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SEJUS - ES
SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA DO
ESPÍRITO SANTO

Inspetor Penitenciário

EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº


01/2023, SEJUS/ES DE 20 DE JULHO DE 2023

CÓD: SL-015AG-23
7908433239840
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de texto ................................................................................................................................................ 11
2. Ortografia: emprego das letras .................................................................................................................................................. 15
3. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido
que imprimem às relações que estabelecem ............................................................................................................................ 16
4. Sintaxe: reconhecimento dos termos da oração; reconhecimento das orações num período .................................................. 25

5. Concordância verbal. concordância nominal ............................................................................................................................. 27


6. colocação de pronomes ............................................................................................................................................................. 29
7. ocorrência da crase .................................................................................................................................................................... 29
8. regência verbal. regência nominal ............................................................................................................................................. 30
9. Processo de formação das palavras ........................................................................................................................................... 33
10. Coesão ....................................................................................................................................................................................... 34
11. Sentido próprio e figurado das palavras .................................................................................................................................... 35

12. Pontuação .................................................................................................................................................................................. 35


13. Figuras de Linguagem ................................................................................................................................................................ 37

Informática Básica
1. Noções de sistema operacional (Windows) ............................................................................................................................... 63
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (Ambientes Microsoft Office) .............................................................................. 76
3. Rede de computadores: Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos e internet e intranet; Programas de
navegação; Sítios de busca e pesquisa na internet .................................................................................................................... 83
4. Correio eletrônico ...................................................................................................................................................................... 89

5. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas ............................................... 91


6. Segurança da informação .......................................................................................................................................................... 93
7. Procedimentos de segurança: Noções de vírus, worms e pragas virtuais; Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-
-spyware, etc.) ........................................................................................................................................................................... 99
8. Procedimentos de backup ......................................................................................................................................................... 101

Raciocínio Lógico
1. Compreensão e análise da lógica de uma situação, utilizando as funções intelectuais; - raciocínio verbal, raciocínio matemá-
tico, raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos e discriminação de elementos; problemas
utilizando as operações fundamentais. Proposições e conectivos. Raciocínio quantitativo: conjuntos, subconjuntos e opera-
ções básicas de conjunto ........................................................................................................................................................... 107
2. Conjuntos de números e desigualdade...................................................................................................................................... 119
3. Expressões e equações algébricas ............................................................................................................................................. 120
4. Sequências e séries .................................................................................................................................................................... 122

5. Trigonometria ............................................................................................................................................................................ 124


6. Logaritmo e exponencial............................................................................................................................................................ 130
7. Funções ...................................................................................................................................................................................... 133
8. Análise combinatória ................................................................................................................................................................. 138

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ÍNDICE

9. Matrizes e determinantes .......................................................................................................................................................... 140


10. Geometria .................................................................................................................................................................................. 146
11. Geometria analítica.................................................................................................................................................................... 150
12. Estatística ................................................................................................................................................................................... 155
13. Probabilidades. .......................................................................................................................................................................... 160

Atualidades
1. Assuntos ligados à atualidade nas áreas: Econômica, Científica, Tecnológica, Política, Cultural, Saúde, Meio Ambiente, Espor-
tiva, Artística, Literária e Social do Brasil e do Estado do Espírito Santo.................................................................................... 167

Noções de Direitos Humanos


1. Introdução aos direitos humanos .............................................................................................................................................. 169
2. Desenvolvimento histórico dos direitos humanos. .................................................................................................................... 169
3. Universalismo e relativismo cultural. ......................................................................................................................................... 169
4. Definição de direitos humanos .................................................................................................................................................. 170

5. Os tratados de direitos humanos e a Constituição Federal ....................................................................................................... 171


6. Órgãos de proteção dos direitos humanos. ............................................................................................................................... 171
7. Sistema global ............................................................................................................................................................................ 171
8. Sistemas regionais ..................................................................................................................................................................... 172
9. Sistema interamericano: Comissão e Corte Interamericanas de Direitos Humanos .................................................................. 172
10. Sistema Interamericano Direitos Humanos ............................................................................................................................... 173
11. Direito Internacional Humanitário e Direito Internacional dos Refugiados ............................................................................... 176
12. Os direitos humanos civis e políticos. ........................................................................................................................................ 176
13. Os direitos à vida, à liberdade e à integridade pessoal .............................................................................................................. 177
14. Violência urbana ........................................................................................................................................................................ 177
15. Direitos econômicos, sociais e culturais .................................................................................................................................... 177
16. Perspectivas de gênero. ............................................................................................................................................................. 178
17. A questão racial. ........................................................................................................................................................................ 178
18. Direitos humanos e a questão indígena..................................................................................................................................... 180
19. Direitos humanos e orientação sexual ....................................................................................................................................... 181
20. Desenvolvimento Direitos Humanos. ........................................................................................................................................ 183
21. Tribunal Penal Internacional ...................................................................................................................................................... 183
22. Direitos humanos e meio ambiente........................................................................................................................................... 183

Noções de Direito Administrativo


1. Princípios de direito administrativo. .......................................................................................................................................... 189
2. Administração pública. .............................................................................................................................................................. 193
3. A supremacia e a indisponibilidade do interesse público .......................................................................................................... 195
4. Ato administrativo ..................................................................................................................................................................... 196
5. Fatos da administração .............................................................................................................................................................. 207
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ÍNDICE

6. Discricionariedade administrativa ............................................................................................................................................. 208


7. Administração pública direta e indireta ..................................................................................................................................... 209
8. Centralização, descentralização e desconcentração. ................................................................................................................. 210
9. Autarquias.................................................................................................................................................................................. 210
10. Fundações .................................................................................................................................................................................. 211
11. Empresas Estatais ...................................................................................................................................................................... 211
12. Agências executivas e reguladoras............................................................................................................................................. 212
13. As entidades paraestatais e o terceiro setor. ............................................................................................................................. 214
14. Servidores públicos .................................................................................................................................................................... 214
15. Agentes públicos. ....................................................................................................................................................................... 226
16. Responsabilidade do Estado. ..................................................................................................................................................... 237
17. A reparação do dano e a responsabilidade pessoal do agente público. .................................................................................... 241
18. Controle da administração pública. .......................................................................................................................................... 243
19. A administração pública em juízo .............................................................................................................................................. 248
20. Meios de controle judicial da administração pública................................................................................................................. 250
21. Prescrição e decadência em direito administrativo ................................................................................................................... 252
22. Súmulas dos Tribunais Superiores (STJ e STF). ........................................................................................................................... 254
23. Recursos repetitivos e Teses com repercussão geral ................................................................................................................. 254
24. Improbidade Administrativa, Código de Ética do Servidor Público do Espírito Santo e Lei Complementar nº 46/94. .............. 258

Noções de Direito Penal


1. Conceito, missões e funçõeS...................................................................................................................................................... 289
2. Princípios. .................................................................................................................................................................................. 289
3. Interpretação da Lei Penal ......................................................................................................................................................... 292
4. Teoria da norma penal ............................................................................................................................................................... 292
5. Lei penal no tempo; Lei penal no espaço. Eficácia Pessoal da Lei Penal ................................................................................... 294
6. Infração penal: elementos, espécies.......................................................................................................................................... 297
7. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal ....................................................................................................................... 302
8. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade: conceito, elementos e exclusão ................................................................... 302
9. Classificação dos crimes. ............................................................................................................................................................ 311
10. Concurso de pessoas.................................................................................................................................................................. 314
11. Crimes contra a pessoa. ............................................................................................................................................................. 315
12. Crimes contra o patrimônio. ...................................................................................................................................................... 324
13. Crimes contra a Dignidade Sexual. ............................................................................................................................................ 329
14. Crimes Contra a Fé Pública. ....................................................................................................................................................... 331
15. Crimes contra a Administração Pública...................................................................................................................................... 332
16. Lei Abuso de Autoridade (Lei n.4898/65). ................................................................................................................................ 336
17. Lei Antidrogas (Lei n. 11.343/2.006). ........................................................................................................................................ 340
18. Lei de Tortura (Lei n. 9455/97). ................................................................................................................................................. 353
19. Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03).......................................................................................................................... 354
20. Contravenções Penais (Dec. Lei 3.688/41 e Dec. Lei 6.259/44) ................................................................................................. 359
21. Crimes de Preconceito (Lei 7.716/89). ....................................................................................................................................... 369

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ÍNDICE

22. Crimes Hediondos (Lei n.8.072/90). ......................................................................................................................................... 370


23. Direito Processual Penal: Da ação penal. ................................................................................................................................... 372
24. Princípios e Norma Processual Penal: fontes e eficácia ............................................................................................................. 373
25. Interpretação retrospectiva e interpretação prospectiva no Processo Penal ............................................................................ 374
26. Princípios constitucionais na investigação criminal .................................................................................................................. 374
27. Investigação Criminal. ................................................................................................................................................................ 375
28. Do inquérito Policial. .................................................................................................................................................................. 382
29. Da prova. Da prova ilícita. .......................................................................................................................................................... 384
30. Prisões processuais de natureza cautelar. Prisão em flagrante. Prisão preventiva. Prisão temporária (Lei n° 7.960/89).......... 385
31. Nulidades na investigação Criminal e no Processo penal ......................................................................................................... 388
32. Habeas Corpus. ......................................................................................................................................................................... 389
33. Sistemas processuais penais ...................................................................................................................................................... 391
34. O Juiz, O Ministério Público, a Autoridade Policial, o Defensor do acusado .............................................................................. 392
35. Garantias constitucionais da investigação criminal e do processo penal .................................................................................. 393
36. Preclusão ................................................................................................................................................................................... 393
37. Incidentes (sanidade e falsidade)............................................................................................................................................... 394
38. Jurisdição e competência. ......................................................................................................................................................... 394
39. Atribuição e circunscrição. ........................................................................................................................................................ 398
40. Dos prazos processuais e procedimentais................................................................................................................................. 401
41. Da sentença. .............................................................................................................................................................................. 404
42. Citações, Notificações e Intimações. ......................................................................................................................................... 404
43. Lei dos Juizados Especiais (Lei n° 9.099 de 1995). ..................................................................................................................... 408
44. Lei dos Juizados Especiais Federais (Lei n° 10.259 de 2001) ...................................................................................................... 415
45. Violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340 de 2006) .................................................................................. 417
46. Lei da Interceptação telefônica (Lei n° 9.296 de 1996) .............................................................................................................. 424
47. Lei de Combate as Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013) ................................................................................................ 425
48. Propriedade Intelectual (Lei n° 9.609 de 1998). ....................................................................................................................... 430
49. Proteção à vítima e a testemunha (Lei n° 9.807 de 1999) ......................................................................................................... 432
50. Lei de execuções penais 7.210/1984. ........................................................................................................................................ 434

Noções de Processo Penal


1. Processo Penal. .......................................................................................................................................................................... 467
2. Direitos fundamentais, dignidade humana e direito à proteção ............................................................................................... 467
3. Instrumentalização administrativa e o modelo sistêmico de prevenção de delitos econômicos. ............................................. 468
4. Lei nº 12.846/2013 - Lei Anticorrupção. ................................................................................................................................... 468
5. Sistemas de regulação e autorregulação. .................................................................................................................................. 472
6. O juiz e os poderes gerais de cautela ......................................................................................................................................... 473
7. As medidas cautelares atípicas da Lei n.º 12.403/11. ............................................................................................................... 473
8. Prisão cautelar e medidas cautelares patrimoniais ................................................................................................................... 476
9. Os pressupostos para a cautelaridade penal na criminalidade econômica. .............................................................................. 480
10. Provas. ....................................................................................................................................................................................... 481
11. Princípios fundamentais na sua colheita. ................................................................................................................................. 482
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ÍNDICE

12. Ônus da prova. ........................................................................................................................................................................... 482


13. Sigilo da prova criminal ............................................................................................................................................................. 483
14. Os limites constitucionais e as investigações administrativas do Poder Público....................................................................... 483
15. Marco Civil da Internet. Lei nº 9.296/1996 e Lei nº 12.527/2011 1/2. ...................................................................................... 483
16. Marco Civil da Internet. Lei nº 9.296/1996 e Lei nº 12.527/2011 1/2. ..................................................................................... 491
17. Direito de defesa, defesa técnica e autodefesa. ....................................................................................................................... 491
18. Contraposição da atividade legislativa e jurisdicional ............................................................................................................... 492
19. Jurisdição penal e seus limites. ................................................................................................................................................. 492
20. Ministério Público e os limites da obrigatoriedade................................................................................................................... 497
21. Criminalidade Econômica e a busca da verdade no processo penal e os princípios da eficiência e da eficácia ....................... 497
22. Impacto da mídia nos crimes econômicos. ............................................................................................................................... 498

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objeti-
vo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que nos
é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação, a res-
posta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre
a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada em
nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise
do que está explícito no texto, ou seja, na identificação da men-
sagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
uso da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensa- deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
gem transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a menos severas.”
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, ao
ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a men- A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
sagem transmitida por ela, assim como o seu propósito comunicati- (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
vo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento. 1988.
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
Interpretação de Textos severas.
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os re- (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
sultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias e, ou não.
em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser in-
decodificar o sentido de um texto por indução. cluídos socialmente.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se che- (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
gar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de texto,
seja ele escrito, oral ou visual. Comentário da questão:
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. = afir-
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, mativa correta.
podendo ser diferente entre leitores. Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à
“deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação,
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
um texto misto (verbal e visual): Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o
texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. = afir-
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe- mativa correta.
cial > 2015 Português > Compreensão e interpretação de textos Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. =
afirmativa correta.

Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão,


visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO PONTOS DE VISTA


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferentes sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
significativo, que é o texto. da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre servador e o narrador-personagem.
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura Primeira pessoa
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu- Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
se atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores. leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados só descobrimos ao decorrer da história.
com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente
infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição Segunda pessoa
essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
nossos estudos? logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício quase como outro personagem que participa da história.
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir? Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
CACHORROS vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa
amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que, tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da leitura não fique confuso.
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo. IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o TEXTOS VARIADOS
possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o
texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que Ironia
ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
associação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
pelo mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
As informações que se relacionam com o tema chamamos de pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, ou novo sentido, gerando um efeito de humor.
seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade Exemplo:
de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
capaz de identificar o tema do texto!

Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
-secundarias/

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LÍNGUA PORTUGUESA

dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-


flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!

Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- GÊNERO EM QUE SE INSCREVE
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a Compreender um texto trata da análise e decodificação do
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
morte. Interpretar um texto permite a compreensão de todo e
qualquer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
Ironia dramática (ou satírica) principal. Compreender relações semânticas é uma competência
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-

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Busca de sentidos Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma
apreensão do conteúdo exposto. única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
citadas ou apresentando novos conceitos. Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a história
explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente na novela é baseada no calendário. O tempo e local são definidos
contidas nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um ritmo
não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.
texto, mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas
e inespecíficas. Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
Importância da interpretação mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e como horas ou mesmo minutos.
a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
conteúdos específicos, aprimora a escrita. Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se imagens.
faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre
releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
surpreendentes que não foram observados previamente. Para opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente convencer o leitor a concordar com ele.
auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que
os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é porque entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierárquica Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou de destaque sobre algum assunto de interesse.
apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa
pelo autor: os textos argumentativos não costumam conceder em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas
é fundamental que não criemos, à revelia do autor, suposições Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós liberdade para quem recebe a informação.
leitores proficientes.
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Fato
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpretação O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode
tira conclusões subjetivas do texto. é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma
maneira, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de Exemplo de fato:
personagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade A mãe foi viajar.
ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e
uma novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. Interpretação
No romance nós temos uma história central e várias histórias É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
secundárias. quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas
causas, previmos suas consequências.

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Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se do, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipolo-
apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja gias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou os principais gêneros textuais inseridos e como eles se inserem em
diferenças sejam detectáveis. cada tipo textual:
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresenta-
Exemplos de interpretação: ção, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracteri-
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em zam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e
outro país. espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas
do que com a filha. e fábulas.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem
Opinião lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e,
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
que fazemos do fato. restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerência Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmi-
que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação do tir ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição,
fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião pode conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias,
alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos ex-
positivos.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o obje-
anteriores: tivo de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
outro país. Ela tomou uma decisão acertada. composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os tex-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão tos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
do que com a filha. Ela foi egoísta. abaixo-assinado.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequências procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de
negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões verbos no modo imperativo é sua característica principal. Perten-
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já cem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, ma-
estamos expressando nosso julgamento. nuais de instruções, entre outros.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma,
analisamos um texto dissertativo. impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de
Exemplo: texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
com o sofrimento da filha.

Gêneros e tipos de textos ORTOGRAFIA: EMPREGO DAS LETRAS

Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais


são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem — Definições
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”,
estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua classi- “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome
ficação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refe-
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir re às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortogra-
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos. fia são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas,
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave);
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças decorrentes dessas funções, entre outros.
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio recaem, para que palavras com grafia similar possam ter leituras
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos ti- diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos. Re-
pos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto com sumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da vogal mais
base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que o
narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. Resumin- som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).

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O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada um dos sinais;
os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português brasi-
leiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para
nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova York.

Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais regras:

«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:


– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, abacaxi.
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.

s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:


– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, verminose.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
burguês/burguesa.
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.

Porque, Por que, Porquê ou Por quê?


– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto, toda
vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu, porque/pois
nada está molhado.
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”, para
estabelecer uma relação com o termo anterior da oração. Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do cancelamento
do show.
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome ou
numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. Por quê?

Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver (perdoar)
e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e “gosto”
(verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.

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Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse proces-
so ocorre:

PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS
DEFINIDOS singular a da na à pela
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS
INDEFINIDOS singular uma duma numa
feminino plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substan-
tivos se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado), conste-
lação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).

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— Adjetivo Locução adjetiva


É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma qua- que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
lidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer Exemplos:
que seja nomeado. – Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
Os tipos de adjetivos – Associação de comércios (associação comercial).
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo sim-
ples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de — Verbo
um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo- É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenô-
-limão). meno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não
primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo, têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação). Observe
lamentável). o exemplo do verbo “nutrir”:
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou – Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino). significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
O gênero dos adjetivos tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singu-
Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, lar ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse no
/ “Ana é uma amiga leal.” presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
travessa”. – Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou
O número dos adjetivos têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
Por concordarem com o número do substantivo a que se re- Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito do
ferem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, a indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós
sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa ins- dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda con-
truída → pessoas instruídas; campo formoso → campos formosos. jugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar duas
desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse
O grau dos adjetivos regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo seria:
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).
— Pronome
Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quan- O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem
to o anterior.” fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
que Luciana.” número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
do que a equipe.” substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, po- pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
dendo ser: relativos.
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.”
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.” Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pes-
Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: soas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto (de-
– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” sempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.” (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.
Pronome adjetivo
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer con-
cordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais
querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o substan-
tivo comum professora).
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CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nos, conosco.
Vós Vos, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.

Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.

PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV
Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

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PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1 pessoa
a
Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso.
fala.
3a pessoa Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

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CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa, deva-
gar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em “-men-
“Andou depressa por causa da chuva”
te”, como cuidadosamente, calmamente, triste-
mente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”

“Demorou, mas chegou longe!”

Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”

“Você saiu muito depressa”


Sim e decerto e palavras afirmativas com o sufi- “Decerto passaram por aqui”
xo “-mente” (certamente, realmente). Palavras
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
como claro e positivo, podem ser advérbio,
dependendo do contexto. “Entendi, sim.”
“Jamais reatarei meu namoro com ele.”
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum,
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser advér- “Sequer pensou para falar.”
bio de negação, conforme o contexto.
“Não pediu ajuda.”
“Quiçá seremos recebidas.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que expres-
ADVÉRBIO DE DÚVIDA sem dúvida acrescidas do sufixo “-mente”, como “Provavelmente sairei mais cedo.”
possivelmente.
“Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa dire-
ta, que indica causa)
Quando, como, onde, aonde, donde, por que.
ADVÉRBIO DE INTERROGA- Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
ÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”

(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso, esta-
belecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos conectados,
as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as
conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão ao enuncia-
do.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

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Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS

Estabelecer relação de adição (positiva ou ne- “No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas
gativa). As principais conjunções coordenativas “Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas
aditivas são “e”, “nem” e “também”. chegar.”
Estabelecer relação de oposição. As principais “Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas são
“mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entre- “Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas
tanto”. estava nervoso na prova.”

Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”

Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são “por- emprego.” /
conclusivas tanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”

Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos des-
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são “por- cansar aqui em casa.” /
explicativas que”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, comple-
mento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Que e se. Analise:
São empregadas para introduzir a oração que
cumpre a função de sujeito, objeto direito, obje- “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
to indireto, predicativo, complemento nominal agendada.” e
ou aposto de outra oração.
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que deno- Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais ta causa. que, que, porquanto.

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Conjunções subornativas Estabelecer relação de alternância. As principais


conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição ne- Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais cessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma com- de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas paração. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Conjunções subornativas Indicam uma oração em que se admite um fato
Por mais que, por menos que, apesar de que, embo-
contrário à ação principal, mas incapaz de im-
concessivas ra, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem que.
pedí-la.
Introduzem uma oração, cujos acontecimentos
Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, ocor- À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais rem no mesmo espaço temporal daqueles conti- proporção que.
dos na outra oração.
Conjunções subornativas Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de for-
consecutivas anterior. ma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os nu-
merais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos (do-
bro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados.

Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de su-
cessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/primeira, primei-
ros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.

Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplos: meio
ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de leite,
meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
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Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre Locuções prepositivas


um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e em-
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. prego de uma preposição. As principais locuções prepositivas são
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo. constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da pre-
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando posição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções pre-
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número positivas.
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos.
abaixo de de acordo junto a
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem
quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 uni- acerca de debaixo de junto de
dades). acima de de modo a não obstante
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/ a fim de dentro de para com
unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
à frente de diante de por debaixo de
— Preposição antes de embaixo de por cima de
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gra-
maticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e advér- a respeito de em cima de por dentro de
bios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações atrás de em frente de por detrás de
entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, as preposições
através de em razão de quanto a
não possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em razão
disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependen- com respeito a fora de sem embargo de
te, ou seja, sua função gramatical (organização e estruturação) é
principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e — Interjeição
sentido, esteja presente, possui um valor menor. É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
Classificação das preposições hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por
Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades autô-
propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a, an- nomas, que usufruem de independência em relação aos demais
tes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas
(ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem, sob, também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do in-
sobre, trás. terlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em – Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras
ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de
preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades lin- mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
guísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas confor- – Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
me o contexto. – Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!»

Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Fina- Os tipos de interjeição
lizei o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma De acordo com as reações que expressam, as interjeições po-
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/ dem ser de:
instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
valor estrutural (gramática). ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”
ALÍVIO “Ah!, “Ufa!”
Classificação das preposições
Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto, APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”
podem assumir essa atribuição. São elas: afora, como, conforme,
durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre APLAUSO “Bravo!”, “Bis!”
outras.
Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do suspeito DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!”
apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que, normal-
mente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ser in- DESEJO “Tomara!”
serida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental, por DOR “Ai!”, “Ui!”
tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.
DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
ESPANTO “Eita!”, “Ué!”

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IMPACIÊNCIA (FRUSTRA- Classificação das orações: as orações podem ser simples ou


“Puxa!” compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
ÇÃO)
compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!” Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!” duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!” – Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o no-
ticiário”.
SINTAXE: RECONHECIMENTO DOS TERMOS DA ORAÇÃO; Período
RECONHECIMENTO DAS ORAÇÕES NUM PERÍODO É a construção composta por uma ou mais orações, sempre
com sentido completo. Assim como as orações, o período também
pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do nú-
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao es- mero de orações que apresenta: o período simples contém apenas
tudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quan-
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que to à classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo – Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e ora- apresenta apenas um verbo.
ções, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. – Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período.
Vejamos: — Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a
Frase estrutura de um período e das orações que compõem um período.
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem
que possui sentido integral, podendo ser constituída por somen- sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o
te uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais
não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu a seguir as especificidades de cada tipo.
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual
a disposição das palavras na frase também é fundamental para a se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por
compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.” respectivos exemplos a seguir:
Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” , Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”,
sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá sobre o sujeito).
ser compreendida pelo interlocutor. Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto),
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após
Oração o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um ver- respectivos casos:
bo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração, des- “Fred fez um lindo discurso.”
de que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem “Um lindo discurso Fred fez.”
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O “Fez um lindo discurso, Fred.”
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é. – Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não con- concordância verbal.
tém verbo. – Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo liga-
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase do ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
como oração. – Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos.
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração
é formada por cada um dos termos, que, por sua vez, estabelecem – Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supra- oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no
citado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a
para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma, cada concordância do verbo o destaca de forma indireta.
palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática,
desempenhando, cada qual, uma função sintática diferente.

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– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, 2 – Termos integrantes da oração
diferente do caso anterior, não há concordância verbal para deter- Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
miná-lo. oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
Esse sujeito pode aparecer com: – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se – Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exi-
padeiro.”». gindo preposição.
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você es- – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
tiver lá.” isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
seja compreendido.
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado,
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. Essas Quanto ao objeto direto, podemos ter:
orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, – Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos de fenôme- – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o aconte-
no meteorológico ou tempo. Observe os exemplos: cido.”
“Choveu muito ontem”. – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
“Era uma hora e quinze”. os aparelhos.»

– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e ver- – Complementos Nominais: esses termos completam o senti-
bo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, tam- do de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
bém recebem sua classificação, conforme abaixo: adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adian- os exemplos:
te para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o ver- – “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que
bo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento no-
compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser di- minal.
reto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e – “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapida-
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e mente” é advérbio de modo.
complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.” – “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de substantivo.
sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
cair, mergulhar, correr. – Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que prati-
– Verbo de ligação: servem para expressar características de cam a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva.
estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”), Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e
estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação por. Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
(“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro conti- passiva:
nua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”). – “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (subs- – “O cachorro foi alvo do meu medo.”
tantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração. Ade- – “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
mais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é
composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito. 3 – Termos acessórios da oração
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos
ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é inteligen- acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem
te.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua para complementar a informação, exprimindo circunstância, deter-
característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” minando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo
(é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual. quais são eles:
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas – Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido
pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou pala- do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos:
vra substantivada. “Dormimos muito.”
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acresci- O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
da de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo “Ele ficou pouco animado com a notícia.”
da aula. Por isso, estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o “Maria escreve bastante bem.”
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.

Os adjuntos adverbiais podem ser:


– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
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– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. – Período composto por subordinação: são constituídos por
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
tempo). apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de
forma separada. As orações subordinadas são divididas em subs-
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, tantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado por – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou prono- que o suspeito era realmente o culpado.”
mes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não que-
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega ria que isso acontecesse.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obriga-
– Sujeito: “jovem apaixonado” tório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam é que meus pais são saudáveis.”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo”
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba dis-
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os to: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
adjuntos adnominais de “colega”. – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demo-
rar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para carac- – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão feli-
terizá-lo, contribuindo para a complementação uma informação já zes que pulamos de alegria.”
completa. Observe os exemplos: – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.” para que nós chegássemos a casa em segurança.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.” – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu che-
guei, eles iniciaram o trabalho.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem – Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo,
com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento espero por você.»
ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa – Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que esti-
do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a vesse cansado, concluiu a maratona.”
quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de – Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia
apelo. Observe: como se ainda vivesse no interior.”
“Ei, moça! Seu documento está pronto!” – Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme
“Senhor, tenha misericórdia de nós!” combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.”
“Vista o casaco, filha!” – Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais
me exercito, mais tenho disposição.”
— Estudo da relação entre as orações – Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que pas-
Os períodos compostos são formados por várias orações. As sou no concurso, mudou-se para o interior.”
orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de su- – Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve
bordinação. enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
– Período composto por coordenação: é formado por orações
independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções ou vírgu-
las, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmen-
te porque apresentam sentidos completos. Acompanhe a seguir a CONCORDÂNCIA VERBAL. CONCORDÂNCIA NOMINAL
classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
doces.” Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.
preparei os doces.” – Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao su-
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou pre- jeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar em
paro os doces.” número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexiona-
logo, passou no exame.” do para concordar com o sujeito.
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame por- – Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero
que estudou bastante.” (flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal con-
cordância ocorre em gênero e pessoa

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Casos específicos de concordância verbal Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três si- concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
tuações em que o verbo no infinitivo é flexionado: paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
I – Quando houver um sujeito definido; – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração fo- Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
rem distintos. a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
Observe os exemplos: ser empregada:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” – “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos en-
“Isto é para nós solicitarmos.” traram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão pessoas entenderam.”
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos impe- concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
rativos. mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
Exemplos: – “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, – “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir: Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
nevar, amanhecer. se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» substantivo deve estar no plural:

– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
professoras vigiando as crianças.” xadrez.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
duas horas que estamos esperando.” xadrez.”

Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas


Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância ver- houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse
bal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino singu-
singular ou no plural: lar:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” – “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos proibido circulação de pessoas não identificadas.”
do que ocorreria.” – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
de crianças acompanhadas.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou Concordância nominal com menos: a palavra menos perman-
faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou perma- ece é invariável independente da sua atuação, seja ela advérbio ou
nece na 3a pessoa do singular: adjetivo:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.» – “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo con-
corda com o termo que antecede o pronome: Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe,
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.» barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.» gênero e número com o substantivo quando exercem função de
adjetivo:
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do – “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa – “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
do singular sempre que a oração for constituída por verbos intran- – “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”
sitivos ou por verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”

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Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de


COLOCAÇÃO DE PRONOMES qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Colocação do pronome átono nas locuções verbais
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
após o verbo – ênclise. rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Exemplos:
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Devo-lhe dizer a verdade.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Devo dizer-lhe a verdade.
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas do auxiliar ou depois do principal.
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Exemplos:
dique a eufonia da frase. Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: auxiliar.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? do infinitivo.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Exemplos:
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Observação
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
tudo dá. Devo-lhe dizer tudo.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in- Estava-lhe dizendo tudo.
tentos são para nos prejudicarem. Havia-lhe dito tudo.

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. OCORRÊNCIA DA CRASE

Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do


indicativo: Trago-te flores. Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! “contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial,
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita. posição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pro-
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com nome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das
Apressei-me a convidá-los. vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras femi-
ninas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo
Mesóclise e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal ini-
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. cial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de
união representado pelo acento grave.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no A crase pode ser a contração da preposição a com:
futuro do pretérito que iniciam a oração. – O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assis-
Dir-lhe-ei toda a verdade. tiu às aulas.”
Far-me-ias um favor? – O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”

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– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”


– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e consideração”.

Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na constru-
ção sintática.

Técnicas para o emprego da crase


1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da palavra
feminina.
Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
“Irei ao evento / à festa.”

2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não deve ser empregado.
Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”

3 – Troque o termo regente da preposição a por um que estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não se façam
contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá.
Exemplos:
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta de estudar / Insiste em estudar.”
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / Gosto de você / Penso em você.”

4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada se a lo-
cução for iniciada por preposição e essa locução tiver como núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
“Tudo às avessas.”
“Barcos à deriva.”

5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:


Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão “moda de”, ficando somente o à explícito.
Exemplos:
“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”

Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso de horas especificadas e definidas: Exemplos:
“À uma hora.”
“Às cinco e quinze”.

REGÊNCIA VERBAL. REGÊNCIA NOMINAL

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou ora-
ção, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses termos
denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”

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“Ele é perito em investigações como esta.”


Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.

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II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.

No sentido de / pela transi- REGE


VERBO EXEMPLO
tividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo ins-
NÃO “Isso não procede.”
Proceder transitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo tran-
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar sitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”

Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”


apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”

“Chamo Talita Tatá.”


o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo in- SIM “Quando chegar ao local, espere.”
direto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um complemen-
verbo transitivo direito e
Informar to sem e outro com pre- “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
posição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto

Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”


Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”

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verbo bi transitivo (direto e


Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).

1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA


inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga

2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA PRIMI-
SUFIXO PALAVRA DERIVADA
TIVA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente

3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade

4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer

5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina subs-
tantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição ocorre
a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais
temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VERBO RADICAL DESINÊNCIA VOGAL TEMÁTICA SUBSTANTIVO

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debater debat er e debate


sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda

6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.

Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.

COESÃO

— Definições e diferenciação
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em comum
entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual
se volta para as questões gramaticais, isto é, na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da
mensagem.

— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e parágrafos
de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de palavras denominadas conectivos.

As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à mensagem
expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa,
contribuindo com a ligação e a harmonia textual.

As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.

Referência
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Exemplo:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica (retoma termo
já mencionado).

– Comparativa: emprego de comparações com base em semelhanças.


Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência comparativa endofórica.

– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demonstrativos.


Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Temos uma referência demonstrativa catafórica.

– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”

Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao texto
uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quais-
quer informações ao texto.

– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse.

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Exemplo: Sinonímia e antonímia


“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem se-
proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica melhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados
ciente de que o locutor está procurando por Ana. opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras
expressam proximidade e contrariedade.
– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as ora- Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = ve-
ções. loz.
Exemplo: Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconte- atrasado.
ceu.” Conjunção concessiva.
Homonímia e paronímia
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresen-
parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido apro- tarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de sentido
ximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção grá-
entre outros. fica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas
Exemplo: distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A paronímia
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma pa-
dando conta da demanda populacional.” recida, mas que apresentam significados diferentes. Veja os exem-
plos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS – Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apre-
çar (definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
roxo).
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da – Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das pala- boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
vras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas. chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e após-
Denotação e conotação trofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento (sau-
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das pa- dação).
lavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.” PONTUAÇÃO

No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadei-


ro sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, — Visão Geral
a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráfi-
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano. cos que, em um período sintático, têm a função primordial de indi-
car um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasio-
Hiperonímia e hiponímia nalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) em um
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e as
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um hi- expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreen-
pônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. são da frase.
Exemplos: O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
Polissemia e monossemia – Demarcar das unidades de um texto;
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresen- – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
tar uma multiplicidade de significados, de acordo com o contexto
em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
apresentam apenas um significado. Exemplos: enunciado
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. Vírgula
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes não

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devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo tem- 2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéti-
po que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, cas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser empregada: “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
ajudasse.”
• No interior da sentença 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição: principal:
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”

ENUMERAÇÃO 4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvi-


Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. das ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração prin-
cipal:
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.

Por ser sempre assim, ninguém dá aten-


REPETIÇÃO Reduzida
ção!
Os arranjos estão lindos, lindos! Porque é sempre assim, já ninguém dá
Desenvolvida
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada. atenção!

2 – Isolar o vocativo 5 – Separar as sentenças intercaladas:


“Crianças, venham almoçar!” “Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
“Quando será a prova, professora?” leito, até que você se recupere por completo.”

3 – Separar apostos
• Antes da conjunção “e”
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valo-
res que não expressam adição, como consequência ou diversidade,
por exemplo.
4 – Isolar expressões explicativas:
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi res-
ponsabilizado.”
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sem-
pre que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de desta-
5 – Separar conjunções intercaladas
car alguma ideia, por exemplo:
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcioná-
rios do setor.”
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas
e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
por conjunções)
substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
apositiva nem se apresente inversamente).
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
Ponto
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
1 – Para indicar final de frase declarativa:
“O almoço está pronto e será servido.”
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
2 – Abrevia palavras:
“fazer”).
– “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
• Entre as sentenças – “Dr.” (Doutor)
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.” 3 – Para separar períodos:
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”

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Ponto e Vírgula Ponto de Exclamação


1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou 1 – Após interjeição:
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula: “Nossa Que legal!”
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG;
nossa amiga, de praticar esportes.” 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
“Infelizmente!”
2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são: 3 – Após vocativo
Mercúrio; “Ana, boa tarde!”
Vênus;
Terra; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Marte; “Entre já!”
Júpiter;
Saturno; Parênteses
Urano; a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Netuno.” intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
a vírgula:
Dois Pontos “Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição,
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumer- como sempre)
ações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem ideias quem seria promovido.”
anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” Travessão
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
grande ofensa.” “O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”
2 – Para introduzirem citação direta:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transfor- “— Vou partir em breve.
ma’.” — Vá com Deus!”
3 – Para iniciar fala de personagens:
“Ele gritava repetidamente: 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
– Sou inocente!” “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”

Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintati- 4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicati-
camente: vas:
“Quem sabe um dia...” “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”

2 – Para indicar hesitação ou dúvida: Aspas


“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar 1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta,
ainda.” como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos, ar-
caísmos, palavrões, e neologismos.
3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
objetivo de prolongar o raciocínio: “A reunião será feita ‘online’.”
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar). 2 – Para indicar uma citação direta:
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
4 – Suprimem palavras em uma transcrição: Assis)
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner).

Ponto de Interrogação FIGURAS DE LINGUAGEM


1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
destacar o enunciado: curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
“Não brinca, é sério?!” comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
nando-o poético.

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As figuras de linguagem classificam-se em Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que
– figuras de palavra; a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida.
– figuras de pensamento;
– figuras de construção ou sintaxe. Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Figuras de palavra Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven- Tomei um Danone. (iogurte)
cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
pressivo na comunicação. Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné-
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural.
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente Exemplo
vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase. A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo
Exemplos plural)
...a vida é cigana (José Cândido de Carvalho)
É caravana
É pedra de gelo ao sol. Figuras Sonoras
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença) Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral-
mente em posição inicial da palavra.
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade) Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve-
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, ladas.
ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal (Cruz e Sousa)
como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
paração: parecer, assemelhar-se e outros. Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um
verso ou poesia.
Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando Exemplo
você entrou em mim como um sol no quintal. Sou Ana, da cama,
(Belchior) da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o (Chico Buarque)
qual não existe uma designação apropriada.
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
Exemplos na prosódia, mas diferentes no sentido.
– folha de papel
– braço de poltrona Exemplo
– céu da boca Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
– pé da montanha [erro
quero que você ganhe que
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen- [você me apanhe
tidos físicos. sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
Exemplo (Caetano Veloso)
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva)
mecânica. Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
(Carlos Drummond de Andrade) duzido por seres animados e inanimados.

A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste- Exemplo


sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- Vai o ouvido apurado
ça gelada”. na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, para compor o zanzineio surdo
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
Exemplos da noite em branco
O filósofo de Genebra (= Calvino). (Carlos Drummond de Andrade)
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
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Observação: verbos que exprimem os sons são considerados Morrerás morte vil na mão de um forte.
onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc. (Gonçalves Dias)

Figuras de sintaxe ou de construção Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia-


Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Exemplos
Podem ser formadas por: Ouvir com os ouvidos.
omissão: assíndeto, elipse e zeugma; Rolar escadas abaixo.
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto; Colaborar juntos.
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage; Hemorragia de sangue.
ruptura: anacoluto; Repetir de novo.
concordância ideológica: silepse.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben-
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
frase ou verso. junções, preposições e verbos.

Exemplo Exemplos
Dentro do tempo o universo Compareci ao Congresso. (eu)
[na imensidão. Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Dentro do sol o calor peculiar Ele dormiu duas horas. (durante)
[do verão. No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
Dentro da vida uma vida me (Camões)
[conta uma estória que fala
[de mim. Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
Dentro de nós os mistérios mente.
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho) Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam (Camilo Castelo Branco)
vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
vírgulas. Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
(Machado de Assis)
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen-
que se estenderam pouco a tos na frase.
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se. Exemplos
(Machado de Assis) Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde-
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical. Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
tuge, nem muge. frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
(Rubem Braga) período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
função sintática definida.
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter-
mo já expresso. Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- (Manuel Bandeira)
são, dando ênfase à mensagem.
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
Exemplos tassem as mãos.
Não os venci. Venceram-me (José Lins do Rego)
eles a mim.
(Rui Barbosa) Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).

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Exemplo terra
...em cada olho um grito castanho de ódio. Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água
(Dalton Trevisan) Água que nasce na fonte serena do mundo
...em cada olho castanho um grito de ódio) E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão
Silepse Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo Águas que banham aldeias e matam a sede da população
ou pronome com a pessoa a que se refere. Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar-
Exemplos cam o chão
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho... E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da
(Rachel de Queiroz) terra
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água
V. Ex.a parece magoado...
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra planeta água.
(Carlos Drummond de Andrade)
Guilherme Arantes
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
(Fonte: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/46315/, acesso
o sujeito da oração.
em janeiro de 2020.)
Exemplos
Destaca-se no fragmento: “Água que faz inocente riacho e de-
Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade) ságua na corrente do ribeirão” um vocábulo grafado devidamente
com “ch”, o que também se verifica na alternativa:
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas. (A) frouxo, queixa, enxugar.
(Machado de Assis) (B) enxoval, enxame, enxada.
(C) enchente, chapéu, chiqueiro.
Silepse de número: Não há concordância do número verbal (D) chingar, xampu, xará.
com o sujeito da oração. (E) enxergar, engrachar, eixo.

Exemplo 2. IBADE - Professor (Pref Linhares)/Educação Básica I/2020


Corria gente de todos os lados, e gritavam. (e mais 7 concursos)
(Mário Barreto) Texto
O casamento da Lua
O que me contaram não foi nada disso. A mim, contaram-me
QUESTÕES o seguinte: que um grupo de bons e velhos sábios, de mãos en-
ferrujadas, rostos cheios de rugas e pequenos olhos sorridentes,
começaram a reunir-se todas as noites para olhar a Lua, pois an-
1. IBADE - Recenseador (IBGE)/2020/»Teste de Homologação davam dizendo que nos últimos cinco séculos sua palidez tinha
de Equipamentos e Sistemas» aumentado consideravelmente. E de tanto olharem através de
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede. seus telescópios, os bons e velhos sábios foram assumindo um ar
Texto 2 preocupado e seus olhos já não sorriam mais; puseram-se, antes,
Planeta Água melancólicos. E contaram-me ainda que não era incomum vê-los,
Água que nasce na fonte serena do mundo peripatéticos, a conversar em voz baixa enquanto balançavam gra-
E que abre um profundo grotão vemente a cabeça.
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão E que os bons e velhos sábios haviam constatado que a Lua
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão estava não só muito pálida, como envolta num permanente halo
Águas que banham aldeias e matam a sede da população de tristeza. E que mirava o Mundo com olhos de um tal langor
Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de tro- e dava tão fundos suspiros – ela que por milênios mantivera a
vão mais virginal reserva – que não havia como duvidar: a Lua estava
E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos la- pura e simplesmente apaixonada. Sua crescente palidez, aliada
gos a uma minguante serenidade e compostura no seu noturno ni-
Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d›água é misteriosa can- cho, induzia uma só conclusão: tratava-se de uma Lua nova, de
ção uma Lua cheia de amor, de uma Lua que precisava dar. E a Lua
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de queria dar-se justamente àquele de quem era a única escrava e
algodão que, com desdenhosa gravidade, mantinha-a confinada em seu
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação espaço próprio, usufruindo apenas de sua luz e dando azo a que
Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação ela fosse motivo constante de poemas e canções de seus menes-
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar- tréis, e até mesmo de ditos e graças de seus bufões, para distra-
cam o chão í-lo em suas periódicas hipocondrias de madurez.
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da Pois não é que ao descobrirem que era o Mundo a causa do

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sofrimento da Lua, puseram-se os bons e velhos sábios a dar gri- Por enquanto, o novo programa, chamado Ghostwriter, ain-
tos de júbilo e a esfregar as mãos, piscando-se os olhos e dizen- da está em fase de pesquisa. Os autores do estudo acreditam que
do-se chistes que, com toda franqueza, não ficam nada bem em em breve ele poderá ser levado para dentro das escolas, mas antes
homens de saber... Mas o que se há de fazer? Frequentemente, disso é preciso existir um debate ético. O programa não deve ser
a velhice, mesmo sábia, não tem nenhuma noção do ridículo nos o único recurso utilizado para identificar a falsidade do texto. Ele
momentos de alegria, podendo mesmo chegar a dançar rodas e pode indicar ou suspeitar da legitimidade do autor, mas quem deve
sarabandas, numa curiosa volta à infância. Por isso perdoemos dar a palavra final são seres humanos.
aos bons e velhos sábios, que se assim faziam é porque tinham O Ghostwriter também pode ser útil em outras áreas. Ele pode
descoberto os males da Lua, que eram males de amor. E males analisar grandes quantidades de documentos e ajudar a polícia a
de amor curam-se com o próprio amor – eis o axioma científico a identificar quais deles são falsificados. Ele também contribui para
que chegaram os eruditos anciãos, e que escreveram no final de separar os tweets de usuários verdadeiros daqueles que foram pa-
um longo pergaminho crivado de números e equações, no qual gos ou feitos por robôs. No Brasil – em que até receita de miojo
fora estudado o problema da crescente palidez da Lua. recebe nota boa no Enem – a tecnologia será muito bem-vinda.

(MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. Maria Clara Rossini. Disponível em: https://super.abril.com.br.
São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 52-53, excerto.) Acesso em 5/7/2019

O substantivo sublinhado em “eis o axioma científico a que Assinale a opção em que a palavra foi corretamente grafada
chegaram os eruditos anciãos” está corretamente flexionado na com S, como a destacada em “Ele pode ANALISAR grandes quanti-
forma do plural, segundo a norma culta da língua. Sabe-se, toda- dades de documentos”.
via, que os nomes terminados no singular em “-ão” constituem (A) As escolas PARALISARAM as atividades.
um problema de flexão para o plural porque são três termina- (B) O jardim, ao fundo, EMBELESAVA o prédio.
ções possíveis: “-ãos”, “-ães” e “-ões”. Dos nomes relacionados (C) O povo, HORRORISADO, corria pelas ruas.
nas opções abaixo, fazem o plural com a mesma terminação os (D) O técnico PARABENISOU os atletas.
que estão relacionados em: (E) O diretor foi DESMORALISADO.
(A) facção / órgão.
(B) pagão / tabelião.
(C) catalão / escrivão. 4. IBADE - Recenseador (IBGE)/2019
(D) paredão / alemão. Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza em vez de demiti-los
(E) cidadão / sabichão. por não saberem ler
Nátaly Bonato é community manager da WeWork Paulista, um
3. IBADE - Agente Censitário (IBGE)/Municipal/2019 (e mais 1 espaço de trabalho compartilhado, na Avenida Paulista, em São
concurso) Paulo. Para resolver problemas de limpeza da unidade, Nátaly ima-
Programa detecta 90% de precisão se a autoria de um texto ginou que um relatório seria o suficiente.
é falsa O relatório deveria ser preenchido pelos funcionários da limpe-
Pense bem antes de considerar colar no seu próximo trabalho za todos os dias dizendo se a sala do cronograma tinha sido limpa e,
escrito. Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dina- caso não, colocar um comentário explicando o porquê.
marca, combinaram uma grande base de dados com inteligência “O relatório demorou uma semana para chegar e, quando veio,
artificial para criar um sistema que determina se um texto é original o banheiro virou um caos. Não entendi nada, nos reunimos e a des-
ou foi copiado da internet. coberta foi que 50% do time (terceirizado) era iletrado”, escreveu
A pesquisa coletou 130 mil redações de estudantes de 10 mil Nátaly no Facebook.
escolas dinamarquesas, e o sistema adivinhou, com 90% de acer- Em vez de trocar a equipe [o que infelizmente é uma prática
to, quais eram falsos. Já existem programas capazes de identificar bastante recorrente], Nátaly teve uma ideia muito melhor: procu-
se um texto foi plagiado de um artigo previamente publicado. Um rar nas escolas que fazem parte da WeWork alguém que pudesse
exemplo é o Lectio, usado nas escolas da Dinamarca. As coisas com- alfabetizar os auxiliares de limpeza. Foi assim que ela conheceu a
plicaram quando os alunos começaram a contratar outras pessoas pedagoga Dani Araujo, da MasterTech, que topou o desafio.
para fazer seus textos, os ghostwriters. A situação é muito expres- “As pessoas não são descartáveis. Eu não queria que alguém
siva principalmente no último ano do colegial, quando os alunos passasse pela minha vida sem ter o meu melhor, sem que eu pu-
precisam entregar um trabalho final – como se fosse um TCC do desse tentar. Então, eu não queria que eles saíssem daqui um dia
Ensino Médio. e continuassem tendo aquelas profissões porque eles não tinham
No caso de a redação ter sido escrita por um ghostwriter, os escolha”, disse Nátaly em entrevista ao Razões para Acreditar.
programas utilizados atualmente não são tão eficientes. A técnica As aulas aconteciam às terças e quintas-feiras, no horário de
criada pelos cientistas identifica diferenças no estilo de escrita do almoço, e duravam 1 hora e meia. “Foi ousado participar desse pro-
aluno comparando seus textos anteriores. Alguns aspectos que o jeto. Não tinha experiência com letramento para adultos. Vibrei e
programa procura são tamanho das palavras, estrutura das frases chorei com cada conquista que fazíamos juntos, me sinto privilegia-
e como as palavras são usadas. Um exemplo é a própria palavra da pelo aprendizado que eles me proporcionaram”, afirmou a peda-
“exemplo” — ela pode ser escrita inteira ou usando uma abrevia- goga, que continuou dando as aulas mesmo depois de se desligar
ção, como ex. da MasterTech.
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Cinco meses depois, Irene, Neuraci e ‘Madruga’ já conseguiam por toda a área. A velha senhora sente prazer em ajudar o bom la-
escrever uma carta. Para celebrar essa conquista, Nátaly e seu time vrador. Alegando que precisa fazer exercício, caminhando com cau-
organizaram uma formatura surpresa. “Na hora que eu vi eles vindo tela pois enxerga mal, ela rega as plantinhas, que lhe agradecem a
de beca, eu comecei a desfalecer de chorar e não só eu! Todo mun- atenção prosperando rapidamente.
do. A gente fez na área comum da WeWork”, lembra Nátaly. “Foi — Madame sabe: minha intenção era colher só uma peque-
muito incrível mesmo. Acho que é a melhor experiência da minha na quantidade. Mas o chá saiu tão bom que os parentes vivem me
vida”. pedindo um pouco e eu não vou negar a eles. É pena madame não
E eles tiveram inclusive “formatura” com direito à beca e tudo! experimentar. Mas não aconselho: se faz mal, não deve mesmo to-
Por Redação. car neste chá.
O filho da velha senhora chegou da Europa esta noite. Lá ficou
Disponível em: https://razoesparaacreditar.com.08/01/2018. anos estudando. Achou a mãe lépida, bem-disposta.
Acesso em 05/07/2019 — E eu trabalho, sabe, meu querido? Todos os dias rego a plan-
tação de chá que um moço me pediu licença para fazer no quintal.
No título do texto, as palavras EMPRESA e LIMPEZA foram cor- Amanhã de manhã você vai ver a beleza que está.
retamente grafadas. Assinale a opção em que a palavra destacada O verdureiro já havia saído com a carrocinha. A senhora esten-
também está escrita de acordo com a ortografia oficial. de o braço, mostra com orgulho a lavoura que, pelo esforço em co-
(A) Eles ENFATISARAM o problema. mum, é também um pouco sua.
(B) O resultado da PESQUIZA não agradou. O filho quase cai duro:
(C) Tudo foi feito com muita DELICADESA. — A senhora está maluca? Isso nunca foi chá, nem aqui nem na
(D) A gerente ANALISOU o relatório. Índia. Isso é maconha, mamãe!
(E) Eles conseguiram FINALISAR o projeto.
(ANDRADE, C. Drummond de. Cadeira de Balanço. 11 ed. Rio de Janei-
5. IBADE - Professor (Pref Vitória)/Educação Básica III - PEB III - ro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 7-8.)
Língua Portuguesa/2019
Leia o texto abaixo e responda à questão proposta. A palavra “chá” pronuncia-se da mesma forma que “xá”, deno-
minação atribuída a uma série de monarcas iranianos. São palavras
Caso de chá homônimas, mas não homógrafas e constituem um problema se-
A casa da velha senhora fica na encosta do morro, tão bem si- mântico e ortográfico da língua.
tuada que dali se aprecia o bairro inteiro, e o mar é uma de suas Das frases abaixo, aquela em que a lacuna tem de ser preenchi-
riquezas visuais. Mas o terreno em volta da casa vive ao abandono. da com o segundo termo entre parênteses, e não com o primeiro,
O jardineiro despediu-se há tempos; hortelão, não se encontra nem como nas demais frases, é:
por milagre. A velha moradora resigna-se a ver crescer a tiririca na (A) Hoje haverá umdos grilos e cigarras no jardim. (concerto /
propriedade que antes era um brinco. Até cobra começou a passear conserto).
entre a folhagem, com indolência; é uma cobrinha de nada, mas (B) Parana vida, é preciso estudo e trabalho. (ascender / acen-
sempre assusta. der).
O verdureiro que faz ponto na rua lá embaixo ofereceu-se para (C) Numa tumultuada, a justiça condenou o traficante. (seção
matá-la. A boa senhora reluta, mas não pode viver com uma cobra / sessão).
tomando banho de sol junto ao portão, e a bicha é liquidada a pau. (D) A polícia resolveu os presos, após a indisciplina. (arrochar
Bom rapaz, o verdureiro, cheio de atenções para com os fregueses. / arroxar).
Na ocasião, um problema o preocupa: não tem onde guardar à noi- (E) Se velhinha agisse com bom , não iria na conversa do ver-
te a carrocinha de verduras. dureiro. (senso / censo)
— Ora, o senhor pode guardar aqui em casa. Lugar não falta.
— Muito agradecido, mas vai incomodar a madame. 6. IBADE - Auxiliar Administrativo (Pref Vilhena)/2019 (e mais
— Incomoda não, meu filho. 1 concurso)
A carrocinha passa a ser recolhida nos fundos do terreno. Todas Com relação ao uso de ch ou x, está correta a palavra:
as manhãs o dono vem retirá-la, trazendo legumes frescos para a (A) cherife.
gentil senhora. Cobra-lhe menos e até não cobra nada. Bons ami- (B) chícara.
gos. (C) xingar.
— Madame gosta de chá? (D) mechedor.
— Não posso tomar, me dá dispepsia, me põe nervosa. (E) enchoval.
— Pois eu sou doido por chá. Mas está tão caro que nem tenho
coragem de comprar. Posso fazer um pedido? Quem sabe se a ma- 7. IBADE - Eletricista Predial (Pref Vilhena)/2019 (e mais 5
dame, com esse terreno todo sem aproveitar, não me deixa plantar concursos)
uns pés, pouquinha coisa, só para o meu consumo? Bilhete
Claro que deixa. Em poucas horas o quintal é capinado, tudo Se tu me amas, ama-me baixinho
ganha outro aspecto. Mão boa é a desse moço: o que ele planta é Não o grites de cima dos telhados
viço imediato. A pequenina cultura de chá torna alegre outra vez a Deixa em paz os passarinhos
terra abandonada. Não faz mal que a plantação se vá estendendo Deixa em paz a mim!
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

Se me queres, Então, todos os pássaros cantaram a seu tempo e o dia passou


enfim, a ter dois períodos: manhã e noite.
tem de ser bem devagarinho,
Amada, <http://www.portalsaofrancisco.com.br/folclore/como-surgiunoite>.
que a vida é breve, e o amor Acesso 20 dez 2017.
mais breve ainda...
(*) Tucumã: s.m. palmeira frutífera dos sertões de cujo fruto
Mario Quintana se faz vinho.
Ao flexionar o substantivo “esposo” no feminino, substitui-se o
A opção abaixo que NÃO apresenta erro ortográfico é: “–o” final por –“a”: esposO / esposA. A alternativa que apresenta
(A) Sua indentidade foi roubada naquele evento. um substantivo que, no feminino, é flexionado da mesma maneira
(B) Os extintores estavam dentro da validade. que ESPOSO é:
(C) Os mendingos sempre se aproximam para pedir ajuda. (A) moço.
(D) Não encontrei os ingrendientes para fazer o bolo. (B) rio.
(E) Adoro sanduíche de mortandela defumada. (C) grilo.
(D) pássaro.
8. IBADE - Agente Administrativo (Pref Seringueiras)/2019 (e (E) fio.
mais 21 concursos)
Dentre os verbos relacionados abaixo, terminados em “-isar” e 10. IBADE - Agente de Manutenção e Reparos (CM Caco-
“-izar”, escolha a alternativa na qual a grafia NÃO está correta. al)/2018 (e mais 3 concursos)
(A) paralisar. Texto para responder à questão.
(B) amenizar Cidades Sustentáveis
(C) normalizar. Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da
(D) realisar. preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisa-
(E) analisar. gem natural, é importante também pensarmos nas cidades, princi-
palmente nas grandes cidades.
9. IBADE - Braçal (CM Cacoal)/2018 (e mais 1 concurso) O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos
Texto para responder à questão. rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente.
Como surgiu a noite Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas
No começo do mundo só havia o dia. A noite estava adormeci- no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da
da nas profundezas do rio com Boiúna, cobra grande que era senho- qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o
ra do rio. A filha de Boiúna, uma bela, tinha se casado com um rapaz conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que
de um vilarejo nas margens do rio. Seu marido, um jovem muito adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade
bonito, não entendia porque ela não queria dormir com ele. A filha de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esque-
de Boiúna respondia sempre: cer da preservação do meio ambiente.
– É porque ainda não é noite.
– Mas não existe noite. Somente dia! – ele respondia. <http://www.smartkids.com.br/trabalho/cidades-sustentaveis.>
Até que um dia a moça disse-lhe para buscar a noite na casa de Acessoem18 dez 2017. Fragmentado eAdaptado
sua mãe Boiúna. Então, o jovem esposo mandou seus três fiéis ami-
gos ir pegar a noite nas profundezas do rio. Boiúna entregou-lhes a No trecho “O ritmo acelerado de crescimento das CIDADES
noite dentro de um caroço de tucumã*, como se fosse um presente deixou muitos RASTROS de desrespeito às PESSOAS e ao meio am-
para sua filha. biente.” As palavras destacadas são substantivos e estão no plural.
Os três amigos estavam carregando a tucumã quando começa- A alternativa em que todas as palavras destacadas também estão
ram a ouvir barulho de sapinhos e grilos que cantam à noite. Curio- no plural é:
sos, resolveram abrir a tucumã para ver que barulho era aquele. (A) Cada vez mais aumenta o processo de devastação da cober-
Ao abri-la, a noite soltou-se e tomou conta de tudo. De repente, tura vegetal no planeta.
escureceu. (B) Uma atividade que atinge diretamente a conservação das
Amoça, em sua casa, percebeu o que os três amigos fizeram. florestas é o extrativismo vegetal, ou seja, corte de madeira.
Então, decidiu separar a noite do dia, para que esses não se mistu- (C) O desmatamento é resultado direto do conjunto de ativida-
rassem. Pegou dois fios. Enrolou o primeiro, pintou-o de branco e des humanas desenvolvidas ao longo de décadas.
disse: (D) O desmatamento promove uma série de consequências de
– Tu serás cujubin, e cantarás sempre que a manhã vier raian- ordem ambiental, tais como perda de biodiversidades, degra-
dação dos solos, processos erosivos, mudanças no clima.
do.
(E) O desmatamento compromete o funcionamento regular
Dizendo isso, soltou o fio, que se transformou em pássaro e
das chuvas, ventos, além de prejudicar os recursos hídricos.
saiu voando. Depois, pegou o outro foi, enrolou-o, jogou as cinzas
da fogueira nele e disse:
– Tu serás coruja, e cantarás sempre que a noite chegar. Dizen-
do isso, soltou-o, e o pássaro saiu voando.
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a solução para o seu concurso!


LÍNGUA PORTUGUESA

11. IBADE - Agente de Manutenção e Reparos (CM Caco- E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pen-
al)/2018 (e mais 3 concursos) sar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas
Texto para responder à questão. pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que
você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar.
Cidades Sustentáveis (...)
Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sen-
preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisa- tir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos
gem natural, é importante também pensarmos nas cidades, princi- vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em re-
palmente nas grandes cidades. sistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via
rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente. Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas bar pode sersubstituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo atra-
no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da vés de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a
qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o engolir o choro e tocar em frente?
conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados
adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando
de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esque- se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será
cer da preservação do meio ambiente. coragem ou será carma?
Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo?
<http://www.smartkids.com.br/trabalho/cidades-sustentaveis.> Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um
Acessoem18 dez 2017. Fragmentado eAdaptado turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita
controlar?
A alternativa que apresenta uma palavra que se registra com Ç, Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara
tal qual PRESERVAÇÃO é: tudo isso, todo dia. (...)
(A) extra__ão. O preço é alto.Agente se questiona, a gente se culpa, a gente
(B) emi__ão. se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a
(C) impre__ão. gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e
(D) dimen__ão. iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas es-
(E) ero__ão. tamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep
walking.
12. IBADE - Agente de Combate a Endemias (Pref Vila Ve-
lha)/2018 Ruth Manus 14/06/2015 Disponível em:emais.estadão.com.br
O alto preço de viver longe de casa Keep walking: continue andando
Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no
peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer Assinale a opção em que a palavra destacada foi corretamente
um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por grafada com CH, como ACONCHEGO.
saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos luga- (A) Os dois MECHIAM na papelada que se encontrava sobre a
res e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises mesa.
difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar. (B) Eles ENCHUGARAM as lágrimas e foram em frente.
Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O pati- (C) A jovem já havia feito o ENCHOVAL.
nete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem (D) As pessoas ENCHIAM a mesa de papel.
asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente (E) Soltou uma ENCHURRADA de bobagens.
percebeu que poderia ir sem data para voltar.
E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas ci- 13. IBADE - Agente Comunitário de Saúde (Pref Vila Velha)/2018
dades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, Por que a educação moderna criou adultos que se compor-
cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o tam como bebês
aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hi- Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino
potético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Mas-
para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os cora- sachusetts, estavam reunidos, numa tarde ensolarada no mês
josos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar passado, para o momento mais especial de sua vida escolar, a
para vidas que decidiram encarar de peito aberto. formatura. Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulho-
A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito sos na plateia, todos se preparavam para ouvir o discurso do pro-
eternamente dividido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar fessor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como sempre
de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e
e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido
mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras em quatro palavras: vocês não são especiais. (...) “Ao contrário
mil pedras preciosas. do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês
não são especiais”, disse McCullough logo no começo. “Adultos
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, 14. IBADE - Agente Comunitário de Saúde (Pref Vila Velha)/2018
os treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os conso- Por que a educação moderna criou adultos que se comportam
lam e os encorajam de novo. (...) Mas não tenham a ideia errada como bebês
de que vocês são especiais. Porque vocês não são.” Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino
O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atô- médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachu-
nito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia setts, estavam reunidos, numa tarde ensolarada no mês passado,
o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em para o momento mais especial de sua vida escolar, a formatura.
sua caixa postal. Paravam na rua para cumprimentá-lo. Seu te- Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulhosos na plateia,
lefone não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, todos se preparavam para ouvir o discurso do professor de inglês
revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber David McCullough Jr. Esperavam, como sempre nessas ocasiões,
mais sobre o professor que teve a coragem de esclarecer que uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais. O que ou-
seus alunos não eram o centro do universo. Sem querer, ele to- viram do professor, porém, pode ser resumido em quatro palavras:
cara num tema que a sociedade estava louca para discutir – mas vocês não são especiais. (...) “Ao contrário do que seus troféus de
não tinha coragem. Menos de uma semana depois, McCullough futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”, disse
fez a primeira aparição na TV. Teve de explicar que não McCullough logo no começo. “Adultos ocupados mimam vocês, os
menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário beijam, os confortam, os ensinam, os treinam, os ouvem, os acon-
alertá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como selham, os encorajam, os consolam e os encorajam de novo. (...)
eles crescem cercados por adultos que os tratam como precio- Mas não tenham a ideia errada de que vocês são especiais. Porque
sidades”, disse ele a ÉPOCA. “Mas, para se dar bem daqui para vocês não são.”
a frente, eles precisam saber que agora estão todos na mesma O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atô-
linha, que nenhum é mais importante que o outro.” nito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia
A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em sua
apenas mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a caixa postal. Paravam na rua para cumprimentá-lo. Seu telefone
verdade é que ele tocou numa questão que incomoda pais, educa- não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV
dores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber mais sobre o
e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de professor que teve a coragem de esclarecer que seus alunos não
si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de eram o centro do universo. Sem querer, ele tocara num tema que
seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desen- a sociedade estava louca para discutir – mas não tinha coragem.
volveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição
com as frustrações do mundo real. (...) na TV. Teve de explicar que não
Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados des- menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário aler-
de o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham tá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como eles
mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades”,
ruim, é o professor que não os entenda). Eles se acham os mais disse ele a ÉPOCA. “Mas, para se dar bem daqui para a frente, eles
competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que ne-
tem inveja do frescor de seu talento). (...) nhum é mais importante que o outro.”
Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua tur- A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer
ma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, apenas mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a
foi bem educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras verdade é que ele tocou numa questão que incomoda pais, educa-
línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu dores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes
uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos. e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de
si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de
Camila Guimarães e Luiza Karam in Revista Época 13/07/2012 seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desen-
volveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar
Apenas uma das palavras a seguir foi corretamente grafada com as frustrações do mundo real. (...)
com Hinicial, como HISTERIA. Identifique-a. Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde
(A) Esse é um HESPÉCIME raro. o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mes-
(B) Eu havia sido HIPNOTIZADO. mo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o
(C) Minha ideia é apenas uma HESPECULAÇÃO. professor que não os entenda). Eles se acham os mais competentes
(D) Sentia-se vigiado pelos HESPECTROS dos antepassados. no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do
(E) Os HABUTRES esperavam sua morte, pensando na herança. frescor de seu talento). (...)
Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma
de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem
educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e,
claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é
fato. Mas se acham mais do que ótimos.

Camila Guimarães e Luiza Karam in Revista Época 13/07/2012

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a solução para o seu concurso!


LÍNGUA PORTUGUESA

Observe a frase “Com seus CHAPÉUS e becas” e assinale a op- 16. IBADE - Aluno Soldado (PM AC)/Combatente/2017
ção em que o substantivo destacado também foi corretamente em- Selfies
pregado no plural.
(A) Com cuidado, subiu os DEGRAIS da escadaria. Muita gente se irrita, e tem razão, com o uso indiscriminado dos
(B) Vários PROJETIS subiram aos céus. celulares. Fossem só para falar,já seria ruim. Mas servem também
(C) O folheto foi editado em CARACTERES itálicos. para tirar fotografias, e com isso somos invadidos no Facebook com
(D) Ele usava os PINCÉUS para expressar seus sentimentos na imagens de gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejan-
tela. do a câmera, pratos de torresmo, brownie e feijoada. Se depender
(E) Todos os CIDADÕES de bem aplaudiram o discurso. do que vejo com meus filhos - dez e 12 anos·, o tempo dos “selfies”
está de todo modo chegando ao fim. Eles já começam a achar ridí-
15. IBADE - Oficial de Diligência (CM Porto Velho)/2018 (e mais cula a mania delirar retratos de si mesmos em qualquer ocasião.
5 concursos) Torna-se até um motivo de preconceito para com os colegas.
As Boas Coisas da Vida “Fulaninha? Tira foto na frente do espelho,” Hábito que pode
ser compreensível, contudo. Imagino alguém dedicado a melhorar
Rubem Braga sua forma física, registrando seus progressos semanais. Ou apenas
Uma revista mais ou menos frívola pediu a várias pessoas para entregue, no inicio da adolescência, a descoberta de si mesmo.
dizer as “dez coisas que fazem a vida valer a pena”. Sem pensar de- A bobeira se revela em outras situações: é o caso de quem tira
masiado, fiz esta pequena lista: um Eiffel” tendo ao fundo a torre Eiffel, ou (pior) ao lado de, sei lá,
- Esbarrar às vezes com certas comidas da infância, por exem- Tony Ramos ou Cauã Reymond.
plo: aipim cozido, ainda quente, com melado de cana que vem Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece
numa garrafa cuja rolha é um sabugo de milho. O sabugo dará um - e tudo bem. O problema fica mais complicado se pensarmos no
certo gosto ao melado? Dá: gosto de infância, de tarde na fazenda. caso das fotos de comida. Em primeiro lugar, vejo em tudo isso uma
- Tomar um banho excelente num bom hotel, vestir uma roupa espécie de degradação da experiência.
confortável e sair pela primeira vez pelas ruas de uma cidade estra- Ou seja, é como se aquilo que vivemos de fato - uma estada em
nha, achando que ali vão acontecer coisas surpreendentes e lindas. Paris, o jantar num restaurante - não pudesse ser vivido e sentido
E acontecerem. como aquilo que é.
- Quando você vai andando por um lugar e há um bate-bola, Se me entrego a tirar fotos de mim mesmo na viagem, em vez
sentir que a bola vem para o seu lado e, de repente, dar um chute de simplesmente viajar, posso estar fugindo das minhas próprias
perfeito-e ser aplaudido pelos serventes de pedreiro. sensações. [ ...]
- Ler pela primeira vez um poema realmente bom. Ou um pe- Pode ser narcisismo, é claro. Mas o narcisismo não precisa via-
daço de prosa, daqueles que dão inveja na gente e vontade de reler. jar para lugar nenhum. A complicação não surge do sujeito, surge
- Aquele momento em que você sente que de um velho amor do objeto. O que me incomoda é a torre Eiffel: o que fazer com ela?
ficou uma grande amizade - ou que uma grande amizade está viran- O que fazer de minha relação com a torre Eiffel?
do, de repente, amor. Poderia unir-me a paisagem, sentir como respiro diante da-
- Sentir que você deixou de gostar de uma mulher que, afinal, quela triunfal elevação de ferro e nuvem, deixar que meu olhar
para você, era apenas aflição de espírito e frustração da carne- essa atravesse o seu duro rendilhado que fosforesce ao sol, fazer-me
amaldiçoada. diminuir entre as quatro vigas curvas daquela catedral sem clero e
- Viajar, partir ... sem paredes.
-Voltar. Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como
- Quando se vive na Europa, voltar para Paris, quando se vive o ponteiro único de um relógio que tem seu mostrador na circun-
no Brasil, voltar para o Rio. ferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e desfazem, há
- Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma ruídos e crianças.
solução, a morte - o assim chamado descanso eterno. Pego, entretanto, o meu celular: tiro uma foto de mim mesmo
na torre Eiffel. O mundo se fechou no visar do aparelho. Não por
Texto adaptado de BRAGA, R., As Boas Coisas da acaso eu visor, fazendo uma careta idiota: dou de costas para o mo-
Vida, 1988. numento, mas estou na verdade dando as costas para a vida.
[ ... ]
As palavras “exemplo”, “excelente” e “deixou”, retiradas do Talvez as coisas não sejam tão desesperadoras. Imagine-se que
texto, são escritas com a letra X apresentando distintas variações daqui a cem anos, depois de uma guerra atômica e de uma catas-
fonéticas. A palavra que deve ser escrita com CH é: trofe climática que destruam o mundo civilizado, um pesquisador
(A) ê _ odo. recupere os “selfies” e e as fotos de batata
(B) en_ arcado. frita.
(C) e_ ímio. “Como as pessoas eram felizes naquela época!” A alternativa
(D) ve _ ame. seria dizer: “Como eram tontas! Dependerá, por certo, dos humores
(E) en_ ame. do pesquisador.

COELHO , Marcelo . Dísponlvel em : < http: //www1 .fo!lha . uol.com.


br/ fs p /i! u slra da/16 252 5- selfies.shtml>. Acessoem 19mar. 2017

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a solução para o seu concurso!
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Assinale a opção em que a palavra destacada foi corretamente Apesar do problema, a paciente diagnosticada com “What-
grafada com H Iniciar como em HABITO (parágrafo 2). sAppinite” não cumpriu a indicação médica e voltou a enviar
(A) Aquela era uma terra HESTÉRIL. mensagens pelo aplicativo na véspera do Ano Novo.
(B) O ladrão linha mãos HÁGEIS.
(C) Os soluços vinham-lhe do HÁMAGO, Stephanie Silveira. Folha de S. Paulo.7/4/2014
(D) Há povos que HIDOLATRAM os animais.
(E) Os filhos HERDARAM uma bela fortuna. Apenas uma das palavras a seguir foi corretamente grafada
com Ç, como INFORMAÇÃO. Essa palavra é:
17. IBADE - Assistente Escolar (Pref RB)/2016 (A) diverção.
Teclar demais no celular pode causar (B) excurção.
“WhatsAppinite” (C) emição.
Uma mulher de 34 anos recebeu o diagnóstico de “WhatsA- (D) expreção.
ppinite”, inflamação nos polegares e punhos pelo uso excessivo do (E) descrição.
smartphone e do aplicativo de mensagens de texto WhatsApp. O
caso foi descrito na revista de medicina “The Lancet” por uma mé- 18. IBADE - Condutor de Veículos (Pref Linhares)/2020
dica da Espanha. O último poema
A paciente chegou ao hospital com fortes dores nas mãos e Assim eu quereria o meu
relatou que, na véspera de Natal, ficou trabalhando, por isso no dia último poema.
seguinte passou cerca de seis horas trocando mensagens de boas Que fosse terno dizendo as
festas. coisas mais simples e menos
O movimento contínuo e repetitivo com os polegares causou a intencionais
WhatsAppinite. O tratamento prescrito foi abstinência total do tele- Que fosse ardente como um
fone, além de anti-inflamatórios. soluço sem lágrimas
A inflamação nos músculos da região da mão e antebraços Que tivesse a beleza das flores
pelo uso de dispositivos tecnológicos não é nova. Na década de quase sem perfume
1990, médicos relataram a “Nintendinite”, ou “Nintendo thumb”, A pureza da chama em que se
diagnosticada emusuários constantes de videogames. consomem os diamantes mais
Segundo o ortopedista Mateus Saito, do Instituto de Ortopedia límpidos
e Traumatologia da USP, a WhatsAppinite é mais comum do que se A paixão dos suicidas que se
imagina e o número de pessoas atingidas cresce diariamente. matam sem explicação.
“Muitos profissionais tentam transformar o smartphone num
escritório portátil, mas esses aparelhos não estão adaptados a um Manuel Bandeira
uso tãoconstante e repetido”.
Saito ressalta que uma das formas de evitar problemas é Assinale a alternativa em que a palavra POR QUE deve vir se-
utilizar smartphones e tablets para consumir informação e não parada.
para produzir textos longos. (A) Permaneceu triste porque não passou no vestibular.
“A interface desses aparelhos ainda precisa melhorar. Não (B) Não compareci ao evento porque estava doente.
dá para substituir um computador quando se quer saúde para (C) Eu soube porque viraste as costas para ela.
as mãos.” (D) Não conseguimos compreender o porquê daquilo.
O fisioterapeuta Rodrigo Peres diz que, para usuários cons- (E) Nestas situações não se deve discutir, porque é pior.
tantes de dispositivos móveis, é importante fortalecer músculos.
“Exercícios localizados e fisioterapia ajudam a resolver do- 19. IBADE - Analista (Pref Vila Velha)/Ambiental/2020 (e mais
res.” 21 concursos)
Outras dicas são alternar as posições de uso e usar com- Observe as frases a seguir e identifique aquela que se adequa
pressas geladas para amenizar o processo inflamatório. corretamente à norma culta.
O reumatologista José Ribamar Moreno, especialista em (A) A cerca de três anos, Marinho e os outros chegaram à ci-
dor, recomenda que, caso seja necessário teclar por mais de 45 dade.
minutos, sejam feitos intervalos de 15 minutos. Segundo ele, há (B) Desde o ocorrido, já há alguns meses, ela não quis mais falar
fatores que podem gerar mais risco de desenvolver tendinite. com sua irmã, tão pouco vê-la junto de seu marido.
“Gravidez, obesidade, estresse, tabagismo e sedentarismo (C) O acidente ocorreu há cerca de dois quilômetros daqui,
são fatores de risco. É importante não somar fatores.” anos atrás.
O médico ainda ressalta a importância do diagnóstico de (D) A apresentação à cerca do tema não satisfez os critérios do
“WhatsAppinite”, que ligou a dor ao uso de um dispositivo es- professor, à despeito do que os alunos pensavam.
pecífico. (E) Falou-se muito a respeito disso naquele dia, mas há pouco o
que possamos fazer quanto a isso agora.
“O interessante do diagnóstico é que a autora conseguiu fazer
a relação direta do uso do WhatsApp e do quadro que apareceu
logo em seguida. Foram seis horas diretas de uso do app, um fator
que desencadeou a tendinite.”
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LÍNGUA PORTUGUESA

20. IBADE - Recenseador (IBGE)/2020/»Teste de Homologa- 21. IBADE - Agente Administrativo (Pref Linhares)/2020 (e mais
ção de Equipamentos e Sistemas» 3 concursos)
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede. Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.

Texto 2 Segurança no trabalho


Planeta Água A importância da segurança do trabalho é imensurável e, feliz-
Água que nasce na fonte serena do mundo mente, a implantação de práticas seguras no trabalho vem crescen-
E que abre um profundo grotão do bastante ultimamente.
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão Hoje é difícil encontrar um funcionário que “nunca” tenha pas-
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão sado por pelo menos uma palestra sobre prevenção de acidentes
Águas que banham aldeias e matam a sede da população de trabalho, uso do EPI, integração, etc. A segurança do trabalho
Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de tro- possibilita a realização de um serviço mais organizado. Isso leva não
vão somente a evitar acidentes mas também ao aumento da produção,
E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos la- pois, tornado o ambiente mais agradável, os funcionários produzi-
gos rão mais e com melhor qualidade.
Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d›água é misteriosa can- A Segurança do Trabalho proporciona também melhoria nas
ção relações entre patrões e funcionários. Quando o funcionário perce-
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de ber melhorias no ambiente de trabalho, passará a ter mais carinho
algodão e respeito com a direção da empresa. O resultado pode aparecer
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação em produtos de mais qualidade.
Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação O ponto alto da Segurança do Trabalho é evitar acidentes. Atra-
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar- vés das ações de prevenção desenvolvidas na empresa podemos
cam o chão evitar o aparecimento de acidentes de trabalho e as doenças ocu-
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da pacionais.
terra A Segurança do Trabalho se aplica a todos os segmentos. Evi-
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água dentemente cada segmento tem suas características e riscos espe-
Água que nasce na fonte serena do mundo cíficos e, exatamente por isso, cada ambiente precisa ser “cuidado”
E que abre um profundo grotão com um olhar particular.
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão É importante que o profissional de Segurança do Trabalho
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão tenha capacidade técnica necessária para avaliar desde os riscos
Águas que banham aldeias e matam a sede da população grandes até os pequenos. O risco pequeno de hoje pode se tornar
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar- grande amanhã. Acidentes são acidentes, todos são desagradáveis.
cam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da (https://segurancadotrabalhonwn.com)
terra
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água Assinale a frase gramaticalmente CORRETA:
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra planeta água. (A) Jônio foi demitido por que dormia no trabalho.
(B) Não sei por que não foram mais chamados na firma.
Guilherme Arantes (C) Porque você desistiu tão facilmente do trabalho?
(Fonte: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/46315/, acesso (D) Não escrevi nada porquê não entendi o ditado.
em janeiro de 2020.) (E) Eis o porque da nossa separação conjugal.

Muito comum em nossa língua do cotidiano, o pronome “onde” 22. IBADE - Advogado (CM S Felipe do Oeste)/2020
é constantemente trocado por aonde, muitas vezes de maneira in- Leia o texto abaixo e responda à questão proposta.
devida. Vidinha
Identifique o uso correto, indicando lugar, a partir do trecho: Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita como de
“Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d’água é misteriosa canção/ movediça e leve; um soprozinho, por brando que fosse, a fazia voar,
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algo- outro de igual natureza a fazia revoar, e voava e revoava na direção
dão”. de quantos sopros por ela passassem; isto quer dizer, em linguagem
(A) Você vai onde? chã e despida dos trejeitos da retórica, que ela era uma formidável
(B) A sociedade onde a violência cresce é assustadora. namoradeira, como hoje se diz, para não dizer lambeta, como se
(C) Em 2019, onde a tecnologia se tornou nossa maior inimiga. dizia naquele tempo.
(D) Moro na casa onde nasceram meus pais. Portanto não foram de modo algum mal recebidas as primeiras
(E) Aonde crescemos é meu lugar preferido. finezas do Leonardo, que desta vez se tornou muito mais desemba-
raçado, quer porque já o negócio com Luisinha o tivesse desasnado,
quer porque agora fosse a paixão mais forte, embora esta última
hipótese vá de encontro à opinião dos ultrarromânticos, que põem
todos os bofes pela boca pelo tal primeiro amor: no exemplo que
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

nos dá o Leonardo aprendam o quanto ele tem de duradouro. Na fala da professora “Alguma dúvida acerca do trabalho em
Se um dos primos de Vidinha, que dissemos ser o atendido grupo sobre o sistema respiratório?”, o emprego de ‘acerca de’
naquela ocasião, teve motivos para levantar-se contra o Leonardo está correto. Assinale a alternativa com devido uso também.
como seu rival, o outro primo, que dissemos ser o desatendido, (A) Moro há cerca de cinco metros da escola
teve dobrada razão para isso, porque além do irmão apresentava- (B) Estávamos conversando a cerca de educação
-se o Leonardo como segundo concorrente, e o furor de quem se (C) Elas jogam conversas fora a cerca de muitas coisas
defende contra dois é, ou deve ser sem dúvida, muito maior do que (D) Há cerca de dois anos nós nos mudamos
o de quem se defende contra um. (E) O rapaz foi encontrado acerca de 10 metros do local
Declarou-se, portanto, desde que começaram a aparecer os
sintomas do quer que fosse entre Vidinha e o nosso hóspede, guer- 24. IBADE - Recenseador (IBGE)/2019
ra de dois contra um, ou de um contra dois. A princípio foi ela surda Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza em vez de demiti-los
e muda; era guerra de olhares, de gestos, de desfeitas, de más ca- por não saberem ler
ras, de maus modos de uns para com os outros; depois, seguindo Nátaly Bonato é community manager da WeWork Paulista,
o adiantamento do Leonardo, passou a dictérios, a chasques, a re- um espaço de trabalho compartilhado, na Avenida Paulista, em São
moques. Paulo. Para resolver problemas de limpeza da unidade, Nátaly ima-
Um dia finalmente desandou em descompostura cerrada, em ginou que um relatório seria o suficiente.
ameaças do tamanho da Torre de Babel, e foi causa disto ter um dos O relatório deveria ser preenchido pelos funcionários da lim-
primos pilhado o feliz Leonardo em flagrante gozo de uma primícia peza todos os dias dizendo se a sala do cronograma tinha sido limpa
amorosa, um abraço que no quintal trocava ele com Vidinha. e, caso não, colocar um comentário explicando o porquê.
“O relatório demorou uma semana para chegar e, quando
(ALMEIDA, M. Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São veio, o banheiro virou um caos. Não entendi nada, nos reunimos e
Paulo: Editora FTD, 1996, p. 123.) a descoberta foi que 50% do time (terceirizado) era iletrado”, escre-
veu Nátaly no Facebook.
“embora esta última hipótese vá de encontro à opinião dos ul- Em vez de trocar a equipe [o que infelizmente é uma prática
trarromânticos” bastante recorrente], Nátaly teve uma ideia muito melhor: procu-
É comum os falantes confundirem o emprego das locuções pre- rar nas escolas que fazem parte da WeWork alguém que pudesse
positivas “de encontro a” (ir no sentido contrário a alguma coisa, alfabetizar os auxiliares de limpeza. Foi assim que ela conheceu a
chocando-se com, opondo-se) e “ao encontro de” (ir no mesmo pedagoga Dani Araujo, da MasterTech, que topou o desafio.
sentido de alguma coisa, indo a seu favor), por serem semelhantes “As pessoas não são descartáveis. Eu não queria que alguém
na construção. passasse pela minha vida sem ter o meu melhor, sem que eu pu-
Das frases abaixo, em que foram empregadas ambas as locu- desse tentar. Então, eu não queria que eles saíssem daqui um dia
ções, aquela que está INCORRETA porque, pelo sentido da frase, foi e continuassem tendo aquelas profissões porque eles não tinham
empregada uma locução pela outra é: escolha”, disse Nátaly em entrevista ao Razões para Acreditar.
(A) os interesses do rapaz foram ao encontro dos sentimentos As aulas aconteciam às terças e quintas-feiras, no horário de
da moça: estavam apaixonados. almoço, e duravam 1 hora e meia. “Foi ousado participar desse pro-
(B) as atitudes agressivas dos personagens iam de encontro às jeto. Não tinha experiência com letramento para adultos. Vibrei e
normas de convivência pacífica. chorei com cada conquista que fazíamos juntos, me sinto privilegia-
(C) as ações de um iam de encontro aos interesses do outro, da pelo aprendizado que eles me proporcionaram”, afirmou a peda-
pois ambos disputavam a mesma namorada. goga, que continuou dando as aulas mesmo depois de se desligar
(D) na briga, o corpo agredido do rival foi ao encontro de uma da MasterTech.
parede, produzindo ferimentos. Cinco meses depois, Irene, Neuraci e ‘Madruga’ já conseguiam
(E) as boas atitudes do rapaz iam ao encontro da moral e bons escrever uma carta. Para celebrar essa conquista, Nátaly e seu time
costumes.
organizaram uma formatura surpresa. “Na hora que eu vi eles vindo
de beca, eu comecei a desfalecer de chorar e não só eu! Todo mun-
23. IBADE - Professor (SEE AC)/P2/Atendimento Educacional
do. A gente fez na área comum da WeWork”, lembra Nátaly. “Foi
Especializado/2020 (e mais 13 concursos)
muito incrível mesmo. Acho que é a melhor experiência da minha
Texto 2
vida”.
E eles tiveram inclusive “formatura” com direito à beca e tudo!

Por Redação.
Disponível em: https://razoesparaacreditar.com.08/01/2018.
Acesso em 05/07/2019

A palavra destacada no trecho “colocar um comentário expli-


cando o PORQUÊ” pode assumir grafias diferentes, dependendo do
contexto.

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a única opção em que a palavra destacada foi correta- Amanhã de manhã você vai ver a beleza que está.
mente grafada. O verdureiro já havia saído com a carrocinha. A senhora esten-
(A) Eu não sabia POR QUE eles haviam sido despedidos. de o braço, mostra com orgulho a lavoura que, pelo esforço em co-
(B) PORQUE eles foram despedidos? mum, é também um pouco sua.
(C) Eles foram despedidos POR QUE? O filho quase cai duro:
(D) Foram despedidos, POR QUE eram iletrados. — A senhora está maluca? Isso nunca foi chá, nem aqui nem na
(E) Continuaram no emprego, PORQUÊ estudaram. Índia. Isso é maconha, mamãe!

(ANDRADE, C. Drummond de. Cadeira de Balanço. 11 ed. Rio de Janei-


25. IBADE - Professor (Pref Vitória)/Educação Básica III - PEB ro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 7-8.)
III - Língua Portuguesa/2019
Leia o texto abaixo e responda à questão proposta. Considere, quanto ao sentido e à sintaxe, o emprego do verbo
“haver” na frase “O jardineiro despediu-se há tempos” (1º §).
Caso de chá
A casa da velha senhora fica na encosta do morro, tão bem si- Das frases abaixo, aquela em que o verbo “haver” está em de-
tuada que dali se aprecia o bairro inteiro, e o mar é uma de suas sacordo com o sentido e a sintaxe da frase acima e, por isso, está
riquezas visuais. Mas o terreno em volta da casa vive ao abandono. INCORRETA, é a seguinte:
O jardineiro despediu-se há tempos; hortelão, não se encontra nem (A) Os delitos relativos ao narcotráfico acontecem há muito
por milagre. A velha moradora resigna-se a ver crescer a tiririca na tempo.
propriedade que antes era um brinco. Até cobra começou a passear (B) O verdureiro tinha saído há cerca de 2 horas.
entre a folhagem, com indolência; é uma cobrinha de nada, mas (C) O filho estava no exterior há 5 anos.
sempre assusta. (D) Estamos há poucos anos de uma reação para acabar com o
O verdureiro que faz ponto na rua lá embaixo ofereceu-se para narcotráfico.
matá-la. A boa senhora reluta, mas não pode viver com uma cobra (E) A velhinha há 3 semanas não trabalhava na plantação.
tomando banho de sol junto ao portão, e a bicha é liquidada a pau.
Bom rapaz, o verdureiro, cheio de atenções para com os fregueses. 26. IBADE - Advogado (CM Vilhena)/2018 (e mais 14 concursos)
Na ocasião, um problema o preocupa: não tem onde guardar à noi-
te a carrocinha de verduras. Leia com atenção o texto abaixo e responda ao que se pede.
— Ora, o senhor pode guardar aqui em casa. Lugar não falta.
— Muito agradecido, mas vai incomodar a madame. ÉTICA E MORAL
— Incomoda não, meu filho. Ethos - ética, em grego - designa a morada humana. O ser hu-
A carrocinha passa a ser recolhida nos fundos do terreno. Todas mano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito,
as manhãs o dono vem retirá-la, trazendo legumes frescos para a construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada
gentil senhora. Cobra-lhe menos e até não cobra nada. Bons ami- humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser hu-
gos. mano está sempre tornando habitável a casa que construiu para
— Madame gosta de chá? si. Ética significa, segundo Leonardo Boff, “tudo aquilo que ajuda
— Não posso tomar, me dá dispepsia, me põe nervosa. a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável:
— Pois eu sou doido por chá. Mas está tão caro que nem tenho materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritu-
coragem de comprar. Posso fazer um pedido? Quem sabe se a ma- almente fecunda”.
dame, com esse terreno todo sem aproveitar, não me deixa plantar A ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos
uns pés, pouquinha coisa, só para o meu consumo? valores e comportamentos considerados legítimos por uma deter-
Claro que deixa. Em poucas horas o quintal é capinado, tudo minada sociedade, um povo, uma religião, certa tradição cultural,
ganha outro aspecto. Mão boa é a desse moço: o que ele planta é etc. Há morais específicas, também, em grupos sociais mais res-
viço imediato. A pequenina cultura de chá torna alegre outra vez a tritos: uma instituição, um partido político. Há, portanto, muitas e
terra abandonada. Não faz mal que a plantação se vá estendendo diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno
por toda a área. A velha senhora sente prazer em ajudar o bom la- social particular, que não tem compromisso com a universalidade,
vrador. Alegando que precisa fazer exercício, caminhando com cau- isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Exce-
tela pois enxerga mal, ela rega as plantinhas, que lhe agradecem a to quando atacada: justifica-se dizendo-se universal, supostamente
atenção prosperando rapidamente. válida para todos. Mas, então, todas e quaisquer normas morais
— Madame sabe: minha intenção era colher só uma peque- são legítimas? Não deveria existir alguma forma de julgamento da
na quantidade. Mas o chá saiu tão bom que os parentes vivem me validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de
pedindo um pouco e eu não vou negar a eles. É pena madame não ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não
experimentar. Mas não aconselho: se faz mal, não deve mesmo to- é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposi-
car neste chá. ções voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objeti-
O filho da velha senhora chegou da Europa esta noite. Lá ficou vo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência
anos estudando. Achou a mãe lépida, bem-disposta. para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade
— E eu trabalho, sabe, meu querido? Todos os dias rego a plan- possa se tornar cada vez mais humana.
tação de chá que um moço me pediu licença para fazer no quintal.
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a 27. IBADE - Agente de Segurança Socioeducativo (SEJUDH
forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar cri- MT)/2018
ticamente os apelos críticos da moral vigente. Mas, a ética, tanto Leia o texto abaixo e responsa a questão proposta.
quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas, imutáveis. A
ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para enten- O PASTEL E A CRIS(E)
dermos como isso acontece na história da humanidade, basta lem- Otto Lara Resende
brarmos que, um dia, a escravidão foi considerada “natural”. Entre Quando a crise convida ao pessimismo ou a ameaça descamba
a moral e a ética há uma tensão permanente: a ação moral busca na depressão, está na hora de ler poesia ou prosa, tanto faz.
uma compreensão e uma justificação crítica universal, e a ética, por A partir de certa altura, bom mesmo é reler. Reler sobretudo o
sua vez, exerce uma permanente vigilância crítica sobre a moral, que nunca se leu, como repeti outro dia a um amigo que não é che-
para reforçá-la ou transformá-la. gado à leitura. Ele mergulhou no Proust sem escafandro e se sente
A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento his- mal quando vem à tona e respira o ar poluído aqui de fora.
tórico-cultural da humanidade. Sem ética, ou seja, sem a referência Verdadeiro sábio era o Rubem Braga. Tinha com a vida uma
a princípios humanitários fundamentais comuns a todos os povos, relação direta, sem intermediação intelectual. Houvesse o que
nações, religiões etc., a humanidade já teria se despedaçado até a houvesse, trazia no coração uma medida de equilíbrio que era um
autodestruição. Também é verdade que a ética não garante o pro- dom de nascença, mas era também fruto do aprendizado que só a
gresso moral da humanidade. O fato de que os seres humanos são experiência dá. No pequeno mundo do cotidiano, sabia como nin-
capazes de concordar minimamente entre si sobre princípios como guém identificar as boas coisas da vida. E assim viveu até o último
justiça, igualdade de direitos, dignidade da pessoa humana, cidada- instante.
nia plena, solidariedade etc., cria chances para que esses princípios Certa vez, no auge de uma crise, crivada de discursos e de diag-
possam vir a serem postos em prática, mas não garante o seu cum- nósticos, o Rubem estava de olho nas frutas da estação. Madruga-
primento. dor, cedinho já sabia das coisas. Quando o largo horizonte nacional
As nações do mundo já entraram em acordo em torno de mui- andava borrascoso, ele se punha a par das nuvens negras, mas não
tos desses princípios. A “ Declaração Universal dos Direitos Huma- mantinha o olhar fixo no pé-direito alto da crise. Baixava o olhar ao
nos”, pela ONU (1948), é uma demonstração de o quanto a ética é rodapé, pois o sabor do Brasil está também no rés-do-chão.
necessária e importante. Mas a ética não basta como teoria, nem Num dia de greve geral, inquietações no ar, tudo fechado, o Ru-
como princípios gerais acordados pelas nações, povos, religiões etc. bem me telefonou: “Vamos ao bar Luís, na rua da Carioca? Vamos
Nem basta que as Constituições do países reproduzam esses princí- ver a crise de perto”. E lá fomos. O bar estava aberto e o chope,
pios ( como a Constituição Brasileira o fez, em 1988). esplêndido. Começamos por um preto duplo, que a sede era forte.
É preciso que cada cidadão e cidadã incorpore esses princí- Depois mais um, agora louro. Claro que não faltou o salsichão com
pios como uma atitude prática diante da vida cotidiana, de modo bastante mostarda. Calados, mas vorazes, cumpríamos um rito. Al-
a pautar por eles seu comportamento. Isso traz uma consequência guém por perto disse que a Vila Militar tinha descido com os tan-
inevitável: frequentemente o exercício pleno da cidadania (ética) ques.
entra em colisão frontal com a moral vigente ... Até porque, a moral Saímos dali e fomos a um sebo. o Rubem comprou “Xamã”, do
vigente , sob pressão dos interesses econômicos e de mercado, está Carlos Lacerda, com dedicatória. Depois pegamos o carro e volta-
sujeita a constantes e graves degenerações. mos pelo Aterro, onde se pode exercer o direito da livre eructação.
Tinha sido um perfeito programa cultural. E sem nenhum incentivo
(https://www.portaleducacao.com.br - Texto adptado) do governo. Vi agora na televisão que o maracujá está em baixa e
me lembrei do velho Braga.
No período “Não sei por que a moral vigente está sujeita a Nem tudo está perdido. Fui à feira e comprei também dois su-
tantas degenerações.» a alternativa que apresenta a expressão des- culentos abacaxis. Caem bem nesta hora de atribulação nacional.
tacada acima, de forma correta e idêntico valor, é: Só falta agora descobrir um bom pastel de palmito na Zona Norte.
(A) As sociedades por que passamos eram bastante iguais. Se o Rubem estivesse aí, lá iríamos nós atrás da deleitosa descober-
(B) Ela é mais considerada pelos alunos por que respeita seus ta. Depois. de cabeça erguida, enfrentaríamos a crise e até o caos.
semelhantes.
(C) Não investigaram o por que daquele procedimento desres- (RESENDE, O. Lara. Fonte: https://edoc.site/149572393-as-cem-melho-
peitoso e inesperado. res-cronicas-brasileiras-011-gpdf-pdf-free.html)
(D) Explicou por que teve aquela atitude antiética ma frente de
todos os amigos. A grafia do vocábulo sublinhado em “...e se sente mal quando
(E) Precisamos entender a ética por que o mundo precisa pro- vem à tona...» (§ 2) constitui um problema de ortografia, em razão
gredir. da homonímia com o vocábulo mau.
Entre as frases abaixo. aquela em que o correto é grafar MAU,
e não MAL, é:
(A) A falta de leitura toma o cidadão um ____ observador.
(B) _______ completou a leitura recomendada, o aluno supe-
rou a depressão.
(C) As crises fazem muito _____ às pessoas.

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a solução para o seu concurso!


LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Não há ______ que sempre dure. 29. IBADE - Agente de Manutenção e Reparos (CM Caco-
(E) O cidadão sofria de um _____ incurável. al)/2018 (e mais 3 concursos)
Texto para responder à questão.
28. IBADE - Braçal (CM Cacoal)/2018 (e mais 1 concurso)
Texto para responder à questão. Cidades Sustentáveis
Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da
Como surgiu a noite preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisa-
No começo do mundo só havia o dia. A noite estava adorme- gem natural, é importante também pensarmos nas cidades, princi-
cida nas profundezas do rio com Boiúna, cobra grande que era se- palmente nas grandes cidades.
nhora do rio. A filha de Boiúna, uma bela, tinha se casado com um O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos
rapaz de um vilarejo nas margens do rio. Seu marido, um jovem rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente.
muito bonito, não entendia porque ela não queria dormir com ele. Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas
A filha de Boiúna respondia sempre: no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da
– É porque ainda não é noite. qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o
– Mas não existe noite. Somente dia! – ele respondia. conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que
Até que um dia a moça disse-lhe para buscar a noite na casa de adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade
sua mãe Boiúna. Então, o jovem esposo mandou seus três fiéis ami- de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esque-
gos ir pegar a noite nas profundezas do rio. Boiúna entregou-lhes a cer da preservação do meio ambiente.
noite dentro de um caroço de tucumã*, como se fosse um presente
para sua filha. <http://www.smartkids.com.br/trabalho/cidades-sustentaveis.>
Os três amigos estavam carregando a tucumã quando começa- Acessoem18 dez 2017. Fragmentado eAdaptado
ram a ouvir barulho de sapinhos e grilos que cantam à noite. Curio-
sos, resolveram abrir a tucumã para ver que barulho era aquele. A alternativa em que a palavra destacada deve ser registrada
Ao abri-la, a noite soltou-se e tomou conta de tudo. De repente, obrigatoriamente com letra maiúscula, por representar um nome
escureceu. próprio, é:
Amoça, em sua casa, percebeu o que os três amigos fizeram. (A) É importante também pensarmos nas cidades, nos Municí-
Então, decidiu separar a noite do dia, para que esses não se mistu- pios, em bairros de grandes cidades.
rassem. Pegou dois fios. Enrolou o primeiro, pintou-o de branco e (B) É importante também pensarmos nas cidades, principal-
disse: mente São Paulo, a maior cidade do país.
– Tu serás cujubin, e cantarás sempre que a manhã vier raian- (C) É importante também pensarmos no Saneamento Básico
do. das cidades, principalmente nas grandes cidades.
Dizendo isso, soltou o fio, que se transformou em pássaro e (D) É importante também pensarmos nas cidades, principal-
saiu voando. Depois, pegou o outro foi, enrolou-o, jogou as cinzas mente nos Grandes Centros.
da fogueira nele e disse: (E) É importante também pensarmos nas cidades, principal-
– Tu serás coruja, e cantarás sempre que a noite chegar. Dizen- mente naquelas em que a é População é numerosa.
do isso, soltou-o, e o pássaro saiu voando.
Então, todos os pássaros cantaram a seu tempo e o dia passou 30. IBADE - Cirurgião Dentista (IAPEN AC)/2020 (e mais 4 con-
a ter dois períodos: manhã e noite. cursos)
Texto 1
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/folclore/como-surgiunoite>.
Acesso 20 dez 2017. Partilhar
Rubel
(*) Tucumã: s.m. palmeira frutífera dos sertões de cujo fruto Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
se faz vinho. Por seis meses, como peixe pra te ver
A alternativa que justifica corretamente o emprego da letra Tão pra inventar um mar grande o bastante
maiúscula na palavra Boiúna no texto é: Que me assuste e que eu desista de você
(A) A palavra Boiúna é o nome da mãe da jovem moça. Se for preciso, eu crio alguma máquina
(B) É o nome de um rio da região onde é contada a lenda. Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
(C) O vilarejo de onde veio o esposo da jovem tem o nome de Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Boiúna. Eu chego pra dizer que eu vim te ver
(D) Boiúna é uma palavra que está sempre iniciando uma frase Eu quero partilhar Eu quero partilhar
no texto. A vida boa com você Eu quero partilhar
(E) Foi o nome dado pela moça a um dos pássaros que ela criou. Eu quero partilhar A vida boa com você
Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver
Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante

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Editora

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício 31. IBADE - Cirurgião Dentista (IAPEN AC)/2020 (e mais 4 con-
Eu só tenho 80 anos pela frente cursos)
Por favor, me dá uma chance de viver Texto 1
Eu quero partilhar Eu quero partilhar
A vida boa com você Eu quero partilhar Partilhar
Eu quero partilhar Rubel
A vida boa com você Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Se for preciso, eu pego um barco, eu remo Por seis meses, como peixe pra te ver
Por seis meses, como peixe pra te ver Tão pra inventar um mar grande o bastante
Tão pra inventar um mar grande o bastante Que me assuste e que eu desista de você
Que me assuste, e que eu desista de você Se for preciso, eu crio alguma máquina
Se for preciso, eu crio alguma máquina Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor Eu chego pra dizer que eu vim te ver
Eu chego pra dizer que eu vim te ver Eu quero partilhar Eu quero partilhar
Eu quero partilhar A vida boa com você Eu quero partilhar
Eu quero partilhar Eu quero partilhar A vida boa com você
A vida boa com você Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
Eu quero partilhar E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu quero partilhar Eu só tenho 80 anos pela frente
A vida boa com você Por favor, me dá uma chance de viver
Eu quero partilhar Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
Eu quero partilhar E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
A vida boa com você Eu só tenho 80 anos pela frente
Eu quero partilhar Por favor, me dá uma chance de viver
Eu quero partilhar Eu quero partilhar Eu quero partilhar
A vida boa com você A vida boa com você Eu quero partilhar
Não tem, pra trás, nada Eu quero partilhar
Tudo que ficou tá aqui A vida boa com você
Se for preciso, eu giro a Terra inteira Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás Por seis meses, como peixe pra te ver
Milhões de anos, quando todos continentes se encontravam Tão pra inventar um mar grande o bastante
Pra que eu possa caminhar até você Que me assuste, e que eu desista de você
Eu sei, mulher, não se vive só de peixe, nem se volta no passado Se for preciso, eu crio alguma máquina
As minhas palavras valem pouco e as juras não te dizem nada Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Mas se existe alguém que pode resgatar sua fé no mundo, exis- Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
te nós Eu chego pra dizer que eu vim te ver
Também perdi o meu rumo, até meu canto ficou mudo Eu quero partilhar
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo Eu quero partilhar
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida A vida boa com você
E a vida é boa, mas é muito melhor com você Eu quero partilhar
Eu quero partilhar Eu quero partilhar
Eu quero partilhar A vida boa com você
A vida boa com você (até o final) Eu quero partilhar
Assinale a alternativa em que os vocábulos sejam acentuados Eu quero partilhar
pelas mesmas regras presentes em, respectivamente, “você”, “súbi- A vida boa com você
ta” e “desperdício”: Eu quero partilhar
(A) café, rápido, índio. Eu quero partilhar
(B) tô, vêm, lá. A vida boa com você
(C) língua, está, convém. Não tem, pra trás, nada
(D) açúcar, tórax, cajú. Tudo que ficou tá aqui
(E) álbum, tá, tênis. Se for preciso, eu giro a Terra inteira
Até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás
Milhões de anos, quando todos continentes se encontravam
Pra que eu possa caminhar até você
Eu sei, mulher, não se vive só de peixe, nem se volta no pas-
sado
As minhas palavras valem pouco e as juras não te dizem nada
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a solução para o seu concurso!


LÍNGUA PORTUGUESA

Mas se existe alguém que pode resgatar sua fé no mundo, exis- Águas que banham aldeias e matam a sede da população
te nós Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de tro-
Também perdi o meu rumo, até meu canto ficou mudo vão
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos la-
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida gos
E a vida é boa, mas é muito melhor com você Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d›água é misteriosa can-
Eu quero partilhar ção
Eu quero partilhar Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de
A vida boa com você (até o final) algodão
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação
Texto 2 Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar-
cam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da
terra
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias e matam a sede da população
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que enchar-
cam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da
terra
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água
Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra planeta água.
(Fonte: https://www.dicio.com.br/partilhar/, acesso em fevereiro de
Guilherme Arantes
2020.)
(Fonte: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/46315/, acesso
em janeiro de 2020.)
Os Textos 1 e 2 têm formatos distintos, apesar de serem com-
plementos, assinale a alternativa que justifica a acentuação do ver-
Assinale a alternativa que possua os vocábulos devidamente
bo em destaque:
acentuados, conforme norma padrão da Língua Portuguesa:
(A) o uso de acento está incorreto porque representa o empre-
go do verbo no singular por concordar com o sujeito simples “ (A) aldéia, igarapé, sotáo.
Os Textos 1 e 2”. (B) igarapé, água, arco-íris.
(B) o uso de acento é opcional desde a Reforma Ortográfica (C) aguá, igarapê, áldeia.
porque pode concordar com “Texto 1” ou com “Texto 2”, ex- (D) cháo, igarapê, .Térra.
pressando singular ou plural. (E) Têrra, igarapê, âgua.
(C) o uso de acento está correto porque representa o emprego
do verbo no plural por concordar com o sujeito simples no plu- 33. IBADE - Engenheiro (IDAF AC)/Agrônomo/2020 (e mais 2
ral “Os Textos 1 e 2”. concursos)
(D) o uso de acento está incorreto porque representa o empre- Texto 1
go do verbo no plural por concordar com o sujeito composto no
plural “Os Textos 1 e 2”. Antes que elas cresçam
(E) o uso de acento está correto porque representa o emprego Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios
do verbo no plural por concordar com o sujeito composto no filhos.
plural “Os Textos 1 e 2”. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como ár-
vores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir
32. IBADE - Recenseador (IBGE)/2020/»Teste de Homologação licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da
de Equipamentos e Sistemas» vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos dis-
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede. cursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência
Texto 2 alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.
Planeta Água Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de
Água que nasce na fonte serena do mundo repente.
E que abre um profundo grotão Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão fraldas daquela criatura.

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas
não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a cresçam.
pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palha-
ços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal? Affonso Romano de Sant´ Anna (Fonte: http://www.releituras.com/
Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e deso- arsant_antes.asp, acesso em janeiro de 2020.)
bediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperan-
do que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, Assinale a alternativa contendo vocábulos acentuados pela
ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos mesma regra:
soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lin- (A) exílio/ divórcio/ gírias.
das potrancas. (B) pôsteres/ exílio/ país.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, (C) órfãos/ há/ princípio.
com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos (D) mênstruo/ pôsteres/ há.
ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a (E) exílio/ país/ órfãos.
gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema
da geração. 34. IBADE - Assistente Público Administrativo (IPVV)/2020
Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, Das alternativas a seguir, uma contém termo que sofreu altera-
com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as ção com o Acordo Ortográfico atual. Temos esse termo em:
mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recompos- (A) estoico.
to. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos (B) desarmônico.
golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das ho- (C) convênio.
ras. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas (D) proteção.
teses e nos doutoramos nos nossos erros. (E) homônimo.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios
filhos. 35. IBADE - Assistente Público Administrativo (IPVV)/2020
Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi re- Com o advento do sistema ortográfico alterado há cerca de
cebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colhere- dez anos, certas palavras ainda provocam dúvida quanto ao em-
mos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias prego do acento.
e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa.
Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias A alternativa a seguir que apresenta todas as palavras na forma
vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela correta em ortografia e acentuação está em:
canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o (A) eleitor – voto – próximos – vigilantes.
primeiro jantar no apartamento dela. (B) leitor – vaga – idéia – unidos.
Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para (C) eleitor- úrna – capazes – informados.
ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os len- (D) eleitoral – comicio – vaga – políticos.
çóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio (E) comite – câmara – conscientes – fieis.
de colagens, pôsteres e agendas coloridas de Pilot. Não, não as le-
vamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver 36. IBADE - Professor (Pref Vila Velha)/Séries Iniciais/2020
“Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes Leia o que se pede e responda à questão.
compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Pessoas são diferentes
Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afe- São duas crianças
to. lindas Mas são muito diferentes!
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre em- Uma é toda desdentada,
brulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e ami- A outra é cheia de dentes...
guinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, Uma anda descabelada,
os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade A outra é cheia de pentes!
em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um Uma delas usa óculos,
esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na E a outra só usa lentes.
praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio Uma gosta de gelados,
dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na A outra gosta de quentes.
montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem Uma tem cabelos longos,
contagiosa saudade daquelas pestes. A outra corta eles rentes.
O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto Não queira que sejam iguais,
é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios Aliás, nem mesmo tentes!
filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão São duas crianças lindas,
desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são Mas são muito diferentes!
a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Ruth Rocha
http://poesiaparacrianca.blogspot.com/2010/02/pessoas-sao-diferen-
tes-sao-duas.html 24/01/2020

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em uma turma de 5º ano, ao ler o poema, surgiu a seguinte dú- mem que parecia muito nervoso.
vida: por que as palavras ÓCULOS e SÓ têm acento? Um estudante – Algum problema?
respondeu que essas duas palavras são acentuadas porque o som – perguntou, pronta para medicá-lo.
da letra O - /Ó/ é o mesmo. – Não – tentou sorrir o homem
A justificativa do estudante está: – É o avião…
(A) errada, porque a letra O representa sons distintos nas duas – Você tem medo de voar?
palavras. – Pavor. Sempre tive.
(B) parcialmente errada, porque faltou a informação sobre o – Então porque voa?
plural da palavra ÓCULOS. – Na minha profissão, é preciso.
(C) parcialmente correta, porque só justifica o emprego do – Qual é a sua profissão?
acento agudo, mas não se refere à posição da sílaba tônica. – Piloto.
(D) correta, porque o acento agudo recai sobre as vogais aber- Casaram-se uma semana depois.
tas átonas, como nos dois exemplos.
(E) errada, porque apesar de justificar a posição da sílaba tôni- (VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mãe de Freud. Círculo de Livro, 1985.)
ca, não se refere ao fato de serem, nos dois casos, vogais aber-
tas. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corre-
tas quanto à acentuação.
37. IBADE - Auxiliar de Serviços Gerais (Pref S Luzia D›Oes- (A) vezes, heróico.
te)/2020 (e mais 9 concursos) (B) círculo, portatil.
TEXTO I (C) baú, alguem.
(D) inglêses, pólicia.
Vocações (E) estátua, heroico.
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica.
Passava horas brincando de médico com as bonecas. Só que, ao 38. IBADE - Professor (SEE AC)/PNS-P2/2020 (e mais 2 concur-
contrário de outras crianças, quando largou as bonecas não perdeu sos)
a mania. A primeira vez que tocou no rosto do namorado foi para Texto 1
ver se estava com febre. Só na segunda é que foi carinho. Ia porque
ia ser médica. Só tinha uma coisa: não podia ver sangue. BULLYING
– Mas Leninha, como é que... O termo foi cunhado na década de 70 por Dan Olweus, psicó-
– Deixa que eu me arranjo. logo sueco, é derivado da palavra “bully” (tirano, brutal) e significa
Não que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver todo tipo de tortura física ou verbal que atormenta um grande nú-
carne mal passada. Ou Ketchup. Um arranhãozinho era o bastan- mero de vítimas no Brasil e no mundo.
te para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria O bullying corresponde à prática de atos de violência física
para socorrê-la - era o instinto médico -, mas botava o curativo com ou psicológica, intencionais e repetidos, cometidos por um ou mais
o rosto virado. agressores contra uma determinada vítima.
– Acertei? Acertei?
– Acertou o joelho. Só que é na outra perna! BULLYING NA ESCOL(A)
Mas fez vestibular para medicina, passou e preparou-se para Conflitos entre crianças e adolescentes são comuns, pois trata-
começar o curso. -se de uma fase de insegurança e autoafirmação. Porém, quando os
– E as aulas de anatomia, Leninha? Os cadáveres? desentendimentos são frequentes e partem para humilhações, é aí
– Deixa que eu me arranjo. que o bullying prolifera.
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Nas escolas, as agressões geralmente são praticadas longe das
Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos. A Olga descre- autoridades. Ocorrem normalmente na entrada ou saída do prédio,
veria tudo para ela. ou ainda quando os professores não estão por perto.
– Agora estão tirando o fígado. Tem uma cor meio... Podem também acontecer de forma silenciosa, na sala de aula,
– Por favor, sem detalhes. na presença do professor, com gestos, bilhetes, etc. As agressões
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota físicas são mais difíceis de serem escondidas e muitas vezes levam a
de sangue. Houve momentos em que precisou explicar os olhos fe- família a transferir a vítima para outra escola.
chados. Geralmente, as vítimas do bullying têm vergonha e medo de
– É concentração, professor. falar à família sobre as agressões que estão sofrendo e, por isso,
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, permanecem caladas.
claro. Se bem que chegou a pensar a convidar a Olga para fazerem As vítimas de agressão física ou verbal ficam marcadas e essa
uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dan- ferida pode se perpetuar por toda a vida. Em alguns casos, a ajuda
do as coordenadas. psicológica é fundamental para amenizar a difícil convivência com
– Mais pra esquerda... Aí. Agora corta! memórias tão dolorosas.
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Aqui, portanto, cabem aos pais e familiares notarem os sinto-
Foi num aeroporto. No bar onde foi tomar um cafezinho enquanto mas das crianças e/ou adolescentes. Com isso, se perceber alguma
esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um ho- diferença no comportamento, é importante contactar os responsá-

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a solução para o seu concurso!
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veis da escola e ainda ter uma conversa franca com a pessoa que Estimula crianças
foi agredida.
Diversos problemas infantis podem ser melhorados com o con-
(Fonte: texto adaptado de https://www.todamateria.com.br/bullying/, vívio com animais. Um exemplo é a melhora do quadro de porta-
acesso em fevereiro de 2020.) dores de autismo. “Elas têm muita dificuldade no contato social e
a simples presença de um animal treinado associada a atividades
Observe as formas destacadas em “Ocorrem normalmente na adequadas para eles auxiliam nesse desenvolvimento”, relata Paula
entrada ou saída do prédio, ou ainda quando os professores não Lopes, neuropsicóloga da Associação Brasileira de Hippoterapia e
estão por perto.” e assinale a alternativa com as mesmas regras de Pet Terapia (Abrahipe) e do Centro de Reabilitação Gessy Evaristo
acentuação. de Souza. Estudos mostram que as crianças autistas apresentam
(A) céu/ vítima. diminuição nos comportamentos negativos, como agressividade,
(B) média/ próprias. alienação, isolamento, entre outros com a presença de cães nas
(C) célula/ média. sessões, por exemplo.
(D) baú/ mídia.
(E) açúcar/ mídia. Benefícios para os idosos

39. IBADE - Assistente Educacional (SEE AC)/2020 Os animais são usados principalmente em idosos que apresen-
Animais também podem ser terapeutas e ajudar no tratamen- tam o mal de Alzheimer, mas não existem ainda muitas pesquisas
to de doenças corroborando essa relação. “Observamos, porém, que o contato
com o animal proporciona alguns benefícios que podem ajudar na
Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. O juramento diminuição do impacto emocional desta patologia”, descreve a psi-
dos matrimônios se encaixa muito bem na fidelidade dos animais cóloga Laís Milani, membro da diretoria da área de Inataa. Entre os
de estimação. Inclusive, hoje a última parte pode ser levada ao pé benefícios estão a melhora do humor, relaxamento e diminuição da
da letra: está se tornando cada vez mais comum que os pets cola- agressividade e do estresse, proporcionados pela doença.
borem para a recuperação de pacientes dos mais variados casos
clínicos. “A Terapia Assistida por Animais (TAA) consiste em trata- Reduz o estresse
mentos na área da saúde, onde um animal é co-terapeuta e auxilia
o paciente a atingir os objetivos propostos para o tratamento”, en- É comprovado que o contato com os animais ajuda a liberar di-
sina Laís Milani, psicóloga e membro da diretoria da área de Tera- versos hormônios do bem: endorfinas beta, prolactina e oxitocina.
pia Assistida por Animais do Instituto Nacional de Ações e Terapias Eles todos atuam regulando as taxas de cortisol, hormônio relacio-
Assistidas por Animais (Inataa). nado ao estado de alerta, o que reduz o estresse. A psicóloga Laís
No Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, a entrada Milani, da Inataa, relembra outros benefícios: “Estudos indicam que
de bichos de estimação é liberada desde o ano de 2009, desde que a interação homem-animal traz uma sensação de bem-estar e con-
autorizado pelo médico responsável de cada paciente. “Na verdade forto, resultando na diminuição dos níveis de adrenalina, relaciona-
sempre existiu essa solicitação, que partia de pacientes e familia- do ao aumento da pressão arterial”. Além disso, essa convivência
res. Como existia demanda e isso até encurta a permanência das libera outro hormônio, a acetilcolina, que está relacionada ao es-
pessoas no hospital, de acordo com diversos estudos, criamos esse tado de tranquilidade, diminuição da pressão arterial, frequência
fluxo e o transformamos em uma rotina, com procedimentos clara- cardíaca e respiratória, todos sintomas do estresse.
mente definidos e institucionalizados”, explica Rita Grotto, gerente
de atendimento ao cliente do hospital. Melhora o quadro de depressão

Qual o animal certo para a pet terapia? É um consenso entre os especialistas que estar com um animal
Nem todo animal nasceu para ser um terapeuta, por assim de estimação aumenta a autoestima, senso de valor próprio, o esta-
dizer. “Ele precisa ser tranquilo, ter uma personalidade que as pes- belecimento de hábitos positivos e o interesse pelo outro. Tudo isso
soas possam abraçar, beijar e apertar, sem que ele reaja”, explica pode beneficiar pacientes depressivos, que apresentam problemas
o adestrador José Luis Doroci, fundador do Projeto Novo Guia. Os nessas áreas. «Estudos verificaram um aumento da produção e li-
animais mais comuns são os cães e os cavalos, que no geral tem beração da serotonina e dopamina, hormônios responsáveis pela
um temperamento mais dócil. Mas gatos, jabutis, peixes, coelhos e sensação de prazer e alegria, após 15 a 20 minutos de interação
aves também podem e são usados nesse tipo de projeto. com o cão», reitera a psicóloga Cristiane Blanco.
Não há uma recomendação específica de quem pode ser aju-
dado pela pet terapia. “Qualquer paciente pode ser beneficiado, (Fonte: texto adaptado de https://www.minhavida.com.br/bem-
desde que não haja alguma contraindicação, como por exemplo, -star/galerias/16239-animais-tambem-podem-ser-terapeutas-e-aju-
medo de animais, alergia ou problemas de respiração, entre ou- dar-no-tratamento-de-doencas, acesso em fevereiro de 2020.)
tros”, observa a psicóloga Fabiana Oliveira, do Instituto para Ativi-
dades, Terapias e Educação Assistida por Animais de Campinas (Ate- Assinale a alternativa que possua vocábulo acentuado pela
ac). Porém, alguns tipos de pacientes e alguns quadros clínicos têm mesma justificativa empregada em terapêutico:
um resultado já atestado, dentre os quais se destacam: (A) saúde.
(B) benefícios.

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(C) esquizofrênico. da evasão escolar. Criticado por educadores, o atual sistema de en-
(D) até. sino é considerado ultrapassado. Profissionais do ramo acreditam
(E) responsável. que o tradicional “aluno em carteiras enfileiradas e um professor
na frente da sala” não funciona mais como outrora, sendo cada vez
40. IBADE - Professor (SEE AC)/P1/Mediador/2020 mais necessária uma mudança.
Leia a tirinha e responda ao que se pede.
• Situação econômica desfavorável - relacionada às duas cau-
sas citadas, faz-se necessário mais um contribuinte para pagar as
contas de casa – acarretando, então, no abandono da escola pelo
jovem e a consequente inserção precoce no mercado de trabalho.
Essa causa é uma das mais comuns para a evasão escolar. Não
conseguindo conciliar os estudos com as atividades laborais, o jo-
vem prefere trabalhar com o que der desde cedo para conseguir sua
autonomia financeira – mesmo que com um baixo salário.
A não conclusão dos estudos, no entanto, faz com que esse
jovem seja classificado com uma baixa qualificação perante outros
concorrentes formados.
(Fonte:http://dstsaidsnaadolescencia.blogspot.com/2017/08/interpre-
tacao-das-charges.html, acesso em fevereiro de 2020.)
(Fonte: texto adaptado de https://escolaweb.com.br/artigos/conhe-
ca-as-principais-causas-da-evasao-escolar/, acesso em fevereiro de
O vocábulo, presente na tirinha, “grávida” é acentuado pela re-
2020.)
gra ortográfica descrita em:
Após leitura do trecho “o jovem prefere trabalhar com o que
(A) proparoxítona a ser sempre acentuada.
der desde cedo para conseguir sua autonomia financeira – mesmo
(B) paroxítona a ser sempre acentuada.
(C) oxítona a ser sempre acentuada. que com um baixo salário.”, marque a alternativa que descreve a
(D) paroxítona terminada em vogal ‘a’ deve ser sempre acen- acentuação da palavra destacada:
tuada. (A) monossílabo tônico.
(E) oxítona terminada em vogal ‘a’ deve ser sempre acentuada. (B) paroxítona terminada em ditongo.
(C) proparoxítona.
41. IBADE - Professor (SEE AC)/P2/Atendimento Educacional (D) oxítona terminada em vogal oral ‘o’.
Especializado/2020 (e mais 13 concursos) (E) hiato em posição paroxítona.

Texto 1 - Evasão escolar 42. IBADE - Professor (SEE AC)/PNS-P2/Linguagens/2020 (e


Uma pesquisa recente do Banco Mundial revelou que 52% dos mais 1 concurso)
jovens brasileiros entre 19 a 25 anos largaram os estudos, não se Texto 3
dedicam minimamente à escola ou estão com a formação atrasada.
O dado é alarmante. “Era profundamente derrotado pelo mundo em que vivia. E se-
A mesma pesquisa ainda nos revela outras informações, como parara-se das pessoas pela sua derrota e por sentir que os outros
o fato de que, atualmente, 43% da população no Brasil acima dos 25 também eram derrotados. Ele não queria fazer parte de um mun-
anos não completaram o Ensino Médio. do onde, por exemplo, o rico devorava o pobre. Como parecia-lhe
Contrariando o senso comum de que a maior causa da evasão um movimento apenas romântico, o seu, se se agregasse aos que
escolar é os jovens deixarem as salas de aula para trabalharem, o lutavam contra o esmagamento da vida como esta era, então fe-
abandono da escola começa com faltas esporádicas, devido à falta chou-se numa individualização que, se não tomasse cuidado, podia
de interesse do aluno. se transformar em solidão histérica ou meramente contemplativa.
Mesmo entre a juventude que continua nas salas de aula – Enquanto não viesse algo melhor, procurava relacionar-se com os
contando adolescentes e jovens acima dos 18 anos -, constata-se outros derrotados por intermédio de uma espécie de amor torto,
que 62% não estudam no ano adequado a sua idade. que atingia tanto os outros como, de algum modo, a si próprio.”
A partir dos dados acima, é necessário fazer um levantamento
das principais causas da evasão escolar a fim de entender a raiz des- Fonte: http://notaterapia.com.br/2019/02/28/vender-alma-no-coti-
se problema, portanto destacam-se: diano-13-cronicas-curtas-de-clarice-lispector/, acesso em fevereiro de
2020
Distância - principalmente entre os alunos da educação infantil
e do começo do ensino fundamental, a distância entre a residência
e a escola pode ser um fator determinante para a ausência do aluno “Próprio” é palavra usada no texto, qual a justificativa para
das salas de aula. A oferta de transporte escolar por parte de órgãos seu emprego de acentuação:
públicos poderia ser uma solução viável para esse problema. (A) proparoxítona.
(B) paroxítona terminada em vogal ‘o’.
• Desinteresse - mais presente entre alunos do final do ensino (C) paroxítona terminada em ditongo.
fundamental ou do ensino médio, o desinteresse é a principal causa (D) hiato em posição paroxítona.
(E) hiato em posição oxítona.

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43. IBADE - Recenseador (IBGE)/2019 44. IBADE - Técnico Administrativo em Educação (IF RO)/Admi-
Empresa alfabetiza auxiliares de limpeza em vez de demiti-los nistrador/2019 (e mais 7 concursos)
por não saberem ler “Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, sur-
Nátaly Bonato é community manager da WeWork Paulista, gir de ombros e braços nus, para dançar. A Lua destoldara-se nesse
um espaço de trabalho compartilhado, na Avenida Paulista, em São momento, envolvendo-a na sua coma de prata, e cujo refulgir os
Paulo. Para resolver problemas de limpeza da unidade, Nátaly ima- meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça
ginou que um relatório seria o suficiente. irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso,
O relatório deveria ser preenchido pelos funcionários da limpe- com muito de serpente e muito de mulher.
za todos os dias dizendo se a sala do cronograma tinha sido limpa e, Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebo-
caso não, colocar um comentário explicando o porquê. lando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda,
“O relatório demorou uma semana para chegar e, quando ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num re-
veio, o banheiro virou um caos. Não entendi nada, nos reunimos e quebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga
a descoberta foi que 50% do time (terceirizado) era iletrado”, escre- empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como
veu Nátaly no Facebook. se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que
Em vez de trocar a equipe [o que infelizmente é uma prática se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltas-
bastante recorrente], Nátaly teve uma ideia muito melhor: procu- se à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar
rar nas escolas que fazem parte da WeWork alguém que pudesse e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os
alfabetizar os auxiliares de limpeza. Foi assim que ela conheceu a quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente,
pedagoga Dani Araujo, da MasterTech, que topou o desafio. erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
“As pessoas não são descartáveis. Eu não queria que alguém sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tiri-
passasse pela minha vida sem ter o meu melhor, sem que eu pu- lando.”
desse tentar. Então, eu não queria que eles saíssem daqui um dia
e continuassem tendo aquelas profissões porque eles não tinham O cortiço. Aluísio de Azevedo.
escolha”, disse Nátaly em entrevista ao Razões para Acreditar.
As aulas aconteciam às terças e quintas-feiras, no horário de Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas
almoço, e duravam 1 hora e meia. “Foi ousado participar desse pro- pela mesma regra que explica o uso do acento agudo em “paraíso”:
jeto. Não tinha experiência com letramento para adultos. Vibrei e (A) miséria-critério-hemisfério.
chorei com cada conquista que fazíamos juntos, me sinto privilegia- (B) saúde-saúva-saída.
da pelo aprendizado que eles me proporcionaram”, afirmou a peda- (C) chá-crê-pó.
goga, que continuou dando as aulas mesmo depois de se desligar (D) árvore-patético-xícara.
da MasterTech. (E) jabá-chuIé-mocotó.
Cinco meses depois, Irene, Neuraci e ‘Madruga’ já conseguiam
escrever uma carta. Para celebrar essa conquista, Nátaly e seu time 45. IBADE - Motorista (Pref Jaru)/Veículo Leve/Transporte de
organizaram uma formatura surpresa. “Na hora que eu vi eles vindo Emergência/2019 (e mais 2 concursos)
de beca, eu comecei a desfalecer de chorar e não só eu! Todo mun- MINHA HISTÓRI(A)
do. A gente fez na área comum da WeWork”, lembra Nátaly. “Foi Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
muito incrível mesmo. Acho que é a melhor experiência da minha Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
vida”. Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E eles tiveram inclusive “formatura” com direito à beca e tudo! E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente
Ele assim como veio partiu não se sabe pra onde
Por Redação. E deixou minha mãe com olhar cada dia mais longe
Disponível em: https://razoesparaacreditar.com.08/01/2018. Esperando parada, pregada na pedra do porto
Acesso em 05/07/2019 Com seu único velho vestido cada dia mais curto
Quando enfim eu nasci, minha mãe
Assinale a opção em que a palavra destacada foi acentuada de embrulhou-me num manto
acordo com a mesma regra de acentuação do verbo SAIR em: EU Me vestiu como se eu fosse assim uma
NÃO QUERIA QUE ELES SAÍSSEM. espécie de santo
(A) No ÍNTIMO, eles sabiam a verdade (...)
(B) Aqueles funcionários eram INCANSÁVEIS
(C) Todos os trabalhos eram pedidos com URGÊNCIA. (Chico Buarque)
(D) Cerca de um entre TRÊS brasileiros não é capaz de assinar
o próprio nome A alternativa em que todas as palavras se acentuam de acordo
(E) Depois que se machucou, os pés ficaram DOÍDOS por um com a norma culta da língua é:
bom tempo (A) límpido – armazém – jóia.
(B) enjôo – lâmpada – estréia.
(C) assembléia – saída – boêmio.
(D) paranóia – juiz – raiz.
(E) troféu – egoísmo – saúde.
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46. IBADE - Administrador de Empresas (Pref Vilhena)/2019 (e Está(ão) correta(s):


mais 46 concursos) (A) somente I.
Com base no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (B) somente I e IV.
e nas regras de acentuação gráfica das palavras paroxítonas, levam (C) somente II, III, IV e V.
acento agudo as seguintes palavras: (D) somente II e III.
I. amável (E) I, II, III, IV e V.
II. ímpar.
III. enjôo 50. IBADE - Auxiliar Administrativo (Pref Vilhena)/2019 (e mais
IV. córtex 1 concurso)
V. bóia. A palavra grafada INCORRETAMENTE em relação ao uso de
Estão corretas: acento circunflexo é:
(A) somente I e II. (A) cortês.
(B) somente I, II e III. (B) avô.
(C) somente I, II e IV. (C) você.
(D) somente II e IV. (D) robô.
(E) somente I, II, IV e V. (E) vôo.

47. IBADE - Agente Administrativo (Pref Vilhena)/2019 (e mais


20 concursos) GABARITO
Em relação ao acento tônico de palavras paroxítonas, assinale
a alternativa correta.
(A) Material, vívido, dinâmico
1 C
(B) Prefeitura, barro, miserável
(C) Fundamental, melão, sofá 2 C
(D) Café, felicíssimo, fenomenal 3 A
(E) Condição, amanhã, carismático
4 D
48. IBADE - Agente Administrativo (Pref Vilhena)/2019 (e mais 5 C
20 concursos)
6 C
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
sa e com base na acentuação gráfica dos ditongos representados 7 B
por ei e oi da silaba tônica das palavras paroxítonas, a(s) palavra(s) 8 D
grafada(s) corretamente é(são):
I. Proteico. 9 A
II. Idéia. 10 D
III. Bóia.
11 A
IV. Aldeia.
V. Assembléia. 12 D
Está(ão) correta(s): 13 B
(A) somente I.
(B) somente I e IV. 14 C
(C) somente II, III, IV e V. 15 B
(D) somente II, III e V. 16 E
(E) I, II, III, IV e V.
17 E
49. IBADE - Auxiliar Administrativo (Pref Vilhena)/2019 (e mais 18 C
1 concurso)
19 E
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
sa e com base na acentuação gráfica dos ditongos representados 20 D
por ei e oi da silaba tônica das palavras paroxítonas, a(s) palavra(s) 21 B
grafada(s) corretamente é(são):
I. oitenta. 22 D
II. proteico. 23 D
III. aldeia.
24 A
IV. heróico.
V. alcatéia. 25 D
26 D

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27 A ______________________________________________________

28 A ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________
31 E
______________________________________________________
32 B
33 A ______________________________________________________
34 A ______________________________________________________
35 A
______________________________________________________
36 C
______________________________________________________
37 E
38 E ______________________________________________________
39 C ______________________________________________________
40 A
______________________________________________________
41 B
______________________________________________________
42 C
43 E ______________________________________________________
44 B ______________________________________________________
45 E
______________________________________________________
46 C
47 B ______________________________________________________
48 B ______________________________________________________
49 D
______________________________________________________
50 E
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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INFORMÁTICA BÁSICA

imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (WINDOWS) área de trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior
também sofreu mudanças significativas.
Windows 7
Barra de tarefas
O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares – Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um
desenvolvido pela Microsoft1. retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão)
Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o ativo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas
Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva. ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O janelas ou entre programas.
novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos
do Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do
computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os
elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Alternar entre janelas.


Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de


inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos
acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um
único botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização
das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de
tarefas.

Área de Trabalho do Windows 7.

Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noti-
cia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.
html

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em


que ficam dispostosalguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às

1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/
AulaDemo-4147.pdf
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INFORMÁTICA BÁSICA

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador,
Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar,
Suspender ou Hibernar.

Pré-visualização de janela.
Ícones
Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noti- Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você
cia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar- pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
-do-windows-7.html Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de
Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.
Botão Iniciar
Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o
Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o
Windows e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone
na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows
7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão
Botão Iniciar
organizada do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas,
movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-win-
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e
dows-vista-acaba-em-11-de-abril
movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-
los e também renomeá-los. Em suma, é este o programa que
O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele
disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus
dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus
dados gravados.
que, por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado,
o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-ex-
Menu Iniciar. plorer-clover-2.html

Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-
-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml

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INFORMÁTICA BÁSICA

Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por • WordPad


padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter
arquivos e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se
músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca comparado com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é
para que você organize da forma como desejar. a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo
com a extensão DOC entre outras.

Bibliotecas no Windows 7.

Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-win-
dows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm
WordPad.
Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-
São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, -new-life
ferramentas para melhorar o desempenho do computador,
calculadora e etc. • Paint
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é
Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões:
e no submenu, que aparece, escolha Acessórios. JPG ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

• Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso
de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto.
Utilizado normalmente para editar arquivos que podem ser usados
pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto
que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria
arquivos com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto
somente no formato ASCII (somente texto).

Paint.
Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsof-
t-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html

Bloco de Notas.

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INFORMÁTICA BÁSICA

• Calculadora Novidades do Windows 7


Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento
programador e estatística. rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para
as bordas pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional
e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas
que ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do
que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item
minimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do
Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação
de ícones em determinado local, a reorganização de ícones para
facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria
barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as
gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o
usuário redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não
dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem
compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do
suporte a TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também
conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas
locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração,
o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos
pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo
OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque
• Painel de Controle na tela, o que inclui o acesso a pastas,
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas
para configurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo
Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para e mais simples de ser configurado e usado.
tarefas comuns (por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas
Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração
usuário também podem inserir ícones no Painel de controle. de perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes
variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões
residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que
ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele
ficou com realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento
de screens atualizadas.

WINDOWS 8

Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação
mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do
Windows 82. Trata-se de um espaço que reúne em um único lugar
Painel de Controle. blocos retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos,
à lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos
Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noti- compromissos da agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso
cia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html que substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por
2 https://www.infowester.com/
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INFORMÁTICA BÁSICA

padrão não está disponível na versão 8. É por este motivo que é – Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer
possível alternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões
semelhante ao desktop do Windows 7, por sinal) utilizando os Windows, mas em tablets é uma importante forma de acesso;
botões Windows do teclado. – Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter
acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos,
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários impressoras e outros;
que sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e – Configuração: é por aqui que você pode personalizar
Windows 10, o botão Iniciar volta. o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar
atualizações, ajustar conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.
pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicialmente
chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e,
agora, se refere a ela como Modern (moderna).

• Login com Microsoft Account


O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra
Interface Metro do Windows 8. às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Fonte: https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fo- Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema.
tos-do.html Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É
• Tempo de Inicialização claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo preferir poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu
de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa nome e senha existem só no computador, não havendo integração
diferença se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a com as nuvens. Também é importante frisar que, quem preferir o
mais para iniciar3. login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mesmo
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta quando não houver acesso à internet.
da otimização de recursos do sistema operacional e também do
baixo consumo que o Windows 8 utiliza do processador. • Senha com imagem
Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação
• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar) de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é
Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com simples: em vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário
botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um
Bar. Eles ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los desenho com três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez
facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o que for necessário realizar login, a imagem em questão será exibida
canto direito superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo e o usuário terá que repetir o movimento que criou.
com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região. É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é
Com o teclado, pressione Windows + C simultaneamente. particularmente interessante para login rápido em tablets, por
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com causa da ausência de teclado para digitação de senha.
cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos • Windows Store (Loja)
ou arquivos presentes em seu computador, assim como conteúdo Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o
armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A
escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de busca maioria dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário
para filtrar a sua pesquisa; também poderá adquirir softwares pagos também.
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar
informações em redes sociais, transferir arquivos para outros
computadores, entre outros;

3 https://www.professordeodatoneto.com.br/
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INFORMÁTICA BÁSICA

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se


você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir
um arquivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o
seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente
iniciará a busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura
ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados aplicativos
É válido destacar que o Windows 8 é compatível com criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar
programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
maioria deles. Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a – Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos
loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por diante.
programas distribuídos diretamente pelo desenvolvedor ou por Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
sites de download, por exemplo, continua valendo. – Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo,
essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos,
• Notificações especialmente para o segmento corporativo, como virtualização e
A Microsoft também deu especial atenção às notificações gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gratuita
no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, do Windows Media Center.
por exemplo, quando há atualizações disponíveis: também há Área de Trabalho
notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo
chegada de e-mails ou de um compromisso em sua agenda por Windows, possuindo as mesmas funções das versões anteriores,
meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro mas com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais,
programa estiver ocupando toda a tela. pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova interface
Metro.
• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema
operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para
se acostumar a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito
de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor
o sistema é aprendendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao
toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado.
Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o
canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da
janela será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu
dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento:
com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e
a arraste até a parte inferior da tela; Área de trabalho do Windows 8.
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com
o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão Fonte: https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-
ali várias opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o -face-289865
software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo
bloco e o mova para cima; Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.
velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo
tempo; Extrair arquivos mais rápidos
O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação
e extração de arquivos, assim como também na transferência de
dados e no tempo para abrir algum software.

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68
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INFORMÁTICA BÁSICA

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras
de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela
Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas
de aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as
outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta
dar apenas um clique para abrir a página com os aplicativos em
destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema
operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja,
o Windows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar
seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores. WordPad
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como
redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google um editor de textos, porque possui recursos de formatação.
Plus, entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela
inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch
que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário
possa usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as
mãos, sem o uso de mouse.

Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos
programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do
dia-a-dia, vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a
Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros
programas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de
outro aplicativo.
Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O
Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos
no formato bitmap que são imagens formadas para pequenos
pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos
através de cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de
pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos
normalmente são salvos no formato BMP, mas o programa também
permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows
porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de
formatação existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e
tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas
de computador.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Lixeira Painel de Controle


Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento
temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo
ou pasta em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído
imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento
de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interessante
em um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar
quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada um
que utiliza o computador. É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar
Se você possui status de administrador do Windows pode todas as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora
realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções. do computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço
virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
Restauração do Sistema O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui
É um recurso do Windows em que o computador literalmente vários ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste
volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando diferente no Windows.
programas que o usuário instalou comprometem o funcionamento
do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um Bitlocker
estado anterior à instalação do programa. É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate
e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
Windows Explorer Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados.
É o programa que acompanha o Windows e tem por função Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada
gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo pelo recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a
e qualquer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda ativação.
pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.,
WINDOWS 10

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a


proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma
única plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão
equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console
Xbox One e produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de
realidade aumentada HoloLens4.

Versões do Windows 10
– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada
para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e
notebook), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para
PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home,
os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte
remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.

4 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/
SlideDemo-4147.pdf
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INFORMÁTICA BÁSICA

– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, Aero Glass (Efeito Vidro)
o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes,
Os alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, parecendo um vidro.
e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente
em tecnologias desenvolvidas no campo da segurança digital e
produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows
10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as
necessidades do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os
dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para
smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise
tem como objetivo entregar a melhor experiência para os
consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas
eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de Efeito Aero Glass.
atendimento para o varejo e robôs industriais – todas baseadas no
Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise. Fonte: https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e -glass-lancado-mod-windows-10.htm
desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft. Aero Flip (Alt+Tab)
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Permite a alternância das janelas na área de trabalho,
Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para organizando-as de acordo com a preferência de uso.
uso profissional mais avançado em máquinas poderosas com vários
processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no
Windows a partir da versão 7.

Efeito Aero Flip.


Área de Trabalho do Windows 10. Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas.
Fonte: https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre- Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/ ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão
minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta
sacudir novamente e todas as janelas serão restauradas.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Efeito Aero Peek.


Efeito Aero Shake (Win+Home)
Menu Iniciar
Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado) Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do
Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu
maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na
de modo a ocupar metade do monitor. direita, temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP,
Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita
temos uma versão compacta da Modern UI, lembrando muito os
azulejos do Windows Phone 8.

Efeito Aero Snap.


Menu Iniciar no Windows 10.
Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar
Tudo) Fonte: https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-di-
O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o cas-usar-melhor-menu-iniciar
usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil
quando você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está Nova Central de Ações
cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows
ver o que precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões
janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área anteriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo
de trabalho (parte inferior direita do Desktop). Ao posicionar o Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.
mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto
transparente. Ao clicar sobre ele, as janelas serão minimizadas.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Para abrir a Cortana selecionando a opção

na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o tema que deseja.

Central de ações do Windows 10.


Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/
Cortana no Windows 10.
windows-how-to-open-action-center
Fonte: https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-
Paint 3D
-novo-visual-windows-10-rumor.htm
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados,
Microsot Edge
especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o
antigas de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design
Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional
mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar
da Microsoft. O programa tem como características a leveza, a
o programa mais versátil.
rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por
de suporte a tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser
Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.
Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com
serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o
serviço de armazenamento na nuvem OneDrive, além do suporte a
ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer
anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da
Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos
para mais tarde e lê-los no modo de leitura
.
Focalize guias abertas para visualizá-las e leve seus favoritos e
sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em ou-
tro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows
10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.

Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge


Paint 3D.
ou clique no ícone na barra de tarefas.
Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema
operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a
Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o
caso do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que
vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades
nativas. O assistente pessoal inteligente que entende quem você
é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar
quando for solicitado, por meio de informações-chave, sugestões e
até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.

Microsoft Edge no Windows 10.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.

Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.

Fonte: https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas

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INFORMÁTICA BÁSICA

One Drive • Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Co-


O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilha- lar)
mento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
pode acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dis- 1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados
positivo. na imagem acima – Explorador de arquivos).
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem 2. Botão direito do mouse.
com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que 3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção
está disponível para todos os dispositivos que você usar. com a letra da unidade e origem e destino).

OneDivre.

Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta- Central de Segurança do Windows Defender


-do-onedrive-no-windows-10 A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área
de proteção contra vírus e ameaças.
Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, cli
organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo que no botão , selecione
está disponível para um ou mais programas de computador, sendo
essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela Configurações > Atualização e segurança > Windows De-
extensão recebida no ato de sua criação ou alteração. fender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido


de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe
uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns
são arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx),
de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.
xlsx) e apresentações (monografia.pptx).

Windows Defender.
• Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/
dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de-
organizar tudo o que está dentro das unidades. 7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar
documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos Lixeira
de arquivos existentes. A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como excluídos das unidades internas do computador (c:\).
os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos. Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.

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INFORMÁTICA BÁSICA

- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.


- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D. EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AM-
BIENTES MICROSOFT OFFICE)
Arquivos apagados permanentemente:
- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...). Microsoft Office
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é
mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o
tamanho do HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente


na área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10


Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados,
mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes
físicos). O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
– Ferramenta de Captura. uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas
– Gravador de passos. em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
– Internet Explorer. Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
– Mapas. PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
– Mapa de Caracteres.
– Paint. Word
– Windows Explorer. O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
– WordPad. podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
– Xbox. então apresentar suas principais funcionalidades.

Principais teclas de atalho • Área de trabalho do Word


CTRL + F4: fechar o documento ativo. Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
CTRL + R ou F5: atualizar a janela. com a necessidade.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

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INFORMÁTICA BÁSICA

• Iniciando um novo documento


Recursos automáticos de caixa-altas
e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar
Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações diferentes tipos de marcadores automáticos:
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo
para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os
alinhamentos automáticos disponíveis na plataforma do Word. • Outros Recursos interessantes:

GUIA PÁGINA TECLA DE GUIA ÍCONE FUNÇÃO


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO - Mudar Forma
Justificar (arruma a direito - Mudar cor de
e a esquerda de acordo Ctrl + J Página inicial Fundo
com a margem - Mudar cor do
texto
Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E - Inserir Tabelas


Inserir
- Inserir Imagens
Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho) Verificação


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área Revisão e correção
de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos ortográfica
básicos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou
pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos
recursos automáticos.
Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
Tipo de letra a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
Tamanho – Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados


Aumenta / diminui tamanho automaticamente.

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INFORMÁTICA BÁSICA

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas
específicas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

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INFORMÁTICA BÁSICA

• Formatação células

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

Editora
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INFORMÁTICA BÁSICA

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o Word
e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente ao
Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

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INFORMÁTICA BÁSICA

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma


apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la
bastando clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pelas Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade
quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. A de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações,
edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já levando a experiência dos usuários a outro nível.
apresentado anteriormente.
Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamentos
com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos
podem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de
smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro melhores formas de apresentar dados.
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
uma posição para outra utilizando o mouse. • Atualizações no PowerPoint
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas Office2013 tem um grande número de templates para uso de
para passagem entre elementos das apresentações. criação de apresentações profissionais;

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INFORMÁTICA BÁSICA

– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;


– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar
juntamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso
que permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em
um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras
ferramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda
em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo
de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a
pesquisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de
toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando
assim a digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos
anteriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos • Atualizações no Excel
móveis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
a questão do compartilhamento dos arquivos. destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.
• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos
anteriores, agora com uma maior integração com dispositivos
moveis, além de ter aumentado o número de templates melhorado
a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não houve
uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em 3D,
todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensíveis ao
toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

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82
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA BÁSICA

REDE DE COMPUTADORES: CONCEITOS BÁSICOS, FERRA-


MENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS E INTERNET E
INTRANET; PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO; SÍTIOS DE BUS-
CA E PESQUISA NA INTERNET

Uma rede de computadores é formada por um conjunto


de módulos processadores capazes de trocar informações e
compartilhar recursos, interligados por um sistema de comunicação
(meios de transmissão e protocolos)5.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

As redes de computadores possuem diversas aplicações


comerciais e domésticas.
As aplicações comerciais proporcionam:
– Compartilhamento de recursos: impressoras, licenças de
software, etc.
– Maior confiabilidade por meio de replicação de fontes de
dados
– Economia de dinheiro: telefonia IP (VoIP), vídeo conferência,
etc.
– Meio de comunicação eficiente entre os empregados da
empresa: e-mail, redes sociais, etc.
– Comércio eletrônico.
As aplicações domésticas proporcionam:
– Acesso a informações remotas: jornais, bibliotecas digitais,
etc.
– Comunicação entre as pessoas: Twitter, Facebook, Instagram,
etc.
– Entretenimento interativo: distribuição de músicas, filmes,
etc.
– Comércio eletrônico.
– Jogos.
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura Modelo Cliente-Servidor
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário Uma configuração muito comum em redes de computadores
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o emprega o modelo cliente-servidor O cliente solicita o recurso ao
Word, Excel e PowerPoint. servidor:

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as
melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é
responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

5 NASCIMENTO, E. J. Rede de Computadores. Universidade Federal do


Vale do São Francisco.
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INFORMÁTICA BÁSICA

No modelo cliente-servidor, um processo cliente em uma


máquina se comunica com um processo servidor na outra máquina.
O termo processo se refere a um programa em execução.
Uma máquina pode rodar vários processos clientes e servidores
simultaneamente.

Equipamentos de redes
Existem diversos equipamentos que podem ser utilizados nas
redes de computadores6. Alguns são:
– Modem (Modulador/Demodulador): é um dispositivo de
hardware físico que funciona para receber dados de um provedor
de serviços de internet através de um meio de conexão como
cabos, fios ou fibra óptica. .Cconverte/modula o sinal digital em
sinal analógico e transmite por fios, do outro lado, deve ter outro
modem para receber o sinal analógico e demodular, ou seja, Fonte: http://eletronicaapolo.com.br/novidades/o-que-e-o-cabo-de-re-
converter em sinal digital, para que o computador possa trabalhar de-par-trancado
com os dados. Em alguns tipos, a transmissão já é feita enviando
os próprios sinais digitais, não precisando usar os modens, porém, • Cabos de pares trançado
quando se transmite sinais através da linha telefônica é necessário Os pares trançados são o meio de transmissão mais antigo
o uso dos modems. e ainda mais comum em virtude do custo e desempenho obtido.
– Placa de rede: possui a mesma tarefa dos modens, porém, Consiste em dois fios de cobre encapados e entrelaçados. Este
somente com sinais digitais, ou seja, é o hardware que permite os entrelaçado cancela as ondas de diferentes partes dos fios diminuindo a
computadores se comunicarem através da rede. A função da placa interferência. Os pares trançados são comuns em sistemas telefônicos,
é controlar todo o recebimento e envio dos dados através da rede. que é usado tanto para chamadas telefônicas quanto para o acesso
– Hub: atuam como concentradores de sinais, retransmitindo à internet por ADSL, estes pares podem se estender por diversos
os dados enviados às máquinas ligadas a ele, ou seja, o hub tem a quilômetros, porém, quando a distância for muito longa, existe a
função de interligar os computadores de uma rede local, recebendo necessidade de repetidores. E quando há muitos pares trançados em
dados de um computador e transmitindo à todos os computadores paralelo percorrendo uma distância grande, são envoltos por uma capa
da rede local. protetora. Existem dois tipos básico deste cabo, que são:
– Switch: semelhante ao hub – também chamado de hub – UTP (Unshielded Twisted Pair – Par trançado sem blindagem):
inteligente - verifica os cabeçalhos das mensagens e a retransmite utilizado em redes de baixo custo, possui fácil manuseio e instalação
somente para a máquina correspondente, criando um canal de e podem atingir até 100 Mbps na taxa de transmissão (utilizando as
comunicação exclusiva entre origem e destino. especificações 5 e 5e).
– Roteador: ao invés de ser conectado às máquinas, está – STP (Shielded Twisted Pair – Par trançado com blindagem):
conectado às redes. Além de possuir as mesmas funções do switch, possui uma utilização restrita devido ao seu custo alto, por isso, é
possui a capacidade de escolher a melhor rota que um determinado utilizado somente em ambientes com alto nível de interferência
pacote de dados deve seguir para chegar a seu destino. Podemos eletromagnética. Existem dois tipos de STP:
citar como exemplo uma cidade grande e o roteador escolhe o 1- Blindagem simples: todos os pares são protegidos por uma
caminho mais curto e menos congestionado. camada de blindagem.
– Access Point (Ponto de acesso – AP): similar ao hub, oferece 2- Blindagem par a par: cada par de fios é protegido por uma
sinais de rede em formas de rádio, ou seja, o AP é conectado a uma camada de blindagem.
rede cabeada e serve de ponto de acesso a rede sem fio.
• Cabo coaxial
Meios de transmissão O cabo coaxial consiste em um fio condutor interno envolto por
Existem várias formas de transmitir bits de uma máquina para anéis isolantes regularmente espaçados e cercado por um condutor
outra através de meios de transmissão, com diferenças em termos cilíndrico coberto por uma malha. O cabo coaxial é mais resistente à
de largura de banda, atraso, custo e facilidade de instalação e interferência e linha cruzada do que os cabos de par trançado, além
manutenção. Existem dois tipos de meios de transmissão: guiados de poder ser usado em distâncias maiores e com mais estações.
e não guiados: Assim, o cabo coaxial oferece mais capacidade, porém, é mais caro
– Meios de transmissão guiados: os cabos de par trançado, do que o cabo de par trançado blindado.
cabo coaxial e fibra ótica; Os cabos coaxiais eram usados no sistema telefônico para
– Meios de transmissão não guiados: as redes terrestres sem longas distância, porém, foram substituídos por fibras óticas. Estes
fios, satélites e raios laser transmitidos pelo ar. cabos estão sendo usados pelas redes de televisão a cabo e em
redes metropolitanas.

• Fibras óticas
A fibra ótica é formada pelo núcleo, vestimenta e jaqueta, o
centro é chamado de núcleo e a próxima camada é a vestimenta,
tanto o núcleo quanto a vestimenta consistem em fibras de vidro
6 http://www.inf.ufpr.br/albini/apostila/Apostila_Redes1_Beta.pdf com diferentes índices de refração cobertas por uma jaqueta
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protetora que absorve a luz. A fibra de vidro possui forma cilíndrica,


flexível e capaz de conduzir um raio ótico. Estas fibras óticas são
agrupadas em um cabo ótico, e podem ser colocadas várias fibras
no mesmo cabo.
Nas fibras óticas, um pulso de luz indica um bit e a ausência de
luz indica zero bit. Para conseguir transmitir informações através da
fibra ótica, é necessário conectar uma fonte de luz em uma ponta
da fibra ótica e um detector na outra ponta, assim, a ponta que vai
transmitir converte o sinal elétrico e o transmite por pulsos de luz, a
ponta que vai receber deve converter a saída para um sinal elétrico.
As fibras óticas possuem quatro características que a diferem
dos cabos de par traçado e coaxial, que são:
– Maior capacidade: possui largura de banda imensa com
velocidade de dados de centenas de Gbps por distâncias de dezenas
de quilômetros;
– Menor tamanho e menor peso: são muito finas e por
isso, pesam pouco, desta forma, reduz os requisitos de suporte
Exemplo de rede LAN.
estrutural;
– Menor atenuação: possui menor atenuação comparando
Fonte: http://www.bosontreinamentos.com.br/redes-computadores/
com os cabos de par trançado e coaxial, por isso, é constante em
qual-a-diferenca-entre-lan-man-e-wan-em-redes-de-dados
um intervalo de frequência maior;
– Isolamento eletromagnético: as fibras óticas não sofrem
Dependendo do cabeamento e tecnologia usados, essas redes
interferências externas, à ruído de impulso ou à linha cruzada, e
atingem velocidades de 100Mbps, 1Gbps ou até 10Gbps.
estas fibras também não irradiam energia.
Com a preferência do consumidor por notebooks, as LANs sem
fio ficaram bastante populares. O padrão mais utilizado é o IEEE
Esse sistema das fibras óticas funciona somente por um
802.11 conhecido como Wi-Fi. A versão mais recente, o 802.11n,
princípio da física: quando um raio de luz passa de um meio para
permite alcançar velocidades da ordem de 300Mbps.
outro, o raio é refratado no limite sílica/ar. A quantidade de refração
LANs sem fio são geralmente interligadas à rede cabeada
depende das propriedades das duas mídias (índices de refração).
através de um ponto de acesso.
Para ângulos de incidência acima de um certo valor crítico ou acima
é interceptado dentro da fibra e pode se propagar por muitos
• Redes Metropolitanas
quilômetros praticamente sem perdas. Podemos classificar as fibras
Uma rede metropolitana (MAN - Metropolitan Area Network)
óticas em:
é basicamente uma grande versão de uma LAN onde a distância
– Monomodo: se o diâmetro da fibra for reduzido a alguns
entre os equipamentos ligados à rede começa a atingir distâncias
comprimentos de onda, a luz só poderá se propagar em linha
metropolitanas (uma cidade).
reta, sem ricochetear, produzindo assim, uma fibra de modo único
Exemplos de MANs são as redes de TV a cabo e as redes IEEE
(fibra monomodo). Estas fibras são mais caras, porém amplamente
802.16 (WiMAX).
utilizadas em distâncias mais longas podendo transmitir dados a
100 Gbps por 100 quilômetros sem amplificação.
– Multimodo: se o raio de luz incidente na fronteira acima do
ângulo critico for refletido internamente, muitos raios distintos
estarão ricocheteando em diferentes ângulos. Dizemos que cada
raio tem um modo específico, desta forma, na fibra multimodo, os
raios são ricocheteados em diferentes ângulos

Tipos de Redes

• Redes Locais
As redes locais (LAN - Local Area Networks) são normalmente
redes privativas que permitem a interconexão de equipamentos
presentes em uma pequena região (um prédio ou uma universidade
ou que tenha poucos quilômetros de extensão).
As LANs podem ser cabeadas, sem fio ou mistas.
Atualmente as LANs cabeadas mais usadas usam o padrão IEEE Exemplo de rede WAN.
802.3
Para melhorar a eficiência, cada computador é ligado por um Fonte: https://informaticaeadministracao.wordpress.
cabo a uma porta de um comutador (switch). com/2014/04/22/lan-man-e-wan

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• Redes a Longas Distâncias Topologia Barramento


Uma rede a longas distâncias (WAN - Wide Area Network) é uma Todos os computadores são ligados em um mesmo barramento
rede que cobre uma área geográfica grande, usualmente um país ou físico de dados. Apesar de os dados não passarem por dentro de cada
continente. Os hospedeiros da rede são conectados por uma sub- um dos nós, apenas uma máquina pode “escrever” no barramento
rede de comunicação. A sub-rede é composta de dois elementos: num dado momento. Todas as outras “escutam” e recolhem para
linhas de transmissão e elementos de comutação (roteadores). si os dados destinados a elas. Quando um computador estiver a
transmitir um sinal, toda a rede fica ocupada e se outro computador
tentar enviar outro sinal ao mesmo tempo, ocorre uma colisão e é
preciso reiniciar a transmissão.

Vantagens:
– Uso de cabo é econômico;
Exemplo de rede WAN. – Mídia é barata, fácil de trabalhar e instalar;
– Simples e relativamente confiável;
Fonte: https://10infrcpaulo.wordpress.com/2012/12/11/wan – Fácil expansão.

Nos enlaces de longa distância em redes WAN são usadas Desvantagens:


tecnologias que permitem o tráfego de grandes volumes de dados: – Rede pode ficar extremamente lenta em situações de tráfego
SONET, SDH, etc. pesado;
Quando não há cabos, satélites podem ser utilizados em parte – Problemas são difíceis de isolar;
dos enlaces. – Falha no cabo paralisa a rede inteira.
A sub-rede é em geral operada por uma grande empresa de
telecomunicações conhecida como provedor de serviço de Internet • Topologia Estrela
(ISP - Internet Service Provider). A mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza
cabos de par trançado e um concentrador como ponto central da
Topologia de redes rede. O concentrador se encarrega de retransmitir todos os dados
A topologia de rede é o padrão no qual o meio de rede está para todas as estações, mas com a vantagem de tornar mais fácil a
conectado aos computadores e outros componentes de rede7. localização dos problemas, já que se um dos cabos, uma das portas
Essencialmente, é a estrutura topológica da rede, e pode ser do concentrador ou uma das placas de rede estiver com problemas,
descrito fisicamente ou logicamente. apenas o nó ligado ao componente defeituoso ficará fora da rede.
Há várias formas nas quais se pode organizar a interligação
entre cada um dos nós (computadores) da rede. A topologia física
é a verdadeira aparência ou layout da rede, enquanto que a lógica
descreve o fluxo dos dados através da rede.
Existem duas categorias básicas de topologias de rede:
– Topologia física: representa como as redes estão conectadas
(layout físico) e o meio de conexão dos dispositivos de redes (nós
ou nodos). A forma com que os cabos são conectados, e que
genericamente chamamos de topologia da rede (física), influencia
em diversos pontos considerados críticos, como a flexibilidade,
velocidade e segurança. Vantagens:
– Topologia lógica: refere-se à maneira como os sinais – A codificação e adição de novos computadores é simples;
agem sobre os meios de rede, ou a maneira como os dados são – Gerenciamento centralizado;
transmitidos através da rede a partir de um dispositivo para o outro – Falha de um computador não afeta o restante da rede.
sem ter em conta a interligação física dos dispositivos. Topologias
lógicas são capazes de serem reconfiguradas dinamicamente por Desvantagem:
tipos especiais de equipamentos como roteadores e switches. – Uma falha no dispositivo central paralisa a rede inteira.

7 https://www.oficinadanet.com.br/artigo/2254/topologia_de_re-
des_vantagens_e_desvantagens
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• Topologia Anel
Na topologia em anel os dispositivos são conectados em série,
formando um circuito fechado (anel). Os dados são transmitidos
unidirecionalmente de nó em nó até atingir o seu destino. Uma
mensagem enviada por uma estação passa por outras estações,
através das retransmissões, até ser retirada pela estação destino ou
pela estação fonte.

Modelo OSI.

Vantagens: O modelo OSI não é uma arquitetura de rede, pois não


– Todos os computadores acessam a rede igualmente; especifica os serviços e protocolos que devem ser usados em cada
– Performance não é impactada com o aumento de usuários. camada.
O modelo OSI informa apenas o que cada camada deve fazer:
Desvantagens:
– Falha de um computador pode afetar o restante da rede; 1. Camada física
– Problemas são difíceis de isolar. A sua função é assegurar o transporte de bits através de um meio
de transmissão. Dessa forma, as questões de projeto dessa camada
• Topologia Malha estão ligadas a níveis de tensão, tempo de bit, interfaces elétricas
Esta topologia é muito utilizada em várias configurações, pois e mecânicas, quantidade de pinos, sentidos da comunicação, etc.
facilita a instalação e configuração de dispositivos em redes mais
simples. Todos os nós estão atados a todos os outros nós, como se 2. Camada de enlace de dados
estivessem entrelaçados. Já que são vários os caminhos possíveis A sua principal função é transmitir quadros entre duas máquinas
por onde a informação pode fluir da origem até o destino. ligadas diretamente, transformando o canal em um enlace de dados
confiável.
- Divide os dados em quadros e os envia sequencialmente.
- Regula o tráfego
- Detecta a ocorrência de erros ocorridos na camada física

- Em redes de difusão, uma subcamada de controle de acesso


ao meio é inserida para controlar o acesso ao canal compartilhado

3. Camada de rede
A sua função é encaminhar pacotes entre a máquina de origem
e a máquina de destino.
Vantagens: - O roteamento pode ser estático ou dinâmico.
– Maior redundância e confiabilidade; - Realiza o controle de congestionamento.
– Facilidade de diagnóstico. - Responsável pela qualidade de serviço.
- Tem que permitir que redes heterogêneas se comuniquem,
Desvantagem: sendo assim, deve lidar com questões como endereçamento,
– Instalação dispendiosa. tamanho dos pacotes e protocolos heterogêneos.

Modelos de Referência 4. Camada de transporte


Dois modelos de referência para arquiteturas de redes A sua função básica é efetuar a comunicação fim-a-fim entre
merecem destaque: OSI e TCP/IP. processos, normalmente adicionando novas funcionalidades ao
serviço já oferecido pela camada de rede. Pode oferecer um canal
• Modelo de referência ISO OSI (Open Systems Interconnec- ponto a ponto livre de erros com entrega de mensagens na ordem
tion) correta.
Modelo destinado à interconexão de sistemas abertos. Possui
7 camadas: física, enlace de dados, rede, transporte, sessão,
apresentação e aplicação.

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5. Camada de sessão
A sua função é controlar quem fala e quando, entre a origem e o destino (analogia com operações críticas em bancos de dados).

6. Camada de apresentação
A sua função básica é transformar a sintaxe dos dados (forma de representação) sem afetar a semântica. Gerencia estruturas de dados
abstratas.

7. Camada de aplicação
Contém uma série de protocolos necessários para os usuários. É nessa camada que o usuário interage.

• Modelo TCP/IP
Arquitetura voltada para a interconexão de redes heterogêneas (ARPANET)
Posteriormente, essa arquitetura ficou conhecida como modelo TCP/IP graças aos seus principais protocolos.
O modelo TCP/IP é composto por quatro camadas: enlace, internet, transporte e aplicação.

Modelo TCP/IP.

1. Camada de enlace
Não é uma camada propriamente dita, mas uma interface entre os hospedeiros e os enlaces de transmissão

2. Camada internet (camada de rede)


Integra toda a arquitetura, mantendo-a unida. Faz a interligação de redes não orientadas a conexão.
Tem o objetivo de rotear as mensagens entre hospedeiros, ocultando os problemas inerentes aos protocolos utilizados e aos tamanhos
dos pacotes. Tem a mesma função da camada de rede do modelo OSI.
O protocolo principal dessa camada é o IP.

3. Camada de transporte
Permite que entidades pares (processos) mantenham uma comunicação.
Foram definidos dois protocolos para essa camada: TCP (Transmission Control Protocol) e UDP (User Datagram Protocol).
O TCP é um protocolo orientado a conexões confiável que permite a entrega sem erros de um fluxo de bytes.
O UDP é um protocolo não orientado a conexões, não confiável e bem mais simples que o TCP.

4. Camada de aplicação
Contém todos os protocolos de nível mais alto.

Modelo TCP/IP e seus protocolos.


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– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo


de transferência de correio simples, responsável pelo envio de
mensagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office)
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso
de correio internet), ambos protocolos para recebimento de
mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de


e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail.
Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve
escrever sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo
cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário
que possui o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos
em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de
e-mail, comunicando-se com o programa SMTP, entregando a
mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes:
Modelo OSI versus TCP/IP.
o nome do destinatário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a
máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do
@). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o
CORREIO ELETRÔNICO endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-
se com o programa SMTP deste servidor, perguntando se o nome
do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do
E-mail
remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem
mensagem na caixa de e-mail do destinatário.
mensagem atualmente8. Qualquer pessoa que tenha um e-mail
pode mandar uma mensagem para outra pessoa que também
Ações no correio eletrônico
tenha e-mail, não importando a distância ou a localização.
Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte
eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
estrutura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
apelido do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o
recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
acesso. O resultado é algo como:
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados
pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
maria@apostilassolucao.com.br
Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio
mensagens definitivamente (este é um processo de segurança
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
por engano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjunto
entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os
de regras para o uso desses serviços.
e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem
Correio Eletrônico
para envio. Os campos geralmente utilizados são:
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
correio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens
geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
e um protocolo (formato de comunicação) de rede que permite
de destino separados por ponto-e-vírgula.
o envio e recebimento de mensagens9. Estas mensagens são
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também
armazenadas no que chamamos de caixa postal, as quais podem
repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários
ser manipuladas por diversas operações como ler, apagar, escrever,
principais da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
anexar, arquivos e extração de cópias das mensagens.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem
repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os
Funcionamento básico de correio eletrônico
destinatários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois
também foi repassado para os e-mails determinados na cópia
programas funcionando em uma máquina servidora:
oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte
8 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20 da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
Avan%E7ado.pdf ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação
9 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico- de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente
-webmail-e-mozilla-thunderbird/ ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso,
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recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser
recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que
sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo contém
arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

10

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um
servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de
e-mails no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a
Microsoft integrou suas diversas tecnologias.

10 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b
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Diferença entre webmail e correio eletrônico
O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)12.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos
EXTENSÃO TIPO
.jpg, .jpeg, .png, .bpm, .gif, ... Imagem
.xls, .xlsx, .xlsm, ... Planilha
.doc, .docx, .docm, ... Texto formatado
.txt Texto sem formatação
.mp3, .wma, .aac, .wav, ... Áudio
.mp4, .avi, rmvb, .mov, ... Vídeo
.zip, .rar, .7z, ... Compactadores
.ppt, .pptx, .pptm, ... Apresentação
.exe Executável
.msl, ... Instalador
11 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email
12 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas
91
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Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão
universais podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos Iniciar > Programas > Acessórios.
outros que dependem de um programa específico como os
arquivos do Corel Draw que necessita o programa para visualizar.
Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão
são aquelas letras que ficam no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento


do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não
são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no
momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres
(letras, números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso
| > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional. a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir,
renomear, excluir históricos, ter acesso ao prompt de comando
Bibliotecas entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são selecionar algum arquivo.
um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que
só. você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são
Estão divididas inicialmente em 4 categorias: as de Download, documentos e imagens.
– Documentos;
– Imagens; Operações básicas com arquivos do Windows Explorer
– Músicas; • Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com
– Vídeos. o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela.
Você pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar
melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma
mesma pasta um arquivo com o mesmo nome, só será possível se
tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá
no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá
para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o
local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do
mouse e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou
clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por
exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista
Windows Explorer com detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, mesma barra do lado direito.
arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da • Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas
Microsoft13. clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador o arquivo e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e
e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer. selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente
Possui uma interface fácil e intuitiva. no botão direito do mouse e selecionar colar.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de
arquivo ou Explorador de arquivos.
13 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-orga-
nizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-pro-
gramas/
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Localizando Arquivos e Pastas 3. Disponibilidade


No Windows Explorer tem duas: Para que um sistema de informação seja útil, é fundamental
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo que seus dados estejam disponíveis sempre que necessário. Logo,
ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de a disponibilidade é mais um pilar da segurança da informação, que
Pesquisar. Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar garante o acesso em tempo integral (24/7) pelos usuários finais.
a sua busca. Para cumprir esse requisito, você precisa garantir a estabilidade
e acesso permanente às informações dos sistemas, por meio
de processos de manutenção rápidos, eliminação de falhas de
software, atualizações constantes e planos para administração de
crises.
Vale lembrar que os sistemas são vulneráveis a desastres
naturais, ataques de negação de serviço, blecautes, incêndios e
diversas outras ameaças que prejudicam sua disponibilidade.

4. Autenticidade
A autenticidade é o pilar que valida a autorização do usuário
para acessar, transmitir e receber determinadas informações. Seus
mecanismos básicos são logins e senhas, mas também podem ser
utilizados recursos como a autenticação biométrica, por exemplo.
Esse pilar confirma a identidade dos usuários antes de liberar o
Arquivos ocultos acesso aos sistemas e recursos, garantindo que não se passem por
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. terceiros.
Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma
alteração, poderá danificar o Sistema Operacional. 5. Irretratabilidade
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Também chamado de “não repúdio”, do inglês non-repudiation,
Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco. esse pilar é inspirado no princípio jurídico da irretratabilidade. Esse
pilar garante que uma pessoa ou entidade não possa negar a autoria
da informação fornecida, como no caso do uso de certificados
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO digitais para transações online e assinatura de documentos
eletrônicos. Na gestão da segurança da informação, isso significa
ser capaz de provar o que foi feito, quem fez e quando fez em um
— Confidencialidade, integridade, disponibilidade, autentici- sistema, impossibilitando a negação das ações dos usuários.
dade e não repúdio
— Políticas de segurança
1. Confidencialidade As decisões que você como administrador toma ou deixa de
A confidencialidade é o primeiro pilar da segurança da tomar, relacionadas à segurança, irão determinar quão segura ou
informação, pois garante que os dados estejam acessíveis insegura é a sua rede, quantas funcionalidades ela irá oferecer, e
a determinados usuários e protegidos contra pessoas não qual será a facilidade de utilizá-la. No entanto, você não consegue
autorizadas. É um componente essencial da privacidade, que se tomar boas decisões sobre segurança, sem antes determinar quais
aplica especialmente a dados pessoais, sensíveis, financeiros, são as suas metas de segurança. Até que você determine quais
psicográficos e outras informações sigilosas. sejam elas, você não poderá fazer uso efetivo de qualquer coleção
Para garantir esse pilar nas suas políticas de segurança de TI, de ferramentas de segurança pois você simplesmente não saberá o
você deve incluir medidas de proteção como controle de acesso, que checar e quais restrições impor.
criptografia, senhas fortes, entre outras estratégias. Inclusive, Por exemplo, seus objetivos provavelmente serão muito
a confidencialidade dos dados pessoais de usuários é um dos diferentes dos que são definidos por um vendedor de produto.
requisitos centrais de conformidade com a GPDR (General Data Os vendedores procuram deixar a configuração e a operação de
Protection Regulation) e LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados seus produtos o mais simplificado possível, o que implica que as
Pessoais). configurações default normalmente serão bastante tão abertas (e
por conseguinte inseguras) quanto possível. Se por um lado isto
2. Integridade torna o processo de instalação de novos produtos mais simples,
A integridade na segurança da informação diz respeito à também deixa acessos abertos, para qualquer usuário.
preservação, precisão, consistência e confiabilidade dos dados Seus objetivos devem ser determinados a partir das seguintes
durante todo o seu ciclo de vida. determinantes:
Para erguer esse pilar em uma empresa, é preciso implementar 1. Serviços oferecidos versus Segurança fornecida - Cada
mecanismos de controle para evitar que as informações serviço oferecido para os usuários carrega seus próprios riscos de
sejam alteradas ou deletadas por pessoas não autorizadas. segurança. Para alguns serviços, o risco é superior que o benefício
Frequentemente, a integridade dos dados é afetada por erros do mesmo, e o administrador deve optar por eliminar o serviço ao
humanos, políticas de segurança inadequadas, processos falhos e invés de tentar torná-lo menos inseguro.
ciberataques.

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2. Facilidade de uso versus Segurança - O sistema mais fácil de – Os Administradores de grandes grupos de usuários dentro da
usar deveria permitir acesso a qualquer usuário e não exigir senha, organização
isto é, não haveria segurança. Solicitar senhas torna o sistema um – A equipe de reação a incidentes de segurança
pouco menos conveniente, mas mais seguro. Requerer senhas – Os Representantes de grupos de usuários afetados pela
“one-time” geradas por dispositivos, torna o sistema ainda mais política de segurança
difícil de utilizar, mas bastante mais seguro. – O Conselho Legal
3. Custo da segurança versus o Risco da perda - Há muitos
custos diferentes para segurança: monetário (o custo da aquisição A lista acima é representativa para muitas organizações que tem
de hardware e software como firewalls, e geradores de senha “one- controle acionário, mas não necessariamente para todas. A ideia
time”), performance (tempo cifragem e decifragem), e facilidade é trazer representações dos membros, gerentes com autoridade
de uso. Há também muitos níveis de risco: perda de privacidade (a sobre o orçamento e política, pessoal técnico que saiba o que pode
leitura de uma informação por indivíduos não autorizados), perda e o que não pode ser suportado, e o conselho legal que conheça as
de dados (corrupção ou deleção de informações), e a perda de decorrências legais das várias políticas. Em algumas organizações,
serviços (ocupar todo o espaço disponível em disco, impossibilidade pode ser apropriado incluir pessoal de auditoria. Envolver este
de acesso à rede). Cada tipo de custo deve ser contrabalançado ao grupo é importante se as políticas resultantes deverão alcançar a
tipo de perda. maior aceitabilidade possível. Também é importante mencionar
Seus objetivos devem ser comunicados a todos os usuários, que o papel do conselho legal irá variar de país para país.
pessoal operacional, e gerentes através de um conjunto de regras
de segurança, chamado de “política de segurança”. Nós utilizamos O que faz uma boa política de segurança?
este termo ao invés de “política de segurança computacional”, uma As características de uma boa política de segurança são:
vez que o escopo inclui todos os tipos de tecnologias de informação 1. Ela deve ser implementável através de procedimentos de
e informações armazenadas e manipuladas pela tecnologia. administração, publicação das regras de uso aceitáveis, ou outros
métodos apropriados.
Definição de uma política de segurança 2. Ela deve ser exigida com ferramentas de segurança, onde
Uma política de segurança é a expressão formal das regras pelas apropriado, e com sanções onde a prevenção efetiva não seja
quais é fornecido acesso aos recursos tecnológicos da empresa. tecnicamente possível.
3. Ela deve definir claramente as áreas de responsabilidade
Propósitos de uma política de segurança para os usuários, administradores e gerentes.
O principal propósito de uma política de segurança é informar
aos usuários, equipe e gerentes, as suas obrigações para a proteção Os componentes de uma boa política de segurança incluem:
da tecnologia e do acesso à informação. A política deve especificar 1. Guias para a compra de tecnologia computacional que
os mecanismos através dos quais estes requisitos podem ser especifiquem os requisitos ou características que os produtos
alcançados. Outro propósito é oferecer um ponto de referência devem possuir.
a partir do qual se possa adquirir, configurar e auditar sistemas 2. Uma política de privacidade que defina expectativas razoáveis
computacionais e redes, para que sejam adequados aos requisitos de privacidade relacionadas a aspectos como a monitoração de
propostos. Portanto, uma tentativa de utilizar um conjunto de correio eletrônico, logs de atividades, e acesso aos arquivos dos
ferramentas de segurança na ausência de pelo menos uma política usuários.
de segurança implícita não faz sentido. 3. Uma política de acesso que define os direitos e os privilégios
para proteger a organização de danos, através da especificação
Uma política de uso apropriado (Appropriate - ou Acceptable de linhas de conduta dos usuários, pessoal e gerentes. Ela deve
- Use Policy - AUP) pode também ser parte de uma política de oferecer linhas de condutas para conexões externas, comunicação
segurança. Ela deveria expressar o que os usuários devem e não de dados, conexão de dispositivos a uma rede, adição de novos
devem fazer em relação aos diversos componentes do sistema, softwares, etc. Também deve especificar quaisquer mensagens
incluindo o tipo de tráfego permitido nas redes. A AUP deve ser de notificação requeridas (por exemplo, mensagens de conexão
tão explícita quanto possível para evitar ambiguidades ou maus devem oferecer aviso sobre o uso autorizado, e monitoração de
entendimentos. Por exemplo, uma AUP pode lista newsgroups linha, e não simplesmente “welcome”.
USENET proibidos. 4. Uma política de contabilidade que defina as responsabilidades
dos usuários. Deve especificar a capacidade de auditoria, e oferecer
Quem deve ser envolvido na formulação da política? a conduta no caso de incidentes (por exemplo, o que fazer e a quem
Para que uma política de segurança se torne apropriada e contactar se for detectada uma possível intromissão.
efetiva, ela deve ter a aceitação e o suporte de todos os níveis de 5. Uma política de autenticação que estabeleça confiança
empregados dentro da organização. É especialmente importante através de uma política de senhas efetiva, e através da linha
que a gerência corporativa suporte de forma completa o processo de conduta para autenticação de acessos remotos e o uso de
da política de segurança, caso contrário haverá pouca chance que dispositivos de autenticação.
ela tenha o impacto desejado. A seguinte lista de indivíduos deveria 6. Um documento de disponibilidade que define as expectativas
estar envolvida na criação e revisão dos documentos da política de dos usuários para a disponibilidade de recursos. Ele deve endereçar
segurança: aspectos como redundância e recuperação, bem como especificar
– O administrador de segurança do site horários de operação e de manutenção. Ele também deve incluir
– O pessoal técnico de tecnologia da informação informações para contato para relatar falhas de sistema e de rede.

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7. Um sistema de tecnologia de informação e política de manutenção de rede que descreva como tanto o pessoal de manutenção
interno como externo devem manipular e acessar a tecnologia. Um tópico importante a ser tratado aqui é como a manutenção remota é
permitida e como tal acesso é controlado. Outra área para considerar aqui é a terceirização e como ele é gerenciada.
8. Uma política de relatório de violações que indique quais os tipos de violações devem ser relatados e a quem estes relatos devem ser
feitos. Uma atmosfera de não ameaça e a possibilidade de denúncias anônimas irá resultar uma grande probabilidade que uma violação
seja relatada.
9. Suporte a informação que ofereça aos usuários informações para contato para cada tipo de violação; linha de conduta sobre como
gerenciar consultas externas sobre um incidente de segurança, ou informação que seja considerada confidencial ou proprietária; referências
cruzadas para procedimentos de segurança e informações relacionadas, tais como as políticas da companhia e leis e regulamentações
governamentais.

Pode haver requisitos regulatórios que afetem alguns aspectos de sua política de segurança (como a monitoração). Os criadores da
política de segurança devem considerar a busca de assistência legal na criação da mesma. No mínimo, a política deve ser revisada por um
conselho legal.
Uma vez que a política tenha sido estabelecida ela deve ser claramente comunicada aos usuários, pessoal e gerentes. Deve-se criar
um documento que os usuários assinem, dizendo que leram, entenderam e concordaram com a política estabelecida. Esta é uma parte
importante do processo. Finalmente sua política deve ser revisada regularmente para verificar se ela está suportando com sucesso suas
necessidades de segurança.

Mantendo a política flexível


No intuito de tornar a política viável a longo prazo, é necessário bastante flexibilidade baseada no conceito de segurança arquitetural.
Uma política deve ser largamente independente de hardware e softwares específicos. Os mecanismos para a atualização da política devem
estar claros. Isto inclui o processo e as pessoas envolvidas.
Também é importante reconhecer que há expectativas para cada regra. Sempre que possível a política deve expressar quais expectativas
foram determinadas para a sua existência. Por exemplo, sob que condições um administrador de sistema tem direito a pesquisar nos
arquivos do usuário. Também pode haver casos em que múltiplos usuários terão acesso à mesma userid. Por exemplo, em sistemas com
um usuário root, múltiplos administradores de sistema talvez conheçam a senha e utilizem a conta.
Outra consideração é chamada a “Síndrome do Caminhão de Lixo”. Isto se refere ao que pode acontecer a um site se uma pessoa
chave repentinamente não esteja mais disponível para sua função (ficou doente ou deixou a companhia). Enquanto a grande segurança
reside na mínima disseminação de informação, o risco de perder informação crítica cresce quando a informação não é compartilhada. É
importante determinar qual o peso ideal desta medida em seu site.

— Políticas de classificação da informação


Toda classificação deve ser realizada no momento que a informação for gerada ou sempre que necessário em momento posterior. É
importante destacar que toda informação classificada em grau de sigilo é sigilosa, mas nem toda informação sigilosa é classificada em grau
de sigilo.
Se utilizando do SEI - Sistema Eletrônico de Informação, principal meio de tramitação de documentos no GDF, o nivelamento da
classificação se apresenta da seguinte maneira:
• Público - todo o conteúdo de todos os documentos de um determinado processo são visualizados por qualquer pessoa, sendo
servidor do Iprev/DF ou não.
• Restrito - o acesso ao conteúdo dos documentos em um processo é restrito às unidades, de menor hierarquia a qual a pessoa
pertence, pelas quais esse processo tramitar, e, obviamente, à todas as pessoas que estiverem vinculadas àquelas unidades.
• Sigiloso - o acesso aos documentos e ao processo é exclusivo às pessoas a quem for atribuída permissão específica.

Vale ressaltar que, no sistema SEI, o grau de sigilo do menor elemento se sobrepõe ao maior, ou seja, mesmo se o processo for
classificado como público se houver algum documento classificado como restrito ou sigiloso, todo o processo passa a ter essa classificação.
Para a realização da classificação devem ser considerados quatro aspectos importantes, os quais devem servir como norteadora. São eles:
• Integridade – informação atualizada, completa e mantida por pessoal autorizado.
• Disponibilidade – disponibilidade constante e sempre que necessário para pessoal autorizado.
• Valor – a informação deve ter um valor agregado para a instituição.
• Confidencialidade – acesso exclusivo por pessoal autorizado.

No que tange a confidencialidade, procurando um entendimento melhor desse conceito, foi traçado um paralelo entre esse aspecto,
o grau de sigilo e o impacto causado por sua quebra, consolidado na tabela a seguir:

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— Sistemas de gestão de segurança da informação


É um sistema de gestão corporativo (não necessariamente um sistema automatizado) voltado para a #Segurança da Informação, que
inclui toda a abordagem organizacional usada para proteger a informação empresarial e seus critérios de Confidencialidade, Integridade
e Disponibilidade.
O SGSI inclui estratégias, planos, políticas, medidas, controles, e diversos instrumentos usados para estabelecer, implementar, operar,
monitorar, analisar criticamente, manter e melhorar a segurança da informação.

Escopo de um Sistema de Gestão de Segurança da Informação (SGSI)


A norma ISO 27001 adota o modelo PDCA (Plan-Do-Check-Act) para descrever a estrutura de um SGSI. A imagem a seguir, junto com
descrição de cada uma das etapas provavelmente irá ajudá-lo a ganhar um pouco mais de intimidade com o conceito.

Estabelecer o SGSI
É a etapa que da vida ao SGSI. Suas atividades devem estabelecer políticas, objetivos, processos e procedimentos para a gestão de
segurança da informação. São os instrumentos estratégicos fundamentais para que a organização possa integrar suas à segurança da
informação às políticas e objetivos globais da organização.

Requisitos da Norma ISO 27001 para esta etapa:


– Definição do escopo do SGSI (a quais processos organizacionais, departamentos e partes interessadas se aplica).
– A Política do SGSI (que inclui objetivo, diretrizes, alinhamento ao negócio, critérios de avaliação de riscos, dentre outros aspectos).
– Abordagem de gestão (a metodologia da organização utilizada para identificação, análise, avaliação e tratamento de riscos).
– Objetivos de controle e controles selecionados (a empresa deve declarar quais medidas foram selecionadas para tratar a segurança
da informação).
– Declaração de aplicabilidade (com os objetivos de controle selecionados).
– Implementar o SGSI
– Consiste em implementar e operar a política de segurança, os controles / medidas de segurança, processos e procedimentos.

