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Tribunal de Justiça de São Paulo

TJ-SP
Escrevente Técnico Judiciário

NV-002FV-23-TJ-SP-ESCREVENTE-TEC
Cód.: 7908428804381
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
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Obra

TJ-SP — Tribunal de Justiça de São Paulo


Escrevente Técnico Judiciário

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa

DIREITO PENAL • Renato Philippini e Rodrigo Gonçalves

DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante e Renato Philippini

DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Ériksen Almerão, Juliana Ataídes e Nairo Lopes

DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini e Samara Kich

DIREITO ADMINISTRATIVO • Aline Costa e Fernando Paternostro Zantedeschi

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA • Eduardo Gigante

CONHECIMENTOS GERAIS • Ana Philippini e Shynaide Mafra

ATUALIDADES (ON-LINE) • Carla Kurz

MATEMÁTICA • Bruno Araújo, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

INFORMÁTICA • Fernando Nishimura

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká)

ISBN: 978-65-5451-053-0

Edição: Fevereiro/2023

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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PIRATARIA
É CRIME!
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ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.

Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal,


com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento
de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado
sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido
com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).

Não seja prejudicado com essa prática.


Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro
foi organizado de acordo com o Edital de 03 de fevereiro de 2023
para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Jus-
tiça do estado de São Paulo – TJ-SP.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca Fundação VUNESP, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


teúdos complementares disponíveis on-line para este livro
em nossa plataforma: Conteúdo Complementar com o Curso de
Atualidades com 15h disponível em videoaulas.

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CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Atualidades: Tópicos Relevantes e Atuais de Diversas Áreas – 2022.

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................. 13

INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS..................................................................................13

PONTO DE VISTA DO AUTOR............................................................................................................. 15

ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS DE COESÃO..................... 16

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES...................................................... 20

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS..........................................................................................20

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS..............................................................................................................................20

CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE


ESTABELECEM: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBO,
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO........................................................................................ 23

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................ 42

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL........................................................................................................ 47

COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 49

CRASE.................................................................................................................................................. 49

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 50

DIREITO PENAL...................................................................................................................59
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA............................................................................................... 59

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................... 67

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA..............................................................................81

DIREITO PROCESSUAL PENAL.....................................................................................89


DIREITO PROCESSUAL PENAL.......................................................................................................... 89

DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES


DA JUSTIÇA - ART 251 A 258...........................................................................................................................89

Do acusado e seu defensor – art. 261 a 267.................................................................................................. 90


Dos Funcionários da Justiça – art. 274.......................................................................................................... 90

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DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES – ART. 351 A 372..........................................................................................91

DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE – ART. 394 A 497...........................................................................................95

DO PROCESSO SUMÁRIO – ART. 531 A 538..................................................................................................116

DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS –


ART. 541 A 548.................................................................................................................................................118

DOS RECURSOS EM GERAL – ART. 574 A 667..............................................................................................119

LEI Nº 9.099, DE 1995 - ARTIGOS 60 A 83; 88 E 89.......................................................................................127

DIREITO PROCESSUAL CIVIL..................................................................................... 139


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL .........................................................................................................139

DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ............................................................139

Do Impedimento e da Suspeição................................................................................................................... 139

DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA.......................................................................................................................140

DOS ATOS PROCESSUAIS...............................................................................................................................141

Da Forma dos Atos Processuais................................................................................................................... 141


Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais................................................................................................ 145
Dos Prazos...................................................................................................................................................... 146

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS.............................................................................................150

Da Citação....................................................................................................................................................... 151
Das Cartas....................................................................................................................................................... 156
Das Intimações............................................................................................................................................... 158

DA TUTELA PROVISÓRIA................................................................................................................................159

Disposições Gerais......................................................................................................................................... 159


Da Tutela de Urgência..................................................................................................................................... 160
Da Tutela de Evidência................................................................................................................................... 164

DO PROCEDIMENTO COMUM.........................................................................................................................164

Da Petição Inicial............................................................................................................................................ 165


Da Improcedência Liminar do Pedido........................................................................................................... 169
Da Audiência de Conciliação ou de Mediação.............................................................................................. 170
Da Contestação............................................................................................................................................... 171
Da Reconvenção............................................................................................................................................. 173
Da Revelia........................................................................................................................................................ 173
Do Julgamento Conforme o Estado do Processo........................................................................................ 174
Das Providências Preliminares e do Saneamento........................................................................................ 175
Da Audiência de Instrução e Julgamento..................................................................................................... 176
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Das Provas...................................................................................................................................................... 178
Da Sentença e da Coisa Julgada................................................................................................................... 188
Da Liquidação de Sentença............................................................................................................................ 192

DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA...............................................................................................................193

DOS RECURSOS...............................................................................................................................................203

Das Disposições Gerais.................................................................................................................................. 204


Da Apelação.................................................................................................................................................... 205
Do Agravo de Instrumento............................................................................................................................. 206
Do Agravo Interno........................................................................................................................................... 207
Dos Embargos de Declaração........................................................................................................................ 208

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 .................................................................................210

LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009 ...............................................................................215

DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 223


CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...............................................................................................................223

TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.........................................................................223

Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.......................................................................... 223


Capítulo II - Dos Direitos Sociais.................................................................................................................... 237
Capítulo III - Da Nacionalidade....................................................................................................................... 244

CAPÍTULO VII - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................246

Seção I: Disposições Gerais........................................................................................................................... 246


Seção II: Dos Servidores Públicos................................................................................................................. 254

DO PODER JUDICIÁRIO...................................................................................................................................259

DIREITO ADMINISTRATIVO......................................................................................... 269


ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO
(LEI Nº 10.261, DE 1968 - ARTIGOS 239 A 323).............................................................................269

LEI FEDERAL Nº 8.429, DE 1992 (LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA).............................281

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA........................................ 303


NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA......................................................................303

TOMO I – CAPÍTULO II.....................................................................................................................................303

Seção I: Subseção I ........................................................................................................................................ 303


Subseção II...................................................................................................................................................... 303
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TOMO I - CAPÍTULO III....................................................................................................................................304

Seção I............................................................................................................................................................. 304


Seção II............................................................................................................................................................ 304
Seção V ........................................................................................................................................................... 304
Seção VI........................................................................................................................................................... 306
Seção VII.......................................................................................................................................................... 308
Seção VIII: Subseção I.................................................................................................................................... 308
Subseção II...................................................................................................................................................... 309
Subseção III..................................................................................................................................................... 309
Seção IX........................................................................................................................................................... 310
Seção XV......................................................................................................................................................... 312
Seção XVII....................................................................................................................................................... 313
Seção XIX........................................................................................................................................................ 315

TOMO I – CAPÍTULO XI...................................................................................................................................316

Seção I ............................................................................................................................................................ 316


Seção IV........................................................................................................................................................... 317
Seção V............................................................................................................................................................ 317
Seção VI – Subseções I e III........................................................................................................................... 318
Subseções V e XIII.......................................................................................................................................... 319

CONHECIMENTOS GERAIS......................................................................................... 323


LEI Nº 13.146, DE 2015 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.......................................323

ARTS.1º AO 13.................................................................................................................................................323

ARTS. 34 AO 38 ...............................................................................................................................................327

MATEMÁTICA.................................................................................................................... 331
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................331

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM.........................................................332

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................333

PORCENTAGEM.................................................................................................................................335

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.......................................................................................337

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA..............................................................................341

JUROS SIMPLES...............................................................................................................................341

EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS...........................................................................................................342
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SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1.º GRAU...........................................................................................344

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS...............................................................345

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS....................................................................................................347

NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................349

FORMAS...........................................................................................................................................................349

PERÍMETRO......................................................................................................................................................351

ÁREA DE POLÍGONOS......................................................................................................................................351

ÂNGULO............................................................................................................................................................353

TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................355

ÁREA E VOLUME DE SÓLIDOS GEOMÉTRICOS.............................................................................................355

INFORMÁTICA.................................................................................................................. 369
MS-WINDOWS 10..............................................................................................................................369

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS....................................................................369

ÁREA DE TRABALHO.......................................................................................................................................370

ÁREA DE TRANSFERÊNCIA.............................................................................................................................372

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS.....................................................................................................372

USO DOS MENUS.............................................................................................................................................375

PROGRAMAS E APLICATIVOS........................................................................................................................375

INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS .....................................................................................379

MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR......................................................................................................380

MS-WORD 2016 OU SUPERIOR......................................................................................................................380

Estrutura Básica dos Documentos................................................................................................................ 380


Edição e Formatação de Textos.................................................................................................................... 382
Cabeçalhos...................................................................................................................................................... 383
Parágrafos....................................................................................................................................................... 383
Fontes.............................................................................................................................................................. 384
Colunas............................................................................................................................................................ 385
Marcadores Simbólicos e Numéricos........................................................................................................... 385
Tabelas............................................................................................................................................................ 386
Impressão........................................................................................................................................................ 388
Controle de Quebras ...................................................................................................................................... 388
Numeração de Páginas.................................................................................................................................. 388
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Legendas......................................................................................................................................................... 389
Índices............................................................................................................................................................. 389
Inserção de Objetos........................................................................................................................................ 389
Campos Predefinidos..................................................................................................................................... 390
Caixas de Texto............................................................................................................................................... 390

MS-EXCEL 2016 OU SUPERIOR......................................................................................................................391

Estrutura Básica das Planilhas...................................................................................................................... 391


Conceitos de Células, Linhas, Colunas, Pastas e Gráficos.......................................................................... 391
Elaboração de Tabelas e Gráficos ................................................................................................................ 392
Uso de Fórmulas, Funções e Macros............................................................................................................ 397
Impressão........................................................................................................................................................ 400
Inserção de Objetos........................................................................................................................................ 400
Campos Predefinidos..................................................................................................................................... 403
Controle de Quebras e Numeração de Páginas............................................................................................ 403
Obtenção de Dados Externos......................................................................................................................... 404
Classificação de Dados.................................................................................................................................. 405

CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................406

USO DE CORREIO ELETRÔNICO......................................................................................................................408

PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS..............................................................................................................408

ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS..............................................................................................................................409

INTERNET..........................................................................................................................................409

NAVEGAÇÃO INTERNET..................................................................................................................................410

CONCEITOS DE URL.........................................................................................................................................413

LINKS................................................................................................................................................................414

SITES................................................................................................................................................................415

BUSCA..............................................................................................................................................................416

IMPRESSÃO DE PÁGINAS...............................................................................................................................417

MS TEAMS.........................................................................................................................................418

CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO DE GRUPOS.................................................................419

TRABALHO EM EQUIPE: WORD, EXCEL, POWERPOINT, SHAREPOINT E ONENOTE...................................424

AGENDAMENTO DE REUNIÕES E GRAVAÇÃO...............................................................................................429

ONEDRIVE..........................................................................................................................................434

ARMAZENAMENTO E COMPARTILHAMENTO DE ARQUIVOS.....................................................................434

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RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 441
AVALIAR A HABILIDADE DO(A) CANDIDATO(A) EM ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA
DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS
FICTÍCIOS...........................................................................................................................................441

DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAR AS


CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES................442

IDENTIFICA AS REGULARIDADES DE UMA SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU FIGURAL,


DE MODO A INDICAR QUAL É O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO.......................................447

ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO............................................................451

DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................452

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INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS
POSSÍVEIS

Inferência – Estratégias de Interpretação

LÍNGUA PORTUGUESA A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.

ANÁLISE, COMPREENSÃO E Dica


INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, texto nas linhas apresentadas.
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS
Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”
INTRODUÇÃO para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a
A interpretação e a compreensão textual são orientação do pensamento do autor do texto, que fica
aspectos essenciais a serem dominados por aque- perceptível quando identificamos como o raciocínio
les candidatos que buscam a aprovação em seleções dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
e concursos públicos. Trata-se de um assunto que da análise de dados, informações com fontes confiáveis
abrange questões específicas e de conteúdo geral nas ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
provas; conhecer e dominar estratégias que facilitem das consequências, a fim de se identificar as causas.
a apreensão desse assunto pode ser o grande diferen- Por isso, é preciso compreender como podemos
cial entre o quase e a aprovação. interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
interpretação textual, ambas guardam uma relação que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
de proximidade com um assunto pouco explorado neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
pelos cursos de português: a semântica, que incide zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
suas relações de estudo sobre as relações de sentido ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
que a forma linguística pode assumir.
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
Portanto, neste material você encontrará recursos
que focam nas formas de inferência sobre um texto.
para solidificar seus conhecimentos em interpretação
Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
e compreensão textual, associando a essas temáticas
as relações semânticas que permeiam o sentido de o processo de inferência, que se dá por dedução ou
todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada O marido da minha chefe parou de beber.
texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa Observe que é possível inferir várias informa-
ser reconhecido por quem o lê. ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma enunciador é casada (informação comprovada pela
breve diferença entre os termos compreensão e expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
interpretação textual. dor está trabalhando (informação comprovada pela
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
material, ainda que existam relações de sinonímia pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
por um termo ao invés de outro reflete um sentido interpretar essas informações.
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a Tratando-se de interpretação textual, os processos
interpretação realiza ligações com o texto a partir de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
Já a compreensão busca a análise de algo exposto
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou
texto junto da articulação com as informações acessa-
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas
das pelo leitor do texto.
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos
linguísticos essencialmente relacionados à significa- A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
senta como ocorre a relação desses processos:
LÍNGUA PORTUGUESA

ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação


com a semântica.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
compreensivo. INFERÊNCIA
Esses assuntos completam o estudo basilar de INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você
a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de A partir desse esquema, conseguimos visualizar
praticar seus conhecimentos realizando a seleção de melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
exercícios finais, selecionados especialmente para iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
que este material cumpra o propósito de alcançar sua tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
aprovação. ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos 13
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seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
de mundo na interpretação de textos. tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
A INDUÇÃO vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.
As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- Fique atento a essa informação, pois é uma das
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no pretação textual: formular hipóteses, a partir da
texto e que variam conforme o tipo textual. macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
tificar uma organização cronológica e espacial no desen- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso entre outras informações que podem vir como “aces-
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjun- pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. um objetivo mais definido.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são O processo de interpretação por estratégias de dedu-
organizadas a partir de uma especificação para uma ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
generalização. Vejamos um exemplo:
z Conhecimento Linguístico;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa z Conhecimento Textual;
espécie de animal. O que observei neles, no tempo z Conhecimento de Mundo.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastante
para não os amar, nem os imitar. São em geral de O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
uma lastimável limitação de ideias, cheios de fór- assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
mulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, Conhecimento Linguístico
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo Esse é o conhecimento basilar para compreensão
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
O trecho em destaque na citação do escritor Lima uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías nhecimento das regras de uma língua.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento É importante salientar que as regras de reconhe-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de cimento sobre o funcionamento da língua não são,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ção cronológica de um texto. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
A propriedade vocabular leva Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
o cérebro a aproximar as pa- linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
PROCURE SINÔNIMOS sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Os conectivos (conjunções,
Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
preposições, pronomes)
ATENÇÃO AOS dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais

A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
14 forme Kleiman (2016, p. 47):
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
vio que é essencial para a interpretação de questões.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
PONTO DE VISTA DO AUTOR
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que O elemento básico da narrativa (que geralmente é o
podemos usar métodos dedutivos. elemento menos considerado na análise ou construção)
é o ponto de vista do autor. Quando o autor cria uma
Conhecimento Textual obra, ele insere em suas palavras muito de si. Sua visão
de mundo, seus valores, sua construção psicológica e
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- seu ideal de personagens e cenas, seu desejo de expor,
mento linguístico e se desenvolve pela experiência revelar ou ocultar a verdade, dentre outras coisas.
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de O ponto de vista do autor pode mudar muito o enre-
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- do a ser elaborado: pode dar dicas ou camuflar even-
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque tos, pode atribuir ritmo, ajustar pensamentos, nortear
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que interpretações, explicar detalhes e até mesmo produzir
narrativas fora do texto. Por isso, é necessário investir
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê
algum tempo à análise desse elemento narrativo para
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
tornar a produção o mais adequada possível, expondo
reportagem como se lê um poema. não apenas o enredo que está sendo narrado, mas tam-
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- bém o autor que está por trás da narrativa.
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de O ponto de vista na literatura é a ótica da narrativa
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. do autor. Esse elemento aparece sorrateiramente na
trama por meio dos seis sentidos do protagonista que
Conhecimento de Mundo são, normalmente, os cinco sentidos, potencializando
sua intuição. O autor tem total liberdade para criar
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental novos significados para a sua narrativa e também
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre pode definir se ela será apresentada ao leitor por meio
importante que o candidato a cargos públicos reserve de um ou mais personagens.
Quando a história é contada por mais de um perso-
LÍNGUA PORTUGUESA

um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes


nagem fictício, a transição do ponto de vista do autor
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
deve ser bem definida e os detalhes devem estar bem
tar seu conhecimento de mundo.
claros, para que isso não confunda o leitor. A menos
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
que o enredo exija, a trama não precisa ser narrada
conhecimento de mundo que é relevante para a com- por todos os personagens, então, o autor deve deter-
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso minar qual deles deterá o “ponto de vista”. Isso não
cérebro associar informações, a fim de compreender significa que, quando for essencial para o desenvolvi-
o novo texto que está em processo de interpretação. mento da história, um ou mais capítulos não possam
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- conter o ponto de vista de outros personagens. Após
cício para atestarmos a importância da ativação do definir esse ponto, o autor passa a dar um contexto
conhecimento de mundo em um processo de interpre- ao seu protagonista, traçando uma linha geográfica e
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: temporal. 15
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O autor também deve se atentar em estabelecer inti- Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
midade com o leitor, para que ele se conecte à trama e ao características da coerência em um texto e como esse
protagonista e seja capaz de imaginar todos os detalhes, processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
as sensações e os sentidos que o personagem está viven- mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
ciando naquele momento. Por exemplo, quando o autor vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
descreve o trecho na perspectiva do personagem princi- coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
pal, ele não deve citar seu choro, a menos que o prota- estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
gonista esteja olhando seu reflexo em um espelho. Mas chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
o autor pode descrever a sensação dos olhos enchendo- que se encontra mais na mente que no texto”.
-se de lágrimas, uma ou outra escapando pelo canto dos Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
olhos, e o toque da lágrima fria escorrendo pelo rosto. para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
Assim, o ponto de vista é muito importante para passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é são. A autora afirma que a coerência:
essencial para interpretar o texto e responder corre-
tamente às questões. [...] Não está no texto em si; não nos é possível
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: confere sentido ao que lê (2013, p. 31).
RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
DE COESÃO importantes para uma boa compreensão e elaboração
textual. É importante destacar que esses processos
COERÊNCIA E COESÃO de coesão não podem ser dissociados da construção
de sentidos implícita no processo de organização da
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- com fins estritamente didáticos.
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência COESÃO REFERENCIAL
e por que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
A coesão é marcada por processos referenciais
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
das e organizadas harmoniosamente de maneira que
inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- pela construção de referentes em um texto, os quais
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
articulados de forma que garanta uma relação lógica ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli- vras, das quais falaremos a seguir.
gível e faça sentido em determinado contexto. A res- Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada sos referenciais que envolvem o uso de expressões
diretamente à significação do texto, aos sentidos que anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
ele produz para o leitor. “as expressões que retomam referentes já apresentados
no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
COESÃO COERÊNCIA ras”. Vejamos o exemplo a seguir:

Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-


perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro- O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que
na forma e na articulação dução de sentido/relação vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
entre as ideias lógica Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony
Podemos usar uma metáfora muito interessante Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo
quando se trata de compreender os processos de coe- gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e
são e coerência. o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um primeira luta que fez com Apollo Creed.
prédio. Tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé, um texto bem construí- Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
30/09/2020. Adaptado.
do depende da organização das nossas ideias, da forma
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, A partir da leitura, podemos perceber que todos os
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin- rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
que buscam organizar as ideias em um texto, princi- gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
palmente, os processos de coesão que, como dissemos, Já os processos referenciais catafóricos apontam
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti- para porções textuais que ainda não foram mencio-
16 cas que os processos envolvendo a coerência. nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
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seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos Por fim, destacamos que as classes de palavras
são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista” relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
Dica va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con-
Em provas de concursos e seleções, ainda se cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
encontra a terminologia “expressões referenciais tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no de processos coesivos visa analisar a capacidade do
material. No entanto, é importante salientar que, candidato de reconhecer a que e qual elemento está
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os construindo as referências textuais.
processos referenciais que recuperam e/ou apon-
tam para porções textuais. Uso de Numerais

Uso de Pronomes ou Pronominalização Conforme mencionamos anteriormente, o uso de


categorias gramaticais concorre para a progressão tex-
Utilizar pronomes para manter a coesão de um tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro-
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá- cesso é o uso de numerais.
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
estudo os principais pronomes utilizados em recursos em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
textuais para manter a coesão. vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
A pronominalização é a base de recursos anafó- riores numa relação de coesão.
ricos que recuperam porções textuais ou ainda um Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
nome específico a que o autor faz referência no texto. meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
Vejamos dois exemplos: As formas destacadas são numerais ordinais que
recuperam informação no texto, evitando a repetição
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
foi quente, com diversas interrupções e acusações
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica- Uso de Advérbios
ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para
a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins- Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifi- processo de coesão. As formas adverbias que marcam
ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que tempo e espaço podem também ser denominadas de
eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […]. marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões de Perceba que esses advérbios só podem ser associa-
casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace dos a um referente se forem instaurados no discurso,
perguntou aos dois o que eles fariam até que uma vacina isto é, se mantiverem associação com as pessoas que
aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje
não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala
“não tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou
compreenderá que a marcação temporal refere-se
sua resposta atacando a China - “deveriam ter fechado suas
ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso,
fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas
esses elementos são conhecidos como dêiticos.
da Rússia e da própria China e, com pouca modéstia, disse
Independentemente de como são chamados, esses
que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA.
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua- to, auxiliando também a construção da coesão textual.
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
Uso de Nominalização
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
peração da informação apresentada é feita a partir de As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
muitos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
destacados recupera o assunto informado e ajuda o lei- podem ser analisadas como processos nominalizadores,
tor a construir seu posicionamento. É importante bus- incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nominais.
car sempre o elemento a que o pronome faz referência; Essas expressões recuperam informações median-
por exemplo, o primeiro pronome pessoal destacado te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
LÍNGUA PORTUGUESA

no texto refere-se ao termo “democratas”, já o segundo, uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
faz referência aos presidenciáveis que participavam do Vejamos um exemplo:
debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam
para uma parcela objetiva do texto, diferente do pro-
nome “essa”, associado ao substantivo “tragédia”, que Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior
recupera uma parcela textual maior, fazendo referência foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti-
ao momento de pandemia pelo qual o mundo passa. co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. da década de 1970.
Não é possível saber qual dos homens estava Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
acompanhado. 30/09/2020. Adaptado. 17
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Todas as marcações em negrito fazem referência ao COESÃO SEQUENCIAL
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza- A coesão sequencial é responsável por organizar a
doras que servem para ligar ideias e construir o texto. progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
Uso de Adjetivos mover a evolução do debate assumido pelo autor.
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a
Os adjetivos também são considerados expressões partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
nominalizadoras que fazem referência a uma porção desinências e modos verbais. Neste material, iremos
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, são utilizadas para garantir a progressão textual.
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de Conjunções Coordenativas
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
sobre essa personalidade, referida anteriormente. As conjunções coordenativas são aquelas que
É importante recordar que não podemos identifi- ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em semântico independente. Na construção textual, elas
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as são importantes, pois, com seus valores, adicionam
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis- informações relevantes ao texto.
ta, professor são substantivos que funcionam como Exemplos de conjunções coordenativas atuando
adjetivos e colaboram na construção textual. na coesão:

Uso de Verbos Vicários


Não apenas conversava com
ADITIVA os demais alunos como tam-
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários bém atrapalhava o professor
são verbos usados em substituição de outros que já Eram ideias interessantes,
foram muito utilizados no texto. ADVERSATIVA porém ninguém concordou
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós com elas
esperávamos.
Superou o estigma que pregava
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
ALTERNATIVAS “ou estuda, ou trabalha” e conse-
oração pelo verbo “foi”.
guiu ser aprovada
Ao final, faça os exercícios,
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
EXPLICATIVA pois é uma forma de praticar
Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim” o que aprendeu
Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
O candidato não cumpriu sua
fizemos”
CONCLUSIVA promessa. Ficamos, portanto,
Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por
falta de interesse” desapontados com ele
Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
Uso de Elipse precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
A elipse é uma forma de omissão de uma informação
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
já mencionada no texto. Geralmente, estudamos a elipse
mais detalhadamente na seção de figuras de linguagem de ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
uma gramática. Neste material, iremos nos deter a maiores sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
aspectos da elipse também nessa seção. Aqui é importante
salientar as propriedades recategorizadoras e referenciais Conjunções Subordinativas
da elipse, com o propósito de manter a coesão textual.
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên- apresentadas num texto, porém, diferentemente
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu- daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”. para terem o sentido apreendido.
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: Exemplos de conjunções subordinativas atuando
na coesão:
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
culo XXI. O país proporcionou a inclusão social Como não havia estudado su-
Sem
de muitas pessoas. A nação obteve notorie- CAUSAL ficiente, resolvi não fazer essa
Elipse
dade internacional por causa disso. A pátria, prova
porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
Falaram tão mal do filme que ele
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé- CONSECUTIVA
nem entrou em cartaz
culo XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
muitas pessoas, por causa disso obteve no- COMPARATIVA Trabalhou como um escravo
Elipse
toriedade internacional, porém ainda enfrenta
certas adversidades...”
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Conforme o Ministro da Eco- CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão
acabar O candidato foi encontra-
do com duzentos milhões
Marcar ênfase
Ainda que vivamos um período de reais na mala, duzen-
CONCESSIVA de poucos concursos, não pode- tos milhões!
mos desanimar
Marcar contraste Existem Políticos e políticos
Se estudarmos, conseguiremos
CONDICIONAL “Agora que sentei na minha
ser aprovados!
cadeira de madeira, junto
À proporção que aumentava à minha mesa de madeira,
PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais colocada em cima deste
forte o candidato se tornava assoalho de madeira, olho
Marcar a continuidade
minhas estantes de madei-
Estudava sempre com afinco, a temática
FINAL ra e procuro um livro feito
fim de ser aprovado de polpa de madeira para
Quando o edital for publicado, já escrever um artigo contra
TEMPORAL o desmatamento florestal”
estarei adiantado nos estudos
Millôr Fernandes

Importante! Uso de Paráfrase

Não confundir: A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-


Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata-
“Física e Química são disciplinas afins”. do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje- sobre algo utilizando-se de outras palavras. Conforme
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”. Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
subordinadas, na realidade, elas apenas integram, Castelão. Ceará no Castelão.
ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
tipos de conjunções integrantes: que e se. posições diferentes, cumpre um papel importante na
progressão temática do texto.
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Quando é possível subs- uso de expressões textuais bem características, como: em
Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
fácil.
isso, estamos diante de resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
Quero. O quê? Isso
uma conjunção integrante cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado, garan-
tindo a informatividade do texto.
Sempre haverá con-
junção integrante em Perguntei se ele estava
Uso de Paralelismo
orações substantivas e, em casa.
consequentemente, em Perguntei. O quê? Isso
períodos compostos As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
COESÃO RECORRENCIAL e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tático. Quando há sequência de expressões simétricas
Uso de Repetições no plano das ideias e coerência entre as informações,
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
As recorrências de repetições em textos são comu-
LÍNGUA PORTUGUESA

sentido.
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pa- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
lavras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo es- Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
sencial para manter a progressão temática do texto, tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
dido, levando o escritor a fugir da temática. Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
Embora também não recomendemos as repetições ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- em que houve quebra de paralelismo:
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. — Errado. 19
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“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” influencia e permite o estabelecimento de diferentes
— Correto. relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Devemos manter a organização das orações, pois meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
não podemos coordenar orações reduzidas com ora- mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas. Importante!
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- sões de um idioma.
mos o seguinte exemplo: Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
“Por um lado, os manifestantes agiram corre- que cada falante seleciona do léxico para se
tamente, por outro podem não ter agido errado” comunicar.
— Incorreto.
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
lação” — Correto.
Sinonímia
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
São palavras ou expressões que, empregadas em
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
um determinado contexto, têm significados seme-
foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto.
lhantes. É importante entender que a identidade dos
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
o que pode não acontecer em outras situações. O
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
PALAVRAS E EXPRESSÕES exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
Denotação so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
O sentido denotativo da linguagem compreende capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
o significado literal da palavra independente do seu vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais do texto.
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar Antonímia
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por São palavras ou expressões que, empregadas em
isso, é muito utilizada em textos informativos, como um determinado contexto, têm significados opostos.
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
ticos, entre outros. gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
chamas) casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

Conotação

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração. Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.

O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS A relação de sentido estabelecida na tirinha é


construída a partir dos sentidos opostos das palavras
Quando escolhemos determinadas palavras ou “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
expressões dentro de um conjunto de possibilidades se contexto.
de uso, estamos levando em conta o contexto que
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Homonímia z Aferir/auferir

Homônimos são palavras que têm a mesma pro- „ Realizaremos uma prova para aferir seus
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- conhecimentos (avaliar, cotejar).
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a „ O empresário consegue sempre auferir lucros
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- em seus investimentos (obter).
nimos importantes:
z Cavaleiro/cavalheiro
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
„ Todos os cavaleiros que integravam a cavala-
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) ria do rei participaram na batalha (homem que
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) anda de cavalo).
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) „ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
bucho (estômago) buxo (arbusto) sempre as portas para eu passar (homem edu-
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cado e cortês).
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar; z Cumprimento/comprimento
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) „ O comprimento do tecido que eu comprei é de
céptico (descrente) séptico (que causa infecção) 3,50 metros (tamanho, grandeza).
„ Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
cerrar (fechar) serrar (cortar)
z Delatar/dilatar
cervo (veado) servo (criado)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) „ Um dos alunos da turma delatou o colega que
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
pagamento) xadrez) „ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
círio (vela) sírio (natural da Síria) do seu estômago (alargar, estender).
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) z Dirigente/diligente
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
coser (costurar) cozer (cozinhar) „ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
exotérico (que se expõe em rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
esotérico (secreto)
público) soa que dirige, gere).
espectador (aquele que expectador (aquele que tem „ Minha funcionária é diligente na realização de
assiste) esperança, que espera) suas funções (expedito, aplicado).
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena) z Discriminar/descriminar
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
estático (imóvel) extático (admirado) „ Ela se sentiu discriminada por não poder
esterno (osso do peito) externo (exterior) entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
„ Em muitos países se discute sobre descrimi-
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo) nar o uso de algumas drogas (descriminalizar,
inocentar).
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/.
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) Acessado em 17/10/2020.
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) Polissemia (Plurissignificação)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
semia é encontrada no exemplo a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

z Absorver/absolver
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
„ Tentaremos absorver toda esta água com
esponjas. (sorver)
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados (inocentar). 21
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Hipônimo e Hiperônimo aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
Relação estabelecida entre termos que guardam leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- título, ao tema e a fonte das informações é vital para
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – uma boa análise e interpretação.
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO


USO DE RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS
EM GÊNEROS DIFERENTES: GRÁFICOS E
INFOGRÁFICOS

A representação de sentido por meio de tabelas


e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado à facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
e, além disso, ao fato de não exigir o uso de cálculos
complexos para a sua análise. A análise de gráficos
auxilia na resolução de questões não apenas de portu-
guês, assim, requer atenção.

Gráfico

Componentes de um gráfico:

z Título: na maioria dos casos possuem um título


que indica a que informação ele se refere;
z Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram retiradas,
com o ano de publicação;
z Números: é deles que precisamos para compa-
rar as informações dadas pelos gráficos. Usados
para representar quantidade ou tempo (mês, ano,
período);
z Legendas: ajudam na leitura das informações
apresentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores
destaca diferentes informações.

Gráfico de Exemplo
900
800
700
600 Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
Acessado em: 01/03/2021.
500
400
300 REFERÊNCIAS
200
100 ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coe-
0 rência. São Paulo: Parábola, 2005.
Maçãs Laranjas Bananas
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São
2013 2014 2015 Paulo: Contexto, 2013.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos
da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016.
Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-
legenda-a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7. KOCH, I. G. V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e com-
preender: os sentidos do texto. 3. ed . São Paulo:
Infográficos Contexto, 2015.
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sac-
Os infográficos são uma forma moderna de apre- coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
sentar o sentido. Essa palavra une os termos info Geração, 2010.
(informação) e gráfico (desenho, imagem, representa- SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em
ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o Redação Profissional. Campinas: Servanda, 2008.
apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
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z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS meninos eram bons em português;
z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM: série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
SUBSTANTIVO, ADJETIVO, gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E Ele ganha o triplo no novo emprego;
CONJUNÇÃO z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi-
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou
INTRODUÇÃO um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele
recebeu metade do pagamento.
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
e suas funções. quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Analogamente, para compreender bem as funções Dúzia: conjunto de doze unidades;
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, Novena: período de nove dias;
precisamos conhecer como essa forma se classifica e Década: período de dez anos;
como se organiza. Século: período de cem anos;
Por isso, em língua portuguesa, estudamos as Bimestre: período de dois meses.
formas das palavras na morfologia, que organiza as
classes das palavras em dez categorias. A seguir, estu- Um: numeral ou artigo?
daremos detalhadamente cada uma delas e também
veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras A forma um pode assumir na língua a função de
denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
exigentes. podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. Observe:
ARTIGOS
z Durante a votação, houve um deputado que se
Os artigos devem concordar em gênero e número posicionou contra o projeto;
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
minantes dos substantivos. cionou contra o projeto.
Essa classe está dividida em artigos definidos e
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como Na primeira frase, podemos substituir o termo um
determinantes objetivos, individualizando a palavra, por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
já os indefinidos funcionam como determinantes o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
um —variam em gênero e número, tornando-se “os, por exemplo.
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os Já na segunda oração, a alteração do gênero não
indefinidos. Assim, temos: implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
z Artigos definidos: o, os; a, as; deputado, marcando a quantidade.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
Os artigos podem ser combinados às preposições. que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
São as chamadas contrações. Algumas contrações Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
comuns na língua são: seguir:

z em + a = na; z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante


z a + o = ao; destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
z a + a = à; cordância com palavras femininas é inaceitável
de + a = da. pela gramática.
LÍNGUA PORTUGUESA

z
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.

Toda palavra determinada por um artigo torna- z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
etc.
SUBSTANTIVOS
NUMERAIS
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
São palavras que se relacionam diretamente ao característica básica dessa classe é admitir um deter-
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
ção. Os numerais podem ser: xionam-se em gênero, número e grau. 23
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Tipos de Substantivos Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
A classificação dos substantivos admite nove tipos no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
diferentes. São eles: Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.

z Simples: Formados a partir de um único radical. Gênero e Significação


Ex.: vento, escola;
z Composto: Formados pelo processo de justaposi- Alguns substantivos uniformes podem aparecer
ção. Ex.: couve-flor, aguardente; com marcação de gênero diferente, ocasionando uma
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo modificação no sentido. Veja, por exemplo:
substantivo. Ex.: pedra, dente;
z Derivado: Formados a partir dos substantivos pri- z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
mitivos. Ex.: pedreiro, dentista; z O testemunho: Relato de experiência, associado a
z Concreto: Designam seres com independência religiões.
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendentemente de sua conotação espiritual ou Algumas formas substantivas mantêm o radical e
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua- significado:
lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
em função de outros seres. A feiura, por exemplo, z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
depende de uma pessoa, um substantivo concreto z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora- z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
gem, liberalismo, feiura;
z Comum: Designam todos os seres de uma espécie. Além disso, algumas palavras na língua causam
Ex.: homem, cidade; dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: das em contextos informais com gêneros diferentes.
Pedro, Fortaleza; Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada. fonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
É importante destacar que a classificação de um mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
substantivo depende do contexto em que ele está inse- masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
rido. Vejamos: sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma
pessoa = Próprio); Flexão de Número
O amigo mostrou-se um judas (judas significando
traidor = comum). Os substantivos flexionam-se em número, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: Casa / casas.
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
feminino. das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- terminada em L e que tem como plural “males”.
formes. Os substantivos uniformes podem ser: Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma- corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma mel
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien- apresenta duas formas de plural aceitas: meles e méis.
te / a cliente; O líder / a líder; Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
z Epicenos: Designam geralmente animais que plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
apresentam distinção entre masculino e feminino, Ex.: capelães, capitães, escrivães.
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo Contudo, há substantivos que admitem até três
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; formas de plural, como os seguintes:
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá
fêmea; girafa macho / girafa fêmea; z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
Já os substantivos biformes designam os substan- órgãos; órfão / órfãos.
tivos que apresentam duas formas para os gêneros
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora. Plural dos Substantivos Compostos
Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for- Os substantivos compostos são aqueles formados
mas diferentes no masculino e no feminino: por justaposição. O plural dessas formas obedece às
24 Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. seguintes regras:
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z Variam os dois elementos: z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes- Gabinete da Vice-presidência, Organização das
tres -salas; Nações Unidas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar- z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
das -noturnos; Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas; nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
-feiras. z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
z Varia apenas um elemento: z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
canas-de-açúcar; Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,
Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
Ex.: navios-escola. fados com maiúsculas apenas quando utilizados
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer
abaixo-assinados. o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas. do uma direção, devem ser escritos com minúscu-
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres. las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
formados por
verbo + advérbio
verbo + substantivo plural Atente-se: Em palavras com hífen, pode-se optar
pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
Variação de Grau
forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-
las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
uma diminuição.
ADJETIVOS
z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufi-
Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
xos aos substantivos indicar um aumento de
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
tamanho. podem indicar:
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
fogaréu, boqueirão, poetastro;
z Qualidade: professor chato;
z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do z Estado: aluno triste;
aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
do ser.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, Locuções Adjetivas
pequenina, papelucho.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor
Dica dos adjetivos, indicando as mesmas características
deles.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
Elas são formadas por preposição + substantivo,
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
vras, podendo assumir um valor: tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
Afetivo: filhinha / mãezona; A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu
estudo:
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
z Voo de águia / aquilino;
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras z Poder de aluno / discente;
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
LÍNGUA PORTUGUESA

z Conselho de professores / docente;


inicial maiúscula. z Cor de chumbo / plúmbea;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as z Luz da lua / lunar;
inicias das palavras que designam: z Sangue de baço / esplênico;
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela; É importante destacar que, mais do que “decorar”
z Nomes de cidades, países, estados, continentes formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, damental reconhecer as principais características de
Ceará, Nárnia, Londres; uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia apresentar valor de posse.
das Crianças; Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; 25
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A abertura de conta pode ser realizada on-line. melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
Quando a locução adjetiva é composta pela prepo- do que o dinheiro;
sição “de”, pode ser confundida com a locução adver- „ Inferioridade: Compara, evidenciando um ele-
bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante mento como inferior ao outro. Menos do que,
perceber que a locução adjetiva apresenta valor de pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para do que mulheres.
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- z Grau superlativo: Em relação ao grau superlati-
zando o substantivo “abertura”. vo, é importante considerar que o valor semântico
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- desse grau apresenta variações, podendo indicar:
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
„ Característica de um ser elevada ao último
demonstrando seu caráter adverbial.
grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
numerais e orações substantivas. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. absoluto analítico).
Já as locuções adverbiais desempenham função de O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e sintético);
orações adjetivas com esses valores. „ Característica de um ser relacionada com
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez. outros indivíduos da mesma classe: Superla-
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. tivo relativo, que pode ser de superioridade (o
mais) ou de inferioridade (o menos).
Adjetivo de Relação Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorren-
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer O candidato é o menos preparado entre os con-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. inferioridade).
Para identificar um adjetivo de relação, observe as Importante! Ao compararmos duas qualidades
seguintes características: de um mesmo ser, devemos empregar a forma
analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- Ex.: A modelo é mais alta que magra.
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino Porém, se uma mesma característica referir-se
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- a seres diferentes, empregamos a forma sinté-
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos tica (melhor, pior, menor etc.).
de quem o descreve; Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti- Formação dos Adjetivos
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
simples ou compostos.
— pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus compara-
tivo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”. palavras. A partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- z Derivados: São palavras que derivam de verbos
te americano (não é subjetivo; posicionado após o ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
substantivo; derivado de substantivo; não existe a rengo etc.;
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; tuguês, escuro, honesto etc.;
roteiro carnavalesco. z Compostos: Formados a partir da união de dois ou
mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
Variação de Grau amarelo-ouro etc.

O adjetivo pode variar em dois graus: compara- Dica


tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
O plural dos adjetivos simples é realizado da
respectivas categorias.
mesma forma que o plural dos substantivos.
z Grau comparativo: Exprime a característica de
um ser, comparando-o com outro da mesma classe Plural dos Adjetivos Compostos
nos seguintes sentidos:
O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
„ Igualdade: Compara elementos colocando-os tes regras:
em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos z Invariável:
quanto simplórios;
„ Superioridade: Compara, evidenciando um „ Os adjetivos compostos azul-marinho, azul-ce-
26 elemento como superior ao outro. Mais do que, leste, azul-ferrete;
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„ Locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.

z Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
em nosso país.

Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

LÍNGUA PORTUGUESA

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
27
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As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
28 tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
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Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
GRAU Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
COMPARATIVO
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
GRAU -
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
LÍNGUA PORTUGUESA

ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 29
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PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.

Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
30 reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de PRONOMES INDEFINIDOS1
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
sociais que designam: Um, uma, uns, umas

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu- As palavras certo e bastante serão pronomes
ques e seus respectivos femininos; indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; serão adjetivos quando vierem depois.
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do gover- Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
indefinido).
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
respectivos femininos;
A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento do. Por isso, atente-se ao seguinte:
cerimonioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa; z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen-
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- te ao termo “muito”.
ma.): Bispos. Ex.: Elas são bastante famosas.
z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- ao termo “suficiente”.
nomes de tratamento e suas respectivas designações Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial a festa.
da Presidência da República. Portanto, essas designa- z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- o substantivo, indicando grande, porém incerta,
ro textual abordado for um gênero oficial. quantidade de algo.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.

z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- Pronomes Demonstrativos


tamento é importante destacar que o plural de
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na apontam elementos a que se referem as pessoas do
maioria das abreviaturas terminadas com a letra discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; textual.
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
tíssimo Juiz;
z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
blica nunca deve ser abreviado.
z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
Pronomes Indefinidos
Usamos este, esta, isto para indicar:
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes-
� Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar
dade de algo ao falante.
e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela: Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova.
PRONOMES INDEFINIDOS1 � Referência ao tempo presente.
Variáveis Invariáveis Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
pagarei a última prestação da casa.
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
� Referência ao espaço textual.
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
nenhumas curava um presente para o marido (o pronome
Todo, toda, todos, todas Quem refere-se ao último termo mencionado).

Outro, outra, outros, outras Outrem Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Muito, muita, muitos, muitas Algo me “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
LÍNGUA PORTUGUESA

Certo, certa, certos, certas Nada z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Vários, várias Cada mento de algo de quem fala.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Indicar distância que se deseja manter.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
fia nesses políticos.
Qualquer, quaisquer z Referência ao tempo passado.
Qual, quais Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo.

1 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-


quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. de 2020. 31
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z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. � Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter para indicar posse e aparecer relacionando dois
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes- termos que devem ser um possuidor e uma coisa
sa expressão utilizada. possuída.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
matéria (coisa possuída).
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
to de quem fala e de quem ouve. O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? ro com a coisa possuída.
� Referência a um tempo muito remoto, um passa- Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
do muito distante. cujo: Cujo o, cuja a
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- Não podemos substituir cujo por outro pronome
tas abertas. Bons tempos aqueles! relativo.
� Referência a um afastamento afetivo. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher.
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
� Referência ao espaço textual, indicando o pri-
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
meiro termo de uma relação expositiva.
gunta: “de quem/do que?”
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
riu beber chá; aquela, refrigerante.
do que? Do filme).
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
Dica quem? Do rapaz).
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
função demonstrativa referencial. Veja: � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo para indicar locais físicos.
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
ceu de preencher o gabarito. mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem
antecedente.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
pronomes relativos têm função muito importante na � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
língua, refletida em assuntos de grande relevância e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, do em substituição a outros pronomes relativos,
é essencial conhecer adequadamente a função desses sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. guísticos, como o “queísmo”.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- guém se lembra.
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
nado anteriormente) chamamos de antecedente. O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
São pronomes relativos: textual, desfazendo estruturas ambíguas.

z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, Pronomes Interrogativos


quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
quantas; São utilizados para introduzir uma pergunta ao
z Invariáveis: Que, quem, onde, como; texto.
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
cachorro que estava doente morreu. A caneta que Quantos anos tem seu pai?
emprestei nunca recebi de volta. O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
relativo “que”. interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
� Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
ser uma pessoa ou objeto personificado. são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. tantivos, dando fluidez à leitura.
� O pronome relativo quem pode fazer referência Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
que cala). zação da atividade. O tempo estava instável)2.
� Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati- Pronomes Possessivos
vo; pode sofrer flexões.
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:

32 2 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021.


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z Presente:
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas Pode expressar não apenas um fato atual, como
também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas no mesmo horário.
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, (equivalente a estudarei).
vos) também podem atribuir valor possessivo a uma coisa.
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o z Passado:
pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
do pronome é com o objeto da posse. „ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente
Outras funções dos pronomes possessivos: no passado.
Ex.: Estudei até ser aprovado.
z Delimitam o substantivo a que se referem; „ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que
pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
durativa.
z Não concordam com o referente;
Ex.: Estudava todos os dias.
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
„ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
outra mais antiga.
Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
VERBOS
bordara (ação anterior) da banheira.
Certamente, a classe de palavras mais complexa e z Futuro:
importante dentre as palavras da língua portuguesa é
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
„ Futuro do presente: indica um fato que deve
e os agentes desses atos, além de ser uma importante ser realizado em um momento vindouro.
classe sempre abordada nos editais de concursos; por Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
isso, atente-se às nossas dicas. „ Futuro do pretérito: Expressa um fato poste-
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em rior em relação a outro fato já passado.
número, pessoa, modo e tempo, além da designação da Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, A partir dessas informações, podemos também
que podem ser: identificar os verbos conjugados nos tempos simples
e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no são formados por uma única palavra, ou verbo, conju-
singular ou plural, bem como em qual pessoa ver- gado no presente, passado ou futuro.
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); Já os tempos compostos são formados por dois
z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-
verbais a ação foi realizada. bo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-tempo-
Iremos apresentar essas desinências a seguir. rais dos tempos simples e compostos, respectivamente:
Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-
-temporais, precisamos explicar o que são modo e Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples
tempo verbais.
MODO MODO
Modos TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO

Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma -e (1ª conjuga-


relação enunciada pelo verbo. Presente * ção) e -a (2ª e 3ª
conjugações)
z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de -ra (3ª pessoa
Pretérito perfeito *
certeza. do plural)
Ex.: Estudei muito para ser aprovado. -va (1ª conjuga-
z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
LÍNGUA PORTUGUESA

de dúvida, desejo ou possibilidade. conjugações)


Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, Pretérito mais-
-ra *
convite, conselho, súplica ou pedido. -que-perfeito
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. Futuro -rá e -re -r
Futuro do
Tempos -ria *
pretérito
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar *Nem todas as formas verbais apresentam desi-
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro. nências modo-temporais.
Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe
a seguir: 33
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Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
(Indicativo) orações reduzidas.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: bos que funcionam como um verbo.
Ter (presente do indicativo) + verbo principal Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de
particípio. trabalhar para pagar as contas.
Ex.: Tenho estudado. Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo de encontrar uma solução.
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) +
verbo principal no particípio. Dica
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do Não confunda locuções verbais com tempos
indicativo) + verbo principal no particípio. compostos. O particípio formador de tempo
Ex.: Terei saído. composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O
� Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: homem teria realizado sua missão.
Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal
no particípio. Classificação dos Verbos
Ex.: Teria estudado.
Os verbos são classificados quanto a sua forma
Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos de conjugação e podem ser divididos em: regulares,
(Subjuntivo) irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, prono-
minais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das
� Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal des de cada um a seguir:
particípio.
Ex.: (que eu) Tenha estudado. z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo de compreender, pois apresentam regularidade no
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
verbo principal no particípio. bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
Ex.: (se eu) Tivesse estudado têm o paradigma morfológico com o radical, que
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro sim- permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado. PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
— INDICATIVO — INDICATIVO
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais Eu canto Cantei

As formas nominais do verbo são as formas no Tu cantas Cantaste


infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em Ele/ você canta Cantou
determinados contextos. São chamadas nominais pois
Nós cantamos Cantamos
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
Vós cantais Cantastes
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu Eles/ vocês cantam Cantaram
valor indica duração de uma ação e, por vezes,
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
alteração no radical e nas desinências verbais.
compadeceu.
Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
z Particípio: Marcado pelas terminações mais
ocorre irregularmente, seguindo um paradigma
comuns -ado, -ido, podendo terminar também em
próprio para cada grupo verbal.
-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero. Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. na conjugação do verbo estar, que utilizamos como
Quando cheguei, ela já tinha partido. exemplo. Isso é importante para não confundir os ver-
Ele tinha aberto a janela. bos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo
Ela tinha pago a conta. estar:
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig- PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
nado. Pode ser pessoal ou impessoal: — INDICATIVO — INDICATIVO
Eu estou Estive
„ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de con- Tu estás Estiveste
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: Ele/ você está Esteve
Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem Nós estamos Estivemos
que ele ensina;
Vós estais Estivestes
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con- Eles/ vocês estão Estiveram
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
34 conjugação; Partir - 3ª conjugação.
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z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas PARTICÍPIO PARTICÍPIO
alterações no radical e nas desinências verbais, INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
consideradas anomalias morfológicas; por isso,
recebem essa classificação. Um exemplo bem Juntar Juntado Junto
usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na Limpar Limpado Limpo
língua portuguesa, apenas dois verbos são classifi-
Matar Matado Morto
cados dessa forma: os verbos ser e ir.
Omitir Omitido Omisso
Vejamos a conjugação o verbo “ser”: Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
— INDICATIVO — INDICATIVO Romper Rompido Roto
Eu sou Fui Salvar Salvado Salvo
Tu és Foste Secar Secado Seco
Ele / você é Foi Submergir Submergido Submerso
Nós somos Fomos Suspender Suspendido Suspenso
Vós sois Fostes Tingir Tingido Tinto
Eles / vocês são Foram Torcer Torcido Torto

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen- PARTICÍPIO PARTICÍPIO


INFINITIVO
tam uma forma específica de irregularidade que oca- REGULAR IRREGULAR
siona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são Eu já tinha acei- O convite foi
classificados como anômalos. Aceitar
tado o convite aceito
Aviso quando
z Abundantes: São formas verbais abundantes os
Entregar tiver entregado a Está entregue!
verbos que apresentam mais de uma forma de
encomenda
particípio aceitas pela norma culta gramatical.
Geralmente, apresentam uma forma de particípio Quando chegou,
Havia morrido
regular e outra irregular. Vejamos alguns verbos Morrer encontrou o
há dias
abundantes: animal morto
A bala foi expe-
PARTICÍPIO PARTICÍPIO Esta é a bala
INFINITIVO Expelir lida por aquela
REGULAR IRREGULAR expulsa
arma
Absolver Absolvido Absolto Tinha enxugado
Abstrair Abstraído Abstrato a louça quando A roupa está
Enxugar
Aceitar Aceitado Aceito o programa enxuta
começou
Benzer Benzido Bento
Depois de ter
Cobrir Cobrido Coberto Findar findado o traba- Trabalho findo!
Completar Completado Completo lho, descansou
Confundir Confundido Confuso Se tivesse impri- Onde está o
Imprimir mido tínhamos documento
Demitir Demitido Demisso
como provar impresso?
Despertar Despertado Desperto
Eu tinha limpado Que casa tão
Dispersar Dispersado Disperso Limpar
a casa limpa!
Eleger Elegido Eleito Dados importan-
Informações es-
Encher Enchido Cheio Omitir tes tinham sido
tavam omissas
omitidos por ela
Entregar Entregado Entregue
Após ter sub- Deixe os legu-
Morrer Morrido Morto
mergido os legu- mes submersos
Submergir
Expelir Expelido Expulso mes, reparou no por alguns
LÍNGUA PORTUGUESA

Enxugar Enxugado Enxuto amigo minutos


Findar Findado Findo Nunca tinha
Você está
Suspender suspendido
Fritar Fritado Frito suspenso!
ninguém
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto z Defectivos: São verbos que não apresentam algu-
Imprimir Imprimido Impresso mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
um “defeito” na conjugação (por isso, o nome).
Inserir Inserido Inserto Alguns exemplos de defectivos são os verbos colo-
Isentar Isentado Isento rir, precaver, reaver etc.
35
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Esses verbos não são conjugados na primeira pes- Apresentam forte carga semântica que indica
soa do singular do presente do indicativo, bem como: modo e aspecto da oração. São importantes na forma-
aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, ção da voz passiva analítica.
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme- três formas nominais dos verbos:
nos temporais também apresentam essa característi-
ca, como latir, bramir, chover. „ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
z Pronominais: Esses verbos apresentam um pro- adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando;
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal. „ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
É importante lembrar que esses pronomes não -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-
apresentam função sintática. Predominantemen- ficado em particípio regular e irregular, sendo
te, os verbos pronominas apresentam transitivida- as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
— INDICATIVO — INDICATIVO os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-
Eu me sento Sentei-me ticípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Tu te sentas Sentaste-te Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos „ Infinitivo: Marca as conjugações verbais.

Vós vos sentais Sentastes-vos AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se passear);
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr);
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblí-
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir,
quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-
sair).
te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen- Dica
tamos friamente; O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga-
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da
ção, pois origina-se do verbo “poer”.
natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
O mesmo acontece com verbos que deste
derivam.
„ O verbo haver, com sentido de existir ou mar-
cando tempo decorrido, também será impessoal.
Ex.: Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há Vozes Verbais
dois anos, fui aprovado em concurso público.
„ Os verbos ser e estar também são verbos As vozes verbais definem o papel do sujeito na
impessoais quando designam fenômeno climá- oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
tico ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tar- verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
de quando chegamos.
„ O verbo ser para indicar hora, distância ou � Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação
data concorda com esses elementos. verbal.
„ O verbo fazer também poderá ser impessoal, Ex.: O policial deteve os bandidos.
quando indicar tempo decorrido ou tempo cli- � Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
mático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui verbal.
faz muito calor. Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
„ Os verbos impessoais não apresentam sujei- passiva analítica;
to; sintaticamente, classifica-se como sujeito � Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
inexistente. � Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes-
„ O verbo ser será impessoal quando o espa- mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
ço sintático ocupado pelo sujeito não estiver Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo para- menino se agrediu.
digma do verbo fazer, podendo ser impessoal, � Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que mo tempo, porém há uma ação compartilhada
não vejo Mariana”. entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados e sofrem a ação.
nas formas compostas dos verbos e também nas Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
dos tempos compostos são ter e haver. cumprimentaram.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz passiva é realizada a partir da troca de funções
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos transfor-
36 mina a regência estabelecida na oração. mar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo
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for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, z Partícula de realce: Será partícula de realce o
só há voz passiva com a presença do objeto direto. “se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
Importante! Não confunda os verbos pronomi- juízo no sentido e na compreensão global do texto.
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais A partícula de realce não exerce função sintática,
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- pois é desnecessária.
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
pronome que faz parte integrante do seu significado,
diferentemente das vozes verbais, que acompanham z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
o pronome “se” com função sintática própria. quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
“se” exerce função de conjunção integrante, ape-
Outras Funções do “se” nas ligando as orações, e poderá ser substituído
pela conjunção “caso”.
Como vimos, o “se” pode funcionar como item Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- dar, será aprovado).
mento também acumula outras atribuições:
Conjugação de Verbos Derivados
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
designado partícula apassivadora, nesse contexto. Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
“Se” (partícula apassivadora).
relevantes em provas diversas:
O “se” exercerá essa função apenas:
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
„ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
„ Com verbos que concordam com o sujeito; z Ver: Antever, rever, prever;
„ Com a voz passiva sintética. z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.

Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire- Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” funcio- O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
nará nessa condição quando não for possível identi- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
ficar o sujeito explícito ou subentendido. Além disso, que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
não podemos confundir essa função do “se” com a de ção são, predominantemente, regulares.
apassivador, já que, para ser índice de indetermina-
ção do sujeito, a oração precisa estar na voz ativa.
PRESENTE — INDICATIVO
Outra importante característica do “se” como índi- Eu Crio
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em Tu Crias
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá Ele/Você Cria
estar na 3ª pessoa do singular. Nós Criamos
Ex.: Acredita-se em Deus. Vós Criais

z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle- Eles/Vocês Criam


xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
procidade, auxiliando a construção dessas vozes Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- mente são irregulares e apresentam alguma modifi-
cipais características são: cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a
conjugação do verbo “passear”:
„ Sujeito recebe e pratica a ação;
„ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto PRESENTE — INDICATIVO
ou indireto;
„ O sujeito da frase poderá estar explícito ou Eu Passeio
implícito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tu Passeias
Ele/Você Passeia
Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
presente de aniversário (implícito). Nós Passeamos
Vós Passeais
z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
Eles/Vocês Passeiam
será parte integrante dos verbos pronominais,
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun- Conjugação de Alguns Verbos
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
estar explícito ou implícito. Vamos agora conhecer algumas conjugações de
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
filha. to de questões em concursos. 37
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Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo: z Lugar: Ir a Santa Catarina;
z Modo: Falar aos gritos;
PRESENTE — INDICATIVO z Sucessão: Dia a dia;
Eu Adiro z Tempo: Nasci a três de maio;
z Proximidade: Estar à janela.
Tu Aderes
Ele/Você Adere “Após”
Nós Aderimos
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
Vós Aderis z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
Eles/Vocês Aderem
“Com”
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
entrepor, supor.
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
PRESENTE — INDICATIVO
z Matéria: Vinho se faz com uva;
Eu Ponho z Modo: Andar com elegância;
Tu Pões z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
comigo sempre é assim.
Ele/Você Põe
Nós Pomos “Contra”
Vós Pondes
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;
Eles/Vocês Põem
z Direção: Olhar contra o sol;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
PREPOSIÇÕES contra o peito.

Conceito “De”

São palavras invariáveis que ligam orações ou z Causa: Chorar de saudade;


outras palavras. As preposições apresentam funções z Assunto: Falar de religião;
importantes tanto no aspecto semântico quanto no z Matéria: Material feito de plástico;
aspecto sintático, pois complementam o sentido de z Conteúdo: Maço de cigarro;
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado z Origem: Você descende de família humilde;
sem a presença da preposição, modificando a transiti- z Posse: Este é o carro de João;
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de z Autoria: Esta música é de Chopin;
z Tempo: Ela dorme de dia;
sentido de palavras deverbais3.
z Lugar: Veio de São Paulo;
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
z Definição: Pessoa de coragem;
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
te, por, sem, sob, trás. z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim z Instrumento: Comer de garfo e faca;
chamadas pois pertencem a outras classes grama- z Meio: Viver de ilusões;
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre- z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando z Modo: Olhar alguém de frente;
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, z Preço: Caderno de 10 reais;
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto z Qualidade: Vender artigo de primeira;
(quando equivaler a “por causa de”). z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem- corajosa.
plos de uso em diferentes situações:
“Desde”
“A”
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças; z Tempo: Desde ontem ele não aparece.
z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
z Destino (em correlação com a preposição de): De “Em”
Santos à Bahia;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo; z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00; dólares;
z Direção: Levantar as mãos aos céus; z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada; z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; bom;
3 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
38 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
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z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as z Lugar: Cair sobre o inimigo.
mãos em concha;
z Transformação ou alteração: Transformou dóla- Locuções Prepositivas
res em reais;
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; São grupos de palavras que equivalem a uma
z Fim: Pedir em casamento; preposição.
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Modo: Escrever em francês; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Sucessão: De grão em grão; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. positivas sempre terminam em uma preposição (há
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
“Entre” do concessivo “não obstante”).
Veja alguns exemplos:
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve ram logo;
discórdia. z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
de finanças;
“Para” z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu
nada grave;
z Consequência: Você deve ser muito esperto para z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
não cair em armadilhas; a língua é indispensável para que possamos pen-
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência; sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal; z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim não passei no exame;
como nós estamos para as galinhas; z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
z Referência: Para mim, ela está mentindo; para com os mais velhos;
z Tempo: Para o ano irei à praia; z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
z Destino ou direção: Olhe para frente! um short.

“Perante” Outros exemplos de locuções prepositivas:


Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
“Por” fim de; por meio de; em virtude de.

z Modo ou conformidade: Vamos escolher por


sorteio; Importante!
z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Conformidade: Copiar por original; Algumas locuções prepositivas apresentam
z Favor: Lutar por seus ideais; semelhanças morfológicas, mas significa-
z Medida: Vendia banana por quilo; dos completamente diferentes. Observe estes
z Meio: Ir por terra; exemplos4:
z Modo: Saber por alto o que ocorreu; A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
z Preço: Comprar um livro por vinte reais; jamento inicial = Concordância.
z Quantidade: Chocar por três vezes; As decisões do público foram de encontro à pro-
z Substituição: Comprar gato por lebre; posta do programa = Discordância.
z Tempo: Viver por muitos anos. Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
tas = Substituição.
“Sem” Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
Oposição.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
Combinações e Contrações
LÍNGUA PORTUGUESA

“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente. z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução.
“Sobre” a + o = ao
a + os = aos
z Assunto: Não gosto de falar sobre política; z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem
z Direção: Ir sobre o adversário; redução.
4 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 39
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Veja a lista a seguir5, que apresenta as preposições z Preposição “per”:
que se contraem e suas devidas formas:
„ Com as formas antigas do artigo definido (lo,
z Preposição “a”: la):
per + lo(s) = pelo, pelos
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra- per + la(s) = pela, pelas
tivo feminino:
a + a= à z Preposição “para” (pra):
a + as= às
„ Com o pronome demonstrativo: „ Com artigo definido:
a + aquele = àquele para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aqueles = àqueles para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
a + aquilo = àquilo Preposições

z Preposição “de”: Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar


o que significa Semântica. Semântica é a área do
„ Com artigo definido masculino e feminino: conhecimento que relaciona o significado da palavra
de + o/os = do/dos ao seu contexto.
de + a/as = da/das É importante ressaltar que as preposições podem
� Com artigo indefinido: apresentar valor relacional ou podem atribuir um
de + um= dum valor nocional.
de + uns = duns As preposições que apresentam um valor rela-
de + uma = duma cional cumprem uma relação sintática com verbos
de + umas = dumas ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
� Com pronome demonstrativo: deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
de + este(s)= deste, destes relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
de + esta(s)= desta, destas bios, os quais também apresentarão função deverbal.
de + isto= disto Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
de + esse(s) = desse, desses pela regência do verbo concordar).
de + essa(s)= dessa, dessas Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de + isso = disso complemento nominal).
de + aquele(s) = daquele, daqueles Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
de + aquela(s) = daquela, daquelas gida pelo adjetivo).
de + aquilo= daquilo Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
advérbio).
� Com o pronome pessoal:
Em todos esses casos, a preposição mantém uma
de + ele(s) = dele, deles
relação sintática com a classe de palavras a qual se
de + ela(s) = dela, delas
liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na
� Com o pronome indefinido:
sentença.
de + outro(s)= doutro, doutros
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
de + outra(s) = doutra, doutras
nal é preponderante apresentam uma modificação
� Com advérbio:
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são
de + aqui= daqui
componentes obrigatórios na construção da senten-
de + aí= daí
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
de + ali= dali
As preposições de valor nocional estabelecem uma
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
z Preposição “em”: etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:

„ Com artigo definido: VALOR NOCIONAL DAS


em + a(s)= na, nas SENTIDO
PREPOSIÇÕES
em + o(s)= no, nos
� Com pronome demonstrativo: Posse Carro de Marcelo
em + esse(s)= nesse, nesses O cachorro está sob a
Lugar
em + essa(s)= nessa, nessas mesa
em + isso = nisso Votar em branco / Chegar
em + este(s) = neste, nestes Modo
aos gritos
em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto Causa Preso por agressão
em + aquele(s) = naquele, naqueles Assunto Falar sobre política
em + aquela(s) = naquelas Descende de família
em + aquilo = naquilo Origem
simples
� Com pronome pessoal:
em + ele(s) = nele, neles Olhe para frente! / Iremos
Destino
em + ela(s) = nela, nelas a Paris

40 5 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020.


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CONJUNÇÕES Dica
Assim como as preposições, as conjunções também As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
são invariáveis e também auxiliam na organização gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
ções. Por manterem relação direta com a organização concomitante acarreta em redundância.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas. Conjunções Subordinativas

Conjunções Coordenativas Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-


dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
As conjunções coordenativas são aquelas que apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo para terem o sentido apreendido.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
� Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como, Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
não só, mas também, não apenas, como ainda, uma vez que, como (equivale a porque) etc.
senão (após não só). Ex.: Como não choveu, a represa secou.
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. � Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
O gato era o preferido, não só da filha, senão de de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
toda família. modo que, de forma que, de sorte que etc.
z Adversativas: Colocam informações em oposição, Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- � Comparativa: Iniciam orações comparando ações
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
Ex.: Não tenho um filho, mas dois. nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
A culpa não foi a população, senão dos vereadores maior), tanto... quanto etc.
(equivale a “mas sim”). Ex.: Corria como um touro.
Ela dança tanto quanto Carlos.
Importante! A conjunção “e” pode apresentar � Conformativa: Expressam a conformidade de
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- uma ideia com a da oração principal. Conforme,
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho como, segundo, de acordo com, consoante etc.
não deixava. Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do
z Alternativas: Ligam orações com ideias que não tempo.
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, � Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já. contrária à da oração principal. Embora, conquan-
Ex.: Estude ou vá para a festa. to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
Importante! A palavra “senão” pode funcionar tivesse gostado.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha- Trabalhava, por mais que a perna doesse.
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). � Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
z Explicativas: Ligam orações, de forma que em que, a menos que, somente se etc.
uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por- Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi-
que, pois, (se vier no início da oração), porquanto. do sua mensagem.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a Posso lhe ajudar, caso necessite.
enxada! � Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro-
Viva bem, pois isso é o mais importante. porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc.
Importante! “Pois” com sentido explicativo ini- Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto ser aprovado.
saudades. Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
LÍNGUA PORTUGUESA

“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado � Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, que, a fim de que etc.
pois, a subir. Ex.: A professora dá exemplos para que você
aprenda!
z Conclusivas: Ligam duas ideias, de forma que a Comprou um computador a fim de que pudesse
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, trabalhar tranquilamente.
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, � Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de
destarte, pois (deslocado na frase). tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui logo que, desde que etc.
aprovado. Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar- do Futuro.
-se. Mal cheguei à cidade, fui assaltado. 41
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de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
Importante! interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto.
Os valores semânticos das conjunções não se
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
prendem às formas morfológicas desses elemen- va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
tos. O valor das conjunções é construído contex- nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
tualmente, por isso, é fundamental estar atento por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
aos sentidos estabelecidos no texto. que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a alterado.
procura? (Se = causal = já que) Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!

Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações


subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”. Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
� Quando é possível substituir o “que” pelo pro- cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
nome “isso”, estamos diante de uma conjunção Observe o exemplo:
A pequena garota andava sozinha pela cidade.
integrante. A: Artigo, feminino, singular;
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Isso). Garota: Substantivo, feminino, singular.
� Sempre haverá conjunção integrante em orações Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
substantivas e, consequentemente, em períodos adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
compostos. número (singular) do substantivo.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
quê? Isso). cia: verbal e nominal.
� Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. CONCORDÂNCIA VERBAL
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
(errado). É a adaptação em número – singular ou plural –
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
sujeito.
INTERJEIÇÕES Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
As interjeições também fazem parte do grupo de quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
palavras invariáveis, tal como as preposições e as de ‘brasis’ – digamos assim –, ganha disparando dos
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri- outros, pois houve influências de todos os povos aqui:
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação europeus, asiáticos e africanos.
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
uma frase. Ex.: Tchau! um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
As interjeições indicam relações de sentido diver- respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen- singular.
timentos e sensações mais expressos pelo uso de Destrinchando o período, temos que os termos
interjeições: essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Alívio Arre! Ufa! Ah! Verbo bitransitivo: Prefiro
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva! Objeto direto: natação
Objeto indireto: a futebol
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Concordância Verbal com o Sujeito Simples
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
sujeito.
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau! Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
exorbitante.
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Diferentes situações:

É salutar lembrar que o sentido exato de cada z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
42 texto. Por isso, em questões que abordem essa classe multidão gritou entusiasmada;
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z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
verbo posterior ao pronome relativo concorda número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi- palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
tes do Brasil que se situam mais próximos do chegou (Duas horas deram...).
Meridiano?; Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós badaladas soaram).
quem resolveu a questão; Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio
da escola soou dez badaladas).
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
dem-se casas de veraneio aqui.
nós quem resolvemos a questão.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
interessada;
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no Majestade está preocupada?
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- Suas Excelências precisam de algo?
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
essa questão; exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse ticais diferentes
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
Unidos continuam uma potência. � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
z Estados Unidos continua uma potência. Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- garam ontem;
de de Santos fica em São Paulo.”) � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Importante! ter o espírito esportivo;
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o singular
verbo fica no singular ou no plural. Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. davam (preferencialmente no singular);
� Gradação entre os núcleos do sujeito
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais me acalmar (preferencialmente no singular);
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, � Núcleos do sujeito no infinitivo
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
Mais de um aluno compareceu à aula. � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
Mais de cinco alunos compareceram à aula. mitivo (nada, tudo, ninguém)
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
A expressão mais de um tem particularidades: � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo nem um nem outro
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à foco nos estudos;
festa. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
Mais de um aluno, mais de um professor es-
tavam presentes. como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
bem como, assim como, tanto quanto
z Quando o sujeito é formado por um número per- Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
centual ou fracionário, o verbo concorda com o final;
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
numerado ou com o número inteiro, mas pode
LÍNGUA PORTUGUESA

aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim


concordar com o especificador dele. Se o numeral
como; não só... mas também etc.)
vier precedido de um determinante, o verbo con-
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
popularidade em alta;
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o co núcleo, o verbo fica no singular concordando
que é viver bem. com o núcleo único. Mas, se houver determinante
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Os 30% da população não sabem o que é viver sujeito passa a ser composto.
mal. Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
A seguir, pratique seus conhecimentos com o exer- aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
cício comentado abaixo. combustíveis aumentaram. 43
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Concordância Verbal do Verbo Ser Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Concorda com o sujeito impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Ex.: Nós somos unha e carne; Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
� Concorda com o sujeito (pessoa) com valor genérico)
Ex.: Os meninos foram ao supermercado; São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
� Em predicados nominais, quando o sujeito for dido de preposição de ou para)
representado por um dos pronomes tudo, nada, Soldados, recuar! (infinitivo com valor de
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- imperativo)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou
com o sujeito � Concordância do verbo parecer
Ex.: No início, tudo é/são flores;
Flexiona-se ou não o infinitivo.
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
que ou quem
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
Ex.: Quem foram os classificados?
vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância
do de acordo com o sujeito, no plural)
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
Ex.: São nove horas. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal);
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? � Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. auxiliar fica no singular)
Divertimentos é o que não lhe falta. Trata-se de problemas psicológicos.
Dez reais é nada diante do que foi gasto; Geou muitas horas no sul;
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- � Concordância com sujeito oracional
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
verbo concordará com o termo não preposiciona- singular.
do entre eles. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
São eles que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Urge que você estude.
trução adequada) Era preciso encontrar a verdade
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada)
Casos mais Frequentes em Provas
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
Concordância do Infinitivo
� Sujeito posposto distanciado
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
to esclarecido) cal brasileira seres estranhos;
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito � Verbos impessoais (haver e fazer)
implícito “nós”) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Havia problemas no setor.
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Até me encontrarem, vocês terão de procurar vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
muito. (preposição no início da oração) � Verbo na voz passiva sintética
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
(verbos pronominais) � Verbo concordando com o antecedente correto
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser do pronome relativo ao qual se liga
indicando tempo) Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Estudo para me considerarem capaz de aprova- tinham experiência;
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) � Sujeito coletivo com especificador plural
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no � Sujeito oracional
particípio); Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: singular);
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- � Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
ção verbal) to ou complemento no plural
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
44 sendo sujeito do infinitivo). atrito. (verbo no singular).
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Casos Facultativos do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
estádio; francesa e alemã.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
fizeram rir; os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Fui eu quem faltou/faltei à aula; a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? língua inglesa, a francesa e a alemã.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira; z Com função de predicativo do sujeito
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
ciência. (1,5% corresponde ao singular); Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Chegaram/Chegou João e Maria; com a soma dos elementos.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
aqui; Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
brasileira; sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z O problema do sistema é/são os impostos; quanto com o nome mais próximo.
z Hoje é/são 22 de agosto; Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos vam abandonados a casa e o quintal.
a aprovação; Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Silepse de Número e de Pessoa Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular, Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
z Silepse de número: usa-se um termo discordando então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem z Com função de predicativo do objeto
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores); Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- dância com o termo mais próximo.
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
diversas etnias, somos multiculturais. Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
seus subordinados.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Algumas Convenções
Define-se como a adaptação em gênero e número
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como � Obrigado / próprio / mesmo
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
adjetivos, numerais). A própria enfermeira virá para o debate.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Elas mesmas conversaram conosco.
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Dica
Muro alto. / Muros altos.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Casos com Adjetivos invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
z Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- z Só / sós
ver após os substantivos, poderá concordar com Variáveis quando significarem “sozinho” /
as somas desses ou com o elemento mais próximo. “sozinhos”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Invariáveis quando significarem “apenas,


Encontrei colégios e faculdades ótimos. somente”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
Há casos em que o adjetivo concordará apenas apenas queriam ficar sozinhas.)
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
A locução “a sós” é invariável.
tencer somente a este.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho ficar a sós;
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- � Quite / anexo / incluso
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Concordam com os elementos a que se referem.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Ex.: Estamos quites com o banco.
Existem complicadas regras e conceitos. Seguem anexas as certidões negativas.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Inclusos, enviamos os documentos solicitados; 45
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� Meio Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Quando significar “metade”: concordará com o também é um substantivo; mantém-se no singular)
elemento referente. Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); Adjetivos
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
do significar unidade de medida, é masculino. mo elemento concordará com o substantivo referente.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se um dos elementos for originalmente um subs-
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou plural, pois ambos são adjetivos.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
rão com o determinante. singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
plural do substantivo referente, “folhas”.
nhada está boa. Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
entrada de crianças. bém pode ser um substantivo.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?; O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
� Menos / pseudo lógica de “musgo” do exemplo anterior.
São invariáveis.
Ex.: Havia menos violência antigamente. Dica
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
to é pseudo-objetivo; Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
� Muito / bastante quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
Quando modificam o substantivo: concordam com sempre invariáveis.
ele. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
Quando modificam o verbo: invariáveis. mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
irritados. Lista de Flexão dos Dois Elementos
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados. � Nos substantivos compostos formados por pala-
Se ambos os termos puderem ser substituídos por vras variáveis, especialmente substantivos e
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi- adjetivos:
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis; segunda-feira – segundas-feiras;
� Tal qual matéria-prima – matérias-primas;
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, couve-flor – couves-flores;
com o substantivo posterior. guarda-noturno – guardas-noturnos;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os primeira-dama – primeiras-damas;
pais. � Nos substantivos compostos formados por
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais temas verbais repetidos:
quais os pais. corre-corre – corres-corres;
z Silepse (também chamada concordância figurada) pisca-pisca – piscas-piscas;
É a que se opera não com o termo expresso, mas o pula-pula – pulas-pulas.
que está subentendido. Nestes substantivos também é possível a flexão
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
linda!) -piscas, pula-pulas;
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
com o estabelecimento aberto no final de semana.) Flexão Apenas do Primeiro Elemento
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.); z Nos substantivos compostos formados por subs-
� Possível tantivo + substantivo em que o segundo termo
Concordará com o artigo, em gênero e número, em limita o sentido do primeiro termo:
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. decreto-lei – decretos-lei;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / cidade-satélite – cidades-satélite;
Conheci crianças as mais belas possíveis. público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
PLURAL DE COMPOSTOS Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
Substantivos públicos-alvos, elementos-chaves;
z Nos substantivos compostos preposicionados:
O adjetivo concorda com o substantivo referen- cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
te em gênero e número. Se o termo que funciona pôr do sol – pores do sol;
como adjetivo for originalmente um substantivo fica fim de semana – fins de semana;
46 invariável. pé de moleque – pés de moleque.
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Flexão Apenas do Segundo Elemento Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
� Nos substantivos compostos formados por tema Objeto indireto: dos favores recebidos.
verbal ou palavra invariável + substantivo ou No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que,
adjetivo: mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando
bate-papo – bate-papos; seu significado.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
arranha-céu – arranha-céus; (aspiramos = sorvemos)
ex-namorado – ex-namorados; V. T. D.: aspiramos
vice-presidente – vice-presidentes; Objeto direto: ar poluídos.
� Nos substantivos compostos em que há repeti- Os funcionários aspiram a um mês de férias.
ção do primeiro elemento: (aspiram = almejam)
zum-zum – zum-zuns;
V. T. I.: aspiram
tico-tico – tico-ticos;
Objeto indireto: a um mês de férias
lufa-lufa – lufa-lufas;
A seguir, uma lista dos principais verbos que
reco-reco – reco-recos;
� Nos substantivos compostos grafados ligada- geram dúvidas quanto à regência:
mente, sem hífen:
girassol – girassóis; � Abraçar: transitivo direto
pontapé – pontapés; Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
mandachuva – mandachuvas; O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
fidalgo – fidalgos; � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
� Nos substantivos compostos formados com Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
grão, grã e bel: to com sentido de “acariciar”)
grão-duque – grão-duques; A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
grã-fino – grã-finos; no sentido de “ser agradável a”);
bel-prazer – bel-prazeres. � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Não flexão dos elementos; transitivo direto e indireto
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elemen- Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
tos formadores, que se mantêm invariáveis. Isso personificado)
ocorre em frases substantivadas e em subs- Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
tantivos compostos por um tema verbal e uma personificado)
palavra invariável ou outro tema verbal oposto: Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
o disse me disse – os disse me disse; reto: refere-se a coisas e pessoas);
o leva e traz – os leva e traz; � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
o cola-tudo – os cola-tudo. Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
preposição a, rege indiferentemente objeto direto
e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
indireto)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudaram o ladrão a fugir.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
nome é um termo regente, e seu complemento é um direto:
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudei-o muito à noite;
entre o nome e seu complemento. � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em sitivo direto com sentido de “angustiar”)
forma de pronome oblíquo átono. Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
foram leais. como complemento);
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
do sujeito (desprovido de preposição) Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Pronome oblíquo átono: lhe vo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do


sujeito (desprovido de preposição). indireto no sentido de “desejar”);
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
REGÊNCIA VERBAL Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“prestar assistência”
Relação de dependência entre um verbo e seu O médico assistia os acidentados.
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- O médico assistia aos acidentados.
retas, isto é, com ou sem preposição. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Há verbos que admitem mais de uma regência sem Não assisti ao final da série;
que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
V. T. D: esquecia É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos. res de pessoas.” 47
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� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
direto e indireto indireto);
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) � Suceder: intransitivo; transitivo direto
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
vo indireto) sentido de “ocorrer”).
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
to e indireto); de “vir depois”).
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto REGÊNCIA NOMINAL
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”); Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- bios) exigem complementos preposicionados, exceto
dicativo do objeto com sentido de “denominar, quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
qualificar”);
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Advérbios Terminados em “mente”
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- regência dos adjetivos:
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) análoga / analogicamente a
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo); contrária / contrariamente a
� Esquecer: admite três possibilidades compatível / compativelmente com
Ex.: Esqueci os acontecimentos. diferente / diferentemente de
Esqueci-me dos acontecimentos. favorável / favoravelmente a
Esqueceram-me os acontecimentos; paralela / paralelamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; próxima / proximamente a/de
transitivo direto e indireto relativa / relativamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. Nomes a que se Referem
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
disposição”) Alguns nomes regem preposições semelhantes a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo sua primeira sílaba. Vejamos:
direto e indireto com sentido de envolver-se”); dependente, dependência de
� Informar: transitivo direto e indireto inclusão, inserção em
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- inerente em/a
sa: objeto indireto, com as preposições de ou sobre descrente de/em
Informaram o réu de sua condenação. desiludido de/com
Informaram o réu sobre sua condenação. desesperançado de
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- desapego de/a
sa: objeto indireto, com a preposição a convívio com
Informaram a condenação ao réu; convivência com
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- demissão, demitido de
reto, com as preposições em e por encerrado em
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
enfiado em
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- imersão, imergido, imerso em
tivo direto e indireto instalação, instalado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- interessado, interesse em
sitivo com sentido de “cortejar”) intercalação, intercalado entre
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo supremacia sobre
indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”);
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito. Estudo da posição dos pronomes na oração.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
tivo direto e indireto Casos que atraem o pronome para próclise:
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo „ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.:
indireto). Não me submeto a essas condições.
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo „ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
direto e indireto); tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; „ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
transitivo direto e indireto apresente como um rico investidor, ele nada tem.
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) „ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: Em
48 A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
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„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na z Locuções prepositivas formadas por palavras
esperança de sermos ouvidos, muito lhe femininas:
agradecemos. Ex.: Ficaram à frente do projeto;
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- z Locuções conjuntivas formadas por palavras
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! femininas:
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver- aumentando;
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: � Quando indicar marcação de horário, no plural
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos Fique atento ao seguinte: entre números teremos
que estejam conjugados no futuro, caso não que de = a / da = à, portanto:
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase);
dos nossos estudantes. � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos àquele outono.
que atraem o pronome para ênclise: Por favor, entregue as flores àquela moça que está
sentada.
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- Dedique-se àquilo que lhe faz bem;
to honrada com esse título.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
favor. de:
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
quanto sou importante. Referimo-nos à de preto;
� Com o pronome relativo a qual, as quais:
Casos proibidos: Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
de sair.
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
Dá-me esse caderno! (certo). férias.
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou- CASOS PROIBITIVOS
-se de nada (correto).
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). orientação de quando não usar a crase.

� Antes de nomes masculinos


Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
rial agrada a todos.” (MM)
CRASE
O carro é movido a álcool.
Venda a prazo;
Um assunto que causa grande dúvida é o uso da
� Antes de palavras femininas que não aceitam
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da artigos
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- Ex.: Iremos a Fortaleza.
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
marcação (`) + (a) = (à). Macete de crase:
Ex.: Entregue o relatório à diretoria. Se vou a; Volto da = Crase há!
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Regra geral: haverá crase sempre que o termo Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza;
quente aceite o artigo a.
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) � Antes de forma verbal infinitiva
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- Ex.: Os produtos começaram a chegar.
ge preposição). “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + com franqueza, parecem dar a entender que o
palavra que não aceita artigo). fazem por exceção de regra.” (MM);
LÍNGUA PORTUGUESA

Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação � Antes de expressão de tratamento


no uso da crase, mas existem especificidades que aju- Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
dam no momento de identificação: Excelência;
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando
CASOS CONVENCIONADOS a regência do verbo exigir preposição
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
z Locuções adverbiais formadas por palavras � Antes dos pronomes relativos quem e cuja
femininas: Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. o pacote.
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;
Espero vocês à noite na estação de metrô. � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Estou à beira-mar desde cedo; ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha 49
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Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do Macetes
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
suspeita de fraude. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Eles estavam conservando a certa altura. a, com a, à moda de, durante a;
Faremos a obra a qualquer custo. z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade; Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
� Antes de demonstrativos z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa; ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
personalidades históricas z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin; lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos por a este, a esta e a isto;
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
O pacote foi entregue a ti ontem; nomes de cidades quando esses termos estiverem
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
lado) tância de 200 metros do pico da montanha.
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
de justiça; A compreensão da crase vai muito além da estética
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
sem determinante dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Astronauta volta a Terra em dois meses. pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
Os pesquisadores chegaram a terra depois da ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
expedição marinha. como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
Vocês o observaram a distância. advérbio de instrumento da ação de pintar.

CRASE FACULTATIVA
PONTUAÇÃO
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
mos a seguir as regras sobre seus usos.
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
USO DE VÍRGULA
se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
� Antes de pronomes possessivos no singular
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
Ex.: Iremos a/à sua residência;
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
� Após preposição até, com ideia de limite
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
qualquer ambiguidade.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Quando se trata de separar termos de uma mesma
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
afeto.” (CBr. 1, 67)
� Para separar os termos de mesma função:
CASOS ESPECIAIS
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
enumeração:
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
arrastado pelo tsunami;
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
evitar ambiguidades.
já apareceu na frase) do verbo:
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
instrumento).
filmes de terror;
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).
� Para separar palavras ou locuções explicativas,
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
retificativas:
instrumento).
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
anos;
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
� Para separar datas e nomes de lugar:
Nomes de Lugares
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, e, nem, ou:
moro em Copacabana, passo por Copacabana); Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, A vírgula também é facultativa quando o termo
passo pela Bahia). que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for
50 uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
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Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço sores, jornalistas, médicos;
em casa. � Introduzir uma explicação ou enumeração após
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. saber, como:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Filosofia, Ciências...;
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
� Entre o sujeito e o verbo: (relação semântica de oposição, explicação/causa
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- ou consequência):
ram a explicação. (errado) Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- homem culto.
sertaram minha visão. (errado); Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- cautela;
dicativo do sujeito: � Marcar invocação em correspondências:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Ex.: Prezados senhores:
ção. (errado) Comunico, por meio deste, que...
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) TRAVESSÃO
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
(errado); � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre um substantivo e seu complemento nominal discurso de interlocutor: Ex.:
ou adjunto adnominal: — Bom dia, Maria!
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
— Bom dia, Pedro!;
pelos alunos. (errado);
� Serve também para colocar em relevo certas
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
passiva:
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
colchetes:
professor para a feira. (errado);
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado). Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
USO DE PONTO E VÍRGULA
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
PARÊNTESES
e vírgula (;):
Têm função semelhante à dos travessões e das
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
mos, expressões ou orações.
ficou triste;
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
to, exausto;
jantar. (oração intercalada)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
zeugma):
PONTO-FINAL
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
ouvinte.
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete;
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
� Em enumerações, portarias, sequências:
período.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
O Procurador-Geral da República; Carlos Drummond de Andrade;
O Colégio de Procuradores da República; � Nas abreviaturas
O Conselho Superior do Ministério Público Federal. Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
LÍNGUA PORTUGUESA

sec. = secretário.
DOIS-PONTOS a.C. = antes de Cristo.

Marcam uma supressão de voz em frase que ainda


Dica
não foi concluída. Servem para:
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
� Introduzir uma citação (discurso direto): tos químicos não vêm com ponto final:
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um Exemplos: km, m, cm, He, K, C
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”; PONTO DE INTERROGAÇÃO
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substan- Marca uma entonação ascendente (elevação da
tiva apositiva: voz) em tom questionador. Usa-se: 51
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� Em frase interrogativa direta: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?; Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
� Entre parênteses para indicar incerteza: sonoro;
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho � Para citar nomes de mídias, livros etc.:
que havia palavra melhor no contexto; Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
surpresa: COLCHETES
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?);
� E interrogações retóricas: Representam uma variante dos parênteses, porém
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro têm uso mais restrito.
que não jogaremos comida fora à toa”). Usam-se nos seguintes casos:

PONTO DE EXCLAMAÇÃO � Para incluir num texto uma observação de nature-


za elucidativa:
� É empregado para marcar o fim de uma frase com Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
entonação exclamativa: Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;
Ex.: Que linda mulher! � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Coitada dessa criança!; a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
� Aparece após uma interjeição:
que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
do.” (Machado de Assis);
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”;
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
Fonologia:
marcar uma ênfase:
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
� Para suprimir parte de um texto (assim como
metros em 20 segundos!!!
parênteses):
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
RETICÊNCIAS
desceu as escadas apressadamente.
Ou:
São usadas para:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-
� Assinalar interrupção do pensamento:
vel segundo as normas da ABNT).
Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...;
ASTERISCO
� Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode � É colocado à direita e no canto superior de uma
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e palavra do trecho para se fazer uma citação ou
depois desceu as escadas apressadamente.); comentário qualquer sobre o termo em uma nota
� Para sugerir prolongamento da fala: de rodapé:
Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias? Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...; triste acrescido do sufixo -eza*.
� Para indicar hesitação: *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha vo, o que origina um novo substantivo;
vergonha; � Quando repetido três vezes, indica uma omissão
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
mente com outras intenções: tuição a um substantivo próprio:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis;
USO DAS ASPAS � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
São usadas em citações ou em algum termo que é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí- Ex.: Parecer, do latim *parescere;
das por itálico ou negrito, que têm a mesma função � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
de destaque. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
Usam-se nos seguintes casos: da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
� Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, USO DA BARRA
afirma Dad Squarisi, 64;
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas: � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna substituída pela conjunção “ou”:
que desejava. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Não gosto de “pavonismos”. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
Dê um “up” no seu visual; � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, ção das conjunções e/ou:
52 às vezes com ironia ou malícia:
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Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais proibida, já que não foi autorizada pela Agência Nacio-
e/ou escritos; nal de Vigilância Sanitária (Anvisa). Muitos países que
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- liberaram sua venda estão revendo as suas posições
ção entre si: depois de novas orientações da Organização Mundial
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número da Saúde (OMS).
(plural/singular).
(https://doutorjairo.uol.com.br)
O carro atingiu os 220 km/h;
� Para separar os versos de poesias, quando escritos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Cringe: Para os integrantes da geração Z, é um adjetivo
barras para indicar a separação das estrofes: usado para classificar pessoas que fazem coisas fora
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que de moda, ultrapassadas, cafonas mesmo. Eles também
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- costumam classificar atitudes ou objetos. Nesse caso,
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- ela é usada como sinônimo de vergonha alheia.
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles;
(https://g1.globo.com)
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
não foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de; 1. (VUNESP — 2021) Nas passagens – proteção à saúde
s/ = sem; de todos os cidadãos (2º parágrafo) – e – proteger a
� Para separar o numerador do denominador nos saúde de crianças, jovens e adolescentes (3º parágra-
números fracionários, substituindo a barra da fo) –, o substantivo “cidadão” faz o plural com “ãos”,
fração: e o substantivo feminino “crianças” refere-se tanto ao
Ex.: 1/3 = um terço; sexo masculino quanto ao feminino.
� Nas datas:
Ex.: 31/03/1983 Substantivos com essas mesmas propriedades gra-
� Nos números de telefone: maticais, empregados em sua forma singular, estão
Ex.: 225 03 50/51/52; destacados, correta e respectivamente, em:
� Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232; a) O tabelião confundiu-se na hora de assinar o contra-
� Na indicação de dois anos consecutivos: to, e pediu desculpas ao agente que esperava o docu-
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso; mento para conferir.
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: b) Durante a missa, o padre pediu a atenção a todos os
Ex.: /s/. presentes e orientou aos fiéis para que fossem bons
com toda pessoa.
Embora não existam regras muito definidas sobre c) O patrão chegou alterado na empresa, tinha sido infor-
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- mado de que um assaltante estava rondando aquela
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- região.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. d) Na sessão de terapia, o rapaz parecia fazer uma con-
fissão ao referir-se à forma como tratava sua colega
de trabalho.
e) Quando saiu da igreja, o sacristão ficou aterrorizado
HORA DE PRATICAR! com o acidente e preocupado para saber se houve
alguma vítima.
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1
a 3. 2. (VUNESP — 2021) De acordo com as informações do
texto, é correto afirmar que o slogan da peça para as
redes sociais “Cringe mesmo é fumar” assevera que
O Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agos-
to) foi criado em 1986, com o objetivo de reforçar as
ações nacionais de conscientização sobre os danos a) fumar está na contramão de uma vida saudável e, por
sociais, de saúde, econômicos e ambientais causados essa razão, é importante que crianças, jovens e adoles-
pelo tabaco. centes evitem virar reposição de novos consumidores.
A campanha promovida pelo Inca (Instituto Nacional b) ser criança, jovem ou adolescente no mundo de hoje
de Câncer) este ano chama-se Comprometa-se a tem a vantagem de poder escolher opções saudáveis
parar de fumar. O instituto lembra que o tabagismo é ao cigarro tradicional, como é o caso dos pods.
um fator de risco importante para a Covid-19, por isso c) buscar uma vida saudável implica fazer escolhas e, nes-
parar de fumar se torna uma medida de proteção à se caso, o uso de cigarros eletrônicos é uma saída para
saúde de todos os cidadãos. crianças, jovens e adolescentes afastarem- -se do tabaco.
LÍNGUA PORTUGUESA

Peças criadas para redes sociais com a frase “Crin- d) desenvolver a conscientização de crianças, jovens e ado-
ge mesmo é fumar” fazem parte da campanha. Os lescentes tem como finalidade torná-los cringes, perfil
materiais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, em que se contrapõe às tendências das redes sociais.
parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde, e) estar em sintonia com as orientações da OMS permite
destacam a importância de proteger a saúde de crian- que crianças, jovens e adolescentes se tornem alvo de
ças, jovens e adolescentes, que são alvo de estraté- estratégias de venda da indústria do tabaco.
gias de venda para que possam se tornar um mercado
repositor de novos consumidores, já que o consumo 3. (VUNESP — 2021) De acordo com as informações do
de tabaco mata mais da metade de seus usuários. 2º parágrafo, parar de fumar, no contexto da pandemia
Vale lembrar que os cigarros eletrônicos, ou pods, não vivida no mundo, é uma ação de
são opções mais saudáveis ao cigarro tradicional.
No Brasil, a comercialização desses dispositivos é 53
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a) respeito, porque devolve a autoestima para a maioria c) ... seu efeito sobre a maioria das características que nos
da população. interessam é muito mais probabilístico. (3º parágrafo)
b) exibicionismo, porque as mortes pela Covid-19 não d) ... quando não combatendo, pesquisas no campo da
diminuirão. genética humana, particularmente da genética com-
c) empatia, porque envolve a preocupação com o coleti- portamental. (1º parágrafo)
vo social. e) Em boa medida por causa desse histórico sombrio,
d) orgulho, porque reforça a determinação para superar o parte da sociedade passou as últimas décadas igno-
vício. rando... (1º parágrafo)
e) medo, porque se juntas duas doenças de alto poder
letal às pessoas. 5. (VUNESP — 2022) Considerando a relação com senti-
do de oposição que a frase que inicia o 2o parágrafo
Leia o texto a seguir para responder às questões de 4 estabelece com as informações do parágrafo anterior,
a 6. essa relação de sentido permanece corretamente pre-
servada com a inserção da conjunção destacada em:
A loteria genética
a) Enquanto esse panorama começou a mudar nos últi-
O morticínio e as iniquidades provocados por ideias mos anos, com a publicação de livros...
supostamente científicas sobre genes e raças são b) Se esse panorama começou a mudar nos últimos
conhecidos. Em boa medida por causa desse histórico anos, com a publicação de livros...
sombrio, parte da sociedade passou as últimas déca- c) Todavia esse panorama começou a mudar nos últi-
das ignorando, quando não combatendo, pesquisas mos anos, com a publicação de livros...
no campo da genética humana, particularmente da d) Porque esse panorama começou a mudar nos últimos
genética comportamental. Não é uma estratégia parti- anos, com a publicação de livros...
cularmente brilhante. Um dos maus hábitos da realida- e) Como esse panorama começou a mudar nos últimos
de é que ela não vai embora só porque você não gosta anos, com a publicação de livros...
dos resultados que ela produz.
Esse panorama começou a mudar nos últimos anos, 6. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa em que a frase
com a publicação de livros escritos por cientistas com redigida a partir do texto está em conformidade com a
agenda abertamente progressista que mostram que norma-padrão de concordância verbal e nominal da lín-
os genes são relevantes para o comportamento huma- gua portuguesa.
no. “The Genetic Lottery”, de Kathryn Paige Harden, é
uma dessas obras. Seu maior mérito é apresentar e a) Em uma obra bastante atual, a maneira como a genéti-
desmitificar o problema. Genes importam não só no ca se relaciona com certos dilemas sociais são o foco
âmbito individual mas também para os grandes desa- da pesquisadora americana.
fios sociais, como a igualdade. O peso da genética b) Para entender o papel real da genética, é preciso sepa-
no desempenho escolar de uma criança é igual ao da rar o que é senso comum das respostas fornecidas
renda dos pais, ou seja, bem forte. E o desempenho por estudos científicos.
escolar, vale lembrar, é uma variável-chave na defini- c) Livros mais recentemente publicado procuram eviden-
ção da renda, felicidade e até do número de anos que ciar o quanto o comportamento humano é determina-
a pessoa vai viver. do pelos genes.
Harden faz um apanhado bem didático dos tipos de d) O histórico sombrio que pairava sobre as pretensas
pesquisa genética que existem, as diferenças entre pesquisas genéticas constituíam a razão de a socie-
eles e como interpretá-los. Embora o senso comum dade ter evitado discuti-las.
pense os genes como determinantes, seu efeito sobre e) Um ambiente adequado pode ser importante para o
a maioria das características que nos interessam é desenvolvimento mesmo daqueles que não foram
muito mais probabilístico. Bons genes no ambiente geneticamente beneficiado.
errado não fazem milagres. E um ambiente propício
pode fazer com que mesmo alguém que não tenha Leia o texto a seguir para responder às questões de 7
sido favorecido pela loteria genética se saia bem. a 9.
Uma boa analogia é com a miopia. Ela é 100% genéti-
ca, mas depende de certas condições ambientais para Perto do apagão
manifestar-se. Mais importante, mesmo quando ela
dá as caras, a sociedade tem uma solução não genéti- a falta de chuvas nos últimos dois meses,
ca 100% eficaz: óculos. inferiores ao padrão já escasso do mesmo período
de 2020, ficou mais evidente a ameaça a
(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ geração de energia se mostre insuficiente para man-
helioschwartsman/2021/12/a-loteria-genetica.shtml. 18.12.2021.
Adaptado)
ter o fornecimento até novembro, quando se encerra
o período seco.
4. (VUNESP — 2021) O adjetivo destacado caracteriza de Novas simulações do Operador Nacional do Sistema
forma negativa a palavra a que se refere na seguinte (ONS) mostram agravamento, com destaque para a
frase: região Sul, onde o nível dos reservatórios até 24 de
agosto caiu para 30,7% – a projeção anterior apontava
para 50% no fechamento do mês.
a) ... cientistas com agenda abertamente progressis-
Mesmo no cenário mais favorável, que pressupõe um
ta que mostram que os genes são relevantes para o
amplo conjunto de medidas, como acionamento de
comportamento... (2º parágrafo)
grande capacidade de geração térmica, importação de
b) Harden faz um apanhado bem didático dos tipos de
energia e postergação de manutenção de equipamen-
pesquisa genética que existem... (3º parágrafo)
54 tos, o país chegaria novembro praticamente
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sem sobra de potência, o que amplia a probabilidade 10. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa em que o
de apagões. termo entre parênteses substitui corretamente a
Embora se espere que tais medidas sejam suficientes para expressão.
evitar racionamento neste ano, não se descartam sobres-
saltos pontuais, no contexto da alta demanda o a) passam a controlar (passam-lhe).
sistema será submetido. b) transformam em zumbis (transformam-os).
Se o regime de chuvas no verão não superar a média c) controlar os humanos (controlar-lhes).
dos últimos anos, a margem de manobra para 2022 d) dominar as máquinas (domina-as).
será ainda menor. Calcula-se que, nesse quadro, a e) ler uma história de ficção (lê-la).
geração térmica, mais cara, tenha de permanecer
durante todo o período úmido, o que seria algo inédito. Leia o texto a seguir para responder às questões de
Desde já o país precisa considerar os piores cenários 11 a 14.
e agir com toda a prudência possível, com foco em
investimentos na geração, modernização de turbinas Vida ao natural
em hidrelétricas antigas e planejamento para ampliar
a resiliência do sistema. Pois no Rio tinha um lugar com uma lareira. E quan-
do ela percebeu que, além do frio, chovia nas árvores,
(Editorial. Folha de S.Paulo, 27.08.2021. Adaptado)
não pôde acreditar que tanto lhe fosse dado. O acordo
Considere as passagens do texto.
do mundo com aquilo que ela nem sequer sabia que
7. (VUNESP — 2021) Considere as passagens do texto. precisava como numa fome. Chovia, chovia. O fogo
aceso pisca para ela e para o homem. Ele, o homem,
z ... onde o nível dos reservatórios até 24 de agosto caiu se ocupa do que ela nem sequer lhe agradece; ele ati-
para 30,7%... (2º parágrafo) ça o fogo na lareira, o que não lhe é senão dever de
z ... a margem de manobra para 2022 será ainda menor. nascimento. E ela – que é sempre inquieta, fazedora
(5º parágrafo) de coisas e experimentadora de curiosidades – pois
z ... o que seria algo inédito. (5º parágrafo) ela nem lembra sequer de atiçar o fogo; não é seu
papel, pois se tem o seu homem para isso. Não sendo
No contexto em que estão empregadas, as formas ver- donzela, que o homem então cumpra a sua missão. O
bais expressam, correta e respectivamente, sentido de: mais que ela faz é às vezes instigá-lo: “aquela acha*”,
diz-lhe, “aquela ainda não pegou”. E ele, um instante
a) ação frequente; presente; dúvida. antes que ela acabe a frase que o esclareceria, ele
b) ação concluída; imperativo; hipótese. por ele mesmo já notara a acha, homem seu que é,
c) ação concluída; futuro; hipótese. e já está atiçando a acha. Não a comando seu, que
d) ação frequente; presente; certeza. é a mulher de um homem e que perderia seu estado
e) ação anterior a outra; futuro; desejo. se lhe desse ordem. A outra mão dele, a livre, está ao
alcance dela. Ela sabe, e não a toma. Quer a mão dele,
8. (VUNESP — 2021) Nas passagens “postergação de sabe que quer, e não a toma. Tem exatamente o que
manutenção de equipamentos” (3º parágrafo), “o que precisa: pode ter.
seria algo inédito” (4º parágrafo) e “ampliar a resiliên- Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não
cia do sistema”(6º parágrafo), os termos destacados pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo,
têm como sinônimos, correta e respectivamente: refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que
sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encar-
a) preterição; habitual; capacidade de modernização. niça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o
b) realização; original; capacidade de transformação. fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que
c) adiantamento; convencional; capacidade de reintegração. tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao pren-
d) procrastinação; corrente; capacidade de manutenção. dê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.
e) adiamento; sem precedentes; capacidade de recuperação.
(Clarice Lispector, Os melhores contos [seleção Walnice Nogueira
9. (VUNESP — 2021) As informações do editorial permi- Galvão], 1996)
tem concluir corretamente que * pequeno pedaço de madeira usado para lenha 11.

a) o regime das chuvas, que já chegou a causar preocu- 11. (VUNESP — 2021) Assinale a alternativa em que a
pação no país pelo risco de apagão, estará normaliza- reescrita de informações textuais atende à norma-pa-
LÍNGUA PORTUGUESA

do até novembro. drão de colocação pronominal.


b) a geração térmica, a importação de energia e a poster-
gação de manutenção de equipamentos livram o país a) Se apercebendo de que chovia nas árvores, ela não
de um apagão. pôde acreditar que tanto lhe fosse dado.
c) a previsão de chuvas para 2022 será um problema b) Como ela esquece de atiçar o fogo, pois não é seu
menor, considerando-se os níveis dos reservatórios papel, o seu homem dedica-se a essa missão.
em 50% em 2021. c) Antes que ela esclareça onde está a acha, ele por ele
d) a geração de energia no país está comprometida pela fal- mesmo já tinha notado-a, homem seu que é.
ta de chuvas, o que exige atenção pelo risco de apagão. d) Ela às vezes instiga o homem, dizendo-lhe: “aquela
e) a geração de energia térmica em 2022 tenderá a estar acha ainda não pegou e você não atiçou-a”.
mais cara, graças ao verão úmido e à superação dos e) Ela acha que aquilo vai acabar. Não é ao fogo que refe-
índices pluviométricos. re-se, certamente refere-se ao que sente. 55
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
12. (VUNESP — 2021) No conto, o narrador explora a ideia Primeiro: usar aspas é uma escolha consciente. Não
de decidimos abrir aspas pela ameaça de um revólver na
cabeça, por chantagem emocional ou financeira. Pala-
a) desalento dos apaixonados. vras e expressões entre aspas são selecionadas com
b) fugacidade do sentimento. autonomia e independência e, assim, refletem e regis-
c) desapego da vida ao natural. tram opiniões e intenções.
d) inversão de papéis de gênero. Segundo, ao usar aspas, a pessoa faz uma denúncia
e) questionamento da liberdade. de si mesma. Algo do inconsciente humano vive preci-
samente entre o abre aspas e o fecha aspas. Ao utili-
13. (VUNESP — 2021) Encarniça-se então sobre o momen- zá-las, revelamos um pouquinho do que habitualmente
to, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. escondemos ou contamos só pela metade, devagari-
Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão nho, de modo a ir calibrando a reação da sociedade,
livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, de quem amamos, de qualquer pessoa ou grupo que
arde, flameja. nos afete.
Apenas nos últimos dias ecoou dentro de mim um
A passagem final do texto permite concluir que alerta sobre o uso das aspas, pois me dei conta de
que esse sinal gráfico em forma de pequenas alças
a) o casal rompeu, conscientes de que estavam de que – como as aspas são descritas nos dicionários – é
tudo lhes era transitório. de uso arriscado, enganoso e potencialmente danoso.
b) o homem vivia um sentimento diferente daquele da Seu uso, hoje deduzo, não é tão inofensivo.
mulher, pois queria ser livre.
c) a mulher decidiu desfrutar a situação romântica que o (Cláudia Werneck. Aspas nunca mais. www1.folha.uol.com.br,
08.09.2021. Adaptado)
momento lhe propiciava.
d) o homem perdeu a mulher amada que foi consumida
Um trecho do texto que poderia receber aspas, devido
pelo fogo da lareira.
às funções que tais sinais gráficos possuem, preser-
e) a mulher decidiu entregar-se com suavidade ao
vando- -se o sentido original, é:
momento ao lado do homem.
a) “Não” decidimos abrir aspas pela ameaça de um revól-
14. (VUNESP — 2021) A repetição dos termos destacados
ver na cabeça, por chantagem emocional ou financei-
tem a função de enfatizar uma ação na passagem:
ra. (3º parágrafo)
b) … me dei conta de que esse “sinal gráfico em forma de
a) ... homem seu que é [...] que é a mulher de um homem...
pequenas alças” – como as aspas são descritas nos
b) ... ele por ele mesmo já notara a acha, [...] e já está
dicionários… (5º parágrafo)
atiçando a acha.
c) … de modo a ir calibrando “a reação da sociedade, de
c) ... come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja.
quem” amamos, qualquer pessoa ou grupo que nos
d) Chovia, chovia. O fogo aceso pisca para ela e para o
afete. (4º parágrafo)
homem.
d) É falso, também, dizer que amenizam “o próprio con-
e) ... “aquela acha”, diz-lhe, “aquela ainda não pegou”.
teúdo ou o impacto” dessas expressões. (2º parágrafo)
e) Aspas têm sido úteis “no decorrer da minha vida” e, ima-
15. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa em que o
gino, na de inúmeras pessoas também. (1º parágrafo)
vocábulo em destaque corresponde ao sentido expres-
so entre parênteses.
17. (VUNESP — 2022) Leia o texto, para responder à
questão.
a) O pedido do garoto para ver TV foi deferido pela mãe,
que impôs um horário. (aprovado)
Em uma sociedade desigual, aqueles que alcançam
b) Era latente a necessidade do garoto de falar sobre o
o topo querem acreditar que seu sucesso tem justi-
livro que acabara de ler. (evidente)
ficativa moral. Em uma sociedade de meritocracia*,
c) As crianças testemunham as coisas e depois é fra-
isso significa que os vencedores devem acreditar que
grante a empolgação em contá-las. (incontestável)
conquistaram o sucesso através do próprio talento e
d) O garoto pensou e depois ratificou a informação que
empenho. Quem entra em uma universidade pública
não estava correta. (corrigiu)
de prestígio com credenciais brilhantes se orgulha
e) Os programas de TV levaram o garoto a entregar o tra-
da conquista e considera que o fez por conta própria.
balho intempestivamente. (precocemente)
Mas isso, de certa forma, é ilusório. Ainda que seja ver-
dade o fato de a entrada refletir dedicação e empenho,
16. (VUNESP — 2022) Leia o texto para responder à ques-
não se pode dizer que foi somente resultado da pró-
tão de números.
pria ação. E o que dizer a respeito de pai, mãe e profes-
sores que ajudaram ao longo do caminho? E a sorte de
Aspas têm sido úteis no decorrer da minha vida e, ima-
viver em uma sociedade que cultiva e recompensa os
gino, na de inúmeras pessoas também. Na escola, ao
talentos que eles por acaso têm?
usá-las pela primeira vez numa redação, provoquei até
As pessoas que, por meio de um pouco de esforço e
emoção na professora. Ganhei elogios. Coisa de que
talento, prevalecem em uma meritocracia ficam endi-
nunca se esquece.
vidadas de uma forma que a competição ofusca. À
Utilizar aspas em uma palavra ou expressão não sig-
medida que a meritocracia se intensifica, o esforço
nifica perdão ou redenção. É falso, também, dizer que
nos absorve tanto que o fato de estarmos endivida-
amenizam o próprio conteúdo ou o impacto dessas
dos sai de vista. Dessa maneira, até mesmo uma
expressões. Ao contrário, todo pensamento escrito,
meritocracia justa, uma em que não haja trapaça, ou
sinalizado ou falado “entre aspas” vale mais ainda, e
suborno, ou privilégios especiais para os ricos, induz a
56 por duas razões.
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uma impressão equivocada: de que chegamos lá por Leia o texto a seguir para responder às questões de 19
conta própria. Os anos de árduo esforço exigidos de a 23.
candidatos a universidades de elite praticamente os
obriga a acreditar que o sucesso deles é resultado das Amor é para gastar
próprias ações, e, se fracassarem, não terão a quem
culpar, a não ser a si mesmos. Na economia da vida, o maior desperdício é fazer pou-
Esse é um fardo pesado para pessoas jovens carrega- pança de amor. Prejuízo na certa. Amor é para gastar,
rem. Além disso, corrói sensibilidades cívicas. Porque mostrar, ostentar. O amor, aliás, é a mais saudável for-
quanto mais pensarmos em nós como pessoas que ma de ostentação que existe no mundo.
vencem pelo próprio esforço e que são autossuficien- Vai por mim, amar é luxo só. Triste de quem sente e
tes, mais difícil será aprender a ter gratidão e humilda- esconde, de quem sente e fica no joguinho dramático,
de. E sem esses sentimentos é difícil se importar com de quem sente e guarda a sete chaves. Sinto muito.
o bem comum. Amor é da boca para fora. Amor é um escândalo que
O ingresso em universidades não é a única ocasião não se abafa. “Eu te amo” é para ser dito, desbocada-
para discussões sobre mérito. Na política contempo- mente. Guardar “eu te amo” é prejudicial à saúde.
rânea, há uma abundância de debates acerca de quem Na economia amorosa, só existe pagamento à vista,
merece o quê. Na superfície, esses debates são sobre missa de corpo presente. O amor não se parcela, não
o que é justo – todo mundo tem oportunidades verda- admite suaves prestações. Não existe essa de amor
deiramente iguais para competir por bens desejáveis e só amanhã, como na placa do fiado do boteco. Amor
posições sociais? No entanto, nossas discordâncias a é hoje, aqui, agora... Amor não se sonega, amor é tudo
propósito do mérito não são apenas em relação a ser a declarar.
justo mas também quanto a como definimos sucesso
e fracasso, vencer e perder, e o comportamento que (Xico Sá, “Amor é para gastar”. Em: http://www.itatiaia.com.br)
vencedores devem direcionar àqueles menos bem-
-sucedidos do que eles. Essas são questões bastante 19. (VUNESP — 2021) No trecho do 3º parágrafo – Guar-
pesadas e que tentamos evitar, até o momento em que dar “eu te amo” é prejudicial à saúde. –, a crase man-
elas se lançam sobre nós. Precisamos perguntar se a tém-se se a expressão destacada for substituída por:
solução para nossa política conflituosa é viver mais
fielmente pelo princípio do mérito ou buscar um bem a) todos que o escondem.
comum além da classificação e da luta. b) pessoa que o esconde.
c) quem o esconde.
* meritocracia: sistema de recompensa e/ou promo- d) pessoas que o escondem.
ção fundamentado no mérito pessoal e) qualquer pessoa que o esconda.

(Michael J. Sandel. A tirania do mérito: o que aconteceu com o bem 20. (VUNESP — 2021) De acordo com a norma-padrão, a
comum? Trad. Bhuvi Libanio. – 4a ed. Rio de Janeiro: Civilização
reescrita de informações do texto está correta quanto
Brasileira, 2021. Excerto adaptado)
à concordância verbal em:
Assinale a alternativa em que, na frase redigida a partir
a) Existe sentimentos, como o amor, que são escândalos
do texto, a vírgula está empregada em conformidade
e que não se abafa.
com a norma-padrão da língua portuguesa.
b) Tristes daqueles que sente e esconde, que sente e fica
no joguinho dramático.
a) A conquista de uma vaga em uma universidade públi-
c) Acontece que, quando há suaves prestações, o amor
ca, costuma ser creditada apenas à capacidade e ao
está sendo poupado.
empenho individuais.
d) Joguinhos dramáticos expõe o perfil daquela pessoa
b) É preciso ter a devida noção de que parte do mérito pelos
que sente e esconde.
nossos sucessos, deve ser creditado a outras pessoas.
e) Quando se usa sete chaves para guardar o amor, ele
c) Na meritocracia a culpa pelo fracasso é, inapelavelmente
vai da boca para fora.
atribuída unicamente a quem não consegue sair vencedor.
d) Muito do sucesso alcançado, é possibilitado por um con-
21. (VUNESP — 2021) O estabelecimento de sentido no
texto social que valoriza e compensa eventuais talentos.
texto se dá pela inter-relação entre a área do amor e a
e) Enquanto torna os vencedores arrogantes, o discurso
da
meritocrático faz com que perdedores fiquem ressentidos.
a) finança, enfatizando-se que a primeira dispensa gran-
18. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa que completa
des investimentos para que logre êxito.
corretamente as lacunas segundo a norma-padrão de
b) etiqueta, enfatizando-se que a primeira pode trazer
LÍNGUA PORTUGUESA

regência.
prejuízos à vida social se promove escândalos.
c) saúde, enfatizando-se que a primeira pode trazer pro-
Algumas pragas que acometem plantações
blemas físicos se o amor é exagerado.
podem ser combatidas fungos sem afetar dire-
d) economia, enfatizando-se que a primeira exige o dis-
tamente frutos e sem comprometer os testes de
pêndio de recursos de forma intensa.
qualidade que estão sujeitos os produtores.
e) psicologia, enfatizando-se que a primeira vira ostenta-
ção quando se faz joguinho dramático.
a) as … com … os … a
b) nas … contra … nos … de
22. (VUNESP — 2021) A frase inicial do 2º parágrafo sinte-
c) das … nos … dos … por
tiza o ponto de vista do autor: “Vai por mim, amar é luxo
d) as … contra … nos … com
só.” Coerente com esse posicionamento, o autor reconhe-
e) nas … por … os … de
ce que o amor é 57
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a) um sentimento que deve ser declarado e vivido no Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
tempo presente. texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
b) uma dívida de boteco que se intensifica quando é paga
aos poucos. a) fixada ... estimados ... certo
c) uma lembrança do passado que se legitima como b) fixado ... estimadas ... certas
poupança. c) fixados ... estimada ... certas
d) um desperdício na vida das pessoas se não for bem d) fixadas ... estimado ... certo
guardado. e) fixado ... estimados ... certa
e) uma ilusão que vai sendo construída ao longo da vida
das pessoas.
9 GABARITO
23. (VUNESP — 2021) Releia as passagens do texto.
1 E
z Na economia amorosa, só existe pagamento à vista,
missa de corpo presente. O amor não se parcela... 2 A
z Não existe essa de amor só amanhã, como na placa
3 C
do fiado do boteco. Amor é hoje...
z Amor não se sonega, amor é tudo a declarar. 4 E

Na organização e estruturação das informações no 5 C


texto, conclui-se corretamente que, em cada par de
expressões destacadas, as relações entre as ideias se 6 B
baseiam no sentido de 7 C

a) consequência. 8 E
b) analogia.
c) harmonia. 9 D
d) semelhança.
10 E
e) discrepância.
11 B
24. (VUNESP — 2021) Leia o texto para responder à ques-
tão abaixo. 12 B

13 C
Motivação é a energia que nos leva agir – e não sou
a única pessoa que acha difícil encontrar essa motiva- 14 D
ção. Alguns de nós sofreram um burnout total depois de
mais de um ano de perdas, dor e problemas relaciona- 15 A
dos pandemia. Outros se sentem mais como estou
me sentindo – nada está terrivelmente errado, mas não 16 B
conseguimos encontrar inspiração. Seja qual for a situa-
17 E
ção em que nos encontramos, um exame mais profundo
da motivação pode nos dar mais incentivo para avançar, 18 A
não só no dia dia, mas num futuro incerto.
19 B
(Cameron Walker, The New York Times. Em: https://economia.
estadao.com.br. Adaptado)
20 C

21 D
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respecti- 22 A
vamente, com
23 E
a) à ... à ... a 24 B
b) a ... à ... a
c) a ... a ... a 25 C
d) à ... à ... à
e) a ... à ... à

25. (VUNESP — 2021) A inflação brasileira está fora do jogo.


Para começar, a última projeção do mercado, de 7,11% em ANOTAÇÕES
2021, supera de longe a meta (3,75%) e até o limite de tole-
rância (5,25%) pelo Conselho Monetário Nacional.
Em segundo lugar, a alta de preços no mercado
para o próximo ano, de 3,93%, está bem acima do centro
da meta (3,50%). Se as previsões estiverem , os
preços continuarão subindo rapidamente, enquanto o cres-
cimento econômico será igual ou até inferior a 2% – abaixo
do medíocre, portanto.

(https://opiniao.estadao.com.br. Adaptado)
58
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§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,

DIREITO PENAL
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins
do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
vias, praças ou outros logradouros públicos e em
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA residências.
FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
PÚBLICOS O tipo penal do crime de falsificação de papéis
públicos apresenta três modalidades em que a pena
Falsificação de Papéis Públicos será mais branda se comparada ao tipo penal prin-
cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: reclusão de dois a oito anos e multa:
I - selo destinado a controle tributário, papel
selado ou qualquer papel de emissão legal destina- z Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis-
do à arrecadação de tributo; tos anteriormente, quando legítimos, com o fim de
II - papel de crédito público que não seja moeda torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
de curso legal;
indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de reclusão de um a quatro anos e multa;
de caixa econômica ou de outro estabelecimento z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
mantido por entidade de direito público; (após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro de inutilização, quando legítimos, com o fim de
documento relativo a arrecadação de rendas torná-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
públicas ou a depósito ou caução por que o são de um a quatro anos e multa;
poder público seja responsável;
z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
por Município: dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
seis meses a dois anos, ou multa.
O tipo penal do caput poderá ser praticado com a
falsificação de quaisquer um dos documentos vistos Qualquer forma de
acima, de duas formas: fabricando-os (neste caso, o comércio irregular ou
agente cria um documento) ou alterando-os (o agente Equipara-se clandestino, inclusive
altera documento já existente). à atividade o exercido em vias,
Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- comercial praças ou outros
ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes- logradouros públicos e
mas penas deste. em residências

Art. 293 [...] Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é


§ 1º Incorre na mesma pena quem:
importante levar em consideração o seguinte:
I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
falsificados a que se refere este artigo;
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação quer pessoa;
selo falsificado destinado a controle tributário; z Só admite a modalidade dolosa — não pode ser
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à praticado culposamente;
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
dade deste crime;
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, produto ou
z Admite a tentativa;
mercadoria: z Se o papel for de emissão da União, será processa-
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a do e julgado pela Justiça Federal;
controle tributário, falsificado; z Será de competência do Juizado Especial Criminal
DIREITO PENAL

b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação Federal nas hipóteses de crime privilegiado, defi-
tributária determina a obrigatoriedade de sua nido no § 4º, art. 293, do CP.
aplicação.
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quan-
Petrechos de Falsificação
do legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
inutilização: Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o anterior:
parágrafo anterior. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 59
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Sobre o crime de petrechos de falsificação, é impor-
FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLICO
tante que você saiba, para a sua prova, as seguintes
informações: Falsificar (fabricando ou alterando)

z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado Selo público destinado Selo ou sinal atribuído por
mediante a execução de qualquer um dos verbos a autenticar atos ofi- lei a entidade de direito
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- ciais da União, de Esta- público, ou a autoridade, ou
cer, possuir ou guardar; do ou de Município sinal público de tabelião
z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer agente; Sobre este crime, é importante que você leve em
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun- consideração as seguintes disposições:
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a
pena será aumentada da sexta parte (1/6). z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come- z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
pena de sexta parte. tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z Só pode ser praticado dolosamente;
A pena do crime de petrechos de falsificação será z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário crime plurissubsistente, quando o delito, para ser
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo. praticado, necessita de vários atos para atingir o
resultado;
z Assim como o crime de petrecho para falsificação z A falsificação pode dar-se de 2 (duas formas): com
de moeda, o objeto deve ser destinado especial- a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com
mente para falsificar os papéis previstos no art. a alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
293; caso o objeto tenha outras finalidades (tem
outras utilidades e também serve para falsificar Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
papéis), não há que se falar na prática deste tipo ticado de qualquer modo pelo agente.
penal;
z Só poderá ser praticado dolosamente; Falsificação de Documento Público
z Admite a modalidade tentada;
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
protraindo-se a conduta no tempo. mento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
FALSIDADE DOCUMENTAL Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos de sexta parte.
ou particulares. § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
O CPP estabelece requisitos para que um papel mento público o emanado de entidade paraestatal,
seja considerado documento: forma escrita, autor o título ao portador ou transmissível por endosso,
certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
probatório. tis e o testamento particular.
Vejamos os crimes deste capítulo: § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de
Falsificação do Selo ou Sinal Público
informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não pos-
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
sua a qualidade de segurado obrigatório;
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
da União, de Estado ou de Município;
empregado ou em documento que deva produzir
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
efeito perante a previdência social, declaração falsa
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
tabelião:
III - em documento contábil ou em qualquer outro
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
documento relacionado com as obrigações da
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
empresa perante a previdência social, declaração
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal falsa ou diversa da que deveria ter constado.
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em pro- § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
veito próprio ou alheio. documentos mencionados no § 3º, nome do segu-
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de rado e seus dados pessoais, a remuneração, a
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- vigência do contrato de trabalho ou de prestação
bolos utilizados ou identificadores de órgãos de serviços.
ou entidades da Administração Pública.
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a parte, documento público, ou alterar documento
pena de sexta parte. público verdadeiro.
60
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O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público

Aqui, o agente cria Aqui, o agente


um documento modifica o
público que não documento público
existia que já existia

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, as que estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP.

Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social rela-
cionar-se com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49, do Decreto-lei 5.452,
de 1943. Por seu turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no
inciso II, § 3º, art. 297, do CP.

É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.

FALSIDADE MATERIAL FALSIDADE IDEOLÓGICA


O agente cria um documento falso ou modifica um docu- O agente falsifica a declaração que deveria constar no do-
mento verdadeiro cumento público ou privado, que é verdadeiro
O documento é materialmente falso O documento é materialmente verdadeiro, com o conteúdo
Altera-se o aspecto formal do documento, podendo o con- falso
teúdo ser verdadeiro ou não Altera-se o conteúdo do documento, mas o aspecto formal
Crimes: falsificação de documento público ou particular continua intacto
Por exemplo, criar uma certidão de nascimento Crime: falsidade ideológica
Por exemplo, alterar data de nascimento em certidão de
nascimento

Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:

z O crime é comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


z Na hipótese de o agente ser funcionário público e, ainda, se prevaleça do cargo para praticar o delito, a pena
será aumentada em um sexto;
z O delito é doloso, não exige fim especial;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa;
z O objeto material do crime é o documento público.

É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
sendo aquele mais grave do que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar documento público como aquele emitido por funcionário
DIREITO PENAL

público, no exercício de suas funções, a serviço da União, estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emi-
tido por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros documentos, embora emitidos por particulares, a documento
público.

z Falsificação total: criação de todo o material escrito que representa o documento.


z Falsificação parcial: há uma criação de uma parte falsa do documento público verdadeiro, a qual pode dele
ser individualizada.
z Alteração de documento público: inserir ou suprimir falsamente informações escritas no próprio corpo do
documento verdadeiro, após a sua criação. 61
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Neste delito, a falsidade também pode ser mate-
ALTERAÇÃO FALSIFICAÇÃO PARCIAL rial, alterando-se a forma estrutural do documento,
A falsidade diz respeito Parte do documento, que podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
às informações falsa- dele pode ser individuali- É importante destacar sobre o crime de falsifica-
mente inseridas ou re- zada, é criada falsamente ção de documento particular o seguinte:
tiradas do papel, o que
ocorre posteriormente z É crime comum;
à criação do documento z Admite a tentativa;
z É delito doloso, sem a necessidade de exigir espe-
cial fim;
O título ao portador é documento de crédito que z Aplica-se a Súmula 17, do STJ: Quando o falso se
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesi-
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma va, é por este absorvido;
forma de transferir a propriedade de um título (do z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
endossante para o endossatário), como os cheques em se configurar este crime, mas poderá se configurar
geral e as notas promissórias, que constituem exem- outro tipo penal.
plos de títulos transmissíveis por endosso.
Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a
Falsificação de Documento Público X Estelionato: documento particular o cartão de crédito ou de débito.

Súmula 17 (STJ) Quando o falso se exaure no este- Falsificação de Cartão


lionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. Art. 298 [...]
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica-
ção de documento público for meio para praticar o
crime de estelionato, será por este absorvido. Falsidade Ideológica
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van-
Art. 299 Omitir, em documento público ou par-
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de
ticular, declaração que dele devia constar, ou
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime nele inserir ou fazer inserir declaração falsa
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
ção fique exaurida com a prática do estelionato. prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, a verdade sobre fato juridicamente relevante:
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
outra infração penal. documento é público, e reclusão de um a três anos,
e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
Falsificação de Documento Particular réis, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário públi-
Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, docu- co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
se a falsificação ou alteração é de assentamento de
mento particular ou alterar documento particular
registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
A FALSIDADE IDEOLÓGICA CONFIGURA-SE DAS
O crime de falsificação de documento particular SEGUINTES FORMAS:
é praticado quando o agente age de acordo com o Omitir, em documento Inserir ou fazer inserir, em do-
núcleo do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte, público ou particular, cumento público ou particular,
documento particular ou altera (segundo núcleo do declaração que dele declaração falsa ou diversa
tipo) documento particular verdadeiro. devia constar da que devia constar
A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-
cação de documento público, sendo diferente no que
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em
se refere ao objeto material do crime. Estes crimes
documento público quanto em documento particular,
também se diferenciam em relação à pena cominada.
tendo, como distinção, tão somente a pena, vejamos:
Falsificação de documento Falsificação de documento
público particular z Documento público: reclusão, de um a cinco anos,
e multa;
Objeto Material: documento Objeto material: documento z Documento particular: reclusão, de um a três
público particular
anos, e multa.
Pena: Reclusão, de dois a seis Pena: Reclusão, de um a cinco
anos, e multa anos, e multa Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
importante que você leve em consideração as seguin-
Já estudamos o documento público e agora esta- tes informações:
mos compreendendo o particular. Mas, o que é docu-
mento particular? z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
Documento particular é aquele que não é docu- praticado dolosamente;
mento público, nem equiparado a documento públi- z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
co, por exemplo, cartão de identificação de veículo de de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a
62 moradores de condomínio residencial. verdade sobre fato juridicamente relevante;
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z É crime comum; para reconhecer firma ou letra, já no segundo, o
z Caso a conduta seja praticada sem uma das finali- agente é o perito que falseia a perícia e pode envol-
dades específicas (dolo específico) vistas acima, o ver a análise de letra (exame grafotécnico).
crime não irá se configurar;
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis- Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso
sivas, mas não admite, segundo posicionamen-
to doutrinário majoritário, na conduta omissiva Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão
(omitir); de função pública, fato ou circunstância que habi-
z Neste crime, a forma do documento segue intacta; lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
o que se falsifica é o conteúdo das informações con- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
tidas no documento público ou particular (com a vantagem:
omissão de declaração ou com a declaração falsa). Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Causas de aumento de pena (aumento da sexta Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
parte — 1/6): em razão de função pública, fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
z Se o agente é funcionário público, e comete o cri- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
me prevalecendo-se do cargo. Não basta que seja vantagem.
praticado por funcionário público, para se aplicar Sobre este crime, é importante levar em conside-
a causa de aumento da pena, mas, também, que ele ração o seguinte:
se prevaleça do cargo para praticar o crime;
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
registro civil. cado por funcionário público, em razão da função
pública;
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra z Admite o concurso de pessoas com particulares,
desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exer- cionário público;
cício de função pública, firma ou letra que o não z Não admite a modalidade culposa;
seja: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
documento é público; e de um a três anos, e multa, com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
se o documento é particular. tos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Para a configuração deste crime, exige-se que a
Este crime se configura com a prática da seguinte certificação ou o atestado se deem para as finali-
conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer- dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
cício de função pública, firma ou letra que o não seja. obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
Entenda da seguinte forma: de caráter público, ou qualquer outra vantagem;
z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
z Firma: assinatura; lucro (finalidade específica), será aplicada, além
z Letra: manuscrito daquele que assina. da pena privativa de liberdade, a pena de multa.

A pena do crime será distinta conforme a natureza Falsidade Material de Atestado ou Certidão
do documento:
Art. 301 [...]
z Se documento público: Reclusão de um a cinco § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
anos, e multa; certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
z Se documento privado: Reclusão de um a três do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
anos, e multa. que habilite alguém a obter cargo público, isenção
de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou quer outra vantagem:
letra, você deve ficar atento ao seguinte: Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de
funcionário público que possui como atribuição multa.
reconhecer firma ou letra (ex.: tabeliães);
z Admite a participação de particular, desde que Ainda no § 1º, art. 301, do CP, temos um outro tipo
conheça a condição de funcionário público do penal: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
agente; Sobre este crime, é importante levar em conside-
DIREITO PENAL

z Só poderá ser praticado dolosamente; ração o seguinte:


z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se z É crime comum, que poderá ser praticado por
de crime plurissubsistente, que admite, portanto, qualquer pessoa;
a tentativa;
z A ação penal será pública incondicionada; „ O crime previsto no caput deste artigo é crime
z Para diferenciar o crime de falso conhecimento de próprio (só pode ser praticado por funcionário
firma ou letra, do crime de falsa perícia, devemos público autorizado a emitir atestados ou certi-
nos atentar ao contexto em que o agente está inse- dões), ao passo em que o crime do § 1º é crime
rido. No primeiro crime, o agente possui atribuição comum. 63
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z Só pode ser praticado dolosamente — não admite Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça
a forma culposa; Filatélica

„ É crime não transeunte (deixa vestígios mate- Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
riais), ou seja, é necessária a comprovação da lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
materialidade do delito por meio de perícia; reprodução ou a alteração está visivelmente anota-
da na face ou no verso do selo ou peça:
z Admite a modalidade tentada; Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica- Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem,
do mediante a execução de quaisquer uma das para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
filatélica.
seguintes condutas:
O crime tipificado neste artigo foi tacitamente
„ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
revogado pelo art. 39, da Lei nº 6.538, de 1978.
certidão;
„ Alterar o teor de certidão ou atestado
verdadeiro. Uso de Documento Falso

Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsifi-


cados ou alterados, a que se referem os arts. 297
Importante! a 302:
Caso o crime tenha como finalidade a obtenção Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
de lucro (finalidade específica), será aplicada,
também, a pena de multa. Vamos recordar quais são os tipos penais previstos
entre os arts. 297 e 302, do Código Penal:

Falsidade de Atestado Médico z Falsificação de documento público;


z Falsificação de documento particular e Falsifica-
Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profis- ção de cartão;
são, atestado falso: z Falsidade ideológica;
Pena - detenção, de um mês a um ano. z Falso reconhecimento de firma ou letra;
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim z Certidão ou atestado ideologicamente falso;
de lucro, aplica-se também multa. z Falsidade material de atestado ou certidão;
z Falsidade de atestado médico.
Este crime tem como figura típica a seguinte con-
duta: dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- O uso de qualquer um dos documentos previstos
tado falso. acima configura o crime de uso de documento falso,
Sobre este crime, é importante levar em consideração: respondendo o agente com a mesma pena correspon-
dente à falsificação ou alteração.
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por Por exemplo, caso um agente seja surpreendido
médico; utilizando um documento público falso, será respon-
z Não admite a forma culposa — deve ser praticado sabilizado com a pena de reclusão de dois a seis anos,
dolosamente; e multa, mesma pena aplicada ao crime de falsificação
z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal- de documento público.
vo no caso de obtenção de lucro; Se o agente que fez uso do documento falso for o
z Admite a tentativa; mesmo que o falsificou, ele será responsabilizado de
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade que forma?
de obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele, Segundo entendimento que predomina no STJ,
além da pena privativa de liberdade, a pena de neste caso, deverá o agente responder apenas por fal-
multa;
sificação de documento público.
z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
Assim, caso o agente falsifique e use o documento
dê no exercício da função.
falso, deverá responder apenas por aquele.
De acordo com o entendimento jurisprudencial do
Se o médico fornece o atestado no exercício de fun- STF e STJ, o crime de uso, quando cometido pelo pró-
ção pública (médico que trabalha em hospital público prio agente que falsificou o documento, configura “post
— funcionário público), cometerá o crime previsto no factum” não punível, vale dizer, é mero exaurimento
art. 301 (certidão ou atestado ideologicamente falso).
do crime de falso. Há impossibilidade de condenação
Se o médico, funcionário público, aufere vanta-
pelo crime previsto no art. 304, do Código Penal.1
gem para emissão de atestado falso, será constatado
Sobre este crime, é importante saber:
o crime de corrupção passiva, presente no capítulo
“Crimes contra a Administração Pública”, do Código z Para caracterização deste crime, não basta o mero
Penal. porte do documento falso, exigindo-se que o agen-
É importante ressaltar também que, caso o falso te o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
atestado médico seja destinado à pratica de outro cri- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
me, tendo o médico ciência desta circunstância, será quer pessoa;
este responsabilizado como partícipe pelo crime mais z É crime formal;
grave (princípio da consunção), restando absorvido o z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
crime do art. 302. praticado dolosamente;
64 1 (STF — AP 530 — Rel. Min. Rosa Weber — Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso — 1ª Turma — julgado em 9-9-2014).
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z Não exige fim especial de agir (dolo específico); alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa nature-
z Caso o agente desconheça a falsidade do documen- za, falsificado por outrem:
to e o utilize, não há que se falar na configuração Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
deste tipo penal, já que, como visto acima, o ele- Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
mento subjetivo é somente o dolo; o que usa a autoridade pública para o fim de fisca-
z Prevalece o entendimento de que não admite a lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar
determinados objetos, ou comprovar o cumprimen-
modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
to de formalidade legal:
subsistente, perfazendo-se mediante a execução
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
de um único ato (ou o agente usa o documento e multa.
pratica o crime; ou o agente não usa o documento
e o fato será atípico);
A pena do crime será diferente, a depender da natu-
z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira- reza do documento destruído, suprimido ou ocultado.
mente falsificado, perceptível aos olhos do homem
comum, não irá se configurar o crime de uso de
z Documento público: Reclusão, de dois a seis
documento falso.
anos, e multa;
A Súmula 522, do STJ, diz respeito ao uso de docu- z Documento particular: Reclusão, de um a cinco
mento falso e o instituto da autodefesa. Vejamos: anos, e multa.
Súmula 522 (STJ) A conduta de atribuir-se falsa
Em relação aos tipos penais que apresentam penas
identidade perante autoridade policial é típica, ain-
como visto acima, você deve ter um cuidado redobra-
da que em situação de alegada autodefesa.
do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro-
A respeito da competência para processar e julgar va sobre o tema.
o crime de uso de documento falso, vejamos: Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às
seguintes informações:
Súmula 546 (STJ) A competência para processar
e julgar o crime de uso de documento falso é fir- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
mada em razão da entidade ou órgão ao qual foi quer agente;
apresentado o documento público, não importando z Não admite a modalidade culposa;
a qualificação do órgão expedidor. z É necessário que o agente pratique as condutas des-
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden- ou em prejuízo alheio (finalidade específica);
tidade falsa, não será relevante para fins de análise z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
de competência para processo e julgamento o órgão agente não possa dispor do documento público ou
expedidor do documento (unidade da federação que particular;
o expediu), mas sim o órgão ou entidade ao qual foi z Admite a tentativa.
apresentado o documento.
Caso o agente apresente o documento falso a um OUTRAS FALSIDADES
órgão ou entidade federais, a exemplo da Polícia Rodo-
viária Federal e do INSS, a competência para processo Falsa Identidade
e julgamento será da Justiça Federal. Se o documento
falso for apresentado a órgão ou entidade estaduais, a Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro fal-
exemplo das polícias civis ou da SANEAGO, o processo sa identidade para obter vantagem, em proveito
e julgamento será de competência da Justiça Estadual. próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
Supressão de Documento fato não constitui elemento de crime mais grave.
Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu- Figura típica: atribuir-se, ou atribuir a terceiro, fal-
mento público ou particular verdadeiro, de que não sa identidade para obter vantagem, em proveito pró-
podia dispor: prio ou alheio, ou para causar dano a outrem.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o O crime pode ser praticado das seguintes formas:
documento é público, e reclusão, de um a cinco
anos, e multa, se o documento é particular. FALSA IDENTIDADE
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser Atribuir-se Atribuir a Terceiro
praticado com a execução das seguintes condutas:
O agente atribui a falsa O agente atribuiu falsa iden-
z Destruir, Suprimir e Ocultar: Documento públi- identidade a si próprio tidade a uma outra pessoa
co ou particular verdadeiro, de que não podia dis-
DIREITO PENAL

por, em benefício próprio ou de outrem, ou em


prejuízo alheio. Neste crime, o agente se passa por uma outra
pessoa.
Falsificação do sinal empregado no contraste de Por exemplo, um indivíduo, chamado Tício, saben-
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou do que se encontra, em seu desfavor, um mandado de
para outros fins prisão em aberto, com a finalidade de não ser preso
e de que não se descubra a sua condição de procura-
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando- do, ao ser abordado por uma equipe policial, atribui a
-o, marca ou sinal empregado pelo poder público si próprio o nome de Mévio, contra quem não existe
no contraste de metal precioso ou na fiscalização nenhuma medida judicial. 65
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Vejamos: no exemplo acima, configurou-se o crime Este crime pode ser praticado das seguintes
de falsa identidade, já que o agente, com a finalidade formas:
de obter proveito próprio, atribuiu a si mesmo falsa
identidade. z Quando o agente faz uso de documento de identi-
Mas o fato de Tício se atribuir falsa identidade ficação alheio;
para evitar prisão não está de acordo com o princípio z Quando o agente cede, para que outro utilize,
do Direito Processual Penal, que permite que o indi- documento de identificação próprio ou alheio.
víduo não seja compelido a produzir provas contra
si mesmo, podendo, inclusive, mentir? Caso ele seja O tipo penal apresenta hipótese de interpretação ana-
responsabilizado penalmente, não haveria violação lógica, já que exemplifica quais são os documentos de
ao princípio da não autoincriminação? identidade, a exemplo do passaporte, título de eleitor e
Por muito tempo, este assunto foi divergente. caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e, por fim,
O entendimento que predomina atualmente é o de amplia as possibilidades ao utilizar a expressão “qual-
que a responsabilização penal por falsa identidade, quer documento de identidade (fórmula genérica)”.
ainda que diante de situação de alegada autodefesa, Sobre este crime, é importante que você leve para
não viola o princípio da não autoincriminação, sendo, a sua prova o seguinte:
portanto, fato típico.
Importante: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer indivíduo;
Súmula 522 (STJ) A conduta de atribuir-se falsa z Para que o delito se configure, basta que o agente
identidade perante autoridade policial é típica, ain- atue com dolo, sendo desnecessário o fim especial
da que em situação de alegada autodefesa. de agir;
z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
Sobre o crime de falsa identidade, é importante praticado dolosamente;
z Admite-se a modalidade tentada;
que você leve em consideração:
z É crime subsidiário, não respondendo o agente
por ele se o fato constituir elemento de crime mais
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
grave.
quer pessoa;
z Não admite a modalidade culposa — o elemento
Os crimes a seguir apresentam condutas bastante
subjetivo exigido é sempre o dolo;
parecidas. Cuidado para não as confundir:
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con-
duta com o fim de obter vantagem, em proveito
FALSIFICAÇÃO
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem; DE DOCUMENTO
Conduta: falsificar, no todo ou em parte, docu-
mento público ou particular ou alterar documen-
z Não admite tentativa. Parte da doutrina admite-a, PÚBLICO OU
to público ou particular verdadeiro
ainda que de difícil configuração, caso o crime seja PARTICULAR

praticado de forma escrita; Conduta: fazer uso de qualquer dos papéis fal-
z É crime formal, que se consuma independente- USO DE DOCU- sificados ou alterados, a que se referem os arts.
mente de o agente conseguir obter a vantagem ou MENTO FALSO 297 a 302 (incluindo documento público ou
particular)
efetivamente causar dano;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o FALSA
Conduta: atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa
agente por ele apenas se o fato não constituir ele- identidade para obter vantagem, em proveito
IDENTIDADE
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem
mento de crime mais grave;
Conduta: usar, como próprio, passaporte, título
USO DE DOCU- de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
Dica MENTO DE IDEN- documento de identidade alheia ou ceder a ou-
O crime de falsa identidade é subsidiário, e só TIDADE ALHEIO trem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiro
será cabível quando o fato não constituir ele-
mento de crime mais grave. Desta feita, caso
o indivíduo, valendo-se da falsa identidade, DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
obtenha efetivamente a vantagem indevida em PÚBLICO
prejuízo alheio, estará configurado o crime de
estelionato. Fraudes em Certames de Interesse Público

z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei- Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente,
ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
nome seja inexistente.
sigiloso de:
I - concurso público;
Uso de Documento de Identidade Alheia II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, títu- rior; ou
lo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
documento de identidade alheia ou ceder a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
outrem, para que dele se utilize, documento des- § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou
sa natureza, próprio ou de terceiro: facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e autorizadas às informações mencionadas no caput.
multa, se o fato não constitui elemento de crime § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
66 mais grave. tração pública:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. elementar, constituindo, contudo, causa de aumento
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é de pena de 1/3 (um terço).
cometido por funcionário público. Vejamos os pontos importantes deste crime:

Este tipo penal foi editado para proteger a lisura z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
dos certames de interesse público. praticado dolosamente;
Este crime tem como figura típica a prática da z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen- beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de credibilidade do certame;
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
sigiloso de: mera divulgação ou utilização das informações
sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
z Concurso público (segundo Sanches, instrumento ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
de acesso a cargos e empregos públicos); a credibilidade do certame público;
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches, z Admite a forma tentada;
abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos); z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior das informações sigilosas devidamente (com justa
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras causa), não há que se falar na prática deste crime.
formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
rior, a exemplo do ENEM);
z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con-
forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa- DOS CRIMES CONTRA A
me da OAB).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Peculato

Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou comprometer a dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de : público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito pró-
Processo Exame ou prio ou alheio:
Concurso Avaliação ou seletivo para processo Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
público exame públicos ingresso no seletivo previsto § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
ensino superior em lei co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
O crime de fraude em certames de interesse públi- do-se de facilidade que lhe proporciona a qua-
ca apresenta uma forma equiparada, uma forma lidade de funcionário.
qualificada e uma forma majorada (com aumento de
pena): O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
dividido doutrinariamente da seguinte forma:
z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
agente que permite ou facilita, por qualquer meio, z Peculato próprio:
o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
ções sigilosas relacionadas a concurso público; „ Peculato-apropriação;
avaliação ou exame públicos; processo seletivo „ Peculato-desvio.
para ingresso no ensino superior; ou exame ou
processo seletivo previstos em lei; z Peculato impróprio:
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar
dano à administração pública; „ Peculato-furto.
z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3
(um terço) se o fato é cometido por funcionário z Peculato culposo;
público. z Peculato mediante erro de outrem (peculato
estelionato).
Sobre este crime, é importante ficar atento às
seguintes informações: O peculato-apropriação configurar-se-á quando
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
DIREITO PENAL

z Este crime se aplica a certames de interesse públi- ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
co de maneira geral, e não apenas a concursos de que tem a posse em razão do cargo; por exemplo,
públicos em sentido estrito; vereador que se apropria de bens (aparelho de celu-
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- lar, notebook) do qual tem posse em razão do cargo
quer pessoa. (eletivo) que ocupa.
É muito importante que você fique atento, em rela-
É comum acharem que se trata de crime próprio, ção ao peculato-apropriação, ao seguinte:
que só pode ser praticado por funcionário públi-
co. Contudo, não é crime próprio. Na verdade, para z Para que se configure, é necessário que o agente
este crime, a condição de funcionário público não é tenha a posse do bem em razão do seu cargo; 67
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z O bem pode ser público ou particular (imagine um seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
objeto particular — notebook — apreendido em do-se de facilidade proporcionada pela qualidade de
uma delegacia de polícia); funcionário.
z O sujeito passivo é a Administração Pública; con- O peculato-furto pode ser praticado de duas
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem formas:
também será sujeito passivo do delito.
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
O peculato-desvio ocorrerá quando o funcioná- z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
rio público desviar, em proveito próprio ou alheio, valor ou bem.
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
co ou particular. O funcionário público dá destinação É importante mencionar que:
diversa ao bem que está sob sua responsabilidade;
esse desvio será necessariamente em proveito próprio z Para que se configure este crime, é necessário que
ou alheio. o funcionário público não tenha a posse da coisa;
Segundo posicionamento majoritário (apesar de z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de o bem
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- ser arrebatado pelo próprio funcionário público;
trário), para que se configure o peculato-desvio, é z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
necessário que o bem seja desviado para integrar o induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- realizar a subtração (por exemplo, o funcionário
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra público distrai os demais para que o seu amigo,
mero desvio de finalidade. que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
Uma parte minoritária da doutrina defende que, piar os bens);
para que se configure o peculato-desvio, não é neces- z Para que se configure o peculato-furto, é necessá-
sária a intenção de assenhoramento (apoderar-se) por rio que o ato seja doloso;
parte do funcionário público, podendo se configurar z A qualidade de funcionário público deve acarretar
com o mero uso irregular da coisa pública, em provei- alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
to próprio ou alheio. não haja facilidade, o agente responderá por furto
Com base no que foi exposto acima, é importante normalmente.
mencionar que o peculato de uso, em regra, é conside-
rado figura atípica. Vamos trazer dois exemplos:
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coi- Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo
sa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patri- dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozi-
mônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral nho na repartição, Carlos subtrai um notebook do
restituição a quem de direito, é atípico. órgão público. Está certamente configurado o crime
É necessário sabermos o que significa infungível. de peculato-furto, já que a condição de funcionário
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis público de Carlos foi uma facilidade para que ele sub-
que podem substituir-se por outros da mesma espécie, traísse o bem.
qualidade e quantidade. Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
O Código Civil não define os bens infungíveis, bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
mas podemos compreender que são os bens que não escola que se encontra próxima a sua casa, Michele
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
quantidade e qualidade. aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
É importante mencionar que é necessário, para la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo de de funcionária pública de Michele em nada contri-
um carro oficial ou de um computador. buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo pessoa, na mesma situação, praticar a conduta deli-
do dinheiro, a conduta será típica. tuosa apresentada pelo exemplo. Michele responderá
Se a conduta relacionada ao peculato de uso for pelo crime de furto.
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen- Observe que:
temente da natureza do bem, por expressa previsão
legal no inciso II, art. 1º, do Decreto-Lei nº 201, de 1967. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
O administrador que desconta valores da folha de crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o
pagamento dos servidores públicos para quitação de autor entra no local, o autor subtrai a coisa);
empréstimo consignado e não os repassa à instituição z O bem subtraído pode ser público ou particular;
financeira pratica peculato-desvio, sendo desnecessá- z O sujeito passivo é a administração pública. Caso
ria a demonstração de obtenção de proveito próprio o bem seja particular, também será sujeito passivo
ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o da infração penal o dono do bem;
núcleo do tipo.2 Deste modo, podemos constatar que z É crime material.
basta a destinação diversa daquela que deveria ter o
bem para que se consume o crime de peculato-desvio. Peculato Culposo
A obtenção de vantagem indevida é mero exaurimen-
to do crime. Trata-se de crime formal. Art. 312 […]
O peculato-furto configurar-se-á quando o funcio- § 2º Se o funcionário concorre culposamente
nário público, embora não tendo a posse do dinhei- para o crime de outrem:
ro, valor ou bem, subtrai-lo ou, concorre para que ele Pena - detenção, de três meses a um ano.

2 APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em 06/11/2019,
68 DJe 04/02/2020.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O peculato culposo, previsto no § 2º, art. 312, con- recebeu por erro será partícipe deste delito de pecu-
figura-se quando o funcionário público concorre cul- lato mediante erro.
posamente para o crime de outrem. O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
Dos crimes praticados por funcionário público isto é, posterior ao recebimento da coisa.
contra a administração em geral, o peculato é o úni- Em um primeiro momento, o funcionário público
co que prevê expressamente a possibilidade de ser toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
cometido na modalidade culposa. alheio, mas, posteriormente, após detectar o erro,
No peculato culposo, o funcionário público não apropria-se da coisa.
É importante levar em consideração as seguintes
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa,
características do crime de peculato mediante erro de
acaba concorrendo para a subtração da coisa.
outrem:
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato
culposo podem ocorrer as seguintes situações:
z É crime material, que se consuma quando o agen-
te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
outro funcionário cometa peculato (caput ou § 1º); por erro de outra pessoa, passando a agir como se
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro dono fosse;
funcionário ou um particular cometam o fato; z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um dade tentada;
particular cometa o fato (furto etc.). z O funcionário público deve receber a coisa em
razão do cargo que exerce;
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque- z O sujeito passivo é a Administração Pública. Caso
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de o bem seja particular, também será sujeito passivo
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa o dono do bem;
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso. z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
No ambiente em que a porta se encontra, há vários induzida a erro, configurar-se-á o crime de estelio-
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo nato, previsto no art. 171, do CP, sendo necessário,
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- para caracterização do crime de peculato median-
te erro de outrem, que a vítima entregue a coisa
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no
por erro próprio.
local e subtrai uma câmera fotográfica.
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza-
Inserção de Dados Falsos em Sistemas de
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já
Informação
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei-
O crime de inserção de dados falsos em sistemas
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a de informação está previsto no art. 313-A, do CP:
prática da subtração.
Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
Art. 312 […] zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a matizados ou bancos de dados da Administração
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a Pública com o fim de obter vantagem indevida para
pena imposta. si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Sobre o peculato culposo, é importante saber que o multa.
§ 3º, do art. 312, do CP, dispõe que:
Dica
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
“Inserção de dados falsos em sistemas de
poso ocorrer antes de a sentença transitar em jul-
informação” é também chamado de peculato
gado, extingue a punibilidade;
eletrônico.
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado,
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
a pena será reduzida da metade.
rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
funcionários que não dispõem desta competência res-
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro pondem pelo crime do art. 313-B, do CP. Trata-se de
de outrem: crime próprio.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. A fraude no sistema informatizado ou em bancos
de dados pelo funcionário competente, para obter
O peculato mediante erro de outrem está previs- vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
DIREITO PENAL

to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio- em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer menos grave, é absorvido.
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro Para que este crime se configure, é necessário que
de outrem. as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
Parte da doutrina chama esta modalidade de por funcionário público autorizado a operar os siste-
peculato-estelionato. mas informatizados ou bancos de dados da Adminis-
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro tração Pública.
de outrem, toma posse de um bem móvel, em razão Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro descreve vários verbos que podem ser praticados
que induz o funcionário a apropriar-se do bem que para a sua configuração. 69
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Condutas: Fique atento às diferenças entre os tipos penais
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de
z Inserir dados falsos; informação e do crime de modificação ou alteração
z Facilitar a inserção de dados falsos; não autorizada de sistemas de informação:
z Alterar dados corretos;
z Excluir indevidamente dados corretos. MODIFICAÇÃO OU AL-
INSERÇÃO DE DADOS
TERAÇÃO NÃO AUTO-
É necessário, para a tipificação do delito, que as FALSOS EM SISTEMAS
RIZADA DE SISTEMAS
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- DE INFORMAÇÃO
DE INFORMAÇÃO
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários,
livros ou outro meio físico) da Administração Pública. Verbos: Inserir, facilitar a Verbos: modificar ou alterar
Objeto material: inserção, alterar, excluir Se praticado por funcio-
indevidamente nário autorizado, será fato
z Sistemas informatizados ou bancos de dados da Deve ser praticado por atípico
Administração Pública funcionário autorizado Não exige dolo específico
Exige dolo específico de
Finalidade (dolo específico): obter vantagem indevida
ou de causar dano
z Obter vantagem indevida para si ou para outrem;
z Causar dano. Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou
Documento
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,
que consiste no fim de obter vantagem indevida para Está previsto no art. 314, do Código Penal.
si ou para outrem ou causar dano à Administração
Pública ou a uma terceira pessoa. Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
dano, haverá o crime do art. 313-B, do CP. sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
O crime consuma-se com a conduta, independen- Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
temente do resultado. Trata-se de crime formal, que constitui crime mais grave.
se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme-
jado não se verifique. Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- (tornar imprestável).
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos Sobre este crime, é importante que você saiba:
dados corretos.
z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
Modificação ou Alteração Não Autorizada de do quando o fato constitui crime mais grave), res-
Sistemas de Informação pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave;
O crime de modificação ou alteração não autori- z Não admite a modalidade culposa;
zada de sistemas de informação está previsto no art. z Admite tentativa;
313-B, do Código Penal. z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
parciais ou totais.
Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de infor- Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
mática sem autorização ou solicitação de autori- ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
dade competente: to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, público, o crime será o previsto no art. 337, do CP. Caso
e multa. seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
um terço até a metade se da modificação ou altera- mento será no art. 356, do CP.
ção resulta dano para a Administração Públi- O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
ca ou para o administrado. cado se não houver outro crime mais grave.
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
Trata-se de crime próprio, sendo praticado somen- para destruir livro ou documento responderá apenas
te por funcionário público, qualquer que seja a sua pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
função, estando autorizado ou não a manipular sis- Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
temas de informações ou programas de informática. relativos a tributos, o funcionário que tinha a guar-
A consumação deste crime se dá com a modifica- da e praticou uma das condutas acima responderá
ção ou alteração não autorizada do sistema. Não é pelo crime do inciso I, art. 3º, da Lei nº 8.137, de 1990,
necessário um especial fim de agir. quando o fato acarretar pagamento indevido ou ine-
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- xato de tributo.
tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
tente, o fato será atípico. Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
terço) até metade caso da modificação ou alteração Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica-
resulte dano para a Administração Pública ou para o ção diversa da estabelecida em lei:
70 administrado. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
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Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res- A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o são elementos integrantes do crime de concussão.
Decreto nº 201, de 1967. Se o funcionário público exigir o pagamento de
Exige que o emprego irregular aconteça em bene- vantagem indevida, mediante violência ou grave
fício da própria Administração Pública, contrariando ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
a legislação, não podendo o agente desviar as verbas visto no art. 158, do Código Penal.
ou rendas em benefício próprio, sob pena de respon- Sobre a concussão, é importante que você conheça
der por outro crime. as seguintes informações, frequentemente cobradas
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do em prova:
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
reais para construção de uma passarela. A autoridade z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
pública competente utiliza a verba mencionada para z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
a construção de uma escola. prática da exigência, sendo o recebimento da van-
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregu- tagem mero exaurimento do crime;
lar de verbas ou rendas públicas. O agente deu às ver- z O particular, de quem se exigiu a vantagem inde-
bas públicas destinação diversa daquela estabelecida vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A
em lei. Administração Pública é o sujeito passivo primário;
Observe que a destinação da verba ocorreu no inte- z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
cio próprio, o agente responderá por outro crime. concussão praticada mediante carta endereçada à
É importante mencionar a aplicação da excludente vítima;
de ilicitude do estado de necessidade: caso o empre- z É possível praticar a concussão indiretamente,
go se dê devido a uma situação de perigo iminente quando, por exemplo, o funcionário público exige a
(utilizou-se verba pública destinada ao esporte para vantagem indevida por intermédio de outra pessoa.
se construir um abrigo durante perigo de chuvas que
desabrigaram grande parte da população), o fato será É importante diferenciar concussão e corrupção
passiva:
típico, mas não será antijurídico.
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
públicas, é importante mencionar: Tem no núcleo do tipo o verbo “exi-
gir” — há um caráter intimidativo na
CONCUSSÃO
z Este crime será praticado pelo funcionário público conduta
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- O ato de exigir é algo impositivo
das públicas, podendo delas dispor; Tem os verbos “solicitar ou receber,
z Não exige nenhum fim específico; ou aceitar”
z Não admite a modalidade culposa; Solicitar é pedir, o que, portanto, não
z Admite a tentativa; CORRUPÇÃO pressupõe intimidação
z Não exige a ocorrência de dano pela Administra- PASSIVA Receber e aceitar pressupõem uma
ção Pública para a sua configuração. conduta ativa do particular, ou seja,
além de não ocorrer intimidação, há
Concussão uma conduta inicial do terceiro

Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta


ou indiretamente, ainda que fora da função ou Excesso de Exação
antes de assumi-la, mas em razão dela, vanta-
gem indevida: O excesso de exação, previsto no § 1º, art. 316, do
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando
o funcionário público exige tributo ou contribuição
No crime de concussão, o funcionário público, social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
forte do que apenas pedir) o pagamento de vanta- gravoso, que a lei não autoriza.
gem não devida pela pessoa. O particular, por temer
qualquer represália por parte do funcionário público, Art. 316 [...]
pode ou não pagar a vantagem indevida. § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribui-
ção social que sabe ou deveria saber indevido,
Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
ou, quando devido, emprega na cobrança meio
te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
DIREITO PENAL

A vantagem indevida, segundo posicionamento Exação significa correção, exatidão.


majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
ser qualquer outra vantagem.
É importante mencionar que a concussão ocorrerá Importante!
em razão da função do agente público, não se exigindo
que o fato seja praticado no efetivo desempenho das São duas as formas de cometer este delito:
atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser � Exigência indevida de tributo ou contribuição
cometido por funcionário público de férias e, segundo social;
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado � Cobrança devida de tributo ou contribuição
(antes de assumir). social, mas de forma vexatória ou gravosa. 71
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
mente do crime de concussão, não significa uma de tal vantagem:
ameaça, mas sim a simples cobrança indevida. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
A cobrança é indevida quando o tributo ou a con- multa.
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em A corrupção passiva, prevista no art. 317, do Códi-
valor maior que o devido. go Penal, configurar-se-á quando o funcionário públi-
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste co solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
no fato de o agente ter consciência, ou dúvida, de que ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
se trata de uma cobrança indevida. de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
Na segunda modalidade criminosa, cobrança ou aceitar promessa de tal vantagem.
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
é devido. O problema reside no “modus operandi” da pria ou imprópria, antecedente ou subsequente:
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante,
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas z Própria: Quando o funcionário público pratica os
totalmente desnecessárias. verbos do tipo penal para praticar ato ilícito (por
Neste caso, o crime consuma-se com a simples exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
cobrança vexatória ou gravosa, independentemente retardar o cumprimento do mandado de citação);
do recebimento. z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- os verbos do tipo penal para praticar ato lícito (por
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir- exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta
certidão seja expedida dentro do prazo);
antes que a vítima tomasse conhecimento.
z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
Vejamos: José, funcionário público da prefeitu-
entregue ao funcionário público antes de sua ação
ra do Município de Simplicidade, sabendo que seu
ou omissão (por exemplo, juiz recebe vantagem
vizinho, Márcio, deve dez mil reais em tributo, para
indevida para prolatar sentença absolutória);
cobrá-lo, coloca uma faixa enorme na entrada da rua,
z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
com a seguinte frase escrita: “Márcio, deixe de ser
irresponsável e pague os dez mil reais que você deve entregue ao funcionário público depois de sua
de tributo à prefeitura”. ação ou omissão (por exemplo, após retardar o
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- vantagem indevida ao réu).
gurando-se, assim, o excesso de exação.
Sobre o excesso de exação, é importante Observe que a corrupção passiva pode ser direita
mencionar: ou indireta:

z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- z Direta: quando é o próprio funcionário público
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
saber” é dolo eventual; gem indevida;
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati- luio com o funcionário público, solicita, recebe
cado mediante carta endereçada à vítima. ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
Art. 316 […] público responderão por corrupção passiva.
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco- Entende a doutrina majoritária que o mero presen-
lher aos cofres públicos: te recebido pelo funcionário público, por gratidão ou
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. amizade (por exemplo, uma lembrancinha de natal)
não configura o crime de corrupção passiva.
Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou A vantagem indevida, segundo posicionamento
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
lher aos cofres públicos, responderá por excesso de
ser qualquer outra vantagem.
exação na modalidade qualificada.
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração
Quando observamos a forma qualificada do exces-
que:
so de exação, é possível compreender que o tipo penal
não exige que o funcionário público tenha a intenção
z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
o faça, responderá pelo crime na forma qualificada. z Trata-se de crime formal, quando praticada por
Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun- meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que
cionário público pratique a conduta visando obter a se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi-
vantagem indevida para si ou para outrem, constituin- mento da vantagem mero exaurimento do crime.
do-se, assim, elemento de distinção entre os tipos penais. Quando praticada por meio do verbo receber, é
crime material, que exige o efetivo recebimento
Corrupção Passiva para se consumar (§ 2º, art. 317, do CP);
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora corrupção passiva praticada mediante emprego de
72 da função ou antes de assumi-la, mas em razão carta;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z É possível praticar a corrupção passiva indireta- A prevaricação própria configurar-se-á quando o
mente, quando, por exemplo, o funcionário públi- funcionário público retardar ou deixar de praticar,
co exige a vantagem indevida por meio de outra indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dis-
pessoa. posição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
É importante realizar um breve paralelo com o cri- O crime em estudo não se confunde com a corrup-
me de corrupção ativa, que será estudado no tópico ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
dos crimes cometidos por particulares contra a admi- de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
nistração em geral, que é aquela em que o particular Na prevaricação não existe esse pedido ou influên-
oferece ou promete vantagem indevida a funcionário cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
público.
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
Atenção! Na corrupção passiva, o particular que
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregula-
paga a vantagem indevida solicitada pelo funcio-
ridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes pedi-
nário público não pratica crime algum, por falta de
dos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, se o
tipicidade penal.
O crime de corrupção, seja ativa ou passiva, é uni- fiscal deixa de autuar porque percebe que a pessoa é
lateral e formal — são independentes em si. A com- um antigo amigo, configura-se a prevaricação.
provação de um dos crimes não pressupõe a do A prevaricação poderá ser praticada de três for-
outro. mas diferentes:
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada.
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
Art. 317 […] z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou z Praticar ato de ofício contra disposição expressa
retarda ato de ofício, com infração de dever funcio- de lei.
nal, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O crime de prevaricação exige um fim específico
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Observe que na corrupção passiva privilegiada Não confundir com o crime de corrupção passiva pri-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de
vilegiada (estudado anteriormente). Vejamos a tabela
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com
a seguir para facilitar seu entendimento:
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro.
Trata-se de crime material e consuma-se quando
o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda o CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO
ato de ofício. PRIVILEGIADA
Por outro lado, a pena da corrupção passiva será
Praticar, deixar de praticar Retardar ou deixar de
aumentada de 1/3 (um terço) se, em consequência
ou retardar ato de ofício praticar ato de ofício
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica Para satisfazer interesse
infringindo dever funcional. Cedendo a pedido ou ou sentimento pessoal
influência de outrem (não há atuação de
Art. 317 […] terceiro)
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em con-
sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício Você pode entender interesse ou sentimento pes-
ou o pratica infringindo dever funcional. soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
amizade, preguiça, entre outros.

Importante! Dica
Não seja surpreendido por pegadinhas em pro- Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
va: a corrupção passiva e a concussão diferen- � Não admite a forma culposa;
ciam-se nos verbos que configuram o tipo penal � Pode ser praticado de forma omissiva (retardar
incriminador. ou deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
� Corrupção passiva: solicitar, receber ou aceitar � Admite tentativa apenas quando praticado de
promessa; forma comissiva.
� Concussão: exigir.
Tentativa na prevaricação:

Prevaricação � Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,


DIREITO PENAL

ato de ofício: não admite tentativa;


Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida- � Praticar ato de ofício contra disposição expres-
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
sa de lei: admite tentativa.
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal:
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
O crime de prevaricação é dividido em: ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio
ou similar, que permita a comunicação com
z Própria: prevista no art. 319, do Código Penal; outros presos ou com o ambiente externo:
z Imprópria: prevista no art. 319-A, do Código Penal. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 73
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A prevaricação imprópria configurar-se-á quando o diretor de penitenciária e/ou agente público deixar de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo.
Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário público
que tem o dever funcional de impedir que o preso tenha acesso a aparelho de comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo.
Sobre a prevaricação imprópria, é importante ressaltar:

z Não admite a forma culposa;


z Não admite tentativa.

Condescendência Criminosa

A condescendência criminosa está prevista no art. 320, do Código Penal:

Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Este crime pode ser praticado de duas formas:

z Quando o funcionário público, por indulgência, deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo;
z Quando o funcionário público, que não é competente para responsabilizar aquele que cometeu infração no
exercício do cargo, por indulgência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

A doutrina majoritária entende que o crime de condescendência criminosa só pode ser praticado por superior
hierárquico, que dolosamente, se omite. O funcionário que foi beneficiado não responde pelo delito em tela.
Você pode entender indulgência como compaixão, pena, piedade, clemência.
Há um requisito que deve ser cumprido para a prática da condescendência criminosa: uma infração funcional
(que pode ser uma violação administrativa ou penal) praticada por subordinado no exercício das atribuições do
seu cargo.
A consumação dá-se quando o superior toma conhecimento da infração e não providencia imediatamente a
responsabilização do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento:

z Não admite a forma culposa;


z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.

Como é possível observar, os crimes de corrupção passiva privilegiada, prevaricação e condescendência crimi-
nosa possuem características similares. Vejamos as diferenças:

CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
PRIVILEGIADA

O agente deixa de praticar ato de ofí- O agente deixa de praticar ato de O agente deixa de praticar ato de ofí-
cio cedendo a pedido ou influência ofício para satisfazer sentimento ou cio (responsabilizar o subalterno) por
de outrem interesse pessoal indulgência

Advocacia Administrativa

O crime de advocacia administrativa, previsto no art. 321, do Código Penal, pode ser praticado na modalidade
simples ou qualificada.

Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Modalidade simples: configura-se quando o funcionário público patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
se privado perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
É necessário que a condição de funcionário público proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que patro-
cina interesse de terceiro, pessoa privada; caso não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo, o fato será
atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição, solicitando
um benefício.
Modalidade qualificada: o crime de advocacia administrativa será qualificado caso o interesse privado seja
74 ilegítimo.
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z Forma simples: interesse privado legítimo; A conduta típica é: abandonar cargo público, fora
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. dos casos permitidos em lei.
O nome do crime é abandono de função, porém,
Sobre a advocacia administrativa, fique atento em o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
sua prova: importante que você saiba que o conceito de função
pública é mais amplo que o de cargo público (não há
z Não admite a modalidade culposa; cargo sem função, mas há função sem cargo).
z É crime formal, que se consuma com a conduta, Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
não se exigindo que se atinja o interesse privado abandono de função pública (apesar do nome) ou de
pleiteado; emprego público, mas tão somente no caso de aban-
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa dono de cargo público (não se admite a analogia in
quando for possível se fracionar o iter criminis; malam partem).
z É desnecessário que o fato ocorra na própria repar- Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, só
tição em que trabalha o agente. Este pode usar da pode ser praticado pelo funcionário público ocupante
sua qualidade de funcionário para pleitear favores do cargo que foi abandonado. Este abandono deve ser
em qualquer esfera da Administração. por tempo juridicamente relevante.
De acordo com posicionamento doutrinário majo-
Violência Arbitrária ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo
penal.
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função As hipóteses em que o agente abandona o cargo
ou a pretexto de exercê-la. público, admitidas em lei, não configuram o crime de
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da abandono de função.
pena correspondente à violência. O crime de abandono de função tem circunstân-
cias que o qualificam:
Este delito encontrava divergência quanto a sua
aplicação, tendo em vista as edições realizadas pela Lei z Se o fato resulta prejuízo público;
de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869, de 2019). Esta z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
discussão não mais possui fundamento, sendo que esta de fronteira.
lei não tipificou o crime de violência arbitrária. Sendo
assim, o delito ainda esse encontra em vigor.
Cabe destacar qualificadora do § 2º no que diz res-
A prática da violência deve dar-se em razão da
peito à faixa de fronteira. Essa qualificadora é uma
função pública, não havendo a exigência de que seja
norma penal em branco, visto que a definição da fai-
praticado no efetivo desempenho das funções do car-
xa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634, de 1979,
go, podendo, portanto, ser praticada, por exemplo,
compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta)
por um funcionário público que se encontre de folga.
quilômetros ao longo das fronteiras nacionais.
Sobre esse crime, leve em consideração os seguin-
O fundamento desta qualificadora é a proteção à
tes pontos:
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
vulnerável.
z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
devendo ser praticada dolosamente;
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter-
z Admite tentativa;
minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário
administrado contra o qual é praticada a violência
público.
arbitrária;
Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias — pra-
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
de uso necessário e progressivo da força, admiti- públicos.
das em lei;
z O crime aperfeiçoa-se ainda que as vítimas da Dica
agressão não sofram lesões;
Sobre o crime de abandono de função, leve para
z Caso alguma das vítimas sofra lesão ou morra, o
a sua prova:
agente responderá por este crime e pelo crime cor-
� É crime omissivo;
respondente à violência praticada (lesões corpo-
rais ou homicídio). � Não admite tentativa;
� Só pode ser praticado dolosamente — não
Abandono de Função admite a culpa.

O crime de abandono de função está tipificado no Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou


DIREITO PENAL

art. 323, do CP. Prolongado

Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos Este crime está previsto no art. 324, do CP.
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 324 Entrar no exercício de função pública
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai- oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
xa de fronteira: tuído ou suspenso:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 75
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Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao Este crime pode ser praticado de duas formas:
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
função pública afeta a prestação de serviços públicos. z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
Conduta típica: entrar no exercício de função e que deva permanecer em segredo;
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso: É importante mencionar que o agente toma conhe-
Este crime pode ser praticado de duas formas: cimento do fato em relação ao qual deve permanecer
em segredo em razão do cargo que ocupa, não se exi-
z Entrar no exercício de função pública antes de gindo que tenha sido no efetivo desempenho das atri-
satisfeitas as exigências legais; buições do cargo.
z Continuar a exercer a função pública, sem autori- Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
zação, depois de saber oficialmente que foi exone- agente tomar conhecimento do fato durante período
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido de licença, mas em razão do cargo.
que o funcionário público tenha sido oficialmente O Código Penal apresenta duas formas equipara-
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs- das do crime de violação de sigilo funcional. Observe:
tituição ou suspensão. Neste aspecto, ressalta-se Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que o crime é instantâneo e prescinde de habitua- que:
lidade da conduta para sua consumação.
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
Observe que o exercício funcional ilegalmente
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
antecipado ou prolongado somente pode ser prati-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
cado por funcionário público já nomeado, mas ainda
mas de informações ou banco de dados da Admi-
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
nistração Pública;
ou então pelo indivíduo que era funcionário público,
z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial-
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso
Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
(parte final).
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, dano à Administração Pública ou a outrem.
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois Sobre este crime, fique atento:
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
te indicada no tipo penal. z Só será praticado dolosamente — não admite for-
Se um particular entrar no exercício da função ma culposa;
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
ção de função pública (art. 328 do CP). cionais, a exemplo de ser praticado na forma
Sobre o tipo penal em comento, é importante escrita.
saber:
Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
z Não admite a forma culposa;
z Admite tentativa. Este tipo penal era previsto no art. 326, e foi revo-
gado pelo art. 337-J também do Código Penal.
Violação de Sigilo Funcional
Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
O crime de violação de sigilo funcional encontra-se rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
previsto no art. 325, do Código Penal: de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou Funcionário público
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
ta, se o fato não constitui crime mais grave. efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
I - permite ou facilita, mediante atribuição, forne- ção pública.
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste- ce cargo, emprego ou função em entidade paraes-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- tatal, e quem trabalha para empresa prestadora
tração Pública; de serviço contratada ou conveniada para a execu-
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. ção de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
tração Pública ou a outrem: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quan-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
Este delito irá se configurar quando o agente públi- função de direção ou assessoramento de órgão da
co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo administração direta, sociedade de economia mis-
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
revelação. poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
76
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CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Os crimes praticados por particular contra a Administração Pública estão previstos entre os arts. 328 e 337-A,
do Código Penal.
Tratam-se de crimes comuns, que não exigem nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo,
podendo ser praticados por qualquer pessoa.
Usurpação de Função Pública
O crime de usurpação de função pública configurar-se-á quando o agente usurpar o exercício de função
pública.

Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:


Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Usurpar significa apoderar-se, tomar algo pela força ou sem direito.


Inicialmente, é importante que você não confunda o usurpador de função com o funcionário ou agente público
de fato (assunto bastante cobrado, tanto na disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito Administrativo):
z Usurpação de função pública: o agente exerce a função sem nenhum tipo de investidura, apoderando-se
dela. É crime;
z Funcionário ou agente de fato: o agente exerce a função pública, por ter ocorrido alguma irregularidade.
Não é crime.
Segundo posicionamento doutrinário majoritário, é necessário, para fins de consumação, que o agente exe-
cute algum ato inerente ao exercício da função, não configurando o crime a mera apresentação a terceiros como
funcionário público.
Vamos exemplificar:

z Exemplo 1: Antônio apresenta-se como policial militar para seus conhecidos como forma de se autovalorizar.
Não há que se falar em configuração do crime de usurpação de função pública, já que o agente não praticou
nenhum ato inerente ao exercício da função policial militar, podendo, conforme o caso, configurar outra infra-
ção penal.
z Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, uma farda da polícia militar. Em determinado dia, ele pro-
move uma falsa barreira e passa a abordar as pessoas que nela passam. Há a prática do crime de usurpação de
função pública, já que o agente praticou ato inerente ao exercício da função policial militar.

Não confunda o crime de usurpação de função pública com o crime exercício funcional ilegalmente antecipa-
do ou prolongado:

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO


USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA:
OU PROLONGADO:

O agente não possui vínculo algum com a Administração O agente possui algum tipo de vínculo com a Administra-
Pública (em relação à função usurpada) ção Pública
É crime praticado por particular contra a Administração É crime praticado por funcionário público contra a Admi-
Pública nistração Pública

Há uma forma qualificada do crime de usurpação de função pública:

Art. 328 [...]


Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Ocorre se, do fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de vantagem e não necessariamente financeira).
Sobre o crime de usurpação de função pública, é importante que você leve em consideração:

z Não admite a modalidade culposa;


z Admite tentativa;
z Pode ser praticado por funcionário público, segundo posicionamento que prevalece, mas a função usurpada
DIREITO PENAL

deve ser totalmente alheia à função dele (sendo ele considerado particular);
z É crime formal, não se exigindo para a sua configuração prejuízo ou dano à Administração Pública;
z Ação penal pública incondicionada.

Resistência

O crime de resistência está previsto no art. 329, do Código Penal:

Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo
ou a quem lhe esteja prestando auxílio: 77
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Pena - detenção, de dois meses a dois anos. Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos. z Deve haver uma ordem: significa determinação,
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí- mandamento. O não atendimento de mero pedido
zo das correspondentes à violência.
ou solicitação não caracteriza o crime;
z A ordem deve ser legal: material e formalmente.
A conduta típica deste crime é opor-se à execução Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal;
de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcio-
z Deve ser emanada de funcionário público com-
nário competente para executá-lo ou a quem lhe este-
petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia
ja prestando auxílio.
requisita informação bancária e o gerente do ban-
Sobre a conduta típica, as seguintes informações
co não atende. Não há crime, pois o gerente só está
são muito importantes:
obrigado a fornecer a informação se houver deter-
minação judicial;
z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
público seja legal; z É necessário que o destinatário tenha o dever jurí-
z Se o ato praticado por funcionário público for ile- dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
gal, não há que se falar em resistência; crime se a recusa se der por motivo de força maior
z Exige-se que o funcionário público seja competen- ou por ser impossível por algum motivo o seu
te para executar o ato; cumprimento.
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
gada diretamente contra o funcionário competen- A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem
te, podendo ser empregada contra o terceiro que ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo
esteja auxiliando o funcionário. penal.
Sobre a desobediência, é importante que você leve
Sobre a resistência, é importante que você leve em em consideração:
consideração:
z Não admite a culpa;
z Deve ser praticada dolosamente; z Pode ser praticada tanto na forma omissiva quan-
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o to na forma comissiva;
agente empregar violência ou grave ameaça; z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
z O emprego de violência ou ameaça contra dois ou comissiva, admite;
mais funcionários públicos, em uma situação fáti- z Deve haver ordem emanada por funcionário
ca, configura crime único.3 público, não caracterizando este crime a mera
solicitação.
O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso Desacato
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato. O crime de desacato, previsto no art. 331, do Código
A violência ou ameaça deve ser empregada contra Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário
pessoa, não constituindo o crime se empregada contra público no exercício da função ou em razão dela.
coisa (posição dominante).
É crime formal, que se consuma com a prática da Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-
violência ou ameaça. cio da função ou em razão dela:
Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
do iter criminis.
Desacatar = ofender, faltar com respeito.
z Resistência qualificada: se, em razão da resistên- Não se exige que o funcionário público esteja no
cia, o ato não se executa. efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
Por fim, leve para a sua prova: o agente responde- ofensa se dê em razão da função pública.
rá pela resistência e pela violência empregada.
Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal
z Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
praticado por funcionário competente, o particular
que estava no exercício de sua função, de “poli-
usa de violência, causando lesão corporal de nature-
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a
za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
prender aquele.
lesão grave.
z Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial
civil, em um restaurante em Porto Seguro, durante
Desobediência
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo
Este crime está previsto no art. 330, do Código fato de Cássio tê-lo prendido no passado.
Penal. Configurar-se-á quando o agente desobedecer z Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
à ordem legal de funcionário público. de “babaca sem noção”, em uma partida de fute-
bol, pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.
Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário
público: Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em
multa. razão da função exercida pelo funcionário público.
78 3 (TJSP — Rel. Onei Raphael — RT 577/342).
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No exemplo 3, não há que se falar em desacato. z Obter.
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro-
ferida pelo agente em nada tem a ver com a função O agente não tem influência sobre o funcioná-
pública. rio público, mas passa a impressão de que a tem,
Sobre o desacato, é importante que você fique com a finalidade de obter vantagem ou promessa de
atento às seguintes considerações: vantagem.
Caso o agente realmente tenha poder de influência
z O desacato pode dar-se por qualquer meio: insul- sobre o funcionário público que praticará o ato, não
tos, vias de fato, gestos, entre outros;
há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
z O desacato deve ser praticado contra funcionário
entanto, configurar-se outro crime.
público, não caracterizando este tipo penal a críti-
Sobre o tráfico de influência, é importante que
ca ou ofensa à repartição pública;
z É crime formal, que se consuma com a prática da você tome cuidado com as seguintes informações:
conduta descrita no tipo penal, independentemen-
te de o funcionário público se considerar ofendido z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
ou não; penal, por falta de previsão legal desta conduta;
z Só pode ser praticado dolosamente; z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
z Deve ser praticado na presença do funcionário solicitação, exigência ou cobrança.
público — doutrina dominante. z No caso do verbo obter, o crime é material;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
Importante! promessa de vantagem para si ou para outrem.
Não se confunde o crime de desacato com os
crimes contra a honra. No desacato, a ofensa é A pena do crime de tráfico de influência será
dirigida à figura do funcionário público e não à aumentada de metade se o agente alega ou insinua
pessoa em si. Deste modo, a doutrina majoritária que a vantagem é também destinada ao funcionário.
entende que o crime de desacato deve ser prati-
cado na presença do funcionário público, ao pas- Corrupção Ativa
so que, caso a ofensa seja irrogada na ausência
física do funcionário, será caracterizado crime O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333, do
contra a honra. Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
relação aos crimes contra a administração pública.

Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida
pela descriminalização do crime de desacato, por a funcionário público, para determiná-lo a prati-
entender que este crime viola a liberdade de expres- car, omitir ou retardar ato de ofício.
são do indivíduo, em julgamento de habeas corpus. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posiciona- multa.
mento do tribunal no sentido de que o desacato con- Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
tinua sendo crime, pois isso não viola a liberdade de se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
expressão. nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.
Tráfico de Influência
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem
O crime de tráfico de influência está previsto no indevida a funcionário público, para determiná-lo a
art. 332, do Código Penal: praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si


CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA
ou para outrem, vantagem ou promessa de vanta-
gem, a pretexto de influir em ato praticado por fun- Solicitar
cionário público no exercício da função: Oferecer
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Receber
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- Aceitar Prometer
bém destinada ao funcionário.
Fique atento às informações a seguir, muito impor-
Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter,
tantes em relação à corrupção ativa:
DIREITO PENAL

para si ou para outrem, vantagem ou promessa de


vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função. z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati- prevê mais de um verbo para sua prática: ofere-
cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre- cer e prometer. Por exemplo, João oferece uma
vistos no tipo penal: quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal
para não ser multado pela prática de infração de
z Solicitar; trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em
z Exigir; dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao
z Cobrar; seu veículo que está estacionado em local proibido; 79
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z É crime formal, que se consuma com a prática da conduta delituosa, não se exigindo que o funcionário público
aceite a vantagem ou promessa de vantagem;
z Não admite a forma culposa;
z Exige-se dolo específico: a intenção de determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício;
z Caso o particular ceda à solicitação (corrupção passiva) ou à exigência (concussão), e entregue vantagem inde-
vida, seja em pagamento ou dando algo, a sua conduta será atípica, conforme posicionamento jurisprudencial
majoritário;
z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3 (um terço) se em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário público retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional

Não confunda os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e concussão:

CORRUPÇÃO ATIVA CORRUPÇÃO PASSIVA CONCUSSÃO


Verbos: oferecer e prometer Verbos: solicitar, receber e aceitar Verbo: exigir
Praticado por particular contra a Admi- promessa
nistração Pública Crime praticado por funcionário públi-
É crime quando o agente, com oferta Quando se tratar de corrupção passi- co contra a Administração Pública
ou promessa de vantagem, quer que o va privilegiada, quando o funcionário
funcionário público retarde ato de ofí- público “dá o jeitinho” e não pratica O agente exige, para si ou para outrem,
cio, omita ato de ofício ou pratique ato o ato que deveria, o particular figu- vantagem indevida, direta ou indireta,
de ofício ra como partícipe por ter praticado o ainda que fora da sua função pública,
Quando a corrupção ativa é para obter induzimento ou antes de assumi-la, mas em razão
voto, o crime será o tipificado no art. dela
229, do Código Eleitoral
Se o agente se limitar a pedidos como
“dar um jeitinho” ou “quebrar o galho”,
não se configura crime de corrupção
ativa por falta de elementares

Inutilização de Edital ou de Sinal

Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público;
violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para
identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Conduta típica: rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcioná-
rio público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.
O crime de inutilização de edital ou de sinal, previsto no art. 336, do Código Penal, é de ação múltipla, podendo
ser praticado da seguinte forma:

z Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não possa ser
utilizado) edital afixado por ordem de funcionário público;
z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público,
para identificar ou cerrar (encobrir) qualquer objeto.

Sobre o crime de inutilização de edital ou de sinal, leve em consideração:

z É crime comum;
z Admite tentativa;
z Segundo posicionamento doutrinário dominante, caso a conduta seja praticada quando não mais produz efeito
o edital (fora do seu prazo de validade, por exemplo), não se configurará este tipo penal;

Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento

O crime de subtração ou inutilização de livro ou documento está previsto no art. 337, do CP.

Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Tutela-se a Administração Pública, relativamente ao normal funcionamento da atividade administrativa.


