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Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa
ISBN: 978-65-5451-053-0
Edição: Fevereiro/2023
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................. 13
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS..............................................................................................................................20
COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 49
CRASE.................................................................................................................................................. 49
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 50
DIREITO PENAL...................................................................................................................59
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA............................................................................................... 59
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DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES – ART. 351 A 372..........................................................................................91
Da Citação....................................................................................................................................................... 151
Das Cartas....................................................................................................................................................... 156
Das Intimações............................................................................................................................................... 158
DA TUTELA PROVISÓRIA................................................................................................................................159
DO PROCEDIMENTO COMUM.........................................................................................................................164
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA...............................................................................................................193
DOS RECURSOS...............................................................................................................................................203
DO PODER JUDICIÁRIO...................................................................................................................................259
ARTS.1º AO 13.................................................................................................................................................323
ARTS. 34 AO 38 ...............................................................................................................................................327
MATEMÁTICA.................................................................................................................... 331
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................331
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................333
PORCENTAGEM.................................................................................................................................335
JUROS SIMPLES...............................................................................................................................341
EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS...........................................................................................................342
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SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1.º GRAU...........................................................................................344
NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................349
FORMAS...........................................................................................................................................................349
PERÍMETRO......................................................................................................................................................351
ÁREA DE POLÍGONOS......................................................................................................................................351
ÂNGULO............................................................................................................................................................353
TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................355
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 369
MS-WINDOWS 10..............................................................................................................................369
ÁREA DE TRABALHO.......................................................................................................................................370
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA.............................................................................................................................372
PROGRAMAS E APLICATIVOS........................................................................................................................375
CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................406
ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS..............................................................................................................................409
INTERNET..........................................................................................................................................409
NAVEGAÇÃO INTERNET..................................................................................................................................410
CONCEITOS DE URL.........................................................................................................................................413
LINKS................................................................................................................................................................414
SITES................................................................................................................................................................415
BUSCA..............................................................................................................................................................416
IMPRESSÃO DE PÁGINAS...............................................................................................................................417
MS TEAMS.........................................................................................................................................418
ONEDRIVE..........................................................................................................................................434
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RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 441
AVALIAR A HABILIDADE DO(A) CANDIDATO(A) EM ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA
DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS
FICTÍCIOS...........................................................................................................................................441
DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................................452
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INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS
POSSÍVEIS
A DEDUÇÃO
no texto refere-se ao termo “democratas”, já o segundo, uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
faz referência aos presidenciáveis que participavam do Vejamos um exemplo:
debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam
para uma parcela objetiva do texto, diferente do pro-
nome “essa”, associado ao substantivo “tragédia”, que Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior
recupera uma parcela textual maior, fazendo referência foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti-
ao momento de pandemia pelo qual o mundo passa. co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. da década de 1970.
Não é possível saber qual dos homens estava Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
acompanhado. 30/09/2020. Adaptado. 17
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Todas as marcações em negrito fazem referência ao COESÃO SEQUENCIAL
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza- A coesão sequencial é responsável por organizar a
doras que servem para ligar ideias e construir o texto. progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
Uso de Adjetivos mover a evolução do debate assumido pelo autor.
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a
Os adjetivos também são considerados expressões partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
nominalizadoras que fazem referência a uma porção desinências e modos verbais. Neste material, iremos
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, são utilizadas para garantir a progressão textual.
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de Conjunções Coordenativas
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
sobre essa personalidade, referida anteriormente. As conjunções coordenativas são aquelas que
É importante recordar que não podemos identifi- ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em semântico independente. Na construção textual, elas
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as são importantes, pois, com seus valores, adicionam
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis- informações relevantes ao texto.
ta, professor são substantivos que funcionam como Exemplos de conjunções coordenativas atuando
adjetivos e colaboram na construção textual. na coesão:
As conjunções integrantes fazem parte das orações Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
subordinadas, na realidade, elas apenas integram, Castelão. Ceará no Castelão.
ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
tipos de conjunções integrantes: que e se. posições diferentes, cumpre um papel importante na
progressão temática do texto.
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Quando é possível subs- uso de expressões textuais bem características, como: em
Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
fácil.
isso, estamos diante de resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
Quero. O quê? Isso
uma conjunção integrante cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado, garan-
tindo a informatividade do texto.
Sempre haverá con-
junção integrante em Perguntei se ele estava
Uso de Paralelismo
orações substantivas e, em casa.
consequentemente, em Perguntei. O quê? Isso
períodos compostos As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
COESÃO RECORRENCIAL e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tático. Quando há sequência de expressões simétricas
Uso de Repetições no plano das ideias e coerência entre as informações,
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
As recorrências de repetições em textos são comu-
LÍNGUA PORTUGUESA
sentido.
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pa- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
lavras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo es- Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
sencial para manter a progressão temática do texto, tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
dido, levando o escritor a fugir da temática. Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
Embora também não recomendemos as repetições ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- em que houve quebra de paralelismo:
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. — Errado. 19
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“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” influencia e permite o estabelecimento de diferentes
— Correto. relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Devemos manter a organização das orações, pois meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
não podemos coordenar orações reduzidas com ora- mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas. Importante!
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- sões de um idioma.
mos o seguinte exemplo: Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
“Por um lado, os manifestantes agiram corre- que cada falante seleciona do léxico para se
tamente, por outro podem não ter agido errado” comunicar.
— Incorreto.
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
lação” — Correto.
Sinonímia
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
São palavras ou expressões que, empregadas em
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
um determinado contexto, têm significados seme-
foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto.
lhantes. É importante entender que a identidade dos
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
o que pode não acontecer em outras situações. O
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
PALAVRAS E EXPRESSÕES exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
Denotação so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
O sentido denotativo da linguagem compreende capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
o significado literal da palavra independente do seu vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais do texto.
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar Antonímia
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por São palavras ou expressões que, empregadas em
isso, é muito utilizada em textos informativos, como um determinado contexto, têm significados opostos.
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
ticos, entre outros. gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
chamas) casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)
Conotação
Homônimos são palavras que têm a mesma pro- Realizaremos uma prova para aferir seus
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- conhecimentos (avaliar, cotejar).
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a O empresário consegue sempre auferir lucros
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- em seus investimentos (obter).
nimos importantes:
z Cavaleiro/cavalheiro
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
Todos os cavaleiros que integravam a cavala-
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) ria do rei participaram na batalha (homem que
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) anda de cavalo).
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
bucho (estômago) buxo (arbusto) sempre as portas para eu passar (homem edu-
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cado e cortês).
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar; z Cumprimento/comprimento
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) O comprimento do tecido que eu comprei é de
céptico (descrente) séptico (que causa infecção) 3,50 metros (tamanho, grandeza).
Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
cerrar (fechar) serrar (cortar)
z Delatar/dilatar
cervo (veado) servo (criado)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) Um dos alunos da turma delatou o colega que
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
pagamento) xadrez) Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
círio (vela) sírio (natural da Síria) do seu estômago (alargar, estender).
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) z Dirigente/diligente
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
coser (costurar) cozer (cozinhar) O dirigente da empresa não quis prestar decla-
exotérico (que se expõe em rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
esotérico (secreto)
público) soa que dirige, gere).
espectador (aquele que expectador (aquele que tem Minha funcionária é diligente na realização de
assiste) esperança, que espera) suas funções (expedito, aplicado).
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena) z Discriminar/descriminar
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
estático (imóvel) extático (admirado) Ela se sentiu discriminada por não poder
esterno (osso do peito) externo (exterior) entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
Em muitos países se discute sobre descrimi-
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo) nar o uso de algumas drogas (descriminalizar,
inocentar).
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/.
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) Acessado em 17/10/2020.
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) Polissemia (Plurissignificação)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
semia é encontrada no exemplo a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA
Parônimos
z Absorver/absolver
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
Tentaremos absorver toda esta água com
esponjas. (sorver)
Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados (inocentar). 21
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Hipônimo e Hiperônimo aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
Relação estabelecida entre termos que guardam leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- título, ao tema e a fonte das informações é vital para
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – uma boa análise e interpretação.
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...
Gráfico
Componentes de um gráfico:
Gráfico de Exemplo
900
800
700
600 Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
Acessado em: 01/03/2021.
500
400
300 REFERÊNCIAS
200
100 ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coe-
0 rência. São Paulo: Parábola, 2005.
Maçãs Laranjas Bananas
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São
2013 2014 2015 Paulo: Contexto, 2013.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos
da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016.
Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-
legenda-a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7. KOCH, I. G. V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e com-
preender: os sentidos do texto. 3. ed . São Paulo:
Infográficos Contexto, 2015.
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sac-
Os infográficos são uma forma moderna de apre- coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
sentar o sentido. Essa palavra une os termos info Geração, 2010.
(informação) e gráfico (desenho, imagem, representa- SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em
ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o Redação Profissional. Campinas: Servanda, 2008.
apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
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z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS meninos eram bons em português;
z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM: série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
SUBSTANTIVO, ADJETIVO, gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E Ele ganha o triplo no novo emprego;
CONJUNÇÃO z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi-
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou
INTRODUÇÃO um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele
recebeu metade do pagamento.
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
e suas funções. quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Analogamente, para compreender bem as funções Dúzia: conjunto de doze unidades;
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, Novena: período de nove dias;
precisamos conhecer como essa forma se classifica e Década: período de dez anos;
como se organiza. Século: período de cem anos;
Por isso, em língua portuguesa, estudamos as Bimestre: período de dois meses.
formas das palavras na morfologia, que organiza as
classes das palavras em dez categorias. A seguir, estu- Um: numeral ou artigo?
daremos detalhadamente cada uma delas e também
veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras A forma um pode assumir na língua a função de
denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
exigentes. podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. Observe:
ARTIGOS
z Durante a votação, houve um deputado que se
Os artigos devem concordar em gênero e número posicionou contra o projeto;
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
minantes dos substantivos. cionou contra o projeto.
Essa classe está dividida em artigos definidos e
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como Na primeira frase, podemos substituir o termo um
determinantes objetivos, individualizando a palavra, por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
já os indefinidos funcionam como determinantes o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
um —variam em gênero e número, tornando-se “os, por exemplo.
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os Já na segunda oração, a alteração do gênero não
indefinidos. Assim, temos: implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
z Artigos definidos: o, os; a, as; deputado, marcando a quantidade.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
Os artigos podem ser combinados às preposições. que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
São as chamadas contrações. Algumas contrações Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
comuns na língua são: seguir:
z
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Toda palavra determinada por um artigo torna- z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
etc.
SUBSTANTIVOS
NUMERAIS
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
São palavras que se relacionam diretamente ao característica básica dessa classe é admitir um deter-
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
ção. Os numerais podem ser: xionam-se em gênero, número e grau. 23
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Tipos de Substantivos Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
A classificação dos substantivos admite nove tipos no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
diferentes. São eles: Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
z Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
em nosso país.
LÍNGUA PORTUGUESA
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
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As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
28 tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
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Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
GRAU -
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
LÍNGUA PORTUGUESA
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 29
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PRONOMES
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
30 reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
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Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de PRONOMES INDEFINIDOS1
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
sociais que designam: Um, uma, uns, umas
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu- As palavras certo e bastante serão pronomes
ques e seus respectivos femininos; indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; serão adjetivos quando vierem depois.
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do gover- Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
indefinido).
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
respectivos femininos;
A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento do. Por isso, atente-se ao seguinte:
cerimonioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa; z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen-
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- te ao termo “muito”.
ma.): Bispos. Ex.: Elas são bastante famosas.
z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- ao termo “suficiente”.
nomes de tratamento e suas respectivas designações Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial a festa.
da Presidência da República. Portanto, essas designa- z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- o substantivo, indicando grande, porém incerta,
ro textual abordado for um gênero oficial. quantidade de algo.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
Outro, outra, outros, outras Outrem Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Muito, muita, muitos, muitas Algo me “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
LÍNGUA PORTUGUESA
Certo, certa, certos, certas Nada z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Vários, várias Cada mento de algo de quem fala.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Indicar distância que se deseja manter.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
fia nesses políticos.
Qualquer, quaisquer z Referência ao tempo passado.
Qual, quais Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo.
Vós vos sentais Sentastes-vos AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se passear);
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr);
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblí-
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir,
quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-
sair).
te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen- Dica
tamos friamente; O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga-
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da
ção, pois origina-se do verbo “poer”.
natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
O mesmo acontece com verbos que deste
derivam.
O verbo haver, com sentido de existir ou mar-
cando tempo decorrido, também será impessoal.
Ex.: Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há Vozes Verbais
dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos As vozes verbais definem o papel do sujeito na
impessoais quando designam fenômeno climá- oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
tico ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tar- verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
de quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou � Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação
data concorda com esses elementos. verbal.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, Ex.: O policial deteve os bandidos.
quando indicar tempo decorrido ou tempo cli- � Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
mático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui verbal.
faz muito calor. Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
Os verbos impessoais não apresentam sujei- passiva analítica;
to; sintaticamente, classifica-se como sujeito � Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
inexistente. � Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes-
O verbo ser será impessoal quando o espa- mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
ço sintático ocupado pelo sujeito não estiver Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo para- menino se agrediu.
digma do verbo fazer, podendo ser impessoal, � Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que mo tempo, porém há uma ação compartilhada
não vejo Mariana”. entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados e sofrem a ação.
nas formas compostas dos verbos e também nas Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
dos tempos compostos são ter e haver. cumprimentaram.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz passiva é realizada a partir da troca de funções
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos transfor-
36 mina a regência estabelecida na oração. mar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo
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for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, z Partícula de realce: Será partícula de realce o
só há voz passiva com a presença do objeto direto. “se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
Importante! Não confunda os verbos pronomi- juízo no sentido e na compreensão global do texto.
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais A partícula de realce não exerce função sintática,
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- pois é desnecessária.
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
pronome que faz parte integrante do seu significado,
diferentemente das vozes verbais, que acompanham z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
o pronome “se” com função sintática própria. quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
“se” exerce função de conjunção integrante, ape-
Outras Funções do “se” nas ligando as orações, e poderá ser substituído
pela conjunção “caso”.
Como vimos, o “se” pode funcionar como item Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- dar, será aprovado).
mento também acumula outras atribuições:
Conjugação de Verbos Derivados
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
designado partícula apassivadora, nesse contexto. Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
“Se” (partícula apassivadora).
relevantes em provas diversas:
O “se” exercerá essa função apenas:
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
Com verbos que concordam com o sujeito; z Ver: Antever, rever, prever;
Com a voz passiva sintética. z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire- Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” funcio- O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
nará nessa condição quando não for possível identi- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
ficar o sujeito explícito ou subentendido. Além disso, que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
não podemos confundir essa função do “se” com a de ção são, predominantemente, regulares.
apassivador, já que, para ser índice de indetermina-
ção do sujeito, a oração precisa estar na voz ativa.
PRESENTE — INDICATIVO
Outra importante característica do “se” como índi- Eu Crio
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em Tu Crias
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá Ele/Você Cria
estar na 3ª pessoa do singular. Nós Criamos
Ex.: Acredita-se em Deus. Vós Criais
Tu Passeias
Ele/Você Passeia
Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
presente de aniversário (implícito). Nós Passeamos
Vós Passeais
z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
Eles/Vocês Passeiam
será parte integrante dos verbos pronominais,
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun- Conjugação de Alguns Verbos
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
estar explícito ou implícito. Vamos agora conhecer algumas conjugações de
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
filha. to de questões em concursos. 37
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Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo: z Lugar: Ir a Santa Catarina;
z Modo: Falar aos gritos;
PRESENTE — INDICATIVO z Sucessão: Dia a dia;
Eu Adiro z Tempo: Nasci a três de maio;
z Proximidade: Estar à janela.
Tu Aderes
Ele/Você Adere “Após”
Nós Aderimos
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
Vós Aderis z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
Eles/Vocês Aderem
“Com”
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
entrepor, supor.
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
PRESENTE — INDICATIVO
z Matéria: Vinho se faz com uva;
Eu Ponho z Modo: Andar com elegância;
Tu Pões z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
comigo sempre é assim.
Ele/Você Põe
Nós Pomos “Contra”
Vós Pondes
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;
Eles/Vocês Põem
z Direção: Olhar contra o sol;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
PREPOSIÇÕES contra o peito.
Conceito “De”
“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente. z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução.
“Sobre” a + o = ao
a + os = aos
z Assunto: Não gosto de falar sobre política; z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem
z Direção: Ir sobre o adversário; redução.
4 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 39
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Veja a lista a seguir5, que apresenta as preposições z Preposição “per”:
que se contraem e suas devidas formas:
Com as formas antigas do artigo definido (lo,
z Preposição “a”: la):
per + lo(s) = pelo, pelos
Com o artigo definido ou pronome demonstra- per + la(s) = pela, pelas
tivo feminino:
a + a= à z Preposição “para” (pra):
a + as= às
Com o pronome demonstrativo: Com artigo definido:
a + aquele = àquele para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aqueles = àqueles para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
a + aquilo = àquilo Preposições
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado � Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, que, a fim de que etc.
pois, a subir. Ex.: A professora dá exemplos para que você
aprenda!
z Conclusivas: Ligam duas ideias, de forma que a Comprou um computador a fim de que pudesse
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, trabalhar tranquilamente.
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, � Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de
destarte, pois (deslocado na frase). tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui logo que, desde que etc.
aprovado. Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar- do Futuro.
-se. Mal cheguei à cidade, fui assaltado. 41
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de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
Importante! interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto.
Os valores semânticos das conjunções não se
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
prendem às formas morfológicas desses elemen- va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
tos. O valor das conjunções é construído contex- nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
tualmente, por isso, é fundamental estar atento por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
aos sentidos estabelecidos no texto. que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a alterado.
procura? (Se = causal = já que) Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
Conjunções Integrantes
É salutar lembrar que o sentido exato de cada z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
42 texto. Por isso, em questões que abordem essa classe multidão gritou entusiasmada;
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z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
verbo posterior ao pronome relativo concorda número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi- palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
tes do Brasil que se situam mais próximos do chegou (Duas horas deram...).
Meridiano?; Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós badaladas soaram).
quem resolveu a questão; Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio
da escola soou dez badaladas).
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
dem-se casas de veraneio aqui.
nós quem resolvemos a questão.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
interessada;
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no Majestade está preocupada?
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- Suas Excelências precisam de algo?
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
essa questão; exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse ticais diferentes
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
Unidos continuam uma potência. � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
z Estados Unidos continua uma potência. Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- garam ontem;
de de Santos fica em São Paulo.”) � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Importante! ter o espírito esportivo;
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o singular
verbo fica no singular ou no plural. Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. davam (preferencialmente no singular);
� Gradação entre os núcleos do sujeito
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais me acalmar (preferencialmente no singular);
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, � Núcleos do sujeito no infinitivo
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
Mais de um aluno compareceu à aula. � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
Mais de cinco alunos compareceram à aula. mitivo (nada, tudo, ninguém)
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
A expressão mais de um tem particularidades: � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo nem um nem outro
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à foco nos estudos;
festa. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
Mais de um aluno, mais de um professor es-
tavam presentes. como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
bem como, assim como, tanto quanto
z Quando o sujeito é formado por um número per- Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
centual ou fracionário, o verbo concorda com o final;
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
numerado ou com o número inteiro, mas pode
LÍNGUA PORTUGUESA
CRASE FACULTATIVA
PONTUAÇÃO
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
mos a seguir as regras sobre seus usos.
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
USO DE VÍRGULA
se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
� Antes de pronomes possessivos no singular
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
Ex.: Iremos a/à sua residência;
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
� Após preposição até, com ideia de limite
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
qualquer ambiguidade.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Quando se trata de separar termos de uma mesma
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
afeto.” (CBr. 1, 67)
� Para separar os termos de mesma função:
CASOS ESPECIAIS
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
enumeração:
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
arrastado pelo tsunami;
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
evitar ambiguidades.
já apareceu na frase) do verbo:
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
instrumento).
filmes de terror;
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).
� Para separar palavras ou locuções explicativas,
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
retificativas:
instrumento).
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
anos;
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
� Para separar datas e nomes de lugar:
Nomes de Lugares
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, e, nem, ou:
moro em Copacabana, passo por Copacabana); Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, A vírgula também é facultativa quando o termo
passo pela Bahia). que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for
50 uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
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Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço sores, jornalistas, médicos;
em casa. � Introduzir uma explicação ou enumeração após
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. saber, como:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Filosofia, Ciências...;
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
� Entre o sujeito e o verbo: (relação semântica de oposição, explicação/causa
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- ou consequência):
ram a explicação. (errado) Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- homem culto.
sertaram minha visão. (errado); Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- cautela;
dicativo do sujeito: � Marcar invocação em correspondências:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Ex.: Prezados senhores:
ção. (errado) Comunico, por meio deste, que...
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) TRAVESSÃO
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
(errado); � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre um substantivo e seu complemento nominal discurso de interlocutor: Ex.:
ou adjunto adnominal: — Bom dia, Maria!
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
— Bom dia, Pedro!;
pelos alunos. (errado);
� Serve também para colocar em relevo certas
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
passiva:
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
colchetes:
professor para a feira. (errado);
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado). Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
USO DE PONTO E VÍRGULA
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
PARÊNTESES
e vírgula (;):
Têm função semelhante à dos travessões e das
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
mos, expressões ou orações.
ficou triste;
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
to, exausto;
jantar. (oração intercalada)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
zeugma):
PONTO-FINAL
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
ouvinte.
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete;
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
� Em enumerações, portarias, sequências:
período.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
O Procurador-Geral da República; Carlos Drummond de Andrade;
O Colégio de Procuradores da República; � Nas abreviaturas
O Conselho Superior do Ministério Público Federal. Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
LÍNGUA PORTUGUESA
sec. = secretário.
DOIS-PONTOS a.C. = antes de Cristo.
Peças criadas para redes sociais com a frase “Crin- d) desenvolver a conscientização de crianças, jovens e ado-
ge mesmo é fumar” fazem parte da campanha. Os lescentes tem como finalidade torná-los cringes, perfil
materiais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, em que se contrapõe às tendências das redes sociais.
parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde, e) estar em sintonia com as orientações da OMS permite
destacam a importância de proteger a saúde de crian- que crianças, jovens e adolescentes se tornem alvo de
ças, jovens e adolescentes, que são alvo de estraté- estratégias de venda da indústria do tabaco.
gias de venda para que possam se tornar um mercado
repositor de novos consumidores, já que o consumo 3. (VUNESP — 2021) De acordo com as informações do
de tabaco mata mais da metade de seus usuários. 2º parágrafo, parar de fumar, no contexto da pandemia
Vale lembrar que os cigarros eletrônicos, ou pods, não vivida no mundo, é uma ação de
são opções mais saudáveis ao cigarro tradicional.
No Brasil, a comercialização desses dispositivos é 53
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a) respeito, porque devolve a autoestima para a maioria c) ... seu efeito sobre a maioria das características que nos
da população. interessam é muito mais probabilístico. (3º parágrafo)
b) exibicionismo, porque as mortes pela Covid-19 não d) ... quando não combatendo, pesquisas no campo da
diminuirão. genética humana, particularmente da genética com-
c) empatia, porque envolve a preocupação com o coleti- portamental. (1º parágrafo)
vo social. e) Em boa medida por causa desse histórico sombrio,
d) orgulho, porque reforça a determinação para superar o parte da sociedade passou as últimas décadas igno-
vício. rando... (1º parágrafo)
e) medo, porque se juntas duas doenças de alto poder
letal às pessoas. 5. (VUNESP — 2022) Considerando a relação com senti-
do de oposição que a frase que inicia o 2o parágrafo
Leia o texto a seguir para responder às questões de 4 estabelece com as informações do parágrafo anterior,
a 6. essa relação de sentido permanece corretamente pre-
servada com a inserção da conjunção destacada em:
A loteria genética
a) Enquanto esse panorama começou a mudar nos últi-
O morticínio e as iniquidades provocados por ideias mos anos, com a publicação de livros...
supostamente científicas sobre genes e raças são b) Se esse panorama começou a mudar nos últimos
conhecidos. Em boa medida por causa desse histórico anos, com a publicação de livros...
sombrio, parte da sociedade passou as últimas déca- c) Todavia esse panorama começou a mudar nos últi-
das ignorando, quando não combatendo, pesquisas mos anos, com a publicação de livros...
no campo da genética humana, particularmente da d) Porque esse panorama começou a mudar nos últimos
genética comportamental. Não é uma estratégia parti- anos, com a publicação de livros...
cularmente brilhante. Um dos maus hábitos da realida- e) Como esse panorama começou a mudar nos últimos
de é que ela não vai embora só porque você não gosta anos, com a publicação de livros...
dos resultados que ela produz.
Esse panorama começou a mudar nos últimos anos, 6. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa em que a frase
com a publicação de livros escritos por cientistas com redigida a partir do texto está em conformidade com a
agenda abertamente progressista que mostram que norma-padrão de concordância verbal e nominal da lín-
os genes são relevantes para o comportamento huma- gua portuguesa.
no. “The Genetic Lottery”, de Kathryn Paige Harden, é
uma dessas obras. Seu maior mérito é apresentar e a) Em uma obra bastante atual, a maneira como a genéti-
desmitificar o problema. Genes importam não só no ca se relaciona com certos dilemas sociais são o foco
âmbito individual mas também para os grandes desa- da pesquisadora americana.
fios sociais, como a igualdade. O peso da genética b) Para entender o papel real da genética, é preciso sepa-
no desempenho escolar de uma criança é igual ao da rar o que é senso comum das respostas fornecidas
renda dos pais, ou seja, bem forte. E o desempenho por estudos científicos.
escolar, vale lembrar, é uma variável-chave na defini- c) Livros mais recentemente publicado procuram eviden-
ção da renda, felicidade e até do número de anos que ciar o quanto o comportamento humano é determina-
a pessoa vai viver. do pelos genes.
Harden faz um apanhado bem didático dos tipos de d) O histórico sombrio que pairava sobre as pretensas
pesquisa genética que existem, as diferenças entre pesquisas genéticas constituíam a razão de a socie-
eles e como interpretá-los. Embora o senso comum dade ter evitado discuti-las.
pense os genes como determinantes, seu efeito sobre e) Um ambiente adequado pode ser importante para o
a maioria das características que nos interessam é desenvolvimento mesmo daqueles que não foram
muito mais probabilístico. Bons genes no ambiente geneticamente beneficiado.
errado não fazem milagres. E um ambiente propício
pode fazer com que mesmo alguém que não tenha Leia o texto a seguir para responder às questões de 7
sido favorecido pela loteria genética se saia bem. a 9.
Uma boa analogia é com a miopia. Ela é 100% genéti-
ca, mas depende de certas condições ambientais para Perto do apagão
manifestar-se. Mais importante, mesmo quando ela
dá as caras, a sociedade tem uma solução não genéti- a falta de chuvas nos últimos dois meses,
ca 100% eficaz: óculos. inferiores ao padrão já escasso do mesmo período
de 2020, ficou mais evidente a ameaça a
(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ geração de energia se mostre insuficiente para man-
helioschwartsman/2021/12/a-loteria-genetica.shtml. 18.12.2021.
Adaptado)
ter o fornecimento até novembro, quando se encerra
o período seco.
4. (VUNESP — 2021) O adjetivo destacado caracteriza de Novas simulações do Operador Nacional do Sistema
forma negativa a palavra a que se refere na seguinte (ONS) mostram agravamento, com destaque para a
frase: região Sul, onde o nível dos reservatórios até 24 de
agosto caiu para 30,7% – a projeção anterior apontava
para 50% no fechamento do mês.
a) ... cientistas com agenda abertamente progressis-
Mesmo no cenário mais favorável, que pressupõe um
ta que mostram que os genes são relevantes para o
amplo conjunto de medidas, como acionamento de
comportamento... (2º parágrafo)
grande capacidade de geração térmica, importação de
b) Harden faz um apanhado bem didático dos tipos de
energia e postergação de manutenção de equipamen-
pesquisa genética que existem... (3º parágrafo)
54 tos, o país chegaria novembro praticamente
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sem sobra de potência, o que amplia a probabilidade 10. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa em que o
de apagões. termo entre parênteses substitui corretamente a
Embora se espere que tais medidas sejam suficientes para expressão.
evitar racionamento neste ano, não se descartam sobres-
saltos pontuais, no contexto da alta demanda o a) passam a controlar (passam-lhe).
sistema será submetido. b) transformam em zumbis (transformam-os).
Se o regime de chuvas no verão não superar a média c) controlar os humanos (controlar-lhes).
dos últimos anos, a margem de manobra para 2022 d) dominar as máquinas (domina-as).
será ainda menor. Calcula-se que, nesse quadro, a e) ler uma história de ficção (lê-la).
geração térmica, mais cara, tenha de permanecer
durante todo o período úmido, o que seria algo inédito. Leia o texto a seguir para responder às questões de
Desde já o país precisa considerar os piores cenários 11 a 14.
e agir com toda a prudência possível, com foco em
investimentos na geração, modernização de turbinas Vida ao natural
em hidrelétricas antigas e planejamento para ampliar
a resiliência do sistema. Pois no Rio tinha um lugar com uma lareira. E quan-
do ela percebeu que, além do frio, chovia nas árvores,
(Editorial. Folha de S.Paulo, 27.08.2021. Adaptado)
não pôde acreditar que tanto lhe fosse dado. O acordo
Considere as passagens do texto.
do mundo com aquilo que ela nem sequer sabia que
7. (VUNESP — 2021) Considere as passagens do texto. precisava como numa fome. Chovia, chovia. O fogo
aceso pisca para ela e para o homem. Ele, o homem,
z ... onde o nível dos reservatórios até 24 de agosto caiu se ocupa do que ela nem sequer lhe agradece; ele ati-
para 30,7%... (2º parágrafo) ça o fogo na lareira, o que não lhe é senão dever de
z ... a margem de manobra para 2022 será ainda menor. nascimento. E ela – que é sempre inquieta, fazedora
(5º parágrafo) de coisas e experimentadora de curiosidades – pois
z ... o que seria algo inédito. (5º parágrafo) ela nem lembra sequer de atiçar o fogo; não é seu
papel, pois se tem o seu homem para isso. Não sendo
No contexto em que estão empregadas, as formas ver- donzela, que o homem então cumpra a sua missão. O
bais expressam, correta e respectivamente, sentido de: mais que ela faz é às vezes instigá-lo: “aquela acha*”,
diz-lhe, “aquela ainda não pegou”. E ele, um instante
a) ação frequente; presente; dúvida. antes que ela acabe a frase que o esclareceria, ele
b) ação concluída; imperativo; hipótese. por ele mesmo já notara a acha, homem seu que é,
c) ação concluída; futuro; hipótese. e já está atiçando a acha. Não a comando seu, que
d) ação frequente; presente; certeza. é a mulher de um homem e que perderia seu estado
e) ação anterior a outra; futuro; desejo. se lhe desse ordem. A outra mão dele, a livre, está ao
alcance dela. Ela sabe, e não a toma. Quer a mão dele,
8. (VUNESP — 2021) Nas passagens “postergação de sabe que quer, e não a toma. Tem exatamente o que
manutenção de equipamentos” (3º parágrafo), “o que precisa: pode ter.
seria algo inédito” (4º parágrafo) e “ampliar a resiliên- Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não
cia do sistema”(6º parágrafo), os termos destacados pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo,
têm como sinônimos, correta e respectivamente: refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que
sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encar-
a) preterição; habitual; capacidade de modernização. niça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o
b) realização; original; capacidade de transformação. fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que
c) adiantamento; convencional; capacidade de reintegração. tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao pren-
d) procrastinação; corrente; capacidade de manutenção. dê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.
e) adiamento; sem precedentes; capacidade de recuperação.
(Clarice Lispector, Os melhores contos [seleção Walnice Nogueira
9. (VUNESP — 2021) As informações do editorial permi- Galvão], 1996)
tem concluir corretamente que * pequeno pedaço de madeira usado para lenha 11.
a) o regime das chuvas, que já chegou a causar preocu- 11. (VUNESP — 2021) Assinale a alternativa em que a
pação no país pelo risco de apagão, estará normaliza- reescrita de informações textuais atende à norma-pa-
LÍNGUA PORTUGUESA
(Michael J. Sandel. A tirania do mérito: o que aconteceu com o bem 20. (VUNESP — 2021) De acordo com a norma-padrão, a
comum? Trad. Bhuvi Libanio. – 4a ed. Rio de Janeiro: Civilização
reescrita de informações do texto está correta quanto
Brasileira, 2021. Excerto adaptado)
à concordância verbal em:
Assinale a alternativa em que, na frase redigida a partir
a) Existe sentimentos, como o amor, que são escândalos
do texto, a vírgula está empregada em conformidade
e que não se abafa.
com a norma-padrão da língua portuguesa.
b) Tristes daqueles que sente e esconde, que sente e fica
no joguinho dramático.
a) A conquista de uma vaga em uma universidade públi-
c) Acontece que, quando há suaves prestações, o amor
ca, costuma ser creditada apenas à capacidade e ao
está sendo poupado.
empenho individuais.
d) Joguinhos dramáticos expõe o perfil daquela pessoa
b) É preciso ter a devida noção de que parte do mérito pelos
que sente e esconde.
nossos sucessos, deve ser creditado a outras pessoas.
e) Quando se usa sete chaves para guardar o amor, ele
c) Na meritocracia a culpa pelo fracasso é, inapelavelmente
vai da boca para fora.
atribuída unicamente a quem não consegue sair vencedor.
d) Muito do sucesso alcançado, é possibilitado por um con-
21. (VUNESP — 2021) O estabelecimento de sentido no
texto social que valoriza e compensa eventuais talentos.
texto se dá pela inter-relação entre a área do amor e a
e) Enquanto torna os vencedores arrogantes, o discurso
da
meritocrático faz com que perdedores fiquem ressentidos.
a) finança, enfatizando-se que a primeira dispensa gran-
18. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa que completa
des investimentos para que logre êxito.
corretamente as lacunas segundo a norma-padrão de
b) etiqueta, enfatizando-se que a primeira pode trazer
LÍNGUA PORTUGUESA
regência.
prejuízos à vida social se promove escândalos.
c) saúde, enfatizando-se que a primeira pode trazer pro-
Algumas pragas que acometem plantações
blemas físicos se o amor é exagerado.
podem ser combatidas fungos sem afetar dire-
d) economia, enfatizando-se que a primeira exige o dis-
tamente frutos e sem comprometer os testes de
pêndio de recursos de forma intensa.
qualidade que estão sujeitos os produtores.
e) psicologia, enfatizando-se que a primeira vira ostenta-
ção quando se faz joguinho dramático.
a) as … com … os … a
b) nas … contra … nos … de
22. (VUNESP — 2021) A frase inicial do 2º parágrafo sinte-
c) das … nos … dos … por
tiza o ponto de vista do autor: “Vai por mim, amar é luxo
d) as … contra … nos … com
só.” Coerente com esse posicionamento, o autor reconhe-
e) nas … por … os … de
ce que o amor é 57
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a) um sentimento que deve ser declarado e vivido no Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
tempo presente. texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
b) uma dívida de boteco que se intensifica quando é paga
aos poucos. a) fixada ... estimados ... certo
c) uma lembrança do passado que se legitima como b) fixado ... estimadas ... certas
poupança. c) fixados ... estimada ... certas
d) um desperdício na vida das pessoas se não for bem d) fixadas ... estimado ... certo
guardado. e) fixado ... estimados ... certa
e) uma ilusão que vai sendo construída ao longo da vida
das pessoas.
9 GABARITO
23. (VUNESP — 2021) Releia as passagens do texto.
1 E
z Na economia amorosa, só existe pagamento à vista,
missa de corpo presente. O amor não se parcela... 2 A
z Não existe essa de amor só amanhã, como na placa
3 C
do fiado do boteco. Amor é hoje...
z Amor não se sonega, amor é tudo a declarar. 4 E
a) consequência. 8 E
b) analogia.
c) harmonia. 9 D
d) semelhança.
10 E
e) discrepância.
11 B
24. (VUNESP — 2021) Leia o texto para responder à ques-
tão abaixo. 12 B
13 C
Motivação é a energia que nos leva agir – e não sou
a única pessoa que acha difícil encontrar essa motiva- 14 D
ção. Alguns de nós sofreram um burnout total depois de
mais de um ano de perdas, dor e problemas relaciona- 15 A
dos pandemia. Outros se sentem mais como estou
me sentindo – nada está terrivelmente errado, mas não 16 B
conseguimos encontrar inspiração. Seja qual for a situa-
17 E
ção em que nos encontramos, um exame mais profundo
da motivação pode nos dar mais incentivo para avançar, 18 A
não só no dia dia, mas num futuro incerto.
19 B
(Cameron Walker, The New York Times. Em: https://economia.
estadao.com.br. Adaptado)
20 C
21 D
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respecti- 22 A
vamente, com
23 E
a) à ... à ... a 24 B
b) a ... à ... a
c) a ... a ... a 25 C
d) à ... à ... à
e) a ... à ... à
(https://opiniao.estadao.com.br. Adaptado)
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§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,
DIREITO PENAL
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins
do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
vias, praças ou outros logradouros públicos e em
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA residências.
FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
PÚBLICOS O tipo penal do crime de falsificação de papéis
públicos apresenta três modalidades em que a pena
Falsificação de Papéis Públicos será mais branda se comparada ao tipo penal prin-
cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: reclusão de dois a oito anos e multa:
I - selo destinado a controle tributário, papel
selado ou qualquer papel de emissão legal destina- z Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis-
do à arrecadação de tributo; tos anteriormente, quando legítimos, com o fim de
II - papel de crédito público que não seja moeda torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
de curso legal;
indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de reclusão de um a quatro anos e multa;
de caixa econômica ou de outro estabelecimento z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
mantido por entidade de direito público; (após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro de inutilização, quando legítimos, com o fim de
documento relativo a arrecadação de rendas torná-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
públicas ou a depósito ou caução por que o são de um a quatro anos e multa;
poder público seja responsável;
z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
por Município: dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
seis meses a dois anos, ou multa.
O tipo penal do caput poderá ser praticado com a
falsificação de quaisquer um dos documentos vistos Qualquer forma de
acima, de duas formas: fabricando-os (neste caso, o comércio irregular ou
agente cria um documento) ou alterando-os (o agente Equipara-se clandestino, inclusive
altera documento já existente). à atividade o exercido em vias,
Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- comercial praças ou outros
ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes- logradouros públicos e
mas penas deste. em residências
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação Federal nas hipóteses de crime privilegiado, defi-
tributária determina a obrigatoriedade de sua nido no § 4º, art. 293, do CP.
aplicação.
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quan-
Petrechos de Falsificação
do legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
inutilização: Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o anterior:
parágrafo anterior. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 59
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Sobre o crime de petrechos de falsificação, é impor-
FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLICO
tante que você saiba, para a sua prova, as seguintes
informações: Falsificar (fabricando ou alterando)
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado Selo público destinado Selo ou sinal atribuído por
mediante a execução de qualquer um dos verbos a autenticar atos ofi- lei a entidade de direito
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- ciais da União, de Esta- público, ou a autoridade, ou
cer, possuir ou guardar; do ou de Município sinal público de tabelião
z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer agente; Sobre este crime, é importante que você leve em
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun- consideração as seguintes disposições:
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a
pena será aumentada da sexta parte (1/6). z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come- z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
pena de sexta parte. tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z Só pode ser praticado dolosamente;
A pena do crime de petrechos de falsificação será z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário crime plurissubsistente, quando o delito, para ser
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo. praticado, necessita de vários atos para atingir o
resultado;
z Assim como o crime de petrecho para falsificação z A falsificação pode dar-se de 2 (duas formas): com
de moeda, o objeto deve ser destinado especial- a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com
mente para falsificar os papéis previstos no art. a alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
293; caso o objeto tenha outras finalidades (tem
outras utilidades e também serve para falsificar Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
papéis), não há que se falar na prática deste tipo ticado de qualquer modo pelo agente.
penal;
z Só poderá ser praticado dolosamente; Falsificação de Documento Público
z Admite a modalidade tentada;
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
protraindo-se a conduta no tempo. mento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
FALSIDADE DOCUMENTAL Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos de sexta parte.
ou particulares. § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
O CPP estabelece requisitos para que um papel mento público o emanado de entidade paraestatal,
seja considerado documento: forma escrita, autor o título ao portador ou transmissível por endosso,
certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
probatório. tis e o testamento particular.
Vejamos os crimes deste capítulo: § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de
Falsificação do Selo ou Sinal Público
informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não pos-
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
sua a qualidade de segurado obrigatório;
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
da União, de Estado ou de Município;
empregado ou em documento que deva produzir
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
efeito perante a previdência social, declaração falsa
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
tabelião:
III - em documento contábil ou em qualquer outro
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
documento relacionado com as obrigações da
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
empresa perante a previdência social, declaração
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal falsa ou diversa da que deveria ter constado.
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em pro- § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
veito próprio ou alheio. documentos mencionados no § 3º, nome do segu-
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de rado e seus dados pessoais, a remuneração, a
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- vigência do contrato de trabalho ou de prestação
bolos utilizados ou identificadores de órgãos de serviços.
ou entidades da Administração Pública.
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a parte, documento público, ou alterar documento
pena de sexta parte. público verdadeiro.
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O crime pode ser praticado das seguintes formas:
Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público
Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, as que estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP.
Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social rela-
cionar-se com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49, do Decreto-lei 5.452,
de 1943. Por seu turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado no
inciso II, § 3º, art. 297, do CP.
É de suma importância você saber que não se pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.
Sobre o crime de falsificação de documento público, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:
É muito importante que você saiba o que é documento público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
sendo aquele mais grave do que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar documento público como aquele emitido por funcionário
DIREITO PENAL
público, no exercício de suas funções, a serviço da União, estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emi-
tido por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros documentos, embora emitidos por particulares, a documento
público.
Causas de aumento de pena (aumento da sexta Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,
parte — 1/6): em razão de função pública, fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
z Se o agente é funcionário público, e comete o cri- ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
me prevalecendo-se do cargo. Não basta que seja vantagem.
praticado por funcionário público, para se aplicar Sobre este crime, é importante levar em conside-
a causa de aumento da pena, mas, também, que ele ração o seguinte:
se prevaleça do cargo para praticar o crime;
z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
registro civil. cado por funcionário público, em razão da função
pública;
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra z Admite o concurso de pessoas com particulares,
desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exer- cionário público;
cício de função pública, firma ou letra que o não z Não admite a modalidade culposa;
seja: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
documento é público; e de um a três anos, e multa, com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
se o documento é particular. tos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Para a configuração deste crime, exige-se que a
Este crime se configura com a prática da seguinte certificação ou o atestado se deem para as finali-
conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer- dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
cício de função pública, firma ou letra que o não seja. obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
Entenda da seguinte forma: de caráter público, ou qualquer outra vantagem;
z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
z Firma: assinatura; lucro (finalidade específica), será aplicada, além
z Letra: manuscrito daquele que assina. da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
A pena do crime será distinta conforme a natureza Falsidade Material de Atestado ou Certidão
do documento:
Art. 301 [...]
z Se documento público: Reclusão de um a cinco § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
anos, e multa; certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
z Se documento privado: Reclusão de um a três do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
anos, e multa. que habilite alguém a obter cargo público, isenção
de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou quer outra vantagem:
letra, você deve ficar atento ao seguinte: Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de
funcionário público que possui como atribuição multa.
reconhecer firma ou letra (ex.: tabeliães);
z Admite a participação de particular, desde que Ainda no § 1º, art. 301, do CP, temos um outro tipo
conheça a condição de funcionário público do penal: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
agente; Sobre este crime, é importante levar em conside-
DIREITO PENAL
É crime não transeunte (deixa vestígios mate- Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
riais), ou seja, é necessária a comprovação da lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
materialidade do delito por meio de perícia; reprodução ou a alteração está visivelmente anota-
da na face ou no verso do selo ou peça:
z Admite a modalidade tentada; Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica- Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem,
do mediante a execução de quaisquer uma das para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
filatélica.
seguintes condutas:
O crime tipificado neste artigo foi tacitamente
Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
revogado pelo art. 39, da Lei nº 6.538, de 1978.
certidão;
Alterar o teor de certidão ou atestado
verdadeiro. Uso de Documento Falso
praticado de forma escrita; Conduta: fazer uso de qualquer dos papéis fal-
z É crime formal, que se consuma independente- USO DE DOCU- sificados ou alterados, a que se referem os arts.
mente de o agente conseguir obter a vantagem ou MENTO FALSO 297 a 302 (incluindo documento público ou
particular)
efetivamente causar dano;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o FALSA
Conduta: atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa
agente por ele apenas se o fato não constituir ele- identidade para obter vantagem, em proveito
IDENTIDADE
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem
mento de crime mais grave;
Conduta: usar, como próprio, passaporte, título
USO DE DOCU- de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
Dica MENTO DE IDEN- documento de identidade alheia ou ceder a ou-
O crime de falsa identidade é subsidiário, e só TIDADE ALHEIO trem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiro
será cabível quando o fato não constituir ele-
mento de crime mais grave. Desta feita, caso
o indivíduo, valendo-se da falsa identidade, DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
obtenha efetivamente a vantagem indevida em PÚBLICO
prejuízo alheio, estará configurado o crime de
estelionato. Fraudes em Certames de Interesse Público
z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei- Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente,
ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
nome seja inexistente.
sigiloso de:
I - concurso público;
Uso de Documento de Identidade Alheia II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, títu- rior; ou
lo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
documento de identidade alheia ou ceder a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
outrem, para que dele se utilize, documento des- § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou
sa natureza, próprio ou de terceiro: facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e autorizadas às informações mencionadas no caput.
multa, se o fato não constitui elemento de crime § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
66 mais grave. tração pública:
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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. elementar, constituindo, contudo, causa de aumento
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é de pena de 1/3 (um terço).
cometido por funcionário público. Vejamos os pontos importantes deste crime:
Este tipo penal foi editado para proteger a lisura z Não admite a modalidade culposa — só pode ser
dos certames de interesse público. praticado dolosamente;
Este crime tem como figura típica a prática da z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
seguinte conduta: utilizar ou divulgar, indevidamen- beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de credibilidade do certame;
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
sigiloso de: mera divulgação ou utilização das informações
sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
z Concurso público (segundo Sanches, instrumento ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
de acesso a cargos e empregos públicos); a credibilidade do certame público;
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches, z Admite a forma tentada;
abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos); z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
z Processo seletivo para ingresso no ensino superior das informações sigilosas devidamente (com justa
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras causa), não há que se falar na prática deste crime.
formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
rior, a exemplo do ENEM);
z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con-
forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa- DOS CRIMES CONTRA A
me da OAB).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Peculato
Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou comprometer a dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de : público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito pró-
Processo Exame ou prio ou alheio:
Concurso Avaliação ou seletivo para processo Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
público exame públicos ingresso no seletivo previsto § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
ensino superior em lei co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
O crime de fraude em certames de interesse públi- do-se de facilidade que lhe proporciona a qua-
ca apresenta uma forma equiparada, uma forma lidade de funcionário.
qualificada e uma forma majorada (com aumento de
pena): O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
dividido doutrinariamente da seguinte forma:
z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
agente que permite ou facilita, por qualquer meio, z Peculato próprio:
o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
ções sigilosas relacionadas a concurso público; Peculato-apropriação;
avaliação ou exame públicos; processo seletivo Peculato-desvio.
para ingresso no ensino superior; ou exame ou
processo seletivo previstos em lei; z Peculato impróprio:
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar
dano à administração pública; Peculato-furto.
z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3
(um terço) se o fato é cometido por funcionário z Peculato culposo;
público. z Peculato mediante erro de outrem (peculato
estelionato).
Sobre este crime, é importante ficar atento às
seguintes informações: O peculato-apropriação configurar-se-á quando
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
DIREITO PENAL
z Este crime se aplica a certames de interesse públi- ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
co de maneira geral, e não apenas a concursos de que tem a posse em razão do cargo; por exemplo,
públicos em sentido estrito; vereador que se apropria de bens (aparelho de celu-
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- lar, notebook) do qual tem posse em razão do cargo
quer pessoa. (eletivo) que ocupa.
É muito importante que você fique atento, em rela-
É comum acharem que se trata de crime próprio, ção ao peculato-apropriação, ao seguinte:
que só pode ser praticado por funcionário públi-
co. Contudo, não é crime próprio. Na verdade, para z Para que se configure, é necessário que o agente
este crime, a condição de funcionário público não é tenha a posse do bem em razão do seu cargo; 67
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z O bem pode ser público ou particular (imagine um seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-
objeto particular — notebook — apreendido em do-se de facilidade proporcionada pela qualidade de
uma delegacia de polícia); funcionário.
z O sujeito passivo é a Administração Pública; con- O peculato-furto pode ser praticado de duas
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem formas:
também será sujeito passivo do delito.
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
O peculato-desvio ocorrerá quando o funcioná- z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
rio público desviar, em proveito próprio ou alheio, valor ou bem.
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
co ou particular. O funcionário público dá destinação É importante mencionar que:
diversa ao bem que está sob sua responsabilidade;
esse desvio será necessariamente em proveito próprio z Para que se configure este crime, é necessário que
ou alheio. o funcionário público não tenha a posse da coisa;
Segundo posicionamento majoritário (apesar de z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de o bem
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- ser arrebatado pelo próprio funcionário público;
trário), para que se configure o peculato-desvio, é z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
necessário que o bem seja desviado para integrar o induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- realizar a subtração (por exemplo, o funcionário
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra público distrai os demais para que o seu amigo,
mero desvio de finalidade. que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
Uma parte minoritária da doutrina defende que, piar os bens);
para que se configure o peculato-desvio, não é neces- z Para que se configure o peculato-furto, é necessá-
sária a intenção de assenhoramento (apoderar-se) por rio que o ato seja doloso;
parte do funcionário público, podendo se configurar z A qualidade de funcionário público deve acarretar
com o mero uso irregular da coisa pública, em provei- alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
to próprio ou alheio. não haja facilidade, o agente responderá por furto
Com base no que foi exposto acima, é importante normalmente.
mencionar que o peculato de uso, em regra, é conside-
rado figura atípica. Vamos trazer dois exemplos:
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coi- Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo
sa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patri- dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozi-
mônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral nho na repartição, Carlos subtrai um notebook do
restituição a quem de direito, é atípico. órgão público. Está certamente configurado o crime
É necessário sabermos o que significa infungível. de peculato-furto, já que a condição de funcionário
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis público de Carlos foi uma facilidade para que ele sub-
que podem substituir-se por outros da mesma espécie, traísse o bem.
qualidade e quantidade. Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
O Código Civil não define os bens infungíveis, bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
mas podemos compreender que são os bens que não escola que se encontra próxima a sua casa, Michele
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
quantidade e qualidade. aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
É importante mencionar que é necessário, para la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo de de funcionária pública de Michele em nada contri-
um carro oficial ou de um computador. buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo pessoa, na mesma situação, praticar a conduta deli-
do dinheiro, a conduta será típica. tuosa apresentada pelo exemplo. Michele responderá
Se a conduta relacionada ao peculato de uso for pelo crime de furto.
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen- Observe que:
temente da natureza do bem, por expressa previsão
legal no inciso II, art. 1º, do Decreto-Lei nº 201, de 1967. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
O administrador que desconta valores da folha de crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o
pagamento dos servidores públicos para quitação de autor entra no local, o autor subtrai a coisa);
empréstimo consignado e não os repassa à instituição z O bem subtraído pode ser público ou particular;
financeira pratica peculato-desvio, sendo desnecessá- z O sujeito passivo é a administração pública. Caso
ria a demonstração de obtenção de proveito próprio o bem seja particular, também será sujeito passivo
ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o da infração penal o dono do bem;
núcleo do tipo.2 Deste modo, podemos constatar que z É crime material.
basta a destinação diversa daquela que deveria ter o
bem para que se consume o crime de peculato-desvio. Peculato Culposo
A obtenção de vantagem indevida é mero exaurimen-
to do crime. Trata-se de crime formal. Art. 312 […]
O peculato-furto configurar-se-á quando o funcio- § 2º Se o funcionário concorre culposamente
nário público, embora não tendo a posse do dinhei- para o crime de outrem:
ro, valor ou bem, subtrai-lo ou, concorre para que ele Pena - detenção, de três meses a um ano.
2 APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em 06/11/2019,
68 DJe 04/02/2020.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O peculato culposo, previsto no § 2º, art. 312, con- recebeu por erro será partícipe deste delito de pecu-
figura-se quando o funcionário público concorre cul- lato mediante erro.
posamente para o crime de outrem. O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
Dos crimes praticados por funcionário público isto é, posterior ao recebimento da coisa.
contra a administração em geral, o peculato é o úni- Em um primeiro momento, o funcionário público
co que prevê expressamente a possibilidade de ser toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
cometido na modalidade culposa. alheio, mas, posteriormente, após detectar o erro,
No peculato culposo, o funcionário público não apropria-se da coisa.
É importante levar em consideração as seguintes
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa,
características do crime de peculato mediante erro de
acaba concorrendo para a subtração da coisa.
outrem:
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato
culposo podem ocorrer as seguintes situações:
z É crime material, que se consuma quando o agen-
te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
outro funcionário cometa peculato (caput ou § 1º); por erro de outra pessoa, passando a agir como se
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro dono fosse;
funcionário ou um particular cometam o fato; z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um dade tentada;
particular cometa o fato (furto etc.). z O funcionário público deve receber a coisa em
razão do cargo que exerce;
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque- z O sujeito passivo é a Administração Pública. Caso
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de o bem seja particular, também será sujeito passivo
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa o dono do bem;
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso. z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
No ambiente em que a porta se encontra, há vários induzida a erro, configurar-se-á o crime de estelio-
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo nato, previsto no art. 171, do CP, sendo necessário,
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- para caracterização do crime de peculato median-
te erro de outrem, que a vítima entregue a coisa
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no
por erro próprio.
local e subtrai uma câmera fotográfica.
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza-
Inserção de Dados Falsos em Sistemas de
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já
Informação
que concorreu culposamente para o crime de outrem
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei-
O crime de inserção de dados falsos em sistemas
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a de informação está previsto no art. 313-A, do CP:
prática da subtração.
Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
Art. 312 […] zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a matizados ou bancos de dados da Administração
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a Pública com o fim de obter vantagem indevida para
pena imposta. si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Sobre o peculato culposo, é importante saber que o multa.
§ 3º, do art. 312, do CP, dispõe que:
Dica
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
“Inserção de dados falsos em sistemas de
poso ocorrer antes de a sentença transitar em jul-
informação” é também chamado de peculato
gado, extingue a punibilidade;
eletrônico.
z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado,
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
a pena será reduzida da metade.
rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
funcionários que não dispõem desta competência res-
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro pondem pelo crime do art. 313-B, do CP. Trata-se de
de outrem: crime próprio.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. A fraude no sistema informatizado ou em bancos
de dados pelo funcionário competente, para obter
O peculato mediante erro de outrem está previs- vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
DIREITO PENAL
to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio- em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer menos grave, é absorvido.
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro Para que este crime se configure, é necessário que
de outrem. as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
Parte da doutrina chama esta modalidade de por funcionário público autorizado a operar os siste-
peculato-estelionato. mas informatizados ou bancos de dados da Adminis-
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro tração Pública.
de outrem, toma posse de um bem móvel, em razão Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro descreve vários verbos que podem ser praticados
que induz o funcionário a apropriar-se do bem que para a sua configuração. 69
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Condutas: Fique atento às diferenças entre os tipos penais
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de
z Inserir dados falsos; informação e do crime de modificação ou alteração
z Facilitar a inserção de dados falsos; não autorizada de sistemas de informação:
z Alterar dados corretos;
z Excluir indevidamente dados corretos. MODIFICAÇÃO OU AL-
INSERÇÃO DE DADOS
TERAÇÃO NÃO AUTO-
É necessário, para a tipificação do delito, que as FALSOS EM SISTEMAS
RIZADA DE SISTEMAS
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- DE INFORMAÇÃO
DE INFORMAÇÃO
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários,
livros ou outro meio físico) da Administração Pública. Verbos: Inserir, facilitar a Verbos: modificar ou alterar
Objeto material: inserção, alterar, excluir Se praticado por funcio-
indevidamente nário autorizado, será fato
z Sistemas informatizados ou bancos de dados da Deve ser praticado por atípico
Administração Pública funcionário autorizado Não exige dolo específico
Exige dolo específico de
Finalidade (dolo específico): obter vantagem indevida
ou de causar dano
z Obter vantagem indevida para si ou para outrem;
z Causar dano. Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou
Documento
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,
que consiste no fim de obter vantagem indevida para Está previsto no art. 314, do Código Penal.
si ou para outrem ou causar dano à Administração
Pública ou a uma terceira pessoa. Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
dano, haverá o crime do art. 313-B, do CP. sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
O crime consuma-se com a conduta, independen- Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
temente do resultado. Trata-se de crime formal, que constitui crime mais grave.
se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme-
jado não se verifique. Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- (tornar imprestável).
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos Sobre este crime, é importante que você saiba:
dados corretos.
z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
Modificação ou Alteração Não Autorizada de do quando o fato constitui crime mais grave), res-
Sistemas de Informação pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave;
O crime de modificação ou alteração não autori- z Não admite a modalidade culposa;
zada de sistemas de informação está previsto no art. z Admite tentativa;
313-B, do Código Penal. z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
parciais ou totais.
Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de infor- Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
mática sem autorização ou solicitação de autori- ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
dade competente: to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, público, o crime será o previsto no art. 337, do CP. Caso
e multa. seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
um terço até a metade se da modificação ou altera- mento será no art. 356, do CP.
ção resulta dano para a Administração Públi- O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
ca ou para o administrado. cado se não houver outro crime mais grave.
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
Trata-se de crime próprio, sendo praticado somen- para destruir livro ou documento responderá apenas
te por funcionário público, qualquer que seja a sua pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
função, estando autorizado ou não a manipular sis- Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
temas de informações ou programas de informática. relativos a tributos, o funcionário que tinha a guar-
A consumação deste crime se dá com a modifica- da e praticou uma das condutas acima responderá
ção ou alteração não autorizada do sistema. Não é pelo crime do inciso I, art. 3º, da Lei nº 8.137, de 1990,
necessário um especial fim de agir. quando o fato acarretar pagamento indevido ou ine-
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- xato de tributo.
tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
tente, o fato será atípico. Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
terço) até metade caso da modificação ou alteração Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica-
resulte dano para a Administração Pública ou para o ção diversa da estabelecida em lei:
70 administrado. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res- A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o são elementos integrantes do crime de concussão.
Decreto nº 201, de 1967. Se o funcionário público exigir o pagamento de
Exige que o emprego irregular aconteça em bene- vantagem indevida, mediante violência ou grave
fício da própria Administração Pública, contrariando ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
a legislação, não podendo o agente desviar as verbas visto no art. 158, do Código Penal.
ou rendas em benefício próprio, sob pena de respon- Sobre a concussão, é importante que você conheça
der por outro crime. as seguintes informações, frequentemente cobradas
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do em prova:
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
reais para construção de uma passarela. A autoridade z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
pública competente utiliza a verba mencionada para z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
a construção de uma escola. prática da exigência, sendo o recebimento da van-
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregu- tagem mero exaurimento do crime;
lar de verbas ou rendas públicas. O agente deu às ver- z O particular, de quem se exigiu a vantagem inde-
bas públicas destinação diversa daquela estabelecida vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A
em lei. Administração Pública é o sujeito passivo primário;
Observe que a destinação da verba ocorreu no inte- z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
cio próprio, o agente responderá por outro crime. concussão praticada mediante carta endereçada à
É importante mencionar a aplicação da excludente vítima;
de ilicitude do estado de necessidade: caso o empre- z É possível praticar a concussão indiretamente,
go se dê devido a uma situação de perigo iminente quando, por exemplo, o funcionário público exige a
(utilizou-se verba pública destinada ao esporte para vantagem indevida por intermédio de outra pessoa.
se construir um abrigo durante perigo de chuvas que
desabrigaram grande parte da população), o fato será É importante diferenciar concussão e corrupção
passiva:
típico, mas não será antijurídico.
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
públicas, é importante mencionar: Tem no núcleo do tipo o verbo “exi-
gir” — há um caráter intimidativo na
CONCUSSÃO
z Este crime será praticado pelo funcionário público conduta
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- O ato de exigir é algo impositivo
das públicas, podendo delas dispor; Tem os verbos “solicitar ou receber,
z Não exige nenhum fim específico; ou aceitar”
z Não admite a modalidade culposa; Solicitar é pedir, o que, portanto, não
z Admite a tentativa; CORRUPÇÃO pressupõe intimidação
z Não exige a ocorrência de dano pela Administra- PASSIVA Receber e aceitar pressupõem uma
ção Pública para a sua configuração. conduta ativa do particular, ou seja,
além de não ocorrer intimidação, há
Concussão uma conduta inicial do terceiro
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- z Direta: quando é o próprio funcionário público
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
saber” é dolo eventual; gem indevida;
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-
iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati- luio com o funcionário público, solicita, recebe
cado mediante carta endereçada à vítima. ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
Art. 316 […] público responderão por corrupção passiva.