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Requisitos da Norma ISO 27001 para esta etapa: – Comunicar as ações e melhorias a todas as partes interessadas
– Formular um plano de tratamento de riscos que identifique com um nível de detalhe apropriado às circunstâncias e, se
a ação de gestão apropriada, recursos, responsabilidades e relevante, obter a concordância sobre como proceder.
prioridades para a #Gestão de Riscos. – Assegurar -se de que as melhorias atinjam os objetivos
– Implementar o plano de tratamento de riscos para alcançar pretendidos.
os objetivos de controle identificados, que inclua considerações de
financiamentos e atribuição de papéis e responsabilidades. — Tratamento de incidentes de segurança da informação
– Implementar os controles selecionados. Segundo CERT.br, um incidente de segurança pode ser definido
– Definir como medir a eficácia dos controles ou grupos de como qualquer evento adverso, confirmado ou sob suspeita,
controles selecionados, e especificar como estas medidas devem relacionado a segurança de sistemas de computação ou de #Redes
ser usadas para avaliar a eficácia dos controles de modo a produzir de Computadores.
resultados comparáveis e reproduzíveis. Em geral, qualquer situação em que um ou mais ativos da
– Implementar programas de conscientização e treinamento. informação está(ão) sob risco, é considerado um incidente de
– Gerenciar as operações do SGSI. segurança.
– Gerenciar os recursos para o SGSI.
– Implementar procedimentos e outros controles capazes de Objetivos do processo
permitir a pronta detecção de eventos de segurança da informação Quem conhece a gestão de incidentes da ITIL, vai provavelmente
e resposta a incidentes de segurança da informação. familiarizar-se com os objetivos descritos a seguir. Vale observar,
– Monitorar e analisar criticamente o SGSI entretanto, que o foco em incidentes de segurança torna o processo
– Reúne as práticas necessárias para avaliar a eficiência e mais específico e elaborado. Característica que fica ainda mais clara
eficácia do sistema de gestão e apresentar os resultados para a no item 4 deste artigo (atividades do processo).
análise crítica pela direção. A política de segurança é usada para Outro diferenciador em comparação à gestão de incidentes
comparar e desempenho alcançado com as diretrizes definidas. tradicional é o fato deste processo incorporar parte das atividades
que seriam de responsabilidade da gestão de eventos em
Requisitos da Norma ISO 27001 para esta etapa: gerenciamento de serviços de TI, uma vez que o próprio conceito
– Executar procedimentos de monitoração e análise crítica (conforme apresentado no item 1) define como incidente “ qualquer
– Realizar análises críticas regulares da eficácia do SGSI evento adverso, confirmado ou sob suspeita.”
(incluindo o atendimento da política e dos objetivos do SGSI, e a
análise crítica de controles de segurança), levando em consideração São objetivos da gestão de incidentes de SI:
os resultados de auditorias de segurança da informação, incidentes a) Garantir a detecção de eventos e tratamento adequado,
de segurança da informação, resultados da eficácia das medições, sobretudo na categorização destes como incidentes de segurança
sugestões e realimentação de todas as partes interessadas. da informação ou não.
– Medir a eficácia dos controles para verificar que os requisitos b) Garantir que incidentes de segurança da informação são
de segurança da informação foram atendidos. identificados, avaliados e respondidos de maneira mais adequada
– Analisar criticamente as análises/avaliações de riscos a possível.
intervalos planejados e analisar criticamente os riscos residuais e os c) Minimizar os efeitos adversos de incidentes de segurança da
níveis de riscos aceitáveis identificados. informação (tratando-os o mais brevemente possível).
– Conduzir auditorias internas do SGSI a intervalos planejados. d) Reportar as vulnerabilidades de segurança da informação,
– Realizar uma análise crítica do SGSI pela direção em bases além de tratá-las adequadamente.
regulares para assegurar que o escopo permanece adequado e que e) Ajudar a prevenir futuras ocorrências, através da manutenção
são identificadas melhorias nos processos do SGSI. de uma base de lições aprendidas (algo parecido com a base dados
– Atualizar os planos de segurança da informação para levar de erros conhecidos).
em consideração os resultados das atividades de monitoramento e
análise crítica. 3) Equipe de Resposta a Incidentes
– Registrar ações e eventos que possam ter um impacto na Equipe de membros devidamente qualificados que lida com
eficácia ou no desempenho do SGSI. incidentes durante o seu ciclo de vida (ver item 4 deste artigo sobre
– Manter e melhorar continuamente o SGSI o conceito de ciclo de vida).
– Executar as ações corretivas e preventivas, com base nos
resultados da auditoria interna do SGSI e da análise crítica pela Pode ser abordado como um subgrupo de gestão de incidentes
direção ou outra informação pertinente, para alcançar a melhoria com expertise em segurança da informação. Pessoas podem
contínua do SGSI. assumir funções em tempo integral ou parcial para o tratamento
de incidentes de segurança. São denominadas CSIRTs (Computer
Requisitos da Norma ISO 27001 para esta etapa: Security Incident Response Teams).
– Implementar as melhorias identificadas no SGSI.
– Executar as ações preventivas e corretivas apropriadas. 4) Ciclo de vida do incidente de segurança - atividades do pro-
– Aplicar as lições aprendidas de experiências de segurança cesso
da informação de outras organizações e aquelas da própria
organização.

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Atividade 01 - Planejamento do Processo – fornecer os procedimentos adequados a cada responsável;


Cuidar de incidentes “cotidianos” tais como problemas em – Outras atividades mais específicas podem ser necessárias
desktops e erros de aplicação já não é tarefa simples. Tratando-se para armazenar de forma adequada evidências / provas sobre a
de incidentes de segurança da informação, então, a primeira coisa causa do incidente (sobretudo em caso de ataques).
que imaginamos é que devem existir tarefas mais complexas que
tratarão casos que não ocorrem a todo momento. Atividade 04 - Responder ao incidente de segurança
Instrumentos básicos que são necessários para que incidentes A partir deste ponto, as atividades descritas já partem do
se segurança sejam sanados rapidamente: pressuposto de que a ocorrência foi classificada como incidente
– Política de gestão de incidentes de segurança da informação, de segurança e, portanto, este deve ser tratado no contexto do
sem esquecer do bom e velho comprometimento da alta direção processo.
– Políticas de #Gestão de Riscos atualizadas, sobretudo para
aqueles que envolvem tecnologia (lembrando que este artigo Sub atividades:
está focando no processo de gestão de incidentes de SI dentro do – conduzir ações conforme acordado na atividade de avaliação
escopo de TI) e decisão (atividade 03 deste artigo);
– Fluxo de incidentes de segurança da informação – respostas a incidentes de segurança da informação, incluindo
– Estabelecimento da equipe de resposta a incidentes a análise forense;
– Planejamento e capacitação da equipe de suporte técnico – instigar a resposta requerida, independe do responsável por
especializada tratá-la;
– Conscientização da equipe em relação a sensibilidade – escalonamento para responsáveis por gestão da continuidade,
envolvida com o gerenciamento de incidentes de segurança da quando o impacto da situação for percebido como desastroso;
informação – pode envolver posterior análise forense, se necessário;
– Ferramentas de #Testes e monitoramento – atualizar todos as partes envolvidas sobre o andamento do
– Ferramenta de registro dos incidentes e eventos tratamento do incidente;
– Entre outros – dar continuidade a sub atividade - citada no item anterior - de
recolhimento de provas eletrônicas e armazenada seguro destas,
Atividade 02- Detecção e comunicação caso seja necessário para a perseguição legal ou disciplinar do autor;
Envolve a detecção (normalmente com a ajuda de ferramentas – resposta para conter e eliminar o incidente de segurança da
de automação), coleta de informações associadas e relatórios informação;
sobre ocorrências de segurança da informação, vulnerabilidades – recuperar serviços impactados.
de segurança que não foram antes exploradas, assim como os
incidentes propriamente ditos, sejam eles provocados de forma Atividade 05 - Atualizar lições aprendidas
intencional ou não intencional. Ao ler as sub atividades da fase 05, espero que perceba o
quanto este processo é importante para a manutenção da Gestão
Atividade 03 - Avaliação e decisão da SI de forma adequada em sua organização.
O principal objetivo aqui é avaliar os eventos de segurança Sub atividades:
da informação e decisão sobre se é incidente de segurança da – identificação das lições aprendidas;
informação. – identificação de melhorias para a segurança da informação ;
É preciso realizar uma avaliação das informações relevantes – identificação de melhorias para a avaliação de riscos de
associadas com a ocorrência de eventos de segurança da informação segurança da informação e os resultados das análises;
e classificar o evento como um incidente ou não. – identificação e realização de melhorias para a gestão de
Perceba como a política de gestão de incidentes de segurança informações de incidentes de segurança;
(citada na atividade 01) é importante para prover referências na – identificação novos procedimentos e conhecimentos a serem
condução das sub atividades listadas a seguir, da mesma forma que adicionados às bases utilizadas pela equipe de resposta a incidentes;
será relevante para as atividades 04 e 05. – identificação de melhorias para processos, procedimentos,
normas e controles de maneria geral utilizados para a proteção da
Sub atividades: informação;
– decidir sobre a classificação (como evento ou incidente); – identificação e estudo de tendências, assim como propostas
– utilizar bases de dados e procedimentos para investigação, de eliminação das mesmas;
assim como manter estas bases e procedimentos atualizadas; – comunicação a todas as partes interessadas sobre as
– avaliar a situação com base nas classificações de eventos / necessidades de melhorias identificadas;
incidentes de segurança; – garantia de que todas as melhorias identificadas são aplicadas.
– identificação de serviços afetados;
– mensuração dos impactos nos ativos da informação Se você está comparando esta atividade com práticas
considerando os critérios da informação: confidencialidade, sugeridas pelo processo de gestão de problemas da ITIL você
integridade e disponibilidade; está interpretando corretamente. As boas práticas em gestão de
– classificar e priorizar o incidente / evento; incidentes de S.I. sobrepõem-se aos processos de gerenciamento
– realizar o escalonamento adequado; de incidentes e problemas da ITIL.
– reportar o evento / incidente a partes interessadas; Pouco importa se você irá trabalhar com um único processo
– atribuir as responsabilidades adequadas para o tratamento ou com processos separados, mas recomendo que separe bem
do incidente / evento; as responsabilidades de quem está cuidando da recuperação do
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serviço e quem é responsável pelas atividades proativas (sobretudo Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer
citadas nesta atividade 05). Atribuir atividades reativas e proativas ocultos, infectando arquivos do disco e executando uma série
a uma mesma pessoa pode não ser uma boa ideia, sobretudo em de atividades sem o conhecimento do usuário. Há outros que
casos como tratamento de incidentes. permanecem inativos durante certos períodos, entrando em
atividade apenas em datas específicas. Alguns dos tipos de vírus
mais comuns são:
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA: NOÇÕES DE VÍRUS, – Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo anexo
WORMS E PRAGAS VIRTUAIS; APLICATIVOS PARA SEGU- a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre este
RANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE, ETC.) arquivo, fazendo com que seja executado.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBScript
e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por e-mail,
Códigos maliciosos (Malware) como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail escrito
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente em formato HTML.
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas – Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
em um computador14. Algumas das diversas formas como os códigos linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são: aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros).
instalados; – Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como para celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens
pen-drives; MMS (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores um usuário permite o recebimento de um arquivo infectado e o
vulneráveis; executa.
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o
computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos; Worm
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos Worm é um programa capaz de se propagar automaticamente
em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do computador.
compartilhamento de recursos). Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da
inclusão de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos,
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso mas sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração
aos dados armazenados no computador e podem executar ações automática de vulnerabilidades existentes em programas instalados
em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada em computadores.
usuário. Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens que costumam propagar e, como consequência, podem afetar o
financeiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de desempenho de redes e a utilização de computadores.
autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos
são muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a Bot e botnet
prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de Bot é um programa que dispõe de mecanismos de
spam (mais detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na comunicação com o invasor que permitem que ele seja controlado
Internet e Spam, respectivamente). remotamente. Possui processo de infecção e propagação similar
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ao do worm, ou seja, é capaz de se propagar automaticamente,
maliciosos existentes. explorando vulnerabilidades existentes em programas instalados
em computadores.
Vírus A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
mesmo e se tornando parte de outros programas e arquivos. instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo desferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar
de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo spam.
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de
preciso que um programa já infectado seja executado. zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente,
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor
e começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
Atualmente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de
principal meio de propagação, não mais por disquetes, mas, computadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas
principalmente, pelo uso de pen-drives. executadas pelos bots.

14 https://cartilha.cert.br/malware/
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Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela entre outros. Estes programas, geralmente, consistem de um único
será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios arquivo e necessitam ser explicitamente executados para que sejam
ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que instalados no computador.
desejem que uma ação maliciosa específica seja executada. Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas invadirem um computador, alteram programas já existentes para
por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço, que, além de continuarem a desempenhar as funções originais,
propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta também executem ações maliciosas.
de informações de um grande número de computadores, envio
de spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de Rootkit
proxies instalados nos zumbis). Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código
Spyware malicioso em um computador comprometido.
Spyware é um programa projetado para monitorar as atividades Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após
de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros. invadirem um computador, os instalavam para manter o acesso
Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, privilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos
dependendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de utilizados na invasão, e para esconder suas atividades do responsável
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as e/ou dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante
informações coletadas. Pode ser considerado de uso: usados por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, utilizados e incorporados por outros códigos maliciosos para
pelo próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de ficarem ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por
verificar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou mecanismos de proteção.
não autorizado.
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer a Ransomware
privacidade do usuário e a segurança do computador, como monitorar Ransomware é um tipo de código malicioso que torna
e capturar informações referentes à navegação do usuário ou inseridas inacessíveis os dados armazenados em um equipamento,
em outros programas (por exemplo, conta de usuário e senha). geralmente usando criptografia, e que exige pagamento de resgate
Alguns tipos específicos de programas spyware são: (ransom) para restabelecer o acesso ao usuário15.
– Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
pelo usuário no teclado do computador. Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
– Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que
posição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades
em que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de
o mouse é clicado. segurança.
– Adware: projetado especificamente para apresentar
propagandas. Antivírus
O antivírus é um software de proteção do computador que
Backdoor elimina programas maliciosos que foram desenvolvidos para
Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor prejudicar o computador.
a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços O vírus infecta o computador através da multiplicação dele
criados ou modificados para este fim. (cópias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que dados.
tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes, O antivírus analisa os arquivos do computador buscando
que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados padrões de comportamento e códigos que não seriam comuns
no computador para invadi-lo. em algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados.
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso Com isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar
futuro ao computador comprometido, permitindo que ele seja providência.
acessado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer O banco de dados do antivírus é muito importante neste
novamente aos métodos utilizados na realização da invasão ou processo, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois
infecção e, na maioria dos casos, sem que seja notado. todos os dias são criados vírus novos.
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
Cavalo de troia (Trojan) usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, além ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
de executar as funções para as quais foi aparentemente projetado, mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
também executa outras funções, normalmente maliciosas, e sem o contaminação.
conhecimento do usuário. Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou armazenamentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes
obtém de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões casos devem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
virtuais animados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto
pagas. Entre as principais estão:
15 https://cartilha.cert.br/ransomware/
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– Avast; e de questões como capacidade de armazenamento, custo e


– AVG; confiabilidade. Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas
– Norton; quantidades de dados, um pen-drive pode ser indicado para dados
– Avira; constantemente modificados, ao passo que um disco rígido pode
– Kaspersky; ser usado para grandes volumes que devam perdurar.
– McAffe. • Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que
tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de
Filtro anti-spam programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar
solicitados, que geralmente são enviados para um grande número espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados.
de pessoas. Muitos programas de backup já possuem listas de arquivos e
Spam zombies são computadores de usuários finais que foram diretórios recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar
comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms, suas próprias listas.
bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez • Com que periodicidade realizar: depende da frequência
instalados, permitem que spammers utilizem a máquina para o com que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos
envio de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam frequentemente modificados podem ser copiados diariamente
máquinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam ao passo que aqueles pouco alterados podem ser copiados
a identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam semanalmente ou mensalmente.
zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
anonimato que tanto os protege. Tipos de backup
Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens • Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos,
indesejadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail. independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos
Anti-malwares copiados.
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram • Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e
detectar e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um alterados desde o último backup completo (normal) ou incremental,
computador. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e
exemplos de ferramentas deste tipo. ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup.
Ele marca os arquivos copiados.
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup
PROCEDIMENTOS DE BACKUP incremental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou
alterados desde o último backup completo (normal), mas isso pode
variar em diferentes programas de backup. Juntos, um backup
Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro completo e um backup diferencial incluem todos os arquivos no
dispositivo de armazenamento como HD externo, armazenamento computador, alterados e inalterados. No entanto, a diferença
na nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados deste para o incremental é que cada backup diferencial mapeia
originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou as modificações em relação ao último backup completo. Ele é
outros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)16. mais seguro na manipulação de dados. Ele não marca os arquivos
Backups são extremamente importantes, pois permitem17: copiados.
• Proteção de dados: você pode preservar seus dados para
que sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, • Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja
atualização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a
substituição acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/ dia e que raramente são alterados.
atacantes e furto/perda de dispositivos.
• Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão
antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um QUESTÕES
texto editado ou a imagem original de uma foto manipulada.

Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas 1. (IBADE - ANALISTA PÚBLICO DE GESTÃO (IPVV)/ADMINIS-
de backup e recuperação integradas e também há a opção de TRATIVO/2020)
instalar programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas O computador, assim como muitos dispositivos eletrônicos,
ferramentas, basta que você tome algumas decisões, como: é dividido em duas partes: o hardware e o software. Analise as
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como seguintes afirmações:
CD, DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou I. a memória é um hardware;
externo) ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A II. o processador é um software;
escolha depende do programa de backup que está sendo usado III. o sistema operacional é um hardware;
IV. o disco rígido é um hardware;
16 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-
V. a impressora é um software.
-backup/
Qual das alternativas abaixo representa somente a(s) carac-
17 https://cartilha.cert.br/mecanismos/
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terística(s) de hardware e software corretas? 6. (IBADE - ENGENHEIRO (IDAF AC)/AGRÔNOMO/2020)


(A) somente I e IV. USB é a sigla para Universal Serial Bus. Trata-se de uma tec-
(B) somente II e V. nologia que surgiu para tornar mais simples e rápida a conexão
(C) somente II e III. de diversos tipos de dispositivos eletrônicos (câmeras digitais,
(D) somente III e V. pendrives, mouses, teclados, leitores de cartão, etc) ao compu-
(E) somente V. tador. Evitando assim, o uso de um tipo especifico de conexão
para cada dispositivo. Em relação aos padrões existentes no
2. (IBADE - ADVOGADO (CM S FELIPE DO OESTE)/2020) mercado, quais serão as taxas de transmissão das versões 1.1 e
Os APP’s utilizados em Smartphones ou Tablets são: 2.0, respectivamente?
(A) Intefaces. (A) 1,5Mbit/s a 12Mbit/s; 480Mbit/s
(B) Aplicativos. (B) 1,5Mbit/s a 480Mbit/s; 5Gbit/s
(C) Sistemas operacionais. (C) 1,5Mbit/s a 12Mbit/s; 5Gbit/s
(D) Dispositivos de armazenamento. (D) 480Mbit/s para ambas as versões
(E) Navegadores. (E) 480Mbit/s; 5Gbit/s

3. IBADE - ANALISTA (PREF VILA VELHA)/AMBIENTAL/2020) 7. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
Ao realizar um backup o usuário é informado que o tamanho RES)/2020)
total dos arquivos é de 10 (dez) GIGABYTES. Analise as opções Interfaces dos tipos VGA , SVGA e HDMI são utilizadas pelo
abaixo para o armazenamento deste arquivo de backup: seguinte periférico:
I - um disquete de 750 kilobytes; (A) Disco Rígido.
II - um CD-ROM de 700 megabytes; (B) Monitor.
III - um pendrive de 1 gigabyte; (C) Scanner.
IV - um disco rígido externo de 1 terabyte; (D) Mouse.
V - um cartão de memória de 512 megabytes. (E) Impressora.
Qual/quais das alternativa(s) abaixo contém/contêm somente
o(s) dispositivo(s) com capacidade para armazenar integralmente o 8. (IBADE - PROFESSOR (PREF LINHARES)/EDUCAÇÃO BÁSI-
backup de 10 GIGABYTES? CA I/2020)
(A) I e V Pen Drives são conectados aos computadores através de
(B) II e III uma porta com a seguinte tecnologia:
(C) I, II e III (A) ATA
(D) III e V (B) SATA
(E) IV (C) VGA
(D) USB
4. (IBADE - TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORES- (E) SVGA
TAL (IDAF AC)/2020)
Maria deseja comprar um computador novo para realizar 9. (IBADE - ADVOGADO (CM S FELIPE DO OESTE)/2020)
seus trabalhos de faculdade, e pesquisou na internet a seguinte Dispositivos de armazenamento externo, do tipo Pen Drive,
configuração: Computador Intel Core i7 1º Geração 12Gb Ram são conectados aos computadores através de portas com a se-
120Gb SSD 2Gb Placa de Vídeo HDMI Dvd-Rw Wifi + Teclado guinte tecnologia:
Mouse Som. O Item SSD é referente à qual componente da con- (A) ATA.
figuração? (B) SATA.
(A) O disco de armazenamento (C) USB.
(B) A Memória RAM (D) SCSI.
(C) A Memória Cache (E) FIBRE CHANNEL.
(D) O Processador
(E) A Placa de Vídeo 10. (IBADE - GUARDA MUNICIPAL (CARIACICA)/2020)
Os Pen Drive’s são memórias auxiliares muito úteis. Eles se co-
5. (IBADE - ASSESSOR LEGISLATIVO (CM VILA VELHA)/2021) nectam aos computadores através de uma porta:
Os HD’s externos são conectados aos computadores através da (A) SATA.
porta tipo: (B) SCSI.
(A) SATA (C) USB.
(B) HDMI (D) ATA.
(C) ATA (E) HDMI.
(D) USB
(E) SERIAL

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11. (IBADE - ENGENHEIRO (IDAF AC)/AGRÔNOMO/2020) (D) Linux.


Qual o nome da classe de programas que funciona como (E) Blogs.
interpretador de comandos e linguagem de programação no
Linux, que é a principal ligação entre o usuário, os programas 17. (IBADE - TÉCNICO (PREF LINHARES)/AGRÍCOLA/2020)
e o Kernel? Dos softwares abaixo aquele que NÃO é um sistema opera-
(A) Kernel cional é:
(B) Hardware (A) SOLARIS.
(C) Scrip (B) Windows Office.
(D) PID (C) IOS.
(E) Shell (D) Windows Server.
(E) Android.
12. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
RES)/2020) 18. (IBADE - ADVOGADO (CM S FELIPE DO OESTE)/2020)
O Windows 7 é um : Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que apresen-
(A) aplicativo. ta um sistema operacional utilizado em smartphones.
(B) software livre. (A) Windows 7
(C) sistema operacional. (B) Windows Server
(D) software utilitário. (C) Avast
(E) web browser. (D) VmWare
(E) Android
13. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
RES)/2020) 19. (IBADE - TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLO-
Dos softwares abaixo, aquele que é um Gerenciador de Ban- RESTAL (IDAF AC)/2020)
co de Dados (SGBD) chama-se: Para descobrir qual versão do Windows que seu dispositivo
(A) SQL Server. está executando, pressione a tecla do logotipo do Windows + R
(B) Windows Server. para abrir a caixa de diálogo Executar, e digitar qual comando?
(C) Solaris. (A) Explorer
(D) Android. (B) Cmd
(E) LibreOffice. (C) Msconfig
(D) Winver
14. (IBADE - PROFESSOR (PREF LINHARES)/EDUCAÇÃO BÁ- (E) Regedit
SICA I/2020)
O sistema operacional que possui código aberto é: 20. (IBADE - CIRURGIÃO DENTISTA (PREF VILA VELHA)/CI-
(A) Windows 7. RURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXIOFACIAL/2020)
(B) Windows Server. No Windows 7, para verificar o percentual de utilização de
(C) Vmware. um HD, de forma gráfica, deve-se clicar no ícone do dispositivo
(D) Linux. com o botão direito do mouse e selecionar:
(E) Z/OS (A) Pesquisar.
(B) Compartilhar.
15. IBADE - PROFESSOR (PREF VILA VELHA)/SÉRIES INI- (C) Criar atalho.
CIAIS/2020) (D) Explorar.
O conceito de software livre aplica-se a softwares gratuitos (E) Propriedades.
e de código aberto. Dentre os softwares abaixo, aquele que se
encontra nessa categoria é: 21. (IBADE - TÉCNICO (PREF LINHARES)/AGRÍCOLA/2020)
(A) IOS. O disco rígido de um computador, gerenciado pelo Win-
(B) MS Windows. dows, devido ao seu uso frequente, vai espalhando o conteúdo
(C) HP-UX. dos arquivos em blocos que ficam fisicamente em vários pontos
(D) Z/OS. do disco. Devido a isso o acesso vai ficando mais lento. Existe um
(E) LINUX. procedimento para reorganizar o disco, colocando os arquivos
em blocos contíguos. Trata-se do seguinte procedimento:
16. (IBADE - PROFESSOR (PREF VILA VELHA)/ARTES/2020) (A) Limpeza de disco.
Smartphones e tablets têm à sua disposição uma grande (B) Desfragmentador do disco.
quantidade de aplicativos para uso em educação. Esses aplicati- (C) Restauração do sistema.
vos são chamados: (D) Status e configuração do back-up.
(A) IOS. (E) Monitor de desempenho.
(B) Android.
(C) APPS.

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22. (IBADE - GUARDA MUNICIPAL (CARIACICA)/2020) 27. (IBADE - ADVOGADO (CM S FELIPE DO OESTE)/2020)
Usando o Windows 7, Carlos deseja localizar um caractere es- Utilizando o Windows, você deletou acidentalmente um ar-
pecial. A ferramenta mais indicada para tal é o “Mapa de Carac- quivo e deseja tentar recuperá-lo. Para isso você clica em:
teres”. Ele reside numa subpasta chamada “Ferramentas do Siste- (A) Desfragmentador de Disco.
ma”. Para chegar a essa subpasta, Carlos clica em “Iniciar” (logo do (B) Windows Explorer.
Windows, na Barra de Ferramentas do Windows), depois clica em (C) Limpeza de disco.
“Todos os Programas”, e abre a pasta : (D) Lixeira.
(A) Manutenção. (E) Central de Sincronização.
(B) Acessórios.
(C) Inicialização. 28. (IBADE - ASSESSOR LEGISLATIVO (CM VILA VELHA)/2021)
(D) Microsoft Works. No LINUX, o usuário root é o usuário:
(E) Extras e Atualizações. (A) administrador de dados.
(B) master administrador do sistema.
23. (IBADE - ENGENHEIRO (IDAF AC)/AGRÔNOMO/2020) (C) administrador da rede e suas rotas.
No Windows 8, além das diversas funções e recursos exis- (D) administrador de bancos de dados.
tentes para facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de (E) que serve pra desativar o sistema.
atalhos no teclado para ajudar você a fazer o que quiser mais
rápido. Qual a combinação de teclas de atalho para minimizar 29. (IBADE - ENGENHEIRO (IDAF AC)/AGRÔNOMO/2020)
todas as janelas abertas e ir direto para sua área de trabalho? No Linux, qual comando mostra o conteúdo de um arquivo
(A) Tecla do logotipo do Windows + L binário ou texto, só que em ordem inversa do arquivo?
(B) Tecla do logotipo do Windows + F (A) Tac
(C) Tecla do logotipo do Windows + M (B) Cat
(D) Tecla do logotipo do Windows + E (C) Rm
(E) Tecla do logotipo do Windows + F1 (D) Cp
(E) Mv
24. (IBADE - Assessor Legislativo (CM Vila Velha)/2021)
O utilitário do Windows que varre o disco rígido do seu com- 30. (IBADE - TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLO-
putador em busca de arquivos que não são mais necessários, como RESTAL (IDAF AC)/2020)
arquivos temporários, páginas da Web em cache e itens rejeitados No Linux, qual o nome do comando que fecha todos os pro-
é denominado: cessos em execução?
(A) Limpeza de disco. (A) Killall
(B) Restauração do sistema. (B) Jobs
(C) Desfragmentador do disco. (C) Fg
(D) Status e configuração do back-up. (D) Bg
(E) Monitor de desempenho. (E) Killall5

25. (IBADE - AUDITOR INTERNO (CM VILA VELHA)/2021) 31. (IBADE - TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLO-
O Microsoft Windows é classificado como: RESTAL (IDAF AC)/2020)
(A) Editor de texto. O Linux também possui um padrão para ambiente gráfico.
(B) Editor de imagens. Os sistemas Unix mais antigos são baseados somente em carac-
(C) Navegador. teres, mas hoje praticamente qualquer sistema Unix, incluindo
(D) Sistema operacional. o Linux, dispõe de um sistema gráfico de janelas. Qual o nome
(E) Planilha Eletrônica. deste sistema?
(A) Apache
26. (IBADE - Analista (Pref Vila Velha)/Ambiental/2020) (B) X Windows
Em sistemas operacionais Windows, os comandos do (C) Fedora
Prompt servem para realizar a manutenção do sistema. Eles po- (D) Sendmail
dem ser muito úteis em situações em que a interface gráfica não (E) Mozilla Firefox
está disponível ou para obter informações de maneira rápida e
completa. O comando que fornece uma visão geral detalhada 32. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
da configuração do seu computador (sistema operacional e har- RES)/2020)
dware) é: No Linux, o usuário (userid) com a maior autoridade cha-
(A) systeminfo. ma-se:
(B) driverquery. (A) Main.
(C) shutdown. (B) Admin.
(D) netstat. (C) Master.
(E) ping. (D) Root.
(E) Principal.
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33. (IBADE - AUDITOR INTERNO (CM VILA VELHA)/2021) Qual recurso representado por esse botão é aplicado em textos
Durante a edição de um texto utilizando-se o Ms Word, neces- existentes?
sitamos utilizar letras pequenas acima da linha de texto (ex: M², 3², (A) Recuos
etc...) (B) Marcadores
Se fizermos isso usando itens da barra de ferramentas, em qual (C) Sombreamentos
deles encontraremos a alternativa ? (D) Bordas
(A) Exibição. (E) Espaçamentos
(B) Lay-out da página.
(C) Correspondências. 38. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
(D) Início. RES)/2020)
(E) Design. O MS Word possui uma função de contar palavras. Ela pode
ser acionada no seguinte item da barra de ferramentas:
34. (IBADE - TÉCNICO EM INFORMÁTICA (CM VILA VE- (A) Design.
LHA)/2021) (B) Layout da Página.
Editando um texto, você necessita inserir uma nota de rodapé. (C) Correspondências.
Utilizando-se da barra de ferramentas, encontrase essa alternativa (D) Revisão.
em: (E) Exibição.
(A) Início.
(B) Inserir. 39. (IBADE - AGENTE ADMINISTRATIVO (PREF LINHA-
(C) Layout da Página. RES)/2020)
(D) Referências. Para inserir uma quebra de página numa edição em MS
(E) Correspondências. Word, utilizando atalho de teclado a opção é:
(A) Ctrl + P
35. (IBADE - TÉCNICO (PREF LINHARES)/AGRÍCOLA/2020) (B) Ctrl + alt
O MS Word possui uma função de Hifenização que permite (C) Ctrl + esc
quebrar palavras entre linhas, separando as sílabas. Podemos (D) Ctrl + return
encontrar essa facilidade no item da barra de ferramentas: (E) Ctrl + insert
(A) Layout da Página.
(B) Início. 40. (IBADE - AGENTE DE FARMÁCIA (PREF VILA VELHA)/2020)
(C) Inserir. No MS Word há a possibilidade de se verificar a ortografia
(D) Revisão. em outros idiomas. O item da barra de ferramentas em que se
(E) Exibição. encontra tal alternativa é:
(A) Início.
36. (IBADE - GUARDA MUNICIPAL (CARIACICA)/2020) (B) Exibição.
No MS Word 2007 há um item na barra de ferramentas que (C) Correspondências.
trata exclusivamente de tabelas denominado: (D) Revisão.
(A) Inserir. (E) Referências.
(B) Layout da Página.
(C) Referências. 41. (IBADE - GUARDA MUNICIPAL (CARIACICA)/2020)
(D) Design. Editando no MS Word você deseja aumentar o tamanho da vi-
(E) Layout. sualização do documento, utilizando a opção zoom. Você encontra
essa opção no seguinte item da barra de ferramentas:
37. (IBADE - AGENTE MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL (PREF (A) Inserir.
VILA VELHA)/2020) (B) Layout da Página.
A imagem abaixo mostra um ícone do MS-Word 2010 refe- (C) Referências.
rente a um recurso para a edição de parágrafos. (D) Revisão.
(E) Exibição.

42. (IBADE - ASSISTENTE PÚBLICO ADMINISTRATIVO


(IPVV)/2020)
O Word, desenvolvido pela Microsoft, é um dos editores de
texto mais utilizados por usuários de computador. O atalho de
teclado utilizado para centralizar um parágrafo é:
(A) CTRL+Z
(B) CTRL+DELETE
(C) CTRL+E
(D) CTRL+A
(E) CTRL+P
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43. (IBADE - PROFESSOR (PREF LINHARES)/EDUCAÇÃO BÁ- 17 B


SICA I/2020)
O MS Word permite que você compare duas versões para 18 E
identificar alterações. O item da barra de ferramentas em que 19 D
você encontra essa opção é:
20 E
(A) Inserir.
(B) Referências. 21 B
(C) Exibição. 22 B
(D) Revisão.
(E) Correspondências. 23 C
24 A
44. (IBADE - AGENTE DE FARMÁCIA (PREF VILA VELHA)/2020) 25 D
Em uma edição, utilizando o MS Word, qual o atalho de te-
clado utilizado para salvar o arquivo? 26 A
(A) Ctrl + P 27 D
(B) Ctrl + B
(C) Ctrl + Z 28 B
(D) Ctrl + A 29 A
(E) Ctrl + M 30 E
45. (IBADE - CIRURGIÃO DENTISTA (PREF VILA VELHA)/CI- 31 B
RURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXIOFACIAL/2020)) 32 D
Numa edição, utilizando o MS Word, você fez uma alteração
33 D
indevida e quer voltar atrás, desfazendo a alteração. O atalho a
ser utilizado é o seguinte: 34 D
(A) Ctrl + P 35 A
(B) Ctrl + B
(C) Ctrl + A 36 E
(D) Ctrl + M 37 B
(E) Ctrl + Z 38 D
39 D
GABARITO 40 D
41 E
42 C
1 A
43 D
2 B
44 B
3 E
4 A 45 E
5 D
6 A
7 B
8 D
9 C
10 C
11 E
12 C
13 A
14 D
15 E
16 C

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RACIOCÍNIO LÓGICO

É importante lembrar que nosso intuito aqui é ver se a proposi-


COMPREENSÃO E ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUA- ção se classifica como verdadeira ou falsa.
ÇÃO, UTILIZANDO AS FUNÇÕES INTELECTUAIS; - RACIO-
CÍNIO VERBAL, RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO Podemos obter novas proposições relacionando-as entre si.
SEQUENCIAL, ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FOR- Por exemplo, podemos juntar as proposições p e q acima obtendo
MAÇÃO DE CONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO DE ELEMEN- uma única proposição “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
TOS; PROBLEMAS UTILIZANDO AS OPERAÇÕES FUNDA- Real”.
MENTAIS. PROPOSIÇÕES E CONECTIVOS. RACIOCÍNIO
QUANTITATIVO: CONJUNTOS, SUBCONJUNTOS E Nos próximos exemplos, veremos como relacionar uma ou
OPERAÇÕES BÁSICAS DE CONJUNTO mais proposições através de conectivos.

Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:


Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca hipó-
teses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter conclu- ^: e (aditivo) conjunção
sões e, por fim, chegar a um resultado final. Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas estru- Real”, posso escrever p ^ q.
turas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da lógica,
para poder justamente determinar um modo, para que o caminho v: ou (um ou outro) ou disjunção
traçado não seja o errado. Veremos que há diversas estruturas para p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
isso, que se organizam de maneira matemática.
A estrutura mais importante são as proposições. : “OU” EXCLUSIVO (ESTE OU AQUELE, MAS NÃO AMBOS)
OU DISJUNÇÃO EXCLUSIVA (REPARE O PONTO ACIMA DO
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira CONECTIVO).
ou falsa. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Ex.: Carlos é professor.
¬ ou ~: negação
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ~p: Carlos não é professor
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. ->: implicação ou condicional (se… então…)
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, acompa- p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
nhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa frase seja
“Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a frase não é ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
uma proposição. p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não é o Real
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode ser
classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas in- Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas estru-
formações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Nestes turas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna mais
casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido ao seu natural decifrar esta simbologia.
caráter imperativo. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem pa-
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos per- recer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
mite deduzir diversas relações entre declarações, assim, iremos estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes encade- que tudo esteja extremamente estabelecido.
amentos.
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas 1 – Princípio da Identidade
(p.ex.: a, b, p, q, …) p=p
Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
Seja a proposição p: Carlos é professor (ou equivalente) a ela mesma.
Uma outra proposição q: A moeda do Brasil é o Real

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RACIOCÍNIO LÓGICO

2 – Princípio da Não contradição No sofismo temos um encadeamento lógico, no entanto, esse


p=qvp≠q encadeamento se baseia em algumas sutilezas que nos conduzem a
Estamos estabelecendo que apenas uma coisa pode acontecer resultados falsos. Por exemplo:
às nossas proposições. Ou elas são iguais ou são diferentes, ou seja,
não podemos ter que uma proposição igual e diferente a outra ao A água do mar é feita de água e sal
mesmo tempo. A bolacha de água e sal é feita de água e sal
Logo, a bolacha de água e sal é feita de mar (ou o mar é feito
3 – Princípio do Terceiro excluído de bolacha)
pv¬p Esta argumentação obviamente é falsa, mas está estruturada
Por fim, estabelecemos que uma proposição ou é verdadeira de forma a parecer verdadeira, principalmente se vista com pressa.
ou é falsa, não havendo mais nenhuma opção, ou seja, excluindo Convidamos você, caro leitor, para refletir sobre outro exemplo
uma nova (como são duas, uma terceira) opção). de sofismo:
Queijo suíço tem buraco
DICA: Vimos então as principais estruturas lógicas, como lida- Quanto mais queijo, mais buraco
mos com elas e quais as regras para jogarmos este jogo. Então, es- Quanto mais buraco, menos queijo
creva várias frases, julgue se são proposições ou não e depois tente Então quanto mais queijo, menos queijo?
traduzi-las para a linguagem simbólica que aprendemos.
LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL)
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
A lógica proposicional é baseada justamente nas proposições
Quando falamos sobre lógica de argumentação, estamos nos e suas relações. Podemos ter dois tipos de proposições, simples ou
referindo ao processo de argumentar, ou seja, através de argumen- composta.
tos é possível convencer sobre a veracidade de certo assunto. Em geral, uma proposição simples não utiliza conectivos (e; ou;
No entanto, a construção desta argumentação não é necessa- se; se, e somente se). Enquanto a proposição composta são duas ou
riamente correta. Veremos alguns casos de argumentação, e como mais proposições (simples) ligadas através destes conectivos.
eles podem nos levar a algumas respostas corretas e outras falsas. Mas às vezes uma proposição composta é de difícil análise.
“Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”. Se Carlos não
Analogias: Argumentação pela semelhança (analogamente) for professor e a moeda do Brasil for o real, a proposição composta
Todo ser humano é mortal é verdadeira ou falsa? Temos uma proposição verdadeira e falsa?
Sócrates é um ser humano Como podemos lidar com isso?
Logo Sócrates é mortal A melhor maneira de analisar estas proposições compostas é
através de tabelas-verdades.
Inferências: Argumentar através da dedução
Se Carlos for professor, haverá aula A tabela verdade é montada com todas as possibilidades que
Se houve aula, então significa que Carlos é professor, caso con- uma proposição pode assumir e suas combinações. Se quiséssemos
trário, então Carlos não é professor saber sobre uma proposição e sua negativa, teríamos a seguinte ta-
bela verdade:
Deduções: Argumentar partindo do todo e indo a uma parte
específica
Roraima fica no Brasil
p ~p
A moeda do Brasil é o Real V F
Logo, a moeda de Roraima é o Real
F V
Indução: É a argumentação oposta a dedução, indo de uma
parte específica e chegando ao todo A tabela verdade de uma conjunção (p ^ q) é a seguinte:
Todo professor usa jaleco
Todo médico usa jaleco p q p^q
Então todo professor é médico
V V V
Vemos que nem todas as formas de argumentação são verda- V F F
des universais, contudo, estão estruturadas de forma a parecerem
minimamente convincentes. Para isso, devemos diferenciar uma F V F
argumentação verdadeira de uma falsa. Quando a argumentação F F F
resultar num resultado falso, chamaremos tal argumentação de so-
fismo1.
1 O termo sofismo vem dos Sofistas, pensadores não alinhados aos
movimentos platônico e aristotélico na Grécia dos séculos V e IV AEC,
sendo considerados muitas vezes falaciosos por essas linhas de pensa-
mento. Desta forma, o termo sofismo se refere a quando a estrutura
foge da lógica tradicional e se obtém uma conclusão falsa.
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Todas as tabelas verdades são as seguintes:

p q p^q pvq p -> q p ⇔q p v. q


V V V V V V F
V F F V F F V
F V F V V F V
F F F F V V F

Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas
proposições nossa tabela era composta por 4 linhas.
A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições.
Se tivéssemos a seguinte tabela verdade:

p q r p v q -> r

Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas.
Mais um exemplo:

p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logica-
mente equivalentes (iguais).

Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados
para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq.

p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q:

p q p->q
V V V
V F F
F V V
F F V

Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante.
Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

(p^q) ->
p q p^q pvp p->q
pvq
V V V V V V
V F F V F V
F V F V V V
F F F F V V

O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na
análise da questão e com seu resultado prontamente obtido.

Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de Mor-
gan, que negam algumas relações. São elas:
– 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q)
– 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q)

Vejamos o exemplo para decifrar o que dizem estas leis:


p: Carlos é professor
q: a moeda do Brasil é o Real

Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a
moeda do Brasil não é o real
Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil
não é o Real.

Estas leis podem parecer abstratas mas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para
resolver diversas questões.

TAUTOLOGIA, CONTRADIÇÃO E CONTINGÊNCIA

Quando uma expressão sempre apresenta a coluna resultado na tabela verdade como verdadeira, ela é chamada de tautologia. Na
mesma linha de pensamento, podemos denominar uma expressão como uma contradição quando sua tabela verdade sempre resulta em
falso. Por fim, são denominadas como contingência, as expressões que não são nem tautologias nem contradições, ou seja, que apresen-
tam tanto resultados verdadeiros quanto falsos.
Vejamos a seguinte tabela verdade:

p q (p^q)->(p v q) ~(pvq) ^ (p^q) (pvq) -> (p^q)


V V V F V
V F V F F
F V V F F
F F V F V

Nesta tabela, temos que as proposições compostas:


(p^q)->(p v q) é uma tautologia, pois sua tabela verdade é toda verdadeira.
~(pvq)^(p^q) é uma contradição, pois sua tabela verdade é toda falsa.
(pvq)->(p^q) é uma contingência, pois sua tabela verdade não é toda verdadeira nem toda falsa.

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM (OU LÓGICA DE PREDICADOS)

Uma certa evolução de uma lógica sentencial é a lógica de primeira ordem ou lógica de predicados, onde além dos conectivos, estão
presente os quantificadores (com expressões como qualquer e algum, por exemplo)2.
Esta forma de raciocinar segue os mesmos preceitos que a lógica com conectivos (e, ou, ou exclusivo, implicação, …), tendo também
novos símbolos, que são:
2 Dizemos que a lógica de primeira ordem é uma extensão da lógica sentencial.
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RACIOCÍNIO LÓGICO

∀: qualquer, todo Vamos novamente negar esta frase. Da mesma forma da ante-
∀x(A(x) -> B(x)) rior, nosso senso pode nos levar a responder que a negação seria
Para todo elemento, se pertence a A, pertence a B. João não dirige ou a capital do mundo é Itapeva. Mais uma vez, pela
2ª Lei de Morgan, temos que a negação se trata de João não dirige
∃: existe, algum, pelo menos um e a capital do mundo não é Itapeva.
∃x(A(x)^B(X): existe elemento que pertence a A e a B Podemos então estabelecer que para negar logicamente uma
frase verbal, devemos não só negar suas partes, mas também inver-
∄: Não existe, nenhum ter seu conectivo. Se antes estava e, deve se tornar ou na negação.
Nenhum A é B = Todo A é não B Igualmente, se antes estava ou, deve se tornar e.
Outra negativa importante, não abordada diretamente pelas
A negativa de tais estruturas não são tão diretas como às apre- Leis de Morgan, é a negativa de “se…então…”.
sentadas nas Leis de Morgan. A negativa de ∃ (existe,) é ∄ (não exis-
te), mas a negativa de ∄ pode ser ∃ ou ∀ (para todo), assim como Se João dirige, então a capital do mundo é Itapeva.
a negativa de ∀ pode ser tanto ∃ e ∄, por isso, cada caso deve ser Como iremos negar esta proposição? A ideia aqui é manter a
analisado atentamente. primeira proposição e negar a segunda, retirando os termos “se” e
Tendo elencado estas novas estruturas, basta construirmos ta- “então”. Ficamos então com a negativa: João dirige e a capital do
belas verdade com elas, para resolvermos questões. mundo não é Itapeva.
Repare que agora estamos trabalhando não só com o aspecto Neste exemplo, vemos que essa questão é menos intuitiva
verdadeiro/falso mas com a ideia de quantidade (existe um, todo, comparada àquelas que são abordadas pelas Leis de Morgan, mas
nenhum), então nosso estudo das afirmações devem levar em con- novamente, sendo bem absorvidas, farão sentido e evitarão erros
sideração estas novas peculiaridades. na resolução das questões.

RACIOCÍNIO VERBAL RACIOCÍNIO ESPACIAL E TEMPORAL

O raciocínio verbal lida com problemas de lógica quase que to- Existem tipos de questões de lógica que envolvem situações
talmente escritos, abordando geralmente a negação de certas fra- específicas que necessitam de algo a mais para resolver do que so-
ses que podem parecer óbvias mas que muitas vezes nos pregam mente as tabelas verdade. Um exemplo disso são questões envol-
peças. vendo espaço (posição, fila e tamanho e etc.) e tempo (horas, dias,
Podemos nos perguntar se a lógica, em geral, não é estabelecer calendário e etc.).
símbolos para traduzir estas frases. Sim! A diferença é que negar Não há uma forma de elaborar estratégias específicas para a
certas frases podem fazer sentido verbalmente, mas devemos nos resolução de questões deste tipo, então iremos fornecer alguns
ater a lógica em si e buscar então absorver isso ao nosso raciocínio. exemplos para inspirar quais análises podem ser feitas.

Uma importante ferramenta neste momento são as Leis de Exemplos:


Morgan: 1 – Em um determinado ano, o mês de setembro teve 5 sába-
dos e 5 domingos. Rodrigo faz aniversário no dia 1º de setembro.
1ª lei de Morgan Em qual dia da semana foi o seu aniversário esse ano?
¬(p ∧ q) = (¬p) ∨ (¬q)
Aqui, temos um exercício lidando com tempo. Neste caso, es-
2ª lei de Morgan tamos lidando com calendário, envolvendo dias de um mês. Numa
¬(p ∨ q) = (¬p) ∧ (¬q) primeira vista, esta questão pode parecer muito difícil de resolver,
pois, aparentemente, há informações faltando. Mas vamos ver
Exemplo: como proceder na análise:
p: João dirige 1º) Vamos nos atentar que setembro possui 30 dias;
q: a capital do mundo é Itapeva. 2º) Dessa forma, dividindo este valor por 7, descobrimos quan-
tas semanas há nesse mês: 30 : 7 = 4 (e sobra 2).
p ∧ q: João dirige e a capital do mundo é Itapeva. 3º) Assim, esse mês terá 4 semanas e mais dois dias.
4º) Se o mês começasse numa quinta-feira, teríamos então:
Vamos negar esta proposição. Num primeiro momento, pode- 4 domingos
mos estar inclinados a responder que a negativa seria João não diri- 4 segundas
ge e a capital do mundo não é Itapeva. Mas a 1ª Lei de Morgan nos 4 terças
sinaliza que está errado3. Devemos, negar as proposições simples e 4 quartas
trocar o nosso conectivo. Se estava e, agora precisa estar ou. 4 quintas
Assim, a negação da frase seria: João não dirige ou a capital do 5 sextas
mundo não é Itapeva. Diferença sutil, mas muito importante. 5 sábados
p ∨ q: João dirige ou a capital do mundo é Itapeva
5º) No exemplo acima, para dar 5 sextas e 5 sábados, o mês
3 Repare que as Leis de Morgan se tratam de equivalências lógicas. começou numa quinta. Assim, para termos 5 sábados e 5 domingos,
Caso se interesse em ver essas igualdades, veja o tópico equivalências o mês deve começar numa sexta.
lógicas.
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RACIOCÍNIO LÓGICO

6º) Como o aniversário de Rodrigo é no dia 1º de setembro,


então seu aniversário será numa sexta-feira

2 – Observando o calendário de 2021, temos que o dia 23 de


outubro caiu em um sábado. Sabendo que o ano de 2020 foi o últi-
mo ano bissexto, o dia 23 de outubro de 2024 cairá em uma:

Vamos operar de maneira semelhante à questão anterior:


1º) Vamos dividir 365 (dias por ano) por 7 (dias por semana)
para vermos quantas semanas temos no ano Sabe-se que:
– Ana não está em frente a Bela.
365 : 7 = 52 (sobra 1) – Bela tem Carla a sua esquerda.
– Ana e Dora estão nas cadeiras pares.
2º) A divisão acima nos diz que a cada ano, avançamos um dia.
Ou seja, se o dia 1º de janeiro de 2023 foi num domingo, em 2024 Onde cada uma está sentada?
será numa segunda. Vamos proceder com a seguinte análise:
3º) Devemos analisar também o ano bissexto, pois nestes anos, 1º) Como Ana não está na frente a Bela, então elas estão uma
há um dia a mais, então seria para dividirmos 366 por 7. do lado da outra.
366 : 7 = 52 (sobra 2) 2º) Bela tem Carla a sua esquerda.
Então ela tem a Ana a sua direita.
4º) O último ano bissexto foi em 2020, então o próximo será E por fim, Dora está a sua frente.
em 2024. Nos anos bissextos, fevereiro ganha um dia a mais.
5º) Temos então que de 2021 para 2024: 3º) Ana e Dora estão nas cadeiras pares
Se Ana estiver na cadeira 2, temos a configuração:
2021 2022: +1 DIA NA SEMANA
2022 2023: +1 DIA NA SEMANA 1 – Carla 2 – Ana 3 – Bela 4 – Dora
2023 2024: +2 DIAS NA SEMANA
Se Ana estiver na cadeira na cadeira 4, temos a configuração
= +4 dias na semana
1 – Dora 2 – Bela 3 – Carla 4 – Ana
6º) Como o dia 23 de outubro de 2021 caiu num sábado, o
dia 23 de outubro de 2024 cairá 4 dias da semana depois, ou seja, Mas essa opção não é possível, pois Ana e Dora estão nas pa-
numa quarta. res.
Logo, estão sentadas Carla na cadeira 1, Ana na cadeira 2, Bela
– Lembrando: calendário e horas na cadeira 3 e Dora na cadeira 4.
Janeiro – 31 dias
Fevereiro – 28* dias Vemos que cabe ao candidato uma certa criatividade aliada ao
Março – 31 dias raciocínio para abordar as questões. Não há nada muito complexo,
Abril – 30 dias mas deve ser cuidadosamente vista para evitar deslizes e más in-
Maio – 31 dias terpretações.
Junho – 30 dias
Julho – 31 dias LÓGICA SEQUENCIAL
Agosto – 31 dias
Setembro – 30 dias A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
Outubro – 31 dias objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
Novembro – 30 dias sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
Dezembro – 31 dias Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos arit-
méticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de cer-
*Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos (múltiplos de 4 tas figuras).
como 2000, 2004, 2008, 2012, 2016, 2020, 2024, 2028, …) e nestes Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver al-
anos fevereiro possui 29 dias. guns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver de-
mais questões.
1 dia = 24 horas
1 hora = 60 minutos Exemplos:
1 minuto = 60 segundos 1 – A sequência de números a seguir foi construída com um
padrão lógico e é uma sequência ilimitada:
3 – Ana, Bela, Carla e Dora estão sentadas em volta de uma
mesa quadrada em cadeiras numeradas de 1 a 4, como mostra a 0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30,
figura a seguir: 31, 32, 33, 34, 35, 40, …

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RACIOCÍNIO LÓGICO

A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74 e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?

Vamos analisar esta sequência dada:


1º) Vemos que a sequência vai de 6 em 6 termos e pula para a dezena seguinte

Os primeiros 6 termos vão de 0 a 5


Do 7º termo ao 12º termo: 10 a 15
13º termo ao 18º termo: 20 a 25

2º) Vemos que o padrão segue a tabuada do 6

6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
6 x 3 = 18 (20 até 25)

3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade representa a dezena que estamos começando a contar:

6 X 1 1 - 1 = 0 (0 ATÉ 5)
6 X 2 2 - 1 = 1 (10 ATÉ 15)
6 X 3 3 - 1 = 2 (20 ATÉ 25)

4º) Se dividirmos 74 por 6 e 95 por 6 descobriremos seus valores

74 : 6 = 12 (sobra 2)
95 : 6 = 15 (sobra 5)

5º) O termo 74 então está dois termos após 6 x 12

6 X 12 12 - 1 = 11 (110 ATÉ 115)


Então o termo 74 está no intervalo entre 120 até 125
O 74º termo é o número 121

6º) Da mesma forma, 95 está 5 após 6 x 15

6 X 15 15 - 1 = 14 (140 ATÉ 145)


O termo 95 está no intervalo entre 150 até 155
O 95º termo é o número 154

7º) Somando 121 + 154 = 275

2. Analise a sequência a seguir:

4; 7; 13; 25; 49

Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
termo será igual a?

1º) Do primeiro termo para o segundo, estamos somando 3.


2º) Do segundo termo para o terceiro, estamos somando 6.
3º) Do terceiro termo para o quarto, estamos somando 12.
4º) Do quarto termo para o quinto, estamos somando 24.
5º) Podemos estabelecer o padrão que estamos multiplicando a soma anterior por 2.
6º) Assim, do quinto termo para o sexto, estaríamos somando 48. E do sexto para o sétimo estaríamos somando 96
7º) Dessa forma, basta somarmos 49 com 48 e 96: 49 + 48 + 96 = 193

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RACIOCÍNIO LÓGICO

3 – Observe a sequência:

O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.

131 : 7 = 18 (sobra 5)

5º) Justamente essa sobra, 5, será a posição equivalente.


Assim, a figura da 131ª posição é idêntica a figura da 5ª posição

DIAGRAMAS LÓGICOS

Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação em que esses diagramas poderão ser usados, será
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-se nesses
dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente carro ou ainda quantas
dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os motoristas de motos e motoristas
de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois completaremos os outros espaços.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são leito-
valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A partir dos res de nenhum dos três jornais.
valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas. Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos.
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos.
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos.
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos.
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos.
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos.
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os seguintes
elementos:

a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.


b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
c) Dirigem somente motos 8 motoristas.

No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferência quan-


to à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada a seguinte ta-
bela:
Jornais Leitores
A 300
Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pessoas leem
B 250 apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas não leem o jornal C,
C 200 pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150. Notamos ainda que 700 pessoas
foram entrevistadas, que é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 +
AeB 70 70 + 150.
AeC 65
BeC 105 Diagrama de Euler
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, mas
A, B e C 40 não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é definida como
Nenhum 150 a área de intersecção entre dois ou mais contornos). Assim, um dia-
grama de Euler pode definir um universo de discurso, isto é, ele
Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicialmente pode definir um sistema no qual certas intersecções não são pos-
montar os diagramas que representam cada conjunto. A colocação síveis ou consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo os
dos valores começará pela intersecção dos três conjuntos e depois atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que conter in-
para as intersecções duas a duas e por último às regiões que re- tersecções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de qua-
presentam cada conjunto individualmente. Representaremos esses tro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra todas
conjuntos dentro de um retângulo que indicará o conjunto universo as possíveis combinações ou conjunções.
da pesquisa.

Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas (ge-


ralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os tamanhos
e formas das curvas não são importantes: a significância do diagra-
ma está na forma como eles se sobrepõem. As relações espaciais
entre as regiões delimitadas por cada curva (sobreposição, conten-

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RACIOCÍNIO LÓGICO

ção ou nenhuma) correspondem relações teóricas (subconjunto in- dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pontos
terseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano em duas de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn para
regiões ou zonas estão: o interior, que representa simbolicamente n conjuntos.
os elementos do conjunto, e o exterior, o que representa todos os Nos casos mais simples, os diagramas são representados por
elementos que não são membros do conjunto. Curvas cujos inte- círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um
riores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. Duas cur- enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even-
vas cujos interiores se interceptam representam conjuntos que têm tualmente, os círculos são representados como completamente
elementos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa o inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos (intersecção verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
dos conjuntos). Uma curva que está contido completamente dentro conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
da zona interior de outro representa um subconjunto do mesmo. veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível). A
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de diagra- ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis Carroll.
mas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas as possíveis Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais con-
zonas de sobreposição entre as suas curvas, representando todas juntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
as combinações de inclusão / exclusão de seus conjuntos consti- dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
tuintes, mas em um diagrama de Euler algumas zonas podem estar representa sua união.
faltando. Essa falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus dia- John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, ampliando
gramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e Euler. E,
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre as na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo escolar de
zonas não apenas as que são “verdadeiras”. matemática. Embora seja simples construir diagramas de Venn para
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são larga- dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los
mente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no campo da para um número maior. Algumas construções possíveis são devidas
matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles também ao próprio John Venn e a outros matemáticos como Anthony W. F.
podem ser utilizados para representar relacionamentos complexos Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além disso, encontram-
com mais clareza, já que representa apenas as relações válidas. Em -se em uso outros diagramas similares aos de Venn, entre os quais
estudos mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos para que se
possa deduzir uma conclusão. Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-se
que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B re-
Diagramas de Venn presenta os animais capazes de voar. A área onde os dois círculos
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção A-B,
matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas e conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm
problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respetivos dia- apenas duas pernas motoras.
gramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elemen-
tos (por exemplo, 4 {3,4,5}, mas 4 ฀ {1,2,3,12}) e relações de con-
tinência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3} ฀ {1, 2,
3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no espaço
interno da outra simbolizam conjuntos que possuem continência;
ao passo que o ponto interno a uma curva representa um elemento Considere-se agora que cada espécie viva está representada
pertencente ao conjunto. por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur- os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re- não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas não
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas é representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os caná-
que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com rios, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, já que
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse bípede
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra- nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marcado por
ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e pontos fora dos dois círculos.
a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escrever distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada cír-
uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) culo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição), e
uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um plano. as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo ou
C é uma família independente se a região formada por cada uma no outro):
das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o exterior - Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem sobre-
de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas se inter- posição).
sectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada uma - Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem sobre-
posição).
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
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- Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco


- fora).

Essas configurações são representadas, respectivamente, pelas


operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença de B para
A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar de A e B. Cada
uma delas pode ser representada como as seguintes áreas (mais
escuras) no diagrama: Diferença Simétrica de dois conjuntos: AB

Diferença de A para B: A\B


Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de B para A: B\A


Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-se so-


bretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o exemplo an-
terior, poderia-se introduzir o conjunto C dos animais que possuem
bico. Neste caso, o diagrama define sete áreas distintas, que podem
combinar-se de 256 (28) maneiras diferentes, algumas delas ilustra-
das nas imagens seguintes.
Intersecção de dois conjuntos: AB

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB) Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções possíveis
entre A, B e C.
Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracterís-
ticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já os ani-
mais que voam e não possuem duas patas mais os que não voam e
possuem duas patas, seriam representados pela diferença simétrica
entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir,
que incluem também outros dois casos.

União de três conjuntos: ABC

União de dois conjuntos: AB

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RACIOCÍNIO LÓGICO

A. Nas proposições categóricas, usam-se também as variações gra-


maticais dos verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ...,
como elo de ligação entre A e B.
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
Intersecção de três conjuntos: ABC - Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-versa).

Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas


Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das proposi-
ções categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B, Algum A é
B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a verdade ou a
falsidade de algumas ou de todas as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então temos as duas


A \ (B U C) representações possíveis:

(B U C) \ A
Nenhum A é B. É falsa.
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa.
- Todo A é B
- Nenhum A é B
- Algum A é B e
- Algum A não é B

Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A é um


subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B. Atenção:
dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo B é A. Enun-
ciados da forma Nenhum A é B afirmam que os conjuntos A e B são
disjuntos, isto é, não tem elementos em comum. Atenção: dizer que
Nenhum A é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A. 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma somente a representação:
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um Todo A é B. É falsa.
elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando dizemos Algum A é B. É falsa.
que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B. Entretanto, Algum A não é B. É verdadeira.
no sentido lógico de algum, está perfeitamente correto afirmar que
“alguns de meus colegas estão me elogiando”, mesmo que todos
eles estejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões são equi-
valentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o con-
junto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-
to B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B = Algum A
é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a Algum B não é

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3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as quatro Além disso, os elementos são separados por vírgula ou ponto e
representações possíveis: vírgula, por exemplo:
A = {a,e,i,o,u}

— Diagrama de Euler-Venn
No modelo de Diagrama de Euler-Venn (Diagrama de Venn), os
conjuntos são representados graficamente:

— Relação de Pertinência
A relação de pertinência é um conceito muito importante na
“Teoria dos Conjuntos”.
Nenhum A é B. É falsa. Ela indica se o elemento pertence (e) ou não pertence (ɇ) ao
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e 2). determinado conjunto, por exemplo:
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (em 3 D = {w,x,y,z}
e 4) – é indeterminada. Logo:
w e D (w pertence ao conjunto D);
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três j ɇ D (j não pertence ao conjunto D).
representações possíveis:
— Relação de Inclusão
A relação de inclusão aponta se tal conjunto está contido (C),
não está contido (Ȼ) ou se um conjunto contém o outro (Ɔ), por
exemplo:
A = {a,e,i,o,u}
B = {a,e,i,o,u,m,n,o}
C = {p,q,r,s,t}

Logo:
A C B (A está contido em B, ou seja, todos os elementos de A
Todo A é B. É falsa.
estão em B);
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e 2 – é
C Ȼ B (C não está contido em B, na medida em que os elemen-
indeterminada).
tos do conjunto são diferentes);
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
B Ɔ A (B contém A, donde os elementos de A estão em B).
2 – é ideterminada).
— Conjunto Vazio
CONJUNTOS DE NÚMEROS E DESIGUALDADE O conjunto vazio é o conjunto em que não há elementos; é re-
presentado por duas chaves { } ou pelo símbolo Ø. Note que o con-
junto vazio está contido (C) em todos os conjuntos.
A teoria dos conjuntos é a teoria matemática capaz de agrupar — União, Intersecção e Diferença entre Conjuntos
elementos4. A união dos conjuntos, representada pela letra (U), correspon-
Dessa forma, os elementos (que podem ser qualquer coisa: nú- de a união dos elementos de dois conjuntos, por exemplo:
meros, pessoas, frutas) são indicados por letra minúscula e defini- A = {a,e,i,o,u}
dos como um dos componentes do conjunto. B = {1,2,3,4}
Exemplo: o elemento “a” ou a pessoa “x” Logo:
AB = {a,e,i,o,u,1,2,3,4}.
Assim, enquanto os elementos do conjunto são indicados pela
letra minúscula, os conjuntos, são representados por letras maiús-
culas e, normalmente, dentro de chaves ({ }).
4 https://www.todamateria.com.br/teoria-dos-conjuntos/
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Logo:
A = B (A igual a B).

— Conjuntos Numéricos
Os conjuntos numéricos são formados pelos:
- Números Naturais: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12...}.
- Números Inteiros: Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3...}.
- Números Racionais: Q = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,4,5,6...}.
- Números Irracionais: I = {..., √2, √3, √7, 3, 141592…}.
- Números Reais (R): N (números naturais) + Z (números intei-
ros) + Q (números racionais) + I (números irracionais).

A intersecção dos conjuntos, representada pelo símbolo (∩),


corresponde aos elementos em comum de dois conjuntos, por EXPRESSÕES E EQUAÇÕES ALGÉBRICAS
exemplo:
C = {a, b, c, d, e} ∩ D = {b, c, d}
Expressões algébricas são expressões matemáticas que apre-
Logo: sentam números, letras e operações. As expressões desse tipo são
CD = {b, c, d} usadas com frequência em fórmulas e equações.
As letras que aparecem em uma expressão algébrica são cha-
madas de variáveis e representam um valor desconhecido.
Os números escritos na frente das letras são chamados de co-
eficientes e deverão ser multiplicados pelos valores atribuídos as
letras.

Exemplo:
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE
ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos testou
um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o número
de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era 2 / 7.
Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebraram e
que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser vendidas,
então a razão entre o número de lâmpadas que não podem ser
vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
A diferença entre conjuntos corresponde ao conjunto de ele-
(A) 1 / 4.
mentos que estão no primeiro conjunto, e não aparecem no segun-
(B) 1 / 3.
do, por exemplo:
(C) 2 / 5.
A = {a, b, c, d, e} – B = {b, c, d}
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3.
Logo:
A-B = {a,e}
Resolução:
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o
número de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


7.Q = 2. (360 – Q)
7.Q = 720 – 2.Q
7.Q + 2.Q = 720
9.Q = 720
Q = 720 / 9
— Igualdade dos Conjuntos Q = 80 (queimadas)
Na igualdade dos conjuntos, os elementos de dois conjuntos Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
são idênticos, por exemplo nos conjuntos A e B: Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
A = {1,2,3,4,5}
B = {3,5,4,1,2}
Resposta: B

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Simplificação de expressões algébricas Monômios


Podemos escrever as expressões algébricas de forma mais Quando uma expressão algébrica apresenta apenas
simples somando seus termos semelhantes (mesma parte literal). multiplicações entre o coeficiente e as letras (parte literal), ela é
Basta somar ou subtrair os coeficientes dos termos semelhantes e chamada de monômio. Exemplos: 3ab ; 15xyz3
repetir a parte literal. Exemplos:
a) 3xy + 7xy4 - 6x3y + 2xy - 10xy4 = (3xy + 2xy) + (7xy4 - 10xy4) Propriedades importantes
- 6x3y = 5xy - 3xy4 - 6x3y – Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes.
b) ab - 3cd + 2ab - ab + 3cd + 5ab = (ab + 2ab - ab + 5ab) + (- 3cd – Se b for raiz de P(x) = 0 , então P(x) é divisível por (x – b) .
+ 3cd) = 7ab Esta propriedade é muito importante para abaixar o grau de uma
equação, o que se consegue dividindo P(x) por x - b, aplicando Briot-
Fatoração de expressões algébricas Ruffini.
Fatorar significa escrever uma expressão como produto de – Se o número complexo (a + bi) for raiz de P(x) = 0 , então o
termos. Para fatorar uma expressão algébrica podemos usar os conjugado (a – bi) também será raiz .
seguintes casos: – Se a equação P(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dizemos
• Fator comum em evidência: ax + bx = x . (a + b) que m é uma raiz de grau de multiplicidade k.
• Agrupamento: ax + bx + ay + by = x . (a + b) + y . (a + b) = (x + – Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica P(x) = 0
y) . (a + b) for nula, então a unidade é raiz da
• Trinômio Quadrado Perfeito (Adição): a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 – Toda equação de termo independente nulo, admite um
• Trinômio Quadrado Perfeito (Diferença): a2 – 2ab + b2 = (a – número de raízes nulas igual ao menor expoente da variável.
b)2
• Diferença de dois quadrados: (a + b) . (a – b) = a2 – b2 Relações de Girard
• Cubo Perfeito (Soma): a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3 São as relações existentes entre os coeficientes e as raízes de
• Cubo Perfeito (Diferença): a3 - 3a2b + 3ab2 - b3 = (a - b)3 uma equação algébrica.
Sendo V= {r1, r2, r3,...,rn-1,rn} o conjunto verdade da equação P(x)
Exemplo: = a0xn + a1xn-1 +a2xn-2+ ... + an-1x+an=0, com a0≠ 0, valem as seguintes
(PREF. MOGEIRO/PB - PROFESSOR – MATEMÁTICA – EXAMES) relações entre os coeficientes e as raízes:
Simplificando a expressão,

Obtemos:
(A) a + b.
(B) a² + b².
(C) ab.
(D) a² + ab + b².
(E) b – a.

Resolução: Atenção
As relações de Girard só são úteis na resolução de equações
quando temos alguma informação sobre as raízes. Sozinhas, elas
não são suficientes para resolver as equações.

Exemplo:
(UFSCAR-SP) Sabendo-se que a soma de duas das raízes da
equação x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0 é igual a 5, pode-se afirmar a respeito
das raízes que:
(A) são todas iguais e não nulas.
(B) somente uma raiz é nula.
(C) as raízes constituem uma progressão geométrica.
(D) as raízes constituem uma progressão aritmética.
(E) nenhuma raiz é real.

Resolução:
x3 – 7x2 + 14x – 8 = 0
Raízes: x1, x2 e x3
Resposta: D Informação: x1 + x2 = 5
Girard: x1 + x2 + x3 = 7 ⇨ 5 + x3 = 7 ⇨ x3 = 2

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Como 2 é raiz, por Briot-Ruffini, temos — Lei de Formação


A Lei de Formação ou Termo Geral é utilizada para calcular
qualquer termo de uma sequência, expressa pela expressão:
an = 2n² - 1

— Lei de Recorrência
x2 – 5x + 4 = 0 A Lei da Recorrência permite calcular qualquer termo de uma
x = 1 ou x = 4 sequência numérica a partir de elementos antecessores:
S = {1, 2, 4} an = an-1, an-2,...a1
Resposta: C
— Progressão Aritmética (PA)
Teorema das Raízes Racionais
É um recurso para a determinação de raízes de equações Uma progressão aritmética é uma sequência formada por ter-
algébricas. Segundo o teorema, se o número racional, com e primos mos que se diferenciam um do outro por um valor constante, que
entre si (ou seja, é uma fração irredutível), é uma raiz da equação recebe o nome de razão, calculado por6:
polinomial com coeficientes inteiros então é divisor de e é divisor r = a2 – a 1
de.
Exemplo: Onde:
Verifique se a equação x3 – x2 + x – 6 = 0 possui raízes racionais. r é a razão da PA;
a2 é o segundo termo;
Resolução: a1 é o primeiro termo.
p deve ser divisor de 6, portanto: ±6, ±3, ±2, ±1; q deve ser
divisor de 1, portanto: ±1; Portanto, os possíveis valores da fração Sendo assim, os termos de uma progressão aritmética podem
são p/q: ±6, ±3, ±2 e ±1. Substituindo-se esses valores na equação, ser escritos da seguinte forma:
descobrimos que 2 é uma de suas raízes. Como esse polinômio é de
grau 3 (x3 ) é necessário descobrir apenas uma raiz para determinar
as demais. Se fosse de grau 4 (x4 ) precisaríamos descobrir duas
raízes. As demais raízes podem facilmente ser encontradas Note que em uma PA de n termos a fórmula do termo geral (an)
utilizando-se o dispositivo prático de Briot-Ruffini e a fórmula de da sequência é:
Bhaskara. an = a1 + (n – 1) . r

Alguns casos particulares são: uma PA de 3 termos é represen-


SEQUÊNCIAS E SÉRIES tada por (x - r, x, x + r) e uma PA de 5 termos tem seus componentes
representados por (x - 2r, x - r, x, x + r, x + 2r).
— Sequência Numérica Tipos de PA
Na matemática, a sequência numérica ou sucessão numérica De acordo com o valor da razão, as progressões aritméticas são
corresponde a uma função dentro de um agrupamento de núme- classificadas em 3 tipos:
ros. 1. Constante: quando a razão for igual a zero e os termos da
De tal modo, os elementos agrupados numa sequência numéri- PA são iguais.
ca seguem uma sucessão, ou seja, uma ordem no conjunto5. Exemplo: PA = (2, 2, 2, 2, 2, ...), onde r = 0
— Classificação 2. Crescente: quando a razão for maior que zero e um termo a
As sequências numéricas podem ser finitas ou infinitas, por partir do segundo é maior que o anterior;
exemplo: Exemplo: PA = (2, 4, 6, 8, 10, ...), onde r = 2
SF = (2, 4, 6, ..., 8).
SI = (2,4,6,8...). 3. Decrescente: quando a razão for menor que zero e um termo
a partir do segundo é menor que o anterior.
Note que quando as sequências são infinitas, elas são indicadas Exemplo: PA = (4, 2, 0, - 2, - 4, ...), onde r = - 2
pelas reticências no final. Além disso, vale lembrar que os elemen-
tos da sequência são indicados pela letra a. Por exemplo: As progressões aritméticas ainda podem ser classificadas em
1° elemento: a1 = 2. finitas, quando possuem um determinado número de termos, e in-
4° elemento: a4 = 8. finitas, ou seja, com infinitos termos.
O último termo da sequência é chamado de enésimo, sendo
representado por an. Nesse caso, o an da sequência finita acima se- Soma dos Termos de uma PA
ria o elemento 8. A soma dos termos de uma progressão aritmética é calculada
Assim, podemos representá-la da seguinte maneira: pela fórmula:
SF = (a1, a2, a3,...,an).
SI = (a1, a2, a3, an...).
5 https://www.todamateria.com.br/sequencia-numerica/ 6 https://www.todamateria.com.br/pa-e-pg/
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Onde,
Onde, n é o número de termos da sequência, a1 é o primeiro q é a razão da PG;
termo e an é o enésimo termo. A fórmula é útil para resolver ques- a2 é o segundo termo;
tões em que são dados o primeiro e o último termo. a1 é o primeiro termo.
Quando um problema apresentar o primeiro termo e a razão
da PA, você pode utilizar a fórmula: Uma progressão geométrica de n termos pode ser representa-
da da seguinte forma:

Essas duas fórmulas são utilizadas para somar os termos de Sendo a1 o primeiro termo, o termo geral da PG é calculado
uma PA finita. por a1.q(n-1).

Termo médio da PA Tipos de PG


Para determinar o termo médio ou central de uma PA com um De acordo com o valor da razão (q), podemos classificar as Pro-
número ímpar de termos calculamos a média aritmética com o pri- gressões Geométricas em 4 tipos:
meiro e último termo (a1 e an): 1. Crescente: com a razão q > 1 e termos positivos ou, 0 < q < 1
e termos negativos;

Exemplos:
PG: (3, 9, 27, 81, ...), onde q = 3.
PG: (-90, -30, -15, -5, ...), onde q = 1/3.
Já o termo médio entre três números consecutivos de uma PA
corresponde à média aritmética do antecessor e do sucessor. 2. Decrescente: com a razão q > 1 e termos negativos ou, 0 < q
Exemplo: Dada a PA (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14) vamos determinar a < 1 e os termos positivos;
razão, o termo médio e a soma dos termos.
1. Razão da PA Exemplo:
PG: (-3, -9, -27, -81, ...), onde q = 3.
PG: (90, 30, 15, 5, ...), onde q = 1/3.

3. Oscilante: a razão é negativa (q < 0) e os termos são números


negativos e positivos;
2. Termo médio Exemplo: PG: (3, -6, 12, -24, 48, -96, …), onde q = - 2.

4. Constante: a razão é sempre igual a 1 e os termos possuem


o mesmo valor.

Exemplo: PG: (3, 3, 3, 3, 3, 3, 3, ...), onde q = 1.

Soma dos Termos de uma PG


A soma dos termos de uma progressão geométrica é calculada
pela fórmula:
3. Soma dos termos

Sendo a1 o primeiro termo, q a razão comum e n o número de


termos.
Se a razão da PG for menor que 1, então utilizaremos a fórmula
a seguir para determinar a soma dos termos.
— Progressão Geométrica (PG)
Uma progressão geométrica é formada quando uma sequência
tem um fator multiplicador resultado da divisão de dois termos con-
secutivos, chamada de razão comum, que é calculada por:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Essas fórmulas são utilizadas para uma PG finita. Caso a soma


pedida seja de uma PG infinita com 0 < q < 1, a fórmula utilizada é: TRIGONOMETRIA

A trigonometria é a parte da matemática que estuda as rela-


ções existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos7.
Ela é utilizada também em outras áreas de estudo como física,
Termo Médio da PG química, biologia, geografia, astronomia, medicina, engenharia etc.
Para determinar o termo médio ou central de uma PG com um
número ímpar de termos calculamos a média geométrica com o pri- — Funções Trigonométricas
meiro e último termo (a1 e an): As funções trigonométricas são as funções relacionadas aos tri-
ângulos retângulos, que possuem um ângulo de 90°. São elas: seno,
cosseno e tangente.

Exemplo: Dada a PG (1, 3, 9, 27 e 81) vamos determinar a razão,


o termo médio e a soma dos termos.
1. Razão da PG

2. Termo médio
As funções trigonométricas estão baseadas nas razões existen-
tes entre dois lados do triângulo em função de um ângulo.
Elas são formadas por dois catetos (oposto e adjacente) e a hi-
potenusa:

Lê-se cateto oposto sobre a hipotenusa.


Soma dos termos

Lê-se cateto adjacente sobre a hipotenusa.

Lê-se cateto oposto sobre cateto adjacente.

Ângulos Notáveis
Os chamados ângulos notáveis são os que surgem com maior
frequência nos estudos de razões trigonométricas8.

7 https://www.todamateria.com.br/trigonometria/
8 https://www.todamateria.com.br/razoes-trigonometricas/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Veja a tabela abaixo com o valor dos ângulos de 30°; 45° e 60°:

— Círculo Trigonométrico
O círculo trigonométrico ou círculo unitário é usado no estudo das funções trigonométricas: seno, cosseno e tangente.

— Teoria Euclidiana
Alguns conceitos importantes da geometria euclidiana nos estudos da trigonometria são:

Lei dos Senos


A Lei dos Senos estabelece que num determinado triângulo, a razão entre o valor de um lado e o seno de seu ângulo oposto, será
sempre constante.
Dessa forma, para um triângulo ABC de lados a, b, c, a Lei dos Senos é representada pela seguinte fórmula:

Lei dos Cossenos


A Lei dos Cossenos estabelece que em qualquer triângulo, o quadrado de um dos lados, corresponde à soma dos quadrados dos ou-
tros dois lados, menos o dobro do produto desses dois lados pelo cosseno do ângulo entre eles.
Dessa maneira, sua fórmula é representada da seguinte maneira:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Sendo:
a: hipotenusa;
b e c: catetos.

Relações Fundamentais
A trigonometria ao longo dos anos foi se tornando mais abran-
gente, não se restringindo apenas aos estudos dos triângulos9.
Dentro deste novo contexto, define-se o círculo unitário, tam-
bém chamado de circunferência trigonométrica. Ele é utilizado para
estudar as funções trigonométricas.

Lei das Tangentes Circunferência Trigonométrica


A Lei das Tangentes estabelece a relação entre as tangentes A circunferência trigonométrica é uma circunferência orienta-
de dois ângulos de um triângulo e os comprimentos de seus lados da de raio igual a 1 unidade de comprimento. Associamos a ela um
opostos. sistema de coordenadas cartesianas.
Dessa forma, para um triângulo ABC, de lados a, b, c, e ângulos Os eixos cartesianos dividem a circunferência em 4 partes, cha-
α, β e γ, opostos a estes três lados, têm-se a expressão: madas de quadrantes. O sentido positivo é anti-horário, conforme
figura abaixo:

Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras, criado pelo filósofo e matemático gre- Usando a circunferência trigonométrica, as razões que a prin-
go, Pitágoras de Samos, (570 a.C. - 495 a.C.), é muito utilizado nos cípio foram definidas para ângulos agudos (menores que 90º), pas-
estudos trigonométricos. sam a ser definidas para arcos maiores de 90º.
Ele prova que no triângulo retângulo, composto por um ângulo Para isso, associamos um ponto P, cuja abscissa é o cosseno de
interno de 90° (ângulo reto), a soma dos quadrados de seus catetos θ e cuja ordenada é o seno de θ.
corresponde ao quadrado de sua hipotenusa:

a² = b² + c²

9 https://www.todamateria.com.br/relacoes-trigonometricas/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Como todos os pontos da circunferência trigonométrica estão


a uma distância de 1 unidade da origem, podemos usar o teorema
de Pitágoras. O que resulta na seguinte relação trigonométrica fun-
damental:

Podemos definir ainda a tg x, de um arco de medida x, no círcu-


lo trigonométrico como sendo:

— Outras Relações Fundamentais

Cotangente do Arco de Medida x

Secante do Arco de Medida x

Figura do Círculo Trigonométrico dos ângulos expressos em graus


e radianos.

Cossecante do Arco de Medida x Funções Periódicas


As funções periódicas são funções que possuem um comporta-
mento periódico. Ou seja, que ocorrem em determinados interva-
los de tempo.
O período corresponde ao menor intervalo de tempo em que
— Funções Trigonométricas acontece a repetição de determinado fenômeno.
As funções trigonométricas, também chamadas de funções cir- Uma função f: A → B é periódica se existir um número real po-
culares, estão relacionadas com as demais voltas no ciclo trigono- sitivo p tal que
métrico10. f(x) = f (x+p), ∀ x ∈ A
As principais funções trigonométricas são:
- Função Seno; O menor valor positivo de p é chamado de período de f.
- Função Cosseno; Note que as funções trigonométricas são exemplos de funções
- Função Tangente. periódicas visto que apresentam certos fenômenos periódicos.

No círculo trigonométrico temos que cada número real está as- Função Seno
sociado a um ponto da circunferência. A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela
é expressa por:
f(x) = sen x

No círculo trigonométrico, o sinal da função seno é positivo


quando x pertence ao primeiro e segundo quadrantes. Já no tercei-
ro e quarto quadrantes, o sinal é negativo.

10 https://www.todamateria.com.br/funcoes-trigonometricas/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Além disso, no primeiro e quarto quadrantes a função f é crescente. Já no segundo e terceiro quadrantes a função f é decrescente.
O domínio e o contradomínio da função seno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(sen)=R.
Já o conjunto da imagem da função seno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < sen x < 1.
Em relação à simetria, a função seno é uma função ímpar: sen(-x) = -sen(x).
O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva chamada de senoide:

Função Cosseno
A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela é expressa por:
f(x) = cos x

No círculo trigonométrico, o sinal da função cosseno é positivo quando x pertence ao primeiro e quarto quadrantes. Já no segundo e
terceiro quadrantes, o sinal é negativo.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função f é decrescente. Já no terceiro e quarto quadrantes a função f é crescente.
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.
Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < cos x < 1.
Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par: cos(-x) = cos(x).
O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada de cossenoide:

Função Tangente
A função tangente é uma função periódica e seu período é π. Ela é expressa por:
f(x) = tg x
No círculo trigonométrico, o sinal da função tangente é positiva quando x pertence ao primeiro e terceiro quadrantes. Já no segundo
e quarto quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, a função f definida por f(x) = tg x é sempre crescente em todos os quadrantes do círculo trigonométrico.
O domínio da função tangente é: Dom(tan)={x ∈ R│x ≠ de π/2 + kπ; K ∈ Z}. Assim, não definimos tg x, se x = π/2 + kπ.
Já o conjunto da imagem da função tangente corresponde a R, ou seja, o conjunto dos números reais.
Em relação à simetria, a função tangente é uma função ímpar: tg(-x) = -tg(x).
O gráfico da função tangente
f(x) = tg x é uma curva chamada de tangentoide:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

LOGARITMO E EXPONENCIAL

Função Exponencial é aquela que a variável está no expoente e cuja base é sempre maior que zero e diferente de um11.
Essas restrições são necessárias, pois 1 elevado a qualquer número resulta em 1. Assim, em vez de exponencial, estaríamos diante de
uma função constante.
Além disso, a base não pode ser negativa, nem igual a zero, pois para alguns expoentes a função não estaria definida.
Por exemplo, a base igual a - 3 e o expoente igual a 1/2. Como no conjunto dos números reais não existe raiz quadrada de número
negativo, não existiria imagem da função para esse valor.

Exemplos:
f(x) = 4x
f(x) = (0,1)x
f(x) = (⅔)x
Nos exemplos acima 4, 0,1 e ⅔ são as bases, enquanto x é o expoente.

— Gráfico da Função Exponencial


O gráfico desta função passa pelo ponto (0,1), pois todo número elevado a zero é igual a 1. Além disso, a curva exponencial não toca
no eixo x.
Na função exponencial a base é sempre maior que zero, portanto, a função terá sempre imagem positiva. Assim sendo, não apresenta
pontos nos quadrantes III e IV (imagem negativa).
Abaixo representamos o gráfico da função exponencial.

— Função Crescente ou Decrescente


A função exponencial pode ser crescente ou decrescente.
Será crescente quando a base for maior que 1. Por exemplo, a função y = 2x é uma função crescente.
Para constatar que essa função é crescente, atribuímos valores para x no expoente da função e encontramos a sua imagem. Os valores
encontrados estão na tabela abaixo.

11 https://www.todamateria.com.br/funcao-exponencial/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Observando a tabela, notamos que quando aumentamos o valor de x, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o
gráfico desta função.

Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que zero e menores que 1, são decrescentes. Por exemplo, f(x) = (1/2)x é uma
função decrescente.
Calculamos a imagem de alguns valores de x e o resultado encontra-se na tabela abaixo.

Notamos que para esta função, enquanto os valores de x aumentam, os valores das respectivas imagens diminuem. Desta forma,
constatamos que a função f(x) = (1/2)x é uma função decrescente.
Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico dessa função. Note que quanto maior o x, mais perto do zero a curva ex-
ponencial fica.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

— Função Logarítmica
A função logarítmica de base a é definida como f (x) = loga x, com a real, positivo e a ≠ 112. A função inversa da função logarítmica é a
função exponencial.
O logaritmo de um número é definido como o expoente ao qual se deve elevar a base a para obter o número x, ou seja:

Exemplos:
f (x) = log3 x

g (x) =

h (x) = log10 x = log x

— Gráfico da Função Logarítmica


De uma forma geral, o gráfico da função y = loga x está localizado no I e IV quadrantes, pois a função só é definida para x > 0.
Além disso, a curva da função logarítmica não toca o eixo y e corta o eixo x no ponto de abscissa igual a 1, pois y = loga 1 = 0, para
qualquer valor de a.
Abaixo, apresentamos o esboço do gráfico da função logarítmica.

12 https://www.todamateria.com.br/funcao-logaritmica/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

— Função Crescente e Decrescente


Uma função logarítmica será crescente quando a base a for
maior que 1, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 < loga x2. Por exemplo, a fun-
ção f (x) = log2 x é uma função crescente, pois a base é igual a 2.
Para verificar que essa função é crescente, atribuímos valores
para x na função e calculamos a sua imagem. Os valores encontra-
dos estão na tabela abaixo.

Notamos que, enquanto os valores de x aumentam, os valores


das respectivas imagens diminuem. Desta forma, constatamos que
a função é uma função decrescente.

Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico des-


Observando a tabela, notamos que quando o valor de x au- sa função. Note que quanto menor o valor de x, mais perto do zero
menta, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o a curva logarítmica fica, sem, contudo, cortar o eixo y.
gráfico desta função.

Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que
zero e menores que 1 são decrescentes, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 FUNÇÕES
> loga x2. Por exemplo, é uma função decrescente,
pois a base é igual a . Na Matemática, função corresponde a uma associação dos ele-
mentos de dois conjuntos, ou seja, a função indica como os elemen-
Calculamos a imagem de alguns valores de x desta função e o tos estão relacionados13.
resultado encontra-se na tabela abaixo: Por exemplo, uma função de A em B significa associar cada elemento
pertencente ao conjunto A a um único elemento que compõe o
conjunto B, sendo assim, um valor de A não pode estar ligado a dois
valores de B.

13 https://www.todamateria.com.br/funcao/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:

Notação para função: f: A → B (lê-se: f de A em B).

— Representação das Funções


Em uma função f: A → B o conjunto A é chamado de domínio
(D) e o conjunto B recebe o nome de contradomínio (CD). Para a função acima:
Um elemento de B relacionado a um elemento de A recebe o - O domínio é {-4, -2, 2, 3};
nome de imagem pela função. Agrupando todas as imagens de B - O contradomínio é {12, 4, 6};
temos um conjunto imagem, que é um subconjunto do contrado- - O conjunto imagem é {12, 4, 6}.
mínio.
Função Injetora
Exemplo: observe os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 2, 3, 4, 5, Na função injetora todos os elementos de A possuem corres-
6, 7, 8}, com a função que determina a relação entre os elementos pondentes distintos em B e nenhum dos elementos de A comparti-
f: A → B é x → 2x. Sendo assim, f(x) = 2x e cada x do conjunto A é lham de uma mesma imagem em B. Entretanto, podem existir ele-
transformado em 2x no conjunto B. mentos em B que não estejam relacionados a nenhum elemento
de A.

Exemplo:

Note que o conjunto de A {1, 2, 3, 4} são as entradas, “multipli-


car por 2” é a função e os valores de B {2, 4, 6, 8}, que se ligam aos
elementos de A, são os valores de saída.
Portanto, para essa função: Para a função acima:
- O domínio é {1, 2, 3, 4}; - O domínio é {0, 3, 5};
- O contradomínio é {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}; - O contradomínio é {1, 2, 5, 8};
- O conjunto imagem é {2, 4, 6, 8}. - O conjunto imagem é {1, 5, 8}.

Tipos de Funções Função Bijetora


As funções recebem classificações de acordo com suas proprie- Na função bijetora os conjuntos apresentam o mesmo número
dades. Confira a seguir os principais tipos. de elementos relacionados. Essa função recebe esse nome por ser
ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.
Função Sobrejetora
Na função sobrejetora o contradomínio é igual ao conjunto
imagem. Portanto, todo elemento de B é imagem de pelo menos
um elemento de A.
Notação: f: A → B, ocorre a Im(f) = B

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:

Para a função acima:


- O domínio é {-1, 1, 2, 4};
- O contradomínio é {2, 3, 5, 7};
- O conjunto imagem é {2, 3, 5, 7}.

Função Afim
A função afim, também chamada de função do 1º grau, é uma função f: R→R, definida como f(x) = ax + b, sendo a e b números reais14.
As funções f(x) = x + 5, g(x) = 3√3x - 8 e h(x) = 1/2 x são exemplos de funções afim.
Neste tipo de função, o número a é chamado de coeficiente de x e representa a taxa de crescimento ou taxa de variação da função. Já
o número b é chamado de termo constante.

Gráfico de uma Função do 1º grau


O gráfico de uma função polinomial do 1º grau é uma reta oblíqua aos eixos Ox e Oy. Desta forma, para construirmos seu gráfico basta
encontrarmos pontos que satisfaçam a função.
Exemplo: Construa o gráfico da função f (x) = 2x + 3.
Para construir o gráfico desta função, vamos atribuir valores arbitrários para x, substituir na equação e calcular o valor correspondente
para a f (x).
Sendo assim, iremos calcular a função para os valores de x iguais a: - 2, - 1, 0, 1 e 2. Substituindo esses valores na função, temos:
f (- 2) = 2. (- 2) + 3 = - 4 + 3 = - 1
f (- 1) = 2 . (- 1) + 3 = - 2 + 3 = 1
f (0) = 2 . 0 + 3 = 3
f (1) = 2 . 1 + 3 = 5
f (2) = 2 . 2 + 3 = 7
Os pontos escolhidos e o gráfico da f (x) são apresentados na imagem abaixo:

No exemplo, utilizamos vários pontos para construir o gráfico, entretanto, para definir uma reta bastam dois pontos.
Para facilitar os cálculos podemos, por exemplo, escolher os pontos (0,y) e (x,0). Nestes pontos, a reta da função corta o eixo Ox e Oy
respectivamente.
14 https://www.todamateria.com.br/funcao-afim/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Coeficiente Linear e Angular


Como o gráfico de uma função afim é uma reta, o coeficiente a de x é também chamado de coeficiente angular. Esse valor representa
a inclinação da reta em relação ao eixo Ox.
O termo constante b é chamado de coeficiente linear e representa o ponto onde a reta corta o eixo Oy. Pois sendo x = 0, temos:

y = a.0 + b ⇒ y = b

Quando uma função afim apresentar o coeficiente angular igual a zero (a = 0) a função será chamada de constante. Neste caso, o seu
gráfico será uma reta paralela ao eixo Ox.
Abaixo representamos o gráfico da função constante f (x) = 4:

Ao passo que, quando b = 0 e a = 1 a função é chamada de função identidade. O gráfico da função f (x) = x (função identidade) é uma
reta que passa pela origem (0,0).
Além disso, essa reta é bissetriz do 1º e 3º quadrantes, ou seja, divide os quadrantes em dois ângulos iguais, conforme indicado na
imagem abaixo:

Temos ainda que, quando o coeficiente linear é igual a zero (b = 0), a função afim é chamada de função linear. Por exemplo as funções
f (x) = 2x e g (x) = - 3x são funções lineares.
O gráfico das funções lineares são retas inclinadas que passam pela origem (0,0).

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Representamos abaixo o gráfico da função linear f (x) = - 3x:

Função Crescente e Decrescente


Uma função é crescente quando ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será também cada vez maior.
Já a função decrescente é aquela que ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será cada vez menor.
Para identificar se uma função afim é crescente ou decrescente, basta verificar o valor do seu coeficiente angular.
Se o coeficiente angular for positivo, ou seja, a é maior que zero, a função será crescente. Ao contrário, se a for negativo, a função será
decrescente.
Por exemplo, a função 2x - 4 é crescente, pois a = 2 (valor positivo). Entretanto, a função - 2x + - 4 é decrescente visto que a = - 2 (ne-
gativo). Essas funções estão representadas nos gráficos abaixo:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

ANÁLISE COMBINATÓRIA

A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemática que estuda métodos e técnicas que permitem resolver problemas
relacionados com contagem15.
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de
elementos.

— Princípio Fundamental da Contagem


O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio multiplicativo, postula que:
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as
possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.
Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.

Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma bebida
e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches: hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente completo.
Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções: cupcake de cereja,
cupcake de chocolate, cupcake de morango e cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de quantas maneiras um
cliente pode escolher o seu lanche?

Solução: Podemos começar a resolução do problema apresentado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme ilustrado
abaixo:

Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim, identifica-
mos que existem 24 combinações possíveis.
Podemos ainda resolver o problema usando o princípio multiplicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de lanches, basta
multiplicar o número de opções de sanduíches, bebidas e sobremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24.
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher na promoção.

— Tipos de Combinatória
O princípio fundamental da contagem pode ser usado em grande parte dos problemas relacionados com contagem. Entretanto, em
algumas situações seu uso torna a resolução muito trabalhosa.
Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver problemas com determinadas características. Basicamente há três tipos de
agrupamentos: arranjos, combinações e permutações.
Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo, precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em problemas de
contagem, que é o fatorial.
O fatorial de um número natural é definido como o produto deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo ! para
indicar o fatorial de um número.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.

15 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: — Combinações
0! = 1. As combinações são subconjuntos em que a ordem dos ele-
1! = 1. mentos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela na-
3! = 3.2.1 = 6. tureza dos mesmos.
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040. Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800. tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:

Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme


cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
para efetuar os cálculos de análise combinatória.
— Arranjos
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da
ordem e da natureza dos mesmos. Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p 3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
≤ n), utiliza-se a seguinte expressão: dentre as 10 pessoas que se candidataram.
De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser for-
mada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem
dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria,
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria.
Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na vo-
tação para escolher um representante e um vice-representante de
uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o repre-
sentante e o segundo mais votado o vice-representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá
ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que Observe que para simplificar os cálculos, transformamos o fato-
altera o resultado. rial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7, pois, desta
forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.

— Probabilidade e Análise Combinatória


A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de
Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes. obter determinado resultado diante de um experimento aleatório.
São exemplos as chances de um número sair em um lançamento de
— Permutações dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão en-
de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos tre o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis,
disponíveis. sendo apresentada pela seguinte expressão:
Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando
o número de elementos é igual ao número de agrupamentos. Desta
maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1 na per-
mutação.
Assim a permutação é expressa pela fórmula:
Sendo:
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A.
n (A): número de resultados favoráveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis.
Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras
diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares. Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, mui-
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número tas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise
de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permuta- combinatória.
ção: Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o prê-
mio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou seja,
apostar exatamente nos seis números sorteados?
Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão
Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos
sentarem neste banco. apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis nú-
meros sorteados.
Já o número de casos possíveis é calculado levando em consi-
deração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não importando

139
Editora

a solução para o seu concurso!


RACIOCÍNIO LÓGICO

a ordem, de um total de 60 números.


Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação,
conforme indicado abaixo:

Matriz Quadrada: formada pelo mesmo número de linhas e


colunas, por exemplo:
Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado. A
probabilidade de acertarmos então será calculada como:

A é uma matriz quadrada 2 x 2 ou A é quadrada de ordem 2

Matriz Transposta
A matriz transposta (indicada pela letra t) é aquela que apre-
MATRIZES E DETERMINANTES senta os mesmos elementos de uma linha ou coluna comparada
com outra matriz.
— Matriz No entanto, os elementos iguais entre as duas são invertidos,
Matriz é uma representação matemática que inclui em linhas ou seja, a linha de uma apresenta os mesmos elementos que a colu-
(horizontais) e colunas (verticais) alguns números naturais não-nu- na de outra. Ou ainda, a coluna de uma possui os mesmos elemen-
los16. tos da linha de outra.
Os números, chamados de elementos, são representados entre
parênteses ou colchetes.

Matriz Oposta
Na matriz oposta, os elementos entre duas matrizes apresen-
tam sinais diferentes, por exemplo:

— Classificação das Matrizes


Há quatro tipos de matrizes especiais: Matriz Identidade
A matriz identidade ocorre quando os elementos da diagonal
Matriz Linha: formada por uma única linha, por exemplo: principal são todos iguais a 1 e os outros elementos são iguais a 0
(zero):

Matriz Coluna: formada por uma única coluna, por exemplo: Matriz Inversa
A matriz inversa é uma matriz quadrada. Ela ocorre quando o
produto de duas matrizes for igual a uma matriz identidade quadra-
da de mesma ordem.
A . B = B . A = In (quando a matriz B é inversa da matriz A)

Matriz Nula: formada por elementos iguais a zero, por exem-


plo:

16 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-matrizes/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Obs.: Para encontrar a matriz inversa utiliza-se a multiplicação


de matrizes.

— Igualdade de Matrizes
Quando temos matrizes iguais, os elementos das linhas e das
colunas são correspondentes:

A matriz C, resultado da multiplicação A . B, tem as dimensões


m x p, ou seja, o número de linhas da primeira matriz e o número
de colunas da segunda.
Para que as matrizes A e B sejam iguais os valores devem ser:
a=3 Exemplo de Multiplicação de Matrizes
b = -5 No exemplo abaixo, temos que a matriz A é do tipo 2x3 e a
c=2 matriz B é do tipo 3x2. Portanto, o produto entre elas (matriz C)
d=1 resultará numa matriz 2x2.

— Multiplicação de Matrizes
A multiplicação de matrizes corresponde ao produto entre
duas matrizes17. O número de linhas da matriz é definido pela letra
m e o número de colunas pela letra n.
Já as letras i e j representam os elementos presentes nas linhas
e colunas respectivamente.

Exemplo: A3x3 (a matriz A possui três linhas e três colunas).

Assim, a matriz C genérica é:

Obs.: Importante ressaltar que na multiplicação de matrizes, a


ordem dos elementos afeta o resultado. Ou seja, ela não é comu-
tativa:
A.B≠B.A
Inicialmente, vamos multiplicar os elementos da linha 1 de A
— Cálculo: Como Multiplicar Matrizes? com os da coluna 1 de B. Encontrados os produtos, somamos esses
valores:
c11 = 2 . 1 + 3 . 0 + 1 . 4 = 6
SEJAM AS MATRIZES:
Por conseguinte, vamos multiplicar e somar os elementos da
linha 1 de A com a coluna 2 de B:
c12 = 2 . (-2) + 3 . 5 + 1 . 1 = 12
Onde: Depois disso, vamos passar para a linha 2 de A e multiplicar e
somar com a coluna 1 de B:
c21 = (-1) . 1 + 0 . 0 + 2 . 4 = 7
Ainda na linha 2 de A, vamos multiplicar e somar com a coluna
2 de B:
— Quando é Possível Multiplicar Matrizes? c22 = (-1) . (-2) + 0 . 5 + 2 . 1 = 4
Para ser possível multiplicar matrizes, é primordial que o nú- Por fim, temos que a multiplicação de A . B é:
mero de colunas da primeira matriz seja igual ao número de linhas
da segunda matriz.

17 https://www.todamateria.com.br/multiplicacao-de-matrizes/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Matriz B =

Multiplicação de um Número Real por uma Matriz


No caso de multiplicar um número real por uma matriz, deve-
-se multiplicar cada elemento da matriz por esse número:

Determinantes de 3.ª Ordem


As matrizes de Ordem 3 ou matriz 3x3, são aquelas que apre-
sentam três linhas e três colunas:
— Determinantes
O determinante é um número associado a uma matriz quadra-
da18. Esse número é encontrado fazendo-se determinadas opera-
ções com os elementos que compõe a matriz.
Indicamos o determinante de uma matriz A por det A. Pode-
mos ainda, representar o determinante por duas barras entre os
elementos da matriz.

Determinantes de 1.ª Ordem


O determinante de uma matriz de Ordem 1, é igual ao próprio Para calcular o determinante desse tipo de matriz, utilizamos a
elemento da matriz, pois esta apresenta apenas uma linha e uma Regra de Sarrus, que consiste em repetir as duas primeiras colunas
coluna. logo a seguir à terceira:

Exemplos:

Determinantes de 2.ª Ordem


As matrizes de Ordem 2 ou matriz 2x2, são aquelas que apre- Seguimos os seguintes passos:
sentam duas linhas e duas colunas. 1) Calculamos a multiplicação em diagonal. Para tanto, traça-
O determinante de uma matriz desse tipo é calculado, primeiro mos setas diagonais que facilitam o cálculo.
multiplicando os valores constantes nas diagonais, uma principal e As primeiras setas são traçadas da esquerda para a direita e
outra secundária. correspondem às diagonais principais:
A seguir, subtraindo os resultados obtidos dessa multiplicação.

Exemplos:
Matriz A =

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RACIOCÍNIO LÓGICO

2) Calculamos a multiplicação do outro lado da diagonal. Assim, pendente é igual a 0 (zero): a1x1 + a2x2 = 0.
traçamos novas setas. Portanto, aqueles que apresentam termo independente dife-
Agora, as setas são traçadas da direita para a esquerda e cor- rente de 0 (zero) indica que o sistema não é homogêneo: a1x1 + a2x2
respondem à diagonal secundária: = 3.
As matrizes associadas a um sistema linear podem ser comple-
Matriz A = tas ou incompletas. São completas as matrizes que consideram os
termos independentes das equações.
Os sistemas lineares são classificados como normais quando o
número de equações é o mesmo que o número de incógnitas. Além
disso, quando o determinante da matriz incompleta desse sistema
não é igual a zero.

— Classificação
Os sistemas lineares podem ser classificados conforme o nú-
mero de soluções possíveis. Lembrando que a solução das equa-
ções é encontrada pela substituição das variáveis por valores.
Sistema Possível e Determinado (SPD): há apenas uma solu-
ção possível, o que acontece quando o determinante é diferente de
zero (D ≠ 0). Isso acontecerá quando:

3) Somamos cada uma delas:

Sistema Possível e Indeterminado (SPI): as soluções possíveis


são infinitas. A condição para que um sistema seja desse tipo é:

Sistema Impossível (SI): não é possível apresentar qualquer


4) Subtraímos cada um desses resultados: tipo de solução. Nesse tipo de sistema temos:

LOGO, O DETERMINANTE É: .

— Sistemas Lineares Exemplo: Classificando o sistema abaixo:


Sistemas Lineares são conjuntos de equações associadas entre
elas que apresentam a forma a seguir19:

Para identificar o tipo de sistema, vamos calcular a razão entre


os coeficientes das equações:

A chave do lado esquerdo é o símbolo usado para sinalizar que


as equações fazem parte de um sistema. O resultado do sistema é
dado pelo resultado de cada equação.
Os coeficientes am, am2, am3, ... , an3, an2, an1 das incógnitas x1, xm2,
xm3, ... , xn3, xn2, xn1 são números reais.
Ao mesmo tempo, b também é um número real que é chamado
de termo independente.
Sistemas lineares homogêneos são aqueles cujo termo inde-
19 https://www.todamateria.com.br/sistemas-lineares/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, a solução para o sistema dado é o par ordenado (8, 4).


Repare que esse resultado torna ambas as equações verdadeiras,
COMO , ENTÃO O SISTEMA É IMPOSSÍVEL. pois 8 + 4 = 12 e 3.8 - 4 = 20.

— Como Resolver um Sistema de Equações do 1º Grau? Método da Adição


Podemos resolver um sistema de equações do 1º grau, com No método da adição buscamos juntar as duas equações em
duas incógnitas, usando o método da substituição ou o da soma.20 uma única equação, eliminando uma das incógnitas.
Para isso, é necessário que os coeficientes de uma das incóg-
Método da Substituição nitas sejam opostos, isto é, devem ter o mesmo valor e sinais con-
Esse método consiste em escolher uma das equações e isolar- trários.
mos uma das incógnitas, para determinar o seu valor em relação a Exemplo: Para exemplificar o método da adição, vamos resol-
outra incógnita. Depois, substituímos esse valor na outra equação. ver o mesmo sistema anterior:
Desta forma, a segunda equação ficará com uma única incóg-
nita e, assim, poderemos encontrar o seu valor final. Para finalizar,
substituímos na primeira equação o valor encontrado e, assim, en-
contramos também o valor da outra incógnita.

Exemplo: Resolva o seguinte sistema de equações:


Note que nesse sistema a incógnita y possui coeficientes opos-
tos, ou seja, 1 e - 1. Então, iremos começar a calcular somando as
duas equações, conforme indicamos abaixo:

Solução: Vamos começar escolhendo a primeira equação do


sistema, que é a equação mais simples, para isolar o x. Assim temos:

Ao anular o y, a equação ficou apenas com o x, portanto agora,


podemos resolver a equação:

Para encontrar o valor do y, basta substituir esse valor em uma


das duas equações. Vamos substituir na mais simples:

Após substituir o valor de x, na segunda equação, podemos re- Note que o resultado é o mesmo que já havíamos encontrado,
solvê-la, da seguinte maneira: usando o método da substituição.
Quando as equações de um sistema não apresentam incógni-
tas com coeficientes opostos, podemos multiplicar todos os termos
por um determinado valor, a fim de tornar possível utilizar esse mé-
todo.
Por exemplo, no sistema abaixo, os coeficientes de x e de y não
são opostos:

Agora que encontramos o valor do y, podemos substituir esse Portanto, não podemos, inicialmente, anular nenhuma das in-
valor da primeira equação, para encontrar o valor do x: cógnitas. Neste caso, devemos multiplicar por algum número que
transforme o coeficiente em um número oposto do coeficiente da
outra equação.
Podemos, por exemplo, multiplicar a primeira equação por - 2.
Contudo, devemos ter o cuidado de multiplicarmos todos os termos
por - 2, para não modificarmos a igualdade.
20 https://www.todamateria.com.br/sistemas-de-equacoes/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, o sistema equivalente ao que queremos calcular é: Exemplo 2: Um sistema 3x3 escalonado, com três equações e
três incógnitas: x, y e z. A primeira equação possui todos os termos
não-nulos (diferentes de zero). A segunda equação tem o 1.º termo
nulo (x=0) e, a terceira equação possui x e y iguais a zero.

Agora, é possível resolver o sistema por adição, conforme apre-


sentado abaixo:

Repare que os sistemas escalonados estão na forma de escada,


diminuindo a quantidade de termos a cada linha.

Como Escalonar um Sistema Linear


Para escalonar um sistema linear podemos utilizar as seguintes
operações:
- Troca da ordem das equações.
Logo, x = - 12, não podemos esquecer de substituir esse valor
em uma das equações para encontrar o valor do y. Substituindo na
primeira equação, temos:

Podemos passar a equação da linha 2 para a linha 1.

- Multiplicação (ou divisão) de todos os termos de uma equação


por um mesmo número real diferente de zero.
Podemos multiplicar todos os termos de uma equação qual-
Assim, a solução para o sistema é o par ordenado (- 12, 60) quer do sistema.
— Escalonamento de Sistemas Lineares
Escalonamento é um método para resolver sistemas de equa-
Multiplicando todos os termos por 3:
ções lineares, quando existe solução21. Também é usado para classi-
ficar estes sistemas que podem possuir quaisquer ordens.

Escalonar um sistema linear é modificar suas equações e ter-


mos de modo a obter um novo sistema, escalonado, em que ambos
são equivalentes, pois possuem as mesmas soluções.
- Multiplicação dos termos de uma equação por um número
Forma Escalonada de Sistemas real e, soma (ou subtração) do resultado aos termos corresponden-
Um sistema linear de equações está na forma escalonada tes de outra equação do sistema.
quando:
- As incógnitas das equações são escritas na mesma ordem;
- O 1.º elemento diferente de zero de uma equação, está à es-
querda do 1.º elemento diferente de zero da linha seguinte;
- Uma linha com todos os elementos nulos, deve estar abaixo
de todas as outras.
Podemos multiplicar todos os elementos da equação da pri-
Exemplo 1: Um sistema 2x2 escalonado, com duas equações e meira linha por 2:
duas incógnitas, x e y. Na segunda equação o 1.º termo é nulo (x =
0).

21 https://www.todamateria.com.br/escalonamento-de-sistemas-li-
neares/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Somamos a equação obtida termo a termo com a equação da 1. Identificamos a variável livre
segunda linha e substituímos na segunda linha o resultado. Variável livre é aquela que não inicia equações, no exemplo, é
a variável z.
2. Transpomos a variável livre para o outro lado da igualdade,
no segundo membro da equação.

Obtemos o sistema escalonado.

3. Atribuímos para z um valor numérico real k parêntese es-


querdo k pertence reto números reais parêntese direito, z=k.

Devemos realizar tantas transformações quanto forem neces-


sárias, até obtermos um sistema na forma escalonada, equivalente
ao primeiro.
4. Substituímos y na primeira equação pelo segundo membro
Resolução de Sistemas Lineares Escalonados da segunda equação e resolvemos para x.
Resolver um sistema de equações é determinar seu conjunto
solução, os valores numéricos que ao substituí-los pelas incógnitas,
tornam verdadeiras as igualdades.
Para resolver sistemas lineares escalonados consideramos dois
casos e realizamos as seguintes estratégias:

- Número de equações igual o número de incógnitas. 5. O conjunto solução é: .


Como k pode assumir qualquer valor real, o sistema é possível
e indeterminado.

Começamos a resolução a partir da última equação, de baixo GEOMETRIA


para cima.
Substituindo z na segunda equação: — Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou
seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: compri-
mento, largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em ge-
ometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângu-
los, e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial
O procedimento continua até a primeira equação, determinan- são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas.
do todas as incógnitas. Veja a aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.
Substituindo y e z na primeira equação:
— Fórmulas de Geometria Espacial
Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura
espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é
a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2

- Número de equações menor que o número de incógnitas.


Exemplo: 2 equações e 3 incógnitas.

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146
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Fórmulas da Esfera

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

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a solução para o seu concurso!


RACIOCÍNIO LÓGICO

Fórmulas do cilindro Fórmulas da Pirâmide Regular

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte
será 2r · h. Para uma pirâmide regular reta, temos:
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
Fórmulas do Prisma pirâmide.
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas trian-
bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um gulares.
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma. Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL.

VOLUME (V): V = . AB . H.

E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da pirâ-


mide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), temos
pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos.
h² + r² = t²
h² + a² = g²

Fórmulas do Tetraedro Regular


Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:
DIAGONAL DE UM PARALELEPÍPEDO:
.
Área total de um paralelepípedo:

VOLUME DE UM PARALELEPÍPEDO: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos.
Volume de um prisma:

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148
a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

ALTURA DA FACE =

ALTURA DO TETRAEDRO =

ÁREA DA FACE: AF =

ÁREA TOTAL: AT =

VOLUME DO TETRAEDRO:

— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da matemática que
relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas matemáticas.
Conhecer essa frente da matemática também é importante para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em um
plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x e o eixo y informarem a velocidade e o tempo.
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o conceito de ponto e reta.
- Um ponto determina uma posição no espaço.
- Uma reta é um conjunto de pontos.
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões.

Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas também
para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) e
depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem o modelo A (xa,ya).
— Equação Fundamental da Reta
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) e tem coeficiente angular m é:

y – y0 = m . (x – x0)
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

— Distância entre Dois Pontos Para representar o par ordenado P(x,y)


O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB) Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
é dado por: eixo y de ordenada.
Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?
x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é
uma função das coordenadas de P e Q:

A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por:

GEOMETRIA ANALÍTICA

Estudo do Ponto

Ponto Médio

Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um


sistema de eixos cartesianos.
- A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad

Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto


M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co-
ordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à


Fonte: www.matematicadidatica.com.br
mesma reta.
1º Quadrante: x>o e y>o
2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

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Editora

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti- 2º caso: 90° < a < 180°
lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados. Do triângulo retângulo ABC, vem:

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0
Portanto, para os dois casos, temos:
Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da
matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular Coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a. Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo
é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.
1º caso: 0° < a < 90°
m = tan a

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:

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Editora

a solução para o seu concurso!


RACIOCÍNIO LÓGICO

O valor do coeficiente angular m varia em função de a. Equação reduzida da reta


0 < a < 90° → m > 0 Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

a=0→m=0

Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi-


da da reta, em que m é o coeficiente.

Posições relativas de duas retas


Considere duas retas distintas do plano cartesiano:
A = 90° → M

Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

A equação fundamental de r é dada por:

Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

Assim, para r // s, temos:

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.

ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

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Editora

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, para r e s concorrentes, temos: Logo,

Distância de ponto a reta


Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
mente se, os seus coeficientes angulares são tais que

DE FATO:

Ângulo entre duas retas


Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r
e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângu-
lo 0 agudo formado entre elas:

Como:

Então: Se uma das retas for vertical, teremos:

E, reciprocamente, se

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a solução para o seu concurso!


RACIOCÍNIO LÓGICO

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.
Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori-
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2.

Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral
da circunferência:

Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzida


Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-
centro da circunferência: rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.

A equação reduzida da circunferência é:

( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16

Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos:

Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a


Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da equação geral
circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên- Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro-
cia. Então: cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá-
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio
da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.

Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência


cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0.

Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con-


dições.

Assim:

1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola-


mos o termo independente
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6

2º passo: determinamos os termos que completam os quadra-


dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as
parcelas correspondentes

154
Editora

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Estatística inferencial (Indutiva)


Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:

Estimação
A técnica de estimação consiste em utilizar um conjunto de da-
dos incompletos, ao qual iremos chamar de amostra, e nele calcular
3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos estimativas de quantidades de interesse. Estas estimativas podem
( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16 ser pontuais (representadas por um único valor) ou intervalares.

4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro Teste de Hipóteses


e o raio O fundamento do teste estatístico de hipóteses é levantar su-
posições acerca de uma quantidade não conhecida e utilizar, tam-
bém, dados incompletos para criar uma regra de escolha.

População e amostra

ESTATÍSTICA

Estatística descritiva
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos É o conjunto de todas as unidades sobre as quais há o interesse
e resumos numéricos. de investigar uma ou mais características.
Noções de estatística Variáveis e suas classificações
A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu-
apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize-
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza. mos que estamos qualificando.
Estatística descritiva (Dedutiva) Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca- ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
e resumos numéricos. Fazemos uso de: recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
Tabelas de frequência nome de variável discreta.
Ao dispor de uma lista volumosa de dados, as tabelas de frequ- Fases do método estatístico
ência servem para agrupar informações de modo que estas possam — Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida
ser analisadas. As tabelas podem ser de frequência simples ou de determinação das características mensuráveis do fenômeno que se
frequência em faixa de valores. quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá-
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta.
Gráficos — Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos
O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do ana- devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas
lista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exem- e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou
plos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores, de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A
histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de dispersão, gráfico crítica pode ser externa e interna.
sequencial. — Apuração dos dados: soma e processamento dos dados ob-
tidos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode
Resumos numéricos ser manual, eletromecânica ou eletrônica.
Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar — Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando
tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento
discrepantes, etc. estatístico.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

— Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-
Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de
dos métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn)
base a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclu- em rol.
sões e previsões. Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit-
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que
Censo precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é,
É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequ-
componentes da população. ência (xn) em rol.

Principais propriedades: Exemplo 1:


- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade; Determinar a mediana do conjunto de dados:
- É caro; {12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}
- É lento;
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em perí- Solução:
odos de anos 10 em 10 anos); Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10,
- Nem sempre é viável. 12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12
Resposta: Md=12.
Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or-
ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno Exemplo 2:
coletivo. Determinar a mediana do conjunto de dados:
Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos. {10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.

Média aritmética Solução:


Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos (3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética
do conjunto. entre os dois termos centrais do rol.
REPRESENTEMOS A MÉDIA ARITMÉTICA POR .
A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na LOGO:
pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritméti-
ca para variáveis quantitativas. Resposta: Md=15
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen-
tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe- Moda (Mo)
lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências. Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda
Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos aquele valor que ocorre com maior frequência.
jogadores é:
1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07 Observação:
+2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0 A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.

Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte- Exemplo 1:


remos a média aritmética das alturas: O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
isto é, Mo=8.

Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.
Medidas de dispersão
Média Ponderada Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi- central semelhantes podem apresentar características diversas.
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama- Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
da média aritmética ponderada. grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados
medidas de dispersão.

Variância
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um
Mediana (Md) conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é
Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn chamado de variância. Esse índice é assim definido:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua


média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
por , o número: Desvio padrão
Definição
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua
média aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indi-
ca-se por , o número:
Isto é:

E para amostra
Isto é:

Exemplo 1:
Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
guinte desempenho, descrito na tabela abaixo: Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são:
2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
Jogo Número de pontos a) A estatura média desses jogadores.
1 22 b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.
2 18
Solução:
3 13 Sendo a estatura média, temos:
4 24
5 26
6 20
7 19
8 18
Sendo o desvio padrão, tem-se:
a) Qual a média de pontos por jogo?
b) Qual a variância do conjunto de pontos?

Solução:
a) A média de pontos por jogo é:

— Gráficos
Os gráficos são representações que facilitam a análise de da-
dos, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza
pesquisas estatísticas22. Eles trazem muito mais praticidade, prin-
b) A variância é: cipalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando
são números consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos
também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto
temporal.

Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em
Desvio médio consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade
Definição de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja,
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se- em um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, de-
quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada vemos colocar nele somente o necessário.
elemento da amostra e seu valor médio.
22 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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RACIOCÍNIO LÓGICO

As informações em um gráfico devem estar dispostas de maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo coeso
com a finalidade da pesquisa.”

Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas dimen-
sões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los. A seguir, listamos alguns.

• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta ou
relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das distribui-
ções desses dados.

Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. Nessa
coleta foi organizado o seguinte rol:
Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}
Podemos organizar esses dados utilizando um Dotplot.

Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a quan-
tidade total de dados coletados.

• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.

Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção
a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos
da empresa.
• Gráfico de Setor
• Gráfico de Barras É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amos- dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às fre-
tra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que quências dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a
deve ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a área do setor circular.
frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo. Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentan-
do diferentes variáveis com frequências diversas para determinada
Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objeti- grandeza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação
vo analisar o percentual de determinada população que acesse ou em candidatos em uma eleição.
tenha: internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou
tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um
gráfico como este:

• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apre-
senta diversos retângulos justapostos (barras verticais)23.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entre-
tanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.

• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado
para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quan-
do as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em
branco no gráfico de barra.
Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e
comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.
23 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.

— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.

Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.

PROBABILIDADES.

— Probabilidade
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível ana-
lisar as chances de um determinado evento ocorrer24.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de experimentos,
cujos resultados não podem ser determinados antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo acontecer.
24 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de Para responder na forma de uma porcentagem, basta multipli-
um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo car por 100.
de 1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa
comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos. Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
de 33%.
— Experimento Aleatório
Um experimento aleatório é aquele que não é possível conhe- — Ponto Amostral
cer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo. Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um expe-
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas rimento aleatório.
condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e ve-
atribuída ao acaso. rificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não vi- coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
ciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de massa)
para o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza qual das — Espaço Amostral
6 faces estará voltada para cima. Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral corres-
ponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou, resultados
— Fórmula da Probabilidade possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório.
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho, o
um evento são igualmente prováveis. espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este ba-
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer ralho.
um determinado resultado através da divisão entre o número de Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um
eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis: dado, são as seis faces que o compõem:
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.

A quantidade de elementos em um conjunto chama-se cardi-


nalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto en-
tre parênteses.
Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento lan-
Sendo:
çar um dado é n(Ω) = 6.
P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A.
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam
— Espaço Amostral Equiprovável
(evento A).
Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
n(Ω): número total de casos possíveis.
amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma pro-
babilidade de ocorrência.
O resultado calculado também é conhecido como probabilidade te-
Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,
órica.
preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de
Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem, bas-
ocorrência de cada uma ser sorteada?
ta multiplicar o resultado por 100.
Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma
chance de serem sorteadas.
Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade
de sair um número menor que 3?
— Tipos de Eventos
Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um ex-
Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma
perimento aleatório.
chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a fórmu-
la da probabilidade.
Evento certo
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1,
O conjunto do evento é igual ao espaço amostral.
2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser sor-
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos:
teada ao acaso e ser mulher.

Evento Impossível
O conjunto do evento é vazio.
Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas
de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas.
O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois
todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
20.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Evento Complementar 2.IBADE - 2022 - Contador (CRC RO)


Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral, Considere os seguintes conjuntos:
sendo um evento complementar ao outro. A = {2,5,6,9}
Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço amos- B = {3,5,7,9}
tral é Ω = {cara, coroa}. C = {2,4,6,7}
Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é Calcule (A∩B) U C:
complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o pró- (A) {5,9}
prio espaço amostral. (B) {2,3,6,7}
(C) {3,5,7,9}
Evento Mutuamente Exclusivo (D) {2,4,5,6,7,9}
Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum. (E) {2,3,4,5,6,7,9}
A intersecção entre os dois conjuntos é vazia.
Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes
3.IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo
eventos são mutuamente exclusivos
A união de conjuntos é dada quando há a junção dos elemen-
A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}.
tos dos mesmos. Considere um conjunto X com 55 elementos e um
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}.
conjunto Y com 30 elementos. O menor número de elementos da
— Probabilidade Condicional união do conjunto X com o conjunto Y é:
A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre (A) 85.
eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstân- (B) 55.
cias, a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a (C) 30.
ocorrência do evento B. (D) 20.
A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por: (E) 15.

4.IBADE - 2022 - Contador (CRC RO)


Julieta compra, de segunda à sexta, determinada quantidade
de barras de chocolate na venda de Romeu. Ela adquiriu o costume
de comprá-las pela manhã e compra sempre uma unidade a mais
Onde o evento B não pode ser vazio. que o dobro do dia anterior. Sabendo que a contagem é reiniciada
Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encon- toda segunda, e que ela comprou uma barra na segunda, quantas
tro de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Bra- barras ela terá comprado até às 20:00 da quinta-feira, juntando to-
sil, um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um dos os dias em que comprou chocolate?
prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens (A) 27
e mulheres. (B) 26
Como evento de probabilidade condicional, podemos associar (C) 20
a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja (D) 14
francesa (evento B).
(E) 7
Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
mulher), apenas se for francesa (evento B).
5.IBADE - 2022 - Técnico em Atividades de Engenharia (SEA SC)/
Técnico em Agrimensura
QUESTÕES Três amigas estão treinando para uma corrida dando voltas em
uma quadra de futebol, mantendo sempre o ritmo constante. Bru-
na, Marcela e Ana Júlia completam uma volta na quadra em 40, 60
e 70 segundos, respectivamente. Considerando que elas começa-
1.IBADE - 2022 - Assistente Administrativo (CRC RO)
ram a correr simultaneamente a partir do mesmo ponto às 7horas,
Considere os conjuntos A, B e C.
o próximo horário em que as três passarão juntas pelo ponto de
A = {1, 3, 5, 7, 10}
partida será às:
B = {0, 3, 4, 5, 7, 9}
(A) 7h20min.
C = {2, 3, 4, 8, 7, 12}
(B) 7h15min.
Calcule (AUB) ∩ C:
(C) 7h10min.
(A) {3,4,7}
(D) 7h14min.
(B) {1,2,4,5,10}
(E) 7h12min.
(C) {2,4,7,9,12}
(D) {0,1,3,4,5,7,10}
6.IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo
(E) {0,1,5,10}
Em um escritório de advocacia há 30 funcionários no total. Sa-
bendo que a quantidade de mulheres excede a de homens em 8, o
número de mulheres, em relação ao número total de funcionários,
corresponde a:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 19/30. Dessa forma, o número de percursos diferentes que Carlos


(B) 21/30. pode fazer para chegar em seu trabalho é:
(C) 2/3. (A) 12.
(D) 22/30. (B) 35.
(E) 3/5. (C) 25.
(D) 30.
7.IBADE - 2022 - Analista Técnico Administrativo II (SEA SC)/
Curso Superior 12.IBADE - 2022 - Oficial Policial Militar (PM PB)/CHO
Quatro amigos estavam em uma pizzaria e queriam saber quem PIN é a sigla em inglês para Personal Identification Number, ou
tinha comido mais pizza naquela noite. Amanda informou que tinha Número de Identificação Pessoal. Ele Consiste em uma senha nu-
comido 7/8 de uma pizza, já o João comeu 4/5, Rômulo 3/4 e Iam mérica, semelhante a um cartão de crédito, por exemplo, e normal-
8/9. Dessa forma, podemos afirmar que: mente possui quatro dígitos.
(A) Amanda foi a que menos comeu entre os amigos. Uma pessoa deseja criar uma senha segura para proteger in-
(B) João comeu mais que Amanda. formações e arquivos em seu celular e, para isso, precisa elaborar
(C) Iam comeu mais que Rômulo. uma senha em que todos os 4 números sejam distintos entre si. De
(D) Rômulo comeu mais que João. quantas formas possíveis essa pessoa pode criar essa senha?
(E) Iam foi o que menos comeu entre os amigos. (A) 10!
(B) 5.040
8.IBADE - 2022 - Administrador (SEA SC) (e mais 3 concursos) (C) 104
Um anagrama de uma palavra é obtido ao trocar a ordem de (D) 1000
suas letras. Colocando em ordem alfabética todos os anagramas da
palavra MILITAR, a posição ocupada pela palavra MILITAR é a: 13.IBADE - 2022 - Sargento (PM PB)/Combatente/CFS
(A) 1556. Os números palíndromos, também chamados de capicuas, são
(B) 1557. números que podem ser lidos em ordem inversa e continuam tendo
(C) 1558. o mesmo valor, por exemplo: 88, 909, 12321. Dessa forma, quantos
(D) 1559. palíndromos de 7 algarismos podem ser formados?
(E) 1560. (A) 7500
(B) 9000
9.IBADE - 2022 - Administrador (SEA SC) (e mais 3 concursos) (C) 9500
Considere que o conselho de uma empresa é formado por 3 (D) 12000
diretores, 5 gerentes e 2 conselheiros. Sabendo que 10 pessoas se
candidataram para a vaga de diretor, 8 para a de gerente e 5 para a 14.IBADE - 2022 - Sargento (PM PB)/Combatente/CFS
de conselheiros, o número de possíveis conselhos é: Uma turma do colégio X precisa escolher um de seus alunos
(A) 67.000. para ser representante de turma. Além disso, outros dois membros
(B) 67.100. devem ser escolhidos pela turma, a fim de formar uma comissão
(C) 67.200. representante da sala composta por três membros, incluindo o
(D) 67.300. primeiro escolhido. Sabendo que existem 25 alunos nesta sala, de
(E) 67.400. quantas maneiras distintas esse grupo de representantes da comis-
são pode ser escolhido?
10.IBADE - 2022 - Técnico em Atividades de Engenharia (SEA (A) 2300
SC)/Técnico em Agrimensura (B) 2100
Em uma turma de alunos do ensino médio há 14 alunas, 10 alu- (C) 1800
nos e 5 professores. O número de maneiras que se pode organizar (D) 1950
uma comissão de formatura composta por 1 professor, 2 alunos e
2 alunas é: 15.IBADE - 2022 - Soldado Bombeiro Militar (CBM RO)
(A) 20.400. Paulo colocou o seguinte nome em sua rede wi-fi “primos en-
(B) 20.550. tre 1 e 10”. Sabendo que sua senha corresponde aos elementos do
(C) 20.455. conjunto cuja formação está indicada no próprio nome da rede, e
(D) 20.565. que a senha possui apenas números, quantos algarismos essa se-
(E) 20.475. nha possui?
(A) 8
11.IBADE - 2022 - Oficial Policial Militar (PM PB)/CHO (B) 7
Carlos mora na cidade A e deseja chegar ao seu trabalho loca- (C) 6
lizado na cidade C, passando pela cidade B. Ele observou que para (D) 5
ir da cidade A à cidade B existem 5 rodovias distintas, e para ir da (E) 4
cidade B à cidade C existem 7 rodovias distintas. Ao sair de casa,
Carlos é informado que uma das rodovias entre as cidades B e C
está em obras e, portanto, interditada.
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RACIOCÍNIO LÓGICO

16.IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo 20.IBADE - 2022 - Técnico em Atividades de Engenharia (SEA
Hugo fez um investimento em uma corretora e queria conhecer SC)/Técnico em Agrimensura
o valor total que ele possuía nesse investimento após 3 (três) me- Marcos está organizando sua coleção de brinquedos em quatro
ses. Sabendo que o investimento inicial foi de R$ 5.000,00, que ao prateleiras em seu quarto da seguinte forma:
final do primeiro mês houve uma valorização de 3%, que ao final do 1 estante - 10 brinquedos
segundo, houve uma desvalorização de 5% e que no último, houve 2 estante - A quinta parte da primeira estante
uma valorização de 8%, o valor total que o Hugo possuía ao final 3 estante - 40% da primeira estante
dos 3 meses era: 4 estante - A metade do total da soma das outras prateleiras.
(A) R$ 5.300,00. A quantidade de brinquedos que Marcos possui é de:
(B) R$ 5.250,50. (A) 24.
(C) R$ 5.344,70. (B) 20.
(D) R$ 5.283,90. (C) 26.
(E) R$ 5.435,80. (D) 18.
(E) 19.
17.IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo
Rômulo, ao entrar em uma loja de computadores, avistou um 21. IBADE - 2022 - Técnico em Atividades de Engenharia (SEA
anúncio informando que toda a loja tinha 10% de desconto nas SC)/Técnico em Agrimensura
compras à vista. Rômulo foi procurar um item para seu computa- Joana ao simular um empréstimo de R$30.000,00 no banco ob-
dor e, ao achá-lo, ficou surpreso ao saber que havia um desconto teve a seguinte opção de pagamento:
adicional de 8% no item. Considerando que o preço original do item - 50% do valor total do empréstimo + 12 parcelas de R$
era R$100,00 e que Rômulo pagou à vista, o preço final que ele pa- 1.600,00.
gou foi: O valor total de juros que a Joana pagará ao final é de:
(A) R$ 82,00. (A) 10%.
(B) R$ 82,40. (B) 11%.
(C) R$ 82,80. (C) 12%.
(D) R$ 83,20. (D) 13%.
(E) R$ 83,40. (E) 14%.

18.IBADE - 2022 - Administrador (SEA SC) (e mais 3 concursos) 22.IBADE - 2022 - Soldado Bombeiro Militar (CBM RO)
Rafaela pediu dinheiro ao pai para sair com as amigas, o mes- Pedro deseja comprar uma camisa que custa x reais. Porém, ele
mo lhe informou que se ela arrumasse o quarto poderia ganhar até só possui 20% do valor total da camisa. Sabendo que Pedro possui
20% a mais do que tinha pedido. Da última vez que saiu, Rafaela R$ 12,00, quanto falta para conseguir comprar a camisa?
gastou R$ 85,00 no total. Desta vez, ela estimou que gastaria 5% a (A) R$ 60,00
mais. Considerando que o pai realmente deu 20% a mais do que a (B) R$ 48,00
filha pediu, o valor total dado a Rafaela foi: (C) R$ 42,00
(A) R$ 106,25. (D) R$ 56,00
(B) R$ 106,00. (E) R$ 50,00
(C) R$ 107,25.
(D) R$ 107,10. 23.IBADE - 2022 - Sargento (PM PB)/Combatente/CFS
(E) R$ 107,00. Um homem fumante compulsivo consome cerca de 17 cigarros
por dia, em média. Assim, em três anos ele irá consumir quantos
19.IBADE - 2022 - Administrador (SEA SC) (e mais 3 concursos) cigarros?
Luís foi a uma loja de roupas e na entrada havia um anúncio in- (A) 490
formando que toda a loja tinha 5% de desconto nas compras à vista. (B) 51
Luís encontrou uma camisa que tinha um desconto de 10% sobre (C) 93
o preço original. Considerando que o preço original da camisa era (D) 18615
R$80,00, que a loja aceita descontos consecutivos e que Luís pagou
à vista, o preço final que ele pagou foi: 24.IBADE - 2022 - Contador (CRM AC)
(A) R$ 68,00. Uma fábrica produziu em um determinado dia 1200 litros de
(B) R$ 68,10. suco e, dividindo igualmente a produção, os engarrafou em emba-
(C) R$ 68,20. lagens de 250 ml e 500 ml. Quantas garrafas de 250 ml e quantas de
(D) R$ 68,30. 500 ml foram produzidas?
(E) R$ 68,40. (A) Foram produzidas 2500 garrafas de 250 ml e 5000 garrafas
de 500 ml.
(B) Foram produzidas 1200 garrafas de 250 ml e 2400 garrafas
de 500 ml.
(C) Foram produzidas 5000 garrafas de 250 ml e 2500 garrafas
de 500 ml.

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Editora

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) Foram produzidas 600 garrafas de 250 ml e 600 garrafas de


500 ml. GABARITO
(E) Foram produzidas 2400 garrafas de 250 ml e 1200 garrafas
de 500 ml.
1 A
25.IBADE - 2022 - Guarda Civil Metropolitano de São Paulo
Leonardo acordou atrasado e, ao verificar o relógio, percebeu 2 D
que o tempo decorrido do dia era igual a dois quintos do tempo até 3 B
o final do dia. O horário, aproximado, em que Leonardo acordou foi:
(A) 17h e 9min. 4 B
(B) 6h e 51min. 5 D
(C) 15h e 33min.
6 A
(D) 6h e 22min.
(E) 9h e 10min. 7 C
8 D
26.IBADE - 2022 - Contador (CRM AC)
9 C
Maria é 5 anos mais velha que seu irmão João e tem um primo
que tem o dobro da sua idade. Se a soma das idades dos três é igual 10 E
a 55, qual é a idade de Pedro? 11 D
(A) Pedro tem 10 anos.
(B) Pedro tem 25 anos. 12 B
(C) Pedro tem 30 anos. 13 B
(D) Pedro tem 40 anos. 14 A
(E) Pedro tem 20 anos.
15 E
27.IBADE - 2022 - Contador (CRM AC) 16 D
A metade do número de filhos de Joana somada com 3, é igual
17 C
ao dobro deste número de filhos, que é exatamente a quantidade
de netos que ela tem. Quantos netos Joana tem? 18 D
(A) 6 netos. 19 E
(B) 8 netos.
(C) 5 netos. 20 A
(D) 4 netos. 21 E
(E) 3 netos. 22 B
28.IBADE - 2022 - Analista Técnico Administrativo II (SEA SC)/ 23 D
Curso Superior 24 E
Mauricio acordou e verificou que o tempo decorrido do dia era
25 B
igual a um quarto do tempo restante até o final do dia. A horário
que Maurício acordou foi: 26 C
(A) 4h18min. 27 D
(B) 4h22min.
(C) 4h30min. 28 D
(D) 4h48min. 29 E
(E) 5h12min.
ANOTAÇÕES
29.IBADE - 2022 - Soldado Bombeiro Militar (CBM RO)
Um lote quadrado possui área igual a 64 m2. Para construir uma
cerca que o delimite é necessário saber quantos metros lineares o ______________________________________________________
lote possui. Dessa forma, sabendo que serão dadas duas voltas ao ______________________________________________________
redor do terreno, quantos metros de cerca serão necessários?
(A) 32 ______________________________________________________
(B) 36
(C) 48 ______________________________________________________
(D) 56
(E) 64 ______________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO

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ATUALIDADES

através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto


ASSUNTOS LIGADOS À ATUALIDADE NAS ÁREAS: ECO- de informações veiculados impede que saibamos de fato como
NÔMICA, CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA, POLÍTICA, CUL- estudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se
TURAL, SAÚDE, MEIO AMBIENTE, ESPORTIVA, ARTÍSTI- tornam rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades
CA, LITERÁRIA E SOCIAL DO BRASIL E DO ESTADO DO é uma disciplina que se renova a cada instante.
ESPÍRITO SANTO. O mundo da informação está cada vez mais virtual e
tecnológico, as sociedades se informam pela internet e as
compartilham em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a
A importância do estudo de atualidades editora prepara mensalmente o material de atualidades de mais
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e diversos campos do conhecimento (tecnologia, Brasil, política,
estudantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem ética, meio ambiente, jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
se tornado cada vez mais relevante. Quando pensamos em Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula
matemática, língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, preparado com muito carinho para seu melhor aproveitamento.
inevitavelmente as colocamos em um patamar mais elevado Com o material disponibilizado online, você poderá conferir e
que outras que nos parecem menos importantes, pois de algum checar os fatos e fontes de imediato através dos veículos de
modo nos é ensinado a hierarquizar a relevância de certos comunicação virtuais, tornando a ponte entre o estudo desta
conhecimentos desde os tempos de escola. disciplina tão fluida e a veracidade das informações um caminho
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo certeiro.
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive
de modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para ANOTAÇÕES
concursos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento
técnico e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de
mundo. ______________________________________________________
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em
______________________________________________________
concursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público,
mas podem também apresentar conhecimentos específicos do ______________________________________________________
meio político, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte,
política, economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, ______________________________________________________
as questões de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os
candidatos e selecionarem os melhores preparados não apenas ______________________________________________________
de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter ______________________________________________________
constantemente informado. Os temas de atualidades em
______________________________________________________
concursos são sempre relevantes. É certo que nem todas as
notícias que você vê na televisão ou ouve no rádio aparecem ______________________________________________________
nas questões, manter-se informado, porém, sobre as principais
notícias de relevância nacional e internacional em pauta é o ______________________________________________________
caminho, pois são debates de extrema recorrência na mídia.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. ______________________________________________________
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente,
é preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. ______________________________________________________
Por diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio
etc.) adaptam o formato jornalístico ou informacional para ______________________________________________________
transmitirem outros tipos de informação, como fofocas, vidas
______________________________________________________
de celebridades, futebol, acontecimentos de novelas, que não
devem de modo algum serem inseridos como parte do estudo ______________________________________________________
de atualidades. Os interesses pessoais em assuntos deste cunho
não são condenáveis de modo algum, mas são triviais quanto ao ______________________________________________________
estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados ______________________________________________________

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ATUALIDADES

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

“Atualmente, é unânime o entendimento de que estas três ver-


INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS tentes se complementam, não se excluem, e podem se fazer pre-
sentes simultaneamente em algumas situações, passando constan-
temente por revisões de perspectivas” (OLIVEIRA; LAZARI, 2019, p.
Os Direitos Humanos correspondem a uma disciplina e a um 158).
ramo de extrema importância e relevância no Direito, não só pelos Em que pesem, portanto, as particularidades, todas as verten-
seus princípios e precedentes normativos, mas por sua especificida- tes convergem para a proteção Internacional da Pessoa Humana e a
de e a aplicabilidade, sobretudo no Brasil, ante as obrigações assu- garantia da manutenção de sua dignidade e integridade em caráter
midas pelo Estado brasileiro no plano internacional e toda a com- universal.
plexidade que a temática envolve na atualidade. Ao nascer, todo ser
humano é livre, mas adquire direitos e deveres para a posteridade,
dentre eles, diversos intrínsecos ao exercício e manutenção de sua UNIVERSALISMO E RELATIVISMO CULTURAL.
própria dignidade
Universalismo
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMA- Os defensores do universalismo acreditam que o fundamento
NOS. dos direitos humanos está intimamente relacionado com dignidade
humana e o mínimo ético irredutível, ainda que haja dissenso sobre
o verdadeiro sentido do mínimo ético1.
Noções gerais, diferenças e convergências das três vertentes Com o término da 2ª Guerra Mundial, a implementação dos
jurídicas dos Direitos Humanos no plano internacional: Direito Hu- direitos humanos ganhou destaque no cenário internacional, como
manitário, Direito dos Refugiados e Direito Internacional dos Direi- uma resposta a comunidade internacional em razão das atrocida-
tos Humanos. des cometidas durante o conflito armado. A procura de mecanis-
Apesar de sua expressão moderna, os Direitos Humanos têm mos internacionais para a proteção da dignidade humana passou a
raízes para além da modernidade, tendo em vista a antiga inclina- ser motivo de debates entre diversos Estados.
ção humana para o senso de justiça. A verdadeira consolidação dos Assim, a universalização dos direitos humanos passou a ter
Direitos Humanos se deu em meados do século XX, como um fenô- destaque a partir da elaboração de documentos internacionais para
meno do pós-guerra, em resposta às atrocidades e os horrores do a proteção de direitos dos indivíduos, independentemente de raça,
nazismo. Diante da necessidade de resguardar e efetivar os direitos religião, sexo e etnia.
fundamentais da pessoa humana, foram surgindo normas que tute- O caráter universal dos direitos humanos afirmado pela De-
lam os bens primordiais da vida. E, dentre esses bens primordiais, claração Universal de 1948, foi ratificado na Declaração de Direitos
a dignidade humana tornou-se princípio basilar dos Direitos Huma- Humanos de Viena de 1993, pois no parágrafo 5º do item I, consta
nos, trazendo novos direitos e acepções à legislação. que os direitos humanos são universais.
O Direito Humanitário, o Direito dos Refugiados e o Direito In- Ainda, a Declaração de Viena de 1993 sustenta a interdepen-
ternacional dos Direitos Humanos formam, juntos, as três vertentes dência entre os valores dos direitos humanos, democracia e desen-
jurídicas dos Direitos Humanos no plano internacional e de prote- volvimento. A Declaração de Viena foi subscrita por 171 Estados,
ção à pessoa humana. ou seja, o caráter universal dos direitos humanos propugnado pela
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é o ramo do Declaração Universal de 1948 foi endossado por um elevadíssimo
Direito Internacional que tem por principal objetivo proteger e número de Estados, o que nos leva a concluir que a Declaração de
promover a dignidade humana em caráter universal e imperativo, 1993 amplia o consenso acerca da universalidade desses direitos.
consubstanciado no interesse da paz e do bem comum, a todos os Então, prevalece o entendimento de que a Declaração de Viena
Estados. Por sua vez, o Direito Humanitário é revelado através de de 1993 acolheu a ideia da forte universalismo e fraco relativismo.
um conjunto de normas internacionais pautadas nas convenções e
costumes aplicados especificamente nos casos de guerra ou confli- Relativismo cultural
tos armados. Visam a proteção internacional das vítimas de confli- A Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultu-
tos armados, e a limitação dos meios e dos métodos de combate, ral reafirmou a convicção de que o diálogo intercultural é o melhor
nos termos da Convenção de Genebra, de 1949. E, o Direito dos meio para a promoção da paz, da tolerância e do respeito ao outro.
refugiados, pautado no Estatuto da ONU sobre os Refugiados, de Além de ratificar a necessidade de proteção às diferentes identida-
1951 visa proteger toda pessoa ameaçada de perseguição por moti-
1 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:qou-
vos políticos, raciais ou sociais que a coloquem em perigo iminente
Om5b1aikJ:seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/down-
de vida ou fundado receio de dano à sua integridade física.
load/450/pdf_55+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
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Editora

a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

des culturais, a Declaração da Unesco deixou claro que a diversida- Muitas vezes, críticas feitas por membros de determinado
de cultural não pode ser invocada para legitimar atos de violência grupo são reprimidas e subjugadas pelo valor coletivo. Diariamente,
aos direitos humanos. os jornais trazem notícias a respeito de mulheres submetidas
A conjugação do respeito às particularidades de cada cultura com a à mutilação genital e castigos, com a autorização da religião, do
afirmação do caráter universal dos direitos humanos, realizada através Estado e do grupo social que fazem parte.
do diálogo intercultural, é de um dos maiores desafios da atualidade. Entender as divergências que existem em um mesmo contexto
Apesar do diálogo intercultural ser fundamental para a maior cultural é fundamental para perceber a importância de se declarar
efetividade dos direitos humanos, algumas das críticas feitas aos direitos e proteger pessoas submetidas a diferentes formas de
universalistas são, no mínimo, equivocadas. dominação.
O discurso de que os direitos humanos representam uma visão É importante lembrar que o verdadeiro processo de
individualista, em que os “direitos” são privilegiados em detrimento internacionalização dos direitos humanos só veio a ocorrer a
dos “deveres”, não impossibilita a aproximação dos direitos com os partir da 2ª Guerra Mundial, como resposta às atrocidades e aos
deveres, uma vez que tais concepções não são fechadas ou inflexí- horrores cometidos durante o nazismo. E a partir de então, os
veis, mas, pelo contrário, eles se completam e se interpenetram. direitos humanos passam a ter um papel fundamental na luta pela
A proteção e implementação dos diretos humanos “envolve valorização da vida e proteção dos homens, bem como no combate
uma série de reflexões sobre deveres, responsabilidades com a co- a dominação, sofrimento e totalitarismo.
munidade, compromissos com as gerações presentes e futuras”. Mesmo diante dos avanços trazidos pela internacionalização
O diálogo cultural com os povos que fundamentam suas rela- dos direitos humanos, ainda há muito a ser feito, pois em muitos
ções na noção de dever só servirá para enriquecer o tema. países há pouca preocupação com políticas voltadas para a
A declaração de direitos é fundamental, pois sem eles os indi- implantação e proteção desses direitos, o que também não diminui
víduos se tornam mais suscetíveis a dominação e ao sofrimento. a sua relevância.
A proteção aos direitos humanos tem contribuído para a afir- Apesar das inúmeras críticas feitas pelos relativistas, além de
mação do indivíduo como sujeito de direito internacional e o reco- proclamar o direito à vida, a universalização dos direitos humanos
nhecimento de direitos essenciais não pode ser negado por quem tem servido para retirar o véu que encobre a dominação camuflada
quer que seja. em tradições culturais.
Os direitos humanos não se prestam para substituir ou impos- A universalidade atribuída aos direitos humanos não nega as
sibilitar convicções políticas, religiosas ou ideológicas. Em verdade, diferenças que constituem as possibilidades de manifestação da
a afirmação do caráter universal dos direitos humanos pretende o existência humana e mesmo das identidades particulares, mas pelo
estabelecimento de um parâmetro mínimo para as relações sociais. contrário, admite a existência de elementos valorativos comuns
Entretanto, posições calcadas no fundamentalismo prejudicam que podem ser compartilhados por todos os homens, seja de forma
o diálogo, pois não reconhecem a possibilidade de influências individual ou coletiva. Além disso, a universalidade de direitos
externas. A construção dos direitos humanos abre um caminho humanos “não se contrapõe à diferença, podendo, inclusive, ser
para que “seja possível transitar diferentes percepções, inclusive a condição de possibilidade para que as diferentes manifestações
religiosas, desde que, no seio de cada uma delas, haja espaço para humanas possam se expressar e conviver em igualdade e sem avil-
o dissenso, para a crítica”. tamentos”.
A crítica dos relativistas de que os direitos humanos seria Talvez o maior problema relativo aos direitos humanos, não é
um instrumento de imperialismo do Ocidente, com finalidade de a forma como devem ser justificados, mas sim, como devem ser
universalizar a sua cultura e crenças, também é sustentada em protegidos. Não estamos diante de uma discussão filosófica, mas
premissas equivocadas, pois o fato desses direitos terem nascido política.
no Ocidente é, tão somente, um dado histórico. Apesar da criação
dos direitos humanos ser atribuída ao Ocidente, não quer dizer
que eles servem ou serviram para a perpetuação da dominação DEFINIÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
capitalista e imperialista dos países ocidentais.
O argumento trazido pelos relativistas de que os direitos
humanos servem para legitimar e encobrir atos atentatórios aos O conceito de direitos humanos
direitos humanos também é inadmissível. Sustentar que quaisquer “Os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos
práticas seriam legítimas desde que compartilhadas por uma considerado indispensável para uma vida humana pautada na liber-
comunidade pode ser, e na maioria das vezes é, um discurso dade, igualdade e dignidade. Os direitos humanos são os direitos
extremamente autoritário, capaz de encobrir desigualdades, essenciais e indispensáveis à vida digna” (RAMOS, 2020, p. 24).
reprimir a liberdade e legitimar a dominação. Os Direitos Humanos são, portanto, direitos naturais de todos
Os defensores do relativismo cultural também argumentam os homens, como aspectos essenciais da condição humana. Assim
que as críticas feitas à homogeneidade de uma determinada como as normas universais de reconhecimento e proteção, a ex-
cultura representaria uma afronta aos costumes compartilhados pressão “direitos humanos” indica aquilo que é inerente à própria
harmonicamente por aquele grupo, também não se sustentam. existência do homem e não há um rol predeterminado desse con-
Observa-se com frequência que muitas críticas são oriundas do junto mínimo de direitos essenciais.
próprio grupo, de pessoas que pertencem a mesma tradição,
situação que por si só desmistifica um possível consenso e coesão.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

OS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição Federal brasileira adota a aplicabilidade imediata das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, nos
termos do artigo 5º, parágrafo primeiro:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

O texto constitucional conferiu, portanto, especial proteção aos direitos humanos, por isso, com a entrada em vigor de um tratado
internacional de direitos humanos, toda norma preexistente incompatível com seus preceitos perde automaticamente a vigência, obser-
vando-se sempre em caso de conflito, a norma mais favorável à vítima.
Com a Emenda Constitucional nº 45, que introduziu na Constituição de 1988 o § 3º do art. 5º, os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, passaram a ter status equivalentes às emendas constitucionais.
Os demais tratados sobre Direitos Humanos, sem a aprovação desse quórum, têm status supralegal, e, os Tratados e Convenções In-
ternacionais de assunto geral, que não tratam sobre Direitos Humanos, têm status de Lei ordinária.

ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.

Diversos são os órgãos e os sistemas de proteção aos Direitos Humanos no Brasil e no mundo.
No Brasil, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) é o órgão colegiado que tem por finalidade a promoção e a defesa dos
direitos humanos através de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação
desses direitos, previstos na Constituição Federal e em tratados e atos internacionais ratificados pelo Brasil (MINISTÉRIO DOS DIREITOS
HUMANOS E DA CIDADANIA, 2023).
Internacionalmente, a ONU, com seus órgãos e mecanismos de proteção aos Direitos Humanos, é quem representa o Sistema Univer-
sal ou Global e diversos outros órgãos que ampliam o alcance dessas normas de proteção aos Direitos Humanos, nos chamados Sistemas
Regionais.

SISTEMA GLOBAL

— SISTEMA GLOBAL

Os direitos humanos na Organização das Nações Unidas


Pautada no reconhecimento da dignidade humana a todos os povos e nações, fundamentada nos ideais de igualdade, liberdade e
fraternidade, foi criada a ONU.
Com o seu conjunto de normas e organismos, ela tem o propósito de preservar a paz e os direitos humanos, caracterizando o Sistema
Universal de Proteção dos Direitos Humanos. Em 1945, a Carta da ONU ou Carta Internacional de Direitos Humanos, era composta pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Facultativos, além do
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu Protocolo Facultativo.

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Universalmente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos Comitê Preparatório para a Organização do Tratado de Proibi-
é o principal documento na história dos direitos humanos, que jun- ção de Testes Nucleares – CTBTO;
tamente com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA;
o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Organização para a Proibição de Armas Químicas – OPAQ;
ambos de 1966, nortearam a construção do sistema da ONU. Organização Mundial do Comércio – OMC.

Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e Na seara da proteção internacional dos direitos humanos, é
culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclama- importante mencionar o Conselho de Direitos Humanos e o Alto
da pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ambos
dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia sediados em Genebra. O Conselho de Direitos é responsável pelo
Geral como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos fortalecimento da promoção e da proteção dos direitos humanos
e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos pelo mundo e o Alto Comissariado das Nações Unidas – ACNUDH,
que é o principal órgão da ONU e é responsável por promover e
direitos humanos. A DUDH, em conjunto com o Pacto Internacio-
proteger a efetiva fruição de direitos humanos.
nal dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais
(sobre procedimento de queixa e sobre pena de morte) e com o
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e
seu Protocolo Opcional, formam a chamada Carta Internacional dos SISTEMAS REGIONAIS
Direitos Humanos (ONU, 2023).

Os países-membros da ONU se dividem em 51 originários e de- A eficácia e aplicabilidade dos direitos humanos torna necessá-
mais aceitos, que totalizam 193 países. Esta divisão não gera efeitos ria a complementação e ampliação da atuação do Sistema Univer-
na prática, uma vez que há igualdade de direitos e obrigações entre sal de Direitos Humanos por outros sistemas regionais e nacionais,
todos os membros da organização. ampliando-se o alcance das normas protetivas e mais adequadas a
cada contexto e região específica. Surgem, portanto, os Sistemas
Os órgãos e mecanismos de monitoramento e proteção inter- Regionais de Direitos Humanos, com seus próprios sistemas pro-
nacional dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas tetivos.
A ONU é estruturalmente composta por sua Assembleia Geral, Além do Sistema Global de proteção aos Direitos Humanos
pelo Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conse- consubstanciado pela ONU, vários são os Sistemas Regionais de
lho de Tutela, Secretariado e pela Corte Internacional de Justiça e as Proteção aos Direitos Humanos, dentre eles o Sistema Interame-
agências especializadas e organizações relacionadas: ricano, o Sistema Europeu, o Sistema Árabe, o Sistema Africano, o
Organização Internacional do Trabalho – OIT; Sistema Asiático, o Sistema do Mercosul.
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
– FAO;
Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cul- SISTEMA INTERAMERICANO: COMISSÃO E CORTE INTERA-
tura – UNESCO; MERICANAS DE DIREITOS HUMANOS
Organização Mundial da Saúde – OMS;
Grupo do Banco Mundial, formado por Banco Internacional
para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD; Os direitos humanos na Organização dos Estados Americanos
Associação Internacional para o Desenvolvimento – IDA; O Sistema Interamericano de proteção dos Direitos Humanos
Corporação Financeira Internacional – CIF; se centraliza na atuação institucional da Organização dos Estados
Agência Multilateral para Garantir o Investimento – MIGA; Americanos – OEAm tem por principais instrumentos:
Centro Internacional para Solucionar as Disputas de Investi- – A Carta da Organização dos Estados Americanos (1948);
mento – ICSID; – A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
Fundo Monetário Internacional – FMI; (1948);
Organização da Aviação Civil Internacional – ICAO; – A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969),
Organização Marítima Internacional – IMO; também chamada de Pacto de San José da Costa Rica e o Protocolo
União Internacional de Telecomunicações – UIT; Adicional à Convenção Americana em Matéria de Direitos Econô-
União Postal Universal – UPU; micos, Sociais e Culturais, apelidado de Protocolo de San Salvador
Organização Meteorológica Mundial – OMM; (1988).
Organização Mundial de Propriedade Intelectual – OMPI; A OEA reúne 35 países americanos independentes, sendo o
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA; Brasil um de seus membros originários, seu principal objetivo é a
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Indus- garantia da paz e da segurança dos países americanos.
trial – UNIDO;
Organização Mundial do Turismo – OMT. A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
Também fazem parte da ONU outras organizações relaciona- (1948), apesar de não ser tecnicamente um tratado, explicita os
das, que não são propriamente agências especializadas, mas pos- direitos mencionados na Carta da OEA. Com o reconhecimento in-
suem um grau de independência em suas operações nos respecti- ternacional dos direitos humanos na criação da ONU e elaboração
vos campos temáticos, são elas: da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 ainda seria

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

necessário buscar sua efetivação, garantindo a dignidade inerente vigência. Além disso, também é disciplinada por seu Regulamento,
à pessoa humana em qualquer localidade, de modo que fossem que estabelece as normas de procedimento, conforme previsto no
consideradas regiões globais em suas peculiaridades para maior artigo do Estatuto.
efetividade das normas de direitos humanos universalmente reco-
nhecidas.
Num processo de regionalização dos direitos humanos, no qual SISTEMA INTERAMERICANO DIREITOS HUMANOS
as peculiaridades das grandes regiões globais poderiam ser levadas
em consideração, permitindo maior efetividade, os países america-
nos se reuniram para a formação de uma Organização (dos Estados Sabe-se que o uso da violência por agentes policiais é uma prá-
Americanos) com o compromisso internacional continental pela tica violadora de direitos humanos. Dentro de tal premissa, o Caso
preservação dos direitos humanos. Favela Nova Brasília vs Brasil, julgado pela Corte Interamericana de
É interessante observar que a Declaração Americana sobre Di- Direitos Humanos (Corte IDH), se refere às falhas e à demora na
reitos e Deveres do Homem foi assinada seis meses antes da pró- investigação e punição dos responsáveis pelas execuções extraju-
pria Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ambos documen- diciais de 26 pessoas no contexto de duas incursões policiais efe-
tos são, portanto, bastante alinhados. Se a Declaração Universal tuadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 1994 e 1995, em uma
deu origem à Carta Internacional dos Direitos Humanos, a Declara- favela chamada Nova Brasília, no Rio de Janeiro.
ção Americana impulsionou a Convenção Americana sobre Direitos As mortes foram justificadas pelas autoridades policiais me-
Humanos, também chamada de Pacto de São José da Costa Rica e diante a lavratura dos chamados “autos de resistência à prisão”.
seus Protocolos Facultativos, principal documento de proteção aos O Brasil sustentou que a Corte IDH não poderia conhecer de fatos
direitos humanos no continente americano. ocorridos antes da aceitação da competência contenciosa da Corte
pelo Brasil (que foi em 1998), razão pela qual esta reconheceu par-
O Estatuto e o Regulamento da Comissão Interamericana de cialmente a procedência da preliminar de incompetência ratione
Direitos Humanos temporis, admitindo que não poderia conhecer de fatos anteriores
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão a 1998, todavia, isto não impediria de conhecer e julgar o caso no
consultivo e deliberativo da Organização dos Estados Americanos – que diz respeito às falhas do Estado para processar e punir as viola-
OEA, criado pela Carta da OEA em seu artigo 106 com a “principal ções de direitos humanos causadas pelos agentes de polícia.
função promover o respeito e a defesa dos direitos humanos e ser- Vejamos abaixo parte da Introdução da Causa e Objeto da Con-
vir como órgão consultivo”. trovérsia do Caso Favela Nova Brasília vs Brasil:
Possivelmente, a Comissão Interamericana de Direitos Huma-
nos é o órgão mais ativo da OEA, que também funciona como um CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
informativo de estudos e pesquisas a respeito dos países america-
nos. CASO FAVELA NOVA BRASÍLIA VS. BRASIL2
Além disso, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
tem um Estatuto aprovado pela Assembleia Geral, e um regulamen- SENTENÇA DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017
to, elaborado nos termos do estatuto (artigo 39, CADH). O seu Esta-
tuto trata em seus 26 artigos de sua natureza e propósitos, compo- (Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas)
sição e estrutura, sede e reuniões, funções e atribuições, secretaria,
regulamento e disposições transitórias. INTRODUÇÃO DA CAUSA E OBJETO DA CONTROVÉRSIA
O Estatuto e o Regulamento da Corte Interamericana de Direi-
tos Humanos 1. O caso submetido à Corte. - Em 19 de maio de 2015, a Co-
A Corte Interamericana de Direitos Humanos é o único órgão missão Interamericana de Direitos Humanos (doravante denomina-
jurisdicional na estrutura da Organização dos Estados Americanos. da “Comissão Interamericana” ou “Comissão”) submeteu à Corte o
Além de exercer sua função jurisdicional para o julgamento de ca- caso Cosme Rosa Genoveva, Evandro de Oliveira e outros (Favela
sos concretos de violação dos preceitos da Convenção Americana Nova Brasília) contra a República Federativa do Brasil (doravante
sobre Direitos Humanos por seus Estados-partes, ela também de- denominado “Estado” ou “Brasil”). O caso se refere às falhas e à
sempenha a função consultiva, interpretando as disposições da demora na investigação e punição dos responsáveis pelas supostas
Convenção, bem como de tratados relativos à proteção dos direitos “execuções extrajudiciais de 26 pessoas [...] no âmbito das incursões
humanos nos países americanos. policiais feitas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 18 de outubro
Para que um país se submeta à sua jurisdição, este deve reco- de 1994 e em 8 de maio de 1995 na Favela Nova Brasília”.
nhecer sua competência para apreciação de denúncias e queixas Alega-se que essas mortes foram justificadas pelas autoridades
contra ele dirigidas no âmbito internacional. O Brasil reconheceu a policiais mediante o levantamento de “atas de resistência à prisão”.
competência da Corte para fatos ocorridos a partir de 10 de dezem- Alega-se também que, na incursão de 18 de outubro de 1994, três
bro de 1998, através do Decreto nº 4.463/2002. mulheres, duas delas menores, teriam sido vítimas de tortura e atos
Como instituição judiciária internacional autônoma, a Corte de violência sexual por parte de agentes policiais.
Interamericana de Direitos Humanos tem como principal objetivo Finalmente, se alega que a investigação dos fatos mencionados
a aplicação e a interpretação da Convenção Americana sobre Direi- teria sido realizada supostamente com o objetivo de estigmatizar e
tos Humanos. É regida por um Estatuto próprio, composto por 32 revitimizar as pessoas falecidas, pois o foco teria sido dirigido à sua
artigos que tratam de sua natureza, regime jurídico, competência, culpabilidade e não à verificação da legitimidade do uso da força.
funções, composição, estrutura, direitos, deveres e responsabilida-
des, funcionamento, relações com estados e organismos, reforma e 2 https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_333_por.pdf
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ADPF 635 estavam relacionadas aos fatos do caso; a incompetência ratione


No Rio de Janeiro, os altos índices de violência policial levaram materiae por violação do princípio de subsidiariedade do Sistema
ao ajuizamento, em 2019, da ADPF 6353 no STF4, da qual a Clínica Interamericano; a incompetência ratione materiae relativa a supos-
Interamericana de Direitos Humanos (Clínica IDH), da UFRJ, parti- tas violações da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
cipa como amicus curiae5. Questiona-se, nesse ponto, a política de Tortura e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Er-
segurança pública estatal que se mostra cada vez mais violenta e radicar a Violência contra a Mulher; a falta de esgotamento pré-
discriminatória, evidenciando a desigualdade social. vio dos recursos internos; e a inobservância do prazo razoável para
A ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas pela Vida” submeter o caso à Comissão, nos termos dos parágrafos 24 a 29, 35,
questiona o uso desproporcional da força policial contra a popula- 36, 37, 40, 41, 42, 55 a 58, 64 a 67, 76 a 80 e 85 a 88 da presente
ção que vive nas favelas do Rio de Janeiro. O STF determinou, em Sentença;
sede de liminar, a proibição de operações policiais próximas a esco-
las e hospitais. 2. Declarar parcialmente procedentes as exceções preliminares
Refere-se sobre restrições à realização de operações policiais interpostas pelo Estado relativas à incompetência ratione personae
nas comunidades do Estado do Rio de Janeiro durante o período da a respeito de vítimas não incluídas no Relatório de Mérito da Co-
pandemia pelo STF. Necessidade de comunicação e justificativa da missão e à incompetência ratione temporis a respeito de fatos an-
excepcionalidade da medida ao Ministério Público. teriores à data de reconhecimento da jurisdição da Corte por parte
do Estado, nos termos dos parágrafos 35 a 40 e 49 a 51 da presente
• Atuação Sentença.
A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
nº 635 foi ajuizada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) com a DECLARA: Por unanimidade, que:
pretensão de que fossem reconhecidas e sanadas graves lesões a 3. O Estado é responsável pela violação do direito às garantias
preceitos fundamentais constitucionais, decorrentes da política de judiciais de independência e imparcialidade da investigação, devida
segurança pública do Estado do Rio de Janeiro marcada pela “exces- diligência e prazo razoável, estabelecidas no artigo 8.1 da Conven-
siva e crescente letalidade da atuação policial”. ção Americana sobre Direitos Humanos, em relação ao artigo 1.1 do
Em suma, propõe-se que o Estado do Rio de Janeiro elabore e mesmo instrumento, em detrimento das pessoas citadas nos pará-
encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, um plano grafos 224 e 231 da presente Sentença e nos termos dos parágrafos
visando à redução da letalidade policial e ao controle de violações 172 a 231 da mesma;
de direitos humanos pelas forças de segurança fluminenses, que
contenha medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão Por unanimidade, que:
dos recursos necessários para a sua implementação. 4. O Estado é responsável pela violação do direito à proteção ju-
Ademais, a ADPF 635 aborda os seguintes temas: fim do uso dicial, previsto no artigo 25 da Convenção Americana sobre Direitos
dos blindados aéreos em operações policiais, a proteção a comu- Humanos, em relação aos artigos 1.1 e 2 do mesmo instrumento,
nidade escolar, a garantia do direito à participação e ao controle em detrimento das pessoas citadas nos parágrafos 239 e 242 da
social nas políticas de segurança pública, o acesso à justiça e a presente Sentença e nos termos dos parágrafos 172 a 197 e 232 a
construção de perícias e de provas que incluam a participação da 242 da mesma;
sociedade civil e movimentos sociais como uma das ferramentas
principais na resolução das investigações de casos de homicídios e Por unanimidade, que:
desaparecimentos forçados. 5. O Estado é responsável pela violação dos direitos à proteção
No âmbito do MPRJ, antes mesmo do ajuizamento da ADPF judicial e às garantias judiciais, previstas nos artigos 25 e 8.1 da
635, já tramitavam procedimentos relacionados aos pedidos e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação ao ar-
causa de pedir da ação. Após o deferimento das liminares pelo STF, tigo 1.1 do mesmo instrumento, e os artigos 1, 6 e 8 da Convenção
as portarias dos procedimentos foram aditadas para compatibiliza- Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, bem como o artigo
ção e acompanhamento da decisão da Suprema Corte. 7 da Convenção Belém do Pará, em detrimento de L.R.J., C.S.S. e
J.F.C., nos termos dos parágrafos 243 a 259 da presente Sentença;
Jurisprudência do Sistema Interamericano
Em 2017, A Corte julgou o Caso Favela Nova Brasília vs Brasil, e Por unanimidade, que:
assim estabeleceu6: 6. O Estado é responsável pela violação do direito à integridade
1. Julgar improcedentes as exceções preliminares interpostas pessoal, previsto no artigo 5.1 da Convenção Americana sobre Direi-
pelo Estado, relativas à inadmissibilidade do encaminhamento do tos Humanos, em relação ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, em
caso à Corte, em virtude da publicação do Relatório de Mérito por detrimento de: Mônica Santos de Souza Rodrigues; Evelyn Santos de
parte da Comissão; a incompetência ratione personae, a respeito Souza Rodrigues; Maria das Graças da Silva; Samuel da Silva Rodri-
de supostas vítimas que não outorgaram procurações ou que não gues; Robson Genuíno dos Santos Jr; Michelle Mariano dos Santos;
3 http://www.mprj.mp.br/adpf-635 Bruna Fonseca Costa; Joyce Neri da Silva Dantas; Geni Pereira Du-
4 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5816502 tra; Diogo da Silva Genoveva; João Alves de Moura; Helena Vianna
5 O amicus curiae, termo que pode ser traduzido para “amigo da cor- dos Santos; Otacílio Costa; Pricila Rodrigues; William Mariano dos
te”, é uma forma de intervenção de terceiro contida no novo CPC, na Santos; L.R.J.; C.S.S. e J.F.C., nos termos dos parágrafos 269 a 274 da
qual o interessado, caso tenha representatividade institucional, poderá presente Sentença;
participar do debate com o intuito de trazer uma solução ao conflito
ou, ainda, formar um precedente.
6 https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_333_por.pdf
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Por unanimidade, que: mentos. Do mesmo modo, os tratamentos respectivos deverão ser
7. O Estado não violou o direito à integridade pessoal, previs- prestados, na medida do possível, nos centros escolhidos pelas víti-
to no artigo 5.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mas, no sentido disposto no parágrafo 296 da presente Sentença;
em relação ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, em detrimento 13. O Estado deverá proceder às publicações mencionadas no
de Cirene dos Santos, Edna Ribeiro Raimundo Neves, José Francisco parágrafo 300 da Sentença, nos termos nela dispostos;
Sobrinho, José Rodrigues do Nascimento, Maria da Glória Mendes, 14. O Estado deverá realizar um ato público de reconhecimento
Maria de Lourdes Genuíno, Ronaldo Inácio da Silva, Alcides Ramos, de responsabilidade internacional, em relação aos fatos do presente
Thiago da Silva, Alberto da Silva, Rosiane dos Santos, Vera Lúcia caso e sua posterior investigação, durante o qual deverão ser inau-
dos Santos de Miranda, Lucia Helena Neri da Silva, Edson Faria guradas duas placas em memória das vítimas da presente Senten-
Neves, Mac Laine Faria Neves, Valdenice Fernandes Vieira, Neuza ça, na praça principal da Favela Nova Brasília, no sentido disposto
Ribeiro Raymundo, Eliane Elene Fernandes Vieira, Rogério Genuino nos parágrafos 305 e 306 da presente Sentença;
dos Santos, Jucelena Rocha dos Santos, Norival Pinto Donato, Celia 15. O Estado deverá publicar anualmente um relatório oficial
da Cruz Silva, Nilcéia de Oliveira, Diogo Vieira dos Santos, Adriana com dados relativos às mortes ocasionadas durante operações da
Vianna dos Santos, Sandro Vianna dos Santos, Alessandra Vianna polícia em todos os estados do país. Esse relatório deverá também
Vieira, Zeferino Marques de Oliveira, Aline da Silva, Efigenia Mar- conter informação atualizada anualmente sobre as investigações
garida Alves, Sergio Rosa Mendes, Sonia Maria Mendes, Francisco realizadas a respeito de cada incidente que redunde na morte de
José de Souza, Martinha Martino de Souza, Luiz Henrique de Souza, um civil ou de um policial, no sentido disposto nos parágrafos 316 e
Ronald Marcos de Souza, Eva Maria dos Santos Moura, João Batis- 317 da presente Sentença;
ta de Souza, Josefa Maria de Souza, Waldomiro Genoveva, Océlia 16. O Estado, no prazo de um ano contado a partir da notifica-
Rosa, Rosane da Silva Genoveva, Paulo Cesar da Silva Porto, Daniel ção da presente Sentença, deverá estabelecer os mecanismos nor-
Paulino da Silva, Georgina Soares Pinto, Nilton Ramos de Oliveira, mativos necessários para que, na hipótese de supostas mortes, tor-
Maria da Conceição Sampaio de Oliveira, Vinicius Ramos de Olivei- tura ou violência sexual decorrentes de intervenção policial, em que
ra, Geraldo José da Silva Filho, Georgina Abrantes, Paulo Roberto prima facie policiais apareçam como possíveis acusados, desde a
Felix, Beatriz Fonseca Costa, Dalvaci Melo Rodrigues, Lucas Abreu notitia criminis se delegue a investigação a um órgão independente
da Silva, Cecília Cristina do Nascimento Rodrigues, Adriana Melo e diferente da força pública envolvida no incidente, como uma auto-
Rodrigues, Roseleide Rodrigues do Nascimento, Shirley de Almeida, ridade judicial ou o Ministério Público, assistido por pessoal policial,
Catia Regina Almeida da Silva, Valdemar da Silveira Dutra, Vera Lu- técnico criminalístico e administrativo alheio ao órgão de segurança
cia Jacinto da Silva, Cesar Braga Castor, Vera Lucia Ribeiro Castor, a que pertença o possível acusado, ou acusados, em conformidade
Pedro Marciano dos Reis, Hilda Alves dos Reis e Rosemary Alves dos com os parágrafos 318 e 319 da presente Sentença;
Reis, nos termos do parágrafo 272 da presente Sentença; 17. O Estado deverá adotar as medidas necessárias para que o
Estado do Rio de Janeiro estabeleça metas e políticas de redução da
Por unanimidade, que: letalidade e da violência policial, nos termos dos parágrafos 321 e
8. O Estado não violou o direito de circulação e de residência, 322 da presente Sentença;
estabelecido no artigo 22.1 da Convenção Americana, em relação 18. O Estado deverá implementar, em prazo razoável, um pro-
ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, em detrimento de C.S.S., J.F.C. grama ou curso permanente e obrigatório sobre atendimento a mu-
e L.R.J., nos termos dos parágrafos 281 e 282 da presente Sentença; lheres vítimas de estupro, destinado a todos os níveis hierárquicos
das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro e a funcionários de aten-
E DISPÕE: Por unanimidade, que: dimento de saúde. Como parte dessa formação, deverão ser incluí-
9. Esta Sentença constitui, per se, uma forma de reparação; das a presente Sentença, a jurisprudência da Corte Interamericana
10. O Estado deverá conduzir eficazmente a investigação em a respeito da violência sexual e tortura e as normas internacionais
curso sobre os fatos relacionados às mortes ocorridas na incursão em matéria de atendimento de vítimas e investigação desse tipo
de 1994, com a devida diligência e em prazo razoável, para identi- de caso, no sentido disposto nos parágrafos 323 e 324 da presente
ficar, processar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis, nos Sentença;
termos dos parágrafos 291 e 292 da presente Sentença. A respeito 19. O Estado deverá adotar as medidas legislativas ou de outra
das mortes ocorridas na incursão de 1995, o Estado deverá iniciar natureza necessárias para permitir às vítimas de delitos ou a seus
ou reativar uma investigação eficaz a respeito desses fatos, nos familiares participar de maneira formal e efetiva da investigação de
termos dos parágrafos 291 e 292 da presente Sentença. O Estado delitos conduzida pela polícia ou pelo Ministério Público, no sentido
deverá também, por intermédio do Procurador-Geral da República disposto no parágrafo 329 da presente Sentença;
do Ministério Público Federal, avaliar se os fatos referentes às in- 20. O Estado deverá adotar as medidas necessárias para uni-
cursões de 1994 e 1995 devem ser objeto de pedido de Incidente de formizar a expressão “lesão corporal ou homicídio decorrente de
Deslocamento de Competência, no sentido disposto no parágrafo intervenção policial” nos relatórios e investigações da polícia ou do
292 da presente Sentença; Ministério Público em casos de mortes ou lesões provocadas por
11. O Estado deverá iniciar uma investigação eficaz a respeito ação policial. O conceito de “oposição” ou “resistência” à ação po-
dos fatos de violência sexual, no sentido disposto no parágrafo 293 licial deverá ser abolido, no sentido disposto nos parágrafos 333 a
da presente Sentença; 335 da presente Sentença;
12. O Estado deverá oferecer gratuitamente, por meio de suas 21. O Estado deverá pagar as quantias fixadas no parágrafo
instituições de saúde especializadas, e de forma imediata, adequa- 353 da presente Sentença, a título de indenização por dano imate-
da e efetiva, o tratamento psicológico e psiquiátrico de que as víti- rial, e pelo reembolso de custas e gastos, nos termos do parágrafo
mas necessitem, após consentimento fundamentado e pelo tempo 358 da presente Sentença;
que seja necessário, inclusive o fornecimento gratuito de medica-
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

22. O Estado deverá restituir ao Fundo de Assistência Jurídica refugiados e asseguram, que qualquer pessoa, em caso de neces-
às Vítimas, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, a quantia sidade, possa exercer o direito de procurar e de gozar de refúgio
desembolsada durante a tramitação do presente caso, nos termos em outro país, sendo altamente reconhecidos internacionalmente.
do parágrafo 362 desta Sentença; O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país tole-
23. O Estado deverá, no prazo de um ano, contado a partir da rante e aberto aos imigrantes e refugiados. O Brasil assinou a Con-
notificação desta Sentença, apresentar ao Tribunal um relatório so- venção de Genebra em 1952, relativa ao Estatuto dos Refugiados,
bre as medidas adotadas para seu cumprimento; aprovada pelo Decreto Legislativo nº 11, de 1960 e promulgada
24. A Corte supervisionará o cumprimento integral desta Sen- pelo Decreto nº 50.215/1961 e o Protocolo de Nova York de 1967,
tença, no exercício de suas atribuições e em cumprimento de seus recepcionado pelo Decreto nº 70.946/1972 e retificado pelos De-
deveres, conforme a Convenção Americana sobre Direitos Huma- cretos 98602/1989 e 99757/1990. Internamente, a nova Lei de Mi-
nos, e dará por concluído o presente caso tão logo o Estado tenha gração – Lei 13.455/2017 revogou o antigo Estatuto do Estrangeiro,
dado cabal cumprimento ao que nela se dispõe. Lei 6815/1980. O referido dispositivo é pautado pelo princípio da
não-discriminação.
Importante mencionar que nem todo imigrante possui o status
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO E DIREITO IN- de refugiado e que asilo político (individual) é diferente de Refú-
TERNACIONAL DOS REFUGIADOS gio (coletivo). Portanto, não se deve confundir o asilo político, di-
reito individual, requerido e outorgado caso a caso, com o moder-
O Direito Internacional Humanitário tem suas raízes a partir da no ramo do direito dos refugiados, que trata de fluxos maciços de
situação mundial pós-guerra, em que civis e combatentes foram populações deslocadas. Ambos institutos podem ocasionalmente
vítimas de crueldades extremas. Essa realidade fez surgir a preo- coincidir, já que cada refugiado pode requerer o asilo político indivi-
cupação com grande parte do que hoje conhecemos por Direitos dualmente (BRASIL, 2023).
Humanos.
O Direito dos Refugiados se ocupa das situações de requisição
de asilo, ou seja, protege as pessoas que buscam se refugiar em OS DIREITOS HUMANOS CIVIS E POLÍTICOS.
outros países porque sofrem perseguição em seu país de origem,
provavelmente por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo
social ou opiniões políticas, ou mesmo em decorrência de conflitos A II Conferência Mundial de Direitos Humanos, organizada pela
armados ostensivos que inviabilizam a permanência segura de civis ONU e realizada em Viena, 1993, chegou a uma compreensão não
nacionais no território de guerra. evolucionista dos direitos humanos7.Na Declaração e no Programa
de Ação de Viena lê-se:
Proteção dos imigrantes e refugiados “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis e inter-
Refugiado é todo aquele que sofre algum tipo de perseguição dependentes e estão relacionados entre si. A comunidade interna-
em seu país de origem numa situação de guerra e busca asilo em cional deve tratar os direitos humanos de forma global e de manei-
outro país. ra justa e equitativa, em pé de igualdade, dando a todos o mesmo
Imigrante é todo aquele que sai de seu país de origem e vai peso. Deve-se ter em conta a importância das particularidades na-
para outro em busca de melhores condições de vida. cionais e regionais, assim como aquelas dos diversos patrimônios
Em ambos casos, são pessoas em locais que não são comuns históricos, culturais e religiosos, porém, os Estados têm o dever,
a elas, convivendo com a população local já habituada. Episódios sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais,
envolvendo xenofobia e desigualdade no acesso a direitos são, de promover e proteger todos os direitos humanos e as liberdades
infelizmente, comuns. Cabe ao Estado propiciar que imigrantes e fundamentais”.
refugiados gozem de igual proteção jurídica aos seus direitos fun- É comum identificar várias dimensões dos direitos humanos,
damentais. Segundo a ONU, a questão dos refugiados nos remete à para alguns até gerando certa classificação dos direitos. Isto, em hi-
pior crise humanitária do século. pótese alguma, pode significar determinar maior ou menor impor-
O refúgio e a migração não trazem em si o terrorismo e neces- tância a uns ou a outros. Também não pode significar endossar uma
sariamente o agravamento dos problemas sociais. Tal perspectiva leitura geracional evolucionista pela qual uns direitos, por terem
seria totalmente contrária aos preceitos de cidadania e acolhimen- sido reconhecidos antes do que os outros, já teriam sido superados
to para com outros povos. pelos que vieram depois ou então têm mais importância.
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU reconhe-
ceu como direito humano a possibilidade de as pessoas fugirem — Direitos humanos de natureza civil e política
de situações de guerra e fome e migrarem para outros países. In- Proclamados pela ONU através do Pacto Internacional dos Di-
ternacionalmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os reitos Civis e Políticos (PDCP) (1966), ratificado pelo Brasil em 1992,
Refugiados – ACNUR é um órgão das Nações Unidas criado pela Re- e também, entre outras da Declaração sobre a Proteção contra Tor-
solução nº 428 da Assembleia da ONU em 14 de dezembro de 1950 tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degra-
para dar apoio e proteção a refugiados de todo o mundo. Ainda in- dantes (1975). Em termos gerais, poderíamos dizer que são aqueles
ternacionalmente a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto direitos relativos às garantias e liberdades fundamentais.
dos Refugiados ou Convenção de Genebra de 1951 e seu Protocolo
relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967 constituem os princi-
pais instrumentos internacionais estabelecidos para a proteção dos
7 http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/carbonari/carbona-
ri_dimensoes_dh.pdf
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Apesar da dificuldade de consenso sobre sua classificação po-


deríamos dizer que os direitos civis são, entre outros: o direito ao VIOLÊNCIA URBANA
reconhecimento e igualdade diante da lei; dos prisioneiros; a um
julgamento justo; de ir e vir; à liberdade de opinião, pensamento
e religião. Há uma distribuição diferenciada por gênero na incidência da
Os direitos políticos, entre outros, são: o direito à liberdade violência. Os homens morrem mais no espaço público, por causas
de reunião; liberdade de associação; à participação na vida políti- externas (assassinatos, acidentes), vítimas da violência urbana; en-
ca. Muitos consideram que estes são os direitos individuais por ex- quanto as mulheres, sofrem mais a violência no espaço privado,
celência e que constituem garantias absolutas contra o Estado, ou praticada por conhecidos.
seja, direitos negativos. Rapazes pobres, em sua maioria negros, são mortos nos con-
O conceito atual de direitos humanos indica que não é sufi- flitos urbanos ligados ao tráfico de drogas ou executados sumaria-
ciente esta concepção, já que os direitos civis e políticos implicam mente diante da suspeita de que estejam ligados à criminalidade.
também responsabilidades do Estado na sua garantia, sem que isso Mesmo que a presença feminina ativa seja uma realidade, nos
diminua ou interdite a responsabilidades de cada pessoa. grupos criminosos, os meninos e os rapazes são mais atraídos pela
rápida ascensão social que o mundo do crime pode proporcionar:
dinheiro, poder, respeitabilidade da parte de outros homens, sedu-
OS DIREITOS À VIDA, À LIBERDADE E À INTEGRIDADE PES- ção de mulheres.
SOAL Além da falência de outras instituições sociais que poderiam
atrair o interesse de tais jovens, há o fato de eles se lançarem em
uma atividade arriscada que não só lhes tira a vida, como a de mui-
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966) tos outros jovens sem ligação alguma com o mundo do crime. Facil-
O Pacto reconhece o direito à vida; a não ser submetido à tor- mente eles ficam estigmatizados pelos estereótipos relacionados à
tura ou penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes, à pobreza e à população negra, que levam à simplificada associação
escravidão e ao tráfico de escravos; o direito à liberdade e seguran- entre pobreza, cor/raça e violência.
ça pessoal; à livre circulação; à igualdade perante tribunais e cortes É preciso destacar que a violência urbana não está circunscrita
de justiça; à liberdade de pensamento, de consciência e de religião aos jovens pobres e negros. O Mapa da Juventude e Violência, or-
e de expressão, entre outros. ganizado pela Unesco, identifica, por estados do país e pela origem
Os direitos civis e políticos em espécie são, portanto, ineren- étnico-racial, as distintas causas mortis. Esses dados apontam que
tes à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade e à segurança os rapazes de classes média e alta morrem mais em acidentes de
pessoal, tal como por aspectos de proteção da pessoa humana em automóvel na perigosa combinação álcool e direção. Tais jovens são
situações de conflito com a lei. prisioneiros de um imaginário, construído desde a infância, que as-
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbitam todos socia masculino a “poderoso”, “desbravador”, “imortal”, etc.
os direitos da pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, políti- Pode-se assim dizer que a violência nas gangues, nos comandos
cos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em do tráfico de drogas ou nos “pegas” de carro é o resultado da im-
conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa pos- posição da força em disputas de poder para provar masculinidade
sui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
O direito à vida “abrange tanto o direito de não ser morto, pri-
vado da vida, portanto, direito de continuar vivo, como também o DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
direito de ter uma vida digna. A vida é o bem principal de qualquer
pessoa, é o primeiro valor moral de todos os seres humanos. Trata- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
-se de um direito que pode ser visto sob quatro aspectos: direito de (1966)
nascer; direito de permanecer vivo; direito de ter uma vida digna De que valeria o direito à vida, sem condições mínimas de uma
quanto à subsistência e, direito de não ser privado da vida através existência digna? Enquanto o Pacto Internacional dos Direitos Civis
da pena de morte. e Políticos abrangeu normas pretensamente autoaplicáveis, o Pacto
O direito à liberdade é posto como consectário do direito à Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, adotado
vida, pois ela depende da liberdade para o seu desenvolvimento na mesma data pela ONU, veiculou normas de cunho programático,
intelectual e moral, valor inerente à dignidade do ser, uma vez que de implementação progressiva, destinadas, em regra ao Estado. Por
decorre da inteligência e da vontade. serem de alto custo para o Estado, evidente não ser possível garan-
O direito à segurança pessoal, por sua vez, é o direito de viver ti-los em sua plenitude para todos. Entretanto, considerando serem
sem medo, protegido pela solidariedade e livre de agressões, logo, ainda essenciais, o mínimo existencial deve ser assegurado.
é uma maneira também de se garantir o próprio direito à vida e à Os direitos econômicos, sociais e culturais envolvem o trabalho,
dignidade humana. a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o lazer, a segurida-
de social. Os direitos contemplados pelo PIDESC estão distribuídos
em 16 categorias: Povos indígenas, remanescentes de quilombos
e outras minorias; meio ambiente e desenvolvimento sustentável;
discriminação e desigualdades; gênero; situação agrária; desenvol-
vimento econômico próprio; trabalho e sindicalização; previdência
social; descanso e lazer; família; saúde; alimentação; criança e ado-
lescente; educação; cultura e lazer e, moradia.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