Cabe destacar que o livro oficial, processo ou documento (público ou particular) é confiado à custódia de fun-
80 cionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Por isso, é dever que seja confiada a custódia a Como é possível se extrair pela leitura da figura
funcionário, em razão de ofício, não se verificando típica, o crime pode ser praticado mesmo que o agen-
este crime quando alguém subtrai ou inutiliza, total te dê causa a outro procedimento, ainda que não seja
ou parcialmente, um livro oficial, processo ou docu- processo judicial, a exemplo de investigação policial
mento de quem não o guarda por conta da sua função. ou administrativa. É importante compreender isso,
É importante analisar que, na parte final do precei- pois muitas questões abordam esta situação.
to primário do dispositivo em estudo, há a expressão Sobre o crime de denunciação caluniosa, é impor-
“ou de particular em serviço público”, pois existem, tante ficar atento ao seguinte:
em certas hipóteses excepcionais, particulares que
desempenham funções públicas (por exemplo, mesá- z Só pode ser praticado dolosamente. Parte da dou-
rio nas eleições). Observe que se alguém subtrair ou trina não admite o dolo eventual neste crime, já
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento que o tipo penal exige que o agente saiba que o
confiado a essas pessoas, a ele será imputado o crime fato é imputado contra pessoa inocente.
de subtração ou inutilização de livro ou documento.
Sobre o núcleo do tipo: A denunciação caluniosa poderá se configurar
quando o agente imputa crime que realmente acon-
z Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu- teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando
mento do local em que se encontra, dele se apode- imputa a alguém a prática de crime que não existiu
rando o agente. (neste caso, não há dúvidas sobre a inocência da pes-
z Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro- soa, já que o fato sequer aconteceu);
cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se
reclama sua efetiva destruição. z É necessário que o fato imputado seja crime ou
contravenção penal (no caso de contravenção
Consuma-se o crime em estudo no instante em que o penal, a pena será reduzida de metade), não se
livro oficial, processo ou documento é subtraído, median- configurando este tipo penal caso o agente impute
te seu apoderamento pelo agente, seguido da inversão da infração administrativa ou civil;
sua posse e sua consequente retirada da esfera de vigilân- z É crime comum;
cia da vítima, ou então inutilizado, total ou parcialmente. z Admite a forma tentada. Por exemplo, o agente
Observe que se o documento se destina a fazer prova narra ao delegado de polícia que o autor de deter-
de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró- minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não
prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave. inicia qualquer investigação porque o verdadeiro
Sobre o este tipo penal, é importante ficar atento autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter
ao seguinte: cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter
iniciado qualquer investigação;
z É crime comum; z A pessoa contra quem se imputa o crime deve ser
z Admite tentativa; determinada, sendo ela, assim como o Estado, o
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele sujeito passivo da prática delituosa;
apenas caso não se configure um crime mais grave; z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri-
z Na hipótese de o documento destinar-se a fazer prova me de calúnia.
de relação jurídica, e o agente visar beneficiar a si pró-
prio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave; A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso
z Somente será praticado na modalidade dolosa. o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA pena será diminuída de metade, caso a imputação seja
JUSTIÇA de prática de contravenção penal.
Observe as principais diferenças entre a denuncia-
Denunciação Caluniosa ção caluniosa e o crime de calúnia:
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CALÚNIA
A denunciação caluniosa está prevista no art. 339,
do Código Penal: É crime contra a administração
da justiça
A ação penal é pública incondi-
Art. 339 Dar causa à instauração de inquérito poli-
cionada; discute-se na doutrina
cial, de procedimento investigatório criminal, de É crime contra a honra
e jurisprudência se o processo
processo judicial, de processo administrativo dis- A ação penal é privada
por denunciação caluniosa pode
ciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi- Punida pelo fato de o
ser iniciado antes do desfe-
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe agente ofender a honra
cho do procedimento ou ação
crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de objetiva da vítima
originários
É admitida a imputação
que o sabe inocente: Punida pelo fato de o agente
falsa apenas de crime
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. movimentar falsamente o aparato
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente estatal, tentando prejudicar a
DIREITO PENAL

se serve de anonimato ou de nome suposto. vítima perante o Estado


§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação É admitida a imputação falsa de
é de prática de contravenção. crime ou contravenção penal

Tem como figura típica a seguinte conduta: dar Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
causa direta ou indireta à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de investiga- Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro- cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe ção que sabe não se ter verificado:
crime de que o sabe inocente. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 81
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ao contrário do que ocorre no crime de denun- Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em
ciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de consideração:
crime ou contravenção o agente não individualiza o
autor do fato que não existiu, mas apenas comunica z Só pode ser praticado dolosamente;
à autoridade crime ou contravenção penal que sabe z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
não ter ocorrido. quando a confissão falsa remetida se extravia;
Sobre este crime, é importante mencionar que: z Não se exige que seja praticado apenas perante
a autoridade policial, mas pode ser na presença
z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente de qualquer autoridade competente (delegado de
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou polícia, membro do Ministério Público, autoridade
contravenção penal, provocando a ação desta, este judicial etc.);
tipo penal não estará configurado; z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
z É crime comum; autoridade para a consumação do crime, bastando
z Admite tentativa; a autoacusação falsa;
z Se o fato imputado for infração administrativa ou z O direito da autodefesa não permite que se impute
civil, não irá se configurar o crime; falsamente crime a si mesmo.
z A maioria da doutrina, não se configura o crime
quando o agente se limita a comunicar ilícito penal Falso Testemunho ou Falsa Perícia
diverso do que realmente ocorreu, desde que o
fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam O crime de falso testemunho ou falsa perícia está
crimes da mesma natureza; previsto no art. 342, do Código Penal.
z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar
ocultar outro crime por ele praticado, responde Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou
também pela comunicação falsa de crime. calar a verdade como testemunha, perito, con-
tador, tradutor ou intérprete em processo judi-
COMUNICAÇÃO cial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
DENUNCIAÇÃO juízo arbitral:
FALSA DE CRIME OU
CALUNIOSA Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
CONTRAVENÇÃO
O agente não aponta pes- Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
soa certa e determinada O agente aponta pessoa praticado mediante a execução de quaisquer um dos
como autora da infração certa e determinada como verbos previstos no tipo penal.
penal, mas apenas comu- autora da infração penal Sua consumação ocorre com o encerramento do
nica fato inexistente depoimento.
Instaura inquérito policial, Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia,
procedimento investiga- é importante levar para a sua prova:
Adota alguma ação com tório criminal, processo
finalidade de apurar os judicial, processo adminis- z Não admite a forma culposa;
fatos trativo disciplinar, inquérito z Sujeito ativo: É crime de mão própria, que só pode-
civil ou ação de improbida- rá ser praticado por uma das pessoas previstas no
de administrativa tipo penal (testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete).
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face-
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou
para uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao Importante!
delegado de polícia, que iniciou as investigações sobre � O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
o fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o abor- verbos previstos no tipo penal não pratica o crime
to não existiu, já que a publicação se tratava de uma de falso testemunho, já que ele não é testemunha;
brincadeira por parte daquele que a realizou.
� Os investigados ou acusados não cometem o
Não há que se falar em figura típica da comunica-
crime de falso testemunho, pois não são consi-
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
derados testemunhas;
comunicar falsamente o fato que não existiu.
� As pessoas descompromissadas ou dispensadas
Autoacusação Falsa de depor, bem como as pessoas proibidas de depor,
poderão ser responsabilizadas pelo delito em tela.
Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem:
Segundo posicionamento doutrinário dominante:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
multa.
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
É possível a configuração deste tipo penal quando possível a participação;
o agente se acusar de: z A falsa perícia admite coautoria e participação.

z Crime não existente (a conduta criminosa sequer Causas de Aumento de Pena


foi praticada, sequer existiu);
Art. 342 [...]
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
(a conduta criminosa foi realmente realizada, mas
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou
82 foi outro indivíduo que a praticou).
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se cometido com o fim de obter prova destinada a As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
produzir efeito em processo penal, ou em processo um terço), se o crime é:
civil em que for parte entidade da administra-
ção pública direta ou indireta. z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal;
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um duzir efeito em processo civil em que for parte enti-
sexto) a um terço, se o crime é: dade da Administração Pública direta ou indireta.

z Praticado mediante suborno; Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha


z Cometido com o fim de obter prova destinada a contador, perito, intérprete ou tradutor, é importante
produzir efeito em processo penal; ficar atento ao seguinte:
z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
duzir efeito em processo civil em que for parte enti- z Não pode ser praticado culposamente;
dade da Administração Pública direta ou indireta. z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal;
z No verbo dar, é crime material;
Retratação — Causa Especial de Extinção da z Admite tentativa, quando for possível fracionar o
Punibilidade iter criminis;
z O crime de corrupção ativa de testemunha ou
Art. 342 [...] perito deixa de ser punível se, antes da sentença
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sen- no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
tença no processo em que ocorreu o ilícito, o retrata ou declara a verdade, mas não se estende
agente se retrata ou declara a verdade. ao crime apurado no procedimento em que a tes-
temunha faltou com a verdade.
Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá
ter extinta a punibilidade do crime, desde que isso: Coação no Curso do Processo

z Seja realizado antes da sentença (ainda preva- Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com o
lece o entendimento de que se trata da sentença fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
recorrível); tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
z Seja realizado no processo em que ocorreu o ilícito funciona ou é chamada a intervir em processo judi-
(no processo em que se deu o falso e não no proces- cial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
so referente ao falso). Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
da pena correspondente à violência.
Não responderá pelo crime de falso testemunho a Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) até a metade se o processo envolver crime
pessoa que praticar as condutas descritas no tipo penal
contra a dignidade sexual.
incriminador com a finalidade de não se autoincriminar.
Lembre-se de que ninguém será prejudicado por
O crime de coação no curso do processo é aquele
não produzir provas contra si mesmo.
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
Quando a testemunha mente por estar sendo
emprega violência ou grave ameaça contra pessoas
ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
que participam do processo ou juízo arbitral.
responde pelo crime de falso testemunho.
Observe as duas hipóteses:
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito
z Suponha que André tenha praticado um crime de
roubo a um supermercado, estando ele sendo proces-
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, sado por isso. Thais, funcionária do supermercado,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- é testemunha, tendo sido marcado um dia para que
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, ela comparecesse em juízo para dar seu depoimento.
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: André, com a finalidade de favorecer seus próprios
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. interesses, vai à casa de Thais e, utilizando-se de uma
arma de fogo para ameaçá-la, exige que ela diga que
O art. 343, do Código Penal, apresenta um outro tipo não foi ele quem praticou o fato, mas outra pessoa.
penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ativa André praticou o crime de coação no curso do pro-
de testemunha contador, perito, intérprete ou tradutor. cesso, já que empregou grave ameaça contra pessoa
chamada a intervir em processo judicial;
z Verbos: dar, oferecer ou prometer; z Aproveitando a mesma hipótese anterior, porém,
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- agora André, sabendo sobre o que Thais disse na
dutor ou intérprete; inquirição, vai à casa dela e, utilizando-se de uma
DIREITO PENAL

z Finalidade: fazer com que as pessoas façam afir- arma de fogo para ameaçá-la, diz que irá matá-la por
mação falsa, neguem ou calem a verdade em depoi- não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime,
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. por tê-lo incriminado. André, nesta hipótese, praticou
o crime de ameaça, uma vez que empregou grave
Art. 343 [...] ameaça contra a pessoa após o depoimento, exaurin-
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- do-se a participação daquela na ação.
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em proces- Caso o agente se utilize de violência para praticar o
so penal ou em processo civil em que for parte enti- crime de coação no curso do processo, responderá por
dade da administração pública direta ou indireta. este, além da pena correspondente à violência. 83
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Sobre a coação no curso do processo, fique atento Sobre este tipo penal, é importante salientar:
às seguintes informações:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com
sáveis pela condução do processo, como juízes, a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
promotores, delegados de polícia, entre outros; tipo penal: tirar, suprimir, destruir ou danificar;
z Só pode ser praticado dolosamente; z Trata-se de crime próprio. Exige-se que a coisa seja
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de própria do agente que praticou a conduta deli-
favorecer interesse próprio ou alheio; tuosa. Pode haver coautoria ou participação de
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- terceiros;
lência ou grave ameaça, independentemente de o z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
coagido ceder; minação judicial ou convenção. Se for por outro
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser motivo, não se configurará este crime;
praticado por escrito e haver extravio. z Admite tentativa.

Exercício Arbitrário das Próprias Razões Para consumação deste crime, existem duas
correntes:
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- z O crime é formal e consuma-se quando o agente
do a lei o permite: emprega o meio executório;
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, z O crime é material e só se consuma com a satisfa-
além da pena correspondente à violência. ção da pretensão visada.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa. Fraude Processual

Observe a parte final da figura típica: salvo quan- Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
do a lei o permite. processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
Pode-se concluir que, quando houver permissão de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos juiz ou o perito:
não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele Parágrafo único. Se a inovação se destina a produ-
responsabilizado criminalmente. zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
Observe o exemplo a seguir: Tício é proprietário do, as penas aplicam-se em dobro.
de uma casa que se encontra alugada para Mévio. O
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Tício, Com previsão legal no art. 347, do Código Penal,
indignado com a situação, vai até o local, troca todas o crime de fraude processual configurar-se-á quando
as fechaduras e coloca os objetos pessoais de Mévio o agente inovar artificiosamente, na pendência de
do lado de fora. Neste caso, Tício praticou o crime de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
exercício arbitrário das próprias razões, já que fez jus- coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
tiça com as próprias mãos, para satisfazer pretensão ou o perito.
legítima (ele tinha o direito de receber os valores cor- Aplica-se a pena em dobro se a inovação se destina
respondentes ao aluguel de seu imóvel). a produzir efeito em processo penal, ainda que não
A pretensão do agente deveria ter sido soluciona- indiciado o agente.
da pelos meios legais pertinentes. Exemplo: Carlos praticou o crime de homicídio, ao
Sobre o exercício arbitrário das próprias razões, matar Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinhei-
deve-se ficar atento ao seguinte: ro. Com a finalidade de simular uma hipótese de legíti-
ma defesa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca,
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- fraudulentamente, nas mãos da vítima, uma arma de
quer pessoa; fogo, modificando o estado de pessoa.
z Só poderá ser praticado dolosamente; Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
z É crime formal, consumando-se com o emprego ou pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
uso do meio arbitrário, independentemente de o vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
agente alcançar ou não a pretensão; Sobre o crime de fraude processual, fique atento
z Admite tentativa; ao seguinte:
z Caso o agente pratique o crime com emprego de
violência, responderá também por ela. z É crime comum;
z Não admite a modalidade culposa;
Subtração ou Dano de Coisa Própria Legalmente em z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
Poder de Terceiro perito;
z É crime formal, que se consuma com a prática da
Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
sa própria, que se acha em poder de terceiro por efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
determinação judicial ou convenção: z Admite a modalidade tentada.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
A respeito do direito à não autoincriminação, veja-
No art. 346, do Código Penal, há uma outra figu- mos o entendimento do STJ: “O direito à não autoincri-
ra típica, bastante parecida com o crime de exercício minação não abrange a possibilidade de os acusados
84 arbitrário das próprias razões. alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar,
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
de coisa ou de pessoa, para, criando artificiosamente O crime de desobediência a decisão judicial sobre
outra realidade, levar peritos ou o próprio Juiz a erro perda ou suspensão de direito, inserido no Código
de avaliação relevante”.4 Penal entre os crimes contra a administração da justi-
ça, representa uma modalidade especial do delito de
Exploração de Prestígio desobediência, capitulado no art. 329, do CP, entre os
crimes praticados por particular contra a administra-
Está previsto no art. 357, do CP: ção em geral.
Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer legal emanada de funcionário público. No entanto, o
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jura- crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
do, órgão do Ministério Público, funcionário de jus- especializantes, pois o agente não desobedece a uma
tiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. rio público.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um
Neste crime, o agente vai além, exercendo função,
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
atividade, direito, autoridade ou múnus de que estava
ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
suspenso ou privado por decisão judicial.
soas referidas neste artigo.
Tutela-se a administração da justiça.
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata
Não se deve confundir este tipo penal com o cri-
me de tráfico de influência, previsto no art. 332, do CP. de crime próprio ou especial, pois somente pode ser
Vejamos a diferença na tabela a seguir: praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
suspensa ou privada relativamente ao exercício de
determinada função, atividade, direito, autoridade ou
EXPLORAÇÃO DE TRÁFICO DE
múnus.
PRESTÍGIO (ART. 357) INFLUÊNCIA (ART. 332)
O sujeito passivo é o Estado.
Crime contra a adminis- Crime contra a adminis- Consuma-se com o simples exercício da função,
tração da justiça tração em geral atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
Solicitar, exigir, cobrar agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
Solicitar ou receber di-
ou obter, para si ou para ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
nheiro ou qualquer outra
outrem, vantagem ou resultado naturalístico.
utilidade, a pretexto de
promessa de vantagem, a Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
influir em
pretexto de influir em determinação emanada do Poder Judiciário.
juiz, jurado, órgão do Sobre este crime, é importante que você leve em
Ministério Público, fun- em ato praticado por fun- consideração as seguintes informações:
cionário de justiça, perito, cionário público no exer-
tradutor, intérprete ou cício da função z Só poderá ser praticado dolosamente;
testemunha z Admite a modalidade tentada;
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
A pena do crime de exploração de prestígio será
trativa, não se configurará este tipo penal.
aumentada de 1/3 (um terço) se o agente alega ou insi-
nua que o dinheiro ou utilidade também se destina
ao juiz, ao jurado, ao órgão do ministério público, ao
funcionário de justiça, ao perito, ao tradutor, ao intér-
prete ou à testemunha.
HORA DE PRATICAR!
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para
1. (VUNESP — 2019) Tirso de Arruda é servidor público e
a sua prova:
nas horas de folga auxilia seu irmão, Tássio, em uma
pequena gráfica, sem qualquer remuneração. Apro-
z É crime comum, que poderá ser praticado por
veitando-se dos materiais ali existentes, imprimiu dez
qualquer pessoa;
passes de transporte público municipal, para usar nos
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z No verbo solicitar, é crime formal; deslocamentos de casa para o trabalho e vice-versa.
z No verbo receber, é crime material;
z Admite tentativa. Ao agir dessa forma, Tirso cometeu o crime

Desobediência a Decisão Judicial Sobre Perda ou a) de falsificação de papéis públicos.


Suspensão de Direito b) de falsificação de selo ou sinal público.
c) de falsificação de documento público.
Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori- d) assimilado ao de moeda falsa.
DIREITO PENAL

dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por e) de emissão de título ao portador sem permissão legal.
decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 2. (VUNESP — 2022) Com relação à punição para o falsi-
ficador de documentos, é correto afirmar:
Este crime está previsto no art. 359, do CP, e confi-
gurar-se-á quando o agente exercer função, atividade, a) é mais severa a pena para a falsificação de documen-
direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou tos públicos por se tratar de ato atentatório à fé públi-
privado por decisão judicial. ca e potencialmente mais danoso.
4 (STJ: HC 137.206/SP, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma, j. 01.12.2009). 85
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b) independentemente da natureza dos documentos, a vio- e) A conduta de manter estabelecimento em que ocor-
lação da verdade terá punição equitativa em decorrência ra exploração sexual é atípica, desde que não envolva
da quebra de segurança das relações dos cidadãos. menor de 18 (dezoito) anos.
c) independentemente de se tratar de falsidade grosseira,
há potencialidade lesiva e, portanto, é igualmente punível. 7. (VUNESP — 2018) No tocante às infrações previstas
d) é punido mais severamente o falsificador de docu- nos artigos 307, 308 e 311-A, do Código Penal, assina-
mento formal e substancialmente público do que o le a alternativa correta.
falsificador de documento formalmente público e
substancialmente privado. a) O crime de fraude em certames de interesse público é
próprio de funcionário público.
3. (VUNESP — 2019) A inserção de declaração falsa em b) A conduta de ceder o documento de identidade a ter-
documento público ou particular, com o fim de prejudi- ceiro, para que dele se utilize, é penalmente atípica,
car direito, criar obrigação ou alterar a verdade de fato sendo crime apenas o uso, como próprio, de documen-
juridicamente relevante configura to alheio.
c) O crime de fraude em certames de interesse público
a) crime de favorecimento pessoal. configura-se pela divulgação de conteúdo de certame,
b) crime de sonegação de documento. ainda que não sigiloso.
c) crime de falsidade ideológica. d) O crime de fraude em certames de interesse público
d) crime de falsidade material. prevê a figura qualificada, se dele resulta dano à admi-
nistração pública.
4. (VUNESP — 2019) É crime próprio quanto ao sujeito: e) A conduta de atribuir a terceiro falsa identidade é
penalmente atípica, sendo crime apenas atribuir a si
a) falsidade material de atestado ou certidão (CP, art. próprio identidade falsa.
301, § 1o).
b) adulteração de peça filatélica (CP, art. 303). 8. (VUNESP — 2021) Considere o seguinte caso hipo-
c) falsificação de sinal público (CP, art. 296, I). tético: “A”, servidor público, ao término do expedien-
d) atestado ideologicamente falso (CP, art. 301). te, fecha sua seção, mas, inadvertidamente, esquece
e) falsidade ideológica (CP, art. 299). uma das janelas aberta. “B”, ao constatar que a jane-
la está aberta, aproveita- -se da situação, adentra à
5. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes previstos nos seção onde “A” trabalha e subtrai um computador.
artigos 293 a 305 do Código Penal, assinale a alterna-
tiva correta. Diante apenas das informações contidas no enuncia-
do e nos termos do previsto no Código Penal, é correto
a) O crime de falsificação de documento público (art. afirmar que
297 do CP) é próprio de funcionário público.
b) No crime de falsidade de atestado médico (art. 302
a) “A” cometeu o crime de peculato culposo.
do CP), independentemente da finalidade de lucro do
b) “B” cometeu o crime de peculato furto.
agente, além da pena privativa de liberdade, aplica-se
c) “A” e “B” cometeram o crime de peculato culposo em
multa.
coautoria.
c) A falsificação de livros mercantis caracteriza o crime
d) “A” e “B” cometeram o crime de peculato furto em
de falsificação de documento particular (art. 298 do
coautoria.
CP).
e) “A” não cometeu qualquer crime.
d) O crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP), em
documento público, é próprio de funcionário público.
e) O crime de supressão de documento (art. 305 do 9. (VUNESP — 2020) Assinale a alternativa que contem-
CP), para se caracterizar, exige que o documento seja pla um crime praticado por funcionário público contra
verdadeiro. a Administração em geral e que admite a modalidade
culposa.
6. (VUNESP — 2018) Tendo em conta os crimes contra
a dignidade sexual (artigos 213 a 234-B do Código a) Condescendência criminosa.
Penal) e os crimes contra a fé pública (artigos 289 a b) Excesso de exação.
311 do Código Penal), assinale a alternativa correta. c) Peculato.
d) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
a) O cartão de crédito ou débito, para fins penais, é equi- e) Violação de sigilo funcional.
parado a documento particular.
b) Ocultar documento público ou particular verdadeiro, 10. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes praticados
em prejuízo alheio, não configura o crime de supres- por funcionários públicos contra a administração
são de documento (art. 305 do CP), sendo típicas pública, é correto afirmar que
apenas as condutas de suprimir e destruir documento
público ou particular verdadeiro. a) Tício, funcionário público, ao se apropriar do dinhei-
c) A conduta de atrair alguém à prostituição é atípica, ro arrecadado pelos funcionários da repartição para
desde que não se trate de pessoa menor de 18 (dezoi- comprar o bolo de comemoração dos aniversariantes
to) anos. do mês, em tese, pratica o crime de peculato (art. 312
d) Os crimes de falso reconhecimento de firma ou letra do CP).
(art. 300 do CP); certidão ou atestado ideologicamen- b) Mévia, funcionária pública, não sendo advogada, não
te falso (art. 301 do CP) e falsidade material de ates- pode incorrer no crime de advocacia administrativa
tado ou certidão (art. 301, parágrafo 1o do CP) são (art. 321 do CP), já que referido tipo penal exige a qua-
86 próprios de funcionários públicos. lidade de advogado do sujeito ativo.
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c) Tícia, funcionária pública, ao exigir, em razão de sua 15. (VUNESP — 2018) “Patrocinar, direta ou indiretamen-
função, que determinada empresa contrate o filho, em te, interesse privado perante a administração pública,
tese, incorre no crime de corrupção passiva (art. 317 valendo-se da qualidade de funcionário”.
do CP).
d) Caio, funcionário público, ao empregar verba própria O tipo transcrito configura a infração penal comum
da educação, destinada por lei, na saúde, em tese, denominada
incorre no crime de emprego irregular de verba pública
(art. 315 do CP). a) Advocacia Administrativa.
e) Mévio, funcionário público, em razão de sua função, ao
b) Patrocínio Indébito.
aceitar promessa de recebimento de passagens aéreas,
c) Tergiversação.
para férias da família, não incorre no crime de corrupção
d) Exploração de Prestígio.
passiva (art. 317 do CP), já que referido tipo penal exige o
e) Patrocínio Infiel.
efetivo recebimento de vantagem indevida.

11. (VUNESP — 2022) vizinho Luís cometer um furto nas 16. (VUNESP — 2020) De acordo com a Lei nº 9.983/00,
redondezas. José, então, no dia seguinte, associa-se a o ato de suprimir ou reduzir contribuição social pre-
Pedro, contando-lhe o fato praticado por Luís. José e videnciária e qualquer acessório de maneira dolosa
Pedro combinam de obter vantagem com a situação. corresponde ao crime de
Pedro, conforme acordado com José, procura a mãe
de Luís, informa que sabem do furto e exige o valor a) sonegação de contribuição previdenciária.
de R$ 10 mil para que José não execute a prisão em b) apropriação indébita previdenciária.
flagrante de Luís. A mãe de Luís, sabedora do cargo c) peculato apropriação.
exercido por José e tendo em vista temer pela prisão d) modificação ou alteração não autorizada de sistema
do filho, aceita a exigência. O dinheiro não é entregue de informações.
porque a mãe de Luís desiste do pagamento. José não e) estelionato previdenciário.
prende Luís.
17. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes praticados
Diante deste cenário hipotético, por particulares contra a administração, em geral
(arts. 328; 329; 330; 331; 332; 333; 335; 336 e 337 do
a) José praticou corrupção passiva, na modalidade CP), assinale a alternativa correta.
tentada.
b) Pedro praticou concussão, na modalidade consumada.
a) Para se configurar, o crime de usurpação de função
c) Pedro praticou extorsão, na modalidade consumada.
pública exige que o agente, enquanto na função, obte-
d) a mãe de Luís praticou corrupção passiva, na modali-
nha vantagem.
dade consumada.
e) a mãe de Luís praticou corrupção ativa, na modalidade b) Não há previsão de modalidade culposa.
tentada. c) Aquele que se abstém de licitar em hasta pública, em
razão de vantagem indevida, não é punido pelo crime
12. (VUNESP — 2019) O servidor público que exige para de impedimento, perturbação ou fraude de concorrên-
outrem, indiretamente, fora da função, mas em razão cia, já que se trata de conduta atípica.
dela, vantagem indevida d) O crime de desacato não se configura se o funcionário
público não estiver no exercício da função, ainda que o
a) comete o crime de concussão. desacato seja em razão dela.
b) não comete qualquer crime. e) Para se configurar, o crime de corrupção ativa exige o
c) comete o crime de corrupção passiva. retardo ou a omissão do ato de ofício, pelo funcioná-
d) comete o crime de prevaricação. rio público, em razão do recebimento ou promessa de
e) comete o crime de corrupção ativa. vantagem indevida.

13. (VUNESP — 2018) Assinale a alternativa correta. 18. (VUNESP — 2021) Nos termos do Código Penal, assi-
nale a alternativa que contempla apenas crimes con-
a) Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da tra a administração da justiça.
estabelecida em lei não é considerado crime.
b) A corrupção passiva é crime apenado com reclusão e a) Coação no curso do processo, fraude processual e
multa. usurpação de função pública.
c) O furto possui modalidade culposa.
b) Fraude processual, favorecimento pessoal e
d) A calúnia é crime apenado com reclusão.
desobediência.
e) O atentado violento ao pudor é apenado com reclusão.
c) Reingresso de estrangeiro expulso, denunciação calu-
niosa e falso testemunho ou falsa perícia.
DIREITO PENAL

14. (VUNESP — 2019) O servidor público que, por indul-


gência, deixar de responsabilizar o subordinado que d) Corrupção passiva privilegiada, coação no curso do
cometeu infração no exercício do cargo, cometerá o processo e Extravio, sonegação ou inutilização de livro
crime de ou documento.
e) Denunciação caluniosa, resistência e usurpação de
a) emprego irregular de verbas públicas. função pública.
b) condescendência criminosa.
c) excesso de exação. 19. (VUNESP — 2019) A respeito dos crimes contra a
d) prevaricação. administração da justiça (arts. 339 a 347 do CP), assi-
e) peculato mediante erro de outrem. nale a alternativa correta. 87
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a) O crime de exercício arbitrário das próprias razões pro-
cede-se mediante queixa, ainda que haja emprego de 19 C
violência. 20 D
b) A autoacusação para acobertar ascendente ou des-
cendente é atípica.
c) Dar causa a inquérito civil contra alguém, imputando-
-lhe falsamente a prática de crime, em tese, caracteri-
za o crime de denunciação caluniosa. ANOTAÇÕES
d) Provocar a ação de autoridade, comunicando a ocor-
rência de crime que sabe não ter se verificado, em
tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa.
e) O crime de falso testemunho exige, para configuração,
que o agente receba vantagem econômica ou outra de
qualquer natureza.

20. (VUNESP — 2019) A conduta que se amolda ao crime


de “inscrição de despesas não empenhadas em restos
a pagar” é

a) ordenar, autorizar ou executar a inscrição em restos


a pagar que acarrete aumento de despesa total com
pessoal, nos sessenta dias anteriores ao final do
mandato.
b) ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
dois últimos quadrimestres do último ano do mandato
ou legislatura, e inscrevê-la em restos a pagar.
c) deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o can-
celamento do montante de restos a pagar inscrito em
valor superior ao permitido em lei.
d) ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar de
despesa que exceda o limite estabelecido em lei.
e) ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito,
interno ou externo, sem prévia autorização legislativa
e inscrevê-la em restos a pagar.

9 GABARITO

1 A

2 A

3 C

4 D

5 E

6 A

7 D

8 A

9 C

10 D

11 B

12 A

13 B

14 B

15 A

16 A

17 B

18 C
88
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II - Ele próprio houver desempenhado qualquer des-
sas funções ou servido como testemunha;
III - Tiver funcionado como juiz de outra instân-
cia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
questão;
DIREITO PROCESSUAL IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até

PENAL o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente


interessado no feito.

z Suspeições: Consistem em circunstâncias subjetivas


que são relacionadas a fatos externos ao processo,
capazes de prejudicar a imparcialidade do magistrado.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 254 [...]
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E I - Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-
DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA quer deles;
JUSTIÇA - ART. 251 A 258 II - Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
estiver respondendo a processo por fato análogo,
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
Ao juiz é incumbido o dever de zelar pela ordem
III - Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
durante a execução dos atos processuais, valendo-se, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar
se necessário, do uso força pública (poder de polícia). demanda ou responder a processo que tenha de ser
julgado por qualquer das partes;
Art. 251 Ao juiz incumbirá prover à regularidade IV - Se tiver aconselhado qualquer das partes;
do processo e manter a ordem no curso dos respec- V - Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
tivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força qualquer das partes;
pública. VI - Se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo.
Em suma, o juiz é quem aplica o direito ao caso
concreto, de maneira substitutiva (substitui a vontade As causas de impedimento ou suspeição citadas
acima que tiverem como causa o parentesco por afi-
das partes) e imparcial. Sem o Estado-Juiz, não teria
nidade (casamento) acaba com o fim do casamento
fim o conflito entre a pretensão punitiva do Estado e o
ou união estável, salvo se da união nascerem filhos.
interesse do acusado na manutenção de sua liberdade.
Contudo, ainda que o casamento acabe sem filhos não
Além disso, o juiz possui a garantia da vitalicie-
poderá o juiz julgar processo de seu sogro ou sogra,
dade (enquanto estiver vivo o cargo lhe pertence), enteado ou cunhado, genro ou nora.
inamovibilidade (garantia de não ser removido do
seu local de trabalho) e irredutibilidade de subsídio Art. 255 O impedimento ou suspeição decorrente
(garantia de não ver a sua remuneração ser diminuí- de parentesco por afinidade cessará pela dissolu-
da). Tais garantias permitem que o juiz haja de forma ção do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo
imparcial e sem medo de retaliações. sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvi-
Entretanto, essa imparcialidade pode ser con- do o casamento sem descendentes, não funcionará
como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro
taminada quando se tratar das hipóteses trazidas
ou enteado de quem for parte no processo.
pelos artigos 252, 253 e 254, que apresentam respec-
tivamente situações de impedimento, suspeição e A suspeição não poderá ser declarada pela parte
incompatibilidade. que, propositalmente, lhe deu causa, consoante dispo-
sição do art. 246:
Impedimento
Art. 256 A suspeição não poderá ser declarada nem
JUIZ NÃO ATUARÁ reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
Suspeição
EM SITUAÇÕES DE: propósito der motivo para criá-la.
Incompatibilidade
Já a incompatibilidade se demonstra presente em
somente uma hipótese.
As hipóteses de suspeição e impedimento podem
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ser comparadas levando em consideração a relação Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir
subjetiva/objetiva do julgador com a causa. Vejamos a no mesmo processo os juízes que forem entre si
tabela exposta a seguir: parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive
z Impedimentos: Consistem em circunstâncias
Nos juízos coletivos, ou seja, quando o julgamento
objetivas que são relacionadas a fatos internos ao
acontecer por mais de um juiz como ocorre nos Tribu-
processo, capazes de prejudicar a imparcialidade
nais em segunda instância, não poderão julgar o mes-
do magistrado. mo processo juízes que forem parentes, por sangue ou
afinidade até o terceiro grau.
Art. 252 [...]
I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con- CURADOR
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advo- O menor de 18 anos deve ser representado, toda-
gado, órgão do Ministério Público, autoridade poli- via, quando não tiver um representante legal, o juiz
cial, auxiliar da justiça ou perito; nomeará um curador para defender seus interesses. 89
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Aliás, mesmo que haja representante legal, o menor A garantia a defesa técnica, ou seja, aquela realizada
pode vir a ser assistido por um curador nomeado por um advogado ou defensor público, decorre do prin-
pelo juiz, quando houver conflito de interesses entre cípio constitucional da ampla defesa. O parágrafo único
representante e representado. veda que o defensor público realize a defesa por meio de
negativa geral dos fatos, de forma fundamentada.
Art. 33 Se o ofendido for menor de 18 anos, ou men-
Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-
talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a
representante legal, ou colidirem os interesses des-
todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
te com os daquele, o direito de queixa poderá ser
mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
exercido por curador especial, nomeado, de ofício Parágrafo único. O acusado, que não for pobre,
ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz será obrigado a pagar os honorários do defensor
competente para o processo penal. dativo, arbitrados pelo juiz.

CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO Não possuindo o acusado um advogado, o juiz lhe


nomeará defensor dativo. A qualquer tempo o acusado
Ao Ministério Público caberá ser o titular da ação poderá substituir o defensor nomeado por um advogado
penal pública, ou seja, processar criminalmente aque- por ele contratado, ou defender-se caso ele seja advogado.
les que transgredirem a lei, entretanto essa função Cabe destacar que o réu arcará com os gastos rela-
será exercida de forma imparcial, pois deverá apenas cionados aos honorários advocatícios, ressalvada a
garantir que a lei seja aplicada ao caso, e não que o hipótese de hipossuficiência.
réu seja condenado.
Além dessa função, caberá ao membro do MP Art. 264 Salvo motivo relevante, os advogados e
atuar como verdadeiro defensor da sociedade, fiscal solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de
da lei, o que chamamos de “custos legis”. cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio
aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.
Art. 257 Ao Ministério Público cabe:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, Caso o advogado ou defensor seja nomeado pelo
na forma estabelecida neste Código; e juiz, aqueles deverão defender o acusado, sob pena de
II - fiscalizar a execução da lei. multa. A multa não se aplicará se o defensor nomeado
apresentar motivo relevante.
Ao Ministério Público aplica-se as mesmas regras
de suspeição e impedimento dos juízes que estudamos Art. 265 O defensor não poderá abandonar o pro-
nos artigos anteriores, portanto, não poderá então ser cesso senão por motivo imperioso, comunicado
titular da ação penal contra seus parentes, esposa ou previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
marido, inclusive parentes adquiridos pelo casamen- a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das
demais sanções cabíveis.
to, até o terceiro grau.
§ 1° A audiência poderá ser adiada se, por motivo
justificado, o defensor não puder comparecer.
Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun- § 2° Incumbe ao defensor provar o impedimento até
cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí- determinará o adiamento de ato algum do proces-
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei- so, devendo nomear defensor substituto, ainda que
ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes provisoriamente ou só para o efeito do ato.
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
aos impedimentos dos juízes. O defensor não poderá abandonar a causa, sob
pena de multa e das demais sanções. Além disso, o
defensor poderá requerer o adiamento da audiên-
Importante! cia caso apresente, previamente, motivo justificante,
sendo que se sua ausência se der sem justificativa, o
Súmula 234-STJ: A participação de membro do magistrado nomeará defensor dativo para o ato.
Ministério Público na fase investigatória criminal
não acarreta o seu impedimento ou suspeição Art. 266 A constituição de defensor independerá
para o oferecimento da denúncia. de instrumento de mandato, se o acusado o indicar
por ocasião do interrogatório.

Caso o acusado constitua procurador no ato do


Do Acusado e seu Defensor - art. 261 a 267
interrogatório, será prescindível (dispensável) a apre-
sentação de instrumento de representação.
No processo penal, a defesa técnica é obrigatória,
pois a liberdade está em jogo, um dos bens jurídicos Art. 267 Nos termos do art. 252, não funcionarão
mais importante. Quando o acusado não tiver advoga- como defensores os parentes do juiz.
do, o juiz nomeará a ele um profissional com capaci-
dade postulatória, para a sua defesa. DOS ASSISTENTES

Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou Dos Funcionários da Justiça - art. 274
foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali- Os auxiliares da justiça são pessoas que, embora não
zada por defensor público ou dativo, será sempre façam parte da relação processual, intervêm no curso
exercida através de manifestação fundamentada. do processo, mediante a prática de atos que permitem
90 Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. o desenvolvimento regular do feito. Ex.: auxiliam o juiz.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
De acordo com o Código de Processo Penal:

Art. 274 As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que
lhes for aplicável.

Serventuários e funcionários da Justiça: o escrivão, escreventes, analistas judiciários, oficial de justiça, conta-
dor, partidor, e todos os que possuem vínculo com o Estado. A suspeição ditada neste artigo deve ser entendida de
forma ampla, alcançando também as hipóteses de impedimento.

DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES - ART. 351 A 372

Citações e intimações são formas de comunicação de atos processuais que a justiça utiliza para notificar as
partes interessadas, tais como réus, testemunhas, advogados, promotores, peritos, intérpretes, entre outras.
Cabe salientar que a citação é usada exclusivamente para os réus. Ela é realizada uma única vez — apenas no
início do processo — e tem como objetivo dar ciência ao acusado de que está sendo iniciada uma ação penal em
seu desfavor. Já as demais comunicações processuais ao réu são realizadas por meio das intimações.

CITAÇÃO INTIMAÇÃO NOTIFICAÇÃO


Ciência dada quanto à determinação judi-
Meio de ciência do acusado, para que Consiste em comunicação sobre um ato
cial que impõe o cumprimento de determi-
tenha a oportunidade de se defender. já realizado
nada providência
Ou seja, a citação funciona como um Ex.: as partes são intimadas da senten-
Ex.: notificação de testemunha para que
chamamento a juízo ça prolatada
se compareça à audiência

Capítulo I – Das Citações

Art. 351 A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a
houver ordenado.

A citação pode ser realizada das seguintes formas:

z Por Mandado;
z Pessoal;
z Por Edital;
z Com Hora Certa;
z Por Carta Precatória;
z Por Carta Rogatória.

A Citação por Mandado constitui a regra geral. Essa é a primeira forma utilizada para tentar localizar o réu e
informá-lo sobre o processo que irá responder.

Art. 352 O mandado de citação indicará:


I - o nome do juiz;

É indispensável a identificação da autoridade judiciária que está emitindo o mandado de citação. Lembre-se:
a palavra mandado significa “a mando de”.

Art. 352 [...]


II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

Isso porque, nas ações privadas, quem move a ação é a vítima com seu advogado. Neste contexto, o MP não
DIREITO PROCESSUAL PENAL

atua como parte acusatória, agindo apenas como fiscal da lei.

Art. 352 [...]


III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

O réu pode ser identificado, inicialmente, por apelidos ou por descrição dos seus sinais característicos. Isso não
é um empecilho ou motivo de atraso para o início da ação penal. Deste modo, assim que for obtida a qualificação
correta do réu, a parte acusatória fará a retificação da denúncia ou da queixa-crime.

Art. 352 [...]


IV - a residência do réu, se for conhecida;

Conhecer o endereço do réu é essencial para que o oficial de justiça possa localizá-lo e dar cumprimento ao mandado.

Art. 352 [...]


V - o fim para que é feita a citação; 91
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O mandado de citação deve trazer todas as infor- Se o juiz deprecado, ao receber a Carta Precatória,
mações que o réu precisa para responder à acusação verificar que o réu está morando em outra cidade, em
e realizar a sua defesa. Junto com esse mandado, é vez de devolver ao juiz deprecante sem cumprimento,
entregue ao réu uma cópia da denúncia ou da queixa- enviará ao juiz da comarca onde está, de fato, morando
-crime, com todos os detalhes da acusação. o réu, a fim de que esse juízo dê cumprimento à citação.

Art. 352 [...] Art. 355 [...]


VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu § 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se ocul-
deverá comparecer; ta para não ser citado, a precatória será imediatamen-
te devolvida, para o fim previsto no art. 362.
Atualmente, esse requisito da citação não é mais
Neste caso, será realizada a Citação por Hora Cer-
necessário, uma vez que o réu não precisa compare-
ta, que estudaremos mais à frente.
cer imediatamente à sede do juízo. No entanto, deve-
-se apresentar a Resposta do Réu no prazo de 10 (dez) Art. 356 Se houver urgência, a precatória, que con-
dias. Somente após isso, o juiz vai decidir se absolverá terá em resumo os requisitos enumerados no art.
sumariamente o réu ou agendará a Audiência de Ins- 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois
trução e Julgamento, para dar continuidade ao pro- de reconhecida a firma do juiz, o que a estação
cesso. Nesse segundo caso, o juiz comunicará a data expedidora mencionará.
da Audiência a todos os envolvidos.
Ao receber a citação, o réu deverá procurar um Obviamente, a justiça não utiliza mais telégrafo.
advogado, para realizar a sua defesa e apresentar a Hoje em dia, existem certificados digitais que são utili-
Resposta do Réu junto ao juízo processante. zados para fazer a autenticação da assinatura do juiz,
possibilitando que a Carta Precatória siga, via digital,
Art. 352 [...] até o juiz deprecado.
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Art. 357 São requisitos da citação por mandado:
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e
O escrivão é quem redige o mandado em nome do entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e
juiz. Portanto, ambos devem assinar o documento. hora da citação;

Art. 353 Quando o réu estiver fora do território da Quando o oficial de justiça lograr êxito em localizar
jurisdição do juiz processante, será citado median- o réu, este deve lhe entregar uma via do Mandado de
te precatória. Citação junto com a cópia da denúncia e pedir que ele
assine a via que voltará para o juízo, além de inserir as
A Carta Precatória é utilizada para citar o réu que informações de data e hora do cumprimento da citação.
não reside na comarca em que o processo será reali-
zado. Trata-se de uma espécie de pedido de um juiz Art. 357 [...]
para outro, na qual o juiz do processo (juiz deprecan- II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
te) pede ao juiz da cidade onde está morando o réu contrafé, e sua aceitação ou recusa.
(juiz deprecado) que realize a citação. Caso o réu se recuse a receber ou a assinar a via
Por se tratar de localizações distintas, não faria sen- que voltará ao juízo, o oficial de justiça, que tem fé
tido o juiz mandar o seu oficial de justiça fazer uma via-
pública, certificará tudo na sua via, dando por cum-
gem, para realizar a citação. Com a Carta Precatória, o juiz
prida a citação.
deprecado determina que um oficial de justiça daquela
comarca cumpra a citação constante do documento. Art. 358 A citação do militar far-se-á por intermé-
dio do chefe do respectivo serviço.
Art. 354 A precatória indicará:
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; A situação do militar foi tratada de modo específi-
II - a sede da jurisdição de um e de outro; co e prevê que ele deva ser citado no seu local de tra-
III - o fim para que é feita a citação, com todas as balho e, não, em sua residência, como os demais réus.
especificações; O objetivo disso é que seja dada ciência ao comandan-
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu te do militar do processo que está sendo iniciado con-
deverá comparecer. tra o seu subordinado.

Conforme se pode observar, são os mesmos requi- Art. 359 O dia designado para funcionário público
sitos já vistos para o mandado de citação, com o acrés- comparecer em juízo, como acusado, será notifica-
cimo dos dados dos dois juízes envolvidos. do assim a ele como ao chefe de sua repartição.

Art. 355 A precatória será devolvida ao juiz depre- Aqui, a situação não é a mesma do militar. O funcio-
cante, independentemente de traslado, depois de nário público não é citado através do chefe. A lei estabe-
lançado o “cumpra-se” e de feita a citação por man- lece apenas que devem ser informados ao chefe o dia e a
dado do juiz deprecado. hora que o funcionário precisará comparecer em juízo.
O motivo dessa exigência é fazer cumprir o prin-
A Carta Precatória será devolvida ao juiz depre-
cípio administrativo da continuidade do serviço
cante após cumprida a citação pelo juiz deprecado.
público. Isso porque o funcionário precisará faltar ao
Art. 355 [...] trabalho no dia que for comparecer em juízo e o che-
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território fe precisa organizar a repartição, para que não haja
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o prejuízo ao serviço público prestado à sociedade. Sem
juiz deprecado os autos para efetivação da diligên- falar na possibilidade de o réu ser preso, ficando afas-
92 cia, desde que haja tempo para fazer-se a citação. tado da repartição por prazo indeterminado.
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Art. 360 Se o réu estiver preso, será pessoalmente sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-
citado. te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
receber o mandado.
Neste caso, o oficial de justiça vai até o estabele- § 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
cimento penal e entrega a citação pessoalmente ao deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
réu. A citação pode ser real (pessoal) ou ficta. A regra vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
é a citação real, por mandado judicial entregue por § 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a
advertência de que será nomeado curador especial
oficial de justiça. Já citação por edital e a citação por
se houver revelia.
hora certa são consideradas fictas, pois presumem a
Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ciência do acusado. ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
Art. 361 Se o réu não for encontrado, será citado data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
tudo ciência.
Essa é a citação mais precária e frágil existente,
pois, para que ela tivesse efetividade, seria necessário Todo esse procedimento é baseado na fé pública
que o réu tomasse conhecimento do edital que é publi- do oficial de justiça, que deverá certificar todas essas
cado na imprensa oficial. Aqui, cabe-nos uma pergun- decisões na sua via do mandado de citação que será
ta muito simples: quem lê diário oficial? juntada aos autos do processo.
Levando-se em conta que o juiz não tem como
saber se o réu leu ou não o edital, caso ele não com- Art. 362 [...]
pareça nem nomeie defensor, não há como afirmar Parágrafo único. Completada a citação com hora
que soube do processo e não quis comparecer ou que, certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á
realmente, não tomou conhecimento do mesmo. nomeado defensor dativo.

Art. 362 Verificando que o réu se oculta para não Caso o réu não compareça aos atos processuais subse-
ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrên- quentes, o processo seguirá à revelia, ou seja, sem a sua
cia e procederá à citação com hora certa, na forma presença. É importante ressaltar que, nesses casos, deve-
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de rá ser nomeado um defensor, a fim de garantir o direito
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. constitucional de defesa. Em hipótese alguma será possí-
vel seguir com o processo sem defesa para o réu.
Essa modalidade de citação foi “importada” do direi-
to processual civil. Foi, sem dúvida, um grande ganho Art. 363 O processo terá completada a sua forma-
para o processo penal, pois é muito comum que o réu ção quando realizada a citação do acusado.
fique brincando de “gato e rato” com o oficial de justiça.
Ao perceber a chegada do oficial de justiça, o réu A citação válida completa a formação do proces-
esconde-se, pois ele sabe que, se não for encontrado, so, pois todas as partes envolvidas (acusação, defesa e
a citação não se completa e, portanto, o seu processo juiz) estão cientes do processo e aptas a desempenhar
não avança. Com a Citação por Hora Certa acabou esse seus papéis. Caso contrário, o processo não poderá
problema. seguir o seu curso.
Vamos, agora, analisar o texto dos dispositivos 252 A falta de citação ou uma citação ilegal são consi-
a 254 do Código de Processo Civil: deradas vícios graves, as quais geram nulidade abso-
luta do processo.
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
justiça houver procurado o citando em seu domicí- Art. 363 [...]
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedi-
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da da a citação por edital.
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- qualquer tempo, o processo observará o disposto
ção, na hora que designar. nos arts. 394 e seguintes deste Código.

Após duas tentativas frustradas de localizar o réu, O processo seguirá seu curso normal, dando pros-
mas percebendo que o mesmo está fugindo da cita- seguimento ao rito comum ordinário ou sumário, con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ção, o oficial de justiça avisa a qualquer parente ou forme o caso.


vizinho que voltará no dia seguinte, marcando a hora
e solicitando ao parente ou vizinho que transmita o Art. 364 No caso do artigo anterior, nº I, o prazo
recado ao réu. será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noven-
ta) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no
Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de caso de nº II, o prazo será de trinta dias.
justiça, independentemente de novo despacho, com-
parecerá ao domicílio ou à residência do citando a No entanto, vale frisar que o inciso I, do art. 363,
fim de realizar a diligência. está revogado.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de
justiça procurará informar-se das razões da ausên- Art. 365 O edital de citação indicará:
cia, dando por feita a citação, ainda que o citando I - o nome do juiz que a determinar;
se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub- II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
seção judiciárias. sinais característicos, bem como sua residência e
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes- profissão, se constarem do processo;
mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver III - o fim para que é feita a citação; 93
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IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu o seu nome, encontrará o mandado de prisão e o réu
deverá comparecer; será preso, sendo comunicada a sua prisão ao juiz que
V - o prazo, que será contado do dia da publica- expediu o mandado. A autoridade judiciária, por sua
ção do edital na imprensa, se houver, ou da sua vez, expedirá o Mandado de Citação e o processo reto-
afixação. mará o seu curso.

Basicamente, esses são os mesmos requisitos do Art. 367 O processo seguirá sem a presença do acu-
Mandado de Citação sobre os quais já comentamos. sado que, citado ou intimado pessoalmente para
Merece destaque o fato de a contagem do prazo de 15 qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
(quinze) dias ter início na data da publicação do edi- justificado, ou, no caso de mudança de residência,
tal, ou na data de sua afixação na entrada do fórum. não comunicar o novo endereço ao juízo.

Art. 365 [...] Ocorre a chamada revelia. Conforme já menciona-


Parágrafo único. O edital será afixado à porta do do, o réu não está obrigado a comparecer ao proces-
edifício onde funcionar o juízo e será publicado so, mas jamais poderá ser julgado sem defesa. O juiz
pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser deverá sempre nomear um defensor para o réu revel.
certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica-
ção provada por exemplar do jornal ou certidão do Art. 368 Estando o acusado no estrangeiro, em
escrivão, da qual conste a página do jornal com a lugar sabido, será citado mediante carta rogatória,
data da publicação. suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até
o seu cumprimento.
Esses procedimentos estão extremamente ultrapas- Art. 369 As citações que houverem de ser feitas em
sados. Atualmente, não possuem nenhuma efetividade. legações estrangeiras serão efetuadas mediante
carta rogatória.
Art. 366 Se o acusado, citado por edital, não compa-
recer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o Essa citação segue trâmites parecidos com os da
processo e o curso do prazo prescricional, podendo Carta Precatória, porém, sem dúvidas, é muito mais
o juiz determinar a produção antecipada das provas difícil e demorada. O juiz deve mandar essa Carta ao
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar pri- ministério das relações exteriores, que a enviará a
são preventiva, nos termos do disposto no art. 312. nossa embaixada ou ao consulado no país de residên-
cia do réu, para que seja enviada ao poder judiciário
Conforme dissemos, diante da incerteza da ciência local e seja cumprida a citação.
ou não do réu sobre o processo que irá enfrentar, ou Diante da grande demora dessa citação, sabiamen-
melhor seria, da quase certeza de que ele não tomou te a lei suspendeu a contagem do prazo prescricional
tal ciência, o processo não pode seguir o seu curso. durante essa tramitação.
Em relação à produção antecipada de provas, ela
pode ser feita sempre que o juiz perceber que o tem- Capítulo II– Das intimações
po de espera, que pode ser bem longo, possa destruir
ou prejudicar alguma prova. Por exemplo, imagine Art. 370 Nas intimações dos acusados, das teste-
uma testemunha muito idosa ou com uma doença munhas e demais pessoas que devam tomar conhe-
terminal. Essa testemunha pode morrer a qualquer cimento de qualquer ato, será observado, no que for
momento. Neste sentido, a prova pode ser perdida aplicável, o disposto no Capítulo anterior.
caso se deixe para ouvi-la somente quando o processo
retomasse o seu curso. Conforme já comentamos, as intimações e as citações
Cabe ressaltar que, nesses casos, a prova deve ser são utilizadas para as comunicações dos atos processuais.
colhida dentro das regras processuais, ou seja, garan- A intimação é usada para comunicar os atos processuais
tindo a ampla defesa e o contraditório. É necessária a todos os interessados (promotor, advogados, testemu-
a realização de uma mini audiência, para colher esse nhas, peritos, intérpretes, entre outros), inclusive ao pró-
testemunho, podendo, inclusive, ser realizada em hos- prio réu que, como vimos, só é citado uma única vez. As
pital, com as presenças do juiz, promotor e defesa. demais comunicações são feitas por intimações.
Outro ponto que merece destaque é a possibilida- Todas as formas de citações já analisadas podem
de de decretação da prisão preventiva do réu. Ela está ser usadas para as intimações.
fundamentada no risco de não aplicação da lei penal,
conforme prevê o art. 312. Vejamos: Art. 370 [...]
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advo-
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada gado do querelante e do assistente far-se-á por
como garantia da ordem pública, da ordem econô- publicação no órgão incumbido da publicidade dos
mica, por conveniência da instrução criminal ou atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de
para assegurar a aplicação da lei penal, quando nulidade, o nome do acusado.
houver prova da existência do crime e indício sufi-
ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de As intimações dos advogados constituídos pelos
liberdade do imputado. réus, ou seja, contratados por eles, são feitas através
de publicação no diário oficial. Para evitar que o advo-
Essa medida, na prática, tem grande efetividade. gado perca prazos e tenha que ficar lendo o diário ofi-
Ao se decretar a prisão do réu, o seu nome é inserido cial todos os dias, já existem programas e empresas
em um banco de dados de pessoas procuradas e impe- que fazem essa checagem e comunicam ao advogado
didas, pois ele pode ser encontrado por acaso. Se o réu quando seu nome ou os dos seus clientes aparecerem
for parado numa blitz policial ou for renovar um pas- no diário oficial. A própria OAB, atualmente, disponi-
94 saporte ou a CNH, por exemplo, o policial, ao checar biliza esse serviço aos seus associados.
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Art. 370 [...] De acordo com a súmula nº 710 STF, o prazo no
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judi- Código de Processo Penal (CPP) é contado da data da
ciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo intimação. Ou seja, diferente do Código de Processo
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante Civil (CPC), não se considera o prazo iniciado a partir
de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. da juntada do mandado. A intimação pode ocorrer:

Não havendo diário oficial, a intimação será feita z Por publicação: quando direcionada a defensor
por mandado ou via postal. constituído, advogado e assistente de acusação.
Cabe dizer que, hoje em dia, existem maneiras mui- z Por mandado, escrivão, via postal: quando não
to mais eficientes e rápidas de realizar essas intima- há órgão de publicação na comarca.
ções, como, por exemplo, por e-mails ou por aplicativos
Vale lembrar que a intimação pessoal feita pelo
de mensagens que já estão sendo usados pela justiça.
escrivão dispensa a intimação por publicação.
A intimação do Ministério Público e da Defenso-
Art. 370 [...] ria Pública sempre é pessoal (entrega dos autos), sob
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dis- pena de nulidade.
pensará a aplicação a que alude o § 1o.
A única ressalva feita é nos processos eletrônicos,
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defen-
pois a comunicação eletrônica é inerente ao processo
sor nomeado será pessoal.
digital.
Importa dizer que se o advogado foi nomeado pelo Embora o Ministério Público, na esfera ação crimi-
juiz e, não, contratado pelo próprio réu, sua intimação nal, não possua o benefício do prazo em dobro, a
deve ser pessoal. sua intimação, entretanto, é sempre pessoal, na
Assim como o MP, os defensores públicos e os pessoa do agente do parquet com atribuições
advogados dativos (nomeados pelo juiz) devem ser para recebê-la. (STJ, REsp. no 192.049/DF Quinta
intimados pessoalmente. Turma; Rel. Felix Fischer, m. v., RJSTJ no 115/461).
A intimação deve preponderar, inclusive, em rela-
Art. 371 Será admissível a intimação por despacho ção a que é realizada mediante entrega do proces-
na petição em que for requerida, observado o dis- so em setor administrativo do Ministério Público,
posto no art. 357. formalizada a carga pelo servidor. (Precedente: HC
no 83.255/SP e HC no 83.391-SP, vide também infor-
mativo nº 284)
Isso ocorre quando a defesa ou a acusação fazem
petições ao juiz pessoalmente. Quando deferidas, o Diferente do CPC, todos os prazos correrão em
juiz despacha, na própria petição, a sua decisão e a cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
parte já é considerada intimada da decisão. interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
Todavia, igual o CPC, não se computará no prazo o dia
Art. 372 Adiada, por qualquer motivo, a instrução do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. Isso
criminal, o juiz marcará desde logo, na presença
se justifica, uma vez que tanto o CPC quanto o CPP são
das partes e testemunhas, dia e hora para seu pros-
diplomas processuais (disciplinam a marcha proces-
seguimento, do que se lavrará termo nos autos.
sual), não se tratando de direito material, como é o
código penal e o código civil.
Quando houver decisões de adiamento com datas
A terminação dos prazos será certificada nos autos
e prazos definidos em audiência, todos os envolvidos
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo,
já tomam ciência da data e estão considerados intima-
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a pro-
dos. A consequência do desatendimento da citação fic- va do dia em que começou a contagem.
ta possui duas situações diferentes no CPP: O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
CITAÇÃO POR EDITAL CITAÇÃO POR HORA Não correrão os prazos, se houver impedimento do
(ART. 361) CERTA (ART. 362) juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela
Se o réu não for encontra- parte contrária.
do, será citado por edital, Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
com o prazo de 15 (quin-
Verificando que o réu z Da intimação;
ze) dias. Se o acusado,
se oculta para não ser z Da audiência ou sessão em que for proferida a
citado por edital, não com-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

citado, o oficial de justiça decisão, se a ela estiver presente à parte;


parecer, nem constituir
certificará a ocorrência e z Do dia em que a parte manifestar nos autos ciência
advogado, ficarão suspen-
procederá à citação com inequívoca da sentença ou despacho.
sos o processo e o curso
hora certa. Ao réu citado
do prazo prescricional,
por hora certa que não se DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE - ART. 394 A 497
podendo o juiz determinar
apresentar será nomeado
a produção antecipada
defensor dativo Do Processo Comum: Da Instrução Criminal
das provas consideradas
urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva Vamos iniciar nossos estudos sobre os processo em
espécies, podendo ser eles comum ou especial.
Dica
z Procedimento especial: O procedimento comum
Quando o réu estiver fora do território da juris- é a regra do Código de Processo Penal, sendo o
dição do juiz processante, será citado mediante procedimento especial residual, por exemplo o
precatória (art. 353). Tribunal do Júri e crimes de responsabilidade dos
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
funcionários públicos etc. O Procedimento especial Art. 394-A Os processos que apurem a prática de
possui regras específicas dispostas no CPP ou na lei crime hediondo terão prioridade de tramitação em
especial. O procedimento comum é usado quando todas as instâncias.
no rito processual não exigir nenhuma especifici-
dade para o crime sob análise. A seguir, veja como No procedimento ordinário e sumário, o juiz recebe
é feita a divisão procedimental no processo penal: a denúncia ou queixa e cita o acusado para responder à
z Procedimento comum (regra): ordinário (san- acusação no prazo de dez dias. Se a citação ocorrer por
ção máxima igual ou superior a 4 anos), sumário edital, o prazo de dez dias começa a correr a partir do
comparecimento do acusado ou seu advogado.
(sanção máxima inferior a 4 anos), sumaríssimo
Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o
(infrações penais de menor potencial ofensivo –
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomea-
contravenção é igual ou inferior a 2 anos).
rá defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
autos por dez dias (art. 396). Isso ocorre porque no
Procedimento comum ordinário. Ex.: roubo
processo penal, à revelia, não existe confissão ficta/
presumida com a consequente presunção de veraci-
dade dos fatos narrados na peça acusatória. Assim, é
Procedimento comum sumário. Ex.: crimes de menor indispensável que a resposta à acusação seja apresen-
potencial ofensivo, quando a causa for complexa tada por advogado, sob pena de nulidade absoluta.
A denúncia ou queixa será rejeitada quando a peça
Procedimento comum sumaríssimo.
acusatória for manifestamente inepta, faltar pressu-
Ex.: contravenção
posto processual ou condição para o exercício da ação
penal, ou faltar justa causa para o exercício da ação
Dentro do procedimento comum, existe a tríplice penal (art. 395).
divisão: ordinário, sumário e sumaríssimo. Um cri-
me é enquadrado dentro do procedimento ordinário, REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA
quando a pena máxima for igual ou superior a 4 anos,
Por inépcia;
ou seja, trata-se de procedimento adequado para os
crimes mais graves do ordenamento jurídico. O pro- Falta de pressuposto processual ou condição da ação;
cedimento sumário é um meio termo dentro do siste- Falta de justa causa.
ma comum, uma vez que se aplica aos crimes de pena
máxima inferior a 4 anos. Por fim, é previsto o proce- Por exemplo, a denúncia ou queixa são considera-
dimento sumaríssimo, considerado mais simplificado das ineptas quando não for devidamente individuali-
pela doutrina e pela jurisprudência. O procedimento zada a conduta do acusado, bem como quando o fato
sumaríssimo destina-se às infrações penais de menor não for concretamente exposto.
potencial ofensivo – ou seja, contravenções penais e Inclusive, o Supremo Tribunal Federal, no Habeas
crimes com pena igual ou inferior a 2 anos. Corpus nº 84.580, relatado pelo Ministro Celso de Melo,
julgado em 25/08/2009, atualizou a sua jurisprudência
Dica para deixar assentado em nosso ordenamento jurídi-
co, no referente à denúncia, os princípios sintetizados
As disposições do procedimento ordinário apli- na ementa a seguir:
cam-se subsidiariamente aos procedimentos
especiais, sumário e sumaríssimo (§ 5°, art. 394).
“HABEAS CORPUS’” - CRIME CONTRA O SISTEMA FINAN-
CEIRO NACIONAL - RESPONSABILIDADE PENAL DOS CON-
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.
TROLADORES E ADMINISTRADORES DE INSTITUIÇÃO
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). FINANCEIRA - LEI Nº 7.492, de 1986 (ART. 17) - DENÚN-
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumá- CIA QUE NÃO ATRIBUI COMPORTAMENTO ESPECÍFICO
rio ou sumaríssimo: E INDIVIDUALIZADO AOS DIRETORES DA INSTITUIÇÃO
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja FINANCEIRA - INEXISTÊNCIA, OUTROSSIM, DE DADOS
sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 PROBATÓRIOS MÍNIMOS QUE VINCULEM OS PACIENTES
(quatro) anos de pena privativa de liberdade; AO EVENTO DELITUOSO - INÉPCIA DA DENÚNCIA - PEDI-
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja DO DEFERIDO. PROCESSO PENAL ACUSATÓRIO - OBRIGA-
sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) ÇÃO DE O MINISTÉRIO PÚBLICO FORMULAR DENÚNCIA
anos de pena privativa de liberdade; JURIDICAMENTE APTA. - O sistema jurídico vigente no Brasil
III - sumaríssimo, para as infrações penais de - tendo presente a natureza dialógica do processo penal acu-
satório, hoje impregnado, em sua estrutura formal, de caráter
menor potencial ofensivo, na forma da lei.
essencialmente democrático - impõe, ao Ministério Público,
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento
notadamente no denominado «reato societario”, a obrigação
comum, salvo disposições em contrário deste Códi- de expor, na denúncia, de maneira precisa, objetiva e indivi-
go ou de lei especial. dualizada, a participação de cada acusado na suposta prática
§ 3º Nos processos de competência do Tribunal delituosa. - O ordenamento positivo brasileiro - cujos funda-
do Júri, o procedimento observará as disposições mentos repousam, dentre outros expressivos vetores condi-
estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. cionantes da atividade de persecução estatal, no postulado
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). essencial do direito penal da culpa e no princípio constitucio-
§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código nal do «due process of law” (com todos os consectários que
aplicam-se a todos os procedimentos penais de pri- dele resultam) - repudia as imputações criminais genéricas e
meiro grau, ainda que não regulados neste Código. não tolera, porque ineptas, as acusações que não individuali-
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimen- zam nem especificam, de maneira concreta, a conduta penal
tos especial, sumário e sumaríssimo as disposições atribuída ao denunciado. Precedentes.
96 do procedimento ordinário.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A falta de pressuposto processual e condição da e se negar a falar, também não há de se falar em
ação pode ser exemplificada pela falta de possibilida- nulidade, pois que possui o direito de se manter
de jurídica do pedido (fato atípico), falta de legitimida- calado. Já se estiver preso, deverá ser requisitada
de para agir (MP ajuizando queixa-crime ou ofendido sua presença na audiência, a qual é obrigatória,
ajuizando denúncia), ausência de interesse proces- sob pena de nulidade.
sual (utilidade, necessidade, adequação da ação) ou z Requisição do réu preso: O réu preso deve ser
falta de justa causa (indícios suficientes de autoria ou requisitado. Sua presença em audiência é funda-
materialidade do crime). mental para o exercício da ampla defesa, pois que
ao lado da defesa técnica promovida pelo advoga-
APÓS A RESPOSTA À ACUSAÇÃO, O JUIZ ABSOL- do há a autodefesa. O acusado precisa presenciar
VE SUMARIAMENTE NAS SEGUINTES HIPÓTESES: o que é dito pelas testemunhas para que possa,
em seu interrogatório, se defender. A ausência de
Manifesta causa excludente da ilicitude – Ex.: o agen-
requisição do réu preso para audiência acarreta
te atuou em legítima defesa
em nulidade absoluta do processo.
Manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo z O preso sujeito ao regime disciplinar diferen-
inimputabilidade – Ex.: o agente agiu sob coação moral ciado: O preso sujeito ao regime disciplinar dife-
irresistível renciado descrito no artigo 52 da Lei n. 7.210, de
Evidentemente, o fato não é crime – Ex.: crime 1984 (Lei de Execução) participa, segundo o inciso
impossível VII do dispositivo acima, de audiências judiciais
preferencialmente por videoconferência.
A punibilidade do agente já está extinta – Ex.: o crime
prescreveu
Importante!
Vejamos a literalidade da lei:
� Caso o acusado esteja preso será providencia-
Art. 397 Após o cumprimento do disposto no art. da sua presença, mediante escolta e transporte
396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deve- penitenciário.
rá absolver sumariamente o acusado quando � O juiz que instruir o processo, ou seja, que pro-
verificar: ceder ao ato de instrução e oitiva de testemu-
I - a existência manifesta de causa excludente da nhas, ficará responsável por proferir a sentença
ilicitude do fato; no caso.
II - a existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui Art. 400 Na audiência de instrução e julgamento,
crime; a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessen-
IV - extinta a punibilidade do agente. ta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
Após o acusado apresentar sua resposta o juiz pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva-
deverá aplicar a absolvição nos casos expressos no do o disposto no art. 222 deste Código, bem como
artigo. A absolvição será sumária pois não dependerá aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
de produção de provas, aplicando o juiz desde logo, reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
assim que verificadas as hipóteses legais. -se, em seguida, o acusado.
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiên-
Art. 398 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). cia, podendo o juiz indeferir as consideradas
Art. 399 Recebida a denúncia ou queixa, o juiz irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
designará dia e hora para a audiência, ordenan- § 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão
do a intimação do acusado, de seu defensor, de prévio requerimento das partes.
do Ministério Público e, se for o caso, do que-
relante e do assistente. O artigo 400 estabelece o prazo que o juiz tem para
§ 1º O acusado preso será requisitado para marcar a data da audiência de instrução e julgamento,
comparecer ao interrogatório, devendo o poder estabelece ainda a ordem de oitiva das testemunhas,
público providenciar sua apresentação. sendo ouvidas primeiramente as testemunhas de acu-
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá pro- sação, por respeito ao princípio da ampla defesa.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ferir a sentença. Pela celeridade processual o artigo determina que


as oitivas devem ser feitas no mesmo dia, em um só
Recebendo a denúncia, o juiz marcará a data para ato, e caso quaisquer das partes deseje esclarecimen-
audiência, intimando o acusado, o seu advogado ou tos dos peritos deverão requerer com antecedência.
defensor, o promotor de justiça, se for o caso de quei- Prazo de 60 dias para a audiência: A contar da
xa crime o querelante e caso haja, o assistente de decisão que rejeita os argumentos e razões da defesa
acusação. prévia, a audiência deve ser designada em um prazo
máximo de 60 dias. O não cumprimento deste prazo
z Nulidade do processo por falta de interrogató- caso o réu esteja preso, se desprovido de motivos,
rio: O artigo 564, III, letra “e”, fulmina com nuli- representa excesso de prazo na formação da culpa, o
dade o processo ao qual faltou o interrogatório do que constitui causa de ilegalidade de prisão preventiva.
réu, quando presente. Se o réu estiver solto, deverá
ser intimado para a audiência de interrogatório. Se Art. 401 Na instrução poderão ser inquiridas até
não comparecer, não haverá nulidade, pois que o 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8
interrogatório foi oportunizado. Se comparecer (oito) pela defesa. 97
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§ 1º Nesse número não se compreendem as que § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a
não prestem compromisso e as referidas. manifestação desse, serão concedidos 10 (dez)
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qual- minutos, prorrogando-se por igual período o tempo
quer das testemunhas arroladas, ressalvado o dis- de manifestação da defesa.
posto no art. 209 deste Código. § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do
caso ou o número de acusados, conceder às partes
O artigo 401 estabelece a quantidade de testemu- o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a
nhas a serem ouvidas, contudo, nesta conta não estão apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o pra-
as testemunhas que não prestem compromisso, como zo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
por exemplo os parentes do acusado e as referidas, ou
seja, aquelas que alguém se referiu em seu depoimen- Ao fim da audiência o juiz concede as partes o pra-
to e o juiz achou por bem ouvi-las. zo de 20 minutos para alegações finais orais, sempre
A parte pode, ainda, dispensar o depoimento de falando primeiro a acusação. Havendo mais de um
suas testemunhas arroladas, tanto a defesa como a réu será concedido o prazo de 20 minutos para cada
acusação, ainda que tenham sido intimadas. um. Ao assistente de acusação terá 10 minutos após
a manifestação da acusação, acrescendo-se mais 10
Número de testemunhas, mais de um fato e mais
minutos para manifestação da defesa. Havendo multi-
de um acusado: Serão oito testemunhas para cada
plicidade de réus, ou sendo o caso complexo as alegações
fato. Se acusação imputar ao acusado mais de um deli-
finais serão apresentadas por escrito, sempre primeira-
to, poderá arrolar oito testemunhas para cada um. Vale
mente a acusação e depois a defesa.
o mesmo para a defesa, oito testemunhas para cada
delito imputado. Se for mais de um acusado, cada um Art. 404 Ordenado diligência considerada impres-
deles possui esse direito. Dando exemplo: Dois acusa- cindível, de ofício ou a requerimento da parte, a
dos, imputação de dois crimes para cada: cada acusado audiência será concluída sem as alegações finais.
possui o direito de arrolar dezesseis testemunhas. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligên-
cia determinada, as partes apresentarão, no prazo
Art. 402 Produzidas as provas, ao final da audiên- sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais,
cia, o Ministério Público, o querelante e o assis- por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz
tente e, a seguir, o acusado poderão requerer proferirá a sentença.
diligências cuja necessidade se origine de cir-
Caso haja diligência a ser cumprida as alegações
cunstâncias ou fatos apurados na instrução.
finais serão apresentadas após a conclusão dessa, sen-
O artigo 402 determina que caso as testemunhas se do em seguida intimadas as partes para apresenta-las,
refiram, por exemplo, a um local ou a uma prova não devendo o juiz julgar o caso em 10 dias. No mais, pode
constante dos autos, as partes poderão requerer dili- o magistrado determinar, de ofício, qualquer outra
gências necessárias ao esclarecimento de tais fatos ou diligência que reputar necessária para formar o seu
circunstâncias. Tal requerimento deverá ser formulado convencimento, sem infringir qualquer princípio ou
antes do juiz determinar o fim da instrução processual. regra processual penal.
Aprofundando um pouco mais: Art. 405 Do ocorrido em audiência será lavrado
termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
z Momento de anexar prova produzida no inqué- partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes
rito: Este é o momento que as partes dispõem para nela ocorridos.
anexar prova produzida no inquérito. Mas não § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimen-
qualquer prova. Somente aquelas cuja necessida- tos do investigado, indiciado, ofendido e testemu-
de de juntar se origine de circunstâncias ou fatos nhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
apurados na instrução. O pedido deve juntada magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
deve ser fundamentado; inclusive audiovisual, destinada a obter maior fide-
z Decisão do juiz e recursos: O juiz deverá decidir lidade das informações.
fundamentadamente sobre a realização ou não da § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será
encaminhado às partes cópia do registro original,
diligência. Se entender que a diligência requerida
sem necessidade de transcrição.
é irrelevante, impertinente ou protelatória, poderá,
com fundamento no parágrafo 1º, do art. 400, inde- Todos os atos colhidos em audiência deverão constar
feri-la. Contra essa decisão, a defesa pode interpor em ata e sempre que possível o registro será feito por
habeas corpus e a acusação pode impetrar manda- meio audiovisual, para maior fidelidade das informações.
do de segurança. Poderá, ainda, ser arguida a nuli- Na jurisprudência, TJPE, (HC 0002099- 65.2018.8.17.0000
dade em audiência ao fundamento de cerceamento – PE, 3.ª Câmara Criminal, rel. Daisy Maria de Andrade Cos-
de defesa, ou mesmo, do direito de acusar; ta Pereira, 01.08.2018, v.u.).:
z Notificação das partes do resultado da diligên-
cia: Por óbvio, não basta determinar a realização “O artigo 405, § 1.º, do Código de Processo Penal,
das diligências requeridas. Uma vez efetivadas, é incluído pela Lei n.º 11.719, de 2008, em observân-
preciso, com fundamento no princípio do contra- cia aos princípios da razoável duração do processo,
ditório, que seja dada vista às partes do resultado. celeridade processual, contraditório, ampla defesa e
oralidade e com a finalidade de dar maior fidelida-
Art. 403 Não havendo requerimento de diligências, de aos depoimentos colhidos na instrução criminal,
ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações dispôs que ‘Sempre que possível, o registro dos depoi-
finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamen- mentos do investigado, indiciado, ofendido e testemu-
te, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por nhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs- inclusive audiovisual, destinada a obter maior fideli-
98 to para a defesa de cada um será individual. dade das informações’. II – A observância pelo togado
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monocrático do que preceitua o artigo 405, § 1.º, do Código de Processo Penal, é obrigatória quando disponível no juízo tal
recurso, o que, in casu, não se verifica. Precedentes. III – Conforme entendimento consolidado dos Tribunais Superiores,
no processo penal não deve ser declarada a nulidade de ato processual, ainda que se trate de nulidade absoluta, se não
demonstrado efetivo prejuízo, à luz do artigo 563 do Código de Processo Penal. IV – Ordem denegada. Decisão unânime”
(HC 0002099- 65.2018.8.17.0000 – PE, 3.ª Câmara Criminal, rel. Daisy Maria de Andrade Costa Pereira, 01.08.2018, v.u.).
Para facilitar o entendimento, esquematizamos o disposto nos artigos anteriores na tabela que segue:

A audiência deve ser realizada em 60 dias, no procedimento ordinário, e em 30 dias,


PRAZO DA AUDIÊNCIA
no procedimento sumário
Utilize do recurso (quadro abaixo): OTTARIO – ofendido, testemunha de acusação e
ORDEM DE PRODUÇÃO DE PROVA
testemunha de defesa, antes do assistente técnico o perito, acareações, reconheci-
EM AUDIÊNCIA
mento de pessoas e coisas, interrogatório, outras diligências
PROVAS QUE PODEM SER
Irrelevantes, impertinentes e protelatórias
INDEFERIDAS PELO JUIZ
EVENTUAL ESCLARECIMENTO DO
Mediante requerimento da parte
PERITO NA AUDIÊNCIA
8 testemunhas – não contam testemunhas que não prestam o compromisso de dizer
a verdade e testemunhas referidas.
Nº DE TESTEMUNHAS
Obs.: no procedimento sumário, o nº de testemunhas cai para 5 (cinco)
Obs.: a parte pode desistir da sua testemunha, salvo se o juiz insistir em ouvi-la
Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o
FINAL DA AUDIÊNCIA assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se
origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução
20 minutos para acusação e 20 minutos para a defesa (para cada acusado), prorrogá-
vel por mais 10 minutos. Sentença a seguir
Obs.: o assistente de acusação recebe 10 minutos, e nesse caso a defesa também
ALEGAÇÕES FINAIS receberá 10 minutos
Substituição de alegações finais por memoriais, em caso complexo ou elevado, nº de
acusados (prazo de cinco dias sucessivos)
Prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença

O procedimento sumaríssimo obedece ao que está estabelecido no Juizado Especial Criminal (JECRIM), assim,
a denúncia pode ser oral (reduzida a termo). O rol de testemunhas não pode ultrapassar 3 (três), busca-se a conci-
liação e a transação penal, caso o juiz rejeite a denúncia, cabe apelação e a sentença dispensa o relatório.

O fendido;
T estemunha de acusação;
T estemunha de defesa;
A ntes do assistente técnico o perito + acareação;
R econhecimento de pessoas e coisas;
I nterrogatório;
O utras diligências.

CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

Da Acusação e da Instrução Preliminar

Art. 406 O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do
comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por
DIREITO PROCESSUAL PENAL

edital. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)


§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.
§ 3º Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documen-
tos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as
e requerendo sua intimação, quando necessário.

O artigo determina o prazo de defesa do acusado em casos de crimes dolosos contra a vida, de competência do
júri, informando a quantidade de testemunhas que poderão ser arroladas.

Art. 407 As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.

As exceções referidas no artigo, são as de suspeição do juízo ou incompetência que deverão ser apresentadas
e processadas, separadamente.

Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias,
concedendo-lhe vista dos autos. 99
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Caso o acusado não possua defensor, ser-lhe ORDEM
nomeado um defensor pelo juízo para que não fique
sem a defesa técnica que tem direito. Acareações

Art. 409 Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Reconhecimento de pessoas e coisas


Ministério Público ou o querelante sobre prelimina-
res e documentos, em 5 (cinco) dias. Interrogatório do acusado

O juiz mandará o Ministério Público se manifes- Os debates ao fim do ato serão orais, devendo o
tar sobre os documentos apresentados e eventuais juiz proferir a decisão em 10 (dez) dias em obediência
preliminares apontadas na defesa apresentada pelo ao princípio da celeridade processual.
Acusado.

Art. 410 O juiz determinará a inquirição das teste- De acordo com a jurisprudência do STJ: A ausência
munhas e a realização das diligências requeridas do oferecimento das alegações finais em processos
pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. de competência do Tribunal do Júri não acarre-
ta nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia
O artigo determina o prazo que o juiz tem para encerra juízo provisório acerca da culpa. Fonte:
ouvir testemunhas e realizar diligências. jurisprudência em teses (STJ).
Art. 411 Na audiência de instrução, proceder-se-á
à tomada de declarações do ofendido, se possível, Art. 412 O procedimento será concluído no prazo
à inquirição das testemunhas arroladas pela acu- máximo de 90 (noventa) dias.
sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
Novamente, observando a celeridade, diz o Código
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando- que o procedimento de instrução será concluído no
-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. prazo máximo de 90 dias.
§ 1º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de Resumindo os artigos aqui mencionados, teremos
prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. os seguintes pontos de destaque:
§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiên-
z No procedimento especial do Tribunal do Júri, o
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irrele-
juiz recebe a denúncia ou queixa e cita o acusado
vantes, impertinentes ou protelatórias.
para responder à acusação em 10 (dez) dias;
§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-
-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. z O prazo de 10 (dez) dias para responder à acusação
§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a
se inicia a partir do cumprimento do mandado ou
palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, do comparecimento em juízo;
pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por z Na primeira fase do tribunal do júri a acusação
mais 10 (dez). pode arrolar até 8 (oito) testemunhas na denúncia
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre- ou queixa. O mesmo vale para o acusado na res-
visto para a acusação e a defesa de cada um deles posta à acusação;
será individual. z Vale lembrar que diante da ausência de advogado,
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a o próprio juiz nomeia um defensor para o réu;
manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) z Após apresentada a defesa, o juiz ouve a acusação
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo em 5 (cinco) dias. Então, o juiz tem 10 (dez) dias
de manifestação da defesa. para ouvir as testemunhas e cumprir as diligên-
§ 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando impres- cias que foram requeridas pelas partes;
cindível à prova faltante, determinando o juiz a z Na audiência, o prazo de alegações orais é de 20
condução coercitiva de quem deva comparecer. minutos para a acusação e 20 minutos para a defe-
§ 8º A testemunha que comparecer será inquirida, sa. O assistente de acusação recebe mais 10 minu-
independentemente da suspensão da audiência, tos, e consequentemente a defesa também.
observada em qualquer caso a ordem estabelecida
no caput deste artigo. Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição
§ 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua Sumária
decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
os autos para isso lhe sejam conclusos. Art. 413 O juiz, fundamentadamente, pronunciará
o acusado, se convencido da materialidade do fato
O artigo estabelece a ordem dos trabalhos na e da existência de indícios suficientes de autoria ou
audiência de instrução realizada no procedimento de participação.
dos crimes dolosos contra a vida, dessa forma, serão § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à
sempre ouvidas primeiramente as testemunhas de indicação da materialidade do fato e da existência
acusação, e somente após a defesa, assim como no de indícios suficientes de autoria ou de participa-
procedimento ordinário. ção, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em
que julgar incurso o acusado e especificar as cir-
ORDEM cunstâncias qualificadoras e as causas de aumento
de pena.
Declarações dos ofendidos § 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o
valor da fiança para a concessão ou manutenção
Inquirição das testemunhas de acusação e defesa da liberdade provisória.
(nesta sequência) § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de
Esclarecimentos dos peritos manutenção, revogação ou substituição da prisão
100 ou medida restritiva de liberdade anteriormente
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decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO
necessidade da decretação da prisão ou imposição
TRIBUNAL DO JÚRI
de quaisquer das medidas previstas no Título IX do
Livro I deste Código. Se o fato não for uma infração penal

A pronúncia do acusado determina o seu julga- Causa de isenção de pena ou exclusão do crime. Obs.
mento perante o Tribunal do Júri, desde que o juiz A inimputabilidade só é usada caso seja vista como a
seja convencido da materialidade do fato criminoso e única tese de defesa
que haja indícios de sua autoria.
Na decisão de pronúncia o juiz deve limitar-se à Após efetivada a absolvição sumária do réu, caso
fundamentação da materialidade e dos indícios e indi- provenha fato novo a respeito daquele mesmo fato,
car os dispositivos legais que o acusado estiver incur- poderá, enquanto não estiver extinta a punibilidade
so, não adentrando no mérito do crime. do suposto delito, ser oferecida Denúncia (ação penal
Se o crime for afiançável o juiz pode arbitrá-la na pública) ou queixa-crime (ação penal privada).
decisão de pronúncia e deverá fundamentar, ainda, Isso ocorre porque em caso de dúvida do magistra-
sua decisão de manutenção ou revogação da prisão do, deverá o mesmo pronunciar o acusado, aplicando
preventiva. o princípio do in dubio pro societate.

Art. 414 Não se convencendo da materialidade Art. 416 Contra a sentença de impronúncia ou de
do fato ou da existência de indícios suficientes absolvição sumária caberá apelação.
de autoria ou de participação, o juiz, fundamen-
tadamente, impronunciará o acusado.
A sentença de impronúncia ou absolvição sumária
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção
desafiam o recurso de apelação.
da punibilidade, poderá ser formulada nova denún-
cia ou queixa se houver prova nova.
Art. 417 Se houver indícios de autoria ou de par-
ticipação de outras pessoas não incluídas na
Caso o juiz não se convença da prova da materialida- acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o
de dos fatos ou da autoria do acusado proferirá sentença acusado, determinará o retorno dos autos ao Minis-
de impronúncia. Enquanto não passar o prazo da extin- tério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que
ção da punibilidade o acusado poderá ser novamente couber, o art. 80 deste Código.
denunciado pelo mesmo fato, desde que haja prova nova.
Confirmando participação de outras pessoas, o juiz
determinará que o processo retorne ao Ministério Público.
Importante! Aditamento da denúncia ou queixa para inclu-
Ocorre a impronúncia, se o juiz não se conven- são de corréus: havendo prova, colhida durante a
instrução, de que outras pessoas estão envolvidas na
ceu da materialidade do fato nem dos indícios
infração penal pela qual está o juiz pronunciando o
de autoria. A decisão da impronúncia não é defi-
acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao
nitiva, podendo ser formulada nova denúncia ou Ministério Público para o necessário aditamento.
queixa assim que aparecer nova prova (desde
que ainda não extinta a punibilidade). Art. 418 O juiz poderá dar ao fato definição jurídica
diversa da constante da acusação, embora o acusa-
do fique sujeito a pena mais grave.
Art. 415 O juiz, fundamentadamente, absolverá
desde logo o acusado, quando:
O acusado se defende dos fatos e não da definição
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
jurídica, dessa maneira, poderá o juiz dar definição
III – o fato não constituir infração penal; jurídica diversa daquela apontada pela Acusação.
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de
exclusão do crime. Art. 419 Quando o juiz se convencer, em discordân-
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso cia com a acusação, da existência de crime diver-
IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilida- so dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e
de prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no não for competente para o julgamento, remeterá os
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, sal- autos ao juiz que o seja.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

vo quando esta for a única tese defensiva. Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.
O artigo cita as causas de absolvição sumária do
acusado, tendo a decisão do juiz força de sentença de Quando o juiz constatar que o crime ali narrado
mérito, assim convencido que não houve o fato, não ser não é de competência do Tribunal do Júri, ou seja, não
é um crime doloso contra a vida, remeterá o processo
o autor ou participe, o fato narrado não se tratar de cri-
ao juiz competente.
me, ou ainda se o fato está acobertada por excludente de
ilicitude, desde logo, o juiz absolverá o acusado.
Art. 420 A intimação da decisão de pronúncia será feita:
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO e ao Ministério Público;
TRIBUNAL DO JÚRI II – ao defensor constituído, ao querelante e ao
assistente do Ministério Público, na forma do dis-
Se ficar provado que o fato não existiu posto no § 1o do art. 370 deste Código.
Se ficar provado que ele não é autor/partícipe Parágrafo único. Será intimado por edital o acusa-
do solto que não for encontrado. 101
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A intimação da decisão de pronúncia ao Acusa- Art. 424 Quando a lei local de organização judi-
do será pessoal, ao defensor nomeado pelo Juiz e ciária não atribuir ao presidente do Tribunal do
ao Ministério Público. Ao defensor contratado pelo Júri o preparo para julgamento, o juiz competente
Acusado, ao assistente de Acusação a intimação será remeter-lhe-á os autos do processo preparado até
realizada via Diário Oficial. O acusado que não for 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art.
localizado, será intimado por edital. 433 deste Código.
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também,
Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos os processos preparados até o encerramento da
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal reunião, para a realização de julgamento.
do Júri.
Caso naquela localidade o juiz presidente do Tribu-
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
nal do Júri seja diverso daquele que instruiu os autos
havendo circunstância superveniente que altere a
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa deverão ser encaminhados ao Juiz presidente em até 5
dos autos ao Ministério Público. dias antes do sorteio do conselho de sentença.
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz
para decisão. JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI

� Princípios do Tribunal do Júri: Plenitude de defesa,


Não havendo apresentação de Recurso contra a sigilo das votações, soberania dos vereditos, com-
decisão de pronúncia, o processo seguirá para a pre- petência para o julgamento dos crimes dolosos con-
sidência do Tribunal do Júri. Caso a classificação do tra a vida (competência mínima) – art. 5º, XXXVIII
crime seja alterada, deverá seguir para o Ministério da CF.
Público. Júri x prerrogativa de função na CF: prevalece prer-
rogativa de função na CF
Da Preparação do Processo para Julgamento em Júri x prerrogativa de função na CE: prevalece o Júri
Plenário � Nulidades absolutas: falta de quesito obrigatório;
se os quesitos da defesa não vierem antes das agra-
O procedimento especial do Tribunal do Júri é vantes; decisão de desaforamento sem audiência
repartido em duas fases, na primeira fase só há o juiz. da defesa.
Já na segunda fase, o juiz togado estará acompanhado Eventual julgamento é nulo se antes o mesmo ju-
do conselho de sentença, quem de fato julga o fato. rado participou de julgamento anterior do mesmo
No momento em que o presidente do tribunal do processo.
júri recebe os autos, ele determina a intimação da Latrocínio é julgado por juiz singular (crime contra
acusação e da defesa para que em 5 (cinco) dias apre- o patrimônio).
sentem o rol de até 5 (cinco) testemunhas, apresentem O efeito devolutivo da apelação contra decisões do
documentos, requeiram diligências. Depois, o juiz pre- Júri é adstrito aos fundamentos da interposição,
sidente ordena as diligências, sana nulidades, escla- porque é um recurso de fundamentação vinculada
rece fatos, faz relatório do processo e o incluem em
pauta. Vejamos os dispositivos da lei: Do Alistamento dos Jurados

Art. 422 Ao receber os autos, o presidente do Tri- Os jurados são alistados anualmente pelo presiden-
bunal do Júri determinará a intimação do órgão te do Tribunal do Júri, de acordo com a quantidade de
do Ministério Público ou do querelante, no caso
habitantes da comarca. Se for necessário na comarca,
de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-
pode ser aumentado o nº de jurados, organizada lista
co) dias, apresentarem rol de testemunhas que
de suplentes, depositadas cédulas em urna especial.
irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
oportunidade em que poderão juntar documentos e
O juiz presidente pode requisitar a diversos núcleos
requerer diligência. comunitários a indicação de pessoas que reúnam as
condições para exercerem a função de jurado.
Recebendo, então, o processo o juiz presidente do
Júri intimará as partes para apresentação de no máxi- Art. 425 Anualmente, serão alistados pelo presiden-
mo 5 (cinco) testemunhas, podendo no mesmo prazo te do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um
juntar documentos e requerer diligências. mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de
1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (tre-
Art. 423 Deliberando sobre os requerimentos de zentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de
provas a serem produzidas ou exibidas no plenário 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400
do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz (quatrocentos) nas comarcas de menor população.
presidente: § 1º Nas comarcas onde for necessário, poderá ser
I – ordenará as diligências necessárias para sanar aumentado o número de jurados e, ainda, organi-
qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse zada lista de suplentes, depositadas as cédulas em
ao julgamento da causa; urna especial, com as cautelas mencionadas na
II – fará relatório sucinto do processo, determinan- parte final do § 3o do art. 426 deste Código.
do sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal § 2º O juiz presidente requisitará às autoridades
do Júri. locais, associações de classe e de bairro, entidades
associativas e culturais, instituições de ensino em
O juiz presidente do júri deverá deixar o processo geral, universidades, sindicatos, repartições públi-
em ordem para seu julgamento em plenário, portanto cas e outros núcleos comunitários a indicação de
sanará qualquer nulidade, fará um resumo do proces- pessoas que reúnam as condições para exercer a
102 so e determinará sua inclusão em pauta. função de jurado.
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O artigo cita como será realizada a lista de jurados e de quais entidades poderão ser retirados os nomes que a
irão compor. De acordo com a quantidade de habitantes as listas serão formadas e posteriormente essas pessoas
serão designadas para julgar seus pares perante o Conselho de Sentença.
A coleta, escolha dos nomes de jurados para compor as listas do Tribunal do Júri se faz, na maioria das Comar-
cas brasileiras, de modo aleatório, sem conhecimento direto e pessoal do magistrado em relação a cada um dos
indicados. Utiliza-se, há anos, como regra, a listagem dos cartórios eleitorais, que coletam vários nomes, enviando
ao juiz presidente. Dificilmente cumpre-se o disposto no § 2.º deste artigo, perscrutando interessados em associa-
ções de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino, universidades etc. Em peque-
nas cidades, torna-se possível essa coleta de nomes. Nos grandes centros urbanos, entretanto, é praticamente
impossível. O máximo que se faz, após o recebimento das listas formadas aleatoriamente nos cartórios eleitorais,
é uma pesquisa de antecedentes criminais

Art. 426 A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10
de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.
§ 1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia
10 de novembro, data de sua publicação definitiva.
§ 2º Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código.
§ 3º Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após serem verificados na presença do Ministério Público, de
advogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas
competentes, permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente.
§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista
geral fica dela excluído.
§ 5º Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamente, completada.

A lista geral dos jurados ficará fixada na porta do Tribunal do Júri, juntamente com a transcrição dos artigos
que determinam que o trabalho dos jurados é obrigatório e demais indicações legais.
Os nomes serão verificados pelos órgãos responsáveis, conforme determina o artigo e o juiz presidente terá a atri-
buição de guarda-los em urna fechada à chave.
A lista dos jurados será publicada até 10 de outubro na imprensa e editais serão afixados na porta do tribunal
do júri. A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até
o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva (art. 426).

Do Desaforamento

Art. 427 Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança
pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou
mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca
da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou
Turma competente.
§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do jul-
gamento pelo júri.
§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada.
§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o
pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de jul-
gamento anulado.

O desaforamento é o deslocamento do foro para outra comarca, diversa daquela onde ocorreu o crime, pode ser
DIREITO PROCESSUAL PENAL

requerido pelas partes ou determinado pelo próprio juiz. O pedido de desaforamento terá preferência e não será admi-
tido caso haja recurso pendente.

Art. 428 O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz
presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em
julgado da decisão de pronúncia
§ 1º Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou inci-
dentes de interesse da defesa.
§ 2º Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse
a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá
requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento.

O desaforamento também poderá ser determinado, caso haja excesso de serviço na comarca que acarretará dema-
siado atraso, o julgamento do Acusado, desde que o atraso não tenha sido causado pela própria defesa.
Sintetizando as informações mencionadas, temos: 103
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� Interesse da ordem pública
� Dúvida sobre a imparcialidade do Júri
RAZÕES PARA O � Em razão da segurança pessoal do acusado
DESAFORAMENTO � Comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6
(seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. Obs. não se compu-
tará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa

QUEM PODE
REQUERER O MP, assistente de acusação, querelante, acusado, juiz
DESAFORAMENTO

Desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam os mo-
tivos elencados. Obs. prefere-se a comarca mais próxima
� O pedido de desaforamento é distribuído imediatamente, com preferência de julgamento na
O QUE ACONTECE Câmara ou Turma competente. O relator pode entender pela suspensão do julgamento do júri.
O juiz presidente é ouvido se a medida não foi por ele solicitada
� Não é admitido o pedido de desaforamento em caso de recurso pendente sobre pronúncia ou
caso já tenha ocorrido o julgamento (exceção: julgamento anulado)

Da Organização da Pauta

Art. 429 Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência:
I – os acusados presos;
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
§ 1º Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do
Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo.
§ 2º O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que tiver o julga-
mento adiado.

z Preferência na ordem de julgamentos: como regra, impõe a lei sejam primeiramente julgados os réus presos,
em detrimento dos soltos, o que se afigura razoável, pois o direito à liberdade está sendo cerceado antes da decisão
condenatória definitiva. Dentre os presos, devem ser julgados os mais antigos no cárcere, levando-se em conside-
ração, obviamente, a prisão decretada no processo. Assim, se alguém está há muito tempo detido, embora seja por
outro processo, isso não faz com que sua situação tenha preferência sobre outro preso. Finalmente, quando houver
igualdade de condições, ou seja, todos soltos ou todos presos pelo processo do júri, serão primeiramente agendados
os julgamentos daqueles que tiverem sido pronunciados há mais tempo.

Art. 430 O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da
sessão na qual pretenda atuar.

O assistente de acusação deverá requerer sua habilitação para atuar no Plenário do Júri, no prazo de cinco
dias.

Art. 431 Estando o processo em ordem, o juiz presidente mandará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as
testemunhas e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instrução e julgamento, observando, no
que couber, o disposto no art. 420 deste Código.

Em devida ordem, o juiz presidente intimará as partes para a data do Plenário do Júri, observando as intima-
ções pessoais determinadas pelo art. 420 do Código de Processo Penal.

Do Sorteio e da Convocação dos Jurados

Art. 432 Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente determinará a intimação do Ministério Público, da
Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio
dos jurados que atuarão na reunião periódica.

O sorteio dos jurados deverá ser realizada com a maior idoneidade possível e para tanto serão intimados os
representantes da OAB, do Ministério Público e da Defensoria para acompanhar o ato.

Art. 433 O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o
número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordinária.
§ 1º O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da
reunião.
§ 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento das partes.
104 § 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as reuniões futuras.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 433 também tem o objetivo de garantir a ido- II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
neidade do sorteio dos jurados, devendo ser realizada III – os membros do Congresso Nacional, das Assem-
de portas abertas, devendo ser sorteadas até o núme- bleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
ro de 25, que comporão , futuramente o conselho de IV – os Prefeitos Municipais;
sentença. V – os Magistrados e membros do Ministério Públi-
co e da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministé-
Art. 434 Os jurados sorteados serão convocados
rio Público e da Defensoria Pública;
pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da
comparecer no dia e hora designados para a reu- segurança pública;
nião, sob as penas da lei. VIII – os militares em serviço ativo;
Parágrafo único. No mesmo expediente de convo- IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que
cação serão transcritos os arts. 436 a 446 deste requeiram sua dispensa;
Código. X – aqueles que o requererem, demonstrando justo
impedimento.
A convocação dos jurados será realizada pelos cor-
reios ou ainda qualquer meio que torne inequívoca sua Não serão obrigados a prestar o serviço de jura-
convocação, sendo-lhe advertido sobre a obrigatorie- do: governadores, seus secretários, os deputados, os
dade de seu trabalho como jurado sob as penas da lei, vereadores e deputados distritais; os prefeitos, os juí-
conforme os arts. 436 a 446 do Código de Processo Penal. zes, os promotores, os defensores públicos, os demais
servidores do poder judiciário, policiais e delegados,
Art. 435 Serão afixados na porta do edifício do Tri- policiais militares e militares da ativa, maiores de 70
bunal do Júri a relação dos jurados convocados, os anos e o convocado poderá requerer sua dispensa
nomes do acusado e dos procuradores das partes, demonstrando justo impedimento.
além do dia, hora e local das sessões de instrução
Atente-se quanto à idade que desobriga o convo-
e julgamento.
cado a trabalhar no júri: 70 anos, ou seja, dez anos a
mais do que a lei entende como idoso.
Os jurados sorteados serão convocados (por meio
hábil) para comparecerem no dia e hora designados Art. 438 A recusa ao serviço do júri fundada em
para a reunião. convicção religiosa, filosófica ou política importará
no dever de prestar serviço alternativo, sob pena
Da Função do Jurado de suspensão dos direitos políticos, enquanto não
prestar o serviço imposto.
Art. 436 O serviço do júri é obrigatório. O alista- § 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício
mento compreenderá os cidadãos maiores de 18 de atividades de caráter administrativo, assisten-
(dezoito) anos de notória idoneidade. cial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
§ 1° Nenhum cidadão poderá ser excluído dos tra- Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério
balhos do júri ou deixar de ser alistado em razão Público ou em entidade conveniada para esses fins.
de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe § 2º O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
social ou econômica, origem ou grau de instrução. princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
§ 2° A recusa injustificada ao serviço do júri acar-
retará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários Caso o convocado se recuse a prestar o serviço do
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condi- júri por razões filosóficas, religiosas ou políticas deve-
ção econômica do jurado. rá prestar serviço alternativo que o juiz fixará de for-
ma razoável e proporcional. Enquanto o serviço não
O serviço do júri é obrigatório e não comporta for prestado ficarão suspensos os direitos políticos
qualquer discriminação em razão de cor, etnia, raça (direito de votar e ser votado).
ou credo, e caso a recusa a compor o corpo de jurados
seja injustificada o juiz poderá fixar multa de 1 à 10 Art. 439 O exercício efetivo da função de jurado
salários mínimos. constituirá serviço público relevante e estabelecerá
presunção de idoneidade moral.
z Obrigatoriedade do serviço: sendo considera-
do serviço público relevante (art. 439, CPP), além O jurado adquire o status de idoneidade moral
de essencial para a formação do devido processo pelo relevante serviço público prestado.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

legal daqueles que são acusados da prática de cri-


mes dolosos contra a vida (art. 5.º, XXXVIII, d , CF), z Exercício efetivo: significa já ter servido, ao
é natural que seja obrigatório, imposto a todos os menos uma vez, como jurado componente do Con-
brasileiros; selho de Sentença;
z Alistamento de maiores de 18 anos: a reforma z Presunção de idoneidade moral: se um dos
trazida pela Lei 11.689, de 2008 reduziu a idade, requisitos para ser jurado é justamente a notó-
para o cidadão atuar como jurado, de 21 para 18 ria idoneidade (art. 436, caput), torna-se evidente
anos. A pretexto de incentivar a participação do que, tendo servido, presume-se seja pessoa capaz
jovem nos julgamentos do Poder Judiciário, bem e competente.
como em harmonia com a redução provocada pela
maioridade civil, hoje, também, fixada em 18 anos, Art. 440 Constitui também direito do jurado, na
procedeu-se à referida alteração. condição do art. 439 deste Código, preferência, em
igualdade de condições, nas licitações públicas e
Art. 437 Estão isentos do serviço do júri: no provimento, mediante concurso, de cargo ou
I – o Presidente da República e os Ministros de função pública, bem como nos casos de promoção
Estado; funcional ou remoção voluntária. 105
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z Direito de preferência em licitações e concursos: etc.), o jurado pode encaminhar ao juiz presidente
embora a participação em licitações, por particula- o fundamento da sua futura ausência.
res, seja rara, é viável. Logo, o jurado, disputando
em igualdade de condições com outras pessoas, terá O jurado somente poderá apresentar pedido de
preferência para a contratação. No campo dos con- dispensa fundado em motivo relevante e comprova-
cursos públicos, entretanto, a possibilidade é maior do, até o momento da chamada dos jurados.
e esta é uma inovação inserida pela Lei 11.689, de
2008. Aquele que servir como jurado, participando Art. 444 O jurado somente será dispensado por
decisão motivada do juiz presidente, consignada na
de concursos públicos e até no cenário das promo-
ata dos trabalhos.
ções ou remoções na carreira, poderá usufruir a
preferência, desde que em igualdade de condições
Vinculação da dispensa: evitando-se qualquer
tipo de proteção ou falta de justificativa razoável,
Dica impõe-se ao juiz que dispense o jurado, quando for o
Funcionando com jurado o cidadão adquire pre- caso, declinando os motivos na ata. Qualquer parte,
pois, saberá a razão pela qual não poderá contar com
ferência em licitações e concursos e sendo já
determinada pessoa.
funcionário concursado a preferência recai sob
a promoção e eventual remoção. Art. 445 O jurado, no exercício da função ou a pre-
texto de exercê-la, será responsável criminalmente
Art. 441 Nenhum desconto será feito nos vencimen- nos mesmos termos em que o são os juízes togados.
tos ou salário do jurado sorteado que comparecer
à sessão do júri.
A responsabilidade dos jurados convocados será
a mesma dos juízes concursados e nomeados pelo
As faltas ao trabalho pela função de jurado deve- Poder Judiciário.
rão ser abonadas pelo empregador, porém não há,
também, o pagamento pelo exercício da função. Art. 446 Aos suplentes, quando convocados, serão
aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas,
Art. 442 Ao jurado que, sem causa legítima, deixar faltas e escusas e à equiparação de responsabilida-
de comparecer no dia marcado para a sessão ou de penal prevista no art. 445 deste Código.
retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente
será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários Aos jurados e aos suplentes de jurados, quando
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua convocados, serão aplicados os mesmos dispositivos e
condição econômica. multas já citados nos artigos anteriores.

O jurado não poderá deixar de comparecer à ses- Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação
são do júri, bem como aquele que se retirar da sessão do Conselho de Sentença
antes da autorização pelo juiz presidente receberá.
Art. 447 O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)
z Multa atualizada ao jurado faltoso: era impe- juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)
rioso que houvesse a atualização, por força de lei, jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7
dos valores da multa a ser aplicada ao jurado que, (sete) dos quais constituirão o Conselho de Senten-
sem motivo justificado, deixasse de atender à con- ça em cada sessão de julgamento.
vocação judicial. Ou, ainda que tivesse compareci-
do, abandonasse o recinto antes de ser autorizado Dos 25 jurados sorteados entre os alistados, 7 cons-
pelo juiz. Atualmente, com os valores fixados em tituirão o Conselho de Sentença que será responsável
salários mínimos, não há mais condições de se pelo julgamento dos crimes dolosos contra a vida,
atingir valor irrisório. Deve, pois, o magistrado participando ainda o juiz presidente da sessão de
fixar, conforme a capacidade econômica do jura- julgamento.
do, a ser verificada, no mínimo, pela profissão
declinada em sua ficha, valor compatível, que lhe Art. 448 São impedidos de servir no mesmo
sirva de efetiva sanção. A dívida, se não for paga, Conselho:
será inscrita e cobrada pela Fazenda Pública. I – marido e mulher
II – ascendente e descendente;
III – sogro e genro ou nora;
Art. 443 Somente será aceita escusa fundada em
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
motivo relevante devidamente comprovado e
V – tio e sobrinho;
apresentada, ressalvadas as hipóteses de força
VI – padrasto, madrasta ou enteado.
maior, até o momento da chamada dos jurados.
§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
pessoas que mantenham união estável reconhecida
z Motivo relevante para a ausência: a imposição de como entidade familiar.
multa mencionada no artigo anterior não é auto- § 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os
mática, ficando condicionada à análise dos moti- impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades
vos apresentados pelo jurado para demonstrar a dos juízes togados.
sua ausência. Entretanto, deve fazer chegar a justi-
ficativa ao magistrado até o momento de chamada O Conselho de Sentença é composto pelos sete
dos jurados, pois é nesse instante que se poderá jurados escolhidos para o julgamento do crime dolo-
analisar se razoável ou não a falta constatada. Por so contra a vida, portanto, não poderão estar entre
106 isso, por qualquer meio válido (fax, e-mail, petição estes sete no mesmo julgamento, pai e mãe, marido
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e mulher, cunhados entre si, sogros e noras ou gen- Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri
ros etc. Impedidas ainda, estão as pessoas que man-
Art. 453 O Tribunal do Júri reunir-se-á para as ses-
tenham união estável entre si. Ao fim o artigo ainda sões de instrução e julgamento nos períodos e na
diz que quanto à suspeição, aplica-se aos jurados os forma estabelecida pela lei local de organização
mesmos dispositivos dos juízes; judiciária.

z Momento para impugnação: cabe à parte interes- A lei local de organização judiciária definirá as
sada (acusação ou defesa) apresentar a impugna- datas para as sessões de julgamento do Júri.
ção, por impedimento ou suspeição, no momento
do sorteio do nome do jurado indicado para com- Art. 454 Até o momento de abertura dos trabalhos
por o Conselho de Sentença, nos termos do art. 468 da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de
isenção e dispensa de jurados e o pedido de adia-
deste Código. Na jurisprudência do STF:
mento de julgamento, mandando consignar em ata
“Realizado o sorteio dos jurados na forma e com as deliberações.
a antecedência exigidas pela legislação, eventual
arguição de suspeição ou impedimento deve ser fei- Cabe ao juiz presidente do Júri decidir sobre todos
ta em Plenário, sob pena de preclusão. Precedentes. os pedidos de dispensa dos jurados, eventual pedido
As nulidades do julgamento devem ser arguidas em de adiamento do plenário, até o início da sessão de
Plenário, logo depois que ocorrerem, sob pena de julgamento e tudo aquilo que for requerido, ainda que
preclusão. Ordem denegada” (HC 120.746, 1.ª T., rel. negado, deverá constar na ata dos trabalhos.
Roberto Barroso, 19.08.2014, v.u.).
z Isenção e dispensa dos jurados: os casos de isen-
O Art. 449 dispõe sobre quem não poderá servir ção estão enumerados no art. 437, implicando
como jurado. Vejamos: afastamento definitivo do serviço do júri. Portan-
to, é possível que alguém seja convocado, mas faça
Art. 449 Não poderá servir o jurado que chegar ao magistrado o seu pedido de desligamen-
I – tiver funcionado em julgamento anterior do to, por isenção (ex.: maior de setenta anos, que não
mesmo processo, independentemente da causa deseja permanecer no júri). A dispensa é fruto de
determinante do julgamento posterior; pedido momentâneo, válido para determinado
II – no caso do concurso de pessoas, houver inte- dia, não provocando o afastamento definitivo.
grado o Conselho de Sentença que julgou o outro
acusado; Art. 455 Se o Ministério Público não comparecer, o
III – tiver manifestado prévia disposição para con- juiz presidente adiará o julgamento para o primei-
denar ou absolver o acusado. ro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica-
das as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada,
O jurado estará impedido de servir se tiver participa- o fato será imediatamente comunicado ao Procura-
do do conselho de sentença de júri anterior do mesmo dor-Geral de Justiça com a data designada para a
processo, ou de processo distinto quando se tratar de nova sessão.
réus em concurso de pessoas (crime cometido por mais
de uma pessoa), ou se já tiver manifestado, por qualquer O Ministério Público, que representa a acusação,
meio, sua opinião em condenar ou absolver o acusado. não poderá deixar de comparecer a sessão do júri,
caso isso ocorra o plenário será remarcado para a pró-
Art. 450 Dos impedidos entre si por parentesco ou xima data disponível e a falta caso injustificada, será
relação de convivência, servirá o que houver sido comunicada ao superior hierárquico do Promotor, o
sorteado em primeiro lugar. Procurador Geral de Justiça.

Caso duas pessoas sejam sorteadas para o mesmo Art. 456 Se a falta, sem escusa legítima, for do advo-
conselho de sentença e houver relação de convivência gado do acusado, e se outro não for por este cons-
ou parentesco entre si, permanecerá aquele sorteado tituído, o fato será imediatamente comunicado ao
primeiro. presidente da seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil, com a data designada para a nova sessão.
Art. 451 Os jurados excluídos por impedimento, § 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento
suspeição ou incompatibilidade serão considerados será adiado somente uma vez, devendo o acusado
para a constituição do número legal exigível para a ser julgado quando chamado novamente.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

realização da sessão. § 2º Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz inti-


mará a Defensoria Pública para o novo julgamento,
Ainda que excluídos pelos motivos de impedimen- que será adiado para o primeiro dia desimpedido,
to, suspeição e incompatibilidade os jurados serão observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias.
considerados para a constituição do número legal
para compor o conselho de sentença. z Ausência do defensor: em primeiro lugar, deve-
-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a
Art. 452 O mesmo Conselho de Sentença poderá sessão de julgamento, sem qualquer outra provi-
conhecer de mais de um processo, no mesmo dia, dência. É preciso que a justificativa seja oferecida
se as partes o aceitarem, hipótese em que seus inte- ao magistrado até a abertura da sessão em plená-
grantes deverão prestar novo compromisso. rio. Se não houver motivo razoável, há de se pon-
derar quem é o defensor:
Os mesmos sete jurados poderão julgar mais de
um processo, se assim, o aceitarem, contudo deverão „ Constituído (contratado pelo acusado): o juiz
prestar novo compromisso de bem e fielmente desem- comunica à OAB, seção local, marcando nova
penhar seu serviço público. data para o julgamento. Nesta, o réu deverá 107
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ser, necessariamente, julgado (§ 1.º). Para tan- para as de acusação e outra para as de defesa – par-
to, pode o réu apresentar outro defensor consti- tindo-se do pressuposto que, estando em polos anta-
tuído, logo após a determinação de adiamento. gônicos, não devem permanecer juntas, com o fito
Não o fazendo, o magistrado intima a Defen- de evitar que ouçam os debates e a colheita da prova
soria Pública para que assuma o patrocínio da em plenário. A garantia de isenção do depoimento é
defesa, observado o prazo mínimo de dez dias; fundamental para a busca da verdade real. É lógico
„ Dativo (advogado nomeado pelo juiz): comu- que a testemunha pode ser preparada por alguém a
nica-se a OAB, seção local, designando-se outra mentir, antes da sessão, como pode também tomar
data para o julgamento. conhecimento do que outra falou durante a fase de
formação da culpa, antes da pronúncia, e, com isso,
Art. 457 O julgamento não será adiado pelo não alterar a sua versão dos fatos.
comparecimento do acusado solto, do assistente ou
do advogado do querelante, que tiver sido regular-
mente intimado. Importante!
§ 1º Os pedidos de adiamento e as justificações de
não comparecimento deverão ser, salvo comprova- As testemunhas ficarão em salas separadas,
do motivo de força maior, previamente submetidos havendo sempre uma sala para as testemunhas de
à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. defesa e outra para as testemunhas da acusação,
§ 2º Se o acusado preso não for conduzido, o julga- garantindo a idoneidade dos seus depoimentos.
mento será adiado para o primeiro dia desimpedido
da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa
de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. Art. 461 O julgamento não será adiado se a tes-
temunha deixar de comparecer, salvo se uma das
São ausências que não adiam o Plenário do Júri: o partes tiver requerido a sua intimação por manda-
acusado solto, assistente da acusação ou advogado do do, na oportunidade de que trata o art. 422 deste
querelante. Salvo se não puderem comparecer antes, Código, declarando não prescindir do depoimento e
indicando a sua localização.
as justificativas de ausência devem ser entregues com
§ 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o
antecedência para apreciação pelo juiz presidente.
juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará
O advogado preso deve ser conduzido pelo Estado conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro
ao seu júri, caso não o seja, seu júri será realizado na dia desimpedido, ordenando a sua condução.
primeira data disponível. § 2º O julgamento será realizado mesmo na hipótese
de a testemunha não ser encontrada no local indi-
Art. 458 Se a testemunha, sem justa causa, deixar cado, se assim for certificado por oficial de justiça.
de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da
ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a mul- Caso uma das testemunhas, devidamente intima-
ta prevista no § 2o do art. 436 deste Código. da, falte ao julgamento, o juiz mandará suspender a
sessão e determinará que o oficial de justiça a encon-
z Ausência da testemunha: pressupondo-se tenha tre no endereço indicado e a conduza ao Tribunal
sido intimada pessoalmente (por carta ou por man- naquele mesmo dia, ou no próximo dia desimpedido
dado), com a advertência de que pode responder pelo para o ato. Se o oficial não a localizar, o julgamento
delito de desobediência caso falte sem justificativa será realizado sem a sua presença.
plausível, a sua ausência pode acarretar a imposição Em recente julgado, a Quinta Turma do Superior
da multa de um a dez salários mínimos, conforme a Tribunal de Justiça foi instada a responder se existe
sua condição econômica. Além disso, está sujeita a a obrigação de adiar o julgamento caso testemunha
processo por crime de desobediência, que será apu- não indicada como imprescindível deixar de com-
rado à parte. Outra providência pode ser a condução parecer ao Plenário do Júri pelo fato de o mandado
coercitiva, como previsto no art. 461, § 1.º, CPP. Todas de intimação ter sido direcionado a local diverso
as medidas podem ser tomadas cumulativamente. do indicado pela defesa, impossibilitando a sua loca-
lização pelo oficial de justiça.
Ao decidir o HC 243.591/PB, a Quinta Turma enten-
„ A testemunha não poderá deixar de compare-
deu que, no caso da testemunha não ter sido intimada
cer para prestar seu depoimento. Em caso de no local indicado pela defesa, o adiamento seria devi-
ausência o juiz aplicará multa e remeterá as do mesmo que a testemunha não fosse indicada como
peças ao Ministério Público para promover a imprescindível. Segundo o voto do Min. Jorge Mussi:
ação penal pelo crime de desobediência.
Ora, ainda que a testemunha não tenha sido indi-
Art. 459 Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do cada como imprescindível, não se pode admitir que
Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código. a defesa seja prejudicada por um equívoco do Esta-
do-Juiz, que expediu mandado de intimação para
A testemunha não poderá sofrer nenhum descon- endereço distinto daquele indicado pelos advoga-
to salarial por se ausentar do trabalho para prestar dos do acusado. (HC 243.591/PB)
depoimento em plenário, assim como os jurados.
O art. 462, por sua vez, tratará do preparo para a
Art. 460 Antes de constituído o Conselho de Senten- composição do Conselho de Sentença. Vejamos:
ça, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde
umas não possam ouvir os depoimentos das outras. Art. 462 Realizadas as diligências referidas nos
arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente veri-
z Incomunicabilidade das testemunhas: assim que ficará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e
a sessão tem início, determina o juiz que sejam as cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão
108 testemunhas colocadas em salas especiais, uma proceda à chamada deles.
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z Preparo para a composição do Conselho de Sen- Art. 468 À medida que as cédulas forem sendo reti-
tença: para que tal se dê, o juiz presidente deve che- radas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa
car se as partes estão presentes, assim como todas e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar
as testemunhas indispensáveis, convenientemente os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem
separadas e incomunicáveis. A essa altura, já deli- motivar a recusa.
berou acerca dos pedidos de dispensa dos jurados Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamen-
e sobre eventuais pleitos de adiamento da sessão. te por qualquer das partes será excluído daquela
sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se
Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação
o sorteio para a composição do Conselho de Senten-
ça com os jurados remanescentes.
Art. 463 Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze)
jurados, o juiz presidente declarará instalados os
trabalhos, anunciando o processo que será subme- z Recusas motivadas e imotivadas: para a forma-
tido a julgamento. ção do Conselho de Sentença, essas são as duas
§ 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a possibilidades de recusa do jurado, formuladas por
diligência nos autos. qualquer das partes. A recusa motivada baseia-se
§ 2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição em circunstâncias legais de impedimento ou sus-
serão computados para a constituição do número legal. peição (arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser
jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu,
Havendo ao menos 15 jurados presentes, inicia-se tampouco o seu inimigo capital. A recusa imotiva-
os trabalhos com o anúncio (pregão) do processo que da – também chamada peremptória – fundamen-
será submetido ao julgamento, tal diligência será cer- ta-se em sentimentos de ordem pessoal do réu, de
tificada pelo oficial de justiça do plenário. seu defensor ou do órgão da acusação.

Art. 464 Não havendo o número referido no art. RECUSA MOTIVADA RECUSA IMOTIVADA
463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tan-
tos suplentes quantos necessários, e designar-se-á Circunstâncias legais de impe-
Recusa Peremptória
nova data para a sessão do júri. dimento ou suspeição

Sentimento de ordem
Caso não haja ao menos 15 jurados presentes serão pessoal
sorteados os suplentes, marcando nova data para o
julgamento do processo.
Art. 469 Se forem 2 (dois) ou mais os acusados,
Art. 465 Os nomes dos suplentes serão consignados as recusas poderão ser feitas por um só defensor.
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, § 1° A separação dos julgamentos somente ocor-
com observância do disposto nos arts. 434 e 435
rerá se, em razão das recusas, não for obtido o
deste Código.
número mínimo de 7 (sete) jurados para compor
o Conselho de Sentença.
Os suplentes serão convocados pelo correio ou
§ 2° Determinada a separação dos julgamen-
qualquer meio idôneo, para a próxima data designada
tos, será julgado em primeiro lugar o acusado a
para o plenário do Júri.
quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso
de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferên-
Art. 466 Antes do sorteio dos membros do Conse-
cia disposto no art. 429 deste Código.
lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida-
des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. Recusado um jurado por um dos defensores, ele
§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de não será admitido pelo outro defensor, caso haja. Con-
que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se tudo, se as recusas por diferentes defensores levarem
entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião a não se alcançar o número mínimo de jurados, será
sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho determinada a separação dos julgamentos.
e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. No caso de separação dos julgamentos, primeiro se
§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos julga o suposto autor do fato criminoso e caso sejam
pelo oficial de justiça. coautor, julga-se primeiro o que estiver preso há mais
tempo ou que tenha sido pronunciado primeiramente.
Deverá o juiz presidente advertir os jurados quanto à
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sua incomunicabilidade, seus impedimentos legais, a sus- z Mais de um réu, com um só defensor: não podem
peição , bem como as eventuais multas que poderão ser ser prejudicados os corréus somente porque consti-
aplicadas caso os jurados não observem o determinado tuíram, para patrocinar seus interesses, um só defen-
pela Lei. O oficial de justiça se encarregará de certificar sor. É direito de cada acusado aceitar ou recusar, por
a incomunicabilidade dos jurados durante os trabalhos. si só, o jurado sorteado, ou, se preferir, incumbir que
as recusas sejam feitas em conjunto com outro. Assim,
Art. 467 Verificando que se encontram na urna as caso a defesa deseje manter o julgamento unido, sen-
cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz pre- do um só advogado, dirá ao juiz que fará as aceitações
sidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a forma- e recusas dos jurados por todos os réus de uma só vez.
ção do Conselho de Sentença.
Art. 470 Desacolhida a arguição de impedimento,
z Formação do Conselho de Sentença: a turma de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz
julgadora no Tribunal do Júri é composta por sete presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministé-
jurados, escolhidos aleatoriamente, por sorteio, rio Público, jurado ou qualquer funcionário, o jul-
dentre os que compareceram (mínimo de quinze e gamento não será suspenso, devendo, entretanto,
máximo de vinte e cinco). constar da ata o seu fundamento e a decisão. 109
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O julgamento não se suspenderá em casos de não § 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante
acolhimento do impedimento, da suspeição, porém e o defensor, nessa ordem, poderão formular, dire-
a decisão que a desacolheu sempre constará em ata, tamente, perguntas ao acusado.
devidamente fundamentada. § 2º Os jurados formularão perguntas por intermé-
dio do juiz presidente.
Art. 471 Se, em consequência do impedimento, sus- § 3º Não se permitirá o uso de algemas no acu-
peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não sado durante o período em que permanecer no
houver número para a formação do Conselho, o jul- plenário do júri, salvo se absolutamente neces-
gamento será adiado para o primeiro dia desimpe- sário à ordem dos trabalhos, à segurança das
dido, após sorteados os suplentes, com observância testemunhas ou à garantia da integridade físi-
do disposto no art. 464 deste Código. ca dos presentes.

Não havendo o número necessário de jurados, Como nos demais procedimentos o interrogatório
passarão ao sorteio dos suplentes até se formarem do Réu será o último ato da instrução, ficando claro
o número necessário para tanto, marcando-se nova no artigo que as perguntas serão formuladas sempre
data para o primeiro dia disponível naquela comarca. ao acusado, diretamente, salvo as perguntas formula-
das pelos jurados que serão intermediadas pelo juiz
Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presi- presidente.
dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, O uso de algemas fica vedado, salvo se impres-
fará aos jurados a seguinte exortação: cindível à segurança do ato e dos presentes.
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta cau-
sa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão Art. 474-A. Durante a instrução em plenário, todas
de acordo com a vossa consciência e os ditames da as partes e demais sujeitos processuais presentes
justiça. no ato deverão respeitar a dignidade da vítima,
Os jurados, nominalmente chamados pelo presi- sob pena de responsabilização civil, penal e admi-
dente, responderão: nistrativa, cabendo ao juiz presidente garantir o
Assim o prometo.
cumprimento do disposto neste artigo,vedadas:
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elemen-
posteriores que julgaram admissível a acusação e
tos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos;
do relatório do processo.
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
II - a utilização de linguagem, de informações ou de
Formado o conselho de sentença, ou seja, os sete material que ofendam a dignidade da vítima ou de
que condenarão ou absolverão o acusado, o juiz profe- testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
rirá a exortação e chamará cada um deles que deverão
proferir exatamente as palavras contidas no artigo. O artigo 474-A foi incluído recentemente pela Lei
14.245, de 2021.
Da Instrução em Plenário
Art. 475 O registro dos depoimentos e do interro-
Art. 473 Prestado o compromisso pelos jurados, será gatório será feito pelos meios ou recursos de gra-
iniciada a instrução plenária quando o juiz presiden- vação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica
te, o Ministério Público, o assistente, o querelante e
similar, destinada a obter maior fidelidade e celeri-
o defensor do acusado tomarão, sucessiva e dire-
dade na colheita da prova.
tamente, as declarações do ofendido, se possível, e
Parágrafo único. A transcrição do registro, após
inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação.
feita a degravação, constará dos autos.
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas
pela defesa, o defensor do acusado formulará as
perguntas antes do Ministério Público e do assis- Como todos os demais atos processuais, aqueles
tente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta- realizados no âmbito do Tribunal do Júri também
belecidos neste artigo. serão gravados com a técnica mais precisa para se
§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendi- obter maior fidelidade.
do e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente.
§ 3º As partes e os jurados poderão requerer aca- Dos Debates
reações, reconhecimento de pessoas e coisas e
esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de Art. 476 Encerrada a instrução, será concedida a
peças que se refiram, exclusivamente, às provas palavra ao Ministério Público, que fará a acusação,
colhidas por carta precatória e às provas cautela- nos limites da pronúncia ou das decisões posterio-
res, antecipadas ou não repetíveis. res que julgaram admissível a acusação, susten-
tando, se for o caso, a existência de circunstância
O procedimento de oitiva e colheita de depoimen- agravante.
tos em sede de Plenário do Júri ocorre, basicamente, § 1º O assistente falará depois do Ministério Público.
com a mesma dinâmica da audiência de instrução e § 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
julgamento, acrescentando-se ao procedimento a pos- vada, falará em primeiro lugar o querelante e, em
sibilidade dos jurados também formularem pergun- seguida, o Ministério Público, salvo se este houver
tas, contudo, por intermédio do juiz presidente. retomado a titularidade da ação, na forma do art.
29 deste Código.
Art. 474 A seguir será o acusado interrogado, se § 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo § 4º A acusação poderá replicar e a defesa trepli-
III do Título VII do Livro I deste Código, com as alte- car, sendo admitida a reinquirição de testemunha
110 rações introduzidas nesta Seção. já ouvida em plenário.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O artigo trata da ordem dos debates em plenário qualquer meio que verse sobre o fato criminoso a ser
do Júri, sendo concedida a palavra primeiramente ao apreciado pelos jurados, deverá ser juntado com a
Ministério Público, após ao assistente de acusação, ao antecedência mínima de 3 (três) dias.
fim da acusação a defesa terá a palavra.
A acusação poderá replicar, ou seja, falar nova- Art. 480 A acusação, a defesa e os jurados pode-
mente quanto ao discurso da defesa e nesse caso a rão, a qualquer momento e por intermédio do juiz
defesa também treplicará. presidente, pedir ao orador que indique a folha dos
autos onde se encontra a peça por ele lida ou cita-
da, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
Art. 477 O tempo destinado à acusação e à defesa
pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora
alegado
para a réplica e outro tanto para a tréplica.
§ 1º Concluídos os debates, o presidente indaga-
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um
rá dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
defensor, combinarão entre si a distribuição do
necessitam de outros esclarecimentos.
tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo
§ 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o pre-
juiz presidente, de forma a não exceder o determi-
sidente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
nado neste artigo.
§ 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para
acesso aos autos e aos instrumentos do crime se
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma)
solicitarem ao juiz presidente.
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica,
observado o disposto no § 1o deste artigo.
z Solicitação de esclarecimento feita pela parte
O art. 477 trata do tempo destinado à cada fala ou por qualquer jurado ao orador: trata-se de
da acusação e da defesa, em se tratando de múltiplos providência perfeitamente viável, sem que impli-
defensores e acusadores deverão combinar entre si o que em quebra da incomunicabilidade, tampouco
tempo a ser distribuído, eventual discordância entre antecipação de julgamento. O jurado tem o direito
eles será dirimida pelo juiz presidente. de se informar da melhor maneira possível, pois
Em se tratando de múltiplos réus o tempo da pri- somente isso pode garantir a efetiva soberania da
meira fala (debate) será acrescido de 01 (uma) hora e instituição do júri. Desse modo, quando alguma
eventual réplica e tréplica mais uma hora, passando das partes narrar fato ou indicar prova que gere
assim o debate inicial à 2 horas e meia e réplica e tré- dúvida no espírito do jurado – mormente aquele
plica 2 horas cada. que recebeu cópias do processo e está acompa-
nhando as manifestações por meio delas –, é natu-
Art. 478 Durante os debates as partes não poderão, ral pedir esclarecimento, a fim de verificar se a
sob pena de nulidade, fazer referências: narrativa feita corresponde ao que está, realmen-
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores te, constando dos autos.
que julgaram admissível a acusação ou à determi-
nação do uso de algemas como argumento de auto- Quando a defesa ou acusação, durante os deba-
ridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; tes, fizer referência à quaisquer provas dos autos, os
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interro- demais poderão pedir àquele que está falando que
gatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
indique em quais páginas dos autos estão as provas
Durante o tempo designado de fala da defesa e da referenciadas na fala.
Ao fim dos debates o juiz presidente perguntará
acusação, as partes não poderão, sob pena de nulida-
aos jurados se estão aptos a julgar ou se necessitam de
de, fazer referência à: decisão que pronunciou o acu-
maiores esclarecimentos acerca dos fatos ali narrados
sado; às decisões posteriores que julgaram admissível
e expostos, podendo acessar os instrumentos do crime
a acusação ou à determinação do uso de algemas; e ao se assim o pedirem.
silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório
por falta de requerimento, em seu prejuízo. Art. 481 Se a verificação de qualquer fato, reco-
Note o trecho “em seu prejuízo” do inciso II. Deste nhecida como essencial para o julgamento da cau-
modo, entende-se que a menção ao silêncio do acusa- sa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz
do ou à ausência de interrogatório é válida, quando presidente dissolverá o Conselho, ordenan-
em benefício do acusado. do a realização das diligências entendidas
necessárias.
Art. 479 Durante o julgamento não será permitida Parágrafo único. Se a diligência consistir na produ-
a leitura de documento ou a exibição de objeto que
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo,


não tiver sido juntado aos autos com a antecedên- nomeará perito e formulará quesitos, facultando
cia mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência às partes também formulá-los e indicar assistentes
à outra parte. técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste
artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escri-
z Fato relevante para o julgamento: pode ser qual-
to, bem como a exibição de vídeos, gravações, foto-
grafias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro quer fato pertinente ao julgamento de mérito, não
meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a se incluindo nesse contexto questão de direito.
matéria de fato submetida à apreciação e julga- Quanto a esta espécie de dúvida, cabe ao juiz pre-
mento dos jurados. sidente decidir (ex.: sobre a legalidade e admissibi-
lidade de alguma prova, é problema do magistrado
O artigo veda a exibição de prova “surpresa”, e não do Conselho de Sentença). Entretanto, se for
ou seja, aquela que não tiver sido juntada aos autos alegada a inimputabilidade do réu, necessitando-
com tempo hábil para dar ciência à parte contrária, -se fazer exame de insanidade, o que é impossível
visa preservar a ampla defesa e o devido processo de ser realizado no momento, cabe a dissolução
legal. Usamos o termo prova de forma genérica, mas do Conselho, com determinação de realização da 111
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
diligência. Somente após, designará o juiz outro § 4º Sustentada a desclassificação da infração para
julgamento. Pode ocorrer, ainda, que, durante os outra de competência do juiz singular, será formula-
debates, alguém mencione a existência de uma tes- do quesito a respeito, para ser respondido após o 2º
temunha referida, não ouvida. Entendendo algum (segundo) ou 3º (terceiro) quesito, conforme o caso.
jurado ser essencial inquiri-la, não podendo a dili- § 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua
forma tentada ou havendo divergência sobre a tipi-
gência ser empreendida de imediato, deve-se adiar
ficação do delito, sendo este da competência do Tri-
a sessão, dissolvendo-se o Conselho
bunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas
questões, para ser respondido após o segundo quesito.
O artigo assinala que se durante o julgamento for § 6º Havendo mais de um crime ou mais de um acusa-
verificada alguma prova essencial ainda não colhida do, os quesitos serão formulados em séries distintas.
ou produzida e esta não puder ser realizada imediata-
mente, então determinará a dissolução do julgamento O artigo determina a ordem que deve ser formulado
para a produção da prova referenciada. os quesitos, sempre com perguntas simples que possam
Em se tratando de prova pericial, procede-se à ser respondidas com sim ou não. Primeiramente os quesi-
apresentação dos quesitos (perguntas da acusação tos deverão versar sobre a materialidade do fato, ou seja,
e defesa) que deverão ser respondidas pelo expert se o crime ocorreu, após se houve autoria ou participação
nomeado. do acusado e após se os jurados absolvem o acusado.
Os demais quesitos versam sobre circunstâncias qua-
Do Questionário e sua Votação lificadoras e atenuantes alegadas pela defesa e acusação.
Os jurados deverão, ainda, responder se desclassi-
Art. 482 O Conselho de Sentença será questiona- ficam o crime – de doloso contra a vida – para outra
do sobre matéria de fato e se o acusado deve ser natureza criminosa, como por exemplo, a lesão corpo-
absolvido. ral, onde há o objetivo de lesionar, mas não de matar.
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em
proposições afirmativas, simples e distintas, de Art. 484 A seguir, o presidente lerá os quesitos e
modo que cada um deles possa ser respondido com indagará das partes se têm requerimento ou recla-
suficiente clareza e necessária precisão. Na sua ela- mação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a
boração, o presidente levará em conta os termos da decisão, constar da ata.
pronúncia ou das decisões posteriores que julga- Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente
ram admissível a acusação, do interrogatório e das explicará aos jurados o significado de cada quesito.
alegações das partes.

Os quesitos são as perguntas que são formuladas Importante!


aos jurados após o fim da exposição das provas em
plenário, decidindo então sobre a condenação, absol- Os quesitos serão lidos e os acusadores e defen-
vição e eventuais qualificadoras ou atenuantes do sores poderão realizar requerimentos ou recla-
caso. Os quesitos serão formulados pelo juiz presiden- mações, explicando ainda aos jurados o que
te de forma simples e objetiva. significa cada um dos quesitos, para que não
paire dúvidas sobre o que responderão.
Art. 483 Os quesitos serão formulados na seguinte
ordem, indagando sobre:
I – a materialidade do fato; z Leitura e explicação dos quesitos: segundo a lei, deve
II – a autoria ou participação; ser feita em plenário, na presença do público. Não gera
III – se o acusado deve ser absolvido; nulidade, no entanto, o juiz presidente convidar os jura-
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada dos e as partes para o recolhimento à sala secreta, onde
pela defesa; serão os quesitos explicados. Inexiste qualquer tipo de
V – se existe circunstância qualificadora ou causa prejuízo nesse procedimento. Cremos, no entanto, que
de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou o magistrado deve fazer a leitura dos quesitos em ple-
em decisões posteriores que julgaram admissível a nário, à vista do público, que ficará esclarecido sobre o
acusação. método de julgamento, bem como porque alguma das
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jura- partes pode ter reclamações a fazer, resolvidas, então,
dos, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I de plano, de modo que tudo seria acompanhado pelos
e II do caput deste artigo encerra a votação e impli- presentes, prestigiando-se o princípio da publicidade.
ca a absolvição do acusado A explicação, quanto à significação jurídica de cada
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3 um, pode ser feita na sala secreta, em virtude da maior
(três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II liberdade dos jurados para fazer indagações
do caput deste artigo será formulado quesito com a
seguinte redação:
Art. 485 Não havendo dúvida a ser esclarecida, o
juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o
O jurado absolve o acusado? assistente, o querelante, o defensor do acusado, o
escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala
Art. 483 [...] especial a fim de ser procedida a votação.
§ 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julga- § 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente deter-
mento prossegue, devendo ser formulados quesitos minará que o público se retire, permanecendo somen-
sobre: te as pessoas mencionadas no caput deste artigo.
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; § 2º O juiz presidente advertirá as partes de que
II – Circunstância qualificadora ou causa de aumento não será permitida qualquer intervenção que possa
de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões perturbar a livre manifestação do Conselho e fará
112 posteriores que julgaram admissível a acusação. retirar da sala quem se portar inconvenientemente.
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O artigo trata do momento da votação dos quesitos a contradição, submeterá novamente à votação os
pelos jurados, deve-se, então, dirigir-se à sala especial quesitos a que se referirem tais respostas.
o acusador, o defensor, o escrivão e o oficial de justiça. Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos
Perceba-se que o acusado não permanecerá nessa sala. quesitos, o presidente verificar que ficam prejudi-
Ninguém poderá interferir na votação pelo Conselho cados os seguintes, assim o declarará, dando por
de Sentença. finda a votação.

Art. 486 Antes de proceder-se à votação de cada O artigo diz que a resposta de um quesito não pode
quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos contrariar o já respondido, dessa maneira, o juiz pre-
jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco sidente deverá explicar aos jurados quanto a contra-
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a dição e reperguntar o quesito.
palavra sim, 7 (sete) a palavra não. O quesito prejudicial seria, por exemplo, aquele
que absolve o acusado, neste caso estariam prejudica-
A votação será realizada por meio de papéis con- dos os demais quesitos.
tendo as palavras SIM e NÃO, confeccionadas em
papel opaco para que os presentes não tenham acesso Art. 491 Encerrada a votação, será o termo a que
visual ao conteúdo de cada voto. se refere o art. 488 deste Código assinado pelo pre-
sidente, pelos jurados e pelas partes.
Art. 487 Para assegurar o sigilo do voto, o oficial
de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas Todas as partes deverão assinar o termo, garantin-
correspondentes aos votos e as não utilizadas.
do a lisura do procedimento.
Todos os votos serão recolhidos de forma a garan-
tir o sigilo da votação. QUESTIONÁRIO E VOTAÇÃO

Art. 488 Após a resposta, verificados os votos e as O Conselho de Sentença é questionado sobre os fatos
cédulas não utilizadas, o presidente determinará e se o acusado deve ser absolvido. Os quesitos são
que o escrivão registre no termo a votação de cada feitos de forma afirmativa. O juiz leva em consideração
quesito, bem como o resultado do julgamento. para a formulação dos quesitos o que foi decidido na
Parágrafo único. Do termo também constará a con- pronúncia e nas decisões posteriores que julgaram ad-
ferência das cédulas não utilizadas. missíveis a acusação + o interrogatório + as alegações
das partes
Para garantir a lisura de todos os procedimentos
e votação dos jurados, procederá à conferência das Ordem dos Quesitos: 1ª materialidade, 2ª autoria, 3º
cédulas não utilizadas, constando em ata com o fim de se deve ser absolvido, 4º Se há causa de Diminuição
se afastar qualquer tipo de nulidade. de Pena, 5º Se há qualificadora ou causa de aumento.
Atenção: se mais de 3 jurados diz não para o 1º ou 2º
Art. 489 As decisões do Tribunal do Júri serão acaba a votação e o réu é absolvido
tomadas por maioria de votos.

z Maioria de votos: esse é o quorum vencedor no Da Sentença


Tribunal do Júri. Não se exige unanimidade, logo, Art. 492 Em seguida, o presidente proferirá senten-
com razão, inexiste fundamento para divulgar o ça que:
resultado da apuração quando, verificada a maio- I – no caso de condenação:
ria (quatro votos), chegou-se ao veredicto. Na juris- a) fixará a pena-base;
prudência do TJPA: b) considerará as circunstâncias agravantes ou ate-
nuantes alegadas nos debates;
“Com relação à votação não ter sido unânime por oca- c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em
sião da quesitação dos jurados, não se configura motivo atenção às causas admitidas pelo júri;
suficiente para anular o julgamento. Observe-se que o d) observará as demais disposições do art. 387 des-
artigo 489 do Código de Processo Penal preceitua que te Código;
tais decisões serão tomadas ‘por maioria de votos’, logo e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
não há como anular um julgamento pelo simples fato -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
da decisão do Conselho de Sentença não ter sido unâ- requisitos da prisão preventiva;
nime, já que venceu a tese acolhida pela maioria” (Ap. e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

0000404-98.2003.8.14.0125 – PA, 2.ª Turma de Direito -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
Penal, rel. Rômulo José Ferreira Nunes, 01.11.2016, v.u.). requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
Ver, ainda, as notas 272 ao art. 483 e 292 ao art. 488. denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
anos de reclusão, determinará a execução provisó-
Dica ria das penas, com expedição do mandado de pri-
são, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
Como o Conselho de Sentença é composto por recursos que vierem a ser interpostos;
7 (sete) jurados, assim que o quesito perguntado f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da
completar 4 votos SIM ou 4 votos NÃO, a votação condenação;
é encerrada, dando-se como decisão tomada por II – no caso de absolvição:
maioria de votos, não se fazendo necessário, a) mandará colocar em liberdade o acusado se por
nestes casos, a abertura de todos os 7 votos. outro motivo não estiver preso
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente
Art. 490 Se a resposta a qualquer dos quesitos esti- decretadas;
ver em contradição com outra ou outras já dadas, o c) imporá, se for o caso, a medida de segurança
presidente, explicando aos jurados em que consiste cabível. 113
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§ 1º Se houver desclassificação da infração para O pedido desse efeito poderá ser realizado no pró-
outra, de competência do juiz singular, ao presiden- prio Recurso de Apelação ou em petição dirigida ao
te do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em relator do Recurso, separadamente.
seguida, aplicando-se, quando o delito resultante
da nova tipificação for considerado pela lei como Art. 493 A sentença será lida em plenário pelo pre-
infração penal de menor potencial ofensivo, o dis- sidente antes de encerrada a sessão de instrução e
posto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 julgamento.
de setembro de 1995.
§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo
que não seja doloso contra a vida será julgado pelo
Ao fim dos trabalhos o juiz presidente procederá
juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no à leitura da sentença, na presença dos jurados, do
que couber, o disposto no § 1o deste artigo. defensor e do Ministério Público.
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar
de autorizar a execução provisória das penas de Art. 494 De cada sessão de julgamento o escrivão
que trata a alínea e do inciso I do caput deste arti- lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.
go, se houver questão substancial cuja resolução
pelo tribunal ao qual competir o julgamento pos-
sa plausivelmente levar à revisão da condenação. Importante!
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
A ata do julgamento de cada sessão será lavrada
NOVIDADES DO PACOTE ANTICRIME – ART. 492 pelo escrivão.

Art. 492 [...]


§ 4º A apelação interposta contra decisão condenató- Art. 495 A ata descreverá fielmente todas as ocor-
ria do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a rências, mencionando obrigatoriamente:
15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensi- I – a data e a hora da instalação dos trabalhos;)
vo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito presentes;
suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, III – os jurados que deixaram de comparecer, com
quando verificado cumulativamente que o recurso: (In- escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas;
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispen-
I - não tem propósito meramente protelatório; e (Incluí- sa ;
do pela Lei nº 13.964, de 2019) V – o sorteio dos jurados suplentes;
II - levanta questão substancial e que pode resultar em VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido,
absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou com a indicação do motivo;
redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) VII – a abertura da sessão e a presença do Ministé-
anos de reclusão. rio Público, do querelante e do assistente, se hou-
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo po- ver, e a do defensor do acusado;
derá ser feito incidentemente na apelação ou por meio VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não
comparecimento;
de petição em separado dirigida diretamente ao relator,
IX – as testemunhas dispensadas de depor;
instruída com cópias da sentença condenatória, das
X – o recolhimento das testemunhas a lugar de
razões da apelação e de prova da tempestividade, das
onde umas não pudessem ouvir o depoimento das
contrarrazões e das demais peças necessárias à com-
outras;
preensão da controvérsia
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o
A sentença do Tribunal do Júri fixará a pena, assim registro dos nomes dos jurados sorteados e recusas;
como a sentença proferida nos demais procedimentos XIII – o compromisso e o interrogatório, com sim-
penais, contudo, pela inovação trazida pela lei 13964, ples referência ao termo;
de 2019 (pacote anticrime) determina-se o recolhi- XIV – os debates e as alegações das partes com os
mento à prisão em caso de condenação superior à 15 respectivos fundamentos;
anos. XV – os incidentes;
A absolvição importará na imediata liberdade do XVI – o julgamento da causa;
acusado, salvo se houver mandado de prisão em seu XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária,
desfavor por outro crime. das diligências e da sentença.
Caso o crime seja desclassificado para outro que
não seja de competência do Júri, como por exemplo a O artigo determina a fidelidade da ata quanto aos
lesão corporal, deverá então o juiz presidente proce- trabalhos realizados na sessão de Julgamento, não
der ao julgamento imediato. havendo qualquer ato, ainda que indeferido pelo Juiz,
Em caso de apelação de sentença condenatória ou considerado irrelevante que não tenha que constar
superior a 15 anos, não terá efeito suspensivo, ou seja, em ata.
mesmo apelando deverá iniciar o cumprimento de
sua pena. Art. 496 A falta da ata sujeitará o responsável a
Contudo, caso o recurso não seja procrastinatório sanções administrativa e penal.
(aquele que somente tem intenção de ganhar tempo
em julgamento) ou tenha levantado algo substancial Nada poderá ser realizado perante à sessão do Tri-
quanto ao delito, pode o Tribunal de Justiça atribuir o bunal do Júri sem que tenha constado em ata. O art.
efeito suspensivo, ainda que a condenação seja supe- 496 ainda determina que a falta do documento seja
114 rior a 15 anos. objeto de responsabilização administrativa e penal.
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DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL magistrado preservar a defesa ao longo do processo,
DO JURI bem como no plenário do Tribunal do Júri.
Se o defensor, por exemplo, pedir a condenação do
Seção XVI — Das Atribuições do Presidente do acusado, dificilmente o Conselho de Sentença o absol-
Tribunal do Júri verá. Por isso, deverá o juiz declarar o réu indefeso,
dissolvendo o Conselho de Sentença e marcando outro
Art. 497 São atribuições do juiz presidente do Tri- julgamento. Porém, antes de nomear defensor dativo
bunal do Júri, além de outras expressamente referi- ao réu, deverá conceder-lhe a possibilidade de indi-
das neste Código: car outro advogado para patrocinar seus interesses,
I - regular a polícia das sessões e prender os não podendo ser, novamente, aquele que foi descons-
desobedientes;
tituído por ato do juiz. Caso fique inerte, o magistrado
nomeará defensor ao acusado.
Durante as sessões, em algumas situações, ocor-
rem desrespeito e desobediência a figura do juiz. Art. 497 [...]
O magistrado, enquanto Presidente do Tribunal do VI - mandar retirar da sala o acusado que dificultar
Júri, é a única autoridade com poder no plenário. No a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem
entanto, cabe a polícia da sessão, exclusivamente, ao a sua presença;
juiz presidente. Caso haja manifestação desrespeitosa
o magistrado poderá determinar a prisão do sujeito. O réu deve comportar-se com respeito e equidade
durante a sessão, vez que o direito de acompanhar o jul-
Art. 497 [...] gamento não é absoluto. Assim sendo, caso demonstre
II - requisitar o auxílio da força pública, que ficará agressividade, profira ameaças, faça protestos ou tumul-
sob sua exclusiva autoridade; tue os trabalhos, poderá ser retirado do plenário, aguar-
dando o término do julgamento em sala especial.
A força policial presente no plenário ficará sob Vale mencionar que a atitude extrema de o retirar da
ordens exclusivas do juiz presidente, não devendo sala deve ser tomada em último caso, sendo analisada a
atender comandos de outra autoridade qualquer. situação.

Art. 497 [...] Art. 497 [...]


III - dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável
excesso de linguagem ou mediante requerimento de à realização das diligências requeridas ou entendi-
uma das partes; das necessárias, mantida a incomunicabilidade dos
jurados;
O juiz presidente deve coordenar os trabalhos,
podendo intervir sempre que houver algum abuso, A suspensão dos trabalhos para diligências ocorre
excesso de linguagem ou mediante requerimento em raras ocasiões nos dias de hoje, em especial nas
da parte. Ocorre, conforme já mencionado, que nem grandes cidades, vez que qualquer circunstância fora
sempre as partes respeitam a autoridade do juiz pre- do normal poderá provocar o adiamento da sessão
sidente, tumultuando a sessão do plenário mediante com dissolução do Conselho, por ser impossível de
trocas contínuas de ofensas ou invasões indevidas na ser realizada em pouco tempo. Porém, em Comarcas
fala alheia. Assim sendo, caso as determinações judi- menores, é possível mandar produzir uma prova, por
ciais não forem atendidas, é possível a dissolução do exemplo, sem prejuízo para os trabalhos.
Conselho e a redesignação do julgamento, oficiando
ao órgão competente, para demonstrar qual das par- Art. 497 [...]
tes prejudicou o término da sessão. VIII - interromper a sessão por tempo razoável,
para proferir sentença e para repouso ou refeição
Art. 497 [...] dos jurados;
IV - resolver as questões incidentes que não depen-
dam de pronunciamento do júri; Há, também, a hipótese de suspensão para descan-
so dos jurados. Os integrantes do Conselho de Senten-
As questões incidentes constituem as questões de ça têm direito ao descanso e ao momento reservado
direito que estão fora da competência do Conselho de para as refeições, o que deve ser garantido pelo juiz
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Sentença, que serão resolvidas por juízes do fato, não presidente. Porém, não podem haver vastos interva-
havendo necessidade de o presidente do júri ouvir os los, bem como curtíssimas suspensões, sem conceder
jurados para cada decisão de matéria jurídica a ser aos presentes o tempo de descanso devido.
resolvida no decorrer do júri.
Art. 497 [...]
Art. 497 [...] IX - decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público
V - nomear defensor ao acusado, quando considerá- e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a
-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conse- argüição de extinção de punibilidade;
lho e designar novo dia para o julgamento, com a
nomeação ou a constituição de novo defensor; A extinção da punibilidade consiste em matéria
de interesse público, devendo ser reconhecida a qual-
O réu possui direito constitucional à ampla defesa, quer tempo. Por isso, no dia do julgamento, qualquer
conforme o inciso LV, art. 5º, da CF, em feitos criminais uma das partes e, até mesmo, o magistrado poderão,
comuns, sendo reconhecido, também, o direito à ple- de ofício, requerer a palavra para solicitar o reconhe-
nitude de defesa no Tribunal do Júri, segundo a alínea cimento da extinção da punibilidade, o que deverá
“a”, inciso XXXVIII, art. 5º, da CF. Por isso, é dever do ser, no ato, decidido. 115
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Art. 497 [...] z Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
X - resolver as questões de direito suscitadas no quando o juizado especial criminal encaminhar ao
curso do julgamento; juízo comum as peças existentes para a adoção de
outro procedimento, em razão da complexidade
Caberá ao magistrado resolver as questões de da causa, será utilizado o procedimento sumário.
direito levantadas no decorrer do julgamento.
Antes de comentar o procedimento sumário, fare-
Art. 497 [...] mos uma distinção dos diversos tipos de procedimen-
XI - determinar, de ofício ou a requerimento das tos existentes.
partes ou de qualquer jurado, as diligências desti- Conforme veremos no quadro a seguir, o rito
nadas a sanar nulidade ou a suprir falta que preju- sumário é utilizado para os crimes menos graves do
dique o esclarecimento da verdade; que o rito ordinário, e por isso, ele é um pouco mais
rápido do que o ordinário.
O magistrado tem possibilidade de determinar, No entanto, são poucas as diferenças entre esses
de ofício, diligências que entenda útil para impedir a dois procedimentos. Vejamos a tabela a seguir:
ocorrência de nulidade, seguindo em busca da verda-
de real como princípio fundamental adotado no pro- PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS
cesso penal brasileiro. No entanto, caso a diligência COMUNS ESPECIAIS
ordenada não possa ser realizada deverá ser dissolvi-
do o Conselho de Sentença e marcada outra data para � Ordinário: (pena máxima
a realização do julgamento. igual ou superior a 4
anos) � Júri
Art. 497 [...] � Sumário: (pena máxima � Crimes Funcionais: (fun-
XII - regulamentar, durante os debates, a interven- superior a 2 e inferior a cionários públicos)
ção de uma das partes, quando a outra estiver com 4 anos) � Crimes Contra Honra
a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos � Sumaríssimo: (pena � Crimes Contra Proprie-
para cada aparte requerido, que serão acrescidos máxima de até 2 anos – dade Imaterial
ao tempo desta última. Crimes de menor poten-
cial ofensivo)
Consiste no direito ao aparte. Assim sendo, o juiz
deverá regular os debates, devendo haver ordem e
Art. 531 Na audiência de instrução e julgamento, a ser
consenso entre as partes, para que ambas possam
realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-
desenvolver as suas manifestações livremente, inclu-
-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível,
sive no momento dos apartes.
à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação
Solicitada a intervenção da parte em relação ao e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
orador, se este permitir e tudo ocorrer normalmen- 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
te, não haverá intervenção alguma do magistrado. peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
Porém, caso não haja concordância, o juiz presidente coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
deverá interceder e conceder a palavra por até três dendo-se, finalmente, ao debate.
minutos.
A primeira diferença entre os dois ritos é o prazo
para o agendamento da audiência de instrução e jul-
DO PROCESSO SUMÁRIO - ART. 531 A 538 gamento. Enquanto no rito ordinário o prazo é de 60
(sessenta) dias, aqui no sumário é de 30 (trinta) dias.
Em primeiro lugar é necessário lembrar da divisão
feita pelo CPP: Art. 532 Na instrução, poderão ser inquiridas até
5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.§ (cinco) pela defesa.
1o O procedimento comum será ordinário, sumário
ou sumaríssimo: A segunda diferença entre os ritos é a quantidade
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja de testemunhas as quais, no processo ordinário, são,
sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 ao todo, 8 (oito) e, no sumário, são apenas 5 (cinco).
(quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja Art. 533 Aplica-se ao procedimento sumário o
sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
anos de pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de § 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
menor potencial ofensivo, na forma da lei. § 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Após esse refresco de memória, vale apontar as § 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
principais características do rito sumário:
Os demais procedimentos são idênticos tanto no
z Prazo para a realização da AIDJ = 30 dias; rito ordinário como no sumário.
z Nº de testemunhas = até 5 (cinco);
z Alegações finais em 20 minutos, prorrogáveis por Art. 534 As alegações finais serão orais, conceden-
mais 10 minutos (para cada acusado). O assistente do-se a palavra, respectivamente, à acusação e à
de acusação tem 10 minutos e a defesa receberá o defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá-
mesmo tempo para se defender; veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
116 z Prazo de contestação = 10 dias; sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O tempo para as alegações finais também é o mes- É fato que não são compatíveis com a rapidez neces-
mo no rito ordinário e no sumário, com uma única res- sária desse rito as Cartas Precatória e Rogatória e Edital.
salva: no ordinário, o juiz pode substituir os debates Assim, quando for necessário citar o réu por alguma
orais por memoriais escritos. Nesse caso, cada parte dessas formas, o processo sairá do Juizado Especial Cri-
terá 5 (cinco) dias para fazer suas alegações. Cabe fri- minal, conforme prevê o art. 66 da referida lei.
sar, porém, que isso não é admissível no rito sumário.
Também, no rito ordinário, a sentença pode ser Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
dada no prazo de 10 dias, diferente do rito sumário,
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para
que deve ser feita, obrigatoriamente, ao término da ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
audiência de instrução e julgamento. ao Juízo comum para adoção do procedimento pre-
visto em lei.
Art. 534 [...]
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs- Após essa remessa do processo do Juizado Especial
to para a defesa de cada um será individual. (Incluí- Criminal para o juízo comum, o rito adotado deverá
do pela Lei nº 11.719, de 2008). ser o Rito Sumário. Como já mencionado, os demais
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a mani- atos processuais são idênticos no Rito Sumário e no
festação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, Rito Ordinário, a saber:
prorrogando-se por igual período o tempo de manifes-
tação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). z Oferecimento da Denúncia: Deve conter todas as
provas colhidas até então, assim como o rol de tes-
Esse tempo extra de 10 minutos para cada parte temunhas e deve ainda requerer todos os demais
chamamos de Réplica e Tréplica. meios de prova necessários (Ex.: perícias e requisi-
ção de documentos);
Art. 535 Nenhum ato será adiado, salvo quando z Rejeição ou Recebimento da Denúncia: Se ocor-
imprescindível a prova faltante, determinando o rer qualquer das hipóteses do art. 395 do CPP (for
juiz a condução coercitiva de quem deva compare- manifestamente inepta; faltar pressuposto proces-
cer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). sual ou condição para o exercício da ação penal; ou
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). faltar justa causa para o exercício da ação penal) o
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). juiz deve rejeitar a denúncia. Caso contrário, deve
recebê-la e mandar citar o acusado para apresen-
No caso de falta de uma testemunha, considerada tar resposta no prazo de 10 dias;
imprescindível para alguma das partes, o juiz marca- z Resposta do Réu (Art. 396-A): Na resposta, o acusa-
rá nova data para sua oitiva, podendo mandar con- do poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justi-
duzir coercitivamente a testemunha faltante na nova
ficações, especificar as provas pretendidas e arrolar
data marcada, sem prejuízo de eventual multa aplica-
testemunhas. Trata-se de defesa técnica (advogado),
da, no caso de falta injustificável. realizada no prazo de 10 (dez) dias. Não apresenta-
da a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado,
Art. 536 A testemunha que comparecer será inquiri- não constituir defensor, o juiz nomeará defensor
da, independentemente da suspensão da audiência, para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por
observada em qualquer caso a ordem estabelecida 10 (dez) dias. Vale destacar que, a resposta do réu
no art. 531 deste Código. (Redação dada pela Lei nº foi criada recentemente, em substituição a antiga
11.719, de 2008). Defesa Prévia que era feita em 3 dias;
z Decisão do Juiz diante da Resposta do Réu (Art.
Não se perderá a oportunidade de ouvir as teste- 397): O juiz pode Absolver Sumariamente o Acusa-
munhas que compareceram, ainda que alguma tenha do se reconhecer: a existência manifesta de causa
faltado e seja ouvida em outra data. excludente da ilicitude do fato; a existência mani-
festa de causa excludente da culpabilidade do
Art. 537 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado
Art. 538 Nas infrações penais de menor potencial evidentemente não constitui crime; ou extinta a
ofensivo, quando o juizado especial criminal enca- punibilidade do agente;
minhar ao juízo comum as peças existentes para z Agendamento da Audiência de Instrução e Jul-
a adoção de outro procedimento, observar-se-á gamento (AIJ): Não sendo o caso de absolvição
DIREITO PROCESSUAL PENAL

o procedimento sumário previsto neste Capítulo. sumária, o juiz deve fazer tal agendamento. Essa
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). fase constitui uma das diferenças entre os ritos
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). sumário e ordinário. O prazo para o agendamen-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). to no procedimento ordinário é de 60 dias, já no
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). procedimento sumário é de 30 dias, ambos conta-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). dos da decisão do juiz diante da resposta do réu. O
Art. 539 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). descumprimento do prazo não gera nulidade, mas
Art. 540 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). pode gerar Habeas Corpus se o réu estiver preso;
z Audiência de Instrução e Julgamento (Art. 400):
A Lei nº 9.099/1999, que instituiu o Juizado Espe- Começa com a Declaração do Ofendido, momento
cial Criminal, criou o Rito Sumaríssimo para julga- em que deve dar a sua versão dos fatos, sendo ouvi-
mento dos crimes considerados de Menor Potencial do em declarações, havendo uma tolerância com
Ofensivo, com penas máximas de até 2 anos. O pro- pequenos exageros na sua versão do crime, natural
cesso perante o Juizado Especial deve atender aos na sua condição de vítima, mas poderá ser respon-
princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, sabilizado por denunciação caluniosa (dar causa a
economia processual e celeridade. processo criminal que sabe ser o autor inocente); 117
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z Oitiva das Testemunhas de Acusação e de Defe- Este procedimento tem se tornado cada vez menos
sa: É importante lembrar que a quantidade de tes- utilizado, uma vez que os autos, atualmente, em sua
temunhas ouvidas é a segunda diferença entre os maioria, são eletrônicos.
ritos – até 8 (oito) testemunhas no ordinário e até 5
(cinco) testemunhas no sumário. Ainda, as partes Art. 541 Os autos originais de processo penal
podem desistir das inquirições; extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda
z Oitiva das Testemunhas do Juízo (Art. 209): instância, serão restaurados.
Quando julgar necessário para a elucidação dos § 1º Se existir e for exibida cópia autêntica ou cer-
tidão do processo, será uma ou outra considerada
fatos, o juiz poderá ouvir outras testemunhas,
como original.
além das indicadas pelas partes. Isso é permitido
em respeito ao Princípio da Verdade Real, que
Havendo cópia dos autos, a restauração é desne-
determina ser o juiz responsável pela elucidação
cessária, considerando a cópia como original.
do crime, não se contentando apenas com a verda-
de formal trazida pelas partes; Art. 541 [...]
z Esclarecimentos dos Peritos: Obviamente, tal § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do pro-
fase ocorrerá caso tenha havido perícia. As partes cesso, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento
poderão questionar sobre os laudos apresentados, de qualquer das partes, que:
bem como suas conclusões;
z Acareações: Ocorrerá caso tenha havido depoimen- O juiz determina o início do procedimento de ofi-
tos conflitantes entre testemunhas, vítimas ou réus; cio ou mediante provocação das partes envolvidas
z Reconhecimento de Pessoas e Coisas: Ocorrerá
caso alguma testemunha ou vítima afirme ter vis- Art. 541 [...]
to algo ou alguém que tenha envolvimento com o a) o escrivão certifique o estado do processo, segun-
crime e que possa ser reconhecido em audiência. do a sua lembrança, e reproduza o que houver a
z Interrogatório do Réu: Caminhando para o fim da respeito em seus protocolos e registros;
audiência, dá-se a oportunidade para o réu apre-
sentar a sua versão dos fatos. Vale destacar que O escrivão iniciará pesquisas para tentar encon-
ele pode ficar em silêncio sobre os fatos que lhe trar documentos ou informações que ajudem a refor-
foram imputados, ou até mesmo mentir. No entan- mulação dos autos, inclusive da própria lembrança. É
to, numa primeira fase, sobre sua qualificação e a chamada “certidão de lembrança”, na qual registra-
demais dados pessoais, está obrigado a responder. rá tudo o que lembrar a respeito do processo.

Art. 541 [...]


Esse interrogatório ao final da audiência é um pro-
b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito
cedimento recente. Antigamente, o interrogatório do no Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identifica-
réu era o primeiro ato da audiência. A mudança aju- ção e Estatística ou em estabelecimentos congêneres,
dou muito a defesa, pois o réu fala após saber o que repartições públicas, penitenciárias ou cadeias;
disseram a vítima, testemunha e peritos.
Concluindo a fase probatória da audiência, o juiz Todos os órgãos que emitiram documentos para
verifica se ainda existem Diligências Necessárias, a instrução do processo extraviado deverão reenviar
que possam ser requeridas pelas partes. Em seguida, cópias de tais documentos.
ele dá início à última fase da audiência, com as Alega- Hoje em dia, isso também é bastante facilitado, pois
ções Finais Orais. Cada parte terá 20 (vinte) minutos, praticamente todas as petições, ofícios ou intimações
respectivamente, a acusação e defesa, para expor seus são feitas em computadores. Além disso, geralmente,
argumentos. Esse prazo pode ser prorrogado por mais os arquivos estão salvos, bastando fazer um trabalho
10 (dez) minutos para Réplica e Tréplica. de procura junto aos autores dos documentos.
No procedimento ordinário, o juiz poderá, ainda,
considerada a complexidade do caso, ou o número de Art. 541 [...]
acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias, c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
sucessivamente, para a apresentação de memoriais forem encontradas, por edital, com o prazo de dez
escritos. Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias dias, para o processo de restauração dos autos.
para proferir a sentença (§ 3º, do art. 403, do CPP).
Encerrados os debates, o juiz profere a sentença Citação das partes para participarem do processo
em audiência. Vale ressaltar que, no procedimento de restauração.
sumário, a lei não autoriza a apresentação de memo-
Art. 541 [...]
riais, nem prazo de 10 dias para sentença.
§ 3º Proceder-se-á à restauração na primeira ins-
tância, ainda que os autos se tenham extraviado na
DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS segunda.
EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS - ART. 541 A 548
O processo de restauração se dará sempre na pri-
Trata-se de refazer os autos do processo penal quan- meira instância.
do por algum motivo forem extraviados ou destruídos.
Isso pode ocorrer por causas naturais, por exemplo, em Art. 542 No dia designado, as partes serão ouvi-
casos de incêndio ou inundações, ou ainda por ações das, mencionando-se em termo circunstanciado os
humanas, como, por exemplo, furtos ou negligência no pontos em que estiverem acordes e a exibição e a
cuidado dos autos, seja por parte dos servidores da jus- conferência das certidões e mais reproduções do
118 tiça, seja pelos advogados, promotores ou juízes. processo apresentadas e conferidas.
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É muito comum que os advogados e o Ministério O juiz, no prazo de 5 dias, poderá requerer as últi-
Público possuam cópias integrais dos autos dos pro- mas diligências junto a repartições ou autoridade
cessos em que atuam. Isso, por si só, já costuma ser antes de proferir a sentença
suficiente para a restauração dos autos.
Art. 545 Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos
Art. 543 O juiz determinará as diligências necessá- autos originais, não serão novamente cobrados.
rias para a restauração, observando-se o seguinte: Art. 546 Os causadores de extravio de autos res-
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, ponderão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da
reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser subs- responsabilidade criminal.
tituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem
em lugar não sabido; As custas judiciais não poderão ser cobradas nova-
mente. Porém, a quem deu causa ao extravio serão
É possível a reinquirição das testemunhas, mas, cobradas em dobro.
dependendo do tempo já transcorrido em relação à data
Art. 547 Julgada a restauração, os autos respecti-
dos fatos, os detalhes, muitas vezes, ficam esquecidos.
vos valerão pelos originais.
Parágrafo único. Se no curso da restauração apare-
Art. 543 [...]
cerem os autos originais, nestes continuará o pro-
II - os exames periciais, quando possível, serão
cesso, apensos a eles os autos da restauração.
repetidos, e de preferência pelos mesmos peritos;
Aparecendo os autos originais, esses é que serão
Cabe destacar que alguns exames periciais não válidos para a continuidade do processo, ficando os
podem ser repetidos, como, por exemplo, o Exame de
autos de restauração apensados. Isso não poderia ser
Corpo de Delito, por terem desaparecido os vestígios.
diferente, pois, pela lógica, o original deve prevalecer.
No entanto, quando for possível refazer, o ideal seria
que fossem feitos pelos mesmos peritos, não sendo Art. 548 Até à decisão que julgue restaurados os
essa uma condição obrigatória. autos, a sentença condenatória em execução conti-
nuará a produzir efeito, desde que conste da respec-
Art. 543 [...] tiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária,
III - a prova documental será reproduzida por meio onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro
de cópia autêntica ou, quando impossível, por meio que torne a sua existência inequívoca.
de testemunhas;
Caso os autos extraviados já estivessem com sentença
Essas são as provas mais fáceis de serem restaura- condenatória em execução, essa não será interrompida.
das, pois os documentos geralmente estão arquivados Tal situação, atualmente, seria rara, pois, segundo
ou armazenados física ou digitalmente. o STF, o réu só deve iniciar o cumprimento da pena
Na falta do documento, a prova testemunhal pode após o trânsito em julgado. No entanto, cabe mencio-
suprir-lhe a falta. nar a exceção relativa às condenações feitas pelo tri-
bunal do júri à pena superior a 15 anos (Art. 492, I,
Art. 543 [...] “e”, do CPP). Nesse caso, pela recente mudança intro-
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos duzida pelo Pacote Anticrime, o réu já inicia o cumpri-
do processo, que deverá ser restaurado, as autori- mento imediato da pena, sem prejuízo do recurso de
dades, os serventuários, os peritos e mais pessoas apelação a que tem direito.
que tenham nele funcionado;
DOS RECURSOS EM GERAL - ART. 574 A 667
Todos que atuaram no processo poderão ser chamados
a contribuir para esclarecer os fatos e dirimir as dúvidas. Capítulo I – Disposições Gerais

Art. 543 [...] Prezando pelo devido processo legal, pelo contraditó-
V - O Ministério Público e as partes poderão ofe- rio e ampla defesa, existe o duplo grau de jurisdição. Em
recer testemunhas e produzir documentos, para outras palavras, a parte que se vê insatisfeita com a decisão
provar o teor do processo extraviado ou destruído. judicial tem o direito de recorrer, para reformar, invalidar,
integrar ou esclarecer o pronunciamento judicial.
É normal que haja controvérsia sobre situações Na Teoria Geral dos Recursos, é importante saber
que constavam ou não no processo extraviado. Por sobre a produção dos efeitos:
DIREITO PROCESSUAL PENAL

isso, as partes podem produzir prova para demons-


trar o teor do processo extraviado ou destruído.
z Efeito Obstativo: a interposição do recurso tem o
Art. 544 Realizadas as diligências que, salvo motivo condão de impedir a geração da preclusão tempo-
de força maior, deverão concluir-se dentro de vinte ral, com o consequente trânsito em julgado;
dias, serão os autos conclusos para julgamento. z Efeito Devolutivo: transferência do conhecimen-
to da matéria impugnada ao órgão jurisdicional,
O prazo para realização das diligências é de 20 objetivando a reforma, a invalidação, a integração
dias, salvo motivo relevante, que poderão ser realiza- ou o esclarecimento da decisão impugnada;
das mesmo esgotado o prazo. z Efeito Suspensivo: impossibilidade de a decisão
Art. 544 [...]
impugnada produzir seus efeitos regulares enquan-
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de to não houver a apreciação do recurso interposto;
subirem os autos conclusos para sentença, o juiz z Efeito Regressivo/Iterativo/Diferido: devolução
poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autori- da matéria impugnada, para fins de reexame, ao
dades ou de repartições todos os esclarecimentos mesmo órgão jurisdicional que prolatou a decisão
para a restauração. recorrida, isto é, ao próprio juízo a quo; 119
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z Efeito Extensivo: possibilidade de se estender o resul- Capítulo II – Do Recurso em Sentido Estrito
tado favorável do recurso interposto por um dos acu-
sados aos outros que não tenham recorrido; Mais conhecido como RESE, visa impugnar deci-
z Efeito Substitutivo: o julgamento do recurso subs- sões interlocutórias. O rol do art. 581 do CPP deve ser
titui a decisão recorrida, salvo se o recurso não for lido com calma, pois alguns dispositivos são impugna-
recebido; dos via embargos em execução.
z Efeito Translativo: devolve à instância superior o
conhecimento integral da causa, ou seja, todo o Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da deci-
processo sobe para a segunda instância. são, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
De acordo com o princípio da vedação da reforma- Consiste na rejeição da peça acusatória, por falta de
tio in pejus, havendo recurso exclusivo da defesa, o justa causa, falta de condições da ação, pelo fato nar-
Tribunal não pode piorar a situação do acusado. rado não constituir crime ou quando já estiver extinta
Em prestígio à boa-fé, o CPP dispõe que: a punibilidade.
II - que concluir pela incompetência do juízo;
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuan- Provocado acerca de sua incompetência, o recurso
do-se os seguintes casos, em que deverão ser inter- cabível contra a decisão que concluir pela incompe-
postos, de ofício, pelo juiz: tência do juízo é o RESE, bem como quando o juiz de
I - da sentença que conceder habeas corpus; ofício declina sua competência.
II - da que absolver desde logo o réu com fundamen- III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de
to na existência de circunstância que exclua o cri- suspeição;
me ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411. Ex.: exceção de incompetência, litispendência, ilegiti-
Art. 575 Não serão prejudicados os recursos que, midade de parte e coisa julgada. A exceção de suspei-
por erro, falta ou omissão dos funcionários, não ção não cabe, porque é julgada pelo Tribunal, o que é
tiverem seguimento ou não forem apresentados incompatível com a sistemática do RESE.
dentro do prazo. IV – que pronunciar o réu;
Válido para o Tribunal do Júri.
Em decorrência da obrigatoriedade inerente à V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar ini-
propositura da ação penal pelo Ministério Público, dônea a fiança, indeferir requerimento de prisão pre-
este não poderá desistir do recurso interposto (art. ventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória
576). Todavia, o MP pode pedir a absolvição ao juiz, ou relaxar a prisão em flagrante;
As decisões judiciais relativas à fiança somente pode-
em alegações finais, uma vez que é o fiscal da lei.
rão ser impugnadas por meio de RESE.
Sobre a legitimidade recursal:
No caso de prisão é usado o habeas corpus, em caso de
indeferimento ou revogação da prisão, bem como de
Art. 577 O recurso poderá ser interposto pelo
liberdade provisória e relaxamento da prisão, o recur-
Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu,
so adequado é o RESE.
seu procurador ou seu defensor.
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto,
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu
recurso da parte que não tiver interesse na reforma
valor;
ou modificação da decisão.
Art. 578 O recurso será interposto por petição ou Novamente, a questão da fiança é tratada por meio do
por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou RESE.
por seu representante. VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro
§ 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar modo, extinta a punibilidade;
o nome, o termo será assinado por alguém, a seu IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da pres-
rogo, na presença de duas testemunhas. crição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
§ 2o A petição de interposição de recurso, com o O RESE se aplica tanto para a decisão que decreta a
despacho do juiz, será, até o dia seguinte ao último extinção da punibilidade, como a rejeita. Ex.: o juiz
do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no entende que o crime não prescreveu.
termo da juntada a data da entrega. X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
§ 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob
pena de suspensão por dez a trinta dias, fará con- A eventual concessão de HC também enseja o
clusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último reexame necessário, ainda que a acusação não inter-
do prazo. ponha o RESE. Enquanto não é feito o reexame neces-
sário pela instância superior, não se opera o trânsito
Para prestigiar a boa-fé, o CPP assegura a fungibili- em julgado.
dade dos recursos, desde que seja respeitado o menor
prazo e haja dúvida objetiva: Art. 581 [...]
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão
Art. 579 Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será condicional da pena;
prejudicada pela interposição de um recurso por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer
Se a suspensão condicional da pena acontecer na
a impropriedade do recurso interposto pela parte,
mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso
sentença, o recurso adequado não será o RESE, mas
cabível. sim a apelação. Se a decisão for proferida durante a
Art. 580 No caso de concurso de agentes (Código execução, o recurso adequado é o agravo em execução.
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por
um dos réus, se fundado em motivos que não sejam Art. 581 [...]
de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos XII - que conceder, negar ou revogar livramento
120 outros. condicional;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dispositivo tacitamente revogado, sendo cabível, Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra-
neste caso, o agravo em execução. vo em execução.

Art. 581 [...] Art. 581 [...]


XIII - que anular o processo da instrução criminal, XXII - que revogar a medida de segurança;
no todo ou em parte;
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra-
A interposição do RESE somente será possível se essa vo em execução.
anulação não ocorrer na sentença, uma vez que é residual.
Art. 581 [...]
Art. 581 [...] XXIII - que deixar de revogar a medida de seguran-
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o ça, nos casos em que a lei admita a revogação;
excluir;
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra-
Na verdade, a lista poderá ser alterada, de ofício vo em execução.
ou mediante reclamação de qualquer um do povo ao
juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua Art. 581 [...]
publicação definitiva. Assim, a doutrina passa a ter XXIV - que converter a multa em detenção ou em
dúvidas sobre a aplicabilidade do RESE neste caso. prisão simples.

Art. 581 [...] Não é mais possível converter multa em prisão.


XV - que denegar a apelação (recusar o recurso) ou
a julgar deserta (por falta de pagamento das custas Art. 581 [...]
– preparo); XXV - que recusar homologação à proposta de acor-
do de não persecução penal, previsto no art. 28-A
Destina-se à impugnação da denegação da apela- desta Lei.
ção pelo juízo a quo, por ausência de pressupostos de
admissibilidade recursal, ex.: é intempestiva. Essa é uma novidade do Pacote Anticrime.
O RESE impugna decisões de juiz singular. Ade-
Art. 581 [...] mais, prevalece o entendimento de que o rol deve ser
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em vir-
interpretado extensivamente. O RESE é considerado
tude de questão prejudicial;
um recurso residual, utilizado quando não for hipó-
tese dos demais instrumentos recursais, ex.: apelação.
Ex.: é determinada a suspensão do processo, em
O RESE pode ser interposto por petição ou termo
razão de questão prejudicial relacionada ao estado
nos autos, no prazo de 5 dias. Os autos seguintes são
civil das pessoas, com a consequente suspensão da
conclusos para que o juiz faça o juízo de admissibili-
prescrição – o recurso cabível é o RESE.
dade. Denegado o RESE, cabe carta testemunhável. O
prazo de razões e contrarrazões é de 48 horas.
Art. 581 [...]
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
Dica
Por se tratar de uma decisão do juiz das execuções,
O RESE possui efeito devolutivo, regressivo e
o recurso cabível é o agravo em execução.
extensivo.
Art. 581 [...]
Art. 582 Os recursos serão sempre para o Tribunal
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será
Tanto na hipótese de procedência como no caso de
para o presidente do Tribunal de Apelação.
improcedência do pedido do incidente de falsidade de Art. 583 Subirão nos próprios autos os recursos:
documento cabe o RESE. I - quando interpostos de oficio;
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
Art. 581 [...] III - quando o recurso não prejudicar o andamento
DIREITO PROCESSUAL PENAL

XIX - que decretar medida de segurança, depois de do processo.


transitar a sentença em julgado; Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em
traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qual-
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra- quer deles se conformar com a decisão ou todos
vo em execução. não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
Art. 584 Os recursos terão efeito suspensivo nos
Art. 581 [...] casos de perda da fiança, de concessão de livramen-
XX - que impuser medida de segurança por trans- to condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
gressão de outra; § 1º Ao recurso interposto de sentença de impro-
núncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra- -á o disposto nos arts. 596 e 598.
vo em execução. § 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-so-
mente o julgamento.
Art. 581 [...] § 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segu- fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da
rança, nos casos do art. 774; metade do seu valor. 121
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Art. 585 O réu não poderá recorrer da pronúncia Art. 598 Nos crimes de competência do Tribunal
senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for
casos em que a lei a admitir. interposta apelação pelo Ministério Público no pra-
Art. 586 O recurso voluntário poderá ser interpos- zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enume-
to no prazo de cinco dias. radas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo como assistente, poderá interpor apelação, que não
será de vinte dias, contado da data da publicação terá, porém, efeito suspensivo.
definitiva da lista de jurados. Parágrafo único. O prazo para interposição desse
Art. 587 Quando o recurso houver de subir por ins- recurso será de quinze dias e correrá do dia em que
trumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou
terminar o do Ministério Público.
em requerimento avulso, as peças dos autos de que
pretenda traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferi- As hipóteses de cabimento de apelação são enume-
do e concertado no prazo de cinco dias, e dele cons- radas no CPP:
tarão sempre a decisão recorrida, a certidão de
sua intimação, se por outra forma não for possível Art. 593 Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo I - das sentenças definitivas de condenação ou
de interposição. absolvição proferidas por juiz singular;
Art. 588 Dentro de dois dias, contados da interposi- A apelação é usada contra a sentença definitiva
ção do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraí- de condenação ou absolvição, proferida pelo juiz
do o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este singular. Também cabe apelação no caso de absol-
oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista vição sumária, ex.: reconhecimento de manifesta
ao recorrido por igual prazo. causa de excludente de ilicitude (art. 397).
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será inti- II - das decisões definitivas, ou com força de defi-
mado do prazo na pessoa do defensor.
nitivas, proferidas por juiz singular nos casos não
Art. 589 Com a resposta do recorrido ou sem ela,
previstos no Capítulo anterior;
será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois
dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
mandando instruir o recurso com os traslados que A apelação somente será cabível contra decisões
Ihe parecerem necessários. definitivas, ou com força de definitiva, se tais decisões
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho não forem impugnáveis através de RESE, por previsão
recorrido, a parte contrária, por simples petição, legal expressa – Ex.: rejeição da denúncia.
poderá recorrer da nova decisão, se couber recur-
so, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Nes- Art. 593 [...]
te caso, independentemente de novos arrazoados, III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Art. 590 Quando for impossível ao escrivão extrair
o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo Se a matéria impugnada diz respeito ao mérito da
até o dobro. decisão proferida pelo júri, só se admite que o Tribu-
Art. 591 Os recursos serão apresentados ao juiz ou nal designe novo julgamento. Já as decisões proferi-
tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publica- das pelo juiz-presidente, podem ser modificadas pelo
ção da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Cor- Tribunal. Súmula 713 do STF: O efeito devolutivo da
reio dentro do mesmo prazo. apelação contra as decisões do Júri é adstrito aos fun-
Art. 592 Publicada a decisão do juiz ou do tribunal damentos de sua interposição.
ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro
de cinco dias, ao juiz a quo. Art. 593 [...]
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
Capítulo III – Da Apelação
Nulidade antes da pronúncia é impugnada por RESE.
É o recurso interposto contra a sentença de mérito, A parte só pode alegar vício anterior à pronúncia por
que permite ao Tribunal o reexame integral das ques- meio da apelação, se não houve preclusão da matéria.
tões suscitadas no primeiro grau, de fato e de direito.
Ou seja, o efeito devolutivo é amplo, com ressalva às
Art. 593 [...]
questões preclusas. b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei
No Tribunal do Júri, o Tribunal não pode mudar a expressa ou à decisão dos jurados;
decisão dos jurados, a reforma se restringe ao que foi
decidido pelo juiz presidente.
Exs.:
A sentença vai contra o texto expresso de lei.
Art. 5º
Dissonância entre o entendimento dos jurados e o
[...]
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a texto da sentença.
organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa; Art. 593 [...]
b) o sigilo das votações; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação
c) a soberania dos veredictos; da pena ou da medida de segurança;
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida; Ex.: o juiz erra na estipulação da pena; inadequada
individualização da pena.
A apelação pode impugnar todo o julgado ou ape-
nas algumas partes da decisão. Diante da inércia do Art. 593 [...]
Ministério Público, o ofendido pode interpor apelação d) for a decisão dos jurados manifestamente con-
122 subsidiária. trária à prova dos autos.
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Deve ser feito um novo julgamento, do qual não podem § 1º Se houver mais de um réu, e não houverem
fazer parte os jurados que atuaram no Júri anterior. todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado,
A apelação pode ser interposta por petição ou caberá ao apelante promover extração do traslado
termo nos autos, no prazo de 5 (cinco) dias. A seguir, dos autos, o qual deverá ser remetido à instância
os autos são conclusos para que o juiz realize o juízo superior no prazo de trinta dias, contado da data
de admissibilidade. Caso denegada a apelação, cabe da entrega das últimas razões de apelação, ou do
vencimento do prazo para a apresentação das do
RESE (recurso em sentido estrito).
apelado.
O prazo de razões e contrarrazões é de 8 (oito)
§ 2º As despesas do traslado correrão por conta de
dias, salvo no JECRIM (juizado especial criminal), pois quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre
o prazo total é de 10 (dez) dias (interposição + razões). ou do Ministério Público.
De acordo com o art. 601 do CPP, depois do prazo Art. 602 Os autos serão, dentro dos prazos do arti-
de razões e contrarrazões, com ou sem elas, os autos go anterior, apresentados ao tribunal ad quem ou
são remetidos ao tribunal no prazo de 5 dias. Todavia, entregues ao Correio, sob registro.
o prazo é de 30 dias em caso de traslado. Se nem todos Art. 603 A apelação subirá nos autos originais e,
os réus houverem sido julgados, ou nem todos tive- a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que
rem apelado, o apelante deve extrair o traslado dos forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em car-
autos e remeter ao tribunal em 30 dias. As despesas do tório traslado dos termos essenciais do processo
traslado correm por conta de quem solicita, salvo para referidos no art. 564, n. III.
pessoa pobre e para o Ministério Público. Art. 604 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
De acordo com o art. 603 do CPP, em regra, a apela- Art. 605 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 606 (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
ção sobe nos autos originais e fica em cartório trasla-
do dos termos essenciais do processo.
Capítulo IV – Do Protesto por Novo Júri
Art. 594 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 595 (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). O protesto por novo júri foi extinto pela lei 11.689,
Art. 596 A apelação da sentença absolutória não impe- de 2004. Consistia em um recurso privativo da defesa,
dirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade. com vistas à realização de novo julgamento, a ser uti-
Parágrafo único. A apelação não suspenderá lizado uma única vez, quando a condenação no Tribu-
a execução da medida de segurança aplicada nal do Júri superasse 20 anos de reclusão.
provisoriamente.
Art. 597 A apelação de sentença condenatória terá Capítulo V – Do Processo e do Julgamento dos
efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a Recursos em Sentido Estrito e das Apelações, nos
aplicação provisória de interdições de direitos e de Tribunais de Apelação
medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de
suspensão condicional de pena. De acordo com o CPP, o Tribunal é competente
Art. 598 Nos crimes de competência do Tribunal para julgar recursos em geral:
do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for
interposta apelação pelo Ministério Público no pra- Art. 609 Os recursos, apelações e embargos serão
zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enume- julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou
radas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado turmas criminais, de acordo com a competência
como assistente, poderá interpor apelação, que não estabelecida nas leis de organização judiciária.
terá, porém, efeito suspensivo. Parágrafo único. Quando não for unânime a deci-
Parágrafo único. O prazo para interposição desse são de segunda instância, desfavorável ao réu,
recurso será de quinze dias e correrá do dia em que admitem-se embargos infringentes e de nulidade,
terminar o do Ministério Público. que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a
Art. 599 As apelações poderão ser interpostas quer contar da publicação de acórdão, na forma do art.
em relação a todo o julgado, quer em relação a par- 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão
te dele. restritos à matéria objeto de divergência.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante
e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias Os embargos infringentes e de nulidade impugnam
cada um para oferecer razões, salvo nos processos
decisões não unânimes da 2ª instância. Ex.: no caso do
de contravenção, em que o prazo será de três dias.
julgamento de apelação, RESE e agravo em execução.
§ 1º Se houver assistente, este arrazoará, no prazo
O principal requisito deste recurso é que se trata de
de três dias, após o Ministério Público.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

recurso exclusivo da defesa, logo, a decisão objeto de


§ 2º Se a ação penal for movida pela parte ofendida,
o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo impugnação precisa ser desfavorável ao acusado.
do parágrafo anterior. O prazo para a interposição do recurso é de 10
§ 3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou dias, contados da publicação do acórdão. Os embar-
apelados, os prazos serão comuns. gos infringentes são cabíveis quando o acórdão pos-
§ 4º Se o apelante declarar, na petição ou no ter- suir divergência de matéria de mérito e os embargos
mo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar de nulidade são cabíveis quando o acórdão possuir
na superior instância serão os autos remetidos ao divergência sobre nulidade processual.
tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, O CPP dita o procedimento recursal, com vistas ao
observados os prazos legais, notificadas as partes procurador-geral no prazo de 5 dias:
pela publicação oficial.
Art. 601 Findos os prazos para razões, os autos Art. 610 Nos recursos em sentido estrito, com
serão remetidos à instância superior, com as exceção do de habeas corpus, e nas apelações
razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo interpostas das sentenças em processo de con-
no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo travenção ou de crime a que a lei comine pena de
será de trinta dias. detenção, os autos irão imediatamente com vista 123
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ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e, em z Quando a sentença condenatória for contrária ao
seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
pedirá designação de dia para o julgamento. z Quando a sentença condenatória se fundar em
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo pre- depoimentos, exames ou documentos comprova-
sidente, e apregoadas as partes, com a presença damente falsos;
destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição z Quando, após a sentença, se descobrirem novas
do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo provas de inocência do condenado ou de circuns-
prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advoga-
tância que determine ou autorize diminuição
dos ou às partes que a solicitarem e ao procurador-
especial da pena;
-geral, quando o requerer, por igual prazo.
z Nulidades.
Os recursos de HC são julgados na primeira sessão,
em razão da urgência. A pena de reclusão impõe as CASOS DE REVISÃO CRIMINAL
seguintes formalidades: Quando a sentença condenatória for contra ao texto de
lei ou à evidência dos autos.
Art. 613 As apelações interpostas das sentenças
proferidas em processos por crime a que a lei comi- Quando a sentença condenatória tiver como fundamen-
ne pena de reclusão, deverão ser processadas e jul- to prova falsa.
gadas pela forma estabelecida no Art. 610, com as Se após a sentença descobrirem novas provas de ino-
seguintes modificações: cência ou que diminuam a pena.
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao
Momento de requerimento da revisão criminal: A qual-
revisor, que terá igual prazo para o exame do pro-
cesso e pedirá designação de dia para o julgamento; quer tempo, antes ou depois da extinção da pena.
II - os prazos serão ampliados ao dobro; Não é permitida a reiteração do pedido, salvo se funda-
III - o tempo para os debates será de um quarto de do em novas provas.
hora.
A revisão criminal pode vir a ser requerida pelo
O quórum de decisão do tribunal é de maioria réu pessoalmente, seu advogado, seu representante
dos votos, havendo empate de votos no julgamento legal e pelo CADI – cônjuge, ascendente, descendente,
de recursos; se o presidente do tribunal, câmara ou irmão, em caso de morte do réu. O processo e julga-
turma não tiver tomado parte na votação, proferirá o mento da revisão criminal ocorre no STF, quando ele
voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a proferir a condenação. Nos demais casos, ocorre no
decisão mais favorável ao réu. TRF ou no TJ. O relator designado não pode ter se pro-
nunciado no processo.
Capítulo VI – Dos Embargos A revisão criminal só é admitida a favor do conde-
nado e não pode agravar a situação dele.
Os embargos de declaração são os recursos que visam
esclarecer e integrar a decisão judicial. As hipóteses de
� O Tribunal pode alte-
cabimento são obscuridade, ambiguidade, contradição
rar a classificação da
e omissão. O prazo dos embargos de declaração no pro-
infração;
cesso penal é de 2 (dois) dias e pode ser oferecido con-
� O Tribunal pode absol-
tra qualquer decisão judicial (sentença, acórdão, decisão REVISÃO CRIMINAL
ver o réu;
interlocutória). Com a interposição dos embargos de JULGADA PROCEDENTE:
� O Tribunal pode modifi-
declaração, o prazo dos demais recursos fica interrompi-
car a pena;
do, que só começará a fluir após a decisão do embargo. � O Tribunal pode anular o
processo.
z Ambiguidade: a decisão permite diversas
interpretações;
Em caso de absolvição, há o restabelecimento de
� Obscuridade: a redação da decisão não é clara;
todos os direitos perdidos em virtude da condenação.
� Contradição: na decisão existem afirmações que
Se for o caso, o tribunal pode impor a aplicação de
se contradizem;
medida de segurança.
z Omissão: a decisão deixa de apreciar algum ponto;
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer,
Alguns pontos que merecem atenção: poderá reconhecer o direito a uma justa indeniza-
ção pelos prejuízos sofridos.
z Os embargos de declaração podem ser utilizados
com a finalidade de prequestionamento, exigência
do RE e REsp; CASOS QUE NÃO CABE INDENIZAÇÃO
z No JECRIM o prazo é de 5 dias. � Se o erro judiciário ou a injustiça da condenação ocor-
reu por ato ou falta imputável ao próprio requerente, ex.:
Capítulo VII – Da Revisão confessou, ocultou prova em seu poder.
� Em caso de acusação privada (ação penal privada).
Em situações excepcionais a coisa julgada pode ser
afastada pela revisão criminal. É ajuizada após o trân- Capítulo VIII – Do Recurso Extraordinário
sito em julgado e visa a desconstituição da coisa julgada
(sentença condenatória ou absolutória imprópria). Tanto o Recurso Extraordinário quanto o Recur-
A revisão dos processos findos será admitida (art. so Especial possuem previsão constitucional e o pra-
124 621): zo de interposição de 15 (quinze) dias corridos,
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tratando-se de matéria penal/processual penal, que ocorre perante o presidente ou vice do tribunal a quo. Os
dois recursos são interpostos contra decisão de única ou última instância e não podem visar rediscutir matéria
de fato. Ademais, é exigência constitucional o prequestionamento, isto é, que a questão já tenha sido discutida
preteritalmente.
O REsp é de competência do STJ, cabendo nos seguintes casos (III, art. 105, CF):

z Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência, ex.: o acórdão não obedece a uma lei federal;
z Julgar válido ato de governo local, contestado em face de lei federal, ex.: o ato de governo contraria uma lei
federal;
z Dar à lei federal interpretação divergente da que lhe foi atribuída em outro tribunal, ex.: o tribunal questio-
nado contraria uma lei federal.

O RE é julgado pelo STF, nos seguintes casos (III, art. 102, CF):

z Contrariar dispositivo da CF, ex.: negar vigência;


z Declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, ex.: em controle de constitucionalidade difusa;
z Julgar válida a lei ou o ato de governo local contestado em face da CF, ex.: o acórdão declara a validade de lei
ou ato de governo local contestado em face da CF;
z Julgar válida lei local contestada em face de lei federal, ex.: lei local x lei federal.

Importante!
A repercussão geral é requisito específico de admissibilidade dos recursos extraordinários.

Capítulo IX – Da Carta Testemunhável

É o recurso cabível contra a decisão que denegar o recebimento/seguimento de um recurso, nas hipóteses em
que não haja previsão legal de outro recurso adequado. Ex.: destranca o RESE.

Art. 639 Dar-se-á carta testemunhável:


I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem.

O prazo da carta testemunhável é de 48 horas, contadas do despacho que denegar o recurso. O requerimento é
endereçado ao escrivão ou ao secretário do tribunal. O requerente deve indicar as peças do processo que deverão
ser trasladadas.

