvidos por meio da intimidação e, principalmente, da vio- nas suas produções, contrastando com os grandes produtores.
lência física. A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais
Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil justa das terras que, espera-se, resultar em um número maior de
diz respeito à pobreza no campo. Esse fenômeno é consequência da pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma
existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como diminuição significativa do êxodo rural14.
sem-terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salá- Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas
rios significativamente baixos. no país, pouco se fez pela reforma agrária ao longo da História bra-
Além desse fator, as condições de vida do trabalhador rural são sileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais que seriam
agravadas pelo desenvolvimento tecnológico no campo. O uso cada alcançados, as políticas de distribuição de terras prejudicariam os
vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de mui- interesses econômicos de diversos grupos.
tos trabalhadores, o que aumenta o desemprego no campo. Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no
cultivo em latifúndios ainda é responsável pela maior parte da eco-
Debate sobre a reforma agrária no Brasil nomia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribui-
Os problemas envolvendo a má distribuição de terras motiva- ção de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação
ram o debate sobre a necessidade ou não de se fazer uma reforma obtida por meio da economia agroexportadora.
agrária no país. Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz res-
peito aos critérios de classificação do que seriam terras improdu-
Reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na po- tivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pe-
lítica de distribuição de terras, feita com o objetivo de diminuir ou cuária, por exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam
acabar com a concentração fundiária – e assim reduzir os impactos 14 Êxodo rural é o termo pelo qual se designa a migração do campo por seus ha-
sociais negativos acarretados por ela. bitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de regiões
consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer
de áreas rurais para centros urbanos.
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que existem muitas terras subaproveitadas. De fato, existe no Brasil As ações políticas do MST são alvo de muitas críticas por par-
um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, te de diversos setores da sociedade brasileira. A maior parte delas
em média, uma área maior do que um minifúndio ou uma pequena diz respeito às ocupações de terras que o movimento alega serem
propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam que estão improdutivas, condição tal negada pelos proprietários. Por isso, é
produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra. comum os opositores do movimento chamarem esses atos de inva-
No Brasil, a desigualdade social no campo está diretamente re- sões e não de ocupações.
lacionada à concentração fundiária e, assim como em outros lugares A maior parte dos conflitos relacionados ao MST envolve os
do mundo, tal desigualdade provocou uma série de mobilizações proprietários que tiveram suas terras ocupadas, ou invadidas, e o
sociais. Estado na busca da garantia e da defesa do direito à propriedade
O principal movimento social organizado de camponeses no provada. Esses conflitos costumam ser violentos e muitas vezes re-
mundo é a Via Campesina. Essa organização internacional, criada sultam em mortes.
em 1993, é composta por mais de 170 movimentos sociais ligados Se, por um lado, os movimentos sociais estruturam organiza-
à terra de países da América, Ásia, Europa e África. Entre os seus in- ções para reivindicarem seus direitos, assim o fazem também os
tegrantes estão milhões de trabalhadores rurais sem-terra, peque- fazendeiros, chamados de ruralistas. Desde 1985 eles organizam-se
nos e médios proprietários, indígenas e migrantes que se opõem ao na União Democrática Ruralista (UDR), associação de fazendeiros
agronegócio vigente em muitos países pobres ou emergentes. que luta pelos direitos da propriedade privada no campo. As enti-
Eles defendem o incentivo ao pequeno produtor e a distribui- dades dos movimentos sociais e a UDR opõem-se declaradamente,
ção de terras, de modo a atingir um modelo de produção social- pois seus objetivos são conflitantes.
mente mais justo e menos impactante ao meio ambiente.
No Brasil, os movimentos sociais de luta pela terra foram histo- Interdependência entre Campo e Cidade
ricamente combatidos tanto pelo Estado como pelos grandes pro-
prietários de terra. Esses movimentos abrangem tanto comunida- Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares
des indígenas como posseiros e trabalhadores rurais sem terra. Ao opostos. Assim, a cidade seria o espaço do desenvolvimento, das
longo da história, as disputas por terra no país foram marcadas pela tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestru-
violência e pela apropriação à força dos territórios. turas mais modernas e as condições de vida são melhores. Em con-
Alguns dos primeiros expoentes dessa luta no Brasil foram as trapartida, o campo muitas vezes é idealizado como um lugar pouco
Ligas Camponesas, criadas pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos
Elas tiveram uma atuação política intensa ao Nordeste durante as avançadas e as condições de vida são piores.
décadas de 1950 e 1960, período em que muitas de suas lideranças Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como
foram assassinadas. Com o governo militar (1964 -1985) a perse- a modernização associada ao desenvolvimento tecnológico. O mes-
guição contra as Ligas Camponesas se intensificou e suas atividades mo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande desigual-
rapidamente se extinguiram. dade social que se reflete nas condições de vida da população e nos
Porém, apesar do fim das Ligas Camponesas, a luta pela terra tipos de serviços acessíveis a ela.
continuou durante o período da ditadura militar. Nos anos 1970, Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacio-
os principais conflitos ocorreram na Amazônia, entre posseiros, naram de alguma forma. Por serem locais de prática do comércio, é
indígenas e grileiros. Eles se deram, em grande parte, devido às nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por
políticas do Estado brasileiro de incentivo ao desenvolvimento da outro lado, elas dependem das regiões rurais para abastece-las com
agropecuária na região, o que motivou o interesse de grandes em- alimentos e outros tipos de produtos agrícolas indispensáveis à vida
preendedores sobre as terras locais. e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-
Nessa época foram criadas importantes organizações sociais -primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos
vinculadas à Igreja Católica, como a Comissão Pastoral da Terra principalmente pela população urbana.
(CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – a primeira liga-
da aos colonos e posseiros, e a segunda, aos indígenas. Áreas Produtivas e as Questões Ambientais
Hoje em dia, a principal organização de camponeses do Brasil é
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esse mo- Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moder-
vimento social foi criado na década de 1980 e tem como principal na envolve o uso de máquinas e técnicas com avançadas tecnolo-
bandeira a luta pela reforma agrária no país. gias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo
A principal forma de ação do MST é a ocupação de terras. Essa atual explora os recursos naturais de tal forma que muitas vezes
prática costuma ocorrer em latifúndios considerados improdutivos leva-os ao esgotamento.
ou com histórico de grilagem. Por isso, essas práticas costumam ser O desmatamento é uma prática muito comum para a realização
mais intensas na região Norte do país, onde os índices de grilagem da agropecuária. A retirada da cobertura vegetal resulta em inú-
e terras improdutivas são maiores. meras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução
Ao ocupar as terras, os integrantes do MST constroem acam- dos nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre
pamentos nas propriedades, podendo se estabelecer lá por anos outros.
até conseguirem sua posse por meio do Estado ou serem expulsos No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e
pelos proprietários. de sua substituição por pastagens, o pisoteio do rebanho de ani-
Além das ocupações, o MST promove outros tipos de ações, mais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração
como marchas, ocupações de prédios públicos, acampamentos em de água no terreno.
cidades e manifestações. Por ser a sede do poder político brasileiro,
Brasília é geralmente escolhida para sediar esses atos.
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Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum Revolução Verde


a utilização de queimadas, o que pode trazer inúmeros danos, como A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por
a perda de fertilidade do solo. intensas mudanças, ligadas principalmente à implantação de novas
Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas a
químicos – fertilizantes, inseticidas e herbicidas, conhecidos como um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.
agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas. A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados
Os insumos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte Unidos, e consistia na aplicação da ciência ao desenvolvimento de
penetra no solo, atinge o lençol freático e o contamina, e outra par- técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da
te é levada até os mananciais. agricultura e da pecuária.
Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no pla- Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implan-
neta. tado em vários países, inclusive no Brasil, com o objetivo de erradi-
car a fome por meio do aumento na produção de alimentos.
Sistemas Agroflorestais A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laborató-
Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo mo- rios de genética criaram sementes padronizadas e mais resistentes
delo agrícola atual, muitas pessoas vêm buscando criar e resgatar a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica
alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos im- desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o
pactos ao meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de plantio, a colheita e a criação de animais.
agroflorestal. Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproxi-
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo mar a agricultura de um padrão industrial de produção. Portanto,
de uso da terra no qual se resgata a forma ancestral de cultivo, com- uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo
binando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais. padrão de cultivo em todos os lugares do mundo, desconsideran-
A agrofloresta busca utilizar ao máximo todos os recursos na- do as variações locais das condições naturais, como o clima ou a
turais disponíveis no local, sem recorrer a agentes externos, como fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos
insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente be- agricultores.
néfico ao meio ambiente, além de muito mais barato para o agricul- A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra des-
tor, já que elimina os gastos com insumos químicos. tinadas ao cultivo de uma única espécie, foi outra medida imposta
pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do
Expansão da Fronteira Agrícola maquinário dependia da uniformidade do cultivo.
O conceito de fronteira agrícola é utilizado para designar as No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por
áreas limítrofes entre o chamado meio natural e o local onde se meio de políticas públicas que promoviam o financiamento e a as-
praticam atividades agropecuárias. sistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e sub-
A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, sídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que
acompanhando o ritmo da produção agrícola. o aumento na área plantada. Isso porque os cultivos tornaram-se
A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças mais produtivos.
no espaço geográfico, implicando uma nova organização espacial. No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio
São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e gera- ambiente e de aumento de desemprego no campo, já que muitos
ção de energia, o que eleva a concentração populacional e impul- trabalhadores foram substituídos por máquinas.
siona o desenvolvimento econômico das regiões em questão. Esse processo de modernização da agricultura não se deu de
No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fron- forma uniforme e igualitária ao longo do território brasileiro. Além
teira agrícola para a Região Centro-Oeste, estimulados pelos proje- disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando
tos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior somente os grandes produtores.
do país.
Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como cré- Transgênicos, biotecnologia e agroindústria
ditos agrícolas e vendas de lotes de terra a preços baixos, com o Nas áreas onde se implantaram as técnicas agrícolas conside-
objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a radas modernas, observou-se a concentração de indústrias de equi-
região. pamentos agrícolas e de agrotóxicos e também de estabelecimen-
Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Ama- tos comerciais. Além disso, houve a rápida instalação e expansão
zônia. das chamadas agroindústrias, que têm como objetivo transformar
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamen- gêneros agrícolas e pecuários em produtos industrializados. Por
to e poluição dos solos e dos rios. Além disso, como a expansão isso, geralmente, estão localizadas nas proximidades dos lugares
da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na onde se produz tais gêneros, o que reduz significativamente o custo
utilização de insumos químicos, o que agrava o problema da ques- com transporte da matéria-prima.
tão fundiária, já que pequenos proprietários rurais são obrigados a Com o desenvolvimento e avanço da ciência, novas técnicas fo-
vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos ram criadas e incorporadas às práticas agrícolas. Uma das mais po-
da produção. lêmicas é a biotecnologia, o desenvolvimento de técnicas voltadas
à adaptação ou ao aprimoramento de características de organismos
vivos, animais e vegetais, visando torna-los mais produtivos.

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Por meio dessas técnicas é possível, por exemplo, cultivar plan- O declínio da mortalidade deve-se, em grande parte, à dimi-
tas de clima temperado em lugares de clima tropical, acelerar o rit- nuição da mortalidade infantil, isto é, dos óbitos de crianças com
mo de crescimento de plantas e animais, aumentar o tempo entre menos de um ano de idade. Em 1970, a taxa era de cem mortes em
o amadurecimento e a deterioração das frutas, entre tantas outras cada mil nascimentos vivos; em 1980, caiu para setenta por mil; em
mudanças. 1991, para 45 por mil; e no ano de 2000, para 35 por mil.
Em meados da década de 1990, surgiu um novo ramo dentro Em relação aos países desenvolvidos, este índice ainda é ele-
da biotecnologia, ligado à pesquisa dos genes dos organismos, o vado. Por isso, programas de combate à mortalidade vêm sendo
qual gerou um dos campos mais controversos da agricultura moder- implementados tanto pelo governo quanto por entidades privadas
na: a produção e manipulação de transgênicos. A taxa de mortalidade infantil no Brasil está baixando, confor-
Eles são gerados por meio de técnicas que possibilitam a in- me indicadores. A queda da mortalidade infantil indica aumento no
trodução de um gene ou de um grupo de genes em um organismo. percentual de adultos e melhorias na expectativa de vida, que em
Esses genes podem ser de outra variedade, espécie, gênero, ou até 1950 era de mais ou menos 46 anos e, em 2018, chegou a 76 anos
mesmo de até mesmo de outro reino. (IBGE).
Como por exemplo, a utilização de sementes transgênicas que
está atrelada a um pacote tecnológico que envolve a utilização de Migrações populacionais
maquinários, agroquímicos e monocultura associada a grandes pro- As migrações populacionais remontam aos tempos pré-histó-
priedades. Os agricultores ficam condenados a utilizar esse pacote ricos. O homem parece estar constantemente à procura de novos
tecnológico no momento em que adquirem a semente transgênica, horizontes. As razões que justificam as migrações são inúmeras
justamente para garantir a sua produtividade. (político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, ca-
Essas sementes modificadas são programadas para não se re- tástrofes naturais, entre outras), ainda que as razões econômicas
produzirem depois de determinada geração, o que obriga o pro- sejam predominantes.
dutor a adquiri novas sementes constantemente. Além disso, os A grande maioria das pessoas migra em busca de melhores
laboratórios que desenvolvem tais técnicas fazem parte de grandes condições de vida. Todo ato migratório apresenta causas repulsivas
conglomerados agroindustriais que se fortalecem a cada dia. Mui- (o indivíduo é forçado a migrar) e/ou atrativas (o indivíduo é atraído
tas vezes, os fabricantes de sementes transgênicas são os mesmos por determinado lugar ou país).
que fabricam agrotóxicos e fertilizantes. Considera-se emigração como a saída de uma área para ou-
Não existem estudos conclusivos sobre os impactos dos trans- tra; imigração é a entrada de pessoas em uma área. As migrações
gênicos na saúde humana. Depois de fortes pressões exercidas por podem ser internas, quando ocorrem dentro do país, e externas,
movimentos sociais que lutam contra a difusão dos transgênicos, o quando ocorrem de um país para outro. Ainda podem ser perma-
governo federal criou uma lei que obriga as agroindústrias a iden- nentes ou temporárias.
tificar as embalagens dos alimentos que contêm transgênicos com
um símbolo. Movimentos migratórios no Brasil

Externos
POPULAÇÃO: CRESCIMENTO, ESTRUTURA E MIGRAÇÕES, Até 1934, foi liberada a entrada de estrangeiros no Brasil. A
CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO partir dessa data, ficou estabelecido que só poderiam imigrar 2%
de cada nacionalidade dos estrangeiros que haviam migrado entre
1884 e 1934.
O crescimento da população brasileira, nas últimas décadas, Os fatores que mais favoreceram a entrada de imigrantes no
está ligado principalmente ao crescimento vegetativo (ou natural). Brasil foram:
A queda nesse crescimento apresenta outras justificativas que me- – A dificuldade de encontrar escravos após a extinção do tráfi-
recem atenção. co, depois de 1850;
• Maior custo para criar filhos; – O ciclo do café, que exigia mão de obra numerosa;
• Acesso a métodos anticoncepcionais; – Abundância de terras.
• Trabalho feminino extradomiciliar;
• Acesso a tratamento médico; Para a maior parte dos imigrantes, a adaptação foi muito difí-
• Saneamento básico. cil, pois além das diferenças climáticas, da língua e dos costumes,
não havia no país uma política firme que assegurasse garantias as
Para conhecer a população de um país, devemos, primeira- pessoas que aqui chegavam. As regiões sul e sudeste foram as que
mente, definir dois conceitos demográficos básicos: receberam maior contingente de imigrantes, principalmente por
– População absoluta: corresponde ao número total de pessoas causa do ciclo do café e povoamento da região sul.
de uma área. No Brasil, por exemplo, a população absoluta era de
190.755.799 pessoas, pelo censo de 2010. Internos
– População relativa: é também chamada de densidade demo- Em nossa história, os principais movimentos migratórios foram:
gráfica e é dada pelo número de habitantes por quilômetro quadra- – Migração de nordestinos da Zona da Mata para o sertão, sé-
do de uma determinada região. culos XVI e XVII (gado);
– Migração de nordestinos e paulistas para Minas Gerais, sécu-
lo XVII (ouro);
– Migração de mineiros para São Paulo, século XIX (café);

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– Migração de nordestinos para a Amazônia, devido ao ciclo da borracha;


– Migração de nordestinos para Goiás, na década de 1950 (construção de Brasília);
– Migrações de paulistas para Rondônia e Mato Grosso, na década de 1970.

Fonte: www.sogeografia.com.br

Os movimentos migratórios mais intensos nas décadas de 1980 e 1990 foram nas regiões:
– Centro-oeste: Brasília e arredores; áreas do interior do MT, MS e GO, onde ocorre a expansão da pecuária e da agricultura comercial.
– Norte: zonas de extrativismo mineral em RO, AP e PA; zonas madeireiras no PA e AM; áreas agrícolas em RO e AC.
– Sudeste: migrações das capitais para o interior dos estados de SP, RJ e MG.
– Sul: até o final da década de 1980, os movimentos emigratórios para o centro-Oeste e norte foram muito significativos. Na década
de 1990, houve forte migração intraestadual, principalmente das metrópoles para o interior.
– Nordeste: tradicionalmente, o Nordeste era uma área de evasão populacional, principalmente do sertão para a Zona da Mata ou
outras regiões do país, como sudeste e centro-oeste. Atualmente, há uma atração devido os incentivos fiscais dos estados às empresas
de fora, mão de obra barata e turismo.

Estrutura etária da população brasileira


Avalia-se a estrutura da população através da sua distribuição etária, condição socioeconômica e sua posição no IDH (Índice de Desen-
volvimento Humano). Em relação aos critérios de avaliação dos países, desde 1950 até o final da década de 1980, a classificação comum
era aquela que enquadrava os países da seguinte forma:

1º mundo: países capitalistas desenvolvidos;


2º mundo: países socialistas de economia planificada;
3º mundo: países subdesenvolvidos.
Acontecimentos na geopolítica internacional, como a queda do Muro de Berlim, fim da Guerra Fria, ressurgimento da Europa como
potência econômica e o fim da experiência socialista soviética, marcam uma nova disposição da ordem mundial, em que se menciona o
mundo multipolar e a globalização da economia.
A partir daí, tornou-se necessário um novo entendimento para classificar os países. A ONU passou a utilizar o IDH (Índice de Desenvol-
vimento Humano), que tem por objetivo avaliar a qualidade de vida através de alguns critérios:
– Expectativa de vida;
– Renda per capita;
– Grau de instrução.

O IDH avalia e aplica uma nota que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do 1, melhor o IDH de uma país, ou de uma região. Veremos
mais informações sobre o IDH nos próximos tópicos.

Essa organização é apresentada em gráficos cartesianos, em que na abscissa (horizontal) são colocadas as populações por milhões,
divididas em homens e mulheres, cada qual ficando de um lado da ordenada (vertical), onde é colocada uma tabela de idades, dividida em
faixas de 5 em 5 ou de 10 em 10 anos. Esses gráficos cartesianos são chamados de pirâmides etárias. Normalmente, as faixas resultantes
são divididas em três partes ou faixas etárias:
– População jovem: 0 a 19 anos.
– População adulta: de 20 a 59 anos.
– População idosa: acima de 60 anos.

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A pirâmide etária do Brasil tem sua base larga e vai estreitando-se até atingir o topo. Isso significa que o número de idosos é relativa-
mente pequeno. O gráfico do Brasil demonstra que, mesmo com todo o crescimento, continuamos a ser um país jovem, pois no caso dos
países mais desenvolvidos, a base da pirâmide costuma ser menos larga e o topo mais amplo.

Fonte: IBGE

Fonte: IBGE

PEA (População Economicamente Ativa)


É a população que exerce atividade remunerada nas formas da lei. Nos países desenvolvidos, os ativos são predominantemente a
população adulta, enquanto nos subdesenvolvidos tanto os jovens quanto os idosos trabalham juntamente com os adultos.

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Participação Cidadã:
O PAPEL DO ESTADO E AS POLÍTICAS TERRITORIAIS. - A participação cidadã é um elemento crucial nas políticas
territoriais. O Estado pode buscar envolver a comunidade no pro-
cesso de tomada de decisões, garantindo que as políticas atendam
O papel do Estado nas políticas territoriais refere-se à inter- às necessidades e demandas locais.
venção governamental na organização, desenvolvimento e uso do
espaço geográfico. Essas políticas visam orientar o crescimento Ordenamento Jurídico:
econômico, a distribuição de recursos, o desenvolvimento urbano, - O Estado estabelece leis e regulamentações que orientam
rural e regional, além de abordar questões ambientais e sociais. as políticas territoriais. Isso inclui legislação ambiental, urbanística,
Aqui estão alguns aspectos importantes do papel do Estado nessas de uso do solo e outras normativas que impactam a organização do
políticas: espaço.

Planejamento Territorial: Cooperação Internacional:


- O Estado desempenha um papel fundamental no planeja- - Em um contexto global, o Estado pode participar de acordos
mento territorial, estabelecendo diretrizes para o uso do solo, infra- e parcerias internacionais para abordar questões transfronteiriças e
estrutura, zoneamento urbano e rural, promovendo um desenvol- promover o desenvolvimento sustentável.
vimento ordenado e sustentável.
O sucesso das políticas territoriais muitas vezes depende da in-
Desenvolvimento Regional: tegração de diferentes esferas governamentais, da participação da
- Políticas territoriais buscam promover o desenvolvimento sociedade civil e da adaptação a contextos locais específicos. Essas
equilibrado entre diferentes regiões. Isso pode envolver a imple- políticas são essenciais para criar ambientes que promovam o bem-
mentação de incentivos econômicos, infraestrutura e programas -estar da população, o desenvolvimento econômico equitativo e a
sociais em áreas menos desenvolvidas. sustentabilidade ambiental.

Políticas Urbanas:
- Nas áreas urbanas, o Estado desempenha um papel significa- A REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL: DESENVOLVIMENTO DE-
tivo no planejamento urbano, regulamentação da construção civil, SIGUAL E COMBINADO
transporte público, gestão de resíduos, entre outros. O objetivo é
criar cidades sustentáveis e habitáveis.
Introdução
Preservação Ambiental:
- O Estado tem responsabilidades na preservação e gestão O que é Região?
ambiental. Isso inclui a criação de áreas protegidas, regulamenta- Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar
ção de atividades que impactam o meio ambiente e a promoção de como região. Esse termo aparece bastante em nosso cotidiano.
práticas sustentáveis. Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que
vem sendo debatido há muitos anos.
Políticas Sociais e Habitacionais: Podemos entender região como uma área de determinado ter-
- O Estado implementa políticas que visam reduzir desigualda- ritório onde se localizam lugares com características semelhantes,
des sociais e promover o acesso a moradia, educação, saúde e ser- levando em consideração a combinação entre elementos naturais,
viços públicos. Isso pode envolver programas habitacionais, bolsas a economia e aspectos sociais.
sociais e investimentos em infraestrutura social. Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspec-
tos:
Infraestrutura e Conectividade:
- O Estado é responsável por desenvolver infraestrutura que Região Nordeste
conecta diferentes regiões. Isso inclui estradas, ferrovias, aeropor-
tos e redes de telecomunicações, facilitando a integração econômi- O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômi-
ca e social. co, tanto no campo quanto nas cidades. Porém, a elevada concen-
tração fundiária e a persistência de graves problemas sociais repre-
Incentivos Econômicos: sentam um entrave ao desenvolvimento regional.
- O Estado pode implementar políticas fiscais e incentivos
econômicos para atrair investimentos em determinadas regiões, Obstáculos e Perspectivas
setores ou atividades, buscando promover o desenvolvimento eco- Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores
nômico. econômicos e sociais, a Região Nordeste passa por um processo de
integração econômica com as outras regiões do país e com o mun-
Gestão de Riscos e Desastres: do, apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferen-
- Em áreas propensas a desastres naturais, o Estado desem- tes setores.
penha um papel na implementação de políticas para reduzir riscos, Se comparados o índice de desenvolvimento humano do Brasil
gerenciar crises e promover a resiliência das comunidades. com o dos estados do Nordeste, observamos que todos eles, apre-
sentam IDH menor que a média nacional, o que evidencia a defasa-
gem social dessa região em relação ao Brasil.
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Entre os estados nordestinos, a Bahia conta com a maior par- Com a política de desconcentração industrial, a partir da dé-
ticipação no PIB brasileiro. Sua economia é diversificada e produz cada de 1990, os governos estaduais da Região Nordeste têm in-
riqueza com atividades da agropecuária, da indústria e de serviços. vestido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos
fiscais visando atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a
Ocupação Territorial implantação de uma indústria, em geral bastante automatizada,
A ocupação do Nordeste ocorreu paralelamente à implantação abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados,
de atividades econômicas, como a produção de cana-de-açúcar nas além de contribuir com impostos reduzidos. Assim, apenas algumas
áreas litorâneas e, posteriormente, a agricultura de subsistência no empresas transnacionais ou de capital nacional acabam sendo as
Agreste e a pecuária do Sertão. mais beneficiadas.
A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes mo-
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco (incluin- noculturas cultivadas na Zona da Mata; a cana-de-açúcar, especial-
do o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergi- mente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
pe e Bahia. Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja,
país, concentrava, em 2011, 27,77 da população brasileira, ou seja, mandioca, arroz) e do extrativismo vegetal (babaçu, carnaúba),
54.226.000 habitantes à época. têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para ex- e do Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste
portação sustentou a economia colonial, baseada no latifúndio mo- da Bahia.
nocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se No Sertão, caracterizado pelo clima semiárido, solos pedrego-
bem nos solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados sos e vegetação de caatinga, subsiste a agricultura tradicional culti-
de Pernambuco e Bahia. vada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho,
Entre as atividades complementares implementadas na Amé- arroz, feijão, mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais
rica portuguesa estavam os cultivos de subsistência e a pecuária. A culturas.
criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi em- A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais im-
purrada para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio portância não apenas no mercado interno, mas também para a ex-
São Francisco e para os estados do Piauí, do Ceará e do Maranhão, portação. É desenvolvida no Vale do Rio São Francisco (uva, manga),
promovendo a ocupação efetiva dessas áreas. no Vale do Rio Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no Sertão do Ceará (acerola, melão). A maior região produtora de me-
interior do país e a transferência da capital de Salvador para o Rio lão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Nor-
de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da te, e o polo Petrolina/Juazeiro firmou-se como grande exportador
produção de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e so- de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e pinha.
ciais da região. Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por a localização da Região Nordeste em relação à Europa e aos Estados
latifundiários ou coronéis, como ficaram conhecidos os grandes fa- Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) conferem van-
zendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regio- tagens à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias
nal sob o domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da (criação de variedades de frutas, produção integrada, produção de
população nordestina, em especial a do sertanejo, habitante das mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de ir-
vastas áreas de caatinga. Para a maioria dessa população, castigada rigação foram essenciais para o crescimento da atividade.
pelo precário desenvolvimento econômico, não restou outra opção Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno por-
senão migrar para outras regiões do país. te como asininos (jumentos, mulas e burros), caprinos (cabras),
ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois),
O Nordeste Atual: Economia, Recursos Naturais e População tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem
A implantação de polos industriais e de agricultura moderni- crescendo também em áreas do Agreste próximas ao Sertão, com
zada vem transformando a economia nordestina. Porém, apesar solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Mara-
dos avanços econômicos, o Nordeste ainda figura abaixo da média nhão. A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o
nacional no que diz respeito ao desenvolvimento humano e à qua- abastecimento da Zona da Mata, é praticada no Agreste.
lidade de vida. No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o
A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as úl- abastecimento da Zona da Mata, em médias e pequenas proprieda-
timas décadas do século XX. Entre as razões desse dinamismo estão des. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade,
o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de na fronteira com a Zona da Mata.
serviços. O turismo desenvolvido a partir das potencialidades naturais
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do é outra atividade econômica de grande importância para a região.
Nordeste (Sudene) em 1959, o setor secundário ou industrial do
Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como conse- Turismo Garante Expansão Regional
quência, houve a montagem de importantes e modernos centros “No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estran-
industriais. No entanto, apenas uma parcela muito reduzida da geiros em 2008, o Nordeste emplacou três capitais. Salvador, Recife
população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se con- e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e sétimo postos, respectiva-
centraram principalmente em três estados (Bahia, Pernambuco mente, na escolha dos visitantes internacionais. À sua maneira, com
e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de sol, praias e características culturais diferenciadas, a região contri-
transformação e de confecções. buiu para que o país se tornasse o sétimo maior destino mundial dos
turistas estrangeiros no ano de 2012 – e o mais movimentado ponto
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de desembarque de visitantes com origem na América Latina, des- As Sub-Regiões Geoeconômicas


bancando o México. [...] A multiplicação dos voos regulares entre Considerando os aspectos econômicos, é possível identifi-
capitais como Salvador e Recife – no ano 2000 havia apenas uma car sete sub-regiões no Nordeste brasileiro. Em cada uma delas,
linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos Estados Unidos existem polos de intensa modernização, que convivem com as
contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turis- atividades econômicas tradicionais:
tas estrangeiros. Os desembarques internacionais na região cres- Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da popula-
ceram 11,9% em 2008 em relação ao ano anterior. O maior volume ção e abriga os três maiores polos urbano-industriais nordestinos:
de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto na elevação das Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o
taxas de emprego no setor de turismo na região, com um aumen- Polo Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do
to de 5,7% no mesmo período”. (ROCHA, M.; DAMIANI, M. Turismo Nordeste, que integra o refino de petróleo, a petroquímica básica
garante expansão regional. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua
dezembro 2009). vez, abriga o Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste,
e o Complexo Industrial-Portuário de Suape, instalado na década
O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em
o da Serra da Capivara (PI), com grande concentração de sítios ar- implantação uma refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um gran-
queológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de de estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias intensivas em
Fernando de Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Par- mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo In-
que Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os eventos cultu- dustrial e Portuário do Pecém, inaugurado em 2002 e concebido
rais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salva- para receber indústrias de base tais como a Companhia Siderúrgica
dor, Olinda e Recife), as festas juninas (Caruaru, Campina Grande, do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas
etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas, cerâmicas) coreanas, em implantação.
da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência Pré-Amazônia - inserida apenas no Maranhão, essa região
e a Cultura (Unesco), ligada à ONU, instituiu uma lista de sítios e geoeconômica apresenta predomínio de atividades agrícolas tra-
monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que in- dicionais, marcadas pela baixa produtividade. Entretanto, nos últi-
tegram o Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. mos anos, a região vem registrando aumento da área dedicada ao
O objetivo é a preservação desses sítios para as gerações futuras. A cultivo de grãos, em especial soja e milho, bem como uma intensa
Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e atividade de exploração madeireira.
Naturais da Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE),
de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o Pelourinho, além dos Parnaíba - abriga o polo de Teresina, maior aglomeração in-
sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional dustrial interiorizada do Nordeste, com destaque para as indústrias
da Capivara (PI). têxtil, de alimentos, de cerâmica e madeireira.
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se so-
bressai como o maior produtor de sal marinho do país. Destacam-se Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agri-
também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio cultura tradicionais, abriga polos industriais modernos, tais como
Grande do Norte e na Bahia. o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo
gesseiro do Araripe, no Sertão pernambucano.
Indicadores Sociais e Urbanização
A Região Nordeste ainda responde pelos índices de qualidade Agreste - o dinamismo econômico da sub-região vem crescen-
de vida mais baixos do país. Problemas sociais como elevadas taxas do com a implantação de indústrias têxteis, de calçados e de con-
de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande fecções, especialmente em Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e
concentração de renda e terras também alcançaram números que Feira de Santana (BA), e pelo aumento da produtividade das bacias
superam os de outras regiões. leiteiras, instaladas em Pernambuco e Alagoas.
Em 2009, 6,8% das crianças de 7 a 14 anos de idade não sa-
biam ler e escrever no país. No Nordeste, esse percentual chegava São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irriga-
a 11,8%. A média de anos de estudo da população de 15 anos ou da, especialmente nos polos geminados de Petrolina (PE) e Juazeiro
mais de idade, naquele mesmo ano, era mais baixa no Nordeste, de (BA).
6,3 anos, enquanto no Sudeste chegava a 8,2 anos. Cerca de 36,3%
dos núcleos familiares nordestinos tinham rendimento de até meio Cerrado - sub-região de intenso crescimento econômico, de-
salário mínimo per capita, contra apenas 12,2% no Sudeste. vido à implantação da agroindústria da soja, do milho e do algo-
De povoamento antigo, a Zona da Mata continua sendo a sub- dão. Alguns de seus centros urbanos, tais como Barreiras (BA), Luis
-região mais importante do Nordeste, concentrando seis capitais e Eduardo Magalhães (BA) e Balsas (MA), vêm apresentando grande
a maior parte da população. Salvador e Recife são as principais ci- crescimento econômico, graças à instalação de modernas indús-
dades, destacando-se ainda como áreas industriais. trias de beneficiamento, produzindo principalmente óleo e farelo. A
maior parte da produção destina-se à exportação e é escoada pelas
ferrovias Norte-Sul e Carajás até o porto de Itaqui (MA).

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Nordeste: sub-regiões geoeconômicas terrenos apresentam altitudes menores, sendo delimitados pelos
Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denomina-
das frentes de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há
um conjunto diversificado de ambientes costeiros. Nesse trecho do
litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restin-
gas, baías e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de
Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no litoral do Rio de Ja-
neiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ),
Parati (RJ), Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste pau-
lista, parte do Triângulo Mineiro e na porção centro-norte de Minas
Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na fai-
xa litorânea, o volume e a frequência das chuvas são maiores. Ao
contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irre-
gulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São
Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais. Por fim, o clima subtro-
pical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do
Trópico de Capricórnio.
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação
dominante no Sudeste, refletindo o padrão climático regional. Na
depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca
mais acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlânti-
Região Sudeste ca como o Cerrado foram amplamente devastados no processo de
formação territorial da Região Sudeste.
Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por
formações planálticas, com destaque para os Planaltos e Serras do População e Dinâmica Espacial
Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e O Sudeste é a região mais populosa do Brasil. Em 2011, contava
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná. com mais de 82 milhões de habitantes, o que representava 42% do
O surguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final total da população brasileira. No entanto, esse contingente popu-
do Período Cretáceo e o início do Paleógeno, movimentou antigas lacional está desigualmente distribuído pelo território. São Paulo
linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com concentrava 41,3 milhões, Minas Gerais, 19,6 milhões e o Rio de
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Janeiro, quase 16 milhões de pessoas. Entre esses estados mais po-
Mar. Assim, com exceção dos picos do Maciço das Guianas, no ex- pulosos, o Rio de Janeiro possuía a maior densidade demográfica
tremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas (365,23 hab./km²), seguido por São Paulo (166,25 hab./km²). Ainda
Gerais que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o que a densidade demográfica média, na época, era de apenas 86,92
IBGE, em parceria com o Instituto Militar de Engenharia (IME), revi- habitantes por km², as regiões litorâneas são mais densamente po-
sou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos voadas, podendo atingir 10 mil habitantes por km² nas maiores ci-
de sistema de navegação e posicionamento por satélites. dades.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximida- A partir de 1940, São Paulo tornou-se o estado mais povoado
des de Belo Horizonte até o Vale do Rio São Francisco, podendo ser do Brasil. Esse crescimento foi povoado pelos fluxos internos de
subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto me- migrantes em busca de trabalho, sobretudo do Nordeste. Na déca-
ridional e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, da de 1970, os migrantes foram responsáveis por mais de 40% do
ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse conjunto de planaltos crescimento demográfico do estado.
da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversida- Além disso, houve também grande mobilidade populacional
de ambienta e histórica do local. Além de integrar pontos culturais entre os estados da própria região. Entre 2005 e 2010, mais de 500
importantes como Congonhas, Ouro Preto e Diamantina, é o divi- mil pessoas de Minas Gerais se deslocaram em direção a São Paulo,
sor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e um contingente superior aos migrantes da Bahia, que representa-
Jequitinhonha, e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos ram 21% dos fluxos de chegada, cerca de 230 mil pessoas. Apesar
campos rupestres do planeta. do registro de fluxos de regresso de São Paulo para os estados de
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos origem, entre 2005 e 2010 São Paulo registrou saldo migratório po-
processos erosivos, formando um relevo dominante de morros com sitivo, indicando que o território paulista ainda exerce atração da
topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos população migrante. Nesse intervalo, São Paulo foi o Estado que
e as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlân- recebeu o maior número de migrantes (1,1 milhão), seguido do
tico, encontram-se as depressões periféricas, superfícies bastante Rio de Janeiro (270 mil). Entretanto, a participação no componente
erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões migratório no crescimento da população do estado vem perdendo
de anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os intensidade desde a década de 2000.

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Entre as regiões brasileiras, a Sudeste foi a primeira a se tornar majoritariamente urbana e é também a que apresenta a maior taxa de
urbanização. Enquanto o cruzamento das curvas de crescimento das populações rural e urbana no Brasil ocorreu na década de 1960, essa
reversão de proporcionalidade no Sudeste ocorreu já nos anos 1950.

Região Norte

Desafios Estratégicos
O desenvolvimento socioeconômico da Região Norte é uma questão nacional estratégica que se relaciona com a exploração dos re-
cursos da Amazônia brasileira. A região, que conta com mais de 15,8 milhões de habitantes, que produzem 5,3% do PIB brasileiro, ainda é
defasada em muitos indicadores sociais.
Referente ao conflito entre o modelo de desenvolvimento econômico da Região Norte e a preservação ambiental, observa-se que
ao mesmo tempo que as atividades agropecuária e mineradora contribuem para a geração de riqueza na Amazônia, causam degradação
ambiental de grandes áreas de floresta.
Quanto à distribuição da população da Região Norte, ela se concentra, sobretudo, nas capitais dos dois maiores estados da região:
Belém e Manaus. A ocupação mais efetiva de Rondônia, de Tocantins e da porção leste do Pará denota o avanço da atividade agropecuária
sobre a Floresta Amazônica.
A região amazônica pertence a sete países, além do Brasil. A construção de diversos eixos rodoviários garantiu a articulação da região
ao território nacional.

Evolução do desmatamento na Amazônia Legal (1988-2016)

http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg.

A Conquista da Amazônia
Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia amazônica foi ocupada pelos portu-
gueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro.

Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname -
e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados.
A maior parte dessa área, marcada pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica.
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o Tratado de Cooperação Amazônica
(TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regio-
nal. O Brasil ocupa um papel de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região.
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência desses países, quando a região pas-
sou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal.

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Amazônia Internacional Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa ex-
pedição, mas estima-se que ela contava com algumas centenas de
soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais pa-
deceram de fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes.
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já esta-
vam bastante debilitados, Gonzalo encarregou um grupo, liderado
por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca
de alimentos.
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de
Orellana prosseguiu no curso do rio que hoje chamamos de Ama-
zonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542.
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integran-
tes do grupo, é o primeiro relato de uma jornada completa pelo Rio
Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor
histórico, o diário não é um documento confiável, já que o frei se es-
força em ressaltar os percalços enfrentados durante a viagem para
http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/ justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido
AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-re- possível, levando alimentos para a expedição de Pizarro. A descri-
giao-norte-2.jpg. ção do terrível combate travado com as guerreiras amazonas, que
lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o
Na Amazônia Internacional há outros países com percentual poder sobre diversas tribos indígenas, reforça o caráter fantasioso
maior de superfície territorial coberta pela Floresta Amazônica, do documento.
como o Peru, a Guiana e o Suriname. Porém, o Brasil detém a maior Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas
parte do bioma amazônico. pelos espanhóis percorreram trechos da Bacia Amazônica, sempre
animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região
A Amazônia Internacional – Porção do bioma amazônico em logo seria ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na
cada país (% da superfície) região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu grande parte dos explora-
dores e aventureiros espanhóis.
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tra-
dicionais dos espanhóis, estabeleciam feitorias no baixo curso do
Rio Amazonas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal
e Espanha formaram uma única monarquia, os portugueses come-
çaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século
XVII, as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da
foz e eram organizadas para expulsar holandeses e ingleses, senho-
res de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o con-
trabando de produtos nativos, como madeira e pescado.
A Amazônia Internacional – Repartição do bioma amazônico Com o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa intensificou
entre os países (em %) a ocupação militarizada da região, erguendo uma rede de fortifi-
cações lusitanas ao longo da calha central do Rio Amazonas. Entre
eles, destaca-se o Forte de São José do Rio Negro, criado em 1668,
em torno do qual surgiu o arraial de Lugar da Barra, mais tarde ele-
vado à categoria de vila e, depois, de cidade, com o nome de Barra
do Rio Negro.
Em 1856, a cidade foi rebatizada e passou a se chamar Manaus,
em homenagem aos índios da etnia manaó.
Para preservar a hegemonia na região, a Coroa ainda estimulou
a ação das missões religiosas, que utilizavam a mão de obra indíge-
na na coleta das “drogas do sertão” e na produção de alimentos.
No entanto, foi em meados do século XVIII que o Império Por-
tuguês de fato consolidou sua soberania na área, criando o estado
A Ocupação Portuguesa do Grão-Pará, com capital em Belém. Na nova estrutura política e
Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da administrativa, o Grão-Pará, marcado pelas baixas densidades de-
Bacia Amazônica pertencia à Coroa espanhola. Em 1541, uma expe- mográficas e pelo extrativismo, passou a ser uma unidade distinta
dição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquis- de Estado do Brasil.
tador do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca Com a independência do Brasil em 1822, o estado do Grão-Pará
dos lugares lendários que supostamente havia nessas terras flores- foi dissolvido e tornou-se parte do Império Brasileiro, cujo poder
tadas: o “País da Canela”, onde a especiaria brotava em abundância, administrativo concentrava-se no Rio de Janeiro. No entanto, dada
e o “EI Dorado”, com suas enormes jazidas de ouro.
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a precariedade das suas redes de transporte e comunicações, a re- Os Novos Eixos de Integração e a Ocupação do Espaço Ama-
gião permaneceu durante muito tempo isolada do centro político e zônico
econômico do país. A construção de rodovias foi fundamental para a inserção da
região amazônica nos fluxos e circuitos econômicos nacionais. Be-
A Conquista da Fronteira Interna lém e Manaus são os dois centros urbanos que polarizam a rede
O empreendimento de conquista e incorporação efetiva da urbana regional.
vasta porção setentrional do Brasil teve início após a Revolução de
1930, marcada pela centralização do poder, e prosseguiu nas déca- As políticas voltadas para a conquista integraram a Amazônia às
das seguintes, quando a Amazônia Legal se tornou uma região de dinâmicas territoriais nacionais. Esse processo se realizou por meio
planejamento. de dois vetores.
As políticas que orientaram essa conquista geraram um conflito Um primeiro vetor estruturou-se originalmente na década
entre dois tipos de ocupação do espaço regional. O povoamento de 1960, em torno do eixo viário da Belém-Brasília. Nas décadas
tradicional, em grande parte herdeiro das atividades missionárias, seguintes, a exploração dos minérios da Serra de Carajás, a implan-
marcado pelo extrativismo e pela agricultura de excedente, con- tação da E. F. Carajás e do Porto de Itaqui e a construção da hidre-
sistiu numa ocupação linear e ribeirinha, assentada na circulação létrica de Tucuruí reforçaram esse vetor, estendendo-o até São Luís
fluvial e na rede natural de rios e igarapés: a “Amazônia dos rios”. (MA).
O novo povoamento seguia a trajetória dos eixos de circulação viá- Uma vasta mancha de povoamento, nucleada por áreas de in-
ria, na qual eram implantados núcleos urbanos e projetos florestais, tensa modificação das paisagens naturais, desdobrou-se de sul a
agropecuários e minerais; é a chamada “Amazônia das estradas”. norte no estado de Tocantins e avançou pelas porções meridional e
O conflito entre o modo de ocupação tradicional e o moderno, oriental do Pará e por todo o oeste maranhense.
representado pelos eixos viários, expressou-se na tensão social que Um segundo vetor estruturou-se a partir da década de 1970,
envolveu índios, posseiros e grileiros. Até os dias atuais, as dispu- em torno do segmento sul da Cuiabá-Santarém (BR-163) e da Brasí-
tas por terra configuram um “arco de violência” nos municípios da lia-Acre (BR-364). Portanto, a integração viária com o Centro-Oeste
Amazônia Legal. ocorre através de Rondônia, até Rio Branco, no Acre. Ao longo des-
De outro lado, a conquista da Amazônia resultou na modifica- se eixo aparecem as principais áreas de desflorestamento, associa-
ção antrópica das paisagens e na degradação progressiva dos ecos- das à expansão da fronteira agrícola.
sistemas naturais. Um “arco da devastação” demarca as áreas de No norte de Mato Grosso e em Rondônia, a colonização agríco-
ocupação recente do Grande Norte. Nos estados de Tocantins, Pará la impulsionada por migrantes do Centro-Sul originou dezenas de
e Maranhão, a devastação antrópica atinge formações do Cerrado, novos núcleos urbanos. Ao mesmo tempo, a criação e consolidação
da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e da Zona Franca de Manaus (ZFM) transformava a capital amazo-
Rondônia, manifesta-se com intensidade no Cerrado, na Floresta nense em importante centro industrial e reforçava seus vínculos
Amazônica e nas largas faixas de transição entre esses domínios. externos com os capitais e mercados do Centro-Sul.

Focos de calor na Amazônia – 2000/2010 Os Novos Caminhos para Manaus


Na década de 1980, a ocupação intensiva de Roraima foi faci-
litada pela pavimentação da rodovia Manaus-Boa Vista (BR-174),
que atravessa a fronteira setentrional do país, interligando-se às
rodovias da Venezuela. Ao longo do seu eixo, na porção central de
Roraima e nas proximidades de Manaus, surgiram em poucos anos
largas faixas de devastação. A construção dessa estrada e a con-
comitante implantação do imenso reservatório da hidrelétrica de
Balbina desfiguraram a reserva indígena Waimiri-Atroari, localizada
no vale do Rio Jauaperi, a oriente do Rio Branco. A BR-174 foi a
primeira rodovia pavimentada a alcançar Manaus, que até então só
podia ser atingida por via fluvial ou aérea.
O novo eixo destina-se a projetar a influência da ZFM para os
países vizinhos. A produção industrial do enclave amazonense é
parcialmente responsável pelo superávit do Brasil nas trocas comer-
ciais realizadas com a Venezuela e pode impulsionar os fluxos de
comércio do país com as economias centro-americanas.
No entanto, o isolamento físico do enclave de Manaus está
sendo rompido em outra direção. O projeto de pavimentação da
Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que Porto Velho-Manaus (BR-319) pretende conectar a metrópole da
abrem os terrenos para as atividades agropastoris ou minerais, re- Amazônia Ocidental e o vetor de ocupação estabelecido em Ron-
sultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos. dônia. Com a Hidrovia do Madeira, essa estrada tem como objetivo
consolidar um corredor de exportação para os produtos agrícolas
de Rondônia e Mato Grosso, através do Rio Amazonas.
O eixo em implantação pode acarretar, porém, nova frente de
devastação da Floresta Amazônica. A fronteira agrícola de Rondô-
nia já se moveu até Humaitá, no sudoeste do Amazonas, primeira
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cidade alcançada pela pavimentação da BR-319. Em torno da cida- Na década seguinte, a fronteira agrícola moveu-se até o sul do
de, uma larga mancha de desflorestamento assinala a abertura da Acre, acompanhando o trecho pavimentado da BR-364. Nas áreas
floresta para a exploração da madeira, acompanhada pelo avanço das cidades de Xapuri e Brasileia, as atividades madeireiras avan-
da agropecuária. çaram sobre os seringais, provocando conflitos e impulsionando a
organização dos seringueiros.
Os Impactos da BR-319
“Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas Cenários Futuros: Entre a Devastação e a Tecnologia
na Amazônia geram benefícios na forma de redução de custos de Para romper o ciclo de devastação e desigualdade social será
transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os con- preciso o desenvolvimento de políticas territoriais que valorizem as
flitos sociais e a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos di- comunidades locais e a preservação da biodiversidade.
versos dos projetos precisam ser identificados e instrumentos que As políticas territoriais amazônicas implementadas pela di-
garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios tadura militar nortearam-se pela meta geopolítica de “conquista”
entre os atores afetados precisam ser implantados. da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que
a eficiência econômica do projeto de recuperação do principal seg- estimula a acumulação de capital por grandes empresas e o uso
mento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores
e 655,70, no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a dis- de devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento,
cussão dessas questões. Este trecho encontra-se fortemente dete- assim como a poluição de rios e igarapés pelos subprodutos do ga-
riorado e virtualmente intransitável desde 1986. rimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração período.
do Crescimento (PAC) do Governo Federal. As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvi-
[...] As obras aqui analisadas, com custo de implantação de mento de seu conteúdo social. A abertura de rodovias de integra-
cerca de 557 milhões de reais, incluem a recuperação e a pavi- ção e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos
mentação da rodovia e a construção de quatro novas pontes entre migratórios para a Amazônia, além do esvaziamento demográfico
Manaus e Porto Velho, o que viabilizará o tráfego continuado entre de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa nas periferias
Manaus e o resto do país. das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a em-
A análise [...] demonstra que o projeto é inviável economica- preendimentos minerais e florestais e no surgimento de populações
mente, gerando prejuízos de cerca de 316 milhões de reais, ou 33 itinerantes, que vagueiam à procura de escassas oportunidades de
centavos de benefícios para cada real de custos, em valores atuais. trabalho.
Isso significa que para que o projeto alcance viabilidade econômica, O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente
os benefícios brutos estimados teriam de ser multiplicados por três. a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a Porto Velho-Manaus (BR-319), visa
[...] estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava
Modelagens recentes indicam que o projeto provocará forte reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais
desmatamento no Interflúvio Madeira-Purus, com a perda de im- do ciclo anterior. A alternativa consistia em redefinir o sentido do
portantes recursos naturais ainda em excelente estado de conser- planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a
vação, caso políticas eficazes de contenção do desmatamento não valorização dos ecossistemas naturais. A geração de empregos e a
sejam implantadas. Estimamos que o custo econômico parcial do exploração sustentável dos recursos naturais são as metas a serem
desmatamento [...] poderia alcançar aproximadamente 1,9 bilhão perseguidas por um planejamento regional renovado.
de reais, em valores atuais. Destes, 1,4 bilhão corresponderia ao
efeito negativo do projeto sobre as mudanças climáticas globais, Um Zoneamento Econômico e Ecológico
valor muito superior aos benefícios brutos gerados pelo projeto, de O planejamento regional da Superintendência de Desenvolvi-
153 milhões de reais.” FLECK. Leonardo C. Eficiência econômica, ris- mento da Amazônia (Sudam) baseou-se em estudos de pequena
cos e custos ambientais da reconstrução da rodovia BR-319. Lagoa escala, inadequados para a definição das realidades sociais e voca-
Santa: Conservação Estratégica, 2009. p. 19-20. ções ecológicas de áreas de médias e pequenas dimensões. Con-
tudo, um planejamento regional voltado para o desenvolvimento
Redes Urbanas Regionais sustentável não pode abrir mão do reconhecimento dessas áreas
Enquanto a Amazônia se integrava ao Centro-Sul, a rede urbana e suas peculiaridades. Atualmente, as imagens de satélite e as téc-
regional tornava-se mais complexa e diferenciada. Nesse processo, nicas de cartografia computadorizada fornecem os meios necessá-
a influência vasta e difusa de Belém sobre todo o espaço amazônico rios para a elaboração de estudos em média e grande escala, pro-
desvanecia-se, em razão da emergência de Manaus. duzindo um zoneamento econômico e ecológico do imenso espaço
Na última década, configurou-se uma situação de dupla po- amazônico.
larização, na qual se desenham esferas de influência distintas das A “conquista” da Amazônia deixou como herança um mosaico
metrópoles do Amazonas. complexo, no qual vastas áreas de paisagens naturais quase intactas
Durante a década de 1970, com a fronteira agrícola avançando intercalam-se com zonas de garimpo, grandes projetos e corredores
em Mato Grosso e em Rondônia, ocorreu o acelerado desenvolvi- de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico destina-se
mento de Porto Velho e, em grau menor, dos núcleos instalados a elucidar a organização desse mosaico, criando bases para a sele-
junto à rodovia, como Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes. ção de políticas específicas para cada área.

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Um passo inicial consistiria em distinguir os espaços de preservação (reservas indígenas e unidades de proteção ambiental) dos espa-
ços disponíveis para a valorização econômica, e cartografá-Ios nas escalas adequadas. Um segundo passo consistiria no planejamento das
modalidades de uso do solo, das instalações de infraestrutura viária e energética e no desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis.
O incentivo ao aproveitamento econômico da biodiversidade também pode proporcionar vantagens econômicas. Os produtos na-
turais da floresta encontraram novas e sofisticadas aplicações nas indústrias farmacêutica, de cosméticos e de alimentos. Além disso,
as universidades e os institutos científicos da Amazônia pesquisam técnicas adequadas para o cultivo de espécies como a seringueira e
a castanheira. Esses projetos experimentais sugerem caminhos para a elaboração de modelos agrícolas a serem implantados em áreas
degradadas dos corredores de ocupação.

Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007)

Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013)

Região Sul

Herdeira de uma padrão de colonização baseado em pequenas propriedades voltadas para os mercados internos, a Região Sul atual-
mente se destaca na produção industrial e agrícola e apresenta indicadores sociais acima da média nacional.
Quanto à distribuição populacional, a Região Sul é a mais homogênea do país devido à área reduzida dessa região e à sua ocupação
em pequenas propriedades com produções diversificadas, o que pode ser relacionado com o processo de ocupação e desenvolvimento de
núcleos populacionais no interior dos estados.
Referente à distribuição de renda, a Região Sul apresenta uma distribuição menos desigual que a média do Brasil. Enquanto a parcela
da população com rendimento mensal de até um salário mínimo é 5,8% menor que a nacional, os percentuais das outras classes de rendi-
mento dessa região são maiores do que os brasileiros.

Diversificação Econômica
A diversificação em diferentes setores econômicos acarretou transformações sociais na Região Sul. A modernização da agricultura e o
fortalecimento da agroindústria aceleraram o êxodo rural, aumentando a migração para outros estrados e a ocupação de áreas urbanas.
Por ser a população bem distribuída no território, a estrutura fundiária é a menos desigual do pais. As terras parceladas em pequenas
propriedades são características da agricultura familiar.
Em 2011, mais de 2,7 milhões de pessoas trabalhavam na indústria, compondo na Região Sul o maior percentual regional de traba-
lhadores nessa atividade.
Embora se destaquem as indústrias têxtil e alimentícia na Região Sul, o segundo maior polo industrial automobilístico brasileiro foi
implantado na década de 1990 na Região Metropolitana de Curitiba.

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Região Sul: Domínios Naturais e potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabili-
Entre os aspectos naturais da Região Sul destacam-se o clima dade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se um importante sistema de
subtropical, o relevo predominantemente planáltico e a presença transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.
de formações vegetais características, como a Mata das Araucárias Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste
e as pradarias. do Rio Grande do Sul é o processo de arenização dos solos, ou seja,
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vege-
do Sul e Santa Catarina. A região faz fronteira com três países sul-a- tação. Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água
mericanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. e os ventos têm importante papel na mobilidade dos sedimentos.
Em 2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, As enxurradas provocam erosão e os ventos dispersam a areia,
ou seja, 14,27% da população do país. formando dunas e expandindo o processo.
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as bai- A substituição da vegetação nativa dos pampas e pela pecuária
xas temperaturas que ocorrem principalmente nas áreas serranas e extensiva ou agricultura comercial explica a degradação dos solos
planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com na região. A arenização atinge quase 4 mil hectares, em áreas dos
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apre- municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livra-
sentam temperaturas elevadas no verão. No norte do Paraná apa- mento, Rosário do Sul, Uruguaiana, Quaraí, Santiago, Itaqui, Ma-
rece o clima tropical. çambará, Manoel Viana, São Borja, Unistalda e Cacequi.
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos re- No oeste do estado do Paraná, na fronteira com a Argentina, o
cobertos originalmente pela Mata das Araucárias. Os Planaltos e Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1934 e tombado pela Unes-
Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até co como patrimônio da humanidade em 1986. Constitui uma gran-
o Rio Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Su- de reserva florestal e inclui parte da cabia hidrográfica do Rio Igua-
deste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-Grandense, no extremo sul. No çu, que percorre todo o estado do Paraná, e as Cataratas do Iguaçu.
centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. Ocupação Territorial
No litoral do Rio Grande do Sul predomina a Planície da Lagoa dos Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Re-
Patos e Mirim. gião Sul ganhou impulso no século XIX, quando de estabeleceram
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam es- os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes eu-
carpas de altitudes mais elevadas: a Serra do Mar e a Serra Geral. ropeus.
No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, O território que hoje pertence aos estados da Região Sul ini-
com relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos cialmente não fazia parte da América portuguesa, tendo ficado fora
limpos. Essa unidade de relevo é parte brasileira da vasta planície dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições
platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somen-
Nessas áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em te no século XVII começaram as atividades colonizadoras na região.
espécies animais e vegetais. Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Trata-
do de Tordesilhas perdeu sua validade, uma vez que todas as terras
Região Sul – unidades da federação pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal
soberania sobre essas áreas. Jesuítas ultrapassaram a linha de Tor-
desilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha,
onde índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que for-
maram o Uruguai e a Argentina - e plantavam erva-mate. Outros
povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do
Desterro, atual Florianópolis.
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o
apresamento dos índios aldeados nas missões - que se destinavam
à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espa-
nholas, produtoras de açúcar.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfi-
co negreiro voltou a abastecer os engenhos. No entanto, quando
o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam pratica-
http://files.planetagaia.webnode.com/ mente destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos cam-
200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg. pos do sul. Tropeiros paulistas, índios aldeados e pessoas errantes
passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio
Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, de couro.
formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai e afluentes. O Rio Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas ge-
Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) rais durante o século XVIII, os tropeiros desenvolveram um novo
e Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os trans-
do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai e Argentina, desaguando no Es- portavam até as áreas mineradoras.
tuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das
terras do sul. Para isso, na metade do século XVIII, Portugal enviou
casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de
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Santa Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também foram doados a tropei-
ros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes estâncias - atividade que se transformaria numa das mais
importantes do atual Rio Grande do Sul.
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de açorianos fundaram a cidade de Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se dirigiram para a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos,
em 1824. Os italianos chegaram a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas no cultivo de trigo e da policul-
tura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná, imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira.
Estavam lançadas as raízes de uma economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar.