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco- Entende a doutrina majoritária que o mero presen-
lher aos cofres públicos: te recebido pelo funcionário público, por gratidão ou
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. amizade (por exemplo, uma lembrancinha de natal)
não configura o crime de corrupção passiva.
Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou A vantagem indevida, segundo posicionamento
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
lher aos cofres públicos, responderá por excesso de
ser qualquer outra vantagem.
exação na modalidade qualificada.
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração
Quando observamos a forma qualificada do exces-
que:
so de exação, é possível compreender que o tipo penal
não exige que o funcionário público tenha a intenção
z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
o faça, responderá pelo crime na forma qualificada. z Trata-se de crime formal, quando praticada por
Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun- meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que
cionário público pratique a conduta visando obter a se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi-
vantagem indevida para si ou para outrem, constituin- mento da vantagem mero exaurimento do crime.
do-se, assim, elemento de distinção entre os tipos penais. Quando praticada por meio do verbo receber, é
crime material, que exige o efetivo recebimento
Corrupção Passiva para se consumar (§ 2º, art. 317, do CP);
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora corrupção passiva praticada mediante emprego de
72 da função ou antes de assumi-la, mas em razão carta;
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z É possível praticar a corrupção passiva indireta- A prevaricação própria configurar-se-á quando o
mente, quando, por exemplo, o funcionário públi- funcionário público retardar ou deixar de praticar,
co exige a vantagem indevida por meio de outra indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dis-
pessoa. posição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
É importante realizar um breve paralelo com o cri- O crime em estudo não se confunde com a corrup-
me de corrupção ativa, que será estudado no tópico ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
dos crimes cometidos por particulares contra a admi- de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
nistração em geral, que é aquela em que o particular Na prevaricação não existe esse pedido ou influên-
oferece ou promete vantagem indevida a funcionário cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
público.
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
Atenção! Na corrupção passiva, o particular que
um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregula-
paga a vantagem indevida solicitada pelo funcio-
ridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes pedi-
nário público não pratica crime algum, por falta de
dos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, se o
tipicidade penal.
O crime de corrupção, seja ativa ou passiva, é uni- fiscal deixa de autuar porque percebe que a pessoa é
lateral e formal — são independentes em si. A com- um antigo amigo, configura-se a prevaricação.
provação de um dos crimes não pressupõe a do A prevaricação poderá ser praticada de três for-
outro. mas diferentes:
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada.
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
Art. 317 […] z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou z Praticar ato de ofício contra disposição expressa
retarda ato de ofício, com infração de dever funcio- de lei.
nal, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O crime de prevaricação exige um fim específico
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Observe que na corrupção passiva privilegiada Não confundir com o crime de corrupção passiva pri-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de
vilegiada (estudado anteriormente). Vejamos a tabela
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com
a seguir para facilitar seu entendimento:
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro.
Trata-se de crime material e consuma-se quando
o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda o CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO
ato de ofício. PRIVILEGIADA
Por outro lado, a pena da corrupção passiva será
Praticar, deixar de praticar Retardar ou deixar de
aumentada de 1/3 (um terço) se, em consequência
ou retardar ato de ofício praticar ato de ofício
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica Para satisfazer interesse
infringindo dever funcional. Cedendo a pedido ou ou sentimento pessoal
influência de outrem (não há atuação de
Art. 317 […] terceiro)
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em con-
sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício Você pode entender interesse ou sentimento pes-
ou o pratica infringindo dever funcional. soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
amizade, preguiça, entre outros.
Importante! Dica
Não seja surpreendido por pegadinhas em pro- Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
va: a corrupção passiva e a concussão diferen- � Não admite a forma culposa;
ciam-se nos verbos que configuram o tipo penal � Pode ser praticado de forma omissiva (retardar
incriminador. ou deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
� Corrupção passiva: solicitar, receber ou aceitar � Admite tentativa apenas quando praticado de
promessa; forma comissiva.
� Concussão: exigir.
Tentativa na prevaricação:
Condescendência Criminosa
Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
z Quando o funcionário público, por indulgência, deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo;
z Quando o funcionário público, que não é competente para responsabilizar aquele que cometeu infração no
exercício do cargo, por indulgência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
A doutrina majoritária entende que o crime de condescendência criminosa só pode ser praticado por superior
hierárquico, que dolosamente, se omite. O funcionário que foi beneficiado não responde pelo delito em tela.
Você pode entender indulgência como compaixão, pena, piedade, clemência.
Há um requisito que deve ser cumprido para a prática da condescendência criminosa: uma infração funcional
(que pode ser uma violação administrativa ou penal) praticada por subordinado no exercício das atribuições do
seu cargo.
A consumação dá-se quando o superior toma conhecimento da infração e não providencia imediatamente a
responsabilização do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento:
Como é possível observar, os crimes de corrupção passiva privilegiada, prevaricação e condescendência crimi-
nosa possuem características similares. Vejamos as diferenças:
CORRUPÇÃO PASSIVA
PREVARICAÇÃO CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
PRIVILEGIADA
O agente deixa de praticar ato de ofí- O agente deixa de praticar ato de O agente deixa de praticar ato de ofí-
cio cedendo a pedido ou influência ofício para satisfazer sentimento ou cio (responsabilizar o subalterno) por
de outrem interesse pessoal indulgência
Advocacia Administrativa
O crime de advocacia administrativa, previsto no art. 321, do Código Penal, pode ser praticado na modalidade
simples ou qualificada.
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Modalidade simples: configura-se quando o funcionário público patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
se privado perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
É necessário que a condição de funcionário público proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que patro-
cina interesse de terceiro, pessoa privada; caso não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo, o fato será
atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição, solicitando
um benefício.
Modalidade qualificada: o crime de advocacia administrativa será qualificado caso o interesse privado seja
74 ilegítimo.
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z Forma simples: interesse privado legítimo; A conduta típica é: abandonar cargo público, fora
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo. dos casos permitidos em lei.
O nome do crime é abandono de função, porém,
Sobre a advocacia administrativa, fique atento em o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
sua prova: importante que você saiba que o conceito de função
pública é mais amplo que o de cargo público (não há
z Não admite a modalidade culposa; cargo sem função, mas há função sem cargo).
z É crime formal, que se consuma com a conduta, Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero
não se exigindo que se atinja o interesse privado abandono de função pública (apesar do nome) ou de
pleiteado; emprego público, mas tão somente no caso de aban-
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa dono de cargo público (não se admite a analogia in
quando for possível se fracionar o iter criminis; malam partem).
z É desnecessário que o fato ocorra na própria repar- Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, só
tição em que trabalha o agente. Este pode usar da pode ser praticado pelo funcionário público ocupante
sua qualidade de funcionário para pleitear favores do cargo que foi abandonado. Este abandono deve ser
em qualquer esfera da Administração. por tempo juridicamente relevante.
De acordo com posicionamento doutrinário majo-
Violência Arbitrária ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo
penal.
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função As hipóteses em que o agente abandona o cargo
ou a pretexto de exercê-la. público, admitidas em lei, não configuram o crime de
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da abandono de função.
pena correspondente à violência. O crime de abandono de função tem circunstân-
cias que o qualificam:
Este delito encontrava divergência quanto a sua
aplicação, tendo em vista as edições realizadas pela Lei z Se o fato resulta prejuízo público;
de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869, de 2019). Esta z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
discussão não mais possui fundamento, sendo que esta de fronteira.
lei não tipificou o crime de violência arbitrária. Sendo
assim, o delito ainda esse encontra em vigor.
Cabe destacar qualificadora do § 2º no que diz res-
A prática da violência deve dar-se em razão da
peito à faixa de fronteira. Essa qualificadora é uma
função pública, não havendo a exigência de que seja
norma penal em branco, visto que a definição da fai-
praticado no efetivo desempenho das funções do car-
xa de fronteira é fornecida pela Lei nº 6.634, de 1979,
go, podendo, portanto, ser praticada, por exemplo,
compreendendo um raio de 150 (cento e cinquenta)
por um funcionário público que se encontre de folga.
quilômetros ao longo das fronteiras nacionais.
Sobre esse crime, leve em consideração os seguin-
O fundamento desta qualificadora é a proteção à
tes pontos:
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
vulnerável.
z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
devendo ser praticada dolosamente;
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter-
z Admite tentativa;
minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
pelo estatuto a que estiver submetido o funcionário
administrado contra o qual é praticada a violência
público.
arbitrária;
Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias — pra-
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses zo previsto na maioria dos estatutos de servidores
de uso necessário e progressivo da força, admiti- públicos.
das em lei;
z O crime aperfeiçoa-se ainda que as vítimas da Dica
agressão não sofram lesões;
Sobre o crime de abandono de função, leve para
z Caso alguma das vítimas sofra lesão ou morra, o
a sua prova:
agente responderá por este crime e pelo crime cor-
� É crime omissivo;
respondente à violência praticada (lesões corpo-
rais ou homicídio). � Não admite tentativa;
� Só pode ser praticado dolosamente — não
Abandono de Função admite a culpa.
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos Este crime está previsto no art. 324, do CP.
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 324 Entrar no exercício de função pública
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai- oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
xa de fronteira: tuído ou suspenso:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 75
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Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao Este crime pode ser praticado de duas formas:
seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
função pública afeta a prestação de serviços públicos. z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
Conduta típica: entrar no exercício de função e que deva permanecer em segredo;
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de razão do cargo e que deva permanecer em segredo.
saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso: É importante mencionar que o agente toma conhe-
Este crime pode ser praticado de duas formas: cimento do fato em relação ao qual deve permanecer
em segredo em razão do cargo que ocupa, não se exi-
z Entrar no exercício de função pública antes de gindo que tenha sido no efetivo desempenho das atri-
satisfeitas as exigências legais; buições do cargo.
z Continuar a exercer a função pública, sem autori- Logo, o crime pode ser praticado no caso de o
zação, depois de saber oficialmente que foi exone- agente tomar conhecimento do fato durante período
rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido de licença, mas em razão do cargo.
que o funcionário público tenha sido oficialmente O Código Penal apresenta duas formas equipara-
comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs- das do crime de violação de sigilo funcional. Observe:
tituição ou suspensão. Neste aspecto, ressalta-se Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que o crime é instantâneo e prescinde de habitua- que:
lidade da conduta para sua consumação.
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
Observe que o exercício funcional ilegalmente
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
antecipado ou prolongado somente pode ser prati-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
cado por funcionário público já nomeado, mas ainda
mas de informações ou banco de dados da Admi-
sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
nistração Pública;
ou então pelo indivíduo que era funcionário público,
z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.
porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial-
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso
Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta
(parte final).
Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria, dano à Administração Pública ou a outrem.
de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois Sobre este crime, fique atento:
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
te indicada no tipo penal. z Só será praticado dolosamente — não admite for-
Se um particular entrar no exercício da função ma culposa;
pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa- z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep-
ção de função pública (art. 328 do CP). cionais, a exemplo de ser praticado na forma
Sobre o tipo penal em comento, é importante escrita.
saber:
Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
z Não admite a forma culposa;
z Admite tentativa. Este tipo penal era previsto no art. 326, e foi revo-
gado pelo art. 337-J também do Código Penal.
Violação de Sigilo Funcional
Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
O crime de violação de sigilo funcional encontra-se rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
previsto no art. 325, do Código Penal: de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou Funcionário público
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
ta, se o fato não constitui crime mais grave. efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
I - permite ou facilita, mediante atribuição, forne- ção pública.
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste- ce cargo, emprego ou função em entidade paraes-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- tatal, e quem trabalha para empresa prestadora
tração Pública; de serviço contratada ou conveniada para a execu-
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. ção de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
tração Pública ou a outrem: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quan-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
Este delito irá se configurar quando o agente públi- função de direção ou assessoramento de órgão da
co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo administração direta, sociedade de economia mis-
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
revelação. poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
76
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CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Os crimes praticados por particular contra a Administração Pública estão previstos entre os arts. 328 e 337-A,
do Código Penal.
Tratam-se de crimes comuns, que não exigem nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo,
podendo ser praticados por qualquer pessoa.
Usurpação de Função Pública
O crime de usurpação de função pública configurar-se-á quando o agente usurpar o exercício de função
pública.
z Exemplo 1: Antônio apresenta-se como policial militar para seus conhecidos como forma de se autovalorizar.
Não há que se falar em configuração do crime de usurpação de função pública, já que o agente não praticou
nenhum ato inerente ao exercício da função policial militar, podendo, conforme o caso, configurar outra infra-
ção penal.
z Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, uma farda da polícia militar. Em determinado dia, ele pro-
move uma falsa barreira e passa a abordar as pessoas que nela passam. Há a prática do crime de usurpação de
função pública, já que o agente praticou ato inerente ao exercício da função policial militar.
Não confunda o crime de usurpação de função pública com o crime exercício funcional ilegalmente antecipa-
do ou prolongado:
O agente não possui vínculo algum com a Administração O agente possui algum tipo de vínculo com a Administra-
Pública (em relação à função usurpada) ção Pública
É crime praticado por particular contra a Administração É crime praticado por funcionário público contra a Admi-
Pública nistração Pública
Ocorre se, do fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de vantagem e não necessariamente financeira).
Sobre o crime de usurpação de função pública, é importante que você leve em consideração:
deve ser totalmente alheia à função dele (sendo ele considerado particular);
z É crime formal, não se exigindo para a sua configuração prejuízo ou dano à Administração Pública;
z Ação penal pública incondicionada.
Resistência
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo
ou a quem lhe esteja prestando auxílio: 77
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Pena - detenção, de dois meses a dois anos. Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos. z Deve haver uma ordem: significa determinação,
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí- mandamento. O não atendimento de mero pedido
zo das correspondentes à violência.
ou solicitação não caracteriza o crime;
z A ordem deve ser legal: material e formalmente.
A conduta típica deste crime é opor-se à execução Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal;
de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcio-
z Deve ser emanada de funcionário público com-
nário competente para executá-lo ou a quem lhe este-
petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia
ja prestando auxílio.
requisita informação bancária e o gerente do ban-
Sobre a conduta típica, as seguintes informações
co não atende. Não há crime, pois o gerente só está
são muito importantes:
obrigado a fornecer a informação se houver deter-
minação judicial;
z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário
público seja legal; z É necessário que o destinatário tenha o dever jurí-
z Se o ato praticado por funcionário público for ile- dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
gal, não há que se falar em resistência; crime se a recusa se der por motivo de força maior
z Exige-se que o funcionário público seja competen- ou por ser impossível por algum motivo o seu
te para executar o ato; cumprimento.
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre-
gada diretamente contra o funcionário competen- A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem
te, podendo ser empregada contra o terceiro que ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo
esteja auxiliando o funcionário. penal.
Sobre a desobediência, é importante que você leve
Sobre a resistência, é importante que você leve em em consideração:
consideração:
z Não admite a culpa;
z Deve ser praticada dolosamente; z Pode ser praticada tanto na forma omissiva quan-
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o to na forma comissiva;
agente empregar violência ou grave ameaça; z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
z O emprego de violência ou ameaça contra dois ou comissiva, admite;
mais funcionários públicos, em uma situação fáti- z Deve haver ordem emanada por funcionário
ca, configura crime único.3 público, não caracterizando este crime a mera
solicitação.
O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso Desacato
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato. O crime de desacato, previsto no art. 331, do Código
A violência ou ameaça deve ser empregada contra Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário
pessoa, não constituindo o crime se empregada contra público no exercício da função ou em razão dela.
coisa (posição dominante).
É crime formal, que se consuma com a prática da Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-
violência ou ameaça. cio da função ou em razão dela:
Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
do iter criminis.
Desacatar = ofender, faltar com respeito.
z Resistência qualificada: se, em razão da resistên- Não se exige que o funcionário público esteja no
cia, o ato não se executa. efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
Por fim, leve para a sua prova: o agente responde- ofensa se dê em razão da função pública.
rá pela resistência e pela violência empregada.
Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal
z Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
praticado por funcionário competente, o particular
que estava no exercício de sua função, de “poli-
usa de violência, causando lesão corporal de nature-
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a
za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
prender aquele.
lesão grave.
z Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial
civil, em um restaurante em Porto Seguro, durante
Desobediência
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo
Este crime está previsto no art. 330, do Código fato de Cássio tê-lo prendido no passado.
Penal. Configurar-se-á quando o agente desobedecer z Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
à ordem legal de funcionário público. de “babaca sem noção”, em uma partida de fute-
bol, pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.
Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário
público: Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em
multa. razão da função exercida pelo funcionário público.
78 3 (TJSP — Rel. Onei Raphael — RT 577/342).
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No exemplo 3, não há que se falar em desacato. z Obter.
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro-
ferida pelo agente em nada tem a ver com a função O agente não tem influência sobre o funcioná-
pública. rio público, mas passa a impressão de que a tem,
Sobre o desacato, é importante que você fique com a finalidade de obter vantagem ou promessa de
atento às seguintes considerações: vantagem.
Caso o agente realmente tenha poder de influência
z O desacato pode dar-se por qualquer meio: insul- sobre o funcionário público que praticará o ato, não
tos, vias de fato, gestos, entre outros;
há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
z O desacato deve ser praticado contra funcionário
entanto, configurar-se outro crime.
público, não caracterizando este tipo penal a críti-
Sobre o tráfico de influência, é importante que
ca ou ofensa à repartição pública;
z É crime formal, que se consuma com a prática da você tome cuidado com as seguintes informações:
conduta descrita no tipo penal, independentemen-
te de o funcionário público se considerar ofendido z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
ou não; penal, por falta de previsão legal desta conduta;
z Só pode ser praticado dolosamente; z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
z Deve ser praticado na presença do funcionário solicitação, exigência ou cobrança.
público — doutrina dominante. z No caso do verbo obter, o crime é material;
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
Importante! promessa de vantagem para si ou para outrem.
Não se confunde o crime de desacato com os
crimes contra a honra. No desacato, a ofensa é A pena do crime de tráfico de influência será
dirigida à figura do funcionário público e não à aumentada de metade se o agente alega ou insinua
pessoa em si. Deste modo, a doutrina majoritária que a vantagem é também destinada ao funcionário.
entende que o crime de desacato deve ser prati-
cado na presença do funcionário público, ao pas- Corrupção Ativa
so que, caso a ofensa seja irrogada na ausência
física do funcionário, será caracterizado crime O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333, do
contra a honra. Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
relação aos crimes contra a administração pública.
Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida
pela descriminalização do crime de desacato, por a funcionário público, para determiná-lo a prati-
entender que este crime viola a liberdade de expres- car, omitir ou retardar ato de ofício.
são do indivíduo, em julgamento de habeas corpus. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posiciona- multa.
mento do tribunal no sentido de que o desacato con- Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
tinua sendo crime, pois isso não viola a liberdade de se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
expressão. nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.
Tráfico de Influência
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem
O crime de tráfico de influência está previsto no indevida a funcionário público, para determiná-lo a
art. 332, do Código Penal: praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público;
violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para
identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Conduta típica: rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcioná-
rio público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.
O crime de inutilização de edital ou de sinal, previsto no art. 336, do Código Penal, é de ação múltipla, podendo
ser praticado da seguinte forma:
z Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não possa ser
utilizado) edital afixado por ordem de funcionário público;
z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público,
para identificar ou cerrar (encobrir) qualquer objeto.
z É crime comum;
z Admite tentativa;
z Segundo posicionamento doutrinário dominante, caso a conduta seja praticada quando não mais produz efeito
o edital (fora do seu prazo de validade, por exemplo), não se configurará este tipo penal;
O crime de subtração ou inutilização de livro ou documento está previsto no art. 337, do CP.
Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Tem como figura típica a seguinte conduta: dar Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção
causa direta ou indireta à instauração de investigação
policial, de processo judicial, instauração de investiga- Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro- cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-
bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe ção que sabe não se ter verificado:
crime de que o sabe inocente. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 81
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Ao contrário do que ocorre no crime de denun- Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em
ciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de consideração:
crime ou contravenção o agente não individualiza o
autor do fato que não existiu, mas apenas comunica z Só pode ser praticado dolosamente;
à autoridade crime ou contravenção penal que sabe z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
não ter ocorrido. quando a confissão falsa remetida se extravia;
Sobre este crime, é importante mencionar que: z Não se exige que seja praticado apenas perante
a autoridade policial, mas pode ser na presença
z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente de qualquer autoridade competente (delegado de
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou polícia, membro do Ministério Público, autoridade
contravenção penal, provocando a ação desta, este judicial etc.);
tipo penal não estará configurado; z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
z É crime comum; autoridade para a consumação do crime, bastando
z Admite tentativa; a autoacusação falsa;
z Se o fato imputado for infração administrativa ou z O direito da autodefesa não permite que se impute
civil, não irá se configurar o crime; falsamente crime a si mesmo.
z A maioria da doutrina, não se configura o crime
quando o agente se limita a comunicar ilícito penal Falso Testemunho ou Falsa Perícia
diverso do que realmente ocorreu, desde que o
fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam O crime de falso testemunho ou falsa perícia está
crimes da mesma natureza; previsto no art. 342, do Código Penal.
z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar
ocultar outro crime por ele praticado, responde Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou
também pela comunicação falsa de crime. calar a verdade como testemunha, perito, con-
tador, tradutor ou intérprete em processo judi-
COMUNICAÇÃO cial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
DENUNCIAÇÃO juízo arbitral:
FALSA DE CRIME OU
CALUNIOSA Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
CONTRAVENÇÃO
O agente não aponta pes- Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
soa certa e determinada O agente aponta pessoa praticado mediante a execução de quaisquer um dos
como autora da infração certa e determinada como verbos previstos no tipo penal.
penal, mas apenas comu- autora da infração penal Sua consumação ocorre com o encerramento do
nica fato inexistente depoimento.
Instaura inquérito policial, Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia,
procedimento investiga- é importante levar para a sua prova:
Adota alguma ação com tório criminal, processo
finalidade de apurar os judicial, processo adminis- z Não admite a forma culposa;
fatos trativo disciplinar, inquérito z Sujeito ativo: É crime de mão própria, que só pode-
civil ou ação de improbida- rá ser praticado por uma das pessoas previstas no
de administrativa tipo penal (testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete).
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face-
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou
para uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao Importante!
delegado de polícia, que iniciou as investigações sobre � O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos
o fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o abor- verbos previstos no tipo penal não pratica o crime
to não existiu, já que a publicação se tratava de uma de falso testemunho, já que ele não é testemunha;
brincadeira por parte daquele que a realizou.
� Os investigados ou acusados não cometem o
Não há que se falar em figura típica da comunica-
crime de falso testemunho, pois não são consi-
ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
derados testemunhas;
comunicar falsamente o fato que não existiu.
� As pessoas descompromissadas ou dispensadas
Autoacusação Falsa de depor, bem como as pessoas proibidas de depor,
poderão ser responsabilizadas pelo delito em tela.
Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem:
Segundo posicionamento doutrinário dominante:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
multa.
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é
É possível a configuração deste tipo penal quando possível a participação;
o agente se acusar de: z A falsa perícia admite coautoria e participação.
z Seja realizado antes da sentença (ainda preva- Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com o
lece o entendimento de que se trata da sentença fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
recorrível); tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
z Seja realizado no processo em que ocorreu o ilícito funciona ou é chamada a intervir em processo judi-
(no processo em que se deu o falso e não no proces- cial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
so referente ao falso). Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
da pena correspondente à violência.
Não responderá pelo crime de falso testemunho a Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) até a metade se o processo envolver crime
pessoa que praticar as condutas descritas no tipo penal
contra a dignidade sexual.
incriminador com a finalidade de não se autoincriminar.
Lembre-se de que ninguém será prejudicado por
O crime de coação no curso do processo é aquele
não produzir provas contra si mesmo.
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
Quando a testemunha mente por estar sendo
emprega violência ou grave ameaça contra pessoas
ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
que participam do processo ou juízo arbitral.
responde pelo crime de falso testemunho.
Observe as duas hipóteses:
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito
z Suponha que André tenha praticado um crime de
roubo a um supermercado, estando ele sendo proces-
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, sado por isso. Thais, funcionária do supermercado,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- é testemunha, tendo sido marcado um dia para que
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, ela comparecesse em juízo para dar seu depoimento.
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: André, com a finalidade de favorecer seus próprios
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. interesses, vai à casa de Thais e, utilizando-se de uma
arma de fogo para ameaçá-la, exige que ela diga que
O art. 343, do Código Penal, apresenta um outro tipo não foi ele quem praticou o fato, mas outra pessoa.
penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ativa André praticou o crime de coação no curso do pro-
de testemunha contador, perito, intérprete ou tradutor. cesso, já que empregou grave ameaça contra pessoa
chamada a intervir em processo judicial;
z Verbos: dar, oferecer ou prometer; z Aproveitando a mesma hipótese anterior, porém,
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra- agora André, sabendo sobre o que Thais disse na
dutor ou intérprete; inquirição, vai à casa dela e, utilizando-se de uma
DIREITO PENAL
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam afir- arma de fogo para ameaçá-la, diz que irá matá-la por
mação falsa, neguem ou calem a verdade em depoi- não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime,
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. por tê-lo incriminado. André, nesta hipótese, praticou
o crime de ameaça, uma vez que empregou grave
Art. 343 [...] ameaça contra a pessoa após o depoimento, exaurin-
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- do-se a participação daquela na ação.
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em proces- Caso o agente se utilize de violência para praticar o
so penal ou em processo civil em que for parte enti- crime de coação no curso do processo, responderá por
dade da administração pública direta ou indireta. este, além da pena correspondente à violência. 83
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Sobre a coação no curso do processo, fique atento Sobre este tipo penal, é importante salientar:
às seguintes informações:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com
sáveis pela condução do processo, como juízes, a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
promotores, delegados de polícia, entre outros; tipo penal: tirar, suprimir, destruir ou danificar;
z Só pode ser praticado dolosamente; z Trata-se de crime próprio. Exige-se que a coisa seja
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de própria do agente que praticou a conduta deli-
favorecer interesse próprio ou alheio; tuosa. Pode haver coautoria ou participação de
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- terceiros;
lência ou grave ameaça, independentemente de o z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
coagido ceder; minação judicial ou convenção. Se for por outro
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser motivo, não se configurará este crime;
praticado por escrito e haver extravio. z Admite tentativa.
Exercício Arbitrário das Próprias Razões Para consumação deste crime, existem duas
correntes:
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- z O crime é formal e consuma-se quando o agente
do a lei o permite: emprega o meio executório;
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, z O crime é material e só se consuma com a satisfa-
além da pena correspondente à violência. ção da pretensão visada.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa. Fraude Processual
Observe a parte final da figura típica: salvo quan- Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
do a lei o permite. processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
Pode-se concluir que, quando houver permissão de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos juiz ou o perito:
não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele Parágrafo único. Se a inovação se destina a produ-
responsabilizado criminalmente. zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
Observe o exemplo a seguir: Tício é proprietário do, as penas aplicam-se em dobro.
de uma casa que se encontra alugada para Mévio. O
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Tício, Com previsão legal no art. 347, do Código Penal,
indignado com a situação, vai até o local, troca todas o crime de fraude processual configurar-se-á quando
as fechaduras e coloca os objetos pessoais de Mévio o agente inovar artificiosamente, na pendência de
do lado de fora. Neste caso, Tício praticou o crime de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
exercício arbitrário das próprias razões, já que fez jus- coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
tiça com as próprias mãos, para satisfazer pretensão ou o perito.
legítima (ele tinha o direito de receber os valores cor- Aplica-se a pena em dobro se a inovação se destina
respondentes ao aluguel de seu imóvel). a produzir efeito em processo penal, ainda que não
A pretensão do agente deveria ter sido soluciona- indiciado o agente.
da pelos meios legais pertinentes. Exemplo: Carlos praticou o crime de homicídio, ao
Sobre o exercício arbitrário das próprias razões, matar Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinhei-
deve-se ficar atento ao seguinte: ro. Com a finalidade de simular uma hipótese de legíti-
ma defesa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca,
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- fraudulentamente, nas mãos da vítima, uma arma de
quer pessoa; fogo, modificando o estado de pessoa.
z Só poderá ser praticado dolosamente; Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
z É crime formal, consumando-se com o emprego ou pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
uso do meio arbitrário, independentemente de o vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
agente alcançar ou não a pretensão; Sobre o crime de fraude processual, fique atento
z Admite tentativa; ao seguinte:
z Caso o agente pratique o crime com emprego de
violência, responderá também por ela. z É crime comum;
z Não admite a modalidade culposa;
Subtração ou Dano de Coisa Própria Legalmente em z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
Poder de Terceiro perito;
z É crime formal, que se consuma com a prática da
Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
sa própria, que se acha em poder de terceiro por efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
determinação judicial ou convenção: z Admite a modalidade tentada.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
A respeito do direito à não autoincriminação, veja-
No art. 346, do Código Penal, há uma outra figu- mos o entendimento do STJ: “O direito à não autoincri-
ra típica, bastante parecida com o crime de exercício minação não abrange a possibilidade de os acusados
84 arbitrário das próprias razões. alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar,
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de coisa ou de pessoa, para, criando artificiosamente O crime de desobediência a decisão judicial sobre
outra realidade, levar peritos ou o próprio Juiz a erro perda ou suspensão de direito, inserido no Código
de avaliação relevante”.4 Penal entre os crimes contra a administração da justi-
ça, representa uma modalidade especial do delito de
Exploração de Prestígio desobediência, capitulado no art. 329, do CP, entre os
crimes praticados por particular contra a administra-
Está previsto no art. 357, do CP: ção em geral.
Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer legal emanada de funcionário público. No entanto, o
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jura- crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
do, órgão do Ministério Público, funcionário de jus- especializantes, pois o agente não desobedece a uma
tiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. rio público.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um
Neste crime, o agente vai além, exercendo função,
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
atividade, direito, autoridade ou múnus de que estava
ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
suspenso ou privado por decisão judicial.
soas referidas neste artigo.
Tutela-se a administração da justiça.
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata
Não se deve confundir este tipo penal com o cri-
me de tráfico de influência, previsto no art. 332, do CP. de crime próprio ou especial, pois somente pode ser
Vejamos a diferença na tabela a seguir: praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
suspensa ou privada relativamente ao exercício de
determinada função, atividade, direito, autoridade ou
EXPLORAÇÃO DE TRÁFICO DE
múnus.
PRESTÍGIO (ART. 357) INFLUÊNCIA (ART. 332)
O sujeito passivo é o Estado.
Crime contra a adminis- Crime contra a adminis- Consuma-se com o simples exercício da função,
tração da justiça tração em geral atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
Solicitar, exigir, cobrar agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
Solicitar ou receber di-
ou obter, para si ou para ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
nheiro ou qualquer outra
outrem, vantagem ou resultado naturalístico.
utilidade, a pretexto de
promessa de vantagem, a Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
influir em
pretexto de influir em determinação emanada do Poder Judiciário.
juiz, jurado, órgão do Sobre este crime, é importante que você leve em
Ministério Público, fun- em ato praticado por fun- consideração as seguintes informações:
cionário de justiça, perito, cionário público no exer-
tradutor, intérprete ou cício da função z Só poderá ser praticado dolosamente;
testemunha z Admite a modalidade tentada;
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
A pena do crime de exploração de prestígio será
trativa, não se configurará este tipo penal.
aumentada de 1/3 (um terço) se o agente alega ou insi-
nua que o dinheiro ou utilidade também se destina
ao juiz, ao jurado, ao órgão do ministério público, ao
funcionário de justiça, ao perito, ao tradutor, ao intér-
prete ou à testemunha.
HORA DE PRATICAR!
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para
1. (VUNESP — 2019) Tirso de Arruda é servidor público e
a sua prova:
nas horas de folga auxilia seu irmão, Tássio, em uma
pequena gráfica, sem qualquer remuneração. Apro-
z É crime comum, que poderá ser praticado por
veitando-se dos materiais ali existentes, imprimiu dez
qualquer pessoa;
passes de transporte público municipal, para usar nos
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z No verbo solicitar, é crime formal; deslocamentos de casa para o trabalho e vice-versa.
z No verbo receber, é crime material;
z Admite tentativa. Ao agir dessa forma, Tirso cometeu o crime
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por e) de emissão de título ao portador sem permissão legal.
decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 2. (VUNESP — 2022) Com relação à punição para o falsi-
ficador de documentos, é correto afirmar:
Este crime está previsto no art. 359, do CP, e confi-
gurar-se-á quando o agente exercer função, atividade, a) é mais severa a pena para a falsificação de documen-
direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou tos públicos por se tratar de ato atentatório à fé públi-
privado por decisão judicial. ca e potencialmente mais danoso.
4 (STJ: HC 137.206/SP, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma, j. 01.12.2009). 85
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) independentemente da natureza dos documentos, a vio- e) A conduta de manter estabelecimento em que ocor-
lação da verdade terá punição equitativa em decorrência ra exploração sexual é atípica, desde que não envolva
da quebra de segurança das relações dos cidadãos. menor de 18 (dezoito) anos.
c) independentemente de se tratar de falsidade grosseira,
há potencialidade lesiva e, portanto, é igualmente punível. 7. (VUNESP — 2018) No tocante às infrações previstas
d) é punido mais severamente o falsificador de docu- nos artigos 307, 308 e 311-A, do Código Penal, assina-
mento formal e substancialmente público do que o le a alternativa correta.
falsificador de documento formalmente público e
substancialmente privado. a) O crime de fraude em certames de interesse público é
próprio de funcionário público.
3. (VUNESP — 2019) A inserção de declaração falsa em b) A conduta de ceder o documento de identidade a ter-
documento público ou particular, com o fim de prejudi- ceiro, para que dele se utilize, é penalmente atípica,
car direito, criar obrigação ou alterar a verdade de fato sendo crime apenas o uso, como próprio, de documen-
juridicamente relevante configura to alheio.
c) O crime de fraude em certames de interesse público
a) crime de favorecimento pessoal. configura-se pela divulgação de conteúdo de certame,
b) crime de sonegação de documento. ainda que não sigiloso.
c) crime de falsidade ideológica. d) O crime de fraude em certames de interesse público
d) crime de falsidade material. prevê a figura qualificada, se dele resulta dano à admi-
nistração pública.
4. (VUNESP — 2019) É crime próprio quanto ao sujeito: e) A conduta de atribuir a terceiro falsa identidade é
penalmente atípica, sendo crime apenas atribuir a si
a) falsidade material de atestado ou certidão (CP, art. próprio identidade falsa.
301, § 1o).
b) adulteração de peça filatélica (CP, art. 303). 8. (VUNESP — 2021) Considere o seguinte caso hipo-
c) falsificação de sinal público (CP, art. 296, I). tético: “A”, servidor público, ao término do expedien-
d) atestado ideologicamente falso (CP, art. 301). te, fecha sua seção, mas, inadvertidamente, esquece
e) falsidade ideológica (CP, art. 299). uma das janelas aberta. “B”, ao constatar que a jane-
la está aberta, aproveita- -se da situação, adentra à
5. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes previstos nos seção onde “A” trabalha e subtrai um computador.
artigos 293 a 305 do Código Penal, assinale a alterna-
tiva correta. Diante apenas das informações contidas no enuncia-
do e nos termos do previsto no Código Penal, é correto
a) O crime de falsificação de documento público (art. afirmar que
297 do CP) é próprio de funcionário público.
b) No crime de falsidade de atestado médico (art. 302
a) “A” cometeu o crime de peculato culposo.
do CP), independentemente da finalidade de lucro do
b) “B” cometeu o crime de peculato furto.
agente, além da pena privativa de liberdade, aplica-se
c) “A” e “B” cometeram o crime de peculato culposo em
multa.
coautoria.
c) A falsificação de livros mercantis caracteriza o crime
d) “A” e “B” cometeram o crime de peculato furto em
de falsificação de documento particular (art. 298 do
coautoria.
CP).
e) “A” não cometeu qualquer crime.
d) O crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP), em
documento público, é próprio de funcionário público.
e) O crime de supressão de documento (art. 305 do 9. (VUNESP — 2020) Assinale a alternativa que contem-
CP), para se caracterizar, exige que o documento seja pla um crime praticado por funcionário público contra
verdadeiro. a Administração em geral e que admite a modalidade
culposa.
6. (VUNESP — 2018) Tendo em conta os crimes contra
a dignidade sexual (artigos 213 a 234-B do Código a) Condescendência criminosa.
Penal) e os crimes contra a fé pública (artigos 289 a b) Excesso de exação.
311 do Código Penal), assinale a alternativa correta. c) Peculato.
d) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
a) O cartão de crédito ou débito, para fins penais, é equi- e) Violação de sigilo funcional.
parado a documento particular.
b) Ocultar documento público ou particular verdadeiro, 10. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes praticados
em prejuízo alheio, não configura o crime de supres- por funcionários públicos contra a administração
são de documento (art. 305 do CP), sendo típicas pública, é correto afirmar que
apenas as condutas de suprimir e destruir documento
público ou particular verdadeiro. a) Tício, funcionário público, ao se apropriar do dinhei-
c) A conduta de atrair alguém à prostituição é atípica, ro arrecadado pelos funcionários da repartição para
desde que não se trate de pessoa menor de 18 (dezoi- comprar o bolo de comemoração dos aniversariantes
to) anos. do mês, em tese, pratica o crime de peculato (art. 312
d) Os crimes de falso reconhecimento de firma ou letra do CP).
(art. 300 do CP); certidão ou atestado ideologicamen- b) Mévia, funcionária pública, não sendo advogada, não
te falso (art. 301 do CP) e falsidade material de ates- pode incorrer no crime de advocacia administrativa
tado ou certidão (art. 301, parágrafo 1o do CP) são (art. 321 do CP), já que referido tipo penal exige a qua-
86 próprios de funcionários públicos. lidade de advogado do sujeito ativo.
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c) Tícia, funcionária pública, ao exigir, em razão de sua 15. (VUNESP — 2018) “Patrocinar, direta ou indiretamen-
função, que determinada empresa contrate o filho, em te, interesse privado perante a administração pública,
tese, incorre no crime de corrupção passiva (art. 317 valendo-se da qualidade de funcionário”.
do CP).
d) Caio, funcionário público, ao empregar verba própria O tipo transcrito configura a infração penal comum
da educação, destinada por lei, na saúde, em tese, denominada
incorre no crime de emprego irregular de verba pública
(art. 315 do CP). a) Advocacia Administrativa.
e) Mévio, funcionário público, em razão de sua função, ao
b) Patrocínio Indébito.
aceitar promessa de recebimento de passagens aéreas,
c) Tergiversação.
para férias da família, não incorre no crime de corrupção
d) Exploração de Prestígio.
passiva (art. 317 do CP), já que referido tipo penal exige o
e) Patrocínio Infiel.
efetivo recebimento de vantagem indevida.
11. (VUNESP — 2022) vizinho Luís cometer um furto nas 16. (VUNESP — 2020) De acordo com a Lei nº 9.983/00,
redondezas. José, então, no dia seguinte, associa-se a o ato de suprimir ou reduzir contribuição social pre-
Pedro, contando-lhe o fato praticado por Luís. José e videnciária e qualquer acessório de maneira dolosa
Pedro combinam de obter vantagem com a situação. corresponde ao crime de
Pedro, conforme acordado com José, procura a mãe
de Luís, informa que sabem do furto e exige o valor a) sonegação de contribuição previdenciária.
de R$ 10 mil para que José não execute a prisão em b) apropriação indébita previdenciária.
flagrante de Luís. A mãe de Luís, sabedora do cargo c) peculato apropriação.
exercido por José e tendo em vista temer pela prisão d) modificação ou alteração não autorizada de sistema
do filho, aceita a exigência. O dinheiro não é entregue de informações.
porque a mãe de Luís desiste do pagamento. José não e) estelionato previdenciário.
prende Luís.
17. (VUNESP — 2018) A respeito dos crimes praticados
Diante deste cenário hipotético, por particulares contra a administração, em geral
(arts. 328; 329; 330; 331; 332; 333; 335; 336 e 337 do
a) José praticou corrupção passiva, na modalidade CP), assinale a alternativa correta.
tentada.
b) Pedro praticou concussão, na modalidade consumada.
a) Para se configurar, o crime de usurpação de função
c) Pedro praticou extorsão, na modalidade consumada.
pública exige que o agente, enquanto na função, obte-
d) a mãe de Luís praticou corrupção passiva, na modali-
nha vantagem.
dade consumada.
e) a mãe de Luís praticou corrupção ativa, na modalidade b) Não há previsão de modalidade culposa.
tentada. c) Aquele que se abstém de licitar em hasta pública, em
razão de vantagem indevida, não é punido pelo crime
12. (VUNESP — 2019) O servidor público que exige para de impedimento, perturbação ou fraude de concorrên-
outrem, indiretamente, fora da função, mas em razão cia, já que se trata de conduta atípica.
dela, vantagem indevida d) O crime de desacato não se configura se o funcionário
público não estiver no exercício da função, ainda que o
a) comete o crime de concussão. desacato seja em razão dela.
b) não comete qualquer crime. e) Para se configurar, o crime de corrupção ativa exige o
c) comete o crime de corrupção passiva. retardo ou a omissão do ato de ofício, pelo funcioná-
d) comete o crime de prevaricação. rio público, em razão do recebimento ou promessa de
e) comete o crime de corrupção ativa. vantagem indevida.
13. (VUNESP — 2018) Assinale a alternativa correta. 18. (VUNESP — 2021) Nos termos do Código Penal, assi-
nale a alternativa que contempla apenas crimes con-
a) Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da tra a administração da justiça.
estabelecida em lei não é considerado crime.
b) A corrupção passiva é crime apenado com reclusão e a) Coação no curso do processo, fraude processual e
multa. usurpação de função pública.
c) O furto possui modalidade culposa.
b) Fraude processual, favorecimento pessoal e
d) A calúnia é crime apenado com reclusão.
desobediência.
e) O atentado violento ao pudor é apenado com reclusão.
c) Reingresso de estrangeiro expulso, denunciação calu-
niosa e falso testemunho ou falsa perícia.
DIREITO PENAL
9 GABARITO
1 A
2 A
3 C
4 D
5 E
6 A
7 D
8 A
9 C
10 D
11 B
12 A
13 B
14 B
15 A
16 A
17 B
18 C
88
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II - Ele próprio houver desempenhado qualquer des-
sas funções ou servido como testemunha;
III - Tiver funcionado como juiz de outra instân-
cia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
questão;
DIREITO PROCESSUAL IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até
ser comparadas levando em consideração a relação Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir
subjetiva/objetiva do julgador com a causa. Vejamos a no mesmo processo os juízes que forem entre si
tabela exposta a seguir: parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive
z Impedimentos: Consistem em circunstâncias
Nos juízos coletivos, ou seja, quando o julgamento
objetivas que são relacionadas a fatos internos ao
acontecer por mais de um juiz como ocorre nos Tribu-
processo, capazes de prejudicar a imparcialidade
nais em segunda instância, não poderão julgar o mes-
do magistrado. mo processo juízes que forem parentes, por sangue ou
afinidade até o terceiro grau.
Art. 252 [...]
I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con- CURADOR
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advo- O menor de 18 anos deve ser representado, toda-
gado, órgão do Ministério Público, autoridade poli- via, quando não tiver um representante legal, o juiz
cial, auxiliar da justiça ou perito; nomeará um curador para defender seus interesses. 89
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Aliás, mesmo que haja representante legal, o menor A garantia a defesa técnica, ou seja, aquela realizada
pode vir a ser assistido por um curador nomeado por um advogado ou defensor público, decorre do prin-
pelo juiz, quando houver conflito de interesses entre cípio constitucional da ampla defesa. O parágrafo único
representante e representado. veda que o defensor público realize a defesa por meio de
negativa geral dos fatos, de forma fundamentada.
Art. 33 Se o ofendido for menor de 18 anos, ou men-
Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-
talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a
representante legal, ou colidirem os interesses des-
todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
te com os daquele, o direito de queixa poderá ser
mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
exercido por curador especial, nomeado, de ofício Parágrafo único. O acusado, que não for pobre,
ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz será obrigado a pagar os honorários do defensor
competente para o processo penal. dativo, arbitrados pelo juiz.
Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou Dos Funcionários da Justiça - art. 274
foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali- Os auxiliares da justiça são pessoas que, embora não
zada por defensor público ou dativo, será sempre façam parte da relação processual, intervêm no curso
exercida através de manifestação fundamentada. do processo, mediante a prática de atos que permitem
90 Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. o desenvolvimento regular do feito. Ex.: auxiliam o juiz.
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De acordo com o Código de Processo Penal:
Art. 274 As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que
lhes for aplicável.
Serventuários e funcionários da Justiça: o escrivão, escreventes, analistas judiciários, oficial de justiça, conta-
dor, partidor, e todos os que possuem vínculo com o Estado. A suspeição ditada neste artigo deve ser entendida de
forma ampla, alcançando também as hipóteses de impedimento.
Citações e intimações são formas de comunicação de atos processuais que a justiça utiliza para notificar as
partes interessadas, tais como réus, testemunhas, advogados, promotores, peritos, intérpretes, entre outras.
Cabe salientar que a citação é usada exclusivamente para os réus. Ela é realizada uma única vez — apenas no
início do processo — e tem como objetivo dar ciência ao acusado de que está sendo iniciada uma ação penal em
seu desfavor. Já as demais comunicações processuais ao réu são realizadas por meio das intimações.
Art. 351 A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a
houver ordenado.
z Por Mandado;
z Pessoal;
z Por Edital;
z Com Hora Certa;
z Por Carta Precatória;
z Por Carta Rogatória.
A Citação por Mandado constitui a regra geral. Essa é a primeira forma utilizada para tentar localizar o réu e
informá-lo sobre o processo que irá responder.
É indispensável a identificação da autoridade judiciária que está emitindo o mandado de citação. Lembre-se:
a palavra mandado significa “a mando de”.
Isso porque, nas ações privadas, quem move a ação é a vítima com seu advogado. Neste contexto, o MP não
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O réu pode ser identificado, inicialmente, por apelidos ou por descrição dos seus sinais característicos. Isso não
é um empecilho ou motivo de atraso para o início da ação penal. Deste modo, assim que for obtida a qualificação
correta do réu, a parte acusatória fará a retificação da denúncia ou da queixa-crime.
Conhecer o endereço do réu é essencial para que o oficial de justiça possa localizá-lo e dar cumprimento ao mandado.
Art. 353 Quando o réu estiver fora do território da Quando o oficial de justiça lograr êxito em localizar
jurisdição do juiz processante, será citado median- o réu, este deve lhe entregar uma via do Mandado de
te precatória. Citação junto com a cópia da denúncia e pedir que ele
assine a via que voltará para o juízo, além de inserir as
A Carta Precatória é utilizada para citar o réu que informações de data e hora do cumprimento da citação.
não reside na comarca em que o processo será reali-
zado. Trata-se de uma espécie de pedido de um juiz Art. 357 [...]
para outro, na qual o juiz do processo (juiz deprecan- II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
te) pede ao juiz da cidade onde está morando o réu contrafé, e sua aceitação ou recusa.
(juiz deprecado) que realize a citação. Caso o réu se recuse a receber ou a assinar a via
Por se tratar de localizações distintas, não faria sen- que voltará ao juízo, o oficial de justiça, que tem fé
tido o juiz mandar o seu oficial de justiça fazer uma via-
pública, certificará tudo na sua via, dando por cum-
gem, para realizar a citação. Com a Carta Precatória, o juiz
prida a citação.
deprecado determina que um oficial de justiça daquela
comarca cumpra a citação constante do documento. Art. 358 A citação do militar far-se-á por intermé-
dio do chefe do respectivo serviço.
Art. 354 A precatória indicará:
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; A situação do militar foi tratada de modo específi-
II - a sede da jurisdição de um e de outro; co e prevê que ele deva ser citado no seu local de tra-
III - o fim para que é feita a citação, com todas as balho e, não, em sua residência, como os demais réus.
especificações; O objetivo disso é que seja dada ciência ao comandan-
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu te do militar do processo que está sendo iniciado con-
deverá comparecer. tra o seu subordinado.
Conforme se pode observar, são os mesmos requi- Art. 359 O dia designado para funcionário público
sitos já vistos para o mandado de citação, com o acrés- comparecer em juízo, como acusado, será notifica-
cimo dos dados dos dois juízes envolvidos. do assim a ele como ao chefe de sua repartição.
Art. 355 A precatória será devolvida ao juiz depre- Aqui, a situação não é a mesma do militar. O funcio-
cante, independentemente de traslado, depois de nário público não é citado através do chefe. A lei estabe-
lançado o “cumpra-se” e de feita a citação por man- lece apenas que devem ser informados ao chefe o dia e a
dado do juiz deprecado. hora que o funcionário precisará comparecer em juízo.
O motivo dessa exigência é fazer cumprir o prin-
A Carta Precatória será devolvida ao juiz depre-
cípio administrativo da continuidade do serviço
cante após cumprida a citação pelo juiz deprecado.
público. Isso porque o funcionário precisará faltar ao
Art. 355 [...] trabalho no dia que for comparecer em juízo e o che-
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território fe precisa organizar a repartição, para que não haja
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o prejuízo ao serviço público prestado à sociedade. Sem
juiz deprecado os autos para efetivação da diligên- falar na possibilidade de o réu ser preso, ficando afas-
92 cia, desde que haja tempo para fazer-se a citação. tado da repartição por prazo indeterminado.
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Art. 360 Se o réu estiver preso, será pessoalmente sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-
citado. te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
receber o mandado.
Neste caso, o oficial de justiça vai até o estabele- § 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
cimento penal e entrega a citação pessoalmente ao deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
réu. A citação pode ser real (pessoal) ou ficta. A regra vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
é a citação real, por mandado judicial entregue por § 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a
advertência de que será nomeado curador especial
oficial de justiça. Já citação por edital e a citação por
se houver revelia.
hora certa são consideradas fictas, pois presumem a
Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ciência do acusado. ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
Art. 361 Se o réu não for encontrado, será citado data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
tudo ciência.
Essa é a citação mais precária e frágil existente,
pois, para que ela tivesse efetividade, seria necessário Todo esse procedimento é baseado na fé pública
que o réu tomasse conhecimento do edital que é publi- do oficial de justiça, que deverá certificar todas essas
cado na imprensa oficial. Aqui, cabe-nos uma pergun- decisões na sua via do mandado de citação que será
ta muito simples: quem lê diário oficial? juntada aos autos do processo.
Levando-se em conta que o juiz não tem como
saber se o réu leu ou não o edital, caso ele não com- Art. 362 [...]
pareça nem nomeie defensor, não há como afirmar Parágrafo único. Completada a citação com hora
que soube do processo e não quis comparecer ou que, certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á
realmente, não tomou conhecimento do mesmo. nomeado defensor dativo.
Art. 362 Verificando que o réu se oculta para não Caso o réu não compareça aos atos processuais subse-
ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrên- quentes, o processo seguirá à revelia, ou seja, sem a sua
cia e procederá à citação com hora certa, na forma presença. É importante ressaltar que, nesses casos, deve-
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de rá ser nomeado um defensor, a fim de garantir o direito
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. constitucional de defesa. Em hipótese alguma será possí-
vel seguir com o processo sem defesa para o réu.
Essa modalidade de citação foi “importada” do direi-
to processual civil. Foi, sem dúvida, um grande ganho Art. 363 O processo terá completada a sua forma-
para o processo penal, pois é muito comum que o réu ção quando realizada a citação do acusado.
fique brincando de “gato e rato” com o oficial de justiça.
Ao perceber a chegada do oficial de justiça, o réu A citação válida completa a formação do proces-
esconde-se, pois ele sabe que, se não for encontrado, so, pois todas as partes envolvidas (acusação, defesa e
a citação não se completa e, portanto, o seu processo juiz) estão cientes do processo e aptas a desempenhar
não avança. Com a Citação por Hora Certa acabou esse seus papéis. Caso contrário, o processo não poderá
problema. seguir o seu curso.
Vamos, agora, analisar o texto dos dispositivos 252 A falta de citação ou uma citação ilegal são consi-
a 254 do Código de Processo Civil: deradas vícios graves, as quais geram nulidade abso-
luta do processo.
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
justiça houver procurado o citando em seu domicí- Art. 363 [...]
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedi-
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da da a citação por edital.
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- qualquer tempo, o processo observará o disposto
ção, na hora que designar. nos arts. 394 e seguintes deste Código.
Após duas tentativas frustradas de localizar o réu, O processo seguirá seu curso normal, dando pros-
mas percebendo que o mesmo está fugindo da cita- seguimento ao rito comum ordinário ou sumário, con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Basicamente, esses são os mesmos requisitos do Art. 367 O processo seguirá sem a presença do acu-
Mandado de Citação sobre os quais já comentamos. sado que, citado ou intimado pessoalmente para
Merece destaque o fato de a contagem do prazo de 15 qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
(quinze) dias ter início na data da publicação do edi- justificado, ou, no caso de mudança de residência,
tal, ou na data de sua afixação na entrada do fórum. não comunicar o novo endereço ao juízo.
Não havendo diário oficial, a intimação será feita z Por publicação: quando direcionada a defensor
por mandado ou via postal. constituído, advogado e assistente de acusação.
Cabe dizer que, hoje em dia, existem maneiras mui- z Por mandado, escrivão, via postal: quando não
to mais eficientes e rápidas de realizar essas intima- há órgão de publicação na comarca.
ções, como, por exemplo, por e-mails ou por aplicativos
Vale lembrar que a intimação pessoal feita pelo
de mensagens que já estão sendo usados pela justiça.
escrivão dispensa a intimação por publicação.
A intimação do Ministério Público e da Defenso-
Art. 370 [...] ria Pública sempre é pessoal (entrega dos autos), sob
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dis- pena de nulidade.
pensará a aplicação a que alude o § 1o.
A única ressalva feita é nos processos eletrônicos,
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defen-
pois a comunicação eletrônica é inerente ao processo
sor nomeado será pessoal.
digital.
Importa dizer que se o advogado foi nomeado pelo Embora o Ministério Público, na esfera ação crimi-
juiz e, não, contratado pelo próprio réu, sua intimação nal, não possua o benefício do prazo em dobro, a
deve ser pessoal. sua intimação, entretanto, é sempre pessoal, na
Assim como o MP, os defensores públicos e os pessoa do agente do parquet com atribuições
advogados dativos (nomeados pelo juiz) devem ser para recebê-la. (STJ, REsp. no 192.049/DF Quinta
intimados pessoalmente. Turma; Rel. Felix Fischer, m. v., RJSTJ no 115/461).
A intimação deve preponderar, inclusive, em rela-
Art. 371 Será admissível a intimação por despacho ção a que é realizada mediante entrega do proces-
na petição em que for requerida, observado o dis- so em setor administrativo do Ministério Público,
posto no art. 357. formalizada a carga pelo servidor. (Precedente: HC
no 83.255/SP e HC no 83.391-SP, vide também infor-
mativo nº 284)
Isso ocorre quando a defesa ou a acusação fazem
petições ao juiz pessoalmente. Quando deferidas, o Diferente do CPC, todos os prazos correrão em
juiz despacha, na própria petição, a sua decisão e a cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
parte já é considerada intimada da decisão. interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
Todavia, igual o CPC, não se computará no prazo o dia
Art. 372 Adiada, por qualquer motivo, a instrução do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. Isso
criminal, o juiz marcará desde logo, na presença
se justifica, uma vez que tanto o CPC quanto o CPP são
das partes e testemunhas, dia e hora para seu pros-
diplomas processuais (disciplinam a marcha proces-
seguimento, do que se lavrará termo nos autos.
sual), não se tratando de direito material, como é o
código penal e o código civil.
Quando houver decisões de adiamento com datas
A terminação dos prazos será certificada nos autos
e prazos definidos em audiência, todos os envolvidos
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo,
já tomam ciência da data e estão considerados intima-
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a pro-
dos. A consequência do desatendimento da citação fic- va do dia em que começou a contagem.
ta possui duas situações diferentes no CPP: O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
CITAÇÃO POR EDITAL CITAÇÃO POR HORA Não correrão os prazos, se houver impedimento do
(ART. 361) CERTA (ART. 362) juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela
Se o réu não for encontra- parte contrária.
do, será citado por edital, Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
com o prazo de 15 (quin-
Verificando que o réu z Da intimação;
ze) dias. Se o acusado,
se oculta para não ser z Da audiência ou sessão em que for proferida a
citado por edital, não com-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O procedimento sumaríssimo obedece ao que está estabelecido no Juizado Especial Criminal (JECRIM), assim,
a denúncia pode ser oral (reduzida a termo). O rol de testemunhas não pode ultrapassar 3 (três), busca-se a conci-
liação e a transação penal, caso o juiz rejeite a denúncia, cabe apelação e a sentença dispensa o relatório.
O fendido;
T estemunha de acusação;
T estemunha de defesa;
A ntes do assistente técnico o perito + acareação;
R econhecimento de pessoas e coisas;
I nterrogatório;
O utras diligências.
Art. 406 O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do
comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O artigo determina o prazo de defesa do acusado em casos de crimes dolosos contra a vida, de competência do
júri, informando a quantidade de testemunhas que poderão ser arroladas.
Art. 407 As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
As exceções referidas no artigo, são as de suspeição do juízo ou incompetência que deverão ser apresentadas
e processadas, separadamente.
Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias,
concedendo-lhe vista dos autos. 99
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Caso o acusado não possua defensor, ser-lhe ORDEM
nomeado um defensor pelo juízo para que não fique
sem a defesa técnica que tem direito. Acareações
O juiz mandará o Ministério Público se manifes- Os debates ao fim do ato serão orais, devendo o
tar sobre os documentos apresentados e eventuais juiz proferir a decisão em 10 (dez) dias em obediência
preliminares apontadas na defesa apresentada pelo ao princípio da celeridade processual.
Acusado.
Art. 410 O juiz determinará a inquirição das teste- De acordo com a jurisprudência do STJ: A ausência
munhas e a realização das diligências requeridas do oferecimento das alegações finais em processos
pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. de competência do Tribunal do Júri não acarre-
ta nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia
O artigo determina o prazo que o juiz tem para encerra juízo provisório acerca da culpa. Fonte:
ouvir testemunhas e realizar diligências. jurisprudência em teses (STJ).
Art. 411 Na audiência de instrução, proceder-se-á
à tomada de declarações do ofendido, se possível, Art. 412 O procedimento será concluído no prazo
à inquirição das testemunhas arroladas pela acu- máximo de 90 (noventa) dias.
sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
Novamente, observando a celeridade, diz o Código
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando- que o procedimento de instrução será concluído no
-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. prazo máximo de 90 dias.
§ 1º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de Resumindo os artigos aqui mencionados, teremos
prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. os seguintes pontos de destaque:
§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiên-
z No procedimento especial do Tribunal do Júri, o
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irrele-
juiz recebe a denúncia ou queixa e cita o acusado
vantes, impertinentes ou protelatórias.
para responder à acusação em 10 (dez) dias;
§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-
-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. z O prazo de 10 (dez) dias para responder à acusação
§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a
se inicia a partir do cumprimento do mandado ou
palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, do comparecimento em juízo;
pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por z Na primeira fase do tribunal do júri a acusação
mais 10 (dez). pode arrolar até 8 (oito) testemunhas na denúncia
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre- ou queixa. O mesmo vale para o acusado na res-
visto para a acusação e a defesa de cada um deles posta à acusação;
será individual. z Vale lembrar que diante da ausência de advogado,
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a o próprio juiz nomeia um defensor para o réu;
manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) z Após apresentada a defesa, o juiz ouve a acusação
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo em 5 (cinco) dias. Então, o juiz tem 10 (dez) dias
de manifestação da defesa. para ouvir as testemunhas e cumprir as diligên-
§ 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando impres- cias que foram requeridas pelas partes;
cindível à prova faltante, determinando o juiz a z Na audiência, o prazo de alegações orais é de 20
condução coercitiva de quem deva comparecer. minutos para a acusação e 20 minutos para a defe-
§ 8º A testemunha que comparecer será inquirida, sa. O assistente de acusação recebe mais 10 minu-
independentemente da suspensão da audiência, tos, e consequentemente a defesa também.
observada em qualquer caso a ordem estabelecida
no caput deste artigo. Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição
§ 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua Sumária
decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
os autos para isso lhe sejam conclusos. Art. 413 O juiz, fundamentadamente, pronunciará
o acusado, se convencido da materialidade do fato
O artigo estabelece a ordem dos trabalhos na e da existência de indícios suficientes de autoria ou
audiência de instrução realizada no procedimento de participação.
dos crimes dolosos contra a vida, dessa forma, serão § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à
sempre ouvidas primeiramente as testemunhas de indicação da materialidade do fato e da existência
acusação, e somente após a defesa, assim como no de indícios suficientes de autoria ou de participa-
procedimento ordinário. ção, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em
que julgar incurso o acusado e especificar as cir-
ORDEM cunstâncias qualificadoras e as causas de aumento
de pena.
Declarações dos ofendidos § 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o
valor da fiança para a concessão ou manutenção
Inquirição das testemunhas de acusação e defesa da liberdade provisória.
