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a solução para o seu concurso!

IASES
INSTITUTO DE ATENDIMENTO SOCIOE-
DUCATIVO DO ESPÍRITO SANTO

Agente Socioeducativo

EDITAL DE ABERTURA
Nº 001/2022

CÓD: SL-021OT-22
7908433227694
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e Interpretação de texto. Tipos textuais (texto narrativo, dissertativo, expositivo, descritivo e injuntivo).
Gêneros textuais. Coerência e coesão textual. Linguagem Verbal e não verbal. Funções da Linguagem.................................. 7
2. Variação linguística..................................................................................................................................................................... 21
3. Discurso direto e indireto............................................................................................................................................................ 22
4. Figuras da Linguagem.................................................................................................................................................................. 24
5. Ortografia (Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa)........................................................................................................ 26
6. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 27
7. Sinais de Pontuação..................................................................................................................................................................... 28
8. Classes de Palavras: Adjetivo, Advérbio, Artigo, Preposição, Conjunção, Interjeição, Numeral, Pronomes, Substantivos e
Verbos......................................................................................................................................................................................... 29
9. Crase............................................................................................................................................................................................ 34
10. Estrutura e Formação de Palavras................................................................................................................................................ 34
11. Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................... 36
12. Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................... 36
13. Análise sintática: frase, oração e período........................................................................................................................................ 37
14. Semântica: Sinônimos. Antônimos. Homônimos. Parônimos. Denotação e conotação. Significado de Palavras........................ 39

Matemática
1. Conjuntos numéricos: Naturais (N), Inteiros (Z), Racionais (Q), Reais (R): representação, ordenação, operações, problemas. 47
Operações numéricas (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e raiz)................................................................
2. Números fracionários: operações com números fracionários..................................................................................................... 51
3. Números decimais: operações com números decimais................................................................................................................ 54
4. Teoria dos números: pares / ímpares / múltiplos / divisores / primos / compostos / fatoração / divisibilidade / MMC / MDC 55
5. Equações do 1º e do 2º grau........................................................................................................................................................ 56
6. Razão e proporção: propriedades das proporções e divisão proporcional................................................................................. 59
7. Regra de três simples................................................................................................................................................................... 61
8. Porcentagem............................................................................................................................................................................... 61
9. Resolução de situações problemas.............................................................................................................................................. 62
10. Tratamento da informação: gráficos e tabelas............................................................................................................................ 63
11. Áreas de figuras planas (triângulos, quadriláteros, círculos e polígonos regulares).................................................................... 64
12. Função quadrática. Função exponencial. Função logarítmica..................................................................................................... 69
13. Análise Combinatória Simples..................................................................................................................................................... 74
14. Noções de estatísticas................................................................................................................................................................. 75
15. Probabilidade.............................................................................................................................................................................. 78
16. Progressão aritmética e geométrica............................................................................................................................................ 79
17. Juros simples e compostos.......................................................................................................................................................... 81

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ÍNDICE

Informática
1. Sistema Operacional e software................................................................................................................................................. 85
2. Internet: Navegação na Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas. ................................................ 97
3. Editor de texto (Microsoft Office): Formatação de Fonte e Parágrafo; Bordas e Sombreamento; Marcadores, Numeração
e Tabulação; Cabeçalho, Rodapé e Número de Páginas; Manipulação de Imagens e Formas; Configuração de página;
Tabelas. ...................................................................................................................................................................................... 100
4. Planilha eletrônica - Excel (Microsoft Office): Formatação da Planilha e de Células; criar cálculos utilizando as quatro
operações; formatar dados através da Formatação Condicional; representar dados através de Gráficos. Configuração de
Impressoras. ............................................................................................................................................................................... 104
5. Programa Antivírus e Firewall. .................................................................................................................................................... 110
6. Teclas de Atalho........................................................................................................................................................................... 112
7. Sistema E-Docs............................................................................................................................................................................ 113

Conhecimentos Específicos
Agente Socioeducativo
1. Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE............................................................................................ 127
2. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECRIAD e atualizações........................................................................................................ 137
3. Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, a qual define os crimes de tortura e dá outras providências................................................ 174
4. Regime Disciplinar e Processo Administrativo Disciplinar previsto na Lei Complementar 46 de 31 de janeiro de 1994............. 175
5. Ética no Serviço Público................................................................................................................................................................ 175
6. Sistema Único de Segurança Pública........................................................................................................................................... 179
7. Declaração Universal Dos Direitos Humanos................................................................................................................................ 187
8. Regras Mínimas para o tratamento de pessoas presas – Organização das Nações Unidas- ONU................................................ 189
9. Justiça Restaurativa e Comunicação Não Violenta........................................................................................................................ 200
10. Primeiros SocorroS...................................................................................................................................................................... 201
11. Constituição Federal: Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Dos Direitos Sociais, Da Organização do Estado, Da Administração
Pública, Do Processo Legislativo, Da Segurança Pública, Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso........... 207
12. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA................................................................................ 241
13. Socioeducação............................................................................................................................................................................. 242
14. Atribuições teórica e prática do cargo de Agente Socioeducativo, estabelecidas na Lei nº 706/2013........................................ 242