Região Sul: Dinâmicas Econômicas


Na Região Sul, os ramos industriais que mais se desenvolveram utilizam como matéria-prima os produtos da agropecuária. Porto
Alegre e Curitiba, porém, destacam-se pela diversidade de seus parques industriais, que incluem também os setores metalúrgico e auto-
mobilístico.
No século XVIII, teve início uma das primeiras e mais importantes atividades econômicas da Região Sul- a pecuária. Preocupada em
garantir a posse das terras na área, evitando o avanço espanhol, a Coroa portuguesa passou a distribuir lotes de terras aos tropeiros, per-
mitindo que os rebanhos soltos, quase dizimados pela caça e venda na região mineradora, passassem a ser criados em grandes estâncias,
de forma extensiva, espalhando-se pelo território do atual Rio Grande do Sul. Formava-se, assim, uma classe de grandes pecuaristas, que
comercializavam charque ou carne-seca.
Na região do atual Paraná, a extração das folhas dos arbustos de erva-mate teve início ainda no século XVII, e aos poucos se transfor-
mou em uma das principais atividades econômicas da Região Sul. Na segunda metade do século XIX, foi a vez do café. As primeiras fazendas
já ocupavam o norte paranaense quando agricultores mineiros e paulistas levaram mudas para a região.
No século XX, a Região Sul modernizou-se seguindo o contexto brasileiro e mundial, mas de acordo com características próprias resul-
tantes da base econômica, social e cultural construída durante os períodos colonial, imperial e republicano, com importantes contribuições
dos imigrantes. Nas áreas urbanas o artesanato familiar evoluiu para a moderna e diversificada atividade industrial. Nas áreas rurais, as
pequenas e médias propriedades familiares se expandiram. Como resultado, a Região Sul apresenta indicadores sociais favoráveis em rela-
ção a outras regiões brasileiras. Em 2010, dados do IBGE indicavam menor taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (5,5%),
as menores taxas de mortalidade infantil (15,10%) e a mais alta esperança de vida ao nascer (75,2 anos). Observe a tabela.

Agropecuária
Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em terceiro lugar, com 12.1, e Santa
Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Cen-
tro-Oeste.
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva à fabricação de vinhos, do cultivo
do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas de leite e fábricas de laticínios.
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul, com o aumento da concentra-
ção fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de 1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam
suas terras e trabalho, tendo como consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo
para outros países, como o Paraguai.
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em grandes propriedades e com poucos
trabalhadores.

Indústria e Tecnologia
Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela agropecuária - couro e calçados
(pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate).
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O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bas- no Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes
tante diversificado, conta com indústrias alimentícias, de fiação e formações rochosas esculpidas pela erosão causada pelas chuvas e
tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, me- pelos ventos.
cânicas, de material eletrônico, químicas, de couros e de bebidas. Todos os estados da Região Sul contam com zonas de frontei-
Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul destacam-se nos setores de ali- ra, ou seja, faixas territoriais localizadas de cada lado de um limite
mentos, tecidos, móveis e calçados. O complexo metal mecânico internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas
desenvolveu-se em Gravataí, Canoas, Guaíba e Cachoeirinha. São cidades cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas
Leopoldo e Novo Hamburgo são importantes pelos da cadeia pro- geralmente apresentam grande fluxo de pessoas e mercadorias e
dutiva de artigos de couro. Em São Leopoldo está se formando um integração econômica e cultural.
importante polo de informática. A indústria automobilística ganhou
força com a instalação de uma grande fábrica em Gravataí, na Gran-
de Porto Alegre, em 2000.
No Rio Grande do Sul, as aglomerações industriais se
caracterizam por empresas que inovam e diferenciam produtos, ou
seja, a dinâmica industrial nessa região é influenciada por empresas
de maior conteúdo tecnológico.
Pequenas e médias empresas têm se destacado na busca de
alternativas competitivas.
O setor industrial de Santa Catarina também é muito impor-
tante; porém, ao contrário das outras capitais de estado no Brasil, a
cidade de Florianópolis não ocupa o primeiro lugar na economia do
estado. Essa posição cabe a Joinville, município mais populoso no
norte catarinense, importante polo metal mecânico, além de centro
de serviços. Com grandes empresas dos setores metal mecânico,
químico, plástico e têxtil, tornou-se um dos mais dinâmicos polos Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em
industriais do sul do país. Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada
No Vale do Itajaí, onde se situam as cidades de Brusque, Blu- também em diversos municípios de Rio Grande do Sul, Paraná e
menau, Pomerode, entre outras, estabeleceu-se um dos mais im- Santa Catarina.
portantes parques têxteis do país, a partir de pequenas unidades
fabris dos imigrantes europeus, sobretudo alemães. Blumenau des- Região Centro-Oeste
taca-se também por desenvolver um polo tecnológico. No eixo Cha-
pecó-Seara-Concórdia, a produção industrial voltou-se para o setor O Meio Natural e os Impactos Ambientais
alimentício de processamento de produtos suínos e avícolas. A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Gros-
Apresentam ainda índice de industrialização alto os municípios so, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo Distrito Federal, ocupando
de Criciúma, Lages e Joaçaba. A estrutura portuária concentra-se cerca de 18% do território e abrigando pouco mais que 7% da po-
nos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul. pulação do país.
Curitiba é o segundo maior centro industrial da Região Sul, com O clima tropical é predominante na Região Centro-oeste, ca-
destaque para os estabelecimentos do setor mecânico e, mais re- racterizado por estação bem seca no inverno e outra chuvosa no
centemente, para as indústrias de ponta geradoras de maior valor verão. O norte da região está’ sob influência do clima equatorial
agregado. Em 1999, uma importante montadora de carros alemã úmido e da massa equatorial continental.
instalou-se na região de São José dos Pinhais (área metropolitana No extremo sul da região as frentes frias da massa polar atlân-
de Curitiba); em seguida, estabeleceram-se uma americana e outra tica causam instabilidades no inverno e queda da temperatura, oca-
francesa, consolidando um polo automobilístico na região. sionando as friagens, quando a temperatura pode cair bastante. No
verão, as temperaturas são mais elevadas, com máximas oscilando
Turismo e Integração entre 30ºC e 40ºC.
Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a O Cerrado predomina na Região Centro-Oeste. Em seu limite
Região Sul atrai grande número de turistas. Cidades com caracterís- oeste, localiza-se o Pantanal, enquanto o limite norte caracteriza-se
ticas europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de pela presença da Floresta Amazônica; ao sul ocorrem remanescen-
vinho, como Bento ‘Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procura- tes da Mata Atlântica.
dos pela culinária e atrativos culturais no Rio Grande do Sul. O Cerrado apresenta grande biodiversidade. Na vegetação, en-
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná re- contram-se formações florestais (mata ciliar, mata seca e cerradão),
cebem muitos turistas estrangeiros. Tradições e festas típicas são formações savânicas (cerrado no sentido restrito, arque de cerrado,
eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo limpo e cam-
realiza, em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de po rupestre).
origem alemã. Variações do tipo de solo e nas formas de relevo explicam essas
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do sé- diferenças: a mata galeria, por exemplo, formada por espécies ar-
culo XVII, em São Borja e São Migue das Missões, foram transforma- bóreas, ocorre nas margens de rios, em vales úmidos.
das pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, Nas últimas décadas, a expansão rápida e intensiva da agrope-
cuária tem provocado a destruição de matas ciliares e de reservas
permanentes do Cerrado. Na região das nascentes do Rio Araguaia,
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por exemplo, a erosão provoca voçorocas (erosões profundas que Em 1726, Rodrigo César de Meneses, capitão-geral de São Pau-
atingem o lençol freático). O assoreamento dos rios e a poluição lo, chegou às minas chamadas de Cuiabá, fundando, no ano seguin-
dos aquíferos também são problemas comuns no Cerrado. te, a Vila Real do Bom Jesus, que já contava com dois portos fluviais.
Iniciativas importantes do Governo Federal, como o Programa Deles, partiam as expedições que visavam ao apresamento de indí-
Nacional de Conservação e Uso Sustentável do Bioma Cerrado e o genas no Pantanal.
Programa Cerrado Sustentável buscam promover a conservação, a A cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho, foi fundada
recuperação e o manejo sustentável desse bioma, além de incenti- em 1726 pelo filho do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o
var a valorização e o reconhecimento das populações tradicionais. Anhanguera. Em 2001 foi reconhecida pela Unesco como Patrimô-
Entretanto, isso não tem sido suficientes para conter a devastação. nio Cultural da Humanidade.
Quatro bacias hidrográficas drenam a Região Centro-oeste: Em 1748, preocupada com a posse dessas terras, a Coroa por-
Amazônica (Rio Xingu e afluentes do Amazonas), do Paraguai, do tuguesa criou a capitania de Mato Grosso, com sede em Vila Bela
Tocantins-Araguaia e Platina (rios Paraná e Uruguai). da Santíssima Trindade, fundada pelo mineradores às margens do
O relevo do Centro-Oeste é predominantemente planáltico. Rio Guaporé. Posteriormente, a sede da capitania foi transferida
Nele, destacam-se os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, os Pla- para a Vila de Cuiabá. A Capitania de Goiás, com sede em Vila Bela,
naltos e Chapadas dos Parecis, os Planaltos e Chapadas da Bacia do também foi criada em 1748.
Paraná e as Serras Residuais do Alto Paraguai. Entre os Planaltos, Em 1750, a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e
estão encaixadas depressões como a Marginal sul-amazônica, e do Espanha legalizou a posse efetiva da região pelos portugueses. Po-
Alto Paraguai-Guaporé e a do Araguaia. rém, com a anulação desse tratado, ocorrida em 1761, a Coroa por-
tuguesa passou a implantar uma rede de fortificações para garantir
O Pantanal a posse da margem direta do Rio Guaporé: o Forte de Conceição foi
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé lo- erguido em 1762 e o Forte de Príncipe da Beira, em 1776. O Tratado
calizam-se a oeste da região. O Pantanal é uma planícies sujeita a de Santo Idelfonso, firmado pelas coroas ibéricas em 1777, final-
inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de mente ratificou a soberania portuguesa sobre o território das duas
seu relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A capitanias ocidentais.
vegetação é mista (cerrados, florestas, campos, charcos inundáveis A partir de então, o povoamento luso-brasileiro passou a avan-
e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo çar na direção do Rio Tocantins, dizimando os índios caiapó de
cerca de 650 tipos de aves aquáticas, vivem na região. Goiás, os xavante do Araguaia e, mais tarde, os canoeiro do Tocan-
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acar- tins.
retaram a supressão de parte da vegetação e a contaminação dos Do século XIX em diante, com o declínio da mineração, as pro-
corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os víncias de Mato Grosso e de Goiás conheceram um longo período
rejeitos da atividade mineradora de exploração de diamantes e de de decadência econômica e de isolamento. Apenas as atividades
ouro, especialmente o mercúrio, altamente poluente. Diversos pro- agrícolas de subsistência, como a extração da borracha, a criação de
gramas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo gado e a exploração de erva-mate, sobreviveram na região.
federal para proteger o bioma, prevendo o manejo correto de ba-
cias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor. A Ocupação Moderna do Centro-Oeste
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado Ao longo do século XX, porém, o isolamento da região foi sendo
do Mato Grosso, e se encontra bastante ameaçada por desmata- vencido gradativamente com a transformação dos estados do Cen-
mentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa tro-Oeste em área de atração populacional.
área, para plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação A inauguração de Goiânia, em 1933, a Marcha para o Oeste,
ambiental e provoca erosão e assoreamento nos rios. iniciada por Getúlio Vargas na década de 1940, a construção de Bra-
sília, assim como as políticas de integração nacional consolidadas
Ocupação Territorial e Dinâmicas Econômicas pela ditadura militar na década de 1970, incentivaram a migração
Originalmente, os territórios que hoje compõem a Região Cen- para o Centro-Oeste, contribuindo para acelerar o povoamento da
tro-Oeste eram habitados por diversos agrupamentos indígenas, região.
especialmente os bororo. Nos termos do Tratado de Tordesilhas, No início do século XX, a abertura da Estrada de Ferro Noroeste
assinado em 1494, essas terras pertenceriam à América espanhola. Brasil (Bauru-Corumbá) ajudou a intensificar os fluxos entre o Su-
Entretanto, a partir do século XVI, sucessivas ondas de bandeirantes deste e o Centro-Oeste. A ferrovia abriu a fronteira para a pecuária
paulistas se dirigiram para a região com a finalidade de aprisionar e do Mato Grosso, permitindo o transporte do gado vivo até os frigo-
escravizar indígenas, desbravando o interior do Brasil. ríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
No final do século XVII, estimulados pela descoberta de ouro A partir da década de 1960, rodovias como a Belém-Brasília, a
em Minas Gerais, os bandeirantes passaram a se aventurar em ter- Cuiabá-Porto Velho e a Brasília-Acre transformaram-se em platafor-
ras cada vez mais distantes. Subindo o Rio Cuiabá e alcançando o ma para a conquista da Amazônia.
território bororo, os bandeirantes encontraram ouro e iniciaram a Em 1977 o estado de Mato Grosso foi desmembrado, e dois
conquista do território que atualmente corresponde ao Mato Gros- anos depois oficializou-se a criação do estado de Mato Grosso do
so. Enquanto isso, expedições pelo sertão descobriam minas de Sul.
ouro no território que hoje compreende o estado de Goiás, onde Goiás, por sua vez, foi desmembrado em 1988, quando se criou
foi fundada a Vila Boa, embrião da atual cidade de Goiás. o estado de Tocantins, que atualmente pertence à Região Norte. Em
ambos os casos, as justificativas utilizadas para o desmembramento
foram a grande extensão desses estados, as dificuldades de plane-
jamento e de administração.
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Cenário Econômico Recente Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como
Na década de 1970, teve início um período de intenso desen- Campo Grande e Cuiabá, capitais regionais, situam-se sobre os
volvimento econômico nos estados do Centro-Oeste, motivado grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento –
principalmente pela modernização da agricultura. A mecanização, como Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão
a introdução de novas culturas e o desenvolvimento de tecnologias também situadas nesses eixos.
e técnicas como a adubação e correção dos solos de cerrados im-
pulsionaram a produtividade da agricultura regional, que se tornou A Cidade-Capital
altamente competitiva nos mercados internacionais. Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades
No entanto, essa modernização tem sido responsável por dife- brasileiras. Não simplesmente por ser uma cidade planejada: Belo
rentes impactos ambientais, em especial o desmatamento. Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, consti-
Desde a década de 1980, o incremento da produção agrope- tuem outros exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singula-
cuária e os incentivos fiscais atraem para o Centro-Oeste indústrias ridade de Brasília reside na finalidade específica que orientou seu
ligadas à transformação de matérias-primas de origem animal ou planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição
vegetal. É o caso dos frigoríficos, das empresas de avicultura, do se- que determinou a expansão demográfica e econômica da região.
tor sucroalcooleiro e das indústrias que processam os grãos de soja. O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está
Instaladas próximos aos polos produtores, essas indústrias lucraram submetido ao plano urbanístico, com seu rígido sistema de aprova-
com a redução de despesas com fretes. ção de plantas destinado a conservar as características originais da
Sendo assim, o panorama industrial da região é pouco diver- cidade.
sificado. Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vincu-
A exceção fica por conta de alguns polos produtivos instalados lava-se à tradição de pensamento urbanístico do francês Le Corbu-
no eixo Brasília-Goiânia, em especial em Anápolis, que concentra sier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
empresas do setor farmoquímico e farmacêutico. remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em
Nas últimas décadas, o Mato Grosso do Sul foi o estado da re- 1933. A cidade deveria ser, a um só tempo, funcional e harmônica:
gião que apresentou maior crescimento econômico. A agricultura, uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
praticada principalmente na porção leste do estado, beneficiou-se planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço
da proximidade com os grandes mercados consumidores do Sul e de forma absoluta, excluindo as incertezas e os conflitos inerentes
do Sudeste. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A or-
indicam que somente no estado de Mato Grosso, o crescimento da dem seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
área plantada de soja foi de 28,7% entre os anos de 2008 e 2011. A base espacial do plano urbanístico reside na segregação fun-
A expansão dos canaviais para o Centro-Oeste também é fato cional. No interior do Plano Piloto, definiram-se as áreas reservadas
recente. Os maiores índices de crescimento da produção de cana- às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
-de-açúcar são encontrados em Goiás e Mato Grosso do Sul. comércio local e central, etc.
Além do aumento da área cultivada, destaca-se a instalação de Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi im-
usinas na região, o que fortalece a cadeia agroindustrial sucroal- plantado e reservado aos palácios e edifícios destinados aos órgãos
cooleira. de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cor-
A indústria do turismo também tem apresentado rápido cres- tado por um outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado
cimento na Região Centro-Oeste. O pantanal é a área mais visitada, à circulação expressa. Com 13 quilômetros de extensão e cinco pis-
embora os parques nacionais da Chapada dos Guimarães, em Mato tas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circula-
Grosso, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e das Esmas, no su- ção local. Juntos, os dois eixos têm o formato de asas de avião.
deste goiano, também contribuam para o aumento do número de Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, des-
turistas, atraídos pelas chapadas, cânions, quedas-d’água, cavernas tinadas à moradia. Nessas áreas encontram-se escolas, igrejas e
e diversos sítios arqueológicos. espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior
No Rio Araguaia, na época da estiagem (junho a setembro), o dos conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pes-
nível das águas cai formando praias, tornando a região uma atração soas para dentro e não para as ruas. O comércio de grande porte foi
turística. alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois gran-
Cidades históricas como Pirenópolis e Goiás, antiga capital des eixos da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da
goiana, atraem visitantes pelos sobrados coloniais preservados e cidade prioriza o automóvel, a circulação expressa.
pelas igrejas de arquitetura barroca. Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coe-
Em direção ao sul do estado, a cidade de Caldas Novas recebe rente com o plano urbanístico, visando reforçar simbolicamente a
em média um milhão de turistas por ano, em busca de suas fontes função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão
de água quente. de ser de Brasília.
Brasília apresenta arquitetura moderna e é considerada Patri-
mônio da Humanidade. A Cidade Polinucleada
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação es-
Os Centros Urbanos pacial das grandes cidades brasileiras: o contraste entre as áreas
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira li- centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as pe-
near, seguindo as rodovias de integração e as ferrovias que ligam à riferias populares, de outro. No entanto, operou uma transforma-
Região Sudeste. ção radical nesse esquema, abrindo um espaço vazio entre a área
central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado

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preço dos terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para 3. OMNI - 2021 - Prefeitura de São João Batista - SC - Professor de
os núcleos urbanos satélites, que cresceram como verdadeiras ci- Geografia - 6º ao 9º ano - Habilitado- Assinale alternativa que corres-
dades-dormitório. ponde a geografia humana:
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as (A) Seu desenvolvimento é contínuo ao longo de toda a história
cidades-satélite desenvolveram-se para, de certa forma, protege- contando com todos os avanços de cada ciência auxiliar.
-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital (B) Construída de forma conjuntiva em termos de interpretação
cresceu como cidade polinucleada: uma única aglomeração urba- da natureza.
na dispersa territorialmente em diversos núcleos separados. Esses (C) Aproxima o entendimento necessário sobre espaço geográfico.
núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Cons- (D) Estuda a distribuição e regionalização das formas de vida na-
tituição impede a formação de municípios autônomos no Distrito tural no espaço.
Federal.
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite 4. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição demo-
trabalha no Plano Piloto e consome horas diárias em deslocamen- gráfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a contestação
tos entre o local de moradia e o local de emprego. factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da interpretação
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que das transformações demográficas sofridas pelos países que participa-
abriga uma elite de políticos, burocratas da administração pública e ram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A
diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, partir da análise destas mudanças demográficas foi estabelecido um
atraindo migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento padrão que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado aos de-
demográfico dos núcleos urbanos ao redor é muito superior ao da mais países do mundo, embora em momentos históricos e contextos
área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade econômicos diferentes.”
da população do Distrito Federal; atualmente essa proporção é in- (Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cresci-
ferior a 15%. mento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://
educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia-transi-
cao-demografica-e-crescimento-populacional.htm. Acesso em:
QUESTÕES março de 2014.)
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população brasi-
leira com base no conceito de transição demográfica, deve-se conside-
1. (CESPE/2018 – IPHAN) Para geógrafos e cartógrafos, a escala rar os seguintes conceitos, EXCETO:
como medição/cálculo ou como recortes do território é um conceito (A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos o
muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da número de óbitos.
escala, assim como não há análise de fenômenos sem que seja escla- (B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número de
recida a escala geográfica adotada. A esse respeito, julgue o item sub- óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determinado
secutivo. intervalo de tempo.
A partir da escala cartográfica, é possível identificar a localização (C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o saldo
de um fenômeno na superfície terrestre. entre o número de imigrantes e o número de emigrantes; e, o sal-
( ) CERTO do entre o número de nascimentos e o número de mortos.
( ) ERRADO (D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em
uma determinada população. Para obter essa taxa, divide-se o to-
2. (GESTAO CONCURSO/2018 – EMATER/MG) A erosão é um pro- tal dos nascimentos pelo número de mulheres em idade reprodu-
blema cada vez mais presente no mundo de hoje, em que mudanças tiva da população considerada.
climáticas aceleram num ritmo alarmante a perda e o esgotamento
do solo. A saúde da camada superficial do solo, tão necessária para o 5. (CESPE/2015 – SEDU/ES) Com relação à geografia política mun-
desenvolvimento de plantas naturais ou cultivadas, pode se deteriorar dial, julgue o item a seguir.
pelo vento, pelo escoamento da água da chuva, pela irrigação excessi- A formação de blocos econômicos em todos os continentes mos-
va, entre outros fatores. tra uma tendência à regionalização da economia.
A esse respeito, analise as asserções e a relação proposta entre ( ) CERTO
elas. ( ) ERRADO
I. Evitar o desmatamento e ter atenção com o lixo são algumas
medidas para evitar a erosão, 6. (FUMARC/2013 – PC/MG) Os biomas brasileiros, como o CERRA-
PORQUE DO, apresentam aspectos fsionômicos diferenciados. Assinale a opção
II. a vegetação natural de um ambiente possui características e que NÃO representa uma característica fundamental do cerrado, um
substâncias que conservam o solo e o mantêm saudável, enquanto que dos mais afetados pelo processo de substituição da vegetação nativa.
reduzir, reciclar ou reutilizar o lixo geram menor contaminação do solo. (A) formação vegetal submetida à alternância de períodos chuvo-
Sobre essas duas asserções é correto afirmar que sos e de estiagem, mais que a variações de temperatura.
(A) a primeira é verdadeira e a segunda é falsa. (B) formações arbóreo-arbustivas e herbáceas abertas, favorecen-
(B) as duas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. do que os raios solares cheguem ao solo.
(C) a segunda é verdadeira, mas não tem relação com a primeira. (C) tradicionalmente utilizada para produzir carvão vegetal, cede
(D) as duas são verdadeiras e a segunda completa corretamente o espaço para reforestamento e agricultura moderna.
sentido da primeira. (D) cobertura vegetal fsionomicamente complexa, cujo traço co-
mum é a semi-aridez.
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GEOGRAFIA

7. NUCEPE - 2020 - Prefeitura de Timon - MA - Professor Educação (C) à forma desigual de difusão e alcance do processo de mundia-
Básica - Geografia- Num mundo em constante processo de transforma- lização econômica e política.
ção, onde a globalização afirma-se como tendência irreversível, muitos (D) à impossibilidade da globalização atingir todo o planeta
autores, em função da constatação da queda das barreiras físicas entre (E) à incerteza de alguns países em adotar a globalização como
os estados, vêm questionando a existência do território e, consequen- forma de desenvolvimento.
temente, do espaço como elemento de análise do mundo moderno,
mais do que isso, negam simplesmente o espaço. A questão, no entan- 10. (UFAC) A intensa e acelerada urbanização brasileira resultou
to, parece muito mais complexa do que a simples anulação do espaço. em sérios problemas sociais urbanos, entre os quais podemos desta-
Deste modo, no contexto do fim do estado-nação — que coloca em car:
xeque a natureza e o sentido do território — e na “era das redes”, como (A) Falta de infraestrutura, limitações das liberdades individuais e
se situaria um debate sobre o lugar? CARLOS, A. F. A. O lugar no/do altas condições de vida nos centros urbanos.
mundo. São Paulo: FFLCH, 2007.(Adaptado) (B) Aumento do número de favelas e cortiços, falta de infraestru-
Conforme questiona a autora, as dinâmicas do mundo globalizado tura e todas as formas de violência.
suscitam pensar sobre a noção de lugar, compreendido como (C) Conflitos e violência urbana, luta pela posse da terra e acentu-
(A) resultado da articulação entre a mundialidade em constituição ado êxodo rural.
e o local enquanto especificidade concreta, enquanto momento, (D) Acentuado êxodo rural, mudanças no destino das correntes
preenchido por múltiplas dinâmicas que apontam para a fragmen- migratórias e aumento no número de favelas e cortiços.
tação do mundo na dimensão do espaço, do indivíduo, da cultura (E) Luta pela posse da terra, falta de infraestrutura e altas condi-
etc. ções de vida nos centros urbanos.
(B) produto dos entrelaçamentos impostos pela divisão (espacial)
do trabalho, articulado e determinado pela totalidade espacial, 11. (UNCISAL) Tendo como referência o texto abaixo, assinale a
funcionando como forma autônoma dotada de vida própria, po- opção correta.
rém vinculada ao caráter social e histórico da produção do espaço “As cidades milionárias (com mais de um milhão de habitantes)
geográfico global. que eram apenas duas em 1960 – São Paulo e Rio de Janeiro são cinco
(C) resultado do fazer histórico dos diversos grupos humanos, a em 1970, dez em 1980, doze em 1991, treze em 2000 e quinze em 2010
partir de seus meios específicos de produção e de constituição (IBGE). Esses números ganham maior significação se nos lembrarmos
identitária, inserido no contexto das redes globais com progressi- que, historicamente, em 1872 a soma total das dez maiores cidades
vo ajuste à divisão internacional do trabalho e à homogeneização brasileiras não alcançavam um milhão de habitantes, pois somavam
com os demais lugares do mundo. apenas 815.729 pessoas. Esta é a nova realidade da macro urbanização
(D) produto das relações entre os homens e destes com o meio ou metropolização brasileira”
geográfico, tecido por relações sociais que se realizam no plano do (Adaptado. Santos, M. Urbanização Brasileira).
vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e (A) No Brasil, a modernização do campo teve relação direta com a
sentidos que são tecidos pela história e cultura civilizadora, produ- aceleração da urbanização, caracterizada por uma metropolização
zindo a identidade. que se disseminou por várias regiões brasileiras.
(E) resultado concreto da produção da vida dos homens, que só se (B) Embora no mundo globalizado a tendência migratória campo-
realiza no lugar, contraposto ao espaço global, e é definido a partir -cidade seja pequena, o Brasil, em função da desorganização eco-
de laços de produção, mas também de identidade e afetividade, nômica e social e das ilusões de que a vida nas cidades apresenta
vivenciados através dos sentidos ou da abstração. mais perspectivas, mantém taxas elevadas de fluxo migratório.
(C) Um ritmo de metropolização tão elevado, como o do Brasil,
8. (CURSIVA/2015 – CIS/AMOSC/SC) Marque a opção que comple- corresponde a índices equivalentes de crescimento industrial. As-
ta a lacuna. sim, a maior parte da população que se dirige às cidades é empre-
_____________________ também conhecido por diastrofismo, gada no setor secundário.
consiste em movimentos decorrentes de pressões vindas do interior da (D) Embora o ritmo de urbanização e metropolização no Brasil te-
Terra, agindo na crosta terrestre. Quando as pressões são verticais, os nham sido muito elevados, o fenômeno ficou restrito às regiões
blocos continentais sofrem levantamentos, abaixamentos ou sofrem Sul e Sudeste, pois foi justamente nessas regiões que ocorreu o
fraturas ou falhas. maior crescimento industrial.
(A) O vulcanismo; (E) A urbanização brasileira, com seu caráter metropolitano, indica
(B) O tectonismo; definitivamente a passagem de nosso país para o estágio de país
(C) O intemperismo; desenvolvido e moderno. Sabe-se que todos os países considera-
(D) O abalo císmico. dos desenvolvidos são aqueles que apresentam elevados índices
de urbanização.
9. “A globalização constitui o estágio máximo da internacionaliza-
ção, a amplificação em sistema-mundo de todos os lugares e de todos
os indivíduos, logicamente em graus diferentes”.
(Disponível em: Mundo educação/ Globalização)
Os “graus diferentes” citados no texto referem-se:
(A) às diferenças entre os níveis de ajustamento da política inter-
nacional a uma ordem de homogeneização cultural;
(B) à resistência dos movimentos antiglobalização frente aos avan-
ços do sistema capitalista em escala mundial.
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GEOGRAFIA

12. A análise geográfica é feita a partir de várias lentes e conceitos. 15. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR-
Assim, é preciso conhecer bem esses conceitos para que a leitura da RETA:
sociedade e do espaço seja feita de forma adequada. Pensando por (A) o Brasil é um país com dimensões continentais.
esse prisma, observe o conceito a seguir: (B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân-
“É uma instituição formada por povo, território e governo. Repre- cia de seus pontos extremos.
senta, portanto, um conjunto de instituições públicas que administra (C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no
um território, procurando atender os anseios e interesses de sua po- hemisfério ocidental.
pulação.” (D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
A que conceito refere-se a afirmação acima? climática do país.
(A) Território
(B) Nação 16. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé-
(C) Estado rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total,
(D) Governo mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazen-
(E) País do fronteira com todos os países sul-americanos, exceto:
(A) Venezuela e Colômbia
13. A respeito do conceito de território, é correto afirmar que: (B) Chile e Equador
I) Ao nos referirmos ao território brasileiro, referimo-nos ao es- (C) Uruguai e Guiana Francesa
paço soberano reconhecido internacionalmente. (D) Panamá e Peru
II) Os limites do território podem ser bem definidos ou não
muito claros. As fronteiras podem variar de acordo com o espaço
em análise. GABARITO
III) Na Geografia, há um consenso exato sobre o que seja o con-
ceito básico de território. Esse conceito é único para todas as análi-
ses espaciais, sociais e territoriais.
1 ERRADO
IV) É possível entender o conceito de território como sendo o
espaço geográfico apropriado e delimitado por relações de sobera- 2 D
nia e poder. 3 A
Estão corretas as alternativas:
(A) I, III e IV. 4 A
(B) I, II e IV. 5 CERTO
(C) I e III.
(D) Todas as alternativas. 6 D
(E) Apenas a alternativa IV. 7 D
8 B
14. O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as décadas
de 1980 e 1990, gerou expectativas de que seria instaurada uma 9 C
ordem internacional marcada pela redução de conflitos e pela mul- 10 B
tipolaridade. O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria
apresenta 11 A
(A) o aumento de conflitos internos associados ao nacionalis- 12 C
mo, às disputas étnicas, ao extremismo religioso e ao fortaleci-
mento de ameaças como o terrorismo, o tráfico de drogas e o 13 B
crime organizado. 14 A
(B) o fim da corrida armamentista e a redução dos gastos mili- 15 D
tares das grandes potências, o que se traduziu em maior esta-
bilidade nos continentes europeu e asiático, que tinham sido 16 B
palco da Guerra Fria.
(C) o desengajamento das grandes potências, pois as interven- ANOTAÇÕES
ções militares em regiões assoladas por conflitos passaram a
ser realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), com
maior envolvimento de países emergentes. ______________________________________________________
(D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que afas-
______________________________________________________
tou a possibilidade de um conflito nuclear como ameaça glo-
bal, devido à crescente consciência política internacional acer- ______________________________________________________
ca desse perigo.
(E) a condição dos EUA como única superpotência, mas que se ______________________________________________________
submetem às decisões da ONU no que concerne às ações mi-
litares. ______________________________________________________

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GEOGRAFIA

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FÍSICA

Caso 2 – Forças perpendiculares.


MOVIMENTOS. CONCEITOS BÁSICOS E FORMAS DE REPRE-
SENTAÇÃO. LEIS DE NEWTON

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a
dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força
centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a
aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimen-
sões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente
ligado à aceleração centrípeta.

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo so-
bre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos
causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento,
aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em
que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as cha-
madas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que
ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica,
Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos
que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilí-
brio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o
comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante
A determinação de uma força resultante é definida pela inten-
sidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes
cálculos da força resultante:

Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.


A Segunda lei de Newton
Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de
Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas
intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor-
ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate-
maticamente pela fórmula:

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FÍSICA

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul- sim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento sem
tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e a ação de uma força que o empurrasse, conforme figura demons-
sentido. trando tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência em
Unidades de força e massa no Sistema Internacional: uma superfície mais lisa, e chegou a conclusão que o corpo percor-
Força – newton (N). ria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo que
Massa – quilograma (kg). o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação do
atrito entre a superfície e o corpo, cujo efeito sempre seria retardar
A terceira Lei de Newton o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu pode-
A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação mos considerar que: se um corpo estiver em repouso, é necessária
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimento. Uma
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual vez iniciado o movimento, cessando a ação das forças que atuam
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi- sobre o corpo, ele continuará a se mover indefinidamente, em linha
gura a seguir. reta, com velocidade constante.
Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de
movimento, é considerado segundo Galileu como um corpo em es-
tado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele
ficará parado até que sob ele seja exercida uma ação para que ele
possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo
permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta,
Leis de Newton em inércia, também deverá ser exercido sob ele uma força para mo-
Em primeiro lugar, para que se possa entender as famosas leis vimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua veloci-
de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de for- dade. Vários são os estados onde tal conceito de Galileu pode ser
ça. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito, apontado, como um carro considerado corpo pode se movimentar
como a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, em linha reta ou como uma pessoa dormindo estando em repouso
a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas ou (por inércia), tende a continuar em repouso.
a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua
superfície. Porém é necessário também definir o seu módulo, sua Primeira Lei de Newton
direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem entendida, A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo
sendo que o conceito que melhor a defini é uma grandeza vetorial uma síntese das idéias de Galileu, pois Newton se baseou em es-
e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então podemos tudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a
concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra atrai este Inércia; por este fato pode-se considerar também a primeira lei de
corpo. Newton como sendo a lei da Inércia. Conforme Newton, a primeira
Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se Lei diz que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua
tem a necessidade de contato entre os corpos (ação à distância). em repouso e um corpo em movimento move-se em linha reta, com
Para que se possa medir a quantidade de força usada em nossos velocidade constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma partí-
dias, os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 quilograma cula é necessário que duas forças ajam em um corpo, sendo que
força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r das duas
do mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual forças exercidas, determinada em módulo, direção e sentido, pela
se consegue saber a força usada em determinados casos, se monta regra principal do paralelogramo.
colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde
as balanças usadas em muitas farmácias contém tal método, onde Podemos concluir que: quando a resultante das forças que atu-
podemos afirmar que uma pessoa com aproximadamente 100 Kg, am em um corpo for nula, se ele estiver em repouso continuará em
pesa na realidade 100 kgf. repouso e, se ele estiver em movimento, estará se deslocando com
Outra unidade para se saber a força usada, também muito uti- movimento retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga o
lizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e eqüivale a 1kgf = 9,8 N. seu real equilíbrio é necessário que:
Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximada- - a partícula esteja em repouso
mente, ao peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo - a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme.
Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer em
movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um Segunda Lei de Newton
corpo estivesse em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, Para que um corpo esteja em repouso ou em movimento re-
este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse tilíneo uniforme, é necessário que o mesmo encontre-se com a re-
sobre o corpo, ele se poria em movimento mas, cessando a ação sultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos
da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abaixo. A anteriormente. Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire
primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar uma aceleração, isto é, se F diferente de 0 temos a (vetor) diferente
do tempo descobriu-se que não eram bem assim. de 0. Podemos perceber que:
Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu - duplicando F, o valor de a também duplica.
analisar certas experiências e descobriu que uma esfera quando - triplicando F, o valor de a também triplica.
empurrada, se movimentava, e mesmo cessando a força principal,
a mesma continuava a se movimentar por um certo tempo, gerando
assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles. As-
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FÍSICA

Podemos concluir que: As forças de ação e reação são enunciadas conforme a tercei-
- a força F que atua em um corpo é diretamente proporcional à ra lei de Newton, sendo que a ação está aplicada em um corpo, e
aceleração a que ela produz no corpo, isto é, F α a. a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas
- a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de ação e reação
corpo e a aceleração que ela produz nele, sendo: não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria
M=F necessário que elas estivessem aplicadas em um mesmo corpo, o
A que nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como sendo a
tendência de um corpo não se movimentar em contato com a su-
Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inér- perfície. O corpo em repouso indica que vai continuar em repouso,
cia, isto é, a massa de um corpo é uma medida de inércia deste pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir
corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o uma força que atuando no corpo faz com que ele permaneça em
mesmo sentido do vetor F , quando se aplica uma força sobre um repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em repouso e superfí-
corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua cie) é consequência direta do atrito, denominada de força de atrito.
Segunda Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é Podemos então perceber que existe uma diferença muito grande
diretamente proporcional à resultante das forças que atuam nele e entre atrito e força de atrito.
tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo Podemos definir o atrito como: a força de atrito estático f, que
uma das leis básicas da Mecânica, utilizada muito na análise dos atua sobre um corpo é variável, estando sempre a equilibrar as for-
movimentos que observamos próximos à superfície da Terra e tam- ças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de atrito
bém no estudo dos movimentos dos corpos celestes. estático cresce até um valor máximo. Este valor é dado em micras,
Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida onde a micras é o coeficiente de atrito estático entre as superfícies.
de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo utilizado o Sistema In- Toda força que atua sobre um corpo em movimento é denomina-
ternacional de Unidades (S.I.), o qual é utilizado pelo mundo todo, da de força de atrito cinético. Pequena biografia de Isaac Newton:
sendo aceito e aprovado conforme decreto lei já visto anteriormen- Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena cidade
te. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como da Inglaterra, Issac Newton, grande físico e matemático que for-
padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.: mulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo
A unidade de comprimento: 1 metro (1 m) abandonado quando ainda criança, pela mãe, marcando a vida de
A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg) Newton pelo seu temperamento tímido, introspectivo, intolerante
A unidade de tempo: 1 segundo (s) que o caracterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto,
é solicitado a assumir a fazenda da família, demonstrando pouco
O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Interna- interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso.
cional da Mecânica, de uso exclusivo dessa área de atuação, pelos Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity College da
profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de Universidade de Cambridge (próximo a Londres), para prosseguir
unidades fundamentais, conforme descreve o autor: seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemáti-
De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m² ca e em 1664, escrevia seu primeiro trabalho (não publicado) com
De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado
= 1 m³ “Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste
De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s negra (peste bubônica), newtom retornou a sua cidade natal, re-
= 1 m/s fugiando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu
De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s² por 18 meses, até que os males da peste fossem afastados, permi-
tindo o seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por
Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, Newton durante seu refúgio:
atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta massa a aceleração de - Desenvolvimento em série da potência de um binômio ensi-
1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, deve-se usar as seguintes nado atualmente nas escolas com o nome de “binômio de Newton”.
unidades: - Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Diferencial
R (em N) e do Cálculo Integral, uma poderosa ferramenta para o estudo dos
m (em kg) fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez.
a(em m/s²) - Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a
elaboração de uma teoria sobre as cores dos corpos.
Terceira Lei de Newton - Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de
Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário Newton), lançando, assim, as bases da Mecânica.
que a ação provocada para tal movimentação, também seja provo- - Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade
cada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segun- Universal.
do estudos no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu
também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apre- Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a desenvolver as
sentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá ideias que havia concebido durante o tempo que permaneceu afas-
sempre uma ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro. tado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a
Podemos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre carreira universitária em busca de uma profissão mais rendosa. Em
um corpo B, o corpo B reage sobre A com uma força de mesmo 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Londres, receben-
módulo, mesma direção e de sentido contrário. do vencimentos bastante elevados, que tornaram um homem rico.
Neste cargo, desempenhou brilhante missão, conseguindo reestru-
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turar as finanças inglesas, então bastante abaladas. Foi membro ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar
do Parlamento inglês, em 1705, aos 62 anos de idade, sagrando-se (atrito estático) do que quando ela está em movimento (atrito
cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava condição de no- cinemático).
breza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado como O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação
Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em 1727, Newton per- normal representa a observação de que é mais fácil empurrar uma
maneceu na presidência da Real Academia de Ciências de Londres. caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por
Com a modéstia própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre
conseguiu enxergar mais longe do que os outros colegas porque se ela (ao aumentar o peso N também aumenta).
apoiou em “ombros de gigantes”. Podemos resumir o comportamento do módulo da força de
atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a partir
Aplicações Envolvendo Forças de Atrito do gráfico ao lado.
Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada ao
suas características através de uma experiência muito simples. To- corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito surge tão
memos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madei- somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular
ra. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslo- a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo ponto. Quando
cará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à o módulo da força aplicada for maior do que
medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no
qual conseguiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa
é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa.

O corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força


de atrito. Quando o corpo se desloca, a força de atrito diminui, se
mantém constante e o seu valor é

Várias experiências como essa levam-nos às seguintes proprie-


dades da força de atrito (direção, sentido e módulo):
Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os dois
corpos sólidos são forças tangenciais à superfície de contato. No
exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção ho-
rizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa.

Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimen-


to relativo das superfícies em contato. Assim, o sentido da força
de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das Origem da Força de Atrito
superfícies A força de atrito se origina, em última análise, de forças intera-
tômicas, ou seja, da força de interação entre os átomos.
Quando as superfícies estão em contato, criam-se pontos de
aderência ou colagem (ou ainda solda) entre as superfícies. É o re-
sultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros.
Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é gran-
de porque a rugosidade pode favorecer o aparecimento de vários
pontos de aderência.
Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra.
esclarecimentos: enquanto a força que empurra a caixa for peque- Assim, a eliminação das imperfeições (polindo as superfícies) dimi-
na, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra nui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que a
a caixa. Ela anula o efeito da força aplicada. Uma vez iniciado o superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-
movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de -se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumentamos o
reação) do plano-N. número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas” redu-
zem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus
Escrevemos: muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de cor-
rida.
O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como a
força de atrito será tanto maior quanto maior for , vê-se que Força de Atrito no Cotidiano
ele expressa propriedades das superfícies em contato (da sua A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela
rugosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois co- que torna possível o movimento da grande maioria dos objetos que
eficientes de atrito: um chamado cinemático e outro, estático, se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:
. Em geral, , refletindo o fato de que a força de atrito é
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FÍSICA

Movimento dos Animais O valor é constante em sistemas nos quais não há forças exter-
Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para nas atuando.
se movimentar. O que esses membros fazem é comprimir o solo e
forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da
Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força energia mecânica não é observada - a conservação do momento
de atrito surge nas patas ou pés impulsionando os animais ou o linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa
homem para frente. resultante.
A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilo-
Movimento dos Veículos a motor grama.metro por segundo(kg.m/s).
As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima
de combustível do motor, são revestidas por pneus. A função dos Sistema mecânico
pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito (com o Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o
intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corri- somatório das forças externas é nulo.
da trocam frequentemente os pneus). Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo,
Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. desprezando os efeitos do ar e as forças de atrito entre a pista e as
O surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente. botas que eles estão usando. Veja que na vertical, a força peso é
Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e a equilibrada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem quanto
força de atrito atua agora no sentido contrário ao do movimento do na mulher, e neste eixo as forças se cancelam.
veículo como um todo.
Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira lei
Impedindo a Derrapagem de newton garante que o empurrão é sempre mútuo), não haverá
A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o des- força externa resultante uma vez que a força externa expressa a
lizamento de uma superfície - dos pneus - sobre a outra (o asfalto). interação de um ente pertencente ao sistema com outro externo
ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem como
Momento linear, conservação do momento linear, impulso e sobre a mulher, ambos estão dentro do sistema em questão, e estas
variação do momento linear forças são forças internas ao mesmo. Na ausência de forças exter-
O Momento linear (também chamado de quantidade de mo- nas há conservação do momento linear do sistema. A conservação
vimento linear ou momentum linear, a que a linguagem popular do momento linear permite calcular a razão entre a velocidade do
chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das duas grandezas homem e a velocidade da mulher após o empurrão, conhecidas as
físicas fundamentais necessárias à correta descrição do inter-rela- suas massas e velocidades iniciais: Como o momento total deve
cionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A ser conservado, a variação da velocidade do homem é VH = − MM /
segunda grandeza é a energia. Os entes ou sistemas em interação MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher.
trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as A variação da quantidade de movimento é chamada Impulso.
grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação. Fórmula: I = ΔP = Pf − Po
Em mecânica clássica o momento linear é definido pelo pro- I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes segundo)
duto entre massa e velocidade de um corpo. É uma grandeza ve-
torial, com direção e sentido, cujo módulo é o produto da massa
pelo módulo da velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos CONSERVAÇÃO DA ENERGIA. TRABALHO, ENERGIA CINÉ-
da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto TICA, ENERGIA POTENCIAL E ENERGIA MECÂNICA. CON-
de objetos permanece inalterada, a não ser que uma força externa SERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA
seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi percebida por
Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Ma-
thematica, na qual Newton define a quantidade de movimento e A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos
demonstra a sua conservação. movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e
Particularmente importante não só em mecânica clássica como as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex-
em todas as teorias que estuam a dinâmica de matéria e energia trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na
(relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na
o momento e a energia para cada um dos entes físicos. A relação Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na
entre energia e momento é expressa em todas as teorias dinâmi- Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc.
cas, normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram
grandezas importantes como força e massa têm seus conceitos di- lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já
retamente relacionados com estas grandezas. no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada
Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e
Fórmulas analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz.
A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico,
Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( ) é defini-
moléculas, átomos, elétrons etc.
da pelo produto de massa ( ) e velocidade ( ).
→ Mecânica Clássica
A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica.

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A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau- Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)
sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção,
e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni- nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran-
formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá- dezas da seguinte forma:
tica. ΔS= V.Δt
A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo-
vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)
No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
→ Mecânica Relativística rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em ve- daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
locidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolutos, seguinte forma:
mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferentes, ΔS= V₀.t + ½.a.t²
um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções di-
ferentes das medidas de espaço e tempo. No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al-
A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein teramos as variáveis.
e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein. dada pela formula:
V²= V₀² + 2.a.ΔS
→ Mecânica Quântica
A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica, Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te-
mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de- mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques-
pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo.
trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas
são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno- Impulso e quantidade de movimento
minados de aparelhos. O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques-
Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun- tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ).
damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po- Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em
dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho
da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecânica Clássica, de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor.
as posições e as velocidades de um móvel são extremamente bem
definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas de um elétron são Choques ou colisões mecânicas
conhecidas, a determinação de sua velocidade é impossível. Caso a No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está
velocidade seja conhecida, torna-se impossível a determinação da relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti-
posição do elétron. dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após
a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti-
CINEMÁTICA pos de colisões.
A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi-
palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos- Definição de sistema
so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo,
Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado
(M.R.U.V) é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas
Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for-
a par das seguintes variáveis: ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por um
-Deslocamento (ΔS) agente externo são denominadas de forças externas.
-Velocidade ( V )
-Tempo (Δt) Quantidade de movimento e as colisões
-Aceleração ( a ) As forças externas são capazes de gerar variação da quantida-
de de movimento do sistema por completo. Já as forças internas
Movimento Uniformemente Variado (MUV). podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento in-
Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a dividual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em
enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos
oblíquos. que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento
É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão.
a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda
que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São Energia cinética e as colisões
questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo partici-
situações cotidianas. pante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada
ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do

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FÍSICA

que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características Gráficos na cinemática
dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso es-
colisão que ocorrerá. colhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis depen-
Coeficiente de restituição dentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma ta-
as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são bela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um
denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afasta- ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependente.
mento dos corpos.
Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários
tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento
retilíneo uniformemente variado.

Exemplo 1

MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME


Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni-
Tipos de colisão forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega
• Colisão perfeitamente elástica a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com
Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participan- velocidade de 10km/h.
tes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação
aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará dos espaços é, para esse exemplo,
com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que s = 5 + 10t
toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é
uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no coti- A velocidade podemos identificar como sendo:
diano, pois sempre haverá perca de energia. v = 10km/h
E o espaço inicial:
• Colisão parcialmente elástica so = 5km
Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema,
a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por
velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os
velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente valores dos espaços correspondentes:
de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.
t(h) s(km)
• Colisão inelástica
Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a co- 0 5
lisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo 1 15
de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e exe-
cutam o movimento como um único corpo. Como após a colisão 2 25
não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de 3 35
afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restitui-
ção seja zero. 4 45
5 55
A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações en-
6 65
tre os diferentes tipos de colisões:

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FÍSICA

Tabela 3 - MRU MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA


Agora fazemos o gráfico s x t. Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do
movimento acelerado são

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é


constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
a mesma.

A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.


A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme-
mente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2, onde
o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.
A velocidade inicial é, portanto:
vo = 3m/s
A aceleração:
Note que: ao = -4m/s2 (a < 0)
As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaçamen- e o espaço inicial:
tos iguais. so = 2km
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com as
respectivas unidades. Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construí-
• Os pontos são claramente mostrados. mos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).
• A reta representa o comportamento médio.
• As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é necessá-
s(m) t(s)
rio usar “todo o papel” com uma escala de difícil subdivisão.
2,0 0
Exemplo 2 3,0 0,5
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO 3,125 0,75
Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode- 3,0 1
mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca-
2,0 1,5
tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração.
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3
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FÍSICA

A partir da tabela obtemos o gráfico s x t: Exemplo 3


Como exemplo de gráfico representando dados experimentais
vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Dados de um indivíduo andan- Gráfico referente à tabela
do

t(min) s(m)
0 0
1 62
2 158
3 220
4 283
5 335

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim,


para o movimento observado temos:
Note:
v = 3 - 4t
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem
ser representados por uma reta.
obtendo assim a tabela abaixo:
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de
v(m/s) t(s) reta. Trace curvas médias lisas ou retas que representam compor-
3 0 tamentos médios.

-1 0,5 Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois
5 0,75 para cima. A origem é um ponto experimental.

Obtendo o gráfico v x t: ESTÁTICA


A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não
se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial
de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em
que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por-
tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo
deve ser nula.
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios
em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu-
pantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva
e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em
seu teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pelas
fundações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo a
sustentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas es-
sas forças deverá ser nula.

1. Equilíbrio do Ponto Material


Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
para o estudo em questão, não são importantes, não interferem
no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta
de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10
m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma
até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo,
pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no
atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po-
poderão ser realizados posteriormente.) sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o
Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su- corpo tende a girar no sentido anti-horário:
ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças
que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon-
to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que
nele atuam tem necessariamente de ser nula.
Ou:
A unidade do momento de uma força é o newton·metro ou
N·m.
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa-
ções do ponto:

No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois


eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças:

Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo-


mentos deve ser nula:

2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos


Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam
ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por ao mesmo plano.
exemplo, na figura:
3. Alavancas
Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo-
mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim-
ples inventada pelo homem: a alavanca.

Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada:

Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, mas


isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma tendência
de giro que pode ser representado por:

A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis-
é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na
acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto,
cada força seria: basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em
relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o
mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a
barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no
sentido horário). Assim:
50 N x 8 m= 200 N x 2 m
O momento total seria o dobro
Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização
dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica.

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FÍSICA

CENTRO DE MASSA DE UM SÓLIDO, CENTRO DE MASSA DE O Sistema de Referência do Centro de Massas


UMA DISTRIBUIÇÃO DE PARTÍCULAS Para um sistema de duas partículas

O Centro de Massa
O Sistema de Referência do Centro de Massa (sistema-C) é es-
pecialmente útil para descrever as colisões comparando com o Sis-
tema de Referência do Laboratório (sistema-L).
A velocidade da partícula 1 relativa ao centro de massas é
Movimento do Centro de Massas
Na figura, temos duas partículas de massas m1 e m2, como m1
é maior que m2, a posição do centro de massas do sistema de duas
partículas estará próxima da massa maior.

A velocidade da partícula 2 relativa ao centro de massas é

No sistema-C, as duas partículas se movem em direções opostas.

A massa também pode ser considerada como sendo uma medi-


da do conceito de Inércia, sendo pequena, apresentando Inércia. É
Em geral, a posição rcm do centro de massa de um sistema de também uma grandeza escalar, onde em sua fórmula F é o módulo
N partículas é da força que atua no corpo e a é o valor da aceleração que F pro-
duz nele, sendo uma propriedade constante, não variando de corpo
para qualquer outro local, ou quando se altera a temperatura do
corpo.

A força com que a Terra atrai um corpo, podemos chamar de


Peso do corpo, também denominada de grandeza vetorial, então
podemos concluir que: o peso de um corpo é uma força que impri-
me a este corpo uma aceleração g.
A velocidade do centro de massas vcm é obtida derivando com
relação ao tempo Podemos entender as variações de peso, onde uma pessoa si-
tuada mais próxima aos pólos da terra tem um peso maior do que
se estivesse próximo ao equador, devendo esse fato simplesmente
ao valor da força da gravidade, sendo que há lugares onde a força
gravitacional, embora com o mesmo valor, exerce maior pressão
nos indivíduos, sendo que na lua a gravidade é cerca de 6 vezes
menor que na terra, consequentemente o indivíduo pesará 6 vezes
menos que na terra.

Medida de Massa
No numerador figura o momento linear total e no denomina-
A massa é medida, pela sua simples fórmula m = F/a, definindo
dor a massa total do sistema de partículas.
assim a massa de um corpo, onde o quociente de F/a nos fornecerá
o valor de m.
Da dinâmica de um sistema de partículas temos que
Exemplos de Aplicação da Segunda Lei de Newton
É usado para que consiga resolver o maior número de proble-
mas, principalmente em Física, onde através da observação de um
objeto e determinando a sua aceleração, podemos definir a resul-
tante das forças que atuam no corpo, sendo que o contrário tam-
bém é verdadeiro, ou seja, sabendo as forças que atuam em um
O centro de massas de um sistema de partículas se move como corpo e determinando a sua resultante, poderemos calcular a ace-
se fosse uma partícula de massa igual a massa total do sistema sob leração de um corpo (a = R/m). Com base na aceleração, podemos
a ação da força externa aplicada ao sistema. conseguir a velocidade do corpo e a posição que ele ocupará em
Em um sistema isolado Fext=0 o centro de massas se move com qualquer instante, onde podemos tirar conclusões sobre o movi-
velocidade constante vcm=cte. mento que o corpo descreve.

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333
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FÍSICA

EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE UM CORPO RÍGIDO, MOMENTO DE


UMA FORÇA
Um dispositivo que é utilizado para demonstrar que um corpo
fica em equilíbrio desde que a vertical que passa pelo seu centro de
gravidade intersecte a sua base de sustentação. O equilíbrio será
estável se o centro de gravidade do corpo estiver localizado abaixo
dessa base.
O aparelho é constituído por uma peça de ferro, tendo uma O momento de uma força em relação a um eixo é uma gran-
parte direita de secção quadrada e outra parte encurvada, termi- deza escalar que consiste na projecção, sobre o eixo de rotação, do
nando por um gancho, no qual se suspende um corpo relativamen- momento de uma força em relação a um ponto. A figura seguinte
te pesado. representa a porta citada no exemplo e, ao lado, o esquema geomé-
A porção direita entra numa bainha, também de ferro, cujas trico da força e da distância ao eixo:
dimensões são tais que há um ajuste perfeito entre esta e a parte
reta da peça.
Para a realização de experiências destinadas às lições de Física
Experimental, o professor deveria apoiar a bainha sobre uma mesa,
de maneira a poder fazer deslocar por debaixo do tampo a parte
curva que suspende o peso, enfiando ou retirando a parte reta no
interior da bainha. Esta, ao ser puxada para o exterior da bainha, faz
com que o corpo suspenso se aproxime da vertical que passa pela
periferia do tampo da mesa. Desta forma, o centro de gravidade
do conjunto desloca-se no mesmo sentido. Quando a vertical que
passa pelo centro de gravidade do conjunto intersecta a superfície
de apoio da bainha sobre a mesa, este fica em equilíbrio, apesar de
o vértice de ligação entre a parte reta e a parte encurvada da peça Define-se o momento de uma força , M, em relação a um eixo
estar consideravelmente afastado da base de apoio. de rotação, como o produto do módulo da força pela distância
entre o seu ponto de aplicação e o eixo e pelo seno do ângulo (que
Caso a peça seja puxada quase totalmente para o exterior da não tem unidade) formado entre a direcção da força e a distância
bainha, de forma a que o centro de gravidade do conjunto fique referida:
localizado sobre uma vertical que não intersecte o tampo da mesa,
a bainha inclina-se e o peso suspenso move-se, aproximando-se da
vertical que passa pela periferia da mesa. Nestas condições, o con-
junto ficará apoiado sobre a mesa apenas por uma linha de apoio As unidades em jogo são:
que é transversal ao eixo longitudinal da bainha. A configuração de ou M em N.m;
equilíbrio exige que esta linha se encontre, necessariamente, aci- F em N;
ma do centro de gravidade do conjunto. Se o conjunto for largado d em m.
duma posição tal que a vertical que passa pelo seu centro de gravi-
dade não intersecte a linha de apoio, então iniciará um movimento MOMENTO RESULTANTE
pendular amortecido, até atingir a posição de equilíbrio. A resultante livre de um sistema de forças é igual à soma das
Um equilibrista segura uma vara dobrada, nas extremidades da forças componentes do sistema. RL = F1 + F2 + ...... >>> RL = S Fi
qual existem duas esferas de latão. Era utilizado nas lições de Física A resultante livre de um sistema de forças mede o efeito de
Experimental, para mostrar a importância da posição do centro de translação produzido pelo sistema.
gravidade de um corpo relativamente à sua base de sustentação,
quando em equilíbrio estável.
O equilibrista tem a particularidade de se encontrar apoiado
sobre um pequeno disco de latão, através de um espigão de ferro
existente sob o seu pé esquerdo. O disco encontra-se no topo de
uma coluna de madeira ricamente trabalhada.

Momento de uma Força A direção e o sentido da resultante livre correspondem à di-


O momento de uma força , em relação a um ponto de um eixo, reção e o sentido do efeito de translação. O módulo da resultante
exercida num ponto (por exemplo, o momento da força exercida livre nos informa sobre a intensidade do efeito de translação
por uma mão num ponto de uma porta em relação ao eixo de rota- Momento resultante de um sistema de forças em relação a um
ção da porta), cuja posição é descrita por um vector posição , é ponto P é igual à soma dos momentos das forças componentes do
uma grandeza vectorial que se obtém através do produto vectorial sistema em relação à este mesmo ponto P.
entre o vector posição e o vector força: MP = MPF1 + MPF1 ........ >>> MP = S MPFi

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FÍSICA

Observação importante: Se as forças componentes do sistema Considere o binário da figura, vamos calcular o módulo de seu
e o ponto P forem coplanares, os vetores momento serão paralelos momento resultante em relação ao ponto P.
e a soma vetorial acima se reduz a uma soma escalar.
MP = MPF1 + MPF1 ........ >>> MP = S MPFi

O momento resultante de um sistema de forças em relação a


um ponto P, mede o efeito de rotação em torno do ponto P, produ-
zido pelo sistema.