Art. 640 A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas qua-
renta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que
deverão ser trasladadas.
Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias,
no caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega da carta,
devidamente conferida e concertada;
Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer
pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação, em face de
representação do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção,
pelo substituto do escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao
presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e imposição da pena;
Art. 643 Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em
sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar.
Art. 644 O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará
DIREITO PROCESSUAL PENAL

processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.


Art. 645 O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do recurso denegado.
Art. 646 A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.

O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do recurso denegado, por exem-
plo: se o objetivo da carta testemunhável é destrancar o RESE, seguirá o rito do RESE. Ademais, a carta testemu-
nhável não terá efeito suspensivo.

Capítulo X – Do Habeas Corpus e seu Processo

Habeas Corpus (HC) significa “exiba o corpo”, “apresente a pessoa”, e se refere a quem está sofrendo a ilegali-
dade na sua liberdade de locomoção. Nos termos do art. 5º da CF:

Art. 5° [...]
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 125
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O HC consiste em ação autônoma de impugnação, Ordenada a soltura do paciente em virtude de
de natureza constitucional. Para que seja utilizado, habeas corpus, será condenada nas custas a autorida-
exige-se que alguém sofra ou se ache ameaçado de de que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver
sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco- determinado a coação. Neste caso, será remetida ao
moção, em virtude de constrangimento ilegal. Ex.: não Ministério Público cópia das peças necessárias para
cabe HC no caso do art. 28 da lei de drogas (consumo ser promovida a responsabilidade da autoridade.
pessoal), pois não prevê prisão como sanção. O habeas corpus poderá ser impetrado por qual-
O HC destina-se à tutela da liberdade de ir, vir e quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como
ficar, logo, não cabe HC em caso de persecução penal pelo Ministério Público. Os juízes e os tribunais têm
referente à infração penal, a qual seja cominada tão competência para expedir de ofício ordem de habeas
somente a pena de multa, quando já tiver sido cum- corpus, quando no curso de processo verificarem que
prida a pena privativa de liberdade, perda de função alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
pública, apreensão de veículo, direito de visitar um ilegal.
detento, perda de direitos político e impeachment.
Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti-
vo escusará a sua apresentação, salvo:
CABIMENTO CASOS DE COAÇÃO ILEGAL I - grave enfermidade do paciente;
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a
� Se não há justa causa;
quem se atribui a detenção;
� Se ficar mais tempo preso do
III - se o comparecimento não tiver sido deter-
que a lei determina; minado pelo juiz ou pelo tribunal.
Sempre que alguém
� Se quem ordena a coação não Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que
sofrer ou estiver na
tiver competência; o paciente se encontrar, se este não puder ser apre-
iminência de sofrer
� Se já tiverem cessados os sentado por motivo de doença.
violência ou coação
motivos;
ilegal na sua liber-
� Se não o deixarem prestar a O juiz decide em 24 horas, após as diligências
dade de ir e vir.
fiança; necessárias. Se a decisão for favorável ao paciente,
� Se o processo for nulo; a sua libertação é imediata, salvo haja outro motivo
� Se já foi extinta a punibilidade. para permanecer preso.

Não caberá habeas corpus em relação a punições Art. 658 O detentor declarará à ordem de quem o
disciplinares militares (mérito). Exceção: pode ser paciente estiver preso.
analisado aspectos legais da medida. Art. 659 Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces-
O impetrante é quem pede a concessão da ordem, sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudica-
ao passo que o paciente é quem sofre ou está amea- do o pedido.
çado a sofrer violência ou coação em sua liberdade Art. 660 Efetuadas as diligências, e interrogado o
de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Pode paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, den-
tro de 24 (vinte e quatro) horas.
ser a mesma pessoa ou não.
§ 1° Se a decisão for favorável ao paciente, será
Nos últimos tempos tem se discutido a possibilida- logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo
de de habeas corpus coletivo, isto é, o paciente é uma dever ser mantido na prisão.
coletividade determinada. Algumas decisões realça- § 2° Se os documentos que instruírem a petição
ram que esse instrumento é capaz de garantir acesso evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou
à justiça aos grupos mais vulneráveis da sociedade. o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
O legitimado passivo é a autoridade coatora, que constrangimento.
não precisa ser necessariamente uma autoridade § 3° Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
pública, visto que há casos de particulares que cer- o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitra-
ceiam a liberdade de ir e vir de outrem. Ex.: HC para rá o valor desta, que poderá ser prestada perante
sair de um hospital que prende o paciente por falta de ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respec-
tivos autos, para serem anexados aos do inquérito
pagamento.
policial ou aos do processo judicial.
No HC preventivo, a ordem é de salvo-conduto § 4° Se a ordem de habeas corpus for concedida
(evitar a coação ilegal), no HC repressivo, a ordem é para evitar ameaça de violência ou coação ilegal,
alvará de soltura (superar a coação ilegal). dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo
juiz.
Art. 649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites § 5° Será incontinenti enviada cópia da decisão à
da sua jurisdição, fará passar imediatamente a autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi- paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos
mento, seja qual for a autoridade coatora. autos do processo.
§ 6° Quando o paciente estiver preso em lugar que
A concessão do HC não obsta eventual processo não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con-
que esteja em trâmite, desde que não haja conflito de ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido
fundamentos entre eles. Se o habeas corpus for con- pelo telégrafo, se houver, observadas as formalida-
des estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in
cedido em virtude de nulidade do processo, este será
fine, ou por via postal.
renovado. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter
Art. 661 Em caso de competência originária do Tri-
sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbi- bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
trará o valor desta, que poderá ser prestada perante apresentada ao secretário, que a enviará imedia-
ele. E, se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara
a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou pri-
126 pedido. meiro tiver de reunir-se.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 662 Se a petição contiver os requisitos do art. Competência Material dos Juizados Especiais
654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará Criminais
da autoridade indicada como coatora informações
por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles A Lei nº 9.099, de 1995, em seu art. 60, estabelece
requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que compete aos juizados especiais criminais conci-
que Ihe for apresentada a petição. liar, julgar e executar as infrações de menor poten-
Art. 663 As diligências do artigo anterior não serão cial ofensivo.
ordenadas, se o presidente entender que o habeas
corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, Conciliar
levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
para que delibere a respeito.
INFRAÇÕES
Art. 664 Recebidas as informações, ou dispensadas,
DE MENOR Julgar
o habeas corpus será julgado na primeira sessão,
POTENCIAL
podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
OFENSIVO
sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maio-
ria de votos. Havendo empate, se o presidente não Executar
tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente. O que são, então, “infrações de menor potencial
Art. 665 O secretário do tribunal lavrará a ordem ofensivo”? O art. 61 informa que:
que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara
Art. 61 Consideram-se infrações penais de
ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao
menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
Lei, as contravenções penais e os crimes a que
ou ameaçar exercer o constrangimento.
a lei comine pena máxima não superior a 2
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegra- (dois) anos, cumulada ou não com multa.
ma obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo
único, in fine. Assim, de acordo com a redação do art. 61, da Lei
Art. 666 Os regimentos dos Tribunais de Apelação nº 9.099, de 1995 (após as alterações feitas pela Lei nº
estabelecerão as normas complementares para o 11.313, de 2006), infrações de menor potencial ofen-
processo e julgamento do pedido de habeas corpus sivo são:
de sua competência originária.
Art. 667 No processo e julgamento do habeas cor-
pus de competência originária do Supremo Tribu-
INFRAÇÕES DE MENOR
nal Federal, bem como nos de recurso das decisões POTENCIAL OFENSIVO
de última ou única instância, denegatórias de
habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for apli-
cável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o
regimento interno do tribunal estabelecer as regras
complementares.
Crimes a que a lei comine
pena máxima não superior
LEI Nº 9.099, DE 1995 - ARTS. 60 A 83; 88 E 89 Contravenções Penais
a 2 anos, cumulada ou não
com multa
A partir do art. 60, a Lei nº 9.099, de 1995 passa a
disciplinar os Juizados Especiais Criminais.
Quando a lei estabelece “cumulada ou não com mul-
Art. 60 O Juizado Especial Criminal, provido por
ta”, quer dizer que basta olhar para a pena máxima,
juízes togados ou togados e leigos, tem competên-
que não pode ser superior a 2 anos, independentemen-
cia para a conciliação, o julgamento e a execução
te de haver previsão da aplicação da pena de multa.
das infrações penais de menor potencial ofensivo,
São exemplos de infrações de menor potencial
respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
ofensivo: lesão corporal leve (caput do art. 129, do CP);
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes lesão corporal culposa (§ 6º, do art. 129, do CP); omis-
da aplicação das regras de conexão e continên- são de socorro (art. 135, do CP); injúria (art. 140, do
DIREITO PROCESSUAL PENAL

cia, observar-se-ão os institutos da transação CP); ameaça (art. 147, do CP); desobediência (art. 330,
penal e da composição dos danos civis. do CP), entre outros (a lista é grande).
De acordo com o art. 41 da Lei nº 11.340, de 2006,
Composição dos Juizados Especiais Criminais Lei Maria da Penha, aos crimes cometidos com vio-
lência doméstica ou familiar contra a mulher,
O art. 60 da Lei nº 9.099, de 1995 dispõe que os jui- independentemente da pena prevista, não se apli-
zados especiais criminais são compostos por juízes ca a Lei nº 9.099, de 1995.
togados, somente, ou por juízes togados e leigos. Não se aplica também a Lei nº 9.099, de 1995 aos
Juiz togado é o Juiz de Direito de carreira, que crimes militares (art. 90-A, da Lei nº 9.099, de 1995).
goza de todas as prerrogativas inerentes ao cargo de Veja que, nessas situações, não se trata de mudan-
magistrado (art. 95, da CF). ça de competência, mas sim da não aplicação dos dis-
Por sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça, positivos da Lei nº 9.099, de 1995, que é mais benéfica
escolhido pelo Tribunal de Justiça entre advogados ao agente.
com mais de 5 anos de experiência. Os juízes leigos são Atenção: O conceito de infração de menor poten-
restritos à conciliação entre autor e vítima, e as deci- cial ofensivo é um dos temas mais cobrados sobre a
sões deverão ser homologadas pelos juízes togados. matéria. Atenção especial para o conceito do art. 61. 127
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Competência Territorial
Importante!
Agora que já sabemos qual é a competência dos
Nas hipóteses de crimes continuados ou de con- juizados em relação à matéria, veremos o que diz a
curso formal de crimes, a pena máxima deve ser Lei sobre a fixação da competência territorial (tam-
analisada com o aumento máximo previsto na bém chamada de competência do lugar, do foro, ou
lei, para então enquadrar ou não como infração ratione loci), isto é, em qual comarca vai tramitar o
de menor potencial ofensivo. processo (qual o juízo competente).
Para fins de prova, basta atentar-se à redação do
art. 63 da Lei nº 9.099, de 1995:
Hipóteses de Modificação da Competência em
Relação à Matéria Art. 63 A competência do Juizado será determina-
da pelo lugar em que foi praticada a infração
Existem três hipóteses em que ocorre a modifica- penal.
ção da competência Juizado Especial Criminal:
Dica
z No caso de conexão e continência entre uma
infração de menor potencial ofensivo e um cri- A orientação doutrinária que prevalece é a que
me de maior gravidade. aplica a teoria da ubiquidade (ou teoria mista),
sendo o foro competente tanto o do lugar da
Veja novamente o parágrafo único do art. 60: ação/omissão quanto o do lugar onde ocorreu
ou deveria ocorrer o resultado (art. 6º, do CP).
Art. 60 [...]
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante CRITÉRIOS (OU PRINCÍPIOS) APLICÁVEIS AOS
o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
da aplicação das regras de conexão e continência,
observar-se-ão os institutos da transação penal e
Os juizados especiais criminais são regidos pelos
da composição dos danos civis.
seguintes critérios (princípios):
Conexão é um mecanismo de unificação de pro-
Art. 62 O processo perante o Juizado Especial
cessos que têm, entre si, alguma espécie de ligação.
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simpli-
Continência é a relação que impõe a reunião de cidade, informalidade, economia processual
processos para julgamento em conjunto. O principal e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
efeito da conexão e da continência é a reunião de pro- reparação dos danos sofridos pela vítima e a apli-
cessos para julgamento simultâneo pelo juízo que tem cação de pena não privativa de liberdade.
a chamada “força atrativa” (competente para julgar o
crime mais grave: Juízo comum ou o Tribunal do Júri); z Oralidade: A regra, nos procedimentos criminais,
Em outras palavras, quando um processo é des- é a da forma escrita; nos procedimentos dos jui-
locado para o juízo comum por meio das regras de zados especiais criminais, no entanto, a regra é
conexão e continência, o acusado ainda fará jus aos
que os atos são praticados, preferencialmente, na
institutos da transação penal e da composição de
forma oral (apenas os atos essenciais são reduzi-
danos civis.
dos a termo, ou seja, escritos);
z Informalidade: Os atos no processo nos juizados
z Quando o acusado não puder ser citado pes-
especiais criminais são praticados sem rigidez (por
soalmente (art. 66, da Lei nº 9.099, de 1995). No
exemplo: não existe o auto de prisão em flagrante);
âmbito dos juizados especiais criminais, a citação
z Simplicidade: Foi incluída depois da redação ori-
é pessoal, sempre que possível, ou por mandado
ginal e guarda relação com a informalidade – os
(por meio de oficial de justiça). Se o acusado não
atos devem ser praticados com simplicidade,
for encontrado, não é possível a citação por edi-
tal; nesse caso, os autos são encaminhados ao Juízo tendo em vista os resultados desejados (o auto de
Comum, seguido o rito sumário, nos termos do art. prisão em flagrante é substituído por um ato mais
538 do Código de Processo Penal; simples: o termo circunstanciado);
z Quando a causa for complexa (§ 2º, do art. 77, z Economia processual: Os atos dos juizados bus-
da Lei nº 9.099, de 1995). Uma causa é complexa cam alcançar o máximo de resultado com o
quando houver pluralidade de acusados (grande mínimo de emprego da atividade jurisdicional;
número de acusados, como, por exemplo, uma z Celeridade: O processo nos juizados não deve
briga que resultou em lesão corporal leve, que foi demorar.
cometida por dez sujeitos) ou quando exigir perí-
cias de maior complexidade (por exemplo, necessi- Esquematizando o disposto no art. 62 da Lei n°
dade de perícias em sistemas de informática). 9.099, de 1995:

Assim, temos três hipóteses de modificação da Economia


Simplicidade Informalidade
competência em relação à matéria. Nas três hipóteses Processual
acima, quem vai julgar é o Juízo Comum ou o Tribu-
nal do Júri. No entanto, guarde isto: mesmo havendo
modificação de competência, aplicam-se os institu-
ATOS DOS JUIZADOS
tos benéficos (despenalizadores) da Lei nº 9.099, de Oralidade ESPECIAIS CRIMINAIS Celeridade
1995: a transação penal e a composição dos danos
128 civis, que serão vistos mais adiante.
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DOS ATOS PROCESSUAIS Ainda em relação aos atos, destaca-se:

Vamos, agora, destacar os principais pontos rela- z A citação (ato de chamamento do réu em juízo
tivos aos atos processuais nos juizados especiais para tomar ciência da ação penal e exercer sua
criminais. defesa) é sempre pessoal, preferencialmente, no
próprio juízo. Pode ser feita via oficial de justiça;
Art. 64 Os atos processuais serão públicos e pode- z Não existe citação por edital;
rão realizar-se em horário noturno e em qual- z As intimações (ciência de um ato já praticado) e as
quer dia da semana, conforme dispuserem as notificações (chamamento para participar de ato
normas de organização judiciária. processual) são permitidas por qualquer meio
Art. 65 Os atos processuais serão válidos sempre
válido, como telefone ou e-mail (lembre-se dos
que preencherem as finalidades para as quais
princípios da informalidade e da simplicidade);
foram realizados, atendidos os critérios indica-
z Dos atos praticados em audiência, as partes são
dos no art. 62 desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem
consideradas cientes, sem necessidade de outra
que tenha havido prejuízo. comunicação.
§ 2º A prática de atos processuais em outras
comarcas poderá ser solicitada por qualquer FASE PRELIMINAR
meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusiva- As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da
mente os atos havidos por essenciais. Os atos Lei. A fase preliminar desdobra-se em duas: fase pre-
realizados em audiência de instrução e julgamen- liminar policial e fase preliminar judicial.
to poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente. FASE
PRELIMINAR
Portanto, atente-se aos seguintes pontos relativos
aos atos:

z São públicos, via de regra, salvo as restrições pre- Policial Judicial


vistas na Constituição (inciso LX, do art. 5º, e inciso
IX, do art. 92) e na lei processual penal (§ 1º, do art.
A fase preliminar policial é a realizada pela
792, do Código de Processo Penal);
autoridade policial: o Delegado de Polícia lavra o
z Podem ser realizados à noite e em qualquer dia
Termo Circunstanciado (ou Termo Circunstanciado
da semana, conforme as normas de organização
de Ocorrência), que é um procedimento mais simples
judiciária;
e célere do que o inquérito policial. Trata-se do resu-
z Para que um ato seja invalidado, deve ser pro-
mo das declarações dos envolvidos e testemunhas,
vado o prejuízo. Se atingiu seu objetivo, é consi-
acompanhados, eventualmente, de exames de corpo
derado válido;
de delito, nas infrações que deixam vestígios.
z Não é necessária a expedição de carta precató-
O objetivo do termo é colher, de forma resumida,
ria para realização de atos em outras comarcas.
elementos de autoria e materialidade. No termo cir-
Eles podem ser realizados por meio telefônico e
cunstanciado, a autoridade policial toma o compro-
via e-mail, por exemplo;
misso do envolvido em comparecer ao Juizado. Isso é
z Somente serão reduzidos a termo (transcritos)
o que consta do art. 69, da Lei nº 9.099, de 1995:
os atos essenciais.
Art. 69 A autoridade policial que tomar conheci-
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no
mento da ocorrência lavrará termo circunstan-
próprio Juizado, sempre que possível, ou por ciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado,
mandado. com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
Parágrafo único. Não encontrado o acusado requisições dos exames periciais necessários.
para ser citado, o Juiz encaminhará as peças Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
existentes ao Juízo comum para adoção do pro- tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
cedimento previsto em lei. juizado ou assumir o compromisso de a ele compare-
Art. 67 A intimação far-se-á por correspon- cer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
dência, com aviso de recebimento pessoal ou,
DIREITO PROCESSUAL PENAL

fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá


tratando-se de pessoa jurídica ou firma indi- determinar, como medida de cautela, seu afastamento
vidual, mediante entrega ao encarregado da do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
recepção, que será obrigatoriamente identificado,
ou, sendo necessário, por oficial de justiça, indepen-
Atenção: no que tange à possibilidade de fiança e pri-
dentemente de mandado ou carta precatória, ou
são em flagrante, o parágrafo único do art. 69 dita que,
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiên-
caso o autor do fato seja encaminhado imediatamente
cia considerar-se-ão desde logo cientes as par- ao juizado ou se comprometa a este comparecer quando
tes, os interessados e defensores. intimado, não poderá ser preso em flagrante, bem como
Art. 68 Do ato de intimação do autor do fato e do não será exigido o pagamento de fiança.
mandado de citação do acusado, constará a neces- Tendo em vista o disposto no final do parágrafo
sidade de seu comparecimento acompanhado de único do art. 69, cabe ressaltar que não é possível
advogado, com a advertência de que, na sua falta, aplicar a Lei nº 9.099 nos crimes e contravenções pra-
ser-lhe-á designado defensor público. ticados em situação de violência doméstica, uma vez
que estes somente se procedem por inquérito policial.
Esse é o entendimento jurisprudencial do STF e STJ. 129
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Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
e não sendo possível a realização imediata da Reduzida a escrito
audiência preliminar, será designada data
próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71 Na falta do comparecimento de qualquer COMPOSIÇÃO DOS Homologada pelo juiz em
dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua inti- DANOS CIVIS sentença irrecorrível
mação e, se for o caso, a do responsável civil, na
forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Eficácia de título executivo
Uma vez concluído o termo circunstanciado, os judicial
autos são remetidos ao Juizado Especial Criminal
(JECRIM), sendo designada audiência preliminar: é
o início da fase preliminar judicial. Trata-se de audiência que exige o comparecimen-
to do(a):

Importante! z Autor do fato;


z Vítima (caso haja, pois pode ser crime cuja vítima
As infrações de menor potencial ofensivo não
é o Estado) e seus advogados;
implicam na instauração de inquérito policial
z Membro do Ministério Público;
comum, mas sim na lavratura de um termo cir-
z Juiz.
cunstanciado de ocorrência (TCO).
A audiência divide-se em dois momentos: a com-
Audiência Preliminar posição civil dos danos e a transação penal.

Art. 72 Na audiência preliminar, presente o Composição Civil dos Danos


representante do Ministério Público, o autor do
fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, Nessa primeira fase, o membro do MP não participa
acompanhados por seus advogados, o Juiz escla- (exceto se a vítima for incapaz). A fase nada mais é do
recerá sobre a possibilidade da composição dos que uma tentativa de conciliação, realizada pelo Juiz
danos e da aceitação da proposta de aplicação
ou por colaborador, que visa obter um acordo entre
imediata de pena não privativa de liberdade.
Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou autor e vítima para a composição dos danos civis. Caso
por conciliador sob sua orientação. haja acordo, nesse caso, sim, acompanhado pelo MP, é
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Jus- lavrado termo, que será homologado pelo juiz.
tiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente A homologação do acordo de composição gera
entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam os seguintes efeitos, dependendo do tipo de ação pre-
funções na administração da Justiça Criminal. vista (art. 74, da Lei nº 9.099, de 1995):

z Ação penal de inciativa privada: Provoca a


Auxiliares da justiça renúncia ao direito de queixa (extingue a punibili-
dade do agente);
z Ação penal pública condicionada à represen-
tação: Gera a renúncia ao direito de representar
Recrutados na forma da lei (também extingue a punibilidade);
local z Ação penal pública incondicionada: Não impede
a continuidade; passa-se para a segunda fase (pode
CONCILIADORES servir diminuir a pena, se configurar arrependi-
mento posterior, previsto no art. 16, do CP).
Preferencialmente
bacharéis em direito Dica
A composição civil é o primeiro instituto despe-
nalizador da Lei nº 9.099, de 1995. Note que o
Excluídos os que exerçam espírito da Lei nº 9.099, de 1995 é despenalizar e
funções na administração desencarcerar: afastar a pena e evitar a restrição
da Justiça Criminal da liberdade do agente.

Não havendo composição civil ou sendo o caso de


Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida ação penal pública incondicionada, passa-se para a
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten- segunda fase da audiência.
ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa-
do no juízo civil competente. Transação Penal
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de
iniciativa privada ou de ação penal pública con- Art. 75 Não obtida a composição dos danos
dicionada à representação, o acordo homologa- civis, será dada imediatamente ao ofendido a opor-
do acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
tunidade de exercer o direito de representação
representação.
130 verbal, que será reduzida a termo.
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Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito,
que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76 Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa,
nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circuns-
tâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes cri-
minais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.

A transação penal é um acordo feito entre o Ministério Público (titular da ação penal) e o autor do fato. Por
meio desse acordo, o autor do fato (que está acompanhado de advogado), compromete-se a cumprir imediata-
mente uma pena de multa ou restritiva de direitos; por outro lado, o MP não dá prosseguimento, deixando
de deflagar a ação penal.

Autor da infração for condenado


Exige-se que a condenação seja
à pena privativa de liberdade pela
por sentença definitiva
prática de crime

Autor da infração já tiver sido


NÃO CABERÁ
beneficiado, nos últimos 5 anos,
TRANSAÇÃO QUANDO
pela transação penal

O autor da infração deve ter


Não ficar demonstrado que a
antecedentes, conduta social e
transação penal seja necessária e
personalidade favoráveis à adoção
suficiente para o caso concreto
do benefício

Para que seja possível a transação, o agente não pode ter sido condenado anteriormente, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade nem pode ter sido beneficiado, nos últimos 5 anos, pela transação penal.
Além disso, seus antecedentes, sua conduta social e personalidade, assim como os motivos e a circunstância da
infração, devem ser favoráveis ao agente (inciso III, do § 2º, do art. 76). Por fim, o autor da infração deve aceitar
a transação, que deve ser assinada, também, por seu advogado.
Atente-se para o fato de que a condenação anterior deve ser pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva. Desse modo, caso o agente for condenado anteriormente por contravenção penal, mesmo que
por pena restritiva de direitos ou multa, não poderá esta impedir a concessão da transação penal.
No caso de transação referente a crime ambiental (de menor potencial ofensivo), deve, ainda, haver a prévia com-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

posição do dano ambiental (exceto caso haja impossibilidade comprovada de realizá-la). É o que prevê o art. 27, da Lei
nº 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais:

Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direi-
tos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que
tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.

A transação deve ser homologada por sentença do juiz (sentença condenatória imprópria).
Da sentença, cabe o recurso de apelação.
A sentença:

z Impõe o cumprimento da pena imposta (multa ou restritiva de direitos);


z Impede nova transação no prazo de 5 anos;
z Não gera efeito civil: Se a vítima pretender indenização, deve ingressar com ação de conhecimento. 131
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Em casos de descumprimento da transação penal pelo agente, o Ministério Público poderá dar continuidade à
persecução penal, oferecendo a denúncia ou realizando a requisição de inquérito policial. É o que rege a Súmula
Vinculante nº 35:

Súmula Vinculante nº 35 STF A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099, de 1995 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério
Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

Importante!
� A transação penal não gera a reincidência, podendo ser apenas registrada;
� A transação penal só será concedida novamente após o prazo de 5 anos;
� A transação penal não ficará constada nas certidões de antecedentes criminais;
� A transação penal não tem efeitos civis.
� O descumprimento da transação penal pelo agente, permite o MP dar continuidade na persecução penal.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

Art. 77 Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de ime-
diato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art.
69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade
do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do
art. 66 desta Lei.
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo
único do art. 66 desta Lei.
Art. 78 Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela fica-
rá citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e jul-
gamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.

Se for, portanto, o caso de dar prosseguimento (caso a proposta não seja aceita ou o autor do fato não preencha
os requisitos legais), o oferecimento de denúncia se dará de forma oral (que será reduzida a escrito). O denun-
ciado já sai citado e ciente da data da audiência de instrução e julgamento.
A partir daí, o procedimento sumaríssimo concentra-se na audiência de instrução e julgamento, cujos pontos
principais vamos ver logo a seguir.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Os arts. 79 ao 83, da Lei nº 9.099, de 1995, disciplinam a Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ).

Art. 79 No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido
possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á
nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.

Nos termos do art. 79, se na fase preliminar não foi tentada a composição ou a transação, vai se buscar, dentro
da AIJ, a aplicação desses dois institutos. Antes de se iniciar a audiência propriamente dita, é feita essa verificação.

Art. 80 Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem
deva comparecer.

A AIJ é una, ou seja, não se desdobra em outra audiência; caso alguém não se encontre presente na hora prevista
para sua realização, sendo imprescindível sua presença, o Juiz determina sua condução coercitiva, isto é, à força e com
apoio policial, caso seja necessário.

Art. 81 Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá,
ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defe-
sa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da
sentença.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a digni-
dade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento
132 do disposto neste artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elemen- § 2º Os embargos de declaração interrompem o
tos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; prazo para a interposição de recurso.
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de
II - a utilização de linguagem, de informações ou de ofício.
material que ofendam a dignidade da vítima ou de
testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) Os arts. 82 e 83 tratam dos recursos previsos nos
Juizados Especiais Criminais. Acompanhe a tabela a
A AIJ obedece ao princípio da oralidade e segue o seguir, que dispõe o conteúdo esquematicamente:
seguinte roteiro:
EMBARGOS DE
APELAÇÃO
DECLARAÇÃO
Defensor (resposta à acusação)
Cabimento:
Cabimento:
Juiz (recebe ou não a denúncia ou queixa) � Obscuridade;
� Em face da decisão que � Contradição ou omissão
rejeita a inicial (denúncia
em sentença ou acórdão.
ou queixa);
Recebida a denúncia ou queixa: Oitiva da
� Em face da sentença. Petição escrita ou
vítima e das testemunhas (a/d) oralmente:
Petição escrita:
Prazo para interposição: 10 Prazo 5 dias
Interrogatório do acusado Interrompem o prazo para
dias
Contrarrazões em 10 dias a interposição de outros
recursos
Debates orais (acusação e defesa)
Nos termos do § 3º, do art. 83, erros materiais, tais
como erro na grafia do nome das partes, não necessi-
Sentença
tam de recurso, podendo ser corrigidos de ofício.

§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado Seção VI -Disposições Finais


termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, con-
tendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos Outro ponto importante diz respeito ao art. 88.
em audiência e a sentença. Vejamos:

A audiência é toda oral, mas, ao fim, é confeccionado Art. 88 Além das hipóteses do Código Penal e da
termo resumido, que é assinado pelo Juiz e pelas partes. legislação especial, dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corpo-
rais leves e lesões culposas.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencio-
nará os elementos de convicção do Juiz. O art. 88 dispõe acerca da necessidade de repre-
sentação do ofendido frente a ação penal nos crimes
A sentença proferida no Juizado Especial Criminal de lesão corporal leve e lesão culposa.
é mais simples do que a prolatada em um processo Importante destacar que o art. 88 põe em ressalva as
comum, e dispensa a produção de uma parte da deci- hipóteses previstas no Código Penal e em legislação espe-
são chamada de relatório. cial. Sendo assim, de acordo com a Lei 11.340, de 2006
(Lei Maria da Penha), a qualquer espécie de violência
Art. 82 Da decisão de rejeição da denúncia ou doméstica e familiar contra a mulher, independente-
queixa e da sentença caberá apelação, que pode-
mente da gravidade, não se aplica o disposto da Lei 9.099,
rá ser julgada por turma composta de três Juízes
de 1995 (JEC); ou seja: as lesões corporais leves e culposas
em exercício no primeiro grau de jurisdição, reuni-
serão de ação pública incondicionada à representação.
dos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez Lei nº 11.340, de 1006
dias, contados da ciência da sentença pelo Minis-
tério Público, pelo réu e seu defensor, por petição Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do tica e familiar contra a mulher, independentemente
recorrente.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26


§ 2º O recorrido será intimado para oferecer de setembro de 1995
resposta escrita no prazo de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição Nesse mesmo sentido, vejamos a Súmula 542 do STJ:
da gravação da fita magnética a que alude o §
3º do art. 65 desta Lei. Súmula 542 do STJ A ação penal relativa ao crime
§ 4º As partes serão intimadas da data da ses- de lesão corporal resultante de violência doméstica
são de julgamento pela imprensa. contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos pró- 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe
prios fundamentos, a súmula do julgamento 31/08/2015).
servirá de acórdão.
Art. 83 Cabem embargos de declaração quando, Suspensão Condicional Do Processo
em sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição ou omissão. Por último, cabe tratar do art. 89 da Lei, um dos
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos mais importantes tópicos para sua prova e que, con-
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco forme visto, trata da suspensão condicional do pro-
dias, contados da ciência da decisão. cesso, também chamada de sursis processual. 133
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Art. 89 Nos crimes em que a pena mínima comi- z Pena mínima igual ou inferior a um ano (levan-
nada for igual ou inferior a um ano, abrangi- do-se em conta as causas de aumento e diminuição
das ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao de pena);
oferecer a denúncia, poderá propor a suspen- z O acusado não ter sido condenado anteriormente;
são do processo, por dois a quatro anos, desde z O acusado não estar respondendo a outro pro-
que o acusado não esteja sendo processado
cesso criminal;
ou não tenha sido condenado por outro crime,
z As circunstâncias judiciais serem favoráveis.
presentes os demais requisitos que autoriza-
riam a suspensão condicional da pena (art. 77
do Código Penal). Dica
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu
defensor, na presença do Juiz, este, recebendo As circunstâncias judiciais (ou inominadas)
a denúncia, poderá suspender o processo, sub- estão previstas no art. 59 do Código Penal. São
metendo o acusado a período de prova, sob as elas: culpabilidade, antecedentes; conduta social;
seguintes condições: personalidade; motivos do crime; circunstâncias
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de do crime; consequências do crime e comporta-
fazê-lo; mento da vítima.
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde resi-
Aceitando a proposta de suspensão, o acusado fica
de, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí- sujeito a um período de prova, ficando o processo sus-
zo, mensalmente, para informar e justificar suas penso por um prazo de 2 a 4 anos, durante o qual o bene-
atividades. ficiário deve cumprir as condições previstas no § 1º, do
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições art. 89 (reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
a que fica subordinada a suspensão, desde proibição de frequentar determinados lugares; proibição
que adequadas ao fato e à situação pessoal do de ausentar-se da comarca sem autorização e compareci-
acusado. mento mensal em juízo para justificar as atividades), sem
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do pra- prejuízo de outras condições fixadas pelo juiz.
zo, o beneficiário vier a ser processado por outro Importante destacar as condições para que ocorra
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a a suspensão condicional do processo, previstas no §1º
reparação do dano. do art. 89. Vejamos no esquema a seguir:
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu-
sado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz
(CONDIÇÕES)
declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
Reparação do dano, salvo impossibilidade de
suspensão do processo.
fazê-lo
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista
neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulte-
riores termos. Proibição de frequentar determinados lugares

A suspensão condicional do processo consiste em Proibição de ausentar-se da comarca onde


mais uma medida despenalizadora prevista na Lei nº reside, sem autorização do Juiz
9.099, de 1995.
Atenção: O primeiro aspecto quanto à Suspensão
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
Condicional do Processo é que esta será aplicada nos
mensalmente, para informar e justificar suas
crimes em que a pena mínima cominada for igual
atividades
ou inferior a um ano. É importante que o leitor não
confunda os prazos das penas das Infrações de Menor
Potencial Ofensivo (IMPO) e as da Suspensão Condicio-
nal do Processo. Qual a vantagem de se aceitar o sursis processual? Se
Vejamos a tabela comparativa a seguir: cumpridas as condições, ao final do período de prova,
é declarada extinta a punibilidade do beneficiário.
Se o beneficiário descumpre alguma condição, a
SUSPENSÃO suspensão:
INFRAÇÕES DE MENOR
CONDICIONAL DO
POTENCIAL OFENSIVO
PROCESSO Art. 89 [...]
Pena máxima Pena mínima § 3º A suspensão será revogada se, no curso do
prazo, o beneficiário vier a ser processado por
Até 2 anos Até 1 ano outro crime ou não efetuar, sem motivo justifi-
cado, a reparação do dano.
Outro ponto curioso é que, na suspensão condicional § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu-
do processo, o Ministério Público propõe a suspensão ao sado vier a ser processado, no curso do prazo,
oferecer a denúncia, o que difere da transação penal. por contravenção, ou descumprir qualquer
O art. 89 da Lei n° 9.099, de 1995 é de grande impor- outra condição imposta.
tância, uma vez que se aplica não só aos crimes sujeitos
ao rito dos juizados especiais criminais, mas a qualquer Caro leitor, usualmente as bancas se atrelam a
crime que se encaixe nos requisitos previstos no artigo. cobrança da literalidade dos dispositivos da Lei, mas
Para que se aplique o benefício, devem estar pre- para complementar seu estudo veja as teses sobre jui-
134 sentes os seguintes requisitos: zados especiais criminais a seguir:
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Teses Sobre Juizados Especiais Criminais 2. (VUNESP — 2018) Em relação ao acusado e seu defen-
sor, é correto afirmar que
z A suspensão condicional do processo não é direito
subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do a) se não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado um pelo juiz.
Ministério Público, titular da ação penal, a quem Porém, o acusado, que não for pobre, será obrigado
cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados
de aplicação do referido instituto, desde que o faça pelo juiz.
de forma fundamentada.1 b) a constituição de defensor dependerá de instrumento
z A existência de inquérito policial em curso não é de mandato, mesmo se o acusado o indicar por oca-
circunstância idônea a obstar o oferecimento de sião do interrogatório.
proposta de suspensão condicional do processo.2 c) o defensor não poderá abandonar o processo senão
por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz,
Súmula 243 – STJ: O benefício da suspensão do pro- sob pena de multa de 1 (um) a 10 (dez) salários míni-
cesso não é aplicável em relação às infrações penais mos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.
cometidas em concurso material, concurso formal ou d) a impossibilidade de identificação do acusado com o
continuidade delitiva, quando a pena mínima comi- seu verdadeiro nome ou outros qualificativos suspen-
nada, seja pelo somatório, seja pela incidência da derá a ação penal.
majorante, ultrapassar o limite de 1 (um) ano. e) se for nomeado defensor dativo ao acusado, este
Súmula 337 – STJ: É cabível a suspensão condicio- deverá seguir no processo até o final, não podendo ser
nal do processo na desclassificação de crime e na constituído novo defensor.
procedência parcial da pretensão punitiva.
Súmula 723 – STF: Não se admite a suspensão 3. (VUNESP — 2021) A respeito da citação e intimação
condicional do processo por crime continuado, se a do acusado, nos termos do Código de Processo Penal,
soma da pena mínima da infração mais grave com o assinale a alternativa correta.
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
a) Na hipótese de suspeita de ocultação do réu, para se
z Se descumpridas as condições impostas durante o furtar a citação, certificada pelo oficial de justiça, o
período de prova da suspensão condicional do pro- Juiz determinará a citação, por edital.
cesso, o benefício poderá ser revogado, mesmo se b) Intimado pessoalmente para qualquer ato, o não
já ultrapassado o prazo legal, desde que referente comparecimento do réu implicará a suspensão do
a fato ocorrido durante sua vigência;3 processo e do prazo prescricional, podendo o Juiz
z A extinção da punibilidade do agente pelo cumpri- decretar-lhe a prisão preventiva.
mento das condições do sursis processual, operada c) Citado por hora certa, o não comparecimento do réu
em processo anterior, não pode ser valorada em implicará a suspensão do processo e do prazo prescri-
seu desfavor como maus antecedentes, personali- cional, podendo o Juiz decretar-lhe a prisão preventiva.
dade do agente e conduta social.4 d) São previstas a citação pessoal, por hora certa, por
edital, por requisição, na hipótese de réu militar e via
postal, na hipótese de réu preso.
e) Estando o acusado no estrangeiro, em lugar conhe-
HORA DE PRATICAR! cido, a citação dar-se-á por carta rogatória, suspen-
dendo- se o curso do prazo prescricional até o efetivo
cumprimento.
1. (VUNESP — 2021) A respeito do impedimento e da
suspeição do Juiz, é correto afirmar que
4. (VUNESP — 2021) A respeito dos procedimentos ordi-
nário e sumário, de acordo com o texto legal previsto
a) as causas de impedimento e suspeição do Juiz não se
no Código de Processo Penal, é correto afirmar que:
aplicam aos serventuários e servidores da justiça.
b) as causas de impedimento estão relacionadas ao ani-
a) no procedimento ordinário, as alegações finais serão
mus subjetivo do juiz quanto às partes; enquanto as por escrito e, no sumário, em regra, orais, apresenta-
de suspeição referem-se a vínculos objetivos do Juiz das em audiência.
com o processo. b) no procedimento ordinário, admitem-se alegações
c) o Juiz restará impedido de atuar no processo se ele finais por escrito quando há elevado número de acu-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

ou seu cônjuge, seus ascendentes ou descendentes sados, regra inaplicável ao procedimento sumário.
estiverem respondendo a processo por fato análogo. c) em ambos os procedimentos, em regra, as alegações
d) mesmo dissolvido o casamento, ainda que sem filhos finais serão por escrito, sendo facultada a apresen-
em comum, o Juiz não poderá figurar em processos tação oral, em audiência, caso haja concordância de
em que são partes os pais e irmãos do ex-cônjuge. todas as partes.
e) o Juiz restará suspeito para atuar em processo em d) no procedimento ordinário, admitem-se alegações
que o próprio já tenha atuado como autoridade policial finais por escrito, no prazo de 05 (cinco) dias e, no
ou mesmo órgão do Ministério Público. sumário, no prazo de 03 dias.
1 (AgRg no AREsp n. 607.902/SP, Ministro Gurgel de Faria, Quinta Turma, DJe 17/2/2016).
2 (RHC 79.751/SP, REL. MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, JULGADO EM 18/04/2017, DJE 26/04/2017)
3 (Resp 1498034, 25.11.2015);
4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A extinção da punibilidade do agente pelo cumprimento das condições do sursis processual, operada em
processo anterior, não pode ser sopesada em seu desfavor como maus antecedentes, personalidade do agente e conduta social. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d2a452edff079ca6980edcf54cc49945>.
Acesso em: 08/09/2021 135
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e) em ambos os procedimentos, as alegações finais a) O prazo para a defensoria pública e para o Ministério
serão orais, apresentadas em audiência, admitindo-se Público conta-se sempre em dobro.
memoriais por escrito, no prazo de 03 dias, em caso b) Em caso de condenação, decretada em primeiro grau
de complexidade do feito. e mantida pelo Tribunal, para fins de início de prazo
recursal, exige-se a dupla intimação do Acórdão, feita
5. (VUNESP — 2021) São causas de rejeição da denúncia tanto na pessoa do defensor como na do acusado.
e absolvição sumária, respectivamente, previstas nos c) Da decisão que rejeita a denúncia nos procedimentos
artigos 395 e 397, do Código de Processo penal: ordinário, sumário e sumaríssimo cabe recurso em
sentido estrito.
a) existência manifesta de excludente de ilicitude do fato d) A voluntariedade é característica inerente aos recur-
e falta de condições para o exercício da ação penal. sos e, justamente por isso, a menção a recurso de
b) inépcia e prescrição. ofício constante do Código de Processo Penal, em
c) falta de justa causa para a ação penal e falta de condi- realidade, é caso de reexame necessário.
ção para o exercício da ação penal. e) No procedimento da Apelação, previsto no Código de
d) inimputabilidade e atipicidade. Processo Penal, bem como no previsto na Lei dos Jui-
e) inépcia e falta de justa causa para a ação penal.
zados Especiais, a apresentação das razões do recur-
so pode se dar em momento posterior à interposição.
6. (VUNESP — 2021) A respeito do procedimento relativo
ao Tribunal do Júri, assinale a alternativa correta.
9. (VUNESP — 2022) Estritamente de acordo com o CPP,
o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
a) Oferecida a denúncia por crime de competência do Tri-
pessoa,
bunal do Júri, o Juiz Singular pode, desde logo, rejeitá-
-la, se presentes as hipóteses previstas no artigo 395,
do Código de Processo Penal. a) em benefício próprio ou de terceiro, bem como pelo
b) Citado o acusado, não apresentada a resposta à acu- Ministério Público.
sação no prazo legal, o Juiz nomeará defensor para b) mas apenas em benefício próprio, não podendo haver
oferecê-la, no prazo de 05 dias. impetração por leigo em benefício de terceiro.
c) Recebida a denúncia, não sendo localizado o réu, para c) inclusive por Juiz de Direito, em caso de ilegalida-
fins de citação pessoal, far-se-á a citação por edital. de praticada por si próprio nos autos em que exerce
Findo o prazo fixado no edital, caso o réu não com- jurisdição.
pareça, o juiz lhe nomeará defensor, prosseguindo o d) contudo, não sendo bacharel de Direito o impetrante,
feito, até a finalização da fase de pronúncia. deve ser nomeado defensor dativo para o paciente.
d) Encerrada a instrução processual da primeira fase do e) exceto no curso de ação penal, sede em que se exige
Júri, poderá o Juiz pronunciar o acusado, impronun- impetrante com ius postulandi específico.
ciar, absolver sumariamente ou reconhecer a prática
de crime não sujeito à competência do Tribunal do 10. (VUNESP — 2018) O cumprimento de um alvará de sol-
Júri, proferindo, desde logo, a sentença condenatória. tura clausulado expedido pela autoridade judiciária em
e) O desaforamento do julgamento para outra Comarca sede de habeas corpus significa que
da mesma região poderá ser feito apenas a requeri-
mento do acusado. a) o paciente deverá ser imediatamente solto, indepen-
dentemente de qualquer outra cláusula ou condição.
7. (VUNESP — 2018) Em relação ao procedimento do júri, b) a soltura do paciente apenas poderá ocorrer depois de
assinale a alternativa correta. autorizada pelo juízo que havia determinado a prisão
objeto da impetração.
a) O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença c) somente poderá ocorrer a soltura do paciente se ele acei-
nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação tar submeter-se a medida cautelar diversa da prisão.
da lista geral não será excluído em casos de compro- d) o paciente deverá ser solto imediatamente, desde que
vada necessidade. não haja outro motivo legal para mantê-lo preso.
b) A lista geral dos jurados, com indicação das respec- e) o paciente será solto tão logo haja demonstração da
tivas profissões, será publicada pela imprensa até o
justeza dos motivos alegados na impetração.
dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais
afixados à porta do Tribunal do Júri.
11. (VUNESP — 2018) O Código de Processo Penal exige
c) Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri
que a petição que visa a impetrar ordem de habeas
determinará a intimação do órgão do Ministério Públi-
corpus indique os seguintes requisitos:
co ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de
testemunhas que irão depor em plenário, até o máxi- a) quem sofre a violência ou se encontra na iminência de
mo de 8 (oito), oportunidade em que poderão juntar sofrê-la e a descrição do constrangimento que se ale-
documentos e requerer diligência. ga, sendo facultativa a qualificação de quem propõe a
d) Nos casos de desaforamento requerido por alguma medida.
das partes, poderá ser ouvido o juiz presidente, caso o b) a descrição da violência ou da ameaça de violência
relator assim julgue necessário. que se acredita existir, a identificação nominal da auto-
e) Excesso de serviço não justifica pedido de desaforamento. ridade que pratica ou irá praticar essa violência e os
nomes de testemunhas que a comprovem.
8. (VUNESP — 2022) Tendo em vista a teoria geral dos c) a pessoa que está sofrendo o constrangimento, a
recursos, bem como os recursos em espécies previs- autoridade coatora, a especificação da modalidade de
tos no Código de Processo Penal e em legislações violência ou ameaça que justifique a medida e a assi-
136 especiais, assinale a alternativa correta. natura e a identificação do impetrante.
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d) o ato ou fato que cause o constrangimento que justifique a) somente os crimes a que a lei comine pena máxima não
a impetração, o nome e o cargo da autoridade que prati- superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
que a ilegalidade e o nome e a qualificação do impetrante, b) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
sendo vedada a impetração por analfabeto. ne pena mínima não superior a 3 (três) anos, cumula-
e) a qualificação completa de quem sofre a violência ou da ou não com multa.
a ameaça de coação e da autoridade que a pratique, a c) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
descrição da ação arbitrária e os nomes de testemu- ne pena mínima não superior a 2 (dois) anos, cumula-
nhas que a comprovem. da ou não com multa.
d) somente as contravenções penais a que a lei comine
12. (VUNESP — 2021) A respeito da Lei nº 9.099/95, é cor- pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
reto afirmar que: ou não com multa.
e) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
a) são infrações de menor potencial ofensivo as con- ne pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumula-
travenções penais e os crimes cuja pena mínima não da ou não com multa.
exceda a 1 (um) ano.
b) a transação penal, nas ações penais públicas condiciona- 16. (VUNESP — 2018) Acerca dos Juizados Especiais Cri-
das à representação, oferecida pelo Ministério Público ao minais, assinale a alternativa correta.
autor da infração e por ele aceita, não será homologada
pelo Juiz se não contar com a anuência da vítima. a) Os critérios orientadores do processo perante o Juiza-
c) a suspensão condicional do processo, prevista no arti- do Especial previstos na lei são: oralidade, brevidade,
go 89 da Lei, aplica-se aos crimes cuja pena mínima discricionariedade regrada e mitigação.
não exceda a 2 (dois) anos. b) Uma contravenção penal cuja pena máxima ultrapas-
d) não cabe prisão em flagrante nos crimes de menor se o patamar de 2 (dois) anos será julgada no Juizado
potencial ofensivo. Especial Criminal.
e) na eventual reunião de processos, perante o juízo c) A competência do Juizado será determinada pelo lugar
comum, decorrentes da aplicação de regra de cone- em que foi praticada ou consumada a infração penal.
xão e continência, às infrações de menor potencial
d) Segundo prevê a Lei nº 9.099/95, cabem embargos de
ofensivo aplicar-se-ão os institutos da transação penal
declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
e composição dos danos civis.
erro, obscuridade, contradição ou omissão.
e) Se não há previsão na Lei nº 9.099/95 sobre o núme-
13. (VUNESP — 2019) Assinale a alternativa cuja pena,
ro de testemunhas que poderão ser ouvidas, deve ser
hipoteticamente, atrairia a competência dos Juizados
aplicado, por analogia, o quanto previsto para o proce-
Especiais Criminais, nos termos do art. 61 da Lei no
dimento ordinário.
9.099/95.
17. (VUNESP — 2019) Nos estritos termos do art. 63 da
a) Reclusão de 1 a 2 anos.
Lei nº 9.099/95, a competência dos Juizados Espe-
b) Detenção de 1 a 3 anos.
ciais Criminais é determinada
c) Reclusão de 1 a 3 anos, e multa.
d) Prisão simples de 2 a 4 anos, e multa.
e) Detenção de 2 a 4 anos, e multa. a) pela matéria.
b) pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
c) pela prevenção.
14. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei no 9.099/95, com
as alterações feitas pela Lei no 11.313/06 (Lei dos Juiza- d) pelo lugar em que a ocorrência policial foi registrada.
dos Especiais Criminais), é correto afirmar que e) pelo lugar do domicílio do acusado ou da vítima.

a) consideram-se infrações penais de menor potencial 18. (VUNESP — 2018) Nos Juizados Especiais Criminais,
ofensivo os crimes a que a lei comine pena máxima a composição civil dos danos
não superior a um ano, prevendo ou não a lei procedi-
mento especial. a) pode ser reduzida a escrito ou feita oralmente; é
b) consideram-se infrações penais de menor potencial homologada por sentença contra a qual cabe recurso
ofensivo as contravenções penais a que a lei comine específico; é executada pelo próprio Juizado Especial
pena máxima não superior a um ano, prevendo ou não Criminal; acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação nas ações privadas e nas públicas con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

a lei procedimento especial.


c) além das hipóteses do Código Penal e da legislação espe- dicionadas à representação.
cial, dependerá de representação a ação penal relativa b) pode ser reduzida a escrito ou feita oralmente; é homo-
aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. logada por sentença irrecorrível; tem eficácia de título
d) a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais a ser executado em juízo civil; acarreta a extinção da
leves independe de representação da vítima lesionada, punibilidade de todas as acusações.
entretanto, se o crime for de lesão corporal culposa, há c) pode ser reduzida a escrito ou feita oralmente; é homo-
necessidade da representação. logada por sentença irrecorrível; é executada pelo pró-
e) além das hipóteses do Código Penal e da legislação prio Juizado Especial Criminal; acarreta a extinção da
especial, dependerá de representação a ação penal punibilidade de todas as acusações.
relativa aos crimes de lesões corporais dolosas e d) deve ser reduzida a escrito; é homologada por sen-
lesões culposas leves. tença contra a qual cabe recurso específico; tem
eficácia de título a ser executado em juízo civil; acar-
15. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei Federal nº reta a renúncia ao direito de queixa ou representação
9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), con- nas ações privadas e nas públicas condicionadas à
sideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo representação. 137
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e) deve ser reduzida a escrito; é homologada por senten-
14 C
ça irrecorrível; tem eficácia de título a ser executado
em juízo civil; acarreta a renúncia ao direito de queixa 15 E
ou representação nas ações privadas e nas públicas
condicionadas à representação. 16 B

17 B
19. (VUNESP — 2018) A Lei nº 9.099/95, relativa aos Jui-
zados Especiais Cíveis e Criminais, prevê que, 18 E

a) no caso de lesão corporal dolosa leve ou culposa, a ação 19 A


penal será pública e condicionada à representação. 20 C
b) no caso de lesão corporal dolosa leve ou culposa, a
ação penal será privada.
c) apenas no caso de lesão corporal culposa, a ação
penal será pública e condicionada à representação.
d) no caso de lesão corporal dolosa leve, grave, gravíssi- ANOTAÇÕES
ma ou culposa, a ação penal será pública e condicio-
nada à representação.
e) no caso de lesão corporal dolosa leve, a ação penal
será pública e incondicionada.

20. (VUNESP — 2018) Com relação à Lei nº 9.099/1995 (Jui-


zados Especiais Cíveis e Criminais), é correto afirmar que

a) a competência do Juizado será determinada pelo


domicílio ou residência do réu.
b) não se admitirá a transação penal se ficar comprova-
do ter sido o autor da infração condenado, pela prática
de contravenção penal, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva.
c) a suspensão condicional do processo poderá ser revo-
gada se o acusado vier a ser processado, no curso do
prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra
condição imposta.
d) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sen-
tença caberá agravo, que poderá ser julgado por turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau
de jurisdição.
e) a composição dos danos civis será reduzida a escrito,
homologada pelo Juiz mediante sentença recorrível,
por meio de agravo, e terá eficácia de título a ser exe-
cutado no mesmo juízo.

9 GABARITO

1 D

2 A

3 E

4 B

5 B

6 A

7 B

8 D

9 A

10 D

11 C

12 E

13 A
138
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IV - interessado no julgamento do processo em
favor de qualquer das partes.
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de
foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que
signifique manifesta aceitação do arguido.
Art. 146 No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimen-
to ou a suspeição, em petição específica dirigida ao
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
recusa, podendo instruí-la com documentos em que
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
RESPONSABILIDADE DO JUIZ § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao rece-
ber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa
Do Impedimento e da Suspeição dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determi-
nará a autuação em apartado da petição e, no prazo de
Como vimos, o órgão judiciário (Juízo ou Tribunal) 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanha-
deve ser imparcial. Impedimento e suspeição são ins- das de documentos e de rol de testemunhas, se houver,
titutos que tratam das hipóteses em que a imparciali- ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
dade pode estar violada. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar
As causas de impedimento estão tipificadas no os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
art. 144, enquanto as de suspeição estão no art. 145, I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
ambos do CPC, de 2015. Vejamos: II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá
suspenso até o julgamento do incidente.
Art. 144 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é
exercer suas funções no processo: recebido o incidente ou quando este for recebido
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou com efeito suspensivo, a tutela de urgência será
como perito, funcionou como membro do Ministério requerida ao substituto legal.
Público ou prestou depoimento como testemunha; § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
tendo proferido decisão; § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedi-
III - quando nele estiver postulando, como defen- mento ou de manifesta suspeição, o tribunal con-
sor público, advogado ou membro do Ministério denará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o
colateral, até o terceiro grau, inclusive; tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônju- não poderia ter atuado.
ge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; juiz, se praticados quando já presente o motivo de
V - quando for sócio ou membro de direção ou de impedimento ou de suspeição.
administração de pessoa jurídica parte no processo; Art. 147 Quando 2 (dois) ou mais juízes forem
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou
empregador de qualquer das partes;
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro
VII - em que figure como parte instituição de ensino
com a qual tenha relação de emprego ou decorrente que conhecer do processo impede que o outro nele
de contrato de prestação de serviços; atue, caso em que o segundo se escusará, remeten-
VIII - em que figure como parte cliente do escritó- do os autos ao seu substituto legal.
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou O impedimento relaciona-se a circunstâncias de
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que índole objetiva, muitas vezes relacionadas à existência
patrocinado por advogado de outro escritório; de relações jurídicas entre o juiz e outros sujeitos do
IX - quando promover ação contra a parte ou seu processo. Os incisos I, II e III, do art. 144, referem-se à
advogado. atuação do magistrado no processo, em qualquer posi-
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se
ção. As demais hipóteses são específicas, mas traduzem
verifica quando o defensor público, o advogado ou
o membro do Ministério Público já integrava o pro- relações contratuais, de sucessão e trabalhistas, como
cesso antes do início da atividade judicante do juiz. as dos incisos V, VI e VII. Os incisos IV e VIII tratam das
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim relações de parentesco (sobre os graus de parentes-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de caracterizar impedimento do juiz. co, ver tópico relacionado às causas de Impedimento


§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se veri- legal para a citação). E o inciso IX trata de litígio entre o
fica no caso de mandato conferido a membro de escritó- magistrado contra a parte ou seu advogado.
rio de advocacia que tenha em seus quadros advogado Já as causas de suspeição referem-se a circunstân-
que individualmente ostente a condição nele prevista, cias marcadamente subjetivas, que revelam a proxi-
mesmo que não intervenha diretamente no processo. midade ou interesse do juiz na causa capaz de ferir
Art. 145 Há suspeição do juiz: sua imparcialidade. O impedimento induz presunção
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes
absoluta de parcialidade, enquanto a suspeição apenas
ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem presunção relativa, admitindo-se prova em contrário.
interesse na causa antes ou depois de iniciado o Questão interessante diz respeito se a causa da
processo, que aconselhar alguma das partes acerca suspeição é superveniente à atuação do magistrado.
do objeto da causa ou que subministrar meios para Imagine a hipótese de que o juiz tenha concedido
atender às despesas do litígio; tutela de urgência nos autos, mas antes da sentença,
III - quando qualquer das partes for sua credora ou passa a ter relações de amizade com uma das partes,
devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de paren- ou ocorra qualquer causa de suspeição, vindo a decla-
tes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; rar-se suspeito por motivo de foro íntimo. 139
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Indaga-se: as decisões por ele proferidas anterior- depositário, o administrador, o intérprete, o tradu-
mente serão afetadas pela suspeição superveniente? O tor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
Superior Tribunal de Justiça disse que não, passando a distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
incidir apenas depois de efetivamente declarada pelo
magistrado (STJ, 1ª Seção, PET no Resp 1.339.313-RJ, Rel. São auxiliares permanentes: escrivão ou che-
Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Assusete fe de secretaria; oficial de justiça; contador judicial;
Magalhães, julgado em 13/04/2016 – Informativo nº 587). distribuidor. Os auxiliares permanentes são servi-
Outro caso decidido, também, pelo STJ diz respeito dores do Poder Judiciário à disposição do juízo para
ao eventual impedimento de desembargador que par- atuar, quando necessário, em qualquer processo. Sua
ticipa, como revisor, no julgamento de apelação, quan- remuneração é a do próprio cargo que exercem no
do seu cônjuge, também desembargadora, proferiu Judiciário.
decisão em agravo de instrumento oriundo da mesma São auxiliares eventuais: perito; intérprete; deposi-
causa originária. Essa é a regra atual do art. 147, ante- tário particular de bens; inventariante; administrador
riormente citado, que visa evitar possível influência judicial; tradutor. Esses auxiliares não são servidores
entre os magistrados em virtude de vínculos afetivos e do Poder Judiciário, atuam mediante nomeação do
familiares. Entretanto, o STJ entendeu que não se apli- juiz e são remunerados por honorários a serem arbi-
ca o impedimento quando a decisão anterior não apre- trados pelo próprio juiz.
cia o mérito, já que extinta por perda de objeto.
Imagine que o cônjuge tenha atuado no julgamen- DO ESCRIVÃO, DO CHEFE DE SECRETARIA E DO
to de agravo de instrumento, o qual não teve seu méri- OFICIAL DE JUSTIÇA
to analisado, sendo extinto por questões processuais
(perda do objeto por superveniência de sentença no A previsão das funções e atos praticados pelo
processo de origem). Esse seria o caso, mas sem inci- escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelo ofi-
dir no impedimento, já que não apreciado o mérito cial de justiça está entre os arts. 150 e 155, além dos
da causa. arts. 206 a 211, todos do CPC. Além dessas normas, as
leis de organização judiciárias podem dispor sobre as
funções desses profissionais. Observemos os disposi-
Importante! tivos abaixo:

O juiz pode declarar-se suspeito por motivo de Art. 150 Em cada juízo haverá um ou mais ofícios
foro íntimo, sem necessidade de expor suas de justiça, cujas atribuições serão determinadas
pelas normas de organização judiciária.
razões ( § 1º, art. 145, CPC).
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judi-
ciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça
quantos sejam os juízos.
Vejamos o que diz o art. 148, do CPC:

Art. 148 Aplicam-se os motivos de impedimento e Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria, nos
de suspeição: termos do art. 152, do CPC:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça; Art. 152 [...]
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados,
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedi- as cartas precatórias e os demais atos que perten-
mento ou a suspeição, em petição fundamentada e çam ao seu ofício;
devidamente instruída, na primeira oportunidade II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações
em que lhe couber falar nos autos. e intimações, bem como praticar todos os demais
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em atos que lhe forem atribuídos pelas normas de
separado e sem suspensão do processo, ouvindo o organização judiciária;
arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a III - comparecer às audiências ou, não podendo
produção de prova, quando necessária. fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º IV - manter sob sua guarda e responsabilidade
será disciplinada pelo regimento interno. os autos, não permitindo que saiam do cartório,
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à argui- exceto:
ção de impedimento ou de suspeição de testemunha. a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao
Ministério Público ou à Fazenda Pública;
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou
ao partidor;
Os auxiliares da justiça compreendem todas as d) quando forem remetidos a outro juízo em razão
funções, cargos ou profissionais que auxiliam direta da modificação da competência;
ou indiretamente o juiz em seu mister. Dividem-se em V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
auxiliares permanentes (servidores do Poder Judiciá- processo, independentemente de despacho, obser-
rio) e eventuais (terceiros que, no cumprimento de vadas as disposições referentes ao segredo de
determinado encargo, exercem função específica e justiça;
pontual no processo). O CPC, de 2015 arrola diversos VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
auxiliares, totalizando 14 funções/profissionais:
O escrivão administra internamente o serviço den-
Art. 149 São auxiliares da Justiça, além de outros tro de sua serventia judicial, possuindo, como subor-
cujas atribuições sejam determinadas pelas nor- dinados, outros servidores, também auxiliares, como
mas de organização judiciária, o escrivão, o che- oficiais de apoio, escreventes, estagiários do Poder
140 fe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o Judiciário etc.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 153, do CPC, sofreu alteração pela Lei nº Da mesma forma que estabelece a responsabi-
13.256, de 2016 para, assim, prever: “Art. 153. O lidade do juiz, o CPC, de 2015 também trata da res-
escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferen- ponsabilidade desses auxiliares. Os atos passíveis
cialmente, à ordem cronológica de recebimento para de responsabilização decorrem de atuações dolosas
publicação e efetivação dos pronunciamentos judi- ou culposas, ativas ou omissivas. O inciso primeiro
ciais.” Veja que a redação anterior dispunha que a refere-se à atuação omissiva, enquanto o outro inci-
ordem cronológica seria obrigatoriamente observada, so refere-se às condutas ativas, pressupondo um agir
mas a alteração legislativa a tornou opcional. contrário à lei, dolosa ou culposamente.
Já o oficial de justiça é o executor das ordens judi-
DOS ATOS PROCESSUAIS
ciais e diligências externas à sede do juízo, possuindo
atribuições essenciais para assegurar a efetividade da
tutela jurisdicional. Seus atos são dotados de fé públi- Da Forma dos Atos Processuais
ca, consistente na presunção de legalidade e veracida- Como se sabe, o processo obedece a alguns requisi-
de de sua atuação. Assim, uma certidão lavrada pelo
tos, que são as formalidades. Para que o ato seja váli-
oficial de justiça somente pode ser desconstituída por
do, às vezes a lei estabelece quais requisitos devem
prova em sentido contrário, motivo pelo qual a pre-
ser seguidos, por exemplo, quando fala dos requisitos
sunção é relativa (presunção iuris tantum). Veja um
da petição inicial (art. 319) ou da sentença (art. 489).
exemplo a esse respeito conforme extraído da juris-
Assim, se tais requisitos são descumpridos, deve-se
prudência do TJMG:
verificar se o ato deve ser anulado.
Por ora, deve-se salientar que, como regra, preva-
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELI-
MINAR SUSCITADA NAS RAZÕES RECURSAIS lece a liberdade das formas, isto é: os atos não têm
- ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTA- forma específica, a não ser quando exigida por lei,
ÇÃO - NÃO CONSTATAÇÃO - REJEIÇÃO. AÇÃO DE segundo o art. 188, do CPC:
EXECUÇÃO. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL REALIZADA
PELO OFICIAL DE JUSTIÇA - PROVA DE ERRO - Art. 188 Os atos e os termos processuais indepen-
NÃO APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS CONVI- dem de forma determinada, salvo quando a lei
CENTES - DESCONSTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. expressamente a exigir, considerando-se válidos
- Verificando-se que a decisão vergastada está fun- os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
damentada, não há razão para anulá-la. finalidade essencial.
- Para a desconstituição da avaliação efetivada por
um Oficial de Justiça, que é dotado de fé pública, Caso a lei estabeleça a formalidade, o critério será
necessária a apresentação de elementos convincen- o da legalidade das formas.
tes de que este tenha, quando da avaliação, incor- Eles podem ser praticados em autos físicos ou na
rido em erro; sem esta comprovação, não há como forma eletrônica, como regulamentado a partir do
acolher a pretensão. art. 193. Como regra, os atos serão públicos, permitin-
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0024.14.248122-5/002, do que qualquer pessoa a eles tenha acesso. Mas há
Relator(a): Des.(a) Pedro Bernardes de Oliveira, 9ª CÂMARA CÍVEL, processos que tramitam em segredo de justiça, como
julgamento em 16/06/2020, publicação da súmula em 25/06/2020)
aqueles estabelecidos pelo art. 189, do CPC:
São exemplos de atos praticados pelo oficial: citação, Art. 189 Os atos processuais são públicos, todavia
intimação, penhora, avaliação, arresto de bens, certificar tramitam em segredo de justiça os processos:
proposta de acordos quando do cumprimento de diligên- I - em que o exija o interesse público ou social;
cias etc. Suas atribuições estão elencadas no art. 154: II - que versem sobre casamento, separação de cor-
pos, divórcio, separação, união estável, filiação, ali-
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça: mentos e guarda de crianças e adolescentes;
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, III - em que constem dados protegidos pelo direito
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, constitucional à intimidade;
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste- IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com cumprimento de carta arbitral, desde que a confi-
menção ao lugar, ao dia e à hora; dencialidade estipulada na arbitragem seja com-
II - executar as ordens do juiz a que estiver provada perante o juízo.
subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu Nesses casos, o acesso aos autos se dará somente
cumprimento; às partes e seus procuradores, além dos membros do
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; Poder Judiciário (juiz e auxiliares).


V - efetuar avaliações, quando for o caso;
Uma questão interessante diz respeito aos negó-
VI - certificar, em mandado, proposta de autocom-
posição apresentada por qualquer das partes, na
cios jurídicos processuais, espécie de ato processual
ocasião de realização de ato de comunicação que pela qual as partes dispõem sobre mudanças no pro-
lhe couber. cedimento para ajustá-lo às particularidades de seu
caso.
z Responsabilidade do Escrivão ou Chefe de Secreta- Imagine que as partes queiram estipular a mudan-
ria e do Oficial de Justiça: ça dos prazos, que todos que se derem no curso da
fase de conhecimento — etapa destinada a certificar
Art. 155 O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial o direito controvertido — sejam de cinco dias, ou que
de justiça são responsáveis, civil e regressivamente,
não haverá recurso contra decisões interlocutórias
quando:
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no (como o agravo de instrumento), reservando o duplo
prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que grau de jurisdição apenas para o recurso contra a sen-
estão subordinados; tença (apelação).
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. 141
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Veja a expressa disposição do art. 190, do CPC, que z Processo: Instrumento pelo qual o Estado atua
trata dos negócios jurídicos processuais: para aplicar o ordenamento jurídico;
z Procedimento: Algo mais formal, sendo visto
Art. 190 Versando o processo sobre direitos que como a sequência de atos processuais que permi-
admitam autocomposição, é lícito às partes ple- tirão ao Estado aplicar o direito. É a forma como o
namente capazes estipular mudanças no procedi- processo se exterioriza;
mento para ajustá-lo às especificidades da causa z Autos: Documentação dos atos processuais. Os
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, facul- autos é que são consultados pelos sujeitos do
dades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz
A prática dos atos processuais, como a intimação
controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos do advogado, assinatura dos juízes em seus pronun-
casos de nulidade ou de inserção abusiva em con- ciamentos, publicação das decisões, entre outros, pode
trato de adesão ou em que alguma parte se encon- ocorrer total ou parcialmente em meio digital, desde
tre em manifesta situação de vulnerabilidade. que haja a garantia de que sejam produzidos, comuni-
cados, armazenados e validados por meio eletrônico,
Veja que o Código dá ao juiz o poder de controlar a na forma da lei própria (Lei nº 11.419, de 2006). Essa
validade do negócio jurídico processual, que declara- prática se aplica também no que for possível, à prática
rá eventuais nulidades ou abusividades, além da desi- de atos notariais e atos de registro, conforme versa o
gualdade caso uma das partes esteja em situação de art. 193, do CPC, de 2015.
manifesta vulnerabilidade.
O CPC, de 2015, ainda trata da calendarização pro- Art. 193 Os atos processuais podem ser total ou
cessual como mais uma oportunidade de as partes parcialmente digitais, de forma a permitir que
definirem o tempo para a prática de atos processuais. sejam produzidos, comunicados, armazenados e
As partes podem definir data para a prática de atos validados por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se,
processuais, como uma audiência, a produção de uma
no que for cabível, à prática de atos notariais e de
prova etc. Claramente, pode haver um ganho na efi-
registro.
ciência do processo, contribuindo decisivamente para
a garantia da razoável duração do processo, que é
Já o art. 194 trata do princípio da publicidade dos
princípio constitucional garantido no inciso LXXVIII,
atos e das garantias do PJe (Processo Judicial Eletrôni-
do art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
co), que são:
Essa possibilidade de instituir calendário para a
prática de atos processuais está definida no art. 191,
do CPC: z Disponibilidade: uso da informação;
z Independência da plataforma computacional:
Art. 191 De comum acordo, o juiz e as partes não dependência do uso de um único equipamen-
podem fixar calendário para a prática dos atos pro- to tecnológico;
cessuais, quando for o caso. z Acessibilidade: possibilitar o acesso das informa-
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os ções aos demais usuários;
prazos nele previstos somente serão modificados z Interoperabilidade dos sistemas, serviços,
em casos excepcionais, devidamente justificados. dados e informações: possibilitar a comunicação
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prá- adequada entre os sistemas.
tica de ato processual ou a realização de audiência
cujas datas tiverem sido designadas no calendário. Art. 194 Os sistemas de automação processual
respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
Veja que o calendário vincula as partes e o juiz, tra- participação das partes e de seus procuradores,
tando-se de ato que produz efeitos em relação a todos inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
os sujeitos do processo. observadas as garantias da disponibilidade, inde-
pendência da plataforma computacional, acessibi-
Art. 192 Em todos os atos e termos do processo é lidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços,
obrigatório o uso da língua portuguesa. dados e informações que o Poder Judiciário admi-
Parágrafo único. O documento redigido em lín- nistre no exercício de suas funções.
gua estrangeira somente poderá ser juntado aos
autos quando acompanhado de versão para a lín- Ao passo que o art. 195 versa sobre os requisitos
gua portuguesa tramitada por via diplomática ou de registro do ato processual eletrônico, devendo ser
pela autoridade central, ou firmada por tradutor feito em padrão aberto e com observância dos seguin-
juramentado. tes requisitos:

O art. 192 determina que nos atos e termos do pro- z Autenticidade: autenticar quem está enviando a
cesso se observe a língua portuguesa ou, caso assim informação para o sistema;
não seja, deverão vir acompanhados da respectiva z Integralidade: não alteração do conteúdo lançado;
tradução. z Temporalidade: é fiel ao tempo/momento do lan-
çamento;
Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais z Não repúdio: vincula quem assinou o documento
lançado;
Os atos processuais podem ser praticados em z Conservação: preservar a duração contínua do
autos físicos ou eletrônicos. Autos dizem respeito à documento lançado;
documentação dos atos processuais, cabendo aqui z Confidencialidade: conseguir restringir o acesso a
142 diferenciar alguns termos já citados: pessoas não autorizadas.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 195 O registro de ato processual eletrônico Deve o Poder Judiciário manter gratuitamente
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão equipamentos necessários à prática de atos proces-
aos requisitos de autenticidade, integridade, tempo- suais eletrônicos e suas respectivas consultas, sob
ralidade, não repúdio, conservação e, nos casos que pena de se admitir a prática desses atos processuais
tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, por meio não eletrônico, se no local não dispuser de
observada a infraestrutura de chaves públicas uni- equipamentos, na forma do caput do art. 198.
ficada nacionalmente, nos termos da lei.
Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão
manter gratuitamente, à disposição dos interessa-
Dica
dos, equipamentos necessários à prática de atos
Mesmo sendo eletrônico, o sistema dos pro- processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e
cessos judiciais deve observar as hipóteses de aos documentos dele constantes.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por
segredo de justiça, na forma do art. 189, do CPC, meio não eletrônico no local onde não estiverem dis-
de 2015. ponibilizados os equipamentos previstos no caput.

Avançando no estudo, tem-se uma mudança feita Além disso, compete ao Poder Judiciário assegurar
pelo Novo CPC: a atribuição da competência primária a acessibilidade das pessoas com deficiência aos:
ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos
Tribunais, para regulamentar a prática e a comunicação Art. 198 [...]
dos atos processuais por meio eletrônico (art. 196). O art. I - sítios na rede mundial de computadores;
18, da Lei nº 11.419, de 2006, previa que essa competên- II - ao meio eletrônico de prática de atos judiciais;
cia pertencia a todos os órgãos do Poder Judiciário. III - à comunicação eletrônica dos atos processuais;
IV - e, à assinatura eletrônica – art. 199 do CPC, de 2015.
Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu-
Art. 196 Compete ao Conselho Nacional de Justiça rarão às pessoas com deficiência acessibilidade
e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a aos seus sítios na rede mundial de computadores,
prática e a comunicação oficial de atos processuais ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
por meio eletrônico e velar pela compatibilidade comunicação eletrônica dos atos processuais e à
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro- assinatura eletrônica.
gressiva de novos avanços tecnológicos e editando,
para esse fim, os atos que forem necessários, respei- ATOS DAS PARTES
tadas as normas fundamentais deste Código.
As partes praticam diversos atos processuais,
O caput do art. 197 trata da divulgação de informa- necessários para defender seus direitos. As postu-
ções constantes nos sistemas eletrônicos pelos Tribu- lações das partes são o meio pelo qual elas “conver-
nais. Merece destaque o parágrafo único. Veja o teor sam” com o juiz. Tendo elas uma demanda ou não
da sua redação: pretendendo que sua esfera jurídica seja afetada, evi-
dentemente devem buscar convencer o juiz de seus
Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações argumentos. Isso se dá pelos atos processuais.
constantes de seu sistema de automação em pági- Os atos das partes podem ser unilaterais ou bila-
na própria na rede mundial de computadores, terais, sendo aqueles os mais comuns. Como atos
gozando a divulgação de presunção de veracidade unilaterais, podemos lembrar dos atos de postulação
e confiabilidade. das partes, como petição inicial, contestação, réplica,
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do requerimento para produção de provas e interposição
sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça
de recursos. São atos que, para sua formação, basta a
vontade da parte que os pratica. Já a transação (quan-
responsável pelo registro dos andamentos, poderá
do as partes fazem um acordo sobre o direito discu-
ser configurada a justa causa prevista no art. 223,
tido no processo) é um ato bilateral, pois pressupõe
caput e § 1º.
manifestação de vontade de ambos os envolvidos. Do
mesmo modo, lembre-se do negócio jurídico proces-
Essa “justa causa” considera o evento alheio à von- sual, que vimos há pouco.
tade da parte que a impediu de praticar o ato, por si Como regra, os atos iniciam a produção de efeitos
ou por mandatário. Portanto, decorrido o prazo, a logo que praticados:
parte pode provar que não realizou o ato por “justa
causa”, o que ensejará a fixação de novo prazo, se aco-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 200 Os atos das partes consistentes em decla-


lhida a pretensão. rações unilaterais ou bilaterais de vontade produ-
Exemplificando, a “justa causa” pode se revelar na zem imediatamente a constituição, modificação ou
indisponibilidade de acesso ao sistema informatizado extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzi-
do respectivo Tribunal, ou por erro/omissão do auxi-
rá efeitos após homologação judicial.
liar da justiça responsável pela prática de determina-
do ato processual eletrônico, como publicação de uma O pedido de desistência da ação produz efeitos
decisão ou sentença, por exemplo. somente depois de homologação judicial. Se o autor,
O STJ entende que o equívoco nas informações por exemplo, pretende desistir da ação, deverá formu-
processuais prestadas na página eletrônica dos tribu- lar o respectivo requerimento nos autos, mas a desis-
nais configura justa causa, nos termos do § 2º, art. 183, tência deve passar pela homologação judicial, a partir
do CPC, de 2015, a autorizar a prática posterior do ato, da qual produzirá efeitos. Se já ocorrida a contestação
sem prejuízo da parte. (STJ REsp 960.280 — RS; REsp (defesa do réu), o autor somente poderá desistir com a
1.438.529; REsp 1.491.029). anuência (concordância) da parte contrária.
143
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Os atos das partes podem ser assim classificados:
Põe fim à fase de
z Atos postulatórios: Atos nos quais as partes Sentença / Acórdão conhecimento ou extingue a
execução
pedem ou requerem algo ao Juízo a fim de buscar a
sua pretensão ou defender seu direito. Dividem-se,
então, em pedidos e requerimentos. São exemplos:
petição inicial, contestação, requerimento para Pronunciamentos judiciais
produção de provas, dentre outros; no curso do processo e
z Atos dispositivos: Aqueles pelos quais as partes Decisões Interlocutórias que resolvem questões
incidentes, sem pôr fim ao
dispõem de um direito que possuem. Exemplos: processo
renúncia ao prazo recursal, renúncia a um meio
probatório;
z Atos instrutórios: Destinados a comprovar suas
São decisões que
alegações, a instruir o processo com a compro- Despacho meramente impulsionam o
vação dos fatos. Exemplos: oitiva de testemunha, andamento do processo
requisição de documentos.

É direito das partes exigir recibo dos atos que pra- Caso algum desses atos seja praticado oralmente, o
ticam em juízo quando entregam petições ou quais- servidor deverá reduzi-los a termo, submetendo-o ao
quer outros documentos. juiz para revisão e assinatura.
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e
Art. 201 As partes poderão exigir recibo de peti- a vista obrigatória, independem de despacho, deven-
ções, arrazoados, papéis e documentos que entre- do ser praticados de ofício pelo servidor e revistos
garem em cartório. pelo juiz quando necessário.
Art. 202 É vedado lançar nos autos cotas marginais O caput do art. 205 deve ser interpretado de forma
ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar, literal, pois cabe ao Magistrado redigir, datar e assinar
impondo a quem as escrever multa correspondente seus pronunciamentos (despachos, decisões, senten-
à metade do salário-mínimo. ças e, no âmbito do tribunal, os acórdãos).

PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ Art. 205 Os despachos, as decisões, as sentenças e


os acórdãos serão redigidos, datados e assinados
Os pronunciamentos judiciais são atos processuais pelos juízes.
praticados pelo juiz que consistem na apreciação de § 1º Quando os pronunciamentos previstos no
alguma questão (de fato ou de direito), além de terem caput forem proferidos oralmente, o servidor os
como objetivo também o mero andamento do proces- documentará, submetendo-os aos juízes para revi-
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição, são e assinatura.
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de
determinando os atos subsequentes do procedimento. jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma
da lei.
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun-
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o
ciamentos judiciais:
dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos
serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
Acrescenta-se que, mesmo quando os pronuncia-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro-
mentos ocorrem de maneira oral, caberá ao servidor
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
da justiça reduzir a termo e submeter à revisão, data e
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento assinatura do Magistrado (§ 1º, do art. 205).
comum, bem como extingue a execução. A prática dessas atividades pode ser realizada
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento eletronicamente, independentemente de os autos do
judicial de natureza decisória que não se enquadre processo serem eletrônicos ou não (§ 2º, do art. 205).
no § 1º. E, por fim, todos os pronunciamentos deverão ser
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen- publicados em Diário de Justiça Eletrônico (§ 3º, do
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a art. 205).
requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- Dica
da e a vista obrigatória, independem de despacho,
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e Juntada é o ato de anexar algum documento ao
revistos pelo juiz quando necessário. processo, daí utilizar-se o “termo de juntada”; já
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- a “vista” diz respeito a levar ao conhecimento de
do pelos tribunais. algum ato.
O ato de pedir vista implica na disposição do
Sobre a diferença entre os tipos de pronunciamen- processo a alguém para análise. Se a vista for
to dos juízes citados nesse artigo, podemos resumi-los às partes, caberá a elas, por seus advogados,
144 da seguinte forma: manifestarem-se dentro do prazo concedido.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA Art. 211 Não se admitem nos atos e termos pro-
cessuais espaços em branco, salvo os que forem
Os arts. 206 ao 209, do CPC, de 2015, preveem como inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou
obrigação do escrivão ou chefe de serventia o recebi- rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas.
mento da petição inicial do processo e sua consequen-
te autuação, bem como numeração e rubrica de todas Por fim, o art. 211 veda a existência de espaços em
as folhas dos autos, inclusive termos de juntada, vista, branco nos atos e termos processuais, salvo os que
forem inutilizados (entrelinhas, emendas ou rasuras,
conclusão e outros semelhantes.
exceto quando expressamente justificadas).
Ele deve ainda certificar eventual omissão ou impos-
sibilidade de assinatura pelas pessoas que intervenham
Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais
no processo (como os advogados, por exemplo).

Art. 206 Ao receber a petição inicial de processo, o


A prática dos atos processuais deve ocorrer dentro
escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, men-
da época e dos prazos fixados em lei. Então, a lei esta-
cionando o juízo, a natureza do processo, o número belece os dias em que podem ser praticados atos pro-
de seu registro, os nomes das partes e a data de seu cessuais, além dos prazos para cada ato processual, a
início, e procederá do mesmo modo em relação aos fim de assegurar seu adequado andamento.
volumes em formação. Os atos processuais serão realizados em dias úteis,
Art. 207 O escrivão ou o chefe de secretaria nume- das 6 às 20 horas, podendo ser concluídos após esse
rará e rubricará todas as folhas dos autos. horário desde que iniciados antes, quando o adiamen-
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao mem- to prejudicar a diligência ou causar grave dano (art.
bro do Ministério Público, ao defensor público e aos 212, do CPC).
auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas Os atos praticados na forma eletrônica poderão
correspondentes aos atos em que intervierem. ser realizados em qualquer horário até as 24 horas
Art. 208 Os termos de juntada, vista, conclusão e do último dia do prazo. Falando-se em autos físicos, a
outros semelhantes constarão de notas datadas e petição deverá ser protocolada dentro do horário de
rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria. funcionamento do Judiciário local.
Art. 209 Os atos e os termos do processo serão assina- Na contagem por dias úteis, excluem-se sábados,
dos pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando domingos e feriados. Dias úteis são aqueles em que
essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escri- há expediente forense. Essa contagem difere da conta-
vão ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência. gem por dias corridos, que englobaria dias não úteis.
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcial- Assim, um prazo de cinco dias, por exemplo, iniciado
mente documentado em autos eletrônicos, os atos na quinta-feira, teria seu curso normal durante o fim
processuais praticados na presença do juiz poderão de semana. O CPC, de 2015, previu a contagem em dias
ser produzidos e armazenados de modo integralmen- úteis.
te digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma
da lei, mediante registro em termo, que será assina- Art. 212 Os atos processuais serão realizados em
do digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
secretaria, bem como pelos advogados das partes. § 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições atos iniciados antes, quando o adiamento prejudi-
na transcrição deverão ser suscitadas oralmente car a diligência ou causar grave dano.
no momento de realização do ato, sob pena de pre- § 2º Independentemente de autorização judicial, as
clusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o citações, intimações e penhoras poderão realizar-
registro, no termo, da alegação e da decisão. -se no período de férias forenses, onde as houver, e
nos feriados ou dias úteis fora do horário estabele-
cido neste artigo, observado o disposto no art. 5º,
Tratando-se de processo total ou parcialmente ele-
inciso XI, da Constituição Federal.
trônico, os atos processuais praticados na presença do § 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio
juiz (como, por exemplo, uma audiência) poderão ser de petição em autos não eletrônicos, essa deverá
produzidos e armazenados de modo integralmente digi- ser protocolada no horário de funcionamento do
tal em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei. fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de
Assim, tomando o exemplo da audiência, esta deve- organização judiciária local.
rá ser registrada em termo, que será assinado digital- Art. 213 A prática eletrônica de ato processual
mente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e
bem como pelos advogados das partes. quatro) horas do último dia do prazo.
Já o parágrafo 2º, do art. 209, possibilita às par- Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

tes contraditarem essa transcrição oralmente e no o qual o ato deve ser praticado será considerado
momento da realização do ato, sob pena de preclu- para fins de atendimento do prazo.
são. Cabe ao Juiz decidir imediatamente e proceder o Art. 214 Durante as férias forenses e nos feriados,
registro no termo eletrônico todo o ocorrido, desde a não se praticarão atos processuais, excetuando-se:
alegação até sua decisão. I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
II - a tutela de urgência.
Art. 210 É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou
de outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Entende-se como férias forenses o período com-
preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, na
Na forma do art. 210, do CPC, de 2015, é possível, forma do art. 220, do CPC, de 2015. O art. 215, do CPC,
em qualquer juízo ou tribunal, o uso de métodos de de 2015, prevê os atos processuais que serão pratica-
abreviação ou simbólicos de escrita, com o objetivo de dos mesmo durante esse período:
melhorar a velocidade da escrita, seja pela taquigrafia
(escrita à mão), pela estenotipia (escrita por máquina/ z Procedimentos de jurisdição voluntária (disposi-
computador) ou por qualquer outro meio idôneo. ções gerais — arts. 719 ao 725, do CPC, de 2015); 145
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Necessários à conservação de direitos, quan- Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o
do houver prejuízo pelo adiamento (intimação termo inicial e o termo final) para a prática dos atos
para cumprimento de uma tutela de saúde, por processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela
exemplo); lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele
z A ação de alimentos (Lei nº 5.478, de 1968); execu- será de 5 dias para a prática do ato processual.
ção de alimentos (arts. 911 ao 913, do CPC, de 2015)
e alimentos gravídicos (Lei nº 11.804, de 2008); Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos
z Processos de nomeação (inciso I, art. 759, do CPC; prazos prescritos em lei.
arts. 1.729 a 1.732 e 1.775-A, do Código Civil; e inci- § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os
so III, art. 201, do ECA) ou remoção (art. 761, do prazos em consideração à complexidade do ato.
CPC; e art. 164 e inciso III, art. 201, do ECA) de tutor § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as
e curador. intimações somente obrigarão a comparecimento
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 215 Processam-se durante as férias forenses, § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina-
onde as houver, e não se suspendem pela superve- do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a
niência delas: prática de ato processual a cargo da parte.
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado
os necessários à conservação de direitos, quando antes do termo inicial do prazo.
puderem ser prejudicados pelo adiamento;
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação Em relação ao último parágrafo, temos o seguinte
ou remoção de tutor e curador; exemplo: se a parte apresenta o recurso depois de pro­
III - os processos que a lei determinar. latada a sentença, mas antes de sua publicação oficial,
o recurso será considerado tempestivo.
Por fim, o art. 216 trata dos feriados para fins judi- Uma inovação trazida pelo CPC, de 2015, diz res-
ciários, haja vista que, além dos previstos em lei (1ª peito à contagem de prazo somente em dias úteis (art.
de janeiro — Lei nº 662, de 1949; 21 de abril — Lei nº 219), o que se aplica somente a prazos de natureza
10.601, de 2002; entre outros), também serão conside- processual, não aos de natureza material.
rados feriados os sábados, domingos e os dias em que
não houver expediente forense. Art. 219 Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
Art. 216 Além dos declarados em lei, são feriados, dias úteis.
para efeito forense, os sábados, os domingos e os Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se
dias em que não haja expediente forense. somente aos prazos processuais.

Quanto ao lugar da prática dos atos processuais, Como já mencionado, o Novo Código de Processo
veja a redação do art. 217, do CPC, de 2015: Civil estabeleceu o instituto recesso forense, no perío-
do compreendido entre 20 de dezembro e 20 de janei-
Art. 217 Os atos processuais realizar-se-ão ordina- ro, incluindo-se essas datas citadas como marco inicial
riamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, e marco final de contagem do período de recesso.
em outro lugar em razão de deferência, de interes-
se da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo Dica
arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
Enunciado 269 do Fórum Permanente de Pro-
Portanto, tem-se como regra que os atos proces- cessualistas: “A suspensão de prazos de 20 de
suais serão praticados no local onde se situa o juízo, dezembro a 20 de janeiro é aplicável aos Juiza-
considerando o ambiente virtual do processo judi- dos Especiais”.
cial eletrônico também como sede do juízo. Deve-se,
porém, observar as seguintes exceções: Apesar do significativo período de recesso forense,
o § 1º, do art. 220, deixa claro que mesmo neste perío-
z Deferência: inquiridos em sua residência ou onde do todos os sujeitos do processo poderão exercer suas
exercem sua função (art. 454, do CPC, de 2015); funções normalmente, ressalvadas as hipóteses de
z Natureza do ato / Interesse da justiça: inspe- férias individuais. Portanto, membros do Ministério
ção judicial realizada no local indicado, como por Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública,
exemplo uma perícia advinda de dano ambiental Juízes e Auxiliares da Justiça não deixarão de exercer
(art. 481, do CPC, de 2015); suas funções.
z Natureza do ato / Obstáculo arguido pelo inte- Veja a redação do art. 220, do CPC, de 2015.
resse e acolhido pelo juiz: parte ou testemunha
arrolada que se encontra enferma ou que por Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual
outro motivo relevante esteja impossibilitada de nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
comparecer à sede do juízo, mas não impossibili- de janeiro, inclusive.
tada de depor (parágrafo único, art. 449, do CPC, § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados
de 2015). instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis-
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia
Dos Prazos Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas
atribuições durante o período previsto no caput.
O processo se movimenta por impulso oficial, isto § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza-
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao rão audiências nem sessões de julgamento.
processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei
146 estabelece prazos para a prática dos atos processuais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O ato processual praticado durante o recesso Dessa forma, a literalidade do caput do art. 222 é
forense considera-se realizado no primeiro dia útil, bem clara ao versar que, nos locais de difícil transpor-
que não será incluso na contagem do prazo. STJ, AgRg te, o juiz poderá prorrogar por até 2 (dois) meses os
no AREsp 23.139/MA. prazos, podendo exceder este limite, em caso de cala-
midade pública (§ 2º, do art. 222).
Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá- Todavia, não poderá o magistrado reduzir os pra-
culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo zos peremptórios sem anuência das partes (§ 1º, do
qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo art. 222). Este dispositivo prestigia o negócio jurídico
ser restituído por tempo igual ao que faltava para processual (art. 190, do CPC, de 2015) com possibili-
sua complementação. dade de fixação de calendário processual (art. 191,
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante do CPC, de 2015), que confere maior independência
a execução de programa instituído pelo Poder Judi- às partes na definição das regras procedimentais de
ciário para promover a autocomposição, incum- ações que versem sobre direitos disponíveis.
bindo aos tribunais especificar, com antecedência, O caput do art. 223, do CPC, de 2015, revela a hipó-
a duração dos trabalhos. tese de preclusão temporal, ou seja, aquela que ocor-
reu devido ao transcurso do prazo anteriormente
Avançando, o art. 221, do CPC, de 2015, também previsto, sem que houvesse manifestação da parte ou
trata da suspensão de prazos, autorizando a suspen- com sua manifestação posterior (intempestiva).
são da contagem nas seguintes hipóteses:
Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
Art. 221 [...] praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
I - em caso de obstáculo criado em detrimento da dentemente de declaração judicial, ficando assegu-
parte; rado, porém, à parte provar que não o realizou por
II - caso ocorra alguma das hipóteses do art. 313 do justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à von-
CPC, de 2015;
tade da parte e que a impediu de praticar o ato por
III - durante a execução de programa instituído pelo
si ou por mandatário.
Poder Judiciário para promover a autocomposição
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à par-
(mutirões de conciliação, por exemplo), desde que o
te a prática do ato no prazo que lhe assinar.
respectivo tribunal especifique, com antecedência,
a duração dos trabalhos.
Conceituando brevemente, preclusão é a perda do
direito de manifestação no processo, ou seja, é a perda
Por não se tratar de objeto do estudo, no presen-
da capacidade para praticar atos processuais, que pode
te momento, não haverá profundidade nas diversas ser gerada: pela realização do ato; pela não realização
hipóteses legais de suspensão do processo, previsto no do ato no prazo; ou pela realização de forma indevida.
art. 313, do CPC, de 2015. O instituto processual da preclusão guarda direta
Porém, pode-se citar como exemplo a suspensão relação com princípios norteadores do processo civil,
do processo pela morte de uma das partes, do seu como a razoável duração do processo e a boa-fé objetiva.
representante ou do seu procurador, suspensão por A preclusão pode ser temporal, lógica, consumati-
convenção entre as partes, entre outras. va e sanção. Veja:
No tocante aos “obstáculos” previstos no caput do
art. 221, do CPC, de 2015, podem ocorrer de diversas z Temporal: em razão do transcurso do prazo, sem
formas, desde um ato administrativo do respectivo manifestação ou com manifestação posterior
tribunal prevendo suspensão de prazo em um deter- — intempestiva;
minado dia, até mesmo nos casos de encerramento do z Lógica: em razão de prática processual, anterior e
expediente forense antes do horário legal (em razão incompatível com o ato atual;
de chuva, ausência energia elétrica, algum evento na z Consumativa: em razão do já exercício do direito
comarca, entre outros fatos geradores). previsto naquele ato atual a ser praticado;
Nesses casos, o prazo deve ser restituído não na z Sanção: em razão da prática de ato ilícito.
sua integralidade, mas na proporção do que faltava
para seu encerramento. É o que dispõe o caput do art. Os parágrafos 1º e 2º, do art. 223, do CPC, de 2015,
221, do CPC, de 2015. tratam de hipótese já estudada, a “justa causa” para
não cumprimento tempestivo do ato processual. Essa
Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária “justa causa” considera o evento alheio à vontade da
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro- parte e que lhe impediu de praticar o ato, por si ou por
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

gar os prazos por até 2 (dois) meses. seu mandatário.


§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios Portanto, decorrido o prazo, a parte pode provar
sem anuência das partes. que não realizou o ato por “justa causa”, o que ense-
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto jará a fixação de novo prazo para cumprimento do
no caput para prorrogação de prazos poderá ser encargo, se acolhida a pretensão pelo Magistrado.
excedido. A contagem dos prazos deve ser orientada pelo art.
224, do CPC, segundo o qual, em regra, os prazos serão
O Novo Código de Processo Civil também inovou contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia
ao incluir as “sessões ou subseções judiciárias” ao do vencimento. O § 3º do mencionado dispositivo esta-
lado das “comarcas”, denominações utilizadas respec- belece que a contagem do prazo terá início no primei-
tivamente na Justiça Federal e na Justiça Estadual. ro dia útil que seguir ao da publicação. Vejamos:
Tem-se, portanto, a exclusão de qualquer dúvida
em relação à aplicabilidade da norma do art. 222, do Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos
CPC, de 2015, no âmbito da Justiça Federal, pois há serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
previsão expressa. do o dia do vencimento. 147
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, independentemente de requerimento. Porém, essa
se coincidirem com dia em que o expediente forense regra não se aplica se o processo for eletrônico, uma
for encerrado antes ou iniciado depois da hora nor- vez que ambos conseguem acessar o processo de for-
mal ou houver indisponibilidade da comunicação ma simultânea.
eletrônica.
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri- Art. 229 Os litisconsortes que tiverem diferentes
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da procuradores, de escritórios de advocacia distin-
informação no Diário da Justiça eletrônico. tos, terão prazos contados em dobro para todas as
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
dia útil que seguir ao da publicação.
independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, haven-
A parte poderá ainda renunciar ao prazo estabe- do apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por ape-
lecido em seu favor, desde que faça de forma expres- nas um deles.
sa. Por exemplo, manifestar nos autos do processo § 2º Não se aplica o disposto no caput aos proces-
renunciando o prazo recursal. sos em autos eletrônicos.
Neste sentido, veja o que dispõe o art. 125, do CPC:
O início do prazo será contado a partir da citação,
Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo esta- da intimação, ou, ainda, da notificação.
belecido exclusivamente em seu favor, desde que o
faça de maneira expressa. Art. 230 O prazo para a parte, o procurador, a
Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Minis-
Os prazos podem ser classificados da seguinte tério Público será contado da citação, da intimação
forma: ou da notificação.

z Peremptórios: São imperativos e não admitem A contagem do prazo respeita o art. 231, do CPC,
prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer; que assim estabelece:
z Dilatórios: Admitem prorrogação;
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão; Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares. sidera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimen-
Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art. to, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
226, do CPC: II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
Art. 226 O juiz proferirá: cial de justiça;
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; III - a data de ocorrência da citação ou da intima-
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do
dias; chefe de secretaria;
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo
Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação
tempo, os prazos a que está submetido. ou da intimação ou ao término do prazo para que
a consulta se dê, quando a citação ou a intimação
Os prazos não se aplicam somente aos juízes, mas for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata
também aos serventuários da justiça e advogados.
o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada
Assim, vejamos:
da carta aos autos de origem devidamente cumpri-
da, quando a citação ou a intimação se realizar em
Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os cumprimento de carta;
autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar VII - a data de publicação, quando a intimação se
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con- der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
tado da data em que:
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por
I - houver concluído o ato processual anterior, se
meio da retirada dos autos, em carga, do cartório
lhe foi imposto pela lei;
ou da secretaria.
II - tiver ciência da ordem, quando determinada
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na
pelo juiz.
forma prevista na mensagem de citação, do rece-
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará
bimento da citação realizada por meio eletrônico.
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida
(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
no inciso II.
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada
ço do prazo para contestar corresponderá à última
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá
das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
de forma automática, independentemente de ato de
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para
serventuário da justiça.
cada um é contado individualmente.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado direta-
Vamos conhecer um pouco acerca dos prazos apli- mente pela parte ou por quem, de qualquer forma,
cáveis às partes, mais precisamente aos advogados. participe do processo, sem a intermediação de
Os prazos para os litisconsortes (diz-se litisconsór- representante judicial, o dia do começo do prazo
cio quando temos a reunião de duas ou mais pessoas para cumprimento da determinação judicial cor-
em algum ou ambos os polos da demanda) que tive- responderá à data em que se der a comunicação.
rem diferentes procuradores, de escritórios de advo- § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à cita-
148 cacia distintos, serão contados em dobro para todas ção com hora certa.
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A forma de computar o prazo está estabelecida no Art. 233 Incumbe ao juiz verificar se o serventuário
art. 224, do CPC, dispondo que, em regra, os prazos excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabeleci-
serão contados excluindo o dia do começo e incluindo dos em lei.
o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instau-
em dia não útil. ração de processo administrativo, na forma da lei.
§ 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a
Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos Defensoria Pública poderá representar ao juiz con-
serão contados excluindo o dia do começo e incluin- tra o serventuário que injustificadamente exceder
do o dia do vencimento. os prazos previstos em lei.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se O art. 233, do CPC, de 2015, atribui a incumbên-
coincidirem com dia em que o expediente forense for cia originária de verificar os prazos ao Juiz (caput do
encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou art. 233), o que revela ser um dos seus deveres como
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. Magistrado, na forma do inciso II, art. 139, do CPC, de
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri- 2015, e na Lei Orgânica da Magistratura Nacional, em
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da seu inciso II, art. 35, da Lei Complementar nº 35, de
informação no Diário da Justiça eletrônico. 1979. No entanto, essa atribuição também pode ser
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
exercida pelas partes, pelo Ministério Público ou pela
dia útil que seguir ao da publicação.
Defensoria Pública (§ 2º, do art. 233).
Em caso de constatação de falta do servidor, o Juiz
Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do
determinará a instauração de processo administrati-
prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231,
vo, em face do servidor responsável, conforme precei-
como a juntada do mandado, se deu em 08/03/2021.
tua o § 1º, do art. 233, do CPC, de 2015.
Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do
A título de exemplificação, pode-se destacar alguns
prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021,
e seu termo final, em 29/03/2021. prazos do escrivão ou do chefe da serventia: 1 dia para
remeter o processo à conclusão e 05 dias, como regra
◄ FEVEREIRO MARÇO ABRIL ►
geral, para executar atos processuais (art. 228, do CPC,
de 2015); 10 dias para responder ao juízo requerente
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb as cartas de ordem, precatória e rogatória (art. 268,
1 2 3 4 5 6 do CPC, de 2015); no Tribunal, 05 dias para certificar
7 8 9 10 11 12 13 o trânsito em julgado e baixar os autos ao juízo de ori-
gem (art. 1.006, do CPC, de 2015).
14 15 16 17 18 19 20
Avançando no estudo, tem-se a literalidade do caput
21 22 23 24 25 26 27 do art. 234, do CPC, de 2015, que revela advertência a
todos aqueles que possuem capacidade postulatória, ou
28 29 30 31 seja, advogados públicos ou privados, defensor público
e o membro do Ministério Público, que, possuem direto
Art. 232 Nos atos de comunicação por carta precató- à vista pessoal (ou carga) dos autos do processo.
ria, rogatória ou de ordem, a realização da citação ou Devem devolver o processo no prazo do ato a ser
da intimação será imediatamente informada, por meio praticado. Portanto, pense em concessão de prazo de
eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante. 5 (cinco) dias, para que a parte autora se manifeste
sobre o conteúdo de um ofício.
Trata o art. 232, do CPC, de 2015, de ato de coopera- Aquele que retirou os autos em carga deve, além
ção na jurisdição que permeia o CPC, de 2015, em que de cumprir o prazo processual, efetuar a devolução do
juízos de diferentes localidades (Juiz do Rio de Janei- processo, até a data final do prazo processual (aquele
ro x Juiz de São Paulo, por exemplo) e de diferentes de 5 dias), independentemente se a retirada do pro-
esferas do Poder Judiciário (Justiça Federal x Justiça cesso do cartório se deu com cinco, quatro, três, dois
Estadual, por exemplo) cooperam entre si, através de dias antes ou no mesmo dia do prazo final.
atos de comunicação, como carta precatória ou carta
de ordem, no âmbito da cooperação jurídica nacional. Art. 234 Os advogados públicos ou privados, o defen-
sor público e o membro do Ministério Público devem
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Os seguintes artigos tratam da verificação dos Ocorrida a infração de não devolução, pode qual-
excessos de prazos e das suas penalidades, dos ser- quer interessado (Juiz, servidores, a parte adversa,
ventuários e daqueles que possuem capacidade pos- terceiros interessados) exigir a restituição dos autos
tulatória. Essas verificações são necessárias para o fiel do processo — § 1º, do art. 234, do CPC, de 2015. Após,
cumprimento de normas fundamentais do processo o Juiz determinará a intimação do infrator para resti-
civil, como a garantia da razoável duração do proces- tuir os autos em até 3 (três) dias, sob pena de perder o
so (art. 4º, do CPC, de 2015) e a observância do modelo direito de vista fora do cartório e incorrer em multa.
de processo civil cooperativo (art. 6º, do CPC, de 2015).
O art. 6º, do CPC, de 2015, versa claramente que Art. 234 [...]
“todos os sujeitos do processo devem cooperar entre § 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de do advogado que exceder prazo legal.
mérito justa e efetiva”. Portanto, não somente advo- § 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos
gados, defensores públicos e membros do Ministério no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
Público, devem cumprir seus respectivos prazos, mas fora de cartório e incorrerá em multa correspon-
o Juiz e os auxiliares da justiça também. dente à metade do salário-mínimo. 149
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Dica Nesses casos, se o magistrado ultrapassar esses
prazos, não haverá a incidência da preclusão (já
Se o advogado que, devidamente intimado, não explicada acima), pois trata-se de prazos de natureza
devolver o processo no prazo de 3 (três) dias, imprópria. Porém, poderá sofrer as consequências do
não perderá o direito de vista do processo, mas art. 235, do CPC, de 2015, abaixo analisado.
sim o direito de vista fora do cartório, ou seja, A representação prevista no citado artigo se dará
o direito de fazer carga dos autos do processo. na pessoa do corregedor do respectivo tribunal ou ao
Caso contrário, haveria clara e manifesta vio- Conselho Nacional de Justiça. No procedimento, deve-
lação ao exercício do contraditório, da ampla -se garantir contraditório prévio ao Magistrado e se
defesa e do devido processo legal. não for o caso de arquivamento liminar, garantia do
contraditório pleno por 15 (quinze) dias — § 1º, do art.
Art. 234 [...] 235, do CPC, de 2015.
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à Processualmente, caso ultrapassada a possibilida-
seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para de de arquivamento liminar, cabe ao corregedor do
procedimento disciplinar e imposição de multa. respectivo tribunal ou o relator no Conselho Nacional
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério de Justiça determinar a intimação do representado,
Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia
por meio eletrônico, para que, em 10 (dez) dias, prati-
Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao
que o ato — § 2º, do art. 235, do CPC, de 2015.
agente público responsável pelo ato.
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao Se mantida a inércia do representado, os autos
órgão competente responsável pela instauração serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do rela-
de procedimento disciplinar contra o membro que tor, de acordo com as normas internas do respectivo
atuou no feito. tribunal e, no prazo de 10 (dez) dias, praticará o ato —
§ 3º, do art. 235, do CPC, de 2015.
Especificamente no caso dos advogados privados,
também será possível a aplicação de pena de suspen- Art. 235 [...]
são do exercício da advocacia, a ser aplicada pela § 1º Distribuída a representação ao órgão compe-
OAB, na forma do inciso XII, art. 34, e art. 37, ambos tente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso
dos Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei nº 8.906, de de arquivamento liminar, será instaurado proce-
1994). dimento para apuração da responsabilidade, com
A não devolução do processo no tempo devido intimação do representado por meio eletrônico
para, querendo, apresentar justificativa no prazo
implica intempestividade da petição?
de 15 (quinze) dias.
Não! A entrega/devolução dos autos do processo,
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
após o prazo previsto no caput do art. 234, do CPC, de
veis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apre-
2015, não implica em intempestividade do ato proces-
sentação ou não da justificativa de que trata o § 1º,
sual que deveria ter sido praticado, pois as sanções se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator
aqui previstas possuem caráter personalíssimo e, no Conselho Nacional de Justiça determinará a inti-
portanto, não podem exceder a pessoa do infrator, ou mação do representado por meio eletrônico para
seja, gerar prejuízo à parte ou ao Estado — preceden- que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
tes do STJ. § 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao
Exemplo hipotético: prazo fatal para protocolar substituto legal do juiz ou do relator contra o qual
recurso de apelação em 14/10/2020  Recurso protoco- se representou para decisão em 10 (dez) dias.
lado em 14/10/2020  Autos do processo devolvido ao
cartório em 20/10/2020  O recurso será tempestivo. A Constituição Federal, em seu inciso II, art. 93,
prevê que o juiz que, injustificadamente, retiver os
Art. 235 Qualquer parte, o Ministério Público ou a autos do processo (físico ou eletrônico) não será pro-
Defensoria Pública poderá representar ao correge- movido, e somente poderá devolvê-lo com o devido
dor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça
pronunciamento.
contra juiz ou relator que injustificadamente exce-
der os prazos previstos em lei, regulamento ou regi-
mento interno. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

A literalidade do caput do art. 235, do CPC, de 2015, Como decorrência do princípio do devido processo
possibilita que qualquer parte, Ministério Público ou legal, o processo se dá em contraditório, necessitando
Defensoria Pública possa representar Juiz ou Relator comunicar às partes para que possam se manifestar.
que, injustificadamente, exceder os prazos previstos Além disso, poderá ser necessária a intimação de ter-
em lei (art. 226, do CPC, de 2015, por exemplo) ou os ceiros para que compareçam ou atuem no processo,
prazos previstos em regulamento ou regimento inter- como as testemunhas e os peritos. Para que se efetive
no do respectivo tribunal. esses princípios, é necessária a comunicação dos atos
processuais.
Como regra, os atos processuais serão cumpridos
Importante! por ordem judicial. Por vezes, é necessária a prática
de ato fora dos limites territoriais da unidade onde
No caso do Magistrado, há prazos que devem o juiz atua. Se possível, poderão ser praticados por
ser observados na sua atuação, conforme esta- videoconferência ou recurso tecnológico equivalente
belecido pelo art. 226 do CPC, de 2015, como por de transmissão de áudio e imagem em tempo real (§
exemplo: despachos no prazo de 5 (cinco) dias; 3º, do art. 236, do CPC).
decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) Todavia, poderá também ser necessária a expedi-
150 dias; sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. ção das seguintes cartas (art. 237):
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) carta de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º O comparecimento espontâneo do réu ou executa-
do art. 236. É a carta expedida por órgãos judiciário do supre a falta ou nulidade de citação, bem como dá
superior para ser cumprida por órgãos inferior a ele início à fluência do prazo de defesa (§ 1º, do art. 239).
vinculado. Exemplo: o Ministro do STF expede carta Entende-se por comparecimento espontâneo quando
de ordem para que o juízo da Comarca de São Paulo o réu apresenta defesa ou constitui procurador nos
ouça uma testemunha localizada nessa cidade; autos, presumindo-se que tomou conhecimento da
b) carta rogatória, para que órgão jurisdicional pretensão do autor.
estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso peran-
te órgão jurisdicional brasileiro. Exemplo: juízo da Efeitos da Citação
Comarca de São Paulo expede uma carta rogatória
para que seja ouvida uma testemunha residente na A citação válida, ainda quando ordenada por juí-
Alemanha, pela autoridade judiciária alemã; zo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa
c) carta precatória, para que órgão jurisdicional a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o
brasileiro pratique ou determine o cumprimento, disposto nos arts. 397 e 398, do Código Civil.
na área de sua competência territorial, de ato rela-
tivo a pedido de cooperação judiciária formulado
Art. 239 Para a validade do processo é indispensá-
por órgão jurisdicional de competência territorial
vel a citação do réu ou do executado, ressalvadas
diversa. Exemplo: juízo da Comarca de São Paulo
expede carta precatória para oitiva de testemunha as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou
na Comarca de Ribeirão Preto; de improcedência liminar do pedido.
d) carta arbitral, para que órgão do Poder Judi- § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do
ciário pratique ou determine o cumprimento, na executado supre a falta ou a nulidade da citação,
área de sua competência territorial, de ato objeto fluindo a partir desta data o prazo para apresen-
de pedido de cooperação judiciária formulado por tação de contestação ou de embargos à execução.
juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação § 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se
de tutela provisória. Exemplo: juízo arbitral solici- de processo de:
ta cooperação do Judiciário a fim de oficiar órgão I - conhecimento, o réu será considerado revel;
público para obtenção de valores em instituição II - execução, o feito terá seguimento.
financeira para integrar inventário ou negociação.
Outro importante efeito decorre do despacho
Da Citação judicial que ordena a citação, capaz de interromper
o curso do prazo prescricional, sendo a interrupção
Art. 238 Citação é o ato pelo qual são convocados retroativa à data da propositura da ação (art. 240, do
o réu, o executado ou o interessado para integrar a CPC).
relação processual.
Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 Art. 240 A citação válida, ainda quando ordenada
(quarenta e cinco) dias a partir da propositura da por juízo incompetente, induz litispendência, tor-
ação. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) na litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor,
ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº
A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .
o executado ou o interessado para integrar a relação § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo des-
processual. A relação jurídica processual será, então, pacho que ordena a citação, ainda que proferido
formada pelos sujeitos parciais (autor e réu) e pelo por juízo incompetente, retroagirá à data de pro-
Estado-Juiz (sujeito imparcial). Com a citação, forma- positura da ação.
-se a relação jurídica processual: § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez)
dias, as providências necessárias para viabilizar a
citação, sob pena de não se aplicar o disposto no
Juiz § 1º.
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora
imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º apli-
ca-se à decadência e aos demais prazos extintivos
Autor Réu previstos em lei.
Art. 241 Transitada em julgado a sentença de
mérito proferida em favor do réu antes da cita-
Indispensabilidade da Citação
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ção, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria


comunicar-lhe o resultado do julgamento.
A citação é ato de comunicação diretamente rela- Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entan-
cionado ao contraditório e à ampla defesa, pois, por to, ser feita na pessoa do representante legal ou do
meio dela, dá-se a oportunidade à parte demandada procurador do réu, do executado ou do interessado.
de integrar a relação processual. Por isso, o CPC, de § 1º Na ausência do citando, a citação será feita na
2015, considera-a indispensável, exceto se for o caso pessoa de seu mandatário, administrador, preposto
de indeferimento da petição inicial (art. 331) ou rejei- ou gerente, quando a ação se originar de atos por
ção liminar do pedido (art. 332). eles praticados.
O indeferimento da petição inicial ocorre quando § 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cienti-
a postulação do autor não satisfizer requisitos míni- ficar o locatário de que deixou, na localidade onde
mos, como estudaremos no tópico relativo à petição estiver situado o imóvel, procurador com poderes
inicial. A rejeição liminar do pedido ocorrerá quando para receber citação será citado na pessoa do admi-
a pretensão do autor contrariar entendimentos vincu- nistrador do imóvel encarregado do recebimento
lantes dos tribunais. Também trataremos dessas hipó- dos aluguéis, que será considerado habilitado para
teses no item relativo ao procedimento comum. representar o locador em juízo. 151
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
Federal, dos Municípios e de suas respectivas autar- o devedor;
quias e fundações de direito público será realizada VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extraju-
perante o órgão de Advocacia Pública responsável dicial, que importe reconhecimento do direito pelo
por sua representação judicial. devedor.
Art. 243 A citação poderá ser feita em qualquer Parágrafo único. A prescrição interrompida reco-
lugar em que se encontre o réu, o executado ou o meça a correr da data do ato que a interrompeu,
interessado. ou do último ato do processo para a interromper.
Parágrafo único. O militar em serviço ativo será
citado na unidade em que estiver servindo, se O efeito, como se vê, é o recomeço da contagem
não for conhecida sua residência ou nela não for do prazo, desde seu início. Imagine um prazo de cin-
encontrado. co anos para exercício da cobrança de uma dívida. No
quarto ano desse prazo, ocorre uma das causas inter-
A citação válida é aquela realizada com conformi- ruptivas, motivo pelo qual o prazo quinquenal mencio-
dade aos requisitos legais. A seguir, serão abordadas nado volta a correr do início. E uma das hipóteses de
as diversas espécies de citação; em cada uma delas, interrupção é justamente pelo despacho que ordena a
há alguns requisitos a serem observados. Para que a citação, desde que esta se materialize no prazo assina-
citação se aperfeiçoe, devem ser observadas as forma- lado e de forma válida. É evidente que eventuais atra-
lidades inerentes a cada modalidade citatória. sos decorrentes do próprio judiciário não prejudicarão
O Código ainda trata da citação ordenada por juízo a parte autora pela consumação da prescrição.
incompetente. As regras de competência definem qual Assim, proferido o despacho ordenando a citação e
órgão judiciário é subjetivamente capaz a analisar o sendo esta realizada, seu efeito interruptivo retroagi-
litígio, conforme regras estabelecidas na Constituição rá à data da propositura da ação. Vejamos: se a consu-
Federal e na lei. Se for incompetente, haverá descum- mação do prazo prescricional de uma pretensão está
primento de um pressuposto processual de validade. prevista para 16/04/2021 e a parte propõe a ação em
Entretanto, mesmo o juízo incompetente poderá orde- 15/04/2021, mas o despacho e a citação somente ocor-
nar a citação do réu, até porque, em alguns casos, a
rem, respectivamente em 23 e 30/04/2021, podemos
incompetência poderá ser arguida (alegada) pelo réu
falar em interrupção da prescrição? É certo que sim,
quando comparecer ao processo.
pois o efeito interruptivo retroage (retorna a momen-
Com a citação, forma-se a relação jurídica processual,
consolidando-se os elementos da ação: parte, causa de to passado) à data da propositura da ação.
pedir e pedido. Com isso, é possível verificar se existem
ações idênticas em andamento, envolvendo os mesmos Impedimento Legal para a Citação (Art. 244)
elementos. Se houver, estaremos diante da litispendên-
cia, devendo a ação posterior ser extinta em virtude da Apesar de ser um dos atos mais importantes do
identidade com ação anteriormente proposta. processo, a citação não poderá ser realizada em qual-
O bem eventual objeto do litígio é a mencionada quer ocasião. O CPC, de 2015, dispõe de alguns casos
“coisa litigiosa”, a qual estará sujeita aos rumos que em que não poderá ser realizada a citação, exceto
forem tomados no processo, como, por exemplo, a para evitar o perecimento do direito.
partilha, a reintegração de posse e a busca e apreen-
O perecimento é a perda do direito que leva à
são, que são atos que atingem o bem. Assim, eventual
mudança na titularidade da coisa litigiosa não tem o inutilidade do processo, pois já não é mais capaz de
condão de afetar o processo e os direitos das partes tutelá-lo. O perecimento de um bem pode ser enten-
sobre esse bem. dido como sua deterioração ou inutilidade depois de
A constituição em mora é efeito decorrente do decorrido certo tempo. Em relação ao direito, pode-
atraso no cumprimento de uma obrigação. Sendo ela mos lembrar da prescrição e da decadência, que são
dependente da provocação do autor, eventuais juros causas extintivas de uma pretensão e do próprio direi-
moratórios (encargo decorrente da mora no importe to, respectivamente. Então, salvo para evitar o pereci-
de 1% sobre o valor da obrigação, por exemplo) somen- mento do direito, não se fará a citação:
te incidirão a partir da citação, momento em que, caso
confirmada a pretensão do autor ao final, poderá mar-
Art. 244 [...]
car o momento em que o réu está em atraso.
I - de quem estiver participando de ato de culto
Do mesmo modo, a citação dá causa para a inter-
religioso;
rupção do prazo prescricional. A prescrição é o prazo
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer
dado pela lei (normalmente, normas de direito mate-
rial, como o Código Civil, Código de Defesa do Consu- parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha
midor etc.) para o exercício de uma pretensão, a qual reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia
será extinta pela prescrição (art. 189, do Código Civil). do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
A interrupção da prescrição ocorrerá antes de con- III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes
sumado seu prazo, nas hipóteses estabelecidas pelo ao casamento;
Código Civil, a saber: IV - de doente, enquanto grave o seu estado;
Art. 245 Não se fará citação quando se verificar que
Art. 202 A interrupção da prescrição, que somente o citando é mentalmente incapaz ou está impossibi-
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: litado de recebê-la.
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
ordenar a citação, se o interessado a promover no Por parentes consanguíneos, deve-se entender
prazo e na forma da lei processual;
aqueles que têm vínculo biológico e natural, pois liga
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial; as pessoas de mesmo sangue. A seguir, exemplificamos
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo os diversos graus de parentesco, salientando que o CPC,
152 de inventário ou em concurso de credores; de 2015, faz referência apenas até o segundo grau:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
LINHA RETA LINHA RETA
II - Revogado
LINHA COLATERAL III - Revogado
(ASCENDENTES) (DESCENDENTES)
IV - Revogado
1º grau: não existe parente
4º grau: trisavós 1º grau: filhos
de primeiro grau § 1º As empresas públicas e privadas são obrigadas a
manter cadastro nos sistemas de processo em autos
3º grau: bisavós 2º grau: netos 2º grau: irmãos
eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e inti-
2º grau: avós 3º grau: bisnetos 3º grau: tios e sobrinhos mações, as quais serão efetuadas preferencialmente por
4º grau: tios avós, primos, esse meio. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
1º grau: pais 4º grau: trinetos
sobrinhos netos § 1º-A A ausência de confirmação, em até 3
(três) dias úteis, contados do recebimento da
Já o parentesco por afinidade é constituído com o citação eletrônica, implicará a realização da
casamento ou união estável, e se limita aos ascenden- citação: (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
tes, descendentes e irmãos do cônjuge. I - pelo correio; (Incluído pela Lei nº 14.195,
de 2021)
z Em linha reta: Sogros, genro e nora; II - por oficial de justiça; (Incluído pela Lei nº
14.195, de 2021)
z Em linha colateral: Cunhados.
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o
citando comparecer em cartório; (Incluído
Somente para fins de fundamentação dessas hipó- pela Lei nº 14.195, de 2021)
teses, veja o que estabelece o Código Civil: IV - por edital. (Incluído pela Lei nº 14.195,
de 2021)
Art. 1.591 São parentes em linha reta as pessoas § 1º-B Na primeira oportunidade de falar nos autos,
que estão umas para com as outras na relação de o réu citado nas formas previstas nos incisos I, II,
ascendentes e descendentes. III e IV do § 1º-A deste artigo deverá apresentar
Art. 1.592 São parentes em linha colateral ou trans- justa causa para a ausência de confirmação do
versal, até o quarto grau, as pessoas provenientes recebimento da citação enviada eletronicamente.
de um só tronco, sem descenderem uma da outra. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 1.593 O parentesco é natural ou civil, confor- § 1º-C Considera-se ato atentatório à dignidade da
me resulte de consanguinidade ou outra origem. justiça, passível de multa de até 5% (cinco por cen-
Art. 1.594 Contam-se, na linha reta, os graus de to) do valor da causa, deixar de confirmar no prazo
parentesco pelo número de gerações, e, na colate- legal, sem justa causa, o recebimento da citação
ral, também pelo número delas, subindo de um dos recebida por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº
parentes até ao ascendente comum, e descendo até 14.195, de 2021)
encontrar o outro parente. § 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Esta-
Art. 1.595 Cada cônjuge ou companheiro é aliado dos, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entida-
aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. des da administração indireta.
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascen- § 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinan-
dentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge tes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver
ou companheiro. por objeto unidade autônoma de prédio em condo-
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com mínio, caso em que tal citação é dispensada.
a dissolução do casamento ou da união estável. § 4º As citações por correio eletrônico serão acom-
panhadas das orientações para realização da con-
Modalidades de Citação (art. 246) firmação de recebimento e de código identificador
que permitirá a sua identificação na página eletrô-
A citação poderá se realizar de diferentes modos, nica do órgão judicial citante. (Incluído pela Lei
os quais podem ser classificados da seguinte forma: nº 14.195, de 2021)
§ 5º As microempresas e as pequenas empresas
somente se sujeitam ao disposto no § 1º deste
Pelo Correio
artigo quando não possuírem endereço eletrônico
cadastrado no sistema integrado da Rede Nacional
Real
Por Oficial de para a Simplificação do Registro e da Legalização
Justiça
de Empresas e Negócios (Redesim). (Incluído pela
Lei nº 14.195, de 2021)
Por Meio Eletrônico § 6º Para os fins do § 5º deste artigo, deverá haver
MODALIDADES DE compartilhamento de cadastro com o órgão do
CITAÇÃO
Poder Judiciário, incluído o endereço eletrônico
Por Edital
constante do sistema integrado da Redesim, nos
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

termos da legislação aplicável ao sigilo fiscal e ao


Ficta Por Hora Certa tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Lei
nº 14.195, de 2021)
Por Escrivão ou
Chefe de Secretária z Citação por Correio

Art. 246. A citação será feita preferencial- Trata-se de citação real, pois sua validade está con-
mente por meio eletrônico, no prazo de até dicionada à entrega de correspondência à pessoa a
2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a ser citada. Pode se realizar para qualquer comarca do
determinar, por meio dos endereços eletrôni- país, exceto (art. 247):
cos indicados pelo citando no banco de dados
do Poder Judiciário, conforme regulamento do Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual­
Conselho Nacional de Justiça. (Redação dada quer comarca do país, exceto:
pela Lei nº 14.195, de 2021) I - Nas ações de estado, observado o disposto no §
I - Revogado 3º do art. 695; 153
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II - Quando o citando for incapaz; Veja que dentre as funções está a de realizar pes-
III - Quando o citando for pessoa de direito público; soalmente as citações. Desse fato, conclui-se que a
IV - Quando o citando residir em local não atendido citação realizada pelo oficial de justiça é uma das
pela entrega domiciliar de correspondência; modalidades de citação pessoal, já que vai ao encontro
V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de do citando, deixando-o ciente da pretensão do autor.
outra forma.
Para que o oficial de justiça cumpra essa citação, é
necessária a expedição de um mandado de citação,
A citação por correio deve observar alguns requi-
ato de comunicação que será objeto de cumprimento
sitos (caput do art. 248): cópias da petição inicial e do
pelo referido auxiliar.
despacho do juiz e comunicar o prazo para resposta, o
endereço do juízo e o respectivo cartório.
Art. 249 A citação será feita por meio de oficial de
Como já previsto pelo CPC, de 2015, cabe ressaltar
justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em
a aplicação da Súmula nº 429, do Superior Tribunal lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.
de Justiça:
Os requisitos do mandado estão no art. 250, do CPC:
Súmula n° 429 (STJ) A citação postal, quando
autorizada por lei, exige o aviso de recebimento.
Art. 250 O mandado que o oficial de justiça tiver de
cumprir conterá:
E complementa o Código de Processo Civil:
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos
domicílios ou residências;
Art. 248 Deferida a citação pelo correio, o escrivão
II - a finalidade da citação, com todas as especifi-
ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
cações constantes da petição inicial, bem como a
da petição inicial e do despacho do juiz e comuni-
menção do prazo para contestar, sob pena de reve-
cará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório. lia, ou para embargar a execução;
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citan- III - a aplicação de sanção para o caso de descum-
do, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que primento da ordem, se houver;
assine o recibo. IV - se for o caso, a intimação do citando para com-
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a parecer, acompanhado de advogado ou de defensor
entrega do mandado a pessoa com poderes de gerên- público, à audiência de conciliação ou de media-
cia geral ou de administração ou, ainda, a funcionário ção, com a menção do dia, da hora e do lugar do
responsável pelo recebimento de correspondências. comparecimento;
§ 3º Da carta de citação no processo de conheci- V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da
mento constarão os requisitos do art. 250 . decisão que deferir tutela provisória;
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria
com controle de acesso, será válida a entrega do e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
mandado a funcionário da portaria responsável
pelo recebimento de correspondência, que, entre- A citação será por mandado quando não puder ser
tanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, realizada por correio (exceções do art. 247) ou quando
por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário frustrada a citação por correio (art. 249), assim enten-
da correspondência está ausente. dida aquela que não é recebida pelo citando ou, por
qualquer outro motivo, não se faz exitosa devido à
Condomínio edilício diz respeito aos condomínios mudança de endereço, como visto acima.
verticais e aos horizontais, ou seja, coexistem partes
comuns (de uso de todos, como ruas, recepções, ele- Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual-
vadores, áreas de lazer) e áreas exclusivas (unidades quer comarca do país, exceto:
autônomas pertencentes a cada proprietário). Já em I - nas ações de estado, observado o disposto no art.
relação aos loteamentos com controle de acesso, a lei 695, § 3º;
contempla qualquer tipo de habitação cujo ingresso II - quando o citando for incapaz;
dependa de autorização, como ocorre em portarias ou III - quando o citando for pessoa de direito público;
qualquer outro mecanismo de limitação de acesso. IV - quando o citando residir em local não atendido
pela entrega domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de
z Citação por Oficial de Justiça (por Mandado)
outra forma.
O oficial de justiça é um auxiliar do juízo, cujas
Ações de estado, referidas no inciso primeiro supra,
atribuições estão arroladas no art. 154, do CPC:
dizem respeito aos direitos da personalidade, como
alteração de nome, sexo, nacionalidade etc., cabendo
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça:
referenciar o § 3º, do art. 695, (A citação será feita na
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
pessoa do réu), que trata das ações de família. A citação
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
do incapaz, assim considerado pela lei civil (arts. 3º e 4º,
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com do Código Civil), também será realizada pessoalmente.
menção ao lugar, ao dia e à hora; A citação das pessoas jurídicas de direito público
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; (União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além
III - entregar o mandado em cartório após seu das autarquias e fundações públicas de direito públi-
cumprimento; co) não poderá ser realizada pelos correios. O inciso
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; IV diz respeito à impossibilidade fática ou material
V - efetuar avaliações, quando for o caso; da citação postal, em locais não atendidos pelo servi-
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposi- ço de correio. E o último inciso trata da manifestação
ção apresentada por qualquer das partes, na ocasião do autor pela citação de outro modo, ainda que a lei
154 de realização de ato de comunicação que lhe couber. admita a citação postal.
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A lei ainda estabelece a forma de cumprimento do
mandado de citação: Importante!
Art. 251 Incumbe ao oficial de justiça procurar o
A citação preferencial por meio eletrônico não se
citando e, onde o encontrar, citá-lo: aplica às microempresas e empresas de pequeno
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; porte (§ 1º, art. 246, do CPC), assim definidas pela
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; Lei Complementar nº 123, de 2006. Essa lei define
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o que a microempresa (ME) deve ter o faturamento
citando não a apôs no mandado. de até R$ 360 mil por ano, enquanto a empresa de
pequeno porte (EPP) deve possuir como limite de
Ainda se permite a citação por oficial de justiça faturamento até R$ 4,8 milhões por ano.
em comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
que se situem na mesma região metropolitana. Con-
z Citação por Edital
tíguas são as comarcas que fazem fronteira, tanto as
vizinhas quanto as que compõem uma mesma região
Há casos em que a citação pessoal ou por carta não se
metropolitana.
consuma, mas o processo não pode tramitar sem a citação,
O oficial de justiça possui fé pública, pelo que se que é requisito de validade da relação processual. Por isso,
presume a legalidade e a veracidade de seus atos. a lei traz modalidade de citação ficta, pela qual se publica
Assim, eventual questionamento sobre o certificado edital de citação, nas hipóteses do art. 256, do CPC:
pelo Oficial de Justiça deve ser provado pela parte que
alega, já que o mencionado auxiliar possui a presun- Art. 256 A citação por edital será feita:
ção em seu favor. I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
z Citação por Meio Eletrônico em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
A citação por meio eletrônico pretende ser mais
eficiente, já que a comunicação ao citando torna-se A citação é ficta porque não se dá pessoalmente ao
facilitada, dispensando a expedição de carta ou man- citando, baseando-se em uma presunção de conheci-
dado, por exemplo. O processo em autos eletrônicos mento por ele.
Desconhecido será o réu quando não se souber
foi regulamentado pela Lei nº 11.419, de 2006, a qual
quem deverá ser citado. Incerto, quando não se sabe
previu a comunicação dos atos por meio eletrônico,
sequer se haverá réu, como ocorre em usucapião1.
assim dispondo: Local ignorado baseia-se no desconhecimento de
onde se encontra o réu. Incerto, quando não se sabe
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, o endereço, apesar do conhecimento de que ele possa
intimações e notificações, inclusive da Fazenda estar em determinado território ou localidade. Ina-
Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma cessível será quando, por fatores alheios, não se possa
desta Lei. chegar onde o réu se encontra. No caso de ser inaces-
§ 1º As citações, intimações, notificações e remes- sível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo sua citação será divulgada também pelo rádio, se na
correspondente serão consideradas vista pessoal comarca houver emissora de radiodifusão.
do interessado para todos os efeitos legais. O réu será considerado em local ignorado ou incer-
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso to se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclu-
do meio eletrônico para a realização de citação, sive mediante requisição pelo juízo de informações
intimação ou notificação, esses atos processuais sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públi-
poderão ser praticados segundo as regras ordiná- cos ou de concessionárias de serviços públicos. Aqui,
rias, digitalizando-se o documento físico, que deve- poderá haver requisição de informações a instituições
rá ser posteriormente destruído. financeiras, prestadores de serviços de energia elétri-
ca, de fornecimento de água, empresas de telefonia etc.
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o Além das hipóteses acima, a lei exige a publicação
executado ou o interessado para integrar a relação de edital nos casos do art. 259, do CPC:
processual. A intimação é o ato pelo qual se dá ciência
a alguém dos atos e dos termos do processo. Notifica- Art. 259 Serão publicados editais:
ção é o ato que dá ciência a alguém de uma intenção I - na ação de usucapião de imóvel;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ou propósito capaz de produzir efeitos jurídicos, como II - na ação de recuperação ou substituição de título
o previsto no art. 726, do CPC. Fala-se em notificação, ao portador;
ainda, no mandado de segurança (inciso I, do art. 7º, III - em qualquer ação em que seja necessária,
por determinação legal, a provocação, para par-
da Lei nº 12.016, de 2009), à qual a jurisprudência dá
ticipação no processo, de interessados incertos ou
o mesmo efeito da citação. A remessa diz respeito ao desconhecidos.
envio de documentos (remessa dos autos).
Já o Código de Processo Civil adota a citação prefe- Usucapião é a ação destinada a promover a aquisi-
rencialmente por esse meio para as empresas públi- ção de propriedade móvel ou imóvel em virtude da pos-
cas e privadas, bem como aos entes e entidades da se prolongada e sem interrupção, durante determinado
Administração Pública Direta — União, Estados, Dis- prazo fixado em lei. A ação de recuperação ou substitui-
trito Federal e Municípios — e Indireta — autarquias, ção de título ao portador destina-se a resguardar o direi-
fundações públicas, empresas públicas e sociedades to daquele que, sendo portador de um título de crédito,
de economia mista. o tenha perdido ou teve a posse dele retirada.
1 DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2016. 155
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Há a presunção de que o réu tomou conhecimento Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de
pela publicação de edital, daí falar em citação ficta. O justiça, independentemente de novo despacho, com-
prazo para defesa inicia-se, assim, no dia útil seguinte parecerá ao domicílio ou à residência do citando a
ao fim da dilação assinada pelo juiz (inciso IV, do art. fim de realizar a diligência.
231, do CPC). Os requisitos do edital estão arrolados § 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de
no art. 257, do CPC: justiça procurará informar-se das razões da ausên-
cia, dando por feita a citação, ainda que o citando
se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub-
Art. 257 São requisitos da citação por edital:
seção judiciárias.
I - a afirmação do autor ou a certidão do ofi-
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes-
cial informando a presença das circunstâncias
mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver
autorizadoras;
sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-
II - a publicação do edital na rede mundial de com-
te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
putadores, no sítio do respectivo tribunal e na pla-
receber o mandado.
taforma de editais do Conselho Nacional de Justiça,
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
que deve ser certificada nos autos;
deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a
da publicação única ou, havendo mais de uma, da
advertência de que será nomeado curador especial
primeira;
se houver revelia.
IV - a advertência de que será nomeado curador
especial em caso de revelia.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a Para entender o conceito de domicílio, deve-se
publicação do edital seja feita também em jornal observar o que diz o Código Civil a partir do art. 70,
local de ampla circulação ou por outros meios, con- cabendo mencionar que domicílio é onde a pessoa
siderando as peculiaridades da comarca, da seção estabelece sua residência (elemento objetivo) com
ou da subseção judiciárias. ânimo definitivo (elemento subjetivo).
Na hora designada, o oficial retornará ao local a
Veja que, no inciso III, estabelece-se o prazo do edi- fim de efetuar a citação e, se o citando não estiver pre-
tal, cujo término dará início ao prazo para a defesa, na sente, o oficial de justiça procurará informar-se sobre
forma do citado inciso IV, do art. 231, do CPC. as razões da ausência, dando por feita a citação, ainda
que o citando se tenha ocultado em outra comarca,
seção ou subseção judiciárias. Comarca é a unidade
Dica judiciária da justiça estadual, enquanto seções ou sub-
O juiz nomeará curador especial ao réu revel seções são unidades judiciárias da justiça federal.
citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado. Revelia é o fato Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
processual decorrente da não apresentação de
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
defesa pelo réu. Logo, se ele for citado por edital data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
e não apresentar defesa, deve-se nomear cura- grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
dor especial, que consiste na nomeação de um tudo ciência.
defensor para que o defenda no processo. Art. 255 Nas comarcas contíguas de fácil comuni-
cação e nas que se situem na mesma região metro-
A parte que requerer a citação por edital, alegando politana, o oficial de justiça poderá efetuar, em
qualquer delas, citações, intimações, notificações,
dolosamente a ocorrência das circunstâncias autori-
penhoras e quaisquer outros atos executivos.
zadoras para sua realização, incorrerá em multa de
5 (cinco) vezes o salário mínimo (art. 258). A multa
z Citação pelo Escrivão ou Chefe de Secretaria
reverterá em benefício do citando.
Além de todas as hipóteses citadas, a citação pode-
z Citação por Hora Certa rá ser realizada pelo escrivão ou chefe de secretaria
sempre que o citando comparecer em cartório (inciso
A citação por hora certa também é realizada por III, do art. 246 do CPC).
oficial de justiça, mas baseia-se em pressupostos
diversos da citação pessoal. Decorre, na verdade, da Das Cartas
frustração da citação pessoal por suspeita de oculta-
ção do citando. A questão está bem regulamentada no Art. 236 Os atos processuais serão cumpridos por
art. 252, do CPC: ordem judicial.
§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da
justiça houver procurado o citando em seu domicí- seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo hipóteses previstas em lei.
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da § 2º O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- limites territoriais do local de sua sede.
ção, na hora que designar. § 3º Admite-se a prática de atos processuais por meio
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos de videoconferência ou outro recurso tecno­lógico de
loteamentos com controle de acesso, será válida a transmissão de sons e imagens em tempo real.
intimação a que se refere o caput feita a funcioná- Art. 237 Será expedida carta:
rio da portaria responsável pelo recebimento de I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do
156 correspondência. art. 236;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - rogatória, para que órgão jurisdicional estran­ destinatária da carta, esta assumirá caráter itineran-
geiro pratique ato de cooperação jurídica interna­ te, podendo ser remetida ao novo juízo que lhe dará
cional, relativo a processo em curso perante órgão cumprimento, comunicando-se ao órgão expedidos
jurisdicional brasileiro; (art. 262, do CPC).
III - precatória, para que órgão jurisdicional bra­ Portanto, as cartas podem possuir caráter itineran-
sileiro pratique ou determine o cumprimento, na te, isto é, tramitar por mais de um juízo. Imagine uma
área de sua competência territorial, de ato rela- carta precatória expedida de São Paulo para Campi-
tivo a pedido de cooperação judiciária for­mulado nas destinada à citação do réu. O juízo de Campinas
por órgão jurisdicional de competên­cia territorial constata a mudança de endereço do réu, que passou a
diversa; residir em Belo Horizonte. Em vez de devolver a carta
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário ao juízo de origem (São Paulo), poderá remeter ao juí-
pratique ou determine o cumprimento, na área de
zo de Belo Horizonte, pelo que passará a carta a pos-
sua competência territorial, de ato objeto de pedido
suir caráter itinerante. Veja o art. 262, do CPC:
de cooperação judiciária formulado por juízo arbi-
tral, inclusive os que importem efetivação de tutela
provisória. Art. 262 A carta tem caráter itinerante, podendo,
Parágrafo único. Se o ato relativo a processo em antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimen-
curso na justiça federal ou em tribunal superior to, ser encaminhada a juízo diverso do que dela
houver de ser praticado em local onde não haja consta, a fim de se praticar o ato.
vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juiz Parágrafo único. O encaminhamento da carta a
estadual da respectiva comarca. outro juízo será imediatamente comunicado ao
órgão expedidor, que intimará as partes.
O CPC, de 2015, trata dos requisitos das cartas aci-
ma citadas: Preferencialmente, as cartas devem ser expedidas
por meio eletrônico (art. 263), além do telefone ou
Art. 260 São requisitos das cartas de ordem, preca- telegrama, na forma dos arts. 264 e 265, do CPC:
tória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumpri- Art. 264 A carta de ordem e a carta precatória por
mento do ato; meio eletrônico, por telefone ou por telegrama con-
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e terão, em resumo substancial, os requisitos mencio-
do instrumento do mandato conferido ao advogado; nados no art. 250, especialmente no que se refere à
III - a menção do ato processual que lhe constitui aferição da autenticidade.
o objeto; Art. 265 O secretário do tribunal, o escrivão ou o
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. chefe de secretaria do juízo deprecante transmiti-
§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quais- rá, por telefone, a carta de ordem ou a carta preca-
quer outras peças, bem como instruí-la com mapa, tória ao juízo em que houver de se cumprir o ato,
desenho ou gráfico, sempre que esses documentos
por intermédio do escrivão do primeiro ofício da
devam ser examinados, na diligência, pelas partes,
primeira vara, se houver na comarca mais de um
pelos peritos ou pelas testemunhas.
§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos
sobre documento, este será remetido em original, requisitos, o disposto no art. 264.
ficando nos autos reprodução fotográfica. § 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos dia ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará
requisitos a que se refere o caput e será instruída mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao
com a convenção de arbitragem e com as provas da escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo depre-
nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. cante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-
-lhe que os confirme.
Veja que em todas as cartas temos dois tipos de juí- § 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de
zos: o de origem (aquele que expede a carta e solicita a secretaria submeterá a carta a despacho.
cooperação), e o de cumprimento do ato (destinatário Art. 266 Serão praticados de ofício os atos requisi-
da solicitação, que cumprirá o ato preestabelecido). tados por meio eletrônico e de telegrama, devendo
Por exemplo, podemos falar em juízo deprecante (que a parte depositar, contudo, na secretaria do tribu-
expede a carta) e juízo deprecado (incumbido de cum- nal ou no cartório do juízo deprecante, a importân-
prir o ato). cia correspondente às despesas que serão feitas no
juízo em que houver de praticar-se o ato.
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo
para cumprimento, atendendo à facilidade das O juiz poderá recusar-se ao cumprimento da carta
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

comunicações e à natureza da diligência. precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão fun-


§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do damentada. As hipóteses de recusa estão arroladas no
ato de expedição da carta. art. 267, do CPC:
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão
o cumprimento da diligência perante o juízo des- Art. 267 O juiz recusará cumprimento a carta
tinatário, ao qual compete a prática dos atos de precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão
comunicação. motivada quando:
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da I - a carta não estiver revestida dos requisitos
diligência cooperará para que o prazo a que se refe- legais;
re o caput seja cumprido. II - faltar ao juiz competência em razão da matéria
ou da hierarquia;
Em todas as cartas, o juiz fixará o prazo para cum- III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
primento, atendendo à facilidade das comunicações e Parágrafo único. No caso de incompetência em
à natureza da diligência. Esse prazo pode ser dilata- razão da matéria ou da hierarquia, o juiz depreca-
do, diante das dificuldades do ato. Se for constatado do, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter
que o ato deva ser praticado em localidade diversa da a carta ao juiz ou ao tribunal competente. 157
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de ori- II - por carta registrada, com aviso de recebimento,
gem no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de quando forem domiciliados fora do juízo.
traslado, pagas as custas pela parte (art. 268). [...]
A citação e a intimação são os mais importantes Art. 275 A intimação será feita por oficial de justiça
atos de comunicação, sobre os quais passaremos a tra- quando frustrada a realização por meio eletrônico
tar adiante. ou pelo correio.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa
Das Intimações
intimada, mencionando, quando possível, o núme-
ro de seu documento de identidade e o órgão que
Art. 269 (CPC) Intimação é o ato pelo qual se dá o expediu;
ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. II - a declaração de entrega da contrafé;
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interes-
Veja-se que a intimação pode se dirigir a qualquer sado não a apôs no mandado.
pessoa, seja às partes e seus procuradores, seja tercei- § 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efe-
ros alheios ao processo, como a testemunha, o perito tuada com hora certa ou por edital.
etc. Assim, a intimação diferencia-se da citação, a qual
é dirigida ao réu (polo passivo). A intimação é ato de A contrafé é uma cópia autêntica e fiel da intima-
comunicação de qualquer ato processual, como desig-
ção que reproduz exatamente os termos da via que
nação de audiência, publicação de sentença ou acór-
será devolvida ou juntada aos autos do processo.
dão, ordens judiciais dirigidas às partes, intimação de
testemunhas para comparecimento em audiência ou Dispõe ainda o art. 272 que se consideram realiza-
de perito para atuar no processo etc. das as intimações pela publicação dos atos no órgão
O advogado pode promover a intimação do advo- oficial, quando não realizadas por meio eletrônico.
gado da outra parte por meio do correio, juntando aos Para assegurar a validade do ato de intimação, sob
autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso pena de nulidade, é indispensável que da publicação
de recebimento. constem os nomes das partes e de seus advogados,
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos
Intimação da Fazenda Pública Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da socie-
dade de advogados.
A intimação da União, dos Estados, do Distrito Fede- Uma inovação trazida pelo CPC, de 2015, anterior-
ral, dos Municípios e de suas respectivas autarquias mente já contemplada na jurisprudência, é a que se
e fundações de direito público será realizada peran- refere ao pedido expresso das partes e procuradores
te o órgão de Advocacia Pública responsável por sua para que as comunicações dos atos processuais sejam
representação judicial. Os órgãos de advocacia pública feitas em nome dos advogados indicados, ocasião em
podem ser a própria Advocacia Geral da União ou dos que seu desatendimento implicará nulidade.
Estados, e as Procuradorias dos respectivos órgãos. No caso dos autos físicos, a retirada dos autos do
Por exemplo, nos processos em que o Municí- cartório ou da secretaria em carga (o ato de retirar
pio for parte, será representado pela respetiva pro-
o processo da secretaria do juízo) pelo advogado,
curadoria jurídica, enquanto nos Estados tem-se a
advocacia geral do respectivo estado como órgão de por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
representação. sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implica-
Forma das Intimações rá intimação de qualquer decisão contida no processo
retirado, ainda que pendente de publicação. Trata-se
Como ato garantidor do contraditório e da ampla de hipótese de presunção da intimação, pois a retira-
defesa, as intimações também possuem requisitos a da dos autos induz conhecimento inequívoco dos atos
serem observados, sobretudo com relação ao meio de e termos do processo, dando-se por intimada a parte.
comunicação do ato aos interessados. O CPC, de 2015, estabelece a forma de arguir (ale-
Conforme o art. 270, do CPC, as intimações realizam- gar) a nulidade de intimação, devendo esta ser feita
-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma em capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba
da lei, sendo exigido do Ministério Público, da Defen- praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for
soria Pública e da Advocacia Pública que mantenham reconhecido. Não sendo possível a prática imediata do
cadastro atualizado junto aos sistemas de processos ato diante da necessidade de acesso prévio aos autos,
eletrônicos para recebimento de suas intimações. a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação,
O juiz determinará de ofício as intimações em pro- caso em que o prazo será contado da intimação da
cessos pendentes, salvo disposição em contrário (art. decisão que a reconheça.
271). Aqui, deve-se ficar atento, pois a decisão que
Não sendo possível a intimação por meio eletrôni- eventualmente reconhecer a nulidade dará início à
co, poderá ser realizada por uma das formas de cita- contagem do prazo para a prática do ato que ficara
ção estudadas, especificamente por carta, oficial de impossibilitado diante do vício. A alegação se dá em
justiça ou pelo próprio escrivão ou chefe de secreta- preliminar, isto é, como tópico inaugural da mani-
ria. Assim dispõe o CPC, de 2015: festação da parte, antes que sejam discutidas outras
questões pertinentes.
Art. 273 Se inviável a intimação por meio eletrôni- Não dispondo a lei de outro modo, as intimações
co e não houver na localidade publicação em órgão serão feitas às partes, aos seus representantes legais,
oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secreta- aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo
ria intimar de todos os atos do processo os advoga- correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo
dos das partes: escrivão ou chefe de secretaria (art. 274). Estando a
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do parte representada por advogado, a intimação será,
158 juízo; por regra, dirigida ao seu procurador. É interessante
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notar nesse ponto uma cláusula que remete à boa-fé A tutela provisória é o gênero, do qual decorrem
da parte, que deverá comunicar ao juízo eventual duas espécies:
mudança de endereço, sob pena de serem considera-
das válidas as intimações dirigidas ao endereço cons- z Tutela de urgência;
tante dos autos: z Tutela de evidência.

Art. 274 [...] Sobre isso, dispõe o CPC:


Parágrafo único. Presumem-se válidas as intima-
ções dirigidas ao endereço constante dos autos, Art. 294 A tutela provisória pode fundamentar-se
ainda que não recebidas pessoalmente pelo inte- em urgência ou evidência.
ressado, se a modificação temporária ou definitiva Parágrafo único. A tutela provisória de urgência,
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do caráter antecedente ou incidental.
comprovante de entrega da correspondência no
primitivo endereço. Adiante, serão aprofundadas essas espécies, inclusive
contextualizando e explicando o significado de expres-
Dica sões importantes, como as tutelas cautelares e anteci-
padas, antecedentes e incidentais. Por ora, observe, em
Tanto a citação quanto a intimação são atos aspecto geral, como se dividem as tutelas provisórias:
garantidores do contraditório, de modo que, se
houver nulidade nesses atos de comunicação, Antecedente
pode-se dizer que há violação também do prin- Cautelar
cípio constitucional em questão, o que prejudica Incidental
Urgência
também o exercício da ampla defesa. Tutela
Provisória Antecedente
Evidência Antecipada
DA TUTELA PROVISÓRIA Incidental

Disposições Gerais
Quanto ao momento das tutelas de urgência,
podem ser anteriores à propositura da ação princi-
Toda ação busca a tutela de um direito material, isto
pal ou serem formuladas juntamente com a petição
é, um direito subjetivo ou fundamental, útil aos sujeitos
inicial ou durante o curso da ação. No primeiro caso,
do processo. Sabe-se que algumas questões podem cau-
fala-se em tutela antecedente.
sar grave risco à parte, caso se aguarde o provimento
Nos demais, em tutela incidental, a qual ocorre
jurisdicional. Neste sentido, a tutela provisória consti-
quando já está em curso a ação. Mas, se for formula-
tui um mecanismo processual bastante eficiente.
da concomitantemente à propositura da ação, deve a
Imagine um autor que necessite da concessão de
tutela de urgência vir formulada em tópico próprio da
um medicamento ou tratamento cuja falta o levará,
petição inicial.
rapidamente, à morte ou ao agravamento da saúde.
Imagine, ainda, um consumidor que teve seu nome
inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, mesmo a Dica
dívida estando paga ou, pior, quando sequer existiu
Admite-se a tutela de urgência antecipada recur-
contrato entre as partes. Essas duas hipóteses são
sal quando se busca antecipar o provimento
comuns no Poder Judiciário, assim como o são os pedi-
dos de tutela de urgência relativos a elas, seja para a
jurisdicional a ser concedido no recurso.
concessão liminar de um medicamento, seja para
autorizar a retirada liminar do nome de um consumi- Quando a tutela for requerida em caráter antece-
dor dos órgãos restritivos. dente, a parte deve recolhê-la no início do procedi-
A tutela provisória é o “provimento jurisdicional mento, enquanto que, se for em caráter incidental,
que visa adiantar os efeitos da decisão final no proces- dispensam-se as custas processuais (Art. 295).
so para assegurar o seu resultado prático.”2 Fala-se em
provisória, porque, evidentemente, poderá ser modifi- Art. 295 A tutela provisória requerida em caráter
cada ao longo da tramitação do processo, caso deixem incidental independe do pagamento de custas.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de existir os requisitos que a fundamentaram, o que


pode ocorrer após a instrução probatória, por exem- O recolhimento das custas processuais constitui
plo, ou na sentença, ocasião em que o juiz tornará sem requisito processual objetivo de validade, pois, sem o
efeito a tutela concedida, revogando-a. Aqui, nota-se o devido preparo da ação, não podem as partes deman-
efeito do tempo no processo, que poderá ser danoso à darem. Assim, a regra é a onerosidade do processo,
utilidade dos bens jurídicos e dos direitos perseguidos sendo a gratuidade admitida excepcionalmente.
pelas partes. Veja o que diz o CPC (2015): O poder geral de cautela está presente nas tutelas
provisórias, sendo que o juiz poderá determinar as
Art. 296 A tutela provisória conserva sua eficácia medidas que considerar adequadas para sua efetiva-
na pendência do processo, mas pode, a qualquer ção (Art. 297).
tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrá- Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que
rio, a tutela provisória conservará a eficácia duran- considerar adequadas para efetivação da tutela
te o período de suspensão do processo. provisória.

2 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 418. 159
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Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória do processo. Nesse caso, “a tutela do direito corre o perigo
observará as normas referentes ao cumprimento de não poder ser realizada – daí a necessidade de satisfa-
provisório da sentença, no que couber. zer ou acautelar imediatamente o direito.”3
A tutela de urgência pode ser concedida liminar-
Como de praxe, qualificando-se como elemento mente (sem oitiva da parte contrária) ou após justi-
para a validade do pronunciamento judicial, na deci- ficação prévia, ocasião em que poderá ser designada
são que conceder, negar, modificar ou revogar a tute- audiência para esse fim. É importante destacar que a
la provisória, o juiz motivará seu convencimento de decisão liminar, embora tomada sem a oitiva da par-
modo claro e preciso (Art. 298). te adversa, estará sujeita ao contraditório diferido no
tempo ou postergado. Nesse caso, a intimação ocor-
Art. 298 Na decisão que conceder, negar, modificar rerá após a decisão tomada, ocasião em que a parte
ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu poderá se manifestar e interpor recurso.
convencimento de modo claro e preciso. A exigência de prévia garantia do juízo está disci-
plina pelo art. 300, § 1º, do CPC, que assim dispõe:
A competência para o requerimento de tutela pro-
visória se estrutura da seguinte forma: Art. 300 [...]
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
z Quando antecedente, deve ser dirigida do juízo ou conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idô-
tribunal competente para a causa/pedido principal; nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
z Quando incidental, deve ser dirigida do juízo ou a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
tribunal em que tramita a causa principal. economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

Em matéria de recursos, são cabíveis: Dica


Evidentemente, se a parte é hipossuficiente, a
z Agravo de instrumento, se concedida no curso da
exigência de caução (garantia de valor econômi-
ação como decisão interlocutória;
co) pode ser um obstáculo à tutela de seu direito,
z Apelação, se concedida na sentença.
a qual, durante o nosso estudo, temos verificado
Art. 299 A tutela provisória será requerida ao juízo que se trata de uma tutela urgente.
da causa e, quando antecedente, ao juízo competen-
te para conhecer do pedido principal. A tutela de urgência de natureza antecipada não
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, será concedida quando houver perigo de irreversibili-
na ação de competência originária de tribunal e nos dade dos efeitos da decisão.
recursos a tutela provisória será requerida ao órgão Isso significa que a tutela de urgência será concedi-
jurisdicional competente para apreciar o mérito. da se for possível o retorno ao status quo ante em caso
de revogação ou reforma da decisão que a concedeu.
Da Tutela de Urgência Reversível é aquela tutela que pode ser desfeita, caso
revogada ou modificada. Assim, a ação que pede a bai-
z Requisitos xa de restrição nos órgãos de proteção ao crédito em
nome do consumidor é reversível, pois, uma vez não
Conforme o art. 300 do CPC, a tutela de urgência constatada a sua alegação ao longo do processo, é pos-
será concedida quando houver elementos que eviden- sível novamente inserir o gravame. No entanto, não
ciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o seria reversível a decisão que concede tratamento ou
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo procedimento médico cirúrgico. Por isso, atente-se ao
(periculum in mora). fato de que o requisito da irreversibilidade não pode
ser visto como absoluto, sob pena de ferir o acesso à
Art. 300 A tutela de urgência será concedida quan- justiça e à tutela adequada dos direitos.
do houver elementos que evidenciem a probabili- De qualquer modo, o CPC (2015) é claro ao regular
dade do direito e o perigo de dano ou o risco ao a recomposição de eventuais danos causados à arte
resultado útil do processo. adversa em virtude de prejuízo decorrente da conces-
são da tutela de urgência:
A probabilidade do direito é o primeiro requisito,
segundo o qual se deve concluir pela plausibilidade do Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
direito invocado pela parte, de modo que, ainda em aná- lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
lise inicial e perfunctória, o juiz se permita convencer de arrolamento de bens, registro de protesto contra
que é provável que a parte, ao final, vencerá a ação. Essa alienação de bem e qualquer outra medida idônea
probabilidade traz a robusta ideia de um direito suficien- para asseguração do direito.
Art. 302 Independentemente da reparação por
temente comprovado e seguro, ao contrário de uma ale-
dano processual, a parte responde pelo prejuízo
gação frágil, duvidosa e por demais controvertida.
que a efetivação da tutela de urgência causar à par-
O segundo requisito relaciona-se aos efeitos prejudi- te adversa, se:
ciais que a demora do provimento final pode causar à I - a sentença lhe for desfavorável;
parte e seu direito. O perigo de dano remete à ideia de II - obtida liminarmente a tutela em caráter ante-
que a demora no desenrolar do processo poderá agravar cedente, não fornecer os meios necessários para a
ou ceifar por completo o direito da parte, correndo-se o citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
risco de o direito invocado não mais poder ser protegido III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em
ao final. A questão assemelha-se ao risco ao resultado útil qualquer hipótese legal;

3 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O novo processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016,
160 p. 231.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou pres- o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
crição da pretensão do autor. O autor também terá de indicar o valor da causa, que
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos deve levar em consideração o pedido de tutela final.
autos em que a medida tiver sido concedida, sem- Nos casos em que a urgência for contemporânea à
pre que possível. propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação
Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
em Caráter Antecedente direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do
risco ao resultado útil do processo. Nesse caso, o autor
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contempo- limita-se a formular o pedido de tutela de urgência,
rânea à propositura da ação, a petição inicial pode relatando as circunstâncias que tornam seu direito
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à provável e o motivo pelo qual a demora do processo
indicação do pedido de tutela final, com a exposição pode lhe causar grave prejuízo. Aqui, ele não elabora
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de a petição inicial por completo, devendo informar ao
dano ou do risco ao resultado útil do processo. juiz, o qual trará a totalidade das questões fáticas e
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o jurídicas em momento posterior. Assim, a tutela é for-
caput deste artigo: mulada antes de se propor a ação principal.
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a com- Imagine que houve o protesto indevido de um
plementação de sua argumentação, a juntada de título em nome do autor. Imediatamente, ele propõe
novos documentos e a confirmação do pedido de tute- a tutela antecipada para sustar (suspender) os efeitos
la final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior do protesto, informando, na petição de tutela, que for-
que o juiz fixar; mulará, posteriormente, o pedido principal de anula-
II - o réu será citado e intimado para a audiência de ção do título e eventual indenização por danos morais.
conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ; Pode, ainda, ser formulada essa tutela para submeter
III - não havendo autocomposição, o prazo para con- uma pessoa à cirurgia de urgência, garantindo, desde
testação será contado na forma do art. 335 . logo, o seu direito. Desse caso hipotético, surgem duas
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inci- possibilidades:
so I do § 1º deste artigo, o processo será extinto sem
resolução do mérito. „ Se concedida a tutela antecipada;
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º des-
te artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência O autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
de novas custas processuais. plementação de sua argumentação, a juntada de novos
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste documentos e a confirmação do pedido de tutela final,
artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o
deve levar em consideração o pedido de tutela final. juiz fixar, o que deverá ocorrer nos mesmos autos,
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que não sendo necessário instaurar nova relação proces-
pretende valer-se do benefício previsto no caput deste sual. Se não realizado o aditamento (complemento), o
artigo. processo será extinto, sem resolução do mérito (sem
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a con- julgamento do direito material e dos fatos discutidos
cessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional na ação); o réu será citado e intimado para a audiên-
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cin- cia de conciliação ou de mediação, na forma do art.
co) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser 334; não havendo autocomposição, o prazo para con-
extinto sem resolução de mérito. testação será contado na forma do art. 335.

z Definição da tutela antecipada „ Se não concedida a tutela antecipada;

A tutela antecipada refere-se à proteção do direito O órgão jurisdicional determinará a emenda da peti-
material em caráter antecipado ao provimento final. ção inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indefe-
Trata-se da proteção de um direito feito de forma adian- rida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
tada à sentença, ou seja, a tutela vem antes do provi-
mento jurisdicional definitivo, desde que preenchidos z Estabilização da tutela antecipada
os requisitos anteriormente estudados. O que se anteci-
pa é a própria tutela jurisdicional, no todo ou em parte. Um dos objetivos do CPC (2015) é a solução do
Embora assim seja, não significa que a tutela será mérito em tempo razoável, motivo pelo qual introdu-
definitiva, pois, como vimos, trata-se de uma medida ziu a possibilidade de estabilização da tutela antecipa-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

caracterizada pela provisoriedade. Tutela definitiva da, caso não haja recurso da decisão que a concedeu.
somente ocorrerá quando a cognição por exauriente, Vejamos o que diz o Código:
o que ocorre na sentença. Por cognição exauriente
entenda-se a possibilidade de o juiz aprofundar-se no Art. 304 A tutela antecipada, concedida nos termos
caso, conhecer do direito discutido e todas as contro- do art. 303, torna-se estável se da decisão que a
vérsias a ele relacionadas e, somente ao final, estar conceder não for interposto o respectivo recurso.
apto a julgar plenamente o caso.
Na tutela provisória, a cognição é perfunctória, A estabilização somente se aperfeiçoa se, nesse ínte-
superficial, baseada em elementos indicativos de que rim, o autor promover o aditamento do pedido, como
o direito do autor prevalecerá sobre o do réu. vimos. Além disso, a estabilização ocorre na hipótese de
tutela de natureza antecipada em caráter antecedente.
z Procedimento No exemplo dado anteriormente, a tutela anteci-
pada para suspender os efeitos do protesto indevido
A petição inicial da tutela antecipada requerida em se tornará consolidada em caso de inexistência de
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a recurso da parte adversa. A estabilidade reproduz um
exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e aspecto imodificável à tutela concedida. 161
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante observar que a tutela antecipada con- inicial no prazo de 15 dias, além do que a resposta do
servará seus efeitos enquanto não revista, reforma- réu observará o prazo de 15 dias; na tutela cautelar, o
da ou invalidada por decisão de mérito proferida na pedido principal deve ser formulado no prazo de 30
ação própria e autônoma. Sobre isso, complementa o dias, sendo que a resposta do réu deverá ser apresen-
CPC (2015) ao dispor que o direito de rever, reformar tada no prazo de 5 dias.
ou invalidar a tutela antecipada por ação autônoma
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência z Cabimento
da decisão que extinguiu o processo. Não ocorrendo
qualquer impugnação, a tutela se torna irreversível.
A tutela cautelar respeita os requisitos inerentes
A possibilidade de discutir a tutela encontra-se no art.
às tutelas de urgência. Lembre-se de que ela também
304, em alguns de seus parágrafos:
é uma espécie de tutela de urgência, ao lado das tute-
Art. 304 [...]
las antecipadas, embora tenha, como objeto, algumas
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra medidas cautelares, previstas no art. 301 do CPC.
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tute- Vejamos:
la antecipada estabilizada nos termos do caput .
[...] Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se arrolamento de bens, registro de protesto contra
após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão alienação de bem e qualquer outra medida idônea
que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. para asseguração do direito.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa
julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos
O sentido da expressão cautelar é o de resguardar,
só será afastada por decisão que a revir, reformar
ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma
proteger, conservar. Entretanto, o que se busca con-
das partes, nos termos do § 2º deste artigo. servar efetivamente? Quer-se conservar ou resguar-
dar o futuro pedido principal, ou seja, destina-se à
Veja que o Código somente tratará, como definitiva, a proteção do direito. É como se a tutela cautelar tivesse
tutela depois de decorridos dois anos da extinção do pro- a função de sustentar a efetividade do futuro pedido
cesso em que foi concedida, já que, dentro desse prazo, principal, servindo-lhe de acessório.
a parte poderá promover ação própria, buscando rever, Sobre as medidas citadas no art. 301 do CPC, ensi-
reformar ou invalidar a tutela concedida. Nesse caso, na Elpídio Donizetti (2017, passim):
deverá a parte interessada fazer prova dos fatos e funda-
mentos capazes de rechaçar a tutela. Arresto é a medida de apreensão de bens que tem
No entanto, se a parte interpor o recurso cabível por fim garantir futura execução por quantia cer-
contra a decisão que concede a tutela antecipada, não ta. [...] Por outro lado, sequestro é medida que visa
se falará em estabilização. Do mesmo modo, dentro do garantir execução para a entrega de coisa, ou seja,
prazo de dois anos, poderá a parte propor ação, visan- sua incidência é sobre bens determinados. [...] O
do rever, reformar ou invalidar a tutela. arrolamento de bens, por sua vez, tem a finalidade
de conservar bens sobre os quais incide o interesse
Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em do requerente da medida, como, por exemplo, do
Caráter Antecedente cônjuge para resguardar sua meação na partilha;
do herdeiro em relação aos bens da herança; do
z Definição sócio em relação aos bens sociais etc. [...] A medi-
da [protesto contra alienação de bens] consiste na
averbação, pelo oficial do registro de imóveis, na
A tutela cautelar vem substituir as antigas ações
matrícula do imóvel, do protesto contra a aliena-
cautelares autônomas, existentes no CPC de 1973.
ção de bens, com a finalidade de tornar pública a
Assim, as ações autônomas, antes tipificadas, podem
discordância do credor quanto á alienação de bem
ser objeto dessa tutela cautelar, caso inexista proibi-
do devedor.
ção legal.
Enquanto a tutela antecipada se dirige, precipua-
mente, à proteção tempestiva e razoável do direito Além dela, podemos citar, como exemplo, a produ-
material, a tutela cautelar tem relação, primeiramen- ção antecipada de provas:
te, com assegurar a efetividade da tutela jurisdicional.
Em outras palavras, a tutela cautelar se presta a asse- Art. 381 A produção antecipada da prova será
gurar o processo. admitida nos casos em que:
Nesse ponto, torna-se necessário diferenciar a I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
tutela antecipada antecedente da tutela cautelar, já impossível ou muito difícil a verificação de certos
que ambas são espécies de tutela de urgência, basea- fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
das nos mesmos requisitos do art. 300 do CPC. A tutela
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
antecipada antecedente possui caráter satisfativo, na
solução de conflito;
medida em que assegura o próprio direito de forma
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
antecipada. Já a tutela cautelar, como veremos melhor car ou evitar o ajuizamento de ação.
adiante, assegura o resultado útil do processo, espe- DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE
cificamente do pedido principal que será formulado INSTRUMENTO - AÇÃO REIVINDICATÓRIA PAR-
posteriormente no prazo previsto em lei. CIAL - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAU-
As tutelas cautelares não estão sujeitas à estabili- TELAR INCIDENTAL - PLEITO DE IMPOSIÇÃO, AOS
zação, o que somente ocorre com a tutela antecipada RÉUS, DE SE ABSTEREM DE REALIZAR MODIFICA-
antecedente. Do mesmo modo, os prazos dos procedi- ÇÕES OU CONSTRUÇÕES NO CURRAL CONSTANTE
mentos são diferenciados. Na tutela antecipada ante- NO IMÓVEL RURAL OBJETO DO LITÍGIO - DEFE-
162 cedente, o autor deve aditar (complementar) a petição RIMENTO PELO JUIZ - REQUISITOS DO ARTIGO
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300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - FUMUS Claramente, a prova que seria produzida na ação principal
BONI IURIS E PERICULUM IN MORA - PRESEN- será inútil, caso se aguarde o desenrolar do processo. Sur-
ÇA - DEMONSTRAÇÃO DE RISCO CONCRETO AO ge a possibilidade de uma tutela cautelar demonstrar essa
RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO - OCORRÊNCIA urgência e necessidade de antecipar a produção de uma
- RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO AGRAVADA prova relevante ao futuro processo. Daí que o CPC determi-
MANTIDA. na que o autor indique a lide e seu fundamento, expondo
- Nos termos do disposto no artigo 300 do vigente resumidamente (sumariamente) seu direito.
Código de Processo Civil, a concessão de tutela pro-
A citação do réu será para contestar a tutela caute-
visória de urgência - de natureza cautelar ou satis-
lar no prazo de cinco dias, concedida ou não eventual
fativa - requer a presença, de forma cumulativa,
dos requisitos da probabilidade do direito invocado
liminar. O réu deverá indicar as provas que preten-
pela parte requerente e da existência de perigo de de produzir e, caso não constem, incidem os efeitos
dano, caso o provimento jurisdicional reclamado da revelia, podendo ser considerados verdadeiros os
somente seja concedido em decisão final. fatos alegados pelo autor. Se contestado o pedido no
- Presentes os indispensáveis requisitos relativos prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
ao fumus boni juris e ao periculum in mora, tra-
duzidos na probabilidade do direito invocado pela Art. 306 O réu será citado para, no prazo de 5 (cin-
parte requerente e demonstração de perigo de dano co) dias, contestar o pedido e indicar as provas que
ou comprometimento da utilidade do resultado pretende produzir.
final do processo, a decisão pela qual concedida Art. 307 Não sendo contestado o pedido, os fatos
tutela provisória de urgência cautelar incidental, alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu
consistente na imposição, aos Réus, de se absterem como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro
de realizar modificações ou construções no curral de 5 (cinco) dias.
constante no imóvel rural objeto do litígio, até solu- Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo
ção final da demanda, ou ulterior decisão judicial, legal, observar-se-á o procedimento comum.
deve ser mantida.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0396.18.005374-8/002, z Pedido principal
Relator(a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda , 9ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 03/03/2020, publicação da súmula em
Ponto importante a se destacar diz respeito à
10/03/2020)
formulação do pedido principal. Pela sistemática do
Código revogado, havia necessidade de instaurar
Além disso, pode ser utilizada para a exibição de
nova relação processual, ou seja, propor a ação prin-
documentos:
cipal autônoma. Já com o CPC (2015) aboliu-se essa
exigência, determinando que:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXIBI-
ÇÃO INCIDENTAL DE DOCUMENTOS - ART. 397
Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido prin-
DO CPC - DOCUMENTOS PESSOAIS - TUTELA DE
cipal terá de ser formulado pelo autor no prazo de
URGÊNCIA - PROBABILIDADE DO DIREITO - PERI-
GO DE DANO - ART. 300 DO CPC - REQUISITOS 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
- PRESENÇA. mesmos autos em que deduzido o pedido de tute-
- O juiz pode ordenar que a parte exiba documento la cautelar, não dependendo do adiantamento de
ou coisa que se encontre em poder dela, preenchi- novas custas processuais.
dos os requisitos dos arts. 396 e ss do CPC. § 1º O pedido principal pode ser formulado conjun-
- A concessão da tutela jurisdicional provisória, tamente com o pedido de tutela cautelar.
de urgência, com natureza satisfativa ou cautelar § 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momen-
pressupõe a presença cumulativa de dois requisi- to de formulação do pedido principal.
tos: probabilidade do direito (“fumus boni iuris”) e § 3º Apresentado o pedido principal, as partes
perigo da demora (“periculum in mora”). serão intimadas para a audiência de conciliação ou
de mediação, na forma do art. 334, por seus advo-
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0003.17.002798-5/001,
Relator(a): Des.(a) Alice Birchal , 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
gados ou pessoalmente, sem necessidade de nova
16/10/2018, publicação da súmula em 23/10/2018) citação do réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para
contestação será contado na forma do art. 335.
z Procedimento
A tutela cautelar pode ser formulada conjuntamente
O procedimento da tutela cautelar está previsto
ao próprio pedido principal. Além do que poderá o autor,
desde o art. 305 ao art. 310 do CPC. Diz o art. 305, sobre
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

a petição inicial: quando do pedido principal, complementar sua narrati-


va, trazendo fatos, fundamentos jurídicos, circunstân-
Art. 305 A petição inicial da ação que visa à presta- cias e relatos pertinentes à defesa do seu direito.
ção de tutela cautelar em caráter antecedente indi- De acordo com o art. 308 do CPC, apresentado o
cará a lide e seu fundamento, a exposição sumária pedido principal, as partes serão intimadas para
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de a audiência de conciliação ou de mediação e, não
dano ou o risco ao resultado útil do processo. havendo autocomposição, se for o caso, o prazo para
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que contestação será contado na forma do art. 335 do CPC.
se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que
observará o disposto no art. 303. a parte formule o pedido principal, nem influi no jul-
gamento desse, salvo se o motivo do indeferimento
Imagine que o autor pretenda propor ação demar- for o reconhecimento de decadência ou de prescri-
catória dos limites de uma propriedade rural, mas os ção. Por lógica, o pedido principal poderá ser formu-
marcos naturais dessa propriedade estão se perdendo lado nos próprios autos, por medida de economia e
rapidamente pela ação de invasores ou do próprio vizinho. celeridade. 163
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Se não formulado o pedido principal no prazo II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
legal, o processo será extinto e estará cessada a eficá- apenas documentalmente e houver tese firmada
cia da tutela eventualmente concedida. em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante;
Art. 310 O indeferimento da tutela cautelar não III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em
obsta a que a parte formule o pedido principal, nem prova documental adequada do contrato de depósi-
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do to, caso em que será decretada a ordem de entrega
indeferimento for o reconhecimento de decadência do objeto custodiado, sob cominação de multa;
ou de prescrição. IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
z Causas que fazem cessar a eficácia da tutela do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
gerar dúvida razoável.
cautelar
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
juiz poderá decidir liminarmente.
O CPC (2015) trata das hipóteses que extinguem a
tutela cautelar concedida:
A tutela de evidência é uma espécie de tutela
provisória, cabível quando o direito for ou se tor-
Art. 309 Cessa a eficácia da tutela concedida em
nar evidente pelos elementos do caso, nas hipóteses
caráter antecedente, se:
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo já delineadas. Seguindo o que diz Elpídio Donizetti,
legal; inverte-se o ônus do tempo do processo, que passa a
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; ser suportado pela parte demandada, já que garantido
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal o direito de forma antecipada (ob. cit., p. 461).
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem
resolução de mérito. Dica
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno- A tutela de evidência prescinde (dispensa) de
var o pedido, salvo sob novo fundamento. demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo.
O CPC prevê que, se por qualquer motivo, cessar
a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno- DO PROCEDIMENTO COMUM
var o pedido, salvo sob novo fundamento (Art. 309,
parágrafo único). Veja que impede que a parte, a qual O processo se desenvolve mediante um proce-
teve sua tutela sem efeito, repita o pedido, tratando-se dimento, um rito, um caminho que a lei traça para a
de efetiva punição àquele que deu causa ou teve seu prática dos atos processuais. Trata-se da “espinha dor-
direito negado. Entretanto, não impede que, sob novo sal” do processo, como lembra Daniel Mitidiero4 (p. 123),
fundamento (fato ou alegação nova), seja formulada fazendo referência a Carlos Alberto Alvaro de Oliveira.
nova tutela cautelar. O procedimento denominado “comum” é a base
Como vimos, essas tutelas podem se dar em cará- pela qual se desenrola a maioria das ações, podendo a
ter antecedente ou incidental. Nesses casos, a causa parte alegar qualquer direito, desde que baseada em
para a formulação do pedido nasce durante a trami- alegação e prova de violação ou ameaça (Art. 5º, XXXV,
tação do processo. As tutelas de urgência podem ser CRFB/1988).
anteriores à propositura da ação principal ou serem
formuladas juntamente com a petição inicial ou Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
durante o curso da ação. No primeiro caso, fala-se em de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
tutela antecedente e, nos demais, em tutela incidental, ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
que ocorre quando já está em curso a ação. Mas, se for bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
formulada concomitantemente à propositura da ação, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
deve a tutela de urgência vir formulada em tópico XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
próprio da petição inicial. Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Da Tutela de Evidência O processo (ou a fase do processo) pode ser de


conhecimento ou de execução.
As tutelas de evidência constituem medidas que Processo de conhecimento é aquele que visa o
têm por objetivo dar maior efetividade aos direitos e reconhecimento de um direito ainda controvertido,
à própria tutela jurisdicional, garantindo maior cele- isto é, sobre o qual paira dúvida acerca de sua exis-
ridade se levarmos em conta seus requisitos. Para a tência, titularidade e efeitos. Veja, por exemplo, a ação
concessão da tutela de evidência, dispensa-se a prova de indenização. O processo de conhecimento busca
do periculum in mora, consistente no perigo de dano reconhecer a existência de um ato ilícito, cuja prática
ou de risco ao resultado útil do processo. Essa é sua obriga alguém a indenizar a vítima. Somente depois
principal característica. Entretanto, a lei estabelece as de certificado, será possível exigir a satisfação dessa
condições em que isso será possível, a saber: obrigação de indenizar. Eis o processo de conheci-
mento, aquele que se destina a reconhecer um direito.
Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde- O processo de execução baseia-se em um direito
pendentemente da demonstração de perigo de dano já reconhecido em título executivo (judicial ou extra-
ou de risco ao resultado útil do processo, quando: judicial). O processo de conhecimento se desenvolve
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa pelo procedimento comum, que comporta em si diver-
ou o manifesto propósito protelatório da parte; sas ações.
164 4 MATIDIERO, Daniel. Processo Civil. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.
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Procedimento (ou rito) é a forma pela qual se O procedimento comum está incluído no Livro I do
desenvolve o processo, a sequência de atos previa- CPC (do processo de conhecimento e do cumprimen-
mente estabelecida por lei. Já o processo é o instru- to de sentença), especificado no Título I. A partir do
mento de tutela de direitos, os quais são tutelados pelo art. 513, o Código cuida do Cumprimento de Sentença
Estado. Assim, o procedimento comum é o padrão a (Título II). As fases podem assim ser resumidas:
ser utilizado nas lides civis, aplicando-se, subsidiaria-
mente, aos demais procedimentos especiais e ao pró- Probatória/
Postulatória Instrutória
prio processo de execução.
O procedimento percorre determinadas fases,
etapas nas quais se praticarão um conjunto de atos.
Cada fase possui um foco. A fase postulatória desti- Organizatória/ Decisória
na-se a estabelecer a pretensão do autor e as razões Saneadora
pelas quais o réu não quer ser afetado por aquela pre-
tensão. É o momento no qual as partes apresentam Da Petição Inicial
seus pedidos. Nela, compreendem-se a petição inicial,
o despacho inicial do juiz, a audiência de conciliação/ A petição inicial é a peça que dá início ao processo.
mediação, a contestação do réu e a réplica do autor, Por meio dela, o autor exercerá seu direito de ação, rom-
também denominada de impugnação à contestação. pendo com a inércia da jurisdição. É o ato processual pelo
Consolidada a postulação das partes, o juiz precisa
qual a parte propõe sua demanda, a fim de buscar a tute-
organizar o processo e sanar eventuais vícios ou nuli-
la de seu direito. Está compreendida na fase postulatória.
dades até então constatadas. Sendo sanadas as nuli-
dades, o juiz verificará os pontos divergentes entre as
partes, denominados de objeto litigioso ou questões
ATITUDES DO JUIZ
controvertidas.
� Deferimento do
Basta identificar sobre quais pontos as partes
AÇÃO processamento da ação
divergem, se confrontam, não concordam. Feito isso, � Emenda da inicial
ainda na fase organizatória/saneadora, o juiz iden- � Petição inicial
(determinar)
tificará quais questões necessitam (carecem) de prova � Indeferimento da inicial
oral ou outro meio probatório (por exemplo, perícia) � Improcedência liminar
e dará sequência, adentrando na fase instrutória/
probatória.
Nessa fase, o objetivo é colher provas além daquelas
já apresentadas pelas partes. Via de regra, ouvem-se tes-
temunhas, realiza-se a prova pericial, se necessária, além ATITUDES DO RÉU
de outras provas que veremos em tópico próprio. Encer- Audiência de � Contestação
rada a instrução, caminha-se para a fase decisória. Conciliação ou � Reconvenção
� Reconhecimento do
A fase decisória destina-se à solução do litígio Mediação
pedido
por meio de sentença. Busca-se, predominantemente, � Revelia
proferir sentença de mérito, aquela que efetivamen-
te resolve o direito material, o cerne da questão. Por
outro lado, a sentença pode não julgar o mérito, vindo Dos Requisitos da Petição inicial
a extinguir o processo por defeito processual grave
e insanável. A sentença encerra a prestação jurisdi- O CPC (2015) estabelece os requisitos da petição
cional do juízo de primeira instância, de modo que,
inicial, cujo descumprimento poderá levar ao seu
uma vez decorridos os prazos de recurso, passa a sua
indeferimento, caso não emendada. Os requisitos
decisão a ser a disposição que rege o caso concreto.
estão dispostos no art. 319 do CPC, os quais passare-
As fases do procedimento comum vão, então, desde
mos a tratar de forma detalhada:
a postulação até a sentença. Entretanto, a parte que
perdeu a ação poderá recorrer.
Art. 319 A petição inicial indicará:
A fase recursal trata da apreciação dos recursos
I - o juízo a que é dirigida;
interpostos em relação às decisões proferidas em ins-
tância inferior, tendo por foco examinar eventuais
Esse inciso trata do endereçamento da petição
erros cometidos pelo juiz, que podem ser de nature-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

za processual (como cercear o direito de defesa das inicial, a qual se obtém pela conclusão de qual será
partes por indeferir inadequadamente a produção de o juízo competente para processar e julgar a ação. A
uma prova) ou de natureza material, dizendo respeito competência sempre é estabelecida em lei, ao atribuir
à própria análise do mérito da ação (entende-se por que determinado órgão do Poder Judiciário seja o res-
inexistente o ato ilícito, o direito à reintegração de ponsável por processar e julgar determinada ação.
posse e o direito aos alimentos por exemplo). Veja que o CPC (2015) inova ao tratar o órgão judiciá-
O procedimento comum está regulado nos arts. rio como “juízo”, de maneira impessoal, diferente do
318 a 512 do CPC. Vejamos o art. 318: que fazia o CPC de 1973 (juiz ou tribunal).

Art. 318 Aplica-se a todas as causas o procedimen- Art. 319 [...]


to comum, salvo disposição em contrário deste II- os nomes, os prenomes, o estado civil, a existên-
Código ou de lei. cia de união estável, a profissão, o número de inscri-
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se ção no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
subsidiariamente aos demais procedimentos espe- Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico,
ciais e ao processo de execução. o domicílio e a residência do autor e do réu; 165
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A adequada identificação das partes é necessária, Art. 319 [...]
para a individualização, refletindo na própria legiti- V- o valor da causa
midade dos sujeitos da ação. Interessante observar
que o CPC (2015) relativiza o excessivo formalismo, Nos termos do art. 291 do CPC, a toda causa será
possibilitando que o autor requeira ao juiz diligências atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo
para descobrir dados necessários da qualificação do econômico imediatamente aferível. Trata-se de um
réu, caso não disponha de todas as informações: requisito da petição inicial que deve reproduzir o con-
teúdo ou proveito econômico buscado pela parte no
Art. 319 [...] processo. Se não houve conteúdo econômico direta-
§ 1º Caso não disponha das informações previstas mente vinculado ou mensurável, ainda assim deve-se
no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, reque- atribui-lo um valor.
rer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção). O Código trata dos parâmetros para se definir o
valor da causa:
Ainda, privilegia o acesso à justiça, já que, mesmo
que as informações não estejam completas, poderá Art. 292 O valor da causa constará da petição ini-
deferir o processamento da ação, desde que possível a cial ou da reconvenção e será:
identificação da parte: I - na ação de cobrança de dívida, a soma moneta-
riamente corrigida do principal, dos juros de mora
Art. 319 [...] vencidos e de outras penalidades, se houver, até a
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a des- data de propositura da ação;
peito da falta de informações a que se refere o inci- II - na ação que tiver por objeto a existência, a vali-
so II, for possível a citação do réu. dade, o cumprimento, a modificação, a resolução,
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se ato ou o de sua parte controvertida;
a obtenção de tais informações tornar impossível III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) pres-
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. tações mensais pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivin-
Prossigamos com a análise dos demais requisitos dicação, o valor de avaliação da área ou do bem
da petição inicial: objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em
Art. 319 [...] dano moral, o valor pretendido;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a
quantia correspondente à soma dos valores de
todos eles;
Trata-se de especificar a causa de pedir, elemen-
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o
to da ação que diz respeito aos fatos e fundamentos de maior valor;
jurídicos que sustentam a demanda. A causa de pedir VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o
assim se subdivide: valor do pedido principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vin-
z Causa de pedir remota: são os fatos que deram ori- cendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.
gem àquela relação jurídica; § 2º O valor das prestações vincendas será igual a
z Causa de pedir próxima: são os fundamentos jurí- uma prestação anual, se a obrigação for por tem-
dicos que deram origem ao conflito. po indeterminado ou por tempo superior a 1 (um)
ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
A causa de pedir compõe os “elementos da ação”, ao prestações.
lado das partes e do pedido. Veja o esquema a seguir:
Dica
Partes
O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o
valor da causa quando verificar que ele não cor-
ELEMENTOS DA AÇÃO Causa de Pedir
responde ao conteúdo patrimonial em discus-
são ou ao proveito econômico perseguido pelo
Pedido
autor, caso em que se procederá ao recolhimen-
to das custas correspondentes.
Art. 319 [...]
IV - o pedido com as suas especificações; Art. 319 [...]
VI - as provas com que o autor pretende demons-
O pedido é, efetivamente, o provimento jurisdi- trar a verdade dos fatos alegado.
cional de que necessita a delimitação da providência
esperada do Judiciário para tutelar adequadamente o Na petição inicial, o autor deve apresentar as
direito lesado ou ameaçado. O pedido se subdivide em: provas então existentes quando de sua postulação,
além de formular o protesto genérico pela utilização
z Pedido imediato: o tipo de provimento jurisdicio- de eventuais meios de prova necessários que poderão
nal (sentença que resolva a lide); ser utilizados na fase instrutória/probatória oportu-
z Pedido mediato: o bem da vida (direito material) namente. O protesto genérico é uma espécie de reque-
que se quer ver tutelado. rimento que se faz sobre a possibilidade de outras
provas serem necessárias, normalmente assim redigi-
Os requisitos do pedido estão entre os arts. 322 a do: “Protesta provas o alegado por todos os meios de
327 do CPC, os quais serão estudados mais à frente, de provas em direito admitidos, caso necessário.” Ainda,
166 modo aprofundado. dispõe o art. 320:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 320 A petição inicial será instruída com os O pedido deve ser certo e determinado. Vejamos os
documentos indispensáveis à propositura da ação. arts. 322 e 324:

Veja que é um requisito o fato de a petição ser ins- Art. 322 O pedido deve ser certo.
truída com os documentos necessários e indispensáveis § 1º Compreendem-se no principal os juros legais,
à prova dos fatos alegados. Claro que os documentos a correção monetária e as verbas de sucumbência,
são os existentes quando da distribuição da ação, sendo inclusive os honorários advocatícios.
possível a juntada de documentos novos, cuja existência § 2º A interpretação do pedido considerará o con-
se deu posteriormente à petição inicial. Então, se estou junto da postulação e observará o princípio da
cobrando um crédito constituído em um contrato, devo boa-fé.
apresentar desde logo o contrato; se pretendo reivindi- Art. 324 O pedido deve ser determinado.
car a propriedade de um imóvel, devo apresentar desde § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
logo a certidão de propriedade etc. I - nas ações universais, se o autor não puder indi-
viduar os bens demandados;
Art. 319 [...] II - quando não for possível determinar, desde logo,
VII - a opção do autor pela realização ou não de as consequências do ato ou do fato;
audiência de conciliação ou de mediação. III - quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser prati-
cado pelo réu.
O incentivo aos meios autocompositivos (consen-
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
suais) de resolução de conflitos fica evidente desde a
postulação inicial, devendo a parte informar se dese-
ja realizar a audiência de tentativa de conciliação ou Assim, deve-se especificar exatamente o que se pre-
mediação. Tais meios são os amigáveis, baseados no tende com a propositura da ação, como, por exemplo,
acordo entre as partes. a anulação de determinado contrato, a indenização
A Autocomposição trata da solução criada pelas em determinada quantia, a revisão de determinada
próprias partes de modo consensual. São três as espé- cláusula etc.
cies de autocomposição, as quais repercutem ainda É lícito, porém, à parte formular pedido genérico:
nos dias atuais: a desistência, pela qual há renúncia a
uma pretensão pelo seu titular; a submissão, median- z Nas ações universais, se o autor não puder indivi-
te a qual o sujeito afetado pela pretensão a reconhe- duar os bens demandados, sendo impossível deter-
ce ou, ainda, deixa de a ela oferecer resistência; e a minar quais ou quantos são os bens demandados
transação, que se baseia em uma decisão consensual (um rebanho, uma biblioteca);
mediante a qual os sujeitos manifestam concessões z Quando não for possível determinar, desde logo, as
recíprocas, reproduzindo verdadeira transação. consequências do ato ou do fato, como a extensão
As ações que tenham, por objeto, a revisão de obri- de um dano, o qual deverá ser especificado durante
gação decorrente de empréstimo, de financiamento ou a instrução ou em fase de liquidação de sentença;
de alienação de bens merecem atenção. Imagine a dis- z Quando a determinação do objeto ou do valor da
cussão de um contrato bancário com a instituição finan- condenação depender de ato que deva ser pratica-
ceira, sendo necessário ao autor, sob pena de inépcia da do pelo réu.
petição inicial, discriminar quais obrigações pretende
controverter, além de quantificar o valor incontroverso
do débito. Deverá o autor dizer quais cláusulas, especi-
ficamente, são as discutidas e, se houver, por exemplo, Importante!
pretensão para redução de juros, deve realizar o paga- O Código admite a formulação de pedido alter-
mento do valor por ele pretendido para a prestação. Essa nativo. O pedido será alternativo quando, pela
regra está no art. 330, § 2º, do CPC. natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
a prestação de mais de um modo. Exemplo: ao
z Emenda da petição inicial
comprar um produto que se verifica, posterior-
mente, avariado, poderá o autor exigir a devolu-
Caso alguns dos requisitos da petição inicial seja
ção do dinheiro ou a troca do produto por outro
descumprido, o juiz deve dar a oportunidade para
emendá-la, indicando qual vício constatou. É o que
equivalente, com abatimento do preço.
dispõe o art. 321 do CPC:
Vejamos os arts. 323 e 325:
Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou


Art. 323 Na ação que tiver por objeto cumprimento
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
de obrigação em prestações sucessivas, essas serão
dificultar o julgamento de mérito, determinará que
consideradas incluídas no pedido, independente-
o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
mente de declaração expressa do autor, e serão
a complete, indicando com precisão o que deve ser
incluídas na condenação, enquanto durar a obriga-
corrigido ou completado.
ção, se o devedor, no curso do processo, deixar de
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
pagá-las ou de consigná-las.
cia, o juiz indeferirá a petição inicial.
Art. 325 O pedido será alternativo quando, pela
natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
Do Pedido prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato,
O pedido é elemento da ação no qual a parte espe- a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará
cifica sua demanda, dizendo o que espera do Poder o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
Judiciário, bem como o que pretende em relação à modo, ainda que o autor não tenha formulado pedi-
outra parte. do alternativo. 167
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z Cumulação de Pedidos (ARTS. 327 e 328) Art. 329 O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a cau-
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único proces- sa de pedir, independentemente de consentimento
so, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda do réu;
que entre eles não haja conexão. II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumula- o pedido e a causa de pedir, com consentimento do
ção que: réu, assegurado o contraditório mediante a possi-
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; bilidade de manifestação deste no prazo mínimo de
II - seja competente para conhecer deles o mesmo 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
juízo; suplementar.
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à
procedimento. reconvenção e à respectiva causa de pedir.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo
diverso de procedimento, será admitida a cumula-
ção se o autor empregar o procedimento comum, O aditamento é possível até o saneamento, sendo
sem prejuízo do emprego das técnicas proces- que, se o réu tiver sido citado, poderá ocorrer apenas
suais diferenciadas previstas nos procedimentos com seu consentimento. Antes da citação, trata-se de
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos ato unilateral, pois não depende do consentimento
cumulados, que não forem incompatíveis com as do réu. Por dedução, entende-se que, depois da fase
disposições sobre o procedimento comum. saneadora, não é possível o aditamento, pois já
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações foram fixadas as questões controvertidas e encami-
de pedidos de que trata o art. 326 . nhado o processo para a fase probatória, se necessária.
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade
de credores, aquele que não participou do processo
receberá sua parte, deduzidas as despesas na pro- Do Indeferimento da Petição Inicial
porção de seu crédito.
O juízo de admissibilidade da petição inicial pode
É possível que exista a formulação de pedidos ser positivo ou negativo. Se positivo, determina-se o
cumulativos, desde que, entre eles, exista compatibi- processamento da ação com a citação do réu e even-
lidade, o rito utilizado seja adequado e o juízo compe- tual intimação para audiência de conciliação/media-
tente para todos. ção. Se verificado o descumprimento dos requisitos,
Classifica-se a cumulação em: determina-se sua emenda (Art. 321).