(nesta sequência) § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de
Esclarecimentos dos peritos manutenção, revogação ou substituição da prisão
100 ou medida restritiva de liberdade anteriormente
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decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO
necessidade da decretação da prisão ou imposição
TRIBUNAL DO JÚRI
de quaisquer das medidas previstas no Título IX do
Livro I deste Código. Se o fato não for uma infração penal
A pronúncia do acusado determina o seu julga- Causa de isenção de pena ou exclusão do crime. Obs.
mento perante o Tribunal do Júri, desde que o juiz A inimputabilidade só é usada caso seja vista como a
seja convencido da materialidade do fato criminoso e única tese de defesa
que haja indícios de sua autoria.
Na decisão de pronúncia o juiz deve limitar-se à Após efetivada a absolvição sumária do réu, caso
fundamentação da materialidade e dos indícios e indi- provenha fato novo a respeito daquele mesmo fato,
car os dispositivos legais que o acusado estiver incur- poderá, enquanto não estiver extinta a punibilidade
so, não adentrando no mérito do crime. do suposto delito, ser oferecida Denúncia (ação penal
Se o crime for afiançável o juiz pode arbitrá-la na pública) ou queixa-crime (ação penal privada).
decisão de pronúncia e deverá fundamentar, ainda, Isso ocorre porque em caso de dúvida do magistra-
sua decisão de manutenção ou revogação da prisão do, deverá o mesmo pronunciar o acusado, aplicando
preventiva. o princípio do in dubio pro societate.
Art. 414 Não se convencendo da materialidade Art. 416 Contra a sentença de impronúncia ou de
do fato ou da existência de indícios suficientes absolvição sumária caberá apelação.
de autoria ou de participação, o juiz, fundamen-
tadamente, impronunciará o acusado.
A sentença de impronúncia ou absolvição sumária
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção
desafiam o recurso de apelação.
da punibilidade, poderá ser formulada nova denún-
cia ou queixa se houver prova nova.
Art. 417 Se houver indícios de autoria ou de par-
ticipação de outras pessoas não incluídas na
Caso o juiz não se convença da prova da materialida- acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o
de dos fatos ou da autoria do acusado proferirá sentença acusado, determinará o retorno dos autos ao Minis-
de impronúncia. Enquanto não passar o prazo da extin- tério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que
ção da punibilidade o acusado poderá ser novamente couber, o art. 80 deste Código.
denunciado pelo mesmo fato, desde que haja prova nova.
Confirmando participação de outras pessoas, o juiz
determinará que o processo retorne ao Ministério Público.
Importante! Aditamento da denúncia ou queixa para inclu-
Ocorre a impronúncia, se o juiz não se conven- são de corréus: havendo prova, colhida durante a
instrução, de que outras pessoas estão envolvidas na
ceu da materialidade do fato nem dos indícios
infração penal pela qual está o juiz pronunciando o
de autoria. A decisão da impronúncia não é defi-
acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao
nitiva, podendo ser formulada nova denúncia ou Ministério Público para o necessário aditamento.
queixa assim que aparecer nova prova (desde
que ainda não extinta a punibilidade). Art. 418 O juiz poderá dar ao fato definição jurídica
diversa da constante da acusação, embora o acusa-
do fique sujeito a pena mais grave.
Art. 415 O juiz, fundamentadamente, absolverá
desde logo o acusado, quando:
O acusado se defende dos fatos e não da definição
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
jurídica, dessa maneira, poderá o juiz dar definição
III – o fato não constituir infração penal; jurídica diversa daquela apontada pela Acusação.
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de
exclusão do crime. Art. 419 Quando o juiz se convencer, em discordân-
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso cia com a acusação, da existência de crime diver-
IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilida- so dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e
de prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no não for competente para o julgamento, remeterá os
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, sal- autos ao juiz que o seja.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
vo quando esta for a única tese defensiva. Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a
outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.
O artigo cita as causas de absolvição sumária do
acusado, tendo a decisão do juiz força de sentença de Quando o juiz constatar que o crime ali narrado
mérito, assim convencido que não houve o fato, não ser não é de competência do Tribunal do Júri, ou seja, não
é um crime doloso contra a vida, remeterá o processo
o autor ou participe, o fato narrado não se tratar de cri-
ao juiz competente.
me, ou ainda se o fato está acobertada por excludente de
ilicitude, desde logo, o juiz absolverá o acusado.
Art. 420 A intimação da decisão de pronúncia será feita:
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO e ao Ministério Público;
TRIBUNAL DO JÚRI II – ao defensor constituído, ao querelante e ao
assistente do Ministério Público, na forma do dis-
Se ficar provado que o fato não existiu posto no § 1o do art. 370 deste Código.
Se ficar provado que ele não é autor/partícipe Parágrafo único. Será intimado por edital o acusa-
do solto que não for encontrado. 101
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A intimação da decisão de pronúncia ao Acusa- Art. 424 Quando a lei local de organização judi-
do será pessoal, ao defensor nomeado pelo Juiz e ciária não atribuir ao presidente do Tribunal do
ao Ministério Público. Ao defensor contratado pelo Júri o preparo para julgamento, o juiz competente
Acusado, ao assistente de Acusação a intimação será remeter-lhe-á os autos do processo preparado até
realizada via Diário Oficial. O acusado que não for 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art.
localizado, será intimado por edital. 433 deste Código.
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também,
Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos os processos preparados até o encerramento da
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal reunião, para a realização de julgamento.
do Júri.
Caso naquela localidade o juiz presidente do Tribu-
§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
nal do Júri seja diverso daquele que instruiu os autos
havendo circunstância superveniente que altere a
classificação do crime, o juiz ordenará a remessa deverão ser encaminhados ao Juiz presidente em até 5
dos autos ao Ministério Público. dias antes do sorteio do conselho de sentença.
§ 2º Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz
para decisão. JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI
Art. 422 Ao receber os autos, o presidente do Tri- Os jurados são alistados anualmente pelo presiden-
bunal do Júri determinará a intimação do órgão te do Tribunal do Júri, de acordo com a quantidade de
do Ministério Público ou do querelante, no caso
habitantes da comarca. Se for necessário na comarca,
de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-
pode ser aumentado o nº de jurados, organizada lista
co) dias, apresentarem rol de testemunhas que
de suplentes, depositadas cédulas em urna especial.
irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
oportunidade em que poderão juntar documentos e
O juiz presidente pode requisitar a diversos núcleos
requerer diligência. comunitários a indicação de pessoas que reúnam as
condições para exercerem a função de jurado.
Recebendo, então, o processo o juiz presidente do
Júri intimará as partes para apresentação de no máxi- Art. 425 Anualmente, serão alistados pelo presiden-
mo 5 (cinco) testemunhas, podendo no mesmo prazo te do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um
juntar documentos e requerer diligências. mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de
1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (tre-
Art. 423 Deliberando sobre os requerimentos de zentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de
provas a serem produzidas ou exibidas no plenário 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400
do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz (quatrocentos) nas comarcas de menor população.
presidente: § 1º Nas comarcas onde for necessário, poderá ser
I – ordenará as diligências necessárias para sanar aumentado o número de jurados e, ainda, organi-
qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse zada lista de suplentes, depositadas as cédulas em
ao julgamento da causa; urna especial, com as cautelas mencionadas na
II – fará relatório sucinto do processo, determinan- parte final do § 3o do art. 426 deste Código.
do sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal § 2º O juiz presidente requisitará às autoridades
do Júri. locais, associações de classe e de bairro, entidades
associativas e culturais, instituições de ensino em
O juiz presidente do júri deverá deixar o processo geral, universidades, sindicatos, repartições públi-
em ordem para seu julgamento em plenário, portanto cas e outros núcleos comunitários a indicação de
sanará qualquer nulidade, fará um resumo do proces- pessoas que reúnam as condições para exercer a
102 so e determinará sua inclusão em pauta. função de jurado.
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O artigo cita como será realizada a lista de jurados e de quais entidades poderão ser retirados os nomes que a
irão compor. De acordo com a quantidade de habitantes as listas serão formadas e posteriormente essas pessoas
serão designadas para julgar seus pares perante o Conselho de Sentença.
A coleta, escolha dos nomes de jurados para compor as listas do Tribunal do Júri se faz, na maioria das Comar-
cas brasileiras, de modo aleatório, sem conhecimento direto e pessoal do magistrado em relação a cada um dos
indicados. Utiliza-se, há anos, como regra, a listagem dos cartórios eleitorais, que coletam vários nomes, enviando
ao juiz presidente. Dificilmente cumpre-se o disposto no § 2.º deste artigo, perscrutando interessados em associa-
ções de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino, universidades etc. Em peque-
nas cidades, torna-se possível essa coleta de nomes. Nos grandes centros urbanos, entretanto, é praticamente
impossível. O máximo que se faz, após o recebimento das listas formadas aleatoriamente nos cartórios eleitorais,
é uma pesquisa de antecedentes criminais
Art. 426 A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10
de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.
§ 1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia
10 de novembro, data de sua publicação definitiva.
§ 2º Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código.
§ 3º Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após serem verificados na presença do Ministério Público, de
advogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas
competentes, permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente.
§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista
geral fica dela excluído.
§ 5º Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamente, completada.
A lista geral dos jurados ficará fixada na porta do Tribunal do Júri, juntamente com a transcrição dos artigos
que determinam que o trabalho dos jurados é obrigatório e demais indicações legais.
Os nomes serão verificados pelos órgãos responsáveis, conforme determina o artigo e o juiz presidente terá a atri-
buição de guarda-los em urna fechada à chave.
A lista dos jurados será publicada até 10 de outubro na imprensa e editais serão afixados na porta do tribunal
do júri. A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até
o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva (art. 426).
Do Desaforamento
Art. 427 Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança
pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou
mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca
da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou
Turma competente.
§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do jul-
gamento pelo júri.
§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada.
§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o
pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de jul-
gamento anulado.
O desaforamento é o deslocamento do foro para outra comarca, diversa daquela onde ocorreu o crime, pode ser
DIREITO PROCESSUAL PENAL
requerido pelas partes ou determinado pelo próprio juiz. O pedido de desaforamento terá preferência e não será admi-
tido caso haja recurso pendente.
Art. 428 O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz
presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em
julgado da decisão de pronúncia
§ 1º Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou inci-
dentes de interesse da defesa.
§ 2º Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse
a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá
requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento.
O desaforamento também poderá ser determinado, caso haja excesso de serviço na comarca que acarretará dema-
siado atraso, o julgamento do Acusado, desde que o atraso não tenha sido causado pela própria defesa.
Sintetizando as informações mencionadas, temos: 103
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� Interesse da ordem pública
� Dúvida sobre a imparcialidade do Júri
RAZÕES PARA O � Em razão da segurança pessoal do acusado
DESAFORAMENTO � Comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6
(seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. Obs. não se compu-
tará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa
QUEM PODE
REQUERER O MP, assistente de acusação, querelante, acusado, juiz
DESAFORAMENTO
Desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam os mo-
tivos elencados. Obs. prefere-se a comarca mais próxima
� O pedido de desaforamento é distribuído imediatamente, com preferência de julgamento na
O QUE ACONTECE Câmara ou Turma competente. O relator pode entender pela suspensão do julgamento do júri.
O juiz presidente é ouvido se a medida não foi por ele solicitada
� Não é admitido o pedido de desaforamento em caso de recurso pendente sobre pronúncia ou
caso já tenha ocorrido o julgamento (exceção: julgamento anulado)
Da Organização da Pauta
Art. 429 Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência:
I – os acusados presos;
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
§ 1º Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do
Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo.
§ 2º O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que tiver o julga-
mento adiado.
z Preferência na ordem de julgamentos: como regra, impõe a lei sejam primeiramente julgados os réus presos,
em detrimento dos soltos, o que se afigura razoável, pois o direito à liberdade está sendo cerceado antes da decisão
condenatória definitiva. Dentre os presos, devem ser julgados os mais antigos no cárcere, levando-se em conside-
ração, obviamente, a prisão decretada no processo. Assim, se alguém está há muito tempo detido, embora seja por
outro processo, isso não faz com que sua situação tenha preferência sobre outro preso. Finalmente, quando houver
igualdade de condições, ou seja, todos soltos ou todos presos pelo processo do júri, serão primeiramente agendados
os julgamentos daqueles que tiverem sido pronunciados há mais tempo.
Art. 430 O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da
sessão na qual pretenda atuar.
O assistente de acusação deverá requerer sua habilitação para atuar no Plenário do Júri, no prazo de cinco
dias.
Art. 431 Estando o processo em ordem, o juiz presidente mandará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as
testemunhas e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instrução e julgamento, observando, no
que couber, o disposto no art. 420 deste Código.
Em devida ordem, o juiz presidente intimará as partes para a data do Plenário do Júri, observando as intima-
ções pessoais determinadas pelo art. 420 do Código de Processo Penal.
Art. 432 Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente determinará a intimação do Ministério Público, da
Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio
dos jurados que atuarão na reunião periódica.
O sorteio dos jurados deverá ser realizada com a maior idoneidade possível e para tanto serão intimados os
representantes da OAB, do Ministério Público e da Defensoria para acompanhar o ato.
Art. 433 O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o
número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordinária.
§ 1º O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da
reunião.
§ 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento das partes.
104 § 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as reuniões futuras.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 433 também tem o objetivo de garantir a ido- II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
neidade do sorteio dos jurados, devendo ser realizada III – os membros do Congresso Nacional, das Assem-
de portas abertas, devendo ser sorteadas até o núme- bleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
ro de 25, que comporão , futuramente o conselho de IV – os Prefeitos Municipais;
sentença. V – os Magistrados e membros do Ministério Públi-
co e da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministé-
Art. 434 Os jurados sorteados serão convocados
rio Público e da Defensoria Pública;
pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da
comparecer no dia e hora designados para a reu- segurança pública;
nião, sob as penas da lei. VIII – os militares em serviço ativo;
Parágrafo único. No mesmo expediente de convo- IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que
cação serão transcritos os arts. 436 a 446 deste requeiram sua dispensa;
Código. X – aqueles que o requererem, demonstrando justo
impedimento.
A convocação dos jurados será realizada pelos cor-
reios ou ainda qualquer meio que torne inequívoca sua Não serão obrigados a prestar o serviço de jura-
convocação, sendo-lhe advertido sobre a obrigatorie- do: governadores, seus secretários, os deputados, os
dade de seu trabalho como jurado sob as penas da lei, vereadores e deputados distritais; os prefeitos, os juí-
conforme os arts. 436 a 446 do Código de Processo Penal. zes, os promotores, os defensores públicos, os demais
servidores do poder judiciário, policiais e delegados,
Art. 435 Serão afixados na porta do edifício do Tri- policiais militares e militares da ativa, maiores de 70
bunal do Júri a relação dos jurados convocados, os anos e o convocado poderá requerer sua dispensa
nomes do acusado e dos procuradores das partes, demonstrando justo impedimento.
além do dia, hora e local das sessões de instrução
Atente-se quanto à idade que desobriga o convo-
e julgamento.
cado a trabalhar no júri: 70 anos, ou seja, dez anos a
mais do que a lei entende como idoso.
Os jurados sorteados serão convocados (por meio
hábil) para comparecerem no dia e hora designados Art. 438 A recusa ao serviço do júri fundada em
para a reunião. convicção religiosa, filosófica ou política importará
no dever de prestar serviço alternativo, sob pena
Da Função do Jurado de suspensão dos direitos políticos, enquanto não
prestar o serviço imposto.
Art. 436 O serviço do júri é obrigatório. O alista- § 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício
mento compreenderá os cidadãos maiores de 18 de atividades de caráter administrativo, assisten-
(dezoito) anos de notória idoneidade. cial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
§ 1° Nenhum cidadão poderá ser excluído dos tra- Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério
balhos do júri ou deixar de ser alistado em razão Público ou em entidade conveniada para esses fins.
de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe § 2º O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
social ou econômica, origem ou grau de instrução. princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
§ 2° A recusa injustificada ao serviço do júri acar-
retará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários Caso o convocado se recuse a prestar o serviço do
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condi- júri por razões filosóficas, religiosas ou políticas deve-
ção econômica do jurado. rá prestar serviço alternativo que o juiz fixará de for-
ma razoável e proporcional. Enquanto o serviço não
O serviço do júri é obrigatório e não comporta for prestado ficarão suspensos os direitos políticos
qualquer discriminação em razão de cor, etnia, raça (direito de votar e ser votado).
ou credo, e caso a recusa a compor o corpo de jurados
seja injustificada o juiz poderá fixar multa de 1 à 10 Art. 439 O exercício efetivo da função de jurado
salários mínimos. constituirá serviço público relevante e estabelecerá
presunção de idoneidade moral.
z Obrigatoriedade do serviço: sendo considera-
do serviço público relevante (art. 439, CPP), além O jurado adquire o status de idoneidade moral
de essencial para a formação do devido processo pelo relevante serviço público prestado.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O jurado não poderá deixar de comparecer à ses- Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação
são do júri, bem como aquele que se retirar da sessão do Conselho de Sentença
antes da autorização pelo juiz presidente receberá.
Art. 447 O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)
z Multa atualizada ao jurado faltoso: era impe- juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)
rioso que houvesse a atualização, por força de lei, jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7
dos valores da multa a ser aplicada ao jurado que, (sete) dos quais constituirão o Conselho de Senten-
sem motivo justificado, deixasse de atender à con- ça em cada sessão de julgamento.
vocação judicial. Ou, ainda que tivesse compareci-
do, abandonasse o recinto antes de ser autorizado Dos 25 jurados sorteados entre os alistados, 7 cons-
pelo juiz. Atualmente, com os valores fixados em tituirão o Conselho de Sentença que será responsável
salários mínimos, não há mais condições de se pelo julgamento dos crimes dolosos contra a vida,
atingir valor irrisório. Deve, pois, o magistrado participando ainda o juiz presidente da sessão de
fixar, conforme a capacidade econômica do jura- julgamento.
do, a ser verificada, no mínimo, pela profissão
declinada em sua ficha, valor compatível, que lhe Art. 448 São impedidos de servir no mesmo
sirva de efetiva sanção. A dívida, se não for paga, Conselho:
será inscrita e cobrada pela Fazenda Pública. I – marido e mulher
II – ascendente e descendente;
III – sogro e genro ou nora;
Art. 443 Somente será aceita escusa fundada em
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
motivo relevante devidamente comprovado e
V – tio e sobrinho;
apresentada, ressalvadas as hipóteses de força
VI – padrasto, madrasta ou enteado.
maior, até o momento da chamada dos jurados.
§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
pessoas que mantenham união estável reconhecida
z Motivo relevante para a ausência: a imposição de como entidade familiar.
multa mencionada no artigo anterior não é auto- § 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os
mática, ficando condicionada à análise dos moti- impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades
vos apresentados pelo jurado para demonstrar a dos juízes togados.
sua ausência. Entretanto, deve fazer chegar a justi-
ficativa ao magistrado até o momento de chamada O Conselho de Sentença é composto pelos sete
dos jurados, pois é nesse instante que se poderá jurados escolhidos para o julgamento do crime dolo-
analisar se razoável ou não a falta constatada. Por so contra a vida, portanto, não poderão estar entre
106 isso, por qualquer meio válido (fax, e-mail, petição estes sete no mesmo julgamento, pai e mãe, marido
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e mulher, cunhados entre si, sogros e noras ou gen- Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri
ros etc. Impedidas ainda, estão as pessoas que man-
Art. 453 O Tribunal do Júri reunir-se-á para as ses-
tenham união estável entre si. Ao fim o artigo ainda sões de instrução e julgamento nos períodos e na
diz que quanto à suspeição, aplica-se aos jurados os forma estabelecida pela lei local de organização
mesmos dispositivos dos juízes; judiciária.
z Momento para impugnação: cabe à parte interes- A lei local de organização judiciária definirá as
sada (acusação ou defesa) apresentar a impugna- datas para as sessões de julgamento do Júri.
ção, por impedimento ou suspeição, no momento
do sorteio do nome do jurado indicado para com- Art. 454 Até o momento de abertura dos trabalhos
por o Conselho de Sentença, nos termos do art. 468 da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de
isenção e dispensa de jurados e o pedido de adia-
deste Código. Na jurisprudência do STF:
mento de julgamento, mandando consignar em ata
“Realizado o sorteio dos jurados na forma e com as deliberações.
a antecedência exigidas pela legislação, eventual
arguição de suspeição ou impedimento deve ser fei- Cabe ao juiz presidente do Júri decidir sobre todos
ta em Plenário, sob pena de preclusão. Precedentes. os pedidos de dispensa dos jurados, eventual pedido
As nulidades do julgamento devem ser arguidas em de adiamento do plenário, até o início da sessão de
Plenário, logo depois que ocorrerem, sob pena de julgamento e tudo aquilo que for requerido, ainda que
preclusão. Ordem denegada” (HC 120.746, 1.ª T., rel. negado, deverá constar na ata dos trabalhos.
Roberto Barroso, 19.08.2014, v.u.).
z Isenção e dispensa dos jurados: os casos de isen-
O Art. 449 dispõe sobre quem não poderá servir ção estão enumerados no art. 437, implicando
como jurado. Vejamos: afastamento definitivo do serviço do júri. Portan-
to, é possível que alguém seja convocado, mas faça
Art. 449 Não poderá servir o jurado que chegar ao magistrado o seu pedido de desligamen-
I – tiver funcionado em julgamento anterior do to, por isenção (ex.: maior de setenta anos, que não
mesmo processo, independentemente da causa deseja permanecer no júri). A dispensa é fruto de
determinante do julgamento posterior; pedido momentâneo, válido para determinado
II – no caso do concurso de pessoas, houver inte- dia, não provocando o afastamento definitivo.
grado o Conselho de Sentença que julgou o outro
acusado; Art. 455 Se o Ministério Público não comparecer, o
III – tiver manifestado prévia disposição para con- juiz presidente adiará o julgamento para o primei-
denar ou absolver o acusado. ro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica-
das as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada,
O jurado estará impedido de servir se tiver participa- o fato será imediatamente comunicado ao Procura-
do do conselho de sentença de júri anterior do mesmo dor-Geral de Justiça com a data designada para a
processo, ou de processo distinto quando se tratar de nova sessão.
réus em concurso de pessoas (crime cometido por mais
de uma pessoa), ou se já tiver manifestado, por qualquer O Ministério Público, que representa a acusação,
meio, sua opinião em condenar ou absolver o acusado. não poderá deixar de comparecer a sessão do júri,
caso isso ocorra o plenário será remarcado para a pró-
Art. 450 Dos impedidos entre si por parentesco ou xima data disponível e a falta caso injustificada, será
relação de convivência, servirá o que houver sido comunicada ao superior hierárquico do Promotor, o
sorteado em primeiro lugar. Procurador Geral de Justiça.
Caso duas pessoas sejam sorteadas para o mesmo Art. 456 Se a falta, sem escusa legítima, for do advo-
conselho de sentença e houver relação de convivência gado do acusado, e se outro não for por este cons-
ou parentesco entre si, permanecerá aquele sorteado tituído, o fato será imediatamente comunicado ao
primeiro. presidente da seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil, com a data designada para a nova sessão.
Art. 451 Os jurados excluídos por impedimento, § 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento
suspeição ou incompatibilidade serão considerados será adiado somente uma vez, devendo o acusado
para a constituição do número legal exigível para a ser julgado quando chamado novamente.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 464 Não havendo o número referido no art. RECUSA MOTIVADA RECUSA IMOTIVADA
463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tan-
tos suplentes quantos necessários, e designar-se-á Circunstâncias legais de impe-
Recusa Peremptória
nova data para a sessão do júri. dimento ou suspeição
Sentimento de ordem
Caso não haja ao menos 15 jurados presentes serão pessoal
sorteados os suplentes, marcando nova data para o
julgamento do processo.
Art. 469 Se forem 2 (dois) ou mais os acusados,
Art. 465 Os nomes dos suplentes serão consignados as recusas poderão ser feitas por um só defensor.
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, § 1° A separação dos julgamentos somente ocor-
com observância do disposto nos arts. 434 e 435
rerá se, em razão das recusas, não for obtido o
deste Código.
número mínimo de 7 (sete) jurados para compor
o Conselho de Sentença.
Os suplentes serão convocados pelo correio ou
§ 2° Determinada a separação dos julgamen-
qualquer meio idôneo, para a próxima data designada
tos, será julgado em primeiro lugar o acusado a
para o plenário do Júri.
quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso
de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferên-
Art. 466 Antes do sorteio dos membros do Conse-
cia disposto no art. 429 deste Código.
lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida-
des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. Recusado um jurado por um dos defensores, ele
§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de não será admitido pelo outro defensor, caso haja. Con-
que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se tudo, se as recusas por diferentes defensores levarem
entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião a não se alcançar o número mínimo de jurados, será
sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho determinada a separação dos julgamentos.
e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. No caso de separação dos julgamentos, primeiro se
§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos julga o suposto autor do fato criminoso e caso sejam
pelo oficial de justiça. coautor, julga-se primeiro o que estiver preso há mais
tempo ou que tenha sido pronunciado primeiramente.
Deverá o juiz presidente advertir os jurados quanto à
DIREITO PROCESSUAL PENAL
sua incomunicabilidade, seus impedimentos legais, a sus- z Mais de um réu, com um só defensor: não podem
peição , bem como as eventuais multas que poderão ser ser prejudicados os corréus somente porque consti-
aplicadas caso os jurados não observem o determinado tuíram, para patrocinar seus interesses, um só defen-
pela Lei. O oficial de justiça se encarregará de certificar sor. É direito de cada acusado aceitar ou recusar, por
a incomunicabilidade dos jurados durante os trabalhos. si só, o jurado sorteado, ou, se preferir, incumbir que
as recusas sejam feitas em conjunto com outro. Assim,
Art. 467 Verificando que se encontram na urna as caso a defesa deseje manter o julgamento unido, sen-
cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz pre- do um só advogado, dirá ao juiz que fará as aceitações
sidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a forma- e recusas dos jurados por todos os réus de uma só vez.
ção do Conselho de Sentença.
Art. 470 Desacolhida a arguição de impedimento,
z Formação do Conselho de Sentença: a turma de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz
julgadora no Tribunal do Júri é composta por sete presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministé-
jurados, escolhidos aleatoriamente, por sorteio, rio Público, jurado ou qualquer funcionário, o jul-
dentre os que compareceram (mínimo de quinze e gamento não será suspenso, devendo, entretanto,
máximo de vinte e cinco). constar da ata o seu fundamento e a decisão. 109
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O julgamento não se suspenderá em casos de não § 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante
acolhimento do impedimento, da suspeição, porém e o defensor, nessa ordem, poderão formular, dire-
a decisão que a desacolheu sempre constará em ata, tamente, perguntas ao acusado.
devidamente fundamentada. § 2º Os jurados formularão perguntas por intermé-
dio do juiz presidente.
Art. 471 Se, em consequência do impedimento, sus- § 3º Não se permitirá o uso de algemas no acu-
peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não sado durante o período em que permanecer no
houver número para a formação do Conselho, o jul- plenário do júri, salvo se absolutamente neces-
gamento será adiado para o primeiro dia desimpe- sário à ordem dos trabalhos, à segurança das
dido, após sorteados os suplentes, com observância testemunhas ou à garantia da integridade físi-
do disposto no art. 464 deste Código. ca dos presentes.
Não havendo o número necessário de jurados, Como nos demais procedimentos o interrogatório
passarão ao sorteio dos suplentes até se formarem do Réu será o último ato da instrução, ficando claro
o número necessário para tanto, marcando-se nova no artigo que as perguntas serão formuladas sempre
data para o primeiro dia disponível naquela comarca. ao acusado, diretamente, salvo as perguntas formula-
das pelos jurados que serão intermediadas pelo juiz
Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presi- presidente.
dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, O uso de algemas fica vedado, salvo se impres-
fará aos jurados a seguinte exortação: cindível à segurança do ato e dos presentes.
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta cau-
sa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão Art. 474-A. Durante a instrução em plenário, todas
de acordo com a vossa consciência e os ditames da as partes e demais sujeitos processuais presentes
justiça. no ato deverão respeitar a dignidade da vítima,
Os jurados, nominalmente chamados pelo presi- sob pena de responsabilização civil, penal e admi-
dente, responderão: nistrativa, cabendo ao juiz presidente garantir o
Assim o prometo.
cumprimento do disposto neste artigo,vedadas:
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elemen-
posteriores que julgaram admissível a acusação e
tos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos;
do relatório do processo.
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
II - a utilização de linguagem, de informações ou de
Formado o conselho de sentença, ou seja, os sete material que ofendam a dignidade da vítima ou de
que condenarão ou absolverão o acusado, o juiz profe- testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
rirá a exortação e chamará cada um deles que deverão
proferir exatamente as palavras contidas no artigo. O artigo 474-A foi incluído recentemente pela Lei
14.245, de 2021.
Da Instrução em Plenário
Art. 475 O registro dos depoimentos e do interro-
Art. 473 Prestado o compromisso pelos jurados, será gatório será feito pelos meios ou recursos de gra-
iniciada a instrução plenária quando o juiz presiden- vação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica
te, o Ministério Público, o assistente, o querelante e
similar, destinada a obter maior fidelidade e celeri-
o defensor do acusado tomarão, sucessiva e dire-
dade na colheita da prova.
tamente, as declarações do ofendido, se possível, e
Parágrafo único. A transcrição do registro, após
inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação.
feita a degravação, constará dos autos.
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas
pela defesa, o defensor do acusado formulará as
perguntas antes do Ministério Público e do assis- Como todos os demais atos processuais, aqueles
tente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta- realizados no âmbito do Tribunal do Júri também
belecidos neste artigo. serão gravados com a técnica mais precisa para se
§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendi- obter maior fidelidade.
do e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente.
§ 3º As partes e os jurados poderão requerer aca- Dos Debates
reações, reconhecimento de pessoas e coisas e
esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de Art. 476 Encerrada a instrução, será concedida a
peças que se refiram, exclusivamente, às provas palavra ao Ministério Público, que fará a acusação,
colhidas por carta precatória e às provas cautela- nos limites da pronúncia ou das decisões posterio-
res, antecipadas ou não repetíveis. res que julgaram admissível a acusação, susten-
tando, se for o caso, a existência de circunstância
O procedimento de oitiva e colheita de depoimen- agravante.
tos em sede de Plenário do Júri ocorre, basicamente, § 1º O assistente falará depois do Ministério Público.
com a mesma dinâmica da audiência de instrução e § 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
julgamento, acrescentando-se ao procedimento a pos- vada, falará em primeiro lugar o querelante e, em
sibilidade dos jurados também formularem pergun- seguida, o Ministério Público, salvo se este houver
tas, contudo, por intermédio do juiz presidente. retomado a titularidade da ação, na forma do art.
29 deste Código.
Art. 474 A seguir será o acusado interrogado, se § 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo § 4º A acusação poderá replicar e a defesa trepli-
III do Título VII do Livro I deste Código, com as alte- car, sendo admitida a reinquirição de testemunha
110 rações introduzidas nesta Seção. já ouvida em plenário.
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O artigo trata da ordem dos debates em plenário qualquer meio que verse sobre o fato criminoso a ser
do Júri, sendo concedida a palavra primeiramente ao apreciado pelos jurados, deverá ser juntado com a
Ministério Público, após ao assistente de acusação, ao antecedência mínima de 3 (três) dias.
fim da acusação a defesa terá a palavra.
A acusação poderá replicar, ou seja, falar nova- Art. 480 A acusação, a defesa e os jurados pode-
mente quanto ao discurso da defesa e nesse caso a rão, a qualquer momento e por intermédio do juiz
defesa também treplicará. presidente, pedir ao orador que indique a folha dos
autos onde se encontra a peça por ele lida ou cita-
da, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
Art. 477 O tempo destinado à acusação e à defesa
pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora
alegado
para a réplica e outro tanto para a tréplica.
§ 1º Concluídos os debates, o presidente indaga-
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um
rá dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
defensor, combinarão entre si a distribuição do
necessitam de outros esclarecimentos.
tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo
§ 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o pre-
juiz presidente, de forma a não exceder o determi-
sidente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
nado neste artigo.
§ 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para
acesso aos autos e aos instrumentos do crime se
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma)
solicitarem ao juiz presidente.
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica,
observado o disposto no § 1o deste artigo.
z Solicitação de esclarecimento feita pela parte
O art. 477 trata do tempo destinado à cada fala ou por qualquer jurado ao orador: trata-se de
da acusação e da defesa, em se tratando de múltiplos providência perfeitamente viável, sem que impli-
defensores e acusadores deverão combinar entre si o que em quebra da incomunicabilidade, tampouco
tempo a ser distribuído, eventual discordância entre antecipação de julgamento. O jurado tem o direito
eles será dirimida pelo juiz presidente. de se informar da melhor maneira possível, pois
Em se tratando de múltiplos réus o tempo da pri- somente isso pode garantir a efetiva soberania da
meira fala (debate) será acrescido de 01 (uma) hora e instituição do júri. Desse modo, quando alguma
eventual réplica e tréplica mais uma hora, passando das partes narrar fato ou indicar prova que gere
assim o debate inicial à 2 horas e meia e réplica e tré- dúvida no espírito do jurado – mormente aquele
plica 2 horas cada. que recebeu cópias do processo e está acompa-
nhando as manifestações por meio delas –, é natu-
Art. 478 Durante os debates as partes não poderão, ral pedir esclarecimento, a fim de verificar se a
sob pena de nulidade, fazer referências: narrativa feita corresponde ao que está, realmen-
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores te, constando dos autos.
que julgaram admissível a acusação ou à determi-
nação do uso de algemas como argumento de auto- Quando a defesa ou acusação, durante os deba-
ridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; tes, fizer referência à quaisquer provas dos autos, os
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interro- demais poderão pedir àquele que está falando que
gatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
indique em quais páginas dos autos estão as provas
Durante o tempo designado de fala da defesa e da referenciadas na fala.
Ao fim dos debates o juiz presidente perguntará
acusação, as partes não poderão, sob pena de nulida-
aos jurados se estão aptos a julgar ou se necessitam de
de, fazer referência à: decisão que pronunciou o acu-
maiores esclarecimentos acerca dos fatos ali narrados
sado; às decisões posteriores que julgaram admissível
e expostos, podendo acessar os instrumentos do crime
a acusação ou à determinação do uso de algemas; e ao se assim o pedirem.
silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório
por falta de requerimento, em seu prejuízo. Art. 481 Se a verificação de qualquer fato, reco-
Note o trecho “em seu prejuízo” do inciso II. Deste nhecida como essencial para o julgamento da cau-
modo, entende-se que a menção ao silêncio do acusa- sa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz
do ou à ausência de interrogatório é válida, quando presidente dissolverá o Conselho, ordenan-
em benefício do acusado. do a realização das diligências entendidas
necessárias.
Art. 479 Durante o julgamento não será permitida Parágrafo único. Se a diligência consistir na produ-
a leitura de documento ou a exibição de objeto que
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 486 Antes de proceder-se à votação de cada O artigo diz que a resposta de um quesito não pode
quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos contrariar o já respondido, dessa maneira, o juiz pre-
jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco sidente deverá explicar aos jurados quanto a contra-
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a dição e reperguntar o quesito.
palavra sim, 7 (sete) a palavra não. O quesito prejudicial seria, por exemplo, aquele
que absolve o acusado, neste caso estariam prejudica-
A votação será realizada por meio de papéis con- dos os demais quesitos.
tendo as palavras SIM e NÃO, confeccionadas em
papel opaco para que os presentes não tenham acesso Art. 491 Encerrada a votação, será o termo a que
visual ao conteúdo de cada voto. se refere o art. 488 deste Código assinado pelo pre-
sidente, pelos jurados e pelas partes.
Art. 487 Para assegurar o sigilo do voto, o oficial
de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas Todas as partes deverão assinar o termo, garantin-
correspondentes aos votos e as não utilizadas.
do a lisura do procedimento.
Todos os votos serão recolhidos de forma a garan-
tir o sigilo da votação. QUESTIONÁRIO E VOTAÇÃO
Art. 488 Após a resposta, verificados os votos e as O Conselho de Sentença é questionado sobre os fatos
cédulas não utilizadas, o presidente determinará e se o acusado deve ser absolvido. Os quesitos são
que o escrivão registre no termo a votação de cada feitos de forma afirmativa. O juiz leva em consideração
quesito, bem como o resultado do julgamento. para a formulação dos quesitos o que foi decidido na
Parágrafo único. Do termo também constará a con- pronúncia e nas decisões posteriores que julgaram ad-
ferência das cédulas não utilizadas. missíveis a acusação + o interrogatório + as alegações
das partes
Para garantir a lisura de todos os procedimentos
e votação dos jurados, procederá à conferência das Ordem dos Quesitos: 1ª materialidade, 2ª autoria, 3º
cédulas não utilizadas, constando em ata com o fim de se deve ser absolvido, 4º Se há causa de Diminuição
se afastar qualquer tipo de nulidade. de Pena, 5º Se há qualificadora ou causa de aumento.
Atenção: se mais de 3 jurados diz não para o 1º ou 2º
Art. 489 As decisões do Tribunal do Júri serão acaba a votação e o réu é absolvido
tomadas por maioria de votos.
0000404-98.2003.8.14.0125 – PA, 2.ª Turma de Direito -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
Penal, rel. Rômulo José Ferreira Nunes, 01.11.2016, v.u.). requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
Ver, ainda, as notas 272 ao art. 483 e 292 ao art. 488. denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
anos de reclusão, determinará a execução provisó-
Dica ria das penas, com expedição do mandado de pri-
são, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
Como o Conselho de Sentença é composto por recursos que vierem a ser interpostos;
7 (sete) jurados, assim que o quesito perguntado f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da
completar 4 votos SIM ou 4 votos NÃO, a votação condenação;
é encerrada, dando-se como decisão tomada por II – no caso de absolvição:
maioria de votos, não se fazendo necessário, a) mandará colocar em liberdade o acusado se por
nestes casos, a abertura de todos os 7 votos. outro motivo não estiver preso
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente
Art. 490 Se a resposta a qualquer dos quesitos esti- decretadas;
ver em contradição com outra ou outras já dadas, o c) imporá, se for o caso, a medida de segurança
presidente, explicando aos jurados em que consiste cabível. 113
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§ 1º Se houver desclassificação da infração para O pedido desse efeito poderá ser realizado no pró-
outra, de competência do juiz singular, ao presiden- prio Recurso de Apelação ou em petição dirigida ao
te do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em relator do Recurso, separadamente.
seguida, aplicando-se, quando o delito resultante
da nova tipificação for considerado pela lei como Art. 493 A sentença será lida em plenário pelo pre-
infração penal de menor potencial ofensivo, o dis- sidente antes de encerrada a sessão de instrução e
posto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 julgamento.
de setembro de 1995.
§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo
que não seja doloso contra a vida será julgado pelo
Ao fim dos trabalhos o juiz presidente procederá
juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no à leitura da sentença, na presença dos jurados, do
que couber, o disposto no § 1o deste artigo. defensor e do Ministério Público.
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar
de autorizar a execução provisória das penas de Art. 494 De cada sessão de julgamento o escrivão
que trata a alínea e do inciso I do caput deste arti- lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.
go, se houver questão substancial cuja resolução
pelo tribunal ao qual competir o julgamento pos-
sa plausivelmente levar à revisão da condenação. Importante!
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
A ata do julgamento de cada sessão será lavrada
NOVIDADES DO PACOTE ANTICRIME – ART. 492 pelo escrivão.
Sentença, que serão resolvidas por juízes do fato, não presidente. Porém, não podem haver vastos interva-
havendo necessidade de o presidente do júri ouvir os los, bem como curtíssimas suspensões, sem conceder
jurados para cada decisão de matéria jurídica a ser aos presentes o tempo de descanso devido.
resolvida no decorrer do júri.
Art. 497 [...]
Art. 497 [...] IX - decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público
V - nomear defensor ao acusado, quando considerá- e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a
-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conse- argüição de extinção de punibilidade;
lho e designar novo dia para o julgamento, com a
nomeação ou a constituição de novo defensor; A extinção da punibilidade consiste em matéria
de interesse público, devendo ser reconhecida a qual-
O réu possui direito constitucional à ampla defesa, quer tempo. Por isso, no dia do julgamento, qualquer
conforme o inciso LV, art. 5º, da CF, em feitos criminais uma das partes e, até mesmo, o magistrado poderão,
comuns, sendo reconhecido, também, o direito à ple- de ofício, requerer a palavra para solicitar o reconhe-
nitude de defesa no Tribunal do Júri, segundo a alínea cimento da extinção da punibilidade, o que deverá
“a”, inciso XXXVIII, art. 5º, da CF. Por isso, é dever do ser, no ato, decidido. 115
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Art. 497 [...] z Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
X - resolver as questões de direito suscitadas no quando o juizado especial criminal encaminhar ao
curso do julgamento; juízo comum as peças existentes para a adoção de
outro procedimento, em razão da complexidade
Caberá ao magistrado resolver as questões de da causa, será utilizado o procedimento sumário.
direito levantadas no decorrer do julgamento.
Antes de comentar o procedimento sumário, fare-
Art. 497 [...] mos uma distinção dos diversos tipos de procedimen-
XI - determinar, de ofício ou a requerimento das tos existentes.
partes ou de qualquer jurado, as diligências desti- Conforme veremos no quadro a seguir, o rito
nadas a sanar nulidade ou a suprir falta que preju- sumário é utilizado para os crimes menos graves do
dique o esclarecimento da verdade; que o rito ordinário, e por isso, ele é um pouco mais
rápido do que o ordinário.
O magistrado tem possibilidade de determinar, No entanto, são poucas as diferenças entre esses
de ofício, diligências que entenda útil para impedir a dois procedimentos. Vejamos a tabela a seguir:
ocorrência de nulidade, seguindo em busca da verda-
de real como princípio fundamental adotado no pro- PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS
cesso penal brasileiro. No entanto, caso a diligência COMUNS ESPECIAIS
ordenada não possa ser realizada deverá ser dissolvi-
do o Conselho de Sentença e marcada outra data para � Ordinário: (pena máxima
a realização do julgamento. igual ou superior a 4
anos) � Júri
Art. 497 [...] � Sumário: (pena máxima � Crimes Funcionais: (fun-
XII - regulamentar, durante os debates, a interven- superior a 2 e inferior a cionários públicos)
ção de uma das partes, quando a outra estiver com 4 anos) � Crimes Contra Honra
a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos � Sumaríssimo: (pena � Crimes Contra Proprie-
para cada aparte requerido, que serão acrescidos máxima de até 2 anos – dade Imaterial
ao tempo desta última. Crimes de menor poten-
cial ofensivo)
Consiste no direito ao aparte. Assim sendo, o juiz
deverá regular os debates, devendo haver ordem e
Art. 531 Na audiência de instrução e julgamento, a ser
consenso entre as partes, para que ambas possam
realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-
desenvolver as suas manifestações livremente, inclu-
-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível,
sive no momento dos apartes.
à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação
Solicitada a intervenção da parte em relação ao e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
orador, se este permitir e tudo ocorrer normalmen- 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
te, não haverá intervenção alguma do magistrado. peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
Porém, caso não haja concordância, o juiz presidente coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
deverá interceder e conceder a palavra por até três dendo-se, finalmente, ao debate.
minutos.
A primeira diferença entre os dois ritos é o prazo
para o agendamento da audiência de instrução e jul-
DO PROCESSO SUMÁRIO - ART. 531 A 538 gamento. Enquanto no rito ordinário o prazo é de 60
(sessenta) dias, aqui no sumário é de 30 (trinta) dias.
Em primeiro lugar é necessário lembrar da divisão
feita pelo CPP: Art. 532 Na instrução, poderão ser inquiridas até
5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.§ (cinco) pela defesa.
1o O procedimento comum será ordinário, sumário
ou sumaríssimo: A segunda diferença entre os ritos é a quantidade
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja de testemunhas as quais, no processo ordinário, são,
sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 ao todo, 8 (oito) e, no sumário, são apenas 5 (cinco).
(quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja Art. 533 Aplica-se ao procedimento sumário o
sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
anos de pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de § 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
menor potencial ofensivo, na forma da lei. § 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Após esse refresco de memória, vale apontar as § 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
principais características do rito sumário:
Os demais procedimentos são idênticos tanto no
z Prazo para a realização da AIDJ = 30 dias; rito ordinário como no sumário.
z Nº de testemunhas = até 5 (cinco);
z Alegações finais em 20 minutos, prorrogáveis por Art. 534 As alegações finais serão orais, conceden-
mais 10 minutos (para cada acusado). O assistente do-se a palavra, respectivamente, à acusação e à
de acusação tem 10 minutos e a defesa receberá o defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá-
mesmo tempo para se defender; veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
116 z Prazo de contestação = 10 dias; sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
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O tempo para as alegações finais também é o mes- É fato que não são compatíveis com a rapidez neces-
mo no rito ordinário e no sumário, com uma única res- sária desse rito as Cartas Precatória e Rogatória e Edital.
salva: no ordinário, o juiz pode substituir os debates Assim, quando for necessário citar o réu por alguma
orais por memoriais escritos. Nesse caso, cada parte dessas formas, o processo sairá do Juizado Especial Cri-
terá 5 (cinco) dias para fazer suas alegações. Cabe fri- minal, conforme prevê o art. 66 da referida lei.
sar, porém, que isso não é admissível no rito sumário.
Também, no rito ordinário, a sentença pode ser Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
dada no prazo de 10 dias, diferente do rito sumário,
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para
que deve ser feita, obrigatoriamente, ao término da ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
audiência de instrução e julgamento. ao Juízo comum para adoção do procedimento pre-
visto em lei.
Art. 534 [...]
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previs- Após essa remessa do processo do Juizado Especial
to para a defesa de cada um será individual. (Incluí- Criminal para o juízo comum, o rito adotado deverá
do pela Lei nº 11.719, de 2008). ser o Rito Sumário. Como já mencionado, os demais
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a mani- atos processuais são idênticos no Rito Sumário e no
festação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, Rito Ordinário, a saber:
prorrogando-se por igual período o tempo de manifes-
tação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). z Oferecimento da Denúncia: Deve conter todas as
provas colhidas até então, assim como o rol de tes-
Esse tempo extra de 10 minutos para cada parte temunhas e deve ainda requerer todos os demais
chamamos de Réplica e Tréplica. meios de prova necessários (Ex.: perícias e requisi-
ção de documentos);
Art. 535 Nenhum ato será adiado, salvo quando z Rejeição ou Recebimento da Denúncia: Se ocor-
imprescindível a prova faltante, determinando o rer qualquer das hipóteses do art. 395 do CPP (for
juiz a condução coercitiva de quem deva compare- manifestamente inepta; faltar pressuposto proces-
cer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). sual ou condição para o exercício da ação penal; ou
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). faltar justa causa para o exercício da ação penal) o
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). juiz deve rejeitar a denúncia. Caso contrário, deve
recebê-la e mandar citar o acusado para apresen-
No caso de falta de uma testemunha, considerada tar resposta no prazo de 10 dias;
imprescindível para alguma das partes, o juiz marca- z Resposta do Réu (Art. 396-A): Na resposta, o acusa-
rá nova data para sua oitiva, podendo mandar con- do poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justi-
duzir coercitivamente a testemunha faltante na nova
ficações, especificar as provas pretendidas e arrolar
data marcada, sem prejuízo de eventual multa aplica-
testemunhas. Trata-se de defesa técnica (advogado),
da, no caso de falta injustificável. realizada no prazo de 10 (dez) dias. Não apresenta-
da a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado,
Art. 536 A testemunha que comparecer será inquiri- não constituir defensor, o juiz nomeará defensor
da, independentemente da suspensão da audiência, para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por
observada em qualquer caso a ordem estabelecida 10 (dez) dias. Vale destacar que, a resposta do réu
no art. 531 deste Código. (Redação dada pela Lei nº foi criada recentemente, em substituição a antiga
11.719, de 2008). Defesa Prévia que era feita em 3 dias;
z Decisão do Juiz diante da Resposta do Réu (Art.
Não se perderá a oportunidade de ouvir as teste- 397): O juiz pode Absolver Sumariamente o Acusa-
munhas que compareceram, ainda que alguma tenha do se reconhecer: a existência manifesta de causa
faltado e seja ouvida em outra data. excludente da ilicitude do fato; a existência mani-
festa de causa excludente da culpabilidade do
Art. 537 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado
Art. 538 Nas infrações penais de menor potencial evidentemente não constitui crime; ou extinta a
ofensivo, quando o juizado especial criminal enca- punibilidade do agente;
minhar ao juízo comum as peças existentes para z Agendamento da Audiência de Instrução e Jul-
a adoção de outro procedimento, observar-se-á gamento (AIJ): Não sendo o caso de absolvição
DIREITO PROCESSUAL PENAL
o procedimento sumário previsto neste Capítulo. sumária, o juiz deve fazer tal agendamento. Essa
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). fase constitui uma das diferenças entre os ritos
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). sumário e ordinário. O prazo para o agendamen-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). to no procedimento ordinário é de 60 dias, já no
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). procedimento sumário é de 30 dias, ambos conta-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). dos da decisão do juiz diante da resposta do réu. O
Art. 539 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). descumprimento do prazo não gera nulidade, mas
Art. 540 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). pode gerar Habeas Corpus se o réu estiver preso;
z Audiência de Instrução e Julgamento (Art. 400):
A Lei nº 9.099/1999, que instituiu o Juizado Espe- Começa com a Declaração do Ofendido, momento
cial Criminal, criou o Rito Sumaríssimo para julga- em que deve dar a sua versão dos fatos, sendo ouvi-
mento dos crimes considerados de Menor Potencial do em declarações, havendo uma tolerância com
Ofensivo, com penas máximas de até 2 anos. O pro- pequenos exageros na sua versão do crime, natural
cesso perante o Juizado Especial deve atender aos na sua condição de vítima, mas poderá ser respon-
princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, sabilizado por denunciação caluniosa (dar causa a
economia processual e celeridade. processo criminal que sabe ser o autor inocente); 117
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z Oitiva das Testemunhas de Acusação e de Defe- Este procedimento tem se tornado cada vez menos
sa: É importante lembrar que a quantidade de tes- utilizado, uma vez que os autos, atualmente, em sua
temunhas ouvidas é a segunda diferença entre os maioria, são eletrônicos.
ritos – até 8 (oito) testemunhas no ordinário e até 5
(cinco) testemunhas no sumário. Ainda, as partes Art. 541 Os autos originais de processo penal
podem desistir das inquirições; extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda
z Oitiva das Testemunhas do Juízo (Art. 209): instância, serão restaurados.
Quando julgar necessário para a elucidação dos § 1º Se existir e for exibida cópia autêntica ou cer-
tidão do processo, será uma ou outra considerada
fatos, o juiz poderá ouvir outras testemunhas,
como original.
além das indicadas pelas partes. Isso é permitido
em respeito ao Princípio da Verdade Real, que
Havendo cópia dos autos, a restauração é desne-
determina ser o juiz responsável pela elucidação
cessária, considerando a cópia como original.
do crime, não se contentando apenas com a verda-
de formal trazida pelas partes; Art. 541 [...]
z Esclarecimentos dos Peritos: Obviamente, tal § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do pro-
fase ocorrerá caso tenha havido perícia. As partes cesso, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento
poderão questionar sobre os laudos apresentados, de qualquer das partes, que:
bem como suas conclusões;
z Acareações: Ocorrerá caso tenha havido depoimen- O juiz determina o início do procedimento de ofi-
tos conflitantes entre testemunhas, vítimas ou réus; cio ou mediante provocação das partes envolvidas
z Reconhecimento de Pessoas e Coisas: Ocorrerá
caso alguma testemunha ou vítima afirme ter vis- Art. 541 [...]
to algo ou alguém que tenha envolvimento com o a) o escrivão certifique o estado do processo, segun-
crime e que possa ser reconhecido em audiência. do a sua lembrança, e reproduza o que houver a
z Interrogatório do Réu: Caminhando para o fim da respeito em seus protocolos e registros;
audiência, dá-se a oportunidade para o réu apre-
sentar a sua versão dos fatos. Vale destacar que O escrivão iniciará pesquisas para tentar encon-
ele pode ficar em silêncio sobre os fatos que lhe trar documentos ou informações que ajudem a refor-
foram imputados, ou até mesmo mentir. No entan- mulação dos autos, inclusive da própria lembrança. É
to, numa primeira fase, sobre sua qualificação e a chamada “certidão de lembrança”, na qual registra-
demais dados pessoais, está obrigado a responder. rá tudo o que lembrar a respeito do processo.
Art. 543 [...] Prezando pelo devido processo legal, pelo contraditó-
V - O Ministério Público e as partes poderão ofe- rio e ampla defesa, existe o duplo grau de jurisdição. Em
recer testemunhas e produzir documentos, para outras palavras, a parte que se vê insatisfeita com a decisão
provar o teor do processo extraviado ou destruído. judicial tem o direito de recorrer, para reformar, invalidar,
integrar ou esclarecer o pronunciamento judicial.
É normal que haja controvérsia sobre situações Na Teoria Geral dos Recursos, é importante saber
que constavam ou não no processo extraviado. Por sobre a produção dos efeitos:
DIREITO PROCESSUAL PENAL
z Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência, ex.: o acórdão não obedece a uma lei federal;
z Julgar válido ato de governo local, contestado em face de lei federal, ex.: o ato de governo contraria uma lei
federal;
z Dar à lei federal interpretação divergente da que lhe foi atribuída em outro tribunal, ex.: o tribunal questio-
nado contraria uma lei federal.
O RE é julgado pelo STF, nos seguintes casos (III, art. 102, CF):
Importante!
A repercussão geral é requisito específico de admissibilidade dos recursos extraordinários.
É o recurso cabível contra a decisão que denegar o recebimento/seguimento de um recurso, nas hipóteses em
que não haja previsão legal de outro recurso adequado. Ex.: destranca o RESE.
O prazo da carta testemunhável é de 48 horas, contadas do despacho que denegar o recurso. O requerimento é
endereçado ao escrivão ou ao secretário do tribunal. O requerente deve indicar as peças do processo que deverão
ser trasladadas.
Art. 640 A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas qua-
renta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que
deverão ser trasladadas.
Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias,
no caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega da carta,
devidamente conferida e concertada;
Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer
pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação, em face de
representação do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção,
pelo substituto do escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao
presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e imposição da pena;
Art. 643 Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em
sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar.
Art. 644 O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do recurso denegado, por exem-
plo: se o objetivo da carta testemunhável é destrancar o RESE, seguirá o rito do RESE. Ademais, a carta testemu-
nhável não terá efeito suspensivo.
Habeas Corpus (HC) significa “exiba o corpo”, “apresente a pessoa”, e se refere a quem está sofrendo a ilegali-
dade na sua liberdade de locomoção. Nos termos do art. 5º da CF:
Art. 5° [...]
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 125
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O HC consiste em ação autônoma de impugnação, Ordenada a soltura do paciente em virtude de
de natureza constitucional. Para que seja utilizado, habeas corpus, será condenada nas custas a autorida-
exige-se que alguém sofra ou se ache ameaçado de de que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver
sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco- determinado a coação. Neste caso, será remetida ao
moção, em virtude de constrangimento ilegal. Ex.: não Ministério Público cópia das peças necessárias para
cabe HC no caso do art. 28 da lei de drogas (consumo ser promovida a responsabilidade da autoridade.
pessoal), pois não prevê prisão como sanção. O habeas corpus poderá ser impetrado por qual-
O HC destina-se à tutela da liberdade de ir, vir e quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como
ficar, logo, não cabe HC em caso de persecução penal pelo Ministério Público. Os juízes e os tribunais têm
referente à infração penal, a qual seja cominada tão competência para expedir de ofício ordem de habeas
somente a pena de multa, quando já tiver sido cum- corpus, quando no curso de processo verificarem que
prida a pena privativa de liberdade, perda de função alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
pública, apreensão de veículo, direito de visitar um ilegal.
detento, perda de direitos político e impeachment.
Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti-
vo escusará a sua apresentação, salvo:
CABIMENTO CASOS DE COAÇÃO ILEGAL I - grave enfermidade do paciente;
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a
� Se não há justa causa;
quem se atribui a detenção;
� Se ficar mais tempo preso do
III - se o comparecimento não tiver sido deter-
que a lei determina; minado pelo juiz ou pelo tribunal.
Sempre que alguém
� Se quem ordena a coação não Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que
sofrer ou estiver na
tiver competência; o paciente se encontrar, se este não puder ser apre-
iminência de sofrer
� Se já tiverem cessados os sentado por motivo de doença.
violência ou coação
motivos;
ilegal na sua liber-
� Se não o deixarem prestar a O juiz decide em 24 horas, após as diligências
dade de ir e vir.
fiança; necessárias. Se a decisão for favorável ao paciente,
� Se o processo for nulo; a sua libertação é imediata, salvo haja outro motivo
� Se já foi extinta a punibilidade. para permanecer preso.
Não caberá habeas corpus em relação a punições Art. 658 O detentor declarará à ordem de quem o
disciplinares militares (mérito). Exceção: pode ser paciente estiver preso.
analisado aspectos legais da medida. Art. 659 Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces-
O impetrante é quem pede a concessão da ordem, sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudica-
ao passo que o paciente é quem sofre ou está amea- do o pedido.
çado a sofrer violência ou coação em sua liberdade Art. 660 Efetuadas as diligências, e interrogado o
de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Pode paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, den-
tro de 24 (vinte e quatro) horas.
ser a mesma pessoa ou não.
§ 1° Se a decisão for favorável ao paciente, será
Nos últimos tempos tem se discutido a possibilida- logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo
de de habeas corpus coletivo, isto é, o paciente é uma dever ser mantido na prisão.
coletividade determinada. Algumas decisões realça- § 2° Se os documentos que instruírem a petição
ram que esse instrumento é capaz de garantir acesso evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou
à justiça aos grupos mais vulneráveis da sociedade. o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
O legitimado passivo é a autoridade coatora, que constrangimento.
não precisa ser necessariamente uma autoridade § 3° Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
pública, visto que há casos de particulares que cer- o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitra-
ceiam a liberdade de ir e vir de outrem. Ex.: HC para rá o valor desta, que poderá ser prestada perante
sair de um hospital que prende o paciente por falta de ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respec-
tivos autos, para serem anexados aos do inquérito
pagamento.
policial ou aos do processo judicial.
No HC preventivo, a ordem é de salvo-conduto § 4° Se a ordem de habeas corpus for concedida
(evitar a coação ilegal), no HC repressivo, a ordem é para evitar ameaça de violência ou coação ilegal,
alvará de soltura (superar a coação ilegal). dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo
juiz.
Art. 649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites § 5° Será incontinenti enviada cópia da decisão à
da sua jurisdição, fará passar imediatamente a autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi- paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos
mento, seja qual for a autoridade coatora. autos do processo.
§ 6° Quando o paciente estiver preso em lugar que
A concessão do HC não obsta eventual processo não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con-
que esteja em trâmite, desde que não haja conflito de ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido
fundamentos entre eles. Se o habeas corpus for con- pelo telégrafo, se houver, observadas as formalida-
des estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in
cedido em virtude de nulidade do processo, este será
fine, ou por via postal.
renovado. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter
Art. 661 Em caso de competência originária do Tri-
sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbi- bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
trará o valor desta, que poderá ser prestada perante apresentada ao secretário, que a enviará imedia-
ele. E, se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara
a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou pri-
126 pedido. meiro tiver de reunir-se.
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Art. 662 Se a petição contiver os requisitos do art. Competência Material dos Juizados Especiais
654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará Criminais
da autoridade indicada como coatora informações
por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles A Lei nº 9.099, de 1995, em seu art. 60, estabelece
requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que compete aos juizados especiais criminais conci-
que Ihe for apresentada a petição. liar, julgar e executar as infrações de menor poten-
Art. 663 As diligências do artigo anterior não serão cial ofensivo.
ordenadas, se o presidente entender que o habeas
corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, Conciliar
levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
para que delibere a respeito.
INFRAÇÕES
Art. 664 Recebidas as informações, ou dispensadas,
DE MENOR Julgar
o habeas corpus será julgado na primeira sessão,
POTENCIAL
podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
OFENSIVO
sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maio-
ria de votos. Havendo empate, se o presidente não Executar
tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente. O que são, então, “infrações de menor potencial
Art. 665 O secretário do tribunal lavrará a ordem ofensivo”? O art. 61 informa que:
que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara
Art. 61 Consideram-se infrações penais de
ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao
menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
Lei, as contravenções penais e os crimes a que
ou ameaçar exercer o constrangimento.
a lei comine pena máxima não superior a 2
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegra- (dois) anos, cumulada ou não com multa.
ma obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo
único, in fine. Assim, de acordo com a redação do art. 61, da Lei
Art. 666 Os regimentos dos Tribunais de Apelação nº 9.099, de 1995 (após as alterações feitas pela Lei nº
estabelecerão as normas complementares para o 11.313, de 2006), infrações de menor potencial ofen-
processo e julgamento do pedido de habeas corpus sivo são:
de sua competência originária.
Art. 667 No processo e julgamento do habeas cor-
pus de competência originária do Supremo Tribu-
INFRAÇÕES DE MENOR
nal Federal, bem como nos de recurso das decisões POTENCIAL OFENSIVO
de última ou única instância, denegatórias de
habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for apli-
cável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o
regimento interno do tribunal estabelecer as regras
complementares.