Convencionaremos que uma rotação no sentido horário corres-


ponde a uma momento positivo. MP = - F1.PA + F2. PB, representan-
do o módulo das forças componentes do binário por F >>>> F1 = F2 =
F >>> MP = - F.PA + F.PB >>> MP = F.(PB - PA) >>> MP = F.d
Significa dizer que o momento do binário não varia quando o
ponto P muda de posição, como já mostramos.
A direção do momento resultante é normal ao plano de rota-
ção. O sentido do momento resultante é indicativo do sentido do
efeito de translação, isto é, o sentido do momento resultante é dos
pés à cabeça de um observador que em pé sobre o plano de rota-
ção veria a rotação se realizar no sentido anti-horário. O módulo do
momento resultante nos informa sobre a intensidade do efeito de
rotação.

Resultante de um sistema de forças é uma força única capaz de


produzir o mesmo efeito do sistema. Uma força única não é capaz de produzir o efeito de rotação
Existem sistemas de forças cujo efeito não pode ser produzido que o binário produz.
por uma única força. Sabemos que a resultante livre mede o efeito de translação e
que o momento resultante mede o efeito de rotação. Se RL não é
O binário é um sistema constituído por duas forças de mesma zero >>> sistema produz efeito de translação. Se M = 0 >>> sistema
direção, mesmo módulo e sentidos contrários. não produz efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à uma única for-
ça. O sistema admite resultante sendo esta igual à sua resultante
livre.
Sabemos que a resultante livre mede o efeito de translação e
que o momento resultante mede o efeito de rotação. Se RL = 0 >>>
sistema não produz efeito de translação. Se M não é zero >>> siste-
ma produz efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à um binário.
A resultante livre de um binário é nula. A resultante livre é a O sistema não admite resultante. Sabemos que a resultante li-
soma das forças componentes do sistema >>> RL = F1 + F2 como F1 vre mede o efeito de translação e que o momento resultante mede
= - F2 >>> RL = 0 o efeito de rotação. Se RL não é zero >>> sistema produz efeito de
translação. Se M não é zero >>> sistema produz efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à um conjunto
constituído por uma força e um binário.
O sistema não admite resultante. Sabemos que a resultan-
te livre mede o efeito de translação e que o momento resultante
mede o efeito de rotação. Se RL = 0 >>> sistema não produz efeito
de translação. Se M = 0 >>> sistema não produz efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à uma única for-
ça nula.
O sistema admite resultante sendo esta igual à uma força nula.
Este sistema que não produz efeito é chamado de sistema de
forças em equilíbrio.

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FÍSICA

Conceito de Pressão, Pressão em um Fluido Uniforme em Equi- Princípio de Arquimedes


líbrio Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equi-
Muitas pessoas pensam que pressão é sinônimo de fôrça. Pres- líbrio, sofre a ação de uma força vertical, para cima, aplicada pelo
são, no entanto, leva em conta não apenas a fôrça que você exerce fluido. Essa força é denominada empuxo , cuja intensidade é igual
mas também a área em que a fôrça atua. Um bloco de 1 decímetro ao peso do fluido deslocado pelo corpo. E = Pfd = mfd . g E = df . Vfd . g
quadrado por dois decímetros de altura, pesando 4 kg. O pêso do
bloco é distribuído sobre uma área de 1dm2, de modo que exerce
uma pressão de 4kg por decímetro quadrado. Se o bloco estiver
apoiado na face lateral de modo que a área em contato com a mesa
seja de 2 dm2, a pressão será de 2kg por dm2. Um pneu de auto-
móvel, de cerca de 20 centímetros de largura tem uma grande su-
perfície em contato com o chão. Com esse pneu um carro pesado
roda mais suavemente que com um pneu menor que exigiria maior
pressão.

Pressão = Força / Área.


(A) O peso do bloco (4 kg), distribuído em 1 dm2, exerce uma Assim, quando um barco está flutuando na água, em equilíbrio,
pressão de 4 kg por dm2. ele está recebendo um empuxo cujo valor é igual ao seu próprio
(B) Qual é a pressão? (A) representa um homem de 80kg ten- peso, isto é, o peso do barco está sendo equilibrado pelo empuxo
tando andar em areia movediça. Seu peso produz grande pressão que ele recebe da água: E = P.
porque a área dos seus sapatos é pequena e ele afunda na areia.
Se ele se deitar de costas seu peso atuará sobre uma área maior Aplicação
causando pressão muito menor e ele não afundará. Um mergulhador e seu equipamento têm massa total de 80kg.
Qual deve ser o volume total do mergulhador para que o conjunto
Pressão e Área. (A) Quando o homem tenta ficar de pé na areia permaneça em equilíbrio imerso na água?
movediça, ele afunda porque seu peso causa uma grande pressão
na pequena área de seus sapatos. (B) Quando se deita na areia ele Solução: Dados: g = 10m/s2; dágua = 103kg/m3; m = 80kg. Como o
não afunda porquê seu peso atua numa área maior e a pressão que conjunto deve estar imerso na água, o volume de líquido deslocado
ele exerce é menor. (Vld) é igual ao volume do conjunto (V). Condição de equilíbrio:
Um veículo perigoso tem as rodas formadas por grandes sacos E=P
cheios de ar com uma pressão 8 vezes que o dos pneus de um jipe. d . Vld . g = m . g
Os sacos podem sustentar o enorme peso do veículo porquê têm 103 x V x 10 = 80 x 10
uma grande área em contato com o solo. O veículo anda facilmen- V = 8 x 10-2m3
te nas piores estradas porque os sacos amortecem os choques ou
solavancos. Princípio de Pascal
Uma patinadora de gelo produz uma pressão de 45kg por cm2 Quando um ponto de um líquido em equilíbrio sofre uma varia-
em vista da pequena área da lâmina do patim. A moça está pati- ção de pressão, todos os outros pontos do líquido também sofrem
nando no gelo com patins que se apóiam sobre uma lâmina estrei- a mesma variação.
ta, seu peso causa enorme pressão. Pressão é a força dividida pela
área.

Exemplo: Uma caixa pesando 150kg mede 1,20m de compri-


mento por 0,5m de largura. Que pressão exerce ela sôbre o chão?
120 kg = peso da caixa; Dois recipientes ligados pela base são preenchidos por um lí-
0,5 m = largura da caixa; quido (geralmente óleo) em equilíbrio. Sobre a superfície livre do
1,2 m = comprimento da caixa. líquido são colocados êmbolos de áreas S1 e S2. Ao aplicar uma força
F1 ao êmbolo de área menor, o êmbolo maior ficará sujeito a uma
Determinar a pressão. força F2, em razão da transmissão do acréscimo de pressão p. Se-
gundo o Princípio de Pascal:

Importante: o Princípio de Pascal é largamente utilizado na


Líquidos em Equilíbrio em um Campo Gravitacional Uniforme, construção de dispositivos ampliadores de força – macaco hidráuli-
Princípios de Pascal e de Arquimedes co, prensa hidráulica, direção hidráulica, etc.

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FÍSICA

Aplicação Estes fatos sugerem que, além das forças, os torques destas
Numa prensa hidráulica, as áreas dos êmbolos são SA = 100cm2 forças também são importantes para o estudo do equilíbrio de flu-
e SB = 20cm2. Sobre o êmbolo menor, aplica-se uma força de intensi- tuação.
dade de 30N que o desloca 15cm. Determine:
a) a intensidade da força que atua sobre o êmbolo maior;
b) o deslocamento sofrido pelo êmbolo maior.

Solução:
a) Pelo Princípio de Pascal:

Quando um corpo está flutuando em um líquido, ele está su-


jeito à ação de duas forças de mesma intensidade, mesma direção
(vertical) e sentidos opostos: a força-peso e o empuxo. Os pontos de
aplicação dessas forças são, respectivamente, o centro de gravidade
do corpo G e o centro de empuxo C, que corresponde ao centro de
gravidade do líquido deslocado ou centro de empuxo.
Se o centro de gravidade G coincide com o centro de empuxo C,
situação mais comum quando o corpo está totalmente mergulhado,
b) O volume de líquido transferido do êmbolo menor para o o equilíbrio é indiferente, isto é, o corpo permanece na posição em
maior é o mesmo: que for colocado.

Quando um corpo flutua parcialmente imerso no fluido e se in-


clina num pequeno ângulo, o volume da parte da água deslocada se
altera e, portanto, o centro de empuxo muda de posição. Para que
um objeto flutuante permaneça em equilíbrio estável, seu centro
de empuxo deve ser deslocado de tal modo que a força de empuxo
Equilíbrio de Corpos Flutuantes (de baixo para cima) e o peso (de cima para baixo) produzam um
Quando um corpo emerge na superfície da água, ele passa a torque restaurador, que tende a fazer o corpo retornar a sua posi-
deslocar um menor volume de água. De acordo com o Princípio de ção anterior.
Arquimedes, seu empuxo (que antes era maior do que seu peso)
diminui. O bloco ficará em equilíbrio de flutuação na superfície da
água quando a força de empuxo for exatamente igual ao peso. Dize-
mos que o corpo ficará flutuando em equilíbrio estático.
Ocasionalmente, algumas embarcações ou navios podem ser
modificadas, introduzindo-se mastros maiores ou canhões mais
pesados; nestes casos, eles se tornam mais pesados e tendem a
emborcar em mares mais agitados. Os “icebergs” muitas vezes tam-
bém viram quando derretem parcialmente.
Quando o centro de gravidade G estiver acima do centro de
empuxo C, o equilíbrio pode ser estável ou não. Vai depender de
como se desloca o centro de empuxo em virtude da mudança na
força do volume de líquido deslocado. As figuras mostram essa situ-
ação, onde o centro de gravidade G está acima do centro de empu-
xo mas, ao deslocar o corpo da posição inicial, o centro de empuxo
muda, de modo que o torque resultante faz com que o corpo volte
para sua posição inicial de equilíbrio.

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FÍSICA

Obs.: A diferença conceitual entre centro de empuxo e centro Vejamos uma elipse:
de gravidade é que a posição do centro de gravidade não se altera
em relação ao corpo, a menos que ele seja deformado.
Mas o centro de empuxo do corpo flutuante muda de acordo
com a forma do líquido deslocado porque o centro de empuxo está
localizado no centro de gravidade do líquido deslocado pelo corpo.

As figuras abaixo mostram o equilíbrio chamado instável. Mo-


vimentando o corpo (oscilando) de sua posição inicial, o desloca-
mento do centro de empuxo faz com que o torque resultante vire Em relação ao ponto P da elipse acima, temos:
o corpo.
A tarefa de um engenheiro naval consiste em projetar os navios
de modo que isto não ocorra.

Como podemos observar na elipse acima, existe uma distância


entre os pontos A e A, essa distância é considerada uma medida
denominada eixo maior da elipse.
Já a letra a é o semi eixo maior, e o f representa a medida da
semi distância focal. Podemos adotar e para representar a excentri-
cidade da elipse.

Vejamos:
As Leis de Kepler (1571-1630)
O astrônomo Tycho Brahe (1546-1601) realizou medições de
notável precisão. Johannes Kepler (1571-1630), discípulo de Tycho
Brahe, utilizando os dados colhidos por seu mestre, descreveu, de
modo singelo e preciso, os movimentos planetários.

1ª Lei (Lei das órbitas): Se e = 0, a elipse irá se degenerar dentro de uma circunferência,
– Tomando o Sol como referencial, todos os planetas movem- ou seja, no caso da elipse acima, F1 e F2 irão coincidir com 0.
-se em órbitas elípticas, localizando-se o Sol em dos focos da elipse O tamanho da elipse irá depender do valor de e, ou seja, quan-
descrita. to maior for o valor de e maior será a elipse. Já quando e = 1, irá se
degenerar em um único segmento de reta.

Enunciado da 1ª Lei de Kepler:


É importante sabermos que todas as órbitas que são expostas
por todos os planetas em volta do Sol, estarão localizadas em um
dos focos. Vejamos agora uma tabela que apenas Mercúrio e Plutão
apresentam uma elipse maior, ou seja, uma elipse que contenha
maior excentricidade, já os outros planetas apresentam as elipses
mais perto das circunferências, ou seja, as que possuem uma ex-
centricidade menor.

O que é uma elipse?


Denomina-se elipse uma curva correspondente ao espaço ge-
ométrico de todos os pontos de um plano, onde a distância entre
dois pontos fixos do plano é considerada uma soma constante. Es-
ses pontos fixos são denominados focos da elipse.

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FÍSICA

Vejamos essa tabela: Com isso temos que:

B) Se tratando da área que foi varrida pelo raio vetor de um


dos planetas, podemos dizer que ela é proporcional ao intervalo de
tempo que foi gasto.
Com isso temos que:

Onde K é considerada a constante de proporcionalidade, que


pode ser chamada de velocidade areolar do planeta.
c) Essa velocidade areolar é considerada constante, pois ela é a
Porém é importante sabermos que a órbita de um planeta em razão entre a área varrida e o intervalo de tempo gasto. É importan-
volta de uma estrela, teoricamente pode ser circular. te lembrar que essa velocidade é variável, ou seja, ela pode variar
de um planeta para o outro, fazendo com que a distância média
2.a Lei (Lei das Áreas): do planeta ao Sol aumente se tornando mínima para Mercúrio e
Essa lei é referente à parte de um planeta que foi “varrida” pelo máxima para Plutão.
raio vetor, durante um intervalo de tempo.
– O segmento de reta traçada do centro de massa do Sol ao Consequência da 2ª lei de Kepler
centro de massa de um planeta do Sistema Solar varre áreas iguais Como vimos anteriormente à velocidade areolar de um planeta
em tempos iguais. é constante, e por este fator ela pode interferir na velocidade de
translação, ou seja, ela não deixa com que a velocidade de transla-
ção seja variável.
Como podemos observar na figura acima, A1 e A2, são iguais,
porém essa igualdade impede que a medida do arco t1 t2 seja
maior do que a medida do arco t3 t 4, portanto podemos concluir
que a velocidade de translação em t1 t2 se torna maior do que em
t3 t 4, pelo fato do intervalo de tempo ser o mesmo.

Portanto:

Importante!
Considerando a figura acima, que representa um planeta em
quatro posições de sua órbita elíptica em torno do Sol. O ponto
mais próximo do Sol chama-se periélio e o mais afastado, afélio. Com base na conclusão acima, podemos dizer que o planeta
a) No periélio, a velocidade escalar de um planeta tem módulo vai chegando próximo do Sol, e a sua órbita elíptica, e com isso sua
máximo, enquanto que, no afélio, tem módulo mínimo. velocidade de translação vai aumentando. Com isso podemos ver
b) Do periélio para o afélio, um planeta descreve movimento que conforme o Sol vai chegando perto o raio vetor vai diminuindo
retardado, enquanto que, do afélio para o periélio, movimento ace- e para que ele consiga “varrer” a mesma área, o planeta deverá se
lerado. movimentar mais rápido.
No ponto mais próximo do Sol, a velocidade de translação irá
Enunciados da 2ª lei de Kepler: ser a maior. Isso recebe o nome de periélio. Já quando o ponto es-
A) Quando falamos dos raios vetores que ligam os planetas tiver bem longe do Sol, a velocidade de translação irá ser a menor.
com o Sol, devemos saber que esses raios varrem as áreas iguais Isso recebe o nome de afélio.
nos intervalos de tempos iguais.

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FÍSICA

Vejamos a ilustração: 3.a Lei (Lei dos Períodos):


– Para qualquer planeta do sistema solar, o quociente entre o
cubo do raio médio (r) da órbita e o quadrado do período de revo-
lução (T) em torno do Sol é constante.

Com base na figura acima, podemos observar que o movimen-


to de translação se torna uniforme, pois a órbita do planeta é cir-
cular, onde do afélio para o periélio o movimento é considerado
acelerado e do periélio para o afélio, o movimento é considerado
retardado.

Velocidade média de translação


Com relação a um planeta, essa velocidade possui uma função
decrescente em relação à distância média de cada planeta ao Sol.

O planeta mais rápido possui uma velocidade média de 50


Km/s, que é o Mercúrio, sendo que a Terra possui uma velocidade T é o período de revolução do planeta em torno do Sol (interva-
de mais ou menos 30 Km/s. lo de tempo também chamado de ano do planeta).
Considerando as órbitas como circulares, podemos afirmar que Período de translação ou ano de um planeta
a velocidade média possui um valor totalmente inversamente pro- O período de translação de um planeta é o intervalo de tempo,
porcional à raiz quadrada do raio de cada órbita. representado por T, em que o planeta consegue dar uma volta com-
Vejamos: pleta em volta do Sol.

Enunciado da 3ª Lei de Kepler


É importante sabermos que dentre os planetas do Sistema So-
lar, a razão entre o cubo do raio médio da órbita e o quadrado do
período de translação, são constantes. Portanto:
O raio de órbita de Plutão é considerado mais ou menos 100
vezes maior que o raio de órbita de Mercúrio, com isso a velocidade
média de Mercúrio chega a ser 10 vezes maior que a de Plutão.

Vejamos:
Quando falamos de dois planetas, representados por A e B, te-
remos:

Se tratando da constante de proporcionalidade da 3ª lei de Ke-


pler, temos:

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Onde G representa a constante de gravitação universal, e M 4- Todas as Leis de Kepler são válidas tanto para os planetas do
representa a massa do Sol. nosso sistema solar, como para os corpos que gravitam em volta das
Vejamos algumas observações: grandes massas centrais, ou seja, planetas que estejam em volta
1- Considerando m como a massa do planeta, e M >> m pode- de estrelas, satélites tanto naturais como artificiais que estejam em
mos desconsiderar m, quando comparado com M, podendo chegar volta de um planeta e corpos celestes que estejam em volta da Lua.
à expressão da 3ª Lei de Kepler. Vejamos: 5- Quando falamos a respeito dos satélites da Terra, é impor-
tantíssimo ressaltar que:
• Suas órbitas podem ser tanto elíptica como circular;
• Em relação à Terra, podemos afirmar que seu ponto mais pró-
ximo é denominado perigeu, e seu ponto mais afastado é denomi-
nado apogeu.
2- Quanto menor o tempo de translação do planeta, mais • Alguns fatores como a velocidade areolar e a velocidade mé-
próximo do Sol estaremos, pois quanto mais longe do Sol, mais a dia da translação, dependem somente da massa da Terra e do raio
velocidade média do planeta vai diminuir, assim aumentando a ex- médio da órbita, porém não dependem da massa do satélite.
tensão da sua órbita. Isso é o que podemos chamar de período de • Quanto à translação da Lua, podemos considerar sua velo-
translação crescente. cidade média como ordem de 1,0 km/s, já de um satélite estacio-
A unidade as astronômica, representada por UA, é considerada nário, consideramos sua ordem como 3,0 km/s e de um satélite ra-
a distância média da Terra ao Sol, que vale: sante 8,0 km/s. Lembrando que esses valores é sem considerar os
efeitos do ar.

TERMOLOGIA. TEMPERATURA, CALOR COMO ENERGIA


EM TRÂNSITO, DILATAÇÃO TÉRMICA
Vejamos agora um quadro que apresenta a variação do período
com a distância média ao Sol que é medida em UA.
Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física
encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a
transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é
fornecida ou retirada de um corpo.
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das
moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas
estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede
a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está
quente, fria, etc.
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura
para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de
representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém,
para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada
caloria, em que 1 cal = 4,186 J.
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en-
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com
o ambiente em que está.
3- Vejamos alguns fatores que são funções de órbita, ou seja,
são totalmente dependentes da massa do Sol e do raio médio da TERMOMETRIA
órbita: Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô-
- velocidade areolar; menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de
- velocidade média de translação. estado físico, mudanças de temperatura, etc.
Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da
Porém esses fatores não são dependentes das características temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas.
do planeta que está gravitando.
Isso nos mostra que se um corpo celeste resolver gravitar em Temperatura
volta do Sol e na órbita da Terra, ele irá adquirir: Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de
- Uma velocidade areolar igual a da Terra; um corpo ou sistema.
- Uma velocidade média de translação, que é de aproximada-
mente 30 km/s;
- Um período de translação de 1 ano.
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FÍSICA

Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife- Conversões entre escalas
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de- Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven-
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo ção geométrica de semelhança.
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas. Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em
Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se di- escala Fahrenheit para escala Celsius:
zer que está se aumentando o estado de agitação de suas moléculas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
mas estão em equilíbrio térmico.

Escalas Termométricas
Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo Pelo princípio de semelhança geométrica:
mercúrio está associada uma temperatura.
A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
tura atingida.

Escala Celsius
É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).

Escala Fahrenheit
Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
corpo humano (100 °F).
Em comparação com a escala Celsius:
0 °C = 32 °F Exemplo:
100 °C = 212 °F Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a
temperatura 100 °F?
Escala Kelvin
Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo
físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido
como Lorde Kelvin.
Esta escala tem como referência a temperatura do menor es-
tado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calculada a partir
da escala Celsius.
Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
escala Celsius:
-273 °C = 0 K
0 °C = 273 K
100 °C = 373 K

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FÍSICA

Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-Fahrenheit:

E para escala Kelvin:

Algumas temperaturas:

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CALORIMETRIA Gelo 0,550


Calor Mercúrio 0,033
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes Ouro 0,031
em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento Prata 0,056
em que ambos os corpos apresentem temperatura igual. Esta rea- Vapor d’água 0,480
ção é causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais
Zinco 0,093
quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia é o que
chamamos calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com Quando:
temperaturas diferentes. Q>0: o corpo ganha calor.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua Q<0: o corpo perde calor.
unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade
de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de Exemplo:
água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C. Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
A relação entre a caloria e o joule é dada por: uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí-
1 cal = 4,186J fico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g
Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades
usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu
múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal

Calor sensível
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem
como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo. Calor latente
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da tem- de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
peratura e de uma constante de proporcionalidade dependente da de calor calculada de calor latente.
natureza de cada corpo denominada calor específico. A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa
do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).
Assim: Assim:

Onde:
A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J).
mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs-
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/
tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra.
g°C ou J/kg°C).
Além de depender da natureza da substância, este valor numé-
m = massa do corpo (g ou kg).
rico depende de cada mudança de estado físico.
Δθ = variação de temperatura (°C).
Por exemplo, para a água:
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos:

Substância c (cal/g°C) Calor latente de fusão 80cal/g


Alumínio 0,219 Calor latente de vaporização 540cal/g
Água 1,000
Calor latente de solidificação -80cal/g
Álcool 0,590
Cobre 0,093 Calor latente de condensação -540cal/g

Chumbo 0,031
Quando:
Estanho 0,055 Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Ferro 0,119 Q<0: o corpo solidifica ou condensa.

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FÍSICA

Exemplo:
Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de vapo-
rização da água = 540 cal/g.

Assim:

Curva de aquecimento
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos elabo-
rar um gráfico de temperatura em função da quantidade de calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:

Trocas de Calor
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorímetro,
que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar calor com o ambiente e com seu interior.
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor com o
calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a energia térmica passa de um corpo ao outro.
Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma de todas as energias térmicas é nula, ou seja:
ΣQ=0

(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual a zero)

Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível como latente.

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Exemplo: Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira


Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca- intervalo de tempo de exposição (Δt):
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C.

Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter-


nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, em-
bora também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s)
e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s).

Exemplo:
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es-
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a
Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água fonte demora para realizar este aquecimento?
como 1000g, pois temos 1 litro de água.

Capacidade térmica
É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Então, pode-se expressar esta relação por:

Aplicando a equação do fluxo de calor:

Sua unidade usual é cal/°C.


A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
calor específico é 1cal/g.°C.

Transmissão de Calor
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en-
tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como
quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos
que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes”
podendo se propagar de diversas maneiras. Condução Térmica
Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no É a situação em que o calor se propaga através de um «condutor».
sentido da maior para a menor temperatura. Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a fonte de calor um
Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin- corpo pode ser modificar sua energia térmica se houver condução de
tes maneiras: calor por outro corpo, ou por outra parte do mesmo corpo.
condução; Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma co-
convecção; lher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um tem-
irradiação. po ela esquentará também.
Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela, suas
Fluxo de Calor moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está em con-
Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma tato com a colher, as moléculas em agitação maior provocam uma
fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de agitação nas moléculas da colher, causando aumento de sua ener-
fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo. gia térmica, logo, o aquecimento dela.
Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte infe-
rior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua parte
superior também esquenta.

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Convecção Térmica Onde:


A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o princípio p=pressão
fundamental da compreensão do vento, por exemplo. m=massa do gás
O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo, as- v=velocidade média das moléculas
sim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que estão V=volume do gás.
nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies, toma o
lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se desloca até os Gás perfeito ou ideal
lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos causam, entre É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguin-
outros fenômenos naturais, o vento. tes características:
Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se pro- o movimento das moléculas é regido pelos princípios da mecâ-
paga por meio do movimento de massas fluidas de densidades di- nica Newtoniana;
ferentes. os choques entre as moléculas são perfeitamente elásticos, ou
Irradiação Térmica seja, a quantidade de movimento é conservada;
É a propagação de energia térmica que não necessita de um não há atração e nem repulsão entre as moléculas;
meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de o volume de cada molécula é desprezível quando comparado
ondas eletromagnéticas. com o volume total do gás.
Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali-
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à gás, Energia cinética de um gás
não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento é aque- Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as
cido há uma emissão de microondas que fazem sua energia térmica moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando uma va-
aumentar, aumentando a temperatura. riação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou cinética média do gás permanece a mesma.
radiador e o corpo que recebe, o receptor. Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana
estabelece-se:
Estudo dos gases
Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto-
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi-
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão e
expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos, pois Onde:
ocupam o volume a forma do recipiente que os contém. n=número molar do gás (nº de mols)
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de exis- R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K)
tir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até mesmo T=temperatura absoluta (em Kelvin)
sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível de se li-
quefazer. O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua massa
molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de
Gases Avogadro.
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os dife-
re dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um recipiente,
estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior parte dos
elementos químicos não-metálicos conhecidos são encontrados no
seu estado gasoso, em temperatura ambiente. Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma subs-
As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as ou- tância há moléculas desta substância.
tras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram,
exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás. Tranformação Isotérmica
A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tempe-
absoluta. ratura inicial é conservada.
Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumen- A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
tam sua agitação, provocando mais colisões. Boyle e é matematicamente expressa por:
Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais
espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a
pressão.
Onde:
Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível es- p=pressão
tabelecer a seguinte relação: V=volume

=constante que depende da massa, temperatura e natureza do


gás.

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FÍSICA

Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser Então:


transformado, é válida a relação:

Exemplo:
Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce
uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotérmicamente a um
volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás?

Transformação Isométrica
A transformação isométrica também pode ser chamada isocó-
rica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se
baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se man-
tém.
Transformação Isobárica
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é mate-
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma
maticamente expressa por:
transformação isobárica, a pressão é conservada.
Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação
pode ser expressa por:
Onde:
p=pressão;
Onde: T=temperatura absoluta do gás;
V=volume; =constante que depende do volume, massa e da natureza do
T=temperatura absoluta; gás.;
=constante que depende da pressão, massa e natureza do gás.
Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma,
Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volu- garantindo a validade da relação:
me, é válida a relação:

Exemplo:
Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido até
Exemplo:
300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do pro-
Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido até
cesso de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão inicial?
a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta
transformação acontecer sob pressão constante?
É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve
ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro
passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas ter-
mométricas:

Lembrando que:
Equação de Clapeyron
Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles
é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de
estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um
gás.
Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homena-
gem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabe-
leceu.

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FÍSICA

Onde: Através da lei de Clapeyron:


p=pressão;
V=volume;
n=nº de mols do gás;
R=constante universal dos gases perfeitos;
T=temperatura absoluta.

Exemplo:
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito sub-
metido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a 50°C?

Dado: 1atm=100000N/m² e

esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos.

Termodinâmica
A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente
a transformação de energia térmica em trabalho.
A utilização direta desses princípios em motores de combustão in-
Substituindo os valores na equação de Clapeyron: terna ou externa, faz dela uma importante teoria para os motores de
carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em aviões, etc.

Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a soma
de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sistema.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação e
nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na
Lei geral dos gases perfeitos energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei que princípios da termodinâmica.
relaciona dois estados diferentes de uma transformação gasosa, Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação
desde que não haja variação na massa do gás. for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
Considerando um estado (1) e (2) onde: translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Joule:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).

Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a


variação da energia interna dependerá da variação da temperatura
absoluta do gás, ou seja,
Quando houver aumento da temperatura absoluta ocorrerá uma
variação positiva da energia interna .
Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há uma
variação negativa de energia interna .
E quando não houver variação na temperatura do gás, a variação
da energia interna será igual a zero .
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Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma tranfor-
equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos: mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão
e a variação do volume do gás.

Quando:
o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou seja,
é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exemplo
empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);

o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou seja,


é necessário que o sistema receba um trabalho do meio externo;
o volume não é alterado, não há realização de trabalho pelo
sistema.

Exemplo:
(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenescendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o vo-
lume do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ?
Trabalho

Trabalho de um gás
Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área
de base A, provido de um êmbolo.
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.

Diagrama p x V
É possível representar a tranformação isobárica de um gás atra-
vés de um diagrama pressão por volume:

Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema


será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o desloca-
mento do êmbolo no cilindro:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho rea-


lizado por um gás , é possível verificar que o trabalho
realizado é numericamente igual à area sob a curva do gráfico (em
azul na figura).

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FÍSICA

Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado por um gás com pressão variável durante sua tranformação, que é cal-
culado usando esta conclusão, através de um método de nível acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação dividindo
toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e trapézios.

Lei Zero da Termodinâmica1


Imagine que temos dois corpos, de mesmas dimensões, de mesma massa e de mesmo material, mas com temperaturas diferentes: um
de temperatura mais alta (corpo quente) e outro de temperatura mais (corpo frio). O que acontece quando colocamos esses dois corpos
em contato?
A lei zero, ou anteprimeira lei, da termodinâmica estabelece como acontecem as trocas de calor entre os corpos. Ela está relacionada
de com a energia interna dos materiais expressa, indiretamente, pela temperatura. Vejamos:
Quando um corpo é aquecido ou resfriado ocorrem mudanças em suas propriedades físicas: a maior parte dos sólidos, líquidos e ga-
ses, aumentam seu volume quando aquecidos; um condutor elétrico tem sua resistência elétrica aumentada quando aquecido enquanto
alguns tipos de resistores tem resistência diminuída. Assim e mais outras propriedades dos corpos indicam que houve variação de tem-
peratura com os mesmos. Agora imaginemos o seguinte: quando preparamos um tipo de molho branco, misturamos o creme de leite no
mesmo para dar a aparência branquinha e a consistência cremosa. Bem esse molho deve estar a uma temperatura de 120oC e você deixa
uma colher metálica no interior da panela, colher esta que acaba de retirar do armário (temperatura aproximada de 20oC). O que aconte-
cerá com a colher? Se ela for deixada em parte imersa no molho a um tempo suficiente, a mesma estará entrando em equilíbrio térmico
com o molho, ou seja, a colher estará absorvendo parte da energia térmica cedida pelo molho e variando algumas de suas propriedades,
entre elas, a sua temperatura. Assim ela aumentará a temperatura até que esta seja igual à do molho. O que aconteceu então fisicamente?
Os corpos de maior temperatura possuem maior energia térmica. Quando um corpo de menor energia térmica é colocado em contato
com este, a tendência é de que a energia térmica flua, em parte, do corpo de maior temperatura até o corpo de menor temperatura. Quan-
do os dois corpos atingem a mesma temperatura, cessa a troca de energia. Mas é importante lembrar que cada material tem características
diferentes e, na maioria das vezes, a temperatura de equilíbrio não corresponde à média das temperaturas.
Finalmente a definição da Lei zero é: “se dois corpos estiverem em equilíbrio térmico com um terceiro, estarão em equilíbrio térmico
entre si.”

1ª Lei da Termodinâmica
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conservação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível prever
o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma transformação termodinâmica.

Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto da termodinâmica:


Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como trabalho, ou
ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e aumentar a
energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).

1 https://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/lei_zero.htm
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Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema antes
de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria,
pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que o fluxo
seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema.

Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido
em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja,
sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.

Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do século
XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua
vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em energia
mecânica (trabalho).

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de calor
que não é capaz de ser utilizado como trabalho .

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Assim é válido que: Exemplo:


Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é forne-
cido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacidade percentual
que o motor tem de transformar energia térmica em trabalho?

Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em


uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo,
estes valores serão negativos.
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
a ser chamado Ciclo de Carnot.
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
da substância:
Rendimento das máquinas térmicas
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for-
necida:

Considerando:
=rendimento;
= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;
=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;
=quantidade de calor não transformada em trabalho.

Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe uma


quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M)
Mas como constatado: Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca calor
com as fontes térmicas (M-N)
Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede calor
para a fonte de resfriamento (N-O)
Uma compressão adiabática reversível. O sistema não troca ca-
logo, podemos expressar o rendimento como: lor com as fontes térmicas (O-L)

Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forneci-


da pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de res-
friamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea-


lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má-
quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per-
centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.
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FÍSICA

Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é: III – Entre um próton e um elétron existe um par de forças de
atração;
IV – Com os nêutrons não observamos essas forças.

Logo:

Sendo: Dizemos que essas forças aparecem pelo fato de elétrons e pró-
tons possuírem carga elétrica. Para diferenciar o comportamento
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento de prótons e elétrons dizemos que a carga do próton é positiva e
a carga do elétron é negativa. Porém, como em módulo, as forças
= temperatura absoluta da fonte de aquecimento exercidas por prótons e elétrons são iguais, dizemos que, em módu-
lo, as cargas do próton e do elétron são iguais. Assim, chamando de
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, qp a carga do próton e qE a carga do elétron temos:
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma- | qE | = | qp|
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria- qE = - q p
mento deverá ser 0K.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para O mais natural seria dizer que a carga do próton seria uma uni-
um sistema físico. dade. No entanto, por razões históricas, pelo fato de a carga elétrica
ter sido definida antes do reconhecimento do átomo, a carga do
Exemplo: próton e a carga do elétron valem:
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, qp = + 1,6 . 10-19 coulomb = 1,6 . 10-19 C
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC? qE = - 1,6 . 10-19 coulomb = -1,6 . 10-19 C

Onde o coulomb (C) é a unidade de carga elétrica no Sistema


ELETRICIDADE. CARGA ELÉTRICA E SUA CONSERVAÇÃO, Internacional. A carga do próton é também chamada de carga elé-
LEI DE COULOMB. CORRENTE ELÉTRICA E SUA CONSERVA- trica elementar (e). Assim:
ÇÃO qp = + e = + 1,6 . 10-19 C
qE = - e = - 1,6 . 10-19 C

CARGA ELÉTRICA Como o nêutron não manifesta esse tipo de força, dizemos que
sua carga é nula.
Carga e Corrente
PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Quando atritamos dois corpos feitos de materiais diferentes,
um deles transfere elétrons para o outro de modo que o corpo que
perdeu elétrons fica eletrizado positivamente enquanto o corpo
que ganhou elétrons fica eletrizado negativamente.
Experimentalmente obtém-se uma série, denominada série
tribo-elétrica que nos informa qual corpo fica positivo e qual fica
negativo. A seguir apresentamos alguns elementos da série:
... vidro, mica, lã, pele de gato, seda, algodão, ebonite, cobre...
Quando atritamos dois materiais diferentes, aquele que apare-
ce em primeiro lugar na série fica positivo e o outro fica negativo.
A matéria é formada por átomos, os quais por sua vez são for- Assim, por exemplo, consideremos um bastão de vidro atritado
mados por três tipos de partículas: prótons, elétrons e nêutrons. em um pedaço de lã (Figura 6). O vidro aparece antes da lã na série.
Os prótons e nêutrons agrupam-se no centro do átomo formando Portanto o vidro fica positivo e a lã negativa, isto é, durante o atrito,
o núcleo. Os elétrons movem-se em torno do núcleo. Num átomo o vidro transfere elétrons para a lã.
o número de elétrons é sempre igual ao número de prótons. Às
vezes um átomo perde ou ganha elétrons; nesse caso ele passa a
se chamar íon.
A experiência mostra que: (Fig. 2)
I – Entre dois prótons existe um par de forças de repulsão;
II – Entre dois elétrons existe um par de forças de repulsão;
Editora
354
354
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Porém, se atritarmos a lã com um bastão de ebonite, como a lã EXEMPLO


aparece na série antes que a ebonite, a lã ficará positiva e a ebonite Dois condutores esféricos de mesmo tamanho têm inicialmen-
ficará negativa (Figura 7). te cargas QA = + 5nC e QB = - 9nC. Se os dois condutores forem colo-
cados em contato, qual a carga de cada um após o contato?

RESOLUÇÃO
A carga total Q deve ser a mesma antes e depois do contato:
Q = Q’A + Q’B = (+5nC) + (-9nC) = -4nC

Após o contato, como os condutores têm a mesma forma e o


mesmo tamanho, deverão ter cargas iguais:
ELETRIZAÇÃO POR CONTATO
Consideremos um condutor A, eletrizado negativamente e um
condutor B, inicialmente neutro (Figura 8). Se colocarmos os con-
dutores em contato (Figura 9), uma parte dos elétrons em excesso
do corpo A irão para o corpo B, de modo que os dois corpos ficam
eletrizados com carga de mesmo sinal. (Figura 10)

Suponhamos agora um condutor C carregado positivamente e


um condutor D inicialmente neutro (Figura 11). O fato de o corpo A
estar carregado positivamente significa que perdeu elétrons, isto é,
está com excesso de prótons. Ao colocarmos em contato os corpos
C e D, haverá passagem de elétrons do corpo D para o corpo C (Fi- Nos condutores, a tendência é que as cargas em excesso se es-
gura 12), de modo que no final, os dois corpos estarão carregados palhem por sua superfície. No entanto, quando um corpo é feito de
positivamente (Figura 13). Para facilitar a linguagem é comum dizer- material isolante, as cargas adquiridas por contato ficam confinadas
-se que houve passagem de cargas positivas de C para D, mas o que na região onde se deu o contato.
realmente ocorre é a passagem de elétrons de D para C.
POLARIZAÇÃO
Na Figura 16 representamos um corpo A carregado negativa-
mente e um condutor B, inicialmente neutro e muito distante de
A. Aproximemos os corpos, mas sem colocá-los em contato (Figura
17). A presença do corpo eletrizado A provocará uma separação de
cargas no condutor B (que continua neutro). Essa separação é cha-
mada de indução.
De modo geral, após o contato, a tendência é que em módulo,
a carga do condutor maior seja maior do que a carga do condutor
menor. Quando o contato é feito com a Terra, como ela é muito
maior que os condutores com que usualmente trabalhamos, a carga
elétrica do condutor, após o contato, é praticamente nula (Figura 14
e Figura 15).

Se os dois condutores tiverem a mesma forma e o mesmo ta-


manho, após o contato terão cargas iguais.

Editora
355
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Se ligarmos o condutor B à Terra (Figura 18), as cargas negati- Foi esse tipo de experiência que originou o estudo da eletri-
vas, repelidas pelo corpo A escoam-se para a Terra e o corpo B fica cidade. Na Grécia antiga, aproximadamente em 600 AC, o filósofo
carregado positivamente. Se desfizermos a ligação com a Terra e em grego Tales observou que o âmbar, após ser atritado com outros
seguida afastarmos novamente os corpos, as cargas positivas de B materiais era capaz de atrair pequenos pedaços de palha ou fios de
espalham-se por sua superfície (Figura 19). linha. A palavra grega para âmbar é eléktron. Assim, no século XVI,
o inglês William Gilbert (1544-1603) introduziu o nome eletricidade
para designar o estudo desses fenômenos.

ELETRIZAÇÃO E LEI DE COULOMB

CORPOS ELETRIZADOS
A carga elétrica de um próton é chamada de carga elétrica ele-
Na Figura 20 repetimos a situação da Figura 17, em que o corpo mentar, sendo representada por e; no Sistema Internacional, seu
B está neutro, mas apresentando uma separação de cargas. As valor é:
cargas positivas de B são atraídas pelo corpo A (força enquanto e = 1,6 . 10-19 Coulomb = 1,6 . 10-19 C
as cargas negativas de B são repelidas por A (força .
A carga de um elétron é negativa, mas, em módulo, é igual à
Porém, a distância entre o corpo A e as cargas positivas de B é
carga do próton:
menor do que a distância entre o corpo A e as cargas negativas de B.
Carga do elétron = - e = - 1,6 . 10-19 C
Assim, pela Lei de Coulomb, o que faz com que a força
resultante seja de atração. Os nêutrons têm carga elétrica nula. Como num átomo o nú-
mero de prótons é igual ao número de elétrons, a carga elétrica
total do átomo é nula.
De modo geral os corpos são formados por um grande número
de átomos. Como a carga de cada átomo é nula, a carga elétrica to-
tal do corpo também será nula e diremos que o corpo está neutro.
No entanto é possível retirar ou acrescentar elétrons de um corpo,
De modo geral, durante a indução, sempre haverá atração en- por meio de processos que veremos mais adiante. Desse modo o
tre o corpo eletrizado (indutor) e o corpo neutro (induzido). corpo estará com um excesso de prótons ou de elétrons; dizemos
que o corpo está eletrizado.
CONDUTORES E ISOLANTES
Há materiais no interior dos quais os elétrons podem se mover EXEMPLO
com facilidade. Tais materiais são chamados condutores. Um caso A um corpo inicialmente neutro são acrescentados 5,0 . 107 elé-
de interesse especial é o dos metais. Nos metais, os elétrons mais trons. Qual a carga elétrica do corpo?
afastados dos núcleos estão fracamente ligados a esses núcleos e
podem se movimentar facilmente. Tais elétrons são chamados elé- RESOLUÇÃO
trons livres. A carga elétrica do elétron é qE = - e = - 1,6 . 10-19 C. Sendo N o
Há materiais no interior dos quais os elétrons têm grande difi- número de elétrons acrescentados temos: N = 5,0 . 107.
culdade de se movimentar. Tais materiais são chamados isolantes. Assim, a carga elétrica (Q) total acrescentada ao corpo inicial-
Como exemplo podemos citar a borracha, o vidro e a ebonite. mente neutro é:
Q = N . qE = (5,0 . 107) (-1,6 . 10-19 C) = - 8,0 . 10-12 C
INDUÇÃO EM ISOLANTES Q = - 8,0 . 10-12 C
Quando um corpo eletrizado A aproxima-se de um corpo B, fei-
to de material isolante (Figura 21) os elétrons não se movimentam Frequentemente as cargas elétricas dos corpos é muito menor
como nos condutores mas há, em cada molécula, uma pequena do que 1 Coulomb. Assim usamos submúltiplos. Os mais usados
separação entre as cargas positivas e negativas (Figura 22) denomi- são:
nada polarização. Verifica-se que também neste caso o efeito resul-
tante é de uma atração entre os corpos

Quando temos um corpo eletrizado cujas dimensões são des-


Um exemplo dessa situação é a experiência em que passamos prezíveis em comparação com as distâncias que o separam de ou-
no cabelo um pente de plástico o qual em seguida é capaz de atrair tros corpos eletrizados, chamamos esse corpo de carga elétrica
pequenos pedaços de papel. Pelo atrito com o cabelo, o pente ficou puntiforme.
eletrizado e assim é capaz de atrair o papel embora este esteja neutro.

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Dados dois corpos eletrizados, sendo Q1 e Q2 suas cargas elétri- EXEMPLO


cas, observamos que: Duas cargas puntiformes estão no vácuo, separadas por uma dis-
I. Se Q1 e Q2 tem o mesmo sinal (Figura 1 e Figura 2), existe tância d = 4,0 cm. Sabendo que seus valores são Q1 = - 6,0 . 10-6 C e Q2 =
entre os corpos um par de forças de repulsão. + 8,0 . 10-6 C, determine as características das forças entre elas.
II. Se Q1 e Q2 têm sinais opostos (Figura 3), existe entre os cor-
pos um par de forças de atração. RESOLUÇÃO
Como as cargas têm sinais opostos, as forças entre elas são de
atração. Pela lei da Ação e
Reação, essas forças têm a mesma intensidade a qual é dada
pela Lei de Coulomb:

A LEI DE COULOMB
Consideremos duas cargas puntiformes Q1 e Q2, separadas
por uma distância d (Figura 4). Entre elas haverá um par de forças,
que poderá ser de atração ou repulsão, dependendo dos sinais das
cargas. Porém, em qualquer caso, a intensidade dessas forças será
dada por: T
Temos:

CAMPO ELÉTRICO

CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO

Campo e Densidade
Onde k é uma constante que depende do meio. No vácuo seu
Consideremos um condutor em equilíbrio eletrostático. O cam-
valor é
po elétrico num ponto exterior P, “muito próximo” do condutor,
tem intensidade dada por:

Essa lei foi obtida experimentalmente pelo físico francês Char-


les Augustin de Coulomb (1736-1806) e por isso é denominada lei
de Coulomb.
(II)
Se mantivemos fixos os valores das cargas e variarmos apenas
a distância entre elas, o gráfico da intensidade de em função da
distância tem o aspecto da Figura 5.

Editora
357
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Onde é a densidade superficial das cargas nas proximidades de b) num ponto P externo é “muito próximo” do condutor, o cam-
P e E é uma constante denominada permissividade do meio. Essa po tem intensidade dada por:
constante está relacionada com a constante lei de Coulomb pela
relação:

Assim, no vácuo, temos: c) num ponto S da superfície, o campo tem intensidade igual à
metade da intensidade no ponto próximo:

Em um ponto S da superfície do condutor, a intensidade do


campo é a metade da intensidade no ponto P:

CAPACITÂNCIA
Suponhamos que um condutor de formato qualquer esteja iso-
lado. Se eletrizarmos esse condutor com uma carga Q ele terá um
potencial V. É possível demonstrar que Q e V são proporcionais, isto
(III)
é,
Das equações II e III percebemos que o campo é mais intenso
• dobrando a carga, dobra o potencial
onde a densidade de cargas for maior. Por outro lado, sabemos que
• triplicando a carga, triplica o potencial
a densidade é maior nas “pontas”.
• etc.
Portanto, o campo elétrico é mais intenso nas “pontas” de um
condutor e esse fato é conhecido como poder das pontas.
Assim, podemos escrever
Q = C . V ou C = Q (VIII)
Exemplo
V
Um condutor esférico de raio R = 2,0.10-2m está eletrizado com
Onde C é uma constante de proporcionalidade chamada capa-
carga Q = 7,5.10-6C no vácuo. Determine:
citância do condutor e que pende do meio e da geometria do con-
a) a densidade superficial de carga
dutor, isto é, do seu formato e tamanho. Como Q e V têm o mesmo
b) a intensidade do campo elétrico num ponto externo muito
sinal, a capacitância é sempre positiva.
próximo do condutor
No Sistema Internacional a unidade de capacitância é o farad
c) a intensidade do campo sobre o condutor
( F ):
Resolução
a) supondo que o condutor esteja isolado as cargas distribuem-
-se uniformemente pela superfície. Lembrando que a área da su-
perfície é
Porém, em geral, as capacitâncias dos condutores com que tra-
balhamos são muito menores do que 1F; assim, usaremos submúl-
tiplos:
Fórmulas
1m F = 1 mulifarad = 10-3F
1 F = 1 microfarad = 10-6F
1nF = 1 nanofarad = 10-9F
1pF = 1 picofarad = 10-12F

2 Antigamente, a capacitância era chamada de capacidade ele-


trostática. Embora esse nome tenha caído em desuso, às vezes ain-
da o encontramos em alguns textos.

Temos: Capacitância de um Condutor Esférico

Editora
358
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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Consideremos um condutor esférico de raio R, eletrizado com


carga Q. supondo-o isolado, seu potencial é dado por

Portanto sua capacitância é dada por: Vemos então que o sentido do campo produzido por Q, não
(IX) depende do sinal da carga de prova q. De modo geral, uma carga
puntiforme positiva produz em torno de si um campo elétrico de
Exemplo afastamento (Fig. 6)
Calcule a capacitância de um condutor esférico de raio R = 36
cm, situado no vácuo.

Resolução
No vácuo, nós sabemos que a constante da lei de Coulomb é
dada por
k = 9,0. 109 (S.I)

Como R = 36 cm = 36.10-2m, a capacitância do condutor é dada


por:

Para obtermos a intensidade de


Calculamos primeiramente a intensidade pela lei de Coulomb.
Tanto para o caso da Fig. 4 como para o caso da Fig. 5 temos:

Assim:

CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO CRIADO POR CARGAS PUNTI-


FORMES

Campo de uma carga puntiforme


Consideremos uma carga fixa Q e vamos determinar o campo Procedendo de modo semelhante, podemos mostrar que uma
elétrico produzido por ela em um ponto P qualquer. carga puntiforme negativa produz em torno de si (Fig. 7) um cam-
Suponhamos inicialmente que a carga seja positiva (Q > 0). Para po elétrico de aproximação e cuja intensidade também é dada pela
calcular o campo em um ponto P, colocamos nesse ponto uma carga equação II.
q, chamada carga de prova. Se q > 0, a carga Q irá repelir q, por meio
de uma força

fig.4). Se q < 0, a carga Q irá atrair q por meio de uma força

fig. 5). No caso da Figura 4, como q > 0, a força e o campo


Devem ter o mesmo sentido. No caso da Fig. 5, como q < 0, a
força e o campo devem ter sentidos opostos.

Analisando a equação II percebemos que o gráfico da intensidade


de em função de distância d tem o aspecto da Fig. 8

Editora
359
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

EXEMPLO

Duas cargas puntiformes A e B estão fixas nas posições indica-


das na figura. Determine o campo elétrico produzido por elas no
ponto P sabendo que:

RESOLUÇÃO
Como a carga A é negativa, o campo por ela produzindo no ponto
P é de aproximação. A carga B, sendo positiva, produz no ponto P
um campo de afastamento.
No interior do condutor o campo elétrico é nulo. Porém no
exterior o campo é não nulo e sua intensidade pode ser calculada
como se toda a carga do condutor ( Q ) estivesse concentrada no
O campo total produzido no ponto P é a resultante centro da esfera, usando a equação válida para uma carga puntifor-
me:(para d > r) ( IV )

Para calcular a intensidade num ponto “muito próximo”, faze-


mos d = R:

(V)

Aplicando o teorema de Pitágoras

CONDUTOR ESFÉRICO
Consideremos um condutor esférico, eletrizado, em equilíbrio
e isolado. Como já sabemos, o excesso de cargas distribui-se unifor-
memente pela sua superfície (Fig. 10 e Fig. 11)

Editora
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360
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

É fácil verificar que esta equação dá o mesmo valor fornecido LINHAS DE FORÇA
pela equação II: Para melhor visualizar as características do campo elétrico, de-
Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in- senhamos linhas, denominadas linhas de força. Cada linha de força
tensidade no ponto “muito próximo”: é desenhada de modo que em cada ponto da linha (figura 9), o cam-
po elétrico é tangente à linha.

Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in-


tensidade no ponto “muito próximo”:

Desse modo o gráfico da intensidade do campo em função da


distância d ao centro da esfera, tem o aspecto representado na fi-
gura 12.

Quando temos um conjunto de linhas de força (Figura 10) é


possível demonstrar que na região onde as linhas estão mais pró-
ximas o campo é mais intenso do que nas regiões onde elas estão
mais afastadas. Assim, por exemplo, no caso da Fig. 10, podemos
garantir que

A seguir mostramos como são as linhas de força em alguns ca-


sos particulares.

O potencial em pontos externos também pode ser calculado Campo produzido por uma carga puntiforme positiva.
supondo toda a carga concentrada no centro e usando a equação
da carga puntiforme:
(VI)
Na superfície do condutor, o potencial é obtido fazendo d = R:

(VII)

Campo produzido por uma carga puntiforme negativa.

Editora
361
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Campo produzido por duas cargas puntiformes de sinais opos- externas. Se aproximarmos, por exemplo, um condutor eletrizado
tos, mas de mesmo módulo A, (Fig. 8) este induzirá cargas em X mas não em Y. dizemos então
que o condutor X é uma blindagem eletrostática para o condutor Y.

Campo produzido por duas cargas puntiformes positivas e de


mesmo módulo.
Essa blindagem é usada na proteção de aparelhos elétricos
para que estes não sintam perturbações elétricas externas. A carca-
ça metálica de um automóvel ou avião e a estrutura metálica de um
edifício também são exemplos de blindagens eletrostáticas.

PODER DAS PONTAS


Um fenômeno também interessante, relacionado com o con-
ceito de rigidez dielétrica denomina-se poder das pontas.
Campo Uniforme Este fenômeno ocorre porque, em um condutor eletrizado a
Consideremos uma certa região onde há campo elétrico com a carga tende a se acumular nas regiões pontiagudas. Em virtude dis-
seguinte características: em todos os pontos da região o campo tem so, o campo elétrico próximo às pontas do condutor é muito mais
o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido (Fig. 15). intenso que nas nas proximidades das regiões mais planas. É devido
Dizemos então que o campo é uniforme. à esse fenômeno que nos dias de chuvas intensas não se recomen-
De modo geral, as linhas de força “começam” em cargas positi- da se abrigar sob árvores ou em lugares mais altos.
vas e “terminam” em cargas negativas.
POTENCIAL ELÉTRICO
Se a carga adquirir Energia, tem Potencial Elétrico.
• E+ : A própria carga realiza trabalho;
• E- : Não é a carga que realiza trabalho;

Num campo uniforme as linhas de força são retas paralelas.


Para indicar que o módulo é constante, desenhamos essas linhas - Ao longo da linha o potencial elétrico (V) diminui. Logo V1 >
regularmente espaçadas. V2
Na prática, para obtermos um campo elétrico uniforme eletri- • Obs.: Ao colocar carga positiva no interior do campo elé-
zamos duas placas metálicas paralelas (Fig. 16) com cargas de sinais trico ela se desloca espontaneamente para um ponto de menor po-
opostos nas de mesmo módulo. Pode-se verificar que nesse caso, tencial. Quando for negativa vai para o de maior potencial.
na região entre as placas o campo é aproximadamente uniforme. • V=K.Q/d
Na realidade, próximo das bordas (Fig. 17) as linhas se curvam, mas
nos exercícios nós desprezamos esse efeito. DIFERENÇA DE POTENCIAL

Energia Potencial
Consideremos uma região do espaço onde há um campo elé-
trico estático, isto é, que não varia no decorrer do tempo. Supo-
nhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um ponto A
para um ponto B dessa região (Fig. 1). É possível demonstrar que o
trabalho da força elétrica nesse percurso não depende da trajetória
seguida, isto é, qualquer que seja a trajetória seguida, o trabalho da
BLINDAGEM ELETROSTÁTICA força elétrica entre A e B é o mesmo.
Na figura 7 representamos um condutor neutro Y situado no
interior de um condutor oco X. Independentemente do fato de X
estar ou não eletrizado o campo elétrico no seu interior é nulo.
Desse modo, o condutor X protege o condutor Y de ações elétricas

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362
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Mas:

Substituindo em III:

Portanto a força elétrica é conservativa e podemos assim defi-


nir uma energia potencial.
Porem:
Como já vimos na mecânica, o valor exato da energia potencial
não é importante. O que importa na realidade é a diferença da
energia potencial no percurso. Portanto podemos escolher um
ponto R qualquer como referencial, isto é, o ponto onde a energia
potencial é considerada nula .
Escolhido o ponto R (Fig. 2), a energia potencial de uma carga Isto é, o trabalho da força elétrica para ir de A até B é igual à
q num ponto A é, por definição, igual ao trabalho da força elétrica diferença de energia potencial entre A e B.
quando a carga é levada de A até R:
Lembrando que:

e substituindo em V obtemos:

diferença de potencial VA – VB costuma ser representada por


UAB:

Podemos definir também o potencial do ponto A (VA) como


UAB = VA - VB
sendo a energia potencial por unidade de carga:
Propriedades do Potencial
Consideremos uma carga puntiforme q positiva sendo levada de
um ponto A para um ponto B sobre uma linha de força (Fig. 4).
No Sistema Internacional a unidade de potencial é o volt (V):
Como a carga é positiva, a força tem o mesmo sentido do campo
e, desse modo, o trabalho da força elétrica será positivo

Assim:

Suponhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um


ponto A para um ponto B (Fig. 3). Como a força elétrica é conserva-
tiva o trabalho não depende da trajetória. Portanto, podemos esco-
lher uma trajetória que vá de A para R e de R para B:

Editora
363
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Percebemos então que o potencial do ponto A é maior que o balho realizado pela força elétrica quando um elétron é deslocado
potencial do ponto B. Portanto: o potencial entre dois pontos cuja diferença de potencial é 1 volt. Lembrando
diminui ao longo de uma linha de força. que, em módulo, a carga de um elétron é 1,6 . 10-19 C temos:

Movimento espontâneo:
Se abandonamos uma carga q numa região onde há campo elé-
trico, supondo que não haja nenhuma outra força, a carga deverá se
deslocar “a favor” da força elétrica, isto é, a força elétrica realizará
um trabalho positivo. Consideremos duas possibilidades: q > 0 e q 1eV = 1 elétron – volt = 1,6 . 10-19J
< 0. Potencial e Campo Uniforme
Na Fig. 6 representamos algumas linhas de força de um campo
elétrico uniforme

Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares


às linhas de força, neste caso as superfícies equipotenciais são pla-
nos perpendiculares às linhas. Na Fig. 6, SA e SB representam duas
Percebemos então que:
superfícies equipotencial. Todos os pontos de SA têm um mesmo
potencial VA e todos os pontos de SB têm um mesmo potencial VB.
Suponhamos que uma carga positiva q seja transportada do
ponto A para o ponto B. O trabalho da força elétrica não depende
da trajetória. Portanto podemos fazer o percurso A X B indicado na
Uma carga positiva, abandonada numa região onde há campo figura:
elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de potenciais
decrescentes.
Portanto: uma carga negativa abandonada numa região onde
há campo elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de No trecho XB a força elétrica é perpendicular ao deslocamento
potenciais crescentes. e, portanto,

Superfícies Equipotenciais

Na Fig. 5, as linhas S1 e S2 representam no espaço, superfícies


que, em cada ponto, são perpendiculares à linhas de força. Supo-
nhamos que uma carga q seja transportada de um ponto A para um
ponto B, de modo que a trajetória esteja sobre uma dessas super-
fícies. Nesse caso, em cada pequeno trecho da trajetória, a força
elétrica será perpendicular ao deslocamento e, portanto, o trabalho No trecho AX temos:
da força elétrica será nulo: Substituindo em VII:

Mas sabemos que:


Concluímos então que todos os pontos dessa superfície têm
o mesmo potencial e por isso ela é chamada de superfície equipo-
tencial. Assim, na Fig. 5, S1 e S2 são exemplos de superfícies equipo-
tenciais.
Assim:
VOLTAGEM EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

O Elétron – Volt
Na área de Física Nuclear é usada uma unidade de energia (ou UAB = E . d (VIII)
trabalho) que não pertence ao Sistema Internacional: o elétron –
volt (eV). Essa unidade é definida como sendo o módulo do tra-

Editora
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364
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Como o potencial decresce ao longo de uma linha de força te- Suponhamos que a carga Q esteja fixa, e uma carga puntiforme
mos VA > VB. Portanto, se quisiésemos VB – VA teriamos: q seja transportada de um ponto A para um ponto B. É possível
VB - VA = UBA = - E . d mostrar que o trabalho da força elétrica neste caso é dada por:

Unidade de E no SI
No capítulo anterior vimos que, no SI, a unidade do campo elé-
trico pode ser o Newton por coulomb (N/C). No entanto a unidade
oficial do campo elétrico no SI é outra, a qual pode ser obtida da
equação VIII:

Assim:

POTENCIAL E CAMPO DE CARGA PUNTIFORME


Quando o campo elétrico é produzido por uma única carga
puntiforme Q, sabemos que as linhas de força são radiais como in-
dicam as figuras 7 e 8.
Portanto, a diferença de potencial entre os pontos A e B é dada
por:

A partir da equação vemos que neste caso é conveniente adotar o


referencial no infinito, pois para
O termo

Assim teremos:

ou de modo geral,

Ainda supondo o referencial no infinito, da equação IX tiramos,


SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS de modo, geral:
Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares
às linhas de força, neste caso, as superfícies equipotenciais são su-
perfícies esféricas cujo centro estão sobre a carga Q.