O trabalho é um instrumento fundamental para assegurar a Princípios de Yogyakarta sobre orientação sexual
todos uma existência digna: de um lado por proporcionar a remu- Os “Princípios de Yogyakarta” definem orientação sexual como
neração com a qual a pessoa adquirirá bens materiais para sua sub- sendo a capacidade de cada indivíduo experimentar atração afeti-
sistência, de outro por gerar por si só o sentimento de importância va, emocional ou sexual por pessoas de gênero diferente, mesmo
para a sociedade por parte daquele que faz algo útil nela. No entan- gênero ou mais de um gênero. As orientações sexuais mais comuns
to, a geração de empregos não se dá automaticamente, cabendo são: homossexualidade, que consiste na atração emocional, afetiva
aos Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir os ou sexual por pessoa do mesmo gênero; heterossexualidade, que
índices de desemprego o máximo possível consiste na atração emocional, afetiva ou sexual por pessoa de gê-
Por sua vez, aqui a segurança se apresenta como segurança so- nero diferente; bissexualidade: atração emocional, afetiva ou sexual
cial, através da Previdência, no sentido de garantia de manutenção por pessoas dos dois gêneros; assexualidade: ausência de atração
de meios de subsistência, cabendo ao Estado custeá-la pela coletivi- sexual por pessoas de ambos os gêneros.
dade e pelos cofres públicos. Pelo seguro social, se garante a manu- A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu Conselho
tenção financeira dos que por algum motivo não possuem condição de Direitos Humanos, tem elaborado resoluções voltadas a este
de trabalhar. grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios de Yogyakarta, que são
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão de vida princípios voltados à aplicação da legislação de direitos humanos
suficiente para garantir sua dignidade em todas as esferas: alimen- em todo o planeta em relação à diversidade sexual e à identidade
tação, vestuário e moradia, inclusive. É um objetivo constante do de gênero, delimitando a igualitária aplicação dos direitos humanos
Estado Democrático de Direito proporcionar que pessoas cheguem consagrados a pessoas que se encaixem em grupos com sexualidade
o mais próximo possível – e cada vez mais – desta circunstância. diferenciada. Outro documento a respeito que assume relevância é
A saúde é um dos principais direitos sociais, atrelado direta- a Declaração condenando violações dos direitos humanos com base
mente ao próprio direito à vida e melhoria de suas condições, asse- na orientação sexual e na identidade de gênero, de 18 de dezembro
gurando à pessoa humana o direito de se manter no mais elevado de 2008. O Brasil estava presente quando tal Declaração foi aceita
possível nível de saúde física e mental. pela Assembleia Geral da ONU e votou a favor, tratando-se assim de
A proteção à maternidade e à infância tem sentido porque sem documento corroborado pelo país no âmbito internacional.
as crianças não haverá permanência da humanidade. É preciso que Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito interamerica-
as crianças sejam protegidas com atenção especial para que se tor- no é a recente Convenção Interamericana contra Toda Forma de
nem adultos capazes de construir um mundo melhor. Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não in-
E por falar em mundo melhor, o direito à educação deve ser corporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinada pelo
garantido obrigatoriamente e gratuitamente, em seu primeiro nível Brasil), que pode ser considerado o primeiro documento interna-
(denominado elementar na DUDH e popularmente conhecido, no cional juridicamente vinculante a expressamente condenar a dis-
Brasil, como ensino fundamental). A educação é muito mais abran- criminação baseada em orientação sexual, identidade e expressão
gente que a mera alfabetização ou o aprendizado de conteúdos de gênero.
dogmáticos, e envolve a formação integral da pessoa humana para A liberdade decorrente das expressões e perspectivas de gêne-
o adequado respeito e fruição dos direitos humanos e das liberda- ro decorre também da dignidade da pessoa humana e tem como
des fundamentais, individuais e coletivas. pressuposto um direito constitucional implícito à “busca da felici-
Sob o enfoque do direito de acesso à cultura e lazer, o Estado dade”.
deve prover meios de garantir o acesso às obras artísticas e cultu- No Brasil, além da coibição de todas as formas de violência, aos
rais e à meios de lazer aos seus jurisdicionados. Mais do que mera poucos vão sendo eliminados os entraves jurídicos à igualdade e
diversão, o acesso à cultura e à fontes de lazer também proporciona à não discriminação dessas minorias. A jurisprudência reconheceu
melhorias diretas na qualidade de vida. e equiparou a união contínua, pública e duradoura entre pessoas
do mesmo sexo como família, de acordo com as mesmas regras
da união estável heteroafetiva. Posteriormente, Resolução do CNJ
PERSPECTIVAS DE GÊNERO. proibiu cartórios de se negarem a realizar casamentos homoafeti-
vos, estando à frente de diversos países. Também são reconhecidos
direitos de identidade de gênero, com a inclusão de nome social em
Proteção da diversidade sexual (LGBTQIA+) documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação e,
Importante esclarecer quanto às perspectivas de gênero, que em decisão histórica, o STF em 2020 derrubou, por maioria, restri-
uma coisa é o gênero com o qual a pessoa se identifica – se compa- ção de doação de sangue por homossexuais ao tornar inconstitucio-
tível ou não com suas características físicas e biológicas (masculinas nal a proibição e considerar as regras da Anvisa e do Ministério da
ou femininas) e outra coisa é o gênero pelo qual o indivíduo apre- Saúde discriminatórias.
senta atração afetiva e com ele se relaciona afetivamente. Ambos
os casos fazem jus à proteção e alcance dos direitos humanos.
O indivíduo tem direito à livre orientação sexual e determina- A QUESTÃO RACIAL.
ção de gênero, devendo ser respeitado pelo Estado e terceiros, por
sua identidade de gênero, preferência sexual e afetiva, não poden-
do delas ser gerada nenhuma consequência negativa ou restritiva O racismo consiste na atribuição de uma relação direta entre
de direitos que são comuns a todos. características biológicas e qualidades morais, intelectuais ou com-
portamentais, implicando sempre em uma hierarquização que su-
põem a existência de raças humanas superiores e inferiores. Fatores
como a cor da pele ou o formato do crânio são relacionados a uma

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

série de qualidades aleatórias, como a inteligência ou a capacidade A ausência de um regime de segregação institucional, tal como
de comando. Discursos racistas historicamente têm servido para ocorrera nos EUA e na África do Sul, através do apartheid, foi sub-
legitimar relações de dominação, naturalizando desigualdades de terfúgio para amenizar a força do racismo no Brasil. O mito da de-
todos os tipos e justificando atrocidades e genocídios8. mocracia racial brasileira fez com que o país postergasse a adoção
Os primeiros discursos racistas derivam de uma visão teológica, de medidas de reparação, a exemplo de ações afirmativas, já há
são baseados na leitura de uma série de episódios bíblicos, como muito consolidadas nos EUA e de combate ativo a ideologia racista,
aquele no qual Noé amaldiçoa seu único filho negro, afirmando que tal como a adoção de uma perspectiva multiculturalista no seu sis-
seus descendentes seriam escravizados pelos descendentes de seus tema educacional.
irmãos. Essas interpretações serviram para justificar e naturalizar São espécies de racismo:
relações de exploração, como a escravização do povo africano pelos
europeus. Racismo Estrutural
Já no século XVIII surgem as primeiras teorias racistas de cunho O racismo estrutural pode ser definido como uma naturaliza-
científico. Da mesma forma como já fazia com as plantas e os ani- ção de comportamentos, hábitos, falas e pensamentos, que promo-
mais, a ciência passa a classificar a diversidade humana e, para vem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.
tal, usa como critério central a pigmentação da pele. O problema É algo que está, de algum modo, preso às estruturas de nossa so-
central dessa classificação é que ela conecta a essas características ciedade e acaba fazendo parte da vida cotidiana de muitas pessoas,
físicas atributos morais e comportamentais depreciativos ou valora- como se fosse uma realidade normal.
tivos, a depender de que “raça” se está tratando. Trata-se de fenômeno estruturante da sociedade que atua em
Carl Von Linné, naturalista sueco, foi um dos primeiros a siste- diversas dimensões e camadas e pode ser observado em diferentes
matizar essa classificação racista. Ele divide os humanos em quatro níveis da sociedade. Por ser uma forma de racismo de difícil percep-
raças: a asiática, de pele amarela e caráter melancólico; a america- ção pelas pessoas que a promovem, este tipo de comportamento
na, de pele morena e comportamento colérico; a africana, negra e torna-se perigoso na medida que a violência e a desigualdade se
preguiçosa; e a europeia, branca, engenhosa e inventiva. Esse tipo tornam algo normal.
de teoria racista, que junta adeptos por décadas a fio, utilizou-se da Podemos identificar como sintomas dessa forma de racismo o
sua autoridade científica para justificar o tratamento de populações fato de que pessoas negras ganham, segundo estatísticas, menos
não-europeias como inferiores, indignas de respeito e incapazes de que pessoas brancas. Também encontramos entre a população ne-
governar a si mesmas, legitimando as empreitadas colonialistas sob gra uma menor escolaridade.
a Ásia, a África e as Américas. Um outro exemplo de racismo estrutural é o ínfimo número
Obviamente, o desenvolvimento da ciência foi completamente de negros que tinham acesso aos cursos superiores de Medicina
incapaz de provar qualquer tipo de ligação entre as quantidades de no Brasil antes das leis de cotas, etc. A utilização de linguagens e
melanina de um ser humano e sua personalidade/capacidade inte- expressões racistas, muitas vezes sem se dar conta disto, aliada à
lectual. No entanto, elementos dessa hierarquização seguiram in- crença de normalidade de tais condutas, reforçam o racismo estru-
tactos nos imaginários coletivos e se expressam até os dias de hoje. tural, já tão enraizado em nossa sociedade.
No Brasil9, as causas do racismo podem ser associadas, princi- Este tipo de racismo pode permear e perseguir a vítima por
palmente, à longa escravização de povos de origem africana e a tar- todos os meios e lugares que ela frequenta, já que a linguagem é
dia abolição da escravidão, que foi feita de maneira irresponsável, capaz de adentrar qualquer esfera da vida humana. O ideal é que
pois não se preocupou em inserir os escravos libertos na educação sociedade reconheça a ofensa em determinadas expressões e o so-
e no mercado de trabalho, resultando em um sistema de marginali- frimento que ela pode causar nas pessoas, e mude seu comporta-
zação que perdura até hoje. mento, deixando de utilizá-las.
O Brasil é um país marcado pelo racismo como sistema, uma Vale destacar como diferença, que o racismo institucional ocor-
forma de organização social que privilegia um grupo em detrimento re dentro da instituição, através de suas normas e práticas, enquan-
de outro. O genocídio dos povos indígenas e o sequestro, escravi- to o racismo estrutural perpassa todas essas estruturas sociais.
zação e desumanização dos africanos e seus descendentes nascidos
aqui, ocupam boa parte da história do país. Racismo Institucional
São fatos que deixaram consequências profundas tanto na O conceito de Racismo Institucional foi definido pelos ativistas
forma coletiva de pensar, quanto nas condições materiais dos des- integrantes do grupo Panteras Negras, Stokely Carmichael e Charles
cendentes desses povos. Apesar de negros e pardos constituírem a Hamilton em 1967, para especificar como se manifesta o racismo
maioria da população, sua presença é minoritária nas classes sociais nas estruturas de organização da sociedade e nas instituições. Para
mais abastadas, nos espaços acadêmicos, nos postos de chefia e os autores, “trata-se da falha coletiva de uma organização em pro-
nas profissões bem remuneradas. ver um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de
Nas ações do aparato repressivo, entretanto, a população ne- sua cor, cultura ou origem étnica”10.
gra se evidencia, constituindo-se como maioria entre as vítimas fa- Pode ser definido ainda como a negação coletiva de uma orga-
tais da violência policial. A perversidade do racismo brasileiro foi nização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de
suavizada durante anos através da ideia de “democracia racial”, sua cor, cultura ou origem étnica. Também pode estar associado a
nascida nas Ciências Sociais, com destaque para a contribuição de formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforço de
Gilberto Freyre, autor de Casa Grande e Senzala (1933). estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de des-
8 https://bit.ly/1I7S7iH vantagem.
9 https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm#:~:tex-
t=No%20Brasil%2C%20as%20causas%20do,resultando%20em%20 10 Carmichael, S. e Hamilton, C. Black power: the politics of liberation
um%20sistema%20de in America. New York, Vintage, 1967, p. 4.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

No Brasil, o Programa de Combate ao Racismo Institucional — Convenção Interamericana contra o Racismo e Discrimina-
(PCRI) implementado em 2005, definiu o racismo institucional ção Racial e outras formas correlatas de intolerância: Foi aprovada
como o fracasso das instituições e organizações em prover um ser- em 2013, na Guatemala, durante a 43ª Sessão Ordinária da Assem-
viço profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cul- bleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ratifica-
tura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em normas, práticas da no Brasil em 2021.
e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do tra-
balho, os quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude Os países que ratificam a convenção se comprometem a pre-
que combina estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância. venir, eliminar, proibir e punir, de acordo com suas normas consti-
No racismo institucional, as decisões individuais de quem está tucionais e com as regras da convenção, todos os atos e manifes-
no poder (normalmente homens brancos), dificultam direta ou indi- tações de racismo, discriminação racial e intolerância. De acordo
retamente na inclusão de negros a esses espaços de forma integral. com a convenção, a discriminação racial pode basear-se em raça,
Em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas cor, ascendência ou origem nacional ou étnica e é definida como
de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvan- “qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qual-
tagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais ins- quer área da vida pública ou privada, com o propósito ou efeito de
tituições e organizações. anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em con-
Mais recentemente Jurema Werneck definiu o racismo institu- dições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades
cional como “um modo de subordinar o direito e a democracia às fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais”.
necessidades do racismo, fazendo com que os primeiros inexistam A convenção conceitua intolerância como “um ato ou conjun-
ou existam de forma precária, diante de barreiras interpostas na to de atos ou manifestações que denotam desrespeito, rejeição ou
vivência dos grupos e indivíduos aprisionados pelos esquemas de desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões de
subordinação desse último”11. Os objetivos da criação do conceito pessoas por serem diferentes ou contrárias”. Prevê ainda o com-
eram de especificar como se manifesta o racismo nas estruturas da promisso em garantir que os sistemas políticos e jurídicos “reflitam
organização da sociedade e nas instituições, para descrever os inte- adequadamente a diversidade de suas sociedades, a fim de atender
resses, ações e mecanismos de exclusão estabelecidos pelos grupos às necessidades legítimas de todos os setores da população’’.
racialmente dominantes.
Seu impacto na vida da população negra no Brasil pode ser per-
cebido tanto na sua relação direta com os serviços e as instituições DIREITOS HUMANOS E A QUESTÃO INDÍGENA
que deveriam garantir seus direitos fundamentais, quanto no coti-
diano de suas vidas.
A grande questão dos direitos dos povos indígenas decorre da
LEGISLAÇÃO demarcação e da especial relação com suas terras, como seus se-
nhores primários e naturais, anteriores a qualquer outro habitan-
Destacam-se algumas leis contra o racismo. Vejamos: te, descendente de colonizadores.
Segundo Ramos (2020, p. 627) as terras tradicionalmente ocu-
— Lei nº 7716/1989: Definiu os crimes resultantes de precon- padas pelos índios são “aquelas por eles habitadas em caráter
ceito de raça ou de cor e tornou crime qualquer atitude de discri- permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
minação, preconceito ou incitação ao preconceito por motivação imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários
racista. Trata-se de um importante instrumento na luta contra o a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural,
racismo no Brasil; segundo seu usos, costumes e tradições”.
— Lei nº 10.639/2003: Alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezem- Internacionalmente, há uma grande lacuna de tratados no que
bro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação na- tange à matéria indígena. Com exceção da Convenção n. 169 da
cional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigato- OIT sobre Povos Indígenas e Tribais e da Declaração da ONU sobre
riedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”; os Direitos dos Povos Indígenas, ainda não há um grande tratado
— Lei nº 12.288/2010: Refere-se ao Estatuto da Igualdade Ra- regional ou global sobre os direitos dos povos indígenas. Claro que
cial. A norma traz o importante conceito sobre discriminação racial alguns tratados a exemplo do Pacto Internacional sobre Direitos
que é definida como toda distinção, exclusão, restrição ou prefe- Civis e Políticos, Convenção para a Eliminação da Discriminação
rência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou Racial etc., podem ser invocados na proteção aos índios, uma
étnica. vez que possuem importantes dispositivos aplicáveis a todos os
indivíduos no tocante à proteção de seus direitos, com importan-
Define ainda, entre outros conceitos, a desigualdade racial tes ferramentas normativas para a promoção de direitos de grupos
como toda situação injustificada de diferenciação de acesso ou frui- vulneráveis. Contudo, não são ainda suficientes e abrangentes
ção de bens, serviços e oportunidades nas áreas pública e privada o bastante para atender a todas as demandas que a questão
em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional e étnica. envolve. Daí a necessidade de tratados específicos, que possam
Tendo como principal objetivo o combater da discriminação racial e ampliar o alcance e aplicabilidade da defesa dos direitos dos povos
das desigualdades raciais que atingem os afro-brasileiros, incluindo indígenas atualmente.
a dimensão racial nas políticas públicas desenvolvidas pelo Estado; De modo geral, os povos indígenas têm direito, a título coletivo ou
individual, ao pleno gozo de todos os mesmos direitos humanos
e liberdades fundamentais reconhecidos e garantidas a todas as
pessoas sem exceção, sendo-lhes garantido o acesso igualitário a
11 Werneck, Jurema. Racismo Institucional, uma abordagem conceitu-
todos os serviços e proteções garantidos pelo Estado.
al, Geledés – Instituto da Mulher Negra, 2013.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Segunda: A identidade de gênero é manifestação da própria


DIREITOS HUMANOS E ORIENTAÇÃO SEXUAL personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado ape-
nas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la.
Terceira: A pessoa não deve provar o que é e o Estado não deve
Dentre os principais Direitos das Pessoas LGBTQIA+ destacam- condicionar a expressão da identidade a qualquer tipo de modelo,
-se: ainda que meramente procedimental.
1.2. Base constitucional: o direito à dignidade (art. 1º, III, da
Direito à Igualdade CRFB), o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada (art. 5º, X, da CRFB); e base convencional (art. 5º, § 2º, da CRFB):
em 1948 pela Organização das Nações Unidas, reconhece, em seu o direito ao nome (artigo 18 do Pacto de São José da Costa Rica);
artigo 1º, que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em o direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (artigo 3 do
dignidade e em direitos”. A Constituição da República Federativa do Pacto); o direito à liberdade pessoal (artigo 7.1 do Pacto); e o direito
Brasil, de 1988, tem por objetivo fundamental erradicar a margina- à honra e à dignidade (artigo 11.2 do Pacto).
lização e reduzir as desigualdades (artigo 3º, III), bem como promo- 1.3. Base doutrinária. O voto se assenta no pensamento dos
ver o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, diversos autores nele citados; mencionam-se aqui especialmente os
idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, IV). seguintes Luiz Edson Fachin e Carlos Eduardo Pianovski Ruzyk em
Dispõe também em seu artigo 5º que “Todos são iguais perante “Princípio da Dignidade Humana (no Direito Civil)”; Carlos Santigao
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi- Nino em “Ética y Derechos Humanos”; Stéfano Rodotà; e Álvaro Ri-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- cardo de Souza Cruz em “(O) Outro (e) (o) Direito”.
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. 1.4. Base em precedentes. o voto se estriba em precedentes
A discriminação sofrida pela população LGBTQIA+ é uma con- que formam jurisprudência deste Tribunal e, especialmente, da Cor-
duta incompatível com o Estado Democrático de Direito e, por isso, te Interamericana de Direitos Humanos; especificamente citam-se
não pode jamais ser tolerada pela sociedade brasileira. os seguintes: o RE 670.422, Rel. Ministro Dias Toffoli; a ADPF 54,
Rel. Ministro Marco Aurélio; Opinião Consultiva 24/17 da Corte In-
Direito à Diferença teramericana de Direitos Humanos sobre Identidade de Gênero e
O direito à diferença é o que permite que diferentes condições Igualdade e Não-Discriminação.
sociais, características culturais e individuais, tais como orientação 1.5. Conclusão do voto: julgo procedente a presente ação direta
sexual e/ou identidade de gênero, sejam respeitadas igualmente para dar interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São
perante a lei. Os LGBTQIA+ estão nas mais diferentes classes sociais, José da Costa Rica ao art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhe-
ocupam todo tipo de profissão e têm estilos de vida diversos. cer aos transgêneros, que assim o desejarem, independentemente
Mas há em comum o fato de que sofrem preconceito e discri- da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos
minação. Entretanto, uma parcela dessa comunidade, em razão so- hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e
cioeconômica, encontra-se em situação de maior vulnerabilidade. sexo diretamente no registro civil.
O preconceito provoca a fragilidade ou o rompimento dos vín-
culos familiares, a exclusão do convívio na comunidade e a discrimi- STF Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO)
nação sofrida nas escolas. Essas situações motivam o abandono dos 2613
estudos e, consequentemente, a grande dificuldade ou impedimen- O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES: Trata-se de
to do acesso ao mercado formal de trabalho. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, proposta pelo
Esse cenário gera situações de altíssima vulnerabilidade, espe- PARTIDO POPULAR SOCIALISTA - PPS, para o fim de obter a crimi-
cialmente para as travestis, mulheres transexuais e homens trans. nalização específica de todas as formas de homofobia e transfobia,
Por isso, essa população tem necessidades específicas e precisa de especialmente (mas não exclusivamente) das ofensas (individuais e
políticas públicas efetivas e ações afirmativas contínuas que comba- coletivas), dos homicídios, das agressões e discriminações motiva-
tam a exclusão histórica a que foi submetida. das pela orientação sexual e/ou identidade de gênero, real ou su-
posta, da vítima, por ser isto (a criminalização específica) decorrên-
STF Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 427512 cia da ordem constitucional de legislar relativa ao racismo (art. 5º,
1. O presente voto, ao dispor dos eminentes pares e das partes XLII) ou, subsidiariamente, às discriminações atentatórias a direitos
na íntegra, expressa fundamentação nos termos do inciso IX do art. e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI) ou, ainda subsidiariamente,
93 da Constituição da República Federativa do Brasil, e se contém ao princípio da proporcionalidade na acepção de proibição de pro-
em aproximadamente 16 páginas. A síntese e a conclusão podem teção deficiente (art. 5º, LIV, da CF/88).
ser apresentadas, sem prejuízo da explicitação no voto contida, à Narra a peça inicial que a homofobia e a transfobia constituem
luz do procedimento que se fundamenta nos termos do insculpido espécies do gênero racismo, na medida em que racismo é toda
no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988, em cuja ideologia que pregue a superioridade/inferioridade de um grupo
abrangência se insere a celeridade de julgamento, mediante sucinta relativamente a outro (e a homofobia e a transfobia implicam ne-
formulação que tem em conta as seguintes premissas e arremate: cessariamente na inferiorização da população LGBT relativamente
a pessoas heterossexuais cisgêneras que se identificam com o pró-
1.1. Premissas prio gênero). Acrescenta que a homofobia e a transfobia inequivo-
Primeira: O direito à igualdade sem discriminações abrange a camente se enquadram no conceito de discriminações atentatórias
identidade ou expressão de gênero. a direitos e liberdades fundamentais, donde enquadradas, nesta
12 http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4. 13 http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADO-
275VotoEF.pdf 26votoMAM.pdf
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

hipótese subsidiária (caso não se as entenda como espécies do gê- ser apresentadas, sem prejuízo da explicitação no voto contida, à
nero racismo), no disposto no art. 5º, inc. XLI, da CF/88, que, no luz do procedimento que se fundamenta nos termos do insculpido
presente caso, impõe a elaboração de legislação criminal que puna no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988, em cuja
tais condutas. abrangência se insere a celeridade de julgamento, mediante sucinta
Argumenta ainda que considerado o princípio da proporciona- formulação que tem em conta as seguintes premissas e arremate:
lidade em sua vertente da proibição de proteção deficiente, tem-se
que é necessária a criminalização específica das ofensas (individuais 1.1. Premissas
e coletivas), dos homicídios, das agressões e discriminações moti- Primeira: É atentatório ao Estado Democrático de Direito qual-
vadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero, real ou quer tipo de discriminação, inclusive a que se fundamenta na orien-
suposta, da vítima porque o atual quadro de violência e discrimi- tação sexual das pessoas ou em sua identidade de gênero.
nação contra a população LGBT tem tornado faticamente inviável Segunda: O direito à igualdade sem discriminações abrange a
o exercício dos direitos fundamentais à livre orientação sexual e à identidade ou expressão de gênero e a orientação sexual.
livre identidade de gênero das pessoas LGBT em razão do alto grau Terceira: À luz dos tratados internacionais de que a República
de violência e discriminação contra elas perpetradas na atualidade, Federativa do Brasil é parte, dessume-se da leitura do texto da Car-
donde inviabilizado, inclusive, o direito fundamental à segurança ta de 1988 um mandado constitucional de criminalização no que
desta população. pertine a toda e qualquer discriminação atentatória dos direitos e
Entende que todas as formas de homofobia e transfobia devem liberdades fundamentais.
ser punidas com o mesmo rigor aplicado atualmente pela Lei de Ra- Quarta: A omissão legislativa em tipificar a discriminação por
cismo, sob pena de hierarquização de opressões, decorrente da pu- orientação sexual ou identidade de gênero ofende um sentido mí-
nição mais severa de determinada opressão relativamente a outra. nimo de justiça ao sinalizar que o sofrimento e a violência dirigida
Esclarece que tal superação da exigência de legalidade estrita a pessoa gay, lésbica, bissexual, transgênera ou intersex é tolera-
parlamentar para que o STF efetive a criminalização específica da da, como se uma pessoa não fosse digna de viver em igualdade. A
homofobia e da transfobia é juridicamente possível pela ausência Constituição não autoriza tolerar o sofrimento que a discriminação
de proibição normativa a tanto e, ainda, se faz necessária no atual impõe.
contexto brasileiro na medida em que nosso Parlamento lamenta- Quinta: A discriminação por orientação sexual ou identidade
velmente nega a supremacia constitucional ao se recusarem a ela- de gênero, tal como qualquer forma de discriminação, é nefasta,
borar referida legislação criminal. porque retira das pessoas a justa expectativa de que tenham igual
Tece considerações sobre a fixação do dever estatal de indeni- valor.
zar vítimas de homofobia e transfobia enquanto tais condutas não
forem criminalizadas. 1.2. Base constitucional: o direito à dignidade (art. 1º, III, da
Pede, ao final, que: CRFB), o direito à igualdade (art. 5º, caput, da CRFB); a garantia
(a) seja reconhecido que a homofobia e a transfobia se enqua- constitucional do mandado de injunção (art. 5º, LXXI da CRFB); e o
dram no conceito ontológico-constitucional de racismo, de sorte mandado constitucional de criminalização contra qualquer discrimi-
a enquadrá-las na ordem constitucional de criminalizar o racismo nação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5º,
constate do art. 5º, inc. XLII, da CF/88, já que elas inferiorizam pes- XLI, da CRFB); e base convencional (art. 5º, § 2º, da CRFB): o direito
soas LGBR relativamente a pessoas heterossexuais cisgêneras ou, à igualdade (art. 24 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políti-
subsidiariamente, reconhecê-las como discriminações atentatórias cos); a proibição contra a discriminação (art. 4º da Convenção para
a direitos e liberdades fundamentais, de sorte a enquadrá-las na Eliminação da Discriminação Racial e art. 2º do Pacto Internacional
ordem constitucional de criminalizar constante do art. 5º, inc. XLI, de Direitos Civis e Políticos).
da CF/88; 1.3. Base doutrinária. O voto se assenta no pensamento dos
(b) seja declarada a mora inconstitucional do Congresso Nacio- diversos autores nele citados; mencionam-se aqui especialmente
nal na criminalização específica da homofobia e transfobia; os seguintes João Francisco da Fonseca em “O Processo do Manda-
(c) cumulativamente, seja fixado prazo razoável para o Con- do de Injunção”; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves em “Mandados
gresso Nacional aprovar legislação criminalizadora de todas as expressos de criminalização e a proteção de direitos fundamentais
formas de homofobia e transfobia, especialmente (mas não exclusi- na Constituição brasileira de 1988”; André de Carvalho Ramos em
vamente) das ofensas (individuais e coletivas), dos homicídios, das “Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos
agressões, ameaças e discriminações motivadas pela orientação se- humanos”; Luís Roberto Barroso em “A Dignidade da Pessoa Huma-
xual e/ou identidade de gênero, real ou suposta, da vítima; na no Direito Constitucional Contemporâneo”; e Daniel Sarmento
(d) caso transcorra o prazo fixado pela Suprema Corte, seja em “Dignidade da Pessoa Humana”.
efetivamente tipificada a homofobia e a transfobia como crime 1.4. Base em precedentes. o voto se estriba em precedentes que
específico e fixada a responsabilidade civil do Estado Brasileiro em formam jurisprudência deste Tribunal, da Corte Interamericana de
indenizar as vítimas de todas as formas de homofobia e transfobia. Direitos Humanos e de outras organizações internacionais de prote-
ção da pessoa humana; especificamente citam-se os seguintes: o MI
STF Mandado de Injunção (MI) 473314 642, Rel. Min. Celso de Mello; o Relatório Violência contra Pessoas
1. O presente voto, ao dispor dos eminentes pares e das partes Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex nas Américas da Comis-
na íntegra, expressa fundamentação nos termos do inciso IX do art. são Interamericana de Direitos Humanos; o Relatório do Relator
93 da Constituição da República Federativa do Brasil, e se contém Especial para a Proteção contra a Violência e Discriminação Basea-
em aproximadamente 27 páginas. A síntese e a conclusão podem da na Orientação Sexual e Identidade de Gênero; a Opinião Con-
14 http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/MI- sultiva 24/17 da Corte Interamericana de Direitos Humanos; a ADI
4733mEF.pdf 4.277, Rel. Min. Ayres Britto; ADPF 291, Rel. Min. Roberto Barroso;
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ADI 4.275, Red. para o acórdão Min. Edson Fachin; o caso Toonen v. dato de nove anos. Uma vez eleitos, os juízes são alocados em uma
Australia do Comitê de Direitos Humanos; o caso Mohammed Gelle das três Seções do TPI: Instrução, Julgamento em Primeira Instância
v. Dinamarca do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial; ou Recursos.
MI 670, Red. para o acórdão Min. Gilmar Mendes; HC 82.424, Rel. Para ser julgado pelo TPI, o Estado deve, necessariamente ter
para o acórdão Min. Maurício Corrêa. se submetido à sua jurisdição, que é complementar ou subsidiária à
1.5. Conclusão do voto: julgo procedente o presente mandado atuação do Estado, mediante adesão ao Tratado cuja ratificação não
de injunção, para (i) reconhecer a mora inconstitucional do Con- pode ser feita com reservas. O Brasil assinou o Estatuto de Roma em
gresso Nacional e; (ii) aplicar, até que o Congresso Nacional venha 7 de fevereiro de 2000, tendo-o ratificado em 20 de junho de 2002.
a legislar a respeito, a Lei 7.716/89 a fim de estender a tipificação A intervenção do TPI só deve ocorrer quando o Estado sob sua juris-
prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito dição não estiver em condições de investigação ou julgamento ou
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à discriminação não demonstrar interesse em fazê-lo.
por orientação sexual ou identidade de gênero. No TPI, como regra, a pena máxima admitida é de 30 anos,
aceitando-se a prisão perpétua em caráter excepcional ante extre-
ma gravidade do crime e dependendo das circunstâncias pessoais
DESENVOLVIMENTO DIREITOS HUMANOS. do condenado. Apesar de ser essencialmente penal, o TPI pode re-
conhecer a responsabilidade civil dos condenados, impondo-lhes
a obrigação da reparação dos danos (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
O progresso e o desenvolvimento não deveriam sobrepor ou EXTERIORES, 2023).
mitigar quaisquer dos direitos das gentes. Entretanto, durante mui-
tos anos a grande preocupação era com o crescimento e expansão
das atividades econômicas, apenas, sem se pensar em políticas so- DIREITOS HUMANOS E MEIO AMBIENTE.
ciais desenvolvimento humano. Assim, antes, media-se o desenvol-
vimento de um país unicamente pelo seu crescimento econômico.
Vimos através dos séculos a expansão industrial e comercial de- Como a proteção ao meio ambiente é intrínseca ao direito à
senfreada, sem uma preocupação com planejamento estratégico, vida, não é difícil relacionar a preocupação ambiental com a prote-
economia de recursos e distribuição de rendas e riquezas. Ao longo ção aos Direitos Humanos. Isso porque, o direito ao meio ambiente
do processo desse desenvolvimento, direitos foram suprimidos, ou ecologicamente equilibrado visa garantir a presente e futuras gera-
sequer existiam primordialmente nas preocupações daqueles tem- ções qualidade de vida e saúde.
pos. A ONU (2018) declara que meio ambiente saudável é um direi-
Atualmente, o que se busca é o equilíbrio entre o desenvolvi- to humano. Isso porque os seres humanos são parte da natureza e
mento e o respeito aos direitos humanos, tendo assim, a efetivação nossos direitos estão relacionados ao ambiente em que vivemos.
de um modelo de sustentabilidade com inclusão social e econômi- Assim, os direitos humanos e a proteção ambiental são interdepen-
ca, meio ambiente ecologicamente equilibrado, tecnologicamente dentes, pois os danos ambientais interferem no gozo e exercício dos
responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não direitos humanos, os quais contribuem para proteger o meio am-
discriminatório. biente e promover o desenvolvimento sustentável.
O que se deve buscar, não é mais o desenvolvimento econômi- Um meio ambiente sem riscos, limpo, saudável e sustentável é
co desenfreado a todo e qualquer custo, mas a correta gestão dos mais do que necessário para o pleno exercício dos direitos huma-
recursos disponíveis para melhoria da qualidade de vida e verdadei- nos, inclusive do direito à vida.
ro bem estar social para as atuais e futuras gerações.
Princípios da ONU (2018) sobre Direitos Humanos e Meio Am-
biente:
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 1 – Os Estados devem garantir um meio ambiente sem riscos,
limpo, saudável e sustentável com o fim de se respeitar, proteger e
tornar efetivos os direitos humanos;
— Tribunal Penal Internacional
2 – Os Estados devem respeitar, proteger e tornar efetivos os
O Tribunal Penal Internacional – TPI é um organismo interna-
direitos humanos com o fim de garantir um meio ambiente sem
cional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivídu-
riscos, limpo, saudável e sustentável;
os acusados de cometer crimes considerados contra a humanidade.
3 – Os Estados devem proibir a discriminação e garantir uma
O TPI é composto por quatro órgãos: Presidência, Seções Judiciais
proteção igual e efetiva em relação ao gozo de um meio ambiente
(Recursos, Julgamento em Primeira Instância e Instrução), Promo-
sem riscos, limpo, saudável e sustentável;
toria e Secretariado e sua jurisdição é complementar à dos Estados
4 – Os Estados devem estabelecer um entorno seguro e pro-
e vinculada à ONU.
picio em que as pessoas, grupos de pessoas e órgãos da sociedade
Também conhecido como Corte ou Tribunal de Haia, em razão
que se ocupem de direitos humanos ou questões ambientais pos-
de sua sede oficial estar localizada em Haia, nos Países Baixos. Seu
sam atuar sem ameaças, assédio, intimidação ou violência;
Estatuto foi elaborado no Tratado de Roma, de 1998. Segundo o art.
5 – Os Estados devem respeitar e proteger os direitos a liberda-
5º do Estatuto, a competência material do TPI é julgar: crimes de
de de expressão, associação e reunião pacífica em relação às ques-
genocídio; crimes contra a humanidade; crimes de guerra e crimes
tões ambientais;
de agressão. As funções judiciais do TPI são exercidas por dezoito
6 – Os Estados devem fomentar a educação e sensibilizar a opi-
magistrados, eleitos pela Assembleia dos Estados Partes para man-
nião pública sobre as questões ambientais;

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

7 – Os Estados devem proporcionar acesso público à informa- 3. PC-SP – FELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP – 2022
ção ambiental mediante a reunião e difusão de dados e proporcio- Nos termos do Estatuto de Roma, é correto afirmar que:
nar um acesso efetivo e oportuno à informação a qualquer pessoa (A) a competência do Tribunal Penal Internacional restringir-
que solicite; -se-á aos crimes contra a humanidade e crimes de guerra, nos
8 – A fim de evitar empreender ou autorizar atividades com termos das disposições do presente Estatuto.
impactos ambientais que interfiram no pleno exercício dos direitos (B) qualquer pessoa condenada pelo Tribunal Penal Internacio-
humanos, os Estados devem exigir avaliação prévia dos possíveis nal só poderá ser punida em conformidade com as disposições
impactos ambientais dos projetos e políticas propostas, incluídos do presente Estatuto.
seus possíveis efeitos no gozo dos direitos humanos; (C) a sede do Tribunal Penal Internacional será em Roma.
9 – Os Estados devem prever e facilitar a participação pública (D) é vedada a alteração da sede do Tribunal Penal Internacio-
no processo de tomada de decisões relacionadas ao ambiente e le- nal para outro local.
var em conta as opiniões da sociedade nesse processo; (E) a competência do Tribunal Penal Internacional restringir-se-
10 – Os Estados devem facilitar o acesso a recursos efetivos -á aos crimes de guerra e ao crime de genocídio, nos termos
pelas violações dos direitos humanos y das leis nacionais referentes das disposições do presente Estatuto.
ao meio ambiente;
11 – Os Estados devem estabelecer e manter normas ambien- 4. DPE-RS – DEFENSOR PÚBICO – CESPE / CEBRASPE – 2022
tais não discriminatórias e que não tenham caráter regressivo, para De acordo com o Estatuto de Roma acerca do Tribunal Penal
que se respeitem, protejam e se exercitem os direitos humanos; Internacional, julgue o próximo item.
11 – Os Estados devem garantir a aplicação efetiva de suas nor- A prisão perpétua poderá ser aplicada quando o elevado grau
mas ambientais pelas entidades dos setores públicos e privados; de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado a justi-
12 – Os Estados devem cooperar entre si para estabelecer, ficarem.
manter e aplicar marcos jurídicos internacionais eficazes a fim de ( ) CERTO
prevenir, reduzir e reparar os danos ambientais a nível mundial que ( ) ERRADO
interfiram com o pleno gozo dos direitos humanos;
13 – Os Estados devem adotar medidas adicionais para prote-
5. MPE-AP – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – CESPE /
ger os direitos dos que sejam mais vulneráveis ao dano ambiental o
CEBRASPE – 2023
se encontrem em uma situação especial de risco ao respeito, levan-
Com relação ao exercício do direito à autodeterminação pelos
do em conta suas necessidades, riscos e capacidades;
povos indígenas, assinale a opção correta, conforme a Declaração
14 – Os Estados devem assegurar o cumprimento de suas obri-
gações com os povos indígenas e os membros das comunidades das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
tradicionais; (A) Os povos indígenas têm direito à autonomia ou ao auto-
15 – Os Estados devem respeitar, proteger y tornar efetivos os governo nas questões relacionadas a seus assuntos internos e
direitos humanos nas medidas adotadas para fazer frente aos pro- locais, portanto possuem um direito específico de autodeter-
blemas ambientais e alcançar o desenvolvimento sustentável. minação, o que os diferencia de outras minorias.
(B) Os povos indígenas podem determinar livremente sua con-
dição política, assim como buscar livremente seu desenvolvi-
QUESTÕES mento econômico, social e cultural, desde que o façam dentro
dos limites do seu território ancestral.
(C) O direito à autodeterminação obsta o direito de conservar e
reforçar suas próprias instituições políticas, jurídicas, econômi-
1. PREFEITURA DE VACARIA-RS – PROCURADOR – FUNDATEC cas, sociais e culturais, ao mesmo tempo em que viabiliza aos
– 2021 indígenas o direito de participar plenamente da vida política,
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pode econômica, social e cultural do Estado, caso assim desejem.
ser considerado como direito: (D) Os povos indígenas têm direito à autonomia territorial para
(A) Fundamental de natureza exclusivamente individual. autorizar ou fomentar qualquer ação direcionada a desmem-
(B) Difuso. brar ou a reduzir, total ou parcialmente, a integridade territorial
(C) Coletivo em sentido restrito. ou a unidade política de Estados soberanos e independentes.
(D) Individual homogêneo. (E) A partir do direito à autodeterminação, surgem diversos ou-
(E) Privado de natureza disponível. tros direitos, como o direito a não assimilação forçada ou a não
destruição de sua cultura, cabendo ao poder público estabele-
2. SE-DF – PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA – QUADRIX – cer mecanismos eficazes de prevenção ou reparação nesse sen-
2022 tido, com o objetivo de privar os indígenas da sua integridade
Quanto à educação em e para os direitos humanos, cidadania como povos distintos.
e diversidade cultural e quanto à educação para a sustentabilidade,
julgue o item. A política pública educacional indígena não pode se
limitar ao mero reconhecimento da diferença, mas deve garantir a
valorização de sua identidade étnico-cultural e dos direitos huma-
nos de toda sua população.
( ) CERTO
( ) ERRADO
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

6. MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – CESPE / (C) O direito à escolha do trabalho é limitado a depender das
CEBRASPE – 2023 necessidades momentâneas de determinados profissionais.
Assinale a opção correta a respeito da Convenção n.º 169 da (D) A greve é reconhecida como um direito.
OIT. (E) A previdência social é reconhecida como um direito.
(A) Essa convenção é aplicável a todos os povos indígenas, mas
não contempla as comunidades quilombolas em território na- 10. TST – JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO – FCC – 2022
cional. Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: DPE-PB Prova: FCC - 2022 - DPE-
(B) Nesse instrumento internacional, não está previsto o me- -PB - Defensor Público
canismo de consulta às populações tradicionais sobre ações do Em relação ao Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de
governo com impacto sobre seus direitos. Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Brasil
(C) A referida convenção é um instrumento de proteção dos (A) ratificou esse documento internacional, o qual cuida da
direitos humanos dos povos indígenas e tribais e determina aceitação de denúncias individuais pelo Comitê de Direitos
que os governos respeitem a identidade étnica e cultural, os Econômicos, Sociais e Culturais.
costumes e as tradições desses povos, e, para tanto, utiliza-se (B) não ratificou esse documento internacional, o qual cuida
de duas premissas básicas e fundamentais: respeito e partici- da aceitação de denúncias individuais pelo Comitê de Direitos
pação. Econômicos, Sociais e Culturais.
(D) Essa convenção não é um instrumento jurídico utilizado (C) ratificou esse documento internacional, o qual cuida da ins-
para salvaguardar a integridade física, territorial e cultural das talação do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
comunidades quilombolas e indígenas, pois a CF prevê possibi- (D) não ratificou esse documento internacional, o qual cuida
lidade de reconhecimento e titulação das terras desses povos da instalação do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Cul-
indígenas e tribais. turais.
(E) A autodeterminação dos povos tribais e indígenas prevista (E) não ratificou esse documento internacional, o qual cuida
nessa convenção requer o consentimento do Estado, logo, se- da previsão de proteção de novos direitos econômicos, sociais
gundo esse critério, deve-se respeitar, no Brasil, o marco tem- e culturais.
poral, ou seja, somente as comunidades tribais e indígenas que
estavam ocupando seus territórios em 1988 possuem o direito 11. DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2021
à autodeterminação. O Primeiro e Segundo Protocolos Facultativos ao Pacto Interna-
cional de Direitos Civis e Políticos tratam, respectivamente,
7. DPE-SE – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE / CEBRASPE – 2022 (A) da criação do Comitê de Direitos Humanos e do enfrenta-
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a proibição de mento e combate à tortura.
discriminação em razão de orientação sexual encontra amparo no (B) de comunicações individuais ao Comitê de Direitos Huma-
princípio constitucional da nos e da abolição da pena de morte.
(A) cidadania. (C) do enfrentamento e combate à tortura e da abolição da
(B) dignidade da pessoa humana. pena de morte.
(C) solidariedade. (D) da criação do Comitê de Direitos Humanos e de comunica-
(D) independência. ções individuais ao Comitê de Direitos Humanos.
(E) moralidade. (E) da abolição da pena de morte e da criação do Comitê de
Direitos Humanos.
8. MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – CESPE / CE-
BRASPE – 2021 12. PREFEITURA DE RECIFE-PE – AGENTE ADMINISTRATIVO DA
Acerca do enfrentamento ao preconceito e da promoção da ASSISTÊNCIA SOCIAL– FCC – 2022
igualdade, julgue o próximo item. Segundo regra expressa do Pacto Internacional de Direitos Civis
Os princípios de Yogyakarta não encontram aplicabilidade em e Políticos, ninguém poderá ser preso
questões penitenciárias no Brasil. (A) enquanto estiver prestando trabalho cívico, por convocação
( ) CERTO oficial, em ação destinada à preservação do bem-estar social.
( ) ERRADO (B) sem que haja ordem de prisão determinada pela autorida-
de judicial competente.
9. TST – JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO – FGV – 2023 (C) sem que tenha sido condenado definitivamente em segun-
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Cultu- da instância.
rais é caracterizado por veicular normas ditas programáticas, cuja (D) se descumprir lei que afronte os princípios e regras de di-
reitos humanos.
implementação haveria de ser progressiva, eis que preconizavam
(E) apenas por não poder cumprir com uma obrigação contra-
posturas dispendiosas aos Estados-partes. Sobre os direitos e com-
tual.
promissos previstos no referido Pacto, assinale a alternativa incor-
reta.
(A) A escolha da escola pelos pais, independentemente das in-
dicações das autoridades públicas é um direito.
(B) Determina o compromisso de todo Estado-parte elaborar
um plano de ação para implementação progressiva da educa-
ção primária obrigatória e gratuita para todos.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

13. DPE-TO – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE / CEBRASPE – 2022 15. POLITEC-RO – PERITO CRIMINAL – CESPE / CEBRASPE – 2022
Acerca das três vertentes da proteção internacional da pessoa De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Huma-
humana, assinale a opção correta: nos, a pena não pode passar da pessoa do delinquente em razão do
(A) O direito internacional humanitário consiste no conjunto de direito à(ao):
normas jurídicas especialmente destinadas à proteção de pes- (A) reconhecimento da personalidade jurídica.
soas deslocadas forçadamente do seu país de origem ou sua (B) liberdade pessoal.
residência habitual. (C) integridade pessoal.
(B) O direito internacional dos direitos humanos, em seu senti- (D) garantia judicial.
do estrito, corresponde ao gradiente de direitos que têm apli- (E) honra e dignidade.
cação específica em tempos de paz, reservando-se ao tempo
de guerra as normas do direito humanitário e dos refugiados. 16. PREFEITURA DE SOBRAL-CE – GUARDA MUNICIPAL – UECE-
(C) O direito internacional humanitário aplica-se tanto nos con- -CEV – 2022
flitos internos, como em uma guerra civil, quanto em conflitos Atente para o seguinte excerto:
internacionais ou internacionalizados, sem, contudo, afastar “Artigo 1 - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
a aplicação do direito internacional dos direitos humanos em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
sentido estrito e do direito internacional dos refugiados.
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
(D) O direito internacional humanitário tem aplicação especí-
O texto acima foi extraído do documento denominado
fica no jus in bello, portanto, constitui importante ferramenta
(A) Declaração Americana de Direitos Humanos.
de proteção dos direitos humanos em situações de escalada
de violência urbana, sem que importe em conflito armado de (B) Declaração dos Direitos do Homem e Cidadão.
natureza interna ou internacional. (C) Declaração Universal das Nações Unidas.
(E) O jus ad bellum foi expressamente reconhecido na Carta das (D) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Nações Unidas, permitindo que os Estados utilizem internacio-
nalmente da força em situações de litígios fronteiriços, autori- 17. SEJUSP-MG – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO –
zando assim, a “guerra de conquista”. FGV – 2022
As lentas conquistas humanitárias ao longo dos séculos quanto
14. DPE-PI – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE / CEBRASPE – 2022 aos tipos de penas aplicáveis às pessoas humanas tiveram influên-
No que diz respeito ao direito dos refugiados, assinale a opção cia sobre uma série de Constituições ao redor do mundo. A esse
correta. respeito, no Brasil, à luz da Constituição Federal de 1988, analise os
(A) A Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados adotou, ori- itens a seguir.
ginariamente, o conceito clássico de refugiado, porém foi alte- I – É absolutamente vedada a pena de morte.
rada em 1967, a fim de ampliar esse conceito para incluir, além II – É absolutamente vedada a condenação a pena de prisão
do fundado temor de perseguição, pessoas que provenham de perpétua.
países assolados por graves e sistemáticas violações de direitos III – É absolutamente vedada a pena de banimento.
humanos.
(B) O Brasil adotou o conceito ampliado de refúgio, reconhe- Está correto o que se afirma em:
cendo, além do fundado temor de perseguição por determi- (A) I, apenas.
nados motivos, o direito ao refúgio para aqueles que deixem (B) I e II, apenas.
o seu país devido a grave e generalizada violação de direitos (C) I e III, apenas.
humanos (migration survival). (C) II e III, apenas.
(C) O conceito clássico de refúgio tem por base o fundado te- (D) I, II e III.
mor de perseguição, que não necessariamente precisa estar
vinculado a algum motivo válido, como, por exemplo, a perse- 18. IF-TO – ASSISTENTE DE ALUNOS – IF-TO – 2022
guição por motivos de opinião política, o que aproxima o refú- Sobre a garantia dos direitos humanos, assinale corretamente:
gio do instituto do asilo político. (A) Estão expressos em tratados internacionais, de forma aten-
(D) Entre os motivos que justificam o pedido de refúgio por der interesses dos países europeus.
fundado termo de perseguição, encontra-se a chamada cláu- (B) Os direitos humanos são garantidos legalmente pelo orde-
sula de abertura, ou seja, o fato de o sujeito pertencer a algum namento jurídico, protegendo os indivíduos e grupos contra
grupo social, o que, segundo o Alto Comissariado das Nações ações que interferem nas liberdades fundamentais e na digni-
Unidas para Refugiados (ACNUR), não pode ser identificado por dade da pessoa humana.
características inatas, impossíveis de serem modificadas. (C) A garantia dos direitos humanos passa por uma organização
(E) Na América Latina, a Declaração de Cartagena adota o con- jurídica em que a modalidade do direito responsável por esse
ceito clássico de refúgio, levando em conta, além do fundado embasamento legal seria o Direito Constitucional.
temor de perseguição, a situação em que a vida, a segurança e (D) Serão assegurados a todos os cidadãos do mundo. No en-
a liberdade do sujeito estão ameaçadas por violência generali- tanto, é fundamental que os países de formação política liberal
zada, agressão estrangeira, conflitos internos, violação maciça sejam os pilares para a garantia dos direitos humanos.
e sistemática dos direitos humanos ou outras circunstâncias (E) É fundamental a garantia de direitos humanos resultarem
que tenham perturbado gravemente a ordem pública. em atos que obedeçam o estado laico, mas que haja atendi-
mento prioritário aos princípios religiosos cristãos.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

19. REFEITURA DE SOBRAL - CE – GUARDA MUNICIPAL – UECE- ANOTAÇÕES


-CEV – 2022
A criação de um corpo abrangente de leis sobre direitos huma-
nos, visto como um código universal e protegido internacionalmen- ______________________________________________________
te, no qual todas as nações podem se inscrever e ao qual todas as
pessoas aspiram é uma das grandes conquistas: ______________________________________________________
(A) da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
(B) da Organização dos Estados Americanos. ______________________________________________________
(C) das Nações Unidas. ______________________________________________________
(D) dos Estados Nacionais.
______________________________________________________
20. PREFEITURA DE JUNCO DO SERIDÓ-PB – ORIENTADOR SO-
CIAL – FUNCERN – 2023 ______________________________________________________
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU) foi proclamada em Paris, no dia 10 de ______________________________________________________
dezembro de 1948, e se constitui como um marco na história dos ______________________________________________________
direitos humanos. De acordo com esse documento, os direitos hu-
manos, entre outras características específicas, são: ______________________________________________________
(A) nacionais, particulares e independentes.
(B) globais, multiculturais e desvinculados. ______________________________________________________
(C) universais, indivisíveis e interdependentes.
(D) transnacionais, hierárquicos e interseccionais. ______________________________________________________

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GABARITO ______________________________________________________

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1 B ______________________________________________________
2 CERTO
______________________________________________________
3 B
4 CERTO ______________________________________________________

5 B ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 ERRADO
9 C ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
11 B
______________________________________________________
12 E
_____________________________________________________
13 C
14 B _____________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 D
______________________________________________________
17 D
18 B ______________________________________________________

19 C ______________________________________________________
20 C
______________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios Expressos
PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO. São os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Pu-
blicidade e Eficiência.
Vejamos em apartado, cada um deles:
Breve Introdução
Podemos considerar o Direito Administrativo como um ramo Legalidade
autônomo do Direito que se encontra dependente de um acopla- Por meio do princípio da legalidade, a Administração Pública só
do de regras e princípios próprios. Todavia, ainda não existe uma pode atuar conforme a lei, tendo em vista que todas as suas ativi-
norma codificada, não havendo, desta forma, um Código de Direito dades se encontram subordinadas à legislação.
Administrativo. Ressalta-se que de modo diverso da Legalidade na seara civil,
Por esta razão, as regras que regem a atuação da Administração onde o que não está proibido está permitido, nos termos do art.5°,
Pública em sua relação com os administrados, seus agentes públi- II, CFB/88, na Legalidade Administrativa, o administrado poderá
cos, organização interna e na prestação de seus serviços públicos, atuar somente com prévia autorização legal, haja vista que não ha-
encontram-se esparsas no ordenamento jurídico pátrio, onde a vendo autorização legal, não poderá a Administração agir.
principal fonte normativa é a Constituição Federal. Desse modo, a Administração Pública só pode praticar condu-
O regime jurídico brasileiro possui dois princípios justificadores tas que são autorizadas por lei. Todavia, caso aja fora dos parâme-
das prerrogativas e restrições da Administração, sendo eles, o prin- tros legais, é necessário que o ato administrativo seja anulado.
cípio da Supremacia do Interesse Público e o princípio da Indisponi- Além disso, é dever da Administração rever seus próprios atos,
bilidade do Interesse Público. e tal incumbência possui amparo no Princípio da autotutela. Desse
Sobre o tema em estudo, a jurista Maria Sylvia Zanella Di Pie- modo, a revisão dos atos que pratica, não depende de autorização
tro ensina que há diferenças relevantes entre o regime jurídico da ou de controle externo, tendo em vista que a própria Administração
Administração Pública e o regime jurídico administrativo. Vejamos: poderá fazê-lo por meio de revogação ou anulação. Vejamos:
a) Revogação: trata-se de vício de mérito por conveniência e
REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRA- REGIME JURÍDICO ADMI- oportunidade e alcança apenas os atos discricionários.
ÇÃO PÚBLICA NISTRATIVO b) Anulação: trata-se de vício de legalidade e alcança todos os
atos, sendo estes vinculados ou discricionários.
– É um regime mais abrangente; – É um regime reservado
Sobre o assunto, determina a Súmula 473 do STF:
– Consiste nas regras e princípios de para as relações jurídicas
direito público e privado por meio incidentes nas normas
• Súmula 473- STF - “A administração pode anular seus pró-
dos quais, a Administração Pública de direito público;
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
pode se submeter em sua atuação. – O ente público assume
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
uma posição privilegiada
veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
em relação ao particular.
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Assim sendo, destaca-se que o Poder Judiciário só possui o


Princípios de Direito Administrativo condão de intervir em possíveis vícios de legalidade, mas não de
Os princípios de direito administrativo são regras que dire- mérito. Além disso, não existe na legislação administrativa, prazo
cionam os atos da Administração Pública. Os princípios podem vir para a revogação de atos. Todavia, de acordo com o art. 54 da Lei nº
expressos na Constituição Federal, bem como também podem ser 9784/99, o direito da Administração de anular os atos administrati-
implícitos, ou seja, não estão listados na Constituição, porém, pos- vos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai
suem a mesma forma normativa. em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
O artigo 37, caput da Constituição Federal de 1.988, predispõe comprovada má-fé. Entretanto, caso o ato nulo tenha sido pratica-
acerca dos princípios administrativos dispondo que a Administração do mediante o uso de má-fé, não haverá prazo para sua anulação.
Pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Es-
tados do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios Impessoalidade
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên- Por meio da impessoalidade, deverá a Administração Pública
cia. agir objetivamente em favor da coletividade.
Entretanto, é importante ressaltar que o rol de princípios cons- Salienta-se que os atos de pessoalidade são vedados, pois, o
titucionais do Direito Administrativo não se exaure no art. 37, caput exercício da atividade administrativa é atribuição da Administração,
da CFB/988, sendo estes, os já mencionados princípios implícitos. haja vista a ela serem atribuídas todas as condutas dos agentes pú-
blicos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

São importantes aspectos do Princípio da Impessoalidade: a) Ao fazer referência explícita a parentes colaterais até o ter-
a) Não Discriminação: Não importa a pessoa que o ato admi- ceiro grau, a Súmula Vinculante acabou por legitimar a nomeação
nistrativo irá alcançar, pois, a atuação do Estado deve ser de forma de primos; e
impessoal com a fixação de critérios objetivos. b) Foi afirmado pelo próprio STF que a proibição não se esten-
b) Agente Público: O Estado age em nome do agente. Assim, de a agentes políticos do Poder Executivo, tais como os ministros de
não poderão constar nas publicidades os nomes de administrado- Estado e secretários estaduais, distritais e municiais, pois, no enten-
res ou gestores, sendo que as propagandas devem ser informativas dimento do STF, a súmula se aplica apenas a cargos comissionados.
e educativas, pois, o ato estará sendo praticado pela Administração
Pública. Tal entendimento possui liame com a Teoria da Imputação Publicidade
Volitiva, por meio da qual, a vontade do agente público é imputada É necessário que haja transparência no exercício das ativida-
ao Estado. des exercidas pela Administração Pública. Via regra geral, os atos da
Administração devem ser públicos. Contudo, há algumas exceções,
• OBS. Importante: De acordo com a jurista Maria Sylvia Zanella como determinados interesses sociais, bem como as situações de
di Pietro, o princípio da impessoalidade é fundamento para fins de foro íntimo.
reconhecimento de validade dos atos praticados por “funcionário Para que haja eficácia, é preciso que haja a publicidade dos
de fato”, que se trata daquele que não foi investido no cargo ou atos administrativos, pois, com isso, haverá também, melhor con-
função pública de nodo regular, tendo em vista que a conduta desse trole das atividades administrativas pela própria sociedade.
agente, que se encontra laborando de modo irregular na Adminis- Constitui exceção ao princípio da publicidade, o artigo 2º, Pará-
tração Pública, é atribuída à pessoas jurídica na qual ele está inseri- grafo Único, V da Lei nº 9784/99 que determina que a Administra-
do e, por esse motivo, tal vício será convalidado/corrigido. ção Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida-
Moralidade de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse pú-
Além da necessidade de as atividades da Administração esta- blico e eficiência, sendo que nos processos administrativos serão
rem de acordo com a lei, é preciso que tais atuações sejam condu- observados, entre outros, os critérios de divulgação oficial dos
zidas com lealdade, ética e probidade, sendo que nesse caso, estará atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
a moralidade se preocupando com a moralidade jurídica, e não a Constituição.
social. Ademais, o artigo 5º, XXXIII da CFB/88 e o artigo 5º, X também
A moralidade jurídica é concretizada através de mecanismos da CFB, defendem que tais atos com caráter “sigiloso” devem ser
que o Estado cria para fiscalizar de modo mais eficaz as atividades compreendidos como exceções à regra geral do Princípio da Publi-
de seus servidores. São exemplos: a Lei de Improbidade Administra- cidade.
tiva e a Lei de Ação Popular. Vale ressaltar que de acordo com o artigo 5º, LXXII da CFB/88
Ressalta-se que antes da edição da Súmula Vinculante nº13 do e a Lei nº 9507/97, um dos principais remédios constitucionais que
STF, o nepotismo, que se trata da nomeação de parente para ocupar prevê a garantia do acesso às informações sobre a pessoa do impe-
cargo de confiança, já havia sofrido reprimenda da Resolução nº 7 trante, é o Habeas Data.
do CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Por fim, é importante mencionar que a Súmula nº 6 do STF
Vejamos o que determina a Súmula Vinculante nº 13 do STF: estabelece “desde que devidamente motivada e com amparo em
investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
• Súmula Vinculante 13 STF – “A nomeação de cônjuge, com- administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face
panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até do poder-dever de autotutela imposto à Administração”. Logo, per-
o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor cebe-se que a intenção da Suprema Corte ao elaborar esta Súmula,
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou foi a de preservar a intimidade.
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de con-
fiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública di- Eficiência
reta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do O princípio da eficiência foi introduzido pela EC nº19/98, pois,
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante antes, ele era considerado como princípio infraconstitucional.
designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. Nesse sentido, deverá ser a atuação da Administração Pública
pautada nos seguintes critérios:
Sabendo-se que a prática do nepotismo é Contrária à mora- a) Rapidez;
lidade, impessoalidade e eficiência administrativas, tal prática foi b) Dinamismo;
recentemente condenada pela Súmula que reforça o caráter imoral c) Celeridade;
e ilegítimo da nomeação de parentes para cargos em comissão, in- d) Descongestionamento;
cluindo nesses casos, a modalidade cruzada ou transversa. Como e) Desburocratização;
exemplo, podemos citar o parente de Marcela que foi nomeado no f) Perfeição;
gabinete de João em troca da nomeação de um parente de João no g) Completitude; e
gabinete de Marcela. h) Satisfação;
Todavia, a edição da Súmula Vinculante 13 do STF, teve seu im- i) Rentabilidade ótima, máxima e com menor custo.
pacto positivo enfraquecido por causa de duas ocorrências, sendo
elas as seguintes:

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Sobre o tema, o STF já se posicionou no sentido de reforçar que o princípio da eficiência não depende de Lei para que seja regulamen-
tado, sendo por isso, considerado como uma norma de eficácia plena.
Além disso, destaca-se que a Emenda Constitucional nº19/98 consagrou a transição da Administração Pública Burocrática para a Ad-
ministração Pública Gerencial, com o objetivo de criar aproximação entre o Poder Público e a iniciativa privada. Vejamos no quadro abaixo,
as distinções entre esses dois tipos de Administração:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁ- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL
TICA
– É direcionada ao controle de procedi- – É voltada para o controle de resultados e mantém as formalidades fundamentais à Admi-
mentos e preocupa-se com os resulta- nistração Pública;
dos em segundo plano; – É focada no controle de resultados;
– Seu foco encontra-se nos controles – Reduz a atuação empresarial do Estado;
administrativos; – Trata de parcerias com entidades do terceiro setor para a prestação de atividades consi-
– Centralização,concentração e contro- deradas não essenciais;
le dos órgãos e entidades públicas. – Trata da capacitação de servidores e do controle de desempenho;
– Cuida da descentralização, desconcentração e autonomia dos órgãos e entidades públicas

— Outros Princípios Constitucionais Aplicáveis à Administração Pública

Princípio da Celeridade Processual


Previsto no artigo 5º LXXVIII da CFB/88, o princípio da celeridade processual assegura a toda a sociedade nas searas judicial e admi-
nistrativa, a razoável duração do processo e os meios que garantam celeridade na sua tramitação.
Ressalta-se que o processo administrativo constitui uma sequência de atos que declinam-se à decisão final. Desta maneira, o rito deve
sempre prosseguir com o objetivo de que haja conclusão célere de encerramento dos processos.
Salienta-se que a Lei Federal nº 9784/99 elenca importantes diretrizes que podem ser aplicadas aos processos administrativos federais
em relação a celeridade. São elas:
a) É dever da Administração emitir de forma clara, decisão nos processos administrativos, bem como responder acerca de solicitações
ou reclamações e sobre matérias que sejam de sua competência;
b) Após a conclusão da instrução de processo administrativo, o prazo para Administração decidir é de até 30 dias, exceto se houver
prorrogação expressamente motivada, razão pela qual, acrescentar-se-á igual período;
c) Não fixando a lei prazo diferente, será o recurso administrativo decidido no prazo de 30 dias;
d) Salvo disposição legal diversa, o processo administrativo deverá tramitar por no máximo três instâncias administrativas.

Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa


De acordo com os fundamentos contidos no artigo 5º, LV da CFB/88, em decorrência do princípio do contraditório, as decisões admi-
nistrativas devem ser tomadas levando em consideração a manifestação das partes interessadas.
Para tal, é imprescindível que seja dada oportunidade para que as partes prejudicadas pela decisão sejam ouvidas antes do resultado
final do processo.
Ressalta-se que o princípio da ampla defesa possibilita aos litigantes, tanto em processo judicial quanto administrativo, a utilização
dos meios cabíveis de prova, dos recursos e dos instrumentos necessários para defesa de seus interesses diante do Judiciário e também
da Administração Pública.
Acerca dos princípios do contraditório e da ampla defesa, dispõe a Súmula Vinculante 33 do Supremo Tribunal Federal:

• Súmula 33 STF - “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.

Princípio de devido processo legal formal e material


Nos ditames do artigo 5º, LIV da CFB/88, a privação de liberdade ou de bens só poderá ser aplicada após o devido processo legal.
O devido processo legal pode ser classificado da seguinte forma:
a) Devido processo legal formal: trata-se do parâmetro que exige o cumprimento de um rito que já esteja definido por lei para que a
decisão tenha validade;
b) Devido processo legal material ou substantivo: a decisão final deve ser justa, adequada e respeitar o rito. Desse modo, o devido
processo legal material ou substantivo possui o mesmo conteúdo do princípio da proporcionalidade. Além disso, é importante destacar
que nos processos administrativos, é buscada a verdade real dos fatos, não valendo desta forma, somente a verdade formal baseada na
prova produzida nos autos.
Por fim, denota-se que são diferenças primordiais entre o processo administrativo e do processo judicial:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

PROCESSO ADMINISTRATIVO PROCESSO JUDI- • OBS. Importante: De acordo com o disposto no artigo 142,
CIAL §3º, IV da Constituição Federal de 1.988, em hipótese alguma, po-
derá o servidor militar entrar em greve ou se sindicalizar.
– Até 3 instâncias; – Em regra, são 3
– Faz coisa julgada administrativa; graus de jurisdição; Princípio da Razoabilidade ou da Proporcionalidade Ampla
– Princípio da oficialidade; – Faz coisa julgada Por meio desse princípio, as medidas adotadas pela Adminis-
– permissão da reformatio judicial; tração devem se apresentar das seguintes maneiras:
in pejus; – Princípio da inércia
– Não há necessidade de atuação de da jurisdição;
advogado; – Há necessidade da FATOS ADMINISTRATIVOS
– É permissionário da prova empresta- atuação de advogado; VOLUNTÁRIOS – SE MATERIALIZAM POR
da (verdade real). – É permissionário MEIO DE ATOS ADMINISTRA-
da prova emprestada TIVOS, QUE FORMALIZAM
(verdade formal). A PROVIDÊNCIA DESEJADA
PELO ADMINISTRADOR
— Princípios Implícitos ATRAVÉS DA MANIFESTA-
ÇÃO DA VONTADE;
Princípio da Autotutela da Administração Pública – TAMBÉM SE MATERIALI-
Possui o condão de controlar sua própria atuação, podendo, ZAM POR INTERMÉDIO DE
desta forma, corrigir seus próprios atos quando tais atos estiverem CONDUTAS ADMINISTRA-
dotados de ilegalidade. TIVAS QUE REFLETEM NOS
Sobre o assunto, dispõe a Súmula 346 do STF: COMPORTAMENTOS E NAS
ÁREAS ADMINISTRATIVAS.
• Súmula 346 - STF: “A Administração Pública pode declarar a
nulidade de seus próprios atos”. NATURAIS – SÃO ORIUNDOS DE FE-
NÔMENOS DA NATUREZA,
Além disso, poderá a Administração invalidar seus próprios CUJOS EFEITOS VENHAM A
atos a partir do momento em que estes contenham ilegalidade, REFLETIR NA SEARA ADMI-
porque deles não se originam direitos, podendo também revogar NISTRATIVA.
atos por motivos de conveniência e oportunidade. É o determina a
Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal. Vejamos: Princípio da Motivação Obrigatória
Esse princípio obriga a Administração Pública a indicar os pres-
• “Súmula 473 - STF: A Administração pode anular seus pró- supostos de fato e de direito que determinaram a prática do ato.
prios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque Desta maneira, infere-se que a validade do ato administrativo
deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de con- se encontra condicionada à apresentação de forma escrita dos fun-
veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e damentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão que foi ado-
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. tada.
Tal fundamentação se refere a um mecanismo de controle so-
Ademais, vale pontuar que de acordo com o art. 5 da Lei nº bre a legalidade e legitimidade das decisões tomadas pela Adminis-
9.784/1999, deverá a Administração anular seus próprios atos, tração Pública.
quando estes se encontrarem eivados de vícios de legalidade, po- A obrigação de motivação dos atos da Administração Pública
dendo revogá-los por motivos de conveniência ou oportunidade, possui fundamento em vários dispositivos normativos, dentre eles,
respeitados os direitos adquiridos, sendo que nos parâmetros do podemos citar como exemplos, os insertos no artigo 93, X da Cons-
princípio da legalidade, o prazo para a Administração Pública anular tituição Federal e no artigo 50 da Lei nº 9784/99.
seus atos é de 05 anos.
Contudo, existem atos que dispensam a motivação escrita,
Princípio da Continuidade como exemplo, podemos citar a motivação evidente nos atos de
Esse princípio define que a atuação administrativa deve ser gesticulação executados por policial na disciplina do trânsito, bem
ininterrupta. como a motivação inviável demostrada em sinais de trânsito emiti-
Aliado a esse importante princípio, o STF adotou por meio do dos por semáforos.
Recurso Extraordinário nº 693.456, o entendimento de que o exer- Ressalta-se que a motivação deve ser apresentada de modo
cício do direito de greve por parte do servidor público pode realizar concomitante, ou no instante seguinte à prática do ato.
o corte do salário, que por sua vez, poderá ser substituído por com- Há ainda, a motivação aliunde, que se trata daquela indicada
pensação das horas paradas pelo servidor. Porém, em se tratando fora do ato, e que se constitui em concordância com fundamentos
de greve provocada por ato Ilícito da Administração Pública, tal cor- de pareceres anteriores, informações, decisões ou propostas. Como
te de salário não poderá ocorrer e a Administração deverá ressarcir exemplo de motivação aliunde, podemos citar aquela realizada pe-
os prejuízos caso estes existam e sejam verificados. las infrações de trânsito, onde existe em padrão único de motivação
para cada tipo de espécie de infração cometida e que nesse caso,
não existe necessidade de motivação personalizada para cada agen-
te que cometer o ato infracional.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípio da Presunção de Legitimidade a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de-


Por meio desse princípio, devido à prática exclusiva com a fi- senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida-
nalidade de aplicação da lei, os atos administrativos acabam por de ou de interesse público.
se beneficiar da legitimação democrática conferida pelo processo b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati-
legislativo. va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais
Desse modo, os atos administrativos recebem proteção de em prol do interesse coletivo.
determinada presunção relativa de modo a demonstrar que sua c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-
prática ocorreu em conformidade com o ordenamento jurídico. Por nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis-
esta razão, até que se prove o contrário, os atos administrativos são fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime
considerados válidos para o mundo jurídico, sendo cabível ao parti- jurídico e com predominância pública. O serviço público também
cular, o encargo de provar eventual ilegalidade na sua prática. regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con-
Assim, por conta da referida presunção, ainda que o ato admi- cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati-
nistrativo esteja eivado de ilegalidade (ato nulo), a produção dos va de políticas de governo.
seus efeitos estará garantida até o instante de sua retirada através A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
da invalidação. governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
público.
A Administração Pública também possui elementos que a com-
Administração pública põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
Conceito privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- função administrativa estatal.— Observação importante:
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
agentes públicos. coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
interesses coletivos”. tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
em sentido objetivo. cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também Municípios e Distrito Federal).
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
Em suma, temos: Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
SUBJETIVO órgãos administrativos}.
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
SUBJETIVO agentes públicos}. de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
OBJETIVO trativa}. pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
OBJETIVO esses entes}.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
Existem funções na Administração Pública que são exercidas te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
viço público. os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
uma das funções. Vejamos: que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in- a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
dando-lhe unicidade e coerência. o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
na objetividade.
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe-
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po- cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
sitivados e não escritos na lei de forma expressa. primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
— Observação importante: deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
plícitos. – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis- na Administração Pública.
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público. conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
os individuais.
Sua principal função é orientar a – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
PÚBLICO
ses da Administração Pública. pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas dade sobre os seus atos.
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam- ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. ser afastado.

Princípios Administrativos Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-


Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade, não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Vejamos: – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é EC n. 19/1998.
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva São decorrentes do princípio da eficiência:
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
art. 59 da Constituição Federal.
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
óticas: art. 41, § 4º da CFB/88.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Salienta-se que quando a Administração atua de modo interno,


A SUPREMACIA E A INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE a supremacia do interesse público não tem incidência direta. Isso
PÚBLICO ocorre porque não há obrigações ou restrições com necessidade de
serem impostas aos administrados.
Em outro ângulo, quando a Administração Pública está posicio-
De antemão, infere-se que de acordo com os doutrinadores nada na condição de agente econômico, sua atuação é regida pelo
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, princípios são ideias centrais direito privado.
de um sistema que estabelecem suas diretrizes conferindo a ele, Desse modo, temos:
sentido lógico, dotado de harmonia e racionalidade, tendo em vis- a) Incidência direta: Ocorre nos atos em que a Administração
ta que os princípios determinam tanto o alcance, quanto o sentido Pública manifesta poder de império;
das regras de um lado subsistema do ordenamento jurídico pátrio, b) Ausência de incidência direta: Dá-se quando a Administra-
balizando a interpretação e também a própria produção de normas. ção Pública atua de forma interna, praticando atos de gestão e de
Os princípios se classificam em explícitos e implícitos. mero expediente.
Os princípios explícitos se encontram expressos no caput do Como exemplos de prerrogativas derivadas diretamente do
Art 37 da Constituição Federal e são os seguintes: legalidade, im- Princípio da Supremacia, podemos citar os seguintes:
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. a) As várias formas de intervenção na propriedade privada;
Já como princípios implícitos, destacam-se: a supremacia do b) As diversas formas de exercício do poder de polícia adminis-
interesse público, a indisponibilidade do interesse público, a finali- trativa;
dade, a razoabilidade e proporcionalidade e a autotutela. c) As cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos;
Nesse estudo, será abordado acerca da supremacia e da indis- d) A presunção de legitimidade dos atos administrativos.
ponibilidade do interesse público. Por fim, é importante salientar que a partir do momento em
que a Administração Pública se encontrar na condição de agente
Da Supremacia do Interesse Público econômico, sua atuação será regida pelo direito privado.
A supremacia do interesse público trata-se de um princípio im-
plícito que não se encontra inserto na constituição Federal, porém, Da Indisponibilidade do Interesse Público
é oriundo das instituições adotadas no Brasil. Trata-se de um dos pilares do regime jurídico-administrativo.
Esse princípio determina que toda atuação do Estado deverá Da indisponibilidade do interesse público advém todas as restrições
ser voltada ao interesse público, e tal determinação deve ser extra- impostas à atividade administrativa. Tal restrições decorrem do fato
ída da Carta Magna e da legislação. de a Administração Pública não ser a possuidora da coisa pública,
Da supremacia do interesse público, advém a ideia de que caso mas, tão somente gestora dos bens e interesses do povo.
haja conflitos entre o interesse público e o particular, sempre deve- Ressalta-se que o interesse público e os bens públicos são
rá prevalecer o público, respeitando-se sempre, os direitos e garan- indisponíveis e cabe à Administração apenas comandar esses ins-
tias individuais insertos na Constituição Federal de 1988, bem como trumentos em favor da coletividade que é a titular dos direitos e
os que dela são decorrentes. interesses públicos.
No entendimento da jurista Maria Sylvia Zanella di Pietro, o Além disso, são vedados ao administrador todos e quaisquer
princípio da supremacia do interesse público, também denominado atos que renunciem aos direitos do Poder Público, ou, que sem jus-
de princípio da finalidade pública, se encontra presente no momen- tificativa causem ônus à sociedade. Trata-se de um princípio implí-
to da elaboração da lei e no momento da sua execução em concreto cito, por meio do qual, advém a existência de diversos princípios
pela Administração Pública. Desse modo, esse princípio inspira o expressos que direcionam a atividade da Administração Pública.
legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atu- Conforme o artigo 2º, parágrafo único, inciso II da Lei Geral do
ação perante a Administração Pública. Processo Administrativo, Lei nº 9.784/99, existem alguns critérios
Ressalta-se que da mesma forma que todos os princípios jurídi- que devem ser observados pela Administração em relação à indis-
cos, a supremacia do interesse público não possui caráter absoluto ponibilidade do interesse público:
e não se encontra presente de forma direta em toda e qualquer atu- Art. 2º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
ação da Administração Pública. Todavia, esse princípio tem incidên- princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
cia direta sobretudo nos atos em que a Administração Pública mani- porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
festa poder extroverso, também conhecido como poder de império. ça jurídica, interesse público e eficiência.
Sobre os atos de império, destaca-se o seguinte: Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
– São aqueles que a Administração Pública impõe de modo dos, entre outros, os critérios de:
coercivo ao administrado, criando unilateralmente para ele obriga- II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
ções, restringindo ou condicionando o exercício de direitos ou ati- tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei.
vidades privadas; Da supracitada legislação, extrai-se que “nos processos admi-
– São os atos que criam relações jurídicas entre o particular e nistrativos deverão ser considerados em especial, os critérios de
o Estado caracterizadas pela verticalidade e pela desigualdade ju- atendimento a fins de interesse público geral, com proibição da
rídica; renúncia total ou parcial de poderes ou competências, exceto se
– São a base de todos os poderes especiais de que dispõe a houver autorização expressa em lei.”
Administração Pública para o alcance dos fins que o ordenamento
jurídico lhe impõe.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nesse sentido, é importante ressalvar que a indisponibilidade O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
do interesse público está diretamente presente em toda e qualquer explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
atuação da Administração Pública, ao passo que a supremacia do A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
interesse público fundamenta os atos de império em sua forma di- atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
reta. regulamentos.
O princípio da indisponibilidade faz referência a um ponto ado- No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
tado pela doutrina italiana, por meio do qual, se divide os interes- administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
ses públicos em primários e secundários e manifesta-se tanto no Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
desempenho das atividades-fim, quanto no das atividades-meio da concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
Administração. Desse modo, temos: públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
a) Interesses públicos primários: São os interesses do povo de tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
modo geral; legitimidade por órgão jurisdicional”.
b) Interesses secundários: São os interesses do Estado, onde B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
esse ente se encontra na qualidade de pessoa jurídica. anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
Infere-se que o interesse público primário, consolidado em va- ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
lores fundamentais como a justiça e a segurança, usufrui de supre- ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
macia em um sistema constitucional e democrático, devendo pau- exemplo, bem como os atos abstratos.
tar todas as relações jurídicas e sociais. Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
– OBS. Importante: No entendimento do Ministro Luís Roberto análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
Barroso, “o interesse público primário consiste na melhor realiza- tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
ção possível, à vista da situação concreta a ser apreciada, da vonta- mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.
de constitucional, dos valores fundamentais que ao intérprete cabe De antemão, é importante observar que, embora o exercício
preservar ou promover.” da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
Em relação aos interesses secundários, ressalta-se que eles são cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
considerados pela doutrina majoritária, em regra, como interesses de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
patrimoniais, nos quais o Estado visa o aumento de sua riqueza, Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
seja ampliando receitas ou evitando gastos. mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
Também são considerados secundários, os atos internos de legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
gestão administrativa, que se referem àquelas atividades que for- todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
talecem a Administração, mas que se justificam somente se estas da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
atividades forem realizadas em benefício dos interesses primários. exclusiva do Poder Executivo.
De qualquer forma, independentemente da situação, o inte- Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
resse público secundário só será legítimo, se não for contrário ao da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
interesse primário, pois, caso contrário, não poderá ser considerado meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
interesse público, mas, somente um interesse público ou governa- desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
mental ilegítimo. de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
Por fim, destaca-se que o interesse público deve ser supremo. emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
Por esta razão, a Administração Pública é colocada em um patamar dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
de superioridade em relação aos particulares, para que possa reali- privado e não público.
zar os interesses da coletividade e para isso, pode se valer da supre- Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
macia do interesse público e da indisponibilidade de tal interesse, praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que
cuja obrigação é cuidar, proteger e administrar tudo aquilo que for o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem
referente à coisa pública, desde que o interesse privado não seja como, os entes da Administração Indireta e particulares, como
suprimido ou prejudicado em detrimento de um interesse público. acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser-
viços públicos.
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
ATO ADMINISTRATIVO
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
Conceito veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara-
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi-
“toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle
que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res- judicial específico.
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor Em suma, temos:
obrigações aos administrados ou a si própria”. ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am-
declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con-
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”. trole judicial específico.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
Atos de Direito Privado do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
Atos materiais hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
Atos políticos cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
Contratos a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
Atos normativos ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
Requisitos na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência A competência possui como características:
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a vez que se trata de um poder-dever de ambos.
falta ou o defeito desses elementos pode resultar. b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta-
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente. diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer a crimes considerados menos graves.
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o delegação.
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
Polícia Federal. quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo estas normas poderão alterá-la.
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar não tenha sido utilizada por muito tempo.
o desempenho de suas atividades. f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con- mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
buição de competências possibilita a organização administrativa prática.
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
política, órgão ou agente. Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam- termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação
é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior.
da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na- No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
penalidades. rárquica.
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri-
Em relação às fontes, temos as competências primária e secun- buição da autoridade delegante, que continua competente para o
dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo: exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi
a) Competência primária: quando a competência é estabeleci- delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de
da pela lei ou pela Constituição Federal. atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre
b) Competência Secundária: a competência vem expressa em em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos.
normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri- Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando
mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode-
agente que possui competência primária. rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen-
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de Seguindo temos:


competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer
impedimentos legais vigentes. a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
É importante conhecer a respeito da delegação de competên- de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
pondo em seus arts. 11 a 14: poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos gação:
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
delegação e avocação legalmente admitidos. • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- autoridade avocante.
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. • Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
presidentes. ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: cunho de mão própria.
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos; Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
dade. também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
cados no meio oficial. to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
de exercício da atribuição delegada. tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
autoridade delegante. presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
legado. mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação. que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
Importante ressaltar: atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
rança ou a medida judicial. c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen- está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo
poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada. de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada, Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem
todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve- toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da
rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada. teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato.
Em suma, temos:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VÍCIOS DE COMPETÊNCIA Em resumo, temos:

Em determinadas situações
EXCESSO DE PODER
é possível a convalidação Específica ou Imediata e
FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente
Ato praticado com finalidade
Ato válido, se houver boa-fé diversa da prevista em Lei.
FUNÇÃO DE FATO
do administrado e
DESVIO DE FINALIDADE
ABUSO DE AUTORIDADE Ato praticado formalmente
OU DESVIO DE PODER
com finalidade prevista em Lei, po-
EXCESSO DE PODER Vício de competência
rém, visando a atender a fins pes-
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade soais de autoridade.

Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis-
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- modo de exteriorização do ato administrativo.
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
de ato administrativo. como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies das no seu curso de formação.
de finalidade pública. São elas: Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
co considerado de forma geral. que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado mação do ato administrativo.
ato.
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
de finalidade. não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- requisito primordial à validade do ato.
rifica em duas hipóteses. São elas: Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
de punição. quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a ma, mas não vício de motivo.
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte- Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse elemento motivo.
público.
Motivo
O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade A motivação dos atos administrativos
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá- É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res-
tica do ato. peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi-
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser validade se os motivos declarados forem verdadeiros.
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo Exemplo
empírico da situação prevista em lei. A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis- vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de
trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente
to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida-
previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá
se integre à tal previsão. a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor- interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua-
rer nas seguintes situações: lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá
a) quando o motivo é inexistente. ser anulada.
b) quando o motivo é falso. É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
c) quando o motivo é inadequado. pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto
aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e Em suma, temos:
motivação. Vejamos:
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do • Motivo do ato administrativo
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- — Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- edição do ato administrativo.
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo. — Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs-
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo- — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela racterizando o motivo de direito.
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo. VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se- Inexistente
guinte: Falso
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
Inadequado
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; • Teoria dos motivos determinantes
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
pública; vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
tatório; — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
V - decidam recursos administrativos; quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
VI - decorram de reexame de ofício; está adequado à realidade fática”.
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; Objeto
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
ção de ato administrativo. sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- objeto é a punição do transgressor.
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
sendo admitida no direito brasileiro. drões aceitos como éticos e justos.
Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen- • Imperatividade


são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica. Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da
evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo. concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien-
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações
nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au- para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado
toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro. em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes- possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho expressa concordância.
de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida-
é tido como imoral. de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
Atributos do Ato Administrativo administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem-
Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
vados.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente • Autoexecutoriedade
ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção
pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. prévia do Poder Judiciário.
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
atos administrativos são: resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
• Presunção de legitimidade rapidez e eficiência.
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros interesse público.
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade,
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
com a lei, até que se prove o contrário.
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que Demolição de edifício em situação de risco
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como
Internação de pessoa com doença contagiosa
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- Dissolução de reunião que ameace a segurança
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi-
das pela administração são verdadeiras. Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido dos seus direitos.
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- Tipicidade
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas, fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos. tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera- que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá
ser punido.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl- • Já os discricionários são aqueles em que a Administração
via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi- Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância
nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de-
lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo, cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad- conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática.
ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
viamente definido na lei. c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi-
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar • Atos de império são atos por meio dos quais a Administra-
atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais
atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co-
autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda- ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci-
de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos mentos comerciais.
inominados.
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais
que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove-
do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu- particulares.
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam
tanto ao interesse público como ao interesse particular. a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos.

Classificação dos Atos Administrativos Exemplo:


A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade • Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e
abordagem nas provas de concursos públicos. sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- Exemplo:
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que devidas análises”.
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula-
mento do Imposto de Renda. e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
simples, complexos e compostos.
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários • O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór-
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada
minados em si. como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole-
Exemplo: giado.
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti- sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
É importante não confundir ato complexo com procedimento
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
ser atos vinculados e discricionários. plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com- ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória, de um ato final e principal”.
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção
de imóvel. f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001,
para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos, que predispõe a competência privativa do Presidente da República
um principal e outro acessório. para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen-
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei- despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte • Atos ordinatórios
de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em- Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem
bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa- ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis-
minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú- ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare-
blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e
o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de os despachos.
vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili- Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a
administrativo composto”. atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru-
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna
Espécies na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni-
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos camente por particular.
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan-
normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência.
atos punitivos. Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
• Atos normativos latos aos respectivos Ministérios.
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es- Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de-
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas, terminando a instauração de processo disciplinar específico.
versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos. Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena-
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais.
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po- Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi-
dem ser: ca.
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res-
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
Casas Legislativas. informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú-
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser de.
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
Imposto de Renda”. nhas.
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi-
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação • Atos negociais
produz de imediato, efeitos concretos. Também chamados de atos receptícios, são atos administrati-
vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com
Exemplo: o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração
para fim de desapropriação. Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re- desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão.
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina Vejamos:
o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não a) Licença: possui algumas características. São elas:
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da- — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
queles do que é permitido por Lei. legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li-
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre cença;
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon- — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi-
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da como um todo;
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

— Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em
particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício. repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal”.
b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às
pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú- certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência
blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico. de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer-
A permissão é dotada de características essenciais. São elas: tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad- ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos
ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada, públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re-
bem como da utilização de bem público por particulares; tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade Administração Pública.
administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
niência e à oportunidade do ato administrativo; d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos
somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape- pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar
nas de direito subjetivo ao ato. o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
c) Autorização: é detentora de características iguais às da per- de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°,
missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis- da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per- • Atos punitivos
missão, a autorização possui como características: o ato de consen- Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos
timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo. são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer
do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi-
específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
o particular preencha devidamente os requisitos legais Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te-
nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
• Atos enunciativos da legalidade.
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ain- Podemos dividir as sanções em dois grupos:
da, que certificam fatos no campo da Administração Pública. A dou- 1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe-
trina reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu-
as certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos: lares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar 2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
a opinião do agente público a respeito de determinada questão de basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico. ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé- contratada pela Administração.
cies de pareceres. São eles: Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
vincula a autoridade competente; espécie:
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a aos administrados.
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen-
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- sivos do exercício de atividades diversas.
recer de forma motivada; Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- população em risco.
trativa com o dever de acatá-lo. Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo-
administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi-
rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas. da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé-
consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.
no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen-
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio- cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria,
nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de
e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a dados públicas.
Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa-
ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi- recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad-
co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários
cometido falta grave. para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato
particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as ocorreu na formação do ato.
sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da Anulação
Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados. É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo
Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei
da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis- e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle
ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou
denominadas sanções internas. legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o
Extinção do ato administrativo ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse-
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção guinte, revogá-lo, e não o anular.
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen-
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos, discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito, de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida-
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção de.
objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be- Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
neficiário. viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
Poder Judiciário.
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando
meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au-
ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:
efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
situações: PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Cassação A Administração Pública pode declarar
SÚMULA 346
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido a nulidade dos seus próprios atos.
condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar A Administração pode anular seus pró-
continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção prios atos, quando eivados de vícios
do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo que os tornam ilegais, porque deles
sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua não se originam direitos; ou revogá-
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti- oportunidade, respeitados os direitos
tuição. adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu-
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in-
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de- vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade,
monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni-
a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido dade.
fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com provocação do interessado.
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer-
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi-
trativo. nistrativo havendo pedido do interessado.
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen- mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên- de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez
da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos
o exercício da autotutela. os efeitos.
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua
Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os
âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez,
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos.
destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos, Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios
contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a anuláveis.
estipulação de prazos diferentes em outras esferas.Revogação À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró- incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o
pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade, art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi-
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis,
conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes-
do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per- se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada
feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido
pública poderá suprimi-lo por meio da revogação. aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de
A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu- dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a
nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra- esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná-
ção que o editou. ria vigente.
É fundamental compreender que a revogação somente pode Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina-
quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá- das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do
tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não princípio da segurança jurídica.
lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma- Decadência Administrativa
neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi-
do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des- to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter-
feito pela revogação. minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin- não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual- Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos: única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná- o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con-
lise de conveniência e oportunidade; funde com o exercício da ação para manifestá-lo”.
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis-
retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú-
próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses
transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público, vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos:
após o gozo do direito, não há como revogar o ato; Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi-
c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori- decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou salvo comprovada má-fé.
deixou de ser competente para revogá-lo; § 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados, decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela § 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
lei; dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada dade do ato.”
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior; O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati-
adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF. cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per-
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo
Convalidação que o beneficia.
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad-
por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida-
sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. das contando com a proteção da segurança jurídica.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do administrativo. Como exemplo, podemos citar a mudança de local
Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento de determinada repartição pública, que se trata de um ato adminis-
sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu: trativo, mas, que representa uma atuação material da Administra-
“No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante ção Pública.
dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente Ademais, destaca-se a existência de atos materiais oriundos
essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração dos fenômenos naturais que possuem repercussão no âmbito da
tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não Administração Pública. Um exemplo disso, é a ocorrência de uma
para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que forte chuva que venha a destruir um bem público.
estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca- Nesta seara, vale pontuar que de acordo com o entendimento
dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do do jurista José dos Santos Carvalho Filho, os fatos administrativos
Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da podem se subdividir da seguinte maneira:
proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático a) Fatos voluntários: São aqueles que se materializam por meio
de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético, de atos administrativos, que formalizam a providência desejada
social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive, pelo administrador através da manifestação da vontade; também
as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável se materializam por intermédio de condutas administrativas que
o fato de que o Poder Público não se submente também a essa refletem nos comportamentos e nas áreas administrativas;
consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de- b) Fatos naturais: São fatos oriundos de fenômenos da nature-
curso do tempo.” za, cujos efeitos venham a refletir na seara administrativa.
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe Vejamos no quadro abaixo, de forma esquematizada:
de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e FATOS ADMINISTRATIVOS
Administração Pública, suprimindo da administração o poder de VOLUNTÁRIOS – Se materializam por meio de atos ad-
usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis- ministrativos, que formalizam a providência desejada pelo adminis-
trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes- trador através da manifestação da vontade;
sadas. – Também se materializam por intermédio de condutas admi-
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota- nistrativas que refletem nos comportamentos e nas áreas adminis-
do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo, trativas.
propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta- NATURAIS – São oriundos de fenômenos da natureza, cujos
gem do prazo decadencial. efeitos venham a refletir na seara administrativa.

Nesse sentido, no entendimento dos juristas Marcelo Alexan-


drino e Vicente Paulo, os fatos administrativos se tratam de quais-
FATOS DA ADMINISTRAÇÃO
quer atuações da Administração Pública que produzam efeitos jurí-
dicos, em momentos nos quais, esta seja não seja a sua finalidade
Preliminarmente, ressalta-se que o tema em estudo é bastante imediata.
controverso, tendo em vista que a doutrina apresenta diferentes Tais atuações não dizem respeito a uma manifestação de von-
conceitos para fato administrativo. tade da Administração. Todavia, destaca-se que delas podem advir
Entretanto, é importante compreender que o fato administrati- consequências jurídicas. Como exemplo, pode se citar a colisão de
vo pode conter três sentidos, sendo eles: um veículo oficial da Administração Pública dirigido por um agente
a) A atividade material oriunda de um ato administrativo; público com um veículo particular, situação na qual, o acidente re-
b) A atuação administrativa que produz efeitos jurídicos de for- sultou de uma atuação da Administração e produziu consequências
ma indireta; e jurídicas. Entretanto, não se trata de ato administrativo, pois não
c) Determinado evento da natureza produtor de efeitos jurídi- houve manifestação de vontade com o objetivo de produzir efeitos
cos. jurídicos. Logo, trata-se de um fato administrativo.
Em sentido material, o fato administrativo tem a essência de No tocante aos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
atividade material no exercício da função administrativa, que obje- o ato é sempre imputável ao homem, ao passo que o fato advém
tiva produzir efeitos de ordem prática para a Administração Pública. de acontecimentos naturais, que não dependem do homem ou dele
Um exemplo disso, é a limpeza de uma praça. dependem somente de modo indireto.
Ressalta-se que na maioria das vezes, o fato administrativo Ou seja, fato administrativo é o evento da natureza cuja norma
pode originar de um ato administrativo, ocorrendo assim, a opera- legal preveja algum efeito para o Direito Administrativo, tendo em
ção material do ato administrativo. vista que se o fato não produz efeitos jurídicos no Direito Adminis-
Nesse diapasão, manifestando o Estado a sua vontade, é seu trativo, se trata, desse modo, de um fato da administração Pública.
dever executar tal ato. Um exemplo clássico disso, é o recapeamen- Exemplo: a doença de um servidor. Pois, é algo natural e tal fato
to asfáltico em uma avenida, cuja atividade aglutinará a atividade corresponde a algum efeito inserto em norma legal, sendo um fato
material ao fato administrativo. jurídico que produz efeitos no Direito e repercussão no Direito Ad-
Desta forma, por diversas vezes o fato administrativo será con- ministrativo, e, portanto, trata-se de um fato administrativo.
siderado como a operação material de um ato administrativo. Por fim, embora haja várias correntes doutrinárias acerca do
Contudo, existem fatos administrativos que não advém de um tema me estudo, podemos destacar que de acordo com a doutrina
ato administrativo. Alguns decorrem das condutas administrativas, majoritária, são características comuns para as definições de fato
ou seja, das áreas da Administração não formalizadas em um ato administrativo:
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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– A produção de efeitos jurídicos não é o seu fim, tendo em discricionariedade pode ser extraída de modo implícito da ausência
vista que eventualmente, poderá deles decorrer efeitos jurídicos; de possiblidade de material de fixação de todas as condutas per-
– No fato administrativo não há manifestação ou declaração de mitidas por Lei.
vontade com conteúdo jurídico da Administração Pública; Sob o ângulo jurídico, a discricionariedade representa uma con-
– Não há viabilidade de presunção de legitimidade de fatos ad- sequência do próprio ordenamento. Isso ocorre por conta da teoria
ministrativos; de Hans Kelsen que afirma que em cada momento interpretativo,
– Inexiste revogação ou anulação de fatos administrativos; dentro da estrutura da pirâmide em escala, por causa da existên-
– Não existem fatos administrativos discricionários e vincula- cia de uma norma de grau superior, os limites impostos devem ser
dos. respeitados, sendo que a norma de grau superior deverá ter maior
generalidade que a norma de grau imediatamente inferior.
Desse modo, considera-se que quando um Decreto é elabora-
do pelo Chefe do Poder Executivo estadual, tal instrumento deverá
DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA
ser confeccionado obedecendo aos limites impostos pela legislação
que regulamenta aquele ente, bem como, deverá o administrador
Trata-se a discricionariedade administrativa de importante respeitar os limites mais restritivos determinados no Decreto.
prerrogativa da Administração Pública para a escolha de soluções Todavia, a regra geral, é a de que tanto quem elabora o ato
com validade no ordenamento jurídico, de acordo com determi- normativo subordinado à lei, quanto aquele que a executa, possui
nadas prerrogativas de conveniência e oportunidade que melhor algum grau de discricionariedade ou liberdade em sua atividade in-
atendam ao interesse público no caso concreto. terpretativa.
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, existem dois fun- Salienta-se, portanto, que conforme se vai do ápice à base da
damentos básicos da discricionariedade. São eles: pirâmide na operação interpretativa, maior concretude haverá na
a) De ordem prática; e ação do agente. Isso, porque os fundamentos prático e jurídico, são
b) De ordem jurídica. intrinsecamente relacionados.
Ressalta-se que em consonância com o princípio da legalidade Todavia, o fundamento jurídico demonstra o fato de o legis-
administrativa, a Administração poderá agir somente quando for lador criar atos normativos com caráter genérico, ao passo que o
autorizada por lei. administrador edita tais atos, sendo que de modo geral, acabam
Desse modo, não há possibilidade de o legislador traçar com sendo considerados atos de efeitos mais concretos.
precisão todas as decisões a serem tomadas pelos agentes públicos
para as mais diversas situações de gestão da Administração Pública. • OBS. Importante: De modo geral, o legislador lida com situa-
Segundo boa parte da doutrina, a discricionariedade acompa- ções abstratas, e não com situações concretas ou individuais, sendo
nha a limitação da capacidade humana que não consegue identifi- que estas últimas são consideradas mais propícias do exercício da
car de forma objetiva todas as medidas normativas idôneas capazes função administrativa.
de dar solução às diversas situações constantes na seara da Admi- Ressalta-se que a discricionariedade não é um poder autô-
nistração. nomo, levando em conta que ela implica na liberdade de atua-
Nesse sentido, não há critério certo para a inclusão ou exclusão ção dentro da lei ou dos moldes das normas que abrangem regras e
de todos os casos possíveis, pela simples razão de que não há como princípios do ordenamento jurídico. Desse modo, ao praticar deter-
prever todos os casos que irão ocorrer na seara da Administração minado ato discricionário, é preciso que a Administração Pública se
Pública. atente aos limites da lei em que se fundamenta.
Assim sendo, geralmente o agente público dispõe de uma mar- Nesse ponto, é importante mencionar que há diferenças funda-
gem de opção de acordo com as hipóteses contidas em Lei e princí- mentais entre os conceitos de discricionariedade e arbítrio, tendo
pios administrativos. em vista que o arbítrio implica na invalidade ou ilegitimidade. As-
Contudo, embora exista um possível consenso universal no sim, temos:
sentido de que o Estado deve se organizar e agir juridicamente, em- a) Discricionariedade: Se refere à liberdade de ação adminis-
bora a organização das atividades devam ser submetidas a cunho trativa nos limites permitidos por Lei. Quando o ato discricionário é
jurídico, nem todo comportamento estará previsto em lei, haja vista regulamentado pelo Direito, é legal e válido.
a existência de extensa área de ação que não se compadece com a b) Arbítrio: É ação contrária ou excedente da lei, sendo sempre
geometria social de definições já previstas e vinculativas que pos- ilegítimo e inválido.
sam ensejar a demanda de juízos casuísticos de conveniência e de Desta maneira, ressalta-se que não pode simplesmente o Po-
oportunidade, fator denominado como discricionariedade. der Judiciário adentrar na discricionariedade da Administração e se
Nesse diapasão, infere-se que deverá a Administração Pública substituir ao mérito de opções meramente políticas consideradas
atuar, tanto nos casos de expressa e determinada previsão legal, válidas diante do ordenamento jurídico, pois, caso aconteça isso,
quanto naqueles via dos quais, as determinações legais a autorizar incorrerá em violação da harmonia e independência entre os Po-
a entrar em ação de modo implícito. deres.
Portanto, poderá o legislador demonstrar deliberado desígnio Mesmo na presença de discricionariedade, diante de uma série
em conceder a discricionariedade. Um exemplo disso, é quando a de situações fáticas diversificadas, há um controle de contornos da
autoridade administrativa ordena que poderá a Administração con- ação, propiciado pela verificação da obediência às determinações
ceder recompensa ao servidor que alcançar determinados padrões legais exigidas para o caso concreto.
de desempenho, dentro das possibilidades, situação na qual, veri-
fica-se a existência clara de discricionariedade, bem como que tal

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Salienta-se ainda o fato de a discricionariedade sofrer limita-


ções por parte dos princípios de Direito, levando em conta que no ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA
Estado Democrático de Direito, os princípios são considerados nor-
mas que integram o ordenamento pátrio de modo contundente.
A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra-
• OBS. Importante: A discricionariedade se trata de tema de tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem,
grande relevância no Direito Administrativo, sendo considerada além da estrutura interna da Administração Pública.
como a pequena fenda via da qual, com o tempo, a liberdade em Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n.
geral, pode esvair-se, porque apesar de possuir conceito dinâmico, 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
quando é interpretada de modo errôneo, na prática, acaba por im- Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
pedir o controle jurisdicional de atos que podem ocasionar lesão ou O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
ameaça de lesão a liberdades e direitos, acarretando obscuridade e do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
dúvidas quanto à atuação da Administração Pública. por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
Ademais, em relação aos critérios técnicos da discricionarieda- sujeitos.
de administrativa, existe determinada inclinação ao questionamen- A Organização Administrativa estabelece as normas justamen-
to da discricionariedade técnica do administrador. te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado
Sobre o tema, a jurista Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ao averi- bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
guar as concepções alemãs dos conceitos indeterminados, reparou técnicas administrativas previstas em lei.
que o emprego de conceitos sem precisão por parte do legislador,
não significa outorga de discricionariedade à Administração. Isso, Administração direta e indireta
porque apenas o magistrado mediante o uso da imparcialidade e
seus conhecimentos técnicos, possui condições de achar a solução Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad-
mais adequada a cada situação concreto. ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
Pois, as autoridades que aplicam a lei não possuem liberda- nistração Indireta.
de de optar de acordo com seus próprios critérios, a solução que
entendem ser a melhor, tendo em vista que é necessário a obser- Administração Direta
vância das limitações legais, bem como da obediência à finalidade A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi-
do interesse público expresso em lei, nos conformes das regras da cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que
Administração. a integram.
Por fim, destaca-se que quanto maior for a extensão dada à dis-
cricionariedade, mais riscos haverão para a liberdade da sociedade, Decreto-lei 200/67
haja vista ser a discricionariedade, o ponto de equilíbrio existente
entre as prerrogativas públicas e os direitos individuais. Art. 4° A Administração Federal compreende:
Além disso, a discricionariedade é limitada e submetida não I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra-
somente a aspectos formais, como competência e forma, mas, tam- dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos
bém pelos seguintes aspectos: Ministérios.
a) Materiais: são os que analisam os motivos determinantes e a
consecução dos fins legais; e Por característica não possuem personalidade jurídica própria,
b) Axiológicos: Protegem os cidadãos contra investidas infun- patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali-
dadas ou ilegítimas do Estado em sua esfera de liberdade, da mes- zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
ma forma que os princípios da moralidade, da razoabilidade, do Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
interesse público e da motivação. dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que
Desse modo, temos: estão integrados na sua estrutura.
Outra característica marcante da Administração Direta é que
ASPECTOS DA DISCRICIONARIEDADE não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi-
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa
MATERIAIS ANALISAM OS MOTIVOS DE-
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios).
TERMINANTES E A CONSE-
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou
CUÇÃO DOS FINS LEGAIS.
seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
AXIOLÓGICOS DÃO PROTEÇÃO AOS CIDA- Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda
DÃOS CONTRA INVESTIDAS que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al-
INFUNDADAS OU ILEGÍTI- guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face
MAS DO ESTADO EM SUA ES- da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí-
FERA DE LIBERDADE. tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória
para compor a demanda judicial.

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração Indireta Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres-
tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe-
São integrantes da Administração indireta as fundações, as au- cução da atividade.
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Descentralização: Quando estiver sendo feita por tercei-
ros que não se confundem com a Administração direta do Estado.
Decreto-lei 200/67 Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pú-
blica (são sujeitos de direito distinto e autônomo).
Art. 4° A Administração Federal compreende: Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin-
[...] culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca- autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo-
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da
a) Autarquias; Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
b) Empresas Públicas; permissionários ou autorizados.
c) Sociedades de Economia Mista. Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades
d) fundações públicas. administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia.
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra- Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência meio de sujeitos distintos da figura estatal
estiver enquadrada sua principal atividade. Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado
utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes-
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades ses coletivos.
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa
e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de política ou uma entidade da administração indireta distribui com-
autonomia na parte administrativa e financeira petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu- ágil e eficiente a prestação dos serviços.
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173: Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole- jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
tivo; Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional. dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando,
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência,
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade delegação e avocação.
econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade
com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, Diferença entre Descentralização e Desconcentração
inclusive quanto à livre concorrência. As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta-
do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con-
Centralização, desconcentração e descentral ceitos completamente distintos.
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência
de pessoas jurídicas diversas sendo:
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRA- a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre
ÇÃO. a execução de certa atividade, e;
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais
Centralização, desconcentração e descentralização foi atribuído o desempenho da atividade em questão.
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não
No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen-
pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es- tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle
trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas.
transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en- Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada. ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen-
Assim, como técnica administrativa de organização da execu- te, mantendo a particularidade da hierarquia.
ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
poderá ser por:
AUTARQUIAS.
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do Autarquias
conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno,
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.). criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias,

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública.
lização. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Ge-
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- ográfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU-
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras.
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. Características:
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público – Liberdade financeira;
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço – Liberdade administrativa;
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em – Dirigentes próprios;
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- – Patrimônio próprio:
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor-
a que estão vinculadas. dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- um controle de legalidade, um controle finalístico.
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica- art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no diário, independente de sua personalidade.
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo -se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-
Poder. ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem
à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações
fiscalizadas pelo Ministério Público.
FUNDAÇÕES

EMPRESAS ESTATAIS
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio
personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina-
lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público Empresas Públicas
quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica Sociedades de Economia Mista
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di-
sua atuação. reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de
Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas. empresas estatais.
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
[... entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan-
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju- tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos
rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco-
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que nomia mista.
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado-
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu-
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur- cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida
sos da União e de outras fontes. pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad- exclusiva e prioritária pelo direito público.
ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público
a algumas fundações. Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
As fundações que integram a Administração indireta, quando prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco-
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di- O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
coletivo. é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público, I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvi-
nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina mento institucional em andamento;
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Minis-
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, tério supervisor.
a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade De modo diferente das agências reguladoras, as agências exe-
econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con- cutivas não possuem como objeto a regulação, controle e fiscaliza-
corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser ção, mas, sim a prerrogativa de execução das atividades adminis-
reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti- trativas.
tuição Federal, que assim determina: Nesse sentido, podemos conceituar agência executiva como a
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a denominação dada à pessoa jurídica de direito público, como au-
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- tarquias, ou fundações públicas, por exemplo, que são criadas por
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional meio de Decreto do Chefe do Poder Executivo com a finalidade de
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A otimizar custos e dar aperfeiçoamento à prestação de serviços, com
lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda- a prerrogativa de atendimento dos seguintes critérios:
de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade a)Que seja celebrado contrato de gestão entre a entidade e o
econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta- Ministério supervisor, cumprindo as regras determinadas no art. 37,
ção de serviços, dispondo sobre: §8º da Constituição Federal em vigor; e
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela b)Que a entidade tenha em andamento, um planejamento de
sociedade; estratégia de restruturação e desenvolvimento.
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva- OBS. Importante: Por iniciativa do Ministério Supervisor, pode
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra- ser criado Decreto capaz de desqualificar a fundação ou autarquia
balhistas e tributários; como agência executiva.
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
nações, observados os princípios da Administração Pública;
IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi- Desse modo, infere-se que a agência executiva, se trata de en-
nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; tidade que já existe, porém, só perdura enquanto vigorar o contrato
V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili- de gestão.
dade dos administradores Nos moldes do art. 37, §8º da CFB/88, existe a possibilidade da
existência de agências executivas em todas as esferas governamen-
Vejamos em síntese, algumas características em comum das tais. Vejamos:
empresas públicas e das sociedades de economia mista:
• Devem realizar concurso público para admissão de seus em- Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
pregados; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
• Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
constitucional; ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
• Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
bem como ao controle do Poder Legislativo; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
• Não estão sujeitas à falência; órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
• Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis- ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
trativo no que se refere às suas atividades-meio; dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
• Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
constitucionalmente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
• Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis- to) (Vigência)
lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
Assim, como exemplo de agências reguladoras, podemos citar:
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais -
IBAMA e o Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS E REGULADORAS
Ressalta-se que para se tornarem agências executivas, tanto as
autarquias quanto as fundações passam por um período processual
Preliminarmente, considera-se que as agências executivas e de qualificação pelo Ministério Supervisor ao qual a entidade se en-
reguladoras fazem parte da administração pública indireta. Além contra subordinada, via do qual, são exigidos os seguintes critérios
disso, estas agências são tidas como pessoas jurídicas de direito pú- qualificativos e cumulativos:
blico interno e consideradas como autarquias especiais.
a)Se as autarquias e fundações tiverem passado por celebração
Agências Executivas de contrato de gestão, e
Estão previstas no art. 51 da Lei nº 9.684/98, que determina o b)Se possuírem plano de estratégia e reestruturação de desen-
seguinte: volvimento institucional direcionado à melhor qualidade de gestão
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Exe- e redução de custos.
cutiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes Desse modo, nos ditames do art. 51 e demais dispositivos da
requisitos: Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, temos:
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Exe- As agências reguladoras são de suma importância, pois, elas
cutiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes regulam determinados setores pertinentes à economia, bem como
requisitos: dos setores de prestação de serviço público pelo ente particular.
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvi- Vejamos no quadro abaixo, alguns exemplos, dentre outros, de
mento institucional em andamento; agências reguladoras, lembrando que todas são integrantes da Ad-
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Minis- ministração Pública Federal:
tério supervisor.
§ 1o A qualificação como Agência Executiva será feita em ato AGÊNCIAS REGULADORAS
do Presidente da República.
§ 2o O Poder Executivo editará medidas de organização admi- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVS, LEI
nistrativa específicas para as Agências Executivas, visando assegurar Nº 9.782/99;
a sua autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recur- AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – ANATEL, LEI
sos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos Nº 9.472/97;
e metas definidos nos Contratos de Gestão.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, LEI Nº
Art. 52. Os planos estratégicos de reestruturação e de desen-
9.427/96;
volvimento institucional definirão diretrizes, políticas e medidas
voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de servi- AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, LEI Nº 9.984/2000.
dores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos
recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucional da São importantes atributos das agências reguladoras:
Agência Executiva. Possuem personalidade jurídica de direito público;
§ 1o Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão Executam funções normativas de cunho normativo, onde edi-
celebrados com periodicidade mínima de um ano e estabelecerão tam seus próprios regulamentos e demais instruções;
os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da Exercem o poder de polícia impondo limites administrativos es-
entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instru- tabelecidos por lei, mediante fiscalização e atos de repressão;
mentos para a avaliação do seu cumprimento. Regulam e controlam atividades que constituem as prerrogati-
§ 2o O Poder Executivo definirá os critérios e procedimentos vas de objeto de concessão, autorização ou de permissão do serviço
para a elaboração e o acompanhamento dos Contratos de Gestão e público como um todo, bem como de concessão à exploração de
dos programas estratégicos de reestruturação e de desenvolvimen- bem de ordem pública.
to institucional das Agências Executivas. Além disso, é importante frisar que a União, os Estados e o Dis-
trito Federal podem criar agências reguladoras dentro das suas es-
Passemos agora, ao estudo das Agências Reguladoras. truturas de administração, desde que possuam competência para a
regulação do serviço e também da atividade pública a ser regulada.
Agências Reguladoras Lembrando que não existe no ordenamento jurídico, legislação
geral das agências, razão pala qual, cada uma acaba sendo disci-
Agências reguladoras são autarquias criadas sob regime espe- plinada por regras e normas próprias, podendo ser editadas pela
cial com a função de desenvolver funções normativas ou regulado- pessoa política estatal que as criou.
ras de serviços públicos. Além disso, estas autarquias desenvolvem Nesse sentido, infere-se que as agências reguladoras possuem
outras atividades administrativas que são inerentes à pessoa políti- maior autonomia administrativa. Todavia, não são independentes,
ca que as criaram, cuja função é regular determinado setor de ativi- pois, são vinculadas à Administração Direta, sendo também subme-
dade econômica, bem como usar do poder de intervenção sobre as tidas à Chefia da Administração Pública, não existindo relação de
relações jurídicas advindas desse tipo de atividade. subordinação, mas, sim de vinculação.
Ressalta-se que a lei que criou a autarquia, possui o condão São importantes exemplos de autonomia das agências:
de a caracterizar como ente de regime especial sob a denominação
de agência reguladora, que a diferenciará de uma autarquia sob o Autonomia política: Via da qual, é dada estabilidade aos seus
regime comum. dirigentes mediante mandato legal, podendo ser desligados ao tér-
mino do período de investidura, por condenação judicial, ou, so-
OBS. Importante: Nem todas as autarquias em regime espe- mente após processo administrativo. Geralmente as decisões toma-
cial são agências reguladoras. Mas, todas as agências reguladoras das, não são submetidas à apreciação ou revisão de outros órgãos
são autarquias em regime especial. Um exemplo claro disso, é o de da Administração Pública e possuem a benesse de regulamentar,
determinadas instituições de ensino superior sob o regime público por meio de resoluções, aspectos técnicos relacionados à prestação
que são consideradas autarquias especiais, porém, não são consi- do serviço que lhes for inerente.
deradas agência reguladoras. Autonomia administrativa: É oriunda da ausência de existência
de subordinação, vinculação ou de qualquer tipo de tutela exercida
Dito isto, é importante mencionar que não há na Constituição pela Administração Direta e da auto-organização da Administração
Federal, menção acerca das agências reguladoras, sendo que a Car- realizando, desta forma, contratações, dentre outros atos que lhes
ta Magna menciona apenas acerca da criação de órgãos regulado- são inerentes.
res, nos ditames dos artigos 21, in. XI e 177, §2º, inc. III, referente Autonomia financeira: Advém do recolhimento de taxas oriun-
aos serviços sobre petróleo e telecomunicações. das de outras fontes recursais, razão pela qual, as agências regu-
ladoras possuem a prerrogativa de definir o valor de tarifas perti-
nentes à concessão, permissão e autorização do serviço público.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Todavia, estão sujeitas ao controle financeiro, contábil e orçamen- Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de limpe-
tário do Legislativo, que por sua vez, que para tal tarefa, conta com za, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de equipa-
a colaboração do Tribunal de Contas da União. mentos, administração em restaurantes e hospitais universitários.
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
Por fim, salienta-se que existem fatores que diferenciam as na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
agências reguladoras das demais autarquias no ordenamento pá- com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
trio. Isso ocorre, porque as agências reguladoras são detentoras de celebração de um contrato
determinadas prerrogativas que são outorgadas pelas legislações e
normas que as instituem. Vejamos abaixo: – Associações Públicas
As agências reguladoras atuam como instância administrativa
final na matéria de sua competência, não cabendo, a princípio, in- Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por meio
terposição de recursos em relação ao controle de legalidade; da celebração de um consórcio público com entidades federativas.
Suas decisões são colegiadas e seus membros são nomeados Quando as entidades federativas fazem um consórcio público,
pelo Presidente da república com a aprovação do Senado Federal; elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de
O mandato dos dirigentes é de prazo e duração determinados; direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi-
Com o cumprimento do mandato, existe impedimento legal de co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito
4 meses para seus dirigentes atuarem no setor atribuído à agência, privado, não se tem um nome específico.
sob pena de responsabilidade criminal administrativa, bem como A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades
demais sanções cabíveis, administrativas e civis, nos termos do art. de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
8º, § 2º da Lei 9.986/2000; uma meta a ser atingida.
As agências reguladoras possuem especialização técnica por Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede-
meio da qual, cada agência possui especialização inerente à sua rativas consorciadas.
atribuição técnica.
– Conselhos Profissionais

Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali-


AS ENTIDADES PARAESTATAIS E O TERCEIRO SETOR.
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
Entidades de utilidade pública O STF considera que como se trata de função típica do Estado,
o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não
Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública: poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso,
chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos-
– Serviços sociais autônomos suem natureza autárquica.
Assim, não estamos diante de entes de colaboração, mas sim
São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé- de pessoas jurídicas de direito público.
dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite
cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri- que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri-
mônio próprios. vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de
“S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es- descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de-
trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” legada a associações profissionais de caráter privado.
– SERVIÇO.
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
e SEBRAE. SERVIDORES PÚBLICOS
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu-
mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos. Conceito
São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri- De modo geral, não havendo a existência de um conceito legal
buições parafiscais. ou constitucional de serviço público, a doutrina se encarregou de
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte- buscar uma definição para os contornos do instituto, ato que foi re-
grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao alizado com a adoção, sendo por algumas vezes isolada, bem como
lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida- em outras, de forma combinadas, vindo a utilizar-se dos critérios
des e serviços que lhes são repassados. subjetivo, material e formal. Vejamos a definição conceitual de cada
em deles:
– Entidades de Apoio
Critério subjetivo
As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes- Aduz que o serviço público se trata de serviço prestado pelo
soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos Estado de forma direta.
para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos-
suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Critério material Sentido objetivo ou material


Sob esse crivo, serviço público é a atividade que possui como Nesse sentido, a administração pública está coligada à diversas
objetivo satisfazer as necessidades coletivas. atividades que são exercidas pelo Estado, por intermédio de seus
agentes, órgãos e entidades na diligência eficaz da função adminis-
Critério formal trativa estatal.
Segundo esse critério, serviço público é o labor exercido sob Destaque-se, por oportuno, que o vocábulo serviço público
o regime jurídico de direito público denegridor e desmesurado do sempre está se referindo a uma atividade, ou, ainda, a um conjunto
direito comum. de atividades a serem exercidas, sem levar em conta qual o órgão
ou a entidade que as exerce.
Passando o tempo, denota-se que o Estado foi se distanciando Mesmo com os aspectos expostos, boa parte da doutrina ain-
dos princípios liberais, passando a desenvolver também atividades da usa de definições de caráter amplo e restrito do vocábulo ser-
comerciais e industriais, que, diga se de passagem, anteriormente viço público. Para alguns, tal vocábulo se presta a designar todas
eram reservadas somente à iniciativa privada. De outro ângulo, foi as funções do Estado, tendo em vista que nesse rol estão inclusas
verificado em determinadas situações, que a estrutura de organiza- as funções administrativa, legislativa e judiciária. Já outra corrente
ção do Estado não se encontrava adequada à execução de todos os doutrinária, utiliza-se de um conceito com menor amplitude, vindo
serviços públicos. Por esse motivo, o Poder Público veio a delegar a incluir somente as funções administrativas e excluindo, por sua
a particulares com o intuito de responsabilidade, a prestação de al- vez, as funções legislativa e judiciária. Destarte, infere-se que den-
guns serviços públicos. Em outro momento, tais serviços públicos tre aquelas doutrinas que adotam um sentido mais restrito, existem
também passaram a ter sua prestação delegada a outras pessoas ainda as que excluem do conceito atividades importantes advindas
jurídicas, que por sua vez, eram criadas pelo próprio Estado para do exercício do poder de polícia, de intervenção e de fomento.
esse fim específico. Eram as empresas públicas e sociedades de Denota-se com grande importância, que o direito brasileiro
economia mista, que possuem regime jurídico de direito privado, acaba por diferenciar de forma expressa o serviço público e o poder
cujo serviço era mais eficaz para que fossem executados os serviços de polícia. Em campo tributário, por exemplo, no disposto em seus
comerciais e industriais. arts. 77 e 78, o Código Tributário Nacional dispõe do ensino e deter-
Esses acontecimentos acabaram por prejudicar os critérios uti- minação de duas atuações como fatos geradores diversos do tribu-
lizados pela doutrina para definir serviço público como um todo. to de nome taxa. Nesse diapasão de linha diferenciadora, a ESAF, na
Denota-se que o elemento subjetivo foi afetado pelo fato de as pes- aplicação da prova para Procurador do Distrito Federal/2007, veio
soas jurídicas de direito público terem deixado de ser as únicas a a considerar como incorreta a afirmação: “o exercício da atividade
prestar tais serviços, posto que esta incumbência também passou estatal de polícia administrativa constitui a prestação de um serviço
a ser delegada aos particulares, como é o caso das concessionárias, público ao administrado”.
permissionárias e autorizatárias. Já o elemento material foi atingido De forma geral, a doutrina entende que os elementos subjetivo,
em decorrência de algumas atividades que outrora não eram tidas material e formal tradicionalmente utilizados para definir serviço
como de interesse público, mas que passaram a ser exercidas pelo público, continuam de forma ampla a servir a esse propósito, desde
Estado, 8como por exemplo, como se deu com o serviço de loterias. que estejam combinados e harmonizados com o fito de acoplar de
O elemento formal, por sua vez, também foi bastante atingido, na forma correta, as contemporâneas figuras jurídicas que vêm sendo
forma que aduz que nem todos os serviços públicos são prestados inseridas e determinadas pelo legislador com força de lei, com o
sob regime de exclusividade pública, como por exemplo, a aplica- fulcro de oferecer conveniência e utilidades, bem como de atender
ção de algumas normas de direito do consumidor e de direito civil as constantes necessidades da população que sempre acontecem
a contratos feitos entre os particulares e a entidade prestadora de de forma mutante, a exemplo das parcerias público-privadas, das
serviço público de forma geral. OSCIPs e organizações sociais.
Assim sendo, em razão dessas inovações, os autores passaram, Nesse sentido, com o objetivo de reinterpretar o elemento
por sua vez, a comentar em crise na noção de serviço público. Ho- subjetivo em consonância com o atual estágio de evolução do di-
diernamente, os critérios anteriormente mencionados continuam reito administrativo, podemos afirmar que a caracterização de um
sendo utilizados para definir serviço público, porém, não é exigido serviço como público, em tempos contemporâneos passou a não
que os três elementos se façam presentes ao mesmo tempo para exigir mais que a prestação seja realizada pelo Estado, mas apenas
que o serviço possa ser considerado de utilidade pública, passan- que ele passe a deter, nos termos legais dispostos na Constituição
do a existir no campo doutrinário diversas definições, advindas do Federal de 1988, a titularidade de tal serviço. Em relação a esse
uso isolado de um dos elementos ou da combinação existente entre aspecto, destacamos a importância de não vir a confundir a expres-
eles. siva titularidade do serviço com sua efetiva prestação. Registe-se
Registra-se, que além da enorme variedade de definições ad- que o titular do serviço, trata-se do sujeito que detém a atribuição
vindas da combinação dos critérios subjetivo, material e formal, é legal constitucional para vir a prestá-lo. Via de regra, aquele que de-
de suma importância compreendermos que o vocábulo “serviço tém a titularidade do serviço não se encontra obrigado a prestá-lo
público” pode ser considerado sob dois pontos de vista, sendo um de forma direta através de seus órgãos, mas tem o dever legal de
subjetivo e outro objetivo. Façamos um breve estudo de cada um promover-lhe a prestação, de forma direta por meio de seu aparato
deles: administrativo, ou, ainda, mediante a legal delegação a particulares
realizada por meio de concessão, permissão ou autorização.
Sentido objetivo De maneira igual, contemporaneamente, o critério material
Infere-se que tal expressão é usada para fazer alusão ao sujeito considerado de forma isolada não é suficiente para definir um ser-
responsável pela execução da atividade. Exemplo: determinada au- viço como público. Isso ocorre pelo fato de existirem determinadas
tarquia com o dever de prestar de serviços para a área da educação. atividades relativas aos direitos sociais como saúde e educação, por
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exemplo, que apenas podem ser enquadradas no conceito quando Elementos constitutivos dos serviços públicos
forem devidamente prestadas pelo Estado, levando em conta que
a execução desses serviços por particulares deve ser denominada Subjetivo - determina que o serviço público deve ser presta-
como serviço privado. do pelo Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pesso-
Finalmente, em relação ao critério formal, nos tempos moder- as jurídicas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a
nos, infere-se que não é mais necessário que o regime jurídico ao terceiros para que possam prestá-lo.
qual está submetido o serviço público seja realizado de maneira in-
tegral de direito público, sendo que em algumas situações, acaba Formal - o regime jurídico é de Direito Público, ou parcial-
existindo um sistema híbrido que é formado por regras e normas mente público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser
de direito público e privado, principalmente em se tratando de caso prestado.
de serviços públicos nos quais sua prestação tenha sido delegada a
terceiros. Material - o serviço público deverá sempre prestar serviços
condizentes a uma atividade de interesse público como um todo.
Observação importante: Com o entendimento acima mencio-
nado, a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro acaba por Subjetivo - é o próprio Estado que escolhe os serviços que
definir serviço público como sendo toda a atividade material que a são considerados serviços públicos. Como exemplo, podemos ci-
lei atribui ao Estado, para que este a exerça de forma direta ou por tar: os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros
intermédio de seus delegados, com o condão de satisfazer de forma serviços pertinentes à Administração Pública.
concreta as necessidades da coletividade, sob regime jurídico total
ou parcialmente público. Formal - poderá haver a permanência do Direito Público ou
do Direito Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situa-
Elementos Constitutivos ções, a responsabilidade será sempre objetiva.
Os elementos do serviço público podem ser classificados sob os
seguintes aspectos: Material - por meio da aplicação desse elemento, o objetivo
Subjetivo: Por meio do qual o serviço público está sempre sob do serviço público será sempre o de satisfazer de forma concreta
a total responsabilidade do Estado. No entanto, registra-se que ao as necessidades da coletividade.
Estado como um todo, é permitido delegar determinados serviços
públicos, desde que sempre por intermediação dos parâmetros da
Regulamentação e Controle
lei e sob regime de concessão ou permissão, bem como por meio de
Tanto a regulamentação quanto o controle do serviço público
licitação. Denota-se que nesse caso, é o próprio Estado que escolhe
são realizados de maneira regular pelo Poder Público. Isso ocorre
os serviços que são considerados serviços públicos. Como exem-
em qualquer sentido, ainda que o serviço esteja delegado por con-
plo, podemos citar: os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica,
cessão, permissão ou autorização, uma vez que nestas situações,
dentre outros serviços pertinentes à Administração Pública. Esse
deverá o Estado manter sua titularidade e, ainda que haja situações
elemento determina que o serviço público deve ser prestado pelo
adversas e problemas durante a prestação, poderá o Poder Público
Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas jurídi-
interferir para que haja a regularização do seu funcionamento, com
cas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a terceiros
fundamento sempre na preservação do interesse público.
para que possam prestá-lo.
Ressalta-se que esses serviços são controlados e também fisca-
lizados pelo Poder Público, que deve intervir em caso de má pres-
Formal: A princípio, o regime jurídico é de Direito Público, ou
tação, sendo que isso é uma obrigação que lhe compete segundo
parcialmente público, sob o manto do qual o serviço público deverá
parâmetros legais.
ser prestado. No entanto, quando particulares prestam seus servi-
A esse respeito, dispõe a Lei 8997 de 1995 em seus arts. 3º e
ços em conjunto com o Poder Público, ressalta-se que o regime ju-
32, respectivamente:
rídico é considerado como híbrido. Isso por que nesse caso, poderá
Art. 3º. As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização
haver a permanência do Direito Público ou do Direito Privado nos
pelo poder concedente responsável pela delegação, com a coopera-
ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a responsabilidade
ção dos usuários.
será sempre objetiva.
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com
o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como
Material: Por intermédio desse elemento, o serviço público
o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e le-
deverá sempre prestar serviços condizentes a uma atividade de
gais pertinentes.
interesse público como um todo. Denota-se que por meio da apli-
cação desse elemento, o objetivo do serviço público será sempre
Deve-se registrar também, que outro aspecto que deve ser en-
o de satisfazer de forma concreta as necessidades da coletividade.
fatizado com destaque em relação à regulamentação e ao contro-
Esquematizando, temos:
le dos serviços públicos, são os requisitos do serviço e direito dos
usuários, sendo que o primeiro deles é a permanência, que possui
como atributo, impor a continuidade do serviço. Logo após, temos
o requisito da generalidade, por meio do qual, os serviços devem
ser prestados de maneira uniforme para toda a coletividade. Em se-
guida, surge o requisito da eficiência, por intermédio do qual é exi-
gida a eficaz atualização do serviço público. Em continuidade, vem

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a modicidade, por meio da qual, infere-se que as tarifas que são co- 2. Por meio de delegação ou delegação negocial: por intermé-
bradas dos usuários devem ser eivadas de valor razoável e por fim, dio da qual, o Poder Público detém o poder de transferir por contra-
a cortesia, que por seu intermédio, entende-se que o tratamento to ou ato unilateral a execução ampla do serviço, desde que o ente
com o usuário público em geral, deverá ser oferecido com presteza. delegado preste o serviço em nome próprio e por sua conta e risco,
Havendo descumprimento de quaisquer dos requisitos retro sob o controle do Estado e dentro da mesma pessoa jurídica.
mencionados, afirma-se que o usuário do serviço terá em suas mãos Esclarece-se ainda, a título de conhecimento, que a delegação
o direito pleno de recorrer ao Poder Judiciário para exigir a correta negocial admite a titularidade exclusiva do ente delegante sobre
prestação desses serviços. Neste mesmo sentido, destaca-se que a o serviço a ser delegado. Em se tratando de serviços nos quais a
greve de servidores públicos, não poderá jamais ultrapassar o direi- titularidade não for exclusiva do Poder Público, como educação e
to dos usuários dos serviços essenciais, que se tratam daqueles que saúde, por exemplo, o particular que tiver a pretensão de exercê-lo
por decorrência de sua natureza, colocam a sobrevivência, a vida e não estará dependente de delegação do Estado, uma vez que tais
a segurança da sociedade em risco se estiverem ausentes. atos de exercício de educação e saúde, quando forem prestados por
particulares, não serão mais considerados como serviços públicos,
Formas de prestação e meios de execução mas sim como atividade econômica da iniciativa privada.
O art. 175 da Constituição Federal de 1988 determina, que Em outras palavras, os serviços públicos podem ser executados
compete ao Poder Público, nos parâmetros legais, de forma direta nas formas:
ou sob regime de concessão ou permissão a prestação de serviços Direta: Quando é prestado pela própria administração pública
públicos de forma geral. De acordo com esse mesmo dispositivo, as por intermédio de seus próprios órgãos e agentes.
concessões e permissões de serviços públicos deverão ser sempre Indireta: Quando o serviço público é prestado por intermé-
precedidas de licitação. dio de entidades da Administração Pública indireta ou, ainda, de
Entretanto, o parágrafo único do art. 175 da Carta Magna dis- particulares, por meio de delegação, concessão, permissão e au-
põe a implementação de lei para regulamentar as seguintes refe- torização. Esta forma de prestação de serviço, deverá ser sempre
rências: sobrepujada de licitação, formalizada por meio de contrato admi-
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias nistrativo, seguida de adesão com prazo previamente estipulado
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua e que por ato bilateral, buscando somente transferir a execução,
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e porém, jamais a titularidade que deverá sempre permanecer com
rescisão da concessão ou permissão; o poder outorgante.
II – os direitos dos usuários; Em resumo, temos:
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.
Considera-se que a Lei Federal 8.987/1995, em obediência ao
mandamento constitucional foi editada estabelecendo normas ge-
neralizadas como um todo em matéria de concessão e permissão
de serviços públicos, devendo tais normas, ser aplicáveis à União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, da mesma forma que a Lei
Federal 9.074/1995, que, embora tenha o condão de estipular re-
gras especificamente voltadas a serviços de competência da União,
trouxe também em seu bojo, pouquíssimas regras gerais que po-
dem ser aplicadas a todos os entes federados.
Em relação à forma de prestação dos serviços públicos, depre-
ende-se que estes podem ser prestados de forma centralizada ou Transferência da execução do
descentralizada, sendo a primeira forma caracterizada quando o DESCENTRALIZAÇÃO serviço para outra pessoa física ou
serviço público for prestado pela própria pessoa jurídica federativa jurídica.
que detém a sua titularidade e a segunda forma, quando, em várias Divisão interna do serviço com
situações, o ente político titular de determinado serviço público, DESCONCENTRAÇÃO outros órgãos da mesma pessoa ju-
embora continue mantendo a sua titularidade, termina por transfe- rídica.
rir a pessoas diferentes e desconhecida à sua estrutura administra-
tiva, a responsabilidade pela prestação. Delegação
Lembremos que o ente político, mesmo ao transferir a respon- Concessão
sabilidade pela prestação de serviços públicos a terceiros, sempre Ocorre a delegação negocial de serviços públicos mediante:
poderá conservar a sua titularidade, fato que lhe garante a manu- concessão, permissão ou autorização.
tenção da competência para regular e controlar a prestação dos Nesse tópico, não esgotaremos todas as formas de concessões
serviços delegados a outrem. existentes e suas formas de aplicação e execução nos serviços públi-
A descentralização dos serviços públicos pode ocorrer de duas cos, porém destacaremos as mais importantes e mais cobradas em
maneiras: provas de concursos públicos e áreas afins.
1. Por meio de outorga ou delegação legal: por meio da qual o Conforme o Ordenamento Jurídico Brasileiro, as concessões de
Estado cria uma entidade que poderá ser autarquia, fundação pú- serviços públicos podem ser divididas em duas espécies:
blica sociedade de economia mista ou empresa pública, transferin-
do-lhe, por meios legais a execução de um serviço público.

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1ª) Concessões comuns, que estão sob a égide das leis c) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
8.987/1995 e 9.074/1995 e 2ª, que subdividem em: concessão de vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as
serviços públicos e concessão de serviço público precedida da exe- normas do poder concedente;
cução de obra pública. d) Levar ao conhecimento do poder público e da concessioná-
2ª) Concessões especiais, que são as parcerias público-privadas ria as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao
previstas na Lei 11.079/2004, sujeitas a alguns dispositivos da Lei serviço prestado;
8.987/1995. Se subdividindo em duas categorias: concessão patro- e) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos prati-
cinada e concessão administrativa. cados pela concessionária na prestação do serviço;
A concessão comum de serviço público é uma modalidade de f) Contribuir para a permanência das boas condições dos bens
contrato administrativo por intermédio do qual a Administração Pú- públicos pelos quais lhes são prestados os serviços.
blica transfere delegação a pessoa jurídica ou, ainda, a consórcio de Ademais, as concessionárias de serviços públicos, de direito
empresas a execução de certo serviço público pertencente à sua público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são legalmente
titularidade, na qual o concessionário é obrigado, por meio de con- obrigadas a dispor ao consumidor e ao usuário, desde que dentro
tratos legais a executar o serviço delegado em nome próprio, por do mês de vencimento, o mínimo de seis datas como opção para
sua conta e risco, sendo sujeito a controle e fiscalização do poder escolherem os dias de vencimento de seus débitos a serem adim-
concedente e remunerado através de tarifa paga pelo usuário ou plidos, nos termos do art. 7º-A, da Lei 8.987/1995.
outra modalidade de remuneração advinda da exploração do ser- 1. Serviço adequado
viço. Exemplo: as receitas adquiridas por empresas de transporte Os usuários detêm o direito de receber um serviço público
coletivo que cobram por comerciais constantes na parte traseira adequado. Esse direito encontra-se regulamentado pelo seguinte
dos ônibus. dispositivo:
Conforme mencionado, existem duas modalidades de conces-
são comum, quais sejam: a concessão de serviço público, também Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação
conhecida como concessão simples e a concessão de serviço públi- de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, confor-
co antecedida de execução por meio de obra pública. me estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
A concessão de serviço público ou concessão simples, pode ser contrato.
definida pela lei como a “delegação da prestação de serviço público, § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regula-
feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de ridade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalida-
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de- de, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
por prazo determinado” (art. 2º, II). Denota-se que além do conhecimento da previsão no citado
Já a concessão de serviço público antecedida de execução de dispositivo, é importante compreendermos o significado prático de
obra pública pode ser como “a construção, total ou parcial, conser- cada condição citada, com o objetivo de garantir que cada exigência
vação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de legal seja cumprida para a qualificação do serviço como adequado.
interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licita- Desta forma, temos:
ção, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio 1 – Regularidade: exige que os serviços públicos sejam presta-
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por dos de forma a garantir a estabilidade e a manutenção dos requi-
sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária sitos essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia com a lei e
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço com o regulamento que disciplina a matéria.
ou da obra por prazo determinado” (art. 2º, III). Como hipótese de 2 – Continuidade: impõe que o serviço público, uma vez insti-
exemplo, citamos a concessão a particular, vitorioso de processo tuído, seja prestado de forma permanente e sem interrupção, com
licitatório por construção e conservação de rodovia, com o conse- exceção de situações de emergência, bem como a que advém de
quente pagamento realizado mediante a cobrança de pedágio aos razões de ordem técnica ou de segurança das instalações elétricas,
particulares que vierem a utilizar da via. por exemplo.
Pondera-se que a diferença entre as duas modalidades de con- 3 – Eficiência: refere-se à obtenção de resultados eficazes na
cessão comum está apenas no objeto. Perceba que na concessão prestação do serviço público, exigindo que o serviço seja realiza-
simples, o objeto do contrato é somente a execução de atividade do de acordo com uma adequada relação de custo/benefício, para,
que foi caracterizada como sendo serviço público, ao passo que na com isso, evitar desperdícios.
concessão de serviço público antecedida da execução de obra pú- 4 – Segurança: deverão os serviços públicos respeitar padrões,
blica existe uma duplicidade de objeto, sendo que o primeiro deles bem como normas de segurança, de forma a preservar a integri-
se refere ao ajuste existente entre o poder concedente e o conces- dade da população de modo geral e dos equipamentos utilizados.
sionário para que certa obra pública seja executada. Em relação ao 5 – Atualidade: possui como foco o impedimento de que o
segundo, a prestação do serviço público existe na exploração am- prestador se encontre alheio às inovações tecnológicas, suprimindo
plamente econômica do serviço ou da obra. o investimento em termos de disponibilização aos usuários das me-
lhorias de qualidade e amplitude do serviço.
• Direitos e obrigações dos usuários 6 – Generalidade: deve oferecer a garantia de que o serviço
Nos ditames do art. 7º da Lei 8.987/1995, os direitos e obriga- seja ofertado da forma mais abrangente possível.
ções dos usuários dos serviços públicos delegados são os seguintes: 7 – Cortesia: o prestador do serviço deverá tratar o usuário de
a) Receber serviço adequado; forma educada e gentil.
b) Receber do poder concedente e da concessionária informa-
ções para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
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8 – Modicidade das tarifas: aduz que o valora a ser pago pela IV – preço do serviço, critérios e procedimentos para o reajuste
prestação dos serviços, deverá, nos parâmetros legais, ser estabe- e a revisão das tarifas;
lecido de acordo com os padrões de razoabilidade, buscando evitar V – direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da
que os prestadores de serviços venham o obter lucros extraordiná- concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessida-
rios causando prejuízo aos usuários econômico-financeiros do con- des de futura alteração e expansão do serviço e consequente mo-
trato firmado com a administração. dernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
instalações;
Observação importante: A celebração de qualquer espécie de VI – direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização
contrato de concessão ou permissão de serviço público deve ser do serviço;
realizada mediante licitação, conforme previsto no art. 175 da Cons- VII – forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos,
tituição Federal. Concernente às concessões, a Lei 8.987/1995 de- dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indi-
terminou que a delegação dependerá da realização de prévio pro- cação dos órgãos competentes para exercê-la; simples e nas con-
cedimento licitatório para que seja escolhido o concessionário, na cessões de serviço público precedida da execução de obra pública
modalidade obrigatória da concorrência. Sendo a modalidade licita- (art. 23,caput);
tória regulada pela Lei de Licitações e Contratos, Lei 8.666/1993, e VIII – penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita
tema dos próximos tópicos de estudo, mais adiante, detalharemos a concessionária e sua forma de aplicação;
com maior aprofundamento sobre este importante tema. IX – casos de extinção da concessão;
X – bens reversíveis;
Passemos a abordar a respeito do prazo que a Administração XI – critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indeni-
Pública permite à concessão na execução dos serviços públicos zações devidas à concessionária, quando for o caso;
como um todo. A Lei 8.987/1995 estabelece que a concessão sim- XII – condições para prorrogação do contrato;
ples de serviço público ou a concessão de serviço público prece- XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de
dida de obra pública deverá ser realizada por prazo determinado, contas da concessionária ao poder concedente;
mas não define quais seriam os limites desse prazo. Assim sendo, XIV – exigência da publicação de demonstrações financeiras
caberá à lei reguladora específica de cada serviço público, devida- periódicas da concessionária; e
mente editada pelo ente federado detentor de competência para XV – o foro e o modo amigável de solução das divergências con-
prestá-lo, aditar definindo qual o prazo de duração do contrato de tratuais.
concessão. Caso o legislador competente não estabeleça qualquer
prazo, deverá, por conseguinte, o poder concedente fixá-lo no ato Cláusulas obrigatórias somente nas concessões de serviços
da minuta do contrato de concessão, que se encontra afixado como públicos precedidas de obras públicas (art. 23, parágrafo único)
anexo no edital da licitação. Denota-se que o prazo deve ser razo- I – estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das
ável, de forma a permitir o abatimento dos investimentos a serem obras vinculadas à concessão; e
realizados pelo concessionário. II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária,
Referente às concessões advindas de parceria público-priva- das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
da, infere-se que a vigência de tais contratos deverá ser sempre
compatível com o abatimento dos investimentos realizados, não Cláusulas facultativas (art. 23-A)
podendo ser sendo inferior a 5 e nem superior a 35 anos, já restan- I – o contrato de concessão poderá prever o emprego de meca-
do-se incluído nesse prazo eventual prorrogação nos termos da Lei nismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacio-
11.079/2004, art. 5º, I. nadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil
e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23.09.1996;
Cláusulas do contrato de concessão II – qualquer outra que não seja obrigatória.
Nos ditames dos arts. 23 e 23-A da Lei 8.987/1995, as cláusu-
las do contrato de concessão tratam de modo geral sobre o modo, É importante, demonstrar que o contrato de concessão é firma-
a forma e as condições de prestação dos serviços; os direitos e as do tendo em vista, não apenas oferecimento da melhor proposta,
obrigações do concedente, do concessionário e dos usuários; os po- mas incluindo também as características referentes à pessoa con-
deres de fiscalização do concedente; a obrigação do concessionário tratada, devendo o concessionário demonstrar capacidade técnica
de prestar contas; ou e disciplinam aspectos relativos à extinção da e econômico-financeira que faça haver a presunção de que haverá
concessão. a perfeita execução do serviço. A esse aspecto, a doutrina deno-
Infere-se que as cláusulas podem ser divididas em: cláusulas mina de contrato firmado intuitu personae, que se trata da prática
essenciais obrigatórias em qualquer contrato de concessão, quer de eventual transferência da concessão para outra pessoa jurídica,
seja concessão simples, quer seja concessão de serviço público pre- bem como do controle societário da concessionária, sem prévia avi-
cedida de obra pública, cláusulas obrigatórias apenas nos contratos so ou autorização do poder concedente, vindo a implicar a caduci-
de concessão de serviço público precedida da execução de obra pú- dade que nada mais é do que a extinção da concessão.
blica e cláusulas facultativas. Vejamos, em síntese:
Intervenção na concessão
(São obrigatórias nas concessões): A intervenção na concessão encontra-se submetida a um pro-
I – objeto, área e prazo da concessão; cedimento formal. De antemão, o poder concedente, por meio de
II – modo, forma e condições de prestação do serviço; ato do Chefe do Poder Executivo, ao tomar conhecimento da falta
III – critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores de adequação da prestação do serviço ou do descumprimento pela
da qualidade do serviço; concessionária das normas pertinentes, edita o decreto de inter-
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venção que deverá conter a designação do interventor, o prazo da 39. Nesta hipótese, sendo a autoexecutoriedade privilégio aplicável
intervenção e os objetivos e limites da medida nos ditames do le- somente à Administração Pública, para que o concessionário possa
gais pertinentes. rescindir o contrato de concessão, deverá fazê-lo por intermédio de
Declarada a intervenção por intermédio de decreto, o poder ação judicial, sendo que os serviços prestados pela concessionária
concedente deverá, no prazo de até 30 dias, realizar a instauração não deverão ser interrompidos e nem mesmo paralisados em hi-
de procedimento administrativo com o fito de comprovar as causas pótese alguma, até que a decisão judicial que determine a rescisão
determinadas na medida e apurar as responsabilidades. Esse proce- transite em julgado.
dimento administrativo deverá ser concluído em até 180 dias, sob
pena de ser considerada inválida a intervenção, nos termos do art. 4 – Anulação
33, § 2º da Lei 8987/95. Trata-se de hipótese de extinção do contrato de concessão em
decorrência de vício de legalidade, que pode, via de regra, ser de-
Extinção da concessão clarado por via administrativa ou judicial.
A concessão pode ser extinta por várias causas, colocando
fim à prestação dos serviços pelo concessionário. O art. 35 da Lei 5 – Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-
8.987/1995, prevê de forma expressa algumas causas de extinção mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
da concessão. Sendo elas: o advento do termo contratual; a encam- A Lei 8.987/1995, embora a Lei 8.987/95 mencione esse tópico
pação; a caducidade; a rescisão; a anulação; e a falência ou extinção como formas de extinção da concessão no art. 35, VI, nada dispõe
da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titu- em relação aos efeitos dessas hipóteses de extinção. No entendi-
lar, em se tratando de empresa individual. mento de José dos Santos Carvalho Filho, tais fatos acabam por
Pondera-se que além das causas anteriores, previstas na legis- provocar a extinção de pleno direito do contrato, pelo fato de que
lação e adotadas pela doutrina, a extinção da concessão de serviço tornam inviável a execução do serviço público objeto do ajuste.
público também pode ocorrer por: desafetação do serviço; distrato;
ou renúncia da concessionária. 6 – Desafetação do serviço público
Vejamos: A Lei 8.987/1995 não se refere e nem minucia a desafetação
de serviço público como causa de extinção da concessão. Entretan-
1 – Encampação (ou resgate) to, no entender de Diógenes Gasparini, a desafetação do serviço
Consiste na extinção da concessão em decorrência da retoma- público em decorrência de lei também é hipótese de extinção da
da do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, concessão, tendo em vista que a desafetação ocorre no momento
por motivos de interesse público. em que uma lei torna público um serviço.

2 – Caducidade (ou decadência) 7 – Distrato (acordo)


Consiste na extinção do contrato de concessão de serviço pú- Mesmo não havendo referência legal à extinção da concessão
blico em decorrência de inexecução total ou parcial do contrato, por intermédio de acordo ou distrato entre o poder concedente e
por razões que devem ser imputadas à concessionária. Poderá ser a concessionária, esta hipótese não foi vedada pela legislação. Por
declarada pelo poder concedente pelas seguintes maneiras, nos esse motivo, boa parte da doutrina vem admitindo a extinção an-
termos do art. 38, § 1º, I a VII: tecipada da concessão de forma amigável e também consensual.
A) O serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- 8 – Renúncia da concessionária
metros definidores da qualidade do serviço; Nesse caso, a lei também não menciona essa hipótese como
B) A concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- maneira de extinção da concessão. Porém, o ilustre Diogo de Figuei-
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão; redo Moreira Neto, a renúncia da concessionária será aceita como
C) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- forma de extinção da concessão, a partir do momento em que hou-
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força ver previsão contratual nesse sentido vindo a disciplinar-lhe as de-
maior; vidas consequências.
D) A concessionária perder as condições econômicas, técnicas
ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- Nota importante acerca da concessão:
cedido; a concessionária não cumprir as penalidades impostas por • Outro efeito da extinção da concessão é a assunção imediata
infrações, nos devidos prazos; do serviço pelo poder concedente, ficando este autorizado a ocupar
E) A concessionária não atender a intimação do poder conce- as instalações e a utilizar todos os bens reversíveis, tendo em vista a
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e necessidade de dar continuidade à prestação do serviço público nos
F) A concessionária não atender a intimação do poder conce- parâmetros do art. 35, §§ 2º e 3º.
dente para, em 180 dias, apresentar a documentação relativa à re- • Independente da causa da extinção da concessão, os bens re-
gularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei versíveis que ainda não se encontrem amortizados ou depreciados
8.666, de 21.06.1993. deverão ser indenizados ao concessionário, sob pena de, se não o
fizer, haver enriquecimento sem causa do poder concedente.
3 – Rescisão
De acordo com a Lei 8.987/1995 a rescisão é a forma de ex-
tinção da concessão, por iniciativa da respectiva concessionária,
quando esta se encontrar motivada pelo descumprimento de nor-
mas contratuais advindas do poder concedente, nos ditames do art.
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Permissão que é sujeito à revogação. De qualquer maneira, a precariedade do


O art. 175 da Constituição Federal Brasileira determina que vínculo encontra-se relacionada à possibilidade de extinção sem o
“incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob pagamento de indenização.
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a Pondera-se que todo e qualquer tipo de contrato administra-
prestação de serviços públicos”. tivo, desde que esteja justificado pelo interesse público, pode ser
Passível de observação, o ditado dispositivo constitucional não rescindido de forma unilateral pela Administração Pública, não con-
faz nenhum tipo de referência relativa à autorização de serviços pú- figurando esse aspecto apenas uma particularidade do contrato de
blicos. Entretanto, denota-se que existe a admissão da delegação permissão de serviços públicos.
de serviços públicos por intermédio de autorização com fulcro nos Infere-se que quando a rescisão do contrato de concessão não
art. 21, XI e XII, e art. 223 da Constituição Federal. Desta forma, for causada pelo concessionário, acarretará em direito a percepção
infere-se que a delegação de serviços públicos pode ser realizada de indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que a concessão é
por meio de concessão, permissão ou autorização. Tratada anterior- impreterivelmente celebrada por prazo certo. No tocante à permis-
mente, passemos a explorar os demais institutos. são, existem contradições, pois existem doutrinadores que enten-
Infere-se que a Lei 8.987/1995 não traz em seu bojo muitos dem que a permissão sempre ocorre, via de regra, por prazo certo
dispositivos relacionados à permissão de serviços públicos, vindo e determinado, ao passo que outros doutrinadores defendem que
a limitar-se a estabelecer o seu conceito. A permissão de serviço a permissão ocorre, de antemão, por prazo indeterminado, porém,
público, nos ditames da lei, pode ser conceituada como “a delega- também admitem que ocorre prazo determinado, desde que tal
ção, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços dispositivo esteja fixado no edital da correspondente licitação. Essa
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que última posição, é a que a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e ris- defende, para quem a fixação de prazo de vigência da permissão faz
co” (art. 2º, IV). Já o art. 40 da mesma Lei dispõe: com que desapareçam as diferenças existentes entre os institutos
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada me- da permissão e da concessão. Por conseguinte, em se tratando da
diante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das permissão por prazo determinado, ressalta-se que não existe a pre-
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto cariedade do vínculo, vindo, desta forma, o permissionário obter o
à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder direito de indenização quando não der causa à rescisão deste.
concedente.
Proveniente do exposto, podemos expor com destaque as prin- Em síntese, vejamos as principais características da concessão
cipais características da permissão de serviço público. São elas: e da permissão de serviços públicos:
a) É uma forma de delegação de serviços públicos;
b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não de- PERMISSÃO DE CONCESSÃO DE
termina a modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se da SERVIÇO PÚBLICO SERVIÇO PÚBLICO
concessão de serviço público que exige a licitação na modalidade
concorrência); • Forma de delegação de
c) É formalizada por meio de um contrato de adesão, de natu- serviço público; • Forma de delegação de
reza precária, uma vez que a lei prevê que pode ser revogado de • Depende de licitação, serviço público;
maneira unilateral pelo poder concedente (diferencia-se das con- mas a lei não • Depende de licitação na
cessões de serviço público que não possuem natureza precária); e • Predetermina a modali- modalidade obrigatória da con-
d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas dade licitatória; corrência;
(diferencia-se das concessões de serviço público em razão de os • Possui natureza precária, • Não possui natureza pre-
concessionários somente poderem ser pessoa jurídica ou consórcio havendo controvérsias na dou- cária;
de empresas). trina; • Os concessionários só
Por motivos importantes relacionados às características ante- • Os permissionários po- podem ser pessoa jurídica ou
riores, destacamos algumas observações. dem ser pessoa física ou pessoa consórcio de empresas.
Relativo a primeira, aduz-se que todo contrato administrativo jurídica.
é um contrato de adesão, posto que a minuta do contrato deve ser Autorização
redigida pela Administração, bem como integra todos os anexos do De acordo com o entendimento da doutrina, a autorização se
edital de licitação apresentado. Desta maneira, aquele que vence a constitui em ato administrativo unilateral, discricionário e precário
licitação e, por sua vez, assina o contrato, passa a aderir somente ao por intermédio do qual, o poder público detém o poder de delegar
que foi estipulado pela Administração Pública, não podendo haver a execução de um serviço público de sua titularidade, possibilitando
discussões sobre as cláusulas contratuais. Assim ocorrendo, tanto a que o particular o realize em seu próprio benefício. Nos ditames
concessão quanto a permissão de serviço público estarão se cons- de Hely Lopes Meirelles, “serviços autorizados são aqueles que o
tituindo em contrato de adesão, sendo que essa circunstância, não Poder Público, por ato unilateral, precário e discricionário, consente
serve para diferenciar os dois institutos. na sua execução por particular para atender a interesses coletivos
Direcionado à segunda observação a ser feita, trata-se de uma instáveis ou emergência transitória”.
relação à precariedade do vínculo, que de antemão, pode vir a ser
extinto a qualquer tempo, havendo ou não indenização. Registra- Depreende-se que a autorização de serviço público não é de-
se que o texto da lei acabou por usar designação imprópria de re- pendente de licitação, posto que esta somente é exigível para a rea-
vogação do contrato, tendo em vista que este não é revogado, é lização de contrato. Sendo a autorização ato administrativo, enten-
rescindido, o que se dá de forma contrária do ato administrativo de- se que não deverá ser precedida de procedimento licitatório.
Entretanto, se houver uma quantidade limitada de autorizações a

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serem fornecidas e existindo determinada pluralidade de possíveis Hely Lopes Meirelles ensina que serviços próprios do Estado
interessados, em atendimento ao princípio da isonomia, é neces- “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do
sário que se faça um processo seletivo para facilitar a escolha dos Poder Público, como: segurança, polícia, higiene e saúde públicos
entes que serão autorizados pelo Poder Público. etc., sendo que para a execução destes, a Administração utiliza de
Caso o ato de autorização seja precário, pode de antemão, ser seu poder de hierarquia sobre os administrados. Por esse motivo,
revogado a qualquer tempo, desde que seja por motivo de interesse infere-se que só devem ser prestados por órgãos ou entidades pú-
público, suprimindo o direito à indenização por parte do eventual blicas, sem delegação a particulares”. Por sua vez, os serviços im-
prejudicado. No entanto, a exemplo de exceção, existindo estabele- próprios do Estado “são os que não afetam substancialmente as ne-
cimento de prazo para a autorização, ressalta-se que o vínculo aca- cessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de
ba por perder a precariedade, passando a ser cabível o direito de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remunerada-
indenização em se tratando de caso de revogação da autorização. mente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (autarquias,
Demonstramos, por fim, que embora seja tradição se definir a empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações go-
autorização como ato administrativo discricionário, a Lei Geral de vernamentais), ou delega sua prestação a concessionários, permis-
Telecomunicações determina que a autorização de serviço de te- sionários ou autorizatários”.
lecomunicações é ato administrativo vinculado, nos parâmetros da
Lei 9.472/1997, art. 131, § 1º, de forma a não existir possibilidade c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou indus-
de a administração denegar a prática da atividade para os particu- triais) e sociais
lares que vierem a preencher devidamente as condições objetivas e São constituídos por atividades promovidas pelo Poder Público
subjetivas necessárias com o fulcro de atender às necessidades internas requeridas pela
Administração. Também podem preparar outros serviços que deve-
Classificação rão ser prestados ao público, como por exemplo, as estações expe-
Existem vários critérios adotados para classificar os serviços, rimentais e a imprensa oficial.
dentre os quais, vale à pena destacar os seguintes: Nos ditames da lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o serviço
comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública exe-
a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e serviços cuta, direta ou indiretamente, com o objetivo de atender às neces-
de utilidade pública (não essenciais) sidades coletivas de ordem econômica, tendo como supedâneo no
Em relação aos serviços públicos propriamente ditos, afirma- art. 175 da Constituição Federal, a exemplo dos serviços de teleco-
-se que são serviços classificados como essenciais à sobrevivência municações, dentre outros.
da sociedade e do próprio Estado. Como exemplo, podemos citar Já o serviço público social, cuida-se daquele que atende a ne-
o serviço de Polícia Judiciária e Administrativa. Tendo em vista que cessidades coletivas, em áreas cuja atuação do Estado é considera-
tais serviços exigem a prática de atos de império relacionados aos da de caráter essencial, a exemplo dos serviços de educação, saúde
administrados, denota-se que os mesmos só podem ser prestados e previdência. De acordo com a doutrina dominante, tais serviços,
de forma direta pelo Estado, sem a necessidade de delegação a ter- quando são prestados pela iniciativa privada não são considerados
ceiros. Concernente aos serviços de utilidade pública, aduz-se que como serviços públicos, mas sim como serviços de natureza priva-
são aqueles cuja prestação é de bom proveito à coletividade, tendo da.
em vista que, mesmo que estes visem a facilitação da vida do indiví-
duo na sociedade como um todo, não são considerados essenciais, d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos)
podendo, por esse motivo, ser executados de forma direta pelo Es- Também chamados de serviços singulares ou individuais, os
tado ou ter sua prestação delegada a particulares. Exemplo: a água serviços uti singuli são aqueles cuja finalidade é a satisfação indivi-
tratada, o transporte coletivo, dentre outros. dual e direta das necessidades do indivíduo. Esses serviços têm usu-
ários determinados, sendo, por esse motivo, possível a mensuração
b) Serviços próprios e impróprios de forma individualizada da utilização de cada usuário. São incluí-
A classificação de serviços públicos próprios e impróprios é dos nessa categoria os serviços de fornecimento de água, energia
apresentada com variações de sentido na doutrina. elétrica, telefone, etc. que podem ser remunerados por intermédio
No entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a doutri- de taxa ou tarifa.
na clássica classifica como serviços públicos próprios aqueles que, Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços uni-
em decorrência de sua importância, o Estado passa a assumir como versais, coletivos ou gerais, são os serviços prestados à coletividade,
seus e os coloca em execução de forma direta por intermédio de porém, são usufruídos somente de forma indireta pelos indivíduos.
seus agentes, ou, ainda, indireta que ocorre mediante delegação Exemplos: serviço de iluminação pública, defesa nacional, dentre
a terceiros concessionários ou permissionários. Referente aos ser- outros. Denota-se que os serviços uti universi, de modo geral são
viços públicos impróprios, são aqueles que, embora atendam às prestados a usuários indeterminados e indetermináveis, não sendo
necessidades coletivas, não estão sendo executados pelo Estado, por esse motivo, passíveis de ter seu uso individualizado. Além disso
nas suas formas direta ou indireta, mas estão autorizados, regula- são custeados através de impostos ou contribuições especiais. Por
mentados e fiscalizados pelo Poder Público. Exemplo: as institui- esse motivo, o STF editou a Súmula 670 (posteriormente convertida
ções financeiras, de seguro e previdência privada, dentre outros. na Súmula Vinculante 41), na qual predomina o entendimento de
Entretanto, a própria autora explica que os serviços considerados que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado me-
impróprios pela retro mencionado corrente doutrinária, em sentido diante taxa”, uma vez que se trata de serviço uti universi.
jurídico, sequer poderiam ser considerados serviços públicos, tendo
em vista que a lei não atribui a sua prestação ao Estado.

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Por fim, ressalta-se que há uma correlação entre a conceitua- Vejamos a definição e a importância de cada um deles:
ção do serviço como uti universi ou uti singuli e o seu custeio, pois,
quando o serviço é uti singuli, é possível identificar o usuário e men- Princípio da legalidade
cionar a utilização da expressão a “conta” deve ser paga pelo pró- Previsto no art. 37 da CRFB/1988, é conceituado como um pro-
prio usuário, mediante o implemento de taxa, preço ou tarifa. Em se duto do Liberalismo, que pregava a superioridade do Poder Legisla-
tratando de serviço uti universi, quando não é possível saber quem tivo na qual a legalidade se divide em dois importantes desdobra-
são os usuários de forma individualizada, pois, o usuário é a “coleti- mentos:
vidade”, nem quantificar o uso, a “conta” é paga pela coletividade, a) supremacia da lei: a lei acaba por prevalecer e tem preferên-
mediante o recolhimento de impostos ou contribuições especiais. cia sobre os atos da Administração;
b) reserva de lei: o tratamento de determinadas matérias deve
Princípios ser formalizado pela legislação, excluindo o uso de outros atos com
Os princípios jurídicos solidificam os valores fundamentais da caráter normativo.
ordem jurídica. Em razão de sua fundamentalidade e abertura lin- Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
guística, os princípios se espalham sobre todo o sistema jurídico, principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
vindo a garantindo-lhe harmonia e coerência. trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só
Os princípios jurídicos são classificados a partir de dois crité- poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,
rios. Partindo da amplitude de aplicação no sistema normativo, os agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o
princípios podem ser divididos em três espécies: princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen-
a) Princípios fundamentais: são princípios que representam tos legais é ilícito.
as decisões políticas de estrutura do Estado, servindo de base para
todas as demais normas constitucionais, como por exemplo: prin- Princípio da impessoalidade
cípios republicanos, federativo, da separação de poderes, dentre Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
outros; duas interpretações possíveis:
b) Princípios gerais: via de regra, se referem a importantes es- a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pública
pecificações dos princípios fundamentais, embora possuam menor deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico aos
grau de abstração e acabam por se espalhar sobre todo o ordena- particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas a
mento jurídico. Exemplos: os princípios da isonomia e da legalidade; discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da
c) Princípios setoriais ou especiais: se destinam à aplicação de CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata-
certo tema, capítulo ou título da Constituição. Exemplos: princípios mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em
da Administração Pública dispostos no art. 37 da CRFB: legalidade, posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei
8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
Já a segunda classificação, acaba por levar em conta a menção portadores de deficiência.
expressa ou implícita dos princípios em seus textos normativos. São b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
eles: públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como
a) Princípios expressos: são os que se encontram expressa- feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais
mente mencionados no texto da norma. Exemplos: princípios da toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter
Administração Pública que são elencados no art. 37 da CRFB); educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art.
b) Princípios implícitos: são os reconhecidos pela doutrina e 37, § 1.°, da CRFB : “dela não podendo constar nomes, símbolos
pela jurisprudência advindo da interpretação sistemática do orde- ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
namento jurídico. Exemplos: princípios da razoabilidade e da pro- servidores públicos” .
porcionalidade, da segurança jurídica.
Em relação ao processo administrativo, denota-se que estes Princípio da moralidade
são regulados por leis infraconstitucionais e que também elencam Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua-
outros princípios do Direito Administrativo. A nível federal, registra- ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia-
-se que o art. 2. ° da Lei 9.784/1999 cita a existência dos seguintes pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao
princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, propor- administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação
cionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo:
jurídica, interesse público e eficiência. a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13
do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada
Sem qualquer tipo de dependência da quantidade de princípios súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não
elencados pelo ordenamento e pela doutrina, podemos destacar, parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é
para fins de estudo os principais princípios do Direito Administrati- um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo
vo: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política.
razoabilidade, proporcionalidade, finalidade pública (supremacia
do interesse público sobre o interesse privado), continuidade, auto- Princípio da publicidade
tutela, consensualidade/participação, segurança jurídica, confiança Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
legítima e boa-fé. do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art.
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com
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o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado
praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a de Direito.
atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di-
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di- ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais, porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi-
com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ- paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade,
ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo- vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos
tivação dos atos administrativos. excessos cometidos pelo Poder Público.
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
Princípio da eficiência subprincípios:
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- pretendido.
nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição
finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan-
duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita- çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda-
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art. mentais.
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998). c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma tí-
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que pica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
garantem sua eficiência: atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
rar a situação de outrem. que será efetivado.
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas de
forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número de Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”). se privado (princípio da finalidade pública)
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação categorias:
de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as- necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo
pectos. justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi-
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna outros.
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di- b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró-
reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se
da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple-
Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará- mentado através de atividades administrativas instrumentais que
ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra- são necessárias ao atendimento do interesse público primário.
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para, Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes
por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of público e ao patrimônio público.
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra
abusos do Estado). Princípio da continuidade
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons- ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria. Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú-
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te- blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador
orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o
no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho- serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen-
mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber, às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade
na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que
o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.

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Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA
e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser NETO, 2006, p. 337-338).
prestado sempre na medida em que a necessidade da população Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne- neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado -políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos
sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne- seus institutos participativos e consensuais.
cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem-
plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou- Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
tros. boa-fé
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
Princípio da autotutela boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re-
ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência dos:
e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em
346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999. conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido,
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela Subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas relacio-
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal nadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante Objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos par-
à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- ticulares;
culares de modo geral. Subjetiva: está ligada à relação com o caráter psicológico da-
quele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteriza-
Princípios da consensualidade e da participação ção da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor- particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato atuação do Estado.
de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões nam por surpreender os seus receptores.
mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos. supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei-
assumir um importante papel no condizente ao processo de iden- to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988.
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
tutela da Administração Pública. princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
de e da participação, a administração termina por voltar-se para a ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar
da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos:
resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente;
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi-
ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in- ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de
teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola- que as suas expectativas são razoáveis;
boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
consenso e da participação. nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien-
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma- tam o cidadão a adotar determinada conduta;
da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa-
jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con- ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio
selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do lerância da Administração); e
interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu- ções no caso.
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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Servidores temporários: são os contratados por determinado


período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo-
AGENTES PÚBLICOS. rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas,
mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime
Conceito jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo, Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os militares
várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as eram tratados como “servidores militares”. Militares são aqueles
concernentes à Administração Pública e seus agentes como um que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha, o Exérci-
todo. to e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de Bombeiros
A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, que estão
conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pelos cofres
forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra- públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico estatutário
tiva, com investidura definitiva ou transitória. disciplinado em lei por lei, os militares estão submetidos à regras
jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis estatutários,
Espécies (classificação) justificando, desta forma, o enquadramento em uma categoria pro-
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca- pícia de agentes públicos.
tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos
civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público. Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral,
Vejamos cada classificação detalhadamente: são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença
Agentes políticos à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis-
Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên- tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen-
cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos. to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.
Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal, Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da
estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores
Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla- públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili-
tivo como Senadores, Deputados e Vereadores. dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades.
De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo, Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu-
com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car- mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos,
gos comissionados, de livre nomeação e exoneração. como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve
Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti-
forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare- cos.
cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono-
mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão Cargo, Emprego e Função Pública
constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público, Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
da Magistratura e dos Tribunais de Contas. servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua-
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre-
Servidores Públicos Civis gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa
De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos.
que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba- Cargo
lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co- O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
jurídicas. ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi- devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi-
cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional
aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público.
militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans-
de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú- formados e extinguidos por força de lei.
blicos para se referir somente aos servidores públicos civis. Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po-
De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de
servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma- cargos, empregos e funções públicas.
neira: Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes-
Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do
pelo regime estatutário. chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra- sem sanção.
tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A despeito da criação de cargos, vejamos: Função Pública


a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do existem determinadas atribuições que também são exercidas por
Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec- servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem
tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público,
de cargos para o Ministério Público. como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata-
c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder com base no art. 37, IX, da CFB/88.
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.Em- Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe-
bora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se estive- nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público.
rem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por decreto Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento
do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver ocupa- para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão
do, só poderá ser extinto por lei. exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos
termos do art. 37, V, da CFB/88.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
jamos: Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da
Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire-
razão do regime de progressão do servidor na carreira. ção, chefia e assessoramento.
Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
titulares. Regimente Jurídico
Provimento
Em relação às garantias e características especiais que lhe são Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser-
conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos; vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual
e comissionados. Vejamos: ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa.
Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per- Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de
manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es- cargos públicos em dois grupos. São eles:
ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art. Provimento originário: é ato administrativo que designa um
37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri- cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores
buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma- daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública.
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori- O provimento originário é a única forma de nomeação reco-
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal-
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or-
nomeante. dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o
momento da nomeação configura discricionariedade do adminis-
Emprego trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi-
Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por
de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos
também chamados de celetistas ou empregados públicos. para a ocupação do cargo.
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este
que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a
empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser- garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária. público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten-
No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os do a todas as normas estatuárias da instituição.
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au- O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves-
tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei
a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988 8.112/90.
(ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta- De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é
tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re- de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi-
à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio
contratações e admissões no regime de emprego público. No to- de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei
cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como 8.112/90.
as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser-
públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis- vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para
tência de empregados públicos, nos termos legais. iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1°
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos: no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita-
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor- ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta
nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob- sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de trabalho.
10.12.97). Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven-
cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo
Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para servidor em virtude da readaptação.
posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser- Observação importante: esta modalidade de provimento deri-
vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain-
a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação. da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap-
Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente.
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra- Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis,
ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea-
que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de- daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa
rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro- do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen-
vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado.
originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
carreira. Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi-
Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo
de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor-
originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira rer de quatro formas. São elas:
por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor-
defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu- no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público.
lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez,
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de
Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro- laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que
vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser-
não integra a carreira na qual anteriormente investido. vidor ao cargo.

Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de
permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi- forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos
cas específicas. Vejamos: em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta-
Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense- doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives-
jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade,
carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci- que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so-
mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado, licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição
mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem de reversão.
como mediante assunção de cargo escalonado em carreira.
Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o
deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior-
forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento. mente, em decorrência da anulação do ato de demissão.
Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis-
assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem- são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon-
plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo
de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal.
situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a
realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra-
abolida pela Constituição Federal de 1988. ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses:
Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis-
posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car- Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do restará desfeito e o cargo vago.
serviço público.
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex- b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co-
posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda
qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste- do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for-
riormente reintegrado. ma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu-
Observação importante: A recondução não gera direito à per- radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos,
cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática
servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu- a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de-
neração deste cargo. vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais
extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en- ao serviço público.
contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com- A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo
patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
cargo que antes ocupava. defesa.
Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex-
tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú- c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de
blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida- tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em
de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór-
temporária, mantendo o vínculo com a administração pública. gão competente.
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida- O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá
cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação
será obrigatório. ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância
de outro, acopladas num só ato.
Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público,
a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita- por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir
mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser- cargo mais elevado na carreira de ingresso.
vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
sar o aproveitamento. e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi-
dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova,
Vacância mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas
As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o
cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú- primeiro.
blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi- Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela
co não está provido e poderá preenchido por novo agente. Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será
A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas: necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen-
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por
a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei,
pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati- processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali-
vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a dade de demissão do servidor.
aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para Efetividade
que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo
maneiras: que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14,
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi-
• Falecimento dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de
Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba-
servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá- tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe-
vel a ocupação do cargo. nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa
cargo de provimento efetivo.
• Exoneração Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser
Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende
público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan- explicitamente da aprovação em concurso público.
do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan- 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên- buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí- neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
cio, desde que seja aprovado no estágio probatório. dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
ções nomeante.
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados,
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
e funções públicas. 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que decreto, quando estes se encontrarem vagos.
mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a
dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme-
do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso- lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or-
luções. gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios.
denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú-
cargos públicos, nos termos da lei. blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei
Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria, ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve- estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
jamos: não se admite a edição de decreto com essa finalidade.

Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe Remuneração


desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art.
37, a seguinte redação:
Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis-
tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
cargos para o Ministério Público. por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as-
segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin-
Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou ção de índices;
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo-
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte-
decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da
ocupado, só poderá ser extinto por lei. edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
jamos: O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men-
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento
Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em alguns cargos e facultativa para outros.
razão do regime de progressão do servidor na carreira. Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal,
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci-
Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
titulares. representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu-
Em relação às garantias e características especiais que lhe são neração em sentido amplo.
conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos; Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usado
e comissionados. Vejamos: o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com frequ-
ência para indicar a remuneração dos servidores estatutários que
Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per- não percebem subsídio.
manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- apenas como “militares.
niárias estabelecidas em lei. Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter- deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está, revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen- para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re- 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
ceber. da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita- que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-
do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa- cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como
gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma espécie do gênero “servidores públicos”.
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba- A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos 19/1998.
recebem salário. O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege, fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- “aumento impróprio”.
mos resumir das seguintes formas:
Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
A iniciativa é privativa do o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada
CARGO DO PODER
Presidente da República mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as re-
EXECUTIVO FEDERAL
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”); estruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV); de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF, de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os
FEDERAL art. 52, XIII); Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a
cada ano.
Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti-
gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e da aos valores mínimo e máximo.
dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser-
de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores, vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores
onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ). em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser
Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais, inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total
dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base.
dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante
Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden- 16.
te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não
constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali- foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF,
zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne-
do Congresso Nacional. cimento das condições materiais para a correta prestação do ser-
Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu- viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se
nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral que os militares são enquadrados em um sistema que não se con-
anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes
ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE
Executivo de cada Federação. 570177/MG).
O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final, Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor-
garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não
“servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
índices. salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”.
A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto, Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune-
a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003.
Vejamos:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu-
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do nicipal.
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
nal nº 41, 19.12.2003). Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici-
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis- tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios.
tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Direitos e deveres
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso- jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
ais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de caráter e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
indenizatório, estas não serão computadas para efeito de cálculo do do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
teto remuneratório. ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:

Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena- Indenizações


mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No ções a serem pagas ao servidor federal:
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre- instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
art. 37, XI, da CF. domicílio em caráter permanente.
Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen- A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não
te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po- sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este, com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida
o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se
referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune-
Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden-
remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí- te a três meses de remuneração.
dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra- Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado
passar os limites a seguir: pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo,
Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador; passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es- ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma
taduais e Distritais; segunda ajuda de custo.
Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado- Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as
res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser
Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem,
Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores bagagem e bens pessoais.
e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
Judiciário.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado 60-B). Vejamos:
do óbito. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten-
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
dias. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público Lei nº 11.355, de 2006).
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção, auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
REsp 1.531.494/SC). par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
Diárias pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em 11.355, de 2006).
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
e locomoção urbana. Lei nº 11.355, de 2006).
As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
(art. 58, § 2º). ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da 11.355, de 2006).
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, 11.355, de 2006).
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas Gratificações
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no do servidor público.
prazo de cinco dias. Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre- que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
excesso no prazo de cinco dias. e adicionais:
a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi- em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es-
Lei 8.112/90). pecífica.
b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador
b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida- da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da
mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen- mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da
te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí-
mês após a comprovação da despesa pelo servidor. cio será considerada como mês integral.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha trabalho.
habitualmente colocam em risco a sua vida. No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
trabalho. exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor- cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res- balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- trinta segundos (art. 75).
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis-
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
trinta segundos (art. 75). assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
gem será considerada no cálculo do adicional de férias. Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de Férias
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado. períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido- exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri- Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
do à sua percepção. com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
Adicionais profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde desses períodos (art. 79).
dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi-
ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta
resumi-los da seguinte forma: de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º).
a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício.
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva-
habitualmente colocam em risco a sua vida. mente discricionária da administração, que só o fará se compreen-
der que o pedido atende ao interesse público.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No condizente à remuneração das férias, depreende-se que § 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do
esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen-
sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário,
férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois na forma do disposto no inciso II do art. 44.
dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78). § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro condições:
período (art. 78, § 5º). I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis- remuneração do servidor;
são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro- neração.
porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º). muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de II do § 2º.
serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu- poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min. condições:
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008). I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
remuneração do servidor;
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, neração.
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
8112/90: § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
a) calamidade pública; muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
b) comoção interna; um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- II do § 2º.
ma do órgão ou entidade. § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
Licenças deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
com o tipo de licença. exercício de atividade compatível com o seu cargo.
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas: Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
I - por motivo de doença em pessoa da família; cífica.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
III - para o serviço militar; 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
IV - para atividade política; go.
V - para capacitação; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
VI - para tratar de interesses particulares; durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
VII - para desempenho de mandato classista; partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
VIII - para tratamento de saúde; de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
X - Licença à Gestante (art. 207); desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
XI - Licença à Adotante (art. 210); assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
XII – Licença Paternidade (art. 208). partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
nação: § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
por perícia médica oficial. cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
para participar de curso de capacitação profissional.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está- gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito
gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado
muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe- tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada
deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre- e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da
sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN).
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- Concessões
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII Três são as espécies de concessão:
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser- a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au-
vados os seguintes limites: sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue;
servidores; por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei-
mil) associados, 4 (quatro) servidores; ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, ou tutela e irmãos.
8 (oito) servidores. b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des- dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
de que cadastradas no órgão competente. colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
§ 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
renovada, no caso de reeleição. de por junta médica oficial, independentemente de compensação
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
prejuízo da remuneração a que fizer jus. oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. no prazo de até um ano.
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
partir do parto. à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
reassumirá o exercício. matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis grafo único).
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois Direito de petição
períodos de meia hora. De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias to ou interesse legítimo.
de licença remunerada. O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
artigo será de 30 (trinta) dias. ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
acidentado em serviço. (art. 105).
Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê-
mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração
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De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re- Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão
curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re- constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina
consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in- e a jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta-
terpostos. do em alusão aos atos de seus agentes.
Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car-
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a regou e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti-
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto- tuição de 1824.
ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis-
estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui- pôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon-
dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo sáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem
da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou fal-
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à tando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni- causadores do dano”. Para a doutrina, o entendimento é de que o
co da Lei 8112/90. referido dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva
O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon- do Estado tanto no sentido de culpa civil, quanto por ausência de
sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo serviço.
interessado, da decisão recorrida (art. 108). Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man-
Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em teve a responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no
cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen- art. 171, o seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so-
tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e lidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por
créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de- quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso
mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei. no exercício dos seus cargos”.
A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes-
Em relação à prescrição, merece também destaque: mo dispositivo da Constituição de 1934.
Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre-
levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso, sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir,
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de por sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con-
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado forme ditado no dispositivo a seguir:
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi-
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90). Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci-
vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa
qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcio-
RESPONSABILIDADE DO ESTADO.
nários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes.