„ Cumulação simples: o autor formula diversos Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
pedidos e pretende que todos sejam acolhidos não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
(ex.: dano moral cumulado com dano material); que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
„ Cumulação alternativa: formulação de dois dificultar o julgamento de mérito, determinará que
pedidos, mas sem indicação de qual prefere o o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
autor, podendo ser um ou outro (ex.: devolução a complete, indicando com precisão o que deve ser
do produto ou o valor em dinheiro); corrigido ou completado

Veremos esse artigo como consta na lei para um Não sendo possível o deferimento, aplica-se o art.
melhor entendimento : 330 do CPC:
Art. 326 É lícito formular mais de um pedido em
Art. 330 A petição inicial será indeferida quando:
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do
I - for inepta;
posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, II - a parte for manifestamente ilegítima;
alternativamente, para que o juiz acolha um deles. III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e
„ Cumulação sucessiva: o segundo pedido ou outro 321.
posterior depende da procedência do primeiro [...]
(ex.: investigação de paternidade e alimentos); I - Inépcia da petição inicial:
„ Cumulação subsidiária: trata-se de utilização
do princípio da eventualidade, na hipótese de o As hipóteses de inépcia estão elencadas no § 1º do
juízo não acolher o pedido principal, pede-se o art. 330:
acolhimento do(s) subsidiário(s) (ex.: anulação
de cláusula contratual ou, na impossibilidade, a Art. 330 [...]
redução dos juros). § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
Simples II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó-
Alternativa teses legais em que se permite o pedido genérico;
ESPÉCIES DE
CUMULAÇÃO III - da narração dos fatos não decorrer logicamen-
Sucessiva
te a conclusão;
Subsidiária IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

z Aditamento do Pedido Exemplos:

É possível a modificação do pedido após a proposi- z Ausência de pedido: discorrer sobre o inadimple-
tura da ação, alterando o objeto litigioso. O CPC (2015) mento de parcela de um contrato e deixar de for-
168 especifica as hipóteses: mular o pedido para seu pagamento;
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z Ausência de causa de pedir: formula-se pedido z Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: o
de pagamento de parcela, mas não discorre sobre art. 106 trata das hipóteses em que o advogado pos-
a existência de contrato ou de inadimplemento; tula em causa própria (o advogado pode ser parte se
z Pedido indeterminado: formula-se pedido de postular em causa própria). Nesses casos, deverá:
condenação em danos materiais sem especificar o
valor pretendido; Art. 106 [...]
z Incongruência entre causa de pedir e pedido: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o ende-
alega-se inexistência de relação jurídica por ausên- reço, seu número de inscrição na Ordem dos Advoga-
cia de qualquer contratação, mas se pede revisão dos do Brasil e o nome da sociedade de advogados da
de multa ou juros; qual participa, para o recebimento de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
z Pedidos incompatíveis: pedir a rescisão de um
contrato de locação e, ao mesmo tempo, a revisão
O art. 321 trata da determinação de emenda da
dos aluguéis vencidos;
petição inicial. Vejamos:
z A parte for manifestamente ilegítima: trata-se
de ausência de pressuposto processual subjetivo
Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
ou, para alguns, causa de carência de ação, já que
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
a legitimidade é tratada por determinada parte da
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
doutrina jurídica como condição da ação. O pro- dificultar o julgamento de mérito, determinará que
cesso baseia-se em uma relação jurídica própria o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
cujos pressupostos são distintos daqueles que a complete, indicando com precisão o que deve ser
regem a relação jurídica material. Por isso, se fala corrigido ou completado.
da existência dos pressupostos de constituição e Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
desenvolvimento válido do processo; cia, o juiz indeferirá a petição inicial.

Conforme Fredie Didier Jr. (2016), os pressupostos Da Improcedência Liminar do Pedido


processuais podem ser classificados em:
Vejamos, agora, o art. 331:
z Subjetivos
Art. 331 Indeferida a petição inicial, o autor poderá
„ Juiz: órgão investido de jurisdição; apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias,
„ Parte: capacidade de ser parte. retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar
z Objetivos o réu para responder ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o
„ Existência de demanda. prazo para a contestação começará a correr da
intimação do retorno dos autos, observado o dis-
Quanto aos requisitos de validade: posto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado
do trânsito em julgado da sentença.
z Subjetivos

„ Competência e imparcialidade do Juízo;


„ Partes: capacidade processual, capacidade pos-
Importante!
tulatória, legitimidade. Em caso de indeferimento da petição inicial, o
recurso de apelação contra a sentença extinti-
z Objetivos va possui efeito regressivo. Isso quer dizer que
poderá o juiz que indeferiu a inicial se retratar,
„ Intrínsecos: respeito ao formalismo processual; reconsiderando seu entendimento e acatando o
„ Extrínsecos: negativos e positivos; processamento da inicial (Art. 331 do CPC).
„ Negativos: inexistência de perempção, litispen-
dência, coisa julgada ou convenção de arbitragem;
„ Positivos: interesse de agir. Essa análise da petição inicial diz respeito à aprecia-
ção de seus elementos formais, isto é, seus requisitos apa-
z O autor carecer de interesse processual: do rentes, consistentes nos requisitos estabelecidos pela lei
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mesmo modo, trata-se de ausência de pressuposto para a formatação da postulação inicial. Contudo, se no
processual ou, para alguns, causa de carência de aspecto substancial (quanto ao próprio direito material,
ação, já que o interesse processual é tratado por aquilo que se pretende com a ação) a postulação for fla-
determinada parte da doutrina jurídica como con- grantemente improcedente, o juiz poderá rejeitar limi-
dição da ação; narmente o pedido. É o caso de aplicação do art. 332, que
cuida da improcedência liminar do pedido:
Condição da ação compreende alguns requisitos
necessários para que o autor possa exercer valida- Art. 332 Nas causas que dispensem a fase instrutória,
mente a ação. Esses requisitos seriam, pela dicção do o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
antigo CPC (1973), a possibilidade jurídica do pedido, liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
o interesse de agir e a legitimidade. O interesse e a I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
legitimidade, ainda hoje, são necessários à postula- ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
ção. Já se o pedido for juridicamente impossível (ex.: II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
cobrar dívida de jogo), deve ser a ação julgada impro- ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
cedente, com análise do mérito. mento de recursos repetitivos; 169
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III - entendimento firmado em incidente de reso- os direitos da personalidade, que são irrenunciáveis,
lução de demandas repetitivas ou de assunção de entretanto a cessão da imagem ou da voz, para fins
competência; determinados, é completamente possível.
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça O art. 334 do CPC estabelece a necessidade de
sobre direito local. designar audiência de conciliação/mediação:
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a Art. 334 Se a petição inicial preencher os requisitos
ocorrência de decadência ou de prescrição. essenciais e não for o caso de improcedência limi-
Art. 333 (VETADO) nar do pedido, o juiz designará audiência de con-
ciliação ou de mediação com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com
Nesses casos, o autor poderá recorrer, sendo que a
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
apelação interposta possuirá efeito regressivo, sendo
possível ao juiz retratar-se no prazo de 5 (cinco) dias. Se
A audiência está incluída na fase postulatória.
houver retratação, o juiz determinará o prosseguimen- Caso não realizado o acordo, caminha-se para a con-
to do processo, com a citação do réu, e, se não houver testação do réu, ainda na fase postulatória. Poderá
retratação, determinará a citação do réu para apresen- haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à
tar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. mediação, não podendo exceder a dois meses da data
de realização da primeira sessão, desde que necessá-
Da Audiência de Conciliação ou de Mediação rias à composição das partes.
Há casos em que não se realizará essa audiência:
Conciliação e Mediação são meios autocompositi-
vos de solução de conflitos, baseados no consenso das z Se ambas as partes manifestarem, expressamente,
partes. Tratam-se de meios incentivados pelo atual desinteresse na composição consensual;
CPC (Art. 3º), os quais ocorrem somente nos casos em z Quando não se admitir a autocomposição.
que o direito ou interesse discutido for disponível,
como a propriedade, posse, direito de crédito, obriga-
ções etc. Já em matéria de direito indisponível é dis- Importante!
pensável a audiência, como nos casos envolvendo a
capacidade das pessoas naturais. Para que a audiência não seja realizada por
Os conflitos de interesses/direitos também podem desinteresse das partes, é necessário que
ser classificados segundo o grau de disponibilidade. ambas se manifestem nesse sentido. O autor na
Quando disponíveis, referem-se aos de natureza não inicial e, o réu, nos autos. Se houver mais de um
penal, principalmente os de natureza estritamente sujeito como autor ou réu, o desinteresse deve
patrimonial. Nesses se admite qualquer tipo de tran- ser manifestado por todos.
sação e acordo, haja vista sua ampla disponibilidade.
Já os interesses/direitos indisponíveis referem-se,
como regra, aos casos em que não se admite a transação. O CPC (2015) entende que o não comparecimento
São direitos irrenunciáveis, portanto, indisponíveis, injustificado do autor ou do réu à audiência de con-
como os relacionados à personalidade do sujeito. Tam- ciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
bém se referem aos relacionados ao estado e à capaci- justiça, prevendo multa de até 2% da vantagem eco-
dade das pessoas, sendo, portanto, irrenunciáveis. nômica pretendida ou do valor da causa, revertida
Há, contudo, casos recentes que fogem à regra aci- em favor da União (se justiça federal) ou do Estado (se
ma exposta. Um deles diz respeito à Lei nº 13.140/2015, justiça estadual).
que trata da autocomposição com órgão da Adminis- Nessa audiência de conciliação/mediação, a parte
tração Pública. O Superior Tribunal de Justiça admitiu, poderá constituir representante, por meio de procura-
em 2006, a transação em matéria de direitos difusos ção específica, com poderes para negociar e transigir.
que seriam, a princípio, indisponíveis: Se realizado o acordo, a autocomposição obtida será
reduzida a termo (transcrito em ata) e homologada
PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR
por sentença.
DANO AMBIENTAL – AJUSTAMENTO DE CON-
DUTA – TRANSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
POSSIBILIDADE. 1. A regra geral é de não serem Atividades do Conciliador e do Mediador
passíveis de transação os direitos difusos. 2. Quan-
do se tratar de direitos difusos que importem obri- Esses auxiliares da justiça possuem funções impor-
gação de fazer ou não fazer deve-se dar tratamento tantes e bem definidas em lei, a saber:
distinto, possibilitando dar à controvérsia a melhor
solução na composição do dano, quando impossível
o retorno ao status quo ante. 3. A admissibilidade Art. 165 [...]
de transação de direitos difusos é exceção à regra. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmen-
4. Recurso especial improvido. te nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o lití-
(BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 299.400 gio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
– RJ. Segunda Turma. Recorrente: Ministério Público do Estado constrangimento ou intimidação para que as par-
do Rio de Janeiro. Recorridos: Município de Volta Redonda, Banco
tes conciliem.
Bamerindus do Brasil S/A., Companhia Siderúrgica Nacional. Relator:
Ministro Francisco Peçanha Martins. Relatora para acórdão: Ministra § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos
Eliana Calmon. Brasília, 01 de junho de 2006) casos em que houver vínculo anterior entre as par-
tes, auxiliará aos interessados a compreender as
O que precisa ser destacado é que, muitas vezes, questões e os interesses em conflito, de modo que
não ocorre a mera transação sobre a essência desses eles possam, pelo restabelecimento da comunica-
direitos indisponíveis, mas, sim, sobre as vantagens ção, identificar, por si próprios, soluções consen-
170 ou questões a eles conexas. Observemos, por exemplo, suais que gerem benefícios mútuos.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Contestação Concentração da Defesa e Ônus da Impugnação
Específica dos Fatos
z Conceito
Toda a defesa possível ao réu deve ser alegada na
A resposta do réu representa a garantia e o poder contestação, sob pena de preclusão. A preclusão pode
de se opor à ação e seus pedidos. É exercida para que ser definida como “a perda de uma situação jurídica
a tutela ao direito do autor seja negada e para que a ativa processual, seja a perda de poder processual das
esfera jurídica do demandado não seja indevidamente partes, seja a perda de um poder do juiz” (DIDIER JR.,
atingida. O processo acontece mediante contraditório, 2016, p. 425). Considerando que o processo se desen-
pelo que deve se oportunizar à parte requerida a apre- volve progressivamente, isto é, para frente, visando
sentação de resposta, efetiva resistência à pretensão do um fim, que é o provimento jurisdicional, a preclusão
autor, evitando que sua esfera jurídica seja atingida. A funciona como um meio de manter essa marcha.
principal defesa do réu é a contestação, regulamenta- Assim é que o CPC (2015) estabelece que incum-
da a partir do art. 335 do CPC. Vejamos: be ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de
defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
impugna o pedido do autor e especificando as provas
Art. 335 O réu poderá oferecer contestação, por
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
que pretende produzir, conforme o art. 336.
inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou Art. 336 Incumbe ao réu alegar, na contestação,
toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
da última sessão de conciliação, quando qualquer
e de direito com que impugna o pedido do autor e
parte não comparecer ou, comparecendo, não hou-
especificando as provas que pretende produzir.
ver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência de conciliação ou de mediação apresen- Se o réu não se atentar a essa regra, a consequên-
tado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. cia será a preclusão e a presunção de veracidade das
334, § 4º, inciso I; questões de fato não impugnadas. Se o autor discor-
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo re sobre um fato (culpa no acidente de trânsito por
como foi feita a citação, nos demais casos. exemplo) e o réu não o questiona, não apresenta dis-
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a cordância, presume-se verdadeira a alegação. Entre-
hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto tanto, ainda pode haver uma saída quanto a questões:
no inciso II será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de cancela- z Relativas a direito ou ao fato superveniente, isto é,
mento da audiência. surgidos após a contestação;
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, z Que o juiz puder conhecer de ofício, sempre asse-
inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor gurado o contraditório;
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, z Que, por expressa autorização legal, puderem
o prazo para resposta correrá da data de intimação ser formuladas em qualquer tempo e grau de
da decisão que homologar a desistência. jurisdição.

Existem, ainda, outras atitudes que o réu pode Justamente por isso é que o réu deve se atentar às
tomar na ação, como a reconvenção, o reconhecimen- alegações de fato formuladas pelo autor, pois o Código
to jurídico do pedido formulado pelo autor. Caso não estabelece grave prejuízo para as questões não impug-
adote quaisquer das atitudes e, principalmente, não nadas especificamente pelo demandado, a saber, a
apresente defesa, incorrerá na revelia. Esses institu- presunção de veracidade das alegações não impugna-
tos serão tratados adiante. das. Essa consequência não ocorre se:

Prazo z Não for admissível, a seu respeito, a confissão (por


exemplo, referentes a direito indisponível, como a
A principal defesa do réu é a contestação, a qual capacidade da pessoa, à personalidade);
deverá ser oferecida por petição no prazo de 15 (quin- z A petição inicial não estiver acompanhada de ins-
ze) dias, cujo termo inicial será: trumento que a lei considerar da substância do ato
(como um contrato que perfaz o fato constitutivo
z A data da audiência de conciliação ou de media- do direito do autor);
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ção, ou da última sessão de conciliação, quando z Estiverem em contradição com a defesa, conside-
qualquer parte não comparecer ou, comparecen- rada em seu conjunto (se, ainda que indiretamen-
do, não houver autocomposição; te, o réu se manifestar contrário à pretensão do
z A data do protocolo do pedido de cancelamento autor, trazendo fatos e alegações que tornam pos-
da audiência de conciliação ou de mediação, apre- sível concluir pela discordância de um fato especí-
sentado pelo réu quando ocorrer a hipótese do art. fico não impugnado).
334, § 4º, inciso I;
z A data prevista no art. 231, de acordo com o modo
como foi feita a citação nos demais casos. Importante!
O ônus da impugnação especificada dos fatos
O Ministério Público e a Advocacia Pública terão não se aplica ao defensor público, ao advogado
prazo em dobro, conforme o art. 180 e o art. 183 do CPC. dativo e ao curador especial, sendo-lhes possí-
vel oferecer contestação por negativa geral.
171
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Espécies de Defesa A arbitragem se desenvolve, portanto, em ambien-
te diverso do Poder Judiciário, existindo somente
As defesas possíveis ao réu podem ser proces- com a anuência das partes envolvidas no conflito,
suais ou de mérito. Processuais quando houver incluindo a própria escolha do árbitro ou órgão arbi-
questões preliminares a serem arguidas, as quais, em tral. Outra característica marcante se refere à decisão
regra, impedirão a análise de mérito. As defesas de arbitral, que se reveste de definitividade em relação
mérito dizem respeito ao próprio direito material às partes, podendo ser revista pelo Judiciário somente
controvertido. em caso de nulidade. Contudo, na arbitragem, não é
São defesas processuais as arroladas no art. 337 do permitida a utilização de técnicas expropriatórias de
CPC. Vejamos: bens do devedor, razão pela qual, caso não cumprida
voluntariamente a obrigação fixada na sentença arbi-
Art. 337 Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, tral, poderá o interessado executá-la judicialmente, se
alegar: valendo, nesse caso, de todos os meios adequados à
I - inexistência ou nulidade da citação; satisfação de seu crédito.
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa; z Impróprias ou Dilatórias: não extinguem a ação,
IV - inépcia da petição inicial; apenas retardam a tramitação do processo para
V - perempção; regularização do vício processual sanável, como
VI - litispendência; é o caso das alegações de incompetência (quan-
VII - coisa julgada; do se propõe a ação perante juízo incompetente),
VIII - conexão; da incorreção do valor da causa (quando o valor
IX - incapacidade da parte, defeito de representação atribuído à causa destoa do proveito econômico
ou falta de autorização; pretendido na ação), da nulidade de citação (vício
X - convenção de arbitragem; no ato citatório, por inobservância dos requisitos
XI - ausência de legitimidade ou de interesse legais) por exemplo.
processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei Interessa notar que, na segunda hipótese, admi-
exige como preliminar; te-se a correção do vício, mas, em alguns casos, se o
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade vício não for sanado, poderá a ação ser extinta.
de justiça. Já as defesas de mérito podem ser:

As defesas processuais podem ser de duas espécies: z Diretas: quando atacam a própria pretensão do
autor, o fundamento central de seu pedido, negan-
z Próprias ou Peremptórias: essas dão causa à do a existência dos fatos narrados na inicial. Ex.:
extinção da ação sem resolução do mérito, como, inexistência de ato ilícito; inexistência de nulidade
por exemplo, a inépcia da petição inicial (hipóteses contratual;
do Art. 330, § 1º, tratadas anteriormente), a exis- z Indiretas: quando o réu opõe fatos impeditivos,
tência de litispendência, a coisa julgada e a con- modificativos ou extintivos do direito do Autor.
venção de arbitragem. Exemplos:

O CPC (2015) conceitua os termos aqui citados nos „ Impeditivo: vício do consentimento (induzi-
parágrafos do art. 337: mento do contratante em erro, dando causa à
anulação do contrato);
Art. 337 [...] „ Modificativo: cessão de crédito (transferência do
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada crédito a terceiros, modificando a parte legítima
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. da ação), novação (repactuação de uma dívida);
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as „ Extintivo: pagamento, prescrição, remissão
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo (perdão da dívida), compensação (quando
pedido. ambas as partes são, reciprocamente, credoras
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que de devedoras de créditos da mesma natureza e
está em curso. valor, podendo ser compensados).
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
foi decidida por decisão transitada em julgado. Própria ou
peremptória
A arbitragem se trata de meio heterocompositivo Processual
Imprópria ou
não estatal, regulada pela Lei nº 9.307/1996, recente- dilatória
ESPÉCIES DE
mente alterada pela Lei nº 13.129/2015. Na arbitragem,
DEFESA
as partes manifestam interesse mútuo de participar e Direta
deverão acatar a decisão do juízo arbitral, a qual, para
De Mérito
ter efeitos jurídicos, não necessita de homologação
Indireta
judicial. Somente pode versar sobre conflitos relativos
a direitos patrimoniais disponíveis.
Conforme o art. 3º, da Lei nº 9.307/96: Art. 338 Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invo-
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a cado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a
solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante alteração da petição inicial para substituição do réu.
convenção de arbitragem, assim entendida a cláu- Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor
172 sula compromissória e o compromisso arbitral. reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
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procurador do réu excluído, que serão fixados entre § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intima-
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo do, na pessoa de seu advogado, para apresentar
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º . resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 339 Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa
ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
de arcar com as despesas processuais e de indeni- § 3º A reconvenção pode ser proposta contra o
zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de autor e terceiro.
indicação. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no litisconsórcio com terceiro.
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição § 5º Se o autor for substituto processual, o recon-
inicial para a substituição do réu, observando-se, vinte deverá afirmar ser titular de direito em face
ainda, o parágrafo único do art. 338 . do substituído, e a reconvenção deverá ser propos-
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar ta em face do autor, também na qualidade de subs-
por alterar a petição inicial para incluir, como litis- tituto processual.
consorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. § 6º O réu pode propor reconvenção independente-
Art. 340 Havendo alegação de incompetência rela- mente de oferecer contestação.
tiva ou absoluta, a contestação poderá ser proto-
colada no foro de domicílio do réu, fato que será Atualmente, a reconvenção é deduzida na própria
imediatamente comunicado ao juiz da causa, prefe- contestação e não em peça apartada. Da reconvenção,
rencialmente por meio eletrônico. será intimado o autor, na pessoa de seu advogado,
§ 1º A contestação será submetida a livre distri- para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
buição ou, se o réu houver sido citado por meio de A reconvenção é vista como defesa autônoma de
carta precatória, juntada aos autos dessa carta, modo que a desistência da ação ou a ocorrência de
seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
causa. não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado reconvenção. Ainda, o réu pode propor reconvenção
pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a con- independentemente de oferecer contestação.
testação ou a carta precatória será considerado
prevento. Da Revelia
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput
, será suspensa a realização da audiência de conci- z Conceito
liação ou de mediação, se tiver sido designada.
§ 4º Definida a competência, o juízo competente
Revelia é um ato-fato processual, a qual decorre da
designará nova data para a audiência de concilia-
não apresentação de defesa ou apresentação intem-
ção ou de mediação.
pestiva da contestação. Diz-se ato-fato porque seus
Art. 341 Incumbe também ao réu manifestar-se
efeitos decorrem da inação do sujeito no processo,
precisamente sobre as alegações de fato constan-
tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as
mas repercute na ordem jurídico-processual.
não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; Art. 344 Se o réu não contestar a ação, será consi-
II - a petição inicial não estiver acompanhada de ins- derado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alega-
trumento que a lei considerar da substância do ato; ções de fato formuladas pelo autor.
III - estiverem em contradição com a defesa, consi-
derada em seu conjunto. Se o autor propõe ação de indenização, alegando a
Parágrafo único. O ônus da impugnação especifica- ocorrência de ato ilícito, a ausência de defesa conduz
da dos fatos não se aplica ao defensor público, ao à presunção de veracidade desse fato. Explicaremos
advogado dativo e ao curador especial. os efeitos logo adiante.
Art. 342 Depois da contestação, só é lícito ao réu
deduzir novas alegações quando: Efeitos da Revelia
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; A revelia produz algumas consequências proces-
III - por expressa autorização legal, puderem ser suais consistentes em certos efeitos jurídicos danosos
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. ao réu, como a presunção de veracidade das alegações
de fato formuladas pelo autor (efeito material). Além
Da Reconvenção dessas, há, ainda, efeitos processuais, como a fluência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

dos prazos contra o revel que não tenha patrono nos


autos a partir da data de publicação do ato decisório
Outra defesa possível ao réu é a reconvenção, a
no órgão oficial, conforme art. 346, CPC. Vejamos:
qual constitui, também, um meio de formular preten-
são própria.
Art. 346 Os prazos contra o revel que não tenha
Imagine que o réu é demandado por inadimple- patrono nos autos fluirão da data de publicação do
mento de obrigação relacionada a um contrato, porém ato decisório no órgão oficial.
ele possui pretensão contra o autor relacionada a esse Parágrafo único. O revel poderá intervir no proces-
contrato, como perdas e danos, ou uma cobrança abu- so em qualquer fase, recebendo-o no estado em que
siva que lhe causou dano à honra. se encontrar.
Neste sentido, prevê o CPC:
Quer dizer que fica dispensada a intimação do réu
Art. 343 Na contestação, é lícito ao réu propor de cada ato processual para que se inicie a fluência
reconvenção para manifestar pretensão própria, do prazo, o que ocorrerá, automaticamente, depois da
conexa com a ação principal ou com o fundamento publicação do ato no diário oficial, ou seja, indepen-
da defesa. dentemente da intimação pessoal do réu. 173
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No entanto, há exceções em que os efeitos não inci- De todo modo, o revel poderá intervir no processo
dirão, as quais estão dispostas nos incisos do art. 345. em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.
Art. 345 A revelia não produz o efeito mencionado
no art. 344 se: DA RÉPLICA
I - havendo pluralidade de réus, algum deles con-
testar a ação;
Diante dos fatos e fundamentos trazidos pelo réu na
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de
contestação, o autor poderá ser intimado para manifestar-
instrumento que a lei considere indispensável à -se, oferecendo a réplica ou a impugnação à contestação.
prova do ato; O CPC (2015) admite essa providência nos seguin-
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor tes dispositivos:
forem inverossímeis ou estiverem em contradição
com prova constante dos autos. Art. 350 Se o réu alegar fato impeditivo, modificati-
vo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
O simples fato de o réu ser revel não significa que no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz
será sucumbente ou que o autor terá sua pretensão aco- a produção de prova.
lhida. Inicialmente, a presunção de veracidade ocorre Art. 351 Se o réu alegar qualquer das matérias enu-
somente sobre as questões de fato, não as de Direito. meradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do
Então, se o autor formula pretensão não respaldada autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
pelo ordenamento jurídico, ainda que seja o réu revel, a produção de prova.
não terá seu pedido acolhido. Já com relação às ques- Art. 352 Verificando a existência de irregularidades
tões de fato, importa observar as hipóteses do art. 345. ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua corre-
Além disso, a presunção é relativa, conforme firmado ção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
em entendimento do Superior Tribunal de Justiça: Art. 353 Cumpridas as providências preliminares
ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARA- julgamento conforme o estado do processo, obser-
ÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE vando o que dispõe o Capítulo X.
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPE-
CIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO Os dispositivos tratam do teor das defesas de méri-
NCPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCONSIDE- to e processuais. Pela leitura do art. 350, o réu pode
RAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. alegar o objetivo litigioso, trazendo fatos novos para
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO o debate. Já na hipótese do art. 351, a referência é
CONFIGURADA. TRIBUNAL ESTADUAL QUE NÃO sobre as defesas processuais, as quais podem impedir
RECONHECEU OS REQUISITOS PARA A DESCON-
ou retardar a análise do mérito. Nessa fase, poderá
SIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍ-
DICA. PRETENSÃO RECURSAL QUE É OBSTADA o juiz identificar eventuais nulidades e providenciar
PELA SÚMULA Nº 7 DO STJ. VIOLAÇÃO DO ART. sua correção desde logo. Na forma do art. 352, do CPC,
1.022 DO NCPC. ERRO MATERIAL E OMISSÃO. verificando a existência de irregularidades ou de vícios
NÃO CONFIGURADOS. PRESUNÇÃO RELATIVA DA sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo
VERACIDADE DOS FATOS NÃO CONTESTADOS. nunca superior a 30 (trinta) dias.
PRECEDENTES. MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO
NCPC. AFASTADA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Do Julgamento Conforme o Estado do Processo
PARCIALMENTE ACOLHIDOS.
[...] Ultrapassada a fase postulatória, chega-se ao
3. A revelia enseja a presunção relativa da veraci-
momento no qual o juiz deve observar se há causas
dade dos fatos narrados pelo autor da ação, poden-
do ser infirmada pelas provas dos autos, motivo que justificam o julgamento antecipado da ação, na
pelo qual não determina a imediata procedência do forma dos arts. 485 e 487, II e III, do CPC.
pedido. Precedentes. Conforme dispõe o art. 354, ocorrendo qualquer das
4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o
(STJ, EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp 1562715/SP, Rel. Ministro juiz proferirá sentença. Na hipótese desse artigo, pode
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/03/2021, DJe ocorrer que apenas uma parcela do pedido possa estar
04/03/2021) em condições de imediato julgamento e a outra par-
cela ainda demande dilação probatória (produção de
Para que ocorra revelia, o réu deve ser citado. outras provas necessárias). Nesse caso, poderá ocorrer
Então, somente é possível falar em todos esses efeitos o julgamento parcial (inclusive do mérito). Cabe frisar
se o réu for validamente citado. que os incisos II e III do art. 487 referem-se, respectiva-
mente, ao reconhecimento de decadência e prescrição,
Art. 347 Findo o prazo para a contestação, o juiz bem como às hipóteses de autocomposição.
tomará, conforme o caso, as providências prelimi- Somente esclarecendo, prescrição é a extinção da
nares constantes das seções deste Capítulo. pretensão à prestação devida em função da violação
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verifi-
de um direito ou interesse. Pela prescrição, esvai-se
cando a inocorrência do efeito da revelia previsto no
art. 344 , ordenará que o autor especifique as provas o direito de exigir um posicionamento da parte con-
que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. trária (como, por exemplo, o pagamento da dívida, o
Art. 349 Ao réu revel será lícita a produção de pro- cumprimento de obrigação de fazer, de entregar coisa
vas, contrapostas às alegações do autor, desde que etc.). Já a decadência é a perda efetiva de um direito
se faça representar nos autos a tempo de praticar que não foi requerido no prazo legal, esvaindo-se o
os atos processuais indispensáveis a essa produção. próprio direito, como o de requerer a anulação de um
contrato em virtude de vício, como o prazo estabele-
Esse dispositivo permite que o réu produza pro- cido no art. 178 do Código Civil (Art. 178 É de quatro
vas, desde que participe do processo tempestivamen- anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
174 te, isto é, antes ou durante a fase probatória. do negócio jurídico [...]).
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Dica A decisão de saneamento tornar-se-á estável, sujei-
ta à preclusão se, no prazo comum de cinco dias, as par-
Contra a decisão de julgar antecipadamente tes não pedirem esclarecimentos ou a impugnarem.
parcela do processo, caberá a interposição do
recurso de agravo de instrumento. z Prova Testemunhal: caso tenha sido determina-
da a produção de prova testemunhal, o juiz fixa-
Também o art. 356 trata o julgamento parcial do rá prazo comum não superior a 15 (quinze) dias
mérito, hipótese de efetivação dos princípios da cele- para que as partes apresentem rol de testemunhas,
ridade e da duração razoável do processo com a tutela as quais não poderão ultrapassar o número de 10
adequada do direito. (dez), sendo 3 (três) testemunhas, no máximo, para
a prova de cada fato;
Art. 356 O juiz decidirá parcialmente o mérito z Prova Pericial: caso tenha sido determinada a
quando um ou mais dos pedidos formulados ou produção de prova pericial, o juiz deve observar o
parcela deles: disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, des-
I - mostrar-se incontroverso; de logo, o calendário para a sua realização.
II - estiver em condições de imediato julgamento,
nos termos do art. 355. Encerrada a fase organizatória e de saneamen-
to, inicia-se a fase instrutória ou probatória, tratada
Não sendo o caso de julgamento parcial, poderá pelo CPC (2015) do art. 358 ao art. 488. O Código ini-
proferir sentença pela plena apreciação do litígio, cia, tratando da audiência de instrução e julgamento,
decidindo todas as questões de direito material per- passando, posteriormente, a regulamentar cada meio
tinentes, efetivamente solucionando a controvérsia, probatório especificamente.
ocasião na qual se fala em julgamento antecipado do
mérito. Das Providências Preliminares e do Saneamento
O julgamento é antecipado, pois contornará a fase
instrutória/probatória, ante sua dispensabilidade. O Não sendo caso de julgamento conforme o estado
art. 355 prevê essa hipótese: do processo ou havendo apenas julgamento parcial,
é necessário avançar para a fase de instrução quanto
Art. 355 O juiz julgará antecipadamente o pedi- aos demais pedidos e, diante disso, o juiz profere uma
do, proferindo sentença com resolução de mérito, decisão de saneamento e organização do processo
quando: (chamada de decisão saneadora).
I - não houver necessidade de produção de outras Há várias finalidades quanto ao conteúdo da deci-
provas; são saneadora, sendo a principal delas avançar para a
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. fase de instrução.
344 e não houver requerimento de prova, na forma Dispõe o art. 357, do CPC:
do art. 349 .
Art. 357 Não ocorrendo nenhuma das hipóteses
Se não for o caso das hipóteses anteriores, sendo deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea-
impossível ou inaplicável o julgamento antecipado do mento e de organização do processo:
feito, deverá, então, o juiz cumprir com a providência I - resolver as questões processuais pendentes, se
do art. 357 do CPC, que trata do saneamento e da orga- houver;
nização do processo. II - delimitar as questões de fato sobre as quais
Trata-se de medida essencial para a adequada ins- recairá a atividade probatória, especificando os
trução processual, efetivando-se o devido processo meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, obser-
legal. Ressalta-se a importância dessa etapa, porque,
vado o art. 373;
além de resolver questões processuais pendentes
IV - delimitar as questões de direito relevantes para
(como as expostas no art. 337), o juiz pode planejar a decisão do mérito;
como seguirá a instrução. Vejamos: V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento. […]
Art. 357 Não ocorrendo nenhuma das hipóteses § 4º Caso tenha sido determinada a produção de
deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea- prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum não
mento e de organização do processo: superior a 15 (quinze) dias para que as partes apre-
I - resolver as questões processuais pendentes, se
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

sentem rol de testemunhas.


houver; § 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar,
II - delimitar as questões de fato sobre as quais para a audiência prevista, o respectivo rol de
recairá a atividade probatória, especificando os testemunhas.
meios de prova admitidos; § 6º O número de testemunhas arroladas não pode
III - definir a distribuição do ônus da prova, obser- ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo,
vado o art. 373; para a prova de cada fato.
IV - delimitar as questões de direito relevantes para § 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas
a decisão do mérito; levando em conta a complexidade da causa e dos
V - designar, se necessário, audiência de instrução fatos individualmente considerados.
e julgamento. § 8º Caso tenha sido determinada a produção de
prova pericial, o juiz deve observar o disposto
O saneamento pode ser feito por ato do juiz ou no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo,
mediante designação de audiência para que o sanea- calendário para sua realização.
mento seja feito em cooperação com as partes, caso § 9º As pautas deverão ser preparadas com inter-
seja de grande complexidade. valo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências. 175
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando o caput do art. 357 diz “Não ocorrendo Trata-se de uma situação em que as partes pac-
nenhuma das hipóteses deste Capítulo”, significa dizer tuam uma convenção consensual, através do qual
que, quando não for o caso de extinção do processo delimitam quais fatos merecem produção probatória,
com ou sem resolução do mérito, o juiz deve proferir bem como determinam a questão de direito que deva
uma decisão que saneie e organize o processo. ser apreciada nesta fase. A homologação da conven-
Sanear significa limpar, organizar. E é isso que o ção vincula as partes e o juiz.
juiz vai fazer com o processo.
A decisão de saneamento é uma das mais impor- Manifestação do Princípio da Cooperação — § 3º,
tantes que existem no curso de um processo. Um pro-
Art. 357, do CPC
cesso bem organizado certamente se torna também
um processo mais célere.
Art. 357 […]
Nessa decisão, o juiz deverá resolver o que tiver
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em maté-
de pendência (inciso I), como, por exemplo, resolver
ria de fato ou de direito, deverá o juiz designar
sobre as alegações de preliminares.
audiência para que o saneamento seja feito em
Também irá delimitar as questões de fato sobre as
cooperação com as partes, oportunidade em que o
quais recairá a atividade probatória, especificando os
juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
meios de prova admitidos.
esclarecer suas alegações.
Nesta hipótese, o juiz dirá quais fatos necessitarão
da produção de prova.
Definirá, também, a distribuição do ônus da prova, É necessário que o saneamento e, sobretudo, a
observado o art. 373; este é o momento propício para organização para a produção probatória, ocorram
eventual redistribuição judicial do ônus da prova. por meio de uma colaboração/cooperação entre todos
Também delimitará as questões de direito rele- os sujeitos do diálogo processual.
vantes para a decisão do mérito, ou seja, além das O § 3º, art. 357, do CPC, prevê uma hipótese de
eventuais questões fáticas que estejam controverti- saneamento em conjunto do processo.
das, também verificará e delimitará as questões de A partir dessa situação, podem ocorrer duas situações:
direito que são relevantes para a solução do processo.
Por exemplo, a verificação da possibilidade de z Juiz designa audiência de saneamento em coo-
admissão da teoria “exceptio non adimpleti contrac- peração, e as partes, nessa audiência, devem
tus” — exceção de contrato não cumprido. apresentar o rol de testemunhas, caso queiram
Pode também, se for o caso de se verificar que é produzir prova testemunhal;
necessária a produção de prova oral pela oitiva das z Juiz não designa audiência, mas profere decisão de
partes, testemunhas, peritos etc., designar, audiência saneamento (hipóteses do art. 357, do CPC) e admi-
de instrução e julgamento. te produção de prova testemunhal. As partes terão
prazo de 15 dias para juntar o rol de testemunhas.
Pedido de Esclarecimentos ou Ajustes — § 1º, Art.
357, do CPC
Haverá a possibilidade, ainda, de as partes requere-
rem a produção de prova pericial e, havendo deferi-
Art. 357 […]
mento, o processo seguirá o procedimento do art. 465.
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o
direito de pedir esclarecimentos ou solicitar Basicamente, o procedimento perpassa por três fases:
ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, fin-
do o qual a decisão se torna estável. z Nomeação de um perito pelo juiz;
z O perito apresenta o valor dos honorários;
Após a decisão de saneamento e organização do z As partes serão intimadas para se manifestarem
processo, as partes terão o prazo de 05 dias para pedir quanto aos honorários periciais.
esclarecimentos ou requerer ajustes.
Tal possibilidade decorre do princípio do contradi- Havendo concordância quanto ao valor, as partes
tório em seu aspecto substancial, bem como do mode- apresentam os quesitos, podendo o magistrado, nesta
lo cooperativo de processo. oportunidade, designar calendário para realização da
Caso transcorra esse prazo sem qualquer manifes- prova pericial.
tação, estará precluso para as partes se manifestarem
nesse sentido. No entanto, caso haja decisão sobre Da Audiência de Instrução e Julgamento
assuntos que possam ser questionados ou por agravo
de instrumento (art. 1.015, CPC) ou apelação (§ 1º, art. A audiência de instrução e julgamento tem por
1.009, CPC), não serão considerados preclusos. finalidade produzir prova oral, através do depoimen-
to pessoal das partes, das testemunhas arroladas, dos
Negócio Jurídico Processual — § 2º, Art. 357, do peritos e dos assistentes técnicos quanto aos quesitos de
CPC esclarecimento.
Na decisão de saneamento o juiz já saneou e organi-
Art. 357 […] zou o processo, bem como decidiu pela produção de pro-
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para va oral. Se ele já estabeleceu, no dia e horário designados,
homologação, delimitação consensual das questões declarará aberta a audiência de instrução e mandará
de fato e de direito a que se referem os incisos II e apregoar as partes. Veja o que consta nos artigos a seguir:
IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.
Art. 358 No dia e na hora designados, o juiz decla-
É possível que o saneamento e as delimitações rará aberta a audiência de instrução e julgamento e
das questões de fato/direito ocorram por meio de mandará apregoar as partes e os respectivos advo-
um negócio jurídico processual, conforme dicção do gados, bem como outras pessoas que dela devam
176 § 2º, do art. 357. participar.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 359 Instalada a audiência, o juiz tentará con- O atraso injustificado o qual menciona o inciso III não
ciliar as partes, independentemente do emprego diz respeito ao atraso do término da audiência anterior.
anterior de outros métodos de solução consensual Assegura o § 2º, do art. 362, que se o advogado de
de conflitos, como a mediação e a arbitragem. uma das partes injustificadamente não comparecer
à audiência de instrução e julgamento, o juiz poderá
Na audiência, o juiz exerce poder de polícia, con- dispensar a prova por ele requerida, por exemplo, a
forme previsto no art. 360: oitiva de determinada testemunha. Essa regra se apli-
ca ao defensor público e ao Ministério Público.
Art. 360 O juiz exerce o poder de polícia,
incumbindo-lhe: Art. 362 [...]
I - manter a ordem e o decoro na audiência; § 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os requeridas pela parte cujo advogado ou defensor
que se comportarem inconvenientemente; público não tenha comparecido à audiência, apli-
III - requisitar, quando necessário, força policial; cando-se a mesma regra ao Ministério Público.
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados,
os membros do processo; Além disso, “aquele que der causa ao adiamento da
V - registrar em ata, com exatidão, todos os reque- audiência, responderá pelas despesas acrescidas” (§ 3º,
rimentos apresentados em audiência. art. 362).
Vejamos os outros dispositivos deste tema:
Ao juiz é permitido tentar conciliar as partes em
qualquer fase processual, não fazendo com que sobre Art. 363 Havendo antecipação ou adiamento da
isso incida preclusão. audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
determinará a intimação dos advogados ou da socie-
Art. 361 As provas orais serão produzi- dade de advogados para ciência da nova designação.
das em audiência, ouvindo-se nesta ordem, Art. 364 Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao
preferencialmente: advogado do autor e do réu, bem como ao membro
I - o perito e os assistentes técnicos, que responde- do Ministério Público, se for o caso de sua inter-
rão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no venção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte)
prazo e na forma do art. 477, caso não respondidos minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez)
anteriormente por escrito; minutos, a critério do juiz.
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão § 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interve-
depoimentos pessoais; niente, o prazo, que formará com o da prorroga-
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, ção um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo
que serão inquiridas. grupo, se não convencionarem de modo diverso.
§ 2º Quando a causa apresentar questões com-
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os
plexas de fato ou de direito, o debate oral pode-
assistentes técnicos, as partes e as testemunhas,
rá ser substituído por razões finais escritas,
não poderão os advogados e o Ministério Público
que serão apresentadas pelo autor e pelo réu,
intervir ou apartear, sem licença do juiz.
bem como pelo Ministério Público, se for o caso
de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15
Primeiramente, o magistrado começará ouvindo os (quinze) dias, assegurada vista dos autos.
peritos e assistentes técnicos, caso tenha necessidade.
Após, procederá ao depoimento pessoal do autor e, Via de regra, a audiência de instrução e julgamen-
posteriormente, do réu. to é una e indivisível, não se admitindo sua cisão.

Art. 364 Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao


Importante! advogado do autor e do réu, bem como ao membro
do Ministério Público, se for o caso de sua inter-
Não confunda: nessa oportunidade, não haverá venção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte)
pena de confesso. Tal situação somente ocor- minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez)
rerá quando a parte requerer o depoimento pes- minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro intervenien-
soal do adversário. te, o prazo, que formará com o da prorrogação um
só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se
não convencionarem de modo diverso.
Na sequência, será colhido o depoimento das tes-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

temunhas arroladas pelo autor, e depois, as testemu- Os memoriais raramente são apresentados em
nhas arroladas pelo réu. audiência, sendo que o juiz remete ao § 2º do art 364, o
Em algumas situações, a audiência poderá ser qual admite a apresentação de memoriais (as alegações
adiada, vejamos: finais) por escrito, quando a causa apresentar questões
complexas de fato ou de direito, prazos sucessivos de
Art. 362 A audiência poderá ser adiada: 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.
I - por convenção das partes; No entanto, em algumas situações, necessitará de
II - se não puder comparecer, por motivo justifica- realização de audiência de continuação, quando hou-
do, qualquer pessoa que dela deva necessariamente ver ausência de perito ou de testemunha, desde que
participar; haja concordância das partes (art. 365, do CPC).
III - por atraso injustificado de seu início em tempo
superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado. Art. 365 A audiência é una e contínua, podendo ser
§ 1º O impedimento deverá ser comprovado até a excepcional e justificadamente cindida na ausência
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz proce- de perito ou de testemunha, desde que haja concor-
derá à instrução. dância das partes. 177
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Parágrafo único. Diante da impossibilidade de rea- Com a prova, busca-se apontar ao juiz a veracida-
lização da instrução, do debate e do julgamento de de um fato, o qual dará subsídio para o julgador
no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimen- formar seu convencimento. A prova destina-se ao pro-
to para a data mais próxima possível, em pauta cesso como um todo, às partes e, também, ao juiz, pois
preferencial. ele é o sujeito (imparcial) que deve ser convencido
Art. 366 Encerrado o debate ou oferecidas as razões pela veracidade das alegações. É o que se percebe no
finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no texto do art. 371 do CPC.
prazo de 30 (trinta) dias. A questão da verdade é importante quando se
Art. 367 O servidor lavrará, sob ditado do juiz, pensa em provas, pois, como vimos, a prova busca
termo que conterá, em resumo, o ocorrido na demonstrar a verdade de um fato alegado. Tradicio-
audiência, bem como, por extenso, os despachos, as nalmente, parte da literatura jurídica diferencia a
decisões e a sentença, se proferida no ato. verdade em real e formal. A verdade real pode ser
§ 1º Quando o termo não for registrado em entendida como aquela que demonstra os fatos tais
meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, como ocorreram na realidade, o que pode ser trazido
que serão encadernadas em volume próprio. por depoimentos de testemunhas, perícias, documen-
§ 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, tos, filmagens etc. Já a verdade formal é a denomina-
o membro do Ministério Público e o escrivão da verdade constante dos autos, de modo que não será
ou chefe de secretaria, dispensadas as par-
real aquilo que não estiver efetivamente comprovado,
tes, exceto quando houver ato de disposição
por isso a máxima “o que não está nos autos, não está
para cuja prática os advogados não tenham
no mundo”. Essa expressão diz respeito ao ônus da
poderes.
prova, que trataremos adiante. Assim, imagine que o
§ 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasla-
dará para os autos cópia autêntica do termo
réu alegue ter adimplido uma dívida, deixando de tra-
de audiência. zer aos autos o comprovante de pagamento. Por mais
§ 4º Tratando-se de autos eletrônicos, obser- que seja verdadeira a sua afirmação, somente será
var-se-á o disposto neste Código, em legis- assim considerada se provada.
lação específica e nas normas internas dos
tribunais. Conceito

A audiência poderá ser gravada por qualquer das Prova é o meio pelo qual as partes comprovarão
partes — mediante gravação áudio visual —, indepen- suas alegações. As provas relacionam-se às questões
dentemente do consentimento do juiz. de fato, pois são essas que devem ser comprovadas
Todavia, tal situação gerou algumas críticas, de pelas partes. Diz-se que a prova busca trazer a verda-
modo que alguns juristas passaram a entender que de sobre o fato controvertido.
como o processo é público, a parte possui o direito de
gravar.
Por outro lado, há quem defenda que a gravação Importante!
expõe tanto o magistrado como os auxiliares da justi- Excepcionalmente, exige-se a prova do Direito,
ça, e como possui termo/ata da audiência para regis- conforme estabelece o art. 376 do CPC: Art. 376
tro de eventos ocorridos em audiência, não haveria A parte que alegar direito municipal, estadual,
necessidade da gravação. estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o
Dessa forma, dispõe os §§ 5º e 6º, art. 367, do CPC. teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

Art. 367 […]


§ 5° A audiência poderá ser integralmente gravada Atipicidade dos Meios de Prova
em imagem e em áudio, em meio digital ou analó-
gico, desde que assegure o rápido acesso das par- Apesar de a lei apresentar diversos meios de pro-
tes e dos órgãos julgadores, observada a legislação va, impera a atipicidade desses meios, de modo que as
específica. partes têm o direito de empregar todos os meios legais,
§ 6º A gravação a que se refere o § 5° também pode bem como os moralmente legítimos, ainda que não
ser realizada diretamente por qualquer das partes, especificados no Código de Processo Civil, para provar
independentemente de autorização judicial. a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defe-
Art. 368 A audiência será pública, ressalvadas sa e influir eficazmente na convicção do juiz (Art. 369).
as exceções legais.
Art. 369 As partes têm o direito de empregar todos
Das Provas os meios legais, bem como os moralmente legíti-
mos, ainda que não especificados neste Código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o
O processo lida com questões de direito e questões pedido ou a defesa e influir eficazmente na convic-
de fato, as quais demandam comprovação. Fato ale- ção do juiz.
gado e não provado é o mesmo que fato não alegado,
como diz uma conhecida máxima do Direito. Sobre Etapas do Procedimento Probatório
isso, ensina Daniel Mitidiero (p. 197):
Podemos afirmar que há um procedimento proba-
As partes têm o direito de provar todas as alegações tório, o qual inicia com o seu requerimento pela parte,
pertinentes, controversas e relevantes. Pertinentes, passando pela produção e, por último, pela valoração
aquelas que dizem respeito ao mérito da causa. do juiz.
Controversas, aquelas sobre as quais existem mais Inicialmente, a regra é que a parte requeira a pro-
de uma versão nos autos. Relevantes cuja natureza dução da prova que julgar conveniente à prova dos
178 permite demonstração pela prova postulada. fatos controvertidos. Por exemplo, em uma alegação
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de danos em imóvel por obra de prédio vizinho, deve- Do descumprimento de um ônus, não há uma
-se requerer a produção de prova pericial nesse sen- pena ou sanção, mas poderão haver prejuízos à par-
tido. Alegando a ocorrência de ato ilícito violador da te que não comprovar o fato que lhe beneficia.
honra (difamação), deve-se requerer a oitiva da teste- A matriz da distribuição do ônus está no art. 373
munha que presenciou o fato. do CPC:
Esse requerimento ocorre tanto na petição inicial
ou na contestação, quanto na especificação das pro- Art. 373 O ônus da prova incumbe:
vas pelas partes, ocorrida posteriormente. Entretanto, I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
é efetivamente na especificação de provas que a par-
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
te deve requerê-las, justificando sua pertinência. Não
modificativo ou extintivo do direito do autor.
basta o protesto genérico por provas nas postulações
anteriores, deve-se indicar em momento oportuno
(início da fase instrutória) aquelas que pretende pro- Trata-se da distribuição estática do ônus da prova
duzir. Lembre-se de que, na decisão de saneamento, o (distribuição legal do ônus da prova), sendo a regra
juiz fixa os pontos controvertidos, distribui o ônus da na lei processual. No entanto, admite-se a distribuição
prova e designa audiência. dinâmica nos casos previstos em lei ou diante de pecu-
Após, ocorre a admissão dessa prova pelo juiz, liaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à
aplicando-se o disposto no art. 370 do CPC: excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do
Art. 370 Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento fato contrário, podendo o juiz atribuir o ônus da prova
da parte, determinar as provas necessárias ao jul-
gamento do mérito. de modo diverso, desde que o faça por decisão funda-
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fun- mentada, caso em que deverá dar à parte a oportunida-
damentada, as diligências inúteis ou meramente de de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
protelatórias. Um típico exemplo é o de relação de consumo, em
que o consumidor, parte vulnerável (hipossuficiente) da
Veja que o juiz possui o poder para indeferir a pro- relação, muitas vezes, não tem meios de provar o defeito
dução da prova inútil ou que servirá, apenas, para de um produto ou serviço, razão pela qual o ônus será
retardar o processo. Evidentemente, caberá recurso invertido para que o fornecedor/prestador prove a cor-
dessa decisão, caso incorra em cerceamento de defesa.
reção de sua conduta ou segurança de seu produto.
O juiz pode, até mesmo de ofício, determinar a pro-
A eventual inversão do ônus da prova deve ser rea-
dução de uma prova que aproveite ao processo, para
que solucione adequadamente o mérito. Para que não lizada na fase instrutória, conforme posicionamento
incorra em práticas violadoras da imparcialidade e da do STJ (EREsp 422.778/SP).
igualdade, é preciso que o juiz não assuma o protago- A distribuição diversa do ônus da prova também
nismo exagerado (BONIZZI, Marcelo José Magalhães. pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
Fundamentos da prova civil. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2017, p. 41). z Recair sobre direito indisponível da parte;
O juiz poderá, também, admitir a utilização de z Tornar excessivamente difícil a uma parte o exer-
prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o cício do direito.
valor que considerar adequado, observado o contra-
ditório. Nesse caso, fala-se em prova emprestada, nos Há fatos que não dependem de prova (art. 374), como:
termos do que alude o art. 372, do CPC.
Após a admissão da prova, haverá a sua produção. z Os fatos notórios;
A produção varia conforme a espécie da prova. Se tes- z Os afirmados por uma parte e confessados pela
temunhal, designa-se audiência para produzi-la; se parte contrária;
pericial, nomeia-se o perito, que designará dia, hora z Os admitidos no processo como incontroversos;
e local para a execução dos trabalhos; se documental, z Fatos cujo favor milita presunção legal de existên-
autoriza-se sua juntada aos autos etc. cia ou de veracidade.
Por último, ocorre a valoração da prova pelo juiz.
Em nosso ordenamento, as provas não possuem valo-
Interessante notar, ainda, a questão da prova dia-
res predefinidos por lei. Cabe ao juiz, fundamentada-
mente, apreciar cada prova produzida e relacioná-la bólica, isto é, não é dado à parte fazer prova de fato
aos fatos. Assim diz o CPC (2015): negativo, como a inexistência de uma relação jurídica.
Imagine que o autor ajuíze ação, visando a declara-
Art. 371 O juiz apreciará a prova constante dos ção de inexistência de um fato (negócio jurídico por
autos, independentemente do sujeito que a tiver exemplo) que lhe gerou restrição de crédito. Como ele
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

promovido, e indicará na decisão as razões da for- provaria a inexistência de um contrato? Impossível.


mação de seu convencimento. Por isso, justifica-se a inversão do ônus da prova, atri-
buindo à parte adversa a incumbência de provar a
Requerimento Produção existência da relação jurídica.

Admissão Valoração Art. 375 O juiz aplicará as regras de experiência


comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de
Ônus da Prova
experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o
exame pericial.
A prova incumbe a quem? Quando indagamos isso, Art. 376 A parte que alegar direito municipal, esta-
devemos identificar quem deve provar o quê. Segun- dual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á
do Bonizzi, ônus é “um ‘imperativo do próprio inte- o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
resse’, ou seja, uma ‘carga processual’, intimamente Art. 377 A carta precatória, a carta rogatória e o
relacionadas com as ‘possibilidades’ que as partes auxílio direto suspenderão o julgamento da cau-
possuem no processo” (2017, p. 48). sa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea 179
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“b”, quando, tendo sido requeridos antes da deci- Art. 384 A existência e o modo de existir de algum
são de saneamento, a prova neles solicitada for fato podem ser atestados ou documentados, a
imprescindível. requerimento do interessado, mediante ata lavrada
Parágrafo único. A carta precatória e a carta roga- por tabelião.
tória não devolvidas no prazo ou concedidas sem Parágrafo único. Dados representados por imagem
efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão
qualquer momento. constar da ata notarial.
Art. 378 Ninguém se exime do dever de colaborar
com o Poder Judiciário para o descobrimento da Veja que ela pode ser utilizada para a prova de
verdade.
qualquer fato, desde que seja possível atestá-lo ou
Art. 379 Preservado o direito de não produzir pro-
documentá-lo. Atualmente, tem sido muito utilizada
va contra si própria, incumbe à parte:
para a degravação de áudio e vídeo, qualificando-se
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for
interrogado; como um meio idôneo para esse fim.
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção
judicial que for considerada necessária; z Do Depoimento Pessoal
III - praticar o ato que lhe for determinado.
Art. 380 Incumbe ao terceiro, em relação a qual- O depoimento pessoal é prestado pelas próprias
quer causa: partes. Somente ocorrerá o depoimento pessoal se a
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de parte contrária requerer. Assim, cabe ao autor reque-
que tenha conhecimento; rer o depoimento pessoal do réu e vice-versa. No
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu entanto, pode, também, o juiz ordenar o depoimento
poder. de ofício (art. 385).
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descum- Se a parte pessoalmente intimada a prestar depoi-
primento, determinar, além da imposição de multa,
mento pessoal e advertida da pena de confesso não
outras medidas indutivas, coercitivas, mandamen-
comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o
tais ou sub-rogatórias.
juiz aplicar-lhe-á a pena.
Apesar do direito de não produzir prova contra si
Da Produção Antecipada da Prova
mesmo, o juiz pode entender que houve recusa em
depor quando a parte, sem motivo justificado, deixar
A produção antecipada de provas poderá ser uti-
de responder ao que lhe for perguntado ou empregar
lizada como tutela de urgência, a fim de resguardar a
evasivas ao juiz. Entretanto, a parte não é obrigada a
instrução em futuro processo. Seu cabimento está no
depor sobre fatos:
art. 381 do CPC. Vejamos:

Art. 381 A produção antecipada da prova será


z Criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
admitida nos casos em que: z Dos quais, por segredo de estado ou profissão,
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se deva guardar sigilo;
impossível ou muito difícil a verificação de certos z Acerca dos quais não possa responder sem deson-
fatos na pendência da ação; ra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi- de parente em grau sucessível;
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de z Que coloquem em perigo a vida do depoente ou
solução de conflito; das pessoas referidas no item anterior.
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
car ou evitar o ajuizamento de ação. Ocorre que tais hipóteses não se aplicam às ações
de estado e de família, ocasião em que deverá a parte
Na petição, o requerente apresentará as razões depor.
que justificam a necessidade de antecipação da prova
e mencionará, com precisão, os fatos sobre os quais a Art. 386 Quando a parte, sem motivo justificado,
prova há de recair (art. 382). O juiz determinará, de deixar de responder ao que lhe for perguntado ou
ofício ou a requerimento da parte, a citação de inte- empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais
ressados na produção da prova ou no fato a ser pro- circunstâncias e os elementos de prova, declarará,
vado, salvo se inexistente caráter contencioso. Nesse na sentença, se houve recusa de depor.
procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, Art. 387 A parte responderá pessoalmente sobre os
salvo contra decisão que indeferir totalmente a pro- fatos articulados, não podendo servir-se de escritos
dução da prova pleiteada pelo requerente originário. anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
E, ainda, os autos permanecerão em cartório durante todavia, a consulta a notas breves, desde que objeti-
1 (um) mês para extração de cópias e certidões pelos vem completar esclarecimentos.
interessados (art. 383). Art. 388 A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
entregues ao promovente da medida. guardar sigilo;
III - acerca dos quais não possa responder sem
Meios de Prova desonra própria, de seu cônjuge, de seu companhei-
ro ou de parente em grau sucessível;
z Da Ata Notarial IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou
das pessoas referidas no inciso III.
A ata notarial foi introduzida no CPC (2015) como Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às
180 meio de prova autônomo, assim tipificada: ações de estado e de família.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Confissão Art. 397 O pedido formulado pela parte conterá:
I - a descrição, tão completa quanto possível, do
A confissão é um meio de prova, a qual poderá ser documento ou da coisa, ou das categorias de docu-
judicial (se obtida em juízo, como em uma audiência) mentos ou de coisas buscados; (Redação dada pela
ou extrajudicial (se obtida fora do processo, como em Lei nº 14.195, de 2021)
um documento no qual o devedor confesse a dívida), II - a finalidade da prova, com indicação dos fatos
que se relacionam com o documento ou com a coi-
de acordo com o art. 389, do CPC. Configura-se quan-
sa, ou com suas categorias; (Redação dada pela Lei
do a parte admite a verdade de fato contrário ao seu
nº 14.195, de 2021)
interesse e favorável ao do adversário. Como a confis- III - as circunstâncias em que se funda o requeren-
são induz à renúncia, ela não atinge fatos relativos a te para afirmar que o documento ou a coisa existe,
direitos indisponíveis, bem como será ineficaz se feita ainda que a referência seja a categoria de documen-
por quem não for capaz de dispor do direito a que se tos ou de coisas, e se acha em poder da parte con-
referem os fatos confessados. trária. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
A confissão ainda pode ser espontânea ou provo- Art. 398 O requerido dará sua resposta nos 5 (cin-
cada, vejamos: co) dias subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não
Art. 390 A confissão judicial pode ser espontânea possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que
ou provocada. o requerente prove, por qualquer meio, que a decla-
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela pró- ração não corresponde à verdade.
pria parte ou por representante com poder especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de Logo, se a determinação para a exibição for genéri-
depoimento pessoal. ca, não haverá obrigação para a parte em apresentá-lo.
Art. 391 A confissão judicial faz prova contra o con- Do mesmo modo, poderá haver recusa se o requerido
fitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. afirmar que não possui o documento ou a coisa, então
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer
bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis meio, que a declaração não corresponde à verdade. A
alheios, a confissão de um cônjuge ou companhei- recusa não produzirá efeitos, contudo, se:
ro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de
casamento for o de separação absoluta de bens. Art. 399 O juiz não admitirá a recusa se:
Art. 392 Não vale como confissão a admissão, em I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis. II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coi-
sa, no processo, com o intuito de constituir prova;
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às
for capaz de dispor do direito a que se referem os partes.
fatos confessados.
§ 2º A confissão feita por um representante somen- Se não houver exibição ou a recusa for ilegítima, o juiz
te é eficaz nos limites em que este pode vincular o admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do docu-
representado. mento ou da coisa, a parte pretendia provar (art. 400).
Art. 393 A confissão é irrevogável, mas pode ser Tratando da prova documental em si, o CPC (2015)
anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. discorre, inicialmente, sobre a força probante dos
Parágrafo único. A legitimidade para a ação pre- documentos. Importante observar que documento
vista no caput é exclusiva do confitente e pode ser não é somente um documento escrito, mas poderá ser:
transferida a seus herdeiros se ele falecer após a
propositura. z Uma fotografia;
Art. 394 A confissão extrajudicial, quando feita z Um e-mail ou;
oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei z Um print de documentos eletrônicos;
não exija prova literal.
Art. 395 A confissão é, em regra, indivisível, não
Quando o documento ou a coisa estiver em poder
podendo a parte que a quiser invocar como prova
de terceiro:
aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no
que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando
Art. 401 Quando o documento ou a coisa estiver em
o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de
poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
constituir fundamento de defesa de direito material
responder no prazo de 15 (quinze) dias.
ou de reconvenção.
Art. 402 Se o terceiro negar a obrigação de exibir
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ou a posse do documento ou da coisa, o juiz desig-


Prova Documental nará audiência especial, tomando-lhe o depoimen-
to, bem como o das partes e, se necessário, o de
Antes de falarmos da prova documental em si, impor- testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
ta observar o que diz o CPC (2015) sobre a exibição de Art. 403 Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a
documento ou coisa. Os documentos, como regra, devem efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda
ser apresentados pela própria parte na sua postulação. ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar
Entretanto, pode ocorrer da parte não os possuir, o que designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao
justificará a determinação para que a outra o exiba. requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem,
O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou
o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitan-
coisa que se encontre em seu poder (art. 396). Trata-se do, se necessário, força policial, sem prejuízo da
da determinação judicial para que a parte apresente o responsabilidade por crime de desobediência, paga-
objeto da prova que será útil ao processo, como um con- mento de multa e outras medidas indutivas, coerci-
trato por exemplo. Mas, para que a determinação seja tivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
viável, deve conter o que dispõe o art. 397. Vejamos: para assegurar a efetivação da decisão. 181
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 404 A parte e o terceiro se escusam de exibir, I - aquele que o fez e o assinou;
em juízo, o documento ou a coisa se: II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando
I - concernente a negócios da própria vida da assinado;
família; III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou
II - sua apresentação puder violar dever de honra; porque, conforme a experiência comum, não se cos-
III - sua publicidade redundar em desonra à parte tuma assinar, como livros empresariais e assentos
domésticos.
ou ao terceiro, bem como a seus parentes consan-
Art. 411 Considera-se autêntico o documento
guíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes repre- quando:
sentar perigo de ação penal; I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a II - a autoria estiver identificada por qualquer outro
cujo respeito, por estado ou profissão, devam guar- meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos
dar segredo; termos da lei;
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo III - não houver impugnação da parte contra quem
o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da foi produzido o documento.
exibição; Art. 412 O documento particular de cuja autenti-
VI - houver disposição legal que justifique a recusa cidade não se duvida prova que o seu autor fez a
da exibição. declaração que lhe é atribuída.
Parágrafo único. O documento particular admitido
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os
expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à
incisos I a VI do caput disserem respeito a apenas
parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que
uma parcela do documento, a parte ou o terceiro lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao
exibirá a outra em cartório, para dela ser extraí- seu interesse, salvo se provar que estes não ocorreram.
da cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto Art. 413 O telegrama, o radiograma ou qualquer outro
circunstanciado. meio de transmissão tem a mesma força probatória do
documento particular se o original constante da esta-
Os documentos podem ser públicos (elaborados ção expedidora tiver sido assinado pelo remetente.
por agente público no exercício da função) ou parti- Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser
culares (produzidos por particulares). Sobre ambos, é reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa circuns-
importante o que dispõem os seguintes dispositivos: tância no original depositado na estação expedidora.
Art. 414 O telegrama ou o radiograma presume-se
conforme com o original, provando as datas de sua
Art. 405 O documento público faz prova não só da expedição e de seu recebimento pelo destinatário.
sua formação, mas também dos fatos que o escri-
Art. 415 As cartas e os registros domésticos pro-
vão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor
vam contra quem os escreveu quando:
declarar que ocorreram em sua presença.
I - enunciam o recebimento de um crédito;
Art. 424 A cópia de documento particular tem o mes-
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de
mo valor probante que o original, cabendo ao escri-
título em favor de quem é apontado como credor;
vão, intimadas as partes, proceder à conferência e III - expressam conhecimento de fatos para os quais
certificar a conformidade entre a cópia e o original. não se exija determinada prova.

Há, ainda, os documentos solenes, os quais exigem


A nota escrita pelo credor em qualquer parte de
forma especial, como a escritura pública e os não sole-
documento representativo de obrigação, ainda que não
nes (sem forma especial).
assinada, faz prova em benefício do devedor (art. 416).
Art. 406 Quando a lei exigir instrumento público
como da substância do ato, nenhuma outra prova, Art. 416 [...]
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o
Art. 407 O documento feito por oficial público documento que o credor conservar em seu poder
incompetente ou sem a observância das formalida- quanto para aquele que se achar em poder do deve-
des legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mes- dor ou de terceiro.
ma eficácia probatória do documento particular. Art. 417 Os livros empresariais provam contra seu
Art. 408 As declarações constantes do documento autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demons-
particular escrito e assinado ou somente assinado trar, por todos os meios permitidos em direito, que os
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver decla- Art. 418 Os livros empresariais que preencham os
ração de ciência de determinado fato, o documento requisitos exigidos por lei provam a favor de seu
particular prova a ciência, mas não o fato em si, autor no litígio entre empresários.
incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em Art. 419 A escrituração contábil é indivisível, e, se
sua veracidade. dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são
Art. 409 A data do documento particular, quando a favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe
seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os são contrários, ambos serão considerados em con-
litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. junto, como unidade.
Parágrafo único. Em relação a terceiros, conside-
rar-se-á datado o documento particular: Nos termos do que alude o art. 420, do CPC, o juiz
I - no dia em que foi registrado; pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição
II - desde a morte de algum dos signatários; integral dos livros empresariais e dos documentos do
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio arquivo:
a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou
I - na liquidação de sociedade;
em juízo;
II - na sucessão por morte de sócio;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo,
III - quando e como determinar a lei.
a anterioridade da formação do documento.
Art. 421 O juiz pode, de ofício, ordenar à parte
a exibição parcial dos livros e dos documentos,
Considera-se autor do documento particular, nos extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio,
182 termos do art. 410: bem como reproduções autenticadas.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 422 Qualquer reprodução mecânica, como a Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que
fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou recebeu documento assinado com texto não escrito
de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si
fatos ou das coisas representadas, se a sua confor- ou por meio de outrem, violando o pacto feito com
midade com o documento original não for impug- o signatário.
nada por aquele contra quem foi produzida. Art. 429 Incumbe o ônus da prova quando:
§ 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede I - se tratar de falsidade de documento ou de preen-
mundial de computadores fazem prova das ima- chimento abusivo, à parte que a arguir;
gens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser II - se tratar de impugnação da autenticidade, à
apresentada a respectiva autenticação eletrônica parte que produziu o documento.
ou, não sendo possível, realizada perícia.
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal
ou revista, será exigido um exemplar original do Da Arguição de Falsidade
periódico, caso impugnada a veracidade pela outra
parte. Art. 430 A falsidade deve ser suscitada na contes-
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma tação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias,
impressa de mensagem eletrônica. contado a partir da intimação da juntada do docu-
Art. 423 As reproduções dos documentos particu- mento aos autos.
lares, fotográficas ou obtidas por outros processos Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será
de repetição, valem como certidões sempre que o resolvida como questão incidental, salvo se a parte
escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua con- requerer que o juiz a decida como questão princi-
formidade com o original. pal, nos termos do inciso II do art. 19.
Art. 424 A cópia de documento particular tem o mes- Art. 431 A parte arguirá a falsidade expondo os
mo valor probante que o original, cabendo ao escri- motivos em que funda a sua pretensão e os meios
vão, intimadas as partes, proceder à conferência e com que provará o alegado.
certificar a conformidade entre a cópia e o original. Art. 432 Depois de ouvida a outra parte no prazo
de 15 (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
Fazem a mesma prova que os originais (art. 425): Parágrafo único. Não se procederá ao exame peri-
cial se a parte que produziu o documento concor-
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do dar em retirá-lo.
protocolo das audiências ou de outro livro a cargo do Art. 433 A declaração sobre a falsidade do docu-
escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele mento, quando suscitada como questão principal,
ou sob sua vigilância e por ele subscritas; constará da parte dispositiva da sentença e sobre
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.
público de instrumentos ou documentos lançados
em suas notas;
Pode ser arguida a falsidade de documento, a qual
III - as reproduções dos documentos públicos, desde
que autenticadas por oficial público ou conferidas será resolvida como questão incidental, isto é, deve-
em cartório com os respectivos originais; -se primeiro certificar a falsidade ou a veracidade do
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio documento para que seja possível, então, analisar as
processo judicial declaradas autênticas pelo advo- demais questões.
gado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes A prova documental deverá ser juntada no ato da
for impugnada a autenticidade; petição inicial ou da contestação, sob pena de preclu-
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos
e privados, desde que atestado pelo seu emitente, são. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos
sob as penas da lei, que as informações conferem autos documentos novos, quando destinados a fazer
com o que consta na origem; prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer docu- para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
mento público ou particular, quando juntadas aos Admite-se, também, a juntada posterior de documen-
autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo tos formados após a petição inicial ou a contestação,
Ministério Público e seus auxiliares, pela Defenso- bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis
ria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias,
pelas repartições públicas em geral e por advoga- ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os
dos, ressalvada a alegação motivada e fundamen- produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-
tada de adulteração. -los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados caso, avaliar a conduta da parte.
mencionados no inciso VI deverão ser preservados
pelo seu detentor até o final do prazo para proposi- Da Produção da Prova Documental
tura de ação rescisória.
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo
extrajudicial ou de documento relevante à instru- Segundo Moacyr Amaral dos Santos, prova docu-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ção do processo, o juiz poderá determinar seu depó- mental é tudo que representa um fato idôneo que
sito em cartório ou secretaria. possa ser reproduzido em juízo cujo objetivo é a fixa-
Art. 426 O juiz apreciará fundamentadamente a fé ção ou retratação material de um acontecimento. No
que deva merecer o documento, quando em pon- processo civil é a prova mais forte, porém, pode ser
to substancial e sem ressalva contiver entrelinha,
afastada pela prova testemunhal e pericial produzi-
emenda, borrão ou cancelamento.
Art. 427 Cessa a fé do documento público ou parti- das nos autos. Vejamos os dispositivos do Código Civil
cular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. referentes à prova documental:
Parágrafo único. A falsidade consiste em: De acordo com o art. 434 e seu parágrafo único,
I - formar documento não verdadeiro; , incumbe à parte instruir a petição inicial ou a con-
II - alterar documento verdadeiro. testação com os documentos destinados a provar suas
Art. 428 Cessa a fé do documento particular alegações. Quando o documento consistir em repro-
quando:
dução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não
se comprovar sua veracidade; trazê-lo nos termos do caput , mas sua exposição será
II - assinado em branco, for impugnado seu conteú- realizada em audiência, intimando-se previamente as
do, por preenchimento abusivo. partes. 183
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Art. 435 É lícito às partes, em qualquer tempo, Da Prova Testemunhal
juntar aos autos documentos novos, quando desti-
nados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos A prova testemunhal é sempre admissível, não dis-
articulados ou para contrapô-los aos que foram pondo a lei de modo diverso (art. 442).
produzidos nos autos. A prova testemunhal será obtida pela inquirição
Parágrafo único. Admite-se também a juntada do juiz às testemunhas, ou seja, pessoas diversas das
posterior de documentos formados após a petição partes no processo.
inicial ou a contestação, bem como dos que se tor- Dispensa-se a prova testemunhal sobre fatos já
naram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após provados por documento ou confissão da parte, bem
esses atos, cabendo à parte que os produzir com- como os que somente por documento ou por exame
provar o motivo que a impediu de juntá-los ante- pericial puderem ser provados (art. 443).
riormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º .
Art. 443 O juiz indeferirá a inquirição de testemu-
nhas sobre fatos:
A parte, intimada a falar sobre documento cons- I - já provados por documento ou confissão da parte;
tante dos autos, poderá (art. 436): II - que só por documento ou por exame pericial
puderem ser provados.
I - impugnar a admissibilidade da prova Art. 444 Nos casos em que a lei exigir prova escrita da
documental; obrigação, é admissível a prova testemunhal quando
II - impugnar sua autenticidade; houver começo de prova por escrito, emanado da par-
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração te contra a qual se pretende produzir a prova.
do incidente de arguição de falsidade; Art. 445 Também se admite a prova testemunhal
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo. quando o credor não pode ou não podia, moral ou
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, materialmente, obter a prova escrita da obrigação,
a impugnação deverá basear-se em argumentação em casos como o de parentesco, de depósito necessá-
específica, não se admitindo alegação genérica de rio ou de hospedagem em hotel ou em razão das prá-
falsidade. ticas comerciais do local onde contraída a obrigação.
Art. 437 O réu manifestar-se-á na contestação Art. 446 É lícito à parte provar com testemunhas:
sobre os documentos anexados à inicial, e o autor I - nos contratos simulados, a divergência entre a
manifestar-se-á na réplica sobre os documentos vontade real e a vontade declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
anexados à contestação.
Art. 447 Podem depor como testemunhas todas as
§ 1º Sempre que uma das partes requerer a jun-
pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
tada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
respeito, a outra parte, que disporá do prazo de 15
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamen-
(quinze) dias para adotar qualquer das posturas
to mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não
indicadas no art. 436 . podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor,
§ 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar não está habilitado a transmitir as percepções;
o prazo para manifestação sobre a prova documen- III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
tal produzida, levando em consideração a quanti- IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato de-
dade e a complexidade da documentação. pender dos sentidos que lhes faltam.
Art. 438 O juiz requisitará às repartições públi- § 2º impedidos são:
cas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição: I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descen-
I - as certidões necessárias à prova das alegações dente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro
das partes; grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou
II - os procedimentos administrativos nas causas afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tra-
em que forem interessados a União, os Estados, tando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se
o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da puder obter de outro modo a prova que o juiz repute
administração indireta. necessária ao julgamento do mérito;
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no II - o que é parte na causa;
prazo máximo e improrrogável de 1 (um) mês, cer- III - o que intervém em nome de uma parte, como
tidões ou reproduções fotográficas das peças que o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o
indicar e das que forem indicadas pelas partes, e, em juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham
seguida, devolverá os autos à repartição de origem. assistido as partes.
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos
os documentos em meio eletrônico, conforme dis- E os suspeitos:
posto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se
trata de extrato fiel do que consta em seu banco de Art. 447 [...]
dados ou no documento digitalizado. I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
Dos Documentos Eletrônicos
A testemunha pode se escusar de depor? Sobre
Art. 439 A utilização de documentos eletrônicos no isso, prevê o art. 448 que:
processo convencional dependerá de sua conversão
à forma impressa e da verificação de sua autentici- Art. 448 A testemunha não é obrigada a depor
dade, na forma da lei. sobre fatos:
Art. 440 O juiz apreciará o valor probante do docu- I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
mento eletrônico não convertido, assegurado às cônjuge ou companheiro e aos seus parentes con-
partes o acesso ao seu teor. sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
Art. 441 Serão admitidos documentos eletrônicos o terceiro grau;
produzidos e conservados com a observância da II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
184 legislação específica. guardar sigilo.
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Onde devem ser ouvidas? Salvo disposição espe- VII - os governadores dos Estados e do Distrito
cial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas Federal;
na sede do juízo (art. 449). VIII - o prefeito;
Em qual ato processual serão ouvidas as testemu- IX - os deputados estaduais e distritais;
nhas? As testemunhas depõem, na audiência de ins- X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça,
trução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais
as que prestam depoimento antecipadamente e as que
Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
são inquiridas por carta.
dos Estados e do Distrito Federal;
Quanto a produção de prova testemunhal, nos ter- XI - o procurador-geral de justiça;
mos do art. 450, o rol de testemunhas conterá, sempre XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado,
que possível, o nome, a profissão, o estado civil, a ida- concede idêntica prerrogativa a agente diplomático
de, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físi- do Brasil.
cas, o número de registro de identidade e o endereço § 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia,
completo da residência e do local de trabalho. hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe
Vejamos algumas complementações do CPC: cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
parte que a arrolou como testemunha.
Art. 451 Depois de apresentado o rol de que tratam § 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da auto-
os §§ 4º e 5º do art. 357 , a parte só pode substituir ridade, o juiz designará dia, hora e local para o
a testemunha: depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
I - que falecer; § 3º O juiz também designará dia, hora e local para
II - que, por enfermidade, não estiver em condições o depoimento, quando a autoridade não compare-
de depor; cer, injustificadamente, à sessão agendada para a
III - que, tendo mudado de residência ou de local de colheita de seu testemunho no dia, hora e local por
trabalho, não for encontrada. ela mesma indicados.

O juiz da causa não poderá ser testemunha em Uma inovação trazida pelo CPC (2015) foi a de que
processo, segundo as hipóteses elencadas no art. 452, o advogado da parte deve intimar a testemunha da
do CPC. audiência. Vejamos o que dispõe o art. 455:

Art. 452 Quando for arrolado como testemunha, o Art. 455 Cabe ao advogado da parte informar ou
juiz da causa: intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de hora e do local da audiência designada, dispensan-
fatos que possam influir na decisão, caso em que do-se a intimação do juízo.
será vedado à parte que o incluiu no rol desistir de § 1º A intimação deverá ser realizada por carta
seu depoimento; com aviso de recebimento, cumprindo ao advo-
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. gado juntar aos autos, com antecedência de pelo
Art. 453 As testemunhas depõem, na audiência de menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da
instrução e julgamento, perante o juiz da causa, correspondência de intimação e do comprovante de
exceto: recebimento.
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
II - as que são inquiridas por carta. O juiz inquirirá as testemunhas separada e suces-
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, sivamente, primeiro as do autor e, depois, as do réu e
seção ou subseção judiciária diversa daquela onde providenciará para que umas não ouçam o depoimen-
tramita o processo poderá ser realizada por meio to das outras (art. 456). É lícito à parte contraditar a
de videoconferência ou outro recurso tecnológico testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedi-
de transmissão e recepção de sons e imagens em mento ou a suspeição, bem como, caso a testemunha
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante negue os fatos que lhe são imputados, provar a con-
a audiência de instrução e julgamento. tradita com documentos ou com testemunhas, até 3
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a (três), apresentadas no ato e inquiridas em separado
transmissão e recepção de sons e imagens a que se (art. 457).
refere o § 1º. Ainda, de acordo com os dispositivos pertinentes
previsto do CPC, vejamos:
São inquiridos em sua residência ou onde exercem
sua função( art. 454): Art. 458 Ao início da inquirição, a testemunha pres-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

tará o compromisso de dizer a verdade do que sou-


I - o presidente e o vice-presidente da República; ber e lhe for perguntado.
II - os ministros de Estado; Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que
III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa,
conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os cala ou oculta a verdade.
ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Supe- Art. 459 As perguntas serão formuladas pelas par-
rior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleito- tes diretamente à testemunha, começando pela que
ral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que pude-
de Contas da União; rem induzir a resposta, não tiverem relação com as
IV - o procurador-geral da República e os conselhei- questões de fato objeto da atividade probatória ou
ros do Conselho Nacional do Ministério Público; importarem repetição de outra já respondida.
V - o advogado-geral da União, o procurador-ge- § 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes
ral do Estado, o procurador-geral do Município, o quanto depois da inquirição feita pelas partes.
defensor público-geral federal e o defensor público- § 2º As testemunhas devem ser tratadas com urba-
-geral do Estado; nidade, não se lhes fazendo perguntas ou conside-
VI - os senadores e os deputados federais; rações impertinentes, capciosas ou vexatórias. 185
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§ 3º As perguntas que o juiz indeferir serão trans- z Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se
critas no termo, se a parte o requerer. for o caso;
Art. 460 O depoimento poderá ser documentado z Indicar assistente técnico;
por meio de gravação. z Apresentar quesitos.
§ 1º Quando digitado ou registrado por taquigrafia,
estenotipia ou outro método idôneo de documen- Art. 465 [...]
tação, o depoimento será assinado pelo juiz, pelo § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em
depoente e pelos procuradores. 5 (cinco) dias:
§ 2º Se houver recurso em processo em autos não I - proposta de honorários;
eletrônicos, o depoimento somente será digitado II - currículo, com comprovação de especialização;
quando for impossível o envio de sua documenta- III - contatos profissionais, em especial o endereço
ção eletrônica. eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
§ 3º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á pessoais.
o disposto neste Código e na legislação específica § 3º As partes serão intimadas da proposta de hono-
sobre a prática eletrônica de atos processuais. rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum
Art. 461 O juiz pode ordenar, de ofício ou a reque- de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor,
rimento da parte: intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
I - a inquirição de testemunhas referidas nas decla- § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até
rações da parte ou das testemunhas; cinquenta por cento dos honorários arbitrados a
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
ou de alguma delas com a parte, quando, sobre fato remanescente ser pago apenas ao final, depois de
determinado que possa influir na decisão da causa, entregue o laudo e prestados todos os esclareci-
divergirem as suas declarações. mentos necessários.
§ 1º Os acareados serão reperguntados para que § 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente
termo o ato de acareação. arbitrada para o trabalho.
§ 2º A acareação pode ser realizada por videocon- § 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-
ferência ou por outro recurso tecnológico de trans- -á proceder à nomeação de perito e à indicação de
missão de sons e imagens em tempo real. assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
Art. 462 A testemunha pode requerer ao juiz o a perícia.
pagamento da despesa que efetuou para compare-
cimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que
que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de lhe foi cometido, independentemente de termo de com-
3 (três) dias. promisso (art. 466).
Art. 463 O depoimento prestado em juízo é conside- Os assistentes técnicos são de confiança da parte e
rado serviço público. não estão sujeitos a impedimento ou suspeição (§1°, do
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao art. 466). O perito deve assegurar aos assistentes das
regime da legislação trabalhista, não sofre, por partes o acesso e o acompanhamento das diligências e
comparecer à audiência, perda de salário nem des- dos exames que realizar, com prévia comunicação, com-
conto no tempo de serviço. provada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cin-
co) dias (§2°, do art. 466).
Da Prova Pericial
Art. 467 O perito pode escusar-se ou ser recusa-
A prova pericial destina-se à prova fato que exija do por impedimento ou suspeição.
conhecimento técnico, como de engenheiros, contado- Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao
julgar procedente a impugnação, nomeará novo
res, médicos etc.
perito.
A perícia pode ser, nos moldes do art. 464, do CPC:
Art. 468 O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
z Exame: pode recair sobre bens móveis, semoven- II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encar-
tes, livros comerciais, documentos e pessoas, como go no prazo que lhe foi assinado.
o exame de DNA; § 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará
z Vistoria: recai sobre imóveis; a ocorrência à corporação profissional respectiva,
z Avaliação: destina-se a mensurar o valor de um podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada ten-
bem, direito ou obrigação. do em vista o valor da causa e o possível prejuízo
decorrente do atraso no processo.
A produção da prova pericial será indeferida quando § 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15
(incisos I, II e III, do §1°, do art. 464): (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho
não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar
z A prova do fato não depender de conhecimento como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que
especial de técnico;
trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adianta-
z For desnecessária, em vista de outras provas
mento dos honorários poderá promover execução
produzidas; contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguin-
z A verificação for impraticável. tes deste Código , com fundamento na decisão que
determinar a devolução do numerário.
Se deferida, o juiz nomeará perito especializado no Art. 469 As partes poderão apresentar quesitos
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a suplementares durante a diligência, que poderão
entrega do laudo (art. 465).As partes serão intimadas ser respondidos pelo perito previamente ou na
do despacho de nomeação, momento em que, dentro audiência de instrução e julgamento.
de 15 (quinze) dias, poderão (incisos I, II, III, do §1°, Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária
186 do art. 465): ciência da juntada dos quesitos aos autos.
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Incumbe ao juiz (art. 470): as conclusões do laudo, levando em conta o método
utilizado pelo perito. Se a perícia não esclarecer sufi-
I - indeferir quesitos impertinentes; cientemente os fatos, poderá ser designada nova perí-
II - formular os quesitos que entender necessários cia, que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz
ao esclarecimento da causa. apreciar o valor de uma e de outra.
Art. 471 As partes podem, de comum acordo, esco-
lher o perito, indicando-o mediante requerimento, Art. 474 As partes terão ciência da data e do local
desde que: designados pelo juiz ou indicados pelo perito para
I - sejam plenamente capazes; ter início a produção da prova.
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. Art. 475 Tratando-se de perícia complexa que
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indi- abranja mais de uma área de conhecimento espe-
car os respectivos assistentes técnicos para acom- cializado, o juiz poderá nomear mais de um perito,
panhar a realização da perícia, que se realizará em e a parte, indicar mais de um assistente técnico.
data e local previamente anunciados. Art. 476 Se o perito, por motivo justificado, não
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entre- puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz
gar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação
fixado pelo juiz. pela metade do prazo originalmente fixado.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no
efeitos, a que seria realizada por perito nomeado prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias
pelo juiz. antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo,
Os quesitos são das indagações feitas ao perito, no manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no
sentido de esclarecer as questões técnicas, objeto da prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assis-
prova pericial. Poderão ser formulados quesitos comple- tente técnico de cada uma das partes, em igual pra-
mentares se necessário. O juiz poderá indeferir os quesi- zo, apresentar seu respectivo parecer.
tos que julgar impertinentes ou mesmo formular outros § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15
que entender serem necessários ao esclarecimento da (quinze) dias, esclarecer ponto:
causa. I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Minis-
Art. 472 O juiz poderá dispensar prova pericial quan- tério Público;
do as partes, na inicial e na contestação, apresenta- II - divergente apresentado no parecer do assistente
rem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou técnico da parte.
documentos elucidativos que considerar suficientes. § 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimen-
tos, a parte requererá ao juiz que mande intimar
São requisitos do laudo pericial (art. 473): o perito ou o assistente técnico a comparecer à
audiência de instrução e julgamento, formulando,
z A exposição do objeto da perícia; desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
z A análise técnica ou científica realizada pelo perito; § 4º O perito ou o assistente técnico será intimado
z A indicação do método utilizado, esclarecendo-o por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias
e demonstrando ser, predominantemente, aceito de antecedência da audiência.
pelos especialistas da área do conhecimento da Art. 478 Quando o exame tiver por objeto a auten-
qual se originou; ticidade ou a falsidade de documento ou for de
z Resposta conclusiva a todos os quesitos apresenta- natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
dos pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministé- preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos
rio Público; oficiais especializados, a cujos diretores o juiz auto-
z Linguagem simples e com coerência lógica, indi- rizará a remessa dos autos, bem como do material
cando como alcançou suas conclusões; sujeito a exame.
z Respeitar os limites de sua designação, sendo veda- § 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os
do emitir opiniões pessoais que excedam o exame órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
técnico ou científico do objeto da perícia. a determinação judicial com preferência, no prazo
estabelecido.
Art. 473 [...] § 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua funda- ser requerida motivadamente.
mentação em linguagem simples e com coerência § 3º Quando o exame tiver por objeto a autenticidade
lógica, indicando como alcançou suas conclusões. da letra e da firma, o perito poderá requisitar, para
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua efeito de comparação, documentos existentes em
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

designação, bem como emitir opiniões pessoais que repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer
excedam o exame técnico ou científico do objeto da ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do
perícia. documento lance em folha de papel, por cópia ou sob
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios Art. 479 O juiz apreciará a prova pericial de acordo
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informa- com o disposto no art. 371 , indicando na sentença
ções, solicitando documentos que estejam em poder os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem de considerar as conclusões do laudo, levando em
como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, conta o método utilizado pelo perito.
desenhos, fotografias ou outros elementos necessários Art. 480 O juiz determinará, de ofício ou a requeri-
ao esclarecimento do objeto da perícia. mento da parte, a realização de nova perícia quando a
matéria não estiver suficientemente esclarecida.
A valoração da prova pericial ocorrerá na senten- § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
ça, momento em que o juiz apreciará a prova de acor- fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a
do com o disposto no art. 371, indicando os motivos corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resul-
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar tados a que esta conduziu. 187
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§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições uma ação de indenização em que o autor busca com-
estabelecidas para a primeira. provar a ocorrência de ato ilícito e, sobre a condena-
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, ção do réu, a obrigação de indenizar. Trata-se de uma
cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. ação de conhecimento, a qual será resolvida median-
te sentença. Já na execução, a sentença coloca fim ao
Da Inspeção Judicial processo em virtude de alguma causa extintiva da
obrigação, como as arroladas no art. 924 do CPC.
A inspeção judicial é o exame realizado diretamen- A sentença é o ato que caracteriza a fase decisória,
te pelo juiz em pessoas ou coisas, a fim de esclarecer na qual se resolve o litígio.
os fatos, podendo, se necessário, servir-se do auxílio
de peritos.
Conceito
Art. 481 O juiz, de ofício ou a requerimento da par-
Sentença é o pronunciamento por meio do qual o
te, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
que interesse à decisão da causa. fase cognitiva do procedimento comum, bem como
Art. 482 Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser extingue a execução. A sentença é o provimento juris-
assistido por um ou mais peritos. dicional pelo qual o juiz promove a solução do conflito
Art. 483 O juiz irá ao local onde se encontre a pes- e a tutela do direito material, objeto da ação.
soa ou a coisa quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou Espécies de sentença
interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem
consideráveis despesas ou graves dificuldades;
As sentenças podem ser terminativas (quando não
III - determinar a reconstituição dos fatos. resolvem o mérito) ou definitivas (quando resolvem
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a o mérito).
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que considerem de interesse
para a causa. Terminativa
Art. 484 Concluída a diligência, o juiz mandará SENTENÇA
lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
tudo quanto for útil ao julgamento da causa. Definitiva
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com
desenho, gráfico ou fotografia.
São terminativas as sentenças cujo fundamento
Da Sentença e da Coisa Julgada está arrolado no art. 485 do CPC:

Os pronunciamentos judiciais são atos processuais Art. 485 O juiz não resolverá o mérito quando:
praticados pelo juiz, os quais consistem na apreciação I - indeferir a petição inicial;
de alguma questão (de fato ou de direito), além de II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
terem, como objetivo, o mero andamento do proces- ano por negligência das partes;
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição, III - por não promover os atos e as diligências que
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais
determinando os atos subsequentes do procedimento. de 30 (trinta) dias;
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun- IV - verificar a ausência de pressupostos de constitui-
ciamentos judiciais: ção e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litis-
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão pendência ou de coisa julgada;
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. VI - verificar ausência de legitimidade ou de interes-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- se processual;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento VII - acolher a alegação de existência de convenção
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhe-
cer sua competência;
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
VIII - homologar a desistência da ação;
comum, bem como extingue a execução.
IX - em caso de morte da parte, a ação for conside-
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento
rada intransmissível por disposição legal; e
judicial de natureza decisória que não se enquadre
X - nos demais casos prescritos neste Código.
no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a Veja-se que, em tais casos, o juiz não promove a
requerimento da parte. tutela do direito material, por isso se fala que a senten-
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- ça tem natureza meramente processual, pois encontra
da e a vista obrigatória, independem de despacho, óbice na admissibilidade da ação. Normalmente, as
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e causas relacionam-se aos pressupostos processuais.
revistos pelo juiz quando necessário. Nos casos dos incisos II e III, a parte será intimada pes-
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- soalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
do pelos tribunais. O juiz conhecerá de ofício (independentemente de
provocação ou alegação das partes) da matéria cons-
A sentença é o provimento jurisdicional que resol- tante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e
ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
execução. As ações de conhecimento buscam consti- em julgado, sendo garantido o prévio contraditório às
tuir um direito em favor do autor, afastando a contro- partes para tomar sua decisão, sob pena de incorrer
188 vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine na decisão surpresa, vedada pelo CPC (2015).
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A extinção, com base na desistência da ação, possui Elementos e Efeitos da Sentença
alguns detalhes. Se oferecida a contestação, o autor não
poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. A A sentença possui seus elementos ou partes, os
desistência pode ser apresentada até a sentença. quais estão dispostos no art. 489.
A extinção por abandono de causa pelo autor, se já ofe- Vejamos:
recida a contestação, depende de requerimento do réu.
Art. 489 São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
Importante! identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências
Efeito regressivo do recurso de apelação que havidas no andamento do processo;
ataca sentenças terminativas: II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
Art. 485, § 7º Interposta a apelação em qualquer questões de fato e de direito;
dos casos de que tratam os incisos deste artigo, III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. tões principais que as partes lhe submeterem.

A fundamentação é de extrema relevância, pois, a


As sentenças terminativas não produzem coisa julga- partir dela, que o juiz exporá os fatos e fundamentos
da material, pela qual a parte poderá propor nova ação que formaram seu convencimento, permitindo às par-
(Art. 486). Entretanto, no caso de extinção em razão de tes impugná-los em eventual recurso. Devido à impor-
litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. tância dada à fundamentação, o legislador inovou ao
485, a propositura da nova ação depende da correção do incluir o § 1º, arrolando hipóteses de nulidade das
vício que levou à sentença sem resolução do mérito. decisões judiciais por vício de fundamentação.
A perempção ocorrerá quando o autor der causa,
por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono Art. 489 [...]
da causa, não podendo propor nova ação contra o réu § 1º Não se considera fundamentada qualquer deci-
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entre- são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
tanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direi- acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à pará-
to (Art. 486, § 3º).
frase de ato normativo, sem explicar sua relação
Já as sentenças definitivas ou de mérito estão arro- com a causa ou a questão decidida;
ladas no art. 487 do CPC. Vejamos: II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
Art. 487 Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - invocar motivos que se prestariam a justificar
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação qualquer outra decisão;
ou na reconvenção; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu-
ocorrência de decadência ou prescrição; são adotada pelo julgador;
III - homologar: V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de
a) o reconhecimento da procedência do pedido for- súmula, sem identificar seus fundamentos determi-
mulado na ação ou na reconvenção; nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
b) a transação; se ajusta àqueles fundamentos;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris-
reconvenção. prudência ou precedente invocado pela parte, sem
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do demonstrar a existência de distinção no caso em
art. 332, a prescrição e a decadência não serão julgamento ou a superação do entendimento.
reconhecidas sem que antes seja dada às partes § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve
oportunidade de manifestar-se. justificar o objeto e os critérios gerais da pondera-
ção efetuada, enunciando as razões que autorizam
a interferência na norma afastada e as premissas
Perceba que as sentenças de mérito vão muito
fáticas que fundamentam a conclusão.
além da procedência ou improcedência da pretensão
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a par-
do autor. O inciso segundo, ao falar da decadência ou tir da conjugação de todos os seus elementos e em
da prescrição, é taxativo ao relacionar tais institutos à conformidade com o princípio da boa-fé.
questão do mérito. Na defesa, normalmente, a argui- Art. 490 O juiz resolverá o mérito acolhendo ou
ção de prescrição ou decadência aparece como preju- rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formu-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

dicial de mérito. Mas o legislador, levando em conta lados pelas partes.


a natureza desses institutos, entendeu corretamente Art. 491 Na ação relativa à obrigação de pagar
por inclui-los na sentença definitiva (de mérito). quantia, ainda que formulado pedido genérico,
Além disso, a sentença é de mérito quando resol- a decisão definirá desde logo a extensão da obri-
ve a controvérsia de direito material. Por isso que faz gação, o índice de correção monetária, a taxa de
referência aos diversos casos de autocomposição no juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da
capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
inciso III, a saber: a submissão, a transação e a renún-
I - não for possível determinar, de modo definitivo,
cia à pretensão. o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produ-
z Primazia do mérito ção de prova de realização demorada ou excessiva-
mente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
Art. 488 Desde que possível, o juiz resolverá o § 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a
mérito sempre que a decisão for favorável à parte apuração do valor devido por liquidação.
a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos § 2º O disposto no caput também se aplica quando
termos do art. 485. o acórdão alterar a sentença. 189
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z Princípio da Congruência, Adstrição ou Correlação § 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, impli-
cará, para o credor hipotecário, o direito de prefe-
Tais princípios mencionados são sinônimos e utilizados rência, quanto ao pagamento, em relação a outros
para falar do mesmo objeto. O juiz deve ater sua decisão ao credores, observada a prioridade no registro.
objetivo litigioso, sobre as questões efetivamente levadas § 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da deci-
pelas partes e colocas em debate, sob pena de ofender o são que impôs o pagamento de quantia, a parte res-
princípio da congruência, conforme dispõe o art. 492. ponderá, independentemente de culpa, pelos danos
que a outra parte tiver sofrido em razão da consti-
tuição da garantia, devendo o valor da indenização
Art. 492 É vedado ao juiz proferir decisão de natu-
ser liquidado e executado nos próprios autos.
reza diversa da pedida, bem como condenar a parte
em quantidade superior ou em objeto diverso do
que lhe foi demandado. Para estudo dos tipos de ação, remetemos à classi-
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda ficação das ações, que corresponderá à classificação
que resolva relação jurídica condicional. das sentenças (meramente declaratória, constitutiva,
condenatória, mandamental, executiva lato sensu).
Podem, ainda, surgir alguns vícios: Os principais efeitos da sentença são:

z Sentença “ultra petita”: quando o juiz dá algo z Ex tunc: ocorre nas sentenças de natureza decla-
além do pedido pelo autor. Ex.: pede-se indeniza- ratória, pois seus efeitos são retroativos ao fato
ção por danos morais de R$10.000,00 e o juiz con- ou situação que se pretende declará-la existente
dena em R$15.000,00; ou inexistente (Ex.: investigação de paternidade;
z Sentença “extra petita”: o juiz dá algo diverso do declaração de nulidade absoluta de um contrato);
que foi pedido. Ex.: pede a devolução do dinheiro,
mas o juiz condena ao conserto do produto; Nas ações condenatórias, poderá haver efeitos
z Sentença “citra petita”: quando há omissão do retroativos desde a propositura da ação, como a con-
juiz em relação a algum dos pedidos. Ex.: pede-se denação aos juros moratórios desde a citação;
indenização por danos morais e materiais, mas, na
sentença, o juiz aprecia apenas os danos morais e z Ex nunc: ocorre nas sentenças constitutivas, sendo
se omite sobre os materiais. seus efeitos dali em diante (Ex.: ação de divórcio).

A alteração da sentença pelo próprio juiz somente Dica


ocorrerá para corrigir, de ofício ou a requerimento da
Ex tunc: bate na testa (a cabeça vai para trás.
parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo, bem
Logo, retroage);
como por meio de embargos de declaração.
Ex nunc: bate na nuca (a cabeça vai para frente.
Vejamos as disposições pertinentes abaixo:
Logo, não retroage).
Art. 493 Se, depois da propositura da ação, algum
fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direi- Existem sentenças cujos efeitos somente se pro-
to influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz duzirão depois de confirmadas pelo tribunal. São as
tomá-lo em consideração, de ofício ou a requeri- hipóteses do art. 496 do CPC, que se referem à remessa
mento da parte, no momento de proferir a decisão. necessária:
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo,
o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. Art. 496 Está sujeita ao duplo grau de jurisdição,
Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá não produzindo efeito senão depois de confirmada
alterá-la: pelo tribunal, a sentença:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito
parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; Federal, os Municípios e suas respectivas autar-
II - por meio de embargos de declaração. quias e fundações de direito público;
Art. 495 A decisão que condenar o réu ao pagamento II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os
de prestação consistente em dinheiro e a que determi- embargos à execução fiscal.
nar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou § 1º Nos casos previstos neste artigo, não inter-
de dar coisa em prestação pecuniária valerão como posta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a
título constitutivo de hipoteca judiciária. remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária: presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
I - embora a condenação seja genérica; § 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tri-
II - ainda que o credor possa promover o cumpri- bunal julgará a remessa necessária.
mento provisório da sentença ou esteja pendente § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando
arresto sobre bem do devedor; a condenação ou o proveito econômico obtido na
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de causa for de valor certo e líquido inferior a:
efeito suspensivo. I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada as respectivas autarquias e fundações de direito
mediante apresentação de cópia da sentença peran- público;
te o cartório de registro imobiliário, independente- II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Esta-
mente de ordem judicial, de declaração expressa do dos, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
juiz ou de demonstração de urgência. fundações de direito público e os Municípios que
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de constituam capitais dos Estados;
realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juí- III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os
zo da causa, que determinará a intimação da outra demais Municípios e respectivas autarquias e fun-
190 parte para que tome ciência do ato. dações de direito público.
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§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo providências que assegurem a obtenção de tutela
quando a sentença estiver fundada em: pelo resultado prático equivalente.
I - súmula de tribunal superior; Parágrafo único. Para a concessão da tutela espe-
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- cífica destinada a inibir a prática, a reiteração ou
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga- a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
mento de recursos repetitivos; irrelevante a demonstração da ocorrência de dano
III - entendimento firmado em incidente de reso- ou da existência de culpa ou dolo.
lução de demandas repetitivas ou de assunção de Art. 498 Na ação que tenha por objeto a entrega de
competência; coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará
IV - entendimento coincidente com orientação vin- o prazo para o cumprimento da obrigação.
culante firmada no âmbito administrativo do pró- Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
prio ente público, consolidada em manifestação, determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
parecer ou súmula administrativa.
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a
escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entre-
Conforme entendimento do STJ, é proibido ao tri- gará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
bunal agravar a decisão quando do julgamento da Art. 499 A obrigação somente será convertida em
remessa necessária, logo sua decisão poderá manter a perdas e danos se o autor o requerer ou se impossí-
de instância inferior ou melhorar a situação da Fazen- vel a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
da Pública. Mas, nunca agravar. resultado prático equivalente.
Art. 500 A indenização por perdas e danos dar-se-
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDA- -á sem prejuízo da multa fixada periodicamente
DE CONCEDIDO JUDICIALMENTE. PAGAMENTO DE para compelir o réu ao cumprimento específico da
PARCELAS PRETÉRITAS DO BENEFÍCIO COINCIDEN- obrigação.
TES COM PERÍODO EM QUE HOUVE EXERCÍCIO DE Art. 501 Na ação que tenha por objeto a emissão de
ATIVIDADE REMUNERADA. CABIMENTO. PRECE- declaração de vontade, a sentença que julgar proce-
DENTES. REEXAME NECESSÁRIO. AGRAVAMENTO dente o pedido, uma vez transitada em julgado, pro-
DA SITUAÇÃO DA FAZENDA NACIONAL. IMPOSSIBI-
duzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
LIDADE. SÚMULA N. 45/STJ.
[...]
III - De acordo com o Enunciado n. 45 da Súmula do
Da Coisa Julgada
STJ, “no reexame necessário, é defeso, ao Tribunal,
agravar a condenação imposta a Fazenda Pública”. A coisa julgada é um instituto garantidor de segu-
Nesse sentido são os julgados: REsp n. 1.600.115/ rança jurídica, com guarida constitucional.
GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Tur-
ma, julgado em 18/8/2016, DJe 12/9/2016; AgRg no Art. 5º [...]
AREsp n. 762.129/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
Marques, Segunda Turma, julgado em 17/11/2015, ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
DJe 24/11/2015; e AgRg no AREsp n. 522.357/SP, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado Segundo Rennan Thamay5, “a coisa julgada se
em 16/9/2014, DJe 24/9/2014. traduz na imutabilidade do comando decisório da
IV - Recurso especial parcialmente provido. decisão de mérito, sendo efetivamente a res iudicata
substancial, ou seja, a coisa julgada material.”
(stj, REsp 1745633/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 18/03/2019) Veja que o conceito é semelhante ao adotado pelo
CPC (2015):
Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações
de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a
autoridade que torna imutável e indiscutível a deci-
A obrigação de fazer impõe uma conduta ativa ao são de mérito não mais sujeita a recurso.
devedor, como a construção de um muro, de uma cerca.
A obrigação de não fazer impõe uma abstenção, como Tal conceito trata, efetivamente, da coisa julgada
não ofender, cessar agressão, cessar a difamação, não material, ou seja, da efetiva coisa julgada.
oferecer obstáculo ao exercício de um direito. Já a obri-
gação de entregar coisa impõe a transferência da posse Coisa Julgada Material e Formal
ou da propriedade de um bem. Nesse tipo de obrigação
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

(fazer, não fazer ou de entregar coisa), a decisão do juiz


deve se preocupar em conceder tutela específica ou Material
determinar providências que assegurem a obtenção de COISA JULGADA
tutela pelo resultado prático equivalente. Sendo o caso,
deverá fixar o prazo para o cumprimento da obrigação. Formal
Se for impossível a tutela específica ou o resul-
tado prático equivalente, a obrigação se converterá
em perdas e danos, o que pode ocorrer, também, por A coisa julgada material é a que decorre da senten-
requerimento do próprio credor. Façamos a leitura ça de mérito, impedindo a rediscussão do comando
dos dispositivos do CPC relacionados à temática: decisório. Implica dizer que não poderá a parte propor
ação sobre questão já abrangida pela coisa julgada, por
Art. 497 Na ação que tenha por objeto a prestação isso se fala em garantia de segurança jurídica. É o que
de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedi- se depreende, também, do art. 508 do CPC, o qual faz
do, concederá a tutela específica ou determinará referência à eficácia preclusiva da coisa julgada.
5 THAMAY, R. Coisa julgada. 2. ed. São Paulo. Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 89. 191
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Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri- Art. 504 Não fazem coisa julgada:
to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas I - os motivos, ainda que importantes para deter-
as alegações e as defesas que a parte poderia opor minar o alcance da parte dispositiva da sentença;
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. II - a verdade dos fatos, estabelecida como funda-
mento da sentença.
Já a coisa julgada formal decorre das sentenças que Art. 505 Nenhum juiz decidirá novamente as ques-
não resolvem o mérito (sentenças terminativas). Nesse tões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
caso, não se impede a propositura de nova ação, até mes- I - se, tratando-se de relação jurídica de trato conti-
mo porque o mérito não se resolverá. O que se impede nuado, sobreveio modificação no estado de fato ou
é a reabertura da ação extinta, por isso é que podemos de direito, caso em que poderá a parte pedir a revi-
falar que a coisa julgada formal produz efeitos apenas são do que foi estatuído na sentença;
em relação à ação em que foi proferida a decisão. II - nos demais casos prescritos em lei.

Já os limites subjetivos da coisa julgada atingem as


Importante! partes da relação jurídica processual, não prejudican-
do terceiros (Art. 506).
Há casos em que, mesmo sendo proferida sen-
tença de mérito, ainda haverá possibilidade de Art. 506 A sentença faz coisa julgada às partes
propositura de nova ação. É o caso da improce- entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
dência por falta de provas. Vejamos as legisla- Art. 507 É vedado à parte discutir no curso do pro-
ções seguintes: cesso as questões já decididas a cujo respeito se
� Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública): operou a preclusão.
Art. 16 A sentença civil fará coisa julgada erga Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri-
omnes, nos limites da competência territorial to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado as alegações e as defesas que a parte poderia opor
improcedente por insuficiência de provas, hipó- tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
tese em que qualquer legitimado poderá intentar
outra ação com idêntico fundamento, valendo- Da Liquidação de Sentença
-se de nova prova.
Como regra, a sentença condenatória deve contem-
� Lei nº 4.717/1965 (Lei da Ação Popular):
plar uma obrigação líquida (cujo valor encontra-se
Art. 18 A sentença terá eficácia de coisa julgada
definido), passível de pronta satisfação. Entretanto,
oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver
pode ocorrer da obrigação ser ilíquida, caso em que
sido a ação julgada improcedente por defi-
será necessária sua liquidação. Imagine a hipótese na
ciência de prova; neste caso, qualquer cidadão
qual o juiz constata que o dano causado a um imóvel
poderá intentar outra ação com idêntico funda-
deve ser atribuído ao proprietário vizinho, condenan-
mento, valendo-se de nova prova.
do-o à reparação em valor a ser obtido em liquidação.
Nesse caso, será necessário avançar para a fase de
Limites da Coisa Julgada liquidação, destinada a definir o quantum debeatur (o
valor devido). A liquidação pode ser:
A coisa julgada material dá à sentença a mesma
força da lei, tornando-se imperativa nos seus limites. Art. 509 Quando a sentença condenar ao pagamen-
Vejamos: to de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquida-
ção, a requerimento do credor ou do devedor:
Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a I - por arbitramento, quando determinado pela sen-
autoridade que torna imutável e indiscutível a deci- tença, convencionado pelas partes ou exigido pela
são de mérito não mais sujeita a recurso. natureza do objeto da liquidação;
Art. 503 A decisão que julgar total ou parcialmen- II - pelo procedimento comum, quando houver ne-
te o mérito tem força de lei nos limites da questão cessidade de alegar e provar fato novo.
principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de Observe-se que a iliquidez não se supre por meros
questão prejudicial, decidida expressa e incidente- cálculos aritméticos, hipótese em que o credor pode-
mente no processo, se: ria promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio partes para a apresentação de pareceres ou documen-
e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; tos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa
III - o juízo tiver competência em razão da matéria
decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no
e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo
que couber, o procedimento da prova pericial (art.
houver restrições probatórias ou limitações à cog- 510). Seria o caso de avaliar um imóvel ou mensurar
nição que impeçam o aprofundamento da análise eventuais danos ocorridos por ato ilícito.
da questão prejudicial. Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz
determinará a intimação do requerido, na pessoa de
Assim, a coisa julgada ocorre sobre o dispositivo seu advogado ou da sociedade de advogados a que
da sentença, mas poderá abranger a fundamentação estiver vinculado, para, querendo, apresentar contes-
para contemplar questão prejudicial na hipótese do § tação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, no
1º mencionado. Nesse caso, fala-se em limites objeti- que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial do
vos da coisa julgada. CPC (2015). Aqui, seria um caso de comprovação de
192 Tais efeitos não se projetam sobre: fato relacionado ao quantum debeatur (art. 511).
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A liquidação poderá ser realizada na pendência de I - quando desconhecido ou incerto o citando;
recurso, processando-se em autos apartados no juízo de II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com em que se encontrar o citando;
cópias das peças processuais pertinentes (art. 512). III - nos casos expressos em lei.
§ 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação
por edital, o país que recusar o cumprimento de
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
carta rogatória.
§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se
O cumprimento de sentença inaugura uma nova encontrar o réu, a notícia de sua citação será divul-
fase processual, em que existe uma obrigação a ser gada também pelo rádio, se na comarca houver
cumprida pela parte devedora à parte credora. Não emissora de radiodifusão.
se trata aqui de um novo processo, de uma inicial que § 3º O réu será considerado em local ignorado ou
será distribuída de forma autônoma ou por depen- incerto se infrutíferas as tentativas de sua locali-
dência, mas sim de uma nova fase. zação, inclusive mediante requisição pelo juízo de
Isso é chamado de sincretismo processual, que é informações sobre seu endereço nos cadastros de
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços
a combinação de procedimentos, para efetivação das
públicos.
tutelas jurisdicionais, no bojo de um mesmo processo,
evitando-se assim um acúmulo de vários outros pro-
Dessa forma, é plenamente possível que seja con-
cessos. Tem-se, portanto, a somatória do processo de
siderada válida a intimação via aviso de recebimen-
conhecimento, mais a efetivação da decisão expedida, to (A.R.), ainda que o devedor não esteja residindo
nos mesmos autos. no mesmo local e não tenha comunicado o juízo da
mudança.
Art. 513 O cumprimento da sentença será feito
segundo as regras deste Título, observando-se, no Art. 513 [...]
que couber e conforme a natureza da obrigação, o § 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se
disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. realizada a intimação quando o devedor houver muda-
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o do de endereço sem prévia comunicação ao juízo,
dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
far-se-á a requerimento do exequente. § 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado
após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença,
Observa-se que a fase de cumprimento de sentença a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio
não se dá de oficio, mas sim a requerimento da parte. de carta com aviso de recebimento encaminhada ao
Ou seja, é necessário que o credor ou devedor peticio- endereço constante dos autos, observado o disposto no
ne, por meio de uma simples petição, que seja dado parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
início à fase de cumprimento. Não é possível que seja
dado início de ofício ao cumprimento de sentença. Em regra, a intimação será feita por aviso de rece-
bimento, ou seja, por correio. Mas, caso o pedido de
Art. 513 [...]
cumprimento de sentença tenha ocorrido após 1 ano do
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a trânsito em julgado da decisão, mesmo que o devedor
sentença: tenha advogado constituído, a intimação será realiza-
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advoga- da pessoalmente mediante A.R. ou via oficial de justiça.
do constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando Art. 513 [...]
representado pela Defensoria Pública ou quando § 5º O cumprimento da sentença não poderá ser
não tiver procurador constituído nos autos, ressal- promovido em face do fiador, do coobrigado ou do
corresponsável que não tiver participado da fase de
vada a hipótese do inciso IV;
conhecimento.
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do
art. 246, não tiver procurador constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, Não se poderá requerer o cumprimento de sen-
tiver sido revel na fase de conhecimento. tença em face dos mencionados no § 5º do art. 513,
Art. 246 A citação será feita: porque estes não fizeram parte do processo de conhe-
I - pelo correio; cimento, e, por conta disso, não existe contra eles obri-
II - por oficial de justiça; gação definida, seja de forma provisória ou definitiva.
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citan-
do comparecer em cartório; Art. 514 Quando o juiz decidir relação jurídica
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

IV - por edital; sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sen-


V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. tença dependerá de demonstração de que se reali-
§ 1º Com exceção das microempresas e das empre- zou a condição ou de que ocorreu o termo.
sas de pequeno porte, as empresas públicas e priva-
das são obrigadas a manter cadastro nos sistemas É vedado ao juiz proferir decisão condicional, mas
de processo em autos eletrônicos, para efeito de isso não significa que não possa resolver uma relação
recebimento de citações e intimações, as quais jurídica sujeita a condição ou termo.
serão efetuadas preferencialmente por esse meio. Resolvendo a sentença uma relação jurídica sujei-
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Esta- ta a termo ou condição, quando a parte requerer o
dos, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entida- cumprimento da sentença, ela, além de demonstrar o
des da administração indireta. débito e custas/despesas processuais, indicar bens do
§ 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinan- devedor etc., deverá demonstrar a ocorrência do ter-
tes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver mo ou da condição. Isso porque o termo ou a condição
por objeto unidade autônoma de prédio em condo- são elementos que indicarão a exigibilidade do crédi-
mínio, caso em que tal citação é dispensada. to, que é essencial para que haja o pedido de cumpri-
Art. 256 A citação por edital será feita: mento de sentença. 193
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Art. 515 São títulos executivos judiciais, cujo cum- Quando o inciso III menciona “sentença estrangeira”,
primento dar-se-á de acordo com os artigos pre- trata-se na verdade de decisão interlocutória estrangeira
vistos neste Título: homologada pelo STJ. A competência a que este inciso se
I - as decisões proferidas no processo civil que refere será aferida no momento da distribuição.
reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar Ressalta-se que a competência de que trata o art.
quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 516 do CPC é a competência funcional e, como regra,
II - a decisão homologatória de autocomposição absoluta. É funcional porque diz respeito à função
judicial; exercida pelo juiz no processo.
III - a decisão homologatória de autocomposição
extrajudicial de qualquer natureza; Art. 516 [...]
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
Quando o juiz homologar a transação, qualquer exequente poderá optar pelo juízo do atual domicí-
das partes pode requerer o cumprimento de sentença. lio do executado, pelo juízo do local onde se encon-
trem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do
Art. 515 [...] local onde deva ser executada a obrigação de fazer
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamen- ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos
te em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos do processo será solicitada ao juízo de origem.
sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as cus- A regra prevista no parágrafo acima é uma exce-
tas, emolumentos ou honorários tiverem sido apro- ção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. Ade-
vados por decisão judicial; mais, tem-se o chamado “Forum shopping” ou “Foros
VI - a sentença penal condenatória transitada em concorrentes”, ou seja, a possibilidade de escolher o
julgado; juízo mais favorável ao demandante.
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Art. 517 A decisão judicial transitada em julga-
Superior Tribunal de Justiça; do poderá ser levada a protesto, nos termos da
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a lei, depois de transcorrido o prazo para paga-
concessão do exequatur à carta rogatória pelo mento voluntário previsto no art. 523.
Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO). Nada impede que haja o protesto do valor devi-
do que foi definido através de decisão judicial. No
Nas hipóteses dos incisos VI, VII, VIII e IX, o cum- entanto, existe um prazo de 15 dias para o pagamen-
primento da sentença não se dará nos mesmos autos, to voluntário, e o protesto só poderá ocorrer após
ou seja, será uma ação autônoma de cumprimento de transcorrido esse prazo.
sentença.
Art. 517 [...]
Art. 515 [...] § 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será cita- apresentar certidão de teor da decisão.
do no juízo cível para o cumprimento da sentença ou § 2º A certidão de teor da decisão deverá ser forne-
para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. cida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a
qualificação do exequente e do executado, o núme-
ro do processo, o valor da dívida e a data de decur-
No § 1º, o devedor será citado, visto tratar-se de
so do prazo para pagamento voluntário.
uma ação autônoma de cumprimento de sentença,
pois, se o cumprimento fosse nos mesmos autos, o
Para que o protesto seja efetivo, o exequente –
devedor seria intimado para cumprir espontanea- aquele que quer a obrigação cumprida – deverá levar
mente a obrigação. certidão constando o teor da decisão, que será forne-
cida no prazo de 3 dias, indicando nome e qualifica-
Art. 515 [...] ção das partes, número do processo, valor devido e a
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujei- data do decurso do prazo de 15 dias para o pagamento
to estranho ao processo e versar sobre relação jurí- voluntário.
dica que não tenha sido deduzida em juízo.
Art. 517 [...]
O § 2º versa sobre a ampliação subjetiva, quando § 3º O executado que tiver proposto ação rescisória
diz: “a autocomposição judicial pode envolver sujeito para impugnar a decisão exequenda pode requerer,
estranho ao processo”. Ao mencionar “relação jurídi- a suas expensas e sob sua responsabilidade, a ano-
ca que não tenha sido deduzida em juízo”, trata-se de tação da propositura da ação à margem do título
uma ampliação objetiva, ou seja, amplia-se o objeto protestado.
da demanda.
Supondo que o executado – aquele que deve pagar/
Art. 516 O cumprimento da sentença efetuar-se-á cumprir a obrigação – tenha ajuizado uma ação resci-
perante: sória para rever o processo que o condenou naquela
I - os tribunais, nas causas de sua competência obrigação, e queira que essa informação conste à mar-
originária; gem do título protestado, poderá fazê-lo, desde que
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de arque com suas expensas e responsabilidade.
jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de Art. 517 [...]
sentença penal condenatória, de sentença arbitral, § 4º A requerimento do executado, o protesto será
de sentença estrangeira ou de acórdão proferido cancelado por determinação do juiz, mediante ofí-
194 pelo Tribunal Marítimo. cio a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três)
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
dias, contado da data de protocolo do requerimen- Art. 520 [...]
to, desde que comprovada a satisfação integral da § 1º No cumprimento provisório da sentença, o exe-
obrigação. cutado poderá apresentar impugnação, se quiser,
nos termos do art. 525.
Quando o executado cumprir a obrigação por com- § 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º
pleto, de forma a satisfazê-la integralmente, poderá do art. 523 são devidos no cumprimento provisório
requerer o cancelamento do protesto ao juiz, que ofi- de sentença condenatória ao pagamento de quantia
ciará o cartório para que, no prazo de 3 dias, proceda certa.
dessa forma.
Aplica-se ao pedido de cumprimento provisório as
Art. 518 Todas as questões relativas à validade do mesmas regras que ao cumprimento definitivo.
procedimento de cumprimento da sentença e dos
atos executivos subsequentes poderão ser arguidas Art. 520 [...]
pelo executado nos próprios autos e nestes serão § 3º Se o executado comparecer tempestivamente
decididas pelo juiz. e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se
da multa, o ato não será havido como incompatível
O executado poderá apresentar defesa técnica ao com o recurso por ele interposto.
pedido de cumprimento de sentença da parte exe- § 4º A restituição ao estado anterior a que se refere
quente, por meio de impugnação específica, que será o inciso II não implica o desfazimento da transfe-
analisada adiante. Dessa forma, poderá questionar os rência de posse ou da alienação de propriedade ou
pontos que tratarem da validade do procedimento de de outro direito real eventualmente já realizada,
cumprimento de sentença, bem como os atos que se ressalvado, sempre, o direito à reparação dos pre-
seguirem. juízos causados ao executado.
§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que
Art. 519 Aplicam-se as disposições relativas ao reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de
cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste
e à liquidação, no que couber, às decisões que con- Capítulo.
cederem tutela provisória.
O § 3º diz mais respeito à questão de que não se
Para as decisões que concedem tutelas provisórias, trata de comportamento contraditório o ato de pagar
também é possível que haja o pedido de cumprimento o valor devido em relação à interposição do recurso.
de sentença, como é o caso, por exemplo, do pedido Isso porque o comportamento contraditório é uma
de cumprimento de sentença que deferiu alimentos das formas de extinção do direito de recorrer. Dessa
provisórios por meio de tutela provisória de urgência. forma, a parte executada pode realizar o pagamento
do valor executado sem que isso implique em compor-
Art. 520 O cumprimento provisório da senten- tamento contraditório.
ça impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o Art. 521 A caução prevista no inciso IV do art. 520
cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte poderá ser dispensada nos casos em que:
regime: I - o crédito for de natureza alimentar, independen-
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exe- temente de sua origem;
quente, que se obriga, se a sentença for reformada, II - o credor demonstrar situação de necessidade;
a reparar os danos que o executado haja sofrido; III – pender o agravo do art. 1.042;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida
ou anule a sentença objeto da execução, restituin- estiver em consonância com súmula da jurispru-
do-se as partes ao estado anterior e liquidando-se dência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
eventuais prejuízos nos mesmos autos;
Tribunal de Justiça ou em conformidade com acór-
III - se a sentença objeto de cumprimento provisó-
dão proferido no julgamento de casos repetitivos.
rio for modificada ou anulada apenas em parte,
somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a Além da dispensa de caução prevista no inciso IV
prática de atos que importem transferência de pos- do art. 520 do CPC, ela também não é exigida quando
se ou alienação de propriedade ou de outro direi- as partes compactuam entre si a dispensa, através de
to real, ou dos quais possa resultar grave dano ao negócio jurídico processual.
executado, dependem de caução suficiente e idônea,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos pró- Art. 521 [...]
prios autos. Parágrafo único. A exigência de caução será man-
tida quando da dispensa possa resultar manifesto
É possível que haja o pedido de cumprimento de risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
sentença mesmo que ainda não tenha havido o trân-
sito em julgado da decisão, ou seja, mesmo que ain- No entanto, caso o juiz entenda que a caução pode-
da seja possível rever os termos daquela decisão por rá acarretar risco de grave dano de difícil ou incerta
meio de recurso. reparação, a exigência será mantida.
No entanto, por justamente não se tratar de uma
decisão com teor definitivo, ela sujeita-se a algumas Art. 522 O cumprimento provisório da senten-
regras, que são descritas nos incisos do art. 520 do CPC. ça será requerido por petição dirigida ao juízo
É possível que haja o protesto do título após o trân- competente.
sito em julgado. No entanto, tal protesto não é possível Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a
caso esteja diante de um cumprimento provisório de petição será acompanhada de cópias das seguintes
sentença. peças do processo, cuja autenticidade poderá ser 195
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
certificada pelo próprio advogado, sob sua respon- Caso não haja o pagamento voluntário no prazo,
sabilidade pessoal: ou este seja feito de forma parcial, o juiz determinará,
I - decisão exequenda; desde logo, que se proceda com os atos de expropria-
II - certidão de interposição do recurso não dotado ção, momento em que pode ocorrer bloqueio de con-
de efeito suspensivo; tas bancárias e bens, móveis ou imóveis.
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso; Art. 524 O requerimento previsto no art. 523 será
V - facultativamente, outras peças processuais con- instruído com demonstrativo discriminado e atua-
sideradas necessárias para demonstrar a existên- lizado do crédito, devendo a petição conter:
cia do crédito. I - o nome completo, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio-
Caso o processo de conhecimento seja físico e o nal da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
cumprimento de sentença seja provisório, é necessá- observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
rio que a petição seja acompanhada pelas peças elen- II - o índice de correção monetária adotado;
cadas no parágrafo único do art. 522 do CPC. III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
Art. 523 No caso de condenação em quantia cer- correção monetária utilizados;
ta, ou já fixada em liquidação, e no caso de deci- V - a periodicidade da capitalização dos juros, se
são sobre parcela incontroversa, o cumprimento for o caso;
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do VI - especificação dos eventuais descontos obriga-
exequente, sendo o executado intimado para pagar tórios realizados;
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sem-
custas, se houver. pre que possível.

O prazo de 15 dias disposto no artigo acima diz Como já mencionado, o cumprimento de sentença
respeito ao prazo para se proceder com o pagamento não é uma petição inicial, mas sim uma petição que dá
voluntário, ou seja, cumprimento espontâneo da obri- início à fase de execução nos mesmos autos.
gação após a intimação do executado. O art. 524 traz os requisitos que devem constar na
Somente após o transcurso desse prazo é que se petição:
abrirá novo prazo, também de 15 dias, para que o exe-
cutado, caso queira, apresente impugnação. Art. 524 [...]
Caso a parte devedora esteja sendo representada § 1º Quando o valor apontado no demonstrativo
pela Defensoria Pública, o prazo para o cumprimento aparentemente exceder os limites da condenação, a
espontâneo da obrigação será em dobro. execução será iniciada pelo valor pretendido, mas
Para litisconsortes distintos com advogados de a penhora terá por base a importância que o juiz
escritório de advocacia distintos (que não sejam ele- entender adequada.
trônicos os autos), o prazo para o cumprimento espon-
tâneo da obrigação será em dobro, nos termos do art. Se o valor apresentado pelo credor aparentemen-
229 do CPC. te exceder os limites da condenação, o juiz recebe o
pedido de cumprimento de sentença pelo valor indi-
Art. 523 [...] cado, mas no momento da penhora, irá se valer do
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo valor que ele entende correto.
do caput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado Art. 524 [...]
de dez por cento. § 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá
valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo
Caso o executado não realize o pagamento volun- máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se
tário no prazo de 15 dias, sobre o valor devido incidi- outro lhe for determinado.
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depen-
rão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%.
der de dados em poder de terceiros ou do executa-
do, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do
Art. 523 [...]
crime de desobediência.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previs-
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo
to no caput, a multa e os honorários previstos no §
depender de dados adicionais em poder do execu-
1º incidirão sobre o restante.
tado, o juiz poderá, a requerimento do exequente,
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias
Caso ocorra o pagamento de parte do valor devi- para o cumprimento da diligência.
do, a multa e os honorários incidirão sobre o saldo § 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não
devedor remanescente. Ou seja, supondo que a dívi- forem apresentados pelo executado, sem justificati-
da total seja de R$ 15.000,00 e o executado realizou o va, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os
pagamento de somente R$ 5.000,00, a multa e os hono- cálculos apresentados pelo exequente apenas com
rários incidirão em cima de R$ 10.000,00, que corres- base nos dados de que dispõe.
pondem ao saldo remanescente.
Se for o caso, para melhor verificação de qual seja
Art. 523 [...] o valor devido, o juiz pode remeter o processo ao setor
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento contábil do próprio tribunal, para que apresente o
voluntário, será expedido, desde logo, mandado valor correto.
de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de Também poderá intimar o executado, caso assim
expropriação. requeira o exequente, para que este apresente dados
adicionais e, caso estes não forem apresentados no
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prazo de 30 dias, sem qualquer justificativa, os cálcu- A exequibilidade pressupõe exigibilidade, mas, a
los apresentados pelo exequente serão considerados exigibilidade não pressupõe a exequibilidade do títu-
corretos. lo. Isso porque, em uma sentença que resolve uma
relação jurídica condicional (sujeita a termo ou condi-
Art. 525 Transcorrido o prazo previsto no art. 523 ção), se o termo ou condição não ocorrer, não poderá
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de haver o cumprimento de sentença, por ausência de
15 (quinze) dias para que o executado, independen- exigibilidade.
temente de penhora ou nova intimação, apresente,
nos próprios autos, sua impugnação.
Dica
O prazo para apresentação de impugnação é de 15 Falta de liquidez, certeza e exigibilidade: o título
dias e inicia-se após o término do prazo de 15 dias para
não será exequível.
o cumprimento espontâneo da obrigação. Ou seja, são
Não ocorrência do termo ou da condição: ausên-
dois prazos de 15 dias: um para o pagamento voluntá-
rio e outro para a apresentação da impugnação. cia de exigibilidade do título.
Nas hipóteses do art. 229 do CPC, aplica-se prazo
em dobro para Defensoria Pública e litisconsortes Art. 525 [...]
que tiverem diferentes procuradores com escritórios IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
de advocacia distintos, se não se tratar de processo
eletrônico. z Penhora ou avaliação ocorrida antes da impug-
nação: O impugnante/executado pode alegar na
Art. 525 [...] impugnação a penhora incorreta ou avaliação
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: errônea. Ex.: penhora que recai sobre um bem de
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe- família; avaliação inferior ao preço de mercado;
cimento, o processo correu à revelia; z Penhora ou avaliação ocorrida após a impugna-
ção: Por simples petição nos autos o devedor pode-
Nulidade de citação invalida a sentença. Se o juiz rá alegar a penhora incorreta ou o equívoco da
reconhece efetivamente a nulidade de citação na fase avaliação.
de conhecimento, haverá desconstituição da coisa jul-
gada, sendo considerados nulos os atos subsequentes Art. 525 [...]
ao momento em que deveria ter realizado a citação e, V - excesso de execução ou cumulação indevida de
inclusive, a sentença. execuções;
Se o réu, na fase de conhecimento, compareceu
espontaneamente, não haverá nulidade a ser declarada, Os incisos I, II e III do parágrafo 2º do art. 927 esta-
pois, neste caso, tem-se a aplicação do princípio da ins- belecem formas de excesso de execução:
trumentalidade das formas, de forma que a apresenta-
ção espontânea da contestação supre o vício citatório. Art. 525 [...]
§ 2º Há excesso de execução quando:
Art. 525 [...] I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ilegitimidade de parte; II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada
no título;
Esse ponto não se confunde com a ilegitimidade para III - ela se processa de modo diferente do que foi
a ação de conhecimento. No caso de ilegitimidade para determinado no título;
o cumprimento de sentença, aplica-se o disposto no art.
508 do CPC – eficácia preclusiva da coisa julgada. Caso o executado alegue excesso de execução na
sua impugnação, ele deve considerar o disposto nos §§
Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri- 4º e 5º, que veremos adiante.
to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
as alegações e as defesas que a parte poderia opor Art. 525 [...]
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
execução;
O cumprimento da sentença não poderá ser pro-
movido em face do fiador, do coobrigado ou do cor- Essa incompetência absoluta ou relativa diz respei-
responsável que não tiver participado da fase de to à fase de cumprimento de sentença e não à fase de
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

conhecimento (§ 5º do art. 513). conhecimento, que ocorre antes e possui regras distintas.
O caput do art. 516 do CPC traz as hipóteses de
Art. 525 [...] competência funcional, bem como em seu parágra-
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da fo único, as suas mitigações, das quais já tratamos
obrigação; anteriormente.

É possível ter uma obrigação exigível (certifi- Art. 525 [...]


cou-se o direito e a obrigação = existência do crédito) VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da
mas não exequível, pois, para que seja exequível, o obrigação, como pagamento, novação, compensa-
título deve ser certo e líquido. ção, transação ou prescrição, desde que superve-
Portanto, se for possível aferir a existência do cré- nientes à sentença.
dito e buscar recuperação desse crédito, tem-se uma
exigibilidade, ainda que não pela via executiva. Logo, Pagamento, novação, compensação, transação ou
se os requisitos para a execução estão presentes, o prescrição são algumas formas possíveis que existem
título será exigível e, portanto, exequível. para a extinção ou modificação da obrigação. 197
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Ser “superveniente à sentença” significa dizer que Entretanto, o juiz poderá deferir o pedido de efeito
essas causas devem ter ocorrido após a sentença, ou suspensivo, desde que haja:
seja, se houve alguma delas na fase de conhecimen-
to, esta não poderá ser alegada novamente na fase de z Requerimento realizado pelo impugnante/executado;
cumprimento de sentença. z Prestação de garantia: através de penhora, caução
ou depósito suficiente;
Art. 525 [...] z Demonstração de risco: grave dano de difícil ou
§ 2º A alegação de impedimento ou suspeição incerta reparação.
observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. Preenchidos os requisitos para concessão do efeito
suspensivo, o exequente poderá prestar caução a fim
As alegações para se impugnar eventuais causas de afastar o efeito suspensivo da obrigação e o risco
de impedimento ou suspeição do magistrado que está que eventualmente possa ser alegado pelo executado.
processando e julgando a causa dar-se-ão da mesma Eventual atribuição de efeito suspensivo à impug-
maneira que no processo de conhecimento, observan- nação não impedirá a necessidade de substituição/
do o disposto nos artigos que tratam sobre o tema: reforço/redução de penhora, no caso de já realizada
arts. 146 e 148 do CPC. anteriormente.
Já no que diz respeito ao prazo, observar-se-á que,
caso as partes estejam sendo patrocinadas por advogados Art. 525 [...]
distintos, de escritório de advocacia distinto, e não sendo § 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impug-
eletrônicos os autos, o prazo será contado em dobro. nação disser respeito apenas a parte do objeto da
execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação
Art. 525 [...]
deduzida por um dos executados não suspenderá a
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, em
execução contra os que não impugnaram, quando
excesso de execução, pleiteia quantia superior à resul-
o respectivo fundamento disser respeito exclusiva-
tante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato
mente ao impugnante.
o valor que entende correto, apresentando demonstra-
§ 10 Ainda que atribuído efeito suspensivo à impug-
tivo discriminado e atualizado de seu cálculo.
nação, é lícito ao exequente requerer o prossegui-
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor cor-
mento da execução, oferecendo e prestando, nos
reto ou não apresentado o demonstrativo, a impug-
próprios autos, caução suficiente e idônea a ser
nação será liminarmente rejeitada, se o excesso de
arbitrada pelo juiz.
execução for o seu único fundamento, ou, se houver
§ 11 As questões relativas a fato superveniente ao
outro, a impugnação será processada, mas o juiz
término do prazo para apresentação da impugna-
não examinará a alegação de excesso de execução.
ção, assim como aquelas relativas à validade e à
adequação da penhora, da avaliação e dos atos exe-
Na hipótese de que haja excesso de execução, o cutivos subsequentes, podem ser arguidas por sim-
executado deve obrigatoriamente demostrar por cál- ples petição, tendo o executado, em qualquer dos
culos e apresentar o valor que entende como sendo o casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular
correto. Não basta alegar que há excesso à execução esta arguição, contado da comprovada ciência do
sem que demonstre qual é o verdadeiro valor devido. fato ou da intimação do ato.
Caso haja tão somente a alegação de excesso, mas
sem que se demonstre o valor que entende devido Quando a penhora ou avaliação errônea dê-se após
através de demonstrativo de cálculo, o juiz poderá: a impugnação, o executado pode apresentar sua argui-
ção no prazo de 15 dias através de petição simples.
z Caso seja a única alegação da impugnação o exces-
so à execução, rejeitará de forma liminar; Art. 525 [...]
z Caso a impugnação contenha outro argumento § 12 Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste
além do excesso, esta será processada, mas somen- artigo, considera-se também inexigível a obrigação
te nesse outro argumento, pois a alegação de reconhecida em título executivo judicial fundado em
excesso não será examinada. lei ou ato normativo considerado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli-
Art. 525 [...] cação ou interpretação da lei ou do ato normativo
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatí-
prática dos atos executivos, inclusive os de expro- vel com a Constituição Federal, em controle de cons-
priação, podendo o juiz, a requerimento do executa- titucionalidade concentrado ou difuso.
do e desde que garantido o juízo com penhora, § 13 No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supre-
caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
efeito suspensivo, se seus fundamentos forem rele- tempo, em atenção à segurança jurídica.
vantes e se o prosseguimento da execução for mani- § 14 A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
festamente suscetível de causar ao executado grave da no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado
dano de difícil ou incerta reparação. da decisão exequenda.
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere § 15 Se a decisão referida no § 12 for proferida após
o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de subs- o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
tituição, de reforço ou de redução da penhora e de ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsi-
avaliação dos bens to em julgado da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal.
Como regra, a impugnação ao cumprimento de
sentença não goza de efeito suspensivo. O efeito sus- Se o fundamento do título se tratar de inconstitu-
pensivo diz respeito ao cumprimento de sentença, ou cionalidade reconhecida pelo STF em uma lei ou ato
seja, impede o avanço dos atos constritivos enquanto normativo, gera a inexequibilidade ou inexigibilidade
198 pendente a impugnação. da obrigação.
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Para que a decisão possa ser fundamento na A justificativa para não ocorrência do pagamento
impugnação quanto à inexequibilidade ou inexigibi- da pensão deve ser absoluta, ou seja, somente pode
lidade do título, ela deve ser anterior ao trânsito em ser uma razão verdadeiramente plausível que justifi-
julgado e, portanto, antes da formação do título. Se for que o não pagamento dos alimentos entre o alimen-
posterior, cabe ação rescisória no prazo de 2 anos, a tante e o alimentado.
contar do trânsito em julgado da ação que reconheceu
a inconstitucionalidade. Art. 528 [...]
Os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Fede- § 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apre-
ral poderão ser modulados no tempo, em atenção à sentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar
segurança jurídica (§ 13 do art. 525). Por exemplo, se o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-
durante a fase de um processo de conhecimento, mas -lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4º A prisão será cumprida em regime fechado,
antes do trânsito em julgado, o STF declara a inconsti-
devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
tucionalidade da lei ou do ato normativo com efeitos
§ 5º O cumprimento da pena não exime o executado
futuros para determinada data (posterior ao trânsito do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
em julgado dessa ação de conhecimento), o devedor § 6º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspende-
não poderá alegar a inconstitucionalidade, justamen- rá o cumprimento da ordem de prisão.
te pelos efeitos da modulação. § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil
do alimentante é o que compreende até as 3 (três)
Art. 526 É lícito ao réu, antes de ser intimado para prestações anteriores ao ajuizamento da execução
o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e e as que se vencerem no curso do processo.
oferecer em pagamento o valor que entender devido,
apresentando memória discriminada do cálculo. A prisão somente será cabível em relação às três
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, últimas parcelas não adimplidas antes do requeri-
podendo impugnar o valor depositado, sem prejuí- mento; as demais prestações pretéritas serão executa-
zo do levantamento do depósito a título de parcela das à luz do § 1º do art. 523 do CPC – rito da penhora.
incontroversa. Ou seja, caso existam cinco prestações vencidas
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósi- e há a necessidade de executar todas, as três últimas
to, sobre a diferença incidirão multa de dez por cen- (mais recentes) poderão ser processadas pelo rito da
to e honorários advocatícios, também fixados em
prisão, enquanto as duas mais distantes serão proces-
dez por cento, seguindo-se a execução com penhora
sadas pelo rito da expropriação, ou rito da penhora.
e atos subsequentes.
Embora a própria lei diga “pena”, não se trata de
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satis-
uma pena a ser cumprida, mas sim de uma forma de
feita a obrigação e extinguirá o processo.
Art. 527 Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao
constrição para o pagamento.
cumprimento provisório da sentença, no que couber. Não à toa, após a quitação do débito, é expedido
alvará de soltura da prisão civil. A ideia da prisão para
devedores de alimentos é para que haja o pagamento
O cumprimento da sentença que diz respeito à ali-
do débito, não uma forma de punir o alimentante.
mentos poderá ser feito à luz do disposto no § 1º do
Ainda que haja a prisão e o executado cumpra o
art. 523 (rito da penhora) ou pelo art. 528 do CPC (rito
prazo determinado pelo juiz, a dívida permanece e
da prisão civil).
poderá sofrer as constrições patrimoniais, como blo-
queio de valores e bens.
Art. 528 No cumprimento de sentença que con-
dene ao pagamento de prestação alimentícia
Art. 528 [...]
ou de decisão interlocutória que fixe alimen-
§ 8º O exequente pode optar por promover o cum-
tos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará
primento da sentença ou decisão desde logo, nos
intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três)
termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo
dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a
III, caso em que não será admissível a prisão do
impossibilidade de efetuá-lo.
executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a
concessão de efeito suspensivo à impugnação não
Após iniciar a fase de cumprimento de sentença, o obsta a que o exequente levante mensalmente a
juiz determinará a intimação pessoal do devedor, que, importância da prestação.
devidamente intimado, poderá justificar a impossibi- § 9º Além das opções previstas no art. 516, parágrafo
lidade de efetuá-lo no prazo de 3 dias. único, o exequente pode promover o cumprimento da
sentença ou decisão que condena ao pagamento de
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 528 [...] prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.


§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não
efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não O exequente não é obrigado a seguir pelo rito da
apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, prisão, ainda que seja possível, pois trata-se de uma
o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, faculdade do exequente a escolha do melhor rito para
aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517. receber o valor devido.
Além disso, o exequente pode requerer que seja
Se o devedor não paga, não prova que pagou e, processado e julgado no foro de seu domicílio. Em
tampouco justifica o não pagamento, o juiz determina regra, a competência para cumprimento de sentença
o protesto do título e decreta a sua prisão civil. é uma competência funcional, ou seja, o juiz prolator
da decisão será o competente para cumprimento da
Art. 528 [...] sentença. Porém, tratando-se de cumprimento de sen-
§ 2º Somente a comprovação de fato que gere a tença relacionada à prestação de alimentos, têm-se
impossibilidade absoluta de pagar justificará o foros concorrentes, tanto do juízo prolator da decisão
inadimplemento. quanto do juízo do foro do domicílio do credor. 199
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 529 Quando o executado for funcionário públi- Art. 533 Quando a indenização por ato ilícito incluir
co, militar, diretor ou gerente de empresa ou empre- prestação de alimentos, caberá ao executado, a reque-
gado sujeito à legislação do trabalho, o exequente rimento do exequente, constituir capital cuja renda
poderá requerer o desconto em folha de pagamento assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
da importância da prestação alimentícia.
§ 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autori- O art. 533 trata acerca dos alimentos indenizató-
dade, à empresa ou ao empregador, determinando, rios, ou seja, aqueles que decorrem de uma ação de
sob pena de crime de desobediência, o desconto a responsabilidade civil, e que, embora sejam alimen-
partir da primeira remuneração posterior do exe-
tos, processam de forma diversa.
cutado, a contar do protocolo do ofício.
O executado, nesse caso específico, poderá constituir
§ 2º O ofício conterá o nome e o número de inscri-
ção no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e
capital cuja renda assegure o pagamento do valor men-
do executado, a importância a ser descontada men- sal da pensão. Ou seja, pode adquirir imóveis para que
salmente, o tempo de sua duração e a conta na qual a renda oriunda desses imóveis seja revertida ao paga-
deve ser feito o depósito. mento dos alimentos indenizatórios devidos ao alimen-
§ 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincen- tado. O executado pode constituir este capital através de
dos, o débito objeto de execução pode ser descontado imóvel ou até de direitos reais sobre bens imóveis alie-
dos rendimentos ou rendas do executado, de forma náveis, e, dessa forma, os frutos desse capital constituído
parcelada, nos termos do caput deste artigo, contan- deverão ser o pagamento dos alimentos indenizatórios.
to que, somado à parcela devida, não ultrapasse cin-
quenta por cento de seus ganhos líquidos. Art. 533 [...]
§ 1º O capital a que se refere o caput, representado por
Quando o devedor de alimentos for pessoa que imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis
se submeta a alguma das características do caput do de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações
art. 529, poderá o exequente requerer que seja feito financeiras em banco oficial, será inalienável e impe-
desconto em folha do valor devido, até a sua quitação nhorável enquanto durar a obrigação do executado,
total. além de constituir-se em patrimônio de afetação.
Sem que haja prejuízo daqueles alimentos que § 2º O juiz poderá substituir a constituição do capi-
deverão ainda ser descontados de sua folha, a soma da tal pela inclusão do exequente em folha de paga-
parcela do débito com a pensão atual devida e vincen- mento de pessoa jurídica de notória capacidade
da não poderá ultrapassar 50% dos ganhos líquidos. econômica ou, a requerimento do executado, por
fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
arbitrado de imediato pelo juiz.
Art. 530 Não cumprida a obrigação, observar-se-á
o disposto nos arts. 831 e seguintes. § 3º Se sobrevier modificação nas condições eco-
nômicas, poderá a parte requerer, conforme as cir-
cunstâncias, redução ou aumento da prestação.
Não cumprida a obrigação de pagar alimentos,
§ 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada
quando estes estiverem sendo processados pelo rito tomando por base o salário-mínimo.
da prisão, seguirão sendo processados (§ 5º do art. § 5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz
528), mas agora pelo rito da penhora, através de cons- mandará liberar o capital, cessar o desconto em
trição patrimonial. folha ou cancelar as garantias prestadas.

Art. 531 O disposto neste Capítulo aplica-se aos ali- Outra opção para o pagamento dos alimentos inde-
mentos definitivos ou provisórios. nizatórios é que seja incluído o exequente (o credor,
§ 1º A execução dos alimentos provisórios, bem
quem vai receber os alimentos) em folha de pagamen-
como a dos alimentos fixados em sentença ainda
to de pessoa jurídica de notória capacidade econômi-
não transitada em julgado, se processa em autos
apartados. ca, ou fiança bancária ou garantia real, sendo esses
§ 2º O cumprimento definitivo da obrigação de valores fixados pelo juiz.
prestar alimentos será processado nos mesmos Existe também a possibilidade de ser feita a revisão
autos em que tenha sido proferida a sentença. do valor dos alimentos, caso haja modificação das condi-
ções econômicas, seja para aumentar ou para diminuir.
Pode-se requerer a prisão civil do executado que Não necessariamente a base de cálculo será o salá-
deve alimentos inclusive quando se tratar de alimen- rio ou remuneração, podendo ser baseada em salários
tos provisórios. No entanto, o pedido de cumprimento mínimos.
provisório tramitará em autos apartados do processo Por fim, quando cessar a obrigação de pagar ali-
principal. Já os alimentos definitivos, após o trânsito mentos indenizatórios, cessará também o desconto
em julgado da sentença, serão processados nos mes- em folha ou serão canceladas as garantias prestadas.
mos autos da ação que condenou ao pagamento dos
alimentos. Art. 534 No cumprimento de sentença que impuser
à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa,
Art. 532 Verificada a conduta procrastinatória do o exequente apresentará demonstrativo discrimi-
executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência nado e atualizado do crédito contendo:
ao Ministério Público dos indícios da prática do cri-
me de abandono material. Fazenda Pública é pessoa jurídica de direito público.
É composta pelos seguintes entes: União, Estados, Distri-
Caso o Ministério Público perceba que se trata de to Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas.
devedor contumaz, que procrastina ou se recusa ao Transitada em julgado a sentença, o credor reque-
pagamento dos alimentos, isso poderá ser indício da rerá a intimação da Fazenda Pública no prazo de
prática do crime de abandono material, tipificado no 30 dias, oportunidade em que poderá apresentar
200 Código Penal. impugnação.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A petição de cumprimento de sentença deve obser- § 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte
var os seguintes critérios: não questionada pela executada será, desde logo,
objeto de cumprimento. (Vide ADI 5534)
Art. 534 [...]
I - o nome completo e o número de inscrição no Os bens da Fazenda Pública são impenhoráveis.
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio- O cumprimento de sentença se submeterá ao regime
nal da Pessoa Jurídica do exequente; de precatórios ou Requisição de Pequeno Valor – RPV
II - o índice de correção monetária adotado; (art. 100 da CF).
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da z Regime de Precatórios: Se apresentados até 1º de
correção monetária utilizados; julho de determinado ano, serão pagos até o térmi-
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se no do exercício financeiro subsequente (dia 31/12);
for o caso; z Requisição de Pequeno Valor: Será cabível quan-
VI - a especificação dos eventuais descontos obriga- do o valor for de até 60 salários mínimos para a
tórios realizados. União; 40 salários mínimos para os Estados e 30
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um salários mínimos para Município. O pagamento
deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, é realizado em até dois meses após expedição da
aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto
RPV. Vale ressaltar, entretanto, que a lei de cada
nos §§ 1º e 2º do art. 113.
ente poderá disciplinar de forma diversa o valor
§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se
aplica à Fazenda Pública. da RPV.

Quando houver, na mesma oportunidade, plurali- Se não houver apresentação de impugnação: A


dade de exequentes, cada um deles deve apresentar o expedição de precatório será realizada por intermé-
seu demonstrativo de forma discriminada. dio do presidente do Tribunal de Justiça. A atuação do
Em caso de não pagamento voluntário, a multa presidente é meramente administrativa, não possuin-
prevista de 10% e 10% de honorários, referente ao do caráter jurisdicional. Na sequência, seguirá o pro-
§ 1º do art. 523 do CPC, não será aplicada à Fazenda cedimento do precatório ordinário ou extraordinário,
Pública. a depender da situação (art. 100 da CF).
A expedição de RPV dar-se-á por ordem do próprio
Art. 535 A Fazenda Pública será intimada na pes- juiz, com pagamento em até 2 meses.
soa de seu representante judicial, por carga, remes- Na hipótese de apresentação de impugnação pela
sa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de Fazenda Pública, aplicar-se-ão as mesmas matérias
30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a previstas para impugnação entre particulares (as
execução, podendo arguir: hipóteses art. 525 estão elencadas no art. 535 do CPC),
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe- exceto quando se tratar de penhora incorreta ou ava-
cimento, o processo correu à revelia; liação errônea.
II - ilegitimidade de parte; Após apresentação da impugnação, a parte cre-
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da dora também terá a oportunidade de se manifestar,
obrigação; podendo o magistrado acolher ou não a impugnação
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de (o acolhimento ou a rejeição poderá ser total ou par-
execuções; cial). Se for o caso, o juiz ordenará a produção de pro-
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
vas e, após isso, decidirá.
execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da
obrigação, como pagamento, novação, compensa- Art. 535 [...]
ção, transação ou prescrição, desde que superve- § 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput des-
nientes ao trânsito em julgado da sentença. te artigo, considera-se também inexigível a obrigação
§ 1º A alegação de impedimento ou suspeição reconhecida em título executivo judicial fundado em
observará o disposto nos arts. 146 e 148. lei ou ato normativo considerado inconstitucional
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplica-
de execução, pleiteia quantia superior à resultante ção ou interpretação da lei ou do ato normativo tido
do título, cumprirá à executada declarar de ime- pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível
diato o valor que entende correto, sob pena de não com a Constituição Federal, em controle de constitu-
conhecimento da arguição. cionalidade concentrado ou difuso.
§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supre-
Até aqui, as alegações da impugnação ao cumpri- mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mento de sentença seguem as mesmas regras referen-


tes ao que foi estudado no art. 525 do CPC. § 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
da no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito
Art. 535 [...] em julgado da decisão exequenda.
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as § 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após
arguições da executada: o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsi-
tribunal competente, precatório em favor do exe- to em julgado da decisão proferida pelo Supremo
quente, observando-se o disposto na Constituição Tribunal Federal.
Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pes- Também se aplicam aqui as mesmas ideias refe-
soa de quem o ente público foi citado para o pro-
cesso, o pagamento de obrigação de pequeno valor
rentes ao art. 525 do CPC:
será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado
da entrega da requisição, mediante depósito na Art. 536 No cumprimento de sentença que reconheça
agência de banco oficial mais próxima da residên- a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
cia do exequente. (Vide ADI 5534) o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a 201
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tute- Art. 537 A multa independe de requerimento da
la pelo resultado prático equivalente, determinar as parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimen-
medidas necessárias à satisfação do exequente. to, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase
de execução, desde que seja suficiente e compatível
O magistrado deve buscar a efetivação da tutela com a obrigação e que se determine prazo razoável
específica ou a obtenção do resultado prático equiva- para cumprimento do preceito.
lente, o que significa que se deve buscar aquilo que
o autor conseguiria se a parte contrária cumprisse Como mencionado no artigo anterior, o juiz pode
espontaneamente a obrigação. fixar multa (dentre as demais medidas cabíveis) para
Ou seja, não necessariamente o juiz vai se limitar obrigar o executado a cumprir com sua obrigação,
ao que foi pedido pelas partes como meios de efetivar incentivando o adimplemento. Ou seja, a multa tam-
a tutela, podendo o juiz agir de ofício. bém poderá ser fixada de ofício pelo juiz, não depen-
dendo do requerimento das partes.
Art. 536 [...]
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz pode- Art. 531 [...]
rá determinar, entre outras medidas, a imposição de § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e modificar o valor ou a periodicidade da multa vin-
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de cenda ou excluí-la, caso verifique que:
atividade nociva, podendo, caso necessário, requi- I - se tornou insuficiente ou excessiva;
sitar o auxílio de força policial. II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial
superveniente da obrigação ou justa causa para o
As formas dispostas no § 1º são exemplificativas, descumprimento.
podendo o juiz, a depender do caso concreto, determi-
nar outras medidas para que se efetive a pretensão do De igual maneira, o valor da multa poderá ser revisto
objeto cumprimento de sentença. de ofício pelo juiz ou por requerimento das partes.

Art. 536 [...] Art. 531 [...]


§ 2º O mandado de busca e apreensão de pes- § 2º O valor da multa será devido ao exequente.
soas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais
de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ O valor da multa é revertido ao exequente, ou seja, à
1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento. parte que está sendo diretamente prejudicada pelo não
cumprimento ou adimplemento daquela obrigação.
No que diz respeito ao pedido de busca e apreen-
são, deve-se observar o que dispõem os §§ 1º a 4º do Art. 531 [...]
art. 846; ele será cumprido por 2 oficiais de justiça e, § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumpri-
caso haja necessidade, com ordem de arrombamento. mento provisório, devendo ser depositada em juízo,
permitido o levantamento do valor após o trânsito
em julgado da sentença favorável à parte.
Art. 536 [...] § 4º A multa será devida desde o dia em que se configu-
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância rar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto
de má-fé quando injustificadamente descumprir a não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabiliza- § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber,
ção por crime de desobediência. ao cumprimento de sentença que reconheça deveres
de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
Se, de forma injustificada, o executado descumprir
a ordem judicial da sentença que reconheça a obriga- Se a decisão que fixa a multa é cumprida de forma
ção de fazer ou não fazer, incidirá nas penas de liti- parcial, deve ser depositada em juízo, para que possa ser
gância de má-fé, sem prejuízo de ainda responder por posteriormente levantada e sacada pela parte exequen-
crime de desobediência. te. No entanto, o levantamento do valor só será permi-
tido após o trânsito em julgado da sentença favorável à
Art. 536 [...] parte.
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a A multa também será devida desde o dia da sua
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, configuração e perdurará até o cumprimento da obri-
aplica-se o art. 525, no que couber. gação ou até a decisão judicial que a exclua.

O art. 525 trata da impugnação ao cumprimento de Art. 538 Não cumprida a obrigação de entregar
sentença, e aplica-se à exigibilidade de obrigação de coisa no prazo estabelecido na sentença, será expe-
fazer ou não fazer no que couber. Assim, não somente dido mandado de busca e apreensão ou de imissão
é aplicada a exigibilidade de obrigação de pagar quan- na posse em favor do credor, conforme se tratar de
tia, como também a de reconhecer a exigibilidade da coisa móvel ou imóvel.
obrigação de fazer ou não fazer.
A depender do objeto da obrigação, móvel ou imó-
Art. 536 [...] vel, poderá ser caso de busca e apreensão (móvel) ou
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, imissão na posse (imóvel), em favor do exequente.
ao cumprimento de sentença que reconheça deveres
de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. Art. 538 [...]
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada
O parágrafo citado menciona deveres de fazer ou na fase de conhecimento, em contestação, de forma
não fazer que digam respeito à natureza não obrigacio- discriminada e com atribuição, sempre que possível
nal, como, por exemplo, a obrigação fixada em ações de e justificadamente, do respectivo valor.
guarda, quando trata sobre buscar ou deixar a criança. § 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser
202 exercido na contestação, na fase de conhecimento.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As alegações de benfeitorias, sobre sua existên- § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
cia ou retenção, são matérias que dizem respeito ao ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
mérito da demanda, e, portanto, discutidas na fase de decisão proferida anteriormente à citação.
conhecimento, não sendo possível mais a sua discus- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
são na fase de execução em cumprimento de sentença. ção será protocolada em cartório ou conforme as
normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial.
Art. 538 [...]
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste
remetido pelo correio, será considerada como data
artigo, no que couber, as disposições sobre o cum-
de interposição a data de postagem.
primento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
zo para interpor os recursos e para responder-lhes
DOS RECURSOS é de 15 (quinze) dias.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
Conceito do local no ato de interposição do recurso.

Recurso é o meio processual próprio para se impug- Dois pontos aqui merecem atenção. Um deles diz
nar uma decisão judicial. O recurso trata do exercício respeito à interposição ou protocolo por correio, sen-
do duplo grau de jurisdição, incluído na cláusula do do considerada a data da postagem. Muitos tribunais
devido processo legal. O duplo grau de jurisdição está regulamentaram o denominado “protocolo postal” a
previsto no art. 8º da Convenção Americana dos Direi- fim de dar maior segurança a eventuais protocolos
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): alínea realizados pelo correio.
“h” do inciso 2 do art. 8º: Outro ponto refere-se à comprovação do feriado
local no ato da interposição. Assim, juntamente com
Art. 8º Garantias judiciais o recurso e demais pressupostos pertinentes à admis-
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a sibilidade, deve-se instruir com o ato oficial que esta-
que se presuma sua inocência, enquanto não for beleceu o feriado local, sob pena de ser considerado o
legalmente comprovada sua culpa. Durante o pro- dia como útil, integrando, assim, a contagem do prazo.
cesso, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
Ainda no que se refere à tempestividade, o CPC, de
às seguintes garantias mínimas:
[...]
2015 dispõe sobre eventuais fatos que possam impos-
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal sibilitar a interposição tempestiva do recurso, garan-
superior. tindo ao interessado a restituição do prazo:

Já o direito de recorrer decorre da própria estrutu- Art. 1.004 Se, durante o prazo para a interposição
ração dos órgãos judiciários na Constituição Federal de do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
1988, atribuindo a eles competência recursal, ou seja,
que suspenda o curso do processo, será tal prazo
para apreciar recursos oriundos de instâncias inferiores.
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
sucessor, contra quem começará a correr nova-
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE mente depois da intimação.

z Legitimidade: O recurso pode ser interposto pela z Cabimento (singularidade): O recurso deve ter pre-
parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo visão legal de cabimento. Dos despachos, não cabe
Ministério Público, como parte ou como fiscal recurso;
da ordem jurídica (art. 996). A legitimidade tem z Adequação: Em regra, para cada espécie de deci-
relação também com o interesse recursal, já que são há um recurso adequado previsto em lei;
traduz na necessidade de ainda se buscar o direi- z Motivação/fundamentação: A parte deve expor
to não reconhecido, por quem legitimamente o as razões de seu inconformismo. A decisão pode
persiga; ser impugnada no todo ou em parte;
z Interesse: Para se recorrer, deve ter havido um z Preparo: O recorrente deve recolher as despesas
prejuízo, ainda que parcial. A parte que aceitar processuais relativas ao processamento do recurso.
expressa ou tacitamente a decisão não poderá
Art. 1.007 No ato de interposição do recurso, o
recorrer;
recorrente comprovará, quando exigido pela legis-
z Tempestividade: O recurso deve ser interposto no lação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

prazo legal, sob pena de preclusão temporal. Exce- porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
tuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 Fala-se em recurso deserto quando não satisfeito o
dias. Sobre a tempestividade, convém observar o preparo. Mas há questões importantes sobre o prepa-
termo inicial do prazo recursal, tratado pelo CPC ro, que veremos agora. São dispensados de preparo,
nas disposições gerais sobre os recursos: inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo
Art. 1.003 O prazo para interposição de recurso Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e
conta-se da data em que os advogados, a sociedade respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria legal. Tratando-se de pessoa jurídica de direito públi-
Pública ou o Ministério Público são intimados da co interno, dispensa-se o preparo, não havendo que se
decisão. falar em deserção.
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão Se o valor do preparo for insuficiente, o recorrente
intimados em audiência quando nesta for proferida será intimado na pessoa de seu advogado para supri-lo
a decisão. no prazo de 5 dias, sob pena de deserção (art. 1.007). 203
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Mas e se sequer houver preparo para o recurso, isso conseguiu afastar totalmente a pretensão do autor; o
implicará na sua imediata inadmissibilidade? Não, exemplo pode ser uma ação de indenização em que
pois o CPC, de 2015 determina a intimação do advo- foram pedidos dez mil, mas acolhidos apenas cinco
gado para recolhê-lo em dobro, sob pena de deserção. mil pelo juiz (caso de procedência parcial). E se, nes-
Mas, nessa hipótese de recolhimento em dobro, não sa hipótese, apenas uma das partes recorre, enquan-
poderá haver recolhimento insuficiente, o que impli- to a outra deixa passar seu prazo? Nada poderá fazer
cará a deserção sem oportunidade de complementar. além de apresentar suas contrarrazões? Bem, poderá
Segundo o CPC, em ações com litisconsórcio, não é ela apresentar, no prazo das contrarrazões, o recurso
necessário que todas as partes interponham recurso, se adesivo. Veja o que diz o CPC:
uma o fizer será válido também para as outras partes.
Art. 997 Cada parte interporá o recurso indepen-
Art. 1.005 O recurso interposto por um dos litis- dentemente, no prazo e com observância das exi-
consortes a todos aproveita, salvo se distintos ou gências legais.
opostos os seus interesses. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter-
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o posto por qualquer deles poderá aderir o outro.
recurso interposto por um devedor aproveitará aos § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur-
outros quando as defesas opostas ao credor lhes so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
forem comuns. regras deste quanto aos requisitos de admissibili-
Art. 1.006 Certificado o trânsito em julgado, com dade e julgamento no tribunal, salvo disposição
menção expressa da data de sua ocorrência, o escri- legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
vão ou o chefe de secretaria, independentemente de I - será dirigido ao órgão perante o qual o recur-
despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo so independente fora interposto, no prazo de que a
de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraor-
Das Disposições Gerais dinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência
do recurso principal ou se for ele considerado
Uma vez interposto o recurso, será necessário pro-
inadmissível.
cessá-lo, isto é, dar o devido andamento para que seja
apreciado pelo órgão competente. O processamento
O recurso adesivo será apreciado como recurso
se dá em duas etapas: primeiro, admitindo-o, pela
autônomo, mas ficará subordinado à admissibilidade
análise de seus pressupostos, ocasião em que será
do recurso principal. E somente poderá ser interposto
conhecido para julgamento. Uma vez conhecido, será
adesivamente ao recurso de apelação, extraordinário
apreciado seu mérito, ocasião em que se falará no seu
e ao especial.
provimento ou não. Assim, tem-se que:
O CPC, de 2015 admite a desistência do recurso,
modalidade de ato dispositivo unilateral pelo qual o
z Juízo de admissibilidade: Incumbido de verificar o
recorrente abre mão do recurso já interposto. Mas
preenchimento dos pressupostos de admissibilidade; essa faculdade não surtirá efeitos nos casos em que
z Juízo de mérito: Incumbido da análise da preten- a questão tenha repercussão geral já reconhecida ou
são recursal, podendo dar ou negar provimento ao sido objeto de julgamento de recursos extraordinários
recurso. ou especiais repetitivos (art. 998).

Dica Art. 998 O recorrente poderá, a qualquer tempo,


sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,
Juízo a quo é o órgão judiciário que proferiu a desistir do recurso.
decisão recorrida. Juízo ad quem é o órgão judi- Parágrafo único. A desistência do recurso não impede
ciário incumbido de apreciar o recurso. a análise de questão cuja repercussão geral já tenha
sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de
A interposição do recurso não impede que a deci- recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
são produza efeitos, a não ser que a lei diga o contrá- Art. 999 A renúncia ao direito de recorrer indepen-
rio ou que decisão judicial atribua ao recurso o efeito de da aceitação da outra parte.
suspensivo, impossibilitando a produção dos efeitos Art. 1.000 A parte que aceitar expressa ou tacita-
da decisão recorrida enquanto discutida em instância mente a decisão não poderá recorrer.
superior. Sobre essa questão, veja o que dispõe o CPC: Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a
prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível
Art. 995 Os recursos não impedem a eficácia da com a vontade de recorrer.
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
em sentido diverso. Mas não confunda desistência com renúncia. En-
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida quanto a desistência opera efeitos sobre o recurso já
poderá ser suspensa por decisão do relator, se da interposto, pela renúncia a parte abre mão do direito
imediata produção de seus efeitos houver risco de de recorrer, antes de interposto o recurso. Existe ain-
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e da a renúncia tácita, que ocorre quando a parte prati-
ficar demonstrada a probabilidade de provimento ca ato não condizente ou incompatível com o direito
do recurso. de recorrer, como o cumprimento da decisão.
A decisão pode ser total ou parcialmente impugnada.
O recurso deve ser interposto por cada parte inte- Lembre-se que dissemos que o recurso exige nova pro-
ressada, dentro do prazo e em observância aos demais vocação da parte, aqui denominada de interposição (o
pressupostos de admissibilidade. Mas imagine a situa- ato de apresentar o recurso). Nessa interposição, a par-
ção em que ambas as partes são sucumbentes, isto é, te pode tratar de todos os pontos objeto da decisão, ou
204 nem o autor conseguiu tudo que queria, nem o réu apenas de alguns deles. Imagine que a sentença tenha
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
condenado o réu em danos morais e materiais. No recur- § 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas
so, o réu diverge apenas dos danos morais, razão pela em contrarrazões, o recorrente será intimado para,
qual se tornará incontroversa a condenação sobre os em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
danos materiais, transitando em julgado essa parte da § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mes-
decisão. O CPC, de 2015 dispõe nesse sentido: mo quando as questões mencionadas no art. 1.015
integrarem capítulo da sentença.
Art. 1.002 A decisão pode ser impugnada no todo
ou em parte. São requisitos da apelação:

Uma vez sendo dado provimento ao recurso (aco- Art. 1.010 A apelação, interposta por petição diri-
gida ao juízo de primeiro grau, conterá:
lhida a pretensão recursal), o julgamento proferido
I - os nomes e a qualificação das partes;
pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que
II - a exposição do fato e do direito;
tiver sido objeto de recurso (art. 1.008). III - as razões do pedido de reforma ou de decreta-
ção de nulidade;
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal IV - o pedido de nova decisão.
substituirá a decisão impugnada no que tiver sido
objeto de recurso.
Importante!
RECURSOS EM ESPÉCIE
O juízo de admissibilidade da apelação será
O Código tipifica as espécies de recurso, que tratare- realizado pelo tribunal (juízo ad quem), e não
mos na sequência, valendo destacar que os despachos pelo juiz que proferiu a decisão recorrida (juízo
são irrecorríveis, ou seja, os recursos abaixo arrolados a quo).
buscam impugnar decisões interlocutória, sentenças ou
acórdãos, observado o cabimento de cada um deles.
A apelação terá efeito suspensivo, impedindo a
Art. 994 São cabíveis os seguintes recursos: execução provisória da sentença, salvo em relação a
I - apelação; sentença que (§ 1º do art. 1.012):
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno; Art. 1.012 [...]
IV - embargos de declaração; I - homologa divisão ou demarcação de terras;
V - recurso ordinário; II - condena a pagar alimentos;
VI - recurso especial; III - extingue sem resolução do mérito ou julga
VII - recurso extraordinário; improcedentes os embargos do executado;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IV - julga procedente o pedido de instituição de
arbitragem;
IX - embargos de divergência.
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
Art. 1.001 Dos despachos não cabe recurso. VI - decreta a interdição.

Da Apelação O cumprimento de sentença pode ser:

É o recurso cabível contra sentença, contemplando z Definitivo: Quando a decisão judicial já houver
ainda as questões resolvidas na fase de conhecimento, transitado em julgado;
se a decisão a seu respeito não comportar agravo de z Provisório: Quando pendente o trânsito em julga-
instrumento, devendo ser suscitadas em preliminar do e o recurso de eventual decisão não for recebi-
de apelação. A fase de conhecimento vai desde a pos- do no efeito suspensivo.
tulação inicial, passando pelas fases organizatória e
instrutória, findando na decisória. Antes da sentença O efeito suspensivo atribuído ao recurso impedirá
(fase decisória), podem ser proferidas decisões dis- que a decisão recorrida produza efeitos de imediato.
pondo sobre questões intermediária, que normalmen- Consequentemente, impedirá a exigibilidade dessa deci-
te comportam agravo de instrumento. são por meio do cumprimento ou execução da sentença.
Ocorre que o CPC, de 2015 prevê hipóteses de cabi- O efeito devolutivo, comum a todos os recursos, trans-
mento do agravo de instrumento, sendo possível que fere ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

algumas outras questões não estejam contempladas na apelação. Diz-se devolutivo porque retorna ao Judiciá-
nessas hipóteses. Para possibilitar o reexame dessas rio a apreciação das questões objeto do recurso. Abre-se
questões, o CPC, de 2015 garante o direito de a par- nova oportunidade de discussão dessas questões. Como
te invocá-las no próprio recurso de apelação, como todo recurso pretende o reexame de alguma questão, to-
questão preliminar, ou seja, antes de discutir o pró- do recurso possuirá efeito devolutivo. Aqui, utiliza-se a
prio mérito recursal relacionado à sentença. expressão tantum devolutum quantum apellatum.
Segundo o art. 1.009, do CPC, da sentença. Em relação à extensão e à profundidade do efeito
devolutivo, o CPC, de 2015 possibilita que o tribunal
Art. 1.009 Da sentença cabe apelação. aprecie todas as questões suscitadas e discutidas no
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimen- processo, ainda que não tenham sido solucionadas, des-
to, se a decisão a seu respeito não comportar agra- de que relativas ao capítulo impugnado. Imagine que
vo de instrumento, não são cobertas pela preclusão ao apreciar o pedido de condenação em dano moral,
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, o juízo recorrido tenha deixado de apreciar questões
eventualmente interposta contra a decisão final, ou e fatos relevantes, mas que, pelo fato de esse pedido
nas contrarrazões. ser objeto do recurso, cabe ao tribunal a análise das 205
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questões relativas ao dano moral, assim como dos fatos Do Agravo de Instrumento
que o autor trouxe para possivelmente comprová-lo.
O processamento do recurso de apelação no tribu- O recurso de agravo visa atacar decisões interlocu-
nal deve observar o art. 1.011 do CPC: tórias, nas hipóteses de cabimento estabelecida pelo
art. 1.015 do CPC, junto às quais serão mencionados
Art. 1.011 Recebido o recurso de apelação no tribu- exemplos relacionados a cada inciso:
nal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóte- Art. 1.015 Cabe agravo de instrumento contra as
ses do art. 932, incisos III a V; decisões interlocutórias que versarem sobre:
II - se não for o caso de decisão monocrática, ela- I - tutelas provisórias (decisões provisórias proferidas
borará seu voto para julgamento do recurso pelo no curso da ação ou mesmo em caráter liminar – no
órgão colegiado. início da ação – baseadas na urgência ou na evidência);
II - mérito do processo (decisões que julgam ques-
Se o processo estiver em condições de imediato jul- tões de direito material no curso do processo, como
gamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito prescrição e decadência);
quando (§ 3º do art. 1.013): III - rejeição da alegação de convenção de arbi-
tragem (se houver convenção de arbitragem, não
Art. 1.013 [...] poderá haver interferência do Poder Judiciário; a
I - reformar sentença fundada no art. 485; inexistência de convenção de arbitragem é pressu-
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela posto processual);
congruente com os limites do pedido ou da causa IV - incidente de desconsideração da personalidade
de pedir; jurídica (pedido que busca afastar a proteção patrimo-
III - constatar a omissão no exame de um dos pedi- nial de pessoa jurídica a fim de atingir bens dos sócios);
dos, hipótese em que poderá julgá-lo; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de acolhimento do pedido de sua revogação (quando
fundamentação. houver pedido da parte para não exigibilidade de
custas processuais e outras verbas);
Nesses casos, não se cogita supressão de instância, VI - exibição ou posse de documento ou coisa (deci-
que seria o caso do tribunal decidir questão não apre- são que determine a apresentação de documento ou
coisa);
ciada pelo juízo a quo. A supressão de instância seria
VII - exclusão de litisconsorte (decisão que retira da
a análise, por um tribunal, de uma matéria não apre-
lide um sujeito quando houver litisconsórcio – plu-
ciada em instância inferior, violando o duplo grau de
ralidade de partes);
jurisdição. Assim, é possível recorrer daquilo que foi VIII - rejeição do pedido de limitação do litis-
objeto de pronunciamento na decisão recorrida. consórcio (para evitar embaraço no processo,
As hipóteses acima elencadas, nas quais não incide o litisconsórcio poderá ser limitado, inclusive a
a supressão de instância, estão arroladas no § 3º do requerimento da parte);
art. 1.013 do CPC. Tais decisões comportam o denomi- IX - admissão ou inadmissão de intervenção de ter-
nado efeito translativo. ceiros (a intervenção de terceiros é uma modalida-
Uma questão que demanda discussão diz respei- de de sujeitos não integrantes da lide participarem
to à apresentação de documento novo na apelação. da ação);
Como regra, os documentos devem ser apresentados X - concessão, modificação ou revogação do efeito
na petição inicial, na contestação ou na fase instrutó- suspensivo aos embargos à execução (os embargos
ria. Mas a jurisprudência tem reconhecido o direito à à execução – defesa do executado no processo de
juntada de documento na apelação, desde que ausen- execução – poderão ter efeito suspensivo, nas hipó-
te má-fé e garantido o contraditório. teses do § 1º do art. 919 do CPC);
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos
Art. 1.014 As questões de fato não propostas no juí- do art. 373, § 1º (o ônus da prova está estabeleci-
zo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se do no caput do art. 373, mas poderá ser modifi-
a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de cado, atribuindo diversamente às partes os ônus
força maior. probatórios);
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Veja o julgado do Superior Tribunal de Justiça:
Parágrafo único. Também caberá agravo de instru-
mento contra decisões interlocutórias proferidas
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. REVISIO- na fase de liquidação de sentença ou de cumpri-
NAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. DEVOLUÇÃO mento de sentença, no processo de execução e no
DE VALOR PAGO. VALOR RESIDUAL GARANTIDO processo de inventário.
(VRG). DOCUMENTO. APRESENTAÇÃO (JUNTADA)
EM APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO EM HAR-
MONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AUSÊNCIA
Vejamos os requisitos para a interposição do agra-
DE PREJUÍZO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. vo de instrumento:
1. É possível a juntada de documento com a apela-
ção, desde que ausente má-fé e respeitado o contra- Art. 1.016 O agravo de instrumento será dirigido
ditório. Precedentes. diretamente ao tribunal competente, por meio de
2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar maté- petição com os seguintes requisitos:
ria fático-probatória (Súmula 7/STJ). I - os nomes das partes;
3. Agravo interno a que se nega provimento. II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalida-
(STJ, AgInt no REsp 1779371/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL ção da decisão e o próprio pedido;
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 08/02/2021, DJe IV - o nome e o endereço completo dos advogados
206 11/02/2021) constantes do processo.
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A petição inicial do agravo de instrumento deverá II - ordenará a intimação do agravado pessoalmen-
ser instruída de acordo com o disposto no art. 1.017, te, por carta com aviso de recebimento, quando não
do CPC. tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Jus-
tiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida
Art. 1.017 A petição de agravo de instrumento será ao seu advogado, para que responda no prazo de 15
instruída: (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da que entender necessária ao julgamento do recurso;
contestação, da petição que ensejou a decisão agra- III - determinará a intimação do Ministério Público,
vada, da própria decisão agravada, da certidão da preferencialmente por meio eletrônico, quando for
respectiva intimação ou outro documento oficial que o caso de sua intervenção, para que se manifeste no
comprove a tempestividade e das procurações outor- prazo de 15 (quinze) dias.
gadas aos advogados do agravante e do agravado; Art. 1.020 O relator solicitará dia para julgamento
II - com declaração de inexistência de qualquer dos em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação
documentos referidos no inciso I, feita pelo advoga- do agravado.
do do agravante, sob pena de sua responsabilidade
pessoal; Inicialmente, esse rol era visto como taxativo, mas
III - facultativamente, com outras peças que o agra- o Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamen-
vante reputar úteis. to dos Recursos Especiais 1.704.520/MT e 1.696.396/
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do paga- MT, sob o rito dos recursos repetitivos, definiu o con-
mento das respectivas custas e do porte de retorno, ceito de taxatividade mitigada do rol previsto no art.
quando devidos, conforme tabela publicada pelos 1.015 do CPC, abrindo caminho para a interposição do
tribunais. agravo de instrumento em diversas hipóteses além
§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto daquelas listadas expressamente no texto legal.
por: Isso não quer dizer que o rol se tornou meramente
I - protocolo realizado diretamente no tribunal compe- exemplificativo, mas possibilitou que, no caso concre-
tente para julgá-lo; to, verifique-se a urgência da interposição do recurso,
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou de modo que, se a parte tivesse que aguardar até o
subseção judiciárias; momento da apelação para sua interposição, o direito
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; estaria obsoleto.
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos Assim, estabeleceu o STJ como tese 988 no julga-
da lei; mento de recursos repetitivos: O rol do art. 1.015 do
V - outra forma prevista em lei. CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a inter-
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de posição de agravo de instrumento quando verificada a
algum outro vício que comprometa a admissibilidade urgência decorrente da inutilidade do julgamento da
do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o dis- questão no recurso de apelação.
posto no art. 932, parágrafo único . O rol taxativo (numerus clausus) impede que
§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de trans- sejam contempladas outras hipóteses no caso concre-
missão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças to. Já o rol exemplificativo (numerus apertus) possi-
devem ser juntadas no momento de protocolo da peti- bilita que se verifiquem hipóteses ou circunstâncias
ção original. semelhantes àquelas estabelecidas pela lei, cabendo
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispen- essa verificação no caso concreto.
sam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, No agravo, haverá efeito regressivo, podendo o
facultando-se ao agravante anexar outros docu- órgão que proferiu a decisão se retratar. Diz-se regres-
mentos que entender úteis para a compreensão da sivo o efeito porque permite ao juiz que proferiu a deci-
controvérsia. são se retratar, reconsiderar seu entendimento. Caso
Art. 1.018 O agravante poderá requerer a juntada, aos isso ocorra, o recurso perderá seu objeto, deixando de
autos do processo, de cópia da petição do agravo de ser necessária sua apreciação pelo órgão superior.
instrumento, do comprovante de sua interposição e
da relação dos documentos que instruíram o recurso. Do Agravo Interno
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente
a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo Além do agravo de instrumento, há outra espécie de
de instrumento. agravo cujo cabimento será em relação a decisões profe-
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante ridas nos tribunais. Como se sabe, as decisões proferidas
tomará a providência prevista no caput , no prazo nos tribunais são colegiadas, eis que formadas por mais
de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de de um magistrado (Desembargadores ou Ministros).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

instrumento. Há, entretanto, casos que a lei faculta ao relator do


§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § recurso proferir monocraticamente uma decisão. O
2º, desde que arguido e provado pelo agravado, impor- relator elaborará o relatório da ação levada ao tribu-
ta inadmissibilidade do agravo de instrumento. nal, resumindo as principais alegações do recorrente
e recorrido, além de ocorrências processuais poste-
Recebido o agravo de instrumento no tribunal e riores ao recurso. Mas o CPC, de 2015 também deu
distribuído imediatamente, se não for o caso de apli- poderes ao relator para decidir monocraticamente os
cação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo recursos em alguns casos. Observe a seguir:
de 5 (cinco) dias (art. 1.019):
Art. 932
Art. 1.019 [...] Incumbe ao relator:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclu-
deferir, em antecipação de tutela, total ou parcial- sive em relação à produção de prova, bem como,
mente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz quando for o caso, homologar autocomposição das
sua decisão; partes; 207
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II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recur- prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do
sos e nos processos de competência originária do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o
tribunal; pagamento ao final.
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudi-
cado ou que não tenha impugnado especificamente Um exemplo a considerar seria o caso do relator que
os fundamentos da decisão recorrida; nega seguimento ao recurso interposto, desafiando o
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: agravo interno para possibilitar a análise do recurso pelo
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe- colegiado. No agravo, haverá efeito regressivo, podendo
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; o órgão que proferiu a decisão se retratar.
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga- fundamentos da decisão agravada para julgar impro-
mento de recursos repetitivos; cedente o agravo interno. Isso quer dizer que, quando
c) entendimento firmado em incidente de resolu-
o agravo interno for levado ao colegiado, o relator não
ção de demandas repetitivas ou de assunção de
poderá simplesmente repetir seu voto, mas deverá
competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrar-
abordar a totalidade da pretensão recursal, além de
razões, dar provimento ao recurso se a decisão enfrentar as questões levantadas no próprio agravo
recorrida for contrária a: interno que pretendem o conhecimento do recurso
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe- negado monocraticamente.
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- Dos Embargos de Declaração
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
mento de recursos repetitivos; As decisões judiciais devem ser fundamentadas
c) entendimento firmado em incidente de resolu- sob pena de nulidade. Além disso, o CPC, de 2015 esta-
ção de demandas repetitivas ou de assunção de belece requisitos para uma adequada fundamenta-
competência; ção, como se viu no § 1º do art. 489 do CPC.
VI - decidir o incidente de desconsideração da per- A fundamentação deve conter alguns requisitos,
sonalidade jurídica, quando este for instaurado ori- como:
ginariamente perante o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, z Ser expressa, pois não existe fundamentação tá-
quando for o caso; cita de uma decisão, devendo o juiz ou tribunal
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no expor os fundamentos de fato e de direito que for-
regimento interno do tribunal. maram seu convencimento;
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível z Ter clareza, evitando decisões obscuras, furtivas,
o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) que não exponham de forma transparente e preci-
dias ao recorrente para que seja sanado vício ou sa as razões de convencimento;
complementada a documentação exigível. z Mostrar-se congruente, no sentido de que a deci-
são deve observar a compatibilidade entre seus
Os incisos citados resumem à apreciação do pedi- elementos, de modo a evitar contradições. Por
do de tutela de urgência recursal, além de recursos isso, os embargos de declaração serão julgados
manifestamente inadmissíveis, bem como aqueles pelo próprio juiz ou tribuna que proferiu a deci-
que estejam contrários aos precedentes judiciais. são, tratando-se de uma oportunidade para suprir
Assim, o agravo interno é um recurso aplicável aos os vícios de fundamentação.
tribunais contra decisão proferida pelo relator, cuja
análise será realizada pelo órgão colegiado, observadas, Logo, os embargos de declaração são o recurso cabí-
quanto ao processamento, as regras do regimento inter- vel contra qualquer decisão judicial para (art. 1.022):
no do tribunal, conforme dispõe o art. 1.021 do CPC:
Art. 1.022 [...]
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
Art. 1.021 Contra decisão proferida pelo relator
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual
caberá agravo interno para o respectivo órgão
devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
colegiado, observadas, quanto ao processamento,
III - corrigir erro material.
as regras do regimento interno do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente
impugnará especificadamente os fundamentos da Os embargos serão opostos, no prazo de 5 dias, em
decisão agravada. petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscurida-
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intima- de, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
rá o agravado para manifestar-se sobre o recurso Os embargos de declaração não possuem efeito suspensi-
no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não vo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamen- A interrupção devolve a integralidade do prazo interrom-
to pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. pido à parte, que reiniciará no dia útil subsequente à deci-
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução são judicial que apreciar os embargos.
dos fundamentos da decisão agravada para julgar
improcedente o agravo interno. Art. 1.023 Os embargos serão opostos, no prazo de
§ 4º Quando o agravo interno for declarado mani- 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indi-
festamente inadmissível ou improcedente em cação do erro, obscuridade, contradição ou omis-
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão são, e não se sujeitam a preparo.
fundamentada, condenará o agravante a pagar ao § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .
agravado multa fixada entre um e cinco por cento § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo,
do valor atualizado da causa. manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está embargos opostos, caso seu eventual acolhimento
208 condicionada ao depósito prévio do valor da multa implique a modificação da decisão embargada.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O CPC, de 2015 dispõe acerca do processamento O art. 1.025 trata dos embargos de declaração para
dos embargos de declaração nos tribunais: fins de pré-questionamento:

Art. 1.024 O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) Art. 1.025 Consideram-se incluídos no acórdão os
dias. elementos que o embargante suscitou, para fins
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embar- de pré-questionamento, ainda que os embargos de
gos em mesa na sessão subsequente, proferindo declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será tribunal superior considere existentes erro, omis-
o recurso incluído em pauta automaticamente. são, contradição ou obscuridade.
§ 2º Quando os embargos de declaração forem opos-
tos contra decisão de relator ou outra decisão uni- O pré-questionamento é requisito para interposi-
pessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da ção do recurso especial ou do extraordinário, e trata,
decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. em suma, da necessidade prévia alegação e análise
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de pelo órgão julgador da matéria que será levada ao
declaração como agravo interno se entender ser órgão superior (STJ ou STF). Dizem as súmulas 282 e
este o recurso cabível, desde que determine previa- 356 do STF e súmula 211 do STJ:
mente a intimação do recorrente para, no prazo de
5 (cinco) dias, complementar as razões recursais,
Súmula 282 É inadmissível o recurso extraordiná-
de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, §
rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
1º. questão federal suscitada.
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declara- Súmula 356 O ponto omisso da decisão, sobre o
ção implique modificação da decisão embargada, qual não foram opostos embargos declaratórios,
o embargado que já tiver interposto outro recurso não pode ser objeto de recurso extraordinário, por
contra a decisão originária tem o direito de com- faltar o requisito do prequestionamento.
plementar ou alterar suas razões, nos exatos limi- Súmula 211 (STJ) Inadmissível recurso especial quan-
tes da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, to à questão que, a despeito da oposição de embargos
contado da intimação da decisão dos embargos de declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
declaração.
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados É importante notar que os embargos de declara-
ou não alterarem a conclusão do julgamento ante- ção não podem ser utilizados como medida meramen-
rior, o recurso interposto pela outra parte antes da
te protelatória, a fim de apenas retardar o trânsito
publicação do julgamento dos embargos de decla-
em julgado de decisões. Caso isso ocorra, poderá ser
ração será processado e julgado independentemen-
imposta multa na forma do § 2º do art. 1.026 do CPC
te de ratificação.
(Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamen-
O § 1º diz respeito aos embargos opostos em relação tada, condenará o embargante a pagar ao embargado
a decisões colegiadas, ocasião em que também serão multa não excedente a dois por cento sobre o valor
julgados pelo colegiado. Já o § 2º trata dos embargos atualizado da causa).
em relação a decisões monocráticas, que serão julga- Na reiteração de embargos de declaração mani-
dos também monocraticamente. O § 3º trata expres- festamente protelatórios, a multa será elevada a até
samente da fungibilidade recursal, ao verificar que o dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
recurso cabível seria não os embargos de declaração, interposição de qualquer recurso ficará condicionada
mas o agravo interno, conforme vimos anteriormen- ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da
te. Isso não levará automaticamente à inadmissibili- Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da
dade do recurso, mas à intimação do recorrente para justiça, que a recolherão ao final.
que complemente suas razões recursais. É possível a oposição de sucessivos embargos de
Os embargos podem surtir efeitos infringentes, declaração, mas esse direito encontra limite no § 4º
consistentes na modificação da decisão recorrida. do art. 1.026: Não serão admitidos novos embargos de
Normalmente, os embargos de declaração não impli- declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con-
cam modificação drástica e considerável na decisão siderados protelatórios.
recorrida, mas visam simplesmente suprir os erros Embargos de declaração manifestados com notó-
constantes no art. 1.022 do CPC. Porém, quando pos- rio propósito de prequestionamento não têm caráter
suírem efeitos infringentes, o embargado que já tiver protelatório.
interposto outro recurso contra a decisão originária
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, Art. 1.026 Os embargos de declaração não pos-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 suem efeito suspensivo e interrompem o prazo para
dias, contado da intimação da decisão dos embargos a interposição de recurso.
de declaração. Isso porque a decisão que a outra par- § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada
te considerou em seu recurso já não é mais a mesma, poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator
tendo sido modificada posteriormente por força dos se demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
embargos de declaração.
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Essa hipótese pode ocorrer quando ambas as par-
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os
tes recorrem da mesma decisão, uma por meio de
embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em
recurso de apelação e a outra apresentando apenas decisão fundamentada, condenará o embargante
os embargos de declaração, que serão apreciados pri- a pagar ao embargado multa não excedente a dois
meiro, já que julgados pelo mesmo juiz que proferiu por cento sobre o valor atualizado da causa.
a decisão. § 3º Na reiteração de embargos de declaração
Mas, se dos embargos não resultar modificação da manifestamente protelatórios, a multa será eleva-
decisão, a outra parte não necessitará ratificar (confir- da a até dez por cento sobre o valor atualizado da
mar) o recurso que haja interposto. causa, e a interposição de qualquer recurso ficará 209
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condicionada ao depósito prévio do valor da multa, Dica
à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. Para facilitar a memorização de tais princípios,
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de decla- utiliza-se o mnemônico EP-I-C-O-S:
ração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con- Economia Processual;
siderados protelatórios. Informalidade;
Celeridade;
Oralidade;
Simplicidade.
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE
z Princípio da economia processual: busca-se atin-
1995 gir o resultado com o menor esforço possível;
z Princípio da celeridade: busca-se chegar ao final
A Lei n° 9.099, de 1995 é uma das leis que trouxe do processo o mais rápido possível (por isso, não
mais impactos para o ordenamento jurídico brasilei- são aceitas reconvenção, intervenção de terceiros
ro, tanto na esfera cível quanto na área criminal. A e, nos juizados especiais cíveis, prova pericial);
chamada Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais z Princípios da informalidade e da simplicidade:
veio regulamentar o inciso I, do art. 98, da Constitui- além da instrumentalidade das formas, busca-se
ção Federal, que previu, pela União, Estados e Distrito a celeridade e a facilidade de acesso. Somente há
Federal (e Territórios, se houverem), a criação de: nulidade se evidente o prejuízo (certos casos que,
nos processos comuns poderiam ser declarados
z Juizados especiais cíveis: Competentes para o jul- nulos, aqui não o são). Outras características são
gamento e a execução de causas cíveis de menor o fato de não ser preciso advogado e de a colheita
complexidade; de provas ser minimizada. Deve ser considerado
z Juizados especiais criminais: Competentes para em conjunto com o princípio da simplicidade, pois
conciliar julgamento e execução das infrações ambos pretendem a diminuição da massa de atos
penais de menor potencial ofensivo. materiais que são juntados no processo.
z Princípio da oralidade: uma relevante parte dos
Trata-se de Lei importantíssima e muito cobrada atos são praticados oralmente, apenas com redu-
em concursos, uma vez que representou uma verda- ção dos aspectos essenciais a termo, sendo possí-
deira mudança de cultura e de paradigmas na esfera vel, por exemplo, apresentar oralmente a petição
penal. inicial na secretaria do juizado, bem como a con-
A Lei n° 9.099, de 1995, pode ser dividida didatica- testação e os embargos de declaração.
mente em duas partes: as disposições aplicáveis aos
juizados especiais cíveis e as disposições relativas aos DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
juizados especiais criminais.
Vamos estudar, em um primeiro momento, as dis- Da Competência
posições gerais aplicáveis aos juizados especiais cíveis,
Adentrando na parte específica dos juizados espe-
constantes no Capítulo II (Juizados Especiais Cíveis), mais
ciais cíveis, temos a competência definida no art. 3º.
especificamente as que se encontram nos arts. 3º ao 19 e,
Vejamos:
na sequência, a parte criminal da Lei nº 9.099, de 1995,
que se encontra no Capítulo III (Dos Juizados Especiais
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência
Criminais), entre os arts. 60 ao 92; e no Capítulo IV (Dis- para conciliação, processo e julgamento das
posições Finais Comuns) – art. 93 e seguintes. causas cíveis de menor complexidade, assim
consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta
Importante! vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código
A Lei 9.099, de 1995, regula os juizados espe- de Processo Civil;
ciais cíveis e criminais no âmbito dos Estados. O III - a ação de despejo para uso próprio;
funcionamento dos juizados especiais federais IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de
está previsto na Lei nº 10.259, de 2001. valor não excedente ao fixado no inciso I deste
artigo.