Editora
365
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

GERADOR DE VAN DE GRAAFF 1. Quando trabalhamos com eletricidade estática, devemos ter
O gerador de Van de Graaff destina-se a produzir voltagens sempre em mente que as pontas e os cantos afiados, devido ao po-
muito elevadas para serem usadas em experiências de física. der das pontas, agirão como pontos de descarga e sangrarão a carga
Nele, um motor movimenta uma correia isolante que passa elétrica do domo de descarga, dando assim a impressão de que o
por duas polias, uma delas acionada por um motor elétrico que faz GVDG não está funcionando.
a correia se movimentar. A segunda polia encontra-se dentro da Uma vez que um GVDG trabalha no princípio de tensões muito
esfera metálica oca. Através de pontas metálicas a correia recebe altas e correntes muito baixas, pode ser comparado a um revólver
carga elétrica de um gerador de alta tensão. A correia eletrizada de esguichar água. Um esguicho de seringa fornece uma quantia
transporta as cargas até o interior da esfera metálica, onde elas são muito pequena de água, porém, sob alta pressão, suficiente para
coletadas por pontas metálicas e conduzidas para a superfície ex- fazer a água percorrer uma grande distância. Se um vazamento pe-
terna da esfera. queno (um furinho) ocorrer na seringa que esguicha (equivalente a
Como as cargas são transportadas continuamente pela correia, um canto vivo, afiado, em um GVDG), a água não irá mais tão longe.
elas vão se acumulando na esfera. Assim, sempre que possível, todas as extremidades afiadas devem
ser arredondadas, curvadas para dentro ou cobertas. É devido a
esse poder das pontas que daremos preferência às cúpulas arre-
dondadas e com a gola (contorno do furo feito na cúpula) voltada
para dentro. Voltaremos a falar dessa gola.
Essas são as causas observadas em geradores cujas faíscas vão
até a base --- há cabeças de parafusos expostas.
2. Todos os tipos de substâncias estranhas podem causar con-
taminações (sujeira, graxa, sabões, limpadores, poeira etc.) e são
causas suficientes para que um gerador possa deixar de funcionar.
Certa vez, presenciamos a coluna de apoio de um gerador (supos-
tamente limpa) brilhar como fogo vivo de eletricidade estática, en-
quanto o domo de descarga permanecia inativo. Se algumas partes
precisam de limpeza, use componentes que realmente retirem toda
a sujeira. A solução de amônia e água constitui um bom produto
para limpeza (e sai barato também...).
3. Se seu GVDG não está funcionando a contento, a causa pode
ser a seguinte: certos materiais que parecem ser bons isolantes elé-
tricos, frequentemente não o são. Com os níveis de tensões produ-
zidas, até mesmo em pequenos geradores, muitos desses materiais
(habitualmente tratados como isolantes) conduzirão eletricidade.
Um isolante para os corriqueiros 110 V torna-se um condutor sob
tensão de 20000 V ou mais!
Por esse processo, a esfera pode atingir um potencial de até 10 4. Finalizamos esse faça e não-faça alertando-o sobre o carbo-
milhões de volts, no caso dos grandes geradores utilizados para ex- no (grafite, carvão). O carvão das escovas, muito utilizado em pe-
periências de Física atômica, ou milhares de volts nos pequenos ge- quenos motores elétricos, pode servir como meio para transferir
radores utilizados para demonstrações nos laboratórios de ensino. eletricidade estática do domo para a base do aparelho.
O gerador eletrostático de Van de Graaff não sofreu alterações Enquanto o motor funciona, a escova se desgasta e seu pó é
radicais desde que foi construído e apresentado por Robert Jami- lançado para fora através das aberturas do motor, empurrado pela
son Van de Graaff, no início de 1931. ventoinha de refrigeração. Pó de carbono é quase invisível e, quan-
Seu layout básico consiste em: do depositado sobre superfícies, até mesmo em pequenas quan-
1. um domo ou cúpula de descarga; tias, pode criar um filme bom condutor de eletricidade.
2. uma coluna de apoio; Esse filme pode fazer um GVDG parar de funcionar. Carbono
3. dois roletes (superior e inferior); também é usado em plásticos e borrachas. Negro de fumo é fre-
4. dois pentes metálicos (superior e inferior); quentemente acrescentado para tornar a borracha mais resistente
5. uma correia transportadora; e ao ozônio e à deterioração ele confere à borracha sua cor preta e
6. uma base para alojar o motor elétrico, fixar a coluna e o pen- impede seu GVDG de funcionar. Carbono também é usado em mui-
te inferior. tos plásticos, pelas mesmas razões.
Quando alguém menciona um Van de Graaff, a primeira coisa
Faças e Não-Faças! em que as pessoas pensam, frequentemente, é o efeito de eriçar os
Antes de entrarmos nos detalhes e nas descrições, apresenta- cabelos. Embora isso não deixe de ser um experimento notável e
remos alguns faças e não-faças que foram dores de cabeça durante atrativo, há outros experimentos diferentes, muitos deles até mais
as construções de vários geradores de Van de Graaff. atrativos e esclarecedores, que podem ser feitos com a eletricidade
Alguns poderão parecer óbvios, outros não. Em todo caso, vale estática.
a pena citá-los. Antes dessa fase de experimentos, apresentaremos, neste pro-
jeto, as estruturas dos dois modelos básicos dos geradores de Van
de Graaff (GVDG).

Editora
366
366
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Daremos maior ênfase ao primeiro, que é o tipo auto excitado, (Se um motor com escovas de carvão for utilizado, o construtor
por ser ele o mais comum e, com certeza, aquele em que as pessoas deverá ter em mente que tal GVDG requererá limpezas mais fre-
pensam quando um GVDG é mencionado. quentes. Um pequeno ventilador de exaustão pode ser estrategica-
O gerador auto excitado trabalha segundo princípios do efeito mente montado para remover e afastar o pó de carvão da correia e
triboelétrico. Esse termo refere-se ao fenômeno que ocorre quan- do tubo suporte.)
do dois materiais diferentes estão bem juntos e então são puxados O autor já utilizou, com excelentes resultados, um motor de
para que se separem. máquina de costura, que é praticamente todo blindado. Além disso,
Todos nós já experimentamos esse efeito alguma vez. O melhor é dotado de um reostato (com discos de carvão), o qual permite
exemplo, um pelo qual a maioria certamente já passou (especial- controlar a velocidade de trabalho do motor. Esse tipo de reostato
mente em um dia seco e quente), é o que ocorre quando estamos para controlar a velocidade do motor é um tanto “primitivo” (se
caminhando sobre um piso atapetado e a seguir tocamos na ma- bem que perfeitamente adaptado ao fim a que se destina - máqui-
çaneta da porta ou em outro objeto metálico; ouvimos e sentimos na de costura). Ele foi substituído, mais tarde, por um dimmer com
uma pequena faísca saltar de nossos dedos. É comum ouvirmos TRIAC
essas crepitações ao tirarmos um vestuário de lã. Assim como os Os cilindros (roletes), junto com a correia, constituem o co-
sapatos são afastados do piso atapetado, as roupas puxadas para ração de um GVDG auto excitado. Como mencionamos anterior-
longe de outras roupas, todos os demais materiais diferentes, quan- mente, geradores eletrostáticos trabalham assentados no efeito
do separados, experimentam uma migração de elétrons de um para triboelétrico. A série triboelétrica (uma lista abreviada é fornecida a
outro, tornando-se ambos eletrizados. Esse é o resultado do efeito seguir) nada mais é que uma lista de materiais ordenados segundo
triboelétrico a eletrização que ocorre ao separarmos materiais di- a carga relativa que adquirem quando atritados (ou separados) dois
ferentes que estão bem juntos. Isso é exatamente o que acontece a dois. Os materiais mais comumente escolhidos para os cilindros
entre a correia de nosso GVDG e o rolete inferior, como veremos. estão nessa tabela.
O segundo tipo de gerador é o sistema bombeado, borrifado
ou ainda externamente excitado. Uma fonte de alimentação de alta mais ar Materiais que estão mais próximos
tensão deposita elétrons na correia móvel. Esses elétrons são trans- positivo vidro do extremo mais negativo, têm uma
portados até o domo de descarga. A forma física básica desses dois fibra sintética disposição por assumir uma carga
tipos são quase idênticas. Porém, não incluiremos muitas explica- lã elétrica negativa. Os materiais mais
ções ou desenhos para se construir esse tipo, porque a fonte de ten- chumbo próximos ao extremo mais positivo
são requerida é cara ou de difícil montagem para os alunos. Além alumínio tendem a assumir carga elétrica
disso, são fontes perigosas para um manuseio por pessoas inex- papel positiva. Idealmente, os materiais
perientes. No entanto, para quem “mexe” com eletrônica, como o da correia e do cilindro inferior
amigo Newton C. Braga, por exemplo, diretor técnico da revista Sa- neutro algodão
aço devem estar entre o mais afastados
ber Eletrônica, essas fontes são brinquedinhos de expelir elétrons! possível dessa lista, enquanto o
É possível construir um pequeno gerador com mínimas despe- madeira
borracha material do cilindro superior deve
sas, uma vez que suas partes podem ser obtidas no comércio ou estar na região dos neutros.
podem ser fabricadas. O modelo descrito é para um gerador com cobre
acetato Uma Nota em Relação à Polaridade
uma correia de 2 cm a 3,5 cm de largura, uma cúpula de descarga de um Van de Graaff
com cerca de 20 cm a 35 cm de diâmetro e algo entre 40 cm e 65 cm poliéster
poliuretano Para uma dada combinação rolete
de altura. O modelo baseia-se em GVDGs já construídos pelo autor, inferior-correia-rolete superior,
os quais funcionam em seus rendimentos máximos. polipropileno
vinil (PVC) a polaridade do domo do GVDG
Na descrição desse projeto não incluímos detalhes profundos fica determinada. Por exemplo, se
sobre certas partes. Por exemplo, não citaremos “use um motor silicone
a correia é de borracha, o rolete
da marca tal, modelo tal, número de série tal”. Do mesmo modo, mais teflon inferior é de plástico e o rolete
certas partes precisam ser fabricadas. Assim, optamos por expor negativo superior é de alumínio, o domo
as exigências gerais e dar ao construtor liberdade para obter, achar, ficará negativo. Usando o mesmo
mandar fazer, comprar, trocar etc. ou ele próprio fazer essas partes. desenho, porém colocando-se o
Praticamente todos os pequenos motores elétricos disponíveis rolete de plástico como superior e o
servirão para esse projeto. O autor já utilizou motor de toca-discos, de alumínio como inferior, o domo
de ventilador doméstico, de ventilador de computador, de máquina ficará positivo.
de costura etc. Como veremos oportunamente, aos poucos, fomos
eliminando aqueles que utilizam escovas de carvão. Os motores de
Para ver detalhes teóricos do conjunto roletes-correia, vento
indução são os eleitos, mas, talvez, seja difícil achar um com as es-
elétrico, fogo de Sant’Elmo, plasma etc., basta clicar no texto em
pecificações certas.
destaque: Roletes e Correia.
Tipicamente, o motor deve apresentar o seguinte:
Para um modelo didático, pequeno, os roletes podem ser cilín-
Velocidade: 2 000 rpm a 5 000 rpm : 1/10 HP a 1/4 HP.
dricos, com diâmetro ao redor dos 2,5 cm e algo como 3 cm a 4 cm
Tamanho do eixo: 1/4” a 3/8” de diâmetro x 1,25” a 1,5” de
de comprimento. Uma vez aberto o furo central nesses cilindros (no
comprimento livre.
diâmetro correto para passar os eixos), eles devem ser “coroados”.
Coroar um cilindro é fazer rebaixos nos extremos de maneira que
Montagem: base de fixação plana. Um motor com base de fixa-
a região central fique ligeiramente mais alta que as extremidades.
ção plana é preferível; caso contrário, deve-se recorrer a alças me-
tálicas, as quais podem dar algum trabalho extra.
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367
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Esse procedimento manterá a correia centrada sobre o rolete en- Um bom trabalho para exibição ao público exige boa aparência.
quanto ele funciona (a correia tende para a parte mais elevada). Recomendamos que tal tubo seja lixado externamente (lixa d’água)
Ilustremos isso: e, posteriormente, envernizado.

Escolha da Correia
Como mencionamos anteriormente, no item Faças e Não-Fa-
ças, evite, para a correia, as borrachas de cor preta. As borrachas
de cor preta têm maior possibilidade de conter “negro de fumo”,
carvão, carbono.
Um rebaixo de cerca de 4 graus em cada extremo (1/3) do ci- Quando selecionar um material, procure um que tenha uma
lindro é o bastante. Para esse serviço é recomendado o uso de um boa resistência ao ozônio. Durante a operação de um Van de Graaff,
torno. O cilindro preso por um longo parafuso a uma furadeira de ambas as descargas elétricas, as provenientes do globo e as das es-
bancada e um esmerado trabalho de lixa podem produzir excelen- covas, produzirão ozônio. Ozônio (O3) é muito corrosivo, mesmo em
tes “barriletes”. pequenas quantidades; pode causar ferrugem, e borrachas e plás-
ticos podem ser oxidados ou sofrerem apodrecimento. Neoprene é
muito bom para resistir ao ozônio e pode ser comprado da maioria
Há outros recursos para fazer
dos fornecedores de borracha. Além disso, pode ser achado na cor
cilindros simples. Um deles é utilizar
branca ou laranja claro, indicação de ausência de “negro de fumo”.
pedaços de canos plásticos usados
nas redes domésticas de distribuição
Espessura da Correia
de água e colar discos em suas
Que espessura uma correia deve ter? Uma boa regra é: quan-
extremidades.
to mais fina, melhor. A própria correia não precisa ser espessa; de
Nessa ilustração, o rolete inferior
fato, quanto mais espessa for a correia, mais ela tenderá a sair dos
foi recoberto com uma tira de pano
cilindros. Conforme a velocidade do gerador aumenta, maior é a
verde para mesas de snooker (feltro)
força centrípeta sobre a região da correia que passa acima do ro-
e fixado com cola tipo Super Bonder.
lete superior e abaixo do rolete inferior. Essa força tende a afastar
O rolete superior foi recoberto com
a correia do rolete, e a correia ficará instável em altas velocidades.
uma tira de alumínio autocolante
Vamos entender assim: quanto menor a massa da correia, menor
(tipo Contact).
será sua tendência de se afastar dos roletes. Para ver esse efeito
Repare que os discos laterais têm
com mais clareza, proceda assim: amarre uma arruela a um fio de
diâmetro pouco superior ao dos
linha e gire-a em círculos. O puxão que você sente no fio, sua tra-
canos, de modo a não permitir o
ção, tem praticamente a mesma intensidade que a força centrípeta
escape da correia. Entretanto, os
desenvolvida na arruela pela sua rotação; quanto mais rápido girar,
roletes tipo “barriletes” são os mais
maior será a força que tende a arrancar o fio de sua mão.
recomendados.

O rolete inferior girará solidário ao seu eixo (o eixo é colocado A espessura, o comprimento útil da correia
sob pressão), que é comandado pelo motor. O rolete superior pode entre os dois cilindros e a tração a que está
girar livremente sobre o seu eixo (rolete louco) ou, se o eixo for submetida são os fatores que irão comandar as
solidário ao rolete, é o eixo que girará livremente em seus mancais. vibrações estacionárias na correia. Se houver
A maioria dos modelos escolares de GVDG (fornecidos em for- ressonância entre a frequência fundamental
ma de kits) tem os dois roletes feitos de PVC (maciços, em forma (ou de algum harmônico) da correia e a rotação
de tarugos), sendo o inferior recoberto com feltro e o superior re- dos cilindros, a amplitude da onda estacionária
coberto com folha de alumínio autocolante; a correia é de borracha que se estabelece pode ser tal que a correia
de cor laranja. começará a bater na parede interna da coluna
Ao selecionar o material para a coluna de apoio, recomenda- de apoio. Se isso acontecer, as providências
mos o uso de um tubo de plástico rígido. PVC e acrílico parecem possíveis são: alterar a velocidade do motor,
ser os materiais preferidos pela maioria dos construtores. De modo alterar a tração na correia ou trocar a correia
geral, o tubo deve ter um diâmetro um pouco menor que o dobro por outra de massa diferente.
do comprimento dos cilindros. Por exemplo, se o cilindro tem 5 cm Como Montar a Correia
de comprimento, então o tubo deve ter um diâmetro de cerca de 10 Fazer uma correia não é realmente tão difícil
cm (tubo de 4 polegadas, nas medidas comerciais). como se poderia pensar. Com um pouco de
Para esse cilindro é melhor usar uma correia de 4 cm de largu- paciência, algumas lâminas de aparelho para
ra. 0,5 cm é uma boa espessura para a parede do tubo. Não esque- barbear --- tradicionalmente chamadas de
ça que o eixo do cilindro superior deve repousar em um entalhe giletes (há um termo em português para isso)
na boca desse tubo ou passar por orifícios praticados nele. Para --- ou facas com lâminas descartáveis e uma
sustentar esses cilindros, a força exercida pela borracha esticada, régua de aço podem ser feitas correias muito
o peso do domo e a espessura da parede do tubo são fatores im- boas.
portantes. A fixação do domo nessa coluna é um assunto delicado,
como veremos mais adiante.
Editora
368
368
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

A primeira coisa para lembrar é que a tira de borracha deve ser Primeiro coloque a tira de borracha
retangular (lados perfeitamente paralelos). (cortada com régua de aço e faca de
Uma vez cortada a tira retangular, resta saber que comprimen- lâmina descartável ou gilete), com
to precisa ter. comprimento em excesso, sobre
Obtido o comprimento final da correia, seus extremos devem uma superfície plana (fig.1). A seguir
ser colados. dobre um extremo da correia para
Não há uma fórmula exata para determinar o máximo compri- sua região central e então dobre o
mento que a correia deverá ter. outro extremo para o mesmo lugar
A elasticidade da borracha, o comprimento global da monta- (fig.2). Isso lhe dará duas camadas
gem roletes-coluna, de modo geral, é que determinará o compri- de correia com os extremos que se
mento da correia acabada. encontram no meio. Superponha
Uma regra básica é: a correia acabada (extremos já colados) os dois extremos (cerca de 2 cm)
deve ter um comprimento entre 2/3 e 3/4 da distância entre os cen- de forma a ter três camadas de
tros dos roletes postos em seus devidos lugares. borracha superpostas na região
Por exemplo: se a distância de centro a centro dos roletes é de 60 central (fig.3). Deslize um pedaço
cm, então 3/4 desse comprimento equivalem a 45 cm (60 x 0,75 = 45). de material resistente debaixo dos
Se o material da correia é muito fácil de esticar (pequena cons- dois extremos superpostos; assim,
tante de elasticidade), então 2/3 serão o recomendável (60 x 0,66 quando os extremos forem cortados,
= 40). a lâmina não atingirá a terceira
Apesar dessas referências, ainda resta a experimentação. De- camada de borracha (fig.4). Usando
pois da correia acabada, instalada nos roletes, motor funcionando, a lâmina nova e a régua de aço posta
se a correia tende a flutuar nos cilindros, então ela precisa ser en- perpendicularmente aos bordos,
curtada. efetue o corte. As extremidades
De experiência própria, é mais fácil encurtar uma correia do resultarão em perfeita coincidência,
que perder material para fazer outra ¾ assim, é melhor manter o prontas para a colagem final (fig.5).
erro para o excesso a tentar prever o tamanho final.
A segunda coisa é que, quando os extremos da correia são cor-
Retire o pedaço de material resistente e coloque em seu lugar
tados, eles devem resultar perpendiculares aos bordos.
um pedaço de fita adesiva dupla face. Uma face gruda na borracha
Há um método simples para cortar e colar uma correia: antes
debaixo e na superfície plana (e serve de apoio) e a outra face re-
de decidir pelo comprimento final, é melhor praticar com restos de
ceberá os extremos a serem colados. Deixe apenas uma das extre-
borracha (mesmo que sejam emendados com Super Bonder).
midades presa na fita adesiva, passe uma fina camada de cola de
Pratique, também, o uso da cola de secagem rápida (Super
cianoacrilato (Super Bonder, marca registrada da Loctite Corp.) na
Bonder ou equivalente) para unir os extremos da fita. Vejamos a
extremidade livre e a ajuste com todo capricho junto à outra extre-
técnica de colagem.
midade presa à fita adesiva. Agora a fita adesiva manterá tudo no
lugar até a secagem final da cola.
Após tudo isso teremos uma fita contínua, de espessura unifor-
me, em forma de loop.

Teste: enfie um lápis dentro do loop para manter a fita na ver-


tical. Verifique se não ocorrem dobras e se há paralelismo entre as
duas partes.

Nota: a superposição das extremidades “retas” da correia, na


colagem, produzirá o inevitável “ploc-ploc-ploc”, cada vez que a emen-
da descontínua passar pelos cilindros. Se a superposição for inevitável
(quando a cola não está segurando devidamente), o recomendado é
cortar as extremidades da correia em ângulo de 45o ou 60o.

Isso permitirá uma passagem mais suave pelos roletes.


Nessas situações, a cola recomendada é a utilizada nos conser-
tos de câmaras de pneus de bicicleta.
O gerador de Van de Graaff tem duas escovas virtuais para
transferência de cargas. A palavra “escovas” seria melhor substituí-
da por “pontas”, uma vez que, quando se fala em escova, há exata
ideia de algo que entra em contato com outro corpo.
Nossas escovas não tocarão na correia, fisicamente, daí o ad-
jetivo virtuais.
As escovas dos motores universais são realmente escovas, pois
estão em permanente contato com o anel de terminais do rotor.
Editora
369
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Manteremos as palavras “escovas virtuais” por comodidade de É constituída por duas


expressão e viva a língua portuguesa! superfícies hemisféricas
(calotas esféricas) que se
A primeira fica localizada ajustam perfeitamente devido
na base, sob o rolete a encaixes trabalhados nas
inferior e próxima à bordas. Esses hemisférios
face externa da correia. podem ser feitos com chapas
A segunda escova fica de alumínio com 1 mm ou 1,5
localizada sobre o cilindro mm de espessura, repuxadas
superior e próxima à face num torno para adquirirem a
externa da correia. forma de hemisférios; trabalho
O melhor material para muito parecido com os repuxos
fazer as escovas é a tela para fazer cúpulas de lustres, de
de metal, aquela usada lâmpadas de quintal etc.
em telas de janelas. A parte inferior, que é fixada no
Basicamente, as escovas alto da coluna de apoio, tem
têm a mesma largura uma gola voltada para dentro.
da correia. Depois que Isso facilita todo o trabalho de
o material é cortado fixação com parafusos metálicos
na largura indicada, e arruelas de borracha (que
repique com uma tesoura minimizam as vibrações). Aqui
várias camadas dos fios os parafusos podem ser usados
horizontais; isso deixará por ficarem dentro do globo.
pontas (farpas) de maior Eis a ilustração da cúpula ideal.
comprimento voltadas
para a correia. Monte Se uma cúpula de descarga especificamente projetada não está dispo-
as escovas bem próximo nível, então outras cúpulas alternativas poderão ser construídas. O recurso
à correia, mas sem usado pelo autor em uma de suas montagens é o apresentado a seguir.
tocarem nela. A escova
inferior deve ser ligada
Consiga duas taças esportivas com
eletricamente à terra
diâmetro superior a 20 cm. Elas são,
(condutor aterrado). Se
em geral, confeccionadas em latão,
usar um cordão de força
anodizadas ou niqueladas. Retire-as do
de três fios para o motor
suporte. Você terá duas calotas esféri-
(plugue de 3 pinos - um
cas, cada uma com um orifício de cerca
dos pinos é a terra da
de 4 mm no vértice. Feche um desses
residência), essa escova
orifícios com um arrebite de cabeça
deve ser ligada ao fio-
larga, limando e lixando cuidadosamen-
terra do cordão.
te (para não riscar a calota), de modo a
deixá-lo quase como parte integrante
A escova superior deve ser ligada, elétrica e internamente, ao da calota. Essa será a calota superior.
domo de descarga. O espaçamento das escovas deve ser ajustado Na outra calota, que será a inferior,
com o motor girando --- deverá existir um espaço de ar entre as deve ser praticado um grande orifício
pontas das escovas e a superfície externa da correia. O “segredo” (com ferramenta adequada), por onde
do porquê um GVDG consegue acumular boa quantidade de cargas passará justo o tubo de suporte do
elétricas e atingir altíssimos potenciais está no modo como a carga GVDG. Procure não deixar qualquer re-
é colocada na cúpula. Na parte construtiva, a cúpula ou domo barba de material nesse corte. Arredon-
de descarga ideal para o GVDG requer trabalho de torno e repuxo. de as bordas com lixa. Use cantoneiras
É serviço de profissional. em L para fixar o tubo suporte nessa
calota inferior. Os arrebites tipo pop são
os indicados.

Para minimizar o poder das pontas nas bordas desse orifício, o


autor adaptou uma argola de alumínio maciço (não recordamos se
foi proveniente de uma pulseira ou de um puxador de cortinas) de
diâmetro interno igual ao diâmetro externo do tubo.
De início, nas primeiras experimentações, a calota superior foi
simplesmente apoiada na inferior e fixada com fita isolante. Mais
tarde, com o auxílio de um amigo torneiro, foi feito um perfeito
Editora
370
370
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

trabalho de encaixe nos dois hemisférios. Ele retirou o material em perfeito alinhamento, a correia tenderá a deslizar para um de seus
excesso nas duas bordas (havia uma espécie de bainha saliente), extremos. As coroas dos roletes tentarão minimizar esse efeito, mas
rebaixou ligeiramente uma das bordas e repuxou a outra. Ficou ex- tudo tem seus limites...
celente.
Reunindo as Partes
Agora que todos os componentes foram descritos, é hora de
reuni-los.

Comecemos pelo
motor e rolete
inferior. O rolete
pode ser fixado
diretamente, sob
pressão, ao eixo do
motor (se ele for
suficientemente
comprido) ou ter
um eixo próprio,
sendo então adap-
tado ao eixo do
motor por meio de
um pequeno peda-
ço de tubo plástico
flexível, conforme
ilustramos.
Dependendo do motor (rotação, por exemplo), alguns monta- O próximo passo é a colocação da correia. Passe-a por baixo do
dores preferem adaptar polias aos dois eixos e acoplá-las com cor- rolete inferior, segurando a montagem toda; estique-a para cima
reia de máquinas de costura. O tubo de sustentação deve ter próxi- (pode-se usar uma alça de barbante para isso); deslize o rolete su-
mo à sua base um furo que permita a introdução desse rolete. Essa perior para o seu devido lugar e deixe assentar. Confira bem esse
montagem admite alterações. O importante é que fique tudo muito assentamento e o alinhamento da correia. Gire a correia com a mão
bem alinhado e isento de vibrações durante o funcionamento. e observe se trabalha corretamente. Se, até aqui, tudo estiver em
O conjunto rolete + eixo + tubo plástico deve ser removido ordem, pode-se ligar o motor em baixa rotação.
por permitir a colocação da correia. Dentre os materiais da série Repare em tudo. Já deve ser percebida a presença de um cam-
triboelétrica, optamos pelo PVC para a confecção dos dois roletes po eletrostático ao redor da coluna de sustentação (notadamente
e recobrimos o inferior com uma tira de feltro, sem superposição, pelos pelinhos do braço que ficam eriçados). Se a correia não tracio-
fixada com Super Bonder. na corretamente, ajuste os apoios do rolete superior até que tudo
O material mais simples para a base e demais apoios (motor, fique em ordem.
escova e controle de velocidade), onde tudo foi fixado, é a madeira Se a correia se comporta bem da velocidade mínima até a máxi-
envernizada. Os critérios para eles são: (a) onde a coluna de sus- ma (pois está em perfeito alinhamento), é hora de colocar a escova
tentação será fixada; (b) onde o suporte da escova será montado; superior (lembre-se de que ela deve estar eletricamente ligada à
(c) onde ficará o motor e seu controle de velocidade. Tudo deve ser cúpula) e fechar o globo. Para impedir a queda da metade superior
pensado visando a um modo fácil de substituir componentes ava- do domo, no caso de simples ajuste de um sobre o outro, passe uma
riados e à limpeza de tubo e correia de tempo em tempo. fita isolante para fixá-lo. O GVDG está pronto para ser testado.
O desenho geral do GVDG é que ditará quão robusto o tubo e a
base devem ser. A coluna de sustentação para um pequeno gerador Antes de ligar o aparelho completo pela
pode ser fixada na base com chapinhas metálicas em ângulo reto primeira vez é conveniente preparar um
ou braçadeiras convenientes, mas um maior precisará de um layout centelhador para receber as faíscas. Ele
mais elaborado. Uma vez fixada a coluna, verifique se o rolete ficou servirá para testar distâncias de faisca-
bem posicionado no centro do tubo. mento, assim como descarregar o globo
A seguir, instale o rolete superior. O desenho do rolete superior entre experimentações e testes. Pode ser
é que ditará como ele será montado na coluna. A montagem mais feito com uma vareta plástica, com uma
simples é cortar duas aberturas pequenas no topo do tubo para o esfera metálica na ponta e um longo fio
eixo do cilindro descansar nelas. Duas arruelas elásticas ou dois pi- ligado na base do aparelho (no fio-terra).
nos enfiados em orifícios nas extremidades desse eixo impedirão
que o cilindro deslize para fora das aberturas na coluna. Fique aten-
to à montagem dos roletes quando tudo estiver pronto, verifique
se estão alinhados na vertical e paralelos entre si. Se não houver

Editora
371
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

CAPACITORES Um capacitor carregado armazena energia potencial elétrica (


Ep ) a qual é dada por:
CAPACITÂNCIA E ENERGIA
Capacitores são dispositivos cuja a função é armazenar cargas
elétricas. São formados por dois condutores situados próximos um Ep=
do outro, mas separados por um meio isolante, que pode ser o vá-
cuo. Ligando - se os condutores aos terminais de um gerador (Fig. (II)
1), eles ficam eletrizados com cargas + Q e -Q . Exemplo
Um capacitor de capacitância C = 2,0 p F, foi ligado aos termi-
nais de uma bateria que mantém entre seus terminais uma diferen-
ça de potencial U = 12V. Calcule:
A) a carga do capacitor
B) a energia armazenada no capacitor:

Resolução

Os dois condutores são chamados de armaduras do capacitor e


o módulo da carga que há em cada armadura é chamado de carga
do capacitor.

Os tipos de capacitores são:


1. capacitor plano (Fig.2a) formado por duas placas condutoras
paralelas.
2. capacitor esférico ( Fig.2b) formado por duas cascas esféricas
concêntricas.

A) Pela definição de capacitância temos:

Q = C. U = ( 2,0 p F ) ( 12V ) =
= ( 2,0 . 10-12 F ) ( 12V ) =
= 24. 10-12 coulomb.
Q = 24 . 10-12 C = 24 pC

3. capacitor cilíndrico (Fig.2c) formado por duas cascas concên- B) Ep =


tricas. = 144 . 10-12 = 1,44 . 10-10
Qualquer que seja o tipo de capacitor, nos esquemas de circui- Ep = 1,44.10-10 J
to ele é representado por um símbolo da Fig.3.
Exemplo
No circuito esquematizado ao lado há um capacitor

Verifica - se que há uma proporcionalidade entre a carga (Q)


do capacitor e a diferença de potencial (U) entre suas armaduras:
Q = C . U ou C =Q ( I )
U

A constante de proporcionalidade C é denominada capacitân-


cia do capacitor e sua unidade no Sistema Internacional é o farad,
Calcule sua carga.
cujo símbolo é F.
Verifica - se que a capacitância de um capacitor depende ape-
Resolução
nas da geometria das armaduras ( forma, tamanho e posição relati-
Pelo capacitor não passa corrente elétrica. No entanto ele está
va ) e do isolante que há entre elas.
submetido a uma diferença de potencial que é a mesma que existe
entre os potos X e Y.

Editora
372
372
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Os resistores do circuito estão em série e sua resistência equi- Qualquer outro isolante tem uma permissividade ( E ) maior
valente é: que a do vácuo ( E0 ). Define-se então a permissividade relativa ( ou
constante dielétrica ) do meio por:
A permissividade está relacionada com a constante k da Lei de
Coulomb por meio da equação:

Exemplo
R = 3,0 + 2,0 + 4,0 = 9,0 Um capacitor plano é formado por placas de área A = 36.10-4m2
Assim: 54 = ( 9,0 ) . i i = 6,0A separadas por uma distância d = 18.10-3m, sendo o vácuo o meio
entre as placas as quais estão ligadas a um gerador que mantém
A diferença de potencial entre X e Y é dada por: entre seus terminais uma tensão U = 40V. Sabendo que a permissi-
Uxy = ( 2,0 ) (6,0 A) = 12 V vidade do vácuo é E0 = 8,85.10-12 F/m, calcule:

Portanto a carga Q do capacitor é dada por:


Q = C . Uxy = (5,0 F) (12 V) = (5,0 . 10-6 F) (12V) =
= 60 . 10-6 coulomb = 60 C
Q = 60 C
Observação: Os capacitores são também chamados de conden-
sadores.

CAPACITOR PLANO
Consideremos um capacitor plano cujas placas têm área A e A) a capacitância desse capacitor
estão separadas por uma distância d ( Fig.4) B) a carga do capacitor
C) a intensidade do campo elétrico entre as placas

Resolução
A)

= 1,77.10-¡²
Pode - se demostrar que a capacitância desse capacitor é dada C = 1,77 . 10-12F
por: B) Q = C .V = (1,77 . 10-12F) (40 V) = 7,08 . 10-11C
C = EA ( III ) de onde a constante E depende do meio isolante Q = 7,08 . 10-11C
(dielétrico) que existe entre as placas e é chamada permissividade
do meio. Da equação III tiramos: C) No capítulo de campo elétrico vimos que entre duas placas
E = Cd paralelas, uniformemente carregadas com cargas de sinais opostos,
A há um campo elétrico aproximadamente uniforme. Ao estudarmos
o potencial vimos que para um campo uniforme temos:
U = E.d
Portanto:
Assim, no Sistema Internacional temos:
A permissividade do vácuo é:
E0 = 8,85.10-12 F/m

E
2,2 . 103 V / m

Editora
373
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES ou
Na Fig.5 representamos três capacitores associados de modo
que a armadura negativa de um deles está ligada à armadura positi-
va do seguinte. Dizemos que eles estão associados em série. (IX)

ENERGIA ARMAZENADA EM CAPACITORES


Na Fig.7 representamos três capacitores associados em parale-
lo, isto é, os três estão submetidos à mesma tensão U.

Na Fig.8 representamos um único capacitor, de capacitância CE


Numa associação em série, os capacitores têm a mesma carga. que é equivalente à associação, isto é, submetido à mesma tensão
Na Fig.6 representamos um único capacitor, de capacitância CE, U, apresenta a mesma carga total Q:
que é equivalente à associação dada, isto é, sob a mesma tensão Q = Q1 + Q2 + Q3 (X)
total U, tem a mesma carga Q. Mas: Q = CE.U, Q1 = C1.U, Q2 = C2.U, Q3= C3.U
U = U1 + U2 + U3 ( VI ) Substituindo em X:
Mas: CE.U = C1.U + C2.U + C3.U
ou:
CE = C 1 + C 2 + C 3

CIRCUITOS ELÉTRICOS
Substituindo em VI:
CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA E ALTERNADA

ou

(VII)
A equação anterior pode ser generalizada para um número Uma corrente elétrica produz magnetismo. O efeito contrário é
qualquer de capacitores em série. possível? O físico inglês Michael Faraday demonstrou que sim. Em
Quando há apenas dois capacitores em série temos: determinadas condições, um campo magnético gera corrente elé-
trica: ele ligou uma bobina a um amperímetro e, ao introduzir ra-
pidamente um ímã na bobina, o amperímetro assinalava passagem
de corrente. É a indução eletromagnética. Um ímã em movimento
gera uma corrente elétrica em um fio condutor: é a corrente indu-
Ou zida. Se em vez de introduzir o ímã o retirarmos, a corrente assume
o sentido inverso. Se aproximarmos ou afastarmos a bobina em vez
do ímã, o resultado será idêntico. A aplicação mais importante da
indução é a produção de corrente elétrica. Se fizermos girar a espira
no interior do campo magnético do ímã, produz-se uma corrente
(VIII) induzida.
Se forem n capacitores iguais, associados em série teremos Conforme a figura, a cada meia-volta da espira, a corrente
muda de sentido: é uma corrente alternada. Os alternadores, com-
ponentes do sistema elétrico dos carros, são geradores de corrente
alternada. Funcionam com base na descoberta de Faraday. Modi-
n parcelas
ficações na montagem dos coletores e escovas (contatos entre a

Editora
374
374
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

espira móvel e o circuito no qual vai circular a corrente induzida) I = Q / t. O instrumento para medir intensidades denomina-se am-
podem originar os geradores de corrente contínua, como são os dí- perímetro. A unidade de intensidade de corrente elétrica, no SI, é o
namos das bicicletas ampère (A) e se define como o quociente entre a unidade de carga,
o coulomb (C), e a de tempo, o segundo (s). Então:

1A=1C/1s
Sentido da corrente elétrica
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé-
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma
convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé-
trica é o contrário do movimento dos elétrons.
Corrente elétrica
Para verificar se um objeto está ou não carregado eletricamen- Então:
te, utiliza-se o eletroscópio. Ocorre um deslocamento de cargas
para as lâminas do eletroscópio. Esse movimento de cargas, o des-
locamento, é transitório, pois cessa assim que as lâminas se carre- O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do
gam negativamente. Chamamos de corrente elétrica o movimento polo positivo ao negativo através do condutor, isto é, o contrá-
de cargas elétricas através de um condutor. O deslocamento acon- rio ao movimento dos elétrons.
tece porque, entre a barra e as lâminas, existe uma diferença de
estado eletrônico que põe as cargas em movimento. Para que ele
seja contínuo é preciso manter esse desnível eletrônico, chamado
diferença de potencial ou tensão. O elemento encarregado de man-
ter essa diferença chama-se gerador elétrico.

Polo positivo = maior potencial


Polo negativo = menor potencial
Uma pilha ou uma bateria de carro são geradores de corrente
elétrica. A diferença de potencial é medida em volts (V) e o instru-
mento que pode medi-la chama-se voltímetro. Podemos imaginar a
diferença de potencial como se fosse a diferença dos níveis de água
em potes interligados. Se houver diferença de nível, haverá transfe-
rência de água graças à força da gravidade. Se não houver diferença
de nível, para haver transferência será preciso uma bomba hidráu-
lica. Um gerador realiza a mesma função que a bomba hidráulica.
Além disso, as cargas precisam de um meio por onde circular. Os
materiais que permitem o deslocamento por seu interior são os
condutores, como os metais em geral. Se um material dificulta esse
deslocamento, chama-se isolante ou dielétrico, como o ar, o papel,
o vidro, a seda ou o plástico. A corrente elétrica pode ser contínua,
caso em que as cargas se deslocam sempre num sentido, ou alter- CIRCUITOS DE CORRENTE CONTINUA
nada, quando as cargas mudam constantemente de sentido. Todo circuito elétrico deve ter quatro elementos básicos: gera-
dor, condutor, receptor e interruptor.
Intensidade de corrente elétrica
GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA
O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia
elétrica.
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí-
mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for-
Quando as cargas circulam por um condutor, elas podem se necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare-
deslocar em maior ou menor velocidade. O ritmo com que as cargas lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
circulam por uma seção do condutor é expresso por uma grandeza funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
chamada intensidade de corrente. Assim, a intensidade de corrente a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os dos
é o valor da carga que atravessa a seção de um condutor a cada carros, que fornecem corrente contínua. Os alternadores são ge-
segundo. É representada por I e matematicamente sua equação é:
Editora
375
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

radores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas Exemplo de ligação em série
ou nucleares, os alternadores transformam a energia potencial da
água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.

Exemplo de ligação em paralelo

Resistência de um condutor
A resistência elétrica mede a dificuldade que os elétrons en-
contram ao se deslocarem por um condutor. Os materiais condu-
tores apresentam pequena resistência elétrica. Os dielétricos, ou
isolantes, apresentam grande resistência elétrica. Está provado
que, ao colocar vários condutores entre dois pontos de potenciais
diferentes, a resistência (R) vai depender do comprimento do con-
Condutor
dutor (L), da superfície de sua seção transversal (s) e do material de
O condutor é o meio pelo qual as cargas se deslocam. O mais
que é feito. Então, quanto maior o fio, maior a resistência elétrica.
usado, por seu preço e baixa resistividade, é o cobre.
Se dois condutores de mesmo material e comprimento tiverem se-
ção transversal diferente, o de menor seção vai apresentar maior
Receptor
resistência. Se a única diferença for o material do condutor, cada
O receptor transforma a energia elétrica em outras formas de
substância apresentará uma resistência distinta, devido à sua resis-
energia. O desenho pode ser simples ou complexo: uma lâmpada
tividade. Deduz-se que a resistência de um condutor é diretamente
ou um motor elétrico. Os que transformam energia elétrica em ca-
proporcional à sua resistividade e comprimento, e inversamente
lor são representados esquematicamente como resistores.
proporcional à sua seção transversal. Então: R = L / S. A resistivida-
de é definida como a resistência de um condutor de um metro de
Interruptor
comprimento e um metro quadrado de seção transversal.
O interruptor é a chave situada no condutor que permite ou
= unidade de medida de resistência elétrica (lê-se ohm)
impede a passagem de cargas. Se permite, diz-se que o circuito está
” m = unidade de resistividade
fechado, caso contrário, está aberto.
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Montagem dos elementos de um circuito
O circuito mais simples contém apenas um resistor. Na prática,
Os elementos de um circuito podem ser montados basicamen-
porém, há situações mais complicadas em que aparecem vários re-
te de duas formas diferentes: com ligação em paralelo ou em série.
sistores associados. Nesses casos, é preciso calcular o valor de uma
No caso dos elementos de circuito que apresentam polaridade (ge-
única resistência equivalente (Req) da associação que tenha a mes-
radores, por exemplo), quando se ligam os polos negativos entre si
ma função de todas as outras sem alterar as condições do circuito.
e, da mesma forma, todos os polos positivos, temos uma ligação
em paralelo. A ligação em série ocorre quando o polo negativo de
RESISTORES E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
um elemento é ligado ao polo positivo de outro, e assim sucessi-
vamente. No caso das lâmpadas, que não apresentam polaridade,
Resistores em série
oriente-se pelas figuras e preste atenção: quando elas estão ligadas
em série, como os enfeites numa árvore de Natal, e uma delas se
queima ou desenrosca, deixa de passar corrente pelo circuito e to-
das apagam. Se a ligação é em paralelo, como nas lâmpadas de uma
casa, e uma delas falha, as demais continuam funcionando.
Na ilustração à direita, pelos resistores Rs, R2 e R3 circula a
mesma intensidade de corrente I. A diferença de potencial entre
as extremidades do gerador é a soma das diferenças de potenciais
existentes em cada resistor:
Vad = Vab + Vbc + Vcd
Pela lei de Ohm:
Vab = R1 “ I, Vbc = R2 “ I e Vcd = R3 “ I.
Portanto, podemos escrever que
Vad = R1 “ I + R2 “ I + R3 “ I = (R1 + R2 + R3) “ I = Req “ I.

Editora
376
376
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Logo, a resistência equivalente a um conjunto de resistores em P = / t. Se dividirmos pelo tempo todos os valores obtidos para
série é a soma das resistências de todos eles. o cálculo do trabalho, obteremos expressões que permitem calcular
a potência:
Req = R1 + R2 + R3
P = Vab “ I = R “ I2 = Vab²/R

A potência elétrica é medida no SI em Watts (W), unidade de-


finida como o quociente entre 1 joule e 1 segundo: 1 W = 1 J /1 s.
Outra unidade muito utilizada é o quiloWatt (kW), que equivale a
1.000 W. Da definição de potência deduz-se que = P “ t, e pode-se
calcular o trabalho ou energia como o produto da potência pelo
tempo. Se expressarmos a potência em kW e o tempo em horas,
a unidade de energia que obteremos será o quiloWatt-hora (kWh),
definido como a energia gerada ou consumida quando se usa uma
Resistores em paralelo
potência de um quiloWatt durante uma hora. Nas contas de luz,
Na ilustração à esquerda existe a mesma diferença de potencial
pagamos pelos quilowatt-hora consumidos.
entre as extremidades de cada um dos resistores e as extremidades
do gerador, Vab. A intensidade total I se repartirá em I1, I2 e I3, de
Efeito Joule
modo que I = I1 + I2 + I3. Ao aplicar a lei de Ohm para calcular os
Quando a corrente elétrica atravessa um circuito, seus elementos
valores das intensidades, teremos:
se aquecem. É o chamado efeito calorífico da corrente elétrica.
I1 = Vab / R1, I2 = Vab / R2 e I3 = Vab / R3 e I = Vab / Req. Por-
Isto se deve ao fato de os elétrons que circulam pelo condutor
tanto,
chocarem-se com as estruturas fixas do material. Com isso, parte
Vab / Req = Vab / R1 + Vab / R2 + Vab / R3.
de sua energia cinética se transforma em energia térmica, liberada
na forma de calor. O fenômeno pelo qual a energia cinética se
Assim, numa associação de resistores em paralelo, o inverso da
transforma em calor num condutor chama-se Efeito Joule. A partir
resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistências,
da expressão de energia obtida anteriormente, = R “ I2 “ t, po-
que matematicamente é:
demos calcular a energia calorífica transformada. Tradicionalmen-
te, o calor é medido numa unidade chamada caloria. Levando-se
1 / Req = 1 / R1 + 1 / R2 + 1 / R3 em conta que 1 joule = 0,24 calorias, pode-se calcular (em calorias)
o calor desprendido pelo Efeito Joule:

Q = 0,24 “ R “ I2 “ t
LEI DE OHM
O fluxo ordenado de cargas elétricas através de um material,
ativado pela aplicação de uma diferença de potencial, é limitado
pela estrutura interna do mesmo.
Antes de derivar a expressão que relaciona resistência elétri-
ca e parâmetros físicos, talvez seja conveniente explorar um pouco
mais a analogia existente entre os sistemas mecânicos e os circuitos
elétricos.
Considere-se então uma massa em queda sob a ação de um
Energia elétrica campo gravitacional constante, num primeiro caso num espaço sem
Para calcular o valor da energia elétrica, ou do trabalho sobre atmosfera e num segundo num espaço com atmosfera. Admita-se
as cargas do condutor é preciso levar em conta que a diferença de ainda que inicialmente o corpo se encontra a uma altitude h, isto é,
potencial é o trabalho realizado por unidade de carga: que possui uma energia potencial EP-ini=mgh e uma energia cinética
Vab = / Q. Portanto, o valor do trabalho será: = Q “ Vab. Esta ex- EC-ini=0. Nestas condições, a força atuante sobre a massa é F=mg, a
pressão significa que a energia ou trabalho cedido por um gerador intensidade do campo gravítico é E=g e, já agora, a diferença de po-
é o produto da diferença de potencial entre seus polos multiplicada tencial gravítico é V=gh. A força e o campo são constantes ao longo
pela carga que circula. Se recordarmos que uma corrente elétrica se de toda a trajetória do corpo, sendo o potencial gravítico tanto mais
caracteriza por sua intensidade I = Q / t, de onde Q = I “ t, obteremos elevado quanto maior for a altitude inicial do corpo. Ao longo da
= Vab “ I “ t. queda, o corpo troca energia potencial por energia cinética. A tro-
A energia elétrica pode ser expressa também em função da ca entre energias verifica a relação em que xe v definem a posição
resistência. Levando em conta que pela lei de Ohm Vab = R “ I, po- e a velocidade entretanto adquiridas pelo corpo. A velocidade do
demos transformar a expressão e teremos = R “ I2 “ t. Também po-
demos escrever a Lei de Ohm como I = Vab²/R “ t. corpo é expressa por m/s, metro por segundo admi-
tindo naturalmente que se verifica sempre v<<c, em que c define a
Potência elétrica
velocidade da luz.
Define-se como o quociente entre o trabalho elétrico realizado
e o tempo empregado para realizá-lo:
Editora
377
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

No espaço sem atmosfera o corpo atinge a velocidade máxima


para x=h, ou seja, quando EP=0.

No caso em que o corpo se move num espaço com atmosfe-


ra, portanto com atrito, a troca de energia potencial por energia
cinética faz-se com perdas. Outra consequência da força de atrito
é o fato de, a partir de um determinado instante, o corpo se des-
locar com uma velocidade constante, designada velocidade limite.
A partir desse instante efetua-se uma troca integral entre energia a qual, tendo em conta a relação (3.7), permite escrever em que
potencial e calor, e o ritmo de troca de energia na unidade de tem- S/m, siemens por metro se designa condutividade
po é constante. Considere-se agora o circuito elétrico representado elétrica do material, ou ainda em que S, siemens
na Figura 3.1. se diz condutância elétrica do condutor. Expressando a tensão em
função da corrente, obtém-se e W.m, ohm-metro se
designa por resistividade elétrica do material e W, ohm por
resistência elétrica do condutor. As expressões acima são indistin-
tamente designadas por Lei de Ohm.
De acordo com a expressão (3.16), a resistência elétrica de um
condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, e inver-
samente proporcional à sua secção, à densidade e à mobilidade das
Figura 3.1 Resistência elétrica cargas elétricas livres existentes no seu seio. Na Figura 3.3 ilustram-
-se alguns casos da relação existente entre a resistência elétrica e o
Admita-se que a diferença de potencial aos terminais da bate- comprimento, a secção e a resistividade, enquanto na Tabela 3.1 se
ria é V e que a intensidade do campo elétrico ao longo do fio apresentam os valores da resistividade elétrica de alguns materiais
condutor é constante condutores, semicondutores e isoladores, medidos à temperatura
de referência de 20 ºC.
Tal como o corpo em queda livre, as cargas negativas perdem
energia potencial ao dirigirem-se do terminal negativo para o ter-
minal positivo da bateria (energia convertida em energia cinética e
calor). As cargas elétricas atravessam o fio condutor com uma velo-
cidade constante, basicamente fixada no valor médio das velocida-
des atingidas nos intervalos entre colisões com os átomos.
Admita-se que o material é caracterizado por uma densidade
de eletrões livres por unidade de volume,
n = número de eletrões por metro cúbico ou que a densidade
de carga livre por metro cúbico é q=ne (valor absoluto). Por exem- Figura 3.3 Resistência elétrica de fios condutores com compri-
plo, os materiais condutores são caracterizados por possuírem uma mentos, secções e resistividades variadas
elevada densidade de eletrões livres, que lhes permite suportar o
mecanismo da condução elétrica, ao passo que os materiais iso-
ladores são caracterizados por valores bastante reduzidos deste MATERIAL RESISTIVIDADE 20ºC)
mesmo parâmetro. Por outro lado, cada par material-tipo de carga prata 1.645*10-8 W.m
caracteriza-se por uma relação velocidade-campo
cobre 1.723*10-8 W.m
ouro 2.443*10-8 W.m
alumínio 2.825*10-8 W.m
em que m se designa por mobilidade das cargas em tungsténio 5.485*10-8 W.m
questão. Este parâmetro é em geral uma função do tipo de carga, níquel 7.811*10-8 W.m
da temperatura e do tipo de material. A quantidade de carga que
na unidade de tempo atravessa a superfície perpendicular ao fluxo ferro 1.229*10-7 W.m
é (Figura 3.2) constantan 4.899*10-7 W.m
nicrómio 9.972*10-7 W.m
carbono 3.5*10-5 W.m
silício 2.3*103 W.m
polystirene ~ 1016 W.m

Editora
378
378
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Tabela 3.1 Resistividade elétrica de diversos materiais conduto- Super Condutores


res, semicondutores e isoladores (a 20 ºC) Fenômeno físico apresentado por certas substâncias, como
metais ou cerâmicas especiais, caracterizado pela diminuição da re-
A Lei de Ohm permite três interpretações distintas: sistência elétrica em temperaturas muito baixas. Com isso a corren-
(i) para uma determinada tensão aplicada, a corrente é inversa- te elétrica pode fluir pelo material sem perda de energia.
mente proporcional à resistência elétrica do elemento; Histórico: Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso
(ii) para uma determinada corrente aplicada, a tensão desen- mais eficiente da energia elétrica. O fenômeno surge após determi-
volvida aos terminais do elemento é proporcional à resistência; nada temperatura de transição, que varia de acordo com o material
(iii) a resistência de um elemento é dada pelo cociente entre a utilizado. O holandês Heike Kamerlingh-Onnes fez a demonstração
tensão e a corrente aos seus terminais. da supercondutividade na Universidade de Leiden, em 1911. Para
produzir a temperatura necessária, usou hélio líquido. O material
Por exemplo, no caso dos circuitos representados na Figura 3.4 foi mercúrio, abaixo de -268,8º C. Até 1986, a temperatura mais ele-
verifica-se que em (b) a corrente na resistência é dada por I=V/R=5 vada em que um material se comportara como supercondutor foi
A, que em (c) a tensão aos terminais da resistência é V=RI=5 V e que apresentada por um composto de germânio-nióbio; temperatura
em (d) o valor da resistência é R=V/I=10 W. de transição: -249,8º C. Para isso também fora usado hélio líquido,
material caro e pouco eficiente, o que impede seu uso em tecno-
logias que procurem explorar o fenômeno. A partir de 1986, várias
descobertas mostraram que cerâmicas feitas com óxidos de certos
elementos, como bário ou lantânio, tornaram-se supercondutoras
a temperaturas bem mais altas, que permitiriam usar como refrige-
rante o nitrogênio líquido, a uma temperatura de -196º C.
Figura 3.4 Símbolo da resistência e Lei de Ohm Aplicações dos supercondutores:
As aplicações são várias, embora ainda não tenham revolu-
A representação gráfica da Lei de Ohm consiste numa reta com cionado a eletrônica ou a eletricidade, como previsto pelos entu-
ordenada nula na origem e declive coincidente com o parâmetro R siastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos
(ou G) (Figura 3.5). Apesar de elementar e evidente, é importante capazes de gerar grandes campos magnéticos sem perda de energia
associar esta relação linear tensão-corrente à presença de um ele- ou em equipamentos que medem a corrente elétrica com precisão.
mento do tipo resistência, mesmo em dispositivos eletrônicos rela- Podem ter aplicações em computadores mais rápidos, reatores de
tivamente complexos como o transistor. Num dos seus modos de fusão nuclear com energia praticamente ilimitada, trens que levi-
funcionamento, por exemplo, o transistor apresenta uma relação tam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.
tensão-corrente semelhante àquela indicada na Figura 3.5, o que
indica, portanto, que nessa mesma zona o transistor é, para todos FORÇA ELETROMOTRIZ.
os efeitos, uma resistência. Por razões históricas a fonte de energia que faz os elétrons se
moverem em um circuito elétrico é denominada fonte de força ele-
tromotriz (fem). Exemplos de fontes fem:
• Energia química (bateria).
• Energia luminosa (bateria solar).
• Diferença de temperatura (termo-par).
• Energia mecânica (queda d’agua).
• Energia Térmica:
• Queima de carvão.
• Queima de óleo combustível.
Figura 3.5 Lei de Ohm • Reações nucleares.
SEMI CONDUTORES E SUPERCONDUTORES
Utilizaremos o termo ``bateria’’ de maneira genérica, para de-
Semicondutores signar qualquer fonte de fem. Inicialmente vamos considerar so-
Semicondutores são corpos sólidos cuja condutividade elétrica mente situações para as quais a fem não varia como uma função do
se situa entre a dos metais e a dos isolantes. Sua resistividade de- tempo. Neste caso, veremos que a corrente produzida no circuito
pende da presença de impurezas e da temperatura (quanto maior pode ou não variar com o tempo. Se a corrente for também cons-
a temperatura melhor ele irá conduzir. O processo de condução ca- tante, temos uma situação de estado estacionário com uma corren-
racteriza-se pela existência de lacunas ou buracos, deixados pelos te contínua fluindo no circuito.
elétrons que se desligaram dos átomos. Graças à força do seu campo eletrostático, uma carga pode rea-
Os semicondutores são utilizados em dispositivos eletrônicos, lizar trabalho ao deslogar outra carga por atração ou repulsão. Essa
como os retificadores e transistores, pilhas solares, lasers, células capacidade de realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma
fotoelétricas e outros. carga for diferente da outra, haverá entre elas uma diferença de
Os semicondutores mais utilizados para a produção de disposi- potencial(E).
tivos (entre eles o diodo) são o germânio e o silício A soma das diferenças de potencial de todas as cargas de um
campo eletrostático é conhecida como força eletromotriz.
A diferença de potencial (ou tensão) tem como unidade funda-
mental o volt(V).
Editora
379
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Convencional Quando a terra adquire cargas elétricas induzidas, estas se con-


Solte sua imaginação! Você já pensou num liquidificador (só o centram na ponta do para-raios, de forma que a descarga elétrica
copo, sem o motor convencional) onde as hélices ficam paradas e entre a nuvem e a terra se dá através do fio.
o líquido do copo é quem gira? Ou numa máquina de lavar roupas
onde a roupa espontaneamente se põe a girar para cá e para lá? E EQUAÇÃO DO CIRCUITO
que tal a água do tanque de lavar roupas começar a fazer o mesmo?
Pois bem, leia esse artigo: o primeiro passo do motor de rotor liqui- Tipos de circuitos
do está lançado! A eletrônica emprega grande número de circuitos, de diversos
tipos. Os retificadores, por exemplo, convertem corrente alterna-
Como funcionam os motores convencionais? da em contínua, e são constituídos de transformadores, diodos e
O princípio básico que regula o funcionamento dos motores condensadores. Já os filtros são utilizados para selecionar tensões
convencionais repousa na força magnética de Lorentz. dentro de uma margem estreita de frequências, e em geral são for-
“Toda carga elétrica (q) imersa num campo de indução mag- mados por resistências, bobinas e condensadores, agrupados em
nética (B) e dotada de velocidade (V), de direção não coincidente função da finalidade visada.
com a direção do campo, fica sujeita a uma força (Fm) de origem Os amplificadores destinam-se a incrementar a amplitude ou
eletromagnética, cuja intensidade é dada por: potência de um sinal, e classificam-se em lineares e não-lineares,
|Fm| = |q| .|V|.|B|. senq segundo a natureza da resposta dos componentes às polarizações
a que são submetidos. Os amplificadores não-lineares, além de au-
onde q é o ângulo entre as direções do vetor velocidade e do mentar o sinal de entrada, podem mudar a forma de sua onda.
vetor campo magnético.” Nos circuitos de comutação empregam-se componentes cujos
sinais de saída só assumem valores discretos. Entre eles podem-se
Natural citar os flip-flop, de grande utilidade nos circuitos de computador
Durante a formação de uma tempestade, verifica-se que ocorre para o tratamento do código binário; os circuitos lógicos, que em-
uma separação de cargas elétricas, ficando as nuvens mais baixas pregam diodos; e os geradores de dentes de serra. Na área das tele-
eletrizadas negativamente, enquanto as mais altas adquirem car- comunicações destacam-se por seu grande uso os circuitos modu-
gas positivas. As nuvens mais baixas induzem uma carga positiva ladores (que fazem variar a amplitude ou a frequência das ondas),
na superfície da Terra e, portanto, entre a nuvem baixa e a Terra os detectores e os conversores.
estabelece-se um campo elétrico. O processo de descarga elétrica
ocorre numa sucessão muito rápida, inicia-se com uma descarga Circuito elétrico
elétrica que parte da nuvem até o solo. Essa descarga provoca a O circuito elétrico é o caminho fechado por onde circula a cor-
ionização do ar ao longo de seu percurso. A região entre a nuvem rente elétrica.
e o solo passa a funcionar como um condutor. Através desta região Dependendo do efeito desejado, o circuito elétrico pode fazer
condutora produz-se, numa segunda etapa, uma descarga elétrica a eletricidade assumir as mais diversas formas: luz, som, calor, mo-
do solo para a nuvem, denominada descarga principal. A descarga vimento.
principal apresenta grande luminosidade e origina corrente elétrica O circuito elétrico mais simples que se pode montar constitui-
de grande intensidade. Esta descarga elétrica aquece o ar, provo- -se de três componentes:
cando uma expansão que se propaga em forma de uma onda sono- · fonte geradora;
ra, originando o trovão. · carga;
Ocorrem por dia, no nosso planeta, cerca de 40 mil tempesta- · condutores.
des que originam, aproximadamente, 100 raios por segundo.
Todo o circuito elétrico necessita de uma fonte geradora. A fon-
te geradora fornece a tensão necessária à existência de corrente
elétrica. A bateria, a pilha e o alternador são exemplos de fontes
geradoras.
A carga é também chamada de consumidor ou receptor de
energia elétrica. É o componente do circuito elétrico que transfor-
ma a energia elétrica fornecida pela fonte geradora em outro tipo
de energia. Essa energia pode ser mecânica, luminosa, térmica, so-
nora.
Exemplos de cargas são as lâmpadas que transformam energia
elétrica em energia luminosa; o motor que transforma energia elé-
trica em energia mecânica; o rádio que transforma energia elétrica
Para-raios em sonora.
Para se evitar que as descargas elétricas atinjam locais indevi-
dos, como postes, edifícios, depósitos de combustíveis, linhas de Observação
transmissão elétrica, etc, utiliza-se o para-raios. Que é um constituí- Um circuito elétrico pode ter uma ou mais cargas associadas.
do essencialmente de uma haste metálica disposta verticalmente Os condutores são o elo de ligação entre a fonte geradora e a
no alto da estrutura a ser protegida. Esta haste é ligada à terra atra- carga. Servem de meio de transporte da corrente elétrica.
vés de um fio condutor.