Evolução histórica A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi


De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con- audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o
ceito de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário
na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de
estéticos que os seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
terceiros. A responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no
dois grupos: a contratual, que advém da ausência de cumprimento art. 37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e
de cláusulas inclusas em contratos administrativos, e a extracontra- as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão
tual ou aquiliana, que alcança as demais situações. pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel- ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca-
so Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do sos de dolo ou culpa”.
Estado sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor-
mesmo no período em que não existia dispositivo de norma espe- mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do
cífica. Para o mencionado autor, desde os primórdios, predominou Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí-
no Brasil a tese da responsabilidade do Estado com base na teo- dicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por
ria da culpa civil. Logo após, houve o avanço para que houvesse a exemplo: as fundações governamentais de direito privado, as em-
admissão da culpa pela ausência de serviço. Por fim, chegou-se à presas públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer
aprovação da responsabilidade objetiva do Estado. pessoa jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente
Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo- paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título
ca, previa somente a responsabilidade pessoal do agente público, para a prestação de serviços públicos.
conforme disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no civil objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas
exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente respon- e das sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco-
sáveis aos seus subalternos”. nômica, tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina
de forma expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aplicáveis às empresas privadas. Por consequência, tais entidades Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos
estão sujeitas à responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe- comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de
las normas comuns pertinentes ao Direito Civil. forma positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu-
Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am- tor de veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o
bos da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal efeito de drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
tem ampla abrangência tanto no condizente ao dano material como Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa-
o dano moral. Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes-
as espécies de danos indenizáveis, passando a determinar que o ma a ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se
dano estético se constituiria em uma espécie de dano autônomo que o artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação
no qual a indenização poderia ser expressamente cumulada com a restrita em relação aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a
reparação pelos danos materiais e morais. sua invocação nos casos específicos de responsabilidade por omis-
Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se- são estatal.
guir a teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988
e a teoria do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor- Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da
ma ou regra em nenhuma das constituições brasileiras. Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado,
No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó- dispõe:
teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas.
A título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris- seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
tas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasilei- direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
ras (Leis 10.309/2001 e 10.744/2003).
Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che- O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da
ga-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa-
orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo, bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro
no entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do
direito privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressal- ônus da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe
ta-se que a omissão, nesse caso, não impede a responsabilização somente comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo
objetiva dessas pessoas jurídicas, posto que está prevista no texto sofrido.
constitucional. Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos
Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté- danos causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú-
ria podem ser resumidas da seguinte maneira: blico ou, ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres-
• A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita tam serviço público, não tendo qualquer espécie de alcance às si-
no direito brasileiro. tuações nas quais o dano tenha decorrido de ato de terceiro ou de
• A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá- fatos advindos de caso fortuito ou força maior.
trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe-
culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de deral de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es-
trabalho até chegar à responsabilidade objetiva. tatal, posto que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente
• A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena- da ação de um agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro,
mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946. denotando que a omissão do Estado apenas contribui para o resul-
• A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi- tado.
lidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter-
• A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade ceiro, razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi
por danos morais ou extrapatrimoniais. consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es-
• A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta tado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses
Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a de omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili-
teoria do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses dade objetiva com base no risco administrativo.
excepcionais.
• Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não Responsabilidade por omissão do Estado
haver feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí- Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú-
dicas que prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002, blico deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar
prevê também a responsabilidade objetiva do Estado. diretamente o dano, possibilita sua ocorrência.
Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com
Responsabilidade por ato comissivo do Estado os parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado.
De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do No entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva,
Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica- posto que deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a
dos por seus agentes. omissão estatal.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi- e, mesmo desta forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto
cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento que a Administração Pública somente poderá ser responsabilizada
de que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon- por danos que estava obrigada a impedir.
sabilidade objetiva nos atos comissivos.
Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es-
agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A tado
responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da
quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade
determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté- do dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
tica, um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen-
qual um banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo te público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a
que o banhista venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação, agente público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em
o Estado explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis- conduta comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu-
são do agente público, tendo em vista que este tinha o dever legal de, ou não, do comportamento funcional e a inexistência de causa
de agir, ao menos tentando salvar a vida do banhista e não o fez. excludente da responsabilidade do Estado.
Em outro ângulo, aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi-
guarda salva-vidas, a mencionada omissão fosse praticada por um lidade do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada
Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede- pelo agente que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo,
ração, o Estado não poderia ser responsabilizado, tendo em vista no caso de odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área
que ao Analista, não era incumbido o dever legal de tentar salvar de atuação em hospital público e venha a cometer algum erro, ca-
o banhista. racterizado como ato ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor
Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37, contra cáries, quando a substância vem a causar situação adversa
§ 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris- irreversível caracterizada como ato lícito, são atos que acabam por
co administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do gerar danos passíveis de reparação, na forma objetiva.
Estado. Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada,
Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão deve haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o
estatal é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade dano” por meio do adimplemento de uma contraprestação de na-
do artigo 37, § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da tureza pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a
responsabilidade objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense- violação à dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material
ja ao entendimento de que a responsabilização do mesmo apenas que cause prejuízo financeiro a outrem.
poderá ser invocada se sua ausência de ação houver sido culposa. Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de
Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do dano, esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru-
estatal por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio- ção de um presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a
namento já foi referendado por muitos de nossos mais renomados causar danos irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias.
e importantes administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely Pondera-se também que deve haver o nexo causal, que se trata da
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl- necessária e importante relação de causa e efeito entre a conduta
timo, o esclarecedor ensinamento de que a partir do momento em praticada pelo agente e o dano causado. Não existindo o nexo cau-
que o dano foi constatado em decorrência de uma omissão do Esta- sal, ou for disseminado por algum fator, estará afastada a responsa-
do, sendo pelo serviço que não funcionou, ou, funcionou de forma bilidade do Estado.
ineficientemente ou tardia, aduz-se que caberá a aplicabilidade da No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de-
teoria da responsabilidade subjetiva. Entretanto, se o Estado não monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário
agiu, não será, por conseguinte, ser ele o autor do dano. E, não sen- e devido também que se prove o nexo causal.
do ele o autor, só será responsabilizado se caso estivesse obrigado
a impedir o dano. Observação importante: O STF tem entendido que, havendo
Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli- fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo-
cada não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co- ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a
brança de responsabilização até mesmo quando o dano é advindo particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não
de atuação lícita do Estado. haver mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de
Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver- fuga. Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e
dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter- o crime faz com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais
ceiro. Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo- possível imputar ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en-
cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano tende como longo, pondera-se que não existe uma tabela de prazos
ocorra, isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar que regule tal entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise
também, inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser de casos concretos e específicos.
invocada quando existir a impossibilidade real de impedimento do Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do Es-
dano mediante atuação aplicadora do Estado. tado
Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem
apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci- algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar
ta, a Administração não será responsabilizada se houver utilizado e ou não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân-
esgotado suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo cia que explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil
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estatal é a existência de culpa concorrente da vítima, comprovan- do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações li-
do assim a inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma, beratórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciadoras
na situação hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/RJ).
público e a um particular, na qual tenha ocorrido imprudência de
ambos os condutores, o Estado não responde pela integralidade do Esquematizando, temos:
dano, o que faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser
rateados na proporção da culpa de cada responsável pelo ato. CULPA OU DOLO
Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade EXCLUSIVO DA VÍTIMA
CASO FORTUITO
do Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes: OU DE TERCEIROS
E FORÇA MAIOR
culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e
força maior. O STF e o STJ tem atribuído
aos eventos extraordinários, im-
Vejamos: previsíveis e de força irresistível,
ocorridos de forma externa à ad-
É excludente da respon-
Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros ministração pública com causídi-
sabilidade do Estado, uma
É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas- co de danos aos administrados,
vez que afastam o nexo cau-
ta o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis- a especificidade de excludentes
sal entre a conduta do agen-
tente. A esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não do nexo causal ocorridas entre a
te público e o dano existente
é cabível a invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na atuação administrativa e o evento
hipótese de suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se danoso, de modo a impedir a res-
encontrar sob a custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe ponsabilização estatal pelos preju-
a integridade física e moral, buscando sua total proteção, inclusive ízos causados.
do suicídio. Nesse sentido, o STF entende que o suicídio de detento
é motivo de omissão ilegítima, que por sua vez, gera responsabili- Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do
dade civil objetiva do Estado, que passará a ter o dever de indenizar art. 393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifica-
por meio de danos morais os familiares do falecido. -se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impe-
Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos dir.” Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a
imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad- referência é a “caso fortuito ou de força maior”, com as expressões
ministração pública e que causam danos aos administrados. Tendo objeto de tanta discussão acadêmica citadas em conjunto, separa-
em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre a atu- das apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar
ação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á por que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo
excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo imputado mesmo regime jurídico, não há relevância na tentativa de diferen-
qualquer dever de indenizar. ciação.

Caso fortuito e força maior Reparação do dano


Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex- Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na
cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes- esfera administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via
tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex- judicial.
pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra-
arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem tando de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou
conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que a terceiros.
podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even- Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada
tos naturais. por intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de-
Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri- fesa e o contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do
bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im- agente, o adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou,
previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à caso contrário, por medida judicial.
administração pública com causídico de danos aos administrados, No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des-
a especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a conto em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re-
atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a ferentes ao ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização
responsabilização estatal pelos prejuízos causados. prévia do agente ou procedimento administrativo com a aplicação
Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis- da ampla defesa e do contraditório.
te a preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode-
somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso rá ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade
específico do objeto de exame. objetiva, ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da
Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas- responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado-
ta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortui- ção da teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida
to ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/ cabível seria o direcionamento da pugnação de reparação em face
RJ), enquanto o STF asseverou que “o princípio da responsabilidade do Estado.
objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran-
damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil
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De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao
dever de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de
o agente público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou ações de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri-
culpa. tíveis. Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu,
Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do com repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de
agente público nasce com o pagamento da indenização à vítima. danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil.
Assim sendo, não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen- D)É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação
tença que condena o Estado na ação indenizatória, posto que o in- de ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de
teresse jurídico para propor a ação regressiva depende em grande prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten-
parte do efetivo desfalque nos cofres públicos. Denota-se que caso do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da
ocorra a propositura da ação regressiva antes do pagamento, pode- CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva,
ria denotar e ensejar o enriquecimento sem causa do Estado. beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser de-
Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face mandados pelos danos advindos pelo falecido.
do agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a extin-
tratando de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos ção de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação re-
trâmites legais, providenciar o ressarcimento aos cofres públicos. gressiva não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exone-
Restando ausente o acordo, o Poder Público terá o dever de propor rado ou demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir
a ação regressiva contra o agente público culpado. os prejuízos causados ao ente público.
Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência compre-
ender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público Nota – Sobre Súmulas Vinculantes
em face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor-
disposto na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal, tador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de
o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
por decidir que é prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o
Código Civil, no prazo de três anos, a ação de reparação de danos à causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite pre-
Fazenda Pública advinda de ilícito civil e de origem de acidente de visto no contrato de seguro.
trânsito, o que não alcança à primeira vista, os ilícitos relacionados
às infrações ao direito público, como por exemplo, os de natureza
penal e os atos de improbidade. A REPARAÇÃO DO DANO E A RESPONSABILIDADE PESSOAL
DO AGENTE PÚBLICO.
Direito de regresso
O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre-
nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di- Preliminarmente, infere-se que a obrigação estatal de indeni-
reito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras zar particulares por danos causados por agentes públicos, possui
de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida- dois importantes fundamentos, que se tratam dos princípios da
de, causarem a terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres- igualdade e da igualdade.
tadores de serviços públicos, o direito de regresso contra o agente Desse modo, a partir do momento em que houver ato lesivo
responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa. ilícito, o fundamento do dever de indenizar será amparado pelo
Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe- princípio da legalidade, tendo em vista que a sua violação ocorreu
sa e do contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado em desencontro com os parâmetros legais.
e exercido sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi- Entretanto, em se tratando de ato lícito que ocasionar prejuízo
tindo ao Estado efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do a particulares, o fundamento para o dever de indenizar se encontra
servidor, sem o consentimento deste. respaldado no princípio da igualdade, tendo em vista a igual repar-
Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a tição dos encargos sociais que lhes são inerentes.
sua responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente Atualmente, a tese utilizada na seara dos órgão públicos defen-
a quantia devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o de que as condutas praticadas por agentes públicos, no exercício de
valor venha a ser descontado de seus vencimentos, desde que res- suas atribuições, devem ser imputadas ao Estado.
peitados os percentuais máximos previstos em lei para essa espécie Desta maneira, a partir do momento em que ocorre a atuação
de desconto. do agente público, considera-se que houve atuação do Estado.
Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos: Acerca da atuação do agente público, pontua-se que o concei-
A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o to desse sujeito encontra respaldo do artigo 2º da Lei nº 8429/92
Poder Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de – Lei de Improbidade Administrativa, que assim o define:
acordo com o reconhecimento da responsabilidade civil estatal, Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
como em decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado. o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ain-
B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é da que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nome-
de natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu ação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investi-
com culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a dura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
indenizar o particular e não reconheça o direito de ser ressarcido referidas no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
pelo servidor responsável. Para isso, basta que não seja comprova- de 2021)
do dolo ou culpa advinda desse agente público.
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Logo, são agentes públicos: o agente político, o servidor públi- Ademais, boa parte da doutrina relaciona esta teoria à ideia de
co e todo aquele que exerce, mesmo que de modo transitório, ou partilha de encargos e justiça distributiva. Lembrando que a discus-
voluntariamente, por eleição, nomeação, designação, contratação são acerca culpa ou dolo, possui reflexo em ação indenizatória para
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, a ação regressiva proposta pelo Estado em face do agente público.
emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º da Lei de Im-
probidade Administrativa. Risco Integral
Desta maneira, em razão da direta atribuição à Administração Se refere a uma variante da responsabilidade objetiva. Defende
Pública, considera-se que o Estado responde pelos prejuízos patri- que basta a comprovação de ato, dano e nexo para determinar a
moniais causados pelos agentes públicos a particulares, por conta condenação estatal em qualquer situação.
do exercício da função administrativa. Ressalta-se que mesmo sendo mais favorável a vítima, o cará-
Nesse sentido, considerando a natureza patrimonial dos pre- ter absoluto do risco integral acaba por produz injustiça, destaca-
juízos ensejadores da reparação a ser feita pelo ente estatal, sa- damente em situações nas quais, o dano é produzido por conta de
lienta-se que tal responsabilidade é de ordem civil. Já em relação ação decidida pela própria vítima.
à responsabilidade, assevera-se que é extracontratual, em razão de Também pode ser aplicada no Brasil em situações excepcio-
vincular-se a danos decorrentes de relações jurídicas de cunho ge- nais, como por exemplo, em indenização coberta pelo seguro obri-
ral. gatório para automóveis (DPVAT), que é efetuado mediante simples
No tocante às indenizações devidas a indivíduos contratual- prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da
mente com o Estado, ressalta-se que estas encontram-se sob disci- existência de culpa.
plina de regras diferentes da responsabilidade civil extracontratual.
Assim sendo, os danos indenizáveis podem ser: materiais, mo- Risco administrativo
rais ou estéticos. É adotada pela Constituição Federal de 1.988 e reconhece a
Nesse diapasão, de acordo com a disposição inserta no artigo existência de excludentes ao dever de indenizar.
37, parágrafo 6º da Constituição Federal, nos moldes do entendi- Ocorrendo as excludentes, será afastado o dever de indenizar
mento do Superior Tribunal de Justiça – STJ, com redação dada pe- em decorrência das seguintes circunstâncias a seguir:
las Súmulas nº 37 e 387, são cumuláveis as indenizações por dano – Por culpa exclusiva da vítima: Ocorre quando o prejuízo é
material e dano moral oriundos do mesmo fato, além de ser lícita a consequência da intenção que foi causada pelo próprio agente pre-
cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. judicado. Exemplo: a pessoa que suicida ao pular de prédio.
Sobre o tema em estudo, destacam-se importantes teorias que – Culpa de terceiro: O prejuízo pode ser atribuído à pessoa es-
disciplinam a matéria. Vejamos: tranha aos quadros de trabalho da Administração Pública.
– Concausa, ou culpa concorrente: A vítima e o agente públi-
Responsabilidade Objetiva co provocam reciprocamente a ocorrência do prejuízo. A situação
Surgiu em 1.947 e perdura até os dias atuais. Esta teoria tam- pode ser sancionada mediante a produção de provas periciais para
bém é conhecida como teoria da responsabilidade sem culpa ou determinar a parte com maior culpabilidade.
teoria publicista. – Força maior: Se trata de acontecimento imprevisível e incon-
A teoria da responsabilidade objetiva afasta a necessidade de trolável que rompe o nexo causal entre a ação estatal e o prejuízo
comprovação de culpa ou dolo do agente público. Além disso, adota sofrido pelo particular.
o dever de indenizar, com base na noção de risco administrativo,
nos moldes do artigo 927, parágrafo único do Código Civil em vigor. • NOTA: A maior parte da doutrina adota o entendimento de
Nesse sentido, aquele que presta um serviço público, passa a que culpa exclusiva da vítima, força maior e culpa de terceiro são
assumir o risco dos prejuízos que venha a causar, independente- excludentes de causalidade, rompendo o nexo causal prevalecente
mente da existência de culpa ou dolo. Além disso, a responsabili- entre a conduta e o resultado lesivo como um todo.
dade não leva em consideração qualquer investigação referente ao
elemento subjetivo. • OBS. Importantes:
• OBS. Importante: a responsabilidade objetiva é garantia do – É possível haver compensação de culpas, onde, da maior cul-
usuário, independentemente de quem realize a prestação do ser- pa, desconta-se a menor.
viço público. – Diferentemente do que ocorre com a culpa exclusiva da ví-
tima, a culpa concorrente não é excludente da responsabilidade
Culpa Administrativa estatal.
Infere-se que esta teoria representa uma adaptação da visão ci- – A culpa concorrente é fator de mitigação ou causa atenuante
vilista à realidade da Administração Pública. Desse modo, para a te- da responsabilidade.
oria objetiva, deverá ser efetuado o adimplemento da indenização
apenas depois que houver a comprovação pela vítima, mediante Destaca-se que é importante salientar que o artigo 43 do Códi-
três requisitos. São eles: go Civil, determina que as pessoas jurídicas de direito público inter-
a) O ato; no são responsáveis civilmente por atos dos seus agentes que nessa
b) O dano; e qualidade, venham a causar danos a terceiros, ressalvado o direito
c) O nexo causal. regressivo contra os causadores do dano, caso exista por parte des-
A teoria da culpa administrativa é fundamentada na concepção tes, culpa ou dolo.
de solidariedade social, tendo em vista que ela distribui os encargos Com o objetivo de melhor entendimento do assunto, verifique-
advindos de prejuízos especiais que oneram determinados particu- mos o que determina o artigo 37, §6º da Constituição Federal:
lares entre a coletividade.
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Art. 337 – A administração pública direta, indireta ou funda- Nesta esteira, analisemos importantes tipos de dano em que
cional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito o Estado, em razão da atitude de seus agentes, possui o dever de
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, indenizar:
impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:
[...] Danos por omissão
§ 6º, da Constituição Federal, é objetiva a responsabilidade das O Estado deixa de agir e por isso, não consegue impedir um re-
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públi- sultado lesivo. É o caso dos danos causados por enchentes, quedas
cos, pelos danos causados a terceiros, com base na teoria do risco de árvore, etc.
administrativo. Nesse sentido, atualmente, a doutrina majoritária e o STF tem
Da referida legislação, em síntese, aplicando-se conceitos dou- entendido que a partir da hipossuficiência advinda da posição de
trinários, bem como importantes resultados de julgamentos de Tri- inferioridade da vítima diante do Estado, deve ser observada a in-
bunais acerca do tema em estudo, podemos extrair que: versão no ônus da prova relativa à culpa ou dolo, presumindo-se a
– As pessoas jurídicas respondem pelos danos que seus agen- responsabilidade estatal nas omissões ensejadoras de comprovado
tes causarem a terceiros; prejuízo ao particular, de modo a restar ao Estado, para afastar tal
– De acordo com a adoção da teoria da imputação volitiva de presunção, realizar a comprovação de que não agiu com culpa ou
Otto Gierke, somente podem ser atribuídos à pessoa jurídica, os dolo.
comportamentos do agente público durante o exercício da função
pública; Responsabilidade dos Concessionários de Serviços na Esfera
– Nos termos do RE nº 327.907/SP, impede a propositura de Pública
ação de indenizatória diretamente contra a pessoa física do agente Sobre o tema, o artigo 2º, inciso II da Lei nº 8.987 de 1 de feve-
se o dano foi causado no exercício da função pública; reiro de 1.995, com redação atualizada pela Lei nº 14.1/2021, con-
– As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos da- ceitua o seguinte:
nos que seus agentes causarem a terceiros; Art. 2º - Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
– As pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço [...]
público, responderão pelos danos que seus agentes causarem a ter- II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,
ceiros; feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
– As empresas públicas, as sociedades de economia mista, os concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio
concessionários, bem como os permissionários, são considerados de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
pessoas jurídicas de direito privado e não estão vinculadas à res- sua conta e risco e por prazo determinado; (Redação dada pela
ponsabilidade objetiva, como ocorre com as pessoas de direito pú- Lei nº 14.133, de 2021)
blico; Logo, a responsabilidade primária pelo ressarcimento de danos
– As pessoas de direito privado respondem de forma objetiva decorrentes da prestação é do concessionário, cabendo ao Estado
enquanto estiverem prestando serviços públicos como uma decor- concedente por sua vez, responder em regime subsidiário.
rência do regime jurídico próprio do serviço público, mas, não pela Ressalta-se que a Constituição Federal em vigor não predispõe
qualidade da pessoa; acerca de diferença em relação à qualidade da vítima. No artigo 25
– A Constituição Federal predispõe acerca da utilização de ação da Lei 8987/95, temos que incumbe à concessionária a execução do
regressiva em desfavor do agente apenas nos casos de culpa ou serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos
dolo, fator que torna a responsabilidade subjetiva do agente públi- causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem
co subjetiva, pelo fato de pressupor a existência de culpa ou dolo. que a fiscalização exercida pelo órgão competente, exclua ou ate-
– De acordo com as Lei nº 10.309/2001 e nº10.744/2003, em nue essa responsabilidade.
situações de atentados terroristas em aeronaves, a União assume Desse modo, sintetizando, percebe-se que é dever da con-
as despesas de responsabilidade civil perante terceiros quando cessionária executar o serviço concedido. Além disso, cabe-lhe
ocorrer a bens e pessoas, estejam estas na condição de passageiros a incumbência de responder por todos os prejuízos que venha a
ou não, provocados por atentados terroristas, atos de guerra, con- acarretar ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem a
tra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasi- necessidade de que a fiscalização exercida pelo órgão competente
leiras de transporte aéreo. exclua ou abrande tal responsabilidade.
Além disso, é de suma importância destacar que são caracte-
rísticas do dano indenizável:
a) Ser anormal: O dano deve exceder o limite do razoável, con-
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
siderando que o convívio social impõe determinados desconfortos
considerados normais e toleráveis e que não ensejam o pagamento
de indenização; Controle exercido pela Administração Pública (controle interno)
b) Ser específico: Que alcance destinatários determinados, A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes
atingindo um indivíduo ou uma classe delimitada de indivíduos. possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo
certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os direi-
Da Responsabilidade por Atos Lícitos tos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do Poder
Independentemente da licitude ou ilicitude do ato lesivo, basta tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja sujei-
a existência de prejuízo anormal e específico oriundo de ação ou ta a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo.
omissão de agente público para que nasça o dever de indenizar.

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Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade de
dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de juris-
possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando dição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Judiciário
as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a inferir que
tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob vi- somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em sentido pró-
gilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem ser prio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de serem modi-
vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu veto ficadas.
derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não concor- Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida pela
dando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a entender Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo en-
que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder de incumbir contram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário.
a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir o conflito, É importante registrar que o fundamento da adoção do siste-
como por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da Repúbli- ma de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se encontra
ca. O Judiciário contém os membros de sua cúpula (STF), que são inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual ficou es-
indicados pelo chefe de outro Poder, no caso, o Presidente da Repú- tabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
blica, sendo a indicação restrita à aprovação de uma das Casas do lesão ou ameaça a direito”.
Parlamento (Senado Federal), o que acaba por ser uma espécie de Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sistema
controle prévio. de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso administrati-
Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Di- vo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a função juris-
reito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos que dicional é exercida por duas estruturas orgânicas que são regidas
possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais instru- de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária e a Justiça
mentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se mantenha Administrativa, posto que cada uma profere decisão com força de
sempre consolidada com o direito, visando ao interesse público e coisa julgada no âmbito de suas competências.
mantendo o respeito aos direitos dos administrados. Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema
Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais
pode ser interno ou externo. Vejamos: administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder sobre- litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça Ad-
pondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo Poder, ministrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do Poder
ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Administração Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade confli-
indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa jurídi- tos que envolvam somente particulares.
ca da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador encon- Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via
tra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser controlada. de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, pois ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os Magis-
esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores controlar trados não apreciam o mérito do ato administrativo, não analisando
os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em resumo, o a conveniência e a oportunidade da prática do ato.
controle interno que venha a depender da existência de hierarquia Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas chefias so- de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício, a
bre seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de controle in- decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato admi-
terno” é organizado por lei incumbida de lhe definir as atribuições, nistrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é cabível
não dependendo de hierarquia para o exercício de suas prerroga- no exercício da função jurisdicional a revogação do ato administra-
tivas. tivo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do mérito do ato.
• Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutu- É de suma importância destacar que o controle judicial possui
ra do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos, abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos dis-
quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar cricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de
as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma,
é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto os
Controle Judicial discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou ilegiti-
Registremos, a princípio, que o controle judicial da Administra- midade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados pelo
ção Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, quan- Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle jurisdicio-
do em exercício de função jurisdicional, sobre os atos administra- nal.
tivos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo
Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa
Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicida- de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pes-
de que engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade soa que tenha a pretensão de provocar o controle da administração
da conduta administrativa. pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a
Denota-se que o controle externo da Administração por meio ação cabível para o alcance desse objetivo.
do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies de
Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle, ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou ame-
como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado aça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o habeas
de injunção e o habeas data. corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A relação das
ações que dão possibilidade ao controle judicial da Administração
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

será sempre a título de exemplificação, tendo em vista que o con- De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle le-
trole pode ser exercido, inclusive, por intermédio de ação judicial gislativo: o político e o financeiro.
ordinária sem denominação especial ou específica. O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais de
contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade e de
Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di- mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, con-
reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um forme o caso.
novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato
por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação Formas de controle político:
ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes 1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art.
editadas pela Corte Suprema. 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
Controle Legislativo patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla- guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi-
tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como tem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamen-
ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o te, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar
objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do
exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas. País, quando a ausência exceder a quinze dias; aprovar o estado de
O controle legislativo, também denominado de controle parla- defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou sus-
mentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce poder pender qualquer uma dessas medidas; sustar os atos normativos
sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder Judi- do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
ciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho limites de delegação legislativa; julgar anualmente as contas pres-
da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de tadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
um controle externo sobre os demais Poderes. execução dos planos de governo; fiscalizar e controlar, diretamente,
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí-
ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federa- dos os da administração indireta; apreciar os atos de concessão e
do, posto que não somente o princípio da simetria, como também renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar
as regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; au-
âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. torizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicamera- recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar,
lismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto por previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área
duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por represen- superior a dois mil e quinhentos hectares.
tantes do povo e o Senado Federal que é composto por represen-
tantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52):
De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamen- processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República
tar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Esta-
duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora do do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do Con- nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; processar e
gresso Nacional ou de cada Casa. julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Levando em conta o princípio da simetria de organização, as Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que lhes cou- Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
ber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal e distrital, União nos crimes de responsabilidade; autorizar operações exter-
desde que realizadas as devidas adaptações, principalmente aque- nas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
las que advém do fato de nos planos estadual, municipal e distrital a Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por propos-
organização do Poder Legislativo serem do tipo unicameral. ta do Presidente da República, limites globais para o montante da
Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislati- dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
vo também possui o poder de exercer o controle interno sobre os Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as opera-
seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito
estará realizando um controle administrativo interno. Esse é o mo- Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
tivo pelo qual quando falamos no controle parlamentar, estamos controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre limites e con-
abordando somente o controle externo exercido pelo Poder Legis- dições para a concessão de garantia da União em operações de cré-
lativo. dito externo e interno; estabelecer limites globais e condições para
Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém sobre o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e
a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses previs- dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
tas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque caso con- exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do
trário, haveria inferiorização do princípio da separação dos poderes. término de seu mandato; aprovar previamente, por voto secreto,
Acontece que em razão disso, não podem leis ordinárias, comple- após arguição pública, a escolha de:
mentares ou Constituições Estaduais predispor outras modalidades • Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
de controle diversas das que são previstas na Constituição Federal, • Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
sob risco de ferir o mesmo princípio. sidente da República;
• Governador de Território;
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• Presidente e diretores do Banco Central; Financeiro: é exercido com o auxílio dos


• Procurador-Geral da República; tribunais de contas.
• Titulares de outros cargos que a lei determinar. CONTROLE
• Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- ESPÉCIES e de mérito, vindo a ser preventivo, concomi-
ráter permanente; tante ou repressivo.
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF,
art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração Controle pelos Tribunais de Contas
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são
os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presiden- órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução
te da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional do exercício do controle externo da Administração Pública. São ór-
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. gãos especializados e não integram a estrutura administrativa do
Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer es-
4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Depu- pécie de relação hierárquica.
tados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire- de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes
tamente subordinados à Presidência da República para prestarem, da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determina- do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos
do, importando crime de responsabilidade a ausência sem justifi- tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais.
cação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o TCU
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Mi- (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais de
nistros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal de Con-
subordinados à Presidência da República, importando em crime de tas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, percebe-se
responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trin- a organização dos tribunais de contas não ocorre de maneira uni-
ta dias, bem como a prestação de informações falsas. forme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter criado até a
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe espe- CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função de prestar auxí-
cial destaque referente ao controle exercido pelas comissões parla- lio ao Poder Legislativo municipal no exercício do controle externo é
mentares de inquérito (CPIs). normalmente repassada ao Tribunal de Contas do respectivo Estado
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato que é dotado de atribuições de controle ao das administrações es-
certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções tadual e municipal.
típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os
De acordo com a Constituição Federal, as comissões parlamen- Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal
tares de inquérito possuem poderes de investigação que são pró- próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo
prios das autoridades judiciais, além de outros poderes que estão o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais Tri-
previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são criadas bunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros,
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em conjun- número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal
to ou de forma separada mediante pugnação de um terço de seus de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco
membros, com o objetivo de apurar fato determinado e por prazo conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele
certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, serão en- Município.
caminhadas ao Ministério Público, para que este órgão promova a Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos termos dispos- de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em
tos no art. 58, § 3º da CFB/1988. sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter
Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação, de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas
a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito
judicial para: de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de
• realizar as diligências que entender necessárias; natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta for-
• convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir tes- ma, o interessado não poderá interpor um recurso para o Judiciário
temunhas sob compromisso e ouvir indiciados; em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com o fulcro
• requisitar de órgãos públicos informações e documentos de de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante o órgão
qualquer natureza; jurisdicional competente com o objetivo de anular o mencionado
• requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de ins- julgado.
peções e auditorias que entender necessárias. Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e
Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou
CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um
por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas controle externo associada a um controle interno executado por
as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal, cada órgão sobre seus agentes e seus atos.
bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ). O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de con-
Em esquema básico, temos: trolar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de
controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de

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forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera- a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade, erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
de receitas. e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos contá- Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
beis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, é veri- comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
ficado o verdadeiro ingresso das receitas, através de comprovantes e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
de depósito ou transferência de recursos, bem como a realização de fundamento legal do ato concessório;
forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os seus tradicionais C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
estágios de licitação, empenho, liquidação e pagamento. Por sua Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
vez, o controle orçamentário é aquele que acompanha a execução auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio-
do orçamento, que é a legislação em que se encontram as receitas nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legis-
previstas e também as despesas fixadas. Em referência ao controle lativo, Executivo e
operacional, ressaltamos que o mesmo trata de diversos aspectos Judiciário, e demais entidades referidas na letra b;
do desempenho da atividade administrativa, como por exemplo, D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
numa auditoria operacional, pode ser computado o tempo médio de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
que o usuário usa esperando por atendimento médico em uma uni- nos termos do tratado constitutivo;
dade do sistema público de saúde. Finalmente, temos o controle E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
patrimonial, que cuida da fiscalização do patrimônio público. União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
Analisando a legalidade do controle externo, observamos que congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
diversas normas jurídicas. por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comis-
O controle de legitimidade atua complementando o controle sões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além da cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse diapa- realizadas;
são, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade do ato G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
e a obediência aos princípios constitucionais como a moralidade ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que es-
administrativa, por exemplo. tabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à uti- causado ao erário;
lização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pre- H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
tende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos da vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
melhor relação custo-benefício. ilegalidade;
Destaca-se que o controle externo também investiga se hou- I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comu-
ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de nicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
despesas de custeio das entidades beneficiadas. abusos apurados.
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: subven-
ções sociais e subvenções econômicas. Observação: As normas retro mencionadas acima relativas ao
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui- Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à organi-
ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que zação, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Es-
não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964, tados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
art. 12, § 3º, I. de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de CFB/1988.
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrí-
cola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II. Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de
Registra-se, que o controle externo também se incumbe de Contas
apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários mecanis- Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e
mos que tornam possível a renúncia de receita, como por exemplo: “julgar contas”.
a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da alíquota ou da Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu-
base de cálculo de tributo que implique sua redução. nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a
Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo
controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é
da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988: competência do Poder
A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ma-
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em neira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas pelo
sessenta dias a contar de seu recebimento; Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos Go-
B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis vernadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; a do
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in- Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do Distrito
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras muni-
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa cipais.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri- submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em que
bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a admi-
contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos termos nistração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, emitido
pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito deve anual-
mente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM JUÍZO
dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, é por essa razão
que grande parte da doutrina afirma que nessa hipótese, o parecer
prévio é relativamente vinculante, não sendo absolutamente vin- De antemão, ressalta-se que no processo judicial, o magistrado
culante pelo fato de poder ser superado, porém, como a superação figura como terceiro em relação aos interesses das partes.
depende de quórum qualificado, tem-se uma vinculação relativa. Além disso, sua atuação deve se ater ao controle da correção
Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só do contraditório, fazendo com que sejam estabelecidas e respeita-
deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer di- das as normas que regem o procedimento em contraditório, para
zer que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produ- que no momento de solução do litígio, ante a averiguação dos fatos
zir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em apresentados em juízo e desde que sejam de interesse para a solu-
caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer ção processual, aplicar o direito correspondente.
do Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo Da mesma maneira que todas as demais decisões tomadas no
possui natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegi- decorrer do processo, esse ato final do magistrado, faz parte de um
bilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcor- rol de atos típicos de império, tendo em vista que acabam criando
rido o julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores ou concorrendo para o surgimento de situações jurídicas, fatos que
(RE 729.744/MG e RE 848.826/DF). independem da vontade das partes envolvidas.
De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte de No que condiz às partes, salienta-se que elas se encontram em
Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos Prefei- situação de simétrica paridade. Ademais, seus atos não possuem
tos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou inconstitucio- imperatividade em relação à outra parte e nem ao magistrado.
nal dispositivo de constituição estadual que permitia às Câmaras Desse modo, havendo índice de falhas nesta relação de equi-
Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas pelos prefeitos, líbrio, poderá o processo ser anulado. Da mesma forma, conforme
independentemente do parecer do Tribunal de Contas do Estado, dispõe os artigos 244 e 249, §8º do Código de Processo Civil, a exis-
quando este não fosse oferecido no prazo de 180 dias. (ADI 3.077/ tência de falha formal que não acarrete desequilíbrio entre as par-
SE). tes, também não anula um ato processual.
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para jul- Nesse sentido, a situação de simétrica paridade pode ser verifi-
gar as contas dos administradores e demais responsáveis por verba cada até mesmo quando a Administração litiga em juízo, não impor-
pública, bens e valores públicos da administração direta e indireta, tando quem seja o opositor.
inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Ressalta-se que a Administração em juízo é um litigante como
Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ensejarem e de- outro qualquer, se encontrando em situações processuais iguais às
rem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dos demais litigantes, devendo adotar os seguintes critérios:
prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no art. 71, III da – Apresentar defesa, sob pena de não ter suas razões aprecia-
CFB/1988. das pelo magistrado;
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que ao – Apresentar suas provas dentro do lapso processual fixado por
julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que cau- Lei;
sarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas – A Administração possui o ônus da prova dos fatos constitu-
imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com tivos do seu direito nas ações em que é autora, bem como o ônus
caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito,
que imputam débito ou multa terão validade de título executivo quando atuar na condição de ré;
nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a – Pode opor recursos e peticionar por seus direitos e defesa;
quem foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a refe- – Tem o dever de antecipar despesas de peritos e auxiliares
rida importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer judiciais;
a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de – Tem o direito de receber honorários quando for vencedora
uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma na lide, devendo também, ser condenada ao pagamento de hono-
ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de rários quando vencida.
decisão da corte de contas. É importante ressaltar que em sede de juízo, a Administração
Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas que Pública se encontra submetida ao crivo das decisões do Estado-Juiz
imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de títu- da mesma forma que as demais partes processuais. Assim, desde
lo executivo, sua execução independe da inscrição em dívida ati- a petição até o desfecho final, a Administração possui os mesmos
va. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever to- ônus e faculdades dos outros litigantes.
dos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que Nesse ponto, vale destacar que no pertinente à execução por
ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição dá precatórios, por exemplo, a ausência de necessidade de caução para
possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na Lei obter efeitos cautelares, bem como a desnecessidade do pagamen-
6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de van- to antecipado de custas, advém das diferenças jurídicas materiais
tagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba por detectadas entre as entidades públicas e os demais entes jurídicos.

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Além do mais, no tocante à necessidade de prévia dotação or- Acontece que mesmo nos processos em que os advogados pú-
çamentária para que sejam realizadas despesas e impenhorabilida- blicos atuam na defesa da Administração, igualmente e sem pode-
de dos bens públicos, a impossibilidade de a Administração se fur- res de decisão, em condição de isonomia com os procuradores dos
tar à execução futura, bem quanto em relação às custas judiciais de administrados, acabam por praticar meros atos processuais e não
natureza estatal, denota-se que tais despesas deverão suportadas atos administrativos, exercendo, desse modo, faculdades ou pode-
pelos próprios entes pertencentes ao Estado, que por determina- res, não impondo a ninguém novos direitos, deveres, faculdades ou
ção legal, não podem repassar esse ônus uns aos outros. novas sanções.
Além disso, existem outras distinções processuais que também
atingem particulares com o intuito de igualá-los materialmente. A Administração Pública e a Defesa em Juízo
Todavia, toda distinção entre a Administração e o particular A competência para defender o interesse público primário no
em sede de juízo, só será justificável, caso haja algum critério de processo, é da Administração Pública.
isonomia material que possa igualar os litigantes de forma efetiva, Contudo, o interesse público primário será atendido apenas se
de modo que caso não haja justificativa, a distinção é considerada o ato estatal imperativo for válido da relação referente à necessi-
inconstitucional, tendo em vista os princípios processuais acolhidos dade e suficiência entre a defesa do interesse público primário e a
de forma implícita ou explícita pela Constituição Federal. imperatividade dos atos funcionais do Estado.
A supremacia do interesse público primário sobre qualquer
Atos Processuais da Administração Pública outro interesse, é medida demonstradora de que os atos que o de-
Em juízo, quando a Administração Pública apresenta seus pe- fendem devem ser imperativos. Desta forma, a defesa imediata do
didos processuais, como petições, recursos, provas, quesitos e de- interesse público primário não se encontra a cargo de quem não
mais razões, não está investida de nenhum dos atributos de poder, possui poderes de império.
bem como de nenhuma das características imperativas que forne- Ademais, mesmo que as partes estejam atuando na defesa do
cem ao ato administrativo sua conformação específica. seu próprio interesse, mas também do interesse público, de imedia-
Isso ocorre, porque em juízo, as competências imperativas são to, não cabe a elas executar essa defesa.
de competência do magistrado. É o órgão julgador quem vela pelo atendimento ao interesse
Nesse sentido, salienta-se que a Administração Pública, na con- público, à ordem jurídica, agindo no controle das partes processuais
dição de igualdade processual reafirmada pelos princípios constitu- e impedindo que uma parte se sobrepuje irregularmente à outra,
cionais reguladores do processo no Estado Democrático de Direito, decidindo as questões colocadas, estabelecendo ao final, a norma
não goza de nenhum atributo de poder ou imperatividade. individual para aquela situação concreta, impondo ônus ao patri-
Desse modo, diante das elucidações acima, no que tange ao mônio jurídico das partes litigantes, ou determinando a execução
conceito de ato administrativo, não há viabilidade de inclusão dos de atos materiais em face desse patrimônio, ou, reconhecendo e
atos processuais do advogado público, pois, encontra-se ausente a homologando a autocomposição entre os litigantes.
necessária imperatividade que é essencial ao conceito de ato ad- É, pois, o órgão julgador que em juízo, possui a atribuição de
ministrativo. postar-se acima dos interesses das partes processuais, ainda que
Por esse motivo, os atos da Administração em juízo não estão uma delas seja a Administração, ou, o Ministério Público atuando
sujeitos à impugnação pelo método mandamental, pois não pos- em nome da coletividade, tendo em vista ser de competência do
suem nenhum efeito em relação à outra parte, salvo se forem aca- órgão julgador, velar para que seja atendido o interesse público pri-
tados pelo magistrado. mário.
Assim, os atos processuais da Administração Pública, não pos- Todavia, há casos em que a Administração Pública em juízo
suem o condão de atingir o patrimônio jurídico de quem quer que defende imediatamente seu interesse público secundário. Isso ad-
seja. vém da simples razão de que os atos processuais dos litigantes não
Nesse diapasão, existem importantes distinções na atividade terem qualquer imperatividade.
administrativa realizada pelos Procuradores do Estado que atuam Desta maneira, não sendo caracterizados como atos de impé-
na condição de advogados públicos da Administração. rio, não existe a obrigação de se aterem ao interesse público pri-
Ao exercerem poder, ou quando de modo imperativo criam ou mário. Assim, as partes processuais, atuam na defesa de seus pró-
concorrem para a formação de novas situações jurídicas, indepen- prios interesses e o rito processual lhes assegura todos os meios de
dentemente da anuência do administrado, tal atividade dos advoga- defesa pertinentes, mesmo que seja verificado ao final, que seus
dos públicos se insere no conceito de ato administrativo, haja vista interesses se encontram sob proteção da ordem jurídica.
serem exercidas em regime de direito público de modo unilateral. Nesse sentido, estando a Administração em juízo igualmente
Um exemplo disso, são as diligências realizadas no âmbito dos postada ao lado das demais partes processuais, devido ao fato de
processos administrativos em que esses advogados públicos inter- os seus atos em juízo não possuírem nenhuma imperatividade, en-
vêm, onde seus atos poderão ser típicos atos administrativos, caso tende-se que não existe o dever de o advogado público ater-se de
deles surjam novas situações jurídicas para os administrados. imediato ao interesse público primário.
No referente às situações em que os advogados públicos se No entanto, existe a obrigação de defender o interesse público
manifestam com poderes imperativos em processos administrati- secundário, que se trata do interesse do Estado-pessoa como ente
vos de caráter punitivo, como em comissões de licitação, por exem- jurídico detentor de patrimônio jurídico próprio, que o diferencia
plo, a função da Administração nesses casos, será híbrida, levando dos demais membros da coletividade em geral.
em conta que será parte e juiz ao mesmo tempo, vindo a atingir o Ou seja, o defensor da Administração não pode defender seu
patrimônio jurídico através de suas decisões. interesse particular, e nem mesmo de nenhum outro que não seja o
interesse do ente do Estado.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ressalta-se, portanto, que é nesse sentido que as normas que Surge desse modo, uma manifestação do poder-dever de auto-
regem a atividade dos advogados públicos, ou procuradores públi- tutela, que dá permissão e obriga o administrador a rever os seus
cos, lhes impõe o dever de esgotar as vias recursais, com a aplicação próprios atos, quando estes forem ilegais, inoportunos ou inconve-
de penalidades disciplinares para o descumprimento, somando-se nientes.
às normas que vinculam toda a atividade profissional do advogado. O autocontrole tem fundamento amparado nos princípios da
Há ocasiões em que o interesse público secundário defendido legalidade e da boa administração, tendo em vista que também se
em juízo também se torna a concretização do interesse público pri- encontra ligado à eficiência e ao mérito.
mário. Nesse sentido, destaca-se que a unidade funcional é o princípio
Isso ocorre quando no decidir do litígio, ou da autocomposição superior que domina toda a atividade administrativa, impondo-lhe
pelo julgamento de mérito, o magistrado estabelece quem de fato o controle administrativo em toda sua amplitude.
possui seu interesse reconhecido pelo ordenamento jurídico, ato no Ressalta-se a existência do sistema hierárquico que é caracte-
qual, poderá acolher ou rejeitar o pedido, se pronunciando acerca rístico de toda a Administração Pública, via do qual, a Constituição
da decadência ou da prescrição, ou, caso esteja tudo em conformi- Federal trata nos artigos 84, inciso II, e 87, parágrafo único, e inciso
dade legal, homologando a composição realizada pelas partes do I, elucidando acerca da supervisão ministerial.
processo, onde o principal interesse público envolvido se trata da Desse modo, salienta-se que o poder-dever de autotutela da
pacificação social. Administração é amplamente reconhecido pelo Poder Judiciário,
O ato imperativo do magistrado compondo as partes, se trata através da Súmula nº 473, do Supremo Tribunal Federal, que dá
da expressão concreta do interesse público primário. É essa con- competência à Administração para anular seus próprios atos, quan-
cretização do interesse público que demonstra o fim visado pela do ilegais, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
atividade do magistrado, enquanto detentor de poder, em nome dade.
do Estado. Vejamos:
Por fim, vale pontuar que no tocante ao direito material e di- • Súmula nº 473 – STF – “A administração pode anular seus
reito processual, existem distinções radicais quanto ao reconheci- próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, por-
mento da autonomia do direito processual em relação ao direito que deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
material. conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
Assim, mesmo que o litigante não esteja legalmente com a ra- e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
zão, ele possui o direito de agir, ou, de apresentar defesa se valen-
do de todas as faculdades e poderes que o direito processual lhe Nesse sentido, quando o controle administrativo é exercido por
permite, além do direito ao contraditório, dentro dos parâmetros provocação do interessado, ocorre mediante o direito de petição
legais. que assegura a todos os cidadãos o direito de dirigirem-se ao Poder
• OBS. Importante: A Administração Pública também é litigante Público em defesa de direitos, ou contra ilegalidade ou abuso de
também em juízo, e deve ser sempre considerada sob condições de poder.
isonomia relativamente aos demais litigantes. Tal ato também ocorre pela interposição de recurso administra-
Ademais, extrai-se que da autonomia entre o direito material e tivo, por meio do qual, é assegurado constitucionalmente ao recor-
o direito processual, há a preeminente necessidade de cautela por rente, o contraditório e a ampla defesa.
parte do jurista em não fazer afirmações que mesmo válidas para o Além disso, infere-se que todas as decisões administrativas de-
direito material, não encontram amparo no processo. Desse modo, verão ser motivadas, tendo em vista que se trata de uma garantia
as afirmações válidas que possam ser feitas para o Direito Admi- do cidadão, e segundo o artigo 5º, inciso XXXV da CFB/88, estas são
nistrativo, podem não ter validade para Direito Processual em que passíveis de revisão pelo Poder Judiciário. Todavia, estas decisões
esse é a essência material da lide. não terão o caráter de definitividade, pois, o veredito será sempre
do Judiciário.
MEIOS DE CONTROLE JUDICIAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
Controle Parlamentar,
BLICA
O controle parlamentar possui relevância constitucional na me-
dida em que se constata o declínio dos parlamentos em relação às
suas atribuições tradicionais, bem como quando é demonstrada a
o Ordenamento Jurídico Brasileiro existem diversas maneiras crescente importância do exercício da função fiscalizadora dos atos
de a Administração Pública ser controlada. da Administração Pública.
Para os fins do presente estudo, serão abordados acerca dos Desta forma, em um país sob a égide da democracia, a realiza-
mais importantes meios de controle judicial da Administração Pú- ção do controle da Administração pelo Poder Legislativo também é
blica concernentes ao autocontrole, ao controle parlamentar e ao exigida, sendo que sua função fiscalizadora não é inferior à função
controle realizado pelo Poder Judiciário. de edição leis, uma vez que contribui para assegurar um governo
dotado de probidade e eficiência.
Autocontrole Ressalta-se que a Constituição Federal, por meio do artigo 49,
O autocontrole é exercido pela própria Administração sobre inciso V, ampliou de forma clara o controle parlamentar. Vejamos:
sua atividade, por iniciativa própria ou mediante provocação do in- Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
teressado. [...]
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desse modo, vemos que o Congresso Nacional pode sustar os No entanto, o controle de legalidade pode avaliar a compatibili-
atos normativos que exorbitarem do poder regulamentar ou dos dade legal dos motivos dos atos discricionários, se dispondo, dentre
limites da delegação legislativa. outras prerrogativas, à análise de vício de competência, de desvio
Ademais, sobre o tema, nos moldes do artigo 58, §3º da Consti- de finalidade, motivação, de vício de forma e objeto.
tuição Federal, destaca-se a ausência de quaisquer restrições à ins- Desta maneira, uma vez que o controle judicial cuida da ava-
tituição de comissões parlamentares de inquérito, com poderes de liação da legalidade dos atos, todavia, não é de sua competência,
investigação próprios das autoridades judiciais. In verbis: revogar os atos administrativos, pois, isso implicaria avaliação de
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões mérito. Porém, pode determinar a anulação desses atos adminis-
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atri- trativos.
buições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar Tal atributo também é aplicável às normas infra legais oriun-
sua criação. das do Poder Executivo, a exemplo de regulamentos, resoluções e
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão pode- portarias. Porém, em controle judicial, a revogação desse tipo de
res de investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou- normas não é possível, podendo o controle judicial declarar sua in-
tros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas constitucionalidade.
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto Pontua-se que o controle judicial da administração pública será
ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus sempre exercido mediante provocação. Isso porque demanda o
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, exercício do poder jurisdicional, que possui como base de sustenta-
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério ção, o princípio da inércia da jurisdição.
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos Ressalta-se que o controle judicial poderá ser:
infratores. a) Prévio;
b) Posterior.
Nesse diapasão, é importante mencionar também o artigo 49,
inciso X da CFB/88, que concede competência ao Congresso Nacio- Entretanto, salienta-se que em regra, o controle judicial será
nal para fiscalizar e controlar diretamente, ou por qualquer de suas posterior, sendo realizado depois que houve a prática do ato ad-
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração ministrativo. Doravante, nada impede que sejam ajuizados atos
indireta. judiciais como a impetração de um mandado de segurança de for-
Contudo, ainda que se trate de controle político, e não tenha ma preventiva com o objetivo de coibir a prática de ato ilegal, por
competência para anular atos administrativos ilegais, e nem exer- exemplo.
cer poderes de hierarquia sobre as autoridades, não há consenso, Destaque-se por oportuno, que sob a égide do controle judi-
levando em conta o que predispõe a Constituição Federal, a eficácia cial, todas as causas são decididas pelo Poder Judiciário.
da sua atuação reduzida. Assim, esse é o sistema adotado no Brasil, de acordo com o
Isso ocorre porque o Parlamento possui competência mediante artigo 5º, inciso XXXV, da CFB/88, que trata da inafastabilidade da
o uso de decretos legislativos ou resoluções, para sustar os efei- jurisdição. Vejamos:
tos de atos administrativos considerados ilegais ou exorbitantes. art. 5°- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
Podendo também, negar a sua aprovação a proposições do Poder quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
Executivo, quando estas forem consideradas inoportunas, inconve- sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
nientes ou desarrazoadas. igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Por fim, pontua-se que o controle parlamentar envolve a fis- [...]
calização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial da União XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário le-
e de suas entidades, inclusive considerando a questão em âmbito são ou ameaça a direito;
federal, onde, com base nos artigos 70 e 71 da Constituição Fede- Desta maneira, por força do Princípio da Inafastabilidade da
ral, tal controle é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da Jurisdição, é proibido no Brasil a criação de um modelo com a pre-
União. sença do Contencioso Administrativo.
Salienta-se que o controle judicial incide somente acerca da
Controle Judicial legalidade dos atos administrativos, não podendo, desse modo, in-
O controle judicial é exercido de maneira exclusiva pelos órgãos cidir sobre o mérito do ato administrativo.
do Poder Judiciário. Isso ocorre por causa da adoção do sistema de Além disso, como resultado do controle judicial, temos a anu-
jurisdição una e por ter atuação sobre os atos administrativos prati- lação do ato administrativo, mas, não a sua revogação, até porque
cados pelos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. a revogação advém de juízo de conveniência e oportunidade da Ad-
O Controle Judicial dos atos administrativos tem fundamento ministração Pública.
do art. 5º, inciso XXXI da Constituição Federal de 1.988. De acordo Vejamos abaixo, algumas das mais importantes ações judiciais
com esse dispositivo legal, a lei não excluirá da apreciação do Po- de controle da Administração Pública:
der Judiciário lesão ou ameaça a direito, tratando-se, desta forma,
de inovação de nosso texto constitucional, tendo em vista que as AÇÕES JUDICIAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Constituições Brasileiras anteriores não previam o controle judicial – Mandado de segurança;
de atos da administração pública. – Mandado de injunção;
Todavia, o exercício do controle limita-se à análise da legalida- – Ação Popular;
de dos atos administrativos. Desse modo, ele não pode adentrar – Habeas Corpus;
em questões de mérito dos atos de conveniência e oportunidade. – Habeas Data;
– Ação Civil Pública;
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– Ação de Improbidade Administrativa (Lei nº 8429/92);


Processo de responsabilidade administrativa, civil e penal em PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA EM DIREITO ADMINISTRATI-
decorrência de abuso de autoridade. VO

Impende salientar ainda, que para que o controle jurisdicional


continue no gozo do prestígio que possui, é preciso avançar, haja Tanto no Direito privado, quanto no Direito Público, a manten-
vista a existência de limites intrínsecos e extrínsecos do controle ça de situações jurídicas pendentes poderia causar a eternização
jurisdicional das atividades administrativas. de conflitos. Tal fato poderia comprometer a segurança social dos
Assim, é notável que o Judiciário deve controlar o Executivo. jurisdicionados e da própria Administração Pública.
Entretanto, esse controle não pode inviabilizar o funcionamento re- Por conta disso, é de grande importância que os institutos da
gular do Executivo. prescrição e da decadência tenham incidência sobre as relações ju-
Doutrinariamente, a preocupação essencial com o controle, rídico-administrativas.
encontrava-se fundada ao exame da legalidade objetiva da ativida- Contudo, vale salientar que os dois institutos precisam ser
de da Administração Pública. Mas, após, a preocupação se deu a compatibilizados com os demais princípios do ordenamento jurídi-
nível de outros tipos de controle, como o controle da eficiência, por co-administrativo, dentre os quais, destacam-se a juridicidade e a
exemplo, que para o jurista Caio Tácito se dá da seguinte forma: supremacia do interesse público.
(...) Logo, a supracitada compatibilização deverá ocorrer no mo-
“na medida em que o Estado assume a prestação direta dos mento de julgamento da constitucionalidade das regras que ense-
serviços de teor econômico ou assistencial, o interesse e mesmo a jam as hipóteses de prescrição e de decadência, com anuência da
sobrevivência de grande número de indivíduos passa a depender da proporcionalidade, bem como a partir da análise dos casos em que
eficiência da Administração e não apenas de sua legalidade”. (Caio o ordenamento quedou-se omisso quanto ao estabelecimento de
Tácito (1967) (MEDAUAR, 2012, p. 15). prazos decadenciais e prescricionais.
Desse modo, vejamos em apartado, cada um desses importan-
Ocorre que hodiernamente, o controle jurisdicional deve ocor- tes instrumentos processuais que regem o tempo e as relações ad-
rer de modo natural partindo dos princípios constitucionais e infra- ministrativas e jurídicas:
constitucionais que regem as atividades administrativas.
Nesse patamar, a CFB/88, adotou no artigo 1º, após reafirmar Da Prescrição
de forma clara que a República Federativa do Brasil constitui-se em Segundo o artigo 189 do Código Civil, a prescrição é a extin-
Estado Democrático de Direito, estabeleceu, como seus fundamen- ção da pretensão de ajuizamento de uma ação judicial para assegu-
tos, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os va- rar um direito pelo decurso temporal. Assim, quando um direito é
lores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. violado, nasce uma pretensão com o direito de ingressar com uma
Nesse sentido, a Carta Magna adotou, com os referidos funda- ação para assegurar o direito violado.
mentos, os quatro princípios básicos que identificam a sua nature- A referida pretensão é extinta pela prescrição, depois da per-
za, sendo eles: da do prazo estabelecido por lei. Desta forma, se o indivíduo não
– O princípio do Estado Democrático; apresentar a ação à Justiça dentro do prazo determinado, perderá
– O princípio do Estado Federativo; a oportunidade de ingressar com a ação judicial para buscar seus
– O princípio do Estado Social; e direitos.
– O princípio do Estado de Direito. De acordo com a ótica da Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de
2002 – Código Civil em vigor, a prescrição atinge apenas a pretensão
Desse modo, partindo desse rol de valores fundamentais e da da parte de obter para si, uma prestação devida por quem deixou
lista dos direitos e garantias individuais e coletivos, são estabeleci- de a cumprir.
dos os princípios específicos que devem ser respeitados por toda a A prescrição pode ser caracterizada de modo imprescindível,
Administração Pública, pois, eles funcionam como uma última re- das seguintes formas:
serva para a revisão das decisões administrativas. a) Existência de relação jurídica, da qual, advenha direito de
Por fim, vale destacar que sobre o tema em estudo, o caput do uma das partes à prestação da outra;
artigo 37 da Constituição Federal de 1.988, determina que a Admi- b) Exista recusa de prestação por parte do devedor, com ex-
nistração Pública obedeça aos princípios da legalidade, impessoali- pressa violação ao direito subjetivo do credor, pois, é nesta ocasião
dade, moralidade e publicidade. que surge a pretensão de o credor exigir do devedor, o direito sub-
Todavia, há outros princípios merecedores de destaque, como jetivo que sofreu violação;
por exemplo, o princípio da eficiência que por força da Emenda c) Haja a permanência do titular do direito subjetivo violado
Constitucional nº 19/98, baliza toda e qualquer atuação da Admi- inerte por lapso temporal superior ao fixado no ordenamento jurí-
nistração Pública, bem como os princípios da supremacia do inte- dico com a omissão na defesa tempestiva da sua pretensão.
resse público sobre o interesse privado; da continuidade do serviço Assim sendo, como o direito subjetivo se trata do poder que o
público; da finalidade; da indisponibilidade pela Administração dos ordenamento jurídico reconhece a alguém de ter, fazer ou exigir de
interesses públicos; da razoabilidade; da proporcionalidade; da mo- outrem determinado comportamento, a pretensão de auferir o que
tivação e da responsabilidade civil do Estado por condutas admi- é seu por direito, se refere ao poder de exigir de outrem uma ação
nistrativas, os quais, ou são ligados ao princípio da legalidade e se ou omissão.
fundamentam nos mesmos preceitos constitucionais, ou dele são Em outras palavras, prescrição, é a inércia do credor em aviar a
desdobramentos amplamente necessários ao bom funcionamento sua pretensão, após a ocorrência de violação violado do seu direito
da Administração Pública. subjetivo atual, iniciando-se, assim, o prazo prescricional.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Há ainda posições doutrinárias que identificam a natureza jurí- – A inexigência do cumprimento do respectivo dever, ou do res-
dica da prescrição como exceção e mecanismo de defesa, razão pela sarcimento do dano; e
qual, sustentam a incompreensão acerca das razões da insistência – O decurso do prazo que a lei determinar.
de determinadas doutrinas associarem a prescrição à extinção.
Desse modo, embora existam várias posições corroboradas por Da Decadência
entendimentos de juristas como Cândido Rangel Dinamarco, por Decadência é a perda do direito em si, pela ausência de atitude
exemplo, que conceitua a prescrição como uma exceção de mérito do titular, durante o prazo determinado em lei. Quando ocorre a
em sentido estrito, no atual ordenamento brasileiro não é admis- decadência, a pessoa perde o direito.
sível negar à prescrição a característica de extinção da pretensão. De acordo com o Código Civil de 2002, em seu Capítulo II, a
Buscando adequar as relações jurídicas travadas com a Admi- decadência é regida da seguinte forma:
nistração Pública, atualmente vigora o entendimento de que é pres- Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à
cricional o prazo para determinado servidor requerer a retificação decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem
do valor de certa vantagem remuneratória deferida e paga a menos a prescrição.
pelo Estado. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198,
Nesta situação, teremos: inciso I.
a) A relação jurídico-funcional da qual advém o dever do Poder Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
Público em adimplir de modo completo a vantagem remuneratória; Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quan-
b) A recusa estatal em adimplir com a prestação pecuniária tal do estabelecida por lei.
como devida ao servidor, situação na qual, se o servidor perma- Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem
necer inerte, além do prazo fixado na legislação de regência, sua aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
pretensão prescreverá. não pode suprir a alegação.
Situação similar ocorre quando o prazo que a Administração
Pública requer para que seja cumprida determinada obrigação con- Desse modo, temos:
tratual assumida por uma empresa, ao firmar contrato administra-
tivo com o Estado, e tal empresa se recuse a cumprir a prestação DECADÊNCIA
firmada com esse ente.
Nesse caso acima, tem-se a relação jurídico-contratual da qual, – Consoante disposição legal em contrário, não se aplicam à
advém o dever da empresa contratada de realizar a prestação pac- decadência as normas que impedem, suspendem ou interrom-
tuada, bem como a recusa da firma em efetuar o pagamento da pem a prescrição;
obrigação devida ao Estado. – É nula a renúncia à decadência fixada em lei;
Nesta situação, caso a Administração permaneça inerte além – O juiz, de ofício, deve conhecer da decadência;
do prazo firmado na legislação de regência, sua pretensão prescre- – Sendo a decadência convencional, a parte a quem apro-
verá. Ressalta-se que nestas situações, não é o direito subjetivo, ou veita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, porém, o juiz
seja, a vantagem remuneratória do servidor ou a obrigação contra- não pode suprir a alegação.
tual de direito do Estado, ante a inércia do credor que faz desapa-
recer o direito. Nesse sentido, no cotidiano das relações jurídicas, ressalta-se a
Sobretudo, a prescrição atinge o direito de exigir em juízo a existência dos direitos potestativos, que são uma espécie de direito
prestação inadimplida, ou seja, a pretensão, situação que pode ser reconhecida pelo ordenamento para o exercício unilateral do seu
reconhecida de ofício pelo magistrado, ou por provocação da parte titular.
interessada, bem como do Ministério Público, de acordo com os pa- Dos direitos potestativos não nascem pretensões, tendo em
râmetros da legislação processual. vista que estes não implicam prerrogativas a serem exigidas de ter-
Assim sendo, independentemente de a Administração Pública ceiros por motivações de suposta violação.
estar ou não no polo ativo ou passivo da relação jurídica, é essencial Nesse sentido, nas relações jurídico-administrativas, é comum
que esteja evidenciado o direito de uma parte em ver adimplida que não haja reconhecimento àquele que se relaciona com o Esta-
determinada obrigação pela outra parte da relação processual. do, como os cidadãos, os concessionários, dentre outros, ocorren-
Logo, no instante posterior ao do inadimplemento pelo deve- do, desse modo, o poder de constituir obrigações ou exercer prerro-
dor, em desfavor do credor, começa a correr o prazo prescricional gativas em face da Administração Pública de modo unilateral e sem
determinado por lei. a intervenção do Judiciário.
Com o fim do supracitado prazo, estará prescrito o poder de o Entretanto, é reconhecido ao Estado, o poder extroverso, que
credor exigir o cumprimento do direito subjetivo que fora violado. permite ao Poder Público editar provimentos que se encontram
Contudo, levando em conta que não existe perecimento do di- além da esfera jurídica do sujeito emitente, fazendo uso, nesse
reito, caso ocorra o adimplemento espontâneo por parte do deve- caso, da supremacia do interesse público que legitima a Adminis-
dor depois do prazo prescricional, não será reconhecido o direito de tração para usar de sua interferência na esfera jurídica de outras
exigir a restituição do valor pago de forma voluntária, mesmo que o pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações, sem a ne-
dever tenha prescrevido. cessidade de intervenção preliminar autorizativa do Judiciário.
Por fim, resumem-se os pressupostos do instituto da prescrição Sobre a decadência, leciona o jurista Humberto Theodoro:
no âmbito do Direito Administrativo para seja configurada a prescri-
ção, reunindo-se os seguintes elementos: “Sempre que a parte não tiver pretensão a exercer contra o
– A existência de um direito subjetivo lesado, pois, deste, ne- demandado (porque este não tem obrigação de realizar qualquer
cessariamente nasce uma pretensão de ressarcimento; prestação em favor do autor), o caso não será de prescrição, mas

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de decadência. É o que se passa com as ações constitutivas e de-


claratórias, porque nas primeiras se exerce um direito potestativo,
e nas últimas, apenas se busca a certeza acerca da existência ou SÚMULAS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STJ E STF).
inexistência de uma relação jurídica. Vale dizer: em nenhuma delas
o autor reclama prestação (ação ou omissão) do réu, não havendo Prezado(a),
pretensão para justificar a prescrição”. (THEODORO JÚNIOR, 2003, A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
p. 5-6). será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
Desta maneira, decadência, é sim a perda do direito potestati- sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
vo pela inércia do seu titular no período determinado em lei, sendo dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
positivo afirmar que o seu objeto são os direitos potestativos de to- cabem na estrutura de nossas apostilas.
das as espécies, sejam estes disponíveis ou indisponíveis, pois, são Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
direitos que delegam ao seu titular, o poder de influir ou ordenar organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
mudanças na esfera jurídica de outrem, por meio de ato unilateral, dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
sem que exista dever correspondente, mas, somente uma sujeição. material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
No Direito Administrativo Brasileiro, é incomum haver dispo- Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
sitivos legais que estabelecem prazos decadenciais para o Estado lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
exercer as competências determinadas pela ordem jurídica. apostila.
Entretanto, de forma involuntária, surgem diplomas legais que Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
estabelecem lapsos temporais máximos para o exercício unilateral link a seguir:
de prerrogativas de ordem pública. https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaSumula/anexo/
Nesse raciocínio, havendo ultrapassado o prazo fixado para o Enunciados_Sumulas_STF_1_a_736_Completo.pdf;
exercício do direito potestativo, o próprio direito perece, pois, fora https://www.stj.jus.br/docs_internet/jurisprudencia/tematica/downlo-
atingido na essência. ad/SU/Sumulas/SumulasSTJ.pdf
Desse modo, embora tenha sustentação doutrinária, inclusive
no Direito Administrativo, os Tribunais Superiores somente há pou-
co tempo, incorporaram a compreensão de que: RECURSOS REPETITIVOS E TESES COM REPERCUSSÃO GE-
a) em razão da natureza do direito tutelado ser potestativo, o RAL
prazo de dez anos para se revisar o ato de concessão é decadencial.
b) O direito potestativo outorgado à Administração Pública Preliminarmente, ressalta-se que o rito dos recursos repeti-
com o fim de anular seus próprios atos, quando eivados de vícios tivos permite que o julgamento processual seja realizado em um
que os tornam ilegais, via Súmulas n.ºs 346 e 473 do STF, expressão acoplado de dois ou mais recursos especiais que tratam acerca da
do poder de autotutela, não se encontra regulado pelo instituto da mesma litigiosidade jurídica.
prescrição, mas, sim, pelo da decadência, inocorrente na espécie. Salienta-se que esse importante instituto foi inserido no or-
Por fim, para efeitos de fixação acerca dos institutos da prescri- denamento jurídico com o objetivo de conceder maior celeridade,
ção e da decadência, temos o seguinte: isonomia e segurança jurídica no julgamento de recursos de modo
geral.
DIREITO PÚBLICO Sobre o tema, o artigo 1.036 do Código de Processo Civil de
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA 2.015, determina o seguinte:
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos ex-
– Perda da pretensão de – Perda do prazo fixado na traordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de
uma das partes da relação jurí- ordem jurídica para o exercício direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as dispo-
dico-administrativa, decorrente do direito potestativo lhe reco- sições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno
da sua inércia em, no prazo fi- nhecido em razão da suprema- do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
xado pelo ordenamento, exigir cia do interesse público, o que Da referida legislação, extrai-se que todas as vezes que houver
a reparação do direito subjetivo implica perecimento do próprio vários recursos extraordinários ou especiais com matéria de direito
violado pela parte devedora. direito. igual, haverá motivação para que ocorra julgamento nos parâme-
tros legais, observadas as disposições contidas no Regimento Inter-
Fixados tais entendimentos, na prática, é preciso que haja a no do STF e do STJ, respectivamente.
identificação no ordenamento de regência, acerca de quais disposi- Nesse sentido, trata-se o recurso repetitivo de medida por
tivos legais estabelecem prazos para o exercício de pretensões por meio da qual, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
motivação de violações de direitos subjetivos advindos das relações Justiça definem uma tese que deverá ser aplicada aos processos nos
jurídicas estabelecidas com terceiros, bem como sobre quais regras quais, é debatida idêntica questão de direito.
estabelecer para os lapsos temporais para o exercício dos direitos Desse modo, no tocante à escolha do processo para ser julgado
potestativos da Administração Pública. como repetitivo, há a possibilidade de recair em processo encami-
nhado pelos Tribunais de Origem como representativo de contro-
vérsia, bem como em recurso que já se encontra em trâmite.
Acerca do rito processual desse tipo de recurso, destaca o pará-
grafo 1º, artigo 1036 do CPC/2015:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça – Por meio do presidente ou do vice-presidente do Tribunal de


ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recur- Justiça ou de Tribunal Regional Federal, que se trata do Tribunal de
sos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Origem, serão selecionados dois ou mais recursos especiais para
Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para representarem a lide contida na controvérsia, admitindo-os como
fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos recursos representativos da controvérsia;
os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no – Deverá o andamento dos demais processos pendentes que
Estado ou na região, conforme o caso. tramitem no Estado ou região sobre o mesmo assunto, ser SUSPEN-
Deste dispositivo legal, infere-se que é de competência do pre- SO por decisão do Tribunal de Origem que por sua vez, deverá en-
sidente ou vice-presidente do Tribunal de origem selecionar dois caminhar os recursos representativos da controvérsia ao STJ para
ou mais recursos que melhor representem a questão de direito julgamento;
repetitiva. Além disso, deverão estas autoridades encaminhar es- – Caso o ministro relator sorteado, entenda que os recursos
ses recursos ao Superior Tribunal de Justiça para afetação, que se especiais encaminhados preenchem os requisitos legais, deverá
trata de incidente no recurso para verificar se a questão deverá ser afetá-los-á ao órgão julgador competente para julgamento;
julgada sob a sistemática dos repetitivos ou não, situação na qual, – O procedimento de afetação concederá publicidade à ques-
os demais recursos que versarem sobre a mesma matéria ficarão tão jurídica a ser decidida pelo STJ, acarretando a suspensão de
suspensos. todos os processos que possuírem a mesma questão jurídica no
Realizada a afetação, julgamento e publicação da decisão cole- Ordenamento Jurídico;
giada em relação ao tema repetitivo pelo STJ, deverá ser adotada a – Com a afetação do recurso, será consignado um número de
mesma solução aos demais processos que estiverem suspensos nos sequência do tema da questão jurídica, que poderá ser pesquisado
Tribunais de origem. nos sistemas eletrônicos do STJ, ou STF;
Além disso, dispõe p parágrafo 2º do artigo 1.036 do Código de – O ministro relator no STJ nas situações em que a identifica-
Processo Civil: ção da multiplicidade de feitos ocorrer diretamente no STJ, poderá
§ 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice- determinar a suspensão de processos, ato no qual, a escolha dos
-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recursos representativos da controvérsia será realizada pelo minis-
recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido inter- tro relator no STJ, que por sua vez, determinará a suspensão dos de-
posto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) mais processos que versem a respeito da mesma questão jurídica;
dias para manifestar-se sobre esse requerimento. – Deverá o ministro relator, após a realização da afetação da
Assim sendo, é verificado que o prazo para o interessado reque- questão jurídica, requerer o envio de outros recursos representati-
rer ao presidente, ou, ao vice-presidente decisão de sobrestamento vos da controvérsia aos Tribunais de Origem;
e inadmissão do recurso especial ou o recurso extraordinário que – Em consideração à repercussão da matéria, poderá o ministro
tenha sido interposto de modo intempestivo, é de 5 (cinco) dias. relator, admitir no processo a ser submetido a julgamento sob a
Além disso, nos moldes do parágrafo 3º do artigo 1.036 do égide dos recursos repetitivos, para que seja feita a manifestação
CPC/2015, da decisão que indeferir o requerimento referido no § de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na questão a ser
2º, caberá apenas agravo interno. discutida;
Destaca-se também que a escolha feita pelo presidente ou vi- – Poderá o ministro relator fixar data de audiência pública para
ce-presidente do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional Fede- que sejam ouvidas pessoas com experiência e conhecimento a res-
ral, não possui o condão de vincular o relator ao Tribunal superior, peito da matéria afetada para julgamento;
que por sua vez, poderá selecionar outros recursos representativos – Realizado o julgamento do tema, a página eletrônica do STF
da litigiosidade. e do STJ, deverão ser atualizadas com a expedição de ofício aos Tri-
Ademais, é permitido ao relator em Tribunal Superior proceder bunais de Origem comunicando o posicionamento que foi adotado
à seleção de 2 (dois) ou mais recursos representativos da contro- no julgamento;
vérsia para julgamento da questão de direito, independentemen- – Nos moldes do artigo 1.040 do CPC/2015, após a publicação
te da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do Tribunal de do acórdão do recurso que julgou o tema, os recursos especiais sus-
Origem, sendo que podem ser selecionados apenas recursos ad- pensos nos Tribunais de Origem serão processados da seguinte ma-
missíveis que contenham abrangente argumentação e discussão a neira: a) caso a decisão adotada pelo Tribunal de Origem coincida
respeito da matéria que será decidida. com o posicionamento do STJ, será negado seguimento ao recurso
O objetivo dessa sistemática é concretizar os princípios da cele- especial; b) caso a decisão adotada ser conflitante com o posicio-
ridade na tramitação de processos, e da isonomia de tratamento às namento do STJ, a matéria poderá ser reapreciada; e c) havendo a
partes processuais e principalmente da segurança jurídica. mantença da decisão divergente, será realizado o exame de admis-
sibilidade do recurso especial.
Sobre o tema em estudo, o Código de Processo Civil de 2015 Vejamos abaixo, importantes teses referentes aos recursos re-
ressalta a importância dos precedentes qualificados firmados pelo petitivos com repercussão geral do Supremo Tribunal Federal:
STF e pelo STJ nos julgamentos de recursos repetitivos, requeren-
do providências na seara administrativa referentes à divulgação e à Tema: 0001 – RE 559937 Acórdão – Tese: É inconstitucional a
publicidade dos recursos para facilitar o acesso a esses importantes parte do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004 que acresce à base de cálculo
dados às partes, advogados, magistrados, estudantes e tribunais. da denominada PIS/COFINS-Importação o valor do ICMS incidente
Sintetizando, com o objetivo de melhor compreensão acerca no desembaraço aduaneiro e o valor das próprias contribuições.
da melhor sistemática dos recursos repetitivos, são adotados os se- (21/03/2013).
guintes procedimentos:

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Tema: 0002 – RE 560626 – Tese: I - Normas relativas à prescri- devido a título da respectiva verba advocatícia, deve-se reconhecer
ção e decadência em matéria tributária são reservadas à lei com- a legitimidade do cessionário para se habilitar no crédito consigna-
plementar; II - São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do no precatório. (27/08/2012).
do Decreto-Lei 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991.
(12/06/2008). Tema Repetitivo 3 - Redação Oficial – A imposição ao Estado do
Rio Grande do Sul da conversão das retribuições aos servidores pela
Tema: 0003 – RE 55994 – Tese: São inconstitucionais o pará- URV (Lei 8.880/94), apesar dos reajustes voluntários já concedidos
grafo único do artigo 5º do Decreto-Lei 1.569/1977 e os artigos 45 à categoria pelo Governo Gaúcho a pretexto dessa mesma conver-
e 46 da Lei 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de são, somente seria cabível se evidenciado algum prejuízo venci-
crédito tributário. (12/06/2008). mental decorrente daquela antecipação voluntária. (20/10/2009).

Tema: 0004 – RE 566621 – Tese: É inconstitucional o art. 4º, CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
segunda parte, da Lei Complementar 118/2005, de modo que, para
os tributos sujeitos a homologação, o novo prazo de 5 anos para LEI Nº 13.105 DE 16 DE MARÇO DE 2015
a repetição ou compensação de indébito aplica-se tão somente às
ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, SUBSEÇÃO II
a partir de 9 de junho de 2005. (04/08/2011). DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E
ESPECIAL REPETITIVOS
Tema: 0005 – RE 561836 – Tese: I - Ao editar a Lei 8.880/1994,
a União legislou sobre o sistema monetário e exerceu a sua compe- Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos ex-
tência prevista no art. 22, VI, da Constituição de 1988. Assim, qual- traordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de
quer lei, seja ela estadual ou municipal, que discipline a conversão direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as dispo-
da moeda Cruzeiro Real em URV no que tange à remuneração de sições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno
seus servidores de uma forma incompatível com a prevista na Lei do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
nº 8.880/94 será inconstitucional, mormente quando acarretar re- § 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça
dução de vencimentos; II - O término da incorporação, na remune- ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recur-
ração do servidor, do percentual devido em razão da ilegalidade na sos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao
conversão de Cruzeiros Reais em URV deve ocorrer no momento Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para
em que a carreira do servidor passa por uma restruturação remu- fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos
neratória. (27/09/2013). os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no
Estado ou na região, conforme o caso.
Tema: 0008 – RE 564413 – Tese: A Contribuição Social sobre o § 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-
Lucro Líquido – CSLL incide sobre o lucro decorrente das exporta- -presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o
ções. A imunidade prevista no artigo 149, § 2º, inciso I, da Consti- recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido inter-
tuição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº posto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco)
33/2001, não o alcança. (12/08/2010). dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º
Tema: 001 – RE 562276 – Tese: É inconstitucional o art. 13 da caberá apenas agravo interno. (Redação dada pela Lei nº
Lei 8.620/1993, na parte em que estabelece que os sócios de em- 13.256, de 2016)
presas por cotas de responsabilidade limitada respondem solida- § 4º A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tri-
riamente, com seus bens pessoais, por débitos junto à Seguridade bunal de justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o re-
Social. (11/10/2012). lator no tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos
representativos da controvérsia.
Tema: 0015 – RE 570177 – Tese: Não viola a Constituição o es- § 5º O relator em tribunal superior também poderá selecionar
tabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia para jul-
praças prestadoras de serviço militar inicial. (30/04/2008). gamento da questão de direito independentemente da iniciativa do
presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.
Por conseguinte, analisemos abaixo, algumas das importantes § 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis
teses referentes aos recursos repetitivos com repercussão geral no que contenham abrangente argumentação e discussão a respeito
Superior Tribunal de Justiça: da questão a ser decidida.
Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal su-
Tema Repetitivo 1 - Redação Oficial - A substituição proces- perior, constatando a presença do pressuposto do caput do art.
sual, no polo ativo da execução, do exequente originário pelo ces- 1.036 , proferirá decisão de afetação, na qual:
sionário dispensa a autorização ou o consentimento do devedor. I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julga-
(29/05/2012) mento;
II - determinará a suspensão do processamento de todos os
Tema Repetitivo 2 - Redação Oficial - Comprovada a validade do processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
ato de cessão dos honorários advocatícios sucumbenciais, realizado questão e tramitem no território nacional;
por escritura pública, bem como discriminado no precatório o valor

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da
dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remes- controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Público
sa de um recurso representativo da controvérsia. para manifestar-se.
§ 1º Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente § 1º No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quin-
ou pelo vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regio- ze) dias, e os atos serão praticados, sempre que possível, por meio
nal federal, não se proceder à afetação, o relator, no tribunal su- eletrônico.
perior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que § 2º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida
os houver enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão cópia do relatório aos demais ministros, haverá inclusão em pauta,
referida no art. 1.036, § 1º . devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre os demais fei-
§ 3º Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator tos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas
que primeiro tiver proferido a decisão a que se refere o inciso I corpus .
do caput . § 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos funda-
§ 4º Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 mentos relevantes da tese jurídica discutida. (Redação dada
(um) ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados os pela Lei nº 13.256, de 2016)
que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus . Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegia-
§ 6º Ocorrendo a hipótese do § 5º, é permitido a outro relator dos declararão prejudicados os demais recursos versando sobre
do respectivo tribunal superior afetar 2 (dois) ou mais recursos re- idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.
presentativos da controvérsia na forma do art. 1.036 . Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no
§ 7º Quando os recursos requisitados na forma do inciso III recurso extraordinário afetado, serão considerados automatica-
do caput contiverem outras questões além daquela que é objeto da mente inadmitidos os recursos extraordinários cujo processamento
afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e depois tenha sido sobrestado.
as demais, em acórdão específico para cada processo. Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:
§ 8º As partes deverão ser intimadas da decisão de suspen- I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem ne-
são de seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator gará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários sobres-
quando informado da decisão a que se refere o inciso II do caput . tados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação
§ 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida do tribunal superior;
no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraor- II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexa-
dinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu minará o processo de competência originária, a remessa necessária
processo. ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contra-
§ 10. O requerimento a que se refere o § 9º será dirigido: riar a orientação do tribunal superior;
I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau; III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de
II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese
origem; firmada pelo tribunal superior;
III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação
especial ou recurso extraordinário no tribunal de origem; de serviço público objeto de concessão, permissão ou autorização,
IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à
recurso extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado. agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplica-
§ 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a ção, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
que se refere o § 9º, no prazo de 5 (cinco) dias. § 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau
§ 12. Reconhecida a distinção no caso: de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela dis-
I - dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará cutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da con-
prosseguimento ao processo; trovérsia.
II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a decisão ao pre- § 2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação,
sidente ou ao vice-presidente que houver determinado o sobres- a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de
tamento, para que o recurso especial ou o recurso extraordinário sucumbência.
seja encaminhado ao respectivo tribunal superior, na forma do art. § 3º A desistência apresentada nos termos do § 1º independe
1.030, parágrafo único . de consentimento do réu, ainda que apresentada contestação.
§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de ori-
o § 9º caberá: gem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao respec-
I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro tivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1º .
grau; § 1º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão
II - agravo interno, se a decisão for de relator. divergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais
Art. 1.038. O relator poderá: questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou neces-
I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou enti- sário em decorrência da alteração.
dades com interesse na controvérsia, considerando a relevância da § 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art.
matéria e consoante dispuser o regimento interno; 1.040 e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presiden-
II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de te ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois do reexame
pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a finali- pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recur-
dade de instruir o procedimento;

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

so, sendo positivo o juízo de admissibilidade, determinar a remessa III – idade mínima de dezoito anos;
do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais ques- IV – sanidade física e mental comprovada em inspeção médica
tões. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) oficial;
V – atendimento às condições especiais previstas em lei para
determinadas carreiras.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, CÓDIGO DE ÉTICA DO Art. 7º - À pessoa portadora de deficiência é assegurado o di-
SERVIDOR PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO E LEI COMPLE- reito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
MENTAR Nº 46/94. cujas atribuições sejam compatíveis com sua deficiência.
Parágrafo único - Os editais para abertura de concursos públi-
cos de Provas ou de Provas e Títulos reservarão percentual de até
LEI COMPLEMENTAR Nº 46, DE 31 DE JANEIRO DE 1994 20% (vinte por cento) das vagas dos cargos públicos para candidatos
portadores de deficiência. (Redação dada pela Lei Complementar
O GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: nº 97, de 12 de maio de 1997).
Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono Art. 8º - Os cargos públicos são providos por:
a seguinte Lei, com exceção do inciso II do art. 8º, art. 46 e parágra- I – nomeação;
fo único; inciso III do art. 60; parágrafo único do art. 102; § 1º, do II – ascensão; (promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispositivo
art. 119; art. 298 e §§; art. 299 e parágrafo único; art. 301 e §§; art. com eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitucional
303 e parágrafo único e o art. 310 e parágrafo único: em 25.04.2003 pela da ADI nº 1345).
III – aproveitamento;
TÍTULO I IV – reintegração; e
VI – reversão.
CAPÍTULO ÚNICO Art. 9º - Os atos de provimento dos cargos far-se-ão:
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES I – na Administração Direta do Poder Executivo o disposto nos
incisos I, IV, V e VI do artigo anterior, por competência do Gover-
Art. 1º - Esta Lei Complementar institui o Regime Jurídico Úni- nador do Estado e, os demais, do Secretário de Estado responsável
co dos servidores públicos civis da administração direta, das au- pela administração de pessoal;
tarquias e das fundações públicas do Estado do Espírito Santo, de II – nos Poderes Legislativo e Judiciário, por competência da
qualquer dos seus Poderes. autoridade definida em seus respectivos regimentos; e
Parágrafo único - O Regime Jurídico Único de que trata este III – nas autarquias e fundações públicas, por competência do
artigo, tem natureza de direito público e regula as condições de seu dirigente superior.
provimento dos cargos, os direitos e as vantagens, os deveres e as Art. 10 - A investidura em cargo público ocorrerá com a posse,
responsabilidades dos servidores públicos civis. completando-se com o exercício.
Art. 2º - Servidor público é a pessoa legalmente investida em
cargo público. SEÇÃO I
Art. 3º - Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa- DA FUNÇÃO GRATIFICADA
bilidades cometidas a um servidor público e que tem como carac-
terísticas essenciais a criação por Lei, em número certo, com deno- Art. 11 - Função gratificada é o encargo de chefia ou outro que
minação própria, atribuições definidas e pagamento pelos Cofres a lei determinar, cometido a servidor público efetivo, mediante de-
do Estado. signação.
Parágrafo único - Os cargos de provimento efetivo são organiza- Parágrafo único - No âmbito do Poder Executivo, são compe-
dos em carreiras, segundo as diretrizes definidas em Lei. tentes para a expedição dos atos de designação para funções grati-
ficadas os Secretários de Estado, autoridades de nível equivalente
TÍTULO II e dirigentes superiores de autarquias e fundações públicas e, nos
DO PROVIMENTO E DA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL demais Poderes, a autoridade definida em seus regimentos.

CAPÍTULO I CAPÍTULO II
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA NOMEAÇÃO

SEÇÃO I SEÇÃO I
DO PROVIMENTO DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 4º - Os cargos públicos podem ser de provimento efetivo Art. 12 - A nomeação far-se-á:
e em comissão. I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de carreira; e
Art. 5º - A investidura em cargo público de provimento efetivo II – em comissão, para cargo de confiança, de livre nomeação
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de e exoneração.
provas e títulos. Parágrafo único - Na nomeação para cargo em comissão, dar-
Art. 6º - São requisitos básicos para o ingresso no serviço pú- -se-á preferência ao servidor público efetivo ocupante de cargo de
blico: carreira técnica ou profissional, atendidos os requisitos definidos
I – nacionalidade brasileira ou equiparada; em Lei.
II – quitação com as obrigações militares e eleitorais;
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 13 - A nomeação para cargo efetivo dar-se-á no início da III - (Dispositivo com eficácia suspensa em 28.06.2002 e decla-
carreira, atendidos os pré-requisitos e a prévia habilitação em con- rado inconstitucional em 08.04.2005, pela ADI nº 2420)
curso público de prova ou de provas e títulos na forma do art. 5º, § 2º No ato da posse, o empossando apresentará, obrigatoria-
obedecida a ordem de classificação e o prazo de sua validade. mente, declaração de bens e valores que constituem seu patrimô-
Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso e o de- nio, e os demais documentos e informações previstos em lei espe-
senvolvimento do servidor público na carreira serão estabelecidos cífica, regulamento ou edital do concurso. (Redação dada pela Lei
pela lei que fixar as diretrizes dos planos de carreiras e de venci- Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017)
mentos na administração pública estadual e por seu regulamento. § 3º - É requisito para posse a declaração do empossando de
que exerce ou não outro cargo, emprego ou função pública.
SEÇÃO II § 4º - A posse verificar-se-á no prazo de até trinta dias contados
DO CONCURSO PÚBLICO da publicação do ato de nomeação.
§ 5º - A requerimento do interessado ou de seu representante
Art. 14 - Os concursos públicos serão de provas ou de provas legal, o prazo para a posse poderá ser prorrogado pela autoridade
e títulos, complementados, quando exigido, por freqüência obriga- competente, até o máximo de trinta dias a contar do término do
tória em programa específico de formação inicial, observadas as prazo de que trata o parágrafo anterior.
condições prescritas em Lei e regulamento. § 6º - Só poderá ser empossado aquele que, em inspeção mé-
Parágrafo único - O concurso público terá validade de até dois dica oficial, for julgado apto física e mentalmente para o exercício
anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. do cargo.
Art. 15 - O prazo de validade do concurso, o número de cargos § 7º - O prazo para posse em cargo de carreira, de concursado
vagos, os requisitos para inscrição dos candidatos, e as condições investido em mandato eletivo, ou licenciado, será contado a partir
de sua realização serão fixados em edital. do término do impedimento, exceto no caso de licença para tratar
§ 1º - No âmbito da administração direta do Poder Executivo, de interesses particulares ou por motivo de deslocamento do côn-
os concursos públicos serão realizados pela Secretaria de Estado juge, quando a posse deverá ocorrer no prazo previsto no § 4º.
responsável pela administração de pessoal, salvo disposição em § 8º - A posse será formalizada, no âmbito do Poder Executivo:
contrário prevista em lei específica. a) na Secretaria responsável pela administração de pessoal,
§ 2º - Nas autarquias e fundações públicas, os concursos pú- quando se tratar de cargo de provimento efetivo da administração
blicos serão realizados pelas próprias entidades sob a supervisão e direta;
acompanhamento da Secretaria de Estado responsável pela admi- b) nos demais órgãos, quando se tratar de cargo de provimento
nistração de pessoal. em comissão; e
§ 3º - É assegurada ao sindicato ou, na falta deste, à entidade c) nas autarquias e fundações públicas, quanto aos seus res-
representativa de servidores públicos, a indicação de um membro pectivos cargos.
para integrar as comissões responsáveis pela realização de concur- § 9º - Nos demais Poderes a posse será formalizada no respec-
sos. tivo setor de pessoal
§ 4º - A inscrição para concurso público destinado ao provimen- § 10 - Será tornada sem efeito a nomeação, quando a posse
to de cargos nos órgãos da administração direta, indireta ou funda- não se verificar no prazo legal.
cional do Estado do Espírito Santo, não terá custo superior a vinte
por cento do salário mínimo e será gratuito para quem esteja de- SEÇÃO IV
sempregado ou não possuir renda familiar superior a dois salários DO EXERCÍCIO
mínimos, comprovadamente. (Dispositivo incluído pela Lei Comple-
mentar nº 66, de 01 de novembro de 1995) (ADI nº 1568 julgada Art. 17 - Exercício é o efetivo desempenho, pelo servidor públi-
improcedente. Transitado em julgado em 16.10.2020) co, das atribuições de seu cargo.
§ 1º - É de quinze dias o prazo para o servidor público entrar em
SEÇÃO III exercício, contados da data da posse, quando esta for exigida, ou da
DA POSSE publicação do ato, nos demais casos.
§ 2º - Ao responsável pela unidade administrativa onde o servi-
Art. 16 - Posse é o ato de aceitação expressa das atribuições, dor público tenha sido alocado ou localizado compete dar-lhe exer-
deveres e responsabilidades inerentes ao cargo público, com o cício.
compromisso de bem-servir, formalizado com a assinatura do ter- § 3º - Não ocorrendo o exercício no prazo previsto no § 1º, o
mo próprio pelo empossando ou por seu representante especial- servidor público será exonerado.
mente constituído para este fim. Art. 18 - Ao entrar em exercício, o servidor público apresenta-
§ 1º - Só haverá posse no caso de provimento de cargo por rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta-
nomeação na forma do art. 12. mento individual, à regularização de sua inscrição no órgão previ-
§ (Redação dada pela Lei Complementar nº 191, de 13 de no- denciário do Estado e ao cadastramento no PIS/PASEP
vembro de 2000). (Dispositivo com eficácia suspensa em 28.06.2002 Art. 19 - O início, a interrupção e o reinício do exercício serão
e declarado inconstitucional em 08.04.2005, pela ADI nº 2420) registrados nos assentamentos individuais do servidor público.
I - (Dispositivo com eficácia suspensa em 28.06.2002 e decla-
rado inconstitucional em 08.04.2005, pela ADI nº 2420)
II - (Dispositivo com eficácia suspensa em 28.06.2002 e decla-
rado inconstitucional em 08.04.2005, pela ADI nº 2420)

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SEÇÃO V a estes o previsto na Lei Complementar específica que trata desta


DA JORNADA DE TRABALHO E DA FREQÜÊNCIA DO SERVIÇO matéria. (Redação dada pela Lei Complementar nº 874, de 14 de
dezembro de 2017)
Art. 20 - A jornada normal de trabalho do servidor público es- Art. 26 - O registro de freqüência deverá ser efetuado dentro
tadual será definida nos respectivos planos de carreiras e de venci- do horário determinado para o início do expediente, com uma tole-
mentos, não podendo ultrapassar quarenta e quatro horas sema- rância máxima de quinze minutos, no limite de uma vez por semana
nais, nem oito horas diárias, excetuando-se o regime de turnos, e no máximo três ao mês, salvo em relação aos cargos em comissão
facultada a compensação de horário e a redução da jornada me- ou funções gratificadas, cuja freqüência obedecerá ao que dispuser
diante acordo coletivo de trabalho. o regulamento.
Parágrafo único - A jornada normal de trabalho será de oito ho- Parágrafo único - O atraso no registro da freqüência, com a uti-
ras diárias, para o exercício de cargo em comissão ou de função gra- lização da tolerância prevista neste artigo, terá que ser obrigatoria-
tificada exigindo-se do seu ocupante dedicação integral ao serviço. mente compensado no mesmo dia.
§ 1º A jornada normal de trabalho será de oito horas diárias Art. 27 - Compete ao chefe imediato do servidor público o con-
para o exercício de cargo em comissão ou de função gratificada, exi- trole e a fiscalização de sua freqüência, sob pena de responsabi-
gindo-se do seu ocupante dedicação integral ao serviço. (Parágrafo lidade funcional e perda de confiança, passível de exoneração ou
único transformado em §1º e redação dada pela Lei Complementar dispensa.
nº 874, de 14 de dezembro de 2017) Parágrafo único - A falta de registro de freqüência ou a prática
§ 2º A jornada dos servidores públicos estaduais do Poder Exe- de ações que visem à sua burla, pelo servidor público, implicarão
cutivo em regime de teletrabalho equivalerá ao cumprimento das adoção obrigatória, pela chefia imediata, das providências necessá-
metas de desempenho estabelecidas. (Dispositivo incluído pela Lei rias à aplicação da pena disciplinar cabível.
Complementar nº 874, de 14 de dezembro de 2017) Art. 28 - A fixação do horário de trabalho do servidor público
§ 3º Será concedido regime especial de trabalho ao servidor será feita pela autoridade competente, podendo ser alterada por
público estável que tenha filho, cônjuge ou dependente com defici- conveniência da administração.
ência, independentemente de compensação de horas, na forma e Art. 29 - O servidor público perderá:
condições previstas em legislação específica. (Dispositivo incluído I – a remuneração do dia em que faltar injustificadamente ao
pela Lei Complementar nº 1.019, de 15 de julho de 2022) serviço ou deixar de participar do programa de formação, especiali-
Art. 21 - Poderá haver prorrogação da duração normal do tra- zação ou aperfeiçoamento em horário de expediente;
balho, por necessidade do serviço ou por motivo de força maior. II – um terço do vencimento diário, quando comparecer ao ser-
§ 1º - A prorrogação de que trata este artigo, será remunerada viço dentro da hora seguinte à marcada para o início dos trabalhos
na forma do art. 101 e não poderá exceder o limite de duas horas ou quando se retirar dentro da hora anterior à fixada para o término
diárias, salvo nos casos de jornada especial ou regime de turnos. do expediente, computando-se nesse horário a compensação a que
§ 2º - Em situações excepcionais e de necessidade imedia- se refere o art. 26, parágrafo único;
ta as horas que excederem a jornada normal serão compensadas III – o vencimento correspondente a um dia, quando o compa-
pela correspondente diminuição em dias subseqüentes. recimento ao serviço ultrapassar o horário previsto no inciso ante-
Art. 22 - Atendida a conveniência do serviço, ao servidor públi- rior; e
co que seja estudante, será concedido horário especial de trabalho, IV – um terço da remuneração durante os afastamentos por
sem prejuízo de sua remuneração e demais vantagens, observadas motivo de prisão em flagrante ou decisão judicial provisória, com
as seguintes condições: direito à diferença, se absolvido ao final.
I – comprovação da incompatibilidade dos horários das aulas e § 1º - O servidor público que for afastado em virtude de conde-
do serviço, mediante atestado fornecido pela instituição de ensino nação por sentença definitiva, a pena que não resulte em demissão
onde esteja matriculado; e ou perda do cargo, terá suspensa a sua remuneração e seus depen-
II – apresentação de atestado de freqüência mensal, fornecido dentes passarão a perceber auxílio-reclusão, na forma definida no
pela instituição de ensino. art. 219
Parágrafo único - O horário especial a que se refere este artigo § 2º - No caso de falta injustificada ao serviço os dias imedia-
importará compensação da jornada normal com a prestação de ser- tamente anteriores e posteriores aos sábados, domingos e feria-
viço em horário antecipado ou prorrogado, ou no período corres- dos ou aqueles entre eles intercalados serão também computados
pondente às férias escolares. como falta.
Art. 23 - Entre duas jornadas de trabalho haverá um período § 3º - Na hipótese de não-comparecimento do servidor público
mínimo de onze horas consecutivas para descanso. ao serviço ou escala de plantão, o número total de faltas abrangerá,
Art. 24 - Nos serviços permanentes de datilografia, digitação, para todos os efeitos legais, o período destinado ao descanso.
operações de telex, escriturações ou cálculo, a cada período de no- Art. 30 - Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor público au-
venta minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso sentar-se do serviço:
de dez minutos não deduzidos da duração normal do trabalho. I – por um dia, para apresentação obrigatória em órgão militar;
Art. 25 - A freqüência do servidor público será apurada através II – por um dia, a cada três meses, para doação de sangue;
de registros a serem definidos pela administração, pelos quais se III – até oito dias consecutivos, por motivo de casamento;
verificarão, diariamente, as entradas e saídas. IV – por cinco dias consecutivos, por motivo de falecimento do
Art. 25. A frequência do servidor público será apurada por meio cônjuge, companheiro, pais, filhos, irmãos;
de registros a serem definidos pela administração, pelos quais se V – pelos dias necessários à:
verificarão, diariamente, as entradas e saídas, excetuando-se aque- a) realização de provas ou exames finais, quando estudante
les servidores que atuam em regime de teletrabalho, aplicando-se matriculado em estabelecimento de ensino oficial ou reconhecido;
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b) participação de júri e outros serviços obrigatórios por Lei; e Art. 36 - Quando a assunção de exercício implicar mudança de
c) prestação de concurso público. localidade, o servidor público fará jus a um período de trânsito de
Art. 31 - Em qualquer das hipóteses previstas no artigo anterior até oito dias exceto se a mudança for para Municípios integrantes
caberá ao servidor público comprovar, perante a chefia imediata, o da Região Metropolitana da Grande Vitória.
motivo da ausência. Parágrafo único - Na hipótese do servidor público encontrar-se
Art. 32 - Pelo não-comparecimento do servidor público ao ser- afastado pelos motivos previstos no art. 30 ou licença prevista no
viço, para tratar de assuntos de seu interesse pessoal, serão abo- art. 122, I a IV e X, o prazo a que se refere este artigo será contado
nadas até seis faltas, em cada ano civil, desde que o mesmo não a partir do término do afastamento.
tenha, no exercício anterior, nenhuma falta injustificada Art. 37 - Ao servidor público estudante que for localizado ex of-
§ 1º - Os abonos não poderão ser acumulados, devendo sua fício e a seus dependentes, é assegurada na localidade de nova
utilização ocorrer, no máximo, uma vez a cada mês, respeitado o residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino
limite anual previsto neste artigo. público em qualquer época, independentemente de vaga.
§ 2º - A comunicação das faltas será feita antecipadamente, sal- Parágrafo único - Não havendo, na nova localidade, instituição
vo motivo relevante devidamente comprovado. de ensino público ou o curso freqüentado pelo servidor público ou
por seus dependentes, o Estado arcará com o ônus do ensino, em
SEÇÃO VI estabelecimento particular, na mesma localidade.
DA LOTAÇÃO E DA LOCALIZAÇÃO
SEÇÃO VII
Art. 33 - Os servidores públicos dos Poderes Legislativo e Ju- DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
diciário e das autarquias e fundações públicas serão lotados nos
referidos órgãos ou entidades, e a localização caberá à autoridade
competente de cada órgão ou entidade Art. 38 - Estágio probatório é o período de 3 (três) anos em que
§ 1º - O servidor público da administração direta do Poder Exe- o servidor público nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
cutivo será lotado na Secretaria de Estado responsável pela admi- em avaliação, a contar da data do início de seu exercício e, durante
nistração de pessoal, onde ficarão centralizados todos os cargos, o qual, serão apuradas sua aptidão e capacidade para permanecer
ressalvados os casos previstos em Lei. no exercício do cargo. (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 2º - A Secretaria de Estado referida no parágrafo anterior alo- 500, de 26 de outubro de 2009).
cará às demais secretarias e órgãos de hierarquia equivalente os § 1º Ficam os Poderes do Estado autorizados a regulamentar
servidores públicos necessários à execução dos seus serviços, pas- a matéria e a instituir Comissão de Avaliação de Estágio Probató-
sando os mesmos a ter neles o seu exercício. rio. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de
§ 3º - As autarquias e fundações públicas referidas neste artigo outubro de 2009).
informarão permanentemente à Secretaria de Estado responsável § 2º O servidor público, ao ser investido em novo cargo de pro-
pela administração de pessoal as alterações de seus respectivos vimento efetivo, não estará dispensado do cumprimento integral do
quadros. período de 3 (três) anos de estágio probatório no novo cargo. (Dis-
Art. 34 - A mudança de um para outro setor da mesma Secre- positivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro
taria de Estado, em localidade diversa ou não da anterior, será pro- de 2009).
movida pela autoridade competente de cada órgão ou entidade em § 3º Na hipótese de acumulação legal, o estágio probatório de-
que o servidor público tenha sido alocado, mediante ato de locali- verá ser cumprido em relação a cada cargo para o qual o servidor
zação publicado no Diário Oficial do Estado. público tenha sido nomeado. (Dispositivo incluído pela Lei Comple-
Art. 35 - A localização do servidor público dar-se-á: mentar nº 500, de 26 de outubro de 2009).
I – a pedido; e Art. 39 - Durante o período de estágio probatório será obser-
II – de ofício. vado, pelo servidor público, o cumprimento dos seguintes requisi-
§ 1º - A localização por permuta será processada à vista do pe- tos, a serem disciplinados em regulamento: (Redação dada pela Lei
dido conjunto dos interessados, desde que ocupantes do mesmo Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009).
cargo. I - idoneidade moral e ética;
§ 2º - Se de ofício e fundada na necessidade de pessoal, a es- II - disciplina;
colha da localização recairá, preferencialmente, sobre o servidor III - dedicação ao serviço;
público: IV - eficiência.
a) de menor tempo de serviço; § 1º Os requisitos, de que trata o caput deste artigo, serão ava-
b) residente em localidade mais próxima; e liados semestralmente, conforme procedimento a ser estabelecido
c) menos idoso. em regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 500, de
§ 3º - É vedada, de ofício, a localização de servidor público: 26 de outubro de 2009).
I – licenciado para atividade política, período entre o registro § 2º A qualquer tempo, e antes do término do período de cum-
da candidatura perante a Justiça Eleitoral e o dia seguinte ao do primento do estágio probatório, se o servidor público deixar de
resultado oficial da eleição; atender a um dos requisitos estabelecidos neste artigo, as chefias
II – investido em mandato eletivo, desde a expedição do diplo- mediata e imediata, em relatório circunstanciado, informarão o fato
ma até o término do mandato; e à Comissão de Avaliação para, em processo sumário, promover a
III – à disposição de entidade de classe. averiguação necessária, assegurando-se em qualquer hipótese, o
direito de ampla defesa. (Redação dada pela Lei Complementar nº
500, de 26 de outubro de 2009).
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Art. 40 - Será exonerado o servidor em estágio probatório que, § 2º Das avaliações funcionais do servidor caberá recurso dirigi-
no período de cumprimento do estágio, apresentar qualquer das do à Comissão de Avaliação, no prazo de 15 (quinze) dias consecuti-
seguintes situações: (Redação dada pela Lei Complementar nº 500, vos, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento,
de 26 de outubro de 2009). a contar da ciência do servidor em estágio probatório. (Dispositivo
I - não atingir o desempenho mínimo estipulado em regula- incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009)
mento; § 3º O recurso deverá ser instruído com as provas em que se
II - incorrer em mais de 30 (trinta) faltas, não justificadas e con- baseia o servidor em estágio probatório interessado em obter a re-
secutivas ou a mais de 40 (quarenta) faltas não justificadas, interpo- forma da avaliação funcional, sendo-lhe assegurado o contraditório
ladamente, durante o período de 12 (doze) meses; e a ampla defesa. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
III - sentença penal condenatória irrecorrível 500, de 26 de outubro de 2009)
§ 1º - A avaliação do servidor público em estágio probatório § 4º O recurso da avaliação funcional do servidor em estágio
será promovida nos prazos estabelecidos em regimento pela chefia probatório deverá ser concluído no prazo de 15 (quinze) dias con-
imediata, que a submeterá a chefia imediata. (Redação dada pela secutivos, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do ven-
Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). cimento, admitida apenas 1 (uma) prorrogação por igual prazo, em
§ 2º - As conclusões das chefias imediata e mediata serão apre- face de circunstâncias excepcionais, devidamente justificadas. (Dis-
ciadas, em caráter final, por um comitê técnico, especialmente cria- positivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro
do para esse fim. de 2009)
§ 3º - Caso as conclusões das chefias sejam pela exoneração do SEÇÃO VIII
servidor público, ou pela sua recondução ao cargo anteriormente DA ESTABILIDADE
ocupado, a autoridade competente, antes da decisão final, conce-
derá ao servidor público um prazo de quinze dias para a apresenta- Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar
ção de sua defesa. nº 500, de 26 de outubro de 2009)
§ 4º - Pronunciando-se pela exoneração do servidor público, o Art. 43. O servidor habilitado em concurso público e empossa-
comitê técnico encaminhará o processo à autoridade competente, do em cargo de provimento efetivo adquire estabilidade no serviço
no máximo, até trinta dias antes de findar o prazo do estágio proba- público ao completar 3 (três) anos de efetivo exercício. (Redação
tório, para a edição do ato correspondente. dada pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009)
§ 5º - É assegurada a participação do sindicato e, na falta deste, Art. 44 - O servidor público estável só perderá o cargo em vir-
das entidades de classe representativas dos diversos segmentos de tude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo ad-
servidores públicos no comitê técnico, conforme dispuser o regu- ministrativo-disciplinar em que lhe seja assegurada ampla defesa.
lamento.
Art. 41. Durante o cumprimento do estágio probatório, o servi- SEÇÃO IX
dor que se afastar do cargo terá o cômputo do período de avaliação DA READAPTAÇÃO
suspenso enquanto perdurar o afastamento, exceto nas seguintes
hipóteses, nas quais não haverá suspensão: (Redação dada pela Lei (Dispositivos incluídos pela Lei Complementar nº 98, de 12 de
Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009) maio de 1997, não havendo renumeração dos demais artigos)
I - nos casos dos afastamentos previstos no artigo 30, incisos I, (Dispositivos com aplicabilidade suspensa em 13.03.1998 e
II, III, IV e V, alíneas “a” e “b”, e artigo 57; declarados inconstitucionais em 25.10.2002,
II - por motivo das licenças previstas no artigo 122, incisos I e II, pela ADI nº 1731)
por até 60 (sessenta) dias, e nos incisos III e X; (Redação dada pela
Lei Complementar nº 854, de 11 de maio de 2017). CAPÍTULO III
III - nos casos de exercício de cargo de provimento em comissão DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
ou de função gratificada, no âmbito do Poder Público Estadual.
Parágrafo único. Ao servidor público em estágio probatório não Art. 45 - É assegurado ao servidor público, após a nomeação
serão concedidas as licenças previstas no artigo 122, V e VIII. (Reda- e cumprimento do estágio probatório, o desenvolvimento funcio-
ção dada pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009) nal na forma e condições estabelecidas nos planos de carreiras e
Art. 42. A avaliação final do servidor em estágio probatório de vencimentos através de progressões horizontal e vertical e de
será homologada, no âmbito do Poder Executivo, pelo Secretário ascensão.
de cada Pasta, na Administração Direta, e pelo dirigente máximo Art. 46 - (Promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispositivo com
de cada entidade, na Administração Indireta, dela dando-se ciência eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitucional em
ao servidor interessado. (Redação dada pela Lei Complementar nº 25.04.2003 pela ADI nº 1345)
500, de 26 de outubro de 2009) Parágrafo único - (Dispositivo com eficácia suspensa em
§ 1º Caberá aos Poderes Legislativo e Judiciário estabelecer a 06.04.2001 e declarado inconstitucional em 25.04.2003 pela ADI
autoridade competente para a homologação da avaliação final do nº 1345)
servidor em estágio probatório pertencente aos seus respectivos
quadros. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 CAPÍTULO IV
de outubro de 2009) DO APROVEITAMENTO

Art. 47 - Aproveitamento é a volta ao serviço ativo do servidor


público posto em disponibilidade.

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§ 1º - O aproveitamento será realizado no interesse da Admi- CAPÍTULO VII-A


nistração, mediante ato do Chefe de cada Poder, facultada a dele- DA READAPTAÇÃO
gação, e dar-se-á em cargo de natureza, atribuições e vencimentos (DISPOSITIVO INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 938,
compatíveis com o anteriormente ocupado, respeitadas a escolari- DE 9 DE JANEIRO DE 2020)
dade e habilitação exigidas para o respectivo cargo. (Redação dada
pela Lei Complementar nº 173, de 04 de janeiro de 1999). Art. 51-A. A readaptação ocorre quando o servidor público
§ 2º - O aproveitamento do servidor público em disponibilida- efetivo é readaptado em cargo de atribuições e responsabilidades
de, há mais de doze meses, dependerá de comprovação de sua ca- compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
pacidade física e mental, por junta médica oficial. física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, verificada
§ 3º - Se julgado apto, o servidor público assumirá o exercício em inspeção médica. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar
do cargo no prazo de quinze dias, contados da publicação do ato de nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
aproveitamento. § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
§ 4º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor público será aposentado. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
em disponibilidade será aposentado. 938, de 9 de janeiro de 2020)
Art. 48 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada § 2º A readaptação será efetivada em cargo cujas atribuições
a disponibilidade se o servidor público não entrar em exercício no e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha
prazo legal. sofrido em sua capacidade física ou mental, respeitada a habilitação
e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida
CAPÍTULO V a remuneração do cargo de origem. (Dispositivo incluído pela Lei
DA REINTEGRAÇÃO Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)

Art. 49 - Reintegração é a reinvestidura do servidor público CAPÍTULO VIII


estável no cargo anteriormente ocupado, quando invalidada a sua DA SUBSTITUIÇÃO
demissão, por decisão administrativa ou judicial, transitada em jul-
gado, com pleno ressarcimento dos vencimentos, direitos e vanta- Art. 52 - Haverá substituição nos casos de impedimento legal
gens permanentes. ou afastamento de ocupante de cargo em comissão ou de função
§ 1º - Na hipótese de o cargo anterior ter sido extinto, o servi- gratificada.
dor público ficará em disponibilidade remunerada. § 1º - O substituto perceberá o vencimento do cargo em comis-
§ 2º - Tendo sido transformado o cargo que ocupava, a reinte- são ou o valor da função gratificada, podendo optar pela gratifica-
gração se dará no cargo resultante da transformação. ção prevista no art. 96.
§ 3º - O servidor público reintegrado será submetido a inspe- § 2º - A substituição será remunerada por qualquer período.
ção médica.
§ 4º - Se verificada a incapacidade, será o servidor público apo- CAPÍTULO IX
sentado no cargo em que houver sido reintegrado. DOS AFASTAMENTOS
§ 5º - Se verificada a reintegração do titular do cargo, o eventu-
al ocupante da vaga será, pela ordem: Art. 53 - O servidor público não poderá servir fora da repartição
I – reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização; em que for lotado ou estiver alocado, salvo quando autorizado, para
II – aproveitado em outro cargo; e fim determinado e por prazo certo, por autoridade competente.
III – colocado em disponibilidade Art. 54. O servidor público poderá ser cedido aos Governos da
União, de outros Estados, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos
CAPÍTULO VI Municípios para exercer cargo de provimento em comissão ou fun-
DA RECONDUÇÃO ção de confiança, desde que sem ônus para o Estado, pelo prazo de
até 05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situ-
Art. 50 - Recondução é o retorno do servidor público estável ações especificadas em lei. (Redação dada pela Lei Complementar
ao cargo que ocupava anteriormente, correlato ou transformado, nº 715, de 15 de outubro de 2013)
decorrente de sua inabilitação em estágio probatório relativo a ou-
tro cargo. § 1º Findo o prazo da cessão, o servidor público retornará ao
seu lugar de origem, sob pena de incorrer em abandono de car-
CAPÍTULO VII go. (Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei Complementar
DA REVERSÃO nº 715, de 15 de outubro de 2013)
§ 2º O servidor público poderá ser cedido, desde que sem ônus
Art. 51 - Reversão é o retorno à atividade, do servidor público para o Estado, ainda que esteja em estágio probatório, para acom-
aposentado por invalidez, quando insubsistentes os motivos de sua panhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil
aposentadoria e julgado apto em inspeção médica oficial. ou militar, de qualquer dos Poderes ou órgãos independentes da
§ 1º - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou em cargo resul- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que te-
tante de sua transformação. nha sido nomeado para provimento de cargo efetivo, desde que a
§ 2º Não poderá reverter o servidor público que contar seten- relação conjugal tenha sido estabelecida antes da nomeação. (Dis-
ta e cinco anos de idade ou tempo de serviço para aposentadoria positivo incluído pela Lei Complementar nº 715, de 15 de outubro
voluntária com proventos integrais. (Redação dada pela Lei Comple- de 2013)
mentar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
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§ 3º A cessão prevista no § 2º deste artigo suspenderá o côm- TÍTULO III


puto do período de avaliação do estágio probatório. (Dispositivo DA VACÂNCIA
incluído pela Lei Complementar nº 715, de 15 de outubro de 2013)
Art. 54-A. A cessão de servidor público de um para outro Poder CAPÍTULO I
ou órgão independente do próprio Estado somente poderá ocorrer DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
para o exercício de cargo de provimento em comissão ou função
de confiança, desde que sem ônus para o cedente, pelo prazo de Art. 60. A vacância de cargo público decorrerá de:
até 05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situ- I – exoneração;
ações específicas em lei. (Dispositivo incluído pela Lei Complemen- II – demissão;
tar nº 715, de 15 de outubro de 2013) III – ascensão; (promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispositivo
Art. 55 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 222, com eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitucional
de 27 de dezembro de 2001). em 25.04.2003 pela ADI nº 1345)
Art. 56 - .(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 715, IV – aposentadoria;
de 15 de outubro de 2013) V – falecimento;
Art. 57 - É permitido ao servidor público estadual ausentar-se VI – declaração de perda de cargo;
da repartição em que tenha exercício, sem perda de seus venci- VII – destituição de cargo em comissão.
mentos e vantagens, mediante autorização expressa da autoridade
competente de cada Poder, para: (Redação dada pela Lei Comple- CAPÍTULO II
mentar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). DA EXONERAÇÃO
I – participar de congressos e outros certames culturais, técni-
cos, científicos ou desportivos; Art. 61 - A exoneração do servidor público dar-se-á:
II – cumprir missão de interesse do serviço; e a) de ofício; e
III – freqüentar curso de aperfeiçoamento, atualização ou espe- b) a pedido.
cialização que se relacione com as atribuições do cargo efetivo de § 1º - Se de ofício, a exoneração do servidor público efetivo
que seja titular. será aplicada:
§ 1º - O afastamento para participar de competições desporti- a) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; e
vas só se dará quando se tratar de representação do Estado ou do b) quando, tendo tomado posse, o servidor público não assu-
Brasil em competições oficiais. mir o exercício do cargo no prazo previsto no art. 17, § 1º.
§ 2º - O afastamento para cumprimento de missão de interesse § 2º - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
do serviço fica condicionado à iniciativa da administração, justifica- a) a juízo da autoridade competente; e
da, em cada caso, a sua necessidade. b) a pedido do próprio servidor público.
§ 3º - No caso do inciso III, o servidor público fica obrigado a Art. 62 - O servidor público ocupante de cargo em comissão,
permanecer a serviço do Estado, após a conclusão do curso, pelo se exonerado durante o período de licença médica ou férias, fará
prazo correspondente ao período de afastamento, sob pena de jus ao recebimento da remuneração respectiva, até o prazo final do
restituir, em valores atualizados ao Tesouro do Estado o que tiver afastamento.
recebido a qualquer título, se renunciar ao cargo antes desse prazo. Art. 63 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 880,
§ 4º - Não será permitido o afastamento referido no inciso III ao de 26 de dezembro de 2017)
ocupante de cargo em comissão. Parágrafo único - . (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
Art. 58 - Ao servidor público em exercício de mandato eletivo, tar nº 880, de 26 de dezembro de 2017)
aplicam-se as seguintes disposições: Art. 64 - Não será concedida exoneração ao servidor público
I – tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, ficará efetivo que, tendo se afastado para freqüentar curso especializado,
afastado de seu cargo efetivo; não houver promovido a reposição das importâncias recebidas, du-
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo rante o período do afastamento, em valores atualizados, caso em
efetivo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; que será demitido, após trinta dias, por abandono do cargo, sendo
III – investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- a importância devida inscrita em dívida ativa.
dade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo efetivo, sem Parágrafo único - A reposição de que trata este artigo não será
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e não havendo compati- procedida quando a exoneração decorrer da nomeação para outro
bilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; cargo público estadual.
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício Art. 65 - Para exonerar, são competentes as autoridades diri-
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos gentes dos órgãos ou entidades referidos no art. 16, §§ 8º e 9º,
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; e salvo delegação de competência.
V – para efeito de benefício previdenciário, nos casos de afas- TÍTULO IV
tamento, os valores de contribuição serão determinados como se o DOS DIREITOS E VANTAGENS
servidor público em exercício estivesse.
Art. 59 - Preso preventivamente, denunciado por crime funcio- CAPÍTULO I
nal, ou condenado por crime inafiançável, em processo no qual não DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
haja pronúncia, o servidor público efetivo será afastado do exercício
de seu cargo, até decisão final transitada em julgado. Art. 66 - Vencimento é a retribuição pecuniária mensal devida
ao servidor público civil pelo efetivo exercício do cargo, fixada em
lei.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 67 - Os vencimentos do servidor público, acrescidos das II – reposição de valores pagos indevidamente pela Fazenda
vantagens de caráter permanente, e os proventos são irredutíveis, Pública estadual, hipótese em que o desconto será promovido em
observarão o princípio da isonomia, e terão reajustes periódicos parcelas mensais não excedentes a vinte por cento da remunera-
que preservem seu poder aquisitivo. ção, ou provento.
§ 1º - O princípio da isonomia objetiva assegurar o mesmo tra- § 1º - Caso os valores recebidos a maior sejam superiores
tamento, a equivalência e a igualdade de remuneração entre os car- à cinqüenta por cento da remuneração que deveria receber, fica o
gos de atribuições iguais ou assemelhadas. servidor público obrigado a devolvê-lo de uma só vez no prazo de
§ 2º - Na avaliação da ocorrência da isonomia serão levados setenta e duas horas.
em consideração a escolaridade, as atribuições típicas do cargo, a § 2º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública Es-
jornada de trabalho e demais requisitos exigidos para o exercício tadual em virtude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em
do cargo. efetuar recolhimentos ou entradas nos prazos legais será feita de
Art. 68 - Os vencimentos dos servidores públicos dos Poderes uma só vez, em valores atualizados.
Executivo, Legislativo e Judiciário são idênticos para cargo de atri- § 3º - O servidor público em débito com o erário, que for demi-
buições iguais ou assemelhadas, observando-se como parâmetro tido, exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilida-
aqueles atribuídos aos servidores do Poder Executivo. de cassadas, terá o prazo de até sessenta dias, a partir da publicação
Art. 69 - Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das do ato, para quitá-lo.
vantagens pecuniárias estabelecidas em lei. § 4º - A não-quitação do débito no prazo previsto no parágrafo
Art. 69. Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das anterior implicará sua inscrição em dívida ativa, sendo o mesmo tra-
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. (Redação tamento observado nas hipóteses previstas no § 2º.
dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) Art. 74 - Mediante autorização do servidor público, poderá ha-
Art. 70 - A revisão geral da remuneração dos servidores públi- ver consignação em folha de pagamento, a favor de terceiros, custe-
cos da administração direta, das autarquias e das fundações públi- ada pela entidade correspondente, a critério da administração, na
cas far-se-á sempre na mesma data e nos mesmos índices. forma definida em regulamento.
§ 1º - Os vencimentos e os proventos dos servidores públicos Parágrafo único - A soma das consignações facultativas e com-
estaduais deverão ser pagos até o último dia útil do mês de traba- pulsórias não poderá ultrapassar setenta por cento do vencimento
lho, corrigindo-se os seus valores, se tal preço ultrapassar o décimo e vantagens permanentes atribuídos ao servidor público.
dia do mês subseqüente no vencido, com base nos índices oficiais Art. 75 - A remuneração ou provento que o servidor público
de variação da economia do país. (Redação dada pela Lei Comple- falecido tenha deixado de receber será pago ao cônjuge ou com-
mentar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). panheiro sobrevivente ou à pessoa a quem o alvará judicial deter-
§ 2º - As vantagens pecuniárias devidas ao servidor público minar.
serão pagas com base nos valores vigentes no mês de pagamento CAPÍTULO II
inclusive quanto às parcelas em atraso. DAS VANTAGENS PECUNIÁRIAS
Art. 71 - Nenhum servidor público poderá perceber, mensal-
mente, a título de remuneração ou provento, importância superior SEÇÃO I
à soma dos valores fixados como remuneração, em espécie, a qual- DA ESPECIFICAÇÃO
quer título, por membro da Assembléia Legislativa, Desembarga-
dores e Secretários de Estado, respectivamente, de acordo com o Art. 76. Juntamente com o vencimento, serão pagas ao servi-
Poder a cujo quadro de pessoal pertença, observado o disposto no dor público as seguintes vantagens pecuniárias: (Vide Lei Comple-
art. 69. mentar nº 50, de 18 de julho de 1994)
§ 1º - Excluem-se do teto da remuneração os adicionais e gra- I – indenização;
tificações constantes do art. 93, I, c a I, II, a, b e c, e III, o déci- II – auxílios financeiros;
mo terceiro vencimento, as indenizações e os auxílios pecuniários III – gratificações e adicionais; e
previstos nesta Lei. (Dispositivo teve sua aplicação suspensa em IV – décimo terceiro vencimento.
relação a alínea “i” do inc.I e ao inc. III ambos do art. 93, em § 1º - As indenizações e os auxílios financeiros não se incorpo-
19.04.1996. ADI nº 1344 – extinto o processo, sem julgamento do ram ao vencimento ou provento para qualquer efeito.
mérito, em 25.11.2015) § 2º - As vantagens pecuniárias não serão computadas nem
§ 2º - O menor vencimento atribuído aos cargos de carreira não acumuladas para efeito de concessão de quaisquer outros acrés-
poderá ser inferior a um trinta avos do maior vencimento, na for- cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun-
ma deste artigo, incluída a gratificação de representação, quando damento.
houver. § 3º - As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
Art. 72 - O servidor público efetivo enquanto em exercício de mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
cargo em comissão deixará de perceber o vencimento ou remune-
ração do cargo efetivo, ressalvado o direito de opção, na forma do § 4º - Nenhuma vantagem pecuniária poderá ser concedida
art. 96. sem autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 73 - O vencimento, a remuneração e os proventos não so-
frerão descontos além dos previstos em lei, nem serão objeto de SEÇÃO II
arresto, seqüestro ou penhora, salvo quando se tratar de: DAS INDENIZAÇÕES
I – prestação de alimentos, resultante de decisão judicial; e
Art. 77 - Constituem indenizações ao servidor público:
I – ajuda de custo;
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II – diária; e § 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo


III – transporte. também devida em valores a serem definidos em regulamento,
quando não houver pernoite, e será paga adiantadamente. (Reda-
SUBSEÇÃO I ção dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
DA AJUDA DE CUSTO § 2º - Quando o deslocamento ocorrer para fora do Estado, o
servidor público fará jus a uma complementação de diária, desti-
Art. 78 - A ajuda de custo é a retribuição concedida ao servidor nada a cobrir despesas com transporte urbano, a ser definida em
público estadual para compensar as despesas de sua mudança para regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29
novo local, em caráter permanente, no interesse do serviço, pelo de fevereiro de 1996).
afastamento referido no art.83, por prazo superior a 15 (quinze) § 3º - A diária também será devida ao servidor público desig-
dias e pelo afastamento previsto nos arts. 57, II e 128, devendo ser nado para participar de órgão colegiado estadual, quando resida
paga adiantadamente. (Redação dada pela Lei Complementar nº em localidade diversa daquela em que são realizadas as sessões do
80, de 29 de fevereiro de 1996). órgão, bem como ao pessoal cedido para prestar serviços ao gover-
§ 1º - Correrão à conta da administração pública as despesas no estadual.
com transporte do servidor público e de sua família, inclusive um § 4º - Não será devida diária quando o deslocamento do servi-
empregado. dor ocorrer entre os municípios da Região Metropolitana da Grande
§ 2º - Nos casos de serviço ou cumprimento de missão em ou- Vitória (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana), entre municí-
tro Estado ou no estrangeiro, a ajuda de custo será paga para fazer pios limítrofes ou quando a distância entre as suas sedes for inferior
face às despesas extraordinárias. a 150 (cento e cinqüenta quilômetros), salvo, neste último caso, se
§ 3º - À família do servidor público que falecer na nova sede ocorrer pernoite. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de 17 de maio de 1999).
origem. Art. 84. O servidor público que receber diária e não se afastar
Art. 79 - A ajuda de custo será fixada pelo Chefe do Poder com- da sede, por qualquer motivo, ou o que retornar à sede em prazo
petente e será calculada sobre a remuneração mensal do servidor menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá o valor
público, não podendo exceder a importância correspondente a 03 total das diárias recebidas ou o que exceder o que lhe for devido, no
(três) meses de vencimento, salvo a hipótese de cumprimento de prazo de cinco dias, a contar do recebimento ou retorno, conforme
missão no exterior. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de o caso.
29 de fevereiro de 1996). Art. 85 - O valor da diária será fixado por ato próprio devendo
Art. 80 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor público ser respeitada uma variação percentual de 20% (vinte por cento)
que se afastar do cargo, ou reassumí-lo, em virtude de mandato ele- entre a maior e a menor, da respectiva tabela.
tivo, por ter sido cedido, na forma dos arts. 54, 55 e 56 ou afastado Art. 85 - A diária será fixada com observância dos valores mé-
na forma do art. 57, I e III. dios de despesas com pousada e alimentação. (Redação dada pela
Art. 81 - O servidor público restituirá a ajuda de custo quando: Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
I – não se transportar para a nova sede no prazo determinado; Parágrafo único - Na hipótese de necessidade de afastamento
II – pedir exoneração ou abandonar o serviço; por prazo superior a 15 (quinze) dias, o servidor fará jus a ajuda de
III – não comprovar a participação em missão a que se refere custo. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de
o art. 57, II; fevereiro de 1996).
IV - Ocorrer qualquer das hipóteses prevista no art. 84. (Dispo- Art. 86 - Ocorrendo reajuste no valor da diária durante o afas-
sitivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de tamento do servidor público, será este reembolsado da diferença.
1996).
Parágrafo único - O servidor público não estará obrigado a resti- SUBSEÇÃO III
tuir a ajuda de custo quando seu regresso à sede anterior for deter- DO TRANSPORTE
minado de ofício ou decorrer de doença comprovada na sua pessoa
ou em pessoa de sua família. Art. 87 - A indenização de transporte é concedida ao servidor
Art. 82 - Será concedida a ajuda de custo àquele que, sendo público que utilize meio próprio de locomoção para execução de
servidor público do Estado, for nomeado para cargo em comissão, serviços externos, mediante apresentação de relatório.
com mudança de domicílio. Parágrafo único - A utilização de meio próprio de locomoção
depende de prévia e expressa autorização, na forma definida em
SUBSEÇÃO II regulamento.
DAS DIÁRIAS SEÇÃO III
DOS AUXÍLIOS FINANCEIROS

Art. 83 - Ao servidor público que a serviço, se afastar do Municí- SUBSEÇÃO I


pio onde tenha exercício regular em caráter eventual ou transitório, DA ESPECIFICAÇÃO
por período de até quinze dias, será concedida, além da passagem,
diária para cobrir as despesas com pousada e alimentação, na for- Art. 88 - Serão concedidos ao servidor público:
ma disposta em regulamento. (Redação dada pela Lei Complemen- I – auxílio-transporte;
tar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). II – auxílio-alimentação;
III – auxílio-creche; e
IV – bolsa de estudo.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SUBSEÇÃO II II – adicional de:


DO AUXÍLIO-TRANSPORTE a) tempo de serviço;
b) férias;
Art. 89 - O auxílio-transporte será devido ao servidor público c) assiduidade;
ativo, na forma da lei, para pagamento das despesas com o seu III – gratificação de representação.
deslocamento da residência para o trabalho e do trabalho para a IV - gratificação especial de participação em comissão de lici-
residência, por um ou mais modos de transporte público coletivo, tação e de pregão. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
computados somente os dias trabalhados. 291, de 30 de junho de 2004).
Parágrafo único - Também fará jus ao auxílio-transporte o ser- § 1º - Para conceder as gratificações previstas neste artigo, ex-
vidor público matriculado e que esteja freqüentando curso de for- ceto as referidas no inciso I, alíneas “a”, “d” e “e”, são competentes:
mação ou especialização na Escola de Serviço Público ou em outro I – na Administração Direta do Poder Executivo, o Secretário
órgão público. responsável pela administração de pessoal; e
II – nas autarquias e fundações públicas, os respectivos dirigen-
SUBSEÇÃO III tes.
DO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO § 2º - As gratificações excepcionadas no parágrafo anterior se-
rão concedidas pelos secretários das respectivas pastas.
Art. 90 - O auxílio-alimentação será devido ao servidor público § 3º - Nos demais Poderes é competente para concessão das
ativo na forma e condições estabelecidas em regulamento. gratificações e adicionais a autoridade de igual nível hierárquico ao
de Secretário de Estado.
SUBSEÇÃO IV
DO AUXÍLIO-CRECHE SUBSEÇÃO II
DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE FUNÇÃO GRATIFICADA
Art. 91 - O auxílio-creche será devido ao servidor público ativo
que possua filho em idade de zero a seis anos, em creche, na forma Art. 94 - Ao servidor público efetivo investido em função grati-
e condições estabelecidas em regulamento. ficada é devida uma gratificação pelo seu exercício.
Parágrafo único - A gratificação prevista neste artigo será fixada
SUBSEÇÃO V por lei e recebida concomitantemente com o vencimento ou remu-
DA BOLSA DE ESTUDOS neração do cargo efetivo.
Art. 95 - Não perderá a gratificação o servidor público que se
Art. 92 - Fará jus a bolsa de estudos o servidor público regu- ausentar em virtude de férias, luto, casamento, licenças previstas
larmente matriculado em curso específico de formação inicial ou no art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por Lei.
curso de especialização, em qualquer nível, e em estabelecimento
oficial de ensino, ou na Escola de Serviço Público do Estado do Es- SUBSEÇÃO III
pírito Santo, quando exigido em cargo da mesma carreira em que DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO
se encontre.
Art. 96 - A gratificação por exercício de cargo em comissão será
Parágrafo único - O valor e as condições de concessão da bolsa concedida ao servidor público que, investido em cargo de provi-
de estudos serão fixados em regulamento. mento em comissão, optar pelo vencimento do seu cargo efetivo.
Parágrafo único - A gratificação a que se refere este artigo cor-
SEÇÃO IV responderá a 65% (sessenta e cinco por cento) do vencimento do
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS cargo em comissão. (Redação dada pela Lei Complementar nº 408,
de 26 de julho de 2007).
SUBSEÇÃO I
DA ESPECIFICAÇÃO SUBSEÇÃO IV
DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EM
Art. 93 - Poderão ser concedidos ao servidor público: (Vide Lei CONDIÇÕES INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS
Complementar nº 50, de 18 de julho de 1994)
I – gratificação por: Art. 97 - O servidor público que trabalhe com habitualidade em
a) exercício de função gratificada; locais considerados insalubres ou perigosos ou que exerça ativida-
b) exercício de cargo em comissão; des penosas fará jus a uma gratificação calculada sobre o vencimen-
c) exercício de atividades em condições insalubres, perigosas to do cargo efetivo ou em comissão que exerça.
e penosas; § 1º - Considera-se insalubre o trabalho realizado em contato
d) execução de trabalho com risco de vida; com portadores de moléstias infecto-contagiosas ou com substân-
e) prestação de serviço extraordinário; cias tóxicas, poluentes e radioativas ou em atividades capazes de
f) prestação de serviço noturno; produzir seqüelas.
g)(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80, de 29 de § 2º - Considera-se perigoso o trabalho realizado em contato
fevereiro de 1996) permanente com inflamáveis, explosivos e em setores de energia
h) encargo de professor ou auxiliar em curso oficialmente insti- elétrica sob condições de periculosidade.
tuído, para treinamento e aperfeiçoamento funcional; e
i) produtividade;
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º - Consideram-se penosas as atividades normalmente can- Parágrafo único - A hora de trabalho do serviço noturno será
sativas ou excepcionalmente desgastantes exercidas com habituali- computada como de cinqüenta e dois minutos e trinta segun-
dade pelo servidor público, na forma prevista em regulamento. dos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de feve-
§ 4º - As gratificações referidas neste artigo serão fixadas em reiro de 1996).
percentuais variáveis entre quinze e quarenta por cento do respec-
tivo vencimento, de acordo com o grau de insalubridade, periculosi- SUBSEÇÃO VIII
dade ou penosidade a que esteja exposto o servidor público, e que DA GRATIFICAÇÃO POR PARTICIPAÇÃO COMO MEMBRO DE
será definido em regulamento. BANCA OU COMISSÃO DE CONCURSO
Art. 98 - Será alterado ou suspenso o pagamento da gratifica-
ção de insalubridade,periculosidade ou penosidade durante o afas- Art. 103 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
tamento do efetivo exercício do cargo ou função, exceto nos casos 80, de 29 de fevereiro de 1996).
de férias, licenças previstas no art. 122, I, II, IV e X, casamento, luto
e serviço obrigatório por lei, ou quando ocorrer a redução ou eli-
minação da insalubridade, periculosidade ou penosidade ou forem SUBSEÇÃO IX
adotadas medidas de proteção contra os seus efeitos. DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE PROFESSOR OU
Art. 99 - É proibida a atribuição de trabalho em atividades ou AUXILIAR EM CURSO OFICIALMENTE INSTITUÍDO,
operações consideradas insalubres, perigosas ou penosas à servi- PARA TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO FUNCIONAL
dora pública gestante ou lactante.
Art. 104 - A gratificação por encargo de professor ou auxiliar
SUBSEÇÃO V em curso para treinamento e aperfeiçoamento funcional será devi-
DA GRATIFICAÇÃO POR EXECUÇÃO DE TRABALHO COM RISCO da ao servidor público que for designado para participar como pro-
DE VIDA fessor ou auxiliar em curso da Escola de Serviço Público, devendo
ser fixada pelo Secretário de Estado responsável pela administração
Art. 100 - A gratificação por execução de trabalho com risco de de pessoal.
vida será concedida ao servidor público que desempenhe atribui-
ções ou encargos em circunstâncias potencialmente perigosas à sua SUBSEÇÃO X
integridade física, com possibilidade de dano à vida. DA GRATIFICAÇÃO POR PRODUTIVIDADE
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo variará entre os
limites de vinte e quarenta por cento, calculados sobre o valor do Art. 105 - A gratificação de produtividade só será devida ao
vencimento do cargo exercido e será fixada em regulamento. ocupante de cargo efetivo, na forma e condições definidas em
§ 2º - A gratificação por execução de trabalho com risco de vida Lei. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro
apenas será devida enquanto o servidor público execute suas ati- de 1996).
vidades nas mesmas condições que deram causa à concessão da SUBSEÇÃO XI
vantagem, mantido o direito à percepção da mesma apenas nas au- DO ADICIONAL DE TEMPO DE SERVIÇO
sências por motivo de férias, luto, casamento, licenças previstas no (VIDE LEI COMPLEMENTAR Nº 128, DE 25 DE DEZEMBRO DE
art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por lei. 1998)
§ 3º - A gratificação prevista neste artigo não será concedida ao
servidor público que já estiver percebendo a gratificação constante
do art. 97. Art. 106 - O Adicional de Tempo de Serviço, respeitado do dis-
SUBSEÇÃO VI posto no artigo 166, será concedido ao servidor público, a cada 05
DA GRATIFICAÇÃO POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (cinco) anos de efetivo exercício, no percentual de 5% (cinco por
EXTRAORDINÁRIO cento), limitado a 35% (trinta e cinco por cento) e calculado sobre
o valor do respectivo vencimento. (Redação dada pela Lei Comple-
Art. 101 - O serviço extraordinário será remunerado com acrés- mentar nº 92, de 30 de dezembro de 1996). (Ver art. 4º da Lei Com-
cimo de cinqüenta por cento em relação à hora normal de trabalho. plementar nº 92, de 30 de dezembro de 1996)
§ 1º - Somente será permitido serviço extraordinário para aten- Parágrafo único - Em caso de acumulação legal, o adicional de
der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má- tempo de serviço será devido em razão do tempo prestado em cada
ximo de duas horas diárias, e não excederá 180 (cento e oitenta) cargo.
dias por ano. SUBSEÇÃO XII
§ 2º - A gratificação somente será devida ao servidor público DO ADICIONAL DE FÉRIAS
efetivo que trabalhe além da jornada normal, vedada sua incorpo-
ração à remuneração. Art. 107 - Por ocasião das férias do servidor público, ser-lhe-
SUBSEÇÃO VII -á devido um adicional de um terço da remuneração percebida no
DA GRATIFICAÇÃO POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NOTURNO mês em que se iniciar o período de fruição
Parágrafo único - O adicional de férias será devido apenas uma
Art. 102 - O serviço noturno será remunerado com o acréscimo vez em cada exercício.
de 20% (vinte e cinco por cento) ao valor da hora normal, conside-
rando-se para os efeitos deste artigo, os serviços prestados em ho-
rário compreendido entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco
horas do dia seguinte.
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SUBSEÇÃO XIII Art. 110 - As faltas injustificadas ao serviço, bem como as de-
DO ADICIONAL DE ASSIDUIDADE correntes de penalidades disciplinares e de suspensão, retardarão a
. concessão da assiduidade na proporção de sessenta dias por falta.
§ 1º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 128, de Art. 111 - O servidor público com direito ao adicional de assi-
25 de setembro de 1998). duidade poderá optar pelo gozo de 3 (três) meses de férias-prêmio,
§ 2º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 128, de na forma prevista no art.118. (Redação dada pela Lei Complemen-
25 de setembro de 1998). tar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
Art. 108. Após cada decênio ininterrupto de efetivo exercício Art. 112 - Em caso de acumulação legal, o servidor público fará
prestado à administração direta, autarquias e fundações do Estado jus ao adicional de assiduidade em relação a cada um dos cargos
do Espírito Santo, o servidor público em atividade terá direito a um isoladamente.
adicional de assiduidade, em caráter permanente, correspondente
a 2% (dois por cento) do vencimento básico do cargo, respeitando SUBSEÇÃO XIV
o limite de 15% (quinze por cento) com integração da mesma van- DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO
tagem concedida anteriormente sob regime jurídico diverso. (Reda-
ção dada pela Lei Complementar nº 141, de 15 de janeiro de 1999). Art. 113 - A gratificação de representação destina-se a aten-
§ 1º - A gratificação de assiduidade para o decênio em curso der às despesas extraordinárias, decorrentes de compromissos de
na data de promulgação desta Lei Complementar será calculada ordem social ou profissional inerentes a representatividade de ocu-
proporcionalmente e de forma mista. (Dispositivo incluído pela Lei pantes de cargos de proeminência e destaque dentro da adminis-
Complementar nº 141, de 15 de janeiro de 1999). tração pública estadual.
§ 2º - Para aplicação do disposto no § 1º será considerado per- § 1º - A gratificação de que trata este artigo não poderá ser per-
centual de 5% (cinco por cento) para os anos já trabalhados e de 2% cebida cumulativamente pelo servidor público que ocupe cargo efe-
(dois por cento) para os anos a serem trabalhados até a comple- tivo e em comissão aos quais a mesma seja atribuída, distintamen-
mentação do decênio. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar te, sendo facultada, nesta hipótese, a opção pela de maior valor.
nº 141, de 15 de janeiro de 1999). § 2º - A gratificação de representação será fixada por lei até
Art. 109 - Interrompem a contagem do tempo de serviço, para o limite máximo de cinqüenta por cento do vencimento do cargo.
efeito de cômputo de decênio previsto no “caput” deste artigo, os
seguintes afastamentos: (Redação dada pela Lei Complementar nº SUBSEÇÃO XV
80, de 29 de fevereiro de 1996). DA GRATIFICAÇÃO ESPECIAL DE PARTICIPAÇÃO EM
I - Licença para trato de interesses particulares; COMISSÃO DE LICITAÇÃO E DE PREGÃO
II - Licença por motivo de deslocamento do cônjuge ou compa- (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 291, de 30 de
nheiro, quando superiores a 30 (trinta) dias ininterruptos ou não; junho de 2004).
III - Licença por motivo de doença em pessoa da família, quan-
do superiores a 30 (trinta) dias ininterruptos ou não; Art. 113-A - Aos presidentes e membros das comissões de lici-
IV - Licença para tratamento da própria saúde, quando superio- tação, aos pregoeiros e aos membros das equipes de pregão será
res a 60 (sessenta) dias, ininterruptos ou não. atribuída uma gratificação especial, a ser paga mensalmente, ob-
V - Faltas injustificadas; servada a seguinte especificação por modalidade de licitação:
VI - Suspensão disciplinar, decorrente de conclusão de proces- I - concorrência ou tomada de preços - 60 (sessenta) Valores de
so administrativo disciplinar; Referência do Tesouro Estadual - VRTEs;
VII - Prisão mediante sentença judicial, transitada em julgado. II - carta convite - 40 (quarenta) VRTEs;
§ 1º - A interrupção do exercício de que trata o “caput” des- III - pregão:
te artigo, determinará o reinício da contagem do tempo de serviço a) 60 (sessenta) VRTEs, quando o valor for equivalente à con-
para efeito de aquisição do benefício, a contar da data do término corrência ou tomada de preços, e
do afastamento. b) 40 (quarenta) VRTEs, quando o valor for referente à carta
§ 2º - Excetuam-se do disposto no inciso IV deste artigo os afas- convite.
tamentos decorrentes de licença por acidente em serviço ou doen- § 1º A gratificação prevista no “caput” deste artigo, devida aos
ça profissional e aqueles superiores a 60 (sessenta) dias ininterrup- presidentes e pregoeiros, será acrescida de 20 % (vinte por cento).
tos de licença concedidos por junta médica oficial. § 2º Independente da quantidade de licitação ou pregão re-
§ 3º - A exceção constante do parágrafo anterior aplica-se à alizado por mês, o pagamento da gratificação prevista no “caput”
hipótese de afastamento determinado por junta médica oficial para deste artigo não será inferior a 300 (trezentos) VRTEs e não poderá
tratamento de doenças graves especificadas no Art.131, indepen- ultrapassar a 550 (quinhentos e cinqüenta) VRTEs.
dente do período de licença concedido. § 3º Para fins de remuneração da gratificação instituída neste
§ 4º - As licenças concedidas em decorrência de acidente em artigo, o número de integrantes das comissões de licitação e do pre-
serviço após o período no § 2º, desde que necessárias ao prosse- gão não poderá ser superior a 04 (quatro) efetivos.
guimento de tratamento terapêutico, serão consideradas como de § 4º O membro suplente somente receberá a gratificação quan-
efetivo exercício para a concessão do adicional de assiduidade. do formalmente designado para substituição durante o período de
§ 5º - As licenças da natureza gravídica da servidora concedidas férias de membro efetivo da respectiva comissão ou equipe.
antes ou após a licença de gestação, serão também consideradas
como de efetivo exercício para a concessão do adicional de assi-
duidade.

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SEÇÃO V sidade de serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação


DO DÉCIMO TERCEIRO VENCIMENTO específica, na seguinte proporção: (Redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 148, de 17 de maio de 1999).
Art. 114 - O servidor público terá direito anualmente ao déci- I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao servi-
mo terceiro vencimento, com base no número de meses de efetivo ço mais de 05 (cinco) vezes;
exercício no ano, na remuneração integral que estiver percebendo II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 06
ou no valor do provento a que o mesmo fizer jus, conforme dispuser (seis) a 14 (quatorze) faltas;
o regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar 148, de 17 III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quin-
de maio de 1999). ze) a 23 (vinte e três) faltas;
§ 1º O 13º vencimento será pago no mês de dezembro, pro- IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e
porcionalmente aos meses trabalhados, à razão de 1/12 (um doze quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
avos) por mês de efetivo exercício no ano. (Redação dada pela Lei § 1º - Vencidos os dois períodos de férias deverá ser, obriga-
Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) toriamente, concedido um deles antes de completado o terceiro
§ 2º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será conside- período.
rada como mês integral. (Redação dada pela Lei Complementar nº § 2º - Somente após completado o primeiro ano de efetivo
880, de 26 de dezembro de 2017) exercício adquirirá o servidor público, o direito a gozar férias. (Reda-
§ 3º - No caso de posse e exercício do servidor durante o de- ção dada pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
curso do ano civil, o pagamento do 13º vencimento será feito ex- § 3º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
cepcionalmente no mês de dezembro, proporcionalmente aos me- § 4º - As férias observarão a escala previamente publicada, não
ses de efetivo exercício, observada a mesma regra prevista nos §§ sendo permitido o afastamento, em um só mês, de mais de um ter-
1º e 2º deste artigo. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar ço dos servidores públicos de cada setor.
148, de 17 de maio de 1999). § 5º - Nos caso de afastamento para mandatos eletivos, serão
§ 3º No mês de aniversário do servidor será efetuado o paga- considerados como de férias os períodos de recesso.
mento de adiantamento do 13º vencimento, deduzidos os valores § 6º - O servidor público afastado em mandato classista deverá
correspondentes ao Imposto de Renda e à contribuição previden- observar, com relação às férias, o disposto neste artigo.
ciária do servidor, os quais serão liquidados no mês de dezem- § 7º - O período referência, para apurar as faltas previstas no
bro. (Redação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de de- incisos I a IV deste artigo, será o ano civil anterior ao ano que cor-
zembro de 2017) responde o direito as férias. (Redação dada pela Lei Complementar
§ 4º Quando a admissão do servidor ocorrer durante o decurso nº 148, de 17 de maio de 1999).
do ano civil, o pagamento do 13º vencimento será feito exclusiva- § 8º - A exoneração de servidor com períodos de férias comple-
mente no mês de dezembro, na proporção dos meses de efetivo tos ou incompletos determinará um cálculo proporcional, à razão
exercício, observada a regra prevista no § 1º. (Dispositivo incluído de 1/12 (um doze avos) por mês: (Dispositivo incluído pela Lei Com-
pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) plementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
§ 5º Quando o servidor se afastar do exercício do cargo, antes a) para indenização do servidor, na hipótese das férias não te-
do recebimento do adiantamento do 13º vencimento, o pagamento rem sido gozadas;
será efetuado no mês subsequente ao do afastamento, à razão de b) para ressarcimento ao erário público, na hipótese das férias
1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício. (Dispositivo in- terem sido gozadas sem ter completado período aquisitivo.
cluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) § 9º - O servidor perderá o direito ao gozo ou indenização das
§ 6º Quando ocorrer o afastamento do exercício do cargo, após férias, que não atender o limite disposto no § 1º deste artigo. (Dis-
o recebimento do adiantamento do 13º vencimento, o servidor res- positivo incluído pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de
tituirá ao Erário os valores antecipados, à razão de 1/12 (um doze 1999).
avos) por mês não trabalhado no ano em curso. (Dispositivo inclu- § 10 - Aplica-se ao servidor, no ano em que se der a sua aposen-
ído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) tadoria, o disposto no §§ 8º e 9º deste artigo. (Dispositivo incluído
§ 7º São hipóteses de afastamento a que se referem os §§ 5º pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
e 6º: (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de § 11 - As férias somente poderão ser interrompidas por moti-
dezembro de 2017) vo de calamidade pública, convocação para juri, serviço militar ou
I - licenças sem vencimentos; eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade
II - afastamento para exercício de mandato eletivo; máxima do órgão ou entidade. (Dispositivo incluído pela Lei Com-
III - exoneração; plementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
IV - falecimento; § 12 - O período de férias interrompido será gozado de uma só
V - aposentadoria. vez, observando o disposto no artigo 118. (Dispositivo incluído pela
Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
CAPÍTULO III § 13. As férias regulamentares de servidores públicos cônju-
DAS FÉRIAS ges poderão ser usufruídas no mesmo mês, desde que requeridas,
ainda que os servidores estejam lotados em órgãos distintos da
Art. 115 - O servidor público terá direito anualmente ao gozo Administração Pública Estadual, e que não tragam prejuízos para
de um período de férias por ano de efetivo exercício, que poderão o funcionamento da máquina administrativa. (Dispositivo incluído
ser acumuladas até o máximo de dois períodos, no caso de neces- pela Lei Complementar nº 792, de 17 de novembro de 2014)

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§ 14. As férias regulamentares de servidores públicos poderão IX – desempenho de mandato classista;


ser fracionadas para serem gozadas em dois períodos de 15 (quin- X – paternidade.
ze) dias cada, a pedido do servidor e no interesse da administração § 1º - As licenças previstas nos incisos V, VI, VII, VIII e IX não se
pública. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 792, de 17 aplicam aos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão. (Re-
de novembro de 2014) dação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de
Art. 116 - Os afastamentos por motivo de licença para o trato 1996).
de interesses particulares e para freqüentar cursos com duração su- § 2º - As licenças previstas nos incisos I, II, III e IV serão conce-
perior a doze meses, suspendem o período aquisitivo para efeito didas pelo setor de perícias médicas.
de férias, reiniciando-se a contagem a partir do retorno do servidor § 3º - As licenças previstas nos incisos V a X serão concedidas,
público. no âmbito de cada Poder e, pela autoridade responsável pela admi-
Art. 117 - O servidor público que opere direta e permanente- nistração de pessoal.
mente com Raios X e substâncias radioativas gozará, obrigatoria- § 4º A licença prevista no inciso IV deste artigo, somente será
mente, vinte dias consecutivos de férias, por semestre de atividade concedida ao servidor ocupante exclusivamente de cargo de pro-
profissional, proibida, em qualquer hipótese, a acumulação. vimento em comissão pelo prazo máximo de 15 (quinze) dias. (Re-
dação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de
CAPÍTULO IV 2017)
DAS FÉRIAS-PRÊMIO Art. 123 - Finda a licença, o servidor público deverá reassumir
imediatamente o exercício do cargo, salvo prorrogação por deter-
Art. 118 - As férias-prêmio serão concedidas ao servidor públi- minação constante de laudo médico.
co efetivo que, tendo adquirido direito ao adicional de assiduidade § 1º - A prorrogação dar-se-á de ofício ou a pedido.
de acordo com o art. 108, optar por esse afastamento. § 2º - Caso seja indeferido o pedido de prorrogação da licença,
Parágrafo único - O servidor público que optar pelo benefício o servidor público terá considerados como de licença para trato de
constante deste artigo, deverá requerê-lo no prazo de até sessen- interesses particulares os dias a descoberto.
ta dias imediatamente anteriores à data prevista para aquisição do Art.124 - O servidor público que se encontrar fora do Estado
direito. deverá, para fins de concessão ou prorrogação de licença, dirigir-se
Art. 119 - O número de servidores públicos em gozo simultâneo à autoridade a que estiver subordinado diretamente, juntando lau-
de férias-prêmio não poderá ser superior à sexta parte do total da do médico do serviço oficial de saúde do local em que se encontre
lotação da respectiva unidade administrativa. e indicando o seu endereço.
§ 1º - Quando o número de servidores públicos existentes na Parágrafo único - A licença concedida na forma deste artigo não
unidade administrativa for menor que seis, somente um deles po- poderá ser superior a trinta dias nem prorrogável por mais de duas
derá ser afastado, a cada mês. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) vezes.
§ 2º - Na hipótese prevista neste artigo, terá preferência para Art. 125 - O servidor público licenciado na forma do art. 122, I,
entrada em gozo de férias-prêmio o servidor público que contar II, III e IV, não poderá dedicar-se a qualquer atividade de que aufi-
maior tempo de serviço público prestado ao Estado. ra vantagem pecuniária, sob pena de cassação imediata da licença,
§ 3º - As férias-prêmio deverão ser gozadas de uma só vez. (Dis- com perda total da remuneração, até que reassuma o exercício do
positivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro cargo.
de 1996). Art. 126 - Em se tratando de licença para tratamento da própria
Art. 120 - O servidor público terá, a contar da publicação do saúde, de ocupante de dois cargos públicos em regime de acumu-
ato respectivo, o prazo de trinta dias para entrar em gozo de férias- lação legal, a licença poderá ser concedida em apenas um deles,
-prêmio. quando o motivo prender-se, exclusivamente, ao exercício de um
Art. 121 - É vedada a interrupção das férias-prêmio durante o dos cargos.
período em que for concedida. Art. 127 - O servidor público em licença médica, não será obri-
gado a interrompê-la em decorrência dos atos de provimento de
CAPÍTULO V que trata o art. 8º.
DAS LICENÇAS Art. 128 - Ao licenciado para tratamento de saúde que se deslo-
car do Estado para outro ponto do território nacional, por exigência
SEÇÃO I de laudo médico oficial, será concedido transporte, por conta do
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Estado, inclusive para uma pessoa da família.

Art. 122 - Conceder-se-á licença ao servidor público em decor- SEÇÃO II


rência de: DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE
I – tratamento da própria saúde.
II – acidente em serviço ou doença profissional; Art. 129 - A licença para tratamento da própria saúde será con-
III – gestação, à lactação e adoção; cedida a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem pre-
IV – motivo de doença em pessoa da família; juízo da remuneração a que o servidor público fizer jus.
V – motivo de deslocamento do cônjuge ou companheiro; Art. 130 - As inspeções médicas para concessão de licenças se-
VI – serviço militar obrigatório; rão feitas:
VII – atividade política; I – pela unidade central de perícias médicas, para as licenças
VIII - trato de interesses particulares e licença especial; (Reda- por qualquer período e em prorrogação;
ção dada pela Lei Complementar nº 137, de 11 de janeiro de 1999). II – pelas unidades regionais de saúde, para:
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) licença por prazo de até trinta dias; e a) decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
b) licença para gestação. dor público no exercício de suas atribuições, inclusive quando em
§ 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica realizar-se-á viagem para o desempenho de missão oficial ou objeto de serviço;
na residência do servidor público ou no estabelecimento hospitalar b) sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-ver-
onde este se encontrar internado. sa;
§ 2º - Não sendo possível a realização de inspeção médica na c) sofrido no percurso para o local de refeição ou de volta dele,
forma prevista neste artigo e no parágrafo anterior, as licenças po- no intervalo do trabalho.
derão ser concedidas com base em laudo de outros médicos oficiais § 2º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica ao aciden-
ou de entidades conveniadas. te sofrido pelo servidor público que, por interesse pessoal, tenha
§ 3º - Inexistindo, no local, médico de órgão oficial, será aceito interrompido ou alterado o percurso.
laudo passado por médico particular, o qual só produzirá efeitos de- Art. 134 - A prova do acidente será feita em processo regular,
pois de homologado pelo setor competente. devidamente instruído, inclusive acompanhado de declaração das
§ 4º - O laudo fornecido por cirurgião-dentista, dentro de sua testemunhas do fato, cabendo ao órgão médico de pessoal descre-
especialidade, equipara-se a laudo médico, para os efeitos desta ver circunstanciadamente o estado geral do acidentado, mencio-
Lei. nando as lesões produzidas e, bem assim, as possíveis conseqüên-
§ 5º - A concessão de licença superior a trinta dias dependerá cias que poderão advir do acidente.
sempre de inspeção por junta médica oficial. Parágrafo único. Cabe à chefia imediata do servidor público
§ 6º - É lícito ao servidor público licenciado para tratamento de adotar as providências necessárias para dar início ao processo re-
saúde desistir do restante da mesma, caso se julgue em condições gular de que trata este artigo, no primeiro dia útil seguinte ao fato
de reassumir o exercício do cargo, devendo, para isso, submeter-se ocorrido. (Redação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de
previamente a inspeção de saúde procedida pela unidade central dezembro de 2017)
de perícias médicas ou pelas unidades regionais. Art. 135 - O tratamento do acidentado em serviço correrá por
§ 7º - O servidor público não poderá permanecer em licença conta dos Cofres do Estado ou de instituição de assistência social,
para tratamento da própria saúde por prazo superior a vinte e qua- mediante acordo com o Estado.
tro meses, sendo aposentado a seguir, na forma da lei, se julgado Art. 136 - Entende-se por doença profissional aquela que possa
inválido. ser considerada conseqüente as condições inerentes ao serviço ou
§ 8º - O período necessário à inspeção médica será conside- a fatos nele ocorridos, devendo o laudo médico estabelecer-lhe a
rado, excepcionalmente, como de prorrogação de licença, sempre rigorosa caracterização.
que ultrapassar o prazo previsto no parágrafo anterior.
Art. 131 - Ao servidor público acometido de tuberculose ati- SEÇÃO IV
va, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira ou visão re- DA LICENÇA POR GESTAÇÃO, LACTAÇÃO E ADOÇÃO
duzida, hansenismo, psicose epiléptica, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondilo- Art. 137. Será concedida licença remunerada à servidora pú-
artrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado de Paget, blica gestante por 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, median-
osteíte deformante, síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA te apresentação de laudo médico e de certidão de nascimento da
ou AIDS) ou outros que vierem a ser definidos em lei com base na criança ao órgão de origem, sem prejuízo da remuneração. (Reda-
medicina especializada, será concedido até dois anos de licença, ção dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
quando a inspeção não concluir pela necessidade imediata de apo- § 1º - A licença poderá ser concedida a partir do primeiro dia
sentadoria. do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
Art. 132 - O atestado médico ou laudo da junta médica nenhu- § 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
ma referência fará ao nome ou à natureza da doença de que sofre partir do dia do parto.
o servidor público, salvo em se tratando de lesões produzidas por § 3º - No caso de natimorto, decorridos trinta dias do evento,
acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das moléstias a servidora pública será submetida a exame médico e, se julgada
referidas no artigo anterior. apta, reassumirá o exercício.
§ 4º - No caso de aborto não criminoso, atestado por médico
SEÇÃO III oficial ou particular, a servidora pública terá direito a trinta dias de
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO OU DOENÇA licença.
PROFISSIONAL § 5º No caso de internação hospitalar da criança ou da servido-
ra pública, em decorrência do parto, por mais de 14 (catorze) dias,
Art. 133 - Considera-se acidente em serviço o dano físico ou a licença será prorrogada por idêntico prazo. (Dispositivo incluído
mental sofrido pelo servidor público que se relacione mediata ou pela Lei Complementar nº 1.018, de 15 de julho de 2022)
imediatamente com o exercício das atribuições inerentes ao cargo, Art. 138 - Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
provocando uma das seguintes situações: meses, a servidora pública lactante terá direito, durante a jornada
I – lesão corporal; de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em
II – perturbação física que possa vir a causar a morte; dois períodos, de meia hora cada.
III – perda ou redução permanente ou temporária da capacida- Art. 138. Para amamentar o próprio filho, até a idade de doze
de para o trabalho. meses, a servidora pública lactante terá direito, durante a jornada
§ 1º - Equipara-se ao acidente em serviço o dano: de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em
dois períodos, de meia hora cada. (Redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
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Parágrafo único - A servidora pública lactante deverá submeter- § 1º - A licença dependerá de requerimento devidamente ins-
-se mensalmente a inspeção médica oficial, para fins de obtenção truído e será concedida pelo prazo de até quatro anos e sem remu-
do competente laudo médico pericial relativo ao aleitamento. neração.
Art. 139. Aos servidores públicos que adotarem ou obtiverem § 2º - Existindo no novo local, repartição do serviço público es-
a guarda judicial de criança serão concedidos 180 (cento e oitenta) tadual em que possa exercer o seu cargo, o servidor público efetivo
dias de licença remunerada, para ajustamento do adotado ao novo será nela localizado e nela terá exercício enquanto ali durar a per-
lar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 855, de 15 de maio manência de seu cônjuge ou companheiro.
de 2017). § 3º - Finda a causa da licença, o servidor público efetivo deverá
Parágrafo único. Quando ocorrer a adoção ou guarda judicial reassumir o exercício dentro de trinta dias, sob pena de ficar incurso
por casal, em que ambos sejam servidores públicos, somente um em abandono de cargo.
servidor terá direito à licença. (Redação dada pela Lei Complemen- § 4º - Caberá ao dirigente de cada Poder e aos dirigentes dos
tar nº 855, de 15 de maio de 2017). órgãos da administração indireta a concessão da licença de que tra-
Art. 140 - A licença prevista no art. 139 será concedida no âm- ta este artigo.
bito de cada Poder, pela autoridade responsável pela administração
de pessoal, a requerimento da interessada, mediante prova forne- SEÇÃO VII
cida pelo juiz competente. DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO
Art. 141 - Fica garantida à servidora pública enquanto gestan-
te, mudança de atribuições ou funções, nos casos em que houver Art. 144 - Ao servidor público efetivo que for convocado para
recomendação médica oficial, sem prejuízo de seus vencimentos e o serviço militar obrigatório e outros encargos da segurança nacio-
demais vantagens do cargo. nal, será concedida licença com remuneração, na forma e condições
Parágrafo único - Após o parto e término da licença à gestante, previstas na legislação específica.
a servidora pública retornará às atribuições do seu cargo, indepen- § 1º - A licença será concedida à vista de documento oficial que
dentemente de ato. prove a incorporação.
§ 2º - Concluído o serviço militar obrigatório, o servidor público
SEÇÃO V efetivo terá o prazo de quinze dias para reassumir o exercício do
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA cargo.
FAMÍLIA § 3º - A licença de que trata este artigo será concedida pelo
dirigente de cada Poder, ou por dirigente de autarquia ou fundação
Art. 142 - O servidor público efetivo poderá obter licença por pública.
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, filhos, pais e irmãos,
mediante comprovação médica, desde que prove ser indispensável SEÇÃO VIII
a sua assistência pessoal e que esta não possa ser prestada simulta- DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
neamente com o exercício do cargo.
§ 1º - A comprovação da necessidade de acompanhamento do Art. 145 - O servidor público terá direito à licença quando can-
doente pelo servidor público será feita através do serviço social. didato a cargo eletivo, na forma e condições previstas na legislação
§ 2º - A licença será concedida: específica.
a) com remuneração integral, até um ano; Parágrafo único - A licença prevista neste artigo será concedida
b) com redução de um terço, após este prazo até o vigésimo por ato da autoridade competente e comunicada ao setor de pes-
quarto mês; e soal do órgão ou entidade para fins de assentamentos funcionais.
c) a partir do vigésimo quarto mês, sem remuneração.
§ 3º - Não se considera assistência pessoal a representação SEÇÃO IX
pelo servidor público dos interesses econômicos ou comerciais do DA LICENÇA PARA TRATO DE INTERESSES PARTICULARES E
doente. LICENÇA ESPECIAL
§ 4º - Em qualquer hipótese, a licença prevista neste artigo será (Redação dada pela Lei Complementar nº 137, de 11 de janeiro
obrigatoriamente renovada de três em três meses. de 1999).
§ 5º - Em casos especiais, poderá ser dispensada a ida do doen-
te ao órgão médico de pessoal do Estado, aceitando-se laudo forne- Art. 146 – A critério da administração, poderá ser concedido ao
cido por outra instituição médica oficial da União, de outro Estado servidor público estável licença para o trato de interesses particula-
ou dos Municípios, ou entidades sediadas fora do País. res, sem remuneração, pelo prazo máximo de até dez anos. (Reda-
ção dada pela Lei Complementar nº 208, de 23 de agosto de 2001).
SEÇÃO VI § 1º - Requerida a licença, o servidor público aguardará em
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DESLOCAMENTO DO CÔNJUGE exercício a decisão.
OU COMPANHEIRO § 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo, a
pedido do servidor público ou no interesse do serviço.
Art. 143 - Será concedida licença ao servidor público efeti- § 3º - Os servidores públicos em licença para trato de interes-
vo para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor ses particulares, sem remuneração, poderão prorrogá-la por mais
público efetivo, que for deslocado para servir em outro ponto do de um período cuja somatória não ultrapasse a dez anos. (Redação
território estadual, ou fora deste, inclusive para o exterior, ou, ain- dada pela Lei Complementar nº 208, de 23 de agosto de 2001).
da, quando eleito para exercício de mandato eletivo ou nomeado
para cargo público que implique transferência de residência.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º - A licença prevista neste artigo não será concedida a ser- § 18 - . (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de
vidor público em estágio probatório, nem ao servidor público que 11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
tenha sido colocado à disposição de qualquer órgão estranho ao de tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
sua lotação e que, após o retorno não haja permanecido a serviço
do órgão de origem por prazo igual ao do afastamento. SEÇÃO X
§ 5º - Não poderá obter a licença de que trata este artigo o ser- DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA
vidor público que esteja obrigado à devolução ou indenização aos
Cofres do Estado, a qualquer título. Art. 147 - É assegurado ao servidor público, na forma do art.
§ 6º O servidor público estável licenciado na forma deste artigo 122, IX, o direito à licença para o desempenho de mandato em as-
continua como segurado do instituto de previdência e assistência sociação de classe, sindicato, federação ou confederação, represen-
dos servidores do Estado, sendo facultado o recolhimento das con- tativos da categoria de servidores públicos, com todos os direitos e
tribuições devidas junto à entidade referida como condição para o vantagens inerentes ao cargo. (Vide Lei nº 5.356, de 27 de dezem-
cômputo do período de licença para fins de aposentadoria. (Reda- bro de 1996)
ção dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) § 1º - Somente poderão ser licenciados servidores públicos
§ 7º - Na hipótese da licença ser interrompida no interesse do eleitos para cargos de diretoria nas referidas entidades, em qual-
serviço, o servidor público estável terá o prazo de trinta dias para quer grau, até o máximo de oito, na forma da lei.
assumir o exercício. § 2º - A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
§ 8º - Compete ao Secretário de Estado responsável pela admi- prorrogada no caso de reeleição.
nistração de pessoal, na administração direta, e aos dirigentes de § 3º - Quando for o servidor público ocupante de dois cargos
autarquias e fundações públicas, na administração indireta, a con- em regime de acumulação legal e atendido o disposto no caput re-
cessão da licença de que trata este artigo. lativamente a ambos os cargos, poderá a licença de que trata este
§ 9º - Nos Poderes Legislativo e Judiciário, a licença de que trata artigo ser concedida em ambos os cargos, quando forem os mes-
este artigo será concedida pela autoridade indicada em seus res- mos integrantes da categoria representada.
pectivos regulamentos. § 4º - Compete ao dirigente de cada Poder e aos das autarquias
§ 10 - A inobservância da exigência contida no § 6º implicará e fundações públicas a concessão da licença prevista neste artigo.
interrupção da licença. § 5º - Ao ocupante de cargo em comissão ou exercente de fun-
§ 11 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de ção gratificada não se concederá a licença de que trata este artigo.
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen- § 6º - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 252,
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) de 12 de julho de 2012) (Declarado inconstitucional pela ADI nº
§ 12 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de 2715. Transitada em julgado em 6.09.2018)
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) SEÇÃO XI
a) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 938, de 9 DA LICENÇA-PATERNIDADE
de janeiro de 2020)
b) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 938, de 9 Art. 148. O servidor público terá direito, pelo nascimento ou
de janeiro de 2020) adoção de filhos, à licença-paternidade de 20 (vinte) dias consecu-
c) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 938, de 9 tivos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 852, de 6 de abril
de janeiro de 2020) de 2017).
d) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 938, § 1º - O nascimento deverá ser comprovado mediante certidão
de 9 de janeiro de 2020) do registro civil.
§ 13 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de § 1º O nascimento e a adoção deverão ser comprovados de
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen- acordo com a legislação civil. (Redação dada pela Lei Complemen-
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) tar nº 852, de 6 de abril de 2017).
§ 14 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de § 2º - Compete ao chefe imediato do servidor público a con-
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen- cessão da licença de que trata este artigo, comunicando ao setor
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) de pessoal do órgão ou entidade para fins de assentamentos fun-
§ 15 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de cionais.
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen- § 3º Em caso de óbito da gestante, no parto, o pai servidor pú-
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) blico, na condição de responsável pela guarda da criança, fará jus à
§ 16 - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de licença de até 180 (cento e oitenta) dias para cuidar do filho. (Dis-
11 de janeiro de 1999). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen- positivo incluído pela Lei Complementar nº 852, de 6 de abril de
tar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) 2017).
§ 17 - O servidor afastado em licença para trato de interesse
particular que retornar à atividade somente poderá obter a licença
de que trata este artigo decorrido o prazo de 01 (um) ano contado
da data em que reassumir o exercício do seu cargo efetivo. (Dispo-
sitivo incluído pela Lei Complementar nº 137, de 11 de janeiro de
1999).

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VI § 1º - Para a revisão do processo administrativo-disciplinar, a


DO DIREITO DE PETIÇÃO prescrição contar-se-á da data em que forem conhecidos os atos,
fatos ou circunstâncias que deram motivo ao pedido de revisão.
SEÇÃO I § 2º - Em se tratando de evento punível, o curso da prescri-
DA FORMALIZAÇÃO DOS EXPEDIENTES ção começa a fluir da data do referido evento e interrompe-se pela
abertura da sindicância ou do processo administrativo-disciplinar.
Art. 149 - É assegurado ao servidor público o direito de reque- Art. 158 - A falta também prevista na lei penal como crime ou
rer ou representar, pedir reconsideração e recorrer aos poderes contravenção prescreverá juntamente com este.
públicos. Art. 159 - O requerimento, o pedido de reconsideração e o re-
§ 1º - O requerimento será dirigido à autoridade competente curso, quando cabíveis, interrompem a prescrição.
para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver Art. 160 - Para o exercício do direito de petição, é assegurada
imediatamente subordinado o requerente. ao servidor público ou a procurador por ele constituído, vista, na
§ 2º - O requerimento poderá ser apresentado através de pro- repartição, do processo ou documento.
curador legalmente constituído.
Art. 150 - A representação será obrigatoriamente apreciada CAPÍTULO VII
pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada. DA DISPONIBILIDADE
Art. 151 - O pedido de reconsideração será dirigido à autorida-
de que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não DA EXTINÇÃO E DA DECLARAÇÃO DE DESNECESSIDADE DE
podendo ser renovado. CARGO E DA DISPONIBILIDADE
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de reconsideração (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 173, DE 04 DE
de que trata os artigos anteriores deverão ser despachados no pra- JANEIRO DE 2000)
zo de cinco dias e decididos dentro de trinta dias.
Art. 152 - Caberá recurso: Art. 161. Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o
I – do indeferimento do pedido de reconsideração; servidor público estável ficará em disponibilidade, com remunera-
II – das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. ção proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aprovei-
Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade imedia- tamento em outro cargo. (Redação dada pela Lei Complementar nº
tamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão 173, de 04 de janeiro de 2000).
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. § 1º Considerar-se-á como remuneração para os efeitos deste
Art. 153 - A autoridade recorrida poderá, alternativamente, re- Artigo, o vencimento de cargo efetivo que o servidor público estiver
considerar a decisão ou submeter o feito, devidamente instruído, à exercendo, acrescido das vantagens pecuniares de caráter perma-
apreciação da autoridade superior. nente estabelecidas em Lei. (Dispositivo incluído pela Lei Comple-
Art. 154 - O prazo para interposição de pedido de reconside- mentar nº 173, de 04 de janeiro de 2000).
ração ou de recurso é de trinta dias, a contar da publicação ou da § 2º Para o cálculo da proporcionalidade será considerado um
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. trinta e cinco avos da remuneração a que se refere o parágrafo an-
Art. 155 - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, terior, por ano de serviço, se o homem, e um trinta avos, se mu-
a juízo da autoridade recorrida. lher. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04 de
Parágrafo único - Em caso de provimento do pedido de recon- janeiro de 2000).
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do § 3º No caso de servidor cujo trabalho lhe assegura o direito
ato impugnado. à aposentadoria especial, definida em Lei, o valor da remuneração
a ele devida durante a disponibilidade, terá por base a proporção
SEÇÃO II anual correspondente ao respectivo tempo mínimo para a conces-
DA PRESCRIÇÃO são da aposentadoria especial. (Dispositivo incluído pela Lei Com-
plementar nº 173, de 04 de janeiro de 2000).
Art. 156 - O direito de pleitear na esfera administrativa e o § 4º O servidor em disponibilidade terá direito ao décimo ter-
evento punível prescreverão: ceiro vencimento, em valor equivalente ao que recebe em disponi-
I – em cinco anos: bilidade. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04
a) quanto aos atos de demissão e cassação de aposentadoria de janeiro de 2000).
ou disponibilidade; § 5º O servidor em disponibilidade terá direito ao Salário-Fa-
b) quanto aos atos que impliquem pagamento de vantagens mília. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04 de
pecuniárias devidas pela Fazenda Pública estadual, inclusive dife- janeiro de 2000).
renças e restituições; Art. 162 - Restabelecido o cargo, ainda que modificada a sua
II – em dois anos, quanto às faltas sujeitas à pena de suspen- denominação, nele será obrigatoriamente aproveitado o servidor
são; e público posto em disponibilidade.
III – em cento e oitenta dias, nos demais casos, salvo quando Art. 163 - A declaração da desnecessidade de cargos nas autar-
outro prazo for fixado em lei. quias e fundações públicas poderá ser promovida por ato do diri-
Art. 157 - O prazo da prescrição contar-se-á da data da publica- gente do respectivo órgão ao qual o cargo se subordinar.
ção oficial do ato impugnado ou, da data da ciência, pelo interessa- Art. 164 - O servidor público em disponibilidade que se tornar
do, quando não publicado. inválido será aposentado, independentemente do tempo de serviço
constante de seu assentamento funcional.

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TÍTULO V Art. 169 - Contar-se-á para efeito de aposentadoria e disponi-


bilidade:
CAPÍTULO ÚNICO I – licença para tratamento da própria saúde e de pessoa da
DO TEMPO DE SERVIÇO família;
II – serviço prestado sob qualquer forma de admissão, desde
Art. 165 - É computado para todos os efeitos o tempo de servi- que remunerado pelos Cofres do Estado;
ço público efetivamente prestado ao Estado do Espírito Santo, des- III – afastamento por aposentadoria ou disponibilidade;
de que remunerado. IV – serviço militar obrigatório e outros encargos de segurança
Art. 166 - São considerados como de efetivo exercício, salvo nos nacional;
casos expressamente definidos em norma específica, os afastamen- V – serviço prestado à instituição de caráter privado que tiver
tos e as ausências ao serviço em virtude de: sido transformada em estabelecimento ou órgão do serviço público
I – férias; estadual;
II – exercício em órgãos de outro Poder ou em autarquias e fun- VI – período de serviço militar ativo prestado durante a paz,
dações públicas, do próprio Estado; computando-se pelo dobro o tempo em operação de guerra;
III – freqüência a curso de formação inicial e participação em VII – licença para atividade política nos termos do art. 145;
programa de treinamento regularmente instituído; VIII – o tempo correspondente ao desempenho de mandato
IV – desempenho de mandato eletivo federal, estadual e mu- eletivo federal, estadual ou municipal anterior ao ingresso no servi-
nicipal; ço público estadual.
V – abonos previstos nos arts. 30 e 32; Art. 170 - É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
VI – licenças; prestado concomitantemente em mais de um cargo, emprego ou
a) por gestação, adoção, lactação e paternidade; função em órgãos ou entidades dos Poderes da União, Estados, Dis-
b) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; trito Federal, Territórios, Municípios e suas autarquias, fundações
c) por convocação para o serviço militar obrigatório; públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas.
d) para atividade política, quando remunerada; Art. 171 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
e) para desempenho de mandato classista; 938, de 9 de janeiro de 2020)
VII – deslocamento para nova sede, conforme previsto no art. Art. 172 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
36; que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
VIII – participação em competição desportiva oficial ou convo- tos e sessenta e cinco dias, salvo quando bissexto.
cação para integrar representação desportiva, no país ou no exte- Art. 173 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80,
rior, conforme dispuser o regulamento; de 29 de fevereiro de 1996)
IX – participação em congressos e outros certames culturais, Art. 174 - O tempo de serviço público estadual será computado
técnicos e científicos; a vista de registros próprios que comprovem a freqüência do servi-
X – cumprimento de missão de interesse de serviço; dor público.
XI – freqüência a curso de aperfeiçoamento, atualização ou es- Art. 175 - O tempo de serviço prestado a outros Poderes do
pecialização que se relacione com as atribuições do cargo efetivo próprio Estado, a órgãos da administração indireta, à União, a ou-
de que seja titular; tros Estados, aos Municípios e Territórios, e em atividade privada
XII – convênio em que o Estado se comprometa a participar será computado à vista de certidão passada pela autoridade com-
com pessoal; petente.
XIII – interregno entre a exoneração de um cargo, dispensa ou § 1º - A averbação de tempo de serviço será requerida em for-
rescisão de contrato com órgão público estadual e o exercício em mulário próprio, acompanhado das respectivas certidões, não sen-
outro cargo público também estadual, quando o interregno se cons- do admitidas outras formas de comprovação de tempo de serviço.
tituir de dias não úteis; § 2º - A certidão de tempo de serviço deverá conter a finalida-
XIV – afastamento preventivo, se inocentado a final; de, os atos de admissão e dispensa, os afastamentos e seus moti-
XV – férias-prêmio; vos, as penalidades porventura aplicadas, a conversão do tempo de
XVI – prisão por ordem judicial, quando vier a ser considerado serviço em anos, meses e dias, descontadas as faltas, ausências ou
inocente. afastamentos não consideradas como de efetivo exercício e qual o
XVII - licença para tratamento da própria saúde de até sessenta regime jurídico do servidor público.
dias, ininterruptos ou não, por ano de efetivo exercício. (Dispositi- Art. 176 - A ausência de elementos comprobatórios de tempo
vo incluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de de serviço poderá ser suprida mediante justificação judicial, quando
2017) não houver a possibilidade de apresentação de certidão de tem-
Art. 167 - O tempo de afastamento do servidor público para o po de serviço, desde que fundamentada em um indício razoável de
exercício de mandato eletivo será computado para todos os efeitos prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemu-
legais, exceto para promoção por merecimento. nhal.
Art. 168 - É contado para efeito de aposentadoria e disponibi- § 1º - A justificação judicial somente poderá ser aceita quando,
lidade, o tempo de serviço público prestado à União, aos demais em virtude de roubo, incêndio ou destruição, desaparecerem os do-
Estados, aos Municípios, Territórios e suas Autarquias e Fundações cumentos necessários à extração de certidão de tempo de serviço.
Públicas. (Redação dada pela Lei Complementar nº 89, de 27 de § 2º - A justificação judicial deverá ser instruída com certidão
dezembro de 1996). negativa da inexistência de registros funcionais, não sendo suficien-
Parágrafo único - O tempo de serviço a que se refere este artigo te a declaração de que nada foi encontrado nos livros de ponto e
não poderá ser contado com quaisquer acréscimos ou em dobro. folhas de pagamento.
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§ 3º - Não será objeto de averbação a justificação judicial que § 2º - A negociação coletiva setorial é realizada pelo negocia-
não for processada com a assistência de representante legal do Es- dor permanente de cada Secretaria de Estado e órgãos equivalentes
tado, que deverá ser obrigatoriamente citado. nos demais Poderes, autarquias e as entidades sindicais representa-
§ 4º - Poderá ser também averbado o tempo apurado mediante tivas de seus servidores.
justificação judicial, relativo a serviços que não tenham sido pres- Art. 181 - Ocorrendo impasse nas negociações, podem as par-
tados ao próprio Estado, desde que tenha sido o respectivo tempo tes indicar mediadores.
reconhecido pela unidade federativa competente ou pelo órgão Art. 182 - Das negociações coletivas, central ou setorial, resul-
previdenciário federal, que deverá fornecer a certidão referente ao tarão acordos coletivos que deverão ser assinados pelas partes e
mesmo. transformados, em cada Poder, em projeto de lei a ser encaminha-
do à apreciação do Poder Legislativo.
TÍTULO VI Parágrafo único - Os acordos coletivos terão a duração que
neles for estipulada, quanto às matérias cuja eficácia não depen-
CAPÍTULO ÚNICO dam de apreciação pela Assembléia Legislativa.
DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA
TÍTULO VII
Art. 177 - Por negociação coletiva, para fins desta Lei, entende-
-se o procedimento pelo qual as entidades representativas dos ser- CAPÍTULO ÚNICO
vidores públicos civis e a administração pública estadual buscarão DA LIVRE ASSOCIAÇÃO SINDICAL
a superação democrática das divergências e conflitos que ocorrem
em suas relações coletivas de trabalho. Art. 183 - Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
Parágrafo único - A negociação coletiva será permanente, de- Constituição Federal, o direito à livre associação sindical, garantin-
vendo ser pautada nos princípios da transparência, garantidas as do-se-lhe:
necessidades inadiáveis da população. I – o direito à greve, que será exercido nos termos e nos limites
Art. 178 - As negociações coletivas serão conduzidas por nego- definidos em lei complementar;
ciadores permanentes, indicados pelo chefe de cada Poder, com de- II – a inamovibilidade, desde o registro de sua candidatura à di-
legação de competência para subscrever acordo escrito de trabalho reção de órgão sindical até um ano após o final do mandato, exceto
com entidades sindicais. se a pedido;
§ 1º - Os dirigentes de cada autarquia ou fundação pública III – licença para desempenho de mandato classista na forma
também designarão um negociador permanente que representará do art. 147;
a entidade na negociação IV – a percepção do vencimento, benefícios e vantagens a que
§ 2º - Cada negociador permanente será designado com um fizer jus, quando afastado para cargo de direção de entidade sindi-
suplente que atuará em seus impedimentos legais e afastamentos. cal;
Art. 179 - As negociações coletivas terão início com expediente V – a liberação para participar de fóruns e discussões sindicais,
enviado pela entidade sindical ou entidades sindicais ao negociador quando indicado pela entidade a que pertença; e
permanente respectivo, contendo a minuta aprovada em assem- VI – o livre acesso, na qualidade de dirigente sindical, aos locais
bléia geral acompanhada de breve justificação. de trabalho de seus filiados.
§ 1º - O negociador permanente, recebendo o expediente no Art. 184 - Ao sindicato representativo de categoria de servido-
prazo máximo de quarenta e oito horas, designará dia, hora e lo- res públicos é assegurado:
cal para o início das negociações, formando, com as reivindicações I – a participação obrigatória nas negociações coletivas;
apresentadas, processos em cujos autos serão acostadas atas das II – a obtenção, junto à administração pública, de informações
reuniões da negociação, subscritas pelas partes. de interesse geral da categoria;
§ 2º - O não-cumprimento do disposto no parágrafo anterior III – o direito de requerer, pedir reconsideração ou recorrer de
constitui falta grave punível com suspensão. decisões, para defesa de direitos e interesses coletivos ou individu-
Art. 180 - As negociações coletivas de trabalho serão realizadas ais da categoria de servidores públicos que representa;
em dois níveis: IV – representar contra atos de autoridades, lesivos aos interes-
I – negociação coletiva central em que serão analisadas as rei- ses dos servidores públicos
vindicações de caráter mais abrangente e genérico que beneficiam V – o desconto em folha de pagamento, quanto aos seus filia-
a todos ou a maioria dos servidores públicos civis, tais como, polí- dos, do valor das mensalidades e da contribuição para custeio do
tica salarial, reajuste ou aumento real de vencimentos, diretrizes sistema confederativo da representação sindical respectiva.
e planos de carreiras e de vencimentos, sistema de promoções e Art. 185 - A taxa de fortalecimento sindical ou assemelhada em
outros; e favor da entidade sindical representativa do servidor público, deli-
II – negociação coletiva setorial em que serão analisadas as rei- berada em assembléia geral da categoria, será descontada em folha
vindicações de caráter mais específico tais como situação funcional, de pagamento.
condições de trabalho e benefícios específicos relativos a cada Se- Parágrafo único - A taxa referida neste artigo incidirá sobre o
cretaria de Estado e, nos demais Poderes, autarquias e fundações vencimento ou remuneração dos servidores públicos integrantes da
públicas, em órgão equivalente. categoria profissional, independentemente de filiação, desde que o
§ 1º - A negociação coletiva central é realizada entre os nego- benefício resultante da atuação da entidade sindical seja extensivo
ciadores permanentes de cada Poder, em conjunto ou separada- a estes servidores, na forma definida em assembléia geral.
mente, e cada uma das entidades sindicais representativas de seus
servidores civis.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 186 - A devolução das contribuições ou taxas previstas Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar
nos arts. 184 e 185, indevidamente descontadas do servidor públi- nº 282, de 22 de abril de 2004).
co será de inteira responsabilidade da entidade sindical respectiva. Art. 196 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
Art. 187. Os descontos previstos nos arts. 184, V, e 185 serão 282, de 22 de abril de 2004).
efetuados sem qualquer custo, e repassados à entidade sindical res- Art. 197 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
pectiva no prazo de até dez dias. 282, de 22 de abril de 2004)
Art. 188 - Compete aos servidores públicos civis decidir sobre Art. 198 - ((Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
a oportunidade de exercer o direito de greve e sobre os interesses 282, de 22 de abril de 2004).
que devam por meio dela defender. Art. 199 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
282, de 22 de abril de 2004).
TÍTULO VIII § 4º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
DA SEGURIDADE SOCIAL 22 de abril de 2004).
I - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 89, de 27 de
CAPÍTULO I dezembro de 1996).
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS II - contar, na data do requerimento, 10 (dez) anos de serviço
ininterrupto ou não, no exercício de cargo comissionado, função
Art. 189 - O Estado instituirá, mediante contribuição, planos gratificada ou função de confiança. (Dispositivo incluído pela Lei
e programas únicos de previdência e assistência social para seus Complementar nº 89, de 27 de dezembro de 1996).
servidores ativos e inativos e respectivos dependentes, neles in- § 4º - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282,
cluída, entre outros benefícios, a assistência médica, odontológica, de 22 de abril de 2004).
psicológica, hospitalar, ambulatorial e jurídica, além de serviços de § 5º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
creche. 22 de abril de 2004)
Art. 190 - A previdência, sob a forma de benefícios e serviços, § 6º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
será prestada pelo instituto de previdência e assistência estadual, 22 de abril de 2004).
ao qual será obrigatoriamente filiado o servidor público, mediante § 7º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
contribuição do servidor público e do Estado 22 de abril de 2004).
Art. 191. A assistência médica, odontológica, psicológica, hos- § 8º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
pitalar e ambulatorial poderá ser prestada mediante convênio ou 22 de abril de 2004).
concessão de auxílio financeiro destinado especificamente a este § 9º - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29
fim, quando julgado conveniente. de fevereiro de 1996). (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
Art. 192 - Nenhum benefício ou serviço de previdência social tar nº 282, de 22 de abril de 2004).
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente Art. 200 - . (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
fonte de custeio total. 282, de 22 de abril de 2004).
Art. 193 - Os benefícios de que trata o art. 194, I e alíneas e II, Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
alínea “b”, serão concedidos pela autoridade competente, no âmbi- tar nº 282, de 22 de abril de 2004).
to de cada Poder ou entidade. Art. 201 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
282, de 22 de abril de 2004).
CAPÍTULO II Art. 202 - . (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 282, de 22 de abril de 2004).
Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar
Art. 194 - Os benefícios decorrentes do plano e programa único nº 282, de 22 de abril de 2004).
de previdência são: Art. 203 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
I – quanto aos servidores: 282, de 22 de abril de 2004).
a) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 § 1º - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 53,
de abril de 2004). de 28 de novembro de 1994). (Dispositivo com eficácia suspensa
b) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 pela ADI nº 1200, em 12.05.1995. ADI julgada prejudicada por
de abril de 2004). perda superveniente de objeto, em 27.02.2002)
c) salário-família; § 2º - (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 53, de 28
d) auxílio-doença; de novembro de 1994). (Dispositivo com eficácia suspensa pela ADI
II – (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de nº 1200, em 12.05.1995. ADI julgada prejudicada por perda super-
22 de abril de 2004). veniente de objeto, em 27.02.2002)
Art. 204 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
SEÇÃO I 282, de 22 de abril de 2004).
DA APOSENTADORIA Art. 205. (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
de 22 de abril de 2004).
(Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22 Art. 206 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
de abril de 2004). 282, de 22 de abril de 2004).