Crimes a que a lei comine
pena máxima não superior
LEI Nº 9.099, DE 1995 - ARTS. 60 A 83; 88 E 89 Contravenções Penais
a 2 anos, cumulada ou não
com multa
A partir do art. 60, a Lei nº 9.099, de 1995 passa a
disciplinar os Juizados Especiais Criminais.
Quando a lei estabelece “cumulada ou não com mul-
Art. 60 O Juizado Especial Criminal, provido por
ta”, quer dizer que basta olhar para a pena máxima,
juízes togados ou togados e leigos, tem competên-
que não pode ser superior a 2 anos, independentemen-
cia para a conciliação, o julgamento e a execução
te de haver previsão da aplicação da pena de multa.
das infrações penais de menor potencial ofensivo,
São exemplos de infrações de menor potencial
respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
ofensivo: lesão corporal leve (caput do art. 129, do CP);
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes lesão corporal culposa (§ 6º, do art. 129, do CP); omis-
da aplicação das regras de conexão e continên- são de socorro (art. 135, do CP); injúria (art. 140, do
DIREITO PROCESSUAL PENAL
cia, observar-se-ão os institutos da transação CP); ameaça (art. 147, do CP); desobediência (art. 330,
penal e da composição dos danos civis. do CP), entre outros (a lista é grande).
De acordo com o art. 41 da Lei nº 11.340, de 2006,
Composição dos Juizados Especiais Criminais Lei Maria da Penha, aos crimes cometidos com vio-
lência doméstica ou familiar contra a mulher,
O art. 60 da Lei nº 9.099, de 1995 dispõe que os jui- independentemente da pena prevista, não se apli-
zados especiais criminais são compostos por juízes ca a Lei nº 9.099, de 1995.
togados, somente, ou por juízes togados e leigos. Não se aplica também a Lei nº 9.099, de 1995 aos
Juiz togado é o Juiz de Direito de carreira, que crimes militares (art. 90-A, da Lei nº 9.099, de 1995).
goza de todas as prerrogativas inerentes ao cargo de Veja que, nessas situações, não se trata de mudan-
magistrado (art. 95, da CF). ça de competência, mas sim da não aplicação dos dis-
Por sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça, positivos da Lei nº 9.099, de 1995, que é mais benéfica
escolhido pelo Tribunal de Justiça entre advogados ao agente.
com mais de 5 anos de experiência. Os juízes leigos são Atenção: O conceito de infração de menor poten-
restritos à conciliação entre autor e vítima, e as deci- cial ofensivo é um dos temas mais cobrados sobre a
sões deverão ser homologadas pelos juízes togados. matéria. Atenção especial para o conceito do art. 61. 127
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Competência Territorial
Importante!
Agora que já sabemos qual é a competência dos
Nas hipóteses de crimes continuados ou de con- juizados em relação à matéria, veremos o que diz a
curso formal de crimes, a pena máxima deve ser Lei sobre a fixação da competência territorial (tam-
analisada com o aumento máximo previsto na bém chamada de competência do lugar, do foro, ou
lei, para então enquadrar ou não como infração ratione loci), isto é, em qual comarca vai tramitar o
de menor potencial ofensivo. processo (qual o juízo competente).
Para fins de prova, basta atentar-se à redação do
art. 63 da Lei nº 9.099, de 1995:
Hipóteses de Modificação da Competência em
Relação à Matéria Art. 63 A competência do Juizado será determina-
da pelo lugar em que foi praticada a infração
Existem três hipóteses em que ocorre a modifica- penal.
ção da competência Juizado Especial Criminal:
Dica
z No caso de conexão e continência entre uma
infração de menor potencial ofensivo e um cri- A orientação doutrinária que prevalece é a que
me de maior gravidade. aplica a teoria da ubiquidade (ou teoria mista),
sendo o foro competente tanto o do lugar da
Veja novamente o parágrafo único do art. 60: ação/omissão quanto o do lugar onde ocorreu
ou deveria ocorrer o resultado (art. 6º, do CP).
Art. 60 [...]
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante CRITÉRIOS (OU PRINCÍPIOS) APLICÁVEIS AOS
o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
da aplicação das regras de conexão e continência,
observar-se-ão os institutos da transação penal e
Os juizados especiais criminais são regidos pelos
da composição dos danos civis.
seguintes critérios (princípios):
Conexão é um mecanismo de unificação de pro-
Art. 62 O processo perante o Juizado Especial
cessos que têm, entre si, alguma espécie de ligação.
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simpli-
Continência é a relação que impõe a reunião de cidade, informalidade, economia processual
processos para julgamento em conjunto. O principal e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
efeito da conexão e da continência é a reunião de pro- reparação dos danos sofridos pela vítima e a apli-
cessos para julgamento simultâneo pelo juízo que tem cação de pena não privativa de liberdade.
a chamada “força atrativa” (competente para julgar o
crime mais grave: Juízo comum ou o Tribunal do Júri); z Oralidade: A regra, nos procedimentos criminais,
Em outras palavras, quando um processo é des- é a da forma escrita; nos procedimentos dos jui-
locado para o juízo comum por meio das regras de zados especiais criminais, no entanto, a regra é
conexão e continência, o acusado ainda fará jus aos
que os atos são praticados, preferencialmente, na
institutos da transação penal e da composição de
forma oral (apenas os atos essenciais são reduzi-
danos civis.
dos a termo, ou seja, escritos);
z Informalidade: Os atos no processo nos juizados
z Quando o acusado não puder ser citado pes-
especiais criminais são praticados sem rigidez (por
soalmente (art. 66, da Lei nº 9.099, de 1995). No
exemplo: não existe o auto de prisão em flagrante);
âmbito dos juizados especiais criminais, a citação
z Simplicidade: Foi incluída depois da redação ori-
é pessoal, sempre que possível, ou por mandado
ginal e guarda relação com a informalidade – os
(por meio de oficial de justiça). Se o acusado não
atos devem ser praticados com simplicidade,
for encontrado, não é possível a citação por edi-
tal; nesse caso, os autos são encaminhados ao Juízo tendo em vista os resultados desejados (o auto de
Comum, seguido o rito sumário, nos termos do art. prisão em flagrante é substituído por um ato mais
538 do Código de Processo Penal; simples: o termo circunstanciado);
z Quando a causa for complexa (§ 2º, do art. 77, z Economia processual: Os atos dos juizados bus-
da Lei nº 9.099, de 1995). Uma causa é complexa cam alcançar o máximo de resultado com o
quando houver pluralidade de acusados (grande mínimo de emprego da atividade jurisdicional;
número de acusados, como, por exemplo, uma z Celeridade: O processo nos juizados não deve
briga que resultou em lesão corporal leve, que foi demorar.
cometida por dez sujeitos) ou quando exigir perí-
cias de maior complexidade (por exemplo, necessi- Esquematizando o disposto no art. 62 da Lei n°
dade de perícias em sistemas de informática). 9.099, de 1995:
Vamos, agora, destacar os principais pontos rela- z A citação (ato de chamamento do réu em juízo
tivos aos atos processuais nos juizados especiais para tomar ciência da ação penal e exercer sua
criminais. defesa) é sempre pessoal, preferencialmente, no
próprio juízo. Pode ser feita via oficial de justiça;
Art. 64 Os atos processuais serão públicos e pode- z Não existe citação por edital;
rão realizar-se em horário noturno e em qual- z As intimações (ciência de um ato já praticado) e as
quer dia da semana, conforme dispuserem as notificações (chamamento para participar de ato
normas de organização judiciária. processual) são permitidas por qualquer meio
Art. 65 Os atos processuais serão válidos sempre
válido, como telefone ou e-mail (lembre-se dos
que preencherem as finalidades para as quais
princípios da informalidade e da simplicidade);
foram realizados, atendidos os critérios indica-
z Dos atos praticados em audiência, as partes são
dos no art. 62 desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem
consideradas cientes, sem necessidade de outra
que tenha havido prejuízo. comunicação.
§ 2º A prática de atos processuais em outras
comarcas poderá ser solicitada por qualquer FASE PRELIMINAR
meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusiva- As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da
mente os atos havidos por essenciais. Os atos Lei. A fase preliminar desdobra-se em duas: fase pre-
realizados em audiência de instrução e julgamen- liminar policial e fase preliminar judicial.
to poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente. FASE
PRELIMINAR
Portanto, atente-se aos seguintes pontos relativos
aos atos:
A transação penal é um acordo feito entre o Ministério Público (titular da ação penal) e o autor do fato. Por
meio desse acordo, o autor do fato (que está acompanhado de advogado), compromete-se a cumprir imediata-
mente uma pena de multa ou restritiva de direitos; por outro lado, o MP não dá prosseguimento, deixando
de deflagar a ação penal.
Para que seja possível a transação, o agente não pode ter sido condenado anteriormente, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade nem pode ter sido beneficiado, nos últimos 5 anos, pela transação penal.
Além disso, seus antecedentes, sua conduta social e personalidade, assim como os motivos e a circunstância da
infração, devem ser favoráveis ao agente (inciso III, do § 2º, do art. 76). Por fim, o autor da infração deve aceitar
a transação, que deve ser assinada, também, por seu advogado.
Atente-se para o fato de que a condenação anterior deve ser pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva. Desse modo, caso o agente for condenado anteriormente por contravenção penal, mesmo que
por pena restritiva de direitos ou multa, não poderá esta impedir a concessão da transação penal.
No caso de transação referente a crime ambiental (de menor potencial ofensivo), deve, ainda, haver a prévia com-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
posição do dano ambiental (exceto caso haja impossibilidade comprovada de realizá-la). É o que prevê o art. 27, da Lei
nº 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais:
Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direi-
tos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que
tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.
A transação deve ser homologada por sentença do juiz (sentença condenatória imprópria).
Da sentença, cabe o recurso de apelação.
A sentença:
Súmula Vinculante nº 35 STF A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099, de 1995 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério
Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Importante!
� A transação penal não gera a reincidência, podendo ser apenas registrada;
� A transação penal só será concedida novamente após o prazo de 5 anos;
� A transação penal não ficará constada nas certidões de antecedentes criminais;
� A transação penal não tem efeitos civis.
� O descumprimento da transação penal pelo agente, permite o MP dar continuidade na persecução penal.
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Art. 77 Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de ime-
diato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art.
69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade
do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do
art. 66 desta Lei.
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo
único do art. 66 desta Lei.
Art. 78 Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela fica-
rá citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e jul-
gamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
Se for, portanto, o caso de dar prosseguimento (caso a proposta não seja aceita ou o autor do fato não preencha
os requisitos legais), o oferecimento de denúncia se dará de forma oral (que será reduzida a escrito). O denun-
ciado já sai citado e ciente da data da audiência de instrução e julgamento.
A partir daí, o procedimento sumaríssimo concentra-se na audiência de instrução e julgamento, cujos pontos
principais vamos ver logo a seguir.
Os arts. 79 ao 83, da Lei nº 9.099, de 1995, disciplinam a Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ).
Art. 79 No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido
possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á
nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
Nos termos do art. 79, se na fase preliminar não foi tentada a composição ou a transação, vai se buscar, dentro
da AIJ, a aplicação desses dois institutos. Antes de se iniciar a audiência propriamente dita, é feita essa verificação.
Art. 80 Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem
deva comparecer.
A AIJ é una, ou seja, não se desdobra em outra audiência; caso alguém não se encontre presente na hora prevista
para sua realização, sendo imprescindível sua presença, o Juiz determina sua condução coercitiva, isto é, à força e com
apoio policial, caso seja necessário.
Art. 81 Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá,
ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defe-
sa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da
sentença.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a digni-
dade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento
132 do disposto neste artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
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I - a manifestação sobre circunstâncias ou elemen- § 2º Os embargos de declaração interrompem o
tos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; prazo para a interposição de recurso.
(Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de
II - a utilização de linguagem, de informações ou de ofício.
material que ofendam a dignidade da vítima ou de
testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) Os arts. 82 e 83 tratam dos recursos previsos nos
Juizados Especiais Criminais. Acompanhe a tabela a
A AIJ obedece ao princípio da oralidade e segue o seguir, que dispõe o conteúdo esquematicamente:
seguinte roteiro:
EMBARGOS DE
APELAÇÃO
DECLARAÇÃO
Defensor (resposta à acusação)
Cabimento:
Cabimento:
Juiz (recebe ou não a denúncia ou queixa) � Obscuridade;
� Em face da decisão que � Contradição ou omissão
rejeita a inicial (denúncia
em sentença ou acórdão.
ou queixa);
Recebida a denúncia ou queixa: Oitiva da
� Em face da sentença. Petição escrita ou
vítima e das testemunhas (a/d) oralmente:
Petição escrita:
Prazo para interposição: 10 Prazo 5 dias
Interrogatório do acusado Interrompem o prazo para
dias
Contrarrazões em 10 dias a interposição de outros
recursos
Debates orais (acusação e defesa)
Nos termos do § 3º, do art. 83, erros materiais, tais
como erro na grafia do nome das partes, não necessi-
Sentença
tam de recurso, podendo ser corrigidos de ofício.
A audiência é toda oral, mas, ao fim, é confeccionado Art. 88 Além das hipóteses do Código Penal e da
termo resumido, que é assinado pelo Juiz e pelas partes. legislação especial, dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corpo-
rais leves e lesões culposas.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencio-
nará os elementos de convicção do Juiz. O art. 88 dispõe acerca da necessidade de repre-
sentação do ofendido frente a ação penal nos crimes
A sentença proferida no Juizado Especial Criminal de lesão corporal leve e lesão culposa.
é mais simples do que a prolatada em um processo Importante destacar que o art. 88 põe em ressalva as
comum, e dispensa a produção de uma parte da deci- hipóteses previstas no Código Penal e em legislação espe-
são chamada de relatório. cial. Sendo assim, de acordo com a Lei 11.340, de 2006
(Lei Maria da Penha), a qualquer espécie de violência
Art. 82 Da decisão de rejeição da denúncia ou doméstica e familiar contra a mulher, independente-
queixa e da sentença caberá apelação, que pode-
mente da gravidade, não se aplica o disposto da Lei 9.099,
rá ser julgada por turma composta de três Juízes
de 1995 (JEC); ou seja: as lesões corporais leves e culposas
em exercício no primeiro grau de jurisdição, reuni-
serão de ação pública incondicionada à representação.
dos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez Lei nº 11.340, de 1006
dias, contados da ciência da sentença pelo Minis-
tério Público, pelo réu e seu defensor, por petição Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do tica e familiar contra a mulher, independentemente
recorrente.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ou seu cônjuge, seus ascendentes ou descendentes sados, regra inaplicável ao procedimento sumário.
estiverem respondendo a processo por fato análogo. c) em ambos os procedimentos, em regra, as alegações
d) mesmo dissolvido o casamento, ainda que sem filhos finais serão por escrito, sendo facultada a apresen-
em comum, o Juiz não poderá figurar em processos tação oral, em audiência, caso haja concordância de
em que são partes os pais e irmãos do ex-cônjuge. todas as partes.
e) o Juiz restará suspeito para atuar em processo em d) no procedimento ordinário, admitem-se alegações
que o próprio já tenha atuado como autoridade policial finais por escrito, no prazo de 05 (cinco) dias e, no
ou mesmo órgão do Ministério Público. sumário, no prazo de 03 dias.
1 (AgRg no AREsp n. 607.902/SP, Ministro Gurgel de Faria, Quinta Turma, DJe 17/2/2016).
2 (RHC 79.751/SP, REL. MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, JULGADO EM 18/04/2017, DJE 26/04/2017)
3 (Resp 1498034, 25.11.2015);
4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A extinção da punibilidade do agente pelo cumprimento das condições do sursis processual, operada em
processo anterior, não pode ser sopesada em seu desfavor como maus antecedentes, personalidade do agente e conduta social. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d2a452edff079ca6980edcf54cc49945>.
Acesso em: 08/09/2021 135
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e) em ambos os procedimentos, as alegações finais a) O prazo para a defensoria pública e para o Ministério
serão orais, apresentadas em audiência, admitindo-se Público conta-se sempre em dobro.
memoriais por escrito, no prazo de 03 dias, em caso b) Em caso de condenação, decretada em primeiro grau
de complexidade do feito. e mantida pelo Tribunal, para fins de início de prazo
recursal, exige-se a dupla intimação do Acórdão, feita
5. (VUNESP — 2021) São causas de rejeição da denúncia tanto na pessoa do defensor como na do acusado.
e absolvição sumária, respectivamente, previstas nos c) Da decisão que rejeita a denúncia nos procedimentos
artigos 395 e 397, do Código de Processo penal: ordinário, sumário e sumaríssimo cabe recurso em
sentido estrito.
a) existência manifesta de excludente de ilicitude do fato d) A voluntariedade é característica inerente aos recur-
e falta de condições para o exercício da ação penal. sos e, justamente por isso, a menção a recurso de
b) inépcia e prescrição. ofício constante do Código de Processo Penal, em
c) falta de justa causa para a ação penal e falta de condi- realidade, é caso de reexame necessário.
ção para o exercício da ação penal. e) No procedimento da Apelação, previsto no Código de
d) inimputabilidade e atipicidade. Processo Penal, bem como no previsto na Lei dos Jui-
e) inépcia e falta de justa causa para a ação penal.
zados Especiais, a apresentação das razões do recur-
so pode se dar em momento posterior à interposição.
6. (VUNESP — 2021) A respeito do procedimento relativo
ao Tribunal do Júri, assinale a alternativa correta.
9. (VUNESP — 2022) Estritamente de acordo com o CPP,
o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
a) Oferecida a denúncia por crime de competência do Tri-
pessoa,
bunal do Júri, o Juiz Singular pode, desde logo, rejeitá-
-la, se presentes as hipóteses previstas no artigo 395,
do Código de Processo Penal. a) em benefício próprio ou de terceiro, bem como pelo
b) Citado o acusado, não apresentada a resposta à acu- Ministério Público.
sação no prazo legal, o Juiz nomeará defensor para b) mas apenas em benefício próprio, não podendo haver
oferecê-la, no prazo de 05 dias. impetração por leigo em benefício de terceiro.
c) Recebida a denúncia, não sendo localizado o réu, para c) inclusive por Juiz de Direito, em caso de ilegalida-
fins de citação pessoal, far-se-á a citação por edital. de praticada por si próprio nos autos em que exerce
Findo o prazo fixado no edital, caso o réu não com- jurisdição.
pareça, o juiz lhe nomeará defensor, prosseguindo o d) contudo, não sendo bacharel de Direito o impetrante,
feito, até a finalização da fase de pronúncia. deve ser nomeado defensor dativo para o paciente.
d) Encerrada a instrução processual da primeira fase do e) exceto no curso de ação penal, sede em que se exige
Júri, poderá o Juiz pronunciar o acusado, impronun- impetrante com ius postulandi específico.
ciar, absolver sumariamente ou reconhecer a prática
de crime não sujeito à competência do Tribunal do 10. (VUNESP — 2018) O cumprimento de um alvará de sol-
Júri, proferindo, desde logo, a sentença condenatória. tura clausulado expedido pela autoridade judiciária em
e) O desaforamento do julgamento para outra Comarca sede de habeas corpus significa que
da mesma região poderá ser feito apenas a requeri-
mento do acusado. a) o paciente deverá ser imediatamente solto, indepen-
dentemente de qualquer outra cláusula ou condição.
7. (VUNESP — 2018) Em relação ao procedimento do júri, b) a soltura do paciente apenas poderá ocorrer depois de
assinale a alternativa correta. autorizada pelo juízo que havia determinado a prisão
objeto da impetração.
a) O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença c) somente poderá ocorrer a soltura do paciente se ele acei-
nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação tar submeter-se a medida cautelar diversa da prisão.
da lista geral não será excluído em casos de compro- d) o paciente deverá ser solto imediatamente, desde que
vada necessidade. não haja outro motivo legal para mantê-lo preso.
b) A lista geral dos jurados, com indicação das respec- e) o paciente será solto tão logo haja demonstração da
tivas profissões, será publicada pela imprensa até o
justeza dos motivos alegados na impetração.
dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais
afixados à porta do Tribunal do Júri.
11. (VUNESP — 2018) O Código de Processo Penal exige
c) Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri
que a petição que visa a impetrar ordem de habeas
determinará a intimação do órgão do Ministério Públi-
corpus indique os seguintes requisitos:
co ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de
testemunhas que irão depor em plenário, até o máxi- a) quem sofre a violência ou se encontra na iminência de
mo de 8 (oito), oportunidade em que poderão juntar sofrê-la e a descrição do constrangimento que se ale-
documentos e requerer diligência. ga, sendo facultativa a qualificação de quem propõe a
d) Nos casos de desaforamento requerido por alguma medida.
das partes, poderá ser ouvido o juiz presidente, caso o b) a descrição da violência ou da ameaça de violência
relator assim julgue necessário. que se acredita existir, a identificação nominal da auto-
e) Excesso de serviço não justifica pedido de desaforamento. ridade que pratica ou irá praticar essa violência e os
nomes de testemunhas que a comprovem.
8. (VUNESP — 2022) Tendo em vista a teoria geral dos c) a pessoa que está sofrendo o constrangimento, a
recursos, bem como os recursos em espécies previs- autoridade coatora, a especificação da modalidade de
tos no Código de Processo Penal e em legislações violência ou ameaça que justifique a medida e a assi-
136 especiais, assinale a alternativa correta. natura e a identificação do impetrante.
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d) o ato ou fato que cause o constrangimento que justifique a) somente os crimes a que a lei comine pena máxima não
a impetração, o nome e o cargo da autoridade que prati- superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
que a ilegalidade e o nome e a qualificação do impetrante, b) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
sendo vedada a impetração por analfabeto. ne pena mínima não superior a 3 (três) anos, cumula-
e) a qualificação completa de quem sofre a violência ou da ou não com multa.
a ameaça de coação e da autoridade que a pratique, a c) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
descrição da ação arbitrária e os nomes de testemu- ne pena mínima não superior a 2 (dois) anos, cumula-
nhas que a comprovem. da ou não com multa.
d) somente as contravenções penais a que a lei comine
12. (VUNESP — 2021) A respeito da Lei nº 9.099/95, é cor- pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
reto afirmar que: ou não com multa.
e) as contravenções penais e os crimes a que a lei comi-
a) são infrações de menor potencial ofensivo as con- ne pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumula-
travenções penais e os crimes cuja pena mínima não da ou não com multa.
exceda a 1 (um) ano.
b) a transação penal, nas ações penais públicas condiciona- 16. (VUNESP — 2018) Acerca dos Juizados Especiais Cri-
das à representação, oferecida pelo Ministério Público ao minais, assinale a alternativa correta.
autor da infração e por ele aceita, não será homologada
pelo Juiz se não contar com a anuência da vítima. a) Os critérios orientadores do processo perante o Juiza-
c) a suspensão condicional do processo, prevista no arti- do Especial previstos na lei são: oralidade, brevidade,
go 89 da Lei, aplica-se aos crimes cuja pena mínima discricionariedade regrada e mitigação.
não exceda a 2 (dois) anos. b) Uma contravenção penal cuja pena máxima ultrapas-
d) não cabe prisão em flagrante nos crimes de menor se o patamar de 2 (dois) anos será julgada no Juizado
potencial ofensivo. Especial Criminal.
e) na eventual reunião de processos, perante o juízo c) A competência do Juizado será determinada pelo lugar
comum, decorrentes da aplicação de regra de cone- em que foi praticada ou consumada a infração penal.
xão e continência, às infrações de menor potencial
d) Segundo prevê a Lei nº 9.099/95, cabem embargos de
ofensivo aplicar-se-ão os institutos da transação penal
declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
e composição dos danos civis.
erro, obscuridade, contradição ou omissão.
e) Se não há previsão na Lei nº 9.099/95 sobre o núme-
13. (VUNESP — 2019) Assinale a alternativa cuja pena,
ro de testemunhas que poderão ser ouvidas, deve ser
hipoteticamente, atrairia a competência dos Juizados
aplicado, por analogia, o quanto previsto para o proce-
Especiais Criminais, nos termos do art. 61 da Lei no
dimento ordinário.
9.099/95.
17. (VUNESP — 2019) Nos estritos termos do art. 63 da
a) Reclusão de 1 a 2 anos.
Lei nº 9.099/95, a competência dos Juizados Espe-
b) Detenção de 1 a 3 anos.
ciais Criminais é determinada
c) Reclusão de 1 a 3 anos, e multa.
d) Prisão simples de 2 a 4 anos, e multa.
e) Detenção de 2 a 4 anos, e multa. a) pela matéria.
b) pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
c) pela prevenção.
14. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei no 9.099/95, com
as alterações feitas pela Lei no 11.313/06 (Lei dos Juiza- d) pelo lugar em que a ocorrência policial foi registrada.
dos Especiais Criminais), é correto afirmar que e) pelo lugar do domicílio do acusado ou da vítima.
a) consideram-se infrações penais de menor potencial 18. (VUNESP — 2018) Nos Juizados Especiais Criminais,
ofensivo os crimes a que a lei comine pena máxima a composição civil dos danos
não superior a um ano, prevendo ou não a lei procedi-
mento especial. a) pode ser reduzida a escrito ou feita oralmente; é
b) consideram-se infrações penais de menor potencial homologada por sentença contra a qual cabe recurso
ofensivo as contravenções penais a que a lei comine específico; é executada pelo próprio Juizado Especial
pena máxima não superior a um ano, prevendo ou não Criminal; acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação nas ações privadas e nas públicas con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL
17 B
19. (VUNESP — 2018) A Lei nº 9.099/95, relativa aos Jui-
zados Especiais Cíveis e Criminais, prevê que, 18 E
9 GABARITO
1 D
2 A
3 E
4 B
5 B
6 A
7 B
8 D
9 A
10 D
11 C
12 E
13 A
138
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IV - interessado no julgamento do processo em
favor de qualquer das partes.
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de
foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que
signifique manifesta aceitação do arguido.
Art. 146 No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimen-
to ou a suspeição, em petição específica dirigida ao
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
recusa, podendo instruí-la com documentos em que
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
RESPONSABILIDADE DO JUIZ § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao rece-
ber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa
Do Impedimento e da Suspeição dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determi-
nará a autuação em apartado da petição e, no prazo de
Como vimos, o órgão judiciário (Juízo ou Tribunal) 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanha-
deve ser imparcial. Impedimento e suspeição são ins- das de documentos e de rol de testemunhas, se houver,
titutos que tratam das hipóteses em que a imparciali- ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
dade pode estar violada. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar
As causas de impedimento estão tipificadas no os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
art. 144, enquanto as de suspeição estão no art. 145, I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
ambos do CPC, de 2015. Vejamos: II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá
suspenso até o julgamento do incidente.
Art. 144 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é
exercer suas funções no processo: recebido o incidente ou quando este for recebido
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou com efeito suspensivo, a tutela de urgência será
como perito, funcionou como membro do Ministério requerida ao substituto legal.
Público ou prestou depoimento como testemunha; § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
tendo proferido decisão; § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedi-
III - quando nele estiver postulando, como defen- mento ou de manifesta suspeição, o tribunal con-
sor público, advogado ou membro do Ministério denará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o
colateral, até o terceiro grau, inclusive; tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônju- não poderia ter atuado.
ge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; juiz, se praticados quando já presente o motivo de
V - quando for sócio ou membro de direção ou de impedimento ou de suspeição.
administração de pessoa jurídica parte no processo; Art. 147 Quando 2 (dois) ou mais juízes forem
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou
empregador de qualquer das partes;
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro
VII - em que figure como parte instituição de ensino
com a qual tenha relação de emprego ou decorrente que conhecer do processo impede que o outro nele
de contrato de prestação de serviços; atue, caso em que o segundo se escusará, remeten-
VIII - em que figure como parte cliente do escritó- do os autos ao seu substituto legal.
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou O impedimento relaciona-se a circunstâncias de
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que índole objetiva, muitas vezes relacionadas à existência
patrocinado por advogado de outro escritório; de relações jurídicas entre o juiz e outros sujeitos do
IX - quando promover ação contra a parte ou seu processo. Os incisos I, II e III, do art. 144, referem-se à
advogado. atuação do magistrado no processo, em qualquer posi-
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se
ção. As demais hipóteses são específicas, mas traduzem
verifica quando o defensor público, o advogado ou
o membro do Ministério Público já integrava o pro- relações contratuais, de sucessão e trabalhistas, como
cesso antes do início da atividade judicante do juiz. as dos incisos V, VI e VII. Os incisos IV e VIII tratam das
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim relações de parentesco (sobre os graus de parentes-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
O juiz pode declarar-se suspeito por motivo de Art. 150 Em cada juízo haverá um ou mais ofícios
foro íntimo, sem necessidade de expor suas de justiça, cujas atribuições serão determinadas
pelas normas de organização judiciária.
razões ( § 1º, art. 145, CPC).
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judi-
ciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça
quantos sejam os juízos.
Vejamos o que diz o art. 148, do CPC:
Art. 148 Aplicam-se os motivos de impedimento e Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria, nos
de suspeição: termos do art. 152, do CPC:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça; Art. 152 [...]
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados,
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedi- as cartas precatórias e os demais atos que perten-
mento ou a suspeição, em petição fundamentada e çam ao seu ofício;
devidamente instruída, na primeira oportunidade II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações
em que lhe couber falar nos autos. e intimações, bem como praticar todos os demais
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em atos que lhe forem atribuídos pelas normas de
separado e sem suspensão do processo, ouvindo o organização judiciária;
arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a III - comparecer às audiências ou, não podendo
produção de prova, quando necessária. fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º IV - manter sob sua guarda e responsabilidade
será disciplinada pelo regimento interno. os autos, não permitindo que saiam do cartório,
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à argui- exceto:
ção de impedimento ou de suspeição de testemunha. a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao
Ministério Público ou à Fazenda Pública;
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou
ao partidor;
Os auxiliares da justiça compreendem todas as d) quando forem remetidos a outro juízo em razão
funções, cargos ou profissionais que auxiliam direta da modificação da competência;
ou indiretamente o juiz em seu mister. Dividem-se em V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
auxiliares permanentes (servidores do Poder Judiciá- processo, independentemente de despacho, obser-
rio) e eventuais (terceiros que, no cumprimento de vadas as disposições referentes ao segredo de
determinado encargo, exercem função específica e justiça;
pontual no processo). O CPC, de 2015 arrola diversos VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
auxiliares, totalizando 14 funções/profissionais:
O escrivão administra internamente o serviço den-
Art. 149 São auxiliares da Justiça, além de outros tro de sua serventia judicial, possuindo, como subor-
cujas atribuições sejam determinadas pelas nor- dinados, outros servidores, também auxiliares, como
mas de organização judiciária, o escrivão, o che- oficiais de apoio, escreventes, estagiários do Poder
140 fe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o Judiciário etc.
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O art. 153, do CPC, sofreu alteração pela Lei nº Da mesma forma que estabelece a responsabi-
13.256, de 2016 para, assim, prever: “Art. 153. O lidade do juiz, o CPC, de 2015 também trata da res-
escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferen- ponsabilidade desses auxiliares. Os atos passíveis
cialmente, à ordem cronológica de recebimento para de responsabilização decorrem de atuações dolosas
publicação e efetivação dos pronunciamentos judi- ou culposas, ativas ou omissivas. O inciso primeiro
ciais.” Veja que a redação anterior dispunha que a refere-se à atuação omissiva, enquanto o outro inci-
ordem cronológica seria obrigatoriamente observada, so refere-se às condutas ativas, pressupondo um agir
mas a alteração legislativa a tornou opcional. contrário à lei, dolosa ou culposamente.
Já o oficial de justiça é o executor das ordens judi-
DOS ATOS PROCESSUAIS
ciais e diligências externas à sede do juízo, possuindo
atribuições essenciais para assegurar a efetividade da
tutela jurisdicional. Seus atos são dotados de fé públi- Da Forma dos Atos Processuais
ca, consistente na presunção de legalidade e veracida- Como se sabe, o processo obedece a alguns requisi-
de de sua atuação. Assim, uma certidão lavrada pelo
tos, que são as formalidades. Para que o ato seja váli-
oficial de justiça somente pode ser desconstituída por
do, às vezes a lei estabelece quais requisitos devem
prova em sentido contrário, motivo pelo qual a pre-
ser seguidos, por exemplo, quando fala dos requisitos
sunção é relativa (presunção iuris tantum). Veja um
da petição inicial (art. 319) ou da sentença (art. 489).
exemplo a esse respeito conforme extraído da juris-
Assim, se tais requisitos são descumpridos, deve-se
prudência do TJMG:
verificar se o ato deve ser anulado.
Por ora, deve-se salientar que, como regra, preva-
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELI-
MINAR SUSCITADA NAS RAZÕES RECURSAIS lece a liberdade das formas, isto é: os atos não têm
- ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTA- forma específica, a não ser quando exigida por lei,
ÇÃO - NÃO CONSTATAÇÃO - REJEIÇÃO. AÇÃO DE segundo o art. 188, do CPC:
EXECUÇÃO. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL REALIZADA
PELO OFICIAL DE JUSTIÇA - PROVA DE ERRO - Art. 188 Os atos e os termos processuais indepen-
NÃO APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS CONVI- dem de forma determinada, salvo quando a lei
CENTES - DESCONSTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. expressamente a exigir, considerando-se válidos
- Verificando-se que a decisão vergastada está fun- os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
damentada, não há razão para anulá-la. finalidade essencial.
- Para a desconstituição da avaliação efetivada por
um Oficial de Justiça, que é dotado de fé pública, Caso a lei estabeleça a formalidade, o critério será
necessária a apresentação de elementos convincen- o da legalidade das formas.
tes de que este tenha, quando da avaliação, incor- Eles podem ser praticados em autos físicos ou na
rido em erro; sem esta comprovação, não há como forma eletrônica, como regulamentado a partir do
acolher a pretensão. art. 193. Como regra, os atos serão públicos, permitin-
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0024.14.248122-5/002, do que qualquer pessoa a eles tenha acesso. Mas há
Relator(a): Des.(a) Pedro Bernardes de Oliveira, 9ª CÂMARA CÍVEL, processos que tramitam em segredo de justiça, como
julgamento em 16/06/2020, publicação da súmula em 25/06/2020)
aqueles estabelecidos pelo art. 189, do CPC:
São exemplos de atos praticados pelo oficial: citação, Art. 189 Os atos processuais são públicos, todavia
intimação, penhora, avaliação, arresto de bens, certificar tramitam em segredo de justiça os processos:
proposta de acordos quando do cumprimento de diligên- I - em que o exija o interesse público ou social;
cias etc. Suas atribuições estão elencadas no art. 154: II - que versem sobre casamento, separação de cor-
pos, divórcio, separação, união estável, filiação, ali-
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça: mentos e guarda de crianças e adolescentes;
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, III - em que constem dados protegidos pelo direito
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, constitucional à intimidade;
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste- IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com cumprimento de carta arbitral, desde que a confi-
menção ao lugar, ao dia e à hora; dencialidade estipulada na arbitragem seja com-
II - executar as ordens do juiz a que estiver provada perante o juízo.
subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu Nesses casos, o acesso aos autos se dará somente
cumprimento; às partes e seus procuradores, além dos membros do
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
O art. 192 determina que nos atos e termos do pro- z Autenticidade: autenticar quem está enviando a
cesso se observe a língua portuguesa ou, caso assim informação para o sistema;
não seja, deverão vir acompanhados da respectiva z Integralidade: não alteração do conteúdo lançado;
tradução. z Temporalidade: é fiel ao tempo/momento do lan-
çamento;
Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais z Não repúdio: vincula quem assinou o documento
lançado;
Os atos processuais podem ser praticados em z Conservação: preservar a duração contínua do
autos físicos ou eletrônicos. Autos dizem respeito à documento lançado;
documentação dos atos processuais, cabendo aqui z Confidencialidade: conseguir restringir o acesso a
142 diferenciar alguns termos já citados: pessoas não autorizadas.
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Art. 195 O registro de ato processual eletrônico Deve o Poder Judiciário manter gratuitamente
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão equipamentos necessários à prática de atos proces-
aos requisitos de autenticidade, integridade, tempo- suais eletrônicos e suas respectivas consultas, sob
ralidade, não repúdio, conservação e, nos casos que pena de se admitir a prática desses atos processuais
tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, por meio não eletrônico, se no local não dispuser de
observada a infraestrutura de chaves públicas uni- equipamentos, na forma do caput do art. 198.
ficada nacionalmente, nos termos da lei.
Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão
manter gratuitamente, à disposição dos interessa-
Dica
dos, equipamentos necessários à prática de atos
Mesmo sendo eletrônico, o sistema dos pro- processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e
cessos judiciais deve observar as hipóteses de aos documentos dele constantes.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por
segredo de justiça, na forma do art. 189, do CPC, meio não eletrônico no local onde não estiverem dis-
de 2015. ponibilizados os equipamentos previstos no caput.
Avançando no estudo, tem-se uma mudança feita Além disso, compete ao Poder Judiciário assegurar
pelo Novo CPC: a atribuição da competência primária a acessibilidade das pessoas com deficiência aos:
ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos
Tribunais, para regulamentar a prática e a comunicação Art. 198 [...]
dos atos processuais por meio eletrônico (art. 196). O art. I - sítios na rede mundial de computadores;
18, da Lei nº 11.419, de 2006, previa que essa competên- II - ao meio eletrônico de prática de atos judiciais;
cia pertencia a todos os órgãos do Poder Judiciário. III - à comunicação eletrônica dos atos processuais;
IV - e, à assinatura eletrônica – art. 199 do CPC, de 2015.
Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu-
Art. 196 Compete ao Conselho Nacional de Justiça rarão às pessoas com deficiência acessibilidade
e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a aos seus sítios na rede mundial de computadores,
prática e a comunicação oficial de atos processuais ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
por meio eletrônico e velar pela compatibilidade comunicação eletrônica dos atos processuais e à
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro- assinatura eletrônica.
gressiva de novos avanços tecnológicos e editando,
para esse fim, os atos que forem necessários, respei- ATOS DAS PARTES
tadas as normas fundamentais deste Código.
As partes praticam diversos atos processuais,
O caput do art. 197 trata da divulgação de informa- necessários para defender seus direitos. As postu-
ções constantes nos sistemas eletrônicos pelos Tribu- lações das partes são o meio pelo qual elas “conver-
nais. Merece destaque o parágrafo único. Veja o teor sam” com o juiz. Tendo elas uma demanda ou não
da sua redação: pretendendo que sua esfera jurídica seja afetada, evi-
dentemente devem buscar convencer o juiz de seus
Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações argumentos. Isso se dá pelos atos processuais.
constantes de seu sistema de automação em pági- Os atos das partes podem ser unilaterais ou bila-
na própria na rede mundial de computadores, terais, sendo aqueles os mais comuns. Como atos
gozando a divulgação de presunção de veracidade unilaterais, podemos lembrar dos atos de postulação
e confiabilidade. das partes, como petição inicial, contestação, réplica,
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do requerimento para produção de provas e interposição
sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça
de recursos. São atos que, para sua formação, basta a
vontade da parte que os pratica. Já a transação (quan-
responsável pelo registro dos andamentos, poderá
do as partes fazem um acordo sobre o direito discu-
ser configurada a justa causa prevista no art. 223,
tido no processo) é um ato bilateral, pois pressupõe
caput e § 1º.
manifestação de vontade de ambos os envolvidos. Do
mesmo modo, lembre-se do negócio jurídico proces-
Essa “justa causa” considera o evento alheio à von- sual, que vimos há pouco.
tade da parte que a impediu de praticar o ato, por si Como regra, os atos iniciam a produção de efeitos
ou por mandatário. Portanto, decorrido o prazo, a logo que praticados:
parte pode provar que não realizou o ato por “justa
causa”, o que ensejará a fixação de novo prazo, se aco-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
É direito das partes exigir recibo dos atos que pra- Caso algum desses atos seja praticado oralmente, o
ticam em juízo quando entregam petições ou quais- servidor deverá reduzi-los a termo, submetendo-o ao
quer outros documentos. juiz para revisão e assinatura.
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e
Art. 201 As partes poderão exigir recibo de peti- a vista obrigatória, independem de despacho, deven-
ções, arrazoados, papéis e documentos que entre- do ser praticados de ofício pelo servidor e revistos
garem em cartório. pelo juiz quando necessário.
Art. 202 É vedado lançar nos autos cotas marginais O caput do art. 205 deve ser interpretado de forma
ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar, literal, pois cabe ao Magistrado redigir, datar e assinar
impondo a quem as escrever multa correspondente seus pronunciamentos (despachos, decisões, senten-
à metade do salário-mínimo. ças e, no âmbito do tribunal, os acórdãos).
tes contraditarem essa transcrição oralmente e no o qual o ato deve ser praticado será considerado
momento da realização do ato, sob pena de preclu- para fins de atendimento do prazo.
são. Cabe ao Juiz decidir imediatamente e proceder o Art. 214 Durante as férias forenses e nos feriados,
registro no termo eletrônico todo o ocorrido, desde a não se praticarão atos processuais, excetuando-se:
alegação até sua decisão. I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
II - a tutela de urgência.
Art. 210 É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou
de outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Entende-se como férias forenses o período com-
preendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, na
Na forma do art. 210, do CPC, de 2015, é possível, forma do art. 220, do CPC, de 2015. O art. 215, do CPC,
em qualquer juízo ou tribunal, o uso de métodos de de 2015, prevê os atos processuais que serão pratica-
abreviação ou simbólicos de escrita, com o objetivo de dos mesmo durante esse período:
melhorar a velocidade da escrita, seja pela taquigrafia
(escrita à mão), pela estenotipia (escrita por máquina/ z Procedimentos de jurisdição voluntária (disposi-
computador) ou por qualquer outro meio idôneo. ções gerais — arts. 719 ao 725, do CPC, de 2015); 145
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z Necessários à conservação de direitos, quan- Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o
do houver prejuízo pelo adiamento (intimação termo inicial e o termo final) para a prática dos atos
para cumprimento de uma tutela de saúde, por processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela
exemplo); lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele
z A ação de alimentos (Lei nº 5.478, de 1968); execu- será de 5 dias para a prática do ato processual.
ção de alimentos (arts. 911 ao 913, do CPC, de 2015)
e alimentos gravídicos (Lei nº 11.804, de 2008); Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos
z Processos de nomeação (inciso I, art. 759, do CPC; prazos prescritos em lei.
arts. 1.729 a 1.732 e 1.775-A, do Código Civil; e inci- § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os
so III, art. 201, do ECA) ou remoção (art. 761, do prazos em consideração à complexidade do ato.
CPC; e art. 164 e inciso III, art. 201, do ECA) de tutor § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as
e curador. intimações somente obrigarão a comparecimento
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 215 Processam-se durante as férias forenses, § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina-
onde as houver, e não se suspendem pela superve- do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a
niência delas: prática de ato processual a cargo da parte.
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado
os necessários à conservação de direitos, quando antes do termo inicial do prazo.
puderem ser prejudicados pelo adiamento;
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação Em relação ao último parágrafo, temos o seguinte
ou remoção de tutor e curador; exemplo: se a parte apresenta o recurso depois de pro
III - os processos que a lei determinar. latada a sentença, mas antes de sua publicação oficial,
o recurso será considerado tempestivo.
Por fim, o art. 216 trata dos feriados para fins judi- Uma inovação trazida pelo CPC, de 2015, diz res-
ciários, haja vista que, além dos previstos em lei (1ª peito à contagem de prazo somente em dias úteis (art.
de janeiro — Lei nº 662, de 1949; 21 de abril — Lei nº 219), o que se aplica somente a prazos de natureza
10.601, de 2002; entre outros), também serão conside- processual, não aos de natureza material.
rados feriados os sábados, domingos e os dias em que
não houver expediente forense. Art. 219 Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
Art. 216 Além dos declarados em lei, são feriados, dias úteis.
para efeito forense, os sábados, os domingos e os Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se
dias em que não haja expediente forense. somente aos prazos processuais.
Quanto ao lugar da prática dos atos processuais, Como já mencionado, o Novo Código de Processo
veja a redação do art. 217, do CPC, de 2015: Civil estabeleceu o instituto recesso forense, no perío-
do compreendido entre 20 de dezembro e 20 de janei-
Art. 217 Os atos processuais realizar-se-ão ordina- ro, incluindo-se essas datas citadas como marco inicial
riamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, e marco final de contagem do período de recesso.
em outro lugar em razão de deferência, de interes-
se da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo Dica
arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
Enunciado 269 do Fórum Permanente de Pro-
Portanto, tem-se como regra que os atos proces- cessualistas: “A suspensão de prazos de 20 de
suais serão praticados no local onde se situa o juízo, dezembro a 20 de janeiro é aplicável aos Juiza-
considerando o ambiente virtual do processo judi- dos Especiais”.
cial eletrônico também como sede do juízo. Deve-se,
porém, observar as seguintes exceções: Apesar do significativo período de recesso forense,
o § 1º, do art. 220, deixa claro que mesmo neste perío-
z Deferência: inquiridos em sua residência ou onde do todos os sujeitos do processo poderão exercer suas
exercem sua função (art. 454, do CPC, de 2015); funções normalmente, ressalvadas as hipóteses de
z Natureza do ato / Interesse da justiça: inspe- férias individuais. Portanto, membros do Ministério
ção judicial realizada no local indicado, como por Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública,
exemplo uma perícia advinda de dano ambiental Juízes e Auxiliares da Justiça não deixarão de exercer
(art. 481, do CPC, de 2015); suas funções.
z Natureza do ato / Obstáculo arguido pelo inte- Veja a redação do art. 220, do CPC, de 2015.
resse e acolhido pelo juiz: parte ou testemunha
arrolada que se encontra enferma ou que por Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual
outro motivo relevante esteja impossibilitada de nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
comparecer à sede do juízo, mas não impossibili- de janeiro, inclusive.
tada de depor (parágrafo único, art. 449, do CPC, § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados
de 2015). instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis-
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia
Dos Prazos Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas
atribuições durante o período previsto no caput.
O processo se movimenta por impulso oficial, isto § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza-
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao rão audiências nem sessões de julgamento.
processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei
146 estabelece prazos para a prática dos atos processuais.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O ato processual praticado durante o recesso Dessa forma, a literalidade do caput do art. 222 é
forense considera-se realizado no primeiro dia útil, bem clara ao versar que, nos locais de difícil transpor-
que não será incluso na contagem do prazo. STJ, AgRg te, o juiz poderá prorrogar por até 2 (dois) meses os
no AREsp 23.139/MA. prazos, podendo exceder este limite, em caso de cala-
midade pública (§ 2º, do art. 222).
Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá- Todavia, não poderá o magistrado reduzir os pra-
culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo zos peremptórios sem anuência das partes (§ 1º, do
qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo art. 222). Este dispositivo prestigia o negócio jurídico
ser restituído por tempo igual ao que faltava para processual (art. 190, do CPC, de 2015) com possibili-
sua complementação. dade de fixação de calendário processual (art. 191,
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante do CPC, de 2015), que confere maior independência
a execução de programa instituído pelo Poder Judi- às partes na definição das regras procedimentais de
ciário para promover a autocomposição, incum- ações que versem sobre direitos disponíveis.
bindo aos tribunais especificar, com antecedência, O caput do art. 223, do CPC, de 2015, revela a hipó-
a duração dos trabalhos. tese de preclusão temporal, ou seja, aquela que ocor-
reu devido ao transcurso do prazo anteriormente
Avançando, o art. 221, do CPC, de 2015, também previsto, sem que houvesse manifestação da parte ou
trata da suspensão de prazos, autorizando a suspen- com sua manifestação posterior (intempestiva).
são da contagem nas seguintes hipóteses:
Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
Art. 221 [...] praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
I - em caso de obstáculo criado em detrimento da dentemente de declaração judicial, ficando assegu-
parte; rado, porém, à parte provar que não o realizou por
II - caso ocorra alguma das hipóteses do art. 313 do justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à von-
CPC, de 2015;
tade da parte e que a impediu de praticar o ato por
III - durante a execução de programa instituído pelo
si ou por mandatário.
Poder Judiciário para promover a autocomposição
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à par-
(mutirões de conciliação, por exemplo), desde que o
te a prática do ato no prazo que lhe assinar.
respectivo tribunal especifique, com antecedência,
a duração dos trabalhos.
Conceituando brevemente, preclusão é a perda do
direito de manifestação no processo, ou seja, é a perda
Por não se tratar de objeto do estudo, no presen-
da capacidade para praticar atos processuais, que pode
te momento, não haverá profundidade nas diversas ser gerada: pela realização do ato; pela não realização
hipóteses legais de suspensão do processo, previsto no do ato no prazo; ou pela realização de forma indevida.
art. 313, do CPC, de 2015. O instituto processual da preclusão guarda direta
Porém, pode-se citar como exemplo a suspensão relação com princípios norteadores do processo civil,
do processo pela morte de uma das partes, do seu como a razoável duração do processo e a boa-fé objetiva.
representante ou do seu procurador, suspensão por A preclusão pode ser temporal, lógica, consumati-
convenção entre as partes, entre outras. va e sanção. Veja:
No tocante aos “obstáculos” previstos no caput do
art. 221, do CPC, de 2015, podem ocorrer de diversas z Temporal: em razão do transcurso do prazo, sem
formas, desde um ato administrativo do respectivo manifestação ou com manifestação posterior
tribunal prevendo suspensão de prazo em um deter- — intempestiva;
minado dia, até mesmo nos casos de encerramento do z Lógica: em razão de prática processual, anterior e
expediente forense antes do horário legal (em razão incompatível com o ato atual;
de chuva, ausência energia elétrica, algum evento na z Consumativa: em razão do já exercício do direito
comarca, entre outros fatos geradores). previsto naquele ato atual a ser praticado;
Nesses casos, o prazo deve ser restituído não na z Sanção: em razão da prática de ato ilícito.
sua integralidade, mas na proporção do que faltava
para seu encerramento. É o que dispõe o caput do art. Os parágrafos 1º e 2º, do art. 223, do CPC, de 2015,
221, do CPC, de 2015. tratam de hipótese já estudada, a “justa causa” para
não cumprimento tempestivo do ato processual. Essa
Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária “justa causa” considera o evento alheio à vontade da
onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro- parte e que lhe impediu de praticar o ato, por si ou por
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
z Peremptórios: São imperativos e não admitem A contagem do prazo respeita o art. 231, do CPC,
prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer; que assim estabelece:
z Dilatórios: Admitem prorrogação;
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão; Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares. sidera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimen-
Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art. to, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
226, do CPC: II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
Art. 226 O juiz proferirá: cial de justiça;
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; III - a data de ocorrência da citação ou da intima-
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do
dias; chefe de secretaria;
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo
Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação
tempo, os prazos a que está submetido. ou da intimação ou ao término do prazo para que
a consulta se dê, quando a citação ou a intimação
Os prazos não se aplicam somente aos juízes, mas for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata
também aos serventuários da justiça e advogados.
o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada
Assim, vejamos:
da carta aos autos de origem devidamente cumpri-
da, quando a citação ou a intimação se realizar em
Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os cumprimento de carta;
autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar VII - a data de publicação, quando a intimação se
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con- der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
tado da data em que:
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por
I - houver concluído o ato processual anterior, se
meio da retirada dos autos, em carga, do cartório
lhe foi imposto pela lei;
ou da secretaria.
II - tiver ciência da ordem, quando determinada
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na
pelo juiz.
forma prevista na mensagem de citação, do rece-
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará
bimento da citação realizada por meio eletrônico.
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida
(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
no inciso II.
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada
ço do prazo para contestar corresponderá à última
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá
das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
de forma automática, independentemente de ato de
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para
serventuário da justiça.
cada um é contado individualmente.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado direta-
Vamos conhecer um pouco acerca dos prazos apli- mente pela parte ou por quem, de qualquer forma,
cáveis às partes, mais precisamente aos advogados. participe do processo, sem a intermediação de
Os prazos para os litisconsortes (diz-se litisconsór- representante judicial, o dia do começo do prazo
cio quando temos a reunião de duas ou mais pessoas para cumprimento da determinação judicial cor-
em algum ou ambos os polos da demanda) que tive- responderá à data em que se der a comunicação.
rem diferentes procuradores, de escritórios de advo- § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à cita-
148 cacia distintos, serão contados em dobro para todas ção com hora certa.
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A forma de computar o prazo está estabelecida no Art. 233 Incumbe ao juiz verificar se o serventuário
art. 224, do CPC, dispondo que, em regra, os prazos excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabeleci-
serão contados excluindo o dia do começo e incluindo dos em lei.
o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instau-
em dia não útil. ração de processo administrativo, na forma da lei.
§ 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a
Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos Defensoria Pública poderá representar ao juiz con-
serão contados excluindo o dia do começo e incluin- tra o serventuário que injustificadamente exceder
do o dia do vencimento. os prazos previstos em lei.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se O art. 233, do CPC, de 2015, atribui a incumbên-
coincidirem com dia em que o expediente forense for cia originária de verificar os prazos ao Juiz (caput do
encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou art. 233), o que revela ser um dos seus deveres como
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. Magistrado, na forma do inciso II, art. 139, do CPC, de
§ 2º Considera-se como data de publicação o pri- 2015, e na Lei Orgânica da Magistratura Nacional, em
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da seu inciso II, art. 35, da Lei Complementar nº 35, de
informação no Diário da Justiça eletrônico. 1979. No entanto, essa atribuição também pode ser
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
exercida pelas partes, pelo Ministério Público ou pela
dia útil que seguir ao da publicação.
Defensoria Pública (§ 2º, do art. 233).
Em caso de constatação de falta do servidor, o Juiz
Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do
determinará a instauração de processo administrati-
prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231,
vo, em face do servidor responsável, conforme precei-
como a juntada do mandado, se deu em 08/03/2021.
tua o § 1º, do art. 233, do CPC, de 2015.
Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do
A título de exemplificação, pode-se destacar alguns
prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021,
e seu termo final, em 29/03/2021. prazos do escrivão ou do chefe da serventia: 1 dia para
remeter o processo à conclusão e 05 dias, como regra
◄ FEVEREIRO MARÇO ABRIL ►
geral, para executar atos processuais (art. 228, do CPC,
de 2015); 10 dias para responder ao juízo requerente
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb as cartas de ordem, precatória e rogatória (art. 268,
1 2 3 4 5 6 do CPC, de 2015); no Tribunal, 05 dias para certificar
7 8 9 10 11 12 13 o trânsito em julgado e baixar os autos ao juízo de ori-
gem (art. 1.006, do CPC, de 2015).
14 15 16 17 18 19 20
Avançando no estudo, tem-se a literalidade do caput
21 22 23 24 25 26 27 do art. 234, do CPC, de 2015, que revela advertência a
todos aqueles que possuem capacidade postulatória, ou
28 29 30 31 seja, advogados públicos ou privados, defensor público
e o membro do Ministério Público, que, possuem direto
Art. 232 Nos atos de comunicação por carta precató- à vista pessoal (ou carga) dos autos do processo.
ria, rogatória ou de ordem, a realização da citação ou Devem devolver o processo no prazo do ato a ser
da intimação será imediatamente informada, por meio praticado. Portanto, pense em concessão de prazo de
eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante. 5 (cinco) dias, para que a parte autora se manifeste
sobre o conteúdo de um ofício.
Trata o art. 232, do CPC, de 2015, de ato de coopera- Aquele que retirou os autos em carga deve, além
ção na jurisdição que permeia o CPC, de 2015, em que de cumprir o prazo processual, efetuar a devolução do
juízos de diferentes localidades (Juiz do Rio de Janei- processo, até a data final do prazo processual (aquele
ro x Juiz de São Paulo, por exemplo) e de diferentes de 5 dias), independentemente se a retirada do pro-
esferas do Poder Judiciário (Justiça Federal x Justiça cesso do cartório se deu com cinco, quatro, três, dois
Estadual, por exemplo) cooperam entre si, através de dias antes ou no mesmo dia do prazo final.
atos de comunicação, como carta precatória ou carta
de ordem, no âmbito da cooperação jurídica nacional. Art. 234 Os advogados públicos ou privados, o defen-
sor público e o membro do Ministério Público devem
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Os seguintes artigos tratam da verificação dos Ocorrida a infração de não devolução, pode qual-
excessos de prazos e das suas penalidades, dos ser- quer interessado (Juiz, servidores, a parte adversa,
ventuários e daqueles que possuem capacidade pos- terceiros interessados) exigir a restituição dos autos
tulatória. Essas verificações são necessárias para o fiel do processo — § 1º, do art. 234, do CPC, de 2015. Após,
cumprimento de normas fundamentais do processo o Juiz determinará a intimação do infrator para resti-
civil, como a garantia da razoável duração do proces- tuir os autos em até 3 (três) dias, sob pena de perder o
so (art. 4º, do CPC, de 2015) e a observância do modelo direito de vista fora do cartório e incorrer em multa.
de processo civil cooperativo (art. 6º, do CPC, de 2015).
O art. 6º, do CPC, de 2015, versa claramente que Art. 234 [...]
“todos os sujeitos do processo devem cooperar entre § 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de do advogado que exceder prazo legal.
mérito justa e efetiva”. Portanto, não somente advo- § 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos
gados, defensores públicos e membros do Ministério no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
Público, devem cumprir seus respectivos prazos, mas fora de cartório e incorrerá em multa correspon-
o Juiz e os auxiliares da justiça também. dente à metade do salário-mínimo. 149
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica Nesses casos, se o magistrado ultrapassar esses
prazos, não haverá a incidência da preclusão (já
Se o advogado que, devidamente intimado, não explicada acima), pois trata-se de prazos de natureza
devolver o processo no prazo de 3 (três) dias, imprópria. Porém, poderá sofrer as consequências do
não perderá o direito de vista do processo, mas art. 235, do CPC, de 2015, abaixo analisado.
sim o direito de vista fora do cartório, ou seja, A representação prevista no citado artigo se dará
o direito de fazer carga dos autos do processo. na pessoa do corregedor do respectivo tribunal ou ao
Caso contrário, haveria clara e manifesta vio- Conselho Nacional de Justiça. No procedimento, deve-
lação ao exercício do contraditório, da ampla -se garantir contraditório prévio ao Magistrado e se
defesa e do devido processo legal. não for o caso de arquivamento liminar, garantia do
contraditório pleno por 15 (quinze) dias — § 1º, do art.
Art. 234 [...] 235, do CPC, de 2015.
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à Processualmente, caso ultrapassada a possibilida-
seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para de de arquivamento liminar, cabe ao corregedor do
procedimento disciplinar e imposição de multa. respectivo tribunal ou o relator no Conselho Nacional
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério de Justiça determinar a intimação do representado,
Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia
por meio eletrônico, para que, em 10 (dez) dias, prati-
Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao
que o ato — § 2º, do art. 235, do CPC, de 2015.
agente público responsável pelo ato.
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao Se mantida a inércia do representado, os autos
órgão competente responsável pela instauração serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do rela-
de procedimento disciplinar contra o membro que tor, de acordo com as normas internas do respectivo
atuou no feito. tribunal e, no prazo de 10 (dez) dias, praticará o ato —
§ 3º, do art. 235, do CPC, de 2015.
Especificamente no caso dos advogados privados,
também será possível a aplicação de pena de suspen- Art. 235 [...]
são do exercício da advocacia, a ser aplicada pela § 1º Distribuída a representação ao órgão compe-
OAB, na forma do inciso XII, art. 34, e art. 37, ambos tente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso
dos Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei nº 8.906, de de arquivamento liminar, será instaurado proce-
1994). dimento para apuração da responsabilidade, com
A não devolução do processo no tempo devido intimação do representado por meio eletrônico
para, querendo, apresentar justificativa no prazo
implica intempestividade da petição?
de 15 (quinze) dias.
Não! A entrega/devolução dos autos do processo,
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
após o prazo previsto no caput do art. 234, do CPC, de
veis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apre-
2015, não implica em intempestividade do ato proces-
sentação ou não da justificativa de que trata o § 1º,
sual que deveria ter sido praticado, pois as sanções se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator
aqui previstas possuem caráter personalíssimo e, no Conselho Nacional de Justiça determinará a inti-
portanto, não podem exceder a pessoa do infrator, ou mação do representado por meio eletrônico para
seja, gerar prejuízo à parte ou ao Estado — preceden- que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
tes do STJ. § 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao
Exemplo hipotético: prazo fatal para protocolar substituto legal do juiz ou do relator contra o qual
recurso de apelação em 14/10/2020 Recurso protoco- se representou para decisão em 10 (dez) dias.
lado em 14/10/2020 Autos do processo devolvido ao
cartório em 20/10/2020 O recurso será tempestivo. A Constituição Federal, em seu inciso II, art. 93,
prevê que o juiz que, injustificadamente, retiver os
Art. 235 Qualquer parte, o Ministério Público ou a autos do processo (físico ou eletrônico) não será pro-
Defensoria Pública poderá representar ao correge- movido, e somente poderá devolvê-lo com o devido
dor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça
pronunciamento.
contra juiz ou relator que injustificadamente exce-
der os prazos previstos em lei, regulamento ou regi-
mento interno. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
A literalidade do caput do art. 235, do CPC, de 2015, Como decorrência do princípio do devido processo
possibilita que qualquer parte, Ministério Público ou legal, o processo se dá em contraditório, necessitando
Defensoria Pública possa representar Juiz ou Relator comunicar às partes para que possam se manifestar.
que, injustificadamente, exceder os prazos previstos Além disso, poderá ser necessária a intimação de ter-
em lei (art. 226, do CPC, de 2015, por exemplo) ou os ceiros para que compareçam ou atuem no processo,
prazos previstos em regulamento ou regimento inter- como as testemunhas e os peritos. Para que se efetive
no do respectivo tribunal. esses princípios, é necessária a comunicação dos atos
processuais.