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FÍSICA

Uma lâmpada, ligada por condutores a uma pilha, é um exem- Circuito série
plo típico de circuito elétrico simples, formado por três componen- Circuito série é aquele cujos componentes (cargas) são ligados
tes. um após o outro.
A lâmpada traz no seu interior uma resistência, chamada fila- Desse modo, existe um único caminho para a corrente elétrica
mento. Ao ser percorrida pela corrente elétrica, essa resistência fica que sai do polo positivo da fonte, passa através do primeiro compo-
incandescente e gera luz. O filamento recebe a tensão através dos nente (R1), passa pelo seguinte (R2) e assim por diante até chegar
terminais de ligação. E quando se liga a lâmpada à pilha, por meio ao polo negativo da fonte.
de condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons, em ex- Num circuito série, o valor da corrente é sempre o mesmo em
cesso no polo negativo da pilha, movimentam-se pelo condutor e qualquer ponto do circuito. Isso acontece porque a corrente elétri-
pelo filamento da lâmpada, em direção ao polo positivo da pilha. ca tem apenas um único caminho para percorrer.
Enquanto a pilha for capaz de manter o excesso de elétrons no Esse circuito também é chamado de dependente porque, se
polo negativo e a falta de elétrons no polo positivo, haverá corrente houver falha ou se qualquer um dos componentes for retirado do
elétrica no circuito; e a lâmpada continuará acesa. circuito, cessa a circulação da corrente elétrica.
Além da fonte geradora, do consumidor e condutor, o circuito
elétrico possui um componente adicional chamado de interruptor Circuito paralelo
ou chave. A função desse componente é comandar o funcionamen- O circuito paralelo é aquele cujos componentes estão ligados
to dos circuitos elétricos. em paralelo entre si.
Quando aberto ou desligado, o interruptor provoca uma aber- No circuito paralelo, a corrente é diferente em cada ponto do
tura em um dos condutores. circuito porque ela depende da resistência de cada componente à
Nesta condição, o circuito elétrico não corresponde a um cami- passagem da corrente elétrica e da tensão aplicada sobre ele. Todos
nho fechado, porque um dos polos da pilha (positivo) está desconec- os componentes ligados em paralelo recebem a mesma tensão.
tado do circuito, e não há circulação da corrente elétrica. Quando o
interruptor está ligado, seus contatos estão fechados, tornando-se Circuito misto
um condutor de corrente contínua. Nessa condição, o circuito é no- No circuito misto, os componentes são ligados em série e em
vamente um caminho fechado por onde circula a corrente elétrica. paralelo.
Sentido da corrente elétrica antes que se compreendesse de forma
mais científica a natureza do fluxo de elétrons, já se utilizava a ele- Circuito LC
tricidade para iluminação, motores e outras aplicações. Para termos um entendimento suficientemente bom de algum
Nessa época, foi estabelecido por convenção, que a corrente assunto, não adianta estudarmos todas as ocorrências de todas
elétrica se constituía de um movimento de cargas elétricas que fluía as naturezas simultaneamente. O que os físicos fazem nestas
do polo positivo para o polo negativo da fonte geradora. Este senti- situações é tentar achar um modelo simples e ir acrescentando
do de circulação (do + para o -) foi denominado de sentido conven- os componentes aos poucos. No estudo de circuitos por exemplo,
cional da corrente. antes de entendermos como funciona um circuito integrado de
televisão, precisamos entender a função de cada componente
Com o progresso dos recursos científicos usados explicar os e seguir acrescentando um outro componente de cada vez, ou
fenômenos elétricos, foi possível verificar mais tarde, que nos con- seja, primeiramente entendemos como se comporta um resistor,
dutores sólidos a corrente elétrica se constitui de elétrons em movi- um capacitor e um indutor para posteriormente unirmos dois a
mento do polo negativo para o polo positivo. Este sentido de circu- dois e finalmente os três em apenas um circuito, denominamos
lação foi denominado de sentido eletrônico da corrente. estes circuitos de RL, RC, LC, e RLC. Neste texto entenderemos
O sentido de corrente que se adota como referência para o como funciona um circuito LC que contém de acordo com o que
estudo dos fenômenos elétricos (eletrônico ou convencional) não foi mencionado anteriormente um indutor e um capacitor. Vamos
interfere nos resultados obtidos. Por isso, ainda hoje, encontram-se supor inicialmente que exista uma chave no circuito que permita
defensores de cada um dos sentidos. ou não a passagem de corrente e que o capacitor está carregado
inicialmente com uma carga q0. Em um instante inicial t=0, a chave
Observação é fechada, permitindo então a passagem de corrente através do
Uma vez que toda a simbologia de componentes eletroeletrô- circuito e a carga do capacitor começa então a fluir pelo circuito.
nicos foi desenvolvida a partir do sentido convencional da corrente Temos no circuito então uma corrente i=dQ/dt. Temos então que
elétrica, ou seja do + para o -, as informações deste material didá- a queda de potencial no indutor é igual a Ldi/dt, e no capacitor é
tico seguirão o modelo convencional: do positivo para o negativo. igual a Q/C. Através da Lei de Kirchhoff, podemos afirmar que Ldi/
dt+Q/C=0. Utilizando noções de cálculo diferencial, sabemos que
Tipos de circuitos elétricos di/dt=d2Q/dt2. Substituindo esta última relação na equação do
Os tipos de circuitos elétricos são determinados pela maneira circuito, temos: d2Q/dt2=-Q/LC. Se chamarmos (de , temos
como seus componentes são ligados. Assim, existem três tipos de a equação . Denominamos (a frequência do circuito LC.
circuitos: Novamente utilizando cálculo diferencial, chegamos a um valor de
· série; Q=Acos(t+), onde A é a amplitude da carga, que é o valor máximo
· paralelo; que a carga pode atingir e (é uma constante de fase que depende
· misto. unicamente das condições iniciais do problema. Se considerarmos
que a constante de fase é igual a zero temos que a carga neste
circuito é dada por q0cost, uma vez que a amplitude da carga

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FÍSICA

depende da carga inicial do capacitor, e derivando esta equação vamente o cálculo diferencial obtemos a função que governa a cor-
em relação ao tempo obtemos a corrente do circuito que é igual rente: I(t)=I0e-t/RC. Vemos que analogamente à carga, a corrente
a i=-q0sent. Podemos perceber então que este circuito difere dos cai exponencialmente com o tempo. Podemos analisar agora o que
circuitos RC e RL já que ele não decai ou cresce exponencialmente, vai acontecer para um circuito RC conectado a uma bateria e com o
mas sim oscila. Isto acontece pois à medida que a carga no capaci- capacitor descarregado. Ao fecharmos a chave, temos novamente
tor diminui, a energia armazenada no campo elétrico do capacitor pela Lei de Kirchhoff que o potencial da bateria mais o potencial no
se reduz. Esta energia não se perde, mas se transforma em energia capacitor são iguais a zero. Neste caso temos então que I=dQ/dt,
magnética dentro do indutor, já que em torno deste circula uma sem o sinal negativo, pois estamos agora lidando com o processo
corrente i que induz nele um campo magnético. Em um dado de carga do capacitor. Resolvendo novamente a equação diferencial
instante, toda energia elétrica do capacitor se esgota juntamente obtemos que para o carregamento do capacitor Q(t)=CV(1- e-t/RC)
com sua carga. Temos então que a corrente no indutor agora é e I(t)=(V/R) e-t/RC. Portanto para o instante t=0 a carga no capacitor
máxima e todo a energia do circuito está armazenada dentro do é igual a zero e a corrente que passa por ele é igual a V/R. À medida
indutor sob forma de energia magnética. Esta corrente flui pelo cir- que o tempo passa, a carga no capacitor começa a aumentar e o
cuito e começa a realimentar o capacitor, aumentando assim o seu fluxo de corrente começa a diminuir. Isto pode ser compreendido se
campo elétrico e diminuindo o campo magnético dentro do indu- pensarmos que o capacitor começa a funcionar como uma antiba-
tor. Agora o capacitor adquire carga máxima, porém a polarização teria, já que ele começa a acumular cargas entre suas placas, e estas
de seu campo elétrico está invertida, e a carga começa a fluir no cargas estão dispostas no sentido contrário do sentido da bateria. O
sentido contrário. Analisando as energias contidas em um circuito que acontece então é que quando o capacitor está completamente
LC, vemos que a energia eletrostática do capacitor é dada por U=½ carregado, ele tem a mesma carga da bateria, só que a corrente por
QV=Q2/2C. Substituindo nesta equação a função Q(t) obtida por ele gerada está no sentido contrário, de forma que as correntes se
nós anteriormente, temos U(t)=q02cos2t/2C. A energia magnética cancelam, como era de se esperar.
deste sistema é dada por U=½ Li2. Substituindo nesta equação
a função i(t), temos U(t)=½ L2q02sen2t. Vemos que ora toda a Circuito RL
energia se concentra no indutor, ora no capacitor, no entanto a Sempre que aparece uma nova ideia ou uma nova teoria, os físicos
energia total do sistema é dada sempre pela soma das duas, que é tentam de toda a forma torná-la mais prática e mais simples de
constante e igual a q02/2C. ser compreendida. É isto o que acontece quando estudamos
um circuito RL, que é um caso particular de circuito, onde ape-
Circuito RC nas existem dois componentes: O resistor e o indutor. Quando
Quando estudamos qualquer assunto, tentamos dividi-lo em estudamos a Lei de Ohm, podemos perceber que a função de um
suas partes mais importantes e estudá-las separadamente dando resistor é dissipar a corrente elétrica, transformando parte dela
a elas a devida atenção. Este é o caso do circuito RC que é um caso em energia térmica. A função de um indutor é analisada quando
particular de um circuito elétrico contendo apenas uma resistência se estuda a Lei de Faraday. Vemos então que o indutor funciona
e um capacitor. Podemos pensar então nesses dois componentes como uma inércia de um circuito, o que impede quedas ou au-
ligados através de seus terminais e uma chave que pode permitir mentos bruscos de corrente. Dentro de um circuito, a resistência
ou não a passagem de corrente no circuito. Admitindo inicialmente consiste geralmente de um determinado material que dificulta a
que a chave está aberta e não há passagem de corrente e o capa- passagem de corrente e o indutor é um solenoide ou uma bobina,
citor está carregado com uma determinada carga Q, vamos anali- que consistem em um fio condutor enrolado muitas vezes. Vamos
sar o que vai acontecer quando a chave for fechada e possibilitar a considerar agora uma circuito RL, que possui uma bateria, uma
passagem de corrente: Sabemos que a diferença de potencial entre chave que permite a passagem de corrente ou não, uma resistên-
os terminais do capacitor é dada por V0=Q0/C, onde Q0 é a carga cia e um indutor. Ao estudar os efeitos da autoindutância de um
inicial do capacitor e C sua capacitância. No instante t=0 fechamos sistema, vemos que a função de um indutor é de brecar a corrente
a chave e a corrente começa a fluir através do resistor. A corrente que passa por ele gerando uma corrente de sentido oposto, então
inicial que passa pela resistência é igual a I0=V0/R. A medida que a consideramos que a chave do circuito está aberta e é fechada no
corrente flui pelo circuito, a carga no capacitor decresce numa taxa instante t=0 quando se inicia a passagem de corrente pelo sistema.
igual a I=-Q/t, onde I é a corrente do circuito, e o sinal negativo apa- Quando a corrente chega ao indutor, um potencial aparece dificul-
rece por se tratar de um caso de descarga do capacitor. Através da tando a passagem de corrente, e este potencial é igual a =Ldi/dt,
utilização da Primeira Lei de Kirchhoff, sabemos que o potencial no onde L é a indutância do indutor, e di/dt é a forma diferencial de
resistor é igual ao potencial no capacitor, obtemos então RI=Q/C. se expressar a variação da corrente no tempo. Temos que lembrar
Podemos aplicar agora um pouco de cálculo diferencial e obter -R ainda que este potencial sempre vai estar contrário à corrente
dQ/dt =Q/C. Resolvendo esta equação diferencial obtemos que a que o atravessa de acordo com a Lei de Lenz. Sabemos também
função Q dependente do tempo é igual a Q(t)=Q0e-t/RC. A letra e que a queda de potencial no resistor R é, pela Lei de Ohm, igual a
corresponde ao valor de 2,71828..., e é um número irracional com Ri. Utilizando as regras de Kirchhoff para este circuito, podemos
propriedades notáveis que são estudadas em um curso de cálculo. afirmar que o potencial V da bateria é igual a V=Ri+Ldi/dt. Para
Ao analisarmos nossa equação vemos que Q0 é uma constante e um instante muito próximo do instante inicial t=0, sabemos que
depende da carga inicial do capacitor, t é o tempo e o produto RC a corrente é zero em todo o circuito, então a taxa de variação de
é a chamada constante de tempo, e é este produto que determi- corrente pelo tempo é dada por di/dt=V/L. Após a passagem de
na qual é o tempo total de descarga do capacitor. Analisando esta um pequeno intervalo de tempo, a corrente já flui pelo circuito e
constante percebemos que quanto maior for o produto RC maior a variação temporal da corrente torna-se di/dt=V/L-iR/L. Quando
será o tempo necessário para a descarga do capacitor e quanto a taxa de variação de corrente é igual a zero, sabemos então que
menor o produto, menor será o tempo de descarga. Utilizando no- a corrente no circuito atingiu seu valor máximo: imax=V/R. Vamos
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analisar a equação anteriormente citada do circuito e descobrir caso em que R2=4LC, temos o amortecimento crítico, e para este
qual é o tempo necessário para que a corrente atinja seu valor caso não há oscilação e a carga no capacitor decai continuamente
final: A resolução da equação diferencial V=Ri+Ldi/dt através de e tende a zero em tempos grandes. Para o caso em que R2>4LC,
processos de cálculo diferencial nos dá que temos o amortecimento super-crítico, e como a dissipação no
. Nesta equação, chamamos a constante tc de constante de tempo, resistor é muito grande, a carga no capacitor cai exponencialmente
de forma que ela seja igual a R/L, e é esta a divisão que determina e rapidamente.
o intervalo de tempo necessário para que o circuito atinja sua cor-
rente máxima. Se considerarmos que temos agora um circuito no VOLTAGEM NOS TERMINAIS DE UM GERADOR e APLICAÇÕES
qual podemos remover a bateria após um certo instante, a nossa
equação do circuito se reduz a: iR+ldi/dt=0 (di/dt=-Ri/L. Resolven- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
do esta equação, obtemos que , e neste caso vemos que a Um gerador não gera energia. Ele converte energia mecânica
corrente, com o passar do tempo, tende a diminuir sempre e vai em energia elétrica. Todo gerador necessita de uma outra fonte ge-
para zero para tempos decorridos muito grandes. radora de energia para fazê-lo girar, seja ela uma turbina, um motor
de pistão ou qualquer tipo de máquina capaz de produzir energia
Circuito RLC mecânica.
Vamos ver agora o estudo de um circuito RLC, que é basicamente
um circuito que contém um resistor, um indutor e um capacitor. GERADOR ELEMENTAR
Vamos supor então que haja uma chave neste circuito que permita Um gerador elementar consistiria em um ímã na forma de U e
a passagem ou não de corrente e vamos supor também que o de uma única espira de um fio condutor. Denomina-se campo mag-
capacitor esteja carregado com uma carga inicial q0. Inicialmente nético, a força que circunda o imã. A fim de tornar mais clara a ideia
a chave está aberta e não há passagem de corrente pelo circuito, de um campo magnético, imaginemos linhas de força que, saindo
no instante t=0 a chave é fechada e o capacitor começa o seu do polo norte de um ímã, retornam ao seu polo sul. Quanto mais
processo de descarga devido à diferença de potencial entre suas forte for o ímã maior será o número de linhas de força. Se fizermos
placas. Pela Lei de Kirchhoff, sabemos que a soma de todas as a espira de fio condutor girar entre os polos do ímã, os dois lados
quedas de potencial em todos os elementos do circuito deve ser da espira “ cortarão” as linhas de força, o que induzirá (gerará) ele-
igual a zero, logo: . Sabemos que i=dQ/dt, e substituindo tricidade na espira.
este valor na equação obtemos . Esta equação é Na primeira metade da rotação da espira, um dos seus lados
idêntica a uma equação de um oscilador amortecido estudado em corta as linhas de força de baixo para cima, enquanto o outro lado
ondas. Um oscilador amortecido pode ser imaginado como um da espira corta as linhas de cima para baixo. Desta forma surgirá
sistema massa mola mergulhado em uma substância viscosa como na espira o fluxo elétrico numa dada direção. A meio caminho da
um óleo. Quando consideramos um sistema massa-mola, ele oscila rotação, a espira estará numa posição paralela às linhas de força.
indefinidamente se considerarmos desprezíveis todos os atritos, Nenhuma linha de força será cortada pela espira, e, consequente-
no entanto se colocarmos este sistema dentro do óleo, o atrito mente, não será gerada nenhuma eletricidade.
viscoso entre o sistema e o óleo, produzirá calor e diminuirá a Na segunda metade da rotação, o lado da espira que cortava
energia cinética do sistema, que oscilará cada vez com amplitudes as linhas de força debaixo para cima passa cortá-las de cima para
menores. Antes de se estudar o circuito RLC, estudamos em sepa- baixo. O outro lado estará cortando as linhas de força debaixo para
rado os circuitos RL, RC e LC e percebemos que nos circuitos RL e cima, o que induzirá na espira um fluxo elétrico no sentido contrário
RC, ocorre ou uma queda ou uma subida exponencial na corrente ao fluxo gerado na primeira metade da rotação. No ponto mais bai-
enquanto em um circuito LC, a corrente oscila de um lado para o xo da rotação, a espira estará de novo em posição paralela as linhas
outro. Vemos então que a mistura RLC resulta em um circuito osci- de força e nenhuma eletricidade será gerada.
lante que cai exponencialmente. Vamos agora analisar este circuito Em cada rotação completa da espira a voltagem e a intensidade
energeticamente: Multiplicando todos os termos desta equação da corrente terão uma dada direção numa metade do tempo, e a di-
por i, temos: . O primeiro termo desta equação nos reção oposta na outra metade. Por duas vezes, durante a rotação da
indica qual é a quantidade de energia magnética que é injetada ou espira, não haverá fluxo de corrente. Dá- se à voltagem e a corren-
retirada do indutor, de forma que podemos obter um valor posi- te as denominações de voltagem alternada e corrente alternada. A
tivo ou um negativo, dependendo do sentido do fluxo de energia. voltagem que um gerador produz pode ser acrescida aumentando:
No segundo termos da equação, temos o valor da energia elétrica ( 1 ) a intensidade do campo magnético;
do capacitor, cujo sinal também depende do sentido do fluxo de ( 2 ) a velocidade de rotação da espira;
energia. Já para o terceiro termo, temos a energia dissipada no ( 3 ) um numero de linhas de um fio condutor que cortam o
resistor por efeito Joule, e este valor é sempre positivo. Como já campo magnético.
vimos em um circuito LC, a soma das energias elétrica e magné-
tica é sempre constante, porém no caso RLC, há uma dissipação A uma revolução completa feita pela espira, através das linhas
da energia no resistor, então a quantidade oscilante de energia de força, dá-se o nome de ciclo. Ao número de ciclos por segundo
entre o indutor e o capacitor tem sua amplitude sempre reduzida dá-se o nome de frequência da voltagem ou da intensidade da cor-
com o passar do tempo. O modo que a corrente cai com o tempo rente, a qual é medida em unidades chamadas Hertz.
depende das relações entre os termos R2 e 4L/C, pois são estes
termos que definem a curva na equação diferencial. O caso em GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA
que R2<4LC, ocorre um fenômeno denominado amortecimento A maior parte da energia elétrica que se utiliza nos dias de hoje
sub-crítico, e a corrente vai oscilando e diminui lentamente. Para o é a energia de geradores elétricos, na forma de corrente alternadas
(CA). Um gerador simples de corrente alternada é uma bobina que
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gira num campo magnético uniforme. Os terminais da bobina estão Onde:


ligados a anéis coletores que giram com a bobina. O contato elétrico
entre a bobina e um circuito externo se faz por meio de escovas de Lâmpada que será acessa ao ser gerada a
grafita que ficam encostadas nos anéis. energia
Quando uma reta perpendicular ao plano da bobina faz um
ângulo q com o campo magnético uniforme B, o fluxo magnético Roldana
através da bobina é:
f m = NBA cos q Espira
Onde N é o número de espiras da bobina e A, a área da bobina.
Quando a bobina girar, sob a ação de um agente mecânico, o fluxo Ímã
através dela será variável e haverá uma fem induzida conforme a lei
de Faraday. Se ângulo inicial for d, o ângulo num instante posterior
t será dado por:
q=wt+d FIGURAS:
onde w é a frequência angular de rotação. Levando esta ex-
pressão de q na equação anterior, obtemos:
f m = NBA cos (w t + d ) = NBA cos ( 2p ft + d )
A fem induzida na bobina será então:
e = - df m = - NBA d cos (w t + d ) = + NBA w sem (w t + d )
dt dt
O que pode ser escrito como:
e = e max sem (w t + d )
onde
e max = NBAw

é o valor máximo da fem. Podemos , então, provocar uma fem


senoidal na bobina mediante a sua rotação com frequência cons-
tante, num campo magnético. Nesta fonte de fem, a energia me-
cânica da bobina girante se converte em energia elétrica. A energia GERADOR DA USINA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ACIMA) –
mecânica provém usualmente de uma queda de água ou de uma ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ
turbina a vapor. Embora os geradores práticos sejam bastante mais (ABAIXO)
complicados, operam com o mesmo princípio da geração de uma
fem alternada por uma bobina que gira num campo magnético; os
geradores são projetados de modo a gerarem uma fem senoidal.

EXPERIMENTO REALIZADO
No experimento realizado no laboratório temos um ímã ci-
líndrico em constante movimento de rotação alternando os polos
note e sul, acionado por meio de roldanas. Com o movimento do
ímã surge uma corrente, que é chamada de corrente induzida, e o
trabalho realizado por unidade de carga durante o movimento dos
portadores de carga que constitui essa corrente denominamos de
fem induzida que é produzida pelo gerador. Logo, a luz acenderá
por consequência da fem induzida produzida pelo gerador.

FIGURA DO EXPERIMENTO REALIZADO

Fontes geradoras de energia elétrica


A existência da tensão é condição fundamental para o funcio-
namento de todos os aparelhos elétricos. As fontes geradoras são
os meios pelos quais se pode fornecer a tensão necessária ao fun-
cionamento desses consumidores.
(ERNANDI FEY)
Essas fontes geram energia elétrica de vários modos:
· por ação térmica;
· por ação da luz;
· por ação mecânica;
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· por ação química; Estes passam pelo eletrólito e vão se depositando no cobre.
· por ação magnética. Dessa forma, obtém-se uma diferença de potencial, ou tensão, en-
tre os bornes ligados no zinco (negativo) e no cobre (positivo).
Geração de energia elétrica por ação térmica A pilha de lanterna funciona segundo o princípio da célula pri-
Pode-se obter energia elétrica por meio do aquecimento direto mária que acabamos de descrever. Ela é constituída basicamente
da junção de dois metais diferentes. por dois tipos de materiais em contato com um preparado químico.
Por exemplo, se um fio de cobre e outro de constantan (liga Geração de energia elétrica por ação magnética
de cobre e níquel) forem unidos por uma de suas extremidades e O método mais comum de produção de energia elétrica em lar-
se esses fios forem aquecidos nessa junção, aparecerá uma tensão ga escala é por ação magnética.
elétrica nas outras extremidades. Isso acontece porque o aumento A eletricidade gerada por ação magnética é produzida quando
da temperatura acelera a movimentação dos elétrons livres e faz um condutor é movimentado dentro do raio de ação de um campo
com que eles passem de um material para outro, causando uma magnético. Isso cria uma ddp que aumenta ou diminui com o au-
diferença de potencial. mento ou a diminuição da velocidade do condutor ou da intensida-
À medida que aumentamos a temperatura na junção, aumenta de do campo magnético.
também o valor da tensão elétrica na outra extremidade. A tensão gerada por este método é chamada de tensão alter-
Esse tipo de geração de energia elétrica por ação térmica é nada, pois suas polaridades são variáveis, ou seja, se alternam.
utilizado num dispositivo chamado par termoelétrico, usado como Os alternadores e dínamos são exemplos de fontes geradoras
elemento sensor nos pirômetros que são aparelhos usados para que produzem energia elétrica segundo o princípio que acaba de
medir temperatura de fornos industriais. ser descrito.

Geração de energia elétrica por ação de luz: ASSOCIAÇÃO DE GERADORES, RESISTORES E CAPACITORES
Para gerar energia elétrica por ação da luz, utiliza-se o efeito
fotoelétrico. Esse efeito ocorre quando irradiações luminosas atin- Associação de resistências em série
gem um fotoelemento. Isso faz com que os elétrons livres da cama- Suponha que duas lâmpadas estejam ligadas a uma pilha, de tal
da semicondutora se desloquem até seu anel metálico. modo que haja apenas um caminho para a corrente elétrica fluir de
Dessa forma, o anel se torna negativo e a placa-base, positiva. um polo da pilha para o outro, dizemos que as duas lâmpadas es-
Enquanto dura a incidência da luz, uma tensão aparece entre as tão associadas em série. Evidentemente, podemos associar mais de
placas. duas lâmpadas dessa maneira, como em uma arvore de Natal, onde
O uso mais comum desse tipo de célula fotoelétrica é no arma- geralmente se usa um conjunto de várias lâmpadas associadas em
zenamento de energia elétrica em acumuladores e baterias solares. série. Em uma associação em série de resistências observam-se as
seguintes características:
Geração de energia elétrica por ação mecânica - como há apenas um caminho possível para a corrente, ela tem
Alguns cristais, como o quartzo, a turmalina e os sais de Ro- o mesmo valor em todas as resistências da associação (mesmo que
chelle, quando submetidos a ações mecânicas como compressão e essas resistências sejam diferentes).
torção, desenvolvem uma diferença de potencial. - É fácil perceber que, se o circuito for interrompido em qual-
quer ponto, a corrente deixará de circular em todo o circuito.
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em série,
maior será a resistência total do circuito. Portanto, se mantivermos
a mesma voltagem aplicada ao circuito, menor será a corrente nele
estabelecida.
- A resistência única R, capaz de substituir a associação de vá-
Se um cristal de um desses materiais for colocado entre duas
rias resistências R1, R2, R3, etc., em série, é denominada resistência
placas metálicas e sobre elas for aplicada uma variação de pressão,
equivalente do conjunto.
obteremos uma ddp produzida por essa variação. O valor da dife-
rença de potencial dependerá da pressão exercida sobre o conjun-
Associação de resistências em paralelo
to.
Se duas lâmpadas forem associadas de tal maneira que existam
Os cristais como fonte de energia elétrica são largamente usa-
dois caminhos para a passagem da corrente de um polo da pilha
dos em equipamentos de pequena potência como toca-discos, por
para o outro dizemos que as lâmpadas estão associadas em para-
exemplo. Outros exemplos são os isqueiros chamados de “eletrôni-
lelo. Evidentemente, podemos associar mais de duas lâmpadas (ou
cos” e os acendedores do tipo Magiclick.
outros aparelhos) em paralelo, abrindo vários caminhos para a pas-
sagem da corrente (isso acontece, por exemplo, com os aparelhos
Geração de energia elétrica por ação química
eletrodomésticos).
Outro modo de se obter eletricidade é por meio da ação quí-
Em uma associação de resistências em paralelo, observamos as
mica. Isso acontece da seguinte forma: dois metais diferentes como
Seguintes características:
cobre e zinco são colocados dentro de uma solução química (ou
- A corrente total i, fornecida pela bateria, se divide pelas re-
eletrólito) composta de sal (H2O + NaCL) ou ácido sulfúrico (H2O +
sistências da associação. A maior parte da corrente i passará na re-
H2SO4), constituindo-se de uma célula primária.
sistência de menor valor (caminho que oferece menor oposição). É
A reação química entre o eletrólito e os metais vai retirando os
possível interromper a corrente em uma das resistências da asso-
elétrons do zinco.
ciação, sem alterar a passagem de corrente nas demais resistências.

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- Quanto maior for o número de resistências ligadas em parale- • - Pode até aumentar a quantidade de carga que não alte-
lo, menor será a resistência total do circuito (tudo se passa como se ra o capacitor, não “vencendo”, portanto, o isolante. Se não tem a
estivéssemos aumentando a área total da seção reta da resistência borracha como isolante, aumentando-se a carga altera o capacitor,
do circuito). Portanto, se mantivermos inalterada a voltagem aplica- alterando a interação (ocorre passagem de corrente elétrica);
da ao circuito, maior será a corrente fornecida pela pilha ou bateria. • - E resultante diminui;
C = Eo . A / d
Fusível
Basicamente, um fusível é constituído por um fio de metal, cuja Aumentando-se a Área, aumenta a Capacidade elétrica (cons-
temperatura de fusão relativamente baixa. O chumbo e os estanho tante);
são dois metais utilizados para esse fim. O chumbo se funde a 327º Reduzindo a distância aumenta a Carga;
C e o estanho, a 232º C. - A partir de um certo momento a carga aumenta tanto que
Os fusíveis se encontram normalmente em dois lugares nas vence o isolante ou dielétrico;
instalações elétricas de uma residência: no quadro de distribuição e Q=C.U
junto do relógio medidor. Além disso eles estão presentes no circuito • Série:
elétrico dos aparelhos eletrônicos, no circuito elétrico do carro, etc. • - Q é constante;
Quando há um excesso de aparelhos ligados num mesmo cir- • - C é inversamente proporcional a U - U/C = Constante ; 1/
cuito elétrico, a corrente elétrica é elevada e provoca aquecimento Ceq = 1/C1 + 1/C2 Ceq (C equivalente); Ceq = C1 . C2 / C1 + C2
nos fios da instalação elétrica. Como o fusível faz parte do circuito
essa corrente elevada também o aquece. Se a corrente for maior do Paralelo:
que aquela que vem especificada no fusível: 10A, 20A, 30A, etc, o - U é constante;
seu filamento se funde (derrete). - Q e C são diretamente proporcionais - Q = C ;
Com o fio do fusível fundido, ou seja, o fusível queimado, o
circuito elétrico fica aberto impedindo seu funcionamento. Assim,
a função do fusível é proteger a instalação elétrica da casa, funcio-
nando como um interruptor de segurança. Sem eles, é possível que
um circuito sobrecarregado danifique um aparelho elétrico ou até
inicie um incêndio.
Quanto maior for a corrente especificada pelo fabricante,
maior a espessura do filamento.
Ceq = C1 + C2
Assim, se a espessura do filamento do fusível suporta no má-
• Ligado:
ximo uma corrente de 10A e por um motivo qualquer a corrente
• - Coloca um dielétrico - Aumenta C ;
exceder esse valor, a temperatura atingida pelo filamento será su-
• - Retira o dielétrico - Reduz C ;
ficiente para derrete-lo, e desta forma a corrente é interrompida.
• - Ligado Q aumenta;
• - Desligado Q é constante;
Disjuntores
• C = E . Co
Modernamente, nos circuitos elétricos de residências, edifícios
e indústrias, em vez de fusíveis, utilizam-se dispositivos baseados
AS LEIS DA ELETRODINÂMICA E O PRINCÍPIO DA RELATIVIDA-
no efeito magnético da corrente denominados disjuntores.
DE
Em essência, o disjuntor é uma chave magnética que se desliga
Essência da teoria da relatividade
automaticamente quando a intensidade da corrente supera certo
O desenvolvimento da eletrodinâmica levou à revisão das no-
valor. Tem sobre o fusível a vantagem de não precisar ser trocado.
ções de espaço e tempo.
Uma vez resolvido o problema que provocou o desligamento, basta
religá-lo para que a circulação da corrente se restabeleça
A teoria da relatividade especial de Einstein é um novo estudo
do espaço e do tempo, vindo substituir as noções antigas (clássicas).
Capacitor
O princípio da relatividade na mecânica e na eletrodinâmica.
- Armazenamento de energia;
Depois de Maxwell, na segunda metade do séc. XIX, ter for-
- Q e V são diretamente proporcionais;
mulado as leis fundamentais da eletrodinâmica, surgiu a seguinte
- A energia potencial serve para a passagem de elétrons de uma
questão: será que o princípio da relatividade, verdadeiro para os
placa para outra;
fenômenos mecânicos, se estende aos fenômenos eletromagnéti-
- As força de repulsão e atração determinam o deslocamento
cos? Por outras palavras, decorrerão os processos eletromagnéticos
dos elétrons em um sistema;
(interação das cargas e correntes, propagação das ondas eletromag-
- U cria uma ddp que permite a saída do elétron;
néticas, etc.) igualmente em todos os sistemas inerciais? Ou ainda,
- Equilíbrio estável: Cessa a passagem de corrente elétrica. Ca-
o movimento uniforme e retilíneo, não influenciando os fenômenos
pacitor carregado a partir de uma corrente variável;
mecânicos, exercerá alguma influência nos processos eletromagné-
- Capacidade elétrica: Constante de proporcionalidade entre Q
ticos?
eV:C=Q/V;
Para responder a esta questão era necessário verificar se mo-
- No condutor em equilíbrio eletrostático: Epot = Q2 / 2C ;
dificariam as leis principais da eletrodinâmica na passagem de um
- Condutores em equilíbrio, igual a potencial elétrico;
sistema inercial para outro ou se, à semelhança das leis de Newton,
• Borracha - Isolante ou Dielétrico:
elas se conservariam. Só no último caso seria possível deixar de du-
• - Atrapalha a interação entre as placas;
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386
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

vidar sobre a veracidade do princípio da relatividade nos processos Só a terceira possibilidade é que é correta. Einstein desenvol-
eletromagnéticos e considerar este princípio como uma lei geral da veu-a gradualmente e criou uma nova concepção do espaço e do
Natureza. tempo. As duas primeiras possibilidades vieram a ser rejeitadas
pela experiência.
Quando Hertz tentou mudar as leis da eletrodinâmica de Max-
well verificou-se que as novas equações não podiam explicar mui-
tos fatos observados. Assim, de acordo com a teoria de Hertz, a
As leis da eletrodinâmica são complexas e a resolução deste água em movimento deverá arrastar completamente consigo a luz
problema não era nada fácil. No entanto, raciocínios simples pa- que se propaga nela, visto que ela arrasta o éter, onde a luz se pro-
reciam ajudar a encontrar a resposta certa. De acordo com as leis paga. A experiência mostrou que na realidade isso não se passava.
da eletrodinâmica, a velocidade de propagação das ondas eletro- A experiência de Michelson. O ponto de vista de Lorentz, de
magnéticas no vácuo é igual em todas as direções e o seu valor é acordo com o qual deve existir um certo sistema de referência, vin-
c = 3.1010 cm/s. Mas, por outro lado, de acordo com o princípio da culado ao éter mundial, que se mantém em repouso absoluto, tam-
composição de velocidades da mecânica de Newton, a velocidade bém foi rejeitado por experiências diretas.
só pode ser igual a c num dado sistema. Em qualquer outro sistema, Se a velocidade da luz só fosse igual a 300 000 km/s num sis-
que se mova em relação ao sistema dado com velocidade v , a velo- tema vinculado ao éter, então, medindo a velocidade da luz em
cidade da luz deveria ser igual a qualquer outro sistema inercial, poder-se-ia observar o movimento
deste sistema em relação ao éter e determinar a velocidade deste
movimento. Tal como num sistema que se mova em relação ao ar
surge vento, quando se dá o movimento em relação ao éter (isto,
claro, admitindo que o éter existe) deveria surgir “vento de éter”.
Isto significa que se é verdadeiro o princípio da composição de A experiência para verificação do “vento de éter” foi realizada em
velocidades, então, na passagem de um sistema inercial para outro, 1881 pelos cientistas americanos A. MICHELSON e E. MORLEY, se-
as leis da eletrodinâmica deverão alterar-se de tal modo que neste gundo uma ideia avançada 12 anos antes por Maxwell.
sistema a velocidade da luz, em vez de ser igual a c, será igual a Nesta experiência compara-se a velocidade da luz na direção
De forma verificou-se que existiam algumas contradições en- do movimento da Terra e numa direção perpendicular. A medição
tre a eletrodinâmica e a mecânica de Newton, cujas leis estão de foi feita com grande exatidão com o auxílio de um instrumento es-
acordo com o princípio da relatividade. As tentativas de resolver as pecial - interferômetro de Michelson. As experiências foram realiza-
dificuldades que surgiram foram feitas em três direções diferentes. das a diferentes horas do dia e em diferentes épocas do ano. Mas
A primeira possibilidade consistia em declarar que o princípio obteve-se sempre um resultado negativo: não foi possível observar
da relatividade não se podia aplicar aos fenômenos eletromagnéti- o movimento da Terra em relação ao éter.
cos. Este ponto de vista foi defendido pelo grande físico holandês G. Esta situação é semelhante à que se verificaria se, deitando a
LORENTZ, fundador da teoria eletrônica. Os fenômenos eletromag- cabeça de fora pela janela de um automóvel à velocidade de 100
néticos eram vistos, desde o tempo de Faraday, como processos km/h, não sentíssemos o vento soprando contra nós.
que decorriam num meio especial, que penetra em todos os corpos Deste modo, a hipótese da existência de um sistema de refe-
e ocupa todo o espaço - “ o éter mundial “. Um sistema inercial rência privilegiado também foi rejeitada experimentalmente. Por
parado em relação ao éter é, segundo Lorentz, um sistema privile- sua vez, isto significava que não existe nenhum meio especial,
giado. Nele, as leis da eletrodinâmica de Maxwell são verdadeiras e “éter”, ao qual se possa vincular esse tal sistema privilegiado.
têm uma forma mais simples. Só neste sistema a velocidade da luz
no vácuo é igual em todas as direções. MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO
A segunda possibilidade consiste em considerar as equações de
Maxwell falsas e tentar modificá-las de tal modo que com a passa- A que se deve o magnetismo?
gem de um sistema inercial para outro (de acordo com os habituais Os antigos gregos já sabiam que algumas rochas, procedentes
conceitos clássicos de espaço e de tempo) não se alterem. Tal ten- de uma cidade da Ásia Menor chamada Magnésia, atraíam peda-
tativa foi feita, em particular, por G.HERTZ. Segundo Hertz, o éter ços de ferro. Essas rochas eram formadas por um mineral de ferro
é arrastado totalmente pelos corpos em movimento e por isso os chamado magnetita. Por extensão, diz-se dos corpos que apresen-
fenômenos eletromagnéticos decorrem igualmente, independente- tam essa propriedade que eles estão magnetizados, ou possuem
mente do fato do corpo estar parado ou em movimento. O princípio propriedades magnéticas. Assim, magnetismo é a propriedade que
da relatividade é verdadeiro. algumas substâncias têm de atrair pedaços de ferro.
Finalmente, a terceira possibilidade da resolução das dificul-
dades consiste na rejeição das noções clássicas sobre o espaço e Gerador – Eletromagnetismo
tempo para que se mantenha o princípio da relatividade e as leis de O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
Maxwell. Este é o caminho mais revolucionário, visto que significa dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
a revisão das mais profundas e importantes noções da física. De esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
acordo com este ponto de vista, não são as equações do campo do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
magnético que estão incorretas, mas sim as leis da mecânica de mais curta, o negativo.
Newton, as quais estão de acordo com a antiga noção de espaço Os geradores transformam algum tipo de energia em energia
e tempo. É necessário alterar as leis da mecânica, e não as leis de elétrica.
eletrodinâmica de Maxwell.

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí- Magnetismo Terrestre:


mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for-
necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare-
lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os das bi-
cicletas, que fornecem corrente contínua. Os alternadores são ge-
radores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas
ou nucleares, os alternadores transformam a energia potencial da
água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.

Sentido da corrente elétrica


A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé-
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma A Terra funciona como um enorme imã cuja polaridade é inver-
convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé- tida em relação a sua polaridade magnética;
trica é o contrário do que foi descrito. Então:
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo Campo Magnético Uniforme:
positivo ao negativo, isto é, o contrário ao movimento dos elétrons. É aquele que possui a mesma intensidade, a mesma direção e
o mesmo sentido em todos os seus pontos;
CAMPO MAGNÉTICO – CONCEITO INICIAL - As linhas de indução são paralelas e igualmente espaçadas;
Chama-se campo magnético de um ímã a região do espaço - Imã: Cria campo magnético ao seu redor sem corrente elé-
onde se manifestam forças de origem magnética. trica;
Um ímã cria ao redor de si um campo magnético que é mais
intenso em pontos perto do ímã e se enfraquece à medida que dele Experiência de Oersted (1820):
se afasta como o campo gravitacional. Foi uma experiência que mostrou a criação de campo magnéti-
Para representar graficamente um campo magnético, utilizam- co ao redor de um condutor, devido a presença da corrente elétrica;
-se as linhas de força. Se colocarmos sobre um ímã, como o da fi-
gura ao lado, uma folha de papel com limalhas de ferro, estas se O CAMPO MAGNÉTICO
orientarão de acordo com o campo magnético. Na representação
acima, por exemplo, as linhas de força são linhas imaginárias que Os Imãs
reproduzem a forma como se alinharam as limalhas. O sentido das Na Grécia antiga (século VI a.C.), em uma região denominada
linhas, mostrado por uma ponta de seta, é escolhido de maneira Magnésia, parecem ter sido feitas as primeiras observações de que
arbitrária: saem do polo norte e entram pelo polo sul. um certo tipo de pedra tinha a propriedade de atrair objetos de fer-
ro. Tais pedras foram mais tarde chamadas de imãs e o seu estudo
Imã Natural: foi chamado de magnetismo.
- Magnetita - Oxido de Ferro (Fe3O4)
Polos magnéticos com o mesmo nome se repelem e de nomes
contrários se atraem - Lei das Ações Magnéticas;
As linhas de indução saem do polo NORTE e chegam no polo
SUL (Externamente ao imã);

Um outro fato observado é que os imãs têm, em geral, dois


Inseparabilidade dos polos: pontos a partir dos quais parecem se originar as forças. Quando pe-
Secções sucessivas - Imãs moleculares; gamos, por exemplo, um irmã em forma de barra (Fig. 1) e o aproxi-
mamos de pequenos fragmentos são atraídos por dois pontos que
estão próximos das extremidades. Tais pontos foram denominados
polos.
Quando um imã em forma de barra é suspenso de modo a po-
der girar livremente (Fig. 2), observa-se que ele tende a se orientar,
aproximadamente, na direção norte-sul. Por esse motivo, a extre-
midade que se volta para o norte geográfico foi chamada de polo
norte (N) e a extremidade que se volta para o sul geográfico foi cha-
mada de polo sul

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Inseparabilidade dos polos


Os primeiros estudiosos tiveram a ideia de quebrar o imã, para
separar o polo norte do polo sul. Porém, ao fazerem isso tiveram
uma surpresa: no ponto onde houve a quebra, apareceram dois no-
vos polos (Fig. 5 b) de modo que os dois pedaços são dois imãs. Por
mais que se quebre o imã, cada pedaço é um novo imã (Fig 5 c).
Portanto, não é possível separar o polo norte do polo sul.

Foi a partir dessa observação que os chineses construíram as


primeiras bússolas.
Quando colocamos dois imãs próximo um do outro, observa-
mos a existência de forças com as seguintes características (Fig. 3):
• dois polos norte se repelem (Fig. 3 a);
• dois polos sul se repelem (Fig. 3 b); Um imã pode ter várias formas. No entanto, os mais usados são
• entre um polo norte e um polo sul há um par de forças de o em forma de barra e o em forma de ferradura (Fig. 6).
atração (Fig. 3 c).

O campo magnético
Resumindo essas observações podemos dizer que: Para interpretar a ação dos imãs, dizemos que eles criam em torno
polos de nomes diferentes de atraem e polos de mesmo nome de e um campo, denominado indução magnética ou, simplesmen-
se repelem te, campo magnético. Esse campo, que é representado por
tem sua direção determinada usando um pequeno imã em forma
Magnetismo da Terra de agulha (bússola). Colocamos essa bússola próxima do imã.
A partir dessas observações concluímos que a Terra se compor- Quando a agulha ficar em equilíbrio, sua direção é a do campo
ta como se no seu interior houvesse um gigantesco imã em forma magnético (Fig. 7). O sentido de é aquele para o qual aponta o
de barra (Fig. 4). Porém, medidas precisas mostram que os polos norte da agulha.
desse grande imã não coincidem com os polos geográficos, embora Para visualizar a ação do campo, usamos aqui o mesmo recur-
estejam próximos. Assim: so adotado no caso do campo elétrico: as linhas de campo. Essas
• o polo norte da bússola é atraído pelo sul magnético, que linhas são desenhadas de tal modo que, em cada ponto (Fig. 8), o
está próximo do norte geográfico. campo magnético é tangente à linha. O sentido da linha é o mesmo
• o polo sul da bússola é atraído pelo norte magnético, que sentido do campo.
está próximo do sul geográfico.

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Verifica-se aqui uma propriedade semelhante à do caso do • a=0;


campo elétrico: o campo é mais intenso onde as linhas estão mais • M.R.U. ;
próximas. Assim, no caso do Fig. 8, o campo magnético no ponto A • 2º Caso: v lançada Perpendicularmente a B ;
é mais intenso do que o campo no ponto B. • - A força magnética exerce a função de resultante centrí-
As linhas de campo do campo magnético são também de linhas peta. M.C.U. ;
de indução. • Fm = |q| . v. B ;
• Fm = Fcp ;
Campo magnético uniforme • r = m . v / |q| . B - Raio da Trajetória Circular;
Para o caso de um imã em forma de ferradura (Fig. 9), há uma • a = 90º ;
pequena região onde o campo é uniforme. Nessa região o campo • - Período (T): Tempo gasto numa volta completa:
tem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido em • T = 2ñ . m / |q| . B
todos os seus pontos. Como consequência, as linhas de campo são • ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;
paralelas. • 3º Caso: v lançada Obliquamente a B;
• - Movimento Helicoidal (hélice Cilíndrica) Uniforme
(M.H.U.);
• Fm = |q| . v . B . Sen(a) ;

Carga em repouso, sob a ação exclusiva do campo magnético


uniforme permanece em repouso;

Força Magnética sobre condutor Retilíneo no Campo Magnéti-


co Uniforme:
- Módulo: Fm = B . i . L . sen(a) ;
- Direção: É perpendicular ao plano de B e de i ;
- Sentido: É dado pela regra da Mão Esquerda:
Polegar - Fm;
Fig. 9- Na região sombreada, o campo magnético é uniforme. Indicador - B;
Médio - i ;
Quando um imã em forma de barra é colocado numa região
onde há um campo magnético uniforme (Fig. 10) fica sujeito a um Obs.: O sentido pode ser pela Regra do Tapa (mão direita) tam-
par de forças de mesma intensidade, mas sentidos opostos, forman-
bém, onde a palma da mão indica a Fm, o polegar o i e os demais
do um binário cujo momento (ou torque) M tem módulo dado por: dedos o campo B;
• | M | = F. d
Força Magnética entre condutores Paralelos:

Condutores paralelos percorridos por correntes elétricas de


mesmo sentido se atraem e de sentidos opostos se repelem;
Fm = µo . i1 . i2 . L / 2ñr
ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;

FORÇA MAGNÉTICA
Força sobre partícula carregada
MOVIMENTO DE CARGAS EM UM CAMPO MAGNÉTICO
Consideremos uma partícula com carga Q≠ 0. Quando essa par-
Movimento de carga elétrica no campo magnético Uniforme: tícula é lançada com velocidade numa região em que existe
• 1º Caso: v lançada Paralelamente a B (v // B); apenas um campo magnético às vezes essa partícula sofre a
• - Carga não desvia - Movimento Retilíneo Uniforme; ação de uma força que depende de
• Fm = 0 (mínima);
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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Observa-se que a força é nula quando tem a mesma direção Então, temos que :
de dB = k n A q v dl senq/r2

Como
I=nqAv

reescrevemos a expressão para o campo magnético elemen-


tar, dB, gerado pelo elemento do fio condutor que está na origem,
como :
dB = k I (dl x r/r3)
onde r3 é o cubo do módulo do vetor posição r.

Para podermos calcular o campo magnético B gerado por uma


corrente I, circulando num fio condutor, em uma posição r, preci-
LEI DE BIOT – SAVART
samos, inicialmente, considerar o fato de que todo o condutor
não pode estar na origem do sistema de coordenadas, mas o que
As Fontes do Campo Magnético
r representa é o vetor posição do ponto onde queremos calcular o
Inicialmente não procuramos definir as causas do campo mag-
campo B em relação ao elemento de arco do condutor que gera o
nético B. Agora, após formada a ideia de campo, vamos estabelecer
campo.
as suas fontes, isto é, o que cria ou gera um campo magnético.
O campo de uma partícula em movimento.

Assim chamando de r’ o vetor posição do elemento de arco do


circuito, com relação ao sistema de referência usado no problema,
r-r’ será o vetor correspondente ao vetor r da expressão anterior.
Mencionamos que a correlação entre Magnetismo e Eletricida-
Portanto:
de, está associada a um efeito relativístico. Tal demonstração pode
B = ò k I dlx(r-r’) /(r-r’)3
ser desenvolvida a partir de certos conhecimentos, até o momento
com a mesma notação anterior para o termo elevado ao cubo.
ainda não disponíveis, a nosso nível.
Admitamos que uma carga elétrica, q , esteja em movimento
Esta expressão também é conhecida como lei de Biot-Savart,
com velocidade v. Ela gera em torno de si um campo magnético B,
para o campo magnético B. A direção do campo magnético é conhe-
que obedece à seguinte relação vetorial:
cida quando se coloca a mão direita em torno do fio, com o polegar
B = k qvxur/r2
ao longo da direção da corrente elétrica I : a direção dos outros
onde k é uma constante de proporcionalidade a ser definida.
dedos da mão indicam a direção de B.
Observe-se que, diferentemente do campo elétrico E, o cam-
CAMPO MAGNÉTICO DE CONDUTORES RETILÍNEOS
po magnético B da partícula não está alinhado com ela, e sim per-
Quando temos um fio percorrido por corrente elétrica e sob a
pendicular ao plano formado pelo vetor posição r do ponto P onde
ação de um campo magnético, cada partícula que forma a corrente
queremos calcular o campo, e o vetor velocidade v da partícula que
poderá estar submetida a uma força magnética e assim haverá uma
está gerando o campo B.
força magnética atuando no fio. Vamos considerar o caso mais sim-
ples em que um fio retilíneo, de comprimento L é percorrido por
O Campo Magnético De Uma Corrente
corrente elétrica de intensidade i e está numa região onde há um
Para um elemento dl, de um fio percorrido por uma corrente
campo magnético uniforme
I, sendo A a área da seção reta do fio e, n o número de cargas por
unidade de volume, a carga dQ, atravessando a seção reta do fio na
posição do elemento dl será dada por:
dQ = n A q dl

Sendo v, a velocidade de transporte das cargas na corrente elé-


trica I, temos pela relação anterior, que o elemento de carga dQ,
gera um campo magnético elementar dado por :
dB = k dQ v senq/r2
onde q é o ângulo entre as direções orientadas de v e r
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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Sendo α o plano determinado pelo fio e pelo campo (Fig. 14) a As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas
força sobre o fio é perpendicular a αe tem sentido dado pela agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência
regra da mão esquerda como ilustra a figura. O módulo é dado desses polos é uma das importantes características dos imãs.
por:
F = B. i. L. sem θ (VI) O imã apresenta sempre dois polos.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará
Os ímãs novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma um dos polos do imã.
região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair
pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
minério de ferro).

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a


direção geográfica Norte-Sul.
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal-
A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo
simplesmente ímã. Sul do imã.

Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
da de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Eletroímãs EXEMPLO
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É Uma espira retangular, de área A = 0,50 m² e resistência R = 2,0
um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em está numa região onde há um campo magnético uniforme
um pedaço de ferro e que se comporta como um imã. como indica a Fig. 10, sendo θ = 60º.
Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-
meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.

Num intervalo de tempo = 3,0 s, a intensidade de varia de


B1 = 12 T para B2 = 18 T. Calcule o valor médio da intensidade da
corrente induzida na espira.
Resolução

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
(-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi- Lembrando que cosº 60 = 1/2, os fluxos iniciais (1) e final (2) são:
vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).
Assim:
Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um
motor, uma lâmpada, um rádio; De acordo com a lei de Faraday, o valor médio da força eletro-
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe- motriz induzida é dado por:
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.

LEI DE FARADAY
Consideremos um circuito no qual foi induzida uma corrente de Sendo im o valor médio da intensidade da corrente induzida,
intensidade i. Tudo se passa como se, dentro do circuito houvesse temos:
um gerador ideal, de força eletromotriz E dada por:
E=R.i
onde R é a resistência do circuito. Essa força eletromotriz é cha-
mada de força eletromotriz induzida. = 0,25 A
m
Sendo a variação do fluxo num intervalo de temo
Faraday descobriu que o valor médio de E é dado por: Podemos definir a força eletromotriz instantânea por:

Algumas vezes essa fórmula aparece do seguinte modo: Quando a força eletromotriz é constante, seu valor médio coin-
Neste caso, o serial “menos” serve apenas para lembrar da lei cide com seu valor instantâneo.
de Lenz, isto é, que a força eletromotriz induzida se opõe à variação
de fluxo. O TRANSFORMADOR
É uma máquina elétrica usada em corrente alternada. Trans-
forma o valor da tensão, por exemplo, de 220 Volt para 24 Volt, ou
vice-versa.