Art. 195. (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº


282, de 22 de abril de 2004).
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SEÇÃO II Art. 216 - =. (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº


DO AUXÍLIO-NATALIDADE 282, de 22 de abril de 2004).
(Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22
de abril de 2004). SEÇÃO VI
Art. 207 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº DA PENSÃO POR MORTE
282, de 22 de abril de 2004). (DISPOSITIVO REVOGADO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 282,
Art. 208 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, DE 22 DE ABRIL DE 2004).
de 22 de abril de 2004).
Art. 217 - = (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
SEÇÃO III 282, de 22 de abril de 2004).
DO SALÁRIO-FAMÍLIA
SEÇÃO VII
Art. 209 - O salário-família é devido ao servidor público ativo ou DO PECÚLIO
inativo, por dependente econômico. (DISPOSITIVO REVOGADO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 282,
Parágrafo único - Consideram-se dependentes econômicos, DE 22 DE ABRIL DE 2004).
para efeito de percepção do salário-família:
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, de qualquer condição, Art. 218 - = (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
inclusive os enteados, os adotivos e o menor que viva sob a tute- 282, de 22 de abril de 2004).
la, a guarda e sustento do servidor público mediante autorização
judicial, até vinte e um anos de idade ou, se estudante, até vinte e SEÇÃO VIII
quatro anos ou, ainda, se inválido com qualquer idade; e DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
II – a mãe, o pai, a madrasta e o padrasto se inválidos. (DISPOSITIVO REVOGADO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 282,
Art. 210 - Não se configura a dependência econômica quando DE 22 DE ABRIL DE 2004).
o dependente do salário-família perceber rendimento do trabalho
de qualquer fonte, inclusive pensão ou provento de aposentadoria, Art. 219 - . (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
em valor igual ou superior ao salário mínimo. 282, de 22 de abril de 2004).
Art. 211 - O pagamento do salário-família ao servidor público
far-se-á: TÍTULO IX
I – a um dos pais, quando viverem em comum; DO REGIME DISCIPLINAR
II – a pai ou mãe, quando separados, e conforme a guarda dos
dependentes. CAPÍTULO I
§ 1º - Equiparam-se ao pai e a mãe, o padrasto e a madrasta e, DOS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
§ 2º - O salário-família será devido a partir do mês em que tiver Art. 220 - São deveres do servidor público:
ocorrido o fato ou ato que lhe der origem e deixará de ser devido no I – ser assíduo e pontual ao serviço;
mês seguinte ao ato ou fato que determinar sua supressão. II – guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
§ 3º - Em caso de falecimento do servidor público, o salário-fa- III – tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o
mília continuará a ser pago aos seus beneficiários diretamente ou público em geral;
através de seus representantes legais, até as idades-limite. IV – ser leal às instituições constitucionais e administrativas a
Art. 212 - O valor do salário-família corresponderá à metade do que servir;
valor atribuído à Unidade Padrão Fiscal do Espírito Santo – UPFES. V – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo ou
Parágrafo único - O valor do salário-família por dependente função;
incapaz corresponde ao dobro do valor estabelecido neste artigo. VI – observar as normas legais e regulamentares;
Art. 213 - O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, VII – obedecer às ordens superiores, exceto quando manifes-
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a tamente ilegais;
previdência social. VIII – levar ao conhecimento da autoridade as irregularidades
de que tiver ciência em razão do cargo ou função;
SEÇÃO IV IX – zelar pela economia do material e conservação do patri-
DO AUXÍLIO-DOENÇA mônio público;
X – providenciar para que esteja sempre em ordem no assenta-
Art. 214 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº mento individual, a sua declaração de família;
880, de 26 de dezembro de 2017) XI – atender com presteza e correção:
Parágrafo único - a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
SEÇÃO V ressalvadas as protegidas por sigilo;
DO AUXÍLIO-FUNERAL b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
(DISPOSITIVOS REVOGADOS PELA LEI COMPLEMENTAR Nº ou esclarecimentos de situações de interesse pessoal;
282, DE 22 DE ABRIL DE 2004). c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública estadual;
XII – manter conduta compatível com a moralidade pública;
Art. 215 - . (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
282, de 22 de abril de 2004).
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XIII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po- XX – praticar usura sob qualquer de suas formas;
der, de que tenha tomado conhecimento, indicando elementos de XXI – falsificar, extraviar, sonegar ou inutilizar livro oficial ou do-
prova para efeito de apuração em processo apropriado; cumento ou usá-los sabendo-os falsificados;
XIV – comunicar no prazo de quarenta e oito horas ao setor XXII – retardar ou deixar de praticar indevidamente ato de ofí-
competente, a existência de qualquer valor indevidamente credita- cio ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
do em sua conta bancária. interesse ou sentimento pessoal;
XXIII – dar causa, mediante ação ou omissão, ao não recolhi-
CAPÍTULO II mento, no todo ou em parte, de tributos, ou contribuições devidas
DAS PROIBIÇÕES ao Estado;
XXIV – facilitar a prática de crime contra a Fazenda Pública Es-
Art. 221 - Ao servidor público é proibido: tadual;
I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- XXV – valer-se ou permitir dolosamente que terceiros tirem
torização do chefe imediato; proveito de informação, prestígio ou influência obtidas em função
II – recusar fé a documentos públicos; do cargo, para lograr, direta ou indiretamente proveito pessoal ou
III – referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso a autori- de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; e
dades públicas ou a atos do poder público, ou outro, admitindo-se XXVI – exercer quaisquer atividades incompatíveis com o exer-
a crítica em trabalho assinado; cício do cargo ou função, ou ainda, com o horário de trabalho.
IV – manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, companheira ou
parente até o segundo grau civil; CAPÍTULO III
V – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ser- DA ACUMULAÇÃO
viços ou atividades particulares;
VI – opor resistência injustificada ao andamento de documento Art. 222 - É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
e processo ou à realização de serviços; cos, exceto de:
VII – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, I – dois cargos de professor;
qualquer documento ou objeto do local de trabalho; II – um cargo de professor com outro técnico ou científico;
VIII – cometer a outro servidor público atribuições estranhas às III – dois cargos privativos de médico;
do cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitó- IV – um cargo de professor com outro de juiz;
rias ou nas hipóteses previstas nesta Lei; V – um cargo de professor com outro de promotor público.
IX – compelir ou aliciar outro servidor público a filiar-se a asso- § 1º - Em quaisquer dos casos, a acumulação somente será per-
ciação profissional ou sindical ou a partido político; mitida quando houver compatibilidade de horários.
X – cometer a pessoa estranha ao serviço, fora dos casos pre- § 2º - A proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
vistos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou a seu ções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades de eco-
subordinado; nomia mista e fundações públicas mantidas pelo poder público.
XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a órgãos § 3º A apuração da acumulação caberá, no Poder Executivo,
públicos estaduais, salvo quando se tratar de benefícios previdenci- ao órgão central do sistema de controle interno - Secretaria de Es-
ários ou assistenciais e percepção de remuneração ou proventos de tado de Controle e Transparência, e nos demais Poderes ao órgão
cônjuge, companheiro e parentes até terceiro grau civil; estabelecido pela autoridade competente. (Redação dada pela Lei
XII – fazer afirmação falsa, como testemunha ou perito, em pro- Complementar nº 754, de 22 de dezembro de 2013).
cesso administrativo-disciplinar; Art. 223. O ocupante de dois cargos efetivos em regime de acu-
XIII – dar causa a sindicância ou processo administrativo-dis- mulação, quando investido em cargo de provimento em comissão,
ciplinar, imputando a qualquer servidor público infração de que o ficará afastado de ambos os cargos efetivos, podendo optar pelo
sabe inocente; vencimento básico dos dois cargos, acrescido da gratificação de ses-
XIV – praticar o comércio de bens ou serviços, no local de traba- senta e cinco por cento do valor do vencimento do cargo em comis-
lho, ainda que fora do horário normal do expediente; são, prevista no art. 96. (Redação dada pela Lei Complementar nº
XV – representar em contrato de obras, de serviços, de compra, 880, de 26 de dezembro de 2017)
de arrendamento e de alienação sem a devida realização do proces- Art. 224 - Verificada em processo administrativo-disciplinar a
so de licitação pública competente; acumulação proibida, e provada a boa-fé, o servidor público optará
XVI – praticar violência no exercício da função ou a pretexto por um dos cargos, sem prejuízo do que houver percebido pelo tra-
de exercê-la; balho prestado no cargo a que renunciar.
XVII – entrar no exercício de função pública antes de satisfei- § 1º - Provada a má-fé, o servidor público perderá ambos os
tas as exigências legais ou continuar a exercê-las sem autorização, cargos, empregos ou funções e restituirá o que tiver recebido inde-
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substi- vidamente.
tuído ou suspenso; § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos,
XVIII – solicitar ou receber propinas, presentes, empréstimos empregos ou funções exercidos em outro órgão ou entidade, a de-
pessoais ou vantagens de qualquer espécie, para si ou para outrem, missão lhe será comunicada.
em razão do cargo;
XIX – participar, na qualidade de proprietário, sócio ou admi-
nistrador, de empresa fornecedora de bens e serviços, executora de
obras ou que realize qualquer modalidade de contrato, de ajuste ou
compromisso com o Estado;
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CAPÍTULO IV VII – ofensa física, em serviço, a servidor público ou a particular,


DAS RESPONSABILIDADES salvo em legítima defesa, própria ou de outrem;
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos;
Art. 225 - O servidor público responde civil, penal e administra- IX – procedimento desidioso, entendido como tal a falta ao de-
tivamente, pelo exercício irregular de suas atribuições. ver de diligência no cumprimento de suas funções
Parágrafo único. A exoneração, aposentadoria ou disponibilida- X – revelação de segredo apropriado em razão do cargo;
de do servidor público não extingue a responsabilidade civil, penal XI – lesão aos Cofres do Estado e dilapidação do patrimônio
ou administrativa oriunda de atos ou omissões no desempenho de estadual;
suas atribuições.(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº XII – corrupção;
173, de 04 de janeiro de 2000). XIII – acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções
Art. 226 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou públicas, ressalvadas as hipóteses do permissivo constitucional;
comissivo, doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazenda Públi- XIV – transgressões previstas no art. 221, XIX a XXVI.
ca estadual ou a terceiros. Parágrafo único - Dependendo da gravidade dos fatos apurados
§ 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública es- a pena de demissão poderá também ser aplicada nas transgressões
tadual deverá ser liquidada na forma prevista no art. 73, § 2º. tipificadas no art. 221, IV a XVIII, hipótese em que ficará afastada a
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o aplicação da pena de suspensão.
servidor público perante a Fazenda Pública estadual, em ação re- Art. 235 - Configura abandono de cargo a ausência intencional
gressiva. e injustificada ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
§ 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso- Art. 236 - Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança viço sem causa justificada, por quarenta dias interpoladamente, du-
recebida. rante o período de doze meses.
Art. 227 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
venções imputados ao servidor público, nessa qualidade. Art. 237 - Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade do
Art. 228 - A responsabilidade administrativa resulta de ato ou servidor público que houver praticado, na atividade, falta punível
omissão, ocorrido no desempenho do cargo ou função. com demissão.
Art. 229 - As cominações civis, penais e administrativas poderão Art. 238 - A destituição de função de confiança ou de cargo em
cumular-se, sendo independentes entre si, bem assim as instâncias. comissão dar-se-á nos casos de violação das proibições constantes
Art. 230 - A absolvição criminal só afasta a responsabilidade do art. 221, IV a XXVI, pelo não-cumprimento das disposições con-
civil ou administrativa do servidor público, se concluir pela inexis- tidas no art. 220, I a XIV.
tência do fato ou lhe negar a autoria. Parágrafo único - Em se tratando de servidor público ocupante
de cargo efetivo, além da pena prevista neste artigo, ficará o mesmo
CAPÍTULO V sujeito à aplicação das penas de suspensão ou demissão.
DAS PENALIDADES Art. 239 - O ato de imposição da penalidade mencionará sem-
pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
Art. 231 - São penas disciplinares: Art. 240 - A demissão e a destituição de função de confiança ou
I – advertência verbal ou escrita; de cargo em comissão incompatibilizam o ex-servidor público para
II – suspensão; nova investidura em cargo ou função pública estadual, por prazo
III – demissão; não inferior a dois e nem superior a cinco anos.
IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade; e Art. 241 - A demissão e destituição de função de confiança ou
IV – destituição de função de confiança ou de cargo em comis- de cargo em comissão, nos casos do art. 234, IV, VIII, XI e XII, impli-
são. cam indisponibilidade dos bens e no ressarcimento ao erário, sem
Art. 232 - A advertência será aplicada verbalmente ou por es- prejuízo da ação penal cabível.
crito nos casos de violação de proibição constante do art. 221, I a III, Art. 242 - Deverão constar do assentamento individual todas
e de inobservância de dever funcional previsto nesta Lei, que não as penas disciplinares impostas ao servidor público, devendo ser
justifique imposição de penalidade mais grave. oficialmente publicadas as previstas no art. 231, II a V.
Art. 233 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência Art. 243 - Na aplicação das penalidades serão consideradas a
das faltas punidas com advertência e nos casos de violação das natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro-
proibições constantes do art. 221, IV a XVIII, não podendo exceder vierem para o serviço público e os antecedentes funcionais.
noventa dias. Art. 244 - São circunstâncias agravantes:
Parágrafo único - A aplicação da penalidade de suspensão acar- I – premeditação;
reta o cancelamento automático do pagamento da remuneração do II – reincidência;
servidor público, durante o período de sua vigência. III – conluio;
Art. 234 - A demissão será aplicada nos seguintes casos: IV – dissimulação ou outro recurso que dificulte a ação disci-
I – crime contra a administração pública; plinar;
II – abandono de cargo; V – prática continuada de ato ilícito;
III – inassiduidade habitual; VI – cometimento do ilícito com abuso de poder.
IV – improbidade administrativa; Art. 245. São circunstâncias atenuantes:
V – incontinência pública; I – haver sido mínima a cooperação do servidor público no co-
VI – insubordinação grave em serviço; metimento da infração;
II – ter o servidor público:
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a) procurado espontaneamente e com eficiência, logo após o § 3º - São competentes para determinar a realização da sindi-
cometimento da infração, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüên- cância os chefes de órgãos diretamente subordinados aos dirigen-
cias, ou ter reparado o dano civil antes do julgamento; tes de cada Poder, os chefes de órgãos em regime especial, autar-
b) cometido a infração sob coação irresistível de superior hie- quias e fundações públicas.
rárquico ou sob influência de violenta emoção provocada por ato § 4º - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor público ense-
injusto de terceiros jar a imposição de penalidade não prevista no § 2º, será obrigatória
c) confessado espontaneamente a autoria da infração, ignora- a instauração de processo administrativo-disciplinar.
da ou imputada a outro
d) ter mais de cinco anos de serviço, com bom comportamento, CAPÍTULO II
antes da infração; DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
III – quaisquer outras causas que hajam concorrido para a práti-
ca do ilícito, revestidas do princípio de justiça e de boa-fé Art. 250 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor
Art. 246 - As penas disciplinares serão aplicadas por: público não venha a influir na apuração da irregularidade ao mes-
I – Chefe do respectivo Poder ou pelo dirigente superior de au- mo atribuída, a autoridade instauradora do processo administra-
tarquia ou fundação, nos casos de demissão e cassação de aposen- tivo-disciplinar, verificando a existência de veementes indícios de
tadoria ou disponibilidade; responsabilidades, poderá ordenar o seu afastamento do exercício
II – Secretário de Estado, ou autoridade equivalente, ou diri- do cargo pelo prazo de 90 (noventa) dias prorrogáveis por mais 60
gente de autarquia ou fundação no caso de suspensão e de adver- (sessenta) dias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 151, de
tência; e 31 de maio de 1999).
III – Autoridade que houver feito a nomeação ou designação, Parágrafo único - Nos casos de indiciamentos capitulados nos
nos casos de destituição de cargo em comissão ou de função gra- incisos I, IV, VIII, XI e XII do art. 237 desta Lei Complementar, o ser-
tificada. vidor perceberá durante o afastamento exclusivamente o valor de
Parágrafo único - As penas disciplinares de servidores públicos seu vencimento básico e as gratificações de assiduidade e tempo de
integrantes dos Poderes Legislativo e Judiciário serão aplicadas pe- serviço, acaso devidas. (Redação dada pela Lei Complementar nº
las autoridades indicadas em seus respectivos regulamentos. 151, de 31 de maio de 1999).

TÍTULO X CAPÍTULO III


DO PROCESSO ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR DO PROCESSO ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR

CAPÍTULO I SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 247 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no Art. 251 - O processo administrativo-disciplinar é o instrumento
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, destinado a apurar responsabilidade do servidor público pela infra-
mediante sindicância ou processo administrativo-disciplinar, asse- ção praticada no exercício de suas atribuições ou que tenha relação
gurada ao denunciado ampla defesa. com as atribuições do cargo em que se encontre investido.
Art. 248 - As denúncias sobre irregularidades serão objeto de Art. 252 - No âmbito do Poder Executivo da administração
apuração, mesmo que não contenham a identificação do denun- direta, a sindicância e o processo administrativo-disciplinar serão
ciante, devendo ser formuladas por escrito. conduzidos pelas Corregedorias, compostas por 02 (duas) comis-
Art. 249 - A sindicância se constituirá de averiguação sumária sões processantes, constituídas cada uma, de 01 (um) Presidente e
promovida no intuito de obter informações ou esclarecimentos ne- 02 (dois) membros, ocupantes de cargo efetivo, estáveis no serviço
cessários à determinação do verdadeiro significado dos fatos de- público. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de se-
nunciados. tembro de 2005).
§ 1º A sindicância de que trata este artigo será procedida por § 1º O Corregedor e o Presidente de Comissão Processante de-
Comissão Processante, composta por servidores públicos estaduais verão possuir reputação ilibada e formação de nível superior, prefe-
efetivos e estáveis, integrantes das Corregedorias, devendo ser con- rencialmente, serem Bacharel em Direito. (Redação dada pela Lei
cluída no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data de sua instau- Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
ração, podendo esse prazo ser prorrogado, desde que haja funda- § 2º Não poderá integrar a Corregedoria parente do denuncia-
mentadas razões, mediante decisão da autoridade que determinou do, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até 3º (tercei-
abertura da sindicância. (Redação dada pela Lei Complementar nº ro) grau. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de
328, de 5 de setembro de 2005). setembro de 2005).
§ 2º - Da sindicância somente poderá decorrer a pena de ad- § 3º As Corregedorias exercerão suas atividades com indepen-
vertência, sendo obrigatório ouvir o servidor público denunciado. dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
§ 2º Da sindicância poderá resultar: (Redação dada pela Lei ção do fato ou exigido pelo interesse da administração. (Redação
Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005). dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
I - arquivamento do processo; § 4º O ato de instauração do processo administrativo-discipli-
II - aplicação de penalidade de advertência, sendo obrigatório nar será atribuição do Secretário da Pasta. (Redação dada pela Lei
ouvir o servidor público denunciado; Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
III - instauração de processo administrativo-disciplinar.

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§ 5º Os Presidentes e membros das Comissões Processantes § 2º - As reuniões da comissão serão registradas em atas que
da Corregedoria da Secretaria de Estado da Fazenda terão substi- deverão detalhar as deliberações adotadas.
tutos formalmente designados para eventuais impedimentos ou § 3º - O membro da comissão ou autoridade competente que
afastamentos, os quais deverão ser ocupantes de cargos efetivos der causa à não-conclusão do inquérito administrativo no prazo
e estáveis no serviço público, sem prejuízo do disposto nos § § 1º estabelecido neste artigo, ficará sujeito às penalidades inscritas no
e 2º. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 474, de 23 de art. 231, salvo motivo justificado.
dezembro de 2008). Art. 259 - Na fase do inquérito administrativo, a comissão pro-
§ 6º Os servidores substitutos, formalmente designados na for- moverá a tomada de depoimento, acareações, investigações e dili-
ma do § 5º, durante o período da substituição, farão jus à percep- gências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quan-
ção do valor da função gratificada correspondente à do titular da do necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa
Comissão Processante. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar elucidação dos fatos.
nº 474, de 23 de dezembro de 2008). Art. 260 - É assegurado ao servidor público o direito de acom-
§ 7º A designação de qualquer um dos substitutos, não cessará panhar o processo administrativo-disciplinar, pessoalmente ou por
a percepção da gratificação do titular. (Dispositivo incluído pela Lei intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produ-
Complementar nº 474, de 23 de dezembro de 2008). zir provas e contra-provas e formular quesitos quando se tratar de
Art. 253 - No âmbito dos demais Poderes, nas autarquias e prova pericial.
fundações públicas do Poder Executivo, o processo administrativo- § 1º - O presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
-disciplinar será conduzido por comissão composta por servidores siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum
públicos efetivos e estáveis, designados pelos Chefes de Poderes interesse para o esclarecimento dos fatos.
e dirigentes dos órgãos. (Redação dada pela Lei Complementar nº § 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
328, de 5 de setembro de 2005). provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
Parágrafo único - O ato de instauração do processo administra- Art. 261 - As testemunhas serão convidadas para depor me-
tivo-disciplinar, no âmbito dos Poderes e Órgãos mencionados no diante mandado ou Aviso de Recepção – AR – expedido pelo presi-
“caput” deste artigo, será atribuição dos Chefes dos Poderes e dos dente da comissão, devendo a segunda via ser anexada aos autos.
dirigentes dos órgãos. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar Parágrafo único - Se a testemunha for servidor público, a ex-
nº 328, de 5 de setembro de 2005). pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
Art. 254 - O processo administrativo-disciplinar inicia-se com a repartição onde serve, com indicação do dia e hora marcados para
publicação do ato que determinar a sua abertura e compreenderá: a inquirição.
I – inquérito administrativo; e Art. 262 - O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
II – julgamento do feito. termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
Art. 255. A instauração de Processo Administrativo Disciplinar, § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente.
decorrente de determinação do Governador do Estado, caberá ao § 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se
Secretário de Estado de Controle e Transparência e a instrução do infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
inquérito à Corregedoria Geral do Estado – COGES. (Redação dada Art. 263 - Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
pela Lei Complementar nº 847, de 12 de janeiro de 2017). promoverá o interrogatório do denunciado, observados os procedi-
mentos previstos nos arts. 261 e 262.
SEÇÃO II § 1º - No caso de mais de um denunciado, cada um deles será
DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas decla-
rações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação
Art. 256 - O inquérito administrativo será contraditório, asse- entre eles.
gurada ao denunciado ampla defesa com a utilização dos meios e § 2º - O procurador do denunciado poderá assistir ao interro-
recursos admitidos em direito, inclusive o fornecimento de cópias gatório, bem como a inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
das peças que forem solicitadas. interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, rein-
Art. 257 - O relatório da sindicância integrará o inquérito admi- quiri-las por intermédio do presidente da comissão.
nistrativo, como peça informativa da instrução do processo. Art. 264 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
Parágrafo único - Na hipótese do relatório da sindicância con- denunciado, a comissão proporá à autoridade competente que ele
cluir pela prática de crime, a autoridade competente oficiará à seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe
autoridade policial, para abertura do inquérito administrativo, in- pelo menos um médico psiquiatra.
dependentemente da imediata instauração do processo adminis- Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será proces-
trativo-disciplinar. sado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a ex-
Art. 258 - O prazo para conclusão do processo administrativo- pedição do laudo pericial.
-disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data da Art. 265 - Tipificada a infração disciplinar, será elaborada a peça
publicação do ato de sua instauração, admitida sua prorrogação, de instrução do processo, com a indiciação do servidor público.
desde que haja fundamentadas razões, mediante decisão da auto- § 1º - O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre-
ridade que determinou a abertura do processo administrativo-dis- sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de dez
ciplinar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
setembro de 2005). § 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co-
§ 1º - Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte- mum. (Redação dada pela Lei Complementar nº 151, de 31 de maio
gral aos seus trabalhos. de 1999).

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§ 3º - O prazo de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia Art. 277 - Serão assegurados transporte e diárias:
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em I – ao servidor público convocado para prestar depoimento fora
termo próprio, pelo membro da comissão que procedeu a licitação. da sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
Art. 266 - O indiciado que mudar de residência fica obrigado a ou indiciado;
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. II – aos membros da comissão de inquérito administrativo e ao
Art. 267 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa- secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos traba-
bido, será, para apresentar defesa, citado por edital, publicado no lhos para a realização de missão essencial ao esclarecimento dos
Diário Oficial do Estado, por três vezes. fatos.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
será de quinze dias, a partir da última publicação do edital. Art. 278 - O processo administrativo-disciplinar poderá ser re-
Art. 268 - Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente visto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem
citado, não apresentar defesa no prazo legal. fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do
§ 1º - A revelia será declarada por termo, nos autos do processo punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
e devolverá o prazo para a defesa. Parágrafo único - A revisão de que trata este artigo poderá ser
§ 2º - Para defender o indiciado revel, o presidente da comissão requerida:
designará um defensor dativo, recaindo a escolha em servidor pú- I – em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
blico de igual nível e grau do indiciado, ou superior. servidor público, por qualquer pessoa da família;
Art. 269 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório II – em caso de incapacidade mental do servidor público, pelo
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio- respectivo curador.
nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção. Art. 279 - No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re-
§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou querente.
à responsabilidade do servidor público. Art. 280 - A simples alegação de injustiça da penalidade não
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor público, a constitui fundamento para revisão, que requer elementos novos,
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, ainda não apreciados no processo originário.
bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Art. 281 - O requerimento de revisão do processo será dirigi-
Art. 270 - O processo administrativo-disciplinar, com o relatório do ao chefe do Poder competente, o qual, se autorizar a revisão,
da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua ins- encaminhará o pedido ao órgão processante da entidade onde se
tauração, para julgamento. originou o processo administrativo-disciplinar.
Art. 282 - A revisão correrá em apenso ao processo originário.
SEÇÃO III Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
DO JULGAMENTO hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
arrolar.
Art. 271 - No prazo de sessenta dias, contados do recebimento Art. 283 - A comissão revisora terá até sessenta dias para a
do processo administrativo-disciplinar, a autoridade julgadora pro- conclusão dos trabalhos, prorrogável por igual prazo, quando as cir-
ferirá a sua decisão. cunstâncias o exigirem.
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da au- Art. 284 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
toridade instauradora do processo administrativo-disciplinar, este que couber, as normas e procedimentos próprios aplicados ao in-
será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual quérito administrativo.
prazo. Art. 285 - O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, nalidade, nos termos do art. 246.
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da Art. 286 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem
pena mais grave. efeito a penalidade aplicada, ou reintegrado o servidor público,
Art. 272 - No julgamento, quando o relatório da comissão con- restabelecendo-se todos os direitos atingidos, exceto em relação à
trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motiva- destituição de cargo em comissão ou função gratificada, hipótese
damente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la, ou isentar o em que ocorrerá apenas a conversão da penalidade em exoneração.
servidor público de responsabilidade Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar
Art. 273 - Verificada a existência de vício insanável, a autorida- agravamento de penalidade.
de julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo admi-
nistrativo-disciplinar e ordenará instauração de um novo processo. TÍTULO XI
Art. 274 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- CAPÍTULO ÚNICO
duais do servidor público. DAS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS DE EXCEPCIONAL
Art. 275 - Quando a infração estiver capitulada como crime, INTERESSE PÚBLICO
o processo administrativo-disciplinar será remetido ao Ministério
Público, para instauração da ação penal, ficando traslado na repar- Art. 287 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
tição. 193, de 30 de novembro de 2000).
Art. 276 - O servidor público que responder a processo admi- Art. 288 - As contratações a que se refere o artigo anterior so-
nistrativo-disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou apo- mente poderão ocorrer nos seguintes casos:
sentado voluntariamente, após sua conclusão e o cumprimento da I – calamidade pública;
penalidade, caso aplicada. II – combate a surtos epidêmicos;
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III – atendimento de serviços essenciais, em casos de vacância Art. 296 - O setor de pessoal de cada um dos Poderes fornece-
ou afastamento do titular do cargo, quando não seja possível a re- rá ao servidor público uma carteira funcional na qual constarão os
distribuição de tarefas. elementos de sua identificação pessoal.
§ 1º - As contratações previstas neste artigo terão dotação es- Parágrafo único - A administração poderá fornecer carteira de
pecífica e não poderão ultrapassar o prazo de seis meses que será inatividade identificando o servidor público inativo, na forma do re-
improrrogável. gulamento.
§ 2º - As contratações serão autorizadas pelo chefe do Poder Art. 297 - Considera-se sede, para fins desta Lei, o Município
competente e, na administração indireta pelos dirigentes das autar- onde a unidade administrativa estiver instalada e onde o servidor
quias e fundações públicas, após prévia manifestação do Conselho público tiver exercício em caráter permanente.
Estadual de Política de Pessoal – CEPP. Art. 298 - Ficam submetidos ao Regime Jurídico Único institu-
§ 3º - O contratado não poderá ser ocupante de cargo públi- ído por esta Lei, os atuais servidores públicos estaduais, estatutá-
co, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade da autoridade rios, da administração pública direta e das autarquias, dos Poderes
solicitante da admissão, exceto as acumulações permitidas consti- Executivo, Legislativo e Judiciário, permitindo-se aos servidores
tucionalmente. públicos celetistas a opção pelo regime jurídico estabelecido por
§ 4º - O contratado na forma do art. 287 não poderá, findo o esta Lei ou por continuarem regidos pela Consolidação das Leis do
prazo do contrato original, ser novamente contratado, sujeitando- Trabalho – C.L.T. (Promulgado no D.O. de 06/04/94)
-se a penalidades legais a autoridade responsável pela contratação. § 1º - O prazo a que se refere este artigo encerrar-se-á em
Art. 289 - Os contratados para atender a necessidade tempo- 30.06.95. (Redação dada pela Lei Complementar nº 59, de 04 de
rária de excepcional interesse público estão sujeitos aos mesmos abril de 1994).
deveres e proibições, e ao mesmo regime de responsabilidades vi- § 2º - O direito a opção pelo ingresso no regime jurídico de que
gentes para os servidores públicos integrantes do órgão ou entida- trata esta Lei só é assegurado ao servidor público que conte até ses-
de a que forem vinculados. senta e cinco anos de idade na data em que for exercido, devendo
Art. 290 - A rescisão do contrato administrativo para prestação o servidor público optante permanecer no serviço ativo do Estado
de serviços, antes do prazo previsto para seu término, ocorrerá: pelo prazo mínimo de cinco anos.
I – a pedido do contratado; § 2º - O direito à opção pelo ingresso no regime jurídico de que
II – por conveniência da administração, a juízo da autoridade trata esta Lei é assegurado ao servidor público que tenha adquirido
que procede à contratação; e estabilidade no serviço público com a promulgação da Constituição
III – quando o contratado incorrer em falta disciplinar. Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 59, de 04 de abril
Parágrafo único - Ao término do contrato administrativo ou em de 1994).
caso de rescisão por conveniência da administração, quando o pra- § 3º - Ao servidor público celetista que optar pelo Regime Ju-
zo de duração do mesmo for superior a trinta dias, o contratado rídico Único e se tornar inválido antes de completado o período
fará jus ao décimo terceiro vencimento proporcional ao tempo de de cinco anos a que se refere o parágrafo anterior, fica assegura-
serviço prestado. da a aposentadoria na forma desta Lei. (Promulgado no D.O. de
Art. 291 - É assegurado aos contratados o direito ao gozo de 06/04/94)
licença para tratamento da própria saúde, por acidente em servi- § 4º - No caso de falecimento de servidor público optante antes
ço, doença profissional, gestação e paternidade, vedadas quaisquer de decorrido o prazo de cinco anos referido no § 2o., será assegura-
outras espécies de afastamento, não podendo a concessão das li- do aos seus dependentes a pensão concedida pelo órgão previden-
cenças ultrapassar o prazo previsto no ato de admissão. ciário estadual. (Promulgado no D.O. de 06/04/94)
§ 1º - O contratado temporariamente terá direito à aposenta- Art. 299 - Os contratos de trabalho dos servidores públicos ce-
doria por invalidez decorrente de acidente em serviço. letistas referidos no artigo anterior extinguem-se automaticamen-
§ 2º - Se o contratado vier a falecer, será pago auxílio-funeral te, a partir da data da opção. (Promulgado no D.O. de 06/04/94)
à sua família, observadas as normas previstas nos arts. 215 e 216. Parágrafo único - Os empregos referentes aos contratos de tra-
Art. 292 - As informações relativas ao exercício do contrata- balho de que trata este artigo ficam transformados em cargos pú-
do constarão de seu assentamento funcional, considerando-se tal blicos e neles enquadrados seus atuais ocupantes. (Promulgado no
exercício como tempo de serviço público, caso o mesmo venha a D.O. de 06/04/94)
exercer cargo público. Art. 300 - Não ficam abrangidos pelo regime jurídico instituído
por esta Lei os servidores públicos contratados por prazo determi-
TÍTULO XII nado, cujos contratos não poderão ser prorrogados, bem como os
bolsistas, os estagiários, os credenciados, os conveniados, os pres-
CAPÍTULO ÚNICO tadores de serviço e os ocupantes de outras funções temporárias.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 301 - O tempo de serviço dos servidores públicos submeti-
dos ao Regime Jurídico Único, na forma determinada pelos arts. 298
Art. 293 - O dia do servidor público será comemorado a 28 de e 299, será computado integralmente para todos os efeitos legais,
outubro. inclusive férias, férias-prêmio, adicional de assiduidade, décimo -
Art. 294 - São isentos de reconhecimento de firma os requeri- terceiro vencimento, adicional de tempo de serviço, aposentadoria
mentos formulados por servidor público. e disponibilidade. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de
Art. 295 - É proibido o desvio de função, salvo as exceções pre- 29 de fevereiro de 1996)
vistas nesta Lei.

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§ 1º - O adicional de tempo de serviço e o adicional de assidui- VIII - É competente para conceder férias-prêmio ou gratifica-
dade serão concedidos somente a partir da vigência desta Lei, não ção-assiduidade o Secretário de Estado responsável pela admi-
havendo retroação de efeitos financeiros dela decorrentes. (Pro- nistração de pessoal e os dirigentes das autarquias e fundações
mulgado no D.O. de 06/04/94) públicas no âmbito do Poder Executivo nos demais poderes, pela
§ 2º - Não será computado, para fins de concessão das vanta- autoridade indicada nos respectivos regimentos.
gens previstas nesta Lei, o tempo de serviço já utilizado para aqui- Art. 302 - Os adicionais de tempo de serviço, até agora conce-
sição de benefícios sob idêntico fundamento. (Promulgado no D.O. didos aos funcionários regidos pela legislação estatutária anterior,
de 06/04/94) a razão de cinco por cento por qüinqüênio, serão recalculados com
§ 3º - Para efeito de concessão do adicional de assiduidade ou base no disposto no art. 106.
de férias-prêmio, o tempo de serviço dos servidores de que trata Art. 303 - O adicional de tempo de serviço já concedido aos ser-
o “caput” deste artigo, prestado anteriormente à vigência da Lei vidores públicos celetistas em percentuais superiores aos fixados
Complementar nº 46, de 31 de janeiro de 1994, será computado de nesta Lei, fica mantido, até que a contagem do respectivo tempo de
acordo com as seguintes regras: (Dispositivo incluído pela Lei Com- serviço permita sua alteração, dentro dos critérios estabelecidos no
plementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). art. 106. (Promulgado no D.O. de 06/04/94)
I - Serão concedidas férias-prêmio de seis meses com todos Parágrafo único - Outras gratificações e benefícios assegurados
os direitos e vantagens do cargo, ao servidor, em atividade, que as aos celetistas, em caráter permanente, que venham sendo pagas,
requerer, depois de cada decênio de efetivo exercício em serviço quando não previstas nesta Lei, serão mantidos como vantagem,
público estadual. nominalmente identificável, reajustável em percentuais idênticos
II - Considera-se de efetivo exercício, para efeito deste artigo, aos concedidos nos aumentos gerais de vencimentos. (Promulgado
o tempo de serviço prestado na qualidade de extra-numerário, no D.O. de 06/04/94)
professor credenciado, servidor regido pela legislação trabalhista, Art. 304 - Os cargos em comissão e as funções de confiança
anteriormente a sua efetivação, serventuário da Justiça e o tempo existentes nos órgãos ou entidades da administração pública direta
de serviço prestado em cartório mediante admissão por autoridade e das autarquias, passam a ser regidos por esta Lei.
judicial. Art. 305 - A movimentação dos saldos das contas dos servido-
III - O tempo de serviço prestado como professor credenciado res públicos optantes pelo Fundo de Garantia por Tempo de Ser-
só será contado, para efeito do que dispõe este parágrafo, quando viço – FGTS – bem assim a das contas dos servidores públicos não
reconduzido no período das férias escolares; optantes, obedecerá ao que dispuser a legislação federal, inclusive
IV - Não serão concedidas férias-prêmio ao servidor que houver no tocante ao recolhimento das contribuições pertinentes e demais
sofrido pena de suspensão, dentro do decênio, salvo se a pena for obrigações do Estado.
convertida em multa; Art. 306 - O servidor público da administração direta e autár-
V - Não interrompe o exercício para efeito deste artigo, o afas- quica do Estado, regido pela C.L.T. aposentado antes da vigência
tamento em decorrência de: desta Lei, continuará submetido ao regime geral da previdência so-
a) Licença à gestante; cial a que se vinculava, para todos os efeitos legais.
b) Casamento; Art. 307 - Até que sejam implantados os planos de carreiras e
c) Luto; de vencimentos a nomeação em caráter efetivo a que se refere o
d) Convocação para o serviço militar; art. 12, dar-se-á também em cargo isolado.
e) Júri e outros serviços obrigatórios por lei; Art. 308 - Até que sejam expedidas as normas regulamenta-
f) Férias; doras da presente, continuam em vigor as leis e os regulamentos
g) Licença decorrente de acidente em serviço ou de trabalho; existentes, excluídas as disposições que com esta conflitem.
h) Licença decorrente de doença profissional ou ocupacional; Parágrafo único - A composição da Comissão Permanente de
i) Licença-prêmio ou férias-prêmio; Inquérito Administrativo – COPIA – fica mantida, excepcionalmente,
j) Licença para tratamento de saúde própria, de pessoa da fa- pelo prazo de (Prorrogação de prazo - ver Lei Complementar nº
mília ou auxílio-doença até 100 (cem) dias, ininterruptos ou não, 106, de 16 de dezembro de 1997).
durante o decênio; Art. 309 - Continuam em vigor as disposições específicas cons-
l) Faltas relevadas, de no máximo três ao mês, motivadas por tantes dos Estatutos dos Policiais Civis e do Magistério, que serão
doença, comprovada em inspeção médica oficial, até o número de adequadas aos princípios ora estabelecidos, no prazo máximo de
120 (cento e vinte) dias durante o decênio até 25 de novembro de seis meses, a contar da vigência desta Lei.
1987, após essa data serão relevadas seis faltas por ano e sessenta Art. 310 -(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80,
no decênio; e de 29 de fevereiro de 1996)
m) Ficar à disposição de órgão da administração estadual ou Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar
municipal, com ou sem ônus para o órgão de origem; nº 80, de 29 de fevereiro de 1996)
VI - Em caso de acumulação lícita, o servidor fará jus a férias- Art. 311 - No prazo de até dezoito meses, o Poder Executivo en-
-prêmio ou gratificação-assiduidade em relação a cada um dos car- viará para exame da Assembléia Legislativa projeto de lei dispondo
gos acumulados; sobre a compatibilização do sistema de seguridade e assistência so-
VII - O servidor com direito a férias-prêmio poderá optar pelo cial ao servidor público do Estado, em face dos princípios e normas
vencimento de uma gratificação-assiduidade, concedida em caráter constantes desta Lei Complementar.
permanente e correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) do § 1º - Fica garantida a participação paritária de representantes
valor do vencimento; de servidores públicos na comissão encarregada de propor ao chefe
do Poder Executivo o projeto de lei a que se refere este artigo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º - No prazo de quinze dias a partir da publicação desta Lei o Palácio Anchieta, em Vitória, 31 de janeiro de 1994.
Tribunal de Contas designará comissão para proceder a uma audi-
toria financeira, contábil e patrimonial no Instituto de Previdência e
Assistência “Jerônimo Monteiro” – I. P.A.J.M. QUESTÕES
§ 3º - Os resultados da auditoria serão encaminhados à Assem-
bléia Legislativa e à comissão a que se refere o § 1º.
Art. 312 - No prazo de até cento e vinte dias a contar da pu- 1. Trata-se o recurso repetitivo de medida por meio da qual, o
blicação desta Lei, o Governador do Estado encaminhará à Assem- Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça definem
bléia Legislativa projeto de lei dispondo sobre a estruturação dos uma tese que deverá ser aplicada aos processos nos quais, é deba-
planos de carreiras dos cargos do Poder Executivo, suas autarquias
tida idêntica questão de direito.
e fundações públicas.
A assertiva se encontra:
§ 1º - Fica garantida a participação paritária de representantes
( ) CERTA
dos servidores públicos na comissão encarregada da elaboração do
( ) ERRADA
projeto de lei a que se refere este artigo.
§ 2º - Em igual prazo ao referido no caput deste artigo, os Pode-
res Legislativo e Judiciário elaborarão a estruturação dos planos de 2. O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou
carreiras e de vencimentos dos seus servidores. de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos
Art. 313 - As despesas decorrentes da concessão dos benefí- representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Su-
cios de que trata o art.194, inciso I e alíneas, correrão, em sua in- premo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins
tegralidade, às expensas do Tesouro do Estado, até que seja criado de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os pro-
o “Fundo para Seguridade e Assistência Social. (Redação dada pela cessos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado
Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). ou na região, conforme o caso.
Art. 314 - A partir da vigência desta Lei, a admissão de servi- A assertiva se encontra:
dores públicos civis, na administração direta, nas autarquias e nas ( ) CERTA
fundações públicas de quaisquer dos três Poderes dar-se-á exclusi- ( ) ERRADA
vamente na forma do regime jurídico instituído pela presente Lei.
Art. 315 - Fica garantido ao ocupante do emprego público na 3. Decadência é a perda do direito em si, pela ausência de ati-
administração estadual, na data da publicação desta Lei, o direito tude do titular, durante o prazo determinado em lei. Quando ocorre
contar esse tempo de serviço para efeito da concessão do adicio- a decadência, a pessoa não perde o direito.
nal de assiduidade ou de férias-prêmio, previstas nos art.108 e 118, A assertiva se encontra:
se vier ocupar cargo público efetivo. (Dispositivo incluído pela Lei ( ) CERTA
Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). ( ) ERRADA
Parágrafo único - Não será contado o tempo de serviço público
em emprego público estadual já utilizado na aquisição de vantagem 4. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à deca-
idêntico fundamento do adicional de assiduidade de férias-prêmio. dência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a
(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de feve- prescrição.
reiro de 1996). A assertiva se encontra:
Art. 316 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 128, ( ) CERTA
de 25 de setembro de 1998).
( ) ERRADA
Art. 317 - As despesas decorrentes da execução desta Lei Com-
plementar correrão à conta das dotações orçamentárias próprias,
4. O controle parlamentar envolve a fiscalização contábil, finan-
que serão suplementadas, se necessário.(Dispositivo renumerado
pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996) (Disposi- ceira, orçamentária e patrimonial da União e de suas entidades, in-
tivo renumerado pela Lei Complementar nº 92, de 30 de dezembro clusive considerando a questão em âmbito federal, onde, com base
de 1996). nos artigos 70 e 71 da Constituição Federal, tal controle é exercido
Art. 318 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de com o auxílio do Tribunal de Contas da União..
sua publicação. (Dispositivo renumerado pela Lei Complementar nº A assertiva se encontra:
80, de 29 de fevereiro de 1996). (Dispositivo renumerado pela Lei ( ) CERTA
Complementar nº 92, de 30 de dezembro de 1996) ( ) ERRADA
Art. 319 - Ficam revogadas as disposições em contrário, espe-
cialmente a Lei Complementar nº 3.200, de 30 de janeiro de 1978, 5. O controle de legalidade pode avaliar a compatibilidade le-
com suas alterações posteriores, como exclusão da Lei Complemen- gal dos motivos dos atos discricionários, se dispondo, dentre outras
tar nº 16, de 10 de janeiro de 1992 e suas alterações. (Dispositivo prerrogativas, à análise de vício de competência, de desvio de fina-
renumerado pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de lidade, motivação, de vício de forma e objeto.
1996). (Dispositivo renumerado pela Lei Complementar nº 92, de A assertiva se encontra:
30 de dezembro de 1996). ( ) CERTA
Ordeno, portanto, a todas as autoridades que a cumpram e a ( ) ERRADA
façam cumprir como nela se contém.
O Secretário de Estado da Justiça e da Cidadania faça publicá-
-la, imprimir e correr.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

6. A União, os Estados e o Distrito Federal podem criar agências 14. São permitidos ao administrador todos e quaisquer atos
reguladoras dentro das suas estruturas de administração, desde que renunciem aos direitos do Poder Público, ou, que sem justifica-
que possuam competência para a regulação do serviço e também tiva causem ônus à sociedade.
da atividade pública a ser regulada. A assertiva se encontra:
A assertiva se encontra: ( ) CERTA
( ) CERTA. ( ) ERRADA
( ) ERRADA.
15.Poderá a Administração invalidar seus próprios atos a partir
7. A autonomia administrativa das agências reguladoras é do momento em que estes contenham ilegalidade, porque deles
oriunda da ausência de existência de subordinação, vinculação ou não se originam direitos, podendo também revogar atos por moti-
de qualquer tipo de tutela exercida pela Administração Direta e da vos de conveniência e oportunidade.
auto-organização da Administração, realizando, desta forma, con- A assertiva se encontra:
tratações, dentre outros atos que lhes são inerentes. ( ) CERTA
A assertiva se encontra: ( ) ERRADA
( ) CERTA.
( ) ERRADA.
GABARITO
9. Existem diferenças fundamentais entre os conceitos de dis-
cricionariedade e arbítrio, tendo em vista que o arbítrio implica na
invalidade ou ilegitimidade. 1 B
A assertiva se encontra:
( ) CERTA 2 CERTO
( ) ERRADA 3 ERRADO
4 CERTO
10. A discricionariedade se trata de tema de grande relevância
no Direito Administrativo, sendo considerada como a pequena fen- 5 CERTO
da via da qual, com o tempo, a liberdade em geral, pode esvair-se, 6 CERTO
porque apesar de possuir conceito dinâmico, quando é interpreta-
7 CERTO
da de modo errôneo, na prática, acaba por impedir o controle juris-
dicional de atos que podem ocasionar lesão ou ameaça de lesão a 8 CERTO
liberdades e direitos, acarretando obscuridade e dúvidas quanto à 9 CERTO
atuação da Administração Pública.
A assertiva se encontra: 10 CERTO
( ) CERTA 11 CERTO
( ) ERRADA
12 ERRADO
11. O fato administrativo pode conter três sentidos, sendo eles: 13 CERTO
a atividade material oriunda de um ato administrativo; a atuação 14 ERRADO
administrativa que produz efeitos jurídicos de forma indireta; e de-
terminado evento da natureza produtor de efeitos jurídicos. 15 ERRADO
A assertiva se encontra:
( ) CERTA
( ) ERRADA

12. Na maioria das vezes, o fato administrativo pode originar


de um ato jurídico, ocorrendo assim, a operação material do ato
administrativo.
A assertiva se encontra:
( ) CERTA
( ) ERRADA

13. Atos de império são aqueles que a Administração Pública


impõe de modo coercivo ao administrado, criando unilateralmente
para ele obrigações, restringindo ou condicionando o exercício de
direitos ou atividades privada.
A assertiva se encontra:
( ) CERTA
( ) ERRADA
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CONCEITO, MISSÕES E FUNÇÕES PRINCÍPIOS.

(I) Conceito: — Legalidade (Art. 5°, XXXIX + Art. 1°, CP + Documentos


O direito penal é um ramo do direito público que trata dos cri- Internacionais)
mes e das infrações penais. Seu principal objetivo é estabelecer um Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
conjunto de normas que definem quais comportamentos são con- prévia cominação legal → real limitação ao poder estatal de
siderados criminosos, bem como as penas e medidas de segurança interferir na esfera das liberdades individuais.
aplicáveis a quem cometer tais condutas. É uma área do direito que O princípio da legalidade se divide em dois subprincípios:
busca preservar a ordem social, proteger os direitos individuais e reserva legal e anterioridade.
coletivos, além de promover a justiça e a pacificação social. – Reserva legal: não há crime ou pena sem lei em sentido
estrito, ou seja, diploma legal emanado do Poder Legislativo.
(II) Missão: 1 – E contravenção penal? A doutrina entende que as
A missão do direito penal brasileiro é garantir a segurança jurí- contravenções/infrações penais também não podem ser aplicadas
dica e a paz social, estabelecendo normas claras que determinem o sem lei.
que é crime e qual a consequência para quem praticá-lo. Além dis- 2 – Além da pena, entende-se também que a medida de
so, busca prevenir a ocorrência de crimes, por meio da intimidação segurança não pode ser aplicada sem prévia lei.
e dissuasão, bem como oferecer respostas adequadas e proporcio- Medida legal é outra espécie de sanção penal (resposta dada
nais às infrações penais que efetivamente ocorram. a alguém por uma infração penal), na qual a culpabilidade não é
O direito penal também tem a missão de proteger os direitos um pressuposto, mas sim a periculosidade, ex.: agente não pode
individuais dos acusados, assegurando o devido processo legal, o ser condenado em função de doença mental, porém ele sofre
contraditório e a ampla defesa, garantindo que apenas aqueles que a aplicação de medida de segurança (tratamento ambulatorial,
efetivamente cometeram um crime sejam punidos. internação, por exemplo).

(III) Funções: – Anterioridade: não há crime ou pena sem lei anterior ao fato
As principais funções do direito penal brasileiro são: praticado, ex.: a partir de hoje, beber cerveja é crime, porém quem
a) Proteção dos bens jurídicos: O direito penal tem como finali- bebia até ontem não pode ser criminalizado → a anterioridade gera
dade proteger os valores mais importantes para a sociedade, como o princípio da irretroatividade da lei penal.
a vida, a liberdade, o patrimônio, a honra, entre outros. Isso é reali-
zado por meio da tipificação de condutas criminosas e da aplicação Atributos da Lei Penal: a lei penal deve ser:
de penas. I – a norma penal deve ser escrita. Os costumes influenciam
b) Prevenção geral: Busca dissuadir a sociedade em geral de no direito penal e servem para aclarar determinados textos (ex.:
cometer crimes, demonstrando as consequências negativas que repouso noturno). Segundo o MPSP, o costume não pode revogar
aguardam os infratores. Através do medo do castigo, espera-se de- crime (v. Súmulas 502 e 574, STJ);
sestimular a prática de condutas criminosas. II – A norma penal deve ser certa, sem margens de dúvidas
c) Prevenção especial: Tem o objetivo de ressocializar o infra- para sua interpretação;
tor, recuperando-o para que, após cumprir sua pena, possa reinte- III – Deve ser taxativa, de forma a evitar que a norma seja
grar-se à sociedade de forma responsável e não voltar a cometer aplicada a uma gama variada de condutas, violando o princípio da
crimes. reserva legal;
d) Repressão: Quando um crime é cometido, o direito penal IV – A norma penal deve ser necessária, uma vez que o direito
entra em ação para punir o infrator de acordo com a gravidade do penal deve ser o último recurso do Estado para proteção do bem
delito. Essa função visa restabelecer a ordem jurídica e a justiça, jurídico.
além de servir como exemplo para a prevenção geral.
e) Garantia de direitos fundamentais: Assegurar que o proces- Tópicos relevantes
so penal respeite os direitos fundamentais dos acusados, como o – Medidas Provisórias em matéria penal, a rigor, a Medida
direito à defesa, o princípio da presunção de inocência e a proibição Provisória não pode tratar de matéria penal (v. Art. 62, § 1º, “b”,
de penas cruéis e degradantes. CF), porém o STF entende que a Medida Provisória pode tratar
de matéria quando beneficiar o infrator (reduzindo penas,
discriminando condutas, por exemplo).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Normas penais em branco, isto é, as que exigem um – “Trabalhos forçados”: contrário ao que se imagina, o trabalho
complemento para ter eficácia, violam o princípio da reserva legal? do preso não é forçado pois o labor do preso não é pena e tampouco
Prevalece o entendimento que as normais penais em branco não é forçado → o trabalho é um dever, porém ninguém forçará o preso
violam o princípio da reserva legal, pois a conduta está sendo a trabalhar se não quer.
discriminada na norma penal, apenas que o legislador não tem – “Caráter perpétuo”: a pena não precisa ser explicitamente
como colocar todas as minúcias do tema na lei. perpétuo, bastando que ela possua o caráter de perpétuo.

Irretroatividade da Lei Penal Presunção de Inocência ou Não-Culpabilidade (Art. 5°, LVII,


– A lei penal só se aplica aos fatos ocorridos durante a sua CF)
vigência, não atingindo fatos anteriores. – “Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado
– Existe exceção? Sim, a lei penal mais benéfica ao agente terá da sentença penal condenatória’ → regra taxativa.
aplicação retroativa. – A presunção de inocência é uma regra probatória (de
julgamento), ou seja, somente a certeza da culpa pode gerar a
Individualização da Pena (Art. 5°, XLVI, CF) condenação → em razão disto, incumbe ao acusador o ônus da
– “A lei regulará a individualização da pena”: nenhum caso prova a respeito da culpa pela prática do fato.
é idêntico a outro caso, mesmo se for possível realizar a mesma 1 – O ônus da prova não será do acusador quando houver
conduta criminosa, portanto cabe à lei individualizar a pena alegação de excludente de ilicitude ou culpabilidade → neste caso,
conforme as circunstâncias inerentes ao caso (reprimenda exata), o ônus será do acusado, porém, mesmo se ele não conseguiu
sendo vedada uma condenação “genérica” a todos que realizam provar uma excludente, o Juiz mesmo assim poderá absolvê-lo, caso
determinada conduta. entenda que exista fundada dúvida sobre existência da culpa (Art.
– A individualização visa respeitar o princípio da 386, CPP).
proporcionalidade. 2 – Da presunção decorre o “in dubio pro reo” → havendo
– Este princípio não se aplica somente ao Juiz ou Promotor, mas dúvida acerca da culpa, o Juiz deve decidir a favor do réu.
também em 03 (três etapas).
1 – Etapa legislativa: o legislador não pode produzir uma – A presunção de inocência também é uma regra de
norma que viola a individualização, elaborando uma lei que retire tratamento: o acusado deve ser sempre tratado como inocente,
do Juiz os poderes para fixar parâmetros na aplicação da pena, seja na dimensão interna quanto externa.
por exemplo, (“quem cometeu tal crime terá pena de x anos, sem 1 – Dimensão interna: o acusado deve ser a todo tempo tratado
exceção). como inocente dentro da persecução penal (fase de investigação,
2 – Etapa judicial: o juiz, ao analisar o caso concreto sub processo penal), ex.: prisões antecipadas equivocadas violam a
judice, condena ao agente e prossegue à dosimetria da pena, onde presunção de inocência.
ocorrerá a individualização. 2 – Dimensão externa: o acusado, fora da persecução penal,
3 – Etapa administrativa (execução penal): o Juiz da execução também deve ser tratado como inocente, ex.: acusado não pode ter
penal também deve analisar cada caso concreto, de modo a verificar sua nomeação em cargo público impedida por estar respondendo a
quem receberá um benefício, por exemplo. um processo penal.

Intranscendência da Pena (Art. 5°, XLV, CF) – “Relativização” da presunção de inocência: o STF, em
– O efeito penal primário da sentença condenatória não pode decisões recentes, adotou o entendimento que, como nenhum
passar da pessoa do condenado, isto é, somente ele poderá ser princípio é absoluto, a presunção da inocência pode ser relativizada
preso → a morte é uma das causas de extinção de punibilidade (Art. para fins de permitir a execução provisória da pena privativa
107). de liberdade, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença
– Já os efeitos secundários (extrapenais), notadamente a penal condenatória, bastando para tal que a referida tenha sido
obrigação de reparar o dano e/ou a decretação do perdimento referendada por um tribunal superior, sem prejuízo de eventual
dos bens, podem ser estendidos aos sucessores e contra eles REsp ou RExt (v. HC 126.292).
executados, nos termos da lei, até o limite do valor do patrimônio
transferido (limite do valor da herança). Questões relevantes
– Os herdeiros também terão que pagar as multas do 1 – Inquéritos policiais e ações penais em curso configuram
condenado falecido? A multa se insere no efeito penal primário, maus antecedentes? Não → “É vedada a utilização de inquéritos
logo ela não passa aos herdeiros, pois estes só recebem os efeitos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.”
civis da pena e não os efeitos punitivos. (Súmula 444, STJ).
2 – É possível a regressão de regime de cumprimento da pena
Limitação das Penas ou Humanidade (Art. 5°, XLVII) → cláusula pela prática de novo crime? O STF e STJ entendem que o Juiz da
pétrea execução pode proceder à regressão de regime mesmo sem o
– Não haverá penas: trânsito em julgado do novo crime.
I – de morte, salvo em caso de guerra declarada; 3 – Revogação da suspensão condicional do processo pela
II – de caráter perpétuo; prática de novo crime (Art. 80, Lei 9.099/95): se o agente praticar
III – de trabalhos forçados; o novo crime, o benefício do SURSIS será revogado, mesmo sem o
IV – de banimento; ou trânsito em julgado do novo crime.
V – cruéis. – Prisões cautelares não ofendem a presunção da inocência.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ofensividade — Princípio da Insignificância (Bagatela)


– A conduta criminalizada pela Lei deve, necessariamente, ser
capaz de ofender significativamente um bem jurídico relevante/ Conceito
importante para a sociedade. Em outras palavras, o legislador não – Uma conduta que não ofenda significativamente o bem
pode tipificar uma conduta cotidiana como crime, quando ela não viola jurídico penal protegido pela norma não pode ser considerado
um bem jurídico relevante para a sociedade (ex.: andar de chinelos). como crime (atipicidade) → a conduta foi realizada no mundo
– É também conhecido como princípio da lesividade. fenomênico, porém foi de forma a ser tido como irrelevante.
1 – Tipicidade formal: a adequação/substanciação do fato à
Alteridade norma.
– O fato deve causar lesão (ofender) a um bem jurídico de 2 – Tipicidade material: a conduta, além de ser típica, também
terceiro. deve produzir uma ofensa relevante ao bem jurídico protegido pela
– Deste princípio decorre que o direito penal não pune a auto- norma → se a conduta não produzir a ofensa relevante, mesmo
infração. sendo típica, ela deixa de ser crime.
1 – O crime de fraude contra seguro seria uma exceção ao
princípio da alteridade? Não, porque o bem patrimônio protegido Requisitos da Insignificância → “Mari”
não é do ofensor mas sim o da seguradora, que teria que pagar um – Mínima ofensividade da conduta.
prêmio injustamente. – Ausência de periculosidade social da ação.
– Reduzido (ou “reduzidíssimo”) grau de reprovabilidade do
Confiança comportamento.
– Todos possuem direito de atuar, acreditando que as demais – Inexpressividade da lesão jurídico.
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a 1 – Qual o patamar para que se considere haver insignificância
vida em sociedade. Ninguém pode ser punido por agir com essa penal? Em linhas gerais, o STF e STJ entendem que o patamar é
expectativa. de um 1/10 do salário mínimo vigente quando da realização da
– A confiança serve como vetor de interpretação nos crimes conduta → este patamar não é rígido, servindo apenas para auxiliar
culposos, uma vez que nestes crimes o agente viola o dever objetivo os Magistrados na hora da aplicação do princípio.
de cuidado. A confiança ajuda a analisar se houve descuido ou não.
Bagatela Imprópria
Adequação Social – Ocorre quando o Juiz, ao verificar que o agente praticou o ato
– Uma conduta, ainda que tipificada em Lei como crime, tipificado ilícito e culpável, deixa de aplicar a pena por entender que
quando não afrontar o sentimento social de justiça, não será crime a pena é desnecessária.
em sentido material, ex.: crime de adultério (mesmo quando estava Tópicos Importantes: Descaminho (Art. 334)
tipificado a sociedade não tratava esta prática como crime). – Conceito de descaminho: é a conduta do agente que ilude o
– A adequação social é raramente utilizado na jurisprudência. pagamento devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria
em nosso país (ex.: trazer um aparelho celular escondido, que foi
“Non Bis In Idem (Ne Bis In Idem)” adquirido nos EUA).
– Ninguém pode ser punido ou sequer processado duas vezes – Descaminho (Art. 334) ≠ contrabando (Art. 334-A): no
pelo mesmo fato → não se pode, ainda, utilizar o mesmo fato, descaminho, o crime não está na importação do produto, mas
condição ou circunstância duas vezes; apenas na ausência do pagamento devido, ao passo que no
contrabando o agente importa produto proibido no país.
Proporcionalidade 1 – O descaminho é um crime que ofende a ordem tributária,
– As penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à ao passo que o contrabando é um crime que ofende a soberania
gravidade do fato, bem como serem cominadas de forma a dar ao nacional, tanto que não se aplica o princípio da insignificância ao
infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto; contrabando.

Intervenção Penal Mínima (“Última Ratio”) – O princípio da insignificância é aplicada ao descaminho, uma
– O direito penal não pode ser a primeira opção, devendo ser vez que a lei 10.520/02 estabeleceu uma dispensa para a Fazenda
reservado para casos excepcionais. Nacional, isto é, ela não precisaria executar para cobrar valores
– Quando a intervenção penal é necessária? Para saber, inscritos na dívida ativa que não excedesse R$ 10 mil, logo, se
é necessário analisar os caráteres fragmentariedade e tributariamente o valor é insignificante, para o penal também será.
subsidiariedade;[. – Posteriormente, algumas portarias do MF atualizaram o
1 – Fragmentariedade: o direito penal só deve intervir os bens valor da dispensa: o STF, consequentemente, aumentou o valor
jurídicos mais relevantes para a sociedade → fragmento = só uma do princípio, porém o STJ manteve entendimento que o valor da
parte. dispensa devia ser igual o da lei, ou seja, R$ 10 mil. Recentemente,
2 – Subsidiariedade: O direito penal só vai intervir quando as o STJ passou a entender que é de R$ 20 mil do tributo sonegado.
demais formas de controle social, incluindo os demais ramos do
direito, forem insuficientes → atuação “não principal” do direito Tópicos Importantes: Reincidência
penal. – A reincidência: prática de um novo crime após o trânsito
em julgado da sentença condenatória - afasta ou não a aplicação
do princípio da insignificância? Embora polêmico, prevalece o

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

entendimento de que a reincidência, por si só, não afasta o


princípio da insignificância → ela pode ser afastada, todavia, a INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
depender da análise do caso concreto.

Tópicos Importantes: Impossibilidade da Insignificância — Interpretação e Analogia


– Furto qualificado: embora tenha sido pacífico o entendimento As normas penais em branco são normas que dependem do
quanto à não aplicação da insignificância no furto qualificado, complemento de outra norma.
recentemente os tribunais superiores têm abandonado esta corrente.
– Crime ambiental: recentemente, os tribunais superiores têm
admitido a aplicação da insignificância aos crimes ambientais, a Norma Penal em branco Norma Penal em branco
depender da análise do caso concreto. Homogênea Heterogênea
– Crimes em que não se aplica a insignificância: A norma complementar possui
1 – Crimes contra a Administração Pública (Súmula 599, STJ), o mesmo nível hierárquico A norma complementar
salvo no caso de descaminho (ver acima). da norma penal. Quando não possui o mesmo nível
2 – Moeda falsa: o bem jurídico afetado não é o patrimônio de homovitelina, corresponde hierárquico da norma penal.
um particular mas sim a fé pública. ao mesmo ramo do Direito, Ex. o complemento da lei
3 – Tráfico de drogas: não há como falar em um reduzido grau ex. Penal e Penal. Quando de drogas está em decreto
de reprovabilidade (trata-se de crime hediondo, inclusive). heterovitenila, abrange ramos que define substâncias
4 – Roubo ou qualquer crime cometido com violência ou grave diferentes do Direito, ex. Penal consideradas drogas.
ameaça à pessoa. e Civil.
5 – Violência doméstica e familiar contra a mulher (v. Lei Maria
da Penha). Outro ponto fundamental é a diferenciação entre analogia e
interpretação analógica:
— Disposições Constitucionais Relevantes do Direito Penal

Mandados de Criminalização A lei penal admite


– A CF/88 não tipifica condutas, porém ordena que o legislador interpretação analógica para Já a analogia só pode ser
proteja determinadas condutas, trazendo ainda, algumas condições. incluir hipóteses análogas utilizada em normas não
1 – “A prática de racismo constitui crime inafiançável e às elencadas pelo legislador, incriminadoras, para beneficiar
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (Art. ainda que prejudiciais ao o réu.
5º, XLII, CF). agente.
2 – “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, TEORIA DA NORMA PENAL
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem” (Art. 5º, XLIII, CF).
3 – “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de Norma Penal
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o Estado Democrático” (Art. 5º, XLIV, CF). As normas penais são as regras de criação, aplicação ou extin-
– Todos os mandados preveem a inafiançabilidade, isto é, a ção de condutas criminosas estabelecidas pelo legislador, que tem
impossibilidade de concessão de fiança, o que não impede, todavia, por finalidade tornar expresso o comportamento considerado inde-
a concessão de liberdade provisória, de acordo com STF. sejável e perigoso para a coletividade.
– Os crimes de RACISMO e AÇÃO de grupos armados (“Ração) São regras proibitivas, extraídas do senso de justiça do povo e
são imprescritíveis. que disciplinam algum aspecto do jus puniendi (agravante, atenu-
1 – E a injúria racial (Art. 140), seria imprescritível? Existem ante, etc).
alguns julgados que entendem que a injúria racial – que é a ofensa As normas penais são as únicas que determinam as penas
dirigida a uma pessoa – seria imprescritível, porém isso não é como consequências da violação de um dever jurídico.
pacífico.
Características
– Os crimes de Tortura, Terrorismo, Tráfico e Hediondos (“TTTH”)
são insuscetíveis de graça ou anistia (institutos relacionados à a) Exclusividade: de acordo com o artigo 5º, XXXIX, da Consti-
extinção da punibilidade). tuição Federal e artigo 1º do Código Penal, só a lei pode criar delitos
e penas.
Menoridade Penal b) Imperatividade: é obrigatório o respeito à lei penal, sendo
– “São penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) que seu descumprimento acarreta imposição de pena ou medida
anos, sujeito às normas da legislação especial” (Art. 228, CF). de segurança.
– A menoridade é avaliada no momento do crime. Quando se
considera praticado o delito? No momento da conduta, isto é, da
ação ou omissão, ainda que outros sejam do resultado (teoria da
atividade).
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) Generalidade: a lei penal destina-se a todas as pessoas que vivem sob a jurisdição brasileira, inclusive para os brasileiros que este-
jam no exterior, ou seja, atinge indistintamente todas as pessoas. Tal característica é justificada pelo caráter de coercibilidade que devem
ter todas as leis vigentes, que tem caráter geral e imediato, de acordo com o art. 6º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
d) Impessoalidade: a lei penal é feita para atingir qualquer pessoa, aplicando-se a quem pratique a conduta tipificada em determinado
artigo. Nesse sentido, tem efeitos abstratos aplicados a fatos futuros.
e) Anterioridade: somente pode ocorrer a aplicação da lei penal incriminadora estando em vigor quando a infração penal foi pratica-
da, salvo no caso de retroatividade para aplicação da lei mais benéfica ao réu.

Conteúdo
A norma penal é fonte formal imediata do Direito Penal, pois é reservada sua competência pela Constituição Federal para criar infra-
ções penais e cominar as respectivas penas.
Seu conteúdo apresenta dois preceitos, quais sejam, um primário e um secundário. O primeiro é a conduta e o segundo é a pena.
Exemplo: no crime de homicídio simples (artigo 121 do Código Penal), o preceito primário é “matar alguém” (conduta típica) e o preceito
secundário é a pena de “reclusão, de 6 a 20 anos”.

PRECEITO PRIMÁRIO Descrição da Conduta Crimi-


nosa

PRECEITO SECUNDÁRIO Pena Cominada em Abstrato

Classificação
a) norma penal incriminadora: são as normas contidas na Parte Especial do Código Penal e na Legislação Penal Especial, que criam
crimes e cominam penas.
b) norma penal não incriminadora: são as que não criam crimes e tampouco cominam penas, sendo subdividas em:
- permissivas: autorizam a prática de condutas típicas, ou seja, são as causas de exclusão da ilicitude. Em regra, es tão previstas na Par-
te Geral (CP, art. 23), mas algumas são também encontradas na Parte Especial, tal como ocorre nos arts. 128 (aborto legal) e 142 (exclusão
da ilicitude nos crimes contra a honra) do Código Penal;1
- exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou a impunidade de determinados delitos. Ex: menoridade, doença mental,
perdão judicial e prescrição.
- interpretativas: elucidam o conteúdo e significado de outras leis penais. Ex: conceito de funcionário público para fins penais (artigo
327 do Código Penal).
- de aplicação, finais ou complementares: delimitam o campo de validade das leis incriminadoras.
- diretivas: estabelecem os princípios de determinadas matérias. Exemplo: princípio da reserva legal (artigo 1º do Código Penal).
- integrativas ou de extensão: são as que complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal nos crimes omissivos impróprios, à
tentativa e à participação (CP, arts. 13, §2º, 14, II, e 29, caput, respectivamente);2
c) completas ou perfeitas: contém todos os elementos da conduta criminosa, como no caso do 157, caput, do Código Penal.
d) incompletas ou imperfeitas: são as chamadas leis penais em branco e tipos abertos.
- leis penais em branco: precisam de complementação da definição da conduta criminosa a outra lei ou a um ato da Administração
Pública;
- tipos penais abertos: precisam de complementação do julgador.

Validade
Para entender a validade da norma penal é preciso diferenciá-la da vigência.
A vigência, do ponto de vista formal, ocorre na data da publicação ou no dia seguinte após a vacância e vigorará até ser revogada por
outra.
Do ponto de vista material, há validade da lei quando compatível com a Constituição Federal, do contrário, é inválida. Além disso,
também deve ser compatível com o Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Somente pode ser válida a lei (vigente) que conta com compatibilidade vertical com a Constituição (ou seja: a lei que atende às exi-
gências formais e materiais decorrentes da Magna Carta) bem como com o Direito internacional (que goza de status supra-legal – cf. voto
do Min. Gilmar Mendes - STF, RE 466.343-SP, rel. Min. Cezar Peluso).3

1 MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014
2 MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014
3 http://jus.com.br/artigos/9534/vigencia-e-validade-da-lei

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Lei Penal Intermediária


LEI PENAL NO TEMPO; LEI PENAL NO ESPAÇO. EFICÁCIA – Suponha que determinado fato foi cometido na vigência
PESSOAL DA LEI PENAL da lei A. No decorrer da persecução penal sobre o mesmo fato,
adveio a lei B. Por fim, no momento da sentença penal vigorava
a lei C, sobre o mesmo assunto → Considerando que a lei B (lei
— Lei Penal no Tempo penal intermediária) é a mais favorável de todas, a questão é: é
possível aplicá-la ao réu? A doutrina entende que sim, pois diante
Observações Iniciais de um conflito de leis penais no tempo, a regra é a da aplicabilidade
– Teoria da atividade (Art. 4°) → Se considera praticado o da lei penal mais benéfica, logo possível da aplicação da lei penal
delito no momento da ação ou da omissão, ou seja, no momento da intermediária ao réu.
prática da conduta, ainda que o resultado ocorra posteriormente. Efeitos da Superveniência (Sucessão) de Leis Penais no Tempo
– Princípio da Legalidade: somente lei anterior pode – Lei nova incriminadora: o fato não era considerado criminoso
estabelecer infrações penais e cominar penas. - ou seja, era um fato atípico - até a sobrevinda de uma nova lei → a
1 – Reserva legal: somente uma lei em sentido estrito (lei nova lei incriminadora não retroagirá (v. anterioridade da lei penal).
formal) pode criminalizar condutas e estabelecer as respectivas – “Novatio legis in pejus”: sobrevêm uma nova lei penal
penas. incriminadora que não tipifica uma nova conduta porém agrava
2 – Anterioridade: uma lei penal só pode se aplicada a uma a situação do agente, ex.: aumenta a pena. A lei mais grave não
determinada conduta se esta for praticada durante a vigência da lei, atingirá fatos ocorridos antes de sua vigência, que serão processos
ex.: a partir de amanhã será crime beber cerveja em público, porém sob a égide da antiga lei.
você não pode ser processado penalmente por ter consumido uma – “Novatio legis in mellius”: sobrevêm uma nova lei que de
cerveja em público hoje. alguma forma beneficia o agente, abrandando a situação anterior.
A lei mais branda será aplicada aos fatos praticados antes de sua
Sucessão de Leis Penais no Tempo entrada em vigor.
– Atividade da lei penal (≠ teoria da atividade) → a lei penal só – “Abolitio Criminis”: sobrevêm uma nova lei que descriminaliza
se aplica enquanto ela vigora, isto é, só se aplica aos fatos ocorridos a conduta praticada pelo agente. A lei que descriminaliza a conduta
durante sua vigência. será aplicada aos fatos praticados antes de sua entrada em vigor,
mesmo se já atingido pela coisa julgada.
Exceções à Atividade da Lei Penal (Extratividade da Lei Penal) 1 – A “abolitio criminis” faz cessar a pena e também os efeitos
– Retroatividade: aplicação da lei penal benéfica a um fato penais da condenação, ex.: o agente não poderá ser considerado
praticado antes de sua vigência. reincidente.
– Ultra-atividade: aplicação da lei penal benéfica mesmo após 2 – Os efeitos extrapenais continuam, pois são de natureza civil
sua revogação. (ex.: obrigação de reparar o dano).
1 – Ex.: José comete o crime de furto em 10 de janeiro. Em
10 de abril, enquanto José está sendo processado, entra em vigor “Abolitio Criminis” Vs. Continuidade Típico-normativo
uma nova lei que agrava a pena prevista para o furto. A nova lei, – A “abolitio criminis” é a descriminalização da conduta, ao
todavia, por ser “maléfica”, não terá efeitos retroativos e o Juiz deve passo que o fenômeno da continuidade típico-normativa ocorre
usar a lei já revogada para fundamentar eventual sentença penal quando há supressão formal da figura típica com manutenção
condenatória do José, visto que estava em em vigor no momento da conduta → em outras palavras, o artigo é revogado, porém a
da conduta e é mais benéfica que a nova lei. conduta não deixa de ser crime, ou porque ela foi transposta para
outro artigo ou porque tal conduta já poderia ser tida como crime
Leis Temporárias ou Excepcionais (ex.: atentado violento ao pudor, cuja conduta foi incorporada ao
– A lei temporária ou excepcional continua regendo fato crime de estupro).
ocorrido durante sua vigência mesmo após sua revogação (Art. 3°). – No fenômeno da continuidade típico-normativa não há
– O “abolitio criminis”, em regra, não ocorre em razão do decurso “abolitio criminis”, uma vez que a conduta praticada permanece
natural da lei temporária, porém é possível que o Estado brasileiro, tipificada, tendo sido apenas transposta ou modificada.
em caráter excepcional, entenda que determinada conduta regida
pela lei temporária não é mais crime e consequentemente a revoga Juízo Competente para a Aplicação da Lei Nova Mais Benéfica
→ neste caso, o agente seria beneficiado pela revogação expressa, – Se a lei nova mais benéfica entrar em vigor antes da execução
que caracteriza “abolitio criminis”. da pena, caberá ao Juiz da condenação aplicá-la, mas se referida, a
norma entra em vigor durante a execução da pena, a competência
Vacatio Legis será aplicada pelo Juiz de execução (Súmula 611, STF).
– Conceito: período entre a publicação da lei e de sua entrada – A doutrina entende que o Juiz da execução só poderá aplicar
em vigor, isto é, quando ela começa a produzir efeitos. a nova lei mais benéfica, se esta tratar de mero cálculo aritmético,
– Durante o vacatio legis, a lei não produz efeitos, mesmo se for isto é, se a nova lei não tratar apenas de cálculo aritmético, o
benéfica. Assim, é possível evitar confusão caso ocorra a revogação condenado terá que interpor uma revisão criminal.
da lei que está em período de vacatio legis.
Teoria da Ponderação Unitária
– Hipótese: sobrevém uma lei nova, que traz tanto benefícios
quanto prejuízos ao réu. Como ela deve ser aplicada? É possível
realizar uma mescla à nova lei com a lei anterior?
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Pela teoria da ponderação diferenciada, é possível a 1 – Teoria da ubiquidade ≠ teoria do resultado (tempo do crime)
combinação das duas leis, aplicando apenas as partes benéficas à → se a pergunta falar de “lugar”, é ubiquidade, mas se mencionar
conduta anterior. “momento”, é resultado (“Luta”).
– Pela teoria da ponderação unitária (global), não é possível – A teoria da ubiquidade é adotada para solucionar possível
combinar as duas Leis, devendo ser aplicada a Lei que, no todo, conflito quanto à possibilidade ou não de aplicação da lei brasileira
seja mais benéfica, sob risco de criar uma lei nova, “Frankenstein” nos crimes à distância, onde a conduta ocorre em um lugar e o
→ teoria adotada pelo STF e STJ (Súmula 501, STJ). resultado é produzido em outro, ex.: agente em Foz de Iguaçu/PR
– Mas qual seria a “melhor” lei? A doutrina entende que cabe dispara uma arma cuja bala atravessa a fronteira e mate uma vítima
ao infrator escolher qual lei ele acha mais benéfica para a sua em Assunção/PA.
situação. 2 – É possível aplicação da lei penal brasileira no exemplo
acima? Sim, porque a conduta foi realizada no Brasil, ainda que
Lei Nova Mais Grave e Crimes Continuados e Permanentes o resultado tenha ocorrido no Paraguai (o inverso seria verdade
– Crime continuado: o agente pratica várias condutas, também).
implicando na concretização de vários resultados, terminando por
cometer infrações penais de mesmas espécies, em circunstâncias Regra da Aplicação da Lei Penal Brasileira (Art. 5°)
parecidas de tempo, lugar e modo de execução. Aparentando que – A regra é a territorialidade, ou seja, a lei penal brasileira será
umas são meras continuações de outras, diante disto, para fins aplicada quando a conduta ou o resultado do crime, ocorrer no
de aplicação de pena, criou-se ficção jurídica denominada “crime território nacional.
continuado”, no qual o Juiz aplicará a pena de um só dos delitos. – Território nacional.
– Crime permanente: o agente comete um único crime que se 1 – Território geográfico/físico:
protrai/prolonga no tempo (ex.: extorsão mediante sequestro). I – espaço de terra dentro das fronteiras do território nacional;
II – subsolo;
Obs.: se sobrevier uma nova lei durante o período em que o III – Espaço aéreo correspondente;
crime continuado ou permanente estiver sendo praticado, ela IV – Em porto ou faixa de mar territorial.
deve ser aplicada apenas para beneficiar o agente → a lei nova
deve ser aplicada ao crime continuado ou permanente em curso, 2 – Território por extensão: locais que a princípio não seriam
independente se ela beneficia ou prejudica o infrator (Súmula 711, território nacional, porém a lei os consideram como tal:
STF); I – Embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
1 – Por que a lei é aplicada de qualquer forma? Não se trata de ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem.
retroatividade, pois o agente ainda não havia cessado a prática do II – Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
crime. propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço
aéreo correspondente ou em alto-mar.
Retroatividade da Lei Penal em Branco no Caso de Alteração III – Aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
da Norma Complementar privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
– Norma Penal em branco: norma penal que depende de em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
complementação para que possa ser validamente aplicada (ex.: Art. territorial do Brasil.
33, Lei de Drogas).
1 – A norma penal em branco pode ser homogênea (o Território por Extensão
complemento vem da mesma fonte legislativa, ex.: lei) ou
heterogênea (o complemento vem de outra fonte legislativa, ex.: Embarcações e aeronaves Aplicação da lei brasileira
portaria). brasileiras de natureza pública aonde quer que se encontrem
Embarcações e aeronaves
– Se houver uma alteração na norma penal em branco, aplicam- brasileiras a serviço do Aplicação da lei brasileira
se as regras gerais de retroatividade. Mas e se a alteração for apenas (trabalhando para) o governo aonde quer que se encontrem
da complementação, haverá retroatividade? Depende, se for uma brasileiro
complementação não excepcional, ela retroagirá se for benéfica,
porém se for uma complementação excepcional, isto é, editada em Aplicação da lei brasileira
Embarcações e aeronaves
situação de anormalidade econômica ou social que reclama uma se estiverem no espaço aéreo
brasileiras mercantes ou de
pronta e segura intervenção do poder público, ela não retroagirá, correspondente ou em alto-
propriedade privada
mesmo se for mais benéfica ao agente. mar (“mar de ninguém”)
Aplicação da lei brasileira
— Lei Penal no Espaço se estiverem em pouso
Embarcações e aeronaves no território nacional ou
Local do Delito (Crime) estrangeiras de propriedade em voo no espaço aéreo
– Em relação ao lugar do crime, é aplicada a teoria da privada correspondente, e estas em
ubiquidade (Art. 6°), que considera praticado o crime no local em porto ou mar territorial do
que ocorreu a conduta em todo ou em parte, bem como onde se Brasil
produziu ou se deveria produzir o resultado.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Exceção à Regra: Extraterritorialidade (Art. 7°) 2 – Como resolver este conflito? Se existir uma lei especial que
– Conceito de extraterritorialidade: hipóteses em que a lei regulamenta o fato, não é necessário aplicar as regras do Código
penal brasileira é aplicada em crimes que ocorreram totalmente Penal, ao passo que, se não houver lei especial ou se esta for omissa
fora do território nacional. quanto a determinado aspecto, aplica-se o Código Penal.
– Extraterritorialidade incondicionada (Art. 7°, I): a lei penal
brasileira será aplicada ao crime ocorrido fora do território nacional Princípios do Conflito Aparente de Normas (“P.E.S.C.A.”)
mesmo que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. 1 – Princípio da Especialidade: deve ser utilizado quando
1 – Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da há conflito aparente entre duas normas, sendo que uma delas,
República (princípio da defesa ou proteção do interesse nacional). denominada “norma especial”, possui todos os elementos da outra
2 – Crimes contra o patrimônio ou a fé pública de entes públicos (norma geral), acrescida de alguns caracteres especializantes. A
(União, Estados, DF, Municípios, de empresa pública, sociedade norma especial deve prevalecer sobre a norma geral (“lex specialis
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder derrogat lex generalis”).
Público) (princípio da defesa ou proteção do interesse nacional); 2 – Princípio da Subsidiariedade: uma norma é mais abrangente
3 – Crimes contra a administração pública, por quem está a que a outra. Para evitar o “bis in idem”, o agente responderá apenas
seu serviço (princípio da defesa ou proteção do interesse nacional). pelo crime descrito na norma primária, afastando-se a aplicação da
4 – Crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou norma subsidiária.
domiciliado no Brasil. – A subsidiariedade pode ser expressa (a norma penal
5 – Que princípio determina a aplicação da lei penal brasileira subsidiária já informa que sua aplicação só será cabível se não for
ao crime de genocídio? Depende, quando o agente for brasileiro prevista norma mais grave para o fato) ou tácita (a norma penal não
será aplicada o princípio da personalidade ativa, ao passo que é expressamente subsidiária, mas seu caráter subsidiário poderá
se o agente for domiciliado no Brasil será aplicado o princípio do ser aferido no caso concreto).
domicílio.
3 – Princípio da Consunção (absorção): o crime-fim absorve os
Extraterritorialidade condicionada (Art. 7°, II): a lei penal demais (“lex consumens derrogat lex consumptae”);
brasileira será aplicada ao crime ocorrido fora do território desde – Crime Progressivo: o agente, querendo praticar determinado
que preenchidos determinados requisitos → crime, necessariamente tem que praticar um crime menos grave,
I – Entrar o agente no território nacional; ex.: X quer matar Y e, para tanto, o desfere vários golpes com uma
II – Ser o fato punível também no país em que foi praticado barra de ferro → X cometeu os crimes de lesão corporal e homicídio,
(dupla tipicidade); porém responderá apenas pelo crime-fim (homicídio), sua intenção
III – Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei incial.
brasileira autoriza a extradição (ex.: crime político não extradita); – Progressão Criminosa: o agente altera seu dolo, ou seja,
IV – Não ter sido o agente (braliseiro) absolvido no estrangeiro durante a empreitada criminosa o agente altera sua intenção, ex.:
ou não ter aí cumprido a pena; e X só queria lesionar Y com uma barra de ferro, mas após consumir
V – Não ter sido o agente (brasileiro) perdoado no estrangeiro o crime desejado (lesão corporal), X muda de ideia e progride para
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a um crime mais grave, matando Y. Ante a ocorrência de progressão
lei mais favorável; criminosa, X responderá apenas pelo homicídio, que absorve a
a. Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a lesão corporal.
reprimir (princípio da justiça nacional);
b. Crimes praticados por brasileiro (princípio da personalidade 1 – A progressão criminosa só se verifica se o agente alterar seu
ativa); dolo no mesmo contexto fático (ele muda de ideia na hora).
c. Crimes praticados em (dentro de) aeronaves ou embarcações a. Artefato Impunível: agente pratica fatos que estão na
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em mesma linha causal do crime principal, mas responde apenas pelo
território estrangeiro [≠ alto mar] e aí não sejam julgados crime principal, pois se considera que estes fatos anteriores são
(princípio da bandeira ou do pavilhão); impuníveis, ex.: X quer furtar uma casa e, para tanto, invade a casa.
Extraterritorialidade hipercondicionada: crime cometido por Ele responderá pelas invasão? Não, apenas para o furto;
estrangeiro contra brasileiro (princípio da personalidade passiva); b. Pós-fato impunível: agente pratica fatos que, isoladamente
d. Requisitos: além dos mesmos requisitos que a considerados, são considerados criminosos, porém, por serem tidos
extraterritorialidade condicionada, necessário também que: como desdobramentos naturais ou exaurimento do crime praticado,
I – não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do não são puníveis, ex.: X furta u m aparelho celular, mas após ver que
infrator; e o celular é um modelo antigo, o quebra. X não pelo dano causado
II – ter havido requisição do Ministro da Justiça. ao quebrar o celular. Ele responderá apenas pelo furto, pois o dano
1 – A requisição do Ministro da Justiça é uma ordem? Não, é é visto como mero exaurimento do crime.
apenas uma autorização, tanto que o MP pode optar por oferecer a – Princípio da Alternatividade: uma mesma norma penal
respectiva denúncia. descreve diversas condutas que são criminalizadas, sendo que a
prática de qualquer uma delas já consuma o delito (não é necessário
Conflito Aparente de Normas (Art. 12) praticar todas), mas a prática de mais de uma das condutas, no
1 – É possível que, ocorrendo um fato criminoso, haja dúvida mesmo contexto fático, não configura mais crime (ex.: estupro) –
acerca de qual norma deve reger o fato, posto que em tese, seria tipos mistos alternativos.
possível a aplicação de duas ou mais normas ao caso concreto.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Conceito Material
INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES. Para este conceito, crime é toda ação ou omissão humana que
resulta em uma lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico penal-
mente tutelado/ protegido pela lei. Nesta hipótese, leva-se em con-
A teoria geral do crime é matéria de Direito Penal que aborda ta o bem jurídico.
de forma específica o conceito de crime e todos os elementos que Assim, somente haverá crime, quando a conduta criminosa pro-
compõe o fato criminoso. vocar um dano ou uma ameaça de dano a um bem jurídico prote-
No entanto, antes de tratarmos especificadamente sobre o con- gido.
ceito de crime, necessária a conceituação de Infração Penal para
melhor compreensão da matéria, vejamos: Conceito Formal
O conceito formal define o crime como toda conduta humana
Conceito de Infração Penal contrária ao direito, a que a lei atribui uma pena. Ou seja, é o que a
lei penal define como tal. A definição de crime neste caso, é aquela
É toda conduta previamente tipificada pela legislação fornecida pelo legislador.
como ilícita, imbuída de culpabilidade, isto é, praticada pelo agen- Desta forma, somente haverá crime se a conduta realizada pos-
te com dolo ou, ao menos, culpa quando a Lei assim prever tal suir perfeita identidade com aquilo que a norma define como crime.
possibilidade4. É obrigação do Estado proibir e punir o autor de uma
infração penal. São espécies de infrações penais: os crimes e as con- Conceito Analítico
travenções. Por fim, para o conceito analítico, crime é toda a ação ou omis-
são, típica, antijurídica e culpável. Verifica-se que este conceito leva
Espécies de Infração em consideração os elementos do crime/ a estrutura do delito e
desta forma, contribui de modo mais decisivo para a melhor visua-
Quando utilizamos a expressão infração penal esta engloba tan- lização dos problemas e casos penais.
to o crime (ou delito), como a contravenção penal. Assim, o crime e É considerado o único conceito que consegue de fato definir o
a contravenção penal são espécies do gênero infração penal. que seja o crime, e por esta razão, é o conceito adotado majorita-
riamente pelo Direito Brasileiro.
Crime
Elementos do Crime
O Código Penal não trouxe expressamente a definição de crime. Sobre os elementos que compõe o crime, a doutrina apresenta
Já a Lei de Introdução do Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 duas Teorias:
de dezembro de 1941), em seu artigo 1º (1ª Parte), definiu crime
como sendo a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou - Teoria Bipartida (Corrente Minoritária): derivada da teoria
de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativa- finalista, defende que o crime é um fato típico e antijurídico. Ou
mente com a pena de multa. seja, considera como elementos do crime, apenas o Fato Típico e a
Antijuridicidade/ Ilicitude.
Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941 Neste caso, a culpabilidade seria apenas um pressuposto de
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina aplicação da pena.
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alter- Esta teoria entende que, por ser o delito uma conduta huma-
nativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, na e voluntária, que tem sempre uma finalidade, o dolo e a culpa
a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão são elementos integrantes da conduta (do fato típico).
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
(Grifo nosso) - Teoria Tripartida (Corrente Majoritária): derivada da teoria
clássica /causalista ou naturalista, defende que o crime é todo fato
Da análise do respectivo artigo, verifica-se que o legislador típico, ilícito e culpável. Ou seja, considera como elementos do cri-
apresentou como diferença básica entre o crime e a contravenção, me o Fato Típico, a Ilicitude/Antijuridicidade e a Culpabilidade.
apenas o tipo de pena aplicada. a) Fato Típico: dispõe que o fato (conduta) deve ser enquadrado
No entanto, o conceito de crime abrange diversos outros fato- plenamente no tipo (modelo) descrito na legislação penal.
res que precisam ser analisados para uma aplicação efetiva da lei b) Ilicitude: dispõe que o fato (conduta) deve ser contra o Direi-
penal, razão pela qual a doutrina analisou a matéria de forma mais to. Por vezes, mesmo que uma pessoa cometa uma conduta típica,
abrangente. há na lei exceções permissivas para sua conduta, de modo que não
Nesse sentido, a doutrina conceitua o crime sob três aspectos: há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima de-
material, formal e analítico. fesa estrita, a lei considera que a conduta não é ilícita.
O artigo 23 do CP, dispõe que não há crime quando o agente
pratica o fato: em estado de necessidade; em legítima defesa ou
em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
c) Culpabilidade: é a possibilidade de se considerar alguém cul-
pado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma
4 FERREIRA, Gecivaldo Vasconcelos. Teoria do crime em síntese. Revista Jus ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido
Navigandi, Teresina, ano 13, nº 1677.. sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Importante destacar que a culpabilidade verifica se o agente deve ou não responder pelo crime cometido. Na culpabilidade de ma-
neira nenhuma é possível a exclusão do dolo e da culpa ou da ilicitude, uma vez que tais elementos já foram analisados nos elementos
anteriores.
Assim, atualmente a culpabilidade é compreendida como princípio limitador ao direito de punir do Estado, como um critério analisado
pelo juiz no momento de aplicação da pena, quando irá se ater a análise de três elementos essenciais: imputabilidade, consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.

Contravenção Penal (Lei nº 3.688/41)

É uma infração de menor gravidade. Também fere o ordenamento jurídico, logo, assim como os crimes são fatos típicos e antijurídicos,
mas, como a lesão é menor, o legislador optou por dar tratamento mais sutil àqueles que a cometem. É punido com prisão simples e multa
ou só multa. Possui caráter preventivo, visando a Lei das Contravenções Penais coibir condutas conscientes que possam trazer prejuízo a
alguém. Exemplo: omissão de cautela na guarda ou condução de animais.

Eis as principais diferenças entre crime e a contravenção:

CRIME CONTRAVENÇÃO
É punido com reclusão ou detenção É punida com prisão simples e multa
Pune-se a tentativa A tentativa não é punível
Rege-se pela Lei das Contravenções Penais (Decre-
É determinado pelo Código Penal
to-Lei nº 3.688/41)
As penas privativas de liberdade tem por limite o
A pena de prisão não pode ser superior a 05 anos
tempo de 40 anos.

Objeto do Crime

O objeto do crime pode ser jurídico ou material e se referem ao bem contra o qual é dirigida a conduta criminosa.
- Objeto jurídico: é o bem jurídico, ou seja, interesse ou valor protegido pelo tipo penal. Exemplo: vida, no crime de homicídio (Artigo
121 do Código Penal).
- Objeto material: o objeto é a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta criminosa. Exemplo: a pessoa que teve sua vida tirada pela
conduta do agente.

Iter Criminis

O iter criminis é uma expressão em latim que pode ser traduzida como o caminho do crime, ou seja, trata-se das etapas que o crime
precisa percorrer até a sua efetiva consumação.
Nesse sentido leciona o autor Cezar Roberto Bitencourt5: “como em todo ato humano voluntário, no crime a ideia antecede a ação
é no pensamento do homem que se inicia o movimento delituoso, e a sua primeira fase é a ideação e a resolução criminosa. Há um
caminho que o crime percorre, desde o momento que germina, como ideia, no espirito do agente, até aquele em que se consuma no ato
final. A esse itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção até aquele em que ocorre a consumação, chama-se iter
criminis e compõe-se de uma fase interna (cogitação) e de uma fase externa (atos preparatórios, executórios e consumação), ficando
fora dele o exaurimento, quando se apresenta destacado da consumação”.

Fases:

O iter criminis possui duas fases: interna e externa, que se subdividem em:

Interna
- Cogitação: etapa em que o sujeito mentaliza e planeja a prática do crime. É considerada uma fase interna pois ocorre apenas na
mente do agente.
A cogitação não é punível, pois o simples pensamento não configura um fato típico e antijurídico, sendo irrelevante para o direito
penal.

Externa
- Preparação: etapa em que sujeito inicia os atos preparatórios para a execução do crime. Ex: Seleciona os instrumentos para alcançar
o resultado pretendido; procura o local mais adequado.

5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 17ª. Ed. Rev. Ampl e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A preparação não é uma fase obrigatória. Nesta etapa o agente ATENÇÃO:


ainda não começou a realizar a conduta prevista no tipo penal, por
isso, em regra a preparação não é punível. Exaurimento: Situações onde após a consumação do delito,
subsistem efeitos lesivos derivados da conduta do autor.
Mas atenção: Se os atos de preparação constituírem crime au- Ex: Crime de corrupção passiva: se consuma com a solici-
tônomo, a preparação será punível. Ex. Formação de associação tação de vantagem indevida. Exaure-se com o recebimento da
criminosa (Art. 288, CP), cuja reunião (associar-se), em tese um ato vantagem indevida.
preparatório é crime autônomo / Petrechos para falsificação de - Crime de extorsão mediante sequestro: se consuma com o
moeda (Art. 291) – onde os atos preparatórios (fabricar, adquirir ataque à vítima. Exaure-se com o recebimento do resgate.
aparelhos para falsificação) também é crime autônomo. O exaurimento não compõe o iter criminis, que se encerra
Trata-se de casos excepcionais, chamado de crimes-obstáculo. com a consumação. Somente servirá para a dosimetria da pena,
podendo funcionar como qualificadora ou ainda como causa de
- Execução: etapa em que o sujeito começa a realizar os atos aumento de pena. Ocorre apenas em alguns delitos.
para prática efetiva do crime. Inicia-se a agressão ao bem jurídico
e a realização concreta dos elementos constitutivos do tipo penal, CP - Corrupção passiva
tornando o fato punível. O agente age com dolo de agressão. Art. 317 – (...)
Assim, a execução está ligada ao verbo de cada tipo. Quando § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência
o agente começa a praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução. da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
Nesse momento, o crime poderá ser consumado (art. 14, I, do praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
CP) ou tentado (art. 14, II, do CP). funcional.

Observação: Limite entre atos preparatórios e de execução: Teoria do Tipo


enquanto os atos realizados não forem aptos à consumação ou
quando ainda não estiverem inequivocamente vinculados a ela, o Os tipos penais são modelos criados pela lei, por meio dos quais
crime permanece em sua fase de preparação. as condutas consideradas indesejáveis pelo senso comum (de acor-
A execução se inicia com a prática do primeiro ato idôneo e do com o entendimento do legislador) são descritas taxativamen-
inequívoco para a consumação do delito. (Ato idôneo é o capaz de te como crimes, com a finalidade de dar aos indivíduos a garantia
produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer maior do princípio da reserva legal.
dúvida, induz ao resultado). O tipo é o modelo genérico e abstrato descritivo da conduta
contido na lei.
De acordo com o entendimento de Fernando Capez6 é
muito tênue a linha divisória entre o término da preparação e a Observação: TIPO e TIPICIDADE não se confundem, pois tipo é
realização do primeiro ato executório. Torna-se, assim, bastante uma figura que resulta da imaginação do legislador, enquanto juízo
difícil saber quando o agente ainda está preparando ou já está de tipicidade é a averiguação que sobre uma conduta se efetua para
executando um crime. O melhor critério para tal distinção é o que saber se apresenta os caracteres imaginados pelo legislador.7
entende que a execução se inicia com a prática do primeiro ato Existem tipos penais incriminadores ou legais e tipos penais
idôneo e inequívoco para a consumação do delito. Enquanto os permissivos ou justificadores. Os tipos incriminadores são os que
atos realizados não forem aptos à consumação ou quando ainda trazem a definição legal de uma conduta criminosa, ou seja, são os
não estiverem inequivocamente vinculados a ela, o crime perma- tipos penais propriamente ditos. Já os tipos permissivos, são as cau-
nece em sua fase de preparação. Desse modo, no momento em sas de exclusão da ilicitude, pois é descrita uma conduta permitida.
que o agente aguarda a passagem da vítima, escondido atrás de O tipo legal é composto de elementares e circunstâncias.
uma árvore, ainda não praticou nenhum ato idôneo para causar a - Elementar: Vem de elemento, que é todo componente essen-
morte daquela, nem se pode estabelecer induvidosa ligação entre cial do tipo sem o qual este desaparece
esse fato e o homicídio a ser praticado. Por essa razão, somente ou se transforma em outra figura típica.
há execução quando praticado o primeiro ato capaz de levar ao Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre
resultado consumativo e não houver nenhuma dúvida de que tal no caput (cabeça) do tipo incriminador (texto da lei penal), por isso
ato destina-se à consumação. o caput é chamado de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121, matar
alguém. Matar é elementar do tipo).
- Consumação: etapa de conclusão do crime, onde estão - Circunstância: É aquilo que não integra a essência, ou seja, se
reunidos todos os elementos do tipo penal. for retirado, o tipo não deixa de existir.
É quando o agente alcança tudo o que a lei proíbe e para As circunstâncias estão dispostas em parágrafos (ex.: qualifica-
qual estabelece sanção. Exemplo: no crime de homicídio o doras, privilégios etc.), não servindo para compor a essência do cri-
crime se consuma quando a vítima morre devida a provocação me, mas sim para influir na pena.
de outra pessoa. O crime será mais ou menos grave em decorrência da circuns-
tância, entretanto será sempre o mesmo crime (Exemplo: furto du-
rante o sono noturno; o sono é circunstância, tendo em vista que,
se não houver, ainda assim existirá o furto).

6 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. V.1. Parte geral.12ª ed. São 7 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição.
Paulo: Saraiva. 2014.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Elementos e Circunstâncias do Crime de o agente ter praticado o crime sob a influência de multidão em
tumulto, se não o provocou, é circunstância atenuante de qualquer
Elementos delito e a prática do homicídio por relevante valor moral é circuns-
São requisitos específicos do delito os elementos, elementares tância que causa diminuição de pena nesse ilícito. Inexistentes es-
ou, como impropriamente a lei se refere no art. 30 do Código Pe- sas circunstâncias, o crime permanece, desaparecendo apenas a
nal, as circunstâncias elementares. Esses elementos são as várias agravação ou atenuação da pena.
formas que assumem os requisitos genéricos nos diversos tipos O tipo legal é composto de elementares e circunstâncias.
penais. É o verbo que descreve a conduta, o objeto material, os su-
jeitos ativo e passivo, etc. inscritos na figura penal. Inexistente um As agravantes estão no art. 61, e sempre incidem, salvo quando
elemento qualquer da descrição legal, não há crime. constituam ou qualifiquem o crime, quando coincidam com uma
Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre causa de aumento ou quando isentem de pena:
no caput (cabeça) do tipo incriminador (texto da lei penal), por isso a) Reincidência: Diz o art. 63 que o agente é considerado rein-
o caput é chamado de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121, matar cidente se, após ser condenado por um crime por sentença transi-
alguém. Matar é elementar do tipo). tada em julgado, no país ou no exterior, comete novo crime; seus
efeitos não perdurarão após o prazo de 5 anos a partir da data de
Espécies de Elemento cumprimento ou extinção da pena, computando-se o período de
prova do sursis e do livramento condicional, se não tiver ocorrido
1 - Elementos objetivos ou descritivos: são aqueles cujo signifi- revogação (art. 64, I) e não sendo considerados os crimes políticos
cado depende de mera observação. Para saber o que quer dizer um e os militares próprios (art. 64, II). De se salientar que o art. 7º da
elemento objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação. Todos LCP complementa o conceito de reincidência ao estabelecer que ela
os verbos do tipo constituem elementos objetivos (ex.: matar, falsi- também se dá se o agente comete nova contravenção após o trân-
ficar etc.). São aqueles que independem de juízo de valor, existem sito em julgado da sentença condenatória no estrangeiro por qual-
concretamente no mundo (ex.: mulher, coisa móvel, filho etc.). Se quer crime ou no Brasil por crime ou contravenção; é provada pela
um tipo penal possui somente elementos objetivos, ele oferece se- certidão judicial do trânsito em julgado da sentença condenatória;
gurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que seja o apli- b) Ter o agente cometido o crime:
cador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados de tipo - Por motivo fútil ou torpe (fútil é o motivo insignificante, que
normal, pois é normal o tipo penal que ofereça segurança máxima; guarde desproporção com o crime praticado; torpe é o motivo vil,
2 - Elementos subjetivos: compõem-se da finalidade especial abjeto, que demonstra grau extremo de insensibilidade moral do
do agente exigida pelo tipo penal. Determinados tipos não se sa- agente);
tisfazem com a mera vontade de realizar o verbo. Existirá elemento - Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
de ordem subjetiva sempre que houver no tipo as expressões “com de ou vantagem de outro crime: Tem-se aí uma conexão, que pode
a finalidade de”, “para o fim de” etc. (ex.: rapto com fim libidino- ser de dois tipos: teleológica (para facilitar ou assegurar a execução
so etc.). O elemento subjetivo será sempre essa finalidade especial de outro crime) ou consequencial (o crime é praticado para garantir
que a lei exige. Não confundir o elemento subjetivo do tipo com o a ocultação, impunidade ou vantagem de outro);
elemento subjetivo do injusto, que é a consciência do caráter inade- - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
quado do fato, a consciência da ilicitude; recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido:
3 - Elementos normativos: é exatamente o oposto do elemento Relativo à forma de realização do crime. Na traição ocorre uma
objetivo. É aquele que depende de interpretação para se extrair o deslealdade; a emboscada se dá quando o agente se esconde para
significado, ou seja, é necessário um juízo de valor sobre o elemen- atacar a vítima de surpresa (tocaia); a dissimulação é a utilização
to. São elementos que trazem possibilidade de interpretações equí- de artifícios para se aproximar da vítima, encobrindo seus desíg-
vocas, divergentes, oferecendo um certo grau de insegurança. São nios reais; por fim, o legislador usou uma fórmula genérica (outro
chamados de tipos anormais porque possuem grau de incerteza, recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido),
insegurança. permitindo a interpretação analógica ou extensiva;
- Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
Existem duas espécies de elementos normativos: meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum:
3.1) elemento normativo jurídico: é aquele que depende de in- Relativo ao meio. O legislador escolheu alguns meios como paradig-
terpretação jurídica (ex.: funcionário público, documento etc. Todos ma, utilizando, em seguida, a expressão que possibilita a interpreta-
esses vêm definidos na lei); ção extensiva. Meio insidioso é aquele dissimulado em sua eficiên-
3.2) elemento normativo extrajurídico ou moral: é aquele que cia maléfica; meio cruel é o que aumenta inutilmente o sofrimento
depende de interpretação não jurídica (ex.: mulher “honesta”). da vítima ou revele uma brutalidade anormal; perigo comum é o
provocado por uma conduta que expõe a risco a vida ou o patrimô-
Circunstâncias do crime nio de um número indefinido de pessoas;
São circunstâncias do crime determinados dados que, agrega- - Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: Revela
dos à figura típica fundamental, têm função de aumentar ou dimi- uma maior insensibilidade do agente; aplica-se a qualquer forma
nuir suas consequências jurídicas, em especial a pena. É aquilo que de parentesco (legítimo ou ilegítimo, consanguíneo ou civil); não in-
não integra a essência, ou seja, se for retirado, o tipo não deixa de cide quando a relação de parentesco for elementar do crime, como
existir. no caso do infanticídio e não se estende ao concubino pela proibi-
A prática do crime contra ascendente é circunstância que agrava ção da analogia in malam partem.
a pena dos crimes dolosos (agravante genérica) e o homicídio pra-
ticado por asfixia contém uma circunstância qualificadora. O fato
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do- d) Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou pro-
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Funda-se na quebra messa de recompensa: A paga é anterior ao crime; a recompensa é
de confiança que a vítima tinha no agente; o abuso de autoridade posterior a ele.
se dá quando o agente excede ou faz uso ilegítimo do poder de fis-
calização, assistência, instrução, educação ou custódia derivado de Os artigos 65 e 66 do CP, tratam das circunstâncias atenuantes;
relações familiares, de tutela, de curatela ou mesmo de hierarquia o artigo 65 estabelece um rol, saber:
eclesiástica, referindo-se somente às relações privadas, pois, quan- a) Ser o agente menor de vinte e um anos, na data do fato, ou
to às públicas, existe lei especial; relações domésticas são as que se setenta anos, na data da sentença: Refere-se à sentença de 1º grau;
estabelecem entre pessoas de uma mesma família, frequentadores a menoridade para efeitos penais prevalece ainda que já tenha ha-
habituais da casa, amigos, empregados, etc.; relação de coabitação vido emancipação;
é a que se dá quando duas ou mais pessoas vivem sob o mesmo b) O desconhecimento da lei apesar de inescusável e não isen-
teto; por fim, a relação de hospitalidade ocorre quando a vítima tar de pena (art. 21), a ignorância serve para atenuá-la;
recebe o agente para permanência em sua casa por certo período c) ter o agente cometido o crime: Por motivo de relevante valor
(visita, pernoite, convite para uma refeição, etc.); moral ou social: Valor moral relaciona-se com um interesse indivi-
- Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, dual que encontra certo respaldo na sociedade (Exemplo: matar o
ofício, ministério ou profissão: nos primeiros casos, ao praticar o estuprador da filha); já o valor social refere-se a um interesse co-
crime, o funcionário que exerce o cargo ou ofício infringe os deveres letivo (Exemplo: invadir o domicílio de um traidor da Pátria); Pro-
inerentes a eles; ministério relaciona-se com atividades religiosas; curado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
profissão é a atividade especializada, remunerada, intelectual ou crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
técnica; julgamento, reparado o dano: Na 1ª parte, trata-se de um arrepen-
- Contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida: Funda-se dimento em que o agente, após a consumação, consegue evitar ou
na maior vulnerabilidade destas pessoas; criança, segundo o ECA, é minorar as consequências, o que não se confunde com o arrependi-
a pessoa com até 12 anos incompletos; velho é a pessoa com mais mento eficaz (art. 15), o qual exige que o agente impeça a produção
de 70 anos ou que esteja com sua situação física prejudicada pela do resultado, nem com o arrependimento posterior (art. 16), que
sua condição específica; enferma é a pessoa doente sem condições incide antes do recebimento da inicial acusatória em crimes come-
de se defender; tidos sem violência ou grave ameaça a pessoa; na 2ª parte, o agente
- Quando o ofendido estava sob a imediata proteção de autori- deverá ter reparado o dano até a sentença de 1º grau;
dade: Baseia-se no desrespeito à autoridade, sendo exemplos des- d) Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
se tipo de vítima o preso ou o doente mental recolhido a estabele- cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência
cimento oficial; de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima: A coação,
- Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer moral ou física, tem que ser resistível, pois, se irresistível, excluirá
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: Aqui o a própria conduta quando física, ou a culpabilidade quando moral
agente deve se aproveitar de modo consciente e voluntário da si- (art. 22, 1ª parte); a ordem de autoridade superior a ser cumprida
tuação calamitosa para dificultar a defesa da vítima ou par facilitar deve ser manifestamente ilegal, porque, não o sendo, excluirá a cul-
a sua impunidade; pabilidade (art. 22, 2ª parte); apesar de a emoção e a paixão não
- Em estado de embriaguez preordenada: Aqui o agente se em- excluírem a imputabilidade (art. 28, I), reduz-se a pena em caso de
briaga propositadamente para cometer crimes, sendo este real- influência de violenta emoção provocada por ato injusto da vítima,
mente o campo de atuação da teoria da actio libera in causa (ação sendo que, se for uma agressão injusta, poderá haver legítima de-
livre na sua causa). fesa, e, ainda, deve-se diferenciar esta atenuante da hipótese de
homicídio privilegiado que se configura quando o sujeito atua sob
Há discussão sobre se as agravantes do inciso II do art. 61 do CP o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da ví-
seriam aplicadas somente aos crimes dolosos ou a todos os crimes, tima;
já que a lei não faz distinção. O art. 62, CP relaciona as agravantes e) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a au-
no concurso de pessoas, quando o agente: toria do crime: A confissão aqui deve ter sido espontânea, a de-
a) Promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a ati- monstrar um arrependimento, por exemplo; não incidindo ainda se
vidade dos demais agentes: Atinge aquele que promove a união do o agente confessa o crime durante o inquérito e, depois, se retrata
grupo, ou é o seu líder, ou ainda atua como mentor intelectual do em juízo;
crime; f) Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
b) Coage ou induz outrem à execução material do crime: A 1ª não o provocou: O agente deve ter cometido o crime sob a influên-
parte trata da coação, que pode ser moral ou física, resistível ou ir- cia de multidão em tumulto e não pode ter provocado este último –
resistível, sendo que o coator responderá pelo crime praticado pelo exemplo: brigas com grande número de pessoas. Quanto ao art. 66,
executor direto (com a pena agravada) e mais o constrangimento traz uma atenuante inominada, que deve ser levada em considera-
ilegal, ou se for o caso, o crime do art. 1º, I, b, da Lei n. 9455/97; a 2º ção sempre que o juiz entenda haver uma circunstância relevante,
parte, fala daquele que insinua, inspira outrem a praticar o crime; anterior ou posterior ao crime, ainda que não prevista em lei.
c) Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal: Instigar é reforçar uma ideia delituosa já existente; deter-
minar é mandar, ordenar; o executor deve estar sujeito à autori-
dade do agente ou não ser punível por alguma qualidade pessoal
(menoridade, doença mental, etc.);
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL

Sujeito Ativo e Passivo da Infração Penal

O sujeito ativo é a pessoa que realiza, ainda que indiretamente, o verbo do tipo, ou seja, que pratica a ação criminosa. Pode fazê-lo
sozinho ou em concurso com outras pessoas.
Denomina-se autor aquele que sozinho ou em coautoria realizam o verbo do tipo. O partícipe é aquele que, embora não realize o verbo
do tipo, contribui para sua realização.
Há ainda o autor intelectual, que é aquele que, embora não execute a ação delituosa, planeja ou dá ordem para que se realize. Ex:
mandante de crime
Tem-se ainda o autor mediato que é aquele que usa de outra pessoa, sem discernimento para a realização do crime. Ex: sujeito pede
para uma criança de quatro anos colocar veneno no copo de seu desafeto, dizendo à criança que se trata de açúcar.
O partícipe pode ser material, quando ajuda materialmente na realização do crime, por exemplo, empresta a arma. Pode ainda ser
moral, quando induz ou instiga a prática delituosa.
Para ser sujeito ativo, contudo, se faz necessário possuir capacidade penal, que é capacidade para que o sujeito se torne sujeito de
direitos e obrigações penais. Tal capacidade precisa estar presente no momento da ação ou da omissão, ou seja, no momento da prática
delituosa.
Em regra, somente as pessoas naturais podem ser sujeitos ativos dos crimes, porém, há casos em que a pessoa jurídica pode figurar
nessa posição.
A Constituição Federal atribui à pessoa jurídica responsabilidade nos crimes contra a ordem econômica e financeira, nos crimes contra
a economia popular e nos crimes contra o meio ambiente.
Por falta de regulamentação legal nos demais casos, o STF somente tem entendido haver a responsabilidade da pessoa jurídica nos
crimes ambientais, visto que a Lei n° 9.605/98 trouxe previsão legal a esse respeito, veja-se:

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão cole-
giado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou
partícipes do mesmo fato.

O sujeito passivo, como já dito anteriormente, é o titular do bem jurídico lesado. O Estado sempre será sujeito passivo dos delitos,
porquanto toda atividade criminosa o atinge em maior ou menor grau, por isso diz-se que ele é sujeito passivo indireto, formal ou mediato.
Porém, há crimes em que ele figura como sujeito passivo direto, como nos crimes contra a Administração Pública.
A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo de crimes mas, é preciso que haja compatibilidade com a sua natureza. Assim, ela
pode ser sujeito passivo do crime de difamação mas, não pode ser do crime de homicídio.
Há os chamados crimes vagos, em que o sujeito passivo não possui personalidade jurídica.

TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE: CONCEITO, ELEMENTOS E EXCLUSÃO

Ilicitude ou Antijuridicidade

A ilicitude, também conhecida como antijuricidade é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, consistindo na prática
de uma ação ou omissão ilegal. Todo fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato típico cria uma presunção de ilicitude. É o caráter
indiciário da ilicitude. Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da ilicitude, o fato também será ilícito, confirmando-se a pre-
sunção da ilicitude.

Espécies de Ilicitude
- formal: o fato será formalmente ilícito quando contrariar o ordenamento jurídico. Trata-se da mera contrariedade ao ordenamento
jurídico.
Neste caso, desde que ausentes as causas de justificação/excludentes de ilicitude, o fato será ilícito, independentemente se a socieda-
de o reputa reprovável ou não.
- material: o fato será materialmente ilícito quando, além contrariar o ordenamento jurídico, também contrariar o sentimento de
justiça da sociedade.
Deve promover uma lesão ou perigo de lesão relevante ao bem jurídico tutelado. (tipicidade material)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de São causas excludentes de ilicitude, previstas no artigo 23 do
avaliar seu caráter criminoso (para essa teoria, inimputável não co- Código Penal: o estado de necessidade; a legítima defesa; o estrito
mete fato ilícito); cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito, senão
- objetiva: independe da capacidade de avaliação do agente. vejamos:
Nosso sistema adota essa teoria - porque o inimputável comete
fato ilícito. Excesso Punível
A antijuridicidade é sempre objetiva porque independe da cul- Os atos praticados em estado de necessidade, legítima defesa,
pabilidade do agente. Exemplo: menor pode praticar fato antijurí- estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular do direi-
dico, contudo não responde porque não tem culpabilidade. Crime, to, devem ser proporcionais à agressão sofrida, sendo vedada pela
sob o aspecto analítico, é um fato típico e antijurídico. A ilicitude é legislação a ação exagerada ou desproporcional. Entende-se como
o segundo requisito do crime. desproporcional toda conduta praticada além do necessário para
fazer cessar uma ação injusta.
Teoria do Caráter Indiciário da Ilicitude O agente no caso de ação exagerada ou desproporcional, em
Para Max Ernest Mayer, a ilicitude é a ratio cognoscendi da tipi- qualquer caso de excludente da ilicitude, responderá pelo excesso
cidade, ou seja, o fato típico está numa etapa diferente da ilicitude. doloso ou culposo. (Excesso Punível)
O fato típico cria uma presunção de ilicitude, que pode ser quebra- O excesso punível está previsto no parágrafo único do artigo 23
da pelas causas de exclusão de ilicitude. (teoria adotada no Brasil). do CP.
Essa teoria opõe-se à teoria da ratio essendi de Edmund Mez-
ger, que sustenta que a ilicitude pertence à tipicidade; que ambas a) Excesso doloso: neste caso o agente tem consciência dos li-
estão fundidas (teoria dos elementos negativos do tipo). mites permitidos pela lei, mesmo assim comete o excesso.
Dessa forma, estudamos a ilicitude por suas excludentes e não Ex.: uma pessoa inicialmente estava em legítima defesa conse-
por seus elementos. gue desarmar o agressor e, na sequência, o mata. Responde por
homicídio doloso.
Causas Excludentes de Ilicitude ou Antijuridicidade b) Excesso culposo: (excesso inconsciente, ou não intencional):
é o excesso que deriva de culpa em relação à moderação, e, para
A ilicitude pode ser afastada por determinadas causas, chama- alguns doutrinadores, também quanto à escolha dos meios neces-
das de causas excludentes de ilicitude. Quando isso ocorre, o fato sários.
permanece típico, mas não há crime, excluindo-se a ilicitude, e sen- Ocorre quando o agente, reagindo contra a agressão, excede os
do ela requisito do crime, fica excluído o próprio delito; em conse- limites da causa justificante por negligência, imprudência ou impe-
quência, o sujeito deve ser absolvido; rícia, respondendo por crime culposo.
Assim, apesar de todo crime em um primeiro momento, ser Obs. O resultado lesivo causado deve estar previsto em lei como
considerado um ato ilícito, haverá situações em que mesmo come- crime culposo, para que o agente possa responder.
tendo um crime, isto é, praticando uma conduta expressamente
proibida pela lei, a conduta do agente não será considerada ilícita. Segue dispositivo do CP que trata da matéria:
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas de causas
justificantes ou descriminantes) podem ser: EXCLUSÃO DE ILICITUDE
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e I - em estado de necessidade;
o exercício regular de direito); II - em legítima defesa;
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da gular de direito.
reserva legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora. Ex.
Consentimento do ofendido - colocação de piercing; não se trata EXCESSO PUNÍVEL
de crime de lesão corporal, pois há o consentimento do ofendido. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Existem também causas excludentes específicas, previstas na
própria Parte Especial do Código Penal, e que somente são aplicá- Estado de Necessidade
veis a determinados delitos:
a) no aborto para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de in-
resulta de estupro (art. 128, I e II); teresses protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um
b) nos crimes de injúria e difamação, quando a ofensa é irrogada bem próprio ou de terceiros, não tem outro meio senão o de lesar
em juízo na discussão da causa, na opinião desfavorável da crítica o interesse de outrem; perigo atual é o presente, que está aconte-
artística, literária ou científica e no conceito emitido por funcionário cendo; iminente é o prestes a desencadear-se.
público em informação prestada no desempenho de suas funções; O estado de necessidade é uma causa de exclusão de ilicitude e
c) na violação do domicílio, quando um crime está ali sendo co- encontra-se tipificado no art. 24 do CP.
metido (art. 150, § 3º, II). Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar uma si-
tuação de perigo. O Código Penal não especificou exatamente o que
seria perigo ou quais seriam as suas hipóteses, muito embora foi
claro ao exigir que o perigo deve ser atual (deve estar acontecendo

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

no momento que o agente pratica a conduta), inevitável (não havia ESTADO DE NECESSIDADE
outra forma de salvar aquele bem jurídico) e involuntário (o perigo Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica
não deve ter sido provocado pelo agente). o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vonta-
de, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
Espécies sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
O Estado de Necessidade pode ser: § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o de-
- Justificante: neste caso o bem jurídico protegido deve ser de ver legal de enfrentar o perigo.
valor maior do que o bem jurídico sacrificado. Ex. Dano em um veí- § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito amea-
culo para salvar uma criança (bem sacrificado (patrimônio) tem va- çado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
lor menor que o bem protegido (vida da criança) - não incorrerá no
crime de dano. Legítima Defesa
- Quando o bem sacrificado for de maior valor, subsistirá o cri-
me, admitindo- se no máximo a diminuição de pena. (Adotado pelo Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em repe-
CP). lir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio,
(CP - art.24, § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do usando moderadamente dos meios necessários. É o direito de rea-
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços) ção a uma agressão atual ou iminente e injusta.
- Exculpante: neste caso o bem jurídico sacrificado é de igual ou A Lei 13.964/2019 incluiu parágrafo único ao 25 do CP que trata
maior valor do que o bem jurídico protegido. Nesse caso fala-se em da Legítima Defesa, para dispor que considera-se também em le-
excludente de culpabilidade e não de ilicitude. (Inexigibilidade de gítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão
conduta diversa). Ex. Em um naufrágio, “A” mata “B” para ficar com ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
a única boia - Patrimônio (protegido) x vida (sacrificado). crimes.

Requisitos do Estado de Necessidade: Requisitos da Legítima Defesa


- Perigo atual ou iminente: deve estar acontecendo naquele - Agressão injusta atual ou iminente: não pode ser uma simples
momento ou prestes a acontecer. provocação. Não se admite a legítima defesa contra provocação,
Quando, portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o es- tendo em vista que provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é
tado de necessidade. o suficiente para gerar o requisito legal, que é a agressão. Exceção:
Pode ser causado por comportamento humano, animal e até provocação pode justificar uma reação quando for insistente tor-
mesmo fatos da natureza. nando-se assim uma agressão, respeitada a moderação.
- Perigo deve ameaçar um bem jurídico próprio ou um direito Obs. Se o ataque é comandado por animais irracionais, não é
alheio (terceiro): abrange qualquer bem protegido pelo ordena- legítima defesa e sim estado de necessidade.
mento jurídico. Se o bem não for tutelado pelo ordenamento, não - Defesa de um direito próprio ou alheiro (de terceiros): é legí-
se admite estado de necessidade. tima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima
a)Estado de necessidade próprio: para salvar direito próprio. defesa alheia quando o sujeito defende terceiros. Pode-se alegar
b) Estado de necessidade de terceiro: para salvar direito de ter- legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro (ex.: em
ceiro (não há necessidade de autorização da terceira pessoa que caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo).
está em perigo) - Meios necessários, usados moderadamente: meios neces-
- Perigo não provocado voluntariamente: a pessoa que dá cau- sários são aqueles que estão ao alcance do agente para repelir a
sa a uma situação de perigo, não pode invocar o estado de neces- agressão injusta. Devem ser utilizados moderadamente (a agressão
sidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo com dolo não dever ser repelida de forma moderada, ou seja, dever haver propor-
age com estado de necessidade porque tem o dever jurídico de im- cionalidade e razoabilidade em sua conduta e na escolha do meio
pedir o resultado. a ser utilizado).
- Inevitabilidade do comportamento lesivo: o sacrifício do bem Caso haja outros meios menos lesivos, o meio escolhido deixa
jurídico é o único meio para salvar direito próprio ou de terceiros. de ser considerado necessário, passando a legítima defesa a se tor-
O agente deve ter conhecimento da situação justificante, ou seja, nar uma agressão.
deve saber que está lesando um bem jurídico para salvar outro. - Animus Defendendi: (requisito subjetivo) o sujeito deve ter
- Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (CP- Art.24, consciência de que está se defendendo de uma agressão injusta.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever Deve atuar com vontade de se defender agressão injusta.
legal de enfrentar o perigo). Ex. Bombeiro / Salva-Vidas, etc.
- Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: é ne- Espécies de legítima defesa
cessário existir proporcionalidade entre a gravidade do perigo que - Legítima defesa real: quando a agressão injusta efetivamente
ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão estiver presente
causada pelo fato necessitado.O bem protegido deve ser de maior - Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
ou igual valor ao sacrificado. (Justificante) errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
ou erro de proibição. Os agentes imaginam haver agressão injusta
Segue dispositivo do CP que trata da matéria: quando na realidade esta inexiste.
- Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro
plenamente justificável, o agente, por erro supõe ainda existir a
agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem-se o dolo e a
culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte, CP).
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Legítima defesa sucessiva: é a repulsa do agressor inicial contra Estrito Cumprimento do Dever Legal
o excesso. Assim, a pessoa que estava inicialmente se defendendo,
no momento do excesso, passa a ser considerada agressora, de É o dever emanado da lei ou de respectivo regulamento. O
forma a permitir legítima defesa por parte do primeiro agressor. agente atua em cumprimento de um dever emanado de um poder
A ação de defesa inicial é legítima até que a agressão injusta seja genérico, abstrato e impessoal.
cessada, sendo que, toda conduta posterior a isso é configurada Se houver abuso, não há a excludente, ou seja, o cumprimento
como excesso. deve ser estrito. Como a excludente exige o estrito cumprimento do
dever, deve-se ressaltar que haverá crime quando o agente extrapo-
Atenção: enquanto a legitima defesa real é causa de exclusão da lar os limites deste.
ilicitude do fato, a legítima defesa putativa excluirá o dolo e conse- Requisitos: (dever + estrito)
quentemente o fato típico. Isto porque a denominada legitima de- - Previsão Legal
fesa putativa na verdade caracteriza erro de tipo, ou seja, o agente -Atendimento aos estritos termos da Lei.
tem uma falsa percepção da realidade que faz com que o mesmo
pense que está agindo em uma situação de legitima defesa, quan- Exemplos:
do, de fato, não está sofrendo agressão alguma. 1) Oficial de Justiça quando cumpre uma ordem de busca e
apreensão de bens, não pode responder por invasão de domicílio
Hipóteses de cabimento da legítima defesa8 ou furto ou roubo, etc. Atua em estrito cumprimento do dever legal.
- Cabe legítima defesa real de legítima defesa putativa. Exem- 2) Carcereiro que coloca a pessoa em privação de liberdade, co-
plo: uma pessoa atira em um parente que está entrando em sua mete o fato típico de cárcere privado, porém existe uma legislação
casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que também está que o permite a sua prática. Assim ele atua em estrito cumprimento
armado, reage e mata o primeiro agressor. do dever legal.
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa real. Exem-
plo: A vai agredir B. A joga B no chão. B, em legítima defesa real, Exercício Regular de Direito
imobiliza A. Nesse instante, chega C e, desconhecendo que B está
em legítima defesa real, o ataca agindo em legítima defesa putativa Trata-se de um fato típico que tem sua ilicitude afastada pelo
de A (legítima defesa de terceiro). ordenamento jurídico, ou seja, a conduta é tipificada como crime,
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa putativa. Ex.: porém existe uma permissão do ordenamento jurídico que torna
dois desafetos se encontram e, equivocadamente, acham que serão aquela conduta um direito de agir. (lei que proíbe + lei que permite).
agredidos um pelo outro. Ex. Lesões corporais decorrentes de lutas regulamentadas - boxe,
- Cabe legítima defesa real contra agressão culposa. Isso porque etc.
ainda que a agressão seja culposa, sendo ela também ilícita, contra Assim, o exercício de um direito não configura fato ilícito, exceto
ela cabe a excludente. se a pretexto de exercer um direito, houver intuito de prejudicar
- Cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável. Os terceiro. Exige que a conduta esteja, obrigatoriamente, de acordo
inimputáveis podem agir voluntária e ilicitamente, embora não se- com o ordenamento jurídico vigente, incluindo os princípios consti-
jam culpáveis. Para agir contra agressão de inimputável, exige-se, tucionais e infraconstitucionais.
no entanto, cautela redobrada, porque nesse caso a pessoa que
ataca não tem consciência da ilicitude de seu ato. Exemplos:
a) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência des-
Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa sub- portiva é exercício regular do direito, desde que a violência seja
jetiva? consciente e voluntária e praticada nos limites do esporte. Assim,
Resposta: Em tese caberia, pois, a partir da continuidade da mesmo a violência que acarreta alguma lesão, se previsível para a
agressão a vítima se torna agressora. prática do esporte, será exercício regular do direito (exemplo: numa
Para a jurisprudência, entretanto, não é aceita quando o exces- luta de boxe poderá haver, inclusive, a morte de um dos lutadores).
so for repelido pelo próprio agressor, porque não pode invocar a b) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de órgão etc.
legítima defesa quem iniciou a agressão, mas o excesso pode ser constituem exercício regular da profissão do médico. Se a interven-
repelido por terceiro. ção for realizada em caso de emergência por alguém que não é mé-
dico, será caso de estado de necessidade.
Segue dispositivo do CP que trata da matéria: c) Correção disciplinar exercida pelos pais em relação aos seus
filhos menores: desde que dentro dos limites estabelecidos no ECA,
LEGÍTIMA DEFESA ou seja, sem castigo físico, tampouco alguma forma de tratamento
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando modera- cruel ou degradante.
damente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem. Consentimento do ofendido (causa supralegal de exclusão da
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput ilicitude)
deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima Ocorre quando o ofendido concorda com a lesão ou perigo de
mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº lesão a bem jurídico de sua titularidade. Pode ter natureza de:
13.964, de 2019) - Excludente de Ilicitude: quando a discordância não for ele-
mento do tipo. Ex. Crime de Dano (art. 163, CP).
8 http://www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/6960.pdf

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Excludente de Tipicidade: quando a discordância da vítima for A regra é que qualquer pessoa seja imputável, tenha potencial
elemento do tipo. Ex1. Violação de Domicílio (art.150,CP) - não há consciência da ilicitude e dela se possa exigir uma conduta diversa.
violação de domicílio se a vítima autoriza a entrada em sua casa. Ausentes tais elementos, estamos diante das causas excludentes da
Ex.2 - Estupro (art.213, CP) - a concordância quanto os atos libidi- culpabilidade.
nosos, exclui a tipicidade. São excludentes de culpabilidade, portanto, a inimputabilidade
(doença mental, menoridade, desenvolvimento mental retardado
Requisitos: ou incompleto, embriaguez acidental completa), a ausência de po-
a) Bem jurídico disponível (exclusivamente de interesse priva- tencial consciência da ilicitude (erro de proibição inevitável) e a
do - ex. patrimônio). O consentimento jamais terá efeito quando se inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível e obe-
tratar de bem jurídico indisponível (ex. vida). diência hierárquica à ordem manifestamente ilegal).
b) Capacidade jurídica do ofendido para consentir;
c) Consentimento manifestado de forma livre (sem coação, frau- Teoria limitada da culpabilidade.
de, etc.), inequívoca (sem deixar dúvida) e anterior ou, no máximo Nessa teoria, quando o erro recai sobre uma situação de fato
contemporâneo à conduta. Se o consentimento for posterior será (descriminante putativa fática), é erro de tipo, enquanto o que in-
caso de renúncia ou perdão. cide sobre a existência ou limites de uma causa de justificação é o
d) O autor do consentimento deve ser titular exclusivo do bem erro de proibição.
ou deve ter autorização expressa para dispor sobre o bem jurídico. As descriminantes putativas fáticas são tratadas como erro de
tipo (art. 20, §1º, CP), enquanto as descriminantes putativas por
Culpabilidade erro de proibição, ou erro de proibição indireto, são consideradas
erro de proibição (art. 21,CP).
É a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática
de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como Princípio da Culpabilidade: segundo este princípio, não há cri-
juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que me sem culpabilidade (nullum crimen sine culpa)9. No Direito Pe-
praticou um fato típico e ilícito. nal, o agente somente responderá por crime quando agir com dolo
O Código Penal não conceituou de forma objetiva a culpabili- (intenção de cometer infração) ou culpa (negligência, imperícia ou
dade, desta forma, existem diversos posicionamentos na doutrina imprudência). Logo, a ninguém será imputado crime ou pena sem
e na jurisprudência, sendo que para muitos constitui requisito do que a conduta criminosa seja reprovada em um juízo de culpa lato
crime e, para outros, pressuposto de aplicação da pena. sensu.
Considerando o conceito analítico de crime, que dispõe que
crime é todo fato típico, ilícito e culpável, podemos considerar a Responsabilidade Objetiva e Subjetiva
existência de etapas sucessivas de raciocínio, de maneira que, ao - Objetiva: determina que autor do fato será responsabilizado,
se chegar à culpabilidade, já se constatou ter ocorrido um crime. ainda que não tenha atuado com dolo nem culpa. É responsabili-
Verifica-se, em primeiro lugar, se o fato é típico ou não; em se- dade sem culpa.
guida, em caso afirmativo, a sua ilicitude; só a partir de então, cons- - Subjetiva: é aquela que depende de comprovação que houve
tatada a prática de um delito (fato típico e ilícito), é que se passa ao dolo ou culpa por parte do agente delituoso. Ou seja, é preciso
exame da possibilidade de responsabilização do autor. restar comprovado que o crime aconteceu e que houve dolo ou
Na culpabilidade afere-se apenas se o agente deve ou não res- culpa.
ponder pelo crime cometido. Em nenhuma hipótese será possível a
exclusão do dolo e da culpa ou da ilicitude nessa fase, uma vez que No direito Penal não há responsabilidade objetiva, apenas
tais elementos já foram analisados nas precedentes. subjetiva. Isto é, afastada a culpa do agente, deve ser penalmente
Assim, atualmente a culpabilidade é compreendida como prin- desconsiderada a sua conduta e, portanto, o fato se torna um fato
cípio limitador ao direito de punir do Estado, como um critério ana- atípico.
lisado pelo juiz no momento de aplicação da pena, quando irá se Nesse sentido é que dizemos que responsabilidade penal de-
ater a análise de três elementos essenciais: imputabilidade, cons- verá ser sempre, subjetiva, na medida em que não dispensa a de-
ciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. A ausência monstração da culpa (elemento subjetivo).
de qualquer destes elementos implicará na inexistência da própria
culpabilidade . Co-Culpabilidade:
A co-culpabilidade não está expressamente prevista na legis-
Elementos da culpabilidade lação penal brasileira, apesar de ser um princípio constitucional
A culpabilidade é formada por 03 elementos: implícito na Constituição Federal. No entanto, “há uma sensibili-
- Imputabilidade Penal: condições pessoais que dão ao agente dade por parte da doutrina e jurisprudência para que haja a sua
capacidade para lhe ser atribuída responsabilidade penal por deter- positivação”10
minado fato.
- Potencial Consciência da Ilicitude: possibilidade de o agente
saber, dentro das circunstâncias em que ocorre a prática da condu-
ta, que ela contraria o direito.
- Exigibilidade de Conduta Diversa: quando era possível exigir-
-se, nas circunstâncias, conduta diferente daquela do agente. 9 https://leonardoaaaguiar.jusbrasil.com.br/artigos/333117943/principio-de-culpa-
bilidade
10 (GRECO, 2010, p.83).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tal princípio reconhece a corresponsabilidade do Estado na prática do delito cometido por indivíduos marginalizados socialmente, em
razão da omissão estatal em promover a todos os membros da sociedade as mesmas oportunidades sociais. Reconhece, portanto, como
responsabilidade do Estado o fato de pessoas atingidas pela exclusão social ingressarem para a vida do crime.
No entanto, não se tratar de imputar ao Estado o cometimento de uma infração, visto que o Estado é detentor do dever de punir, logo
não poderia ser sujeito ativo de um crime. Trata-se apenas de uma responsabilidade compartilhada com o autor do delito.
Importante ressaltar ainda, que o fato reconhecer a co-culpabilidade não significa impunidade. O autor do crime será sim punido, mas
sua pena será ajustada na medida de sua situação social.
Vale ressaltar que este princípio atinge apenas os hipossuficientes.
O princípio da co-culpabilidade não está expressamente previsto na Constituição ou em leis esparsas, no entanto, muitos doutrinado-
res entendem que o ordenamento jurídico permite sua aplicação, principalmente em razão da previsão do artigo 59 e 66 do CP

Código Penal
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstân-
cias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para repro-
vação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei.

Excludentes da culpabilidade

São excludentes da culpabilidade: inimputabilidade, a ausência de potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta
diversa.
Uma vez reconhecida tais excludentes, será isento de pena o autor de um fato típico e antijurídico.
A inimputabilidade ocorre quando o agente apresenta doença mental, menoridade, desenvolvimento mental retardado ou incomple-
to, embriaguez acidental completa. Importante ressaltar, que a embriaguez voluntária (quando o sujeito tem vontade de se embriagar)
não afasta a culpabilidade.
A ausência de potencial consciência da ilicitude ocorre quando há erro, isto é, falsa percepção da realidade, seja em relação ao com-
portamento ou ao próprio ilícito. No entanto, nem todo erro exclui a culpabilidade. Apenas o Erro de Proibição Inevitável exclui a culpa-
bilidade, ou seja, aquele que o agente não tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso concreto. Se não
tinha como saber que o fato era ilícito, inexistia a potencial consciência da ilicitude, logo, esse erro exclui a culpabilidade e o agente fica
isento de pena.
Já a inexigibilidade de conduta diversa ocorre quando, tendo em vista as circunstâncias do caso concreto, não seria possível exigir que
o sujeito não tivesse praticado o ato. Ocorre por exemplo quando o sujeito está sofrendo coação moral irresistível ou, ainda, quando está
submetido a obediência hierárquica.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Na sequência analisaremos os elementos da culpabilidade e Para este critério não basta que o agente possua alguma
suas respectivas causas de exclusão: enfermidade mental, faz-se necessário, que exista prova que tal
transtorno realmente afetou a capacidade de compreensão do
caráter ilícito do fato ou determinante de seu conhecimento, à
Imputabilidade Penal (Art. 26 a 28, CP) época do fato, no momento do delito.

Distúrbios Mentais:
Conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade - Doença mental: perturbação mental de qualquer ordem
para lhe ser juridicamente imputada a prática de um crime. É impu- (exemplos: psicose, esquizofrenia, paranoia, epilepsia etc.). A de-
tável aquele que possui desenvolvimento mental que lhe permita pendência patológica de substância psicotrópica configura doença
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com mental.
esse entendimento. (Capacidade de querer + Capacidade de en- - Desenvolvimento mental retardado: é aquele desenvolvimen-
tender) to incompleto e que nunca se completará - Retardo mental.
O conceito de sujeito imputável é encontrado no artigo 26, Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério Biopsicoló-
caput, do Código Penal, que trata dos inimputáveis. gico.
Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles abrangidos
pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas na lei, que são as Semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuída
seguintes: A inimputabilidade pode ser absoluta (quando o agente perde
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou totalmente a capacidade de entender
retardado; e de querer, hipótese em que não importam as circunstâncias,
b) menoridade; o indivíduo não poderá ser penalmente responsabilizado por seus
c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força atos) ou relativa (quando a perda da capacidade de querer e enten-
maior; der do agente é relativa, hipótese que não exclui a culpabilidade.
d) dependência de substância entorpecente. Após a análise do caso, a lei confere ao juiz a opção de aplicar medi-
da de segurança ou pena diminuída (redução de1/3 a 2/3).
São inimputáveis aqueles que, por doença mental ou desenvol-
vimento mental incompleto ou retardado, não possuem condições CP - Art. 26 - Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
com esse entendimento. mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa. Se for abso- não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
luta, isso significa que não importam as circunstâncias, o indivíduo de determinar-se de acordo com esse entendimento.
definido como “inimputável” não poderá ser penalmente responsa-
bilizado por seus atos. Menoridade (Art. 27, CP):
Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o indivíduo Nos termos do art. 27 do Código Penal, os menores de 18 anos
pertencente a certas categorias definidas em lei poderá ou não ser são inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na le-
penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da análise gislação especial. Adotou-se, portanto, o critério biológico, que
individual de cada caso na Justiça, segundo a avaliação da capaci- presume, de forma absoluta, ser o menor de 18 anos inteiramente
dade do acusado, as circunstâncias atenuantes ou agravantes, as incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
peculiaridades do caso e as provas existentes. acordo com esse entendimento.
A imputabilidade possui dois elementos: A menoridade cessa no primeiro instante do dia que o agente
- intelectivo (capacidade de entender); completa os 18 anos, ou seja, se o crime é praticado na data do 18º
- volitivo (capacidade de querer). aniversário, o agente já é imputável e responde pelo crime.
Faltando um desses elementos, o agente não será imputável. A legislação especial que regulamenta as sanções aplicáveis aos
menores inimputáveis é o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
Critérios para a definição da inimputabilidade: nº 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas socioeducativas
- Critério Biológico: leva em consideração o desenvolvimento aos adolescentes (pessoas com 12 anos ou mais e menores de 18
mental do acusado. Assim, considera inimputável aquele que é aco- anos), consistentes em advertência, obrigação de reparar o dano,
metido por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliber-
ou retardado. dade ou internação, e a aplicação de medidas de proteção às crian-
- Critério Psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo ças (menores de 12 anos) que venham a praticar fatos definidos
da ação ou omissão, tinha a capacidade de entendimento e autode- como infração penal.
terminação. A inimputabilidade é verificada no momento em que o
crime é cometido, sendo considerado inimputável aquele que age Emoção e Paixão (Art. 28, I, CP):
sem consciência, ou seja, sem a representação exata da realidade. A emoção é um sentimento súbito, repentino, de breve dura-
- Critério Biopsicológico: (Adotado pelo artigo 26, CP) - Misto ção, passageiro e intenso (ira momentânea, o medo, a vergonha). A
dos critérios anteriores. paixão é duradoura, perene (o amor, a ambição, o ódio).
A Emoção ou a Paixão não excluem a imputabilidade penal (art.
28, CP). Somente a emoção pode funcionar como redutor de pena.
A emoção pode ser causa de diminuição de pena em alguns cri-
mes, dependendo das circunstâncias. Exemplos:
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Homicídio Simples - artigo 121, §1.º, CP: “ Se o agente comete estado de fúria incontrolável. Se for o agente, ao tempo da ação
o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo- fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, estará
cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. excluída sua imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se
- Lesão Corporal - artigo 129, § 4.º, CP: “Se o agente comete o houver mera redução dessa capacidade, o agente responderá pelo
crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único).
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provoca-
ção da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. d) Embriaguez preordenada (actio libera in causa): ocorre
A Emoção pode ainda ser uma atenuante genérica: -artigo 65, quando o indivíduo, voluntariamente, se embriaga para criar cora-
inciso III, alínea “c”,CP: “cometido o crime sob coação a que podia gem para cometer um crime. Não há exclusão de imputabilidade. O
resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou agente responde pelo crime, incidindo sobre a pena uma circuns-
sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da tância agravante prevista no artigo 61, inciso lI, alínea “l” CP.
vítima”;
Ex: O marido chega em casa e encontra a esposa com outro, Circunstâncias agravantes
comete um homicídio. Foi movido por forte emoção. CP - Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:
Embriaguez (Art. 28, II, CP): II - ter o agente cometido o crime:
Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo (...)
álcool ou substancia de efeitos análogos (cocaína, ópio etc), cujas l) em estado de embriaguez preordenada.
consequências variam desde uma ligeira excitação até o estado de
paralisia e coma. Dependência de Substância Entorpecente
A embriaguez divide-se em:
É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou
a) Embriaguez não acidental: A embriaguez não acidental pode
sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga,
ser voluntária ou culposa.
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a in-
Voluntária: Ocorre quando o indivíduo ingere substância tóxica,
fração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter
com o intuito de embriagar-se.
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
Culposa: Ocorre quando o indivíduo, que não queria se embria-
to. (art. 45 da Lei 11.343/2006 - Lei de Drogas)
gar, ingere, por imprudência, álcool ou outra substância de efeitos
Se a redução dessa capacidade for apenas parcial, o agente é
análogos em excesso, ficando embriagado. Não está acostumado,
considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
começa a beber e fica bêbado: Será considerado imputável, pois
no momento da decisão de beber, optou pela bebida. Poderia ter
evitado. Exceção: O bêbado que bebe há muito tempo (alcoolismo) Seguem os dispositivos do Código Penal que tratam da matéria:
doença mental.
A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilida- TÍTULO III
de, ainda que no momento do crime o embriagado esteja privado DA IMPUTABILIDADE PENAL
inteiramente de sua capacidade de entender ou de querer.
Apenas a embriaguez completa, proveniente de caso fortuito Inimputáveis
(acidental, o agente bebe por engano ou por acidente), ou força Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
maior (o agente é obrigado a beber) exclui a imputabilidade. desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
b) Embriaguez acidental: A embriaguez acidental somente ex- ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
clui a culpabilidade se for completa e decorrente de caso fortuito to.
ou força maior.
- Se o agente estiver inteiramente incapaz de entender o caráter Redução de pena
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen- Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
to - EXCLUI A CULPABILIDADE. (art.28, § 1º, CP). se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
- Porém, se apesar da embriaguez por caso fortuito ou força desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteira-
maior, a capacidade for relativa - REDUÇÃO DE PENA (art. 28, §2º, mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
CP) -se de acordo com esse entendimento.
Exemplo de Força maior. Alguém obrigar outra pessoa a ingerir
bebida alcoólica. Menores de dezoito anos
Exemplo de caso fortuito: quando sujeito está tomando deter- Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente ini-
minado remédio e, inadvertidamente, ingere bebida alcoólica, cujo mputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
efeito é potencializado em face dos remédios, fazendo com que especial.
uma pequena quantia de bebida o faça ficar em completo estado
de embriaguez. Embriaguez involuntária. Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a decorren- I - a emoção ou a paixão;
te de enfermidade congênita existente, por exemplo, nos filhos de
alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória de álcool ficam em
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Embriaguez Atenção:
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substân- O Erro de tipo não se confunde com o Erro de proibição: no
cia de efeitos análogos. erro de tipo, o agente tem uma falsa percepção da realidade (erro
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, sobre o fato). Ex. guarda a pasta de um amigo acreditando conter
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação documentos, quando na verdade contém droga / Sujeito dispara
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do um tiro de revólver no que supõe seja um animal, vindo a matar
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. um homem. O erro de tipo afasta a tipicidade, podendo o sujeito
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agen- responder por crime culposo, desde que seja típica a modalidade
te, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, culposa.
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade Já no erro de proibição ele não sabe que aquela conduta é ilí-
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo cita. (erro sobre a ilicitude). O erro de proibição inevitável exclui a
com esse entendimento. culpabilidade, enquanto o erro de proibição evitável apenas reduz
a pena.
Potencial Consciência Da Ilicitude
É quando o agente, no momento da conduta, possuía capacidade Exigibilidade de Conduta Diversa
para compreender o caráter ilícito do fato praticado.
A ninguém é dado descumprir a lei alegando que a desconhece Ocorre quando for possível exigir do agente uma conduta di-
(artigo 3.º da Lei de Introdução ao Código Civil). O desconhecimen- ferente daquela que ele praticou, mais precisamente quando for
to da lei é inescusável (artigo 21 do Código Penal). Essa é uma pre- possível exigir um comportamento conforme o direito.
sunção que não admite prova em contrário. Se no tempo da conduta, o agente tinha escolha entre agir con-
Portanto, a Ausência de Potencial Consciência da Ilicitude, é forme o direito ou contrário a ele, estamos diante da exigibilidade
uma causa que exclui a culpabilidade. Ex. Erro de Proibição Inevi- de conduta diversa.
tável. Trata-se da terceira excludente de culpabilidade. É a expectativa
O erro de proibição não possui relação com o desconhecimento social de que o agente tenha outro comportamento e não aquele
da lei. Trata-se de erro sobre a ilicitude do fato, e não sobre a lei. que se efetivou.
Lei é a norma escrita editada pelos órgãos competentes do Es- A exigibilidade de conduta diversa, como causa de exclusão da
tado. Ilicitude de um fato é a contrariedade que se estabelece entre culpabilidade, funda-se no princípio de que só podem ser punidas
esse fato e a totalidade do ordenamento jurídico vigente. as condutas que poderiam ser evitadas. No caso, a inevitabilidade
Consciência da ilicitude é o conhecimento profano do injusto não tem a força de excluir à vontade, que subsiste como força pro-
(não se exige do leigo um juízo técnico-jurídico). É saber que o fato pulsora da conduta, mas certamente a vicia, de modo a tornar inca-
é antinormativo; ter a consciência de que se faz algo contrário ao bível qualquer censura ao agente.
sentimento de justiça da sociedade. Em nosso ordenamento jurídico, a exigibilidade de conduta di-
A simples consciência da ilicitude não é requisito da culpabilida- versa pode ser excluída por duas causas: a coação moral irresistível
de, porque o que se investiga é se o agente tinha ou não condições e a obediência hierárquica.
de saber o que era errado, e possibilidade de evitar o erro. Assim,
o que constitui requisito da culpabilidade é a potencial consciência
Causas excludentes:
da ilicitude.
Ocorrem quando não se poderia exigir do agente uma condu-
Deve-se sair do aspecto subjetivo e indagar aspectos objetivos
ta diferente daquela que ele praticou. (inexigibilidade de conduta
do caso concreto para averiguar se o agente possuía condições de
diversa). A exigibilidade de conduta diversa pode ser excluída por
saber e evitar o erro.
duas causas:
No erro de proibição, o agente atua acreditando que sua condu-
ta é permitida, ou seja, que ela não é penalmente ilícita. (Erro sobre
1) Coação Moral Irresistível: é o emprego de grave ameaça
a ilicitude do fato)
para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa, ela atua na
cabeça, na vontade do sujeito. A coação moral irresistível força o
Espécies de erro de proibição
agente a cometer um crime, sob ameaça de sofrer prejuízo maior.
Ex. Gerente de Banco que tem sua família sequestrada e, portanto,
a) Inevitável: quando o agente não conhecia, nem podia conhe-
sob irresistível ameaça de morte de seus familiares, subtrai quantia
cer o caráter ilícito do fato. Desta forma, se não há “potencial cons-
em dinheiro e entrega posteriormente aos sequestradores.
ciência da ilicitude, não há culpabilidade. Ex. Indio; Pessoa que vem
de pais onde a maconha é legalizada. A coação moral irresistível exclui a culpabilidade. Ocorre o que a
b) Evitável: quando, embora o agente desconhecesse que o fato doutrina chama de inexigibilidade de conduta diversa.
era ilícito, ele tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, Por outro lado, se a coação moral for resistível haverá circuns-
que contrariava o ordenamento jurídico. tância atenuante. (artigo 65, inciso III, alínea “c”, primeira parte, do
Neste caso, a culpabilidade não será excluída. O agente não fica- Código Penal). Essa forma de coação não elimina o fato típico, a
rá isento de pena, mas, em face da inconsciência atual da ilicitude, ilicitude, nem a culpabilidade, apenas atenuam a pena.
terá direito a uma redução de pena de 1/6 a 1/3.
Atenção: A coação física irresistível exclui à vontade, eliminando
a conduta. O fato é considerado atípico. Não exclui a culpabilida-
de.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2) Obediência Hierárquica: quando um agente pratica um crime é crime comum no tocante à qualificação do sujeito ativo e crime
em estrito cumprimento a uma ordem não manifestamente ilegal, material quanto ao resultado naturalístico. A seguir, serão expostas
recebida de um superior hierárquico. Prevalece o entendimento de as principais classificações.
que o Poder Hierárquico é inerente à Administração Pública.
Ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade de - Quanto ao momento da consumação:
um titular de função pública a um funcionário que lhe é subordi- Crimes instantâneos são aqueles em que a consumação
nado, no sentido de que realize uma conduta positiva ou negativa. acontece em um momento determinado, único; não importando
a quantidade de atos cometidos. Ex: a lesão corporal (art. 129) se
O comando deve ser ilegal com aparência de legalidade, porque
consuma no momento em que a integridade física ou a saúde da
se o subordinado cumprir ordem manifestamente ilegal, acreditan-
vítima é atingida.
do que seja legal, estará incluso em erro de proibição evitável (que
Crimes permanentes ou contínuos são aqueles em que a
permite apenas redução de pena nos termos do artigo 21 do Código
consumação se prolonga no tempo de acordo com a vontade do
Penal).
agente. Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159), que ocorre
A ordem expedida pelo superior hierárquico pode, portanto, ser enquanto a vítima estiver sob o poder do sequestrador. De acordo
manifestamente ilegal ou não manifestamente ilegal. com Guilherme de Souza Nucci, existem dois critérios para a identi-
Quando manifestamente ilegal, responde pelo crime o superior ficação do crime permanente:
e o subordinado, este com pena reduzida segundo o t. 65, III, c. . Ex.: a) o bem jurídico afetado é imaterial (Ex: saúde pública, liberda-
um policial receber uma ordem do delegado para torturar o preso. de individual, etc);
Não é aceitável, pois é claramente ilegal. b) normalmente é realizado em duas fases, a primeira, comissi-
Por outro lado, quando não manifestamente ilegal, haverá va, e a segunda, omissiva (sequestra-se uma pessoa através de uma
excludente de culpabilidade. A obediência à ordem não manifes- ação, mantendo-a no cativeiro por omissão).
tamente ilegal de superior hierárquico torna viciada a vontade do Nos crimes instantâneos de efeitos permanentes a consumação
subordinado e, portanto, afasta a exigência de conduta diversa. ocorre em um momento determinado, mas seus efeitos permane-
cem no tempo. Ex: o homicídio (art. 121) se consuma no momento
Requisitos: da morte da vítima, mas sua consequência é irreversível.
- Relação de subordinação de caráter público.
- Ordem deve emanar de superior hierárquico. - Quanto à conduta
- Ordem não manifestamente ilegal (não claramente ilegal) - As condutas proibidas pela lei penal podem ser positivas ou ne-
apesar de ilegal, a ordem deve ter aparência de legalidade, induzin- gativas, ou seja, constituem uma ação ou uma omissão.
do o subordinado a erro. Via de regra, a lei exige para a configuração do crime um com-
- O executor da ordem deve atuar nos limites da ordem expedi- portamento ativo do agente: matar, no homicídio (art. 121); sub-
da, não podendo cometer excessos. trair, no furto (art. 155); lesionar, na lesão corporal (art. 129). Esses
crimes são chamados de comissivos.
Causas Supralegais de Exclusão de Culpabilidade Porém, em algumas ocasiões a lei proíbe condutas negativas,
ou seja, para a ocorrência do crime é necessária à omissão de um
Atualmente, o Superior Tribunal de Justiça sustenta que, além comportamento que o agente poderia e deveria fazer. Se esse de-
da coação moral irresistível e da obediência hierárquica (previstas ver de agir de referir à generalidade das pessoas, teremos o crime
em lei), qualquer circunstância que, no caso concreto, venha tornar omissivo próprio, puro ou simples. Nesse caso, temos um crime
inexigível conduta diversa, conduz à exclusão de culpabilidade. Ar- de mera conduta: basta à ausência de ação para a consumação do
gumenta-se que a exigibilidade de conduta diversa é um verdadeiro crime, que ocorre no primeiro momento em que o agente poderia
princípio geral da culpabilidade. Contraria frontalmente o pensa- agir e não agiu. O crime omissivo próprio também é crime de pe-
mento finalista punir o inevitável. Só é culpável o agente que se rigo, por isso, sua existência independe da ocorrência de dano. Ex:
comporta ilicitamente, podendo orientar-se de modo diverso. a omissão de socorro (art. 135) se consuma no primeiro momento
em que o agente poderia socorrer a pessoa em perigo e não o faz.
O crime estará consumado mesmo que ele mude de ideia e volte
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES. posteriormente para socorrer a vítima e mesmo que a vítima não
sofra nenhuma lesão.
Existem situações em que o agente tem o dever de evitar o re-
sultado lesivo ao bem jurídico protegido, assumindo o papel de ga-
Classificação dos Crimes11
rantidor da não ocorrência da lesão. Nesses casos, temos os crimes
omissivos impróprios, qualificados, comissivos por omissão ou co-
Classificar os crimes significa reuni-los em grupos que contam
missivo-omissivos.
com determinada característica idêntica. Por exemplo, a catego-
A posição de garantidor pode ocorrer nas seguintes situações
ria dos crimes instantâneos reúne todas as infrações penais que
previstas no art. 13, § 2º:
se consumam em um momento determinado. Como cada crime
a) o agente tem a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilân-
conta com diversos aspectos, também poderá ser incluído simulta-
cia (ex: pais com relação aos filhos menores);
neamente em diversas classificações. Dessa maneira, o homicídio
b) quem assumiu a responsabilidade de evitar o resultado (ex:
salva-vidas com relação aos banhistas em uma piscina);
c) quem criou o risco de ocorrência do resultado (ex: causador
11 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais de um incêndio com relação às vítimas deste).
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Os crimes omissivos impróprios não estão previstos expressamente na lei, utilizando-se da definição típica dos crimes comissivos.
São crimes materiais, pois sempre requerem a existência de um resultado naturalístico. A responsabilidade penal do agente neste caso é
pessoal.
Parte da doutrina considera que existem também os crimes omissivos por comissão: existe uma ordem legal de atuar, mas o agente
impede que outrem execute essa ordem. Ou seja, o autor do crime impede que um terceiro tome uma atitude que salvaria o bem jurídico
e com isso, sua ação produz uma omissão de terceiro. Ex: marido impede a intervenção médica que salvaria a vida da mulher. Tal como
nos crimes comissivos, existe nexo causal entre a conduta e o resultado e é possível a tentativa.
Por fim, denominam-se crimes de conduta mista aqueles que têm uma fase inicial positiva e uma posterior omissão. Ex: apropriação
indébita de coisa achada (art. 169, parágrafo único): o agente primeiramente se apodera da coisa achada (conduta comissiva) e posterior-
mente deixa de devolvê-la no prazo de quinze dias (conduta omissiva).

- Quanto ao resultado naturalístico


Todos os crimes lesionam ou põem em risco bens jurídicos. Esse é o resultado jurídico ou normativo, indispensável na consumação de
todos os crimes.
Alguns crimes têm como consequência outra espécie de resultado, denominado naturalístico: é a modificação da realidade física. Tais
crimes só se consumam se ocorrer essa alteração material, por isso são conhecidos como crimes materiais ou de resultado. Assim, o ho-
micídio se consuma com a morte da vítima e o furto com a retirada do bem da posse da vítima. Só se pode falar em nexo de causalidade
entre a conduta e o resultado (CP, art. 13) nos crimes materiais.
Os crimes formais se consumam com a simples prática da conduta prevista em lei. O resultado, apesar de também ser previsto em lei,
é dispensável para a consumação do crime e configura mero exaurimento dele. Por isso, são chamados também de crimes de consumação
antecipada. Assim, a concussão (art. 316) se consuma com a exigência, pelo funcionário público, de vantagem indevida. O efetivo recebi-
mento da vantagem é mero exaurimento do crime que apenas influi na fixação da pena. A distinção entre consumação e exaurimento é
essencial quando se trata de prisão em flagrante, que só é possível no momento da consumação. No exemplo acima, o funcionário público
só pode ser preso em flagrante no momento da exigência, nunca no recebimento do valor indevido.
Os crimes de mera conduta ou de simples atividade também se consumam com a simples prática do ato. Ao contrário dos crimes
formais, não chega a haver previsão legal de qualquer resultado naturalístico. Desse modo, a calúnia (art. 138) afeta a honra objetiva da
vítima (bem jurídico), mas não modifica a realidade física. Todos os crimes omissivos próprios (tratados no próximo item) são delitos de
mera conduta. Os crimes de mera conduta são uma subdivisão dos crimes formais e por isso também são chamados de crimes puramente
formais. A jurisprudência costuma utilizar indistintamente os dois termos.

- Quanto ao momento da proteção ao bem jurídico


A função primordial do Direito Penal é proteger os bens jurídicos considerados essenciais para a sociedade e os indivíduos (vida, liber-
dade, patrimônio, honra etc). Para isso, são cominadas penas àqueles que lesam esses bens. Assim, quem pratica homicídio (art. 121) lesa
o bem jurídico “vida” e deve receber uma pena que varia entre 6 e 30 anos.
Nesse sentido, os crimes de dano são aqueles crimes que só consumam com a efetiva lesão ao bem protegido (ex. homicídio). Já os
crimes de perigo se consumam tão somente com a possibilidade de dano (ex: crime de contágio venéreo).
Em determinadas situações, a lei penal antecipa a proteção aos bens jurídicos incriminando as condutas que simplesmente colocam
em risco esses bens. Para a configuração do crime, a lei requer apenas a probabilidade de dano e não a sua ocorrência efetiva. Trata-se
dos crimes de perigo, que se dividem em:
a) Crimes de perigo concreto: só se caracterizam se houver, no caso, a comprovação do risco ao bem protegido. O tipo penal requer
a exposição a perigo da vida ou da saúde de outrem. Ex: crime de maus-tratos (art. 136).
b) Crimes de perigo abstrato ou presumido: o risco ao bem jurídico protegido é presumido de modo absoluto (presunção juris et de
jure) pela norma, não havendo necessidade de sua comprovação no caso concreto. Ex: omissão de socorro (art. 135). Parte da doutrina
considera que os crimes de perigo abstrato são inconstitucionais, por violarem os princípios da lesividade e da intervenção mínima.
c) Crimes de perigo individual: são aqueles que colocam em risco bens jurídicos de pessoas determinadas. Estão previstos nos artigos
130 a 137 do CP.
d) Crimes de perigo comum ou coletivo: colocam em risco número indeterminado de pessoas. Estão previstos nos arts. 250 a 259 do
CP.
e) Crimes de perigo atual e de perigo iminente: o Código Penal utiliza tais expressões nos arts. 24 (estado de necessidade - perigo
atual) e 132 (perigo para a vida ou a saúde de outrem - perigo iminente). Porém, tal distinção é equivocada, pois o perigo é sempre atual,
iminente só pode ser o dano. Não é possível precisar a situação imediatamente anterior ao risco. Nesse sentido o posicionamento do
doutrinador de Guilherme de Souza Nucci:

“O perigo iminente é uma situação quase impalpável e imperceptível (poderíamos dizer, penalmente irrelevante), pois
falar em perigo já é cuidar de uma situação de risco, que é imaterial, fluida, sem estar claramente definida. Se o perigo
atual é um risco de dano, perigo iminente é a possibilidade de colocar uma pessoa em estágio imediatamente anterior
àquele que irá gerar o risco de dano, ou seja, sem a concretude e a garantia exigidas pelo Direito Penal.”

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Quanto ao sujeito ativo crimes-anões). Aos crimes são cominadas as penas de reclusão e
Crimes comuns são aqueles que podem ser cometidos por detenção, cumuladas ou não com multa, enquanto que a pena das
qualquer pessoa, não havendo necessidade de qualificação contravenções poderia ser de prisão simples ou de multa, aplicadas
especial. Exs: homicídio, lesão corporal e furto. isolada ou cumulativamente.
Crime Político é aquele que lesa, ou pode lesar, a soberania, a
integridade, a estrutura constitucional ou o regime político do Bra- - Quanto ao potencial ofensivo
sil. É a infração que atinge a organização do Estado como um todo, Crimes de bagatela são aquelas condutas que atingem o
minando os fundamentos dos poderes constituídos. Ex.:O crime bem jurídico protegido de modo tão desprezível que a lesão é
contra a segurança externa do Estado constitui crime político. considerada insignificante (exs: subtração de uma maçã em uma
Os crimes próprios ou especiais só podem ser cometidos por rede de supermercados ou um arranhão que cicatriza em poucos
pessoas que contem com determinada qualificação. De acordo minutos). Nesses casos, torna-se desproporcional qualquer atuação
com Damásio Evangelista de Jesus, essa qualificação pode ser repressiva, considerando-se o fato cometido como um indiferente
«jurídica (acionista, funcionário público); profissional (comerciante, penal.
empregador, empregado, médico, advogado); de parentesco (pai, As infrações penais de menor potencial ofensivo são definidas
mãe, filho); ou natural (gestante, homem)». Assim, o auto- aborto na Lei de Juizados Especiais (art. 61, com a redação dada pela Lei
(CP, art. 124) só pode ser cometido pela gestante e o infanticídio 11.313, de 28 de junho de 2006) como sendo todas as contravenções
(art. 123) é praticado pela mãe. e os crimes cujo pena máxima não ultrapasse dois anos. Para esses
Os crimes funcionais são uma espécie de crimes próprios, crimes se aplicam na íntegra os institutos despenalizantes da lei,
pois só podem ser cometidos por funcionários públicos, tal como como a composição dos danos civis (arts. 72 a 75), transação penal
definidos no art. 327 do Código Penal. Crimes funcionais próprios (art. 76) e suspensão condicional do processo (art. 89).
são aqueles cuja ausência da qualidade de funcionário público torna As infrações penais de médio potencial ofensivo são aquelas
o fato atípico (ex: prevaricação - art. 319). Já nos crimes funcionais que admitem suspensão condicional do processo, pois têm pena
impróprios ou mistos, a ausência dessa qualidade faz com que o mínima igual ou inferior a um ano, mas são julgados pela Justiça
fato seja enquadrado em outro tipo penal (ex: concussão - art. 316; Comum, já que sua pena máxima é superior a dois anos. Exs: furto
se o sujeito ativo não for funcionário público, o crime é de extorsão simples (art. 155, caput) e injúria qualificada pelo preconceito (art.
- art. 158). 140, 3º).
Os crimes de mão própria ou de atuação especial só podem Crimes de alto potencial ofensivo são aqueles cuja pena mínima
ser cometidos pessoalmente pelo sujeito ativo, sem a possibilidade é superior a um ano, não sendo cabível a suspensão condicional do
de que terceiro aja em seu lugar. Existe a possibilidade de processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal.
participação, mas não de coautoria. Assim, somente a testemunha Crimes hediondos são aqueles considerados de altíssimo
em pessoa pode ser autora do crime de falso testemunho (art. potencial ofensivo e por isso o réu e o condenado sofrem diversas
342), não podendo pedir que terceiro o faça em seu lugar, mas o restrições no curso do processo e do cumprimento da pena. De
terceiro pode influenciá-la a mentir, respondendo pelo crime como acordo com a Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990, são considerados
partícipe. Diferenciam-se dos crimes próprios, em que o sujeito hediondos os seguintes crimes: homicídio, quando praticado em
ativo específico pode utilizar-se de outra pessoa em sua execução. atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
Ex: o funcionário público pode determinar a um particular que só agente, e homicídio qualificado; latrocínio; extorsão qualificada
cometa o crime de peculato (art. 312). pela morte; extorsão mediante sequestro; estupro; estupro de
vulnerável; epidemia com resultado morte; falsificação, corrupção,
- Quanto ao bem jurídico tutelado adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos
a) Crime simples: protegem um único bem jurídico. Ex.: no fur- ou medicinais e genocídio. Os crimes equiparados a hediondos têm
to, protege o patrimônio. o mesmo tratamento legal e são os seguintes: prática da tortura, o
b) Crime complexo: surgem quando há fusão de dois ou mais tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo.
tipos penais, ou quando o tipo penal funciona como qualificadora
de outro. A norma penal tutela dois ou mais bens jurídicos. Ex.: no - Quanto ao elemento subjetivo (moral):
latrocínio (art. 157, §3) é um roubo qualificado pela morte e, assim, a) doloso: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco
atinge também dois bens jurídicos, o patrimônio e a vida. de produzi-lo (art. 18, I). Pode ser, dolo eventual, genérico ou es-
pecífico.
- Quanto à espécie de pena: b) culposo: quando o agente deu causa ao resultado por impru-
A Constituição prevê em seu art. 5º, XLVI, um rol de penas a dência, negligência ou imperícia (art 18, II). A culpa é a violação do
serem impostas àqueles que cometem infrações penais: privação dever de cuidado, que é o dever que todas as pessoas devem ter. É
ou restrição de liberdade, perda de bens, multa, prestação social o dever imposto às pessoas de razoável diligência.
alternativa e suspensão ou interdição de direitos. Considerando c) preterdoloso: dolo no antecedente, culpa no resultado. O
que esse rol é exemplificativo, ao legislador cabe cominar as penas agente alcança um resultado mais grave do que queria. Por exem-
que considerar mais convenientes, devendo somente se ater às ve- plo, art. 129 § 3º - lesão corporal seguido de morte.
dações constantes do 5º, XLVII: pena de morte (salvo em caso de d) qualificado pelo resultado: ocorrem quando o legislador,
guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de após descrever uma figura típica fundamental, acrescenta um resul-
banimento e cruéis. tado que tem por finalidade aumentar a pena. Dolo + dolo. Exem-
Considerando as penas aplicáveis, o art. 1º da Lei de Introdu- plo: art. 121 § 2º.
ção ao Código Penal (Decreto-Lei 2.848 /1940) definiu a divisão bá-
sica das infrações penais: crimes (ou delitos) e contravenções (ou
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

- Quanto à completa realização Crime de ação múltipla: o que tem mais de um verbo/núcleo,
a) consumado (art. 14, I): quando alcança o resultado, ou seja, por exemplo: tráfico (portar, guardar, vender...).
quando o sujeito realiza a descrição da conduta física. Pelo princípio Crime principais: são aqueles que não dependem de qualquer
da alternatividade, se realizou um verbo ou outro da conduta já é outra infração penal para que se configurem. Ex.: homicídio, furto
suficiente para configurar a tipicidade. etc.
b) tentado (art. 14, II): quando, por circunstâncias alheias à von- Crime acessórios: são aqueles que pressupõe a ocorrência de
tade do agente, o crime não ocorre. um delito anterior. Ex.: receptação (art. 180), que só se configura
c) Desistência voluntária: quando o autor da conduta, por fato quando alguém adquire, recebe, oculta, conduz ou transporta coisa
inerente à sua vontade, não comete a conduta ou desiste dela. O que sabe ser produto de (outro) crime.
autor responde pelos atos praticados. Dica: é o arrependimento do Delito Putativo: dá-se quando o agente imagina que a conduta
que está fazendo (art. 15). por ele praticada constitui crime, mas, em verdade, é um fato
d) Arrependimento eficaz: é o arrependimento do que já fez. atípico.
Por exemplo: atira em uma pessoa e se arrepende, levando a vítima
para ser socorrida a tempo de sobreviver.
e) Arrependimento posterior: só é possível nos casos de crime CONCURSO DE PESSOAS.
sem violência ou grave ameaça e até o recebimento da denúncia ou
queixa, por parte do Ministério Público; reparar o dano ou restituir
a coisa. Concurso de Pessoas
f) Crime impossível: quando, por absoluta ineficácia do meio Ao tratar do concurso de pessoas, o Código Penal adotou como
empregado ou absoluta impropriedade do objeto, é impossível con- principal a teoria MONISTA ou UNITÁRIA: “quem, de qualquer
sumar o crime. modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade” (Art. 29, Caput).
Nota: há crimes que não possuem o tipo tentado, por O Código Penal, no que diz respeito ao concurso de pessoas,
exemplo, os crimes culposos e os unissubsistentes; adotou também em alguns casos as chamadas EXCEÇÕES
PLURALÍSTICAS À TEORIA UNITÁRIA (ex.: aborto).
- Quanto ao fracionamento da conduta: Quanto ao partícipe, prevalece a TEORIA DA ACESSORIEDADE
Crimes Unissubsistente - não tem como fragmentar essa LIMITADA, segundo a qual o fato precisa ser típico e ilícito.
conduta; ela ocorre em um único momento. Por exemplo: injúria Quanto ao autor, prevalece a TEORIA OBJETIVO-FORMAL,
(art 140). segundo a qual o autor é aquele que realiza o núcleo do tipo.
Crimes Plurissubsistente - comportamento fragmentado; TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: o autor é quem executa uma
percebe-se claramente as fases do iter criminis. tarefa essencial para a ocorrência do delito (controle finalístico do
ato), podendo ser:
- Outras definições de crime: I – aquele que por sua vontade executa o núcleo do tipo (autor
Crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou de concurso propriamente dito);
eventual): são aqueles que podem ser praticados por apenas um II – aquele que planeja o crime para ser executado por outras
sujeito, entretanto, admite-se a coautoria e a participação. pessoas (autor intelectual); ou
Crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário): são III – aquele que se vale de um NÃO culpável ou de pessoa que
aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito age sem dolo ou culpa para executar o tipo (autor mediato).
em virtude de sua conceituação típica. Eles subdividem-se em três
espécies de acordo com o “modus operandi”: crimes de condutas Na teoria do domínio do fato, o partícipe será aquele que
paralelas (quando há colaboração nas ações dos sujeitos); crimes executa tarefa segunda/acessória, mas que, embora colabore
de condutas convergentes (onde as condutas encontram-se so- dolosamente o alcance do resultado, NÃO exerce domínio sob a
mente após o início da execução do delito, pois partem de pontos ação.
opostos) e crimes de condutas contrapostas (onde as condutas de- A chamada AUTORIA MEDIATA, se dá nos casos em que o
senvolvem-se umas contra as outras). agente consegue a execução do crime por meio de pessoa que age
Crimes de dupla subjetividade passiva: quando dois sujeitos sem culpabilidade.
são afetados com o mesmo ato; possui pluralidade de vítimas. Ex.: A coautoria nos crimes próprios é possível quando o terceiro,
violação de correspondência, previsto no artigo 151 do Código Pe- que NÃO é funcionário público, conhece essa especial condição do
nal, apresenta duas vítimas, quais sejam, o destinatário e o reme- autor.
tente. A doutrina majoritária entende ser POSSÍVEL A COAUTORIA
Crimes progressivos: ocorrem quando o sujeito, para alcançar NOS CRIMES OMISSIVOS, quando o coautor também tem o dever
um resultado mais grave, comete um crime menos grave. Ex.: para jurídico de NÃO se omitir e, em vez de agir, ele adere ao dolo do
causar a morte da vítima, o agente necessariamente tem de lesio- agente e, igualmente, se omite.
ná-la. Na ocorrência de colisão entre dois veículos, por exemplo, NÃO
Crime simples: como ele é definido no código penal. há que se falar em coautoria dos dois condutores imprudentes,
Crime privilegiado: crime com atenuantes, o legislador estabe- pois um NÃO colabora com o outro e, assim, ocorre apenas a
lece circunstâncias que tem o condão de reduzir a pena. concorrência de culpas ou causas.
Crime qualificado: crime com agravantes que alteram a pena Concorrência ≠ compensação de culpas, que NÃO é permitida
para patamar mais elevado. no direito penal (a culpa da vítima só poderá ser utilizada na
dosimetria da pena base).
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Os requisitos do concurso de pessoas, em regra, são: Causas de


I – pluralidade de condutas; Causas de aumento Causas de aumento
aumento do
II – relevância causal de cada uma das ações; do feminicídio do homicídio culposo
homicídio doloso
III – liame subjetivo entre os agentes; e
IV – identidade de fato. Ocorrer durante a
gestação ou nos 3
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo meses posteriores Vítima menor de
disposição expressa em contrário, NÃO são puníveis, se o crime ao parto, contra 14 anos ou maior
NÃO chega, pelo menos, a ser tentado. menor de 14 anos de 60 anos, crime
Se ocorrer a
Nos casos de participação de MENOR IMPORTÂNCIA, a pena ou maior de 60 praticado por
inobservância
pode ser DIMINUÍDA de 1/6 a um 1/3. anos ou pessoa milícia privada,
de regra técnica
NÃO se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter portadora de sob o pretexto
profissional, deixar
pessoal, salvo quando elementares do crime. deficiência/doença de prestação
de prestar socorro
Se algum dos concorrentes quis participar de crime MENOS degenerativa, de serviço
e etc.
GRAVE, será aplicada a pena deste, mas se era previsível o resultado na presença de de segurança
mais grave, a sua a pena será AUMENTADA até ½. ascendente ou ou grupo de
descendente e extermínio.
descumprindo
CRIMES CONTRA A PESSOA. medida protetiva.

O homicídio contra autoridade da Segurança Pública, no


Os crimes contra a pessoa protegem os bens jurídicos, sendo exercício da função ou em decorrência dela ou contra seu cônjuge,
eles a vida e integridade física da pessoa, podem ser encontrados companheiro ou parente até 3º grau qualifica o homicídio.
no artigo 121 ao 154 do Código Penal. A jurisprudência é vasta Recentemente, o STJ entendeu que o simples fato do condutor
sobre tais tipos penais e muitas vezes repleta de polêmicas, como do automóvel estar embriagado não gera a presunção de que tenha
no caso do aborto, por exemplo. acontecido dolo eventual, no caso de acidente de trânsito com o
resultado morte. O STF, no mesmo sentido, considerou que não
Homicídio havia homicídio doloso na conduta de um homem que entregou
O homicídio simples consiste em matar alguém. o seu carro a uma mulher embriagada para que esta dirigisse o
O homicídio privilegiado recebe diminuição de pena de 1/6 a 1/3, veículo, mesmo tendo acontecido algum acidente por causa da
desde que o motivo seja de relevante valor moral ou social, sob domínio embriaguez e resultando a morte da mulher condutora.
de violenta emoção ou logo após injusta provocação da vítima. Por outro lado, já foi reconhecido o dolo eventual por estar
O homicídio é qualificado e recebe pena-base maior, nos casos dirigindo na contramão embriagado, uma vez que, o condutor
de pagamentos, promessa de recompensa ou outro motivo torpe assumiu o risco de causar lesões/morte de outrem. Inclusive, a
(ex: matar por dinheiro); Emprego de veneno, fogo, explosivo, tentativa é compatível com o dolo eventual.
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (ex: queimar a Quanto a qualificadora do motivo fútil, o STJ não a enquadra
pessoa viva), que possa resultar perigo comum (ex. incendiar um nos casos de racha. Todavia, aplica-se a qualificadora do meio cruel
prédio para matar seu desafeto); Traição, emboscada, dissimulação no caso de reiteração de golpes na vítima. Ademais, a qualificadora
ou outro recurso que dificulte a defesa do ofendido (ex. matá-lo em do motivo fútil é compatível com o homicídio praticado com dolo
rua sem saída), para assegurar a execução, ocultação, impunidade eventual. Mas a qualificadora da traição/emboscada/dissimulação
ou vantagem de outro crime (ex. matar a testemunha de um crime). não é compatível com dolo eventual, pois exige-se um planejamento
do crime que o dolo eventual não proporciona.
O feminicídio é uma espécie de homicídio qualificado, no qual o A qualificadora do feminicídio é compatível com o motivo torpe,
agente mata a mulher por razões da condição de sexo feminino, isto pois está solidificado nos tribunais superiores o entendimento
é, no contexto de violência doméstica ou familiar ou menosprezo e que o feminicídio é uma qualificadora objetiva que combina com
discriminação à condição de mulher. as qualificadoras subjetivas (motivo do crime), bem como com o
homicídio privilegiado.
Por fim, lembre-se que a jurisprudência considera que algumas
situações merecem a extinção da punibilidade pelo perdão judicial,
quando o homicídio é culposo e o agente já sofreu suficientemente
as consequências do crime. Exemplo: pai atropela o filho.
Ainda sobre o homicídio culposo, a causa de aumento não é
afastada se o agente deixa de prestar socorro em caso de morte
instantânea da vítima, salvo se o óbito realmente for evidente.

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
VIII - (VETADO):
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de
serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas
que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7
de agosto de 2006.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação


Este crime sofreu alteração com o Pacote Anticrime, em razão do episódio da “Baleia Azul”, jogo desenvolvido entre jovens, no qual
incitava-se a automutilação e o suicídio.

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Antes do Pacote Anticrime Após o Pacote Anticrime


Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968,
Art. 122 - Induzir ou instigar de 2019)
alguém a suicidar-se ou prestar- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
-lhe auxílio para que o faça: § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968,
Pena - reclusão, de dois a de 2019)
seis anos, se o suicídio se con- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
suma; ou reclusão, de um a três § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
anos, se da tentativa de suicídio I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de
resulta lesão corporal de natu- 2019)
reza grave. II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
Parágrafo único - A pena é resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
duplicada: § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores,
Aumento de pena de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - se o crime é praticado § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
por motivo egoístico; virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e
tem diminuída, por qualquer é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
causa, a capacidade de resis- mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
tência. causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do
art. 121 deste Código.

O crime consiste em incentivar a ideia do suicídio e automutilação, bem como prestar auxílio material (ex: emprestar a faca). As penas
são diferentes, a depender do resultado do crime.
– Lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: Reclusão de 1 a 3 anos;
– Resultado morte: Reclusão de 2 a 6 anos.

Ademais, as penas são duplicadas se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil (motivo banal), bem como se a vítima é
menor ou tem pena diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. No mesmo sentido, a pena é aumentada até o dobro se a
conduta é realizada por meio da internet (ex. jogo baleia azul). Ademais, aumenta-se a pena se o agente é o líder (quem manda).
Se o resultado é lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime de Lesão Corporal qualificada como gravíssima.

Se o resultado é a morte e o crime é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio.

1 – Infanticídio
Consiste em matar o filho sob influência dos hormônios (estado puerperal), durante o parto ou logo após.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2 – Aborto
O Código Penal divide o aborto em:

Aborto provocado pela


Aborto no caso de gravidez
gestante ou com o seu Aborto provocado por terceiro Aborto necessário
resultante de estupro
consentimento
No aborto provocado por
terceiro, pode existir ou não
o consentimento da gestante.
No primeiro caso perceba que
cada um vai responder por um
crime, a gestante por consentir,
o terceiro por abortar. Não se pune o aborto
Consiste em provocar o aborto É considerado aborto sem o praticado por médico se a
Não se pune o aborto praticado
em si mesma, ex. mediante consentimento da gestante gravidez resulta de estupro
por médico caso não haja
chás. Ou, consentir que se ela é menor de 14 anos, e o aborto é precedido de
outro meio se salvar a vida da
alguém o provoque, ex. ir em sofre de problemas mentais, consentimento da gestante
gestante.
uma clínica abortiva. se o consentimento é obtido ou seu representante legal, no
mediante fraude/grave ameaça/ caso de incapacidade.
violência.
Tanto no aborto com ou sem
o consentimento da gestante
existe causa de aumento de
pena se ela morre ou sofre lesão
corporal grave.

A grande polêmica do aborto circunda na questão da interrupção da gravidez no primeiro trimestre. O STF já decidiu que não há crime
se existe o consentimento da gestante ou trata-se de autoaborto. A Suprema Corte fundamentou que a criminalização, nessa hipótese,
viola os direitos fundamentais da mulher e o princípio da proporcionalidade.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se
o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.