PRINCÍPIOS O primeiro ponto a ser destacado no art. 3° diz res-


peito à competência do Juizado Especial Cível, que é
Inicialmente, antes de adentrarmos no estudo dos realizar a conciliação (busca de acordo entre as par-
juizados cíveis e criminais, é necessário que se faça uma tes), o processo e o julgamento das causas de menor
introdução no que concerne aos princípios que se apli- complexidade.
cam aos juizados de um modo geral. Os princípios estão A competência dos juizados cíveis é relativa, isto
elencados no art. 2º da Lei nº 9.099, de 1995, vejamos: é, o autor da ação pode escolher ingressar no JEC ou
em uma Vara Cível (comum).
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da Para a compreensão da competência, é necessário,
oralidade, simplicidade, informalidade, economia portanto, o conhecimento do que são causas de menor
processual e celeridade, buscando, sempre que pos- complexidade. Tal conceito encontra-se nos incisos do
210 sível, a conciliação ou a transação. próprio art. 3º.
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Causa de menor complexidade é aquela que, exemplo: divórcio, alteração de nome) e à capacidade
em primeiro lugar, não ultrapassa 40 vezes o valor civil (uma ação de interdição, por exemplo).
salário mínimo (inciso I). Esse é o teto, portanto,
para ingressar com uma causa nos Juizados Especiais Art. 3° [...]
Cíveis. § 3° A opção pelo procedimento previsto nesta Lei
São, também, causas de menor complexidade, nos importará em renúncia ao crédito excedente ao
termos do inciso II, do art. 3º, as que tramitavam no limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipó-
antigo procedimento sumário, previsto no inciso II, tese de conciliação.
do art. 275, do revogado Código de Processo Civil de
1973, que eram ações relativas a situações mais sim- Conforme já apontado acima, a competência do
ples. Hoje, depois da entrada em vigor do Código de JEC é relativa, ou seja, o autor pode optar por ingres-
Processo Civil de 2015, não mais existe esse tipo de sar com a ação em uma vara comum ou na vara do
procedimento sumário na lei processual; no entanto, Juizado. Caso opte por seguir o procedimento previsto
na vigência da lei anterior, eram da competência dos na Lei nº 9.099, de 1995, deve ser ater ao teto de 40
Juizados Especiais Cíveis causas como ressarcimento salários mínimos; caso seu crédito seja superior, vai
por danos causados em prédio urbano ou rústico e automaticamente renunciar o valor excedente.
revogação de doação. Exemplificando: caso o autor resolva executar um
São, ainda, causas de menor complexidade a ação cheque no valor de 50 salários mínimos nos JEC, o
de despejo para uso próprio (inciso III) e ações pos- máximo que pode ser executado são 40 salários míni-
sessórias (reintegração de posse; manutenção de pos- mos, devendo o autor abrir mão do valor de 10 salá-
se; ação de interdito proibitório), desde que o valor rios que excede o teto previsto.
do imóvel não ultrapasse 40 salários mínimos (inci- O § 3°, no entanto, apresenta uma exceção a essa
so IV). regra. Se, durante a conciliação, o réu concordar em
pagar valor superior ao do teto (no caso do exemplo,
Competência para Execução se o réu concordar em pagar o cheque no valor de 50
salários), o JEC pode homologar tal acordo, que passa
Art. 3° [...]
a ter força de título judicial.
§ 1° Compete ao Juizado Especial promover a
execução: Competência Territorial
I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no Inicialmente, vale mencionar que a competência
valor de até quarenta vezes o salário mínimo, dos Juizados Especiais vem mencionada, de forma
observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.
genérica, no inciso I, do art. 98, da Constituição Federal:
Os JEC são competentes, ainda, para executar (fazer Art. 98 A União, no Distrito Federal e nos Territó-
cumprir a decisão judicial) seus julgados (inciso I, do rios, e os Estados criarão:
§ 1º, do art. 3º) e títulos executivos extrajudiciais de I - juizados especiais, providos por juízes togados,
até 40 vezes o salário mínimo (inciso II, do § 1º, do ou togados e leigos, competentes para a concilia-
art. 3º). Os títulos executivos extrajudiciais estão lista- ção, o julgamento e a execução de causas cíveis de
dos no art. 784, do CPC. Dessa forma, o Juizado Especial menor complexidade e infrações penais de menor
Cível pode, por exemplo, executar um cheque que não potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral
ultrapasse o valor de 40 salários mínimos. e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas
em lei, a transação e o julgamento de recursos por
turmas de juízes de primeiro grau
Hipóteses de Exclusão da Competência

Art. 3° [...] Enquanto o art. 3º disciplina a competência mate-


§ 2° Ficam excluídas da competência do Juiza- rial (quais tipos de causas são julgadas pelo Juizado
do Especial as causas de natureza alimentar, Especial), o art. 4º cuida da competência territorial
falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda (qual dos Juizados). Vejamos:
Pública, e também as relativas a acidentes de
trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade Art. 4° É competente, para as causas previstas
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. nesta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do
Ainda que se encaixem no teto de 40 salários míni- local onde aquele exerça atividades profissionais
mos, por se tratarem de causas de maior complexi- ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

dade, ou por versarem sobre bens indisponíveis, ou agência, sucursal ou escritório;


seja, por se afastarem dos princípios de oralidade, II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
informalidade, economia processual e celeridade, que III - do domicílio do autor ou do local do ato ou
norteiam os Juizados Especiais, certas causas ficam fato, nas ações para reparação de dano de qual-
afastadas de sua competência. quer natureza.
Assim, as ações de alimentos são julgadas pelas Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a
Varas de Família; as ações que tratam de falência e ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste
recuperação judicial de empresas são de competência artigo.
das Varas de Falência; as ações fiscais são processadas
na Varas de Execução Fiscal; as causas de interesse da A regra geral, trazida pelo inciso I, do art. 4º, é
Fazenda Pública competem aos Juizados Especiais da que a competência é do Juizado localizado no foro do
Fazenda Pública ou às Varas da Fazenda Pública. domicílio do réu ou, facultativamente, a critério do
Ficam de fora, ainda, as causas relacionadas aos autor, no local onde o réu exerce atividades profis-
acidentes de trabalho, aos resíduos (sobras de direi- sionais ou econômicas ou mantenha estabelecimen-
to sucessório e de herança jacente) e ao estado (por to, filial, agência, sucursal (local subordinado, sem 211
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constituir agência ou filial) ou escritório. Os incisos As partes elencadas no art. 8° não podem figurar
seguintes do art. 4º trazem exceções a tal regra. nem como autores nem como réus nos processos
O parágrafo único, por sua vez, traz um dispositi- que tramitam nos JEC. O processo nos Juizados Espe-
vo genérico possibilitando que, em qualquer situação, ciais Cíveis é marcado pela possibilidade de acordo
a regra geral do inciso I possa ser utilizada (isto é, o entre as partes (o que afasta sujeitos que não possam
autor pode ingressar com a ação do JEC no domicílio transigir, como os incapazes: pessoas interditadas,
do réu ou em local em que este exerça suas atividades menor de 18 anos), e pela oralidade (que impõe a pre-
profissionais ou econômicas ou mantenha estabeleci- sença física da parte, obrigação que não pode ser cum-
mento, filial, agência, sucursal ou escritório). prida pelo preso).
Igualmente, não podem ser partes as pessoas jurí-
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos dicas de direito público (União, Estados, Distrito Fede-
ral, Municípios, autarquias, fundações públicas), as
Os arts. 5º ao 7º cuidam dos responsáveis pela con- empresas públicas da União (Caixa Econômica Fede-
ciliação e pelo julgamento do âmbito dos JEC. ral, Correios, BNDES etc.), a massa falida e o insolven-
te civil.
Art. 5° O Juiz dirigirá o processo com liberdade
para determinar as provas a serem produzidas,
Art. 8° [...]
para apreciá-las e para dar especial valor às regras
§ 1º Somente serão admitidas a propor ação peran-
de experiência comum ou técnica.
te o Juizado Especial:
Art. 6° O Juiz adotará em cada caso a decisão que
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessio-
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
nários de direito de pessoas jurídicas;
sociais da lei e às exigências do bem comum.
II - as pessoas enquadradas como microem-
Art. 7° Os conciliadores e Juízes leigos são auxi-
preendedores individuais, microempresas e
liares da Justiça, recrutados, os primeiros, pre-
empresas de pequeno porte na forma da Lei
ferentemente, entre os bacharéis em Direito, e
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
os segundos, entre advogados com mais de cin-
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
co anos de experiência.
zação da Sociedade Civil de Interesse Público,
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos
nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
de exercer a advocacia perante os Juizados Espe-
IV - as sociedades de crédito ao microempreen-
ciais, enquanto no desempenho de suas funções.
dedor, nos termos do art. 1º da Lei no 10.194, de 14
O responsável por dirigir o processo nos Juizados de fevereiro de 2001.
Especiais é o Juiz de Direito (concursado), que conta
com o auxilio de conciliadores e juízes leigos. O § 1º indica quem pode ser autor.

Art. 8° [...]
Importante! § 2° O maior de dezoito anos poderá ser autor, inde-
pendentemente de assistência, inclusive para fins
Para serem conciliadores, são escolhidos prefe- de conciliação.
rencialmente bacharéis em Direito. Podem ser,
portanto, escolhidas outras pessoas (é muito O § 2° teve aplicação até o ano de 2001, na vigência
comum que se escolham estudantes de Direi- do Código Civil de 1916, segundo o qual a maioridade
to, por exemplo). Já para ser juiz leigo, é obri-
civil era alcançada aos 21 anos. A partir de 2002, com
gatório ser advogado com mais de 5 anos de
a entrada em vigor do novo Código Civil, a maioridade
experiência. foi reduzida para 18 anos de idade, o que tornou inó-
cuo o dispositivo da Lei 9.099, de 1995.
Das Partes
Art. 9° Nas causas de valor até vinte salários
Os arts. 8° ao 11 trazem disposições sobre as par- mínimos, as partes comparecerão pessoalmen-
tes. As partes são os sujeitos que figuram na relação te, podendo ser assistidas por advogado; nas de
jurídica processual e atuam com parcialidade: autor valor superior, a assistência é obrigatória.
(polo ativo) e réu (polo passivo).
TETO DO JEC
Art. 8° Não poderão ser partes, no processo insti-
40 SALÁRIOS
tuído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
jurídicas de direito público, as empresas públi-
cas da União, a massa falida e o insolvente civil.
Até 20 salários:
O incapaz Acima de 20 salários:
Advogado é
Advogado é obrigatório
O preso facultativo

As pessoas Art. 9° [...]


NÃO PODERÃO jurídicas de direito § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das
SER PARTES público partes comparecer assistida por advogado, ou
se o réu for pessoa jurídica ou firma indivi-
As empresas dual, terá a outra parte, se quiser, assistência
pública da União judiciária prestada por órgão instituído junto ao
Juizado Especial, na forma da lei local.
A massa falida
212
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Sendo facultativa a assistência de advogado (ou Dos Atos Processuais
seja, sendo o valor da causa de até 20 salários míni-
mos), podem acontecer duas situações: uma das partes Art. 12 Os atos processuais serão públicos e pode-
(autor ou réu) aparecer acompanhado por advogado; rão realizar-se em horário noturno, conforme
ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual. dispuserem as normas de organização judiciária.
Nessas hipóteses será facultado à outra parte ser assis- Art. 12-A Na contagem de prazo em dias, esta-
tida por advogado gratuito indicado pelo Juizado. belecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qual-
quer ato processual, inclusive para a interposição
Art. 9° [...] de recursos, computar-se-ão somente os dias
§ 2° O Juiz alertará as partes da conveniência do patro- úteis.
cínio por advogado, quando a causa o recomendar.
Os arts. 12 e 12-A trazem três informações impor-
A presença de advogado, ainda que não obrigató- tantes: os atos processuais dos JEC são públicos,
ria nas causas até 20 salários, é recomendável. Nesse podem ser realizados em horário noturno e seus
sentido, em certas causas que recomendam o acompa- prazos em dias são computados em dias úteis.
nhamento técnico, deve o juiz deve alertar a parte da
conveniência em se fazer assistida. Art. 13 Os atos processuais serão válidos sem-
pre que preencherem as finalidades para as quais
Art. 9° [...] forem realizados, atendidos os critérios indicados
§ 3° O mandato ao advogado poderá ser verbal, no art. 2º desta Lei.
salvo quanto aos poderes especiais.
De acordo com a lei processual (art. 188, do Código
Como regra, a parte pode nomear o advogado de Processo Civil), os atos processuais têm forma livre.
verbalmente, isto é, basta que a parte diga que está De acordo com o art. 13, da Lei nº 9.099, de 1995, mes-
acompanhada por advogado para que este esteja mo se a lei exigir uma forma específica de se realizar
regularmente constituído para assisti-la no Juizado. A determinado ato processual e ela não for respeitada,
procuração (mandato) escrita só é exigida quando se desde que o ato atinja a sua finalidade, ele será consi-
passam poderes especiais ao advogado, tais como o de derado válido.
receber valores, dar quitação em dívida, etc.
Art. 13 [...]
Art. 9° [...] § 1° Não se pronunciará qualquer nulidade
§ 4° O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma sem que tenha havido prejuízo.
individual, poderá ser representado por preposto
credenciado, munido de carta de preposição com O § 1º adota o princípio do prejuízo, ou seja, não se
poderes para transigir, sem haver necessidade de declara a nulidade de um ato processual sem que seja
vínculo empregatício. provado o prejuízo por ele causado.

Não é necessário que o dono ou titular da pessoa Art. 13 [...]


jurídica compareça ao Juizado; ele pode ser represen- § 2° A prática de atos processuais em outras comar-
tado por um indivíduo denominado preposto, que cas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo
recebe poderes para fazer acordo em seu nome por de comunicação.
§ 3° Apenas os atos considerados essenciais serão
meio de um documento chamado carta de preposi-
registrados resumidamente, em notas manuscritas,
ção. O preposto não precisa ser empregado da firma.
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os
demais atos poderão ser gravados em fita magnéti-
Art. 10 Não se admitirá, no processo, qualquer ca ou equivalente, que será inutilizada após o trân-
forma de intervenção de terceiro nem de assis- sito em julgado da decisão.
tência. Admitir-se-á o litisconsórcio. § 4° As normas locais disporão sobre a conserva-
ção das peças do processo e demais documentos
Intervenção de terceiro ocorre quando uma pessoa que o instruem.
que não faz parte da relação jurídica processual tem a
oportunidade de participar no processo para defender As normas constantes nos §§ 2° ao 4° dizem respei-
interesse ou direito próprio (como, por exemplo, o fiador). to aos processos físicos, em desuso nos JEC, tendo em
A assistência é uma forma de intervenção de ter- vista a implementação do processo eletrônico. Vale
ceiros na qual o terceiro entra voluntariamente no apenas mencionar a disposição constante no § 2º: os
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

processo para ajudar uma das partes. Tais interven- atos processuais a serem praticados em outras comar-
ções, conforme determina o art. 10, não são admitidas. cas, no Juízo comum, são solicitados por meio de carta
A razão de não se admitir tais intervenções é que elas precatória; no âmbito do JEC, tal formalidade não se
aumentam a complexidade do processo, o que foge faz necessária, podendo-se utilizar para tal o telefone,
aos princípios de celeridade, informalidade e simpli- o e-mail etc.
cidade que caracterizam os JEC.
Admite-se, no entanto, o litisconsórcio, que consiste na Do Pedido
pluralidade de partes, autores ou réus no mesmo processo.
Art. 14 O processo instaurar-se-á com a apresentação
Art. 11 O Ministério Público intervirá nos casos do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
previstos em lei. § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em
linguagem acessível:
O Ministério Público não é parte no processo que I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
tramita no JEC; no entanto, deve intervir em situações II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
muito excepcionais como fiscal da lei. III - o objeto e seu valor. 213
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§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou
formulários impressos.

O art. 14 disciplina a forma de apresentação do pedido inicial que vai instaurar o processo no JEC. Vale desta-
car a possibilidade da apresentação do pedido de forma escrita ou oral (hipótese em que será transcrito).

Art. 15 Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipó-
tese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Os pedidos, no JEC, podem ser alternativos (pede-se uma coisa ou outra) ou cumulativos (pede-se uma coisa e outra).
No caso de pedidos cumulativos, eles devem ter relação entre si (indenização por danos materiais e morais devidos pelo
mesmo fato, por exemplo) e não podem, se somados, ultrapassar o valor do teto (40 salários mínimos).

Art. 16 Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará


a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.

Ao contrário do que ocorre no Juízo comum, em que, após feito o pedido inicial, ele é encaminhado para o Juiz
para que este determine a realização de audiência de tentativa de conciliação, no JEC, é a própria Secretaria do
Juizado que faz a designação da data da sessão de conciliação.

Art. 17 Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
dispensados o registro prévio de pedido e a citação.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apre-
ciados na mesma sentença.

Na hipótese de comparecerem ambas as partes ao Juizado, realiza-se a sessão de conciliação, sem necessida-
de de promover o registro e a citação prévios. Caso o réu também tenha pedido a ser formulado em desfavor do
autor, baseado nos mesmos fatos, os pedidos de autor e réu (pedidos contrapostos) serão decididos na mesma
sentença.

Das Citações e Intimações

Os arts. 18 e 19 cuidam da comunicação dos atos processuais no Juizado Especial Civil. A citação é a comuni-
cação que tem como finalidade convocar o réu para fazer parte do processo. Por sua vez, a intimação é a comuni-
cação que tem por objetivo dar ciência à parte de atos ou termos do processo, bem como convocá-la para realizar
ou deixar de realizar algum ato.

Art. 18 A citação far-se-á:


I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que
será obrigatoriamente identificado;
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

Com aviso de
Por correspondência recebimento em mão
própria

Quando se trata de
pessoa jurídica ou firma
Por entre ao individual
CITAÇÃO SERÁ FEITA encarregado da
recepção O encarregado será
obrigatoriamente
identificado

Quando necessário

Por oficial de justiça


Independentemente
de mandado ou carta
precatória
214
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A regra é que a citação, para as pessoas físicas, seja Art. 1º Os Juizados Especiais da Fazenda Pública,
feita mediante carta com Aviso de Recebimento (AR); órgãos da justiça comum e integrantes do Sistema
já para as pessoas jurídicas ou firmas individuais, uti- dos Juizados Especiais, serão criados pela União,
liza-se a chamada teoria da aparência, isto é, conside- no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Esta-
ra-se válida a citação recebida por quem se apresenta dos, para conciliação, processo, julgamento e exe-
como representante legal da empresa, sem importar cução, nas causas de sua competência.
se tal pessoa pode ou não a representar em juízo. Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais
dos Estados e do Distrito Federal é formado pelos
Em um caso ou em outro, sendo necessário, con-
Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Crimi-
forme dispõe o inciso III, faz-se a citação por meio
nais e Juizados Especiais da Fazenda Pública.
de oficial de justiça. Tendo em vista o princípio da
informalidade que se aplica ao JEC, o oficial realiza a
diligência independentemente da emissão de ordem

JUIZADOS ESPECIAIS
Juizados Especiais Cíveis
judicial escrita (mandado ou carta precatória).

ESTADOS E DF
Art. 18 [...] Juizados Especiais
§ 1° A citação conterá cópia do pedido inicial, Criminais
dia e hora para comparecimento do citando e
advertência de que, não comparecendo este, con- Juizados Especiais da
siderar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e Fazenda Pública
será proferido julgamento, de plano.
§ 2º Não se fará citação por edital.
Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da
A citação por edital (publicada em diário oficial) Fazenda Pública processar, conciliar e julgar cau-
não se aplica no âmbito do JEC, uma vez que vai con- sas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Fede-
tra os princípios de celeridade, oralidade e simplicida- ral, dos Territórios e dos Municípios, até o valor
de, que regem os Juizados. de 60 (sessenta) salários mínimos.

Art. 18 [...] Informação fundamental, que todos já devem


§ 3° O comparecimento espontâneo suprirá a saber, mas que reforçamos aqui. Não se esqueça
falta ou nulidade da citação. de que a competência dos Juizados Especiais da
Art. 19 As intimações serão feitas na forma pre- Fazenda Pública, em razão do valor, é de até 60
vista para citação, ou por qualquer outro meio salários mínimos.
idôneo de comunicação.
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado
As intimações podem seguir a forma das citações Especial da Fazenda Pública:
ou serem realizadas por outros meios como, e-mail e I - as ações de mandado de segurança, de
até por meio de aplicativos de mensagens largamente desapropriação, de divisão e demarcação,
utilizados pela população. populares, por improbidade administrativa,
execuções fiscais e as demandas sobre direitos
Art. 19 [...]
ou interesses difusos e coletivos;
§ 1° Dos atos praticados na audiência, conside-
II - as causas sobre bens imóveis dos Estados, Dis-
rar-se-ão desde logo cientes as partes.
trito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e
fundações públicas a eles vinculadas;
Os atos realizados em audiência (por exemplo, a
III - as causas que tenham como objeto a impugnação
determinação de se juntar determinado documento)
da pena de demissão imposta a servidores públicos
não precisam ser comunicados às partes.
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.
Art. 19 [...]
§ 2° As partes comunicarão ao juízo as mudan-
ças de endereço ocorridas no curso do proces- Importante!
so, reputando-se eficazes as intimações enviadas
O parágrafo primeiro, do art. 2º, e seus incisos,
ao local anteriormente indicado, na ausência da
comunicação. são realmente muito cobrados, pois eles apre-
sentam as matérias cujas competências para
julgamento não estão na esfera do Juizado da
Fazenda Pública, pois tratam-se de ações que
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE possuem Leis e ritos específicos.


Portanto, muita atenção ao ler. Busque realizar
2009 um trabalho de memorização.
JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA
§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações
Inaugurando o nosso estudo, temos o art. 1º, que vincendas, para fins de competência do Juizado
informa que os juizados especiais da fazenda pública Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e
são órgãos da justiça comum e integram o sistema de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder
dos Juizado Especiais (conhecidos na prática por JEC). o valor referido no caput deste artigo.
Aqui é tudo bem tranquilo. Atente-se ao fato de eles
terem competência para realizar a conciliação, o pro- Se estivermos falando de parcelas “a vencer” (vin-
cesso, o julgamento e a execução da eventual decisão, cendas), a soma limite das parcelas não poderá exce-
mas apenas das causas que forem de sua competência der os 60 salários mínimos, que é o teto para ações
(veremos logo a seguir quais são elas). neste juizado. 215
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§ 3º (VETADO) Art. 6º Quanto às citações e intimações, aplicam-
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial -se as disposições contidas na Lei nº 5.869, de 11 de
da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

No processo civil temos basicamente dois tipos de Aqui é essencial fazermos a diferenciação entre os
competências: a) relativa e b) absoluta. Nas comarcas/ institutos da Citação e da Intimação.
cidades onde houver a instalação de Juizado Especial da É importante dizer que o art. 238, do CPC, define
Fazenda Pública, as causas precisarão necessariamente a citação como “ato pelo qual são convocados o réu,
serem propostas nele, não sendo uma opção, por exem- o executado ou o interessado para integrar a relação
plo, que o requerente ajuíze a ação no juízo cível. processual”, ou seja, quando ocorre a citação, o réu,
o executado ou interessado são chamados para virem
Importante: Atente-se a esse detalhe da compe-
a participar da lide, completando a relação jurídico-
tência absoluta dos Juizados Especiais da Fazenda
-processual. Em outras palavras, a citação ocorrerá,
Pública, pois muitas vezes o examinador tenta con-
em regra, no início do processo de conhecimento ou
fundir os candidatos ao trazer uma aplicação cabível de execução, e apenas uma vez, para que os citados
no Juizado Especial Cível, qual seja: opção de escolha possam vir a fazer parte do processo, compondo o
pelo autor no momento do ajuizamento (desde que, é polo passivo e, querendo, se manifestar.
claro, atendidas as condições). Frisa-se ainda que a citação do réu ou executado é
pressuposto de validade do processo, devendo ser rea-
Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento lizada e respeitada, e caso não a for, poderá resultar
das partes, deferir quaisquer providências caute- em nulidade do processo.
lares e antecipatórias no curso do processo, para Em relação à intimação, ela está prevista no art. 269,
evitar dano de difícil ou de incerta reparação. do CPC, e pode ser caracterizada como “o ato pelo qual
se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo”,
O juiz poderá conceder por sua livre convicção (de ou seja, toda vez em que houver a necessidade de infor-
ofício) ou a pedido das partes (requerimento), medi- mar às partes a respeito de algum passo a ser realizado
das assecuratórias e antecipadas durante o processo, no decorrer da lide, será este feito por intimação.
para que se evite a perda ou o dano de algum direito. Nesse caso, a intimação possui um duplo objetivo:
A medida cautelar não define, mas protege algo
do processo ou assegura que este algo não se per- z Dar ciência dos autos ou termos do processo;
ca para que se possa ter um processo futuramente. z Convocar a parte para fazer ou abster-se de algu-
Temos diversas medidas cautelares. Para que fique ma coisa.
claro, imagine, por exemplo, uma medida cautelar
chamada de Exibição, que tem como objetivo a exi- Sendo assim, a intimação poderá ocorrer várias
bição de um importante documento que irá compro- vezes, sempre que for necessário a parte realizar
determinado ato e se manifestar no processo. Outros-
var o direito, e, se não apresentado antecipadamente,
sim, as intimações, além de serem direcionadas ao
poderá haver riscos de esse documento ser perdido
autor e ao réu, podem ser destinadas ao Ministério
e, consequentemente, o direito de alguma das partes
Público e aos auxiliares do juízo, como, por exemplo,
estará prejudicado. peritos, intérpretes, etc.6
Já uma medida antecipatória é aquela que irá
entregar o objetivo final de maneira antecipada, Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prá-
inclusive sem a oportunidade de a outra parte produ- tica de qualquer ato processual pelas pessoas jurí-
zir provas. dicas de direito público, inclusive a interposição de
recursos, devendo a citação para a audiência de
Art. 4º Exceto nos casos do art. 3º, somente será conciliação ser efetuada com antecedência mínima
admitido recurso contra a sentença. de 30 (trinta) dias.

No âmbito dos juizados especiais, uma das carac- O artigo acima deixa claro que as partes irão obede-
terísticas que é extremamente respeitada é a celeri- cer aos mesmos prazos no Juizado, mesmo se forem pes-
dade, assim, é de se pensar que não há margem para soas jurídicas de direito público, seja para atos comuns
recursos durante a tramitação da ação, já que se hou- ou recursos. Quando este artigo vem na prova, nor-
vesse, essa característica seria prejudicada. malmente é cobrando o prazo mínimo de 30 dias para
Contudo, uma exceção é, justamente, essa do art. a primeira audiência de conciliação. Fique atento!
4º. O Juizado Especial da Fazenda Pública aceita um
único recurso durante o andamento do processo: Art. 8º Os representantes judiciais dos réus pre-
agravo de instrumento contra decisão que defere sentes à audiência poderão conciliar, transigir
medidas cautelares ou antecipatórias. ou desistir nos processos da competência dos
Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses pre-
Art. 5º Podem ser partes no Juizado Especial da vistas na lei do respectivo ente da Federação.
Fazenda Pública:
I - como autores, as pessoas físicas e as microem- Os representantes judiciais dos réus, que, como
presas e empresas de pequeno porte, assim vimos no art. 5º, são as Entidades da Administração
definidas na Lei Complementar nº 123, de 14 de Pública, serão os Procuradores Estaduais ou Munici-
dezembro de 2006; pais, que em alguns lugares são chamados de Advo-
II - como réus, os Estados, o Distrito Federal, os gados Públicos. No curso do processo, eles poderão
Territórios e os Municípios, bem como autarquias, conciliar, transigir ou simplesmente poderão desistir
fundações e empresas públicas a eles vinculadas. de continuar com a demanda.
216 6 Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/79163/diferenca-entre-citacao-e-intimacao>
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Art. 9º A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a § 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, ime-
documentação de que disponha para o esclareci- diatamente, determinará o sequestro do nume-
mento da causa, apresentando-a até a instalação rário suficiente ao cumprimento da decisão,
da audiência de conciliação. dispensada a audiência da Fazenda Pública.

O artigo acima indica que as Entidades Públicas Sequestro é uma medida cautelar por meio da qual
que forem rés no processo, deverão entregar ao Jui- o juiz ordena o resguardo de valores (assegura) para
zado toda a documentação que tiver disponível para que a obrigação possa ser satisfeita posteriormente.
que se chegue ao esclarecimento da causa, tendo
como prazo limite para apresentar a audiência de

PEQUENO VALOR
OBRIGAÇÕES DE
40 salários mínimos nos
conciliação. Estados e no DF

Art. 10 Para efetuar o exame técnico necessário


à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz 30 salários mínimos nos
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o lau- Municípios
do até 5 (cinco) dias antes da audiência.
§ 2º As obrigações definidas como de pequeno valor
O juiz da causa poderá nomear algum técnico espe- a serem pagas independentemente de precatório
cialista para apresentar algum laudo técnico. Fique terão como limite o que for estabelecido na lei do
atento para o prazo de apresentação do laudo, que é respectivo ente da Federação.
de até 5 dias antes da audiência, para que as partes § 3º Até que se dê a publicação das leis de que trata
possam ter ciência e apresentar suas razões a tempo. o § 2o, os valores serão:
I - 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Esta-
Art. 11 Nas causas de que trata esta Lei, não have- dos e ao Distrito Federal;
rá reexame necessário. II - 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios.
Art. 12 O cumprimento do acordo ou da sentença, § 4º São vedados o fracionamento, a repartição ou
com trânsito em julgado, que imponham obriga- a quebra do valor da execução, de modo que o paga-
ção de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, mento se faça, em parte, na forma estabelecida no
será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade inciso I do caput e, em parte, mediante expedição
citada para a causa, com cópia da sentença ou do de precatório, bem como a expedição de precatório
acordo. complementar ou suplementar do valor pago.
§ 5º Se o valor da execução ultrapassar o esta-
O cumprimento de sentença vem logo após a deci- belecido para pagamento independentemente do
são, tratando-se da fase onde o condenado deverá precatório, o pagamento far-se-á, sempre, por meio
realizar aquilo que fora determinado, no caso, a obri- do precatório, sendo facultada à parte exequente a
gação determinada, que pelo Direito Civil, pode ser de renúncia ao crédito do valor excedente, para que pos-
sa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório.
fazer alguma coisa, de não fazer alguma coisa, ou ain-
da, de entregar coisa certa.
O parágrafo 5º apresenta algo que ocorre muito na
prática forense da advocacia. Por saber que os precató-
rios demoram muito tempo para serem pagos, a Lei facul-
Importante! tou ao credor a possibilidade dele “abrir mão” do valor
Por “trânsito em julgado” entenda a decisão judi- excedente, fazendo com o crédito se torne de pequeno
cial da qual já não cabe mais nenhum recurso. valor, para que possa ser pago de maneira mais rápida.

§ 6º O saque do valor depositado poderá ser feito pela


Art. 13 Tratando-se de obrigação de pagar quan- parte autora, pessoalmente, em qualquer agência
tia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o do banco depositário, independentemente de alvará.
pagamento será efetuado: § 7º O saque por meio de procurador somente pode-
I - no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, con- rá ser feito na agência destinatária do depósito,
tado da entrega da requisição do juiz à autoridade mediante procuração específica, com firma reco-
citada para a causa, independentemente de preca- nhecida, da qual constem o valor originalmente
tório, na hipótese do § 3º do art. 100 da Constitui- depositado e sua procedência.
ção Federal; ou Art. 14 Os Juizados Especiais da Fazenda Públi-
II - mediante precatório, caso o montante da con- ca serão instalados pelos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

denação exceda o valor definido como obrigação de


pequeno valor. Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados
Especiais Adjuntos, cabendo ao Tribunal designar
a Vara onde funcionará.
O inciso II deste artigo fala em precatório. Trata-se de Art. 15 Serão designados, na forma da legislação dos
nomenclatura do procedimento que é gerado para que a Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juízes lei-
Administração Pública pague suas dívidas de altos valo- gos dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, obser-
res para com os seus administrados. Talvez você já tenha vadas as atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 da
ouvido falar por aí, pois os precatórios são bem famosos Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
devido a sua lentidão para o pagamento. Infelizmente
muitas pessoas passam anos e anos aguardando o paga- Nos juizados especiais, quem realiza o julgamento
mento. Mas enfim, as definições de pequeno valor vocês inicial é o juiz leigo. A pessoa nesta função não é um
vão encontrar logo mais abaixo, nos §§ 2º e 3º. juiz, mas uma pessoa colocada naquela junção, sem
Atente-se ao art. 13 e o memorize para suas provas, a necessidade de prestar concurso específico. A mes-
pois ele contém informações importantes sobre pra- ma coisa ocorre com os conciliadores. O recrutamento
zos, o que geralmente é bastante cobrado em provas. deles é feito nos moldes do parágrafo a seguir.
217
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§ 1º Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da § 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas
Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, do mesmo Estado será julgado em reunião conjun-
entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre ta das Turmas em conflito, sob a presidência de
advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência. desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a § 2º No caso do § 1º, a reunião de juízes domicilia-
advocacia perante todos os Juizados Especiais da dos em cidades diversas poderá ser feita por meio
Fazenda Pública instalados em território nacional, eletrônico.
enquanto no desempenho de suas funções. § 3º Quando as Turmas de diferentes Estados
derem a lei federal interpretações divergentes,
Juízes leigo, recrutados entre, ou quando a decisão proferida estiver em con-
E JUIZES LEIGOS
CONCILIADORES

preferencialmente, bacharéis trariedade com súmula do Superior Tribunal


em Direito de Justiça, o pedido será por este julgado.
Art. 19 Quando a orientação acolhida pelas Tur-
Conciliadores, recrutados entre mas de Uniformização de que trata o § 1º do art. 18
Advogados com mais de 2 contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça,
anos de experiência a parte interessada poderá provocar a manifesta-
ção deste, que dirimirá a divergência.
Art. 16 Cabe ao conciliador, sob a supervisão do § 1º Eventuais pedidos de uniformização fundados
juiz, conduzir a audiência de conciliação. em questões idênticas e recebidos subsequente-
mente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão
§ 1º Poderá o conciliador, para fins de encami-
retidos nos autos, aguardando pronunciamento do
nhamento da composição amigável, ouvir as par-
Superior Tribunal de Justiça.
tes e testemunhas sobre os contornos fáticos da
§ 2º Nos casos do caput deste artigo e do § 3º do
controvérsia.
art. 18, presente a plausibilidade do direito invo-
§ 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz
cado e havendo fundado receio de dano de difícil
presidir a instrução do processo, podendo dis-
reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou
pensar novos depoimentos, se entender suficientes
a requerimento do interessado, medida liminar
para o julgamento da causa os esclarecimentos já determinando a suspensão dos processos nos quais
constantes dos autos, e não houver impugnação a controvérsia esteja estabelecida.
das partes.
Plausibilidade é quando, pelos meios apresenta-
Conciliação → Não havendo conciliação, haverá a
dos, entende-se que há veracidade nas alegações, mes-
instrução e julgamento, presidida pelo Juiz → Cumpri-
mo sem os trâmites terem sido concluídos. Há uma
mento da decisão e recursos.
presunção. Fundado receio de dano de difícil repara-
Art. 17 As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados ção é a possibilidade de que se não houver uma ação,
Especiais são compostas por juízes em exercício no o direito poderá se perder, prejudicando alguma das
primeiro grau de jurisdição, na forma da legislação partes. Neste caso, o Relator da turma recursal, de ofí-
dos Estados e do Distrito Federal, com mandato de cio ou a requerimento, poderá deferir medida liminar
2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente, por suspendendo o processo.
juízes do Sistema dos Juizados Especiais.
§ 3º Se necessário, o relator pedirá informações
Turmas Recursais ao Presidente da Turma Recursal ou Presidente da
Turma de Uniformização e, nos casos previstos em
z Composição: Juízes em exercício no primeiro grau lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cin-
de jurisdição; co) dias.
z Mandato: Duração de 02 anos; § 4º (VETADO)
z Preferência: Juízes que integrem o sistema dos § 5º Decorridos os prazos referidos nos §§ 3º e 4º, o
juizados especiais. relator incluirá o pedido em pauta na sessão, com
preferência sobre todos os demais feitos, ressalva-
§ 1º A designação dos juízes das Turmas Recur- dos os processos com réus presos, os habeas corpus
sais obedecerá aos critérios de antiguidade e e os mandados de segurança.
merecimento. § 6º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos
§ 2º Não será permitida a recondução, salvo retidos referidos no § 1º serão apreciados pelas
quando não houver outro juiz na sede da Turma Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de
Recursal. retratação ou os declararão prejudicados, se veicu-
larem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de
A recondução é o procedimento pelo qual se recon- Justiça.
duz o antigo servidor ao cargo anteriormente ocupa- Art. 20 Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal
do. Aqui, via de regra, não se aplica. Somente haverá de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbi-
recondução se não houver outro juiz na sede. Fique to de suas competências, expedirão normas regu-
atento, pois é algo recorrente em provas. lamentando os procedimentos a serem adotados
para o processamento e o julgamento do pedido de
Art. 18 Caberá pedido de uniformização de inter- uniformização e do recurso extraordinário.
pretação de lei quando houver divergência entre
decisões proferidas por Turmas Recursais sobre
questões de direito material. TJ — STJ — STF

A uniformização de interpretação dá-se quando


existem casos muito semelhantes, e, para criar uma
jurisprudência, os tribunais adotam a uniformização Expedem normas
regulamentando os
para que as interpretações seja sempre as mais próxi- procedimentos
218 mas possíveis, evitando decisões que violem direitos.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 21 O recurso extraordinário, para os efeitos a) o chefe de Secretaria é impedido.
desta Lei, será processado e julgado segundo o b) o assistente técnico é impedido.
estabelecido no art. 19, além da observância das c) tanto o chefe de Secretaria como o assistente técnico
normas do Regimento. são suspeitos.
Art. 22 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública d) o chefe de Secretaria é suspeito.
serão instalados no prazo de até 2 (dois) anos da e) o assistente técnico é suspeito.
vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamen-
to total ou parcial das estruturas das atuais Varas 2. (VUNESP — 2018) Legalmente, incumbe ao escrivão
da Fazenda Pública.
ou ao chefe de secretaria:
Instalação do Juizado → Em até 2 anos → Aprovei- a) auxiliar o juiz na manutenção da ordem.
tando a estrutura já existente nas varas da Fazenda b) manter sob sua guarda e responsabilidade os bens
Pública móveis de pequeno valor penhorados.
c) comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
Art. 23 Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por designar servidor para substituí-lo.
até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor d) certificar proposta de autocomposição apresentada
desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da por qualquer das partes, na ocasião de realização de
Fazenda Pública, atendendo à necessidade da orga- ato de comunicação que lhe couber.
nização dos serviços judiciários e administrativos. e) efetuar avaliações, quando for o caso.
Art. 24 Não serão remetidas aos Juizados Especiais
da Fazenda Pública as demandas ajuizadas até a 3. (VUNESP — 2018) Processa(m)-se durante as férias
data de sua instalação, assim como as ajuizadas
forenses, onde as houver, e não se suspendem pela
fora do Juizado Especial por força do disposto no
superveniência delas:
art. 23.
a) a realização de audiência cujas datas tiverem sido
Somente podem ser propostas ações nos juizados designadas.
quando sua instalação estiver concluída. Enquanto b) o registro de ato processual eletrônico e a respectiva
não houver juizado, as ações de sua competência cor- intimação eletrônica da parte.
rerão em outro juizado especial comum. c) a homologação de desistência de ação.
d) os processos que versem sobre arbitragem, inclusive
Art. 25 Competirá aos Tribunais de Justiça pres- sobre cumprimento de carta arbitral.
tar o suporte administrativo necessário ao funcio- e) os procedimentos de jurisdição voluntária e os neces-
namento dos Juizados Especiais. sários à conservação de direitos, quando puderem ser
Art. 26 O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados prejudicados pelo adiamento.
Especiais Federais instituídos pela Lei nº 10.259, de
12 de julho de 2001. 4. (VUNESP — 2019) De acordo com o Código de Pro-
Art. 27 Aplica-se subsidiariamente o disposto nas cesso Civil, os atos processuais serão realizados nos
Leis nºs 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de prazos prescritos em lei.
Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e
10.259, de 12 de julho de 2001.
Sobre a matéria, assinale a alternativa correta.
Art. 28 Esta Lei entra em vigor após decorridos 6
(seis) meses de sua publicação oficial.
a) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de
escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados
em dobro para todas as suas manifestações, em qual-
HORA DE PRATICAR! quer juízo ou tribunal, mediante simples requerimento.
b) O juiz proferirá os despachos no prazo de 5 (cinco)
dias, as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez)
1. (VUNESP — 2021) Mariana estava voltando para casa dias e as sentenças no prazo de 20 (vinte) dias.
com um carro dirigido por um motorista de aplicativo. c) Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justi-
No trajeto para casa, o carro capotou em uma curva e, ficado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos
como consequência, Mariana ficou internada por três a que está submetido.
semanas experimentando diversos gastos médicos. d) Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou
Buscando ressarcir seus gastos, Mariana propõe ação de emendar o ato processual, mediante declaração
de indenização por danos materiais em face de Cleber, judicial, ficando assegurado à parte provar que não o
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

o motorista, alegando que ele foi imprudente e estava realizou por justa causa.
trafegando acima da velocidade permitida na via. A e) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for
ação foi proposta perante a 5ª Vara Cível da Comarca difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos
de Santa Madalena, cujo Chefe de Secretaria era amigo por até 3 (três) meses.
íntimo de Cleber. No momento de produção de provas,
o juiz nomeou perito para averiguar se Cleber estava 5. (VUNESP — 2021) A citação poderá ser feita em qual-
trafegando ou não acima da velocidade permitida na quer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
via. Cleber nomeou assistente técnico para auxiliar na interessado.
perícia. O assistente técnico, no entanto, era proprie-
tário do imóvel que Mariana locava e autor da ação de No entanto, não se fará a citação, salvo para evitar o
despejo que estava em fase de recurso perante a 2ª perecimento do direito
Vara Cível da Comarca de Santa Madalena.
a) de doente, enquanto grave o seu estado.
Diante da situação hipotética, Mariana poderá alegar b) de noivos, nos 5 (cinco) primeiros dias seguintes ao
que, em relação do processo de indenização, casamento. 219
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente a) que não indicar o fundamento legal.
do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na b) que contrariar enunciado de súmula de tribunal de jus-
linha colateral em terceiro grau, no dia do falecimento tiça sobre direito local.
e nos 7 (sete) dias seguintes. c) que tiver petição inicial inepta.
d) de quem estiver participando de ato de culto religioso, d) que tenha parte manifestamente ilegítima.
desde que aos domingos. e) cujo autor carecer de interesse processual.
e) quando se verificar que o citando é mentalmente inca-
paz ou está impossibilitado de recebê-la. 9. (VUNESP — 2022) A contestação é o ato facultado ao
réu para responder ao pleito formulado pelo autor, oca-
6. (VUNESP — 2021) A petição inicial da ação, que visa sião em que deve ele, o réu, expor toda a matéria de
à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente, defesa, contendo argumentos de fato e de direito que
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária obstam a pretensão do autor, especificando também
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano as provas que pretende produzir. O réu que não con-
ou o risco ao resultado útil do processo. testar a ação é considerado revel sendo, também, pre-
sumidos verdadeiros os fatos deduzidos pelo autor,
No que diz respeito ao procedimento da tutela cautelar nos termos do artigo 344 do CPC.
requerida em caráter antecedente, é correto afirmar:
Entretanto, a revelia não produz efeitos, de acordo
a) o pedido principal deverá ser formulado em separado com o artigo 345 do CPC, se
do pedido de tutela cautelar.
b) a causa de pedir poderá ser aditada no momento de a) o litígio versar sobre direitos disponíveis.
formulação do pedido principal. b) nenhum dos demais réus contestar a ação.
c) apresentado o pedido principal, as partes serão inti- c) as alegações do autor forem inverossímeis.
madas para a audiência de conciliação ou de media- d) existir, nos autos, a prova dos fatos deduzidos pelo autor.
ção, sendo necessária nova citação do réu.
d) efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de 10. (VUNESP — 2019) O saneamento do processo pelo
ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, magistrado constitui
caso em que será apresentado nos mesmos autos em
que deduzido o pedido de tutela cautelar, dependendo a) requisito obrigatório da audiência de conciliação, que
de novas custas processuais. demanda a fixação de pontos controvertidos.
e) se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cau- b) decisão interlocutória que, se admitir ou inadmitir a
telar, é permitido à parte renovar o pedido, sob o mes- intervenção de terceiros, desafia recurso de agravo de
mo fundamento, no prazo de 30 (trinta) dias. instrumento.
c) julgamento antecipado da lide.
7. (VUNESP — 2021) Joana assinou um contrato de pres- d) prolação de despacho ordinário não sujeito a recurso.
tação de serviços com Pedro, no valor de R$ 200,00
(duzentos reais mensais) no qual restou estabeleci- 11. (VUNESP — 2022) A respeito do sistema de distribui-
do que ele entregaria, mensalmente, em sua casa de ção do ônus da prova, assinale a alternativa correta.
campo, uma cesta de alimentos ou de bebidas. Pas-
sados oito meses, Pedro não entregou nenhuma cesta a) A distribuição dinâmica do ônus da prova é permitida,
e, por isso, Joana decidiu propor ação de obrigação desde que a decisão judicial seja fundamentada na
de fazer em face de Pedro para que ele cumprisse o impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir o
contratado. ônus probatório previsto em lei, ou na maior facilidade
de obtenção de prova do fato contrário.
b) A lei processual civil vigente adotou o sistema de dis-
Diante da situação hipotética, considerando que
tribuição estática do ônus da prova, vedando ao juiz
atribuir o ônus probatório de forma diversa da previa-
a) a ação que tem por objeto cumprimento de obrigação mente prevista em lei.
em prestações sucessivas, deverá haver declaração c) É vedada a convenção que discipline o ônus probató-
expressa do autor para que sejam incluídas na conde- rio de forma diversa da prevista em lei, tendo em vista
nação, enquanto durar a obrigação. a adoção do sistema de distribuição estática.
b) o pedido é cumulativo, é lícito formular mais de um d) É possível a inversão convencional do ônus da prova,
pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz desde que celebrada antes do ajuizamento da ação
conheça do posterior, quando não acolher o anterior. judicial, não podendo recair sobre direito indisponível
c) o pedido deve ser certo e determinado, compreendem- se da parte, bem como não podendo tornar excessiva-
no principal os juros legais, a correção monetária, deven- mente difícil a uma das partes o exercício do direito.
do ser especificado, de forma apartada, as verbas de e) A inversão judicial do ônus da prova somente é admiti-
sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. da nas relações de consumo e a favor do consumidor
d) Pedro ainda não foi citado, Joana poderá, até o sanea- hipossuficiente.
mento do processo, alterar o pedido, independente-
mente de consentimento do réu. 12. (VUNESP — 2019) O juiz poderá inspecionar pessoas
e) o pedido é alternativo, o juiz assegurará ao devedor ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que inte-
o direito de cumprir a prestação de um ou de outro resse à decisão da causa, denominando-se tal ato
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido como inspeção judicial, sendo certo que
alternativo.
a) concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto cir-
8. (VUNESP — 2018) Nas causas que dispensem a fase cunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil
instrutória, o juiz, independentemente da citação do ao julgamento da causa, o qual poderá ser instruído
220 réu, poderá julgar liminarmente improcedente o pedido com desenho, gráfico ou fotografia.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) ao realizá-la, o magistrado não poderá ser assistido por b) consideram-se incluídos no acórdão os elementos que
perito, a fim de que seja mantida a sua imparcialidade. o embargante suscitou, para fins de pré-questiona-
c) para fins de reconstituição dos fatos, as pessoas serão mento, desde que os embargos de declaração sejam
levadas à presença do juiz da causa na sede do juízo. admitidos e o tribunal superior considere existentes
d) as partes têm direito a assistir à inspeção, porém sem erro, omissão, contradição ou obscuridade.
fazer observações. c) quando manifestamente protelatórios, sujeitam o
e) deve ser determinado, apenas por requerimento de embargante a pagar ao embargado multa não exce-
uma das partes, podendo ser realizada em qualquer dente a dois por cento sobre o valor atualizado da cau-
fase do processo. sa, desde que previsto em decisão fundamentada do
juiz ou do tribunal.
13. (VUNESP — 2022) Sobre a sentença e a coisa julgada, d) possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
é correto afirmar que para a interposição de recurso.
e) podem ser opostos contra qualquer decisão judicial
a) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la por para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição,
meio de embargos de declaração. considerando-se obscura a decisão que deixe de se
b) a sentença de mérito deve se pautar pelos pedidos das manifestar sobre tese firmada em julgamento de
partes (na ação e/ou em possível reconvenção), quando casos repetitivos aplicável ao caso sob julgamento.
o juiz os acolherá ou os rejeitará, no todo ou em parte.
c) a sentença que impuser ao réu condenação genérica não 17. (VUNESP — 2021) É permitido nos Juizados Especiais
valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária. Cíveis
d) os motivos, dês que importantes para determinar o
alcance da parte dispositiva da sentença, também a) a citação por correspondência, com aviso de recebimen-
fazem automaticamente coisa julgada. to em mão própria, por oficial de justiça, independente-
mente de mandado ou carta precatória ou por edital.
14. (VUNESP — 2022) A partir das regras do cumprimento b) a propositura de ações de alimentos, desde que o
de sentença, definitivo e provisório, é correto afirmar: valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo.
c) o incidente de desconsideração da personalidade jurí-
a) mesmo diante de um crédito alimentar, como hono- dica e a assistência.
rários advocatícios, tem o juiz a possibilidade – não d) mandato verbal ao advogado para assinar declaração
a obrigação – de dispensar a caução para deferir o de hipossuficiência econômica.
levantamento de depósito em dinheiro antes do trân- e) que os atos processuais sejam realizados em horário
sito em julgado. noturno, sendo que a prática de atos processuais em
b) quando o executado alegar que o exequente, em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer
excesso de execução, pleiteia quantia superior à resul- meio idôneo de comunicação.
tante da sentença, cumprir-lhe-á depositar de imediato
o valor que entende correto. 18. (VUNESP — 2018) Serão admitidos(as) a propor ação
c) os 15 dias para o devedor apresentar impugnação se perante o Juizado Especial Cível regido pela Lei nº
iniciam após intimação específica, pela imprensa oficial, 9.099/95:
uma vez decorrido o prazo para pagamento voluntário.
d) a sentença condenatória de obrigação de pagar quan- a) os insolventes civis, ante sua hipossuficiência devida-
tia certa poderá, logo que transite em julgado, ser leva- mente comprovada.
da a protesto. b) as pessoas enquadradas como microempreendedo-
res individuais, cujo empreendedor individual tenha
15. (VUNESP — 2022) É correto afirmar, a respeito dos renunciado ao direito próprio.
recursos: c) as sociedades de economia mista, por serem pessoas
de direito privado.
a) à exceção do agravo interno e dos embargos de decla- d) as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
ração, o prazo para interposição dos recursos é de 15 da Sociedade Civil de Interesse Público.
dias, sempre contados da intimação dos advogados e) os incapazes, devidamente representados por procu-
pela imprensa oficial. ração, por instrumento público.
b) o agravo retido e a reclamação são recursos cabíveis
de acordo com a sistemática prevista no novo CPC. 19. (VUNESP — 2021) A Empresa NTO – EPP é proprietá-
c) o capítulo da sentença que concede ou revoga a tute- ria de um grande terreno na cidade de Andrenópolis,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

la provisória é impugnável via agravo de instrumento, que tem por confinante uma praça Municipal. Passan-
sem prejuízo da apelação quanto às demais matérias. do por dificuldades financeiras, a empresa NTO decide
d) tem o agravante o ônus de juntar, nos autos físicos, vender o seu terreno, no entanto, quando foi verificar
cópia da petição do agravo de instrumento que mane- as medidas exatas, seus sócios perceberam que parte
jou, no prazo de 03 dias, contados da interposição, do terreno da empresa estava sendo utilizado como
pena de ser reconhecida a sua inadmissibilidade. estacionamento da praça. Inconformados, decidem,
em nome da empresa, propor ação demarcatória em
16. (VUNESP — 2021) Dentre os recursos previstos no face do Município de Andrenópolis. A ação foi propos-
Código de Processo Civil, é correto afirmar que os ta perante o Juizado Especial da Fazenda Pública de
embargos de declaração Andrenópolis, a certidão da propriedade e os demais
documentos necessários foram juntados ao processo
a) serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição e foi dado à causa o valor de 50 (cinquenta salários
dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, mínimos). O juiz recebeu a ação e, de ofício, deferiu
contradição ou omissão, mediante preparo no valor de tutela de urgência de natureza cautelar para evitar
um por cento sobre o valor da causa. dano de difícil ou incerta reparação. 221
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Diante da situação hipotética, assinale a alternativa
18 D
correta.
19 D
a) Haverá prazo em dobro apenas para a interposição de
recursos, devendo a citação para a audiência de con- 20 A
ciliação ser efetuada com antecedência mínima de 15
(quinze) dias.
b) A ação não é de competência do Juizado Especial da
Fazenda Pública, pois ultrapassa o valor de 40 (qua- ANOTAÇÕES
renta) salários mínimos.
c) A ação deve ser julgada improcedente consideran-
do a incompetência absoluta do Juizado Especial da
Fazenda Pública, uma vez que o autor é Empresa de
Pequeno Porte.
d) A ação não é de competência do Juizado Especial da
Fazenda Pública, pois trata de ação de demarcação.
e) É defeso ao juiz, nas causas propostas perante o Jui-
zado Especial da Fazenda Pública, deferir, de ofício,
providências cautelares no curso do processo.

20. (VUNESP — 2018) Diante do que prevê a Lei que regu-


lamenta o Juizado Especial da Fazenda Pública, é cor-
reto afirmar:

a) O juiz poderá, de ofício, deferir providências cautelares


e antecipatórias, para evitar dano de difícil ou de incer-
ta reparação.
b) Sendo o caso, haverá reexame necessário.
c) Da sentença caberá apelação, não se admitindo agra-
vo de instrumento por vedação legal.
d) O pagamento de obrigação de pequeno valor deverá
ser feito no prazo máximo de 90 dias a contar da entre-
ga da requisição do juiz.
e) Os representantes judiciais dos réus presentes à
audiência não poderão conciliar ou transigir.

9 GABARITO

1 D

2 C

3 E

4 C

5 A

6 B

7 E

8 B

9 C

10 B

11 A

12 A

13 B

14 A

15 D

16 C

17 E
222
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exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga-
tório em tempo de paz, ou os casos de existência
de um pressuposto lógico e racional que justifique
a desequiparação efetuada, como a existência de
DIREITO assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.
CONSTITUCIONAL Art. 5º [...]
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;

CONSTITUIÇÃO FEDERAL O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se


da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
FUNDAMENTAIS relativamente recentes, de modo que grande parte da
legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
Coletivos exemplo, a necessidade de autorização marital para
que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten- outros deveres, a administração dos bens do casal.
so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos. ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
Vejamos cada uma de suas partes: legais, como aos operadores do direito, para que não
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin- Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País tar a todos de maneira igual, independentemente de
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, qualquer condição. Já a igualdade material busca a
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
termos seguintes: direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- desiguais, na medida de sua desigualdade.
rem todos os demais direitos estruturados nos seus
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor- Art. 5º [...]
rem o direito à integridade física e moral, a proibição II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos. fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
ros residentes no país”, não significa que o estrangei- O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
ro não residente não possua direitos, pois os direitos portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
fundamentais são destinados a qualquer pessoa que da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
se encontre em território nacional. pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja, deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
a população brasileira — todos aqueles que residem limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
em território brasileiro. não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia de máscaras faciais de proteção.
ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem Ressalta-se que o princípio da legalidade possui
distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem, duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem culares e a outra destinada à Administração. A lega-
DIREITO CONSTITUCIONAL

com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
tanto o legislador como os aplicadores da lei. ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
ção à Administração, seus atos são engessados, sendo
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
modo a vedar a elaboração de dispositivos que
estabeleçam desigualdades ou privilégio entre as Art. 5º [...]
pessoas; III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- tamento desumano ou degradante;
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar
critérios discriminatórios na aplicação da norma, O inciso III decorre do direito à vida, por decor-
salvo nos casos em que a própria norma consti- rer da violação à integridade humana, tanto física
tucional estabelece a aplicação desigual. Como como psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo
1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. 223
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sofrimento físico ou mental como forma de intimida- Importante!
ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
forma de anular a personalidade ou diminuir a capa- O inciso V prevê a indenização por dano material,
cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo 37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos
de tratamento desumano ou degradante. Temos como são acumuláveis.
exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº
11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de
Art. 5º [...]
forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
mano ou degradante. crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge- proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
mas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou
A liberdade de consciência abrange a liberdade
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
dade de pensamento de foro íntimo em questões não
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
processual a que se refere, sem prejuízo da respon- ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
sabilidade civil do Estado. isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
Art. 5º [...] o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
vedado o anonimato; de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece
a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou
Todas as pessoas possuem direito atinentes à religião e de manifestação.
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- Art. 5º [...]
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
de assistência religiosa nas entidades civis e
direito de expressar livremente esses pensamentos.
militares de internação coletiva;
Assim, o direito à expressão do pensamento, que
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
este fundamento do Estado Democrático de Direito),
de crença e culto, de modo a garantir aos internados
está disciplinado no inciso IV.
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
assistência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
de que essa admissão não influi no fato de o Estado
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
ser laico.
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Art. 5º [...]
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres-
VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
são que decorrem a proibição de censura e a vedação vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam.
Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada, O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
não impede que o Estado apure de forma sumária a das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
verossimilhança das alegações. que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos
em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa
Art. 5º [...] que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- militar poderá alegar tal imperativo de consciência em
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- seu alistamento militar. No entanto, a CF, de 1988, esta-
rial, moral ou à imagem; belece que, mesmo que dispensada da prática dessa ati-
vidade, ela terá que cumprir serviço alternativo.
A expressão do pensamento é livre, porém, não
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua Art. 5º [...]
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém, IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e artística, científica e de comunicação, indepen-
penalmente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o dentemente de censura ou licença;
direito de resposta, ou seja, o exercício do direito de
defesa da pessoa que foi ofendida em razão da mani- O inciso IX trata da liberdade de expressão das
festação do pensamento de outra, como, por exemplo, atividades intelectual, artística, científica e de comu-
no caso de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
por fim que o direito de resposta é aplicado tanto à qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a
pessoa física quanto à jurídica. proveniente de atuação jurisdicional.
224 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
licença: ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
z Censura é a verificação da compatibilidade ou não no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
entre um pensamento que se pretende expressar bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
com as normas legais vigentes; mite a entrada no local para prestar socorro, como,
z Licença é a exigência de autorização para que o por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
pensamento possa ser exteriorizado. ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
sar na casa mediante autorização judicial, como, por
Art. 5º [...] exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o É importante consignar que, mesmo com autoriza-
direito a indenização pelo dano material ou moral ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
decorrente de sua violação; o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
do consentimento do morador. Assim sendo, durante
O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro- o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi- ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
devem ser preservados e respeitados por todos, uma houver necessidade.
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
aspectos materiais. de 2019, estabelece como dia o período compreendido
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: entre as 5h e 21h.
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser
Art. 5º [...]
perturbado em sua vida particular; vida privada refe-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus
das comunicações telegráficas, de dados e das
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti- ou instrução processual penal;
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja,
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a A inviolabilidade das comunicações pessoais
exteriorização de sua personalidade no meio social está disciplinada no inciso XII e também decorre do
(imagem-atributo). direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
cações pessoais:
Art. 5º [...]
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém z As correspondências: comunicações recebidas
nela podendo penetrar sem consentimento do em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
morador, salvo em caso de flagrante delito ou os comunicados e avisos comerciais;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante z A comunicação telegráfica: comunicados mais
o dia, por determinação judicial; rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
escrita como pela internet, tais como o telegrama;
A inviolabilidade do domicílio está prevista no z A comunicação de dados: comunicação feita por
inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança. meio de rede de computadores, como, por exem-
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável plo, a compra de produtos online ou homebank;
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata-
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do do aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296,
indivíduo. de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens troca-
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: entre outros.
DIREITO CONSTITUCIONAL

É importante mencionar que as violações de cor-


Art. 150 (Código Penal) [...] respondência e de comunicação telegráfica são cri-
§ 4º A expressão «casa» compreende: mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
I - qualquer compartimento habitado; 6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
II - aposento ocupado de habitação coletiva; Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni-
III - compartimento não aberto ao público, onde cações telefônicas é admitida mediante autorização
alguém exerce profissão ou atividade. judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga-
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»: ção criminal ou instrução processual penal. Portanto,
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- somente para fins penais.
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos-
n.º II do parágrafo anterior; sível a quebra do sigilo das demais comunicações
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. mediante autorização judicial.

225
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- armas, em locais abertos ao público, indepen-
sionais que a lei estabelecer; dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O direito de exercício de qualquer atividade da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se vio aviso à autoridade competente;
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter ter transitório e voltado para determinada finalidade.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
faculdade estrangeira. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. petente e local aberto ao público.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar que a passeata é constitucional, assim, compatível
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo- incitação ao uso de entorpecentes.
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Advogados do Brasil. rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
Art. 5º [...] no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá- manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).
rio ao exercício profissional;
Art. 5º [...]
O inciso XIV disciplina o direito de informação, XVII - é plena a liberdade de associação para fins
que é um dos desdobramentos do direito à liberdade. lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
O direito à informação possui tríplice alcance, por
englobar o direito de informar, de se informar e de A liberdade de associação encontra-se disciplina-
ser informado. da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
Importante! associação. É importante mencionar que tanto a reu-
nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
A liberdade de informação jornalística está pre- No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é como, por exemplo, a associação para fins contrários à lei
mais abrangente que a liberdade de imprensa, penal. Também é vedada a associação de caráter parami-
que assegura o direito de veiculação de impres- litar, ou seja, a associação civil e desvinculada do Estado,
sos sem qualquer tipo de restrição por parte do que se encontra armada e com estrutura similar às insti-
Estado. tuições militares, de modo a se utilizar de táticas e técni-
cas policiais ou militares para alcançar os seus objetivos.

Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o Art. 5º [...]


sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista a de cooperativas independem de autorização,
poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor- sendo vedada a interferência estatal em seu
mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu funcionamento;
silêncio não poderá sofrer qualquer sanção.
O inciso XVIII disciplina o direito de associação.
Art. 5º [...] Trata-se da possibilidade de criação de sindicatos sem
XV - é livre a locomoção no território nacional a interferência do Estado.
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair Art. 5º [...]
com seus bens; XIX - as associações só poderão ser compulso-
riamente dissolvidas ou ter suas atividades
A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se, portan- primeiro caso, o trânsito em julgado;
to, do direito de locomoção, que é um dos desdobra-
mentos do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, O inciso XIX, que também disciplina o direito de
que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de associação, estabelece que as associações somente
paz, ou seja, no caso de decretação de guerra, passa a poderão ter suas atividades suspensas ou encerra-
viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví- das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder
duos pode sofrer limitações. Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de
A garantia constitucional que objetiva assegurar o dissolução da associação, esta somente poderá ocor-
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra- rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não
226 tado adiante. couber mais recursos.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante! O inciso XXIII traz um limite ao direito de proprie-
dade. Assim, a utilização de um bem deve ser feita de
� Dissolução das associações: decisão judicial acordo com a conveniência social da utilização da coisa,
+ trânsito em julgado; ou seja, atendendo a sua função social. Portanto, o direi-
� Suspensão das associações: decisão judicial. to do dono deve ajustar-se aos interesses da sociedade.

Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
XX - ninguém poderá ser compelido a associar- desapropriação por necessidade ou utilidade
-se ou a permanecer associado; pública, ou por interesse social, mediante justa
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
O inciso XX, que também disciplina o direito de os casos previstos nesta Constituição;
associação, estabelece que não é possível obrigar
qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
do grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o
será livre para decidir se permanece ou não associa- Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
do. Portanto, compreende o direito de associar-se a bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
outras pessoas para formação de uma entidade, como ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
também de deixar de participar quando for de seu hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
interesse. cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:

Art. 5º [...] z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem


XXI - as entidades associativas, quando expressa- a ser desapropriado é imprescindível para a reali-
mente autorizadas, têm legitimidade para repre- zação de uma atividade essencial do Estado;
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
é imprescindível, mas é conveniente para a reali-
O inciso XXI é o último dispositivo que trata do direi- zação de uma atividade estatal;
to de associação. Ele se refere à representação do filia- z Por interesse social: hipótese na qual a desapro-
do pela associação, quer em âmbito judicial quer em priação é conveniente para o desenvolvimento da
âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à legitimação da sociedade.
associação para atuar em nome dos associados.
Cabe esclarecer que representante é aquele que Atenção! Não confundir com desapropriação
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a
caso das associações, para que estas atuem na condi- função social da propriedade. Nela, a indenização não
ção de representantes, é preciso autorização expressa é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
dos filiados, não bastando que exista autorização em
(vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida-
desapropriação com expropriação, que consiste na
mente autorizadas pelos associados.
perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
Além disso, ao contrário da representação, a subs-
cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
há pagamento de indenização.
pende de autorização, uma vez que, na substituição, a
associação atua em nome próprio, defendendo direito
Art. 5º [...]
alheio (dos associados). XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
ridade competente poderá usar de propriedade
Art. 5º [...] particular, assegurada ao proprietário indeniza-
XXII - é garantido o direito de propriedade; ção ulterior, se houver dano;

O direito de propriedade encontra-se disciplina- A requisição temporária da propriedade está


do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
pessoais de natureza econômica. de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direi- ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
to de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar bem particular, para assegurar a preservação de direi-
e dispor da coisa, assim como o direito de reavê-la do tos mais importantes que a propriedade, tais como a
DIREITO CONSTITUCIONAL

poder de quem quer que, injustamente, a possua ou a vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
detenha. de uma enchente em um determinado local, o Poder
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu- Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no um hospital de atendimento às vítimas.
direito civil, por abranger qualquer direito de conteú- A requisição temporária é uma exceção ao princí-
do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi- está condicionado à existência de danos.
tos e direitos pessoais. Art. 5º [...]
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi-
Art. 5º [...] nida em lei, desde que trabalhada pela família,
XXIII - a propriedade atenderá a sua função não será objeto de penhora para pagamento de
social; débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento; 227
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O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade utilização, bem como proteção às criações indus-
da pequena propriedade rural, por ser esta consi- triais, à propriedade das marcas, aos nomes de
derada bem de família e, portanto, insuscetível de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por vista o interesse social e o desenvolvimento tecno-
dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além lógico e econômico do País;
disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
ber os recursos previstos em lei que financiem o seu O último dispositivo que trata da propriedade
desenvolvimento. intelectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de
Embora o dispositivo não conceitue pequena pro- inventos industriais os privilégios para sua utilização,
priedade rural, o entendimento mais amplo é de que ainda que de forma temporária. Além disso, assegu-
esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis- ra a proteção às criações industriais, à propriedade
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
sua única fonte de sobrevivência. distintivos.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo XXX - é garantido o direito de herança;
de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo O direito de herança, que decorre do direito à
que a lei fixar; propriedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-
-se da modificação da titularidade do bem em decor-
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda- rência do falecimento (sucessão hereditária). Assim, o
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci- patrimônio do de cujus transmite-se aos seus herdei-
mento de autoria em produções. Existem três tipos de ros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do
propriedade intelectual, quais sejam: falecido, tanto no ativo como no passivo, até os limites
da herança.
z Propriedade industrial: criações que movimen-
tam o mercado e são empregadas para manter a
competitividade. Seu foco é voltado para a área Importante!
empresarial. São exemplos: as patentes, marcas,
desenhos, indicações geográficas, entre outros; O direito de sucessão está regulado no Código
z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e Civil.
científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
tuais, literárias e artísticas;
z Proteção sui generis: são as criações híbridas, Art. 5º [...]
isto é, aquelas que se encontram em um estado XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-
intermediário entre a propriedade industrial e dos no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos
pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
circuitos integrados (mask works), a proteção de
soal do de cujus;
Cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege-
tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
Ainda com relação ao direito de herança, o inci-
recursos genéticos.
so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso
a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o
Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro-
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
po que a lei fixar. de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
será aplicada.
Art. 5º [...]
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: Art. 5º [...]
a) a proteção às participações individuais em XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz defesa do consumidor;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
econômico das obras que criarem ou de que parti- como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
vas representações sindicais e associativas; promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
O inciso XXVIII também protege a propriedade da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a estabelece as regras de proteção ao consumidor.
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou
de obra coletiva, além de proteger a reprodução da Art. 5º [...]
imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas públicos informações de seu interesse particu-
obras individuais como nas coletivas. lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa-
Art. 5º [...] bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos imprescindível à segurança da sociedade e do
228 industriais privilégio temporário para sua Estado;
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O inciso XXXIII decorre do direito de informação. O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio-
de informações relativas à sua pessoa, quando cons- nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
tantes de banco de dados de entidades governamen- direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
tais ou abertas ao público, bem como de informação modo que as situações disciplinadas por uma norma
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar devem continuar protegidas por esta mesmo depois de
que não óbice à divulgação da remuneração de ser- sua revogação ou substituição por outra em três casos3:
vidor público.
z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa
Art. 5º [...] quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua
XXXIV - são a todos assegurados, independente- concessão pela norma anterior antes de ocorrer a
mente do pagamento de taxas: alteração legal. Exemplo: uma pessoa completou o
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
tempo de contribuição previsto pela lei para apo-
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
sentar, mas optou por permanecer trabalhando. Se
de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públi-
nova lei alterar os requisitos para aposentadoria,
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de de modo a aumentar o tempo de contribuição, essa
situações de interesse pessoal; pessoa não será prejudicada, pois adquiriu o direi-
to pela lei anterior;
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi- Atenção! Direito adquirido não se confunde com
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis- expectativa de direito. Se a pessoa não completou
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando todos os requisitos para a concessão do direito, ela
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama- não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei- se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
tear, do Estado, documento expedido por este, que, para se aposentar. Antes de preencher tal requisito,
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi- poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa
víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal. preenchidos para a sua concessão;
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde-
pendem de qualquer pagamento. Importante men- z Ato jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado
cionar que, embora o dispositivo empregue o termo validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que
“taxas”, esta foi utilizada em sentido amplo, visto que esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como
que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul- válido mesmo após a alteração da lei civil, pela Lei
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona- nº 13.811, de 2019, que proibiu, expressamente, o
do ao pagamento. casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois
Fique atento ao remédio constitucional aplicado seus efeitos são protegidos pela lei anterior;
para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões
— Mandado de Segurança —, pois as bancas costu- do Poder Judiciário quando destas não caiba mais
mam tentar confundir o candidato, dizendo que o recurso, de modo a impedir a modificação ou dis-
remédio constitucional cabível é o habeas data. cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de
paternidade foi julgada procedente após o supos-
Art. 5º [...] to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni-
dade, pois a decisão não pode ser mais modificada.
O princípio da inafastabilidade de jurisdição
ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
DIREITO CONSTITUCIONAL

do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento


Importante!
do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
princípio garante que todas as pessoas tenham acesso A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate-
ao Poder Judiciário. rial — quando impede a discussão em qualquer
processo — e coisa julgada formal — quando
Art. 5º [...] impede a discussão no mesmo processo.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Art. 5º [...]
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. 229
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A proibição dos tribunais de exceção, que decor- O inciso XLI decorre do direito à igualdade.
re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci- Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas
sejam criados especialmente para julgar determina- proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos). cada de modo discriminatório, como também deverá
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde punir tais discriminações com base em qualquer con-
com Justiças especializadas e foro privilegiado. dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a XLII - a prática do racismo constitui crime
organização que lhe der a lei, assegurados: inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
a) a plenitude de defesa; reclusão, nos termos da lei;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora
d) a competência para o julgamento dos crimes a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi-
dolosos contra a vida; nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece
a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável)
Outro desdobramento do direito à segurança é a e, ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em independentemente da data em que foi cometido, pois
crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art. não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível).
121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716, de 1989, é a Lei
ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123, do Racismo, e a Lei nº 12.288, de 2010, estabelece o
CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se Estatuto da Igualdade Racial.
que lei ordinária poderá ampliar a competência do
Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
to ao disposto na CF. insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
seus pares e, não, por um juízo de critério eminente- drogas afins, o terrorismo e os definidos como
mente técnico. crimes hediondos, por eles respondendo os man-
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
Súmula Vinculante nº 45 A competência consti- se omitirem;
tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusiva- O inciso XLIII estabelece os crimes em que não
mente pela Constituição Estadual. cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
Art. 5º [...] ele também não é cabível nos crimes elencados.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi-
na, nem pena sem prévia cominação legal;
Dica: Para lembrar dos crimes, memorize: T T T
H ou 3TH:
Os princípios da anterioridade e da reserva
da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege)
Tortura;
encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín-
Tráfico;
tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem
Terrorismo;
lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já
Hediondos.
pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o
crime e a pena deve ser anterior a sua prática.
A graça e o indulto são modalidades de perdão
Art. 5º [...] concedidas pelo Presidente da República, de modo
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene- a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na
ficiar o réu; graça, o perdão é concedido de forma individual por
meio de decreto e mediante provocação do interes-
O princípio da irretroatividade da lei penal sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por
mais gravosa está disciplinado no inciso XL. Em ter- decreto, o qual não possui destinatário certo e inde-
mos de direito penal, a regra é a lei do tempo do cri- pende de provocação. O indulto pode ser total ou par-
me, ou seja, será aplicada a lei do tempo da ação ou cial (comutação).
omissão. É possível, no entanto, aplicar lei posterior Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso
caso esta seja mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
deixa de considerar o fato como crime ou diminui a trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a
sua pena. condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso- Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum- administrativos, como, por exemplo, às transgres-
pre pena por um crime que lei posterior deixou de sões disciplinares de servidores estaduais.
considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio É importante mencionar que esses crimes são
criminis) será colocado em liberdade. prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
sória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes
Art. 5º [...] de tortura; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de dro-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta- gas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº
230 tória dos direitos e liberdades fundamentais; 8.072, de 1990, cuida dos crimes hediondos.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Dica: A fim de auxiliá-lo na memorização, guarde
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- o mnemônico 3PMS (RI):
tível a ação de grupos armados, civis ou milita-
res, contra a ordem constitucional e o Estado 3P — Privação ou restrição da liberdade (não esque-
Democrático; ça que no primeiro “p” há, implícito, um “r” da
pena de restrição); perda de bens; prestação social
O inciso XLIV também traz hipóteses de não con- alternativa;
cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga- M — Multa;
da a qualquer tempo, independentemente da data em S — Suspensão ou interdição de direitos (lembre-se de
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos que aqui também há, implícito, um “i” de interdição).
pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850, de 2013, lização da pena, uma vez que as penas devem ser
é que trata das organizações criminosas. previstas, impostas e executadas, em conformidade
com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
Dica individualização deve operar-se em três fases distin-
tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo
judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
dos últimos 3 incisos, leve em consideração o
va, na execução penal.
seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH.
RA — racismo Art. 5º [...]
AÇÃO — ação de grupos armados XLVII - não haverá penas:
3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do art. 84, XIX;
Esquematizando todo o conteúdo relacionado b) de caráter perpétuo;
ao mnemônico, temos: c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
Inafiançáveis  RAAÇÃO 3TH
e) cruéis;
Imprescritíveis  RAAÇÃO
Insuscetíveis de graça ou anistia  3TH O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
como do direito à segurança, estabelece a proibição
Art. 5º [...] de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do morte em tempos de paz. Isso porque, quando decla-
condenado, podendo a obrigação de reparar
rada a guerra pelo Presidente da República após a
o dano e a decretação do perdimento de bens
autorização do Congresso Nacional, vigora a parte ati-
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
nente aos tempos de guerra4 do Código Penal Militar
e contra eles executadas, até o limite do valor do
(CPM) e do Código de Processo Penal Militar (CPPM),
patrimônio transferido;
que estabelece, em determinados casos, a pena de
morte. Exemplo: traição (art. 355, CPM)5.
O princípio da intranscendência ou personali-
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra- Art. 5º [...]
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
o autor da infração penal pode ser responsabiliza- to, a idade e o sexo do apenado;
do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a
punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
do autor do crime se este houver falecido. No entanto, -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
sucessores até o limite do valor do patrimônio trans- centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
ferido (herança). tos, assim como as mulheres permanecem em local
Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, CP) diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do
e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros. direito à segurança como do direito à vida.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


XLVI - a lei regulará a individualização da pena XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte-
e adotará, entre outras, as seguintes: gridade física e moral;
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens; O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo
c) multa; à execução da pena privativa de liberdade: a pro-
d) prestação social alternativa; teção à integridade física e moral do preso. Busca-se,
e) suspensão ou interdição de direitos; portanto, proteger os indivíduos da força do Estado.
4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. 231
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Trata-se, também, de um dos desdobramentos do Art. 5º [...]
direito à segurança, por envolver garantias proces- LIII - ninguém será processado nem sentencia-
suais; e do direito à vida, por envolver a integridade do senão pela autoridade competente;
do indivíduo.
O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
Art. 5º [...] te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
L - às presidiárias serão asseguradas condições garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
para que possam permanecer com seus filhos julgada por uma autoridade especialmente designada
durante o período de amamentação; para o caso. Deste modo, as regras de competência
devem estar restabelecidas no ordenamento jurídico,
O inciso L traz um princípio relativo à execução de forma a assegurar que o julgamento seja realizado
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito por um juiz independente e imparcial.
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem
amamentados por elas durante a execução da pena. Art. 5º [...]
Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
(Lei de Execução Penal), estabelece que a penitenciá- seus bens sem o devido processo legal;
ria de mulheres terá uma seção para gestantes e par-
turientes e uma creche para abrigar crianças entre 6 O princípio do devido processo legal está disci-
(seis) meses e 7 (sete) anos. plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
Art. 5º [...] víduos não sejam presos nem percam seus bens por
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
vo o naturalizado, em caso de crime comum, deverá existir um processo com todas as etapas pre-
praticado antes da naturalização, ou de com- vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
provado envolvimento em tráfico ilícito de Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; sível de nulidade.

A proibição de extradição de brasileiro encon- Art. 5º [...]


tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
medida de cooperação internacional em que um Esta- nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo rados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
que deva responder a processo penal ou cumprir
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil
não entrega brasileiro para responder processo penal O inciso LV traz o princípio do contraditório e da
ou cumprir pena em outro país. ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-
dade das partes de uma relação processual, bem como
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro
a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
naturalizado, ou seja, que tenha adquirido a nacio-
ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
nalidade brasileira por outro motivo que não vincu-
não podem ser atribuídas a uma parte vantagens de
lado ao nascimento (filiação ou local do nascimento),
que a outra não disponha.
desde que seja por crime comum e que este tenha
Como consequência, as partes têm acesso a tudo
sido praticado antes de sua naturalização e, portanto,
que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
quando o agente tinha outra nacionalidade. Também
provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
é possível a extradição de brasileiro naturalizado por
festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
pecentes e drogas afins, praticado antes ou depois da
indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
naturalização.
ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
Art. 5º [...]
quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
LII - não será concedida extradição de estrangei-
Ademais, destaca-se o conteúdo da Súmula Vincu-
ro por crime político ou de opinião;
lante nº 14, a qual dispõe sobre o acesso a procedi-
mento investigatório por defensor do investigado.
No que se refere à extradição de estrangeiro, o
inciso LII veda a entrega por crime político ou de
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
opinião. Considera-se um crime como político se ele no interesse do representado, ter acesso amplo aos
envolver ações ou omissões que prejudicam os inte- elementos de prova que, já documentados em pro-
resses do país, do governo ou do sistema político. cedimento investigatório realizado por órgão com
O crime político pode ser de dois tipos: próprio e competência de polícia judiciária, digam respeito
impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de ao exercício do direito de defesa.
ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
Já o crime político impróprio é aquele crime comum Observe que os documentos referentes às diligên-
quando conexo ao crime político, de modo a ter cias em curso não são de apresentação obrigatória,
natureza comum, mas conotação político-ideológica, tendo em vista a possibilidade de frustrá-las.
como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro Imagine, por exemplo, que em determinada inves-
para obter fundos para determinado grupo político. tigação tenha sido deferida, pelo Poder Judiciário, a
Ainda há o crime de opinião, que é aquele que se con- interceptação telefônica de determinado investigado.
figura com o abuso da liberdade de expressão ou de Ora, é óbvio que o acesso, pelo advogado do investi-
pensamento, como, por exemplo, nos casos dos crimes gado, comprometeria a diligência, já que este poderia
232 contra a honra. avisar seu cliente da medida.
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Art. 5º [...] Art. 5º [...]
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas LIX - será admitida ação privada nos crimes de
obtidas por meios ilícitos; ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele-
cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal
são absolutamente nulas, não podendo gerar qual- privada subsidiária à ação penal pública. Assim,
quer efeito no convencimento do juiz. nos casos em que o representante do Ministério Públi-
co não ofereceu a denúncia, não requereu diligências
z Prova ilícita é aquela que viola direito material. ou não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial,
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep- no prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa
tação telefônica sem autorização judicial; crime.
z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces- A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restri-
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem ção quanto à aplicação da ação penal privada subsi-
a presença do advogado. diária da pública nos processos relativos aos delitos
previstos na legislação especial, como, por exemplo,
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
adotou, por maioria de votos, a denominada teoria
fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada). Art. 5º [...]
São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
como também as derivadas (surgidas em decorrência atos processuais quando a defesa da intimida-
da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular. de ou o interesse social o exigirem;
Há contaminação do vício original, com exclusão
da prova ilícita, bem como de suas derivações. Como regra, todo processo é público, ou seja, é
permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
Art. 5º [...] casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
LVII - ninguém será considerado culpado até o trân- outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-
sito em julgado de sentença penal condenatória; curadores, com o objetivo de resguardar a intimidade
dos envolvidos.
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- Também é possível restringir a publicidade quan-
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes do o interesse da sociedade exigir, como, por exem-
da condenação definitiva em um processo criminal, plo, em determinados crimes ou atos, envolvendo
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso crianças e adolescentes. É importante mencionar, no
ocorre porque quem possui o ônus de provar a culpa é entanto, que a restrição da publicidade dos atos pro-
o Ministério Público, como órgão titular da ação penal cessuais não poderá prejudicar o interesse público à
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des- informação.
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência,
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res-
ponsabilidade do réu até a última instância.
Importante!
Art. 5º [...] A restrição da publicidade é popularmente
LVIII - o civilmente identificado não será subme- conhecida como segredo de Justiça.
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
Art. 5º [...]
A proibição da identificação criminal da pes- LXI - ninguém será preso senão em flagrante
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso delito ou por ordem escrita e fundamentada de
LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili- autoridade judiciária competente, salvo nos casos
zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou de transgressão militar ou crime propriamen-
coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de te militar, definidos em lei;
identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda-
da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi- Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a
nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico. regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso.
DIREITO CONSTITUCIONAL

pessoal de pessoas já identificadas civilmente. Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do
Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu-
disciplina o inciso e estabelece quais documentos ser- siva e estabelece que a restrição da liberdade só será
vem para a identificação civil. Ainda, a regra da não legítima quando respeitados os parâmetros legais.
identificação criminal não é absoluta e abarca exce- Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu-
ções. No entanto, tais exceções devem estar discipli- rança, por envolver garantias processuais.
nadas em lei.6
6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o docu-
mento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III - o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autorida-
de policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o esta-
do de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 233
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Em termos de processo penal, existem dois tipos Além disso, o dispositivo também estabelece a
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de assistência da família e do advogado, garantindo tan-
sentença penal condenatória transitada em julgado, to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- é devida.
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de
execução penal. Além disso, há a prisão processual, Art. 5º [...]
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre LXIV - o preso tem direito à identificação dos
durante a fase de investigação, instrução e antes do responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a gatório policial;
prisão temporária e a prisão preventiva.
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
duo somente será preso se estiver em flagrante delito rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma
com algo que faça presumir ser o autor da infração)7 vez que lhe é garantido questionar a competência ou
ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das atribuição dessas autoridades em conformidade com
prisões acautelatórias.
a norma vigente e os princípios constitucionais e de
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais
direitos humanos.
sejam: transgressão militar ou crime propriamen-
te militar, definido em lei. Quanto às transgressões,
Art. 5º [...]
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
tanto das Forças Armadas como das Forças Auxiliares.
da pela autoridade judiciária;
A elas é aplicado procedimento de apuração especí-
fico, também garantindo o contraditório e a ampla
O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
defesa. Já os crimes militares encontram-se previstos
do direito à segurança ao prever o relaxamento da
no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi-
ne quais são os crimes propriamente militares. prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
Art. 5º [...] dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
encontre serão comunicados imediatamente ao drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
juiz competente e à família do preso ou à pessoa Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
por ele indicada; sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
Como a prisão em flagrante é a única modalida- presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
de de prisão acautelatória que não conta com ordem substituí-la por medidas cautelares diversas.
judicial prévia, visto que é imposta no momento em
que a infração penal é praticada ou em momentos Art. 5º [...]
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
dade da prisão. sória, com ou sem fiança;
A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe- O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
lece que a comunicação será imediata e os autos reme- sua supressão é apenas medida excepcional e somen-
tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. te deve ser decretada nos casos em que a norma
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a autorizar.
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para- Art. 5º [...]
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida. LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário
Art. 5º [...] e inescusável de obrigação alimentícia e a do
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
depositário infiel;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado; O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida.
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber-
Considerando que a liberdade é a regra e a sua res- dade que não possui caráter de pena e que tem como
trição só é legítima quando efetuada nos estritos limites finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
legais, o inciso LXIII estabelece que o preso em flagran- gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
te deve ser comunicado dos seus direitos. Entre esses dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo
direitos, encontra-se o de permanecer em silêncio. deixou de pagar a pensão alimentícia devida.
O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá Por se tratar de uma norma constitucional de efi-
ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri- cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista
gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar, na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci-
esse silêncio não pode ser considerado como prova. ta em razão das seguintes Súmulas:
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
234 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
lidade do depósito. dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo- cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
sitário judicial infiel. sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
Art. 5º [...] Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que 12.016, de 2009.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer O MS é cabível quando houver direito líquido e
violência ou coação em sua liberdade de loco- certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- que os documentos comprobatórios do direito devem
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
nais são as ações constitucionais previstas na própria estiverem em repartição ou em poder de autoridade
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
cimento de direitos fundamentais violados. temente, no MS, não há fase instrutória
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo O MS pode ser de duas espécies:
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
de sofrer constrangimento ilegal do seu direito de ir de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões gal já existente;
penais como em questões civis, desde que haja cons- z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. trangimento ilegal a direito líquido e certo.
Existem três modalidades de HC, quais sejam:
Não cabe MS contra:
z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em
que a ordem é concedida para fazer cessar o cons- z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
trangimento à liberdade de locomoção quando já independentemente de caução;
existente; z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é suspensivo;
concedida quando houver ameaça ao direito de ir z Decisão judicial transitada em julgado.
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a
ter restringido seu direito; Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
concedida pela autoridade judicial sem pedido, interessado do ato impugnado.
quando esta verificar, no curso de um proces-
so, que alguém está sofrendo ou na iminência de Art. 5º [...]
sofrer constrangimento ilegal em sua liberdade de LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
locomoção. impetrado por:
a) partido político com representação no Con-
Não cabe HC nos seguintes casos: gresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
z Perda de patente; associação legalmente constituída e em funciona-
z Perda de cargo; mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
z Pena de multa; resses de seus membros ou associados;
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe); Do mesmo modo que o MS individual, é possível
z Pena extinta. ingressar com mandado de segurança coletivo nos
casos de direitos coletivos, assim entendidos como
De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
corpus em relação a punições disciplinares militares. seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo- pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica básica, e direitos individuais
DIREITO CONSTITUCIONAL

sição é estendida aos membros das Polícias Militares


e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
1988). rentes de origem comum e de atividade ou situação
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver específica da totalidade ou de parte dos associados ou
sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe- membros do impetrante.
tente ou em desacordo com as formalidades legais ou Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tutela de
além dos limites fixados em lei. direitos coletivos líquidos e certos, também não ampara-
dos por HC ou habeas data, quando o responsável pela
Art. 5º [...] ilegalidade for autoridade pública ou agente de pessoa
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
proteger direito líquido e certo, não amparado O MS coletivo segue as mesmas regras do individual.
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o Para partidos políticos, exige-se representação no
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou
autoridade pública ou agente de pessoa jurídi- senador do partido). Para associação, exige-se que ela
ca no exercício de atribuições do Poder Público; tenha sido constituída há, pelo menos, um ano. 235
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Art. 5º [...] Art. 5º [...]
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
pre que a falta de norma regulamentadora tor- propor ação popular que vise a anular ato lesi-
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
constitucionais e das prerrogativas inerentes à Estado participe, à moralidade administrativa,
nacionalidade, à soberania e à cidadania; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI), má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
ação constitucional para a tutela dos direitos previs- sucumbência;
tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe-
rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
em razão da falta de norma regulamentadora. Portan- a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
to, são pressupostos para o MI: cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
z Existência de um direito constitucionalmente pre- le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
visto com relação à nacionalidade, soberania e pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
cidadania; maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.
z A não autoaplicabilidade desse direito; Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- (dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
dora que inviabilize o exercício do direito previsto
direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
na CF, de 1988.
possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei guês em situação de equiparação com brasileiro.
nº 13.300, de 2016. Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
A omissão normativa decorrente da não elabora- gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabele-
ca ingressarem com o MI. ce uma exceção: haverá custas e sucumbência caso
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou o autor ingresse com a ação com má-fé e esta seja
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença comprovada.
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo
para suprir a omissão.
Importante!
Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data: A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
a) para assegurar o conhecimento de informa- boa-fé é sempre presumida.
ções relativas à pessoa do impetrante, constan-
tes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; Art. 5º [...]
b) para a retificação de dados, quando não se prefira LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
ciência de recursos;
O habeas data (HD) é o remédio constitucional
para a tutela do direito de informação e de intimida- O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
o conhecimento de informações pessoais constantes rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
de banco de dados de entidades governamentais ou gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
abertas ao público, bem como o direito de retificação recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
dessas informações quando errôneas. por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD também é do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja:
Art. 5º [...]
Art. 7° (Lei nº 9.507, de 1997) [...]
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
III - para a anotação nos assentamentos do interes-
judiciário, assim como o que ficar preso além do
sado, de contestação ou explicação sobre dado ver-
tempo fixado na sentença;
dadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
judicial ou amigável.
O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do
Ademais, a informação, a retificação ou a anotação Poder Público ao prever a responsabilidade civil do
foram negadas pela Administração Pública (entidades Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
governamentais da Administração direta ou indireta) por tempo além do fixado em sentença.
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado) A responsabilidade civil do Estado será estudada
que mantenham banco de dados aberto ao público. posteriormente.
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que Art. 5º [...]
as informações solicitadas digam respeito ao próprio LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi- pobres, na forma da lei:
co adequado para se ter acesso aos autos do processo a) o registro civil de nascimento;
236 administrativo disciplinar (PAD). b) a certidão de óbito;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci- O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,
direitos de possuir um nome, de poder ser matricula- em tratados internacionais, entre outros.
do em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988,
garante que a falta de recursos financeiros não seja Art. 5º [...]
considerada um obstáculo para o exercício de tais § 3º Os tratados e convenções internacionais
direitos. sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
Art. 5º [...] turnos, por três quintos dos votos dos respec-
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor- tivos membros, serão equivalentes às emendas
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos constitucionais.
necessários ao exercício da cidadania.
O § 3º estabelece as regras para a incorporação
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios do tratado internacional que verse sobre direi-
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A tos humanos. Via de regra, o tratado internacional,
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da
as pessoas a esses remédios constitucionais. República, passa por referendo parlamentar para sua
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova,
Art. 5º [...] por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- sidente da República para sua ratificação, por meio de
vo, são assegurados a razoável duração do pro-
Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas-
tramitação.
sa a ter força de lei.
No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF,
Este inciso trata o princípio da celeridade pro-
de 1988, disciplinou a possibilidade de sua incorpo-
cessual. Desta forma, a CF, de 1988, assegura a todos,
ração, seguindo os mesmos procedimentos cabíveis
quer no âmbito judicial, quer no âmbito administra-
para as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos
tivo, a duração razoável do processo, bem como dos
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por
3
/5 dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incor-
Art. 5º [...] porado, no ordenamento jurídico, com força de nor-
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito ma constitucional.
à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela
digitais. Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Portanto, ape-
nas os tratados incorporados após essa Emenda e
Por fim, em recentíssima alteração constitucional, seguindo os parâmetros do dispositivo possuem força
a Emenda Constitucional nº 115, de 10 de Fevereiro de de norma constitucional. Para os incorporados ante-
2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF, o qual riormente, caso se refiram aos direitos humanos, são
busca incluir a proteção de dados pessoais entre os considerados supralegais. Para todos os demais trata-
direitos e garantias fundamentais. Ademais, embora dos, força legal.
não seja objeto de estudo deste tópico, cabe ressaltar
que a competência para legislar sobre a proteção e Art. 5º [...]
tratamento de dados pessoais é de privativa da União. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
Art. 5º [...] festado adesão.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter-
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi- nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto
viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de
para serem aplicados e exigidos, uma vez que não genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humani-
DIREITO CONSTITUCIONAL

dependem da existência de qualquer outra norma dade e crimes de agressão.


para produzir efeitos. Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons- nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
titucional de eficácia plena, contida e limitada).
Nações Unidas.
Art. 5º [...]
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- Cápítulo II - Dos Direitos Sociais
tuição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º a
internacionais em que a República Federativa do 11, da CF, de 1988. Esses direitos se dividem em direi-
Brasil seja parte. tos sociais propriamente ditos (art. 6º), direitos tra-
balhistas (art. 7º) e direitos sindicais (arts. 8º a 11).
237
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Vejamos cada um deles: Art. 7º [...]
I - relação de emprego protegida contra despedida
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú- arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o complementar, que preverá indenização compen-
transporte, o lazer, a segurança, a previdência satória, dentre outros direitos;
social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta A CF, de 1988, do mesmo modo que estipula as
Constituição. condições necessárias para a realização do trabalho,
adota medidas de proteção ao trabalhador contra a
Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no despedida arbitrária ou sem justa causa, com o obje-
art. 6º, da CF, de 1988. Trata-se dos direitos ligados à tivo de resguardar o trabalhador contra as incerte-
concepção de que é dever do Estado garantir igual- zas do mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê
dade de oportunidades a todos através de políticas que uma lei complementar estabelecerá indenização
públicas. O dispositivo assegura alguns dos direitos compensatória, dentre outros direitos.
denominados de segunda geração/dimensão, tais
como o direito à educação, trazendo a ideia de que
a instrução é o meio adequado para que o indivíduo Importante!
possa exercer outros direitos, tais como a liberdade de
expressão, a liberdade de associação, os direitos polí- Ainda não foi elaborada lei complementar dis-
ticos, entre outros. ciplinando o assunto. Por essa razão, aplica-se
Garante, também, o acesso dos indivíduos a um o disposto no art. 10, do Ato das Disposições
sistema de saúde, além da assistência e proteção Constitucionais Transitórias, que fixa como
econômica em determinados momentos, tais como indenização o valor de 40% do depositado no
incapacidade temporária ou definitiva, velhice, entre Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
outros. Trata-se, pois, de um programa de proteção
como a quantia devida a título de indenização
social para amparar as pessoas em determinados
compensatória.
eventos, assim, classifica-se tal norma como de efi-
cácia limitada, mais especificamente de princípio
programático. Art. 7º [...]
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con- involuntário;
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma como finalidade assegurar assistência financeira, de
vida com dignidade, consoante se depreende do pará- modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado
grafo único. involuntariamente, ou seja, sem justa causa.

Art. 6º [...] Art. 7º [...]


Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de III - fundo de garantia do tempo de serviço;
vulnerabilidade social terá direito a uma renda
básica familiar, garantida pelo poder público em
programa permanente de transferência de renda,
O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III.
cujas normas e requisitos de acesso serão deter- Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos
minados em lei, observada a legislação fiscal e de desemprego involuntário, aposentadoria, entre
orçamentária outras situações, de modo que o trabalhador possa
sacar esses valores.
Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan- De acordo com a atual orientação do STF, o prazo
tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e prescricional para o trabalhador reclamar valores do
sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo,
aos serviços médicos e sociais e segurança em casos de como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº
imprevistos, tais como desemprego, incapacidade, velhi- 709.212, STF).
ce, entre outros. Além disso, devem-se assegurar os cui-
dados e assistência devidos à maternidade e à infância. Art. 7º [...]
O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra- IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen-
balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces- te unificado, capaz de atender a suas necessidades
sárias para a realização do trabalho e adota medidas vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
de proteção ao trabalhador nos seguintes termos: mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
ne, transporte e previdência social, com reajustes
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
sua condição social
O inciso IV estabelece a existência de uma remu-
Observa-se que esse dispositivo trata tanto dos neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao
trabalhadores urbanos como dos rurais e funda-se no trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o
princípio da igualdade. Por essa razão, a CF, de 1988, salário mínimo deve ter a capacidade de atender às
veda, por exemplo, a diferenciação de salários, o exer- necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
cício de funções e critério de admissão que tenham lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado
como base a idade, o sexo ou o estado civil, entre em lei, ou seja, faz-se necessária a edição de lei para a
238 outros. Vejamos as proteções trazidas nele: fixação do valor do salário mínimo.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vale destacar que o STF entende não ser necessá- Art. 7º [...]
rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
sentido estrito), podendo a definição de tais valores para os que percebem remuneração variável;
ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o
tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan- O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao
tes, as quais é relevante conhecer: estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece-
ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse-
Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs- gure existência compatível com a dignidade humana.
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vanta- Art. 7º [...]
gem de servidor público ou de empregado, nem ser VIII - décimo terceiro salário com base na remu-
substituído por decisão judicial. neração integral ou no valor da aposentadoria;
Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no
estabelecimento de remuneração inferior ao míni- O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá-
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para
do serviço militar inicial. os servidores públicos, a gratificação recebe o nome
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica- de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida
ções e outras vantagens do servidor público não pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
incide sobre o abono utilizado para se atingir o formal e com carteira assinada o correspondente a
salário mínimo. 1/12 de sua remuneração ou aposentadoria.
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39,
Art. 7º [...]
§ 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
IX - remuneração do trabalho noturno superior
referem-se ao total da remuneração percebida pelo
à do diurno;
servidor público.

O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo


Prosseguindo nossa análise dos incisos do art. 7º,
com o dispositivo, a remuneração deve ser superior
da CF, temos:
ao trabalho no período diurno.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
Art. 7º [...]
regular a matéria, estabelece, no art. 73, como perío-
V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho; do noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de
um dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse
período, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a
O inciso V assegura contraprestação mínima aos
hora diurna. Além disso, o cômputo da hora também
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro-
é realizado de forma diferente, uma vez que cada
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi-
hora noturna possui cinquenta e dois minutos e trinta
cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em
segundos.
consideração a extensão e a complexidade do trabalho
Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi-
e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo.
dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de
Diferentemente do salário mínimo, que é nacio-
um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se
nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis-
às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior.
trito Federal instituam piso salarial estadual diferente
Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ-
do nacional, em conformidade com o parágrafo único,
são de cômputo diferenciado para a hora noturna.
do art. 22, da CF, de 1988, e Lei Complementar nº 103,
de 2000.
Art. 7º [...]
X - proteção do salário na forma da lei, consti-
Art. 7º [...] tuindo crime sua retenção dolosa;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo;
O inciso X estabelece a criminalização da con-
duta de retenção do salário como uma das formas
O inciso VI traz a regra de que o salário do traba- de proteção ao trabalhador. Salienta-se que a con-
lhador não pode ser reduzido. A redução somente é duta somente será considerada como crime se hou-
admitida por meio de negociação coletiva com a par- ver dolo, ou seja, quando o empregador não paga
ticipação obrigatória do sindicato. porque não quer. Cumpre esclarecer que esse inciso
A Medida Provisória (MP) nº 936, de 2020, que foi
DIREITO CONSTITUCIONAL

possui eficácia constitucional limitada e carece de lei


editada em razão da pandemia da COVID-19, passou a regulamentadora.
permitir a redução salarial por meio de acordo indivi-
dual firmado entre o empregador e o empregado, ou Art. 7º [...]
seja, sem a participação do sindicato. XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
Considerando que o texto constitucional estabelece culada da remuneração, e, excepcionalmente,
que o acordo seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, participação na gestão da empresa, conforme defi-
que manteve a eficácia da regra (acordo individual) nido em lei;
de redução temporária do salário por, no máximo, 90
(noventa) dias, sob o fundamento de que se trata de A participação nos lucros ou resultados, em
momento excepcional e que o acordo individual seria caráter excepcional, na gestão da empresa encon-
razoável por preservar o vínculo de emprego duran- tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor des-
te o período, bem como que a atuação do sindicato vinculado da remuneração e definido em lei. Esse
demandaria demora, gerando insegurança jurídica e inciso também possui eficácia limitada, porém é regu-
aumentando o risco de desemprego. lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000. 239
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Art. 7º [...] Art. 7º [...]
XII - salário-família pago em razão do depen- XVI - remuneração do serviço extraordinário
dente do trabalhador de baixa renda nos termos superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
da lei; normal;

O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se O pagamento de horas extras encontra-se previs-
de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da to no inciso XVI. A CF, de 1988, além de fixar a duração
Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que da jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abu-
possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com sos por parte do empregador, garante ao trabalhador
algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o que os serviços prestados que excedam a jornada nor-
trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de mal de trabalho sejam considerados extraordinários
renda estipulado pela Administração Pública. e pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o
Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene- valor normal.
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição,
o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa Art. 7º [...]
renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o pelo menos, um terço a mais do que o salário
benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25. normal;

Art. 7º [...] O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra-


XIII - duração do trabalho normal não superior ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser
a oito horas diárias e quarenta e quatro sema- remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do
nais, facultada a compensação de horários e a que o salário normal.
redução da jornada, mediante acordo ou conven-
ção coletiva de trabalho; Art. 7º [...]
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do empre-
O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária go e do salário, com a duração de cento e vinte
em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida, dias;
porém, a compensação de horários e a redução da jor-
nada, por meio de acordos ou convenção coletiva de A licença à gestante encontra-se prevista no inci-
trabalho. Trata-se dos denominados bancos de horas so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-nascidos
e as escalas de revezamento. ou adotados de permanecerem com suas genitoras no
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e espa- momento inicial de sua vida ou na casa da adotante,
nhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição de 4 da nova vida, com o objetivo de desenvolver víncu-
horas no intervalo entre segunda e sexta-feira, de los de afeto e cuidados necessários para o desenvolvi-
modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada mento saudável da criança.
de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar Constitucionalmente, o prazo de duração é de 120
44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na dias, porém a Lei nº 11.770, de 2008, estendeu, para deter-
prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em minados casos, esse período de licença para 180 dias.
outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter- A Lei nº 12.010, de 2009 (Lei da Adoção), estendeu
nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema- às adotantes o mesmo prazo de licença das gestantes,
nais, o que evitaria o pagamento de hora extra. passando a ser de, no mínimo, 120 dias. Antes, a dura-
ção da licença variava conforme a idade do filho.
Art. 7º [...]
XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali- Art. 7º [...]
zado em turnos ininterruptos de revezamento, XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em
salvo negociação coletiva; lei;

Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam- O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, ao
bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse contrário do que ocorre com a licença à gestante, não
dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho possui prazo fixado pela CF, de 1988. Refere-se, tam-
com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja, bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses momento inicial de sua vida.
casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6
horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de nego- Art. 7º [...]
ciação coletiva para aumentar a jornada. XX - proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos ter-
Art. 7º [...] mos da lei;
XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
mente aos domingos; O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,
de normas de proteção do mercado de trabalho da
O inciso XV garante o descanso do trabalhador. mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar
Trata-se do repouso semanal remunerado, também a efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais
denominado descanso semanal remunerado (DSR), regras foram introduzidas pela CLT e tratam de temas
que é a possibilidade de o trabalhador ausentar-se de como a duração e condições de trabalho, a discrimi-
seu trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, manten- nação, o trabalho noturno, a proteção à maternidade,
do-se a remuneração respectiva. Para o descanso e entre outros.
recomposição do empregado, a CF, de 1988, estabele-
240 ce, como preferência, os domingos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 7º [...] A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV,
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter- suas atividades após o cumprimento dos requisitos
mos da lei; previstos em lei, tais como idade e tempo de contri-
buição, bem como por motivo de incapacidade.
O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser Art. 7º [...]
surpreendido com o seu desligamento e poder pro- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen-
gramar-se para voltar a enfrentar a concorrência do tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio de em creches e pré-escolas;
é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
viço prestado à empresa, maior a sua permanência O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-
antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na -escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha-
CF, de 1988, é de 30 (trinta) dias. dores desde o nascimento até os 5 anos.
De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa-
de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limita- do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que
da (nos termos da lei). Segundo os termos da Lei nº o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os
12.506, de 2011, a esses 30 dias serão acrescidos três 5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre-
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa quentar a escola).
até o total de 60 dias. Portanto, a duração máxima do
aviso prévio é de 90 dias (30 dias assegurados pela CF, Art. 7º [...]
de 1988 e outros 60 previstos na lei). XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho;
Art. 7º [...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, O inciso XXVI ressalta a importância das entidades sin-
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; dicais nas negociações coletivas, de modo a permitir que
se incrementem as condições sociais dos trabalhadores.
O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre-
servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de Art. 7º [...]
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ- XXVII - proteção em face da automação, na forma
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho. da lei;

Art. 7º [...] A proteção em face da automação é assegurada


XXIII - adicional de remuneração para as atividades no inciso XXVII. Trata-se de um mecanismo de proteção
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; do trabalhador que perdeu seu posto de trabalho para
a automação, ou seja, pela máquina, de modo que a lei
O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida- possa criar meios, tais como cursos e treinamentos, que
des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno- possibilitem sua recolocação no mercado de trabalho.
sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela
que exige, para a sua realização, esforços físicos repe- Art. 7º [...]
titivos e intensos, de modo a causar esgotamento ou XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um dano cargo do empregador, sem excluir a indenização
efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um maior a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
grau de atenção ou sacrifício físico ou mental, como, ou culpa;
por exemplo, serviços industriais em que o trabalha-
dor é submetido a uma altura superior a três metros. O seguro contra acidentes de trabalho encontra-
Por outro lado, na atividade insalubre, há um com- -se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de competência
prometimento à saúde do trabalhador devido a seu do empregador e não exclui a indenização a que este
ambiente de trabalho, como, por exemplo, o traba- está obrigado no caso de incorrer em dolo ou culpa.
lhador que é submetido a calor ou a frio intenso ou
a ruído contínuo e intermitente. Por fim, atividade Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do Trabalho
perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do traba- é competente para processar e julgar as ações
DIREITO CONSTITUCIONAL

lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações de indenização por danos morais e patrimoniais
elétricas de grandes voltagens. decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas
que ainda não possuíam sentença de mérito em
Importante! primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional 45/2004.
De acordo com o TST, não é possível a percep-
ção cumulativa dos adicionais de insalubridade Prosseguimos com o inciso XXIX, do art. 7º, da CF:
e periculosidade.
Art. 7º [...]
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
Art. 7º [...] relações de trabalho, com prazo prescricional
XXIV - aposentadoria; de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato de trabalho; 241
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra- meio do trabalho, o ensino do curso que está desen-
balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse volvendo. Estagiário não é empregado nem está sub-
com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da metido a limite de idade.
extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno,
créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo: perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação.
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos
da extinção do contrato de trabalho) para promover a
ação e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos, Importante!
ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
ditos de 2015 em diante. Não há previsão expressa do trabalho penoso
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e aos menores de 18 anos.
“prescrição total”, é importante distinguir que pres-
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocorre
Art. 7º [...]
dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o dor com vínculo empregatício permanente e o
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. trabalhador avulso
Art. 7º [...]
XXX - proibição de diferença de salários, de O inciso XXXIV também decorre do princípio da
exercício de funções e de critério de admissão por igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direi-
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; tos entre os trabalhadores com vínculo empregatício
e os trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalha-
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e dor avulso aquele que, de forma sindicalizada ou não,
foi tratado anteriormente quando explanado acerca presta serviços tanto de natureza urbana como rural,
do salário. sem possuir vínculo empregatício, e a diversas empre-
sas, com intermediação obrigatória do sindicato da
Art. 7º [...] categoria ou, quando se tratar de atividade portuária,
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
com intermediação do Órgão Gestor de Mão de Obra
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
(OGMO).
lhador portador de deficiência;
Art. 7º [...]
Também decorrente do princípio da igualdade,
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
a CF, de 1988, veda qualquer tipo de discriminação trabalhadores domésticos os direitos previstos
do trabalhador com deficiência. A proibição de dis- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
criminação estende-se desde a sua admissão. Assim XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
sendo, o fato de o trabalhador possuir uma limitação, XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
quer física, psíquica ou intelectual, não tem o condão lei e observada a simplificação do cumprimento
de permitir que o empregador pague uma contrapres- das obrigações tributárias, principais e acessórias,
tação diversa dos demais funcionários por exemplo. decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
Art. 7º [...] e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
XXXII - proibição de distinção entre trabalho social.
manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
sionais respectivos; Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico
Mais um dispositivo que decorre do princípio o trabalhador que presta serviços de natureza contí-
da igualdade e veda a distinção entre as atividades nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
poderá ser tida como mais ou menos importante que cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros.
a intelectual por exemplo. O dispositivo remete a determinados incisos, ressal-
tando que parte desse direito depende de regulamen-
Art. 7º [...] tação legal, como no caso do FGTS.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigo- Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
so ou insalubre a menores de dezoito e de qual- nos arts. 8º a 11. Vejamos cada um deles:
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
torze anos;
dical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Esta-
O inciso XXXIII estabelece os limites etários para do para a fundação de sindicato, ressalvado o
o desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos registro no órgão competente, vedadas ao Poder
não é possível o desempenho da atividade laboral, Público a interferência e a intervenção na organi-
exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver zação sindical;
a atividade entre 14 e 24 anos.
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- O inciso I, do art. 8º, traz o princípio da liberda-
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo- de sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC situações distintas. A primeira refere-se à relação
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a for- entre o Estado e o sindicato. Já a segunda, entre o sin-
mação profissional é desenvolvida no ofício. Por outro dicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade de
242 lado, estagiário é o estudante que complementa, por associação sindical possui dupla dimensão, de modo
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a assegurar o direito dos trabalhadores em geral de O inciso V é um desdobramento do direito à liber-
criarem entidades sindicais, como também a liberda- dade de associação prevista no art. 5º, da CF, de 1988.
de de aderirem ou não ao sindicato, assim como se
desfiliarem conforme sua vontade. Art. 8º [...]
De acordo com o STF, para que um sindicato possa VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
defender a categoria, não é preciso estar registrado no nas negociações coletivas de trabalho;
órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. As entidades sindicais possuem a denominada
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
Art. 8º [...] melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
II - é vedada a criação de mais de uma organi- inciso IV estabelece como obrigatória a participação
zação sindical, em qualquer grau, representativa dos sindicatos nas negociações coletivas.
de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalha- Art. 8º [...]
dores ou empregadores interessados, não podendo VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
ser inferior à área de um Município; ser votado nas organizações sindicais;

O inciso II traz o princípio da unicidade sindical, O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais do aposentado filiado à entidade sindical.
de uma organização sindical na mesma base territo-
rial. Por essa razão, a CF, de 1988, definiu a base ter- Art. 8º [...]
ritorial mínima, ou seja, o Município. No entanto, não VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
especificou a base máxima, de modo que pode haver dicalizado a partir do registro da candidatura
um sindicato para a defesa da categoria no âmbito a cargo de direção ou representação sindical
estadual ou nacional. e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave
Art. 8º [...] nos termos da lei.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
resses coletivos ou individuais da categoria, A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
inclusive em questões judiciais ou administrativas; prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que
seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou
A representação e substituição do sindicato na seja, de serem desligados do emprego devido à atua-
defesa dos direitos e interesses de seus membros está ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen-
disciplinada no inciso III. Atente-se ao fato de o sindi- sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
cato poder atuar não somente em questões judiciais, candidatura a cargo de direção ou representação sin-
mas também em questões administrativas. dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de
suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o
Art. 8º [...] final do mandato.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é
em se tratando de categoria profissional, será des-
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
contada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva, de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar
independentemente da contribuição prevista em lei; que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para
O inciso IV trata da contribuição confederativa Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha-
sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu- dores também possuem estabilidade; já os indicados
ma das contribuições relativas à atividade sindical pelo empregador não a possuem.
é obrigatória, de modo a depender de autorização A estabilidade conferida pelo inciso VIII já foi obje-
expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente to de prova no que tange a sua destinação. Cumpre
quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a ressaltar que esse benefício não é destinado à pessoa
contribuição confederativa prevista nesse dispositivo. do empregado (intuitu personae), mas sim à represen-
tação sindical.
Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
está condicionado à autorização prévia e expressa Art. 8º [...]
DIREITO CONSTITUCIONAL

dos que participem de uma determinada categoria Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
econômica ou profissional, ou de uma profissão cam-se à organização de sindicatos rurais e de
liberal, em favor do sindicato representativo da colônias de pescadores, atendidas as condições
mesma categoria. que a lei estabelecer.

Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con- Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui- regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato de pescadores.
respectivo.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin-
Continuamos com o inciso V, do art. 8º, da CF: do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
Art. 8º [...] meio dele defender.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ter-se filiado a sindicato; 243
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O direito de greve dos trabalhadores encontra-se A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
assegurado no art. 9º, da CF, de 1988. Inicialmente, há Vejamos:
de se esclarecer que a expressão “trabalhadores” se
refere aos empregados da iniciativa privada, geral- z Nacionalidade originária é aquela que decor-
mente regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspen- re do nascimento e, a depender do Estado, pode
são temporária das atividades laborais desenvolvidas seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
e tem como causa o interesse dos trabalhadores. nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
prova, que a greve, apesar de ser um direito social a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
conferido ao trabalhador, não depende de específica filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
prestação estatal para que seja exercida. sangue e brasileiro por solo);
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
Art. 9º [...] qualquer outro fator que não seja o nascimento,
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen- como, por exemplo, passar a residir em um país
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- ou casar-se com um estrangeiro e adquirir a nacio-
des inadiáveis da comunidade. nalidade deste (essa hipótese não existe no direito
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis brasileiro, pois o casamento com brasileiro, por
às penas da lei. si só, não dá o direito à nacionalidade brasileira).
Para adquirir a nacionalidade derivada, é necessá-
No que se refere aos serviços essenciais, tais como rio um procedimento chamado de naturalização e,
transporte público, serviços de fornecimento de luz, em regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade,
água, entre outros, o direito de greve é assegurado, por ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade
mas sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos anterior (direito de opção).
trabalhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783,
de 1989. Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos
arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um deles:
Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos Art. 12 São brasileiros:
órgãos públicos em que seus interesses profissio- I - natos:
nais ou previdenciários sejam objeto de discussão a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
e deliberação. ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;
O art. 10 decorre do direito a uma gestão b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
democrática, ou seja, de participação junto aos ou mãe brasileira, desde que qualquer deles este-
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte- ja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasilei-
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
ro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis-
dos previdenciários.
trados em repartição brasileira competente
ou venham a residir na República Federativa do
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atin-
empregados, é assegurada a eleição de um gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
representante destes com a finalidade exclusiva
de promover-lhes o entendimento direto com os
No que se refere à nacionalidade originária, a CF,
empregadores.
de 1988 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto
de definição da nacionalidade, uma vez que os dois
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi-
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre nir brasileiro nato.
empregados e empregador em empresas maiores A alínea “a” adota o critério territorial ao con-
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto
comissão de representação. de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes
Atenção! Os representantes não se confundem não estejam a serviço de seus países.
com os dirigentes sindicais. Atente-se ao fato de para que a criança não seja
considerada brasileira, algum dos pais estrangeiros
Cápítulo III - Da Nacionalidade deve estar a serviço de seu país de origem; ressalta-
-se este ponto pois os examinadores implementaram
O direito à nacionalidade é a garantia de ter um as cobranças acerca dessa temática.
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que Por exemplo, o casal Bob e Mary é residente da
todas as pessoas têm direito de se vincular a um Esta- cidade de Bruxelas, na Bélgica. Bob é natural da Bél-
do soberano para que este possa assegurar a proteção gica, já Mary possui nacionalidade alemã. Mary, após
dos seus direitos fundamentais. alguns anos morando na Bélgica, conquista um cargo
A ausência de vínculo enseja a condição de apátri- público neste país. Em razão do cargo que ocupa, Mary
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica foi convocada para tratar de assuntos internacionais
básica por não estar vinculado a nenhum Estado. Des- no Brasil, a serviço da Bélgica e, durante a sua estadia
te modo, ter uma nacionalidade significa ter direito à no Brasil, entrou em trabalho de parto, dando à luz a
proteção jurídica e política por parte de um Estado. Peter, fruto do seu relacionamento com Bob. No caso
em tela, Peter terá nacionalidade brasileira nata, tendo
em vista que sua mãe, embora a serviço da Bélgica, não
244 estava à serviço do seu país de origem (Alemanha).
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Outro exemplo que pode ser cobrança de alguma questão mais elaborada é o caso de criança nascida em terri-
tório nacional, sendo que um dos pais é estrangeiro a serviço de seu país e o outro é brasileiro; neste caso, devido
ao fato de ser filho de brasileiro, será, a criança, considerada brasileira nata.
Já a alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nasceu
fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Brasil, como, por
exemplo, filho de diplomata brasileiro a serviço no Japão.
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo aliado à opção ou registro do nascimento em repartição
competente, considerando como brasileiro aquele que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho de pai ou
mãe brasileiros sem que qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado na repartição brasileira
competente no exterior (Consulado).
Também é considerado brasileiro nato por essa alínea aquele que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho
de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no Brasil, tendo
optado pela nacionalidade brasileira após atingida a maioridade. Exemplo: filha de alemã com brasileiro nascida na
Alemanha, mas que se mudou para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) anos, tenha optado pela nacionalidade
brasileira; a esta última forma se dá o nome de nacionalidade potestativa.

Art. 12 [...]
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua por-
tuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que não o
nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país concede a um estrangeiro a qualidade de nacional desse Estado. A
naturalização pressupõe pedido da parte interessada.
O inciso II estabelece, como critério para que se adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso dos estran-
geiros originários de países de língua portuguesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique, entre outros, a
Norma Constitucional prevê residência de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já para os demais
estrangeiros, faz-se necessário residir por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condenação penal.
Note que, além do prazo de residência, enquanto, para um, basta a idoneidade, para os demais, não deve exis-
tir condenação penal.

REQUISITOS
Nacionalidade Ordinária Nacionalidade Extraordinária
� Ser estrangeiro originário de país de língua portuguesa
� Residência no Brasil por 1 ano ininterrupto � Ser estrangeiro de qualquer nacionalidade
� Idoneidade moral � Residência, ininterrupta, no Brasil por mais de 15 anos
� Ausência de condenação penal
Obs.: Aqui a nacionalidade se dará por ato discricionário � Requerimento por parte do interessado
do Presidente

Art. 12 [...]
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocidade para os portugueses residentes de forma permanente no


Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do Estatuto da Igualdade no que se refere aos direitos e obrigações civis
e políticos sem a perda da nacionalidade originária. Esse Estatuto encontra respaldo no Decreto nº 3.927, de 2001,
que promulgou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal.

Art. 12 [...]
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
DIREITO CONSTITUCIONAL

nesta Constituição.

De acordo com o § 2º, independentemente de a nacionalidade ter sido adquirida de modo originário ou deri-
vado, todos os brasileiros são iguais em direitos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobramento do direito
à igualdade.
Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988, pode estabelecer tratamento diferente aos natos e naturaliza-
dos, mas tão somente a CF. Como exemplo tem-se o parágrafo a seguir:

Art. 12 [...]
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática; 245
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VI - de oficial das Forças Armadas. O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter
VII - de Ministro de Estado da Defesa. se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen- perda, retornando à condição de brasileiro nato por
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran- expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale-
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles marido e volta ao Brasil.
que irão representar o Estado brasileiro no exterior,
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu- Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial
rança nacional. da República Federativa do Brasil.
Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá § 1º São símbolos da República Federativa do
ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden- Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
te das casas. nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.
Dica
Para memorizar o rol elencado no § 3º, utiliza-se O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas
o mnemônico MP3.COM estabelece regras com relação ao Estado brasileiro.
M — Ministro do STF A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que
P — Presidente e Vice é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua
P — Presidente da Câmara que toda a população brasileira deve utilizar em suas
P — Presidente do Senado ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti-
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím-
C — Carreira diplomática
bolos do Brasil.
O — Oficial das Forças Armadas
M — Ministro da Defesa
Dica
Art. 12 [...] Para memorizar os símbolos, utilize o mnemôni-
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
co BAHIAS:
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
Bandeira
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao Hino
interesse nacional; Armas
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Selo nacional
a) de reconhecimento de nacionalidade originária
pela lei estrangeira; A última regra diz respeito ao fato de os Estados
b) de imposição de naturalização, pela norma membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
estrangeira, ao brasileiro residente em estado símbolos próprios. Alguns Estados membros possuem
estrangeiro, como condição para permanência em símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de
seu território ou para o exercício de direitos civis; São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Consti-
tuição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra-
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da nacio- são de armas e o hino. Não constam o selo e as armas,
nalidade. A primeira possibilidade é a perda da nacio- estando, portanto, de forma diversa da CF, de 1988.
nalidade derivada, ou seja, aquela adquirida pela
naturalização quando houver sentença judicial deter- CAPÍTULO VII - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO –
minando seu cancelamento, em decorrência de ativi- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dade nociva praticada pelo naturalizado. A segunda
possibilidade decorre do denominado princípio da Seção I: Disposições Gerais
vassalagem, isto é, a aquisição de nacionalidade deri-
vada implica a perda da nacionalidade de origem. A Administração Pública tem suas regras discipli-
A perda da nacionalidade comporta duas exceções nadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988.
que não decorrem da vontade do indivíduo, são elas:
Art. 37 A administração pública direta e indi-
z Reconhecimento da nacionalidade por lei estran- reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
geira. É o caso, por exemplo, de uma criança que dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
nasceu no Brasil e possui pais italianos. Nessa situa- aos princípios de legalidade, impessoalidade,
ção, o indivíduo terá dupla nacionalidade, tendo moralidade, publicidade e eficiência e, também,
em vista ter nascido no Brasil (país que adota, nesse ao seguinte:
caso, o critério territorial) e ser filho de pais italia-
nos (país este que adota o critério sanguíneo). Desta Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-
forma, será atribuída dupla nacionalidade à criança; nistração Pública divide-se em Administração
z Imposição de nacionalidade como condição Pública Direta, que é composta pelos quatro entes
para permanência em território estrangeiro federativos (União, Estados, Municípios e Distrito
ou para exercício de direitos civis. É o caso, por Federal), e Administração Pública Indireta, compos-
exemplo, de jogador de futebol brasileiro que é ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de
contratado por determinado clube de país estran- economia mista e empresas públicas.
geiro, onde é obrigatório a aquisição da nacionali- Via de regra, a Administração Pública submete-se
246 dade para permanecer em seu território. a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
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atuação independe da concordância dos administra- formação escolar, idade, entre outros. Em contraparti-
dos, pois se funda na própria soberania estatal. da, para que o estrangeiro possa ter acesso a tais cargos,
O regime jurídico de direito público faz com que a a lei deve especificar as hipóteses de admissibilidade.
Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à
mais estritos do que aqueles a que estão submetidos aplicabilidade da norma. Com relação aos brasileiros, a
os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever norma constitucional é de eficácia contida, ou seja, todos
de observância da finalidade pública. os brasileiros têm acesso aos cargos, empregos e funções
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a públicas. A norma infraconstitucional pode conter tais
Administração Pública encontra-se expresso em for- efeitos, estabelecendo critérios diferenciados. Portanto,
ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são todos os brasileiros têm acesso a todos os cargos, empre-
princípios que regem a Administração Pública direta gos e funções desde que a norma não restrinja.
e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade, Já para os estrangeiros, a norma constitucional é
publicidade e eficiência. de eficácia limitada, ou seja, para que o estrangeiro
O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição tenha acesso, faz-se necessária norma infraconstitu-
da Administração Pública aos mandamentos da lei. cional regulando a hipótese. Deste modo, os estran-
A legalidade traduz o sentido de que a Administra- geiros têm acesso somente aos cargos, empregos e
ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou funções públicos que a lei autorizar.
permite, bem como somente pode proibir o que a lei
expressamente proíbe. Art. 37 [...]
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali- II - a investidura em cargo ou emprego públi-
dade necessária para o exercício da atividade admi- co depende de aprovação prévia em concurso
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao público de provas ou de provas e títulos, de
administrado, esse princípio impõe a objetividade e a acordo com a natureza e a complexidade do cargo
isonomia da conduta administrativa. ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral
em lei de livre nomeação e exoneração;
administrativa. Segundo ele, os atos da administra-
ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas
O inciso II estabelece a necessidade de procedi-
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites
mento administrativo destinado à seleção das pessoas
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o
que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
excesso de poder ou desvio de finalidade.
de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
O Princípio da Publicidade exige a divulgação
de uma forma de escolha para atender aos princípios
dos atos da Administração Pública com o objetivo
da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
de permitir o conhecimento e o controle por toda a
do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
sociedade, pois ao administrador compete agir com
por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
transparência.
Os concursos públicos devem ser abertos a todos
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi-
os interessados. Portanto, não se admite que a seleção
nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
ocorra de forma interna (concursos internos).
rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
Cabe consignar que os concursos públicos podem
tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe
ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo,
ao administrador zelar pelos interesses públicos com
não se admite concurso apenas de títulos nem admis-
plena satisfação do administrado e com o menor custo
são sem concurso público. Observa-se, no entanto,
para a sociedade.
que existem exceções à regra relativa aos concur-
sos públicos para os seguintes casos:
Dica
Para memorizar os princípios, utilize o mnemô- z Cargos de mandato eletivo;
nico LIMPE: z Cargo comissionado;
z Contratação temporária por excepcional interesse
Legalidade
público;
Impessoalidade
z Ex-combatente que tenha efetivamente participa-
Moralidade do de operações bélicas durante a Segunda Guerra
Publicidade Mundial (inciso I, art. 53, ADCT);
Eficiência z Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos
Tribunais de Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE,
DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 37 [...] TST e STM; integrantes do quinto Constitucional


I - os cargos, empregos e funções públicas são dos Tribunais Judiciários.
acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos Art. 37 [...]
estrangeiros, na forma da lei; III - o prazo de validade do concurso público será
de até dois anos, prorrogável uma vez, por
No que se refere à forma de acesso por brasileiro igual período;
naturalizado, há de se esclarecer, inicialmente, que se
trata dos cargos não privativos de brasileiros natos, O inciso III traz o prazo de validade do concurso
uma vez que os cargos privativos de brasileiro nato público, que é de até 2 (dois) anos. Assim sendo, cabe
constam expressamente no § 3º, art. 12, da CF, de 1988. ao edital definir qual o prazo do concurso, não poden-
Observa-se que os cargos não privativos de brasilei- do, no entanto, ser superior a 2 (dois) anos.
ros natos podem ser preenchidos por brasileiros (natos Além disso, é possível a prorrogação do prazo de
ou naturalizados) de forma ampla. Vale frisar que validade por uma única vez e por igual período, ou
pode a lei estabelecer requisitos limitadores, tais como seja, se o prazo de validade do edital é de 1 (um) ano, 247
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ele somente poderá ser prorrogado por 1 (um) ano. Constitucional nº 32, de 2001, possibilitou a extinção
Aqui, cabe uma observação importante: a prorroga- por meio de decreto do Presidente da República. Com
ção só é possível ser feita enquanto não expirado o relação aos Governadores e Prefeitos, a extinção do
prazo inicial. cargo vago é possível se houver semelhante previsão
O candidato que for aprovado em concurso públi- nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgâ-
co dentro do número de vagas previstas no edital, nicas (princípio da simetria).
estando tal concurso dentro do prazo de validade, No que se refere às garantias e características
possui o direito subjetivo de ser nomeado, assim como especiais, os cargos podem ser classificados em vitalí-
a prioridade na nomeação. Em contrapartida, o candi- cios, efetivos e comissionados:
dato aprovado fora do número de vagas possui mera
expectativa de direito à nomeação, devendo subme- z Cargo vitalício é aquele com a maior garantia em
ter-se ao juízo de conveniência e oportunidade da relação à permanência. Trata-se daquele destina-
Administração. do a receber o ocupante em caráter permanente,
como no caso dos magistrados (inciso I, art. 95, CF,
Art. 37 [...] de 1988), os de membros do Ministério Público (alí-
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edi- nea “a”, inciso I, § 5º, art. 128, da CF, de 1988) e os
tal de convocação, aquele aprovado em concurso de ministros do Tribunal de Contas (§ 3º, art. 73, CF,
público de provas ou de provas e títulos será con- de 1988). A vitaliciedade é adquirida após 2 (dois)
vocado com prioridade sobre novos concursa- anos de efetivo exercício no cargo e tais servido-
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; res só poderão ser demitidos por sentença judicial
transitada em julgado;
O inciso IV regula a hipótese de novo concurso z Cargo efetivo é aquele provido por concurso
para o mesmo cargo enquanto os candidatos aprova- público, cujos integrantes possuem a estabilida-
dos em certame anterior e com prazo de validade não de, ou seja, após 3 (três) anos de efetivo exercí-
expirado ainda não foram convocados. Assim, estabe- cio, só poderão ser demitidos por decisão judicial
lece a prioridade de convocação destes em face dos transitada em julgado, processo administrativo
novos aprovados. disciplinar ou processo de avaliação periódica de
desempenho;
z Cargo em comissão é aquele preenchido de acor-
Importante! do com a confiança. Como regra, ele deve ser
preenchido preferencialmente por servidores de
Segundo entendimento do STF, para gozar da
carreira. Portanto, para os demais casos (pessoal
prioridade na nomeação, não basta ao candida-
de fora da Administração), a nomeação deve ser
to a mera aprovação, sendo necessário que ele exceção.
tenha sido classificado dentro do número de
vagas disponibilizadas no concurso, ou seja, se Além disso, é importante frisar que a nomeação
o edital previu uma vaga e foram aprovados dois aos cargos em comissão somente é possível para os
candidatos, somente o primeiro tem prioridade cargos de chefia, direção ou assessoramento. Portan-
de nomeação. to, para as atribuições de execução e, não, para as
atribuições técnicas e operacionais. Exemplo: cabe a
nomeação para cargo em comissão de Secretário de
Art. 37 [...] Transportes, por demandar conhecimento específico
V - as funções de confiança, exercidas exclusiva-
e confiança. Já para o motorista, isso não é cabível,
mente por servidores ocupantes de cargo efeti-
pois, diferentemente do Secretário, sua atribuição é
vo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
meramente operacional e não demanda a relação de
por servidores de carreira nos casos, condições
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam- confiança.
-se apenas às atribuições de direção, chefia e Como regra, os cargos em comissão são de livre
assessoramento; nomeação e exoneração (ad nutum). A exceção a essa
regra é o que se intitula nepotismo (favorecimento
O inciso V trata de duas situações distintas: a fun- de parentes em detrimento de pessoas mais qualifi-
ção de confiança e o cargo de confiança (em comissão). cadas). Importante salientar que essa prática também
Cargo público é a unidade estrutural e funcional em pode ocorrer de forma cruzada. Por exemplo: quando
que o servidor exerce suas atribuições e responsabili- autoridades, a fim de omitir o nepotismo, nomeiam
dades, ou seja, é o local dentro da estrutura organiza- para determinado cargo parentes um do outro de
cional que deve ser atribuído a um servidor. Já função maneira recíproca.
pública é a própria atribuição e responsabilidade. Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante nº
Em regra, os cargos públicos somente podem ser 13, do STF, relativa ao tema:
criados, transformados ou extintos por lei. Assim,
cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônju-
ge, companheiro, ou parente, em linha reta, cola-
Poder Executivo, dispor sobre a criação, transforma-
teral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da
ção e extinção de cargos, empregos e funções públicas.
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pes-
A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma soa jurídica, investido em cargo de direção, chefia
cargos, varia conforme o caso. Por exemplo, no caso ou assessoramento, para o exercício de cargo em
dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de Con- comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gra-
tas e do Ministério Público, a lei será de iniciativa dos tificada na administração pública direta e indireta,
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais. em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Excepciona a regra quando os cargos ou fun- Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
248 ções se encontrarem vagos, uma vez que a Emenda ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF.
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A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas aos Seguimos com os incisos do art. 37, da CF, de 1988:
cargos de natureza administrativa, estando de
fora do seu âmbito as nomeações para cargos políti- Art. 37 [...]
cos. Exemplo: o STF considerou válida a nomeação VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
para o cargo de Secretário Estadual de Transportes empregos públicos para as pessoas portado-
de irmão de Governador de Estado sob a alegação de ras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão;
que o cargo em questão possuía natureza política (Rcl
6.650-MC-AgR).
O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para
Por fim, para o exercício da função de confiança,
pessoas com deficiência. Trata-se de uma norma
o pressuposto é que o nomeado já exerça cargo na
constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depen-
Administração. Exemplo: um escrevente técnico é
de da edição de lei infraconstitucional para poder
nomeado para a função de assessor do juiz.
gerar os efeitos.
Com relação à reserva, cumpre salientar que as
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a
Importante! deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por
� Função de confiança: deve ser agente público; cento) das vagas oferecidas no concurso, isto é, a CF,
� Cargo em confiança: pode ou não ser agente de 1988, fixou apenas o limite máximo (teto) do núme-
público. ro a ser reservado.
O § 1º, art. 37, do Decreto nº 3.298, de 1999, esta-
belece o percentual mínimo de 5% das vagas e, no
Art. 37 [...] caso de o número obtido ser fracionado, o número de
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à vagas será elevado até o primeiro número inteiro sub-
livre associação sindical; sequente, ou seja, arredondado para cima.

O inciso VI decorre do direito à liberdade do art. 5º, Art. 37 [...]


da CF, de 1988. Lembrem-se: ninguém é obrigado a se IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade
associar ou a se manter associado.
temporária de excepcional interesse público;
Art. 37 [...]
VII - o direito de greve será exercido nos termos e
O servidor temporário encontra-se disciplinado
nos limites definidos em lei específica; no inciso IX. Trata-se de uma categoria à parte, uma
vez que não titulariza cargo público nem possui
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, sendo
O direito de greve dos servidores públicos é dife-
regida por regime especial veiculado por meio de lei
rente do direito dos demais trabalhadores da inicia-
específica de cada ente da federação.
tiva privada. Enquanto estes podem interromper
O servidor público exerce funções públicas sem
completamente suas atividades, o servidor público
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra-
precisa garantir que os serviços sejam mantidos e em tação é por tempo determinado e para atender
percentual que possa atender à população. Trata-se necessidade temporária de excepcional interesse
da aplicação do princípio da continuidade, uma vez público. Por exemplo: agente sanitário em caso de
que não é possível a interrupção total das atividades surto de dengue.
prestadas pela Administração à população por serem
estas essenciais e necessárias à coletividade. Para tan- Art. 37 [...]
to, a Norma Constitucional prevê que os termos e limi- X - a remuneração dos servidores públicos e
tes devem ser estabelecidos em lei. o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
Ainda não foi elaborada lei para dar aplicabilidade poderão ser fixados ou alterados por lei especí-
ao inciso VII. Por essa razão, o STF proferiu a seguinte fica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
decisão nos autos do Mandado de Injunção 670-ES: assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices;
STF, MI 670-ES: Mandado de injunção. Garantia
fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito de O inciso X trata da remuneração dos servidores
greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37, públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remu-
inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência neração é o gênero, do qual salário, vencimentos e
subsídios são espécies. Salário é a contraprestação
DIREITO CONSTITUCIONAL

do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos


parâmetros de competência constitucional para pecuniária paga aos empregados públicos, regidos
apreciação no âmbito da justiça federal e da jus- pela CLT. Vencimento é a modalidade remunerató-
tiça estadual até a edição da legislação específica ria da maioria dos servidores submetidos a regime
pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em jurídico estatutário, englobando o vencimento-base e
observância aos ditames da segurança jurídica e à as vantagens pecuniárias. Já subsídio é uma parcela
evolução jurisprudencial na interpretação da omis- única, sem qualquer acréscimo, obrigatória para as
são legislativa sobre o direito de greve dos servido- seguintes categorias:
res públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta)
dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a z Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos,
matéria. Mandado de injunção deferido para deter- senadores, deputados, vereadores, magistrados),
minar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989. detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta-
do e Secretários Estaduais e Municipais;
z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas;
z Membros do Ministério Público; 249
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z Integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia federais. Por fim, o Judiciário adota, como subteto, o
Geral da União, à Procuradoria-Geral da Fazenda valor de 90,25% dos subsídios do Supremo Tribunal
Nacional, às Procuradorias dos Estados e do Dis- Federal, ressaltando que esse subteto se aplica tão
trito Federal e às Defensorias Públicas da União, somente aos seus servidores e, não, aos membros da
DF e Territórios e Defensorias Públicas Estaduais Magistratura, pois a estes é aplicado o teto do Supre-
(art. 135, CF); mo Tribunal Federal.
z Servidores policiais integrantes da Polícia Fede-
ral, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Art. 37 [...]
Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
de Bombeiros Militares. lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679, do STF:
A isonomia dos vencimentos dos servidores dos
Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos dos três Poderes está disciplinada no inciso XII. Sua finali-
servidores públicos não pode ser objeto de conven- dade é manter a paridade.
ção coletiva. É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37,
do STF:
No que se refere à revisão, o dispositivo trata ape-
nas da revisão geral, ou seja, do reajuste anual genéri- Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi-
co, que tem por objetivo repor as perdas inflacionárias ciário, que não tem função legislativa, aumentar
do período, sendo aplicável a todos os servidores. Por- vencimentos de servidores públicos sob fundamen-
tanto, não a confunda com reajuste específico, que é to de isonomia.
aquele aplicado apenas a alguns cargos ou carreiras
funcionais, com a finalidade de evitar a defasagem Art. 37 [...]
remuneratória. XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
de remuneração de pessoal do serviço público;
Art. 37 [...]
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da administra- A vedação à vinculação e à equiparação de
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros remunerações encontra-se prevista no inciso XIII.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681:
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula-
e os proventos, pensões ou outra espécie remu- ção do reajuste de vencimentos de servidores esta-
neratória, percebidos cumulativamente ou não, duais ou municipais a índices federais de correção
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer monetária.
outra natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Atenção! Há duas exceções à regra de não vincu-
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos lação, quais sejam:
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Esta-
dos e no Distrito Federal, o subsídio mensal do z A equiparação de vencimentos e vantagens entre
Governador no âmbito do Poder Executivo, o os Ministros do TCU e do STJ (§ 3º, art. 73, CF, de
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais 1988);
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
z A vinculação entre o subsídio dos Ministros dos
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
Tribunais Superiores e o subsídio mensal fixado
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési-
para os Ministros do STF (inciso V, art. 93, da CF).
mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem- Art. 37 [...]
bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
Defensores Públicos; servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores;
Com relação ao teto do funcionalismo público, a
CF, de 1988, estabeleceu duas regras. A primeira é a
O inciso XIV trata da vedação ao efeito repicão ou
do teto geral, ou seja, o limite máximo de remune-
efeito cascata, ou seja, veda-se que a mesma vanta-
ração, que é o valor dos subsídios dos Ministros do
gem seja repetidamente computada para o cálculo das
Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata
demais vantagens. A finalidade do dispositivo é evitar
do denominado subteto, ou seja, o teto para os Esta-
que, na base de cálculo de uma vantagem remunera-
dos, Municípios e Distrito Federal.
tória, seja acrescida outra vantagem. Por exemplo: se
Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte- o servidor faz jus e recebe um adicional por tempo
ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O teto de serviço, não é possível inseri-lo na base de cálcu-
único tem, como base, a fixação de um valor máximo lo para a concessão de outra gratificação, como, por
estabelecido para fins remuneratórios. Já o teto por exemplo, uma gratificação de produtividade.
Poderes faz com que cada ente político adote um sub-
teto próprio para a fixação dos subsídios. Art. 37 [...]
O Executivo tem, como subteto, os subsídios do XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
Governador. O Legislativo tem, como subteto, os sub- cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal-
sídios dos deputados estaduais, que, por sua vez, não vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
250 poderão exceder 75% dos subsídios dos deputados arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A irredutibilidade dos subsídios e dos venci- O inciso XVII estende a regra da não acumulação
mentos dos ocupantes de cargos, funções e empregos para a Administração Indireta. Portanto, a proibição
públicos encontra-se estabelecida no inciso XV. Trata- aplica-se às autarquias, fundações e empresas públi-
-se da impossibilidade de redução do valor nominal, cas, sociedades de economia mista, bem como às suas
ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000,00, não pode- subsidiárias, além das sociedades controladas direta
rá reduzi-lo para valor inferior. No entanto, é possível ou indiretamente pelo poder público.
que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisi-
tivo desse valor seja atingido pela inflação. Art. 37 [...]
XVIII - a administração fazendária e seus servi-
Art. 37 [...] dores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
XVI - é vedada a acumulação remunerada de petência e jurisdição, precedência sobre os demais
setores administrativos, na forma da lei;
cargos públicos, exceto, quando houver compa-
tibilidade de horários, observado em qualquer
caso o disposto no inciso XI: O inciso XVIII trata da precedência da Administra-
a) a de dois cargos de professor; ção Fazendária e seus servidores fiscais aos demais
b) a de um cargo de professor com outro técni- setores administrativos. Isso significa dizer que, den-
co ou científico; tro da estrutura da Administração Pública, esta deverá
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro- dar prioridade para os serviços atinentes à arrecada-
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas; ção dos tributos, por se tratar dos recursos essenciais
ao seu funcionamento.
O inciso XVI trata da vedação de acumulação de
cargos. Como regra, é vedada a acumulação remu- Art. 37 [...]
nerada de cargos públicos. No entanto, é possível a XIX - somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empre-
acumulação se houver compatibilidade de horários
sa pública, de sociedade de economia mista e
entre os cargos e somente em três hipóteses. de fundação, cabendo à lei complementar, neste
A primeira refere-se ao magistério e traz a pos- último caso, definir as áreas de sua atuação;
sibilidade de acumular dois cargos de professor
(ex.: cargo de professor da rede municipal no perío- Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces-
do matutino e cargo de professor da rede estadual no sária a autorização legislativa (lei específica), de modo
período noturno). a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei.
A segunda hipótese é a acumulação de um cargo Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação
de professor com outro técnico ou científico (ex.: das empresas públicas, sociedades de economia mista
cargo técnico em enfermagem em hospital estadual e fundações, devendo, posteriormente, ser registra-
com carga horária compatível com cargo de professor das, a fim de adquirirem a personalidade jurídica.
de ensino médio estadual). Ressalta-se, por fim, que, para as fundações, uma lei
Por fim, é possível a acumulação de dois cargos complementar deve definir as áreas de sua atuação.
privativos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas (ex.: cargo de dentista, em um muni- LEI ESPECÍFICA LEI COMPLEMENTAR
cípio, durante o período matutino, com outro cargo de
dentista, em outro município, no período vespertino). � Cria as autarquias e as funda- � Especifica a área de atua-
ções públicas de direito públi- ção das fundações
Cargos burocráticos não são considerados como co (já que estas últimas são
técnicos. Para ser enquadrado como cargo técnico equiparadas a autarquias)
passível de acumulação, é necessária formação espe- � Autoriza a criação das demais
cífica na área de atuação. Portanto, cargo técnico é entidades (empresa pública,
aquele que requer conhecimento específico na área sociedade de economia mista
de atuação do profissional, com habilitação específi- e fundações públicas de direi-
to privado)
ca de grau universitário ou profissionalizante (ensino
médio).
Art. 37 [...]
Em síntese:
XX - depende de autorização legislativa, em cada
caso, a criação de subsidiárias das entidades
z Regra: Não acumulação de cargos públicos mencionadas no inciso anterior, assim como a
remunerados; participação de qualquer delas em empresa privada;
z Exceção: Acumulação de cargos públicos remune-
DIREITO CONSTITUCIONAL

rados, quando há compatibilidade de horários e Veja que em relação às subsidiárias e à participa-


nas seguintes hipóteses: ção em empresa privada há a necessidade de autori-
zação legislativa, independente da vinculação, ou seja,
„ Dois cargos de professor; não importa se é vinculada à entidade que é criada
„ Um cargo de professor com outro técnico ou por lei. Para exemplificar, imaginemos uma subsidiá-
científico; ria XY da autarquia X. A autarquia foi criada por lei, e
„ Dois cargos privativos de profissionais de saú- sua subsidiária foi criada por autorização legislativa.
de, com profissões regulamentadas.
Art. 37 [...]
Art. 37 [...] XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
XVII - a proibição de acumular estende-se a empre- ção, as obras, serviços, compras e alienações
gos e funções e abrange autarquias, fundações, serão contratados mediante processo de licitação
empresas públicas, sociedades de economia mis- pública que assegure igualdade de condições a
ta, suas subsidiárias, e sociedades controladas, todos os concorrentes, com cláusulas que esta-
direta ou indiretamente, pelo poder público; beleçam obrigações de pagamento, mantidas as 251
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o Art. 37 [...]
qual somente permitirá as exigências de qualifica- § 3º A lei disciplinará as formas de participação
ção técnica e econômica indispensáveis à garantia do usuário na administração pública direta e
do cumprimento das obrigações. indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos servi-
Outra regra contida na Constituição é a exigência ços públicos em geral, asseguradas a manutenção
de licitação pública para contratação de obras, ser- de serviços de atendimento ao usuário e a avalia-
viços, compras e alienações, ressalvados os casos ção periódica, externa e interna, da qualidade dos
de dispensa e inexigibilidade previstos em lei. serviços;
Vale frisar, aqui, que é assegurada a todos a igual- II - o acesso dos usuários a registros administrati-
dade de condições, com cláusulas que estabeleçam vos e a informações sobre atos de governo, obser-
obrigações de pagamento, mantidas as condições efe- vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
tivas da proposta, nos termos da lei, a qual somente III - a disciplina da representação contra o exercí-
permitirá as exigências de qualificação técnica e eco- cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun-
nômica indispensáveis à garantia do cumprimento ção na administração pública.
das obrigações.
O § 3º remete à preocupação do legislador para que
Art. 37 [...] haja um controle social, de modo a estabelecer meios
XXII - as administrações tributárias da União, para que qualquer pessoa comunique as irregularida-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, des ou ilegalidades praticadas pelos agentes públicos.
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para
exercidas por servidores de carreiras específicas, evitar os atos de improbidade administrativa, ou seja,
terão recursos prioritários para a realização de condutas ilegais, desonestas, abusivas e incorretas.
de suas atividades e atuarão de forma integrada,
inclusive com o compartilhamento de cadastros e Art. 37 [...]
de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
O inciso XXII traz mais uma regra de prioridade da função pública, a indisponibilidade dos bens
da parte fiscal e de arrecadação. Assim, a Adminis- e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
tração tributária de qualquer dos entes da federação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
possui recurso prioritário para a realização de suas
atividades. De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos
de improbidade são as seguintes: suspensão dos
Art. 37 [...] direitos políticos; perda de função pública; indispo-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
prejuízo da ação penal cabível, ou seja, aplica-se a
ter caráter educativo, informativo ou de orien-
penalidade administrativa cumulativamente com a
tação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção sanção penal (se o fato constituir crime).
pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Dica
O § 1º trata das regras de publicidade dos atos,
Para decorar os atos de improbidade administra-
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos. Esse dispositivo é consequência direta do tiva, memorize o mnemônico PARIS:
princípio da impessoalidade, pois tal publicidade deve Perda de função pública
ser de caráter informativo, educativo ou de orienta- Ação penal cabível (se for o caso)
ção social, ou seja, a propaganda pública não pode ser Ressarcimento ao erário
um meio para promoção pessoal. Indisponibilidade de bens
É por esse motivo que não é permitido ao Governa- Suspensão dos direitos políticos
dor ou ao Prefeito, por exemplo, continuar a utilizar
o slogan de campanha após ser eleito, uma vez que Art. 37 [...]
vincularia aquela atividade pública a sua pessoa. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
para ilícitos praticados por qualquer agente,
Art. 37 [...] servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei. Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as
ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei.
O § 2º traz a responsabilidade do agente público Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli-
pela não observância da regra de que, para contratação cáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade
de pessoal, o concurso público é indispensável. Conse- administrativa é a Lei nº 8.429, de 1992.
quentemente, se houver ingresso de pessoal sem o devi-
do processo de seleção, haverá nulidade da nomeação, Art. 37 [...]
devendo a autoridade sofrer as punições em conformi- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e
dade com a norma infraconstitucional. Além disso, o as de direito privado prestadoras de serviços
prazo de validade do concurso também implica em nuli- públicos responderão pelos danos que seus
dade da nomeação e responsabilidade do agente. agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o respon-
252 sável nos casos de dolo ou culpa.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva I - o prazo de duração do contrato;
do Estado, o que significa que o Estado é responsável II - os controles e critérios de avaliação de desem-
civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
pelos prestadores de serviço público de forma obje- dirigentes;
tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da III - a remuneração do pessoal.
chamada Teoria do Risco Administrativo.
Portanto, o Estado é responsável quando um de O § 8º busca alcançar melhores resultados na
seus agentes, no desempenho da função, gera dano a Administração Pública por meio da criação de novos
um terceiro, independentemente da comprovação instrumentos no âmbito do Direito Público, de modo
de dolo ou culpa, sendo necessário, apenas, demons- a conferir maior autonomia ou estabelecer parcerias
trar o nexo causal da atividade do agente e o dano com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas
de terceiro. medidas, atente-se para o contrato de gestão.
Cumpre mencionar, por necessário, que é pos- Entende-se por contrato de gestão o contrato admi-
sível ao Estado ingressar com ação regressiva para nistrativo firmado pelo Poder Público na condição de
cobrar do agente o valor que pagou a esse terceiro.
contratante e entidade privada ou da Administração
No entanto, ao contrário do que ocorre com o Esta-
Indireta, no qual é instrumentalizada parceria.
do, a responsabilidade do agente é subjetiva, ou seja,
para que ele seja responsabilizado civilmente, é pre-
Art. 37 [...]
ciso demonstrar que houve dolo ou culpa. Em relação
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-
a isso, vejamos, de forma simples o exposto no fluxo-
sas públicas e às sociedades de economia mis-
grama a seguir:
ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios para pagamento de despesas de pes-
Agente causa dano a
soal ou de custeio em geral.
um terceiro por dolo ou
culpa
As regras com relação ao teto e subteto da remu-
neração são estendidas aos empregados das empresas
públicas e sociedades de economia mista, bem como
Estado pleiteia o
ressarcimento em Terceiro entra com ação às suas subsidiárias. No entanto, conforme o dispos-
decorrência do fato contra o Estado to no § 9º, incidirá sobre as remunerações de direto-
praticado pelo terceiro res de empresas estatais que receberem recursos dos
entes da federação para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo,
nos casos da EMBRAPA e da Radiobras.
Estado indeniza o O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de
terceiro lesado
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) denomina as
empresas públicas e sociedades de economia mis-
ta encaixa-se como “empresa estatal dependente”,
Entende-se por pessoa jurídica de direito privado expressão disposta no § 9º.
prestadora de serviços públicos as empresas públicas,
sociedades de economia mista e as concessionárias e Art. 37 [...]
permissionárias, isto é, aquelas empresas seleciona- § 10 É vedada a percepção simultânea de pro-
das por procedimento licitatório para desempenhar ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40
serviço público. Por exemplo: serviço de transporte ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car-
público urbano. go, emprego ou função pública, ressalvados os
cargos acumuláveis na forma desta Constitui-
Art. 37 [...] ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri- declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a O § 10 veda a percepção simultânea de proventos
informações privilegiadas. de aposentadoria com remuneração de cargo, empre-
go ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos
DIREITO CONSTITUCIONAL

O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de acumuláveis, na forma da Constituição, cargos eleti-


conduta das autoridades da Administração Pública, vos e cargos em comissão. Esse dispositivo foi acres-
de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-
centado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998,
flito entre o interesse privado e o dever funcional.
que também resguardou o direito daqueles servidores
Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim de
aposentados que, até a data da promulgação da Emen-
regulamentar o acesso às informações.
da, retornaram à atividade antes da proibição.
Art. 37 [...]
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
financeira dos órgãos e entidades da admi- Importante!
nistração direta e indireta poderá ser amplia-
A proibição aplica-se aos servidores públicos
da mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma-
objeto a fixação de metas de desempenho para o das como das Polícias Militares e Corpos de
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: Bombeiros Militares. 253
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Vejamos a repercussão geral reconhecida com a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
mérito julgado pelo STF: de física ou mental verificada em inspeção médica.
Deste modo, o servidor será efetivado em cargo com
Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sen- atribuições semelhantes, respeitando-se a habilitação
tido, afirmando a impossibilidade da acumulação exigida, assim como o nível de escolaridade e a equi-
tríplice de cargos públicos, ainda que os provimen- valência de vencimentos.
tos nestes tenham ocorrido antes da vigência da EC No caso de inexistir cargo vago, o servidor exer-
20/1998. [...] o art. 11 da EC 20/1998 possibilita a acu- cerá suas atribuições como excedente, permanecen-
mulação, apenas, de um provento de aposentadoria do nessa situação até a ocorrência de vaga no cargo
com a remuneração de um cargo na ativa, no qual compatível.
se tenha ingressado por concurso público antes da
edição da referida emenda, ainda que inacumuláveis Art. 37 [...]
os cargos. Em qualquer hipótese, é vedada a acumu- § 14 A aposentadoria concedida com a utiliza-
lação tríplice de remunerações, sejam proventos, ção de tempo de contribuição decorrente de
sejam vencimentos. (ARE 848.993 RG) cargo, emprego ou função pública, inclusive do
Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
Art. 37 [...] rompimento do vínculo que gerou o referido
§ 11 Não serão computadas, para efeito dos limi- tempo de contribuição.
tes remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter inde- O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quan-
nizatório previstas em lei. do o agente público solicita aposentadoria e utiliza-se
do tempo de contribuição decorrente daquele cargo,
O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subte- emprego ou função pública. Assim, o servidor será
to do funcionalismo público. Trata-se do não cômputo desligado da Administração Pública.
das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de Neste sentido, o agente público que pretende se apo-
custo, entre outras, no limite remuneratório. sentar não poderá mais continuar a trabalhar no local em
que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.
Art. 37 [...]
§ 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput Art. 37 [...]
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri- § 15 É vedada a complementação de aposenta-
to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda dorias de servidores públicos e de pensões por
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como morte a seus dependentes que não seja decorrente
limite único, o subsídio mensal dos Desembarga- do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não
dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado seja prevista em lei que extinga regime próprio de
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por previdência social.
cento do subsídio mensal dos Ministros do Supre-
mo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
O § 15 proíbe toda espécie de complementação que
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
não seja aquela decorrente de Regime de Previdência
Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Complementar, como, por exemplo, as complementa-
ções com base na Lei Estadual (São Paulo) nº 200, de
O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixa-
1974, pagas a ex-empregados e a seus dependentes da
ção do subteto de forma única. Nesse caso, o valor
Nossa Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.
máximo da remuneração para todo e qualquer servi-
dor corresponderá ao subsídio dos desembargadores Art. 37 [...]
do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto § 16 Os órgãos e entidades da administração públi-
apenas o subsídio dos deputados e dos vereadores. ca, individual ou conjuntamente, devem realizar
Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI avaliação das políticas públicas, inclusive com
6.221 MC: divulgação do objeto a ser avaliado e dos resulta-
dos alcançados, na forma da lei.
A faculdade conferida aos Estados para a regulação
do teto aplicável a seus servidores (art. 37, § 12, da O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº
CF) não permite que a regulamentação editada com 109, de 2021, e tem como objetivo aprimorar o meca-
fundamento nesse permissivo inove no tratamento nismo de participação da sociedade na Administração
do teto dos servidores municipais, para quem o art. Pública.
37, XI, da CF, já estabelece um teto único.
Seção II - Dos Servidores Públicos
Art. 37 [...]
§ 13 O servidor público titular de cargo efetivo
Art. 38 Ao servidor público da administração dire-
poderá ser readaptado para exercício de cargo
ta, autárquica e fundacional, no exercício de manda-
cujas atribuições e responsabilidades sejam com-
to eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
patíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
capacidade física ou mental, enquanto permanecer
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
nesta condição, desde que possua a habilitação e ou função;
o nível de escolaridade exigidos para o cargo de II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
destino, mantida a remuneração do cargo de origem. do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;
O § 13 trata da possibilidade de readaptação do III - investido no mandato de Vereador, havendo
servidor público. A readaptação é o provimento deri- compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
vado que consiste na investidura do servidor em cargo gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo
254 de atribuições e responsabilidades compatíveis com da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
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compatibilidade, será aplicada a norma do inciso Os agentes políticos são aqueles que exercem as
anterior; típicas atividades de governo, ou seja, são responsá-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para veis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado,
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de servi- tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente,
ço será contado para todos os efeitos legais, exceto Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares
para promoção por merecimento; diretos (Ministros e Secretários) e os membros do
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais,
de previdência social, permanecerá filiado a esse
Deputados estaduais e Vereadores).
regime, no ente federativo de origem.
Os particulares em colaboração com o Poder
Público são aqueles que prestam serviços ao Estado,
O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor
porém sem vínculo estatutário ou celetista de tra-
público da Administração direta, autárquica e funda-
balho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo:
cional que passar a desempenhar cargo eletivo, ou
jurados, mesários, notários e registradores (serviços
seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.
notariais).
Ao servidor público estadual, quando eleito para
Os servidores públicos civis dividem-se em:
cargo eletivo federal, estadual e distrital, aplica-se
a seguinte regra: afastamento do cargo público esta-
z Servidores públicos estatutários: exercem cargo
dual para se dedicar exclusivamente ao mandato,
público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão
recebendo obrigatoriamente a remuneração do
vinculados a um estatuto;
cargo para o qual foi eleito. Em contrapartida, quan-
z Empregados públicos: possuem emprego público
do o servidor público estadual é eleito para cargo eleti-
e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis
vo municipal, podem ocorrer duas situações distintas.
do Trabalho (CLT);
Se o cargo é de prefeito, ele será afastado para dedi-
z Servidores temporários: categoria à parte, por-
cação exclusiva do cargo e pode escolher entre a
que não titularizam cargo público nem possuem
remuneração do cargo público ou do cargo eletivo.
qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como
Já se o cargo é de vereador, é necessário saber
os empregados públicos. São contratados por tem-
se há ou não compatibilidade de horário. Se houver
po determinado para atender à necessidade tem-
compatibilidade de horários, ele não precisa se
porária de excepcional interesse público por meio
afastar, podendo exercer as duas atividades ao mes-
de um processo de seleção simplificado. Exercem
mo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver com-
funções públicas sem ocupar cargos ou empregos
patibilidade, aplica-se a mesma regra do prefeito,
públicos e são regidos por regime especial, veicu-
ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do
lado por meio de lei específica.
cargo, podendo escolher entre a remuneração do
cargo público ou do cargo eletivo.
Os servidores da Administração Pública direta,
das autarquias e das fundações públicas estão sujei-
SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
tos ao regime jurídico de direito público adminis-
Eleito para cargo federal, trativo, instituído em lei, a qual também instituirá
Eleito para cargo municipal
estadual ou distrital planos de carreira. O regime adotado é o estatutário.
Não obstante, lei assegurará aos servidores isonomia
Prefeito Vereador
de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
� Com compatibilidade assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores
Afastamento
Afastamento do cargo
do cargo e
de horário: não se dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exce-
público e remuneração do afasta do cargo tuadas as vantagens de caráter individual e as relati-
opção entre a
cargo eletivo � Sem compatibilidade
remuneração vas à natureza ou ao local de trabalho.
eletiva ou do de horário: aplica-se
a mesma regra do A partir do art. 39, da CF, de 1988, inicia-se o tema
cargo
prefeito quanto às regras aplicadas aos servidores públicos.
Vejamos o que dispõem esses artigos:
Para que a Administração Pública possa desem- Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
penhar suas atividades, ela necessita de pessoas que Municípios instituirão conselho de política de admi-
exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de nistração e remuneração de pessoal, integrado por
agentes públicos. A expressão agente público é utiliza- servidores designados pelos respectivos Poderes.
da como gênero, designando toda e qualquer pessoa que § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
exerça uma função pública, quer de forma remunerada demais componentes do sistema remuneratório
DIREITO CONSTITUCIONAL

ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, observará:


quer com investidura definitiva ou transitória. I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
Os agentes públicos dividem-se em quatro catego- complexidade dos cargos componentes de cada
rias, quais sejam: carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
Agentes políticos § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man-
terão escolas de governo para a formação e
Servidores públicos o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
AGENTES constituindo-se a participação nos cursos um
PÚBLICOS
Particulares em
dos requisitos para a promoção na carreira,
público facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.
Militares
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
255
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XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados profissional, o dispositivo estabelece a realização de
de admissão quando a natureza do cargo o exigir. cursos oficiais como requisito obrigatório para promo-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda- ção na carreira, sendo facultada, para tanto, a celebra-
to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá- ção de convênios com os demais entes da federação.
rios Estaduais e Municipais serão remunerados Outra regra de extrema importância é a que
exclusivamente por subsídio fixado em parcela assegura ao servidor público civil da Administração
única, vedado o acréscimo de qualquer gratifica- Pública direta, autárquica e fundacional os direi-
ção, adicional, abono, prêmio, verba de representa- tos previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
ção ou outra espécie remuneratória, obedecido, em XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º,
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. da CF, de 1988, e aos direitos que, nos termos da lei,
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e visem à melhoria de sua condição social e da pro-
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre dutividade e da eficiência no serviço público, em
a maior e a menor remuneração dos servido-
especial o prêmio por produtividade e o adicional de
res públicos, obedecido, em qualquer caso, o dis-
desempenho.
posto no art. 37, XI.
Atente-se aos limites de remuneração de
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
servidores:
publicarão anualmente os valores do subsí-
dio e da remuneração dos cargos e empregos
públicos. z Mínimo: salário mínimo;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede- z Máximo: vide inciso XI, art. 37, da CF (EC 41, de
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação 2003).
de recursos orçamentários provenientes da
economia com despesas correntes em cada órgão, É importante conhecer o texto da Súmula Vincu-
autarquia e fundação, para aplicação no desenvol- lante nº 6 do STF:
vimento de programas de qualidade e produtivida-
de, treinamento e desenvolvimento, modernização, Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição
reaparelhamento e racionalização do serviço públi- o estabelecimento de remuneração inferior ao salá-
co, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de rio mínimo para as praças prestadoras de serviço
produtividade. militar inicial.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos orga-
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos Art. 40 O regime próprio de previdência social
do § 4º. dos servidores titulares de cargos efetivos terá
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter contributivo e solidário, mediante contri-
caráter temporário ou vinculadas ao exercício buição do respectivo ente federativo, de servidores
de função de confiança ou de cargo em comis- ativos, de aposentados e de pensionistas, observa-
são à remuneração do cargo efetivo. dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de
No que tange ao art. 39, a primeira observação a
previdência social será aposentado:
ser feita é que o caput foi alterado pela Emenda Cons- I - por incapacidade permanente para o tra-
titucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficá- balho, no cargo em que estiver investido, quando
cia se encontra suspensa devido à decisão do STF na insuscetível de readaptação, hipótese em que será
ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra obrigatória a realização de avaliações periódicas
em vigor. Vejamos: para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os de lei do respectivo ente federativo;
Municípios instituirão, no âmbito de sua competên- II - compulsoriamente, com proventos propor-
cia, regime jurídico único e planos de carreira para cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
os servidores da administração pública direta, das anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de
autarquias e das fundações públicas. idade, na forma de lei complementar;
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois)
A CF, de 1988, estabelece regras para a fixação dos anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e
padrões de vencimento e dos demais componentes cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito
do sistema remuneratório, que deverá observar: a dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
natureza, o grau de responsabilidade e a comple- na idade mínima estabelecida mediante emenda às
xidade dos cargos que compõem cada carreira; respectivas Constituições e Leis Orgânicas, obser-
os requisitos para a investidura nos cargos e as vados o tempo de contribuição e os demais
requisitos estabelecidos em lei complementar do
demais peculiaridades dos cargos. Tais requisitos
respectivo ente federativo.
poderão influenciar na fixação dos vencimentos e
§ 2º Os proventos de aposentadoria não pode-
dependem de aprovação de lei específica, assim como
rão ser inferiores ao valor mínimo a que se refe-
para o seu aumento, alteração ou criação de nova van- re o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo
tagem pecuniária. estabelecido para o Regime Geral de Previdência
Por lei, também serão estabelecidos os reajustes Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16.
diferenciados para corrigir equívocos, como no caso § 3º As regras para cálculo de proventos de
de servidores que desempenham atividades seme- aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
lhantes, mas percebem valores muito diferentes. pectivo ente federativo.
Salienta-se que a revisão geral da remuneração dos § 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
servidores públicos, sem distinção de índices entre rios diferenciados para concessão de benefícios
civis e militares, será feita. em regime próprio de previdência social, ressalva-
256 do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei comple- temporário, inclusive mandato eletivo, ou de empre-
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo go público, o Regime Geral de Previdência Social.
de contribuição diferenciados para aposentadoria § 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
de servidores com deficiência, previamente sub- cípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
metidos a avaliação biopsicossocial realizada por Poder Executivo, regime de previdência complemen-
equipe multiprofissional e interdisciplinar. tar para servidores públicos ocupantes de cargo efe-
§ 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei comple- tivo, observado o limite máximo dos benefícios do
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo Regime Geral de Previdência Social para o valor das
de contribuição diferenciados para aposentadoria aposentadorias e das pensões em regime próprio de
de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de § 15 O regime de previdência complementar de que
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput na modalidade contribuição definida, observará o
do art. 144. disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio
§ 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei comple- de entidade fechada de previdência complementar
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo ou de entidade aberta de previdência complementar.
de contribuição diferenciados para aposentadoria § 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção,
de servidores cujas atividades sejam exercidas com o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- servidor que tiver ingressado no serviço público até
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses a data da publicação do ato de instituição do cor-
agentes, vedada a caracterização por categoria respondente regime de previdência complementar.
profissional ou ocupação. § 17 Todos os valores de remuneração considera-
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão ida- dos para o cálculo do benefício previsto no § 3º
de mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação serão devidamente atualizados, na forma da lei.
às idades decorrentes da aplicação do disposto § 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de
no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
de efetivo exercício das funções de magistério na de que trata este artigo que superem o limite máxi-
educação infantil e no ensino fundamental e médio mo estabelecido para os benefícios do regime geral
fixado em lei complementar do respectivo ente de previdência social de que trata o art. 201, com
federativo. percentual igual ao estabelecido para os servidores
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos titulares de cargos efetivos.
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é § 19 Observados critérios a serem estabelecidos em
vedada a percepção de mais de uma aposentado- lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
ria à conta de regime próprio de previdência social, de cargo efetivo que tenha completado as exigên-
aplicando-se outras vedações, regras e condições cias para a aposentadoria voluntária e que opte
para a acumulação de benefícios previdenciários por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
estabelecidas no Regime Geral de Previdência abono de permanência equivalente, no máximo, ao
Social. valor da sua contribuição previdenciária, até com-
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan- pletar a idade para aposentadoria compulsória.
do se tratar da única fonte de renda formal auferida § 20 É vedada a existência de mais de um regime
pelo dependente, o benefício de pensão por morte próprio de previdência social e de mais de um órgão
será concedido nos termos de lei do respectivo ente ou entidade gestora desse regime em cada ente
federativo, a qual tratará de forma diferenciada a federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e
hipótese de morte dos servidores de que trata o § entidades autárquicas e fundacionais, que serão
4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou responsáveis pelo seu financiamento, observados
em razão da função. os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefí- definidos na lei complementar de que trata o § 22.
cios para preservar-lhes, em caráter permanente, o § 21 (Revogado).
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. § 22 Vedada a instituição de novos regimes pró-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, prios de previdência social, lei complementar
distrital ou municipal será contado para fins federal estabelecerá, para os que já existam, nor-
de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º mas gerais de organização, de funcionamento e de
e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspon- responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre
dente será contado para fins de disponibilidade. outros aspectos, sobre:
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma I - requisitos para sua extinção e consequente
de contagem de tempo de contribuição fictício. migração para o Regime Geral de Previdência
§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma Social;
DIREITO CONSTITUCIONAL

total dos proventos de inatividade, inclusive quando


II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
zação dos recursos;
públicos, bem como de outras atividades sujeitas
III - fiscalização pela União e controle externo e
a contribuição para o regime geral de previdência
social;
social, e ao montante resultante da adição de pro-
ventos de inatividade com remuneração de cargo IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
acumulável na forma desta Constituição, cargo em V - condições para instituição do fundo com finali-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo- dade previdenciária de que trata o art. 249 e para
neração, e de cargo eletivo. vinculação a ele dos recursos provenientes de con-
§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observa- tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
dos, em regime próprio de previdência social, no natureza;
que couber, os requisitos e critérios fixados para o VI - mecanismos de equacionamento do deficit
Regime Geral de Previdência Social. atuarial;
§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclu- VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
sivamente, de cargo em comissão declarado em lei regime, observados os princípios relacionados com
de livre nomeação e exoneração, de outro cargo governança, controle interno e transparência; 257
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VIII - condições e hipóteses para responsabilização A CF, de 1988, estabelece, ainda, o direito de uti-
daqueles que desempenhem atribuições relacionadas, lizar, para fins de aposentadoria, o tempo de servi-
direta ou indiretamente, com a gestão do regime; ço desempenhado em outro ente da Federação ou
IX - condições para adesão a consórcio público; na iniciativa privada. Por exemplo: uma pessoa que
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e trabalhou 8 (oito) anos em uma empresa antes de ser
definição de alíquota de contribuições ordinárias e aprovada em concurso público estadual pode consi-
extraordinárias. derar esse tempo no cálculo final do tempo de serviço.

O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime z Regra: Veda-se a aposentadoria especial;
Previdenciário Próprio de Previdência Social. Em z Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em
síntese, o sistema previdenciário do servidor públi- síntese:
co foi alterado com a EC nº 103, de 2019, da seguinte
forma: „ Servidores com deficiência;
„ Agente penitenciário;
z Desconstitucionalização das regras de previdência, „ Agente socioeducativo;
de modo que vários regramentos sobre aposenta- „ Policial das carreiras do art. 144 (Segurança
doria e pensão passaram a ser de competência de Pública) e policiais da Câmara e do Senado
lei infraconstitucional; Federal;
z Nova mudança no cálculo da pensão; „ Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas
z Maior aproximação do RGPS e RPPS; exercidas com efetiva exposição a agentes quí-
z Modificações no abono de permanência; micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
z Previsão de readaptação antes de aposentadoria ou associação desses agentes).
por incapacidade permanente;
Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo
z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
exercício os servidores nomeados para cargo de
dato eletivo nas regras do RGPS; provimento efetivo em virtude de concurso público.
z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
contribuição; I - em virtude de sentença judicial transitada
z Regras especiais para carreiras policiais previstas em julgado;
na CF. II - mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa;
No que tange à aposentadoria, suas modalidades III - mediante procedimento de avaliação perió-
são: dica de desempenho, na forma de lei complemen-
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
vontade, desde que cumpridos os requisitos dis-
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi-
postos a seguir: do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi-
HOMEM MULHER bilidade com remuneração proporcional ao tempo
de serviço.
IDADE 65 anos 62 anos § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne-
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao
TEMPO NO SERVIÇO PÚBLICO 10 anos 10 anos tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
mento em outro cargo.
TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos § 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa
No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-
finalidade.
damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos
do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e
Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabi-
57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se
lidade, que prevê a regra de que a estabilidade é
aplica aos professores do ensino superior. adquirida após três anos de efetivo exercício. Tra-
Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF: ta-se de uma garantia constitucional de permanência
no serviço público outorgada ao servidor aprovado
Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe- em concurso público e nomeado a cargo de provimen-
cial de professores, não se computa o tempo de ser- to efetivo que tenha transposto o período de estágio
viço prestado fora da sala de aula. probatório e sido aprovado na avaliação especial de
desempenho. Uma vez efetivo, o servidor só perderá
z Involuntária: quando se dá independentemente o cargo em três hipóteses: sentença judicial transi-
da vontade do servidor, em virtude de: tada em julgado; processo administrativo e procedi-
mento de avaliação periódica de desempenho.
„ Incapacidade permanente, sendo necessário Explicando melhor, para a contratação de pessoal
que se proceda à readaptação do servidor antes na Administração Pública, é realizado concurso públi-
do procedimento para a aposentadoria; co para preenchimento de cargos públicos. Com isso,
„ Adimplemento de idade limite (aposentadoria a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas
compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na previstas no certame tem o direito de ser nomeada
258 forma da Lei Complementar nº 152, de 2015). para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa
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assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer- O Poder judiciário, por sua vez, é dividido em duas
cer efetivamente o cargo público. esferas: Justiça Federal (Comum — art. 109, da CF) e
Nos primeiros três anos de exercício, esse servi- a Justiça Estadual (Especializada — art. 111, art. 118,
dor passa por um período de avaliação. Trata-se do art. 124 e incisos I e II, do art. 98).
estágio probatório, ou seja, um período durante o qual Com previsão no art. 92, da CF, de 1988, veja os
será analisado seu desempenho funcional. Completa- órgãos que compõem o Poder Judiciário:
dos três anos de serviço público e tendo sido aprovado
no estágio probatório, o servidor adquire a denomina- z STF: Supremo Tribunal Federal;
da estabilidade. z CNJ: Conselho Nacional de Justiça;
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de z STJ: Superior Tribunal de Justiça;
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão z TJ: Tribunal de Justiça (Estados);
judicial, do servidor público ilegalmente desligado z TRF: Tribunal Regional Federal (Justiça Federal);
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua z TST: Tribunal Superior do Trabalho;
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao rece- z TRT: Tribunal Regional do Trabalho;
bimento de todas as vantagens que teria auferido no z TSE: Tribunal Superior Eleitoral;
período em que ficou desligado, inclusive das promo- z TRE: Tribunal Regional Eleitoral;
ções por antiguidade que teria conquistado. z STM: Superior Tribunal Militar.

ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO


Importante!
STF CNJ
É possível, também, que decisão administrativa
invalide a demissão.
JUSTIÇA COMUM

No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo STF JUSTIÇA ESPECIALIZADA


servidor ter sido extinto, ele será reintegrado ao ser-
viço público, porém ficará em disponibilidade remu-
ESTADUAL FEDERAL TST TSE STM
nerada até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. Já no caso de o cargo provido ter sido ocupado
por outro servidor, o ocupante será reconduzido ao TJ TRF TRT TRE JUÍZES
cargo de origem, sem direito à indenização, ou apro- MILITARES
veitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponi-
bilidade enquanto o servidor reintegrado voltará a Juízes Juízes Juiz
exercer o seu cargo. Estaduais Federais Juízes do Eleitoral
Trabalho

DO PODER JUDICIÁRIO
Conforme dispõe o art. 93, da CF, o ingresso na
Disposições Gerais
carreira da magistratura é feito através de concurso
público de provas e títulos, inicialmente, no cargo de
O poder judiciário está consagrado no texto cons- juiz substituto, que exige do Bacharel em Direito, no
titucional do art. 92 ao 126, da CF, e tem o objetivo de
mínimo, três anos de atividade jurídica.
exercer a jurisdição — administrar justiça, aplicar o
CNJ não tem competência jurisdicional.
direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
resses —, bem como, no âmbito de sua função atípica,
Quinto Constitucional
atividade administrativa, como exemplo. Para ilus-
trar, podemos citar o inciso I-A, art. 92, da CF, incluído
Conforme o art. 94, da CF, um quinto dos lugares
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, que cria
dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos
como órgão do poder judiciário, também, o “Conselho
Estados e do Distrito Federal e Territórios são compos-
Nacional de Justiça”.
tos de membros do Ministério Público e Advogados.
Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário: Composto por membros:
I-A o Conselho Nacional de Justiça.
TJ
DIREITO CONSTITUCIONAL

De acordo com a Constituição Federal, compete ao


CNJ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo 1/5
Ministério Público:
cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os TRF com +10 anos de carreira
planos, metas e programas de avaliação institucional
do Poder Judiciário, receber reclamações, petições JUSTIÇA ESPECIALIZADA
eletrônicas e representações contra membros ou ADVOGADOS:
órgãos do Judiciário. Além disso, o CNJ é responsável notório saber jurídico e reputação
ilibada + 10 anos de efetiva
por julgar processos disciplinares e melhorar práticas
atividade jurídica
e celeridade, publicando semestralmente relatórios
estatísticos referentes à atividade jurisdicional em
todo o país8. É composto por membros do Ministério A indicação dos profissionais é feita por meio de
Público, Advogados e representantes da sociedade nomeações, feitas através de uma lista (lista sêxtu-
civil. pla) pelos órgãos de representação das respectivas
8 Disponível em: http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj. Acesso em: 20 de set. de 2020 259
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classes. Enviada esta lista para o Tribunal, este escolherá três nomes (lista tríplice) de sua preferência e enviará
ao Poder Executivo. Entenda:

Chefe do Poder
Lista Tríplice Executivo
Lista Sêxtupla
Tribunal decide qual
OAB indica seis Escolhe Três dos três nomes
nomes nomes e exclui será escolhido
os demais no prazo de 20
dias

A Emenda Constitucional 45, de 2004, inseriu o quinto constitucional na Justiça do Trabalho, nos Tribunais
Regionais do Trabalho (I, art. 115, da CF) e no Tribunal Superior de Justiça (art. 111-A, da CF).

Garantias Constitucionais dos Magistrados

A Constituição Federal, em seu art. 95, assegura aos magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibilida-
de e irredutibilidade de subsídios. Trata-se das garantias institucionais da função judiciária.

z Vitaliciedade: só pode ser demitido depois do trânsito em julgado da decisão judicial:

„ No primeiro grau de jurisdição, somente é adquirida depois de dois anos de estágio probatório, que se inicia
com o efetivo exercício da posse;
„ No segundo grau de jurisdição, esse benefício se dá com o efetivo exercício (quando o nome deste Magistra-
do já está no quinto constitucional).

z Inamovibilidade: proibição de remoção do magistrado de um cargo para outro, salvo por motivo de interesse
público, mediante voto da maioria absoluta do respectivo tribunal, assegurada a ampla defesa;
z Irredutibilidade de subsídios: assegura que o magistrado não tenha diminuído o valor de seus subsídios,
salvo imposição constitucional.

Vale lembrar que tais garantias são asseguradas também aos membros do Ministério Público e Conselheiros e
Ministros dos Tribunais de Contas. Além disso, cabe ressaltar que os magistrados também têm foro especial por
prerrogativa de função, sendo julgados, originalmente, por tribunais indicados na Constituição Federal. Veja:

AUTORIDADE INFRAÇÃO ÓRGÃO JULGADOR

TJ
Juízes Estaduais e do DF Comum/responsabilidade
Inciso III, art. 96

Juízes Federais, bem como Juízes TRF


Comum/responsabilidade
da Justiça Militar e do Trabalho “a”, inciso I, art. 108

Membros: STJ
Comum/responsabilidade
TJ, TRF, TER e TRT “a”, inciso I, art. 105

Membros dos Tribunais Superiores: STF


Comum/responsabilidade
STJ, TST, TSE e STM “c”, inciso I, art. 102

STF
Ministros STF Comum
“b”, inciso I, art. 102

Senado Federal
Ministros STF Responsabilidade
Inciso II, art. 52

O foro especial, por prerrogativa de função, não se estende a magistrados aposentados9. Conforme Súmula nº
451, do STF, a competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação
definitiva do exercício funcional.
O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e rela-
cionados às funções desempenhadas.
Note que, após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação
de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agen-
te público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, por qualquer que seja o motivo10.