Como regra, os atos processuais serão cumpridos
Importante! por ordem judicial. Por vezes, é necessária a prática
de ato fora dos limites territoriais da unidade onde
No caso do Magistrado, há prazos que devem o juiz atua. Se possível, poderão ser praticados por
ser observados na sua atuação, conforme esta- videoconferência ou recurso tecnológico equivalente
belecido pelo art. 226 do CPC, de 2015, como por de transmissão de áudio e imagem em tempo real (§
exemplo: despachos no prazo de 5 (cinco) dias; 3º, do art. 236, do CPC).
decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) Todavia, poderá também ser necessária a expedi-
150 dias; sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. ção das seguintes cartas (art. 237):
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) carta de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º O comparecimento espontâneo do réu ou executa-
do art. 236. É a carta expedida por órgãos judiciário do supre a falta ou nulidade de citação, bem como dá
superior para ser cumprida por órgãos inferior a ele início à fluência do prazo de defesa (§ 1º, do art. 239).
vinculado. Exemplo: o Ministro do STF expede carta Entende-se por comparecimento espontâneo quando
de ordem para que o juízo da Comarca de São Paulo o réu apresenta defesa ou constitui procurador nos
ouça uma testemunha localizada nessa cidade; autos, presumindo-se que tomou conhecimento da
b) carta rogatória, para que órgão jurisdicional pretensão do autor.
estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso peran-
te órgão jurisdicional brasileiro. Exemplo: juízo da Efeitos da Citação
Comarca de São Paulo expede uma carta rogatória
para que seja ouvida uma testemunha residente na A citação válida, ainda quando ordenada por juí-
Alemanha, pela autoridade judiciária alemã; zo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa
c) carta precatória, para que órgão jurisdicional a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o
brasileiro pratique ou determine o cumprimento, disposto nos arts. 397 e 398, do Código Civil.
na área de sua competência territorial, de ato rela-
tivo a pedido de cooperação judiciária formulado
Art. 239 Para a validade do processo é indispensá-
por órgão jurisdicional de competência territorial
vel a citação do réu ou do executado, ressalvadas
diversa. Exemplo: juízo da Comarca de São Paulo
expede carta precatória para oitiva de testemunha as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou
na Comarca de Ribeirão Preto; de improcedência liminar do pedido.
d) carta arbitral, para que órgão do Poder Judi- § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do
ciário pratique ou determine o cumprimento, na executado supre a falta ou a nulidade da citação,
área de sua competência territorial, de ato objeto fluindo a partir desta data o prazo para apresen-
de pedido de cooperação judiciária formulado por tação de contestação ou de embargos à execução.
juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação § 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se
de tutela provisória. Exemplo: juízo arbitral solici- de processo de:
ta cooperação do Judiciário a fim de oficiar órgão I - conhecimento, o réu será considerado revel;
público para obtenção de valores em instituição II - execução, o feito terá seguimento.
financeira para integrar inventário ou negociação.
Outro importante efeito decorre do despacho
Da Citação judicial que ordena a citação, capaz de interromper
o curso do prazo prescricional, sendo a interrupção
Art. 238 Citação é o ato pelo qual são convocados retroativa à data da propositura da ação (art. 240, do
o réu, o executado ou o interessado para integrar a CPC).
relação processual.
Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 Art. 240 A citação válida, ainda quando ordenada
(quarenta e cinco) dias a partir da propositura da por juízo incompetente, induz litispendência, tor-
ação. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) na litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor,
ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº
A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .
o executado ou o interessado para integrar a relação § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo des-
processual. A relação jurídica processual será, então, pacho que ordena a citação, ainda que proferido
formada pelos sujeitos parciais (autor e réu) e pelo por juízo incompetente, retroagirá à data de pro-
Estado-Juiz (sujeito imparcial). Com a citação, forma- positura da ação.
-se a relação jurídica processual: § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez)
dias, as providências necessárias para viabilizar a
citação, sob pena de não se aplicar o disposto no
Juiz § 1º.
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora
imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º apli-
ca-se à decadência e aos demais prazos extintivos
Autor Réu previstos em lei.
Art. 241 Transitada em julgado a sentença de
mérito proferida em favor do réu antes da cita-
Indispensabilidade da Citação
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 246. A citação será feita preferencial- Trata-se de citação real, pois sua validade está con-
mente por meio eletrônico, no prazo de até dicionada à entrega de correspondência à pessoa a
2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a ser citada. Pode se realizar para qualquer comarca do
determinar, por meio dos endereços eletrôni- país, exceto (art. 247):
cos indicados pelo citando no banco de dados
do Poder Judiciário, conforme regulamento do Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual
Conselho Nacional de Justiça. (Redação dada quer comarca do país, exceto:
pela Lei nº 14.195, de 2021) I - Nas ações de estado, observado o disposto no §
I - Revogado 3º do art. 695; 153
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - Quando o citando for incapaz; Veja que dentre as funções está a de realizar pes-
III - Quando o citando for pessoa de direito público; soalmente as citações. Desse fato, conclui-se que a
IV - Quando o citando residir em local não atendido citação realizada pelo oficial de justiça é uma das
pela entrega domiciliar de correspondência; modalidades de citação pessoal, já que vai ao encontro
V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de do citando, deixando-o ciente da pretensão do autor.
outra forma.
Para que o oficial de justiça cumpra essa citação, é
necessária a expedição de um mandado de citação,
A citação por correio deve observar alguns requi-
ato de comunicação que será objeto de cumprimento
sitos (caput do art. 248): cópias da petição inicial e do
pelo referido auxiliar.
despacho do juiz e comunicar o prazo para resposta, o
endereço do juízo e o respectivo cartório.
Art. 249 A citação será feita por meio de oficial de
Como já previsto pelo CPC, de 2015, cabe ressaltar
justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em
a aplicação da Súmula nº 429, do Superior Tribunal lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.
de Justiça:
Os requisitos do mandado estão no art. 250, do CPC:
Súmula n° 429 (STJ) A citação postal, quando
autorizada por lei, exige o aviso de recebimento.
Art. 250 O mandado que o oficial de justiça tiver de
cumprir conterá:
E complementa o Código de Processo Civil:
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos
domicílios ou residências;
Art. 248 Deferida a citação pelo correio, o escrivão
II - a finalidade da citação, com todas as especifi-
ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias
cações constantes da petição inicial, bem como a
da petição inicial e do despacho do juiz e comuni-
menção do prazo para contestar, sob pena de reve-
cará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório. lia, ou para embargar a execução;
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citan- III - a aplicação de sanção para o caso de descum-
do, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que primento da ordem, se houver;
assine o recibo. IV - se for o caso, a intimação do citando para com-
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a parecer, acompanhado de advogado ou de defensor
entrega do mandado a pessoa com poderes de gerên- público, à audiência de conciliação ou de media-
cia geral ou de administração ou, ainda, a funcionário ção, com a menção do dia, da hora e do lugar do
responsável pelo recebimento de correspondências. comparecimento;
§ 3º Da carta de citação no processo de conheci- V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da
mento constarão os requisitos do art. 250 . decisão que deferir tutela provisória;
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria
com controle de acesso, será válida a entrega do e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
mandado a funcionário da portaria responsável
pelo recebimento de correspondência, que, entre- A citação será por mandado quando não puder ser
tanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, realizada por correio (exceções do art. 247) ou quando
por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário frustrada a citação por correio (art. 249), assim enten-
da correspondência está ausente. dida aquela que não é recebida pelo citando ou, por
qualquer outro motivo, não se faz exitosa devido à
Condomínio edilício diz respeito aos condomínios mudança de endereço, como visto acima.
verticais e aos horizontais, ou seja, coexistem partes
comuns (de uso de todos, como ruas, recepções, ele- Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual-
vadores, áreas de lazer) e áreas exclusivas (unidades quer comarca do país, exceto:
autônomas pertencentes a cada proprietário). Já em I - nas ações de estado, observado o disposto no art.
relação aos loteamentos com controle de acesso, a lei 695, § 3º;
contempla qualquer tipo de habitação cujo ingresso II - quando o citando for incapaz;
dependa de autorização, como ocorre em portarias ou III - quando o citando for pessoa de direito público;
qualquer outro mecanismo de limitação de acesso. IV - quando o citando residir em local não atendido
pela entrega domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de
z Citação por Oficial de Justiça (por Mandado)
outra forma.
O oficial de justiça é um auxiliar do juízo, cujas
Ações de estado, referidas no inciso primeiro supra,
atribuições estão arroladas no art. 154, do CPC:
dizem respeito aos direitos da personalidade, como
alteração de nome, sexo, nacionalidade etc., cabendo
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça:
referenciar o § 3º, do art. 695, (A citação será feita na
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
pessoa do réu), que trata das ações de família. A citação
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
do incapaz, assim considerado pela lei civil (arts. 3º e 4º,
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com do Código Civil), também será realizada pessoalmente.
menção ao lugar, ao dia e à hora; A citação das pessoas jurídicas de direito público
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; (União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além
III - entregar o mandado em cartório após seu das autarquias e fundações públicas de direito públi-
cumprimento; co) não poderá ser realizada pelos correios. O inciso
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; IV diz respeito à impossibilidade fática ou material
V - efetuar avaliações, quando for o caso; da citação postal, em locais não atendidos pelo servi-
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposi- ço de correio. E o último inciso trata da manifestação
ção apresentada por qualquer das partes, na ocasião do autor pela citação de outro modo, ainda que a lei
154 de realização de ato de comunicação que lhe couber. admita a citação postal.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A lei ainda estabelece a forma de cumprimento do
mandado de citação: Importante!
Art. 251 Incumbe ao oficial de justiça procurar o
A citação preferencial por meio eletrônico não se
citando e, onde o encontrar, citá-lo: aplica às microempresas e empresas de pequeno
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; porte (§ 1º, art. 246, do CPC), assim definidas pela
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; Lei Complementar nº 123, de 2006. Essa lei define
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o que a microempresa (ME) deve ter o faturamento
citando não a apôs no mandado. de até R$ 360 mil por ano, enquanto a empresa de
pequeno porte (EPP) deve possuir como limite de
Ainda se permite a citação por oficial de justiça faturamento até R$ 4,8 milhões por ano.
em comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
que se situem na mesma região metropolitana. Con-
z Citação por Edital
tíguas são as comarcas que fazem fronteira, tanto as
vizinhas quanto as que compõem uma mesma região
Há casos em que a citação pessoal ou por carta não se
metropolitana.
consuma, mas o processo não pode tramitar sem a citação,
O oficial de justiça possui fé pública, pelo que se que é requisito de validade da relação processual. Por isso,
presume a legalidade e a veracidade de seus atos. a lei traz modalidade de citação ficta, pela qual se publica
Assim, eventual questionamento sobre o certificado edital de citação, nas hipóteses do art. 256, do CPC:
pelo Oficial de Justiça deve ser provado pela parte que
alega, já que o mencionado auxiliar possui a presun- Art. 256 A citação por edital será feita:
ção em seu favor. I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
z Citação por Meio Eletrônico em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
A citação por meio eletrônico pretende ser mais
eficiente, já que a comunicação ao citando torna-se A citação é ficta porque não se dá pessoalmente ao
facilitada, dispensando a expedição de carta ou man- citando, baseando-se em uma presunção de conheci-
dado, por exemplo. O processo em autos eletrônicos mento por ele.
Desconhecido será o réu quando não se souber
foi regulamentado pela Lei nº 11.419, de 2006, a qual
quem deverá ser citado. Incerto, quando não se sabe
previu a comunicação dos atos por meio eletrônico,
sequer se haverá réu, como ocorre em usucapião1.
assim dispondo: Local ignorado baseia-se no desconhecimento de
onde se encontra o réu. Incerto, quando não se sabe
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, o endereço, apesar do conhecimento de que ele possa
intimações e notificações, inclusive da Fazenda estar em determinado território ou localidade. Ina-
Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma cessível será quando, por fatores alheios, não se possa
desta Lei. chegar onde o réu se encontra. No caso de ser inaces-
§ 1º As citações, intimações, notificações e remes- sível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo sua citação será divulgada também pelo rádio, se na
correspondente serão consideradas vista pessoal comarca houver emissora de radiodifusão.
do interessado para todos os efeitos legais. O réu será considerado em local ignorado ou incer-
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso to se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclu-
do meio eletrônico para a realização de citação, sive mediante requisição pelo juízo de informações
intimação ou notificação, esses atos processuais sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públi-
poderão ser praticados segundo as regras ordiná- cos ou de concessionárias de serviços públicos. Aqui,
rias, digitalizando-se o documento físico, que deve- poderá haver requisição de informações a instituições
rá ser posteriormente destruído. financeiras, prestadores de serviços de energia elétri-
ca, de fornecimento de água, empresas de telefonia etc.
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o Além das hipóteses acima, a lei exige a publicação
executado ou o interessado para integrar a relação de edital nos casos do art. 259, do CPC:
processual. A intimação é o ato pelo qual se dá ciência
a alguém dos atos e dos termos do processo. Notifica- Art. 259 Serão publicados editais:
ção é o ato que dá ciência a alguém de uma intenção I - na ação de usucapião de imóvel;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
ou propósito capaz de produzir efeitos jurídicos, como II - na ação de recuperação ou substituição de título
o previsto no art. 726, do CPC. Fala-se em notificação, ao portador;
ainda, no mandado de segurança (inciso I, do art. 7º, III - em qualquer ação em que seja necessária,
por determinação legal, a provocação, para par-
da Lei nº 12.016, de 2009), à qual a jurisprudência dá
ticipação no processo, de interessados incertos ou
o mesmo efeito da citação. A remessa diz respeito ao desconhecidos.
envio de documentos (remessa dos autos).
Já o Código de Processo Civil adota a citação prefe- Usucapião é a ação destinada a promover a aquisi-
rencialmente por esse meio para as empresas públi- ção de propriedade móvel ou imóvel em virtude da pos-
cas e privadas, bem como aos entes e entidades da se prolongada e sem interrupção, durante determinado
Administração Pública Direta — União, Estados, Dis- prazo fixado em lei. A ação de recuperação ou substitui-
trito Federal e Municípios — e Indireta — autarquias, ção de título ao portador destina-se a resguardar o direi-
fundações públicas, empresas públicas e sociedades to daquele que, sendo portador de um título de crédito,
de economia mista. o tenha perdido ou teve a posse dele retirada.
1 DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2016. 155
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Há a presunção de que o réu tomou conhecimento Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de
pela publicação de edital, daí falar em citação ficta. O justiça, independentemente de novo despacho, com-
prazo para defesa inicia-se, assim, no dia útil seguinte parecerá ao domicílio ou à residência do citando a
ao fim da dilação assinada pelo juiz (inciso IV, do art. fim de realizar a diligência.
231, do CPC). Os requisitos do edital estão arrolados § 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de
no art. 257, do CPC: justiça procurará informar-se das razões da ausên-
cia, dando por feita a citação, ainda que o citando
se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub-
Art. 257 São requisitos da citação por edital:
seção judiciárias.
I - a afirmação do autor ou a certidão do ofi-
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes-
cial informando a presença das circunstâncias
mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver
autorizadoras;
sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-
II - a publicação do edital na rede mundial de com-
te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
putadores, no sítio do respectivo tribunal e na pla-
receber o mandado.
taforma de editais do Conselho Nacional de Justiça,
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
que deve ser certificada nos autos;
deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a
da publicação única ou, havendo mais de uma, da
advertência de que será nomeado curador especial
primeira;
se houver revelia.
IV - a advertência de que será nomeado curador
especial em caso de revelia.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a Para entender o conceito de domicílio, deve-se
publicação do edital seja feita também em jornal observar o que diz o Código Civil a partir do art. 70,
local de ampla circulação ou por outros meios, con- cabendo mencionar que domicílio é onde a pessoa
siderando as peculiaridades da comarca, da seção estabelece sua residência (elemento objetivo) com
ou da subseção judiciárias. ânimo definitivo (elemento subjetivo).
Na hora designada, o oficial retornará ao local a
Veja que, no inciso III, estabelece-se o prazo do edi- fim de efetuar a citação e, se o citando não estiver pre-
tal, cujo término dará início ao prazo para a defesa, na sente, o oficial de justiça procurará informar-se sobre
forma do citado inciso IV, do art. 231, do CPC. as razões da ausência, dando por feita a citação, ainda
que o citando se tenha ocultado em outra comarca,
seção ou subseção judiciárias. Comarca é a unidade
Dica judiciária da justiça estadual, enquanto seções ou sub-
O juiz nomeará curador especial ao réu revel seções são unidades judiciárias da justiça federal.
citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado. Revelia é o fato Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
processual decorrente da não apresentação de
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
defesa pelo réu. Logo, se ele for citado por edital data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
e não apresentar defesa, deve-se nomear cura- grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
dor especial, que consiste na nomeação de um tudo ciência.
defensor para que o defenda no processo. Art. 255 Nas comarcas contíguas de fácil comuni-
cação e nas que se situem na mesma região metro-
A parte que requerer a citação por edital, alegando politana, o oficial de justiça poderá efetuar, em
qualquer delas, citações, intimações, notificações,
dolosamente a ocorrência das circunstâncias autori-
penhoras e quaisquer outros atos executivos.
zadoras para sua realização, incorrerá em multa de
5 (cinco) vezes o salário mínimo (art. 258). A multa
z Citação pelo Escrivão ou Chefe de Secretaria
reverterá em benefício do citando.
Além de todas as hipóteses citadas, a citação pode-
z Citação por Hora Certa rá ser realizada pelo escrivão ou chefe de secretaria
sempre que o citando comparecer em cartório (inciso
A citação por hora certa também é realizada por III, do art. 246 do CPC).
oficial de justiça, mas baseia-se em pressupostos
diversos da citação pessoal. Decorre, na verdade, da Das Cartas
frustração da citação pessoal por suspeita de oculta-
ção do citando. A questão está bem regulamentada no Art. 236 Os atos processuais serão cumpridos por
art. 252, do CPC: ordem judicial.
§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da
justiça houver procurado o citando em seu domicí- seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo hipóteses previstas em lei.
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da § 2º O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- limites territoriais do local de sua sede.
ção, na hora que designar. § 3º Admite-se a prática de atos processuais por meio
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
loteamentos com controle de acesso, será válida a transmissão de sons e imagens em tempo real.
intimação a que se refere o caput feita a funcioná- Art. 237 Será expedida carta:
rio da portaria responsável pelo recebimento de I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do
156 correspondência. art. 236;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - rogatória, para que órgão jurisdicional estran destinatária da carta, esta assumirá caráter itineran-
geiro pratique ato de cooperação jurídica interna te, podendo ser remetida ao novo juízo que lhe dará
cional, relativo a processo em curso perante órgão cumprimento, comunicando-se ao órgão expedidos
jurisdicional brasileiro; (art. 262, do CPC).
III - precatória, para que órgão jurisdicional bra Portanto, as cartas podem possuir caráter itineran-
sileiro pratique ou determine o cumprimento, na te, isto é, tramitar por mais de um juízo. Imagine uma
área de sua competência territorial, de ato rela- carta precatória expedida de São Paulo para Campi-
tivo a pedido de cooperação judiciária formulado nas destinada à citação do réu. O juízo de Campinas
por órgão jurisdicional de competência territorial constata a mudança de endereço do réu, que passou a
diversa; residir em Belo Horizonte. Em vez de devolver a carta
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário ao juízo de origem (São Paulo), poderá remeter ao juí-
pratique ou determine o cumprimento, na área de
zo de Belo Horizonte, pelo que passará a carta a pos-
sua competência territorial, de ato objeto de pedido
suir caráter itinerante. Veja o art. 262, do CPC:
de cooperação judiciária formulado por juízo arbi-
tral, inclusive os que importem efetivação de tutela
provisória. Art. 262 A carta tem caráter itinerante, podendo,
Parágrafo único. Se o ato relativo a processo em antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimen-
curso na justiça federal ou em tribunal superior to, ser encaminhada a juízo diverso do que dela
houver de ser praticado em local onde não haja consta, a fim de se praticar o ato.
vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juiz Parágrafo único. O encaminhamento da carta a
estadual da respectiva comarca. outro juízo será imediatamente comunicado ao
órgão expedidor, que intimará as partes.
O CPC, de 2015, trata dos requisitos das cartas aci-
ma citadas: Preferencialmente, as cartas devem ser expedidas
por meio eletrônico (art. 263), além do telefone ou
Art. 260 São requisitos das cartas de ordem, preca- telegrama, na forma dos arts. 264 e 265, do CPC:
tória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumpri- Art. 264 A carta de ordem e a carta precatória por
mento do ato; meio eletrônico, por telefone ou por telegrama con-
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e terão, em resumo substancial, os requisitos mencio-
do instrumento do mandato conferido ao advogado; nados no art. 250, especialmente no que se refere à
III - a menção do ato processual que lhe constitui aferição da autenticidade.
o objeto; Art. 265 O secretário do tribunal, o escrivão ou o
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. chefe de secretaria do juízo deprecante transmiti-
§ 1º O juiz mandará trasladar para a carta quais- rá, por telefone, a carta de ordem ou a carta preca-
quer outras peças, bem como instruí-la com mapa, tória ao juízo em que houver de se cumprir o ato,
desenho ou gráfico, sempre que esses documentos
por intermédio do escrivão do primeiro ofício da
devam ser examinados, na diligência, pelas partes,
primeira vara, se houver na comarca mais de um
pelos peritos ou pelas testemunhas.
§ 2º Quando o objeto da carta for exame pericial ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos
sobre documento, este será remetido em original, requisitos, o disposto no art. 264.
ficando nos autos reprodução fotográfica. § 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo
§ 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos dia ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará
requisitos a que se refere o caput e será instruída mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao
com a convenção de arbitragem e com as provas da escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo depre-
nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. cante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-
-lhe que os confirme.
Veja que em todas as cartas temos dois tipos de juí- § 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de
zos: o de origem (aquele que expede a carta e solicita a secretaria submeterá a carta a despacho.
cooperação), e o de cumprimento do ato (destinatário Art. 266 Serão praticados de ofício os atos requisi-
da solicitação, que cumprirá o ato preestabelecido). tados por meio eletrônico e de telegrama, devendo
Por exemplo, podemos falar em juízo deprecante (que a parte depositar, contudo, na secretaria do tribu-
expede a carta) e juízo deprecado (incumbido de cum- nal ou no cartório do juízo deprecante, a importân-
prir o ato). cia correspondente às despesas que serão feitas no
juízo em que houver de praticar-se o ato.
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo
para cumprimento, atendendo à facilidade das O juiz poderá recusar-se ao cumprimento da carta
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Disposições Gerais
Quanto ao momento das tutelas de urgência,
podem ser anteriores à propositura da ação princi-
Toda ação busca a tutela de um direito material, isto
pal ou serem formuladas juntamente com a petição
é, um direito subjetivo ou fundamental, útil aos sujeitos
inicial ou durante o curso da ação. No primeiro caso,
do processo. Sabe-se que algumas questões podem cau-
fala-se em tutela antecedente.
sar grave risco à parte, caso se aguarde o provimento
Nos demais, em tutela incidental, a qual ocorre
jurisdicional. Neste sentido, a tutela provisória consti-
quando já está em curso a ação. Mas, se for formula-
tui um mecanismo processual bastante eficiente.
da concomitantemente à propositura da ação, deve a
Imagine um autor que necessite da concessão de
tutela de urgência vir formulada em tópico próprio da
um medicamento ou tratamento cuja falta o levará,
petição inicial.
rapidamente, à morte ou ao agravamento da saúde.
Imagine, ainda, um consumidor que teve seu nome
inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, mesmo a Dica
dívida estando paga ou, pior, quando sequer existiu
Admite-se a tutela de urgência antecipada recur-
contrato entre as partes. Essas duas hipóteses são
sal quando se busca antecipar o provimento
comuns no Poder Judiciário, assim como o são os pedi-
dos de tutela de urgência relativos a elas, seja para a
jurisdicional a ser concedido no recurso.
concessão liminar de um medicamento, seja para
autorizar a retirada liminar do nome de um consumi- Quando a tutela for requerida em caráter antece-
dor dos órgãos restritivos. dente, a parte deve recolhê-la no início do procedi-
A tutela provisória é o “provimento jurisdicional mento, enquanto que, se for em caráter incidental,
que visa adiantar os efeitos da decisão final no proces- dispensam-se as custas processuais (Art. 295).
so para assegurar o seu resultado prático.”2 Fala-se em
provisória, porque, evidentemente, poderá ser modifi- Art. 295 A tutela provisória requerida em caráter
cada ao longo da tramitação do processo, caso deixem incidental independe do pagamento de custas.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
2 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 418. 159
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Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória do processo. Nesse caso, “a tutela do direito corre o perigo
observará as normas referentes ao cumprimento de não poder ser realizada – daí a necessidade de satisfa-
provisório da sentença, no que couber. zer ou acautelar imediatamente o direito.”3
A tutela de urgência pode ser concedida liminar-
Como de praxe, qualificando-se como elemento mente (sem oitiva da parte contrária) ou após justi-
para a validade do pronunciamento judicial, na deci- ficação prévia, ocasião em que poderá ser designada
são que conceder, negar, modificar ou revogar a tute- audiência para esse fim. É importante destacar que a
la provisória, o juiz motivará seu convencimento de decisão liminar, embora tomada sem a oitiva da par-
modo claro e preciso (Art. 298). te adversa, estará sujeita ao contraditório diferido no
tempo ou postergado. Nesse caso, a intimação ocor-
Art. 298 Na decisão que conceder, negar, modificar rerá após a decisão tomada, ocasião em que a parte
ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu poderá se manifestar e interpor recurso.
convencimento de modo claro e preciso. A exigência de prévia garantia do juízo está disci-
plina pelo art. 300, § 1º, do CPC, que assim dispõe:
A competência para o requerimento de tutela pro-
visória se estrutura da seguinte forma: Art. 300 [...]
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
z Quando antecedente, deve ser dirigida do juízo ou conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idô-
tribunal competente para a causa/pedido principal; nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
z Quando incidental, deve ser dirigida do juízo ou a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
tribunal em que tramita a causa principal. economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
3 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O novo processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016,
160 p. 231.
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IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou pres- o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
crição da pretensão do autor. O autor também terá de indicar o valor da causa, que
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos deve levar em consideração o pedido de tutela final.
autos em que a medida tiver sido concedida, sem- Nos casos em que a urgência for contemporânea à
pre que possível. propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação
Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
em Caráter Antecedente direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do
risco ao resultado útil do processo. Nesse caso, o autor
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contempo- limita-se a formular o pedido de tutela de urgência,
rânea à propositura da ação, a petição inicial pode relatando as circunstâncias que tornam seu direito
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à provável e o motivo pelo qual a demora do processo
indicação do pedido de tutela final, com a exposição pode lhe causar grave prejuízo. Aqui, ele não elabora
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de a petição inicial por completo, devendo informar ao
dano ou do risco ao resultado útil do processo. juiz, o qual trará a totalidade das questões fáticas e
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o jurídicas em momento posterior. Assim, a tutela é for-
caput deste artigo: mulada antes de se propor a ação principal.
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a com- Imagine que houve o protesto indevido de um
plementação de sua argumentação, a juntada de título em nome do autor. Imediatamente, ele propõe
novos documentos e a confirmação do pedido de tute- a tutela antecipada para sustar (suspender) os efeitos
la final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior do protesto, informando, na petição de tutela, que for-
que o juiz fixar; mulará, posteriormente, o pedido principal de anula-
II - o réu será citado e intimado para a audiência de ção do título e eventual indenização por danos morais.
conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ; Pode, ainda, ser formulada essa tutela para submeter
III - não havendo autocomposição, o prazo para con- uma pessoa à cirurgia de urgência, garantindo, desde
testação será contado na forma do art. 335 . logo, o seu direito. Desse caso hipotético, surgem duas
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inci- possibilidades:
so I do § 1º deste artigo, o processo será extinto sem
resolução do mérito. Se concedida a tutela antecipada;
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º des-
te artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência O autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
de novas custas processuais. plementação de sua argumentação, a juntada de novos
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste documentos e a confirmação do pedido de tutela final,
artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o
deve levar em consideração o pedido de tutela final. juiz fixar, o que deverá ocorrer nos mesmos autos,
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que não sendo necessário instaurar nova relação proces-
pretende valer-se do benefício previsto no caput deste sual. Se não realizado o aditamento (complemento), o
artigo. processo será extinto, sem resolução do mérito (sem
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a con- julgamento do direito material e dos fatos discutidos
cessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional na ação); o réu será citado e intimado para a audiên-
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cin- cia de conciliação ou de mediação, na forma do art.
co) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser 334; não havendo autocomposição, o prazo para con-
extinto sem resolução de mérito. testação será contado na forma do art. 335.
A tutela antecipada refere-se à proteção do direito O órgão jurisdicional determinará a emenda da peti-
material em caráter antecipado ao provimento final. ção inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indefe-
Trata-se da proteção de um direito feito de forma adian- rida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
tada à sentença, ou seja, a tutela vem antes do provi-
mento jurisdicional definitivo, desde que preenchidos z Estabilização da tutela antecipada
os requisitos anteriormente estudados. O que se anteci-
pa é a própria tutela jurisdicional, no todo ou em parte. Um dos objetivos do CPC (2015) é a solução do
Embora assim seja, não significa que a tutela será mérito em tempo razoável, motivo pelo qual introdu-
definitiva, pois, como vimos, trata-se de uma medida ziu a possibilidade de estabilização da tutela antecipa-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
caracterizada pela provisoriedade. Tutela definitiva da, caso não haja recurso da decisão que a concedeu.
somente ocorrerá quando a cognição por exauriente, Vejamos o que diz o Código:
o que ocorre na sentença. Por cognição exauriente
entenda-se a possibilidade de o juiz aprofundar-se no Art. 304 A tutela antecipada, concedida nos termos
caso, conhecer do direito discutido e todas as contro- do art. 303, torna-se estável se da decisão que a
vérsias a ele relacionadas e, somente ao final, estar conceder não for interposto o respectivo recurso.
apto a julgar plenamente o caso.
Na tutela provisória, a cognição é perfunctória, A estabilização somente se aperfeiçoa se, nesse ínte-
superficial, baseada em elementos indicativos de que rim, o autor promover o aditamento do pedido, como
o direito do autor prevalecerá sobre o do réu. vimos. Além disso, a estabilização ocorre na hipótese de
tutela de natureza antecipada em caráter antecedente.
z Procedimento No exemplo dado anteriormente, a tutela anteci-
pada para suspender os efeitos do protesto indevido
A petição inicial da tutela antecipada requerida em se tornará consolidada em caso de inexistência de
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a recurso da parte adversa. A estabilidade reproduz um
exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e aspecto imodificável à tutela concedida. 161
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Importante observar que a tutela antecipada con- inicial no prazo de 15 dias, além do que a resposta do
servará seus efeitos enquanto não revista, reforma- réu observará o prazo de 15 dias; na tutela cautelar, o
da ou invalidada por decisão de mérito proferida na pedido principal deve ser formulado no prazo de 30
ação própria e autônoma. Sobre isso, complementa o dias, sendo que a resposta do réu deverá ser apresen-
CPC (2015) ao dispor que o direito de rever, reformar tada no prazo de 5 dias.
ou invalidar a tutela antecipada por ação autônoma
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência z Cabimento
da decisão que extinguiu o processo. Não ocorrendo
qualquer impugnação, a tutela se torna irreversível.
A tutela cautelar respeita os requisitos inerentes
A possibilidade de discutir a tutela encontra-se no art.
às tutelas de urgência. Lembre-se de que ela também
304, em alguns de seus parágrafos:
é uma espécie de tutela de urgência, ao lado das tute-
Art. 304 [...]
las antecipadas, embora tenha, como objeto, algumas
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra medidas cautelares, previstas no art. 301 do CPC.
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tute- Vejamos:
la antecipada estabilizada nos termos do caput .
[...] Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se arrolamento de bens, registro de protesto contra
após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão alienação de bem e qualquer outra medida idônea
que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. para asseguração do direito.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa
julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos
O sentido da expressão cautelar é o de resguardar,
só será afastada por decisão que a revir, reformar
ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma
proteger, conservar. Entretanto, o que se busca con-
das partes, nos termos do § 2º deste artigo. servar efetivamente? Quer-se conservar ou resguar-
dar o futuro pedido principal, ou seja, destina-se à
Veja que o Código somente tratará, como definitiva, a proteção do direito. É como se a tutela cautelar tivesse
tutela depois de decorridos dois anos da extinção do pro- a função de sustentar a efetividade do futuro pedido
cesso em que foi concedida, já que, dentro desse prazo, principal, servindo-lhe de acessório.
a parte poderá promover ação própria, buscando rever, Sobre as medidas citadas no art. 301 do CPC, ensi-
reformar ou invalidar a tutela concedida. Nesse caso, na Elpídio Donizetti (2017, passim):
deverá a parte interessada fazer prova dos fatos e funda-
mentos capazes de rechaçar a tutela. Arresto é a medida de apreensão de bens que tem
No entanto, se a parte interpor o recurso cabível por fim garantir futura execução por quantia cer-
contra a decisão que concede a tutela antecipada, não ta. [...] Por outro lado, sequestro é medida que visa
se falará em estabilização. Do mesmo modo, dentro do garantir execução para a entrega de coisa, ou seja,
prazo de dois anos, poderá a parte propor ação, visan- sua incidência é sobre bens determinados. [...] O
do rever, reformar ou invalidar a tutela. arrolamento de bens, por sua vez, tem a finalidade
de conservar bens sobre os quais incide o interesse
Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em do requerente da medida, como, por exemplo, do
Caráter Antecedente cônjuge para resguardar sua meação na partilha;
do herdeiro em relação aos bens da herança; do
z Definição sócio em relação aos bens sociais etc. [...] A medi-
da [protesto contra alienação de bens] consiste na
averbação, pelo oficial do registro de imóveis, na
A tutela cautelar vem substituir as antigas ações
matrícula do imóvel, do protesto contra a aliena-
cautelares autônomas, existentes no CPC de 1973.
ção de bens, com a finalidade de tornar pública a
Assim, as ações autônomas, antes tipificadas, podem
discordância do credor quanto á alienação de bem
ser objeto dessa tutela cautelar, caso inexista proibi-
do devedor.
ção legal.
Enquanto a tutela antecipada se dirige, precipua-
mente, à proteção tempestiva e razoável do direito Além dela, podemos citar, como exemplo, a produ-
material, a tutela cautelar tem relação, primeiramen- ção antecipada de provas:
te, com assegurar a efetividade da tutela jurisdicional.
Em outras palavras, a tutela cautelar se presta a asse- Art. 381 A produção antecipada da prova será
gurar o processo. admitida nos casos em que:
Nesse ponto, torna-se necessário diferenciar a I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
tutela antecipada antecedente da tutela cautelar, já impossível ou muito difícil a verificação de certos
que ambas são espécies de tutela de urgência, basea- fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
das nos mesmos requisitos do art. 300 do CPC. A tutela
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
antecipada antecedente possui caráter satisfativo, na
solução de conflito;
medida em que assegura o próprio direito de forma
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
antecipada. Já a tutela cautelar, como veremos melhor car ou evitar o ajuizamento de ação.
adiante, assegura o resultado útil do processo, espe- DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE
cificamente do pedido principal que será formulado INSTRUMENTO - AÇÃO REIVINDICATÓRIA PAR-
posteriormente no prazo previsto em lei. CIAL - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAU-
As tutelas cautelares não estão sujeitas à estabili- TELAR INCIDENTAL - PLEITO DE IMPOSIÇÃO, AOS
zação, o que somente ocorre com a tutela antecipada RÉUS, DE SE ABSTEREM DE REALIZAR MODIFICA-
antecedente. Do mesmo modo, os prazos dos procedi- ÇÕES OU CONSTRUÇÕES NO CURRAL CONSTANTE
mentos são diferenciados. Na tutela antecipada ante- NO IMÓVEL RURAL OBJETO DO LITÍGIO - DEFE-
162 cedente, o autor deve aditar (complementar) a petição RIMENTO PELO JUIZ - REQUISITOS DO ARTIGO
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300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - FUMUS Claramente, a prova que seria produzida na ação principal
BONI IURIS E PERICULUM IN MORA - PRESEN- será inútil, caso se aguarde o desenrolar do processo. Sur-
ÇA - DEMONSTRAÇÃO DE RISCO CONCRETO AO ge a possibilidade de uma tutela cautelar demonstrar essa
RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO - OCORRÊNCIA urgência e necessidade de antecipar a produção de uma
- RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO AGRAVADA prova relevante ao futuro processo. Daí que o CPC determi-
MANTIDA. na que o autor indique a lide e seu fundamento, expondo
- Nos termos do disposto no artigo 300 do vigente resumidamente (sumariamente) seu direito.
Código de Processo Civil, a concessão de tutela pro-
A citação do réu será para contestar a tutela caute-
visória de urgência - de natureza cautelar ou satis-
lar no prazo de cinco dias, concedida ou não eventual
fativa - requer a presença, de forma cumulativa,
dos requisitos da probabilidade do direito invocado
liminar. O réu deverá indicar as provas que preten-
pela parte requerente e da existência de perigo de de produzir e, caso não constem, incidem os efeitos
dano, caso o provimento jurisdicional reclamado da revelia, podendo ser considerados verdadeiros os
somente seja concedido em decisão final. fatos alegados pelo autor. Se contestado o pedido no
- Presentes os indispensáveis requisitos relativos prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
ao fumus boni juris e ao periculum in mora, tra-
duzidos na probabilidade do direito invocado pela Art. 306 O réu será citado para, no prazo de 5 (cin-
parte requerente e demonstração de perigo de dano co) dias, contestar o pedido e indicar as provas que
ou comprometimento da utilidade do resultado pretende produzir.
final do processo, a decisão pela qual concedida Art. 307 Não sendo contestado o pedido, os fatos
tutela provisória de urgência cautelar incidental, alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu
consistente na imposição, aos Réus, de se absterem como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro
de realizar modificações ou construções no curral de 5 (cinco) dias.
constante no imóvel rural objeto do litígio, até solu- Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo
ção final da demanda, ou ulterior decisão judicial, legal, observar-se-á o procedimento comum.
deve ser mantida.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0396.18.005374-8/002, z Pedido principal
Relator(a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda , 9ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 03/03/2020, publicação da súmula em
Ponto importante a se destacar diz respeito à
10/03/2020)
formulação do pedido principal. Pela sistemática do
Código revogado, havia necessidade de instaurar
Além disso, pode ser utilizada para a exibição de
nova relação processual, ou seja, propor a ação prin-
documentos:
cipal autônoma. Já com o CPC (2015) aboliu-se essa
exigência, determinando que:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXIBI-
ÇÃO INCIDENTAL DE DOCUMENTOS - ART. 397
Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido prin-
DO CPC - DOCUMENTOS PESSOAIS - TUTELA DE
cipal terá de ser formulado pelo autor no prazo de
URGÊNCIA - PROBABILIDADE DO DIREITO - PERI-
GO DE DANO - ART. 300 DO CPC - REQUISITOS 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
- PRESENÇA. mesmos autos em que deduzido o pedido de tute-
- O juiz pode ordenar que a parte exiba documento la cautelar, não dependendo do adiantamento de
ou coisa que se encontre em poder dela, preenchi- novas custas processuais.
dos os requisitos dos arts. 396 e ss do CPC. § 1º O pedido principal pode ser formulado conjun-
- A concessão da tutela jurisdicional provisória, tamente com o pedido de tutela cautelar.
de urgência, com natureza satisfativa ou cautelar § 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momen-
pressupõe a presença cumulativa de dois requisi- to de formulação do pedido principal.
tos: probabilidade do direito (“fumus boni iuris”) e § 3º Apresentado o pedido principal, as partes
perigo da demora (“periculum in mora”). serão intimadas para a audiência de conciliação ou
de mediação, na forma do art. 334, por seus advo-
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0003.17.002798-5/001,
Relator(a): Des.(a) Alice Birchal , 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
gados ou pessoalmente, sem necessidade de nova
16/10/2018, publicação da súmula em 23/10/2018) citação do réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para
contestação será contado na forma do art. 335.
z Procedimento
A tutela cautelar pode ser formulada conjuntamente
O procedimento da tutela cautelar está previsto
ao próprio pedido principal. Além do que poderá o autor,
desde o art. 305 ao art. 310 do CPC. Diz o art. 305, sobre
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za processual (como cercear o direito de defesa das inicial, a qual se obtém pela conclusão de qual será
partes por indeferir inadequadamente a produção de o juízo competente para processar e julgar a ação. A
uma prova) ou de natureza material, dizendo respeito competência sempre é estabelecida em lei, ao atribuir
à própria análise do mérito da ação (entende-se por que determinado órgão do Poder Judiciário seja o res-
inexistente o ato ilícito, o direito à reintegração de ponsável por processar e julgar determinada ação.
posse e o direito aos alimentos por exemplo). Veja que o CPC (2015) inova ao tratar o órgão judiciá-
O procedimento comum está regulado nos arts. rio como “juízo”, de maneira impessoal, diferente do
318 a 512 do CPC. Vejamos o art. 318: que fazia o CPC de 1973 (juiz ou tribunal).
Veja que é um requisito o fato de a petição ser ins- Art. 322 O pedido deve ser certo.
truída com os documentos necessários e indispensáveis § 1º Compreendem-se no principal os juros legais,
à prova dos fatos alegados. Claro que os documentos a correção monetária e as verbas de sucumbência,
são os existentes quando da distribuição da ação, sendo inclusive os honorários advocatícios.
possível a juntada de documentos novos, cuja existência § 2º A interpretação do pedido considerará o con-
se deu posteriormente à petição inicial. Então, se estou junto da postulação e observará o princípio da
cobrando um crédito constituído em um contrato, devo boa-fé.
apresentar desde logo o contrato; se pretendo reivindi- Art. 324 O pedido deve ser determinado.
car a propriedade de um imóvel, devo apresentar desde § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
logo a certidão de propriedade etc. I - nas ações universais, se o autor não puder indi-
viduar os bens demandados;
Art. 319 [...] II - quando não for possível determinar, desde logo,
VII - a opção do autor pela realização ou não de as consequências do ato ou do fato;
audiência de conciliação ou de mediação. III - quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser prati-
cado pelo réu.
O incentivo aos meios autocompositivos (consen-
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
suais) de resolução de conflitos fica evidente desde a
postulação inicial, devendo a parte informar se dese-
ja realizar a audiência de tentativa de conciliação ou Assim, deve-se especificar exatamente o que se pre-
mediação. Tais meios são os amigáveis, baseados no tende com a propositura da ação, como, por exemplo,
acordo entre as partes. a anulação de determinado contrato, a indenização
A Autocomposição trata da solução criada pelas em determinada quantia, a revisão de determinada
próprias partes de modo consensual. São três as espé- cláusula etc.
cies de autocomposição, as quais repercutem ainda É lícito, porém, à parte formular pedido genérico:
nos dias atuais: a desistência, pela qual há renúncia a
uma pretensão pelo seu titular; a submissão, median- z Nas ações universais, se o autor não puder indivi-
te a qual o sujeito afetado pela pretensão a reconhe- duar os bens demandados, sendo impossível deter-
ce ou, ainda, deixa de a ela oferecer resistência; e a minar quais ou quantos são os bens demandados
transação, que se baseia em uma decisão consensual (um rebanho, uma biblioteca);
mediante a qual os sujeitos manifestam concessões z Quando não for possível determinar, desde logo, as
recíprocas, reproduzindo verdadeira transação. consequências do ato ou do fato, como a extensão
As ações que tenham, por objeto, a revisão de obri- de um dano, o qual deverá ser especificado durante
gação decorrente de empréstimo, de financiamento ou a instrução ou em fase de liquidação de sentença;
de alienação de bens merecem atenção. Imagine a dis- z Quando a determinação do objeto ou do valor da
cussão de um contrato bancário com a instituição finan- condenação depender de ato que deva ser pratica-
ceira, sendo necessário ao autor, sob pena de inépcia da do pelo réu.
petição inicial, discriminar quais obrigações pretende
controverter, além de quantificar o valor incontroverso
do débito. Deverá o autor dizer quais cláusulas, especi-
ficamente, são as discutidas e, se houver, por exemplo, Importante!
pretensão para redução de juros, deve realizar o paga- O Código admite a formulação de pedido alter-
mento do valor por ele pretendido para a prestação. Essa nativo. O pedido será alternativo quando, pela
regra está no art. 330, § 2º, do CPC. natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
a prestação de mais de um modo. Exemplo: ao
z Emenda da petição inicial
comprar um produto que se verifica, posterior-
mente, avariado, poderá o autor exigir a devolu-
Caso alguns dos requisitos da petição inicial seja
ção do dinheiro ou a troca do produto por outro
descumprido, o juiz deve dar a oportunidade para
emendá-la, indicando qual vício constatou. É o que
equivalente, com abatimento do preço.
dispõe o art. 321 do CPC:
Vejamos os arts. 323 e 325:
Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Cumulação simples: o autor formula diversos Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
pedidos e pretende que todos sejam acolhidos não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
(ex.: dano moral cumulado com dano material); que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
Cumulação alternativa: formulação de dois dificultar o julgamento de mérito, determinará que
pedidos, mas sem indicação de qual prefere o o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
autor, podendo ser um ou outro (ex.: devolução a complete, indicando com precisão o que deve ser
do produto ou o valor em dinheiro); corrigido ou completado
Veremos esse artigo como consta na lei para um Não sendo possível o deferimento, aplica-se o art.
melhor entendimento : 330 do CPC:
Art. 326 É lícito formular mais de um pedido em
Art. 330 A petição inicial será indeferida quando:
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do
I - for inepta;
posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, II - a parte for manifestamente ilegítima;
alternativamente, para que o juiz acolha um deles. III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e
Cumulação sucessiva: o segundo pedido ou outro 321.
posterior depende da procedência do primeiro [...]
(ex.: investigação de paternidade e alimentos); I - Inépcia da petição inicial:
Cumulação subsidiária: trata-se de utilização
do princípio da eventualidade, na hipótese de o As hipóteses de inépcia estão elencadas no § 1º do
juízo não acolher o pedido principal, pede-se o art. 330:
acolhimento do(s) subsidiário(s) (ex.: anulação
de cláusula contratual ou, na impossibilidade, a Art. 330 [...]
redução dos juros). § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
Simples II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó-
Alternativa teses legais em que se permite o pedido genérico;
ESPÉCIES DE
CUMULAÇÃO III - da narração dos fatos não decorrer logicamen-
Sucessiva
te a conclusão;
Subsidiária IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
É possível a modificação do pedido após a proposi- z Ausência de pedido: discorrer sobre o inadimple-
tura da ação, alterando o objeto litigioso. O CPC (2015) mento de parcela de um contrato e deixar de for-
168 especifica as hipóteses: mular o pedido para seu pagamento;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Ausência de causa de pedir: formula-se pedido z Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: o
de pagamento de parcela, mas não discorre sobre art. 106 trata das hipóteses em que o advogado pos-
a existência de contrato ou de inadimplemento; tula em causa própria (o advogado pode ser parte se
z Pedido indeterminado: formula-se pedido de postular em causa própria). Nesses casos, deverá:
condenação em danos materiais sem especificar o
valor pretendido; Art. 106 [...]
z Incongruência entre causa de pedir e pedido: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o ende-
alega-se inexistência de relação jurídica por ausên- reço, seu número de inscrição na Ordem dos Advoga-
cia de qualquer contratação, mas se pede revisão dos do Brasil e o nome da sociedade de advogados da
de multa ou juros; qual participa, para o recebimento de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
z Pedidos incompatíveis: pedir a rescisão de um
contrato de locação e, ao mesmo tempo, a revisão
O art. 321 trata da determinação de emenda da
dos aluguéis vencidos;
petição inicial. Vejamos:
z A parte for manifestamente ilegítima: trata-se
de ausência de pressuposto processual subjetivo
Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
ou, para alguns, causa de carência de ação, já que
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
a legitimidade é tratada por determinada parte da
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
doutrina jurídica como condição da ação. O pro- dificultar o julgamento de mérito, determinará que
cesso baseia-se em uma relação jurídica própria o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
cujos pressupostos são distintos daqueles que a complete, indicando com precisão o que deve ser
regem a relação jurídica material. Por isso, se fala corrigido ou completado.
da existência dos pressupostos de constituição e Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
desenvolvimento válido do processo; cia, o juiz indeferirá a petição inicial.
mesmo modo, trata-se de ausência de pressuposto para a formatação da postulação inicial. Contudo, se no
processual ou, para alguns, causa de carência de aspecto substancial (quanto ao próprio direito material,
ação, já que o interesse processual é tratado por aquilo que se pretende com a ação) a postulação for fla-
determinada parte da doutrina jurídica como con- grantemente improcedente, o juiz poderá rejeitar limi-
dição da ação; narmente o pedido. É o caso de aplicação do art. 332, que
cuida da improcedência liminar do pedido:
Condição da ação compreende alguns requisitos
necessários para que o autor possa exercer valida- Art. 332 Nas causas que dispensem a fase instrutória,
mente a ação. Esses requisitos seriam, pela dicção do o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
antigo CPC (1973), a possibilidade jurídica do pedido, liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
o interesse de agir e a legitimidade. O interesse e a I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
legitimidade, ainda hoje, são necessários à postula- ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
ção. Já se o pedido for juridicamente impossível (ex.: II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
cobrar dívida de jogo), deve ser a ação julgada impro- ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
cedente, com análise do mérito. mento de recursos repetitivos; 169
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III - entendimento firmado em incidente de reso- os direitos da personalidade, que são irrenunciáveis,
lução de demandas repetitivas ou de assunção de entretanto a cessão da imagem ou da voz, para fins
competência; determinados, é completamente possível.
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça O art. 334 do CPC estabelece a necessidade de
sobre direito local. designar audiência de conciliação/mediação:
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a Art. 334 Se a petição inicial preencher os requisitos
ocorrência de decadência ou de prescrição. essenciais e não for o caso de improcedência limi-
Art. 333 (VETADO) nar do pedido, o juiz designará audiência de con-
ciliação ou de mediação com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com
Nesses casos, o autor poderá recorrer, sendo que a
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
apelação interposta possuirá efeito regressivo, sendo
possível ao juiz retratar-se no prazo de 5 (cinco) dias. Se
A audiência está incluída na fase postulatória.
houver retratação, o juiz determinará o prosseguimen- Caso não realizado o acordo, caminha-se para a con-
to do processo, com a citação do réu, e, se não houver testação do réu, ainda na fase postulatória. Poderá
retratação, determinará a citação do réu para apresen- haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à
tar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. mediação, não podendo exceder a dois meses da data
de realização da primeira sessão, desde que necessá-
Da Audiência de Conciliação ou de Mediação rias à composição das partes.
Há casos em que não se realizará essa audiência:
Conciliação e Mediação são meios autocompositi-
vos de solução de conflitos, baseados no consenso das z Se ambas as partes manifestarem, expressamente,
partes. Tratam-se de meios incentivados pelo atual desinteresse na composição consensual;
CPC (Art. 3º), os quais ocorrem somente nos casos em z Quando não se admitir a autocomposição.
que o direito ou interesse discutido for disponível,
como a propriedade, posse, direito de crédito, obriga-
ções etc. Já em matéria de direito indisponível é dis- Importante!
pensável a audiência, como nos casos envolvendo a
capacidade das pessoas naturais. Para que a audiência não seja realizada por
Os conflitos de interesses/direitos também podem desinteresse das partes, é necessário que
ser classificados segundo o grau de disponibilidade. ambas se manifestem nesse sentido. O autor na
Quando disponíveis, referem-se aos de natureza não inicial e, o réu, nos autos. Se houver mais de um
penal, principalmente os de natureza estritamente sujeito como autor ou réu, o desinteresse deve
patrimonial. Nesses se admite qualquer tipo de tran- ser manifestado por todos.
sação e acordo, haja vista sua ampla disponibilidade.
Já os interesses/direitos indisponíveis referem-se,
como regra, aos casos em que não se admite a transação. O CPC (2015) entende que o não comparecimento
São direitos irrenunciáveis, portanto, indisponíveis, injustificado do autor ou do réu à audiência de con-
como os relacionados à personalidade do sujeito. Tam- ciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
bém se referem aos relacionados ao estado e à capaci- justiça, prevendo multa de até 2% da vantagem eco-
dade das pessoas, sendo, portanto, irrenunciáveis. nômica pretendida ou do valor da causa, revertida
Há, contudo, casos recentes que fogem à regra aci- em favor da União (se justiça federal) ou do Estado (se
ma exposta. Um deles diz respeito à Lei nº 13.140/2015, justiça estadual).
que trata da autocomposição com órgão da Adminis- Nessa audiência de conciliação/mediação, a parte
tração Pública. O Superior Tribunal de Justiça admitiu, poderá constituir representante, por meio de procura-
em 2006, a transação em matéria de direitos difusos ção específica, com poderes para negociar e transigir.
que seriam, a princípio, indisponíveis: Se realizado o acordo, a autocomposição obtida será
reduzida a termo (transcrito em ata) e homologada
PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR
por sentença.
DANO AMBIENTAL – AJUSTAMENTO DE CON-
DUTA – TRANSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
POSSIBILIDADE. 1. A regra geral é de não serem Atividades do Conciliador e do Mediador
passíveis de transação os direitos difusos. 2. Quan-
do se tratar de direitos difusos que importem obri- Esses auxiliares da justiça possuem funções impor-
gação de fazer ou não fazer deve-se dar tratamento tantes e bem definidas em lei, a saber:
distinto, possibilitando dar à controvérsia a melhor
solução na composição do dano, quando impossível
o retorno ao status quo ante. 3. A admissibilidade Art. 165 [...]
de transação de direitos difusos é exceção à regra. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmen-
4. Recurso especial improvido. te nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o lití-
(BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 299.400 gio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
– RJ. Segunda Turma. Recorrente: Ministério Público do Estado constrangimento ou intimidação para que as par-
do Rio de Janeiro. Recorridos: Município de Volta Redonda, Banco
tes conciliem.
Bamerindus do Brasil S/A., Companhia Siderúrgica Nacional. Relator:
Ministro Francisco Peçanha Martins. Relatora para acórdão: Ministra § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos
Eliana Calmon. Brasília, 01 de junho de 2006) casos em que houver vínculo anterior entre as par-
tes, auxiliará aos interessados a compreender as
O que precisa ser destacado é que, muitas vezes, questões e os interesses em conflito, de modo que
não ocorre a mera transação sobre a essência desses eles possam, pelo restabelecimento da comunica-
direitos indisponíveis, mas, sim, sobre as vantagens ção, identificar, por si próprios, soluções consen-
170 ou questões a eles conexas. Observemos, por exemplo, suais que gerem benefícios mútuos.
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Da Contestação Concentração da Defesa e Ônus da Impugnação
Específica dos Fatos
z Conceito
Toda a defesa possível ao réu deve ser alegada na
A resposta do réu representa a garantia e o poder contestação, sob pena de preclusão. A preclusão pode
de se opor à ação e seus pedidos. É exercida para que ser definida como “a perda de uma situação jurídica
a tutela ao direito do autor seja negada e para que a ativa processual, seja a perda de poder processual das
esfera jurídica do demandado não seja indevidamente partes, seja a perda de um poder do juiz” (DIDIER JR.,
atingida. O processo acontece mediante contraditório, 2016, p. 425). Considerando que o processo se desen-
pelo que deve se oportunizar à parte requerida a apre- volve progressivamente, isto é, para frente, visando
sentação de resposta, efetiva resistência à pretensão do um fim, que é o provimento jurisdicional, a preclusão
autor, evitando que sua esfera jurídica seja atingida. A funciona como um meio de manter essa marcha.
principal defesa do réu é a contestação, regulamenta- Assim é que o CPC (2015) estabelece que incum-
da a partir do art. 335 do CPC. Vejamos: be ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de
defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
impugna o pedido do autor e especificando as provas
Art. 335 O réu poderá oferecer contestação, por
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
que pretende produzir, conforme o art. 336.
inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou Art. 336 Incumbe ao réu alegar, na contestação,
toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
da última sessão de conciliação, quando qualquer
e de direito com que impugna o pedido do autor e
parte não comparecer ou, comparecendo, não hou-
especificando as provas que pretende produzir.
ver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência de conciliação ou de mediação apresen- Se o réu não se atentar a essa regra, a consequên-
tado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. cia será a preclusão e a presunção de veracidade das
334, § 4º, inciso I; questões de fato não impugnadas. Se o autor discor-
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo re sobre um fato (culpa no acidente de trânsito por
como foi feita a citação, nos demais casos. exemplo) e o réu não o questiona, não apresenta dis-
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a cordância, presume-se verdadeira a alegação. Entre-
hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto tanto, ainda pode haver uma saída quanto a questões:
no inciso II será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de cancela- z Relativas a direito ou ao fato superveniente, isto é,
mento da audiência. surgidos após a contestação;
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, z Que o juiz puder conhecer de ofício, sempre asse-
inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor gurado o contraditório;
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, z Que, por expressa autorização legal, puderem
o prazo para resposta correrá da data de intimação ser formuladas em qualquer tempo e grau de
da decisão que homologar a desistência. jurisdição.
Existem, ainda, outras atitudes que o réu pode Justamente por isso é que o réu deve se atentar às
tomar na ação, como a reconvenção, o reconhecimen- alegações de fato formuladas pelo autor, pois o Código
to jurídico do pedido formulado pelo autor. Caso não estabelece grave prejuízo para as questões não impug-
adote quaisquer das atitudes e, principalmente, não nadas especificamente pelo demandado, a saber, a
apresente defesa, incorrerá na revelia. Esses institu- presunção de veracidade das alegações não impugna-
tos serão tratados adiante. das. Essa consequência não ocorre se:
ção, ou da última sessão de conciliação, quando z Estiverem em contradição com a defesa, conside-
qualquer parte não comparecer ou, comparecen- rada em seu conjunto (se, ainda que indiretamen-
do, não houver autocomposição; te, o réu se manifestar contrário à pretensão do
z A data do protocolo do pedido de cancelamento autor, trazendo fatos e alegações que tornam pos-
da audiência de conciliação ou de mediação, apre- sível concluir pela discordância de um fato especí-
sentado pelo réu quando ocorrer a hipótese do art. fico não impugnado).
334, § 4º, inciso I;
z A data prevista no art. 231, de acordo com o modo
como foi feita a citação nos demais casos. Importante!
O ônus da impugnação especificada dos fatos
O Ministério Público e a Advocacia Pública terão não se aplica ao defensor público, ao advogado
prazo em dobro, conforme o art. 180 e o art. 183 do CPC. dativo e ao curador especial, sendo-lhes possí-
vel oferecer contestação por negativa geral.
171
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Espécies de Defesa A arbitragem se desenvolve, portanto, em ambien-
te diverso do Poder Judiciário, existindo somente
As defesas possíveis ao réu podem ser proces- com a anuência das partes envolvidas no conflito,
suais ou de mérito. Processuais quando houver incluindo a própria escolha do árbitro ou órgão arbi-
questões preliminares a serem arguidas, as quais, em tral. Outra característica marcante se refere à decisão
regra, impedirão a análise de mérito. As defesas de arbitral, que se reveste de definitividade em relação
mérito dizem respeito ao próprio direito material às partes, podendo ser revista pelo Judiciário somente
controvertido. em caso de nulidade. Contudo, na arbitragem, não é
São defesas processuais as arroladas no art. 337 do permitida a utilização de técnicas expropriatórias de
CPC. Vejamos: bens do devedor, razão pela qual, caso não cumprida
voluntariamente a obrigação fixada na sentença arbi-
Art. 337 Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, tral, poderá o interessado executá-la judicialmente, se
alegar: valendo, nesse caso, de todos os meios adequados à
I - inexistência ou nulidade da citação; satisfação de seu crédito.