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. TIPOS TEX- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
TUAIS (TEXTO NARRATIVO, DISSERTATIVO, EXPOSITIVO,
DESCRITIVO E INJUNTIVO). GÊNEROS TEXTUAIS. COERÊN-
CIA E COESÃO TEXTUAL. LINGUAGEM VERBAL E NÃO
VERBAL. FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
A interpretação é quando você entende o que está implícito, verbal com a não-verbal.
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos


identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
damos a este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.
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Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de Identificando o tema de um texto
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
e, por fim, uma leitura interpretativa. principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
É muito importante que você: tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
estado, país e mundo; significativo, que é o texto.
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
ortográficas, gramaticais e interpretativas; o assunto que será tratado no texto.
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
polêmicos; que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Dicas para interpretar um texto: pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
– Leia lentamente o texto todo. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada estudos?
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
– Sublinhe as ideias mais importantes. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto. CACHORROS
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
mutável). seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
tópicos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
são uma distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além As informações que se relacionam com o tema chamamos de
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se capaz de identificar o tema do texto!
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações,
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
apresentadas na prova. -secundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
nunca extrapole a visão dele.

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IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)
TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
Ironia literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
novo sentido, gerando um efeito de humor. flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
Exemplo: da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!

Ironia de situação Análise e a interpretação do texto segundo o gênero em que


A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o se inscreve
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a principal. Compreender relações semânticas é uma competência
morte. imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

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Busca de sentidos tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
apreensão do conteúdo exposto. curto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
citadas ou apresentando novos conceitos. nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas como horas ou mesmo minutos.
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
Importância da interpretação imagens.
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
específicos, aprimora a escrita. que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- vencer o leitor a concordar com ele.
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de de destaque sobre algum assunto de interesse.
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para berdade para quem recebe a informação.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que Fato
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
Diferença entre compreensão e interpretação Exemplo de fato:
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do A mãe foi viajar.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Interpretação
leitor tira conclusões subjetivas do texto. É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Gêneros Discursivos sas, previmos suas consequências.
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No ças sejam detectáveis.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
dárias. Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente tro país.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única do que com a filha.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho. Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a que fazemos do fato.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O
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Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên- Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe-
ríodo, e o tópico que o antecede.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
anteriores: ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- para a clareza do texto.
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
do que com a filha. Ela foi egoísta. vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
sem coerência.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
mos expressando nosso julgamento. mais direto.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando NÍVEIS DE LINGUAGEM
analisamos um texto dissertativo. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Exemplo: ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
com o sofrimento da filha. da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento e caem em desuso.
e o do leitor. Língua escrita e língua falada
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
Parágrafo falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
sentada na introdução. pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em Linguagem popular e linguagem culta
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você o diálogo é usado para representar a língua falada.
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria Linguagem Popular ou Coloquial
prova. Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras expressão dos esta dos emocionais etc.
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.

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A Linguagem Culta ou Padrão Exemplo:
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que Era uma casa muito engraçada
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Não tinha teto, não tinha nada
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Ninguém podia entrar nela, não
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Porque na casa não tinha chão
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia dormir na rede
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha parede
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia fazer pipi
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”. ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipos e genêros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- Tipo textual expositivo
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- pode ser expositiva ou argumentativa.
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
exemplos e as principais características de cada um deles. neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.

Tipo textual descritivo Características principais:


A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, mar.
um movimento etc. • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
Características principais: • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- de ponto de vista.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função • Apresenta linguagem clara e imparcial.
caracterizadora.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- Exemplo:
meração. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• A noção temporal é normalmente estática. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
ção. terminado tema.
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