3 – Lesão Corporal
Consiste em ofender a integridade corporal ou saúde de outrem. A pena é aumentada em caso de violência doméstica, como forma
de prestígio à Lei Maria da Penha. Ademais, qualifica o crime a depender do resultado das lesões:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Qualificadora de natureza Qualificadora de natureza Pena - reclusão, de um a cinco anos.


grave gravíssima § 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Incapacidade para as II - enfermidade incurável;
Incapacidade permanente para
ocupações habituais por mais III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
o trabalho, ex. não consegue
de 30 dias, ex. passar roupa. IV - deformidade permanente;
mais trabalhar.
Perigo de vida, ex. correu risco V - aborto:
Enfermidade incurável, ex.
na cirurgia. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
adquire deficiência mental.
Debilidade permanente de
Deformidade permanente, ex.
membro, sentido ou função, Lesão corporal seguida de morte
rosto queimado.
ex. não consegue escrever § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
Aborto.
como antes. agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Perda de membro, sentido ou
Aceleração do parto, ex. nasce Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
função, ex. fica cego.
prematuro.
Diminuição de pena
No caso de lesão corporal seguida de morte, a morte é culposa § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
e a lesão corporal dolosa. A morte qualifica a lesão corporal. relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
A lesão corporal é privilegiada se o agente comete o crime emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
impelido por motivo de relevante valor moral ou social (ex. espanca pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
o estuprador de sua filha); sob o domínio de violenta emoção logo
após injusta provocação da vítima (ex. espanca o amante da esposa Substituição da pena
ao pegá-los no flagra). Resultado: O juiz pode diminuir a pena, ou, § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
não sendo grave a lesão, o juiz pode substituir a pena de detenção pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
por multa. No mesmo sentido, se a lesão não é grave e as lesões de réis:
são recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa. I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
São causas de aumento: II - se as lesões são recíprocas.
– Na lesão corporal culposa – inobservância de regra técnica
profissional, deixar de prestar socorro. Lesão corporal culposa
– Na lesão corporal dolosa – vítima menor de 14 anos ou maior § 6° Se a lesão é culposa:
de 60 anos, praticado por milícia privada ou grupo de extermínio. Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Causar lesão contra autoridade de segurança pública, no Aumento de pena


exercício de função ou em decorrência dela, bem como contra § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer
parente até 3º grau dessas pessoas enseja causa de aumento. das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
Bem como no homicídio culposo, a lesão corporal culposa § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
possibilita a aplicação do perdão judicial e a isenção da pena. Ex:
machucou o filho sem querer. Violência Doméstica
A lesão corporal praticada contra o cônjuge, ascendente, § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
descendente e irmão, com quem conviva ou tenha convivido, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
ou, prevalecendo-se das relações domésticas enseja aumento na convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
pena do crime qualificado por lesão grave ou gravíssima. Ademais, domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
aumenta a pena o crime de lesão corporal em âmbito doméstico se Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
a vítima é portadora de deficiência. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
A jurisprudência caminha no sentido que a qualificadora circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a
da deformidade permanente não é afastada em razão de pena em 1/3 (um terço).
posterior cirurgia plástica reparadora. Ademais, perda de dois § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
dentes configura lesão grave, uma vez que, ocasiona debilidade de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
permanente (dificuldade para mastigar). deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
Lesão corporal descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
Pena - detenção, de três meses a um ano. exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
Lesão corporal de natureza grave dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

4 – Periclitação da vida e da saúde § 2º - Se resulta a morte:


– Perigo de contágio venéreo: Consiste em expor outrem por Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
meio de relações sexuais a contágio de moléstia venérea, quando
sabe ou deve saber que está contaminado. Ex. João sabe que tem Aumento de pena
AIDS, mas insiste em ter relações sexuais com a sua esposa de § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
maneira desprotegida. terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
Se a intenção do agente é transmitir a moléstia venérea o crime II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
qualifica-se, isto é, possui uma pena mais severa. tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
Perigo de contágio venéreo – Exposição de abandono de recém nascido: consiste em ex-
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qual- por/abandonar o recém nascido para ocultar desonra própria. Ex.
quer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou tenho um filho fora do casamento e o abandono para o meu esposo
deve saber que está contaminado: não saber. Eventual lesão corporal ou morte do recém-nascido qua-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. lificam o crime.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Exposição ou abandono de recém-nascido
§ 2º - Somente se procede mediante representação. Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar de-
sonra própria:
– Perigo de contágio de moléstia grave: consiste em praticar Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
ato capaz de produzir contágio, tendo o dolo se transmitir a outrem § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
a moléstia (doença) de que está contaminado. Ex. sabendo que es- Pena - detenção, de um a três anos.
tou com coronavírus espirro na face do meu desafeto. § 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia – Omissão de socorro: crime omissivo, no sentido de deixar de
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: prestar assistência quando possível fazê-lo a criança abandonado,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, em grave ou iminente pe-
rigo. Se não for possível o socorro direto, o agente deve, pelo me-
– Perigo para a vida ou saúde de outrem: consiste em expor nos, pedir socorro à autoridade pública, para não cometer o crime
a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente. A pena é de omissão de socorro. A lesão corporal grave e a morte aumentam
aumentada se o perigo ocorre em transporte de pessoas. Ex. trans- a pena.
portar crianças de uma creche sem que o automóvel respeite as
normas de segurança. Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
Perigo para a vida ou saúde de outrem inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
iminente: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não consti- Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis-
tui crime mais grave. são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço a morte.
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabeleci- – Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer-
mentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais gencial: exigir garantia, bem como preenchimento de formulários
administrativos, como condição para o atendimento médico hospi-
– Abandono de incapaz: Abandonar a pessoa que está sob o talar emergencial.
seu cuidado/guarda/vigilância/autoridade incapaz de se defender
dos riscos do abandono. Ex. deixo meu sobrinho menor de idade Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
em uma viela perigosa. Eventual lesão corporal ou morte qualificam qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
o crime. Aumenta a pena se o abandono ocorrer em local ermo, formulários administrativos, como condição para o atendimento
entre parentes próximos/tutor/curador, se a vítima é maior de 60 médico-hospitalar emergencial:
anos. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da
Abandono de incapaz negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave,
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, e até o triplo se resulta a morte.
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen-
der-se dos riscos resultantes do abandono: – Maus tratos: Expor a perigo de vida/saúde uma pessoa que
Pena - detenção, de seis meses a três anos. está sob sua autoridade/guarda/vigilância, tendo como finalidade
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: educação, ensino, tratamento, custódia, privando-a de alimentação
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou cuidados indispensáveis, sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, abusando dos meios de correção e disciplina. Ex. pai espanca
o filho com a intenção de educá-lo. Caso ocorra lesão corporal grave ou morte da vítima a pena é aumentada, bem como se ela possui
menos de 14 anos de idade.

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, trata-
mento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

5 – Rixa
Consiste em participar da rixa, salvo se a intenção do agente é separar a briga. Qualifica o crime eventual lesão corporal grave ou
morte.

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:


Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção,
de seis meses a dois anos.

6 – Crimes contra a honra

Calúnia Difamação Injúria


Atribuir a outrem um fato criminoso que o sabe falso. Ex. É o famoso xingar
Atribuir a outrem um fato desabonador. Ex. Eu digo
Eu digo que João subtraiu o relógio de Joana enquanto ela outrem. Ex.
que Joana é uma ladra.
dormia, mesmo sabendo que isso não é verdade. palavrões.
Art. 140 -
Injuriar alguém,
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
ofendendo-lhe a
definido como crime: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
dignidade ou o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. ofensivo à sua reputação:
decoro:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a Pena - multa e detenção de três meses a um ano.
Pena - detenção de
imputação, a propala ou divulga.
um a seis meses
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
ou multa.

Não cabe exceção


Para se livrar do crime de calúnia o agente pode provar
da verdade. Mas o
que realmente está certo no fato criminal que contou. Esse
juiz pode deixar de
é o instituto da exceção da verdade, mas que não pode ser
Exceção da verdade aplicar a pena se o
usado em alguns casos:
Parágrafo único - A exceção da verdade somente ofendido provocou
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada,
se admite se o ofendido é funcionário público e a a injúria ou no
o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
ofensa é relativa ao exercício de suas funções. caso de retorsão
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas
Motivo: é do interesse da Administração Pública imediata que
no nº I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou
saber sobre a conduta dos seus funcionários. consista em outra
contra chefe de governo estrangeiro);
injúria (um injuria
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
o outro).
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

A injúria possui duas qualificadoras:


1 – Se há violência/vias de fato;
2 – Injúria racial.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Em qualquer dos 3 crimes, a pena aumenta quando o crime Constrangimento ilegal


é praticado contra o Presidente da República, contra chefe de Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
governo estrangeiro e contra funcionário público, em razão de ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
suas funções. Pode aumentar quando houver a presença de mais a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
pessoas, ou na divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria, fazer o que ela não manda:
contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
no caso de injúria (neste caso qualifica). Se o crime é cometido
mediante pagamento ou promessa de recompensa, aplica-se a Aumento de pena
pena em dobro. § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
Existe a exclusão do crime de injúria ou difamação se: quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas,
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou há emprego de armas.
ou por seu procurador (ex. discussões nas sessões de julgamento); § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corresponden-
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou tes à violência.
científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
(ex. crítica de um especialista no assunto); I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever perigo de vida;
do ofício (ex. avaliação de funcionário). II - a coação exercida para impedir suicídio.
Todavia, nos casos dos nº I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade. – Ameaça: Ameaçar alguém de lhe causar mal injusto e grave.
Por fim, cabe retratação, isto é, o agente antes da sentença se Ex. vou te matar.
retrata cabalmente da calúnia ou difamação. A consequência é que Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
ficará isento de pena. Outra opção para evitar a responsabilização qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
criminal é se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as ção.
dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Quanto ao entendimento dos tribunais, algumas decisões – Sequestro e cárcere privado: Consiste em privar alguém da
merecem destaque: sua liberdade. Qualifica o crime se a vítima ter 60 anos ou mais e
– Em uma única carta pode estar configurado o crime de for menor de 18 anos, o modus operandi é a internação da vítima,
calúnia, difamação e injúria. se dura mais de 15 dias, se há fins libidinosos, resultante de grave
– Configura difamação edição e publicação de vídeo que faz sofrimento físico ou moral.
parecer que a vítima está falando mal de negros e pobres. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
– A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra ou cárcere privado:
autor de postagem que sugere relação extraconjugal do marido Pena - reclusão, de um a três anos.
com outro homem. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
– Deputado que em entrevista afirma que determinada I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
deputada não merece ser estuprada pratica, em tese, crime de nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
injúria. II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
– Não deve ser punido deputado federal que profere palavras casa de saúde ou hospital;
injuriosas contra adversário político que também o ofendeu III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
imediatamente antes. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
– O advogado não comete calúnia se não ficar provada a sua V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
intenção de ofender a honra, ainda que contra magistrado. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
7 – Crimes contra a liberdade pessoal Pena - reclusão, de dois a oito anos.
– Constrangimento ilegal: Consiste em constranger alguém
mediante violência ou grave ameaça, ou depois de reduzir a sua – Redução à condição análoga a de escravo: consiste em sub-
capacidade de resistência, para não fazer o que a lei permite ou meter alguém a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, condições
a fazer o que ela não mandar. Além da pena do constrangimento, degradantes de trabalho, restringindo a sua locomoção em razão de
é aplicada a pena da violência. Exceções: intervenção médica ou dívida contraída. Responde pela mesma pena quem cerceia o meio
cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou seu representante de transporte para reter a vítima no local de trabalho, mantém vi-
legal, se justificada por iminente perigo de vida, e no caso de gilância ou se apodera de documentos da vítima com o fim retê-la.
impedimento de suicídio. Aumento de pena: reunião de mais de 3 Aumenta a pena se existe motivo de preconceito ou se é contra
pessoas ou emprego de arma. criança/adolescente.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Não é requisito para a configuração do crime a restrição da liberdade de locomoção dos trabalhadores.

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer su-
jeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

– Tráfico de Pessoas: Consiste em agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher, mediante violência,
grave ameaça, coação, fraude ou abuso uma pessoa tendo a finalidade de remover partes do corpo, submetê-la a trabalho em condições
análogas a de escravo, submetê-la a servidão, adoção ilegal ou exploração sexual.
Aumenta a pena se o crime é cometido por funcionário público, contra criança, adolescente, idoso ou deficiente. Pode aumentar caso
haja retirada do território nacional e se prevalece da relação que tem com a vítima. A pena é diminuída caso o agente seja primário e não
integre organização criminosa.

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência,
coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de
autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa.

8 – Crimes contra a inviolabilidade do domicílio - Violação de domicílio


Entrar ou permanecer em casa alheia, de maneira clandestina/astuciosa, contra a vontade de quem de direito (ex. proprietário). Qua-
lifica quando o crime é cometido no período da noite, lugar ermo, mediante violência ou arma, 2 ou mais pessoas. Aumenta se o agente é
funcionário público. Não configura o crime se é caso de prisão em flagrante ou efetuar prisão/diligências durante o dia.

É casa Não é casa


I - qualquer compartimento habitado;
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coleti-
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
va, enquanto aberta;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exer-
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
ce profissão ou atividade.

Em recente decisão, o STJ entendeu que configura o crime de violação de domicílio o ingresso e permanência, sem autorização, em
gabinete de delegado de polícia, embora faça parte de um prédio/repartição pública.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

9 – Crimes contra a inviolabilidade de correspondências

Violação de corres- Sonegação ou destrui- Violação de comunicação telegrá-


Correspondência comercial
pondência ção de correspondência fica, radioelétrica ou telefônica
Quem indevidamente divulga,
transmite a outrem ou utiliza abusi-
vamente comunicação telegráfica ou Abusar da condição de sócio
Se apossa indevida- radioelétrica dirigida a terceiro, ou ou empregado de estabelecimen-
Devassar indevida-
mente de correspondência conversação telefônica entre outras to comercial ou industrial para, no
mente o conteúdo de
alheia, embora não fecha- pessoas; todo ou em parte, desviar, sone-
correspondência fechada,
da e, no todo ou em parte, Quem impede a comunicação ou gar, subtrair ou suprimir corres-
dirigida a outrem.
a sonega ou destrói. a conversação referidas no número pondência, ou revelar a estranho
anterior; seu conteúdo.
Quem instala ou utiliza estação ou
aparelho radioelétrico.

As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal,
telegráfico, radioelétrico ou telefônico o crime qualifica-se.

10 – Crimes contra a inviolabilidade dos segredos

Divulgação de segredo Violação do segredo profissional


Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatá-
Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência
rio ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem.
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revela-
Qualifica divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou
ção possa produzir dano a outrem.
reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública.

Por fim, configura o crime de invasão de dispositivo informático o indivíduo que invade o dispositivo informático alheio, conectado ou
não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados
ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Ex.
Hacker.
Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de
permitir a prática da conduta. Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. Qualifica o crime se da
invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas,
assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido. Nesse último caso, aumenta-se a pena de um a dois
terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidas.

Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: Presidente da República, governadores e prefeitos; Pre-
sidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.

– Furto: consiste na subtração de bem alheio, sem violência nem grave ameaça.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Causa de aumento Qualificadoras § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
A pena é de reclusão de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
dois a oito anos, e multa, se o para terceiro.
crime é cometido:
I - com destruição ou rom-
pimento de obstáculo à subtra- Causa de aumento Qualificadora
ção da coisa; § 2º A pena aumenta-se
II - com abuso de confiança, de 1/3 (um terço) até metade:
ou mediante fraude, escalada II - se há o concurso de
ou destreza; duas ou mais pessoas;
III - com emprego de chave III - se a vítima está em
falsa; serviço de transporte de va-
IV - mediante concurso de lores e o agente conhece tal
duas ou mais pessoas. circunstância.
A pena é de reclusão de 4 IV - se a subtração for de
(quatro) a 10 (dez) anos e mul- veículo automotor que venha
§ 2º-B. Se a violência ou
ta, se houver emprego de explo- a ser transportado para outro
A pena aumenta-se de um grave ameaça é exercida com
sivo ou de artefato análogo que Estado ou para o exterior;
terço, se o crime é praticado emprego de arma de fogo de
cause perigo comum. V - se o agente mantém a
durante o repouso noturno. uso restrito ou proibido, apli-
A pena é de reclusão de vítima em seu poder, restrin-
Ex. enquanto os moradores ca-se em dobro a pena previs-
três a oito anos, se a subtração gindo sua liberdade.
da casa estavam dormindo o ta no caput deste artigo.
for de veículo automotor que VI – se a subtração for de
agente furta o lar. § 3º Se da violência re-
venha a ser transportado para substâncias explosivas ou de
sulta:
outro Estado ou para o exterior. acessórios que, conjunta ou
I – lesão corporal grave, a
A pena é de reclusão de 2 isoladamente, possibilitem
pena é de reclusão de 7 (sete)
(dois) a 5 (cinco) anos se a sub- sua fabricação, montagem ou
a 18 (dezoito) anos, e multa;
tração for de semovente do- emprego.
II – morte, a pena é de
mesticável de produção, ainda VII - se a violência ou
reclusão de 20 (vinte) a 30
que abatido ou dividido em grave ameaça é exercida com
(trinta) anos, e multa.
partes no local da subtração. emprego de arma branca;
A pena é de reclusão de § 2º-A A pena aumenta-se
4 (quatro) a 10 (dez) anos e de 2/3 (dois terços):
multa, se a subtração for de I – se a violência ou amea-
substâncias explosivas ou de ça é exercida com emprego de
acessórios que, conjunta ou arma de fogo;
isoladamente, possibilitem sua II – se há destruição ou
fabricação, montagem ou em- rompimento de obstáculo me-
prego. diante o emprego de explosivo
ou de artefato análogo que
Furto privilegiado: Se o criminoso é primário e é de pequeno cause perigo comum.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente – Extorsão e Extorsão mediante sequestro: os dois tipos penais
a pena de multa. Obs: outros crimes patrimoniais sem violência/ não se confundem. Na extorsão, constrange-se alguém, de forma
grave ameaça, também, recebem o benefício. violenta ou com grave ameaça, para obter vantagem econômica.
Na extorsão, mediante sequestro, sequestra-se a pessoa para obter
Furto de Coisa Comum qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo
valor não excede a quota a que tem direito o agente.

Roubo: é a subtração de bens alheios de forma violenta, com


grave ameaça ou reduzindo a possibilidade de resistência da vítima.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Extorsão Extorsão mediante sequestro Extorsão indireta


Art. 158 - Constranger alguém, me- Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim
diante violência ou grave ameaça, e com de obter, para si ou para outrem, qualquer
o intuito de obter para si ou para outrem vantagem, como condição ou preço do res-
indevida vantagem econômica, a fazer, gate:
tolerar que se faça ou deixar de fazer algu- Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
ma coisa: § 1o Se o sequestro dura mais de 24
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é
e multa. menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (ses-
§ 1º - Se o crime é cometido por duas senta) anos, ou se o crime é cometido por Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia
ou mais pessoas, ou com emprego de bando ou quadrilha. de dívida, abusando da situação de
arma, aumenta-se a pena de um terço até Pena - reclusão, de doze a vinte anos. alguém, documento que pode dar causa a
metade. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal procedimento criminal contra a vítima ou
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada de natureza grave: contra terceiro:
mediante violência o disposto no § 3º do Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e Pena - reclusão, de um a três anos, e
artigo anterior. quatro anos. multa.
§ 3o Se o crime é cometido mediante § 3º - Se resulta a morte:
a restrição da liberdade da vítima, e essa Pena - reclusão, de vinte e quatro a
condição é necessária para a obtenção da trinta anos.
vantagem econômica, a pena é de reclu- § 4º - Se o crime é cometido em con-
são, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da curso, o concorrente que o denunciar à
multa; se resulta lesão corporal grave ou autoridade, facilitando a libertação do se-
morte, aplicam-se as penas previstas no questrado, terá sua pena reduzida de um a
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. dois terços.

– Usurpação: Dentro do capítulo usurpação estão inseridos os seguintes crimes:


– Alteração de limites: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se,
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.
– Usurpação de águas: desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.
– Esbulho possessório: invadir, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Obs. Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede
mediante queixa.
– Supressão ou alteração de marca em animais: Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal
indicativo de propriedade.
– Dano: no crime de dano, os verbos núcleos do tipo são 3 - Destruir, inutilizar ou deteriorar (coisa alheia). Ademais, em 4 situações
o crime é qualificado:
– Com violência à pessoa ou grave ameaça;
– Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
– Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos;
– Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (somente se procede mediante queixa).

No mesmo capítulo, o Código Penal traz mais algumas figuras típicas:


– Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (somente se procede mediante queixa).
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico


Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou
histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Alteração de local especialmente protegido


Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Apropriação indébita: o agente apropria-se de coisa alheia, Apropriação


valendo-se da posse ou detenção que tem dela. Ex. o motoboy de coisa havida
que ia levar a sua pizza por delivery, aproveita para apropriar-se Apropriação de Apropriação de
por erro, caso
dela. A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu tesouro coisa achada
fortuito ou força
a coisa: em depósito necessário; na qualidade de tutor, curador, da natureza
síndico (atual administrador judicial), liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial; em razão de ofício, emprego II - quem acha
ou profissão. coisa alheia
perdida e dela se
– Atenção: O STF, já decidiu que ressarcimento em acordo Art. 169 - apropria, total
homologado no juízo cível é fundamento válido para trancar a ação Apropriar-se I - quem acha tesouro ou parcialmente,
penal. alguém de coisa em prédio alheio e se deixando de
alheia vinda ao apropria, no todo ou restituí-la ao
Obs: a apropriação indébita previdenciária (forma qualificada) seu poder por em parte, da quota dono ou legítimo
caracteriza-se por deixar de repassar à previdência social as erro, caso fortuito a que tem direito o possuidor ou
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou força da proprietário do prédio. de entregá-la
ou convencional, independente de dolo específico. natureza. à autoridade
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: competente,
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância dentro no prazo
destinada à previdência social que tenha sido descontada de de quinze dias.
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público; – Estelionato e outras fraudes: o estelionato caracteriza-se por
II – recolher contribuições devidas à previdência social que obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,
de produtos ou à prestação de serviços; ou qualquer outro meio fraudulento.
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas Após o Pacote Anticrime a ação passou a ser pública
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela condicionada à representação, salvo: se a vítima for a Administração
previdência social. Pública, criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental,
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, maior de 70 anos de idade ou incapaz.
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, O Código Penal determina que deve incorrer na mesma pena
importâncias ou valores e presta as informações devidas à do estelionato quem comete:
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes – Disposição de coisa alheia como própria;
do início da ação fiscal. – Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria;
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar – Defraudação do penhor;
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, – Fraude na entrega de coisa;
desde que: – Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro;
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes – Fraude no pagamento por meio de cheque.
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios; ou Estelionato contra idoso
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, idoso.
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a
suas execuções fiscais. vítima for:
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos I - a Administração Pública, direta ou indireta;
casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos II - criança ou adolescente;
acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, III - pessoa com deficiência mental; ou
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

O Código Penal, inclusive, se preocupa em tipificar algumas


outras fraudes, menos incidentes em prova:

Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de
Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Abuso de incapazes V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,


Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessi- aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
dade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de- VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de-
bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou
ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de dividendos fictícios;
terceiro: VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa-
recer;
Induzimento à especulação VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiên- IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori-
cia ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzin- zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I
do-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou e II, ou dá falsa informação ao Governo.
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
Fraude no comércio
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adqui- Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant”
rente ou consumidor: Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em de-
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi- sacordo com disposição legal:
cada ou deteriorada; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Fraude à execução
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por ou danificando bens, ou simulando dívidas:
falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Alguns pontos merecem atenção:
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. – Adulterar o sistema de medição de energia elétrica para pagar
menos que o devido é estelionato (e não furto mediante fraude);
Outras fraudes – Uso de processo judicial para obter lucro é figura atípica;
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel – É justificável a exasperação da pena-base em caso de confian-
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para ça da vítima no autor do crime de estelionato;
efetuar o pagamento: – O delito de estelionato não é absorvido pelo roubo de talão
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. de cheque.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação,
e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Receptação: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
por ações oculte. Perceba que no crime de receptação, o agente tem contato
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen- com um bem obtido por meio de crime anterior, ex. objeto furtado.
do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia,
afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo: Receptação Qualificada
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
constitui crime contra a economia popular. depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer-
contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, produto de crime:
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao pú- Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
blico ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco- § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágra-
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em fo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
parte, fato a elas relativo; inclusive o exercício em residência.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; penas.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isen-
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; to de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o – Registro não autorizado da intimidade sexual: Produzir,
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, privado sem autorização dos participantes.
do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pú-
blica, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa Merece atenção os crimes sexuais praticados contra os
concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena pre- vulneráveis:
vista no caput deste artigo. Ex. receptação de bens do correio.
Estupro de vulnerável
Receptação de Animal Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, com menor de 14 (catorze) anos:
ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: nocaputcom alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Nos crimes patrimoniais existem causas de isenção de pena, § 2o(VETADO)
e causas que a ação deixa de ser pública incondicionada, para ser § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
tratada como ação penal pública condicionada à representação: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes § 4o Se da conduta resulta morte:
previstos neste título, em prejuízo: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; § 5º As penas previstas nocapute nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do
ou ilegítimo, seja civil ou natural. fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: Corrupção de menores
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; a lascívia de outrem:
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; adolescente
II - ao estranho que participa do crime. Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro
superior a 60 (sessenta) anos. ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de


exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
Todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou
Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, a denúncia é feita pelo que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
Ministério Público, independente do interesse da vítima. discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
– Estupro: Constranger alguém mediante violência ou grave que a abandone:
ameaça, ter conjunção carnal ou praticar e permitir que se pratique Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
outro ato libidinoso. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
– Violação sexual mediante fraude: Ter conjunção carnal ou econômica, aplica-se também multa.
praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro § 2o Incorre nas mesmas penas:
meio que impeça e dificulte a livre manifestação de vontade da I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
vítima. alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na
– Importunação sexual: Praticar contra alguém, sem a sua situação descrita nocaputdeste artigo;
anuência, ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que
lascívia ou a de terceiro. se verifiquem as práticas referidas nocaputdeste artigo.
– Assédio sexual: Constranger alguém com o intuito de obter § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da da condenação a cassação da licença de localização e de
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao funcionamento do estabelecimento.
exercício de emprego, cargo ou função.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de – Beijo roubado em contexto de violência física pode configurar
vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia estupro.
Art. 218-C.Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou
expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio Por fim, há um capítulo de ultraje público, que engloba 2
- inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de infor- crimes:
mática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovi-
sual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou Escrito ou objeto obsceno
que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento Art. 234 - Fazer, importar,
da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: exportar, adquirir ou ter sob sua
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não cons- guarda, para fim de comércio,
titui crime mais grave. de distribuição ou de exposição
pública, escrito, desenho,
Aumento de pena pintura, estampa ou qualquer
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) objeto obsceno:
se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido Pena - detenção, de seis meses a
relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou dois anos, ou multa.
humilhação. Ato obsceno
Parágrafo único - Incorre na
Art. 233 - Praticar ato
mesma pena quem:
Exclusão de ilicitude obsceno em lugar público,
I - vende, distribui ou expõe à
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas des- ou aberto ou exposto ao
venda ou ao público qualquer
critas nocaputdeste artigo em publicação de natureza jornalística, público:
dos objetos referidos neste
científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que im- Pena - detenção, de três
artigo;
possibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autoriza- meses a um ano, ou multa.
II - realiza, em lugar público
ção, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. ou acessível ao público,
representação teatral, ou
Quanto as causas de aumento de pena é importante conhecer exibição cinematográfica de
a literalidade da letra da lei: caráter obsceno, ou qualquer
Art. 226. A pena é aumentada: outro espetáculo, que tenha o
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 mesmo caráter;
(duas) ou mais pessoas; III - realiza, em lugar público ou
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madras- acessível ao público, ou pelo
ta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou rádio, audição ou recitação de
empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade caráter obsceno.
sobre ela;
III -(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
A pena é aumentada:
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
– De metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez;
– De 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite
Estupro coletivo
à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.
Estupro corretivo
É importante saber que, O STJ, em recente julgado, considerou
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
que o crime de estupro de vulnerável NÃO pressupõe o sexo vaginal,
O Lenocínio, o tráfico de pessoas para fim de prostituição e
anal ou oral para a sua configuração. Ademais, “O crime de estupro
outras formas de exploração sexual englobam os seguintes crimes:
de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de
– Mediação para servir a lascívia de outrem;
ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo IRRELEVANTE eventual
– Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência
sexual;
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o
– Casa de prostituição;
agente” (Súmula 593, STJ).
– Rufianismo;
– Promoção de migração ilegal.

É importante conhecer o que vem entendendo a jurisprudência:


– Passar as mãos no corpo da vítima configura estupro de
vulnerável consumado;
– Beijar criança na boca configura estupro de vulnerável (beijo
lascivo);
– Contemplar lascivamente menor de 14 anos nua configura
estupro de vulnerável;
– Cabe absolvição do crime de estupro de vulnerável se provado
o desconhecimento da idade da vítima (erro de tipo);
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 290 - Formar cédula,


CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. nota ou bilhete representativo de
moeda com fragmentos de cédu-
las, notas ou bilhetes verdadeiros;
Os crimes contra a fé pública atingem a confiança que as suprimir, em nota, cédula ou
pessoas depositam no país. Ex. moeda falsa. bilhete recolhidos, para o fim de
restituí-los à circulação, sinal indi-
Art. 289 - Falsificar, fabrican- cativo de sua inutilização; restituir
do-a ou alterando-a, moeda metá- à circulação cédula, nota ou bilhete
lica ou papel-moeda de curso legal Crimes assimilados ao de em tais condições, ou já recolhidos
no país ou no estrangeiro: moeda falsa para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de três a doze Pena - reclusão, de dois a oito
anos, e multa. anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas in- Parágrafo único - O máximo da
corre quem, por conta própria ou reclusão é elevado a doze anos e
alheia, importa ou exporta, adqui- multa, se o crime é cometido por
re, vende, troca, cede, empresta, funcionário que trabalha na repar-
guarda ou introduz na circulação tição onde o dinheiro se achava
moeda falsa. recolhido, ou nela tem fácil ingres-
Moeda Falsa § 2º - Quem, tendo recebido so, em razão do cargo.
de boa-fé, como verdadeira, moe- Petrechos para falsificação
Atenção: inaplicável da falsa ou alterada, a restitui à de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir,
arrependimento circulação, depois de conhecer a fornecer, a título oneroso ou gra-
posterior, em razão da falsidade, é punido com detenção, Atenção: basta que o tuito, possuir ou guardar maqui-
impossibilidade material de seis meses a dois anos, e multa. agente detenha a posse nismo, aparelho, instrumento ou
de ocorrer a reparação § 3º - É punido com reclusão, dos petrechos destinados qualquer objeto especialmente
do dano (a vítima é a de três a quinze anos, e multa, o à falsificação da moeda, destinado à falsificação de moeda:
coletividade). funcionário público ou diretor, ge- sendo dispensável que o Pena - reclusão, de dois a seis
rente, ou fiscal de banco de emis- maquinário seja de uso anos, e multa.
são que fabrica, emite ou autoriza exclusivo para esse fim.
a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou Art. 292 - Emitir, sem permis-
peso inferior ao determinado em são legal, nota, bilhete, ficha, vale
lei; ou título que contenha promessa
II - de papel-moeda em quanti- de pagamento em dinheiro ao
dade superior à autorizada. portador ou a que falte indicação
§ 4º - Nas mesmas penas in- do nome da pessoa a quem deva
corre quem desvia e faz circular Emissão de título ao ser pago:
moeda, cuja circulação não estava portador sem permissão Pena - detenção, de um a seis
ainda autorizada. legal meses, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe
ou utiliza como dinheiro qualquer
dos documentos referidos neste
artigo incorre na pena de deten-
ção, de quinze dias a três meses,
ou multa.

No capítulo sobre a falsidade de títulos e outros papeis


públicos há o crime de falsificação de papeis públicos e o crime de
petrechos de falsificação. Já no capítulo de falsidade documental,
há os seguintes crimes:
– Falsificação do selo ou sinal público;
– Falsificação de documento público;
– Falsificação de documento particular;
– Falsificação de cartão;
– Falsidade ideológica;
– Falso reconhecimento de firma ou letra;
– Certidão ou atestado ideologicamente falso;
– Falsidade material de atestado ou certidão;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Falsidade de atestado médico; Crimes Funcionais


– Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica; Dividem-se em:
– Uso de documento falso;
– Supressão de documento. → Crime Funcional Próprio: para a caracterização do crime é
indispensável que o mesmo seja realizado por funcionário público
É importante diferenciar os documentos públicos dos (função de cargo público). Exemplo: Crime de Prevaricação, previsto
particulares: Para os efeitos penais, equiparam-se a documento no Art. 319 do CP, se este crime não for praticado por funcionário
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador público, será inexistente, pois o fato torna-se irrelevante.
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
livros mercantis e o testamento particular. → Crime Funcional Impróprio: o sujeito ativo destes crimes é
Para o STJ, na falsificação de papeis públicos é desnecessária funcionário público, assim, eles recebem uma denominação espe-
a constituição definitiva do crédito tributário, porque é um crime cífica pelo exercício da função. Porém, se tais crimes forem cometi-
formal. dos por particulares, sem investimento de cargo público, receberão
Para o STF, o prefeito que, no momento de sancionar lei, outra denominação.
acresce artigo pratica o crime de falsificação de documento público. Exemplo: Crime de Peculato (Art. 312 do CP), quando não pra-
Os tribunais sempre entenderam que a conduta de clonar ticado por funcionário público no exercício de sua função, recebe a
cartão amolda-se no crime de falsificação de documento particular. denominação de Apropriação Indébita (Art. 168 do CP).
Por fim, o CP, ainda, traz outras falsidades, como, por exemplo, No caso exemplificado acima, ambos crimes se caracterizam
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou pela apropriação de coisa alheia, sendo a Apropriação Indébita, cri-
na fiscalização alfandegária, ou para outros fins; Falsa identidade; me comum, praticado por qualquer pessoa, enquanto o Peculato,
Fraude de lei sobre estrangeiro; Adulteração de sinal identificador trata-se de crime próprio, praticado apenas por funcionário público.
de veículo automotor.
A fraude em certames de interesse público precisa ser Peculato Próprio (Art. 312 CP)
compreendida com cuidado, pois a lei de licitações trata sobre Cometerá o crime de Peculato, o funcionário público que, apro-
crimes correlatos. priar-se (para ele mesmo, ou desviar para outra pessoa), dinheiro
ou qualquer outro bem, que recebeu em razão de seu cargo públi-
Para encerrar vale deixar claro alguns pontos: co.
– Falsa declaração de hipossuficiência não configura falsidade Neste caso, o funcionário público tem a posse, ou seja, o bem
ideológica (atípico); específico encontra-se em suas mãos, de modo que, dolosamente,
– Inserir informação falsa em currículo Lattes é atípico; ele transforma tal posse em domínio, para si mesmo ou para ou-
– Comete falsidade ideológica o candidato que deixa de trem, dando assim, ao objeto material, destinação diversa da que
contabilizar despesas em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral; lhe foi confiada.
– Consiste em falsificação de documento particular a falsidade
em contrato social para ocultar verdadeiro sócio; Sujeito ativo
– Desnecessária prova pericial para condenar por uso de Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capí-
documento falso. tulo do Código Penal, trata-se do funcionário público, sendo cabível
apenas a participação de pessoas que não o sejam.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Sujeito passivo


Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítu-
lo do Código Penal, trata-se do Estado e do particular prejudicado.
Dos crimes contra a administração pública
Peculato Impróprio ou Peculato Furto (Art. 312, § 1º, CP)
Dos crimes praticados por funcionário público contra a admi- A diferença entre este caso e o Peculato Próprio, é que aqui,
nistração em geral apesar do funcionário público valer-se de seu cargo para subtrair
ou concorrer para que o bem se subtraia, ele não retém a posse
Peculato – Art. 312 desse bem.

O Título XI, Capítulo I do Código Penal refere-se aos crimes pró- Peculato Culposo (Art. 312, § 2º, CP)
prios de funcionários públicos contra a Administração em geral. Ocorre quando, de forma culposa (por negligência, imprudên-
No caso, particulares podem participar dos mesmos apenas cia ou imperícia), apesar de não possuir vontade para que se ocorra
como coautores, caso concorram de qualquer modo para realização a subtração ou apropriação do bem, o funcionário público cria uma
de um desses crimes. oportunidade para que um outro funcionário público ou um tercei-
Tais crimes são denominados de crimes funcionais, já que são ro pratique o crime.
praticados por pessoas que se dedicam à realização das funções ou
atividades estatais, exigindo a qualidade do sujeito ativo, como fun-
cionário público e a intenção de dolo. Também são denominados
como crimes de responsabilidade.
Lembrando que o conceito de funcionário público para efeitos
penais encontra-se disposto no Art. 327 do CP.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Peculato mediante erro de outrem - Art. 313 Corrupção Passiva – Art. 317

Este crime também é chamado de Peculato Estelionato, onde o Da mesma forma que o crime de Concussão seria a Extorsão
funcionário público, no exercício de seu cargo, se apropria de bens praticada por funcionário público no exercício da sua função, a Cor-
ou valores que recebeu de outrem, mediante erro. rupção seria o Rufianismo (Art. 230 CP) praticado pelo mesmo.
Para a caracterização do crime de Corrupção Passiva não é
Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art. necessário que o funcionário público receba a vantagem indevida,
313-A e Modificação ou alteração não autorizada de sistema de bastando apenas solicitar a mesma.
informações - Art. 313-B Aqui também não faz diferença se aquilo solicitado ou recebido
seja uma vantagem indevida, mas já é suficiente a simples aceitação
É a principal diferença entre esses dois crimes, conhecidos da promessa de vantagem pelo servidor para a caracterização do
como Peculato via informática, o fato do funcionário público, no crime.
caso do Art. 313-A, ser autorizado para o exercício daquela função, Há uma sutil diferença entre os crimes de Concussão e Corrup-
onde aproveita-se para cometer o crime. ção Passiva. Se há exigência, há Concussão, porém, se há simples
Exemplo: o funcionário público autorizado a preencher o painel solicitação, há Corrupção Passiva.
eletrônico do Congresso Nacional, viola o mesmo e altera o cômpu-
to dos votos dos parlamentares. Diferença entre Corrupção Passiva e Corrupção Ativa
Já no caso do Art. 313-B, o funcionário público não possui au- A Corrupção Passiva é um crime praticado por funcionário pú-
torização ou solicitação de autoridade competente para realização blico, onde o mesmo solicita ou recebe vantagem indevida de al-
da atividade onde cometeu o crime. guém;
Já a Corrupção Ativa (Art. 333 CP), é um crime praticado por
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento - particular contra a administração, consistindo na oferta ou promes-
Art. 314 sa de vantagem indevida deste particular ao servidor público, para
determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
A ação física deste crime divide-se em três hipóteses: Em outras palavras, seria o suborno do funcionário público.
→ Extraviar, ou seja, mudar o destino ou o fim, para onde o
livro ou documento público deveria ser encaminhado; Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318
→ Sonegar, ou seja, não apresentar o livro ou documento pú-
blico no local devido, cometendo sua ocultação intelectual ou frau- Trata-se de crime próprio de funcionário público, que em sua
dulenta; função, facilita a prática de contrabando ou descaminho.
→ Inutilizar, ou seja, tornar o livro ou documento público im-
prestável, estraga-lo, arruína-lo, seja no todo ou parcialmente. → Contrabando refere-se a entrada ou saída de produtos no
País, cuja comercialização dos mesmos não é permitida, ou seja,
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315 refere-se à importação ou exportação de mercadorias ilegais e proi-
bidas.
Neste crime, ao invés de ocorrer a destinação das verbas ou → Descaminho refere-se a comercialização permitida de pro-
rendas públicas, aos entes públicos determinados, ocorre um des- dutos, no entanto, estes adentram o País de forma ilegal, com a
vio daquelas, dentro da própria administração, de modo que as finalidade do não pagamento dos impostos devidos.
mesmas se destinam para local diverso do previsto.
Prevaricação – Art. 319
Concussão – Art. 316
Este crime consiste em praticar, ou deixar de praticar, indevi-
Este crime também é conhecido como extorsão praticada por damente, ato de ofício, ou praticar o mesmo contra disposição ex-
funcionário público no exercício de sua função, ou a pretexto da pressa em lei, para a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.
mesma. O crime de Prevaricação é um crime demasiadamente come-
Ele ocorre quando o funcionário público exige, seja para si tido no funcionalismo público, verificando-se quando o funcioná-
mesmo ou para outrem, uma vantagem indevida de alguém, apro- rio público, por qualquer sentimento pessoal (inveja, ciúmes, ódio,
veitando-se do cargo ou função que exerça para formular esta exi- amor, pena, etc.), ou para satisfazer seu interesse pessoal (promo-
gência. ção, recebimento de comissão legal, vantagem funcional na carrei-
Neste caso, mesmo que o funcionário público não esteja pre- ra, proteção de um direito seu, seja na vida particular, familiar ou de
sente naquele momento no exercício de sua função, ou até mesmo amizade, etc.), indevidamente pratica, retarda ou deixa de praticar,
ainda não a tenha assumido, caso a exigência de vantagem indevida algum ato de seu ofício, contrariamente a uma expressa disposição
tenha sido em razão desta função, já se configura o crime de con- de lei.
cussão. É importante observarmos que se o funcionário público agir ce-
A diferença entre os crimes de Concussão e Extorsão, é que dendo a pedido de outrem e impelido por promessa de vantagem
apesar de ambos serem caracterizados pela exigência da vantagem indevida, ele cometerá o crime de Corrupção Passiva.
indevida, a Concussão trata-se de crime próprio, apenas podendo
ser praticada por funcionário público.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Condescendência criminosa - Art. 320 Abandono de função – Art. 323

Condescendência refere-se à aceitação, conivência, indulgên- O crime de Abandono de função trata-se de crime contra a Ad-
cia, ou seja, consiste no superior hierárquico, prover-se de senti- ministração Pública que se configura quando o funcionário público
mento de pena, e a partir deste sentimento, omitir determinado se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocan-
ato, que configurou um delito de seu subordinado, com a finalidade do em risco a regularidade dos serviços prestados.
de se evitar a punição do mesmo. Seria o vulgo “coleguismo” ou
“apadrinhamento”. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado –
Art. 324
É importante se atentar ao fato de que o crime de Condescen-
dência é muito parecido com o crime de Prevaricação. Na verdade, Este crime pode ser tipificado por dois verbos: entrar ou con-
este seria uma forma especial do outro, pois aqui também há uma tinuar.
omissão (deixar de praticar) algo, com o objetivo de atender a um O verbo entrar no exercício, significa iniciar o desempenho de
sentimento pessoal (indulgência, piedade, condescendência, etc.). determinada atividade pública antes mesmo de satisfeitas as exi-
gências legais, ou seja, antes da investidura (nomeação, posse) legal
Advocacia administrativa – Art. 321 do cargo de funcionário público.
Já o verbo continuar a exercê-la, significa prosseguir no desem-
A partir da análise doutrinária, pode-se verificar que a conduta penho de determinada atividade, sem autorização, depois do fun-
praticada pelo agente, apta a configurar o crime de advocacia admi- cionário público ser oficialmente notificado de que foi exonerado,
nistrativa, não consiste em uma atividade de “advogado”, tal como removido, substituído ou suspenso daquele cargo.
o termo “advocacia administrativa” em um primeiro momento su-
gere, mas sim em um ato de funcionário público que “advoga”, ou Violação de sigilo funcional – Art. 325
seja, patrocina, pleiteia em favor de outrem, valendo-se de sua con-
dição, de funcionário público, em interesse de terceiro particular. O crime de Violação de sigilo funcional ocorre quando um fun-
A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que sig- cionário público revela fato de que tem ciência em razão do cargo e
nifica advogar, proteger, beneficiar, favorecer, defender. O agente que deva permanecer em segredo, ou facilita a sua revelação.
deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela
lhe proporciona. o sigilo funcional de forma intencional (este crime não admite a
O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público forma culposa), dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito,
pessoalmente advoga os interesses privados perante a Administra- verbalmente, mostrando documentos, etc.
ção Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta A conduta de facilitar a divulgação do segredo, também deno-
pessoa para a defesa dos interesses privados perante a Administra- minada divulgação indireta, dá-se quando o funcionário público,
ção Pública. querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota de-
“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo par- terminado procedimento que torna a descoberta acessível a outras
ticular, legítima ou ilegítima, perante a Administração. Se o interes- pessoas.
se for ilegítimo, a pena será maior. A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas in-
Entretanto, prevalece na doutrina e na jurisprudência o en- frações penais equiparadas, punindo com as mesmas penas do
tendimento de que somente caracteriza o delito o patrocínio, pelo “caput” quem:
funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração. I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
Caso o interesse seja “próprio” do funcionário, não estará configu- empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso-
rado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional. as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública;
Violência arbitrária – Art. 322 II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclu-
O tipo penal que compõe o crime de violência arbitrária tutela são, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar
o bem jurídico Administração Pública, sobretudo no que diz respei- dano à Administração ou a terceiro.
to à moralidade do serviço, bem como o bem jurídico, integridade
física. Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326
O objeto material do delito será o administrado, submetido ao
poder estatal, contra o qual é praticada a violência ilegal perpetrada Quanto ao crime de Violação do sigilo de proposta de concor-
pelo funcionário público. rência, devemos nos atentar ao fato de que, com o advento da Lei
Como núcleo do crime, temos o verbo praticar que é sinônimo n° 8.666/93 (Lei de Licitações), o mesmo foi tacitamente revogado
de exercer ou cometer. A violência, por sua vez, deve ser entendida por seu art. 94:
somente como a vis corporalis, abrangendo vias de fato, lesão cor- Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi-
poral ou homicídio. mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
O emprego da violência deve ser arbitrário, não se englobando Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
situações, como por exemplo, de legitima defesa ou estrito cumpri-
mento do dever legal.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Por revogação tácita designa-se a eliminação da vigência de Peculato culposo


uma norma por apresentar-se incompatível com outra norma pos- § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
terior, em um determinado caso concreto. Assim, a revogação tácita outrem:
ocorre quando o aplicador constata que disposições contraditórias Pena - detenção, de três meses a um ano.
foram publicadas em momentos diferentes. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
Desse modo, esta revogação tem lugar quando normas suces- precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
sivas no tempo apresentam contradição uma em relação à outra. posterior, reduz de metade a pena imposta.
Para resolver o conflito, emprega-se o chamado critério cronológico
(critério da lex posterior). Peculato mediante erro de outrem
Conforme dispõe a LINDB, art. 2º, deve-se entender que a nor- Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
ma anterior foi revogada pela posterior, ainda que não expressa no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
(descrita no tipo literal) esta revogação. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Funcionário público – Art. 327 Inserção de dados falsos em sistema de informações


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser-
São considerados funcionários públicos, para fins penais, quem ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre-
exerce cargo, emprego ou função pública. tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
Cargos públicos: são as mais simples e indivisíveis unidades de outrem ou para causar dano:
competência a serem expressadas por um agente, previstas em um Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas
jurídicas de direito público e criadas por lei; Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor-
mações
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho a se- Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor-
rem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação
sob relação trabalhista. O regime jurídico é o trabalhista (contratu- de autoridade competente:
al), embora pontualmente derrogado por normas de direito públi- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
co, sobretudo as que diretamente constam do texto constitucional. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
É a forma de contratação própria das pessoas jurídicas de direito metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-
privado; nistração Pública ou para o administrado.

Funções públicas: são as funções de confiança e as exercidas Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
pelos agentes públicos contratados por tempo determinado para Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
Importante ressaltar que, ainda que a função pública seja exer- parcialmente:
cida transitoriamente e sem remuneração, poderá o agente ser con- Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
siderado funcionário público para fins penais. Por isso, jurados e crime mais grave.
mesários eleitorais não estão afastados do conceito.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Segue abaixo os dispositivos legais do Código Penal referentes Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
ao presente tópico: estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
CAPÍTULO I te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
DOS CRIMES PRATICADOS dela, vantagem indevida:
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Peculato Excesso de exação


Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
alheio: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embo- trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
ra não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou con- blicos:
corre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
do-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Corrupção passiva Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa-
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori-
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
vantagem: substituído ou suspenso:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de prati- Violação de sigilo funcional
car qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
influência de outrem: não constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
Facilitação de contrabando ou descaminho empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso-
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
contrabando ou descaminho (art. 334): Administração Pública;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú-
Prevaricação blica ou a outrem:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
zer interesse ou sentimento pessoal: Violação do sigilo de proposta de concorrência
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi-
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú- ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com ou-
tros presos ou com o ambiente externo: Funcionário público
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe-
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
Condescendência criminosa cargo, emprego ou função pública.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa- § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
autoridade competente: execução de atividade típica da Administração Pública.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
Advocacia administrativa comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi-
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun- ca ou fundação instituída pelo poder público.
cionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: LEI ABUSO DE AUTORIDADE (LEI N.4898/65).
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Violência arbitrária LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019


Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex-
to de exercê-la: Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor- 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho
respondente à violência. de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de
4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de
Abandono de função 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos 1940 (Código Penal).
em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. seguinte Lei:
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
teira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO I CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, come-
tidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas SEÇÃO I
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso Art. 4º São efeitos da condenação:
de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade es- I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
pecífica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a tercei- crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença
ro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, con-
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de siderando os prejuízos por ele sofridos;
fatos e provas não configura abuso de autoridade. II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
CAPÍTULO II III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
DOS SUJEITOS DO CRIME Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput
deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em crime
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declara-
agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta dos motivadamente na sentença.
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, SEÇÃO II
mas não se limitando a: DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equipara-
das; Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas
II - membros do Poder Legislativo; de liberdade previstas nesta Lei são:
III - membros do Poder Executivo; I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
IV - membros do Poder Judiciário; II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato,
V - membros do Ministério Público; pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. das vantagens;
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos des- III - (VETADO).
ta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplica-
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou das autônoma ou cumulativamente.
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput CAPÍTULO V
deste artigo. DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independente-
mente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis.
Art. 3º (VETADO). Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que de-
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública in- screverem falta funcional serão informadas à autoridade competente
condicionada. (Promulgação partes vetadas) com vistas à apuração.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independ-
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, entes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os ter- ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no
mos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, juízo criminal.
a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no admin-
como parte principal. istrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
da denúncia.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta


desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes veta-
das)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária
que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de § 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifes- aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
tamente cabível.’ § 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos,
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investi- gerando indevida revitimização, aplica-se a pena em dobro. (Incluído
gado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de compare- pela Lei nº 14.321, de 2022)
cimento ao juízo: Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua
Art. 11. (VETADO). detenção ou prisão: (Promulgação partes vetadas)
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em fla- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
grante à autoridade judiciária no prazo legal: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsáv-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. el por interrogatório em sede de procedimento investigatório de in-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: fração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão tem- falsa identidade, cargo ou função.
porária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; Art. 17. (VETADO).
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pes- Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o
soa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indi- período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
cada; ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) ho- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ras, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de plei-
e os nomes do condutor e das testemunhas; to de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de inter- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que,
o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providên-
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. cias tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir so-
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, bre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: seja.
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade Art. 20. (VETADO).
pública; Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reser-
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não vada do preso com seu advogado: (Promulgação partes vetadas)
autorizado em lei; Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
III - (VETADO). Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso,
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promul- o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservada-
gação partes vetadas) mente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem pre- audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se
juízo da pena cominada à violência. durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de
Art. 14. (VETADO). audiência realizada por videoconferência.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou es-
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segre- paço de confinamento:
do ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mes-
Parágrafo único. (VETADO). ma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de
interrogatório: (Promulgação partes vetadas) 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên-
defensor público, sem a presença de seu patrono. cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Violência Institucional (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste
de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou in- artigo, quem:
vasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade: (Incluído pela Lei I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fran-
nº 14.321, de 2022) quear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
I - a situação de violência; ou (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) II - (VETADO);
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as
estigmatização: (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro,
pela Lei nº 14.321, de 2022) ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de inves- infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob-
tigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar crimi- em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
nalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclu-
com o intuito de: sive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por ex- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
cesso praticado no curso de diligência; Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de car-
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou infor- go ou função pública ou invoca a condição de agente público para
mações incompletos para desviar o curso da investigação, da diligên- se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
cia ou do processo. indevido.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário Art. 34. (VETADO).
ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir Art. 35. (VETADO).
para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demon-
pena correspondente à violência. stração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de pro- intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
va, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conheci- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
mento de sua ilicitude. Art. 38. (VETADO).
Art. 26. (VETADO). Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento in- meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de cul-
vestigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de pa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito (Promulgação partes vetadas)
funcional ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. CAPÍTULO VII
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância DO PROCEDIMENTO
ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei
a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e
acusado: da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, CAPÍTULO VIII
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse DISPOSIÇÕES FINAIS
de investigado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de
Parágrafo único. (VETADO). 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 30. (VETADO). “Art.2º .................................................................................
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad- ......................
ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe .............................................................................................
inocente: (Promulgação partes vetadas) ...........................
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procras- período de duração da prisão temporária estabelecido no caput
tinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: (Vide ADIN deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser liber-
6234) (Vide ADIN 6240) tado.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. .............................................................................................
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo ............................
prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a au-
forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou toridade responsável pela custódia deverá, independentemente
do fiscalizado. de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o
Art. 32. (VETADO). preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da pror-
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces- rogação da prisão temporária ou da decretação da prisão pre-
so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ventiva.
ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão TÍTULO I


no cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR) DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996,
passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comuni- sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
cações telefônicas, de informática ou telemática, promover es- indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
cuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização drogas; estabelece normas para repressão à produção não autoriza-
judicial ou com objetivos não autorizados em lei: da e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como dro-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade ju- gas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
dicial que determina a execução de conduta prevista no caput assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas pe-
deste artigo com objetivo não autorizado em lei.” (NR) riodicamente pelo Poder Executivo da União.
Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as dro-
Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte gas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
art. 227-A: vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas
“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar,
caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Uni-
1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, pratica- das, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas
dos por servidores públicos com abuso de autoridade, são condi- de uso estritamente ritualístico-religioso.
cionados à ocorrência de reincidência. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusiva-
nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.” mente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo prede-
Art. 43. (VETADO). terminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supra-
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar mencionadas.
acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação partes vetadas)
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de TÍTULO II
advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
desta Lei: DROGAS
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’”
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar
1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº e coordenar as atividades relacionadas com:
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e de usuários e dependentes de drogas;
vinte) dias de sua publicação oficial. II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito
de drogas.
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios,
LEI ANTIDROGAS (LEI N. 11.343/2.006). regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as
políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluin-
do-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Dro-
A presente lei regula os meios de combate às drogas. O diplo- gas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº
ma disciplina os crimes de tráfico, associação para tráfico e seu fi- 13.840, de 2019)
nanciamento dentre outros delitos. A Lei dispões sobre os meios § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de
de prevenção e tratamentos dos dependentes químicos e o proce- Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS.
dimento para apuração e julgamento dos crimes de drogas, além (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de revogar expressamente as Leis 6.368/76 e 10.409/02, que atual-
mente cuidam do assunto. CAPÍTULO I
A referida, traz o aumento de pena para traficantes e financia- DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SIS TEMA NACIONAL
dores do tráfico, o tratamento diferenciado para usuários e o proce- DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS
dimento especial para o processamento de tais agentes.
Art. 4º São princípios do Sisnad:
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, es-
pecialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Dro- II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais
gas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, existentes;
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o
tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Sisnad;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Esta- Art. 8º (VETADO)


do e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social
nas atividades do Sisnad; SEÇÃO II
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores corre- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
lacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não DAS COMPETÊNCIAS
autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários 2019)
e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não auto- I - formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre
rizada e ao seu tráfico ilícito; Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em
Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade;
atividades do Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
a interdependência e a natureza complementar das atividades de IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários do Sisnad e suas normas de referência; (Incluído pela Lei nº 13.840,
e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e de 2019)
do tráfico ilícito de drogas; V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades,
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção indicadores e definir formas de financiamento e gestão das políticas
do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
social; VIII - promover a integração das políticas sobre drogas com
XI - a observância às orientações e normas emanadas do Con- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº
selho Nacional Antidrogas - Conad. 13.840, de 2019)
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a exe-
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a tor- cução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos in-
ná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o tegrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos X - estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito
correlacionados; Federal e Municípios para a execução das políticas sobre drogas;
II - promover a construção e a socialização do conhecimento (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sobre drogas no país; XI - garantir publicidade de dados e informações sobre repasses
III - promover a integração entre as políticas de prevenção do de recursos para financiamento das políticas sobre drogas; (Incluído
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependen- pela Lei nº 13.840, de 2019)
tes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de
tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica
Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios; e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840,
IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e de 2019)
a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei. XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes transfrontei-
riços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO II XIV - estabelecer uma política nacional de controle de frontei-
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO D O SISTEMA NACIO- ras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (Incluído pela Lei
NAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO II Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE CAPÍTULO II-A
DROGAS (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SEÇÃO I
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚ- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
BLICAS SOBRE DROGAS DO PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS

Art. 6º (VETADO) Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação central e Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbi- I - promover a interdisciplinaridade e integração dos progra-
to, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se constitui mas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e
matéria definida no regulamento desta Lei. privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social,
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à
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prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usu- III - propor a celebração de instrumentos de cooperação, vi-
ários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de sando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos
2019) voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e
II - viabilizar a ampla participação social na formulação, imple- econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei
mentação e avaliação das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019) IV - promover a realização de estudos, com o objetivo de sub-
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articula- sidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
dos com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com nº 13.840, de 2019)
a família para a prevenção do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº V - propor políticas públicas que permitam a integração e a par-
13.840, de 2019) ticipação do usuário ou dependente de drogas no processo social,
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do econômico, político e cultural no respectivo ente federado; e (Inclu-
usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que ído pela Lei nº 13.840, de 2019)
priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissio- VI - desenvolver outras atividades relacionadas às políticas so-
nal; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) bre drogas em consonância com o Sisnad e com os respectivos pla-
V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a nos. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos pro- SEÇÃO III
gramas, ações e projetos das políticas sobre drogas; (Incluído pela (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
Lei nº 13.840, de 2019) DOS MEMBROS DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS SOBRE DRO-
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico GAS
com orientações e informações para apoio aos usuários ou depen-
dentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao em-
prego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de pro- CAPÍTULO III
mover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano (VETADO)
individual de atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 9º (VETADO)
IX - promover formas coletivas de organização para o trabalho, Art. 10. (VETADO)
redes de economia solidária e o cooperativismo, como forma de Art. 11. (VETADO)
promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas egresso Art. 12. (VETADO)
de tratamento ou acolhimento, observando-se as especificidades Art. 13. (VETADO)
regionais; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 14. (VETADO)
X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à
efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; (Incluído CAPÍTULO IV
pela Lei nº 13.840, de 2019) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e de jus- DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
tiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (Incluído pela Lei nº SOBRE DROGAS
13.840, de 2019)
XII - promover estudos e avaliação dos resultados das políticas Art. 15. (VETADO)
sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saú-
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5 (cinco) anos de e da assistência social que atendam usuários ou dependentes
a contar de sua aprovação. de drogas devem comunicar ao órgão competente do respectivo
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulgação ao sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorri-
conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas. dos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações
emanadas da União.
SEÇÃO II Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder Exe-
DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS cutivo.

Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos


por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os seguintes obje-
tivos: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - colaborar com os órgãos governamentais no planejamento
e na execução das políticas sobre drogas, visando à efetividade das
políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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TÍTULO III Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido


DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATEN- de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em
ÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional
DROGAS dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.

CAPÍTULO I SEÇÃO II
DA PREVENÇÃO (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
DA SEMANA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SEÇÃO I
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas sobre
DAS DIRETRIZES Drogas, comemorada anualmente, na quarta semana de junho. (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido § 1º No período de que trata o caput , serão intensificadas as
de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redu- ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
ção dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o I - difusão de informações sobre os problemas decorrentes do
fortalecimento dos fatores de proteção. uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas II - promoção de eventos para o debate público sobre as políti-
devem observar os seguintes princípios e diretrizes: cas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, aco-
interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação lhimento e reinserção social e econômica de usuários de drogas;
com a comunidade à qual pertence; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação cien- IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de prevenção
tífica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comu- do uso indevido de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
nitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das V - mobilização da comunidade para a participação nas ações
pessoas e dos serviços que as atendam; de prevenção e enfrentamento às drogas; (Incluído pela Lei nº
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade indi- 13.840, de 2019)
vidual em relação ao uso indevido de drogas; VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei nº
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colabora- 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da
ção mútua com as instituições do setor privado e com os diversos Educação Nacional , na realização de atividades de prevenção ao
segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e uso de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias;
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequa- CAPÍTULO II
das às especificidades socioculturais das diversas populações, bem (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
como das diferentes drogas utilizadas; DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ACOLHI-
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” MENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE USUÁ-
e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades RIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem
alcançados; SEÇÃO I
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulnerá- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
veis da população, levando em consideração as suas necessidades DISPOSIÇÕES GERAIS
específicas;
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e de-
em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de pendente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei,
atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familia- aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos
res; riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísti- Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário
cas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
melhoria da qualidade de vida; desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na em redes sociais.
área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do
educação nos 3 (três) níveis de ensino; usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do observar os seguintes princípios e diretrizes:
uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e pri- I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, indepen-
vado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conheci- dentemente de quaisquer condições, observados os direitos fun-
mentos relacionados a drogas; damentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema
XII - a observância das orientações e normas emanadas do Co- Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social;
nad; II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinser-
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social ção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos fa-
de políticas setoriais específicas. miliares que considerem as suas peculiaridades socioculturais;

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III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado III - preparar para a reinserção social e econômica, respeitando
para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais as habilidades e projetos individuais por meio de programas que
e à saúde; articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respec- e acompanhamento individualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
tivos familiares, sempre que possível, de forma multidisciplinar e de 2019)
por equipes multiprofissionais; IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de for-
V - observância das orientações e normas emanadas do Conad; ma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tra-
políticas setoriais específicas. tamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; (Incluído § 2º A internação de dependentes de drogas somente será re-
pela Lei nº 13.840, de 2019) alizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equi-
VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à pes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por
educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 13.840, médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina
de 2019) - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará
IX - observância do plano individual de atendimento na forma a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (Incluído
X - orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas pela Lei nº 13.840, de 2019)
quanto às consequências lesivas do uso de drogas, ainda que oca- I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimen-
sional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) to do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consenti-
SEÇÃO II mento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da
DA EDUCAÇÃO NA REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com
exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sis- existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído pela Lei
nad terão atendimento nos programas de educação profissional e nº 13.840, de 2019)
tecnológica, educação de jovens e adultos e alfabetização. (Incluído § 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solici-
SEÇÃO III tante de que optou por este regime de tratamento; (Incluído pela
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) Lei nº 13.840, de 2019)
DO TRABALHO NA REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA II - seu término dar-se-á por determinação do médico respon-
sável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja interromper o
Art. 22-B. (VETADO). tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de
SEÇÃO IV 2019)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médi-
DO TRATAMENTO DO USUÁRIO OU DEPENDENTE DE DROGAS co responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga uti-
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, lizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibili-
do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de dade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na
atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as dire- rede de atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
trizes do Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação,
desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término deter-
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas minado pelo médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, com prio- 2019)
ridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tem-
excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e po, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (Incluído pela
hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União e arti- Lei nº 13.840, de 2019)
culadas com os serviços de assistência social e em etapas que per- § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será
mitam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insu-
I - articular a atenção com ações preventivas que atinjam toda ficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao
em evidências científicas, oferecendo atendimento individualizado Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fis-
ao usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva calização, por meio de sistema informatizado único, na forma do
e, sempre que indicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da
referido no § 7º e o acesso será permitido apenas às pessoas auto- data do ingresso no atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
rizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela 2019)
Lei nº 13.840, de 2019) § 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de interna- plano individual de atendimento são consideradas sigilosas. (Incluí-
ção nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (Incluído pela Lei do pela Lei nº 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019) Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico indi- poderão conceder benefícios às instituições privadas que desenvol-
vidual deverão observar, no que couber, o previsto na Lei nº 10.216, verem programas de reinserção no mercado de trabalho, do usu-
de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das ário e do dependente de drogas encaminhados por órgão oficial.
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos,
assistencial em saúde mental. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social,
que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão receber
SEÇÃO V recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade orçamen-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019) tária e financeira.
DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da
prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de dro- liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os
gas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluído pela Lei nº serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema
13.840, de 2019) penitenciário.
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multis-
setorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) SEÇÃO VI
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DO ACOLHIMENTO EM COMUNIDADE TERAPÊUTICA ACOLHE-
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elabo- DORA
ração e execução do projeto terapêutico individual a ser adotado,
levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela Lei nº na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: (Incluído
13.840, de 2019) pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente
drogas ou das pessoas com as quais convive. (Incluído pela Lei nº de drogas que visam à abstinência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
13.840, de 2019) 2019)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito,
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou entendida como uma etapa transitória para a reinserção social e
responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, econômica do usuário ou dependente de drogas; (Incluído pela Lei
sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de res- nº 13.840, de 2019)
ponsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com
8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescen- a convivência entre os pares, atividades práticas de valor educativo
te . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para aco-
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade lhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade
da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das di- IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
versas fases do atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído pela V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do
Lei nº 13.840, de 2019) art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído pela Lei VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de
nº 13.840, de 2019) drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela Lei nº § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com com-
13.840, de 2019) prometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que me-
III - a previsão de suas atividades de integração social ou capa- reçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso
citação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela
IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluído pela Lei Lei nº 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - formas de participação da família para efetivo cumprimento § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
do plano individual; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO III TÍTULO IV


DOS CRIMES E DAS PENAS DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFI-
CO ILÍCITO DE DROGAS
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplica-
das isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual- CAPÍTULO I
quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade compe-
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será tente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir,
submetido às seguintes penas: manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, trans-
I - advertência sobre os efeitos das drogas; portar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir,
II - prestação de serviços à comunidade; para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua prepa-
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso ração, observadas as demais exigências legais.
educativo. Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruí-
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo das pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto
de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do
dependência física ou psíquica. local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pes- prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
soal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apre- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
endida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos ante- § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plan-
cedentes do agente. tação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de
serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão pró-
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II prio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expro-
(dez) meses. priadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal,
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em de acordo com a legislação em vigor.
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais,
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem CAPÍTULO II
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do DOS CRIMES
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fa-
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente bricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
I - admoestação verbal; a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem auto-
II - multa. rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à dispo- Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
sição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, prefe- 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
rencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca in- consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
ferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de -prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de dro-
um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. gas;
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em de-
a que se refere o § 6º do art. 28 serão creditados à conta do Fundo sacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que
Nacional Antidrogas. se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a pro-
das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o dispos- priedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
to nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autori-
zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas, sem autoriza-
ção ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar,

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a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probató- Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumu-
rios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei lativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de
nº 13.964, de 2019) 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo refe-
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de dro- rido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.
ga: (Vide ADI nº 4.274) Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são au-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) mentadas de um sexto a dois terços, se:
a 300 (trezentos) dias-multa. I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apre-
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a endido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalida-
pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: de do delito;
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública
de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem pre- ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda
juízo das penas previstas no art. 28. ou vigilância;
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imedia-
penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a ções de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de
conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, espor-
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades cri- tivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos
minosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza,
de 2012) de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de rein-
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, serção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, públicos;
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,
qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com difusa ou coletiva;
determinação legal ou regulamentar: V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de estes e o Distrito Federal;
1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescen-
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de te ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos a capacidade de entendimento e determinação;
arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. com a investigação policial e o processo criminal na identificação
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo in- dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação to-
corre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no tal ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá
art. 36 desta Lei. pena reduzida de um terço a dois terços.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com prepon-
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: derância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a
1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. conduta social do agente.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39
ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, deter-
nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: minará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta
(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes
que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de em restritivas de direitos.
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois ter-
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi- ços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda- Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de
dias-multa. droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
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Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá deter- constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
minar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
médico adequado. § 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º des-
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois ter- te artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo
ços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o definitivo.
agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capa- § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no
cidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo
acordo com esse entendimento. de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avalia- guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
ção que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
tratamento, realizada por profissional de saúde com competência § 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser- polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do
vado o disposto no art. 26 desta Lei. Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº
12.961, de 2014)
CAPÍTULO III § 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a des-
DO PROCEDIMENTO PENAL truição das drogas referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstan-
ciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes de- total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
finidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando- Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrên-
-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e cia de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máxi-
da Lei de Execução Penal. mo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensão, guardando-
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 -se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (Redação
desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trin-
60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que ta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. solto.
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem
se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser ime- ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pe-
diatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, dido justificado da autoridade de polícia judiciária.
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito
perícias necessários. ao juízo:
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando
no § 2º deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade po- as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quan-
licial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente. tidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circuns-
artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o tâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do
requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conve- agente; ou
niente, e em seguida liberado. II - requererá sua devolução para a realização de diligências ne-
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, cessárias.
que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério Públi- Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de
co poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 diligências complementares:
desta Lei, a ser especificada na proposta. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resul-
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput tado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias
e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o re- antes da audiência de instrução e julgamento;
comendem, empregará os instrumentos protetivos de colaborado- II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores
res e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999. de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três)
SEÇÃO I dias antes da audiência de instrução e julgamento.
DA INVESTIGAÇÃO Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, seguintes procedimentos investigatórios:
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investiga-
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. ção, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;

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II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indaga-
precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produ- rá das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando
ção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevan-
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de ope- te.
rações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autori- imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para
zação será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário pro- isso lhe sejam conclusos.
vável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. § 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
SEÇÃO II Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão,
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de sentença condenatória.
Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-
-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar CAPÍTULO IV
uma das seguintes providências: DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE BENS DO
I - requerer o arquivamento; ACUSADO
II - requisitar as diligências que entender necessárias;
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e re- Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do as-
querer as demais provas que entender pertinentes. sistente de acusação, ou mediante representação da autoridade de
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias nos casos em
(dez) dias. que haja suspeita de que os bens, direitos ou valores sejam produ-
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, to do crime ou constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei,
o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do Decreto-Lei nº
defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal . (Reda-
que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar teste- ção dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
munhas. § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 § 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
- Código de Processo Penal. outubro de 1941 - Código de Processo Penal , o juiz poderá deter-
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará minar a prática de atos necessários à conservação dos bens, direitos
defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos ou valores. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
autos no ato de nomeação. § 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias. valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de quando a sua execução imediata puder comprometer as investiga-
10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de ções. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
diligências, exames e perícias. § 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas no caput des-
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a te artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 (cinco) dias,
audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do apresente provas, ou requeira a produção delas, acerca da origem
acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o lícita do bem ou do valor objeto da decisão, exceto no caso de veí-
caso, e requisitará os laudos periciais. culo apreendido em transporte de droga ilícita. (Incluído pela Lei nº
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis- 14.322, de 2022)
posto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao rece- § 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz decidirá
ber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denun- por sua liberação, exceto no caso de veículo apreendido em trans-
ciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando porte de droga ilícita, cuja destinação observará o disposto nos arts.
ao órgão respectivo. 61 e 62 desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Inclu-
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será rea- ído pela Lei nº 14.322, de 2022)
lizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da de- Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata o art. 60
núncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, títulos, valores mobi-
dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias. liários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, será de-
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o inter- terminada, imediatamente, a sua conversão em moeda nacional.
rogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e § 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve ser en-
ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 caminhada a instituição financeira, ou equiparada, para alienação
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a cri- na forma prevista pelo Conselho Monetário Nacional. (Incluído pela
tério do juiz. Lei nº 13.886, de 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que se re- § 13. Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a
fere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será custodiada pela autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente para o re-
instituição financeira até decisão sobre o seu destino. (Incluído pela gistro, bem como as secretarias de fazenda, devem proceder à regu-
Lei nº 13.886, de 2019) larização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematan-
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estrangeira a te isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores,
que se refere o § 2º deste artigo, caso seja verificada a inexistência sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.
de valor de mercado, seus espécimes poderão ser destruídos ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
doados à representação diplomática do país de origem. (Incluído § 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes de
pela Lei nº 13.886, de 2019) pagamento não podem ser cobrados do arrematante ou do órgão
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da data público alienante como condição para regularização dos bens. (In-
de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885, de 17 de junho cluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
de 2019, e que estejam custodiados nas dependências do Banco § 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a autorida-
Central do Brasil devem ser transferidos à Caixa Econômica Federal, de de trânsito ou o órgão congênere competente para o registro
no prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias, para que se proceda à poderá emitir novos identificadores dos bens. (Incluído pela Lei nº
alienação ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei. (Incluído 13.886, de 2019)
pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de quais-
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e quer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de polícia judiciária,
quaisquer outros meios de transporte e dos maquinários, utensí- militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua responsabili-
lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a dade e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização
prática, habitual ou não, dos crimes definidos nesta Lei será imedia- judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação
tamente comunicada pela autoridade de polícia judiciária responsá- dos respectivos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
vel pela investigação ao juízo competente. (Redação dada pela Lei § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
nº 14.322, de 2022) § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Funad para
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da comunicação que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do interesse público men-
de que trata o caput , determinará a alienação dos bens apreendi- cionado no caput deste artigo e indique o órgão que deve receber o
dos, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legisla- bem. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
ção específica. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste artigo, os
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos quais órgãos de segurança pública que participaram das ações de investi-
constará a exposição sucinta do nexo de instrumentalidade entre o gação ou repressão ao crime que deu causa à medida. (Incluído pela
delito e os bens apreendidos, a descrição e especificação dos obje- Lei nº 13.886, de 2019)
tos, as informações sobre quem os tiver sob custódia e o local em § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter a des-
que se encontrem. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) crição do bem e a respectiva avaliação e indicar o órgão responsável
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, que por sua utilização. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 (cinco) dias a con- § 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá enviar
tar da autuação, ou, caso sejam necessários conhecimentos espe- ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento quando por este
cializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior solicitado, informações sobre seu estado de conservação. (Redação
a 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad, § 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos, em-
o Ministério Público e o interessado para se manifestarem no prazo barcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou ao órgão
de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergências, homologará o de registro e controle a expedição de certificado provisório de regis-
valor atribuído aos bens. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) tro e licenciamento em favor do órgão ao qual tenha deferido o uso
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ou custódia, ficando este livre do pagamento de multas, encargos
§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019) e tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o trânsito
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019) em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019) União. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento da re- § 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação de que
gra estipulada no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.886, de os bens utilizados na forma deste artigo sofreram depreciação su-
2019) perior àquela esperada em razão do transcurso do tempo e do uso,
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a regra poderá o interessado requerer nova avaliação judicial. (Redação
estabelecida no § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.886, de dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) § 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o ente fe-
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos por meio derado ou a entidade que utilizou o bem indenizará o detentor ou
de hasta pública, preferencialmente por meio eletrônico, assegu- proprietário dos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
rada a venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50% (cin- § 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
quenta por cento) do valor da avaliação judicial. (Incluído pela Lei § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
nº 13.886, de 2019) § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos órgãos de § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
registro e controle que efetuem as averbações necessárias, tão logo § 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
tenha conhecimento da apreensão. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referentes ao II – determinar, no caso de imóveis, o registro de propriedade
produto da alienação ou a numerários apreendidos ou que tenham em favor da União no cartório de registro de imóveis competente,
sido convertidos deve ser efetuado na Caixa Econômica Federal, por nos termos do caput e do parágrafo único do art. 243 da Constitui-
meio de documento de arrecadação destinado a essa finalidade. ção Federal, afastada a responsabilidade de terceiros prevista no
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) inciso VI do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo devem de 1966 (Código Tributário Nacional), bem como determinar à Se-
ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal, para a conta única cretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União a
do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalida- incorporação e entrega do imóvel, tornando-o livre e desembara-
de, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do momento da çado de quaisquer ônus para sua destinação. (Incluído pela Lei nº
realização do depósito, onde ficarão à disposição do Funad. (Incluí- 13.886, de 2019)
do pela Lei nº 13.886, de 2019) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão judicial, § 6º Na hipótese do inciso II do caput , decorridos 360 (tre-
o valor do depósito será devolvido a ele pela Caixa Econômica Fede- zentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do conhecimento
ral no prazo de até 3 (três) dias úteis, acrescido de juros, na forma da sentença pelo interessado, os bens apreendidos, os que tenham
estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro sido objeto de medidas assecuratórias ou os valores depositados
de 1995. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) que não forem reclamados serão revertidos ao Funad. (Incluído
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em favor da pela Lei nº 13.840, de 2019)
União, o valor do depósito será transformado em pagamento defi- Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido sem
nitivo, respeitados os direitos de eventuais lesados e de terceiros de o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar
boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou
valores. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal, por Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial dos
decisão judicial, devem ser efetuados como anulação de receita do bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias quando compro-
Funad no exercício em que ocorrer a devolução. (Incluído pela Lei vada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens,
nº 13.886, de 2019) direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle dos ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorren-
valores depositados ou devolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.886, de tes da infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça e Segu-
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: (Redação rança Pública, proceder à destinação dos bens apreendidos e não
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento seja decretado em
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido favor da União, por meio das seguintes modalidades: (Incluído pela
ou objeto de medidas assecuratórias; e (Incluído pela Lei nº 13.840, Lei nº 13.886, de 2019)
de 2019) I – alienação, mediante: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
II - o levantamento dos valores depositados em conta remune- a) licitação; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
rada e a liberação dos bens utilizados nos termos do art. 62. (Inclu- b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos, bem
ído pela Lei nº 13.840, de 2019) como a comunidades terapêuticas acolhedoras que contribuam
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorrência para o alcance das finalidades do Funad; ou (Incluído pela Lei nº
dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecurató- 13.886, de 2019)
rias, após decretado seu perdimento em favor da União, serão re- c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput do
vertidos diretamente ao Funad. (Redação dada pela Lei nº 13.840, art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Incluído pela Lei
de 2019) nº 13.886, de 2019)
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos bens, II – incorporação ao patrimônio de órgão da administração
direitos e valores declarados perdidos, indicando o local em que se pública, observadas as finalidades do Funad; (Incluído pela Lei nº
encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para os 13.886, de 2019)
fins de sua destinação nos termos da legislação vigente. (Redação III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019) § 1º A alienação por meio de licitação deve ser realizada na
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do modalidade leilão, para bens móveis e imóveis, independentemen-
processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, reme- te do valor de avaliação, isolado ou global, de bem ou de lotes, as-
terá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados perdi- segurada a venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50%
dos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local em que (cinquenta por cento) do valor da avaliação. (Incluído pela Lei nº
se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para 13.886, de 2019)
os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente. § 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo será
§ 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor do Funad, amplamente divulgado em jornais de grande circulação e em sítios
o juíz deve: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) eletrônicos oficiais, principalmente no Município em que será rea-
I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de registro e lizado, dispensada a publicação em diário oficial. (Incluído pela Lei
controle que efetuem as averbações necessárias, caso não tenham nº 13.886, de 2019)
sido realizadas quando da apreensão; e (Incluído pela Lei nº 13.886,
de 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema eletrônico § 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incom-
da administração pública, a publicidade dada pelo sistema substi- patibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. (Incluído pela Lei
tuirá a publicação em diário oficial e em jornais de grande circula- nº 13.886, de 2019)
ção. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar con-
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre do pa- vênio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos
gamento de encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de exe- orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção
cução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei nº e a reinserção social de usuários ou dependentes e a atuação na
13.886, de 2019) repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves de- com vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela arre-
verão ser observadas as disposições dos §§ 13 e 15 do art. 61 desta cadados, para a implantação e execução de programas relacionados
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) à questão das drogas.
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a proibição
relativa à cobrança de multas, encargos ou tributos prevista no § 14 TÍTULO V
do art. 61 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
pode celebrar convênios ou instrumentos congêneres com órgãos e Art. 65. De conformidade com os princípios da não-intervenção
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí- em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à integri-
pios, bem como com comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim dade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos nacionais
de dar imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (Incluí- em vigor, e observado o espírito das Convenções das Nações Unidas
do pela Lei nº 13.886, de 2019) e outros instrumentos jurídicos internacionais relacionados à ques-
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios previstos em lei, tão das drogas, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro pres-
fica autorizada a contratação da iniciativa privada para a execução tará, quando solicitado, cooperação a outros países e organismos
das ações de avaliação, de administração e de alienação dos bens a internacionais e, quando necessário, deles solicitará a colaboração,
que se refere esta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) nas áreas de:
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança Públi- I - intercâmbio de informações sobre legislações, experiências,
ca regulamentar os procedimentos relativos à administração, à pre- projetos e programas voltados para atividades de prevenção do uso
servação e à destinação dos recursos provenientes de delitos e atos indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e depen-
ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos quais se deve proceder à dentes de drogas;
sua destruição ou inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e tráfico
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens apreendidos ou de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a lava-
confiscados será revertido integralmente ao Funad, nos termos do gem de dinheiro e o desvio de precursores químicos;
parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal, vedada a sub- III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre pro-
-rogação sobre o valor da arrematação para saldar eventuais mul- dutores e traficantes de drogas e seus precursores químicos.
tas, encargos ou tributos pendentes de pagamento. (Incluído pela
Lei nº 13.886, de 2019) TÍTULO V-A
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não prejudica (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.840, DE 2019)
o ajuizamento de execução fiscal em relação aos antigos devedores. DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às quais Art. 65-A . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão,
poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, TÍTULO VI
dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
do condenado e aquele compatível com o seu rendimento lícito.
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º des-
§ 1º A decretação da perda prevista no caput deste artigo fica ta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada
condicionada à existência de elementos probatórios que indiquem no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psi-
conduta criminosa habitual, reiterada ou profissional do condena- cotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria
do ou sua vinculação a organização criminosa. (Incluído pela Lei nº SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
13.886, de 2019) Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560, de
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, enten- 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Federal,
de-se por patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas contidas
Lei nº 13.886, de 2019) nos convênios firmados e do fornecimento de dados necessários à
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha domínio e be- atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas respecti-
nefício direto ou indireto, na data da infração penal, ou recebidos vas polícias judiciárias.
posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recursos pú-
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante con- blicos para execução das políticas sobre drogas deverão garantir o
traprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (Inclu- acesso às suas instalações, à documentação e a todos os elementos
ído pela Lei nº 13.886, de 2019) necessários à efetiva fiscalização pelos órgãos competentes. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.840, de 2019)

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Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas fí- LEI DE TORTURA (LEI N. 9455/97).
sicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido de
drogas, atenção e reinserção social de usuários e dependentes e na
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de em-
presas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino, Define os crimes de tortura e dá outras providências.
ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que produzirem,
venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias ou cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liquida- Art. 1º Constitui crime de tortura:
ção, sejam lacradas suas instalações; I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente ado- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
ção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em depósi- a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
to, das drogas arrecadadas; vítima ou de terceira pessoa;
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acompa- b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
nhar o feito. c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou produtos não II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só podem par- com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
ticipar pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de saúde físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
ou de pesquisa científica que comprovem a destinação lícita a ser de caráter preventivo.
dada ao produto a ser arrematado. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste artigo, o § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
produto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública, destru- sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
ído pela autoridade sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
sobre Drogas e do Ministério Público. de medida legal.
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas especiali- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
dades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico, ficarão tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde, que as desti- de um a quatro anos.
nará à rede pública de saúde. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da são é de oito a dezesseis anos.
competência da Justiça Federal. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não I - se o crime é cometido por agente público;
sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
federal da circunscrição respectiva. deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação
Art. 71. (VETADO) dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o inquéri- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
to policial, o juiz, de ofício, mediante representação da autoridade § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
de polícia judiciária, ou a requerimento do Ministério Público, de- prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
terminará a destruição das amostras guardadas para contraprova, da pena aplicada.
certificando nos autos. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os Estados ou anistia.
e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e repressão do trá- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
fico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios, com o do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. (Redação tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi-
dada pela Lei nº 12.219, de 2010) leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
a sua publicação. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002

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XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados


ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI N. 10.826/03) e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas
de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.
O Estatuto do Desarmamento foi instituído pela Le i n.º 10. Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as
826/03. A referida lei trata de armas de fogo, munições, acessórios armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as de-
para armas, artefatos explosivos e/ou incendiários, os quais são os mais que constem dos seus registros próprios.
objetos materiais da lei.
O Estatuto do Desarmamento proibiu o porte de arma de fogo CAPÍTULO II
para os cidadãos brasileiros. Pela regra da lei o porte de arma só é DO REGISTRO
permitido para quem trabalha em áreas ligadas à Segurança Pública
ou que tenha atividades de risco. Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão com-
petente.
O referido Estatuto ainda instituiu o Sistema Nacional de Armas Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão regis-
– SINARM. Tal diploma jurídico trata de crimes de perigo abstrato, tradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei.
onde se presume de forma absoluta “que exista um risco causado Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes-
à coletividade por parte de quem, sem autorização, portar arma de sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos
fogo, acessório ou munição”. seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de cer-
LEI N° 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. tidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forneci-
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, das por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
define crimes e dá outras providências. 2008)
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- lícita e de residência certa;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló-
gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta
CAPÍTULO I no regulamento desta Lei.
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscri- esta autorização.
ção em todo o território nacional. § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no ca-
Art. 2o Ao Sinarm compete: libre correspondente à arma registrada e na quantidade estabele-
I – identificar as características e a propriedade de armas de cida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
fogo, mediante cadastro; de 2008)
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven- § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
didas no País; nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as como também a manter banco de dados com todas as característi-
renovações expedidas pela Polícia Federal; cas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadas- munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re-
trais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segu- gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
rança privada e de transporte de valores; § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni-
V – identificar as modificações que alterem as características ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante auto-
ou o funcionamento de arma de fogo; rização do Sinarm.
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con-
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do
conceder licença para exercer a atividade; cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em
fogo, acessórios e munições; adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar auto-
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características rizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser
das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil dis- adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
parado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com valida-
pelo fabricante; de em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a man-
ter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
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domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de traba- VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV,
lho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabe- e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
lecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por-
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. tuárias;
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va-
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior lores constituídas, nos termos desta Lei;
a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente
desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
Fogo. de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de regis- couber, a legislação ambiental.
tro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Fe- X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do
deral até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
ante a apresentação de documento de identificação pessoal e com- Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es-
provante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos in- que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na
cisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus-
11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti- (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput
de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade
rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamen- particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
to e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
nº 11.706, de 2008) validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I,
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº § 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
11.706, de 2008) § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe- prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro fora de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993,
de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de 2014)
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído pela
caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a ex- Lei nº 12.993, de 2014)
tensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento;
2019) e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
CAPÍTULO III III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle
DO PORTE interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
§ 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integran-
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: tes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
I – os integrantes das Forças Armadas; artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refe-
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V re o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabele-
do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional cidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº 13.500, de de 2008)
2017) § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Es- municipais está condicionada à formação funcional de seus in-
tados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habi- tegrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à
tantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; (Vide existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas
ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a su-
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com pervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884,
mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos de 2004)
mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III
Segurança Institucional da Presidência da República; (Vide Decreto do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
nº 9.685, de 2019)

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§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cin- do o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de
co) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo servidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº
para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela 12.694, de 2012)
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com trata este artigo fica condicionado à apresentação de documenta-
1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a ção comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessi- art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabeleci-
dade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes mentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanis-
documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) mos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabeleci-
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº das no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
11.706, de 2008) § 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este
II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído
Lei nº 11.706, de 2008) pela Lei nº 12.694, de 2012)
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº § 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a
11.706, de 2008) registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
de fogo, independentemente de outras tipificações penais, respon- acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras
derá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela
fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Lei nº 12.694, de 2012)
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas
que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de
de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na
empresas de segurança privada e de transporte de valores, cons- forma do regulamento desta Lei.
tituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte
guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran-
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército,
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polí- porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores
cia Federal em nome da empresa. e caçadores e de representantes estrangeiros em competição inter-
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se- nacional oficial de tiro realizada no território nacional.
gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso per-
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das mitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor- Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) regulamentares, e dependerá de o requerente:
horas depois de ocorrido o fato. I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati-
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deve- vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
rá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados III – apresentar documentação de propriedade de arma de
que portarão arma de fogo. fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, substâncias químicas ou alucinógenas.
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constan-
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar tes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão I – ao registro de arma de fogo;
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de por- II – à renovação de registro de arma de fogo;
te expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
pela Lei nº 12.694, de 2012) IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata V – à renovação de porte de arma de fogo;
este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de
12.694, de 2012) fogo.
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manu-
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de tenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeita- do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.

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§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e o (Vide Adin 3.112-1)
§ 5o do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as con- Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
dições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal para Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
o manuseio de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em de-
pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários sacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada
profissionais para realização de avaliação psicológica constante do pela Lei nº 13.964, de 2019)
item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado nº 13.964, de 2019)
pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
(oitenta reais), acrescido do custo da munição. (Incluído pela Lei nº identificação de arma de fogo ou artefato;
11.706, de 2008) II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
2o deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida-
Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
CAPÍTULO IV incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
DOS CRIMES E DAS PENAS legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica-
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces- ção raspado, suprimido ou adulterado;
sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determina- V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
ção legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen- arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado-
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o lescente; e
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Omissão de cautela § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impe- envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de
dir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de defici- 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse Comércio ilegal de arma de fogo
ou que seja de sua propriedade: Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo- ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de
res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de determinação legal ou regulamentar:
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó- deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação
sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, reme- ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em resi-
ter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessó- dência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
rio ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de
com determinação legal ou regulamentar: fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta cri-
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. minal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vide Adin 3.112-1) Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter-
Disparo de arma de fogo ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar munição, sem autorização da autoridade competente:
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Re-
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
outro crime: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou en-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. trega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de impor-
tação, sem autorização da autoridade competente, a agente poli-
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cial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às
de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada
2019) pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen- § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão
uso proibido ou restrito. e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério
pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em rela-
de 2019) tório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições,
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas refe- abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído
ridas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, pela Lei nº 11.706, de 2008)
de 2019) § 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em decor-
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa nature- rência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utiliza-
za. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) das em atividades ilícitas de produção ou comercialização de dro-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetí- gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos
veis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1) provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da
União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser,
CAPÍTULO V após perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas
DISPOSIÇÕES GERAIS com prioridade para os órgãos de segurança pública e do sistema
penitenciário da unidade da federação responsável pela apreensão.
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto nes- § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas
ta Lei. a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu per-
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a defi- dimento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº
nição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos 11.706, de 2008)
proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de respon-
serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, sabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadas-
mediante proposta do Comando do Exército. (Redação dada pela tramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
Lei nº 11.706, de 2008) 2008)
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encami-
gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante nhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de
e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regula- uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de
mento desta Lei. armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedi- local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
das autorizações de compra de munição com identificação do lote Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização
e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de
desta Lei. fogo, que com estas se possam confundir.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os si-
data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de se- mulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
gurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exér-
regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o. cito.
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcional-
referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu mente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.
§ 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisi-
para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante ções dos Comandos Militares.
autorização concedida nos termos definidos em regulamento. (In- Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Reda-
Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a pro- ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
dução, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o co- Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce-
mércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive didas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei.
o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, (Vide Lei nº 10.884, de 2004)
atiradores e caçadores. Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de va-
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do lidade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessa- Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no
rem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o
ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, requerente.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso § 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documen- 2019)
to de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acom- § 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos
panhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua uti-
da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração lização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão ju-
firmada na qual constem as características da arma e a sua condição dicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído pela
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e Lei nº 13.964, de 2019)
do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III § 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de
do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº
2008) (Prorrogação de prazo) 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder Executivo
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº
11.706, de 2008) CAPÍTULO VI
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad- DISPOSIÇÕES FINAIS
quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à
Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do re- Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e muni-
gulamento desta Lei. ção em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo pode- no art. 6o desta Lei.
rão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo- § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de apro-
-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando vação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. 2005.
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resulta-
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a do pelo Tribunal Superior Eleitoral.
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o regula- Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
mento desta Lei: Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ma-
rítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da Independência e
faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição 115o da República.
sem a devida autorização ou com inobservância das normas de se-
gurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que CONTRAVENÇÕES PENAIS (DEC. LEI 3.688/41 E DEC. LEI
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado 6.259/44)
de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena
de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o in- Contravenções Penais
gresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo A infração penal esta engloba tanto o crime (ou delito), como a
inciso VI do art. 5o da Constituição Federal. contravenção penal. Portanto, o crime e a contravenção penal são
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos espécies do gênero infração penal.
serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros - Crime: caracteriza-se por ter pena sempre de reclusão ou de-
adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de tenção, cumulada ou não com multa. Tem caráter repressivo, situ-
passageiros armados. ando o Direito somente após a ocorrência do dano a alguém.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos - Contravenção: caracteriza-se pela prisão simples e multa ou
serão armazenados no Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído só multa. Caráter preventivo, visando a Lei das Contravenções Pe-
pela Lei nº 13.964, de 2019) nais a coibir condutas conscientes que possam trazer prejuízo a al-
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo guém.
cadastrar armas de fogo e armazenar características de classe e in-
dividualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.
por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pe- Lei das Contravenções Penais
los registros de elementos de munição deflagrados por armas de
fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apu- O Presidente da República, usando das atribuições que lhe
rações criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº confere o artigo 180 da Constituição,
13.964, de 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

DECRETA: I – o condenado por motivo de contravenção cometido, em es-


tado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos,
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS quando habitual a embriaguez;
PARTE GERAL II – o condenado por vadiagem ou mendicância;
III e IV – (Revogados)
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de
Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso. trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo míni-
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada mo de um ano:
no território nacional. I – o condenado por vadiagem (art. 59);
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omis- II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo);
são voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se III – (Revogado)
a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em manicô-
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. mio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de seis meses.
Art. 5º As penas principais são: Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a
I – prisão simples. internação, submeter o indivíduo a liberdade vigiada.
II – multa. Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor de ofício.
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. PARTE ESPECIAL
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separa-
do dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. CAPÍTULO I
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
quinze dias.
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender,
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha sem permissão da autoridade, arma ou munição:
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
Brasil, por motivo de contravenção. um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, constitui crime contra a ordem política ou social.
quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência
Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com desta, sem licença da autoridade:
o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em de- Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
tenção. duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente.
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a conver- § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agen-
são em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e três te já foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra
meses. pessoa.
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três
caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das mul- meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem,
tas ultrapassar cinquenta contos. possuindo arma ou munição:
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando
suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a a lei o determina;
execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramen- b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexpe-
to condicional. riente no manejo de arma a tenha consigo;
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apo-
seguintes interdições de direitos: dere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo em manejá-la.
exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a
do poder público; provocar aborto:
lI – a suspensão dos direitos políticos. Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros.
Parágrafo único. Incorrem: Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o condenado Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime.
atividade ou com infração de dever a ela inerente; Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa de li- metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
berdade, enquanto dure a execução do pena ou a aplicação da me- Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele inter-
dida de segurança detentiva. nar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como doente
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas mental:
de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
local. § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a au-
Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se toridade competente, no prazo legal, internação que tenha admiti-
referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: do, por motivo de urgência, sem as formalidades legais.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança
meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, aque- alheia.
le que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou des- Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública,
pede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. ou embarcação a motor em aguas públicas:
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
previsto no artigo anterior, sem autorização de quem de direito: Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em
CAPÍTULO II águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia:
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO Pena – prisão simples, de quinze das a três meses, ou multa, de
trezentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empre- Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a
gado usualmente na prática de crime de furto: voos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de aeronave fora dos lugares destinados a esse fim:
trezentos mil réis a três contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo,
quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar perigo
ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática a transeuntes:
de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de réis.
duzentos mil réis a dois contos de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natu-
ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja reza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeuntes;
legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou b) remove qualquer outro sinal de serviço público.
qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto: Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou
duzentos mil réis a um conto de réis. molestar alguém:
Art. 27. (Revogado) Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as
CAPÍTULO III devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo em via
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLI- pública ou em lugar de uso comum ou de uso alheio, possa ofender,
CA sujar ou molestar alguém.
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas gás, que possa ofender ou molestar alguém:
adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezen-
tos mil réis a três contos de réis. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA
dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via públi- Art. 39. (Revogado pela pela Lei nº 14.197, de 2021)
ca ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagra- Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconvenien-
ção perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. te ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais
projeto ou na execução, dar-lhe causa: grave;
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não constitui Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
crime contra a incolumidade pública. duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo ine-
ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe xistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tu-
incumbe: multo:
Pena – multa, de um a cinco contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inex- duzentos mil réis a dois contos de réis.
periente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de I – com gritaria ou algazarra;
cem mil réis a um conto de réis. II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: com as prescrições legais;
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
o confia à pessoa inexperiente; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; por animal de que tem a guarda:
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva.
duzentos mil réis a dois contos de réis. § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao
público:
CAPÍTULO V a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA deles habitualmente participam pessoas que não sejam da família
de quem a ocupa;
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e
legal no país: moradores se proporciona jogo de azar;
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que se realiza jogo de azar;
pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda: d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar,
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. ainda que se dissimule esse destino.
Art. 45. Fingir-se funcionário público: Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização le-
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de qui- gal:
nhentos mil réis a três contos de réis. Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de fun- cinco a dez contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação
ção pública que não exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo à perda dos moveis existentes no local.
ou denominação cujo emprego seja regulado por lei. § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe à
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato não venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, introduz ou tenta
constitui infração penal mais grave. introduzir na circulação bilhete de loteria não autorizada.
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante a dis-
CAPÍTULO VI tribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos ou meios
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO análogos, faz depender de sorteio a obtenção de prêmio em dinhei-
TRABALHO ro ou bens de outra natureza.
§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo anterior
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar os sorteios autorizados na legislação especial.
que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subor- Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete de
dinado o seu exercício: loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. um a cinco contos de réis.
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, comér- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à
cio de antiguidades, de obras de arte, ou de manuscritos e livros venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, introduz ou tenta
antigos ou raros: introduzir na circulação, bilhete de loteria estrangeira.
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de um a Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria
dez contos de réis. estadual em território onde não possa legalmente circular:
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de um a
escrituração de indústria, de comércio, ou de outra atividade: três contos de réis.
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à
venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, introduz ou tonta
CAPÍTULO VII introduzir na circulação, bilhete de loteria estadual, em território
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES onde não possa legalmente circular.
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público estrangeira:
ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de duzen-
ele: tos mil réis a um conto de réis.
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa, de dois Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem
a quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação à sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em território
perda dos moveis e objetos de decoração do local. onde esta não possa legalmente circular.
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre os em- Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de
pregados ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos. bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a loteria, em
§ 2º Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a lugar onde ela não possa legalmente circular:
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem é encontrado a participar Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzen-
do jogo, ainda que pela internet ou por qualquer outro meio de tos mil réis a dois contos de réis.
comunicação, como ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio ou
nº 13.155, de 2015) avisos de loteria, onde ela não possa legalmente circular:
§ 3º Consideram-se, jogos de azar: Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de cem a
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou quinhentos mil réis.
principalmente da sorte;
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de
local onde sejam autorizadas;
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Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de rá- II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exer-
dio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que disfarçadamente, cício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação
anúncio, aviso ou resultado de extração de loteria, onde a circula- penal não dependa de representação e a comunicação não expo-
ção dos seus bilhetes não seria legal: nha o cliente a procedimento criminal:
Pena – multa, de um a dez contos de réis. Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bi- Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposi-
cho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou explora- ções legais:
ção: Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de du-
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de zentos mil réis a dois contos de réis.
dois a vinte contos de réis. Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamen-
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis te solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à pró-
a dois contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a ob- pria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
tenção de prêmio, para si ou para terceiro. Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a
válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bas- seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se
tantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas
ocupação ilícita: circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identi-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. dade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que as- Art. 69.- (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980)
segure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a Pena – prisão simples, de três meses a um ano.
pena. Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do mono-
Art. 60. (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009) pólio postal da União:
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
público, de modo ofensivo ao pudor: três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, DISPOSIÇÕES FINAIS
de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança pró-
pria ou alheia: Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, caça e
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de pesca, revogam-se as disposições em contrário.
duzentos mil réis a dois contos de réis. Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é in-
ternado em casa de custódia e tratamento.
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: DECRETO-LEI Nº 6.259 DE 10 DE FEVEREIRO DE 1944.
I – (Revogado pela Lei nº 13.106, de 2015);
II – a quem se acha em estado de embriaguez; Dispõe sôbre o serviço de loterias, e dá outras providências.
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de O Presidente da República, usando da atribuição que lhe
frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza: confere o artigo 180 da Constituição,
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. DECRETA:
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho
excessivo: Art. 1º O Serviço de loteria, federal ou estadual, executar-
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem -se-á, em todo o território do país, de acôrdo com as disposições do
a quinhentos mil réis. presente Decreto-lei.
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins di- Art. 2º Os Governos da União e dos Estados poderão atri-
dáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao públi- buir a exploração do serviço de loteria a concessionários de com-
co, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo. provada idoneidade moral e financeira.
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é § 1º A loteria federal terá livre circulação em todo o territó-
submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exi- rio do país, enquanto que as loterias estaduais ficarão adstritas aos
bição ou espetáculo público. limites do Estado respectivo.
Art. 65. (Revogado pela Lei nº 14.132, de 2021) § 2º A circulação da loteria federal não poderá ser obstada
ou embaraçada por quaisquer autoridades estaduais ou municipais.
CAPÍTULO VIII Art. 3º A concessão ou exploração lotérica, como derroga-
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO ção das normas do Direito Penal, que proíbem o jôgo de azar, ema-
PÚBLICA nará sempre da União, por autorização direta quanto à loteria fede-
ral ou mediante decreto de ratificação quanto às loterias estaduais.
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente: Parágrafo único. O Govêrno Federal decretará a nulidade
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exer- de loteria ratificada, no caso de transgressão de qualquer das suas
cício de função pública, desde que a ação penal não dependa de cláusulas.
representação;
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DAS CONCESSÕES 3) impossibilidade de exploração, simultânea, direta ou


indirètamente, de mais de um serviço lotérico pela mesma pessoa,
Art. 4º Somente a União e os Estados poderão explorar ou física ou jurídica;
conceder serviço de loteria, vedada àquela e a estes mais de uma 4) 2 (duas) extrações por semana, com prêmios maiores
exploração ou concessão lotérica. de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 5.000.000,00 (cinco mi-
Art. 5º As concessões serão precedidas de concorrência lhões de cruzeiros) para a loteria federal; (Redação dada pela
pública. Lei nº 4.161, de 1962)
§ 1º As concorrências serão abertas, mediante edital publi- 1 (uma) extração semanal ou quinzenal, com prêmios
cado no órgão oficial da União, por prazo nunca inferior a trinta (30) maiores de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 2.000.000,00
dias ou noventa (90) no máximo. (dois milhões de cruzeiros), no caso de loterias estaduais: 1 (uma)
§ 2º Quando se tratar de concorrência para o serviço de extração semanal, com prêmios maiores de Cr$ 100.000,00 (cem
loteria estadual, o edital deverá ser também publicado no respecti- mil cruzeiros) a Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros) e
vo órgão oficial, ou, em sua falta, no de maior circulação no Estado. ainda 2 (duas) extrações anuais nas semanas de São João e de Na-
§ 3º Cada concorrente (pessoa física, sociedade civil ou tal, com prêmios maiores até Cr$ 20.000.000,00 (vinte milhões de
sociedade mercantil) apresentará, até dez (10) dias antes da data cruzeiros), no caso de loterias estaduais em exploração direta pelo
fixada para a abertura das propostas, as provas de sua idoneidade Estado ou por autarquia estadual. (Redação dada pela Lei nº
e capacidade financeira. 4.161, de 1962)
§ 4º Na concorrência para a loteria federal, o Ministro de 5) emissão máxima, pela loteria federal, de quarenta mil
Estado dos Negócios da Fazenda fixará a importância mínima a que (40.000) bilhetes para cada extração, e, pelas estaduais, de seis mil
se obrigará o concessionário anualmente, entre quota fixa e impôs- (6.000) por milhão de habitantes ou fração, fixado em qualquer
to de 5% sôbre as emissões, condição essa que constará do edital, caso o limite máximo de quarenta mil (40.000) bilhetes, salvo auto-
não podendo a referida importância ser inferior a paga durante o rização especial para emissão em duas (2) séries, as quais, entretan-
ano de maior arrecadação da vigência do último contato. to, obrigatòriamente, serão do mesmo plano e se decidirão por
Art. 6º Entre as provas de idoneidade, os candidatos à um único sorteio, no mesmo dia;
concorrência apresentarão: 6) pagamento do impôsto de 5% na forma do art. 13 e seus
a) fôlha corrida e atestados de bons antecedentes, en- parágrafos.
tendendo-se que quando se tratar de sociedade, essa prova será 7) Os Estados que executam o serviço de loteria, direta-
exigida de cada um dos sócios; mente ou em regime de autarquia, poderão realizar, uma vez ao
b) quitação de impôstos federais, estaduais e municipais, ano, extração especial, para fins de assistência social, hospitalar,
mediante certidão negativa passada por autoridade competente. educacional e cultural, a cargo do Poder Executivo, com a emis-
§ 1º Provar-se-á a capacidade financeira pela propriedade são máxima de 100.000 (cem mil) bilhetes, ao preço maior de Cr$
de bens equivalentes ao triplo do prêmio maior a que se refere o 500,00 (quinhentos cruzeiros) cada um e distribuição de prêmios e
art. 9º, nº 4, dêste Decreto-lei. comissões, com as demais despesas, até Cr$ 20.000.000,00 (vinte
§ 2º Os bens a que alude o presente artigo deverão ser milhões de cruzeiros).e distribuição de prêmios e comissões, com
constituídos: dois terços (2/3) de imóveis aceitos pelo valor relativo as demais despesas, até Cr$ 20.000.000,00 (vinte milhões de cruzei-
ao pagamento do impôsto de transmissão de propriedade, ou na ros)”. (Incluído pela Lei nº 3.346, de 1957) (Redigido
base do lançamento do impôsto predial ou territorial, para cobran- pela Lei nº 3.491, de 1958)
ça no ano anterior, observadas as disposições do parágrafo único do Art. 10. É defeso ao concessionário modificar a sua firma ou
art. 27 do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941; e o restante transferir a concessão, sem prévio assentimento do poder conce-
em títulos da dívida pública, federal ou estadual, pela cotação em deste, exigida sempre a inalterável idoneidade moral do responsá-
bolsa. vel, e perfeita garantia financeira, pelo prazo restante do contrato.
§ 3º Os bens imóveis indicados na forma do § 3º pelo
concorrente vencedor, não poderão ser alienados nem gravados DAS CAUÇÕES
durante a vigência da concessão, procedendo-se a anotação nêsse
sentido no Registro de Imóveis. Art. 11. O concessionário da loteria federal caucionará
Art. 7º A concessão só será outorgada a brasileiros ou a na Tesouraria Geral do Tesouro Nacional, até a véspera da assina-
firma composta de sócios brasileiros, excluídas as sociedades anô- tura do contrato a importância de três milhões de cruzeiros (Cr$
nimas cujas ações não sejam tôdas nominativas. 3.000.000,00), em dinheiro ou em títulos da dívida pública federal,
Parágrafo único. Pretendendo concorrer várias pessoas para garantia da execução do serviço.
com uma só proposta, deverão as mesmas constituir-se previamen- § 1º Aos Estados concedentes compete arbitrar a caução,
te em sociedade regular. indicando o lugar do seu recolhimento.
Art. 8º É expressamente vedada a renovação ou prorroga- § 2º Tratando-se da loteria federal, a caução em dinheiro
ção de contratos, bem como a preferência em igualdade de condi- poderá ser prestada em caderneta da Caixa Econômica ou do Banco
ções. do Brasil S.A.
Art. 9º A loteria federal e as estaduais subodinar-se-ão às § 3º A caução reverterá em favor do poder concedente, se
seguintes condições: por culpa do concessionário fôr rescindido o contrato; e, findo êste,
1) prazo máximo de cinco (5) anos para as concessões; sòmente será levantada seis (6) meses após a última extração, uma
2) distribuição da percentagem mínima de setenta por vez verificado que o concessionário cumpriu tôdas as obrigações
cento (70%) em prêmios, sôbre cada emissão; contratuais.

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Art. 12. Quando o prêmio maior ultrapassar o valor da Art. 19. A loteria federal, bem assim as estaduais em regime
caução, o concessionário fica obrigado a recolher, nas espécies pre- de exploração direta pelo Estado ou por órgão autárquico, excetua-
vistas no art. 11, até oito (8) dias antes do sorteio, a diferença veri- das as hipóteses das loterias de São João e Natal a que se refere o
ficada entre a caução e o prêmio. inciso 4º do artigo 9º, somente poderão apresentar plano com prê-
§ 1º O recolhimento da diferença a que alude êste artigo mio maior que o de Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros),
será feito onde o poder concedente determinar, sob pena de ime- mediante prévia autorização do Ministro de Estado dos Negócios da
diata rescisão do contrato. Fazenda e prestadas as garantias que forem exigidas. (Redação
§ 2º O direito à restituição da diferença pleiteada pelo dada pela Lei nº 4.161, de 1962)
concessionário da loteria federal provar-se-á com o certificado ex- Art. 20. Ninguém poderá distribuir, vender ou expor à ven-
pedido pelo Fiscal Geral de loterias. da bilhetes de loteria federal ou estadual, sem ter sido previamente
§ 3º Na hipótese de que trata o parágrafo anterior, far-se- licenciado pela repartição federal competente, sob pena de multa
-á a restituição da diferença, quando devida, por simples despacho igual ao valor da licença e o dôbro na reincidência.
exarado pelo Diretor das Rendas Internas, no verso do conhecimen- Art. 21. A licença será anual e paga em estampilhas do sêlo
to do depósito e nêsse documento, que constituirá o comprovante adesivo, na seguinte conformidade:
da despesa, o concessionário passará recibo na forma legal. a) para agências em cidades de mais de 500.000 habitantes
...........................................Cr$ 1.000,00
DAS CONTRIBUIÇÕES b) para agências, em cidades de mais de 50.000 habitantes
até 500.000.............................Cr$ 500,00
Art. 13. (Extinto pela Lei nº 8.522, de 1992) c) para agências, em cidades de menos de 50.000 habitan-
§ 1º Nenhuma extração de loteria estadual será permitida tes ........................................... Cr$ 250,00
sem que, até a véspera da data designada para o sorteio se efetue o d) para estabelecimentos fixos em cidades de mais de
pagamento do impôsto de 5% sôbre a mesma extração, exibido ao 50.000 habitantes ......................... Cr$ 250,00
Fiscal o talão comprobatório do recolhimento. e) para estabelecimentos fixos em cidades de menos de
§ 2º A loteria federal poderá recolher o imposto de que 50.000 habitantes .......................Cr$ 150,00
trata êste artigo relativo às loterias de um mês, até o décimo quinto § 1º Não obstante a concessão da licença federal, pode-
(15º) dia do mês seguinte, desde que esteja intacta a sua caução. rão os Estados sujeitar a colocação dos bilhetes das loterias, que
Art. 14. O concessionário da loteria federal recolherá men- concederem, a quaisquer outras licenças, taxas, impostos ou emo-
sal e adiantadamente, até o décimo quinto (15º) dia útil de cada lumentos.
mês, o duodécimo da cota a que está obrigado, ex-vi do § 4º do art. § 2º Os vendedores ambulantes pagarão, em estampilhas
5º dêste Decreto-lei. do sêlo adesivo, mediante guia expedida, no Distrito Federal pela
Art. 15. (Extinto pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966) Fiscalização Geral das Loterias e nos Estados pela repartição arre-
Art. 16. As contribuições previstas nêste capítulo serão es- cadadora competente, a licença anual de dez cruzeiros (Cr$ 10,00),
crituradas como “Renda Ordinária da União”, na rubrica própria da não estando sujeitos a quaisquer outros impostos, taxas ou emolu-
lei orçamentária, destinando-se as de que tratam os arts. 13 e 14, a mentos federais, estaduais ou municipais, pelo exercício dessa ativi-
indenizar as despesas custeadas pelo Govêrno Federal com as obras dade, exceto o sêlo penitenciário e a taxa de educação.
de caridade e instrução em todo país. Art. 22. Antes do fornecimento de bilhetes e revendedores,
fixos ou ambulantes, as agências ou filiais lhes deverão exigir a pro-
DOS PLANOS, AGÊNCIAS E LICENÇAS va de estarem devidamente registrados.

Art. 17. Não serão postos em circulação bilhetes de loteria DOS BILHETES E DOS PRÊMIOS
cujos planos não tenham sido previamente aprovados pelo Diretor
das Rendas Internas do Tesouro Nacional, quando se tratar da lote- Art. 23. O bilhete de loteria, documento pelo qual alguém
ria federal, ou pelo Delegado Fiscal no respectivo Estado, quando se se habilita ao sorteio, é considerado, para todos os efeitos, título
tratar de loteria estadual. ao portador.
Parágrafo único. A decisão será comunicada ao interessado Art. 24. Os bilhetes ou serão inteiros ou divididos, mas
dentro de quinze (15) dias da data da apresentação dos planos, con- sempre uniformemente, em meios, quintos, décimos, vigésimos e
siderando-se tacitamente aprovados se a autoridade não se houver quadragésimos.
manifestado dentro do referido prazo. Art. 25. Cada bilhete ou fração consignará ao anverso, além
Art. 18. O concessionário da loteria federal poderá estabe- de outras declarações que o Diretor das Rendas Internas determi-
lecer agências em todos os Estados, no Distrito Federal e territórios, nar:
as quais funcionarão mediante licença expedida pela Diretoria das a) a denominação da loteria: “Loteria Federal do Brasil”, e
Rendas Internas. no caso de loteria estadual – “Loteria” seguida do nome do respec-
§ 1º No edifício da sede da loteria federal haverá lugar tivo Estado;
apropriado para a venda direta de bilhetes ao público, sem ágio. b) o número com que concorrerá ao sorteio;
§ 2º A loteria federal comunicará à Fiscalização Geral de c) o preço de plano, do bilhete inteiro e o de cada fração,
Loterias, antes de feita qualquer remessa de bilhetes, a nomeação acrescidos do impôsto de 5% previsto no art. 9º, nº 6;
dos seus agentes ou as alterações que com êles ocorram. Multa de d) a declaração de ser inteiro, meio, quinto, décimo, vigé-
mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00) a cinco mil cruzeiros (Cr$ 5.000,00) e o simo ou quadragésimo e, sendo fração, o número de ordem desta.
dôbro na reincidência. Art. 26. Cada bilhete ou fração consignará no verso, além de
outras declarações que o Diretor das Rendas Internas determinar:
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a) a indicação da lei e do contrato que autorizem a loteria; Art. 39. A ata, manuscrita ou dactilografada, será redigida
b) o plano da loteria; durante a extração, consignando os números premiados à medida
c) a indicação do lugar, dia e hora do sorteio; que saírem da urna. A lista impressa, entretanto, para maior facili-
d) a firma impressa do concessionário. dade de consulta, classificará os números premiados pela ordem
Art. 27. Os modelos de bilhetes da loteria federal depen- numérica e em escala ascendente.
dem de prévia aprovação do fiscal geral de loterias. Parágrafo único. Sòmente a verificação feita em face da ata
Art. 28. Far-se-á o pagamento do prêmio mediante apre- oficial servirá de fundamento a qualquer reclamação do pagamento
sentação e resgate do respectivo bilhete, desde que coincida exata- do prêmio.
mente com o canhoto do qual se destacou, e não ofereça vícios ou
defeitos que prejudiquem a verificação de sua autenticidade. DAS LOTERIAS PROIBIDAS
Art. 29. Em hipótese alguma se admitirá a substituição de
bilhetes postos em circulação, ainda que sob o pretexto de furto, Art. 40. Constitui jôgo de azar passível de repressão penal,
destruição ou extravio. a loteria de qualquer espécie não autorizada ou ratificada expressa-
Art. 30. O pagamento será imediato à apresentação do mente pelo Govêrno Federal.
bilhete na sede da loteria e, dentro de quinze (15) dias, se em qual- Parágrafo único. Seja qual fôr a sua denominação e proces-
quer das agências sediadas nas capitais dos Estados. so de sorteio adotado, considera-se loteria tôda operação, jôgo ou
Parágrafo único. O portador do bilhete que não fôr satisfei- aposta para a obtenção de um prêmio em dinheiro ou em bens de
to no pagamento do prêmio apresentar-lo-á ao Diretor das Rendas outra natureza, mediante colocação de bilhetes, listas, cupões, va-
Internas do Tesouro Nacional, se se tratar de loteria federal, ou ao les, papéis, manuscritos, sinais, símbolos, ou qualquer outro meio
diretor do Tesouro do Estado, se tratar de loteria estadual, os quais, de distribuição dos números e designação dos jogadores ou apos-
ouvido o concessionário no prazo de cinco (5) dias, e verificada a tadores.
ilegitimidade da recusa, fornecerão guia ao interessado para que Art. 41. Não se compreendem na disposição do artigo
receba no Tesouro Nacional ou no Estadual, conforme o caso, a im- anterior:
portância devida. a) os sorteios realizados para simples resgate de ações ou
Art. 31. No caso de ordem judicial para não se efetuar o debêntures, desde que não haja qualquer bonificação;
pagamento de algum prêmio, será êste depositado judicialmente, b) a venda de imóveis ou de artigos de comércio, mediante
ficando assim ilidida a ação de cobrança. sorteio, na forma do respectivo regulamento, sendo defeso conver-
Art. 32. Os canhotos grampeados em maços de cem (100) ter em dinheiro os prêmios sorteados ou concedê-los em proporção
serão rubricados na primeira e última fôlha pelo fiscal geral de lote- que desvirtue a operação de compra e venda;
rias, ou pessoa por êle designada, e ficarão guardados em cofre de c) os sorteios de apólices da dívida pública da União, dos
segurança pelo concessionário. Estados e dos Municípios, autorizados pelo Govêrno Federal;
d) os sorteios de apólices realizados pelas companhias de
DAS EXPLORAÇÕES seguro de vida, que operem pelo sistema de prêmios fixos atuariais,
desde que os respectivos regulamentos o permitam;
Art. 33. As extrações serão feitas, em sala franqueada ao e) os sorteios das sociedades de capitalização, feitos exclu-
público, pelo sistema de urnas transparentes e esferas numeradas sivamente para amortização do capital garantido;
por inteiro. f) os sorteios bi-anuais autorizados pelos Decretos-leis
Art. 34. A loteria federal e as loterias estaduais serão extraí- números 338, de 16 de março de 1938, e 2.870, de 13 de dezembro
das nos dias designados pelo Diretor das Rendas Internas. de 1940.
Art. 35. Depois de postos os bilhetes em circulação, a ex- Parágrafo único. Para os sorteios de mercadorias e imóveis
tração só deixará de realizar-se ou será adiada, por deliberação do não se permitirá emissão de bilhetes, cupões, ou vales, ao porta-
Diretor das Rendas Internas. dor, mas deverão constar do livro apropriado os nomes de todos
Parágrafo único. No primeiro caso serão recolhidos os bilhe- os prestamistas, com indicação dos pagamentos feitos e por fazer.
tes e restituídos os respectivos preços, e nos segundos avisar-se-á Art. 42. Fica permitida a distribuição de títulos da Dívi-
pela imprensa o novo dia designado para a extração. da Pública Federal, Estadual ou Municipal como prêmio de sorteio,
Art. 36. Nenhuma loteria correrá em dia feriado no local competindo à fiscalização verificar a prévia aquisição dos títulos e
de sua extração, mas ficará adiada para o primeiro dia útil seguinte. sua efetiva distribuição aos contemplados.
Art. 37. As esferas referentes ao número e ao prêmio, saí- Parágrafo único. Nenhum prêmio poderá ser constituído
das da urna, serão colocadas lado a lado no mesmo taboleiro. de mais de uma apólice faderal, estadual ou municipal, englobada-
Art. 38. Durante a extração da loteria federal, o fiscal geral mente.
de loterias verificará, uma a uma, as esferas postas nos taboleiros, Art. 43. A título de propaganda poderão os estabelecimen-
para efeito de correção dos enganos porventura constatados em tos comerciais, quando autorizados por cartas-patente, distribuir
ata. A conferência relativa aos cinco (5) prêmios maiores será feita brindes aos seus clientes, mediante coleção de bilhetes, vales ou
imediatamente após o pregão, submetendo-se as respectivas esfe- cupões sorteáveis, desde que as respectivas cautelas sejam gratui-
ras, antes de colocadas no taboleiro, ao exame das pessoas presen- tas e os prêmios de pequeno valor.
tes. Art. 44. Compete ao Diretor Geral da Fazenda Nacional
Parágrafo único. Logo após a conferência definitiva feita conceder cartas-patentes para funcionamento de clubes de merca-
pelo fiscal geral de loterias, serão os taboleiros com as esferas de dorias mediante sorteio.
números e do prêmio expostos ao público.

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Parágrafo único. Sempre que houver deturpação dos fins de multa de mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00) a cinco mil cruzeiros (Cr$
para que foi concedida, a carta-patente será cancelada pelo Diretor 5.000,00) aplicável aos proprietários e gerentes das respectivas em-
Geral da Fazenda Nacional. prêsas, e o dôbro na reincidência.
Parágrafo único. A Fiscalização Geral de Loterias deverá
DAS CONTRAVENÇÕES apreender os jornais, revistas ou impressos que inserirem reitera-
damente anúncio ou aviso proibidos, e requisitar a cassação da li-
Art. 45. Extrair loteria sem concessão regular do poder cença para o funcionamento das emprêsas de rádio e cinema que,
competente ou sem a ratificação de que cogita o art. 3º Penas: de da mesma forma, infringirem a disposição dêste artigo.
um (1) a quatro (4) anos de prisão simples, multa de cinco mil cru- Art. 56. Transmitir pelo telégrafo ou por qualquer outro
zeiros (Cr$ 5.000,00) a dez mil cruzeiros (Cr$ 10.000,00), além da meio o resultado da extração da loteria que não possa circular no
perda para a Fazenda Nacional de todos os aparelhos de extração, lugar para onde se fizer a transmissão. Penas: de multa de quinhen-
mobiliário, utensílios e valores pertencentes à loteria. tos cruzeiros (Cr$ 500,00) a mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00).
Art. 46. Introduzir no país bilhetes de loterias, rifas ou Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá a emprêsa
tômbolas estrangeiras, ou em qualquer Estado, bilhetes de outra telegráfica particular que efetuar a transmissão;
loteria estadual. Penas: de seis (6) meses a um (1) ano de prisão Art. 57. As repartições postais não farão a remessa de bi-
simples, multa de mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00) a cinco mil cruzeiros lhetes, listas, avisos ou cartazes referentes a loterias consideradas
(Cr$ 5.000,00), além da perda para a Fazenda Nacional de todos os ilegais ou os de loteria de determinado Estado, quando se destinem
bilhetes apreendidos. a outro Estado, ao Distrito Federal ou aos territórios.
Art. 47. Possuir, ter sob a sua guarda, procurar colocar, dis- § 1º Serão apreendidos os bilhetes, listas, avisos ou carta-
tribuir ou lançar em circulação bilhetes de loterias estrangeiras. Pe- zes encontrados em repartição situada em lugar onde a loteria não
nas: de seis (6) meses e um (1) ano de prisão simples, multa de mil possa legalmente circular, devendo os funcionários efetuar, quando
cruzeiros (Cr$ 1.000,00) a cinco mil cruzeiros (Cr$ 5.000,00), além possível, a prisão em flagrante do contraventor.
de perda para a Fazenda Nacional de todos os bilhetes apreendidos. § 2º Efetuada a prisão do contraventor, a cousa apreendida
Art. 48. Possuir, ter sob sua guarda, procurar colocar, dis- será entregue à autoridade policial que lavrar o flagrante. No caso
tribuir ou lançar em circulação bilhetes de loteria estadual fora do de simples apreensão, caberá aos funcionários lavrar o respectivo
território do Estado respectivo. Penas: de dois (2) a seis (6) meses auto, para pronunciamento das Recebedorias Federais no Rio de
de prisão simples, multa de quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) a mil Janeiro e em São Paulo, ou das Delegacias Fiscais nos demais Esta-
cruzeiros (Cr$ 1.000,00), além de perda para a Fazenda Nacional dos, às quais, se caracterizada e provada a infração, caberá impor as
dos bilhetes apreendidos. multas previstas neste capítulo.
Art. 49. Exibir, ou ter sob sua guarda, listas de sorteios § 3º Aos funcionários apreendedores fica assegurada a
de loteria estrangeira ou de estadual fora do território do Estado vantagem prevista no parágrafo único do art. 62.
respectivo. Penas: de em (1) a quatro (4) meses de prisão simples Art. 58. Realizar o denominado “jôgo do bicho”, em que um
e multa de duzentos cruzeiros (Cr$ 200,00) a quinhentos cruzeiros dos participantes, considerado comprador ou ponto, entrega certa
(Cr$ 500,00). quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome
Art. 50. Efetuar o pagamento de prêmio relativo a bilhete de animais, a que correspondem números, ao outro participante,
de loteria estrangeira ou estadual que não possa circular legalmen- considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante
te no lugar do pagamento. Penas: de dois (2) a seis (6) meses de qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro. Penas: de
prisão simples e multa de quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) a mil seis (6) meses a um (1) ano de prisão simples e multa de dez mil
cruzeiros (Cr$ 1.000,00). cruzeiros (Cr$ 10.000,00) a cinqüenta mil cruzeiros (Cr$ 50.000,00)
Art. 51. Executar serviços de impressão ou acabamento de ao vendedor ou banqueiro, e de quarenta (40) a trinta (30) dias de
bilhetes, listas, avisos ou cartazes, relativos a loteria que não possa prisão celular ou multa de duzentos cruzeiros (Cr$ 200,00) a qui-
legalmente circular no lugar onde se executem tais serviços. Penas: nhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) ao comprador ou ponto. (Vide Lei
de dois (2) a seis (6) meses de prisão simples, multa de quinhentos n º 1.508, de 1951)
cruzeiros (Cr$ 500,00) a mil cruzeiros (Cr$ 1.000,00), e a inutilização § 1º Incorrerão nas penas estabelecidas para vendedores
dos bilhetes, listas, avisos e cartazes, além da pena de prisão aos ou banqueiros: (Vide Lei n º 1.508, de 1951)
proprietários e gerentes dos respectivos estabelecimentos. a) os que servirem de intermediários na efetuação do jôgo;
Art. 52. Distribuir ou transportar cartazes, listas ou avisos (Vide Lei n º 1.508, de 1951)
de loterias onde os mesmos não possam legalmente circular. Penas: b) os que transportarem, conduzirem, possuírern, tiverem
de um (1) a quatro (4) meses de prisão simples e multa de duzentos sob sua guarda ou poder, fabricarern, darem, cederem, trocarem,
cruzeiros (Cr$ 200,00) a quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00). guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jôgo ou ma-
Art. 53. Colocar, distribuir ou lançar em circulação bilhetes terial próprio para a contravenção, bem como de qualquer forma
de loterias relativos a extrações já feitas. Penas: as do art. 171 do contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou emprêgo,
Código Penal. seja qual for a sua espécie ou quantidade; (Vide Lei n º 1.508,
Art. 54 . Falsificar emendar ou adulterar bilhetes de loteria. de 1951)
Penas: as do art. 298 do Código Penal. c) os que procederem à apuração de listas ou à organização
Art. 55. Divulgar por meio de jornal, revista, rádio, cinema de mapas relativos ao movimento do jôgo; (Vide Lei n º 1.508,
ou por qualquer outra forma, clara ou disfarçadamente, anúncio, de 1951)
aviso ou resultado de extração de loteria que não possa legalmente d) os que por qualquer modo promoverem ou facilitarem a
circular no lugar em que funciona a emprêsa divulgadora. Penas: realização do jôgo. (Vide Lei n º 1.508, de 1951)

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§ 2º Consideram-se idôneos para a prova do ato contraven- DA FISCALIZAÇÃO GERAL DE LOTERIAS


cional quaisquer listas com indicações claras ou disfarçadas, uma
vez que a perícia revele se destinarem à perpetração do jôgo do Art. 64. A Fiscalização Geral de Loterias, diretamente subor-
bicho. (Vide Lei n º 1.508, de 1951) dinada à Diretoria das Rendas Internas do Tesouro Nacional, será
§ 3º (Revogado pela Lei nº 1.508, de 1951) exercida por um Funcionário designado pelo Presidente da Repúbli-
Art. 59. Serão inafiançáveis as contravenções previstas nos ca para exercer a função gratificada de Fiscal Geral.
arts. 45 a 49 e 58 e seus parágrafos. Art. 65. Nos Estados em que existir loteria, haverá um
Art. 60. Constituem contravenções, puníveis com as penas Fiscal Regional, subordinado à Fiscalização Geral e designado pelo
do art. 45, o jôgo sôbre corridas de cavalos, feito fora dos hipódro- Delegado Fiscal.
mos, ou da sede e dependências das entidades autorizadas, e as Parágrafo único. O funcionário designado na forma dêste
apostas sôbre quaisquer outras competições esportivas. (Vide artigo será dispensado das funções de seu cargo efetivo nos dias de
Lei n º 1.508, de 1951) extração da loteria e nenhuma vantagem perceberá.
Parágrafo único. Consideram-se competições esportivas, Art. 66. Para os fins do art. 63, é facultado ao concessioná-
aquelas em que se classifiquem vencedores rio da Loteria Federal manter auxiliares em todo o território do pais,
a) pelo esfôrço físico, destreza ou habilidade do homem; os quais serão designados pelo Fiscal Geral de loterias.
b) pela seleção ou adestramento de animais, postos em Art. 67. Compete ao Fiscal Geral de loterias:
disputa, carreira ou luta de qualquer natureza. a) superintender todo o serviço da Fiscalização;
b) distribuí-lo pelos seus auxiliares;
DO PROCESSO FISCAL c) abrir, rubricar e encerrar livros da Fiscalização e dar as
necessárias instruções para a escrituração dos mesmos;
Art. 61. O processo fiscal das contravenções a que se refere d) despachar os papéis dependentes de sua decisão e
êste Decreto-lei, obedecerá as normas estabelecidas pelo Decreto- subscrever as certidões;
-lei nº 739, de 24 de setembro de 1938. e) mandar arquivar os papéis findos;
Art. 62. Os bilhetes apreendidos em virtude de contra- f) assistir às extrações da loteria federal, examinando pes-
venção meramente administrativa serão conservados, no Distrito soalmente ou fazendo examinar por técnios de sua confiança, os
Federal, pela Fiscalização Geral de Loterias, e nos Estados pelas De- aparelhos empregados nas mesmas extrações;
legacias Fiscais, em invólucro fechado e lacrado, com as declarações g) velar pela estrita observância do contrato celebrado
necessárias. entre a União e os concessionários;
Parágrafo único. Na hipótese de ser premiado qualquer h) fazer apreender os bilhetes indevidamente em circula-
dos bilhetes apreendidos, efetuar-se-á a cobrança, ficando o pro- ção, quer expostos à venda, quer ocultos, bem como os ultimatos
duto em depósito no Tesouro Nacional ou suas Delegacias Fiscais, ou em via de ultimação;
até decisão final do processo. Metade dos prêmios pertencerá aos i) requisitar das autoridades policiais a fôrca necessária
apreensores que tiverem assinado o respectivo auto, e a outra me- para tornar efetivas quaisquer diligências regulamentares;
tade será convertida em renda eventual da União. j) lavrar as designações dos auxiliares mantidos pelos con-
Art. 63. Além das autoridades policiais, são competentes cessionários;
os Funcionários da Fiscalização Geral de Loterias, os Fiscais de lo- l) impedir, por todos os meios ao seu alcance, o curso de
terias, os Delegados Fiscais do Tesouro, os Coletores federais, os bilhetes de loterias estrangeiras, bem como o das estaduais fora
Agentes fiscais do impôsto de consumo, os Fiscais dos clubes de dos limites dos Estados concedentes;
mercadorias, os funcionários postais, os empregados ferroviários e m) fornecer guias para o pagamento da cota fixa e do im-
os Agentes do fisco estadual e municipal, para efetuar a prisão em pôsto proporcional de 5% sôbre o montante de cada emissão, da
flagrante quando ocorrerem as infrações dêste Decreto-lei puníveis Loteria Federal;
com pena de prisão, apreender bilhetes, aparelhos e utensílios, e n) fornecer o certificado para levantamento da caução nos
inutilizar listas, cartazes ou quaisquer papéis relativos a loterias têrmos do § 3º do art. 11;
clandestinas ou jogos proibidos. o) determinar ns livros especiais que as emprêsas lotéricas
Parágrafo único. No desempenho das atribuições previstas devem possuir;
neste artigo, poderão os funcionários e autoridades, quando neces- p) aprovar os modêlos de bilhetes na foma do art. 27; e
sário, proceder a revistas pessoais, bem como arrombar portas ou q) apresentar ao Diretor das Rendes Internas, no primeiro
imóveis em estabelecimentos de comércio. trimestre de cada ano, o relatório dos trabalhos e das mais impor-
tantes ocorrências concernentes ao ano anterior.
Art. 68. Compete aos fiscais regionais:
a) apreender ou fazer apreender os bilhetes indevidamente
em circulação, quer expostos à venda, quer ocultos bem como os
ultimados ou em via de ultimação;
b) requisitar das autoridades policiais a fôrça necessária
para tornar efetivas quaisquer diligências regulamentares;
c) impedir, por todos os meios ao seu alcance, o curso de
bilhetes de loterias estrangeiras, bem como o das estaduais fora
dos limites dos Estados respectivos;
d) fornecer guias para o pagamento do impôsto proporcio-
nal de 5 % sôbre o montante de cada emissão da loteria estadual;
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e) apresentar ao fiscal geral de loterias, até o dia 31 de ja- Pena: reclusão de dois a cinco anos.
neiro de cada ano, o relatório dos trabalhos e das mais importantes § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi-
ocorrências concernentes ao ano anterior; nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
f) exigir a prova do pagamento do impôsto de 5 %, na forma descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº
do art. 13, § 1º, impedindo a extração da loteria caso não tenha sido 12.288, de 2010) (Vigência)
preenchida essa formalidade; e I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
g) assistir às extrações da lotoria. gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
Art. 69. São nulas de pleno direito quaisquer obrigações cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
resultantes de loterias não autorizadas. II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou-
Art. 70. Os estrangeiros que contravierem as disposições tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de
dos arts. 45 a 54 e 58 dêste decreto-lei serão expulsos do território 2010) (Vigência)
nacional, após o cumprimento da pena. III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Art. 71. Além dos ônus previstos neste Decreto-lei e do ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
impôsto de renda, nenhum outro impôsto, contribuição ou taxa, fe- pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
derais, estaduais ou municipais, incidirá sôbre os bilhetes da loteria § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
federal e respectivos prêmios. à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
Art. 72. Os livros e papéis pertencentes a concessioná- cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
rios de serviços lotéricos e a quaisquer agências ou casas onde se de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
vendam bilhetes, poderão em qualquer momento, ser examinados etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
pelo fiscal geral de loterias ou pelos funcionários expressamente cias. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
designados pela autoridade competente. Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
Art. 73. O presente Decreto-lei entrará em vigor na data de cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
sua publicação. Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 74. Revogam-se as disposições em contrário. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual-
Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1944, 123º da Indepen- quer grau.
dência e 56º da República. Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
CRIMES DE PRECONCEITO (LEI 7.716/89). Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe-
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) lecimento com as mesmas finalidades.
Art. 2º (Vetado). Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de- Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
coro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. (Incluído cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
pela Lei nº 14.532, de 2023) Pena: reclusão de um a três anos.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
pela Lei nº 14.532, de 2023) aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou-
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for tro meio de transporte concedido.
cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído Pena: reclusão de um a três anos.
pela Lei nº 14.532, de 2023) Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- qualquer ramo das Forças Armadas.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem Pena: reclusão de dois a quatro anos.
como das concessionárias de serviços públicos. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
Pena: reclusão de dois a cinco anos. mento ou convivência familiar e social.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de Pena: reclusão de dois a quatro anos.
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, Art. 15. (Vetado).
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
(Vigência)
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
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Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei te-
função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio- rão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando
namento do estabelecimento particular por prazo não superior a praticados por funcionário público, conforme definição prevista no
três meses. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no
Art. 17. (Vetado). exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las. (Incluído pela
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não Lei nº 14.532, de 2023)
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen- Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar
tença. como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pes-
Art. 19. (Vetado). soa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilha-
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon- ção, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não
ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) procedência. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
Lei nº 9.459, de 15/05/97) vítima dos crimes de racismo deverá estar acompanhada de advo-
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em- gado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re-
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
nº 9.459, de 15/05/97)
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido
por intermédio dos meios de comunicação social, de publicação em CRIMES HEDIONDOS (LEI N.8.072/90).
redes sociais, da rede mundial de computadores ou de publicação
de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei A Lei dos Crimes Hediondos origina-se na Constituição de 1988,
nº 9.459, de 15/05/97) em seu artigo 5º, inciso XLIII,
§ 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for co- Em 1990, surgiu a lista de crimes hediondos, que classificou
metido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas como inafiançáveis os crimes de extorsão mediante sequestro, la-
ou culturais destinadas ao público: (Incluído pela Lei nº 14.532, de trocínio ou seja, roubo seguido de morte e o estupro, negando aos
2023) autores destes crimes os benefícios da progressão de regime.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de fre- O autor do crime hediondo é obrigado a cumprir pena em regi-
quência, por 3 (três) anos, a locais destinados a práticas esportivas, me integralmente fechado, salvo no caso do benefício do livramen-
artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso. (In- to condicional com 2/3 da pena.
cluído pela Lei nº 14.532, de 2023) A Lei foi alterada em 1994, através da lei 8.930/1994. A altera-
§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incor- ção consistiu em incluir o homicídio qualificado na Lei dos Crimes
re nas mesmas penas previstas no caput deste artigo quem obstar, Hediondos.
impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou Atualmente dispõe a Lei acerca do tema:
práticas religiosas. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipifi-
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in- cados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei Penal, consumados ou tentados:
nº 14.532, de 2023) I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
15/05/97) (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando pra-
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência) ticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in- da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
12.288, de 2010) (Vigência) decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen- pela Lei nº 13.142, de 2015)
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);
Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumen- III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
tadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando ocorrerem em con- IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art.
texto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação. (In- 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
cluído pela Lei nº 14.532, de 2023) V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
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VII-A – (VETADO) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de pro-


VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de pro- duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e
duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de
§ 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
julho de 1998). VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex- ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art.
ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
218-B, caput, e §§ 1º e 2º) (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014). IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela
Assim, nota-se que a Lei de Crimes Hediondos é norma que Lei nº 13.964, de 2019)
trouxe significativa mudança ao ordenamento, uma vez que o Esta- Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados
do passou a tratar determinados crimes de maior gravidade social ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
com maior rigidez, classificando-os como crimes hediondos. I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inci- proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
so XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à
8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) prática de crime hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica 13.964, de 2019)
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilíci-
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII to de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis
e IX); (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência de: (Vide Súmula Vinculante)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § I - anistia, graça e indulto;
2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando pra- II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
ticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida ini-
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For- cialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464,
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de 2007)
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente § 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fun-
pela Lei nº 13.142, de 2015) damentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de
157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464,
ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2007)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segu-
(art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) rança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 4º (Vetado).
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso:
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de “Art. 83. ..............................................................
1994) ........................................................................
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-
Lei nº 12.015, de 2009) denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) reincidente específico em crimes dessa natureza.”
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso in- Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213;
cluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, to-
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) dos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 157. .............................................................
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de


reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a DIREITO PROCESSUAL PENAL: DA AÇÃO PENAL.
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
........................................................................
Art. 159. ............................................................... O titular da ação penal pública é o Ministério Público, todavia,
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. a ação penal pode ser privada, tendo por sujeito ativo o ofendido
§ 1º ................................................................. ou o seu representante legal. Ademais, mesmo a ação penal de
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. titularidade do MP (pública), divide-se em:
§ 2º .................................................................
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º ................................................................. Ação Penal Pública Ação Penal Pública
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. Incondicionada Condicionada
........................................................................ Atuação do MP condicionada
Art. 213. ............................................................... a representação da vítima/
Pena - reclusão, de seis a dez anos. Atuação apenas do MP. representante legal ou
Art. 214. ............................................................... requisição do Ministro da
Pena - reclusão, de seis a dez anos. Justiça.
........................................................................
Art. 223. ............................................................... — Condições Gerais da Ação
Pena - reclusão, de oito a doze anos. – Possibilidade jurídica do pedido: os fatos narrados na inicial
Parágrafo único. ........................................................ acusatória encontram previsão dentro da lei penal incriminadora;
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. – Legitimidade para agir: pertinência subjetiva para a ação;
........................................................................ Legitimidade ativa: apenas a pessoa cuja titularidade da ação
Art. 267. ............................................................... penal é garantida pela lei tem o poder de ajuizar a ação;
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. Legitimidade passiva: somente o responsável pelo fato definido
........................................................................ como infração penal pode figurar no polo passivo da ação;
Art. 270. ...............................................................
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. – Interesse processual: a ação penal precisa ser útil, necessário
.......................................................................” e adequado para o crime em comento;
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte – A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial para a
parágrafo: satisfação do interesse pleiteado pelo titular da ação, ex.: não há
“Art. 159. .............................................................. utilidade caso ocorra uma causa de extinção da punibilidade.
........................................................................ – Justa causa: condição geral da ação que obriga a existência
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor de um lastro mínimo de prova capaz de fornecer base à pretensão
que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestra- acusatória. Inclusive, cabe HC em caso de coação ilegal com
do, terá sua pena reduzida de um a dois terços.” ausência de justa causa na ação penal.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no
art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, A ação penal pública pode ser:
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou – Incondicionada: exige apenas atuação do MP;
terrorismo. – Condicionada à representação da vítima ou seu representante
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à legal;
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela- – Condicionada à requisição do ministro da justiça, ex. casos de
mento, terá a pena reduzida de um a dois terços. crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do território
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nacional, crimes contra a honra do Presidente da República e contra
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, chefe de governo estrangeiro.
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único,
214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, to- A ação penal pública é regida pelo princípio da oficialidade, uma
dos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite vez que os órgãos responsáveis pela persecução penal são públicos/
superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer oficiais. Isso se fundamenta porque o Estado detém a titularidade
das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. exclusiva do direito de punir. Ademais, na ação penal pública incide
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, o princípio da obrigatoriedade, também conhecido por legalidade,
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte reda- de maneira que estando presentes elementos suficientes para a
ção: propositura da ação penal o MP é obrigado a oferecer a denúncia.
“Art. 35. ................................................................ Todavia, esse princípio é mitigado pela transação penal, por exemplo.
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão E, decorre da obrigatoriedade o princípio da indisponibilidade da
contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. ação penal, uma vez que, o MP não pode desistir da ação penal nem
12, 13 e 14.” de eventual recurso interposto.
Art. 11. (Vetado). A doutrina divide-se sobre a (in)divisibilidade da ação
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. penal pública. Todavia, o STF no caso mensalão entendeu pela
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. divisibilidade, no sentido de que o processo penal pode ser
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

desmembrado. O oferecimento da denúncia contra um acusado Não impede a propositura da ação civil:
não exclui a possibilidade futura de ação penal contra outros – O despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
envolvidos, ex. o MP adita a denúncia. informação;
De acordo com o princípio da intranscendência, a ação penal – A decisão que julgar extinta a punibilidade (ex. prescrição);
somente pode ser ajuizada contra os responsáveis pela infração – A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
penal, excluindo sucessores e responsáveis civis pelo criminoso. constitui crime, pois ainda assim, pode haver infração civil.
Por fim, a ação penal pública obriga que os órgãos encarregados
pela persecução penal atuem de ofício (princípio da oficiosidade). Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,
Essa regra, todavia, não se aplica à ação penal pública condicionada, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da
pois consiste em condição de procedibilidade a representação reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, bem herdeiros.
como, requisição do ministro da justiça, nos casos expressamente Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
exigidos por lei. condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos
O direito de representação pode ser exercido no prazo termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo
decadencial de 6 meses, contados do conhecimento da autoria. da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
Decorrido esse prazo ocorre a extinção da punibilidade. Ademais, Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
uma vez oferecida a representação, a retratação pode ocorrer até o ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o
oferecimento da denúncia. autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
A requisição do ministro da justiça cuida-se de condição de Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
procedibilidade consistente em ato de natureza administrativa poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo
e política, revestido de discricionariedade. Diferente da daquela.
representação, a requisição não tem prazo decadencial. Dessa Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que
forma, pode ser lançada a qualquer tempo, enquanto não extinta a reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade,
punibilidade pela prescrição. em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
A legitimidade para a propositura da ação penal privada exercício regular de direito.
pertence ao ofendido ou a quem legalmente o represente, ex. se o Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo
ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo. criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
A ação penal será privada nos casos expressamente indicados categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
pela lei. Quando a lei se cala sobre a espécie de ação a ser utilizada Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
é caso de ação penal pública. I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
Assim como na representação, o prazo da queixa-crime é de 6 informação;
meses, contados do conhecimento da autoria. II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
Princípios da Ação Penal Privada constitui crime.
– Oportunidade: o ofendido tem discricionariedade para iniciar Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for
ou não a ação penal. pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art.
– Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação penal, bem 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento,
como de eventual recurso. pelo Ministério Público [defensoria pública].
– Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer dos autores
do crime obrigará ao processo de todos, e o MP zelará pela Por fim, atente-se que, nos casos de violência doméstica,
indivisibilidade. é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de
– Intranscendência: a ação penal somente pode ser ajuizada dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou
contra os responsáveis pela infração penal, não abrangendo da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e
sucessores, nem responsáveis civil. independentemente de instrução probatória.

Efeitos civis da ação penal: o crime ocasiona consequência civil,


isto é, a necessidade de reparar eventuais danos causados pela PRINCÍPIOS E NORMA PROCESSUAL PENAL: FONTES E
atividade criminosa. Existem duas vias para que isso ocorra: EFICÁCIA
a) ação cível;
b) execução no juízo cível de sentença penal.
Fontes do direito processual penal;
a) Ação civil ex delicto: A ação para ressarcimento do dano
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime. Caso Fonte é o lugar de onde nasce o Direito Processual Penal, ou
seja intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspendê-la seja, os elementos que integram e formam esse ramo do Direito.
até o julgamento criminal definitivo. No âmbito do Direito Processual Penal, é possível apontar a
b) Execução ex delicto: após o trânsito em julgado da sentença existência da fonte de produção ou material e da fonte formal ou
penal condenatória, o ofendido poderá promover a execução do de cognição.
título executivo judicial no juízo cível.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a) Fonte de produção ou material: Refere-se ao ente federati- Os princípios gerais do direito “são premissas éticas extraídas da
vo responsável pela elaboração da norma. Nesses termos, o Direito legislação e do ordenamento jurídico em geral” A sua aplicação no
Processual Penal é matéria que deve ser legislada privativamente Processo Penal está permitida expressamente pelo art. 3º do CPP.
pela União, nos termos do art. 22, inciso I, da Constituição Federal. A analogia é uma “forma de auto-integração da lei. Na lacuna
Entretanto, lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar involuntária desta, aplica-se ao fato não regulado expressamente
sobre questões específicas dessa matéria (art. 22, parágrafo único, um dispositivo que disciplina hipótese semelhante”. A sua aplicação
da Constituição Federal). no Processo Penal também é permitida expressamente pelo art. 3º
De outro lado, a competência para legislar sobre direito peni- do CPP. De se registrar que esse dispositivo legal se refere à aplica-
tenciário e procedimentos é concorrente da União, dos Estados e ção analógica como sinônimo de analogia (e não de interpretação
do Distrito Federal (art. 24, incisos I e XI, da Constituição Federal). É analógica).
de competência dos Estados, conforme as constituições estaduais, A analogia subdivide-se em: analogia legis (apela-se a uma si-
a legislação sobre organização judiciária no âmbito estadual, bem tuação prevista pela lei); analogia iuris (apela-se a uma situação
como sobre custas dos serviços forenses (art. 24, inciso IV, da Cons- prevista pelos princípios jurídicos extraídos das normas particula-
tituição Federal). É possível ainda que o Presidente da República res).
legisle, via Decreto, acerca do indulto (art. 84, inciso XII, da Consti- A analogia pode ser feita in bonam partem (em benefício do
tuição Federal). agente) ou in malam partem (em prejuízo do agente). No Direito Pe-
Alerte-se para o fato de que é vedada a edição de medidas pro- nal, somente é admitida a analogia in bonam partem, sendo veda-
visórias sobre Direito Processual Penal (e Direito Penal também), da, portanto, a analogia in malam partem. No entanto, no Processo
por força do disposto no art. 62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da Cons- Penal, a analogia pode ser feita livremente, sem restrições, ou seja,
tituição Federal. in bonam partem ou in malam partem, pois ela não envolverá uma
b) Fonte formal ou de cognição: Refere-se ao meio pelo qual norma penal incriminadora.
uma norma jurídica é revelada no ordenamento jurídico.
Essa fonte é subdividida em fontes primárias ou imediatas ou
diretas e em fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou suple-
tivas. INTERPRETAÇÃO RETROSPECTIVA E INTERPRETAÇÃO
PROSPECTIVA NO PROCESSO PENAL
1. Fontes primárias ou imediatas ou diretas

São aquelas aplicadas imediatamente. Consideram-se fontes


primárias do Processo Penal: a lei (art. 22, inciso I, da Constituição — Interpretação da Lei Processual
Federal), entendida em sentido amplo, para incluir a própria Cons- Dispõe o artigo 3º do CPP que “a lei processual penal admitirá
tituição Federal; os tratados, convenções e regras de Direito Inter- interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
nacional (nos termos do art. 1º, inciso I, do CPP, e art. 5º, § 3º, da suplemento dos princípios gerais de direito”;
Constituição Federal). Interpretação extensiva: atividade na qual o intérprete estende
Registre-se que os tratados e convenções internacionais sobre o alcance do que diz a lei, em razão de sua vontade (vontade da lei)
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres- ser esta;
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec- Aplicação analógica: o Juiz aplica a um caso uma norma que
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais, por não foi originariamente prevista para tal, e sim para um caso
força do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal. Se, entretanto, esses semelhante;
diplomas normativos não preencherem os requisitos formais exigi- Princípios gerais de direito: regras de integração da lei, ou seja,
dos pelo art. 5º, § 3º, da Constituição, a exemplo do que ocorre com de complementação de lacunas. Assim, quando não se vislumbrar
o Pacto de São José da Costa Rica, terão caráter supralegal, superio- uma lei que possa reger adequadamente o caso concreto, o CPP
res à lei ordinária, mas devendo respeito ao Texto Constitucional, admite a aplicação dos princípios gerais do Direito;
conforme entendimento do STF exarado nos julgamentos do RE nº
466.343/SP e HC nº 87.585/TO (Informativo nº 531).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA INVESTIGAÇÃO
2. Fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou supletivas CRIMINAL

São aquelas aplicadas na ausência das fontes primárias, nos


termos do art. 4º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasi-
— Princípios do Processo Penal
leiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942). Existe divergência doutrinária a
O Direito Processual Penal se embasa em diversos princípios,
respeito da enumeração das fontes mediatas. A classificação mais
que buscam evitar arbitrariedades estatais. Seguem os princípios
difundida entre os estudiosos é a que considera fontes secundárias
que formam a base principiológica processual penal:
do Processo Penal: costumes; princípios gerais do direito; analogia.
– Presunção de Inocência (Art. 5º, LVII, CF/88): Consiste
Os costumes são regras de conduta praticadas “de modo geral,
no direito de não ser declarado culpado senão após o devido
constante e uniforme (elemento interno), com a consciência de sua
processo legal, sendo que a consequência deste princípio é que a
obrigatoriedade (elemento externo)” É de se ressaltar, porém, que
parte acusadora fica com o ônus de demonstrar a culpabilidade do
os costumes não têm o condão de revogar dispositivos legais.
acusado;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Contraditório: Consiste no direito à informação somado ao tima ou autoriza alguma coisa; causa, fundo, motivo, razão. Em tal
direito de participação. Quanto ao direito de informação, destacam- medida, podemos concluir que ao tomar a dignidade da pessoa hu-
se as citações e intimações. Quanto ao direito de participação, o mana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito
acusado precisa ter a oportunidade reagir. Ex.: contestar, recorrer. Brasileiro, a Constituição Federal estabelece que toda a sistemática
– Ampla defesa: O direito de defesa complementa o constitucional e infraconstitucional deverá tê-la por base na sua in-
contraditório, pois após se contrapor (exercer o contraditório) terpretação e aplicação.
o acusado precisa se defender. A ampla defesa proporciona ao Por isso, importante estabelecer o conceito de dignidade da
acusado a possibilidade de influenciar na decisão judicial. Ex.: pessoa humana, pois será tal conceito linha basilar para estrutura-
produzindo provas; ção de toda a sistemática sobre a qual desenvolveremos as noções
– Defesa Técnica - Autodefesa; dos princípios constitucionais reitores da investigação criminal.
– Exercida pelo advogado. É obrigatória na fase processual. A primeira noção a qual podemos nos socorrer na busca de um
conceito da dignidade da pessoa humana são os estudos realizados
– Publicidade (Art. 9º, IX, CF/88): Acesso de todos os cidadãos por Immanuel Kant. Das lições deixadas pelo jurista alemão, temos
ao processo, com vistas à transparência da atividade jurisdicional, que o ser humano deve ser tratado como um fim em si mesmo, não
oportunizando a fiscalização de toda a sociedade. como um objeto.
– Princípio da busca da verdade: Com o passar dos anos Ora, para tudo aquilo que se pode atribuir um valor, qualquer
verificou-se que no âmbito do processo penal é impossível atingir que seja, é possível se pensar em sua fungibilidade, podendo ser
a verdade absoluta, o que se busca é a maior exatidão possível na substituído por outro da mesma espécie ou pelo valor equivalen-
reconstituição do fato controverso, mas sem a pretensão de chegar te, caracterizando, assim, um objeto. Ao homem, todavia, não se
na verdade real. Assim, são inadmissíveis provas obtidas por meios poderia atribuir valor algum, eis que representa ele um valor em
ilícitos, para que seja evitado provar a qualquer custo, por meio de si mesmo, não podendo ser substituído por qualquer outro ou por
ilegalidades e violações de direitos. qualquer valor (KANT)
Art. 5º Não podendo o homem ser reduzido a condição de objeto, uma
(...) vez que representa um fim em si próprio, reconhece-se, pois, que é
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por dotado de dignidade.
meios ilícitos; Neste sentido, podemos definir que temos por dignidade da
pessoa humana: “a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser
– Princípio do juiz natural: Significa que é vedado Tribunal de humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração
Exceção, ou seja, escolher quem vai julgar o acusado após o fato, por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido,
sem que haja regras pré-fixadas de competência. O sentido desta um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram
violação é manter a imparcialidade do juízo que trabalha em nome a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e
do Estado, e não pelo desejo de vingança. desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais
– Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo: mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua
Esse princípio exemplifica-se pelo direito ao silêncio, não ser participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existên-
constrangido a confessar, inexigibilidade de dizer a verdade, não cia e da vida em comunhão com os demais seres humanos” (SAR-
praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo, LET)
não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. Ou seja,
o acusado tem o direito de autopreservar-se, o que faz parte da Desenvolvendo esse raciocínio, tendo por fundamento, entre
natureza humana, e, com isso, não produzir provas que vão levar à outros, a dignidade da pessoa humana, toda a sistemática consti-
sua condenação. tucional e infraconstitucional deverá nela se calcar e encontrar sua
base. Por via de consequência, todo ser humano deve ser reconhe-
cido com um fim em si próprio, dotado de dignidade, sujeito de
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. direitos, não podendo, sob qualquer pretexto, ser reduzido a condi-
ção de objeto ou coisa, não importando o fim que se almeje.
Assim, mesmo que sob a interpretação estrita do texto legal,
Alguns princípios constitucionais inseridos no Processo Penal o ser humano não pode ser reduzido a condição de objeto por via
já foram objeto de estudo anterior, todavia, neste tópico veremos da alegação da aplicação da lei ou do interesse público sob o par-
aqueles que estão intimamente ligados com a investigação criminal. ticular, uma vez que todos, inclusive o Estado em toda sua atuação
Salutar ressaltar que dentre os fundamentos do Estado Demo- deve buscar em sua atuação fundamento no respeito à dignidade
crático de Direito brasileiro, temos como mola mestra a dignidade da pessoa humana.
da pessoa humana, apresentada já no artigo 1º do texto constitu- Tal fundamento, conforme veremos, terá repercussão em toda
cional. construção principiológica constitucional, encontrando reflexos em
Remetendo-nos ao sentido da palavra fundamento, utilizado no toda a atuação estatal e, especificamente, nas atividades desenvol-
texto constitucional, podemos nos valer do conceito enciclopédico, vidas em sede de investigação criminal.
que inicialmente apresenta-nos a noção de “base sólida”, “alicerce”, Portanto, desse abreviado estudo sobre o fundamento da digni-
apresentando-nos a noção de que o fundamento é a base sólida dade da pessoa humana, podemos então passar à análise dos prin-
destinada a sustentar algo. cípios constitucionais que de forma mais sensível recaem sobre as
Aprofundando-nos nesse conceito, temos ainda conjunto de atividades investigativas.
princípios a partir dos quais se pode fundar ou deduzir um sistema, Dentre estes, podemos citar primeiramente o princípio consti-
um agrupamento de conhecimentos, ou ainda, base sólida que legi- tucional da legalidade.
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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O Estado brasileiro, enquanto Estado Democrático de Direito, Nesse ponto podemos fazer a primeira remissão ao fundamen-
rege-se pelo império da lei. Conforme prescreve o texto constitu- to da dignidade da pessoa humana. Conforme verificamos, reco-
cional, enquanto lei fundamental do Estado, em nosso país todos nhecendo o ser humano como um fim em si mesmo, e não podendo
estão sujeitos e se curvam à lei. Não como numa monarquia abso- esse ser reduzido a condição de um objeto ou instrumento para
lutista, onde o Estado e os cidadãos estariam sujeitos a se curvam alcançar qualquer fim, não poderá o Estado, sob qualquer pretexto,
a vontade do monarca, no Brasil todos estão sujeitos ao império se valer do indivíduo como meio para obtenção de qualquer resul-
da Lei. tado, devendo, portanto, levar tal fundamento em conta quando do
É certo que, uma vez que nosso tema de estudo volta-se a uma exercício do jus puniendi (direito de punir), bem como em todas as
das atividades desenvolvidas pelo Estado em sua face executiva, fases da persecução penal.
por meio de uma de suas instituições oficias e de seus agentes, De igual sorte, o indivíduo não pode ser reduzido à condição de
bastaria a afirmação de que o Estado e seus agentes sujeitam-se instrumento ou meio na realização do interesse do Estado e, por-
aos ditames da lei. tanto, ainda que seja a investigação criminal interesse do Estado,
Contudo, uma vez que tratamos de matéria de Direto Público, e deve fazer uso estritamente dos meios legais para tanto, com vistas
especialmente dentro da seara das Ciências Criminais, importante é sempre à dignidade da pessoa humana.
destacar a amplitude na noção do princípio da legalidade.
A legalidade pode ser entendida sob duas óticas. A primeira, ve- Outro princípio que merece destaque dentro da sistemática
rificando-se a atuação do Estado, ao qual cabe agir de forma estrita constitucional no que diz respeito às atividades de investigação cri-
na observância do que a lei determina. A segunda, no que diz res- minal é o princípio da impessoalidade.
peito a atividade de cada indivíduo, a quem a Constituição garante Este, ao contrário do princípio da legalidade, volta-se especifica-
a liberdade de agir, de atuar, impondo-lhe como único limite a lei. mente à atuação do Estado-Administração, podendo ser conceitua-
Assim, a todos cabe fazer tudo o que a lei não vedar. do sob a ótica da imparcialidade, na qual a Administração Pública,
Com isso, o Estado, e por via de consequência suas instituições e suas instituições e seus agentes tem o dever de agir de maneira
seus agentes, apenas pode agir nas oportunidades e na forma como impessoal, fornecendo a todos o mesmo tratamento e prestação.
a lei o autoriza e determina. O cidadão tem liberdade para agir, fa- Indo além nessa noção de imparcialidade, segundo o princípio da
zer ou deixar de fazer o que bem entende, com exceção daquilo que impessoalidade o Estado e seus agentes não podem levar em con-
lhe seja vedado por lei. sideração, em sua atuação, características, elementos constitutivos
Essa conceituação pode parecer singela e básica, contudo, dela ou qualidades pessoais do indivíduo para justificar os rumos dos
decorre toda a atuação do Estado-administração no campo de nos- atos administrativos, exceto quando haja determinação legal em tal
so estudo. sentido.
Usualmente, quando é referido o princípio da legalidade, a no- A interpretação deste princípio constitucional ganha duas fa-
ção primeira que se revela diz respeito tão somente a limitação ao cetas. A primeira, conforme já informado, o da imparcialidade, na
Estado em sua atuação, que somente pode agir conforme prescre- qual a atuação do Estado em relação aos cidadãos deve ser igual,
ve a lei. Entretanto, muito mais amplo é o princípio, até porque, não privilegiando ou diferenciando os tratamentos, direitos e ga-
a Constituição Federal, enquanto instrumento político que funda- rantias e apenas considerando características pessoais previstas na
menta o Estado Democrático de Direito, à todos se destina. lei. A segunda, diz respeito a própria atuação dos agentes públicos
Ora, buscando socorro nas lições de Teoria Geral do Estado, te- que agem não em nome próprio ou de acordo com sua vontade
mos que o Estado não é um ente estanque, separado da vida de pessoal, mas atuam sempre em nome da Administração Pública e
todos, mas, ao contrário, é formado pela união das individualidades conforme a motivação do ente público, que sempre deve estar vin-
que o integraliza, as quais, abrindo mão dessa individualidade abso- culada à lei. (LIMA; OLIVEIRA; NETO)
luta, dão corpo a um ente superior que tem por finalidade a busca Tal interpretação fica clara na leitura do Código Penal em seu ar-
do bem comum. tigo 59 ao tratar da aplicação da pena, onde se acham disciplinados
Assim, já podemos estabelecer a noção de que todos, Estado e os elementos de caráter subjetivo do réu que podem ser levados
cidadãos, estão sujeitos, sob óticas e perspectivas diversas, ao im- em consideração para aumentar ou diminuir a dosimetria da pena.
pério da lei, logo, ao princípio da legalidade. Igualmente, já tratando especificamente da investigação crimi-
Desse princípio podemos, citando o texto constitucional, con- nal, há disciplina de caracteres subjetivos do investigado que auto-
cluir que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma rizam a realização ou a adoção de determinadas medidas.
coisa senão em virtude de lei”, e, contrario sensu, não deverá fazer É possível, pois, estabelecer uma ligação entre o princípio da
aquilo que é vedado em lei. impessoalidade com o princípio da legalidade, buscando em ambos
Já o Estado, em sua face Administração Pública, somente pode- o fundamento da dignidade da pessoa humana.
rá atuar nos casos em que lei anterior assim autorize ou determine, Atuando na investigação criminal a instituição à ela profissio-
maculando-se do vício da ilegalidade qualquer atuação desvincula- nalmente afeta apenas pode agir naquelas hipóteses em que a lei
da de prévia autorização legal. (ROSA) autoriza e apenas nos limites que a lei determina. Da mesma forma,
Essa noção é essencial para buscarmos a razão na atuação do as atividades investigativas somente se podem desenvolver dentro
Estado no campo do Direito Penal. Pois, apenas quando o sujeito de critérios de impessoalidade na medida em que os agentes públi-
realiza uma conduta contrária a ordem legal é que existe autoriza- cos atuam não em seu interesse ou no interesse de terceiros, mas
ção para a atuação do Estado no exercício do jus puniendi, e, nesta no interesse do Estado, devendo, pois, à todos prestar o mesmo
atuação, por força do princípio da legalidade, somente pode atuar o atendimento.
Estado nos limites impostos pela lei processual penal. Da mesma forma, e em consonância ao princípio da impessoali-
dade, apenas aqueles caracteres subjetivos previstos em lei podem
ser trazidos à investigação para autorizar determinadas medidas.
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Assim, não importa o entendimento pessoal do agente público lidade, que nada mais é que a observância dos critérios de justiça,
incumbido da investigação, tampouco características pessoais do proporcionalidade e pertinência do ato em face do interesse pre-
investigado se essas estiverem desvinculadas da lei e o mero inte- tendido e dos efeitos do ato.
resse do Estado na persecução penal não pode servir de argumento É justamente este juízo de valor moral que muitas vezes vai,
a adoção de medidas não previstas em lei, pois não pode o indiví- no âmbito da investigação criminal, resguardar o fundamento da
duo ser reduzido à condição de objeto ou meio do objetivo público. dignidade da pessoa humana em face da afronta a outros princípios
O exemplo que melhor ilustraria, no campo do Direito Penal e constitucionais.
do Direto Processual Penal, a explicação seria o da prisão em fla- Pois não seria impossível imaginar uma atuação da Administra-
grante. A Constituição Federal determina que ninguém será preso ção por intermédio de seus agentes que, ainda que acobertado pela
senão em flagrante delito ou por ordem judicial. Já o Código de Pro- lei, buscando finalidade outra que não o interesse público, acabasse
cesso Penal disciplina as hipóteses que caracterizam o estado fla- por atingir os objetivos almejados na lei mas por vias antiéticas e
grancial. Logo, em sua atuação profissional a Polícia Judiciária não imorais. Essa preocupação é tão presente no âmbito da investiga-
pode se valer de outros argumentos para justificar uma prisão. ção criminal que existem até mesmo previsões legais e jurispruden-
Logo, ainda que o investigado seja contumaz autor de delitos, e ciais que encontram seu fundamento no princípio da moralidade.
ainda que haja convicção pessoal do agente público quando a parti-
cipação do investigado na prática de um crime, isso não é suficiente Outro princípio de suma importância à ser considerado no âmbi-
para autorizar a prisão cautelar em flagrante, não sendo atendidos to da investigação criminal diz respeito ao princípio da publicidade.
os requisitos exigidos pela lei. Muito mais do que o sentido vulgar do vernáculo, necessário se faz
Pois a Administração Pública apenas pode agir naquelas hipó- encontrar o sentido jurídico e os reflexos desse dever de publicida-
teses em que for autorizada por lei e na forma ali prescrita, não de dos atos desenvolvidos em sede de investigação criminal, espe-
podendo a convicção pessoal do agente público ou características cialmente considerando para quem os atos investigatórios devem
pessoais do agente servir de fundamento para a atuação contra a se tornar públicos e quais desses atos devem ganhar publicidade.
lei, ainda que seja o objetivo interesse público, sob pena de assim É certo que nem os princípios e nem as regras constitucionais
agindo violar o fundamento da dignidade da pessoa humana. podem ser interpretadas de forma estanques, mas, ao contrário,
devem ser interpretadas de forma sistemática uma vez que
Também é base principiológica de caráter constitucional a ser formam um conjunto coeso que assim deve ser entendido, sob
observada pela Administração Pública e, por via de consequência, pena de gerar distorções a afrontar os fundamentos e os princípios
na investigação criminal oficial, o princípio da moralidade. do ordenamento jurídico.
Preciso é o conceito apresentado por Di Pietro em sua obra: Para compreensão do princípio da publicidade recaindo sobre
“Não é preciso penetrar na intenção do agente, porque do próprio os atos de investigação criminal extremamente feliz foi o conceito
objeto resulta a imoralidade. Isto ocorre quando o conteúdo de de- apresentado por Marcio Fernando Elias Rosa: “O dever de dar pu-
terminado ato contrariar o senso comum de honestidade, retidão, blicidade, ou seja, de levar o conhecimento do ato ou da atividade
equilíbrio, justiça, respeito à dignidade do ser humano, à boa fé, ao administrativa a terceiros, a fim de facilitar o controle e conferir a
trabalho, à ética das instituições. A moralidade exige proporcionali- possibilidade de execução [...] (ROSA)
dade entre os meios e os fins a atingir; entre os sacrifícios impostos No estudo das Ciências Criminais é de suma importância reco-
à coletividade e os benefícios por ela auferidos; entre as vantagens nhecer as especificidades deste campo das ciências jurídicas, até
usufruídas pelas autoridades públicas e os encargos impostos à mesmo por conta dos valores e bens indisponíveis que se acham
maioria dos cidadãos” (DI PIETRO) envolvidos, mesmo porque, a atuação do Estado nesta esfera já
Igualmente, o Supremo Tribunal Federal já enfrentou a questão encontra sua gênese na violação de um direito fundamental e, da
do princípio constitucional da moralidade, conforme se verifica no mesma forma, as consequências de sua atuação, invariavelmente,
julgado: “exigindo que o agente público paute sua conduta por pa- também atingirão deveres e garantias individuais.
drões éticos que têm por fim último alcançar a consecução do bem Desta forma, não podem ser encarados os atos desenvolvidos
comum, independentemente da esfera de poder ou do nível políti- na investigação criminal, os quais, invariavelmente se acham inse-
co-administrativo da Federação em que atue”. As restrições impos- ridos no liame dessa relação entre fato criminoso e consequências
tas à atuação do administrador público, pelo princípio da morali- jurídicas do processo penal, sem o devido cuidado, tanto no que diz
dade, e demais postulados do artigo 37 da CF, “são autoaplicáveis, respeito aos princípios a serem observados quanto as especificida-
por trazerem em si carga de normatividade apta a produzir efeitos des necessárias a sua realização.
jurídicos, permitindo, em consequência, ao Judiciário exercer o con- Qual a medida de aplicação do princípio da publicidade em se
trole dos atos que transgridam os valores fundantes do texto cons- tratando da investigação criminal? É certo que a investigação crimi-
titucional” (RE 579.951, Supremo Tribunal Federal, Rel. Ministro nal, que se desenvolve em sede pré-processual, possui característi-
Ricardo Lewandowski, julgamento em 20-8-08, Informativo 516). cas específicas até por conta do seu objetivo que, no mais das vezes,
Essa primeira noção sobre o princípio da moralidade é de suma é o de construir um arcabouço probatório sobre materialidade e
importância para compreensão do tema sob a ótica das atividades autoria de um fato que, via de regra, o autor não deseja que seja
de investigação criminal desenvolvidas em sede de Polícia Judiciá- descoberto.
ria. A Constituição Federal, tratando do princípio da publicidade dis-
Na condução da investigação criminal, como atuação oficial do ciplina ao tratar dos direitos e garantias fundamentais que somente
Estado-Administração na busca da realização da finalidade do Es- a lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais tendo em
tado – o bem comum (DALLARI) – o agente público deve se pautar vista a preservação da intimidade das pessoas envolvidas e o inte-
pelos padrões éticos e profissionais que autorizam sua ação, pois, resse social.
ainda que seja o ato legal, deve igualmente ser revestido de mora-
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No estudo dos reflexos e da incidência do princípio da publici- Assim, a publicidade dos atos investigativos procedidos de ma-
dade dos atos desenvolvidos em sede de investigação criminal, o neira oficial estão sujeitos ao sigilo determinado pelo Código de
próprio texto constitucional e a legislação infraconstitucional em- Processo Penal, em consonância ao princípio da legalidade e com
prestam a base necessária pra correta compreensão do tema. observância do fundamento da dignidade da pessoa humana na
Inicialmente, é preciso determinar a amplitude subjetiva do medida em que o investigado deve ter amplo acesso aos fatos e
princípio da publicidade nos atos de investigação criminal desen- motivos da investigação, que não podem lhe ser restringidos sob
volvidas pela instituição constitucionalmente incumbida dessa atri- a mera alegação do interesse da investigação no que diz respeito
buição. àqueles atos que já se achem formalizados.
Dentre os atos desenvolvidos na investigação criminal, destaque
merece a custódia cautelar de caráter processual, seja por força da Outro ponto merecedor de estudo neste momento, ao tratar-
prisão em flagrante, seja por conta do cumprimento de mandado mos da publicidade dos atos produzidos em sede de investigação
de prisão, hipótese em que a Constituição Federal determina que o criminal diz respeito a garantia constitucional do direito ao acesso
Poder Judiciário será imediatamente comunicado sobre a medida. as informações prevista texto constitucional:
Da mesma forma, o texto constitucional disciplina que o preso tem Art. 5º. [...]
o direito de saber os motivos de sua prisão, bem como quem foram XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
os responsáveis por sua execução. ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
Sob o ponto de vista constitucional já ficam estabelecidos os que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
sujeitos imediatamente interessados em ter conhecimento e amplo ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
acesso aos atos produzidos em sede de investigação criminal – o sociedade e do Estado;
Poder Judiciário, aqui funcionando na observância das garantias e
direitos e na legalidade da atuação, e o preso, ou aqui, o investiga- Como reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, não há no
do, a quem se confere o interesse de conhecer dos atos praticados sistema constitucional normas incompatíveis entre si, uma vez que
até como medida da realização de seu direito à ampla defesa. são todas integrantes de um sistema único e coeso, devendo a in-
Ainda na busca da esfera de alcance do princípio constitucional terpretação constitucional buscar essa unicidade do texto constitu-
da publicidade em se tratando dos atos de investigação criminal, cional (CERA). Assim, necessário buscar na interpretação das nor-
é cabível mencionar o controle externo previsto como função ins- mas aparentemente colidentes a sua coesão sistemática.
titucional do ministério público, bem como o reconhecimento do Como bem sabemos, as garantias constitucionais não são de
caráter da atividade da advocacia, conforme previsão do Art. 133 modo algum absolutas, mesmo porque necessitam ser interpreta-
do texto constitucional, os quais ganham contornos ainda mais de- das não de uma maneira estanque e consideradas em si próprias
finidos na legislação infraconstitucional. mas, ao contrário, a interpretação deve ser realizada num contexto
Desta interpretação constitucional, passamos então à previsão sistemático com todo o ordenamento jurídico constitucional.
da legislação infraconstitucional a ser construída em critérios siste- De tal sorte, a garantia constitucional do acesso às informações
máticos. encontra limite na garantia constitucional da proteção à intimida-
O Código de Processo Penal, ao tratar da investigação criminal de, de modo que o acesso é garantindo aos interessados na inves-
determina que a Autoridade Policial tem por dever assegurar o sigi- tigação criminal, atendendo, assim, o princípio da publicidade dos
lo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da so- atos, sem atentar contra o sigilo necessário às investigações e sem,
ciedade. É certo que o texto do diploma processual penal antecede da mesma forma, afrontar a garantia constitucional de respeito à
ao texto constitucional, tendo sido recepcionado pela nova ordem intimidade.
constitucional, merecendo, contudo, interpretação diversa daquela
sob a qual fora redigida em princípios da década de 1940, pois deve Merece ainda estudo sob a prisma da investigação criminal o
observar os princípios constitucionais vigentes. princípio constitucional da eficiência, inscrito no Art. 37 do texto
É certo que os atos de investigação, para atingirem os fins constitucional. Compreende, pois, o dever da Administração Públi-
almejados, não podem ser expostos em ampla publicidade, sob ca e de seus agentes de oferecer uma prestação, célere, impessoal
pena de fazer perder seu próprio sentido de realização. Neste ponto e transparente, na busca da realização de sua finalidade (MORAES).
reside o interesse da sociedade e a necessidade da manutenção É de interesse público, da sociedade e do Estado a realização
do sigilo dos atos investigativos. Assim, por tal entendimento, o das atividades de investigação criminal como realização da garantia
princípio da publicidade deve atender sua função social dentro do da segurança prevista no art. 6º da Constituição Federal bem como
sistema. da proteção dos direitos e garantias individuais previstas no Art. 5º,
Há, pois, a necessidade de garantir o sigilo dos atos de inves- objetivando determinar as circunstâncias dos fatos bem como a sua
tigação, contudo, em consonância ao princípio constitucional da autoria para subsidiar a prestação jurisdicional no processo penal.
publicidade. O que a princípio parece um contrassenso – manter Assim, essa prestação da investigação criminal deve se realizar
o sigilo de um ato que deve ser público – ganha sentido quando a sob a égide do princípio da eficiência, de modo a utilizar de modo
interpretação é realizada sob o ponto de vista da amplitude dessa eficaz e célere todos os meios disponíveis para realização do seu
publicidade. fim, com observância dos prazos previstos em lei, sem que haja
Existem os sujeitos envolvidos na investigação aos quais deve uma desnecessária postergação das atividades de investigação.
ser garantido a ampla publicidade dos atos, aqui interpretados não Nesse sentido, os prazos previstos para o término das investi-
no sentido de tornar o ato público, mas sim, de que devam ser cien- gações, que usualmente são interpretados tão somente sob a pers-
tificados dos fatos investigados e dos motivos da investigação, sen- pectiva do acusado ou do réu, devem ser encarados igualmente sob
do resguardados aqueles atos que ainda estão sendo realizados ou o ponto de vista da Administração na execução das atividades ofi-
as providências que ainda serão realizadas. ciais de investigação criminal desenvolvidas pela instituição imbuí-
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

da de tal atribuição. Ao Estado cabe proceder a investigação dentro medidas que acabam por atingir direitos e garantias individuais,
de um prazo razoável e visando atender o fim a que se destina essa seja para garantir a lisura nas atividades, seja para conceder ao in-
atividade. vestigado a possibilidade de atuar ativamente na instrução.
Fundando-se na dignidade da pessoa humana, não pode a víti-
ma permanecer indefinidamente sem uma resposta da prestação Conforme os dizeres de Rosa: “A indicação dos pressupostos de
estatal na esfera investigatória. Da mesma forma, não é admissível fato e dos pressupostos de direito, a compatibilidade entre ambos
que o investigado permaneça em tal condição por período alonga- e a correção da medida encetada compõem obrigatoriedades de-
do sem que as circunstâncias do fato justifiquem o tempo da inves- correntes do princípio. [...] A motivação mostra-se imprescindível
tigação. para a efetivação de eficaz controle sobre a atuação administrativa”.
Sobre o princípio da eficiência Celso Antônio Bandeira de Mello (ROSA)
realiza uma pertinente observação a respeito de sua aplicabilidade, É certo que, integrando o mecanismo estatal de persecução
e que ganha especial ressonância na esfera da investigação criminal penal, sendo elemento subsidiário à prestação jurisdicional em
de que princípio da eficiência, no sentido da eficaz e célere rea- matéria penal as atividades da Polícia Judiciária no desenrolar da
lização das atividades investigativas, não pode jamais se sobrepor investigação criminal acaba por colidir com direitos e garantias
ao princípio da legalidade, não podendo servir de justificativa para individuais, merecendo, pois, neste ponto, uma análise pontual
ignorar a lei, devendo sempre salvaguardar a legalidade e o funda- destes aspectos
mento da dignidade da pessoa humana (MELLO) Como perceberemos no decorrer do estudo, as garantias previs-
Continuando o estudo da investigação criminal sob seu aspecto tas pela Constituição, quando encaradas sob o âmbito de atuação
constitucional e o Inquérito Policial enquanto instrumento de ga- do Inquérito Policial, acabam por encontrar salvaguarda direta nos
rantia dos direitos fundamentais, devidamente abordados o funda- fundamentos do Estado Democrático de Direito e nos princípios re-
mento da dignidade da pessoa humana e os princípios que regentes gentes da Administração Pública.
do Estado no exercício da Administração Pública, podemos então Dentre as garantias constitucionais que são nitidamente ligadas
passar ao estudo das garantias constitucionais dentro do âmbito de às atividades de investigação criminal, temos a previsão do Art. 5º,
atuação da investigação criminal no Inquérito Policial. I da Constituição Federal, que dispõem sobre o princípio da igual-
Conforme já verificamos, o Inquérito Policial é o procedimento dade, ou isonomia. A regra constitucional, que superando o concei-
formal destinado a instrumentalizar de maneira oficial, nos termos to clássico da igualdade formal que pretende a igualdade absoluta
da legislação processual penal, a investigação criminal, sendo presi- entre todos os indivíduos, pretende estabelecer uma igualdade
dido por Delegado de Polícia no exercício das atribuições constitu- material, tratando os iguais de forma igual e os desiguais de forma
cionais da Polícia Judiciária. desigual na medida de suas desigualdades (LENZA). O princípio da
As atividades de Polícia Judiciária, como todo ato da Adminis- isonomia nada mais representa que o reconhecimento da condição
tração Pública, deve encontrar seu fundamento na dignidade da de individualidade do ser humano e de sua dignidade, assim, pre-
pessoa humana, conforme prescreve o texto constitucional. Deve tende que todos sejam tratados de forma igualitária pela lei, sem
se pautar, conforme verificamos, nos princípios reitores do Estado qualquer tipo de privilégio, e respeitadas as diferenças de cada in-
brasileiro e da Administração Pública. divíduo.
Como a atuação da investigação criminal dentro do inquérito
Outro princípio de suma importância quando se pensa no In- policial se vê obrigatoriamente vinculada ao princípio da legalida-
quérito Policial enquanto instrumento de proteção às garantias in- de, não pode haver qualquer tipo de tratamento distinto entre os
dividuais é o Princípio da Motivação. sujeitos da investigação, a todos devendo ser oferecidas as mesmas
Pensando no Inquérito Policial enquanto procedimento admi- garantias e tratamentos, respeitadas as condições pessoais de cada
nistrativo de natureza jurídica que tem por finalidade preservar as um. Vale dizer, enquanto prestação profissional e atuação formal
garantias individuais na medida em que promove a investigação e oficial da instituição à qual foi atribuída a função de Polícia Judi-
criminal fundado nos princípios da Administração Pública de uma ciária, não pode haver qualquer tipo de privilégio na condução do
maneira formal e oficial, e, da mesma forma, tem por finalidade Inquérito Policial, sob pena de ferir o princípio da legalidade.
evitar injustiças com a imputação indevida àqueles que não tem en- É pertinente, da mesma forma, pontuar que a legislação
volvimento com o crime apurado, é necessário pensar na figura do excepciona o princípio da isonomia em matéria de investigação
investigado enquanto sujeito de direito e, de tal sorte, com capaci- criminal. O próprio texto constitucional ao tratar das atribuições
dade ativa de atuar mesmo na investigação criminal. Afinal, possui da Polícia Civil retira de sua atribuição a investigação criminal dos
interesse de agir na medida em que é seu interesse demonstrar crimes militares próprios, que ficam sob a atribuição da estrutura
eventuais causas justificantes da conduta ou mesmo demonstrar da justiça militar.
que não tem qualquer envolvimento no fato investigado. Da mesma forma, a lei orgânica da magistratura e a lei orgânica
De igual maneira, enquanto procedimento de natureza jurídi- do ministério público preveem prerrogativa especial para apuração
ca, que deve obedecer os princípios da legalidade, impessoalidade, das infrações penais cometidas por seus membros, alterando-se a
moralidade, publicidade e eficiência, de uma maneira formal, mis- atribuição para investigação criminal, sendo que no caso de magis-
ter se faz que o Delegado de Polícia, na sua atuação, atue de forma trado, as investigações ficarão à cargo do respectivo Tribunal de Jus-
profissional indicando de forma clara e precisa os fundamentos de tiça e, no caso do membro do ministério público, deverão os autos
fato e de direito que justificam a adoção dessa ou daquela medida ser encaminhados ao Procurador Geral de Justiça para prossegui-
na sede investigativa. mento das investigações.
Como instrumento de garantia, o Inquérito Policial requer de- Havemos que destacar aqui um nítido equívoco na redação da
monstrar justa causa em sua atuação e nas medidas que são ado- lei orgânica do ministério público, certamente por influência da re-
tadas em sua instrução, seja para efeitos de justificar a adoção de dação da lei orgânica da magistratura. É necessário ter em mente
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

o momento histórico em que tomou forma a Lei Complementar II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
35/79, ainda sob o peso de um regime militar, onde havia autori- com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
zação legal para que órgãos militares exercessem atividades inves- físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
tigativas contra civis, dai a previsão constante da lei de eventual de caráter preventivo.
investigação contra magistrado realizada por autoridade militar.
Tal realidade, com a leitura da Constituição Federal, perde seu Evidente a preocupação do constituinte para que os fatos ocor-
sentido, pois será ilegal qualquer investigação formal levada a cabo ridos no decorrer dos “anos de chumbo” (SANTIAGO) não mais se
por instituição que não a Polícia Civil, a quem cabe a apuração das repetissem.
infrações penais nos crimes comuns, não havendo razão a menção O modelo de investigação criminal adotado em consonância
à autoridade militar constante da Lei Orgânica do Ministério Públi- com os fundamentos, princípios e objetivos da nossa ordem cons-
co, salvo se imaginarmos hipótese de membro da magistratura ou tituinte encaminham-nos a uma investigação criminal profissional,
do ministério público implicado em investigação por crime militar exercida por órgão com atribuição e especialidade para tal fim, com
próprio. observância dos princípios e garantias dirigentes do Estado Demo-
crático de Direito.
Outro ponto de relevância diz respeito a apuração de infração Ora, a prática da tortura, ainda que não caracterizasse ilícito pe-
penal daquelas pessoas que gozam de foro privilegiado por prer- nal, e mesmo que não estivesse vedada pelo texto constitucional,
rogativa de função. O texto constitucional e a legislação processual por si só já seria espúria em consonância ao nosso ordenamento
nada menciona a respeito de alteração na atribuição nas funções jurídico.
de investigação criminal das condutas das pessoas em tal situação. A investigação criminal é atividade típica do Estado Democrático
Dessa forma, faz parecer que prevalece o entendimento de que re- de Direito visando a apuração dos ilícitos penais em suas circuns-
manesce a atribuição da Polícia Civil na realização da investigação tâncias e autoria, visando a proteção dos direitos e garantias indivi-
criminal nessas hipóteses, ressalvada a atribuição da Polícia Federal duais afrontados com as práticas delitivas, bem como na reafirma-
(SILVA). No mesmo sentido temos o entendimento de Rodrigo Car- ção de todo o ordenamento jurídico.
neiro Gomes (GOMES). Contudo, na execução de tal finalidade, o Estado não pode re-
Por seu turno o artigo 5º, III, prevê garantia da vedação à tortu- duzir o indivíduo à condição de objeto, de meio na execução de
ra, aos tratamentos degradantes ou desumanos, sendo considera- seu fim, privando-lhe de direitos e garantias sob o pretexto da rea-
do crime inafiançável a prática de tortura. lização do interesse público. Dai fundamentar-se o nosso Estado no
Infeliz e invariavelmente, no decorrer de toda a história da hu- respeito a dignidade da pessoa humana. Somente por esse argu-
manidade, a investigação criminal se viu vinculada à pratica de tor- mento sua prática não poderia ser admissível.
turas físicas e psicológicas como meios para obtenção e produção Outrossim, a prática da tortura, pensando exclusivamente sob
de provas, tanto em sede investigativa quanto em sede processual. o aspecto principiológico constitucional, fere o princípio da legali-
Não são raros os relatos históricos desde tempos antigos da uti- dade, na medida em que é realizada não somente sem autorização
lização de métodos aflitivos como meio, muitas vezes legitimamen- legal, mas em afronta a diversos dispositivos, que configurariam de-
te formalizados, para produção de provas e obtenção de confissões, litos autônomos (ameaça, constrangimento, ilegal, extorsão, lesão
não sendo tampouco prática exclusiva da nossa realidade ainda re- corporal), caso não houvesse a especificidade da conduta delitiva.
cente, havendo até hoje notícias de sua utilização sistemática em Não se pode admitir, num Estado Democrático de Direito, e
diversos países (CABETTE). em uma instituição profissional, voltada a realização das garantias
Desde a antiguidade, as sevícias físicas foram usadas não so- constitucionais, que a prática de tortura possa sequer ser cogitada
mente como punição, ou como resultado da ação penal, mas como como meio de prova. Os anos de inquisição foram deixados, de-
meio de produção de prova, havendo relatos, por exemplo, do que vendo a atuação na investigação criminal ser conduzida de forma
ocorria na Roma Antiga, onde a confissão dos estrangeiros ou es- técnica e profissional, sob pena de afrontar o próprio ordenamento
cravos apenas teria valor se produzida mediante tortura, o que lhe jurídico ao qual pretende servir.
garantiria a veracidade, e mesmo no decorrer da Idade Média, a Essa noção, da vedação a tortura e, mais especificamente a
prática da tortura como meio lícito à obtenção da confissão do acu- vedação da tortura como meio de prova na investigação criminal
sado foi prática processual amplamente desenvolvida (CRUSCA). pode nos remeter a outra garantia constitucional de extrema im-
O momento histórico da promulgação do nosso texto consti- portância dentro das atividades de Polícia Judiciária na apuração
tucional, com o estabelecimento de uma nova ordem jurídica que das infrações penais – a inadmissibilidade das provas obtidas por
rompia com o regime anterior fez contar logo dos primeiros incisos meios ilícitos ou ilegais.
dos direitos e garantias fundamentais a vedação a à tortura. O texto Ora, conceitualmente a atividade de investigação criminal está
constitucional trata da tortura de um modo geral e inserida em to- intimamente ligada à colheita preliminar de provas para apurar a
dos os contextos, contudo, a lei que incrimina a prática da tortura, prática de uma infração penal e sua autoria (NUCCI). É certo que as
especificamente dispõem: atividades realizadas no Inquérito Policial são tendentes justamente
à busca de indícios e a produção de elementos de convicção para
Art. 1º. Constitui crime de tortura: servir de base à instrução probatória a ser desenvolvida em sede
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave processual.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da Sob tal ótica, prova é todo elemento, subjetivo ou objetivo,
vítima ou de terceira pessoa; voltado a demonstrar as circunstâncias em que se deram o evento
[...] investigado, de modo a tornar possível, pela conjunção de seus as-
pectos e da leitura de suas nuances, a reconstrução do fato.
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Conforme lição de Pedro Lenza: “As provas obtidas por meios Recorrendo aos estudos de Direito Civil, podemos fazer a se-
ilícitos são inadmissíveis no processo. Desse princípio decorre tam- guinte remissão: “Dispõem o art. 21 do Código Civil: ‘A vida privada
bém o de que as provas derivadas de provas obtidas por meios da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessa-
ilícitos também estarão maculadas pelo vício da ilicitude, sendo, do, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer ces-
portanto, inadmissíveis [teoria dos frutos da árvore envenenada” sar ato contrário a essa norma’. O dispositivo, em consonância com
(LENZA) o disposto no art. 5º, X, da Constituição Federal, supra-referido,
A questão que se levanta aqui é: qual o verdadeiro objetivo da protege todos os aspectos da intimidade da pessoa, concedendo ao
investigação criminal, ou qual o objetivo finalístico pretendido com prejudicado a prerrogativa de pleitear que cesse o ato abusivo ou
a investigação criminal, não considerada objetivamente, mas de ilegal”. (GONÇALVES)
forma geral e abstrata enquanto função do Estado?
Dentro do ordenamento constitucional estabelecido com a Da mesma forma, a lei penal protege em diversos pontos a in-
Constituição Federal de 1988 faz parecer que muito mais do que a timidade, seja nos crimes contra a honra, ou na proteção penal à
apuração das infrações penais e de sua autoria, a investigação cri- inviolabilidade do domicílio, fica evidente o reconhecimento do
minal deva ser considerada como instrumento da persecução pe- Estado desse direito da personalidade, revestido de garantias cons-
nal, voltada a fornecer elementos de convicção no processo para titucionais a ele inerentes e por dispositivos infraconstitucionais
realização da atividade jurisdicional-penal. Por via de consequência, destinados à sua proteção.
é instrumento para realização da lei penal. E, buscando subsídio nas A questão que se levanta é: como fazer coexistir as atividades
lições do funcionalismo penal (GOMES; MOLINA), a aplicação da de investigação em sede de inquérito policial em face da garantia
norma penal tem, dentre outros objetivos, ratificar a validade do constitucional do direito à intimidade, e todas as garantias que lhe
ordenamento jurídico diante da afronta representada pela conduta são decorrentes?
antijurídica (ROXIN). Pois, conforme já mencionamos, tendo por finalidade descobrir
Nesta linha de raciocínio, e tomando as atividades de investiga- as circunstâncias do fato e sua autoria, via de regra desconhecidas
ção criminal como função profissional e formal, levada a termo por (daí a necessidade da investigação), atua-se justamente em um
uma instituição especializada em tal atividade, seria contrassenso campo no qual o interessado (autor do fato) não deseja que essas
admitir-se que provas obtidas por meios ilícitos pudessem ser ad- circunstâncias e a autoria delitiva sejam descobertas, mas que per-
mitidas como elementos de convicção na formação do fundamento maneçam no âmbito de sua intimidade.
de sentença condenatória. A realidade é que a investigação criminal se desenvolve muitas
Não há justificativa, na atuação profissional de investigação cri- vezes justamente no campo da intimidade pessoal, e muitas das
minal, que se cometa ato ilícito ilegal com a alegação do interesse medidas cautelares realizadas no corpo do Inquérito Policial irão de
estatal na apuração das infrações penais. encontro à essas garantias.
Acerca do tema, assim leciona Ada Pelegrini Grinover, ao tratar Senão, como obter uma arma utilizada num crime, ou ter acesso
as provas ilícitas e das provas ilegítimas: “diz-se que a prova é ilegal a dados armazenados no disco rígido do computador de um frau-
toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais dador, sem que o Estado na atividade de investigação relativize a
ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza processual ou garantia da intimidade para ter acesso aos elementos de convicção?
material. Quando a proibição for colocada por uma lei processual, Dessa necessidade da preservação da garantia individual da in-
a prova será ilegítima (ou ilegitimamente produzida); quando, pelo timidade, decorrem as explicações já realizadas por ocasião da dis-
contrário, a proibição for de natureza material, a prova será ilicita- cussão do princípio da publicidade e o sigilo nos inquéritos policiais.
mente obtida”. (GRINOVER) É certo que, assim como os demais direitos e garantias, o direito a
Por tal linha de raciocínio, não se pode admitir a utilização de intimidade não é absoluto, e não pode servir de salvaguarda para
meios ilícitos ou ilegítimos para obtenção de provas na investigação a ocultação de crimes. Para tanto, e lastreado no princípio da lega-
criminal, e, por via de consequência, não poderão esses elementos lidade o Direito Processual prevê, com fundamento no texto cons-
de convicção ser admitidos como provas válidas no processo. titucional, medidas de caráter cautelar que afastam para efeitos da
Se o Estado, como todos, sujeito ao império da lei e tem por investigação essa garantia, possibilitando a realização da investiga-
dever a manutenção da paz social e da ordem jurídica, não pode ção criminal enquanto indispensável na persecução penal.
admitir que seus agentes, na realização das atividades voltadas a
fim almejado, o bem comum, ajam de forma contrária a lei, ainda A questão da garantia do direito a intimidade no contexto da
que sob o pretexto da realização de uma atividade de interesse do investigação criminal ganha novos contornos em face das previsões
Estado, no caso, a investigação criminal. constitucionais que especializam e ampliam ainda mais o direito a
intimidade, quando o texto constitucional prevê o garantia da in-
Podemos ainda citar, igualmente, dentre as garantias funda- violabilidade de domicílio e do sigilo das correspondências e das
mentais sensíveis em matéria de investigação criminal a garantia conversas telefônicas.
ao direito a intimidade, direito decorrente da personalidade, assim Outra questão controversa diz respeito a incidência e a possibi-
disciplinada na Constituição Federal: lidade da atuação dos princípio da ampla defesa e do contraditório
no âmbito do Inquérito Policial. A principal linha de argumentação
Art. 5º. [...] no sentido contrário a possibilidade do direito de defesa na fase
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- da investigação criminal se funda na noção de que sendo o Inqué-
gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- rito Policial procedimento administrativo de caráter inquisitorial e
terial ou moral decorrente de sua violação; não tendo por finalidade punir, não existe em face do investigado

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acusação formal da qual ele tenha que se defender, de modo que Da mesma forma, diversos são os momentos na instrução poli-
não teria cabimento a aplicação das garantias da ampla defesa e do cial em que o investigado pode atuar e se manifestar a respeito das
contraditório. circunstâncias do fato bem como os motivos e todas as argumenta-
Ao que parece existe aqui um equívoco conceitual, em especial ções relativas à sua defesa (GRINOVER).
pela manutenção de conceitos vigentes antes da atual ordem cons- Nega a incidência da ampla defesa no Inquérito Policial implica
titucional. Como dito, imprescindível se faz a releitura do Inquérito em retirar a função do procedimento enquanto garantia da socieda-
Policial em face do novo paradigma estabelecido com a Constitui- de e do investigado de que a persecução penal se dirija à busca da
ção Federal de 1988. verdade dos fatos, pois a versão do investigado sempre é de suma
Mesmo com o Código de Processo Penal de 1941 o Inquérito importância para a construção de todo o panorama fático.
Policial já era vislumbrado como instrumento de garantia individual Por outro lado, implicaria em afastar garantias que são inaliená-
na medida em que permitia uma instrução preliminar, evitando um veis tais quais o direito do preso de ser cientificado de quem foram
precipitado juízo sobre os fatos e acusação indevida. À essa noção os autores e os motivos de sua prisão, o direito de ter assistência da
se deve aplicar os princípios e garantias previstos pela Constituição família e de defensor técnico, o direito de permanecer em silêncio e
Cidadã. de se negar a participar de diligência que implique na produção de
A argumentação de que seria o Inquérito Policial um proce- prova em seu desfavor. Da mesma foram, ficariam afastadas as ga-
dimento de caráter inquisitorial não procede, conforme já foi de- rantias do defensor ter acesso aos autos da investigação e de acom-
monstrado, ao menos com o objetivo implícito que se verifica em panhar o investigado em todos os atos que se fizerem necessários.
algumas afirmações dessa natureza. De fato, por sua natureza es- De outro turno, afastar a garantia do contraditório implica que
pecífica, de investigar e buscar a verdade sobre as circunstâncias e não reconhecer qualquer alegação do averiguado em sentido con-
motivos de um fato e indicar o provável autor, o Delegado de Polícia trário ou destoante da linha de investigação, bem como negar qual-
não pode, na presidência do Inquérito Policial, indicar de antemão quer possibilidade de recurso ao Judiciário em face de abuso ou
tudo o que será realizado nas investigações, tornando públicas as desvio de finalidade nas diligências realizadas em sede de investi-
atividades investigativas, até mesmo tendo em conta todos os de- gação criminal.
mais princípios e garantias já estudados. Em outras palavras, da mesma forma que pressupor a aplicabili-
Da mesma forma, é certo que algumas das medidas a serem dade das garantias da ampla defesa e do contraditório no Inquérito
realizadas na investigação serão realizadas, de acordo e na forma Policial nas mesma formas procedimentais que ocorre no proces-
prevista pela Constituição Federal e pela Lei, independente da ma- so, negar a aplicabilidade de tais garantias na investigação criminal,
nifestação de vontade do investigado. Contudo, acreditar que o di- além de equivocado entendimento conceitual, implica de certo, na
reito à defesa inexiste no Inquérito Policial é um equívoco que não negativa e na supressão de direitos fundamentais que não foram
encontra respaldo no ordenamento constitucional. afastados pela Constituição Federal e não o podem ser por qual-
quer diploma infraconstitucional ou entendimento doutrinário ou
É certo que, não havendo uma forma prevista em lei para sua jurisprudencial.
formalização e estando a instrução do Inquérito Policial dirigida
pelo Delegado de Polícia no exercício do poder discricionário no Texto adaptado de: Emanuel Motta da Rosa, Atualidades de
que diz respeito a necessidade e conveniência das diligência em Direito12.
face dos interesses da investigação criminal, não existe, de fato, a
incidência da ampla defesa da mesma maneira como ocorre na fase
processual. DO INQUÉRITO POLICIAL.
Contudo, além da possibilidade de indicar as provas que impu-
tar necessárias à sua defesa, a garantia de assistência por advogado
ainda que não possa arcar com as custas no caso de prisão em fla- — Inquérito Policial
grante, e a possibilidade de se ver assistido por defensor em todos O Inquérito Policial possui natureza de procedimento de
os atos da investigação criminal são claras manifestações da inci- natureza administrativa, ou seja, ele não é um processo judicial.
dência da ampla defesa e do contraditório em sede do Inquérito Logo, não se fala em partes, munidas de completo poder de
Policial. contraditório e ampla defesa etc. Ademais, por sua natureza
É certo que a previsão do Código de Processo Penal de poder administrativa, o procedimento não segue uma sequência rígida de
o Delegado de Polícia recusar-se a instaurar o Inquérito Policial atos. Ele pode ser caracterizado, na verdade, como um conjunto de
em face do requerimento do interessado, ou mesmo de negar a diligências realizadas pela polícia investigativa.
realização de diligências solicitadas pelo investigado não estão O Inquérito Policial é definido como um procedimento
vinculadas ao poder discricionário do Delegado de Polícia no administrativo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado
sentido de arbítrio pessoal de fazer ou deixar de fazer, uma vez que de Polícia, com vistas a identificação de provas e a colheita de
a atuação do Delegado de Polícia é profissional e sempre balizada elementos de informação quanto à autoria e materialidade da
pela Lei e com vistas aos interesses da investigação criminal. infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal
E mesmo a negativa na realização das diligências requeridas possa ingressar em juízo.
pelo interessado devem, por força do princípio da motivação, indi- Para que se possa dar início a um processo criminal contra
car suas razões de fato e de direito, abrindo margem para uma mul- alguém, faz-se necessária a presença de um lastro probatório
tiplicidade de vias processuais, desde o pedido de reconsideração mínimo, apontando no sentido da prática de uma infração penal e
até o exercício de direito de petição ou o socorro judicial no caso da probabilidade de o acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do
da diligência se mostrar necessária ou imprescindível à defesa do 12 Disponível em: https://emanuelmotta.jusbrasil.com.br/artigos/121943608/prin-
investigado (SAAD). cipios-constitucionais-em-investigacao-criminal. Acessado em: 06.05.2016.