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa; z Impróprias ou Dilatórias: não extinguem a ação,
IV - inépcia da petição inicial; apenas retardam a tramitação do processo para
V - perempção; regularização do vício processual sanável, como
VI - litispendência; é o caso das alegações de incompetência (quan-
VII - coisa julgada; do se propõe a ação perante juízo incompetente),
VIII - conexão; da incorreção do valor da causa (quando o valor
IX - incapacidade da parte, defeito de representação atribuído à causa destoa do proveito econômico
ou falta de autorização; pretendido na ação), da nulidade de citação (vício
X - convenção de arbitragem; no ato citatório, por inobservância dos requisitos
XI - ausência de legitimidade ou de interesse legais) por exemplo.
processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei Interessa notar que, na segunda hipótese, admi-
exige como preliminar; te-se a correção do vício, mas, em alguns casos, se o
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade vício não for sanado, poderá a ação ser extinta.
de justiça. Já as defesas de mérito podem ser:
As defesas processuais podem ser de duas espécies: z Diretas: quando atacam a própria pretensão do
autor, o fundamento central de seu pedido, negan-
z Próprias ou Peremptórias: essas dão causa à do a existência dos fatos narrados na inicial. Ex.:
extinção da ação sem resolução do mérito, como, inexistência de ato ilícito; inexistência de nulidade
por exemplo, a inépcia da petição inicial (hipóteses contratual;
do Art. 330, § 1º, tratadas anteriormente), a exis- z Indiretas: quando o réu opõe fatos impeditivos,
tência de litispendência, a coisa julgada e a con- modificativos ou extintivos do direito do Autor.
venção de arbitragem. Exemplos:
O CPC (2015) conceitua os termos aqui citados nos Impeditivo: vício do consentimento (induzi-
parágrafos do art. 337: mento do contratante em erro, dando causa à
anulação do contrato);
Art. 337 [...] Modificativo: cessão de crédito (transferência do
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada crédito a terceiros, modificando a parte legítima
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. da ação), novação (repactuação de uma dívida);
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as Extintivo: pagamento, prescrição, remissão
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo (perdão da dívida), compensação (quando
pedido. ambas as partes são, reciprocamente, credoras
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que de devedoras de créditos da mesma natureza e
está em curso. valor, podendo ser compensados).
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
foi decidida por decisão transitada em julgado. Própria ou
peremptória
A arbitragem se trata de meio heterocompositivo Processual
Imprópria ou
não estatal, regulada pela Lei nº 9.307/1996, recente- dilatória
ESPÉCIES DE
mente alterada pela Lei nº 13.129/2015. Na arbitragem,
DEFESA
as partes manifestam interesse mútuo de participar e Direta
deverão acatar a decisão do juízo arbitral, a qual, para
De Mérito
ter efeitos jurídicos, não necessita de homologação
Indireta
judicial. Somente pode versar sobre conflitos relativos
a direitos patrimoniais disponíveis.
Conforme o art. 3º, da Lei nº 9.307/96: Art. 338 Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invo-
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a cado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a
solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante alteração da petição inicial para substituição do réu.
convenção de arbitragem, assim entendida a cláu- Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor
172 sula compromissória e o compromisso arbitral. reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
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procurador do réu excluído, que serão fixados entre § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intima-
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo do, na pessoa de seu advogado, para apresentar
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º . resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 339 Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa
ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
de arcar com as despesas processuais e de indeni- § 3º A reconvenção pode ser proposta contra o
zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de autor e terceiro.
indicação. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no litisconsórcio com terceiro.
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição § 5º Se o autor for substituto processual, o recon-
inicial para a substituição do réu, observando-se, vinte deverá afirmar ser titular de direito em face
ainda, o parágrafo único do art. 338 . do substituído, e a reconvenção deverá ser propos-
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar ta em face do autor, também na qualidade de subs-
por alterar a petição inicial para incluir, como litis- tituto processual.
consorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. § 6º O réu pode propor reconvenção independente-
Art. 340 Havendo alegação de incompetência rela- mente de oferecer contestação.
tiva ou absoluta, a contestação poderá ser proto-
colada no foro de domicílio do réu, fato que será Atualmente, a reconvenção é deduzida na própria
imediatamente comunicado ao juiz da causa, prefe- contestação e não em peça apartada. Da reconvenção,
rencialmente por meio eletrônico. será intimado o autor, na pessoa de seu advogado,
§ 1º A contestação será submetida a livre distri- para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
buição ou, se o réu houver sido citado por meio de A reconvenção é vista como defesa autônoma de
carta precatória, juntada aos autos dessa carta, modo que a desistência da ação ou a ocorrência de
seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
causa. não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado reconvenção. Ainda, o réu pode propor reconvenção
pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a con- independentemente de oferecer contestação.
testação ou a carta precatória será considerado
prevento. Da Revelia
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput
, será suspensa a realização da audiência de conci- z Conceito
liação ou de mediação, se tiver sido designada.
§ 4º Definida a competência, o juízo competente
Revelia é um ato-fato processual, a qual decorre da
designará nova data para a audiência de concilia-
não apresentação de defesa ou apresentação intem-
ção ou de mediação.
pestiva da contestação. Diz-se ato-fato porque seus
Art. 341 Incumbe também ao réu manifestar-se
efeitos decorrem da inação do sujeito no processo,
precisamente sobre as alegações de fato constan-
tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as
mas repercute na ordem jurídico-processual.
não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; Art. 344 Se o réu não contestar a ação, será consi-
II - a petição inicial não estiver acompanhada de ins- derado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alega-
trumento que a lei considerar da substância do ato; ções de fato formuladas pelo autor.
III - estiverem em contradição com a defesa, consi-
derada em seu conjunto. Se o autor propõe ação de indenização, alegando a
Parágrafo único. O ônus da impugnação especifica- ocorrência de ato ilícito, a ausência de defesa conduz
da dos fatos não se aplica ao defensor público, ao à presunção de veracidade desse fato. Explicaremos
advogado dativo e ao curador especial. os efeitos logo adiante.
Art. 342 Depois da contestação, só é lícito ao réu
deduzir novas alegações quando: Efeitos da Revelia
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; A revelia produz algumas consequências proces-
III - por expressa autorização legal, puderem ser suais consistentes em certos efeitos jurídicos danosos
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. ao réu, como a presunção de veracidade das alegações
de fato formuladas pelo autor (efeito material). Além
Da Reconvenção dessas, há, ainda, efeitos processuais, como a fluência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
temunhas arroladas pelo autor, e depois, as testemu- Os memoriais raramente são apresentados em
nhas arroladas pelo réu. audiência, sendo que o juiz remete ao § 2º do art 364, o
Em algumas situações, a audiência poderá ser qual admite a apresentação de memoriais (as alegações
adiada, vejamos: finais) por escrito, quando a causa apresentar questões
complexas de fato ou de direito, prazos sucessivos de
Art. 362 A audiência poderá ser adiada: 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.
I - por convenção das partes; No entanto, em algumas situações, necessitará de
II - se não puder comparecer, por motivo justifica- realização de audiência de continuação, quando hou-
do, qualquer pessoa que dela deva necessariamente ver ausência de perito ou de testemunha, desde que
participar; haja concordância das partes (art. 365, do CPC).
III - por atraso injustificado de seu início em tempo
superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado. Art. 365 A audiência é una e contínua, podendo ser
§ 1º O impedimento deverá ser comprovado até a excepcional e justificadamente cindida na ausência
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz proce- de perito ou de testemunha, desde que haja concor-
derá à instrução. dância das partes. 177
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Parágrafo único. Diante da impossibilidade de rea- Com a prova, busca-se apontar ao juiz a veracida-
lização da instrução, do debate e do julgamento de de um fato, o qual dará subsídio para o julgador
no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimen- formar seu convencimento. A prova destina-se ao pro-
to para a data mais próxima possível, em pauta cesso como um todo, às partes e, também, ao juiz, pois
preferencial. ele é o sujeito (imparcial) que deve ser convencido
Art. 366 Encerrado o debate ou oferecidas as razões pela veracidade das alegações. É o que se percebe no
finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no texto do art. 371 do CPC.
prazo de 30 (trinta) dias. A questão da verdade é importante quando se
Art. 367 O servidor lavrará, sob ditado do juiz, pensa em provas, pois, como vimos, a prova busca
termo que conterá, em resumo, o ocorrido na demonstrar a verdade de um fato alegado. Tradicio-
audiência, bem como, por extenso, os despachos, as nalmente, parte da literatura jurídica diferencia a
decisões e a sentença, se proferida no ato. verdade em real e formal. A verdade real pode ser
§ 1º Quando o termo não for registrado em entendida como aquela que demonstra os fatos tais
meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, como ocorreram na realidade, o que pode ser trazido
que serão encadernadas em volume próprio. por depoimentos de testemunhas, perícias, documen-
§ 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, tos, filmagens etc. Já a verdade formal é a denomina-
o membro do Ministério Público e o escrivão da verdade constante dos autos, de modo que não será
ou chefe de secretaria, dispensadas as par-
real aquilo que não estiver efetivamente comprovado,
tes, exceto quando houver ato de disposição
por isso a máxima “o que não está nos autos, não está
para cuja prática os advogados não tenham
no mundo”. Essa expressão diz respeito ao ônus da
poderes.
prova, que trataremos adiante. Assim, imagine que o
§ 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasla-
dará para os autos cópia autêntica do termo
réu alegue ter adimplido uma dívida, deixando de tra-
de audiência. zer aos autos o comprovante de pagamento. Por mais
§ 4º Tratando-se de autos eletrônicos, obser- que seja verdadeira a sua afirmação, somente será
var-se-á o disposto neste Código, em legis- assim considerada se provada.
lação específica e nas normas internas dos
tribunais. Conceito
A audiência poderá ser gravada por qualquer das Prova é o meio pelo qual as partes comprovarão
partes — mediante gravação áudio visual —, indepen- suas alegações. As provas relacionam-se às questões
dentemente do consentimento do juiz. de fato, pois são essas que devem ser comprovadas
Todavia, tal situação gerou algumas críticas, de pelas partes. Diz-se que a prova busca trazer a verda-
modo que alguns juristas passaram a entender que de sobre o fato controvertido.
como o processo é público, a parte possui o direito de
gravar.
Por outro lado, há quem defenda que a gravação Importante!
expõe tanto o magistrado como os auxiliares da justi- Excepcionalmente, exige-se a prova do Direito,
ça, e como possui termo/ata da audiência para regis- conforme estabelece o art. 376 do CPC: Art. 376
tro de eventos ocorridos em audiência, não haveria A parte que alegar direito municipal, estadual,
necessidade da gravação. estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o
Dessa forma, dispõe os §§ 5º e 6º, art. 367, do CPC. teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
ção do processo, o juiz poderá determinar seu depó- mental é tudo que representa um fato idôneo que
sito em cartório ou secretaria. possa ser reproduzido em juízo cujo objetivo é a fixa-
Art. 426 O juiz apreciará fundamentadamente a fé ção ou retratação material de um acontecimento. No
que deva merecer o documento, quando em pon- processo civil é a prova mais forte, porém, pode ser
to substancial e sem ressalva contiver entrelinha,
afastada pela prova testemunhal e pericial produzi-
emenda, borrão ou cancelamento.
Art. 427 Cessa a fé do documento público ou parti- das nos autos. Vejamos os dispositivos do Código Civil
cular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. referentes à prova documental:
Parágrafo único. A falsidade consiste em: De acordo com o art. 434 e seu parágrafo único,
I - formar documento não verdadeiro; , incumbe à parte instruir a petição inicial ou a con-
II - alterar documento verdadeiro. testação com os documentos destinados a provar suas
Art. 428 Cessa a fé do documento particular alegações. Quando o documento consistir em repro-
quando:
dução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não
se comprovar sua veracidade; trazê-lo nos termos do caput , mas sua exposição será
II - assinado em branco, for impugnado seu conteú- realizada em audiência, intimando-se previamente as
do, por preenchimento abusivo. partes. 183
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 435 É lícito às partes, em qualquer tempo, Da Prova Testemunhal
juntar aos autos documentos novos, quando desti-
nados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos A prova testemunhal é sempre admissível, não dis-
articulados ou para contrapô-los aos que foram pondo a lei de modo diverso (art. 442).
produzidos nos autos. A prova testemunhal será obtida pela inquirição
Parágrafo único. Admite-se também a juntada do juiz às testemunhas, ou seja, pessoas diversas das
posterior de documentos formados após a petição partes no processo.
inicial ou a contestação, bem como dos que se tor- Dispensa-se a prova testemunhal sobre fatos já
naram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após provados por documento ou confissão da parte, bem
esses atos, cabendo à parte que os produzir com- como os que somente por documento ou por exame
provar o motivo que a impediu de juntá-los ante- pericial puderem ser provados (art. 443).
riormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º .
Art. 443 O juiz indeferirá a inquirição de testemu-
nhas sobre fatos:
A parte, intimada a falar sobre documento cons- I - já provados por documento ou confissão da parte;
tante dos autos, poderá (art. 436): II - que só por documento ou por exame pericial
puderem ser provados.
I - impugnar a admissibilidade da prova Art. 444 Nos casos em que a lei exigir prova escrita da
documental; obrigação, é admissível a prova testemunhal quando
II - impugnar sua autenticidade; houver começo de prova por escrito, emanado da par-
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração te contra a qual se pretende produzir a prova.
do incidente de arguição de falsidade; Art. 445 Também se admite a prova testemunhal
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo. quando o credor não pode ou não podia, moral ou
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, materialmente, obter a prova escrita da obrigação,
a impugnação deverá basear-se em argumentação em casos como o de parentesco, de depósito necessá-
específica, não se admitindo alegação genérica de rio ou de hospedagem em hotel ou em razão das prá-
falsidade. ticas comerciais do local onde contraída a obrigação.
Art. 437 O réu manifestar-se-á na contestação Art. 446 É lícito à parte provar com testemunhas:
sobre os documentos anexados à inicial, e o autor I - nos contratos simulados, a divergência entre a
manifestar-se-á na réplica sobre os documentos vontade real e a vontade declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
anexados à contestação.
Art. 447 Podem depor como testemunhas todas as
§ 1º Sempre que uma das partes requerer a jun-
pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
tada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
respeito, a outra parte, que disporá do prazo de 15
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamen-
(quinze) dias para adotar qualquer das posturas
to mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não
indicadas no art. 436 . podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor,
§ 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar não está habilitado a transmitir as percepções;
o prazo para manifestação sobre a prova documen- III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
tal produzida, levando em consideração a quanti- IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato de-
dade e a complexidade da documentação. pender dos sentidos que lhes faltam.
Art. 438 O juiz requisitará às repartições públi- § 2º impedidos são:
cas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição: I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descen-
I - as certidões necessárias à prova das alegações dente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro
das partes; grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou
II - os procedimentos administrativos nas causas afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tra-
em que forem interessados a União, os Estados, tando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se
o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da puder obter de outro modo a prova que o juiz repute
administração indireta. necessária ao julgamento do mérito;
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no II - o que é parte na causa;
prazo máximo e improrrogável de 1 (um) mês, cer- III - o que intervém em nome de uma parte, como
tidões ou reproduções fotográficas das peças que o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o
indicar e das que forem indicadas pelas partes, e, em juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham
seguida, devolverá os autos à repartição de origem. assistido as partes.
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos
os documentos em meio eletrônico, conforme dis- E os suspeitos:
posto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se
trata de extrato fiel do que consta em seu banco de Art. 447 [...]
dados ou no documento digitalizado. I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
Dos Documentos Eletrônicos
A testemunha pode se escusar de depor? Sobre
Art. 439 A utilização de documentos eletrônicos no isso, prevê o art. 448 que:
processo convencional dependerá de sua conversão
à forma impressa e da verificação de sua autentici- Art. 448 A testemunha não é obrigada a depor
dade, na forma da lei. sobre fatos:
Art. 440 O juiz apreciará o valor probante do docu- I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
mento eletrônico não convertido, assegurado às cônjuge ou companheiro e aos seus parentes con-
partes o acesso ao seu teor. sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
Art. 441 Serão admitidos documentos eletrônicos o terceiro grau;
produzidos e conservados com a observância da II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
184 legislação específica. guardar sigilo.
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Onde devem ser ouvidas? Salvo disposição espe- VII - os governadores dos Estados e do Distrito
cial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas Federal;
na sede do juízo (art. 449). VIII - o prefeito;
Em qual ato processual serão ouvidas as testemu- IX - os deputados estaduais e distritais;
nhas? As testemunhas depõem, na audiência de ins- X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça,
trução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais
as que prestam depoimento antecipadamente e as que
Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
são inquiridas por carta.
dos Estados e do Distrito Federal;
Quanto a produção de prova testemunhal, nos ter- XI - o procurador-geral de justiça;
mos do art. 450, o rol de testemunhas conterá, sempre XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado,
que possível, o nome, a profissão, o estado civil, a ida- concede idêntica prerrogativa a agente diplomático
de, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físi- do Brasil.
cas, o número de registro de identidade e o endereço § 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia,
completo da residência e do local de trabalho. hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe
Vejamos algumas complementações do CPC: cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
parte que a arrolou como testemunha.
Art. 451 Depois de apresentado o rol de que tratam § 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da auto-
os §§ 4º e 5º do art. 357 , a parte só pode substituir ridade, o juiz designará dia, hora e local para o
a testemunha: depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
I - que falecer; § 3º O juiz também designará dia, hora e local para
II - que, por enfermidade, não estiver em condições o depoimento, quando a autoridade não compare-
de depor; cer, injustificadamente, à sessão agendada para a
III - que, tendo mudado de residência ou de local de colheita de seu testemunho no dia, hora e local por
trabalho, não for encontrada. ela mesma indicados.
O juiz da causa não poderá ser testemunha em Uma inovação trazida pelo CPC (2015) foi a de que
processo, segundo as hipóteses elencadas no art. 452, o advogado da parte deve intimar a testemunha da
do CPC. audiência. Vejamos o que dispõe o art. 455:
Art. 452 Quando for arrolado como testemunha, o Art. 455 Cabe ao advogado da parte informar ou
juiz da causa: intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de hora e do local da audiência designada, dispensan-
fatos que possam influir na decisão, caso em que do-se a intimação do juízo.
será vedado à parte que o incluiu no rol desistir de § 1º A intimação deverá ser realizada por carta
seu depoimento; com aviso de recebimento, cumprindo ao advo-
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. gado juntar aos autos, com antecedência de pelo
Art. 453 As testemunhas depõem, na audiência de menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da
instrução e julgamento, perante o juiz da causa, correspondência de intimação e do comprovante de
exceto: recebimento.
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
II - as que são inquiridas por carta. O juiz inquirirá as testemunhas separada e suces-
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, sivamente, primeiro as do autor e, depois, as do réu e
seção ou subseção judiciária diversa daquela onde providenciará para que umas não ouçam o depoimen-
tramita o processo poderá ser realizada por meio to das outras (art. 456). É lícito à parte contraditar a
de videoconferência ou outro recurso tecnológico testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedi-
de transmissão e recepção de sons e imagens em mento ou a suspeição, bem como, caso a testemunha
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante negue os fatos que lhe são imputados, provar a con-
a audiência de instrução e julgamento. tradita com documentos ou com testemunhas, até 3
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a (três), apresentadas no ato e inquiridas em separado
transmissão e recepção de sons e imagens a que se (art. 457).
refere o § 1º. Ainda, de acordo com os dispositivos pertinentes
previsto do CPC, vejamos:
São inquiridos em sua residência ou onde exercem
sua função( art. 454): Art. 458 Ao início da inquirição, a testemunha pres-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
designação, bem como emitir opiniões pessoais que repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer
excedam o exame técnico ou científico do objeto da ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do
perícia. documento lance em folha de papel, por cópia ou sob
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios Art. 479 O juiz apreciará a prova pericial de acordo
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informa- com o disposto no art. 371 , indicando na sentença
ções, solicitando documentos que estejam em poder os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem de considerar as conclusões do laudo, levando em
como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, conta o método utilizado pelo perito.
desenhos, fotografias ou outros elementos necessários Art. 480 O juiz determinará, de ofício ou a requeri-
ao esclarecimento do objeto da perícia. mento da parte, a realização de nova perícia quando a
matéria não estiver suficientemente esclarecida.
A valoração da prova pericial ocorrerá na senten- § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
ça, momento em que o juiz apreciará a prova de acor- fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a
do com o disposto no art. 371, indicando os motivos corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resul-
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar tados a que esta conduziu. 187
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§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições uma ação de indenização em que o autor busca com-
estabelecidas para a primeira. provar a ocorrência de ato ilícito e, sobre a condena-
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, ção do réu, a obrigação de indenizar. Trata-se de uma
cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. ação de conhecimento, a qual será resolvida median-
te sentença. Já na execução, a sentença coloca fim ao
Da Inspeção Judicial processo em virtude de alguma causa extintiva da
obrigação, como as arroladas no art. 924 do CPC.
A inspeção judicial é o exame realizado diretamen- A sentença é o ato que caracteriza a fase decisória,
te pelo juiz em pessoas ou coisas, a fim de esclarecer na qual se resolve o litígio.
os fatos, podendo, se necessário, servir-se do auxílio
de peritos.
Conceito
Art. 481 O juiz, de ofício ou a requerimento da par-
Sentença é o pronunciamento por meio do qual o
te, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
que interesse à decisão da causa. fase cognitiva do procedimento comum, bem como
Art. 482 Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser extingue a execução. A sentença é o provimento juris-
assistido por um ou mais peritos. dicional pelo qual o juiz promove a solução do conflito
Art. 483 O juiz irá ao local onde se encontre a pes- e a tutela do direito material, objeto da ação.
soa ou a coisa quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou Espécies de sentença
interpretação dos fatos que deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem
consideráveis despesas ou graves dificuldades;
As sentenças podem ser terminativas (quando não
III - determinar a reconstituição dos fatos. resolvem o mérito) ou definitivas (quando resolvem
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a o mérito).
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que considerem de interesse
para a causa. Terminativa
Art. 484 Concluída a diligência, o juiz mandará SENTENÇA
lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
tudo quanto for útil ao julgamento da causa. Definitiva
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com
desenho, gráfico ou fotografia.
São terminativas as sentenças cujo fundamento
Da Sentença e da Coisa Julgada está arrolado no art. 485 do CPC:
Os pronunciamentos judiciais são atos processuais Art. 485 O juiz não resolverá o mérito quando:
praticados pelo juiz, os quais consistem na apreciação I - indeferir a petição inicial;
de alguma questão (de fato ou de direito), além de II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
terem, como objetivo, o mero andamento do proces- ano por negligência das partes;
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição, III - por não promover os atos e as diligências que
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais
determinando os atos subsequentes do procedimento. de 30 (trinta) dias;
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun- IV - verificar a ausência de pressupostos de constitui-
ciamentos judiciais: ção e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litis-
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão pendência ou de coisa julgada;
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. VI - verificar ausência de legitimidade ou de interes-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- se processual;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento VII - acolher a alegação de existência de convenção
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhe-
cer sua competência;
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
VIII - homologar a desistência da ação;
comum, bem como extingue a execução.
IX - em caso de morte da parte, a ação for conside-
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento
rada intransmissível por disposição legal; e
judicial de natureza decisória que não se enquadre
X - nos demais casos prescritos neste Código.
no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a Veja-se que, em tais casos, o juiz não promove a
requerimento da parte. tutela do direito material, por isso se fala que a senten-
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- ça tem natureza meramente processual, pois encontra
da e a vista obrigatória, independem de despacho, óbice na admissibilidade da ação. Normalmente, as
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e causas relacionam-se aos pressupostos processuais.
revistos pelo juiz quando necessário. Nos casos dos incisos II e III, a parte será intimada pes-
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- soalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
do pelos tribunais. O juiz conhecerá de ofício (independentemente de
provocação ou alegação das partes) da matéria cons-
A sentença é o provimento jurisdicional que resol- tante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e
ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
execução. As ações de conhecimento buscam consti- em julgado, sendo garantido o prévio contraditório às
tuir um direito em favor do autor, afastando a contro- partes para tomar sua decisão, sob pena de incorrer
188 vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine na decisão surpresa, vedada pelo CPC (2015).
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A extinção, com base na desistência da ação, possui Elementos e Efeitos da Sentença
alguns detalhes. Se oferecida a contestação, o autor não
poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. A A sentença possui seus elementos ou partes, os
desistência pode ser apresentada até a sentença. quais estão dispostos no art. 489.
A extinção por abandono de causa pelo autor, se já ofe- Vejamos:
recida a contestação, depende de requerimento do réu.
Art. 489 São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
Importante! identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências
Efeito regressivo do recurso de apelação que havidas no andamento do processo;
ataca sentenças terminativas: II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
Art. 485, § 7º Interposta a apelação em qualquer questões de fato e de direito;
dos casos de que tratam os incisos deste artigo, III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. tões principais que as partes lhe submeterem.
z Sentença “ultra petita”: quando o juiz dá algo z Ex tunc: ocorre nas sentenças de natureza decla-
além do pedido pelo autor. Ex.: pede-se indeniza- ratória, pois seus efeitos são retroativos ao fato
ção por danos morais de R$10.000,00 e o juiz con- ou situação que se pretende declará-la existente
dena em R$15.000,00; ou inexistente (Ex.: investigação de paternidade;
z Sentença “extra petita”: o juiz dá algo diverso do declaração de nulidade absoluta de um contrato);
que foi pedido. Ex.: pede a devolução do dinheiro,
mas o juiz condena ao conserto do produto; Nas ações condenatórias, poderá haver efeitos
z Sentença “citra petita”: quando há omissão do retroativos desde a propositura da ação, como a con-
juiz em relação a algum dos pedidos. Ex.: pede-se denação aos juros moratórios desde a citação;
indenização por danos morais e materiais, mas, na
sentença, o juiz aprecia apenas os danos morais e z Ex nunc: ocorre nas sentenças constitutivas, sendo
se omite sobre os materiais. seus efeitos dali em diante (Ex.: ação de divórcio).
arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos pró- Art. 521 [...]
prios autos. Parágrafo único. A exigência de caução será man-
tida quando da dispensa possa resultar manifesto
É possível que haja o pedido de cumprimento de risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
sentença mesmo que ainda não tenha havido o trân-
sito em julgado da decisão, ou seja, mesmo que ain- No entanto, caso o juiz entenda que a caução pode-
da seja possível rever os termos daquela decisão por rá acarretar risco de grave dano de difícil ou incerta
meio de recurso. reparação, a exigência será mantida.
No entanto, por justamente não se tratar de uma
decisão com teor definitivo, ela sujeita-se a algumas Art. 522 O cumprimento provisório da senten-
regras, que são descritas nos incisos do art. 520 do CPC. ça será requerido por petição dirigida ao juízo
É possível que haja o protesto do título após o trân- competente.
sito em julgado. No entanto, tal protesto não é possível Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a
caso esteja diante de um cumprimento provisório de petição será acompanhada de cópias das seguintes
sentença. peças do processo, cuja autenticidade poderá ser 195
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certificada pelo próprio advogado, sob sua respon- Caso não haja o pagamento voluntário no prazo,
sabilidade pessoal: ou este seja feito de forma parcial, o juiz determinará,
I - decisão exequenda; desde logo, que se proceda com os atos de expropria-
II - certidão de interposição do recurso não dotado ção, momento em que pode ocorrer bloqueio de con-
de efeito suspensivo; tas bancárias e bens, móveis ou imóveis.
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso; Art. 524 O requerimento previsto no art. 523 será
V - facultativamente, outras peças processuais con- instruído com demonstrativo discriminado e atua-
sideradas necessárias para demonstrar a existên- lizado do crédito, devendo a petição conter:
cia do crédito. I - o nome completo, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio-
Caso o processo de conhecimento seja físico e o nal da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
cumprimento de sentença seja provisório, é necessá- observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
rio que a petição seja acompanhada pelas peças elen- II - o índice de correção monetária adotado;
cadas no parágrafo único do art. 522 do CPC. III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
Art. 523 No caso de condenação em quantia cer- correção monetária utilizados;
ta, ou já fixada em liquidação, e no caso de deci- V - a periodicidade da capitalização dos juros, se
são sobre parcela incontroversa, o cumprimento for o caso;
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do VI - especificação dos eventuais descontos obriga-
exequente, sendo o executado intimado para pagar tórios realizados;
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sem-
custas, se houver. pre que possível.
O prazo de 15 dias disposto no artigo acima diz Como já mencionado, o cumprimento de sentença
respeito ao prazo para se proceder com o pagamento não é uma petição inicial, mas sim uma petição que dá
voluntário, ou seja, cumprimento espontâneo da obri- início à fase de execução nos mesmos autos.
gação após a intimação do executado. O art. 524 traz os requisitos que devem constar na
Somente após o transcurso desse prazo é que se petição:
abrirá novo prazo, também de 15 dias, para que o exe-
cutado, caso queira, apresente impugnação. Art. 524 [...]
Caso a parte devedora esteja sendo representada § 1º Quando o valor apontado no demonstrativo
pela Defensoria Pública, o prazo para o cumprimento aparentemente exceder os limites da condenação, a
espontâneo da obrigação será em dobro. execução será iniciada pelo valor pretendido, mas
Para litisconsortes distintos com advogados de a penhora terá por base a importância que o juiz
escritório de advocacia distintos (que não sejam ele- entender adequada.
trônicos os autos), o prazo para o cumprimento espon-
tâneo da obrigação será em dobro, nos termos do art. Se o valor apresentado pelo credor aparentemen-
229 do CPC. te exceder os limites da condenação, o juiz recebe o
pedido de cumprimento de sentença pelo valor indi-
Art. 523 [...] cado, mas no momento da penhora, irá se valer do
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo valor que ele entende correto.
do caput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado Art. 524 [...]
de dez por cento. § 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá
valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo
Caso o executado não realize o pagamento volun- máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se
tário no prazo de 15 dias, sobre o valor devido incidi- outro lhe for determinado.
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depen-
rão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%.
der de dados em poder de terceiros ou do executa-
do, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do
Art. 523 [...]
crime de desobediência.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previs-
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo
to no caput, a multa e os honorários previstos no §
depender de dados adicionais em poder do execu-
1º incidirão sobre o restante.
tado, o juiz poderá, a requerimento do exequente,
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias
Caso ocorra o pagamento de parte do valor devi- para o cumprimento da diligência.
do, a multa e os honorários incidirão sobre o saldo § 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não
devedor remanescente. Ou seja, supondo que a dívi- forem apresentados pelo executado, sem justificati-
da total seja de R$ 15.000,00 e o executado realizou o va, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os
pagamento de somente R$ 5.000,00, a multa e os hono- cálculos apresentados pelo exequente apenas com
rários incidirão em cima de R$ 10.000,00, que corres- base nos dados de que dispõe.
pondem ao saldo remanescente.
Se for o caso, para melhor verificação de qual seja
Art. 523 [...] o valor devido, o juiz pode remeter o processo ao setor
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento contábil do próprio tribunal, para que apresente o
voluntário, será expedido, desde logo, mandado valor correto.
de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de Também poderá intimar o executado, caso assim
expropriação. requeira o exequente, para que este apresente dados
adicionais e, caso estes não forem apresentados no
196
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prazo de 30 dias, sem qualquer justificativa, os cálcu- A exequibilidade pressupõe exigibilidade, mas, a
los apresentados pelo exequente serão considerados exigibilidade não pressupõe a exequibilidade do títu-
corretos. lo. Isso porque, em uma sentença que resolve uma
relação jurídica condicional (sujeita a termo ou condi-
Art. 525 Transcorrido o prazo previsto no art. 523 ção), se o termo ou condição não ocorrer, não poderá
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de haver o cumprimento de sentença, por ausência de
15 (quinze) dias para que o executado, independen- exigibilidade.
temente de penhora ou nova intimação, apresente,
nos próprios autos, sua impugnação.
Dica
O prazo para apresentação de impugnação é de 15 Falta de liquidez, certeza e exigibilidade: o título
dias e inicia-se após o término do prazo de 15 dias para
não será exequível.
o cumprimento espontâneo da obrigação. Ou seja, são
Não ocorrência do termo ou da condição: ausên-
dois prazos de 15 dias: um para o pagamento voluntá-
rio e outro para a apresentação da impugnação. cia de exigibilidade do título.
Nas hipóteses do art. 229 do CPC, aplica-se prazo
em dobro para Defensoria Pública e litisconsortes Art. 525 [...]
que tiverem diferentes procuradores com escritórios IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
de advocacia distintos, se não se tratar de processo
eletrônico. z Penhora ou avaliação ocorrida antes da impug-
nação: O impugnante/executado pode alegar na
Art. 525 [...] impugnação a penhora incorreta ou avaliação
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: errônea. Ex.: penhora que recai sobre um bem de
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhe- família; avaliação inferior ao preço de mercado;
cimento, o processo correu à revelia; z Penhora ou avaliação ocorrida após a impugna-
ção: Por simples petição nos autos o devedor pode-
Nulidade de citação invalida a sentença. Se o juiz rá alegar a penhora incorreta ou o equívoco da
reconhece efetivamente a nulidade de citação na fase avaliação.
de conhecimento, haverá desconstituição da coisa jul-
gada, sendo considerados nulos os atos subsequentes Art. 525 [...]
ao momento em que deveria ter realizado a citação e, V - excesso de execução ou cumulação indevida de
inclusive, a sentença. execuções;
Se o réu, na fase de conhecimento, compareceu
espontaneamente, não haverá nulidade a ser declarada, Os incisos I, II e III do parágrafo 2º do art. 927 esta-
pois, neste caso, tem-se a aplicação do princípio da ins- belecem formas de excesso de execução:
trumentalidade das formas, de forma que a apresenta-
ção espontânea da contestação supre o vício citatório. Art. 525 [...]
§ 2º Há excesso de execução quando:
Art. 525 [...] I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ilegitimidade de parte; II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada
no título;
Esse ponto não se confunde com a ilegitimidade para III - ela se processa de modo diferente do que foi
a ação de conhecimento. No caso de ilegitimidade para determinado no título;
o cumprimento de sentença, aplica-se o disposto no art.
508 do CPC – eficácia preclusiva da coisa julgada. Caso o executado alegue excesso de execução na
sua impugnação, ele deve considerar o disposto nos §§
Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri- 4º e 5º, que veremos adiante.
to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
as alegações e as defesas que a parte poderia opor Art. 525 [...]
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
execução;
O cumprimento da sentença não poderá ser pro-
movido em face do fiador, do coobrigado ou do cor- Essa incompetência absoluta ou relativa diz respei-
responsável que não tiver participado da fase de to à fase de cumprimento de sentença e não à fase de
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
conhecimento (§ 5º do art. 513). conhecimento, que ocorre antes e possui regras distintas.
O caput do art. 516 do CPC traz as hipóteses de
Art. 525 [...] competência funcional, bem como em seu parágra-
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da fo único, as suas mitigações, das quais já tratamos
obrigação; anteriormente.
Art. 531 O disposto neste Capítulo aplica-se aos ali- Outra opção para o pagamento dos alimentos inde-
mentos definitivos ou provisórios. nizatórios é que seja incluído o exequente (o credor,
§ 1º A execução dos alimentos provisórios, bem
quem vai receber os alimentos) em folha de pagamen-
como a dos alimentos fixados em sentença ainda
to de pessoa jurídica de notória capacidade econômi-
não transitada em julgado, se processa em autos
apartados. ca, ou fiança bancária ou garantia real, sendo esses
§ 2º O cumprimento definitivo da obrigação de valores fixados pelo juiz.
prestar alimentos será processado nos mesmos Existe também a possibilidade de ser feita a revisão
autos em que tenha sido proferida a sentença. do valor dos alimentos, caso haja modificação das condi-
ções econômicas, seja para aumentar ou para diminuir.
Pode-se requerer a prisão civil do executado que Não necessariamente a base de cálculo será o salá-
deve alimentos inclusive quando se tratar de alimen- rio ou remuneração, podendo ser baseada em salários
tos provisórios. No entanto, o pedido de cumprimento mínimos.
provisório tramitará em autos apartados do processo Por fim, quando cessar a obrigação de pagar ali-
principal. Já os alimentos definitivos, após o trânsito mentos indenizatórios, cessará também o desconto
em julgado da sentença, serão processados nos mes- em folha ou serão canceladas as garantias prestadas.
mos autos da ação que condenou ao pagamento dos
alimentos. Art. 534 No cumprimento de sentença que impuser
à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa,
Art. 532 Verificada a conduta procrastinatória do o exequente apresentará demonstrativo discrimi-
executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência nado e atualizado do crédito contendo:
ao Ministério Público dos indícios da prática do cri-
me de abandono material. Fazenda Pública é pessoa jurídica de direito público.
É composta pelos seguintes entes: União, Estados, Distri-
Caso o Ministério Público perceba que se trata de to Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas.
devedor contumaz, que procrastina ou se recusa ao Transitada em julgado a sentença, o credor reque-
pagamento dos alimentos, isso poderá ser indício da rerá a intimação da Fazenda Pública no prazo de
prática do crime de abandono material, tipificado no 30 dias, oportunidade em que poderá apresentar
200 Código Penal. impugnação.
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A petição de cumprimento de sentença deve obser- § 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte
var os seguintes critérios: não questionada pela executada será, desde logo,
objeto de cumprimento. (Vide ADI 5534)
Art. 534 [...]
I - o nome completo e o número de inscrição no Os bens da Fazenda Pública são impenhoráveis.
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio- O cumprimento de sentença se submeterá ao regime
nal da Pessoa Jurídica do exequente; de precatórios ou Requisição de Pequeno Valor – RPV
II - o índice de correção monetária adotado; (art. 100 da CF).
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da z Regime de Precatórios: Se apresentados até 1º de
correção monetária utilizados; julho de determinado ano, serão pagos até o térmi-
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se no do exercício financeiro subsequente (dia 31/12);
for o caso; z Requisição de Pequeno Valor: Será cabível quan-
VI - a especificação dos eventuais descontos obriga- do o valor for de até 60 salários mínimos para a
tórios realizados. União; 40 salários mínimos para os Estados e 30
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um salários mínimos para Município. O pagamento
deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, é realizado em até dois meses após expedição da
aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto
RPV. Vale ressaltar, entretanto, que a lei de cada
nos §§ 1º e 2º do art. 113.
ente poderá disciplinar de forma diversa o valor
§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se
aplica à Fazenda Pública. da RPV.
O art. 525 trata da impugnação ao cumprimento de Art. 538 Não cumprida a obrigação de entregar
sentença, e aplica-se à exigibilidade de obrigação de coisa no prazo estabelecido na sentença, será expe-
fazer ou não fazer no que couber. Assim, não somente dido mandado de busca e apreensão ou de imissão
é aplicada a exigibilidade de obrigação de pagar quan- na posse em favor do credor, conforme se tratar de
tia, como também a de reconhecer a exigibilidade da coisa móvel ou imóvel.
obrigação de fazer ou não fazer.
A depender do objeto da obrigação, móvel ou imó-
Art. 536 [...] vel, poderá ser caso de busca e apreensão (móvel) ou
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, imissão na posse (imóvel), em favor do exequente.
ao cumprimento de sentença que reconheça deveres
de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. Art. 538 [...]
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada
O parágrafo citado menciona deveres de fazer ou na fase de conhecimento, em contestação, de forma
não fazer que digam respeito à natureza não obrigacio- discriminada e com atribuição, sempre que possível
nal, como, por exemplo, a obrigação fixada em ações de e justificadamente, do respectivo valor.
guarda, quando trata sobre buscar ou deixar a criança. § 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser
202 exercido na contestação, na fase de conhecimento.
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As alegações de benfeitorias, sobre sua existên- § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
cia ou retenção, são matérias que dizem respeito ao ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
mérito da demanda, e, portanto, discutidas na fase de decisão proferida anteriormente à citação.
conhecimento, não sendo possível mais a sua discus- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
são na fase de execução em cumprimento de sentença. ção será protocolada em cartório ou conforme as
normas de organização judiciária, ressalvado o
disposto em regra especial.
Art. 538 [...]
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste
remetido pelo correio, será considerada como data
artigo, no que couber, as disposições sobre o cum-
de interposição a data de postagem.
primento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
zo para interpor os recursos e para responder-lhes
DOS RECURSOS é de 15 (quinze) dias.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
Conceito do local no ato de interposição do recurso.
Recurso é o meio processual próprio para se impug- Dois pontos aqui merecem atenção. Um deles diz
nar uma decisão judicial. O recurso trata do exercício respeito à interposição ou protocolo por correio, sen-
do duplo grau de jurisdição, incluído na cláusula do do considerada a data da postagem. Muitos tribunais
devido processo legal. O duplo grau de jurisdição está regulamentaram o denominado “protocolo postal” a
previsto no art. 8º da Convenção Americana dos Direi- fim de dar maior segurança a eventuais protocolos
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): alínea realizados pelo correio.
“h” do inciso 2 do art. 8º: Outro ponto refere-se à comprovação do feriado
local no ato da interposição. Assim, juntamente com
Art. 8º Garantias judiciais o recurso e demais pressupostos pertinentes à admis-
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a sibilidade, deve-se instruir com o ato oficial que esta-
que se presuma sua inocência, enquanto não for beleceu o feriado local, sob pena de ser considerado o
legalmente comprovada sua culpa. Durante o pro- dia como útil, integrando, assim, a contagem do prazo.
cesso, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
Ainda no que se refere à tempestividade, o CPC, de
às seguintes garantias mínimas:
[...]
2015 dispõe sobre eventuais fatos que possam impos-
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal sibilitar a interposição tempestiva do recurso, garan-
superior. tindo ao interessado a restituição do prazo:
Já o direito de recorrer decorre da própria estrutu- Art. 1.004 Se, durante o prazo para a interposição
ração dos órgãos judiciários na Constituição Federal de do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
1988, atribuindo a eles competência recursal, ou seja,
que suspenda o curso do processo, será tal prazo
para apreciar recursos oriundos de instâncias inferiores.
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
sucessor, contra quem começará a correr nova-
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE mente depois da intimação.
z Legitimidade: O recurso pode ser interposto pela z Cabimento (singularidade): O recurso deve ter pre-
parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo visão legal de cabimento. Dos despachos, não cabe
Ministério Público, como parte ou como fiscal recurso;
da ordem jurídica (art. 996). A legitimidade tem z Adequação: Em regra, para cada espécie de deci-
relação também com o interesse recursal, já que são há um recurso adequado previsto em lei;
traduz na necessidade de ainda se buscar o direi- z Motivação/fundamentação: A parte deve expor
to não reconhecido, por quem legitimamente o as razões de seu inconformismo. A decisão pode
persiga; ser impugnada no todo ou em parte;
z Interesse: Para se recorrer, deve ter havido um z Preparo: O recorrente deve recolher as despesas
prejuízo, ainda que parcial. A parte que aceitar processuais relativas ao processamento do recurso.
expressa ou tacitamente a decisão não poderá
Art. 1.007 No ato de interposição do recurso, o
recorrer;
recorrente comprovará, quando exigido pela legis-
z Tempestividade: O recurso deve ser interposto no lação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
prazo legal, sob pena de preclusão temporal. Exce- porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
tuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 Fala-se em recurso deserto quando não satisfeito o
dias. Sobre a tempestividade, convém observar o preparo. Mas há questões importantes sobre o prepa-
termo inicial do prazo recursal, tratado pelo CPC ro, que veremos agora. São dispensados de preparo,
nas disposições gerais sobre os recursos: inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo
Art. 1.003 O prazo para interposição de recurso Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e
conta-se da data em que os advogados, a sociedade respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria legal. Tratando-se de pessoa jurídica de direito públi-
Pública ou o Ministério Público são intimados da co interno, dispensa-se o preparo, não havendo que se
decisão. falar em deserção.
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão Se o valor do preparo for insuficiente, o recorrente
intimados em audiência quando nesta for proferida será intimado na pessoa de seu advogado para supri-lo
a decisão. no prazo de 5 dias, sob pena de deserção (art. 1.007). 203
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Mas e se sequer houver preparo para o recurso, isso conseguiu afastar totalmente a pretensão do autor; o
implicará na sua imediata inadmissibilidade? Não, exemplo pode ser uma ação de indenização em que
pois o CPC, de 2015 determina a intimação do advo- foram pedidos dez mil, mas acolhidos apenas cinco
gado para recolhê-lo em dobro, sob pena de deserção. mil pelo juiz (caso de procedência parcial). E se, nes-
Mas, nessa hipótese de recolhimento em dobro, não sa hipótese, apenas uma das partes recorre, enquan-
poderá haver recolhimento insuficiente, o que impli- to a outra deixa passar seu prazo? Nada poderá fazer
cará a deserção sem oportunidade de complementar. além de apresentar suas contrarrazões? Bem, poderá
Segundo o CPC, em ações com litisconsórcio, não é ela apresentar, no prazo das contrarrazões, o recurso
necessário que todas as partes interponham recurso, se adesivo. Veja o que diz o CPC:
uma o fizer será válido também para as outras partes.
Art. 997 Cada parte interporá o recurso indepen-
Art. 1.005 O recurso interposto por um dos litis- dentemente, no prazo e com observância das exi-
consortes a todos aproveita, salvo se distintos ou gências legais.
opostos os seus interesses. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter-
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o posto por qualquer deles poderá aderir o outro.
recurso interposto por um devedor aproveitará aos § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur-
outros quando as defesas opostas ao credor lhes so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
forem comuns. regras deste quanto aos requisitos de admissibili-
Art. 1.006 Certificado o trânsito em julgado, com dade e julgamento no tribunal, salvo disposição
menção expressa da data de sua ocorrência, o escri- legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
vão ou o chefe de secretaria, independentemente de I - será dirigido ao órgão perante o qual o recur-
despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo so independente fora interposto, no prazo de que a
de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraor-
Das Disposições Gerais dinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência
do recurso principal ou se for ele considerado
Uma vez interposto o recurso, será necessário pro-
inadmissível.
cessá-lo, isto é, dar o devido andamento para que seja
apreciado pelo órgão competente. O processamento
O recurso adesivo será apreciado como recurso
se dá em duas etapas: primeiro, admitindo-o, pela
autônomo, mas ficará subordinado à admissibilidade
análise de seus pressupostos, ocasião em que será
do recurso principal. E somente poderá ser interposto
conhecido para julgamento. Uma vez conhecido, será
adesivamente ao recurso de apelação, extraordinário
apreciado seu mérito, ocasião em que se falará no seu
e ao especial.
provimento ou não. Assim, tem-se que:
O CPC, de 2015 admite a desistência do recurso,
modalidade de ato dispositivo unilateral pelo qual o
z Juízo de admissibilidade: Incumbido de verificar o
recorrente abre mão do recurso já interposto. Mas
preenchimento dos pressupostos de admissibilidade; essa faculdade não surtirá efeitos nos casos em que
z Juízo de mérito: Incumbido da análise da preten- a questão tenha repercussão geral já reconhecida ou
são recursal, podendo dar ou negar provimento ao sido objeto de julgamento de recursos extraordinários
recurso. ou especiais repetitivos (art. 998).
Uma vez sendo dado provimento ao recurso (aco- Art. 1.010 A apelação, interposta por petição diri-
gida ao juízo de primeiro grau, conterá:
lhida a pretensão recursal), o julgamento proferido
I - os nomes e a qualificação das partes;
pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que
II - a exposição do fato e do direito;
tiver sido objeto de recurso (art. 1.008). III - as razões do pedido de reforma ou de decreta-
ção de nulidade;
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal IV - o pedido de nova decisão.
substituirá a decisão impugnada no que tiver sido
objeto de recurso.
Importante!
RECURSOS EM ESPÉCIE
O juízo de admissibilidade da apelação será
O Código tipifica as espécies de recurso, que tratare- realizado pelo tribunal (juízo ad quem), e não
mos na sequência, valendo destacar que os despachos pelo juiz que proferiu a decisão recorrida (juízo
são irrecorríveis, ou seja, os recursos abaixo arrolados a quo).
buscam impugnar decisões interlocutória, sentenças ou
acórdãos, observado o cabimento de cada um deles.
A apelação terá efeito suspensivo, impedindo a
Art. 994 São cabíveis os seguintes recursos: execução provisória da sentença, salvo em relação a
I - apelação; sentença que (§ 1º do art. 1.012):
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno; Art. 1.012 [...]
IV - embargos de declaração; I - homologa divisão ou demarcação de terras;
V - recurso ordinário; II - condena a pagar alimentos;
VI - recurso especial; III - extingue sem resolução do mérito ou julga
VII - recurso extraordinário; improcedentes os embargos do executado;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IV - julga procedente o pedido de instituição de
arbitragem;
IX - embargos de divergência.
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
Art. 1.001 Dos despachos não cabe recurso. VI - decreta a interdição.
É o recurso cabível contra sentença, contemplando z Definitivo: Quando a decisão judicial já houver
ainda as questões resolvidas na fase de conhecimento, transitado em julgado;
se a decisão a seu respeito não comportar agravo de z Provisório: Quando pendente o trânsito em julga-
instrumento, devendo ser suscitadas em preliminar do e o recurso de eventual decisão não for recebi-
de apelação. A fase de conhecimento vai desde a pos- do no efeito suspensivo.
tulação inicial, passando pelas fases organizatória e
instrutória, findando na decisória. Antes da sentença O efeito suspensivo atribuído ao recurso impedirá
(fase decisória), podem ser proferidas decisões dis- que a decisão recorrida produza efeitos de imediato.
pondo sobre questões intermediária, que normalmen- Consequentemente, impedirá a exigibilidade dessa deci-
te comportam agravo de instrumento. são por meio do cumprimento ou execução da sentença.
Ocorre que o CPC, de 2015 prevê hipóteses de cabi- O efeito devolutivo, comum a todos os recursos, trans-
mento do agravo de instrumento, sendo possível que fere ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
algumas outras questões não estejam contempladas na apelação. Diz-se devolutivo porque retorna ao Judiciá-
nessas hipóteses. Para possibilitar o reexame dessas rio a apreciação das questões objeto do recurso. Abre-se
questões, o CPC, de 2015 garante o direito de a par- nova oportunidade de discussão dessas questões. Como
te invocá-las no próprio recurso de apelação, como todo recurso pretende o reexame de alguma questão, to-
questão preliminar, ou seja, antes de discutir o pró- do recurso possuirá efeito devolutivo. Aqui, utiliza-se a
prio mérito recursal relacionado à sentença. expressão tantum devolutum quantum apellatum.
Segundo o art. 1.009, do CPC, da sentença. Em relação à extensão e à profundidade do efeito
devolutivo, o CPC, de 2015 possibilita que o tribunal
Art. 1.009 Da sentença cabe apelação. aprecie todas as questões suscitadas e discutidas no
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimen- processo, ainda que não tenham sido solucionadas, des-
to, se a decisão a seu respeito não comportar agra- de que relativas ao capítulo impugnado. Imagine que
vo de instrumento, não são cobertas pela preclusão ao apreciar o pedido de condenação em dano moral,
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, o juízo recorrido tenha deixado de apreciar questões
eventualmente interposta contra a decisão final, ou e fatos relevantes, mas que, pelo fato de esse pedido
nas contrarrazões. ser objeto do recurso, cabe ao tribunal a análise das 205
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questões relativas ao dano moral, assim como dos fatos Do Agravo de Instrumento
que o autor trouxe para possivelmente comprová-lo.
O processamento do recurso de apelação no tribu- O recurso de agravo visa atacar decisões interlocu-
nal deve observar o art. 1.011 do CPC: tórias, nas hipóteses de cabimento estabelecida pelo
art. 1.015 do CPC, junto às quais serão mencionados
Art. 1.011 Recebido o recurso de apelação no tribu- exemplos relacionados a cada inciso:
nal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóte- Art. 1.015 Cabe agravo de instrumento contra as
ses do art. 932, incisos III a V; decisões interlocutórias que versarem sobre:
II - se não for o caso de decisão monocrática, ela- I - tutelas provisórias (decisões provisórias proferidas
borará seu voto para julgamento do recurso pelo no curso da ação ou mesmo em caráter liminar – no
órgão colegiado. início da ação – baseadas na urgência ou na evidência);
II - mérito do processo (decisões que julgam ques-
Se o processo estiver em condições de imediato jul- tões de direito material no curso do processo, como
gamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito prescrição e decadência);
quando (§ 3º do art. 1.013): III - rejeição da alegação de convenção de arbi-
tragem (se houver convenção de arbitragem, não
Art. 1.013 [...] poderá haver interferência do Poder Judiciário; a
I - reformar sentença fundada no art. 485; inexistência de convenção de arbitragem é pressu-
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela posto processual);
congruente com os limites do pedido ou da causa IV - incidente de desconsideração da personalidade
de pedir; jurídica (pedido que busca afastar a proteção patrimo-
III - constatar a omissão no exame de um dos pedi- nial de pessoa jurídica a fim de atingir bens dos sócios);
dos, hipótese em que poderá julgá-lo; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de acolhimento do pedido de sua revogação (quando
fundamentação. houver pedido da parte para não exigibilidade de
custas processuais e outras verbas);
Nesses casos, não se cogita supressão de instância, VI - exibição ou posse de documento ou coisa (deci-
que seria o caso do tribunal decidir questão não apre- são que determine a apresentação de documento ou
coisa);
ciada pelo juízo a quo. A supressão de instância seria
VII - exclusão de litisconsorte (decisão que retira da
a análise, por um tribunal, de uma matéria não apre-
lide um sujeito quando houver litisconsórcio – plu-
ciada em instância inferior, violando o duplo grau de
ralidade de partes);
jurisdição. Assim, é possível recorrer daquilo que foi VIII - rejeição do pedido de limitação do litis-
objeto de pronunciamento na decisão recorrida. consórcio (para evitar embaraço no processo,
As hipóteses acima elencadas, nas quais não incide o litisconsórcio poderá ser limitado, inclusive a
a supressão de instância, estão arroladas no § 3º do requerimento da parte);
art. 1.013 do CPC. Tais decisões comportam o denomi- IX - admissão ou inadmissão de intervenção de ter-
nado efeito translativo. ceiros (a intervenção de terceiros é uma modalida-
Uma questão que demanda discussão diz respei- de de sujeitos não integrantes da lide participarem
to à apresentação de documento novo na apelação. da ação);
Como regra, os documentos devem ser apresentados X - concessão, modificação ou revogação do efeito
na petição inicial, na contestação ou na fase instrutó- suspensivo aos embargos à execução (os embargos
ria. Mas a jurisprudência tem reconhecido o direito à à execução – defesa do executado no processo de
juntada de documento na apelação, desde que ausen- execução – poderão ter efeito suspensivo, nas hipó-
te má-fé e garantido o contraditório. teses do § 1º do art. 919 do CPC);
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos
Art. 1.014 As questões de fato não propostas no juí- do art. 373, § 1º (o ônus da prova está estabeleci-
zo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se do no caput do art. 373, mas poderá ser modifi-
a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de cado, atribuindo diversamente às partes os ônus
força maior. probatórios);
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Veja o julgado do Superior Tribunal de Justiça:
Parágrafo único. Também caberá agravo de instru-
mento contra decisões interlocutórias proferidas
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. REVISIO- na fase de liquidação de sentença ou de cumpri-
NAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. DEVOLUÇÃO mento de sentença, no processo de execução e no
DE VALOR PAGO. VALOR RESIDUAL GARANTIDO processo de inventário.
(VRG). DOCUMENTO. APRESENTAÇÃO (JUNTADA)
EM APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO EM HAR-
MONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AUSÊNCIA
Vejamos os requisitos para a interposição do agra-
DE PREJUÍZO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. vo de instrumento:
1. É possível a juntada de documento com a apela-
ção, desde que ausente má-fé e respeitado o contra- Art. 1.016 O agravo de instrumento será dirigido
ditório. Precedentes. diretamente ao tribunal competente, por meio de
2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar maté- petição com os seguintes requisitos:
ria fático-probatória (Súmula 7/STJ). I - os nomes das partes;
3. Agravo interno a que se nega provimento. II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalida-
(STJ, AgInt no REsp 1779371/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL ção da decisão e o próprio pedido;
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 08/02/2021, DJe IV - o nome e o endereço completo dos advogados
206 11/02/2021) constantes do processo.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A petição inicial do agravo de instrumento deverá II - ordenará a intimação do agravado pessoalmen-
ser instruída de acordo com o disposto no art. 1.017, te, por carta com aviso de recebimento, quando não
do CPC. tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Jus-
tiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida
Art. 1.017 A petição de agravo de instrumento será ao seu advogado, para que responda no prazo de 15
instruída: (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da que entender necessária ao julgamento do recurso;
contestação, da petição que ensejou a decisão agra- III - determinará a intimação do Ministério Público,
vada, da própria decisão agravada, da certidão da preferencialmente por meio eletrônico, quando for
respectiva intimação ou outro documento oficial que o caso de sua intervenção, para que se manifeste no
comprove a tempestividade e das procurações outor- prazo de 15 (quinze) dias.
gadas aos advogados do agravante e do agravado; Art. 1.020 O relator solicitará dia para julgamento
II - com declaração de inexistência de qualquer dos em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação
documentos referidos no inciso I, feita pelo advoga- do agravado.
do do agravante, sob pena de sua responsabilidade
pessoal; Inicialmente, esse rol era visto como taxativo, mas
III - facultativamente, com outras peças que o agra- o Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamen-
vante reputar úteis. to dos Recursos Especiais 1.704.520/MT e 1.696.396/
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do paga- MT, sob o rito dos recursos repetitivos, definiu o con-
mento das respectivas custas e do porte de retorno, ceito de taxatividade mitigada do rol previsto no art.
quando devidos, conforme tabela publicada pelos 1.015 do CPC, abrindo caminho para a interposição do
tribunais. agravo de instrumento em diversas hipóteses além
§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto daquelas listadas expressamente no texto legal.
por: Isso não quer dizer que o rol se tornou meramente
I - protocolo realizado diretamente no tribunal compe- exemplificativo, mas possibilitou que, no caso concre-
tente para julgá-lo; to, verifique-se a urgência da interposição do recurso,
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou de modo que, se a parte tivesse que aguardar até o
subseção judiciárias; momento da apelação para sua interposição, o direito
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; estaria obsoleto.
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos Assim, estabeleceu o STJ como tese 988 no julga-
da lei; mento de recursos repetitivos: O rol do art. 1.015 do
V - outra forma prevista em lei. CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a inter-
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de posição de agravo de instrumento quando verificada a
algum outro vício que comprometa a admissibilidade urgência decorrente da inutilidade do julgamento da
do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o dis- questão no recurso de apelação.
posto no art. 932, parágrafo único . O rol taxativo (numerus clausus) impede que
§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de trans- sejam contempladas outras hipóteses no caso concre-
missão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças to. Já o rol exemplificativo (numerus apertus) possi-
devem ser juntadas no momento de protocolo da peti- bilita que se verifiquem hipóteses ou circunstâncias
ção original. semelhantes àquelas estabelecidas pela lei, cabendo
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispen- essa verificação no caso concreto.
sam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, No agravo, haverá efeito regressivo, podendo o
facultando-se ao agravante anexar outros docu- órgão que proferiu a decisão se retratar. Diz-se regres-
mentos que entender úteis para a compreensão da sivo o efeito porque permite ao juiz que proferiu a deci-
controvérsia. são se retratar, reconsiderar seu entendimento. Caso
Art. 1.018 O agravante poderá requerer a juntada, aos isso ocorra, o recurso perderá seu objeto, deixando de
autos do processo, de cópia da petição do agravo de ser necessária sua apreciação pelo órgão superior.
instrumento, do comprovante de sua interposição e
da relação dos documentos que instruíram o recurso. Do Agravo Interno
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente
a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo Além do agravo de instrumento, há outra espécie de
de instrumento. agravo cujo cabimento será em relação a decisões profe-
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante ridas nos tribunais. Como se sabe, as decisões proferidas
tomará a providência prevista no caput , no prazo nos tribunais são colegiadas, eis que formadas por mais
de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de de um magistrado (Desembargadores ou Ministros).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 1.024 O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) Art. 1.025 Consideram-se incluídos no acórdão os
dias. elementos que o embargante suscitou, para fins
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embar- de pré-questionamento, ainda que os embargos de
gos em mesa na sessão subsequente, proferindo declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será tribunal superior considere existentes erro, omis-
o recurso incluído em pauta automaticamente. são, contradição ou obscuridade.
§ 2º Quando os embargos de declaração forem opos-
tos contra decisão de relator ou outra decisão uni- O pré-questionamento é requisito para interposi-
pessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da ção do recurso especial ou do extraordinário, e trata,
decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. em suma, da necessidade prévia alegação e análise
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de pelo órgão julgador da matéria que será levada ao
declaração como agravo interno se entender ser órgão superior (STJ ou STF). Dizem as súmulas 282 e
este o recurso cabível, desde que determine previa- 356 do STF e súmula 211 do STJ:
mente a intimação do recorrente para, no prazo de
5 (cinco) dias, complementar as razões recursais,
Súmula 282 É inadmissível o recurso extraordiná-
de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, §
rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
1º. questão federal suscitada.
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declara- Súmula 356 O ponto omisso da decisão, sobre o
ção implique modificação da decisão embargada, qual não foram opostos embargos declaratórios,
o embargado que já tiver interposto outro recurso não pode ser objeto de recurso extraordinário, por
contra a decisão originária tem o direito de com- faltar o requisito do prequestionamento.
plementar ou alterar suas razões, nos exatos limi- Súmula 211 (STJ) Inadmissível recurso especial quan-
tes da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, to à questão que, a despeito da oposição de embargos
contado da intimação da decisão dos embargos de declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
declaração.
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados É importante notar que os embargos de declara-
ou não alterarem a conclusão do julgamento ante- ção não podem ser utilizados como medida meramen-
rior, o recurso interposto pela outra parte antes da
te protelatória, a fim de apenas retardar o trânsito
publicação do julgamento dos embargos de decla-
em julgado de decisões. Caso isso ocorra, poderá ser
ração será processado e julgado independentemen-
imposta multa na forma do § 2º do art. 1.026 do CPC
te de ratificação.
(Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamen-
O § 1º diz respeito aos embargos opostos em relação tada, condenará o embargante a pagar ao embargado
a decisões colegiadas, ocasião em que também serão multa não excedente a dois por cento sobre o valor
julgados pelo colegiado. Já o § 2º trata dos embargos atualizado da causa).
em relação a decisões monocráticas, que serão julga- Na reiteração de embargos de declaração mani-
dos também monocraticamente. O § 3º trata expres- festamente protelatórios, a multa será elevada a até
samente da fungibilidade recursal, ao verificar que o dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
recurso cabível seria não os embargos de declaração, interposição de qualquer recurso ficará condicionada
mas o agravo interno, conforme vimos anteriormen- ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da
te. Isso não levará automaticamente à inadmissibili- Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da
dade do recurso, mas à intimação do recorrente para justiça, que a recolherão ao final.
que complemente suas razões recursais. É possível a oposição de sucessivos embargos de
Os embargos podem surtir efeitos infringentes, declaração, mas esse direito encontra limite no § 4º
consistentes na modificação da decisão recorrida. do art. 1.026: Não serão admitidos novos embargos de
Normalmente, os embargos de declaração não impli- declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con-
cam modificação drástica e considerável na decisão siderados protelatórios.
recorrida, mas visam simplesmente suprir os erros Embargos de declaração manifestados com notó-
constantes no art. 1.022 do CPC. Porém, quando pos- rio propósito de prequestionamento não têm caráter
suírem efeitos infringentes, o embargado que já tiver protelatório.
interposto outro recurso contra a decisão originária
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, Art. 1.026 Os embargos de declaração não pos-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 suem efeito suspensivo e interrompem o prazo para
dias, contado da intimação da decisão dos embargos a interposição de recurso.
de declaração. Isso porque a decisão que a outra par- § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada
te considerou em seu recurso já não é mais a mesma, poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator
tendo sido modificada posteriormente por força dos se demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
embargos de declaração.
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Essa hipótese pode ocorrer quando ambas as par-
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os
tes recorrem da mesma decisão, uma por meio de
embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em
recurso de apelação e a outra apresentando apenas decisão fundamentada, condenará o embargante
os embargos de declaração, que serão apreciados pri- a pagar ao embargado multa não excedente a dois
meiro, já que julgados pelo mesmo juiz que proferiu por cento sobre o valor atualizado da causa.
a decisão. § 3º Na reiteração de embargos de declaração
Mas, se dos embargos não resultar modificação da manifestamente protelatórios, a multa será eleva-
decisão, a outra parte não necessitará ratificar (confir- da a até dez por cento sobre o valor atualizado da
mar) o recurso que haja interposto. causa, e a interposição de qualquer recurso ficará 209
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condicionada ao depósito prévio do valor da multa, Dica
à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. Para facilitar a memorização de tais princípios,
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de decla- utiliza-se o mnemônico EP-I-C-O-S:
ração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con- Economia Processual;
siderados protelatórios. Informalidade;
Celeridade;
Oralidade;
Simplicidade.
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE
z Princípio da economia processual: busca-se atin-
1995 gir o resultado com o menor esforço possível;
z Princípio da celeridade: busca-se chegar ao final
A Lei n° 9.099, de 1995 é uma das leis que trouxe do processo o mais rápido possível (por isso, não
mais impactos para o ordenamento jurídico brasilei- são aceitas reconvenção, intervenção de terceiros
ro, tanto na esfera cível quanto na área criminal. A e, nos juizados especiais cíveis, prova pericial);
chamada Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais z Princípios da informalidade e da simplicidade:
veio regulamentar o inciso I, do art. 98, da Constitui- além da instrumentalidade das formas, busca-se
ção Federal, que previu, pela União, Estados e Distrito a celeridade e a facilidade de acesso. Somente há
Federal (e Territórios, se houverem), a criação de: nulidade se evidente o prejuízo (certos casos que,
nos processos comuns poderiam ser declarados
z Juizados especiais cíveis: Competentes para o jul- nulos, aqui não o são). Outras características são
gamento e a execução de causas cíveis de menor o fato de não ser preciso advogado e de a colheita
complexidade; de provas ser minimizada. Deve ser considerado
z Juizados especiais criminais: Competentes para em conjunto com o princípio da simplicidade, pois
conciliar julgamento e execução das infrações ambos pretendem a diminuição da massa de atos
penais de menor potencial ofensivo. materiais que são juntados no processo.
z Princípio da oralidade: uma relevante parte dos
Trata-se de Lei importantíssima e muito cobrada atos são praticados oralmente, apenas com redu-
em concursos, uma vez que representou uma verda- ção dos aspectos essenciais a termo, sendo possí-
deira mudança de cultura e de paradigmas na esfera vel, por exemplo, apresentar oralmente a petição
penal. inicial na secretaria do juizado, bem como a con-
A Lei n° 9.099, de 1995, pode ser dividida didatica- testação e os embargos de declaração.
mente em duas partes: as disposições aplicáveis aos
juizados especiais cíveis e as disposições relativas aos DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
juizados especiais criminais.
Vamos estudar, em um primeiro momento, as dis- Da Competência
posições gerais aplicáveis aos juizados especiais cíveis,
Adentrando na parte específica dos juizados espe-
constantes no Capítulo II (Juizados Especiais Cíveis), mais
ciais cíveis, temos a competência definida no art. 3º.
especificamente as que se encontram nos arts. 3º ao 19 e,
Vejamos:
na sequência, a parte criminal da Lei nº 9.099, de 1995,
que se encontra no Capítulo III (Dos Juizados Especiais
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência
Criminais), entre os arts. 60 ao 92; e no Capítulo IV (Dis- para conciliação, processo e julgamento das
posições Finais Comuns) – art. 93 e seguintes. causas cíveis de menor complexidade, assim
consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta
Importante! vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código
A Lei 9.099, de 1995, regula os juizados espe- de Processo Civil;
ciais cíveis e criminais no âmbito dos Estados. O III - a ação de despejo para uso próprio;
funcionamento dos juizados especiais federais IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de
está previsto na Lei nº 10.259, de 2001. valor não excedente ao fixado no inciso I deste
artigo.
Art. 8° [...]
Importante! § 2° O maior de dezoito anos poderá ser autor, inde-
pendentemente de assistência, inclusive para fins
Para serem conciliadores, são escolhidos prefe- de conciliação.
rencialmente bacharéis em Direito. Podem ser,
portanto, escolhidas outras pessoas (é muito O § 2° teve aplicação até o ano de 2001, na vigência
comum que se escolham estudantes de Direi- do Código Civil de 1916, segundo o qual a maioridade
to, por exemplo). Já para ser juiz leigo, é obri-
civil era alcançada aos 21 anos. A partir de 2002, com
gatório ser advogado com mais de 5 anos de
a entrada em vigor do novo Código Civil, a maioridade
experiência. foi reduzida para 18 anos de idade, o que tornou inó-
cuo o dispositivo da Lei 9.099, de 1995.
Das Partes
Art. 9° Nas causas de valor até vinte salários
Os arts. 8° ao 11 trazem disposições sobre as par- mínimos, as partes comparecerão pessoalmen-
tes. As partes são os sujeitos que figuram na relação te, podendo ser assistidas por advogado; nas de
jurídica processual e atuam com parcialidade: autor valor superior, a assistência é obrigatória.
(polo ativo) e réu (polo passivo).
TETO DO JEC
Art. 8° Não poderão ser partes, no processo insti-
40 SALÁRIOS
tuído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
jurídicas de direito público, as empresas públi-
cas da União, a massa falida e o insolvente civil.
Até 20 salários:
O incapaz Acima de 20 salários:
Advogado é
Advogado é obrigatório
O preso facultativo
processo para ajudar uma das partes. Tais interven- atos processuais a serem praticados em outras comar-
ções, conforme determina o art. 10, não são admitidas. cas, no Juízo comum, são solicitados por meio de carta
A razão de não se admitir tais intervenções é que elas precatória; no âmbito do JEC, tal formalidade não se
aumentam a complexidade do processo, o que foge faz necessária, podendo-se utilizar para tal o telefone,
aos princípios de celeridade, informalidade e simpli- o e-mail etc.
cidade que caracterizam os JEC.
Admite-se, no entanto, o litisconsórcio, que consiste na Do Pedido
pluralidade de partes, autores ou réus no mesmo processo.
Art. 14 O processo instaurar-se-á com a apresentação
Art. 11 O Ministério Público intervirá nos casos do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
previstos em lei. § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em
linguagem acessível:
O Ministério Público não é parte no processo que I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
tramita no JEC; no entanto, deve intervir em situações II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
muito excepcionais como fiscal da lei. III - o objeto e seu valor. 213
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou
formulários impressos.
O art. 14 disciplina a forma de apresentação do pedido inicial que vai instaurar o processo no JEC. Vale desta-
car a possibilidade da apresentação do pedido de forma escrita ou oral (hipótese em que será transcrito).
Art. 15 Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipó-
tese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.
Os pedidos, no JEC, podem ser alternativos (pede-se uma coisa ou outra) ou cumulativos (pede-se uma coisa e outra).
No caso de pedidos cumulativos, eles devem ter relação entre si (indenização por danos materiais e morais devidos pelo
mesmo fato, por exemplo) e não podem, se somados, ultrapassar o valor do teto (40 salários mínimos).
Ao contrário do que ocorre no Juízo comum, em que, após feito o pedido inicial, ele é encaminhado para o Juiz
para que este determine a realização de audiência de tentativa de conciliação, no JEC, é a própria Secretaria do
Juizado que faz a designação da data da sessão de conciliação.
Art. 17 Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
dispensados o registro prévio de pedido e a citação.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apre-
ciados na mesma sentença.
Na hipótese de comparecerem ambas as partes ao Juizado, realiza-se a sessão de conciliação, sem necessida-
de de promover o registro e a citação prévios. Caso o réu também tenha pedido a ser formulado em desfavor do
autor, baseado nos mesmos fatos, os pedidos de autor e réu (pedidos contrapostos) serão decididos na mesma
sentença.
Os arts. 18 e 19 cuidam da comunicação dos atos processuais no Juizado Especial Civil. A citação é a comuni-
cação que tem como finalidade convocar o réu para fazer parte do processo. Por sua vez, a intimação é a comuni-
cação que tem por objetivo dar ciência à parte de atos ou termos do processo, bem como convocá-la para realizar
ou deixar de realizar algum ato.
Com aviso de
Por correspondência recebimento em mão
própria
Quando se trata de
pessoa jurídica ou firma
Por entre ao individual
CITAÇÃO SERÁ FEITA encarregado da
recepção O encarregado será
obrigatoriamente
identificado
Quando necessário
JUIZADOS ESPECIAIS
Juizados Especiais Cíveis
judicial escrita (mandado ou carta precatória).
ESTADOS E DF
Art. 18 [...] Juizados Especiais
§ 1° A citação conterá cópia do pedido inicial, Criminais
dia e hora para comparecimento do citando e
advertência de que, não comparecendo este, con- Juizados Especiais da
siderar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e Fazenda Pública
será proferido julgamento, de plano.
§ 2º Não se fará citação por edital.
Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da
A citação por edital (publicada em diário oficial) Fazenda Pública processar, conciliar e julgar cau-
não se aplica no âmbito do JEC, uma vez que vai con- sas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Fede-
tra os princípios de celeridade, oralidade e simplicida- ral, dos Territórios e dos Municípios, até o valor
de, que regem os Juizados. de 60 (sessenta) salários mínimos.
No processo civil temos basicamente dois tipos de Aqui é essencial fazermos a diferenciação entre os
competências: a) relativa e b) absoluta. Nas comarcas/ institutos da Citação e da Intimação.
cidades onde houver a instalação de Juizado Especial da É importante dizer que o art. 238, do CPC, define
Fazenda Pública, as causas precisarão necessariamente a citação como “ato pelo qual são convocados o réu,
serem propostas nele, não sendo uma opção, por exem- o executado ou o interessado para integrar a relação
plo, que o requerente ajuíze a ação no juízo cível. processual”, ou seja, quando ocorre a citação, o réu,
o executado ou interessado são chamados para virem
Importante: Atente-se a esse detalhe da compe-
a participar da lide, completando a relação jurídico-
tência absoluta dos Juizados Especiais da Fazenda
-processual. Em outras palavras, a citação ocorrerá,
Pública, pois muitas vezes o examinador tenta con-
em regra, no início do processo de conhecimento ou
fundir os candidatos ao trazer uma aplicação cabível de execução, e apenas uma vez, para que os citados
no Juizado Especial Cível, qual seja: opção de escolha possam vir a fazer parte do processo, compondo o
pelo autor no momento do ajuizamento (desde que, é polo passivo e, querendo, se manifestar.
claro, atendidas as condições). Frisa-se ainda que a citação do réu ou executado é
pressuposto de validade do processo, devendo ser rea-
Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento lizada e respeitada, e caso não a for, poderá resultar
das partes, deferir quaisquer providências caute- em nulidade do processo.
lares e antecipatórias no curso do processo, para Em relação à intimação, ela está prevista no art. 269,
evitar dano de difícil ou de incerta reparação. do CPC, e pode ser caracterizada como “o ato pelo qual
se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo”,
O juiz poderá conceder por sua livre convicção (de ou seja, toda vez em que houver a necessidade de infor-
ofício) ou a pedido das partes (requerimento), medi- mar às partes a respeito de algum passo a ser realizado
das assecuratórias e antecipadas durante o processo, no decorrer da lide, será este feito por intimação.
para que se evite a perda ou o dano de algum direito. Nesse caso, a intimação possui um duplo objetivo:
A medida cautelar não define, mas protege algo
do processo ou assegura que este algo não se per- z Dar ciência dos autos ou termos do processo;
ca para que se possa ter um processo futuramente. z Convocar a parte para fazer ou abster-se de algu-
Temos diversas medidas cautelares. Para que fique ma coisa.
claro, imagine, por exemplo, uma medida cautelar
chamada de Exibição, que tem como objetivo a exi- Sendo assim, a intimação poderá ocorrer várias
bição de um importante documento que irá compro- vezes, sempre que for necessário a parte realizar
determinado ato e se manifestar no processo. Outros-
var o direito, e, se não apresentado antecipadamente,
sim, as intimações, além de serem direcionadas ao
poderá haver riscos de esse documento ser perdido
autor e ao réu, podem ser destinadas ao Ministério
e, consequentemente, o direito de alguma das partes
Público e aos auxiliares do juízo, como, por exemplo,
estará prejudicado. peritos, intérpretes, etc.6
Já uma medida antecipatória é aquela que irá
entregar o objetivo final de maneira antecipada, Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prá-
inclusive sem a oportunidade de a outra parte produ- tica de qualquer ato processual pelas pessoas jurí-
zir provas. dicas de direito público, inclusive a interposição de
recursos, devendo a citação para a audiência de
Art. 4º Exceto nos casos do art. 3º, somente será conciliação ser efetuada com antecedência mínima
admitido recurso contra a sentença. de 30 (trinta) dias.
No âmbito dos juizados especiais, uma das carac- O artigo acima deixa claro que as partes irão obede-
terísticas que é extremamente respeitada é a celeri- cer aos mesmos prazos no Juizado, mesmo se forem pes-
dade, assim, é de se pensar que não há margem para soas jurídicas de direito público, seja para atos comuns
recursos durante a tramitação da ação, já que se hou- ou recursos. Quando este artigo vem na prova, nor-
vesse, essa característica seria prejudicada. malmente é cobrando o prazo mínimo de 30 dias para
Contudo, uma exceção é, justamente, essa do art. a primeira audiência de conciliação. Fique atento!
4º. O Juizado Especial da Fazenda Pública aceita um
único recurso durante o andamento do processo: Art. 8º Os representantes judiciais dos réus pre-
agravo de instrumento contra decisão que defere sentes à audiência poderão conciliar, transigir
medidas cautelares ou antecipatórias. ou desistir nos processos da competência dos
Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses pre-
Art. 5º Podem ser partes no Juizado Especial da vistas na lei do respectivo ente da Federação.
Fazenda Pública:
I - como autores, as pessoas físicas e as microem- Os representantes judiciais dos réus, que, como
presas e empresas de pequeno porte, assim vimos no art. 5º, são as Entidades da Administração
definidas na Lei Complementar nº 123, de 14 de Pública, serão os Procuradores Estaduais ou Munici-
dezembro de 2006; pais, que em alguns lugares são chamados de Advo-
II - como réus, os Estados, o Distrito Federal, os gados Públicos. No curso do processo, eles poderão
Territórios e os Municípios, bem como autarquias, conciliar, transigir ou simplesmente poderão desistir
fundações e empresas públicas a eles vinculadas. de continuar com a demanda.
216 6 Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/79163/diferenca-entre-citacao-e-intimacao>
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Art. 9º A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a § 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, ime-
documentação de que disponha para o esclareci- diatamente, determinará o sequestro do nume-
mento da causa, apresentando-a até a instalação rário suficiente ao cumprimento da decisão,
da audiência de conciliação. dispensada a audiência da Fazenda Pública.
O artigo acima indica que as Entidades Públicas Sequestro é uma medida cautelar por meio da qual
que forem rés no processo, deverão entregar ao Jui- o juiz ordena o resguardo de valores (assegura) para
zado toda a documentação que tiver disponível para que a obrigação possa ser satisfeita posteriormente.
que se chegue ao esclarecimento da causa, tendo
como prazo limite para apresentar a audiência de
PEQUENO VALOR
OBRIGAÇÕES DE
40 salários mínimos nos
conciliação. Estados e no DF
o motorista, alegando que ele foi imprudente e estava realizou por justa causa.
trafegando acima da velocidade permitida na via. A e) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for
ação foi proposta perante a 5ª Vara Cível da Comarca difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos
de Santa Madalena, cujo Chefe de Secretaria era amigo por até 3 (três) meses.
íntimo de Cleber. No momento de produção de provas,
o juiz nomeou perito para averiguar se Cleber estava 5. (VUNESP — 2021) A citação poderá ser feita em qual-
trafegando ou não acima da velocidade permitida na quer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
via. Cleber nomeou assistente técnico para auxiliar na interessado.
perícia. O assistente técnico, no entanto, era proprie-
tário do imóvel que Mariana locava e autor da ação de No entanto, não se fará a citação, salvo para evitar o
despejo que estava em fase de recurso perante a 2ª perecimento do direito
Vara Cível da Comarca de Santa Madalena.
a) de doente, enquanto grave o seu estado.
Diante da situação hipotética, Mariana poderá alegar b) de noivos, nos 5 (cinco) primeiros dias seguintes ao
que, em relação do processo de indenização, casamento. 219
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c) de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente a) que não indicar o fundamento legal.
do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na b) que contrariar enunciado de súmula de tribunal de jus-
linha colateral em terceiro grau, no dia do falecimento tiça sobre direito local.
e nos 7 (sete) dias seguintes. c) que tiver petição inicial inepta.
d) de quem estiver participando de ato de culto religioso, d) que tenha parte manifestamente ilegítima.
desde que aos domingos. e) cujo autor carecer de interesse processual.
e) quando se verificar que o citando é mentalmente inca-
paz ou está impossibilitado de recebê-la. 9. (VUNESP — 2022) A contestação é o ato facultado ao
réu para responder ao pleito formulado pelo autor, oca-
6. (VUNESP — 2021) A petição inicial da ação, que visa sião em que deve ele, o réu, expor toda a matéria de
à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente, defesa, contendo argumentos de fato e de direito que
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária obstam a pretensão do autor, especificando também
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano as provas que pretende produzir. O réu que não con-
ou o risco ao resultado útil do processo. testar a ação é considerado revel sendo, também, pre-
sumidos verdadeiros os fatos deduzidos pelo autor,
No que diz respeito ao procedimento da tutela cautelar nos termos do artigo 344 do CPC.
requerida em caráter antecedente, é correto afirmar:
Entretanto, a revelia não produz efeitos, de acordo
a) o pedido principal deverá ser formulado em separado com o artigo 345 do CPC, se
do pedido de tutela cautelar.
b) a causa de pedir poderá ser aditada no momento de a) o litígio versar sobre direitos disponíveis.
formulação do pedido principal. b) nenhum dos demais réus contestar a ação.
c) apresentado o pedido principal, as partes serão inti- c) as alegações do autor forem inverossímeis.
madas para a audiência de conciliação ou de media- d) existir, nos autos, a prova dos fatos deduzidos pelo autor.
ção, sendo necessária nova citação do réu.
d) efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de 10. (VUNESP — 2019) O saneamento do processo pelo
ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, magistrado constitui
caso em que será apresentado nos mesmos autos em
que deduzido o pedido de tutela cautelar, dependendo a) requisito obrigatório da audiência de conciliação, que
de novas custas processuais. demanda a fixação de pontos controvertidos.
e) se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cau- b) decisão interlocutória que, se admitir ou inadmitir a
telar, é permitido à parte renovar o pedido, sob o mes- intervenção de terceiros, desafia recurso de agravo de
mo fundamento, no prazo de 30 (trinta) dias. instrumento.
c) julgamento antecipado da lide.
7. (VUNESP — 2021) Joana assinou um contrato de pres- d) prolação de despacho ordinário não sujeito a recurso.
tação de serviços com Pedro, no valor de R$ 200,00
(duzentos reais mensais) no qual restou estabeleci- 11. (VUNESP — 2022) A respeito do sistema de distribui-
do que ele entregaria, mensalmente, em sua casa de ção do ônus da prova, assinale a alternativa correta.
campo, uma cesta de alimentos ou de bebidas. Pas-
sados oito meses, Pedro não entregou nenhuma cesta a) A distribuição dinâmica do ônus da prova é permitida,
e, por isso, Joana decidiu propor ação de obrigação desde que a decisão judicial seja fundamentada na
de fazer em face de Pedro para que ele cumprisse o impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir o
contratado. ônus probatório previsto em lei, ou na maior facilidade
de obtenção de prova do fato contrário.
b) A lei processual civil vigente adotou o sistema de dis-
Diante da situação hipotética, considerando que
tribuição estática do ônus da prova, vedando ao juiz
atribuir o ônus probatório de forma diversa da previa-
a) a ação que tem por objeto cumprimento de obrigação mente prevista em lei.
em prestações sucessivas, deverá haver declaração c) É vedada a convenção que discipline o ônus probató-
expressa do autor para que sejam incluídas na conde- rio de forma diversa da prevista em lei, tendo em vista
nação, enquanto durar a obrigação. a adoção do sistema de distribuição estática.
b) o pedido é cumulativo, é lícito formular mais de um d) É possível a inversão convencional do ônus da prova,
pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz desde que celebrada antes do ajuizamento da ação
conheça do posterior, quando não acolher o anterior. judicial, não podendo recair sobre direito indisponível
c) o pedido deve ser certo e determinado, compreendem- se da parte, bem como não podendo tornar excessiva-
no principal os juros legais, a correção monetária, deven- mente difícil a uma das partes o exercício do direito.
do ser especificado, de forma apartada, as verbas de e) A inversão judicial do ônus da prova somente é admiti-
sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. da nas relações de consumo e a favor do consumidor
d) Pedro ainda não foi citado, Joana poderá, até o sanea- hipossuficiente.
mento do processo, alterar o pedido, independente-
mente de consentimento do réu. 12. (VUNESP — 2019) O juiz poderá inspecionar pessoas
e) o pedido é alternativo, o juiz assegurará ao devedor ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que inte-
o direito de cumprir a prestação de um ou de outro resse à decisão da causa, denominando-se tal ato
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido como inspeção judicial, sendo certo que
alternativo.
a) concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto cir-
8. (VUNESP — 2018) Nas causas que dispensem a fase cunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil
instrutória, o juiz, independentemente da citação do ao julgamento da causa, o qual poderá ser instruído
220 réu, poderá julgar liminarmente improcedente o pedido com desenho, gráfico ou fotografia.
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b) ao realizá-la, o magistrado não poderá ser assistido por b) consideram-se incluídos no acórdão os elementos que
perito, a fim de que seja mantida a sua imparcialidade. o embargante suscitou, para fins de pré-questiona-
c) para fins de reconstituição dos fatos, as pessoas serão mento, desde que os embargos de declaração sejam
levadas à presença do juiz da causa na sede do juízo. admitidos e o tribunal superior considere existentes
d) as partes têm direito a assistir à inspeção, porém sem erro, omissão, contradição ou obscuridade.
fazer observações. c) quando manifestamente protelatórios, sujeitam o
e) deve ser determinado, apenas por requerimento de embargante a pagar ao embargado multa não exce-
uma das partes, podendo ser realizada em qualquer dente a dois por cento sobre o valor atualizado da cau-
fase do processo. sa, desde que previsto em decisão fundamentada do
juiz ou do tribunal.
13. (VUNESP — 2022) Sobre a sentença e a coisa julgada, d) possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
é correto afirmar que para a interposição de recurso.
e) podem ser opostos contra qualquer decisão judicial
a) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la por para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição,
meio de embargos de declaração. considerando-se obscura a decisão que deixe de se
b) a sentença de mérito deve se pautar pelos pedidos das manifestar sobre tese firmada em julgamento de
partes (na ação e/ou em possível reconvenção), quando casos repetitivos aplicável ao caso sob julgamento.
o juiz os acolherá ou os rejeitará, no todo ou em parte.
c) a sentença que impuser ao réu condenação genérica não 17. (VUNESP — 2021) É permitido nos Juizados Especiais
valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária. Cíveis
d) os motivos, dês que importantes para determinar o
alcance da parte dispositiva da sentença, também a) a citação por correspondência, com aviso de recebimen-
fazem automaticamente coisa julgada. to em mão própria, por oficial de justiça, independente-
mente de mandado ou carta precatória ou por edital.
14. (VUNESP — 2022) A partir das regras do cumprimento b) a propositura de ações de alimentos, desde que o
de sentença, definitivo e provisório, é correto afirmar: valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo.
c) o incidente de desconsideração da personalidade jurí-
a) mesmo diante de um crédito alimentar, como hono- dica e a assistência.
rários advocatícios, tem o juiz a possibilidade – não d) mandato verbal ao advogado para assinar declaração
a obrigação – de dispensar a caução para deferir o de hipossuficiência econômica.
levantamento de depósito em dinheiro antes do trân- e) que os atos processuais sejam realizados em horário
sito em julgado. noturno, sendo que a prática de atos processuais em
b) quando o executado alegar que o exequente, em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer
excesso de execução, pleiteia quantia superior à resul- meio idôneo de comunicação.
tante da sentença, cumprir-lhe-á depositar de imediato
o valor que entende correto. 18. (VUNESP — 2018) Serão admitidos(as) a propor ação
c) os 15 dias para o devedor apresentar impugnação se perante o Juizado Especial Cível regido pela Lei nº
iniciam após intimação específica, pela imprensa oficial, 9.099/95:
uma vez decorrido o prazo para pagamento voluntário.
d) a sentença condenatória de obrigação de pagar quan- a) os insolventes civis, ante sua hipossuficiência devida-
tia certa poderá, logo que transite em julgado, ser leva- mente comprovada.
da a protesto. b) as pessoas enquadradas como microempreendedo-
res individuais, cujo empreendedor individual tenha
15. (VUNESP — 2022) É correto afirmar, a respeito dos renunciado ao direito próprio.
recursos: c) as sociedades de economia mista, por serem pessoas
de direito privado.
a) à exceção do agravo interno e dos embargos de decla- d) as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
ração, o prazo para interposição dos recursos é de 15 da Sociedade Civil de Interesse Público.
dias, sempre contados da intimação dos advogados e) os incapazes, devidamente representados por procu-
pela imprensa oficial. ração, por instrumento público.
b) o agravo retido e a reclamação são recursos cabíveis
de acordo com a sistemática prevista no novo CPC. 19. (VUNESP — 2021) A Empresa NTO – EPP é proprietá-
c) o capítulo da sentença que concede ou revoga a tute- ria de um grande terreno na cidade de Andrenópolis,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
la provisória é impugnável via agravo de instrumento, que tem por confinante uma praça Municipal. Passan-
sem prejuízo da apelação quanto às demais matérias. do por dificuldades financeiras, a empresa NTO decide
d) tem o agravante o ônus de juntar, nos autos físicos, vender o seu terreno, no entanto, quando foi verificar
cópia da petição do agravo de instrumento que mane- as medidas exatas, seus sócios perceberam que parte
jou, no prazo de 03 dias, contados da interposição, do terreno da empresa estava sendo utilizado como
pena de ser reconhecida a sua inadmissibilidade. estacionamento da praça. Inconformados, decidem,
em nome da empresa, propor ação demarcatória em
16. (VUNESP — 2021) Dentre os recursos previstos no face do Município de Andrenópolis. A ação foi propos-
Código de Processo Civil, é correto afirmar que os ta perante o Juizado Especial da Fazenda Pública de
embargos de declaração Andrenópolis, a certidão da propriedade e os demais
documentos necessários foram juntados ao processo
a) serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição e foi dado à causa o valor de 50 (cinquenta salários
dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, mínimos). O juiz recebeu a ação e, de ofício, deferiu
contradição ou omissão, mediante preparo no valor de tutela de urgência de natureza cautelar para evitar
um por cento sobre o valor da causa. dano de difícil ou incerta reparação. 221
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Diante da situação hipotética, assinale a alternativa
18 D
correta.
19 D
a) Haverá prazo em dobro apenas para a interposição de
recursos, devendo a citação para a audiência de con- 20 A
ciliação ser efetuada com antecedência mínima de 15
(quinze) dias.
b) A ação não é de competência do Juizado Especial da
Fazenda Pública, pois ultrapassa o valor de 40 (qua- ANOTAÇÕES
renta) salários mínimos.
c) A ação deve ser julgada improcedente consideran-
do a incompetência absoluta do Juizado Especial da
Fazenda Pública, uma vez que o autor é Empresa de
Pequeno Porte.
d) A ação não é de competência do Juizado Especial da
Fazenda Pública, pois trata de ação de demarcação.
e) É defeso ao juiz, nas causas propostas perante o Jui-
zado Especial da Fazenda Pública, deferir, de ofício,
providências cautelares no curso do processo.
9 GABARITO
1 D
2 C
3 E
4 C
5 A
6 B
7 E
8 B
9 C
10 B
11 A
12 A
13 B
14 A
15 D
16 C
17 E
222
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exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga-
tório em tempo de paz, ou os casos de existência
de um pressuposto lógico e racional que justifique
a desequiparação efetuada, como a existência de
DIREITO assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.
CONSTITUCIONAL Art. 5º [...]
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
tanto o legislador como os aplicadores da lei. ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
ção à Administração, seus atos são engessados, sendo
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
modo a vedar a elaboração de dispositivos que
estabeleçam desigualdades ou privilégio entre as Art. 5º [...]
pessoas; III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- tamento desumano ou degradante;
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar
critérios discriminatórios na aplicação da norma, O inciso III decorre do direito à vida, por decor-
salvo nos casos em que a própria norma consti- rer da violação à integridade humana, tanto física
tucional estabelece a aplicação desigual. Como como psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo
1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. 223
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sofrimento físico ou mental como forma de intimida- Importante!
ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
forma de anular a personalidade ou diminuir a capa- O inciso V prevê a indenização por dano material,
cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo 37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos
de tratamento desumano ou degradante. Temos como são acumuláveis.
exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº
11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de
Art. 5º [...]
forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
mano ou degradante. crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge- proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
mas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou
A liberdade de consciência abrange a liberdade
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
dade de pensamento de foro íntimo em questões não
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
processual a que se refere, sem prejuízo da respon- ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
sabilidade civil do Estado. isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
Art. 5º [...] o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
vedado o anonimato; de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece
a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou
Todas as pessoas possuem direito atinentes à religião e de manifestação.
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- Art. 5º [...]
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
de assistência religiosa nas entidades civis e
direito de expressar livremente esses pensamentos.
militares de internação coletiva;
Assim, o direito à expressão do pensamento, que
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
este fundamento do Estado Democrático de Direito),
de crença e culto, de modo a garantir aos internados
está disciplinado no inciso IV.
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
assistência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
de que essa admissão não influi no fato de o Estado
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
ser laico.
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Art. 5º [...]
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres-
VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
são que decorrem a proibição de censura e a vedação vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam.
Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada, O inciso VIII traz a chamada escusa de consciência
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o ou objeção de consciência. Trata-se do direito de não
recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso cumprir um serviço obrigatório por razões relaciona-
não impede que o Estado apure de forma sumária a das a sua consciência ou crença, de modo a assegurar
verossimilhança das alegações. que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou políticos
em decorrência de tal recusa. Por exemplo: a pessoa
Art. 5º [...] que, por questão religiosa, seja contrária ao serviço
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- militar poderá alegar tal imperativo de consciência em
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- seu alistamento militar. No entanto, a CF, de 1988, esta-
rial, moral ou à imagem; belece que, mesmo que dispensada da prática dessa ati-
vidade, ela terá que cumprir serviço alternativo.
A expressão do pensamento é livre, porém, não
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua Art. 5º [...]
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém, IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e artística, científica e de comunicação, indepen-
penalmente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o dentemente de censura ou licença;
direito de resposta, ou seja, o exercício do direito de
defesa da pessoa que foi ofendida em razão da mani- O inciso IX trata da liberdade de expressão das
festação do pensamento de outra, como, por exemplo, atividades intelectual, artística, científica e de comu-
no caso de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
por fim que o direito de resposta é aplicado tanto à qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a
pessoa física quanto à jurídica. proveniente de atuação jurisdicional.
224 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
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Cumpre esclarecer os conceitos de censura e O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
licença: ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
z Censura é a verificação da compatibilidade ou não no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
entre um pensamento que se pretende expressar bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
com as normas legais vigentes; mite a entrada no local para prestar socorro, como,
z Licença é a exigência de autorização para que o por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
pensamento possa ser exteriorizado. ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
sar na casa mediante autorização judicial, como, por
Art. 5º [...] exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o É importante consignar que, mesmo com autoriza-
direito a indenização pelo dano material ou moral ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
decorrente de sua violação; o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
do consentimento do morador. Assim sendo, durante
O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro- o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi- ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
devem ser preservados e respeitados por todos, uma houver necessidade.
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
aspectos materiais. de 2019, estabelece como dia o período compreendido
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: entre as 5h e 21h.
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser
Art. 5º [...]
perturbado em sua vida particular; vida privada refe-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus
das comunicações telegráficas, de dados e das
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti- ou instrução processual penal;
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja,
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a A inviolabilidade das comunicações pessoais
exteriorização de sua personalidade no meio social está disciplinada no inciso XII e também decorre do
(imagem-atributo). direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
cações pessoais:
Art. 5º [...]
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém z As correspondências: comunicações recebidas
nela podendo penetrar sem consentimento do em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
morador, salvo em caso de flagrante delito ou os comunicados e avisos comerciais;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante z A comunicação telegráfica: comunicados mais
o dia, por determinação judicial; rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
escrita como pela internet, tais como o telegrama;
A inviolabilidade do domicílio está prevista no z A comunicação de dados: comunicação feita por
inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança. meio de rede de computadores, como, por exem-
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável plo, a compra de produtos online ou homebank;
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata-
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do do aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296,
indivíduo. de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens troca-
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: entre outros.
DIREITO CONSTITUCIONAL
225
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Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- armas, em locais abertos ao público, indepen-
sionais que a lei estabelecer; dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O direito de exercício de qualquer atividade da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se vio aviso à autoridade competente;
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter ter transitório e voltado para determinada finalidade.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
faculdade estrangeira. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. petente e local aberto ao público.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar que a passeata é constitucional, assim, compatível
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo- incitação ao uso de entorpecentes.
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Advogados do Brasil. rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
Art. 5º [...] no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá- manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).
rio ao exercício profissional;
Art. 5º [...]
O inciso XIV disciplina o direito de informação, XVII - é plena a liberdade de associação para fins
que é um dos desdobramentos do direito à liberdade. lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
O direito à informação possui tríplice alcance, por
englobar o direito de informar, de se informar e de A liberdade de associação encontra-se disciplina-
ser informado. da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
Importante! associação. É importante mencionar que tanto a reu-
nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
A liberdade de informação jornalística está pre- No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é como, por exemplo, a associação para fins contrários à lei
mais abrangente que a liberdade de imprensa, penal. Também é vedada a associação de caráter parami-
que assegura o direito de veiculação de impres- litar, ou seja, a associação civil e desvinculada do Estado,
sos sem qualquer tipo de restrição por parte do que se encontra armada e com estrutura similar às insti-
Estado. tuições militares, de modo a se utilizar de táticas e técni-
cas policiais ou militares para alcançar os seus objetivos.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
XX - ninguém poderá ser compelido a associar- desapropriação por necessidade ou utilidade
-se ou a permanecer associado; pública, ou por interesse social, mediante justa
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
O inciso XX, que também disciplina o direito de os casos previstos nesta Constituição;
associação, estabelece que não é possível obrigar
qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
do grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o
será livre para decidir se permanece ou não associa- Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
do. Portanto, compreende o direito de associar-se a bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
outras pessoas para formação de uma entidade, como ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
também de deixar de participar quando for de seu hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
interesse. cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
poder de quem quer que, injustamente, a possua ou a vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
detenha. de uma enchente em um determinado local, o Poder
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu- Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no um hospital de atendimento às vítimas.
direito civil, por abranger qualquer direito de conteú- A requisição temporária é uma exceção ao princí-
do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi- está condicionado à existência de danos.
tos e direitos pessoais. Art. 5º [...]
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi-
Art. 5º [...] nida em lei, desde que trabalhada pela família,
XXIII - a propriedade atenderá a sua função não será objeto de penhora para pagamento de
social; débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento; 227
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O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade utilização, bem como proteção às criações indus-
da pequena propriedade rural, por ser esta consi- triais, à propriedade das marcas, aos nomes de
derada bem de família e, portanto, insuscetível de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por vista o interesse social e o desenvolvimento tecno-
dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além lógico e econômico do País;
disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
ber os recursos previstos em lei que financiem o seu O último dispositivo que trata da propriedade
desenvolvimento. intelectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de
Embora o dispositivo não conceitue pequena pro- inventos industriais os privilégios para sua utilização,
priedade rural, o entendimento mais amplo é de que ainda que de forma temporária. Além disso, assegu-
esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis- ra a proteção às criações industriais, à propriedade
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
sua única fonte de sobrevivência. distintivos.
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. 229
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A proibição dos tribunais de exceção, que decor- O inciso XLI decorre do direito à igualdade.
re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci- Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas
sejam criados especialmente para julgar determina- proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos). cada de modo discriminatório, como também deverá
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde punir tais discriminações com base em qualquer con-
com Justiças especializadas e foro privilegiado. dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras.
pessoal de pessoas já identificadas civilmente. Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do
Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu-
disciplina o inciso e estabelece quais documentos ser- siva e estabelece que a restrição da liberdade só será
vem para a identificação civil. Ainda, a regra da não legítima quando respeitados os parâmetros legais.
identificação criminal não é absoluta e abarca exce- Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu-
ções. No entanto, tais exceções devem estar discipli- rança, por envolver garantias processuais.
nadas em lei.6
6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o docu-
mento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III - o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autorida-
de policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o esta-
do de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 233
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Em termos de processo penal, existem dois tipos Além disso, o dispositivo também estabelece a
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de assistência da família e do advogado, garantindo tan-
sentença penal condenatória transitada em julgado, to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- é devida.
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de
execução penal. Além disso, há a prisão processual, Art. 5º [...]
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre LXIV - o preso tem direito à identificação dos
durante a fase de investigação, instrução e antes do responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a gatório policial;
prisão temporária e a prisão preventiva.
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
duo somente será preso se estiver em flagrante delito rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma
com algo que faça presumir ser o autor da infração)7 vez que lhe é garantido questionar a competência ou
ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das atribuição dessas autoridades em conformidade com
prisões acautelatórias.
a norma vigente e os princípios constitucionais e de
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais
direitos humanos.
sejam: transgressão militar ou crime propriamen-
te militar, definido em lei. Quanto às transgressões,
Art. 5º [...]
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
tanto das Forças Armadas como das Forças Auxiliares.
da pela autoridade judiciária;
A elas é aplicado procedimento de apuração especí-
fico, também garantindo o contraditório e a ampla
O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
defesa. Já os crimes militares encontram-se previstos
do direito à segurança ao prever o relaxamento da
no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi-
ne quais são os crimes propriamente militares. prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
Art. 5º [...] dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
encontre serão comunicados imediatamente ao drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
juiz competente e à família do preso ou à pessoa Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
por ele indicada; sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
Como a prisão em flagrante é a única modalida- presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
de de prisão acautelatória que não conta com ordem substituí-la por medidas cautelares diversas.
judicial prévia, visto que é imposta no momento em
que a infração penal é praticada ou em momentos Art. 5º [...]
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
dade da prisão. sória, com ou sem fiança;
A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe- O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
lece que a comunicação será imediata e os autos reme- sua supressão é apenas medida excepcional e somen-
tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. te deve ser decretada nos casos em que a norma
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a autorizar.
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para- Art. 5º [...]
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida. LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário
Art. 5º [...] e inescusável de obrigação alimentícia e a do
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
depositário infiel;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado; O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida.
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber-
Considerando que a liberdade é a regra e a sua res- dade que não possui caráter de pena e que tem como
trição só é legítima quando efetuada nos estritos limites finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
legais, o inciso LXIII estabelece que o preso em flagran- gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por
te deve ser comunicado dos seus direitos. Entre esses dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo
direitos, encontra-se o de permanecer em silêncio. deixou de pagar a pensão alimentícia devida.
O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá Por se tratar de uma norma constitucional de efi-
ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri- cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista
gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar, na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci-
esse silêncio não pode ser considerado como prova. ta em razão das seguintes Súmulas:
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
234 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
lidade do depósito. dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo- cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
sitário judicial infiel. sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
Art. 5º [...] Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que 12.016, de 2009.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer O MS é cabível quando houver direito líquido e
violência ou coação em sua liberdade de loco- certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- que os documentos comprobatórios do direito devem
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
nais são as ações constitucionais previstas na própria estiverem em repartição ou em poder de autoridade
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
cimento de direitos fundamentais violados. temente, no MS, não há fase instrutória
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo O MS pode ser de duas espécies:
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
de sofrer constrangimento ilegal do seu direito de ir de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões gal já existente;
penais como em questões civis, desde que haja cons- z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. trangimento ilegal a direito líquido e certo.
Existem três modalidades de HC, quais sejam:
Não cabe MS contra:
z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em
que a ordem é concedida para fazer cessar o cons- z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
trangimento à liberdade de locomoção quando já independentemente de caução;
existente; z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é suspensivo;
concedida quando houver ameaça ao direito de ir z Decisão judicial transitada em julgado.
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a
ter restringido seu direito; Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
concedida pela autoridade judicial sem pedido, interessado do ato impugnado.
quando esta verificar, no curso de um proces-
so, que alguém está sofrendo ou na iminência de Art. 5º [...]
sofrer constrangimento ilegal em sua liberdade de LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
locomoção. impetrado por:
a) partido político com representação no Con-
Não cabe HC nos seguintes casos: gresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
z Perda de patente; associação legalmente constituída e em funciona-
z Perda de cargo; mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
z Pena de multa; resses de seus membros ou associados;
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe); Do mesmo modo que o MS individual, é possível
z Pena extinta. ingressar com mandado de segurança coletivo nos
casos de direitos coletivos, assim entendidos como
De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
corpus em relação a punições disciplinares militares. seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo- pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica básica, e direitos individuais
DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se O pagamento de horas extras encontra-se previs-
de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da to no inciso XVI. A CF, de 1988, além de fixar a duração
Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que da jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abu-
possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com sos por parte do empregador, garante ao trabalhador
algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o que os serviços prestados que excedam a jornada nor-
trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de mal de trabalho sejam considerados extraordinários
renda estipulado pela Administração Pública. e pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o
Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene- valor normal.
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição,
o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa Art. 7º [...]
renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o pelo menos, um terço a mais do que o salário
benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25. normal;
Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam- O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, ao
bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse contrário do que ocorre com a licença à gestante, não
dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho possui prazo fixado pela CF, de 1988. Refere-se, tam-
com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja, bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses momento inicial de sua vida.
casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6
horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de nego- Art. 7º [...]
ciação coletiva para aumentar a jornada. XX - proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos ter-
Art. 7º [...] mos da lei;
XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
mente aos domingos; O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,
de normas de proteção do mercado de trabalho da
O inciso XV garante o descanso do trabalhador. mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar
Trata-se do repouso semanal remunerado, também a efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais
denominado descanso semanal remunerado (DSR), regras foram introduzidas pela CLT e tratam de temas
que é a possibilidade de o trabalhador ausentar-se de como a duração e condições de trabalho, a discrimi-
seu trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, manten- nação, o trabalho noturno, a proteção à maternidade,
do-se a remuneração respectiva. Para o descanso e entre outros.
recomposição do empregado, a CF, de 1988, estabele-
240 ce, como preferência, os domingos.
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Art. 7º [...] A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV,
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter- suas atividades após o cumprimento dos requisitos
mos da lei; previstos em lei, tais como idade e tempo de contri-
buição, bem como por motivo de incapacidade.
O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser Art. 7º [...]
surpreendido com o seu desligamento e poder pro- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen-
gramar-se para voltar a enfrentar a concorrência do tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio de em creches e pré-escolas;
é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
viço prestado à empresa, maior a sua permanência O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-
antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na -escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha-
CF, de 1988, é de 30 (trinta) dias. dores desde o nascimento até os 5 anos.
De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa-
de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limita- do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que
da (nos termos da lei). Segundo os termos da Lei nº o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os
12.506, de 2011, a esses 30 dias serão acrescidos três 5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre-
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa quentar a escola).
até o total de 60 dias. Portanto, a duração máxima do
aviso prévio é de 90 dias (30 dias assegurados pela CF, Art. 7º [...]
de 1988 e outros 60 previstos na lei). XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho;
Art. 7º [...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, O inciso XXVI ressalta a importância das entidades sin-
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; dicais nas negociações coletivas, de modo a permitir que
se incrementem as condições sociais dos trabalhadores.
O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre-
servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de Art. 7º [...]
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ- XXVII - proteção em face da automação, na forma
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho. da lei;
lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações de indenização por danos morais e patrimoniais
elétricas de grandes voltagens. decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas
que ainda não possuíam sentença de mérito em
Importante! primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional 45/2004.
De acordo com o TST, não é possível a percep-
ção cumulativa dos adicionais de insalubridade Prosseguimos com o inciso XXIX, do art. 7º, da CF:
e periculosidade.
Art. 7º [...]
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
Art. 7º [...] relações de trabalho, com prazo prescricional
XXIV - aposentadoria; de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato de trabalho; 241
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O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra- meio do trabalho, o ensino do curso que está desen-
balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse volvendo. Estagiário não é empregado nem está sub-
com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da metido a limite de idade.
extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno,
créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo: perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação.
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos
da extinção do contrato de trabalho) para promover a
ação e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos, Importante!
ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré-
ditos de 2015 em diante. Não há previsão expressa do trabalho penoso
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e aos menores de 18 anos.
“prescrição total”, é importante distinguir que pres-
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocorre
Art. 7º [...]
dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o dor com vínculo empregatício permanente e o
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. trabalhador avulso
Art. 7º [...]
XXX - proibição de diferença de salários, de O inciso XXXIV também decorre do princípio da
exercício de funções e de critério de admissão por igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direi-
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; tos entre os trabalhadores com vínculo empregatício
e os trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalha-
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e dor avulso aquele que, de forma sindicalizada ou não,
foi tratado anteriormente quando explanado acerca presta serviços tanto de natureza urbana como rural,
do salário. sem possuir vínculo empregatício, e a diversas empre-
sas, com intermediação obrigatória do sindicato da
Art. 7º [...] categoria ou, quando se tratar de atividade portuária,
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
com intermediação do Órgão Gestor de Mão de Obra
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
(OGMO).
lhador portador de deficiência;
Art. 7º [...]
Também decorrente do princípio da igualdade,
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
a CF, de 1988, veda qualquer tipo de discriminação trabalhadores domésticos os direitos previstos
do trabalhador com deficiência. A proibição de dis- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
criminação estende-se desde a sua admissão. Assim XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
sendo, o fato de o trabalhador possuir uma limitação, XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
quer física, psíquica ou intelectual, não tem o condão lei e observada a simplificação do cumprimento
de permitir que o empregador pague uma contrapres- das obrigações tributárias, principais e acessórias,
tação diversa dos demais funcionários por exemplo. decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
Art. 7º [...] e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
XXXII - proibição de distinção entre trabalho social.
manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
sionais respectivos; Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico
Mais um dispositivo que decorre do princípio o trabalhador que presta serviços de natureza contí-
da igualdade e veda a distinção entre as atividades nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo,
poderá ser tida como mais ou menos importante que cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros.
a intelectual por exemplo. O dispositivo remete a determinados incisos, ressal-
tando que parte desse direito depende de regulamen-
Art. 7º [...] tação legal, como no caso do FGTS.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigo- Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
so ou insalubre a menores de dezoito e de qual- nos arts. 8º a 11. Vejamos cada um deles:
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-
torze anos;
dical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Esta-
O inciso XXXIII estabelece os limites etários para do para a fundação de sindicato, ressalvado o
o desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos registro no órgão competente, vedadas ao Poder
não é possível o desempenho da atividade laboral, Público a interferência e a intervenção na organi-
exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver zação sindical;
a atividade entre 14 e 24 anos.
Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá- O inciso I, do art. 8º, traz o princípio da liberda-
rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo- de sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas
peração governamental, como, por exemplo, o SENAC situações distintas. A primeira refere-se à relação
e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a for- entre o Estado e o sindicato. Já a segunda, entre o sin-
mação profissional é desenvolvida no ofício. Por outro dicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade de
242 lado, estagiário é o estudante que complementa, por associação sindical possui dupla dimensão, de modo
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a assegurar o direito dos trabalhadores em geral de O inciso V é um desdobramento do direito à liber-
criarem entidades sindicais, como também a liberda- dade de associação prevista no art. 5º, da CF, de 1988.
de de aderirem ou não ao sindicato, assim como se
desfiliarem conforme sua vontade. Art. 8º [...]
De acordo com o STF, para que um sindicato possa VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
defender a categoria, não é preciso estar registrado no nas negociações coletivas de trabalho;
órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o
registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. As entidades sindicais possuem a denominada
função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
Art. 8º [...] melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
II - é vedada a criação de mais de uma organi- inciso IV estabelece como obrigatória a participação
zação sindical, em qualquer grau, representativa dos sindicatos nas negociações coletivas.
de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalha- Art. 8º [...]
dores ou empregadores interessados, não podendo VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
ser inferior à área de um Município; ser votado nas organizações sindicais;
O inciso II traz o princípio da unicidade sindical, O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais do aposentado filiado à entidade sindical.
de uma organização sindical na mesma base territo-
rial. Por essa razão, a CF, de 1988, definiu a base ter- Art. 8º [...]
ritorial mínima, ou seja, o Município. No entanto, não VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
especificou a base máxima, de modo que pode haver dicalizado a partir do registro da candidatura
um sindicato para a defesa da categoria no âmbito a cargo de direção ou representação sindical
estadual ou nacional. e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave
Art. 8º [...] nos termos da lei.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
resses coletivos ou individuais da categoria, A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
inclusive em questões judiciais ou administrativas; prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que
seus dirigentes atuem sem medo de represálias, ou
A representação e substituição do sindicato na seja, de serem desligados do emprego devido à atua-
defesa dos direitos e interesses de seus membros está ção. Trata-se, portanto, da regra que proíbe a dispen-
disciplinada no inciso III. Atente-se ao fato de o sindi- sa do empregado sindicalizado a partir do registro da
cato poder atuar não somente em questões judiciais, candidatura a cargo de direção ou representação sin-
mas também em questões administrativas. dical. No caso dos eleitos, mesmo que na condição de
suplentes, a estabilidade perdura até um ano após o
Art. 8º [...] final do mandato.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é
em se tratando de categoria profissional, será des-
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso
contada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva, de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar
independentemente da contribuição prevista em lei; que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para
O inciso IV trata da contribuição confederativa Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha-
sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu- dores também possuem estabilidade; já os indicados
ma das contribuições relativas à atividade sindical pelo empregador não a possuem.
é obrigatória, de modo a depender de autorização A estabilidade conferida pelo inciso VIII já foi obje-
expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente to de prova no que tange a sua destinação. Cumpre
quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a ressaltar que esse benefício não é destinado à pessoa
contribuição confederativa prevista nesse dispositivo. do empregado (intuitu personae), mas sim à represen-
tação sindical.
Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
está condicionado à autorização prévia e expressa Art. 8º [...]
DIREITO CONSTITUCIONAL
dos que participem de uma determinada categoria Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
econômica ou profissional, ou de uma profissão cam-se à organização de sindicatos rurais e de
liberal, em favor do sindicato representativo da colônias de pescadores, atendidas as condições
mesma categoria. que a lei estabelecer.
Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con- Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui- regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato de pescadores.
respectivo.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin-
Continuamos com o inciso V, do art. 8º, da CF: do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
Art. 8º [...] meio dele defender.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ter-se filiado a sindicato; 243
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O direito de greve dos trabalhadores encontra-se A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
assegurado no art. 9º, da CF, de 1988. Inicialmente, há Vejamos:
de se esclarecer que a expressão “trabalhadores” se
refere aos empregados da iniciativa privada, geral- z Nacionalidade originária é aquela que decor-
mente regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspen- re do nascimento e, a depender do Estado, pode
são temporária das atividades laborais desenvolvidas seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
e tem como causa o interesse dos trabalhadores. nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
Ademais, salienta-se, conforme já cobrado em ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
prova, que a greve, apesar de ser um direito social a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
conferido ao trabalhador, não depende de específica filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
prestação estatal para que seja exercida. sangue e brasileiro por solo);
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
Art. 9º [...] qualquer outro fator que não seja o nascimento,
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen- como, por exemplo, passar a residir em um país
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- ou casar-se com um estrangeiro e adquirir a nacio-
des inadiáveis da comunidade. nalidade deste (essa hipótese não existe no direito
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis brasileiro, pois o casamento com brasileiro, por
às penas da lei. si só, não dá o direito à nacionalidade brasileira).
Para adquirir a nacionalidade derivada, é necessá-
No que se refere aos serviços essenciais, tais como rio um procedimento chamado de naturalização e,
transporte público, serviços de fornecimento de luz, em regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade,
água, entre outros, o direito de greve é assegurado, por ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade
mas sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos anterior (direito de opção).
trabalhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783,
de 1989. Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos
arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um deles:
Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos Art. 12 São brasileiros:
órgãos públicos em que seus interesses profissio- I - natos:
nais ou previdenciários sejam objeto de discussão a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
e deliberação. ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;
O art. 10 decorre do direito a uma gestão b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
democrática, ou seja, de participação junto aos ou mãe brasileira, desde que qualquer deles este-
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte- ja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasilei-
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
ro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis-
dos previdenciários.
trados em repartição brasileira competente
ou venham a residir na República Federativa do
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atin-
empregados, é assegurada a eleição de um gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
representante destes com a finalidade exclusiva
de promover-lhes o entendimento direto com os
No que se refere à nacionalidade originária, a CF,
empregadores.
de 1988 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto
de definição da nacionalidade, uma vez que os dois
Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi-
promover o entendimento e facilitar o diálogo entre nir brasileiro nato.
empregados e empregador em empresas maiores A alínea “a” adota o critério territorial ao con-
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto
comissão de representação. de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes
Atenção! Os representantes não se confundem não estejam a serviço de seus países.
com os dirigentes sindicais. Atente-se ao fato de para que a criança não seja
considerada brasileira, algum dos pais estrangeiros
Cápítulo III - Da Nacionalidade deve estar a serviço de seu país de origem; ressalta-
-se este ponto pois os examinadores implementaram
O direito à nacionalidade é a garantia de ter um as cobranças acerca dessa temática.
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que Por exemplo, o casal Bob e Mary é residente da
todas as pessoas têm direito de se vincular a um Esta- cidade de Bruxelas, na Bélgica. Bob é natural da Bél-
do soberano para que este possa assegurar a proteção gica, já Mary possui nacionalidade alemã. Mary, após
dos seus direitos fundamentais. alguns anos morando na Bélgica, conquista um cargo
A ausência de vínculo enseja a condição de apátri- público neste país. Em razão do cargo que ocupa, Mary
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídica foi convocada para tratar de assuntos internacionais
básica por não estar vinculado a nenhum Estado. Des- no Brasil, a serviço da Bélgica e, durante a sua estadia
te modo, ter uma nacionalidade significa ter direito à no Brasil, entrou em trabalho de parto, dando à luz a
proteção jurídica e política por parte de um Estado. Peter, fruto do seu relacionamento com Bob. No caso
em tela, Peter terá nacionalidade brasileira nata, tendo
em vista que sua mãe, embora a serviço da Bélgica, não
244 estava à serviço do seu país de origem (Alemanha).
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Outro exemplo que pode ser cobrança de alguma questão mais elaborada é o caso de criança nascida em terri-
tório nacional, sendo que um dos pais é estrangeiro a serviço de seu país e o outro é brasileiro; neste caso, devido
ao fato de ser filho de brasileiro, será, a criança, considerada brasileira nata.
Já a alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nasceu
fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Brasil, como, por
exemplo, filho de diplomata brasileiro a serviço no Japão.
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo aliado à opção ou registro do nascimento em repartição
competente, considerando como brasileiro aquele que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho de pai ou
mãe brasileiros sem que qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado na repartição brasileira
competente no exterior (Consulado).
Também é considerado brasileiro nato por essa alínea aquele que nasceu fora do território brasileiro, sendo filho
de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no Brasil, tendo
optado pela nacionalidade brasileira após atingida a maioridade. Exemplo: filha de alemã com brasileiro nascida na
Alemanha, mas que se mudou para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) anos, tenha optado pela nacionalidade
brasileira; a esta última forma se dá o nome de nacionalidade potestativa.
Art. 12 [...]
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua por-
tuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que não o
nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país concede a um estrangeiro a qualidade de nacional desse Estado. A
naturalização pressupõe pedido da parte interessada.
O inciso II estabelece, como critério para que se adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso dos estran-
geiros originários de países de língua portuguesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique, entre outros, a
Norma Constitucional prevê residência de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já para os demais
estrangeiros, faz-se necessário residir por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condenação penal.
Note que, além do prazo de residência, enquanto, para um, basta a idoneidade, para os demais, não deve exis-
tir condenação penal.
REQUISITOS
Nacionalidade Ordinária Nacionalidade Extraordinária
� Ser estrangeiro originário de país de língua portuguesa
� Residência no Brasil por 1 ano ininterrupto � Ser estrangeiro de qualquer nacionalidade
� Idoneidade moral � Residência, ininterrupta, no Brasil por mais de 15 anos
� Ausência de condenação penal
Obs.: Aqui a nacionalidade se dará por ato discricionário � Requerimento por parte do interessado
do Presidente
Art. 12 [...]
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
Art. 12 [...]
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
DIREITO CONSTITUCIONAL
nesta Constituição.
De acordo com o § 2º, independentemente de a nacionalidade ter sido adquirida de modo originário ou deri-
vado, todos os brasileiros são iguais em direitos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobramento do direito
à igualdade.
Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988, pode estabelecer tratamento diferente aos natos e naturaliza-
dos, mas tão somente a CF. Como exemplo tem-se o parágrafo a seguir:
Art. 12 [...]
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática; 245
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VI - de oficial das Forças Armadas. O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter
VII - de Ministro de Estado da Defesa. se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua
Os cargos elencados no § 3º não podem ser preen- perda, retornando à condição de brasileiro nato por
chidos por brasileiros naturalizados, nem por estran- expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de
geiros. Observa-se que os quatro primeiros incisos se Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale-
referem ao Chefe de Estado e àqueles que estão em mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu
sua ordem sucessória. O inciso V refere-se àqueles marido e volta ao Brasil.
que irão representar o Estado brasileiro no exterior,
enquanto os incisos VI e VII têm relação com a segu- Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial
rança nacional. da República Federativa do Brasil.
Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá § 1º São símbolos da República Federativa do
ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden- Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
te das casas. nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.
Dica
Para memorizar o rol elencado no § 3º, utiliza-se O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas
o mnemônico MP3.COM estabelece regras com relação ao Estado brasileiro.
M — Ministro do STF A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que
P — Presidente e Vice é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua
P — Presidente da Câmara que toda a população brasileira deve utilizar em suas
P — Presidente do Senado ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti-
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím-
C — Carreira diplomática
bolos do Brasil.