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Tipo textual dissertativo-argumentativo GÊNEROS TEXTUAIS
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são
(leitor ou ouvinte). passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser-
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela
Características principais: que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento textuais que neles predominam.
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- Descritivo Diário
gestão/solução). Relatos (viagens, históricos, etc.)
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Biografia e autobiografia
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente Notícia
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Currículo
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Lista de compras
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Cardápio
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Anúncios de classificados
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Injuntivo Receita culinária
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Bula de remédio
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Manual de instruções
Regulamento
Exemplo: Textos prescritivos
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Expositivo Seminários
administração política (tese), porque a força governamental certa- Palestras
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Conferências
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Entrevistas
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Trabalhos acadêmicos
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Enciclopédia
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Verbetes de dicionários
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Carta de opinião
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Resenha
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Artigo
cobrança efetiva (conclusão). Ensaio
Monografia, dissertação de
Tipo textual narrativo mestrado e tese de doutorado
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta
Narrativo Romance
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
Novela
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Crônica
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Contos de Fada
Fábula
Características principais:
Lendas
• O tempo verbal predominante é o passado.
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
onisciente). ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em nitos e mudam de acordo com a demanda social.
prosa, não em verso.
ARGUMENTAÇÃO
Exemplo: O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma
Solidão informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado,
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. texto diz e faça o que ele propõe.
Nelson S. Oliveira Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
reais/4835684 conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir

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a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
vista defendidos. as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas entender bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
de linguagem. que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
escolher entre duas ou mais coisas”. porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse Tipos de Argumento
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua argumento. Exemplo:
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais Argumento de Autoridade
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
enunciador está propondo. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos verdadeira. Exemplo:
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
A é igual a B. conhecimento. Nunca o inverso.
A é igual a C. Alex José Periscinoto.
Então: C é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2

Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
que C é igual a A. importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
Outro exemplo: a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
Todo ruminante é um mamífero. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
A vaca é um ruminante. acreditar que é verdade.
Logo, a vaca é um mamífero.
Argumento de Quantidade
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
também será verdadeira. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais largo uso do argumento de quantidade.
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a Argumento do Consenso
chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que
a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia
peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao
Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo,
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos.

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Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
frases carentes de qualquer base científica. hospital por três dias.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função
Argumento de Existência argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
mão do que dois voando”. traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia não outras, etc. Veja:
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de trocavam abraços afetuosos.”
navios, etc., ganhava credibilidade. O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
Argumento quase lógico e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
provável. ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente meio ambiente, injustiça, corrupção).
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais o argumento.
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
indevidas. contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
Argumento do Atributo exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o outros à sua dependência política e econômica”.
que é mais grosseiro, etc. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o assunto, etc).
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos Convém ainda alertar que não se convence ninguém com
da celebridade. manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
competência linguística. A utilização da variante culta e formal feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o
texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros
modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
médico: a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir.
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
por bem determinar o internamento do governador pelo período
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
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um processo de convencimento, por meio da argumentação, no A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
pensamento e seu comportamento. regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia da verdade:
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo - evidência;
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não - divisão ou análise;
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - ordem ou dedução;
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - enumeração.
inflexão de voz, a mímica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos A forma de argumentação mais empregada na redação
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade alguns não caracteriza a universalidade.
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
vista. é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e para o efeito. Exemplo:
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício Fulano é homem (premissa menor = particular)
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em Logo, Fulano é mortal (conclusão)
desenvolver as seguintes habilidades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
totalmente contrária; as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
contra a argumentação proposta; O calor dilata o ferro (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação O calor dilata o bronze (particular)
oposta. O calor dilata o cobre (particular)
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, O ferro, o bronze, o cobre são metais
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
sociedade. conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em - Lógico, concordo.
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da - Claro que não!
dedução. - Então você possui um brilhante de 40 quilates...

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Exemplos de sofismas: A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Dedução as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Todo professor tem um diploma (geral, universal) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Fulano tem um diploma (particular) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
Indução por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
(particular) menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) são empregados de modo mais ou menos convencional. A
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
– conclusão falsa) características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode artificial.
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial sabiá, torradeira.
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
sentimentos não ditados pela razão. Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que Os elementos desta lista foram classificados por ordem
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
sistematizar a pesquisa. decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
relógio estaria reconstruído. os pontos de vista sobre ele.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
ser assim relacionadas: é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de - o termo a ser definido;
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha - o gênero ou espécie;
dos elementos que farão parte do texto. - a diferença específica.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno.