9 RE 549.560, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22.3.2012, DJe 30.5.2014.


260 10 AP 937 QO, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03.05.2018, DJe 11.12.2018.
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Supremo Tribunal Federal f) as causas e os conflitos entre a União e os Esta-
dos, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
Órgão máximo do Poder Judiciário, também deno- inclusive as respectivas entidades da administração
minado como guardião da Constituição. É composto indireta;
por onze membros, nomeados pelo Presidente da g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal
República, conforme o parágrafo único, art. 101, da
Superior ou quando o coator ou o paciente for auto-
CF, após aprovação por maioria absoluta do Senado
ridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
Federal. diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Fede-
Os onze membros são denominados Ministros do ral, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em
Supremo Tribunal Federal e devem ser brasileiros uma única instância;
natos, com idade entre 35 e 70 anos, cidadão em ple- j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
no gozo dos direitos, possuir notável saber jurídico e l) a reclamação para a preservação de sua competên-
reputação ilibada. cia e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua com-
Art. 101 O Supremo Tribunal Federal compõe-se petência originária, facultada a delegação de atribui-
de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com ções para a prática de atos processuais;
mais de trinta e cinco e menos de setenta anos n) a ação em que todos os membros da magistra-
de idade, de notável saber jurídico e reputação tura sejam direta ou indiretamente interessados, e
ilibada. aquela em que mais da metade dos membros do tribu-
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribu- nal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
nal Federal serão nomeados pelo Presidente da indiretamente interessados;
República, depois de aprovada a escolha pela maio- o) os conflitos de competência entre o Superior Tri-
ria absoluta do Senado Federal. bunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tri-
bunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro
tribunal;
Dica p) o pedido de medida cautelar das ações diretas
Memorize: 11 ministros — é o mesmo nº de joga- de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração
dores de um time de futebol.
da norma regulamentadora for atribuição do
Presidente da República, do Congresso Nacional, da
Competência do Supremo Tribunal Federal Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas
de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Con-
A competência está prevista nos arts. 102 e 103 tas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do
da Constituição, sendo dividida em competência ori- próprio Supremo Tribunal Federal;
ginária e competência recursal, sendo que, na com- r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e
petência originária, o STF processa e julga em única contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
instância; e na competência recursal, o STF aprecia II - julgar, em recurso ordinário:
a matéria a ele chegada por meio de recurso ordinário a) o habeas corpus , o mandado de segurança,
ou extraordinário. o habeas data e o mandado de injunção decidi-
Confira o que diz o art. 102, da CF, e preste atenção dos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão;
aos itens destacados, pois são os que mais aparecem
b) o crime político;
em provas: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as
causas decididas em única ou última instância,
Art. 102 Compete ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão recorrida:
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: a) contrariar dispositivo desta Constituição;
I - processar e julgar, originariamente: b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei federal;
ou ato normativo federal ou estadual e a ação c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato em face desta Constituição.
normativo federal; d) julgar válida lei local contestada em face de
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da lei federal.
República, o Vice-Presidente, os membros do Congres- § 1º A arguição de descumprimento de preceito
so Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador- fundamental, decorrente desta Constituição, será
-Geral da República; apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na for-
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res- ma da lei
DIREITO CONSTITUCIONAL

ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Coman- § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas


dantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tri- inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
bunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e constitucionalidade produzirão eficácia contra todos
os chefes de missão diplomática de caráter permanente; e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pes- do Poder Judiciário e à administração pública direta e
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
segurança e o habeas data contra atos do Presidente § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e demonstrar a repercussão geral das questões consti-
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do tucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
Tribunal Federal; somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organis- terços de seus membros.
mo internacional e a União, o Estado, o Distrito
Federal ou o Território; 261
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Súmula Vinculante I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
A súmula vinculante é um instrumento que rela- III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
ciona as principais e reiteradas decisões do Supremo IV – o Procurador-Geral da República;
Tribunal Federal em matéria constitucional. Ela está V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
prevista no art. 103-A, da CF (incluído pela EC 45, de Brasil;
2004), e na Lei nº 11.417, de 2006. Veja o que dispõe a VI - o Defensor Público-Geral da União;
Constituição sobre o tema: VII – partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe
Art. 103-A O Supremo Tribunal Federal poderá,
de âmbito nacional;
de ofício ou por provocação, mediante decisão de
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câma-
dois terços dos seus membros, após reiteradas
ra Legislativa do Distrito Federal;
decisões sobre matéria constitucional, aprovar
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
súmula que, a partir de sua publicação na impren-
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça
sa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
demais órgãos do Poder Judiciário e à admi-
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regio-
nistração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder nais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais
à sua revisão ou cancelamento, na forma estabele- e os Tribunais Militares.
cida em lei. § 1º O Município poderá propor, incidentalmente
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter- ao curso de processo em que seja parte, a edição, a
pretação e a eficácia de normas determinadas, acer- revisão ou o cancelamento de enunciado de súmu-
ca das quais haja controvérsia atual entre órgãos la vinculante, o que não autoriza a suspensão do
judiciários ou entre esses e a administração pública processo.
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em Importante!
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmu-
la poderá ser provocada por aqueles que podem
Existem órgãos que podem descumprir a Súmu-
propor a ação direta de inconstitucionalidade la Vinculante sem sofrer penalidades. São os
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que seguintes:
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamen- � STF, de ofício para rever ou cancelar;
te a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribu- � Processo legislativo — na sua função típica, ou
nal Federal que, julgando-a procedente, anulará o seja, ao legislar. Cuidado: na sua função atípica,
ato administrativo ou cassará a decisão judicial que seria administrar e julgar, deve respeitar a
reclamada, e determinará que outra seja proferi-
súmula vinculante;
da com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
� Presidente da República pode editar Medida
caso. (grifos nosso)
Provisória contrária à súmula vinculante (pois,
Note que a revisão, edição e cancelamento depen- neste caso, ele estaria legislando).
de da decisão de (dois terços) dos membros do Supre-
mo Tribunal Federal, em sessão plenária § 3º, art. 2º
Superior Tribunal de Justiça
da Lei nº 11.417, de 2006.
Vale destacar que o art. 103-A é uma norma cons-
O STJ é composto por, no mínimo, 33 Ministros,
titucional de eficácia limitada (normas cuja aplicabili-
nomeados pelo Presidente da República, sendo estes
dade é mediata, indireta e reduzida).
brasileiros com mais de 35 e menos de 70 anos, de
A Súmula terá efeito vinculante em relação aos
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois da
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
e municipal, bem como proceder à sua revisão ou can-
Art. 104 O Superior Tribunal de Justiça compõe-
celamento, na forma estabelecida em lei.
-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Caso haja descumprimento de Súmula Vinculante,
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal
o recurso cabível é Reclamação ao STF, conforme art. de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
7º, da Lei nº 11.417, de 2006. República, dentre brasileiros com mais de trin-
ta e cinco e menos de setenta anos de idade, de
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo notável saber jurídico e reputação ilibada, depois
que contrariar enunciado de súmula vinculan- de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
te, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emen-
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fede- da Constitucional nº 122, de 2022)
ral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regio-
admissíveis de impugnação. (grifo nosso) nais Federais e um terço dentre desembarga-
dores dos Tribunais de Justiça, indicados em
Ainda, podem propor (fazer a proposta e não o lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
julgamento) aprovação, revisão ou cancelamento dos II - um terço, em partes iguais, dentre advoga-
legitimados previstos no art. 3º, da Lei nº 11.417, de dos e membros do Ministério Público Federal,
2006. Estadual, do Distrito Federal e Territórios,
alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revi-
são ou o cancelamento de enunciado de súmula
262 vinculante:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de
notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos
vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Requisitos para escolha dos Ministros:

z idade entre 35 e 65 anos;


z possuir notável saber jurídico e reputação ilibada;
z ser aprovado por:

„ 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais (TRF);


„ 1/3 de desembargadores dos Tribunais de Justiça estaduais (TJ);
„ 1/3 divididos desta forma: 1/6 de advogados e 1/6 de membros MP, estaduais e do DF;

z indicados na forma do art. 94 da CF, de 1988 — quinto constitucional.

Competência STF X STJ

A seguir, organizamos um quadro comparativo das competências do STF e STJ, com fundamento nos arts. 102
e 105, da CF. Dê uma atenção especial a esses artigos, pois eles são de extrema importância. Cuidado para não
confundir as competências de cada órgão.

STF – ART. 102, DA CF

ADI, ADC e ADPF*

Crime comum:

Presidente República + vice


Membros Congresso Nacional, Ministros e o PGR

Crime de comum e responsabilidade:


Ministros estado, Comandante Marinha, Exército e Aeronáutica, membros Tribunais Superiores, TCU e Chefes de
missão diplomática
HC quando coator for Tribunal Superior e o paciente for autoridade/funcionários quando atos estejam sujeitos juris-
dição STF
MS e HD contra atos do Presidente República, Mesa da Câmara dos Deputados e Senadores

Extradição
Litígio entre Estado estrangeiro e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território*
Ações contra CNJ e CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público):
Extradição solicitada por estado estrangeiro
Revisão criminal e ação rescisória de seus julgados
Reclamação — preservação de sua competência
Ações contra CNJ e o CNMP
Competência em recurso Ordinário: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção,
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores
Competência em Recurso Extraordinário: causas decididas em única ou última instância, caso decisão recorrida
contrariar dispositivo da Constituição Federal

STJ – ART. 105, DA CF


DIREITO CONSTITUCIONAL

ADI, ADC e ADPF*

Crime comum:

Governador de Estado e DF

Crimes comuns e de responsabilidade:


Desembargadores do TJ (Estados e DF), membros do TCE e TCDF, dos TRF, TER e TRT, dos conselhos do TCU e do
MPU*
HC quando coator ou paciente for pessoas acima mencionadas, ou quando for Tribunal sujeito a sua jurisdição, Mi-
nistro de Estado ou Comandante do Exército, Marinha e Aeronáutica, salvo competência da Justiça Eleitoral

263
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STJ – ART. 105, DA CF

Mandado de Segurança e Habeas Data contra ato de Ministro de Estado, Comandantes do Exército, Marinha e Aero-
náutica, ou Ministros do STJ
Conflito de competência entre os Tribunais (salvo alínea “o”, inciso I, art. 102 = conflito entre STJ × Tribunais)
Revisão Criminal e Ação Rescisória de seus julgados
Reclamação - preservação de sua competência
Conflito entre autoridades administrativas e judiciárias da União, entre autoridades judiciárias de um Estado e admi-
nistrativas de outro ou do DF ou entre esses e a União
Mandado de Injunção quando a elaboração da norma for atribuição de autoridade Federal, salvo casos de competên-
cia do STF, Justiça Militar Eleitoral e do Trabalho
Competência em recurso Ordinário: Habeas Corpus decidido em única ou última instância pelos TRF ou TU dos Esta-
dos e DF quando denegatória

Mandado de Segurança decidido em única instância pelo TRF ou TU dos Estados e DF, também quando denegatória
a decisão. Causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo Internacional de um lado, e, de outro, Muni-
cípio ou pessoa residente ou domiciliada no país
Competência em Recurso Especial: causas decididas em única ou última instância pelo TRF ou TJ dos Estados ou
DF, quando decisão recorrida contrariar Lei Federal

Atenção para essas duas tabelas, pois elas são muito cobradas em provas.
É importante ressaltar que a Emenda Constitucional nº 125, de 2022, incluiu os parágrafos 2º e 3º, no art. 105,
portanto, muita atenção nas atualizações legislativas. Veja a íntegra do art. 105, da CF:

Art. 105 Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
a)nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas
dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Tra-
balho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando
o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre
tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciá-
rias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou
autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Fede-
rais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
§ 1º Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regula-
mentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária
da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas
decisões terão caráter vinculante.
§ 2º No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de direito federal infra-
constitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do recurso seja examinada
pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base nesse motivo pela manifestação de 2/3
(dois terços) dos membros do órgão competente para o julgamento.
§ 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo nos seguintes casos:
I - ações penais;
264 II - ações de improbidade administrativa;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500 d) das comunicações telegráficas e telemáticas em geral
(quinhentos) salários mínimos; ... investigação criminal
IV - ações que possam gerar inelegibilidade; e) das comunicações em geral ... instrução processual
V - hipóteses em que o acórdão recorrido con-
trariar jurisprudência dominante o Superior 5. (VUNESP — 2021) Assinale a alternativa que contem-
Tribunal de Justiça;
pla hipótese de crime para o qual a Constituição Fede-
VI - outras hipóteses previstas em lei.
ral não veda o arbitramento de fiança.

a) Crime hediondo.
HORA DE PRATICAR! b)
c)
Crime doloso contra a vida.
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.
1. (VUNESP — 2022) Segundo o art. 5o, inciso XXXIV, d) Ação de grupos armados contra a ordem constitucio-
da Constituição Federal, denomina-se o direito para nal e o Estado Democrático.
que se possa reclamar diretamente junto aos Poderes e) Prática do racismo.
Públicos, em defesa de direitos contra a ilegalidade ou
abuso de poder, 6. (VUNESP — 2021) Considerando o disposto na Cons-
tituição Federal, assinale a alternativa que aponta uma
a) de tutela jurisdicional. situação que, em tese, viola um dos direitos ou garan-
b) de petição. tias individuais do cidadão brasileiro.
c) de mandado de segurança.
d) de ação. a) Ordem emanada de juiz que determina à polícia que
seja efetuada a escuta telefônica de réu em processo
2. (VUNESP — 2022) São direitos e deveres individuais e civil de reparação de danos.
coletivos, previstos no art. 5o da Constituição Federal, b) Ordem de prisão civil por dívida do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
a) licença paternidade, salário família e direito à habeas alimentícia.
data. c) Policial, sem mandado judicial, adentra em domicílio,
b) gratuidade do registro de nascimento e óbito para durante à noite, sem consentimento do morador, para
aqueles reconhecidamente pobres, 13o salário e prin- efetuar prisão em flagrante.
cípio da legalidade penal. d) Mandado judicial de prisão cumprido por policiais
c) proibição da pena de morte, seguro-desemprego e civis às 9h00 dentro da residência do réu.
licença paternidade. e) Suspensão das atividades de associação civil, de fins
d) liberdade de associação, liberdade de exercício do tra- lícitos, por decisão judicial, em caráter liminar.
balho, liberdade de pensamento e proibição da pena
de morte. 7. (VUNESP — 2018) Salvo em caso de guerra declarada,
nos termos expressos da Constituição da República
3. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa que reflete Federativa do Brasil (CRFB/88), não haverá penas
dispositivo constitucional diretamente vinculado à
chamada “garantia à liberdade de expressão”: a) de trabalhos forçados.
b) de caráter perpétuo.
a) “ninguém será privado de direitos por motivo de cren- c) de expulsão.
ça religiosa ou de convicção filosófica ou política.”
d) de banimento.
b) “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
e) de morte.
o anonimato.”
c) “é assegurado a todos o acesso à informação, sendo
8. (VUNESP — 2022) Quanto aos direitos sociais previs-
vedado o sigilo da fonte.”
tos no art. 7º da Constituição Federal de 1988, é corre-
d) “é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
to afirmar que
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos.”
e) “homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- a) cabe à legislação infraconstitucional, observadas as
ções, nos termos desta Constituição.” regras de competência, a disciplina da extensão aos
servidores públicos civis dos direitos sociais estabele-
DIREITO CONSTITUCIONAL

4. (VUNESP — 2022) “É inviolável o sigilo da correspon- cidos no art. 7º do Texto Constitucional.


dência e , salvo, no último caso, por b) a Constituição não prevê o direito ao seguro-desem-
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei esta- prego, em caso de desemprego involuntário, mas ape-
belecer para fins de .” nas a legislação infraconstitucional.
c) é constitucional lei que vincule o valor do salário míni-
Assinale a alternativa que completa, correta e respectiva- mo nacional à variação do preço da gasolina nos pos-
mente, as lacunas, nos termos do art. 5o, inc. XII da CR/88. tos de combustíveis.
d) o rol de garantias do art. 7º da Constituição exaure a
a) das comunicações telefônicas ... apuração de crime proteção jurídica aos direitos sociais.
hediondo ou equiparado e) viola a Constituição o estabelecimento de remunera-
b) das comunicações telegráficas, de dados e das comu- ção inferior ao salário mínimo para as praças presta-
nicações telefônicas ... investigação criminal ou ins- doras de serviço militar inicial.
trução processual penal
c) de dados ... instrução processual 265
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9. (VUNESP — 2021) É um dos direitos constitucionais e) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe
dos trabalhadores urbanos e rurais: brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil.
a) relação de emprego protegida contra despedida arbi-
trária com ou sem justa causa, nos termos de lei com- 13. (VUNESP — 2021) É um cargo público privativo de bra-
plementar, que preverá indenização compensatória. sileiro nato:
b) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à últi-
ma remuneração do trabalhador. a) de Procurador Geral da República.
c) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o b) de Ministro do Tribunal de Contas da União.
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e c) de Presidente da Câmara dos Deputados.
pré-escolas. d) de Presidente do Superior Tribunal de Justiça.
d) jornada de oito horas para o trabalho realizado em tur- e) de Senador da República.
nos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva. 14. (VUNESP — 2022) Rômulo se tornou brasileiro natura-
e) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- lizado no ano de 2012 e cometeu crime de estupro no
rio, com a duração de 180 (cento e oitenta) dias. ano de 2013 quando residia na Itália. E Remo é cida-
dão chileno, residente no Brasil, mas que havia sido
10. (VUNESP — 2018) São assegurados, nos termos condenado no ano de 2015 em seu país por crime polí-
da Constituição da República Federativa do Brasil, tico. No ano de 2021, a Itália e o Chile apresentaram
(CRFB/88) à categoria dos trabalhadores domésticos ao Estado brasileiro, pelas vias adequadas, os respec-
os seguintes direitos: tivos pedidos de extradição de Rômulo e Remo.

a) reconhecimento das convenções e acordos coletivos Considerando o disposto na Constituição Federal


de trabalho. sobre a extradição, é correto afirmar, nessa situação
b) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada hipotética, que
da remuneração, conforme definido em lei.
c) piso salarial proporcional à extensão e à complexida-
a) ambos poderão ser extraditados.
de do trabalho.
b) nenhum deles poderá ser extraditado.
d) jornada de seis horas para trabalho realizado em tur-
c) Rômulo não poderá ser extraditado, mas Remo, sim.
nos ininterruptos de revezamento.
d) Rômulo poderá ser extraditado, mas Remo, não.
e) proteção em face da automação, na forma da lei.
e) Rômulo não poderá ser extraditado, mas Remo, sim,
se a decisão condenatória for homologada no Brasil.
11. (VUNESP — 2021) Considerando as hipóteses possí-
veis de naturalização brasileira, assinale a alternativa
15. (VUNESP — 2022) A Constituição Federal, no seu art.
que descreve uma situação de naturalização compatí-
37,§ 6o, estabelece o regime de responsabilidade
vel com a Constituição Federal.
civil da Administração Pública. No que diz respeito ao
dever de indenizar,
a) Cidadão originário de país de língua portuguesa, idôneo
moralmente, residente há um ano ininterrupto no Brasil, e,
a) no caso de conduta concorrente entre vítima e ser-
que, na forma da lei, adquirir a nacionalidade brasileira.
b) O nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra- vidor, não haverá dever de indenizar por parte da
sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da Administração.
República Federativa do Brasil. b) a Administração Pública é sempre obrigada a indeni-
c) O nascido na República Federativa do Brasil, com pais zar o administrado, em decorrência do regime de risco,
estrangeiros que não estejam a serviço de seu país. independentemente de causalidade.
d) O nascido no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe c) a consideração da culpa dependerá de demonstração
brasileira, registrado em repartição brasileira ou que dos requisitos previstos em lei.
venha a residir no Brasil e opte, a qualquer tempo, pela d) são necessários, exclusivamente, a demonstração
nacionalidade brasileira. da existência de dano ao administrado, a conduta do
e) O estrangeiro de qualquer nacionalidade, residente na agente ou servidor e o nexo de causalidade.
República Federativa do Brasil há mais de dez anos
ininterruptos e sem condenação penal. 16. (VUNESP — 2022) A respeito do modo de ingresso em
cargo ou emprego público no Brasil, é correto afirmar,
12. (VUNESP — 2019) São brasileiros natos com base na Constituição Federal, que

a) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro e de mãe a) o ingresso em cargo público exige prévia aprovação
brasileira, desde que ambos estejam a serviço da em concurso público de provas e títulos, exigência não
República Federativa do Brasil. aplicável aos empregos públicos.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes b) os empregados públicos, por não gozarem de estabilidade
na República Federativa do Brasil há mais de dez anos como os servidores públicos, são demissíveis ad nutum,
ininterruptos e sem condenação penal, desde que não sendo necessária a motivação da sua demissão.
requeiram a nacionalidade brasileira. c) o prazo de validade do concurso público será de, no máxi-
c) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- mo, um ano, prorrogável uma vez, por igual período.
sileira, exigidas aos originários de países de língua d) os cargo em comissão declarados em lei de livre
portuguesa a residência por seis meses ininterruptos. nomeação e exoneração apenas podem ser preenchi-
d) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- dos por servidores públicos efetivos, ao contrário das
sileira, exigidas aos originários de países de língua chamadas “funções de confiança”.
266 portuguesa a residência por dois anos ininterruptos.
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e) aquele aprovado em concurso público será convocado c) abrangidos por regime próprio de previdência social
com prioridade sobre novos concursados para assu- serão aposentados por incapacidade permanente
mir cargo ou emprego na carreira, desde que durante o para o trabalho, no cargo em que estiverem investidos,
prazo improrrogável previsto no edital do concurso. quando insuscetíveis de readaptação.
d) ocupantes de cargo público fazem jus ao fundo de
17. (VUNESP — 2019) Nos termos da Constituição Federal, garantia por tempo de serviço, bem como à remunera-
a Administração Pública direta e indireta de qualquer ção do trabalho noturno ou extraordinário em montan-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal te superior a do diurno e extraordinário.
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, e) titulares de cargo comissionado que tenham comple-
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. tado as exigências para a aposentadoria compulsória
e que permaneçam em serviço farão jus a um abono
Assim, é correto afirmar que equivalente ao valor de contribuição previdenciária.

a) o prazo de validade do concurso público será de até 20. (VUNESP — 2021) Nos moldes da Constituição Fede-
um ano, prorrogável uma vez, por igual período. ral, o servidor público titular de cargo efetivo, que
b) o prazo de validade do concurso público será de até tenha sofrido limitação em sua capacidade física ou
dois anos, vedada a prorrogação por qualquer período. mental, poderá, atendidas as demais exigências, ser
c) os cargos, empregos e funções públicas são acessí- readaptado,
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na a) para exercício de novo cargo compatível com a sua
forma da lei. limitação, devendo receber pelo menos 70% (setenta
d) é vedada a vinculação de quaisquer espécies remune- por cento) da remuneração do cargo de origem.
ratórias para o efeito de remuneração de pessoal do b) para exercício do mesmo cargo, com os necessários
serviço público, permitida a equiparação. ajustes à sua limitação, garantida a mesma remunera-
e) os cargos, empregos e funções públicas são acessí- ção do cargo.
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta- c) para exercício de novo cargo compatível com a sua
belecidos em lei, excetuados os estrangeiros. limitação, podendo o servidor optar entre a remunera-
ção do cargo de origem e a do cargo de destino.
18. (VUNESP — 2022) No ano de 1998, a Emenda Cons- d) para exercício de novo cargo compatível com a sua
titucional nº 19 visou transformar sensivelmente o limitação, mantida a remuneração do cargo de origem.
regime jurídico aplicável aos servidores públicos e à e) para exercício de novo cargo compatível com a sua
Administração Pública no Brasil. limitação, devendo receber a remuneração do cargo
de destino.
A esse respeito, é correto afirmar que

a) foi por meio da Emenda Constitucional nº 19 que o


9 GABARITO
chamado princípio da “efetividade administrativa”
ganhou estatura constitucional. 1 B
b) a referida Emenda Constitucional modificou a espécie
normativa exigida para a regulamentação infracons- 2 D
titucional do direito à greve dos servidores públicos 3 B
civis, estabelecendo que se dará por meio de lei ordi-
nária específica. 4 B
c) a referida emenda teve a sua validade totalmente afas-
5 B
tada por decisão definitiva do plenário do Supremo Tri-
bunal Federal. 6 A
d) a Emenda Constitucional nº 19 estabeleceu a neces-
sidade de observância de regime jurídico único para 7 E
todos os servidores e empregados públicos no país. 8 A
e) foi por intermédio desta Emenda Constitucional que
se estabeleceu a proibição ao pagamento dos proven- 9 C
tos de servidores civis do Poder Executivo e Legislati-
DIREITO CONSTITUCIONAL

10 A
vo por meio de subsídio em parcela única.
11 A
19. (VUNESP — 2022) De acordo com a Constituição
Federal, os servidores da administração pública direta 12 E

13 C
a) fazem jus à incorporação à remuneração de cargo efeti-
vo de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao 14 B
exercício de função de confiança ou de cargo em comis-
são, a fim de preservar a irredutibilidade dos vencimentos. 15 D
b) serão remunerados exclusivamente por subsídio, fixado 16 E
em parcelas que diferenciem o piso salarial dos acrésci-
mos decorrentes de gratificação, adicional, abono, prê- 17 C
mio ou verba de representação prevista em lei.
18 B
267
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
19 C

20 D

ANOTAÇÕES

268
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos
de que for incumbido;
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti-
ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou
providências;
DIREITO V - representar aos superiores sobre todas as irre-
gularidades de que tiver conhecimento no exercício

ADMINISTRATIVO de suas funções;


VI - tratar com urbanidade as pessoas;
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde
autorizado;
VIII - providenciar para que esteja sempre em
ordem, no assentamento individual, a sua declara-
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS ção de família;
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO IX - zelar pela economia do material do Estado e
PAULO (LEI Nº 10.261, DE 1968 - pela conservação do que for confiado à sua guarda
ou utilização;
ARTIGOS 239 A 323) X - apresentar -se convenientemente trajado em
serviço ou com uniforme determinado, quando for
DIREITO DE PETIÇÃO o caso;
XI - atender prontamente, com preferência sobre
O direito de petição é assegurado a qualquer pes- qualquer outro serviço, às requisições de papéis,
soa, física ou jurídica, de forma gratuita, e cabe para documentos, informações ou providências que lhe
reclamações sobre ilegalidade ou abuso de poder, forem feitas pelas autoridades judiciárias ou admi-
bem como para defesa de direitos. É um direito asse- nistrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade
gurado também na Constituição Federal, de 1988, no
com os companheiros de trabalho;
inciso XXXIV, art. 5º.
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regi-
Dispõem os arts. 239 e 240 sobre o direito de
mentos, instruções e ordens de serviço que digam
petição: respeito às suas funções; e
XIV - proceder na vida pública e privada na forma
Art. 239 É assegurado a qualquer pessoa, física ou que dignifique a função pública.
jurídica, independentemente de pagamento, o direi-
to de petição contra ilegalidade ou abuso de poder
As proibições ou vedações, por sua vez, estão dis-
e para defesa de direitos.
postas nos arts. 242 a 244, in verbis:
§ 1º Qualquer pessoa poderá reclamar sobre
abuso, erro, omissão ou conduta incompatível
Art. 242 Ao funcionário é proibido:
no serviço público.
I - (Revogado).
§ 2º Em nenhuma hipótese, a Administração
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade
poderá recusar-se a protocolar, encaminhar
competente, qualquer documento ou objeto existen-
ou apreciar a petição, sob pena de responsabi-
te na repartição;
lidade do agente.
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em
Art. 240 Ao servidor é assegurado o direito de
palestras, leituras ou outras atividades estranhas
requerer ou representar, bem como, nos termos
ao serviço;
desta lei complementar, pedir reconsideração e
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa
recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias,
justificada;
salvo previsão legal específica.
V - tratar de interesses particulares na repartição;
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço
Um ponto característico do direito de petição diz dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas;
respeito à vedação de exigir uma contraprestação VII - exercer comércio entre os companheiros de
quando um cidadão resolve peticionar contra a Admi- serviço, promover ou subscrever listas de donati-
nistração Pública. É proibido exigir que um indivíduo vos dentro da repartição; e
pague para peticionar contra o Estado. VIII - empregar material do serviço público em ser-
viço particular.
DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES, Art. 243 É proibido ainda, ao funcionário:
RESPONSABILIDADES E SANÇÕES APLICÁVEIS I - fazer contratos de natureza comercial e indus-
trial com o Governo, por si, ou como representante
DIREITO ADMINISTRATIVO

Dos Deveres e das Proibições de outrem;


II - participar da gerência ou administração de
empresas bancárias ou industriais, ou de socieda-
Os servidores públicos, dada a sua grande impor-
des comerciais, que mantenham relações comer-
tância para as funções estatais, possuem uma grande
ciais ou administrativas com o Governo do Estado,
gama de deveres e de vedações, isto é, de condutas que sejam por este subvencionadas ou estejam direta-
devem fazer e de condutas que estão proibidos de fazer. mente relacionadas com a finalidade da repartição
O art. 241 trata do rol de deveres dos funcionários ou serviço em que esteja lotado;
públicos. A melhor forma de ver e memorizar os refe- III - requerer ou promover a concessão de privilé-
ridos deveres é pela leitura da Lei seca, in verbis: gios, garantias de juros ou outros favores seme-
lhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto
Art. 241 São deveres do funcionário: privilégio de invenção própria;
I - ser assíduo e pontual; IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho,
II - cumprir as ordens superiores, representando emprego ou função em empresas, estabelecimentos
quando forem manifestamente ilegais; ou instituições que tenham relações com o Governo, 269
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
em matéria que se relacione com a finalidade da II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
repartição ou serviço em que esteja lotado; prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
sem autorização do Presidente da República; III - pela falta ou inexatidão das necessárias averba-
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comer- ções nas notas de despacho, guias e outros documen-
ciais nas condições mencionadas no item II deste tos da receita, ou que tenham com eles relação; e
artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista, IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra
quotista ou comanditário; a Fazenda Estadual
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos
de sabotagem contra o serviço público; Complementando a noção de responsabilidade civil
VIII - praticar a usura; do servidor público, o art. 246 trata de uma situação
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de que ocorre com bastante frequência, sobretudo envol-
intermediário perante qualquer repartição pública, vendo servidores encarregados pela aquisição de bens
exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou e materiais para a prestação de serviços públicos.
parente até segundo grau;
O servidor, agindo de má-fé, acaba realizando gas-
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro,
tos maiores do que o essencial, quer pela compra de
mesmo quando estiver em missão referente à compra materiais por um valor muito acima do preço de mer-
de material ou fiscalização de qualquer natureza; cado, quer pela aquisição de materiais da empresa de
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para um parente próximo. Vejamos o disposto no art. 246:
desempenhar atividade estranha às funções ou para
lograr, direta ou indiretamente, qualquer proveito; e Art. 246 O funcionário que adquirir materiais em
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer desacordo com disposições legais e regulamenta-
parte. res, será responsabilizado pelo respectivo cus-
Parágrafo único - Não está compreendida na proibi- to, sem prejuízo das penalidades disciplinares
ção dos itens II e VI deste artigo, a participação do cabíveis, podendo-se proceder ao desconto no seu
funcionário em sociedades em que o Estado seja acio- vencimento ou remuneração.
nista, bem assim na direção ou gerência de cooperati-
vas e associações de classe, ou como seu sócio. É importante, também, o texto disposto nos arts.
Art. 243-A O disposto no artigo 243, inciso IV, desta 247 e 248:
lei, não se aplica ao funcionário de órgão ou entida-
de concedente de estágio que atuar como professor Art. 247 Nos casos de indenização à Fazenda Esta-
orientador. dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só
Parágrafo único - O funcionário de que trata o ‘caput’ vez, a importância do prejuízo causado em virtude de
deste artigo deverá evitar qualquer conflito de inte- alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar
resses e estará sujeito, inclusive, aos deveres de: recolhimento ou entrada nos prazos legais.
1 - comunicar, ao superior hierárquico, qualquer Art. 248 Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a
circunstância, suspeição ou fato impeditivo de sua importância da indenização poderá ser descontada do
participação em decisão a ser tomada no âmbito da vencimento ou remuneração não excedendo o descon-
unidade administrativa; to à 10ª (décima) parte do valor destes.
2 - abster-se de atuar nos processos ou procedimentos Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo úni-
em que houver interesse da instituição de ensino. (NR) co do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a
Art. 244 É vedado ao funcionário trabalhar sob as pena de repreensão e, na reincidência, a de suspensão.
ordens imediatas de parentes, até segundo grau,
salvo quando se tratar de função de confiança Disciplina o referido texto legal que, uma vez com-
e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o provado que o funcionário público, efetivamente, reali-
número de auxiliares nessas condições. zou gastos extraordinários para a aquisição de materiais
em desacordo com a legislação, ele deverá ressarcir os
Das Responsabilidades cofres públicos com o próprio patrimônio. Trata-se, pois,
de responsabilidade na esfera civil, pois a natureza da
Sobre o capítulo “Das Responsabilidades”, o Estatuto condenação é puramente indenizatória. Vale ressaltar
apresenta o que a doutrina gosta de denominar tríplice que a apuração de condutas transgressoras é feita por
responsabilidade dos servidores públicos. Ela é trípli- meio de Processo Administrativo Disciplinar.
ce porque o servidor responde civil, penal e administra- Outra hipótese tratada pelo referido Estatuto diz
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. respeito ao servidor que delega suas funções e compe-
O art. 245 trata da responsabilidade civil: tências a terceiros, isto é, pessoas estranhas, que não
integram os Quadros da Administração Pública. Essa
Art. 245 O funcionário é responsável por todos os hipótese está prevista no art. 249:
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda
Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados. Art. 249 Será igualmente responsabilizado o funcio-
nário que, fora dos casos expressamente previstos nas
A responsabilidade civil é caracterizada especial- leis, regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas
mente no parágrafo único, do art. 245: estranhas às repartições, o desempenho de encargos
que lhe competirem ou aos seus subordinados.
Art. 245 […]
Parágrafo único. Caracteriza-se especialmente a Cabe destacar que a responsabilidade adminis-
responsabilidade: trativa não exime o funcionário da responsabilida-
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à de civil ou criminal que couber, nem do pagamento
sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar da indenização a que ficar obrigado, na forma dos
contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo arts. 247 e 248, nem do exame da pena disciplinar em
estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, que incorrer. Vejamos a íntegra do art. 250:
instruções e ordens de serviço;
270
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Art. 250 A responsabilidade administrativa não exime o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no
caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena
disciplinar em que incorrer.
§ 1º A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal.
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servi-
dor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a existência
de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado da
autoridade competente para aplicar a pena.

Um ponto importante que é cobrado com muita frequência em provas diz respeito ao fato de a responsabilida-
de administrativa ser independente da civil e da criminal. As três esferas de responsabilidade são independentes
e não se comunicam entre si.
Há, contudo, uma importante exceção a essa regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfera adminis-
trativa ou civil quando restar comprovado que não praticou um crime, ou quando tenha sido negada a sua autoria
em matéria penal.
Esquematicamente, podemos dividir na tabela a seguir as três esferas de responsabilidade, destacando-se sua
natureza, os tipos de sanções que são impostas e a possibilidade de elas se comunicarem entre si:

RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ADMINISTRATIVA

Natureza indenizatória Natureza disciplinar Natureza penal


(reparação de danos) (apurar transgressões disciplinares) (apurar crimes e contravenções)

Sanção: advertência, repreensão,


Sanção: restituição de valo- Sanção: decretação de prisão, restrição
suspensão, demissão, cassação de
res ao erário de direitos
aposentadoria

Não se comunica, exceto quando não


Não se comunica Não se comunica se configura crime, ou seja, quando for
negada a autoria do agente

Das Penalidades e de sua Aplicação

Por fim, é importante conhecer todas as sanções disciplinares, dispostas no art. 251, sendo aplicáveis aos
funcionários que ou deixam de cumprir um de seus deveres, ou cometem uma das proibições também dispostas
no Estatuto.

Art. 251 São penas disciplinares:


I - repreensão;
II - suspensão;
III - multa;
IV - demissão;
V - demissão a bem do serviço público; e
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

Antes de estudarmos cada uma dessas penalidades, é importante ressaltar que a sua aplicação deve seguir
alguns critérios bastante subjetivos. É isso o que dispõe o texto do art. 252:

Art. 252 Na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os
danos que dela provierem para o serviço público.

A ideia é que as infrações mais graves, que ensejarem maiores prejuízos para a Administração, devem ser
DIREITO ADMINISTRATIVO

punidas com sanções mais rigorosas. Dentre as sanções aplicáveis, vale lembrar que a pena de repreensão será
aplicada por escrito. Vejamos a literalidade da lei:

Art. 253 A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento
dos deveres.

A pena de suspensão, a qual não pode exceder a 90 dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidên-
cia. Vejamos:

Art. 254 A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou
de reincidência.
§ 1º O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
§ 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cin-
qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer
em serviço. 271
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A pena de multa está prevista no art. 255, porém, Estadual, ou previsto nas leis relativas à segurança
tal dispositivo apenas menciona que a multa será apli- e à defesa nacional;
cada na forma e nos casos expressamente previstos III - revelar segredos de que tenha conhecimento
em lei ou regulamento. Um desses casos é a hipótese em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e
de conversão da pena de suspensão. com prejuízo para o Estado ou particulares;
IV - praticar insubordinação grave;
Art. 255 A pena de multa será aplicada na forma V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
e nos casos expressamente previstos em lei ou nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
regulamento. VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre-
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta-
A pena de demissão, prevista no art. 256, é uma
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora
das sanções mais graves, porque enseja o desligamen- de suas funções mas em razão delas;
to forçado do servidor. Não se confunde com a exone- VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quais-
ração, pois esta não tem caráter de sanção, podendo quer valores a pessoas que tratem de interesses ou
até mesmo ser requerida a pedido do próprio servidor. o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua
fiscalização;
Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos IX - exercer advocacia administrativa; e
casos de: X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria
I -Revogado; de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade
II - procedimento irregular, de natureza grave; civil e de procedimento criminal, que no caso couber.
III - ineficiência no serviço; XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
V - inassiduidade. (NR) e terrorismo;
§ 1º - Considerar-se-á inassiduidade a ausência XII - praticar ato definido como crime contra o Sis-
ao serviço, sem causa justificável, por mais de 15 tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de
(quinze) dias consecutivos, ou por mais de 20 (vin- bens, direitos ou valores;
te) dias úteis intercalados, durante 1 (um) ano. (NR) XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no servi-
ço, só será aplicada quando verificada a impossibi- Como se pode depreender da leitura do disposi-
lidade de readaptação. tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta
§ 3º - Para configuração do ilícito administrativo de hipóteses mais graves e que não se relacionam com o
inassiduidade em razão da ausência ao serviço por exercício da função pública. Mesmo assim, é do inte-
mais de 15 (quinze) dias consecutivos, observar-se-
resse público que esse agente seja desligado de seu
-á o seguinte: (NR)
cargo, pois claramente se mostra incompatível com o
1 - serão computados os sábados, os domingos, os
mesmo.
feriados e os pontos facultativos subsequentes à
primeira falta; (NR)
2 - se o funcionário cumprir a jornada de traba- Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona-
lho sob regime de plantão, além dos sábados, dos rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
domingos, dos feriados e dos pontos facultativos,
serão computados os dias de folga subsequentes O ato que demitir o funcionário mencionará sem-
aos plantões a que tenha faltado. (NR) pre a disposição legal em que se fundamenta, con-
forme o texto do art. 258. Essa obrigatoriedade de
fundamentar o ato de demissão deriva de um impor-
Dica
tante princípio da Administração Pública: o Princípio
Um pequeno mnemônico para decorar as hipó- da Motivação dos Atos Administrativos.
teses de demissão simples: ao pegar a primeira Caberá a pena de cassação de aposentadoria
letra de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA ou disponibilidade nos casos previstos no art. 259.
A”: Vejamos:
Abandono de cargo
Procedimento irregular Art. 259 Será aplicada a pena de cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, se ficar pro-
Ineficiência intencional e reiterada no serviço
vado que o inativo:
Aplicação indevida de dinheiros públicos I - praticou, quando em atividade, falta grave para
Ausência ao serviço a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou
de demissão a bem do serviço público;
Já a demissão a bem do serviço público apresen- II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
ta alguns aspectos distintos da demissão simples. Ela III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
acontece em decorrência de casos gravíssimos em que prévia autorização do Presidente da República; e
o servidor público pratica um ato considerado não IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
apenas uma transgressão disciplinar, mas um crime
contra a Administração. Conforme dispõe o texto do O art. 260 trata das pessoas competentes para a
art. 257: aplicação das penalidades previstas anteriormente.
São elas:
Art. 257 Será aplicada a pena de demissão a bem
do serviço público ao funcionário que: Art. 260 [...]
I - for convencido de incontinência pública e escan- I - o Governador;
dalosa e de vício de jogos proibidos; II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do
II - praticar ato definido como crime contra a Estado e os Superintendentes de Autarquia;
272 administração pública, a fé pública e a Fazenda III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada Art. 264 - A autoridade que, por qualquer meio,
a 60 (sessenta) dias; e tiver conhecimento de irregularidade praticada
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de por funcionário adotará providências visando à
suspensão limitada a 30 (trinta) dias. sua imediata apuração, sem prejuízo das medidas
urgentes que o interesse da Administração exigir,
O art. 261 trata de algo também bastante importan- podendo submeter o caso às práticas autocomposi-
te, que é a prescrição da punibilidade, ou prescrição tivas ou propor celebração de termo de ajustamen-
do direito de exercer o poder disciplinar. Extingue-se to de conduta. (NR)
a punibilidade pela prescrição: Parágrafo único - A autoridade poderá, desde logo,
submeter o caso às práticas autocompositivas,
especialmente nas situações em que evidenciada a
Art. 261 [...]
ocorrência de conflitos interpessoais, objetivando
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
sempre a melhor solução para resguardar o inte-
ou multa, em 2 (dois) anos;
resse público. (NR)
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão
a bem do serviço público e de cassação da aposen-
tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos; A apuração da conduta ainda não tem natureza
III - da falta prevista em lei como infração penal, no condenatória, mas pura e simplesmente investigativa.
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, Isso porque não está totalmente comprovado o cará-
se for superior a 5 (cinco) anos. ter de transgressão da conduta praticada pelo funcio-
nário público.
Por fim, o texto do art. 262 faz referência à hipótese As regras mais específicas da investigação prelimi-
na qual o funcionário público, quando obrigado a cum- nar estão previstas no art. 265. Observe o texto legal:
prir uma exigência, se recusa ou deixa de cumpri-la
no prazo determinado. A sanção, nesses casos, será de Art. 265 A autoridade realizará apuração preli-
suspensão do pagamento do vencimento do funcioná- minar, de natureza simplesmente investigati-
va, quando a infração não estiver suficientemente
rio até que ele cumpra com a referida exigência. Essa é
caracterizada ou definida autoria.
uma sanção aplicável também ao servidor aposentado,
§ 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no
sendo suspensa a percepção de seus proventos.
prazo de 30 (trinta) dias.
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autori-
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa, dade deverá imediatamente encaminhar ao Chefe
deixar de atender a qualquer exigência para de Gabinete relatório das diligências realizadas
cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá e definir o tempo necessário para o término dos
suspenso o pagamento de seu vencimento ou trabalhos.
remuneração até que satisfaça essa exigência. § 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autorida-
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em de deverá opinar fundamentadamente pelo arqui-
disponibilidade o disposto neste artigo. vamento ou pela instauração de sindicância ou de
Art. 263 Deverão constar do assentamento individual processo administrativo.
do funcionário todas as penas que lhe forem impostas.
Pela leitura dos parágrafos do referido dispositi-
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: vo, pode-se perceber que o Chefe de Gabinete exerce
SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO um papel importante desde o início do ciclo do PAD.
Além disso, vê-se que, uma vez iniciado, a autorida-
Já vimos que o servidor está sujeito à aplicação de de competente poderá decretar algumas medidas que
diversas penas, devido ao seu rigoroso regime disciplinar. protegem a incolumidade da investigação da conduta
Resta-nos ver agora como essa sanção é imposta. Para isso, transgressora. Essas medidas estão previstas no art.
temos o Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD). 266. Cabe destacar que essas medidas podem ensejar
O PAD é o meio perante o qual a autoridade competen- no afastamento preventivo do funcionário, para que
te apura as transgressões cometidas pelos agentes públicos, ele não atrapalhe as investigações ou, até mesmo, na
aplicando a eles as respectivas sanções. O PAD é também proibição do mesmo de utilizar arma de fogo. Observe
garantido para os servidores do Estado de São Paulo. o texto legal:
A autoridade que tiver ciência de irregularidade
no serviço público é obrigada a promover sua apura- Art. 266 Determinada a instauração de sindicân-
ção imediata, mediante sindicância ou Processo Admi- cia ou processo administrativo, ou no seu curso,
nistrativo Disciplinar, assegurado ao acusado o acesso havendo conveniência para a instrução ou para o
a ampla defesa. É sob esse fundamento que corre o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho
DIREITO ADMINISTRATIVO

Processo Administrativo Disciplinar. fundamentado, ordenar as seguintes providências:


O processo administrativo é o instrumento destinado I - afastamento preventivo do servidor, quando o
a apurar as responsabilidades do servidor por infração recomendar a moralidade administrativa ou a apu-
praticada no exercício de suas atribuições ou relaciona- ração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou van-
da com o cargo que ocupa. O processo pode ocorrer em tagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis
procedimento ordinário ou em sindicância. uma única vez por igual período;
II - designação do servidor acusado para o exercí-
cio de atividades exclusivamente burocráticas até
Da Investigação Preliminar decisão final do procedimento;
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo,
Antes mesmo da instauração do Processo Discipli- armas e algemas;
nar, é possível que a autoridade competente instaure IV - proibição do porte de armas;
uma investigação preliminar. Não se trata, pois, de V - comparecimento obrigatório, em periodicidade
mera faculdade e, sim, de um dever, conforme se pode a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do
observar pela leitura do art. 264: procedimento. 273
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 1º A autoridade que determinar a instauração refere este artigo suspenderá o prazo prescricional,
ou presidir sindicância ou processo administrativo enquanto realizadas.
poderá representar ao Chefe de Gabinete para pro- Art. 267-D O acordo celebrado na sessão auto-
por a aplicação das medidas previstas neste artigo, compositiva será homologado pela autorida-
bem como sua cessação ou alteração. de administrativa competente para determinar
§ 2º O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momen- a instauração da sindicância ou pelo Procurador
to, por despacho fundamentado, fazer cessar ou do Estado responsável por sua condução.
alterar as medidas previstas neste artigo. § 1º O cumprimento do acordo celebrado na sessão
autocompositiva extingue a punibilidade nos casos
Sobre a medida de afastamento preventivo do em que, cumulativamente:
1. a conduta do funcionário não gerou prejuízo ao
servidor, dispõe o art. 267: o período de afastamento
Erário ou este foi integralmente reparado;
preventivo computa-se como de efetivo exercício, não
2. forem cabíveis, em tese, as penas de repreensão,
podendo ser descontado da pena de suspensão even- suspensão e multa.
tualmente aplicada. § 2º Nos casos em que o cumprimento do acordo res-
taurativo não ensejar a extinção da punibilidade,
Das Práticas Autocompositivas, do Termo tal acordo deverá ser considerado pela autoridade
de Ajustamento de Conduta e da Suspensão competente para mitigação da sanção, objetivando
Condicional da Sindicância sempre a melhor solução para o serviço público.
§ 3º A extinção da punibilidade, nos termos do § 1º
É importante destacar que a Lei Complementar nº deste artigo, será declarada pelo Chefe de Gabinete,
1.361, de 21 de outubro de 2021, incluiu um capítulo que poderá delegar esta atribuição.
Art. 267-E O Termo de Ajustamento de Conduta é o
inteiro no Estatuto dos Funcionários Públicos do Esta-
instrumento mediante o qual o funcionário assume
do de São Paulo. Trata-se de recente alteração, que
a responsabilidade pela irregularidade a que deu
pode ser objeto de cobrança nas provas. causa e compromete-se a ajustar sua conduta, bem
Incluiremos os dispositivos na íntegra, realizando des- como a observar os deveres e proibições previstos
taques na legislação nos temas mais importantes. Vejamos: nas leis e regulamentos que regem suas atividades
e reparar o dano, se houver.
Art. 267-A A autoridade competente para determinar Parágrafo único. O Termo de Ajustamento de Con-
a apuração de irregularidade e a instauração de sin- duta poderá ser adotado nos casos de extravio ou
dicância ou processo administrativo e o Procurador dano a bem público que não tenham decorrido de
do Estado responsável por sua condução ficam auto- conduta dolosa praticada pelo funcionário, e terá
rizados, mediante despacho fundamentado, a propor como requisito obrigatório o integral ressarcimen-
as práticas autocompositivas, a celebração de termo to do prejuízo.
de ajustamento de conduta, bem como a suspensão
condicional da sindicância, nos termos desta lei. O art. 267-F estabelece alguns requisitos que
Art. 267-B As práticas autocompositivas, a serem
devem ser obrigatoriamente atendidos para que se
regulamentadas por decreto, serão orientadas pelos
possa prosseguir com o Termo de Ajustamento de
princípios da voluntariedade, corresponsabilidade,
reparação do dano, confidencialidade, informalidade, Conduta. Vejamos:
consensualidade e celeridade, observado o seguinte:
I - as sessões serão conduzidas por facilitador de Art. 267-F A celebração do Termo de Ajustamento
justiça restaurativa ou mediador devidamente de Conduta poderá ser proposta pela autoridade
capacitado e realizadas em ambiente adequado que competente para a instauração da apuração pre-
resguarde a privacidade dos participantes e a confi- liminar quando atendidos os seguintes requisitos
dencialidade de suas manifestações; relativos ao funcionário interessado:
II - a participação do funcionário será voluntária e I - não ter agido com dolo ou má-fé;
a eventual recusa não poderá ser considerada em II - ter mais de 5 (cinco) anos de efetivo exercí-
seu desfavor. cio no cargo ou função;
§ 1º São práticas autocompositivas a mediação, a III - não ter sofrido punição de natureza disci-
conciliação, os processos circulares e outras técni- plinar nos últimos 5 (cinco) anos;
cas de justiça restaurativa. IV - não ter sindicância ou processo disciplinar
§ 2º Para aplicação das práticas autocompositivas, é em curso;
necessário que as partes reconheçam os fatos essen- V - não ter celebrado Termo de Ajustamento de
ciais, sem que isso implique admissão de culpa em Conduta nos últimos 3 (três) anos.
eventual sindicância ou processo administrativo. Parágrafo único. Exclusivamente para os fins do
§ 3º O conteúdo das sessões restaurativas é sigilo- disposto no ‘caput’ deste artigo, o Termo de Ajus-
so, não podendo ser utilizado como prova em pro- tamento de Conduta será registrado nos assentos
cesso administrativo ou judicial. funcionais do funcionário.
Art. 267-C A autoridade competente para Art. 267-G O Termo de Ajustamento de Conduta
determinar a apuração de irregularidade e a será homologado pelo Chefe de Gabinete, median-
instauração de sindicância ou processo admi- te prévia manifestação da Consultoria Jurídica da
nistrativo e o Procurador do Estado responsá- Procuradoria Geral do Estado acerca dos termos e
vel por sua condução poderão, em qualquer fase, condições estabelecidos.
encaminhar o caso para as práticas autocom- Parágrafo único. O Chefe de Gabinete poderá dele-
positivas, mediante despacho fundamentado. gar a atribuição prevista neste artigo.
§ 1º O encaminhamento às práticas autocompositi- Art. 267-H A proposta de celebração do termo de
vas poderá ocorrer de forma alternativa ou concor- ajustamento de conduta poderá ser feita de ofício
rente à sindicância ou ao processo administrativo. ou a pedido do funcionário interessado.
§ 2º Se o encaminhamento às práticas autocompo- Parágrafo único. O pedido de celebração de termo de
sitivas se der de forma alternativa ao procedimen- ajustamento de conduta feito pelo funcionário inte-
to disciplinar, o despacho fundamentado a que se ressado poderá ser indeferido com base em juízo de
274
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
admissibilidade que conclua pelo não cabimento da Do Procedimento Disciplinar
medida em relação à irregularidade a ser apurada.
Art. 267-I O Termo de Ajustamento de Conduta Podemos afirmar que o Processo Administrativo
deverá conter: Disciplinar é o instrumento destinado a apurar as res-
I - a qualificação do funcionário envolvido; ponsabilidades do servidor por infração praticada no
II - a descrição precisa do fato a que se refere; exercício de suas atribuições ou relacionada com o
III - as obrigações assumidas; cargo que ocupa. Tal processo pode ocorrer em proce-
IV - o prazo e a forma de cumprimento das dimento ordinário ou em sindicância.
obrigações;
V - a forma de fiscalização das obrigações
Art. 268 A apuração das infrações será feita median-
assumidas.
te sindicância ou processo administrativo, assegura-
Parágrafo único. O prazo de cumprimento do Ter-
mo de Ajustamento de Conduta não poderá ser infe- dos o contraditório e a ampla defesa.
rior a 1 (um), nem superior a 2 (dois) anos.
Art. 267-J O cumprimento das condições do Termo de A seguir, vejamos um fluxograma mostrando como
Ajustamento de Conduta implicará a extinção da puni- corre o Processo Administrativo Disciplinar:
bilidade, que será declarada pelo Chefe de Gabinete.
Parágrafo único. O Chefe de Gabinete poderá dele-
gar a atribuição prevista neste artigo. Sindicância
Art. 267-L No caso de descumprimento do termo de
ajustamento de conduta, ou cometimento de nova
falta funcional durante o prazo de cumprimento do
ajuste, a autoridade encarregada da fiscalização
providenciará, se necessário, a conclusão da apu- Procedimento
ração preliminar e a submeterá à autoridade com- Administrativo
petente para deliberação. Ordinário
Art. 267-M Não corre a prescrição durante o prazo
fixado para o cumprimento do Termo de Ajusta-
mento de Conduta.
Art. 267-N Após a edição da portaria de instaura-
Recursos
ção da sindicância, o Procurador do Estado que a
presidir poderá propor sua suspensão pelo prazo
de 1 (um) a 2 (dois) anos, desde que o funcionário
tenha mais de 5 (cinco) anos de exercício no cargo Da Sindicância
ou função e não registre punição de natureza disci-
plinar nos últimos 5 (cinco) anos. A sindicância é o procedimento sumário através
§ 1º O Procurador do Estado especificará as condi- do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elemen-
ções da suspensão, em especial, a apresentação de tos informativos para determinar a verdade em torno
relatórios trimestrais de atividades e a frequência de possíveis irregularidades que possam configurar,
regular sem faltas injustificadas. ou não, ilícitos administrativos.
§ 2º A suspensão será revogada se o beneficiário
vier a ser processado por outra falta disciplinar ou Art. 269 Será instaurada sindicância quando a fal-
se descumprir as condições estabelecidas no § 1º ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
deste artigo, prosseguindo, nestes casos, o procedi- as penas de repreensão, suspensão ou multa.
mento disciplinar cabível. Parágrafo único - Não será instaurada sindicância
§ 3º Expirado o prazo da suspensão e tendo sido cum- em face de funcionário já exonerado, aposenta-
pridas suas condições, o Procurador do Estado enca- do, anteriormente demitido ou que, por qualquer
minhará os autos à Secretaria de Estado ou Autarquia razão, tenha deixado de manter vínculo com a
para a declaração da extinção da punibilidade. Administração Pública. (NR)
§ 4º Não será concedido novo benefício durante o
dobro do prazo da anterior suspensão, contado da Comparando com o processo penal, pode-se afir-
declaração de extinção da punibilidade, na forma mar que a sindicância seria a “fase investigativa”, pois
do § 3º deste artigo.
seu fim não resulta em uma sentença ou decisão: ela
§ 5º Durante o período da suspensão não correrá
serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
prazo prescricional, ficando vedado ao beneficiário
e se é necessário instaurar o processo posteriormen-
ocupar cargo em comissão ou exercer função de
confiança.
te. Apesar disso, é possível que a sindicância resulte
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 267-O Alternativamente à suspensão con- na aplicação de pena de repreensão ou de suspensão


dicional da sindicância prevista no artigo 267-N (mas nunca de demissão).
desta lei, a sindicância também poderá ser suspen- Têm competência para instaurar a sindicância as
sa caso os envolvidos, voluntariamente, concor- mesmas autoridades previstas no art. 260, quais sejam:
dem com o encaminhamento para as práticas Governador, Secretários de Estado, Procurador Geral
autocompositivas. do Estado, Superintendentes de Autarquia, Chefes de
Parágrafo único. A sindicância ficará suspensa até Gabinete, Coordenadores e Diretores de Departamento
o cumprimento do acordo restaurativo, decorrente e Divisão. É isso o que dispõe o art. 272. Vejamos:
das práticas autocompositivas, respeitado o prazo
máximo de 2 (dois) anos. Art. 272 São competentes para determinar a ins-
Art. 267-P As Secretarias de Estado, a Procuradoria tauração de sindicância as autoridades enumera-
Geral do Estado, a Controladoria Geral do Estado e das no artigo 260.
as Autarquias poderão estabelecer condições para § 1º Instaurada a sindicância, o Procurador do
a suspensão da sindicância, observadas as especifi- Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão
cidades de sua estrutura ou de sua atividade. setorial de pessoal 275
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§ 2º As Secretarias de Estado, a Procuradoria Geral Cabe ressaltar que todo o conteúdo apurado na
do Estado, a Controladoria Geral do Estado e as sindicância (quando houver) será posto em apenso ao
Autarquias disciplinarão as condições de suspen- processo.
são da sindicância, observados os requisitos míni- São competentes para determinar a instaura-
mos desta lei e as respectivas peculiaridades.
ção de processo administrativo as autoridades
enumeradas no art. 260, até o inciso IV. Essas são
As regras mais específicas da sindicância estão dis- as mesmas pessoas que aplicam as sanções disci-
postas no art. 273. Excluídas tais ressalvas, a sindicân-
plinares (art. 274).
cia corre da mesma forma que o processo ordinário.
Observe o texto legal:
Dica
Art. 273 Aplicam-se à sindicância as regras previs-
Relembre as três fases do processo administrativo:
tas nesta lei complementar para o processo admi-
nistrativo, com as seguintes modificações: � Instauração, com a publicação do ato que
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão constituir a comissão;
arrolar até 3 (três) testemunhas; � Instrução, em que se tem o inquérito adminis-
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo trativo, a defesa do acusado, e relatório;
de 60 (sessenta) dias; � Julgamento, que envolve a peça decisória e os
III - com o relatório, a sindicância será enviada à
eventuais recursos.
autoridade competente para a decisão.
O art. 275 e seguintes dispõem algumas regras sobre
Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocor-
o impedimento durante o procedimento administrativo:
rer antes do curso do procedimento ordinário, mas
não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do
processo ordinário. A sindicância não é essencial para Art. 275 Não poderá ser encarregado da apuração,
o curso do procedimento ordinário se a transgressão nem atuar como secretário, amigo íntimo ou ini-
migo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta
for considerada gravíssima, sujeita a uma pena que é
ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge,
incompatível com a sindicância, ou se a transgressão
companheiro ou qualquer integrante do núcleo
se configura automaticamente, não havendo necessi-
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim
dade de sua investigação.
o subordinado deste.
Da sindicância poderá resultar um de três cami-
Art. 276 A autoridade ou o funcionário designado
nhos: o arquivamento do processo; a aplicação de
deverão comunicar, desde logo, à autoridade com-
penalidade de repreensão ou suspensão ou, ainda, a
petente, o impedimento que houver.
instauração de processo disciplinar. Art. 277 O processo administrativo deverá ser instau-
rado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito)
Do Processo Administrativo Disciplinar Ordinário dias do recebimento da determinação, e concluído no
de 90 (noventa) dias da citação do acusado.
O processo disciplinar ordinário (pode aparecer § 1º Da portaria deverão constar algumas informações
também como procedimento administrativo discipli- imprescindíveis, tais como o nome e a identificação do
nar) é o instrumento destinado a apurar responsabi- acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição
lidade do servidor público pela infração praticada no sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas
exercício de suas atribuições ou que tenha relação com e a penalidade mais elevada em tese cabível.
as atribuições do cargo em que se encontre investido.
A instauração do processo administrativo é obriga- De acordo com o art. 278, uma vez autuada a por-
tória, nos termos do art. 270, quando a falta disciplinar taria e as demais peças preexistentes, o presidente
possa determinar a aplicação das penas de demissão, designará dia e hora para audiência de interrogatório,
de demissão a bem do serviço público e de cassação determinando a citação do acusado e a notificação do
de aposentadoria ou disponibilidade. São as sanções denunciante, se houver.
disciplinares mais rigorosas, grosso modo.
Art. 278 Autuada a portaria e demais peças pree-
Art. 270 Será obrigatório o processo administra- xistentes, designará o presidente dia e hora para
tivo quando a falta disciplinar, por sua natureza, audiência de interrogatório, determinando a cita-
possa determinar as penas de demissão, de demis- ção do acusado e a notificação do denunciante, se
são a bem do serviço público e de cassação de apo- houver. (NR)
sentadoria ou disponibilidade. § 1º O mandado de citação deverá conter: (NR)
1 - cópia da portaria; (NR)
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá
PROCESSO ADMINISTRATIVO OBRIGATÓRIO ser acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se
� Penas de demissão houver, que deverá ser acompanhada pelo advoga-
� Penas de demissão a bem do serviço público do do acusado; (NR)
� Penas de cassação de aposentadoria ou disponibilidade 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
por advogado dativo, caso não constitua advogado
Art. 271 Os procedimentos disciplinares punitivos próprio; (NR)
serão realizados pela Procuradoria Geral do Esta- 5 - informação de que o acusado poderá arrolar tes-
do e presididos por Procurador do Estado confir- temunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três)
mado na carreira. dias após a data designada para seu interrogató-
rio; (NR)
6 - advertência de que o processo será extinto se o
acusado pedir exoneração até o interrogatório, quan-
276 do se tratar exclusivamente de inassiduidade. (NR)
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§ 2º A citação do acusado será feita pessoal- A atuação do defensor do indiciado é diferente
mente, no mínimo 2 (dois) dias antes do no PAD quando comparada à do processo judicial.
interrogatório, por intermédio do respectivo Isso porque a presença do advogado, no PAD, não é
superior hierárquico, ou diretamente, onde obrigatória, conforme se depreende do trecho “pode-
possa ser encontrado. rá constituir advogado”. Não é um dever do servidor
§ 3º Não sendo encontrado em seu local de traba- indiciado constituir advogado para representá-lo,
lho ou no endereço constante de seu assentamento podendo ele mesmo atuar em causa própria.
individual, furtando-se o acusado à citação ou igno-
rando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edi-
tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, Importante!
no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório.
O texto do Estatuto está de acordo com o enuncia-
Um ponto importante diz respeito à citação do do da Súmula Vinculante nº 5, do STF: “A falta de
acusado, que deverá ser realizada pessoalmente, no defesa técnica por advogado no processo admi-
mínimo, 2 (dois) dias antes do interrogatório, por nistrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
intermédio do respectivo superior hierárquico, ou dire-
tamente no local onde o mesmo possa ser encontrado.
A fase instrutória tem início com a produção de um
Cabe mencionar, ainda, a figura do denunciante da
inquérito. Comparecendo ou não o acusado ao inter-
conduta transgressora. Segundo o art. 279, o denun-
rogatório, inicia-se o prazo de 3 dias para requerer a
ciante deverá prestar as declarações necessárias para produção de provas, ou apresentá-las, nos termos do
corroborar com a apuração da conduta transgressora. art. 283. Vejamos:
Acompanhe o texto legal, na íntegra:
Art. 283 Comparecendo ou não o acusado ao inter-
Art. 279 Havendo denunciante, este deverá prestar
rogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para
declarações, no interregno entre a data da citação
requerer a produção de provas, ou apresentá-las.
e a fixada para o interrogatório do acusado, sendo
§ 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar
notificado para tal fim. até 5 (cinco) testemunhas.
§ 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanha- § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita
da pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. exclusivamente por documentos, até as alegações finais.
§ 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun- § 3º Até a data do interrogatório, será designada a
ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter audiência de instrução.
ciência das declarações que aquele houver prestado.
O presidente e cada acusado poderão arrolar até
Observe que a atuação do denunciante, no PAD, é
5 testemunhas. É um número superior do que na sin-
feita antes da apresentação de defesa pelo servidor dicância, uma vez que estamos diante de uma condu-
acusado, por razões lógicas. ta que pode ser punida com uma sanção mais grave,
como a demissão.
Art. 280 Não comparecendo o acusado, será, por
As testemunhas serão arroladas pelo presidente
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se
da Comissão do PAD ou pelo acusado. As primeiras
nos demais atos e termos do processo.
têm preferência em serem ouvidas em relação às últi-
O art. 280 faz referência ao evento da revelia. Tra- mas. É isso o que dispõe o art. 284:
ta-se da situação em que o acusado deixa de apresen-
Art. 284 Na audiência de instrução, serão ouvidas,
tar sua defesa, deixando de comparecer à audiência.
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presi-
O servidor em revelia não pode apresentar mais a sua
dente e pelo acusado.
defesa. Contudo, a autoridade julgadora deverá encar- Parágrafo único. Tratando-se de servidor público,
regar defensor dativo para o revel. seu comparecimento poderá ser solicitado ao respec-
tivo superior imediato com as indicações necessárias.
Art. 281 Ao acusado revel será nomeado advogado
dativo Os arts. 285 e seguintes tratam, de modo específi-
co, sobre a pessoa da testemunha no PAD. Por ser um
Sobre a pessoa do advogado do servidor acusado, é
texto mais simples e didático, a sua leitura na íntegra
o art. 282 o dispositivo que apresenta as suas funções
é a melhor forma de conhecer essas regras. Vejamos:
dentro do processo disciplinar. Observe o texto legal:
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 282 O acusado poderá constituir advogado que o Art. 285 A testemunha não poderá eximir-se de
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônju-
representará em todos os atos e termos do processo.
ge, ainda que legalmente separado, companheiro,
§ 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo
tir aos atos e termos do processo, não sendo obriga-
do acusado, exceto quando não for possível, por
tória qualquer notificação.
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
§ 2º O advogado será intimado por publicação no e de suas circunstâncias.
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com
número de inscrição na Ordem dos Advogados do o denunciante, ficam elas proibidas de depor, obser-
Brasil, bem como os dados necessários à identifica- vada a exceção deste artigo.
ção do procedimento. § 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou causa, será pela autoridade competente adotada a
negando-se a constituir advogado, o presidente providência a que se refere o artigo 262, mediante
nomeará advogado dativo. comunicação do presidente.
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, consti- § 3º O servidor que tiver de depor como teste-
tuir advogado para prosseguir na sua defesa. munha fora da sede de seu exercício, terá direito 277
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a transporte e diárias na forma da legislação em Dar vista aos autos, tal qual prevê o art. 289, é a for-
vigor, podendo ainda expedir-se precatória para ma que o servidor acusado tem de tomar conhecimen-
esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. to não somente da acusação movida contra si mesmo,
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em como também de tudo o que já aconteceu no PAD.
razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
Art. 290 Somente poderão ser indeferidos pelo
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
presidente, mediante decisão fundamentada, os
Art. 286 A testemunha que morar em comarca
requerimentos de nenhum interesse para o escla-
diversa poderá ser inquirida pela autoridade do
lugar de sua residência, expedindo-se, para esse recimento do fato, bem como as provas ilícitas,
fim, carta precatória, com prazo razoável, intima- impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
da a defesa.
§ 1º Deverá constar da precatória a síntese da O texto do art. 290 traz uma noção muito impor-
imputação e os esclarecimentos pretendidos, bem tante, que é, também, correlata do processo judicial:
como a advertência sobre a necessidade da presen- não podem ser admitidos meios de provas obtidos por
ça de advogado. meios ilícitos, ou simplesmente protelatórios. É o caso,
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a por exemplo, da prova de confissão obtida mediante
instrução do procedimento tortura, algo que é absolutamente vedado em direito.
§ 3º Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a pre-
Art. 291 Quando, no curso do procedimento, surgi-
catória, uma vez devolvida, será juntada aos autos.
rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá
Art. 287 As testemunhas arroladas pelo acusado
ser promovida a instauração de novo procedi-
comparecerão à audiência designada independente
mento para sua apuração, ou, caso conveniente,
de notificação.
§ 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de
depoimento for relevante e que não comparecer defesa.
espontaneamente.
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa O art. 291 aponta para a possibilidade de surgirem
poderá substituí-la, se quiser, levando na mesma fatos novos no curso da fase instrutória do PAD. Esses
data designada para a audiência outra testemunha, fatos novos devem ser apresentados no processo, dan-
independente de notificação. do oportunidade ao servidor acusado de apresentar
sua defesa diante deles também.
Vale frisar que a inquirição de testemunhas não é Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
a única prova admitida em processo administrativo. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais
O Presidente pode requerer qualquer outra diligência no prazo de 7 (sete) dias. Não sendo apresentadas, no
que entenda ser conveniente para a instrução do PAD, prazo, tais alegações, o presidente designará advoga-
como a apresentação de documentos, a oitiva de peri- do dativo, assinando-lhe novo prazo.
tos e técnicos, entre outras. É isso o que dispõe o texto É importante que haja o respeito ao contraditório
do art. 288: e à ampla defesa, pois, para todos os fatos alegados,
deve o acusado apresentar uma defesa, mesmo que
Art. 288 Em qualquer fase do processo, poderá o seja uma defesa ampla e geral (ex.: apenas dizer que
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, “não cometeu nenhuma transgressão”). Essa é a últi-
ordenar diligências que entenda convenientes. ma oportunidade que o servidor indiciado tem de
§ 1º As informações necessárias à instrução do pro-
defender-se, o que demonstra a grande importância
cesso serão solicitadas diretamente, sem observân-
das alegações finais. É isso o que dispõe o art. 292:
cia de vinculação hierárquica, mediante ofício, do
qual cópia será juntada aos autos.
Art. 292 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vis-
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou
ta dos autos à defesa, que poderá apresentar ale-
peritos oficiais, o presidente os requisitará, obser-
gações finais, no prazo de 7 (sete) dias.
vados os impedimentos do artigo 275.
Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as
Art. 289 Durante a instrução, os autos do procedi-
alegações finais, o presidente designará advogado
mento administrativo permanecerão na repartição
dativo, assinando-lhe novo prazo.
competente.
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado,
mediante simples solicitação, sempre que não pre- Uma vez colhidas todas as provas, a Comissão deve
judicar o curso do procedimento. emitir um relatório. Esse documento, como o próprio
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo nome aduz, relata todas as provas colhidas na fase
para manifestação do acusado ou para apresen- instrutória, recomendando pela condenação ou ino-
tação de recursos, mediante publicação no Diário cência do servidor. As regras mais específicas do rela-
Oficial do Estado. tório estão dispostas no art. 293:
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os Art. 293 O relatório deverá ser apresentado no pra-
autos estejam efetivamente disponíveis para vista. zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das
§ 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar alegações finais.
os autos da repartição, mediante recibo, durante o § 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
prazo para manifestação de seu representado, salvo acusado, separadamente, as irregularidades impu-
na hipótese de prazo comum, de processo sob regi- tadas, as provas colhidas e as razões de defesa, pro-
me de segredo de justiça ou quando existirem nos pondo a absolvição ou punição e indicando, nesse
autos documentos originais de difícil restauração caso, a pena que entender cabível.
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a § 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
permanência dos autos na repartição, reconhecida de quaisquer outras providências de interesse do
278 pela autoridade em despacho motivado. serviço público.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Atenção! O relatório não é a decisão final. Quem Parágrafo único. Quando se tratar de crime pratica-
decide pela condenação ou inocência do servidor do fora da esfera administrativa, a autoridade poli-
indiciado é a autoridade julgadora e, não, a Comissão. cial dará ciência dele à autoridade administrativa.
Esse relatório funciona como um “parecer”, servindo Art. 303 As autoridades responsáveis pela condu-
apenas para orientar a autoridade competente. ção do processo administrativo e do inquérito poli-
Nesse mesmo sentido, prevê o texto do art. 294: cial se auxiliarão para que os mesmos se concluam
dentro dos prazos respectivos.
Art. 294 Relatado, o processo será encaminhado à Art. 304 Quando o ato atribuído ao funcionário for
autoridade que determinou sua instauração. considerado criminoso, serão remetidas à autori-
dade competente cópias autenticadas das peças
essenciais do processo.
O art. 295 trata do início da fase de julgamento.
Art. 305 Não será declarada a nulidade de nenhum
Essa é a fase final do PAD, pois nela ocorre a efetiva
ato processual que não houver influído na apura-
condenação do servidor ou o arquivamento do pro-
ção da verdade substancial ou diretamente na deci-
cesso, sem condenação. Observe o texto do dispositivo:
são do processo ou sindicância.
Art. 306 É defeso fornecer à imprensa ou a outros
Art. 295 Recebendo o processo relatado, a auto- meios de divulgação notas sobre os atos proces-
ridade que houver determinado sua instauração
suais, salvo no interesse da Administração, a juízo
deverá, no prazo de 20 (vinte) dias, proferir o jul-
do Secretário de Estado ou do Procurador Geral do
gamento ou determinar a realização de diligência,
Estado.
sempre que necessária ao esclarecimento de fatos.
Art. 307 Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer-
cício, contados do cumprimento da sanção discipli-
A diligência referida no dispositivo deverá ser nar, sem cometimento de nova infração, não mais
cumprida em até 15 (quinze) dias, abrindo prazo para poderá aquela ser considerada em prejuízo do
o acusado se defender em até 5 (cinco) dias. infrator, inclusive para efeito de reincidência.
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem
Art. 296 Determinada a diligência, a autoridade do serviço público acarretam a incompatibilidade
encarregada do processo administrativo terá prazo para nova investidura em cargo, função ou empre-
de 15 (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo go público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos,
vista à defesa para manifestar-se em 5 (cinco) dias. respectivamente.

Quando escaparem a sua alçada as penalidades e Os casos previstos nos arts. 302 e 304 remetem à hipó-
as providências que lhe parecerem cabíveis, a autori- tese na qual o servidor pratica um ato criminoso, sendo
dade que determinou a instauração do processo admi- imputada a ele a responsabilização na esfera penal.
nistrativo deverá propô-las, justificadamente, dentro No entanto, como o PAD não tem competência
do prazo para julgamento, à autoridade competente. para lhe imputar as sanções características de direi-
to penal, deverá ser instaurado também o inquérito
Art. 297 Quando escaparem à sua alçada as pena-
policial, para que a autoridade judiciária competente
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis,
possa julgá-lo e condená-lo.
a autoridade que determinou a instauração do
processo administrativo deverá propô-las, justifica-
O art. 307 trata do prazo prescricional após a decre-
damente, dentro do prazo para julgamento, à auto- tação da sanção disciplinar para fins de computação
ridade competente. de reincidência. Não pode ser decretada reincidência
quando, entre uma transgressão e outra, decorreram
Os arts. 298 e seguintes dispõem sobre regras mais 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contados da data da
específicas a respeito do julgamento. Por se tratar de publicação da sanção disciplinar. A reincidência somen-
um texto curto e simples, a melhor forma de conhecê- te será computada quando a primeira infração for puní-
-lo é pela sua leitura na íntegra: vel ou com a pena de repreensão ou com a de suspensão.
De acordo com o parágrafo único, do art. 307, a
Art. 298 A autoridade que proferir decisão deter- demissão e a demissão a bem do serviço público cau-
minará os atos dela decorrentes e as providências sam incompatibilidade para nova investidura em car-
necessárias a sua execução. go, função ou emprego público pelo prazo de 5 (cinco)
Art. 299 As decisões serão sempre publicadas no Diário e 10 (dez) anos respectivamente.
Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem Se, por exemplo, um funcionário do Estado de São
como averbadas no registro funcional do servidor. Paulo for condenado à pena de demissão (por qualquer
Art. 300 Terão forma processual resumida, quando motivo) no ano de 2021, ele somente poderá voltar a ter
DIREITO ADMINISTRATIVO

possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais alguma chance de ingressar em outro cargo público em
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de 2026, se a pena for de demissão simples, ou, em 2031, se a
recebimento, bem como certidões e compromissos. pena for de demissão a bem do serviço público.
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na Além disso, ele não poderá tentar ingressar em um car-
ordem cronológica da apresentação, rubricando o go público fora do Estado de São Paulo, pois a incompati-
presidente as folhas acrescidas.
bilidade abrange a Administração Pública como um todo.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não
conste do processo, nele deverão figurar por cópia.
Art. 301 Constará sempre dos autos da sindicância Do Processamento por Abandono do Cargo ou
ou do processo a folha de serviço do indiciado. Função e por Inassiduidade
Art. 302 Quando ao funcionário se imputar crime,
praticado na esfera administrativa, a autoridade Quis o Estatuto regularizar o Processo Adminis-
que determinou a instauração do processo admi- trativo Disciplinar para hipóteses mais simples em
nistrativo providenciará para que se instaure, que são absolutamente desnecessárias a produção de
simultaneamente, o inquérito policial. diversas provas e a realização de diversas diligências. 279
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando o servidor público se ausenta do serviço, haver um reexame pelo superior hierárquico é funda-
estando configurado o abandono de cargo, ou, até mentada pelo princípio do duplo grau de jurisdição,
mesmo, quando demonstra inassiduidade, é pouco um instituto bastante comum no processo judicial.
provável que ele tenha interesse em se defender.
Nessas situações, o procedimento do PAD é um Art. 313 Caberá pedido de reconsideração, que
não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo
pouco mais célere e simples. É isso o que dispõem os
Governador do Estado em única instância, no pra-
arts. v
zo de 30 (trinta) dias.
Art. 309 - Não será instaurado processo para apu- O art. 313, por sua vez, trata do pedido de reconside-
rar inassiduidade do funcionário que tiver pedido ração. É a peça a ser utilizada contra a decisão tomada
exoneração. (NR) pelo Governador do Estado, em única instância, no pra-
Art. 310 - Extingue-se o processo instaurado exclu- zo de 30 (trinta) dias. A principal diferença do pedido
sivamente para apurar inassiduidade se o indicia-
de reconsideração do recurso hierárquico é a ausência
do pedir exoneração até a data designada para o
de um reexame da decisão pelo superior hierárquico,
interrogatório, ou por ocasião deste. (NR)
pois não existe uma figura superior ao Governador do
Art. 311 - A defesa somente poderá versar sobre
força maior, coação ilegal ou motivo legalmente Estado. É por isso que tal pessoa é denominada, muitas
justificável que impeça o comparecimento ao tra- vezes, Chefe do Poder Executivo Estadual.
balho. (NR) Art. 314 Os recursos de que trata esta lei comple-
mentar não têm efeito suspensivo; os que forem
Talvez o dispositivo mais importante seja o art. providos darão lugar às retificações necessárias,
311. Observe que ele limita bastante a defesa do ser- retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
vidor que abandona o cargo ou pratica inassiduida-
de em serviço. A única argumentação que ele pode O art. 314 prescreve que os recursos não têm efeito
utilizar, em sua defesa, é a alegação de força maior suspensivo. Segundo a doutrina, isso não é totalmen-
(um evento da natureza), por motivo de coação ilegal te verdadeiro: pode o recorrente, desde que esteja
(ordem de superior hierárquico) ou, ainda, por moti- expresso e o recurso seja interposto dentro do prazo
vo legalmente justificável que impeça o compareci- certo (o termo correto é “tempestivo”), requerer a sus-
mento ao trabalho. pensão da decisão que corre contra ele.
O que o texto do dispositivo expõe é que os recur-
Dos Recursos e da Revisão do Processo sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus-
Administrativo pensivo deve ser concedido quando houver justo
receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta.
Levando-se em conta que o PAD é um ato admi- Apenas o pedido de reconsideração é que não pode,
nistrativo (ou uma sequência de atos), é passível de em hipótese nenhuma, suspender a decisão.
recurso por parte do servidor inconformado com a Por fim, a Lei Complementar faz menção à revisão.
sua condenação. Neste sentido, o art. 312 trata dos É um instituto distinto do recurso ante o fato dela poder
recursos dentro do procedimento administrativo, os ser requerida, a qualquer tempo, quando surgirem fatos
quais caberão, por uma única vez, contra a decisão ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios que
que aplicar penalidade. ensejam na redução ou anulação da pena aplicada.
O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta- Algumas regras mais específicas da revisão estão
dos da publicação da decisão impugnada no Diário previstas no art. 315. Vejamos:
Oficial do Estado ou da intimação pessoal do servidor,
quando for o caso. Art. 315 Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
de punição disciplinar de que não caiba mais recur-
Art. 312 Caberá recurso, por uma única vez, da so, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não
decisão que aplicar penalidade. apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento,
§ 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, que possam justificar redução ou anulação da pena
contados da publicação da decisão impugnada no aplicada.
Diário Oficial do Estado ou da intimação pessoal do § 1º A simples alegação da injustiça da decisão não
servidor, quando for o caso. constitui fundamento do pedido.
§ 2º Do recurso deverá constar, além do nome e § 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo
qualificação do recorrente, a exposição das razões mesmo fundamento.
de inconformismo. § 3º Os pedidos formulados em desacordo com este
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que artigo serão indeferidos.
aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias § 4º O ônus da prova cabe ao requerente.
para, motivadamente, manter sua decisão ou
reformá-la. Essas regras previstas nos parágrafos do art. 315 são
§ 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmen- muito importantes. A revisão não será constada se hou-
te, será imediatamente encaminhada a reexame ver apenas alegação de mera injustiça da decisão. Deve
pelo superior hierárquico. haver, efetivamente, um fato novo que corrobore com
§ 5º O recurso será apreciado pela autoridade com- a necessidade de revisão do processo. Por isso, quem
petente ainda que incorretamente denominado ou deve comprovar a necessidade de revisão é a pessoa
endereçado. que a alega, isto é, o próprio servidor investigado.

Pela leitura do art. 312, percebe-se que ele trata do Art. 316 A pena imposta não poderá ser agrava-
recurso hierárquico, que constitui a peça recursal capaz da pela revisão.
de gerar o reexame do processo não somente pela auto-
ridade que proferiu a decisão, mas também pelo seu Mostra-se relevante, também, o conteúdo disposto
280 superior hierárquico. Cabe destacar que a garantia de no art. 316. O resultado da revisão não pode ensejar
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em um agravamento da condenação. Isso é o que quantitativa) ou, ainda, anular o processo por inteiro,
se costuma chamar de proibição da reformatio in garantindo o retorno do servidor ao serviço ativo.
pejus, pois, se a revisão foi solicitada pelo próprio Essa é uma hipótese muito comum de reintegração
servidor transgressor, seria injusto que da revisão do servidor público: a sua pena de demissão proferida
resultasse em uma piora da sua situação. em PAD é anulada por decisão administrativa ou por
decisão judicial transitada em julgado. Lembre-se de
Art. 317 A instauração de processo revisional pode- que os poderes da decisão revisional são utilizados ape-
rá ser requerida fundamentadamente pelo interes- nas para inocentar o servidor ou tornar a sua pena mais
sado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, branda, mas nunca para piorar a sua condenação.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão, sempre por intermédio de advogado. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O pedido será instruído com as
provas que o requerente possuir ou com indicação A parte referente às disposições finais apresenta
daquelas que pretenda produzir. um conteúdo importante e bastante simples, não sen-
do necessárias maiores explicações. Destacamos o tex-
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente to dos arts. 322 e 323 respectivamente:
pelo funcionário. Segundo o art. 317, a instauração de
processo revisional poderá ser requerida, se falecido Art. 322 O dia 28 de outubro será consagrado ao
o funcionário ou quando se tornar incapaz, pelo seu “Funcionário Público Estadual”.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente e Art. 323 Os prazos previstos neste Estatuto serão
irmão ou pelo seu curador, respectivamente. A revi- todos contados por dias corridos.
são sempre será arguida por intermédio de advogado. Parágrafo único. Não se computará no prazo o
Quem julga a revisão é a mesma autoridade que apli- dia inicial, prorrogando-se o vencimento, que inci-
cou a penalidade ou que a tiver confirmado em recurso dir em sábado, domingo, feriado ou facultativo,
hierárquico. Vejamos o texto dos arts. 318 e 319: para o primeiro dia útil seguinte.

Art. 318 A autoridade que aplicou a penalidade, A partir da leitura desses dispositivos, vê-se que o dia
ou que a tiver confirmado em grau de recurso, será 28 de outubro é conhecido como o Dia do Funcionário
competente para o exame da admissibilidade do Público Estadual. Ademais, conclui-se que a contagem
pedido de revisão, bem como, caso deferido o pro- de prazo para as situações presentes no Estatuto é feita
cessamento, para a sua decisão final. por dias corridos, não podendo iniciar nem terminar em
Art. 319 Deferido o processamento da revisão, será dias como sábado, domingo, feriados ou pontos faculta-
este realizado por Procurador de Estado que não tivos. Quando isso ocorrer, o prazo (inicial ou final) deve
tenha funcionado no procedimento disciplinar de ser adiado para o primeiro dia útil subsequente.
que resultou a punição do requerente.

A ideia da revisão é, justamente, haver um novo


julgamento do referido PAD. Por isso, exige-se grande
cuidado para que as autoridades encarregadas dessa
LEI FEDERAL Nº 8.429, DE 1992 (LEI DE
nova decisão não tenham conhecimento prévio da IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)
condenação feita no processo anterior, promovendo,
assim, maior imparcialidade. No dia 26 de outubro de 2021 foi publicada a Lei
Uma vez recebido o pedido de revisão, percorre- nº 14.230, de 2021, que traz alterações significativas à
-se um caminho bastante similar com a produção de Lei de Improbidade Administrativa — Lei nº 8.429, de
provas, principalmente com relação à oitiva de teste- 1992. Faremos a análise da Lei de Improbidade apon-
munhas. No entanto, o prazo é de apenas 8 (oito) dias, tando tais alterações.
conforme o art. 320: A improbidade administrativa tem fundamento no
princípio da moralidade e no § 4º, art. 37, da Constitui-
Art. 320 Recebido o pedido, o presidente providen- ção Federal:
ciará o apensamento dos autos originais e notifi-
cará o requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, Art. 37 [...]
oferecer rol de testemunhas, ou requerer outras § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
provas que pretenda produzir. tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
Parágrafo único. No processamento da revisão
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
serão observadas as normas previstas nesta lei
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre-
DIREITO ADMINISTRATIVO

complementar para o processo administrativo.


vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Supondo que a revisão seja devidamente arguida


com uma decisão favorável, o que essa decisão pode Dica
alterar? O texto do art. 321 traz-nos a resposta: Para memorizar as sanções do mencionado arti-
go, utilize o mnemônico PARIS:
Art. 321 A decisão que julgar procedente a revisão
Perda da função pública
poderá alterar a classificação da infração, absolver o
punido, modificar a pena ou anular o processo, resta- Ação penal
belecendo os direitos atingidos pela decisão reformada. Ressarcimento
Indisponibilidade dos bens
Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a decisão Suspensão dos direitos políticos
revisional, na verdade, possui poderes tal qual uma peça
recursal, podendo alterar a natureza da infração para Nesse sentido, percebe-se que a Administração
uma mais branda, modificar a pena (diminuir a parte Pública, além da legalidade formal, precisa observar, 281
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também, os princípios éticos de lealdade, da boa-fé e doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade
de regras que assegurem a boa administração. por ato de improbidade administrativa.
O art. 1º dispõe que o sistema de responsabiliza- § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disci-
ção por atos de improbidade administrativa tutelará plinado nesta Lei os princípios constitucionais do
a probidade na organização do Estado. E qual seria a direito administrativo sancionador.
diferença entre probidade e moralidade? Existe dife-
rença ou são sinônimos? Quando o legislador diz no § 4º que se aplicam ao
Ambas têm fundamento na ideia de honestidade, sistema de improbidade os princípios constitucionais
mas a moralidade é um conceito jurídico indetermi- do direito administrativo sancionador, quer dizer que
nado trazido como princípio constitucional no caput serão aplicadas as normas constitucionais relativas ao
direito penal que protejam e beneficiem o réu, como,
do art. 37, da CF. Segundo Di Pietro (2020), “a morali-
por exemplo, a retroatividade da lei mais benéfica.
dade exige basicamente honestidade, observância das
Nesse sentido, observe este julgado do Superior
regras de boa administração, atendimento ao interesse
Tribunal de Justiça sobre o tema direito administra-
público, boa-fé, lealdade.”
tivo sancionador:
Já a probidade é prevista em lei. A improbidade
é gênero que alcança atos de ilegalidade, imoralida- [...] o tema insere-se no âmbito do Direito Adminis-
de e qualquer violação a princípios da Administração trativo sancionador e, segundo doutrina e jurispru-
Pública. Ainda nos ensinamentos de Di Pietro, dência, em razão de sua proximidade com o Direito
Penal, a ele se estende a norma do artigo 5º, XVIII,
Comparando moralidade e probidade, pode-se afir- da Constituição da República, qual seja, a retroati-
mar que como princípios, significam praticamente a vidade da lei mais benéfica” (REsp 1.353.267; e, em
mesma coisa, embora algumas leis façam referência idêntico sentido, o RMS 37.031).
às duas separadamente, do mesmo modo que há refe-
rência aos princípios da razoabilidade e da propor- SUJEITOS PASSIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE
cionalidade como princípios diversos, quando este
último é apenas um aspecto do primeiro. No entanto,
Os parágrafos 5º, 6º e 7º descrevem os sujeitos
quando se fala em improbidade como ato ilícito, como
passivos do ato de improbidade, que são aqueles que
infração sancionada pelo ordenamento jurídico, deixa
sofrem o ato. São eles:
de haver sinonímia entre as expressões improbidade
e imoralidade, porque aquela tem um sentido muito
z Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
mais amplo e muito mais preciso que abrange não
só atos desonestos ou imorais, mas também e prin-
bem como a administração direta e indireta, no
cipalmente atos ilegais. Na lei de improbidade admi-
âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e
nistrativa (lei nº 8.429, de 1992), a lesão à moralidade do Distrito Federal;
administrativa é apenas uma das inúmeras hipóteses z Entidade privada que receba subvenção, bene-
de atos de improbidade previstas na lei.1 fício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes
públicos ou governamentais citados acima;
z Entidade privada para cuja criação ou custeio
Em provas, é comum que o examinador traga probi-
o erário haja concorrido ou concorra no seu
dade e moralidade como sinônimos e essa vem sendo a
patrimônio ou receita atual, limitado o ressarci-
regra nas provas, mas é importante que você saiba essa
mento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do
sutil diferença caso a banca queira aprofundar.
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na
improbidade administrativa tutelará a probidade na
organização do Estado e no exercício de suas fun-
organização do Estado e no exercício de suas funções,
ções e a integridade do patrimônio público e social
como forma de assegurar a integridade do patri-
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
mônio público e social, nos termos desta Lei.
bem como da administração direta e indireta,
no âmbito da União, dos Estados, dos Municí-
A primeira mudança importante da lei é que os pios e do Distrito Federal.
atos de improbidade passam a depender de uma con- § 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos
duta dolosa, ou seja, não é mais admitida a modalida- de improbidade praticados contra o patrimônio
de culposa nos atos de improbidade. de entidade privada que receba subvenção, benefício
O § 2º traz o conceito de dolo. Além disso, é impor- ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou
tante que você saiba que o dolo aqui descrito é o dolo governamentais, previstos no § 5º deste artigo.
específico, ou seja, a intenção de alcançar o resultado. § 7º Independentemente de integrar a administra-
Exemplo: um servidor frauda a licitação para benefi- ção indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei
ciar um amigo. os atos de improbidade praticados contra o
patrimônio de entidade privada para cuja criação
§ 1º Consideram-se atos de improbidade adminis- ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no
trativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressar-
10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em cimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do
leis especiais. ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de
alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e Com relação às entidades privadas que, mesmo não
11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. integrando a administração indireta, recebem dinheiro
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de público, “criação ou custeio o erário haja concorrido ou
competências públicas, sem comprovação de ato concorra no seu patrimônio ou receita”, o ressarcimento
282 1 DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2020. p. 1041-1042.
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dos prejuízos será limitado à repercussão do ilícito z O particular, pessoa física ou jurídica, que cele-
sobre a contribuição dos cofres públicos. bra com a Administração Pública convênio,
Exemplo: uma entidade privada recebe R$ 55.000,00 contrato de repasse, contrato de gestão, termo
de dinheiro público, então ela poderá pleitear em Ação de parceria, termo de cooperação ou ajuste
de Improbidade Administrativa o ressarcimento dos administrativo equivalente (particular equipa-
prejuízos até o limite de R$ 55.000,00. rado a agente público).

§ 8º Não configura improbidade a ação ou omis- Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no
são decorrente de divergência interpretativa da lei, que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
baseada em jurisprudência, ainda que não pacifi- público, induza ou concorra dolosamente para a
cada, mesmo que não venha a ser posteriormente prática do ato de improbidade.
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colabo-
ou dos tribunais do Poder Judiciário. radores de pessoa jurídica de direito privado não
respondem pelo ato de improbidade que venha a
No § 8º a lei deixa claro que as divergências inter- ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, compro-
pretativas das leis, baseadas em jurisprudências, não vadamente, houver participação e benefícios dire-
configuram ato de improbidade. Se um agente públi- tos, caso em que responderão nos limites da sua
co, por exemplo, efetua a dispensa de licitação em uma participação.
hipótese na qual há divergência jurisprudencial a res- § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pes-
peito da possibilidade ou impossibilidade de dispensa, soa jurídica, caso o ato de improbidade adminis-
em tal situação não há que se falar em improbidade trativa seja também sancionado como ato lesivo à
mesmo que posteriormente a interpretação prevalente administração pública de que trata a Lei nº 12.846,
seja contrária ao ato praticado pelo agente. Esse dispo- de 1º de agosto de 2013.
sitivo garante mais segurança jurídica.
O art. 3º traz algumas novidades importantes, pois
SUJEITOS ATIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE dispõe que:

O sujeito ativo é aquele que pratica o ato descrito na Salvo se,


Lei de Improbidade. Segundo dispõe a norma, conside- Os sócios, os Não respondem comprovadamente,
ra-se sujeito ativo os agentes políticos, servidores públi- cotistas, os pelo ato de houver participação
cos, aqueles que exercem, ainda que transitoriamente diretores e os improbidade e benefícios
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa- colaboradores de que venha a ser diretos, caso em
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu- pessoa jurídica de imputado à pessoa que responderão
direito privado jurídica nos limites da sua
ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Aqui participação
entra a figura do mesário, do jurado, do estagiário etc.
Além deles, temos como sujeito ativo também
aqueles que, mesmo não sendo agentes públicos, Além disso, as sanções trazidas nessa lei não se
induzam ou concorram dolosamente para a prática aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato praticado
do ato de improbidade. seja também sancionado como ato lesivo à Admi-
nistração Pública de que trata a Lei Anticorrupção.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se Ainda com relação aos agentes políticos, pode-se
agente público o agente político, o servidor público citar como exemplos os Chefes do Executivo e seus
e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente auxiliares diretos; membros do Legislativo, mem-
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, desig- bros do Judiciário; membros do Ministério Público;
nação, contratação ou qualquer outra forma de membros dos Tribunais de Contas e representantes
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
diplomáticos.
função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) A Lei nº 14.230, de 2021, incluiu expressamente
Parágrafo único. No que se refere a recursos de ori- “agente político” como agente público, consolidando
gem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta o que a jurisprudência já decidia a respeito da aplica-
Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que cele- ção da Lei de Improbidade aos agentes políticos. Com
bra com a administração pública convênio, contrato relação aos Chefes do Executivo, é importante ficar
de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, atento para a exceção quanto ao Presidente da Repú-
termo de cooperação ou ajuste administrativo equi- blica. Veja:
valente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
DIREITO ADMINISTRATIVO

Ementa: Direito Constitucional. Agravo Regimental


O art. 2º descreve o conceito de agente público; em Petição. Sujeição dos Agentes Políticos a Duplo
podemos dizer que o conceito trazido na lei trata de Regime Sancionatório em Matéria de Improbidade.
agentes públicos em sentido amplo e seriam os: Impossibilidade de Extensão do Foro por Prerro-
gativa de Função à Ação de Improbidade Adminis-
z Agentes políticos; trativa. 1. Os agentes políticos, com exceção do
z Servidores públicos; Presidente da República, encontram-se sujei-
z Todo aquele que exerce, ainda que transitoria- tos a um duplo regime sancionatório, de modo
mente ou sem remuneração, por eleição, nomea- que se submetem tanto à responsabilização
ção, designação, contratação ou qualquer outra civil pelos atos de improbidade administrati-
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, va, quanto à responsabilização político-admi-
emprego ou função; nistrativa por crimes de responsabilidade [...]2.

2 Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2018, ACÓR-
DÃO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 21-08-2018 PUBLIC 22-08-2018. 283
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ou seja, para os Prefeitos e Governadores temos FUSÃO E INCORPORAÇÃO
a possibilidade de aplicação da Lei de Improbidade,
inclusive com a possibilidade de duplo regime sancio- Responsabilidade da sucessora será restrita à obriga-
natório (pela Lei de Improbidade e mediante impea- ção de reparação integral do dano causado
chment) e não há foro por prerrogativa de função, ou
seja, o julgamento será em primeira instância. Até o limite do patrimônio transferido
Já com relação ao Presidente da República não há Não aplicando as demais sanções decorrentes de
a possibilidade de aplicação da Lei de Improbidade, atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou
uma vez que o Presidente da República já tem um da incorporação
sistema próprio de punição dentro da Constituição Exceto no caso de simulação ou de evidente intuito
de fraude, devidamente comprovados
Federal com uma previsão específica para crimes de
responsabilidade.
Lembre-se sempre de responder de acordo com DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
o comando da questão. Se a questão citar “de acordo
com entendimento do Supremo Tribunal Federal”, As hipóteses de improbidade administrativa estão
você já terá conhecimento suficiente para respondê- divididas em três espécies:
-la. Se ela trouxer apenas o texto da lei, considere o
texto legal. z Art. 9º: atos que importam enriquecimento ilícito;
z Art. 10: atos que causam prejuízo ao erário;
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbida- z Art. 11: atos que atentam contra os princípios da
de, a autoridade que conhecer dos fatos repre- Administração Pública.
sentará ao Ministério Público competente,
para as providências necessárias. O art. 10-A, incluído em 2016, que tratava dos atos
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que cau- de improbidade administrativa decorrentes de con-
sar dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamen- cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
te estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo ou tributário, deixou de existir como espécie de ato
até o limite do valor da herança ou do patrimônio e foi incorporado em uma das hipóteses de atos que
transferido. causam lesão ao erário.
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que Além disso, o rol de hipótese que antes era exem-
trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
plificativo agora se tornou rol taxativo. O rol exem-
hipótese de alteração contratual, de transfor-
plificativo é aquele que pode ser acrescido por outras
mação, de incorporação, de fusão ou de cisão
hipóteses, já o rol taxativo traz uma relação de situa-
societária.
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de ções restritas às quais não haverá acréscimo.
incorporação, a responsabilidade da suces-
sora será restrita à obrigação de reparação Dos Atos de Improbidade Administrativa que
integral do dano causado, até o limite do Importam Enriquecimento Ilícito
patrimônio transferido, não lhe sendo apli-
cáveis as demais sanções previstas nesta Lei Com a leitura dos artigos você vai perceber que
decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes nessa espécie existe um enriquecimento, um aumento
da data da fusão ou da incorporação, exceto patrimonial do agente com a prática dos atos descritos.
no caso de simulação ou de evidente intuito de Observe os verbos: receber, perceber, adquirir,
fraude, devidamente comprovados. usar, incorporar, utilizar para conseguir qualquer
tipo de vantagem patrimonial indevida.
A responsabilidade sucessória teve alguns acrés-
cimos. Nas hipóteses de dano ao erário e enriqueci- Art. 9º Constitui ato de improbidade administrati-
mento ilícito, se houver o falecimento do causador va importando em enriquecimento ilícito auferir,
do dano, o sucessor ou o herdeiro ficam obrigados à mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de
reparação até o limite do valor da herança ou do patri- vantagem patrimonial indevida em razão do exer-
mônio transferido. cício de cargo, de mandato, de função, de emprego
Essa regra já estava prevista no texto anterior da ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º
desta Lei, e notadamente:
Lei de Improbidade. A novidade agora é que a res-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
ponsabilidade sucessória de que trata o art. 8º apli-
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
ca-se também nas hipóteses de: nômica, direta ou indireta, a título de comissão,
percentagem, gratificação ou presente de quem
z alteração contratual; tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
z transformação; atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
z incorporação; rente das atribuições do agente público;
z fusão; II - perceber vantagem econômica, direta ou
z cisão societária. indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
Observe que o parágrafo único, do art. 8º-A, traz de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
preço superior ao valor de mercado;
uma redação cheia de detalhes importantes e pode
III - perceber vantagem econômica, direta ou
ser muito explorado em provas. A banca examinadora indireta, para facilitar a alienação, permuta ou
pode usar tal dispositivo para elaborar questões que locação de bem público ou o fornecimento de ser-
podem induzi-lo ao erro. Por isso, é muito importante viço por ente estatal por preço inferior ao valor de
memorizar o conteúdo, já que a maioria das provas mercado;
cobra o texto da lei. Sendo assim, atente-se para as IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qual-
284 informações na tabela a seguir. quer bem móvel, de propriedade ou à disposição
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
de qualquer das entidades referidas no art. 1º II - permitir ou concorrer para que pessoa físi-
desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
empregados ou de terceiros contratados por essas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades; entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
V - receber vantagem econômica de qualquer observância das formalidades legais ou regu-
natureza, direta ou indireta, para tolerar a explo- lamentares aplicáveis à espécie;
ração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
tal vantagem; patrimônio de qualquer das entidades menciona-
VI - receber vantagem econômica de qualquer das no art. 1º desta lei, sem observância das for-
natureza, direta ou indireta, para fazer declara- malidades legais e regulamentares aplicáveis à
ção falsa sobre qualquer dado técnico que envolva espécie;
obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
quantidade, peso, medida, qualidade ou caracterís- locação de bem integrante do patrimônio de qual-
tica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou
das entidades referidas no art. 1º desta Lei; ainda a prestação de serviço por parte delas, por
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercí- preço inferior ao de mercado;
cio de mandato, de cargo, de emprego ou de função V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
pública, e em razão deles, bens de qualquer nature- locação de bem ou serviço por preço superior ao de
za, decorrentes dos atos descritos no caput deste
mercado;
artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução
VI - realizar operação financeira sem obser-
do patrimônio ou à renda do agente público, asse-
vância das normas legais e regulamentares ou
gurada a demonstração pelo agente da licitude da
aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
origem dessa evolução;
VII - conceder benefício administrativo ou fis-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
cal sem a observância das formalidades legais
atividade de consultoria ou assessoramento
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
VIII - frustrar a licitude de processo licitató-
suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente rio ou de processo seletivo para celebração de
público, durante a atividade; parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
IX - perceber vantagem econômica para inter- dispensá-los indevidamente, acarretando perda
mediar a liberação ou aplicação de verba pública patrimonial efetiva;
de qualquer natureza; IX - ordenar ou permitir a realização de despe-
X - receber vantagem econômica de qualquer sas não autorizadas em lei ou regulamento;
natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou
de ofício, providência ou declaração a que esteja de renda, bem como no que diz respeito à conserva-
obrigado; ção do patrimônio público;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri- XI - liberar verba pública sem a estrita obser-
mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes vância das normas pertinentes ou influir de
do acervo patrimonial das entidades mencionadas qualquer forma para a sua aplicação irregular;
no art. 1° desta lei; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, ver- terceiro se enriqueça ilicitamente;
bas ou valores integrantes do acervo patrimonial XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam disposição de qualquer das entidades mencionadas
Prejuízo ao Erário no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
dor público, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades.
Já nos atos que causam prejuízo ao erário, não há
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento
um proveito econômico pelo agente, ocorre um prejuí-
que tenha por objeto a prestação de serviços públi-
zo aos cofres públicos. Aqui, o agente vai contribuir cos por meio da gestão associada sem observar
para que outro enriqueça às custas do dinheiro público, as formalidades previstas na lei;
deixar de observar alguma exigência prevista em lei, e XV - celebrar contrato de rateio de consórcio
essa inobservância causa algum prejuízo, por exemplo: público sem suficiente e prévia dotação orça-
frustrar a licitude de licitação ou processo seletivo, acar- mentária, ou sem observar as formalidades
DIREITO ADMINISTRATIVO

retando perda patrimonial etc. Perceba que com esse previstas na lei.
raciocínio não dá para confundir as duas espécies. XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
para a incorporação, ao patrimônio particular de
Art. 10 Constitui ato de improbidade administra- pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou valores públicos transferidos pela administração
omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprova- pública a entidades privadas mediante celebração
damente, perda patrimonial, desvio, apropriação, de parcerias, sem a observância das formali-
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou have- dades legais ou regulamentares aplicáveis à
res das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e espécie;
notadamente: XVII - permitir ou concorrer para que pessoa físi-
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
para a indevida incorporação ao patrimônio parti- ou valores públicos transferidos pela administração
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, pública a entidade privada mediante celebração de
de verbas ou de valores integrantes do acervo patri- parcerias, sem a observância das formalidades
monial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 285
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XVIII - celebrar parcerias da administração VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga-
pública com entidades privadas sem a obser- do a fazê-lo, desde que disponha das condições para
vância das formalidades legais ou regulamen- isso, com vistas a ocultar irregularidades;
tares aplicáveis à espécie; VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
XIX - agir para a configuração de ilícito na mento de terceiro, antes da respectiva divulga-
celebração, na fiscalização e na análise das ção oficial, teor de medida política ou econômica
prestações de contas de parcerias firmadas pela capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
administração pública com entidades privadas; VIII - descumprir as normas relativas à celebra-
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela ção, fiscalização e aprovação de contas de parcerias
administração pública com entidades privadas sem firmadas pela administração pública com entidades
a estrita observância das normas pertinentes privadas.
ou influir de qualquer forma para a sua apli- IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
cação irregular. 2021)
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
de 2021) 2021)
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter-
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
116, de 31 de julho de 2003.
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
§ 1º Nos casos em que a inobservância de forma-
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício
lidades legais ou regulamentares não implicar
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
perda patrimonial efetiva, não ocorrerá impo-
função gratificada na administração pública direta e
sição de ressarcimento, vedado o enriqueci-
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
mento sem causa das entidades referidas no art.
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendi-
1º desta Lei.
do o ajuste mediante designações recíprocas;
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da
XII - praticar, no âmbito da administração pública
atividade econômica não acarretará improbi-
dade administrativa, salvo se comprovado ato e com recursos do erário, ato de publicidade que
doloso praticado com essa finalidade. contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Consti-
tuição Federal, de forma a promover inequívoco
enaltecimento do agente público e personalização
O parágrafo segundo, do referido artigo, reforça a
de atos, de programas, de obras, de serviços ou de
ideia de que os atos descritos na Lei de Improbidade
campanhas dos órgãos públicos.
precisam de dolo, ou seja, a vontade livre e consciente
de alcançar o resultado ilícito.
O nepotismo passou a ser considerado de forma
expressa como ato de improbidade que atenta contra
Dos Atos de Improbidade Administrativa que
princípios. Já existe previsão sobre o nepotismo na
Atentam Contra os Princípios da Administração
Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Fede-
Pública
ral, mas o legislador resolveu incluir, também, no tex-
to da Lei de Improbidade, reforçando a vedação ao
Com relação aos atos de improbidade que aten-
nepotismo.
tam contra os princípios, a conduta do agente de
Tal inclusão se mostra muito importante, pois,
alguma forma vai violar os princípios que norteiam
a atividade da Administração Pública. Como é um rol apesar de já existir uma decisão sumulada a respeito
menor, se você memorizar as hipóteses do art. 11 e da proibição do nepotismo por violar a Constituição
tiver em mente o raciocínio explicado acima nos arts. Federal, a falta de norma expressa sobre o assunto no
9º e 10, fica fácil identificar na questão o que é o enri- âmbito da improbidade administrativa poderia levar
quecimento ilícito e o prejuízo ao erário. a questionamentos com relação à aplicação de san-
ções. Agora, o nepotismo caracteriza ato de improbi-
Art. 11 Constitui ato de improbidade administrativa dade que viola princípios e está sujeito às cominações
que atenta contra os princípios da administra- legais previstas no art. 12, da Lei de Improbidade.
ção pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legali- § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
dade, caracterizada por uma das seguintes condutas: contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente have-
2021) rá improbidade administrativa, na aplica-
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de ção deste artigo, quando for comprovado na
2021) conduta funcional do agente público o fim de
III - revelar fato ou circunstância de que tem obter proveito ou benefício indevido para si ou
ciência em razão das atribuições e que deva per- para outra pessoa ou entidade.
manecer em segredo, propiciando beneficiamento
por informação privilegiada ou colocando em risco a Outro ponto importante diz respeito à previsão do
segurança da sociedade e do Estado; parágrafo primeiro, o qual dispõe que somente have-
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em
rá improbidade administrativa quando for compro-
razão de sua imprescindibilidade para a segurança da
vado o fim de obter proveito ou benefício indevido.
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituí-
das em lei; Novamente o legislador faz ênfase à proibição de
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter haver condutas culposas nos atos de improbidade
concorrencial de concurso público, de chama- administrativa e caberá ao Ministério Público, titu-
mento ou de procedimento licitatório, com vistas lar da ação, provar que nas hipóteses descritas nesse
à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, artigo o agente tinha a finalidade de obter proveito ou
286 ou de terceiros; benefício indevido para si ou para outra pessoa.
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§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a DAS PENAS
quaisquer atos de improbidade administrativa tipi-
ficados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer Em decorrência da independência das instâncias,
outros tipos especiais de improbidade administra- as sanções previstas no art. 12 não excluem a possi-
tiva instituídos por lei. bilidade de responsabilização do agente em âmbito
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na criminal, civil e administrativo.
categoria de que trata este artigo pressupõe Além disso, é importante não confundir o ressar-
a demonstração objetiva da prática de ilega- cimento integral do dano com a multa, são coisas
lidade no exercício da função pública, com a diferentes. O ressarcimento integral do dano ocor-
indicação das normas constitucionais, legais rerá sempre que houver dano; trata-se de uma conse-
ou infralegais violadas. quência lógica decorrente da conduta ilícita. Se, por
exemplo, um agente público incorporar, por qualquer
A exigência do parágrafo 3º diz respeito à neces- forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou
sidade de motivação, fundamentação de todas as ale- valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
gações feitas, assim como deve ser feito nas decisões des referidas na lei, esse agente tem o dever de ressar-
proferidas pelo Judiciário, indicando as normas que cir o dano que foi causado a essa entidade, seja dano
foram violadas pelo agente público. financeiro ou patrimonial. Já a multa é uma sanção
Ou seja, se o Ministério Público ingressou com uma aplicada pela prática do ato ilícito.
ação contra um agente público pelo suposto come- A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe algumas alterações
timento de ato de improbidade administrativa que com relação às sanções. A suspensão dos direitos polí-
atenta contra princípios, não basta citar que cometeu ticos terá prazo máximo de 14 anos e o valor das mul-
tal ato, é preciso demonstrar de forma objetiva e indi- tas diminuiu. Veja:
car as normas constitucionais, legais ou infralegais
que foram violadas. Art. 12 Independentemente do ressarcimento
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das san-
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este ções penais comuns e de responsabilidade, civis e
artigo exigem lesividade relevante ao bem administrativas previstas na legislação específica,
jurídico tutelado para serem passíveis de sancio- está o responsável pelo ato de improbidade sujeito
namento e independem do reconhecimento da às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a
produção de danos ao erário e de enriqueci-
gravidade do fato:
mento ilícito dos agentes públicos
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou
§ 5º Não se configurará improbidade a mera
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda
nomeação ou indicação política por parte dos
da função pública, suspensão dos direitos políticos
detentores de mandatos eletivos, sendo neces-
até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equi-
sária a aferição de dolo com finalidade ilícita
valente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi-
por parte do agente.
ção de contratar com o poder público ou de receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
O legislador deixa claro no § 4º, do art. 11, que os ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
atos de improbidade referidos no artigo exigem lesi- soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo pra-
vidade relevante ao bem jurídico tutelado, ou seja, zo não superior a 14 (catorze) anos;
para que os atos aqui descritos sejam passíveis de II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens
sanção, será necessário que o aplicador da norma (o ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
juiz) no caso concreto observe se a conduta praticada se concorrer esta circunstância, perda da função
foi capaz de causar uma lesividade relevante ao bem pública, suspensão dos direitos políticos até 12
jurídico protegido. (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente
ao valor do dano e proibição de contratar com o
Além disso, a aplicação da sanção por violação aos
poder público ou de receber benefícios ou incenti-
princípios não vai depender da ocorrência de danos
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ao erário ou de enriquecimento ilícito dos agentes. ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
Se, por exemplo, um agente público deixar de prestar qual seja sócio majoritário, pelo prazo não supe-
contas quando estiver obrigado a fazê-lo, com vistas rior a 12 (doze) anos;
a ocultar irregularidades por ele praticadas, e ficar III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de
provado o dolo da conduta mesmo não havendo um multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor
prejuízo ao erário ou enriquecimento, o agente será da remuneração percebida pelo agente e proibição
responsabilizado. de contratar com o poder público ou de receber
DIREITO ADMINISTRATIVO

benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, dire-


ta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
Importante! pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo não superior a 4 (quatro) anos;
Com relação ao ato de frustrar procedimen- IV - (revogado).
to licitatório, tome cuidado, pois o examinador § 1º A sanção de perda da função pública, nas
pode te induzir ao erro, já que tal ato é encontra- hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo,
atinge apenas o vínculo de mesma qualida-
do tanto no art. 10 quanto no art. 11, sendo que
de e natureza que o agente público ou políti-
a diferença é: co detinha com o poder público na época do
Se houver perda patrimonial efetiva → Prejuízo cometimento da infração, podendo o magistra-
ao erário; do, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e
Se não houver perda patrimonial efetiva → Aten- em caráter excepcional, estendê-la aos demais
ta contra princípios. vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e
a gravidade da infração. 287
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O § 1º dispõe que a perda da função pública só vai Além disso, outro ponto importante acrescido pela
alcançar o vínculo que o agente público detinha ao Lei nº 14.230, de 2021, é a necessidade de a sanção de
tempo do cometimento da infração. proibição de contratação com o poder público constar do
Para facilitar seu estudo, vejamos um exemplo: um Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
servidor público efetivo que ocupa o cargo de Analista no (CEIS), observadas as limitações territoriais contidas na
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região na Comarca decisão judicial.
de Belo Horizonte foi licenciado para exercer o mandato
eletivo de Prefeito no Município. No curso do mandato § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurí-
dicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar-se-á
eletivo ele comete ato de improbidade; nessa circunstân-
à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarci-
cia, caso ele seja condenado, a perda da função pública mento do dano e da perda dos valores obtidos,
será aplicada apenas ao mandato eletivo, não atingindo quando for o caso, nos termos do caput deste artigo.
seu cargo efetivo de Analista. § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a
Nas hipóteses previstas no inciso I do caput desse reparação do dano a que se refere esta Lei deverá
artigo (os casos que importam enriquecimento ilícito), deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias
o Magistrado poderá, em caráter excepcional, estender criminal, civil e administrativa que tiver por
a perda da função aos demais vínculos, consideradas as objeto os mesmos fatos.
circunstâncias do caso e a gravidade da infração. § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com
base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de
2013, deverão observar o princípio constitucional do
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o
non bis in idem.
juiz considerar que, em virtude da situação econômica § 8º A sanção de proibição de contratação com o
do réu, o valor calculado na forma dos incisos I, II e poder público deverá constar do Cadastro Nacio-
III do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e nal de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS)
prevenção do ato de improbidade. de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão observadas as limitações territoriais contidas
ser considerados os efeitos econômicos e sociais das em decisão judicial, conforme disposto no § 4º deste
sanções, de modo a viabilizar a manutenção de suas artigo.
atividades. § 9º As sanções previstas neste artigo somente pode-
rão ser executadas após o trânsito em julgado
O § 3º respeita os princípios da razoabilidade e da da sentença condenatória.
proporcionalidade, que consistem basicamente na § 10 Para efeitos de contagem do prazo da san-
ção de suspensão dos direitos políticos, compu-
adequação entre meios e fins e são divididos em três
tar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a
subprincípios:
decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
z Adequação: verificar se a decisão ou conduta alcan-
çará o ato/resultados almejados; Conforme dispõe o § 6º, se um agente estiver sendo
z Necessidade: verificar se há um meio menos gravo- processado pelo mesmo fato nas três esferas (criminal,
so e igualmente eficaz para ser adotado; civil e administrativa) e ocorrer lesão ao patrimônio
z Proporcionalidade em sentido estrito: significa público, a reparação do dano em sede de improbidade
verificar se as restrições decorrentes são compensa- administrativa deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
das pelos benefícios que serão gerados. do nas instâncias referidas.
O § 10 fala sobre a decisão colegiada e o trânsito em
No âmbito da Lei de Improbidade, o objetivo desse julgado da sentença condenatória. A sentença condena-
parágrafo é que, na aplicação das sanções às pessoas jurí- tória transitada em julgado é aquela da qual não caiba
dicas, deve-se levar em consideração os efeitos econômi- mais recurso, tornando-se definitiva. Já a decisão colegia-
cos e sociais para não tornar inviável a continuidade das da é a decisão proferida em 2ª instância. Sendo assim, a
atividades prestadas pela pessoa jurídica. contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos
políticos será a partir da condenação em 2ª instância.
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos rele- Importante lembrar, também, que as sanções trazi-
vantes devidamente justificados, a sanção de das no art. 12 só podem ser executadas após o trânsito
proibição de contratação com o poder público em julgado da sentença condenatória que será profe-
pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de rida após o regular processo judicial que garanta contra-
improbidade, observados os impactos econômicos ditório e ampla defesa ao acusado.
e sociais das sanções, de forma a preservar a função Percebe-se que a parte das disposições gerais da lei, o
social da pessoa jurídica, conforme disposto no § 3º capítulo referente aos atos de improbidade e o capítulo
deste artigo. das penas são os mais cobrados em provas de concursos.
É claro que tudo que está previsto na lei pode ser aborda-
Com relação à sanção de proibição de contratar, em do em provas, mas já que esse é um dos tópicos de maior
incidência, segue um quadro para facilitar a memoriza-
regra, será aplicada só no âmbito do ente lesado, por
ção das sanções previstas na lei.
exemplo, um servidor municipal cometeu um ato de
improbidade que gerou lesão ao erário no respectivo
Município. Sendo assim, a proibição de contratar com o
poder público será aplicada somente ao Município onde
ocorreu a lesão.
No entanto, excepcionalmente e por motivos relevan-
tes devidamente justificados, a sanção de proibição de
288 contratar poderá extrapolar o ente público lesado.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quadro Comparativo das Penas

PREJUÍZO AO
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (ART. ATENTAM CONTRA PRINCÍ-
SANÇÃO ERÁRIO (ART.
9º) PIOS (ART. 11)
10)

Perda da função
Sim Sim ---
pública

Suspensão dos direi-


Até 14 anos Até 12 anos ---
tos políticos

Perda dos bens


acrescidos Sim Sim, se houver ---
ilicitamente

Multa civil Valor do acréscimo patrimonial Valor do dano Até 24X o valor da remuneração

Proibição de contra-
tar ou receber benefí- Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
cios fiscais

Importante: Ressarcimento integral do dano → aplicável sempre que houver dano efetivo.

DA DECLARAÇÃO DE BENS

Na redação anterior, ou o agente entregava a declaração de bens elaborada por ele mesmo ou poderia de
forma facultativa entregar a cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na
conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
Na atual redação, o agente deve entregar a declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Fede-
ral (Declaração de Imposto de Renda). Tal declaração deve ser atualizada anualmente e na data em que o agente
público deixar o cargo. Se o agente deixar de prestar a declaração ou prestá-la falsa, sofrerá a pena de demissão.

Art. 13 A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de impos-
to de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal
do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1º (Revogado).
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o
agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recu-
sar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que
prestar declaração falsa.
§ 4º (Revogado).

DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL

O procedimento administrativo é realizado internamente com o intuito de investigar o suposto ato praticado por
um agente público. O início do processo administrativo pode dar-se de ofício, ou seja, pela própria administração
ou mediante representação de qualquer pessoa. Após a representação, a autoridade determinará a apuração dos
fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente; se for um agente
federal, por exemplo, o procedimento observará a Lei nº 8.112, de 1990.
Já o processo judicial é instaurado no Judiciário mediante petição apresentada pelo Ministério Público, que é o
titular da referida ação, para aplicação das penalidades referidas no art. 12 aos agentes públicos e aos particulares que,
mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou concorram dolosamente para a prática do ato de improbidade.
DIREITO ADMINISTRATIVO

São procedimentos independentes; no processo administrativo serão aplicadas as sanções de natureza administrati-
va, podendo inclusive ser aplicada a pena de demissão. O processo administrativo é mais rápido e a decisão de demissão
em âmbito administrativo produz efeitos imediatos em decorrência dos princípios da autoexecutoriedade e da presun-
ção de legitimidade dos atos. Sendo assim, a entidade que sofreu a lesão poderá instaurar um processo administrativo,
demitir o agente público e na ação judicial haverá a aplicação das demais penalidades referidas na lei.

Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instau-
rada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do repre-
sentante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver
as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos, observada
a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente. 289
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento Para entender melhor, imagine o seguinte. Um
ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de agente público está sendo investigado por, supos-
Contas da existência de procedimento administra- tamente, ter incorporado ao seu patrimônio bens,
tivo para apurar a prática de ato de improbidade. rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patri-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal monial das entidades mencionadas na lei.
ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, Há fortes indícios da prática do referido ato e no
designar representante para acompanhar o proce- curso da investigação o Ministério Público percebe
dimento administrativo. que o agente está começando a dilapidar todo o seu
patrimônio, gerando o perigo de dano irreparável
INDISPONIBILIDADE DE BENS ou de risco ao resultado útil do processo, uma vez
que essa conduta poderia inviabilizar o ressarci-
A indisponibilidade de bens é uma medida caute- mento dos valores indevidamente incorporados.
lar que pode ser requerida antes ou no curso da ação No caso hipotético narrado, se o Ministério Público
principal e visa garantir a futura devolução de dinhei- conseguir convencer o juiz de que a conduta do inves-
ro público em caso de condenação. Imagine que um tigado gera perigo de dano irreparável (desfazer-se
agente público esteja sendo investigado pela possível do patrimônio) ou risco ao resultado útil do proces-
prática de ato que gerou enriquecimento ilícito; é so (impossibilitando a futura reparação do dano), a
possível que o indiciado acabe com todo o seu patri- indisponibilidade de bens será deferida.
mônio, transfira para outras pessoas e ao final do pro-
cesso judicial não seja possível o ressarcimento aos § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada
cofres públicos. Para evitar que isso ocorra, o Ministé- sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contradi-
rio Público irá requerer ao juiz essa medida cautelar tório prévio puder comprovadamente frustrar a
para garantir o ressarcimento do prejuízo quando for efetividade da medida ou houver outras circuns-
proferida a decisão transitada em julgado. tâncias que recomendem a proteção liminar, não
Quando essa medida for deferida pelo juiz, o inves- podendo a urgência ser presumida.
tigado ou indiciado não poderá se desfazer de seus § 5º Se houver mais de um réu na ação, a soma-
bens. Tal medida de certa forma “trava” o patrimônio, tória dos valores declarados indisponíveis não
poderá superar o montante indicado na petição ini-
bloqueia os bens e ele não poderá, por exemplo, ven-
cial como dano ao erário ou como enriquecimento
der imóveis, movimentar aplicações financeiras, valo-
ilícito.
res em conta bancária etc. Foram acrescidos alguns § 6º O valor da indisponibilidade considerará a
artigos que regulamentam de forma mais detalhada estimativa de dano indicada na petição inicial,
a indisponibilidade. Além disso, não existe mais o permitida a sua substituição por caução idô-
sequestro de bens na lei. nea, por fiança bancária ou por seguro-garan-
tia judicial, a requerimento do réu, bem como a
Art. 16 Na ação por improbidade administrativa sua readequação durante a instrução do processo.
poderá ser formulado, em caráter antecedente § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro
ou incidente, pedido de indisponibilidade de dependerá da demonstração da sua efetiva
bens dos réus, a fim de garantir a integral recom- concorrência para os atos ilícitos apurados
posição do erário ou do acréscimo patrimonial ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da
resultante de enriquecimento ilícito. instauração de incidente de desconsideração
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, da personalidade jurídica, a ser processado
de 2021) na forma da lei processual.
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida
se refere o caput deste artigo poderá ser formu- por esta Lei, no que for cabível, o regime da tutela
lado independentemente da representação de provisória de urgência da Lei nº 13.105, de 16 de
que trata o art. 7º desta Lei. março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibili- § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida
dade de bens a que se refere o caput deste artigo relativa à indisponibilidade de bens caberá agra-
incluirá a investigação, o exame e o bloqueio vo de instrumento, nos termos da Lei nº 13.105,
de bens, contas bancárias e aplicações finan- de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos § 10 A indisponibilidade recairá sobre bens que
termos da lei e dos tratados internacionais. assegurem exclusivamente o integral ressar-
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que cimento do dano ao erário, sem incidir sobre
se refere o caput deste artigo apenas será defe- os valores a serem eventualmente aplicados a
rido mediante a demonstração no caso concreto título de multa civil ou sobre acréscimo patri-
de perigo de dano irreparável ou de risco ao monial decorrente de atividade lícita.
resultado útil do processo, desde que o juiz se § 11 A ordem de indisponibilidade de bens deve-
convença da probabilidade da ocorrência dos atos rá priorizar veículos de via terrestre, bens imó-
descritos na petição inicial com fundamento nos veis, bens móveis em geral, semoventes, navios e
respectivos elementos de instrução, após a oitiva aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e
do réu em 5 (cinco) dias. empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas
na inexistência desses, o bloqueio de contas bancá-
rias, de forma a garantir a subsistência do acusado
Importante ressaltar que agora a lei exige a
e a manutenção da atividade empresária ao longo
demonstração de perigo irreparável, antes o Supe- do processo.
rior Tribunal de Justiça entendia que o periculum in § 12 O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilida-
mora — perigo da demora — era implícito, presumido de de bens do réu a que se refere o caput deste arti-
no referido dispositivo. Com as alterações, é preciso go, observará os efeitos práticos da decisão, vedada
demonstrar perigo de dano irreparável ou de risco ao a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à
290 resultado útil do processo. prestação de serviços públicos.
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§ 13 É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados
em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta corrente.
§ 14 É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel
seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.

A nova lei trouxe alguns dispositivos que possivelmente vão gerar uma certa discussão entre doutrinadores e
estudiosos do direito administrativo e talvez você já tenha até lido algum artigo a respeito ou ouviu algum profes-
sor falando sobre isso, mas para provas de concursos, fique com o que está previsto na letra da lei. Para facilitar
o entendimento deste tópico, veja o fluxograma que segue:

Em caráter antecedente ou incidente


— antes ou no curso da ação principal
Pedido formulado pelo
Ministério Público Garantir a integral recomposição do
erário ou do acréscimo patrimonial
resultante de enriquecimento ilícito

INDISPONIBILIDADE O pedido deve Desde que o juiz se convença da


DE BENS demonstrar: probabilidade dos atos descritos,
após a oitiva do réu em 5 dias
� Perigo de dano
irreparável Não incide sobre:
� Ou risco do � Multa civil
resultado útil do
� Acréscimo patrimonial decorrente
processo
de atividade lícita

A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomen-
dem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
A lei, em seu § 11, art. 16, traz uma ordem para que o juiz determine a indisponibilidade dos bens, qual seja:

z Veículos de via terrestre;


z Bens imóveis;
z Bens móveis em geral;
z Semoventes;
z Navios e aeronaves;
z Ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
z Pedras e metais preciosos;
z Apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do acusado
e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.

Além disso, existem hipóteses em que a indisponibilidade de bens será vedada, §§ 13 e 14, do art. 16:

z Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações
financeiras ou em conta corrente;
z Bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.

PROCESSO JUDICIAL

No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada tinham
legitimidade para dar início à ação judicial de improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº 14.230, de 2021,
o Ministério Público passa a ser o único legitimado para propor a ação.

Art. 17 A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o
procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º (Revogado).
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4º (Revogado).
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou
da pessoa jurídica prejudicada.
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste artigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações pos-
teriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6º A petição inicial observará o seguinte:
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elementos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das
hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibilidade devidamente fundamentada;
II - será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a
legislação vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
de Processo Civil). 291
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as no polo passivo da demanda, poderá, em deci-
tutelas provisórias adequadas e necessárias, nos são motivada, converter a ação de improbidade
termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de 16 de administrativa em ação civil pública, regulada
março de 2015 (Código de Processo Civil). pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos
do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 A possibilidade de conversão de ação de improbi-
(Código de Processo Civil), bem como quando não dade administrativa em ação civil pública é uma for-
preenchidos os requisitos a que se referem os incisos ma de viabilizar a economia processual. Da decisão de
I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifes- conversão caberá recurso de agravo de instrumento.
tamente inexistente o ato de improbidade imputado.
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma,
§ 17 Da decisão que converter a ação de impro-
o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação
bidade em ação civil pública caberá agravo de
dos requeridos para que a contestem no prazo instrumento.
comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na for- § 18 Ao réu será assegurado o direito de ser interro-
ma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de gado sobre os fatos de que trata a ação, e a sua recu-
2015 (Código de Processo Civil). sa ou o seu silêncio não implicarão confissão.
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de § 19 Não se aplicam na ação de improbidade
2021) administrativa:
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de I - a presunção de veracidade dos fatos alegados
2021) pelo autor em caso de revelia;
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões prelimina- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma
res suscitadas pelo réu em sua contestação caberá dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de
agravo de instrumento. março de 2015 (Código de Processo Civil);
§ 10 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de III - o ajuizamento de mais de uma ação de impro-
2021) bidade administrativa pelo mesmo fato, com-
§ 10-A Havendo a possibilidade de solução consen- petindo ao Conselho Nacional do Ministério Público
sual, poderão as partes requerer ao juiz a inter- dirimir conflitos de atribuições entre membros de
rupção do prazo para a contestação, por prazo Ministérios Públicos distintos;
não superior a 90 (noventa) dias. IV - o reexame obrigatório da sentença de impro-
§ 10-B Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido cedência ou de extinção sem resolução de mérito.
o autor, o juiz: § 20 A assessoria jurídica que emitiu o parecer
I - procederá ao julgamento conforme o estado do pro- atestando a legalidade prévia dos atos adminis-
cesso, observada a eventual inexistência manifesta do trativos praticados pelo administrador público fica-
ato de improbidade; rá obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a venha a responder ação por improbidade admi-
otimizar a instrução processual. nistrativa, até que a decisão transite em julgado.
§ 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz pro- § 21 Das decisões interlocutórias caberá agra-
ferirá decisão na qual indicará com precisão a tipifica- vo de instrumento, inclusive da decisão que rejei-
ção do ato de improbidade administrativa imputável tar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua
ao réu, sendo-lhe vedado modificar o fato principal e a contestação.
capitulação legal apresentada pelo autor.
§ 10-D Para cada ato de improbidade administrativa, ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL
deverá necessariamente ser indicado apenas um tipo
dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais
§ 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste arti- detalhada os requisitos para que se possa realizar um
go, as partes serão intimadas a especificar as provas
acordo de não persecução civil no âmbito da improbi-
que pretendem produzir.
dade administrativa. Trata-se de um acordo celebrado
§ 10-F Será nula a decisão de mérito total ou par-
entre o Ministério Público e pessoas físicas ou jurídi-
cial da ação de improbidade administrativa que:
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele defi- cas investigadas pela prática de improbidade admi-
nido na petição inicial; nistrativa com o intuito de não prosseguir com a ação
II - condenar o requerido sem a produção das provas caso o acordo seja aceito e homologado pelo Judiciá-
por ele tempestivamente especificadas. rio; entretanto, para a aplicação desse acordo, devem
§ 11 Em qualquer momento do processo, verificada ser observados alguns requisitos, veja:
a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará a
demanda improcedente. Art. 17-B O Ministério Público poderá, confor-
§ 12 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de me as circunstâncias do caso concreto, celebrar
2021) acordo de não persecução civil, desde que dele
§ 13 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de advenham, ao menos, os seguintes resultados:
2021) I - o integral ressarcimento do dano;
§ 14 Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídi- II - a reversão à pessoa jurídica lesada da van-
ca interessada será intimada para, caso queira, inter- tagem indevida obtida, ainda que oriunda de
vir no processo. agentes privados.
§ 15 Se a imputação envolver a desconsideração de § 1º A celebração do acordo a que se refere o caput
pessoa jurídica, serão observadas as regras previstas deste artigo dependerá, cumulativamente:
nos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de I - da oitiva do ente federativo lesado, em momen-
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). to anterior ou posterior à propositura da ação;
§ 16 A qualquer momento, se o magistrado iden- II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta)
tificar a existência de ilegalidades ou de irregu- dias, pelo órgão do Ministério Público competen-
laridades administrativas a serem sanadas sem te para apreciar as promoções de arquivamento
que estejam presentes todos os requisitos para de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento
292 a imposição das sanções aos agentes incluídos da ação;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento da
ação de improbidade administrativa.
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo considerará a personalidade
do agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem
como as vantagens, para o interesse público, da rápida solução do caso.
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas
competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias.
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser celebrado no curso da investigação de apuração
do ilícito, no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério
Público, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá contemplar a adoção de mecanismos e procedi-
mentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação
efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras
medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas.
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará
impedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério Público do
efetivo descumprimento.

Legitimidade para propor Ministério Público

I - integral ressarcimento do dano


II - reversão à pessoa jurídica lesada
Resultados da vantagem indevida obtida ainda
que oriunda de agentes privados

ACORDO DE NÃO I - oitiva do ente federativo lesado,


PERSECUÇÃO CIVIL em momento anterior ou posterior à
propositura de ação

II - aprovação no prazo de até


60 dias, pelo órgão do Ministério
Público competente para apreciar
Procedimento adotado (hipóteses as promoções de arquivamento
cumulativas) § 1º, art. 17-B de inquéritos civis, se anterior ao
ajuizamento da ação

III - homologação judicial,


independentemente de acordo
ocorrer antes ou depois do
ajuizamento da ação de improbidade
administrativa

O acordo de não persecução civil poderá ser realizado em 3 momentos:

z No curso da investigação de apuração do ilícito;


z No curso da ação de improbidade;
z No momento da execução da sentença condenatória.

O art. 17-C estabelece que a sentença deverá observar, além dos requisitos previstos no Código de Processo
Civil, também os trazidos na lei. Destaca-se que o § 2º fala sobre a hipótese de litisconsórcio passivo, que ocorre
quando se tem mais de um réu no processo. Nessas circunstâncias, a lei prevê que a condenação ocorrerá no
limite da participação e dos benefícios diretos de cada um, vedada qualquer solidariedade; ou seja, cada réu
responderá pela sua participação ou de acordo com os seus benefícios em decorrência da prática do ato ilícito.

Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489
DIREITO ADMINISTRATIVO

da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil):


I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta
Lei, que não podem ser presumidos;
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre que decidir com base em valores jurídicos abstratos;
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicio-
nado a ação do agente;
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada ou cumulativa:
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
c) a extensão do dano causado;
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente;
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva;
g) os antecedentes do agente; 293
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V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das sanções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente;
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso, a sua atuação específica, não
admitida a sua responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver concorrido ou das quais não tiver
obtido vantagens patrimoniais indevidas;
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a imposição da sanção.
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de improbidade.
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e dos benefícios diretos,
vedada qualquer solidariedade.
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.
Art. 17-D A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à
aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado seu ajuiza-
mento para o controle de legalidade de políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade
de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por danos ao meio ambiente, ao consumi-
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso
ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 18 A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressar-
cimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, conforme o caso, em
favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a essa determi-
nação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio
público ou à perda ou à reversão dos bens.
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências a que se refere o § 1º deste artigo no
prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da ação, caberá ao
Ministério Público proceder à respectiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença referente ao
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem prejuízo de eventual responsa-
bilização pela omissão verificada.
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os serviços efetivamente prestados.

O § 4º estabelece a possibilidade de parcelamento em até 48 parcelas do débito decorrente da condenação, mas


para isso o réu tem que demonstrar que não pode efetuar todo o pagamento de uma só vez.

§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais corrigidas moneta-
riamente, do débito resultante de condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu demonstrar
incapacidade financeira de saldá-lo de imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 18-A A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará eventuais sanções
aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual continuidade de ilícito ou a
prática de diversas ilicitudes, observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um ter-
ço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)

O art. 18-A traz a possibilidade de unificação das penas. Após o juiz proferir a sentença judicial transitada em
julgado, da qual não caiba mais recurso, a próxima fase é cumprir o que foi determinado na sentença. Nessa fase de
cumprimento, o juiz unificará, ou seja, vai reunir eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em outros
processos da seguinte forma:

z Se houver continuidade de ilícito, o juiz aplica a maior sanção aumentada de 1/3 (um terço), ou soma as
penas optando por aquilo que for mais benéfico ao réu;
z No caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.

Importante!
Nas hipóteses do art. 18-A, a suspensão de direitos políticos e a proibição de contratar ou de receber incenti-
vos fiscais observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos (parágrafo único, do art. 18-A).

Esquematizando alguns pontos importantes:

294
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Proposta pelo MP,
único legitimado
(art. 17)

Natureza repressiva,
caráter sancionatório
(art. 17-D)

Se não se identificam O juiz pode converter


AÇÃO todos os requisitos a ação de improbidade
JUDICIAL para a caracterização em ação civil pública
do ato de improbidade (§ 16, art. 17)

A assessoria jurídica que emitiu o parecer


atestando a legalidade prévia dos atos
administrativos praticados pelo administrador
público ficará obrigada a defendê-lo
judicialmente, caso este venha a responder
a ação por improbidade administrativa até o
trânsito em julgado (§ 20, art. 17)

Importante: não existe mais a defesa preliminar; o requerido já será citado para apresentar a contestação.

DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

As sanções trazidas na Lei de Improbidade Administrativa têm natureza repressiva, de caráter sancionatório.
O único momento em que a lei trata de alguma sanção penal é no art. 19, mas nesse caso a sanção será aplicada
ao denunciante e não ao agente que cometeu ato de improbidade.

Art. 19 Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instru-
ção processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual prazo, mediante decisão motivada.

Muitas pessoas acham estranho quando se fala que o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função ocorrerá sem prejuízo da sua remuneração, mas isso ocorre em decorrência da presunção de
inocência. Todos se presumem inocentes até que se prove o contrário por meio do devido processo legal.
Portanto, enquanto não houver uma decisão condenatória, não é possível que o servidor seja, desde já, conde-
nado a perder sua remuneração. Esse afastamento ocorrerá quando for necessário para a instrução processual ou
para evitar o cometimento de novos ilícitos. Por não ser uma sanção, deverá ter prazo determinado de até 90 dias,
podendo ser prorrogado mais uma vez por igual prazo. O afastamento não é por 90 dias e sim por até 90 dias,
sendo assim, se o for determinado que o agente se afaste por 60 dias, a prorrogação só poderá ser por mais 60 dias.

Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:


I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas
previstas no art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz quando tiverem servido de funda-
DIREITO ADMINISTRATIVO

mento para a conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes decisões deverão ser consideradas na
formação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem
pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede o
trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no
art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as sanções apli-
cadas nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22 Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14
desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a ins-
tauração de inquérito policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 295
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Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a oportunidade
de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

SENTENÇAS CIVIS E PENAIS PRODUZIRÃO EFEITOS EM RELAÇÃO À AÇÃO DE IMPROBIDADE QUANDO


CONCLUÍREM:

Pela inexistência da conduta Pela negativa da autoria

A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM AÇÃO QUE DISCUTA OS MESMOS FATOS, CONFIRMADA POR DECISÃO
COLEGIADA:

Impede o trâmite da ação de improbidade, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previs-
tos no CPP

DA PRESCRIÇÃO

A prescrição ocorre quando o decurso do tempo impede que o titular da ação de improbidade possa aplicar a
sanção ao suposto autor do ato de improbidade. Esse instituto existe no direito brasileiro para resguardar a segu-
rança jurídica. Sendo assim, o Estado tem um tempo determinado para poder sancionar os atos de improbidade.
A demora do Estado extingue a possibilidade de punir o suposto autor do ato ímprobo praticado por agentes
públicos e particulares.
Se, por exemplo, um agente público comete ato de improbidade que causa prejuízo ao erário, o Ministério
Público tem um prazo para ingressar com a ação e efetivar as sanções previstas na lei; passado o prazo, o Estado
não poderá mais responsabilizar o acusado.
Importante! Atente-se para este julgado, que trata da imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário:

Tese de repercussão geral STF nº 897 São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.3

Com as alterações da Lei nº 14.230, de 2021, o prazo prescricional passou a ser de 8 (oito) anos em todas as
hipóteses e a contagem se dá a partir da ocorrência do fato.

Art. 23 A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência. (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado);
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos referidos
nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corridos, reco-
meçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias,
se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do prazo
previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para a
prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a
qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os
marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.

A lei traz hipóteses de suspensão e de interrupção do prazo prescricional. Vejamos:

3 [Lei 8.429, de 1992, arts. 9 a 11 (1)]. RE 852475/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 8.8.2018.
296 (RE-852475)
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Suspensão: após a instauração de inquérito civil ou de processo administrativo, o prazo prescricional suspen-
de por até 180 dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo,
esgotado o prazo de suspensão;
z Interrupção: após a ocorrência das hipóteses previstas, volta a contar o prazo do zero.

Os conceitos de interrupção e suspensão são trazidos pela doutrina e é importante saber a diferença entre os
institutos para entender o conteúdo.
O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos, o Ministério Público apresenta a ação e no dia
da apresentação o prazo será interrompido. Na interrupção o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a apre-
sentação da Ação de Improbidade Administrativa pelo Ministério Público voltaríamos a contar os 8 anos, mas na
prescrição intercorrente do § 5º o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer então que
o prazo da prescrição intercorrente será de 4 anos.
Outro ponto importante é sobre a possibilidade de o Ministério Público, de ofício, a requerimento de auto-
ridade administrativa ou mediante representação, instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo
assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial para apurar os ilícitos.
Percebe-se aqui algumas possibilidades trazidas pela lei para que o Ministério Público possa obter os ele-
mentos necessários para a instauração da ação de improbidade administrativa. E conforme os §§ 2º e 3º, art. 23,
o inquérito civil deve respeitar o prazo de 365 dias, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período.

Importante!
O prazo do inquérito civil é de 365 dias corridos, prorrogável uma vez por igual período mediante fundamen-
tação, ou seja, 365 + 365. Cuidado com as provas: são 365 dias e não 1 ano.

Prorrogável uma única vez por igual


período, mediante ato fundamentado
Será concluído no prazo de 365 dias
corridos Encerrado o prazo, a ação deverá ser
proposta no prazo de 30 dias, se não for
INQUÉRITO CIVIL caso de arquivamento de inquérito civil

Em 8 anos, contados a partir da ocorrência


A ação para a aplicação das sanções do fato ou, no caso de infrações
previstas na lei em estudo prescreve permanentes, do dia em que cessou a
permanência

Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolu-
mentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de improbidade se com-
provada má-fé.
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão responsabilizados nos termos
da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
Das Disposições Finais
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
disposições em contrário.
DIREITO ADMINISTRATIVO

REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presi-
dência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Aces-
so em: 26 set. 2022.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Portal da Câmara dos Deputados, 2022. Disponível em: https://www.camara.leg.
br/. Acesso em: 26 set. 2022.
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019.
CARVALHO, M. Manual de Direito Administrativo. 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Guia da política de governança pública. Brasília: Casa Civil
da Presidência da República, 2018.
CASTRO JÚNIOR, R. de. Manual de Direito Administrativo. 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2020.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. b) A responsabilidade administrativa exime o funcionário
34ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2019. da responsabilidade civil ou criminal, pois estas são
PLANALTO. Portal da Legislação, 2022. Disponí- dependentes.
vel em: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. c) Caracteriza-se especialmente a responsabilidade pela
Acesso em: 26 set. 2022. falta ou inexatidão das necessárias averbações nas
SENADO FEDERAL. Senado Federal, 2022. Dispo- notas de despacho, guias e outros documentos da
nível em: https://www12.senado.leg.br/hpsenado. receita, ou que tenham com eles relação.
Acesso em: 26 set. 2022. d) A importância da indenização deverá ser descontada
da remuneração do funcionário, não excedendo o des-
conto de 20% (vinte por cento) do valor bruto.
e) Nos casos em que o funcionário é obrigado a repor
HORA DE PRATICAR! a importância do prejuízo causado para indenizar a
Fazenda Estadual, ser-lhe-á facultado optar pela for-
ma de reposição com o devido desconto em seus
1. (VUNESP — 2021) Cícero, que é funcionário público
vencimentos.
estadual, havia sido demitido do serviço público, mas,
posteriormente, foi absolvido pela Justiça, em decisão
4. (VUNESP — 2019) O funcionário é responsável por
que negou a existência da sua autoria. Nessa situa-
todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à
ção hipotética, portanto, considerando o Estatuto dos
Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, é
apurados. Conforme disciplinado na Lei nº 10.261/68,
correto afirmar que Cícero deverá ser
caracteriza-se especialmente a responsabilidade
quando o funcionário
a) reintegrado ao serviço público, em cargo superior ao
que ocupava e com todos os direitos e vantagens devi-
a) valer-se de sua qualidade para desempenhar ativi-
das, mediante certidão do cartório judicial que com-
dade estranha às suas funções para lograr qualquer
prove o teor da decisão absolutória.
proveito.
b) reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava
b) retirar, sem prévia permissão da autoridade compe-
e com todos os direitos e vantagens devidas, median-
tente, qualquer documento ou objeto existente na
te simples comprovação do trânsito em julgado de
repartição.
decisão judicial.
c) fundar sindicatos de funcionários ou dele fazer parte.
c) reincorporado ao serviço público, em cargo equivalen-
d) cometer faltas, danos, avarias e quaisquer outros pre-
te ao que ocupava e com todos os direitos e vantagens
juízos que sofrerem os bens e os materiais sob a sua
devidas, mediante certidão do cartório judicial que
guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização.
comprove a decisão absolutória.
e) incitar greves ou a elas aderir.
d) readmitido em outro cargo diferente do que ocupava,
sem os direitos e vantagens do cargo anterior, median-
5. (VUNESP — 2018) Arceus Cipriano foi processado cri-
te certidão do cartório judicial que comprove o teor da
minalmente sob a acusação de cometimento de crime
decisão absolutória.
contra a administração pública e pelos mesmos fatos
e) readmitido ao serviço público, no mesmo cargo ou em
também foi demitido do cargo público que ocupava.
cargo equivalente, com todos os direitos e vantagens Contudo, na seara criminal, logrou êxito em comprovar
devidas, mediante simples comprovação do trânsito que não foi o autor dos fatos, tendo sido absolvido por
em julgado de decisão judicial. esse fundamento, na instância criminal. Diante disso,
assinale a alternativa correta, nos termos do Estatu-
2. (VUNESP — 2019) Nos termos da Lei nº 10.261/68, to dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São
constitui um dos deveres do funcionário, dentre vários Paulo.
outros,
a) Arceus terá direito à reintegração ao serviço público,
a) residir no local onde exerce o cargo ou onde for no cargo que ocupava e com todos os direitos e van-
autorizado. tagens devidas, mediante simples comprovação do
b) abandonar o local de trabalho quando sofrer ofensas trânsito em julgado da decisão absolutória no juízo
físicas ou morais. criminal.
c) participar de todas as reuniões convocadas pelo sindi- b) Como a responsabilidade administrativa é indepen-
cato de classe. dente da civil e da criminal, a absolvição de Arceus
d) omitir-se diante das irregularidades cometidas pelo Cipriano na justiça criminal em nada altera decisão
seu chefe imediato. proferida na esfera administrativa.
e) retirar, ainda que com a anuência do seu superior ime- c) A demissão é nula porque a Administração Pública não
diato, qualquer objeto existente na repartição. deveria ter processado administrativamente Arceus e
proferido decisão demissória antes do trânsito em jul-
3. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei nº gado da sentença no processo criminal.
10.261/68, o funcionário é responsável por todos os d) Arceus poderá pedir o desarquivamento e a revisão da
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda decisão administrativa que o demitiu, utilizando como
Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados. documento novo a sentença absolutória proferida no
processo criminal.
Com relação ao tema, assinale a alternativa correta. e) Se a absolvição criminal ocorreu depois do prazo de
interposição do recurso da decisão demissória pro-
a) Será responsabilizado o funcionário que delegar a ferida no processo administrativo, não será possível
pessoas estranhas às repartições o desempenho de Arceus valer-se da sentença criminal para buscar a
298 encargos que lhe competirem, sem exceções. anulação da demissão.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
6. (VUNESP — 2022) A Lei Estadual no 10.261/68 dispõe Nesse caso, e conforme dispõe a Lei nº 10.261/68,
que será aplicada a pena de cassação de aposentado- após as devidas apurações pela autoridade compe-
ria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo tente, ele poderá sofrer a seguinte penalidade:

a) apresentava vício de jogos proibidos. a) demissão, quando verificada a impossibilidade de sua


b) praticou ato definido em lei como de improbidade. readaptação.
c) exerceu a advocacia administrativa. b) demissão a bem do serviço público.
d) praticou ato definido como crime hediondo ou tráfico c) suspensão por até 120 (cento e vinte) dias.
ilícito de entorpecentes. d) repreensão verbal.
e) aceitou ilegalmente cargo ou função pública. e) multa de até 2/3 (dois terços) dos seus vencimentos.

7. (VUNESP — 2021) Medéia, funcionária pública esta- 10. (VUNESP — 2018) Consoante o Estatuto dos Funcio-
dual, praticou, quando em atividade, falta grave para nários Públicos Civis do Estado de São Paulo, será
a qual é cominada a pena de demissão prevista no aplicada a pena de demissão nos casos de
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de
a) pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores
São Paulo. Porém, a portaria que instaurou o respecti-
a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
vo processo administrativo para apuração da infração
repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização.
foi publicada somente dois anos após Medéia ter se
b) aplicação indevida de dinheiros públicos.
aposentado do serviço público.
c) prática, em serviço, de ofensas físicas contra funcio-
nários ou particulares.
Nessa situação hipotética, considerando, ainda, o fato d) exercício de advocacia administrativa.
de que a falta cometida ocorreu um ano antes de sua e) prática de insubordinação grave.
aposentadoria, é correto afirmar que Medéia
11. (VUNESP — 2021) Considerando o disposto no Esta-
a) poderá ter sua aposentadoria cassada, uma vez que a tuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São
inatividade não impede a aplicação da sanção e não Paulo, assinale a alternativa correta a respeito das nor-
se operou a prescrição nesse caso. mas do processo administrativo.
b) deverá retornar ao serviço público, para trabalhar
pelo mesmo período que ficou aposentada, devendo a) Não poderá ser encarregado da apuração, paren-
pagar multa de até 5 vezes o valor dos seus proventos te consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
mensais. podendo atuar apenas como secretário no processo.
c) estaria sujeita à pena de cassação de sua aposentado- b) Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
ria, mas a portaria foi instaurada intempestivamente, do- se a constituir advogado, o presidente nomeará
tendo ocorrido a prescrição da pena. advogado dativo.
d) não mais poderá ser punida em razão de ter se apo- c) O acusado tem o direito de assistir à inquirição do
sentado, independentemente da data da portaria que denunciante, para que tenha ciência pessoal das
instaurou o processo administrativo. declarações que aquele deverá prestar em audiência.
e) estará sujeita apenas às penas de multa e ressar- d) Não comparecendo o acusado no interrogatório, será
cimento aos cofres públicos dos valores recebidos decretada sua condenação, podendo, contudo, partici-
durante todo o período da sua aposentadoria. par dos demais atos do processo até a fase recursal.
e) O acusado poderá, até a fase do seu interrogatório,
8. (VUNESP — 2019) Mário, que ocupava o cargo de con- constituir advogado para prosseguir na sua defesa,
tador no Tribunal de Justiça de São Paulo, está apo- vedada a constituição depois dessa fase processual.
sentado por tempo de serviço há 18 (dezoito) meses.
No início do ano de 2018, foi instaurado um processo 12. (VUNESP — 2021) A respeito das testemunhas no
administrativo no qual foi apurado que ele, durante o processo administrativo, o Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis estabelece que
período de atividade, aceitou ilegalmente outra função
pública.
a) nenhuma testemunha poderá se recusar a depor em
razão de função, ministério, ofício ou profissão.
De acordo com o que disciplina a Lei nº 10.261/68, a
b) o presidente e cada acusado poderão arrolar até 5
pena a ser aplicada a Mário será
(cinco) testemunhas.
c) as testemunhas de defesa terão competência para
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) suspensão do pagamento dos proventos relativos à fazer prova dos antecedentes do acusado.
aposentadoria, por até 6 (seis) meses. d) se tratando de servidor público, sua oitiva em audiên-
b) cassação da aposentadoria. cia se dará em segredo de justiça.
c) suspensão da aposentadoria e aplicada a pena de e) o Presidente poderá recusar até três testemunhas
demissão. arroladas pela defesa, que poderá substituí-las, se
d) multa no valor total da remuneração que recebeu em quiser.
razão da função ilegal.
e) suspensão da aposentadoria e colocado em 13. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei nº 10.261/1968,
disponibilidade. quanto ao procedimento disciplinar, assinale a alterna-
tiva correta.
9. (VUNESP — 2019) Mário, que ocupa há dez anos o car-
go efetivo de Médico Judiciário no Tribunal de Justiça a) A demissão a bem do serviço público acarreta a
de São Paulo, vem demonstrando ineficiência no servi- incompatibilidade permanente para nova investidura
ço, não cumprindo devidamente as sua obrigações. em cargo, função ou emprego público. 299
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) A prova de antecedentes do acusado pode ser feita a) todos os envolvidos poderiam sofrer as penas da Lei
por todos os meios de prova em direito admitidos, tais de Improbidade, que se aplica a pessoas físicas e jurí-
como documentos, testemunhas, perícias etc. dicas, desde que tenham agido dolosamente, tanto por
c) Será instaurada sindicância quando a falta discipli- ação quanto por omissão, mas, na presente hipótese,
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de não restou caracterizada a improbidade em razão de
demissão ou disponibilidade. Atenas não ser entidade pública, que apenas recebe
d) Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá incentivo fiscal.
substituí-la, se quiser, levando, na mesma data desig- b) Deltóide não poderá sofrer qualquer pena, uma vez que
nada para a audiência, outra testemunha, independen- a lei de improbidade não se aplica à pessoa jurídica,
temente de notificação. mas Hércules se sujeitará às penas da Lei, indepen-
e) No processo administrativo, se houver denunciante, dentemente de dolo ou culpa, enquanto Ísis e Labão
este deverá prestar declarações depois do interroga- ficarão sujeitos às penas da referida Lei, desde que
tório do acusado, devendo ser notificado para tal fim. tenham agido dolosamente.
c) Ísis, por não ser agente público e nem a diretora da
14. (VUNESP — 2018) De acordo com a Lei no 10.261/1968, empresa, não será apenada pela Lei de Improbidade,
no que concerne aos recursos no processo adminis- enquanto Deltóide e Labão ficarão sujeitos às penas
trativo, é correta a seguinte afirmação: da Lei, mas Hércules somente responderá nos moldes
da Lei se agiu com dolo ou culpa.
a) O prazo para recorrer é de 15 (quinze) dias, contados d) a Lei de Improbidade não se aplica a Labão, por ser
da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial agente político e por não ter agido por meio de con-
do Estado ou da intimação do procurador do servidor, duta comissiva, mas Deltóide ficará sujeita às penas
se for o caso. da Lei, enquanto Ísis e Hércules somente poderão ser
b) Não cabe pedido de reconsideração de decisão toma- apenados na hipótese de terem agido dolosamente.
da pelo Governador do Estado em única instância. e) a Lei de Improbidade se aplica à Deltóide, mas Hércu-
c) O recurso não poderá ser apreciado pela autoridade com- les não responderá pelo mesmo ato de improbidade,
petente se incorretamente denominado ou endereçado. salvo se houve sua comprovada participação e benefí-
d) O recurso será apresentado ao superior hierárquico cios diretos, caso em que responderá no limite da sua
da autoridade que aplicou a pena, que, em 15 (quin- participação, enquanto Ísis e Labão ficarão sujeitos às
ze) dias, de forma motivada, deve manter a decisão ou penas da Lei, se agiram dolosamente.
reformá-la.
e) Os recursos não têm efeito suspensivo; e os que 17. (VUNESP — 2021) Perseu cometeu ato de improbida-
forem providos darão lugar às retificações necessá- de que causou lesão ao patrimônio público e lhe propi-
rias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. ciou enriquecimento ilícito. Narciso, que é a autoridade
responsável para a apuração da referida conduta, com
15. (VUNESP — 2021) A teor do que dispõe o Estatuto dos fundamento na Lei no 8.429/92, procedeu à abertura
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo a do inquérito cabível no caso.
respeito dos recursos e da revisão, no âmbito do pro-
cesso administrativo, é correto afirmar que Nessa situação hipotética, caberá a Narciso
representar
a) não caberá recurso ou pedido de reconsideração de
decisão tomada pelo Governador do Estado em única a) ao Juiz Cível, para a aplicação de multa civil a Perseu.
instância. b) ao Juiz Criminal, para as devidas sanções penais a
b) a autoridade que aplicou a penalidade não poderá apre- Perseu.
ciar o pedido de revisão quanto à sua admissibilidade. c) à Autoridade Policial, para a investigação da conduta
c) entre outros efeitos, a decisão que julgar procedente a de Perseu.
revisão poderá modificar a pena ou anular o processo. d) à Justiça Eleitoral, para a suspensão dos direitos polí-
d) nenhum recurso será admitido se incorretamente ticos de Perseu.
denominado ou endereçado. e) ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
e) do recurso deverá constar a exposição das razões de bens de Perseu.
inconformismo e o comprovante do recolhimento da
taxa recursal. 18. (VUNESP — 2021) Segundo o que estabelece a Lei
nº 8.429/92, na hipótese de funcionário público que
16. (VUNESP — 2022) Hércules é empresário, diretor da cometeu ato de improbidade administrativo, ensejan-
empresa privada Deltóide Engenharia, que está sen- do seu enriquecimento ilícito pessoal, devidamente
do acusada de cometer ato de improbidade contra o comprovado pelo competente processo administrati-
patrimônio da Atenas S/C, entidade privada que recebe vo, mas que veio a falecer antes de ressarcir os cofres
incentivo fiscal do poder público. Ísis, por sua vez, que é públicos, é correto afirmar que o seu sucessor
secretária executiva da Deltóide, está sendo acusada de
ter induzido à prática da improbidade na celebração do a) será obrigado a reparar os danos integralmente, inde-
convênio que teria gerado os danos aos cofres da Ate- pendentemente do seu valor.
nas. E, por fim, Labão, agente político, responsável pela b) poderá vir a ser condenado a pagar pelos danos, se o
intermediação do convênio, teria contribuído com os pre- falecido não possuía bens.
juízos por conduta omissiva na sua execução. c) não poderá ser responsabilizado, pois a pena não
pode passar da pessoa do condenado.
Nessa situação hipotética, considerando o disposto na d) ficará sujeito às cominações da Lei até o limite do
Lei de Improbidade Administrativa (Lei no 8.429/1992, valor da herança.
alterada pela Lei no 14.230/2021), é correto afirmar e) ficará sujeito às cominações da Lei até o limite do
300 que valor do dano causado.
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19. (VUNESP — 2022) De acordo com os termos da Lei
18 D
Federal no 8.429/92, constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da 19 D
administração pública a ação ou omissão dolosa que
viole os deveres de 20 B

a) honestidade, de publicidade e de eficiência.


b) legalidade, de eficiência e de moralidade.
c)
d)
legalidade, de eficiência e de continuidade.
honestidade, de imparcialidade e de legalidade.
ANOTAÇÕES
e) eficácia, de publicidade e de imparcialidade.

20. (VUNESP — 2018) Constitui ato de improbidade admi-


nistrativa importando enriquecimento ilícito auferir
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
razão do exercício de cargo, mandato, função, empre-
go ou atividade nas entidades mencionadas no artigo
1º da Lei de Improbidade a seguinte hipótese:

a) ordenar ou permitir a realização de despesas não


autorizadas em lei ou regulamento.
b) aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido
ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público, durante a atividade.
c) realizar operação financeira sem observância das nor-
mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insu-
ficiente ou inidônea.
d) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
e) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores inte-
grantes do acervo patrimonial das entidades públicas
protegidas por esta Lei, sem observância das formali-
dades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie.

9 GABARITO

1 B

2 A

3 C

4 D

5 A

6 E

7 A

8 B

9 A
DIREITO ADMINISTRATIVO

10 B

11 B

12 B

13 D

14 E

15 C

16 E

17 E
301
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ANOTAÇÕES

302
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Os estabelecimentos prisionais possuem visitas
reguladas pela Lei de Execuções Penais. Todavia,
mensalmente a atividade correcional deve ser desem-
penhada nesses lugares (art. 13). Quem realiza tal visi-
ta é o Juiz Corregedor Permanente ou o juiz a quem,
NORMAS DA por decisão do Corregedor Geral da Justiça, essa atri-
buição for delegada.
CORREGEDORIA GERAL Entretanto, perceba que essa sistemática não
desobriga a visita mensal às Cadeias Públicas, sob
DE JUSTIÇA responsabilidade tanto dos Juízes de Varas Privativas
de Execuções Criminais como daqueles que acumulem
outros serviços anexos (art. 14).

Subseção II
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL
DA JUSTIÇA A subseção II ocupa-se das apurações prelimina-
res, sindicâncias e dos processos administrativos. O
Esse instrumento normativo é essencial para a art. 15 traz a definição de cada um de tais aspectos.
prova de escrevente do TJ-SP, pois revela um pouco do Assim, é imprescindível a memorização das seguintes
poder disciplinar do órgão e é objeto de várias ques- informações:
tões de prova.
A Corregedoria é o órgão que zela pela ética e dis- z Apuração preliminar: Ocorre quando a infração
ciplina da instituição. Por exemplo, existem inspeções não estiver suficientemente caracterizada ou defi-
cotidianas no Tribunal e extraordinárias, em razão de nida a autoria. Ao final, poderá ser arquivada ou
algum ponto específico que exija atenção. ensejar a instauração de Sindicância ou Processo
Assim, vale conhecer as regras a respeito da fun- Administrativo;
ção correcional, fiscalização e controle do Tribunal. z Sindicância: Ocorre quando a falta disciplinar,
por sua natureza, possa determinar as penas de
TOMO I – CAPÍTULO II repreensão, suspensão ou multa;
z Processo administrativo: Ocorre quando a fal-
ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
Seção I: Subseção I
as penas de demissão ou dispensa, demissão ou
dispensa a bem do serviço público e cassação de
A primeira subseção trata sobre a Corregedoria
aposentadoria.
Permanente e Correições Ordinárias, Extraordinárias
e Visitas Correcionais.
Todos esses procedimentos são instaurados por
A atividade correcional é fundamental para o bom
portaria e tramitam em formato digital, revelando-se
desempenho das atividades públicas, como mecanis-
um verdadeiro procedimento eletrônico.
mo de fiscalização e controle, prezando pelo princípio
É importante também memorizar determinados
da eficiência, legalidade, moralidade, entre outros. Se
poderes do Corregedor Geral da Justiça; por exemplo,
não existisse nenhuma fiscalização no Tribunal, ima-
ele pode avocar procedimento disciplinar em qual-
gine quantos atos de corrupção e desordem eventual-
quer fase, ou instaurá-lo originariamente, a pedido
mente poderiam ocorrer.
ou de ofício, designar Juiz Corregedor Processante
A função correcional é permanente, mas se divide
para todos os atos pertinentes e atribuir serviços auxi-
em (art. 6):
liares a unidade diversa daquela a que estiver vincu-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


lado o servidor (art. 15 §5°).
z Ordinária: Atividade correcional de rotina, já pre-
Lembre-se de que avocar significa “pegar para si”,
vista pelas normas de organização judiciária;
pois a atuação no procedimento está fora dos confor-
z Extraordinária: Considerada excepcional, reali-
mes. Instaurá-lo significa dar início ao procedimento
zada a qualquer momento, independente de aviso
disciplinar.
prévio;
Os Juízes Corregedores Permanentes comunica-
z Visitas Correcionais: Fiscalização no Tribunal
rão à Corregedoria Geral da Justiça a instauração e a
direcionada à verificação da regularidade de fun-
decisão final de qualquer procedimento administra-
cionamento da unidade, do saneamento de irregu-
tivo de natureza disciplinar (art. 16). Isso faz sentido,
laridades constatadas em correições ou ao exame
uma vez que a Corregedoria Geral da Justiça precisa
de algum aspecto da regularidade ou da continui-
se manter informada sobre a tramitação dos procedi-
dade dos serviços e atos praticados. Exemplo: as
mentos disciplinares.
varas recebem visitas periódicas para a correição.
Art. 16. Os Juízes Corregedores Permanentes
Em todos os casos, a ata é dirigida à Corregedoria comunicarão à Corregedoria Geral da Justiça a ins-
Geral de Justiça, que gradativamente deve implemen- tauração, a decisão final e as medidas cautelares
tar a correição virtual como ferramenta de controle. impostas ou revogadas em qualquer procedimento
Durante os serviços correcionais, todos os fun- administrativo de natureza disciplinar, por meio
cionários da unidade permanecerão à disposição do de mensagem eletrônica, com informação do
Corregedor Geral da Justiça, dos Juízes Assessores da número do processo (e a senha de acesso aos
Corregedoria Geral ou do Juiz Corregedor Permanen- autos digitais derivada de sigilo simples, no caso
te, sem prejuízo de requisição de auxílio externo ou de instauração) para processamento pela Direto-
de requisição de força policial (art. 11). ria da Corregedoria – DICOGE do expediente de
303
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acompanhamento das apurações preliminares, sin-
Às pessoas portadoras de
dicâncias e processos administrativos. deficiência
Parágrafo único. Qualquer decisão em apuração
preliminar, sindicância ou processo administra-

ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
tivo que afete a folha funcional do servidor, como Aos idosos
afastamentos e punições aplicadas ou cumpridas,
será informada à Secretaria competente da área de
recursos humanos (Prov. CSM nº 2.460/2017, art. Às gestantes
6º, parágrafo único, com sua redação dada pelo
Prov. CSM nº 2.619/2021).
Art. 16-A. Havendo alteração do posto de trabalho
Às lactantes
dos servidores a que se refere o artigo 15, com pro-
cedimento disciplinar digital em curso, este será
redistribuído ao Juiz Corregedor respectivo, obser- Às pessoas acompanhadas por
vadas as seguintes regras: crianças de colo
I – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma
das unidades de que trata o artigo 1°, incisos I, II e
VI do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo O atendimento prioritário ocorre mediante garantia
Provimento CSM nº 2.496/2019, os procedimentos de lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas com
disciplinares deverão ser encaminhados ao distri- numeração adequada ao atendimento preferencial, alo-
buidor em fila própria para envio à unidade de des- cação de espaço para atendimento exclusivo no balcão,
tino utilizando a funcionalidade de redistribuição, ou implantação de qualquer outro sistema que, observa-
preservando-se o número do processo, os andamen- das as peculiaridades existentes, assegure a prioridade.
tos já inseridos pela unidade de origem e a tramita- A prioridade também se aplica às advogadas públi-
ção digital. cas e privadas, promotoras e procuradoras do Ministério
II – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma Público gestantes ou lactantes, e a qualquer pessoa com
das Unidades de que trata o artigo 1°, incisos III, IV criança de colo, inclusive para preferência nas audiências
e V do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo de primeiro grau de jurisdição e nas sessões de julgamen-
Provimento CSM nº 2.496/2019, a Unidade de trami- to dos Colégios Recursais, desde que haja requerimento
tação deverá materializar, imprimir e encaminhar prévio, observada a ordem dos requerimentos e respeita-
os procedimentos disciplinares, mediante carga ao dos os demais beneficiários da Lei nº 10.048, de 2000 que
distribuidor, que providenciará o envio à Unidade disciplina o atendimento prioritário (art. 27-A).
de destino utilizando-se da funcionalidade de movi-
mentação unitária para as anotações necessárias. Seção II

Eventuais recursos serão interpostos eletronica- A segunda seção trata sobre as atribuições dos
mente e, após mantida a decisão, ou reformada par- ofícios. Em linhas gerais, os ofícios de justiça desem-
cialmente, remetidos à Corregedoria Geral da Justiça, penham os serviços de competência das varas e da
excepcionalmente por funcionalidade de redistribui- Corregedoria Permanente.
ção (art. 17).
Quanto ao duplo grau obrigatório, nos casos de Seção V
proposta de demissão ou dispensa, demissão ou dis-
pensa a bem do serviço público, ou cassação de apo- Nessa seção, fala-se um pouco sobre o sistema infor-
sentadoria, os autos serão sempre redistribuídos à matizado oficial. De acordo com o art. 46, os procedimen-
Corregedoria Geral para apreciação, independente- tos de registro e documentação dos processos judiciais e
mente da não interposição de recurso. administrativos realizar-se-ão diretamente no sistema
Perceba a importância dada à Corregedoria duran- informatizado oficial ou em livros e classificadores.
te toda a tramitação, especialmente na via recursal e A finalidade é (art. 46):
no reexame necessário.
Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corregedor Per- z Preservar a memória de dados extraídos dos feitos
manente, o Corregedor Geral da Justiça poderá apli- e da respectiva movimentação processual;
car, originariamente, as sanções cabíveis e, enquanto z Realizar o controle dos processos, de modo a garan-
não prescrita a infração, reexaminar, de ofício ou tir a segurança, assegurar a pronta localização físi-
mediante provocação, decisões absolutórias ou de ca, verificar o andamento e permitir a elaboração
arquivamento (art. 18). de estatísticas e outros instrumentos de aprimora-
mento da prestação jurisdicional.
TOMO I - CAPÍTULO III
Art. 48 Iniciada a operação do SAJ/PG, de utilização
O Capítulo III traz disposições acerca dos Ofícios obrigatória pelas varas e ofícios de justiça, serão
de Justiça. excluídos todos os programas eventualmente em uso.

Seção I Conforme o art. 49:


Os níveis de acesso às informações e o respectivo cre-
A primeira seção traz as disposições iniciais do denciamento (senha) dos funcionários, para operação
tema. A primeira informação essencial é a respeito do do SAJ/PG, serão estabelecidos em expediente interno
atendimento prioritário que deve ser dado a algumas pela Corregedoria Geral da Justiça, com a participação
304 pessoas, em razão de suas vulnerabilidades (art. 27): da Secretaria de Tecnologia da Informação – STI.
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Art. 49 [...]
§ 1º É vedado ao funcionário credenciado ceder a respectiva senha ou permitir que outrem, funcionário ou não, use-a
para acessar indevidamente o sistema informatizado.
§ 2º Os escrivães judiciais comunicarão prontamente à STI as alterações no quadro funcional da unidade, para o
processamento da revogação ou novo credenciamento.
Art. 51 Os escrivães judiciais do serviço de distribuição e dos ofícios de justiça realizarão auditoria semanal no
sistema, comunicando à Corregedoria Geral da Justiça qualquer irregularidade.

São deveres dos distribuidores de ofícios de justiça no sistema informatizado (art. 52):

Art. 52 [...]
I - Cadastrar todos os feitos distribuídos ao respectivo juízo;
II - Anotar a movimentação e a prática dos atos processuais (citações, intimações, juntadas de mandados e respec-
tiva data, termos, despachos, cargas, sentenças, remessas à instância superior para recurso, entrega ou remessa de
autos que não importem em devolução etc.);
III - Consignar os serviços administrativos pertinentes (desarquivamentos, inutilização ou destruição de autos etc.).

O art. 53 postula que a inserção dos dados no sistema informatizado deve ser completa e abrangente, para que
todas as ocorrências da versão física do processo constem também na versão virtual. Isso formará bancos de dados
que servirão de memória permanente. Assim, o processo deve ser individualizado com exatidão, movimentações
processuais claras e atualizadas.

Art. 57 Nos ofícios de justiça, o registro e controle da movimentação dos feitos realizar-se-ão exclusivamente pelo
sistema informatizado oficial, vedadas a elaboração de fichário por nome de autor e a utilização de fichas indivi-
duais materializadas em papel ou constantes de outros sistemas informatizados.

Sobre as cartas precatórias, é importante saber que:

Art. 58 As cartas precatórias Serão cadastradas no sistema informatizado seguindo as mesmas regras dos proces-
sos comuns, consignando-se, ainda, a indicação completa do juízo deprecante, e não apenas da comarca de origem,
os nomes das partes, a natureza da ação e a diligência deprecada.
Parágrafo único. As movimentações pertinentes, como a devolução à origem ou o retorno para novas diligências, e
respectivas datas, também serão anotadas no sistema.

Vale recapitular que a carta precatória é um instrumento de cooperação entre juízes da mesma instância que estão
em comarcas diferentes. Por exemplo: o juiz de São Paulo precisa de um depoimento de uma pessoa que está no Rio
de Janeiro; por meio da carta precatória, o juízo deprecado do Rio colhe o depoimento da pessoa e coopera com o juízo
deprecante de São Paulo.
É interessante conhecer na letra da lei sobre o cadastro no sistema, visto que faz parte da atuação dos serven-
tuários do Tribunal:

Art. 59. A extinção do processo, em caso de improcedência total da demanda, por força do acolhimento de impugnação
do devedor (art. 1.015, parágrafo único, do CPC) ou em razão da estabilização da tutela (art. 304 do CPC), e a extinção do
processo de execução, por força de procedência de embargos de devedor, serão cadastradas no sistema diretamente pelo
ofício de justiça assim que as respectivas sentenças transitarem em julgado (ou quando retornarem de superior instância

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


com trânsito em julgado). No mais, a extinção será cadastrada apenas quando encerrado definitivamente o processo,
nada restando a ser deliberado ou cumprido pelo ofício de justiça (sentença ou acordo), considerando-se isoladamente,
para tanto, a ação principal, a ação declaratória incidental, a oposição, os embargos de devedor (à execução, à execução
fiscal, à adjudicação, à alienação ou à arrematação) e os embargos de terceiro.

Sobre o cadastro de documentos em processos físicos (não digitais) a lei ainda especifica que:

Art. 60 A entrega definitiva dos autos de notificação, interpelação, protesto ou produção antecipada de provas,
quando os processos ainda tramitarem sob a forma física, será cadastrada pelo ofício de justiça, no sistema infor-
matizado, em campos distintos, observada a permanência em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias
e certidões pelos interessados no caso de produção antecipada de prova.

São competências dos ofícios de justiça, segundo o art. 61:

Art. 61 [...]
I - cadastrar diretamente no sistema informatizado oficial dados que, quando forem conhecidos, necessitarem de
retificação ou sofrerem alteração após a distribuição;
II - na hipótese de expedição de certidão de homonímia, a inserção, no sistema informatizado oficial, dos eventuais dados
de qualificação ainda não lançados no sistema, também certificando a adoção dessa providência no documento;
III - cadastrar, no sistema informatizado oficial, a decretação do segredo de justiça, a concessão da justiça gratuita,
o deferimento da tramitação prioritária do processo (idosos, pessoa com deficiência, portadores de doenças graves),
ou o reconhecimento de qualquer benefício processual a alguma das partes;
IV - proceder às alterações devidas no sistema, na hipótese de determinação judicial de retificação do procedimento
da ação para ordinário ou sumário. 305
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Quando: conhecidos,
Cadastrar diretamente no necessitarem de
sistema oficial, dados retificação ou sofrerem
alterações.

Inserção de dados de
A decretação do Segredo
qualificação ainda não
de justiça
lançados no sistema
COMPETÊNCIAS
DOS OFÍCIOS DE
JUSTIÇA
A concessão da justiça
Cadastrar
gratuita

Proceder às alterações O deferimento da


no sistema em caso de tramitação prioritária
determinação judicial de de processo ou outro
retificação benefício processual

O segredo de justiça pode ser gerado automaticamente pelo sistema informatizado, a depender da natureza da
ação. Todavia, se a mesma parte for vinculada a processos tramitando em outros ofícios de justiça, as retificações que
possam ser feitas de seus dados não serão aplicadas automaticamente aos feitos de outro juízo, conforme dita o art. 62.

Seção VI

Nessa seção, dispõe-se sobre os livros. Os arts. 63 e 64 listam alguns livros dos ofícios de justiça:

Art. 63 [...]
I - Visitas e Correições;
II - Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
IV - Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias, procedimentos disciplinares, representações etc.);
V - Registro das decisões terminativas proferidas em feitos administrativos;
VI - Pertinentes à Corregedoria Permanente, [...] quando for o caso e no que couber.
Art. 64 [...]
I - Livro de Cargas de Mandados, salvo se as respectivas varas forem atendidas pelas Seções Administrativa de Dis-
tribuição de Mandados;
II - controle, pela utilização de livros de folhas soltas ou outro meio idôneo, da remessa e recebimento de feitos aos
Tribunais, até que seja implementado no sistema informatizado oficial o controle eletrônico;
III - controle do horário de entrada e saída por intermédio do livro ponto ou do relógio mecânico, caso existam ser-
vidores não cadastrados no sistema de ponto biométrico;
IV - Livro de Registro Geral de Feitos, com índice, se não estiverem integrados ao sistema informatizado oficial;
V - Livro de Registro de Sentença, salvo se cadastrada no sistema informatizado oficial, com assinatura digital ou com
outro sistema de segurança aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça e que também impeça a sua adulteração.

Importante!
Segundo o art. 65, Nos ofícios de justiça integrados ao sistema informatizado oficial, os registros de remes-
sa e recebimento de feitos e petições formalizar-se-ão exclusivamente pelas vias eletrônicas. Isso faz sen-
tido, uma vez que o sistema informatizado tem correspondência com a via eletrônica/digital.

Sobre o procedimento, o art. 66 esclarece que todos os livros, inclusive aqueles de folhas soltas, deverão ser
abertos, numerados, autenticados e encerrados pelo escrivão judicial sempre na mesma vez; com esse objetivo,
pode ser utilizada autenticação mecânica previamente aprovada pelo Juiz Corregedor Permanente. A substitui-
ção de folhas é proibida. O parágrafo único dispõe que uma vez completado o uso das folhas soltas, elas serão
encaminhadas para encadernação imediatamente.
Acerca do livro de visitas e correições, o art. 67 dispõe:

Art. 67 O Livro de Visitas e Correições será organizado em folhas soltas, iniciado por termo padrão de abertura, dis-
ponibilizado no Portal da Corregedoria - modelos e formulários -, lavrado pelo Escrivão e formado gradativamente
pelos originais das atas de correições e visitas realizados na unidade, devidamente assinadas e rubricadas pelo Juiz
Corregedor Permanente, Escrivão e demais funcionários da unidade.

Exemplo: Se for realizada uma correição em uma vara, isso será anotado no livro.

Art. 67 [...]
§ 1° Os originais das atas que formarão o Livro de Visitas e Correições serão numeradas e chanceladas pelo Escrivão
306 Judicial após a sua anexação ao Livro.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2° O Livro de Visitas e Correições não excederá condenatória) será registrada no livro de registro
100 (cem) folhas, salvo determinação judicial em de sentença, porquanto impossível, neste caso, a
contrário ou para a manutenção da continuidade averbação.
da peça correcional, podendo, nestes casos, ser § 4° Todas as sentenças terão seu teor integralmen-
encerrado por termo contemporâneo à última ata, te registrado no sistema informatizado oficial e no
com mais ou menos folhas. livro tratado neste artigo.
§ 5° O registro da sentença, com indicação do núme-
Como se vê, o limite do livro é de 100 folhas, em ro de ordem, do livro e da folha em que realizado o
regra. Exceção: determinação judicial ou caso surja a assento, será certificado nos autos, na última folha
necessidade de manter a continuidade. da sentença registranda.
§ 6° As sentenças cadastradas no sistema informa-
Art. 69 A carga e descarga de autos entre os usuá- tizado oficial com assinatura digital ficam dispen-
rios internos do sistema informatizado oficial serão sadas da funcionalidade do registro, bem como da
feitas eletronicamente e controladas exclusivamen- elaboração de livro próprio e da certidão prevista
te por intermédio do sistema, onde serão registra- no § 5º deste artigo.
dos, obrigatoriamente, no campo próprio, o envio, § 7° Aplicam-se as disposições deste artigo, no que
o recebimento e a devolução, com indicação de data couber, às decisões terminativas proferidas em fei-
e de usuário responsável por cada ato. tos administrativos.
§ 8° Registra-se como sentença a decisão que extin-
Assim, o sistema controla a carga e descarga dos gue o processo em que houve estabilização da lide,
autos. Para os usuários externos (Ministério Público, na forma do artigo 304 do Código de Processo Civil.
Defensoria Pública, Procuradorias etc.) as cargas serão
efetuadas no sistema informatizado e terão recebi- O art. 73 prevê rigoroso controle sobre os livros em
mento automático, devendo ser impresso relatório da geral, incumbindo-se o Juiz Corregedor Permanente
carga em duas vias para que haja o lançamento efe- de coibir eventuais abusos ou excessos.
tivo do recebimento pelo destinatário, com posterior
arquivamento no classificador ou juntada aos autos. Art. 74 Os livros em andamento ou findos serão
O juiz pode indicar servidor autorizado a receber bem conservados, em local adequado e seguro den-
as cargas de autos remetidos à conclusão no sistema tro do ofício de justiça, devidamente ordenados e,
informatizado. E, em caso de indisponibilidade do quando for o caso, encadernados, classificados ou
sistema informatizado as cargas serão registradas no catalogados.
Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral. Quando §1° O desaparecimento e a danificação de qualquer
o sistema for reestabelecido, será feito o registro da livro serão comunicados imediatamente ao Juiz
carga no sistema para controle, anotando-se no livro Corregedor Permanente. A sua restauração será
(§ 2° e § 3°, art. 69). feita desde logo, sob a supervisão do juiz e à vista
dos elementos existentes.
Art. 70 O Livro de Carga de Mandados poderá ser §2° Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do
desdobrado em número equivalente ao dos oficiais último registro efetuado, os livros de cargas de
de justiça em exercício, destinando-se um para autos e mandados, desde que reputados sem utili-
cada qual. Serão também registradas no Livro de dade para conservação em arquivo pelo escrivão
Carga de Mandados as petições que, por despacho judicial, poderão ser inutilizados, mediante prévia
judicial, sirvam como tal. autorização do Juiz Corregedor Permanente. A
autorização consignará os elementos indispensá-
Sobre as baixas, fixe que, de acordo com o art. 71, veis à identificação do livro, e será arquivada em
todas as cargas receberão as correspondentes baixas, classificador próprio, com certidão da data e da

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


assim que restituídos os autos ou mandados, na pre- forma de inutilização.
sença do interessado, sempre que possível ou por este
exigido. O parágrafo único postula que quando não Classificadores obrigatórios (art. 75)
utilizada a carga eletrônica, será lançada certidão nos
autos, mencionado a data da carga e da restituição, de O art. 75 determina classificadores obrigatórios, a
acordo com os assentamentos do livro protocolo. título de organização do Tribunal:
Art. 72 O Livro Registro de Sentenças formar-se-
Art. 75. Os ofícios de justiça possuirão os seguintes
-á pelas vias emitidas para tal fim, numeradas em
classificadores:
série anual renovável (1/80, 2/80, 3/80, ..., 1/82, 2/82
I - para atos normativos e decisões da Corregedoria
etc.) e autenticadas pelo escrivão judicial, o qual
Permanente, com índice por assunto;
certificará sua correspondência com o teor da sen-
tença constante dos autos. II - para cópias de ofícios expedidos;
§ 1° O registro previsto neste artigo far-se-á em até III - para ofícios recebidos;
5 (cinco) dias após a baixa dos autos em cartório IV - para GRD - guias de recolhimento de diligências
pelo juiz. do oficial de justiça;
§ 2° A decisão relativa a embargos de declaração V – Revogado;
e a que liquidar sentença condenatória cível, pro- VI - Revogado;
ferida no âmbito do Poder Judiciário do Estado de VII - para relatórios de cargas eletrônicas;
São Paulo, serão averbadas ao registro da sentença VIII - para petições e documentos desentranhados
embargada ou liquidada, com utilização do sistema e para petições que não sejam passíveis de juntada
informatizado. aos autos;
§ 3° A decisão que liquidar outros títulos execu- IX - para autorizações e certidões de inutilização de
tivos judiciais (por exemplo, a sentença penal livros e classificadores obrigatórios. 307
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Eventuais atos normativos, bem como decisões e pessoa física (nome completo e o número de inscrição
comunicados do Conselho Superior da Magistratura no CPF ou o número do RG ou, faltante este último, a
e da Corregedoria, devem ser arquivados no sistema: filiação); constarem os requisitos de identificação da
PJ (firma ou denominação, o número de inscrição no
Art. 76 Os atos normativos, decisões e comunica- CNPJ e o endereço da sede), sem prejuízo de outros
dos do Conselho Superior da Magistratura e da dados que auxiliem tanto a pessoa física como a pes-
Corregedoria Geral da Justiça de interesse do ofício soa jurídica na sua identificação.
de justiça serão arquivados e indexados, com índice Outro exemplo de clareza é que nos ofícios e car-
por assunto, mediante utilização do sistema infor- tas precatórias expedidas devem constar a comarca,
matizado, facultada a manutenção de classificado- a vara e o endereço completo do Fórum remetente,
res próprios. inclusive com o número do código de endereçamen-
to postal (CEP), telefone e o correio eletrônico (e-mail)
Seção VII institucional.
De acordo com o art. 84 os instrumentos, como,
A sétima seção trata sobre a escrituração. Os requi- ordens, ofícios e atos processuais sempre precisam
sitos dos incisos do art. 80 deverão ser observados na estar legíveis.
lavratura de atos, termos, requisições, ordens, autori- Neste sentido, é necessário constar o nome com-
zações, informações, certidões ou traslados, que cons- pleto, o cargo ou função da autoridade judiciária e
tarão de livros, autos de processo, ou papéis avulsos, dos servidores que os lavrem, confiram e subscrevam.
excluídas as autuações e capas: Isso ajuda na rápida identificação dos envolvidos e do
que se trata o documento.
Art. 80 [...] O escrivão deverá certificar a autenticidade da fir-
I - O papel utilizado terá fundo inteiramente bran- ma do juiz que subscreveu o documento, indicando
co ou ser reciclado, salvo disposição expressa em
seu nome, cargo e exercício no juízo, nas seguintes
contrário;
hipóteses:
II - A escrituração será sempre feita em vernáculo,
preferencialmente por meio eletrônico, com tinta
preta ou azul, indelével; Art. 84 [...]
III - Os numerais serão expressos em algarismos e I - na expedição de alvarás de soltura, mandados
por extenso; ou contramandados de prisão, requisições de preso
IV - Os espaços em branco e não aproveitados, nos e demais atos para os quais a lei exige certificação
livros e autos de processo, serão inutilizados; de autenticidade;
V - As assinaturas deverão ser colhidas imediata- II - quando houver dúvida sobre a autenticidade da
mente após a lavratura do ato ou termo, e identifi- firma.
cadas com o nome por extenso do signatário.
O parágrafo segundo do art. 84, Nos ofícios de jus-
Segundo o art. 81, as seguintes práticas deverão ser tiça contemplados com sistema informatizado oficial,
evitadas no momento da escrituração: que permita a utilização da ferramenta consistente na
assinatura por certificação digital, dispensa-se a certifi-
Art. 81 [...] cação de autenticidade da assinatura do juiz.
I - entrelinhas, erros de digitação, omissões, emen- De acordo com o art. 85, os mandados, as cartas
das, rasuras ou borrões; postais, os ofícios gerais de comunicação, expedidos em
II - anotações de “sem efeito”; cumprimento de ato judicial, em não havendo determina-
III - anotações a lápis nos livros e autos de proces- ção do juiz em sentido contrário, serão assinados pelos
so, mesmo que a título provisório. escrivães, declarando que o fazem por ordem do juiz.
Nos casos a seguir, a subscrição do juiz é obrigatória:
Já o art. 82 veda as práticas a seguir:
Art. 84 [...]
Art. 82 [...] I - a lei ou estas Normas de Serviço expressamente
I - A utilização de borracha ou raspagem por outro o exigirem (por exemplo, busca e apreensão caute-
meio mecânico, bem como a uso de corretivo, deter- lar, prisão, contramandado de prisão e alvará de
gente ou outro meio químico de correção; soltura, alvarás em geral, levantamento de depó-
II - A assinatura de atos ou termos em branco, total sito judicial, ordem de arrombamento explícita ou
ou parcialmente; implícita etc.);
III - A utilização de abreviaturas, abreviações, II - houver determinação de desconto de pensão
acrônimos, siglas ou símbolos, excetuando-se as alimentícia;
formas consagradas pelo Vocabulário Ortográfico III - Os documentos ou papéis forem dirigidos a
da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de autoridades (por exemplo, membros do Poder
Letras, as adotadas por órgãos oficiais e as conven- Judiciário, do Ministério Público e do Poder Legis-
cionadas por determinada área do conhecimento lativo; chefe do Poder Executivo; Delegados de Polí-
humano; cia; Comandantes da Polícia Militar e das Forças
IV - A utilização de chancela, ou de qualquer recur- Armadas).
so que propicie a reprodução mecânica da assina-
tura do juiz. Seção VIII: Subseção I

Segundo o art. 83, A escrituração de termos, atos e A primeira subseção da seção VIII trata sobre a
papéis em geral observará os critérios da clareza, obje- autuação, abertura de volumes e numeração de feitos.
tividade e síntese, sem descuidar da perfeita individua- É importante conhecer o passo a passo de tais proce-
lização de pessoas, fatos ou coisas, quando necessária. dimentos, de acordo com as normas de organização
308 Exemplo: constare, os requisitos de qualificação da judiciária:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 87 Ao receber a petição inicial ou a denúncia, De acordo com o art. 94, Todos os atos e termos do
o ofício de justiça providenciará, em 24 (vinte e processo serão certificados nos autos e anotados no sis-
quatro) horas, a autuação, nela afixando a etiqueta tema informatizado oficial. Segundo o parágrafo úni-
que, gerada pelo sistema informatizado e oriunda co, a exceção é a emissão de documento que passe a
do distribuidor, atribui número ao processo e traz fazer imediatamente parte integrante dos autos (ofícios
outros dados relevantes (juízo, natureza do feito, expedidos, mandados etc.), por original ou por cópia,
nomes das partes, data etc.). rubricado pelo emitente. A data que consta no docu-
mento deve corresponder à da emissão efetiva dele.
Assim, ao ser recebida a peça inaugural, o ofício
em 24 horas irá autuar (montar o processo). Art. 96 É vedado o lançamento de cotas marginais
ou interlineares nos autos, a prática de sublinhar
Art. 87 [...] palavras à tinta ou a lápis, ou o emprego de expres-
Parágrafo único. É dispensada a lavratura de certi- sões injuriosas nos escritos apresentados no pro-
dão, no interior dos autos, da autuação e do regis- cesso, incumbindo ao serventuário, ao constatar a
tro do processo. irregularidade, comunicá-la imediatamente ao juiz.