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393
a solução para o seu concurso!
FÍSICA

Esta capacidade do transformador permitiu a grande expansão Utilizam-se também noutros casos, como, por exemplo, para
no transporte, distribuição e utilização da energia elétrica e, junta- alimentar o altifalante com o sinal proveniente do circuito de saída
mente com o motor de corrente alternada, mostrou o grande in- dum amplificador.
teresse da utilização da corrente alternada, numa época em que
se confrontavam ideias sobre a melhor maneira de usar a energia Funcionamento sem carga (em vazio)
elétrica, se sob a forma de corrente contínua ou sob a forma de Se o segundo enrolamento permanecer aberto, sua presença
corrente alternada. não altera o comportamento do dispositivo; portanto, ele não mo-
Os transformadores mais generalizados são o monofásico e o difica a essência do que foi anteriormente discutido para o reator.
trifásico. Podemos representar a situação pela Figura 8, na qual o primeiro
No transformador monofásico existe um núcleo de ferro em enrolamento está excitado como antes. Este primeiro enrolamento
torno do qual estão montadas duas bobines, uma para receber a pode ser chamado enrolamento primário, porque recebe a corrente
tensão (o primário) e outra para fornecer a tensão (o secundário). de excitação que produz o fluxo. O enrolamento que se concate-
na com este fluxo é chamado enrolamento secundário. Entretan-
to, qual dos dois deva ser excitado é uma questão puramente de
conveniência e qualquer dos dois pode ser primário ou secundário.

Se ligarmos o enrolamento primário a uma fonte de tensão


alternada o fluxo produzido no núcleo induzirá tensão tanto no
enrolamento primário como no secundário. Considerando-se a re-
sistência desprezível, como na análise do reator, a tensão induzi-
da no enrolamento primário será igual, em cada instante, à tensão
O transformador trifásico funciona de forma similar ao mono- aplicada. A tensão induzida no enrolamento secundário será dada
fásico, mas tem três bobines no primário e três no secundário. Nal- pela equação:
guns casos, cada bobine do secundário está dividida em duas.

A diferença entre a tensão induzida no primário e no secundário


deve-se ao diferente número de espiras. Se é maior que ,o
dispositivo é um transformador elevador, onde a tensão induzida
no secundário é maior do que a do primário, na proporção do nú-
mero de espiras. Dizendo isto, estamos supondo que a dispersão
de fluxo no enrolamento primário é muito pequena comparada
com o fluxo principal e isto é verdade para fmm muito baixa, pre-
sente nesta condição de circuito aberto. A proporcionalidade entre
O transformador tem inúmeras aplicações e existem transfor- tensões e espiras pode ser escrita por:
madores para muitas potências e tensões, conforme as aplicações.
As aplicações mais importantes são no transporte e distribui-
ção de energia elétrica, subindo os valores no início do transporte e
diminuindo estes valores próximo dos utilizadores.
Outras utilizações generalizadas são na maioria das aparelha- onde a é chamado de relação de espiras ou relação de trans-
gens domésticas e industriais, em que é preciso alterar o valor da formação.
tensão da rede de alimentação para os adaptar aos valores a que o
aparelho funciona.

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FÍSICA

Funcionamento com carga pela carga), a fmm atuará não somente no circuito magnético
Suponhamos que uma impedância seja ligada entre os terminais principal, mas também na região de dispersão, originando fluxos
do enrolamento secundário, de modo que a tensão induzida de dispersão, com representados na Figura 9. A exemplo do que
imponha uma corrente de carga , que irá circular pelo enrola- ocorre no enrolamento primário, o enrolamento secundário possui
mento secundário de espiras. Esta configuração é mostrada na uma indutância de dispersão. Analogamente ao que foi feito para
Figura 9. o enrolamento primário, é conveniente representá-la no modelo
por uma indutância concentrada, junto à resistência secundária
e fora do transformador. O fluxo principal concatenar-se-á agora
com os dois enrolamentos do transformador.

Podemos considerar as correntes magnetizante e de perdas no


Quando a corrente de carga circula no enrolamento secundá- ferro do enrolamento primário separadas da corrente de carga. A
rio, a fmm que ela gera é cancelada por uma fmm igual e oposta no corrente magnetizante é que produz o equilíbrio de fmm com o
enrolamento primário, produzida por um aumento apropriado da secundário. Neste modelo, é conveniente manter o reatância
corrente primária. (devido a indutância ) e o resistor da Figura 7. Estes são
previstos para absorver correntes iguais às de magnetização e de
Assim, igualando as fmm devido às correntes de carga: perdas no ferro. A Figura 10 é, portanto, um modelo apropriado
para o transformador com carga. Todas as ``imperfeições’’ foram
ou removidas do transformador propriamente dito, restando um
transformador ideal (mostrado dentro do retângulo tracejado),
sem fluxo de dispersão e sem perdas, efetuando tão-somente
transformações nos valores das tensões e correntes
finalmente,
Transformador ideal
A Terminologia Brasileira da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) define o transformador como: Um dispositivo que
por meio da indução eletromagnética, transfere energia elétrica
Das equações (6.17) e (6.20) temos: de um ou mais circuitos (primário) para outro ou outros circuitos
(secundário), usando a mesma frequência, mas, geralmente, com
tensões e intensidades de correntes diferentes.
Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que
apresentam rendimento elevado, principalmente aqueles de gran-
Pela equação (6.21) podemos concluir que a elevação da tensão de porte utilizados em sistema de potência. Assim, para muitas
é acompanhada pela diminuição da corrente e vice-versa. Assim, análises podemos admiti-los como sendo ideais, o que implica em
podemos obter a relação: algumas simplificações no modelo, ou seja:
• não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no
núcleo e se concatena totalmente com as espiras do primário e do
secundário;
O significado da equação (6.22) é que a potência aparente for- • as resistências ôhmicas dos enrolamentos não são consi-
necida ao primário é igual à potência aparente fornecida à carga deradas;
(transformador ideal). • as perdas no ferro (núcleo) são ignoradas;
• a permeabilidade do núcleo é considerada elevada.
Modelo de circuito equivalente do transformador
No que diz respeito ao comportamento entre terminais, vimos que
o enrolamento primário atuando isoladamente, pode ser repre-
sentado pela Figura 7. Podemos identificar o fluxo produzido pelo
indutor com o fluxo principal, estabelecido no circuito magné-
tico principal e concatenando-se com qualquer enrolamento que
o envolva - por exemplo, com o enrolamento secundário da figura
8. Quando circula corrente no enrolamento secundário (imposta
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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

A Figura 11 mostra uma representação de um transformador tromagnética. A cada oscilação completa com um período T = 1 / f,
ideal, que é mesmo mostrado no retângulo tracejado da Figura 10. o fluxo de energia tem viajado uma distância L= c.T, denominado de
comprimento de onda.

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
O rádio e a televisão funcionam graças a ondas eletromagnéti-
cas. Numa estação de rádio, ou televisão, existem os transmissores Esquema de onda eletromagnética: campos elétricos e magné-
e uma antena. A antena é um condutor de corrente elétrica, cujos ticos propagando-se com a velocidade da luz
elétrons executam um movimento vibratório, com determinada
frequência. Esse movimento é produzido pelos circuitos dos trans- A USINA ELÉTRICA/ APLICAÇÕES
missores. O movimento vibratório dos elétrons cria as ondas eletro-
magnéticas características daquela estação e que se propagam em HISTÓRIA;
todas as direções do espaço. A primeira usina elétrica brasileira foi instalada em 1883, na ci-
No aparelho de rádio, ou televisão, também existem circuitos dade de Campos (RJ). Era uma usina termoelétrica. A primeira usina
e uma antena. Na antena receptora os elétrons também têm movi- hidrelétrica brasileira foi construída pouco depois no município de
mento vibratório, de mesma frequência que os elétrons da antena Diamantina (MG), aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno,
transmissora. Esse movimento é produzido pelas ondas eletromag- afluente do rio Jequitinhonha.
néticas captadas pela antena. Mas a primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade
Os elétrons da antena transmissora produzem a onda e esta faz pública foi a do rio Paraibuna, produzia energia para a cidade de Juiz
os elétrons da antena receptora vibrarem com a mesma frequência. de Fora (MG). Era muito difícil naquela época construir uma usina
As ondas eletromagnéticas são dois campos perpendiculares elétrica. O Brasil não tinha nenhuma fábrica de máquinas térmicas,
variáveis, um elétrico e outro magnético, que se propagam. Essa nem possuía grandes reservas exploradoras de carvão ou petróleo,
propagação pode ocorrer no vácuo e em determinados materiais. que são os combustíveis dessas máquinas. O panorama só come-
Como exemplo de ondas eletromagnéticas, podemos citar as çou a mudar realmente a partir da 1.a Guerra Mundial. Pois ficou
ondas de rádio, as ondas de televisão, as ondas luminosas, as micro- muito difícil importar, e por isso, muitos bens passaram a ser feitos
-ondas, os raios X e outras. Essas denominações são dadas de acor- aqui. Isso fez com que numerosas indústrias viessem para o Bra-
do com a fonte geradora dessas ondas e, em geral, correspondem a sil, principalmente para São Paulo, todas elas precisando consumir
diferentes faixas de frequências. grandes quantidades de energia elétrica. O governo resolveu então
No vácuo, todas as ondas eletromagnéticas propagam-se com dar incentivos para as empresas de energia elétrica que quisessem
a velocidade de 300.000 km/s. vir para o Brasil. A mais importante foi a band and Share, norte-a-
mericana que organiza dez empresas de energia elétrica, localizada
Geração de ondas eletromagnéticas em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas (RS). Em 1930, o
As ondas eletromagnéticas são geradas por cargas elétricas Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e
aceleradas. Cargas elétricas em repouso ou em movimento com 13 mistas. Com a 2.a Guerra Mundial voltou o problema de impor-
velocidade constante não produzem ondas eletromagnéticas. Um tação e de racionamento de carvão e petróleo. A essa altura a usina
estudo detalhado dos vários processos de geração de ondas ele- elétrica já era utilizada para outras finalidades, além da indústria da
tromagnéticas está fora dos objetivos deste curso. Neste capítulo iluminação pública e doméstica.
trataremos apenas dos aspectos fundamentais do campo eletro- Uma delas era o transporte elétrico no Brasil. Por isso, eles fi-
magnético produzido por uma carga acelerada e sua aplicação no caram conhecidos com o nome de “bondes”. Mas o crescimento
estudo de uma antena transmissora de radiofrequência. Serão da capacidade instalada continuava pequeno. Em 1940 tínhamos
dadas também algumas noções sobre a chamada “radiação sincro- 1.243MW e, em 1945 havíamos aumentado para apenas 1.341MW.
tron”. Processos quânticos de emissão de radiação serão estudados O governo decidiu intervir para aumentar a taxa de crescimento
na parte de Física Moderna do curso. e disciplinar melhor a produção e distribuição de energia elétrica
que até então estava nas mãos das empresas estrangeiras. Um dos
Ondas eletromagnéticas primeiros passos foi a criação da Companhia Hidrelétrica de São
A tecnologia moderna tem criado emissores de radiação que Francisco (CHESF) que imediatamente começou a construir a usina
são usados em comunicações. São as antenas de rádio e TV. Para de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais de Minas
simplificar, elas podem ser imaginadas como uma barra metálica Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiárias.
onde correntes elétricas circulam hora numa direção, hora em ou- Em 1957, crio-se as centrais elétricas de Furnas, que comandou a
tra ao longo barra, equivalendo a uma corrente oscilante com fre- construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito,
quência f. Ela cria um campo magnético também oscilante. Energia Volta Grande e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as centrais
eletromagnética se propaga a partir da antena, levando a informa-
ção dessas oscilações, as que são percebidas como uma onda ele-
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a solução para o seu concurso!
FÍSICA

elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de Paranapanema Um outro modo de pensar é observar que o fluxo de através da
(USEIPA) e as centrais elétricas de Urubupunbá (CELUSA), para for- espira está aumentando. Assim, a espira tentará diminuir esse flu-
mar as centrais elétricas de São Paulo (CESPE).
Já em 1954 o presidente Getúlio Vargas sentira necessidade xo, produzindo um campo (Fig. 5) que tem sentido oposto
de criar uma grande empresa estatal para planejar e coordenar a ao campo do imã. Para que isso aconteça a corrente induzida deve
construção das usinas produtoras de energia e sistematizar sua dis- ter o sentido indicado na figura.
tribuição.
No entanto sua ideia só vingou em 1963 no governo de Jânio
Quadros. À partir daí, o panorama da energia elétrica brasileira mu-
dou radicalmente. Enquanto entre 1940 1 1945 a capacidade insta-
lada aumentara apenas 1,5%. Entre 1962 1976 ela triplicou passan-
do de 5.729MW para 17.700MW. E de 1976 para 1985 esperava-se
que novamente triplique. Para isso era necessário contar com a usi-
na de Itaipú, a maior hidrelétrica do mundo com 14.000MW. EXEMPLO
Paralelamente a esse aumento da capacidade instalada, a Na Fig. 6 temos um condutor dobrado em forma de U sobre o
Eletrobrás estuda outras fontes de energia como a solara e a das qual se apoia um condutor retilíneo YZ. O conjunto está em uma
marés, e formas de transportar grandes quantidades de energia a região em que há um campo magnético e o condutor YZ está sendo
longas distâncias. puxado para a direita.
Quando os rios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste estiverem
totalmente aproveitados será possível transferir energia entre vá-
rias regiões por intermédio de um sistema elétrico integrado de
âmbito nacional.

A LEI DE LENZ
Heinrich Lenz (1804 - 1865), nascido na Estônia, descobriu que:
A corrente induzida tem um sentido tal que se opõe à variação
de fluxo
Desse modo a área do circuito W Y Z K está aumentando o que
EXEMPLO acarreta o aumento do fluxo de através do circuito. Em conse-
quência teremos uma corrente induzida no circuito que irá contrair
o aumento de fluxo
Para que isso ocorra, a corrente deverá produzir um campo de
de sentido oposto ao de e, para isso, a corrente deverá ter sentido
anti-horário (Fig. 7).

EXEMPLO
Na Fig. 3 representamos um imã sendo aproximado de uma Na Fig. 8 representamos uma espira entre os polos de um imã. Se
espira. girarmos a espira, iremos provocar a variação do ângulo θ (Fig. 9)
entre o campo e o vetor perpendicular ao plano da espira.

À medida que o imã se aproxima, o campo magnético do imã


sobre a espira fica cada vez mais intenso e, portanto, o fluxo de
aumenta. A variação do fluxo ocasionará o aparecimento de
uma corrente induzida na espira. De acordo com a lei de Lenz, essa
corrente irá contrariar a aproximação do imã. Isso significa que a
face da espira que está voltada para o imã deve ter a mesma po-
laridade do polo que está se aproximando, isto é, polo norte, para
que isso aconteça, a corrente deve ter o sentido indicado na Fig. 4.
O operador deverá aplicar uma força no imã pois este estará sendo
repelido pela espira.

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FÍSICA

5. A imagem do objeto será tão melhor quanto mais próximo


A variação de θ irá ocasionar a variação do fluxo de assim, do foco exato ele estiver.
teremos uma corrente induzida na espira. Esse é o princípio de ( ) CERTO
funcionamento dos geradores elétricos usados nas grandes usinas ( ) ERRADO
produtoras de energia elétrica e, também nos geradores usados
em automóveis (dínamos ou alternadores). 6. O poder de ampliação do microscópio de luz é alterado ele-
tronicamente.
( ) CERTO
QUESTÕES ( ) ERRADO

7. Assinale a opção que corresponde a uma grandeza vetorial.


1 O motorista de uma empresa transportadora de produtos (A) pressão
hospitalares deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega de (B) temperatura
mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproximadamente 1.100 (C) quantidade de movimento
km, ele estimou, para controlar as despesas com a viagem, o consu- (D) módulo de uma força
mo de gasolina do seu veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos,
considerou que esse consumo é constante. 8. A respeito das ondas eletromagnéticas, julgue os próximos
Considerando essas informações, julgue os itens que se se- itens. Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico e o campo
guem. magnético oscilam, guardando uma relação fixa entre si.
De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), o sím- ( ) CERTO
bolo da unidade de comprimento metro é m, no entanto o INME- ( ) ERRADO
TRO adota para essa unidade a representação mts, como se observa
em muitas placas de trânsito nas estradas brasileiras. 9. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondula-
( ) CERTO tórios que têm características comuns entre si, embora represen-
( ) ERRADO tem fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a
esses processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Tanto as
2. A grandeza de base temperatura termodinâmica, conforme ondas eletromagnéticas como as ondas sonoras podem apresentar
o Sistema Internacional de Unidades (SI), tem como unidade de ba- o fenômeno de refração quando atravessam a fronteira entre dois
secorrespondente: meios diferentes.
(A) Kelvin. ( ) CERTO
(B) Grau Celsius. ( ) ERRADO
(C) Grau Fahrenheit.
(D) Rankine. 10. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondulató-
(E) Grau Newton. rios que têm características comuns entre si, embora representem
fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a esses
3.A tabela a seguir demonstra os símbolos das grandezas de processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Tanto as ondas
base e os símbolos das unidades de base, de acordo com o Sistema eletromagnéticas quanto as ondas sonoras são processos de osci-
Internacional de Unidades (SI). lação de grandezas físicas escalares, que se propagam no espaço.
( ) CERTO
( ) ERRADO

11. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondulató-


rios que têm características comuns entre si, embora representem
fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a esses
processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Como a velocida-
de da luz é independente do referencial inercial na qual é medida,
A correlação correta entre as colunas está expressa em a luz não sofre o efeito Doppler, como ocorre com a onda sonora.
(A) a-III; b- II; c-V; d-IV; e-I. ( ) CERTO
(B) a-II; b-III; c-I; d-V; e-IV. ( ) ERRADO
(C) a-IV; b-I; c-II; d-V; e-III.
(D) a-V; b-IV; c-III; d-I; e-II. 12. A característica fundamental de uma onda é a transferência
(E) a-I; b-V; c-IV; d-II; e-III. de energia do local em que está sendo gerada para outras regiões
do espaço, sem que haja, nesse processo, transporte de matéria. A
4. A lente mais externa de um microscópio de luz é plana. intensidade de uma onda mede a energia radiada. A esse respeito,
( ) CERTO assinale a opção correta.
( ) ERRADO (A) O período de um movimento periódico é definido como o
intervalo de tempo em que ele se repete.
(B) Em uma onda periódica, o comprimento de onda é a menor
distância entre os pontos de máximo e mínimo.

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FÍSICA

(C) Se duas emissoras de rádio transmitem ondas em 60 MHz 17. (UFMS - Técnico de Laboratório, Biologia, Física e Química -
e 120 MHz, então a relação entre os seus respectivos compri- FAPEC – 2020) Para expressar as grandezas muito grandes ou muito
mentos de onda é igual a 4. pequenas frequentemente encontrada na Física, usa-se a notação
(D) Tanto as ondas luminosas quanto as ondas sonoras neces- científica, que emprega potência de 10. Sendo assim, essa notação
sitam de um meio material para se propagar, já que todas as 9.560.000.000 m é representada por:
ondas transportam energia. (A) 9,56 x 10-9 m.
(E) As ondas eletromagnéticas são diferenciadas pelas suas am- (B) 9 x 109 m.
plitudes. (C) 9,56 x 109 m.
(D) 9 x 10-9 m.
13. A ressonância magnética é um método moderno de diag- (E) 9,56 x 10-6 .
nóstico que fornece imagens em duas ou três dimensões de dife-
rentes planos do órgão inspecionado, que utiliza um forte campo 18. (Prefeitura de São José dos Campos - SP - Professor II –
magnético e ondas para a obtenção dessas imagens. Ciências - VUNESP – 2019) Observe o experimento a seguir.
A possibilidade de realizar exames de ressonância magnética,
inclusive em gestantes, deve-se ao fato de, além de não serem in-
vasivos, as ondas por eles emitidas terem frequências próximas às
das ondas
(A) de rádio.
(B) de raios X.
(C) dos raios gama.
(D) dos raios ultravioletas.
(E) dos raios cósmicos.
Considere que a massa do carrinho é maior do que a massa da
14. A respeito da Teoria da Blindagem Eletromagnética, analise
prancha de isopor. Ao colocar o carrinho com as rodas friccionadas
as assertivas abaixo.
em cima da prancha, o vetor resultante do movimento da prancha
I. Os campos elétricos são mais fáceis de blindar do que os cam-
será
pos magnéticos.
(A) Nulo
II. Qualquer material é capaz de blindar com efetividade uma
região sujeita a ruído eletromagnético. (B)
III. Compatibilidade eletromagnética é a capacidade que dispo-
sitivos elétricos ou eletrônicos apresentam, além de gerarem seus
próprios ruídos, de interagir com ruídos eletromagnéticos de ou- (C)
tros aparelhos, mantendo sua performance em níveis aceitáveis de
operação.
É correto o que se afirma em (D)
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas. (E)
(D) I e III, apenas.
(E) III, apenas. 19. (Prefeitura de Laranjal Paulista - SP - Professor de Educação
Básica – Ciências - MetroCapital Soluções – 2019) Das propriedades
15. Tendo à disposição, em uma bancada de laboratório, uma da matéria citadas abaixo, assinale aquela(s) que corresponde(m)
bateria, fios de cobre, uma lâmpada e uma bússola, um professor à extensão de espaço e à quantidade de matéria que existe em um
pode comprovar corpo:
(A) a lei de Ohm. I – Massa.
(B) o efeito fotoelétrico. II – Volume.
(C) a lei de Kirchhoff. III – Densidade. I
(D) o efeito magnético de correntes. V – Temperatura de ebulição.
(A) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
16. (Prefeitura de Ermo - SC - Professor de Física - PS Concursos (B) Apenas os itens I e II são verdadeiros.
– 2021) Ao trabalhamos com grandezas físicas, podemos afirmar (C) Apenas os itens II e IV são verdadeiros.
que muitas vezes não precisamos nos preocupar com valores (D) Apenas os itens III e IV são verdadeiros.
exatos. Podemos apenas: (E) Todos os itens são verdadeiros.
(A) Avaliar, com aproximação, um resultado ou uma medida.
(B) Comparar o valor de x com o valor amostra.
(C) Calcular aproximadamente o ponto médio do intervalo.
(D) Escrevê-lo em notação científica.
(E) Nenhuma das alternativas.

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FÍSICA

20. (SEE -PB - Professor – Física - INSTITUTO AOCP – 2019) As (C) 500
grandezas físicas se dividem em dois grandes grupos: as escalares e (D) 700
as vetoriais. As grandezas escalares são aquelas que ficam definidas (E) 2.500
por número e sua respectiva unidade de medida. As grandezas
vetoriais podem ser representadas por um vetor e, portanto, 24. (Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Professor – Ciências -
possuem módulo, direção e sentido. Assinale a alternativa que Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ – 2019) A aluna Bárbara levou para
apresenta apenas grandezas vetoriais. uma aula de Ciências a uma foto do painel de um instrumento de
(A) Velocidade, aceleração, torque e massa. medida que ganhou ou apresentou seu pai, que é eletricista. Veja a
(B) Potência, intensidade de corrente, massa e tempo. seguir uma imagem levada por Bárbara:
(C) Deslocamento, força, momento linear e impulso. De acordo com a unidade de medida mostrada na foto, o
(D) Energia, trabalho, resistência elétrica e campo elétrico. professor constata que o instrumento que Bárbara ganhou é
responsável por medir a:
21. (UNIFESSPA - Engenheiro - Engenharia Mecânica - CEPS- (A) voltagem ou tensão elétrica
UFPA – 2018) Uma viatura policial P encontra-se a 800 m a leste (B) intensidade da corrente elétrica
da origem de um eixo cartesiano e se move em direção à origem (C) potência dos aparelhos elétricos
(de leste para oeste), com 80 km/h. Neste mesmo instante, um (D) resistência elétrica dos resistores
motorista M encontra-se a 600 m a norte da origem e se move em
direção a esta (de norte para sul), com 60 km/h. Para este instante, 25. (Prefeitura de Campinas - SP – Farmacêutico - VUNESP – 2019)
a velocidade do motorista M, tal como vista pela viatura policial P, é Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, o
(A) 95 km/h na direção sul. texto a seguir.
(B) 95 km/h na direção norte. A grandeza derivada das grandezas do Sistema Internacional
(C) 100 km/h na direção sudeste. (SI) de volume é o _____. Uma das unidades de volume fora do SI,
(D) 100 km/h na direção noroeste. muito usada, é o ____ , que corresponde a ______ .
(E) 105 km/h na direção nordeste. (A) dm3 … mL … 1 L.
(B) cm3 … L … 100 mL.
22. (LIQUIGÁS - Profissional de Vendas – Júnior - CESGRANRIO – (C) m3 … L … 1 dm3 .
2018) Um navio carregado de gás liquefeito de petróleo é observado (D) cm3 … gal … 100 L.
a 60 km ao sul (ponto A) do porto de destino (ponto D). Para chegar (E) m3 … mL … 1 dm3 .
a esse porto, o navio precisa circunavegar uma grande ilha que está
situada entre o navio e o porto. Para passar por essa ilha, o navio
navega, então, 30 km para o leste até o ponto B e 20 km para o GABARITO
norte até o ponto C, de onde pode traçar uma rota direta para o
porto.
Qual é o módulo do vetor deslocamento, em km, que o navio
1 ERRADO
deve percorrer nesse trecho final, do ponto C até o ponto D?
(A) 90 2 A
(B) 85 3 B
(C) 67
(D) 61 4 ERRADO
(E) 50 5 CERTO

23. (Petrobras - Técnico de Inspeção de Equipamentos e 6 ERRADO


Instalações Júnior - CESGRANRIO – 2017) Durante o posicionamento 7 C
de um contêiner, este é solicitado por duas forças, Fx e Fy, aplicadas
8 CERTO
nas direções dos eixos x e y, respectivamente, conforme mostrado
na Figura abaixo. 9 CERTO
10 ERRADO
11 ERRADO
12 A
13 A
14 D
15 D
16 A
Se Fx vale 400 N, e Fy vale 300 N, o valor da força resultante
aplicada, em N, é 17 C
(A) 100 18 D
(B) 450
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19 B ______________________________________________________

20 C ______________________________________________________
21 C ______________________________________________________
22 E
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23 C
24 B ______________________________________________________
25 C ______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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QUÍMICA

Química – é a ciência que estuda os fenômenos químicos. Es-


ASPECTOS MACROSCÓPICOS DA MATÉRIA: ESTADOS tuda as diferentes substâncias, suas transformações e como elas
FÍSICOS DA MATÉRIA. MUDANÇA DE ESTADO. PROCES- interagem e a energia envolvida.
SOS DE SEPARAÇÃO E CRITÉRIOS DE PUREZA. DENSIDA- Fenômenos Físicos - é a transformação da matéria sem altera-
DE ção da sua composição.
Exemplos: reflexão da luz, solidificação da água, ebulição do
álcool etílico.
Substância e Mistura Física – é a ciência que estuda os fenômenos físicos. Estuda
Analisando a matéria qualitativamente (qualidade) chamamos as propriedades da matéria e da energia, sem que haja alteração
a matéria de substância. química.
Substância – possui uma composição característica, determi-
nada e um conjunto definido de propriedades.
Pode ser simples (formada por só um elemento químico) ou
composta (formada por vários elementos químicos).
Exemplos de substância simples: ouro, mercúrio, ferro, zinco.
Exemplos de substância composta: água, açúcar (sacarose), sal
de cozinha (cloreto de sódio).
Mistura – são duas ou mais substâncias agrupadas, onde a
composição é variável e suas propriedades também.
Exemplo de misturas: sangue, leite, ar, madeira, granito, água
com açúcar.

Corpo e Objeto
Analisando a matéria quantitativamente chamamos a matéria
de Corpo.
Corpo - São quantidades limitadas de matéria. Como por exem-
plo: um bloco de gelo, uma barra de ouro. Propriedades da matéria
Os corpos trabalhados e com certo uso são chamados de ob- O que define a matéria são suas propriedades.Existem as pro-
jetos. Uma barra de ouro (corpo) pode ser transformada em anel, priedades gerais e as propriedades específicas.As propriedades
brinco (objeto). gerais são comuns para todo tipo de matéria e não permitem dife-
renciar uma da outra. São elas: massa, peso, inércia, elasticidade,
Fenômenos Químicos e Físicos compressibilidade, extensão, divisibilidade, impenetrabilidade.
Fenômeno é uma transformação da matéria. Pode ser química Massa – medida da quantidade de matéria de um corpo. De-
ou física. termina a inércia e o peso.
Fenômeno Químico é uma transformação da matéria com alte- Inércia – resistência que um corpo oferece a qualquer tenta-
ração da sua composição. tiva de variação do seu estado de movimento ou de repouso. O
Exemplos: combustão de um gás, da madeira, formação da fer- corpo que está em repouso, tende a ficar em repouso e o que está
rugem, eletrólise da água. em movimento tende a ficar em movimento, com velocidade e di-
reção constantes.
Peso – é a força gravitacional entre o corpo e a Terra.
Elasticidade – propriedade onde a matéria tem de retornar ao
seu volume inicial após cessar a força que causa a compressão.
Compressibilidade – propriedade onde a matéria tem de redu-
zir seu volume quando submetida a certas pressões.
Extensão – propriedade onde a matéria tem de ocupar lugar
no espaço.
Divisibilidade – a matéria pode ser dividida em porções cada
vez menores. A menor porção da matéria é a molécula, que ainda
conserva as suas propriedades.
Impenetrabilidade – dois corpos não podem ocupar o mesmo
espaço ao mesmo tempo.
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As propriedades específicas são próprias para cada tipo de ma- - álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etílico mais 4%
téria, diferenciando-as umas das outras. Podem ser classificadas de água.
em organolépticas, físicas e químicas.
As propriedades organolépticas podem ser percebidas pelos Substância – é cada uma das espécies de matéria que constitui
órgãos dos sentidos (olhos, nariz, língua). São elas: cor, brilho, odor o universo. Pode ser simples ou composta.
e sabor.
As propriedades físicas são: ponto de fusão e ponto de ebuli- Sistema e Fases
ção, solidificação, liquefação, calor específico, densidade absoluta, Sistema – é uma parte do universo que se deseja observar,
propriedades magnéticas, maleabilidade, ductibilidade, dureza e analisar. Por exemplo: um tubo de ensaio com água, um pedaço de
tenacidade. ferro, uma mistura de água e gasolina, etc.
Ponto de fusão e ebulição – são as temperaturas onde a ma- Fases – é o aspecto visual uniforme.
téria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a As misturas podem conter uma ou mais fases.
fase sólida, respectivamente.
Ponto de ebulição e de liquefação – são as temperaturas onde Mistura Homogênea – é formada por apenas uma fase. Não se
a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa consegue diferencias a substância.
para a líquida, respectivamente. Exemplos:
Calor específico – é a quantidade de calor necessária para au- - água + sal
mentar em 1 grau Celsius (ºC) a temperatura de 1grama de massa - água + álcool etílico
de qualquer substância. Pode ser medida em calorias. - água + acetona
Densidade absoluta – relação entre massa e volume de um - água + açúcar
corpo. - água + sais minerais
d=m:V

Propriedade magnética – capacidade que uma substância tem


de atrair pedaços de ferro (Fe) e níquel (Ni).
Maleabilidade – é a propriedade que permite à matéria ser
transformada em lâmina. Característica dos metais.
Ductibilidade – capacidade que a substância tem de ser trans-
formada em fios. Característica dos metais.
Dureza – é determinada pela resistência que a superfície do
material oferece ao risco por outro material. O diamante é o mate-
rial que apresenta maior grau de dureza na natureza.

Mistura Heterogênea – é formada por duas ou mais fases. As


substâncias podem ser diferenciadas a olho nu ou pelo microscó-
pio.
Exemplos:
- água + óleo
- granito
- água + enxofre
- água + areia + óleo

Tenacidade – é a resistência que os materiais oferecem ao cho-


que mecânico, ou seja, ao impacto. Resiste ao forte impacto sem
se quebrar.
As propriedades químicas são as responsáveis pelos tipos de
transformação que cada substância é capaz de sofrer. Estes proces-
sos são as reações químicas.

Mistura e Substância
Mistura – é formada por duas ou mais substâncias puras. As
misturas têm composição química variável, não expressa por uma
fórmula.
Algumas misturas são tão importantes que têm nome próprio.
São exemplos:
- gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são substâncias Os sistemas monofásicos são as misturas homogêneas.
formadas por hidrogênio e carbono. Os sistemas polifásicos são as misturas heterogêneas. Os siste-
- ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio, 21% de oxi- mas homogêneos, quando formados por duas ou mais substâncias
gênio, 1% de argônio e mais outros gases, como o gás carbônico. miscíveis (que se misturam) umas nas outras chamamos de solu-
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ções. - SEPARAÇÃO MAGNÉTICA – usado quando um dos componen-


São exemplos de soluções: água salgada, vinagre, álcool hidra- tes da mistura é um material magnético.
tado. Com um ímã ou eletroímã, o material é retirado.
Os sistemas heterogêneos podem ser formados por uma única Exemplo: limalha de ferro + enxofre; areia + ferro
substância, porém em várias fases de agregação (estados físicos)
.Exemplo: Água líquida, sólida (gelo),vapor

Separação de mistura
Os componentes das misturas podem ser separados. Há algu-
mas técnicas para realizar a separação de misturas. O tipo de sepa-
ração depende do tipo de mistura.
Alguns dos métodos de separação de mistura são: catação, le-
vigação, dissolução ou flotação, peneiração, separação magnética,
dissolução fracionada, decantação e sedimentação, centrifugação,
filtração, evaporação, destilação simples e fracionada e fusão fra-
cionada.

Separação de Sólidos
Para separar sólidos podemos utilizar o método da catação, le-
vigação, flotação ou dissolução, peneiração, separação magnética, - VENTILAÇÃO – usado para separar dois componentes sólidos
ventilação e dissolução fracionada. com densidades diferentes. É aplicado um jato de ar sobre a mis-
tura.
- CATAÇÃO – consiste basicamente em recolher com as mãos Exemplo: separar o amendoim torrado da sua casca já solta;
ou uma pinça um dos componentes da mistura. arroz + palha.
Exemplo: separar feijão das impurezas antes de cozinhá-los.
- LEVIGAÇÃO – separa substâncias mais densas das menos den- - DISSOLUÇÃO FRACIONADA - consiste em separar dois compo-
sas usando água corrente. nentes sólidos utilizando um líquido que dissolva apenas um deles.
Exemplo: processo usado por garimpeiros para separar ouro Exemplo: sal + areia
(mais denso) da areia (menos densa). Dissolve-se o sal em água. A areia não se dissolve na água. Po-
de-se filtrar a mistura separando a areia, que fica retida no filtro da
- DISSOLUÇÃO OU FLOCULAÇÃO – consiste em dissolver a mis- água salgada. Pode-se evaporar a água, separando a água do sal
tura em solvente com densidade intermediária entre as densidades
dos componentes das misturas. Separação de Sólidos e Líquidos
Exemplo: serragem + areia Para separar misturas de sólidos e líquidos podemos utilizar o
Adiciona-se água na mistura. A areia fica no fundo e a serragem método da decantação e sedimentação, centrifugação, filtração e
flutua na água. evaporação.

- PENEIRAÇÃO – separa sólidos maiores de sólidos menores ou - SEDIMENTAÇÃO – consiste em deixar a mistura em repouso
ainda sólidos em suspensão em líquidos. até o sólido se depositar no fundo do recipiente.
Exemplo: os pedreiros usam esta técnica para separar a areia Exemplo: água + areia
mais fina de pedrinhas; para separar a polpa de uma fruta das suas
sementes, como o maracujá.
Este processo também é chamado de tamização.

- DECANTAÇÃO – é a remoção da parte líquida, virando cuida-


dosamente o recipiente. Pode-se utilizar um funil de decantação
para remover um dos componentes da mistura.
Exemplo: água + óleo; água + areia

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- CENTRIFUGAÇÃO – é o processo de aceleração da sedimentação. Utiliza-se um aparelho chamadocentrífuga ou centrifugador, que


pode ser elétrico ou manual.
Exemplo: Para separar a água com barro.

- FILTRAÇÃO – processo mecânico que serve para separar mistura sólida dispersa com um líquido ou gás. Utiliza-se uma superfície
porosa (filtro) para reter o sólido e deixar passar o líquido. O filtro usado é um papel-filtro.

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O papel-filtro dobrado é usado quando o produto que mais interessa é o líquido. A filtração é mais lenta.
O papel-filtro pregueado produz uma filtração mais rápida e é utilizada quando a parte que mais interessa é a sólida.
Exemplo: água + areia

- EVAPORAÇÃO – consiste em evaporar o líquido que está misturado com um sólido.


Exemplo: água + sal de cozinha (cloreto de sódio).
Nas salinas, obtém-se o sal de cozinha por este processo. Na realidade, as evaporações resultam em sal grosso, que se for purificado
torna-se o sal refinado (sal de cozinha), que é uma mistura de cloreto de sódio e outras substâncias que são adicionadas pela indústria.

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Separação de Misturas Homogêneas


Para separar os componentes das substâncias de misturas homogêneas usamos os métodos chamados defracionamento, que se
baseiam na constância da temperatura nas mudanças de estados físicos. São eles: destilação e fusão.
- DESTILAÇÃO – consiste em separar líquidos e sólidos com pontos de ebulição diferentes. Os líquidos devem ser miscíveis entre si.
Exemplo: água + álcool etílico; água + sal de cozinha
O ponto de ebulição da água é 100°C e o ponto de ebulição do álcool etílico é 78°C. Se aquecermos esta mistura, o álcool ferve pri-
meiro. No condensador, o vapor do álcool é resfriado e transformado em álcool líquido, passando para outro recipiente, que pode ser um
frasco coletor, um erlenmeyer ou um copo de béquer. E a água permanece no recipiente anterior, separando-se assim do álcool.
Para essa técnica, usa-se o aparelho chamado destilador, que é um conjunto de vidrarias do laboratório químico. Utiliza-se: termôme-
tro, balão de destilação, haste metálica ou suporte, bico de Bunsen, condensador, mangueiras, agarradores e frasco coletor.
Este método é a chamada Destilação Simples.
Nas indústrias, principalmente de petróleo, usa-se a destilação fracionada para separar misturas de dois ou mais líquidos. As torres
de separação de petróleo fazem a sua divisão produzindo gasolina, óleo diesel, gás natural, querosene, piche.
As substâncias devem conter pontos de ebulição diferentes, mas com valores próximos uns aos outros.

Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/destilacao-simples.gif

FUSÃO FRACIONADA – separa componentes de misturas homogêneas de vários sólidos. Derrete-se a substância sólida até o seu pon-
to de fusão, separando-se das demais substâncias.
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Exemplo: mistura sólida entre estanho e chumbo.


O estanho funde-se a 231°C e o chumbo, a 327°C. Então, funde-se primeiramente o estanho.

Energia
Energia é algo um pouco mais complicado de definir do que foi a matéria. Esta, ao contrário da matéria, não tem peso, e somente
é possível medir quando for transformada, ou ao ser liberada ou absorvida. Ela não possui unidades físicas próprias, sendo expressa em
termos das unidades de trabalho que realiza. Com isso, podemos ter uma definição mais simples: energia nada mais é do que a capaci-
dade de realizar trabalho. De acordo com a lei da conservação da energia, esta não pode ser criada nem destruída, portanto somente se
transformará.
É a partir da energia, ainda, que é possível modificar a matéria, anular ou provocar movimentos e causar deformações. Existem algu-
mas formas de energia. De acordo com a lei da conservação da energia, esta não pode ser criada nem destruída.
Formas de energia
Energia cinética: associada ao movimento. Esta depende da massa e da velocidade de um corpo.
Energia potencial: encontra-se armazenada em um sistema e pode ser usada a qualquer momento. São elas a energia potencial gravi-
tacional – relacionada a altura de um corpo em relação a um determinado nível de referência – e a energia potencial elástica, relacionada
a uma mola ou a um corpo elástico.
Energia mecânica total: a energia mecânica total e dada pela soma das energias cinética e potencial.

Matéria e Energia
A matéria é formada por moléculas, que por sua vez, é formada por átomos, que ao se agruparem, dão forma a tudo que conhecemos.
É importante salientar que o átomo não é a menor porção de matéria como acreditavam os gregos, que foram os primeiros a supor sua
existência.
A matéria pode se apresentar em três diferentes estados, o solido, o líquido e o gasoso, e as diferenças entre eles são apenas o modo
como estes átomos e moléculas estão organizados, sua interação e agitação. Como podemos ver na imagem.

Um corpo no estado sólido apresenta sempre uma forma e um volume bem definidos, assim como uma rigidez que pode variar de
um sólido para outro. De forma geral, os átomos de um corpo neste estado estão muito próximos, e fortemente ligados, mantendo assim
sua forma e posição.
Na maioria dos casos estes átomos estão organizados em estruturas cristalinas, ou seja, muito bem definidas, como o sal de cozinha
(NaCl), no qual os átomos de cloro estão posicionados nos vértices de um cubo.
Os corpos no estado líquido possuem um volume bem definido, entretanto sua forma se adapta ao recipiente no qual está inserido.
Não apresentam a rigidez características do solido, por isso a tensão superficial encontrada neles é extremamente baixa.
Os átomos e moléculas neste estado se encontram mais afastadas e fora de uma estrutura estática como vimos nos sólidos, pois a
força de interação entre elas é mais fraca, permitindo que outras forças alterem sua estrutura, fazendo com que sua forma se altere. Isso
faz com que os líquidos possam escoar, por exemplo, quando afetados pela força gravitacional.
Os gases, por outro lado, não possuem forma ou volume definido, eles assumem a forma e o volume do local onde estão, ficando mais
ou menos densos, pois seu volume pode ser alterado mais facilmente.
Neste estado, os átomos e moléculas estão extremamente afastados entre si, e possuem poucas interações uns com os outros, assim,
eles podem facilmente se desprender e ocupar um grande volume quando liberados.
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QUÍMICA

Abaixo podemos ver melhor a forma de organização de cada A mudança de estado de um corpo então depende de ele ab-
um destes estados. sorver ou liberar energia.

ÁTOMOS E MOLÉCULAS: CONSTITUIÇÃO DO ÁTOMO; DIS-


TRIBUIÇÃO ELETRÔNICA EM NÍVEIS. ELEMENTOS QUÍMI-
COS, MOLÉCULAS. NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MAS-
SA E ISOTOPIA. MASSA ATÔMICA E MOLECULAR

Histórico
A preocupação com a constituição da matéria surgiu em mea-
dos do século V a. C., na Grécia. Alguns filósofos grego acreditavam
que toda a matéria era formada por quatro elementos: água, terra,
Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/estados-fisicos-da-mate- fogo e ar, que eram representados por:
ria/

Mas se o estado da matéria depende dessas interações e da


agitação das moléculas, é possível alterá-lo? Sim. Quando forne-
cemos energia o suficiente para o corpo, a agitação das moléculas
faz com que as interações diminuam, e as moléculas fiquem mais
livres. Se essa energia for fornecida na forma de calor, podemos
descobrir quando ocorrerá a mudança do estado físico por meio
dos pontos de fusão e ebulição, que são diferentes para cada tipo
de material. A energia altera a temperatura do corpo, até chegar a
um desses pontos.
Quando o material está no ponto de fusão (pf) ou no ponto A estes elementos foram atribuídas “qualidades” denomina-
de ebulição (pe), é necessário que haja uma troca de energia para das: quente, frio, úmido e seco, conforme pode ser observado na
mudar seu estado, essa energia também é diferente para cada ma- figura abaixo:
terial, essa quantidade é chamada de calor latente e podemos ver
alguns valores de materiais bem conhecidos na tabela abaixo

Substância Pf (ºC) Lf (cal/g) Pe (ºC) Le (cal/g)


Água 0 79,71 100 539,6
Cobre 1039 51 2582 1290
Etanol -114 24,9 78,3 204
Ferro 1535 64,9 2800 1515
Freon - - -29 38
Mercúrio -39 2,82 356,5 68
Ouro 1063 15,8 2660 377
zinco 419 28,13 906 -

Enquanto o corpo está no ponto de fusão ou ebulição, a ener-


gia térmica fornecida para que mude seu estado não altera sua
temperatura. De acordo com esses filósofos tudo no meio em que vivemos
É possível alterar o ponto de fusão e ebulição de um material seria formado pela combinação desses quatro elementos em dife-
variado a pressão sobre ele. rentes proporções. Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos
Leucipo e Demócrito elaboraram uma teoria filosófica (não cien-
Entretanto, podemos nos perguntar: “se recebendo energia, as tífica) segundo a qual toda matéria era formada devido a junção
moléculas de um corpo ficam cada vez mais agitadas, o que aconte- de pequenas partículas indivisíveis denominadas átomos (que em
ce quando eu forneço energia para um gás?” grego significa indivisível). Para estes filósofos, toda a natureza era
Quando é fornecida energia o suficiente para um gás, as mo- formada por átomos e vácuo.
léculas começam a se romper, fazendo com alguns átomos percam No final do século XVIII, Lavoisier e Proust realizaram experiên-
seus elétrons, assim, eles ficam eletricamente carregados e se tor- cias relacionado as massas dos participantes das reações químicas,
nem íons. Este é um estado chamado de plasma, ou seja, um gás dando origem às Leis das combinações químicas (Leis ponderais).
aquecido, eletricamente carregado e com elétrons livres.
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Leis Ponderais As Leis de Lavoisier e de Proust são chamadas de Leis Ponde-


rais porque estão relacionadas à massa dos elementos químicos
-Lei de Lavoisier: nas reações químicas.
A primeira delas, a Lei da Conservação de Massas, ou Lei de La-
voisier é uma lei da química que muitos conhecem por uma célebre -Lei de Dalton
frase dita pelo cientista conhecido como o pai da química, Antoine Em 1808, John Dalton propôs uma teoria para explicar essas
Lavoisier: leis ponderais, denominada teoria atômica, criando o primeiro mo-
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” delo atômico científico, em que o átomo seria maciço e indivisível.
A teoria proposta por ele pode ser resumida da seguinte maneira:
Ao realizar vários experimentos, Lavoisier concluiu que: 1. Tudo que existe na natureza é formado por pequenas partí-
“Num sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à culas microscópicas denominadas átomos;
massa total dos produtos” 2. Estas partículas, os átomos, são indivisíveis (não é possível
seccionar um átomo) e indestrutíveis (não se consegue destruir
mecanicamente um átomo);

3. O número de tipos de átomos (respectivos a cada elemento)


diferentes possíveis é pequeno;
4. Átomos de elementos iguais sempre apresentam caracterís-
ticas iguais, bem como átomos de elementos diferentes apresen-
tam características diferentes. Sendo que, ao combiná-los, em pro-
porções definidas, definimos toda a matéria existente no universo;
5. Os átomos assemelham-se a esferas maciças que se dispõem
através de empilhamento;
6. Durante as reações químicas, os átomos permaneciam inal-
terados. Apenas configuram outro arranjo.

Ao mesmo tempo da publicação dos trabalhos de Dalton foi


desenvolvido o estudo sobre a natureza elétrica da matéria, feita
no início do século XIX pelo físico italiano Volta, que criou a primei-
Exemplo: ra pilha elétrica. Isso permitiu a Humphry Davy descobrir dois novos
Mercúrio metálico + oxigênio → óxido de mercúrio II elementos químicos: o potássio (K) e o sódio (Na). A partir disso, os
100,5 g 8,0 g 108,5 g trabalhos a respeito da eletricidade foram intensificados.
Em meados de 1874, Stoney admitiu que a eletricidade estava
-Lei de Proust intimamente associada aos átomos em que quantidades discretas
O químico Joseph Louis Proust observou que em uma reação e, em 1891, deu o nome de elétron para a unidade de carga elétrica
química a relação entre as massas das substâncias participantes é negativa.
sempre constante. A Lei de Proust ou a Lei das proporções defini-
das diz que dois ou mais elementos ao se combinarem para formar A descoberta do elétron
substâncias, conservam entre si proporções definidas. Em meados do ano de 1854, Heinrich Geissler desenvolveu um
Em resumo a lei de Proust pode ser resumida da seguinte ma- tubo de descarga que era formado por um vidro largo, fechado e
neira: que possuía eletrodos circulares em suas pontas. Ele notou que
“Uma determinada substância composta é formada por subs- quando se produzia uma descarga elétrica no interior do tubo de
tâncias mais simples, unidas sempre na mesma proporção em mas- vidro, utilizando um gás que estivesse sob baixa pressão, a descarga
sa”. deixava de ser barulhenta, e no tubo uma cor aparecia –que iria
depender do gás, de sua pressão e da voltagem a ele aplicada–. Um
Exemplo: A massa de uma molécula de água é 18g e é resulta- exemplo dessa experiência é o tubo luminoso de neon que normal-
do da soma das massas atômicas do hidrogênio e do oxigênio. mente se usa em estabelecimentos como placa.
H2 – massa atômica = 1 → 2 x 1 = 2g Já em 1875, William Crookes se utilizou de gases bastante rare-
O – massa atômica = 16 → 1 x 16 = 16g feitos, ou seja, que estavam em pressões muito baixas, e os colocou
em ampolas de vidro. A eles depositou voltagens altíssimas e assim,
Então 18g de água tem sempre 16g de oxigênio e 2g de hidro- emissões denominadas raios catódicos surgiram. Isso porque esses
gênio. A molécula água está na proporção 1:8. raios sempre se desviam na direção e sentido da placa positiva,
quando são submetidos a um campo elétrico externo e uniforme, o
mH2= 2g= 1 que prova que os raios catódicos são de natureza negativa.
____ _____ Esse desvio ocorre sempre da mesma maneira, seja lá qual for
o gás que se encontra no interior da ampola. Isso fez os cientistas
m O 16g 8 imaginarem que os raios catódicos seriam formados por minúscu-
las partículas negativas, e que estas existem em toda e qualquer

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QUÍMICA

matéria. A tais partículas deu-se o nome de elétrons. Assim, pela A descoberta da radioatividade
primeira vez na história, constatava-se a existência de uma partícu- Wilhelm Conrad Röntgen foi um físico alemão que, em 8 de no-
la subatômica, o elétron. vembro de 1895, realizando experimentos em que utilizava gases
altamente rarefeitos em uma ampola de Crookes, descobriu aci-
Modelo atômico de Thomson dentalmente que, a partir da parte externa do tubo, eram emitidos
No final do século XIX, Thomson, utilizando uma aparelhagem raios que conseguiam sensibilizar chapas fotográficas. Ele chamou
semelhante, demonstrou que esses raios poderiam ser considera- esses raios de raios X.
dos como um feixe de partículas carregados negativamente, uma Isso possibilitou que, em 1886, Becquerel descobrisse a radio-
vez que que eram atraídos pelo pólo positivo de um campo elétrico atividade e a descoberta do primeiro elemento capaz de emitir ra-
externo e independiam do gás contido no tubo. diações semelhantes ao raio X: o urânio. Logo a seguir o casal Curie
Thomson concluiu que essas partículas negativas deveriam fa- descobriu dois outros elementos radioativos: o polônio e o rádio.
zer parte dos átomos componentes da matéria, sendo denomina- Com a finalidade de estudar as radiações emitidas pelos ele-
dos elétrons. Após isto, propôs um novo modelo científico para o mentos radioativos, foram realizados vários tipos de experimentos,
átomo. Para Thomson, o átomo era uma esfera de carga elétrica dentre os quais o mais conhecido é o representado a seguir, em que
positiva “recheada” de elétrons de carga negativa. Esse modelo as radiações são submetidas a um campo eletromagnético externo.
ficou conhecido como “pudim de passas”. Este modelo derruba a
ideia de que o átomo é indivisível e introduz a natureza elétrica da A experiência de Rutherford
matéria. Em meados do século de XX, dentre as inúmeras experiências
realizadas por Ernest Rutherford e seus colaboradores, uma ga-
nhou destaque, uma vez que mostrou que o modelo proposto por
Thomson era incorreto.
A experiência consistiu em bombardear uma fina folha de ouro
com partículas positivas e pesadas, chamada de α, emitidas por um
elemento radioativo chamado polônio.

A descoberta do próton
Em 1886, Goldstein, físico alemão, provocando descargas elé-
tricas num tubo a pressão reduzida (10 mmHg) e usando um cátodo
perfurado, observou a formação de um feixe luminoso (raios ca-
nais) no sentido oposto aos raios catódicos e determinou que esses
raios era constituídos por partículas positivas

Rutherford observou que:


a) grande parte das partículas α passaram pela folha de ouro
sem sofrer desvios (A) e sem altera a sua superfície;
b) algumas partículas α desviaram (B) com determinados ân-
gulos de desvios;
c) poucas partículas não atravessaram a folha de ouro e volta-
Os raios canais variam em função do gás contido no tubo.
ram (C).
Quando o gás era hidrogênio, obtinham-se os raios com partículas
de menor massa, as quais foram consideradas as partículas funda-
mentais, com carga positiva, e denominadas próton pelo seu des-
cobridor, Rutherford, em 1904.

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QUÍMICA

O modelo de Rutherford O átomo moderno


A experiência da “folha de ouro” realizada pelo neozelandês Quando Rutherford realizou seu experimento com um feixe de
Ernest Rutherford foi o marco decisivo para o surgimento de um partículas alfa, e propôs um novo modelo para o átomo, houve al-
novo modelo atômico, mais satisfatório, que explicava de forma gumas controvérsias. Entre elas era que o átomo teria um núcleo
mais clara uma série de eventos observados: composto de partículas positivas denominadas prótons. No entan-
O átomo deve ser constituído por duas regiões: to, Rutherford concluiu que, embora os prótons contivessem toda
a) Um núcleo, pequeno, positivo e possuidor de praticamente a carga do núcleo, eles sozinhos não podem compor sua massa.
toda a massa do átomo; O problema da massa extra foi resolvido quando, em 1932,o
b) Uma região positiva, praticamente sem massa, que envolve- físico inglês J. Chadwick descobriu uma partícula que tinha aproxi-
ria o núcleo. A essa região se deu o nome de eletrosfera. madamente a mesma massa de um próton, mas não era carregada
eletricamente. Por ser a partícula eletricamente neutra, Chadwick
a denominou de nêutron.

Para que fique mais claro, vamos agora relacionar o modelo


de Rutherford com as conclusões encontrados em sua experiência. Hoje, acreditamos que, com uma exceção, o núcleo de muitos
átomos contém ambas as partículas: prótons e nêutrons, chama-
dos núcleons. (A exceção é o núcleo de muitos isótopos comuns
Observações Conclusões de hidrogênio que contém um próton e nenhum nêutron.) Como
Boa parte do átomo é vazio. mencionamos, é geralmente conveniente designar cargas em par-
Grande parte das partículas tículas em termos de carga em um elétron. De acordo com esta
No espaço vazio (eletrosfera)
alfa atravessa a lâmina sem convenção, um próton tem uma carga de +1, um elétron de -1, e
provavelmente estão localiza-
desviar o curso. um nêutron de 0.
dos os elétrons.
Poucas partículas alfa (1 em Deve existir no átomo uma
20000) não atravessam a lâmi- pequena região onde está con-
na e voltavam. centrada sua massa (o núcleo).
O núcleo do átomo deve ser
Algumas partículas alfa so-
positivo, o que provoca uma
friam desvios de trajetória ao
repulsão nas partículas alfa
atravessar a lâmina.
(positivas).

Em resumo: o modelo de Rutherford representa o átomo con-


sistindo em um pequeno núcleo rodeado por um grande volume no
qual os elétrons estão distribuídos. O núcleo carrega toda a carga
positiva e a maior parte da massa do átomo. Devido ao modelo atô-
mico de Thomson não ser normalmente usado para interpretar os
resultados dos experimentos de Rutherford, Geiger e Marsden, o
modelo de Rutherford logo o substituiu. De fato, isto é a base para
o conceito do átomo.

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QUÍMICA

Em resumo, podemos então descrever um átomo como apre-


sentando um núcleo central, que é pequeníssimo, mas que contém ÍONS :Número de prótons ≠ Número de elétrons
a maior parte da massa do átomo e é circundado por uma enorme Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons negativos,
região extranuclear contendo elétrons (carga -1). O núcleo contém ou ânions, e, ao perderem elétrons, originam íons positivos, os cá-
prótons (carga +1) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo tions.
não tem carga devido ao número de prótons ser igual ao número
de elétrons. A soma das massas dos elétrons em um átomo é pra- Cátions (íons positivos)
ticamente desprezível em comparação com a massa dos prótons e Em um cátions, o número de prótons é SEMPRE maior do que o
nêutrons. número de elétrons. Veja abaixo um exemplo de cátion:
-Cl (Z=17)
Número atômico e número de massa Número de prótons: 17 à carga:: +17
Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente identifica- Número de elétrons: 17 à carga: -17
do especificando dois números inteiros: o número atômico Z e o Carga elétrica total: +16-16= 0
número de massa A. -Cl+ ( Z=17)
Número de prótons: 17à carga: +17
O número atômico ( Z ) é o número de prótons no núcleo. Número de elétrons: 16 à carga: -16
Como um átomo é um sistema eletricamente nêutron, se conhe- Carga elétrica total: +17 -16= +1
cermos o seu número atômico, teremos então duas informações: o
número de prótons e o número de elétrons. Ânions (íons negativos)
Em um ânion, o número de prótons é menor do que o número
Número de prótons= número de elétrons de elétrons. Vamos agora relacionar o átomo de enxofre (S) com
O número de massa A é o número total de núcleons (prótons seu ânion bivalente (S2-).
mais nêutrons) no núcleo.
-S (Z=16)
Número de massa= número de prótons + número de nêutrons Número de prótons: 16à carga: +16
Pode-se ver destas definições que o número de nêutrons no Número de elétrons: 16 à carga: -16
núcleo é igual a A - Z. Carga elétrica total: +16 -16 =0
Um átomo específico é identificado pelo símbolo do elemen- -S (Z=16)
to com número atômico Z como um índice inferior e o número de Número de prótons: 16à carga: +16
massa como um índice superior. Assim, Número de elétrons: 19 à carga: -18
Carga elétrica total: +16 -18 = -2

O elemento químico
Um elemento químico é definido como sendo o conjunto for-
mado por átomos de mesmo número atômico (Z). A cada elemento
químico atribui-se um nome; a cada nome corresponde um símbo-
lo e, consequentemente, a cada símbolo corresponde um número
Indica um átomo do elemento X com o número atômico Z e atômico.
número de massa A. Por exemplo:
Elemento químico Símbolo Número atômico
Hidrogênio H 1
Oxigênio O 8
Cálcio Ca 20
Cobre Cu 29
Refere-se a um átomo de oxigênio comum número atômico 8 e
Prata Ag 47
um número de massa 16.
Todos os átomos de um dado elemento têm o mesmo número Platina Pt 78
atômico, porque todos têm o mesmo número de prótons no nú- Mercúrio Hg 80
cleo. Por esta razão, o índice inferior representando o número atô-
mico é algumas vezes omitido na identificação de um átomo indi-
Relações atômicas
vidual. Por exemplo, em vez de escrever 16O8, é suficiente escrever
16
O, para representar um átomo de oxigênio -l6.
-Isótopos:
Átomos de um dado elemento podem ter diferentes números
Íons
de massa e, portanto, massas diferentes porque eles podem ter di-
Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, originando no-
ferentes números de nêutrons em seu núcleo. Como mencionado,
vos sistemas, carregados eletricamente: os íons.
tais átomos são chamados isótopos.
Nos íons, o número de prótons é diferente do número de elé-
trons.
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QUÍMICA

Exemplo: considere os três isótopos de oxigênio de ocorrência natural: 16O8, 17O8 e 18O8; cada um destes tem 8 prótons no seu núcleo.
(Isto é o que faz com que seja um átomo de oxigênio.).