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O que distingue o termo definido de outros elementos da Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
mesma espécie. Exemplo: argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
Elemento especiediferença acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
a ser definidoespecífica os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
ou instalação”; assim, desse ponto de vista.
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
expandida;d
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
menos que, melhor que, pior que.
diferenças).
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
palavra e seus significados.
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
fundamentação coerente e adequada.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
Nesse caso, incluem-se
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
mortal, aspira à imortalidade);
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
postulados e axiomas);
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por
que parece absurdo).
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão.
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Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
concretos, estatísticos ou documentais. às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação menos a seguinte:
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. Introdução
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - função social da ciência e da tecnologia;
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões - definições de ciência e tecnologia;
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na Desenvolvimento
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - apresentação de aspectos positivos e negativos do
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- desenvolvimento tecnológico;
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
argumentação: condições de vida no mundo atual;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o países subdesenvolvidos;
cordeiro”; - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga passado; apontar semelhanças e diferenças;
verdadeira; - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento urbanos;
à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
universalidade da afirmação; mais a sociedade.
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de Conclusão
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em consequências maléficas;
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou apresentados.
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois redação: é um dos possíveis.
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados que ela é inserida.
para a elaboração de um Plano de Redação. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
tecnológica a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
resposta, justificar, criando um argumento básico; textos caracterizada por um citar o outro.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
(rever tipos de argumentação); – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
consequência); um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
argumento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
argumento básico; ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.

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Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos comum ao produtor e ao receptor de textos.
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido daquela citação ou alusão em questão.
ou lido.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
Tipos de Intertextualidade A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
A intertextualidade acontece quando há uma referência implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a A intertextualidade explícita:
intertextualidade. – é facilmente identificada pelos leitores;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando – não exige que haja dedução por parte do leitor;
as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – apenas apela à compreensão do conteúdos.

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do A intertextualidade implícita:


texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, – não é facilmente identificada pelos leitores;
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
com outras palavras o que já foi dito. – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso parte dos leitores;
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original a compreensão do conteúdo.
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com PONTO DE VISTA
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que narrador-observador e o narrador-personagem.
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo Primeira pessoa
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem só descobrimos ao decorrer da história.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação Segunda pessoa
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
termo “citação” (citare) significa convocar. diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
sinta quase como outro personagem que participa da história.
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Terceira pessoa
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
Pastiche é uma recorrência a um gênero. em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica disse.
a recriação de um texto.

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Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será – uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história -versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver – a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad-
acompanhando a leitura não fique confuso. jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro
indicado, as noite fria, os caso mais comum.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece – o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções – o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem
é inserida. jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo),
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan-
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. te (em vez de possantíssimo).
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume – a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula-
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir)
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, o recado, quando ele repor (repuser).
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois – a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares:
textos caracterizada por um citar o outro. vareia (varia), negoceia (negocia).
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se Variações Fônicas
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala-
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou vra. Entre esses casos, podemos citar:
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- – a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró-
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema pessoas de baixa condição social.
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
mencionar um provérbio conhecido. regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou- quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
zá-lo ou ao compará-lo com outros. – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- – o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram hoje frequentes na fala caipira.
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma-
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi- relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm oral coloquial.
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
Variações Sintáticas
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe,
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va-
riante e outra. Como exemplo, podemos citar:
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas, “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com
como na linguagem regional. Elas  reúnem as variantes da língua o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó- – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros. se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se me irrita.
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- – ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
mo significado dentro de um mesmo contexto. gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, – o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
sintático e lexical. a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti)
Variações Morfológicas e ele.
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en- – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
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– a ausência da preposição adequada antes do pronome relati- – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com
vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti-
de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.
eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.

Variações Léxicas DISCURSO DIRETO E INDIRETO


Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem- Discurso direto
plos possíveis de citar: É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a — Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil pletamente bêbados, não é?
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por- Foi aí que um dos bêbados pediu:
tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno — Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de o seu marido que os outros querem ir para casa.
suéter, malha, camiseta. (Stanislaw Ponte Preta)
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua- Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará-
Esse amigo é um carinha maior esforçado. grafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens,
Designações das Variantes Lexicais: conserva características do linguajar de cada uma, como termos de
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco-
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa- etes pessoais.
va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria- declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa-
das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A na gem.
computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar. Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra acrescentar
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma afirmar
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da concordar
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas consentir
o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto contestar
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. continuar
declamar
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida- determinar
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações dizer
básicas). esclarecer
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como exclamar
a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no- explicar
tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma gritar
barriga. indagar
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser insistir
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida- interrogar
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar). interromper
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: intervir
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista). mandar
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de ordenar, pedir
saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, perguntar
arruinou-se). prosseguir
protestar
Tipos de Variação reclamar
As variações mais importantes, são as seguintes: repetir
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com replicar
certa facilidade. responder
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das retrucar
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o solicitar
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque
gaúcho etc. Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns- atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
falar compatível com determinada situação é incompatível com
outra
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tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
histérica, respondeu irritada, explicou docemente. (Ciro dos Anjos)

Exemplo: Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- respondeu-me que não.
sas vidas. (Machado de Assis)
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) Discurso indireto livre
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
seguir: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
Estilo 1: o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
João perguntou: personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
— Que tal o carro? nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
Estilo 2: As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas) dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas) gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
Estilo 3: (terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
Verbos de elocução no meio da fala: discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o ritmo que confere ao texto.
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado. Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
Verbos de elocução no fim da fala: à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
João. Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio. cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto
filho. (Machado de Assis) livre: Era bruto, sim.

— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte-
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente
e oito. (Machado de Assis) nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
dor.
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
Transposição de discurso
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla- Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
mativas: a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
insistência. (Machado de Assis) corretamente os tipos de discurso na redação.
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis) Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis) recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús- atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
culas depois dos pontos de exclamação e interrogação. tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
Discurso indireto dificuldade.
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
personagem na voz do narrador.
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Discurso Direto
FIGURAS DA LINGUAGEM
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina. As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
• Pretérito perfeito curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
– Já esperei demais, retrucou com indignação. comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
nando-o poético.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou: As figuras de linguagem classificam-se em
– Não sairei do carro. – figuras de palavra;
– figuras de pensamento;
• Imperativo – figuras de construção ou sintaxe.
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz. Figuras de palavra
Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven-
Outras alterações cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
• Primeira ou segunda pessoa pressivo na comunicação.
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje. Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
• Vocativo vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
Exemplos
• Objeto indireto na oração principal ...a vida é cigana
A prima perguntou a João se ele queria café. É caravana
É pedra de gelo ao sol.
• Forma interrogativa ou imperativa (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
– E o amarelo? Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
• Advérbios de lugar e de tempo
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã Comparação: aproxima dois elementos que se identificam,
• Pronomes demonstrativos e possessivos ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal
essa(s), esta(s) como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
esse(s), este(s) paração: parecer, assemelhar-se e outros.
isso, isto
meu, minha Exemplo
teu, tua Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando
nosso, nossa você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)
Discurso Indireto
• Pretérito imperfeito Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
A enfermeira afirmou que era uma menina. qual não existe uma designação apropriada.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro. Exemplos
• Pretérito mais-que-perfeito – folha de papel
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha esperado) – braço de poltrona
demais. – céu da boca
• Pretérito imperfeito do subjuntivo – pé da montanha
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
Outras alterações Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen-
• Terceira pessoa tidos físicos.
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal Exemplo
A prima perguntou a João se ele queria café. Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva)
• Forma declarativa mecânica.
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa pelo (Carlos Drummond de Andrade)
amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia anterior, A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste-
na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, seu, sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen-
sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas) ça gelada”.

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Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino). Observação: verbos que exprimem os sons são considerados
O águia de Haia (= Rui Barbosa). onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.

Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Figuras de sintaxe ou de construção
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os
termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) Podem ser formadas por:
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Tomei um Danone. (iogurte) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- ruptura: anacoluto;
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural. concordância ideológica: silepse.

Exemplo Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,


A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro frase ou verso.
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
plural) Exemplo
(José Cândido de Carvalho) Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Figuras Sonoras Dentro do sol o calor peculiar
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- [do verão.
mente em posição inicial da palavra. Dentro da vida uma vida me
[conta uma estória que fala
Exemplo [de mim.
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- Dentro de nós os mistérios
ladas. [do espaço sem fim!
(Cruz e Sousa) (Toquinho/Mutinho)

Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam
verso ou poesia. vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
vírgulas.
Exemplo
Sou Ana, da cama, Exemplo
da cana, fulana, bacana Não nos movemos, as mãos é
Sou Ana de Amsterdam. que se estenderam pouco a
(Chico Buarque) pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou (Machado de Assis)
na prosódia, mas diferentes no sentido.
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde-
Exemplo nativa mais vezes do que exige a norma gramatical.
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro Exemplo
quero que você ganhe que Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem
[você me apanhe tuge, nem muge.
sou o seu bezerro gritando (Rubem Braga)
[mamãe.
(Caetano Veloso) Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter-
mo já expresso.
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
duzido por seres animados e inanimados. Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres-
são, dando ênfase à mensagem.
Exemplo
Vai o ouvido apurado Exemplos
na trama do rumor suas nervuras Não os venci. Venceram-me
inseto múltiplo reunido eles a mim.
para compor o zanzineio surdo (Rui Barbosa)
circular opressivo

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Morrerás morte vil na mão de um forte. Silepse
(Gonçalves Dias) Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia- ou pronome com a pessoa a que se refere.
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado. Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Exemplos (Rachel de Queiroz)
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo. V. Ex.a parece magoado...
Colaborar juntos. (Carlos Drummond de Andrade)
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo. Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
o sujeito da oração.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con- Exemplos
junções, preposições e verbos. Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu) Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
Espero venhas logo. (eu, que, tu) (Machado de Assis)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver) Silepse de número: Não há concordância do número verbal
(Camões) com o sujeito da oração.

Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior- Exemplo


mente. Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
ORTOGRAFIA (NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes. PORTUGUESA)
(Machado de Assis)

Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen- ORTOGRAFIA OFICIAL


tos na frase. • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
troduzidas as letras k, w e y.
Exemplos O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
Passeiam, à tarde, as belas na avenida. PQRSTUVWXYZ
(Carlos Drummond de Andrade) • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
Paciência tenho eu tido... gui, que, qui.
(Antônio Nobre)
Regras de acentuação
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem sílaba)
função sintática definida.
Como era Como fica
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas. alcatéia alcateia
(Manuel Bandeira) apóia apoia
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo- apóio apoio
tassem as mãos.
(José Lins do Rego) Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase). – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Exemplo
...em cada olho um grito castanho de ódio. Como era Como fica
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio) baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
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Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. vamos passar para mais um ponto importante.

– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
e ôo(s). com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Vejamos um por um:
Como era Como fica
abençôo abençoo Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
crêem creem aberto.
Já cursei a Faculdade de História.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Atenção: Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. caso afundo mais à frente).
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Sou leal à mulher da minha vida.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, As palavras podem ser:
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as -já, ra-paz, u-ru-bu...)
palavras forma/fôrma. – Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
Uso de hífen – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Regra básica: (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem. As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
Outros casos íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
1. Prefixo terminado em vogal: • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
semicírculo. • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
mo, antissocial, ultrassom. dói, coronéis...)
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
das. (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)

2. Prefixo terminado em consoante: Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- nar e fixar as regras.
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações: Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons


• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. Vejamos um por um:
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, aberto.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- Já cursei a Faculdade de História.
rar, cooperação, cooptar, coocupante. Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- fechado.
mirante. Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, caso afundo mais à frente).
pontapé, paraquedas, paraquedista. Sou leal à mulher da minha vida.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, As palavras podem ser:
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
-já, ra-paz, u-ru-bu...)
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– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, Dois-pontos ( : )
sa-bo-ne-te, ré-gua...) Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) Ponto e vírgula ( ; )
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), ração (frequente em leis), etc.
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
dói, coronéis...) bém uma linda decoração e bebidas caras.

• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais Travessão ( — )


(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- -men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
nar e fixar as regras. vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
um diálogo, com ou sem aspas.
SINAIS DE PONTUAÇÃO Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.

Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
Pontuação Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
CHARA, 2009, p. 514) rem uma nova inserção.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns vernador)
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- Aspas ( “ ” )
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ponto ( . ) Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo Vírgula
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
reticências. ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Estaremos presentes na festa. disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
vírgula:
Ponto de interrogação ( ? ) 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- mos” o momento certo de fazer uso dela.
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Você vai à festa? alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
Ponto de exclamação ( ! ) cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tiva. tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
Ex: Que bela festa! menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Reticências ( ... ) dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Maria foi à padaria ontem.
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor Sujeito Verbo Objeto Adjunto
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.
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Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor- Classificação dos substantivos
re por alguns motivos:
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do sua estrutura. macaco/sabão
verbo e o adjunto.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem são formados por mais de um porta-voz/
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula radical em sua estrutura. pé-de-moleque
é necessária: SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
Ontem, Maria foi à padaria. são os que dão origem a mundo/
Maria, ontem, foi à padaria. outras palavras, ou seja, ela é população
À padaria, Maria foi ontem. a primeira. /formiga

Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
sário: são formados por outros populacional/formigueiro
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- radicais da língua.
ção. SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a designa determinado ser /Brasil
serem observadas na redação oficial. entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
• Separa aposto. espécie. São sempre iniciados Liberdade
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. por letra maiúscula.
• Separa vocativo.
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
• Separa termos repetidos.
uma mesma espécie.
Aquele aluno era esforçado, esforçado.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, própria. Esses seres podem /lobisomem
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
efeito, digo. reais ou imaginários.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
ou seja, de fácil compreensão. nomeiam ações, estados, bondade/
qualidades e sentimentos que confiança/
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- não tem existência própria, ou lembrança/
tos). seja, só existem em função de amor/
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- um ser. alegria
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
• Separa orações coordenadas assindéticas. referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
ideias na cabeça... mesmo quando empregado
no singular e constituem um
• Isola o nome do lugar nas datas. substantivo comum.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões Flexão dos Substantivos
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- • Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
mações comprovam, etc. no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- uniformes
nizar o problema. – Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
CLASSES DE PALAVRAS: ADJETIVO, ADVÉRBIO, ARTIGO, – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO, INTERJEIÇÃO, NUMERAL, forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
PRONOMES, SUBSTANTIVOS E VERBOS epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
CLASSES DE PALAVRAS macho/palmeira fêmea.
Substantivo b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
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c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 

Adjetivo
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão composta
por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe de
mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

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Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

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• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

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Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

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CRASE ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome As palavras são formadas por estruturas menores, com
demonstrativo. significados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) para a formação das palavras.