Não é necessário constar dentro do processo uma Subseção III


certidão de autuação e registro.
Algumas observações sobre o assunto são muito A terceira subseção diz respeito à movimentação
importantes: dos autos. Quanto aos prazos, postula-se que:

z Eventuais situações especiais são tarjadas em colori- Art. 97 Deverá ser feita conclusão dos autos no
do, por exemplo, indicando prioridade de tramitação; prazo de 1 (um) dia e executados os atos proces-
z Em regras, os autos de processos não excederão suais no prazo de 5 (cinco) dias.
de 200 folhas em cada volume. Exceção: se houver
determinação judicial expressa em contrário ou A regra é conclusão dos autos em 1 dia e a execu-
necessidade de manter peça processual com seus ção dos atos processuais em até 5 dias.
documentos anexos;
z Se houver procedimento anterior à peça inaugu- Art. 98 Constarão dos termos de movimentação
ral (por exemplo: petição), esta terá numeração dos processos a data do efetivo encaminhamento
própria, apondo-se o número da folha, seguido dos autos e, sempre que possível, os nomes, por
da letra “i” (1-i; 2-i; 3-i...). Assim, a numeração dos extenso, dos juízes, representantes do Ministério
procedimentos preparatórios será aproveitada Público, advogados ou daqueles a quem se refiram.
integralmente;
z Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os Na movimentação processual precisam constar ele-
escreventes, deverão zelar pela numeração corre- mentos básicos (data, nome dos operadores do direito etc.).
ta das folhas dos autos;
z Em caso de eventual erro na numeração o que Art. 98 [...]
deve ser feito? A ocorrência deverá ser certificada, § 1° São vedados, sob qualquer pretexto, termos de
sendo proibida a renumeração; conclusão ou de vista sem data ou, ainda, a perma-
z Em hipótese de numeração repetida, será acrescen- nência dos autos em cartório depois de assinados
tada apenas uma letra do alfabeto, em sequência os respectivos termos.
(188-a, 188-b, 188-c etc.), certificando-se sempre.
Existe vedação expressa à ausência de data e ao
Subseção II descumprimento de prazo.

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


A segunda subseção trata sobre a recepção e jun- Art. 98 [...]
tada de petições, os atos e termos judiciais e as cotas § 2° Nenhum processo será entregue com termo
nos autos. de vista, a promotor de justiça ou advogado, sem
prévia assinatura no relatório de carga eletrônica,
e correspondente andamento no sistema informati-
VEDAÇÕES AOS zado, ou no livro protocolo.
PERMITIDO
OFÍCIOS
Não é vedado quanto às petições A lei exige a assinatura no relatório de carga e o
É vedado aos de requerimento de juntada de pro- registro no sistema/livro para a entrega dos autos.
ofícios de justiça curação ou de substabelecimento
apresentadas pelo interessado Art. 98 [...]
receber e juntar
diretamente ao ofício de justiça, § 3° Todas as conclusões ao juiz serão anotadas no
petições que não
caso em que o termo de juntada sistema informatizado, acrescendo-se a carga, em
tenham sido en-
mencionará esta circunstância (I); meio físico ou eletrônico, somente quanto aos autos
caminhadas pelo
Quando houver, em cada caso con- conclusos que não receberem despacho ou não
setor de protocolo creto, expressa decisão fundamen- forem sentenciados até o final do expediente do dia.
(art. 92) tada do juiz do feito dispensando o
protocolo no setor próprio (II) O sistema informatizado é atualizado constante-
mente de acordo com a situação atual do processo,
Art. 93 Por ocasião da juntada de petições e docu- ou seja, os atos processuais mudam o seu status. Um
mentos (ofícios recebidos, laudos, mandados, pre- exemplo dessa situação é quando o processo está na
catórias etc.), lavrar-se-á o respectivo termo de mesa do juiz (autos estão conclusos) aguardando um
juntada. despacho, decisão ou sentença. 309
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 98 [...] quantia certa ou alimentos, expedir-se-á certidão
§ 4° Se o juiz se recusar a assinar, consignar-se-á de teor da decisão para fins de protesto extrajudi-
essa ocorrência no assentamento da carga. cial, a qual deverá indicar:
I - nome; número de inscrição no cadastro do Minis-
Eventual falta de assinatura do juiz precisa ser tério da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de
registrada. identidade (RG) ou no registro nacional de estran-
geiro (RNE); e endereço do credor;
Art. 98 [...] II - nome; número de inscrição no cadastro do
§ 5° A conclusão dos autos ao juiz será efetuada Ministério da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro
diariamente, sem limitação de número. geral de identidade (RG) ou no registro nacional de
estrangeiro (RNE); e endereço do devedor;
III- número do processo judicial;
As conclusões dos autos não são limitadas quanti-
IV - o valor da dívida;
tativamente, ou seja, por quantidade de vezes. V - a data em que, após intimação do executado,
decorreu o prazo legal para pagamento voluntário.
Art. 99 Nenhum processo permanecerá paralisado § 1º As certidões serão expedidas no prazo de três
em cartório, além dos prazos legais ou fixados, ou (03) dias, contados da data do recebimento do res-
ficará sem andamento por mais de 30 (trinta) dias, pectivo pedido pelo ofício de justiça.
no aguardo de diligências (informações, respostas § 2º A expedição de certidão de processos que cor-
a ofícios ou requisições, providências das partes rem em segredo de justiça dependerá de despacho
etc.). do juiz competente.
§ 3º Em todos os casos, a certidão será levada a
Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, o ofício de jus- protesto sob a responsabilidade do credor.
tiça reiterará a diligência uma única vez e, em caso de § 4º A requerimento do executado, o protesto será
não atendimento, será aberta conclusão ao juiz, para cancelado por determinação do juiz, mediante ofí-
as providências cabíveis. cio a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três)
A norma estabelece 30 dias como o prazo admissí- dias, contado da data de protocolo do requerimen-
vel para a paralização dos autos em cartório, em caso to, desde que comprovada a satisfação integral da
de necessidade de alguma diligência, salvo haver pra- obrigação.
zo legal ou fixado. § 5º Nas ações monitórias, havendo conversão do
mandado monitório em título executivo judicial, na
Seção IX forma do artigo 701, §2º do CPC, a certidão para
fins de protesto deverá conter:
A nona seção trata dos papeis em andamento e findos. a) o conteúdo do mandado monitório, com a obri-
Tanto os papeis em andamento como os findos gação de pagar quantia
devem ser bem conservados. De acordo com a necessi- certa, sob as penas da lei;
b) a data do trânsito em julgado da decisão, que
dade, devem ser encadernados, classificados ou cata-
deverá ser considerada a data do decurso do prazo
logados (art. 103).
para oposição dos embargos sem pagamento; e 10
c) a data do decurso do prazo para pagamento
Seção X voluntário, nos termos do artigo 523 do CPC.

Art. 104 A expedição de certidões em breve relató-


Seção XI
rio ou de inteiro teor compete exclusivamente aos
ofícios de justiça.
§ 1º Sempre que possível, as certidões serão expedidas Art. 105 Constarão de todos os mandados
com base nos assentamentos constantes do sistema expedidos:
informatizado, cabendo ao escrivão dar a sua fé públi- I - o número do respectivo processo;
ca do que nele constar ou não, admitida, de qualquer II - o número de ordem da carga correspondente
forma, a consulta aos autos de processos em anda- registrada no livro próprio;
mento ou findos, livros ou papéis a seu cargo, caso em III - o seguinte texto, ao pé do instrumento: “É veda-
que se designará o número e a página do livro ou pro- do ao oficial de justiça o recebimento de qualquer
cesso onde se encontra o assentamento. numerário diretamente da parte. A identificação do
§ 2º As certidões serão expedidas no prazo de 5 oficial de justiça, no desempenho de suas funções,
(cinco) dias, contados da data do recebimento do será feita mediante apresentação de carteira fun-
respectivo pedido pelo ofício de justiça, fornecido cional, obrigatória em todas as diligências.”.
ao interessado protocolo de requerimento. §1º Nos mandados em geral, constarão todos os
§ 3º Serão atendidos em 5 (cinco) dias úteis os pedi- endereços dos destinatários da ordem judicial,
dos de certidões de objeto e pé formulados pelo cor- declinados ou existentes nos autos, inclusive do
reio eletrônico (e-mail) institucional de um ofício de local de trabalho.
justiça para outro. A certidão será elaborada e § 2º Aos mandados e contramandados de prisão e
encaminhada pelo ofício de Justiça diretamente à alvarás de soltura aplicam-se as disposições cons-
unidade solicitante. tantes na Seção XII do Capítulo IV, no que couberem.
§ 4º Se houver necessidade de requisição de autos Art. 106 Na hipótese do mandado anterior não
do Arquivo Geral, os prazos deste artigo contar-se- consignar elementos essenciais para o cumprimen-
-ão do recebimento do feito pelo ofício de justiça. to da nova diligência, será dispensado o seu desen-
§ 5º A expedição de certidão de processos que cor- tranhamento e aditamento, expedindo-se novo
rem em segredo de justiça dependerá de despacho mandado.
do juiz competente. Art. 107 Os mandados serão entregues ou encami-
Art. 104-A A requerimento escrito do credor, tra- nhados aos encarregados das diligências mediante
tando-se de decisão judicial, transitada em julgado, a respectiva carga.
que reconheça a existência de obrigação de pagar Art. 108 Os mandados que devam ser cumpri-
310 dos pelos oficiais de justiça serão distribuídos, na
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
forma regulada pela Corregedoria Geral da Justiça, quando a mensagem não se referir a feito do pró-
aos que estiverem lotados ou à disposição das res- prio ofício de justiça, arquivá-la no classificador
pectivas comarcas ou varas. correspondente;
Parágrafo único. Os mandados de prisão não serão V - anexar à mensagem os documentos necessários,
entregues aos oficiais de justiça, mas encaminha- no padrão PDF e sem restrição de impressão ou
dos ao Instituto de Identificação Ricardo Gumble- salvamento;
ton Daunt - IIRGD. VI - selecionar as opções de confirmação de entrega e
Art. 109 Nas certidões de expedição e de entrega de confirmação de leitura da mensagem;
VII - assinar a mensagem com seu certificado digital;
dos mandados, constarão o nome do oficial de jus-
VIII - imprimir os comprovantes de confirmação de
tiça a quem confiado o mandado e a data da
entrega e de leitura,
respectiva carga.
para juntada aos autos, assim que recebê-los;
Art. 110 Mensalmente, o escrivão relacionará os IX - inserir no sistema informatizado de andamen-
mandados em poder dos oficiais de justiça, além to processual a informação de envio da mensagem
dos prazos legais ou fixados, comunicando ao Juiz eletrônica.
Corregedor Permanente, para as providências Art. 116 O ofício de justiça que receber a mensagem
cabíveis. deverá:
I - expedir eletronicamente as confirmações de entrega
Seção XII e de leitura da mensagem, que valerão como protocolo;
II - imprimir a mensagem, bem como os eventuais ane-
Art. 111 A lavratura de ofícios observará as regras xos, para juntada aos autos do processo ou arquiva-
de escrituração dispostas na Seção VII do presente mento em classificador próprio, se for o caso;
capítulo e o seguinte: III - inserir no sistema informatizado de andamento
I – os ofícios extraídos de processos serão datados processual a informação de recebimento da mensa-
gem eletrônica, se for o caso;
e identificados com o número dos autos respectivos
IV - promover a conclusão, no prazo legal, quando a
e nome das partes, dispensando-se a numeração em
mensagem se referir a providências a cargo do juiz;
ordem cronológica, anexada uma cópia exclusiva-
V - encaminhar eletronicamente a mensagem, no
mente nos autos; mesmo prazo da conclusão, ao correio eletrônico
II - os ofícios que não se refiram a feito do próprio (e-mail) institucional do juiz, se este assim o deter-
ofício de justiça serão numerados sequencialmente, minar, ou ao correio eletrônico (e-mail) institucio-
em série renovável anualmente, de acordo com as nal do funcionário, a quem
respectivas datas de expedição, arquivada uma couber o envio da resposta.
cópia no classificador próprio. Art. 117 A resposta aos e-mails deverá ser dada ele-
tronicamente, cabendo ao juiz, a quem a mensagem
Seção XIII houver sido encaminhada nos termos do inciso V do
art. 116, ou ao funcionário, encarregado do envio da
Art. 112 Ressalvada a utilização dos meios con- resposta, preencher no
vencionais no caso de indisponibilidade do sistema campo “para” o endereço do correio eletrônico
informatizado e do sistema de malote digital, quando (e-mail) da unidade cartorária do remetente da men-
implantado, as comunicações oficiais que transitem sagem original.
entre os ofícios de justiça serão por meio eletrônico, Art. 118 Na ausência da expedição de confirmação
de entrega e leitura pelo destinatário da mensagem,
observadas as regras estabelecidas nesta Seção.
presumir-se-ão recebidas e lidas as mensagens no pri-
Art. 113 Serão transmitidas eletronicamente:2
meiro dia útil subsequente ao do envio.
I - informações que devam ser prestadas à segunda
Parágrafo único. Tratando-se de medidas urgentes, se
instância, conforme determinação do relator;
frustrada a entrega, ou se não confirmados o recebi-
II - ofícios; mento e a leitura até o dia seguinte à transmissão, o
III - comunicações;

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


remetente entrará em contato telefônico com o desti-
IV - solicitações; natário e, se o caso, reenviará a mensagem, de tudo
V - pedidos e encaminhamento de certidões de objeto e lavrando-se certidão nos autos.3
pé, certidões criminais e certidões de distribuição; Art. 119 Em se tratando de documentos que devam
VI - cartas precatórias, nos casos de urgência. ser juntados em processo digital, será feita em PDF a
Art. 114 A transmissão eletrônica de informações e impressão de que cuidam os incisos IV e VIII do art.
documentos será realizada por dirigente, escrivão 115 e o inciso II do art. 116.
judicial, chefe de seção e escrevente técnico judiciário. Art. 120 Nos casos de inoperância do certificado digi-
Art. 115 O remetente da comunicação eletrônica tal ou enquanto não for disponibilizado, o remetente
deverá: materializará o documento em papel, colherá a assi-
I - utilizar seu correio eletrônico (e-mail) institucio- natura, digitalizará o documento assinado e o enviará
nal, e não o da unidade em que lotado, para enviar a como anexo da mensagem eletrônica.
mensagem; Art. 121 Cumpridas as providências dos arts. 115, 116
II - preencher o campo “para” com o endereço eletrôni- e 117, as mensagens eletrônicas e seus anexos serão
co da unidade destinatária e o campo “assunto” com o deletados.
número do processo e a especificação de uma hipótese
do art. 113; Subseção I
III - digitar, no corpo do texto da mensagem eletrôni-
ca, os dados do processo (número, unidade judiciária, Art. 121-A A solicitação e o recebimento de infor-
comarca e partes) e o endereço do correio mações da Receita Federal do Brasil relacionadas
eletrônico (e-mail) institucional da unidade em que a endereço ou a situação econômico-financeira da
lotado; parte em processo judicial serão realizadas pelo
IV - juntar aos autos cópia da mensagem eletrônica sistema Infojud, diretamente pelos Magistrados ou
enviada, dispensadas a impressão e a juntada de servidores indicados, sendo obrigatório o uso do
anexos que consistirem em peças do processo, ou, Certificado Digital - 311
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ICP Brasil, Padrão A-3. Parágrafo único. Em caso de inércia, os autos serão
Art. 121-B As informações relacionadas à situação conclusos ao juiz do feito para as providências
econômico-financeira serão juntadas aos autos, cabíveis.
passando a tramitar sob segredo de justiça nos ter- Art. 128 É permitida a retirada da carta cumprida
mos do artigo 189, inciso I, do Código de Processo junto ao juízo deprecado, para a entrega ao juízo
Civil. deprecante, desde que nela conste o nome do advo-
Art. 121-C Serão igualmente juntadas aos autos as gado da parte que tiver interesse no cumprimento
informações que versarem apenas sobre o endere- do ato , com o número da respectiva inscrição na
ço da parte, não será necessária a tramitação sob Ordem dos Advogados do Brasil.
segredo de justiça. Art. 129 Ao retornar cumprida a precatória, o
escrivão judicial juntará, aos autos principais,
apenas as peças essenciais, imprescindíveis à
Seção XIV
compreensão das diligências realizadas no juízo
deprecado, especialmente as certidões de lavra dos
Art. 122 A carta precatória será confeccionada em
oficiais de justiça e os termos do que foi deprecado,
3 (três) vias, servindo, uma delas, de contrafé. salvo determinação judicial em contrário.
§ 1º O pagamento da taxa judiciária, devida em Art. 130 Havendo urgência, transmitir-se-á a carta
razão do cumprimento, deverá ser demonstrado precatória por fac-símile (fax), telegrama, telefone,
até o momento da distribuição, mediante a junta- radiograma ou correio eletrônico (e-mail), obser-
da da 1ª via original do respectivo comprovante de vando-se as cautelas previstas nos arts. 264 e 265
recolhimento. do Código de Processo Civil e nos arts. 354 e 356 do
§ 2º Quando o ato deprecado for a citação, será ins- Código de Processo Penal.
truída com tantas cópias da petição inicial quantas Parágrafo único. A via original da carta não será
sejam as pessoas a citar. encaminhada ao juízo deprecado. Será encartada
§ 3º Se a ordem judicial puder ser cumprida remo- aos autos, juntamente com a certidão de sua trans-
tamente, o ato não será deprecado, salvo nas missão, tão-logo ocorra o pedido de confirmação de
situações abaixo e desde que estejam devidamente seu teor por parte do juízo destinatário.
fundamentadas na decisão judicial que determinar Art. 131 As cartas rogatórias cíveis e criminais
a expedição da deprecata: serão expedidas conforme o procedimento, mode-
a. Não disponibilização de data para a realização los e formulários aprovados e divulgados pela Cor-
de audiência em Estação Passiva (artigo 156-A), regedoria Geral da Justiça no sítio do Tribunal de
em 30 dias para processos em que há réu preso ou Justiça na internet.
menor internado, ou 90 dias para os demais casos.
b. Na hipótese do artigo 995, § 10, inciso III, destas Seção XV
NSCGJ;
c. Quando necessária a prática de ato a ser cum- A décima quinta seção versa sobre as intimações,
prido presencialmente para viabilizar posterior que consistem em atos judiciais pelos quais se notifica
ato remoto (por exemplo: intimação presencial determinada pessoa dos atos do processo. Não se con-
de testemunha que será ouvida remotamente por fundem com citação, que é o modo de trazer o réu ao
videoconferência), excetuando-se os processos ele- processo, dando conhecimento da lide, para que exer-
trônicos nas comarcas onde já implantado o com- ça o contraditório e ampla defesa.
partilhamento de mandados; A regra é a intimação eletrônica, mediante publi-
d. Nos casos de depoimento especial nos termos da cação no Diário da Justiça Eletrônico. O parágrafo úni-
Lei nº 13.431/2017. co do art. 132 traz vedação expressa ao servidor dos
e. para pessoas com dados protegidos a que se refe- ofícios de justiça no sentido de prestar informações
re o Provimento CG nº 32/2000. por telefone aos advogados, aos membros do Ministé-
Art. 123 Constatado que o ato pode ser cumprido rio Público, às partes e ao público em geral acerca dos
em endereço de jurisdição diversa daquela cons- atos e termos do processo.
tante da carta precatória, ou ainda, que o endere- De acordo com o art. 133, os despachos, decisões
ço originário pertence à outra jurisdição, deverá o interlocutórias e sentenças devem ser encaminhados à
juízo deprecado encaminhá-la ao juízo competente, publicação no Diário da Justiça Eletrônico, dentro do
comunicando tal fato ao juízo deprecante. prazo máximo de:
Art. 124 O juízo deprecado devolverá a carta preca-
tória, independentemente de cumprimento, quando z 3 (três) dias, a contar da devolução dos autos em
não devidamente instruída e não houver regulari- cartório;
zação no prazo determinado. z O mesmo prazo deverá ser observado para fins de cumpri-
Art. 125 As cartas precatórias não serão autuadas, mento da intimação por meio eletrônico (parágrafo único).
servindo os encartes remetidos pelo juízo deprecan-
te como face das mesmas, sobre os quais o ofício de Art. 134 As intimações de atos ordinatórios, des-
justiça deprecado afixará a etiqueta adesiva remeti- pachos, decisões interlocutórias e sentenças, qual-
da pelo ofício do distribuidor, que servirá de identi- quer que seja o meio empregado, consumar-se-ão
ficação das partes e da natureza do feito, cuidando de maneira objetiva e precisa, sem ambiguidades e
também anotar no omissões, e conterão:
alto, à direita, o número do processo. I - O número dos autos, o objeto do processo, segun-
Art. 126 As cartas precatórias, quando possível, do a tabela vigente, e o nome das partes;
servirão como mandado. II - O resumo ou transcrição daquilo que deva ser
Art. 127 Não atendidos pedidos de informações dado conhecimento, suficientes para o entendimen-
sobre o cumprimento do ato, cumprirá ao ofício de to dos respectivos conteúdos;
justiça do juízo deprecante reiterar a solicitação e III - O nome dos advogados das partes com o núme-
estabelecer contato telefônico com o escrivão do ro de suas respectivas inscrições na Ordem dos
312 juízo deprecado, de tudo certificando nos autos. Advogados do Brasil.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
INTIMAÇÕES PELA IMPRENSA (ART. 135) Art. 142 Caberá aos escrivães judiciais velar pelo
adequado cumprimento das normas atinentes às
Partes representada nos autos por mais de um advogado = o publicações ou às intimações por carta, conferindo
ofício de justiça fará constar o nome de qualquer subscritor diariamente seu teor, sem prejuízo da fiscalização
da peça, com o número da OAB, a não ser que a parte indique ordinária dos Juízes Corregedores Permanentes.
outro ou, no máximo, dois nomes, ou indique o nome da socie-
dade de advogados a que seu advogado pertença.
Seção XVII
Decisões interlocutórias e sentenças = serão publicadas
somente na sua parte dispositiva; os atos ordinatórios e des- A décima sétima seção traz algumas disposições
pachos de mero expediente serão transcritos ou resumidos
sobre consulta e carga dos autos.
com os elementos necessários à explicitação do conteúdo da
ordem judicial. De acordo com o art. 157, o acesso aos autos judi-
ciais e administrativos de processos em andamento ou
Será publicada apenas a parte dispositiva das decisões
proferidas em procedimentos de natureza disciplinar ou em
findos, mesmo sem procuração, quando não estejam
processos de dúvida, podendo o Corregedor Geral da Justiça, sujeitos a segredo de justiça, é assegurado aos advoga-
se entender necessário, determinar a sua publicação integral, dos, estagiários de Direito e ao público em geral, por
após o trânsito em julgado. meio do exame em balcão do ofício de justiça ou seção
administrativa, podendo ser tomados apontamentos,
Segundo o art. 136, a publicação omissa em relação solicitadas cópias reprográficas, bem como utilizado
aos requisitos [...] e que cause efetivo prejuízo a qual- escâner portátil ou máquina fotográfica, vedado, nes-
quer das partes será considerada nula. tas hipóteses, o desencarte das peças processuais para
Em seguida, o art. 137 postula que quando ocorrer reprodução.
erro ou omissão de elemento indispensável na publica- Nesse artigo, existe o direito à consulta, traduzi-
ção, independentemente de despacho ou de reclamação do como o poder de tomar apontamentos, solicitar
da parte, proceder-se-á imediatamente à retificação e cópias, escanear e fotografar, no momento de exame
nova publicação, encartando-se aos autos cópia do ato em balcão, mesmo que sem procuração, mas desde
incorretamente publicado. que não haja segredo de justiça.
O art. 138 dispõe que da publicação no Diário da Jus- O art. 158 adiciona, inclusive, que para a garan-
tiça Eletrônico a respeito de processos sujeitos ao segre- tia do direito de acesso aos autos que não corram em
do de justiça constarão apenas as iniciais das partes. segredo de justiça, poderão os advogados ou estagiá-
Sobre taxa judiciária, o art. 139 informa que os escri- rios de Direito, regularmente inscritos na OAB, que
vães judiciais farão publicar no Diário da Justiça, juntamen- não tenham sido constituídos procuradores de
te com as respectivas intimações, o valor da taxa judiciária quaisquer das partes, retirar os autos para cópia,
que deve ser recolhida pelas partes, bem como o valor das pelo período de 1 (uma) hora, mediante controle de
importâncias que, objeto de cálculo, devam ser depositadas, movimentação física, devendo o serventuário consultar
em quaisquer processos e a qualquer título. Ademais, o pará- ao sítio da Ordem dos Advogados do Brasil da Internet,
grafo único completa que todas as intimações, publicadas à vista da Carteira da OAB apresentada pelo advoga-
para que as partes se manifestem sobre cálculos e contas, do ou estagiário de Direito interessado, com impressão
conterão os respectivos valores, em resumo, limitando-se a dos dados obtidos, os quais serão conferidos pelo servi-
publicação ao que baste para a perfeita ciência das partes dor antes da entrega dos autos, observadas, ainda, as
sobre o objeto do cálculo ou da conta. demais cautelas previstas para a carga rápida.
Em seguida, o art. 140 diz que a publicação de atos ordi- Tem-se, nesse artigo, o direito à carga rápida, que
natórios, despachos, decisões interlocutórias e sentenças, no
é esmiuçado no parágrafo único do art. 158: a carga
Diário da Justiça Eletrônico, será documentada pelo encarte,
rápida também será concedida à pessoa credenciada
aos autos, da respectiva certidão gerada automaticamente
pelo advogado ou sociedade de advogados, não sendo

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


pelo sistema informatizado oficial ou, na impossibilidade,
dispensada a consulta ao sítio da Ordem dos Advo-
pela certidão aposta na mesma folha, ao pé, ou, se não hou-
gados do Brasil dos dados referentes ao advogado ou
ver espaço, no verso da folha em que lançado o ato publica-
do. Seu parágrafo único dispõe que as publicações feitas no sociedade de advogados que autorizar a retirada dos
Diário da Justiça Eletrônico comprovam-se mediante certi- autos. O preposto precisa apresentar a autorização
dão, independentemente da juntada do exemplar impresso. junto com documento de identidade.
Por outro lado, na hipótese de os processos corre-
REGRAS DE INTIMAÇÕES POR EDITAL rem em segredo de justiça, o seu exame, em cartório,
será restrito às partes e a seus procuradores devida-
I - Extraído o edital, conferido e assinado, serão autenticadas
as respectivas folhas com a chancela do ofício de justiça, de-
mente constituídos (art. 160). O exemplo típico de
vendo escrivão rubricar cada uma delas; processos que tramitam em segredo de justiça são as
II - As publicações de edital feitas no Diário da Justiça Eletrô- ações de família.
nico [...] comprovam-se mediante certidão (não é necessária a
juntada do exemplar impresso); Art. 160 [...]
III - A publicação de edital em jornal de ampla circulação local § 1° As entidades que reconhecidamente prestam
será providenciada pela parte ou por agência de publicidade serviços de assistência judiciária poderão, por
de sua escolha (comprovada nos autos mediante a juntada do
intermédio de advogado com procuração nos autos,
original);
autorizar a consulta de processos que tramitam em
z Quando o processo tramitar sob segredo de justiça, os
editais de citação deverão conter o nome completo do réu segredo de justiça em cartório pelos acadêmicos de
e apenas o conteúdo indispensável à finalidade do ato, Direito não inscritos na OAB. Referida autorização
sem as especificações da petição inicial, abreviando-se os deverá conter o nome do acadêmico, o número de
nomes das demais partes envolvidas. A finalidade disto é seu RG e o número e/ou nome das partes do proces-
resguardar o segredo de justiça (parágrafo único) so a que se refere a autorização, que será juntada
posteriormente aos autos. 313
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Perceba que em caso de segredo de justiça exige-se que o advogado tenha procuração nos autos autorize o
acesso do acadêmico de direito.

Art. 160 [...]


§2° É vedado o acesso a autos de processos que correm em segredo de justiça por estagiários não inscritos ou com
inscrição vencida na OAB.

Ademais, o acadêmico precisa ser estagiário inscrito na OAB para poder acessar os autos em segredo de justiça.

Art. 161 A carga de autos judiciais e administrativos em andamento no cartório é reservada unicamente a advo-
gados ou estagiários de Direito regularmente inscritos na OAB, constituídos procuradores de alguma das partes,
ressalvado, nos processos findos e que não estejam sujeitos a segredo de justiça, a carga por advogado mesmo sem
procuração, pelo prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único: A carga de autos também poderá ser realizada por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público, o que implicará
intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.

A carga é direito de advogados e estagiários inscritos na OAB. Se o processo é findo e sem segredo de justiça, a
carga do advogado não precisa de procuração. A carga tem o efeito de intimar a pessoa que está com os autos em
relação a qualquer decisão contida no processo.

Art. 162 O escrivão ou o escrevente responsável pelo atendimento registrará a retirada e a devolução de autos,
mediante anotação no sistema informatizado oficial e no relatório de carga emitido pelo sistema (carga eletrônica),
observadas as seguintes cautelas:
I - na retirada dos autos, o advogado, estagiário de Direito ou pessoa credenciada lançará sua assinatura no rela-
tório de carga emitido pelo sistema informatizado, arquivando-se o documento provisoriamente em classificador
próprio;
II - Na devolução do feito, o servidor do ofício de justiça ou da seção administrativa efetuará a baixa no relatório de
carga, juntando-o imediatamente aos autos.
§1° O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral será utilizado quando não for possível a utilização do sistema
informatizado, caso em que serão lançados, no livro, a assinatura do destinatário e, nos autos, o termo de carga e
recebimento.
§2° No relatório eletrônico ou no livro de protocolo constarão o número da carteira profissional e respectiva seção,
expedida pela OAB, em nome do destinatário ou o número da carteira de identidade, quando tratar-se de pessoa
credenciada pelo advogado ou sociedade de advogados, facultado ao servidor, na dúvida, solicitar a exibição dos
documentos.
§3° A baixa da carga de autos, constante de relatório eletrônico ou de livro protocolo, far-se-á imediatamente, à
vista do interessado, sendo-lhe facultada a obtenção de recibo de autos, assinado pelo servidor, em instrumento
previamente confeccionado pelo interessado e do qual constarão designação do ofício de justiça ou da seção admi-
nistrativa, número do processo, tipo de demanda, nome das partes e data da devolução. A cada auto processual cor-
responderá um recibo e a subscrição pelo servidor não implica reconhecimento da respectiva regularidade interna.

Deverá constar a
assinatura no relatório
Na retirada dos autos
de carga do responsável
pela retirada
Registrará a retirada e
O ESCRIVÃO OU
devolução dos autos
ESCREVENTE
mediante anotação no
RESPONSÁVEL PELO
sistema oficial, devendo
ATENDIMENTO
observar:
O servidor efetuará a
baixa no relatório de
Na devolução do feito
carga, juntando-o aos
autos

De acordo com o art. 163, os advogados, a sociedade de advogados, os representantes judiciais da Fazenda
Pública e os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, mediante petição dirigida ao Juiz Corregedor
Permanente, poderão indicar prepostos, funcionários ou estagiários autorizados a retirarem, em nome daqueles, os
autos em carga.
Atente-se aos prazos para retirada dos autos previstos no art. 164 e parágrafos seguintes:
Não havendo fluência de prazo:

z Os autos somente serão retirados em carga mediante requerimento (art. 164).

Com fluência de prazo:

z Na fluência de prazo, os autos não sairão do ofício de justiça, salvo nas hipóteses expressamente previstas na
legislação vigente, ressalvado, porém, em seu curso ou em outras hipóteses de impossibilidade de retirada dos
autos, o direito de requisição de cópias quando houver justificada urgência na extração respectiva, mediante
314 autorização judicial, observando-se o procedimento próprio (§1°);
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Na fluência de prazo comum, só em conjunto ou desentranhados, anotando-se a folha dos autos em
mediante prévio ajuste por petição nos autos os pro- que lançada a certidão de desentranhamento, veda-
curadores das partes ou seus prepostos retirarão os da a renumeração das folhas do processo.
autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual § 2° As peças e documentos juntados por equívoco aos
cada procurador ou preposto poderá retirá-los pelo autos serão imediatamente desentranhados e junta-
dos aos autos corretos ou, quando não digam respei-
prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, mediante carga,
to a feitos da vara ou ofício de justiça, devolvidos ao
independentemente de ajuste, observado o término setor de protocolo, de tudo lavrando-se certidão.
do expediente forense (§ 2°).
Segundo os incisos do art. 172, quando se decide
Além dos prazos, devemos nos atentar ao que dis- pelo desentranhamento, o oficial de justiça é quem irá:
põe o art. 166, sendo vedada a retenção do documento
de identificação do advogado ou do estagiário de Direi- Art. 172 [...]
to no ofício de justiça, para a finalidade de controle de I - desentranhar as peças, certificando-se;
carga de autos, em qualquer modalidade ou circunstân- II - manter os documentos em local adequado, para
cia. Esse dispositivo tem como escopo evitar abusos. sua posterior entrega;
Segundo o art. 167: III - intimar o interessado a retirar a documentação
O advogado deve restituir, no prazo legal, os autos no prazo de 5 (cinco) dias, se outro não for assina-
que tiver retirado do ofício de justiça. Se intimado lado pelo Juiz.
pessoalmente, o advogado não devolver os autos no
prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de
cartório e incorrerá em multa correspondente à meta- Importante!
de do salário mínimo. Não é necessária a certificação do número do
processo em relação àquilo que eventualmente
Art. 167 [...]
§ 1º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato
necessite ser desentranhado dele (peças, docu-
à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil mentos), salvo se tratar de título de crédito ou
para procedimento disciplinar e imposição das haver determinação judicial.
penalidades.
§ 2º O expediente de cobrança de autos receberá
autuação singela, sem necessidade de registro. O art. 174 traz uma norma referente ao que fazer
§ 3º Devolvidos os autos, o ofício de justiça, depois após o trânsito em julgado, ou seja, quando não cabe
de seu minucioso exame, juntará o expediente de mais nenhum tipo de recurso:
cobrança de autos, certificando a data e o nome de
quem os retirou e devolveu. Art. 174 Transitada em julgado a sentença, os obje-
§ 4º Na hipótese de extravio dos autos, o expediente tos anexados às manifestações processuais serão
de cobrança instruirá o respectivo procedimento de devolvidos às partes ou seus procuradores, median-
te solicitação ou intimação para retirada em até 30
restauração.
(trinta) dias, sob pena de destruição.
Art. 168 O escrivão ou o chefe de seção deverá,
mensalmente, até o décimo dia útil do mês sub-
sequente, verificar o cumprimento dos prazos de Exemplo: após o trânsito, um CD anexado aos autos
devolução dos autos retirados, relacionar, em duas será devolvido à parte, mediante sua solicitação, sob
vias, os autos em poder das partes além dos pra- pena de destruição.
zos legais ou fixados, a primeira encaminhada, sob
forma de representação, ao Juiz Corregedor Perma- Seção XIX
nente (art. 168).
A décima nona seção trata de assuntos correlatos

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


O fundamento dessa regra é propiciar o acompa- ao arquivamento. É pressuposto para o arquivamen-
nhamento e controle. to de processos sentença definitiva ou certidão ter-
minativa, inclusive decisão de extinção do processo
Seção XVIII em razão da estabilização da tutela. Exceção: os casos
legais de suspensão do processo por prazo indetermi-
Essa seção traz dispositivos sobre o desentranha- nado, quando não será comunicada a sua extinção.
mento de peças e documentos dos autos. O desen-
tranhamento de peças e de documentos pode ser Art. 177 Após a publicação da decisão que deter-
requerido pelo interessado ou determinado de ofício minou o arquivamento, os processos permanecerão
pelo juiz. Todavia, é uma faculdade a substituição por no ofício de justiça por 30 (trinta) dias, findo o pra-
cópia simples (art. 170). zo, serão arquivados após realizadas as anotações
Segundo o art. 171: e atos necessários no sistema informatizado oficial
Não haverá substituição das peças ou dos docu- e no sistema da empresa terceirizada (SGDAU).
mentos desentranhados por cópia quando, a critério Art. 178 Quando o cumprimento da sentença con-
do juiz do processo, referirem-se a: denatória cível se der em juízo diverso daquele que
a proferiu (art. 516, parágrafo único, do CPC), o
Art. 171 [...] arquivamento dos autos, no âmbito do Poder Judi-
I - manifestação intempestiva do peticionário; ciário do Estado de São Paulo, deverá ser promo-
II - documentação evidentemente estranha aos autos; vido pelo juízo da execução, que realizará todos os
III - documentos que não tenham servido de base cadastramentos pertinentes à extinção do proces-
para fundamentação de qualquer decisão proferida so, quando for o caso.
nos autos ou para a manifestação da parte contrária. Art. 179 É autorizado o arquivo provisório de pro-
§ 1° Nestas hipóteses, será colocada uma folha cessos que se encontrem em fase de execução de títu-
em branco no lugar das peças ou documentos lo judicial há mais de 1 (um) ano e nos quais não 315
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
tenham sido localizados bens do executado, manti- I – Vara/Secretaria (unidade produtora);
do o nome das partes no Cartório Distribuidor. Os II – Número de registro, compreendendo todos os
processos arquivados provisoriamente deverão ser números que o processo possui;
excluídos das estatísticas mensais. III – Classe e Assunto;
Art. 180 Fica vedada às partes e advogados a con- IV – Nome das partes ativa e passiva, sem
sulta ou retirada de processos nos depósitos do abreviações;
Arquivo Terceirizado. V – Número de documentos, quando houver;
Art. 181 O interessado irá consultar o processo no VI - Nome dos advogados das partes ativa e passi-
ofício de justiça onde tramitou o processo. Então, va, sem abreviações e número da OAB;
a unidade judicial faz a requisição no sistema da VII – Objeto da ação;
empresa terceirizada (SGDAU), observando o pré- VIII – Data da decisão final (compreende todos os
vio recolhimento da taxa de desarquivamento dos recursos, data de Acórdão, quando houver);
autos. Exceção: não há taxa quando se tratar de IX – Resultado da ação (procedente, improcedente,
pedidos abrangidos pela gratuidade judiciária ou condenado, absolvido, sem julgamento do mérito);
isenção. X – Data do trânsito em julgado;
Parágrafo único. O interessado no desarquivamen- XI – Data da extinção (baixa definitiva).
to será intimado da chegada dos autos ao cartório
e do prazo de 30 (trinta) dias para manifestação,
O art. 187 fala sobre a informalidade do rearquiva-
bem como de que, decorrido o prazo sem manifes-
mento, como, por exemplo, a dispensa de caixas/paco-
tação, os autos retornarão ao arquivo.
tes, malotes etc., sem que isso anule a organização do
procedimento.
É expressamente vedado pelo art. 182 o manuseio
de autos processados em segredo de justiça, exceção
Art. 187 Os processos destinados ao rearquiva-
feita às partes e aos advogados por elas constituídos,
mento dispensam a utilização de caixas/pacotes,
ou mediante ordem judicial expressa. O parágrafo úni-
malotes e submalotes, contudo deverão estar sepa-
co diz que a extração de cópia reprográfica ou certidão
rados de forma distinta, possibilitando identificar
de processos com segredo de justiça, bem como o desen- no momento da coleta, quais são novos arquiva-
tranhamento de documentos, dependerão de despacho mentos (primeiro arquivamento) e quais são os de
do juiz competente. retorno para arquivamento (rearquivamento).
Sobre o arquivamento, a norma traz os seguintes
dispositivos: Sobre o desarquivamento, o art. 188 determina
que os requerimentos de desarquivamento de autos,
Art. 184 O arquivo de processos, primeiro arquiva-
ressalvadas as exceções legais, serão instruídos com
mento, será feito individualmente dispensando-se o
o comprovante de recolhimento da respectiva taxa.
uso de caixas e adotando-se as seguintes cautelas:
I – indexar no sistema da empresa terceirizada Segundo o parágrafo único, na ausência da guia de
(SGDAU) cada processo e, se for o caso, seus volu- recolhimento, o advogado (subscritor ou responsável
mes, separadamente; indicado) será intimado a recolher as respectivas cus-
II – no caso de processos com mais de um volume, tas, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não prosse-
indicar o número do volume que está sendo internado; guimento da solicitação.
III – afixar na capa do processo, no canto supe-
rior esquerdo, a etiqueta de indexação do processo Art. 189 Os ofícios de justiça requisitarão, quando
(volume a volume); necessário, os processos depositados no Arquivo
IV – indicar no sistema a quantidade de apensos Terceirizado, emitindo a solicitação diretamente
existentes para o processo ou volumes objeto da no sistema da empresa terceirizada (SGDAU) e ano-
indexação; tando no sistema informatizado oficial a data em
V - se for o caso de apenso com número autônomo que solicitado o desarquivamento do processo.
de distribuição, realizar a indexação do processo
apenso, informando a vinculação (apensamento). O ordenamento traz regramento sobre pesquisa
Parágrafo único. No sistema informatizado oficial histórica, de maneira que se permite a pesquisa cien-
todos os dados do processo deverão estar anota-
tífica nos processos que se encontram arquivados nas
dos, processo baixado (extinção) ou com decisão
terminativa.
dependências da empresa terceirizada responsável pela
guarda (189-A).
O art. 184 traz um rol de cautelas ao arquivamen-
Art. 189-B Para realização da pesquisa é neces-
to, para fins de registro e organização. O art. 185 espe-
sário o credenciamento junto à Coordenadoria de
cifica sobre a remessa dos processos para a guarda em
Gestão Documental e Arquivos – SPI 2.4, através do
um arquivo terceirizado.
endereço eletrônico institucional: (spi.gestaodocu-
mental@tjsp.jus.br).
Art. 185 A remessa de processos para guarda em
Arquivo Terceirizado será feita pelos ofícios de jus-
tiça de acordo com a escala de retirada periodica-
TOMO I – CAPÍTULO XI
mente publicada no Diário da Justiça Eletrônico.
Seção I
A respeito do rearquivamento, é importante saber
que: Neste capítulo, é explorado o tema “Processo Ele-
trônico”, definido como processo judicial cujas peças,
Art. 186 Para rearquivamento de processos, os ofí- documentos e atos processuais constituem um conjun-
cios de justiça informarão no sistema da empresa to de arquivos digitais, que tramitam e são transmi-
terceirizada (SGDAU) os dados necessários para tidos, comunicados, armazenados e consultados por
316 propiciar a coleta do processo para guarda: meio eletrônico (art. 1.189).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ACESSO AO SISTEMA – ART. 1.191 Art. 1.222 Em caso de indisponibilidade do serviço
de peticionamento eletrônico ou impossibilidade
O acesso pode ser feito no sítio eletrônico do Tribunal técnica, a petição intermediária em papel será rece-
de Justiça do Estado de São Paulo na internet (site do bida desde que observados os requisitos legais.
TJSP), por qualquer pessoa credenciada, mediante uso § 1º Deferida a juntada pelo juiz do feito, o ofício de
de certificação digital (ICP - Brasil – Padrão A3); justiça protocolará a petição, dispensada a remes-
Outra possibilidade de acesso é a dos entes convenia- sa para o Setor de Protocolo, e caso verifique o fun-
dos, que ficam autorizados por meio seguro de integra- cionamento do sistema informatizado, procederá à
ção de sistemas; digitalização das peças e o trâmite eletrônico regu-
Nos sistemas internos, o acesso é feito por magistrados, lar do processo.
servidores, funcionários e até terceiros que sejam autori- § 2º Caso inoperante o sistema, o processamento
zados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo seguirá fisicamente, devendo o ofício de justiça pro-
ceder à digitalização tão logo seja restabelecido o
funcionamento.
Segundo o parágrafo único do art. 1.191, o uso ina- § 3º Nos casos dos parágrafos anteriores, cienti-
dequado do sistema de processamento eletrônico do ficar-se-á o requerente de que terá 45 (quarenta e
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que venha cinco) dias, a partir da digitalização, para retirar
a causar prejuízo às partes ou à atividade jurisdicional a petição, sob pena de inutilização da peça e dos
importará bloqueio do cadastro do usuário, sem prejuí- documentos pelo ofício de justiça.
zo das demais cominações legais.
Seção V
Art. 1.192 A autenticidade e integridade dos atos e
peças processuais serão garantidas por sistema de Sobre as consultas às movimentações proces-
segurança eletrônica, mediante uso de certificação suais, o art. 1.224 estipula que é livre a consulta, no
digital (ICP-Brasil – Padrão A3). sítio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, às
movimentações processuais, inteiro teor das decisões,
De acordo com o art. 1.193, é de exclusiva responsa- sentenças, votos, acórdãos e aos mandados de prisão
bilidade do titular de certificação digital o uso e sigilo da registrados no BNMP.
chave privada da sua identidade digital, não sendo oponí- Por consequência, o advogado, o defensor público,
vel, em nenhuma hipótese, alegação de seu uso indevido. as partes e o membro do Ministério Público, cadastra-
Segundo o art. 1.194, todos os atos processuais do dos e habilitados nos autos, terão acesso a todo o con-
processo eletrônico serão assinados eletronicamente, teúdo do processo eletrônico (§ 1°, art. 1.224).
por meio de certificação digital. Ademais, será consi- Os advogados, defensores públicos, procuradores
derada original a versão armazenada no servidor do e membros do Ministério Público, não vinculados a
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, enquanto processo, previamente identificados, poderão acessar
o processo estiver em tramitação ou arquivado (art. todos os atos e documentos processuais armazenados,
1.195.) salvo nos casos de processos em sigilo ou segredo de
justiça (§ 2°, art. 1.224).
Seção IV Em proteção às situações de intimidade, seguran-
ça nacional, os processos que tramitam no sistema de
Art. 1.220 As petições intermediárias serão processamento eletrônico do Tribunal de Justiça do
apresentadas pelo peticionamento eletrônico e Estado de São Paulo, em segredo de justiça, só poderão
encaminhadas diretamente ao ofício de justiça ser consultados pelas partes e procuradores habilita-
correspondente. dos a atuar no processo (art. 1.225).
Parágrafo único. Na hipótese de materialização do Regras de consulta na íntegra de processos eletrônicos
processo, cuja tramitação era em meio eletrônico,

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


passarão a ser admitidas petições em meio físico.
Art. 1.226. A consulta da íntegra de processos ele-
Retomada a tramitação no meio eletrônico, não
trônicos na internet observará as seguintes regras:
mais serão admitidas petições em meio físico.
I - os advogados, após cadastramento no Portal E-Saj,
e mediante uso da certificação digital ou login e senha,
Como regra (art. 1.221), os Setores de Protocolo do poderão consultar a íntegra de processos públicos e a
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo não poderão íntegra de processos em que decretado o segredo de
receber petições em papel dirigidas aos processos que justiça, desde que, no último caso, estejam vinculados
tramitam eletronicamente. por força de procuração nos autos;
II - às partes será fornecida senha para acesso à
Art. 1.221 [...] íntegra de seu processo eletrônico juntamente com a
§ 1º Em caso de recebimento indevido, caberá ao citação ou quando solicitada, sendo possível o requeri-
Setor de Protocolo de origem cancelar o protocolo mento e a retirada pelo advogado constituído, circuns-
e intimar o peticionário pelo Diário da Justiça Ele- tância essa que deverá ser certificada nos autos;
trônico – DJE para retirada da petição. Se o Ofício III - Para consulta da íntegra dos autos digitais na
de Justiça verificar o recebimento indevido antes do internet será fornecida senha de acesso a terceiros
cadastramento, devolverá a petição ao protocolo legitimamente interessados para autos que trami-
de origem. Se a verificação ocorrer após o cadas- tem em sigilo, peritos, assistentes e outros auxilia-
tramento da petição pelo Ofício de Justiça, caberá res da justiça nomeados nos autos, de acordo com
a este adotar as providências necessárias para a o tipo de participação no processo, mediante auto-
devida regularização. rização do magistrado.
§ 2º Admitir-se-á, nos Foros Digitais, o protocolo IV - nos processos eletrônicos de execução criminal,
integrado de petições em papel dirigidas a proces- inclusive no caso de segredo de justiça, salvo determi-
nação judicial em sentido contrário, quando solicita-
sos físicos em tramitação nas demais Comarcas do
da, será fornecida senha à vítima pelo tempo da pena
Estado.
imposta ou, a depender do montante, renovável até 317
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
o término, sendo possível o requerimento e a retira- Art. 1.238. A criação de modelos de grupo ou
da pelo advogado constituído, circunstância essa que usuário realizar-se-á a partir dos modelos ins-
deverá ser certificada nos autos. titucionais ou da autoria intelectual do magis-
Parágrafo único. Revogado. trado e somente será permitida para as seguintes
§ 1º - A solicitação da senha de acesso poderá ser categorias:
encaminhada pela parte interessada ou seu repre- I - ajuizamentos;
sentante legal aos canais institucionais de atendi- II - atos ordinatórios;
mento virtual da Unidade Judicial em que tramita o III - autos;
processo, com cópia do respectivo documento pes-
IV - cartas precatórias/rogatórias;
soal com foto.
V - certidões de cartório;
§ 2º - A Unidade Judicial confirmará a identidade
VI - decisões;
do solicitante por meio de videoconferência, sendo
necessária a exibição do documento pessoal. VII - despachos;
§ 3º - A Unidade Judicial deverá verificar se a cita- VIII - editais;
ção já foi efetivada e, em caso negativo, procederá IX - expedientes do Distribuidor;
ao ato citatório, com o lançamento da certidão res- X - formais;
pectiva nos autos e informação ao réu da concreti- XI - mandados - outros;
zação do ato. XII - ofícios;
§ 4º - Após a confirmação da identidade do solici- XIII - requerimentos;
tante e a efetivação da citação, se o caso, a Unidade XIV - sentenças;
Judicial encaminhará a senha de acesso do proces- XV - Setor Técnico - Assistente Social;
so pelo mesmo canal de atendimento em que foi XVI - Setor Técnico - Psicologia;
realizada a solicitação, sem a necessidade de deslo- XVII - termo;
camento até a Unidade Judicial, juntando nos autos XVIII - termos de audiência.
o histórico das comunicações. § 1º Na configuração dos modelos de grupo ou
Art. 1.226-A. O acesso à integra dos processos digi- usuário, o ofício de justiça preencherá:
tais que não tramitem sob segredo de justiça a ter- I - na aba “Informações”, o nome, tipo, área e a clas-
ceiro interessado será franqueado mediante uso de sificação “grupo”;
senha pessoal e intransferível, disponibilizada para II - na aba “Movimentações”, a movimentação que
utilização pelo período de 24 (vinte e quatro) horas reflita o teor do expediente;
após a sua emissão.
III - na aba “Compartilhamentos”, o tipo “grupo”;
§ 1º - O terceiro interessado encaminhará requeri-
IV - na aba “Assinaturas”, o(s) agente(s) que assina-
mento próprio contendo sua qualificação e a decla-
rá(ão) o documento;
ração de responsabilidade pessoal pelo conteúdo
V - na aba “Atos do documento”, o tipo de ato, a
das informações acessadas aos canais institucio-
forma, o código do modelo se o caso, o prazo, o tipo
nais de atendimento virtual da Unidade Judicial em
que tramita o processo, com cópia do respectivo de seleção (partes a que se destina o documento) e
documento pessoal com foto. o modo de finalização.
§ 2º - A Unidade Judicial confirmará a identidade § 2º Em relação às cartas rogatórias deverá ser
do solicitante por meio de videoconferência, sendo observado o procedimento estabelecido no artigo
necessária a exibição do documento pessoal. 131.
§ 3º - Após a confirmação a Unidade Judicial enca- § 3º - Sempre que cabível, a fim de possibilitar tra-
minhará a senha de acesso do processo pelo mesmo balho em lote e filtro nas filas de trabalho pela ser-
canal de atendimento em que foi realizada a solici- ventia judicial, deverão ser utilizados modelos de
tação, juntando nos autos o histórico das comuni- grupo, que conterão, obrigatoriamente, as seguin-
cações e a declaração de responsabilidade pessoal. tes características:
§ 4º - Para os pedidos formulados presencialmente, a) Vinculação de atos correspondentes, nos termos
a impressão da senha será providenciada pela Uni- do artigo 1.235;
dade Judicial em que tramita o processo, hipótese b) Nomeação do modelo com termos que corres-
em que, após digitalizados e importados para os pondam ao teor do documento, inclusive com a
autos, os requerimentos serão arquivados em clas- informação do ato a ele vinculado, se o caso;
sificador próprio. c) Indicação, no cadastro ou no nome do modelo,
§ 5º - Decorridos 45 (quarenta e cinco) dias da emis- quanto à necessidade de análise e cumprimento do
são da senha nos termos do parágrafo anterior, os ato judicial pelo cartório;
documentos mencionados no parágrafo anterior d) Indicação, no cadastro ou no nome do mode-
poderão ser inutilizados, observadas as diretrizes lo, das informações do prazo a ser cumprido em
do Comunicado SAD nº 11/2010. decorrência da publicação do ato judicial no Diário
Oficial;
Seção VI: Subseções I e III e) Vinculação da movimentação específica, a fim
de permitir a extração de dados estatísticos para
Art. 1.228. Aplicam-se aos Ofícios de Justiça Digi- o Tribunal;
tais e ao processo eletrônico, subsidiariamente, e f) Vinculação dos atos de encaminhamento aos Por-
no que compatível, os dispositivos previstos nos tais de intimação eletrônica, tais como do Minis-
demais capítulos destas Normas de Serviço. tério Público, da Defensoria Pública e da Fazenda
Pública, preferindo-se a forma automática, sempre
Segundo o art. 1.238, a criação de modelos de grupo que possível;
ou usuário realizar-se-á a partir dos modelos institu- g) Marcação do teor do documento para fins de
cionais ou da autoria intelectual do magistrado. Ade- publicação e emissão de atos (Ctrl + M).
mais, o juiz somente lançará no documento assinatura Art. 1.239. O juiz somente lançará no documento
eletrônica, mesmo que o ato deva ser praticado junto assinatura eletrônica, mesmo que o ato deva ser
à unidade judicial ou extrajudicial de outro Estado da praticado junto à unidade judicial ou extrajudicial
318 Federação (art. 1.239). de outro Estado da Federação.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Subeções V e XIII a) vedado aos estagiários de Direito.
b) assegurado somente aos advogados e estagiários de
Sobre o cumprimento de ordens judiciais, o art. Direito que possuam procuração juntada aos autos.
1.243 entende que nos ofícios de justiça onde implanta- c) assegurado somente aos advogados que possuam
do o fluxo por atos, o cumprimento das ordens judiciais procuração juntada aos autos.
dar-se-á pelos subfluxos de documentos. d) vedado ao público em geral.
Para encerrar nossos estudos sobre esse tema, o art. e) assegurado ao público em geral.
1.265 diz que Os processos que se encontram na fase de
expedição de mandados de levantamento serão encami- 5. (VUNESP — 2014) A respeito do Sistema Informati-
nhados para a fila “ag. análise de cartório urgente”. zado Oficial, é correto afirmar que as Normas da Cor-
regedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo preveem que

HORA DE PRATICAR! a) as vítimas identificadas na denúncia ou queixa e as


testemunhas de processo criminal terão suas quali-
1. (VUNESP — 2013) No que tange à ordem geral dos ficações lançadas no sistema informatizado oficial,
serviços, é correto afirmar que ainda que derem conta de coação ou grave ameaça e
pedirem para não haver identificação de seus dados.
a) após revisados e decorrido 1 (um) ano do último registro
b) os servidores dos ofícios de justiça deverão se adap-
efetuado, os livros de carga e demais papéis, desde que
tar continuamente às evoluções do sistema informati-
reputados sem utilidade para conservação em arquivo,
poderão ser, por qualquer modo, inutilizados mediante zado oficial, utilizando plenamente as funcionalidades
prévia autorização do Juiz Corregedor Permanente. disponibilizadas para a realização dos atos pertinen-
b) deverão ser atendidos no prazo de 5 (cinco) dias os tes ao serviço.
pedidos de certidões de objeto e pé formulados pelo c) compete à Administração Geral do Fórum cadastrar,
e-mail institucional de um cartório judicial para outro. no sistema informatizado oficial, a decretação do
A certidão será elaborada e encaminhada pelo cartó- segredo de justiça, a concessão da justiça gratuita, o
rio judicial diretamente à unidade solicitante. deferimento da tramitação prioritária do processo ou
c) as certidões em breve relatório ou de inteiro teor deverão o reconhecimento de qualquer benefício processual a
ser expedidas no prazo de 10 (dez) dias, contados da alguma das partes.
data do recebimento em cartório do respectivo pedido. d) os níveis de acesso às informações serão estabele-
d) após revisados e decorridos 2 (dois) anos do último regis- cidos em expediente interno pela Corregedoria Geral
tro efetuado, os livros de carga e demais papéis, desde da Justiça, podendo o funcionário credenciado ceder
que reputados sem utilidade para conservação em arqui- a respectiva senha ou permitir que outro funcionário
vo, poderão ser, por qualquer modo, inutilizados mediante use-a para acessar o sistema informatizado.
prévia autorização do Juiz Corregedor Permanente.
e) nos ofícios de justiça, o registro e controle da movi-
e) as certidões em breve relatório ou de inteiro teor serão
mentação dos feitos realizar-se-ão pelo sistema infor-
expedidas no prazo de 8 (oito) dias, contados da data
do recebimento em cartório do respectivo pedido. matizado oficial, podendo ser mantidas as fichas
individuais materializadas em papel ou constantes de
2. (VUNESP — 2013) Excetuados os casos especiais, outros sistemas informatizados.
decididos pelo juiz, os autos de processos não pode-
rão exceder-se de 6. (VUNESP — 2014) As Normas da Corregedoria Geral
de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São
a) 100 (cem) folhas em cada volume. Paulo preveem que, recebida petição inicial ou inter-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


b) 500 (quinhentas) folhas em cada volume. mediária acompanhada de objetos de inviável entra-
c) 200 (duzentas) folhas em cada volume. nhamento aos autos do processo,
d) 50 (cinquenta) folhas em cada volume.
e) 30 (trinta) folhas em cada volume. a) os objetos serão previamente arrolados, descritos e
documentados, sendo intimada a parte peticionante a
3. (VUNESP — 2013) Mediante controle de movimenta- retirá-los e conservá-los no estado em que se encon-
ção física para garantia do direito de acesso aos autos tram até a decisão final nos autos.
que não corram em segredo de justiça, poderá ser b) o escrivão deverá apresentar todos os objetos ao juiz
deferida ao advogado ou estagiário de Direito, regular- competente para o feito, que deverá designar deposi-
mente inscritos na OAB, que não tenham sido consti- tário judicial, o qual deverá guardar os objetos durante
tuídos procuradores de quaisquer das partes, a carga
o trâmite do feito.
rápida, pelo período de
c) os objetos deverão ser restituídos imediatamente à
parte que os apresentou, sendo assinalado prazo de
a) 24 (vinte e quatro) horas.
10 (dez) dias para reapresentação de tais objetos, de
b) 1 (uma) hora.
c) 48 (quarenta e oito) horas. forma que seja viabilizado o encarte destes aos autos.
d) 2 (duas) horas. d) tais objetos serão certificados nos autos e anotados
e) 6 (seis) horas. no sistema informatizado oficial e encaminhados, a
seguir, ao depositário oficial do juízo, para guarda até
4. (VUNESP — 2013) O acesso aos autos judiciais e o trânsito em julgado da decisão.
administrativos, por meio do exame em balcão do Ofí- e) o escrivão deverá conferir, arrolar e quantificar esses
cio Judicial ou Seção Administrativa, de processos em objetos, lavrando certidão, sempre que possível na
andamento ou findos, quando não estejam sujeitos a presença do interessado, mantendo-os sob sua guar-
segredo de justiça, é da e responsabilidade até encerramento da demanda. 319
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
7. (VUNESP — 2014) Sobre o acesso aos autos judiciais c) os autos de processos não excederão de 200 (duzen-
e administrativos de processos em andamento ou fin- tas) folhas em cada volume, salvo determinação judicial
dos, tendo em vista as Normas da Corregedoria Geral expressa em contrário ou para manter peça processual
de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São com seus documentos anexos, podendo, nestes casos,
Paulo, é correto afirmar que ser encerrado com mais ou menos folhas.
d) para a juntada, na mesma oportunidade, de duas ou
a) poderá ser deferida – quando os autos não estiverem em mais petições ou documentos, será confeccionado
segredo de justiça, ao advogado ou estagiário de Direito, um termo de juntada para cada uma das peças, com a
regularmente inscritos na OAB, que tenham sido consti- devida descrição pormenorizada do conteúdo delas.
tuídos procuradores de quaisquer das partes – a retira- e) ao receber a petição inicial ou a denúncia, o ofício de
da de autos para cópia, pelo período de 2 (duas) horas, justiça providenciará, em 48 (quarenta e oito) horas,
mediante controle de movimentação física. a autuação, nela afixando a etiqueta que, gerada pelo
b) nos casos complexos ou com pluralidade de interes- sistema informatizado e oriunda do distribuidor, atri-
ses, a fim de que não sejam prejudicados nem o anda- bui número ao processo.
mento do feito nem o acesso aos autos, ficará vedada
a retirada de cópias de todo o feito, que somente ficará 10. (VUNESP — 2015) Consoante as Normas da Correge-
à disposição para consulta dos interessados. doria Geral da Justiça, os mandados de prisão
c) as entidades que reconhecidamente prestam servi-
ços de assistência judiciária poderão, por intermédio a) não serão entregues aos oficiais de justiça, mas enca-
de advogado com procuração nos autos, autorizar a minhados ao Instituto de Identificação Ricardo Gum-
consulta de processos que tramitam em segredo de bleton Daunt – IIRGD.
justiça em cartório por, exclusivamente, acadêmicos b) não serão objeto de recolhimento de guias de despe-
de Direito inscritos na OAB. sas, mas deverão ser cumpridos pelos oficiais de justi-
d) quando não estejam sujeitos a segredo de justiça, é ça a serviço daquele juízo.
assegurado aos advogados, estagiários de Direito e às c) serão entregues diretamente, por meio eletrônico, ao
partes, por meio do exame em balcão do ofício de jus- Departamento de Capturas da Polícia Civil do Estado,
tiça ou seção administrativa, não cabendo, no entanto, que tomará as providências cabíveis.
d) serão distribuídos aos oficiais de justiça que realiza-
acesso ao público em geral.
ram as devidas buscas com o apoio da Polícia Civil.
e) os escrivães judiciais e os chefes de seção judiciá-
e) serão remetidos por sistema eletrônico ao Comando
ria manterão, pessoalmente ou mediante servidor
de Operações – COPOM da Polícia Militar, responsável
designado, rigorosa vigilância sobre os autos dos
pelas medidas cabíveis.
processos, sobretudo quando do seu exame, por qual-
quer pessoa, no balcão do ofício de justiça ou seção
11. (VUNESP — 2015) Nos termos das Normas da Corre-
administrativa.
gedoria Geral da Justiça, o uso inadequado do sistema
de processamento eletrônico do Tribunal de Justiça
8. (VUNESP — 2015) Os servidores da justiça darão
do Estado de São Paulo que venha a causar prejuízo
atendimento prioritário às pessoas portadoras de defi-
às partes ou à atividade jurisdicional importará
ciência, aos idosos, às gestantes, às lactantes e às
pessoas acompanhadas por crianças de colo, median-
a) desconto nos vencimentos do usuário que for servidor
te, exemplificativamente,
público.
b) bloqueio do cadastro do usuário, sem prejuízo das
a) garantia de lugar privilegiado em filas ou distribuição demais cominações legais.
de senhas com numeração adequada ao atendimento c) a devolução dos prazos às partes e a anulação dos
preferencial. atos judiciais.
b) atendimento imediato obrigatório quando da chegada das d) suspensão do processo para a realização de incidente
pessoas em tais condições ao balcão de atendimento. de saneamento.
c) instalação de cadeiras para que as pessoas em tais condi- e) a aplicação de medida disciplinar, não havendo res-
ções esperem sentadas, pelo tempo que for necessário. ponsabilização civil ou criminal.
d) triagem para atendimento das pessoas em tais con-
dições em sala separada do restante do público, que 12. (VUNESP — 2017) As Normas da Corregedoria Geral
deverá existir em todos os fóruns. de Justiça definem a correição ordinária como sendo
e) fila única para atendimento em balcão, atendendo-se a fiscalização
às pessoas rigorosamente por ordem de chegada,
independentemente de sua condição. a) virtual, com vistas ao controle permanente das ativida-
des subordinadas à correição.
9. (VUNESP — 2015) Acerca da autuação, abertura de b) prevista e efetivada segundo as referidas normas e
volumes e numeração de feitos, preveem as Normas leis de organização judiciária.
da Corregedoria Geral da Justiça que c) direcionada à verificação da regularidade de funciona-
mento da unidade.
a) todas as conclusões ao juiz serão anotadas no siste- d) para o saneamento de irregularidades constatadas em
ma informatizado, acrescendo-se a carga, em meio visitas correcionais.
físico ou eletrônico, no número máximo de 50 (cin- e) excepcional, realizada a qualquer momento e sem pré-
quenta) processos por dia. vio anúncio.
b) deverá ser feita conclusão dos autos no prazo de 48
(quarenta e oito) horas e executados os atos proces- 13. (VUNESP — 2017) Assinale a alternativa que corretamen-
suais no prazo de 3 (três) a 5 (cinco) dias, dependendo te aborda aspectos do sistema informatizado oficial pre-
320 da complexidade do ato a ser realizado. vistos nas Normas da Corregedoria Geral de Justiça.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Quando uma parte estiver vinculada a processos que c) a indicação de sigilo ou segredo de justiça não impli-
tramitam em outros ofícios de justiça, nos quais tenha ca a impossibilidade de consulta dos autos por quem
havido expedição de certidão de homonímia, as even- não é parte no processo, a qual é presumida válida,
tuais retificações de seus dados deverão ser aplicadas até decisão judicial em sentido contrário, de ofício ou
a todos os feitos. a requerimento da parte.
b) As cartas precatórias serão cadastradas no sistema d) os defensores públicos, os procuradores e os mem-
informatizado diferentemente dos processos comuns, bros do Ministério Público, não vinculados a processo,
consignando-se apenas a indicação completa do juízo previamente identificados, poderão acessar todos os
deprecante, a natureza da ação e a diligência deprecada. atos e documentos processuais armazenados, mes-
c) O sistema informatizado atribuirá, a cada processo mo nos casos de processos em sigilo ou segredo de
distribuído, um número de controle interno da unidade justiça, prerrogativa não estendida aos advogados.
judicial, sem prejuízo do número do processo (número e) a consulta, no sítio do Tribunal de Justiça do Estado de
do protocolo que seguirá série única). São Paulo, às movimentações processuais, ao inteiro
d) As vítimas identificadas na denúncia ou queixa e as teor das decisões, às sentenças, aos votos, aos acór-
testemunhas de processo criminal não terão suas dãos e aos mandados de prisão registrados no BNMP
qualificações lançadas no sistema informatizado ofi- – Banco Nacional de Mandados de Prisão não é livre,
cial, exceto quando requererem expressamente ao juí- pois depende do recolhimento da taxa judicial.
zo tal providência.
e) O funcionário credenciado poderá ceder a respectiva 16. (VUNESP — 2018) Quanto à escrituração, é correta a
senha do sistema ou permitir que outrem, funcionário seguinte afirmação:
ou não, use-a, desde que seja para acesso de informa-
ções abertas ao público em geral. a) Deve ser evitada a assinatura de atos e termos em
branco, total ou parcialmente.
14. (VUNESP — 2017) Em relação ao protocolo e à junta- b) São vedadas anotações de “sem efeito” e anotações
da de petições, as Normas da Corregedoria de Justiça a lápis nos livros e autos de processo, mesmo que a
preveem que título provisório.
c) É vedada a utilização de abreviaturas, abreviações,
a) os ofícios de justiça devem receber todas as petições acrônimos, siglas ou símbolos, ainda que elas estejam
e juntá-las aos autos respectivos, remetendo ao proto- consagradas no Vocabulário Ortográfico da Língua
colo aquelas que sejam pertinentes a processos que
Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.
tramitem em outros ofícios daquela Comarca.
d) Os mandados, cartas postais, consideradas inclusi-
b) o lançamento do termo de juntada deverá ser efetua-
ve as expedidas por meio eletrônico, ofícios gerais
do na própria petição ou no documento a ser encarta-
de comunicação, expedidos em cumprimento de ato
do aos autos, sendo certificado o ato de juntada nos
judicial, serão assinados pelos escrivães ou chefes de
autos e anotado no sistema informatizado oficial.
seção, declarando que o fazem por ordem do juiz.
c) os ofícios de justiça não podem receber diretamente
e) Caberá ao escrivão certificar a autenticidade da firma
petições de requerimento de juntada de procuração ou
do juiz que subscreveu o documento, indicando-lhe
de substabelecimento apresentadas pelo interessado,
nome, cargo e o exercício no juízo, nos atos para os
casos em que uma informação na petição mencionará
quais a lei exige certificação de autenticidade e quan-
essa circunstância.
do houver dúvida sobre a autenticidade da firma.
d) se a petição inicial ou intermediária for acompanha-
da de objetos de inviável entranhamento aos autos do
processo, o escrivão deverá conferir, arrolar e quantifi- 17. (VUNESP — 2018) Quanto à Ordem dos Serviços dos
cá- los, lavrando certidão, na presença do interessado, Processos em Geral, assinale a alternativa correta.
a quem caberá mantê-los sob sua guarda e responsa-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA


bilidade até encerramento da demanda. a) O ofício de justiça afixará nas autuações tarjas colo-
e) é vedado aos ofícios de justiça receber e juntar peti- ridas, na posição vertical, para assinalar situações
ções que não tenham sido encaminhadas pelo setor especiais descritas nas Normas de Serviço.
de protocolo, salvo, em hipóteses excepcionais, como b) Em nenhuma hipótese é permitido aos ofícios de jus-
quando houver, em cada caso concreto, expressa deci- tiça receber e juntar petições que não tenham sido
são fundamentada do juiz do feito dispensando o pro- encaminhadas pelo setor de protocolo.
tocolo no setor próprio. c) Cabe aos escrivães judiciais ou, sob sua supervisão,
aos escreventes, zelar pela correta numeração das
15. (VUNESP — 2017) Acerca da consulta ao processo eletrô- folhas dos autos e, na hipótese de numeração repeti-
nico no sítio do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, da, acrescentar-se-á apenas uma letra do alfabeto, em
as Normas da Corregedoria Geral de Justiça preveem que sequência, certificando-se.
d) Todos os atos e termos do processo devem ser certifi-
a) os advogados, os defensores públicos, os procuradores e cados nos autos e anotados no sistema informatizado
membros do Ministério Público, não vinculados a proces- oficial, inclusive com relação à emissão de documen-
so, previamente identificados, poderão acessar todos os to que passe a fazer imediatamente parte integrante
atos e documentos processuais armazenados, salvo nos dos autos, por original ou por cópia, rubricado pelo
casos de processos em sigilo ou segredo de justiça. emitente.
b) o advogado, o defensor público e o membro do Minis- e) É permitido o lançamento de cotas marginais ou inter-
tério Público terão acesso a todo o conteúdo do pro- lineares nos autos, bem como sublinhar palavras, des-
cesso eletrônico se forem cadastrados e habilitados de que a lápis.
nos autos, ou seja, somente se atuarem no processo,
independentemente de estarem os autos em segredo 18. (VUNESP — 2018) Assinale a alternativa correta, no
de justiça ou não. que concerne à consulta e carga dos autos. 321
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Se, intimado pessoalmente, o advogado não devolver d) os Serviços Notariais e de Registro deverão contar
os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à com balcão exclusivo para atendimento de idosos,
vista fora do cartório e incorrerá em multa correspon- grávidas e portadores de necessidades especiais.
dente à metade do salário-mínimo. Havendo mais de uma pessoa nas circunstâncias
b) Não havendo fluência de prazo, os autos poderão ser mencionadas, os portadores de necessidades espe-
retirados em carga, pelas partes, pelos advogados ou ciais serão atendidos prioritariamente.
estagiários, independentemente de requerimento de
vista dos autos dirigido ao juiz.
c) O acesso aos autos judiciais e administrativos de pro-
9 GABARITO
cessos em andamento ou findos é assegurado aos
advogados, estagiários de Direito e ao público em 1 D
geral, por meio do exame em balcão do ofício de justi-
ça ou seção administrativa, sendo vedada a extração 2 C
de cópias reprográficas ou utilização de escâner por-
3 B
tátil ou máquina fotográfica.
d) É permitida a retenção do documento de identificação do 4 E
advogado ou do estagiário de Direito no ofício de justiça,
para a finalidade de controle de carga de autos. 5 B
e) A carga dos autos judiciais e administrativos em anda-
6 E
mento no cartório ou processos findos é reservada
unicamente a advogados ou estagiários de Direito 7 E
regularmente inscritos na OAB, constituídos procura-
dores de alguma das partes. 8 A

9 C
19. (VUNESP — 2018) Quanto ao Processo Eletrônico,
assinale a alternativa correta. 10 A

a) Será fornecida senha de acesso a peritos, assistentes 11 B


e outros auxiliares da justiça nomeados nos autos, de 12 B
acordo com o tipo de participação no processo, para
consulta da íntegra dos autos digitais na internet, sen- 13 C
do dispensada a autorização do magistrado.
b) É de exclusiva responsabilidade do titular de certifi- 14 E
cação digital o uso e sigilo da chave privada da sua 15 A
identidade digital, não sendo oponível, em nenhuma
hipótese, alegação de seu uso indevido. 16 E
c) Os processos que tramitam no sistema de processamen-
to eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São 17 C
Paulo, em segredo de justiça, poderão ser consultados 18 A
pelas partes, procuradores habilitados a atuar no proces-
so, advogados, defensores públicos e membros do minis- 19 B
tério público, ainda que não vinculados ao
d) O acesso à íntegra dos processos digitais que não 20 C
tramitem sob segredo de justiça a terceiro será fran-
queado mediante senha pessoal e intransferível,
disponibilizada para utilização pelo período de 48
(quarenta e oito) horas após a sua emissão. ANOTAÇÕES
e) Será considerada original a versão armazenada no ser-
vidor do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
somente enquanto o processo estiver em tramitação.

20. (VUNESP — 2014) Quanto ao atendimento prioritário


aos idosos, grávidas e portadores de necessidades
especiais, é correto afirmar que

a) os usuários dos serviços devem ser atendidos por ordem


de chegada, assegurada prioridade a idosos, grávidas,
portadores de necessidades especiais e os beneficiários
da assistência judiciária gratuita, exceto no que se refere
à prioridade de registro prevista em lei.
b) as pessoas portadoras de deficiências, os idosos com
idade superior a 60 anos, as gestantes, as lactantes e
as acompanhadas por crianças de colo sempre terão
atendimento prioritário, nos termos da Lei.
c) os usuários dos serviços devem ser atendidos por ordem
de chegada, assegurada prioridade a idosos, grávidas e
portadores de necessidades especiais, exceto no que se
322 refere à prioridade de registro prevista em lei.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Como resultado, tal decreto passou a ter status de
norma constitucional (mesmo valor normativo das
normas colocadas na Constituição Federal mesmo sem
fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessitou
promover alterações legislativas para “assegurar e pro-
CONHECIMENTOS mover o pleno exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais por todas as pessoas com defi-
GERAIS ciência”, em conformidade com o item 1 da Convenção.
Assim, foi editada, em 6 de julho de 2015, a Lei
nº 13.146, com o objetivo de dar cumprimento à
Convenção.
Antes de iniciar nosso estudo, é preciso ter em
LEI Nº 13.146, DE 2015 – ESTATUTO DA mente que, para melhor compreender a Lei nº 13.146,
PESSOA COM DEFICIÊNCIA de 2015, é primordial entender sua estrutura e iden-
tificar as ideias mais importantes da legislação, uma
ARTS. 1º AO 13 vez que as bancas tendem a cobrar o que se denomina
“literalidade das ideias”, ou seja, os pontos principais
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên- de cada artigo com base em sua estrutura, não haven-
cia, tanto no Brasil como no mundo, é algo bem recen- do, para tanto, a necessidade de decorá-los. Consi-
derando os concursos anteriores, o estudo deve ter
te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa
especial atenção à parte relativa aos crimes e infra-
parcela da população faz parte de um discurso atual,
ções administrativas por ser esse o ponto mais cobra-
resultado da forma como essas pessoas passaram a
do pelas bancas examinadoras.
ser percebidas.
Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-
soas com deficiência foram encaradas de quatro modos
NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM
diferentes, conforme cada período temporal. A primeira
DEFICIÊNCIA
fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-
ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até
A Lei nº 13.146, de 2015 é dividida em duas par-
mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada
tes: geral e especial. A parte geral tem, como base, os
pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela,
princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes-
decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo
soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
e pautada na perspectiva médica e biológica de que a
direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser
Já a parte especial é composta dos meios de proteção,
curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
humanos, despontando os direitos à inclusão social, com perante à lei e aos crimes e infrações administrativas.
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
em que ela está inserida.
Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
LEI Nº 13.146, DE
fruto de uma construção histórica. A partir de 1993, 2015
a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
pessoas com deficiência.
Parte Geral
Como consequência dessas mudanças no modo de Parte Especial
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever Princípios e direitos
Meio de proteção
de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o fundamentais
pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º
autonomia e participação. da mencionada Lei introduzem o tema, estabelecen-
Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção do suas disposições gerais. De acordo com o artigo
internacional, exigindo dos Estados um tratamento 1º, o objetivo da legislação é assegurar e promover o
especializado para proteção aos direitos das pessoas exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
com deficiência. Entre os instrumentos de proteção da pessoa com deficiência em iguais condições com
CONHECIMENTOS GERAIS

realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi- os demais, de modo a garantir sua inclusão social e
tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta cidadania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei
convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado nº 13.146, de 2015 decorre da Convenção (juntamente
ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009 com seus protocolos), sendo incorporada no ordena-
pelo Decreto nº 6.949. mento jurídico brasileiro com status de Emenda Cons-
A importância do Decreto nº 6.949, de 2009 é imen- titucional, conforme explanado.
sa, uma vez que ele foi o primeiro tratado internacio- O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes-
nal de direitos humanos a adotar a norma do artigo soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se
5º, § 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o pessoa com deficiência aquela que possui impedi-
mesmo rito de aprovação cabível para as emendas mento de longo prazo, sendo este de natureza física,
constitucionais (aprovação em cada Casa do Congres- mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu-
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici-
dos respectivos membros). pação plena e efetiva na sociedade em igualdades
de condições com as demais pessoas. 323
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z Pessoa com Deficiência Art. 3° [...]
II - Desenho universal: concepção de produtos,
„ Impedimento de longo prazo; ambientes, programas e serviços a serem usados
„ Natureza física, mental, intelectual ou sensorial; por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
„ Causar barreiras ou obstruir sua participação ção ou de projeto específico, incluindo os recursos
plena e efetiva na sociedade em igualdades de de tecnologia assistiva.
condições com as demais pessoas.
Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
Além de conceituar pessoas com deficiência, o ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
art. 2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como te de ter ou não alguma deficiência.
deve ser procedida a avaliação para caracterizar
Art. 3° [...]
essas pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que
III - Tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
a avaliação será realizada por uma equipe multipro-
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
fissional e interdisciplinar, de modo a considerar os
metodologias, estratégias, práticas e serviços que
aspectos que permeiam o indivíduo (todo o contexto objetivem promover a funcionalidade, relacio-
social). Para determinar ou não a deficiência, a equi- nada à atividade e à participação da pessoa com
pe analisará três enfoques: biológico, psicológico e deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
social, considerando, para tanto: sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social.
z Os impedimentos nas funções e nas estruturas do
corpo; Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-
z Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
z A limitação no desempenho de atividades e a com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
restrição de participação. autônoma.

O parágrafo segundo, por sua vez, estabelece que Art. 3° [...]


compete ao Poder Executivo a criação dos instrumen- IV - Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ati-
tos normativos para a verificação da deficiência. tude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo,
a fruição e o exercício de seus direitos à acessibi-
Importante lidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreen-
A competência é do Poder Executivo e não do são, à circulação com segurança, entre outros, clas-
Poder Legislativo. sificadas em:
a) Barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e
nos espaços públicos e privados abertos ao público
O art. 3° apresenta outros conceitos para aplicação ou de uso coletivo;
e entendimento da legislação. São eles: b) Barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifí-
cios públicos e privados;
z Acessibilidade; c) Barreiras nos transportes: as existentes nos sis-
z Desenho universal; temas e meios de transportes;
z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica; d) Barreiras nas comunicações e na informação:
z Barreiras; qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta-
z Comunicação; mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou
z Adaptações razoáveis; o recebimento de mensagens e de informações por
z Elemento de urbanização; intermédio de sistemas de comunicação e de tecno-
z Mobiliário urbano; logia da informação;
z Pessoa com mobilidade reduzida; e) Barreiras atitudinais: atitudes ou comportamen-
z Residências inclusivas; tos que impeçam ou prejudiquem a participação
z Moradia para a vida independente da pessoa com social da pessoa com deficiência em igualdade de
deficiência; condições e oportunidades com as demais pessoas;
f) Barreiras tecnológicas: as que dificultam ou
z Atendente pessoal; profissional de apoio escolar;
impedem o acesso da pessoa com deficiência às
z Acompanhante.
tecnologias.
Art. 3° [...]
I - Acessibilidade: possibilidade e condição de Por barreiras entende-se qualquer obstáculo que
alcance para utilização, com segurança e autono- impeça ou limite a participação social da pessoa com
mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, deficiência. As barreiras podem estar nos espaços
edificações, transportes, informação e comunicação, públicos e privados de uso coletivo (urbanísticas),
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de nas edificações (arquitetônicas), nos transportes, nas
outros serviços e instalações abertos ao público, de comunicações, nas atitudes (atitudinais) e na dificul-
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na dade de acesso às tecnologias (tecnológicas).
zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
ciência ou com mobilidade reduzida. Art. 3° [...]
V - Comunicação: forma de interação dos cida-
Observe que a palavra-chave para entender o con- dãos que abrange, entre outras opções, as línguas,
ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu- inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras),
lar com autonomia em espaços públicos e privados a visualização de textos, o Braille, o sistema de
de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia sinalização ou de comunicação tátil, os caracte-
324 para utilizar a tecnologia). res ampliados, os dispositivos multimídia, assim
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
como a linguagem simples, escrita e oral, os siste- excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
mas auditivos e os meios de voz digitalizados e os cados com profissões legalmente estabelecidas.
modos, meios e formatos aumentativos e alterna- XIII - Profissional de apoio escolar: pessoa que
tivos de comunicação, incluindo as tecnologias da exerce atividades de alimentação, higiene e locomo-
informação e das comunicações. ção do estudante com deficiência e atua em todas
VI - Adaptações razoáveis: adaptações, modifi- as atividades escolares nas quais se fizer necessá-
cações e ajustes necessários e adequados que não ria, em todos os níveis e modalidades de ensino, em
acarretem ônus desproporcional e indevido, quan- instituições públicas e privadas, excluídas as técni-
do requeridos em cada caso, a fim de assegurar que cas ou os procedimentos identificados com profis-
a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer,
sões legalmente estabelecidas.
em igualdade de condições e oportunidades com
XIV - Acompanhante: aquele que acompanha a
as demais pessoas, todos os direitos e liberdades
pessoa com deficiência, podendo ou não desempe-
fundamentais.
VII - Elemento de urbanização: quaisquer compo- nhar as funções de atendente pessoal.
nentes de obras de urbanização, tais como os refe-
rentes a pavimentação, saneamento, encanamento DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
para esgotos, distribuição de energia elétrica e de
gás, iluminação pública, serviços de comunicação, Os arts. 4º a 9º tratam do tema igualdade e não
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e discriminação, consubstanciados no princípio da
os que materializam as indicações do planejamento promoção da igualdade presente na Convenção sobre
urbanístico. Direitos das Pessoas com Deficiência. Para tanto, o §
VIII - Mobiliário urbano: conjunto de objetos
1º, do art. 4º preocupou-se em definir discriminação
existentes nas vias e nos espaços públicos, super-
postos ou adicionados aos elementos de urbaniza-
em razão da deficiência como:
ção ou de edificação, de forma que sua modificação
ou seu traslado não provoque alterações substan- Art. 4° [...]
ciais nesses elementos, tais como semáforos, pos- § 1° Considera-se discriminação em razão da defi-
tes de sinalização e similares, terminais e pontos ciência toda forma de distinção, restrição ou exclu-
de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de são, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhe-
e quaisquer outros de natureza análoga. cimento ou o exercício dos direitos e das liberdades
IX - Pessoa com mobilidade reduzida: aque- fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo
la que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimen-
movimentação, permanente ou temporária, geran- to de tecnologias assistivas.
do redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade,
da coordenação motora ou da percepção, incluindo Inclui-se, ainda, como forma de discriminação, a
idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento
colo e obeso.
de tecnologias assistivas, tanto pelo próprio Estado,
X - Residências inclusivas: unidades de oferta do
Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assis- como pelo particular.
tência Social (SUAS) localizadas em áreas residen- Para facilitar na fixação desse conceito, vamos
ciais da comunidade, com estruturas adequadas, esquematizá-lo para você:
que possam contar com apoio psicossocial para o
atendimento das necessidades da pessoa acolhi-
Distinção em razão da deficiência
da, destinadas a jovens e adultos com deficiência,
em situação de dependência, que não dispõem de
condições de autossustentabilidade e com vínculos
familiares fragilizados ou rompidos. Distinção
Restrição
As residências inclusivas têm caráter de assis- Exclusão
tência para aquelas pessoas com deficiência que são
dependentes, porém não possuem vínculos familiares
capazes de lhes dar suporte. Ação Omissão

Art. 3° [...]
XI - Moradia para a vida independente da pes-
Impedir, prejudicar ou anular o reconhecimento
CONHECIMENTOS GERAIS

soa com deficiência: moradia com estruturas


adequadas capazes de proporcionar serviços de ou o exercício dos direitos e das liberdades
apoio coletivos e individualizados que respeitem e fundamentais de pessoa com deficiência.
ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos
com deficiência.
Importante esclarecer que a igualdade trazida
Diferentemente da residência inclusiva, a mora-
pela Lei nº 13.146, de 2015 não é impositiva, ou seja,
dia proporciona serviços de apoio ao deficiente que
as ações afirmativas constante da Lei não são obriga-
ampliarão o seu grau de autonomia.
tórias às pessoas com deficiência, pois, se elas não qui-
serem se beneficiar dos direitos elencados, não serão
Art. 3° [...]
XII - Atendente pessoal: pessoa, membro ou não obrigadas. Por exemplo: a pessoa com deficiência não
da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou é obrigada a se inscrever para as vagas reservadas,
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com podendo concorrer às vagas de ampla concorrência
deficiência no exercício de suas atividades diárias, se assim desejar. 325
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O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa z Recebimento de restituição de imposto de renda;
com deficiência, de modo a afastar toda forma de z Tramitação processual e procedimentos judiciais e
tortura ou outro mecanismo de redução da dignida- administrativos em que for parte ou interessada,
de da pessoa humana ao assegurar a proteção contra em todos os atos e diligências.
negligência, discriminação, exploração, violência, tor-
tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou Com exceção da restituição de imposto de renda e
degradante. Seu parágrafo único traz um importante da tramitação processual prioritária, todos os demais
conceito: especialmente vulneráveis. Considerando itens relativos ao atendimento prioritário são exten-
que a pessoa com deficiência já é vulnerável e, por sivos ao acompanhante da pessoa com deficiência
esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser ou ao seu atendente pessoal. Como consequência,
a proteção das crianças, adolescentes, mulheres e o acompanhante tem direito à preferência de atendi-
idosos quando estes possuem deficiência. mento, ao socorro, entre outros.
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con-
cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
para o exercício de seus direitos, inclusive para:
Os arts. 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas
z Casar ou constituir união estável; com deficiência.
z Exercer direitos sexuais e reprodutivos;
z Exercer o direito de decidir sobre o número de z Direitos Fundamentais
filhos e de ter acesso a informações adequadas
sobre reprodução e planejamento familiar; „ Vida;
z Conservar sua fertilidade, sendo proibida a esteri- „ Habitação e Reabilitação;
lização compulsória; „ Saúde;
z Exercer o direito à família e à convivência familiar „ Educação;
e comunitária; „ Moradia;
z Exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à „ Trabalho;
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade „ Assistente Social;
de oportunidades com as demais pessoas. „ Previdência Social;
„ Cultura, esporte, turismo e lazer;
Dica „ Transporte;
„ Mobilidade;
Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146, de 2015,
„ Acessibilidade.
as pessoas com deficiência eram tidas, em
regra, como absoluta ou relativamente incapa-
Do Direito à Vida
zes pelo Código Civil. Atualmente, a regra é que
elas são plenamente capazes, só sendo consi-
O direito à vida encontra-se previsto nos arts. 10 ao
deradas relativamente incapazes se, por causa 13, da Lei nº 13.146, de 2015, e dele decorrem os demais
transitória ou permanente, não puderem exprimir direitos, pois, sem a vida, não existiria nenhum outro. O
sua vontade. direito à vida é inviolável, sendo, inclusive, garantido
constitucionalmente a todas as pessoas. Por conseguin-
O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral apli- te, a pessoa com deficiência tem o direito de lutar pela
cável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem sua vida, competindo ao Estado o dever de adotar toda
comunicar às autoridades qualquer tipo de ameaça e qualquer medida para assegurar seu pleno exercício.
ou violação aos direitos da pessoa com deficiência. Importante assinalar que a pessoa com deficiência
Ressalta-se que seu parágrafo único dispõe que, uma não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie
vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o de tratamento ou intervenção forçada, haja vista que
Ministério Público deve ser informado para que adote é indispensável seu livre consentimento para a rea-
as providências para o devido cumprimento da Lei, lização de qualquer procedimento, exceto nos casos
inclusive na forma penal. de atendimento de emergência em saúde e risco de
O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da morte e nos casos em que se encontra impossibilitada
sociedade e da família assegurar a efetivação dos de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este
direitos das pessoas com deficiência. supre o seu consentimento (aplica-se apenas às pes-
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dis- soas submetidas ao instituto da Curatela).
põe sobre o atendimento prioritário, com as finali- Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público
dades de: a proteção das pessoas com deficiência em situações
de vulnerabilidade, em especial, aquelas em situações
z Proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; de risco, como nos casos de estado de emergência ou
z Atendimento em todas as instituições e serviços de calamidade pública.
atendimento ao público;
z Disponibilização de recursos, tanto humanos Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser
quanto tecnológicos, que garantam atendimento obrigada a se submeter a intervenção clínica ou
em igualdade de condições com as demais pessoas; cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização
z Disponibilização de pontos de parada, estações e forçada.
terminais acessíveis de transporte coletivo de pas- Parágrafo único. O consentimento da pessoa com
sageiros e garantia de segurança no embarque e deficiência em situação de curatela poderá ser
no desembarque; suprido, na forma da lei.
z Acesso a informações e disponibilização de recur- Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido
326 sos de comunicação acessíveis; da pessoa com deficiência é indispensável para a
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
realização de tratamento, procedimento, hospitali- Art. 35. É finalidade primordial das políticas públi-
zação e pesquisa científica. cas de trabalho e emprego promover e garantir
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situa- condições de acesso e de permanência da pessoa
ção de curatela, deve ser assegurada sua partici- com deficiência no campo de trabalho.
pação, no maior grau possível, para a obtenção de Parágrafo único. Os programas de estímulo ao
consentimento. empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
deficiência em situação de tutela ou de curatela participação da pessoa com deficiência e a disponibili-
deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas zação de linhas de crédito, quando necessárias.
quando houver indícios de benefício direto para sua
saúde ou para a saúde de outras pessoas com defi- Em seguida a Lei nº 7.853, de 1989 estipulou no art.
ciência e desde que não haja outra opção de pesqui- 2º política pública de acesso ao emprego público e pri-
sa de eficácia comparável com participantes não vado. A Lei nº 8.112, de 1990, por sua vez, estabeleceu
tutelados ou curatelados. a reserva de 5% a 20% dos cargos da Administração
Art. 13. A pessoa com deficiência somente será Direta e Indireta a pessoas com deficiência. E a Lei nº
atendida sem seu consentimento prévio, livre e 8.213, de 1991, no art. 93, conforme falamos antes, esta-
esclarecido em casos de risco de morte e de emer- beleceu as cotas de 2% até 5% de emprego para pes-
gência em saúde, resguardado seu superior interes- soas com deficiência ou reabilitadas nas empresas com
se e adotadas as salvaguardas legais cabíveis. mais de 100 empregados. No mesmo sentido estão o
Decreto nº 3.298, de 1999 e, por fim, o Decreto nº 5.296,
ARTS. 34 AO 38 de 2004, que regulamentaram as leis nº 10.048 e 10.098,
ambas de 2000, para o transporte público adaptado e a
Do Direito ao Trabalho remoção de barreiras arquitetônicas.
Andando em sentido diametralmente oposto a
Primeiramente, precisamos lembrar que o direito todas as conquistas acima citadas, o Governo atual
ao trabalho está previsto no artigo 6º CF, que assim propôs o PL 6159, de 2019, visando alterar o Estatuto
comanda: da Pessoa com Deficiência.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a Art. 36. O poder público deve implementar servi-
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, ços e programas completos de habilitação pro-
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote- fissional e de reabilitação profissional para que a
ção à maternidade e à infância, a assistência aos pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
desamparados, na forma desta Constituição. ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua
livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base
A PcD tem direito ao trabalho de sua livre escolha e
em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei,
aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igual- programa de habilitação ou de reabilitação que
dade de oportunidades com as demais pessoas (art. possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua
34). Assim, são as pessoas jurídicas de direito público, capacidade e habilidade profissional ou adquirir
privado ou de qualquer natureza obrigadas a garantir novas capacidades e habilidades de trabalho.
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos (§ 1º do § 2º A habilitação profissional corresponde ao
art. 34). processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
Voltando à inclusão e aos princípios constitucio- ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
nais, a PcD tem direito, em igualdade de oportunidades aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
ção, permitindo nível suficiente de desenvolvimento
com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis
profissional para ingresso no campo de trabalho.
de trabalho, abrangendo igual remuneração por traba- § 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabi-
lho de igual valor (§ 2º do art. 34). litação profissional e de educação profissional devem
Doutra banda, é vedada restrição ao trabalho da ser dotados de recursos necessários para atender a
PcD e qualquer discriminação em razão de sua condi- toda pessoa com deficiência, independentemente de
ção, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, con- sua característica específica, a fim de que ela possa
tratação, admissão, exames admissional e periódico, ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado
permanência no emprego, ascensão profissional e rea- e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele
bilitação profissional, bem como exigência de aptidão progredir.
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabili-
plena (§ 3º do art. 34).
tação profissional e de educação profissional deverão
Também é assegurada a pessoa com deficiência o ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
CONHECIMENTOS GERAIS

direito à participação e ao acesso a cursos, treinamen- § 5º A habilitação profissional e a reabilitação pro-


tos, educação continuada, planos de carreira, promo- fissional devem ocorrer articuladas com as redes
ções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos públicas e privadas, especialmente de saúde, de
pelo empregador, em igualdade de oportunidades com ensino e de assistência social, em todos os níveis e
os demais empregados (§ 4º do art. 34). Para tal, é modalidades, em entidades de formação profissio-
garantida acessibilidade em cursos de formação e de nal ou diretamente com o empregador.
capacitação (§ 5º do art. 34). § 6º A habilitação profissional pode ocorrer em
Importa destacar que evoluímos na consagração empresas por meio de prévia formalização do con-
trato de emprego da pessoa com deficiência, que
dos direitos trabalhistas, em especial com a CF, de
será considerada para o cumprimento da reserva
1988, mais precisamente no inciso XXXI do art. 7º, que de vagas prevista em lei, desde que por tempo deter-
proíbe discriminação para admissão e remuneração minado e concomitante com a inclusão profissional
em razão de deficiência, e no inciso VIII do art. 37, que na empresa, observado o disposto em regulamento.
garante reserva de vagas na Administração Direta e § 7º A habilitação profissional e a reabilitação pro-
Indireta. fissional atenderão à pessoa com deficiência. 327
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z Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho De acordo com a referida lei (artigo 3º, IV, f), as barrei-
ras são classificadas em urbanísticas, arquitetônicas,
A colocação competitiva, em igualdade de oportu- nos transportes, nas comunicações, atitudinais e
nidades com as demais pessoas, nos termos da legis-
lação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser a) financeiras.
atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimen- b) relacionais.
to de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação c) físicas.
razoável no ambiente de trabalho compõe o modo de d) tecnológicas.
inclusão da pessoa com deficiência no trabalho. e) laborativas.
O art. 37 da LBI, em seu parágrafo único, preceitua
que a colocação competitiva da pessoa com deficiência 3. (VUNESP — 2019) A concepção de produtos, ambientes,
pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observa- programas e serviços a serem usados por todas as pes-
das as seguintes orientações: soas, sem necessidade de adaptação ou projeto específi-
co, incluindo os recursos de tecnologia assistiva, conforme
I - prioridade no atendimento à pessoa com defi- disciplinado na Lei nº 13.146/2015, considera-se
ciência com maior dificuldade de inserção no cam-
po de trabalho; a) tecnologia assistiva.
II - provisão de suportes individualizados que aten-
b) ajuda técnica.
dam a necessidades específicas da pessoa com defi-
ciência, inclusive a disponibilização de recursos c) acessibilidade.
de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de d) desenho universal.
apoio no ambiente de trabalho; e) adaptação razoável.
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da
pessoa com deficiência apoiada; 4. (VUNESP — 2019) A possibilidade e condição de
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos alcance e utilização, com segurança e autonomia,
empregadores, com vistas à definição de estraté- de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edi-
gias de inclusão e de superação de barreiras, inclu- ficações, transportes, informação e comunicação,
sive atitudinais; inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
V - realização de avaliações periódicas; outros serviços e instalações abertos ao público, de
VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
VII - possibilidade de participação de organizações
urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou
da sociedade civil.
Art. 38. A entidade contratada para a realização com mobilidade reduzida, conforme disciplinado na
de processo seletivo público ou privado para cargo, Lei nº 13.146/2015, considera-se
função ou emprego está obrigada à observância do
disposto nesta Lei e em outras normas de acessibili- a) barreiras urbanísticas.
dade vigentes. b) tecnologia assistiva.
c) ajuda técnica.
d) acessibilidade.
e) barreiras atitudinais.
HORA DE PRATICAR!
5. (VUNESP — 2022) A Lei no 13.143/15 concede ao portador
1. (VUNESP — 2021) Assinale a alternativa que está em de deficiência a faculdade de se casar. Considerando-se
conformidade com o disposto na Lei nº 13.146/2015 também que a mencionada lei criou a figura da decisão
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). apoiada, deixando a curatela para casos excepcionais,
pode-se afirmar, segundo o tomo II das Normas da Corre-
a) A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição gedoria Geral de Justiça de São Paulo (NSCGJ), que
de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
b) A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi- a) o curador ou apoiador deverá sempre comparecer a acom-
mento prioritário, exceto para fins de recebimento de panhar o portador de deficiência na habilitação do casa-
restituição de imposto de renda. mento, uma vez que exerce a representação jurídica desse.
c) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da b) a manifestação de vontade do portador de deficiência,
pessoa, exceto para exercer o direito à guarda, à tutela, na habilitação de casamento, não pode ser suprida
à curatela e à adoção. pela intervenção individual do curador ou do apoiador.
d) Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais c) o regime de casamento somente poderá ser escolhido
não devem ser considerados para fins de avaliação da mediante requerimento de alvará judicial.
deficiência. d) o curador do portador de deficiência deverá zelar para
e) É facultado a qualquer pessoa comunicar à autoridade que seja escolhido o regime de separação total de
competente ameaça ou violação aos direitos da pes- bens, visto que sua função é cuidar da parte patrimo-
soa com deficiência. nial do assistido.

2. (VUNESP — 2020) Para fins de sua aplicação, a Lei 6. (VUNESP — 2022) O Estatuto da Pessoa com Deficiên-
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei cia resultou em significativo avanço de inclusão social
nº 13.146/2015) define como barreiras qualquer entra- e de cidadania para uma parcela significativa da popu-
ve ou obstáculo, atitude ou comportamento que limite lação brasileira, prevendo que:
ou impeça a participação social da pessoa, bem como
o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à aces- a) é permitida a cobrança diferenciada de tarifas ou de
sibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pes-
à comunicação, ao acesso à informação, à compreen- soa com deficiência, desde que não ultrapasse o per-
328 são, à circulação com segurança. centual de 10% (dez por cento) da tarifa normal.
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b) a pessoa com deficiência segurada do Regime Geral 10. (VUNESP — 2021) Quando se trata de pessoas com
de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposen- deficiência, as barreiras sociais, oriundas da desigual-
tadoria em igualdade de condições com as demais dade social e de outros processos sociais podem
pessoas. ser consideradas como expressões da questão
c) é assegurado à pessoa com deficiência que não pos- social. Assim compreendida, a deficiência em muitos
sua meios para prover sua subsistência, nem de tê-la momentos da vida, é vista como uma questão de des-
provida por sua família, o benefício mensal de 1/2 vantagem social. No Brasil, a Lei nº 13.145 (2015) ins-
(meio) salário-mínimo, nos termos da Lei de Orgânica titui o Estatuto da Pessoa com Deficiência e define, no
da Assistência Social. artigo 10, a competência do poder público em garantir
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de
soa, inclusive para casar-se e constituir união estável. toda a vida.
e) nos programas habitacionais públicos deve haver uma
reserva de, no mínimo, 5% (cinco por cento) das unida-
O parágrafo único desse mesmo artigo determina que,
des habitacionais para pessoas com deficiência.
em situações de risco, emergência ou estado de cala-
midade pública, o poder público deverá adotar medi-
7. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei nº
das para sua proteção e segurança, por considerá-la
13.146/2015, é correto afirmar que
pessoa
a) todos os direitos previstos para a pessoa com defi-
a) incapaz.
ciência não são extensivos aos seus acompanhantes
ou ao seu atendente pessoal, sem qualquer ressalva b) excluída.
prevista na Lei. c) incompetente.
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de d) vulnerável.
benefícios decorrentes de ação afirmativa. e) despreparada.
c) a deficiência não afeta o direito de conservar a ferti-
lidade, sendo obrigatória a esterilização compulsória 11. (VUNESP — 2019) Segundo o que estabelece a Lei no
nos casos previstos em lei. 13.146/2015, a pessoa com deficiência, em situação
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- de curatela, que necessitar se submeter à intervenção
soa, inclusive para casar-se e constituir união estável. cirúrgica
e) a pessoa com deficiência não tem atendimento priori-
tário no que diz respeito ao acesso à informação e ao a) não poderá ser obrigada a se submeter à cirurgia, sem
recebimento de restituição de imposto de renda. seu consentimento, e este não pode ser suprido.
b) tem dispensada por lei a sua participação na obtenção
8. (VUNESP — 2017) De acordo com a Lei no 13.146/2015, do consentimento para a intervenção.
toda pessoa com deficiência tem direito a igualdade c) poderá submeter-se à cirurgia com seu consentimento
de oportunidades com as demais pessoas e será pro- suprido, na forma da lei.
tegida de toda forma de negligência, discriminação, d) é considerada vulnerável e será submetida à cirur-
exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e gia, sendo inexigível o seu consentimento ou de seu
tratamento desumano ou degradante. curador.
e) somente terá o direito de expressar seu consentimen-
Conforme o artigo 5o (parágrafo único) da referida lei, to se estiver em situação de risco.
para fins dessa proteção, são consideradas especial-
mente vulneráveis as seguintes pessoas com deficiên- 12. (VUNESP — 2017) Nos termos da Lei Federal nº
cia: a criança, o adolescente, o idoso e 13.146/2015, a pessoa com deficiência

a) os excluídos do mercado de trabalho. a) está obrigada à fruição de benefícios decorrentes


b) a mulher. de ação afirmativa, a fim de que sejam construídos
c) suas famílias.
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
d) aqueles em situação de rua.
b) e seu acompanhante ou atendente pessoal têm direito
e) a população quilombola.
à prioridade na tramitação processual e nos procedi-
mentos judiciais em que forem partes ou interessados.
9. (VUNESP — 2016) O Estatuto da Pessoa com Deficiên-
c) somente será atendida sem seu consentimento pré-
cia, instituído pela Lei brasileira no 13.146/2015,
vio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e
CONHECIMENTOS GERAIS

de emergência em saúde, resguardado seu superior


a) resultou da condenação do Brasil pela Comissão Inte-
interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
ramericana de Direitos Humanos e da recomendação
internacional para que o país incluísse medidas prote- d) poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clí-
tivas da pessoa deficiente em sua legislação. nica ou cirúrgica, tratamento ou institucionalização
b) baseia-se na Convenção sobre os Direitos das Pes- forçada, mediante prévia avaliação biopsicossocial,
soas com Deficiência e em seu Protocolo Facultativo, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar.
em vigor no plano interno desde a promulgação do e) em situação de curatela, não terá participação na
respectivo Decreto, em 2009. obtenção de consentimento para a prática dos atos da
c) constitui mudança legislativa relevante do ponto de vida civil, pois, em tal circunstância, não possui qual-
vista humanitário, mas de pouco impacto jurídico, con- quer capacidade civil.
siderando que é norma programática que não inova na
ordem jurídica. 13. (VUNESP — 2021) No tocante ao direito ao trabalho
d) inspira-se na diretriz da incapacidade da pessoa defi- da pessoa com deficiência, nos moldes da Lei nº
ciente, para sua proteção. 13.146/2015, é correto afirmar que 329
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a) a pessoa com deficiência tem direito à remuneração maior 9 GABARITO
do que à das demais pessoas por trabalho de igual valor.
b) a pessoa com deficiência terá prioridade sobre os
demais empregados em promoções, bonificações e 1 A
incentivos profissionais oferecidos pelo empregador.
2 D
c) o cooperativismo e o associativismo devem prever a
participação da pessoa com deficiência e a disponibi- 3 D
lização de linhas de crédito, quando necessárias.
d) o empregador deve sempre oferecer maiores oportuni- 4 D
dades de trabalho às pessoas com deficiência do que
5 B
às demais pessoas.
e) é vedada restrição ao trabalho da pessoa com defi- 6 D
ciência em razão de sua condição, exceto nas etapas
de recrutamento e seleção. 7 D

8 B
14. (VUNESP — 2021) Nos termos do que dispõe a Lei nº
13.146/2015, assinale a alternativa correta. 9 B

a) É facultativa a restrição ao trabalho da pessoa com 10 D


deficiência que não atenda as exigências de perma-
11 C
nência no emprego, ascensão profissional e reabili-
tação profissional, bem como a exigência de aptidão 12 C
plena.
b) Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação 13 C
profissional e de educação profissional deverão ser
14 B
oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
c) A colocação competitiva da pessoa com deficiência 15 B
pode ocorrer por meio de trabalho, independentemen-
te de apoio e suporte individualizado.
d) Especialmente na área de saúde e de assistência
social, a habilitação profissional e a reabilitação profis-
sional é obrigação específica das entidades das redes ANOTAÇÕES
públicas.
e) Nos serviços de habilitação profissional, de reabilita-
ção profissional e educação profissional, é vedada a
participação de organizações da sociedade civil.

15. (VUNESP — 2017) De acordo com a Lei no 13.146/2015


e Resolução no 230/2016, do Conselho Nacional de Jus-
tiça, os Tribunais e os serviços auxiliares do Poder Judi-
ciário devem promover o amplo e irrestrito acesso de
pessoas com deficiência às suas respectivas carreiras e
dependências e o efetivo gozo dos serviços que prestam.

Com essa finalidade,

a) se o órgão, por sua liberalidade, determinar a diminui-


ção da jornada de trabalho dos seus servidores, esse
benefício não é extensivo ao servidor beneficiário de
horário especial.
b) constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência
no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, devendo ser
fornecidos recursos de tecnologia assistiva.
c) como medida protetiva e em razão dos elevados cus-
tos para a promoção da acessibilidade do servidor em
seu local de trabalho, a Administração poderá impor
ao servidor com mobilidade comprometida o uso do
sistema “home office”.
d) servidor com horário especial, em função de ter côn-
juge, filho ou dependente com deficiência, ainda que
possa acumular banco de horas como os demais ser-
vidores, não poderá exercer cargo em comissão, em
função de sua onerosidade.
e) como forma protetiva, deve ser imposta à pessoa
com deficiência a fruição de benefícios decorrentes
de ação afirmativa, sob pena de responsabilidade por
330 omissão.
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z Propriedade associativa: não há essa propriedade
na subtração.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer

MATEMÁTICA
número, este número permanecerá inalterado.

Ex.: 13 – 0 = 13.

z Propriedade do fechamento: a subtração de dois


OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS números inteiros sempre gera outro número
inteiro.
OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS
Ex.: 33 – 10 = 23.
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
com estes números. São elas: adição, subtração, multi- Multiplicação
plicação e divisão.
A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
Adição tição de adições. Veja:
A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
É dada pela soma de dois números. Ou seja, a adi-
vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
ção de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25
Algo que é muito importante e você deve lembrar sem-
Veja mais alguns exemplos:
pre são as regras de sinais na multiplicação de números.
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
Principais propriedades da operação de adição: SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO

Operações Resultados
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma. + + +

- - +
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
+ - -
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri- - + -
meiramente, e depois somar o outro, em qualquer
ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
Dica
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10 � A multiplicação de números de mesmo sinal
tem resultado positivo.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
adição, pois qualquer número somado a zero é � A multiplicação de números de sinais diferen-
igual a ele mesmo. tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.
Principais propriedades da operação de
z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- multiplicação:
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o seja, a ordem não altera o resultado.
número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
Subtração
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
Subtrair dois números é o mesmo que diminuir, x A, que é igual a (A x C) x B.
de um deles, o valor do outro. Ou seja, subtrair 7 de 20
significa retirar 7 de 20, restando 13: 20 – 7 = 13. Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
Veja mais alguns exemplos:
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11 z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neutro
MATEMÁTICA

30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20 da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por qualquer


Principais propriedades da operação de número, este número permanecerá inalterado.
subtração:
Ex.: 15 x 1 = 15.
z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
ros altera o resultado, a subtração de números não z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
possui a propriedade comutativa. números inteiros sempre gera um número inteiro.

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130. Ex.: 9 x 5 = 45 331


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z Propriedade distributiva: essa propriedade é Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) números inteiros).]
= (AxB) + (AxC)
OPERAÇÕES E PROPRIEDADES DOS NÚMEROS
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36 RACIONAIS
Usando a propriedade:
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
z Adição de números decimais: segue a mesma lógi-
ca da adição comum.
Divisão
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
Quando dividimos A por B, queremos repartir a
quantidade A em partes de mesmo valor, sendo um
total de B partes. z Subtração de números decimais: segue a mesma
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 lógica da subtração comum.
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere-
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
Algo que é muito importante e você deve lembrar mesmo procedimento da multiplicação comum.
sempre são as regras de sinais na divisão de números.
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
SINAIS NA DIVISÃO
Operações Resultados z Divisão de números decimais: devemos multipli-
+ + + car ambos os números (divisor e dividendo) por
uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
- - + modo a retirar todas as casas decimais presentes.
+ - - Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
- + -
Ex.: 5,7 ÷ 1,3
5,7 × 100 = 570
Dica 1,3 × 100 = 130
570 ÷ 130 = 4,38
� A divisão de números de mesmo sinal tem
resultado positivo.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
� A divisão de números de sinais diferentes tem
resultado negativo. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 DIVISOR COMUM
Esquematizando: MÚLTIPLOS E DIVISORES

Dividendo Diz-se que um número natural “a” é múltiplo de outro


Divisor
natural “b” se existir um número natural “k” tal que:
30 5
0 6 a=k∙b

Resto Quociente Exemplo: 15 é múltiplo de 5, pois 15 = 3 ∙ 5


Quando a = k ∙ b, segue que a é múltiplo de b, mas
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto também a é múltiplo de k, como é o caso do número
30 = 5 · 6 + 0 35, múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 ∙ 5.
Quando a = k ∙ b, então, a é múltiplo de b; se conhe-
cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, bas-
Principais propriedades da operação de divisão: ta fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
Como conclusão às assertivas propostas acima,
z Propriedade comutativa: a divisão não possui essa tem-se que:
propriedade.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa z Um número b é sempre múltiplo dele mesmo  a
propriedade. = 1 ∙ b ↔ a = b;
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- z Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número da forma a = k ∙ 2, k seria substituído por todos os
por 1, o resultado será o próprio número. números naturais possíveis.

Ex.: 15 / 1 = 15. A definição de divisor está relacionada com a de


múltiplo.
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em uma Um número natural b é divisor do número natural
diferença enorme dentro das operações de números a, se a é múltiplo de b.
inteiros, pois a divisão não possui essa propriedade, Exemplo: 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 ∙ 5. Logo, 15
é múltiplo de 3 e também de 5.
uma vez que ao dividir números inteiros podemos
332 obter resultados fracionários ou decimais.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co-
Um número natural tem uma quantidade finita muns: M(6) ∩ M(8) = {24, 48, 72, ...}
de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá Observando os múltiplos comuns, pode-se identifi-
ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no car o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou
conjunto dos números naturais, não podemos seja: mmc(6, 8) = 24.
dividir 6 por um número maior do que ele. Os Outra técnica para o cálculo do MMC:
divisores naturais de 6 são os números 1, 2, 3, 6,
o que significa que o número 6 tem 4 divisores. z Decomposição isolada em fatores primos: Para
obter o MMC de dois ou mais números por esse
MDC
processo, procedemos da seguinte maneira:
Agora que sabemos o que são números primos,
Decompomos cada número dado em fatores
múltiplos e divisores, vamos ao MDC. O Máximo Divi-
sor Comum de dois ou mais números é o maior núme- primos.
ro que é divisor comum de todos os números dados. O MMC é o produto dos fatores comuns e não
Exemplo: Encontrar o MDC entre 18 e 24. comuns, cada um deles elevado ao seu maior expoente.
Divisores naturais de 18: D(18) = {1, 2, 3, 6, 9, 18}. Exemplo: Achar o MMC entre 18 e 120.
Divisores naturais de 24: D(24) = {1, 2, 3, 4, 6, 8, 12, 24}.
Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e 18 2
24: D(18) ∩ D (24) = {1, 2, 3, 6}. 9 3 18 = 2 ∙ 32
Observando os divisores comuns, podemos identi-
ficar o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou 3 3
seja: MDC (18,24) = 6. 1
Outra técnica para o cálculo do MDC:
120 2
z Decomposição em Fatores Primos: Para obter o
MDC de dois ou mais números por esse processo, 60 2
procede-se da seguinte maneira: 30 2 120 = 23 ∙ 3 ∙ 5
15 3
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, 5 5
cada um deles elevado ao seu menor expoente. 1
Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.
MMC (18,120) = 23 ∙32 ∙ 5 = 8∙ 9 ∙ 5 = 360
300 2
150 2 Acompanhe o exercício a seguir para revisar seus
75 3 300 = 22 ∙ 3 ∙ 52 conhecimentos.
25 5
1. (FEPESE – 2016) João trabalha 5 dias e folga 1,
5 5
enquanto Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e
1
Maria folgam no mesmo dia, então quantos dias, no
mínimo, passarão para que eles folguem no mesmo
504 2 dia novamente?
252 2
126 2 a) 8.
504 = 23∙ 32 ∙ 7 b) 10.
63 3
c) 12.
21 3
d) 15.
7 7 e) 24.
1
O período em que João trabalha e folga correspon-
MDC (300, 504) = 2 ∙ 3 = 4 ∙ 3 = 12
2 de a 6 dias, enquanto o mesmo período, para Maria
corresponde a 4 dias. Assim, o problema consiste em
MMC encontrar o MMC entre 6 e 4. Logo, eles folgarão no
MATEMÁTICA

mesmo dia novamente após 12 dias, pois MMC(6, 4) =


O mínimo múltiplo comum de dois ou mais núme- 12. Resposta: Letra C.
ros é o menor número positivo que é múltiplo comum
de todos os números dados. Consideremos:
Exemplo: Encontrar o MMC entre 8 e 6.
Múltiplos positivos de 6: M(6) = {6, 12, 18, 24, 30, 36, RAZÃO E PROPORÇÃO
42, 48, 54, ...}
Múltiplos positivos de 8: M(8) = {8, 16, 24, 32, 40, A razão entre duas grandezas é igual à divisão
48, 56, 64, ...} entre elas, veja: 333
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
2 Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
5 então podemos substituir na proporção:

Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está C D C+D 10.000


= = = = 2.000
para 5). 3 2 3+2 5
Já a proporção é à igualdade entre razões, veja:
Aqui cabe uma observação importante!
2
=
4 Esse valor de 2.000, que chamamos de “Constante
3 6 de Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real
das partes dentro da proporção. Veja:
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
está para 3 assim como 4 está para 6). C
= 2.000
Os problemas mais comuns que envolvem razão e 3
proporção é quando se aplica uma variável qualquer
C = 2000 x 3
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor
dela. Veja o exemplo: C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
D
2 x = 2.000
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 2
3 6
D = 2.000 x 2
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
ção: produto dos meios pelos extremos.
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Meio: 3 e x;
ber R$4.000.
Extremos: 2 e 6.
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
z Somas Internas
numa igualdade. Observe:
a c a+b c+d
3·X=2.6 = = =
b d b d
3X = 12
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X = 12/3
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
X=4 o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
proporção.
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie- a c a+b c+d
= = =
dade fundamental. Porém, algumas questões acabam b d a c
sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe-
cer algumas propriedades para facilitar. Vamos a elas. Vejamos um exemplo:

Propriedade das Proporções x


=
2
-
14 x 5
z Somas Externas x + 14 - x 2+5
=
x 2
a c a+c
= =
b d b+d 14 7
=
x 2
Vamos entender um pouco melhor resolvendo 7 . x = 2 · 14
uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- 14 · 2
x= =4
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos 7
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos Portanto, encontramos que x = 4.
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
fábrica. Quanto cada um vai receber?
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C Importante!
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que Vale lembrar que essa propriedade também ser-
Diego vai receber, temos:
ve para subtrações internas.
C D
=
3 2 z Soma com Produto por Escalar

Utilizando a propriedade das somas externas: a c a + 2b c + 2d


= = =
b d b d
C D C+D
= =
334 3 2 3+2 Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 30% =
30
(forma de fração)
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. 100
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na 30
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. 30% = = 0,3 (forma decimal)
100
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos: 30 3
30% = = (forma de fração simplificada)
A B 100 10
=
2 3
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3 várias maneiras:
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. 30 3
30% = = 0,3 =
100 10
2A + 3B = 13.000
Também é possível fazer a conversão inversa, isto
Agora, multiplicando em cima e embaixo de um é, transformar um número qualquer em porcentual.
lado por 2 e do outro lado por 3, temos: Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:

2A 3B 25 x 100 = 2500%
=
4 9 0,35 x 100 = 35%
0,586 x 100 = 58,6%
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte: Número Relativo

2A 3B 2A + 3B A porcentagem traz uma relação entre uma parte e


= =
4 9 4+9 um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- que estamos especificando. Para descobrir a quanto
porção, temos: isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.

2A 3B 2A + 3B 13.000 10 x 1000 = 100


= = = = 1.000 10% de 1000 =
4 9 4+9 13 100

Logo, Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto 100 é a parte


que corresponde a 10% de 1000.
2A
= 1.000
4
Dica
2A = 4 x 1.000
Quando o todo varia, a porcentagem também
2A = 4.000 varia!
A = 2.000
Veja um exemplo:
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Fazendo a mesma resolução em B:
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
3B
= 1.000 de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
9 por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
3B = 9 × 1.000
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
3B = 9.000
2 1
B = 3.000 =
8 4
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
anos de casa receberão R$3.000 de bônus. vamos multiplicar a fração por 100:
O total pago pela empresa será:
1 × 100 = 25%
4
2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
MATEMÁTICA

Soma e Subtração de Porcentagem

As operações de soma e subtração de porcentagem


PORCENTAGEM são as mais comuns. É o que acontece quando se diz
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe-
A porcentagem é uma medida de razão com base rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi- corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli-
como podemos representar um número porcentual. car pelo valor da grandeza. 335
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Exemplo 1: 2. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Na assembleia legislati-
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula. va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou entre homens e mulheres. Em determinada sessão
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
horas-aula do curso ao final? das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total parlamentares presentes à sessão.
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + bleia legislativa, havia
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
de horas-aula do curso será: a) 10 deputadas.
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula b) 14 deputadas.
c) 15 deputadas.
Dica d) 20 deputadas.
e) 25 deputadas.
A avaliação do crescimento ou da redução per-
centual deve ser feita sempre em relação ao 50 parlamentares
valor inicial da grandeza. Deputadas = X
- Deputados = 50-X
Variação percentual = Final Inicial Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
Inicial
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor. cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
Exemplo 2: valor de X.
Juliano percebeu que ainda não assistiu a 200 20% x + 10% (50-x) = 7
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de 20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se 2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá 2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
caído 20%? 2x + 50 - x = 70
A variação percentual de uma grandeza corres- 2x - x = 70 - 50
ponde ao índice: x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia
Legislativa.
Final - Inicial 180 - 200 Resposta: Letra D.
Variação percentual = = =
Inicial 200
20 3. (VUNESP – 2016) Um concurso recebeu 1500 ins-
– = - 0,10 crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da
200
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram
mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
número de homens que fizeram a prova corresponde a
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está uma porcentagem de
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
a) 45,2%.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria com b) 46,5%.
exercícios comentados de diversas bancas. Vamos lá! c) 47,8%.
d) 48,4%.
1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Em determinada loja, uma e) 49,3%.
bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas
vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$ Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
920 com vencimento para o mês seguinte. Caso queira prova.
antecipar o crédito correspondente ao valor da parcela, Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
a lojista paga para a financeira uma taxa de antecipação res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
correspondente a 5% do valor da parcela. o percentual dos homens pelo total:
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- 0,55 x 0,88 = 0,484.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%.
( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Letra D.

Valor da bicicleta =1720,00 4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí.
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) então, a porcentagem de entrevistados que não gos-
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja tam de nenhum dos dois é de
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
(juros) e dividir por 800,00 resultado: a) 80%.
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. b) 61%.
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja, c) 20%.
está errada. d) 10%.
336 Resposta: Errado. e) 5%.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vamos dispor as informações em forma de conjun- z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen-
tos para facilitar nossa resolução: to de uma grandeza implica a redução da outra;

Graviola Açai
Vamos esquematizar para sabermos quando será
direta ou inversamente proporcionais:

DIRETAMENTE
60% – 15% = 15% 50% – 15% = + / + OU - / -
PROPORCIONAL
45% 35%

Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas


Nenhum = X
(sinais iguais)

Vamos somar todos os valores e igualar ao total que


é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% PROPORCIONAL + / - OU - / +
95% + X = 100%
X = 5%.
Resposta: Letra E. Aqui, uma grandeza aumenta e a outra diminui
(sinais diferentes)
5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ Agora, vamos esquematizar a maneira que iremos
20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação resolver os diversos problemas:
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
meses. O restante foi investido em uma aplicação,
DIRETAMENTE
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante PROPORCIONAL
Multiplica cruzado
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
no sistema de juros simples.
INVERSAMENTE
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles PROPORCIONAL
Multiplica na horizontal
tiveram:

a) prejuízo de R$2.800,00. Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco


b) lucro de R$3.200,00. mais como funciona:
c) lucro de R$2.800,00.
d) prejuízo de R$6.000,00 z Um muro de 12 metros foi construído utilizando
e) lucro de R$5.000,00. 2.160 tijolos. Caso queira construir um muro de 30
metros nas mesmas condições do anterior, quan-
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00 tos tijolos serão necessários?
12.000,00 · 4% = 480,00
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros) Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao proporcional.
mês, durante 10 meses:
8.000,00 · 5% = 400,00
12 m -------- 2160 (tijolos)
400 · 10 meses= 4.000
30 m -------- X (tijolos)
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
Resposta: Letra C. Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)
e que para fazermos um muro maior vamos precisar
de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
(+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
REGRA DE TRÊS SIMPLES E
COMPOSTA 12 m -------- 2.160 (tijolos)

REGRA DE TRÊS SIMPLES 30 m -------- X (tijolos)


12 · X = 30 . 2160
A regra de três simples envolve apenas duas gran-
dezas. São elas: 12X = 64800
X = 5400 tijolos
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque- Assim, comprovamos que realmente são necessá-
MATEMÁTICA

la utilizada para calcular a variação da grandeza rios mais tijolos.


dependente.
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para
Existem dois tipos principais de proporcionalida- corrigir as provas de um vestibular. Considerando
des que aparecem frequentemente em provas de con- a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro-
cursos públicos. Veja a seguir: fessores para corrigir as provas?

z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
de uma grandeza implica o aumento da outra; montar a relação e analisar: 337
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5 (prof.) --------- 12 (dias) 40 3 ?
= ·
30 (prof.) -------- X (dias) X 6 ?

Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um Analisando isoladamente duas a duas:
aumento (+), mas, como agora estamos com uma equi-
pe maior, o trabalho será realizado de forma mais 1000 (panf.) -------- 40 (min)
rápida. Logo, a quantidade de dias deverá diminuir 2000 (panf.) ------ -- X (min)
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro-
porcionais e vamos resolver multiplicando na hori- Perceba que de 1000 panfletos para 2000 panfletos
zontal. Observe: o valor aumenta (+) e que o tempo também irá aumen-
tar (+). Logo, as grandezas são diretas e devemos man-
5 (prof.) 12 (dias) ter a razão.
30 (prof.) X (dias)
40 3 1000
30 · X = 5 · 12 = ·
X 6 2000
30X = 60
Agora, basta resolver a proporção para acharmos
X=2 o valor de X.

A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias 40 3000


para corrigir as provas. X
= 12000

REGRA DE TRÊS COMPOSTA 3X = 40 · 12


3X = 480
A regra de três composta envolve mais de duas
variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta- X = 160
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas
cautelosamente levando em conta alguns princípios: As três impressoras produziriam 2000 panfletos em
160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40 minutos.
z As análises devem sempre partir da variável Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
dependente em relação às outras variáveis; vamos analisar mais um exemplo.
z As análises devem ser feitas individualmente, ou
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas, „ Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas cada
mantendo as demais constantes; uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
z A variável dependente fica isolada em um dos
Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o
lados da proporção.
número de linhas por página e para 40 o núme-
ro de letras (ou espaços) por linha. Consideran-
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
do as novas condições, determine o número de
como isso tudo funciona:
páginas ocupadas.
z Se 6 impressoras iguais produzem 1000 panfletos
em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas impres- Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
soras produziriam 2000 desses panfletos? rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.

Da mesma forma que na regra de três simples, 6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
cada uma delas isoladamente duas a duas.
6 ? ?
X
=
?
·?
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
Analisando isoladamente duas a duas:
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
parte dependente de um lado e igualando as razões da 6 (pág.) -------- 45 (linhas)
seguinte forma – se for direta, vamos manter a razão, X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
agora, se for inversa, vamos inverter a razão. Observe:
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor
40 ? ?
= · diminui (-) e que o número de páginas irá aumentar
X ? ?
(+). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-
ter a razão.
Analisando isoladamente duas a duas:
6 (imp.) -------- 40 (min) 6
=
30 ?
·
3 (imp.) ---- ---- X (min) X 45 ?

Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras


Analisando isoladamente duas a duas:
o valor diminui (-) e que o tempo irá aumentar (+),
pois agora teremos menos impressoras para realizar
6 (pág.) -------- 80 (letras)
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
338 inverter a razão. X (pág.) ------- 40 (letras)
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, dizer que com 1dm³ ele faz 10km.
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão. Portanto,
10 km -------- 1dc³
6 30 40 1.100 km --------- x
= · 80
X 45 10x = 1.100
6 2 1 x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
X
= ·
3 2 Resposta: Errado.

6
=
2 3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada
X 6 quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
2X = 36
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guar-
X = 18 danapos por dia. O número de guardanapos compra-
dos foi
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto
respeitando as novas condições é igual a 18. a) 60.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- b) 70.
ria com exercícios comentados de diversas bancas. c) 80.
Vamos lá! d) 90.
e) 100.
1. (CEBRASPE-CESPE – 2019) No item seguinte apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- x = dias
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 3 guardanapos por dia -------- x
porcentagens e descontos. 2 guardanapos por dia -------- x+15
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- São valores inversamente proporcionais, quanto
prou alimentos em quantidades suficientes para que mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 Assim, multiplicamos na horizontal:
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos 3x = 2 · (x+15)
chegou de surpresa para passar o restante do mês 3x = 30+2x
com a família. 3x-2x = 30
Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas x = 30
consumir diariamente a mesma quantidade de ali- Podemos substituir em qualquer uma das duas
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão situações:
antes do dia 20 do mesmo mês. 3 guardanapos · 30 dias= 90
2 guardanapos · 45(30+15) dias = 90.
( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Letra D.

4 pessoas ------- 24 dias 4. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27


6 pessoas ------- x dias minutos para consertar um caminhão. Supondo que
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
na horizontal: ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
6x = 4 · 24 tos minutos levariam para concluir o conserto desse
6x = 96 mesmo caminhão?
x = 96/6
x = 16 a) 20 minutos.
Como já haviam comido por 6 dias é só somar: b) 35 minutos.
6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por c) 45 minutos.
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril). d) 50 minutos.
Resposta: Errado. e) 55 minutos.

2. (CEBRASPE-CESPE – 2018) O motorista de uma Mecânicos ------ Minutos


empresa transportadora de produtos hospitalares 5 ---------------- 27
deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega 3 ---------------- x
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima- Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des- tarão para finalizar o trabalho; logo a grande-
pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu za é inversamente proporcional. Multiplica na
veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside- horizontal:
MATEMÁTICA

rou que esse consumo é constante. 3x = 27 · 5


Considerando essas informações, julgue o item que 3x = 135
segue. x = 135/3
Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de x = 45 minutos.
gasolina. Resposta: Letra C.

( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (IESES – 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa em


28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumentado para
Com 1 litro ele faz 10 km. sete, em quantos dias essa mesma casa ficaria pronta? 339
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a) 18 dias. para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
b) 16 dias. serem entregues (direta).
c) 20 dias. Resolvendo:
d) 22 dias. 8/x = 1/2 · 8/6 · 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
8/x = 1/2 · 4/3 · 4/5
5 (pedreiros) ---------- 28 (dias) 8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
7 (pedreiros) ------------- X (dias) 8/x = 8/15
Perceba que as grandezas são inversamente propor- 8x = 120
cionais, então basta multiplicar na horizontal. x = 120/8
5 . 28=7 · X x = 15 dias.
7X = 140 Resposta: Letra E.
X = 140/7
X = 20 dias . 8. (CEBRASPE-CESPE – 2018) No item a seguir é apre-
Resposta: Letra C. sentada uma situação hipotética, seguida de uma
assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
6. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Determinado equipamen- de, divisão proporcional, média e porcentagem.
to é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, fun- Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
cionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa situação, com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
a quantidade de páginas que esse mesmo equipamen- clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
to é capaz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
30 minutos diários para esse fim, é igual a
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) 2.666.
b) 2.160. 3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
c) 1.215. 5 caixas - 20 clientes - x minutos.
d) 1.500.
10 5 12
e) 1.161. = #
X 3 20
Primeiro vamos passar para minutos: 5 · 12 · X = 10 · 3 · 20
5h = 300min.
60x = 600
4h30min= 270min.
min.-----Dias-----Pag. X = 10.
300 -------4-------1800 Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
Não em menos de 10 como a questão afirma.
270 -------3-------X Resposta: Errado.
Resolvendo, temos:
9. (VUNESP - 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho
300 (Simplifica por 30) ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan-
1800
=
4 do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida-
· 270 (Simplifica por 30)
X 3 des de determinado produto. Para a fabricação de 400
unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas,
1800 4 10
= · trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima-
X 3 9 do para a realização do serviço é de
4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9
a) 5 horas e 54 minutos
X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é b) 6 horas e 06 minutos.
capaz de digitalizar. c) 6 horas e 20 minutos.
d) 6 horas e 40 minutos.
Resposta: Letra C.
e) 7 horas e 06 minutos.
7. (VUNESP – 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
operando com a mesma capacidade de produção,
fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6 360 min ------ 5 máquinas ----- 600 unidades (corta os
horas por dia. O número de dias necessários para que zeros iguais)
4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri- x ------------- 3 máquinas ---- 400 unidades (corta os
quem dois lotes dessas peças é zeros iguais)
360 3 6
a) 11. = ·
X 5 4
b) 12.
c) 13. x·3·6 = 360·5·4
d) 14.
e) 15. x·18 = 7200
x = 7200/18
5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
x = 400
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
Quanto mais dias para entrega do lote, menos horas Logo, transformando minutos para horas novamen-
340 trabalhadas por dia (inversa), menos máquinas te, temos:
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X = 400min A média aritmética é igual a 20.
X = 6h40min
Média Ponderada
Resposta: Letra D.
No cálculo da média aritmética ponderada (em
10. (VUNESP - 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3 que levamos em consideração os pesos de cada parte),
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima, devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen- x1P1 + x2P2 + ... + xnPn
to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado x=
para a realização desse trabalho será de P1 + P2 + ... + Pn

a) 6 horas e 40 minutos. Interpretando a fórmula, temos uma lista de


b) 6 horas e 58 minutos. números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
c) 7 horas e 12 minutos. p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada
d) 7 horas e 20 minutos. pela fórmula apresentada acima.
e) 7 horas e 35 minutos. Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de Matemática,
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas Física, Química, História e Biologia. Suponha que o
peso de Matemática seja 4, de Física seja 4, de Química
2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
seja 2, de História seja 1 e de Biologia seja 1. Suponha
Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer ainda que o estudante obteve as seguintes notas:
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
menos máquinas trabalhando (inversa).
Matemática 9,7 4
4 5000 2
= ·
X 6000 3 Física 8,8 4
2·X·5 = 4·6·3 Química 7,3 2
10X = 72 História 6,0 1
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 · 60 Biologia 5,7 1
min = 7 horas e 12 minutos)
OBS: Para transformar horas em minutos, basta Vamos calcular a média ponderada das notas des-
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas se aluno:
= 0,2 · 60 = 120/10 = 12 min.
Resposta: Letra C. 9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1
X=
4+4+2+1+1

38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7


MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E X=
12
PONDERADA
100,3
Média Aritmética X= = 8,35833...
12
A média aritmética é um valor que pode substituir
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de
n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
JUROS SIMPLES
Para calcular a média aritmética de uma lista de
A premissa que é a base da matemática financeira é
números, basta somar todos os elementos e dividir
a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado pre-
pela quantidade de elementos. Ou seja,
ferem adiantar os seus recebimentos e retardar os seus
pagamentos. Do ponto de vista estritamente racional, é
x1 + x2 + ... + xn melhor pagar o mais tarde possível caso não haja inci-
MATEMÁTICA

x= dência de juros (ou caso esses juros sejam inferiores ao


n
que você pode ganhar aplicando o dinheiro).
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan-
números 5, 10, 15, 20, 50. tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
5+10+15+20+50 pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
X= = 100 = 20. ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa
5 5
pela taxa de juros. 341
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Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre Uma outra informação muito importante e que
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender. você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
Exemplo 1: valentes quando estamos no regime de juros simples
Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5 inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
meses. Então temos o seguinte: do de tempo.

CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO Importante!
(1000,00)
No regime de juros simples, taxas de juros
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
proporcionais são também taxas de juros
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
equivalentes.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00

Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS


de juros.
Fórmulas utilizadas em juros simples z Equação do Primeiro Grau

A forma geral de uma equação do primeiro grau


J=C·i·t
é: ax + b = 0.
O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
M=C+J
chamado de termo independente.
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
M = C · (1 + i ·J) todas as partes que possuem incógnitas de um lado
Onde, igual e do outro os termos independentes. Veja um
J = juros exemplo:
C = capital
i = taxa em percentual (%) 10x = 5x + 20
t = tempo
M = montante
Vamos achar o valor de “x”:
TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES
10x – 5x = 20
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é
importante saber a unidade de tempo sobre a qual Passamos o “5x” para o outro lado da igual com o
a taxa de juros é definida. Isto é, não adianta saber sinal trocado:
apenas que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber
se essa taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos 5x = 20
que duas taxas de juros são proporcionais quando x = 20 / 5
guardam a mesma proporção em relação ao prazo.
Por exemplo, 12% ao ano é proporcional a 6% ao se- Isolamos o “x” transferindo o seu coeficiente “5”
mestre, e também é proporcional a 1% ao mês. dividindo:
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que x = 4.
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
12% ao ano ----------------------- 1 ano mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
igual a zero em ambos os lados. Observe:
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
temporal, temos: Para x = 4

12% ao ano ---------------------- 12 meses 10x = 5x + 20


Taxa bimestral ------------------ 2 meses 10 . 4 = 5 · 4 + 20
40 = 40
Efetuando a multiplicação cruzada, temos: 40 – 40 = 0

12% x 2 = Taxa bimestral x 12 z Equação do Segundo Grau


Taxa bimestral = 2% ao bimestre
Equações do segundo grau são equações nas quais
Duas taxas de juros são equivalentes quando são o maior expoente de x é igual a 2.
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan- Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
342 te final M, após o mesmo intervalo de tempo. Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
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„ a é sempre o coeficiente do termo em x²; z Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
„ b é sempre o coeficiente do termo em x; idênticas;
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente. z Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais.

As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto Soma e Produto das Raízes
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:

Cálculo das Raízes da Equação z A soma das raízes é dada por –b/a.
z O produto das raízes é dado por c/a.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
colocá-los na seguinte expressão: Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
Produto: c/a = 2 / 1 = 2
-b ! 2 Quais são os dois números que somados resultam
b - 4ac
x= “3” e multiplicados, “2”?
2a
Soma: 3 = (2 + 1);
Produto 2 = (2 ×1);
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
utilizando o sinal negativo (-). ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Vamos aplicar isso em um exemplo: Vamos lá!
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c. 1. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
a=1 interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
b = -3 depoimento, com relação à responsabilização pela
c=2 prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
Substituindo na fórmula: A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja 8
-b ! 2
b - 4ac anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho que
x= S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a 140 anos,
2a
então é correto afirmar que S2 nasceu antes de 1984.
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
x= ( ) CERTO ( ) ERRADO
2×1
S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de
3! 9-8 idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos
x=
2 dizer que:
3!1 Idade de S2 = Idade de S4 + 2
x= Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-
2
tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que:
3+1 X2 = X4 + 2
x1 = =2
2 Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a
3-1 140 anos:
x2 = =1 X1 + X2 + X3 + X4 = 140
2
32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri- 74 + 2.X4 = 140
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual 2.X4 = 66
a: X4 = 33
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim,
Δ = b2 - 4ac S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.
Resposta: Errado.
Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:
2. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Em um tanque A, há uma
MATEMÁTICA

mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de


-b ! D
x= álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão
2a misturados homogeneamente com 50 L de álcool.
A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente.
O discriminante fornece importantes informações Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
de uma equação do 2º grau: igual à do tanque B, é suficiente acrescentar no tanque
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L.
z Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
distintas; ( ) CERTO ( ) ERRADO 343
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A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150 10 ! 16
= 1/3. x=
2
A quantidade X de álcool precisa ser acrescentada
no tanque A para ele chegar nesta mesma propor- 10 + 4
x1 = + =7
ção. A quantidade de álcool passará a ser de 60 + 2
X, e a de gasolina será 240, de modo que ficaremos 10 - 4
com a razão: x2 = - =7
2
1/3 = (60+X) / 240
240 x 1/3 = 60 + X O produto das raízes é igual a 7 × 3 = 21 anos.
80 = 60 + X
Resposta: Letra B.
60 + X = 80
X = 80 - 60
X = 20 litros.
Resposta: Certo.
SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU
3. (FUNDATEC – 2011) Qual deve ser o valor de m para
que a equação x2 + 6x + m = 0 tenha raízes reais iguais? Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x +
a) 3. y = 10.
b) 9. Perceba que há infinitas possibilidades de x e y que
c) 6. tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5, 15 e –5, etc.
d) -9. Por esse motivo, faz-se necessário obter mais uma equa-
e) -3. ção envolvendo as duas incógnitas para poder chegar
nos seus valores exatos. Veja o exemplo a seguir:
Para que a equação do segundo grau tenha raízes
*
iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja x + y = 10
igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac.
4x - y = 5
0 = 62 – 4.1.m
0 = 36 – 4m
4m = 36 A principal forma de resolver esse sistema é usan-
m = 9. do o método da substituição. Este método é muito sim-
Resposta: Letra B. ples e consiste basicamente em duas etapas:

4. (CONSULPLAN – 2016) Julgue a afirmativa: „ Isolar uma das variáveis em uma das equações;
A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um „ Substituir esta variável na outra equação pela
número ímpar. expressão achada no item anterior.

( ) CERTO ( ) ERRADO Vamos aplicar no nosso exemplo:


Isolando “x” na primeira equação
A soma das raízes é:
S = -b / a x = 10 – y
S = -(-5) / 1 = 5.
Resposta: Certo. Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”

5. (IBFC – 2018) José perguntou ao seu avô Pedro, que 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
é professor de matemática, com que idade ele se for-
mou na faculdade. Pedro disse ao neto que sua idade 40 – 4y – y = 5
era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = -5y = 5 – 40
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre-
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
a) 18.
b) 21. y=7
c) 24.
d) 27. Logo, voltando na primeira equação, acharemos o
valor de “x”
Achando as raízes da equação:
x = 10 – y
x² -10x + 21 = 0
x = 10 – 7
-(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
x= x=3
2×1
Assim, x = 3 e y = 7.
10 ! 100 - 84
x=
2

344
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Dica Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
Método da substituição
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
x + y = 10
2: Substituir essa variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior. x + 2 = 10
x = 10 – 2
Há um outro método para resolver um sistema
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou x=8
soma) de equações. Veja:

„ Multiplicar uma das equações por um número que


seja mais conveniente para eliminar uma variável; RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS:
„ Somar as duas equações, de forma a ficar ape-
nas com uma variável. TABELAS E GRÁFICOS

Veja o exemplo a seguir: TABELAS

Para descrever um conjunto de dados, um recurso


*
x + y = 10 muito utilizado são tabelas, como essa a seguir, refe-
4x - y = 5 rente à observação da variável “Sexo dos moradores
de São Paulo”:

Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
multiplicação, pois já temos a condição necessária Masculino 34
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos Feminino 26
fazer apenas a soma das equações. Veja:
Observe que na coluna da esquerda colocamos as
categorias de valores que a variável pode assumir, ou
*
x + y = 10
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
4x - y = 5 camos o número de Frequências, isto é, o número de
observações (ou repetições) relativas a cada um dos
5x = 15 valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
x=3 Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
mos, ainda, representar as frequências relativas (per-
Substituindo o valor de “x” na primeira equação centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
achamos o valor de “y”: 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:

x + y = 10
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
3 + y = 10
RELATIVAS (Fri)
y = 10 – 3
y=7 Masculino 56,67%
Feminino 43,33%
Veja um outro exemplo que vamos precisar
multiplicar: Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
onde Fi é o número de frequências de determinado
valor da variável, e n é o número total de observações.
*
x + y = 10
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
x - 2y = 4 pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos:
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)

(
- x - y = - 10
1,51m 12
x - 2y = 4
1,54m 17
1,57m 4
Fazendo a soma: 1,60m 2
MATEMÁTICA

1,63m 10
(
- x - y = - 10
x - 2y = 4 1,67m 5
1,75m 13
-3y = -6
1,81m 15
y = -6 / -3
1,89m 2
y= 2
345
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Quando isso acontece, é importante resumir os Agora suponha, por exemplo, que queremos saber
dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu- a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar
intervalos que chamaremos de “classes”. em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:

Cidade Natal × Frequência


CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
1,50 | - 1,60 33 Salvador
1,60 | - 1,70 17
1,70 | - 1,80 13 Florianópolis

1,80 | - 1,90 17
Rio de Janeiro
O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 São Paulo
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas- 0 2 4 6 8 10 12 14
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
contabilizadas. Gráfico de Setores (ou de Pizza)
Veja novamente a última tabela, agora com a colu-
na de frequências absolutas acumuladas à direita: Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
FREQUÊNCIAS AB- alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU- de pizza.
(FI)
LADAS (FCA)
1,50 | - 1,60 33 33 Média de Notas Escolares Trimestrais
1,60 | - 1,70 17 50
1,70 | - 1,80 13 63
1,80 | - 1,90 17 80

A coluna da direita exprime o número de indivíduos


que se encontram naquela classe ou abaixo dela. Ou seja,
o número acumulado de frequências do valor mais baixo
da amostra (1,50m) até o valor superior daquela classe.
Perceba que, para obter o número 50, bastou somar 17
(da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da classe 1,50| - 1,60). Isto
é, podemos dizer que 50 pessoas possuem altura inferior
a 1,70m (limite superior da última classe). Analogamente,
63 pessoas possuem altura inferior a 1,80m.

GRÁFICOS

Vejamos abaixo alguns tipos.

Colunas ou Barras Justapostas Gráfico de Linha

Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos- São mais utilizados nas representações de séries
tas para dados agrupados por valor ou por atributo. temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
Vamos supor que estamos interessados nas idades de o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as no número de alunos dentre as séries que estão em
respectivas frequências. evidência para estudo dentro da escola. Observe:
Idade × Frequência
Evolução anual no número de alunos do sétimo ao nono ano
35
25
Frequência Absoluta Simples

30
20 25
20
15
15

10 10
5
5 0
2017 2018 2019 2020
0 Sétimo ano Oitavo ano Nono ano
20 23 27 30 33
346
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Histograma Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros:
Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
É muito utilizado na representação gráfica de dados mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
agrupados em classes (distribuição de frequências). casas até chegar em centímetro. Logo,
Imagine que realizamos uma pesquisa sobre os salá-
rios dos funcionários de uma empresa de cosméticos e 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
obtivemos a seguinte distribuição de frequências.
Medidas de Área (Superfície)
SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA A unidade principal tomada como referência é o
MILHARES DE REAIS
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
10 – 15 15
diferentes que servem para medir dimensões maiores
15 – 20 17 ou menores. A conversão de unidades de superfície
20 – 25 13 segue potências de 100. Veja o esquema a seguir:
25 - 30 7
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
Esses dados podem ser resumidos com um histo- quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

grama, como mostra o gráfico a seguir.


×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
Salários dos Funcionários da Empresa de Cosméticos x Em
milhares de reais
18 Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
16
14 :100 :100 :100 :100 :100 :100
12
10
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2:
8 Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
6 tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
4 (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
2 centímetro quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 =
0 53000 cm2.
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)
Medidas de Volume (Capacidade)
É importante destacar que a área de cada retângu-
lo é proporcional à frequência. A unidade principal tomada como referência é o
metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 1000. Veja o esquema a seguir
SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS
Métrica, Áreas, Volumes, Estimativas e Aplicações km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

Quando estudamos o sistema de medidas, nos


atentamos ao fato de que ele serve para quantificar ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
Porém, existem as conversões entre as unidades para
uma melhor interpretação e leitura. Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

Medidas de Comprimento :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000

A unidade principal tomada como referência é o


metro. Além dele, temos outras seis unidades dife- Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3:
rentes que servem para medir dimensões maiores ou Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
menores. A conversão de unidades de comprimento cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo: pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
cúbico. Logo,
km hm dam m dm cm mm
MATEMÁTICA

(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro) 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.

×10 ×10 Veja, agora, algumas relações interessantes e que você


×10 ×10 ×10 ×10
precisa ter em mente para resolver a diversas questões.

Km hm dam m dm cm mm UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE


1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
:10 :10 :10 :10 :10 :10
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
347
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UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE Então, podemos dizer que 3,5 kg equivalem a 3500 g.
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm )
3

Medidas de Temperatura
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) O instrumento para a medição de temperatura é o
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) termômetro, que é um tubo graduado com um líquido
em seu interior (mercúrio ou álcool). As escalas mais
Medidas de Tempo comuns para medir temperatura são:

Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu- z Celsius: Medida em graus centígrados;
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como z Kelvin: Medido em Kelvin;
se faz a relação nessa unidade. z Fahrenheit: Medida em graus Fahrenheit.
Para transformar de uma unidade maior para a
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja: As conversões entre essas escalas termométricas
são dadas pelas fórmulas a seguir:
1 hora = 60 minutos
h = 4 x 60 = 240 minutos „ De graus Celsius para Kelvin: TK = ToC + 273;
„ De graus Celsius para Fahrenheit: ToC / 5 = (ToF-
Para transformar de uma unidade menor para a 32) / 9.
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
Veja os exemplos a seguir:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Exemplo 1: Transformar 250 K para °C:
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações:
TK = ToC + 273
250 = ToC + 273
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
ToC = 273 – 250
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) ToC = –23°

Aqui vale fazer uma observação que os minutos e Exemplo 2: Transformar 85 oC para oF:
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes, ToC / 5 = (ToF-32) / 9
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
85/5 = (ToF-32) / 9
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do 17 = (ToF-32) / 9
dia.
17 × 9 = ToF-32
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
153 + 32 = ToF
Medidas de Massa
ToF = 185°
As unidades a seguir são as mais utilizadas quando
Veja, agora, algumas relações que você precisar ter
estamos trabalhando a massa de uma matéria. Veja
quais são: em mente para resolver diversas questões:

z Tonelada (t); UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE


z Quilograma (kg);
1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
z Grama (g) e;
z Miligrama (mg). 1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
Vamos tomar como base as relações a seguir para
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
converter uma unidade em outra. Observe:
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
z 1 t = 1000 kg (uma tonelada tem mil quilogramas); 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
z 1 kg = 1000 g (um quilograma tem mil gramas);
z 1 g = 1000 mg (uma grama tem mil miligramas). RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ENVOLVENDO
GRANDEZAS
Observe o exemplo a seguir de uma conversão:
Após olharmos toda a parte teórica, vamos resolver
Vamos transformar 3,5 kg em gramas.
algumas questões de diversas bancas que envolvem
Sabemos que 1 kg equivale a 1000 gramas, logo:
as grandezas de comprimento, volume, capacidade,
tempo, massa, temperatura e área.
1 kg — 1000 g
3,5 Kg — x 1. (ENCCEJA – 2019) Tonel é um recipiente utilizado
para armazenar líquidos. Uma vinícola utiliza tonéis
x = 3,5 × 1000
com capacidade de 1 000 litros cada um, para arma-
348 x = 3500 g zenar sua produção de 50 m³ de vinho.
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Quantos tonéis serão necessários para armazenar Qual o volume de leite, em mililitro, contido em cada
toda a produção dessa vinícola? embalagem?

a) 50. a) 0,1
b) 20. b) 1,0
c) 5. c) 10,0
d) 2. d) 100,0
e) 1 000,0
Para responder à questão, é necessário que lembre-
mos da seguinte relação: Vamos fazer as devidas conversões: 4 m3 = 4 × 103
1 m³ = 1000 l. Logo, 50 m³ = 50000 l. Então, a quan- dm3 = 4 000 dm3 = 4 000 litros
tidade de tonéis é de: 50000 / 1000 = 50 tonéis. Res- O volume de leite, em litros, contido em cada emba-
posta: Letra A. lagem é (4000 litros) ÷ 4000 = 1 litro.
Logo, 1 litro = 1000 ml. Resposta: Letra E.
2. (ENCCEJA – 2019) De acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produ-
ção brasileira de café, no segundo semestre de 2014,
foi estimada em 47 milhões de sacas de 60 kg cada.
NOÇÕES DE GEOMETRIA
Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 jul. 2014 (adaptado).
FORMAS
A produção brasileira de café, em milhão de quilogra-
mas, segundo essa estimativa, foi de: A geometria é a área da matemática que estuda
as formas. As formas geométricas, por sua vez, con-
a) 107. sistem nos formatos das coisas as quais observamos,
b) 282. sendo constituídas por um conjunto de pontos.
c) 2 420. Podemos classificar as formas geométricas em:
d) 2 820. planas e não planas.

Para responder à questão, basta fazermos a seguin- Formas Planas


te multiplicação: 47 milhões × 60 kg.
Como a resposta é pedida em milhão de quilogra- São as formas que, ao serem representadas, ficam
mas, faremos uma multiplicação direta: totalmente inseridas em um único plano. Apresentam
47 × 60 = 2820 milhões de quilogramas. Resposta: duas dimensões: comprimento e largura. Ex.:
Letra D.

3. (ENCCEJA – 2018) Uma comunidade rural de um esta-


do brasileiro possui 4 hectares de terra, em forma qua-
drada, para plantação de cana. Sabe-se que 1 hectare
equivale a uma área de 10 000 m2.
Dessa forma, a medida do lado, em metro, das terras
dessa comunidade é:

a) 200.
b) 400.
c) 20 000.
d) 40 000.

Extraindo os dados, temos:


1ha ------ 10 000m2 As formas planas podem ser classificadas em polí-
4ha ------- x gonos e não polígonos.
x = 4 × 10000
x = 40 000 m2 z Polígonos
Como o terreno é quadrado, então sabemos que sua
área é calculada elevando um lado ao quadrado, ou São figuras planas fechadas, delimitadas por seg-
seja: mentos de reta, que são os lados do polígono. Ex.:
l2 = 40000
l = √40000
l = 200 metros.
MATEMÁTICA

Logo, a medida do lado é de 200 metros. Resposta:


Letra A.

4. (ENEM – 2020) É comum as cooperativas venderem


seus produtos a diversos estabelecimentos. Uma
cooperativa láctea destinou 4 m3 de leite, do total
produzido, para análise em um laboratório da região,
separados igualmente em 4 000 embalagens de mes-
ma capacidade. 349
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Os polígonos recebem nomes conforme o número
de lados que apresentam. Veja:

z 3 lados — Triângulo;
z 4 lados — Quadrilátero;
z 5 lados — Pentágono;
z 6 lados — Hexágono;
z 7 lados — Heptágono;
z 8 lados — Octógono;
z 9 lados — Eneágono;
z 10 lados — Decágono;
z 12 lados — Dodecágono;
z 20 lados — Icoságono.

z Não Polígonos
z Não Poliedros
São formas geométricas não delimitadas total-
mente por segmentos de retas. Podem ser abertas ou
Os não poliedros, também chamados de corpos
fechadas. Ex.:
redondos, apresentam superfícies arredondadas. Esfe-
ras, cones e cilindros são exemplos de corpos redondos.

Formas Não Planas

Para representar formas deste tipo é necessário Esfera, cone e cilindro.


mais de um plano. São figuras com três dimensões:
comprimento, altura e largura. Ex.: Geometria Fractal

A palavra “fractal” foi criada por Benoit Mandel-


brot a partir da palavra latina fractus, que significa
irregular ou quebrado. Designa formas geométricas
em que cada parte da figura se assemelha ao todo.
Associada à Teoria do Caos, a geometria fractal
descreve as formas irregulares e quase aleatórias de
muitos dos padrões da natureza. Por isso, também é
chamada de geometria da natureza.
Os fractais são formas geométricas de uma beleza
incrível com padrões que se repetem infinitamente,
mesmo quando limitados a uma área finita.

As formas não planas também são chamadas de


sólidos geométricos. Eles são classificados em polie-
dros e não poliedros.

z Poliedros

São formados apenas por polígonos. Cada polígono


representa uma face do poliedro.
A reta de interseção entre duas faces é chamada
de aresta. O ponto de interseção de várias arestas é
chamado de vértice do poliedro.
São exemplos de poliedros: pirâmides, cubos e
350 dodecaedros. Exemplo de forma fractal na natureza.

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PERÍMETRO D

Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-


gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta h
somar os lados.

ÁREA DE POLÍGONOS
B
Área de um Quadrado
b
A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao
Figura 64. Área de um Paralelogramo
quadrado.

B L C Observação: A área é dada por A = b · h

Área de um Triângulo

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Triângulo.
L A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-
duto da base pela altura, dividido por dois.

L D

Figura 62. Área de um Quadrado h

Observação: A área é dada por A = L2

Área de um Retângulo B
H
A área de um Retângulo é dada pelo produto das
b
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
base vezes a altura.
Figura 65. Área de um Triângulo
B C
Observação: A área é dada por:

b·h
A= 2

h A área de um Triângulo Retângulo também é dada


pelo produto da base pela altura, dividido por dois.

b D

Figura 63. Área de um Retângulo


h
Observação: A área é dada por A = b · h

Área de um Paralelogramo
MATEMÁTICA

Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto


de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa. b

Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo

Observação: A área é dada por:

b·h
A= 2
351
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Área de um Losango A área de um Trapézio Retângulo também é dada
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
Á área de um Losango é dada pelo semiproduto pela altura, dividido por dois:
das diagonais.
D
B

B
b
D Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo

Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2

Área do Círculo

Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo


D raio ao quadrado.

Figura 67. Área de um Losango

Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago- P


nal menor.
Observação 2: a área é dada por: r

D·d
A= 2

Área de um Trapézio

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Trapézio.
A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma Figura 70. Área de um Círculo
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
dividido por dois: Observação: A área é dada por A = π · r2

b Área do Setor Circular

D Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r


pelo arco L.

h A

B
L
O
B
r
Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles B

Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2 Figura 71. Área de um Setor Circular
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Observação: A área é dada por A = L · r

FÓRMULA DE HERON (HIERÃO)

A área um triângulo de lados com medidas a, b e c A


e semiperímetro p será dada por:

A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c) P
O

c Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo

Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-


to interior ao AOB
B
a z Setor Angular
Figura 72. Triângulo ABC
Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos
pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores.
Observação: o Semiperímetro é dado por p = a + b + c

ÂNGULO
A
z Definição de Ângulo

Definimos ângulo como a união de duas semirre-


tas de mesma origem e não colineares (que não per- O
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:

A
Figura 3. Setor Angular

Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-


lar do AOB
O
z Classificação dos Ângulos

Vejamos de que maneira os ângulos podem ser


B
classificados.
Figura 1. Definição de Ângulo
„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
chamados de Consecutivos quando tiverem o
Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo
mesmo vértice e um lado em comum.
e OA e OB são chamados de lados.
Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
do por AOB ou BOA.
A
z Ponto Interior de um Ângulo

Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos


que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando B
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.
MATEMÁTICA

Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos

Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC


e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.

353
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„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha- Observação: AÔB é um ângulo reto.
mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum. „ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
Agudo quando sua medida for menor que 90º.

A
A

B
O
O
B

C Figura 8. Ângulo Agudo

Observação: AÔB é um ângulo agudo.


Figura 5. Ângulos Adjacentes
„ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de
Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes. Obtuso quando sua medida for maior que 90º
e, ao mesmo tempo, menor que 180°.
„ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-
los serão chamados de Opostos pelo Vértice
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.
A

H
O B

Figura 9. Ângulo Obtuso


O
Observação: AÔB é um ângulo obtuso.
I G
„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
lo é o complemento do outro.
Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice

Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-


tos pelo vértice.

„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto I M


quando sua medida for igual a 90º.

A
O H

Figura 10. Ângulos Complementares

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são comple-


O B mentares.

Figura 7. Ângulo Reto „ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão


354 suplementares quando a soma de suas
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medidas for igual a 180°. Dizemos que um Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
ângulo é o suplemento do outro. dados respectivamente por a, b e c.
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
A e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2

ÁREA E VOLUME DE SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

Prismas

Considerando um polígono convexo de n lados em


C O B
um plano e um segmento de reta entre dois planos
paralelos, chamamos de prisma a reunião de todos
Figura 11. Ângulos Suplementares
os segmentos congruentes e paralelos ao segmento de
reta e que passam pelos n pontos da região poligonal
Observação: os ângulos AÔC e AÔB são suplemen- conhecida, como podemos observar na Figura 46.
tares.

Bissetriz de um Ângulo

Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e


lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi-
nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir-
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular,
duas partes iguais. quadrangular e pentagonal.

A O prisma possui alguns elementos: duas bases con-


gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n
+ 2 no total, somando-se as bases) e n arestas laterais;
3n arestas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros;
e também, altura (h) que é a distância entre os planos
das bases.
C
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris-
Bissetriz ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele
O cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma
regular é aquele cujas bases são polígonos regulares.
B
Base Base
Figura 12. Bissetriz de um Ângulo

TEOREMA DE PITÁGORAS

O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-


lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. Base
Base
B
(a)

a
c
MATEMÁTICA

A C
b

Figura 41. Triângulo Retângulo ABC


355
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Conhecendo os cálculos das áreas do prisma, para
achar o volume do prisma reto ou regular, basta fazer
o produto da área da base pela altura (h) do prisma:

V = AB · h

Para o prisma oblíquo, o volume vai depender


também do ângulo (α) entre a aresta lateral (a) e a
altura (h):

V = a · AB · cos α

Seja então um prisma oblíquo com base quadrada,


com aresta da base igual a 3 e aresta lateral igual a 5.
Sabe-se que o ângulo exterior formado entre a aresta
(b) lateral e a aresta da base é de 60 graus, como podemos
Figura 47. Exemplos de Prismas: (a) reto e oblíquo e (b) regular. observar na Figura 48. Quais são a área total e o volu-
me desse prisma?
A área do prisma é dividida entre as áreas laterais
e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.

Importante!
Para calcular a área da base de um prisma, deve-
-se levar em conta o formato que cada prisma Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
cula-se a área da base com a área do triângulo. Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,
aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3
cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h):
Para um prisma reto, as bases podem ser, por
exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale-
a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ?
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a
base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base, altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é:
área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é:
α + 60º + 90º = 180º → α = 30º

b · m b h √3
 f ( x=
) → ax +b > 0 → x > − ;
Triângulo
a
cos(α) = cos(30º) =
5
→ h = 5 · cos(30º) = 5 ·
2
cm
2
AB = 
bf ·(m Paralelogramo b AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
x=
) → ax + b < 0 → x(retângulo,
< − ; quadrado)
 outros a
5√3
AL = n · b · h → n paralelogramos AL = n · b · h = 4 · 3 · = 30√3cm2
2
AT = AL + 2AB
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2
No caso de um prisma regular de base de n lados,
temos então que a área da base é formada por n triân- √3 45√3
gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para- V = a · AB · cos(30º) = 5 · 9 · = cm3
2 2
lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
área da base será:

b·m (n · b) m
AB = n · =
2 2

AL = n · b · h → n paralelogramos

(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
2

356
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O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a secção
transversal e a base do prisma é o tronco do prisma.

Dica
Como o prisma tem base e topo com o mesmo
polígono, então a secção transversal vai definir o
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas
com as mesmas fórmulas de cálculos.

Pirâmede

Seja um polígono convexo em um plano α e um


ponto V fora desse plano, chamamos de pirâmide a Conhecendo os cálculos das áreas da pirâmide,
reunião dos segmentos com uma extremidade em V e para achar o volume da pirâmide regular, basta fazer
a outra nos pontos do polígono (Figura 49). o produto de um terço da área da base pela altura (h)
da pirâmide:

1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6

O tronco da pirâmide é um sólido formado pelo


corte ou uma secção transversal no plano paralelo à
Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular, base da pirâmide. Esse conjunto de pontos que fica
quadrangular, pentagonal e hexagonal.
entre a secção transversal e a base da pirâmide é o
tronco da pirâmide.
Uma pirâmide possui uma base formada por um
polígono de n lados e n faces laterais (formadas por
triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late-
rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
distância entre o vértice e o plano da base.
As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da
base, já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâ-
mide regular, temos ainda que as arestas laterais são
congruentes e as faces laterais são triângulos isósceles
congruentes. À altura da face lateral de uma pirâmide
regular, dá-se o nome de apótema. O apótema da base é
a distância entre a projeção do vértice e o centro da base, Figura 50. Tronco de pirâmide.
até o apótema.
A área lateral de uma pirâmide regular é a soma das A área do tronco da pirâmide é encontrada soman-
áreas das faces laterais. A área total é a soma da área da do a área da base maior, área da base menor e a área
base com a área lateral. Para uma pirâmide regular, as lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
bases podem ser por exemplo um triângulo, um quadra-
da pirâmide o volume da pirâmide menor que foi for-
do, ou seja, a área da base será a área de um triângulo
mada pela secção transversal, ou seja, o volume da
que é a metade da base x altura e nos paralelogramos
pirâmide de base maior menos o volume da pirâmide
a área é base x altura. Então seja a aresta da base (b), o
de base menor, sendo AB, área da base maior e Ab área
apótema da pirâmide (m) e o apótema da base (m’) os cál-
da base menor:
culos da área da base, área lateral e área total são:

V=V =VVmaior −– V
(H– −h)h
(H )
 b·A⋅ +AABbA
)h − H ( =
A⋅b 
menor= + ⋅ ⋅ + +
b · m' (n · b) m' Vmenor = + √A AA · A A
+ A
A
AB = n · = maior
33
  B B B B b bB b  3 r
2 2

Da relação de semelhança de triângulos, podem-se


MATEMÁTICA

n·b·m
AL = → n triângulos fazer algumas relações:
2
H B A
(n · b) = =
n·b·m (n · b) (m + m') h b a
AT = AL + AB = + m' =
2 2 2

m2 = h2 + m’2 357
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ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2 formadas por segmentos com uma extremidade em um
= = = = = ponto da circunferência de centro O e raio r, e a outra
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2 extremidade no ponto da circunferência no plano para-
lelo acima da base, também de raio r. A altura do cilin-
A∆maior B3 H3 A3 dro é a distância h entre os planos das bases.
= = = O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e cilin-
A∆menor b3 h3 a3 dro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas aos
planos das bases, já no segundo, as geratrizes são per-
pendiculares aos planos das bases.
Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos O cilindro reto também é chamado de cilindro de
planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3 revolução, pois ele é gerado a partir da rotação de um
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área
retângulo em torno de um eixo que contém um dos
da base ABCD?
seus lados.
Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5; cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
ABmaior A2 AABCD VB2 de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um
= → = paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
ABmenor a2 AEFGH VF2 quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r).
AABCD 52 AABCD 25 25 · 18 Como a superfície lateral de um cilindro reto é
= → = → AABCD = equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
18 3 2
18 9 9 o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
do área da base igual à área da circunferência (πr2):
450
AABCD = = 50
9 AB = π · r2
AL = 2 · π · r · h
AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r2 = 2 · π · r(h+r)

O volume do cilindro é o produto da área da base


pela medida da altura:

V = AB · h = π · r2 · h

O tronco do cilindro é formado pelo plano que


intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera-
Cilindro trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano α
e um segmento de reta não paralelo e não contido no
plano α, chamamos de cilindro a reunião dos segmen- a
tos congruentes e paralelos ao segmento de reta com b
uma extremidade nos pontos do círculo e a outra na
sua secção circular paralela e distinta, como pode ser
verificado na Figura 50.

g1 g2
E E

Figura 50. Exemplo de Cilindro.

Um cilindro possui duas bases formadas por uma


358 circunferência de raio r em planos paralelos e geratrizes
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Cone

r Seja um círculo de centro O e raio r em um plano


α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a
reunião dos segmentos de reta com uma extremidade
E em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
na Figura 53.
g1
r
Secção
Circular
Reta
E
g 2

Figura 51. Tronco de cilindro reto e oblíquo.

g1 + g 2g1 + g2 Figura 53. Exemplo de Cone.


E= E= , cilindro
, 2cilindro retoreto
2
Um cone possui uma base formada por uma circun-
AL = 2 ⋅ π ⋅ r A⋅ E
L
=2·π·r·E ferência de raio r, geratrizes (g) formadas por segmen-
π ⋅ r2 ⋅( g1tos )
+ gcom
2 uma extremidade em um ponto V e a outra nos
= =ππ⋅ ·rr22 ⋅· E
Vtronco
Vtronco cilindro
E → V
reto
cilindro reto
Vtronco
tronco
= pontos da circunferência da base. A altura do cone é a
2 distância h entre o vértice e o plano da base.
O cone é classificado em: cone oblíquo e cone reto.
π · r2 · (g1 + g2)
= No primeiro, a reta VO é oblíqua ao plano da base, já
2 no segundo, a reta VO é perpendicular ao plano da
base. A geratriz de um cone reto também é chamada
Um corte transversal paralelo à base do cilindro, de apótema do cone.
não forma um tronco de cilindro, pois o novo sólido
continua sendo um cilindro com altura ou geratriz
g1 + g 2 Importante!
E= menor. , cilindro reto
O
2 volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz O cone reto também é chamado de cone de revo-
g, Figura 52, é dado por:
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E lução, pois ele é gerado a partir da rotação de
um triângulo retângulo em torno de um eixo que
Figura 52
π ⋅ rh2 ⋅ (hg1 + g 2 )
hsen (60º) 2contém
5 arugiF um dos seus catetos.
πFigura
Vtronco=⋅ r 2 52 sen ( 60º ) = tronco
⋅ E→→
cilindro reto
V = =
g 2= ) º06 ( nes →  
g g
Secção meridiana de um cone é a interseção do cone
3 √3 3
g ⋅ sen ( 60º
h= h =) g
= ·g ⋅ (60º) = g ·
sen
2
= ⋅ g ) º06 (com
=nes um
⋅ g plano
h que contém a reta VO, assim, a secção
meridiana de um cone reto é um triângulo isósceles,
2 2
de altura h, com os lados iguais à geratriz e a base 2r.
2 2
3  g 
2
3√3 Quando essa secção meridiana é um triângulo equiláte-
Vcilindro = A=bA⋅ bh· =h =ππ⋅ r· r22⋅·hh⋅==gππ⋅ ·⋅ ⋅ ⋅π·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅ ro,
Vcilindro = ordnilicVque o cone é equilátero (h = r√3 ou g = 2r).
bA dizemos
2  22  22 Como a superfície lateral de um cone reto é equi-
valente a um setor circular de raio g e comprimento
g2 2 3 3 33 3 3 2
g do arco 2πr, a área total é a soma da área lateral com
Vcilindro = π ⋅ g⋅ g ⋅ = √3 ⋅πg⋅ ⋅gπ√3 ⋅ = ⋅ g ⋅ ⋅ π = ordnilicV
Vcilindro = π · 4 ·2g · 8 = 8 · g3 · 2π 4 a área da base, sendo a área da base igual à área da
4 2 8 circunferência (πr2):

AB = π · r2
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r)
MATEMÁTICA

O volume do cone é um terço do produto da área


da base pela medida da altura:

1 1
Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g. V= · AB · h = · π · r2 · h
3 3

359
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O tronco do cone é um sólido formado pelo corte ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do = = = =
cone. Esse conjunto de pontos, que fica entre a secção ABmenor ALmenor ATmenor r2 h2
transversal e a base do cone, é o tronco do cone.
A∆maior R3 H3
V = =
A∆menor r3 h3

Ex.: Num tronco de cone, os perímetros das bases são


16π cm e 8π cm e a geratriz G = 5cm, Figura 55, os valores
g da altura, da área lateral e do volume do tronco são:
h B
PB = 16π = 2π R → R = 8cm;
Pb = 8π = 2πr → r = 4cm;
G = 5cm;

A¹ r B¹ H R H 8 H
= → = → H = 2h;

r h 4 h
k = (H – h) = 2h – h = h;
A¹ r B¹
O¹ ∆ABC
h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16 = 9
h = 3cm;
G H = 2h = 6cm;
H-h
AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2;

π · (H – h)
VTronco = · [R2 + R · r + r2]
3
R B
A π · (3)
O = · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
3

Figura 54. Tronco de cone. R=4

A área do tronco do cone é encontrada somando a


área da base maior, área da base menor e a área late- A
O1
ral. O volume é calculado, subtraindo, do volume total
do cone, o volume do cone menor, que foi formado
pela secção transversal, ou seja, o volume do cone de
base maior menos o volume do cone de base menor: G=5
(H-h=k)
π · (H – h)
VTronco = Vmaior – Vmenor = · [R2 + R · r + r2]
3

Sendo AB, área da base maior e Ab área da base C


menor, R o raio da base maior, r o raio da base menor O
e G a geratriz do tronco do cone, temos:

AL = π · (R + r) · G
AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)]
R=8
Da semelhança entre o cone original (cone maior)
com o cone da secção transversal (cone menor) temos (a)
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
caso da pirâmide:

R H
=
r h

360
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O1 r=4 A

G=5
k=(H-h)=h

h
Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da
esquerda para direita.

R-r=4 Assim, resumindo, temos as seguintes fórmulas


r=4 para esferas:
C
O B
AEsfera = 4 · π · r2;
R=8
VEsfera = π · r3;
(b)
AFuso = 2 · r2 · α;
Figura 55. Tronco do Cone de geratriz G = 5, R = 8, r = 4 e h = 3 (a) e
triângulos retângulos formados dentro do tronco a partir da altura do 2 · r3 · α
tronco, raios e geratriz (b).
VCunha =
3
Esfera
Ex.: Seja uma superfície esférica com o comprimen-
Considerando-se um ponto O e um segmento de to da circunferência do círculo máximo igual a 26π cm,
medida r, chama-se esfera de centro O e raio r o con- qual seria a área dessa superfície e qual o volume?
junto dos pontos P do espaço, tais que a distância do O comprimento do círculo é: 2πr = 26π → r = 13cm;
segmento OP seja menor ou igual a r.
A esfera possui alguns elementos: o eixo, uma reta
que passa pelo centro da esfera; os polos que são as AEsfera = 4πr2 = 4π(13)2 = 676πcm2;
interseções da superfície da esfera com o eixo; equa-
dor, uma secção perpendicular ao eixo passando pelo VEsfera = πr3 = π(13)3 = 2197πcm3;
centro da superfície; paralelo, uma seção perpendi-
cular ao eixo e paralela ao equador e o meridiano, INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS
uma seção cujo plano passa pelo eixo, como pode ser
observado na Figura 56. Distância polar é a distância Existe uma gama de situações em que podemos ter
de um ponto do paralelo ao polo. alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
interesse de encontrar alguns de seus elementos nes-
Polo sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos.
Paralelo No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.

Equador
Meridiano

Polo
Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e meri-
diano.
Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.
A área da superfície da esfera de raio r é igual a
Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regular
MATEMÁTICA

4πr e o volume é quatro terços de πr3. O fuso esférico


é a interseção da superfície da esfera com um setor de aresta a, que podemos observar na Figura 59, usan-
diedral cuja aresta contém um diâmetro dessa super- do a relação métrica de triângulos retângulos, em que a
fície esférica, como podemos observar na Figura 57. A hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao produto
área do fuso é 2r2α. Já a cunha esférica é dada por esta dos catetos, temos o valor da métrica do raio dada por:
mesma região do fuso esférico e vai até a região do
centro da esfera, ou seja, até o raio no eixo, formando
um volume que pode ser calculado com 2r3α/3.0 a√3 a√2 a a√6
·r= · →r=
2 2 2 6
361
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4,5 m

2m
2m

Esse reservatório está completamente cheio e essa


empresa gasta 750 litros de água por dia. Assim, essa
empresa poderá ser abastecida apenas com a água
contida nesse reservatório durante:

Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a. a) 24 dias.


b) 23 dias.
Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse c) 22 dias.
no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscri- d) 21 dias.
ta ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do e) 20 dias.
raio da esfera em função da aresta do cubo, como na
Figura 60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual Na figura temos um prisma regular de base quadra-
à diagonal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em da, então a área da base é a área do quadrado e o
r=a√3/2. volume é dado por:
Ab = a · a = 2 · 2 = 4m2;
V = Ab · h = 4 · 4,5 = 18m3;
A C Se:
R 1000l → 1m3
750l → xm3 → x = 0,75m3
R a Então:
1dia → 0,75m3
E G ydias → 18m3 → y = 24dias Resposta: Letra A.
a√2

2. (VUNESP – 2019) Considere um cilindro A e um cone


B, de mesma altura e mesma base. A relação entre os
Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a. volumes VA e VB, do cilindro e do cone, respectivamen-
te, é:
No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular
a) VB=6VA.
de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
b) VA=6VB.
octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode-
c) VB=3VA.
mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o d) VA=3VB.
que implica em r = a√2/2. e) VB=2VA.

Como os sólidos têm a mesma altura (h) e a mesma


base de raio (r) então:
VA = πr2h;
VA = π r 2 h; ;h 2 r π = AV
1 1 1
VB V
=B= ππrr2h;
2
h; ;h 2 r π = BV
3 3 3
Razão :
Razão:
: oãzaR
VA = π r 2 h; V3 = 2AV V = 3V
VAVA π
πrr2h;h 
B
 3  2  hA2 r π B AV
1 == =π
=→ 3h·⋅  2 2  =
2
πrr2h; π =
⋅ h3r→
VB = π r 2 h; VBVB
AV 2 2
π
πr=
rh;BhV  πhπrr2rh;hπ  VhB2 =
V
r π A BV
3 3  
 3
Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de
aresta a. Razão : 33 3

Exercite seus conhecimentos através dos exercí- VVA == 3V


3VB
cios comentados a seguir. VA π r 2 h  3   A B

= 2
= πr h⋅ =3→→ 
π r 2 h um reserva- π r 2 h 
=3 VV
VB =
A
VB possui = A
1. (VUNESP - 2016) Uma empresa V
33
B

tório de água no formato de um prisma


3 reto de base
quadrada com 2 m de lado e 4,5 m de altura, conforme Resposta: Letra D.
mostra a figura.
362
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
g1 + g 2
3. (COTEC – 2020) Um silo foi construído em forma de E= , cilindro reto
tronco de pirâmide, conforme a figura abaixo. Sua E g12 + g2 20 + 16 36
= = = 18
altura é de 9 metros e suas bases são quadrados de AL== 2 ⋅ π2⋅ r ⋅ E 2 2
lados iguais a 4 metros e 3 metros, respectivamente.
Com base nessas informações, pode-se concluir que cilindro reto
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
a capacidade total desse silo é: = =ππ⋅ ·rr22 ⋅· E →
Vtronco
Vtronco cilindro reto
VVtronco
tronco
=
2
π · r · (g1 + g2)
2

=
2

π · 42 · (20 + 16)
Vtronco = = 8π · 36 = 288πcm3
2

Resposta: Letra B.

5. (CESGRANRIO - 2018) Uma esfera maciça e homogê-


nea é composta de um único material, e tem massa
a) 48m3. igual a 400 g. Outra esfera, também maciça e homogê-
b) 64m3. nea, e de mesmo material, tem raio 50% maior do que
c) 108m3. o da primeira esfera. Assim, o valor mais próximo da
d) 111m3. massa da esfera maior, em quilogramas, é igual a:
e) 144m3.
a) 0,6.
Seja o tronco de pirâmide com altura (H – h) = 9m, b) 1,0.
aresta da base menor igual a 3 e aresta da base c) 1,3.
maior igual a 4, temos que o volume do tronco da d) 1,5.
pirâmide é: e) 1,7.

(H – h) Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que


Vtronco = [AB + √ABAb + Ab] é metade do diâmetro temos o volume do tronco
3
sendo:
Raio 50% representa bna regra de três:
(9)
Vtronco = [4 · 4 + √16 · 9 + 3 · 3] = 3[16 + √144 + 9] 100% → r
3 150% → R → R = 1,5r
Vtronco = 3[16 + 12 + 9] = 3 · 37 = 111m3 Resposta: VEsfemenor = πr3
Letra D. VEsfmaior = πR3 = π(1,5r)3 ≅ 3,3πr3
Como a diferença em volume da esfera menor para
4. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Um cilindro circular reto, maior é 3,3, então:
cuja base tem diâmetro de 8 cm, foi cortado por um 400g = 0,4kg → 3,3 · 0,4 ≅ 1,3kg Resposta: Letra C.
plano inclinado em relação à base, dando origem ao
tronco de cone apresentado. A altura maior do tronco REFERÊNCIAS
de cone mede 20 cm e a menor, 16 cm. Nesse caso, o
volume do tronco de cone é igual a: CRESPO, Antônio Arnot. Estatística Fácil. 17. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002. 224 p.
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e
aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v.
FERREIRA, Daniel Furtado. Estatística Básica.
Lavras: Editora UFLA, 2005.
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3
v.
MORETTIN, Pedro Alberto; BUSSAB, Wilton O.
Estatística Básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
MATEMÁTICA

a) 256π cm3. 540 p.


b) 288π cm3. PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São
c) 320π cm3. Paulo: Moderna, 2010. 3 v.
d) 576π cm3. SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline
e) 1152π cm3. da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
Paulo: FTD, 2016. 3 v.
Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que
é metade do diâmetro temos o volume do tronco
sendo: 363
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b) 7,25%
HORA DE PRATICAR! c) 9,25%
d) 107,25%
1. (VUNESP — 2021) A China é o país com maior volume e) 369,50%
total de emissões de carbono, mas também está na
liderança da produção de energia solar. O gráfico infor- 4. (VUNESP — 2021) O PIX é um meio de pagamento ele-
ma a capacidade total dos quatro principais países na trônico, lançado no Brasil no final de 2020. Na ocasião,
produção de energia solar no ano de 2020. especialistas tinham diferentes expectativas sobre o
seu impacto nos meios de pagamentos eletrônicos.
Capacidade total (Megawatts) De toda forma, esses especialistas entendiam que
qualquer pequena variação nesse mercado seria mui-
China 254.300 ta coisa já que, em 2019, por exemplo, esse mercado
movimentou 1,8 trilhão de reais.
EUA 75.500
Considerando o valor movimentado em 2019 pelo
Japão 67.000 mercado de pagamentos eletrônicos, uma variação de
0,1% corresponderia a
Alemanha 53.700
a) 1 800 bilhões de reais.
b) 180 bilhões de reais.
(https://www.bbc.com/portuguese. Adaptado) c) 18 bilhões de reais.
d) 0,18 bilhão de reais.
Analisando-se as informações do gráfico, assinale a e) 1,8 bilhão de reais.
alternativa que mais se aproxima da razão entre a média
aritmética simples da capacidade total de produção de 5. (VUNESP — 2021) Na reunião do balanço anual, o sín-
energia solar dos EUA, Japão e Alemanha, e a capacidade dico apresentou a prestação de contas de um conjunto
total de produção da China, no ano de 2020. habitacional. Chamou a atenção dos presentes à ina-
dimplência por atraso no pagamento do condomínio.
a)
1 Segundo regimento do local, está estabelecida a
3 cobrança de multa, a juros simples diários de 0,03%
1 sobre a mensalidade do condomínio. O valor fixo do
b)
6 condomínio mensal desse conjunto habitacional é de
1 R$ 900,00. O síndico comentou que o habitual obser-
c)
5 vado mensalmente no local é que, em média, 45 mora-
1
d) dores atrasam o pagamento em 5 dias.
4
1
e) Considerando o número médio mensal de moradores
2
que atrasam o pagamento da mensalidade do condo-
2. (VUNESP — 2021) Dois grupos de soldados, A e B, par- mínio e o número médio mensal de dias desses atra-
ticiparão de um curso de formação em dois dias. No sos, o total anual de multas cobradas por atraso no
primeiro dia, participarão 100 desses soldados e, no pagamento do condomínio é um valor
segundo dia, participarão aqueles que ainda não tive-
ram participado. Se todos os soldados do grupo A par- a) entre R$ 650,00 e R$ 700,00.
ticiparem do curso no primeiro dia, então apenas 75% b) entre R$ 700,00 e R$ 750,00.
do número de soldados do grupo B poderão participar c) inferior a R$ 650,00.
do curso nesse dia. Por outro lado, se todos os solda- d) entre R$ 750,00 e R$ 800,00.
dos do grupo B participarem do curso no primeiro dia, e) superior a R$ 800,00.
então apenas 50% do número de soldados do grupo A
poderão participar do curso nesse dia. 6. (VUNESP — 2022) O gráfico apresenta informações
sobre o número de reclamações efetuadas, nos meses
Em ambos os casos, o número de soldados que parti- de janeiro e fevereiro de 2022, relacionadas aos servi-
ciparão do curso no segundo dia será igual a ços A e B, em determinado estado brasileiro.

a) 60. Reclamações em 2022


b) 50. 7.300 800

c) 40.
Número de reclamações do Serviço B
Número de reclamações do Serviço A

7.200 700
d) 20.
e) 30. 7.100 600

7.000 500
3. (VUNESP — 2022) A Taxa Selic é a taxa básica de juros
da economia brasileira, que serve como referência para 6.900 400
o cálculo de juros diversos. No mês de janeiro de 2021, a
6.800 300
Taxa Selic era de 2,00% e, em dezembro, de 9,25%.
6.700 200
Logo, é correto afirmar que, de janeiro para dezembro de
6.600 100
2021, houve um aumento, nessa taxa, correspondente a Janeiro Fevereiro

364 a) 362,50%
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Com base nas informações apresentadas no gráfico,
assinale a alternativa que apresenta uma informação
correta. NÚMERO GLOBAL DE ASSINANTES (EM MILHÕES)

a) Em relação ao serviço A, apesar do gráfico indicar um 1.200


crescimento, houve uma diminuição do número de recla- Streaming
1.000
mações, de 6 800 em janeiro, para 700 em fevereiro.
b) Em relação ao serviço B, o número de reclamações fei- 800
tas em fevereiro correspondeu à terça parte do núme- 600
Tv a cabo
ro de reclamações feitas em janeiro. 400
c) Em janeiro, o número de reclamações relacionadas ao
200 Satélite
serviço B foi maior que o número de reclamações rela-
cionadas ao serviço A. 0
d) Em fevereiro, o número de reclamações relacionadas ao 2016 2017 2018 2019 2020
serviço A excedeu o número de reclamações relaciona-
das ao serviço B em, exatamente, 500 reclamações.
e) O número total de reclamações feitas nesses dois
meses, em relação aos serviços A e B, foi igual a 14 500 FATURAMENTO GLOBAL ANUAL (EM US$ BILHÕES)
reclamações.
Tv a cabo Satélite Streaming
7. (VUNESP — 2022) Como pode ser observado na figu- 120
ra a seguir, o gráfico que apresenta a distribuição do 100
tempo de serviços prestados a determinado estado, 80
por um grupo de servidores públicos, está incompleto,
60
pois não consta o número de pessoas que presta ser-
40
viços há 19 anos para esse estado.
20
30 servidores 0
2016 2017 2018 2019 2020

(https://super.abril.com.br. Adaptado)
160
servidores
Considerando que o valor médio da anuidade resulta
da divisão do valor do faturamento global anual pelo
número global de assinantes, ao analisar os gráficos
apresentados, pode-se concluir que, de 2016 a 2020, o
valor médio da anuidade do serviço via satélite sempre
foi que o da TV a cabo, que, por sua vez, no ano
18 anos 19 anos 20 anos de 2020, tinha um valor médio de anuidade ao
triplo do valor médio da anuidade do streaming.
Sabendo-se que a razão do número de servidores que
prestam serviços há 20 anos para esse estado e o núme- Os termos que completam, respectiva e corretamente,
2 a frase são:
ro total de servidores desse grupo é , conclui-se, corre-
5
tamente, que os que prestam serviço ao estado há exatos a) maior ... superior
19 anos são em número de b) menor ... igual
c) menor ... inferior
a) 190. d) menor ... superior
b) 210. e) maior ... inferior
c) 230.
d) 200. 9. (VUNESP — 2022) A produção de uma peça é feita em
e) 220. prensas, do mesmo tipo, trabalhando ao mesmo tem-
po, e com a mesma capacidade de produção. Para a
8. (VUNESP — 2021) Nos últimos anos, a TV a cabo, a TV produção de certa quantidade dessa peça, geralmente
via satélite e o streaming têm disputado a atenção e a utilizam-se 4 prensas trabalhando por 5 horas, ininter-
fidelização dos consumidores para os seus produtos ruptas. Na última vez em que se produziu essa quan-
e pacotes de serviço. Os gráficos a seguir apresentam tidade de peças, utilizou-se apenas 3 prensas, nas
o número de assinantes ao redor do mundo e o fatura- mesmas condições de funcionamento citadas.
mento global anual provenientes das anuidades des-
MATEMÁTICA

sas três modalidades de tecnologia de entretenimento Sendo assim, o tempo que foi necessário para essa
de 2016 a 2020. fabricação, comparado ao tempo para a fabricação
com 4 prensas, foi maior em

a) 3 horas e 15 minutos.
b) 2 horas e 45 minutos.
c) 1 hora e 40 minutos.
d) 2 horas e 06 minutos.
e) 1 hora e 20 minutos. 365
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10. (VUNESP — 2021) Em um restaurante, em qualquer exercer ocargo A e os demais para exercer o cargo B,
dia, a razão entre o número de sucos vendidos para aquela razão inicial passou a ser igual a
5
.
o número de refrigerantes vendidos é 5 para 11. Certo 4
dia, a diferença entre os números de refrigerantes e
Depois do concurso, o número de servidores que pas-
sucos vendidos foi 84.
saram a exercer o cargo Bfoi igual a
A soma do número de refrigerantes e o número de
a) 180.
sucos vendidos nesse dia foi
b) 170.
c) 160.
a) 224. d) 190.
b) 240. e) 200.
c) 256.
d) 272.
15. (VUNESP — 2021) A razão entre o número de servido-
e) 288.
res recém-contratados e o número de servidores que
1
11. (VUNESP — 2022) Para a produção de uma quantida- já atuavam em certo órgão público é .
5
de Q de litros de um suco concentrado em 4,5 horas,
3 máquinas idênticas trabalham, juntas e ininterrupta- Se, contando todos esses servidores, tem-se, ao todo,
mente, com a capacidade máxima de produção. 168 funcionários, então a diferença entre o número de
Da última vez em que se produziu a quantidade Q de servidores que já atuavam no órgão e o número de ser-
litros de suco, uma das 3 máquinas parou a produção vidores recém-contratados é
no exato momento em que se produziu 60% da referi-
da quantidade de litros, e as demais máquinas concluí- a) 116.
ram o serviço, nas mesmas condições de trabalho. b) 114.
c) 118.
Nessa ocasião, o tempo necessário para a produção d) 112.
da quantidade Q de litros do suco foi maior em e) 120.

a) 54 minutos. 16. (VUNESP — 2021) Alex e Alexandra receberam de


b) 1 hora e 03 minutos. seus pais uma mesma quantia para uma viagem.
c) 48 minutos. Alex gastou, a cada dia, uma mesma quantia. Alexan-
d) 1 hora e 12 minutos. dra também gastou, a cada dia, uma mesma quantia,
e) 1 hora e 30 minutos. que correspondia ao triplo do que seu irmão gastava
diariamente. Após 8 dias de viagem Alex ainda tinha
12. (VUNESP — 2022) Considere que, no Estado de São R$ 1.430,00. Após 11 dias de viagem Alexandra ainda
Paulo, um alqueire paulista corresponda a 24 200 m2. tinha R$ 380,00.