Átomos Prótons Nêutrons Elétrons


1 0 1

1 1 1

1 2 1

8 8 8

8 9 8

8 10 8

92 142 92

92 143 92

92 146 92

Cada isótopo também apresenta (A - Z) nêutrons, ou 8, 9 e 10 nêutrons, respectivamente. Devido aos isótopos de um elemento apre-
sentar diferentes números de nêutrons, eles têm diferentes massas.

-Isóbaros:
São átomos de diferentes números de próton, mas que possuem o mesmo número de massa (A). Assim, são átomos de elementos
químicos diferentes, mas que têm mesma massa, já que um maior número de prótons será compensado por um menor número de nêu-
trons, e assim por diante. Desse modo, terão propriedades físicas e químicas diferentes.

-Isótonos:
São átomos de diferentes números de prótons e de massa, mas que possuem mesmo número de nêutrons. Ou seja, são elementos
diferentes, com propriedades físicas e químicas diferentes.

CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS: PERIODICIDADE DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS ELE-
MENTOS. TABELA PERIÓDICA

Em Química, os critérios utilizados para a organização dos elementos químicos foram estabelecidos ao longo do tempo. No ano
de 1869, Dimitri Mendeleev iniciou os estudos a respeito da organização da tabela periódica através de um livro sobre os cerca de 60
elementos conhecidos na época, cujas propriedades ele havia anotado em fichas separadas. Ao trabalhar com esses dados ele percebeu
que organizando os elementos em função da massa de seus átomos, determinadas propriedades se repetiam diversas vezes, e com uma
mesma proporção, portanto era uma variável periódica. Lembrando que periódico é tudo o que se repete em intervalos de tempo bem
definidos, como é o caso das estações do ano e das fases da lua, por exemplo.
Ela foi criada com o intuito de organizar as informações já constatadas a fim de facilitar o acesso aos dados. Quando foi proposta mui-
tos elementos ainda não haviam sido descobertos, muito embora seu princípio seja seguido até hoje com 118 elementos. Alguns outros
modelos de tabela vêm sendo propostos, como por exemplo a que apresenta forma de espiral proposta por Philip Stewart com base na
natureza cíclica dos elementos químicos, porém a mais utilizada ainda é a de Mendeleev.
Dimitri Ivanovich Mendeleev nasceu na Sibéria e era professor da Universidade de São Petersburgo quando descobriu a lei periódica.
O elemento de número atômico 101 da tabela periódica tem o nome em homenagem a ele, o Mendelévio.
A tabela tem os elementos químicos dispostos em ordem crescente de número atômico e são divididos em grupos (ou famílias) devi-
do a características que são comuns entre eles. Cada elemento químico é representado por um símbolo, por exemplo a prata é represen-
tada por Ag devido a seu nome no latim argentum. Cada elemento possui ao lado de seu símbolo o número atômico e o número de massa

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QUÍMICA

Classificação dos elementos


• Metais: São bons condutores de calor e eletricidade. São sólidos nas CNTP (com exceção do mercúrio), além de maleáveis e
dúcteis.
• Não metais: São maus condutores de corrente elétrica e calor. Podem assumir qualquer estado físico na temperatura ambiente.
• Gases nobres: Apresentam baixa reatividade, sendo até pouco tempo considerados inertes.

Os elementos podem ser classificados em representativos ou de transição (interna e externa). Os representativos são aqueles cuja
distribuição eletrônica termina em s ou p. Os elementos de transição externa são aqueles cuja distribuição acaba em d, e os de transição
interna acabam em f. A localização de um elemento na tabela periódica pode ser indicada pelo seu grupo e seu período. Os elementos de
transição interna são os que se encontram nas duas linhas bem embaixo na tabela e na verdade é como se estivessem localizados no no
sexto e sétimo período do grupo três.
Cada linha no sentido horizontal da tabela periódica representa um período. Eles são em número de sete, e o período em que o ele-
mento se encontra indica o número de níveis que possui. Por exemplo o sódio (Na) está no período três, o que significa que o seu átomo
possui três camadas eletrônicas.
Já os grupos são as linhas verticais que apresentam elementos químicos que compartilham propriedades. Por exemplo o flúor (F) e
o cloro (Cl) estão no grupo 17 (ou 7A) por possuírem alta tendência de receber elétrons, o que chamamos de eletronegatividade. Alguns
grupos possuem nomes específicos como os listados abaixo e os demais recebem o nome do primeiro elemento de seu grupo.
Grupo 1: Metais alcalinos: esses elementos são muito reativos principalmente com a água. Esta reatividade aumenta conforme au-
menta o número atômico e o raio do átomo. Todos os elementos desse grupo são eletropositivos, metais bons condutores de eletricidade,
e formam bases fortes. São sólidos a temperatura ambiente, apresentam brilho metálico e quando expostos ao ar oxidam facilmente.
São utilizados na iluminação no caso das lâmpadas de sódio, na purificação de metais e na fabricação de sabões sendo combinados com
a gordura.

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QUÍMICA

Grupo 2: Metais alcalino-terrosos: Possuem esse nome por


serem geralmente encontrados na terra. São bastante reativos, po-
rém menos que os metais do grupo 1. Também são eletropositivos
e são mais duros e densos do que os metais alcalinos. São utilizados
em ligas metálicas como é o caso por exemplo do Berílio (Be), na
composição do gesso e do mármore sendo o caso do cálcio (Ca) e
em fogos de artifício magnésio (Mg) e estrôncio (Sr).

Grupo 16 (ou 6A): Calcogênios: Os elementos desse grupo re-


cebem esse nome derivado do grego que significa “formadores de
cobre”. Neste grupo pode-se perceber facilmente analisando todos
os elementos do grupo a presença de características metálicas e
não metálicas. Os elementos mais importantes deste grupo são o Ilustração de raio atômico
oxigênio (O) e o enxofre (S) sendo o primeiro o gás utilizado inclu-
sive em nossa respiração e o último é responsável inclusive pelo Na tabela periódica, o raio atômico aumenta de cima para bai-
fenômeno da chuva ácida. xo e da direita para a esquerda.
Grupo 17 (ou 7A): Halogênios: São os elementos mais eletro-
negativos da tabela periódica, ou seja, possuem a tendência de Isso acontece porque em uma mesma família (coluna), as ca-
receber elétrons em uma ligação. Podem se combinar com quase madas eletrônicas vão aumentando conforme se desce uma “casa”
todos os elementos da tabela periódica. O flúor por exemplo possui e, consequentemente, o raio atômico aumenta. Em um mesmo pe-
aplicação na higiene bucal. ríodo (linha), o número de camadas eletrônicas é o mesmo, mas a
Grupo 18 (ou 8A): Gases nobres: possuem essa intitulação de- quantidade de elétrons vai aumentando da esquerda para a direita
vido a ser constatado antigamente que não possuíam tendência e, com isso, a atração pelo núcleo aumenta, diminuindo o tamanho
alguma a formarem ligações. Isto ocorre devido à estabilidade de do átomo.
seus orbitais da camada mais externa completamente preenchidos.
Hoje alguns compostos conseguiram ser preparados com estes ele-
mentos e incluem geralmente o Xenônio (Xe) que possui a primeira
energia de ionização muito próxima do oxigênio.

Propriedades químicas
A Tabela Periódica organiza os elementos químicos até en-
tão conhecidos em uma ordem crescente de número atômico (Z
– quantidade de prótons no núcleo do átomo).
Muitas propriedades químicas e físicas dos elementos e das
substâncias simples que eles formam variam periodicamente, ou
seja, em intervalos regulares em função do aumento (ou da dimi-
nuição) dos números atômicos. As propriedades que se comportam
dessa forma são chamadas de propriedades periódicas.
As principais propriedades periódicas químicas dos elementos
são: raio atômico, energia de ionização, eletronegatividade, ele-
tropositividade e eletroafinidade. Já as físicas são: pontos de fusão Ordem de crescimento do raio atômico na Tabela Periódica
e ebulição, densidade e volume atômico.
2. Energia ou potencial de ionização: é a energia mínima ne-
A seguir, veja mais detalhadamente as propriedades periódicas cessária para remover um elétron de um átomo ou íon no estado
químicas: gasoso.
1- Raio atômico: pode ser definido como a metade da distância Esse elétron é sempre retirado da última camada eletrônica,
(r = d/2) entre os núcleos de dois átomos de um mesmo elemento que é a mais externa e é conhecida como camada de valência.
químico, sem estarem ligados e assumindo os átomos como esfe- Quanto maior o raio atômico, mais afastados do núcleo os elé-
ras: trons da camada de valência estarão, a força de atração entre eles
será menor e, consequentemente, menor será a energia necessária
para retirar esses elétrons e vice-versa. Por isso, a energia de io-
nização dos elementos químicos na Tabela Periódica aumenta no
sentido contrário ao aumento do raio atômico, isto é, de baixo para
cima e da esquerda para a direita:

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QUÍMICA

Ordem de crescimento da energia de ionização na Tabela Periódica Ordem de crescimento da eletropositividade na Tabela Perió-
dica
3. Eletronegatividade: representa a tendência que um átomo
tem de atrair elétrons para si em uma ligação química covalente em 5. Eletroafinidade ou afinidade eletrônica: corresponde à
uma molécula isolada. energia liberada por um átomo do estado gasoso, quando ele cap-
tura um elétron.
Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de- Essa energia é chamada assim porque ela mostra o grau de
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o afinidade ou a intensidade da atração do átomo pelo elétron adi-
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com- cionado.
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade Infelizmente, não são conhecidos todos os valores para as ele-
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi- troafinidades de todo os elementos, mas os que estão disponíveis
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da permitem generalizar que essa propriedade aumenta de baixo para
esquerda para a direita: cima e da esquerda para a direita na Tabela Periódica:

Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Periódica Ordem de crescimento da afinidade eletrônica na Tabela Peri-
ódica
4. Eletropositividade: é a capacidade que o átomo possui de
se afastar de seus elétrons mais externos, em comparação a outro Resumidamente, temos:
átomo, na formação de uma substância composta.
Visto que é o contrário da eletronegatividade, a sua ordem
crescente na tabela periódica também será o contrário da mostra-
da para a eletronegatividade, ou seja, será de cima para baixo e da
direita para a esquerda:

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QUÍMICA

LIGAÇÃO QUÍMICA. METÁLICA, IÔNICA E COVALENTE

Se átomos de um mesmo elemento ou de elementos diferentes não tivessem a capacidade de se combinarem uns com os outros,
certamente não encontraríamos na natureza uma grande variedade de substâncias. Há diferentes maneiras pelas quais os átomos podem
se combinar, como, por exemplo, mediante o ganho ou a perda de elétrons, ou pelo compartilhamento de elétrons dos níveis de valência.
Alguns poucos elementos, como os da família dos gases nobres (família 0 ou VIIIA), aparecem na forma de átomos isolados. Esses
elementos apresentam oito elétrons na camada de valência. O hélio (He) é a única exceção: ele apresenta apenas uma camada com dois
elétrons.
Em 1916, os cientistas Lewis e Kossel associaram esses dois fatos, ou seja, a tendência de elementos com oito elétrons na camada de
valência aparecerem isoladamente, com a tendência que os elementos manifestam de perder, ganhar ou compartilhar elétrons. A partir
dessa associação, propuseram uma teoria para explicar as ligações químicas entre os elementos:
Teoria do octeto: um grande número de átomos adquire estabilidade eletrônica quando apresenta oito elétrons na sua camada
mais externa.

Essa teoria é aplicada principalmente para os elementos representativos (família A), sendo que os elementos de transição (família
B) não seguem obrigatoriamente esse modelo. Embora existam muitas exceções a essa regra, ela continua sendo utilizada por se prestar
muito bem como introdução ao conceito de ligação química e por explicar a formação da maioria das substâncias encontradas na natureza.

Estabilidade dos gases nobres


De todos os elementos químicos conhecidos, apenas 6, os gases nobres ou raros, são encontrados na natureza na forma de átomos
isolados. Os demais se encontram sempre ligados uns aos outros, de diversas maneiras, nas mais diversas combinações.

Os gases nobres são encontrados na natureza na forma de átomos isolados porque eles têm a última camada da eletrosfera completa,
ou seja, com 8 elétrons. Mesmo o hélio, com 2 elétrons, está completo porque o nível K só permite, no máximo, 2 elétrons.

Regra do Octeto – Os elementos químicos devem sempre conter 8 elétrons na última camada eletrônica ou camada de valência. Na
camada K pode haver no máximo 2 elétrons. Desta forma os átomos ficam estáveis, com a configuração idêntica à dos gases nobres.

Essa estabilidade deve-se ao fato de que possuem a última camada completa, ou seja, com o número máximo de elétrons que essa
camada pode conter, enquanto última.
Os átomos dos demais elementos químicos, para ficarem estáveis, devem adquirir, através das ligações químicas, eletrosferas iguais
às dos gases nobres.

Como os átomos se ligam?


As ligações entre átomos são feitas várias formas, mais sempre envolvendo a camada mais externa (camada de valência).
Isso indica que são os elétrons do último nível que participam das ligações.
Estudaremos os seguintes tipos:
-Ligações iônicas
-Ligações Covalente
-Ligação Covalente Dativa
-Ligação metálica

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QUÍMICA

Substâncias iônicas
As substâncias iônicas são aquelas que apresentam pelo me-
nos uma ligação iônica entre seus componentes. Entre estes com-
postos temos, por exemplo os cloretos (Ex: NaCl - sal de cozinha),
nitratos (NaNO3), sulfatos (Na2SO4), carbonatos(CaCO3), etc.

-1Cloretos: -2Sulfatos:
O cloro é um elemento localizado na Família 7A da Tabela Os sulfatos são compostos químicos iônicos, de valência ou es-
Periódica, que o classifica como pertencente à família dos halogê- tado de oxidação 2-, que se originam a partir do ácido sulfúrico, tra-
nios. A sua configuração eletrônica, razão desta sua classificação, tando-se de um átomo de enxofre central ligado a quatro átomos
é 1s22s22p63s23p5, o que mostra que o átomo de cloro possui sete de oxigênio por meio de ligações covalentes, de fórmula molecular
elétrons em sua camada de valência (última camada, camada M no SO42-. Dessa forma, o mais conhecido ácido do íon sulfato é o ácido
caso do cloro). Dessa forma, o átomo de cloro necessita de um elé- sulfúrico (H2SO4), sendo também utilizada a denominação de óxido
tron para adquirir a estabilidade de um gás nobre (de acordo com sulfúrico para os sulfatos. Apresentam importância que vai desde o
a Regra do Octeto, oito elétrons na camada de valência conferem laboratório, passa pela indústria e chega aos sistemas vivos.
maior estabilidade a um átomo). Assim, o NOX (número de oxida- A maioria dos sais de sulfatos é solúvel, exceções feitas ao sul-
ção) do cloro é (-1), o qual expressa a sua tendência ao fazer uma fato de cálcio (CaSO4), sulfato de estrôncio (SrSO4) e sulfato de bário
ligação química. O nome dado à partícula iônica Cl- é cloreto, o qual (BaSO4). Tal fato deve-se a elevada energia de ligação entre cátion
é o ânion de muitos sais de importância comercial. e ânion, uma vez que o primeiro apresenta valência +2, e o segun-
Um cloreto trata-se de um sal inorgânico onde está presente do valência -2. Um importante conceito químico na averiguação da
como ânion (partícula carregada negativamente) o átomo de cloro solubilidade de um composto está na equilibração das cargas elétri-
monovalente, e um cátion metálico. O número de cargas positivas cas, o que, quando ocorre, sugere insolubilidade do composto. En-
deverá ser igual ao de cargas negativas, o que quer dizer que o NOX tretanto, este princípio apresenta um grande número de exceções,
do cátion será igual à quantidade de cloretos existentes na molé- e somente pode ser usado para cátions e ânions de valência igual
cula, uma vez que o cloreto realiza apenas uma ligação química. ou superior a dois.
Portanto, no caso do cloreto de sódio, a fórmula molecular será No processo de solubilidade do sal de um sulfato está envol-
NaCl (o metal sódio apresenta NOX +1), já a fórmula molecular do vido a sua dissociação aquosa, ou seja, a ligação química, de natu-
cloreto de cálcio será CaCl2, pois o metal cálcio apresenta NOX +2. E reza iônica, existente entre o(s) átomo(s) metálico(s) (cátions) e o
ambos os metais exemplificados podem ter o seu NOX relacionado sulfato (ânion), que é quebrada, e o composto então é dissociado
às suas posições na Tabela Periódica: o primeiro na Família 1A e em seus íons; solubilizado. Entretanto, as ligações covalentes exis-
o segundo na Família 2A. Os sais formados pelo ânion cloro estão tentes entre o átomo de enxofre e os quatro átomos de oxigênio
entre os mais corriqueiros da química inorgânica, estando presen- não apresentam interação com a água, de modo que permanecem
tes em muitas substâncias naturais de nosso contexto. “Os cloretos intactas.
estão presentes em todas as águas naturais, em concentrações va- Abaixo pode ser compreendido o conceito da dissociação, no
riáveis, como em amostras de águas, tais como: Água Potável; Água qual é apresentada a molécula de sulfato de sódio.
de Poço; Água para Caldeira e Água Destilada”2 Em vista de sua so-
lubilidade com a maioria das formações, talvez o cloreto insolúvel
mais importante seja o cloreto de prata, pode-se considerar sua im-
portância como fonte de minerais ao organismo humano, tais como
no caso do cloreto de sódio (NaCl) e do cloreto de potássio (KCl).
Dissociação do sulfato de sódio
-Nitratos:
Os nitratos são compostos inorgânicos que contêm o ânion -Carbonatos:
NO3-. Carbonatos são sais inorgânicos formados pelo ânion CO32-. A
O nitrogênio é o décimo quinto (15) Grupo da tabela periódica principal característica desse grupo de compostos é a insolubilida-
e pertence à família VA. Como todos os elementos dessa família, de em água: todos são insolúveis, com exceção do carbonato de
possui 5 elétrons na camada de valência. No entanto, cada oxigênio amônio (NH4)2CO3 e dos de metais alcalinos (Li, Na,K , Rb, Cs e Fr).
possui 6 elétrons na última camada e, portanto, cada um de seus Podem ser formados a partir da reação de ácido carbônico (H2CO3)
átomos precisa realizar duas ligações para ficar estável. com óxidos básicos.
Assim, no ânion nitrato, o nitrogênio é o elemento central, que A reação de carbonatos com ácidos tem como produto o dióxi-
realiza uma ligação dupla com um dos oxigênios, que fica estável, e do de carbono (CO2). Isso ocorre porque o contato com o íon H+ tor-
mais duas ligações simples com os outros dois oxigênios. Isso signi- na o carbonato mais instável e sujeito à decomposição, que produz
fica que esses dois oxigênios não ficam estáveis, precisando ainda o CO2. Esse processo consiste numa efervescência, que acontece,
receberem mais 1 elétron cada, dando um total de carga igual a -2. por exemplo, no estômago quando um antiácido é ingerido.
Porém, visto que o nitrogênio faz uma ligação a mais do que pode- Os carbonatos são muito frequentes na natureza. Veja alguns
ria fazer, ele doa um de seus elétrons, ficando com carga igual a +1. dos principais compostos:
Assim, no total, o ânion fica monovalente (- 2 + 1 = -1). Veja abaixo
a estrutura desse ânion:
2 BARBOSA, Addson; Dicionário de Química, 2° Ed.; AB – Editora,
1 http://www.infoescola.com/ Goiânia, 2000.
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QUÍMICA

-Carbonato de cálcio A fórmula será 1 átomo de Mg (nox +2) e 2 átomo de Cl (nox


Sal inorgânico representado pela fórmula química CaCO3, o -1).
carbonato de cálcio é muito encontrado na natureza, constituin-
do o mármore, o calcário, a argonita, a calcita, a casca do ovo, o
esqueleto de conchas e corais. Utiliza-se o carbonato de cálcio na
correção da acidez de solos e na fabricação do vidro (assim como os
carbonatos em geral), cimento, aço, cremes dentais, medicamen-
tos e outros.

-Carbonato de sódio 3
Determinação da fórmula iônica
O carbonato de sódio também conhecido como soda ou barri- A fórmula correta de um composto iônico nos mostra a míni-
lha, é um sal branco, cuja fórmula química é Na2CO3. Sua principal ma proporção entre os íons que se unem de modo a formar um
aplicação é na produção do vidro comum, especialmente aqueles sistema eletricamente neutro. Para que isso ocorra, é necessário
utilizados em embalagens. Também é utilizado na fabricação de que o número de elétrons cedidos seja igual ao número de elétrons
sabões, detergentes, corantes, papéis, medicamentos e no trata- recebidos.
mento da água de piscina. Uma maneira prática de determinar a quantidade necessária
de cada íon para escrever a fórmula iônica é:
-Carbonato de potássio
Esse composto inorgânico de fórmula química K2CO3 é um só- Exemplo:
lido branco, muito conhecido também como potassa, cinza pérola -Formação do cloreto de sódio (sal de cozinha), a partir do só-
ou sal de tártaro. O carbonato de potássio é usado na produção da dio e do cloro. Vejamos:
porcelana, vidro, sabão, cerâmicas, esmaltes, lã, fertilizantes agrí- O Sódio : Na (Z = 11) = 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3 s1 ou 2 – 8 - 1
colas, explosivos, etc. O Cloro : Cl (Z = 17) = 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3 s2 3p5 ou 2 – 8 – 7

Ligação iônica
Em uma ligação iônica ocorre transferência definitiva de elé-
trons, o que acarreta a formação de íons positivos (cátions) ou ne-
gativos (ânions), os quais originam compostos iônicos. Como todos
os íons apresentam excesso de cargas elétricas positivas ou negati-
vas, eles sempre terão pólos. Características e propriedades dos compostos iônicos:
Podemos visualizar a formação de uma ligação iônica típica en- -Rígidos;
tre dois átomos hipotéticos, M (um metal) e X (um não-metal), da -Duros e quebradiços
seguinte maneira: como M é um metal, sua energia de ionização é -Solúveis em solventes polares;
baixa, isto é, é necessária pouca energia para remover um elétron -Maus condutores de eletricidade no estado sólido;
do átomo. A perda de um elétron por um átomo isolado (gasoso) M - Elevadas temperaturas de fusão e ebulição.
leva à formação de um íon positivo oi cátion.
Substâncias moleculares
-Metais – 1 a 3 elétrons na última camada; tendência a perder As substâncias moleculares são substâncias formadas basica-
elétrons e formar cátions. Elementos mais eletropositivos ou me- mente por moléculas. Estas não apresentam cargas livres e por isso
nos eletronegativos. são incapazes de produzir corrente elétrica. São arranjos entre mo-
-Não-Metais – 5 a 7 elétrons na última camada; tendência a léculas. Moléculas e, portanto a menor combinação de átomos que
ganhar elétrons e formar ânions. Elementos mais eletronegativos mantém a composição de matéria inalterada (os átomos se ligam
ou menos eletropositivos. por ligações químicas).

Propriedades das substâncias moleculares:


- Podem ser sólidas (pouco duras e muito quebradiças), líqui-
das ou gasosas à temperatura ambiente;
- Forças de coesão das moléculas --> fracas e por isso, pontos
Por outro lado, como X é um átomo de um não-metal, o valor de fusão e de ebulição baixos;
de sua afinidade eletrônica é negativo, portanto, possui uma gran- - Más condutoras elétricas e térmicas porque as moléculas são
de tendência em ganhar elétron e formar um ânion. partículas neutras;
- Em solução aquosa:
- Se as moléculas são apolares --> boas condutoras;
- Se as moléculas são polares --> más condutoras.

Regra para montar a fórmula de um composto iônico


No cloreto de magnésio existem dois íons, o cloreto (Cl) com
número de oxidação -1 e o magnésio (Mg) com nº de oxidação +2.

3Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.


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QUÍMICA

Substâncias moleculares -Gás cloro (Cl2)


O cloro é um elemento utilizado na indústria e encontrada em
-Hidrogênio (H2) alguns produtos domésticos. O gás de cloro pode ser pressuriza-
O Hidrogênio é um gás inflamável, não tóxico, incolor, inodoro da e/ou aquecido para transformar-se num líquido, de modo que
e insípido. Sendo o gás de densidade mais baixa conhecida, nor- ele possa ser transportado e armazenado. Quando o cloro líqui-
malmente é transportado em cilindros de aço a pressões entre 150 do é liberado, ele rapidamente se transforma em um gás que fica
e 200 bar. As moléculas de hidrogênio apresentam duas formas perto do chão e se espalha rapidamente. O gás de cloro pode ser
isoméricas. Uma forma é designada de orto-hidrogênio, onde os reconhecido pelo seu odor picante, irritante, que é como o odor
dois núcleos atômicos estão girando na mesma direção (rotação de alvejante. O cheiro forte pode fornecer um sinal adequado para
paralela); na outra forma, designada para-hidrogênio, as rotações as pessoas que foram expostas. O gás de cloro parece ser amarelo
nucleares são opostas (rotação não paralela). Na temperatura esverdeado na cor. O cloro em si não é inflamável, mas pode reagir
ambiente, o equilíbrio da composição é 75:25 orto-pára, para fins explosivamente ou formar compostos explosivos com outros pro-
deste trabalho chamaremos esta proporção de H2 normal. É obtido dutos químicos, tais como terebintina e amoníaco.
industrialmente:
-Gás Amoníaco ou Amônia (NH3)
a) a partir do carvão A amônia ou gás amoníaco (NH3) é uma composto formado
por um átomo de nitrogênio ligado à três de hidrogênio. É um gás
incolor (ponto de ebulição normal - 33,4 °C), com odor caracterís-
tico, sufocante, e sua inalação, em altas concentrações, causa pro-
blemas respiratórios.
Este composto é obtido por um processo famoso chamado Ha-
b) processo Lane ber-Bosch que consiste em reagir nitrogênio e hidrogênio em quan-
3Fe + 4H2O Fe3O4 + 4H2 tidades estequiométricas em elevada temperatura e pressão. É a
maneira de obtenção de amônia mais utilizada hoje em dia. Esse
c) eletrólise processo leva o nome de seus desenvolvedores Fritz Haber e Carl
2H2O → 2H2 + O2 Bosch.
2NaCI + 2H2O →2NaOH + H2 + CI2
- Ácido Clorídrico (HCl)
-Oxigênio (O2) O ácido clorídrico é formado pelo gás cloreto de hidrogênio
O oxigênio é um gás incolor, inodoro e, no estado líquido, é (HCl) dissolvido em água, numa proporção de cerca de 37% do gás.
azul pálido. É o elemento mais abundante na Terra, quer em por- É um ácido inorgânico forte, líquido levemente amarelado, em que
centagem de átomos, ou em massa. Ocorre na atmosfera, combi- seus cátions H+ são facilmente ionizáveis na solução. A 18ºC o grau
nado com hidrogênio na hidrosfera e combinado como silício, ferro, de ionização do ácido clorídrico, isto é, a porcentagem de hidrogê-
alumínio e outros elementos na crosta terrestre (litosfera). É usado nios que efetivamente sofrem ionização é de 92,5%.
como “comburente”, substância que alimenta as combustões. É Este ácido é muito usado na limpeza e galvanização de metais,
obtido industrialmente por liquefação e posterior destilação fracio- no curtimento de couros, na obtenção de vários produtos, como na
nada do ar atmosférico. Inicialmente, o ar atmosférico é submetido produção de tintas, de corantes, na formação de haletos orgânicos,
a sucessivas compressões e resfriamentos até atingir uma tempera- é usado também na hidrólise de amidos e proteínas pelas indústrias
tura de aproximadamente – 200 °C. O ar torna-se líquido e, então, alimentícias e na extração do petróleo, dissolvendo as rochas e faci-
faz-se a destilação fracionada. Inicialmente, destila o componente litando o seu fluxo até a superfície.
mais leve que é o nitrogênio (PE = –195 °C), depois argônio (PE –190 Ele pode ser encontrado também no suco gástrico do estôma-
°C) e, por último, o oxigênio (PE –185 °C). go, cuja ação é ajudar na digestão dos alimentos. Ele é secretado
É obtido também pela eletrólise da água: 2H2O → 2H2+O2 pelo estômago num volume aproximado de 100 mL. Algumas pes-
soas sofrem de refluxo gastro-esofágico, que é o retorno do conte-
-Nitrogênio (N2) údo do ácido clorídrico do estômago, como mostrado abaixo. Ele
O nitrogênio é um gás, incolor, inodoro, insípido e inerte. Ocorre provoca queimação, rouquidão e dor torácica.
na Terra como o principal constituinte do ar atmosférico onde se en-
contra livre (N2). É difícil encontrar compostos inorgânicos do nitro- -Gás Metano (CH4)
gênio como minerais, pois a maioria é solúvel em água. O nitrogênio O metano (CH4) é um gás que não possui cor (incolor) nem
é encontrado em compostos orgânicos em todos os seres vivos, ani- cheiro (inodoro). Considerado um dos mais simples hidrocarbone-
mais e plantas. Certas bactérias no solo e raízes de algumas plantas, tos, possui pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar,
especialmente os legumes, convertem o nitrogênio atmosférico em torna-se altamente explosivo.
nitrogênio orgânico, que é, então, transformado por outras bactérias O gás metano é produzido pela decomposição da matéria or-
em nitrato, a forma de nitrogênio mais usada pelas plantas na síntese gânica. É abundante em aterros sanitários, lixões e reservatórios de
de proteínas. O nitrogênio é obtido industrialmente por liquefação e hidrelétricas, e também pela criação de gado (a pecuária representa
posterior destilação fracionada do ar atmosférico. Em laboratório, é 16% das emissões mundiais de gases de efeito estufa) e cultivo de
obtido pela decomposição do nitrito de amônio (NH4NO2): arroz. Também é resultado da produção e distribuição de combustí-
veis fósseis (gás, petróleo e carvão). Se comparado ao CO2, também
é mais perigoso: o metano é mais eficiente na captura de radiação
do que o CO2. O impacto comparativo de CH4 sobre a mudança cli-
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QUÍMICA

mática é mais de 20 vezes maior do que o CO2, isto é, 1 unidade de metano equivale a 20 unidades de CO2.

Ligação covalente ou molecular

A ligação covalente ocorre entre átomos com tendência a receber elétrons. Entretanto, como não é possível que todos os átomos re-
cebam elétrons, os átomos envolvidos na ligação apenas compartilhar um ou mais pares eletrônicos, sem que ocorra “perda” ou “ganho”
definitivo de elétrons.
A ligação covalente pode ser representada por:

Átomos A B
Tendência receber e- receber e-
Hidrogênio Hidrogênio
Hidrogênio Ametal
Classificação
Ametal Ametal
Ametal Semimetal
x--------------------------------------------x
Par eletrônico
Compartilhamento

As substâncias formadas através das ligações covalentes apresentam-se como unidades de grandeza limitada, denominadas molécu-
las; por isso a ligação covalente é também denominada de ligação molecular.
A ligação covalente pode ocorrer através de um ou mais partes de elétrons. Cada par eletrônico compartilhado entre dois átomos
pode ser representado por um traço (-). Assim, podemos ter:

-Ligação simples:

-Ligação dupla:

-Ligação tripla:

A ligação covalente e a tabela periódica

A relação entre a posição na tabela e o número de ligações é indicada a seguir:

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QUÍMICA

-Família VIIA (família doss Halogênio) Fórmulas químicas


Os elementos da família VIIA apresentam 7e- na sua última ca- A representação do número e dos tipos de átomos que formam
mada (camada de valência). Assim, eles atingem a estabilidade ao uma molécula é feita por uma fórmula química. Existem diferentes
compartilharem um único par enetrônico sendo assim denomina- tipos de fórmulas: a molecular, a eletrônica e a estrutural plana.
dos monovalentes.
a) Molecular: é a representação mais simples e indica apenas
Exemplo: quantos átomos de cada elemento químico formam a molécula.
-Ligação entre dois átomos de cloro (Cl2):

b) Eletrônica: também conhecida como fórmula de Lewis, esse


tipo de fórmula mostra, além dos elementos e do número de áto-
(Uma ligação simples) mos envolvidos, os elétrons da camada de valência de cada átomo
e a formação dos pares eletrônicos.
-Família VIA (família dos Chalcogênios)
Os elementos da família dos chalcogênios apresentam 6e- na
sua camada de valência. Diante disso, eles devem adquirir dois pa-
res eletrônicos para alcançar a estabilidade, sendo denominados
bivalentes.

c) Estrutural plana: também conhecida como fórmula estrutu-


ral, ela mostra as ligações entre os elementos, sendo cada par de
elétrons entre dois átomos representado por um traço.
(Duas ligações simples)

-Família VA
Estes elementos apresentam 5e- na sua camada de valência,
assim devem adquirir a estabilidade ao compartilharem três partes
eletrônicos (trivalentes)
Perceba que mais de um par de elétrons pode ser compartilha-
do, formando-se, então, ligações simples, duplas e triplas. Veja as
fórmulas de algumas moléculas simples:

(Três ligações simples)

-Familia IVA
Como estes elementos apresentam 4e- na camada de valência,
eles alcançarão a estabilidades quando compartilharem quatro pa-
res eletrônicos (tetravalentes).

(Quatro ligações simples)

-Hidrogênio
O hidrogênio (1s1) para adquirir sua configuração eletrônica es-
tável, ele deve ganhar um elétron e compartilhar um par eletrônico
(Monovalente) Casos particulares que contrariam a regra do octeto
Vários compostos estáveis não apresentam oito elétrons em
torno de um átomo da molécula. Veja alguns elementos que não
seguem a regra do octeto:

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QUÍMICA

-Berílio (Be):embora classificado como metal alcalino-terroso, A Ligação covalente e suas variações alotrópicas
pelo fato de seus dois elétrons da camada de valência apresenta- A alotropia é a propriedade pela qual os átomos de um mesmo
rem elevadas energias de ionização, forma compostos moleculares elemento químico pode originar uma ou mais substâncias simples e
com duas ligações simples. Assim, estabiliza-se com quatro elétrons diferentes, através do compartilhamento de elétrons.
na camada de valência. As variedades alotrópicas dos átomos podem variar devido ao:
-Alumínio (Al): Como seus elétrons de valência apresentam ele-
vadas energias de ionização, o alumínio forma, em alguns casos, (1) Número de átomos que forma cada molécula, isto é, sua
três ligações simples. Assim, estabiliza-se com seis elétrons na ca- atomicidade
mada de valência.
Exemplo: Oxigênio (O):
As explicações anteriores baseiam-se em fatos experimentais. O elemento oxigênio forma duas variedades alotrópicas: uma
Compostos como BF3, BeF2 e AlCl3 apresentam TF e TE baixas, quan- delas, mais abundante na atmosfera, é o gás oxigênio (O2) e a outra,
do comparados com compostos iônicos, o que evidencia que eles o ozônio (O3)
são moleculares. -O2: Cada molécula é formada por 2 átomos dando origem ao
-Boro (B): forma compostos estáveis através de três ligações gás oxigênio
simples, estabilizando-se com seis elétrons na camada de valência. -O3: cada molécula é formada por 3 átomos dando origem ao
gás ozônio.
Ligação Covalente Normal
Este tipo de ligação ocorre entre dois átomos que comparti- OBS: A transformação de O2 (g) em O3 (g) pode ser feita utili-
lham pares de elétrons. Os átomos participantes da ligação devem zando descargas elétricas
contribuir com um elétron cada, para a formação de cada par ele-
trônico. (2) Arranjo dos átomos no retículo cristalino:

Exemplo: A molécula de Hidrogênio (H2), (distribuição eletrô- Exemplo: Carbono (C)


nica: 1H = 1s1) necessita de um elétron para cada átomo de Hidro-
gênio para ficar com a camada K completa (dois elétrons). Assim os O diamante, o fulereno e a grafita, são as formas alotrópicas do
dois átomos de Hidrogênio se unem formando um par eletrônico elemento químico carbono. Estas substâncias diferem entre si pela
comum a eles (compartilhamento). estrutura cristalina, isto é, pela forma de seus cristais. A maneira
Desta forma, cada átomo de Hidrogênio adquire a estrutura dos átomos de carbono se unirem é diferente em todos estes três
eletrônica do gás nobre Hélio (He) compostos, ou seja, se diferem no retículo cristalino. Essas varieda-
des alotrópicas apresentam propriedades físicas diferentes e suas
Ligação covalente dativa propriedades químicas, na maioria das vezes, são semelhantes.
A ligação covalente dativa, também chamada de coordenada,
ocorre quando um dos átomos envolvidos já atingiu a estabilidade Vejamos com mais detalhes os principais casos de alotropia do
e o outro átomo ainda precisa de dois elétrons para completar sua carbono:
camada de valência. Essa ligação é semelhante à covalente comum,
na medida em que existe um compartilhamento de um par eletrô- -Diamante:
nico. No diamante, cada átomo de carbono está ligado a quatro ou-
tros átomos também de carbono não contidos num mesmo plano.

(Ligação covalente dativa)

Resumindo...
A ligação covalente ocorre entre:
– Hidrogênio – Hidrogênio
– Hidrogênio – não-metal
– Não-metal – Não-metal

Obs: Os semimetais também podem ser incluídos.

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QUÍMICA

-Grafita: Teoria do “mar de elétrons” ou teoria da “nuvem eletrônica”


A gráfica é formada por uma estrutura composta de anéis he-
xagonais contidos num mesmo plano. Como os anéis estão em um A principal característica dos metais é a eletropositividade (ten-
mesmo plano, esse conjunto forma lâminas. Assim, a grafita mé dência de doar elétrons), assim os elétrons da camada de valência
constituída por um grande número dessas lâminas sobrepostas, saem facilmente do átomo e ficam “passeando” pelo metal, o áto-
permitindo o deslizamento de um sobre a outra. mo que perde elétrons se transforma num cátion, que, em seguida,
pode recapturar esses elétrons, voltando a ser átomo neutro. O
metal seria um aglomerado de átomos neutros e cátions, imersos
num “mar de elétrons livres” que estaria funcionando como ligação
metálica, mantendo unidos os átomos e cátions de metais.

Característica e propriedades dos metais:


-Brilho metálico: o brilho será tanto mais intenso quanto mais
polida for a superfície metálica, assim os metais refletem muito
bem a luz.
-Condutividades térmica e elétrica elevadas: os metais são
bons condutores de calor e eletricidade pelo fato de possuírem elé-
trons livres.

-Densidade elevada: os metais são geralmente muito densos,


-Fulereno: isto resulta das estruturas compactas devido à grande intensidade
Os fulerenos são uma forma alotrópica do Carbono, a terceira da força de união entre átomos e cátions (ligação metálica), o que
mais estável após o diamante e o grafite. Tornaram-se populares faz com que, em igualdade de massa com qualquer outro material,
entre os químicos, tanto pela sua beleza estrutural quanto pela sua os metais ocupem menor volume.
versatilidade para a síntese de novos compostos químicos. -Resistência à tração: os metais resistem às forças de alonga-
mentos de suas superfícies, o que ocorre também como consequ-
ência da “força” da ligação metálica.
-Pontos de fusão e ebulição elevados: os metais apresentam
elevadas temperaturas de fusão e ebulição, isto acontece porque a
ligação metálica é muito forte.
-Maleabilidade: a propriedade que permite a obtenção de lâ-
minas de metais.
-Ductibilidade: a propriedade que permite a obtenção de fios
de meta

As ligas metálicas
As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo
ainda incluir semimetais ou não metais, mas sempre com predo-
Ligação metálica minância dos elementos metálicos. Apesar da grande variedade de
É o tipo de ligação que ocorre entre os átomos de metais. metais existentes, a maioria não é empregada em estado puro, mas
Quando muitos destes átomos estão juntos num cristal metálico, em ligas com propriedades alteradas em relação ao material inicial,
estes perdem seus elétrons da última camada. Forma-se, então, o que visa, entre outras coisas, a reduzir os custos de produção.
uma rede ordenada de íons positivos mergulhada num mar de elé- Podemos dizer que as ligas metálicas têm maiores aplicações
trons em movimento aleatório. Se aplicarmos um campo elétrico práticas que os próprios metais puros:
a um metal, orientamos o movimento dos elétrons numa direção -Aço: Formado pela mistura de aproximadamente 98,5% de
preferencial, ou seja, geramos uma corrente elétrica ferro, 0,5 a 1,7% de carbono e traços de silício, enxofre e oxigênio.
É usado em peças metálicas que sofrem elevada tração, pois é mais
resistente à tração do que o ferro puro. O aço é uma liga usada para
produzir outras ligas metálicas.
-Aço Inox: Formado por 74% de aço, 18% de cromo e 8% de
níquel. Por ser praticamente inoxidável, é usado em talheres, peças
de carro, brocas, utensílios de cozinha e decoração.

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QUÍMICA

-Solda: Formada por 67% de chumbo e 33% de estanho, ela é


usada em solda de contatos elétricos porque possui baixo ponto
de fusão.

-Ouro 18 quilates: Liga formada por 75% de ouro, 13% de pra-


ta e 12% de cobre. Sua vantagem em relação ao ouro puro é que Propriedades características e propriedades das ligas metá-
esse metal é macio e pode ser facilmente riscado. Além disso, a liga licas:
mantém as propriedades desejadas do ouro, como brilho, dureza -Condução da energia elétrica – elétrons são promovidos a ní-
adequada para a joia e durabilidade. veis energéticos mais elevados que estão disponíveis (vazios).
-Condução de energia térmica: Elétrons “deslocalizados” inte-
ragem fracamente com os núcleos.
-No aquecimento os elétrons adquirem grande quantidade de
energia cinética e deslocam-se para as regiões mais frias.
-Dissipação desta energia através de choque com outras partí-
culas levando a aquecimento do retículo.
-Vibração dos cátions em suas posições no retículo cristalino
também contribui – razão pela qual a condutividade elétrica dos
metais cai com o aumento da temperatura.

-Bronze: Formado por 67% de cobre e 33% de estanho. Sua


principal propriedade é resistência ao desgaste, sendo muito usado FUNÇÕES INORGÂNICAS: ÓXIDOS, ÁCIDOS, BASES E SAIS
para produzir sinos, medalhas, moedas e estátuas.

Propriedades funcionais são propriedades comuns a determi-


nados grupos de matérias, identificados pela função que desem-
penham, e são tais grupos denominados de funções químicas. As
funções químicas são um conjunto de substâncias com proprieda-
des químicas semelhantes, que podem ser divididas em orgânicas
e inorgânicas.
As funções orgânicas são aquelas constituídas pelo elemento
carbono, estudada pela química orgânica. A química orgânica es-
tuda os compostos que contêm carbono e a propriedade típica do
carbono é a formação de cadeias.
-Latão: Mistura de 95 a 55% de cobre e de 5 a 45% de zinco. As funções inorgânicas são aquelas constituídas por todos os
Devido a sua alta flexibilidade, ele é usado para produzir instrumen- demais elementos químicos que constituem os ácidos, bases, sais e
tos musicais de sopro, como trompete, flauta, saxofone etc., além óxidos, estudados pela Química Inorgânica.
de também ser aplicado em peças de máquinas, produção de tu-
bos, armas e torneiras. ÁCIDOS

Antes da teoria de Arrhenius, os ácidos eram conceituados por


uma série de propriedades comuns, como:
-Apresentar sabor azedo
-Tornar róseo o papel de tornassol azul
-Produzir efervescência liberando gás carbônico, quando adi-
cionados ao mármores e a outros carbonatos.

-Amálgama: Muito usada em obturações nos dentes, a amal-


gama é formada pela mistura de 70% de prata, 18% de estanho,
10% de cobre e 2% de mercúrio. Ela é bastante resistente à oxida-
ção (corrosão) e é bem maleável, podendo ser moldada no dente
do paciente.

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QUÍMICA

Entretanto, depois de Arrhenius, pôde-se entender que essas propriedades comuns são consequência do fato de todos os ácidos
apresentarem o mesmo íons positivo, H+. Antes de se dissolverem em água, os ácidos são compostos moleculares.
Exemplo: HCl, HNO3 e H2SO4 puros (na ausência de água) não formam íons. A ionização ocorre quando são dissolvidos em água. Assim,
verifica-se que todos os ácidos conduzem corrente elétrica.

Resumindo: Ácidos é toda substância que, em solução aquosa, libera como íons positivos somente H+.
Nomenclatura dos ácidos
Para efeito de nomenclatura, os ácidos são divididos em dois grupos:
- Hidrácidos;
- Oxiácidos.

1. Hidrácidos (HxE): Ácidos sem oxigênio.


Seus nomes são dados da seguinte maneira:

Exemplos:
-HF — ácido fluorídrico
-HBr — ácido bromídrico
-H2S — ácido sulfídrico
-HCl — ácido clorídrico
-HI — ácido iodídrico
-HCN — ácido cianídrico

2. Oxiácidos: ácidos com oxigênio.


Uma das maneiras mais simples de dar nome a esses ácidos é a partir do nome e da fórmula dos ácidos-padrão de cada família.

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QUÍMICA

Com base nessas fórmulas e com a variação do número de átomos de oxigênio, determinam-se as fórmulas e os nomes de outros
ácidos, com o uso de prefixos e sufixos.
Observe:

Assim, teremos:

Família 14/IVA (C)


-H2CO3 — ácido carbônico

Família 15/VA (N, P, As)


-HNO3 — ácido nítrico
-H3PO4 — ácido fosfórico
-HNO2 — ácido nitroso
Família 16/VIA (S, Se)
-H2SO4 — ácido sulfúrico
-H2SO3 — ácido sulfuroso

Família 17/VIIA (Cl, Br, I)


-HClO4 — ácido perclórico
-HClO3 — ácido clórico
-HClO2 — ácido cloroso
-HClO — ácido hipocloroso

Obs.: não existem ácidos oxigenados do flúor.

Alguns ácidos de um mesmo elemento têm os prefixos de seus nomes atribuídos em função de seu grau de hidratação:

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QUÍMICA

Grau de hidratação: Orto > Piro > Meta

O prefixo orto é dispensável.


Exemplo: (H3PO4):
- 2H3PO4 – 1 H2O: H4P2O7 (ácido pirofosfórico)
- 1H3PO4 – 1 H2O: HPO3 (ácido metafosfórico)

Classificação dos ácidos


Além da classificação baseada na presença de oxigênio na molécula, os ácidos podem ser classificados segundo outros critérios: áci-
dos é realizada a partir de vários critérios diferentes, sendo estes:

-QUANTO AO NÚMERO DE HIDROGÊNIOS IONIZÁVEIS:


Hidrogênio ionizável é aquele que está ligado a um átomo da molécula com eletronegatividade significativamente maior que a sua,
formando, assim, um polo positivo e um negativo dentro da molécula. Ao serem adicionados na água, sofrerão força eletrostática pelos
respectivos polos negativos e positivos da água, sendo, então, separados por ela. Com isso, há a formação de cátions H+, ou seja, houve
a ionização de hidrogênios.

Exemplos:
-Monoácido: apresenta apenas um hidrogênio ionizável;
-Diácido: apresenta dois hidrogênios ionizáveis;
-Triácido: apresenta três hidrogênios ionizáveis;
-Tetrácido: apresenta quatro hidrogênios ionizáveis;

Importante:
Nos hidrácidos todos os hidrogênios são ionizáveis, já nos oxiácidos, apenas aqueles que estão ligados a átomos de oxigênio é que
serão ionizáveis, por exemplo:

-Hidrácidos:

-Oxiácidos:

Assim, em soluções aquosas, os ácidos podem liberar um ou mais íons H+ para cada molécula de ácido ionizado, e cada íon H+ libera-
do corresponde a uma etapa de ionização.

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QUÍMICA

Exemplo: a ionização do H2SO4: -Reagem com certos metais (como o zinco, o magnésio e o fer-
ro) produzindo hidrogénio gasoso.
-Reagem com carbonatos e bicarbonatos, para produzir dióxi-
do de carbono gasoso.
-As suas soluções aquosas conduzem a eletricidade

Principais ácidos e suas aplicações no cotidiano

- Ácido fluorídrico — HF
-GRAU DE IONIZAÇÃO Nas condições ambientes, é um gás incolor que tem a carac-
O Grau de ionização de um ácido (α) consiste na relação entre terística de corroer o vidro, quando em solução aquosa. Por esse
o número de moléculas ionizadas e o número total de moléculas motivo, em laboratórios, deve ser guardado em frascos plásticos. É
dissolvidas. Para realizar o cálculo dessa relação, usamos a seguinte usado para fazer gravações em cristais e vidros.
equação:
- Ácido sulfídrico — H2S
O ácido sulfídrico é um gás venenoso, incolor, formado na pu-
trefação de substâncias orgânicas naturais que contenham enxofre,
sendo responsável em grande parte pelo cheiro de ovo podre.
Alguns animais como o gambá e a maritaca, liberam uma mis-
Comparando os graus de ionização temos: tura de substâncias de odor desagradável, entre as quais o H2S.
-Ácidos fortes: aqueles que possuem um grau de ionização
igual ou maior que 50%. Exemplos a 18°C:HCl (α = 92,5%), H2SO4 - Ácido Sulfúrico (H2SO4)
(α = 61%); É o ácido mais importante na indústria e no laboratório. É uti-
-Ácidos moderados ou semifortes: seu grau de ionização é lizado nas baterias de automóvel, é consumido em enormes quan-
maior que 5% e menor que 50%. Exemplos a 18°C: HF (α = 8,5%), tidades em inúmeros processos industriais, como processos da in-
H3PO4(α = 27%); dústria petroquímica, na fabricação de corantes, tintas, explosivos
-Ácidos fracos: possui grau de ionização igual ou menor que e papel.
5%. Exemplos a 18°C: HCN (α = 0,008%), H2CO3 (α = 0,18%). É também usado na indústria de fertilizantes agrícolas, per-
mitindo a fabricação de produtos como os fosfatos e o sulfato de
Exemplo: amónio.
De cada 100 moléculas de HCl dissolvidas, 92 moléculas sofrem O ácido sulfúrico concentrado é um dos desidratantes mais
ionização: enérgicos. Assim, ele carboniza os hidratos de carbono como os
açúcares, amido e celulose; a carbonização é devido à desidratação
desses materiais; O ácido sulfúrico “destrói” o papel, o tecido de al-
godão, a madeira, o açúcar e outros materiais devido à sua enérgica
ação desidratante. O ácido sulfúrico concentrado tem ação corro-
siva sobre os tecidos dos organismos vivos também devido à sua
0,92% àÁcido forte ação desidratante. Produz sérias queimaduras na pele. Por isso, é
necessário extremo cuidado ao manusear esse ácido;
- VOLATILIDADE As chuvas ácidas em ambiente poluídos com dióxido de enxo-
Volatilidade é a capacidade das substâncias passarem do esta- fre contêm H2SO4 e causam grande impacto ambiental.
do líquido para o gasoso em temperatura ambiente. Desse modo,
para classificar os ácidos quanto à volatilidade é preciso considerar -Ácido clorídrico (HCl)
os pontos de ebulição dos ácidos: O ácido clorídrico consiste no gás cloreto de hidrogênio dis-
-Ácidos voláteis: a grande maioria dos ácidos: HF, HCl, HCN, solvido em água. Quando impuro, é vendido com o nome de ácido
H2S, HNO3 etc. muriático, sendo usado principalmente na limpeza de pisos e de
O ácido acético, componente do vinagre, é o ácido volátil mais superfícies metálicas antes do processo de soldagem.
comum no nosso dia-a-dia. Ao abrirmos um frasco com vinagre, O ácido clorídrico também pode ser encontrado em nosso pró-
logo percebemos seu cheiro característico. prio organismo, estando presente no suco gástrico do estômago,
-Ácidos fixos: Os dois ácidos pouco voláteis mais comuns são o produzido pelas células parietais, cuja ação é ajudar na digestão
H2SO4 e o H3PO4. dos alimentos.
Propriedades dos ácidos
O sabor azedo é uma das características comuns aos ácidos, os -Ácido cianídrico (HCN)
quais, assim como todas as substâncias azedas, estimulam a saliva- É um ácido extremamente tóxico. Este gás foi utilizando contra
ção. Vamos abordar agora outras propriedades apresentadas por os judeus durante a segunda guerra mundial para a execução da
eles e que nos permitem identificá-los: pena de morte.
-Causam mudanças de cor nos corantes vegetais (por exemplo:
alteram a cor da tintura azul de tornesol, de azul para vermelho). -Ácido acético (CH3-COOH)
É o ácido do vinagre, produto indispensável na cozinha no pre-
paro de saladas e maioneses.
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QUÍMICA

-Ácido Nítrico (HNO3)


Depois do ácido sulfúrico, é o ácido mais fabricado e mais consumido na indústria. É usado na fabricação de explosivos como o trinitro-
tolueno (TNT) e a nitroglicerina (dinamite); é muito útil para a indústria de fertilizantes agrícolas, permitindo a obtenção do salitre.

O ácido nítrico concentrado é um líquido muito volátil; seus vapores são muito tóxicos. É um ácido muito corrosivo e, assim como o
ácido sulfúrico, é necessário muito cuidado para manuseá-lo.

-Ácido fosfórico (H3PO4)


- Os seus sais (fosfatos) têm grande aplicação como fertilizantes na agricultura;
-É usado como aditivo em alguns refrigerantes.

BASES

Antes da teoria de Arrhenius, as cases eram determinadas por uma série de propriedades comuns, como:
-Sabor adstringente, isto é, “amarras na boca”;
-Tornar a pele lisa e escorregadia;
-Tornar azul o papel de tornassol róseo;
-Conduzir corrente elétrica.

Após as contribuições de Arrhenius, foi possível entender que essas propriedades comuns se devem ao íon negativo OH- (hidroxila ou
hidróxido), presente em todas as bases.
Os hidróxidos metálicos são compostos iônicos, e por isso, quando se dissolvem em água, há dissociação iônica.Na época de Arrhe-
nius acreditava-se que esses hidróxidos eram formados por moléculas e que a água separava-se em íons. Por ser iônica, essa dissociação
pode ser esquematizada como:

Resumindo: Segundo Arrhenius, base é toda substância que, em solução aquosa, sofre dissociação, liberando como único tipo de
ânion o OH–.

Nomenclatura das bases


O nome das bases é obtido a partir da seguinte regra:

Hidróxido de + nome do cátion

Exemplos:

-NaOH:
Cátion: Na+ (sódio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de sódio

-Ca (OH)2
Cátion: Ca2+ (cálcio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de cálcio

-Al (OH)3
Cátion: Al3+ (alumínio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de alumínio

Importante: Quando um mesmo elemento forma cátions com diferentes eletrovalências (cargas), acrescenta-se ao final do nome,
em algarismos romanos, o número da carga do íon. Outra maneira de dar nome é acrescentar o sufixo -oso ao íon de menor carga, e -ico
ao íon de maior carga.

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QUÍMICA

Hidróxido de + nome do cátion + carga do cátion

Ou

Hidróxido de + nome do cátion + ICO (carga maior)


Hidróxido de + nome do cátion + OSO (carga menor)
Exemplos:

-Ferro:
Fe2+ Fe(OH)2 = Hidróxido de ferro (II) ou hidróxido ferroso.
Fe3+: Fe(OH)3 = Hidróxido de ferro (III) ou hidróxido férrico.

-Cobre:
Cu (OH): Hidróxido de cobre (I)
Cu (OH)2: Hidróxido de cobre (II)

Classificação das bases

-Quanto ao número de hidroxilas (OH-)

Classificação Número de hidroxilas (OH-) Exemplos


-
Monobase 1 OH NaOH, LiOH, NH4OH
Dibase 2 OH- Ca(OH)2, Fe(OH)2
Tribase 3 OH- Al(OH)3, Fe(OH)3
-
Tetrabase 4 OH Sn(OH)4, Pb(OH)4

- Classificação quanto à força


Fracas: possui grau de dissociação iônica inferior a 5%, é o caso do NH4 e dos metais em geral (desde que estes não sejam alcalinos
ou alcalinos terrosos)
Fortes: possui grau de dissociação iônica de praticamente 100%, é o caso das bases de metais alcalinos e metais alcalinos terrosos,
exceto os hidróxidos de berílio e magnésio.

Tipo de base Força básica


De metais alcalinos Fortes e solúveis
Fortes e parcialmente solúveis,Exceto a de magnésio, que é
De metais alcalinoterrosos
fraca
Demais bases Fracas e praticamente insolúveis

- Quanto à Solubilidade em água


O esquema a seguir mostra a variação genérica da solubilidade das bases em água.

Solúveis: NH4OH e as bases de metais alcalinos (da família 1ª)


Pouco solúveis: as bases de metais alcalinos terrosos (da família 2ª)
Praticamente insolúveis: as demais

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QUÍMICA

Propriedades das bases

-Reações com ácidos


Como já sabemos:

Assim, se misturarmos um ácido e uma base, os íons H+ e OH– interagem, produzindo água (H2O). Essa reação é denominada neutra-
lização. O cátion da base e o ânion do ácido darão origem a um sal, num processo chamado salificação.

-Ação sobre indicadores


Tanto os ácidos como as bases alteram a cor de um indicador. A maioria dos indicadores usados em laboratório porém, alguns são
encontrados na natureza, como o repolho roxo, na beterraba, nas pétalas de rosas vermelhas, no chá-mate, nas amoras etc., sendo sua
extração bastante fácil

Principais bases e suas aplicações no cotidiano

-Hidróxido de sódio — NaOH


O hidróxido de sódio é popularmente conhecido como soda cáustica, cujo termo cáustica significa que pode corroer ou, de qualquer
modo, destruir os tecidos vivos. É um sólido branco, cristalino e higroscópico, ou seja, tem a propriedade de absorver água. Por isso,
quando exposto ao meio ambiente, ele se transforma, após certo tempo, em um líquido incolor. As substâncias que têm essa propriedade
são denominadas deliquescentes.
Quando preparamos soluções concentradas dessa base, elas devem ser conservadas em frascos plásticos, pois lentamente reagem
com o vidro. Tais soluções também reagem com óleos e gorduras e, por isso, são muito utilizadas na fabricação de sabão e de produtos
para desentupir pias e ralos.

-Hidróxido de cálcio – Ca(OH)2


É popularmente conhecido como cal hidratada ou cal extinta ou cal apagada;
- É utilizado na construção civil no preparo da argamassa, usada na alvenaria, e na caiação (pintura a cal) o que fazem os pedreiros
ao preparar a argamassa.