• Devemos usar crase: Estrutura das palavras


– Antes palavras femininas: As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
Iremos à festa amanhã menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos: 
Mediante à situação. – radical e raiz;
O Governo visa à resolução do problema. – vogal temática;
– tema;
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” – desinências;
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas – afixos;
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: – vogais e consoantes de ligação.
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Radical: Elemento que contém a base de significação do
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- vocábulo.
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Exemplos
Mas... há crase, sim! VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.

– Expressões fixas Dividem-se em:


Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de
crase: Nominais
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às Exemplos
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à pequenO, pequenA, alunO, aluna.
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon- pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
didas, à medida que, à proporção que.
• NUNCA devemos usar crase: Verbais
– Antes de substantivos masculinos: Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a Exemplos
pé. vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
plural) usado em sentido generalizador: Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. Exemplos
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- 1ª conjugação: – A – cantAr
mem. 2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
– Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo. Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica
– Antes de pronomes oposição masculino/feminino.
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa. Exemplos
livrO, dentE, paletó.
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário? Tema: União do radical e a vogal temática.
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.
– Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar. Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se
interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.

Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do
radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem-
se em:
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Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical. Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: 
Exemplos abordar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição,
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar. menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.

Sufixo Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina
Afixo que se coloca depois do radical. original:
Exemplos a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar.
contentaMENTO, reallDADE, enaltECER. a, ad – aproximação, direção: amontoar.
Processos de formação das palavras ambi – dualidade: ambidestro.
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos: centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
estrutura fonética das primitivas. com, con, co – companhia, concomitância: combater,
Exemplos contemporâneo.
passa + tempo = passatempo contra – oposição, posição inferior: contradizer.
gira + sol = girassol de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento:
decrescer, deportar.
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
estrutura fonética das primitivas. dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária:
Exemplos distrair, dimanar.
em + boa + hora = embora entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha,
vossa + merce = você entrevista.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade,
Derivação: privação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordinário.
Temos: im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
ingrato.
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
um prefixo ao radical da primitiva. intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
Exemplos justa – perto de: justapor.
CONter, INapto, DESleal. multi – pluralidade: multiforme.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um pene – quase: penúltimo, península.
sufixo ao radical da primitiva. per – movimento através de, acabamento de ação; ideia
Exemplos pejorativa: percorrer.
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE. post, pos – posteridade: postergar, pospor.
pre – anterioridade: predizer, preclaro.
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo. pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
Exemplos procurador, pronome.
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR. re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repetição:
regressar, revirar.
Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra retro – movimento para trás: retroceder.
primitiva. satis – bastante: satisdar.
Exemplo sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé.
Todos ficaram encantados com seu  andar: verbo usado com subter – por baixo: subterfúgio.
valor de substantivo. super, supra – posição superior, excesso: super-homem,
superpovoado.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro.
geral de um verbo para substantivo ou vice-versa. ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
Exemplos uni – um: unânime, unicelular.
combater – o combate
chorar – o choro Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
Prefixos ana – inversão, parecença: anagrama, analogia.
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em: anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
vernáculos, latinos e gregos. anti – oposição: antipatia, antagonista.
apo – afastamento: apólogo, apogeu.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre, caco – mau: cacofonia.
mal, menos, sem, sob, sobre, soto. cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
deca – dez: decâmetro.
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dia – através de, divisão: diáfano, diálogo. Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia. • Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
endo – para dentro: endocarpo. pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
epi – por cima: epiderme, epígrafe. do advérbios:
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia. Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
hecto – cem: hectômetro. meia dúzia de ovos.
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole. • Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
homo – semelhança, identidade: homônimo.
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase. • É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o
míria – dez mil: miriâmetro. substantivo estiver determinado por artigo:
mono – um: monóculo, monoculista. É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. Concordância Verbal
penta – cinco: pentágono. O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
peri – em volta de: perímetro. O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
poli – muitos: polígono, polimorfo. mes.
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
Sufixos Concordância ideológica ou silepse
Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial. • Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Nominais contexto.
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -astro, Blumenau estava repleta de turistas.
-az. • Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. texto.
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato. O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico. sos.
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. • Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
Verbais O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
Comuns: -ar, -er, -ir. líticos.
Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

Adverbial = há apenas um
MENTE: mecanicamente, felizmente etc. • Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL -lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
mento é estabelecida por uma preposição.