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inquérito policial, instrumento usado pelo Estado para a colheita 3º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com
desses elementos de informação, viabilizando o oferecimento da o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 dias
peça acusatória quando houver justa causa para o processo. do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da
Muitas vezes o titular da ação penal (Ministério Público) não instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
consegue formar uma opinião sobre a viabilidade da acusação sem respectiva lei orgânica.
as peças informativas do inquérito policial. Portanto, a finalidade 4º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento
do inquérito é colher esses elementos mínimos com vistas ao da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do
ajuizamento ou não da ação penal. inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a
quem couber a sua representação judicial.
Características do Inquérito Policial
– Procedimento escrito; No antigo procedimento de arquivamento, o Ministério
– Dispensável: é dispensável para a propositura da ação penal, Público oferecia o arquivamento e o juiz decidia se acolhia ou
mas sempre acompanhará a inicial acusatória quando servir de não. Caso a autoridade judicial não acolhesse o arquivamento,
base para a denúncia ou a queixa; remetia ao PGJ para que dele partisse a decisão final, no sentido
– Sigiloso; de arquivar ou não. Caso não entendesse pelo arquivamento, o
– Inquisitorial, pois ainda não é um processo acusatório; PGJ designava um longa manus para propor a ação penal ou ele
– Discricionário, a critério do delegado que deve determinar mesmo o fazia.
o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso
concreto. Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o controle
– Oficial: incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou federal) a do arquivamento passa a ser realizado no âmbito exclusivo do
presidência do inquérito policial Ministério Público, atribuindo-se à vítima a legitimidade para
– Oficioso: ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação questionar a correção da postura adotada pelo órgão ministerial.
penal pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir
de ofício. — Investigação Criminal pelo Ministério Público
– Indisponível: a autoridade policial não poderá mandar O procedimento investigativo inerente ao Inquérito Policial
arquivar autos de inquérito policial. não é exclusivo da autoridade policial. O Ministério Público pode
fazer investigações, mesmo porque a ele quem mais interessa a
Prazos do IP investigação, visto que a finalidade desta é o acolhimento de lastro
– No CPP o prazo é de 10 dias, prorrogável por mais 15 dias se probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal. Ademais,
o réu estiver preso, ou, o limite máximo para a conclusão do IP é de a CPI também é uma forma de colher informações para futura
30 dias prorrogável, se o réu se encontra solto; responsabilização pessoal.
– No IP federal o prazo é de 15 dias, prorrogável por mais 15 O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para
dias se o réu estiver preso, ou, possui o limite de 30 dias caso o réu promover, por autoridade própria, investigações de natureza
esteja solto; penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns
– Se o caso envolver a lei de drogas, o prazo é de 30 dias parâmetros que podem ser a seguir listados:
prorrogável por mais 30 dias, em caso de réu preso, bem como, 90 1 – Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais
dias prorrogável por mais 90 dias se o réu estiver solto; dos investigados;
– Crime contra a economia popular tem prazo máximo de 2 – Os atos investigatórios devem ser necessariamente
conclusão do inquérito de 10 dias sempre; documentados e praticados por membros do MP;
– Prisão temporária decretada em inquérito policial relativo a 3 – Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional
crimes hediondos e equiparados possui o prazo de 30 dias + 30 dias, de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser
em caso de réu preso. autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim
exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc.);
O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento para o 4 – Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais
arquivamento no âmbito da justiça estadual, justiça federal e asseguradas por lei aos advogados;
justiça comum do DF. De acordo com o art. 28 do CPP reformado, 5 – Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula
deixará de haver qualquer controle judicial sobre a promoção de vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do
arquivamento apresentada pelo Ministério Público. representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
Ocorre que, a eficácia desse dispositivo foi suspensa em documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
virtude de medida cautelar concedida nos autos de Ação Direta de com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
Inconstitucionalidade. Inclusive, foi determinado que o antigo art. do direito de defesa”);
28 permaneça em vigor enquanto perdurar a cautelar. 6 – A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
7 – Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos
PROCEDIMENTO DO IP ao permanente controle do Poder Judiciário.
1º O MP ordena o arquivamento do inquérito policial.
2º O MP comunica a vítima, o investigado e a autoridade A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério
policial. Público dispõe de competência para promover, por autoridade
2º O MP encaminha os autos para a instância de revisão própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal,
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a
qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
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observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva Vedações: se é cabível transação penal no JECRIM; criminoso
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais profissional; beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da
de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei infração por acordo de não persecução penal, transação penal ou
8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e suspensão condicional do processo; violência doméstica contra a
XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado mulher.
democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional A celebração ocorre por escrito, entre o MP, investigado e
dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da advogado. Posteriormente, o juiz irá homologar ou não. E, as
Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.”13 possíveis consequências são:
– Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
— Inquérito Civil condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá
O Inquérito Civil é o instrumento utilizado para a apuração de os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta
elementos que embase futura Ação Civil Pública. de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
Exclusivamente, o Ministério Público poderá instaurar, sob – Homologado judicialmente o acordo de não persecução
sua presidência, inquérito civil. Se o órgão do Ministério Público, penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que
esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o – Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, Ministério Público para a análise da necessidade de complementação
fazendo-o fundamentadamente. das investigações ou o oferecimento da denúncia.
Os autos do inquérito civil ou das peças de informação
arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo
grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar
Público. ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, denúncia. O descumprimento do acordo de não persecução penal
seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério
poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas Público como justificativa para o eventual não oferecimento de
ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou suspensão condicional do processo
anexados às peças de informação. Por outro lado, cumprido integralmente o acordo de não
A promoção de arquivamento será submetida a exame e persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme punibilidade.
dispuser o seu Regimento. Deixando o Conselho Superior de No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. remessa dos autos a órgão superior (instância de revisão ministerial)
Caberá RESE da decisão, despacho ou sentença que recusar
— Acordo de Não-Persecução Penal homologação à proposta de acordo de não persecução penal. Isso
Como exceção ao princípio da obrigatoriedade, o Pacote se fundamenta, uma vez que o RESE é utilizado para impugnar
Anticrime disciplinou o Acordo de Não-Persecução Penal (ANPP). decisões interlocutórias.

Requisitos do ANPP
– Não ser o caso de arquivamento; DA PROVA. DA PROVA ILÍCITA.
– Ter o investigado confessado formal e circunstancialmente a
prática de infração penal
– Crime cometido sem violência ou grave ameaça; Prova é o conjunto de elementos que visam à formação do
– Pena mínima inferior a 4 anos. convencimento do juiz. Em regra, a prova é produzida durante o
processo, sob o manto do contraditório e ampla defesa. O que é
Condições: Reparar o dano; renunciar voluntariamente a bens produzido durante o inquérito policial é denominado de elementos
e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, de informação.
produto ou proveito do crime; prestar serviço à comunidade A prova é direito subjetivo das partes. Não precisam ser
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de provados:
um a dois terços (1/3 a 2/3); pagar prestação pecuniária a entidade – Fatos axiomáticos;
pública ou de interesse social; cumprir, por prazo determinado, – Fatos notórios;
outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que – Presunções legais;
proporcional e compatível com a infração penal imputada. – Fatos inúteis.

Atente-se que, mesmo que um fato seja incontroverso precisa


ser objeto de prova, pois não existe revelia no processo criminal.
13 STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, Vale conhecer um pouco sobre as principais provas do CPP:
julgado em 26/5/2015 (Info 787).
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão
geral) (Info 785).
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— Interrogatório do acusado – Razões que autorizam a busca pessoal: quando há fundada


O interrogatório exige entrevista prévia e reservada com suspeita de que alguém oculte consigo arma, coisas obtidas por
defensor, qualificação do acusado e cientificação do inteiro teor da meios criminosos, cartas, elementos de convicção. No caso de
acusação. O acusado deve ser informado sobre o direito ao silêncio prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja
e interrogado na presença de seu defensor. na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam
É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de
investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem busca domiciliar;
que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia consulta – A busca pessoal dispensa mandado judicial;
a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu – A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. Isso importar retardamento ou prejuízo da diligência.
consiste em violação ao direito ao silêncio e à não autoincriminação.
Perícia
— Confissão O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de custó-
A confissão é divisível e reatratável, de maneira que o juiz dia como garantidora da autenticidade das evidências coletadas e
analisará de acordo com o exame das provas em seu conjunto. examinadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim, docu-
menta-se de maneira formal um procedimento destinado a manter
— Ofendido a história cronológica de uma evidência.
O ofendido será qualificado e perguntado sobre as A consequência da quebra da cadeia de custódia (break on the
circunstâncias da infração. A jurisprudência, inclusive, admite a chain of custody) é a proibição de valoração probatória com a con-
condução coercitiva do ofendido. sequente exclusão dela e de toda a derivada. Em suma, preservar a
Para a sua proteção, O ofendido é comunicado sobre o ingresso e fonte de prova garante a validade da prova.
saída do acusado da prisão, dia da audiência, resultado da sentença/
acórdão etc. Inclusive, na audiência o ofendido tem um espaço — Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie
separado dos demais. O juiz sempre busca tomar as providências
necessárias para a preservação da intimidade do ofendido. Meio de Prova Meio de Obtenção de Prova
— Testemunhas Procedimento realizado para
Corresponde à prova em si.
A testemunha deve ser qualificada e prometer dizer a verdade. se chegar à prova.
O depoimento deve ser prestado oralmente, com exceção a consulta
a breves apontamentos escritos. Ex. lembrar data etc.
O CPP adota o “cross examination”, ou seja, as perguntas PRISÕES PROCESSUAIS DE NATUREZA CAUTELAR. PRI-
são feitas diretamente para as testemunhas. Todavia, o juiz não SÃO EM FLAGRANTE. PRISÃO PREVENTIVA. PRISÃO
permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, TEMPORÁRIA (LEI N° 7.960/89)
salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do acusado
(CADI) podem se recusar a testemunhar, salvo quando não for — Prisão
possível por outro modo obter a prova do fato e suas circunstâncias. Em primeiro lugar, é importante saber que a prisão só deve ser
Ademais, determinadas pessoas são proibidas de depor, em razão decretada quando as medidas cautelares diversas da prisão– abaixo
do sigilo profissional (ex. padre). Exceção: Se forem desobrigadas expostas – se revelarem insuficientes.
pela parte interessada e quiserem dar o seu testemunho.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
Quem não presta o compromisso de dizer a verdade? I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
– Doentes mentais; fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
– Menores de 14 anos; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
– CADI. quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
Busca e Apreensão ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco
– Razões que autorizam a busca domiciliar: prender criminosos, de novas infrações;
apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos, III - proibição de manter contato com pessoa determinada
apreender instrumentos de falsificação/objetos falsificados, quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
apreender armas e munições/instrumentos do crime, provas, ou acusado dela permanecer distante;
cartas, vítimas, elementos de convicção no geral; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência
– A busca domiciliar deve ser precedida de mandado judicial; seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
– As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho
na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou fixos;
a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. Em VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade
caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio
Quando ausentes os moradores, deve, neste caso, ser intimado a de sua utilização para a prática de infrações penais;
assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente;

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VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes mais, a autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos realização da audiência de custódia no prazo estabelecido respon-
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código derá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
Penal) e houver risco de reiteração; Todavia, o dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux suspendeu a
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o eficácia da liberação da prisão pela não realização da audiência de
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu custódia no prazo de 24 horas.
andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; Na audiência de custódia, o juiz decide fundamentadamente:
IX - monitoração eletrônica. – Relaxar a prisão ilegal;
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do – Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando pre-
Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas sentes os requisitos, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
cautelares. medidas cautelares diversas da prisão;
– Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
— Prisão em Flagrante
De acordo com o artigo 5º, inciso LXI da CF/88, ninguém — Prisão Preventiva
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e A prisão preventiva poderá ser decretada como (I) Garantia da
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos ordem pública; (II) Garantia da ordem econômica; (III) Por conve-
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, niência da instrução criminal; ou (IV) para assegurar a aplicação da
definidos em lei; lei penal, quando há risco de fuga.
Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo); as autorida- Mas desde que haja prova da existência do crime e indício su-
des policiais deverão (flagrante compulsório) PRENDER EM FLA- ficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
GRANTE DELITO. imputado. A decisão precisa ser motivada e fundamentada mos-
trando receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
Espécies de flagrante contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
– Flagrante próprio: agente está comentando ou acaba de co- Vale lembrar que as prisões cautelares não se confundem com
meter uma infração penal; a prisão-pena, pois as primeiras buscam assegurar a boa aplicação
– Flagrante Impróprio, irreal, quase flagrante: agente é per- do Direito Penal em casos que exigem tal medida de urgência, já
seguido logo após, em situação que faça presumir ser autor da in- a segunda advém do trânsito em julgado da condenação criminal.
fração Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a
– Flagrante Presumido/Ficto: agente é encontrado, logo de- finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como de-
pois, com instrumentos, armas e objetos que façam presumir ser corrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou
ele autor da infração recebimento de denúncia.
– Flagrante Esperado: a autoridade policial espera o início da
execução delitiva; — Prisão Temporária
– Flagrante Preparado/Provocado: o agente é induzido pela A prisão temporária só cabe no caso de determinados crimes
polícia a cometer uma infração; taxados pela lei, quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial; ou quando o indicado não tiver residência fixa
Súmula 450, STF: não há crime, quando a preparação do fla- ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
grante pela polícia torna impossível a sua consumação; identidade. É necessário fundadas razões de autoria ou participação
– Flagrante Prorrogado/Diferido: a autoridade policial tem a do indiciado nos seguintes crimes:
faculdade de aguardar o momento mais adequado para realizar a a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
prisão, ainda que sua atitude implique na postergação da interven- b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1°
ção; e 2°);
Só na lei de organização criminosa basta a comunicação prévia c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
do juiz (e não a autorização); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°,
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado 2° e 3°);
não impede a prisão. O preso será imediatamente apresentado ao f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223,
juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência caput, e parágrafo único);
de custódia. g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação
Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo com o art. 223, caput, e parágrafo único);
de 24 horas (contadas da realização da prisão), o juiz deverá promo- h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223
ver AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, com a presença do acusado, seu ad- caput, e parágrafo único);
vogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
do Ministério Público. j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
Se transcorridas as 24 horas, a não realização da audiência de ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado
custódia (sem motivação idônea) ensejará a ILEGALIDADE DA PRI- com art. 285);
SÃO, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Ade- m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro
de 1956), em qualquer de sua formas típicas;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);


o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério
Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem
da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária
ou da decretação da prisão preventiva.

— Prisão Domiciliar
A prisão domiciliar pode ser obtida durante o processo ou na execução pena. Perceba a diferença:

Prisão domiciliar após o trânsito em julgado (cumprimento de


Prisão domiciliar antes do trânsito em julgado
pena)
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6
(seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante; Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
de até 12 (doze) anos de idade incompletos. II - condenado acometido de doença grave;
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
requisitos estabelecidos neste artigo. IV - condenada gestante.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que
for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência
será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

— Medidas Cautelares de Natureza Pessoal Diversas da Prisão


Em rol exemplificativo, o art. 319 do CPP define medidas cautelares diversas da prisão. A privação da liberdade é ultima ratio, ou seja,
medida excepcional, quando todas as outras verificarem-se inapropriadas.
As medidas cautelares são decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
Ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz deverá intimar a parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 dias. Os casos de
urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão.
No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu
assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos
termos do parágrafo único do art. 312.
EM CASO DE DESCUMPRIMENTO, o juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medida, impor outra em cumulação ou decretar a
prisão preventiva. Por outro lado, quando faltar motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou quando sobrevierem razões que a
justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la, respectivamente.

— Liberdade Provisória
Em até 24h da prisão o juiz deve realizar a audiência de custódia, com a presença do acusado, seu advogado e o MP. Então o juiz pode
optar por: relaxar a prisão ilegal, converter a prisão em flagrante em preventiva, conceder liberdade provisória (com ou sem fiança).
Se o juiz verificar que o agente praticou o fato mediante alguma excludente de ilicitude, pode conceder liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de REVOGAÇÃO.

A liberdade provisória deve ser denegada quando o agente for reincidente, integrar organização criminosa armada, integrar milícia ou
portar arma de fogo de uso restrito. Inclusive, se não é caso de prisão preventiva, o juiz deve conceder liberdade provisória (com ou sem
medidas cautelares diversas da prisão).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989 § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o perí-
odo de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste
Dispõe sobre prisão temporária. artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado.(Inclu-
ído pela Lei nº 13.869. de 2019)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- § 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedi-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ção de mandado judicial.
Art. 1° Caberá prisão temporária: § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
policial; § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a au-
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer toridade responsável pela custódia deverá, independentemente
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. (Incluído
indiciado nos seguintes crimes: pela Lei nº 13.869. de 2019)
a) homicídio doloso(art. 121, caput, e seu § 2°); § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no
b) sequestro ou cárcere privado(art. 148, caput, e seus §§ 1° cômputo do prazo de prisão temporária.(Redação dada pela Lei nº
e 2°); 13.869. de 2019)
c) roubo(art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigato-
d) extorsão(art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); riamente, separados dos demais detentos.
e) extorsão mediante sequestro(art. 159, caput, e seus §§ 1°, Art. 4° Oart. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965,fica
2° e 3°); acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
f) estupro(art. 213, caput, e sua combinação com oart. 223, “Art. 4° ...............................................................
caput, e parágrafo único);(Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
g) atentado violento ao pudor(art. 214, caput, e sua combina- medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
ção com oart. 223, caput, e parágrafo único);(Vide Decreto-Lei nº de cumprir imediatamente ordem de liberdade;”
2.848, de 1940) Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
h) rapto violento(art. 219, e sua combinação com oart. 223 plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e
caput, e parágrafo único);(Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão tem-
i) epidemia com resultado de morte(art. 267, § 1°); porária.
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
com art. 285);
l) quadrilha ou bando(art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio(arts. 1°,2°e3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de
1956), em qualquer de sua formas típicas; NULIDADES NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E NO PRO-
n) tráfico de drogas(art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro CESSO PENAL
de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de
junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.(Incluído pela Lei nº O ato processual deve ser praticado em consonância com a
13.260, de 2016) Constituição Federal, com as Convenções Internacionais sobre
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da Direitos Humanos e com as leis processuais penais, assegurando-
representação da autoridade policial ou de requerimento do Minis- se, assim, não somente às partes, como a toda a coletividade, a
tério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual existência de um processo penal justo e em consonância com o
período em caso de extrema e comprovada necessidade. princípio do devido processo legal.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Assim, a nulidade é compreendida como espécie de sanção
Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. aplicada ao ato processual defeituoso, do que deriva a inaptidão para
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser a produção de seus efeitos regulares. Apenas os atos processuais
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) realizados em consonância com o ordenamento jurídico serão
horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do considerados válidos e idôneos a produzir os efeitos almejados.
requerimento. Todavia, existem irregularidades/defeitos sem consequência,
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério isto é, apesar de o ato processual não ter sido praticado em fiel
Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresenta- observância do modelo legal, esta irregularidade não tem o condão
do, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e de acarretar qualquer consequência. Outras irregularidades/
submetê-lo a exame de corpo de delito. defeitos acarretam tão somente sanções extraprocessuais,
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de ex. multa. Mas também existem irregularidades/defeitos que
prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e podem acarretar a invalidação do ato processual. Neste caso, a
servirá como nota de culpa. irregularidade atenta contra o interesse público ou contra interesse
preponderante das partes.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

impetrar, desde que alguém assine a seu rogo, o promotor pode im-
Julgados sobre o tema petrar, assim como o delegado de polícia, pessoa jurídica em favor
de pessoa física, etc.
Não é nula a condenação criminal lastreada em prova Legitimidade Passiva: Prevalece o entendimento de que pode
produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil por meio da ser impetrado habeas corpus contra ato de particular, cabendo
obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia também contra juiz de direito, promotor de justiça, delegado de
autorização judicial de quebra do sigilo bancário. Isso porque polícia, etc.
o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC Admissibilidade: Não cabe impetração de habeas corpus
105/2001, que permitem o acesso direto da Receita Federal à durante estado de sítio, mas somente com relação ao mérito da
movimentação financeira dos contribuintes. referida impetração. No caso de transgressão militar também não
STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado cabe a impetração com relação ao mérito das punições militares.
em 19/4/2016 (Info 822). Não cabe habeas corpus, também, contra a dosimetria da pena
É possível a utilização de WhatsApp para a citação de de multa pois esta pena não pode ser convertida em privativa
acusado, desde que sejam adotadas medidas suficientes para de liberdade e, por último, não se admite habeas corpus contra
atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito
identidade do indivíduo destinatário do ato processual. estrangeiro cuja prova não constava nos autos, nem ele foi
STJ. 5ª Turma. HC 641877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, provocado a respeito, nem se admite impetração visando exame
julgado em 09/03/2021 (Info 688). aprofundado ou valoração de provas. São hipóteses de cabimento,
então (art. 648 do CPP):
Ainda que o réu tenha constituído advogado antes do (a) quando não houver justa causa: justa causa é a existência
oferecimento da denúncia – na data da prisão em flagrante – e de fundamento jurídico e suporte fático autorizadores do constran-
o patrono tenha atuado, por determinação do Juiz, durante toda gimento. Só há justa causa em situação de flagrante delito, ou por
a instrução criminal, é nula a ação penal que tenha condenado o ordem escrita e fundamentada de autoridade competente, exceto
réu sem a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu em caso de transgressões militares;
pessoalmente a qualquer ato do processo, inexistindo prova (b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei
inequívoca de que tomou conhecimento da denúncia. determina: a jurisprudência entende que, em se tratando de prisão
STJ. 6ª Turma. REsp 1580435-GO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, preventiva, somente uma dilação de tempo excessiva admite a im-
julgado em 17/3/2016 (Info 580). petração de habeas corpus;
(c) quando quem ordenar a coação não tiver competência para
fazê-lo;
HABEAS CORPUS. (d) quando houver cessado o motivo que determinou a coação;
(e) quando não se admitir a fiança, nos casos em que a lei a
prevê;
Do Habeas Corpus (f) quando o processo for manifestamente nulo;
(g) quando já estiver extinta a punibilidade do agente.
Em nossa legislação o habeas corpus surgiu com a promulgação
do Código de Processo Criminal, em 1932, sendo que o instituto Competência
já constava implicitamente desde a Constituição Imperial de 1824. (a) do juiz de direito de primeira instância: para trancar inqué-
A primeira forma existente foi o habeas corpus liberatório (cida- rito policial. Porém, se o inquérito tiver sido requisitado por auto-
dão preso), sendo que com as reformas de 1832 surgiu também o ridade judiciária, a competência será do tribunal de segundo grau
habeas corpus preventivo (cidadão ameaçado em sua liberdade de competente, de acordo com sua competência recursal;
locomoção). Na Constituição Republicana de 1891 o habeas corpus (b) do Tribunal de Justiça: quando a autoridade coatora for re-
é citado pela primeira vez em uma Magna Carta, sendo que tal ins- presentante do Ministério Público Estadual;
tituto perdura até os dias atuais. (c) do Tribunal Regional Federal: se a autoridade coatora for juiz
federal;
Conceito: É o remédio judicial que tem a finalidade de evitar (d) do Superior Tribunal de Justiça: quando o coator ou paciente
ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção for Governador, desembargador, membro do TRF, TER ou TRT, mem-
decorrente de ilegalidade ou de abuso de poder. bros dos conselhos ou Tribunais de Contas municipais, membros do
Natureza Jurídica: Ação penal popular com assento constitu- MPU que oficiem perante tribunais, etc.;
cional, voltada à tutela da liberdade ambulatória, funcionando em (e) do Supremo Tribunal Federal: quando o coator for Tribunal
certos casos como ação penal cautelar, em outros como ação res- Superior, ou o coator ou paciente for autoridade ou funcionário
cisória, ou como ação declaratória se o processo estiver em anda- cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF.
mento. Impetração: A impetração de habeas corpus pode ser feita por
Espécies: (a) liberatório ou repressivo: destina-se a afastar o qualquer pessoa, denominada impetrante, admitindo-se sua inter-
constrangimento ilegal já efetivado à liberdade de locomoção; (b) pretação por fax, telex, telegrama, e até mesmo telefone. É cabível
preventivo: destina-se a afastar uma ameaça à liberdade de loco- liminar se os instrumentos que instruírem a petição evidenciarem
moção. Nessa hipótese expede-se salvo-conduto. a ilegalidade da coação. Só é cabível a impetração de novo habeas
Legitimidade Ativa: Pode ser impetrado por qualquer pessoa, corpus quando haja novos fundamentos que não tenham sido ana-
independentemente de habilitação legal ou representação de advo- lisados no pedido anterior.
gado (dispensada a formalidade de procuração). O analfabeto pode Processamento:
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(a) recebida a petição, se o réu estiver solto, o juiz poderá deter- Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de
minar que o mesmo se apresente em dia e hora que for designado; habeas corpus:
(b) o paciente preso só não será apresentado no caso de grave I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101,
enfermidade, ou de não estar sob a guarda do pretenso coator, sen- I, g, da Constituição;
do que o juiz poderá ir até o paciente, em caso de doença; II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência
(c) o juiz determina a realização de outras diligências necessá- ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos
rias, ouvindo o paciente, e decidindo no prazo de vinte e quatro Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus
horas; secretários, ou aos chefes de Polícia.
(d) O MP não se manifesta quando o habeas corpus for impetra- § 1° A competência do juiz cessará sempre que a violência ou
do perante juiz de direito. Somente se manifesta quando o remédio coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior juris-
for impetrado perante tribunal. dição.
Julgamento e Efeitos: § 2° Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa,
(a) concessão do habeas corpus liberatório implica em coloca- atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor
ção do réu em liberdade; pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer
(b) se a ordem de habeas corpus preventivo for concedida expe- o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for
de-se salvo-conduto; acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance
(c) se a ordem for concedida para anular processo este será re- verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
novado a partir do momento em que se verificou a eiva;
(d) quando a ordem for concedida para trancar inquérito poli- Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá
cial ou ação penal, impedirá seu curso natural; termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os
(e) a decisão favorável de habeas corpus pode ser estendida a fundamentos daquela.
outros interessados que estejam em situação idêntica a do paciente
beneficiado. Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nuli-
Recursos: dade do processo, este será renovado.
(a) cabe Recurso em Sentido Estrito da decisão do juiz que con-
ceder ou negar a ordem de habeas corpus; Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas
(b) cabe recurso oficial da concessão; corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou
(c) cabe recurso ordinário constitucional da decisão de tribunal evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
superior que denegar habeas corpus em única instância; Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Públi-
(d) cabe recurso ordinário constitucional ao STJ da decisão de- co cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabili-
negatória de habeas corpus proferida em única ou última instância dade da autoridade.
pelos TRFs ou pelos Tribunais dos Estados ou do DF.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
Em seguida acompanharemos os dispositivos do CPP pertinen- pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Pú-
tes ao assunto: blico.
§ 1° A petição de habeas corpus conterá:
CAPÍTULO X a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer vio-
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO lência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou amea-
ça;
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando
não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: residências.
I - quando não houver justa causa; § 2° Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que deter- ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo ve-
mina a lei; rificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para ilegal.
fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou
em que a lei a autoriza; procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informa-
VI - quando o processo for manifestamente nulo; ções sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do pacien-
VII - quando extinta a punibilidade. te, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a
um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As mul-
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdi- tas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus,
ção, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá
que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as
multas.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o
necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como
imediatamente apresentado em dia e hora que designar. coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daque-
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido man- les requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for
dado de prisão contra o detentor, que será processado na forma da apresentada a petição.
lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão
e apresentado em juízo. Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas,
se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
a sua apresentação, salvo: para que delibere a respeito.
I - grave enfermidade do paciente;
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas
detenção; corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz -se o julgamento para a sessão seguinte.
ou pelo tribunal. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na vota-
encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doen- ção, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a
ça. decisão mais favorável ao paciente.

Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente es- Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assina-
tiver preso. da pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por
ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violên- exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
cia ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá
ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o
juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelece-
horas. rão as normas complementares para o processo e julgamento do
§ 1° Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em pedido de habeas corpus de sua competência originária.
liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2° Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de com-
ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse ime- petência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de
diatamente o constrangimento. recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de
§ 3° Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto
admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal es-
ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os tabelecer as regras complementares.
respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou
aos do processo judicial.
§ 4° Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-
-conduto assinado pelo juiz.
§ 5° Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade Dos Sistemas Processuais
que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a
fim de juntar-se aos autos do processo. Para entender os sistemas processuais penais é necessário, an-
§ 6° Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o tes de qualquer coisa, compreender o significado da palavra “siste-
da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará ma”. Etimologicamente, sistema – no viés jurídico – é o conjunto de
de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as normas, coordenadas entre si, intimamente correlacionadas, que
formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou funcionam como uma estrutura organizada dentro do ordenamen-
por via postal. to jurídico. Na visão de Paulo Rangel, é o conjunto de princípios e
regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Ape- Estado, que estabelecem as diretrizes a serem seguidas para a apli-
lação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, cação do direito no caso concreto.
que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câ- Assim, para que haja um sistema, é imperiosa a existência de
mara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver uma ideia fundante e de um conjunto de normas que decorre des-
de reunir-se. sa premissa. Basta, portanto, identificar o princípio unificador de
cada sistema processual penal para saber de qual sistema estar-se-á
tratando. Todo sistema é, portanto, regido por um único princípio
unificador (ideia fundante) e, daí decorre as demais normas que
devem ser interpretadas sob essa ótica.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Assim, os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de IMPEDIMENTOS SUSPEIÇÕES


normas adotados por cada ordenamento para disciplinar o trans-
correr de sua marcha procedimental. Consistem em circuns- Consistem em circunstân-
São três os sistemas processuais penais existentes no ordena- tâncias objetivas relacionadas cias subjetivas relacionadas
mento jurídico: a) sistema inquisitório ou inquisidor; b) sistema a fatos internos ao processo a fatos externos ao processo,
acusatório; c) sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório capazes de prejudicar a impar- capazes de prejudicar a impar-
formal. Vejamos: cialidade do magistrado. cialidade do magistrado.
I - Tiver funcionado seu I - Se for amigo íntimo ou
1- Sistema inquisitório cônjuge ou parente, consan- inimigo capital de qualquer
Trata-se de sistema antigo, adotado na Inquisição (daí seu guíneo ou afim, em linha reta deles;
nome). Neste sistema, o processo era sigiloso, com “cartas mar- ou colateral até o terceiro II - Se ele, seu cônjuge,
cadas”; nele não há contraditório nem ampla defesa; a confissão grau, inclusive, como defen- ascendente ou descendente,
era “rainha das provas”; quem acusa e quem julga são as mesmas sor ou advogado, órgão do estiver respondendo a proces-
pessoas. Ministério Público, autoridade so por fato análogo, sobre cujo
policial, auxiliar da justiça ou caráter criminoso haja contro-
2 - Sistema acusatório perito; vérsia;
Trata-se de sistema adotado no Brasil, bem como nos países em II - Ele próprio houver III - Se ele, seu cônjuge,
que há uma democracia plena. Neste sistema, o processo é público, desempenhado qualquer des- ou parente, consanguíneo,
como meio de impedir que abusos sejam praticados; são assegura- sas funções ou servido como ou afim, até o terceiro grau,
dos os princípios vistos no item anterior; adota-se o sistema da livre testemunha; inclusive, sustentar demanda
apreciação da prova (ou seja, a confissão deixa de ser “a rainha das III - Tiver funcionado como ou responder a processo que
provas”); acusador e julgador são duas pessoas diferentes. juiz de outra instância, pronun- tenha de ser julgado por qual-
ciando-se, de fato ou de direi- quer das partes;
3 - Sistema misto to, sobre a questão; IV - Se tiver aconselhado
O sistema processual misto contém as características de ambos IV - Ele próprio ou seu qualquer das partes;
os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória cônjuge ou parente, consan- V - Se for credor ou deve-
e a segunda, acusatória. Tendo a Revolução Francesa como pedra guíneo ou afim em linha reta dor, tutor ou curador, de qual-
fundamental, neste sistema há uma fase de investigação preliminar ou colateral até o terceiro quer das partes;
(conduzida pela polícia judiciária); uma fase de instrução prepara- grau, inclusive, for parte ou VI - Se for sócio, acionista
tória (patrocinada pelo juiz instrutor); uma fase de julgamento (so- diretamente interessado no ou administrador de sociedade
mente aqui incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase feito. interessada no processo.
de recurso (em que se pode utilizar o “recurso de cassação”, para
impugnar apenas questões de direito, como o “recurso de apela- O Ministério Público é o órgão responsável por promover,
ção”, para impugnar questões de fato e de direito). privativamente, a ação penal pública, bem como fiscalizar a
execução da lei. Ao Ministério Público aplicam-se as mesmas causas
de impedimento e suspeição do juiz.
O JUIZ, O MINISTÉRIO PÚBLICO, A AUTORIDADE POLI- O MP tem como princípios institucionais a unidade,
CIAL, O DEFENSOR DO ACUSADO indivisibilidade e independência funcional. A unidade consiste
na integralidade do órgão ministerial, sendo impedido o seu
fracionamento enquanto instituição pública – ex. promotores e
O juiz é quem aplica o direito ao caso concreto, de maneira procuradores tem um único chefe (PGJ). A indivisibilidade significa
substitutiva (substitui a vontade das partes) e imparcial. Sem o que os integrantes da carreira podem ser substituídos uns pelos
Estado-Juiz não teria fim o conflito entre a pretensão punitiva do outros, nas hipóteses legais – ex. férias. Por fim, a independência
Estado e o interesse do acusado na manutenção de sua liberdade. funcional oferece liberdade ao MP, desde que fundamentada e
dentro da lei – ex. delibera de acordo com a sua convicção motivada.
O acusado é o sujeito ativo da infração criminal (autor, coautor
ou partícipe). Para que a pretensão punitiva possa ser deduzida
contra o acusado, este precisa ser maior de 18 anos de idade.
O ofendido é conhecido como a vítima da infração penal
(sujeito passivo), titular do bem jurídico lesado. Quando a lei
permite, o ofendido pode ajuizar a sua própria ação penal, ex. ação
penal privada (queixa-crime), dentro do prazo decadencial de 6
meses, contados do conhecimento da autoria. Ademais, existe a
possibilidade de atuar como assistente de acusação.

No processo penal a defesa técnica é obrigatória, pois a


liberdade está em jogo, um dos bens mais importantes do ser
humano. Quando o acusado não tiver advogado, o juiz nomeará a
ele um profissional com capacidade postulatória, para a sua defesa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Por fim, os auxiliares da justiça são pessoas que embora não • Princípio da Humanidade: Proíbe tratamentos desumanos ou
façam parte da relação processual, intervêm no curso do processo degradantes, incluindo tortura e outras formas de coerção ilícita na
mediante a prática de atos que permite o desenvolvimento regular obtenção de provas.
do feito.
Essas garantias constituem o núcleo dos direitos humanos em
qualquer processo penal e investigação criminal, procurando asse-
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DA INVESTIGAÇÃO gurar que os procedimentos sejam realizados com justiça, transpa-
CRIMINAL E DO PROCESSO PENAL rência e respeito aos direitos individuais. Elas servem como salva-
guardas contra abusos potenciais e ajudam a fortalecer a confiança
pública no sistema de justiça criminal.
As garantias constitucionais da investigação criminal e do pro-
cesso penal são princípios fundamentais estabelecidos na Consti-
tuição de muitos países, incluindo o Brasil, para assegurar que os PRECLUSÃO
direitos e liberdades do indivíduo sejam protegidos durante esses
procedimentos. A seguir, estão algumas das principais garantias:
Preclusão é, no direito processual, a perda do direito de agir nos
• Presunção de Inocência: A Constituição garante que todos autos em face da perda da oportunidade, conferida por certo prazo.
são considerados inocentes até que se prove a culpa em um pro- Assim, se a parte deixa de arrolar testemunhas no prazo adequado,
cesso legal. estará precluso seu direito à produção de prova testemunhal.
A preclusão pode ser:
• Devido Processo Legal: Esse princípio assegura que nenhu- - Temporal: referente ao tempo; perda do direito de praticar um
ma pena pode ser aplicada sem o devido processo, que deve ser ato por encerramento do prazo. Ex: Deve-se contestar no prazo ou
realizado de acordo com as leis vigentes e garantir o direito a um não se poderá fazê-lo, a não ser por justa causa.
julgamento justo. - Consumativa: quando o ato já se consumou, não podendo fa-
zê-lo, outra vez;
• Ampla Defesa e Contraditório: A ampla defesa e o contraditó- - Lógica: quando se pratica determinado ato que o impeça de
rio garantem ao acusado o direito de se defender plenamente em fazê-lo de outra forma.
todas as fases do processo e de contrapor-se às acusações e provas
apresentadas. PRECLUSÃO TEMPORAL
Todo e qualquer ato que se queira praticar no curso de um pro-
• Princípio da Legalidade: Esse princípio assegura que ninguém cesso é proveniente de um direito de exercício, de uma faculdade
será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de de agir. Ocorre que, em direito processual, existem prazos e formas
lei, e que nenhuma conduta será considerada crime sem que a lei procedimentais. Não havendo prazo, por omissão do legislador ou
anterior assim o defina. por vício da lei, este deve ser compreendido como o espaço de 5
(cinco) dias. Os procedimentos mais importantes estão sujeitos a
• Garantia contra a Autoincriminação: Ninguém é obrigado a um lapso temporal e a uma forma. Por isso, contestação, recursos,
produzir provas contra si mesmo, uma garantia essencial para a in- juízos de retratação etc., possuem prazos e formas. Se não for exer-
tegridade do processo penal. cido dentro do tempo e forma estipulado, há, sumariamente, a per-
da do direito de agir ou reagir. A este fenômeno, de perder o prazo
• Habeas Corpus: É a garantia de que o indivíduo tem o direito ou a forma para praticar um ato, chamamos de preclusão temporal.
de requerer um habeas corpus sempre que sofrer ou se achar na Exemplo maior encontra-se no art. 183, do Código de Proces-
iminência de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco- so Civil, nestes termos: “Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se,
moção. independentemente de declaração judicial, o direito de praticar o
ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por
• Sigilo das Comunicações: Resguarda o sigilo das comunica- justa causa.”
ções telefônicas, só podendo ser quebrado mediante ordem judicial
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. PRECLUSÃO CONSUMATIVA
É o tolhimento de um exercício regular de direito. Exemplo:
• Acesso a um Advogado: A Constituição garante ao acusado o embargar de declaração (prazo cinco dias) no primeiro ou no quinto
direito de ter um advogado presente em todos os estágios do pro- dia significa preclusão consumativa. Quer dizer que se você embar-
cesso. Se o acusado não puder pagar um advogado, deve ser forne- gou no primeiro dia, não poderá mais embargar por preclusão de
cido um defensor público. um ato que já foi consumado, perpetrado de forma perfeita. Em
outras palavras, é afirmar que se o poder processual já foi exercido,
• Inviolabilidade Domiciliar: Sem o consentimento do morador, ele não poderá ser novamente.
a casa é inviolável, não podendo ser adentrada por autoridades, sal-
vo em casos de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socor- PRECLUSÃO LÓGICA
ro, e, durante o dia, por determinação judicial. É cediço que todo processo é composto de procedimentos, ou
seja, caminhos a serem trilhados. Se um procedimento praticado
for incompatível com outro já exercitado, estaremos diante da
incidência da preclusão lógica. Exemplo: sentença condenatória
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de danos materiais avaliados em R$ 5.000 (cinco mil reais), se o – Jurisdição: uma das funções do Estado exercida pelo
condenado paga, pressupõe-se, por lógica, que ele não irá recorrer. Judiciário, sendo que ele aplica o direito ao caso concreto.
Destarte, preclui o direito de recurso diante do acatamento inte-
gral da decisão. Recorrer é logicamente incompatível com aceitar A jurisdição é exercida precipuamente pelo Judiciário. Ex.
a decisão. julgamento da Dilma (julgamento pelo Congresso).
Se não houvesse essa forma de preclusão, haveria o risco de Juiz natural: o cidadão conhecer de antemão quem vai julgá-lo.
algumas demandas persistirem sob o pálio do venire contra factum A jurisdição é uma só, a competência é uma parcela da
proprium, isto é, ir contra a sua própria ação. Ferir a lógica é de cer- jurisdição.
to modo tomar atitudes paradoxais e antagônicas. Se me comportei A competência é a medida (limite) da jurisdição dentro dos
de uma forma no passado, seguindo a boa lógica, não poderei agir quais cada juiz exerce a sua função, aplicar o direito objetivo ao
paradoxalmente no futuro. caso concreto.
“Rarione Materiae”: competência em razão da natureza do
delito, ex. crimes militares; crimes eleitorais; crimes dolosos contra
INCIDENTES (SANIDADE E FALSIDADE). a vida.
“Ratione personae” (funcionae): competência por prerrogativa
de função. Direito de ser julgado originariamente pelos tribunais.
Incidente de Insanidade Mental “Ratione loci”: competência em razão do lugar. Competência
– Quando houver dúvida sobre a integridade mental do territorial.
acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Competência funcional: fixada de acordo com a função que os
Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, órgãos exercem no processo. Divisão:
irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico- Por fase do processo: um órgão jurisdicional exerce a
legal; competência a depender da fase do processo. Ex: procedimento
– O incidente de insanidade mental é prova pericial bifásico do júri, juiz sumariante + juiz presidente e conselho de
constituída em favor da defesa. Logo, não é possível determiná-lo sentença, juízo da execução, juiz das garantias.
compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua Por objeto do juízo: matéria a ser decidida, cada órgão exerce
realização. STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, competência sobre determinadas questões. Ex: no júri os jurados
julgado em 6/9/2016 (Info 838); decidem sobre os quesitos e o juiz presidente sobre as demais
– Inimputável no momento da infração: o curador continua no matérias.
processo; Por grau de jurisdição: divisão entre os órgãos jurisdicionais
– A doença mental veio depois da infração: o processo continua superiores e inferiores. Ex: a apelação vai para o tribunal ou a
suspenso até que o acusado se restabeleça; competência é originária.
– Se a doença mental veio depois da execução da pena, passa a Funcional horizontal: não há hierarquia entre os órgãos, ex.
cumprir a pena internado. fase do processo e objeto do juízo.
Funcional vertical: há hierarquia. Ex: por grau de jurisdição.
Incidente de Falsidade
– O juiz mandará autuar em apartado a impugnação, e em — Competência Absoluta x Relativa
seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, Competência absoluta: interesse público; improrrogável/
oferecerá resposta; imodificável (ex: não se altera por conexão/continência). Estão na CF.
– O juiz assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada Competência relativa: interesse preponderante das partes;
uma das partes, para prova de suas alegações; prorrogável/derrogável. Estão na lei ordinária. Ex: competência
– Conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que enten- territorial.
der necessárias; Consequência da incompetência absoluta: nulidade absoluta,
– Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará pode ser arguida a qualquer momento, mesmo após o trânsito
desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria,
incidente, ao Ministério Público. prejuízo presumido.
Consequência da incompetência relativa: nulidade relativa;
deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão; o
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA. prejuízo deve ser comprovado.
Art. 567 a incompetência anula os atos decisórios e probatórios,
devendo o processo ser remetido ao juízo competente. Abrange a
Mecanismos de solução dos conflitos: competência absoluta e relativa.
– Autotutela: emprego da força para a satisfação dos interesses.
Não é a regra, mas cabe em algumas situações, ex. crime de exercício Obs. A jurisprudência entende que essa incompetência é
arbitrário das próprias razões “salvo quando a lei o permite”. Ex: apenas a absoluta, e dos atos decisórios, podendo ser sanada com
desforço imediato, legítima defesa, prisão em flagrante. a ratificação.
– Autocomposição: busca do consenso para satisfação dos Obs. A interrupção da prescrição ocorre com a ratificação do
interesses. Não é a regra no processo penal, mas é uma tendência. juízo competente, em caso de recebimento da denúncia.
Ex: jecrim, anpp.
A incompetência absoluta deve ser conhecida de ofício,
enquanto não houver o esgotamento de instância.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A incompetência relativa deve ser declarada de ofício, até Conexão entre crime eleitoral e crime comum: a justiça eleitoral
o início da instrução probatória (se já iniciou a instrução, há a exerce força atrativa – art. 78, IV CPP. Ex. relativamente à justiça
prorrogação da competência par ele julgar). A súmula 33 do STJ é estadual, federal.
para o processo civil.
Exemplos de competência absoluta: ratione materiae; Obs. Ainda que haja o reconhecimento da prescrição da
funcionae e funcional. pretensão punitiva do delito eleitoral. Permanece competente para
Exemplos de competência relativa: territorial; prevenção os demais feitos.
(critério residual de fixação de competência no qual olha-se para Obs. Crime praticado contra juiz eleitoral é de interesse da
qual dos vários juízos competentes antecedeu aos demais no União, é julgado pela justiça federal.
tocante a atos decisórios); distribuição; conexão e continência; Obs. Há separação em caso de crime doloso contra a vida.
jecrim.
Súmula 706 STF a prevenção é competência relativa, não Competência criminal da justiça do trabalho: HC ligado à
arguida oportunamente preclui. jurisdição trabalhista é julgado pela justiça do trabalho, mas não
Perguntas importantes para definir a competência! gera competência criminal genérica à ela.
Qual a justiça competente? Militar da união e dos estados; Competência criminal da justiça federal: Art. 109
eleitoral; do trabalho; justiça federal e estadual (residual). Existe dúvida se precisa de EC para criar um novo TRF.
É competência originária? A competência da justiça federal é absoluta, estabelecida em
Qual a comarca ou seção judiciária competente )competência razão da matéria (ratione materiae), prevista na CF.
de foro/territorial)? As atribuições da PF não são idênticas à competência criminal
Qual a vara competente (juízo)? Ex. drogas, violência doméstica. da JF, não é porque a polícia federal investigou é que a JF vai julgar.
Qual é o juiz competente (competência interna)? A PF possui atribuições investigatórias mais amplas do que a
Atualmente o critério de distribuição é aleatório. competência da JF, ex. o delito tiver repercussão interestadual ou
Qual é a competência recursal? internacional + previsão legal (lei 10446/02).
Art. 109, IV – crimes políticos – até a lei 14197/21 estavam
Justiça Militar da União (art. 124) x Estados (art. 125, parágrafo previstos na lei de segurança nacional, desde que com motivação
4º e 5º) política. Juiz federal julgava e o recurso ia para o STF (ROC). A lei
Crimes militares são previstos no código penal militar e na 14197/21 revogou a lei de segurança nacional e introduziu no CP
legislação penal. crimes contra o estado democrático de direito.
A justiça militar da União julga militares e civis. Nos estados só
militares à época do delito – em caso de coautoria com civil existe a Para uma corrente esses crimes são políticos, julgados pela JF
separação dos processos. e com recurso de ROC ao STF; uma segunda corrente entende que
Justiça militar União: só julga os crimes militares definidos em esses crimes não são políticos, podendo ser competência estadual
lei (critério ratione materiae). Não tem competência cível. ou federal.
Justiça militar Estados: critério materiae + personae. Tem Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
competência cível, ex. soldado questionar ações disciplinares. interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
JMU: tem como órgãos jurisdicionais o conselho de justiça públicas, excluídas contravenções e ressalvada a competência da
(juiz concursado + 4 militares de posto superior ao acusado) e o justiça militar e justiça eleitoral.
juiz federal da JMU (julga civis e militares em coautoria e preside A lesão precisa ser direta, interesse imediato. Ex. súmula 107
conselhos). O juízo ad quem é o STM. STJ.
JME: tem como órgãos jurisdicionais o juiz de direito do juízo
militar (ações contra civis e atos disciplinares) e o conselho de Bens, serviços e interesses + União, autarquias federais e
justiça (os demais crimes). O juízo ad quem é o TJM (onde tiver) empresas públicas federais
ou TJ. Ex. assalto à agência da caixa econômica federal.
Competência criminal da Justiça Eleitoral: em razão da matéria
– julga crimes eleitorais. Estão no código eleitoral + leis. Obs. Correios -> quando são franquias não vai para a JF, é
A simples existência no CE de descrição formal de conduta típica competência estadual, pois a franquia é pessoa jurídica de direito
não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, privado.
também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob Ex. benefício fraudado no INSS, corrupção ativa a perito do
o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade INSS.
de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do Ex. falsificar moeda.
processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja, Ex. fraude eletrônica contra correntista da caixa – sujeito
a par da existência do tipo penal eleitoral, faz-se necessária para passivo é a instituição, logo, a competência é da JF.
a sua configuração a existência de violação do bem jurídico que a
norma visa tutelar, intrinsecamente ligado aos valores referentes à Roubo contra casa lotérica (PJ de direito privado) é competência
liberdade do exercício do voto, a regularidade do processo eleitoral da justiça estadual.
e à preservação do modelo democrático. A destruição de título Crime contra a FUNASA (fundação pública, equivale à autarquia
eleitoral da vítima, despida de qualquer vinculação com pleitos federal) – competência da JF.
eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação Crime contra a OAB (fiscalização da advocacia) – competência
pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral. da JF.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Roubo contra o Banco do Brasil é competência estadual, pois é Súmula 73 STJ: falsificação de moeda grosseira é estelionato –
sociedade de economia mista. competência da justiça estadual.
Petrobrás segue o mesmo raciocínio, salvo quando existe força Uso de documento falso: a competência depende da pessoa
atrativa da JF. prejudicada pelo uso. Ex. se eu compro uma CNH falsa e mostro
para a polícia rodoviária federal, a competência é da JF.
Súmula 42 do STJ. Súmula 546 STJ (órgão que foi apresentado o documento)
Crimes contra concessionárias de serviços públicos são julgados Falso como crime meio – só responde pelo crime fim, logo, a
pela justiça estadual. competência é definida pelo sujeito passivo do crime fim.
Crimes contra entidades do sistema S são julgados pela justiça Súmula 62 do STJ: compete à justiça estadual crime de
estadual. falsa anotação em carteira de trabalho atribuído por empresa
Crimes cometidos contra bens tombados -> se a União tombou privada. *súmula anterior à lei 9983/00 – art. 297, parágrafo 3 e 4
o bem, a competência é da JF; se município tombou, a competência competência da JF, se o falso se destinar a produzir efeitos contra
é da justiça estadual. o INSS
Crime cometido contra consulado estrangeiro: competência da Justiça estadual julga crime de falsificação ou uso de certificado
Justiça Estadual. de conclusão de curso desde que não se refira a estabelecimento
Peculato cometido contra MPDFT: competência da justiça federal de ensino ou a falsidade não seja de assinatura de
comum do DF funcionário federal.
Súmula 208 e 209 STJ: se a verba estiver sujeita à prestação O JUÍZO DA EXECUÇÃO é o juiz da natureza do presídio, ex.
de contas ao TCU a competência é da JF, mas se já incorporou ao recolhido em presídio estadual a competência é da justiça estadual
município a competência passa para a justiça estadual. (súmula 192 STJ). Inclusive, o juiz federal da execução penal é o
Crime contra o FUNDEF: JF. juiz de processo de conhecimento nas infrações que ocorrem no
Falsificação de moeda estrangeira: JF, pois o banco central do presídio/incidentes relacionados com a execução.
brasil é quem fiscaliza. Crimes cometidos no estrangeiro – no art. 7 do CP tem casos
Falso testemunho e outros crimes contra a administração da de extraterritorialidade. A competência é da justiça estadual. É
justiça cometido em processo trabalhista ou perante da JE, JF, JMU diferente de crimes que a execução começou no Brasil e terminou
(poder judiciário da União): competência da JF. fora (vice versa). Obs. Crime cometido integralmente no estrangeiro
é da JF se o julgamento passou para o Brasil por negativa de
Súmula 165 STJ. extradição.
Crime cometido por ou contra Funcionário Público Federal. Ex: Contravenções penais são de competência da justiça estadual.
correio. JF de 1ª instância não julga contravenções penais, mesmo que
Se houver um nexo funcional a competência é da JF. conexas com crimes federais. Todavia, cabe julgamento pelo TRF
Ex. estava no deslocamento para o trabalho é competência da em caso de foro por prerrogativa de função. Súmula 38 STJ.
Justiça Estadual. A JF julga crimes previstos em tratado ou contravenção
internacional quando iniciada a execução no país, o resultado
Erro sobre a pessoa e erro na execução-> considera a vítima tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.
virtual (querida) no direito penal, já para a competência o que Ex. tráfico internacional de drogas.
importa é a vítima ofendida (real).
Crimes contra o meio ambiente: a regra é a justiça estadual, A droga não ser produzida no país, por si só, não é JF.
exceção - o crime for cometido em detrimento de bem da União ou Pedofilia pela internet -> por email é justiça estadual; em
interesse do IBAMA. caso de internacionalidade, ex. criação de site na rede mundial de
Ex. JF -> crime de pesca ilegal de camarão no mar territorial; computadores, é JF.
extração de cascalho sem autorização. JF compartilhamento de sinal de tv por assinatura.
Incidente de deslocamento de competência (federalização de
Obs. contra a floresta amazônica (patrimônio nacional, diferente crimes contra direitos humanos): um crime julgado pela justiça
de patrimônio da União) – competência da Justiça Estadual. estadual, que é transferido para a competência da JF. Art. 109 V-A e
Obs. Brumadinho JF. parágrafo 5º. Requisitos: o crime envolva grave violação dos direitos
humanos + risco de descumprimento de tratados internacionais +
JF julga crime ambiental transnacional que envolva animais inércia do aparato estadual. Legitimidade do PGR. Competência do
silvestres ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegida STJ.
por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Crimes contra a organização do trabalho: competência da JF.
Crimes contra a fé pública: em se tratando de crime de Obs. Desde que tenha por objeto a organização geral do trabalho ou
falsificação, a competência tem como base o responsável pela direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.
emissão do documento (ex. falsificação de CNH – emitida pelo Redução a condição análoga à de escravo: JF.
DETRAN – competência da justiça estadual; ex. CPF é emitido pela Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômica
Receita Federal – competência da JF). financeira: nos casos determinados por lei.
Súmula 104 STJ – competência da Justiça Estadual o julgamento Lei 1521 crimes contra a economia popular – competência
dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estadual.
estabelecimento particular de ensino. Lei 4595 captação ilegal de empréstimo – competência
Falsificação de carteira arrais-amador (emitido pela Marinha) é estadual.
competência da JF SV 36. Lei 7492crimes contra o sistema financeiro nacional JF.
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Criptomoeda – justiça estadual. Exceção: com evasão de divisas – Duplo grau de jurisdição: autoridades dotadas de foro não
– JF. tem direito ao duplo grau de jurisdição (reexame de matéria de fato
Lei 8137/90 crimes tributários – depende do tributo, ex. IR JF; e direito probatória), o que não significa que não seja cabível algum
IPVA justiça estadual. recurso.
Lei 8176/91 adulteração de combustível – justiça estadual. – Necessidade de o crime ser cometido durante o exercício
Lei 9613/98 lavagem de capitais – justiça estadual; em algumas do cargo e relacionado à funções desempenhadas pelo agente e
exceções é da JF (contra o sistema financeiro e a ordem econômica impossibilidade prorrogação da competência do tribunal quando
financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da cessado o exercício funcional:
União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
quando a infração penal antecedente for de competência da JF). Antes: pela regra da contemporaneidade, a competência por
Crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves: navio prerrogativa de função deveria ser preservada caso a infração penal
é embarcação de grande porte capaz de circular em alto-mar; tenha sido cometida à época e em razão do exercício funcional.
aeronave é todo aparelho manobrável em voo. *posição abandonada
Atualmente: perde o foro assim que sai do cargo.
Obs. A bordo é dentro. Regra da atualidade: o agente faz jus ao foro apenas enquanto
Obs. A aeronave pode estar no solo ou no ar. estiver exercendo a função. Cessada a função, cessa o direito ao
Obs. Balão não é aeronave – competência da justiça estadual. foro.
Obs. Traz crimes pretéritos para o tribunal: ao ser diplomado o
Crimes praticados por ou contra índios: a justiça federal julga a processo sobe para o tribunal. Passou a ocorrer fuga de foro. Vários
disputa sobre direitos indígenas (art. 231 CF). parlamentares começaram a renunciar, de maneira que cessada a
Súmula 140 STJ função cessava o foro.
Genocídio contra índios: lei 2889/56 JF Veio uma reação legislativa, de maneira que o congresso fez
Nem sempre é crime doloso contra a vida (quando é quem uma lei para manter o foro mesmo depois do fim do exercício.
julga é o tribunal do júri federal – julga também o genocídio em Inclusive, adotou esse entendimento para ação de improbidade.
conexão). Então, o STF propôs ADI e entendeu pela inconstitucionalidade.
É um crime que tutela a existência do grupo (quando não é Assim, voltou a ideia de atualidade.
doloso contra a vida juiz singular federal julga). O STF trouxe o entendimento que o foro só se justifica se o
Conexão entre crime estadual e federal: JF exerce força atrativa, crime foi praticado durante e no exercício das funções. Ademais,
ainda que o crime estadual seja doloso contra a vida (obs. Ai precisa cessado o exercício da função deve ir para a 1ª instância. Inclusive,
de tribunal do júri). a renúncia não pode mais ser usada como fuga de foro.
Súmula 122 stj – mesmo que o crime federal tenha pena mais O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos
branda. crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às
Justiça Política ou Extraordinária: atividade jurisdicional funções desempenhadas. Após o final da instrução processual,
exercida por [órgãos políticos, geralmente alheios ao Poder com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
Judiciário, quando se trata de crimes de responsabilidade (infrações alegações finais, a competência não será mais afetada em razão de
político-administrativas). o agente vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava.
Alguns agentes serem responsabilizados por crime de *regra da atualidade limitada/restrita/mista.
responsabilidade. Ou seja, o foro aplica-se apenas aos crimes cometidos durante
Ex. primeiro juízo de admissibilidade pela câmara, depois o exercício do cargo e relacionado às funções desempenhadas;
julgamento pelo Senado. após o final da instrução processual, com a publicação do despacho
Competência por prerrogativa de função (ratione personae/ de intimação para apresentação de alegações finais, a competência
funcionae): direito que algumas autoridades têm de serem julgadas não será mais afetada em razão do agente vir a ocupar cargo ou
originariamente pelos tribunais. deixar o cargo.
Não há violação ao juiz natural, pois a competência já é pré- Não tem foro magistrado aposentado.
estabelecida. Promotor e juiz tem foro mesmo que o fato não seja relacionado
No plano teórico, não deveria ser considerado um privilégio. ao cargo.
Em caso de reeleição deve ser preservada a competência para
Regras básicas o tribunal, o mesmo vale para mandato cruzado (ex. era deputado
– Investigação e indiciamento de pessoas com foro por e foi eleito senador).
prerrogativa de função: para o STJ não há obstáculo nenhum, mas Crime cometido após o exercício funcional -> não há foro por
para o STF há necessidade de autorização do relator, sob pena de prerrogativa de função. Súmula 4521 STF.
nulidade dos atos. Em caso de crime doloso contra a vida, se o foro for previsto
na CF, ele prevalece em relação ao tribunal do júri. O mesmo não
– Arquivamento de IP nas hipóteses de atribuição originária acontece se o foro for previsto na CE, a competência será do júri.
do PGR/PGJ: é de aceitação compulsória pelo tribunal. Todavia, em SV 45. Obs. Se o crime não tem relação com as funções, não tem
decisões recentes, o STF vem negando o arquivamento. prerrogativa de foro.

Obs. Tem recurso ao colégio de procuradores quando o Concurso de agentes: prevalece a competência do tribunal de
arquivamento é feito pelo PGJ. maior graduação, ainda que um dos coautores tenha foro em outro
tribunal.
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Súmula 704 STF: não viola as garantias do juiz natural, da ampla – Competência territorial com base no domicílio da vítima:
defesa e do devido processo legal a atração por continência ou para algumas modalidades de estelionato -> depósito, emissão de
conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função cheque sem fundos, pagamento frustrado, transferência de valores.
de um dos denunciados. Obs. Essa reunião dos feitos é possível, Obs. Se tiver pluralidade de vítimas utiliza-se a prevenção.
mas não obrigatória.
Em se tratando de crime doloso contra a vida, a separação dos Contrabando (mercadoria proibida) e descaminho: JF – local da
feitos será obrigatória. apreensão dos bens.
Súmula 702 STF: a competência do TJ para julgar prefeitos – Tráfico de drogas por meio de remessa do exterior pela via
restringe-se aos crimes da justiça comum estadual, nos demais postal: local da apreensão da droga. Obs. Existe exceção para a
casos, a competência originária cabe ao respectivo tribunal de 2º súmula 528 do STJ: se for conhecido o destinatário da droga, aí será
grau. competente o destino do entorpecente.
Súmula 703 STF: a extinção do mandato do prefeito não
impede a instauração de processo pela prática dos crimes da lei de Tráfico de drogas por exportação: local da remessa.
responsabilidade. Crime de uso de passaporte falso: local de apresentação do
Princípio da simetria: a CE não pode outorgar foro a qualquer documento (saída do país).
autoridade estadual, só pode outorgar foro se a autoridade federal Crimes praticados no estrangeiro: juízo da capital onde por
simétrica tiver foro. Ex. defensor público estadual não pode ter último tiver residido; se nunca residiu, a competência será Brasília.
foro, pois no plano federal os defensores não possuem foro. Quem JECRIM: onde a conduta for praticada.
mais não pode ter foro? Procuradores de estado; procuradores da
assembleia legislativa; delegados de polícia.
Competência Territorial: a regra está relacionada à natureza do ATRIBUIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO.
delito – art. 70 CPP, local da consumação do delito ou último ato de
execução, em caso de tentativa.
Crime à distância: a ação ou omissão ocorre no território Atribuição e Circunscrição.
nacional e o resultado no estrangeiro (vice e versa).
– Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se A Polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no
consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apura-
que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. ção das infrações penais e da sua autoria.
– Quando o último ato de execução for praticado fora do Circunscrição: indica o território dentro do qual as autoridades
território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, policiais (delegados) tem atribuições para desempenhar suas ativi-
embora parcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu dades.
resultado. Atribuição: é outorgada aos delegados de polícia de carreira
para presidir o inquérito policial.
Prevenção: quando incerto o limite territorial entre duas - Critério Territorial (circunscrição);
ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido - Critério Material (delegacias especializadas);
a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais - Critério em razão da pessoa;
jurisdições. *critério residual *primeiro juiz que praticou o ato
decisório será o competente O Delegado de Polícia na Constituição
Crimes formais (não precisa de resultado, mas o resultado
existe): ex. ligação de presídio com extorsão para entrega de No título V da Constituição Federal de 1988, “Da defesa do Esta-
dinheiro. O local do constrangimento (onde está a vítima) é o do e das instituições democráticas”, está o capítulo III, “Da seguran-
competente. ça pública” que em seu único artigo dispõe:
Crime permanente que se prolongou por várias comarcas (ex. “Art. 144. “A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
extorsão mediante sequestro) e crime continuado: usa a regra da ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
prevenção. pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
Crime plurilocal (ação em uma comarca e resultado em outra: seguintes órgãos:
dentro do território nacional): em caso de homicídio (doloso ou I - polícia federal;
culposo) a competência é fixada pelo lugar da ação/omissão. II - polícia rodoviária federal;
Motivo: produção probatória; política criminal. III - polícia ferroviária federal;
– Crimes contra a honra praticados pela internet: em regra é o IV - polícias civis;
local da publicação. Se as mensagens são privadas, a competência V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
é o local onde está a vítima (local em que tomou conhecimento do VI - polícias penais federal, estaduais e distrital”.
conteúdo ofensivo).
Nesse sentido, o §4º do artigo 144 dispõe que às polícias civis,
Competência territorial com fundamento no domicílio do dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalva-
acusado: art. 72 não sendo conhecido o local da infração (local do da a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
crime incerto). Outro caso é de ação penal privada -> o querelante ração de infrações penais, exceto as militares.
pode preferir o foro de domicílio ou residência do réu, ainda que A polícia judiciária é, portanto, um órgão da segurança do Esta-
conhecido o lugar da infração (foro de eleição). do que tem como principal função apurar as infrações penais e sua
autoria por meio da investigação policial, que é um procedimento
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

administrativo com característica inquisitiva, servindo, em regra, de “A presença da autoridade policial no local da ocorrência é de
base à pretensão punitiva do Estado formulada pelo Ministério Pú- suma importância, mesmo quando se trate de delito cujo autor já
blico, titular da ação penal de iniciativa pública. esteja identificado, encontrando-se foragido ou mesmo preso, eis
Para reforçar a importância das atribuições dos Delegados, foi que o presidente do inquérito manterá na memória tudo o que viu
editada a Lei nº 12.830/2013, que dispõe sobre a investigação cri- e assim caberá fazer perguntas pertinentes as testemunhas e, no
minal conduzida pelo Delegado de Polícia, e logo no artigo 2º assi- momento oportuno, ao indiciado, podendo ainda esclarecer dú-
nala: vidas e omissões deliberadas por partes interessadas. Ademais, a
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações presença da autoridade no local, faz com que todas as providências
penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, sejam tomadas de imediato, pois ela se faz acompanhar de escri-
essenciais e exclusivas de Estado. vão, e dos agentes de que dispõe para a investigação de rotina e, se
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, for o caso de morte, requisitará a presença de médico-legista, e em
cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito qualquer caso que julgar conveniente, requisitará a polícia técnica,
policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como para elaboração de laudos com fotografias e outras perícias para a
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da elucidação dos fatos.”
autoria das infrações penais. A autoridade policial também pode, quando julgar necessário
§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de voltar ao local da ocorrência dos fatos para reproduzi-los de ma-
polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados neira que possibilite descobrir provas essenciais para desvendar o
que interessem à apuração dos fatos. crime, conforme o artigo 7º, do Código de Processo Penal.

Vale destacar que compete à Polícia Federal, dentre outras atri- 2 Posição do Delegado de polícia frente ao inquérito policial
buições, exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária Com base no Código de Processo Penal, art. 4º, é competên-
da União. cia da autoridade policial, ou seja, do delegado de polícia presidir,
o inquérito policial, desta forma, a autoridade policial não é parte
Atribuições do Delegado de Polícia dentro do inquérito, mas ele atua entre as partes.
Desta forma, o delegado atua entre as partes, sendo que de um
O Delegado de Polícia é um funcionário público e como autori- lado está o órgão de acusação, o Promotor de justiça, Procurador
dade policial preside os atos da polícia judiciária e como autoridade da República ou querelante; e de outro a parte acusada, ou seja, o
administrativa preside a Delegacia de Polícia, sendo que ele respon- indiciado ou querelado e seu advogado, quando tiver.
de pelo regular trabalho na repartição. De posse desta posição o delegado deve agir na investigação
criminal e na instrução do inquérito policial, agindo sempre com
1 Providências da autoridade policial quando ocorrer um crime prudência, imparcialidade e sigilo, para descobrir acima de tudo a
A autoridade policial deve estar consciente de suas atribuições verdade dos fatos ocorridos.
quando da prática de algum crime, como salienta as palavras do au- No Estado de Direito, não se admite a figura do delegado in-
tor Carlos Alberto dos Rios: “A autoridade policial ao tomar conhe- quisitor, que é aquele que acusa publicamente, aquele que apenas
cimento da prática de infração penal, deve instaurar inquérito. Mas procura provas que possam incriminar o suspeito não levando em
é preciso que se observem certas peculiaridades: se o delito for de conta nenhum fato favorável aos direitos de defesa do indiciado.
ação penal privada, a autoridade policial somente poderá realizar O delegado de polícia deve continuar na condução das investi-
as investigações se a vítima ou seu representante legal requerer gações e na presidência do inquérito, objetivando sempre descobrir
(art. 5º, §5º, do CPP). Se for crime de ação penal pública, condicio- a verdade dos fatos não importando se a verdade irá ou não incri-
nada à representação, a autoridade policial, também somente po- minar o acusado.
derá realizar as investigações se a vítima ou seu representante legal O delegado deve trabalhar junto à comunidade para desempe-
representar, nos termos do §4º do art. 5º do Código de Processo nhar as suas funções com êxito, mantendo sempre elos de coope-
Penal. Mas, se o delito for de ação penal pública incondicionada, ração com seus líderes e principalmente com o Ministério Público
deverá a autoridade policial instaurar o inquérito policial, haja ou e a Magistratura.
não manifestação da vontade da vítima ou de quem legalmente a
represente.” 3 Atos do Delegado com relação ao inquérito policial
Como se percebe o papel da autoridade policial é de suma im- A lei confere ao delegado de polícia o poder e dever de praticar
portância, ele é o elemento que conduz, investiga e colhe provas atos de investigação no tocante a direção do inquérito, sendo estes
que possam auxiliar a justiça no desenrolar do processo e aplicação poderes de instrução, ordenação, coação, fiscalização e autorização.
das penas aos culpados, bem como também possam inocentar as Os poderes de instrução compreendem os estabelecidos no ar-
pessoas que não tiveram nada haver com o fato criminoso. tigo 6º, do Código de Processo Penal, como pode se analisar: “Art.
A autoridade policial deve se possível se dirigir ao local do fato 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a au-
e deve ainda providenciar para que nada se modifique, objetivando toridade policial deverá:
a maior clareza sobre o crime ocorrido e suas provas. Cabe a ele I. dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
ainda, ouvir o ofendido, as testemunhas, determinar quando forem estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos crimi-
necessários, exames periciais. nais;
Sobre a presença da autoridade policial no local do fato crimino- II. apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
so, o autor Carlos Alberto dos Rios, comenta: liberados pelos peritos criminais;
III. colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
do fato e suas circunstâncias;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

IV - ouvir o ofendido; Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e


V. ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respec- flagrante delito.
tivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que lhe tenham
ouvido a leitura; Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá
VI. proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea- esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a
ções; este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, pro-
VII. determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de cederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao inter-
delito e a quaisquer outras perícias; rogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo,
VIII. ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos- após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de anteceden- de, afinal, o auto.
tes”; § 1º. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos
estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu tem- enviará os autos à autoridade que o seja.
peramento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas Os atos de autorização inerentes ao delegado de polícia são
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de basicamente a interceptação telefônica de qualquer natureza que
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pes- sirva como prova para a investigação policial ou instrução penal,
soa presa”. depois de deferido o pedido ao juiz, sempre devendo a autoridade
Os atos de instrução, de responsabilidade do delegado, são policial dar ciência ao Ministério Público que poderá acompanhar a
aqueles destinados a dar andamento ao inquérito policial, como sua realização.
por exemplo: colher provas, ouvir o ofendido, o indiciado, proceder Ainda como atos de autorização podemos citar o porte de arma
acareações, determinar o exame de corpo de delito e outras perí- de fogo tanto federal quanto estadual autorizado respectivamente
cias necessárias, pesquisar os antecedentes do indiciado, ou seja, o pela Polícia Federal e Civil, como estabelece o Decreto Federal nº.
delegado busca indícios sobre a verdade dos fatos. 2.222/1997, art. 13.
Os atos de ordenação cumprem basicamente a nomeação de No Estado do Rio Grande do Sul, pela Lei 10.994 de 18 de agos-
curador ao acusado menor de 21 anos e em alguns casos solicitar to de 1997, a autoridade policial deve presidir com exclusividade
ao juiz a nomeação de curador especial, como exemplificadamente o inquérito que servirá de comprovação das diligências realizadas
determina os artigos do Código de Processo Penal a seguir mencio- para apurar a infração penal e sua autoria. Por esta determinação
nados: competirá também à autoridade policial a expedição de portarias
“Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador para que os policiais possam realizar diligências.
pela autoridade policial.
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou men- 4 Suspeição e Circunscrição da Autoridade Policial
talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante Encontra-se elencado no artigo 107, do Código de Processo
legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de Penal, o fundamento da não oposição de suspeição contra autori-
queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofí- dades policiais: “Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autori-
cio ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente dades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se
para o processo penal.” suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”
Os atos de coação são inerentes à função policial e determinam O autor José Geraldo da Silva, comenta com relação à suspei-
a apreensão ou a incomunicabilidade do indiciado, como de modo ção: “podemos dizer que a suspeição, tão comum com relação aos
exemplificatório se observa nas determinações dos artigos 6º, II; juízes e aos serventuários da justiça, não atinge a autoridade poli-
21; 301; 304, §1º, todos do Código de Processo Penal: cial, tendo em vista o inquérito policial, procedimento administra-
“Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração pe- tivo e não processo.”
nal, a autoridade policial deverá: Em sentido contrário, está a posição do autor Luiz Carlos Ro-
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após cha que defende poder a autoridade policial se declarar suspeita
liberados pelos peritos criminais; em alguns casos, por analogia: “A autoridade policial, por analogia
aos casos previstos para os juízes, deve dar-se por suspeito: a) se
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; b) se
de despacho nos autos e somente será permitida quando o interes- ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver responden-
se da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. do a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 controvérsia; c) se ele, seu cônjuge ou parente sanguíneo ou afim
(três) dias, será decretada por despacho fundamentado do juiz, a até terceiro grau sustentar demanda ou responder a processo que
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Pú- tenha que ser julgado por qualquer das partes; d) se tiver aconse-
blico, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no art. 89, III, lhado qualquer das partes; e) se for credor ou devedor; tutor ou
do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil curador de qualquer das partes; e f) se for sócio, acionista ou admi-
nistrador de sociedade interessada no processo.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Conforme o artigo 256, do Código de Processo Penal, nos casos A autoridade policial também é competente para lavrar autos
citados, usa-se a analogia para que o delegado considere-se suspei- de prisão em flagrante, sendo que a competência aqui se declina
to, mas esta suspeição não poderá ser reconhecida nem declarada, em razão do local onde o elemento foi preso e não do local onde
quando a parte injuriar o delegado ou de propósito der motivo para praticou o delito, sendo que se no local onde foi realizada a prisão
criar a suspeição. não houver autoridade policial, pode o preso ser encaminhado ao
Sobre a circunscrição ou área de competência do delegado de local mais próximo.
polícia, este tem competência administrativa na área territorial Também cabe à autoridade policial apreender objetos que tive-
onde exerce as suas funções, os limites de sua competência são rem relação com o fato delituoso e requisitar perícias em geral para
determinados pela lei local, sendo que toda matéria policial é de a formalização da prova criminal.
atribuição privativa dos Estados-Membros. E ainda, cumprir e fazer cumprir mandados de prisão, dirigir e
orientar a investigação criminal e todos os atos de polícia judiciária
5 Expedição de portarias de uma delegacia de polícia ou qualquer outro órgão policial.
As comunicações oficiais são feitas através de portarias, ofícios, Cabe ao delegado ainda, proceder à verificação e exame dos
ordens de serviço, circulares e editais, sempre dependendo da for- atos ilícitos chegados a seu conhecimento, tomando as providên-
malidade da informação. cias jurídicas que o caso requer, como por exemplo, a instauração
As mais utilizadas nas delegacias, pela autoridade policial, são de portaria para dar início às investigações e formação do inquérito
as portarias de cunho administrativo, sendo que este documento policial. Elaborar relatório no que diz respeito à conclusão do inqué-
deve conter instruções com relação à aplicação de leis ou regula- rito policial, observando sempre os prazos, bem como representar
mentos, recomendações de caráter geral, normas de execução de pela decretação judicial de prisões provisórias.
serviço, etc. Ao delegado de polícia compete também proceder a sindicân-
Os atos oficiais do delegado de polícia devem ser numerados cias administrativas, processos administrativos disciplinares e expe-
em ordem cronológica, devendo ser iniciados a cada ano e arquiva- dir e fiscalizar a emissão de documentos públicos de sua competên-
dos em pastas próprias. cia, como também gerenciar o órgão policial em que estiver lotado.
Das atribuições e ordens que emanam da autoridade policial,
6 Exame de livros e arquivos policiais surgem procedimentos que devem ser realizados e cumpridos pelos
O delegado de polícia deve verificar se a delegacia possui os policiais que o auxiliam, sendo este o assunto do próximo tópico. É
livros obrigatórios, se estes estão escriturados e devidamente em pacífico na doutrina e na jurisprudência que o inquérito policial é
dia. São livros obrigatórios, entre outros: registro de inventário, re- mera peça de informação, cujos vícios não contaminam a ação pe-
gistro de ocorrência, registro de inquéritos policiais, registro de car- nal. Por essas razões, não há qualquer nulidade em o inquérito po-
ga de inquéritos policiais, registro de fianças criminais, registro de licial ser presidido por autoridade policial incompetente, nem pos-
cartas precatórias recebidas e inquéritos policiais em trânsito, etc. sibilidade de relaxamento da prisão em flagrante por esse motivo.
Os livros obrigatórios devem conter um termo de abertura e
outro de encerramento, que serão ambos assinados pelo delegado
de polícia. DOS PRAZOS PROCESSUAIS E PROCEDIMENTAIS.
Já com relação aos livros obrigatórios no âmbito da Polícia Fede-
ral, temos entre outros, os seguintes: livro tombo onde registram-se
os inquéritos policiais, livro fiança onde constam os termos de fian- Dos Prazos: Características, Princípios e Contagem.
ça, o livro de registro especiais onde se encontram os registros de
cartas precatórias recebidas, etc. Características
Deve também o delegado verificar se a repartição policial pos-
sui os seus arquivos organizados com as pastas bem identificadas, O processo exterioriza-se como uma sucessão ordenada de
como as de ofícios expedidos, portarias, editais, requerimentos re- atos, desde a petição inicial até o ato-fim, que é a sentença, po-
cebidos, boletins de ocorrência, termos circunstanciados, circula- dendo prosseguir em segundo grau de jurisdição havendo recurso.
res, mandados de prisão, etc. A fim de impedir o prolongamento interminável do processo, a lei
estabelece prazos dentro dos quais os atos devem ser praticados,
7 Outras atribuições do Delegado de polícia quer para as partes, quer para o juiz e auxiliares da justiça.
São atribuições do delegado de polícia, entre outras previstas Ensina o eminente jurista Humberto Theodoro Júnior que “o
em Lei ou normas internas, a presidência de inquéritos policiais, impulso do processo rumo ao provimento jurisdicional (composição
onde será realizada a investigação para apurar a autoria e provas do litígio) está presidido pelo sistema da oficialidade, ou sorte que,
acerca do fato criminoso. com ou sem colaboração das partes, a relação processual segue sua
Também compete à autoridade policial presidir os termos cir- marcha procedimental em razão de imperativos jurídicos lastrea-
cunstanciados, ou seja, o delegado que tomar conhecimento da dos, precipuamente, no mecanismo dos prazos”.
ocorrência da infração penal de menor potencial ofensivo deve Nesse contexto, merece ser relembrada a imagem de Coutu-
lavrar termo circunstanciado e encaminhar a vítima e o autor do re, para quem “o processo não é uma coisa feita, um caminho que
fato ao Juizado Especial Criminal, providenciando as requisições de se deva percorrer, senão uma coisa que se deve fazer ao largo do
exames periciais necessários. tempo”.
Neste termo circunstanciado deve conter dados básicos de O insigne doutrinador Theodoro Júnior ao conceituar prazo le-
ocorrência, com a identificação do autor do fato delituoso, do ofen- ciona que “é o espaço de tempo em que o ato processual da parte
dido e do rol de testemunhas. pode ser validamente praticado”.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para Ada Pellegrini Grinover prazos “são a distância temporal entre os atos do processo”.
Todo prazo é delimitado por dois termos: o inicial (dies a quo) e o final (dies ad quem). Pelo primeiro, nasce a faculdade de a parte
promover o ato; pelo segundo, extingue-se a faculdade, tenha ou não sido levado a efeito o ato.
O ato processual que dá início à contagem do prazo é a intimação, exceto no caso de formação da relação jurídica processual, em que
o réu é citado para exercer, se quiser, o direito de defesa.

Em resumo, podemos definir PRAZO, como o lapso de tempo dentro do qual é ordenada, proibida ou facul-
tada a prática de um ato.

Princípios que regem os atos

Além da improrrogabilidade e da continuidade dos prazos são os mesmos regidos pelos seguintes princípios:
a) Princípio da utilidade – o prazo deve ser maior ou menor conforme a relevância do ato a ser praticado.
b) Princípio da igualdade de tratamento – as partes não podem ser tratadas desigualmente, devendo o prazo para determinado ato
ser idêntico para todas com exceção referente ao defensor público.
c) Princípio da brevidade – os prazos processuais não podem ser muito dilatados, exigindo-se que a lei fixe prazos de modo a não
alongar o processo;
d) Princípio da irredutibilidade – os prazos não podem ser reduzidos, por qualquer pretexto, pelo juiz;
e) Princípio da preclusão – é a perda do direito de praticar ato processual por ter se escoado o seu prazo. O princípio da preclusão
pode ser:
1. Preclusão lógica – é prevista no artigo 96 CPP. Às vezes a preclusão decorre do fato de haver sido cumprida uma faculdade
incompatível com o exercício de outra. As exceções estão previstas no art. 95, como exemplo a arguição de suspeição precederá a
qualquer outra salvo quando fundada em um motivo superveniente.
2. Preclusão Máxima – quando a sentença for de mérito, escoando-se o prazo para eventual recurso, ou seja, ocorre a coisa julgada.

Classificação

Os prazos podem ser:


a) Prazo legal – é aquele determinado por lei (art. 46, 395, 401, 499, 500, 586, 593, etc.;
b) Prazo judicial – é o prazo fixado pelo juiz (art. 10 § 3º, 364, 786, etc.);
c) Prazo convencional – é o prazo ajustado entre as partes. No processo penal não há prazo convencional, não podendo o prazo legal
ou judicial ser sequer prorrogado por vontade das partes;
d) Prazos comuns – que correm para ambas as partes, como aqueles previstos para o assistente para as alegações no processo do júri
(art. 406, § 1º);
e) Prazos particulares – são os que correm para uma das partes apenas (art. 46, 395, 499, 500, etc.).
f) Prazos improrrogáveis ou peremptórios – são os prazos que não admitem prorrogação (art. 798 – sábado, domingo e feriado),
porém com exceções, por exemplo, quando o prazo termina no domingo vale para o 1º dia útil seguinte.
g) Prazos prorrogáveis – permitem a dilatação (art. 798, § 3º e art. 93);
h) Prazos contínuos – Os prazos fluem de uma só vez, sem interrupção ou suspensão (art. 798, § 4º)

Contagem

Com relação à contagem dos prazos, está se faz continuadamente, computando-se também os dias feriados. O dia inicial exclui-se da
contagem, contando-se porém o do vencimento.
No processo penal os prazos são fixados em minutos, horas, dias, meses e anos.
- Minutos – art. 798, § 2º
- Horas – quando abaixo de 24 horas
- Dias – art. 39, § 5º, 58, 60
- Meses e ano – previsto de acordo com a lei 810/40 e art. 38 e 687, I, CPP
- Anos – art. 749, 743 e 696, CPP.

A contagem do prazo está compreendida entre os termos inicial e final:


Termo – é o acontecimento ou momento que limita o prazo;
Termo inicial (a quo) e termo final (ad quem) – Face ao art. 798, § 1º, não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se porém
o do vencimento.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Atenção! Não se pode esquecer da Súmula nº 310, do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual quando a
intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial
terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia
útil que se seguir.

Cabe ainda conferir os dispositivos do CPP pertinentes ao tema:

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia
feriado.
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida
aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.

(...)

Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros não estiverem estabeleci-
dos:
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;
II - de cinco dias, se for interlocutória simples;
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente.
§ 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão.
§ 2º Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição do recurso (art. 798, § 5º).
§ 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados neste Código.
§ 4º O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de
vista estará sujeito à sanção estabelecida no art. 799.

Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos
dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda
será do dobro dos dias excedidos.

Prazo processual penal e prazo penal

Diverso é o tratamento do prazo processual penal no confronto com o prazo penal, para o qual, em benefício do acusado, o dia do
começo inclui-se no prazo (art. 10, 1ª parte do CP).
Estando o mesmo prazo previsto no Código Penal e no Código de Processo Penal, aplica-se a contagem mais favorável ao acusado. O
que se deve levar em conta é a natureza do prazo: se de direito penal, em benefício do réu, aplica-se o art. 10 do CP, se de direito proces-
sual, o art. 798, § 1, do CPP, independentemente da lei em que venha estabelecido.

Tempestividade

A tempestividade é uma característica daquilo que é tempestivo. Em outra palavras, diz respeito ao que foi realizado no tempo opor-
tuno.
Assim, uma petição tempestiva é aquela que foi protocolada dentro do prazo legal. Já uma petição que tenha sido apresentada fora
do prazo concedido é considerada como intempestiva.
Em um sentido mais amplo, é considerado tempestivo no processo tudo aquilo que ocorre no momento apropriado, ou na ocasião
certa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

DA SENTENÇA. CITAÇÕES, NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES.

Para entender a sentença penal é importante a seguinte Citação


diferenciação:
De acordo com o art. 363, do Código de Processo Penal, o pro-
Despachos cesso terá completada a sua formação quando realizada a citação
– Nos despachos, o objetivo não é solucionar o processo, do acusado.
mas determinar medidas necessárias para o julgamento da Neste contexto, considerando o entendimento importado do
ação em curso. Tratam-se, portanto, de meras movimentações Direito Processual Civil, segundo o qual o processo começa antes,
administrativas – por exemplo, a citação de um réu, designação de com o mero despacho da decisão que recebe a petição inicial (o
audiência, determinação de intimação as partes e determinação de que, aqui no Processo Penal, funcionaria com o recebimento da de-
juntada de documentos, entre outros. núncia, guardadas as devidas proporções), há se entender a citação
como o ato que formaliza a participação do acusado no processo
Decisões Interlocutórias em curso instaurado exatamente contra ele, o que torna a citação
– As decisões são atos pelos quais o juiz resolve questões um pressuposto processual de validade.
que surgem durante o processo, mas não são o julgamento de
mérito. Essas questões que precisam ser decididas no curso do 1 Citação por mandado.
processo são denominadas de questões incidentes ou questões Quando o réu estiver em território sujeito à jurisdição da auto-
incidentais. São exemplos de decisões interlocutórias a nomeação ridade que a ordenar, a citação será feita por mandado, via oficial
de determinado profissional como perito, aceitação ou não de um de justiça, o qual indicará, conforme o art. 352, da Lei Processual
parecer e intimação ou não de certa testemunha indicada pelas Penal:
partes no curso do processo; A) O nome do juiz (inciso I);
– Decisão interlocutória simples: é aquela que soluciona B) O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa (inciso
incidentes processuais, sem encerrar qualquer fase processual, II);
como a decisão de concessão da liberdade provisória, que decreta C) O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais carac-
a prisão preventiva ou arbitra a fiança; terísticos (inciso III);
– Decisão interlocutória mista terminativa: encerra o processo D) A residência do réu, se for conhecida (inciso IV);
sem julgamento do mérito, como a decisão que rejeita a denúncia, E) O fim para que é feita a citação (inciso V);
de impronúncia ou que reconhece a menoridade do réu. F) O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa-
– Decisão interlocutória mista não terminativa: resolve uma recer (inciso VI);
questão processual, sem encerrar qualquer fase do processo e sem G) A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (inciso VII).
julgar o mérito, como a decisão de pronúncia. O mandado de citação deve ser acompanhado de cópia da de-
núncia/queixa-crime (a chamada “contrafé”), para permitir ao acu-
Sentença sado defender-se dos fatos que lhe são imputados.
Decisão definitiva que põe fim ao processo com julgamento do Ademais, quando da prática do ato, deve o oficial de justiça ler
mérito: o mandado ao citando. Se houver aceitação ou recusa em receber a
– Condenatória: julga pela procedência da ação; citação, isso deve constar da certidão de entrega da contrafé.
– Absolutória: julga pela improcedência da ação; Por fim, há se lembrar que o processo seguirá sem a presença
– Extinção da punibilidade: declaratória, ex. prescreveu; do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de
Atenção: A decisão absolutória pode ser: mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo
– Própria: absolve sem nada impor ao réu, em decorrência (art. 367, CPP).
da ausência de prova da materialidade ou da autoria delitiva, bem
como de reconhecimento de excludente da ilicitude, tipicidade ou 2 Citação por carta precatória.
culpabilidade; A citação por carta precatória será utilizada quando o réu es-
– Imprópria: absolve, impondo ao réu medida de segurança. tiver fora do território da jurisdição do juiz processante, devendo
constar na precatória, de acordo com o art. 354, CPP:
A) O juiz deprecado e o juiz deprecante (inciso I);
B) A sede da jurisdição de um e de outro (inciso II);
C) O fim para que é feita a citação, com todas as especificações
(inciso III);
D) O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa-
recer (inciso IV).
A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independente-
mente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de feita a
citação por mandado do juiz deprecado (art. 355, caput, CPP). Ve-
rificando que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação (a chama-
da “carta precatória itinerante”) (art. 355, §1º, CPP). Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória
será imediatamente devolvida, para efeito de citação por hora certa (art. 355, §2º, CPP).

3 Citação por carta rogatória.


Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescri-
ção até o seu cumprimento (art. 368, CPP). Disso infere-se que a carta rogatória somente será utilizada se o réu estiver no estrangeiro, mas
em lugar sabido. Eis um detalhe que merece ser observado.
Por fim, as citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória (art. 369, CPP).
As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via di-
plomática, às vias estrangeiras competentes (art. 783, CPP). As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras competentes não
dependem de homologação e serão atendidas se encaminhadas por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei brasileira, não
exclua a extradição (art. 784, caput, CPP).

4 Citação por carta de ordem.


É a maneira como se cita quando o processo tramita nos tribunais. A carta de ordem é uma forma de citação semelhante à carta
precatória.

5 Formas especiais de citação.


São elas:
A) Citação do militar. Far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço (art. 358, CPP);
B) Citação do réu preso. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado (art. 360, CPP);
C) Citação do funcionário público. O dia designado para o funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será feita a ele bem
como ao chefe de sua repartição (art. 359, CPP);
D) Citação por hora certa. A citação por hora certa é inovação trazida ao processo penal pela Lei nº 11.719/08, e encontra-se contem-
plada no art. 362, CPP, segundo o qual, se o oficial de justiça verificar que o réu se oculta para não ser citado, certificará a ocorrência e agirá
nos moldes do que preveem os arts. 227 a 229 do Código do Processo Civil.

Cabe destacar, que com embora o artigo 362 do CPP não tenha sofrido nenhuma alteração expressa, com a revoga-
ção da Lei nº 5.869/1973 (CPC) pela Lei nº 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil) foram modificados os dispositi-
vos que disciplinam o instituto, sendo a citação por hora certa prevista agora nos artigos 252 a 254 do NCPC.
Neste contexto, o art. 252, NCPC, preceitua que, quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o
citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que
designar. Atenção! A quantidade de vezes que o oficial vai até a residência foi reduzida de 3 (três), para 2 (duas).
Isto posto, pelo art. 253, do NCPC, no dia seguinte, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, com-
parecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência. Por fim, feita a citação por hora certa, o art.
254, do NCPC, dispõe que o escrivão enviará carta, telegrama ou radiograma, dando ao citado ciência do ato praticado.

E) Citação por edital. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de quinze dias (art. 361, CPP).
Consoante o art. 365, CPP, o edital de citação indicará o nome do juiz que a determinar (inciso I), o nome do réu, ou, se não for conheci-
do, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo (inciso II), o fim para que é feita a citação
(inciso III), o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer (inciso IV), e o prazo, que será contado do dia da publicação do
edital na imprensa, se houver, ou de sua afixação (inciso V).
Ademais, o edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afi-
xação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a
página do jornal com a data da publicação (parágrafo único, do art. 365, do CPP).

Observação: somente quando citado pessoalmente pode ser decretada a revelia do acusado acaso este não tome
nenhuma providência. Do contrário, será citado por edital, podendo ter o processo suspenso e a prescrição punitiva
também suspensa, mas não será considerado revel.

6 Suspensão do processo e do prazo prescricional (art. 366, CPP).


Segundo o art. 366, da Lei Processual Penal, se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspen-
sos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se
for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do art. 312, do Código de Processo Penal.
Disso infere-se, preliminarmente, que a revelia no processo penal somente se aplica para quem foi citado regularmente e ainda assim
insiste em manter-se inerte. Para que é citado por edital e não comparece nem constitui defensor há incidência da suspensão do processo
e do prazo prescricional.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

6.1 Natureza da norma prevista no art. 366, CPP.


Apesar de, à época do advento da Lei nº 9.271/96, que deu ao dispositivo a atual redação, ter havido grande discussão quanto em ser a
norma do art. 366 de natureza processual (caso em que incidiria o “Princípio do Efeito Imediato”, apenas para os delitos cometidos na sua
vigência) ou de natureza penal (caso em que poderia retroagir se mais benéfica ao acusado, o que não ocorreu, uma vez que foi firmado o
posicionamento de que a suspensão do prazo prescricional é mais gravosa ao réu), prevaleceu o entendimento de que se trata de norma
de natureza mista, hipótese em que prevalece a natureza penal.
Assim, para fatos praticados antes da Lei nº 9.271, suspende-se o processo, mas não o prazo prescricional; para fatos praticados após
a Lei nº 9.271, suspende-se o processo e o curso do prazo prescricional. É esse o entendimento consagrado no Supremo Tribunal Federal,
inclusive (RHC 105730, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 22/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-086 DIVULG
07-05-2014 PUBLIC 08-05-2014).

6.2 Prazo em que o curso do processo e do prazo prescricional ficam suspensos.


Como o art. 366, do CPP apenas dispõe que a prescrição deve ficar suspensa durante a suspensão do processo, sem indicar por quanto
tempo, doutrina e jurisprudência debruçaram-se sobre a questão, na busca de uma solução hermenêutica para a omissão legislativa.
Para um primeiro entendimento, com grande força no STF, o processo e o curso do prazo prescricional ficam suspensos por prazo inde-
terminado; para um segundo entendimento, consagrado na Súmula nº 415, do Superior Tribunal de Justiça, o prazo de suspensão regula-se
pelo máximo da pena cominada ao delito.

Enunciado da Súmula: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena comina-
da”.

Assim, se o delito prescreve, abstratamente, em 12 anos, é por esse tempo que a contagem da prescrição deve ficar suspensa, após o
que volta a correr pelo saldo restante. Esse entendimento, além de evitar, na prática, a imprescritibilidade dos delitos, afigura-se propor-
cional, na medida em que o prazo de prescrição ficará suspenso por mais ou menos tempo, de acordo com a maior ou menor gravidade
do delito. Um mesmo prazo de suspensão da prescrição para todos os delitos violaria, flagrantemente, o princípio da proporcionalidade.

6.3 Determinação de produção antecipada de provas.


Conforme a Súmula nº 455, do Superior Tribunal de Justiça, a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
art. 366, CPP, deve ser concretamente fundamentada, não se justificando meramente o decurso do tempo.
Desta maneira, a simples incidência da hipótese de suspensão do processo/prazo prescricional não é suficiente para se determinar
a perpetuação da memória da prova. É preciso que haja algum risco de que a prova se perca durante o período de suspensão, como por
exemplo, o falecimento de uma testemunha.

6.4 Determinação de prisão preventiva.


Conforme já explicado quando se tratou da necessidade de fundamentação da decisão que decreta prisão preventiva, a suspensão do
processo e do prazo prescricional não traz como efeito automático a decretação de prisão preventiva. Para que o juiz assim determine,
faz-se necessário a presença dos requisitos previstos no art. 312, CPP.

Intimação e Notificação

Consoante o art. 370, da Lei Processual Penal, nas intimações dos acusados, das testemunhas, e demais pessoas que devam tomar
conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o que se falou para a citação. Desta maneira, a intimação do réu preso
será feita em seu nome, bem como será possível à intimação por hora certa, como exemplos.
Enquanto a citação é um ato de formalização processual por intermédio da ciência do acusado, a intimação vale para ambas as partes
da relação jurídica, consistindo em avisos coercitivos ou em meros ônus às partes acerca do que deve acontecer para que a marcha pro-
cedimental chegue ao seu fim.
Doutrinariamente diferencia-se intimação de notificação, distinção não observada no Código de Processo Penal e, exatamente por isso,
desconhecida pela maioria dos operadores do Direito. Na prática, não há qualquer relevância na distinção entre intimação e notificação.
Na verdade, pelo que se percebe da própria redação do CPP e da legislação especial, é comum a utilização equivocada de tais expressões.
Geralmente, o que se costuma denominar de intimação se trata de notificação, pois intimação é a comunicação de ato processual já efetua-
do, enquanto que a notificação serve para comunicar ato ainda a ser realizado. Assim, intima-se de algo já produzido e notifica-se para ato
a ser cumprido. A intimação volta-se ao passado, ao passo que a notificação volta-se ao futuro. Exemplificando, intima-se de uma decisão
judicial, enquanto que se notifica uma testemunha ou um perito para depor.

1 Intimação do Ministério Público e do defensor nomeado.


A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal (art. 370, §4º, CPP). Apesar da ausência de expressa previsão
legal, também a intimação do Defensor Público será pessoal.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2 Intimação do defensor constituído, do advogado do quere- § 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à ju-
lante, e do assistente. risdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos
A intimação do defensor constituído, do advogado do querelan- para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se
te, e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da a citação.
publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de § 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para
nulidade, o nome do acusado (art. 370, §1º, CPP). Caso não haja não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o
órgão de publicação de atos judiciais na comarca, a intimação far- fim previsto no art. 362.
-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em re-
(art. 370, §2º, CPP). sumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida
por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a
3 Súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF) estação expedidora mencionará.
Não podemos esquecer da Súmula nº 310, do STF, segundo a
qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá iní- I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da con-
cio na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso trafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
em que começará no primeiro dia útil que se seguir. E ainda, da II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e
Súmula nº 710, do STF, que dispõe que no processo penal, contam- sua aceitação ou recusa.
-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do
mandado ou da carta precatória ou de ordem. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe
do respectivo serviço.
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta e detalhada dos dis-
positivos contidos no Código de Processo Penal que versam sobre Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer
o tema: em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe
de sua repartição.
TÍTULO X
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

CAPÍTULO I Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital,
DAS CITAÇÕES com o prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado,
estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver orde- o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação
nado. com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Art. 352. O mandado de citação indicará: Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acu-
I - o nome do juiz; sado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais ca- Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando
racterísticos; realizada a citação do acusado.
IV - a residência do réu, se for conhecida; I - (revogado);
V - o fim para que é feita a citação; II - (revogado);
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com- § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação
parecer; por edital.
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. § 2º (VETADO)
§ 3º (VETADO)
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer
juiz processante, será citado mediante precatória. tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes
deste Código.
Art. 354. A precatória indicará:
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; Art. 364. No caso do artigo anterior, nº I, o prazo será fixado pelo
II - a sede da jurisdição de um e de outro; juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circuns-
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; tâncias, e, no caso de nº II, o prazo será de trinta dias.
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com-
parecer. Art. 365. O edital de citação indicará:
I - o nome do juiz que a determinar;
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, inde- II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais ca-
pendentemente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de racterísticos, bem como sua residência e profissão, se constarem
feita a citação por mandado do juiz deprecado. do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá com-


parecer; LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS (LEI N° 9.099 DE 1995).
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na
imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, de- Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
vendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a pu- outras providências.
blicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da
qual conste a página do jornal com a data da publicação. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do pra- CAPÍTULO I
zo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada DISPOSIÇÕES GERAIS
das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da
Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo,
citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de com- julgamento e execução, nas causas de sua competência.
parecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residên- Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
cia, não comunicar o novo endereço ao juízo. simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido,
será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do CAPÍTULO II
prazo de prescrição até o seu cumprimento. DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações SEÇÃO I


estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. DA COMPETÊNCIA

CAPÍTULO II Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para con-


DAS INTIMAÇÕES ciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor com-
plexidade, assim consideradas:
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e de- I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário
mais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será mínimo;
observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Pro-
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do que- cesso Civil;
relante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido III - a ação de despejo para uso próprio;
da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não
nulidade, o nome do acusado. excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na § 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por man- I - dos seus julgados;
dado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qual- II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até qua-
quer outro meio idôneo. renta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a apli- art. 8º desta Lei.
cação a que alude o § 1º. § 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da
será pessoal. Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho,
a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição cunho patrimonial.
em que for requerida, observado o disposto no art. 357. § 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei impor-
tará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.
juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o
e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde
aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mante-
nha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas
ações para reparação de dano de qualquer natureza.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de
proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litis-
consórcio.
SEÇÃO II Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos
DO JUIZ, DOS CONCILIADORES E DOS JUÍZES LEIGOS em lei.

Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para deter- SEÇÃO IV


minar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar DOS ATOS PROCESSUAIS
especial valor às regras de experiência comum ou técnica.
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão reali-
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às zar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
exigências do bem comum. organização judiciária.
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Jus- Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por
tiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacha- lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclu-
réis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de sive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente
cinco anos de experiência. os dias úteis. (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018)
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exer- Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que pre-
cer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no de- encherem as finalidades para as quais forem realizados, atendi-
sempenho de suas funções. dos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
SEÇÃO III havido prejuízo.
DAS PARTES § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas po-
derá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão regis-
esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito públi- trados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas,
co, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser
civil. gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Jui- após o trânsito em julgado da decisão.
zado Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009) § 4º As normas locais disporão sobre a conservação das pe-
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de di- ças do processo e demais documentos que o instruem.
reito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores in- SEÇÃO V
dividuais, microempresas e empresas de pequeno porte na for- DO PEDIDO
ma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem
de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) acessível:
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
(Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) III - o objeto e seu valor.
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independen- § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possí-
temente de assistência, inclusive para fins de conciliação. vel determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do
partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulá-
advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. rios impressos.
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes com- Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei pode-
parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica rão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde
ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência ju- que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele
diciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, dispositivo.
na forma da lei local. Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distri-
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio buição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de
por advogado, quando a causa o recomendar. conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quan- Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, ins-
to aos poderes especiais. taurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o
§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma indivi- registro prévio de pedido e a citação.
dual, poderá ser representado por preposto credenciado, muni- Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser
do de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na
necessidade de vínculo empregatício. (Redação dada pela Lei nº mesma sentença.
12.137, de 2009)
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SEÇÃO VI § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, indepen-


DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES dentemente de termo de compromisso, com a escolha do árbitro
pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e
Art. 18. A citação far-se-á: designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão § 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
própria; Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos cri-
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, me- térios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo de-
diante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigato- cidir por equidade.
riamente identificado; Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subse-
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independente- quentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para ho-
mente de mandado ou carta precatória. mologação por sentença irrecorrível.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora
para comparecimento do citando e advertência de que, não SEÇÃO IX
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
iniciais, e será proferido julgamento, de plano.
§ 2º Não se fará citação por edital. Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imedia-
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nuli- tamente à audiência de instrução e julgamento, desde que não
dade da citação. resulte prejuízo para a defesa.
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização ime-
citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. diata, será a audiência designada para um dos quinze dias sub-
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão des- sequentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas even-
de logo cientes as partes. tualmente presentes.
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de ende- Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ou-
reço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as vidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sen-
intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausên- tença.
cia da comunicação. Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que
possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As
SEÇÃO VII demais questões serão decididas na sentença.
DA REVELIA Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por
uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrá-
Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de con- ria, sem interrupção da audiência.
ciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão
verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o con- SEÇÃO X
trário resultar da convicção do Juiz. DA RESPOSTA DO RÉU

SEÇÃO VIII Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda
DA CONCILIAÇÃO E DO JUÍZO ARBITRAL matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou impedimen-
to do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na
as partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostran- contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art.
do-lhes os riscos e as consequências do litígio, especialmente 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que consti-
quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei. tuem objeto da controvérsia.
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do
leigo ou por conciliador sob sua orientação. réu na própria audiência ou requerer a designação da nova data,
§ 1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e ho- que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.
mologada pelo Juiz togado mediante sentença com eficácia de
título executivo.(Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020). SEÇÃO XI
§ 2º É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo DAS PROVAS
Juizado mediante o emprego dos recursos tecnológicos disponí-
veis de transmissão de sons e imagens em tempo real, devendo o Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ain-
resultado da tentativa de conciliação ser reduzido a escrito com da que não especificados em lei, são hábeis para provar a vera-
os anexos pertinentes.(Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020). cidade dos fatos alegados pelas partes.
Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se a Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de
participar da tentativa de conciliação não presencial, o Juiz to- instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente,
gado proferirá sentença.(Redação dada pela Lei nº 13.994, de podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
2020) impertinentes ou protelatórias.
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada
de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento le-
Lei. vadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de
intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas
apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da audiên- da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação
cia de instrução e julgamento. sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz po- próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acór-
derá determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessá- dão.
rio, do concurso da força pública. Art. 47. (VETADO)
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir
técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação SEÇÃO XIII
de parecer técnico. DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de
ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pesso- Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença
as ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, ou acórdão nos casos previstos no Código de Processo Civil. (Re-
que lhe relatará informalmente o verificado. dação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de
sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoi- ofício.
mentos. Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciên-
supervisão de Juiz togado. cia da decisão.
Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o pra-
SEÇÃO XII zo para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº
DA SENTENÇA 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção SEÇÃO XIV


do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em DA EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO
audiência, dispensado o relatório. MÉRITO
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por
quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que ex- lei:
ceder a alçada estabelecida nesta Lei. I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das au-
Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá diências do processo;
sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta
poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
indispensáveis. IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conci- no art. 8º desta Lei;
liação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado. V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sen-
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por tença ou não se der no prazo de trinta dias;
três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação
reunidos na sede do Juizado. dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente represen- § 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hi-
tadas por advogado. pótese, de prévia intimação pessoal das partes.
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, con- § 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que
tados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual cons- a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada,
tarão as razões e o pedido do recorrente. pelo Juiz, do pagamento das custas.
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intima-
ção, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob SEÇÃO XV
pena de deserção. DA EXECUÇÃO
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para
oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, poden- Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de
do o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável Processo Civil, com as seguintes alterações:
para a parte. I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gra- conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice equi-
vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei, valente;
correndo por conta do requerente as despesas respectivas. II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de jul- juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial;
gamento.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, SEÇÃO XVI
na própria audiência em que for proferida. Nessa intimação, o DAS DESPESAS
vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu
trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumpri- Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em pri-
mento (inciso V); meiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou des-
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada pesas.
em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que po- Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do
derá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensa- art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais,
da nova citação; inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição,
ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o ven-
fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará mul- cido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos
ta diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido,
devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados
obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação
transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz de ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.
imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa, Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas,
incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidencia- salvo quando:
da a malícia do devedor na execução do julgado; I - reconhecida a litigância de má-fé;
VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumpri- II - improcedentes os embargos do devedor;
mento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto
para as despesas, sob pena de multa diária; de recurso improvido do devedor.
VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar
o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alie- SEÇÃO XVII
nação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a DISPOSIÇÕES FINAIS
data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da
avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as
vista, será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária.
bem móvel, ou hipotecado o imóvel; Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou va-
VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, quan- lor, poderá ser homologado, no juízo competente, independen-
do se tratar de alienação de bens de pequeno valor; temente de termo, valendo a sentença como título executivo
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da exe- judicial.
cução, versando sobre: Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado
revelia; pelo órgão competente do Ministério Público.
b) manifesto excesso de execução; Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão
c) erro de cálculo; estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas não
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, abrangidas por esta Lei.
superveniente à sentença. Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no va- ao procedimento instituído por esta Lei.
lor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no
Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas por CAPÍTULO III
esta Lei. DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a compa- DISPOSIÇÕES GERAIS
recer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer em-
bargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes toga-
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz dos ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação julgamento e a execução das infrações penais de menor poten-
judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas ca- cial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
bíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julga- comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das re-
dos improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz gras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da
a adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior. transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penho- Lei nº 11.313, de 2006)
ráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor poten-
os documentos ao autor. cial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei
nº 11.313, de 2006)
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envol-
pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, econo- vidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a
mia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018) do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível,
o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
SEÇÃO I esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da
DA COMPETÊNCIA E DOS ATOS PROCESSUAIS aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não priva-
tiva de liberdade.
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conci-
lugar em que foi praticada a infração penal. liador sob sua orientação.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão reali- Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça,
zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, confor- recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacha-
me dispuserem as normas de organização judiciária. réis em Direito, excluídos os que exerçam funções na adminis-
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que pre- tração da Justiça Criminal.
encherem as finalidades para as quais foram realizados, atendi- Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito
dos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá efi-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha cácia de título a ser executado no juízo civil competente.
havido prejuízo. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas po- vada ou de ação penal pública condicionada à representação, o
derá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos representação.
havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de ins- Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada
trução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito
equivalente. de representação verbal, que será reduzida a termo.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, Parágrafo único. O não oferecimento da representação na
sempre que possível, ou por mandado. audiência preliminar não implica decadência do direito, que po-
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser cita- derá ser exercido no prazo previsto em lei.
do, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de
adoção do procedimento previsto em lei. ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquiva-
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso mento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será proposta.
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável,
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar- I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de
-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo
de citação do acusado, constará a necessidade de seu compare- de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos
cimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, termos deste artigo;
na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público. III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a per-
sonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
SEÇÃO II ser necessária e suficiente a adoção da medida.
DA FASE PRELIMINAR § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor,
será submetida à apreciação do Juiz.
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará ime- autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos
diatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providen- ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
ciando-se as requisições dos exames periciais necessários. apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do cinco anos.
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a
o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em apelação referida no art. 82 desta Lei.
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo
o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afasta- não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para
mento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
(Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002)) cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sen-
do possível a realização imediata da audiência preliminar, será
designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

SEÇÃO III I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios


DO PROCEDIMENTO SUMARIÍSSIMO aos fatos objeto de apuração nos autos; (Incluído pela Lei nº
14.245, de 2021)
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não II - a utilização de linguagem, de informações ou de material
houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. (Incluído
pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o pela Lei nº 14.245, de 2021)
Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo,
se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os ele-
com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do mentos de convicção do Juiz.
corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da
por boletim médico ou prova equivalente. sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não per- composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de juris-
mitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá dição, reunidos na sede do Juizado.
requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, con-
forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. tados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofe- seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e
recida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e o pedido do recorrente.
as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências § 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujei-
previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei. tos processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a ter- da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e adminis-
mo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado trativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto nes-
e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a te artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios
ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e aos fatos objeto de apuração nos autos; (Incluído pela Lei nº
seus advogados. 14.245, de 2021)
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma II - a utilização de linguagem, de informações ou de material
dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. (Incluído
instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas pela Lei nº 14.245, de 2021)
ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escri-
dias antes de sua realização. ta no prazo de dez dias.
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação
serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para compare- da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
cerem à audiência de instrução e julgamento. § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julga-
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma mento pela imprensa.
prevista no art. 67 desta Lei. § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamen-
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instru- tos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
ção e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibi- Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sen-
lidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de propos- tença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão.
ta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
72, 73, 74 e 75 desta Lei. § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva decisão.
comparecer. § 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de
para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, 2015) (Vigência)
a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se
a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos SEÇÃO IV
debates orais e à prolação da sentença. DA EXECUÇÃO
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de ins-
trução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumpri-
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. mento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado.
§ 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujei- Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará ex-
tos processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade tinta a punibilidade, determinando que a condenação não fique
da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e adminis- constando dos registros criminais, exceto para fins de requisição
trativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto nes- judicial.
te artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)

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Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representa-
conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de direi- ção para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu
tos, nos termos previstos em lei. representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e res- trinta dias, sob pena de decadência.
tritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será pro- Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Có-
cessada perante o órgão competente, nos termos da lei. digos Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatí-
veis com esta Lei.
SEÇÃO V
DAS DESPESAS PROCESSUAIS CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS COMUNS
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplica-
ção de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e 76, § 4º), Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados Es-
as despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei peciais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e com-
estadual. petência.
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as
SEÇÃO VI audiências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou
DISPOSIÇÕES FINAIS cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios pú-
blicos, de acordo com audiências previamente anunciadas.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e
especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. da vigência desta Lei.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o publicação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados Es-
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a sus- peciais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os
pensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusa- conflitos existentes nas áreas rurais ou nos locais de menor con-
do não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado centração populacional. (Redação dada pela Lei nº 12.726, de
por outro crime, presentes os demais requisitos que autoriza- 2012)
riam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta dias
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na pre- após a sua publicação.
sença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de
o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares; LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS (LEI N° 10.259
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem DE 2001)
autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal-
mente, para informar e justificar suas atividades. LEI N° 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situ- Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Cri-
ação pessoal do acusado. minais no âmbito da Justiça Federal.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o be-
neficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
sem motivo justificado, a reparação do dano. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a
ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou des- Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
cumprir qualquer outra condição imposta. da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extin- esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
ta a punibilidade. Art. 2oCompete ao Juizado Especial Federal Criminal proces-
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão sar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos
do processo. às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste arti- conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
go, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo co-
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos proces- mum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação das regras de
sos penais cuja instrução já estiver iniciada. (Vide ADIN nº 1.719- conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação
9) penal e da composição dos danos civis. (Redação dada pela Lei nº
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âm- 11.313, de 2006)
bito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de
27.9.1999)

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Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, autar-
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o quias, fundações e empresas públicas federais, bem como os in-
valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas dicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir
sentenças. ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível Federais.
as causas: Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Fede- documentação de que disponha para o esclarecimento da causa,
ral, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divi- apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
são e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade Parágrafo único. Para a audiência de composição dos danos
administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 da Lei no 9.099, de
coletivos ou individuais homogêneos; 26 de setembro de 1995), o representante da entidade que com-
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações pú- parecer terá poderes para acordar, desistir ou transigir, na forma
blicas federais; do art. 10.
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação
federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demis- apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independen-
são imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares temente de intimação das partes.
aplicadas a militares. § 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida na
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze par- causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de paga-
celas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. mento a ser feita em favor do Tribunal.
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a § 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social,
sua competência é absoluta. havendo designação de exame, serão as partes intimadas para, em
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame
de difícil reparação. necessário.
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de
recurso de sentença definitiva. lei federal quando houver divergência entre decisões sobre ques-
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: tões de direito material proferidas por Turmas Recursais na inter-
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e em- pretação da lei.
presas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de § 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas da mes-
dezembro de 1996; ma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em confli-
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas pú- to, sob a presidência do Juiz Coordenador.
blicas federais. § 2o O pedido fundado em divergência entre decisões de tur-
Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas na for- mas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a sú-
ma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar no 73, de 10 de mula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma
fevereiro de 1993. de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e em- presidência do Coordenador da Justiça Federal.
presas públicas será feita na pessoa do representante máximo da § 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será
entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado seu feita pela via eletrônica.
escritório ou representação; se não, na sede da entidade. § 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformi-
Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando não zação, em questões de direito material, contrariar súmula ou juris-
proferida esta na audiência em que estiver presente seu represen- prudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ, a parte
tante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria). interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a
§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na pessoa divergência.
dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respectivos § 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do direito invo-
autos, pessoalmente ou por via postal. cado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, pode-
§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das rá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado,
partes e de recepção de petições por meio eletrônico. medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qual- a controvérsia esteja estabelecida.
quer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclu- § 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos
sive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos
de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de
dias. Justiça.
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representan- § 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente
tes para a causa, advogado ou não. da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e
ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais in-
teressados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se
manifestar, no prazo de trinta dias.

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§ 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator incluirá o Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser
pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido
feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a
e os mandados de segurança. aplicação desta Lei no juízo estadual.
§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referi- Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do
dos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão Tribunal Regional Federal, que definirá sua composição e área de
exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicula- competência, podendo abranger mais de uma seção.
rem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça. Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do
§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com man-
Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expe- dato de dois anos.
dirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os proce- Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as circuns-
dimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento tâncias, poderá determinar o funcionamento do Juizado Especial
do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. em caráter itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal Re-
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, gional Federal, com antecedência de dez dias.
será processado e julgado segundo o estabelecido nos §§ 4o a 9o Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até
do art. 14, além da observância das normas do Regimento. três anos, contados a partir da publicação desta Lei, a competência
Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com trân- dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à necessidade da organi-
sito em julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou zação dos serviços judiciários ou administrativos.
entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício do Juiz à au- Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
toridade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais Regionais Fede-
Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após rais criarão programas de informática necessários para subsidiar a
o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no instrução das causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos
prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados e servidores.
ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as deman-
próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, inde- das ajuizadas até a data de sua instalação.
pendentemente de precatório. Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais prestar o
§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Fede- suporte administrativo necessário ao funcionamento dos Juizados
ral, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pa- Especiais.
gas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data de sua
valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial publicação.
Federal Cível (art. 3o, caput).
§ 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o
seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão.
§ 3o São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MU-
valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na LHER (LEI N° 11.340 DE 2006)
forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, em parte, mediante ex-
pedição do precatório, e a expedição de precatório complementar
ou suplementar do valor pago.
§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo
facultado à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor exce- Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
dente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o preca- contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
tório, da forma lá prevista. Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por decisão do Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do Juizado designará para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
os conciliadores pelo período de dois anos, admitida a recondução. sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
O exercício dessas funções será gratuito, assegurados os direitos contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal
e prerrogativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal). e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais Adjuntos
nas localidades cujo movimento forense não justifique a existên- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cia de Juizado Especial, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
funcionará.
Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação desta TÍTULO I
Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais nas capitais dos DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Estados e no Distrito Federal.
Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito Federal e Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio-
em outras cidades onde for necessário, neste último caso, por de- lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do
cisão do Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados com art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
competência exclusiva para ações previdenciárias. de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Re- ofenda sua integridade ou saúde corporal;
pública Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu-
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi- ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
das de assistência e proteção às mulheres em situação de violência que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
doméstica e familiar. vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma-
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli- nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex-
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
mento moral, intelectual e social. (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen- a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexu-
tação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es- al não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo,
ao respeito e à convivência familiar e comunitária. a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contra-
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir ceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti- prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipula-
cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli- ção; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. reprodutivos;
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con- IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu-
dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total
no caput. de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti-
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu- nados a satisfazer suas necessidades;
liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou injúria.
TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
CAPÍTULO I DOMÉSTICA E FAMILIAR
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi- Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica
cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti-
150, de 2015) culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública,
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza-
de coabitação. ção de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo riódica dos resultados das medidas adotadas;
independem de orientação sexual. III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti- éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
tui uma das formas de violação dos direitos humanos. estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no
CAPÍTULO II inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ;
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CON- IV - a implementação de atendimento policial especializado
TRA A MULHER para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à
Mulher;
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:

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V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre- recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do
venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das
outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover- vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio- 13.871, de 2019) (Vigência)
lência doméstica e familiar contra a mulher; § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per- mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou en-
tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às sejar possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº
questões de gênero e de raça ou etnia; 13.871, de 2019) (Vigência)
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem § 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição
com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüida- comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
de de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés- de violência doméstica e familiar em curso.(Incluído pela Lei nº
tica e familiar contra a mulher. 13.882,de 2019)
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen-
CAPÍTULO II tes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis-
DOMÉSTICA E FAMILIAR tério Público e aos órgãos competentes do poder público.(Incluído
pela Lei nº 13.882,de 2019)
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés-
tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin- CAPÍTULO III
cípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen- Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
cialmente quando for o caso. méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro- legais cabíveis.
gramas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do- descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló- Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica
gica: e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte- prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previa-
grante da administração direta ou indireta; mente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o § 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti-
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. ca e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
de união estável perante o juízo competente.(Incluído pela Lei nº depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situ-
13.894, de 2019) ação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505,
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti- de 2017)
ca e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si-
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri-
casos de violência sexual. ções sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati-
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência vo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela
física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher Lei nº 13.505, de 2017)
fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés-
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os tica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei,
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata- adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído
mento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, pela Lei nº 13.505, de 2017)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita-
para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa- das pela ofendida.
dos à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com
ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí- deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava-
do pela Lei nº 13.505, de 2017) mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro- 2019)
fissional especializado em violência doméstica e familiar designado § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi-
pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, do no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
de 2017) disponíveis em posse da ofendida.
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag- § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron-
nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Inclu- tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
ído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do- suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de
méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi- violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po-
dências: lícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de
de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; equipes especializadas para o atendimento e a investigação das vio-
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao lências graves contra a mulher.
Instituto Médico Legal; Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a § 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos
retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica
familiar; e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e 2017)
os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à
eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa- vida ou à integridade física da mulher em situação de violência do-
ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de disso- méstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imedia-
lução de união estável.(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) tamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre- 2019)
juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
representação a termo, se apresentada; III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Inclu-
do fato e de suas circunstâncias; ído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas
medidas protetivas de urgência; e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco-
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
V - ouvir o agressor e as testemunhas; § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man- liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
dado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra
ele; TÍTULO IV
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos- DOS PROCEDIMENTOS
se de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos
essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res- CAPÍTULO I
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos DISPOSIÇÕES GERAIS
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
Desarmamento);(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
juiz e ao Ministério Público. familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
de policial e deverá conter: à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
I - qualificação da ofendida e do agressor; estabelecido nesta Lei.
II - nome e idade dos dependentes;

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Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi- ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo
nal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri- por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos
tórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução nesta Lei forem ameaçados ou violados.
das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
contra a mulher. pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên-
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote-
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
judiciária. Ministério Público.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio § 4º As medidas protetivas de urgência serão concedidas em
ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti- juízo de cognição sumária a partir do depoimento da ofendida pe-
ca e Familiar contra a Mulher.(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) rante a autoridade policial ou da apresentação de suas alegações
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do- escritas e poderão ser indeferidas no caso de avaliação pela auto-
méstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti- ridade de inexistência de risco à integridade física, psicológica, se-
lha de bens.(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) xual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o (Incluído pela Lei nº 14.550, de 2023)
ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, § 5º As medidas protetivas de urgência serão concedidas inde-
a ação terá preferência no juízo onde estiver.(Incluído pela Lei nº pendentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento
13.894, de 2019) de ação penal ou cível, da existência de inquérito policial ou do re-
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces- gistro de boletim de ocorrência. (Incluído pela Lei nº 14.550, de
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: 2023)
I - do seu domicílio ou de sua residência; § 6º As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; persistir risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial
III - do domicílio do agressor. ou moral da ofendida ou de seus dependentes. (Incluído pela Lei
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa- nº 14.550, de 2023)
ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
representação perante o juiz, em audiência especialmente designa- criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
da com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
o Ministério Público. representação da autoridade policial.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se,
e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista,
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli- bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi-
que o pagamento isolado de multa. quem.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
CAPÍTULO II relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído
ou do defensor público.
SEÇÃO I Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
DISPOSIÇÕES GERAIS notificação ao agressor .

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca- SEÇÃO II


berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me- AGRESSOR
didas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as- Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime-
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casa- diato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
mento ou de dissolução de união estável perante o juízo competen- medidas protetivas de urgência, entre outras:
te;(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi- comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826,
dências cabíveis. de 22 de dezembro de 2003 ;
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
posse do agressor.(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) a ofendida;
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu-
da ofendida. nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
das de imediato, independentemente de audiência das partes e de qualquer meio de comunicação;
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a
comunicado. integridade física e psicológica da ofendida;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno- SEÇÃO IV


res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.641, DE 2018)
milar; DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. DE URGÊNCIA
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
e reeducação; e(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro-
atendimento individual e/ou em grupo de apoio.(Incluído pela Lei tetivas de urgência previstas nesta Lei:(Incluído pela Lei nº 13.641,
nº 13.984, de 2020) de 2018)
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.(Incluído
ção de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu- pela Lei nº 13.641, de 2018)
rança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi- § 1º A configuração do crime independe da competência ci-
dência ser comunicada ao Ministério Público. vil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.(Incluído pela Lei nº
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o 13.641, de 2018)
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida-
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará de judicial poderá conceder fiança.(Incluído pela Lei nº 13.641, de
ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti- 2018)
vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo sanções cabíveis.(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. CAPÍTULO III
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur- DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
força policial. Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou- nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e
ber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, familiar contra a mulher.
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
SEÇÃO III mulher, quando necessário:
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu-
cação, de assistência social e de segurança, entre outros;
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou- II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
tras medidas: atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami-
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi- liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais
cial ou comunitário de proteção ou de atendimento; cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen- III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra
dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; a mulher.
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; CAPÍTULO IV
IV - determinar a separação de corpos. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu-
a transferência deles para essa instituição, independentemente da lher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
existência de vaga.(Incluído pela Lei nº 13.882,de 2019) acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade Lei.
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do-
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou- méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de
tras: Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos TÍTULO V
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex- DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
pressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
agressor; Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
doméstica e familiar contra a ofendida. Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público
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e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audi- Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após
ência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, sua concessão, imediatamente registradas em banco de dados man-
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e tido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido
os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes. o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública e
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio- à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. (Redação dada
nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento Lei nº 14.310, de 2022) Vigência
multidisciplinar. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or- no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de
çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen-
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de tárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa-
Diretrizes Orçamentárias. ção das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras
TÍTULO VI decorrentes dos princípios por ela adotados.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula- Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
rão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau- de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do
sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra seguinte inciso IV:
a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada “Art. 313. .................................................
pela legislação processual pertinente. ................................................................
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput. mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência.” (NR)
TÍTULO VII Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848,
DISPOSIÇÕES FINAIS de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
seguinte redação:
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa- “Art. 61. ..................................................
miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação .................................................................
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária. II - ............................................................
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios .................................................................
poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu- domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés- contra a mulher na forma da lei específica;
tica e familiar; ........................................................... ” (NR)
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me- Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
nores em situação de violência doméstica e familiar; de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú- “Art. 129. ..................................................
de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento ..................................................................
à mulher em situação de violência doméstica e familiar; § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do- irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
méstica e familiar; convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés-
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às ..................................................................
diretrizes e aos princípios desta Lei. § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre- de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi- deficiência.” (NR)
nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dis- “Art. 152. ...................................................
pensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com re- Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
presentatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi- Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após
ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema sua publicação.
nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me-
dida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
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Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata


LEI DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (LEI N° 9.296 DE esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos
1996) especializados às concessionárias de serviço público.
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer
natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do in-
LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. quérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das
diligências, gravações e transcrições respectivas.
Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constitui- Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
ção Federal. imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar
de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do dis-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: posto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qual- autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do
quer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéti-
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de cos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. 2019)
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e
do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações te- II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e parti-
lefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: cipação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superio-
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em res a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído pela
infração penal; Lei nº 13.964, de 2019)
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; § 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no má- local e a forma de instalação do dispositivo de captação ambiental.
ximo, com pena de detenção. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com § 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental pode-
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação rá ser realizada, quando necessária, por meio de operação policial
e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do
devidamente justificada. inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal. (Incluído pela
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: § 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15
I - da autoridade policial, na investigação criminal; (quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos,
II - do representante do Ministério Público, na investigação cri- se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
minal e na instrução processual penal. presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apu- § 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem
ração de infração penal, com indicação dos meios a serem empre- o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério Pú-
gados. blico poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demons-
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja trada a integridade da gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressu- 2019) (Vigência)
postos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as re-
será condicionada à sua redução a termo. gras previstas na legislação específica para a interceptação telefôni-
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá ca e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
sobre o pedido. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
indicando também a forma de execução da diligência, que não po- após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
derá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma parte interessada.
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Pú- seu representante legal.
blico, que poderá acompanhar a sua realização. Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comuni- telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambien-
cação interceptada, será determinada a sua transcrição. tal ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869.
resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circuns- de 2019) (Vigência)
tanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providên- dada pela Lei nº 13.869. de 2019) (Vigência)
cia do art. 8° , ciente o Ministério Público.

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer
que determina a execução de conduta prevista no caput deste arti- forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva or-
go com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei nº 13.869. ganização criminosa.
de 2019) (Vigência) § 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagné- organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
ticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal § 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, indivi-
sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei dual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique
nº 13.964, de 2019) pessoalmente atos de execução.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
pela Lei nº 13.964, de 2019) I - se há participação de criança ou adolescente;
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlo- II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a orga-
cutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) nização criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no
descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam todo ou em parte, ao exterior;
a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquan- IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras
to mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) organizações criminosas independentes;
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionali-
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. dade da organização.
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público
integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afas-
LEI DE COMBATE AS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI tamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
12.850/2013) remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação
ou instrução processual.
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao fun-
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013 cionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato
eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais corre- § 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes
latas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito
7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro
de maio de 1995; e dá outras providências. para acompanhar o feito até a sua conclusão.
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: em estabelecimentos penais de segurança máxima. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
CAPÍTULO I § 9º O condenado expressamente em sentença por integrar or-
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ganização criminosa ou por crime praticado por meio de organiza-
ção criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisio-
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações pe- nais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção
nais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteriza- CAPÍTULO II
da pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permiti-
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. dos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios
§ 2º Esta Lei se aplica também: de obtenção da prova:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção inter- I - colaboração premiada;
nacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; acústicos;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas vol- III - ação controlada;
tadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a
(Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou priva-
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmen- dos e a informações eleitorais ou comerciais;
te ou por interposta pessoa, organização criminosa: V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo nos termos da legislação específica;
das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos
termos da legislação específica;

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VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar ins-
forma do art. 11; truída com procuração do interessado com poderes específicos para
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada
estaduais e municipais na busca de provas e informações de inte- pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advoga-
resse da investigação ou da instrução criminal. do ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser
capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para con- realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor pú-
tratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação blico. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamen- § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colabo-
to e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela rador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de
Lei nº 13.097, de 2015) outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído
§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de que tra- pela Lei nº 13.964, de 2019)
ta o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de § 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve
1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da rea- narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que te-
lização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) nham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
SEÇÃO I § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os
DA COLABORAÇÃO PREMIADA anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas
circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corrobora-
SEÇÃO I ção. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
DA COLABORAÇÃO PREMIADA Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.964, DE 2019) perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa
de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um
interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ou mais dos seguintes resultados:
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organi-
acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui zação criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
também marco de confidencialidade, configurando violação de sigi- II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas
lo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas da organização criminosa;
iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades
sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) da organização criminosa;
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito
sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando- das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão preservada.
firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das trata- § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em
tivas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedi- conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias,
rá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da
13.964, de 2019) colaboração.
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o
ou o Termo de Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos
da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propo- autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Pú-
situra de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, blico, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de
bem como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha
processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art.
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedi- 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
do de instrução, quando houver necessidade de identificação ou Processo Penal).
complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição § 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, re-
jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei lativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses,
nº 13.964, de 2019) prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
de confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério
por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo
poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº
celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações 13.964, de 2019)
ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer I - não for o líder da organização criminosa;
outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos des-
te artigo.
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§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infra- § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado
ção quando o Ministério Público ou a autoridade policial competen- e sua eficácia.
te tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para § 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denun-
apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela ciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento
Lei nº 13.964, de 2019) das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá § 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá
ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ser feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, esteno-
ainda que ausentes os requisitos objetivos. tipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibi-
partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorre- lização de cópia do material ao colaborador. (Redação dada pela Lei
rá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a nº 13.964, de 2019)
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará,
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão re- ao compromisso legal de dizer a verdade.
metidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução
colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosa- da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
mente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou pro-
em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação ferida com fundamento apenas nas declarações do colaborador:
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela Lei nº
2019) 13.964, de 2019)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído pela
caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que Lei nº 13.964, de 2019)
violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 2019)
(Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Códi- § 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de
go Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução omissão dolosa sobre os fatos objeto da colaboração. (Incluído pela
Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o co-
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados laborador cesse o envolvimento em conduta ilícita relacionada ao
mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; objeto da colaboração, sob pena de rescisão. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmen- Art. 5º São direitos do colaborador:
te nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação es-
medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) pecífica;
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamenta- II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pes-
da do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas soais preservados;
de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coau-
dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 tores e partícipes;
de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder IV - participar das audiências sem contato visual com os outros
os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não ofe- acusados;
recimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunica-
tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ção, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao por escrito;
direito de impugnar a decisão homologatória. (Incluído pela Lei nº VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal
13.964, de 2019) diverso dos demais corréus ou condenados. (Redação dada pela Lei
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não nº 13.964, de 2019)
atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as ade- Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser
quações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) feito por escrito e conter:
§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro II - as condições da proposta do Ministério Público ou do dele-
do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas gado de polícia;
investigações. III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defen-
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as sor;
provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não pode- IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou
rão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à
delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo sua família, quando necessário.
concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente § 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração
distribuído, contendo apenas informações que não possam identifi- penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida
car o colaborador e o seu objeto. por outros meios disponíveis.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão di- § 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) me-
rigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá ses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. sua necessidade.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Pú- § 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado
blico e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientifi-
investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do repre- cará o Ministério Público.
sentado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito § 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia po-
ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de auto- derá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá
rização judicial, ressalvados os referentes às diligências em anda- requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
mento. Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet,
colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denún- com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles cone-
cia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por xos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstra-
sua publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº da sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais,
13.964, de 2019) os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível,
os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação
SEÇÃO II dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
DA AÇÃO CONTROLADA § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní-
policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili-
criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964,
e acompanhamento para que a medida legal se concretize no mo- de 2019)
mento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informa- II - dados cadastrais: informações referentes a nome e ende-
ções. reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrati- conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código
va será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. (Incluído
caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Pú- pela Lei nº 13.964, de 2019)
blico. § 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. (In-
não conter informações que possam indicar a operação a ser efe- cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tuada. § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas não puderem
restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela Lei nº
forma de garantir o êxito das investigações. 13.964, de 2019)
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstancia- § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) me-
do acerca da ação controlada. ses, sem prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judi-
Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de frontei- cial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecen-
ras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa so- tos e vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela
mente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos paí- Lei nº 13.964, de 2019)
ses que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório cir-
de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, cunstanciado, juntamente com todos os atos eletrônicos praticados
instrumento ou proveito do crime. durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazena-
dos e apresentados ao juiz competente, que imediatamente cien-
SEÇÃO III tificará o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES § 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia po-
derá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público e o juiz
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investi- competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da ati-
gação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Mi- vidade de infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
nistério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia § 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste
quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que esta- Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão en-
belecerá seus limites. caminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e de-
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado mais informações pessoais preservadas durante a investigação e o
de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identi- filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização
dade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e mate- por escrito.
rialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) SEÇÃO IV
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob- DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMEN-
servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces- TOS E INFORMAÇÕES
sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão aces-
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, so, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun- cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualifica-
tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, ção pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
de 2019) empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de inter-
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no net e administradoras de cartão de crédito.
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegu- de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério
rando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas
a intimidade dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) e registro de viagens.
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a represen- Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel man-
tação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão terão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades
a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos
dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas terminais de origem e de destino das ligações telefônicas interna-
investigadas e o local da infiltração. cionais, interurbanas e locais.
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público pode-
rão incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento SEÇÃO V
sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações neces- DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTEN-
sárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infil- ÇÃO DA PROVA
tração de agentes na internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colabora-
de forma a não conter informações que possam indicar a operação dor, sem sua prévia autorização por escrito:
a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º As informações quanto à necessidade da operação de in- Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com
filtração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que de- a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente,
cidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa
Ministério Público na hipótese de representação do delegado de que sabe inverídicas:
polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
investigações e a segurança do agente infiltrado. Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações
§ 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltra- que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes:
ção acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identi- Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, docu-
dade do agente. mentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado so- delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
fre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma inde-
ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. vida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida que trata esta Lei.
proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pe-
los excessos praticados. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prá- DISPOSIÇÕES FINAIS
tica de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quan-
do inexigível conduta diversa. Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais co-
Art. 14. São direitos do agente: nexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Pro-
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, cesso Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.
o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem
como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados
prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e
quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por para fins determinados.
decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade
da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. CAPÍTULO II
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela au- DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO REGISTRO
toridade judicial competente, para garantia da celeridade e da efi-
cácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de pro-
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova grama de computador é o conferido às obras literárias pela legis-
que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente lação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às dili- disposto nesta Lei.
gências em andamento. § 1º Não se aplicam ao programa de computador as disposi-
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, ções relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o
seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de com-
classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que putador e o direito do autor de opor-se a alterações não-autori-
antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade zadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra
responsável pela investigação. modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua
Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro honra ou a sua reputação.
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: § 2º Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa
“ Associação Criminosa de computador pelo prazo de cinqüenta anos, contados a partir de
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim 1º de janeiro do ano subseqüente ao da sua publicação ou, na au-
específico de cometer crimes: sência desta, da sua criação.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 3º A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a asso- de registro.
ciação é armada ou se houver a participação de criança ou adoles- § 4º Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados aos
cente.” (NR) estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país de origem
Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro do programa conceda, aos brasileiros e estrangeiros domiciliados
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: no Brasil, direitos equivalentes.
“Art. 342. ................................................................................... § 5º Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta Lei e pela
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País aquele
..................................................................................................” direito exclusivo de autorizar ou proibir o aluguel comercial, não
(NR) sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de
Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995. transferência da cópia do programa.
Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 (quarenta e § 6º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos casos
cinco) dias de sua publicação oficial. em que o programa em si não seja objeto essencial do aluguel.
Art. 3º Os programas de computador poderão, a critério do ti-
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º tular, ser registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato
da República. do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável pela
política de ciência e tecnologia. (Regulamento)
§ 1º O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá con-
PROPRIEDADE INTELECTUAL (LEI N° 9.609 DE 1998). ter, pelo menos, as seguintes informações:
I - os dados referentes ao autor do programa de computador
e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas;
LEI Nº 9.609 , DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. II - a identificação e descrição funcional do programa de com-
putador; e
Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de progra- III - os trechos do programa e outros dados que se considerar
ma de computador, sua comercialização no País, e dá outras provi- suficientes para identificá-lo e caracterizar sua originalidade, ressal-
dências. vando-se os direitos de terceiros e a responsabilidade do Governo.
§ 2º As informações referidas no inciso III do parágrafo anterior
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo por ordem
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: judicial ou a requerimento do próprio titular.
Art. 4º Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusiva-
CAPÍTULO I mente ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES direitos relativos ao programa de computador, desenvolvido e ela-
borado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, ex-
Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjun- pressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que
to organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, a atividade do empregado, contratado de serviço ou servidor seja
contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego ne- prevista, ou ainda, que decorra da própria natureza dos encargos
cessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, concernentes a esses vínculos.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do traba- CAPÍTULO IV


lho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE COMERCIALIZAÇÃO
convencionado. E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
§ 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contra-
tado de serviço ou servidor os direitos concernentes a programa Art. 9º O uso de programa de computador no País será objeto
de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, de contrato de licença.
prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do con-
recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de ne- trato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à
gócios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, da aquisição ou licenciamento de cópia servirá para comprovação da
empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato regularidade do seu uso.
de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante de ser- Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de comercia-
viços ou órgão público. lização referentes a programas de computador de origem externa
§ 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos deverão fixar, quanto aos tributos e encargos exigíveis, a responsa-
em que o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, bilidade pelos respectivos pagamentos e estabelecerão a remune-
estagiários e assemelhados. ração do titular dos direitos de programa de computador residente
Art. 5º Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular ou domiciliado no exterior.
dos direitos de programa de computador, inclusive sua exploração § 1º Serão nulas as cláusulas que:
econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer, salvo esti- I - limitem a produção, a distribuição ou a comercialização, em
pulação contratual em contrário. violação às disposições normativas em vigor;
Art. 6º Não constituem ofensa aos direitos do titular de progra- II - eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades
ma de computador: por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, defeitos ou
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente violação de direitos de autor.
adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armaze- § 2º O remetente do correspondente valor em moeda estran-
namento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá geira, em pagamento da remuneração de que se trata, conservará
de salvaguarda; em seu poder, pelo prazo de cinco anos, todos os documentos ne-
II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que cessários à comprovação da licitude das remessas e da sua confor-
identificados o programa e o titular dos direitos respectivos; midade ao caput deste artigo.
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexis- Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa
tente, quando se der por força das características funcionais de sua de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará
aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em
limitação de forma alternativa para a sua expressão; relação a terceiros.
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas caracte- Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é obri-
rísticas essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnica- gatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnolo-
mente indispensável às necessidades do usuário, desde que para o gia, da documentação completa, em especial do código-fonte co-
uso exclusivo de quem a promoveu. mentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas,
diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à ab-
CAPÍTULO III sorção da tecnologia.
DAS GARANTIAS AOS USUÁRIOS DE PROGRAMA DE
COMPUTADOR CAPÍTULO V
DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES
Art. 7º O contrato de licença de uso de programa de compu-
tador, o documento fiscal correspondente, os suportes físicos do Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:
programa ou as respectivas embalagens deverão consignar, de for- Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
ma facilmente legível pelo usuário, o prazo de validade técnica da § 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio,
versão comercializada. de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de co-
Art. 8º Aquele que comercializar programa de computador, mércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o repre-
quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos di- sente:
reitos de comercialização, fica obrigado, no território nacional, du- Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
rante o prazo de validade técnica da respectiva versão, a assegurar § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem ven-
aos respectivos usuários a prestação de serviços técnicos comple- de, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em
mentares relativos ao adequado funcionamento do programa, con- depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de
sideradas as suas especificações. computador, produzido com violação de direito autoral.
Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de retirada de § 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede me-
circulação comercial do programa de computador durante o prazo diante queixa, salvo:
de validade, salvo justa indenização de eventuais prejuízos causa- I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito públi-
dos a terceiros. co, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
fundação instituída pelo poder público;

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a solução para o seu concurso!


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonega- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
ção fiscal, perda de arrecadação tributária ou prática de quaisquer cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações de con-
sumo. CAPÍTULO I
§ 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade DA PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMAS E A TESTEMUNHAS
do tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, processar-
-se-á independentemente de representação. Art. 1o As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave
apreensão, nos casos de violação de direito de autor de programa ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo
de computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz or- criminal serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito
denar a apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de pro-
violação de direito de autor, suas versões e derivações, em poder gramas especiais organizados com base nas disposições desta Lei.
do infrator ou de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, § 1o A União, os Estados e o Distrito Federal poderão celebrar
reproduzindo ou comercializando. convênios, acordos, ajustes ou termos de parceria entre si ou com
Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado po- entidades não-governamentais objetivando a realização dos pro-
derá intentar ação para proibir ao infrator a prática do ato incrimi- gramas.
nado, com cominação de pena pecuniária para o caso de transgres- § 2o A supervisão e a fiscalização dos convênios, acordos, ajus-
são do preceito. tes e termos de parceria de interesse da União ficarão a cargo do
§ 1º A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumula- órgão do Ministério da Justiça com atribuições para a execução da
da com a de perdas e danos pelos prejuízos decorrentes da infração. política de direitos humanos.
§ 2º Independentemente de ação cautelar preparatória, o juiz Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as medidas
poderá conceder medida liminar proibindo ao infrator a prática do dela decorrentes levarão em conta a gravidade da coação ou da
ato incriminado, nos termos deste artigo. ameaça à integridade física ou psicológica, a dificuldade de preve-
§ 3º Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca ni-las ou reprimi-las pelos meios convencionais e a sua importância
e apreensão observarão o disposto no artigo anterior. para a produção da prova.
§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defe- § 1o A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou
sa dos interesses de qualquer das partes, informações que se carac- companheiro, ascendentes, descendentes e dependentes que te-
terizem como confidenciais, deverá o juiz determinar que o proces- nham convivência habitual com a vítima ou testemunha, conforme
so prossiga em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações o especificamente necessário em cada caso.
também à outra parte para outras finalidades. § 2o Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja persona-
§ 5º Será responsabilizado por perdas e danos aquele que re- lidade ou conduta seja incompatível com as restrições de com-
querer e promover as medidas previstas neste e nos arts. 12 e 13, portamento exigidas pelo programa, os condenados que estejam
agindo de má-fé ou por espírito de emulação, capricho ou erro gros- cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob prisão cautelar
seiro, nos termos dos arts. 16, 17 e 18 do Código de Processo Civil. em qualquer de suas modalidades. Tal exclusão não trará prejuízo a
eventual prestação de medidas de preservação da integridade física
CAPÍTULO VI desses indivíduos por parte dos órgãos de segurança pública.
DISPOSIÇÕES FINAIS § 3o O ingresso no programa, as restrições de segurança e de-
mais medidas por ele adotadas terão sempre a anuência da pessoa
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. protegida, ou de seu representante legal.
Art. 16. Fica revogada a Lei nº 7.646, de 18 de dezembro de § 4o Após ingressar no programa, o protegido ficará obrigado
1987. ao cumprimento das normas por ele prescritas.
§ 5o As medidas e providências relacionadas com os programas
Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e serão adotadas, executadas e mantidas em sigilo pelos protegidos e
110º da República. pelos agentes envolvidos em sua execução.
Art. 3o Toda admissão no programa ou exclusão dele será pre-
cedida de consulta ao Ministério Público sobre o disposto no art. 2o
PROTEÇÃO À VÍTIMA E A TESTEMUNHA (LEI N° 9.807 DE e deverá ser subseqüentemente comunicada à autoridade policial
1999) ou ao juiz competente.
Art. 4o Cada programa será dirigido por um conselho delibe-
rativo em cuja composição haverá representantes do Ministério
LEI Nº 9.807, DE 13 DE JULHO DE 1999 Público, do Poder Judiciário e de órgãos públicos e privados rela-
cionados com a segurança pública e a defesa dos direitos humanos.
Estabelece normas para a organização e a manutenção de § 1o A execução das atividades necessárias ao programa ficará
programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ame- a cargo de um dos órgãos representados no conselho deliberativo,
açadas, institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a devendo os agentes dela incumbidos ter formação e capacitação
Testemunhas Ameaçadas e dispõe sobre a proteção de acusados profissional compatíveis com suas tarefas.
ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva co- § 2o Os órgãos policiais prestarão a colaboração e o apoio ne-
laboração à investigação policial e ao processo criminal. cessários à execução de cada programa.
Art. 5o A solicitação objetivando ingresso no programa poderá
ser encaminhada ao órgão executor:
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - pelo interessado; Art. 9o Em casos excepcionais e considerando as características


II - por representante do Ministério Público; e gravidade da coação ou ameaça, poderá o conselho deliberativo
III - pela autoridade policial que conduz a investigação criminal; encaminhar requerimento da pessoa protegida ao juiz competente
IV - pelo juiz competente para a instrução do processo criminal; para registros públicos objetivando a alteração de nome completo.
V - por órgãos públicos e entidades com atribuições de defesa § 1o A alteração de nome completo poderá estender-se às pes-
dos direitos humanos. soas mencionadas no § 1o do art. 2o desta Lei, inclusive aos filhos
§ 1o A solicitação será instruída com a qualificação da pessoa a menores, e será precedida das providências necessárias ao resguar-
ser protegida e com informações sobre a sua vida pregressa, o fato do de direitos de terceiros.
delituoso e a coação ou ameaça que a motiva. § 2o O requerimento será sempre fundamentado e o juiz ou-
§ 2o Para fins de instrução do pedido, o órgão executor poderá virá previamente o Ministério Público, determinando, em seguida,
solicitar, com a aquiescência do interessado: que o procedimento tenha rito sumaríssimo e corra em segredo de
I - documentos ou informações comprobatórios de sua identi- justiça.
dade, estado civil, situação profissional, patrimônio e grau de ins- § 3o Concedida a alteração pretendida, o juiz determinará na
trução, e da pendência de obrigações civis, administrativas, fiscais, sentença, observando o sigilo indispensável à proteção do interes-
financeiras ou penais; sado:
II - exames ou pareceres técnicos sobre a sua personalidade, I - a averbação no registro original de nascimento da menção
estado físico ou psicológico. de que houve alteração de nome completo em conformidade com
§ 3o Em caso de urgência e levando em consideração a proce- o estabelecido nesta Lei, com expressa referência à sentença auto-
dência, gravidade e a iminência da coação ou ameaça, a vítima ou rizatória e ao juiz que a exarou e sem a aposição do nome alterado;
testemunha poderá ser colocada provisoriamente sob a custódia de II - a determinação aos órgãos competentes para o fornecimen-
órgão policial, pelo órgão executor, no aguardo de decisão do con- to dos documentos decorrentes da alteração;
selho deliberativo, com comunicação imediata a seus membros e ao III - a remessa da sentença ao órgão nacional competente para
Ministério Público. o registro único de identificação civil, cujo procedimento obedecerá
Art. 6o O conselho deliberativo decidirá sobre: às necessárias restrições de sigilo.
I - o ingresso do protegido no programa ou a sua exclusão; § 4o O conselho deliberativo, resguardado o sigilo das informa-
II - as providências necessárias ao cumprimento do programa. ções, manterá controle sobre a localização do protegido cujo nome
Parágrafo único. As deliberações do conselho serão tomadas tenha sido alterado.
por maioria absoluta de seus membros e sua execução ficará sujeita § 5o Cessada a coação ou ameaça que deu causa à alteração, fi-
à disponibilidade orçamentária. cará facultado ao protegido solicitar ao juiz competente o retorno à
Art. 7o Os programas compreendem, dentre outras, as seguin- situação anterior, com a alteração para o nome original, em petição
tes medidas, aplicáveis isolada ou cumulativamente em benefício que será encaminhada pelo conselho deliberativo e terá manifesta-
da pessoa protegida, segundo a gravidade e as circunstâncias de ção prévia do Ministério Público.
cada caso: Art. 10. A exclusão da pessoa protegida de programa de pro-
I - segurança na residência, incluindo o controle de telecomu- teção a vítimas e a testemunhas poderá ocorrer a qualquer tempo:
nicações; I - por solicitação do próprio interessado;
II - escolta e segurança nos deslocamentos da residência, in- II - por decisão do conselho deliberativo, em conseqüência de:
clusive para fins de trabalho ou para a prestação de depoimentos; a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção;
III - transferência de residência ou acomodação provisória em b) conduta incompatível do protegido.
local compatível com a proteção; Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a duração má-
IV - preservação da identidade, imagem e dados pessoais; xima de dois anos.
V - ajuda financeira mensal para prover as despesas necessá- Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais, perdurando
rias à subsistência individual ou familiar, no caso de a pessoa pro- os motivos que autorizam a admissão, a permanência poderá ser
tegida estar impossibilitada de desenvolver trabalho regular ou de prorrogada.
inexistência de qualquer fonte de renda; Art. 12. Fica instituído, no âmbito do órgão do Ministério da
VI - suspensão temporária das atividades funcionais, sem pre- Justiça com atribuições para a execução da política de direitos hu-
juízo dos respectivos vencimentos ou vantagens, quando servidor manos, o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemu-
público ou militar; nhas Ameaçadas, a ser regulamentado por decreto do Poder Exe-
VII - apoio e assistência social, médica e psicológica; cutivo. (Regulamento)
VIII - sigilo em relação aos atos praticados em virtude da pro-
teção concedida; CAPÍTULO II
IX - apoio do órgão executor do programa para o cumprimento DA PROTEÇÃO AOS RÉUS COLABORADORES
de obrigações civis e administrativas que exijam o comparecimento
pessoal. Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes,
Parágrafo único. A ajuda financeira mensal terá um teto fixado conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da punibili-
pelo conselho deliberativo no início de cada exercício financeiro. dade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e
Art. 8o Quando entender necessário, poderá o conselho deli- voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde
berativo solicitar ao Ministério Público que requeira ao juiz a con- que dessa colaboração tenha resultado:
cessão de medidas cautelares direta ou indiretamente relacionadas I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação
com a eficácia da proteção. criminosa;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - a localização da vítima com a sua integridade física preser- Parágrafo único. Qualquer que seja o rito processual criminal,
vada; o juiz, após a citação, tomará antecipadamente o depoimento das
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime. pessoas incluídas nos programas de proteção previstos nesta Lei,
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em con- devendo justificar a eventual impossibilidade de fazê-lo no caso
ta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gra- concreto ou o possível prejuízo que a oitiva antecipada traria para a
vidade e repercussão social do fato criminoso. instrução criminal. (Incluído pela Lei nº 12.483, de 2011)
Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente Art. 20. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei, pela
com a investigação policial e o processo criminal na identificação União, correrão à conta de dotação consignada no orçamento.
dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da víti- Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ma com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime,
no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços. Brasília, 13 de julho de 1999; 178o da Independência e 111o
Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na prisão da República.
ou fora dela, medidas especiais de segurança e proteção a sua inte-
gridade física, considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva.
§ 1o Estando sob prisão temporária, preventiva ou em decor- LEI DE EXECUÇÕES PENAIS 7.210/1984.
rência de flagrante delito, o colaborador será custodiado em depen-
dência separada dos demais presos.
§ 2o Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.
determinar em favor do colaborador qualquer das medidas previs-
tas no art. 8o desta Lei. Institui a Lei de Execução Penal.
§ 3o No caso de cumprimento da pena em regime fechado, po-
derá o juiz criminal determinar medidas especiais que proporcio- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
nem a segurança do colaborador em relação aos demais apenados. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

DISPOSIÇÕES GERAIS TÍTULO I


Art. 16. O art. 57 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
fica acrescido do seguinte § 7o:
“§ 7º Quando a alteração de nome for concedida em razão Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as dis-
de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a posições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições
apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a aver- para a harmônica integração social do condenado e do internado.
bação no registro de origem de menção da existência de sentença Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça or-
concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que dinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo
somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo
que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que Penal.
deu causa à alteração.” Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso
Art. 17. O parágrafo único do art. 58 da Lei nº 6.015, de 31 de provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando
dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei no 9.708, de 18 de recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
novembro de 1998, passa a ter a seguinte redação: Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos
“Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admiti- os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.
da em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colabora- Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza ra-
ção com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de cial, social, religiosa ou política.
juiz competente, ouvido o Ministério Público.” (NR) Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade
Art. 18. O art. 18 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.
passa a ter a seguinte redação:
“Art. 18. Ressalvado o disposto nos arts. 45, 57, § 7o, e 95, pará- TÍTULO II
grafo único, a certidão será lavrada independentemente de despa- DO CONDENADO E DO INTERNADO
cho judicial, devendo mencionar o livro de registro ou o documento
arquivado no cartório.” (NR) CAPÍTULO I
Art. 19. A União poderá utilizar estabelecimentos especialmen- DA CLASSIFICAÇÃO
te destinados ao cumprimento de pena de condenados que tenham
prévia e voluntariamente prestado a colaboração de que trata esta Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus
Lei. antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da
Parágrafo único. Para fins de utilização desses estabelecimen- execução penal.
tos, poderá a União celebrar convênios com os Estados e o Distrito Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Clas-
Federal. sificação que elaborará o programa individualizador da pena priv-
Art. 19-A. Terão prioridade na tramitação o inquérito e o pro- ativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.
cesso criminal em que figure indiciado, acusado, vítima ou réu co- (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
laboradores, vítima ou testemunha protegidas pelos programas de
que trata esta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.483, de 2011)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada CAPÍTULO II


estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no míni- DA ASSISTÊNCIA
mo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólo-
go e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena SEÇÃO I
privativa de liberdade. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao
Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Esta-
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de do, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame crimi- em sociedade.
nológico para a obtenção dos elementos necessários a uma ade- Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
quada classificação e com vistas à individualização da execução. Art. 11. A assistência será:
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá I - material;
ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de II - à saúde;
liberdade em regime semi-aberto. III -jurídica;
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reve- IV - educacional;
ladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo V - social;
sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: VI - religiosa.
I - entrevistar pessoas; SEÇÃO II
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, da- DA ASSISTÊNCIA MATERIAL
dos e informações a respeito do condenado;
III - realizar outras diligências e exames necessários. Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços
dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de
1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do per- locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não
fil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonuclei- fornecidos pela Administração.
co, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
2012) SEÇÃO III
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mín- DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
imas de proteção de dados genéticos, observando as melhores
práticas da genética forense. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao farmacêutico e odontológico.
banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela § 1º (Vetado).
Lei nº 12.654, de 2012) § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o aces- para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em
so aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.
como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, prin-
dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (Incluído cipalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nasci-
pela Lei nº 13.964, de 2019) do. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo
que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por SEÇÃO IV
ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser sub- DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA
metido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos inter-
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) nados sem recursos financeiros para constituir advogado.
§ 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de as-
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) sistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, den-
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em subme- tro e fora dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Lei nº
ter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluí- 12.313, de 2010).
do pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estru-
tural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas
funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela
Lei nº 12.313, de 2010).
§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apro-
priado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os prob-
assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em lemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das
constituir advogado. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). saídas temporárias;
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a
SEÇÃO V recreação;
DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumpri-
mento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução liberdade;
escolar e a formação profissional do preso e do internado. VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
sistema escolar da Unidade Federativa. VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso,
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação do internado e da vítima.
geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos SEÇÃO VII
presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua univer- DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
salização. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será
sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administra- prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a partic-
tiva e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recur- ipação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem
sos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou como a posse de livros de instrução religiosa.
administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas religiosos.
cursos supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído pela § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a partic-
Lei nº 13.163, de 2015) ipar de atividade religiosa.
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal
incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização SEÇÃO VIII
de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às pre- DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO
sas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de ini- Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
ciação ou de aperfeiçoamento técnico. I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação,
adequado à sua condição. em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convê- Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser
nio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do as-
ofereçam cursos especializados. sistente social, o empenho na obtenção de emprego.
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da
de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. saída do estabelecimento;
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído pela II - o liberado condicional, durante o período de prova.
Lei nº 13.163, de 2015) Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o egresso
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído para a obtenção de trabalho.
pela Lei nº 13.163, de 2015)
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o CAPÍTULO III
número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, DO TRABALHO
de 2015)
III - a implementação de cursos profissionais em nível de ini- SEÇÃO I
ciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas DISPOSIÇÕES GERAIS
atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo; Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição
(Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as
de presos e presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) precauções relativas à segurança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consol-
SEÇÃO VI idação das Leis do Trabalho.
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia
tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mín-
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso imo.
e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que de- SEÇÃO III
terminados judicialmente e não reparados por outros meios; DO TRABALHO EXTERNO
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais; Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a regime fechado somente em serviço ou obras públicas realiza-
manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem pre- das por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades
juízo da destinação prevista nas letras anteriores. privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a da disciplina.
parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Pou- § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez
pança, que será entregue ao condenado quando posto em liber- por cento) do total de empregados na obra.
dade. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empre-
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à co- sa empreiteira a remuneração desse trabalho.
munidade não serão remuneradas. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do
consentimento expresso do preso.
SEÇÃO II Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela
DO TRABALHO INTERNO direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e re-
sponsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto)
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obriga- da pena.
do ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho exter-
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é no ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido
obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabeleci- por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos
mento. estabelecidos neste artigo.
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em con-
ta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do CAPÍTULO IV
preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato
sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. SEÇÃO I
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocu- DOS DEVERES
pação adequada à sua idade.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão ativi- Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais iner-
dades apropriadas ao seu estado. entes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) Art. 39. Constituem deveres do condenado:
nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feria- I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sen-
dos. tença;
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de tra- II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com
balho aos presos designados para os serviços de conservação e ma- quem deva relacionar-se;
nutenção do estabelecimento penal. III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de
empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objeti- fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
vo a formação profissional do condenado. V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora pro- VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
mover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empre- VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
sariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas re-
despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renu- alizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional
merado pela Lei nº 10.792, de 2003) da remuneração do trabalho;
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão cele- IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
brar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas X - conservação dos objetos de uso pessoal.
de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluído Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber,
pela Lei nº 10.792, de 2003) o disposto neste artigo.
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União,
Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, SEÇÃO II
com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do DOS DIREITOS
trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável
realizar-se a venda a particulares. Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integri-
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as dade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que Art. 41 - Constituem direitos do preso:
alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o tra- Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará
balho, o descanso e a recreação; ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127,
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução
da pena; SUBSEÇÃO II
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social DAS FALTAS DISCIPLINARES
e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em as respectivas sanções.
dias determinados; Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspond-
XI - chamamento nominal; ente à falta consumada.
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da in- Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de
dividualização da pena; liberdade que:
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em def- ou a disciplina;
esa de direito; II - fugir;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondên- III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
cia escrita, da leitura e de outros meios de informação que não integridade física de outrem;
comprometam a moral e os bons costumes. IV - provocar acidente de trabalho;
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (In- VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo
cluído pela Lei nº 10.713, de 2003) 39, desta Lei.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefôni-
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do co, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
diretor do estabelecimento. presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466,
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de 2007)
de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de con- perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
fiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambu- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que cou-
latorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e ber, ao preso provisório.
acompanhar o tratamento. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o par- direitos que:
ticular serão resolvidas pelo Juiz da execução. I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação
SEÇÃO III imposta;
DA DISCIPLINA III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo
39, desta Lei.
SUBSEÇÃO I Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui
DISPOSIÇÕES GERAIS falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina
internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar dif-
obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no erenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei
desempenho do trabalho. nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de
privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie;
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
anterior previsão legal ou regulamentar. II - recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei nº
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade 13.964, de 2019)
física e moral do condenado. III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem re-
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. alizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro,
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação
pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias
liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que
as disposições regulamentares. não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; (Redação
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que esti-
ver sujeito o condenado.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu SUBSEÇÃO III


defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e DAS SANÇÕES E DAS RECOMPENSAS
a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em con-
trário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; (Incluído pela I - advertência verbal;
Lei nº 13.964, de 2019) II - repreensão;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo úni-
por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no co);
mesmo ambiente do preso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o
aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: disposto no artigo 88 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do es- Lei nº 10.792, de 2003)
tabelecimento penal ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas
de 2019) por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação
ou participação, a qualquer título, em organização criminosa, asso- dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
ciação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática § 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disci-
de falta grave. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) plinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (In-
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em cluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime dis-
ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da ciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da
Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela
cumprido em estabelecimento prisional federal. (Incluído pela Lei Lei nº 10.792, de 2003)
nº 13.964, de 2019) Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a dis-
diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos ciplina e de sua dedicação ao trabalho.
de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela Lei Art. 56. São recompensas:
nº 13.964, de 2019) I - o elogio;
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança II - a concessão de regalias.
do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabe-
pela Lei nº 13.964, de 2019) lecerão a natureza e a forma de concessão de regalias.
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal SUBSEÇÃO IV
e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES
duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais
e os resultados do tratamento penitenciário. (Incluído pela Lei nº Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em
13.964, de 2019) conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as conseqüên-
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime discipli- cias do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
nar diferenciado deverá contar com alta segurança interna e exter- (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
na, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções pre-
contato do preso com membros de sua organização criminosa, as- vistas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. (Redação dada pela Lei
sociação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. (Incluído nº 10.792, de 2003)
pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime dis-
gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autor- ciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
ização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao Juiz
Lei nº 13.964, de 2019) da execução.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar
diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o inci- SUBSEÇÃO V
so III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2
(duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos. (Incluído pela Lei nº Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
13.964, de 2019) procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegu-
rado o direito de defesa.
Parágrafo único. A decisão será motivada.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isola- VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem
mento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário,
do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da discipli- requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da
na e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz compe- execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propon-
tente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) do às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventi- aprimoramento;
va no regime disciplinar diferenciado será computado no período IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade admin-
de cumprimento da sanção disciplinar. (Redação dada pela Lei nº istrativa para instauração de sindicância ou procedimento admin-
10.792, de 2003) istrativo, em caso de violação das normas referentes à execução
penal;
TÍTULO III X - representar à autoridade competente para a interdição, no
DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL todo ou em parte, de estabelecimento penal.