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QUÍMICA

-Hidróxido de magnésio — Mg(OH)2 Exemplos de ácidos e bases segundo a teoria de Brønsted e


O hidróxido de magnésio é um sólido branco, pouco solúvel em Lowry:
água. Quando dissolvido em água, a uma concentração de aproxi- NH3+ HCℓ → NH4+ + Cℓ-
madamente 7% em massa, o hidróxido de magnésio origina um lí- baseácido ácidobase
quido branco e espesso que contém partículas sólidas misturadas à fortefortefracofraca
água. A esse líquido damos o nome de suspensão, sendo conhecido
também por leite de magnésia, cuja principal aplicação consiste no Observe que a amônia (NH3) é base porque ela recebe um pró-
uso como antiácido e laxante. ton (H+) do ácido clorídrico (HCℓ).
Nessa teoria, a reação de neutralização seria uma transferên-
cia de prótons entre um ácido e uma base, como a reação explica
acima.
Apesar de ser uma teoria que também permitiu o estudo e
desenvolvimento de várias áreas e de ser uma definição bastan-
te utilizada e atual, ela também tinha uma limitação: não permitia
prever o caráter ácido ou o caráter básico de espécies químicas sem
a presença de hidrogênio.

Indicadores Ácido-Base
- Hidróxido de amônio (NH4OH)
Existe uma escala da medida da acidez e basicidade das subs-
É obtido ao se borbulhar amônia (NH3) em água, conforme a
tâncias, denominada escala de pH, que é numerada do 0 ao 14. Quando
reação abaixo:
menor o valor do pH, mais ácida é a substância. Quando maior for o pH,
NH3 + H2O ↔ NH4+ (aq) + OH- (aq)
mais básica é a substância. O valor 7, exatamente na metade da escala,
indica as substâncias neutras ou seja, nem ácidas nem básicas.
Assim, não existe uma substância hidróxido de amônio, mas
sim soluções aquosas de amônia interagindo com a água, originan-
do os íons amônio (NH4+ ) e hidróxido (OH-).
O hidróxido de amônio é conhecido comercialmente por amo-
níaco, sendo muito utilizado na produção de ácido nítrico para a
produção de fertilizantes e explosivos.
Ele também é usado em limpeza doméstica, na produção de
compostos orgânicos e como gás de refrigeração.
Algumas substâncias naturais ou sintéticas que adquirem co-
loração diferente em solução ácida e em solução básica. São os in-
dicadores ácido-base, utilizados para reconhecer o caráter de uma
solução. Como exemplo de indicadores sintéticos, temos:
-Fenolftaleína: é um indicador líquido que fica incolor em meio
ácido e rosa escuro em meio básico:

Teoria moderna de Ácido e Base (Brönsted-Lowry)

Foi proposta de forma independente por G. Lewis, por T. Lowry


e por J. Brønsted. Mas foi Brønsted um dos que mais contribuiu
para o seu desenvolvimento.
Essa teoria é chamada de teoria protônica porque se baseia na
transferência de prótons, iguais ao íon H+, o núcleo do hidrogênio,
mas que ao ser chamado de próton, ajuda a diferenciar da teoria
de Arrhenius. Além disso, nessa teoria não há necessidade da pre-
sença de água.
Segundo esses cientistas:

“Ácido é toda espécie química, íon ou molécula capaz de doar


um próton, enquanto a base é capaz de receber um próton”

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QUÍMICA

-Papel de tornassol: Fica com cor azul na presença de bases e adquire cor vermelha na presença de ácidos.

-Alaranjado de metila: O alaranjado de metila fica vermelho em contato com ácido, amarelo-laranja em base e quando neutro.

-Azul de bromotimol: O azul de bromotimol fica amarelo em ácido, e azul em base e quando neutro

Alguns indicadores naturais também podem ser utilizados, como o repolho roxo e a flor hortência e o hibisco.

-Repolho roxo:O repolho roxo, meio aquoso, fica vermelho em contato com ácido, verde em contato com base e vermelho quando
neutro.

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QUÍMICA

-Flor Hortência: Uma hortênsia azul pode se tornar, com o unitária, o número que vem subscrito (no canto inferior direito) do
tempo, rosa e vice-versa. Isso ocorre em razão do pH do solo. Em elemento ou do grupo de elementos, conforme mostrado na fór-
solo ácido a hortênsia produz flores azuis, já em solos básicos, suas mula a seguir:
flores são cor-de-rosa. A intensidade dessas cores depende do teor
de acidez ou alcalinidade do solo; quanto mais ácido, mais azul-es-
curo ficará; e quanto mais básico, mais claro será.

Observe que o valor da carga do cátion torna-se o índice do


ânion, enquanto a carga do ânion torna-se o índice do cátion. Ob-
serve também que é somente o valor da carga que é invertido, os
sinais negativos e positivos não vão para o índice.

Exemplos:
-Nitrato de potássio: K+ + NO3-: KNO3 (Observe que tanto o índi-
ce quanto a carga são iguais a “1”, logo, não precisam ser escritos);
-Perclorato de potássio:K1+ + ClO41-: KClO4;
Como funciona um indicador ácido-base? -Sulfato de cálcio: Ca2+ + SO42-: CaSO4 (veja que, quando as car-
O sistema de funcionamento dos indicadores é o seguinte: ge- gas são iguais, podemos simplificar os índices. É por isso que a fór-
ralmente eles são um ácido fraco ou uma base fraca que entra em mula não é escrita assim: Ca2(SO4)2.
equilíbrio com a sua base ou ácido conjugado, respectivamente, -Dicromato de alumínio: Al3+ + Cr2O72-: Al2(Cr2O7)3;
que apresenta coloração diferente. Veja um exemplo: -Fosfato de bário: Ba2+ + PO43-: Ba3(PO4)2;
-Nitrito de ferro III: Fe3+ + NO2-: Fe(NO2)3.
Indicador ácido + H2O ↔ H3O+ + Base conjugada
(cor A) (cor B) Formulação do sal a partir de seu nome
Quando esse indicador genérico entra em contato com um Para se determinar a fórmula do sal a partir do seu nome, se-
meio ácido, segundo o Princípio de Le Chatelier, o equilíbrio é des- gue-se os seguintes passos:
locado no sentido de formação do ácido fraco, ficando com a cor
A. Por outro lado, se o indicador entrar em contato com um meio Exemplos: Sulfato de ferro-III
básico, os íons OH- da solução básica irão reagir com os íons H3O+ 1º Passo: determinar a fórmula do ácido e da base que origi-
do indicador. Desse modo, o equilíbrio será deslocado no sentido naram o sal.
de repor os íons H3O+, ou seja, para a direita, que é também o sen- Ânion sulfato ác. sulfúrico = H2SO4
tido de formação da base conjugada, e o sistema adquire a cor B. Cátion ferro-II hidróxido de ferro-III = Fe(OH)3
SAL 2º Passo: a partir das fórmulas do ácido e da base, determina-
Sal é um composto resultante da reação de neutralização mu- -se a carga do cátion base e do ânion do ácido.
tua entre um ácido e uma base. Assim, o cátion da base e o ânion H2SO4 = SO42-Ânion sulfato
do ácido formam o sal. Fe(OH)3 = Fe3+Cátion ferro-III
Ácido + Base • Sal + H2O
Conceito teórico segundo Arrhenius: É todo o composto iôni- 3º Passo: juntar o cátion da base com o ânion do ácido.
co que possui, pelo menos, um cátion diferente do H+ e um ânion
diferente do OH- Fe3+ SO42-
Exemplo: NaCl ou Na+Cl- 4º Passo: inverter as cargas dos íons para que a soma das car-
gas se anule.
Exemplo: HCl + NaOH → NaCl + H2O
ÁcidoBaseSalÁgua Reações de neutralização
Quando misturamos um ácido e uma base, ocorrem as reações
Formulação de um sal de neutralização ocorrem de modo que o pH do meio é neutraliza-
Os sais são substâncias neutras formadas a partir da ligação do e se produz água e um sal. Nessa reação o ácido libera cátions
entre o ânion de um ácido e o cátion de uma base. Assim, para que H+ que se juntam aos ânions OH- liberados pela base e, assim, for-
ocorra a igualdade de cargas positivas e negativas, basta inverter mam-se as moléculas de água. O sal é então formado pela união do
as cargas dos íons pelos seus índices no sal. O índice é, na fórmula ânion do ácido com o cátion da base.

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QUÍMICA

Assim, temos:

HA + BOH → H2O + BA
Ácido BaseÁguaSal

-Neutralização total
Ocorre quando a quantidade de cátions H+ provenientes do ácido é igual à quantidade de ânions OH- provenientes da base. Nesse
tipo de reação são sempre formados sais neutros. Dessa forma, a reação ocorre entre ácidos e bases em que ambos são fracos ou, então,
ambos são fortes.

Exemplos:
-Reações entre ácidos e bases fortes:

HCl + NaOH → NaCl + H2O


Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon H+ e cada molécula da base produziu também apenas 1 íon OH-.

3 HCl + Al(OH)3 → Al(Cl)3 + 3H2O

Cada molécula do ácido produziu 3 íons H+ e cada molécula da base produziu também apenas 3 íons OH-.

-Reações entre ácido e base fracos:


2 HNO3 + Mg(OH) 2 → Mg(NO3)2 + 2 H2O

Cada molécula do ácido produziu 2 íons H+ e cada molécula da base produziu também apenas 2 íons OH-.

HCN + NH4OH → NH4CN+ H2O


Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon H+ e cada molécula da base produziu também apenas 1 íon OH-.4

-Neutralização parcial
Ocorre quando a quantidade de cátions H+ s do ácido não é a mesma quantidade de ânions OH- da base. Assim, a neutralização não
ocorre por completo e, dependendo de quais íons estão em maior quantidade no meio, o sal formado pode ser básico ou ácido.

Exemplos:
HCl + Mg(OH)2 → Mg(OH)Cl + H2O

No exemplo acima, o ácido libera apenas um cátion H+ e a base libera dois ânions OH-. Assim, os ânions OH- não são neutralizados
totalmente e é formado um sal básico, que também é chamado de hidróxissal.

H3PO4 + NaOH → NaH2PO4 + H2O

Nesse exemplo, o ácido liberou mais íons (3) que a base (1). Portanto, os cátions H+ não foram totalmente neutralizados e um sal ácido
foi originado, que também é denominado de hidrogenossal.
Os sais ácidos também podem ser formados através de reações de neutralização entre um ácido forte (HCl, HNO3, HClO4 etc.) e uma
base fraca (NH3, C6H5NH2 - anilina - etc.). Por outro lado, os sais básicos podem ser formados em reações de neutralização entre um ácido
fraco (CH3COOH, HF, HCN etc.) e uma base forte (NaOH, LiOH, KOH etc.).

-Reação entre ácido forte e base fraca→ Sal de caráter ácido:


HNO3 + AgOH → AgNO3 + H2O

-Reação entre ácido fraco e base forte→ Sal de caráter básico:


2H3BO3 + 3 Ca(OH)2 → Ca3(BO3)2 + 6 H2O

Nomenclatura dos sais


A nomenclatura dos sais é obtida a partir da nomenclatura do ácido que originou o ânion participante do sal, pela mudança de sufixos.

4http://manualdaquimica.uol.com.br/
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QUÍMICA

Assim, temos:

Sufixo do ácido -ídrico -ico -oso


Sufixo do ânion -eto -ato -ito

Para determinar os nomes dos sais, pode-se utilizar o seguinte esquema:

Nome do sal ⇒ nome do ânion de nome do cátion

Exemplos:

Uma outra forma de dar nomes aos sais é consultando as tabelas de cátions e ânions. Nas tabelas a seguir, apresentamos alguns deles:

Ânions
Acetato: H3CCOO- Bicarbonato: HCO3- Bissulfato: HSO4-
- 2-
Brometo: Br Carbonato: CO 3
Cianeto: CN-
Cloreto: Cl- Floreto: F- Fosfato: PO43-
- -
Hipocloreto: ClO Iodeto: I Nitratp: NO3-
-
Nitrito: NO2- Permanganato: MnO 4
Pirofosfato: P2O74-
Sulfato: SO2-4 Sulfeto: S2- Sulfito: S2-

Cátions
+1 Li+, Na+, K+, Ag+, NH4+, Cu+
+2 Mg2+, Ca2+, Ba2+, Zn2+, Cu2+, Fe2+
+3 Al3+, Fe3+

Exemplos de como utilizar as tabelas:

1. Determinação da fórmula a partir do nome do sal.


Exemplo: carbonato de cálcio
Ânion: carbonato — CO2–3

Cátion: sódio — Na+

2. Determinação do nome a partir da fórmula do sal.


Exemplo: Fe2(SO4)3
Cátion: Fe3+
Ânion: SO2–

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QUÍMICA

Assim, o nome do sal é sulfato de ferro III ou sulfato férrico. 2) Solubilidade dos sais
O estudo da solubilidade dos sais determina se um sal se dis-
Classificação dos Sais solverá ou não em água. Assim, um sal pode ser classificado em
A classificação dos sais é realizada de acordo com a natureza solúvel ou praticamente insolúvel.
ou tipo de íons que os constituem. Dessa forma, os sais inorgânicos -Sal solúvel (sal que apresenta boa solubilidade em água):
são classificados em neutros (normais), ácidos (hidrogeno sal) e bá- -Sal praticamente insolúvel (sal que se dissolve em quantidade
sicos (hidroxi sal). extremamente desprezível em água, mas ocorre algum tipo de dis-
solução, por menor que seja):
1) A natureza dos íons
Para determinar a solubilidade dos sais em água, basta conhe-
Sal neutro (normais) cer o ânion presente no sal. Veja as regras que se dirigem aos tipos
É o sal resultante de uma reação entre uma base e um ácido de ânions:
fortes ou entre uma base e um ácido fracos. Este é o sal cujo ânion
não possui H ionizável e não é o ânion OH-. Resulta de uma reação -Nitrato (NO3-) e Nitrito (NO2-): todo sal que apresenta esses
de neutralização total. ânions são solúveis;
Exemplos: -Carbonato (CO3-2), Fosfato (PO4-3) e Sulfeto (S-2): solúvel ape-
-NaCl: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma nas com elementos da família IA e com o NH4+;
base forte); ânion → Cl- (vem do ácido clorídrico, HCl, um ácido for- -Halogenetos (F-, Cl-, Br-, I-): com os cátions Ag+ Cu+, Hg2+2 e Pb+2
te). são insolúveis;
-Na2SO4: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma -Acetato (H3C2O2-): com os cátions Ag+ e Hg2+2 são insolúveis;
base forte); ânion → SO42- (vem do ácido sulfúrico, H2SO4, um ácido -Sulfato (SO4-2): com os cátions Ag+, metais alcalinoterrosos
forte). (IIA, com exceção do magnésio), Hg2+2 e Pb+2 são insolúveis;
-NH4CN: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH,
uma base fraca); ânion → CO3-2 (vem do ácido cianídrico, HCN, um Qualquer outro ânion: solúvel apenas com elementos da famí-
ácido fraco). lia IA e com o NH4-.

Esses sais são considerados neutros porque, quando eles são Aplicações dos sais no cotidiano
adicionados à água, o pH do meio não sofre nenhuma alteração.
Além disso, eles não liberam em solução aquosa cátion H+, que in- Cloreto de sódio — NaCl
dica acidez, e nem ânion OH-, que indica basicidade. Sal obtido pela evaporação da água do mar. É o principal com-
ponente do sal de cozinha, usado na nossa alimentação. No sal de
Hidrogeno sal (Sal ácido) cozinha, além do NaCl, existem outros sais, como os iodetos ou io-
É o sal cujo ânion tem um ou mais H ionizáveis e não apresenta datos de sódio e potássio (NaI, NaIO3; KI, KIO3), cuja presença é
o ânion OH-Resulta de uma neutralização parcial do ácido. obrigatória por lei. Sua falta pode acarretar a doença denominada
Exemplos: bócio, vulgarmente conhecida como papo.
-NH4Cl(s): cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH, O sal de cozinha pode ser utilizado na conservação de carnes,
uma base fraca); ânion → Cl- (vem do ácido clorídrico, HCl, um ácido de pescados e de peles. Na Medicina, é utilizado na fabricação do
forte). soro fisiológico, que consiste numa solução aquosa com 0,92% .de
-Al2(SO4)3: cátion → Al3+ (vem do hidróxido de alumínio, NaCl.
Al(OH)3, uma base fraca); ânion → SO42- (vem do ácido sulfúrico,
H2SO4, um ácido forte). Bicarbonato de sódio – NaHCO3 (hidrogenocarbonato de só-
dio)
-NH4NO3: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH, É um sal branco é usado principalmente em antiácidos estoma-
uma base fraca); ânion → NO3- (vem do ácido nítrico, HNO3, um áci- cais, pois ele reage com o ácido clorídrico (HCl) presente no suco
do forte). gástrico e neutraliza o meio:

Hidróxi sal (Sal básico) NaHCO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2


É o sal cujo ânion não apresenta H ionizável e no qual, além
desse ânionn há o OH-. Resulta da neutralização parcial da base. Ele também é muito usado como fermento de bolos, pães e
Exemplo: biscoitos, pois sua decomposição libera o CO2 que faz a massa cres-
-NaOOCCH3: cer. Além disso, é usado em extintores de incêndios, em cremes
Cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma base dentais para clareamento dos dentes, em balas e gomas de mascar
forte); que “explodem” na boca e em talcos e desodorantes.
Ânion → CH3COO– (vem do ácido etanoico, CH3COOH, H2CO3,
um ácido fraco). Fluoreto de sódio – NaF
Anticárie que entra na composição do creme dental e também
No exemplo acima, o ânion acetato (CH3COO–) hidrolisa-se em na fluoretação da água potável, pois inibe o processo de desmine-
meio aquoso e forma o ácido acético e íons hidroxila (OH–), o que ralização dos dentes, conferindo proteção contra a ação das cáries.
torna a solução básica.

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QUÍMICA

Sulfato de cálcio — CaSO4


Este sal pode ser encontrado na forma de sal anidro, ou seja, sem água (CaSO4), ou de sal hidratado, isto é, com água (CaSO4.2 H2O),
sendo essa forma conhecida por gipsita.

Sulfato de magnésio – MgSO4


É conhecido como Sal amargo ou Sal de Epsom. Utilizado em Medicina como purgativo ou laxante.

Sulfato de bário – BaSO4


É conhecido como contraste, pois atua como meio opaco na radiografia gastrointestinal

- Carbonato de sódio – Na2CO3


Este sal é popularmente conhecido como soda ou barrilha. Sua a principal aplicação é na produção de vidro, segundo a seguinte
reação:
barrilha + calcário + areia → vidro comum + gás carbônico
Na2CO3 + CaCO3 + SiO2→ silicatos de sódio e cálcio + gás carbônico
x Na2CO3 + y CaCO3 + z SiO2→(Na2O)x . (CaCO)y. (SiO2)z + (x + y) CO2

Outras aplicações desse sal são: na produção de corantes, no tratamento de piscinas, na produção de sabão e detergentes, de papel
e celulose, nas indústrias têxteis e siderúrgicas.

- Nitrato de sódio – NaNO3


Também conhecido como salitre do Chile é encontrado em abundância em grandes depósitos naturais nos desertos chilenos. É muito
empregado para produzir fertilizantes e na fabricação de pólvora negra. É também usado como conservante de carnes enlatadas e defu-
madas.

- Sulfato de cálcio – CaSO4


Na forma anidra (sem água) é usado como matéria-prima do giz; já na forma hidratada é conhecido como gesso, usado na construção
civil e em imobilização ortopédica.

ÓXIDOS
Os óxidos são substâncias presentes no nosso dia-a-dia. Um bom exemplo de óxido é o gás carbônico, expelido na respiração, princi-
pal responsável pelo efeito estufa.

Definição :Óxido é todo composto binário que contém oxigênio e no qual ele é o elemento mais eletronegativo.
Exemplos:
Cl2O; SO2; CO2; NO; P2O; K2O; CaO; Fe2O3

O único elemento mais eletronegativo que o oxigênio é o flúor; por isso o OF2, não é um óxido, mas sim, um fluoreto de oxigênio

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QUÍMICA

Nomenclatura
Regra geral:

1) Para um óxido ExOy:

Os prefixos mono, di, tri, etc. Indicam os valores de x e y na fórmula do óxido. O prefixo mono diante do nome E é comumente omi-
tido.

Fórmula molecular Nome do óxido


CO Monóxido de monocarbono ou monóxido de carbono
CO2 Dióxido de monocarbono ou dióxido de carbono
N2O3 Trióxido de dinotrogênio
Fe3O4 Tetróxido de triferro

2) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal com a carga fixa.
Metais com carga fixa:
-Metais alcalinos (1A) e Ag = +1
-Metais alcalinos terrosos (2A) e Zn = +2
- Alumínio = +3

Exemplo:
Na2O → óxido de sódio
Al2O3 → óxido de alumínio
Para montar a fórmula do óxido a partir do nome, é só lembrar a carga do metal, a carga do oxigênio -2 e fazer com que a soma das
cargas se anule. Exemplos:
Óxido de lítio → Li1+O2- invertendo as cargas: Li2O
Óxido de prata → Ag1+O2-, invertendo as cargas: Ag2O

3) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal com a carga variável.

Óxido de + nome do metal + carga do metal

Ou

Óxido de+ nome do metal + ICO (carga maior)


Óxido de + nome do metal + OSO (carga menor)

Metais com carga variável:


-Ouro (Au1+ e Au3+)
-Cobre (Cu1+ e Cu2+)
- Ferro (Fe2+ e Fe3+)
- Chumbo (Pb2+ e Pb4+)

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442
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QUÍMICA

Exemplos: Exemplo1:
Au2O3 → óxido de ouro-III ou áurico
Cu2O → óxido de cobre-I ou cuproso
PbO2 → óxido de chumbo-IV ou plúmbico

Classificação dos óxidos


Exemplo 2:
Os óxidos são classificados em função do seu comportamento
na presença de água, bases e ácidos.

-Óxidos Básicos
São óxidos com caráter básico. São iônicos e o ânion é O2-. As
reações dos óxidos básicos com água e ácidos podem ser esquema- -Óxidos Neutros
tizados da seguinte maneira: São óxidos que não reagem com água, base ou ácido.
São basicamente três óxidos: CO, NO, N2O.
-Óxidos Anfóteros
São óxidos que podem se comportar tanto óxido básico quanto
óxido ácido.

Exemplos:
ZnO, Al2O3, SnO, SnO2, PbO e PbO2.
ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O
ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O

-Óxidos Duplos ou Mistos


Exemplo 1: Óxidos que se comportam como se fossem formados por dois
outros óxidos, do mesmo elemento químico. Exemplos:
Fe3O4 → FeO + Fe2O3
Pb3O4 → 2PbO + PbO2

-Peróxidos
Os peróxidos apresentam em sua estrutura o grupo (O2)2–.
Exemplo 2: Os peróxidos mais comuns são formados por hidrogênio, me-
tais alcalinos e metais alcalino-terrosos.

Exemplo:
-Peróxido de hidrogênio: H2O2
É líquido e molecular. Quando dissolvido em água, origina uma
solução conhecida como água oxigenada, muito comum em nosso
cotidiano.
-Óxidos Ácidos
Óxidos ácidos apresentam caráter covalente e geralmente são Aplicações dos óxidos no cotidiano
formados por ametais. Estes óxidos também chamados de anidri-
dos e reagem com a água formando um ácido ou reagem com uma Dióxido de carbono (CO2)
base e dando origem a água e sal. Também conhecido como gás carbônico, é um gás incolor, ino-
doro, mais denso que o ar. Não é combustível e nem comburente,
por isso, é usado como extintor de incêndio.O CO2 é o gás usado
nos refrigerantes e nas águas minerais gaseificadas. O gás carbô-
nico é um óxido de característica ácida, pois ao reagir com a água
produz ácido carbônico.

CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3-

Óxido de alumínio (Al2O3)


O óxido de alumínio constitui o minério conhecido como bauxi-
ta (Al2O3.2H2O) ou alumina (Al2O3). É também empregado na obten-
ção do alumínio e como pedras preciosas em joalherias (rubi, safira,
esmeralda, topázio, turquesa, etc.).

Editora
443
a solução para o seu concurso!
QUÍMICA

Óxido de silício – (SiO2)


Este óxido é conhecido comercialmente como sílica. É o constituinte químico da areia, considerado o óxido mais abundante da crosta
terrestre. Apresenta-se nas variedades de quartzo, ametista, ágata, ônix, opala, etc; Utilizado na fabricação do vidro, porcelana, tijolos
refratários para fornos, argamassa, lixas, fósforos, saponáceos.
-Óxido de cálcio (CaO)
Na preparação da argamassa, a cal viva ou virgem (CaO) é misturada à água, ocorrendo uma reação que libera grande quantidade de
calor:

A cal virgem é obtida pelo aquecimento do CaCO3, que é encontrado na natureza como constituinte do mármore, do calcário e da
calcita:

Em onde o solo é ácido, a cal viva é empregada para diminuir sua acidez.

REAÇÕES QUÍMICAS: TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E SUA REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA. LEI DA CONSERVAÇÃO DA MATÉ-
RIA. BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES QUÍMICAS

Reações Químicas
As transformações ou reações químicas ocorrem quando há a formação de uma nova substância, ou seja, quando as propriedades
de um elemento original são alteradas. Algumas evidências mostram a ocorrência de uma transformação química: oxidação, combustão,
mudança de cor, liberação de um gás, cheiros, formação de um sólido, etc. Dentro de um assunto tão abrangente, o professor Dino des-
taca as questões sobre mineração. “Como o Brasil é um grande exportador de minérios, são comuns perguntas sobre obtenção de ferro,
reciclagem do alumínio e retirada de bauxita da natureza. Além disso, conteúdos como concentração e separação de misturas são cobra-
das a partir da transformação do petróleo e obtenção do etanol.”
Constantemente a matéria que nos cerca sofre transformações. Em algumas transformações somente o estado ou a agregação do
material são alterados, caracterizando uma transformação física da matéria. Em outros casos essas transformações resultam na produção
de um novo material, com características diferentes do inicial.
As transformações químicas ocorrem quando há alteração na constituição do material, formando assim novas substâncias.
Ao aproximarmos um fósforo aceso de um recipiente com álcool, este começa a queimar. Essa queima é uma transformação química,
pois há alteração na constituição do álcool, que ao entrar em contato com o ar oxigênio, se converte em gás carbônico e água, liberando
energia.
Chamamos de sistema o conjunto de materiais isolados para estudo. Uma maneira de comprovar a existência de uma transformação
química é através da comparação do estado inicial e final do sistema. Algumas evidências podem ser observadas, permitindo verificar a
ocorrência dessas transformações, como modificação na cor, cheiro, estado físico e temperatura.
Confira a tabela com adescrição do sistema antes e depois da transformação:

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QUÍMICA

Em alguns casos, somente pela observação visual, não é possí- O balanceamento de uma equação de oxirredução se baseia
vel identificar se houve uma transformação. Por exemplo, quando na igualdade do número de elétrons cedidos com o número de elé-
misturamos soluções de ácido clorídrico e hidróxido de sódio, am- trons recebidos. Um método simples de se realizar esse balancea-
bas incolores. Após a mistura, o líquido resultante ainda é incolor, mento é dado pelos passos a seguir:
sem aparentar a formação de um novo material. No entanto uma
reação química acontece quando essas substâncias são misturadas.
Portanto é importante identificar e reconhecer os diferentes mate-
riais que participam de uma transformação.
Toda transformação química constitui uma reação química. As
substâncias presentes no início da reação recebe o nome de rea-
gentes, e as que se formam recebem o nome de produto.
Exemplo:HCl+NaOH→NaCl+H2O
HCl, o ácido clorídrico, e NaOH,o hidróxido de sódio, são as
substâncias que reagem, ou seja os reagentes. NaCl, o cloreto de
sódio, e H2O, a água, são as substâncias que se formam, ou seja,
os produtos.

Transformações
As transformações podem ocorrer das seguintes maneiras:

-Por ação do calor


Muitas substâncias são transformadas quando submetidas a
uma fonte de calor. O cozimento de alimentos é um exemplo.
Quando há decomposição de um material devido ao calor, cha-
mamos o processo de termólise.
Ex: Termólise do magnésio
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio
Vejamos na prática como aplicar esses passos, por meio do se-
-Por ação de uma corrente elétrica guinte exemplo:
Algumas substâncias necessitam de energia elétrica para que Reação entre uma solução aquosa de permanganato de potás-
possam se transformar. A esse processo damos o nome de eletró- sio e ácido clorídrico:
lise. KMnO4 + HCl → KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxigênio, por
exemplo, utilizamos uma corrente elétrica para esta transforma- *1º passo: Determinar os números de oxidação:
ção. Esse passo é importante porque normalmente não consegui-
mos visualizar rapidamente quais são as espécies que sofrem oxi-
-Por ação da luz dação e redução.
A fotossíntese é um exemplo de reação química que ocorre
+1 +7 -2+1 -1 +1 -1 +2 -1 0 +1 -2
na presença da luz, onde a água e o dióxido de carbono do ar são KMnO4 + HCl → KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O
transformados em oxigênio e glicose.
dióxido de carbono + água → oxigênio + matéria orgânica *2º passo: Determinação da variação da oxidação e da redu-
A transformação do oxigênio em ozônio acontece através da ção:
luz ultravioleta. Essa reação por ação da luz também é de extrema
importância, pois assim é formada a camada de ozônio que protege
a Terra dos raios ultravioletas.

-Por ação mecânica


Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de desencadear
transformações em certas substâncias.
Um exemplo é o palito de fósforo, que quando entra em atrito
com a caixinha que o contém, produz uma faísca, que faz as subs-
Observe que o manganês (Mn) sofre redução e o cloro (Cl) so-
tâncias inflamáveis do palito entrarem em combustão.
fre oxidação.
A explosão da dinamite e o acender de um isqueiro também
MnCl2 = ∆Nox = 5
são exemplos de transformações por ação mecânica.
Cl2 = ∆Nox = 2
No caso do cloro, podemos notar que o HCl originou 3 compos-
-Pela junção de substâncias
tos (KCl, MnCl2, e Cl2), mas o que nos interessa é o Cl2, pois é o seu
Através da junção de duas substâncias podem ocorrer reações
Nox que sofreu variação. Cada cloro que forma Cl2 perde 1 elétron;
químicas. Isso frequentemente ocorre em laboratórios de química.
como são necessários 2 cloros para formar cada Cl2, são perdidos
A adição do sódio metálico em água é um exemplo:
então dois elétrons.
sódio + água → hidróxido de sódio + hidrogênio
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QUÍMICA

3º passo: Inversão dos valores de ∆: 1. Os reagentes devem entrar em contato;


Nesse passo, os valores de ∆ são trocados entre as espécies 2. Deve haver afinidade química entre os reagentes;
citadas, tornando-se os coeficientes delas: 3. As colisões entre as partículas dos reagentes devem ser efi-
MnCl2 = ∆Nox = 5 → 5 será o coeficiente de Cl2 cazes;
Cl2 = ∆Nox = 2→ 2 será o coeficiente de MnCl2 4. Deve-se atingir a energia de ativação.
KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O Veja resumidamente cada caso:

Nesse momento já é possível conhecer dois coeficientes da 1.Contato entre os reagentes:


equação. Essa condição é óbvia, pois mesmo que os reagentes tenham
Observação: normalmente, na maioria das reações, essa inver- bastante afinidade um com o outro, como acontece no caso dos
são de valores é efetuada no 1º membro. Mas, como regra geral, ácidos e das bases, se eles estiverem separados, a reação não ocor-
isso deve ser feito no membro que tiver maior número de átomos rerá. Eles precisam entrar em contato para que suas partículas
que sofrem oxirredução. Se esse critério não puder ser observado, possam colidir, rompendo as ligações dos reagentes e formando as
invertemos os valores no membro que tiver maior número de es- ligações dos produtos.
pécies químicas. Foi isso o que foi realizado aqui, pois o 2º membro
possui mais substâncias.

4º passo: Balanceamento por tentativa:


KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
• Visto que no segundo membro há dois átomos de man-
ganês, conforme mostrado pelo coeficiente, no primeiro também
deverá haver. Portanto, temos:
2 KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
• Com isso, a quantidade de potássio (K) no 1º membro fi-
cou de 2, que será o mesmo coeficiente para esse átomo no segun-
do membro: 2.Afinidade química:
2 KMnO4 + HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O Como vimos, colocar os reagentes em contato é necessário,
• A quantidade de cloros (Cl) no 2º membro é de 16 no to- mas não é o suficiente. Por exemplo, se colocarmos o sódio em con-
tal, por isso o coeficiente do HCl do 1º membro será: tato com a água, ocorrerá uma reação extremamente violenta, já
2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O se colocarmos o ouro, não veremos diferença nenhuma. Isso acon-
• O número de hidrogênios do 1º membro é 16, por isso o tece porque substâncias diferentes possuem diferentes afinidades
coeficiente da água (H2O) do 2º membro será igual a 8, pois a multi- químicas entre si, ou então, podem também não possuir afinidade
plicação do índice do hidrogênio (2) por 8 é igual a 16: nenhuma. Quanto maior for a afinidade química, mais rápida será
2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + 8 H2O a reação.
• Para conferir se a equação está corretamente balanceada Nos exemplos citados, o sódio possui grande afinidade com a
podemos ver dois critérios: água, tanto que para não entrar em contato com a umidade do ar,
o sódio metálico é guardado em querosene. Já o ouro é inerte, por
1º) Verificar se a quantidade de cada átomo nos dois membros isso que monumentos de ouro duram tanto tempo, como os sarcó-
está igual: fagos do Egito.
2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + 8 H2O
K =2 K =2
Mn = 2 Mn = 2
Cl = 16 Cl = 16
H = 16 H = 16
O=8O=8

2º) Ver se o número total de elétrons perdidos é igual ao nú-


mero total de elétrons recebidos:

Previsão de reações químicas 3.Teoria das colisões:


Para que uma reação química ocorra é necessário satisfazer Mesmo em compostos que possuem afinidade química, para
quatro condições básicas, que são: que a reação se processe é necessário que suas partículas, átomos
ou moléculas, colidam de forma eficaz. Nem todas as partículas que
se chocam fazem isso de forma eficaz, mas os choques que resul-
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QUÍMICA

tam em quebra das ligações dos reagentes e formação de novas


ligações são aqueles que ocorrem na orientação correta e com a QUESTÕES
energia suficiente.
Abaixo, é mostrado o caso de duas colisões não eficazes e uma
eficaz que resulta na ocorrência da reação. 1. Nos garimpos, utiliza-se o mercúrio para separar o ouro das im-
purezas. Quando o mercúrio entra em contato com a água dos rios,
causa uma séria contaminação: é absorvido por micro-organismos,
que são ingeridos pelos peixes pequenos, os quais são devorados pelos
peixes grandes usados na alimentação humana. Uma das formas de
medir o grau de intoxicação por mercúrio nos seres humanos é a de-
terminação da sua presença nos cabelos. A OMS (Organização Mundial
da Saúde) estabeleceu que o nível máximo permissível, sem risco para
a saúde, é de 50 x l0–6 g de mercúrio, por grama de cabelo. Nesse sen-
tido, pode-se afirmar que essa quantidade de mercúrio corresponde a:
(Massa atômica: Hg = 200) (nº de Avogadro = 6,0 x l0–23)
(A) 1,5 x 1017 átomos de Hg
(B) 1,5 x 1023 átomos de Hg
(C) 2,5 x 106 átomos de Hg
4.Energia de ativação e complexo ativado: (D) 150 bilhões de átomos de Hg
Conforme dito no item anterior, a colisão eficaz, além da orien- (E) 200 milhões de átomos de Hg
tação favorável, precisa também de energia suficiente. A quanti-
dade mínima de energia necessária para que cada reação ocorra é 2. (UF/MG) A nitroglicerina é uma substância explosiva, sendo
chamada de energia de ativação. a reação química que representa sua explosão dada a seguir.
Se os reagentes tiverem uma energia igual ou superior à ener- C3H5(NO3)3(1) •3/2 N2(g) + 3 CO2(g) + 5/2 H2O(g) + 1/4 O2(g)
gia de ativação, durante o choque bem orientado, se formará um Dados:
complexo ativado inicialmente, que é uma estrutura intermediária • Volume molar: 22,4 L/mol
entre os reagentes e os produtos. No complexo ativado, existem as • Massa molar: C3H5(NO3)3 = 227 g/mol; N2 = 28 g/mol
ligações dos reagentes enfraquecidas e as novas ligações de produ- A explosão de 2 mols de nitroglicerina produz:
to se formando. (A) 12 mols de gases.
(B) 42 g de gás nitrogênio.
Assim, a energia de ativação funciona como uma espécie de (C) 67,2 L de dióxido de carbono, nas CNTP (P = 1 atm e t = 0ºC).
barreira para que a reação ocorra, pois quanto maior ela for, mais (D) 3 × 1023 moléculas de O2(g).
difícil será para a reação ocorrer. Em alguns casos, é preciso forne-
cer energia para os reagentes. Por exemplo, o gás de cozinha tem 3. (UFF/RJ) Alguns óxidos de nitrogênio, dentre os quais N2O,
afinidade para interagir com o oxigênio do ar, mas precisamos for- NO, NO2, N2O3 e N2O5, podem ser detectados na emissão de gases
necer energia quando aproximamos o palito de fósforo, senão a re- produzidos por veículos e, também, por alguns processos para fabri-
ação não ocorre. Mas, depois de uma vez iniciada, a própria reação cação de fertilizantes. Tais óxidos contribuem para tornar o ar muito
libera energia suficiente para ativar as outras moléculas e manter a mais poluído nos grandes centros, tornando-o nocivo à saúde. Den-
reação ocorrendo. tre os óxidos citados, o que apresenta maior percentual de N é:
(A) NO
(B) NO2
(C) N2O
(D) N2O3
(E) N2O5

4. O náilon é um polímero de condensação, mais especifica-


mente da classe das poliamidas, que são polímeros formados pela
condensação de um diácido carboxílico com uma diamida. Uma das
variedades desse polímero pode ser obtida por meio de uma maté-
ria-prima denominada de caprolactana, cuja fórmula estrutural é:

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a solução para o seu concurso!
QUÍMICA

Fórmula da caprolactana 7. (Puccamp) Preocupações com a melhoria da qualidade de


Analisando essa cadeia, podemos classificá-la em: vida levaram a propor a substituição do uso do PVC pelo tereftalato
(A) Fechada, insaturada, heterogênea, mononuclear. de polietileno ou PET, menos poluente na combustão. Esse políme-
(B) Alicíclica, insaturada, heterogênea, mononuclear. ro está relacionado com os compostos:
(C) Fechada alicíclica, saturada, heterogênea, mononuclear.
(D) Fechada alicíclica, insaturada, homogênea, mononuclear.
(E) Fechada, insaturada, homogênea, mononuclear.

5. (Vestibular-Inglês – SENAC/SP) O composto representado


abaixo é um poderoso antisséptico usado em odontologia.

É correto afirmar que I e II têm, respectivamente, cadeia car-


bônica
(A) alicíclica e acíclica.
(B) saturada e insaturada.
(C) heterocíclica e aberta.
(D) aromática e insaturada.
Massa molar = 128,5 g/mol (E) acíclica e homogênea.
Esse composto
I. possui anel aromático. 8. (PUC/RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conhecido
II. apresenta a função fenol. como EDTA, utilizado como antioxidante em margarinas, de fórmula
III. forma ligações de hidrogênio com a água.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B)II, apenas.
(C)I e II, apenas.
(D)II e III, apenas.
(E)I, II e III.

6. (UFAM/PSC) O pau-rosa, típico da região amazônica, é uma


rica fonte natural do óleo essencial conhecido por linalol, o qual Apresenta cadeia carbônica:
também pode ser isolado do óleo de alfazema. Esse óleo apresenta (A) acíclica, insaturada e homogênea.
a seguinte fórmula estrutural: (B) acíclica, saturada e homogênea.
(C) cíclica, insaturada e homogênea.
(D) acíclica, saturada e heterogênea.
(E) cíclica, saturada e heterogênea.

9. (PUC/RS) A “fluoxetina”, presente na composição química do


Prozac®, apresenta fórmula estrutural:

Sua cadeia carbônica deve ser classificada como:


(A) acíclica, ramificada, saturada e heterogênea.
(B) acíclica, normal, insaturada e homogênea.
(C) alicíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
(D) acíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
(E) alicíclica, normal, saturada e heterogênea.

Com relação a esse composto, é correto afirmar que ele apre-


senta:
(A) cadeia carbônica cíclica e saturada
(B) cadeia carbônica aromática e homogênea
(C) cadeia carbônica mista e heterogênea

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a solução para o seu concurso!
QUÍMICA

(D) somente átomos de carbonos primários e secundários 13. (SEDUC-RJ- Professor Docente I - Química CEPERJ) A Dap-
(E) fórmula molecular C17H16ONF tomicina é um lipopeptídeo cíclico isolado do fungo Streptomyces
roseosporus, que apresenta elevada atividade sobre bactérias re-
10. (Unitau/SP) Observe a fórmula sistentes. Este antibiótico foi recentemente aprovado pelo US-FDA
para tratamento de infecções cutâneas graves, sendo comercializa-
do pelo nome de Cubicin. Sua estrutura é mostrada a seguir:

As quantidades totais de átomos de carbono primário, secun-


dário e terciário são, respectivamente:
(A) 5, 2 e 2.
(B) 3, 2 e 2.
(C) 3, 3 e 2.
(D) 2, 3 e 4.
(E) 5, 1 e 3.

11. A substância demonstrada abaixo tem cadeia carbônica:


Algumas das funções orgânicas presentes na estrutura da Dap-
tomicina são:
(A)cetona, álcool, aldeído, amina e amida
(B)ácido carboxílico, éter, aldeído, amina e amida
(C)álcool, amina, amida, ácido carboxílico e éster
(A) acíclica e saturada (D)ácido carboxílico, amina, amida, éter e álcool
(B) ramificada e homogênea (E)amina, amida, anidrido, álcool e éster
(C) insaturada e heterogênea
(D) insaturada e homogênea 14. Considere os compostos: ciclo-hexanotiol, 2-mercapto-eta-
(E) ramificada e saturada nol e 1,2-etanoditiol. A característica comum aos três compostos
relacionados anteriormente é:
12. (Anp- Técnico Em Regulação De Petróleo E Derivados - Es- (A) Os três são álcoois cíclicos.
pecialidade Técnico Em Química-Cesgranrio-2016) A Figura abaixo (B) Os três são álcoois alicíclicos.
representa a estrutura de um composto que possui fórmula mole- (C) Os três são altamente cancerígenos.
cular C8H16O. (D) Os três têm átomos de enxofre substituindo o oxigênio em
ligações como carbono e hidrogênio nos álcoois corresponden-
tes.
(E) Os três têm átomos de enxofre substituindo o carbono em
ligações como oxigênio e hidrogênio nos compostos correspon-
dentes.

15. “A cafeína é um dos alcaloides mais utilizados pelas pes-


soas. Está presente nas sementes do café, nas folhas de alguns ti-
pos de ervas usadas na preparação de chás, no cacau e na fruta
do guaraná.” (Cafeína, texto 8, Química, Ensino Médio). Assinale as
funções presentes na cafeína:
De acordo com as regras da IUPAC, o nome do composto é:
(A)2,3-dimetil-hexan-1-ol.
(B)2,3-dimetil-ciclo-hexanol.
(C)3,4-dimetil-ciclo-hexanol.
(D)1,2-dimetil-ciclo-hexan-4-ol.
(E)1,6-dimetil-ciclo-hexan-4-ol.

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QUÍMICA

(A) Cetona e amina. 20. (SEDUC/CE – Professor-Química – CESPE)


(B) Cetona e fenol.
(C) Amina e amida.
(D) Cetona e amida.
(E) Amida e fenol.

16. Alcano é um tipo de hidrocarboneto que apresenta cadeia


aberta e saturada, além de possuir apenas ligações simples. Qual a
fórmula molecular de um alcano com 12 átomos de carbono?
(A) C12H8
(B) C12H36
(C) C12H26
(D) C12H24
(E) C12H12

17. (MACK-SP) Sobre o etanol, cuja fórmula estrutural é H3C ─ Considerando as reações orgânicas mais comuns, os princípios
CH2 ─ OH, identifique a alternativa incorreta: de acidez e basicidade de compostos orgânicos e mecanismos de
(A) Apresenta cadeia carbônica saturada. reação, assinale a opção correta:
(B) É uma base inorgânica. (A) Um produto que pode ser obtido a partir do tratamento do
(C) É solúvel em água. composto I com ácido clorídrico (HCl) é o 2 - cloro - 2,3 - dime-
(D) É um monoálcool. tilbutano
(E) Apresenta cadeia carbônica homogênea. (B) Uma mistura dos compostos II e III poderá ser separada
com uma simples lavagem da mistura com uma solução aquosa
18. (U. Católica de Salvador – BA) A cetona é um composto car- ácida diluída, removendo o composto II na sua forma de car-
bonílico com 3 átomos de carbono e cadeia saturada. Sua fórmula boxilato
molecular é: (C) A reação de bromação do composto IV levará à formação
(A) C3H6O do produto para substituído, ou seja, o 1 - bromo - 4 - nitro-
(B) C3H7O benzeno
(C) C3H8O (D) A reação do composto V com metanol levará à transforma-
(D) C3H8O2 ção da função amida em função éster
(E) C3H8
21. Reações químicas dependem de energia e colisões eficazes
19. (U. F. Santa Maria/RS) Observe, a seguir, a reação realizada que ocorrem entre as moléculas dos reagentes. Em sistema fecha-
para produzir um sal de amônio quaternário, sabendo que esse sal do, é de se esperar que o mesmo ocorra entre as moléculas dos
é um detergente catiônico com ação germicida. produtos em menor ou maior grau até que se atinja o chamado
“equilíbrio químico”.
O valor da constante de equilíbrio em função das concentra-
ções das espécies no equilíbrio, em quantidade de matéria, é um
dado importante para se avaliar a extensão (rendimento) da reação
quando as concentrações não se alteram mais.
Considere a tabela com as quantidades de reagentes e produ-
tos no início e no equilíbrio, na temperatura de 100°C, para a se-
A dodecilamina pode ser convertida no cloreto de dodecil-tri- guinte reação:
metil-amônio, constituindo-se numa reação de __________, quan-
do for usado um _________ com o nome de
_________.
Escolha a alternativa que completa, corretamente, as lacunas.
(A) substituição – haleto de alquila – clorometano
(B) oxidação – álcool – metanol
(C) eliminação – aldeído – metanal
(D) adição – alceno – eteno Tabela com quantidade de reagentes e produto (Foto: Reprodução)
(E) redução – ácido – hidrogênio
A constante de equilíbrio tem o seguinte valor:
(A) 0,13
(B) 0,27
(C) 0,50
(D) 1,8
(E) 3,0
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QUÍMICA

22. (FUNRIO - IF-BA - Técnico de Laboratório – Química) A in- 26.Um grupo de alunos pretende preparar no laboratório 500
formação gravimétrica reveste-se de primordial importância em di- mL de uma solução aquosa 1 mol/L de H2SO4, utilizando o ácido
versas áreas das ciências da Terra, como por exemplo na Geodésia concentrado contido em um frasco cujo rótulo indica:
(estudo da forma -geoide- e dimensões da Terra), na Geologia (inves- H2SO4
tigação de estruturas geológicas) e na Geofísica (prospecção mine- pureza 98%
ral). A técnica gravimétrica onde o analito é separado de uma solução d= 1.84 g/mL
da amostra como um precipitado e é convertido a uma espécie de MM = 98 g/mol
composição conhecida que pode ser pesada é chamada de: Dentre os instrumentos apresentados, identifique o(s) mais in-
(A) Gravimetria por precipitação. dicado(s) à medição do H2SO4 e capaz(es) de assegurar a confiabili-
(B) Gravimetria de volatilização. dade à medição de volume:
(C) Eletrogravimetria. (A) Balão volumétrico 1000 mL.
(D) Titulação gravimétrica. (B) Bureta 25 mL e balão volumétrico de 500 mL.
(E) Espectrometria de massas atômicas. (C) Pipeta volumétrica de 5 mL ou pipeta graduada de 10 mL.
(D) Pipeta graduada e condensador.
23. Das vidrarias mencionadas a seguir, qual é a única que cos- (E) Proveta.
tuma fazer parte da aparelhagem utilizada na realização de titula-
ções ácido-base: 27.(FESP) Em relação às pipetas “graduadas” e “volumétricas”
(A) Funil de separação. é correto afirmar que.
(B) Bureta. (A) A pipeta graduada não deve ser utilizada para medir volu-
(C) Balão de fundo redondo. mes de líquidos transparentes.
(D) Placa de Petri. (B) A pipeta volumétrica só deve ser utilizada para medir volu-
(E) Tubo de ensaios. mes fixos de líquidos corados.
(C) A pipeta graduada é utilizada para medir volumes fixos de
24. (INSTITUTO AOCP - CASAN - Técnico de Laboratório- 2016) líquidos que não sejam voláteis.
Sobre a titulação de um ácido forte por uma base forte, assinale a (D) A pipeta graduada é utilizada para medidas precisas de vo-
alternativa correta. lumes variáveis de líquidos.
(A) Antes de iniciar a titulação, o pH da solução será determina- (E) A pipeta volumétrica de 25,0 ml de capacidade, pode ser
do pela dissociação da base forte e será um pH baixo. utilizada para medir corretamente líquido 20 mL.
(B) Após o ponto de equivalência, há um excesso de ácido, por-
tanto o pH é alto e determinado pela dissociação do ácido. 28. (PUC-MG) Assinale a opção que relaciona adequadamente
(C) Após o ponto de equivalência, não existirá a presença da a aparelhagem de laboratório com a sua utilização:
base forte, pois esta foi consumida na reação. (A) Termômetro usado para aquecer líquidos em laboratório.
(D) Após o ponto de equivalência, os produtos presentes na (B) Tela de amianto usada para distribuir uniformemente o ca-
reação serão água e óxidos de bases fortes. lor em aquecimento de laboratório.
(E) No ponto de equivalência, a quantidade de base forte adi- (C) Espátula usada para fixação de material.
cionada foi suficiente para reagir com todo o ácido forte pre- (D) Cápsula de porcelana usada para transporte de material
sente na solução. quente.
(E) Tripé usado como suporte de tubos de ensaio.
25. Quanto à vidraria utilizada em laboratórios de análises quí-
micas, considere as afirmativas: 29(. CESPE - POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - Auxiliar de Perito- 2016)
I. O volume medido na pipeta volumétrica é menos preciso que Assinale a opção correta relativamente a normas de segurança em
aquele medido na pipeta graduada. laboratório.
II. A diluição de uma substância em balão volumétrico não per- (A) Um laboratório deve conter tantos produtos químicos quan-
mite seu aquecimento em água fervente. to possível, de forma que aqueles que possam eventualmente
III. O balão de fundo chato permite medidas de volumes com ser necessários estejam facilmente disponíveis.
precisão. (B) Em caso de queimadura da pele com ácido, deve-se adi-
IV. As provetas são utilizadas, por permitirem medir diferentes cionar uma solução básica sobre a região atingida, de forma a
volumes de forma aproximada. neutralizar o efeito do ácido.
V. O volume de um titulante gasto em uma titulação utilizando (C) O avental para uso em laboratório deve ser de manga com-
uma bureta não tem a mesma precisão que o volume de uma pipe- prida, no tamanho adequado, sem sobra no comprimento dos
ta volumétrica. braços, com os punhos elastizados.
(D) A diluição de um ácido concentrado deve ser realizada ver-
Assinale a alternativa correta.
tendo-se água sobre o ácido.
(A) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
(E) Ao se ingressar em um laboratório, deve-se utilizar, prefe-
(B) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
rencialmente, sapatos abertos, que facilitem a ventilação dos
(C) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
pés em caso de acidente.
(D) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
(E) Somente as afirmativas III e V são verdadeiras.

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30. (UFPB - Técnico em Segurança do Trabalho – Instituto 34. (FGV - FIOCRUZ - Tecnologista em Saúde - Análises Físico-
AOCP). Em relação ao EPI, assinale a alternativa INCORRETA. -Químicas) Em teoria, na espectroscopia de ultravioleta tem-se:
(A) Cabe ao empregado, quanto ao EPI: utilizá-lo apenas para a (A) a absorção de energia que conduz a passagem de elétrons
finalidade a que se destina. de orbitais do estado fundamental para orbitais de maior ener-
(B) Cabe ao empregador, quanto ao EPI: orientar e treinar o gia em um estado excitado.
trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação. (B) a absorção de energia que conduz as moléculas a estados
(C) Cabe ao empregado, quanto ao EPI: substituir imediata- vibracionais e rotacionais de maior energia que o fundamental.
mente, quando danificado ou extraviado. (C) a absorção de energia de um estado de spin para outro, na
(D) Cabe ao empregador, quanto ao EPI: responsabilizar- se presença de um campo magnético
pela higienização e manutenção periódica. (D) a formação de íons pelo impacto de elétrons de alta energia
(E) Cabe ao empregador, quanto ao EPI: comunicar ao MTE com a amostra na fase vapor.
qualquer irregularidade observada. (E) a absorção de energia necessária para quebrar ligações co-
valentes e assim medir sua energia.
31. (CPTM-Médico do Trabalho – Makiyama). Quanto ao Equi-
pamento de Proteção Individual (EPI), cabe ao empregado: 35. (IADES – PC/DF - Perito Criminal – Química) Quanto à es-
(A) Responsabilizar-se pela guarda e conservação e comunicar pectroscopia UV/Vis, é correto afirmar que essa técnica utiliza
ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para (A) luz com comprimentos de onda entre 160 nm e 780 nm.
uso. (B) luz com comprimentos de onda entre 440 nm e 780 nm.
(B) Exigir seu uso. (C) luz com comprimentos de onda entre 160 nm e 380 nm.
(C) Substituir imediatamente, quando danificado ou extravia- (D) luz com comprimentos de onda entre 890 nm e 3.100 nm.
do. (E) apenas o espectro magnético
(D) Comunicar ao Ministério de Trabalho e Emprego qualquer
irregularidade observada. 36. (CESPE - POLÍCIA CIENTÍFICA/PE - Perito Criminal – Química)
(E) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção perió- Acerca da espectroscopia molecular de absorção no infravermelho
dica. e de aspectos diversos relacionados a essa técnica, assinale a opção
correta.
32.(UFSM - Assistente de Laboratório) Para ocupar as depen- (A) A espectroscopia molecular de absorção no infravermelho
dências de um laboratório de pesquisa, professores, alunos, assis- é limitada a análises qualitativas, já que a lei de Beer é inope-
tentes de laboratório e visitantes devem cumprir as exigências das rante para a faixa de comprimentos de onda da radiação infra-
Boas Práticas de Laboratório (BPL). Assinale qual comportamento vermelha.
NÃO corresponde a tais exigências. (B) Um dos fatores limitantes para a espectroscopia molecular
(A) Assegurar-se de que todos os agentes portadores de risco de absorção no infravermelho é a configuração instrumental
estejam rotulados e estocados corretamente. que permite a obtenção de espectros apenas por transmissão.
(B) Conhecer a localização e o uso correto dos equipamentos (C) Por serem totalmente transparentes à radiação infraverme-
de segurança disponíveis no laboratório. lha, os compostos CC4 e KBr são utilizados, respectivamente,
(C) Consumir alimentos e bebidas no laboratório apenas em como solvente na preparação de amostras líquidas e como
determinados horários. matriz na preparação de amostras sólidas, na espectroscopia
(D) Determinar causas de risco potenciais e as precauções de molecular de absorção no infravermelho.
segurança antes de utilizar novos equipamentos ou de realizar (D) A espectroscopia molecular de absorção no infravermelho é
novas técnicas. muito usada como ferramenta em perícias, uma vez que permi-
(E) Evitar perturbação ou distração daqueles que estão reali- te a determinação de um número muito grande de substâncias.
zando alguma atividade no laboratório. Com exceção de moléculas homonucleares, todas as espécies
moleculares orgânicas e inorgânicas absorvem radiação infra-
33.(COVEST-COPSET - UFPE - Assistente de Laboratório) Nas vermelha.
ações de resposta à emergência em laboratórios, pode-se afirmar (E) A radiação infravermelha, por ser mais energética, além de
que ser capaz de interagir com moléculas orgânicas e causar varia-
(A) os trabalhadores são responsáveis por recursos para con- ções na amplitude de seus movimentos, é também capaz de
trole de emergências. promover as mesmas transições eletrônicas geradas pela radia-
(B) os respiradores devem ser utilizados somente em situações ção ultravioleta.
de emergência.
(C) simulados de combate a incêndios e primeiros socorros são 37. (FUNIVERSA – PC/DF - Papiloscopista Policial) A espectros-
ações preventivas. copia de absorção UV-vis permite determinar a concentração de es-
(D) os vazamentos de produtos químicos não representam ris- pécies que sofrem transições eletrônicas quando absorvem nessa
cos emergenciais. faixa de energia. Com relação a esse assunto, assinale a alternativa
correta.
(A) Uma amostra que seja azul absorve na região azul do es-
pectro.
(B) Uma amostra que seja azul é transparente na região do ver-
melho.
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(C) O decréscimo relativo de intensidade do feixe de luz é pro- 35 A


porcional ao número de espécies absorventes na amostra.
(D) A cor de uma amostra dependerá do caminho óptico du- 36 D
rante a medição. 37 C
(E) O acréscimo relativo de intensidade do feixe de luz é pro-
porcional ao número de espécies absorventes na amostra.
ANOTAÇÕES
GABARITO
___________________________________________
___________________________________________
1 A ___________________________________________
2 D ___________________________________________
3 C
___________________________________________
___________________________________________
4 C
___________________________________________
5 E
___________________________________________
6 D
___________________________________________
7 D ___________________________________________
8 D ___________________________________________
9 C ___________________________________________
10 E ___________________________________________
11 A ___________________________________________
12 C ___________________________________________
13 C ___________________________________________
14 D ___________________________________________
15 C
___________________________________________
___________________________________________
16 C
___________________________________________
17 B
___________________________________________
18 A
___________________________________________
19 A ___________________________________________
20 A ___________________________________________
21 B ___________________________________________
22 A ___________________________________________
23 B ___________________________________________
24 E ___________________________________________
25 C ___________________________________________
26 B ___________________________________________
27 D
___________________________________________
___________________________________________
28 B
___________________________________________
29 C
___________________________________________
30 C
___________________________________________
31 A ___________________________________________
32 C ___________________________________________
33 C ___________________________________________
34 A ___________________________________________
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