Concordância Nominal • Regência Verbal


Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
referem. Isto pertence a todos.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa. Regência de algumas palavras

Casos Especiais de Concordância Nominal Esta palavra combina com Esta preposição
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Acessível a
alerta. Apto a, para

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Atencioso com, para com
ção de palavras compostas: Coerente com
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
Conforme a, com
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Dúvida acerca de, de, em, sobre
acordo com o substantivo a que se referem:
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Empenho de, em, por A tecnologia permitiu o resgate dos operários.


• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
Fácil a, de, para, direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
Junto a, de posição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Pendente de Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
Preferível a • Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transi-
tivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
Próximo a, de
preposição. 
Respeito a, com, de, para com, por Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
Situado a, em, entre João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime
Ajudar (a fazer algo) a determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica
Aludir (referir-se) a um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Aspirar (desejar, pretender) a Vamos sair do mar.
Assistir (dar assistência) Não usa preposição • Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem prati-
ca a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Deparar (encontrar) com
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
Implicar (consequência) Não usa preposição • Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um subs-
Lembrar Não usa preposição tantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
de um verbo.
Pagar (pagar a alguém) a Um casal de médicos eram os novos moradores do meu pré-
Precisar (necessitar) de dio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa no-
Proceder (realizar) a
mes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
Responder a nado.
Visar ( ter como objetivo a A realização do torneio teve a aprovação de todos.
pretender) • Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao su-
jeito da oração.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS A especulação imobiliária me parece um problema.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! • Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao
objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
ANÁLISE SINTÁTICA: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO • Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou
identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equi-
valentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo • Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita quem se dirige a palavra.
coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al- Senhora, peço aguardar mais um pouco.
gumas questões importantes:
Tipos de orações
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen- As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça,
tido completo.  não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, mo-
Os jornais publicaram a notícia. leza. Vamos comigo!!!
Silêncio!  Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações
de um período são independentes (não dependem uma da outra
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as ora-
locução verbal. ções de um período são dependentes (dependem uma da outra
Este filme causou grande impacto entre o público. para construir sentido completo).
A inflação deve continuar sob controle. As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas
uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
• Período Simples: formado por uma única oração. da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).
O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.


Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
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Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
lanchamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

SEMÂNTICA: SINÔNIMOS. ANTÔNIMOS. HOMÔNIMOS. PARÔNIMOS. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO. SIGNIFICADO DE PALA-


VRAS

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:
Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.
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As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

QUESTÕES

1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO se
fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”

2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”.

3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo exclusivo
de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse objetivo é a seguinte:
(A) pôr.
(B) ilhéu.
(C) sábio.
(D) também.
(E) lâmpada.

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4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série 8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- pontuação em:
-vermelho. (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
fra-assinado. (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. teiramente pela porta?
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
trarregra. tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
-mencionado. to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
pregadas e grafadas. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
qualquer excesso e violência. mente correta a pontuação do seguinte período:
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
isso, num modo de intervenção específico. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
ta que ambos possam suscitar. importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
corpo dos supliciados. providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um sem importância, ditam o rumo de toda a história.
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
organização em delinqüência. providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
importância, ditam o rumo de toda a história.
6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR – (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
extraordinária de imitar vários estilos musicais. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
mentos pessoais por meio de sua música. 10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das 2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
composições do músico na cultura ocidental. mesmo processo de formação é:
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo- (A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona- (B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
gens. (C) deslealdade, colunista, incrível;
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. (E) reeducação, dignidade, enriquecer.

7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser 11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa- 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
drão na seguinte sentença: cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. (A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. tica (en + trist + ecer);
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(en + triste + cer);
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
tética (en + trist + ecer);
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
ca (des + entristecer).

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12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra plural em “deflacionados”.
formada por derivação: (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
(A) parassintética; em “Elevaram-se”.
(B) prefixal; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(C) sufixal; regras de concordância com “economia”.
(D) imprópria; (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(E) regressiva. singular em “fez aumentar”.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do com “relevantes”.
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
(A) pronome; 18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(B) adjetivo; – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
(C) advérbio; te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(D) substantivo; (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(E) preposição. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) Pretendo viajar a Paraíba.
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação (D) Ele gosta de bife à cavalo.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(A) Pronome demonstrativo. 19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
(B) Pronome relativo. “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
(C) Pronome possessivo. que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
(D) Pronome pessoal. a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
(E) Pronome indefinido. locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
marcada com o acento, EXCETO em:
15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na (A) Todos estavam à espera