CAPÍTULO I CAPÍTULO III


DISPOSIÇÕES GERAIS DO JUÍZO DA EXECUÇÃO

Art. 61. São órgãos da execução penal: Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença.
II - o Juízo da Execução; Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
III - o Ministério Público; I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer
IV - o Conselho Penitenciário; modo favorecer o condenado;
V - os Departamentos Penitenciários; II - declarar extinta a punibilidade;
VI - o Patronato; III - decidir sobre:
VII - o Conselho da Comunidade. a) soma ou unificação de penas;
VIII - a Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313, de b) progressão ou regressão nos regimes;
2010). c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
CAPÍTULO II e) livramento condicional;
DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENI- f) incidentes da execução.
TENCIÁRIA IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fis-
tenciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao calizar sua execução;
Ministério da Justiça. b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em priv-
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária ativa de liberdade;
será integrado por 13 (treze) membros designados através de ato c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de
do Ministério da Justiça, dentre professores e profissionais da área direitos;
do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correla- d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substitu-
tas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministéri- ição da pena por medida de segurança;
os da área social. e) a revogação da medida de segurança;
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho terá f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano. g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- comarca;
tenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do
estadual, incumbe: artigo 86, desta Lei.
I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de
medidas de segurança; segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvi- VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais,
mento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e pen- tomando providências para o adequado funcionamento e promov-
itenciária; endo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal
sua adequação às necessidades do País; que estiver funcionando em condições inadequadas ou com in-
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; fringência aos dispositivos desta Lei;
V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
aperfeiçoamento do servidor; X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (Incluído
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de es- pela Lei nº 10.713, de 2003)
tabelecimentos penais e casas de albergados;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística
criminal;
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CAPÍTULO IV CAPÍTULO VI
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DOS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e SEÇÃO I


da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos in- DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL
cidentes da execução.
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, subordinado
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da Política Penitenciária
de internamento; Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Na-
II - requerer: cional de Política Criminal e Penitenciária.
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário Na-
processo executivo; cional:
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de ex- I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal
ecução; em todo o Território Nacional;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substitu- II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos
ição da pena por medida de segurança; e serviços penais;
d) a revogação da medida de segurança; III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na imple-
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos re- mentação dos princípios e regras estabelecidos nesta Lei;
gimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livra- IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante convêni-
mento condicional; os, na implantação de estabelecimentos e serviços penais;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situ- V - colaborar com as Unidades Federativas para a realização de
ação anterior. cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profission-
III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade alizante do condenado e do internado.
judiciária, durante a execução. VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades federati-
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará mensal- vas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos
mente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade
livro próprio. aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial para
presos sujeitos a regime disciplinar. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
CAPÍTULO V 2003)
DO CONSELHO PENITENCIÁRIO VII - acompanhar a execução da pena das mulheres beneficia-
das pela progressão especial de que trata o § 3º do art. 112 desta
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscaliza- Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência de reincidên-
dor da execução da pena. cia, específica ou não, mediante a realização de avaliações periódi-
§ 1º O Conselho será integrado por membros nomeados pelo cas e de estatísticas criminais. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre § 1º Incumbem também ao Departamento a coordenação e su-
professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Pe- pervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais.
nal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por represent- (Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018)
antes da comunidade. A legislação federal e estadual regulará o seu § 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramento e das
funcionamento. avaliações periódicas previstas no inciso VII do caput deste artigo
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário terá a serão utilizados para, em função da efetividade da progressão espe-
duração de 4 (quatro) anos. cial para a ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do art.
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: 112 desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime fechado
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetua- de cumprimento de pena para essas mulheres nos casos de crimes
da a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do cometidos sem violência ou grave ameaça. (Incluído pela Lei nº
preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) 13.769, de 2018)
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Con- SEÇÃO II
selho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos tra- DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO LOCAL
balhos efetuados no exercício anterior;
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Peni-
egressos. tenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer.
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar,
tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos
penais da Unidade da Federação a que pertencer.
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste artigo re-
alizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII do caput do
art. 72 desta Lei e encaminharão ao Departamento Penitenciário
Nacional os resultados obtidos. (Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018)

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SEÇÃO III IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos


DA DIREÇÃO E DO PESSOAL DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a
direção do estabelecimento.
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento
deverá satisfazer os seguintes requisitos: CAPÍTULO IX
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Psic- DA DEFENSORIA PÚBLICA
ologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.313, DE 2010).
II - possuir experiência administrativa na área;
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desem- Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da
penho da função. pena e da medida de segurança, oficiando, no processo executivo
Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento, e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em
ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função. todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (Incluído
Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado pela Lei nº 12.313, de 2010).
em diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades do Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: (Incluído pela
serviço, com especificação de atribuições relativas às funções de Lei nº 12.313, de 2010).
direção, chefia e assessoramento do estabelecimento e às demais I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
funções. a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do
Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado, de processo executivo; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação, preparação b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de
profissional e antecedentes pessoais do candidato. qualquer modo favorecer o condenado; (Incluído pela Lei nº 12.313,
§ 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a pro- de 2010).
gressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos específicos c) a declaração de extinção da punibilidade; (Incluído pela Lei
de formação, procedendo-se à reciclagem periódica dos servidores nº 12.313, de 2010).
em exercício. d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se permitirá e) a detração e remição da pena; (Incluído pela Lei nº 12.313,
o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se tratar de de 2010).
pessoal técnico especializado. f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de ex-
ecução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
CAPÍTULO VII g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem
DO PATRONATO como a substituição da pena por medida de segurança; (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010).
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a prestar h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a sus-
assistência aos albergados e aos egressos (artigo 26). pensão condicional da pena, o livramento condicional, a comutação
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: de pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos; i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído pela Lei nº
II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço 12.313, de 2010).
à comunidade e de limitação de fim de semana; j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situ-
III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da ação anterior; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
suspensão e do livramento condicional. k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra
comarca; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
CAPÍTULO VIII l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art.
DO CONSELHO DA COMUNIDADE 86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir;
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da Comuni- (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
dade composto, no mínimo, por 1 (um) representante de associação III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade
comercial ou industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da judiciária ou administrativa durante a execução; (Incluído pela Lei
Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor Público indica- nº 12.313, de 2010).
do pelo Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social escolhido IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade adminis-
pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Soci- trativa para instauração de sindicância ou procedimento adminis-
ais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). trativo em caso de violação das normas referentes à execução pe-
Parágrafo único. Na falta da representação prevista neste ar- nal; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
tigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha dos integrantes V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências
do Conselho. para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso,
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: a apuração de responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos pe- 2010).
nais existentes na comarca; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou
II - entrevistar presos; em parte, de estabelecimento penal. (Incluído pela Lei nº 12.313,
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao Con- de 2010).
selho Penitenciário;

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Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará perio- IV - transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hos-
dicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença pitais e outros locais externos aos estabelecimentos penais. (Incluí-
em livro próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). do pela Lei nº 13.190, de 2015).
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por
TÍTULO IV sentença transitada em julgado.
DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS § 1o Os presos provisórios ficarão separados de acordo com
os seguintes critérios: (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015)
CAPÍTULO I I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
DISPOSIÇÕES GERAIS (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condena- grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
do, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções
egresso. diversos dos apontados nos incisos I e II. (Incluído pela Lei nº
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, 13.167, de 2015)
serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua § 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Adminis-
condição pessoal. (Redação dada pela Lei nº 9.460, de 1997) tração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabe- § 3o Os presos condenados ficarão separados de acordo com
lecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados. os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, de- I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equipara-
verá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados dos; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometi-
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes uni- dos com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº
versitários. (Renumerado pela Lei nº 9.046, de 1995) 13.167, de 2015)
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão III - primários condenados pela prática de crimes cometidos
dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de 13.167, de 2015)
idade. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009) IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou con-
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo de- travenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III.
verão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segu- (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
rança de suas dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, § 4o O preso que tiver sua integridade física, moral ou psi-
de 2009). cológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará
§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensi- segregado em local próprio. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
no básico e profissionalizante. (Incluído pela Lei nº 12.245, de 2010) Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. (Incluí- com a sua estrutura e finalidade.
do pela Lei nº 12.313, de 2010). Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e
Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta as ativi- Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do esta-
dades materiais acessórias, instrumentais ou complementares de- belecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.
senvolvidas em estabelecimentos penais, e notadamente: (Incluído Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça
pela Lei nº 13.190, de 2015). de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra uni-
I - serviços de conservação, limpeza, informática, copeiragem, dade, em estabelecimento local ou da União.
portaria, recepção, reprografia, telecomunicações, lavanderia e ma- § 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal
nutenção de prédios, instalações e equipamentos internos e exter- em local distante da condenação para recolher os condenados,
nos; (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou
II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo preso. do próprio condenado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). § 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão
§ 1o A execução indireta será realizada sob supervisão e fis- trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras públi-
calização do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). cas ou ao aproveitamento de terras ociosas.
§ 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão com- § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade
preender o fornecimento de materiais, equipamentos, máquinas e administrativa definir o estabelecimento prisional adequado para
profissionais. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção, chefia e co- aos requisitos estabelecidos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
ordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as ativi-
dades que exijam o exercício do poder de polícia, e notadamente:
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
I - classificação de condenados; (Incluído pela Lei nº 13.190,
de 2015).
II - aplicação de sanções disciplinares; (Incluído pela Lei nº
13.190, de 2015).
III - controle de rebeliões; (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).

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CAPÍTULO II Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os


DA PENITENCIÁRIA serviços de fiscalização e orientação dos condenados.

Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de re- CAPÍTULO V


clusão, em regime fechado. DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Fed-
eral e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames
exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à
em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos Comissão Técnica de Classificação.
termos do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que con- criminológicas.
terá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técni-
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existên- ca de Classificação, na falta do Centro de Observação.
cia humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). CAPÍTULO VI
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO
de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de
creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico des-
de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada tina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e
cuja responsável estiver presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, seu parágrafo único do Código Penal.
de 2009) Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o dispos-
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche to no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
referidas neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as dire- ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.
trizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autôno- Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97,
mas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com depend-
à criança e à sua responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) ência médica adequada.
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local
afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a visitação. CAPÍTULO VII
DA CADEIA PÚBLICA
CAPÍTULO III
DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos
provisórios.
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pú-
cumprimento da pena em regime semi-aberto. blica a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio
coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único, do social e familiar.
artigo 88, desta Lei. Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será
Parágrafo único. São também requisitos básicos das depend- instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção
ências coletivas: as exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único
a) a seleção adequada dos presos; desta Lei.
b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de
individualização da pena. TÍTULO V
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
CAPÍTULO IV
DA CASA DO ALBERGADO CAPÍTULO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de
pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de lim- SEÇÃO I
itação de fim de semana. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado
dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena
obstáculos físicos contra a fuga. privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Al- ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.
bergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a
os presos, local adequado para cursos e palestras. rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à
autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:
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I - o nome do condenado; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou
oficial de identificação; grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reinci-
como certidão do trânsito em julgado; dente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - a data da terminação da pena; V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for conde-
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao ade- nado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
quado tratamento penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhi- VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (In-
mento. cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobre- a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
vier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de du- com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condi-
ração da pena. cional; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo,
Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa de organização criminosa estruturada para a prática de crime hedi-
circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei. ondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia
privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade ju- privada; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
diciária. VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for rein-
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execução pas- cidente na prática de crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela
sará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do pro- Lei nº 13.964, de 2019)
cesso, e dará ciência dos seus termos ao condenado. VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for rein-
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro es- cidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte,
pecial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas vedado o livramento condicional. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o 2019)
cálculo das remições e de outras retificações posteriores. § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será in- de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo di-
ternado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. retor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a pro-
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será pos- gressão. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
to em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime
estiver preso. será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor, procedimento que também será adota-
SEÇÃO II do na concessão de livramento condicional, indulto e comutação
DOS REGIMES de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsáv-
condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, el por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para
observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Pe- progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº
nal. 13.769, de 2018)
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a
no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
remição. III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, anterior; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, compro-
determinação do regime. vado pelo diretor do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº 13.769,
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em for- de 2018)
ma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, V - não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei
a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao nº 13.769, de 2018)
menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave impli-
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for cará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. (Incluí-
primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou do pela Lei nº 13.769, de 2018)
grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art.
em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (In- 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)

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§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena SEÇÃO III


privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da pro- DAS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
gressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício
da contagem do requisito objetivo terá como base a pena rema- SUBSEÇÃO I
nescente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) DA PERMISSÃO DE SAÍDA
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fecha-
aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. do ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o conde- para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um
nado que: dos seguintes fatos:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira,
imediatamente; ascendente, descendente ou irmão;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do ar-
exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, tigo 14).
com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo di-
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pes- retor do estabelecimento onde se encontra o preso.
soas referidas no artigo 117 desta Lei. Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a a duração necessária à finalidade da saída.
concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições
gerais e obrigatórias: SUBSEÇÃO II
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso DA SAÍDA TEMPORÁRIA
e nos dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do
judicial; estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas ativi- I - visita à família;
dades, quando for determinado. II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Ex-
de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade ad- ecução;
ministrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o III - participação em atividades que concorram para o retorno
recomendem. ao convívio social.
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário § 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
de regime aberto em residência particular quando se tratar de: equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; assim determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº
II - condenado acometido de doença grave; 13.964, de 2019)
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput
IV - condenada gestante. deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime he-
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará su- diondo com resultado morte. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
jeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos re- Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz
gimes mais rigorosos, quando o condenado: da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração peni-
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; tenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada I - comportamento adequado;
ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o
111). condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da ex- Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior
ecução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá durante o ano.
ser ouvido previamente o condenado. § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao ben-
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas comple- eficiário as seguintes condições, entre outras que entender com-
mentares para o cumprimento da pena privativa de liberdade em patíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do
regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal). condenado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visit-
ada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício;
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (In-
cluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabeleci-
mentos congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3
de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
o necessário para o cumprimento das atividades discentes. (Renu- recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
merado do parágrafo único pela Lei nº 12.258, de 2010) (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente Art. 128. O tempo remido será computado como pena cum-
poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) prida, para todos os efeitos.(Redação dada pela Lei nº 12.433, de
dias de intervalo entre uma e outra. (Incluído pela Lei nº 12.258, 2011)
de 2010) Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensal-
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando mente ao juízo da execução cópia do registro de todos os conde-
o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido nados que estejam trabalhando ou estudando, com informação
por falta grave, desatender as condições impostas na autorização dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de
ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. atividades de ensino de cada um deles. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária 12.433, de 2011)
dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da § 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimen-
punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do conde- to penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração
nado. da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento
escolar. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
SEÇÃO IV § 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos.
DA REMIÇÃO (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de in-
ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do struir pedido de remição.
tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de
2011). SEÇÃO V
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo
escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profis- Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e
sionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, Conselho Penitenciário.
de 2011) Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído que fica subordinado o livramento.
pela Lei nº 12.433, de 2011) § 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo obrigações seguintes:
poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto
de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades para o trabalho;
educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
pela Lei nº 12.433, de 2011) c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução,
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas sem prévia autorização deste.
diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se com- § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre
patibilizarem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) outras obrigações, as seguintes:
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autor-
trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. idade incumbida da observação cautelar e de proteção;
(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) b) recolher-se à habitação em hora fixada;
§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será c) não freqüentar determinados lugares.
acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino funda- d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
mental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca
que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.(In- do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramento
cluído pela Lei nº 12.433, de 2011) ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou incumbida da observação cautelar e de proteção.
semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de apre-
pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profis- sentar-se imediatamente às autoridades referidas no artigo ante-
sional, parte do tempo de execução da pena ou do período de pro- rior.
va, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento, os
pela Lei nº 12.433, de 2011) autos baixarão ao Juízo da execução, para as providências cabíveis.
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livra-
cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) mento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) vias, remeten-
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o do-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e
Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) outra ao Conselho Penitenciário.

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Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários indicados
solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho Peni- no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos
tenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei
observando-se o seguinte: nº 12.313, de 2010).
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz
condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou mem- poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o
bro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz; Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional,
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
para as condições impostas na sentença de livramento; Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do
III - o liberando declarará se aceita as condições. Ministério Público ou mediante representação do Conselho Peni-
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por tenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o
quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, prazo do livramento sem revogação.
se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da ex- SEÇÃO VI
ecução. DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.258, DE 2010)
entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma
caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa, Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
sempre que lhe for exigida. Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da mon-
§ 1º A caderneta conterá: itoração eletrônica quando: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
a) a identificação do liberado; I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
b) o texto impresso do presente Capítulo; II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; (Incluí-
c) as condições impostas. do pela Lei nº 12.258, de 2010)
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um sal- III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
vo-conduto, em que constem as condições do livramento, podendo IV - determinar a prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 12.258,
substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição de 2010)
dos sinais que possam identificá-lo. V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, de
para consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo 2010)
132 desta Lei. Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes
serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Comunidade deveres: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
terão a finalidade de: I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração
I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;
na sentença concessiva do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar
obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa. de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de
Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cau- permitir que outrem o faça; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
telar e da proteção do liberado apresentará relatório ao Conselho III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143 Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos
e 144 desta Lei. neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvi-
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á nas dos o Ministério Público e a defesa: (Incluído pela Lei nº 12.258, de
hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código Penal. 2010)
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipó- I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
tese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o liberado ou II - a revogação da autorização de saída temporária; (Incluído
agravar as condições. pela Lei nº 12.258, de 2010)
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal ante- III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
rior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de cum- IV - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
primento da pena o período de prova, sendo permitida, para a con- V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
cessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas. VI - a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se com- 12.258, de 2010)
putará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampou- VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz
co se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento. da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas nos
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.258, de
Ministério Público, mediante representação do Conselho Peni- 2010)
tenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: (In-
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi- cluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
co, da Defensoria Pública ou mediante representação do Conselho I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; (Incluído
Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condições pela Lei nº 12.258, de 2010)
especificadas na sentença, devendo o respectivo ato decisório ser
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II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver minar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de
sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. (Incluído pela recuperação e reeducação. (Redação dada pela Lei nº 14.344,
Lei nº 12.258, de 2010) de 2022) Vigência
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará, men-
CAPÍTULO II salmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado.

SEÇÃO I SEÇÃO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS DA INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade
restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimen- competente a pena aplicada, determinada a intimação do conde-
to do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para nado.
tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, inciso I,
públicas ou solicitá-la a particulares. do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) horas,
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivad- contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a
amente, alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação execução terá seu início.
de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, aju- § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Código Penal,
stando-as às condições pessoais do condenado e às características o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que
do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou autorizam o exercício do direito interditado.
estatal. Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente ao
Juiz da execução o descumprimento da pena.
SEÇÃO II Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo poderá
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ser feita por qualquer prejudicado.

Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: CAPÍTULO III


I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o
condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a 4
aptidões; (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberdade, não supe-
II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da rior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código
entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena; Penal.
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modifi- Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena priv-
cações ocorridas na jornada de trabalho. ativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, de-
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será verá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicion-
realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de al, quer a conceda, quer a denegue.
modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições
estabelecidos pelo Juiz. a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado, começando este a
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro com- correr da audiência prevista no artigo 160 desta Lei.
parecimento. § 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação pessoal
Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços do condenado, devendo ser incluída entre as mesmas a de prestar
encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circun- serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, salvo hipó-
stanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar. § 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimen-
to do Ministério Público ou mediante proposta do Conselho Pen-
SEÇÃO III itenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sen-
DA LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA tença, ouvido o condenado.
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas
Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas,
condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da
cumprir a pena. Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços,
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público,
primeiro comparecimento. ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o normas supletivas.
tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade
educativas. fiscalizadora, para comprovar a observância das condições a que
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou
contra a criança, o adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou proventos de que vive.
degradante, ou de uso de formas violentas de educação, correção
ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá deter-
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§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de
ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de direito;
acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher men-
modificação das condições. salmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada.
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comu- Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164
nicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local da nova residên- desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da
cia, aos quais o primeiro deverá apresentar-se imediatamente. multa em prestações mensais, iguais e sucessivas.
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for concedi- § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências
da por Tribunal, a este caberá estabelecer as condições do benefício. para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal modificar Ministério Público, fixará o número de prestações.
as condições estabelecidas na sentença recorrida. § 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da pena, econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Públi-
poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de co, revogará o benefício executando-se a multa, na forma prevista
estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada.
realizar a audiência admonitória. Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativa-
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz mente com pena privativa da liberdade, enquanto esta estiver sen-
a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das conseqüên- do executada, poderá aquela ser cobrada mediante desconto na
cias de nova infração penal e do descumprimento das condições remuneração do condenado (artigo 168).
impostas. § 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a multa, far-
20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificadamente à audiên- se-á a cobrança nos termos deste Capítulo.
cia admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada im- § 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos em
ediatamente a pena. que for concedida a suspensão condicional da pena.
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e a
prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e TÍTULO VI
respectivos parágrafos do Código Penal. DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota
de suspensão em livro especial do Juízo a que couber a execução CAPÍTULO I
da pena. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato aver-
bado à margem do registro. Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução.
de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo Ministério Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e
Público, para instruir processo penal. Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial,
para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida
CAPÍTULO IV pela autoridade judiciária.
DA PENA DE MULTA Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulato-
rial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa
trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o incumbida da execução e conterá:
Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do I - a qualificação do agente e o número do registro geral do
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa órgão oficial de identificação;
ou nomear bens à penhora. II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósi- medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado;
to da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou
bens quantos bastem para garantir a execução. do tratamento ambulatorial;
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao ade-
seguirão o que dispuser a lei processual civil. quado tratamento ou internamento.
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos aparta- § 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de recolhi-
dos serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento. mento e de sujeição a tratamento.
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modificações
prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei. quanto ao prazo de execução.
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa quando Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segurança,
sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 do Código Penal). naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° desta Lei.
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa se
efetue mediante desconto no vencimento ou salário do condenado,
nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, observando-se o
seguinte:
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte
da remuneração e o mínimo o de um décimo;
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CAPÍTULO II d) praticar falta grave;


DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liber-
dade, cuja execução não tenha sido suspensa.
Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada no fim § 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida
do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame quando o condenado não comparecer ao estabelecimento desig-
das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte: nado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das le-
o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso tras “a”, “d” e “e” do parágrafo anterior.
relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanên- § 3º A pena de interdição temporária de direitos será conver-
cia da medida; tida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito in-
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; terditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras “a” e “e”,
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, do § 1º, deste artigo.
serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um; Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde
o tiver; mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá deter-
poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de minar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação
duração mínima da medida de segurança; dada pela Lei nº 12.313, de 2010).
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se ref- Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em
ere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida.
(cinco) dias. Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo míni- será de 1 (um) ano.
mo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da execução,
diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do CAPÍTULO II
interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que DO EXCESSO OU DESVIO
se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos ter-
mos do artigo anterior. Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessação da algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em
periculosidade, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto normas legais ou regulamentares.
no artigo anterior. Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de liberação (ar- execução:
tigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o disposto nos artigos I - o Ministério Público;
132 e 133 desta Lei. II - o Conselho Penitenciário;
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá or- III - o sentenciado;
dem para a desinternação ou a liberação. IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.

TÍTULO VII CAPÍTULO III


DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO DA ANISTIA E DO INDULTO

CAPÍTULO I Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a requerimento


DAS CONVERSÕES do interessado ou do Ministério Público, por proposta da autori-
dade administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) a punibilidade.
anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que: Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por petição
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena; Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos documentos
ser a conversão recomendável. que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em priva- elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério
tiva de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus inci- da Justiça.
sos do Código Penal. Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do pro-
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será con- cesso e do prontuário, promoverá as diligências que entender
vertida quando o condenado: necessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, fundamentos da sentença condenatória, a exposição dos antece-
ou desatender a intimação por edital; dentes do condenado e do procedimento deste depois da prisão,
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou progra- emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido e esclarecendo
ma em que deva prestar serviço; qualquer formalidade ou circunstâncias omitidas na petição.
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe
foi imposto;
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com documentos § 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades Federati-
e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição será submetida a vas, em convênio com o Ministério da Justiça, projetar a adaptação,
despacho do Presidente da República, a quem serão presentes os construção e equipamento de estabelecimentos e serviços penais
autos do processo ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele previstos nesta Lei.
o determinar. § 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providenciada a
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do aquisição ou desapropriação de prédios para instalação de casas de
decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos albergados.
termos do decreto, no caso de comutação. § 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Criminal e Peni-
o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Pú- tenciária, mediante justificada solicitação, instruída com os projetos
blico, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autoridade de reforma ou de construção de estabelecimentos.
administrativa, providenciará de acordo com o disposto no artigo § 4º O descumprimento injustificado dos deveres estabelecidos
anterior. para as Unidades Federativas implicará na suspensão de qualquer
ajuda financeira a elas destinada pela União, para atender às desp-
TÍTULO VIII esas de execução das penas e medidas de segurança.
DO PROCEDIMENTO JUDICIAL Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a
lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revogadas as dis-
Art. 194. O procedimento correspondente às situações pre- posições em contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de out-
vistas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da ubro de 1957.
execução.
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a req-
uerimento do Ministério Público, do interessado, de quem o repre- QUESTÕES
sente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante proposta
do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa.
Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em 3 1. Nos moldes da Lei Federal n° 10.826/2003, a comercialização
(três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando não figurem de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas so-
como requerentes da medida. mente será efetivada mediante autorização
§ 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz decidirá (A) do Sinarm.
de plano, em igual prazo. (B) da Polícia Militar.
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova pericial (C) da Polícia Federal.
ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a produção daquela ou (D) do Exército.
na audiência designada. (E) da Guarda Municipal.
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de
agravo, sem efeito suspensivo. 2. Considere que Flora é ocupante de cargo de Guarda Muni-
cipal Feminino de um Município com 90 mil habitantes, que não
TÍTULO IX integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação hipotética,
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS a Lei Federal n° 10.826/2003 estabelece, expressamente, que Flora
(A) não tem direito a usar arma de fogo em serviço.
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução penal, (B) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora dele.
e ao servidor, a divulgação de ocorrência que perturbe a segurança (C) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de Guarda
e a disciplina dos estabelecimentos, bem como exponha o preso à Feminino.
inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da pena. (D) tem direito a usar arma de fogo em serviço.
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por decreto (E) deve usar a sua arma de fogo particular quando em serviço.
federal. (Regulamento)
Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao 3. Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência
trabalho. do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o cumprimen- sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e
to da prisão civil e da prisão administrativa se efetivará em seção munição, assinale a opção correta.
especial da Cadeia Pública. (A) Para a configuração do tráfico internacional de arma de
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha fogo, acessório ou munição, não basta apenas a procedência
corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial estrangeira do artefato, sendo necessária a comprovação da
ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à conde- internacionalidade da ação.
nação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração pe- (B) Em razão do princípio da mínima lesividade, aquele que de-
nal ou outros casos expressos em lei. tém o porte legal não responderá pelo crime de importar arma
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publicação de fogo sem autorização da autoridade competente.
desta Lei, serão editadas as normas complementares ou regulam- (C) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou
entares, necessárias à eficácia dos dispositivos não auto-aplicáveis. munição foi abrangido pela abolitio criminis temporária previs-
ta na referida lei.

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(D) A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ainda (C) os homicídios praticados não são hediondos, pois pratica-
que comprovada por laudo pericial, não é excludente de tipi- dos por um agente
cidade. (D) os homicídios praticados são hediondos por serem pratica-
(E) O princípio da consunção aplica-se no caso de haver apre- dos em comunidades pobres
ensão de armas de fogo e munições de uso permitido e restrito
em um mesmo contexto fático. 8. Camila é investigadora da Polícia Civil, sendo ferida grave-
mente em confronto com grupo de pessoas portando armas de
4. Conforme dispõe a Lei n° 10.826, de 2003, a posse irregu- grosso calibre. Nos termos da Lei nº 8.072/90, é considerado crime
lar de arma de fogo de uso permitido (possuir ou manter sob sua hediondo o praticado dolosamente contra agente de segurança que
guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em resulte em:
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior (A) lesão corporal de natureza leve
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de (B) lesão corporal de natureza média
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabe- (C) lesão corporal de natureza gravíssima
lecimento ou empresa) constitui crime sancionável com a seguinte (D) lesão corporal de natureza grave
pena:
(A) detenção, de 1 a 2 anos, e multa. 9. Conforme a Lei n.º 8.072/1990, é considerado hediondo o
(B) reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. crime de
(C) detenção, de 1 a 3 anos, e multa. (A) favorecimento da prostituição ou de outra forma de explo-
(D) reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. ração sexual de mulheres.
(E) reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. (B) infanticídio.
(C) extorsão qualificada por qualquer resultado.
5. De acordo com o Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826, (D) lavagem de dinheiro.
de 2003), compete ao Sistema Nacional de Armas – Sinarm: (E) epidemia com resultado morte.
1. cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como con-
ceder licença para exercer a atividade. 10. Segundo o que dispõe a legislação nacional acerca dos cri-
2. identificar as características e a propriedade de armas de mes hediondos (Lei n° 8.072/1990),
fogo, mediante cadastro. (A) o feminicídio não consta do rol dos crimes hediondos.
3. cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vincu- (B) o crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma
ladas a procedimentos policiais e judiciais. de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerá-
4. cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendi- vel é hediondo.
das no País e no exterior. (C) o crime de corrupção é definido como hediondo de acordo
com o ordenamento jurídico.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. (D) o delito de exposição a perigo embarcação ou aeronave,
(A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir
(B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea é hediondo,
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. conforme o Código Penal.
(D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. (E) o crime de lesão corporal dolosa, em nenhuma de suas mo-
(E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. dalidades, é, para efeito da lei brasileira, hediondo.

6. Geromel é Delegado da Polícia Civil do Estado JJ e recebe da 11. Marque a alternativa incorreta:
polícia repressiva dois indivíduos acusados por crime considerado (A) A extinção da punibilidade do crime principal não se esten-
hediondo, os quais recolhe para as instalações carcerárias. Poste- de ao crime acessório.
riormente, recebe requerimento de advogado constituído para re- (B)São efeitos automáticos da condenação tornar certa a obri-
laxar a prisão dos acusados. Nos termos da Lei nº 8.072/90, não é gação de indenizar o dano causado pelo crime, e a incapacida-
possível arbitrar para os crimes nela tipificados: de para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela
(A) caução nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos con-
(B) seguro tra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra
(C) fiança filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou cura-
(D) garantia telado.
(C) Nos termos da Lei n° 7.716/1989, que define os crimes re-
7. Daniel é Delegado da Polícia Civil e encabeça investigação sultantes de preconceito de raça ou de cor, constitui efeito da
sobre múltiplos assassinatos ocorridos na periferia do município condenação a perda do cargo ou função pública, para o servi-
HO. Como fruto dessas investigações, descobre que o autor de três dor público, e a suspensão do funcionamento do estabeleci-
crimes é VR, alcunha “Caolho”, pertencente a grupo de extermínio mento particular por prazo não superior a 3 (três) meses; no
que atua em alguns bairros do município. Nos termos da Lei nº entanto, tais efeitos não são automáticos, devendo ser motiva-
8.072/90, pode ser afirmado que: damente declarados na sentença.
(A) os homicídios praticados são caracterizados como crimes (D)É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
hediondos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro)
(B) os homicídios praticados pela ausência de qualificação não anos, se favoráveis as circunstâncias judicias.
são hediondos
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12. Considere: (B) o impedimento ou recusa da matrícula de aluno em estabe-


I. Jadson, empregado de determinada empresa privada, por mo- lecimentos oficiais de educação básica.
tivo de discriminação de raça, teve impedida sua ascensão funcional (C) a recusa, a negação ou tolhimento da inscrição de aluno em
por seu chefe Flávio. estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.
II. Alisson exigiu, em anúncio de recrutamento de trabalhado- (D) a recusa do estabelecimento público ou privado de ensino
res, aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego em disponibilizar documento comprobatório do rendimento es-
cujas atividades não justifiquem essas exigências. colar e de percentuais de frequência do aluno.
(E) a denegação de certificado de conclusão ou diploma de ní-
De acordo com a Lei Federal nº 7.716/1989, que define os cri- veis ou etapas de educação básica ou superior em estabeleci-
mes resultantes de preconceito de raça ou de cor, Flávio mentos públicos de ensino.
(A) ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade 16. O funcionário público que submeter pessoa sob sua guarda
racial, enquanto que Alisson incorrerá na pena de reclusão. ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei
(B) incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson ficará responderá criminalmente por
sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comu- (A) constrangimento ilegal.
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial. (B)exposição a perigo.
(C)incorrerá na pena de detenção, enquanto que Alisson ficará (C) maus-tratos.
sujeito às penas de multa ou de prestação de serviços à comu- (D)calúnia.
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial. (E) abuso de autoridade.
(D)incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson ficará
sujeito à pena de detenção, não se sujeitando à prestação de 17. Constitui-se abuso de autoridade:
serviços à comunidade. (A) constranger alguém com emprego de violência ou grave
(E) e Alisson incorrerão na pena de reclusão, ficando, ainda, su- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental para provo-
jeitos às penas de multa ou de prestação de serviços à comu- car ação ou omissão de natureza criminosa;
nidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial. (B) submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento fí-
13. O sujeito que dispõe em seu estabelecimento comercial re- sico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou me-
gra, recusando ou impedindo acesso ao estabelecimento, negando- dida;
-se a servir, atender ou receber clientes ou compradores em razão de (C) constranger alguém com emprego de violência ou grave
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional cometerá o delito ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:com o fim
(A) de calúnia. de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
(B) contra a relação de consumo. terceira pessoa;
(C) de racismo. (D) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
(D)de injúria preconceituosa. prestar fiança, permitida em lei;
(E) de homofobia. (E) constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: em razão de
14. Segundo a Lei nº 7.716/1989, é crime resultante de discri- discriminação racial ou religiosa.
minação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional, impedir 18. Analise as alternativas abaixo, e marque a CORRETA.
(A) a ascensão funcional de servidores públicos estatutários, ex- (A) Aquele que foi vítima do abuso de autoridade poderá re-
cluindo-se os prestadores de serviço em regime celetista. presentar a suposta autoridade culpada, dirigindo petição a
(B) a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma qualquer órgão do Ministério Público, independentemente, da
de benefício profissional, excluídos os cargos da administração competência daquela Instituição para iniciar o processo junto à
pública indireta. autoridade culpada.
(C) o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da admi- (B)O direito de representação será exercido por meio de peti-
nistração pública, bem como das concessionárias de serviços ção, dirigida à autoridade superior que tiver competência legal
públicos. para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva
(D)o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da ad- sanção administrativa ou penal, tão somente.
ministração direta, o que não se aplica aos entes privados em (C) Estão sujeitos à prática de crime de abuso de autoridade
regime de concessão de serviços públicos. toda autoridade pública, que exerça cargo, emprego ou função
pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente
15. A Lei Federal n° 7.716/1989, define os crimes resultantes do e com ou sem remuneração.
preconceito de raça ou de cor no território nacional. No conjunto (D)Não pode constituir abuso de autoridade qualquer atentado
dos crimes tipificados um deles diz respeito às interações de indiví- praticado à liberdade de locomoção, por parte da autoridade
duos negros ou pretos, homens e mulheres, com a educação escolar apontada durante licença ou férias remuneradas.
e quando houver E) Quando o abuso for cometido por agente de autoridade poli-
(A). processos recorrentes de reprovação e retenção de aluno cial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada
em cursos sequenciais e presenciais de educação escolar – bá- a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
sica ou superior. funções de natureza policial ou militar no município da culpa,
por prazo de cinco a dez anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

19. Leia as afirmativas a seguir: Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
I. É vedado ao servidor público prejudicar deliberadamente a (A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles depen- (B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
dam. (C)São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
II. Constitui abuso de autoridade levar à prisão e nela deter (D)São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei. (E)São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Marque a alternativa CORRETA: 23. Acerca do crime de tortura, previsto na Lei 9455/97, é IN-
(A) As duas afirmativas são verdadeiras. CORRETO afirmar que
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. (A) configura tortura constranger alguém com emprego de
(C)A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
(D)As duas afirmativas são falsas. mental, com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa.
20. Leia as afirmativas a seguir: (B)configura tortura constranger alguém com emprego de
I. O atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
exercício do voto, ao direito de reunião e à incolumidade física do mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa.
indivíduo são legais e permitidos quando realizados por um funcio- (C)configura tortura constranger alguém com emprego de
nário público concursado. violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
II. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado aos direi- mental, em razão de discriminação racial ou religiosa.
tos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (D) na mesma pena do crime de tortura incorre quem submete
pessoa presa ou sujeita a(à) medida de segurança a sofrimento
Marque a alternativa CORRETA: físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
(A) As duas afirmativas são verdadeiras. em lei ou não resultante de medida legal.
(B)A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. (E) na mesma pena incorre quem se omite em face das condu-
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. tas descritas como tortura, quando tinha o dever de evitá-las
(D) . As duas afirmativas são falsas. ou apurá-las.

21. A respeito da Lei no 9.455/1997 (Lei da Tortura), assinale a 24. A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº
alternativa correta. 9.455/1997, assinale a alternativa correta.
(A) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, (A) A pena prevista para o crime de tortura consistente em sub-
ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando, inclusi- meter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com em-
ve, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o crime prego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
de tortura. ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
(B) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos.
autoridade entre o sujeito ativo e o passivo. (B)A pena prevista para aquele que se omite em face de condu-
(C) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o ele- tas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha o dever
mento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há o animus de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos.
corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente tem (C) O agente público que pratica uma das condutas que caracte-
esse ânimo, além de agir com ódio, com vontade de ver um rizam crimes de tortura terá a pena aumentada em dois terços.
sofrimento desnecessário, com sadismo. (D) O agente público condenado por crime de tortura perderá o
(D)O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime de tor- cargo, função ou emprego público e sofrerá interdição para seu
tura é apenas a integridade corporal e a saúde física. exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
(E)O dolo específico não constitui elementar fundamental para (E) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é
a configuração das modalidades do crime de tortura previstas suscetível de anistia.
no art. 1o da Lei no 9.455/1997.
25. Aquele que constranger alguém com emprego de violência
22. Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei n° ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o
9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura e dá fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
outras providências. terceira pessoa, pratica crime de:
1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um (A) homicídio.
terço se o crime é cometido mediante sequestro. (B)omissão de socorro.
2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de (C) maus-tratos.
reclusão de oito a doze anos. (D) tortura.
3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou (E) constrangimento ilegal.
anistia.
4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão cor-
poral de natureza grave ou gravíssima, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.

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26. O Estatuto da Criança e do Adolescente, sob a Lei nº 8.069, Estão corretas as afirmativas
de 13 de julho de 1990 é o principal instrumento normativo do Bra- (A) I e II, apenas.
sil, o qual determina os direitos e garantias fundamentais a crianças (B)I e III, apenas.
e adolescentes. Assegurados nessa lei, analise as assertivas e assi- (C) II e III, apenas.
nale a alternativa correta. (D) I, II e III.
I. A garantia de prioridade compreende entre outros aspectos
a preferência de receber proteção e socorro em quaisquer circuns- 29. O acompanhamento domiciliar é previsto expressamente
tâncias. no Estatuto da Criança e do Adolescente
II. Compete ao poder público proporcionar assistência psicoló- (A) para o atendimento das crianças na faixa etária da primeira
gica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer
forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerpe- natureza, se necessário.
ral. (B)nas hipóteses de desistência dos genitores da entrega de
III. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças criança após o nascimento, pelo prazo de 180 dias.
acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) (C) para crianças e adolescentes reintegrados à sua família na-
dias, contado a partir do dia do acolhimento. tural ou extensa após a permanência em serviços de acolhi-
IV. Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em mento institucional.
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com (D) às gestantes que apresentem gravidez de alto risco à saúde
doença crônica. e ao desenvolvimento do nascituro.
(E) às crianças detectadas com sinais de risco para o desenvol-
(A)Apenas I e II estão corretas. vimento biopsicossocial por meios dos protocolos padroniza-
(B)Apenas I, II e III estão corretas. dos de avaliação.
(C) Apenas III e IV estão corretas
(D) Todas as alternativas estão corretas. 30. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente,
analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
27. Com base na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, conhe- I. Para efeitos desta Lei, considera-se criança a pessoa até 12
cida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), analise as anos de idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 18 anos
seguintes afirmativas. de idade.
I. A efetivação de direitos da criança e do adolescente referen- II. Tem garantia de prioridade a precedência de atendimentos
tes à vida, à saúde, à alimentação, ao esporte, entre outros, devem nos serviços públicos ou de relevância pública.
ser assegurados pela família, comunidade, sociedade em geral e III. As gestantes ou mães que manifestarem interesse em entre-
pelo poder público. gar seus filhos para adoção serão necessariamente encaminhadas
II. Diante do interesse de uma gestante ou mãe desejar entre- ao Conselho Tutelar de sua cidade para dar início ao processo.
gar seus filhos para a adoção, essas mulheres devem ser encami- IV. A garantia à convivência da criança e do adolescente com a
nhadas à Justiça da Infância e da Juventude, sem constrangimento. mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas,
só será possível mediante a autorização judicial previamente soli-
III. Acriança e o adolescente devem ter, assegurados pelo Es- citada.
tado, o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para V. Será garantida a convivência integral da criança com a mãe
os que a ele não tiveram acesso na idade própria, a progressiva ex- adolescente que estiver em acolhimento institucional.
tensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio e aten- (A)Apenas I, II e V estão corretas.
dimento educacional especializado aos portadores de deficiência, (B)Apenas I, III e IV estão corretas.
preferencialmente na rede regular de ensino. (C) Apenas II, IV e V estão corretas.
(D) Apenas II, III e IV estão corretas.
Estão corretas as afirmativas (E)Todas estão corretas.
(A) I, II e III.
(B)I e II, apenas. 31. Com base na Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, que
(C) I e III, apenas. rege o Estatuto do Idoso, assinale a alternativa incorreta.
(D) II e III, apenas. (A) É dever exclusivo da família prevenir a ameaça ou a violação
aos direitos do idoso.
28. O capítulo V, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (B)As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção
trata das questões ligadas ao direito à profissionalização e à prote- outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
ção no trabalho. Com base nesse capítulo, analise as seguintes afir- (C) Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direi-
mativas, em relação aos adolescentes empregados, aprendizes, em to a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as
regime familiar de trabalho e alunos de escolas técnicas assistidos condições adequadas para a sua permanência em tempo inte-
em entidade governamental ou não governamental. gral, segundo o critério médico.
I. É proibido o trabalho noturno, realizado entre as 22h de um (D) É considerado como violência contra o idoso qualquer ação
dia e as cinco horas do dia seguinte. ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cau-
II. Esses adolescentes não podem ser expostos a trabalhos pe- se morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
rigosos, insalubres e / ou penosos.
III. Qualquer tipo de trabalho poderá ser realizado em horários
e locais que coincidam com o horário de frequência à escola.
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32. Sobre as medidas de proteção e a política de atendimen- (A) do cadastramento da população idosa em base territorial.
to ao idoso, previstas na Lei nº 10.741/2003, assinale a alternativa (B)da prática de esportes e de diversões.
correta. (C) da participação na vida familiar e comunitária.
(A).As medidas de proteção são aplicáveis apenas quando hou- (D) da faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
ver processo judicial que ateste ter sido o idoso vítima de omis- (E) da inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral,
são ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento. abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da auto-
(B) As medidas de proteção ao idoso não poderão ser aplicadas nomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos
cumulativamente. pessoais.
(C) As entidades governamentais e não-governamentais de
atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do 36. No que se refere a organização criminosa, assinale a opção
Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos correta, com base na Lei n.º 12.850/2013.
em lei. (A)Organização criminosa não configura um tipo penal incrimi-
(D) As entidades governamentais e não-governamentais de as- nador autônomo, mas meramente a forma de praticar crimes.
sistência ao idoso se sujeitam à inscrição de seus programas, (B)A associação estável e permanente de três ou mais pessoas
junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária sendo fiscali- para a prática de crimes é requisito para a configuração de or-
zadas apenas pelos Conselhos dos Idosos no âmbito Municipal, ganização criminosa.
e em sua falta, Estadual ou Nacional. (C) É circunstância elementar da organização criminosa a finali-
(E) O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao dade de obtenção de vantagem de qualquer natureza median-
idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar te a prática de infrações penais, consumando-se com a prática,
em detrimento do idoso, não sendo aplicáveis a ele sanções pelos membros da organização, de quaisquer ilícitos com pe-
administrativas. nas máximas superiores a quatro anos.
(D) É circunstância elementar da organização criminosa a es-
33. Os direitos fundamentais dos idosos estão descritos em trutura ordenada, caracterizada pela divisão formal de tarefas
vários capítulos da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que entre os membros da sociedade criminosa.
dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. (E)Organização criminosa é crime comum, não exigindo quali-
Sobre esses direitos fundamentais, é incorreto afirmar: dade ou condição especial do agente, mas terá pena aumenta-
(A) O direito à liberdade compreende aspectos tais como a fa- da se houver concurso de funcionário público e a organização
culdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços valer-se dessa condição para a prática de infrações penais.
comunitários, ressalvadas restrições legais, emitir opinião e ex-
pressão, praticar esportes e diversões, entre outras elementos. 37. Abel é investigador da Polícia Federal, sendo integrante de
(B) . O idoso tem direito à prevenção e à manutenção à saúde, equipe que trabalha em inquérito sobre organizações criminosas.
que serão efetivadas por meio de cadastramento da população Como orientação da chefia do setor especializado, busca utilizar to-
idosa em base territorial, atendimento geriátrico e gerontológi- das as autorizações legais para produzir provas. Nos termos da Lei
co em ambulatórios, e de atendimento em unidades geriátricas nº 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova consiste em:
de referência, especializadas nas áreas de geriatria e geronto- (A)investigação social
logia social. (B)decisão judicial prévia
(C) No que se refere à profissionalização e ao trabalho, o idoso (C) colaboração premiada
não tem direito a qualquer exercício profissional, independen- (D) ato de execução
temente de suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.
(D) É direito do idoso acessar a uma moradia digna, que poderá 38. As penas do crime de promover, constituir, financiar ou in-
ser com a família natural ou substituta, desacompanhado, se tegrar organização criminosa, do art. 2° da Lei n° 12.850/13, são
tiver esse desejo e, ainda, em instituição pública ou privada. aumentadas de 1/6 a 2/3, nos termos do parágrafo 4° , se
(A)houver impedimento ou, de qualquer forma, embaraçar-se
34. Assinale a alternativa correta nos termos da Lei nª 10.741, a investigação de infração penal cometida no seio da organiza-
de 1ª de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. ção criminosa.
(A) A obrigação alimentar é dever da família, não podendo o (B)na atuação da organização criminosa houver emprego de
idoso optar entre os prestadores. arma de fogo.
(B)Nos veículos de transporte coletivo, serão reservados 20% (C) houver concurso de funcionário público, valendo-se a or-
dos assentos para os idosos. ganização criminosa dessa condição para a prática de infração
(C) É permitida a discriminação do idoso nos planos de saúde, penal.
com a cobrança de valores diferenciados em razão da idade. (D) o acusado exercer o comando, individual ou coletivo, da
(D) Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente
terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em atos de execução.
caso de emergência. (E)das ações diretas ou indiretas da organização criminosa re-
(E) É assegurada prioridade na tramitação dos processos judi- sultar morte.
ciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com
idade igual ou superior a 55 anos.

35. Conforme o Estatuto da Pessoa Idosa, a prevenção e a ma-


nutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio
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39. Tendo em conta a Lei das Organizações Criminosas, assinale 42. Em relação à prova obtida por meio de interceptação tele-
a alternativa correta. fônica e ao sigilo telefônico, assinale a opção correta, tendo como
(A)A interceptação telefônica, uma vez autorizada pela Auto- referência a Lei n.º 9.296/1996 e o entendimento doutrinário e ju-
ridade Judicial, em se tratando de crime praticado por organi- risprudencial dos tribunais superiores.
zação criminosa, poderá ser automaticamente renovada, pela (A)A prova obtida por força de interceptação telefônica judicial-
Autoridade Policial. mente autorizada poderá, a título de prova emprestada, sub-
(B)O acesso a dados cadastrais de investigados, tais como en- sidiar denúncia em outro feito que investigue crime apenado
dereço, qualificação e filiação, quando solicitados a administra- com detenção.
doras de cartão de crédito e provedores de internet, depen- (B) A quebra do sigilo de dados telefônicos pertinentes aos da-
dem de autorização judicial. dos cadastrais de assinante e aos números das linhas chamadas
(C)Determinado o depoimento do investigado, é assegurado e recebidas submete-se à disciplina da referida legislação.
ao defensor acesso aos autos, com antecedência mínima de 3 (C) A referida lei de regência condiciona a possibilidade de
(três) dias, desde que o feito não seja sigiloso. imposição da medida de interceptação telefônica na fase de
(D) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investi- investigação criminal à instauração do inquérito policial com-
gação será autorizada, inicialmente, pelo prazo de até 6 (seis) petente.
meses, sendo possíveis renovações, desde que comprovada a (D) Para a determinação da interceptação telefônica, é neces-
necessidade. sário juízo de certeza a respeito do envolvimento da pessoa a
(E)A ação controlada, consistente no retardamento da inter- ser investigada na prática do delito em apuração.
venção policial à atividade praticada por organização crimino- (E)Gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem
sa, poderá ser adotada, de ofício, pela Autoridade Policial, sem o conhecimento do outro e sem autorização judicial caracteriza
necessidade de prévia comunicação à Autoridade Judicial. meio ilícito de prova por violar o direito à intimidade constitu-
cionalmente protegido.
40. A respeito da colaboração do autor, coautor ou partícipes,
com as autoridades policiais e judiciárias, a fim de redução ou exclu- 43. No que tange a interceptação das comunicações telefônicas
são de pena, prevista na Lei de Drogas, Lavagem de Dinheiro, Orga- e a disposições relativas a esse meio de prova, previstas na Lei n.º
nização Criminosa e Crime Hediondo, assinale a alternativa correta. 9.296/1996, assinale a opção correta.
(A)A colaboração constante da Lei de Drogas prevê isenção de (A)A referida medida poderá ser determinada no curso da in-
pena ao acusado ou indiciado que colaborar na identificação de vestigação criminal ou da instrução processual destinada à
demais coautores e possibilitar a recuperação total do produto apuração de infração penal punida, ao menos, com pena de
do crime. detenção.
(B)A colaboração prevista na Lei dos Crimes Hediondos, para o (B) A existência de outros meios para obtenção da prova não
crime de extorsão mediante sequestro praticado por mais de impedirá o deferimento da referida medida.
um agente, prevê isenção de pena àquele que o denunciar à (C) O deferimento da referida medida exige a clara descrição do
autoridade, desde que resulte na libertação do sequestrado. objeto da investigação, com indicação e qualificação dos inves-
(C) A colaboração premiada prevista na Lei de Organização Cri- tigados, salvo impossibilidade manifesta justificada.
minosa poderá ser realizada tanto na fase investigatória quanto (D) A utilização de prova obtida a partir da referida medida para
na fase judicial, mas não após sentença. fins de investigação de fato delituoso diverso imputado a ter-
(D) A colaboração premiada prevista na Lei de Organização Cri- ceiro não é admitida.
minosa poderá implicar perdão judicial e substituição da pena (E) A decisão judicial autorizadora da referida medida não po-
privativa de liberdade por restritiva de direito ao colaborador, derá exceder o prazo máximo de quinze dias, prorrogável uma
na hipótese de recuperação total ou parcial do produto de cri- única vez pelo mesmo período.
me.
(E)O não oferecimento de denúncia em face do autor colabora- 44. Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
dor é taxativamente prevista na Lei de Organização Criminosa e investigação criminal ou instrução processual penal, a quebra do
Lavagem de Dinheiro. sigilo de comunicações telefônicas pode ser determinada
(A) . pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
41. De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a interceptação de (B) pelo Poder Judiciário, somente.
comunicações telefônicas (C)por autoridade policial e pelo Ministério Público.
(A)poderá ser determinada de ofício por delegado. (D) pela fiscalização tributária, somente.
(B)não será admitida se a prova puder ser obtida por outros (E)pelo Ministério Público, somente.
meios disponíveis.
(C) será admitida somente nos casos de crimes em que a pena
mínima for igual ou superior a dois anos de detenção.
(D) será conduzida por membro do Ministério Público, com vis-
tas ao delegado, que poderá acompanhar os procedimentos.
(E)poderá ser prorrogada a cada trinta dias, desde que respei-
tado o prazo máximo legal de trezentos e sessenta dias.

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45. Assinale a alternativa correta com relação às disposições 48. As Juntas Eleitorais são órgãos da Justiça Eleitoral e tem
processuais penais especiais. previsão expressa no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965). Sobre o
(A) . A transação penal prevista na Lei dos Juizados Especiais assunto, assinale a alternativa correta:
Criminais é aplicável aos crimes praticados contra a violência (A) Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que
doméstica. será o presidente, e de 4 (quatro) cidadãos de notória idonei-
(B)Na colaboração premiada em crimes de organização crimi- dade. Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60
nosa, o juiz poderá reduzir a pena privativa de liberdade em até (sessenta) dia antes da eleição, depois de aprovação do Tribu-
1/3, desde que a personalidade do colaborador, a natureza, as nal Superior, pelo presidente deste, a quem cumpre também
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato crimi- designar-lhes a sede
noso sejam adequadas à benesse. (B)Compete à Junta Eleitoral expedir diploma aos eleitos para
(C) O juiz está adstrito às condições previstas na Lei na hipóte- cargos municipais. Nos municípios onde houver mais de uma
se de oferecimento de proposta de suspensão condicional do junta eleitoral a expedição dos diplomas será feita pelo que for
processo. presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais envia-
(D) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e va- rão os documentos da eleição
lores deve ser observado o procedimento processual especial (C)Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutina-
previsto na legislação em vigor. dores ou auxiliares, dentre outros, os candidatos e seus paren-
(E)Não será deferida a interceptação de comunicações telefô- tes, ainda que por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, e
nicas quando o fato criminoso investigado for punido, no máxi- bem assim o cônjuge ou companheiro
mo, com pena de detenção. (D) Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cida-
dãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em
46. No que se refere à inelegibilidade relativa por motivo fun- número capaz de atender a boa marcha dos trabalhos, sempre
cional, é correto afirmar que que houver mais de dez urnas a apurar
(A)para concorrem a outros cargos, o Presidente da República,
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos 49. Sobre a organização da Justiça Eleitoral, no que se refere à
devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses sua composição e competência, bem como às atribuições do Minis-
antes da diplomação. tério Público Eleitoral, analise atentamente as afirmativas abaixo e
(B)para concorrem aos mesmos cargos, o Presidente da Re- dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os ( ) O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á de sete membros,
Prefeitos devem licenciar-se aos respectivos mandatos até 4 escolhidos: mediante eleição, pelo voto secreto, três juízes dentre
(quatro) meses antes do pleito. os Ministros do Supremo Tribunal Federal e três juízes dentre os
(C) para concorrem aos mesmos cargos, o Presidente da Repú- Ministros do Superior Tribunal de Justiça; e, por indicação do Pre-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Pre- sidente da República, um juíz dentre seis advogados de notável sa-
feitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 1 (um) ber jurídico e idoneidade moral, nomeados pelo Supremo Tribunal
mês antes da diplomação. Federal.
(D) para concorrem a outros cargos, o Presidente da República, ( ) Segundo o Código Eleitoral, são irrecorríveis as decisões do
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que declararem a invalidade de
devem renunciar aos respectivos mandatos até a data da di- lei ou ato contrário à Constituição Federal e as denegatórias de “ha-
plomação. beas corpus” ou mandado de segurança, das quais caberá recurso
(E) para concorrem a outros cargos, o Presidente da República, ordinário para o Supremo Tribunal Federal, interposto no prazo de
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos 3 (três) dias.
devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses ( ) Caberá recurso das decisões dos Tribunais Regionais Eleito-
antes do pleito. rais quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois
ou mais tribunais eleitorais ou denegarem habeas corpus, mandado
47. A respeito da infidelidade partidária, é correto afirmar que de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
ela é causa da perda do mandato ( ) Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal
(A)quando um Deputado é filiado a um partido e deixa a le- Superior Eleitoral, o Procurador Geral da República, funcionando,
genda em razão deste ter sido incorporado por outro partido em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal. Já nos Tribu-
político. nais Regionais Eleitorais, servirá como Procurador Regional os res-
(B)na hipótese de um Deputado ou Senador se desfiliar de uma pectivos Procuradores de Justiça de cada Estado e, onde houver
legenda partidária para ingressar em um novo partido recém- mais de um, aquele que for designado pelo Procurador Geral da
-criado. República.
(C)se um Deputado se desfilia do seu partido, sem justa causa,
o que não ocorre quando a desfiliação se dá, por exemplo, por Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
parte de Prefeito e Governador. cima para baixo.
(D) na hipótese de um parlamentar se desfiliar do seu partido, (A) V, F, F, V
simplesmente porque a agremiação praticou substancial mu- (B) V, V, F, F
dança do seu programa. (C) F, V, V, F
(E)pela mera desfiliação partidária de Vereador, ainda que este (D) V, V, V, F
tenha se desligado da legenda por conta de grave discrimina-
ção pessoal.
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50. A requisição de instauração de inquérito policial pelo Minis- 54. Sobre os crimes de trânsito, assinale a alternativa correta.
tério Público Eleitoral para apurar condutas de prefeito (A) A multa reparatória poderá ser superior ao valor do prejuízo
(A) não demanda autorização judicial, excetuados os atos sujei- demonstrado no processo.
tos à reserva de jurisdição. (B) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
(B) demanda autorização judicial e a consequente supervisão permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor tem
pela corte competente. a duração de seis meses a cinco anos.
(C) demanda autorização judicial, sob pena de declaração de (C) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
nulidade relativa da investigação criminal. habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta
(D) demanda autorização judicial, sob pena de declaração da isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
nulidade absoluta da investigação criminal. (D) Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,
(E) não demanda autorização judicial, assim como as requisi- previstos no Código de Trânsito Basileiro, por serem crimes es-
ções de investigação contra autoridades com prerrogativa de peciais, nunca se aplicam as normas gerais do Código Penal e
foro no STF. do Código de Processo Penal.

51. Todas as alternativas abaixo apresentam infrações de trân- 55. Ainda de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro – CTB,
sito qualificadas na legislação como “gravíssimas”, EXCETO: marque o item CORRETO sobre o enunciado abaixo:
(A) Disputar corrida. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de
(B) Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a que resulte vítima:
via pública, ou os demais veículos. (A) Se imporá a prisão em flagrante e não se exigirá fiança se
(C) Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs- prestar pronto e integral socorro à vítima.
tância psicoativa que determine dependência. (B) Não se imporá a prisão em flagrante e não se exigirá fiança
(D)Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente se prestar pronto e integral socorro à vítima.
de trânsito quando solicitado pela autoridade e seus agentes. (C) Se imporá a prisão em flagrante e se exigirá fiança se prestar
pronto e integral socorro à vítima.
52. Assinale a única alternativa em que há uma infração grave. (D) Nenhum dos itens anteriores está correto.
(A) deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segu-
rança 56. Em relação aos Juizados Especiais Criminais, correto afirmar
(B) transportar crianças em veículo automotor sem observân- que
cia das normas de segurança especiais (A)a competência será determinada pelo lugar em que foi pra-
(C) dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a ticada a infração penal ou pelo domicílio da vítima, a critério
via pública, ou os demais veículos desta.
(D) usar o veículo para arremessar, sobre os pedestres ou veí- (B) cabível a interposição de recurso em sentido estrito, no pra-
culos, água ou detritos zo de 05 (cinco) dias, contra a decisão de rejeição da denúncia
ou queixa, com abertura de vista para apresentação das razões
53. Quanto ao uso de luzes em veículo, o condutor NÃO obede- em 08 (oito) dias.
cerá à seguinte determinação: (C) não cabe recurso especial contra decisão proferida por
(A) O condutor manterá acesos os faróis do veículo, utilizando turma recursal, competindo a esta, porém, processar e julgar
luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis providos mandado de segurança contra ato de juizado especial.
de iluminação pública e nas rodovias; o condutor utilizará o pis- (D) cabem embargos de declaração, no prazo de 05 (cinco) dias,
ca-alerta nas seguintes situações: a) em imobilizações ou situa- quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contra-
ções de emergência; b) quando a regulamentação da via assim dição ou omissão, sem interrupção, contudo, do prazo para a
o determinar. interposição de recurso.
(B)O condutor manterá acesas pelo menos o farol baixo do ve- (E) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
ículo quando sob chuva forte, neblina ou cerração; o condutor horário noturno e em qualquer dia da semana, incabível, po-
manterá acesas, à noite, o farol baixo quando o veículo estiver rém, a prática em outras comarcas.
parado para fins de embarque ou desembarque de passageiros
e carga ou descarga de mercadorias. 57. Em ação penal privada, pedido de suspensão condicional
(C) Nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz alta, ex- do processo
ceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo; os veículos de (A) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto
transporte coletivo regular de passageiros, quando circularem esse pedido quanto a transação penal são exclusivos de ações
em faixas próprias a eles destinadas, e os ciclos motorizados penais públicas.
deverão utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite. (B) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por
(D) A troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por cur- ser um direito público subjetivo do acusado.
to período de tempo, com o objetivo de advertir outros moto- (C) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista
ristas, só poderá ser utilizada para indicar a intenção de ultra- expressa disposição legal.
passar o veículo que segue à frente ou para indicar a existência (D) é cabível, desde que oferecido pelo ofendido.
de risco à segurança para os veículos que circulam no sentido (E) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibili-
contrário; durante a noite, em circulação, o condutor manterá dade de ofensa ao princípio da indivisibilidade da ação penal
acesa a luz de placa. privada.

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58. No juizado especial criminal, a sentença 62. Nos termos da Lei nº 10.259/2001, que dispõe sobre Juiza-
I poderá sujeitar o réu a pena restritiva de direitos. dos Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal, assi-
II não poderá substituir pena privativa de liberdade por pena nale a afirmativa correta.
restritiva de direitos. (A) Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tri-
III não poderá aplicar a extinção da punibilidade em decorrên- bunal do júri, decorrente da aplicação das regras de conexão e
cia da prescrição. continência, é vedada a transação penal.
IV deverá absolver o acusado sempre que identificar incompe- (B) Incluem-se na competência do Juizado Especial Cível as cau-
tência material do juizado para a causa. sas de desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
execuções fiscais e por improbidade administrativa.
Assinale a opção correta. (C) Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas,
(A) Apenas o item I está certo. para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze
(B)Apenas o item II está certo. parcelas não poderá exceder o valor de 30 salários mínimos.
(C) Apenas os itens I e IV estão certos. (D) Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e
(D) Apenas os itens II e III estão certos. julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às
(E) Apenas os itens III e IV estão certos. infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência.
59. Em se tratando de sentença condenatória proferida no jui-
zado especial criminal, a dosimetria da pena 63. Considere as seguintes causas:
(A) será obrigatória somente no caso de pena privativa de liber- I. Sobre bens imóveis de fundação pública federal.
dade cumulada com multa. II. Para a anulação ou cancelamento de ato administrativo fede-
(B) será obrigatória no caso de sentença que fixa pena privativa ral de natureza previdenciária.
de liberdade. III. Que tenham como objeto a impugnação da pena de demis-
(C) não se aplica, independentemente da pena imposta. são imposta a servidores públicos civis.
(D) será obrigatória somente no caso de pena privativa de liber- IV. Que tenham como objeto a impugnação de sanções discipli-
dade por período igual ou superior a dois anos. nares aplicadas a militares.
(E) será obrigatória somente no caso de o juiz substituir a pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. De acordo com a Lei no 10.259/2001, compete ao Juizado Es-
pecial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de compe-
60. Nos casos de crimes em que a pena mínima cominada é tência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos,
igual ou inferior a um ano, o Ministério Público poderá oferecer a bem como executar as suas sentenças. NÃO se incluem na compe-
suspensão condicional do processo no momento tência do Juizado Especial Federal as causas indicadas APENAS em
(A) da audiência de instrução. (A) I, III e IV.
(B) da audiência preliminar. (B) I e III.
(C) da lavratura do termo, antes da sentença. (C) I e IV.
D. do oferecimento da denúncia. (D) II e III.
(E) da audiência de conciliação. (E) II e IV.

61. Sobre Juizados Especiais Cíveis da Justiça Federal, é correto 64. Considere a Lei 10.259/2001 e assinale a alternativa cor-
afirmar: reta:
(A) São regidos pela Lei no 10.259/2001 e a eles não se aplica (A) Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e
a Lei no 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cí- julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às
veis e Criminais da Justiça Estadual. infrações de maior potencial ofensivo, respeitadas as regras de
(B) Compete ao Juizado Especial Cível da Justiça Federal proces- conexão e continência.
sar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal (B) Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer
até o valor máximo de quarenta salários mínimos, bem como ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclu-
executar as suas sentenças. sive a interposição de recursos, devendo a citação para audiên-
(C) Autarquias e fundações federais podem ser parte no Juiza- cia de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de
do Especial Cível da Justiça Federal, como autoras, desde que a trinta dias.
causa respeite o valor de alçada (C) Se incluem na competência do Juizado Especial Cível as cau-
(D) No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Cível sas que tenham como objeto a impugnação da pena de demis-
da Justiça Federal, a sua competência é relativa. são imposta a servidores públicos civis ou de sanções discipli-
(E) Excluem-se da competência do Juizado Especial Cível da nares aplicadas a militares.
Justiça Federal as ações que tenham por objeto a anulação ou (D) Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conci-
cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de nature- liar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o va-
za previdenciária e o de lançamento fiscal. lor de quarenta salários mínimos, bem como executar as suas
sentenças.

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65. Assinale a alternativa incorreta, nos termos da Lei 68. A respeito das infrações penais previstas no Código de De-
10.259/2001: fesa do Consumidor, assinale a opção correta.
(A) Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou (A) Não constitui crime dificultar o acesso do consumidor às
ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que informações que sobre ele constem em cadastros, bancos de
apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, indepen- dados, fichas ou registros.
dentemente de intimação das partes. (B) Não se considera, para fins de redução da fiança, a situação
(B) Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei fe- econômica do réu ou do indiciado.
deral quando houver divergência entre decisões sobre ques- (C) É conduta atípica empregar — na reparação de produtos —
tões de direito material proferidas por Turmas Recursais na peças ou componentes de reposição usados, sem autorização
interpretação da lei. do consumidor.
(C) Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, (D) A pena de interdição temporária de direitos não é aplicável
havendo designação de exame, serão as partes intimadas para, aos condenados por crimes contra as relações de consumo.
em quinze dias, apresentar quesitos e indicar assistentes. (E)Constitui crime contra as relações de consumo fazer ou pro-
(D)Os honorários do técnico serão antecipados à conta de ver- mover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou
ba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida na abusiva.
causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de
pagamento a ser feita em favor do Tribunal. 69. As condutas constantes das alternativas a seguir consti-
tuem crimes contra a ordem tributária. Dentre elas, a única possí-
66. A sonegação é um problema cujos efeitos atingem a socie- vel de ser praticada por funcionário público, nos termos da Lei no
dade como um todo, diante do comprometimento da arrecadação 8.137/90, é a de
de recursos para a manutenção do Estado e para a garantia dos di- (A) extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documen-
reitos sociais assegurados aos indivíduos pela Constituição Federal to, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou
de 1988 (TEIXEIRA, 2018). A sonegação fiscal é um crime. Constitui inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento in-
crime de sonegação fiscal: devido ou inexato de tributo ou contribuição social.
I. Inserir elementos inexatos, sem intenção, tendo como con- (B) exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte be-
sequência o aumento do valor do pagamento de tributos devidos neficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou
à Fazenda Pública. deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal.
II. Alterar faturas e quaisquer documentos relativos a opera- (C) deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído,
ções mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública. incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou
III. Prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, in- entidade de desenvolvimento.
formação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de (D) utilizar ou divulgar programa de processamento de dados
direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou par- que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir
cialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à
devidos por lei. Fazenda Pública.
(E) elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento
Está correto o que se afirma em: que saiba ou deva saber falso ou inexato.
(A) Somente II.
(B) Somente I e III. 70. Dispõe a Lei nº 8.137/90 sobre os crimes contra a ordem
(C) Somente II e III. tributária, econômica e contra as relações de consumo:
(D) Somente III. (A) Constitui crime contra a ordem econômica sonegar insumos
(E) Todas as afirmativas. ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-
-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o
67. Tendo em conta a Lei nº 8.137/90, na parte relativa aos cri- fim de especulação.
mes tributários, assinale a alternativa correta. (B) Constitui crime funcional contra a ordem tributária o fun-
(A) Os crimes previstos no artigo 1º , incisos I a IV, são de natu- cionário público deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com
reza formal e, portanto, caracterizam-se independentemente o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas
do prejuízo decorrente da supressão ou redução de tributo. por órgão ou entidade de desenvolvimento.
(B) Os crimes previstos no artigo 2º , incisos I a V, são de nature- (C) Fraudar preços por meio de junção de bens ou serviços,
za material e, portanto, caracterizam-se apenas se implicarem comumente oferecidos à venda em separado, constitui crime
prejuízo decorrente da supressão ou redução de tributo. contra as relações de consumo, punido com detenção, de 6
C. Os crimes previstos no artigo 3º , incisos I a III, são próprios (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
de funcionários públicos. (D) Destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercado-
(D) Desatender às exigências das autoridades fiscais, não for- ria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio
necendo a documentação solicitada, é conduta atípica penal- ou de terceiros, constitui crime contra as relações de consumo,
mente. punindo-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a de-
(E) Dano grave à coletividade pode implicar aumento de pena tenção de 1/3 (um terço) e a de multa à quarta parte.
de até 1/3, nos crimes previstos nos artigos 1º , 2º e 3º . (E) Formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertan-
tes, visando à fixação artificial de preços ou quantidades vendi-
das ou produzidas, constitui crime contra a ordem econômica,
punido com reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

71. Quanto às medidas protetivas de urgência, correto afirmar 75. Com base nas disposições da Lei Maria da Penha, é correto
que afirmar que
(A) indispensável prévia manifestação do Ministério Público (A) os juizados de violência doméstica e familiar não têm com-
para a sua concessão, se requeridas pela ofendida. petência para julgar ação de dissolução de união estável.
(B) serão aplicadas isolada ou cumulativamente, vedada poste- (B)os juizados de violência doméstica e familiar não têm com-
rior substituição por outras, embora possível a decretação da petência para processar pretensão relacionada à partilha de
prisão preventiva para garantir a execução das impostas. bens.
(C) podem consistir na restrição ou suspensão de visitas aos (C) o juizado do domicílio ou da residência da ofendida tem
dependentes menores, dispensada manifestação de equipe de competência absoluta para os processos cíveis regidos pela lei
atendimento multidisciplinar ou serviço similar. em questão.
(D) a ofendida, salvo se defendida por advogado constituído, (D) a ofendida, havendo concordância, poderá entregar intima-
deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agres- ção ao agressor, no intuito de promover maior celeridade ao
sor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da ato.
prisão. (E) a competência da ação de divórcio deve ser declinada para
(E)podem consistir na suspensão da posse ou restrição do por- o juízo competente em caso de violência doméstica e familiar
te de armas, com comunicação ao órgão competente. ocorrida após o ajuizamento dessa ação.

72. No que diz respeito à assistência à mulher em situação de 76. No que concerne à lei de drogas, correto afirmar:
violência doméstica e familiar, a Lei Maria da Penha prevê (A)cabível a redução da pena de um sexto a dois terços para o
(A) a inclusão da mulher no cadastro de programas assisten- agente que tem em depósito, sem autorização ou em desacor-
ciais governamentais, por prazo indeterminado. do com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
(B) o acesso prioritário à remoção caso a vítima seja servidora insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas,
pública ou funcionária de empresa privada com filiais em ou- desde que primário, de bons antecedentes, não se dedique às
tras localidades. atividades criminosas nem integre organização criminosa.
(C) o não cabimento de fiança ao agressor preso em flagrante (B) o juiz, na fixação das penas, em igualdade de condições
descumprindo medidas protetivas de urgência. com todas as circunstâncias previstas no Código Penal para es-
(D) a manutenção do vínculo trabalhista por até seis meses tabelecimento das sanções básicas, considerará a natureza e a
quando necessário o afastamento da vítima do seu local de quantidade da substância ou do produto.
trabalho. (C) a pena de multa pode ser aumentada até o limite do triplo
(E) a obrigação do agressor de ressarcir custos de tratamento se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-la
de saúde da vítima, inclusive ao Sistema Único de Saúde (SUS), o juiz ineficaz, ainda que aplicada no máximo.
hipótese em que fará jus à circunstância atenuante. (D) para a caracterização da majorante do tráfico entre Estados
da Federação ou entre este e o Distrito Federal, necessária a
73. Conforme a Lei Maria da Penha, caracteriza forma específi- efetiva transposição das respectivas fronteiras, não bastando
ca de violência doméstica e familiar contra a mulher a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico
(A) a retenção de seus documentos pessoais, o que constitui interestadual.
violência patrimonial. (E) é de dois anos o prazo de prescrição no crime de posse de
(B) conduta que a impeça de usar método contraceptivo, o que droga para consumo pessoal, não se aplicando, contudo, as
constitui violência moral. causas de interrupção previstas no Código Penal.
(C) a destruição de seus objetos e instrumentos de trabalho, o
que constitui violência física. 77. Caio Tácito coordena o setor antidrogas do município X e
(D)conduta que limite o exercício de seus direitos sexuais, o busca organizar eventos educativos quanto aos efeitos nocivos da
que constitui violência psicológica. utilização de drogas ilícitas. Nos termos da Lei nº 11.343/2006, deve
(E) conduta que a faça participar de relação sexual não deseja- ser instituído:
da, mediante intimidação ou ameaça, o que constitui violência (A) o dia nacional de Políticas sobre drogas
moral. (B)a semana nacional de Políticas sobre drogas
(C) o mês nacional de Políticas sobre drogas
74. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar (D) o ano nacional de Políticas sobre drogas
contra a mulher, admite-se
(A) transação penal.
(B) pena de prestação pecuniária.
(C) suspensão condicional da pena.
(D) suspensão condicional do processo.
(E) pagamento isolado de pena de multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

78. Conforme as disposições da Lei n.º 11.343/2006 — Lei Anti-


drogas — e suas alterações, a internação de dependentes de drogas GABARITO
(A) poderá ser requerida pelo assistente social se for involun-
tária e desde que na absoluta falta de familiar ou responsável
legal.
(B) perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, 1 A
no prazo máximo de 180 dias. 2 D
(C) poderá ser interrompida pelo médico a requerimento da
3 A
família ou do representante legal, desde que já tenha ocorrido
a desintoxicação. 4 C
(D) deverá ser realizada em comunidades terapêuticas ou esta- 5 A
belecimentos interdisciplinares de saúde.
(E) deverá ser autorizada por psicólogo devidamente registrado 6 C
no conselho do estado onde se localize o estabelecimento no 7 A
qual se dará a internação.
8 C
79. A proibição no território nacional das drogas e do plantio, 9 E
da cultura, da colheita e da exploração de vegetais e substratos dos
10 B
quais elas possam ser extraídas ou produzidas não é novidade em
nosso direito. Isso já ocorria nas legislações anteriores. Sobre a Lei 11 B
Federal Nº 11.343/2006 (Lei das Drogas), marque o item INCORRE- 12 B
TO:
(A) Muitos dos vegetais que podem ser empregados para a 13 C
produção de drogas igualmente podem servir de matéria-pri- 14 C
ma para a elaboração de remédios ou serem usados em expe-
15 C
rimentos científicos.
(B) Assim, mediante autorização legal ou regulamentar, e sem- 16 E
pre com acirrado controle, podem ser plantadas, colhidas e 17 D
exploradas.
(C) A citada Lei das Drogas ressalva a possibilidade do plantio, 18 C
da colheita, da cultura e da exploração de vegetais e substratos 19 A
dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas quando
houver autorização legal ou regulamentar. 20 C
(D) Porém não há nenhum tipo de ressalva ou permissão sobre 21 B
Substâncias Psicotrópicas, a respeito de plantas de uso estrita-
22 C
mente religioso.
23 E
80. Considere hipoteticamente que H. T. B., meliante conhecido 24 D
na região do Rio Vermelho, no horário de almoço, próximo ao res-
taurante XYZ, foi preso por estar fumando um cigarro de maconha. 25 D
Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior 26 D
Tribunal de Justiça,
(A) H. T. B. praticou tráfico ilícito de drogas, previsto no art. 33, 27 A
caput, da Lei de Drogas. 28 A
(B) a conduta de H. T. B. é atípica, tendo em vista a grande
29 A
quantidade de droga adquirida para uso próprio.
(C) o Princípio da Consunção é reconhecido e aplicável ao caso, 30 A
pois não há ofensa a terceiros, apenas ao próprio corpo, tor- 31 A
nando a conduta atípica.
(D) a conduta de H. T. B. configura uso de drogas, o qual ainda é 32 C
crime, embora tenha ocorrido sua despenalização, ou seja, não 33 C
se aplica pena privativa de liberdade.
34 D
(E) o Princípio da Adequação Social é aplicável, pois se trata de
tráfico de drogas. 35 A
36 E
37 C
38 C
39 D

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

40 D ANOTAÇÕES
41 B
42 A ______________________________________________________
43 C ______________________________________________________
44 B
______________________________________________________
45 E
46 E ______________________________________________________
47 C ______________________________________________________
48 B
______________________________________________________
49 C
______________________________________________________
50 A
51 D ______________________________________________________
52 A ______________________________________________________
53 B
______________________________________________________
54 C
55 B ______________________________________________________

56 C ______________________________________________________
57 D
______________________________________________________
58 A
______________________________________________________
59 B
60 D ______________________________________________________
61 E ______________________________________________________
62 D
______________________________________________________
63 A
64 B ______________________________________________________

65 C ______________________________________________________
66 C ______________________________________________________
67 C
______________________________________________________
68 E
69 A ______________________________________________________
70 E ______________________________________________________
71 E
_____________________________________________________
72 D
_____________________________________________________
73 A
74 C ______________________________________________________
75 B ______________________________________________________
76 A
______________________________________________________
77 B
78 A ______________________________________________________
79 D ______________________________________________________
80 D
______________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

o acusado tem o direito de autopreservar-se, o que faz parte da


PROCESSO PENAL. natureza humana, e, com isso, não produzir provas que vão levar à
sua condenação.

— Princípios do Processo Penal DIREITOS FUNDAMENTAIS, DIGNIDADE HUMANA E DIREI-


O Direito Processual Penal se embasa em diversos princípios, TO À PROTEÇÃO
que buscam evitar arbitrariedades estatais. Seguem os princípios
que formam a base principiológica processual penal:
– Presunção de Inocência (Art. 5º, LVII, CF/88): Consiste No processo penal brasileiro, os conceitos de Direitos Funda-
no direito de não ser declarado culpado senão após o devido mentais, Dignidade Humana e Direito à Proteção estão intimamen-
processo legal, sendo que a consequência deste princípio é que a te relacionados e têm o papel fundamental de garantir um sistema
parte acusadora fica com o ônus de demonstrar a culpabilidade do de justiça justo e equitativo. Abaixo, destacarei como esses concei-
acusado; tos se interconectam:
– Contraditório: Consiste no direito à informação somado ao 1 – Direitos Fundamentais: Os Direitos Fundamentais referem-
direito de participação. Quanto ao direito de informação, destacam- -se às garantias e prerrogativas inalienáveis que todos os indivíduos
se as citações e intimações. Quanto ao direito de participação, o possuem, simplesmente por serem seres humanos, e que são pro-
acusado precisa ter a oportunidade reagir. Ex.: contestar, recorrer. tegidos pela Constituição brasileira. Esses direitos visam assegurar
– Ampla defesa: O direito de defesa complementa o a dignidade, a igualdade e a liberdade de todos perante a lei e o
contraditório, pois após se contrapor (exercer o contraditório) Estado.
o acusado precisa se defender. A ampla defesa proporciona ao 2 – Dignidade Humana: A Dignidade Humana é um princípio
acusado a possibilidade de influenciar na decisão judicial. Ex.: fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988 e é con-
produzindo provas; siderado o núcleo central de todos os direitos fundamentais. Ela
– Defesa Técnica - Autodefesa; implica que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito,
– Exercida pelo advogado. É obrigatória na fase processual. valor e consideração, independentemente de sua condição social,
econômica, étnica, religiosa, etc. A Dignidade Humana está na base
– Publicidade (Art. 9º, IX, CF/88): Acesso de todos os cidadãos da proteção dos direitos individuais no processo penal e é inviolável
ao processo, com vistas à transparência da atividade jurisdicional, em qualquer circunstância.
oportunizando a fiscalização de toda a sociedade. 3 – Direito à Proteção no Processo Penal: O Direito à Prote-
– Princípio da busca da verdade: Com o passar dos anos ção no Processo Penal garante que os acusados sejam tratados com
verificou-se que no âmbito do processo penal é impossível atingir justiça, equidade e imparcialidade durante todas as etapas do pro-
a verdade absoluta, o que se busca é a maior exatidão possível na cesso, desde a investigação até o julgamento. Isso inclui o direito à
reconstituição do fato controverso, mas sem a pretensão de chegar presunção de inocência, ao devido processo legal, ao contraditório
na verdade real. Assim, são inadmissíveis provas obtidas por meios e à ampla defesa, ao direito de não produzir provas contra si mesmo
ilícitos, para que seja evitado provar a qualquer custo, por meio de (nemo tenetur se detegere), entre outros.
ilegalidades e violações de direitos. A relação entre esses conceitos no processo penal brasileiro
Art. 5º pode ser melhor entendida da seguinte maneira:
(...) Respeito à Dignidade Humana no Processo Penal: Todos os en-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por volvidos no processo penal, sejam acusados, vítimas, testemunhas
meios ilícitos; ou autoridades, devem ser tratados com respeito e consideração
por seus direitos e garantias fundamentais. O tratamento digno é
– Princípio do juiz natural: Significa que é vedado Tribunal de essencial para preservar a integridade e a humanidade de todos os
Exceção, ou seja, escolher quem vai julgar o acusado após o fato, indivíduos envolvidos.
sem que haja regras pré-fixadas de competência. O sentido desta Direitos Fundamentais como Base do Processo Penal: Os di-
violação é manter a imparcialidade do juízo que trabalha em nome reitos fundamentais, como a presunção de inocência e o direito à
do Estado, e não pelo desejo de vingança. ampla defesa, são fundamentais no processo penal brasileiro para
– Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo: garantir que a pessoa acusada tenha uma oportunidade justa e
Esse princípio exemplifica-se pelo direito ao silêncio, não ser equitativa de se defender das acusações que lhe são imputadas.
constrangido a confessar, inexigibilidade de dizer a verdade, não Equilíbrio entre Direitos e Proteção da Sociedade: O sistema
praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo, de justiça penal no Brasil deve equilibrar o respeito aos direitos
não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. Ou seja, fundamentais do acusado com a proteção da sociedade. Embora

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

os acusados devam receber tratamento justo e seus direitos sejam 3. A aplicação no processo penal
preservados, também é importante que a sociedade seja protegida A instrumentalização administrativa e o modelo sistêmico não
de ameaças à segurança pública e à ordem social. substituem o processo penal tradicional, mas complementam-no,
Em suma, a relação entre Direitos Fundamentais, Dignidade criando uma estratégia mais abrangente e proativa de prevenção
Humana e Direito à Proteção no processo penal brasileiro é essen- e combate aos delitos econômicos. Ao agir antes do crime ocorrer,
cial para garantir um sistema de justiça justo, equitativo e respeito- essas abordagens podem evitar danos econômicos significativos,
so com a condição humana de todos os envolvidos. Ao preservar a minimizar a vitimização de terceiros e poupar recursos públicos.
dignidade dos indivíduos e garantir o respeito aos direitos funda- No processo penal, a instrumentalização administrativa pode
mentais no processo penal, busca-se alcançar uma sociedade mais fornecer informações, provas e subsídios relevantes para a inves-
justa e humanitária. tigação e ação penal. As autoridades administrativas podem cola-
borar com os órgãos de persecução penal, compartilhando dados e
conhecimentos especializados que potencializem as investigações e
aumentem a efetividade dos processos criminais.
INSTRUMENTALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E O MODELO Já o modelo sistêmico contribui para a formulação de políticas
SISTÊMICO DE PREVENÇÃO DE DELITOS ECONÔMICOS. públicas e estratégias de prevenção mais eficazes. Ao identificar as
principais falhas estruturais e regulatórias que possibilitam a ocor-
rência de delitos econômicos, é possível propor mudanças legislati-
A instrumentalização administrativa e o modelo sistêmico de vas, regulatórias e de boas práticas corporativas para prevenir tais
prevenção de delitos econômicos são abordagens inovadoras no crimes e responsabilizar as empresas e indivíduos que descumpri-
campo do processo penal, buscando lidar de maneira eficiente e rem as normas.
preventiva com crimes econômicos complexos. Crimes dessa na-
tureza envolvem esquemas sofisticados e atores múltiplos, o que
LEI Nº 12.846/2013 - LEI ANTICORRUPÇÃO.
torna a repressão tradicional do sistema penal muitas vezes insu-
ficiente. Nesse contexto, a instrumentalização administrativa e o
modelo sistêmico se propõem a serem estratégias mais eficazes na LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013.
prevenção e combate a esses delitos.
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pes-
1. Instrumentalização Administrativa: soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
A instrumentalização administrativa consiste em dotar as auto- nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
ridades administrativas, especialmente aquelas vinculadas a órgãos
de regulação econômica e fiscalização, de instrumentos mais robus- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
tos para atuar na prevenção e repressão de delitos econômicos. Em cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
contraste com o sistema de justiça criminal tradicional, que tem o
poder de julgar e aplicar sanções após a ocorrência do crime, a ins- CAPÍTULO I
trumentalização administrativa foca no poder de prevenção, atuan- DISPOSIÇÕES GERAIS
do antes mesmo do cometimento do delito.
Essa abordagem procura utilizar mecanismos de inteligência, Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva
fiscalização, monitoramento e colaboração entre diferentes ór- administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
gãos administrativos para identificar comportamentos suspeitos, contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
padrões de conduta ilícita e operações financeiras que indiquem a Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
prática de crimes econômicos, tais como lavagem de dinheiro, frau- empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in-
de financeira, corrupção empresarial e outros. dependentemente da forma de organização ou modelo societário
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida-
2. Modelo Sistêmico de Prevenção de Delitos Econômicos des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial
O modelo sistêmico de prevenção de delitos econômicos é uma ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
abordagem que visa compreender o fenômeno do crime econômi- direito, ainda que temporariamente.
co de forma mais ampla e integrada, analisando os diversos fatores Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
que contribuem para sua ocorrência. Em vez de focar exclusivamen- mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
te nos indivíduos responsáveis pelos crimes, o modelo sistêmico vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
considera também os fatores contextuais, organizacionais e estru- ou não.
turais que possibilitam ou incentivam a prática delituosa. Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
Esse modelo destaca a importância de uma cooperação mul- ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
tidisciplinar entre diferentes atores, como empresas, órgãos go- de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
vernamentais, instituições financeiras, organizações da sociedade ilícito.
civil e especialistas em diversas áreas, incluindo direito, economia, § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
contabilidade e tecnologia. A análise sistêmica procura identificar te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas
vulnerabilidades, brechas e deficiências no ambiente empresarial e no caput .
regulatório que facilitam a ocorrência de delitos econômicos. § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó- § 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos
tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran-
cisão societária. geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público
da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re- de país estrangeiro.
paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans- § 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração
ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta pública estrangeira as organizações públicas internacionais.
Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou § 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta
incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça
fraude, devidamente comprovados. cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como
âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen- em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po-
te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin- der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter-
do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e nacionais.
reparação integral do dano causado.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO II DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL
OU ESTRANGEIRA Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju-
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio- Lei as seguintes sanções:
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao
, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a
contra princípios da administração pública ou contra os compromis- qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível
sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: sua estimação; e
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta- II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio- § 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada
nada; ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con-
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de creto e com a gravidade e natureza das infrações.
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos § 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece-
nesta Lei; dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a § 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui,
identidade dos beneficiários dos atos praticados; em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano
IV - no tocante a licitações e contratos: causado.
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual- § 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível
quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li- utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica,
citatório público; a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses-
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato senta milhões de reais).
de procedimento licitatório público; § 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor-
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi-
oferecimento de vantagem de qualquer tipo; ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá-
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta-
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório § 6º (VETADO).
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san-
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos ções:
contratos celebrados com a administração pública; I - a gravidade da infração;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive III - a consumação ou não da infração;
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
sistema financeiro nacional. V - o efeito negativo produzido pela infração;
VI - a situação econômica do infrator;
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in-
frações;

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das
a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da sanções estabelecidas nesta Lei.
pessoa jurídica; Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga-
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda
órgão ou entidade pública lesados; e pública.
X - (VETADO). Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir
procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para
em regulamento do Poder Executivo federal. provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos
das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e
CAPÍTULO IV sócios com poderes de administração, observados o contraditório e
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO a ampla defesa.
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili-
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati- dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi-
vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên-
autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu- cia, para apuração de eventuais delitos.
tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
cação, observados o contraditório e a ampla defesa. CAPÍTULO V
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro- DO ACORDO DE LENIÊNCIA
cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação. Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pú-
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria- blica poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas
-Geral da União - CGU terá competência concorrente para instaurar responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colabo-
processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas rem efetivamente com as investigações e o processo administrativo,
ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei, sendo que dessa colaboração resulte:
para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento. I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu- couber; e
ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta II - a obtenção célere de informações e documentos que com-
Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser- provem o ilícito sob apuração.
vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da § 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebra-
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações do se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu
30 de novembro de 2000. interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa- II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento
bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada na infração investigada a partir da data de propositura do acordo;
pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser- III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coo-
vidores estáveis. pere plena e permanentemente com as investigações e o processo
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representa- administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que soli-
ção judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere citada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
o caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a §2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa ju-
investigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e rídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do
apreensão. art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade § 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obri-
instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da gação de reparar integralmente o dano causado.
investigação. § 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do
(cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a processo.
instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e § 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e
motivada as sanções a serem aplicadas. de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante condições nele estabelecidas.
ato fundamentado da autoridade instauradora. § 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú-
Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon- blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das
sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias investigações e do processo administrativo.
para defesa, contados a partir da intimação. § 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis- investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.
são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10,
para julgamento.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re-
pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será
de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú- apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da
blica do referido descumprimento. sentença.
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo
prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei. CAPÍTULO VII
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe- DISPOSIÇÕES FINAIS
tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
cutivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca-
a administração pública estrangeira. dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor- publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos
do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de ilí- Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de
citos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas governo com base nesta Lei.
à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas § 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar
em seus arts. 86 a 88. e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por
eles aplicadas.
CAPÍTULO VI § 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL acerca das sanções aplicadas:
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en-
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;
jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na es- II - tipo de sanção; e
fera judicial. III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta ou impeditivo da sanção, quando for o caso.
Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio § 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos
das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação ju- de leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter
dicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as in-
com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas formações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse
infratoras: procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem administrativo.
vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, § 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento.
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; § 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex-
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, do- cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no
ações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de insti- ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência
tuições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. órgão ou entidade sancionadora.
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determi- Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legis-
nada quando comprovado: lativo e Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual e manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacio-
para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou nal de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público,
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilí- instituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relati-
citos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados. vos às sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts.
§ 2º (VETADO). 87 e 88 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores
cumulativa. aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial-
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re- Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas
querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de
à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do ter- Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescri-
ceiro de boa-fé. ção será interrompida com a instauração de processo que tenha por
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão objeto a apuração da infração.
ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque- Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi-
las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social.
autoridades competentes para promover a responsabilização admi- § 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen-
nistrativa. tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o § 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge-
rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su-
cursal aberta ou instalada no Brasil.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento mento das unidades econômicas e, em decorrência, do conjunto da
das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a sociedade. Portanto, é do interesse público o bom funcionamento
apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati- do mercado de valores mobiliários.
vamente nos termos da legislação específica aplicável. Confiabilidade: A existência e o crescimento do mercado de-
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa pendem da confiança que seus diversos protagonistas depositam
jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda no sistema. Se o propósito do órgão regulador é favorecer o cresci-
que cometidos no exterior. mento do mercado, de modo que ele possa atender sempre às cres-
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do centes exigências da sociedade, torna-se imperativa a observação
Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da deste fundamento. A regulação deve se dar de forma a criar uma
Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que base de confiança que assegure ao detentor de recursos a certeza
constitua infração à ordem econômica. de que pode atuar no mercado, incorrendo exclusivamente nos ris-
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta cos próprios do negócio em que quer operar.
os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de- Eficiência do mercado: É característica de um mercado livre
correntes de: a sua capacidade de atuar como mecanismo apto a direcionar a
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº poupança da sociedade aos projetos econômicos mais adequados
8.429, de 2 de junho de 1992 ; e a suas expectativas. Este é um aspecto que que deve ser observa-
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de do e perseguido no trabalho de regulação, na medida em que só
1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração assim se consegue o melhor atendimento de anseios da socieda-
pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata- de. Da mesma forma, a minimização dos custos da intermediação
ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de desses recursos responde tanto ao interesse das companhias, como
2011. dos indivíduos que nelas investem, e será por meio da eficiência
Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após do mercado que tais objetivos poderão ser alcançados: eficiência
a data de sua publicação. alocacional e operacional.
Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º Competitividade: A eficiência do mercado depende do grau de
da República. competição que se estabeleça entre os seus participantes. Portan-
to, a regulação terá que se manter sempre atenta a este fundamen-
to, não só evitando ações que venham a inibir a competitividade,
SISTEMAS DE REGULAÇÃO E AUTORREGULAÇÃO. mas também assegurando que ela se dê de forma sadia. Além disso,
a competição ativa minimiza a necessidade de regulação.
Mercado Livre: A liberdade de atuação no mercado e de acesso
Regulação a seus mecanismos é pré-condição de existência de um mercado
Para assegurar que o seu trabalho seja coerente com as expec- capaz de desempenhar adequadamente o seu papel. No processo
tativas da sociedade e dos entes regulados, a CVM fundamenta a de regulação do mercado de valores mobiliários, devem estar pre-
sua atividade regulatória em um conjunto de princípios, o que se sentes, permanentemente, o respeito à livre atuação das forças de
deve esperar da regulação e qual o seu alcance e suas limitações. mercado e o livre acesso ao exercício de atividades e às operações
A explicitação desses princípios e a sua divulgação ao mercado que nele se processem.
permite que seus diversos segmentos entendam como e por que a
CVM edita normas. Além disso, essa estrutura conceitual é impor- Autorregulação
tante também como base para as atividades de autorregulação, na Para aumentar a eficiência da atividade regulatória, a CVM
medida em que estabelece diretrizes para o exercício de iniciativas adota o sistema de autorregulação para determinadas atividades
disciplinadoras que as entidades do mercado decidam adotar no no mercado de valores mobiliários, evitando, assim, a centralização
âmbito de suas atividades. excessiva do poder de editar normas e fiscalizar seu cumprimento.
O mercado de valores mobiliários precisa ser livre, competitivo
e informado, ou seja, precisa ser eficiente. Além disso, deve ser um A autorregulação está fundamentada nos seguintes pressupos-
mercado confiável, em que haja uma adequada proteção e harmo- tos:
nização dos interesses de todos os que nele transacionam. O exer- A ação eficaz do órgão regulador sobre os participantes do mer-
cício da atividade regulatória da CVM, portanto, objetiva assegurar cado de valores mobiliários implica em custos excessivamente altos
essa eficiência e essa confiabilidade, condições consideradas fun- quando se busca aumentar a eficiência e abrangência dessa ação.
damentais para promover a expansão e o desenvolvimento desse Uma entidade autorreguladora, pela sua proximidade das ativi-
mercado. dades de mercado e melhor conhecimento delas, dispõe de maior
sensibilidade para avaliá-las e normatizá-las, podendo agir com
A regulação da CVM leva em conta os seguintes fundamentos: maior presteza e a custos moderados.
Interesse Público: A transferência de recursos entre os investi- A elaboração e o estabelecimento, pela própria comunida-
dores e os agentes econômicos é indispensável à contínua formação de, das normas que disciplinam suas atividades fazem com que a
de capital, quando se contempla uma sociedade como a brasileira, aceitação dessas normas aumente e a comunidade se sinta mais
que exerceu opção clara pelo modelo capitalista, baseado na livre responsável no seu cumprimento, diminuindo-se a necessidade de
iniciativa e na economia de mercado. É por meio desse processo de intervenção do órgão regulador.
transferência de recursos que se obtém o investimento e o cresci- Esses pressupostos refletem a preocupação de reduzir o porte
e de tornar a atuação do órgão regulador mais eficiente, já que só
poderia ter uma ação sensível, ágil e eficaz caso duplicasse inúme-
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

ras funções desempenhadas por entidades privadas existentes no b) Medidas Protetivas: Em casos de violência doméstica, o juiz
mercado de valores mobiliários. Adicionalmente, o maior zelo na pode determinar medidas protetivas para garantir a integridade fí-
observância das normas, decorrente da participação em sua elabo- sica e psicológica da vítima, como o afastamento do agressor do lar
ração e da consciência da importância de sua preservação, implica ou local de convivência.
menor dispêndio de recursos nas tarefas de acompanhamento e c) Busca e Apreensão: O juiz pode autorizar a busca e apreen-
fiscalização de seu cumprimento. são de objetos, documentos ou provas relacionadas ao crime, des-
de que haja indícios suficientes.
Por outro lado, na delegação de poderes de normatização e fis- d) Interceptação Telefônica: A interceptação de comunicações
calização, o órgão regulador conserva competências residuais que telefônicas pode ser autorizada para fins de investigação criminal,
lhe permitem evitar possíveis inconvenientes da autorregulação, mediante decisão fundamentada do juiz.
como a complacência em relação a assuntos de interesse público, a
tendência à autoproteção dos regulados, a leniência na imposição Limites e Controle dos Poderes Gerais de Cautela:
de sanções e atitudes tolerantes, decorrentes do desejo de evitar É importante ressaltar que os Poderes Gerais de Cautela devem
publicidade adversa aos negócios. ser utilizados com prudência e observância aos princípios consti-
tucionais. O abuso ou excesso no exercício desses poderes pode
acarretar em violações de direitos fundamentais e gerar nulidades
O JUIZ E OS PODERES GERAIS DE CAUTELA processuais.
O controle sobre o exercício dos Poderes Gerais de Cautela é
realizado pelas instâncias superiores, como os Tribunais de Justiça
No sistema jurídico brasileiro, o Poder Judiciário desempenha e os Tribunais Superiores, que podem rever as decisões do juiz e
um papel fundamental na aplicação da lei e na garantia dos direitos corrigir eventuais erros ou abusos.
dos cidadãos. No âmbito do processo penal, o juiz tem a responsa-
bilidade de conduzir o processo de forma justa e equilibrada, garan-
tindo os direitos tanto do acusado quanto da vítima.
Os poderes gerais de cautela conferidos ao juiz são essenciais AS MEDIDAS CAUTELARES ATÍPICAS DA LEI N.º 12.403/11.
para a efetivação desse papel. Esses poderes possibilitam ao ma-
gistrado adotar medidas preventivas e assegurar que o processo
ocorra de maneira regular, evitando riscos e prejuízos às partes en- LEI Nº 12.403, DE 4 DE MAIO DE 2011.
volvidas.

Desenvolvimento: Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro


Conceito de Poderes Gerais de Cautela no Processo Penal: de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à prisão processual,
Os Poderes Gerais de Cautela são instrumentos que permi- fiança, liberdade provisória, demais medidas cautelares, e dá outras
tem ao juiz adotar medidas que visam assegurar a efetividade do providências.
processo penal, garantindo a ordem, a segurança e a justiça. Essas
medidas não estão expressamente previstas em lei, mas decorrem A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
da necessidade de resguardar direitos e interesses das partes envol- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
vidas no processo. Art. 1º Os arts. 282, 283, 289, 299, 300, 306, 310, 311, 312, 313,
Princípios norteadores dos Poderes Gerais de Cautela: 314, 315, 317, 318, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 334, 335, 336,
Dois princípios fundamentais norteiam o exercício dos Poderes 337, 341, 343, 344, 345, 346, 350 e 439 do Decreto-Lei nº 3.689, de
Gerais de Cautela no processo penal brasileiro: 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passam a vigorar
a) Proporcionalidade: O juiz deve observar a razoabilidade e com a seguinte redação:
a proporcionalidade ao adotar medidas cautelares. A restrição de
direitos fundamentais deve ser a mínima possível para alcançar os “ TÍTULO IX
objetivos almejados. DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE
b) Contraditório e Ampla Defesa: O respeito ao contraditório PROVISÓRIA”
e à ampla defesa é fundamental para garantir que as medidas cau-
telares não prejudiquem de forma injustificada o direito de defesa “Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão
do acusado. ser aplicadas observando-se a:
Exemplos de Poderes Gerais de Cautela no Processo Penal: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação
Dentre os exemplos de poderes gerais de cautela que podem ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para
ser exercidos pelo juiz no processo penal brasileiro, destacam-se: evitar a prática de infrações penais;
a) Prisão Preventiva: A prisão preventiva é uma medida excep- II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias
cional, decretada quando presentes os pressupostos legais, como do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
a garantia da ordem pública, da ordem econômica, a conveniência § 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou
da instrução criminal ou a necessidade de assegurar a aplicação da cumulativamente.
lei penal. § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício
ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação
criminal, por representação da autoridade policial ou mediante re-
querimento do Ministério Público.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de inefi- “Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz de-
cácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, verá fundamentadamente:
determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia I - relaxar a prisão ilegal; ou
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando pre-
em juízo. sentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se reve-
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações larem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministé- da prisão; ou
rio Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla-
prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). grante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos
§ 5º O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como vol- dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente,
tar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de com-
§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for ca- parecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.”
bível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319).” (NR) (NR)
“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante deli- “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
to ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofí-
competente, em decorrência de sentença condenatória transitada cio, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtu- Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da
de de prisão temporária ou prisão preventiva. (Vide ADC Nº 43) autoridade policial.” (NR)
(Vide ADC Nº 44) (Vide ADC Nº 54) “Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como ga-
§ 1º As medidas cautelares previstas neste Título não se apli- rantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
cam à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativamen- da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
te cominada pena privativa de liberdade. quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer autoria.
hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domi- Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decre-
cílio.” (NR) tada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações im-
“Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora postas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º ).” (NR)
da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, de- “Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
vendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. decretação da prisão preventiva:
§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da máxima superior a 4 (quatro) anos;
prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sen-
§ 2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as pre- tença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do
cauções necessárias para averiguar a autenticidade da comunica- caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
ção. - Código Penal;
§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do pre- III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
so no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defici-
medida.” (NR) ência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
“Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado IV - (revogado).
judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela autori- Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
dade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quan-
averiguar a autenticidade desta.” (NR) do esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, de-
“Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas vendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
de execução penal. medida.” (NR)
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a la- “Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada
vratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da insti- se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente
tuição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autorida- praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput
des competentes.” (NR) do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Có-
“Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- digo Penal.” (NR)
contre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao “Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a pri-
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. são preventiva será sempre motivada.” (NR)
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da pri-
são, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em fla- “CAPÍTULO IV
grante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, DA PRISÃO DOMICILIAR”
cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante re- “Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indi-
cibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da ciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.” (NR) com autorização judicial.” (NR)
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

“Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela do- Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao
miciliar quando o agente for: juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR)
I - maior de 80 (oitenta) anos; “Art. 323. Não será concedida fiança:
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; I - nos crimes de racismo;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
6 (seis) anos de idade ou com deficiência; gas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou milita-
esta de alto risco. res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea IV - (revogado);
dos requisitos estabelecidos neste artigo.” (NR) V - (revogado).” (NR)
“Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
“CAPÍTULO V I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança ante-
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES” riormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das
obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
“Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: II - em caso de prisão civil ou militar;
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi- III - (revogado);
ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares da prisão preventiva (art. 312).” (NR)
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado “Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a
ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco conceder nos seguintes limites:
de novas infrações; a) (revogada);
III - proibição de manter contato com pessoa determinada b) (revogada);
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado c) (revogada).
ou acusado dela permanecer distante; I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanên- infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for
cia seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; superior a 4 (quatro) anos;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4
fixos; (quatro) anos.
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade § 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a
de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio fiança poderá ser:
de sua utilização para a prática de infrações penais; I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con- III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
cluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) § 2º (Revogado):
e houver risco de reiteração; I - (revogado);
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o II - (revogado);
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an- III - (revogado).” (NR)
damento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; “Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar
IX - monitoração eletrônica. em julgado a sentença condenatória.” (NR)
§ 1º (Revogado). “Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a
§ 2º (Revogado). concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la,
§ 3º (Revogado). mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Ca- em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR)
pítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas “Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao
cautelares.” (NR) pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecu-
“Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada niária e da multa, se o réu for condenado.
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do ter- Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso
ritório nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do Código
o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.” (NR) Penal).” (NR)
“Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação “Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em jul-
da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, gado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extin-
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 ta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste
Código. Código.” (NR)
I - (revogado) “Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:
II - (revogado).” (NR) I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de com-
“Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fian- parecer, sem motivo justo;
ça nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento
não seja superior a 4 (quatro) anos. do processo;
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente Art. 4º São revogados o art. 298, o inciso IV do art. 313, os §§ 1º
com a fiança; a 3º do art. 319, os incisos I e II do art. 321, os incisos IV e V do art.
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; 323, o inciso III do art. 324, o § 2º e seus incisos I, II e III do art. 325
V - praticar nova infração penal dolosa.” (NR) e os arts. 393 e 595, todos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
“Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na de 1941 - Código de Processo Penal.
perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a impo-
sição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação Brasília, 4 de maio de 2011; 190º da Independência e 123º da
da prisão preventiva.” (NR) República.
“Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fian-
ça, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do PRISÃO CAUTELAR E MEDIDAS CAUTELARES PATRIMO-
cumprimento da pena definitivamente imposta.” (NR) NIAIS
“Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas .
as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será
recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.” (NR) — Prisão
“Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as dedu- Em primeiro lugar, é importante saber que somente existe a
ções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será reco- possibilidade de decretar a prisão quando as medidas cautelares
lhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.” (NR) diversas da prisão se revelarem insuficientes.
“Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade pro- I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi-
visória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo jus- quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
to, qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco
disposto no § 4º do art. 282 deste Código.” (NR) de novas infrações;
“Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá III - proibição de manter contato com pessoa determinada
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
moral.” (NR) ou acusado dela permanecer distante;
Art. 2º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Có- IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanên-
digo de Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. cia seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
289-A: V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
“Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato regis- folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho
tro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo Conse- fixos;
lho Nacional de Justiça para essa finalidade. VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade
§ 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão deter- de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio
minada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de de sua utilização para a prática de infrações penais;
Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o ex- VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes
pediu. praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con-
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decreta- cluírem ser inimputável ou semi-imputável(art. 26 do Código Penal)
da, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, ado- e houver risco de reiteração;
tando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an-
providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma do caput damento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
deste artigo. IX - monitoração eletrônica.
§ 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local § 1º (Revogado).
de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão extraí- § 2º (Revogado).
da do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo § 3º (Revogado).
que a decretou. § 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Ca-
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do pítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas
inciso LXIII do art. 5º da Constituição Federal e, caso o autuado não cautelares.
informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria
Pública. — Prisão em Flagrante
§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimi- De acordo com a CF/88:
dade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, aplica- Art. 5º (...)
-se o disposto no § 2º do art. 290 deste Código. LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
§ 6º O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
do mandado de prisão a que se refere o caput deste artigo.” salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
Art. 3º Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de litar, definidos em lei;
sua publicação oficial. Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo); as autorida-
des policiais deverão (flagrante compulsório) PRENDER EM FLA-
GRANTE DELITO.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

• Espécies de flagrante: SIM. Conforme prevê o art. 301 do CPP, qualquer pessoa pode
prender quem estejaemflagrantedelito. Desse modo, não existe
Está cometendo ou acaba de óbice àprisãoemflagranterealizada por guardas municipais, não ha-
Flagrante Próprio vendo, portanto, que se falaremprova ilícita.
cometer
STJ. 5ª Turma. HC 421.954/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
É perseguido logo após, em Fonseca, julgadoem22/03/2018.
Flagrante Impróprio, irreal,
situação que faça presumir ser
quase flagrante
autor da infração Não é ilegal aprisãoefetuada por agentes públicos que não te-
É encontrado, logo depois, nham competência para a realização do ato se a pessoa estavaem-
com instrumentos, armas e flagrantedelito.
Flagrante Presumido, ficto STJ. 5ª Turma. HC 244016-ES, Rel. Min. Jorge Mussi, julga-
objetos que façam presumir
ser ele autor da infração doem16/10/2012.
A autoridade policial espera o A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os
Flagrante Esperado
início da execução delitiva presos que eles possuem o direito de permaneceremsilêncio (art.
O agente é induzido a cometer 5º, LXIII).
o delito S145/STF: Não há
Flagrante Preparado/ Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas
crime quando a preparação
Provocado pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos
do flagrante pela polícia torna
impossível sua consumação policiais responsáveis pela voz deprisãoemflagrante. Isso porque a
todos os órgãos estatais impõe-se o dever de zelar pelos direitos
A autoridade policial tem
fundamentais.
a faculdade de aguardar o
A falta da advertência quanto ao direito ao silêncio torna ilícita
momento mais adequado
a prova obtida a partir dessa confissão.
para realizar a prisão, ainda
STF. 2ª Turma. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
que sua atitude implique na
Flagrante prorrogado/diferido julgadoem4/5/2021 (Info 1016).
postergação da intervenção.
Obs. só na lei de organização
— Prisão Preventiva
criminosa basta a comunicação
A prisão preventiva poderá ser decretada como:
prévia do juiz (e não a
• Garantia da ordem pública;
autorização)
• Garantia da ordem econômica;
• Por conveniência da instrução criminal;
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado • Assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga).
não impede a prisão. O preso será imediatamente apresentado ao
juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência Mas desde que haja prova da existência do crime e indício su-
de custódia. ficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo imputado. A decisão precisa ser motivada e fundamentada mos-
de 24 horas (contadas da realização da prisão), o juiz deverá promo- trando receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
ver AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, com a presença do acusado, seu ad- contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
vogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro Vale lembrar que as prisões cautelares não se confundem com
do Ministério Público. a prisão-pena, pois as primeiras buscam assegurar a boa aplicação
Se transcorridas as 24 horas, a não realização da audiência de do Direito Penal em casos que exigem tal medida de urgência, já
custódia (sem motivação idônea) ensejará a ILEGALIDADE DA PRI- a segunda advém do trânsito em julgado da condenação criminal.
SÃO, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a
possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Ade- finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como de-
mais, a autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não corrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou
realização da audiência de custódia no prazo estabelecido respon- recebimento de denúncia.
derá administrativa, civil e penalmente pela omissão. Atente-se para a jurisprudência correlata:
Todavia, o dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux suspendeu a Após o advento da Lei nº 13.964/2019, não é mais possível a
eficácia da liberação da prisão pela não realização da audiência de conversão da prisão em flagrante em preventiva sem provocação
custódia no prazo de 24 horas. por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente,
Na audiência de custódia, o juiz decide fundamentadamente: ou do Ministério Público, mesmo nas situações em que não ocorre
• Relaxar a prisão ilegal; audiência de custódia.
• Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando pre- A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que
sentes os requisitos, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as constava do art. 282, § 2º, e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de
medidas cautelares diversas da prisão; forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio re-
• Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. querimento das partes ou representação da autoridade policial.
Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico
Atente-se para a jurisprudência correlata: vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de pri-
É válida aprisãoemflagranteefetuada por guarda municipal? vação cautelar da liberdade.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a decre-
do art. 282, § 2º e do art. 311, significando que se tornou inviável, tação da prisão preventiva “se o CRIME envolver violência domésti-
mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofí- ca e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
cio, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preven- ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
tiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e protetivas de urgência”.
formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME
quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP. (não abarcando contravenção penal). Logo, não há previsão legal
Vale ressaltar que a prisão preventiva não é uma consequência que autorize a prisão preventiva contra o autor de uma contraven-
natural da prisão flagrante, logo é uma situação nova que deve res- ção penal. Decretar a prisão preventiva nesta hipótese representa
peitar o disposto em especial, nos arts. 311 e 312 do CPP. ofensa ao princípio da legalidade estrita.
STJ. 3ª Seção. RHC 131263, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, jul- STJ. 6ª Turma. HC 437535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
gado em 24/02/2021 (Info 686). Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018
STF. 2ª Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julga- (Info 632).
do em 24/02/2021.
O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frus-
O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício tração na sua realização, isoladamente, não autoriza a imposição da
(sem requerimento)? segregação cautelar.
• Regra: a prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo sim-
• Exceção: se, após a decretação, a autoridade policial ou o ples fato de ele ter descumprido acordo de colaboração premiada.
Ministério Público requererem a prisão, o vício de ilegalidade que Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a pri-
maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será re- são preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há
laxada. previsão de que, em decorrência do descumprimento do acordo,
O posterior requerimento da autoridade policial pela segrega- seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada.
ção cautelar ou manifestação do Ministério Público favorável à pri- Por essa razão, o descumprimento do que foi acordado não jus-
são preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de tifica a decretação de nova custódia cautelar.
prévio requerimento.
STJ. 5ª Turma. AgRg RHC 136708/MS, Rel. Min. Felix Fisher, jul- É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisi-
gado em 11/03/2021 (Info 691). tos da prisão preventiva, não podendo o decreto prisional ter como
fundamento apenas a quebra do acordo.
A reforma legislativa operada pelo chamado “Pacote Anticri- STJ. 6ª Turma.HC 396658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palhei-
me” (Lei nº 13.964/2019) introduziu a revisão periódica dos fun- ro, julgado em 27/6/2017 (Info 609).
damentos da prisão preventiva, por meio da inclusão do parágrafo STF. 2ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
único ao art. 316 do CPP. em 25/4/2017 (Info 862).
A redação atual prevê que o órgão emissor da decisão deverá
revisar a necessidade de sua manutenção a cada noventa dias, me- — Prisão Temporária
diante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar ilegal A prisão temporária só cabe no caso de determinados crimes
a prisão preventiva: taxados pela lei, quando imprescindível para as investigações do in-
Art. 316 (...) Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, quérito policial; ou quando o indicado não tiver residência fixa ou
deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua ma- não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua iden-
nutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamenta- tidade. É necessário fundadas razões de autoria ou participação do
da, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. indiciado nos seguintes crimes:
Assim, a prisão preventiva é decretada sem prazo determinado. a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
Contudo, o CPP agora prevê que o juízo que decretou a prisão pre- b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1°
ventiva deverá, a cada 90 dias, proferir uma nova decisão analisan- e 2°);
do se ainda está presente a necessidade da medida. Isso significa c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
que a manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
fatos concretos e atuais que a justifiquem. A existência desse subs- e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°,
trato empírico mínimo, apto a lastrear a medida extrema, deverá 2° e 3°);
ser regularmente apreciado por meio de decisão fundamentada. f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223,
A esse respeito, importante mencionar também o § 2º do art. caput, e parágrafo único);
312 do CPP, inserido pelo Pacote Anticrime: “A decisão que decretar g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combina-
a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio ção com o art. 223, caput, e parágrafo único);
de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223
que justifiquem a aplicação da medida adotada.” caput, e parágrafo único);
STF. 2ª Turma. HC 179859 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
julgado em 3/3/2020 (Info 968). j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência do- com art. 285);
méstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
réu.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Pú-
blico, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem
da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária
ou da decretação da prisão preventiva.
Atente-se aos julgados mais importantes sobre o assunto:
Há compatibilidade entre o benefício da saída temporária e prisão domiciliar por falta de estabelecimento adequado para o cumpri-
mento de pena de reeducando que se encontre no regime semiaberto.
STJ. 6ª Turma. HC 489106-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 13/08/2019 (Info 655).

A prisão temporária, por sua própria natureza instrumental, é permeada pelos princípios do estado de não culpabilidade e da pro-
porcionalidade, de modo que sua decretação só pode ser considerada legítima caso constitua medida comprovadamente adequada e
necessária ao acautelamento da fase pré-processual, não servindo para tanto a mera suposição de que o suspeito virá a comprometer a
atividade investigativa.
STJ. 6ª Turma. HC 379.690/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/04/2017.

Caso concreto: a justiça brasileira decretou a prisão preventiva do réu brasileiro que mora regularmente nos EUA. O Governo norte-
-americano negou o pedido de extradição. A defesa desse réu impetrou habeas corpus no Brasil pedindo a revogação da prisão decretada
considerando que ele é idoso, fumante e está com H1N1, de forma que pertence ao grupo de risco da Covid-19.
O STJ indeferiu o pedido considerando que o réu está no exterior há anos e não corre mais o risco de ser extraditado.
Na Recomendação 62/2020, o CNJ afirma que os juízes e Tribunais deverão adotar medidas para prevenir a propagação da Covid-19
no âmbito do sistema de justiça penal, fazendo a revisão das prisões temporárias.
Vale ressaltar, contudo, que essa Recomendação não se aplica ao acusado porque ele não está inserido no sistema penal brasileiro.
A adoção de cautelas quanto à prisão por conta da pandemia da Covid-19 tem o objetivo de reduzir os riscos epidemiológicos em
unidades prisionais e não o de blindar pessoas que residem no exterior.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 575112-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 02/06/2020 (Info 673).

A ausência da realização da audiência de custódia qualifica-se como causa geradora da ilegalidade da própria prisão em flagrante, com
o consequente relaxamento da privação cautelar da liberdade.
Se o magistrado deixar de realizar a audiência de custódia e não apresentar uma motivação idônea para essa conduta, ele estará su-
jeito à tríplice responsabilidade, nos termos do art. 310, § 3º do CPP.
STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).

Obs1: STJ possui julgados em sentido contrário:


A não realização de audiência de custódia não induz a ilegalidade do decreto preventivo, cujos fundamentos e requisitos de validade
não incluem a prévia realização daquele ato, vinculados, por força de lei, ao que dispõem os arts. 312 e 313 do CPP.
STJ. 6ª Turma. HC 598.525/BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020.

Obs2: a audiência de custódia deve ser realizada em todas as modalidades de prisão, inclusive as temporárias, preventivas e definitivas
(STF RCL 29303).

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

— Prisão Domiciliar
A prisão domiciliar pode ser obtida durante o processo ou na execução pena. Perceba a diferença:

Prisão domiciliar após o trânsito em julgado


Prisão domiciliar antes do trânsito em julgado
(cumprimento de pena)
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do
quando o agente for: beneficiário de regime aberto em residência particular
I - maior de 80 (oitenta) anos; quando se tratar de:
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) II - condenado acometido de doença grave;
anos de idade ou com deficiência; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
IV - gestante; mental;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; IV - condenada gestante.
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até
12 (doze) anos de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos
requisitos estabelecidos neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída
por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

— Medidas Cautelares de Natureza Pessoal Diversas da Prisão


Em rol exemplificativo, o art. 319 do CPP define medidas cautelares diversas da prisão. A privação da liberdade é ultima ratio, ou seja,
medida excepcional, quando todas as outras verificarem-se inapropriadas.
As medidas cautelares são decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por repre-
sentação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
Ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz deverá intimar a parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 dias. Os casos de
urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão.
No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu as-
sistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos
termos do parágrafo único do art. 312.
EM CASO DE DESCUMPRIMENTO, o juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medida, impor outra em cumulação ou decretar a
prisão preventiva. Por outro lado, quando faltar motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou quando sobrevierem razões que a
justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la, respectivamente.
— Liberdade Provisória
Em até 24h da prisão o juiz deve realizar a audiência de custódia, com a presença do acusado, seu advogado e o MP. Então o juiz pode
optar por: relaxar a prisão ilegal, converter a prisão em flagrante em preventiva, conceder liberdade provisória (com ou sem fiança).
Se o juiz verificar que o agente praticou o fato mediante alguma excludente de ilicitude, pode conceder liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de REVOGAÇÃO.
A liberdade provisória deve ser denegada quando o agente for reincidente, integrar organização criminosa armada, integrar milícia ou
portar arma de fogo de uso restrito. Inclusive, se não é caso de prisão preventiva, o juiz deve conceder liberdade provisória (com ou sem
medidas cautelares diversas da prisão).

OS PRESSUPOSTOS PARA A CAUTELARIDADE PENAL NA CRIMINALIDADE ECONÔMICA.

Os pressupostos para a cautelaridade penal na criminalidade econômica no direito processual penal brasileiro são fundamentais para
a aplicação de medidas cautelares, visando garantir a efetividade das investigações e processos envolvendo crimes dessa natureza. A
criminalidade econômica abrange uma série de condutas relacionadas a fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, entre
outras práticas lesivas ao patrimônio público e privado.
No Brasil, a adoção de medidas cautelares no âmbito do processo penal é regulada pelo Código de Processo Penal (CPP), e algumas delas
são especialmente relevantes para casos de criminalidade econômica. Dentre os principais pressupostos destacam-se:
Fumus comissi delicti: Refere-se à existência de indícios suficientes da prática do crime. Antes da aplicação de qualquer medida cautelar,
é preciso que existam elementos concretos que apontem para a autoria e materialidade do delito econômico em questão. Isso pode
incluir documentos, testemunhos, perícias, entre outros elementos de prova que embasem a acusação.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Periculum libertatis: Indica a necessidade da medida cautelar para É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o
a garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem
para assegurar a aplicação da lei penal. Em crimes econômicos, a que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia con-
periculosidade do agente pode ser entendida como a possibilidade sulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre
de que o investigado ou acusado continue praticando atos ilícitos seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo.
ou que venha a obstruir a investigação ou o processo. Isso consiste em violação ao direito ao silêncio e à não autoincri-
Proporcionalidade: As medidas cautelares devem ser proporcio- minação.
nais à gravidade do crime e à necessidade de sua aplicação. Em
alguns casos de criminalidade econômica, o juiz pode optar por • Confissão
medidas menos invasivas, como a proibição de deixar o país ou o A confissão é divisível e retratável, de maneira que o juiz anali-
comparecimento periódico em juízo, ao invés de decretar a prisão sará de acordo com o exame das provas em seu conjunto.
preventiva, por exemplo.
Risco de reiteração delitiva: Na criminalidade econômica, é comum • Ofendido
o risco de que o agente, se solto, continue praticando crimes se- O ofendido será qualificado e perguntado sobre as circuns-
melhantes. A reincidência ou a comprovação de atividade habitual tâncias da infração. A jurisprudência, inclusive, admite a condução
criminosa podem justificar a aplicação de medidas cautelares mais coercitiva do ofendido.
severas. Para a sua proteção, O ofendido é comunicado sobre o ingresso
Risco de dissipação de patrimônio: Em muitos casos, os criminosos e saída do acusado da prisão, dia da audiência, resultado da senten-
econômicos utilizam-se de esquemas complexos para ocultar e ça/acórdão etc. Inclusive, na audiência o ofendido tem um espaço
dissipar o patrimônio obtido de forma ilícita. Para evitar a perda separado dos demais. O juiz sempre busca tomar as providências
dos bens adquiridos com os crimes, o juiz pode decretar medidas necessárias para a preservação da intimidade do ofendido.
como o sequestro de bens ou o bloqueio de contas bancárias.
É importante ressaltar que a aplicação das medidas cautelares • Testemunhas
na criminalidade econômica deve ser pautada na análise do caso A testemunha deve ser qualificada e prometer dizer a verdade.
concreto, considerando os princípios da presunção de inocência, O depoimento deve ser prestado oralmente, com exceção a consul-
ampla defesa e contraditório, de modo a evitar excessos e arbitra- ta a breves apontamentos escritos. Ex. lembrar data etc.
riedades. O CPP adota o “cross examination”, ou seja, as perguntas são
Além disso, o combate à criminalidade econômica envolve a atu- feitas diretamente para as testemunhas. Todavia, o juiz não permi-
ação de órgãos de investigação e controle, como a Polícia Federal, tirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo
o Ministério Público e a Justiça, sendo fundamental a cooperação quando inseparáveis da narrativa do fato.
entre essas instituições para o êxito no enfrentamento desses O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do acusado
delitos. (CADI) podem se recusar a testemunhar, salvo quando não for pos-
sível por outro modo obter a prova do fato e suas circunstâncias.
Ademais, determinadas pessoas são proibidas de depor, em razão
PROVAS. do sigilo profissional (ex. padre). Exceção: Se forem desobrigadas
pela parte interessada e quiserem dar o seu testemunho.
Quem não presta o compromisso de dizer a verdade?
— Teoria Geral da Prova • Doentes mentais
Prova é o conjunto de elementos que visam à formação do • Menores de 14 anos
convencimento do juiz. Em regra, a prova é produzida durante o • CADI
processo, sob o manto do contraditório e ampla defesa. O que é
produzido durante o inquérito policial é denominado de elementos • Busca e Apreensão
de informação.
A prova é direito subjetivo das partes. Não precisam ser pro- Busca domiciliar Busca Pessoal
vados
– Fatos axiomáticos; Razões que autorizam uma Quando há fundada suspeita
– Fatos notórios; busca domiciliar: prender de que alguém oculte consigo
– Presunções legais; criminosos, apreender arma, coisas obtidas por meios
– Fatos inúteis. coisas achadas ou obtidas criminosos, cartas, elementos
por meios criminosos, de convicção. No caso de prisão
Atente-se que, mesmo que um fato seja incontroverso precisa apreender instrumentos ou quando houver fundada
ser objeto de prova, pois não existe revelia no processo criminal. de falsificação/objetos suspeita de que a pessoa esteja
Vale conhecer um pouco sobre as principais provas do CPP: falsificados, apreender armas na posse de arma proibida
e munições/instrumentos do ou de objetos ou papéis que
Interrogatório do acusado crime, provas, cartas, vítimas, constituam corpo de delito,
O interrogatório exige entrevista prévia e reservada com de- elementos de convicção no ou quando a medida for
fensor, qualificação do acusado e cientificação do inteiro teor da geral. determinada no curso de busca
acusação. O acusado deve ser informado sobre o direito ao silêncio domiciliar.
e interrogado na presença de seu defensor.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Princípio da Ampla Defesa: é um direito fundamental que pos-


Precedida de mandado Dispensa mandado judicial.
sibilita ao acusado apresentar argumentos, provas e testemunhas
judicial.
em sua defesa, garantindo-lhe o contraditório e a possibilidade de
As buscas domiciliares serão A busca em mulher será feita influenciar na formação da convicção do juiz ou do júri.
executadas de dia, salvo se por outra mulher, se não
o morador consentir que se importar retardamento ou Princípio do Contraditório: está intimamente ligado à ampla
realizem à noite, e, antes prejuízo da diligência. defesa. Ele estabelece que todas as partes envolvidas no processo
de penetrarem na casa, os devem ter a oportunidade de se manifestar sobre as provas apre-
executores mostrarão e lerão sentadas, as alegações e os atos praticados, de modo a permitir o
o mandado ao morador, equilíbrio e a igualdade das partes perante o julgador.
ou a quem o represente, Princípio da Presunção de Inocência: também conhecido como
intimando-o, em seguida, princípio da não culpabilidade, este preceito determina que toda
a abrir a porta. Em caso pessoa acusada de cometer um crime é presumida inocente até
de desobediência, será que se prove sua culpa de forma definitiva e mediante decisão judi-
arrombada a porta e forçada cial transitada em julgado.
a entrada. Quando ausentes Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade: as provas ob-
os moradores, deve, neste tidas devem ser proporcionais e razoáveis, ou seja, não podem ser
caso, ser intimado a assistir à obtidas ou utilizadas de forma excessiva ou desproporcional em re-
diligência qualquer vizinho, se lação ao fato criminoso investigado. Esse princípio visa evitar abu-
houver e estiver presente. sos e violações aos direitos individuais.
Princípio da Legalidade das Provas: estabelece que as provas
colhidas devem ser obtidas de acordo com as regras e procedimen-
• Perícia tos estabelecidos na legislação, vedando-se a utilização de provas
O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de custó- ilícitas, como aquelas obtidas por meio de tortura, coação, violên-
dia como garantidora da autenticidade das evidências coletadas e cia, invasão de domicílio sem mandado, entre outras práticas ile-
examinadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim, docu- gais.
menta-se de maneira formal um procedimento destinado a manter Princípio da Contaminatio: esse princípio determina que pro-
a história cronológica de uma evidência. vas ilícitas ou ilegítimas contaminam outras provas relacionadas ao
A consequência da quebra da cadeia de custódia (break on the mesmo fato, tornando-as inadmissíveis no processo. É conhecido
chain of custody) é a proibição de valoração probatória com a con- como o fruto da árvore envenenada.
sequente exclusão dela e de toda a derivada. Em suma, preservar a Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Direito ao Silêncio):
fonte de prova garante a validade da prova. o acusado não é obrigado a produzir provas contra si mesmo, não
podendo ser constrangido a depor ou colaborar com sua própria
— Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie incriminação. Esse direito é garantido pelo direito ao silêncio.
Princípio do Juiz Natural: esse princípio assegura que o acusa-
Meio de Prova Meio de Obtenção de Prova do seja julgado por um juiz competente e imparcial, previamente
estabelecido pela legislação, garantindo-se a independência e a im-
Corresponde à prova em si. Procedimento realizado para parcialidade do julgador.
se chegar à prova. Princípio da Identidade Física do Juiz: estabelece que o juiz que
presidiu a instrução processual e ouviu as partes deve ser o mesmo
Ex. Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio ju- a proferir a sentença, assegurando a continuidade e a coerência do
rídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe uti- processo.
lidade e interesse públicos. Esses são apenas alguns dos princípios fundamentais na colhei-
ta de provas no direito processual penal brasileiro. A correta ob-
servância desses princípios é essencial para a garantia dos direitos
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA SUA COLHEITA. fundamentais das partes envolvidas no processo, para a busca da
verdade material e para a concretização da justiça no âmbito do
processo penal.
No direito processual penal brasileiro, existem princípios fun-
damentais que regem a colheita de provas e a busca pela verdade
no processo penal. Esses princípios são essenciais para garantir a
observância dos direitos e garantias fundamentais dos indivíduos ÔNUS DA PROVA.
envolvidos no processo e para assegurar a justiça e a imparcialidade
na persecução penal. Abaixo, destacarei alguns desses princípios: No direito processual penal brasileiro, o ônus da prova é um
Princípio do Devido Processo Legal: assegura que todas as eta- conceito fundamental que define a responsabilidade de cada uma
pas do processo penal devem ser conduzidas de acordo com a lei, das partes envolvidas em um processo penal de apresentar provas
garantindo aos envolvidos o direito a um processo justo, sem ex- para sustentar suas alegações. Esse princípio está intimamente rela-
cessos ou arbitrariedades. Ele abrange o direito ao contraditório e cionado com o princípio da presunção de inocência, que estabelece
à ampla defesa, bem como a proibição de provas obtidas de forma que o acusado é considerado inocente até que sua culpa seja com-
ilícita. provada de forma inequívoca.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Em resumo, o ônus da prova no direito processual penal funcio- pode decretar o sigilo do processo, impedindo o acesso público aos
na da seguinte maneira: autos. Isso pode acontecer quando o processo envolve informações
Ônus da prova do Ministério Público (acusação): No processo pessoais sensíveis, segredos de negócio ou questões que exijam a
penal, o órgão responsável pela acusação é o Ministério Público, ou proteção da identidade das partes envolvidas, como em casos de
seja, é dever do Ministério Público apresentar provas que demons- crimes sexuais.
trem a materialidade do crime (a existência do fato delituoso) e a É importante ressaltar que o sigilo da prova ou do processo não
autoria (a responsabilidade do acusado pelo crime). É importante é uma medida automática, devendo ser fundamentado e justificado
ressaltar que a acusação não pode simplesmente alegar a culpa do pelas autoridades competentes, e sua duração deve ser a menor
réu, mas precisa fundamentar sua acusação em provas concretas. possível, de acordo com a legislação brasileira.
Presunção de inocência do acusado: O acusado, por sua vez,
tem o direito de ser presumido inocente até que sua culpa seja
provada além de qualquer dúvida razoável. Dessa forma, o ônus de OS LIMITES CONSTITUCIONAIS E AS INVESTIGAÇÕES AD-
comprovar a culpabilidade recai sobre a acusação, não sendo obri- MINISTRATIVAS DO PODER PÚBLICO.
gação do réu provar sua inocência. Caberá à acusação apresentar
provas suficientes e consistentes para convencer o juiz ou o júri da
As investigações administrativas são conduzidas por órgãos e
culpa do acusado.
entidades do poder público com a finalidade de apurar infrações
Possibilidade de provas da defesa: A defesa do acusado tem o
disciplinares e administrativas, que não necessariamente consti-
direito de produzir provas que possam demonstrar a inocência do
tuem crimes.
réu ou que possam criar dúvidas razoáveis sobre sua culpabilidade.
Administração Pública: As investigações administrativas no âm-
O acusado não é obrigado a produzir provas, mas tem o direito de
bito do poder público são conduzidas pela Administração Pública, e
apresentá-las caso julgue necessário.
cada órgão tem suas próprias regras e procedimentos internos para
Princípio do in dubio pro reo: Caso existam dúvidas razoáveis
conduzir tais investigações.
sobre a autoria ou a culpabilidade do acusado após a análise das
Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: Mesmo em inves-
provas apresentadas, o juiz deve decidir a favor do réu, aplicando
tigações administrativas, é garantido aos investigados o direito ao
o princípio do “in dubio pro reo”, que significa “na dúvida, a favor
contraditório e à ampla defesa, conforme assegurado pela Consti-
do réu”. Isso reforça a ideia de que o ônus de provar a culpa é da
tuição.
acusação e não do acusado.
Presunção de Inocência: A presunção de inocência é um di-
Em suma, o ônus da prova visa assegurar que a acusação deve
reito fundamental assegurado a todo cidadão brasileiro, tanto em
apresentar provas sólidas e consistentes para sustentar suas alega-
processos criminais quanto em investigações administrativas. Isso
ções de culpa, enquanto o acusado tem o direito de ser presumido
significa que o investigado é considerado inocente até que se prove
inocente e não precisa provar sua inocência, cabendo-lhe apenas
o contrário.
apresentar provas em sua defesa caso deseje.
Sigilo das Informações: As informações obtidas durante as in-
vestigações administrativas podem ser protegidas pelo sigilo, espe-
SIGILO DA PROVA CRIMINAL cialmente quando envolvem questões pessoais ou sensíveis.
Decisões e Recursos: As decisões decorrentes das investigações
administrativas podem ser passíveis de recursos internos e judiciais,
O processo penal brasileiro, o sigilo da prova criminal pode ser se houver questionamentos sobre a legalidade ou justiça do pro-
tratado de diversas maneiras, dependendo da natureza da prova e cesso.
das circunstâncias específicas do caso. Vou explicar algumas situa-
ções em que o sigilo pode ser aplicado: MARCO CIVIL DA INTERNET. LEI Nº 9.296/1996 E LEI Nº
Sigilo de Investigação: Durante a fase de investigação criminal, 12.527/2011 1/2.
a autoridade policial pode determinar o sigilo da investigação para
preservar seu sucesso, impedir a interferência nas diligências ou
proteger a identidade de informantes, por exemplo. Nesse caso, as
informações sobre a investigação não são divulgadas à imprensa ou LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.
ao público em geral.
Sigilo de Interceptações Telefônicas e Telemáticas: Se a autori- Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição
dade policial ou o Ministério Público obtiverem autorização judicial Federal.
para realizar interceptações telefônicas, telemáticas (mensagens de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
texto, e-mails, etc.) ou outros meios de obtenção de prova por meio Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
de comunicações privadas, essas informações devem ser mantidas Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qual-
em sigilo, a fim de evitar a violação da privacidade das pessoas en- quer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução
volvidas. A divulgação indevida de informações obtidas por meio de processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de
interceptações pode acarretar consequências legais. ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Sigilo de Inquérito Policial: O inquérito policial, como etapa Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação
pré-processual de investigação, pode ser mantido em sigilo para do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.
preservar informações sensíveis ou evitar prejuízos ao andamento Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações te-
das diligências. lefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
Sigilo de Processo Judicial: Em determinadas situações, o juiz

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e parti-
infração penal; cipação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superio-
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; res a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no má- pela Lei nº 13.964, de 2019)
ximo, com pena de detenção. § 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com local e a forma de instalação do dispositivo de captação ambiental.
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, § 2º (VETADO).
devidamente justificada. § 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental pode-
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá rá ser realizada, quando necessária, por meio de operação policial
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do
I - da autoridade policial, na investigação criminal; inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal. (Incluído
II - do representante do Ministério Público, na investigação cri- pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
minal e na instrução processual penal. § 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica (quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos,
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apu- se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
ração de infração penal, com indicação dos meios a serem empre- presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
gados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja § 4º (VETADO).
formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressu- § 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem
postos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério Pú-
será condicionada à sua redução a termo. blico poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demons-
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá trada a integridade da gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
sobre o pedido. de 2019) (Vigência)
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as re-
indicando também a forma de execução da diligência, que não po- gras previstas na legislação específica para a interceptação telefôni-
derá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma ca e telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Pú- após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
blico, que poderá acompanhar a sua realização. parte interessada.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comuni- Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
cação interceptada, será determinada a sua transcrição. Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o seu representante legal.
resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circuns- Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações
tanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providên- Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados
cia do art. 8° , ciente o Ministério Público. em lei.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica-
especializados às concessionárias de serviço público. ções telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial
natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do in- ou com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei
quérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das nº 13.869. de 2019) (Vigência)
diligências, gravações e transcrições respectivas. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda-
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada ção dada pela Lei nº 13.869. de 2019) (Vigência)
imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial
de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na que determina a execução de conduta prevista no caput deste ar-
conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do dis- tigo com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei nº
posto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal. 13.869. de 2019) (Vigência)
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagné-
autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do ticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal
Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéti- sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela
cos, ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, Lei nº 13.964, de 2019)
de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Inclu-
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlo-
cutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti-
descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquan- qualquer meio, suporte ou formato;
to mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. que seja o suporte ou formato;
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º da à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
República. para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Consti- transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena-
tuição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa-
revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei ção;
nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: torizados;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
CAPÍTULO I produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in-
DISPOSIÇÕES GERAIS divíduo, equipamento ou sistema;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser- clusive quanto à origem, trânsito e destino;
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constitui- Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
ção Federal. mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos preensão.
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju-
diciário e do Ministério Público; CAPÍTULO II
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
nicípios. das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- so a ela e sua divulgação;
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, autenticidade e integridade; e
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
tos congêneres. observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- tual restrição de acesso.
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas de, entre outros, os direitos de obter:
a que estejam legalmente obrigadas. I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser obtida a informação almejada;
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- II - informação contida em registros ou documentos, produ-
tração pública e com as seguintes diretrizes: zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo não a arquivos públicos;
como exceção; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
II - divulgação de informações de interesse público, indepen- entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
dentemente de solicitações; ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec- IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
nologia da informação; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti-
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
na administração pública; VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú-
V - desenvolvimento do controle social da administração pú- blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis-
blica. trativos; e
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: VII - informação relativa:
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
como metas e indicadores propostos; lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in- em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022) ção da informação;
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen- disponíveis para acesso;
to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
rança da sociedade e do Estado. VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida-
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não de detentora do sítio; e
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
parte sob sigilo. dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada
e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci- pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
sório respectivo. § 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for- bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet
mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não a que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação,
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e
termos do art. 32 desta Lei. financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura Fiscal).
de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu- Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me-
mentação. diante:
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res- I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de entidades do poder público, em local com condições apropriadas
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro- para:
vem sua alegação. a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- ções;
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte- pectivas unidades;
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, mações; e
deverão constar, no mínimo: II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
I - registro das competências e estrutura organizacional, en- participação popular ou a outras formas de divulgação.
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi-
mento ao público; CAPÍTULO III
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur- DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
sos financeiros;
III - registros das despesas; SEÇÃO I
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in- DO PEDIDO DE ACESSO
clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os
contratos celebrados; Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
projetos e obras de órgãos e entidades; e desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. identificação do requerente e a especificação da informação reque-
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti- rida.
dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí- § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi-
timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem
oficiais da rede mundial de computadores (internet). a solicitação.
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regula- § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o seus sítios oficiais na internet.
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
linguagem de fácil compreensão; determinantes da solicitação de informações de interesse público.
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce-
der o acesso imediato à informação disponível.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

§ 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve- interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, ponha em risco a conservação do documento original.
efetuar a reprodução ou obter a certidão; Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
parcial, do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do SEÇÃO II
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, DOS RECURSOS
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
interessado da remessa de seu pedido de informação. Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou
§ 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re-
10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientifi- curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
cado o requerente. ciência.
§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
a informação de que necessitar. Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor- dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor- Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua dias se:
interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe- I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
tente para sua apreciação. gado;
§ 5º A informação armazenada em formato digital será forneci- II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
da nesse formato, caso haja anuência do requerente. cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de pedido de acesso ou desclassificação;
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo mentos previstos nesta Lei.
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
mesmo tais procedimentos. gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é gra- ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
tuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo órgão àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser cobra- de 5 (cinco) dias.
do exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do custo § 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro-
dos serviços e dos materiais utilizados. (Vide Lei nº 14.129, de ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que ado-
2021) (Vigência) te as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos nesta Lei.
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- § 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia-
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. ção de Informações, a que se refere o art. 35.
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação é Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência) ção de informação protocolado em órgão da administração públi-
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava-
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
(Vigência) ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º deste autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem Armadas, ao respectivo Comando.
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos § 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
14.129, de 2021) (Vigência) caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em prevista no art. 35.
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica-
confere com o original. ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró-
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido. de sua produção e são os seguintes:
Art. 19. (VETADO). I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
§ 1º (VETADO). II - secreta: 15 (quinze) anos; e
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor- III - reservada: 5 (cinco) anos.
marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do § 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança
Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju-
recurso, negarem acesso a informações de interesse público. ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si-
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato,
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este em caso de reeleição.
Capítulo. § 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , poderá ser
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência
CAPÍTULO IV de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO do prazo máximo de classificação.
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
SEÇÃO I evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au-
DISPOSIÇÕES GERAIS tomaticamente, de acesso público.
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati- Estado; e
cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
poderão ser objeto de restrição de acesso. defina seu termo final.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo SEÇÃO III
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi- DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
qualquer vínculo com o poder público. Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
SEÇÃO II assegurando a sua proteção. (Regulamento)
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas-
PRAZOS DE SIGILO sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne-
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie- forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor- públicos autorizados por lei.
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: § 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida- obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
de do território nacional; § 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; divulgação não autorizados.
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne-
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
ou monetária do País; conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi- rança para tratamento de informações sigilosas.
cos das Forças Armadas; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen- razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades
volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori- observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou ções resultantes da aplicação desta Lei.
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in-
vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre- SEÇÃO IV
venção ou repressão de infrações. DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO, RECLASSIFICAÇÃO
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi- E DESCLASSIFICAÇÃO
cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da
ultrassecreta, secreta ou reservada. administração pública federal é de competência: (Regulamento)
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos
a) Presidente da República; últimos 12 (doze) meses;
b) Vice-Presidente da República; II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro- identificação para referência futura;
gativas; III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa-
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes ções genéricas sobre os solicitantes.
no exterior; § 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi-
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes.
titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda- § 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de
des de economia mista; e informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos e dos fundamentos da classificação.
I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia,
nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento SEÇÃO V
Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula- DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis-
posto nesta Lei. Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada,
à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão individuais.
no exterior, vedada a subdelegação. § 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati-
§ 2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre- vas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de- I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica-
verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da
previsto em regulamento. sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classificar in- à pessoa a que elas se referirem; e
formação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei-
trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa
que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento. a que elas se referirem.
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si- § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
seguintes elementos: § 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será exi-
I - assunto sobre o qual versa a informação; gido quando as informações forem necessárias:
II - fundamento da classificação, observados os critérios esta- I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver
belecidos no art. 24; física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamen-
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou te para o tratamento médico;
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
previstos no art. 24; e dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a
IV - identificação da autoridade que a classificou. identificação da pessoa a que as informações se referirem;
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no III - ao cumprimento de ordem judicial;
mesmo grau de sigilo da informação classificada. IV - à defesa de direitos humanos; ou
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente § 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada,
superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito
previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o
redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24. (Re- titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol-
gulamento) tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar § 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata-
as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto- mento de informação pessoal.
ridades ou agentes públicos.
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa- CAPÍTULO V
minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de DAS RESPONSABILIDADES
danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili-
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua dade do agente público ou militar:
produção. I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des-
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pu- ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la
blicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de
regulamento:
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili- Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamen-
zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação te pelos danos causados em decorrência da divulgação não autori-
que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci- zada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
função pública; casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi-
à informação; ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na-
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou CAPÍTULO VI
por outrem; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in-
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo Art. 35. (VETADO).
de terceiros; e § 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con- ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so-
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
agentes do Estado. competência para:
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e I - requisitar da autoridade que classificar informação como ul-
do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão con- trassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou inte-
sideradas: gral da informação;
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se-
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios ne- cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada,
les estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e
contravenção penal; ou III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu
de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania
ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às
estabelecidos. relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou do art. 24.
agente público responder, também, por improbidade administrati- § 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno-
va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, vação.
e 8.429, de 2 de junho de 1992. § 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º deve-
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor- rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação
mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos
público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às ou secretos.
seguintes sanções: § 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
I - advertência; Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º implicará a
II - multa; desclassificação automática das informações.
III - rescisão do vínculo com o poder público; § 5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe- funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
dimento de contratar com a administração pública por prazo não observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de-
superior a 2 (dois) anos; e mais disposições desta Lei. (Regulamento)
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra-
administração pública, até que seja promovida a reabilitação peran- tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco-
te a própria autoridade que aplicou a penalidade. mendações constantes desses instrumentos.
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli- Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Ins-
cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa titucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e
do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. Credenciamento (NSC), que tem por objetivos: (Regulamento)
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente I - promover e propor a regulamentação do credenciamento
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti- de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para
dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção tratamento de informações sigilosas; e
aplicada com base no inciso IV. II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên- aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado,
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo
de 10 (dez) dias da abertura de vista. das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais
órgãos competentes.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or-
ganização e funcionamento do NSC.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí- passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
namentais ou de caráter público. vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre- autoridade competente para apuração de informação concernente
tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
vigência desta Lei. ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia- ção pública.”
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre- Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
vistos nesta Lei. em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas
§ 2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis-
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co- posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos Art. 46. Revogam-se:
desta Lei. I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
legislação precedente. a data de sua publicação.
§ 4º As informações classificadas como secretas e ultrassecre- Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e
tas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, 123º da República.
automaticamente, de acesso público.
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência MARCO CIVIL DA INTERNET. LEI Nº 9.296/1996 E LEI Nº
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi- 12.527/2011 1/2.
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór-
gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; em tópicos anteriores.
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre-
sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação DIREITO DE DEFESA, DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA.
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum- O princípio do contraditório consiste no direito à informação
primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. e ao direito de participação. Ex. direito de receber citações e inti-
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis- mações; direito de participar e reagir, como, por exemplo, oferecer
tração pública federal responsável: resposta à acusação, recorrer.
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo-
mento à cultura da transparência na administração pública e cons- Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do
cientização do direito fundamental de acesso à informação; denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor da-
desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi- tivo.
nistração pública;
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad- O contraditório está previsto no art. 5º, LV, CF/88, e significa
ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi- que aos litigantes em processo administrativo e judicial serão ga-
cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; rantidos o contraditório e a ampla defesa. O contraditório dignifica
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório o direito à informação e à participação.
anual com informações atinentes à implementação desta Lei. Já o princípio da ampla defesa consiste no direito de se defen-
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei der com todas as provas admitidas em direito. Ex. interrogatório
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu- em juízo.
blicação.
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem- Súmula 523 STF: No processo penal, a falta da defesa constitui
bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
“Art. 116. ................................................................... prova de prejuízo para o réu.
............................................................................................ SÚMULA 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade pe-
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do rante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver autodefesa.
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
dade competente para apuração;
.................................................................................” (NR)
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

DEFESA TÉCNICA AUTODEFESA suas penas, procedimentos criminais, garantias processuais, direi-
tos e deveres dos envolvidos no processo, entre outros aspectos.
A autodefesa é exercida Os parlamentares (deputados e senadores) propõem projetos
pela própria parte. de lei, que passam por discussões e votações nas casas legislati-
Compreende o direito de vas antes de serem aprovados e, posteriormente, sancionados pelo
audiência (se apresentar Presidente da República. As leis criadas por meio desse processo
ao juiz para defender-se orientam a atuação dos órgãos de persecução penal (polícia e Mi-
pessoalmente); direito de nistério Público) e dos órgãos jurisdicionais (tribunais e juízes) no
A defesa técnica é exercida
presença (acompanhar os sistema de justiça penal.
pelo advogado. É obrigatória
atos de instrução ao lado do
na fase processual.
seu defensor); capacidade Atividade Jurisdicional:
postulatória autônoma A atividade jurisdicional é exercida pelo Poder Judiciário e tem
(impetrar Habeas Corpus, como objetivo aplicar as leis aos casos concretos, resolvendo con-
ajuizar revisão criminal, flitos e julgando os delitos. O Poder Judiciário no Brasil é composto
formular pedidos relativos à por diversos tribunais e juízes, que são responsáveis por analisar
execução da pena). as demandas judiciais, inclusive aquelas relacionadas ao processo
penal.
Está previsto no art. 5º, LV, CF/88, e significa que aos litigantes em No processo penal brasileiro, os juízes e tribunais são responsá-
processo administrativo e judicial serão garantidos o contraditório e veis por conduzir os procedimentos, decidir sobre questões proces-
a ampla defesa. suais, ouvir as partes e as testemunhas, analisar as provas e aplicar
Tanto o contraditório como a ampla defesa fazem parte do de- as leis vigentes para chegar a um veredicto final sobre a culpa ou
vido processo legal. Esse princípio possui um duplo significado: inocência do acusado.
a) ninguém pode ser privado de sua liberdade e de seus bens A contraposição entre a atividade legislativa e a atividade ju-
sem o devido processo legal; e risdicional é clara: enquanto o Poder Legislativo cria e altera as leis
b) todo cidadão tem direito ao prévio conhecimento das regras que regulam o processo penal, o Poder Judiciário aplica essas leis
procedimentais que regulam o justo processo, obrigando, assim, o aos casos concretos, garantindo a imparcialidade e o devido pro-
Estado a respeitá-las. Logo, trata-se de forma de controle político cesso legal.
da atuação estatal. Essa separação de funções é essencial para assegurar a inde-
pendência dos poderes e para evitar abusos de autoridade, garan-
• Dimensão Processual ou procedimental: todo processo deve tindo que o processo penal seja conduzido de acordo com as nor-
se desenvolver conforme a legislação. mas estabelecidas pela legislação vigente.
• Dimensão Substantiva ou material: está ligado ao princípio
da razoabilidade ou proporcionalidade; trata-se de dimensão di-
recionada tanto ao legislador quanto ao juiz. No que se refere ao
JURISDIÇÃO PENAL E SEUS LIMITES.
legislador, a norma estatal que descreve o delito e comina a respec-
tiva pena atua por modo necessariamente binário, no sentido de
que, se, por um lado, consubstancia o poder estatal de interferência Mecanismos de solução dos conflitos:
na liberdade individual, também se traduz na garantia de que os – Autotutela: emprego da força para a satisfação dos interesses.
eventuais arroubos legislativos de irrazoabilidade e desproporcio- Não é a regra, mas cabe em algumas situações, ex. crime de exercício
nalidade se expõem a controle jurisdicional. No que diz respeito ao arbitrário das próprias razões “salvo quando a lei o permite”. Ex:
juiz, impede atos processuais desproporcionais, tanto em relação desforço imediato, legítima defesa, prisão em flagrante.
ao acusado quanto em relação à acusação. – Autocomposição: busca do consenso para satisfação dos
interesses. Não é a regra no processo penal, mas é uma tendência.
CONTRAPOSIÇÃO DA ATIVIDADE LEGISLATIVA E JURISDI- Ex: jecrim, anpp.
CIONAL – Jurisdição: uma das funções do Estado exercida pelo
Judiciário, sendo que ele aplica o direito ao caso concreto.

A contraposição entre a atividade legislativa e a atividade ju- A jurisdição é exercida precipuamente pelo Judiciário. Ex.
risdicional no processo penal brasileiro é uma característica funda- julgamento da Dilma (julgamento pelo Congresso).
mental da separação de poderes no sistema jurídico do país. Vamos Juiz natural: o cidadão conhecer de antemão quem vai julgá-lo.
explicar a diferença entre essas duas atividades: A jurisdição é uma só, a competência é uma parcela da
jurisdição.
Atividade Legislativa: A competência é a medida (limite) da jurisdição dentro dos
A atividade legislativa é exercida pelo Poder Legislativo, que é quais cada juiz exerce a sua função, aplicar o direito objetivo ao
responsável pela elaboração e aprovação das leis. No Brasil, o Po- caso concreto.
der Legislativo é bicameral, composto pela Câmara dos Deputados “Rarione Materiae”: competência em razão da natureza do
e pelo Senado Federal. delito, ex. crimes militares; crimes eleitorais; crimes dolosos contra
No contexto do processo penal, a atividade legislativa é essen- a vida.
cial para criar, modificar e revogar as leis que regem o sistema de “Ratione personae” (funcionae): competência por prerrogativa
justiça criminal. Essas leis estabelecem os tipos penais (crimes), de função. Direito de ser julgado originariamente pelos tribunais.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

“Ratione loci”: competência em razão do lugar. Competência É competência originária?


territorial. Qual a comarca ou seção judiciária competente )competência
Competência funcional: fixada de acordo com a função que os de foro/territorial)?
órgãos exercem no processo. Divisão: Qual a vara competente (juízo)? Ex. drogas, violência doméstica.
Por fase do processo: um órgão jurisdicional exerce a Qual é o juiz competente (competência interna)?
competência a depender da fase do processo. Ex: procedimento Atualmente o critério de distribuição é aleatório.
bifásico do júri, juiz sumariante + juiz presidente e conselho de Qual é a competência recursal?
sentença, juízo da execução, juiz das garantias.
Por objeto do juízo: matéria a ser decidida, cada órgão exerce Justiça Militar da União (art. 124) x Estados (art. 125, parágrafo
competência sobre determinadas questões. Ex: no júri os jurados 4º e 5º)
decidem sobre os quesitos e o juiz presidente sobre as demais Crimes militares são previstos no código penal militar e na
matérias. legislação penal.
Por grau de jurisdição: divisão entre os órgãos jurisdicionais A justiça militar da União julga militares e civis. Nos estados só
superiores e inferiores. Ex: a apelação vai para o tribunal ou a militares à época do delito – em caso de coautoria com civil existe a
competência é originária. separação dos processos.
Funcional horizontal: não há hierarquia entre os órgãos, ex. Justiça militar União: só julga os crimes militares definidos em
fase do processo e objeto do juízo. lei (critério ratione materiae). Não tem competência cível.
Funcional vertical: há hierarquia. Ex: por grau de jurisdição. Justiça militar Estados: critério materiae + personae. Tem
competência cível, ex. soldado questionar ações disciplinares.
— Competência Absoluta x Relativa JMU: tem como órgãos jurisdicionais o conselho de justiça
Competência absoluta: interesse público; improrrogável/ (juiz concursado + 4 militares de posto superior ao acusado) e o
imodificável (ex: não se altera por conexão/continência). Estão na CF. juiz federal da JMU (julga civis e militares em coautoria e preside
Competência relativa: interesse preponderante das partes; conselhos). O juízo ad quem é o STM.
prorrogável/derrogável. Estão na lei ordinária. Ex: competência JME: tem como órgãos jurisdicionais o juiz de direito do juízo
territorial. militar (ações contra civis e atos disciplinares) e o conselho de
Consequência da incompetência absoluta: nulidade absoluta, justiça (os demais crimes). O juízo ad quem é o TJM (onde tiver)
pode ser arguida a qualquer momento, mesmo após o trânsito ou TJ.
em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, Competência criminal da Justiça Eleitoral: em razão da matéria
prejuízo presumido. – julga crimes eleitorais. Estão no código eleitoral + leis.
Consequência da incompetência relativa: nulidade relativa; A simples existência no CE de descrição formal de conduta típica
deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão; o não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário,
prejuízo deve ser comprovado. também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob
Art. 567 a incompetência anula os atos decisórios e probatórios, o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade
devendo o processo ser remetido ao juízo competente. Abrange a de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do
competência absoluta e relativa. processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja,
a par da existência do tipo penal eleitoral, faz-se necessária para
Obs. A jurisprudência entende que essa incompetência é a sua configuração a existência de violação do bem jurídico que a
apenas a absoluta, e dos atos decisórios, podendo ser sanada com norma visa tutelar, intrinsecamente ligado aos valores referentes à
a ratificação. liberdade do exercício do voto, a regularidade do processo eleitoral
Obs. A interrupção da prescrição ocorre com a ratificação do e à preservação do modelo democrático. A destruição de título
juízo competente, em caso de recebimento da denúncia. eleitoral da vítima, despida de qualquer vinculação com pleitos
eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação
A incompetência absoluta deve ser conhecida de ofício, pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral.
enquanto não houver o esgotamento de instância. Conexão entre crime eleitoral e crime comum: a justiça eleitoral
A incompetência relativa deve ser declarada de ofício, até exerce força atrativa – art. 78, IV CPP. Ex. relativamente à justiça
o início da instrução probatória (se já iniciou a instrução, há a estadual, federal.
prorrogação da competência par ele julgar). A súmula 33 do STJ é
para o processo civil. Obs. Ainda que haja o reconhecimento da prescrição da
Exemplos de competência absoluta: ratione materiae; pretensão punitiva do delito eleitoral. Permanece competente para
funcionae e funcional. os demais feitos.
Exemplos de competência relativa: territorial; prevenção Obs. Crime praticado contra juiz eleitoral é de interesse da
(critério residual de fixação de competência no qual olha-se para União, é julgado pela justiça federal.
qual dos vários juízos competentes antecedeu aos demais no Obs. Há separação em caso de crime doloso contra a vida.
tocante a atos decisórios); distribuição; conexão e continência;
jecrim. Competência criminal da justiça do trabalho: HC ligado à
Súmula 706 STF a prevenção é competência relativa, não jurisdição trabalhista é julgado pela justiça do trabalho, mas não
arguida oportunamente preclui. gera competência criminal genérica à ela.
Perguntas importantes para definir a competência! Competência criminal da justiça federal: Art. 109
Qual a justiça competente? Militar da união e dos estados; Existe dúvida se precisa de EC para criar um novo TRF.
eleitoral; do trabalho; justiça federal e estadual (residual).
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

A competência da justiça federal é absoluta, estabelecida em Súmula 208 e 209 STJ: se a verba estiver sujeita à prestação
razão da matéria (ratione materiae), prevista na CF. de contas ao TCU a competência é da JF, mas se já incorporou ao
As atribuições da PF não são idênticas à competência criminal município a competência passa para a justiça estadual.
da JF, não é porque a polícia federal investigou é que a JF vai julgar. Crime contra o FUNDEF: JF.
A PF possui atribuições investigatórias mais amplas do que a Falsificação de moeda estrangeira: JF, pois o banco central do
competência da JF, ex. o delito tiver repercussão interestadual ou brasil é quem fiscaliza.
internacional + previsão legal (lei 10446/02). Falso testemunho e outros crimes contra a administração da
Art. 109, IV – crimes políticos – até a lei 14197/21 estavam justiça cometido em processo trabalhista ou perante da JE, JF, JMU
previstos na lei de segurança nacional, desde que com motivação (poder judiciário da União): competência da JF.
política. Juiz federal julgava e o recurso ia para o STF (ROC). A lei
14197/21 revogou a lei de segurança nacional e introduziu no CP Súmula 165 STJ.
crimes contra o estado democrático de direito. Crime cometido por ou contra Funcionário Público Federal. Ex:
correio.
Para uma corrente esses crimes são políticos, julgados pela JF Se houver um nexo funcional a competência é da JF.
e com recurso de ROC ao STF; uma segunda corrente entende que Ex. estava no deslocamento para o trabalho é competência da
esses crimes não são políticos, podendo ser competência estadual Justiça Estadual.
ou federal.
Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou Erro sobre a pessoa e erro na execução-> considera a vítima
interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas virtual (querida) no direito penal, já para a competência o que
públicas, excluídas contravenções e ressalvada a competência da importa é a vítima ofendida (real).
justiça militar e justiça eleitoral. Crimes contra o meio ambiente: a regra é a justiça estadual,
A lesão precisa ser direta, interesse imediato. Ex. súmula 107 exceção - o crime for cometido em detrimento de bem da União ou
STJ. interesse do IBAMA.
Ex. JF -> crime de pesca ilegal de camarão no mar territorial;
Bens, serviços e interesses + União, autarquias federais e extração de cascalho sem autorização.
empresas públicas federais
Ex. assalto à agência da caixa econômica federal. Obs. contra a floresta amazônica (patrimônio nacional, diferente
de patrimônio da União) – competência da Justiça Estadual.
Obs. Correios -> quando são franquias não vai para a JF, é Obs. Brumadinho JF.
competência estadual, pois a franquia é pessoa jurídica de direito
privado. JF julga crime ambiental transnacional que envolva animais
Ex. benefício fraudado no INSS, corrupção ativa a perito do silvestres ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegida
INSS. por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
Ex. falsificar moeda. Crimes contra a fé pública: em se tratando de crime de
Ex. fraude eletrônica contra correntista da caixa – sujeito falsificação, a competência tem como base o responsável pela
passivo é a instituição, logo, a competência é da JF. emissão do documento (ex. falsificação de CNH – emitida pelo
DETRAN – competência da justiça estadual; ex. CPF é emitido pela
Roubo contra casa lotérica (PJ de direito privado) é competência Receita Federal – competência da JF).
da justiça estadual. Súmula 104 STJ – competência da Justiça Estadual o julgamento
Crime contra a FUNASA (fundação pública, equivale à autarquia dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a
federal) – competência da JF. estabelecimento particular de ensino.
Crime contra a OAB (fiscalização da advocacia) – competência Falsificação de carteira arrais-amador (emitido pela Marinha) é
da JF. competência da JF SV 36.
Roubo contra o Banco do Brasil é competência estadual, pois é Súmula 73 STJ: falsificação de moeda grosseira é estelionato –
sociedade de economia mista. competência da justiça estadual.
Petrobrás segue o mesmo raciocínio, salvo quando existe força Uso de documento falso: a competência depende da pessoa
atrativa da JF. prejudicada pelo uso. Ex. se eu compro uma CNH falsa e mostro
para a polícia rodoviária federal, a competência é da JF.
Súmula 42 do STJ. Súmula 546 STJ (órgão que foi apresentado o documento)
Crimes contra concessionárias de serviços públicos são julgados Falso como crime meio – só responde pelo crime fim, logo, a
pela justiça estadual. competência é definida pelo sujeito passivo do crime fim.
Crimes contra entidades do sistema S são julgados pela justiça Súmula 62 do STJ: compete à justiça estadual crime de
estadual. falsa anotação em carteira de trabalho atribuído por empresa
Crimes cometidos contra bens tombados -> se a União tombou privada. *súmula anterior à lei 9983/00 – art. 297, parágrafo 3 e 4
o bem, a competência é da JF; se município tombou, a competência competência da JF, se o falso se destinar a produzir efeitos contra
é da justiça estadual. o INSS
Crime cometido contra consulado estrangeiro: competência da Justiça estadual julga crime de falsificação ou uso de certificado
Justiça Estadual. de conclusão de curso desde que não se refira a estabelecimento
Peculato cometido contra MPDFT: competência da justiça federal de ensino ou a falsidade não seja de assinatura de
comum do DF funcionário federal.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

O JUÍZO DA EXECUÇÃO é o juiz da natureza do presídio, ex. Crimes praticados por ou contra índios: a justiça federal julga a
recolhido em presídio estadual a competência é da justiça estadual disputa sobre direitos indígenas (art. 231 CF).
(súmula 192 STJ). Inclusive, o juiz federal da execução penal é o Súmula 140 STJ
juiz de processo de conhecimento nas infrações que ocorrem no Genocídio contra índios: lei 2889/56 JF
presídio/incidentes relacionados com a execução. Nem sempre é crime doloso contra a vida (quando é quem
Crimes cometidos no estrangeiro – no art. 7 do CP tem casos julga é o tribunal do júri federal – julga também o genocídio em
de extraterritorialidade. A competência é da justiça estadual. É conexão).
diferente de crimes que a execução começou no Brasil e terminou É um crime que tutela a existência do grupo (quando não é
fora (vice versa). Obs. Crime cometido integralmente no estrangeiro doloso contra a vida juiz singular federal julga).
é da JF se o julgamento passou para o Brasil por negativa de Conexão entre crime estadual e federal: JF exerce força atrativa,
extradição. ainda que o crime estadual seja doloso contra a vida (obs. Ai precisa
Contravenções penais são de competência da justiça estadual. de tribunal do júri).
JF de 1ª instância não julga contravenções penais, mesmo que Súmula 122 stj – mesmo que o crime federal tenha pena mais
conexas com crimes federais. Todavia, cabe julgamento pelo TRF branda.
em caso de foro por prerrogativa de função. Súmula 38 STJ. Justiça Política ou Extraordinária: atividade jurisdicional
A JF julga crimes previstos em tratado ou contravenção exercida por [órgãos políticos, geralmente alheios ao Poder
internacional quando iniciada a execução no país, o resultado Judiciário, quando se trata de crimes de responsabilidade (infrações
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. político-administrativas).
Ex. tráfico internacional de drogas. Alguns agentes serem responsabilizados por crime de
responsabilidade.
A droga não ser produzida no país, por si só, não é JF. Ex. primeiro juízo de admissibilidade pela câmara, depois
Pedofilia pela internet -> por email é justiça estadual; em julgamento pelo Senado.
caso de internacionalidade, ex. criação de site na rede mundial de Competência por prerrogativa de função (ratione personae/
computadores, é JF. funcionae): direito que algumas autoridades têm de serem julgadas
JF compartilhamento de sinal de tv por assinatura. originariamente pelos tribunais.
Incidente de deslocamento de competência (federalização de Não há violação ao juiz natural, pois a competência já é pré-
crimes contra direitos humanos): um crime julgado pela justiça estabelecida.
estadual, que é transferido para a competência da JF. Art. 109 V-A e No plano teórico, não deveria ser considerado um privilégio.
parágrafo 5º. Requisitos: o crime envolva grave violação dos direitos
humanos + risco de descumprimento de tratados internacionais + Regras básicas
inércia do aparato estadual. Legitimidade do PGR. Competência do – Investigação e indiciamento de pessoas com foro por
STJ. prerrogativa de função: para o STJ não há obstáculo nenhum, mas
Crimes contra a organização do trabalho: competência da JF. para o STF há necessidade de autorização do relator, sob pena de
Obs. Desde que tenha por objeto a organização geral do trabalho ou nulidade dos atos.
direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.
Redução a condição análoga à de escravo: JF. – Arquivamento de IP nas hipóteses de atribuição originária
Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômica do PGR/PGJ: é de aceitação compulsória pelo tribunal. Todavia, em
financeira: nos casos determinados por lei. decisões recentes, o STF vem negando o arquivamento.
Lei 1521 crimes contra a economia popular – competência
estadual. Obs. Tem recurso ao colégio de procuradores quando o
Lei 4595 captação ilegal de empréstimo – competência arquivamento é feito pelo PGJ.
estadual.
Lei 7492crimes contra o sistema financeiro nacional JF. – Duplo grau de jurisdição: autoridades dotadas de foro não
Criptomoeda – justiça estadual. Exceção: com evasão de divisas tem direito ao duplo grau de jurisdição (reexame de matéria de fato
– JF. e direito probatória), o que não significa que não seja cabível algum
Lei 8137/90 crimes tributários – depende do tributo, ex. IR JF; recurso.
IPVA justiça estadual. – Necessidade de o crime ser cometido durante o exercício
Lei 8176/91 adulteração de combustível – justiça estadual. do cargo e relacionado à funções desempenhadas pelo agente e
Lei 9613/98 lavagem de capitais – justiça estadual; em algumas impossibilidade prorrogação da competência do tribunal quando
exceções é da JF (contra o sistema financeiro e a ordem econômica cessado o exercício funcional:
financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; Antes: pela regra da contemporaneidade, a competência por
quando a infração penal antecedente for de competência da JF). prerrogativa de função deveria ser preservada caso a infração penal
Crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves: navio tenha sido cometida à época e em razão do exercício funcional.
é embarcação de grande porte capaz de circular em alto-mar; *posição abandonada
aeronave é todo aparelho manobrável em voo. Atualmente: perde o foro assim que sai do cargo.
Regra da atualidade: o agente faz jus ao foro apenas enquanto
Obs. A bordo é dentro. estiver exercendo a função. Cessada a função, cessa o direito ao
Obs. A aeronave pode estar no solo ou no ar. foro.
Obs. Balão não é aeronave – competência da justiça estadual.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Obs. Traz crimes pretéritos para o tribunal: ao ser diplomado o foro, pois no plano federal os defensores não possuem foro. Quem
processo sobe para o tribunal. Passou a ocorrer fuga de foro. Vários mais não pode ter foro? Procuradores de estado; procuradores da
parlamentares começaram a renunciar, de maneira que cessada a assembleia legislativa; delegados de polícia.
função cessava o foro. Competência Territorial: a regra está relacionada à natureza do
Veio uma reação legislativa, de maneira que o congresso fez delito – art. 70 CPP, local da consumação do delito ou último ato de
uma lei para manter o foro mesmo depois do fim do exercício. execução, em caso de tentativa.
Inclusive, adotou esse entendimento para ação de improbidade. Crime à distância: a ação ou omissão ocorre no território
Então, o STF propôs ADI e entendeu pela inconstitucionalidade. nacional e o resultado no estrangeiro (vice e versa).
Assim, voltou a ideia de atualidade. – Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se
O STF trouxe o entendimento que o foro só se justifica se o consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em
crime foi praticado durante e no exercício das funções. Ademais, que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
cessado o exercício da função deve ir para a 1ª instância. Inclusive, – Quando o último ato de execução for praticado fora do
a renúncia não pode mais ser usada como fuga de foro. território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime,
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos embora parcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu
crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às resultado.
funções desempenhadas. Após o final da instrução processual,
com a publicação do despacho de intimação para apresentação de Prevenção: quando incerto o limite territorial entre duas
alegações finais, a competência não será mais afetada em razão de ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido
o agente vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava. a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
*regra da atualidade limitada/restrita/mista. jurisdições. *critério residual *primeiro juiz que praticou o ato
Ou seja, o foro aplica-se apenas aos crimes cometidos durante decisório será o competente
o exercício do cargo e relacionado às funções desempenhadas; Crimes formais (não precisa de resultado, mas o resultado
após o final da instrução processual, com a publicação do despacho existe): ex. ligação de presídio com extorsão para entrega de
de intimação para apresentação de alegações finais, a competência dinheiro. O local do constrangimento (onde está a vítima) é o
não será mais afetada em razão do agente vir a ocupar cargo ou competente.
deixar o cargo. Crime permanente que se prolongou por várias comarcas (ex.
Não tem foro magistrado aposentado. extorsão mediante sequestro) e crime continuado: usa a regra da
Promotor e juiz tem foro mesmo que o fato não seja relacionado prevenção.
ao cargo. Crime plurilocal (ação em uma comarca e resultado em outra:
Em caso de reeleição deve ser preservada a competência para dentro do território nacional): em caso de homicídio (doloso ou
o tribunal, o mesmo vale para mandato cruzado (ex. era deputado culposo) a competência é fixada pelo lugar da ação/omissão.
e foi eleito senador). Motivo: produção probatória; política criminal.
Crime cometido após o exercício funcional -> não há foro por – Crimes contra a honra praticados pela internet: em regra é o
prerrogativa de função. Súmula 4521 STF. local da publicação. Se as mensagens são privadas, a competência
Em caso de crime doloso contra a vida, se o foro for previsto é o local onde está a vítima (local em que tomou conhecimento do
na CF, ele prevalece em relação ao tribunal do júri. O mesmo não conteúdo ofensivo).
acontece se o foro for previsto na CE, a competência será do júri.
SV 45. Obs. Se o crime não tem relação com as funções, não tem Competência territorial com fundamento no domicílio do
prerrogativa de foro. acusado: art. 72 não sendo conhecido o local da infração (local do
crime incerto). Outro caso é de ação penal privada -> o querelante
Concurso de agentes: prevalece a competência do tribunal de pode preferir o foro de domicílio ou residência do réu, ainda que
maior graduação, ainda que um dos coautores tenha foro em outro conhecido o lugar da infração (foro de eleição).
tribunal. – Competência territorial com base no domicílio da vítima:
Súmula 704 STF: não viola as garantias do juiz natural, da ampla para algumas modalidades de estelionato -> depósito, emissão de
defesa e do devido processo legal a atração por continência ou cheque sem fundos, pagamento frustrado, transferência de valores.
conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função Obs. Se tiver pluralidade de vítimas utiliza-se a prevenção.
de um dos denunciados. Obs. Essa reunião dos feitos é possível,
mas não obrigatória. Contrabando (mercadoria proibida) e descaminho: JF – local da
Em se tratando de crime doloso contra a vida, a separação dos apreensão dos bens.
feitos será obrigatória. – Tráfico de drogas por meio de remessa do exterior pela via
Súmula 702 STF: a competência do TJ para julgar prefeitos postal: local da apreensão da droga. Obs. Existe exceção para a
restringe-se aos crimes da justiça comum estadual, nos demais súmula 528 do STJ: se for conhecido o destinatário da droga, aí será
casos, a competência originária cabe ao respectivo tribunal de 2º competente o destino do entorpecente.
grau.
Súmula 703 STF: a extinção do mandato do prefeito não Tráfico de drogas por exportação: local da remessa.
impede a instauração de processo pela prática dos crimes da lei de Crime de uso de passaporte falso: local de apresentação do
responsabilidade. documento (saída do país).
Princípio da simetria: a CE não pode outorgar foro a qualquer Crimes praticados no estrangeiro: juízo da capital onde por
autoridade estadual, só pode outorgar foro se a autoridade federal último tiver residido; se nunca residiu, a competência será Brasília.
simétrica tiver foro. Ex. defensor público estadual não pode ter JECRIM: onde a conduta for praticada.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

MINISTÉRIO PÚBLICO E OS LIMITES DA OBRIGATORIEDA- CRIMINALIDADE ECONÔMICA E A BUSCA DA VERDADE


DE NO PROCESSO PENAL E OS PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA E
DA EFICÁCIA
O Ministério Público é uma instituição essencial à função ju-
risdicional do Estado e possui diversas atribuições no sistema de
justiça criminal, incluindo a atuação no processo penal. No entanto, A criminalidade econômica é um tema relevante em qualquer
há limites para a obrigatoriedade de sua atuação, que são estabe- país, incluindo o Brasil. Ela abrange diversas práticas criminosas que
lecidos tanto por questões legais quanto práticas. Alguns desses visam obter ganhos financeiros ilícitos, como corrupção, lavagem
limites incluem: de dinheiro, fraudes financeiras, sonegação fiscal, entre outros de-
Legalidade e tipicidade: O MP deve atuar dentro dos limites da litos de cunho econômico.
legalidade e da tipicidade, ou seja, sua atuação deve estar baseada No contexto do processo penal, a busca pela verdade é um
nas normas legais e ser adequada à descrição dos fatos que consti- dos pilares fundamentais do sistema jurídico brasileiro. O processo
tuem os crimes previstos em lei. penal tem como objetivo apurar a responsabilidade do acusado e,
Princípio da obrigatoriedade e da indisponibilidade: Em geral, para isso, é necessário investigar e colher provas que demonstrem
o MP é obrigado a propor a ação penal quando houver elementos sua culpabilidade ou inocência. A busca da verdade no processo é
que indiquem a prática de um crime. No entanto, em alguns casos, uma garantia constitucional e visa assegurar que as decisões judi-
a lei permite que a ação penal seja proposta de forma condicionada ciais sejam baseadas em fatos reais e não em suposições ou pre-
à representação da vítima ou por meio da ação penal privada, em conceitos.
que a vítima é quem move a ação. Para alcançar essa busca da verdade, é essencial que as inves-
Princípio da oportunidade: O MP tem discricionariedade para tigações sejam conduzidas de forma imparcial e transparente, ga-
decidir sobre o oferecimento da denúncia ou o arquivamento do rantindo o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa
caso, desde que o faça de forma fundamentada. Esse princípio per- para o acusado. As provas obtidas devem ser legítimas, adquiridas
mite que o MP avalie a viabilidade da ação penal, a gravidade do dentro dos limites da lei e preservando os direitos individuais dos
delito, os interesses da vítima e da sociedade, entre outros fatores. envolvidos.
Preclusão temporal: O MP deve respeitar os prazos processuais A eficiência e a eficácia são princípios que buscam otimizar o
e as fases do processo penal. Se perder o prazo para apresentar a funcionamento do sistema de justiça criminal e são fundamentais
denúncia, pode ficar impedido de fazê-lo posteriormente, ocorren- para enfrentar a criminalidade econômica. A eficiência diz respeito
do a preclusão temporal. ao uso adequado dos recursos disponíveis, garantindo a celeridade
Incompatibilidades e impedimentos: Existem situações em que e a economia processual, sem comprometer a qualidade das deci-
membros do MP podem se encontrar impedidos ou em situação de sões judiciais. Já a eficácia está relacionada à capacidade do sistema
incompatibilidade para atuar em determinados casos, como quan- de justiça em alcançar seus objetivos, ou seja, a condenação dos
do possuem relação de parentesco com envolvidos ou possuem in- culpados e a absolvição dos inocentes.
teresse pessoal no processo. No entanto, é importante destacar que a busca pela eficiência e
Devido processo legal e direitos fundamentais: O MP, assim eficácia não pode sacrificar a proteção dos direitos e garantias fun-
como todas as partes envolvidas no processo penal, deve respeitar damentais dos indivíduos. A pressa em condenar pode levar a injus-
os direitos fundamentais dos acusados e seguir o devido processo tiças e erros judiciais graves. Portanto, o equilíbrio entre a busca da
legal, garantindo o contraditório, a ampla defesa e o respeito às ga- verdade, a eficiência e a eficácia é essencial para o funcionamento
rantias individuais. adequado do sistema penal.
Ação Penal Privada: Em crimes de ação penal privada, o MP não Ademais, o combate à criminalidade econômica exige também
tem o dever de atuar, cabendo exclusivamente à vítima a iniciativa aprimoramento das instituições responsáveis pela investigação e
de mover a ação. O MP pode, eventualmente, atuar como fiscal da repressão desses crimes, a capacitação dos profissionais envolvidos
lei nesses casos, mas não como titular da ação. e a adoção de tecnologias e metodologias avançadas para enfrentar
Atuação subsidiária: Em algumas situações, o MP pode atuar a complexidade dessas práticas criminosas.
de forma subsidiária, ou seja, quando o particular ou autoridade Em resumo, a busca da verdade no processo penal e a garantia
competente não o fizerem, o MP assume a condução da ação penal. dos princípios da eficiência e da eficácia são fundamentais para en-
É importante notar ainda que a atuação do MP é pautada por frentar a criminalidade econômica no Brasil, garantindo que os res-
princípios, regras e normas que buscam garantir a justiça e a pro- ponsáveis por tais delitos sejam responsabilizados de acordo com
teção dos direitos fundamentais de todas as partes envolvidas no a lei e, ao mesmo tempo, preservando os direitos dos indivíduos
sistema de justiça criminal. envolvidos no sistema de justiça criminal.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

IMPACTO DA MÍDIA NOS CRIMES ECONÔMICOS. QUESTÕES

A mídia desempenha um papel crucial na divulgação e na for- 1. (CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-BA - Promotor de Justiça
ma como o público percebe e reage a questões relacionadas a cri- Substituto) No que diz respeito aos princípios, aos sistemas e às
mes financeiros, corrupção e outros delitos de natureza econômica. normas processuais penais, julgue os itens a seguir.
Alguns dos principais impactos são: I – A decisão que, sem a oitiva prévia da defesa, determina a
Conscientização pública: A cobertura da mídia sobre crimes transferência ou a permanência de custodiado em estabelecimento
econômicos ajuda a aumentar a conscientização da população so- penitenciário federal viola os princípios do contraditório e do devi-
bre esses problemas. Quando a mídia relata casos de corrupção, do processo.
lavagem de dinheiro, fraudes financeiras e outros delitos, o público II – No ordenamento jurídico brasileiro, em regra, a aplicação
passa a conhecer mais sobre essas questões e a entender sua im- da lei processual penal rege-se pelo princípio do tempus regit ac-
portância para a sociedade. tum.
Pressão sobre as autoridades: A mídia muitas vezes expõe ca- III – Segundo a doutrina majoritária, o sistema inquisitório é
sos de corrupção e crimes econômicos que envolvem figuras polí- caracterizado pela presença de partes distintas (actum trium per-
ticas, empresários influentes e instituições poderosas. A exposição sonarum), contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de con-
pública pode aumentar a pressão sobre as autoridades para que dições, sobrepondo-se a ambas um juiz equidistante e imparcial.
investiguem e tomem medidas legais adequadas contra os respon- IV – A lei processual penal brasileira veda a adoção das regras
sáveis. de hermenêutica juridica ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio
Reputação das empresas: A mídia pode afetar a reputação de (onde há a mesma razão de ser, deve prevalecer a mesma razão de
empresas envolvidas em escândalos financeiros, afastando clientes, decidir) e ubi eadem ratio ibi idem jus (onde há o mesmo funda-
investidores e parceiros comerciais. Empresas acusadas de práticas mento, há o mesmo direito). Assinale a opção correta.
ilegais ou antiéticas podem enfrentar prejuízos financeiros significa- (A) Nenhum item está certo.
tivos e, em alguns casos, até mesmo falência. (B) Apenas o item II está certo.
Criação de debates e mudanças legislativas: A cobertura da mí- (C) Apenas os itens I e II estão certos.
dia sobre crimes econômicos pode levar a debates públicos sobre a (D) Apenas os itens III e IV estão certos.
eficácia das leis existentes e a necessidade de reformas. Isso pode (E) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
levar a mudanças legislativas que visem melhorar os mecanismos
de combate à corrupção e a outros crimes econômicos. 2. (Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Vila Velha - ES
Ceticismo e desconfiança pública: A exposição constante a ca- - Guarda Municipal) A situação fática retrata visita a um detento re-
sos de corrupção e crimes econômicos na mídia pode gerar ceticis- colhido a Complexo Penal, que sua companheira iria realizar. Ocorre
mo e desconfiança do público em relação às instituições governa- que, submetida à revista íntima pela autoridade feminina do presí-
mentais, empresas e até mesmo em relação ao sistema financeiro dio, que desconfiou do nervosismo da cidadã, foram encontradas
como um todo. duzentos gramas de maconha, em sua vagina, dentro de um tubo.
Sensacionalismo e impacto nas investigações: Em alguns casos, De imediato foi lavrado o flagrante e a acusada levada à unidade
a cobertura sensacionalista da mídia pode prejudicar investigações prisional própria. Em sua defesa a acusada afirma que houve ofen-
em andamento, revelando informações confidenciais ou interferin- sa aos seus direitos humanos, pois foi submetida de forma forçada
do no trabalho das autoridades encarregadas de apurar os crimes. à revista íntima, sem que houvesse um advogado que a assistisse
É importante destacar que a mídia possui um papel crucial na presente. Considerando os fatos narrados, pode ser afirmado que:
sociedade democrática ao expor questões de interesse público e (A) A prisão é nula por não ter sido observado o pleno direito
responsabilizar aqueles que cometem crimes econômicos. No en- de defesa da acusada.
tanto, é fundamental que a cobertura seja responsável, equilibrada (B) A prova foi colhida mediante coação, pelo que é imprestável
e baseada em fatos verificáveis para evitar julgamentos precipita- para subsidiar a prisão.
dos e preservar a integridade das investigações (C) Forçar a pessoa a despir-se e agachar-se vai de encontro à
dignidade da pessoa humana.
(D) Havendo fundada suspeita, a revista íntima é lícita para res-
guardar a segurança prisional.

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

3. IBADE - 2020 - Prefeitura de Vila Velha - ES - Analista Público 7. FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão
de Gestão - Administração A Lei nº 9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica) disciplina
A Lei Nº 12846/2013 - também conhecida como Lei Anticorrup- o procedimento de interceptação telefônica, tratando-se de medida
ção - representa importante avanço ao prever a responsabilização cautelar probatória.
objetiva, no âmbito civil e administrativo, de empresas que prati- A referida medida:
cam atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran- (A)pode ser decretada pelo juiz, durante o inquérito, de ofício
geira. Entende-se por responsabilidade objetiva: ou após representação da autoridade policial, por prazo inde-
(A)em casos de corrupção, as empresas podem ser responsabi- terminado se o crime for de natureza hedionda;
lizadas desde que comprovada a culpa. (B)não admite prorrogação, caso fixada pelo prazo inicial de
(B)em casos de corrupção, as empresas podem ser responsabi- quinze dias;
lizadas assim que comprovada a culpa. (C)pode ser requerida e deferida diretamente pelo juiz com
(C)em casos de corrupção, as empresas podem ser responsabi- base exclusivamente em denúncia anônima;
lizadas assim que denunciadas por outras empresas, desde que (D)pode ser deferida independentemente da espécie de san-
comprovada a culpa. ção penal cominada ao crime investigado;
(D)em casos de corrupção, as empresas podem ser responsabi- (E)não será admitida quando a prova puder ser feita por outros
lizadas, independentemente da comprovação de culpa. meios disponíveis.
(E)em casos de corrupção, as empresas poderão ser responsa-
bilizadas assim que as denúncias sejam comprovadas. 8. CESPE / CEBRASPE - 2020 - Ministério da Economia - Tecnolo-
gia da Informação - Segurança da Informação e Proteção de Dados
4. IBADE - 2020 - Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste - RO - Fiscal Acerca da classificação da informação quanto ao grau e aos
de Obras e Postura prazos de sigilo, julgue o item subsecutivos, com base na Lei n.º
Considerando o Art. 7º da Lei n° 12.846/2013, conhecida como 12.527/2011.
Lei Anticorrupção, assinale a alternativa que corresponda a uma das O prazo máximo de restrição de acesso a informações classifi-
considerações que serão levadas em conta na aplicação das san- cadas no grau ultrassecreto é de vinte e cinco anos.
ções. ( )CERTO
(A)Suspensão ou interdição parcial de suas atividades por até ( )ERRADO
dois anos
(B)A cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infra- 9. VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ilhabela - SP - Analista - Arqui-
ções vologia - Documental
(C)As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumu- De acordo com a Lei Federal n° 12.527/2011, conhecida como
lativa Lei de Acesso à Informação, os documentos cuja divulgação ponha
(D)Proibição de participar de certames licitatórios pelo prazo em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida
(E)Dissolução da pessoa jurídica, após análise social, financeira privada, da honra e da imagem das pessoas são originalmente
e o número de empregados da empresa (A)ostensivos.
(B)sigilosos.
5. Quadrix - 2020 - CREFONO-5° Região - Fonoaudiólogo Fiscal (C)históricos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a audição (D)permanentes.
é um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento com- (E)oficiais.
pleto da criança. Por esse motivo, o teste da orelhinha é um exame
fundamental para o recém-nascido e deve ser realizado preferen- 10. CESPE / CEBRASPE - 2021 - PG-DF - Analista Jurídico - Ar-
cialmente antes da alta hospitalar. Sendo assim, com base na Lei n.º quivologia
12.303/2010, julgue o item. Acerca das políticas públicas de arquivo e da legislação arqui-
A Lei n.º 12.303/2010 define a obrigatoriedade da realização vística, julgue o item a seguir.
gratuita do teste da orelhinha (emissões otoacústicas e potenciais Caso o acesso à informação envolva a reprodução de documen-
auditivos de tronco encefálico) em todos os hospitais e maternida- tos, os custos devem ser ressarcidos pelo cidadão à União.
des, nas crianças nascidas em suas dependências. ( )CERTO
( )CERTO ( )ERRADO
( )ERRADO

6. CESPE / CEBRASPE - 2020 - PC-SE - Delegado de Polícia - Cur-


so de Instrução
Acerca dos meios de provas, suas espécies, classificação e valo-
ração, julgue o item a seguir.
Interceptação telefônica produzida regularmente no curso de
inquérito policial constitui meio de prova nominada, voltada ao
convencimento da autoridade judiciária sobre determinado fato.
( )CERTO
( )ERRADO

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GABARITO
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1 B
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2 D
3 D ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 ERRADO
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6 ERRADO
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7 E
8 CERTO ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 CERTO
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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