Se um hectare equivale a 10 mil m2, então é correto O valor recebido por cada irmão para a viagem está
afirmar que uma fazenda com 200 alqueires paulista compreendido entre
tem área equivalente, em hectare, a
a) R$ 1.550,00 e R$ 1.600,00.
a) 484. b) R$ 1.600,00 e R$ 1.650,00.
b) 476. c) R$ 1.650,00 e R$ 1.700,00.
c) 4 800. d) R$ 1.700,00 e R$ 1.750,00.
d) 480. e) R$ 1.750,00 e R$ 1.800,00.
e) 4 760.
17. (VUNESP — 2021) Um processo seletivo para o cargo
13. (VUNESP — 2022) Para a fabricação de 100 peças de de digitador em um escritório adota na prova prática o
determinado produto em 4 horas, são necessárias três seguinte cálculo para nota:
impressoras 3D, idênticas, trabalhando juntas e inin-
terruptamente, com igual capacidade de produção. NOTA = 10 – (D × 0,05) – (F × 0,2)
Se a mesma quantidade de peças for fabricada por 5
dessas impressoras, nas mesmas condições anterior- Nessa fórmula, D corresponde ao número de erros de
mente identificadas, a redução do tempo será de digitação e F ao número de erros na formatação do
documento.
a) 1 hora e 36 minutos. Considere um candidato cujo número de erros de digita-
b) 1 hora e 45 minutos. ção superou o número de erros de formatação em 20 e
c) 2 horas e 00 minuto. que teve um total de erros, considerando digitação e for-
d) 1 hora e 54 minutos. matação, igual a 28.
e) 2 horas e 12 minutos.
De acordo com o cálculo apresentado, a nota desse
candidato será
14. (VUNESP — 2021) Em determinado órgão público, antes
do último concurso, o número de servidores que exerciam
um cargo A excedia em 30 o número de servidores que a) 2,0.
exerciam umcargo B, sendo a razão entre esses números b) 5,0.
6 c) 5,6.
de servidores igual a . Após o último concurso, com d) 7,4.
5
a entrada de 30 novos servidores, sendo uma parte para e) 8,0.
366
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18. (VUNESP — 2022) Um pedaço de papelão retangular
17 E
tem área de 182 cm2, sendo que os menores lados
têm 1 cm a menos de medida que os maiores lados. 18 A

A medida dos maiores lados desse pedaço de papelão é de 19 E

20 E
a) 14 cm.
b) 15 cm.
c) 16 cm.
d) 17 cm.
e) 18 cm. ANOTAÇÕES
19. (VUNESP — 2022) Uma folha retangular de papel, com
medidas de 60 cm e 45 cm, será dividida em duas par-
tes, tendo como referência para essa divisão uma das
diagonais do retângulo.

A medida dessa diagonal será de

a) 95 cm.
b) 90 cm.
c) 85 cm.
d) 80 cm.
e) 75 cm.

20. (VUNESP — 2022) A tela de um televisor de 40 polega-


das é plana e no formato de um retângulo, cuja diago-
nal mede, aproximadamente, 100 cm. Sabendo que a
razão entre as medidas de dois lados dessa tela plana
3
é igual a seu perímetro é, aproximadamente, igual a
4
a) 320 cm.
b) 310 cm.
c) 290 cm.
d) 300 cm.
e) 280 cm.

9 GABARITO

1 D

2 D

3 A

4 E

5 B

6 B

7 B

8 A

9 C

10 A

11 A
MATEMÁTICA

12 A

13 A

14 C

15 D

16 E

367
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ANOTAÇÕES

368
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TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Estrutura lógica do sistema de ar-


Pastas ou
quivos para organização dos dados
diretórios
INFORMÁTICA
na unidade de disco

Arquivos Dados. Podem ter extensões.

Pode identificar o tipo de arquivo,


associando com um software que
MS-WINDOWS 10 Extensão permita visualização e/ou edição.
As pastas podem ter extensões
CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E como parte do nome.
ATALHOS Arquivos especiais, que apontam
para outros itens computacionais,
No Windows 10, os diretórios são chamados de pas- como unidades, pastas, arquivos,
tas e algumas pastas são especiais, contendo coleções Atalhos dispositivos, sites na Internet,
de arquivos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo locais na rede etc. Os ícones pos-
são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músi- suem uma seta, para diferenciar
cas e Vídeos. O usuário poderá criar Bibliotecas para dos itens originais.
sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam
a organização dos arquivos e pastas, inserindo apenas O disco de armazenamento de dados tem o seu
ligações para os itens em seus locais originais. tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e
até trilhões de bytes de capacidade. Os nomes usados
são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão
listados na escala a seguir.

Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Pasta com Pasta sem Pasta vazia Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
subpasta subpasta Byte
(B)

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File


Ainda não temos discos com capacidade na ordem
System) armazena os dados dos arquivos em locali-
de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos
zações dos discos de armazenamento. Por sua vez, os
comercialmente, mas quem sabe um dia... Hoje estas
arquivos possuem nome e podem ter extensões.
medidas muito altas são usadas para identificar gran-
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de
des volumes de dados na nuvem, em servidores de
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de
redes, em empresas de dados etc.
bytes)
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte repre-
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
senta uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é forma-
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.
do por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale zero
ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO binário para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi-
Unidade de disco de armazena- tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava-
Disco de mento permanente, que possui um da na memória.
armazenamento sistema de arquivos e mantém os
A palavra “Concursos” ocupará 9 bytes, que são 72
dados gravados
bits de informação.
Estruturas lógicas que endereçam Os bits e bytes estão presentes em diversos momen-
as partes físicas do disco de arma- tos do cotidiano. Um plano de dados de celular ofere-
Sistema de
zenamento. NTFS, FAT32, FAT são ce um pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até
Arquivos
alguns exemplos de sistemas de 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão
arquivos do Windows. Wi-Fi de sua residência está operando em 150 Mbps,
ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por
INFORMÁTICA

Circunferência do disco físico


segundo, e um arquivo com 75 MB de tamanho leva-
Trilhas (como um hard disk HD ou unida-
rá 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo
des removíveis ópticas)
para o roteador wireless.
São ‘fatias’ do disco, que dividem O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exibido
Setores
as trilhas em modo de visualização de Detalhes, nas Proprieda-
des (botão direito do mouse, menu de contexto) e na
Unidades de armazenamento no
barra de status do Explorador de Arquivos. Poderão
Clusters disco, identificado pela trilha e
ter as unidades KB, MB, GB, TB, indicando quanto
setor onde se encontra.
espaço ocupam no disco de armazenamento. 369
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando os computadores pessoais foram apresen- sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
tados para o público, a árvore foi usada como analo- pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem
gia para explicar o armazenamento de dados, criando e sincronizados com outros dispositivos que estejam
o termo “árvore de diretórios”. conectados na mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma
Documentos seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para
Imagens um arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são
Folhas
Músicas independentes dos objetos que os referenciam, por-
Flores
Vídeos tanto, se forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta
Frutos ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:
Pastas e Subpastas Tronco e Galhos z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado,
e ao soltar, o atalho é criado;
z No menu de contexto (botão direito) escolha
“Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sen-
Diretório Raiz Raiz
do exibido no Explorador de Arquivos pode ser
criado na área de trabalho arrastando o ícone da
pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-
Figura 4. Árvore de diretórios -o na área de trabalho.

No Windows 10, a organização segue a seguinte Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos
definição: somente leitura... os atributos dos itens podem ser
definidos pelo item Propriedades no menu de con-
z Pastas texto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que
tenham o atributo oculto, desde que ajuste a configu-
„ Estruturas do sistema operacional: Arquivos de
ração correspondente.
Programas (Program Files), Usuários (Users), Win-
dows. A primeira pasta da unidade é chamada
ÁREA DE TRABALHO
raiz (da árvore de diretórios), representada pela
barra invertida: Documentos (Meus Documentos),
A interface gráfica do Windows é caracterizada
Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas;
Windows exibe ícones de pastas, arquivos, programas,
„ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Docu-
atalhos, barra de tarefas (com programas que podem
mentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus
ser executados e programas que estão sendo executa-
Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas;
dos) e outros componentes do Windows.
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
A área de trabalho do Windows 10, também conhe-
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, cida como Desktop, é reconhecida pela presença do
programas e atalhos; papel de parede ilustrando o fundo da tela. É uma
„ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP),
discos rígidos que foram excluídos, permitindo uma foto (extensão JPG), além de outros formatos grá-
a recuperação dos dados. ficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos
que o computador está pronto para executar tarefas.
z Atalhos

„ Arquivos que indicam outro local: Extensão


LNK, podem ser criados arrastando o item com
Lixeira Microsoft Google Mozilla
ALT ou CTRL+SHIFT pressionado. Edge Chrome Thunderbird
Kaspersky
Secure Co..
Firefox

z Drivers

„ Arquivos de configuração: Extensão DLL e Provas


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Downloads caragua.docx Lista de Extra - dicas
e-mails par.. Ebook-Curs. concursos.txt
outras, usadas para comunicação do software
com o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.
antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações de Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e
manipulação de informações no computador, desde o estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
básico (formatar discos de armazenamento) até o avan- ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão
çado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas). direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do
para executar o Explorador de Arquivos. Windows (como Lixeira e Computador).
Como o Windows 10 está associado a uma conta No canto inferior esquerdo encontraremos o botão
Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou
o usuário tem disponível um espaço de armazenamento pela combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o
de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador menu Iniciar será apresentado na interface de blocos
370 de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive que surgiu com o Windows 8, interface Metro.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.

Navegador padrão do
Atalhos
Windows 10
Itens Excluídos

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox Arquivos


Pastas de
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..
Arquivos

Provas Downloads Lista de Extra - dicas Central de


caragua.docx
Anteriores e-mails par. Ebook-Curs. concursos.txt Ações
Botão Iniciar Barra de Área de
Cortana Visão de Tarefas Acesso rápido Notificação

Barra de Tarefas

Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.

Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)

Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.
INFORMÁTICA

Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.

Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone. 371
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A área de transferência é um dos principais recur-
sos do Windows, que permite o uso de comandos, reali-
zação de ações e controle das ações que serão desfeitas.

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-


cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
zada com sucesso.
1 +1 não está em
execução execução execução z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Um arquivo chamado documento.docx será consi-
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA derado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o
Um dos itens mais importantes do Windows não é mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- rem armazenados no mesmo local;
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena z O Windows não aceita determinados caracteres
uma informação de cada vez. A informação armaze- nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba para outras operações, que são proibidos na hora
trabalhando em praticamente todas as operações de de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
manipulação de pastas e arquivos. vos e pastas podem ser compostos por qualquer
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo caractere disponível no teclado, exceto os carac-
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
Windows+V (View). ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), opção), | (barra vertical, significa concatenador de
estamos copiando o item para a memória RAM, para comandos), \ (barra invertida, indica um caminho),
ser inserido em outro local, mantendo o original e “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig-
criando uma cópia. nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi-
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta- fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
mos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área significa direcionador de saída);
de Transferência, para ser inserida em outro local, z Existem termos que não podem ser usados, como
como em um documento do Microsoft Word ou edição CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
pelo acessório Microsoft Paint. nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, referenciar itens de hardware nos comandos digi-
estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para
Área de Transferência, desconsiderando outros ele- enviar para a impressora um texto através da linha
mentos da tela do Windows. de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
conteúdo que está armazenado na Área de Transfe- Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais
rência será inserido no local atual. conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero
à N caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows
Dica como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à mani-
As três teclas de atalhos mais questionadas em pulação de arquivos e pastas pode podem estar condi-
questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, cionadas ao local onde elas são efetuadas ou ao local de
que acionam os recursos da Área de Transferência. origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar
no enunciado da questão, geralmente no texto associado,
As ações realizadas no Windows, em sua quase estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de As operações podem ser realizadas com atalhos
teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. de teclado, com o mouse, ou com a combinação de
Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pres- ambos. As bancas organizadoras costumam questio-
sionar Del ou Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z nar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes
(Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces- utilizam imagens nas questões.
sidade de acessar a Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o OPERAÇÕES COM TECLADO
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Atalhos de teclado Resultado da operação
Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Não é possível recortar e colar
Ctrl+X e Ctrl+V
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan- na mesma pasta. Será exibida
na mesma pasta
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office. uma mensagem de erro
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Fer- Ctrl+X e Ctrl+V Recortar (da origem) e colar (no
ramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no em locais diferentes destino). O item será movido
Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem Copiar e colar. O item será du-
capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Win- Ctrl+C e Ctrl+V plicado. A cópia receberá um
dows+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na mesma pasta sufixo (Copia) para diferenciar do
372 na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens. original
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
OPERAÇÕES COM TECLADO OPERAÇÕES COM MOUSE
Copiar (da origem) e colar (no RESULTADO DA
Ctrl+C e Ctrl+V AÇÃO DO USUÁRIO
destino). O item será duplicado, OPERAÇÃO
em locais diferentes
mantendo o nome e extensão Clique simples no botão Exibir o menu de contexto
Deletar, apagar, enviar para a secundário do item
Lixeira do Windows, podendo re- Executar o item, se for exe-
Tecla Delete em um
cuperar depois, se o item estiver cutável. Abrir o item, se for
item do disco rígido
em um disco rígido local interno editável, com o programa
ou externo conectado na CPU padrão que está associa-
Duplo clique
do. Nos programas do
Será excluído definitivamente. A
computador, poderá abrir
Tecla Delete em Lixeira do Windows não armaze- um item através da opção
um item do disco na itens de unidades removíveis correspondente.
removível (pendrive), ópticas ou unidades
remotas Renomear o item. Se o
nome já existe em outro
Independentemente do local Duplo clique pausado item, será sugerido numerar
Shift+Delete onde estiver o item, ele será o item renomeado com um
excluído definitivamente sufixo.
Renomear. Trocar o nome e a Arrastar com botão principal
extensão do item. Se houver pressionado e soltar na mes- O item será movido
outro item com o mesmo nome ma unidade de disco
no mesmo local, um sufixo Arrastar com botão principal
F2 numérico será adicionado para pressionado e soltar em O item será copiado
diferenciar os itens. Não é per- outra unidade de disco
mitido renomear um item que
Arrastar com botão secun- Exibe o menu de contexto,
esteja aberto na memória do dário do mouse pressionado podendo “Copiar aqui” (no
computador e soltar na mesma unidade local onde soltar)
Arrastar com botão secun- Exibe o menu de contexto,
Lixeira dário do mouse pressionado podendo “Copiar aqui” (no
e soltar em outra unidade local onde soltar) ou “Mover
Um dos itens mais questionados em concursos de disco aqui”
públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os
itens que foram excluídos de discos rígidos locais, Arrastar na mesma unidade, será movido. Arras-
internos ou externos conectados na CPU. tar entre unidades diferentes, será copiado.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a
tecla Delete (DEL), o item é removido do local original
e armazenado na Lixeira. OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o O item será copiado, quando
local original. Se o local original não existe mais, pois Arrastar com o botão princi-
a tecla CTRL for liberada,
suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira pal pressionado um item com
independente da origem ou do
a tecla CTRL pressionada
recupera o caminho e restaura o item. destino da ação
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluí- O item será movido, quando
dos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixei- Arrastar com o botão princi-
a tecla SHIFT for liberada,
ra” no menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira. pal pressionado um item com
independente da origem ou do
a tecla SHIFT pressionada
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, destino da ação
o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens Arrastar com o botão prin-
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Será criado um atalho para o
cipal pressionado um item
item, independente da origem
Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recupe- com a tecla ALT pressionada
ou do destino da ação
rar com programas de terceiros, mas isto não é conside- (ou CTRL+SHIFT)
rado no concurso, que segue a configuração padrão. Clique em itens com o botão
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados principal, enquanto mantém Seleção individual de itens
com o mouse para fora dela, restaurando o item para a tecla CTRL pressionada
o local onde o usuário liberar o botão do mouse. Seleção de vários itens. O
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido Clique em itens com o botão primeiro item clicado será o
em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alte- principal, enquanto mantém início, e o último item será o
rar o tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá a tecla SHIFT pressionada final, de uma região contínua
INFORMÁTICA

desativar ela excluindo os itens diretamente e configu- de seleção


rar Lixeiras individuais para cada disco conectado.
Extensões de Arquivos
OPERAÇÕES COM MOUSE
O Windows 10 apresenta ícones que representam
RESULTADO DA
AÇÃO DO USUÁRIO arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão
OPERAÇÃO
caracteriza o tipo de informação que o arquivo arma-
Clique simples no botão zena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é
Selecionar o item
principal
atribuída para ele, de acordo com o programa que o 373
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
criou. É possível alterar esta extensão, porém corre- EXTENSÃO ÍCONE FORMATO
mos o risco de perder o acesso ao arquivo, que não Formato ZIP, padrão do Windows
será mais reconhecido diretamente pelas configura- para arquivos compactados. Não
ZIP necessita de programas adicionais,
ções definidas em Programas Padrão do Windows. como o formato RAR, que exige o
WinRAR
Biblioteca de ligação dinâmica do
Importante! Windows. Arquivo que contém in-
DLL formações que podem ser usadas
Existem arquivos sem extensão, como itens do por vários programas, como uma
sistema operacional. Ela é opcional e procura caixa de diálogo

associar o arquivo com um programa para visua-


Arquivos executáveis, que não
lização ou edição. Se o arquivo não possui exten- EXE, COM,
necessitam de outros programas
BAT
são, o usuário não conseguirá executar ele, por para serem executados
se tratar de conteúdo de uso interno do sistema
operacional (que não deve ser manipulado).
Uma das extensões menos conhecidas e mais questio-
nadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text Format, uma
tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e
de texto com alguma formatação para múltiplas plata-
ícones mais comuns em provas de concursos. formas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas
editores de textos, como o Microsoft Word e LibreOffice
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações
Adobe Acrobat. Pode ser criado e
editado pelos aplicativos Office.
(atalho de teclado Windows+I) e modificar o progra-
Formato de documento portável ma padrão. Alterando esta configuração, o arquivo
PDF será visualizado e editado por outro programa de
(Portable Document Format) que
poderá ser visualizado em várias escolha do usuário.
plataformas As Configurações do Windows e dos programas ins-
talados estão armazenadas no Registro do Windows. O
Documento de textos do Micro- arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo
soft Word. Textos com formata-
DOCX comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
ção que podem ser editados pelo
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (cha-
LibreOffice Writer
ves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
Pasta de trabalho do Microsoft inutilizar o sistema operacional.
Excel. Planilhas de cálculos que No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle.
XLSX
podem ser editadas pelo LibreOf- A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
fice Calc tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desins-
Apresentação de slides do Micro- talar programas e dispositivos, configurar o Windows,
PPTX soft PowerPoint, que poderá ser além de outros recursos administrativos.
editada pelo LibreOffice Impress Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10,
acessado pela opção Configurações, localizada na lista
Texto sem formatação. Formato exibida a partir do botão Iniciar, é possível configurar
padrão do acessório Bloco de No- VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo
TXT
tas. Poderá ser aberto por vários avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot
programas do computador
móvel/ Uso de dados/ Proxy.
Rich Text Format – formato de Modo Avião é uma configuração comum em smart-
texto rico. Padrão do acessório phones e tablets que permite desativar, de maneira rápi-
RTF WordPad, este documento de da, a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi,
texto possui alguma formatação, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
como estilos de fontes demais tipos de uso da rede sem fio.
Formato de vídeo. Quando o Win- No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exi-
dows efetua a leitura do conteúdo, bir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar infor-
MP4, AVI, exibe no ícone a miniatura do mações, como, por exemplo, a data de modificação e o
MPG primeiro quadro. No Windows 10, tamanho de cada arquivo.
Filmes e TV reproduzem os arqui-
vos de vídeo Modos de Exibição do Windows 10
Formato de áudio. O Gravador
de Som pode gravar o áudio. O
MP3
Windows Media Player e o Groove
Music podem reproduzir o som

Formato de imagem. Quando o


Windows efetua a leitura do con-
BMP, GIF,
teúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o
PNG, TIF
acessório Paint visualiza e edita
os arquivos de imagens
374
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z ícones extras grandes: ícones extra grandes com USO DOS MENUS
nome (e extensão);
z ícones grandes: ícones grandes com nome (e No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos
extensão); como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para
z ícones médios: ícones médios com nome (e exten- gerenciamento de arquivos, pastas e configurações.
são) organizados da esquerda para a direita; O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como
z ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas,
extensão) organizados da esq. para a direita; documentos ou fotos. O conteúdo dessas listas está
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) diretamente relacionado com o programa ao qual
organizados de cima para baixo; elas estão associadas. O recurso de Lista de Atalhos,
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões
modificação, tipo e tamanho; seguintes, possibilita organizar os arquivos abertos
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possi-
organizados da esq. para a direita; bilidade ainda de fixar o item na lista.
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data No Explorador de Arquivos do Windows 10, os
de modificação, marcas e tamanho. menus foram trocados por guias, semelhante ao
Microsoft Office. Ao pressionar ALT, nenhum menu
Um dos temas mais questionado em provas são os escondido será mostrado (como no Windows 7), mas
modos de exibição do Windows. Se tem um compu- os atalhos de teclado para as guias Arquivo, Início,
tador com Windows 10, procure visualizar os modos Compartilhar e Exibir.
de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar a
disciplina no computador ajuda na memorização dos
recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

O botão direito do mouse exibe a janela pop-up


chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for
Área de trabalho do aplicativo clicado, uma janela diferente será mostrada.
As opções exibidas no menu de contexto contêm
as ações permitidas para o item clicado naquele local.
1. Barra de menus
6. Barra de Rolagem
Através do menu de contexto da área de trabalho,
podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho,
Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.
ou novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint],
Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft
Word], Formato Rich Text [RTF WordPad], Documen-
1. Barra de menus: são apresentados os menus com
os respectivos serviços que podem ser executados to de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Micro-
no aplicativo; soft Excel [XLSX Microsoft Excel], Pasta Compactada
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui- [extensão ZIP], entre outros).
vo e o nome do aplicativo que está sendo execu-
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos Dica
mover a janela quando a mesma não está maximi-
Arquivos de imagens são editados pelo acessó-
zada. Para isso, clique na barra de título, mante-
rio do Windows Microsoft Paint, que no Windo-
nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você
estará movendo a janela para a posição desejada. ws 10 oferece a versão Paint 3D.
Depois é só soltar o clique;
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série
ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela de informações relacionadas a si próprio. Estas infor-
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste mações podem ser consultadas em Propriedades,
botão ou clique duas vezes na barra de títulos; acessado no menu de contexto, exibido quando clicar
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documen- com o botão direito do mouse sobre o item.
to ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da
a janela para seu tamanho e posição anteriores, clique Lixeira, será mostrado o menu de contexto, e esco-
neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos; lhendo ‘Esvaziar Lixeira’, os itens serão removidos
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Soli- definitivamente, utilizando o Windows, não haverá
cita que você salve quaisquer alterações não salvas meio de recuperá-los.
INFORMÁTICA

antes de fechar. Alguns aplicativos, como os navega-


dores de Internet, trabalham com guias ou abas, que PROGRAMAS E APLICATIVOS
possuem o seu próprio controle para fechar a guia ou
aba. Atalho de teclado Alt+F4; Os programas associados ao Windows 10 podem
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo ser classificados em:
do lado direito (e inferior de uma janela de docu-
mento). Para deslocar-se para outra parte do docu- z Componentes do sistema operacional;
mento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de z Aplicativos e Acessórios;
rolagem. z Ferramentas de Manutenção e Segurança. 375
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows Store) para instalação no computador do usuário.

Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.

Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as configu-
rações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema operacional,
personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações, e pode ser
acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de teclado Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).

Desfragmentar e Otimizar Unidades


Aplicativo da área de trabalho

Otimizar e desfragmentar unidade


A otimização das unidades do computador pode
ajudá-lo a funcionar com mais eficiência.

Otimizar

No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como


por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.

Firewall do Windows
Painel de controle

A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira.

WINDOWS 10 O QUE

Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador

Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de dis-


Este Computador
cos e pastas Favoritas

Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador,


Desfragmentar e Otimizar Unidades
melhorando o tempo de leitura dos dados

Win+S Pesquisar

Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado

Configurações Permite configurar software e hardware do computador

1 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
376 2 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
WINDOWS 10 O QUE

Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows

Integração com Xbox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do Xbox


Xbox (Games, músicas = Groove)
One

Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar

Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida

Menu Iniciar, Barra de Tarefas e


Fixar aplicativos
Blocos Dinâmicos

Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas

Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explo-


OneDrive integrado
rador de Arquivos

Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo


Continuum
ideal para dispositivos conversíveis

Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10

Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente


Windows Store
permite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV

Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela

Windows Update, Windows Update


for Business, Current Branch for Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
Business e Long Term Servicing Windows as a Service – WaaS
Branch

Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado

O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em
Modo tablet
dispositivos tipo conversíveis

Email, Calendário, Notícias,


entre outros – também foram Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas
melhorados.

Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha

Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.

Configurações > Sistema >


Analisar o espaço de armazenamento em seu PC
Armazenamento

Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando

Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em


Cortana
português

Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as men-


Central de Notificações
sagens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras

Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
INFORMÁTICA

377
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.

O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.

O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.

378
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.

Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a inserção
de pequenas notas de texto na área de trabalho do Windows, como recados do tipo Post-It.
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um ende-
reço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para visualização de vídeos, assim como o “Windows Media Player”.
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, como
o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é o recurso do Windows para manter ele sempre atualizado.
Está em Configurações (atalho de teclado Windows+I), Atualização e segurança.

INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS

z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft Word 2010 possuem a extensão DOCX;
z Os documentos de texto habilitados para macros3, possuem a extensão DOCM;
z Um modelo4 de documento é um arquivo que pode ser usado para criar novos arquivos a partir de uma forma-
tação preestabelecida. A extensão é DOTX;
z Um modelo de documento habilitado para macros contém além da formatação básica para criação de outros
documentos, comandos programados para automatização de tarefas. A extensão é DOTM;
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft Excel 2010 possuem a extensão XLSX;
z As pastas de trabalho habilitadas para macros possuem a extensão XLSM;
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a extensão XLTX;
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para macros possuem a extensão XLTM;
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma planilha que não foi salva, que pode ser recuperada pelo
usuário, possui a extensão XLSB (binário);
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated Values) contém textos separados por vírgula, que podem ser
importados pelo Excel, podem ser usados em mala direta do Word, incorporados a um banco de dados, etc.;
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato, que pode ser usado no Outlook 2016;
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem armazenar outros arquivos e pastas;
INFORMÁTICA

z Os arquivos compactados podem ser criados pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta Compactada;
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, recebem a extensão HTML e uma pasta será criada para os
arquivos auxiliares (imagens, vídeos, etc.);
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transferido para outros arquivos do próprio Office através da Área
de Transferência do Windows;
3 Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas são
escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o programa
perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
4 Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo. 379
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans- por download via Internet quando se comprava uma
ferido para outros arquivos do Windows, mas a licença vitalícia. Atualmente, tem-se o formato de
formatação poderá ser perdida; assinatura em que a instalação é realizada a partir de
download da internet e, enquanto forem realizados os
pagamentos da assinatura, o usuário terá acesso ao
pacote Microsoft 365.
MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR
MS-WORD 2016 OU SUPERIOR
O pacote de aplicativos para escritório é, sem dúvi-
da, um dos mais úteis aplicativos que um computador Estrutura Básica dos Documentos
pode ter instalado. Independente do perfil de utiliza-
ção do usuário, alguns dos aplicativos disponíveis em Os documentos produzidos com o editor de textos
um pacote como o Microsoft Office atende a diferentes Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
tarefas cotidianas, indo desde as mais simples, até as
mais complexas. z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Micro-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que soft Word 2007 e superiores. Os documentos são
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente arquivos editáveis pelo usuário, que podem ser
está na versão Microsoft 365, que disponibiliza recur- compartilhados com outros usuários para edição
sos via Internet (computação nas nuvens), com arma- colaborativa;
zenamento de arquivos no Microsoft OneDrive. z Os Modelos (Template): com extensão DOTX, con-
Por sua vez, serviços adicionais de comunicação têm formatações que serão aplicadas aos novos
como o Microsoft Outlook e Microsoft Teams fazem documentos criados a partir deles. O modelo é usa-
parte do pacote Microsoft Office 365. do para a padronização de documentos;
As extensões dos arquivos editáveis produzidos z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na (Document Template Macros – modelo de
tabela a seguir. documento com macros): As macros são códigos
desenvolvidos em Visual Basic for Applications
EXTENSÕES DE (VBA) para a automatização de tarefas;
MICROSOFT OFFICE z Páginas: unidades de organização do texto, segun-
ARQUIVOS
do a orientação, o tamanho do papel e margens.
Editor de Textos DOCX As principais definições estão na guia Layout, mas
Planilhas de Cálculos XLSX também encontrará algumas definições na guia
Apresentações de Slides PPTX Design;
z Seção: divisão de formatação do documento,
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre
As extensões do Microsoft Office, para arquivos que forem usadas configurações diferentes, como
editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo margens, colunas, tamanho da página, orientação,
formatado com XML, que foi introduzido na versão cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras,
2007. as seções serão usadas;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
Microsoft Office formatação. Finalizado com Enter, contém for-
matação independente do parágrafo anterior e do
Office 2003 Office 2007 parágrafo seguinte;
Office 365
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo finalizado com Quebra de Linha, a configuração
Microsoft Office eram identificados com extensões atual permanece na próxima linha;
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
de concursos ainda apresentam essas extensões nas caracteres de formatação etc.
alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
Language) foi implementado para oferecer portabili- Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
dade aos documentos produzidos. As extensões dos vos de formato DOC são abertos em Modo de Compati-
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras, bilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para
como DOCX, XLSX e PPTX. usar todos os recursos da versão atual, é necessário
Com o avanço dos recursos de computação na “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
nuvem, o Office foi disponibilizado na versão on-line, Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
que posteriormente se chamou 365, e é a versão atual ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
do pacote. Com um novo formato de licenciamento, instale um pacote de compatibilidade, disponível para
com assinaturas mensais e anuais, ao invés da venda download no site da Microsoft.
de licenças de uso, a instalação do Office 365 no com- Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
putador disponibiliza a última versão do pacote para podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
escritórios. Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse
Antes, o usuário comprava uma cópia e poderia PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos-
instalar ela “para sempre”: era uma licença de uso se um documento do Word.
vitalícia e uma mídia (disquetes, CD ou DVD) era Durante a edição de um documento, o Microsoft
380 entregue. A seguir, a instalação passou a ser oferecida Word:
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z Faz a gravação automática dos dados editados GUIA GRUPO ITEM ÍCONE
enquanto o arquivo não tem um nome ou local
Recortar
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
salvos”; Copiar
Área de
z Faz a gravação automática de auto recuperação Transferência
dos arquivos em edição que tenham nome e local Colar
definidos, permitindo recuperar as alterações que Pincel de
não tenham sido salvas; Página
Formatação
Inicial
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal- Nome da
Calibri (Corp
vamento automático”, associado à conta Microsoft, fonte
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri- Tamanho da
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal- fonte
Fonte
vamento será realizado; Aumentar
fonte
z O formato de documento RTF (Rich Text Format)
Diminuir
é padrão do acessório do Windows chamado Wor- fonte
dPad, e por ser portável, também poderá ser edita-
Folha de
do pelo Microsoft Word.
Rosto

Em questões de informática, as extensões dos Página em


Páginas
arquivos produzidos pelo usuário costumam ser ques- Branco
tionadas com regularidade.
Quebra de
Página
z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de
exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Inserir Tabelas Tabela
Impressão”. O documento será mostrado na tela da
mesma forma que será impresso no papel; Imagem
z O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
to sem outras distrações, como, por exemplo, a Fai- Imagens
xa de Opções com os ícones. Neste modo, parecido Ilustrações Online
com Tela Inteira, a barra de título continua sendo
exibida; Formas
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
visualizar o documento como ele seria exibido se
estivesse publicado na Internet como página web;
z Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Importante!
Títulos serão mostrados, auxiliando na organiza-
ção dos blocos de conteúdo; As bancas priorizam o conhecimento do candi-
z O modo “Rascunho”, que antes era modo “Nor-
dato acerca do uso dos recursos para a produ-
ção de arquivos (parte prática dos programas).
mal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem
Nas questões de editores de textos, a produção
os elementos gráficos (imagens, cabeçalho, roda-
de documentos formatados com imagens ilus-
pé) existentes nele;
trativas no formato antes/depois são os assun-
z Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que tos mais abordados.
faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal ele-
mento da interface do Microsoft Office;
z As guias possuem uma organização lógica sequen-
Acesso Rápido Guia Atual Item com Listagem Guias ou Abas cial das tarefas que serão realizadas no documen-
to, desde o início até a visualização do resultado
final, como veremos na tabela a seguir:

BOTÃO/GUIA DICA
Comandos para o documento atual:
Arquivo Salvar, salvar como, imprimir, salvar
e enviar
INFORMÁTICA

Tarefas iniciais: O início do


Caixa de Diálogo do Grupo Grupo Ícone com Opções documento, acesso à área de trans-
Página Inicial ferência, formatação de fontes, pará-
grafos e formatação do conteúdo da
z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o ata- página
lho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado; Tarefas secundárias: Adicionar
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os um objeto que ainda não existe no
Inserir
ícones em grupos, como será mostrado na tabela documento, tabela, ilustrações e
a seguir: instantâneos 381
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
BOTÃO/GUIA DICA MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO
Configuração da página: Formata-
Layout da Página ção global do documento e formata- Botão 2 cliques Seleciona a
-
ção da página principal na palavra palavra
Reúne formatação da página e pla- Botão 3 cliques Seleciona
Design -
no de fundo principal na palavra o parágrafo
Índices e acessórios: Notas de roda-
Referências pé, notas de fim, índices, sumários Botão 1 clique na Selecionar
-
etc principal margem a linha
Mala direta: Cartas, envelopes,
Correspondências etiquetas, e-mails e diretório de Botão 2 cliques Seleciona
-
contatos principal na margem o parágrafo
Correção do documento: Ele está Botão 3 cliques Seleciona o
ficando pronto... Ortografia e gramá- -
Revisão principal na margem documento
tica, idioma, controle de alterações,
comentários, comparar, proteger etc Seleciona
Selecionar
Visualização: Podemos ver o resul- - Shift+Home até o início
até o início
Exibir tado de nosso trabalho. Será que da linha
ficou bom?
Seleciona
Selecionar
- Shift+End até o final
Edição e Formatação de Textos até o final
da linha

A edição e formatação de textos consiste em apli- Seleciona


car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos Ctrl+Shif- Selecionar até o
-
parágrafos e nas páginas. t+Home até o início início do
Os estilos fornecem configurações padronizadas documento
para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formata-
Seleciona
ções envolvem as definições de fontes e parágrafos,
Ctrl+Shif- Selecionar até o
sendo úteis para a criação dos índices ao final da edi- -
t+End até o final final do
ção do documento. Os índices são gerenciados por
documento
meio das opções da guia referências, que estão dispo-
níveis, na Microsoft Word, na guia Página Inicial. Botão Seleção Palavra por
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário Ctrl
principal individual palavra
poderá copiar a formatação de um local e aplicar em
outro local no mesmo documento, ou em outro arqui- Seleção de
vo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “mode- Botão Seleção um ponto
Shift
lo de formatação no texto”, clique no ícone da guia principal bloco até outro
Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a local
formatação. O conteúdo não será copiado, somente a
formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá Botão prin-
Seleção Seleção
aplicar a formatação em vários locais até pressionar a cipal pres- Ctrl+Alt
bloco vertical
tecla Esc ou iniciar uma digitação. sionado

Seleção
Seleção Botão prin- vertical,
Seleção
cipal pres- Alt iniciando
Utilizando-se do teclado e do mouse, como no siste- bloco
sionado no local do
ma operacional, podemos selecionar palavras, linhas, cursor
parágrafos e até o documento inteiro.

Dica Dica
Assim como no Windows, as operações com Teclas de atalhos e seleção com mouse são
mouse e teclado também são questionadas nos importantes, tanto nos concursos como no dia
programas do Microsoft Office. Entretanto, por a dia. Experimente praticar no computador. No
terem conteúdos distintos (textos, planilhas e Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30)
apresentações de slides), a seleção poderá ser no início de um documento em branco e aper-
diferente para algumas ações. tar Enter, ele criará um texto “aleatório” com 10
parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO pode praticar à vontade.

Selecionar Seleciona o
- Ctrl+T
tudo documento

Botão 1 clique na Posiciona


-
principal palavra o cursor

382
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Cabeçalhos

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé5.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft PowerPoint... depende, podendo ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.

(Digite aqui)

(Digite aqui) (Digite aqui) (Digite aqui)

Parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números ou algarismos romanos ou letras, no início dos parágrafos;
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem;
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem;
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado;
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo;
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior;
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte;
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo;
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Recuo especial de primeira linha - apenas a primeira linha será


deslocada em relação à margem esquerda
Margem esquerda Margem direita

2 2 4 6 8 10 10 14 16

Recuo deslocamento - as linhas


Recuo esquerda - todas as serão deslocadas em relação à
linhas serão deslocadas em margem esquerda, exceto a pri- Recuo direito - todas as linhas
INFORMÁTICA

relação à margem esquerda meira linha serão deslocadas em relação à


margem direita

Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem;


5 O grupo Cabeçalho e Rodapé permite a inserção de um Cabeçalho (na margem superior), Rodapé (na margem inferior) e Número de Página
(no local do cursor, na margem superior, na margem inferior, na margem direita/esquerda) 383
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z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras;
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos;
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa;
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais;
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem;
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas;
z Sumário: índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD


Tecla(s) Ícone Ação Visualização
Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode
Enter -
mudar a formatação
Quebra de Linha: muda de linha e mantém a forma-
Shift+Enter -
tação atual
Quebra de página: muda de página, no local atual
do cursor. Disponível na guia Inserir, grupo Páginas,
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Quebra de página
ícone Quebra de Página, e na guia Layout, grupo
Configurar Página, ícone Quebras
Quebra de coluna: indica que o texto continua na
Ctrl+Shift+ Enter próxima coluna. Disponível na guia Layout, grupo Quebra de coluna
Configurar Página, ícone Quebras
Separador de Estilo: usado para modificar o estilo
Ctrl+Alt+ Enter -
no documento
Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se esti-
TAB
ver no início de um texto, aumenta o recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

Espaço Espaço em branco


Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.

PÁGINA INICIAL

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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:

z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)

A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016.

Colunas

O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.

INFORMÁTICA

Marcadores Simbólicos e Numéricos

• Usados por parágrafos, apresentam símbolos no início de cada, do lado esquerdo;


o Podem ser círculos preenchidos (linha acima), ou círculos vazios, como esta;
 Outra forma de apresentação são os quadrados, ou então...
O desenho do Office;
 Um símbolo neutro;
 Setas;
 Check ou qualquer símbolo que o usuário deseja personalizar. 385
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Biblioteca de Marcadores

Nenhum

Marcadores de Documento

Alterar Nível de Lista

Definir Novo Marcador...

Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.

NÚMEROS LETRAS

1. Exemplo a. Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo

ROMANOS MÚLTIPLOS NÍVEIS

i. Exemplo 1) Exemplo
ii. Exemplo a) Exemplo
iii. Exemplo 2) Exemplo
iv. Exemplo a) Exemplo

Para trabalhar com a formatação de marcadores Múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renumeração
dos demais itens.

Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, têm linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma úni-
ca), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elemen-
tos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
386 tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.

Confira, na tabela a seguir, algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Somente o conteúdo da primeira célula será
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos
mantido
Em inglês, com referências direcionais Em português, com referências posicionais
Tabela, Fórmulas
=SUM(ABOVe) =SOMA(A1:A5)
Recalcula automaticamente e manualmente
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente
(F9)
Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5
Quebra de linha manual Shift+Enter Alt+Enter
Copia apenas a primeira formatação da
Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes
origem
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima
Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda
F9 Atualizar os campos de uma mala direta Atualizar o resultado das fórmulas
INFORMÁTICA

F11 - Inserir gráfico


Finaliza a entrada na célula e mantém o
Ctrl+Enter Quebra de página manual
cursor na célula atual
Alt+Enter Repetir digitação Quebra de linha manual
Finaliza a entrada na célula e posiciona o
Shift+Enter Quebra de linha manual
cursor na célula acima da atual, se houver
Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas Inserir função
387
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Impressão Quebras
Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P
(e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a
impressão permite o envio do arquivo em edição para
a impressora. A impressora listada vem do Windows,
do Painel de Controle.
Podemos escolher a impressora, definir como será a
impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades),
quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas
por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um
lado da página, ou frente e verso automático, ou
manual. O agrupamento das páginas permite que
várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto
Desagrupado, as páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisa-
gem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser esco-
lhidas no momento da impressão, ou antes, na guia
Layout da Página. A última opção em Imprimir pos-
sibilita a impressão de miniaturas de páginas (várias
páginas por folha) em uma única folha de papel.
Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos
Quebras.
1 Cabeçalhos diferentes... quebras inseridas. Colu-
nas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de
Imprimir página diferente... quebra inserida.

EPSON8D025B(L5190 SERIES)
Pronto

Imprimir Todas as Páginas


Tudo

Imprimir

Imprimir em Um Lado
Apenas imprimir um lado d..

Agrupado
1;2;3 1;2;3; 1;2;3; Numeração de Páginas
Orientação Retrato
Disponível na guia Inserir permite que um núme-
A4 ro seja apresentado na página, informando a sua
21cm x 29,7 cm
numeração em relação ao documento.
Margens Personalizadas
Combinado com o uso das seções, a numeração de
página pode ser diferente em formatação a cada seção
do documento, como no caso de um TCC.
1 Página por Folha

Configurar Página

Controle de Quebras

As quebras são divisões e podem ser do tipo Página


ou de Seção.
Além disso, elas podem ser automáticas, como
quando formatamos um texto em colunas, todavia, elas
também podem ser manuais, como Ctrl+Enter para
quebra de página, Shift+Enter para quebra de linha,
388 Ctrl+Shift+Enter para quebra de coluna, e outras.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.

Legendas

Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em alguns
textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o usuário
poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.

Inserir
Legenda

Legenda

Legenda
Figura 1
Opção
Rótulo: Figura
Posição: Abaixo do item selecionado

Excluir rótulo da legenda

Novo rótulo Excluir Rótulo Numeração...

Auto Legenda... OK Cancelar

Índices

Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.


Os índices podem ser construídos a partir dos Estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente por
meio da adição de itens manualmente.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referên-
cias Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
INFORMÁTICA

matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

Inserção de Objetos

Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:

z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter); 389
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).

Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:

z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.

Campos Predefinidos

Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e fórmu-
las, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos e referências.

Caixas de Texto

Possibilita a inserção de caixas de textos pré-formatadas, ou desenhar no documento, aceitando configurações


de direção de texto (semelhante a uma tabela) e também configurações de bordas e sombreamento, semelhante
a uma Forma.
390 Qualquer forma geométrica composta poderá ser caixa de texto.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Uma nova guia de opções será apresentada após a última, denominada Ferramentas de Caixa de Texto, permi-
tindo Formatar os elementos de Texto e do conteúdo da Caixa de Texto.
Nas opções disponibilizadas, será possível controlar o texto (direção do texto), definir estilos de caixa de texto
(preenchimento da forma, contorno da forma, alterar forma, estilos predefinidos), efeitos de sombra e efeitos 3D.

MS-EXCEL 2016 OU SUPERIOR

Estrutura Básica das Planilhas

A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2)

Conceitos de Células, Linhas, Colunas, Pastas e Gráficos

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
INFORMÁTICA

391
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Barra de Acesso Rápido Coluna

Barra de Fórmulas
Faixa
de Opções

Célula

Linha

z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão Microsoft Office 365
(2022) são 16.384 colunas (nomeadas de A até XFD) e 1.048.576 linhas (numeradas de 1 a 1.048.576).
A quantidade de linhas e colunas podem variar, de acordo com o software e a versão. Existem planilhas com
256, 1.024, 16.384 ou 65.536 colunas. Existem planilhas com 65.536 ou 1.048.576 linhas;
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante.

E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:

z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.

Elaboração de Tabelas e Gráficos

A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:

392 z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.

Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

Geral
123 Sem formato específico
Número
12 4,00
Moeda
R$4,00

Contábil
R$4,00

Data Abreviada
04/01/1900
Data Completa
quarta-feira, 4 de janeiro de 1900

Hora
00:00:00

Porcentagem
400,00%

1 Fração
2 4

2 Científico
10 4,00E+00
Texto
ab 4

Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.

Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

Moeda Contábil

R$ 150,00 R$ 150,00

R$ 170,00 R$ 170,00
INFORMÁTICA

R$ 200,00 R$­ 200,00

R$ 1.000,00 R$ 1.000,00

R$ 10,54 R$ 10,54

O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%) 393
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VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0

1 100% 100,00%

0,5 50% 50,00%

2 200% 200,00%

100 10000% 10000,00%

0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000

1500 R$1.500,00 1.500,00

16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00

1 R$1,00 1,00

400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED, para
arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

Multiplica 5 (multiplicando) por 4


* (asterisco) Multiplicação =5*4
(multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por


% (percentual) Percentual = 20%
100

Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) Exponenciação Cálculo de raízes =3^2=8^(1/3) Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica
de 8

Ordem das Operações Matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
394 z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).

OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre 15,


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mostre 20,


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
senão mostre 40.

Maior ou Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


>= (maior ou igual) = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 )
igual a mostre 5, senão mostre 1.

Menor ou Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


<= (menor ou igual) = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 )
igual a mostre 11, senão mostre 23.

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mostre


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
100, senão mostre 8.

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50.

Princípios dos Operadores Relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2.

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor.

Informa o caminho de outro arquivo do


=’C:\novaconcursos\
‘ (apóstrofe) Caminho Excel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor.

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25.

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4.
INFORMÁTICA

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos.

Princípios dos Operadores de Referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2. 395
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Início de fórmu- = 15 + 3 Faz a soma de 15 e 3


= (igual) la, função ou = SOMA ( 15 ; 3 ) Compara o valor de A1 com 5, e caso seja verda-
comparação =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 ) deiro, mostra 10, caso seja falso, mostra 11

Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.
função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária

; (ponto e Separador de A função SE tem 3 partes, e estas estão separa-


=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
vírgula) argumentos das por ponto e vírgula

Executa uma operação sobre as células em co-


Espaço Intersecção =SOMA(F4:H8 H6:K10)
mum nos intervalos

As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Nova


“ (aspas duplas) Texto exato = “Nova”
Se usado em testes, é “igual a”

Exibe os zeros não significativos, 0001 como


‘ (apóstrofe) Número como texto ‘0001
texto (ex: placa de carro)

= “Nova”&” Exibe “Nova Concursos” (sem as aspas), o resul-


& (“E” comercial) Concatenar
Concursos” tado da junção dos textos individuais

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Função Operação Exemplos

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7)

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3)

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3)

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4)

=A1&A2&A3 é igual a
& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos
=CONCATENAR(A1;A2;A3)

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144)

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
396 A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z #DIV/0! indica que a fórmula está tentando dividir a mediana é 5.
um valor por 0; Se temos uma sequência de valores com quantida-
z #NOME? indica que a fórmula possui um texto que de par, a mediana será a média dos valores que estão
o Excel 2007 não reconhece; no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1),
z #NULO! a fórmula contém uma interseção de duas ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A
áreas que não se interceptam; média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
z #NUM! a fórmula apresenta um valor numérico
inválido; z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das célu-
z #REF! indica que na fórmula existe a referência las selecionadas.
para uma célula que não existe;
z #VALOR! indica que a fórmula possui um tipo erra- =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
do de argumento; área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
z ##### indica que o tamanho da coluna não é sufi- nas um será mostrado.
ciente para exibir seu valor.
z MAIOR(valores;posição): exibe o maior valor de
Uso de Fórmulas, Funções e Macros uma série, segundo o argumento apresentado.

z SOMA(valores): realiza a operação de soma nas Valores iguais ocupam posições diferentes.
células selecionadas. =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
las A1 até D6.
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição
dos valores numéricos informados em seus argumen- z MÍNIMO(valores): exibe o menor valor das célu-
tos. Se existirem células com textos, elas serão ignora- las selecionadas.
das. Células vazias não são somadas.
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- área de A1 até D6.
tentes nas células A1, A2 e A3;
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis- z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de
tentes nas células A1 até A5; uma série, segundo o argumento apresentado.
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
célula A1, com 34 (valor literal) e B3; Valores iguais ocupam posições diferentes.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis- =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas cé-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, lulas A1 até D6.
operando apenas áreas quadrangulares;
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e
com B1 e C1 até C3; retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com outro caso seja falso.
3 e o valor A1 duas vezes.
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
de soma nas células selecionadas, se uma condição primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
for atendida. segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última
parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais se-
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para rão realizadas as duas operações, somente uma delas,
que seja somado): segundo o resultado do teste.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- A função SE usa operadores relacionais (maior,
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15; menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. textos literais.

z MÉDIA(valores): realiza a operação de média „ =SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor


nas células selecionadas e exibe o valor médio da célula A1 não é 10”)
encontrado. „ =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
valor não é negativo”)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples „ =SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- valor não é positivo”)
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células É possível encadear funções, ampliando as áreas
INFORMÁTICA

vazias não entram no cálculo da média. de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z MED(valores): informa a mediana de uma série
de valores. „ =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor
é negativo”;”Valor é positivo”))
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequên-
cia de valores com quantidade ímpar, eles serão orde- Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
nados e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for
para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo 397
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer- Os intervalos de teste e de soma podem ser os
rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não é mesmos.
menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a
mensagem final “Valor é positivo” será mostrada. =SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é de A1 até A10 que sejam maiores que 6.
usado somente no início da digitação da célula. =SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
As funções CONT são usadas para informar a quanti- de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem
dade de células, que atendem às condições especificadas. menores que 3.

z CONT.NÚM: para contar quantas células possuem „ SOMASES (células para somar; células1;
números; teste1;células2;teste2)
z CONT.VALORES: quantidade de células que estão
preenchidas; Verifica as células que atendem aos testes e soma
z CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não as células correspondentes.
estão preenchidas; Os intervalos de teste e de soma podem ser os
z CONT.SE: quantidade de células que atendem à mesmos.
uma condição específica;
z CONT.SES: quantidade de células que atendem a
„ MÉDIASE(células para testar; teste; células
várias condições simultaneamente.
para calcular a média)
„ CONT.VALORES(células): esta função conta
Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
todas as células em um intervalo, exceto as
a média das células correspondentes.
células vazias.
Os intervalos de teste e de média podem ser os
mesmos.
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
contagem, informando quantas células estão preen-
chidas com valores, quaisquer valores. „ PROCV(valor_procurado; matriz_tabela;
núm_índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
„ CONT.NÚM (células): conta todas as células
em um intervalo, exceto células vazias e célu- A função PROCV é utilizada para localizar o va-
las com texto. lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
Por exemplo: =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO)
„ CONT.SE(células;condição): Esta função conta
e =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
quantas vezes aparece um determinado valor
A função PROCV é um membro das funções de pes-
(número ou texto) em um intervalo de células
quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
(o usuário tem que indicar qual é o critério a
Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para
ser contado)
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- „ ESQUERDA(texto;quantidade)
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).
„ CONT.SES(células1;condição1;células2;con-
dição2): Esta função conta quantas vezes apa- =ESQUERDA(“Nova Concursos”;8) exibe “Nova”
rece um determinado valor (número ou texto) „ DIREITA(texto;quantidade)
em um intervalo de células (o usuário tem que
indicar qual é o critério a ser contado), aten- Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
dendo a todas as condições especificadas. de caracteres especificados, a partir do final.

=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”) Efetua a contagem =DIREITA(“Nova Concursos”;7) exibe “Concursos”.


de quantas células existem no intervalo de A1 até A10
contendo o valor 5 e ao mesmo tempo, quantas células „ CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
existem no intervalo de B1 até B10 contendo o valor 7.
Junta os textos especificados em uma nova sequência.
„ CONTAR.VAZIO (células): conta as células Esta função foi mantida por compatibilidade com
vazias de um intervalo. as versões anteriores. Ela concatena apenas células
individuais.
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células
vazias existem no intervalo A1 até A8. =CONCATENAR(“Apostila “;”Nova “;”Concursos”)
exibe “Apostila Nova Concursos”.
„ SOMASE(células para testar;teste;células para
somar) „ CONCAT(intervalo)

Efetua um teste nas células especificadas, e soma Junta os textos especificados em um intervalo de
398 as correspondentes nas células para somar. células para uma nova sequência.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
=CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1 até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona nas
versões antigas do Office.

„ NÚM.CARACT(célula)

Informa a quantidade de caracteres existentes em uma célula.


Datas contém 5 caracteres, pois o Microsoft Excel armazena datas como números.

=NÚM.CARACT(“Nova Concursos”) resultado 14


=NÚM.CARACT(HOJE()) resultado 5 (a função HOJE retorna a data de hoje registrada no computador)
=NÚM.CARACT(AGORA()) resultado 15 (a função AGORA retorna a data de hoje registrada no computador e a
hora atual, como 01/08/2021 09:51)

„ INT(valor)

Extrai a parte inteira de um número.

=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor 3,14159 exibe 3.

„ TRUNCAR(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, sem arredondar.

=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.

„ ARRED(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.

=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.

„ HOJE() Exibe a data atual do computador;


„ AGORA() Exibe a data e hora atuais do computador;
„ DIA(data)Extrai o número do dia de uma data;
„ MÊS(data) Extrai o número do mês de uma data;
„ ANO(data) Extrai o número do ano de uma data;
„ DIAS(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas;
„ DIAS360(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias);
„ POTÊNCIA(base;expoente).

Eleva um número (base) ao expoente informado.

=POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16

„ MULT(número;número;número; ... ) Multiplica os números informados nos argumentos.

FUNÇÕES LÓGICAS

Retorna VERDADEIRO se todos os seus argumentos forem


E (Função E)
VERDADEIROS

OU (Função OU) Retorna VERDADEIRO se um dos argumentos for VERDADEIRO

NÃO (Função NÃO) Inverte o valor lógico do argumento

FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO

VERDADEIRO (Função VERDADEIRO) Retorna o valor lógico VERDADEIRO


INFORMÁTICA

Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula

Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.
399
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Impressão

A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa.
Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, a possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas,
fazendo com que a impressão seja muito parecida com a tela que está sendo visualizada.
Ambos estão na guia Layout da Página.
E na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.

Inserção de Objetos

A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.

400
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A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados
no Excel.

Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.

Gráficos

Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos com os
dados existentes nas células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.

z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

z Os gráficos de Linhas representam valores com linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de Linhas:
Linha, Linha Empilhada, 100% Empilhada, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, 100% Empilhada
com Marcadores, e 3D.

z Os gráficos de Pizza representam valores proporcionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza, Pizza 3D,
Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizontal. São
opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D Empilhadas, e 3D
INFORMÁTICA

100% Empilhadas.

z Os gráficos de Área representam dados de forma semelhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada. 401
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z O gráfico do tipo Mapa exibe a informação de


acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa z Os gráficos do tipo Histograma são usados para
Coroplético. séries de valores com evolução, como idades da
população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
grama: Histograma e Pareto.

z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-


jam organizados em preço na alta, preço na baixa z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para proje-
e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações ção de valores.
serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z O gráfico do tipo Cascata exibe e destaca as varia-


ções dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha os valores em ordem


decrescente.

z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos


de Linhas, e preenchem a superfície com cores. z Os gráficos do tipo Combinação permitem com-
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D binar dois tipos de gráficos para a exibição de
Delineada, Contorno e Contorno Delineado. séries de dados. São exemplos de gráficos do tipo
Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Colu-
na Clusterizada-Linha no Eixo Secundário, Área
Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade
de criação de uma Combinação Personalizada.

z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-


lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
402 Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
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Campos Predefinidos

Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.

Controle de Quebras e Numeração de Páginas

O Excel é mais simples em relação ao Word, quando o assunto são as Quebras.

E para habilitar esta visualização, basta ativar o item na guia Exibição.


INFORMÁTICA

403
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A numeração de páginas está associada ao Cabeçalho e Rodapé.

Obtenção de Dados Externos

O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.

De Arquivo

De banco de dados

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Do Azure

De serviços online

De outras fontes

INFORMÁTICA

Classificação de Dados

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas. Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por 405
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formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de classificação
é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá se ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possí-
vel diferenciar letras maiúsculas e minúsculas

Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’


Classificar números
ou ‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células


Classificar por cor de célula, cor de ou uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar
fonte ou ícones por essas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones
criados ao aplicar uma formatação condicional

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem defini-
Classificar por uma lista
da pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classi-


Classificar linhas
ficar da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK

Classificar por mais de uma


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação
coluna ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Con-
intervalo de células sem afetar as
tinuar com a seleção atual”
demais

CORREIO ELETRÔNICO
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo que o
usuário não esteja on-line, a mensagem será armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo disponível até
406 ela ser acessada novamente.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O correio eletrônico (popularmente conhecido Formas de Acesso ao Correio Eletrônico
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet, Podemos usar um programa instalado em nosso
e se mantém usual até os dias de hoje. dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
O Mozilla Thunderbird é um cliente de suas características e protocolos. Confira.
e-mail gratuito com código aberto que po-
derá ser usado em diferentes plataformas FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O eM Client é um cliente de e-mail gratui-
Protocolo SMTP para enviar mensa-
to para uso pessoal no ambiente Windo-
gens e POP3 para receber. As men-
ws e Mac. Facilmente configurável. Tem
Cliente de E-mail sagens são transferidas do servidor
a versão Pro, para clientes corporativos
para o cliente e são apagadas da
O Microsoft Outlook, integrante do caixa de mensagens remota
pacote Microsoft Office, é um cliente Protocolo IMAP4 para enviar e para
de e-mail que permite a integração de receber mensagens. As mensagens
várias contas em uma caixa de entrada Webmail são copiadas do servidor para a
combinada janela do navegador e são mantidas
O Microsoft Outlook Express foi o cliente na caixa de mensagens remota
de e-mail padrão das antigas versões
do Windows. Ainda aparece listado nos
editais de concursos, porém não pode
ser utilizado nas versões atuais do siste-
ma operacional
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails
Webmail. Quando o usuário utiliza um
navegador de Internet qualquer para
@ acessar sua caixa de mensagens no
servidor de e-mails, ele está acessando Receber – POP3 Receber IMAP4
pela modalidade webmai

Dica Usuário Usuário

Apesar de existirem diversas opções para com-


posição, envio e recebi mento de mensagens ele-
trônicas, as bancas preferem as questões sobre Cliente de e-mail Navegador de Internet

o cliente de e-mail Microsoft Outlook, integrante


do pacote Microsoft Office. Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem Internet e mantida no servidor de e-mails.
o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha- Os protocolos de e-mails são usados para a troca
mento e também recursos relacionados a reuniões e de mensagens entre os envolvidos na comunicação.
compromissos. O usuário pode personalizar a sua configuração, mas
Os eventos adicionados ao calendário podem ser
em concursos públicos o que vale é a configuração
enviados na forma de notificação por e-mail para os
padrão, apresentada neste material.
participantes.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
O Outlook possui o programa para instalação no
lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
computador do usuário e a versão on-line. Essa ver-
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men-
são pode ser gratuita (Outlook.com, antigo Hotmail)
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme-
ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, integran-
tente e do destinatário.
te do Microsoft Office 365).
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de
INFORMÁTICA

e-mail para receber as mensagens do servidor remoto,


Usuário removendo-as da caixa de entrada remota.
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é
@
usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail,
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor
transferindo cópias das mensagens para a janela do
de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador navegador e mantendo as originais na caixa de men-
de Internet sagens do servidor remoto. 407
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL –
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
Enviar – SMTP
Enviar e Receber
Informação que poderá ser omitida,
Receber – POP3 IMAP4 quando o serviço está registrado nos
Estados Unidos. O país é informado
País
por duas letras, como: BR, Brasil; AR;
Argentina; JP; Japão; CN; China; CO;
Remetente Destinatário
Cliente
Webmail Colômbia; etc
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo Quando o símbolo @ é usado no início, antes do
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail, nome do usuário, identifica uma conta em rede social.
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
Para o endereço URL do Instagram https://www.ins-
os e-mails recebidos.
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @
novaconcursos.
USO DE CORREIO ELETRÔNICO
PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen-
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial- cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali- da mensagem, entre outros.
zada na RFC5322. Para enviar a mensagem, é preciso que exista um des-
tinatário informado em um dos campos de destinatários.
Dica Se um destinatário informado não existir no servi-
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
RFC é Request for Comments, um documento Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
de texto colaborativo que descreve os padrões ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
usado nas redes de computadores. a mensagem tentará ser entregue depois.
O e-mail pode ser enviado para vários destinatários,
De forma semelhante ao endereço URL para recur- porém o remetente é somente um endereço, o endereço
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico do usuário que envio a mensagem de correio eletrônico.
também possui o seu formato. Conheça estes elementos na criação de uma nova
mensagem de e-mail.
Existem bancas organizadoras que consideram o
formato reduzido usuário@provedor no enunciado
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
das questões, ao invés do formato detalhado usuá-
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos. CAMPO CARACTERÍSTICAS
Identifica o usuário que está enviando
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – a mensagem eletrônica, o remetente.
FROM (De)
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS É preenchido automaticamente pelo
sistema
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
Identifica o (primeiro) destinatário da
Antes do símbolo de @, identifica um mensagem. Poderão ser especifica-
Usuário dos vários endereços de destinatários
único usuário no serviço de e-mail
nesse campo e serão separados por
Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é TO (Para)
vírgula ou ponto e vírgula (segundo o
usado para separar a parte esquerda, serviço). Todos que receberem a men-
@ que identifica o usuário, da parte a sagem conhecerão os outros destina-
sua direita, que identifica o provedor tários informados nesse campo
do serviço de mensagens eletrônicas
Identifica os destinatários da men-
Imediatamente após o símbolo de sagem que receberão uma cópia do
@, identifica a empresa ou provedor CC e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
Nome do que armazena o serviço de e-mail (o (com cópia ou Copy (cópia carbono)
domínio servidor de e-mail executa softwares cópia carbono) Todos que receberem a mensagem
como o Microsoft Exchange Server conhecerão os outros destinatários
por exemplo) informados nesse campo
Identifica o tipo de provedor, por Identifica os destinatários da men-
exemplo: COM (comercial), .EDU BCC sagem que receberão uma cópia do
(educacional), REC (entretenimento), (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
Categoria do
GOV (governo), ORG (organização cópia oculta ou Carbon Copy (cópia carbono oculta).
domínio
não governamental) etc., de acordo cópia carbono Todos que receberem a mensagem
com as definições de Domínios de oculta) não conhecerão os destinatários
Primeiro Nível (DPN) na Internet informados nesse campo
408
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL serviço de armazenamento de dados na nuvem, como
o Google Drive, o Microsoft OneDrive, ou o WeTransfer
CAMPO CARACTERÍSTICAS
(site para envio de arquivos com tamanho de até 2 GB).
SUBJECT Identifica o conteúdo ou título da Para enviar muitos arquivos como anexo, é possível
(assunto) mensagem. É um campo opcional compactar os arquivos em uma pasta compactada. A
Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui- pasta compactada é um recurso do sistema operacional
vo(s) que está(ão) sendo enviado(s) Windows, para criação de um arquivo com extensão
junto com a mensagem. Existem res- ZIP, que pode conter arquivos e pastas. Ao compactar
ATTACH
trições quanto ao tamanho do anexo arquivos, o tamanho de cada item costuma reduzir, e
(anexo)
e tipo (executáveis são bloqueados o arquivo ZIP, compatível com o sistema operacional
pelos webmails). Não são enviadas Windows, poderá ser anexado de uma vez, sem preci-
pastas sar repetir o procedimento arquivo por arquivo.
O conteúdo da mensagem de e-mail Além da opção Anexar Arquivo, o cliente de e-mail
Mensagem poderá ter uma assinatura associa- oferece o recurso Anexar Item. Com o Anexar Item, o
da inserida no final usuário poderá adicionar outra mensagem de e-mail
que recebeu, cartões de visita, anexar contatos, com-
promissos do calendário de reuniões etc.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
Anexar Anexar Assinatura Atribuir
recebidas, lidas e não lidas.
Arquivo Item ▾ Política
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
tivamente enviadas. Cartão de visita
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens Calendário...
apagadas. Item do Outlook
A pasta Rascunho contém as mensagens salvas e
não enviadas. Figura 6. Anexar Item permite a inserção de elementos do correio
eletrônico.
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe- Anexar arquivos significa que o arquivo será
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que enviado junto com a mensagem de e-mail. O correio
ocorre quando enviamos uma mensagem no app eletrônico pode ter o conteúdo da mensagem formata-
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet. do (padrão HTML) ou texto sem formatação.
A mensagem permanece com um ícone de relógio,
No e-mail enviado como texto sem formatação,
enquanto não for enviada.
não é possível inserir imagens ou elementos gráficos
no corpo da mensagem. Para enviar imagens em uma
Dica mensagem que está como texto sem formatação, ape-
Quando estamos conectados em uma conexão nas se anexar o arquivo da imagem no e-mail.
de Internet do tipo banda larga, a velocidade de Quando o e-mail é enviado como texto formatado
(HTML), uma imagem poderá ser enviada como anexo
acesso é tão rápida que nem vemos a mensa-
ou inserida dentro do corpo do e-mail.
gem passar pela Caixa de Saída. Porém, ao clicar
em Enviar, a mensagem vai primeiro para a Caixa
de Saída, e depois de enviada, é armazenada na
pasta de Itens Enviados.
INTERNET
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. A Internet é a rede mundial de computadores que
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares,
não solicitados, que geralmente são enviados para para proteger os sistemas de comunicação em caso de
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo ataque nuclear, durante a Guerra Fria.
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas mensa- procuravam proteger as informações secretas de
gens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e procuram ambos os países e seus blocos de influência.
identificar mensagens enviadas para muitos destina- ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced
tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para Research Projects Agency, era um modelo de troca e com-
o usuário. partilhamento de informações que permitisse a descen-
INFORMÁTICA

tralização das mesmas, sem um ‘nó central’, garantindo a


ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS continuidade da rede mesmo que um nó fosse desligado.
A troca de mensagens começou antes da própria
Os anexos são arquivos enviados com as mensa- Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
gens de correio eletrônico. Vale lembrar que não é a Internet como conhecemos e usamos.
possível enviar uma pasta de arquivos. Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
Cada serviço de e-mail possui um limite para o tama- cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
nho máximo dos anexos. Quando o usuário precisar dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e
transferir arquivos muito grandes, pode utilizar algum comercial, permitindo o acesso de todos. 409
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A Internet é transparente para o usuário. Qualquer
usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técni-
co dos equipamentos que existem para possibilitar a
Usuário Modem conexão.
Internet
Provedor de Acesso
NAVEGAÇÃO INTERNET
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os
A navegação na Internet é possível através da com- itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con-
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan- teúdo disponível na Internet.
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5 As informações armazenadas em servidores,
camadas ou 4 camadas). sejam páginas web ou softwares como um serviço
A Internet conecta diversos países e grandes cen- (SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
tros urbanos por meio de estruturas físicas chamadas são acessadas por programas instalados em nossos
de backbones. São conexões de alta velocidade que dispositivos. São eles:
permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
O usuário não consegue se conectar diretamente no z Navegadores de Internet ou browsers, para con-
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou teúdo em servidores web;
uma operadora de telefonia através de um modem, e z Softwares de correio eletrônico, para mensa-
a empresa se conecta na “espinha dorsal”. gens em servidores de e-mail;
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados
utilizar programas específicos para realizar a navega- por empresas e usuários;
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores. z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft
Bing, para encontrar informações na rede mundial;
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
WhatsApp e Telegram, como no formato clássico
Conhecida como nuvem e do Facebook e Yahoo Grupos.
também como World Wide
Web, ou WWW, a Internet é um Este tópico é muito prático e nos concursos públi-
Conexão entre
Internet ambiente inseguro, que utiliza cos são questionados os termos usados nos diferentes
computadores
o protocolo TCP para conexão
softwares, como “Histórico”, para nomear a lista de
em conjunto a outros para
aplicações específicas informações acessadas por um navegador de Internet.
Ao navegar na Internet, comece a observar os deta-
Ambiente seguro que exige lhes do seu navegador e as mensagens que são exi-
identificação, podendo estar bidas. Estes são os itens questionados em concursos
restrito a um local, que pode-
Conexão com públicos.
Intranet rá acessar a Internet ou não. A
autenticação
Intranet utiliza o mesmo proto-
colo da Internet, o TCP, poden- Ferramentas e Aplicativos Comerciais de Navegação
do usar o UDP também
As informações armazenadas em servidores web
Conexão remota segura, pro-
tegida com criptografia, entre são arquivos (recursos) identificados por um endere-
Conexão entre ço padronizado e único (endereço URL), exibidas em
dois dispositivos, ou duas
Extranet dispositivos ou
redes. O acesso remoto é ge- um browser ou navegador de Internet.
redes
ralmente suportado por uma Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet
VPN utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Os editais costumam explicitar Internet e Intranet, Confira a seguir os principais navegadores de Inter-
mas também questionam Extranet. A conexão remota net disponíveis no mercado.
segura que conecta Intranet’s através de um ambiente
inseguro que é a Internet, é naturalmente um resulta- NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS
do das redes de computadores. Edge
Navegador padrão
do Windows 10, que
Microsoft
INTERNET, INTRANET E EXTRANET substituiu o Microsoft
Internet Explorer
Redes de
computadores
Internet Navegador padrão do
Explorer Windows 7, um dos
mais questionados em
Internet Intranet Extranet Microsoft
concursos públicos, por
Rede mundial de Rede local de Acesso remoto ser integrante do siste-
computadores acesso restrito seguro ma operacional
Firefox
Utiliza os mesmos
Software livre e multi-
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros plataforma que é leve,
Mozilla
Internet intuitivo e altamente
Padrão de Criptografia em expansível
Família TCP/IP
410 comunicação VPN

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NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS As Opções de Internet, disponível no menu Fer-
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
Chrome
Um dos mais populares de Controle do Windows, devido à alta integração do
navegadores do merca- navegador com o sistema operacional.
Google
do, multiplataforma e
de fácil utilização Mozilla Firefox

Safari Desenvolvido original- O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que,


mente para aparelhos como os demais browsers, possibilita o acesso ao con-
da Apple, atualmente teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Apple
está disponível para Internet como na Intranet.
outros sistemas É um navegador com código aberto, software livre,
operacionais que permite download para estudo e modificações.
Opera Possui suporte ao uso de applets (complementos de
Navegador leve com terceiros), que são instalados por outros programas
proteções extras contra no computador do usuário, como o Java.
Opera
rastreamento e minera-
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização
ção de moedas virtuais
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con-
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan-
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
Microsoft Edge dados não serão sincronizados.
Assim como nos outros navegadores, é possível
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão definir uma página inicial padrão, uma página inicial
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar
o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma a navegação das guias abertas na última sessão.
série de itens semelhantes ao Google Chrome. No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS- permite copiar para a Área de Transferência do com-
creen, permite o bloqueio de sites que contenham putador, parte da imagem da janela que está sendo
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário
usuário, como páginas que pedem login/senha do car- poderá colar a imagem capturada ou salvar direta-
mente pelo navegador.
tão de crédito).
Outro recurso de proteção é usado para combater Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles ofe-
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que recem pequenas dicas para que você possa aproveitar
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar- ao máximo o Firefox. Também pode aparecer novidades
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. sobre produtos Firefox, missão e ativismo da Mozilla,
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o notícias sobre integridade da internet e muito mais.
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- Google Chrome
nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
Mantém as características dos outros navegado- O navegador mais utilizado pelos usuários da
res de Internet, como a possibilidade de instalação de Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
extensões ou complementos, também chamados de como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos muitos outros.
específicos para a navegação em determinados sites. Uma das pequenas diferenças do navegador em
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas
F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
como PDF no dispositivo do usuário.
pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo
para permitir que a navegação inicie em um dispositi- você acessar pelo Google Chrome.
vo e continue em outro dispositivo logado na mesma Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
sugestões do Pinterest. não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
Outro recurso específico do navegador é a repro- poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). do site de buscas, como a tradução automática de
páginas pelo Google Tradutor.
Internet Explorer É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
INFORMÁTICA

e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o


questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi- usuário conecta ou não em sua conta Google.
mento de substitutos para os programas, que deter-
mina que a nova versão ou novo produto, terá os z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
recursos e irá operar como as versões anteriores ou gle, o navegador armazena localmente as informa-
produtos de origem. ções da navegação para o perfil atual do sistema
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. consultar as informações armazenadas; 411
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Modo Normal conectado na conta Google: o z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos
navegador armazena localmente as informações arquivos acessados durante a navegação;
da navegação e sincroniza com outros dispositivos z Pop-up: janela exibida durante a navegação para
conectados na mesma conta Google; funcionalidades adicionais ou propaganda;
z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet, mas z Atualizar página: acessar as informações armaze-
não acessa as informações da conta Google registrada; nadas na cópia local (cache);
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces- z Recarregar página: acessar novamente as infor-
sa a Internet e apaga os dados acessados quando a mações no servidor, ignorando as informações
janela é fechada. armazenadas nos arquivos temporários;
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet
no formato PDF podem ser visualizados direta-
Importante! mente no navegador de Internet, sem a necessida-
de de programas adicionais.
A navegação anônima é um recurso que muitos
usuários utilizam para aumentar a sua privacida- Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores
de enquanto navega na Internet. Entretanto, ela de Internet
não te deixa anônimo. As informações acessa-
das serão registradas em dispositivos na rede e z Cookies: arquivos de texto transferidos do ser-
pelos servidores que foram acessados. vidor para o navegador, com informações sobre
as preferências do usuário. Eles não são vírus de
computador, pois códigos maliciosos não podem
O navegador Google Chrome, quando conectado infectar arquivos de texto sem formatação;
em uma conta Google, permite que a exclusão do his- z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS,
tórico de navegação seja realizada em todos os dis- o navegador receberá atualizações para a página
positivos conectados. Esta funcionalidade não estará assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre
disponível, caso não esteja conectado na conta Google. sites para troca de conteúdo;
Como já dito, um dos atalhos de teclado diferente z Certificado digital: os navegadores podem utilizar
no Google Chrome em comparação aos demais nave- chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja,
gadores é F6. Para acessar a barra de endereços nos aceitam certificados digitais para validação de cone-
outros navegadores, pressione F4. No Google Chrome xões e transferências com criptografia e segurança;
o atalho de teclado é F6. z Corretor ortográfico: permite a correção dos
Para verificar a versão atualmente instalada do textos digitados em campos de formulários, a par-
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois tir de dicionários on-line disponibilizados pelos
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen- desenvolvedores dos navegadores.
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. Atalhos de Teclado
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
z Para acessar a barra de endereços do navegador,
com as mesmas credenciais de login.
pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6;
O Google Chrome permite a personalização com
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N;
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. z Para abrir uma nova janela anônima no Microsoft
Edge ou Google Chrome, pressione Ctrl+Shift+N. No
Internet Explorer e Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P;
Conceitos e Funções Válidas para Todos os
z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4;
Navegadores
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T;
z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W;
z Modo normal de navegação: as informações
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+
serão registradas e mantidas pelo navegador. His-
Shift+T;
tórico de Navegação, Cookies, Arquivos Temporá-
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar
rios, Formulários, Favoritos e Downloads;
Ctrl + = (igual);
z Modo de navegação anônima: as informações
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar
de navegação serão apagadas quando a janela for
fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão Ctrl + - (menos);
mantidos; z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero);
z Dados de formulários: informações preenchidas z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+Home;
em campos de formulários nos sites de Internet; z Para visualizar os downloads em andamento ou
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário concluídos – Ctrl+J;
para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá- z Localizar um texto no conteúdo textual da página
rio poderão ser exportados do navegador atual e – Ctrl+F;
importados em outro navegador de Internet; z Atualizar a página – F5;
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor z Recarregar a página – Ctrl+F5.
remoto para o computador local. Os gerenciadores
de downloads permitem pausar uma transferência Nos navegadores de Internet, os links poderão ser
ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja abertos de 4 formas diferentes.
mais disponível;
z Uploads: arquivos enviados do computador local z clique - abre o link na guia atual;
para um servidor remoto; z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia;
z Histórico de navegação: são os endereços URL z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela;
acessados pelo navegador em modo normal de z clique + ALT - faz download do arquivo indicado
412 navegação; pelo link.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CONCEITOS DE URL na Internet está padronizado, vamos ver as partes de
um endereço URL ‘completão’.
Na Internet, as informações (dados) são arma-
Confira:
zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
servidores são computadores, que utilizam pastas ou
diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao esquema://domínio:porta/caminho/recurso?-
acessarmos uma informação na Internet, estamos querystring#fragmento
acessando um arquivo. Mas como é a identificação
deste arquivo? Como acessamos estas informações? Onde “esquema” é o protocolo que será usado na
Por meio de um endereço URL. transferência.
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que
define o endereço de um recurso na rede. Na sua tra-
z “domínio” é o nome da máquina, o nome do site;
dução literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e
possui a seguinte sintaxe: z “:” e “porta”, indicam qual, entre as 65536 portas
TCP, serão usadas na transferência.
protocolo://máquina/caminho/recurso z “caminho” indica as pastas no servidor, que é um
computador com muitos arquivos em pastas;
z “protocolo” é a especificação do padrão de comu- z “recurso” é o nome do arquivo que está sendo
nicação que será usado na transferência de dados. acessado;
Poderá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – z “?” é para transferir um parâmetro de pesquisa,
protocolo de transferência de hipertexto), ou https
usado especialmente em sites seguros;
(Hyper Text Transfer Protocol Secure – protocolo
seguro de transferência de hipertexto), ou ftp (File z “#” é para especificar qual é a localização da infor-
Transfer Protocol – protocolo de transferência de mação dentro do recurso acessado (marcas).
arquivos), entre outros;
z “://” faz parte do endereço URL para identificar Exemplo:
que é um endereço na rede e não um endereço
local como “/” no Linux ou “:\” no Windows; https://outlook.live.com:5012/owa/hotmail?path=/mail/
z “máquina” é o nome do servidor que armazena a inbox#open
informação que desejamos acessar;
esquema: https://
z “caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui-
vo está armazenado; domínio: outlook.live.com
z “recurso” é o nome do arquivo que desejamos porta: 5012
acessar.
caminho: /owa/

Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas recurso: hotmail


características. querystring: path=/mail/inbox
fragmento: open
ENDEREÇO URL
CARACTERÍSTICAS
FICTÍCIO
Quando o usuário digita um endereço URL no seu
Usando o protocolo http, aces- navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
saremos o servidor abc, que é servidor de nomes de domínios) será contactado para
comercial (.com), no Brasil (.br).
traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
Acessaremos a divisão multimí-
mação será localizada e transferida para o navegador
http://www.abc. dia (www) com arquivos textuais,
com.br/ vídeos, áudios e imagens. O re- que solicitou o recurso.
curso acessado é o index.html,
entendido automaticamente pelo
navegador, por não ter nenhuma
especificação de recurso no fim Servidor DNS
Usando o protocolo https, aces-
saremos o servidor abc, que é
Internet
https://mail.abc. comercial (.com) e pode estar Endereço URL
Usuário
com/caixa s/ registrado nos Estados Unidos.
inbox/ Acessaremos o diretório caixas,
Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas
subdiretório inbox. Acessaremos
os dados são armazenados em servidores web com números de
o serviço mail no servidor
IP. O servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a
Usando o protocolo de transferên- navegação na Internet.
cia de arquivos ftp, acessaremos
INFORMÁTICA

ftp://ftp.abc.g o servidor ftp da instituição go-


ov.br/edital.pdf vernamental (gov) brasileira (br)
Dica
chamada abc, que disponibiliza o Os endereços URLs apontam para recursos na
recurso edital.pdf rede, que na verdade são arquivos. Os servidores
são computadores e todos os dados armazena-
Outra forma de analisar um endereço URL é na sua
sintaxe expandida. Quando navegamos em sites na dos neles são arquivos. As pastas são identifica-
Internet, nos deparamos com aquelas combinações de das no endereço URL como o caminho, dentro da
símbolos que não parecem legíveis. Mas, como tudo árvore de diretórios do servidor. 413
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
LINKS „ As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
suem comandos adicionais (scripts) que com-
Transferência de Informação e Arquivos plementam a exibição de conteúdo específico;
Cada sistema operacional tem o seu sistema de „ Utiliza criptografia, acionando camadas adicio-
arquivos, para endereçamento das informações arma- nais como SSL e TLS na conexão;
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente,
não é possível a comunicação ou leitura destes dados. HTTP - Hyper Text Transfer Protocol Secure - protocolo seguro de transferência de
hipertextos - Porta TCP 443
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar
o envio e recebimento das informações entre disposi-
tivos conectados em rede, através dos protocolos de HTTPS - request (requisição)
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni-
Cliente WEB
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos HTTPS - certificado digital
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe- Identidade confirmada
rência de dados.
Servidor WEB
Alguns dos principais protocolos de transferência
de arquivos são: HTTPS - response (resposta)

z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo „ O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
de transferência de hipertextos; vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure: e Intranet, como em Transferência de dados e
protocolo seguro de transferência de hipertextos; arquivos, como em Segurança da Informação.
z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de trans-
ferência de arquivos; z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de trans-
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol: protoco- ferência de arquivos:
lo simples de transferência de e-mail;
„ Opera com duas portas TCP, uma para dados
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- (20) e outra para comandos (21);
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que
„ Transfere qualquer tipo de informação;
envolvem as redes de computadores. Mensagens de
erros, problemas de conexão, instabilidades e proble- „ Pode transferir em modo byte a byte (arquivos
mas de segurança da informação se tornam mais claros de textos) ou bit a bit (arquivos executáveis);
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento. „ Os navegadores de Internet possuem suporte
para acesso aos servidores FTP;
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo
„ O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
de transferência de hipertextos:
ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma
mais rápida que nos navegadores de Internet;
„ Opera pela porta TCP 80;
„ Pode utilizar criptografia;
„ Transfere arquivos HTML (Hyper Text Mar-
kup Language – linguagem de marcação de „ O modo anônimo caiu em desuso, e poucos ser-
hipertextos); vidores FTP ainda aceitam conexão anônima.
„ Protocolo mais utilizado para navegação, tanto FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
na Internet como na Intranet; Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)

„ As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo FTP – Comando OPEN (iniciar
navegador de Internet, que exibe o conteúdo; transferência)

„ Arquivos HTML podem ser produzidos em edi-


FTP – Comando PUT (para upload,
tores de textos sem formatação (como o Bloco adicionar arquivos)
de Notas) ou em editores de textos completos
(como o Microsoft Word). FTP – Comando GET (para download,
baixar arquivos)
Servidor
HTTP - Hyper Text Transfer Protocol - protocolo de transferência de Cliente
FTP – dados transferidos para a Web
hipertextos — Porta TCP 80 Web
solicitação GET

HTTP - request (requisição) FTP – comando CLOSE


(finalizar transferência)

HTTP - response (resposta)


Cliente WEB
Servidor WEB
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol: protocolo
simples de transferência de e-mail:
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure:
protocolo seguro de transferência de hipertextos:
„ Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou
2525;
„ Opera pela porta TCP 443;
„ A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é blo-
„ Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML queada pela maioria dos servidores, para evi-
etc.; tar spam;
„ Protocolo mais utilizado para navegação segu- „ A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS
414 ra, tanto na Internet como na Intranet; (camada adicional de segurança);
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
„ A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP z Google Chrome: Nova janela anônima (Ctrl+Shift+N)
sobre SSL), mas foi reatribuída e depreciada;
„ A porta 2525 não é uma porta oficial, mas mui-
to usada por provedores para substituir a porta
587, quando ela estiver bloqueada; Nova guia Ctrl+T
Nova janela Ctrl+N
„ Transfere a mensagem de e-mail do cliente Nova janela anônima Ctrl+Shift+N
para o servidor, e de um servidor para outro
servidor.
z Microsoft Edge: Nova janela InPrivate (Ctrl+Shift+N)
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência
Simples de E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525

SMTP – enviar SMTP – enviar


e-mail e-mail

Cliente
E-mail Servidor Servidor
E-mail E-mail

Dica
O protocolo https é o mais questionado em pro-
vas de concursos públicos. Implementa seguran- Cada informação acessada será copiada para o
ça na conexão, possibilitando a troca de dados computador local, e então exibida rapidamente em
caso de navegação entre páginas (Voltar ou Próximo),
segura entre o cliente e o servidor.
por meio das ferramentas de navegação de páginas do
navegador (ou teclas Alt+seta à esquerda para Voltar e
SITES
Alt+seta à direita para Próximo).
Os sites, como observado, são localizações na rede. Ao pressionar F5, o navegador recarrega a página
Um site pode armazenar um conjunto de domínios armazenada localmente e exibe novamente na janela
ou pastas ou arquivos. A primeira página de um site do navegador. Os itens diferentes serão confirmados
é o seu índice (index.html, index.php, home.asp etc.). na sequência.
e a partir dela poderemos acessar as outras informa- Ao pressionar Ctrl+F5, toda a página é recarregada
ções armazenadas. na origem, ignorando a cópia local.
Todos os dados acessados em modo “normal” de
É possível acessar diretamente uma informação,
navegação serão copiados para o computador. Aces-
digitando o seu endereço na Barra de Endereços.
sando a pasta de arquivos temporários, é possível
Os recursos de sites acessados pelo usuário serão
recuperar algum arquivo que foi acessado recente-
armazenados em uma lista, no computador local,
mente e não está disponível no site de origem (como
chamada Histórico. Podemos excluir todo o histórico
vídeos, por exemplo).
através das opções de Internet existentes no menu/
Os arquivos temporários aceitam o sinal de inter-
função Ferramentas dos navegadores, ou evitar o seu
rogação no nome, porque na simbologia dos servi-
registro, utilizando o modo anônimo de navegação
dores, o sinal de interrogação indica que é um item
(Navegação InPrivate). temporário, que em breve será excluído.
Os nomes entre os navegadores mudam um pou-
co, mas o princípio de funcionamento é semelhan- Favoritos
te. Outra diferença é o atalho de teclado associado.
Confira: São os links de páginas que o usuário adicionou
em seu bookmarks, dentro de seu navegador web. As
z Internet Explorer: Navegação InPrivate (Ctrl+Shift+P) informações de favoritos produzem arquivos LNK
(links, atalhos), armazenados na pasta Favoritos, do
Arquivo Editar Exibir FavoritosFerramentas Ajuda computador local, do usuário.
Excluir Histórico de Navegação Ctrl+Shift+Del
Navegação InPrivate Ctrl+Shift+P Os itens existentes em Favoritos não estão disponí-
veis em modo off-line, somente quando conectados à
Internet, sujeito à disponibilidade do recurso no servi-
z Mozilla Firefox: Nova janela privativa (Ctrl+Shift+P) dor. Páginas dinâmicas (como o Mural de Recados do
Facebook), não serão adicionadas corretamente aos
INFORMÁTICA

Favoritos gerando erro no acesso.


No menu Ferramentas, Opções de Internet, guia
Geral, Excluir Histórico de Navegação, o navegador
sugere manter os dados relacionados aos sites Favori-
tos, como cookies e arquivos temporários da Internet
que estejam associados, agilizando a navegação do
usuário nos sites
Para adicionar a página atual, teclar CTRL+D. Para
verificar os itens existentes, teclar CTRL+B. 415
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Histórico de Navegação Os sites de pesquisas incorporam recursos para ope-
rações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
Os recursos de sites acessados pelo usuário serão
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line,
armazenados em uma lista, no computador local, cha-
mada Histórico. Podemos excluir todo o histórico atra- efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idio-
vés das opções de Internet existentes no menu/função ma para outro, entre inúmeras funcionalidades. Além
Ferramentas dos navegadores, ou evitar o seu registro, do mais, eles também ignoram pontuação, acentuação e
utilizando o modo anônimo de navegação (incógnito). não diferenciam letras maiúsculas de letras minúsculas,
mesmo que sejam digitadas entre aspas.
z Internet Explorer: Navegação InPrivate E além de todas estas características, os sites de
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím-
Arquivo Editar Exibir FavoritosFerramentas Ajuda
Excluir Histórico de Navegação Ctrl+Shift+Del
bolos) para refinar os resultados e comandos para
Navegação InPrivate Ctrl+Shift+P selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con-
cursos públicos, estes são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais
z Mozilla Firefox: Janela privativa (via menu)
de concursos públicos, esta parte você consegue prati-
Arquivo Editar Exibir Histórico Favoritos Ferramentas Ajuda car, até no seu smartphone. Comece a usar os símbolos
Nova aba Ctrl+T e comandos nas suas pesquisas na Internet, e visuali-
Nova janela Ctrl+N
ze os resultados obtidos.
Nova janela privativa Ctrl+Shift+P

SÍMBOLO USO EXEMPLO


z Google Chrome: Janela anônima
Pesquisa exata, na
Aspas mesma ordem que
“Nova Concursos”
duplas forem digitados os
termos
Nova guia Ctrl+T
Menos ou Excluir termo da concursos
Nova janela Ctrl+N traço pesquisa –militares
Nova janela anônima Ctrl+Shift+N
concursos
Til (acento) Pesquisar sinônimos
~públicos
Cada informação acessada será copiada para o Substituir termos na
computador local, e então exibida rapidamente em pesquisa, para pes-
caso de navegação entre páginas (Voltar ou Próximo), quisar “inscrições en-
através das ferramentas de navegação de páginas do Asterisco cerradas”, e “inscri- inscrições *
navegador (ou teclas Alt+seta à esquerda para Voltar, ções abertas”, e “ins-
e Alt+seta à direita para Próximo). crições suspensas”
Todos os dados acessados em modo “normal” de etc
navegação serão copiados para o computador. Aces- Cifrão Pesquisar por preço celulares $1000
sando a pasta de arquivos temporários, é possível Intervalo de datas ou campeão
recuperar algum arquivo que foi acessado recente- Dois pontos
preço 1980..1990
mente e não está disponível no site de origem (como
vídeos, por exemplo). Pesquisar em redes Instagram
Arroba
sociais @novaconcursos
BUSCA Pesquisar nas marca-
Hashtags #informática
ções de postagens
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm
como finalidade apresentar os resultados de endere-
ços URLs com as informações solicitadas pelo usuário. COMANDO USO EXEMPLO
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Resultados de ape- livro site:www.uol.
Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes- site
nas um site com.br
quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê,
Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a Somente um tipo de apostila
filetype
acessibilidade das informações existentes na Internet, arquivo filetype:pdf
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis. Definição de um
Os sites de pesquisas foram incorporados aos define define:smtp
termo
navegadores de Internet, e na configuração dos bro-
wsers temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que intitle No título da página intitle:concursos
permite a busca dos termos digitados diretamente na No endereço URL da
inurl inurl:nova
barra de endereços do cliente web. Esta funcionalida- página
de transforma a nossa barra de endereços em uma Pesquisa o horário
omnibox (caixa de pesquisa inteligente), que preenche
time em determinado time:japan
com os termos pesquisados anteriormente e oferece
local
sugestões de termos para completar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como busca- related Sites relacionados related:uol.com.br
dor padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm Versão anterior do
o Google Buscas como buscador padrão. As configura- cache cache:uol.com.br
site
416 ções podem ser personalizadas pelo usuário.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
COMANDO USO EXEMPLO
Páginas que con-
link:
link tenham link para
novaconcursos
outras
Informações de um location:méxico
location
determinado local terremoto

Os comandos são seguidos de dois pontos e não pos-


suem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respos-
tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
rece mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO Configurar Página, do Internet Explorer


traduzir maçã
traduzir ... para.. Google Tradutor
para japonês A configuração da página do Internet Explorer
lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni- para impressão está dividida nas configurações para
ca:número telefone ca:99999-9999 Opções do papel, Margens, Cabeçalhos e Rodapé.
Possuem três partes (semelhante ao Microsoft Excel),
Cotação da bol- sendo esquerda, centro e direita. Em cada local é pos-
código da ação GOOG
sa de valores sível incluir uma informação (e personalizar a fonte
Previsão do utilizada).
clima localidade clima são paulo
tempo O Mozilla Firefox não possui uma tela própria para
impressão, e utiliza a mesma janela do sistema opera-
Status de um
código do voo ba247 cional instalado no computador.
voo (viagens)

Os resultados apresentados pelas pesquisas do


site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura
filtrar os resultados com conteúdo adulto, evitando
a sua exibição. Quando desativado, os resultados de
conteúdo adulto serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
escolha o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.
google.com, acesse o menu Configurações no can-
to inferior direito e escolha o item Configurações de
Pesquisa.

Importante!
As bancas costumam questionar funcionali-
dades do Microsoft Bing que são idênticas às
funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o Imprimir, do Mozilla Firefox
nome do navegador da Microsoft na questão, a
banca procura desestabilizar o candidato com a
dúvida acerca do recurso questionado.

IMPRESSÃO DE PÁGINAS

O navegador de Internet poderá imprimir a página


INFORMÁTICA

que está sendo acessada, se for possível (existem pági-


nas com restrições impostas por scripts Java).
No Internet Explorer, é possível escolher as opções
de configuração de página, disponíveis no menu
Arquivo, Configurar página (imagem a seguir).

417
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Janela de Impressão do Google Chrome

Caso seja selecionado o item “Gráficos de segun-


do plano”, as imagens e propagandas serão impres-
sas também. Caso seja selecionado “Apenas seleção”,
somente a região selecionada será impressa.
Opcionalmente é possível salvar a página como
PDF, muito útil para gravar as informações que seriam
impressas em um arquivo PDF no computador. O Skype for Business
arquivo PDF, formato do Adobe Acrobat, reproduz
exatamente o que seria impresso no papel. Com o Microsoft Teams, é possível realizar conver-
sas por chat, por áudio, por vídeo, compartilhar arqui-
vos e recursos, entre várias funcionalidades.
Importante!
Este é um dos recursos menos questionados. De
acordo com a impressora que o usuário possui,
alguns recursos adicionais poderão aparecer na
caixa de diálogo de impressão, acionada pelo ata-
lho de teclado Ctrl+P.

Componente do Microsoft 365 (Office 365) edições


MS TEAMS corporativas, o Microsoft Teams possui recursos para
conversação por texto (Chat), chamadas de áudio,
Os comunicadores instantâneos dos anos 90 e 2000
evoluíram. Certamente alguns usaram o ICQ nos anos chamadas de vídeo, videoconferências, organização
90 e outros usaram o MSN Messenger nos anos 2000. em equipes, armazenamento das gravações no Micro-
Substituindo o MSN Messenger, a Microsoft lan- soft Stream/SharePoint e arquivos no OneDrive, entre
çou o Skype (na verdade, comprou de outra empresa outros recursos.
desenvolvedora). Com ele, o usuário poderia realizar Voltado para o mercado corporativo e educacional,
conversas por chat e até ligações de áudio/videocon- assim como o Google Meet, teve suas funcionalidades
ferências entre os usuários do programa. Se com- liberadas por um período para todos os usuários,
prassem créditos de telefonia, poderia ligar para um devido à pandemia de COVID-19 no ano de 2020.
telefone fixo convencional. Atualmente (agosto/2021) existem duas versões
Para o mercado corporativo, a Microsoft desen- disponíveis. O Microsoft Teams para uso pessoal, dis-
volveu o software de comunicação Lync. O Lync, inte- ponível para qualquer pessoa que tenha uma conta
grante das versões corporativas do Office se tornou o Microsoft (Hotmail, Live, xBox), e a versão corporativa
Lync for Business. E o Skype virou Skype for Business, integrante do pacote Office 365 “empresarial”.
para pequenos negócios. Na versão pessoal, o OneDrive é usado para arma-
Nos últimos anos, com a redução do portifólio de
zenar arquivos compartilhados. Na versão empresa-
produtos, ela reuniu as funcionalidades do Skype for
rial o SharePoint é usado para compartilhar arquivos
Desktop, do Skype for Business e do Microsoft Lync for
com a equipe (dentro do domínio da empresa) e o
Business em uma nova ferramenta de colaboração.
OneDrive para compartilhar com usuários de fora da
equipe, na Internet. A versão gratuita não possui o
recurso Microsoft SharePoint, mas o usuário poderá
compartilhar arquivos pelo Microsoft OneDrive.
Com o Teams, você pode conversar por meio de
texto, realizar videoconferências (com webcam) e
trocar arquivos. Você pode utilizá-lo via navegador
de Internet ou instalar o app no smartphone e ter os
mesmos recursos de conversação e troca de arquivos.
Skype for Desktop Outras funcionalidades incluem:

z Editar arquivos com segurança ao mesmo tempo;


z Ver curtidas, @menções e respostas com apenas
um toque;
z Personalizá-lo adicionando anotações, sites e
aplicativos.
Lynk (for Business)

Se o colaborador não tem o Office 365 em seu com-


putador, poderá instalar a partir do e-mail corporati-
vo/educacional. Acesse o seu webmail (da instituição)
com o e-mail corporativo e senha. No canto superior
esquerdo, acesse Office 365. Faça o download e instala-
ção do Office 365. No primeiro acesso, informe o login
418 e senha do e-mail corporativo.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO DE GRUPOS

Com um grupo no Teams, a mensagem será enviada para todos os participantes e todos poderão interagir com
todos (semelhante a um grupo de WhatsApp).
Você poderá realizar o chat com apenas um outro colaborador ou criar um grupo com vários contatos para
realizar uma reunião por texto via Teams.
Para montar um grupo de conversa no Teams, siga os passos descritos a seguir.
Em chat, clique em novo chat

Adicione os participantes do grupo no campo disponível

Clique na seta no canto direito, e defina um nome para o seu grupo

Criar novo chat em grupo

Depois que o grupo estiver montado, você poderá adicionar participantes. Clique no canto superior direito e
adicione os novos participantes da conversa

Quando um novo participante é adicionado ao grupo, você poderá:

z Não incluir o histórico de chats (igual ao WhatsApp, a pessoa não saberá o que foi conversado antes de seu
ingresso no grupo);
z Incluir histórico do número de dias anteriores: define a quantidade de dias das conversas do grupo, que o
novo participante terá acesso;
z Incluir todo o histórico de chats (igual ao Telegram, quem for adicionado no grupo saberá tudo que foi conver-
sado desde o início).
INFORMÁTICA

419
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para excluir participantes do grupo, abra a lista e clique no “X” à frente do nome

Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar

Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)

z Inicie a conversa com o destinatário no Microsoft Teams;


z Caso não tenha realizado contato prévio, pesquise na parte superior pelo nome da pessoa no diretório de con-
tatos. Digite parte do nome e procure na lista suspensa;
z Clique no “clipe” de arquivo anexo e envie;
z Apenas arquivos poderão ser enviados;
420 z Os arquivos serão armazenados no espaço de armazenamento SharePoint/OneDrive.
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Para Enviar Arquivos para Outras Pessoas (Usando Microsoft OneDrive)

z Localize o arquivo ou pasta que deseja enviar;


z Clique com o botão direito e escolha Compartilhar (Share);
z Define se o item será somente leitura (apenas exibição) ou se o destinatário poderá alterar o arquivo (permitir
edição);
z Defina o destinatário (endereço de e-mail da instituição ou externo) e compartilhe.

Compartilhar

Novo Chat Recebido

Chamada de vídeo Perfil Chamada de áudio

Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat

Abrir em nova janela popup


INFORMÁTICA

421
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.

Chat Coletivo (Reunião no Teams)

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.

Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa

Participantes

Link do chat

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.

Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
422 (reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Chamadas de Áudio

Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.

Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.

As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.

Ativar vídeo (e fazer uma chamada de


áudio se tornar uma videoconferência)
Ativar mudo (Ctrl+Shift+m)

Mostrar conversa Mais ações

Chamadas de Vídeo

Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:

Mostrar participantes Vídeo ativo

Mostrar conversa Ativar mudo (Ctrl_Shift+m)


INFORMÁTICA

Tempo decorrido

Compartilhar conteúdo (Ctrl+Shift+E


Levantar a mão (Ctrl+Shift+k)
E outros emoticons
Mais opções

423
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Em “Mais opções” ou “Mais ações” iremos encontrar:

z Configurações de dispositivo: para ajustes de áudio e vídeo em seu hardware;


z Opções de reunião: operação do lobby e quem pode apresentar (aquelas definições realizadas na criação do
evento no Calendário – confira em detalhes no subitem Agendamento de reuniões e gravação);
z Informações sobre a reunião: link de ingresso;
z Galeria: para exibição da imagem no painel de visualização;
z Galeria grande: para exibição de muitas miniaturas de participantes;
z Modo conferência: para exibição do apresentador em tela;
z Foco: ocultar as “distrações” que seriam os controles e elementos da janela de reunião;
z Tela Inteira: exibição em tela inteira;
z Aplicar efeitos de tela de fundo: permite desfocar ou simular uma imagem no fundo da tela de transmissão.
Ideal para não distrair os demais participantes com elementos existentes em seu ambiente de transmissão.
Simula o uso de “chroma key” ou fundo verde;
z Desativar vídeo de entrada: a sua imagem não será mostrada na reunião, apenas o seu avatar de usuário (foto
ou ícone);
z Ativar legendas: quando habilitado, a inteligência artificial procura transcrever as falas dos participantes em
legendas. Disponível para alguns idiomas (julho/2021);
z Iniciar gravação: para gravar a transmissão e disponibilizar posteriormente no OneDrive ou SharePoint (veja
detalhes no item Agendamento de reuniões e gravação);
z Transcrição inicial: disponível para idioma em inglês (julho/2021);
z Não exibir balões do chat: quando alguém envia uma mensagem durante a transmissão, é exibido um balão do
chat caso não esteja com a conversa (de texto) aberta. Nesta opção, você desativa estas notificações;
z Teclado de discagem: quando disponível, é possível realizar chamadas telefônicas para números de telefones
fixos ou móveis.

Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.

TRABALHO EM EQUIPE: WORD, EXCEL, POWERPOINT, SHAREPOINT E ONENOTE

Os aplicativos do Microsoft Office 365 estão disponíveis no Microsoft Teams, para compartilhamento de con-
teúdo e funções adicionais.
Na conversa, seja chat ou reunião, acesse a guia Arquivos. Ao clicar no botão Novo (New), é possível criar
arquivos do Word (documento de texto), Excel (planilha de cálculos) ou PowerPoint (Apresentação de slides).
A edição será pelo Microsoft 365 (versão online) ou então pelo aplicativo Office correspondente da área de tra-
424 balho se o mesmo se encontrar instalado no dispositivo.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O carregamento do arquivo, se este se encontrar no PC, poderá ser feito por meio da opção Enviar (Upload).
Você pode arrastar e soltar os arquivos que estiverem sendo exibidos em uma janela do Explorador de Arquivos.
Arquivos vazios (tamanho 0 KB) não podem ser compartilhados.
“Obter link” pode ser utilizado para compartilhar o item com outros usuários: será criado um link de acesso ao
arquivo que será armazenado no OneDrive ou SharePoint.

Coeditando um Arquivo

Os arquivos que foram carregados no Microsoft Teams e compartilhados com a equipe, podem ser acessados
e editados simultaneamente.
Para fazer isso, basta abrir o arquivo e iniciar a edição, que as alterações serão mescladas. Cada usuário faz a
sua parte e o Microsoft Teams/Office se encarrega de manter todos atualizados.
Apenas pessoas da organização com o link de acesso, podem exibir e editar. Usuários externos podem apenas
visualizar. Ao compartilhar um documento, planilha ou apresentação, informe o endereço do e-mail do usuário,
uma mensagem (opcional) e envie. É possível apenas copiar o link do compartilhamento e enviar por outros
canais, como o chat do Teams ou conversa no WhatsApp.
Se o arquivo não ultrapassar 25MB de tamanho, poderá ser enviado como anexo por e-mail. Se for maior,
permanecerá no OneDrive e um link é enviado para o convidado. O convidado precisará usar a versão desktop do
Office instalada no seu computador para acessar o arquivo.

Digite uma nova mensagem

Novo(a) Documento do Microsoft Word.d...


Qualquer pessoa com o link pode editar
INFORMÁTICA

A coautoria só é suportada em formatos de arquivo modernos, incluindo: .docx (Word ), .pptx (PowerPoint ) e
.xlsx (Excel ).
Os aplicativos que aceitam a coautoria são o Word e PowerPoint em suas versões mais recentes (Office 2010
ou superior). O Microsoft Excel app móvel e a versão mais recente do Excel do Microsoft 365 também aceitam
coautoria. 425
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Microsoft PowerPoint, dentro do Microsoft Teams, compartilhado para coautoria com outros editores, apre-
senta controle de versões “avançado” em relação aos outros programas.

A apresentação é aberta pelo Microsoft Teams no navegador de Internet, podendo ser editada localmente

Após ter sido compartilhada com outros editores, via OneDrive ou SharePoint, eles poderão editar o conteúdo
da apresentação de slides.
Durante a edição, será mostrada na parte superior da Faixa de Opções do PowerPoint os avatares dos usuários
que estão editando a apresentação simultaneamente. Um balão colorido com o nome do usuário poderá acompa-
nhar o que cada um está fazendo nos slides da apresentação. Ative esta funcionalidade em Arquivo > Opções >
Avançado > Exibir > Mostrar sinalizadores de presença para itens selecionados.

Enquanto você estava ausente

Diogo fez alterações.

Como proprietário da apresentação compartilhada, você será notificado das alterações realizadas quando
você não estava online.
Se o controle de alterações estiver ativado, cada modificação será sinalizada para ser aprovada ou rejeitada
pelo dono do arquivo. Esse recurso funciona em documentos compartilhados armazenados no OneDrive e no
SharePoint.
O Histórico de Versões estará disponível para os itens, bastando clicar no nome do arquivo na barra de título
do aplicativo. E caso existam alterações conflitantes, que alteram a apresentação, ao Salvar, será oferecida a com-
426 paração entre elas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Microsoft SharePoint

O armazenamento de arquivos na nuvem por usuários “comuns” é realizado pelo Microsoft OneDrive. Nas
edições corporativas e estudantis, é pelo SharePoint (além do OneDrive).
Nas edições corporativas e estudantis, o OneDrive é usado para arquivos em geral que serão compartilhados
com outros usuários externos, e o SharePoint é usado para arquivos compartilhados com os membros da equipe
(que devem pertencer à mesma instituição). Ele não está disponível na edição Office 365 doméstica.
OneDrive é voltado para o compartilhamento de arquivos via Internet, enquanto o SharePoint é voltado para o
compartilhamento de arquivos via Intranet (e Internet). O SharePoint utiliza de tecnologia de nuvem híbrida, para
permitir este compartilhamento em todas as redes.

Recursos gerais disponíveis no SharePoint:

z Notícias: agrupamento de fontes de notícias em um painel (dashoboard) resumido. O administrador da empre-


sa pode escolher as fontes de notícias;
z Sites frequentes: sites visitados frequentemente;
z Sites sugeridos: sites semelhantes aos sites que já visitou;
z Sites seguidos: sites que o usuário acompanha atualizações (semelhante ao recurso RSS de sites na Internet);
z Sites salvos para posterior: sites guardados para leitura posterior;
z Links em destaque: sites que a empresa quer destacar e avisar os colaboradores.
INFORMÁTICA

427
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A Biblioteca de Documentos é o local de armazenamento de arquivos do SharePoint, que poderá ser acessada
por outros usuários da instituição.
Compartilhar um documento é gerar um link para acesso de outros usuários aos recursos armazenados. O
SharePoint compartilha apenas com usuários da mesma instituição.
Sincronizar arquivos com o computador é possível. Os dados armazenados no SharePoint estão em servidores da
Microsoft, em nuvens híbridas distribuídas em toda a Internet. O usuário poderá manter uma cópia de todos os seus
arquivos em seu disco rígido local. Ele deverá instalar o OneDrive e configurar com o login e senha que usa na instituição.
Enquanto a versão doméstica do Office 365 oferece o Microsoft Sway para a criação de sites, nas versões corpo-
rativas a criação de sites é realizada pelo SharePoint. O site poderá ser compartilhado com outros usuários da ins-
tituição e com usuários externos, desde que as permissões de acesso da assinatura Office da empresa permitam.
As páginas web desenvolvidas com o SharePoint utilizam o conceito de Web Parts, para que sejam sites respon-
sivos. Um site responsivo é aquele que se adapta às diferentes telas. As Web Parts modernas são projetadas para
serem mais fáceis de usar, serem mais rápidas e ter uma ótima aparência. Com web parts modernas, não é neces-
sário empregar nenhum código. É importante observar que, por motivos de segurança, as Web Parts modernas
não permitem a inserção de código como JScript.
Todas as informações armazenadas no SharePoint poderão ser editadas, compartilhadas e acompanhadas.
Acompanhar significa que as alterações ou atualizações do arquivo serão notificadas para quem pediu o acompanha-
mento. E também é possível definir Alertas, que são notificações sobre alterações e exclusões específicas em um item.
Você pode especificar se pretende receber os alertas por e-mail ou por mensagem de texto, e com que frequência.

Microsoft OneNote

Bloco de anotações de Fernando Nishimura


Atualizações Teams
Anotações Rápidas Atualizações domingo, 1 de agosto de 2021 14:38

Financeira TJSP pós-edital


Atualizar material TJSP
Manutenção Banco do Brasil

Infraestrutura Aula Teams QUI 19h

Adicionar seção Adicionar página


428
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Microsoft OneNote é um sistema de compartilhamento de mensagens (páginas) do usuário, que são anota-
ções com textos formatados. São lembretes, que via Microsoft Teams poderão ser compartilhados com a equipe
para a realização de tarefas sincronizadas.
Nos lembretes podemos adicionar:

z Marcas: sinalizadores que definem o tipo de anotação realizada, como Tarefa, Contato, Crítico, Ideia, Senha etc.;
z Feed: histórico de anotações realizadas no OneNote;
z Nova página: nova anotação;
z Nova seção: nova seção, ou divisão, ou grupo, para separação das anotações;
z Inserir Impressão do Arquivo: adicionar na nota um arquivo PDF ou documento de impressora;
z Áudio: adicionar áudio na anotação;
z Matemática: desenho de fórmulas matemáticas na tela, que poderão ser convertidas em fórmulas como se
tivessem sido digitadas;
z Cor da página: cor da anotação;
z Mostrar autores: visualizar os autores das anotações que aparecem em seu Bloco de Anotações.

O arquivo do OneNote é um “Bloco de Anotações”, as divisões do arquivo são as “Seções” e o conteúdo ou ano-
tações são as “Páginas”.
As páginas com anotações são gravadas na conta Microsoft (OneDrive) e compartilhada com os dispositivos
que estão com o aplicativo OneNote e a mesma conta de acesso.
Os demais recursos são semelhantes aos encontrados no Word, Excel e PowerPoint.

AGENDAMENTO DE REUNIÕES E GRAVAÇÃO

A reunião pode ser definida como uma comunicação entre duas ou mais pessoas (participantes), com textos,
vídeo, áudio, arquivos e compartilhamentos de tela.
Uma reunião poderá ser realizada imediatamente ou agendada no Calendário. Ao acessar o item Calendário,
no lado esquerdo da tela do Teams, clique no botão correspondente na barra de ferramentas.

Para realizar o agendamento, basta localizar a data e horário no Calendário e seguir o passo a passo para adi-
cionar um evento. Ou clicar no botão “Nova reunião” e preencher as informações essenciais.

INFORMÁTICA

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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Preencha os campos solicitados, e ao clicar em “Salvar”, você terá o link de acesso para ser compartilhado com
os participantes.

A repetição do evento poderá ser “Não se repete” (evento único), “Todos os dias de semana (Segundo a Sexta)”,
Diariamente, Semanalmente, Mensalmente, Anualmente ou Personalizada. Em “Personalizada” é possível definir
o início, a frequência (por exemplo, a cada 10 dias) e a data de encerramento da repetição.
A mensagem para os participantes da reunião é uma composição semelhante ao e-mail do Microsoft Outlook,
com formatação, links, tabelas, imagens etc. Reunião criada, link disponível.
Agora o usuário poderá copiar o link e enviar por e-mail ou chat (até no WhatsApp, Facebook Messenger etc.)
para os participantes, ou ainda adicionar no Google Agenda. Quem tem smartphone Android ou usa o Google Agen-
da no iOS, poderá adicionar o evento em seu calendário por meio das opções personalizáveis do Google Agenda.

430 Nas opções da reunião, é possível definir as suas configurações.


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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
“Quem pode ignorar o lobby? Somente eu / Todos.” O que isto significa? O lobby é a sala de espera para a reu-
nião. As configurações do lobby poderão ser ajustadas durante a transmissão, acessando “Mais ações” > “Opções
de reunião”.
A reunião via Microsoft Teams, assim como nos demais aplicativos de videoconferência, estão suscetíveis à
ataques do tipo zoombombing, situação que envolve a invasão de pessoas alheias à organização com a intenção
de atrapalhar, distrair ou até mesmo coisas mais graves durante a reunião.
Quando definido como “Somente eu”, apenas o criador da reunião ingressa diretamente na reunião. Os demais
participantes aguardam o ingresso na reunião, que precisará ser autorizado pelo criador do evento. O nome de
identificação do ingressante (e sua foto) será exibido para o anfitrião, que poderá permitir ou negar a participação
na reunião. Esta opção permite o controle total de todos os ingressantes na reunião, evitando o chamado zoom-
bombing, que foi o termo definido para nomear as invasões às transmissões do aplicativo Zoom. Em meados de
2020, os aplicativos de videoconferências começaram a implementar controles como o “lobby”, para minimizar
os ataques virtuais às transmissões online. Quando definido como “Todos”, significa que qualquer usuário com o
link de acesso terá ingresso imediato na reunião.
“Quem pode apresentar?” é outra opção de controle da configuração da reunião. Quando definido como
“Todos”, qualquer um dos participantes poderá interagir e até assumir a apresentação da reunião, comparti-
lhando arquivos, fotos e telas dos seus programas. Se definido como “Somente eu”, apenas o anfitrião terá este
controle.
As configurações da reunião poderão ser editadas depois que foram criadas. Localize ela no Calendário, clique
no link e escolha Editar. O link da reunião será mostrado após o clique, permitindo copiar para a Área de Trans-
ferência e enviar para usuários por e-mail ou redes sociais.

INFORMÁTICA

, 431
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Ingressando em uma Reunião (pelo Teams)

Ao acessar o Teams e localizar o chat da reunião, o participante poderá ingressar pelo botão “Ingressar agora”.
Na tela inicial, os ajustes preliminares serão apresentados.
É possível ingressar na reunião com a imagem da câmera, ou câmera desligada. É possível também ingressar
na reunião com o áudio do microfone, ou mutado (sem áudio). Em ambos, as Configurações permitem ajustes dos
dispositivos conectados.
O link da reunião será enviado por e-mail para o endereço de correio eletrônico do participante. O participante
pode ingressar na reunião por meio do aplicativo (na área de chat, do lado esquerdo), ou pela tela do navegador
de Internet, ou ainda pelo link de acesso contido na mensagem de e-mail do convite.
Na mensagem também são adicionados links de acesso por e-mail e ID da conferência de VTC (Virtual Teams
Conference). São usados em conexões por telefone convencional, especialmente entre operadoras de telefonia nos
Estados Unidos.

Gravação da Reunião

O organizador (anfitrião) da reunião pode iniciar e parar uma gravação. Outros usuários que pertencem à
mesma organização do anfitrião também poderão iniciar a gravação, que continua mesmo que a pessoa que ini-
ciou a gravação tenha saído da reunião. Os participantes serão informados que a gravação está sendo realizada e
ela para automaticamente quando todos saem da reunião.
Pessoas de fora da organização, convidados e anônimos não podem iniciar ou parar uma gravação de reunião.
Para iniciar a gravação, acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Iniciar gravação e transcrição” e para
finalizar acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Parar gravação e transcrição”.
Se uma pessoa começar a gravar uma reunião, essa gravação será armazenada na nuvem e estará disponível
para todos os participantes no OneDrive. A gravação não expira, ou seja, não é apagada automaticamente após
um período de tempo, por exemplo.
No começo, eram armazenadas no Microsoft Stream. O motivo da mudança para o OneDrive ou SharePoint
se deu foi por conta do processamento lento do Stream, tornando a gravação disponível apenas depois de certo
tempo, o que não ocorre nos dois aplicativos mais modernos. Vale notar que apenas o proprietário da gravação
pode deletá-la.
No OneDrive, a gravação poderá ser compartilhada com qualquer usuário, mediante link de acesso e permis-
sões. No SharePoint, a gravação poderá ser acessada diretamente por qualquer usuário da organização que tenha
o link de acesso ou participou da reunião.
O que determina o local da gravação da reunião? Se a reunião foi realizada por um canal (entre membros da
instituição), ela estará salva no SharePoint. Se for uma simples reunião, ela será armazenada no OneDrive.
A gravação da reunião poderá ser acessada nas guias da reunião, exibidas na parte superior da janela, que
contém o chat de conversas, Arquivos, Detalhes, Anotações, Quadros de Avisos, e Gravações.

Teclas de Atalhos

No aplicativo Desktop instalado no computador e no acesso por meio do navegador de Internet, alguns atalhos
432 de teclado poderão ser usados durante a operação do Microsoft Teams.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Confira as principais (todas as teclas de atalhos estão disponíveis na página da Microsoft):

AÇÃO DESEJADA APLICATIVO DESKTOP ACESSO VIA NAVEGADOR


Iniciar uma nova conversa (quando no
Ctrl+N Alt + N
Calendário)
Ajuda F1 Ctrl+F1
Abrir histórico Ctrl+Shift+H -
Anexar arquivo Ctrl+O Ctrl+Shift+O
Aceitar chamada de vídeo Ctrl+Shift+A Ctrl+Shift+A
Aceitar chamada de áudio Ctrl+Shift+S Ctrl+Shift+S
Recusar uma chamada Ctrl+Shift+D Ctrl+Shift+D
Iniciar chamada de áudio Ctrl+Shift+C Ctrl+Shift+C
Iniciar videochamada Ctrl+Shift+U Ctrl+Shift+U
Terminar chamada de áudio Ctrl+Shift+B Ctrl+Shift+B
Terminar chamada de vídeo Ctrl+Shift+B Ctrl+Shift+B
Alternar mudo Ctrl+Shift+M Ctrl+Shift+M
Compartilhar conteúdo (tela) Ctrl+Shift+E -
Anunciar mão levantada (pedir
Ctrl+Shift+L Ctrl+Shift+L
atenção)
Levantar ou baixar a mão Ctrl+Shift+K Ctrl+Shift+K
Aceitar compartilhar a sua tela Ctrl+Shift+A (dentro da chamada de vídeo) -
Recusar compartilhar sua tela Ctrl+Shift+D (dentro da chamada de vídeo) -
Acessar o lobby Ctrl+Shift+Y -
Desfoque de fundo Ctrl+Shift+P -
Agendar reunião Alt+Shift+N (no Calendário) Alt+Shift+N (no Calendário)

No item “Configurações e muito mais”, localizado no canto superior da barra de títulos do Microsoft Teams,
você poderá ver os atalhos de teclado na tela do aplicativo, para consulta rápida.

Configurações

Zoom (100%)

Atalhos do teclado
Sobre
Verificar atualizações
Baixar o aplicativo móvel

Importante!
O Microsoft Teams é um tema novo em concursos públicos e também é um recurso extremamente prático
INFORMÁTICA

semelhante ao WhatsApp, em que muitas pessoas aprendem usando. Portanto, fica a sugestão: instale e use
um pouco o Microsoft Teams para se familiarizar com o aplicativo.

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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A sincronização referencial (arquivos sob deman-
ONEDRIVE da) mantém o item online (50 MB na nuvem) e apenas
um link armazenado localmente. Quando o link é acio-
ARMAZENAMENTO E COMPARTILHAMENTO DE nado, o arquivo será transferido e exibido localmente.
ARQUIVOS Para saber qual item está online e/ou local, basta
olhar para o ícone do item.
O Microsoft One Drive é o serviço de armazena-
mento de dados na nuvem da Microsoft e a unificação
dos serviços SkyDrive, Windows Live Folder e Windo-
ws Live SkyDrive.
O usuário que possui uma conta Microsoft, pessoal
ou corporativa, gratuita ou paga, poderá usar o espa-
ço de armazenamento de dados online para gravar
arquivos e pastas, compartilhar o acesso, permitir a
edição, colaboração e exclusão de itens. Fonte: Nishimura, 2022.
O Microsoft OneDrive é um serviço associado ao
Windows 10 e Windows 11, ou seja, serão armazena- z Pasta de Trabalho.xlsx: está armazenado local-
das localmente em uma pasta de arquivos as cópias mente e sincronizado com a nuvem;
dos itens que estiverem armazenados na nuvem. z Apresentação1.pptx: está armazenado apenas na
Ao adquirir uma licença de uso do Microsoft 365 nuvem;
(Office 365), um espaço de armazenamento no Micro- z Documento.docx: está armazenado localmente,
soft OneDrive será disponibilizado para a conta. O sincronizado com a nuvem e compartilhado com
espaço de armazenamento varia de acordo com cada outros usuários;
configuração do usuário. Confira na tabela a seguir. z Simulado.pdf: está armazenado apenas na nuvem
e compartilhado com outros usuários.
ESPAÇO OBSERVAÇÃO
Entre suas vantagens, temos:
Promocional:
Conta pessoal
100 GB por dois z Acesso em praticamente qualquer lugar. Basta
gratuita
5 GB anos usar um dispositivo com acesso à Internet;
OneDrive Basic
OneDrive Stan- z Fazer backup e proteger. Sincronização das fotos
5 GB
dalone 100GB da câmera do smartphone e itens armazenados
nas pastas monitoradas pelo aplicativo OneDrive;
Conta corporativa z Compartilhamento e colaboração. Compartilhar
Até 1 TB –
(Microsoft 365) itens para visualização, revisão ou edição, com
Para cada conta controle total ou modo visitante, com senha de
Conta assinada acesso ou data de expiração do compartilhamento.
(Microsoft 365
(Microsoft 365 Até 1 TB
Family), totali-
Personal)
zando 6 TB Dica
O aplicativo local do OneDrive no Windows pode
armazenar o item ou somente um atalho para o
Importante! item na nuvem, que será transferido por deman-
Para usar o Microsoft OneDrive, você não precisa da quando executado.
ter uma conta Microsoft. Você poderá associar
uma conta pessoal ou corporativa Microsoft, Compartilhamento
além de contas de outros domínios (como o
Gmail) e acessar o OneDrive sem login, através
de links compartilhados publicamente.

Ademais, o Microsoft Drive é usado para backup


(cópia de segurança dos dados do usuário) dos arqui-
vos armazenados na pasta local e outras pastas como
a Área de Trabalho, Imagens e Documentos.
Os itens armazenados online poderão ser sin-
cronizados entre os vários dispositivos conectados
na mesma conta, possibilitando manter os arquivos
atualizados com as últimas alterações efetuadas. A
sincronização de itens poderá ser realizada de forma
completa (cópia do arquivo) ou apenas referencial
(links para os arquivos online).
A sincronização completa demandará espaço de
armazenamento. Se o arquivo em 50 MB, ele ocupará
50 MB na nuvem e 50 MB em seu dispositivo. Fonte: Nishimura, 2022.

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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ao selecionar o item “Compartilhar”, o usuário Nas edições corporativas e estudantis, é pelo Share-
tem acesso a um diálogo a partir do qual poderá defi- Point (além do OneDrive).
nir como será o compartilhamento combinando as Nas edições corporativas e estudantis, o OneDrive
opções. Observe a imagem abaixo. é usado para arquivos em geral, que serão comparti-
lhados com outros usuários externos, e o SharePoint
z Qualquer pessoa com o link pode editar (fazer é usado para arquivos compartilhados com os mem-
alterações): os usuários que acessam o link edi- bros da equipe (que devem pertencer à mesma insti-
tam o documento online; tuição). Ele não está disponível para edição Office 365
z Qualquer pessoa com o link pode exibir (não é doméstica.
possível fazer alterações): os usuários que aces- O OneDrive é voltado para o compartilhamento de
sam o link apenas visualizam o documento onli- arquivos via Internet, enquanto o SharePoint é vol-
ne, sendo possível transferir uma cópia para o seu tado para o compartilhamento de arquivos via Intra-
dispositivo; net (e Internet). O SharePoint utiliza de tecnologia de
nuvem híbrida, para permitir este compartilhamento
em todas as redes.
Observe a imagem abaixo.

Organização Pública
Híbrida
Privada
Organização X

Organização Y Comunitária

Organização Z

Fonte: Nishimura, 2022.

Recursos gerais disponíveis no SharePoint:

z Notícias: agrupamento de fontes de notícias em


um painel (dashboard) resumido. O administrador
da empresa pode escolher as fontes de notícias;
z Sites frequentes: sites visitados frequentemente;
z Sites sugeridos: sites semelhantes aos sites que já
Fonte: Nishimura, 2022. visitou;
z Sites seguidos: sites que o usuário acompanha
z Qualquer pessoa com o link: compartilhamento atualizações (semelhante ao recurso RSS de sites
público, qualquer pessoa poderá visualizar ou edi- na Internet);
tar o seu item online; z Sites salvos para posterior: sites guardados para
z Especificar pessoas: informar os endereços de leitura posterior;
e-mail ou grupos de usuários que poderão acessar z Links em destaque: sites que a empresa quer des-
o item online; tacar e avisar os colaboradores;
z DD/MM/YYYY: selecionar o dia, mês e ano que o
link deixa de funcionar (expirar);
z Definir senha: definir uma senha para acessar o
item compartilhado online, independentemente
de outras senhas que possam estar sendo usadas
para o item, como senhas de leitura e gravação dos
arquivos do Microsoft Office.

Importante!
O link compartilhado tem um endereço encurta-
do como um aliases (apelido). O usuário convi-
dado a acessar o item receberá um link do tipo
https://1drv.ms em referência ao serviço 1 One
drv Drive ms Microsoft.
INFORMÁTICA

MICROSOFT SHAREPOINT

O armazenamento de arquivos na nuvem por usuá-


rios “comuns” é realizado pelo Microsoft OneDrive. Fonte: Nishimura, 2022.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante! e) um espaço vazio na Área de Trabalho, pressionar o
seu botão direito e, na janela que surge na tela, sele-
O armazenamento de dados na nuvem interna da cionar Novo e selecionar a opção Pasta.
corporação ou instituição de ensino será no Sha-
repoint ou no OneDrive. Se o item é disponibiliza- 4. (VUNESP — 2021) No sistema operacional MS-Windows
do apenas para os usuários do mesmo domínio, 10, selecionou-se uma pasta com o botão direito do mou-
ele permanece no Sharepoint. Se o item pode ser se, este em sua configuração padrão, e selecionou-se
acessado por usuários fora da organização, ele Propriedades na relação de opções que foi exibida.
será armazenado no OneDrive.
Na janela que se abriu, há a possibilidade de se esco-
lher os atributos da pasta, que são:

a) Somente escrita e Somente leitura.


HORA DE PRATICAR! b) Compactada, Criptografada e Protegida.
c) Oculto e Visível.
1. (VUNESP — 2022) Diversos sistemas operacionais, d) Somente leitura (arquivos da pasta) e Oculto.
como o Windows 10, possuem o recurso Área de e) Compactada e Somente leitura (arquivos da pasta).
Transferência.
5. (VUNESP — 2022) Considere o texto entre aspas a
Nesse sistema operacional, o usuário pode fixar um seguir, presente em um documento que está sendo
item na Área de Transferência, ação que editado no editor de texto MS-Word 2016, em portu-
guês e em sua configuração padrão.
a) o torna o único item da Área de Transferência, não per-
mitindo a inclusão de novos itens até que a fixação “Em uma observação mais apurada, percebeu-se que
seja removida. havia evidências claras mostrando que a porta do
b) cria uma tecla de atalho para o item fixado. carro, do lado do passageiro, tinha sido arrombada.”
c) provoca o seu compartilhamento em nuvem, permitin- Suponha que a palavra “claras” desse texto tenha sido
do a sua cópia a um outro computador. completamente selecionada, clicando-se com o botão
d) determina o tamanho máximo que ele poderá ocupar. esquerdo do mouse (em sua configuração padrão) no
e) impede que ele seja removido do histórico da Área de início da palavra, arrastando o mouse até o final da
Transferência para dar espaço a novos itens. palavra, e soltando esse botão nesse momento.

2. (VUNESP — 2022) A Área de Transferência do MS-Win- Caso, a seguir, o usuário clique no botão denominado
dows 10, em sua configuração padrão, permite que Tachado, do grupo Fonte, guia Página Inicial, a aparência
o conjunto de aplicativos do MS-Office 2016 possa dessa mesma palavra ficará da seguinte forma:
copiar itens de documentos do Office, e os cole em
outro documento do Office. a) CLARAS
b) claras
Em relação à quantidade máxima de itens que podem c) claras
ser copiados na Área de Transferência, tem-se que ela d) claras
e) claras
a) é maior ou igual 100 e inferior a 1 000 itens.
b) depende do tamanho da memória do computador. 6. (VUNESP — 2022) Deseja-se, em um documento cria-
c) é maior ou igual a 20 e inferior a 100 itens. do no editor de texto MS-Word 2016, em português e
d) depende do tamanho do disco do computador. em sua configuração padrão, criar colunas. Por meio
e) é maior ou igual a 1 000 itens. do botão Colunas, acessível no grupo Configurar Pági-
na da guia Layout, na janela que se abre ao se escolher
3. (VUNESP — 2021) Um usuário de um computador “Mais colunas...”, pode-se utilizar recursos práticos
com o sistema operacional MS-Windows 10, em sua para a configuração das colunas.
configuração padrão, deseja criar uma nova pasta na
Área de Trabalho. Dois desses recursos diretamente disponíveis são:

Uma das formas de criar essa pasta é com o mouse, a) Linha entre colunas e Colunas de mesma largura.
em sua configuração padrão, selecionar b) Marca d’água das colunas e Cor de fundo das colunas.
c) Estilo de borda das colunas e Animação de fundo das
a) um espaço vazio na Área de Trabalho, pressionar o colunas.
seu botão direito e, na janela que surge na tela, sele- d) Cor de fundo das colunas e Espessura de borda das
cionar o Explorador de Arquivos e selecionar a opção colunas.
Criar nova pasta. e) Largura das colunas e Visualização das colunas em
b) o Explorador de Arquivos e selecionar a opção Criar 3D.
nova pasta e, em seguida, selecionar Área de Trabalho.
c) o Explorador de Arquivos e selecionar a opção Área de 7. (VUNESP — 2022) Por meio do MS-Word 2016, em sua
Trabalho e, em seguida, selecionar Criar pasta. configuração padrão, um psicólogo preparou um lau-
d) um espaço vazio na Barra de Ferramentas, pressionar do de avaliação psicológica, primeiro digitando o texto
o seu botão esquerdo e, na janela que surge na tela, e, em seguida, aplicando as seguintes 3 formatações,
selecionar Nova Pasta. na sequência especificada.

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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I. Aplicou alinhamento justificado em todo o texto. a) configurar uma marca d´água no documento a ser
II. Marcou alguns trechos de texto em negrito. impresso.
III. Criou uma lista numerada. b) inserir numeração de páginas no documento a ser
impresso.
Os tipos de formatação a que se referem os itens I, c) imprimir somente as páginas e/ou intervalo de pági-
II e III são, respectivamente, encontrados nos grupos nas digitadas no quadro “Páginas:”.
, e da guia Página Inicial. d) colocar uma cor de fundo no documento a ser impresso.
e) inserir data de impressão no documento a ser impresso.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
vamente, as lacunas do enunciado. 11. (VUNESP — 2022) No editor de planilha eletrônica
MS-Excel 2016 (em português e em sua configuração
a) Fonte … Parágrafo … Fonte padrão), pode-se inserir diversos tipos de gráficos.
b) Parágrafo … Parágrafo … Fonte
c) Fonte … Fonte … Parágrafo Três desses tipos são:
d) Fonte … Fonte … Fonte
e) Parágrafo … Fonte … Parágrafo a) Colunas, Linhas e Diagonais.
b) Dispersão, Convergência e Caótica.
8. (VUNESP — 2022) Um assistente social, redigindo um c) Ações, Ferramentas e Suplementos.
documento por meio do MS-Word 2016, em sua configu- d) Pizza, Barras e Área.
ração padrão, aplicou várias opções de formatações. e) Superfície, 3D e 4D.

Assinale a alternativa que apresenta apenas ícones de 12. (VUNESP — 2022) A planilha a seguir foi elaborada por
formatação de parágrafo, encontrados no grupo Pará- meio do MS-Excel 2016, em sua configuração padrão.
grafo da guia Página Inicial.
A B
a) 1 Mês Atendimentos

2 Janeiro 30
b)
3 Fevereiro 40

4 Março 25
c)
5 Abril 23

6 Maio 38
d)
7 Junho 20

8
e)
O valor exibido na célula A8, após esta ser preenchida
com a fórmula =MAIOR(B2:B7;2) será:
9. (VUNESP — 2021) Um usuário do MS-Word 2016, em
português e na sua configuração padrão, selecionou a) 38
uma palavra de um parágrafo que estava com estilo b) 30
normal de fonte. A seguir, com essa palavra selecio- c) 40
nada, escolheu, na guia Página Inicial, grupo Fonte, d) 20
um efeito de fonte que deixou essa palavra com letras e) 25
bem pequenas acima da linha de texto.
13. (VUNESP — 2021) No MS-Excel 2016, em português
O efeito selecionado foi o e na sua configuração padrão, elaborou-se a seguinte
planilha, contendo as atividades a serem desenvolvi-
a) Sobrescrito. das em uma empresa, as descrições dessas ativida-
b) Subscrito. des e o responsável por cada atividade.
c) Tachado.
d) Todas em maiúsculas.
e) Versalete.
INFORMÁTICA

10. (VUNESP — 2021) Deseja-se, no MS-Word 2016, em


português e na sua configuração padrão, imprimir um
documento que possui mais de 20 páginas. Ao se
navegar no aplicativo via Arquivo > Imprimir, pode-se
configurar a impressão. Deseja-se inserir, na célula D2, uma fórmula que jun-
te os conteúdos das células B2 e C2, que devem ficar
Em particular, a opção de configuração Impressão Per- separados pelo caractere ´-´, gerando o seguinte resul-
sonalizada permite, por exemplo, tado em D2: Planejamento-André A fórmula que se
inserida na célula D2 produz esse resultado é:
437
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a) =CONCATENAR(B2-C2) d) Ctrl + H
b) =CONCATENAR(B2;”-”;C2) e) Ctrl + D
c) =SOMASE(B2-C2)
d) = SOMASE(B2;”-”;C2) 18. (VUNESP — 2022) Um usuário de correio eletrônico
e) =CONCATENAR(B2,-,C2) preparou uma mensagem e anexou um arquivo .docx,
criptografado com uma senha.
14. (VUNESP — 2021) Em uma planilha do MS-Excel 2016,
em português e na sua configuração padrão, as colu- Para que o destinatário da mensagem possa abrir e
nas C e D foram selecionadas. Em seguida, na guia examinar o conteúdo do arquivo, ele deve
Página Inicial, grupo Células, clicou-se sobre o botão
Inserir, selecionando-se no menu que aparece a opção a) baixar o arquivo recebido e obter a senha para abri-
Inserir Colunas na Planilha. -lo, por meio do envio de uma mensagem para um site
centralizado da Microsoft.
Assinale a alternativa que apresenta a ação decorrente b) baixar e salvar o arquivo recebido em uma pasta espe-
da operação realizada. cial do computador e enviar mensagem ao remetente
da mensagem para liberar remotamente a criptografia
a) Uma coluna nova foi criada entre as colunas B e C ori- do arquivo.
ginais. As colunas C e D originais passaram a ser as c) baixar o arquivo recebido, abri-lo com o Microsoft Word
colunas D e E, respectivamente. e digitar a senha desse arquivo, que deve ter sido previa-
b) As colunas C e D foram eliminadas, sendo criadas nos mente combinada com o remetente da mensagem.
seus lugares duas novas colunas vazias. d) baixar o arquivo recebido em uma pasta especial do
c) A coluna B foi eliminada, sendo criada no seu lugar computador, que possui a propriedade de quebrar
uma nova coluna vazia. senhas de seus arquivos.
d) Duas colunas novas foram criadas entre as colunas e e) enviar a mensagem para um endereço especial da Micro-
C originais. As colunas C e D originais passaram a ser soft para obter a liberação remota do acesso ao arquivo.
as colunas E e F, respectivamente.
e) A coluna C foi eliminada, sendo criada no seu lugar 19. (VUNESP — 2021) Considerando-se os softwares de
uma nova coluna vazia. correio eletrônico, suponha que um usuário recebeu
duas mensagens diferentes de um mesmo remetente,
15. (VUNESP — 2021) No MS-Excel 2016, em português cada uma contendo um arquivo anexo. Esse usuário
e na sua configuração padrão, tem-se as guias com deseja retransmitir esses dois arquivos, como anexos,
os nomes das planilhas existentes no arquivo aberto, para outro destinatário. Nesse caso,
localizadas na parte inferior da janela do aplicativo.
a) será necessário enviar cada um desses dois arquivos
Ao se clicar com o botão direito do mouse (em sua anexos em duas mensagens separadas, ainda que
configuração padrão) sobre o nome de uma planilha, destinadas ao mesmo destinatário.
por exemplo, de nome P1, pode-se realizar algumas b) o envio dos dois arquivos estará sujeito a uma aprova-
ações sobre ela, como: ção prévia a ser gerada pelo sistema operacional do
computador do usuário.
a) mudar a cor da guia de P1. c) será possível enviar esses dois arquivos em uma mes-
b) inserir linhas de grade em P1. ma mensagem desde que ambos tenham a mesma
c) enviar P1 para outro usuário por e-mail. extensão (por exemplo, txt, doc, etc.).
d) imprimir P1. d) será possível enviar ambos os arquivos em uma mes-
e) limpar todo o conteúdo de P1. ma mensagem, porém o software de correio eletrôni-
co irá impor uma defasagem mínima de 1 minuto entre
16. (VUNESP — 2021) Ao navegar pela internet, deve-se o envio de cada um dos dois arquivos.
conhecer a URL de um site. Considerando-se que a e) é possível reunir ambos os arquivos em uma mesma men-
URL é composta por três partes principais: caminho, sagem, desde que a soma de seus tamanhos não ultra-
protocolo e domínio, a estrutura adotada para a URL é: passe o limite imposto pelo software de correio eletrônico.

a) domínio://protocolo/caminho 20. (VUNESP — 2021) Considerando o software Microsoft


b) protocolo://domínio/caminho Teams, é correto afirmar que
c) domínio://caminho/protocolo
d) protocolo://caminho/domínio a) todas as equipes criadas no Teams devem ser públicas.
e) caminho://protocolo/domínio b) um canal de uma equipe deve incluir todos os mem-
bros dessa equipe.
17. (VUNESP — 2022) Um assistente social, por meio c) cada usuário do Teams não pode pertencer a mais de
do Google Chrome, versão 96, em sua configuração uma equipe.
padrão, estava lendo uma página da internet encontra- d) cada equipe comporta um máximo de cinco canais.
da em uma busca por “violência doméstica”. e) uma equipe representa um grupo de pessoas que
podem compartilhar, por exemplo, conversas.
Para usar o recurso de localizar uma palavra no texto da
página exibida, para encontrar, por exemplo, a palavra 9 GABARITO
“feminicídio”, pode ser utilizado o atalho por teclado

a) Ctrl + F 1 E
b) Ctrl + B
2 C
438 c) Ctrl + L
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3 E

4 D

5 D

6 A

7 E

8 D

9 A

10 C

11 D

12 A

13 B

14 D

15 A

16 B

17 A

18 C

19 E

20 E

ANOTAÇÕES

INFORMÁTICA

439
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ANOTAÇÕES

440
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RACIOCÍNIO LÓGICO
AVALIAR A HABILIDADE DO(A) CANDIDATO(A) EM ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA
DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS
FICTÍCIOS
Neste tipo de conteúdo, intitulado Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas
e eventos fictícios, você notará a presença de situações diversas do mundo real, nas quais, a partir de um con-
junto de hipóteses, ou seja, informações previamente conhecidas, será requisitada uma informação implícita ao
problema.
Os enunciados irão fornecer o mínimo possível de afirmações sobre os objetos de estudo, sejam frases de
negação, do tipo: “Maria não é a mais nova”, ou, ainda, afirmações, como “João é o mais velho.” Você perceberá,
também, que frases de afirmação te dão mais conclusões do que frases negativas, uma vez que, no primeiro tipo,
as relações são mutuamente excludentes, ou seja, em um mesmo problema, se João é o mais velho, então ele não
é o mais novo e não há nenhuma outra pessoa mais velha do que ele.
Como, muitas vezes, os enunciados trazem uma gama de informações, recomenda-se o uso de uma tabela sim-
ples que deve ser preenchida de acordo com as interpretações do problema. Cabe ressaltar, ainda, que a tabela
não será completamente preenchida logo no primeiro momento, no qual o uso da interpretação será necessário
para finalização dos exercícios.
Acompanhe os exemplos a seguir e perceba a construção da tabela com os indivíduos do problema e suas
possíveis características.

1. (CONSULPLAN — 2021) Adriana, Bruna e Cléo são professoras em uma escola pública e lecionam as disciplinas de
português, matemática e ciências, mas não necessariamente nessa ordem. Verificando a idade das três, a professora
de português, que é prima de Bruna, é a mais nova. Além disso, considere que a professora de ciências é mais nova do
que Cléo. Nesse contexto, é necessariamente correto afirmar que:

a) Cléo é professora de português.


b) Bruna é a professora mais velha.
c) Adriana é professora de português.
d) Cléo não é professora de matemática.

Primeiramente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema:
1º: Foi dito que a professora de português é prima de Bruna e é a mais nova dentre as três, logo, podemos marcar
com um “x” as lacunas que relacionam Bruna com as características de professora de português e ser a mais
nova, já que não são características dela, mas sim de sua prima.
2º: Como o problema diz que a professora de ciências é mais nova do que Cléo, sabemos então que Cléo também
não é professora de ciências e não é a mais nova. Isso nos leva ao fato de que se nem Bruna nem Cléo são as mais
novas, então Adriana que é.
3º: Portanto, como a professora mais nova é também professora de português, temos que Adriana é a professora
de português.
4º: Com isso, já podemos completar os espaços da tabela e analisar as alternativas da questão. Note que as
lacunas em destaque são frutos das interpretações apresentadas nos passos anteriores.

MAIS NOVA DO MEIO MAIS VELHA PORTUGUÊS MATEMÁTICA CIÊNCIAS


ADRIANA V X X V X X
BRUNA X V X X X V
RACIOCÍNIO LÓGICO

CLÉO X X V X V X

“Cléo é professora de português.”: Não é uma afirmação correta, pois ela é de matemática.
“Bruna é a professora mais velha.”: Não é uma afirmação correta, pois Bruna é a do meio.
“Adriana é professora de português.”: É uma afirmação correta, como vimos na tabela.
“Cléo não é professora de matemática.”: Não é uma afirmação correta como vimos na tabela. Resposta: Letra D.

2. (FUNRIO — 2012) Os carros X, Y e Z possuem 100, 110 e 150 cavalos de potência, não necessariamente nessa ordem.
Sabe-se que um deles é de fabricação nacional e que os outros dois são importados, sendo um de fabricação alemã e
o outro de fabricação japonesa. Porém não se sabe qual a correta associação entre carros e países de fabricação. No
entanto, sabe-se que: o carro X possui 100 cavalos de potência; o carro que possui 150 cavalos de potência é de fabrica-
ção alemã; o carro que possui 110 cavalos de potência não é nacional; e que o carro Y não é de fabricação japonesa. 441
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Qual o país de fabricação e a potência do carro Y?

a) Alemanha e 150 cavalos.


b) Alemanha e 110 cavalos.
c) Japão e 100 cavalos.
d) Japão e 110 cavalos.
e) Brasil e 100 cavalos.

Primeiramente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema. Note que as
marcações nas lacunas em destaque se referem às informações retiradas a partir do enunciado.
1º: Se o carro de 150 cavalos é alemão e o de 110 não é nacional, então o de 110 cavalos só pode ser japonês.
2º: Se o carro Y não é japonês e o carro X tem 100 cavalos, então o alemão de 150 cavalos será o carro Y.

100 110 150 BRASIL ALEMANHA JAPÃO

X V X X V X X

Y X X V X V X

Z X V X X X V

Portanto, o carro Y é de fabricação alemã e tem 150 cavalos. Resposta: Letra A.

3. (FUNRIO — 2012) André, Paulo e Raul possuem 30, 35 e 40 anos de idade, não necessariamente nessa ordem. Eles são
engenheiro, médico e psicólogo, porém não se sabe a correta associação entre nomes e profissão. Sabe-se, porém,
que André não tem 40 anos de idade nem é engenheiro, que Paulo possui 35 anos de idade, que Raul não é médico, e
que o médico não possui 30 anos de idade.

Respectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul são:

a) psicólogo, engenheiro e médico.


b) psicólogo, médico e engenheiro.
c) médico, psicólogo e engenheiro.
d) médico engenheiro e psicólogo.
e) engenheiro médico e psicólogo.

Novamente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema. Perceba
que as marcações nas lacunas em destaque se referem às informações retiradas a partir do enunciado.
1º: Se André não tem 40 anos de idade e Paulo possui 35, então sobra apenas a idade de 30 anos para André.
2º: Se André não é engenheiro e o médico não tem 30 anos, então sobra apenas a profissão de psicólogo para
André.
3º: Se Raul não é médico e André é psicólogo, então Raul é engenheiro, portanto, Paulo é médico.

30 35 40 ENGENHEIRO MÉDICO PSICÓLOGO

ANDRÉ V X X X X V

RAUL X X V V X X

PAULO X V X X V X

Respectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul é psicólogo, médico e engenheiro. Resposta: Letra B.

DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAR AS


CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES
VALORES LÓGICOS

Na lógica temos apenas dois valores lógicos – verdadeiro ou falso. Quando temos uma declaração verdadeira,
o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F).
442
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PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES Exemplo: Que lindo cabelo!
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que sentam percepções subjetivas;
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Ex.: Paula vai à praia. Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci-
samos de três requisitos fundamentais:
Uma ordem não pode ser classificada como verda-
deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos;
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen-
tando uma situação, um fato; sição lógica.
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa: Não são proposições – perguntas, exclamações e
ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro ordens.
ou o valor lógico falso para a declaração. Temos um outro caso menos cobrado em provas,
mas que também não é proposição lógica, sendo o
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen- paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição seguir:
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma Ex.: Esta frase é uma mentira.
informação completa (temos o sujeito claro na oração) Quando atribuímos um valor de verdade para a
e podemos afirmar se é verdade ou falsa.
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso,
Importante! então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira
e já sabemos que isso é falso.
Proposição Lógica é uma oração declarativa que Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
admite apenas um valor lógico: V ou F. resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a
Ou então podemos também esquematizar o que é definição de um paradoxo.
uma proposição lógica assim:
Chama-se proposição toda sentença declarativa SENTENÇA ABERTA
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- Dizemos que uma sentença é aberta quando não
mente com o sentido completo (caráter informativo). conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo a seguir:
Verdadeira Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
Sentença mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Ou Sentido
Declarativa Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa
completo
informação não consegue ser completa e por isso temos
mais um caso que não é proposição lógica. Observe
Falsa
outros exemplos:
Obrigatório
X + 5 = 10
Verbo
Aquele carro é amarelo.
Toda proposição pode ser representada simbolica-
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo: 5+5
X – Y = 20
z p: Sabino é um pintor esperto;
z r: Kate é uma mulher alta. Todos os exemplos acima são sentenças abertas,
então podemos resumir da seguinte forma:
Na situação temos duas proposições sendo repre- As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
sentadas pelas letras p e r. cas (X ou Y) tornam a sentença aberta.
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições Sempre será uma proposição lógica na escrita
RACIOCÍNIO LÓGICO

lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são pro- matemática e podemos notar que há verbos nos casos
posições. Isto é fundamental, pois várias questões de a seguir:
prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
algumas frases e você precisa identificar qual delas
z = (é igual);
não é uma proposição. Vejamos os casos em que mais
z ≠ (é diferente);
aparecem:
z > (é maior);
� Perguntas: são as orações interrogativas. z < (é menor);
Exemplo: Que horas vamos ao cinema? z ≥ (é maior ou igual);
Essa pergunta não pode ser classificada como ver- z ≤ (é menor ou igual);
dadeira ou falsa;
� Exclamações: são frases exclamativas. 443
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Esquematizando o que não são proposições lógicas: „ p v q;
„ p → q;
Sentenças Interrogativas(?) „ p ⟷ q.

Sentenças sem Verbo Agora que conhecemos os conectivos lógicos,


NÃO SÃO vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
PROPOSIÇÕES
cos que podem aparecer na prova. Veja:
Sentenças com Verbo no Imperativo

� Conectivos “e” usando “mas”:


Sentenças Abertas
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
Paradoxo � Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”:
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL não ambos;
� Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
É fundamental que você conheça três princípios Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:
para deixarmos tudo alinhado com as proposições Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
lógicas. Veja: praia;
Caso você estude, irá passar no concurso;
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Basta Ana comer massas, e engordará;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra Quem joga bola é rápido;
possibilidade. Não é possível que uma proposição Todos os médicos sabem operar;
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; Qualquer criança anda de bicicleta;
z Princípio da não contradição: Dizemos que uma Toda vez que chove, não vou à praia.
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo,
verdadeira e falsa; É importante saber que na condicional a primeira
z Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou proposição é o termo antecedente e a segunda é o
seja, uma proposição não assume o significado de termo consequente.
outra proposição lógica.
P→Q
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
P = antecedente
Temos proposições compostas quando há duas ou Q = consequente
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
tivos lógicos. Veja os exemplos: TABELA VERDADE

z Sabino corre e Marcos compra leite; Trata-se de uma tabela na qual conseguimos
z O gato é azul ou o pato é preto; apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar. proposição.

Cada conectivo tem sua representação simbólica e Números de Linhas de Tabela Verdade
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA las verdade para proposições compostas.

e Conjunção ^ z 1º passo: Contar a quantidade de proposições


ou Disjunção v envolvidas no enunciado.
Disjunção v
ou...ou Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
Exclusiva
se...então Condicional →
z 2º passo: Calcular a quantidade de linhas da tabela
se e somente se Bicondicional ⟷ usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número
de proposições).
Exemplos:
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
z Na linguagem natural:
P Q PVQ
„ O macaco bebe leite e o gato come banana;
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
„ Se estudar, então vai passar;
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.

z Na linguagem simbólica:
z 3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira
„ p ^ q; coluna fazendo o agrupamento pela metade do
444 „ p v q; número de linhas da tabela.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
P Q P^Q
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
V V V

P Q PVQ V F F

V F V F

V F F F

F Conectivo Disjunção “ou” (v)


F
Teremos resposta verdadeira quando, pelo menos,
um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro.
z 4º passo: Preencher as demais colunas com agru-
pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela
P Q PVQ
metade do agrupamento anterior.
V V V
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima V F V
será de 1 em 1). F V V
F F F
P Q PVQ
Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v )
V V
V F Teremos resposta verdadeira quando os valores
F V lógicos envolvidos forem diferentes.

F F
P Q PVQ
V V F
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- V F V
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógicos. F V V
Número de linhas da tabela verdade: F F F
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren- Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()
der todas as combinações lógicas possíveis para cada
conectivo lógico. Teremos resposta verdadeira quando os valores
lógicos envolvidos forem iguais.
Negação (~P)
P Q PQ
Uma proposição, quando negada, recebe valores
V V V
lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
V F F
que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
F V F

P ~P F F V

V F
Conectivo Condicional “se..., então” (→)
F V
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
Dupla Negação ~(~P) do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
dicional só tem uma possibilidade de tal ocorrência
A dupla negação nada mais é do que a própria pro- Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
posição. Isto é, ~(~P) = P do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.

P ~P ~(~P) P Q P→ Q
RACIOCÍNIO LÓGICO

V F V V V V
F V F V F F
F V V
Conectivo Conjunção “e” (^) F F V

Só teremos uma resposta verdadeira quando todos Condicional falsa: Vai Ficar Falsa
os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros.
VF=F

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TAUTOLOGIA CONECTIVOS LÓGICOS

É uma proposição cujo valor lógico é sempre Conceito


verdadeiro.
Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautologia, Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como
pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela também podem ser chamados, servem para ligar duas
ou mais proposições simples e formar, assim, propo-
verdade.
sições compostas.
Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada
P ~P P V ~P um tem sua nomenclatura e representação simbólica.
V F V Veja a tabela abaixo:

F V V Tabela de Conectivos

Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (PQ) é uma


CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só
e Conjunção ^ peq
possui V.
ou Disjunção v p ou q
Disjunção
P Q (P^Q) (PQ) (P^Q)→(PQ) ou...ou v Ou p ou q
exclusiva
V V V V V
Condicional
V F F F V se...,então → Se p, então q
(implicação)
F V F F V p se e
se e Bicondicional
F F F V V somente
somente se (bi-implicação)
se q
CONTRADIÇÃO
z Conjunção (conectivo “e”): Sua representação
É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso. simbólica é ^.
Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradição,
pois o seu valor lógico é sempre F, conforme a tabela Exemplo:
verdade.
„ Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o
gato come banana;
P ~P P ^ (~P) „ Na linguagem simbólica: p ^ q.
V F F
z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): Sua repre-
F V F
sentação simbólica é v.

CONTINGÊNCIA Exemplo:

Sempre que uma proposição composta recebe „ Na linguagem natural: Maria é bailarina ou
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente- Juliano é atleta;
mente dos valores lógicos das proposições simples „ Na linguagem simbólica: p v q.
componentes, dizemos que a proposição em questão é
uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda- z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda- representação simbólica é: v.
deiros e alguns falsos.
Exemplo:
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
contingência, conforme a tabela verdade.
„ Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
do ou a raposa é lenta;
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q) „ Na linguagem simbólica: p v q.
V V F F F
z Condicional (conectivos “se, então”): Sua repre-
V F V V V sentação simbólica é →.
F V F V V
F F F V V Exemplo:

„ Na linguagem natural: Se estudar, então vai


z Tautologia: uma proposição que é sempre verdadeira;
passar;
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa; „ Na linguagem simbólica: p → q.
z Contingência: uma proposição que pode assumir
valores lógicos V e F, conforme o caso. z Bicondicional (conectivo “se e somente se”): Sua
representação simbólica é ⟷.

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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Exemplo:
IDENTIFICA AS REGULARIDADES DE
„ Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e UMA SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU
somente se ele receber dinheiro;
FIGURAL, DE MODO A INDICAR QUAL É
„ Na linguagem simbólica: p⟷q.
O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO
z Negação: Uma proposição quando negada, recebe
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
valores lógicos opostos dos valores lógicos da pro-
posição original. O símbolo que iremos utilizar é Esse tema é cobrado de uma maneira que pode
¬p ou ~p. parecer como também pode ser complicado. Desco-
brir a lei de formação ou padrão da sequência é o seu
Exemplos: principal objetivo, pois nas questões sobre sequên-
cias/raciocínio sequencial, você será apresentado a
„ p: O gato é amarelo; um conjunto de dados dispostos de acordo com algu-
„ ~p: O gato não é amarelo; ma “regra” implícita, alguma lógica de formação. O
„ q: Raciocínio Lógico é difícil; desafio é exatamente descobrir essa “regra” para,
„ ~q: É falso que raciocínio lógico é difícil; com isso, encontrar outros termos daquela mesma
„ r: Maria chegou tarde em casa ontem; sequência.
„ ~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em Veja o exemplo abaixo:
casa ontem.
2, 4, 6, 8,...

Dica A primeira pergunta que podemos fazer para


achar a lei de formação é: os números estão aumen-
A negação além da forma convencional, pode
tando ou diminuindo?
ser escrita com as expressões a seguir:
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
É falso que ... operações de soma ou multiplicação entre os termos.
Não é verdade que... Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei-
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
Agora que já fomos apresentados aos conectivos depois repetimos isso.
lógicos, vamos ver algumas “camuflagens” dos opera-
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja: 2+2=4
4+2=6
z Conectivo “e” usando “mas”
6+2=8
„ Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não pois 8+2 = 10.
Caso os números estejam diminuindo, você pode
ambos”
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
„ Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador,
Agora, observe essa outra sequência:
mas não ambos;
2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que” Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
„ Exemplos: cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia; 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
Caso você estude, irá passar no concurso; do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Nesse
Basta Ana comer massas, e engordará; caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
Quem joga bola é rápido; les números que só podem ser divididos por eles mes-
mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
RACIOCÍNIO LÓGICO

Todos os médicos sabem operar;


o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números
Qualquer criança anda de bicicleta;
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
Toda vez que chove, não vou à praia.
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
Dica
É bem comum aparecerem questões que envolvem
Na condicional a 1° proposição é o termo ante-
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
cedente e a 2° é o termo consequente. Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
PQ te exemplo:
P = antecedente
Q = consequente 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ... 447
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Se analisarmos mais minuciosamente, podemos Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
dizer que temos uma sequência que, de um número sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
para outro, devemos somar 2 unidades e também podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
podemos notar que temos a sequência que, de um posição 200 é:
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja: an = a1 + (n – 1)r
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,... a200 = 1 + (200 – 1)2
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
a200 = 1 + 2 × 199
PROGRESSÃO ARITMÉTICA a200 = 1 + 398

Uma progressão aritmética é aquela em que os a200 = 399


termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA
tante, normalmente representada pela letra r.
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
z Termo inicial: valor do primeiro número que
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética:
compõe a sequência;
z Razão: regra que permite, a partir de um termo, n # (a1 + an)
obter o seguinte. Sn =
2

Observe o exemplo abaixo:


Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
{1,3,5,7,9,11,13, ...} que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces- te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres- número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e temos:
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
gressões aritméticas, é importante você saber obter o n # (a1 + an)
Sn =
termo geral e a soma dos termos, conforme veremos 2
a seguir.
7 # (1 + 13)
S7 =
Termo Geral da PA 2

Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- 7 # 14


S7 =
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer 2
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
98
S7 = = 49
an = a1 + (n-1)r 2

Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:


“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA. z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir crescente.
o termo de posição 10. Já temos as informações que
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;

z O termo que buscamos é o da décima posição, isto z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
decrescente.
é, a10;
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;
z O termo inicial é 1, logo a1 = 1;
z n, ou seja, a posição que queremos é a de número
z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
10: n = 10
iguais.
Logo,
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.

an = a1 + (n– 1)r
Dica
a10 = 1 + (10 – 1)2
PA crescente: se r > 0;
a10 = 1 + 2 × 9 PA decrescente: se r < 0;
a10 = 1 + 18 PA constante: se r = 0.

a10 = 19 Em uma progressão aritmética de 3 termos, o


segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
448 tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
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PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2 a25 = 215 + (24· -2)
a25 = 215 - 48
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4.
a25 = 167 alunos
Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes.
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas. Resposta: Errado.

1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes PROGRESSÃO GEOMÉTRICA


entre os números 23 e 125 é:
Observe a sequência a seguir:
a) 25.
b) 26. {2, 4, 8, 16, 32...}
c) 27.
d) 28. Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
e) 24. Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o último do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma PA de mo número, o que chamamos de razão da progressão
razão igual a 4. Então, temos as seguintes informações: geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
a1 = 24 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
an = 124 a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
obter os múltiplos). e a soma dos termos.
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos): Termo Geral da PG
an = a1 + (n-1)r
124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4 A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
124 – 24 + 4 = 4n termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
104 = 4n primeiro termo (a1) e da razão (q):
n = 26. Resposta: Letra B.
an = a1 × qn-1
2. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi- No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas ser encontrado assim:
de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
{2, 4, 8, 16, 32...}
a) 64 gotas.
a5 = 2 × 25-1
b) 49 gotas.
c) 59 gotas. a5 = 2 × 24
d) 44 gotas.
e) 54 gotas. a5 = 2 × 16
a5 = 32
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
então, o a1 é dado por: Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
a65= a1 + (n-1).r
374 = a1 + (65-1)5 A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
374 = a1 + 64 x 5 primeiros termos da progressão geométrica:
374 = a1 + 320
a1 = 54 gotas. n
Resposta: Letra E. a1 # (q - 1)
Sn =
q-1
3. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Em determinado colégio,
todos os 215 alunos estiveram presentes no primeiro Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
dia de aula; no segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
no terceiro dia, 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alu- 16, 32...}
RACIOCÍNIO LÓGICO

nos faltaram, e assim sucessivamente. 4


Com base nessas informações, julgue os próximos 2 # (2 - 1)
S4 =
itens, sabendo que o número de alunos presentes às 2-1
aulas não pode ser negativo.
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos. 2 # (16 - 1)
S4 =
1
( ) CERTO ( ) ERRADO 2 # 15
S4 =
1
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25)
Termo Geral da P.A. S4 = 30
an= a1 + (n-1).r
a25 = 215 + (25-1) · (-2) 449
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Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
Geométrica termo, devemos usar a fórmula do termo geral da
PG. Veja:
Suponha que você corra 1000 metros, depois, a4 = a2 × q4-2
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros a4 = 12 × 32
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você a4 = 12 × 9
correu anteriormente. Quanto você correrá no total? a4 = 108
Observe que o que temos é exatamente uma progres- Resposta: letra C.
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < 3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto (P.G.) e assinale o valor de y.
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
P.G. = (y + 30; y; y – 60)
tanto, substituindo, teremos:

a1 # (0 - 1) a) +30.
S∞ = b) +60.
q-1 c) –30.
d) –60.
a1 e) –90.
S∞ =
1-q
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Dica y² = (y + 30) × (y - 60)
Em uma progressão geométrica, o quadrado do y² = y² -60y +30y -1800
termo do meio é igual ao produto dos extremos. y² - y² +60y -30y = -1800
30y = -1800
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
y = -1800/30
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} y = -60
82 = 4 × 16 Resposta: Letra D.
64 = 64.
SEQUÊNCIA COM FIGURAS E DE PALAVRAS
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas. Não há teoria específica para esse assunto, mas
vamos responder alguns exercícios para pegarmos o
1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- jeito das questões que envolvem sequências com figu-
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão ras e de palavras. É assim o modo que se aprende esta
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR- matéria.
RETO afirmar que o valor de q é igual a: Mãos à obra:

a) 2. 1. (FURB — 2019) Em um restaurante, usam-se mesas


b) 3. que comportam 4 cadeiras. Se juntarem duas dessas
c) 4. mesas, consegue-se espaço para 6 cadeiras. Se jun-
d) 8. tarem três dessas mesas, o espaço fica restrito a 8
cadeiras. A imagem a seguir ilustra essa situação:
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
la geral da PG para acharmos a razão:
an = a1 × qn-1
a6 = a1 × q6-1
192 = 6 × q5
192/6 = q5 Seguindo esse padrão, pode-se afirmar que a quanti-
dade de mesas que se deve juntar para que a quanti-
32 = q5 dade de lugares disponíveis (cadeiras) seja igual a 22
5 é:
q= 32
q=2 a) 6
b) 15
Resposta: Letra A. c) 10
d) 12
2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G. e) 8
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: 1 mesa — 4 cadeiras
2 mesas — 6 cadeiras
a) 324. 3 mesas — 8 cadeiras
b) 36. 4 mesas — 10 cadeiras
c) 108. 5 mesas — 12 cadeiras
450 d) 216. 6 mesas — 14 cadeiras
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7 mesas — 16 cadeiras c) JONATAS.
8 mesas — 18 cadeiras d) AGROPECUÁRIO.
9 mesas — 20 cadeiras
10 mesas — 22 cadeiras A sequência apresentada segue um padrão em rela-
Resposta: Letra C. ção aos meses do ano. A primeira palavra OSSOS,
começa com letra “O”, mês de outubro; a segunda
2. (CONTEMAX — 2020) Considere o seguinte padrão de palavra NEVOEIRO, começa com a letra “N”, mês de
números novembro....
OSSOS → Outubro
NEVOEIRO→ Novembro
DESENHO→ Dezembro
JANTARES→ Janeiro
FIBRILADOR→ Fevereiro
MILÍCIA→ Março
ABRIDOR→ Abril
? → Maio
O ponto de interrogação está associado ao mês de maio,
deve ser substituído por uma palavra que comece com
a letra “M”, MAMÃO, das apresentadas nas opções.
Resposta: Letra B.
O número que substitui o símbolo “?” é
5. (IBADE — 2019) A palavra MALOTE está para LOMAET,
a) 25 assim como CAMILO está para:
b) 23
c) 32 a) MIOLCA
d) 20 b) MICAOL
e) 28 c) CAOLMI
d) MILOCA
Note o seguinte padrão: e) LOCAMI
1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna)
3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna) Em relação à palavra MALOTE, foi invertida a
8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna) ordem das duas primeiras sílabas (LOMA) e inver-
20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna) tida a ordem das duas últimas letras (ET). Basta
Resposta: Letra E. seguir o mesmo raciocínio para a palavra CAMILO,
que fica: MICAOL. Resposta: Letra B.
3. (ACCESS — 2020) Observe a sequência infinita a
seguir:

LOGICALOGICALOGICALOGICA...
ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE
A 2020ª letra dessa sequência é ARGUMENTAÇÃO

a) C ESTRUTURA LÓGICA
b) A
c) L A negação com o Conectivo “não”
d) O
e) I Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos,
Temos o ciclo “L O G I C A” com 6 elementos. Agora isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
basta dividir a posição 2020 pela quantidade de ele- e vice-versa. Exemplo:
mentos do ciclo. Veja: p: Matemática é difícil.
2020 / 6 = 336 + resto 4 (~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
Ou seja, temos 336 ciclos completos mais 4
elementos: Outras maneiras que podemos usar para negar
Resto 1 = L uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro-
Resto 2 = O vas de concursos são:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resto 3 = G
Resto 4 = I (Gabarito) z Não é verdade que matemática é difícil;
Resposta: Letra E. z É falso que matemática é difícil.

4. (INSTITUTO CONSULPLAN — 2019) Observe a Conjunção (Conectivo E)


sequência de palavras: OSSOS – NEVOEIRO – DESE-
NHO – JANTARES – FIBRILADOR – MILÍCIA – ABRI- Representação simbólica: ^
DOR –?–. A palavra que substitui corretamente o Exemplos:
ponto de interrogação é:
z Na linguagem natural:
a) GARAPA.
b) MAMÃO. „ O macaco bebe leite e o gato come banana. 451
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z Na linguagem simbólica: Esses quantificadores podem ser classificados em
dois tipos:
„ p ^ q.
z Quantificador Universal;
Disjunção Inclusiva (Conectivo ou) z Quantificador Existencial (particulares).

Representação simbólica: v Nos quantificadores universais temos todo e


Exemplos: nenhum, já nos particulares temos pelo menos um,
existe um e o algum.
z Na linguagem natural: Agora, vamos estudar a representação de cada um
dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
Quantificador Universal “Todo” (afirmativo)
z Na linguagem simbólica:
Exemplos:
„ p v q.
z Todo A é B;
z Todo homem joga bola.
Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou)
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Representação simbólica: ⊻ exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar que
Exemplos: Todo A é B significa que todo elemento de A também é ele-
mento de B. Logo, podemos representar com o diagrama:
z Na linguagem natural:
B
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
A
z Na linguagem simbólica:

„ p ⊻ q.

Condicional (Conectivo Se e então)


O conjunto A dentro do conjunto B
Representação simbólica: →
Exemplo: Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi-
cos das outras proposições categóricas, interpretando
z Na linguagem natural: os diagramas, serão os seguintes:

„ Se estudar, então vai passar. z Nenhum A é B : É falsa;


z Algum A é B : É verdadeira;
z Na linguagem simbólica: z Algum A não é B : é falsa.

„ p → q. Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)

Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”) Exemplos:

Representação simbólica: z Nenhum A é B;


Exemplo: z Nenhum homem joga bola.

z Na linguagem natural: Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
dinheiro. mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
tação com diagrama:
z Na linguagem simbólica:

„ p ⟷ q. A B

DIAGRAMAS LÓGICOS

Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos


Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
que são elementos que especificam a extensão da vali-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan- Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
que indicam que houve quantificação. São exemplos tando o diagrama, serão os seguintes:
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
452 pelo menos um, nenhum. z Todo A é B – É falsa;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Algum A é B – É falsa; z Todo A é B : É falsa;
z Algum A não é B – é verdadeira. z Nenhum A é B : É indeterminada;
z Algum A não é B : É indeterminado.
Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo
Menos um / Existe SILOGISMOS

Exemplos: O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro


do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
z Algum A é B. três proposições, em que de duas delas, que funcio-
z Algum homem joga bola. nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
proposição que é a sua conclusão ou consequente.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar argumento.
que Algum A é B significa que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou Estrutura do Silogismo Categórico
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
mos fazer representações com diagramas: z Premissa maior: Geralmente é a primeira Con-
têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
A B da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
qual faz parte;
z Premissa menor: Geralmente é a segunda Con-
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
médio (M);
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum sas, mas nunca aparece na conclusão.

Veja que as representações de A e B possuem inter- Veja os exemplos a seguir:


secção. Então, quando Algum A é B é verdadeira, os Exemplo 1:
valores lógicos das outras proposições categóricas,
interpretando o diagrama, serão os seguintes: z Todos os mamíferos são animais;
z Os cães são mamíferos;
z Todo A é B : É indeterminado; z Logo, os cães são animais.
z Nenhum A é B : É falsa;
z Algum A não é B : É indeterminado. „ Termo maior: animais;
„ Termo menor: cães;
Quantificador Particular (negativo): Algum / Pelo „ Termo médio: mamíferos.
Menos um / Existe + a partícula Não
Exemplo 2:
Exemplos:
z Todos os homens são mortais;
z Sócrates é homem;
z Algum A não é B;
z Logo, Sócrates é mortal.
z Algum homem não joga bola.
„ Termo maior: mortais;
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no „ Termo menor: Sócrates;
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar „ Termo médio: homem.
que Algum A não é B significa que o conjunto A tem
pelo menos um elemento que não pertence ao con- REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
diagramas: Regras Relativas aos Termos

z 1ª Regra: O silogismo tem três termos: o maior, o


menor e o médio. Exemplos:
RACIOCÍNIO LÓGICO

„ As margaridas são flores;


„ Algumas mulheres são Margaridas;
„ Logo, algumas mulheres são flores.

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há Veja que margaridas e Margaridas são termos
contato de alguns elementos de A com B equívocos. Não respeitamos esta regra, porque esse
silogismo tem 4 termos. O termo margaridas está
Veja que em todas as representações o conjunto empregado em 2 sentidos, valendo por 2 termos;
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda- z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na con-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate- clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: Exemplos: 453
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„ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não distribuído);
„ Os portugueses não são espanhóis;
„ Logo, os portugueses não são inteligentes.

Menor extensão na conclusão do que nas premissas;

z 3ª Regra : O termo médio nunca pode estar na conclusão. Exemplos:

„ Toda planta é ser vivo;


„ Todo animal é ser vivo;
„ Todo ser vivo é animal ou planta.

z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:

„ Alguns (não distribuído) homens são ricos;


„ Alguns (não distribuído) homens são artistas;
„ Alguns artistas são ricos.

Regras Relativas às Proposições:

z 5ª Regra: De duas premissas negativas nada se pode concluir. Exemplos:

„ Nenhum palhaço é chinês;


„ Nenhum chinês é holandês;
„ Logo, (não se pode concluir).

Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);

z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:

„ Todos os mortais são desconfiados;


„ Alguns seres são mortais;
„ Alguns seres não são desconfiados;

z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:

„ Todos os homens são felizes;


„ Alguns homens são espertos;
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca pode ser geral;

z 8ª Regra: De duas premissas particulares, nada se pode concluir. Exemplos:

„ Alguns italianos não são vencedores;


„ Alguns italianos são pobres;
„ Logo, (nada se pode concluir).

Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!

REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas negativas, nada se conclui
médio e menor
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu-
z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
são negativa
que os termos das premissas
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca
z O termo médio não pode entrar na conclusão
z De duas premissas particulares, nada se conclui
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez

VERDADES E MENTIRAS

Estamos diante de um assunto bem interessante, pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a um
caso onde várias pessoas afirmam certas situações e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas tam-
bém há aquela que só mente. Então, o seu dever é entender o que o enunciado está querendo e achar quem são
454 os mentirosos e verdadeiros.
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Em algumas questões, você terá que fazer um teste a) Lucas.
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis- b) Sandro.
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência c) Rogério.
entre as informações, sua suposição estará correta e d) Vitor.
você conseguirá achar quem está falando a verdade e) Paulo.
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
tipo de questão praticando bastante. Se um estiver falando a verdade, outro está mentindo.
Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as
1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três demais frases são verdadeiras. Assim, analisando
irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu as afirmações, percebemos que a frase de Rogério
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação. (que é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi
Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles Paulo. Resposta: Letra E.
quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
cada um. 3. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
nota que um deles não entregou sua parte, consegue
Sabendo que somente um dos três falou a verdade, detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que do as seguintes alegações:
disse a verdade são, respectivamente,
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
a) Huguinho e Luizinho. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
b) Huguinho e Zezinho. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
c) Zezinho e Huguinho. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
d) Luizinho e Zezinho. V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
e) Luizinho e Huguinho.
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
mações contraditórias, pois numa contradição
haverá uma “verdade e mentira”. a) Arnaldo.
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos b) Belarmino.
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- c) Cleocimar.
mações contraditórias: d) Dionésio.
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se e) Ercílio.
contradizem.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que- o que diz Dionésio e Ercílio:
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
para quem não está na contradição). IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
ele quebrou o vaso. a verdade:
Eliminamos as letras C, D e E. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
Luizinho falando a verdade. a verdade e disse que foi o Ercílio.
Resposta: Letra A. Resposta: Letra E.
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS
Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
uma pessoa. Na delegacia:
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre
z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério; os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos
z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas; agora resolver algumas questões que envolvem pro-
z Rogério disse que tinha sido Paulo; blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria,
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor; pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso. já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo resolver questões para entendermos como são cobra-
assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi das em provas. 455
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1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos remos interessados em verificar se eles são válidos ou
uma das duas opções e que ninguém disse que não inválidos. Então, passemos a seguir a entender o que sig-
gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e nifica um argumento válido e um argumento inválido.
filmes ao mesmo tempo?
Argumentos Válidos
a) 110.
b) 130. Também podem ser chamados de argumentos
c) 150. bem-construído ou legítimo.
d) 170. Para que o argumento seja válido, não basta que
e) 190. a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
Temos uma questão que relaciona os conceitos de ou seja, quando a conclusão é uma consequência
conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos necessária das premissas, dizemos que o argumento
somar todos os valores e descontar do total. Fica: é válido.
Total = 320. Vamos analisar o exemplo:
Séries = 256.
Filmes = 194. z p1: Todo padre é homem;
Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de z p2: José é padre;
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B. z c: José é homem.

2. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra- Quando temos argumentos utilizando os quantifi-
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana cadores lógicos, representamos por meio dos diagra-
chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana. mas lógicos para saber a validade de um argumento.
Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço. Veja que temos uma proposição do tipo Todo A é B,
A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no logo:
serviço nesse dia foram:
Homem
a) Bete, Ana e Carol.
b) Bete, Carol e Ana.
c) Ana, Carol e Bete. Padre
d) Ana, Bete e Caro.
e) Carol, Bete e Ana.
José
Ana chegou depois de Bete  Então, Ana não foi a
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
Carol chegou antes de Ana  Se Carol chegou antes
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A. Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
Carol não foi a primeira a chegar no serviço.  Já ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
alternativa E. um padre não ser homem, podemos afirmar que José
Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana. também é homem, como afirma nossa conclusão.
Resposta: Letra B. Logo, o argumento é válido.
Vamos analisar agora um argumento usando
3. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a devemos usa o seguinte lembrete:
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con-
clui-se que: z Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
premissas são verdadeiras;
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. z Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios. conectivo envolvido no argumento;
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante. z Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola. valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios. mento é válido.

Primeiro: Escola__Correios__Restaurante Veja na prática:


Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
Ótica__Escola__Correios__Restaurante Se fizer sol, então vou à praia. (V)
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa Fez sol. (V)
representação). Logo, vou à praia. (F)
Resposta: Letra E.
456
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Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso criança, temos duas interpretações:
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos z Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate
valores lógicos para proposição composta pelo conec- ou;
tivo “se..., então” na primeira premissa. Assim, z Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate.
Sendo assim, não há possibilidade de afirmar com
(V) (F) 100% de certeza que Patrícia não gosta de chocola-
Se fizer sol, então vou à praia. (V) te, como consta na conclusão. Logo, o argumento
Fez sol. (V) é inválido.
Logo, vou à praia. (F)
Para um argumento usando conectivos lógicos,
Como podemos notar, quando temos a combina- devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
ção lógica verdade no antecedente e falso no conse- válidos, só muda um detalhe. Veja:
quente (V  F) para o conectivo “se...,então”, o nosso
resultado só poderá ser falso. z Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
premissas são verdadeiras;
(V) (F) z Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F) conectivo envolvido no argumento;
Fez sol. (V) z Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de
Logo, vou à praia. (F) valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
mento é inválido.
Percebe-se, então, que não está de acordo com a
nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso Veja na prática:
argumento é válido. Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine-
ma. (V)
ARGUMENTOS INVÁLIDOS O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)
Também podem ser chamados de argumentos mal
construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos. Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
Dizemos que um argumento é inválido quando a proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
verdade das premissas não é suficiente para garantir lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo: ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro.
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
p2: Patrícia não é criança; posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre-
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura a proposição não vou ao cinema está negando o que
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos, está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
vamos representar por meio dos diagramas lógicos valor lógico dela. Assim,
para saber a validade de um argumento. Veja que
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: (V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
Gostam de chocolate O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)

Tudo que não estiver no padrão de combinação


Crianças lógica - verdade no antecedente e falso no conse-
quente (V  F) para o conectivo “se...,então” – será
verdadeiro.
Patrícia
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)

Gostam de chocolate Percebe-se, então, que o argumento está de acordo


RACIOCÍNIO LÓGICO

com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro.


Logo, nosso argumento é inválido.
Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Crianças
Deu Erro Argumento Válido

Patrícia
Não Deu Argumento
Erro Inválido
Não gostam de chocolate

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d) Se não tenho um dia produtivo, então não acordei
HORA DE PRATICAR! cedo e não me alimentei.
e) Se tenho um dia produtivo, então acordei cedo ou me
1. (VUNESP — 2022) Uma equivalente lógica para a afir- alimentei.
mação – Se o dia foi corrido, então trabalhei muito –
está contida na alternativa: 6. (VUNESP — 2021) Uma afirmação equivalente à afir-
mação ‘Se Alice estuda, então ela faz uma boa prova,
a) Se não trabalhei muito, então o dia não foi corrido. e se Alice estuda, então ela não fica triste’ é
b) O dia não foi corrido e trabalhei muito.
c) Se trabalhei muito, então o dia foi corrido. a) Se Alice estuda, então ela não faz uma boa prova ou
d) Se o dia não foi corrido, então não trabalhei muito. ela fica triste.
e) O dia foi corrido e não trabalhei muito. b) Se Alice fica triste e não faz uma boa prova, então ela
não estuda.
2. (VUNESP — 2022) Considere a seguinte proposição: c) Se Alice estuda, então ela faz uma boa prova e ela não
fica triste.
“Cláudia é advogada se, e somente se, Paulo é assis- d) Alice estuda e ela faz uma boa prova e não fica triste.
tente social.” e) Alice não estuda, e ela faz uma boa prova ou não fica
triste.
Assinale a alternativa que contém uma negação lógica
para a proposição dada. 7. (VUNESP — 2022) Considere falsa a proposição “Se
João é engenheiro, então José é juiz e Pedro é advo-
a) Se Paulo não é assistente social, então Cláudia não é gado”. Do ponto de vista do raciocínio lógico, é neces-
advogada. sariamente verdadeiro:
b) Ou Paulo é assistente social ou Cláudia é advogada.
c) Cláudia é advogada e Paulo não é assistente social. a) José não é juiz.
d) Paulo é assistente social e Cláudia não é advogada. b) João é engenheiro.
e) Cláudia não é advogada se, e somente se, Paulo não é c) João não é engenheiro.
assistente social. d) José é juiz.
e) Pedro não é advogado.
3. (VUNESP — 2022) Uma equivalente lógica para a pro-
posição “Se eu me cuido, então sou saudável” está 8. (VUNESP — 2022) Se Cristiano está fazendo este con-
contida na alternativa: curso ou Valéria é funcionária pública, então Cristiano
estudou ou Valéria tem curso superior completo. Se
a) Eu não me cuido e não sou saudável. Cristiano estudou, então Mirian não é advogada. Se
b) Se sou saudável, então eu me cuido. Valéria tem curso superior completo, então ela prestou
c) Eu não me cuido ou sou saudável. algum vestibular.
d) Sou saudável e eu não me cuido.
e) Eu me cuido e sou saudável. Sabendo que Valéria nunca prestou vestibular e que
Mirian é advogada, conclui-se, corretamente, que
4. (VUNESP — 2021) Considere as proposições p e q, em
que: p: o dia está ensolarado e a temperatura é baixa. a) Valéria não tem curso superior completo e é funcioná-
q: é inverno. ria pública.
b) Cristiano não estudou e está fazendo esse concurso.
A negação da condicional p → q está corretamente c) Cristiano estudou ou Valéria é funcionária pública.
representada por: d) Se Valéria não é funcionária pública, então Cristiano
estudou.
a) Se o dia não está ensolarado ou a temperatura não e) Cristiano não está fazendo esse concurso e Valéria
está baixa, então não é inverno. não é funcionária pública.
b) Se o dia não está ensolarado ou a temperatura não
está baixa, então é inverno. 9. (VUNESP — 2021) Um trabalho foi feito por pelo menos
c) Se o dia não está ensolarado e a temperatura não está um dentre quatro alunos. O professor, que conhece o
baixa, então é inverno. estilo desses alunos, sabe que se Hosana não fez o
d) O dia não está ensolarado ou a temperatura não é bai- trabalho, então Iago fez. Ou Gabriela, ou Iago, fez o tra-
xa e é inverno. balho, mas não ambos. Jeremias fez o trabalho se e
e) O dia está ensolarado e a temperatura é baixa e não é somente se Gabriela não fez.
inverno.
Jeremias contou ao professor que ele não pode participar
5. (VUNESP — 2021) Uma proposição equivalente a “Se desse trabalho, logo fez (fizeram) esse trabalho apenas
acordei cedo e me alimentei, então tenho um dia pro-
dutivo” é a proposição: a) Gabriela e Hosana.
b) Gabriela e Iago.
a) Não tenho um dia produtivo e não acordei cedo e não c) Hosana e Iago.
me alimentei. d) Hosana.
b) Tenho um dia produtivo e não acordei cedo e não me e) Iago.
alimentei.
c) Se não tenho um dia produtivo, então não acordei
cedo ou não me alimentei.
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10. (VUNESP — 2021) Sabe-se que das afirmações a d) Ninguém erra e merece uma segunda chance.
seguir, apenas a afirmação (III) é falsa. e) Existe quem não erra e não merece uma segunda
chance.
I. Em um mesmo dia, ou João corre 10 km ou João pra-
tica meditação. 14. (VUNESP — 2021) Considere as afirmações:
II. Se João corre 10 km, então ele fica o dia todo bem
humorado. I. Não existe mecânico que não goste de carro.
III. Ontem João estava bem humorado. II. Alguns funileiros gostam de carro.
IV. No dia em que João pratica meditação, ele não conver-
sa com ninguém. A partir dessas afirmações, é correto concluir que

Sendo assim, é correto concluir que ontem João a) alguns funileiros são mecânicos.
b) se José gosta de carro, então José é funileiro.
a) correu 10 km. c) se Carlos não gosta de carro, então Carlos não é mecânico.
b) correu 10 km ou não praticou meditação. d) qualquer mecânico é funileiro.
c) não estava bem humorado e conversou com alguém. e) quem gosta de carro é mecânico ou funileiro.
d) não conversou com ninguém.
e) não estava bem humorado e correu 10 km. 15. (VUNESP — 2021) Observe o diagrama a seguir.

11. (VUNESP — 2021) Considere verdadeiras as afirma-


PIANISTAS
ções: I, III e IV, e considere falsa a afirmação II.
CANTORES
I. Se Leonardo é escrevente, então Marcela é técnica
judiciária.
II. Se Natália é analista judiciária, então Olívia é oficial de
justiça.
III. Se Marcela é técnica judiciária, então Olívia é oficial de DANÇARINOS
justiça.
IV. Patrícia é juíza ou Leonardo é escrevente. A partir das informações fornecidas pelo diagrama,
conclui- se que a única afirmação verdadeira é:
A partir dessas afirmações, é correto concluir que
a) Os cantores pianistas são dançarinos.
a) Olívia é oficial de justiça ou Leonardo é escrevente. b) Todo pianista é cantor ou dançarino.
b) Leonardo é escrevente e Natália é analista judiciária. c) Os pianistas que não são dançarinos são cantores.
c) Patrícia é juíza ou Olívia é oficial de justiça. d) Todo cantor é pianista.
d) Marcela é técnica judiciária e Patrícia é juíza. e) Os dançarinos que são pianistas são cantores.
e) Marcela é técnica judiciária e Natália é analista judiciária.
16. (VUNESP — 2021) Identifique a afirmação que corres-
12. (VUNESP — 2022) Sabe-se que todos os que foram ponda à negação lógica da afirmação a seguir: Se a
aprovados para o cargo de psicólogo fizeram um con- questão é fácil, então todos os candidatos acertam.
curso, e que alguns desses aprovados ainda não assu-
miram o cargo. Sabe-se, também, que Bruno e Carla a) A questão é fácil ou pelo menos um candidato acerta.
fizeram o concurso. b) A questão é fácil e pelo menos um candidato não acerta.
c) Se a questão não é fácil, então nenhum candidato acerta.
Sendo assim, é correto afirmar que d) Se todos os candidatos não acertam, então a questão
não é fácil.
a) se Carla não assumiu o cargo, então ela está aguar- e) A questão não é fácil e todos os candidatos acertam.
dando para assumir.
b) se Bruno foi aprovado no concurso, então ele está 17. (VUNESP — 2021) Considere a sequência 222, 244,
aguardando para assumir o cargo. 286, 348, 431, 445, 499, 593, 628, …. em que todos os
c) se Carla assumiu o cargo, então ela foi aprovada no seus elementos têm três algarismos. Considere agora
concurso. uma segunda sequência, que tenha o mesmo padrão
d) se Bruno foi aprovado no concurso, então ele já assumiu de formação da sequência anterior, de maneira que
o cargo. seu primeiro elemento seja 333 e que todos os seus
e) se Carla não assumiu o cargo, então ela não foi apro- elementos têm três algarismos.
vada no concurso.
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número de elementos dessa nova sequência com-


13. (VUNESP — 2022) Considere a seguinte afirmação: preendidos entre 600 e 800 é

“Todos erram e merecem uma segunda chance.” a) 2.


b) 3.
Uma negação lógica para a afirmação apresentada é: c) 4.
d) 5.
a) Ninguém erra ou não merece uma segunda chance. e) 6.
b) Existe quem não erra ou não merece uma segunda
chance.
c) Ninguém erra e não merece uma segunda chance.
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18. (VUNESP — 2021) Na sequência a seguir (45, 41, 42,
38, 40, 36, 39, 35, 39, 35, 40, 36, 42, 38, 45, 41, 49, ...), a 14 C
soma entre o elemento da posição 21 e o elemento da 15 A
posição 26 é igual a
16 B
a) 129.
17 B
b) 134.
c) 138. 18 E
d) 143.
e) 131. 19 A

20 E
19. (VUNESP — 2021) A sequência a seguir foi criada com
um padrão. Os números seguidos por um espaço tra-
cejado são antecedidos por uma vogal, e o número
antecedido por um espaço tracejado é seguido por
uma vogal. ANOTAÇÕES
1A2E3I4O5U6A7E8I9O10U11A12E ... 35_ ... 41_ ... 59_
... 67_ ... _70 ... E98I99O100

As letras que ocuparão os espaços tracejados, na


ordem em que aparecem, são

a) UAOEO
b) UAIEO
c) EAIUO
d) UAEIO
e) AUIEI

20. (VUNESP — 2021) Na gaveta de camisetas de Jefer-


son há 5 camisetas pretas, 7 camisetas vermelhas e
9 camisetas azuis. O menor número de camisetas que
Jeferson precisará retirar da gaveta, de maneira alea-
tória e sem saber quais camisetas estão saindo, para
ter certeza de ter retirado pelo menos uma camiseta
preta e uma camiseta azul, é

a) 14.
b) 18.
c) 16.
d) 20.
e) 17.

9 GABARITO

1 A

2 B

3 C

4 E

5 C

6 C

7 B

8 E

9 A

10 D

11 C

12 C

13 B
460
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