O — Oficial das Forças Armadas
M — Ministro da Defesa
Dica
Art. 12 [...] Para memorizar os símbolos, utilize o mnemôni-
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
co BAHIAS:
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
Bandeira
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao Hino
interesse nacional; Armas
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Selo nacional
a) de reconhecimento de nacionalidade originária
pela lei estrangeira; A última regra diz respeito ao fato de os Estados
b) de imposição de naturalização, pela norma membros, Distrito Federal e Municípios possuírem
estrangeira, ao brasileiro residente em estado símbolos próprios. Alguns Estados membros possuem
estrangeiro, como condição para permanência em símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de
seu território ou para o exercício de direitos civis; São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Consti-
tuição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra-
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da nacio- são de armas e o hino. Não constam o selo e as armas,
nalidade. A primeira possibilidade é a perda da nacio- estando, portanto, de forma diversa da CF, de 1988.
nalidade derivada, ou seja, aquela adquirida pela
naturalização quando houver sentença judicial deter- CAPÍTULO VII - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO –
minando seu cancelamento, em decorrência de ativi- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dade nociva praticada pelo naturalizado. A segunda
possibilidade decorre do denominado princípio da Seção I: Disposições Gerais
vassalagem, isto é, a aquisição de nacionalidade deri-
vada implica a perda da nacionalidade de origem. A Administração Pública tem suas regras discipli-
A perda da nacionalidade comporta duas exceções nadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988.
que não decorrem da vontade do indivíduo, são elas:
Art. 37 A administração pública direta e indi-
z Reconhecimento da nacionalidade por lei estran- reta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
geira. É o caso, por exemplo, de uma criança que dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
nasceu no Brasil e possui pais italianos. Nessa situa- aos princípios de legalidade, impessoalidade,
ção, o indivíduo terá dupla nacionalidade, tendo moralidade, publicidade e eficiência e, também,
em vista ter nascido no Brasil (país que adota, nesse ao seguinte:
caso, o critério territorial) e ser filho de pais italia-
nos (país este que adota o critério sanguíneo). Desta Conforme se observa do caput, do art. 37, a Admi-
forma, será atribuída dupla nacionalidade à criança; nistração Pública divide-se em Administração
z Imposição de nacionalidade como condição Pública Direta, que é composta pelos quatro entes
para permanência em território estrangeiro federativos (União, Estados, Municípios e Distrito
ou para exercício de direitos civis. É o caso, por Federal), e Administração Pública Indireta, compos-
exemplo, de jogador de futebol brasileiro que é ta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de
contratado por determinado clube de país estran- economia mista e empresas públicas.
geiro, onde é obrigatório a aquisição da nacionali- Via de regra, a Administração Pública submete-se
246 dade para permanecer em seu território. a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua
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atuação independe da concordância dos administra- formação escolar, idade, entre outros. Em contraparti-
dos, pois se funda na própria soberania estatal. da, para que o estrangeiro possa ter acesso a tais cargos,
O regime jurídico de direito público faz com que a a lei deve especificar as hipóteses de admissibilidade.
Administração se sujeite a limites, que, por vezes, são Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à
mais estritos do que aqueles a que estão submetidos aplicabilidade da norma. Com relação aos brasileiros, a
os particulares. Como exemplo, pode-se citar o dever norma constitucional é de eficácia contida, ou seja, todos
de observância da finalidade pública. os brasileiros têm acesso aos cargos, empregos e funções
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a públicas. A norma infraconstitucional pode conter tais
Administração Pública encontra-se expresso em for- efeitos, estabelecendo critérios diferenciados. Portanto,
ma de princípios. De acordo com o dispositivo, são todos os brasileiros têm acesso a todos os cargos, empre-
princípios que regem a Administração Pública direta gos e funções desde que a norma não restrinja.
e indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade, Já para os estrangeiros, a norma constitucional é
publicidade e eficiência. de eficácia limitada, ou seja, para que o estrangeiro
O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição tenha acesso, faz-se necessária norma infraconstitu-
da Administração Pública aos mandamentos da lei. cional regulando a hipótese. Deste modo, os estran-
A legalidade traduz o sentido de que a Administra- geiros têm acesso somente aos cargos, empregos e
ção Pública somente pode fazer o que a lei manda ou funções públicos que a lei autorizar.
permite, bem como somente pode proibir o que a lei
expressamente proíbe. Art. 37 [...]
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali- II - a investidura em cargo ou emprego públi-
dade necessária para o exercício da atividade admi- co depende de aprovação prévia em concurso
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como ao público de provas ou de provas e títulos, de
administrado, esse princípio impõe a objetividade e a acordo com a natureza e a complexidade do cargo
isonomia da conduta administrativa. ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral
em lei de livre nomeação e exoneração;
administrativa. Segundo ele, os atos da administra-
ção pública devem ser balizados nas matrizes éticas
O inciso II estabelece a necessidade de procedi-
dominantes. A finalidade do princípio é fixar limites
mento administrativo destinado à seleção das pessoas
à atuação da Administração, evitando, por exemplo, o
que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos
excesso de poder ou desvio de finalidade.
de provimento efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto,
O Princípio da Publicidade exige a divulgação
de uma forma de escolha para atender aos princípios
dos atos da Administração Pública com o objetivo
da igualdade e da moralidade administrativa, evitan-
de permitir o conhecimento e o controle por toda a
do-se, com isso, que o ingresso no serviço público se dê
sociedade, pois ao administrador compete agir com
por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
transparência.
Os concursos públicos devem ser abertos a todos
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Admi-
os interessados. Portanto, não se admite que a seleção
nistração a obrigação de realizar suas atribuições com
ocorra de forma interna (concursos internos).
rapidez, perfeição e rendimento, pois quem adminis-
Cabe consignar que os concursos públicos podem
tra gere algo que pertence à sociedade. Assim, cabe
ser de provas ou de provas e títulos. Deste modo,
ao administrador zelar pelos interesses públicos com
não se admite concurso apenas de títulos nem admis-
plena satisfação do administrado e com o menor custo
são sem concurso público. Observa-se, no entanto,
para a sociedade.
que existem exceções à regra relativa aos concur-
sos públicos para os seguintes casos:
Dica
Para memorizar os princípios, utilize o mnemô- z Cargos de mandato eletivo;
nico LIMPE: z Cargo comissionado;
z Contratação temporária por excepcional interesse
Legalidade
público;
Impessoalidade
z Ex-combatente que tenha efetivamente participa-
Moralidade do de operações bélicas durante a Segunda Guerra
Publicidade Mundial (inciso I, art. 53, ADCT);
Eficiência z Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos
Tribunais de Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE,
DIREITO CONSTITUCIONAL
O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime z Regra: Veda-se a aposentadoria especial;
Previdenciário Próprio de Previdência Social. Em z Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em
síntese, o sistema previdenciário do servidor públi- síntese:
co foi alterado com a EC nº 103, de 2019, da seguinte
forma: Servidores com deficiência;
Agente penitenciário;
z Desconstitucionalização das regras de previdência, Agente socioeducativo;
de modo que vários regramentos sobre aposenta- Policial das carreiras do art. 144 (Segurança
doria e pensão passaram a ser de competência de Pública) e policiais da Câmara e do Senado
lei infraconstitucional; Federal;
z Nova mudança no cálculo da pensão; Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas
z Maior aproximação do RGPS e RPPS; exercidas com efetiva exposição a agentes quí-
z Modificações no abono de permanência; micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
z Previsão de readaptação antes de aposentadoria ou associação desses agentes).
por incapacidade permanente;
Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo
z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de man-
exercício os servidores nomeados para cargo de
dato eletivo nas regras do RGPS; provimento efetivo em virtude de concurso público.
z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
contribuição; I - em virtude de sentença judicial transitada
z Regras especiais para carreiras policiais previstas em julgado;
na CF. II - mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa;
No que tange à aposentadoria, suas modalidades III - mediante procedimento de avaliação perió-
são: dica de desempenho, na forma de lei complemen-
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o
vontade, desde que cumpridos os requisitos dis-
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi-
postos a seguir: do ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponi-
HOMEM MULHER bilidade com remuneração proporcional ao tempo
de serviço.
IDADE 65 anos 62 anos § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne-
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao
TEMPO NO SERVIÇO PÚBLICO 10 anos 10 anos tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
mento em outro cargo.
TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos § 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa
No caso dos professores dos ensinos infantil, fun-
finalidade.
damental e médio, conta-se com a redução de 5 anos
do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e
Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabi-
57 anos para as mulheres. Atenção! Essa regra não se
lidade, que prevê a regra de que a estabilidade é
aplica aos professores do ensino superior. adquirida após três anos de efetivo exercício. Tra-
Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF: ta-se de uma garantia constitucional de permanência
no serviço público outorgada ao servidor aprovado
Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria espe- em concurso público e nomeado a cargo de provimen-
cial de professores, não se computa o tempo de ser- to efetivo que tenha transposto o período de estágio
viço prestado fora da sala de aula. probatório e sido aprovado na avaliação especial de
desempenho. Uma vez efetivo, o servidor só perderá
z Involuntária: quando se dá independentemente o cargo em três hipóteses: sentença judicial transi-
da vontade do servidor, em virtude de: tada em julgado; processo administrativo e procedi-
mento de avaliação periódica de desempenho.
Incapacidade permanente, sendo necessário Explicando melhor, para a contratação de pessoal
que se proceda à readaptação do servidor antes na Administração Pública, é realizado concurso públi-
do procedimento para a aposentadoria; co para preenchimento de cargos públicos. Com isso,
Adimplemento de idade limite (aposentadoria a pessoa que foi aprovada dentro do número de vagas
compulsória aos 70 ou aos 75 anos de idade, na previstas no certame tem o direito de ser nomeada
258 forma da Lei Complementar nº 152, de 2015). para o cargo público. Com a nomeação, essa pessoa
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
assina o termo de posse e pode, a partir de então, exer- O Poder judiciário, por sua vez, é dividido em duas
cer efetivamente o cargo público. esferas: Justiça Federal (Comum — art. 109, da CF) e
Nos primeiros três anos de exercício, esse servi- a Justiça Estadual (Especializada — art. 111, art. 118,
dor passa por um período de avaliação. Trata-se do art. 124 e incisos I e II, do art. 98).
estágio probatório, ou seja, um período durante o qual Com previsão no art. 92, da CF, de 1988, veja os
será analisado seu desempenho funcional. Completa- órgãos que compõem o Poder Judiciário:
dos três anos de serviço público e tendo sido aprovado
no estágio probatório, o servidor adquire a denomina- z STF: Supremo Tribunal Federal;
da estabilidade. z CNJ: Conselho Nacional de Justiça;
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de z STJ: Superior Tribunal de Justiça;
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão z TJ: Tribunal de Justiça (Estados);
judicial, do servidor público ilegalmente desligado z TRF: Tribunal Regional Federal (Justiça Federal);
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua z TST: Tribunal Superior do Trabalho;
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao rece- z TRT: Tribunal Regional do Trabalho;
bimento de todas as vantagens que teria auferido no z TSE: Tribunal Superior Eleitoral;
período em que ficou desligado, inclusive das promo- z TRE: Tribunal Regional Eleitoral;
ções por antiguidade que teria conquistado. z STM: Superior Tribunal Militar.
DO PODER JUDICIÁRIO
Conforme dispõe o art. 93, da CF, o ingresso na
Disposições Gerais
carreira da magistratura é feito através de concurso
público de provas e títulos, inicialmente, no cargo de
O poder judiciário está consagrado no texto cons- juiz substituto, que exige do Bacharel em Direito, no
titucional do art. 92 ao 126, da CF, e tem o objetivo de
mínimo, três anos de atividade jurídica.
exercer a jurisdição — administrar justiça, aplicar o
CNJ não tem competência jurisdicional.
direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
resses —, bem como, no âmbito de sua função atípica,
Quinto Constitucional
atividade administrativa, como exemplo. Para ilus-
trar, podemos citar o inciso I-A, art. 92, da CF, incluído
Conforme o art. 94, da CF, um quinto dos lugares
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, que cria
dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos
como órgão do poder judiciário, também, o “Conselho
Estados e do Distrito Federal e Territórios são compos-
Nacional de Justiça”.
tos de membros do Ministério Público e Advogados.
Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário: Composto por membros:
I-A o Conselho Nacional de Justiça.
TJ
DIREITO CONSTITUCIONAL
Chefe do Poder
Lista Tríplice Executivo
Lista Sêxtupla
Tribunal decide qual
OAB indica seis Escolhe Três dos três nomes
nomes nomes e exclui será escolhido
os demais no prazo de 20
dias
A Emenda Constitucional 45, de 2004, inseriu o quinto constitucional na Justiça do Trabalho, nos Tribunais
Regionais do Trabalho (I, art. 115, da CF) e no Tribunal Superior de Justiça (art. 111-A, da CF).
A Constituição Federal, em seu art. 95, assegura aos magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibilida-
de e irredutibilidade de subsídios. Trata-se das garantias institucionais da função judiciária.
No primeiro grau de jurisdição, somente é adquirida depois de dois anos de estágio probatório, que se inicia
com o efetivo exercício da posse;
No segundo grau de jurisdição, esse benefício se dá com o efetivo exercício (quando o nome deste Magistra-
do já está no quinto constitucional).
z Inamovibilidade: proibição de remoção do magistrado de um cargo para outro, salvo por motivo de interesse
público, mediante voto da maioria absoluta do respectivo tribunal, assegurada a ampla defesa;
z Irredutibilidade de subsídios: assegura que o magistrado não tenha diminuído o valor de seus subsídios,
salvo imposição constitucional.
Vale lembrar que tais garantias são asseguradas também aos membros do Ministério Público e Conselheiros e
Ministros dos Tribunais de Contas. Além disso, cabe ressaltar que os magistrados também têm foro especial por
prerrogativa de função, sendo julgados, originalmente, por tribunais indicados na Constituição Federal. Veja:
TJ
Juízes Estaduais e do DF Comum/responsabilidade
Inciso III, art. 96
Membros: STJ
Comum/responsabilidade
TJ, TRF, TER e TRT “a”, inciso I, art. 105
STF
Ministros STF Comum
“b”, inciso I, art. 102
Senado Federal
Ministros STF Responsabilidade
Inciso II, art. 52
O foro especial, por prerrogativa de função, não se estende a magistrados aposentados9. Conforme Súmula nº
451, do STF, a competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação
definitiva do exercício funcional.
O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e rela-
cionados às funções desempenhadas.
Note que, após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação
de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agen-
te público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, por qualquer que seja o motivo10.
A seguir, organizamos um quadro comparativo das competências do STF e STJ, com fundamento nos arts. 102
e 105, da CF. Dê uma atenção especial a esses artigos, pois eles são de extrema importância. Cuidado para não
confundir as competências de cada órgão.
Crime comum:
Extradição
Litígio entre Estado estrangeiro e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território*
Ações contra CNJ e CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público):
Extradição solicitada por estado estrangeiro
Revisão criminal e ação rescisória de seus julgados
Reclamação — preservação de sua competência
Ações contra CNJ e o CNMP
Competência em recurso Ordinário: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção,
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores
Competência em Recurso Extraordinário: causas decididas em única ou última instância, caso decisão recorrida
contrariar dispositivo da Constituição Federal
Crime comum:
Governador de Estado e DF
263
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STJ – ART. 105, DA CF
Mandado de Segurança e Habeas Data contra ato de Ministro de Estado, Comandantes do Exército, Marinha e Aero-
náutica, ou Ministros do STJ
Conflito de competência entre os Tribunais (salvo alínea “o”, inciso I, art. 102 = conflito entre STJ × Tribunais)
Revisão Criminal e Ação Rescisória de seus julgados
Reclamação - preservação de sua competência
Conflito entre autoridades administrativas e judiciárias da União, entre autoridades judiciárias de um Estado e admi-
nistrativas de outro ou do DF ou entre esses e a União
Mandado de Injunção quando a elaboração da norma for atribuição de autoridade Federal, salvo casos de competên-
cia do STF, Justiça Militar Eleitoral e do Trabalho
Competência em recurso Ordinário: Habeas Corpus decidido em única ou última instância pelos TRF ou TU dos Esta-
dos e DF quando denegatória
Mandado de Segurança decidido em única instância pelo TRF ou TU dos Estados e DF, também quando denegatória
a decisão. Causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo Internacional de um lado, e, de outro, Muni-
cípio ou pessoa residente ou domiciliada no país
Competência em Recurso Especial: causas decididas em única ou última instância pelo TRF ou TJ dos Estados ou
DF, quando decisão recorrida contrariar Lei Federal
Atenção para essas duas tabelas, pois elas são muito cobradas em provas.
É importante ressaltar que a Emenda Constitucional nº 125, de 2022, incluiu os parágrafos 2º e 3º, no art. 105,
portanto, muita atenção nas atualizações legislativas. Veja a íntegra do art. 105, da CF:
a) Crime hediondo.
HORA DE PRATICAR! b)
c)
Crime doloso contra a vida.
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.
1. (VUNESP — 2022) Segundo o art. 5o, inciso XXXIV, d) Ação de grupos armados contra a ordem constitucio-
da Constituição Federal, denomina-se o direito para nal e o Estado Democrático.
que se possa reclamar diretamente junto aos Poderes e) Prática do racismo.
Públicos, em defesa de direitos contra a ilegalidade ou
abuso de poder, 6. (VUNESP — 2021) Considerando o disposto na Cons-
tituição Federal, assinale a alternativa que aponta uma
a) de tutela jurisdicional. situação que, em tese, viola um dos direitos ou garan-
b) de petição. tias individuais do cidadão brasileiro.
c) de mandado de segurança.
d) de ação. a) Ordem emanada de juiz que determina à polícia que
seja efetuada a escuta telefônica de réu em processo
2. (VUNESP — 2022) São direitos e deveres individuais e civil de reparação de danos.
coletivos, previstos no art. 5o da Constituição Federal, b) Ordem de prisão civil por dívida do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
a) licença paternidade, salário família e direito à habeas alimentícia.
data. c) Policial, sem mandado judicial, adentra em domicílio,
b) gratuidade do registro de nascimento e óbito para durante à noite, sem consentimento do morador, para
aqueles reconhecidamente pobres, 13o salário e prin- efetuar prisão em flagrante.
cípio da legalidade penal. d) Mandado judicial de prisão cumprido por policiais
c) proibição da pena de morte, seguro-desemprego e civis às 9h00 dentro da residência do réu.
licença paternidade. e) Suspensão das atividades de associação civil, de fins
d) liberdade de associação, liberdade de exercício do tra- lícitos, por decisão judicial, em caráter liminar.
balho, liberdade de pensamento e proibição da pena
de morte. 7. (VUNESP — 2018) Salvo em caso de guerra declarada,
nos termos expressos da Constituição da República
3. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa que reflete Federativa do Brasil (CRFB/88), não haverá penas
dispositivo constitucional diretamente vinculado à
chamada “garantia à liberdade de expressão”: a) de trabalhos forçados.
b) de caráter perpétuo.
a) “ninguém será privado de direitos por motivo de cren- c) de expulsão.
ça religiosa ou de convicção filosófica ou política.”
d) de banimento.
b) “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
e) de morte.
o anonimato.”
c) “é assegurado a todos o acesso à informação, sendo
8. (VUNESP — 2022) Quanto aos direitos sociais previs-
vedado o sigilo da fonte.”
tos no art. 7º da Constituição Federal de 1988, é corre-
d) “é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
to afirmar que
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos.”
e) “homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- a) cabe à legislação infraconstitucional, observadas as
ções, nos termos desta Constituição.” regras de competência, a disciplina da extensão aos
servidores públicos civis dos direitos sociais estabele-
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro e de mãe a) o ingresso em cargo público exige prévia aprovação
brasileira, desde que ambos estejam a serviço da em concurso público de provas e títulos, exigência não
República Federativa do Brasil. aplicável aos empregos públicos.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes b) os empregados públicos, por não gozarem de estabilidade
na República Federativa do Brasil há mais de dez anos como os servidores públicos, são demissíveis ad nutum,
ininterruptos e sem condenação penal, desde que não sendo necessária a motivação da sua demissão.
requeiram a nacionalidade brasileira. c) o prazo de validade do concurso público será de, no máxi-
c) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- mo, um ano, prorrogável uma vez, por igual período.
sileira, exigidas aos originários de países de língua d) os cargo em comissão declarados em lei de livre
portuguesa a residência por seis meses ininterruptos. nomeação e exoneração apenas podem ser preenchi-
d) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- dos por servidores públicos efetivos, ao contrário das
sileira, exigidas aos originários de países de língua chamadas “funções de confiança”.
266 portuguesa a residência por dois anos ininterruptos.
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e) aquele aprovado em concurso público será convocado c) abrangidos por regime próprio de previdência social
com prioridade sobre novos concursados para assu- serão aposentados por incapacidade permanente
mir cargo ou emprego na carreira, desde que durante o para o trabalho, no cargo em que estiverem investidos,
prazo improrrogável previsto no edital do concurso. quando insuscetíveis de readaptação.
d) ocupantes de cargo público fazem jus ao fundo de
17. (VUNESP — 2019) Nos termos da Constituição Federal, garantia por tempo de serviço, bem como à remunera-
a Administração Pública direta e indireta de qualquer ção do trabalho noturno ou extraordinário em montan-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal te superior a do diurno e extraordinário.
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, e) titulares de cargo comissionado que tenham comple-
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. tado as exigências para a aposentadoria compulsória
e que permaneçam em serviço farão jus a um abono
Assim, é correto afirmar que equivalente ao valor de contribuição previdenciária.
a) o prazo de validade do concurso público será de até 20. (VUNESP — 2021) Nos moldes da Constituição Fede-
um ano, prorrogável uma vez, por igual período. ral, o servidor público titular de cargo efetivo, que
b) o prazo de validade do concurso público será de até tenha sofrido limitação em sua capacidade física ou
dois anos, vedada a prorrogação por qualquer período. mental, poderá, atendidas as demais exigências, ser
c) os cargos, empregos e funções públicas são acessí- readaptado,
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na a) para exercício de novo cargo compatível com a sua
forma da lei. limitação, devendo receber pelo menos 70% (setenta
d) é vedada a vinculação de quaisquer espécies remune- por cento) da remuneração do cargo de origem.
ratórias para o efeito de remuneração de pessoal do b) para exercício do mesmo cargo, com os necessários
serviço público, permitida a equiparação. ajustes à sua limitação, garantida a mesma remunera-
e) os cargos, empregos e funções públicas são acessí- ção do cargo.
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta- c) para exercício de novo cargo compatível com a sua
belecidos em lei, excetuados os estrangeiros. limitação, podendo o servidor optar entre a remunera-
ção do cargo de origem e a do cargo de destino.
18. (VUNESP — 2022) No ano de 1998, a Emenda Cons- d) para exercício de novo cargo compatível com a sua
titucional nº 19 visou transformar sensivelmente o limitação, mantida a remuneração do cargo de origem.
regime jurídico aplicável aos servidores públicos e à e) para exercício de novo cargo compatível com a sua
Administração Pública no Brasil. limitação, devendo receber a remuneração do cargo
de destino.
A esse respeito, é correto afirmar que
10 A
vo por meio de subsídio em parcela única.
11 A
19. (VUNESP — 2022) De acordo com a Constituição
Federal, os servidores da administração pública direta 12 E
13 C
a) fazem jus à incorporação à remuneração de cargo efeti-
vo de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao 14 B
exercício de função de confiança ou de cargo em comis-
são, a fim de preservar a irredutibilidade dos vencimentos. 15 D
b) serão remunerados exclusivamente por subsídio, fixado 16 E
em parcelas que diferenciem o piso salarial dos acrésci-
mos decorrentes de gratificação, adicional, abono, prê- 17 C
mio ou verba de representação prevista em lei.
18 B
267
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19 C
20 D
ANOTAÇÕES
268
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos
de que for incumbido;
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti-
ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou
providências;
DIREITO V - representar aos superiores sobre todas as irre-
gularidades de que tiver conhecimento no exercício
Um ponto importante que é cobrado com muita frequência em provas diz respeito ao fato de a responsabilida-
de administrativa ser independente da civil e da criminal. As três esferas de responsabilidade são independentes
e não se comunicam entre si.
Há, contudo, uma importante exceção a essa regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfera adminis-
trativa ou civil quando restar comprovado que não praticou um crime, ou quando tenha sido negada a sua autoria
em matéria penal.
Esquematicamente, podemos dividir na tabela a seguir as três esferas de responsabilidade, destacando-se sua
natureza, os tipos de sanções que são impostas e a possibilidade de elas se comunicarem entre si:
RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CRIMINAL
ADMINISTRATIVA
Por fim, é importante conhecer todas as sanções disciplinares, dispostas no art. 251, sendo aplicáveis aos
funcionários que ou deixam de cumprir um de seus deveres, ou cometem uma das proibições também dispostas
no Estatuto.
Antes de estudarmos cada uma dessas penalidades, é importante ressaltar que a sua aplicação deve seguir
alguns critérios bastante subjetivos. É isso o que dispõe o texto do art. 252:
Art. 252 Na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os
danos que dela provierem para o serviço público.
A ideia é que as infrações mais graves, que ensejarem maiores prejuízos para a Administração, devem ser
DIREITO ADMINISTRATIVO
punidas com sanções mais rigorosas. Dentre as sanções aplicáveis, vale lembrar que a pena de repreensão será
aplicada por escrito. Vejamos a literalidade da lei:
Art. 253 A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento
dos deveres.
A pena de suspensão, a qual não pode exceder a 90 dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidên-
cia. Vejamos:
Art. 254 A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou
de reincidência.
§ 1º O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
§ 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cin-
qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer
em serviço. 271
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A pena de multa está prevista no art. 255, porém, Estadual, ou previsto nas leis relativas à segurança
tal dispositivo apenas menciona que a multa será apli- e à defesa nacional;
cada na forma e nos casos expressamente previstos III - revelar segredos de que tenha conhecimento
em lei ou regulamento. Um desses casos é a hipótese em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e
de conversão da pena de suspensão. com prejuízo para o Estado ou particulares;
IV - praticar insubordinação grave;
Art. 255 A pena de multa será aplicada na forma V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
e nos casos expressamente previstos em lei ou nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
regulamento. VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre-
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta-
A pena de demissão, prevista no art. 256, é uma
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora
das sanções mais graves, porque enseja o desligamen- de suas funções mas em razão delas;
to forçado do servidor. Não se confunde com a exone- VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quais-
ração, pois esta não tem caráter de sanção, podendo quer valores a pessoas que tratem de interesses ou
até mesmo ser requerida a pedido do próprio servidor. o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua
fiscalização;
Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos IX - exercer advocacia administrativa; e
casos de: X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria
I -Revogado; de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade
II - procedimento irregular, de natureza grave; civil e de procedimento criminal, que no caso couber.
III - ineficiência no serviço; XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
V - inassiduidade. (NR) e terrorismo;
§ 1º - Considerar-se-á inassiduidade a ausência XII - praticar ato definido como crime contra o Sis-
ao serviço, sem causa justificável, por mais de 15 tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de
(quinze) dias consecutivos, ou por mais de 20 (vin- bens, direitos ou valores;
te) dias úteis intercalados, durante 1 (um) ano. (NR) XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no servi-
ço, só será aplicada quando verificada a impossibi- Como se pode depreender da leitura do disposi-
lidade de readaptação. tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta
§ 3º - Para configuração do ilícito administrativo de hipóteses mais graves e que não se relacionam com o
inassiduidade em razão da ausência ao serviço por exercício da função pública. Mesmo assim, é do inte-
mais de 15 (quinze) dias consecutivos, observar-se-
resse público que esse agente seja desligado de seu
-á o seguinte: (NR)
cargo, pois claramente se mostra incompatível com o
1 - serão computados os sábados, os domingos, os
mesmo.
feriados e os pontos facultativos subsequentes à
primeira falta; (NR)
2 - se o funcionário cumprir a jornada de traba- Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona-
lho sob regime de plantão, além dos sábados, dos rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
domingos, dos feriados e dos pontos facultativos,
serão computados os dias de folga subsequentes O ato que demitir o funcionário mencionará sem-
aos plantões a que tenha faltado. (NR) pre a disposição legal em que se fundamenta, con-
forme o texto do art. 258. Essa obrigatoriedade de
fundamentar o ato de demissão deriva de um impor-
Dica
tante princípio da Administração Pública: o Princípio
Um pequeno mnemônico para decorar as hipó- da Motivação dos Atos Administrativos.
teses de demissão simples: ao pegar a primeira Caberá a pena de cassação de aposentadoria
letra de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA ou disponibilidade nos casos previstos no art. 259.
A”: Vejamos:
Abandono de cargo
Procedimento irregular Art. 259 Será aplicada a pena de cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, se ficar pro-
Ineficiência intencional e reiterada no serviço
vado que o inativo:
Aplicação indevida de dinheiros públicos I - praticou, quando em atividade, falta grave para
Ausência ao serviço a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou
de demissão a bem do serviço público;
Já a demissão a bem do serviço público apresen- II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
ta alguns aspectos distintos da demissão simples. Ela III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
acontece em decorrência de casos gravíssimos em que prévia autorização do Presidente da República; e
o servidor público pratica um ato considerado não IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
apenas uma transgressão disciplinar, mas um crime
contra a Administração. Conforme dispõe o texto do O art. 260 trata das pessoas competentes para a
art. 257: aplicação das penalidades previstas anteriormente.
São elas:
Art. 257 Será aplicada a pena de demissão a bem
do serviço público ao funcionário que: Art. 260 [...]
I - for convencido de incontinência pública e escan- I - o Governador;
dalosa e de vício de jogos proibidos; II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do
II - praticar ato definido como crime contra a Estado e os Superintendentes de Autarquia;
272 administração pública, a fé pública e a Fazenda III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada Art. 264 - A autoridade que, por qualquer meio,
a 60 (sessenta) dias; e tiver conhecimento de irregularidade praticada
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de por funcionário adotará providências visando à
suspensão limitada a 30 (trinta) dias. sua imediata apuração, sem prejuízo das medidas
urgentes que o interesse da Administração exigir,
O art. 261 trata de algo também bastante importan- podendo submeter o caso às práticas autocomposi-
te, que é a prescrição da punibilidade, ou prescrição tivas ou propor celebração de termo de ajustamen-
do direito de exercer o poder disciplinar. Extingue-se to de conduta. (NR)
a punibilidade pela prescrição: Parágrafo único - A autoridade poderá, desde logo,
submeter o caso às práticas autocompositivas,
especialmente nas situações em que evidenciada a
Art. 261 [...]
ocorrência de conflitos interpessoais, objetivando
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
sempre a melhor solução para resguardar o inte-
ou multa, em 2 (dois) anos;
resse público. (NR)
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão
a bem do serviço público e de cassação da aposen-
tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos; A apuração da conduta ainda não tem natureza
III - da falta prevista em lei como infração penal, no condenatória, mas pura e simplesmente investigativa.
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, Isso porque não está totalmente comprovado o cará-
se for superior a 5 (cinco) anos. ter de transgressão da conduta praticada pelo funcio-
nário público.
Por fim, o texto do art. 262 faz referência à hipótese As regras mais específicas da investigação prelimi-
na qual o funcionário público, quando obrigado a cum- nar estão previstas no art. 265. Observe o texto legal:
prir uma exigência, se recusa ou deixa de cumpri-la
no prazo determinado. A sanção, nesses casos, será de Art. 265 A autoridade realizará apuração preli-
suspensão do pagamento do vencimento do funcioná- minar, de natureza simplesmente investigati-
va, quando a infração não estiver suficientemente
rio até que ele cumpra com a referida exigência. Essa é
caracterizada ou definida autoria.
uma sanção aplicável também ao servidor aposentado,
§ 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no
sendo suspensa a percepção de seus proventos.
prazo de 30 (trinta) dias.
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autori-
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa, dade deverá imediatamente encaminhar ao Chefe
deixar de atender a qualquer exigência para de Gabinete relatório das diligências realizadas
cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá e definir o tempo necessário para o término dos
suspenso o pagamento de seu vencimento ou trabalhos.
remuneração até que satisfaça essa exigência. § 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autorida-
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em de deverá opinar fundamentadamente pelo arqui-
disponibilidade o disposto neste artigo. vamento ou pela instauração de sindicância ou de
Art. 263 Deverão constar do assentamento individual processo administrativo.
do funcionário todas as penas que lhe forem impostas.
Pela leitura dos parágrafos do referido dispositi-
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: vo, pode-se perceber que o Chefe de Gabinete exerce
SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO um papel importante desde o início do ciclo do PAD.
Além disso, vê-se que, uma vez iniciado, a autorida-
Já vimos que o servidor está sujeito à aplicação de de competente poderá decretar algumas medidas que
diversas penas, devido ao seu rigoroso regime disciplinar. protegem a incolumidade da investigação da conduta
Resta-nos ver agora como essa sanção é imposta. Para isso, transgressora. Essas medidas estão previstas no art.
temos o Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD). 266. Cabe destacar que essas medidas podem ensejar
O PAD é o meio perante o qual a autoridade competen- no afastamento preventivo do funcionário, para que
te apura as transgressões cometidas pelos agentes públicos, ele não atrapalhe as investigações ou, até mesmo, na
aplicando a eles as respectivas sanções. O PAD é também proibição do mesmo de utilizar arma de fogo. Observe
garantido para os servidores do Estado de São Paulo. o texto legal:
A autoridade que tiver ciência de irregularidade
no serviço público é obrigada a promover sua apura- Art. 266 Determinada a instauração de sindicân-
ção imediata, mediante sindicância ou Processo Admi- cia ou processo administrativo, ou no seu curso,
nistrativo Disciplinar, assegurado ao acusado o acesso havendo conveniência para a instrução ou para o
a ampla defesa. É sob esse fundamento que corre o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 282 O acusado poderá constituir advogado que o Art. 285 A testemunha não poderá eximir-se de
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônju-
representará em todos os atos e termos do processo.
ge, ainda que legalmente separado, companheiro,
§ 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo
tir aos atos e termos do processo, não sendo obriga-
do acusado, exceto quando não for possível, por
tória qualquer notificação.
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
§ 2º O advogado será intimado por publicação no e de suas circunstâncias.
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com
número de inscrição na Ordem dos Advogados do o denunciante, ficam elas proibidas de depor, obser-
Brasil, bem como os dados necessários à identifica- vada a exceção deste artigo.
ção do procedimento. § 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou causa, será pela autoridade competente adotada a
negando-se a constituir advogado, o presidente providência a que se refere o artigo 262, mediante
nomeará advogado dativo. comunicação do presidente.
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, consti- § 3º O servidor que tiver de depor como teste-
tuir advogado para prosseguir na sua defesa. munha fora da sede de seu exercício, terá direito 277
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a transporte e diárias na forma da legislação em Dar vista aos autos, tal qual prevê o art. 289, é a for-
vigor, podendo ainda expedir-se precatória para ma que o servidor acusado tem de tomar conhecimen-
esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. to não somente da acusação movida contra si mesmo,
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em como também de tudo o que já aconteceu no PAD.
razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
Art. 290 Somente poderão ser indeferidos pelo
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
presidente, mediante decisão fundamentada, os
Art. 286 A testemunha que morar em comarca
requerimentos de nenhum interesse para o escla-
diversa poderá ser inquirida pela autoridade do
lugar de sua residência, expedindo-se, para esse recimento do fato, bem como as provas ilícitas,
fim, carta precatória, com prazo razoável, intima- impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
da a defesa.
§ 1º Deverá constar da precatória a síntese da O texto do art. 290 traz uma noção muito impor-
imputação e os esclarecimentos pretendidos, bem tante, que é, também, correlata do processo judicial:
como a advertência sobre a necessidade da presen- não podem ser admitidos meios de provas obtidos por
ça de advogado. meios ilícitos, ou simplesmente protelatórios. É o caso,
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a por exemplo, da prova de confissão obtida mediante
instrução do procedimento tortura, algo que é absolutamente vedado em direito.
§ 3º Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a pre-
Art. 291 Quando, no curso do procedimento, surgi-
catória, uma vez devolvida, será juntada aos autos.
rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá
Art. 287 As testemunhas arroladas pelo acusado
ser promovida a instauração de novo procedi-
comparecerão à audiência designada independente
mento para sua apuração, ou, caso conveniente,
de notificação.
§ 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de
depoimento for relevante e que não comparecer defesa.
espontaneamente.
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa O art. 291 aponta para a possibilidade de surgirem
poderá substituí-la, se quiser, levando na mesma fatos novos no curso da fase instrutória do PAD. Esses
data designada para a audiência outra testemunha, fatos novos devem ser apresentados no processo, dan-
independente de notificação. do oportunidade ao servidor acusado de apresentar
sua defesa diante deles também.
Vale frisar que a inquirição de testemunhas não é Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
a única prova admitida em processo administrativo. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais
O Presidente pode requerer qualquer outra diligência no prazo de 7 (sete) dias. Não sendo apresentadas, no
que entenda ser conveniente para a instrução do PAD, prazo, tais alegações, o presidente designará advoga-
como a apresentação de documentos, a oitiva de peri- do dativo, assinando-lhe novo prazo.
tos e técnicos, entre outras. É isso o que dispõe o texto É importante que haja o respeito ao contraditório
do art. 288: e à ampla defesa, pois, para todos os fatos alegados,
deve o acusado apresentar uma defesa, mesmo que
Art. 288 Em qualquer fase do processo, poderá o seja uma defesa ampla e geral (ex.: apenas dizer que
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, “não cometeu nenhuma transgressão”). Essa é a últi-
ordenar diligências que entenda convenientes. ma oportunidade que o servidor indiciado tem de
§ 1º As informações necessárias à instrução do pro-
defender-se, o que demonstra a grande importância
cesso serão solicitadas diretamente, sem observân-
das alegações finais. É isso o que dispõe o art. 292:
cia de vinculação hierárquica, mediante ofício, do
qual cópia será juntada aos autos.
Art. 292 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vis-
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou
ta dos autos à defesa, que poderá apresentar ale-
peritos oficiais, o presidente os requisitará, obser-
gações finais, no prazo de 7 (sete) dias.
vados os impedimentos do artigo 275.
Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as
Art. 289 Durante a instrução, os autos do procedi-
alegações finais, o presidente designará advogado
mento administrativo permanecerão na repartição
dativo, assinando-lhe novo prazo.
competente.
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado,
mediante simples solicitação, sempre que não pre- Uma vez colhidas todas as provas, a Comissão deve
judicar o curso do procedimento. emitir um relatório. Esse documento, como o próprio
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo nome aduz, relata todas as provas colhidas na fase
para manifestação do acusado ou para apresen- instrutória, recomendando pela condenação ou ino-
tação de recursos, mediante publicação no Diário cência do servidor. As regras mais específicas do rela-
Oficial do Estado. tório estão dispostas no art. 293:
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação
a que se refere o parágrafo anterior e desde que os Art. 293 O relatório deverá ser apresentado no pra-
autos estejam efetivamente disponíveis para vista. zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das
§ 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar alegações finais.
os autos da repartição, mediante recibo, durante o § 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
prazo para manifestação de seu representado, salvo acusado, separadamente, as irregularidades impu-
na hipótese de prazo comum, de processo sob regi- tadas, as provas colhidas e as razões de defesa, pro-
me de segredo de justiça ou quando existirem nos pondo a absolvição ou punição e indicando, nesse
autos documentos originais de difícil restauração caso, a pena que entender cabível.
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a § 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
permanência dos autos na repartição, reconhecida de quaisquer outras providências de interesse do
278 pela autoridade em despacho motivado. serviço público.
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Atenção! O relatório não é a decisão final. Quem Parágrafo único. Quando se tratar de crime pratica-
decide pela condenação ou inocência do servidor do fora da esfera administrativa, a autoridade poli-
indiciado é a autoridade julgadora e, não, a Comissão. cial dará ciência dele à autoridade administrativa.
Esse relatório funciona como um “parecer”, servindo Art. 303 As autoridades responsáveis pela condu-
apenas para orientar a autoridade competente. ção do processo administrativo e do inquérito poli-
Nesse mesmo sentido, prevê o texto do art. 294: cial se auxiliarão para que os mesmos se concluam
dentro dos prazos respectivos.
Art. 294 Relatado, o processo será encaminhado à Art. 304 Quando o ato atribuído ao funcionário for
autoridade que determinou sua instauração. considerado criminoso, serão remetidas à autori-
dade competente cópias autenticadas das peças
essenciais do processo.
O art. 295 trata do início da fase de julgamento.
Art. 305 Não será declarada a nulidade de nenhum
Essa é a fase final do PAD, pois nela ocorre a efetiva
ato processual que não houver influído na apura-
condenação do servidor ou o arquivamento do pro-
ção da verdade substancial ou diretamente na deci-
cesso, sem condenação. Observe o texto do dispositivo:
são do processo ou sindicância.
Art. 306 É defeso fornecer à imprensa ou a outros
Art. 295 Recebendo o processo relatado, a auto- meios de divulgação notas sobre os atos proces-
ridade que houver determinado sua instauração
suais, salvo no interesse da Administração, a juízo
deverá, no prazo de 20 (vinte) dias, proferir o jul-
do Secretário de Estado ou do Procurador Geral do
gamento ou determinar a realização de diligência,
Estado.
sempre que necessária ao esclarecimento de fatos.
Art. 307 Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer-
cício, contados do cumprimento da sanção discipli-
A diligência referida no dispositivo deverá ser nar, sem cometimento de nova infração, não mais
cumprida em até 15 (quinze) dias, abrindo prazo para poderá aquela ser considerada em prejuízo do
o acusado se defender em até 5 (cinco) dias. infrator, inclusive para efeito de reincidência.
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem
Art. 296 Determinada a diligência, a autoridade do serviço público acarretam a incompatibilidade
encarregada do processo administrativo terá prazo para nova investidura em cargo, função ou empre-
de 15 (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo go público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos,
vista à defesa para manifestar-se em 5 (cinco) dias. respectivamente.
Quando escaparem a sua alçada as penalidades e Os casos previstos nos arts. 302 e 304 remetem à hipó-
as providências que lhe parecerem cabíveis, a autori- tese na qual o servidor pratica um ato criminoso, sendo
dade que determinou a instauração do processo admi- imputada a ele a responsabilização na esfera penal.
nistrativo deverá propô-las, justificadamente, dentro No entanto, como o PAD não tem competência
do prazo para julgamento, à autoridade competente. para lhe imputar as sanções características de direi-
to penal, deverá ser instaurado também o inquérito
Art. 297 Quando escaparem à sua alçada as pena-
policial, para que a autoridade judiciária competente
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis,
possa julgá-lo e condená-lo.
a autoridade que determinou a instauração do
processo administrativo deverá propô-las, justifica-
O art. 307 trata do prazo prescricional após a decre-
damente, dentro do prazo para julgamento, à auto- tação da sanção disciplinar para fins de computação
ridade competente. de reincidência. Não pode ser decretada reincidência
quando, entre uma transgressão e outra, decorreram
Os arts. 298 e seguintes dispõem sobre regras mais 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contados da data da
específicas a respeito do julgamento. Por se tratar de publicação da sanção disciplinar. A reincidência somen-
um texto curto e simples, a melhor forma de conhecê- te será computada quando a primeira infração for puní-
-lo é pela sua leitura na íntegra: vel ou com a pena de repreensão ou com a de suspensão.
De acordo com o parágrafo único, do art. 307, a
Art. 298 A autoridade que proferir decisão deter- demissão e a demissão a bem do serviço público cau-
minará os atos dela decorrentes e as providências sam incompatibilidade para nova investidura em car-
necessárias a sua execução. go, função ou emprego público pelo prazo de 5 (cinco)
Art. 299 As decisões serão sempre publicadas no Diário e 10 (dez) anos respectivamente.
Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem Se, por exemplo, um funcionário do Estado de São
como averbadas no registro funcional do servidor. Paulo for condenado à pena de demissão (por qualquer
Art. 300 Terão forma processual resumida, quando motivo) no ano de 2021, ele somente poderá voltar a ter
DIREITO ADMINISTRATIVO
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais alguma chance de ingressar em outro cargo público em
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de 2026, se a pena for de demissão simples, ou, em 2031, se a
recebimento, bem como certidões e compromissos. pena for de demissão a bem do serviço público.
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na Além disso, ele não poderá tentar ingressar em um car-
ordem cronológica da apresentação, rubricando o go público fora do Estado de São Paulo, pois a incompati-
presidente as folhas acrescidas.
bilidade abrange a Administração Pública como um todo.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não
conste do processo, nele deverão figurar por cópia.
Art. 301 Constará sempre dos autos da sindicância Do Processamento por Abandono do Cargo ou
ou do processo a folha de serviço do indiciado. Função e por Inassiduidade
Art. 302 Quando ao funcionário se imputar crime,
praticado na esfera administrativa, a autoridade Quis o Estatuto regularizar o Processo Adminis-
que determinou a instauração do processo admi- trativo Disciplinar para hipóteses mais simples em
nistrativo providenciará para que se instaure, que são absolutamente desnecessárias a produção de
simultaneamente, o inquérito policial. diversas provas e a realização de diversas diligências. 279
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Quando o servidor público se ausenta do serviço, haver um reexame pelo superior hierárquico é funda-
estando configurado o abandono de cargo, ou, até mentada pelo princípio do duplo grau de jurisdição,
mesmo, quando demonstra inassiduidade, é pouco um instituto bastante comum no processo judicial.
provável que ele tenha interesse em se defender.
Nessas situações, o procedimento do PAD é um Art. 313 Caberá pedido de reconsideração, que
não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo
pouco mais célere e simples. É isso o que dispõem os
Governador do Estado em única instância, no pra-
arts. v
zo de 30 (trinta) dias.
Art. 309 - Não será instaurado processo para apu- O art. 313, por sua vez, trata do pedido de reconside-
rar inassiduidade do funcionário que tiver pedido ração. É a peça a ser utilizada contra a decisão tomada
exoneração. (NR) pelo Governador do Estado, em única instância, no pra-
Art. 310 - Extingue-se o processo instaurado exclu- zo de 30 (trinta) dias. A principal diferença do pedido
sivamente para apurar inassiduidade se o indicia-
de reconsideração do recurso hierárquico é a ausência
do pedir exoneração até a data designada para o
de um reexame da decisão pelo superior hierárquico,
interrogatório, ou por ocasião deste. (NR)
pois não existe uma figura superior ao Governador do
Art. 311 - A defesa somente poderá versar sobre
força maior, coação ilegal ou motivo legalmente Estado. É por isso que tal pessoa é denominada, muitas
justificável que impeça o comparecimento ao tra- vezes, Chefe do Poder Executivo Estadual.
balho. (NR) Art. 314 Os recursos de que trata esta lei comple-
mentar não têm efeito suspensivo; os que forem
Talvez o dispositivo mais importante seja o art. providos darão lugar às retificações necessárias,
311. Observe que ele limita bastante a defesa do ser- retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
vidor que abandona o cargo ou pratica inassiduida-
de em serviço. A única argumentação que ele pode O art. 314 prescreve que os recursos não têm efeito
utilizar, em sua defesa, é a alegação de força maior suspensivo. Segundo a doutrina, isso não é totalmen-
(um evento da natureza), por motivo de coação ilegal te verdadeiro: pode o recorrente, desde que esteja
(ordem de superior hierárquico) ou, ainda, por moti- expresso e o recurso seja interposto dentro do prazo
vo legalmente justificável que impeça o compareci- certo (o termo correto é “tempestivo”), requerer a sus-
mento ao trabalho. pensão da decisão que corre contra ele.
O que o texto do dispositivo expõe é que os recur-
Dos Recursos e da Revisão do Processo sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus-
Administrativo pensivo deve ser concedido quando houver justo
receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta.
Levando-se em conta que o PAD é um ato admi- Apenas o pedido de reconsideração é que não pode,
nistrativo (ou uma sequência de atos), é passível de em hipótese nenhuma, suspender a decisão.
recurso por parte do servidor inconformado com a Por fim, a Lei Complementar faz menção à revisão.
sua condenação. Neste sentido, o art. 312 trata dos É um instituto distinto do recurso ante o fato dela poder
recursos dentro do procedimento administrativo, os ser requerida, a qualquer tempo, quando surgirem fatos
quais caberão, por uma única vez, contra a decisão ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios que
que aplicar penalidade. ensejam na redução ou anulação da pena aplicada.
O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta- Algumas regras mais específicas da revisão estão
dos da publicação da decisão impugnada no Diário previstas no art. 315. Vejamos:
Oficial do Estado ou da intimação pessoal do servidor,
quando for o caso. Art. 315 Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
de punição disciplinar de que não caiba mais recur-
Art. 312 Caberá recurso, por uma única vez, da so, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não
decisão que aplicar penalidade. apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento,
§ 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, que possam justificar redução ou anulação da pena
contados da publicação da decisão impugnada no aplicada.
Diário Oficial do Estado ou da intimação pessoal do § 1º A simples alegação da injustiça da decisão não
servidor, quando for o caso. constitui fundamento do pedido.
§ 2º Do recurso deverá constar, além do nome e § 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo
qualificação do recorrente, a exposição das razões mesmo fundamento.
de inconformismo. § 3º Os pedidos formulados em desacordo com este
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que artigo serão indeferidos.
aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias § 4º O ônus da prova cabe ao requerente.
para, motivadamente, manter sua decisão ou
reformá-la. Essas regras previstas nos parágrafos do art. 315 são
§ 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmen- muito importantes. A revisão não será constada se hou-
te, será imediatamente encaminhada a reexame ver apenas alegação de mera injustiça da decisão. Deve
pelo superior hierárquico. haver, efetivamente, um fato novo que corrobore com
§ 5º O recurso será apreciado pela autoridade com- a necessidade de revisão do processo. Por isso, quem
petente ainda que incorretamente denominado ou deve comprovar a necessidade de revisão é a pessoa
endereçado. que a alega, isto é, o próprio servidor investigado.
Pela leitura do art. 312, percebe-se que ele trata do Art. 316 A pena imposta não poderá ser agrava-
recurso hierárquico, que constitui a peça recursal capaz da pela revisão.
de gerar o reexame do processo não somente pela auto-
ridade que proferiu a decisão, mas também pelo seu Mostra-se relevante, também, o conteúdo disposto
280 superior hierárquico. Cabe destacar que a garantia de no art. 316. O resultado da revisão não pode ensejar
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em um agravamento da condenação. Isso é o que quantitativa) ou, ainda, anular o processo por inteiro,
se costuma chamar de proibição da reformatio in garantindo o retorno do servidor ao serviço ativo.
pejus, pois, se a revisão foi solicitada pelo próprio Essa é uma hipótese muito comum de reintegração
servidor transgressor, seria injusto que da revisão do servidor público: a sua pena de demissão proferida
resultasse em uma piora da sua situação. em PAD é anulada por decisão administrativa ou por
decisão judicial transitada em julgado. Lembre-se de
Art. 317 A instauração de processo revisional pode- que os poderes da decisão revisional são utilizados ape-
rá ser requerida fundamentadamente pelo interes- nas para inocentar o servidor ou tornar a sua pena mais
sado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, branda, mas nunca para piorar a sua condenação.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão, sempre por intermédio de advogado. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O pedido será instruído com as
provas que o requerente possuir ou com indicação A parte referente às disposições finais apresenta
daquelas que pretenda produzir. um conteúdo importante e bastante simples, não sen-
do necessárias maiores explicações. Destacamos o tex-
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente to dos arts. 322 e 323 respectivamente:
pelo funcionário. Segundo o art. 317, a instauração de
processo revisional poderá ser requerida, se falecido Art. 322 O dia 28 de outubro será consagrado ao
o funcionário ou quando se tornar incapaz, pelo seu “Funcionário Público Estadual”.
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente e Art. 323 Os prazos previstos neste Estatuto serão
irmão ou pelo seu curador, respectivamente. A revi- todos contados por dias corridos.
são sempre será arguida por intermédio de advogado. Parágrafo único. Não se computará no prazo o
Quem julga a revisão é a mesma autoridade que apli- dia inicial, prorrogando-se o vencimento, que inci-
cou a penalidade ou que a tiver confirmado em recurso dir em sábado, domingo, feriado ou facultativo,
hierárquico. Vejamos o texto dos arts. 318 e 319: para o primeiro dia útil seguinte.
Art. 318 A autoridade que aplicou a penalidade, A partir da leitura desses dispositivos, vê-se que o dia
ou que a tiver confirmado em grau de recurso, será 28 de outubro é conhecido como o Dia do Funcionário
competente para o exame da admissibilidade do Público Estadual. Ademais, conclui-se que a contagem
pedido de revisão, bem como, caso deferido o pro- de prazo para as situações presentes no Estatuto é feita
cessamento, para a sua decisão final. por dias corridos, não podendo iniciar nem terminar em
Art. 319 Deferido o processamento da revisão, será dias como sábado, domingo, feriados ou pontos faculta-
este realizado por Procurador de Estado que não tivos. Quando isso ocorrer, o prazo (inicial ou final) deve
tenha funcionado no procedimento disciplinar de ser adiado para o primeiro dia útil subsequente.
que resultou a punição do requerente.
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omis- Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no
são decorrente de divergência interpretativa da lei, que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
baseada em jurisprudência, ainda que não pacifi- público, induza ou concorra dolosamente para a
cada, mesmo que não venha a ser posteriormente prática do ato de improbidade.
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colabo-
ou dos tribunais do Poder Judiciário. radores de pessoa jurídica de direito privado não
respondem pelo ato de improbidade que venha a
No § 8º a lei deixa claro que as divergências inter- ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, compro-
pretativas das leis, baseadas em jurisprudências, não vadamente, houver participação e benefícios dire-
configuram ato de improbidade. Se um agente públi- tos, caso em que responderão nos limites da sua
co, por exemplo, efetua a dispensa de licitação em uma participação.
hipótese na qual há divergência jurisprudencial a res- § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pes-
peito da possibilidade ou impossibilidade de dispensa, soa jurídica, caso o ato de improbidade adminis-
em tal situação não há que se falar em improbidade trativa seja também sancionado como ato lesivo à
mesmo que posteriormente a interpretação prevalente administração pública de que trata a Lei nº 12.846,
seja contrária ao ato praticado pelo agente. Esse dispo- de 1º de agosto de 2013.
sitivo garante mais segurança jurídica.
O art. 3º traz algumas novidades importantes, pois
SUJEITOS ATIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE dispõe que:
2 Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2018, ACÓR-
DÃO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 21-08-2018 PUBLIC 22-08-2018. 283
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Ou seja, para os Prefeitos e Governadores temos FUSÃO E INCORPORAÇÃO
a possibilidade de aplicação da Lei de Improbidade,
inclusive com a possibilidade de duplo regime sancio- Responsabilidade da sucessora será restrita à obriga-
natório (pela Lei de Improbidade e mediante impea- ção de reparação integral do dano causado
chment) e não há foro por prerrogativa de função, ou
seja, o julgamento será em primeira instância. Até o limite do patrimônio transferido
Já com relação ao Presidente da República não há Não aplicando as demais sanções decorrentes de
a possibilidade de aplicação da Lei de Improbidade, atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou
uma vez que o Presidente da República já tem um da incorporação
sistema próprio de punição dentro da Constituição Exceto no caso de simulação ou de evidente intuito
de fraude, devidamente comprovados
Federal com uma previsão específica para crimes de
responsabilidade.
Lembre-se sempre de responder de acordo com DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
o comando da questão. Se a questão citar “de acordo
com entendimento do Supremo Tribunal Federal”, As hipóteses de improbidade administrativa estão
você já terá conhecimento suficiente para respondê- divididas em três espécies:
-la. Se ela trouxer apenas o texto da lei, considere o
texto legal. z Art. 9º: atos que importam enriquecimento ilícito;
z Art. 10: atos que causam prejuízo ao erário;
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbida- z Art. 11: atos que atentam contra os princípios da
de, a autoridade que conhecer dos fatos repre- Administração Pública.
sentará ao Ministério Público competente,
para as providências necessárias. O art. 10-A, incluído em 2016, que tratava dos atos
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que cau- de improbidade administrativa decorrentes de con-
sar dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamen- cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
te estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo ou tributário, deixou de existir como espécie de ato
até o limite do valor da herança ou do patrimônio e foi incorporado em uma das hipóteses de atos que
transferido. causam lesão ao erário.
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que Além disso, o rol de hipótese que antes era exem-
trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
plificativo agora se tornou rol taxativo. O rol exem-
hipótese de alteração contratual, de transfor-
plificativo é aquele que pode ser acrescido por outras
mação, de incorporação, de fusão ou de cisão
hipóteses, já o rol taxativo traz uma relação de situa-
societária.
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de ções restritas às quais não haverá acréscimo.
incorporação, a responsabilidade da suces-
sora será restrita à obrigação de reparação Dos Atos de Improbidade Administrativa que
integral do dano causado, até o limite do Importam Enriquecimento Ilícito
patrimônio transferido, não lhe sendo apli-
cáveis as demais sanções previstas nesta Lei Com a leitura dos artigos você vai perceber que
decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes nessa espécie existe um enriquecimento, um aumento
da data da fusão ou da incorporação, exceto patrimonial do agente com a prática dos atos descritos.
no caso de simulação ou de evidente intuito de Observe os verbos: receber, perceber, adquirir,
fraude, devidamente comprovados. usar, incorporar, utilizar para conseguir qualquer
tipo de vantagem patrimonial indevida.
A responsabilidade sucessória teve alguns acrés-
cimos. Nas hipóteses de dano ao erário e enriqueci- Art. 9º Constitui ato de improbidade administrati-
mento ilícito, se houver o falecimento do causador va importando em enriquecimento ilícito auferir,
do dano, o sucessor ou o herdeiro ficam obrigados à mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de
reparação até o limite do valor da herança ou do patri- vantagem patrimonial indevida em razão do exer-
mônio transferido. cício de cargo, de mandato, de função, de emprego
Essa regra já estava prevista no texto anterior da ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º
desta Lei, e notadamente:
Lei de Improbidade. A novidade agora é que a res-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
ponsabilidade sucessória de que trata o art. 8º apli-
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
ca-se também nas hipóteses de: nômica, direta ou indireta, a título de comissão,
percentagem, gratificação ou presente de quem
z alteração contratual; tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
z transformação; atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
z incorporação; rente das atribuições do agente público;
z fusão; II - perceber vantagem econômica, direta ou
z cisão societária. indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
Observe que o parágrafo único, do art. 8º-A, traz de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
preço superior ao valor de mercado;
uma redação cheia de detalhes importantes e pode
III - perceber vantagem econômica, direta ou
ser muito explorado em provas. A banca examinadora indireta, para facilitar a alienação, permuta ou
pode usar tal dispositivo para elaborar questões que locação de bem público ou o fornecimento de ser-
podem induzi-lo ao erro. Por isso, é muito importante viço por ente estatal por preço inferior ao valor de
memorizar o conteúdo, já que a maioria das provas mercado;
cobra o texto da lei. Sendo assim, atente-se para as IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qual-
284 informações na tabela a seguir. quer bem móvel, de propriedade ou à disposição
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de qualquer das entidades referidas no art. 1º II - permitir ou concorrer para que pessoa físi-
desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
empregados ou de terceiros contratados por essas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades; entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
V - receber vantagem econômica de qualquer observância das formalidades legais ou regu-
natureza, direta ou indireta, para tolerar a explo- lamentares aplicáveis à espécie;
ração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
tal vantagem; patrimônio de qualquer das entidades menciona-
VI - receber vantagem econômica de qualquer das no art. 1º desta lei, sem observância das for-
natureza, direta ou indireta, para fazer declara- malidades legais e regulamentares aplicáveis à
ção falsa sobre qualquer dado técnico que envolva espécie;
obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
quantidade, peso, medida, qualidade ou caracterís- locação de bem integrante do patrimônio de qual-
tica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou
das entidades referidas no art. 1º desta Lei; ainda a prestação de serviço por parte delas, por
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercí- preço inferior ao de mercado;
cio de mandato, de cargo, de emprego ou de função V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
pública, e em razão deles, bens de qualquer nature- locação de bem ou serviço por preço superior ao de
za, decorrentes dos atos descritos no caput deste
mercado;
artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução
VI - realizar operação financeira sem obser-
do patrimônio ou à renda do agente público, asse-
vância das normas legais e regulamentares ou
gurada a demonstração pelo agente da licitude da
aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
origem dessa evolução;
VII - conceder benefício administrativo ou fis-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
cal sem a observância das formalidades legais
atividade de consultoria ou assessoramento
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
VIII - frustrar a licitude de processo licitató-
suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente rio ou de processo seletivo para celebração de
público, durante a atividade; parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
IX - perceber vantagem econômica para inter- dispensá-los indevidamente, acarretando perda
mediar a liberação ou aplicação de verba pública patrimonial efetiva;
de qualquer natureza; IX - ordenar ou permitir a realização de despe-
X - receber vantagem econômica de qualquer sas não autorizadas em lei ou regulamento;
natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou
de ofício, providência ou declaração a que esteja de renda, bem como no que diz respeito à conserva-
obrigado; ção do patrimônio público;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri- XI - liberar verba pública sem a estrita obser-
mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes vância das normas pertinentes ou influir de
do acervo patrimonial das entidades mencionadas qualquer forma para a sua aplicação irregular;
no art. 1° desta lei; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, ver- terceiro se enriqueça ilicitamente;
bas ou valores integrantes do acervo patrimonial XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam disposição de qualquer das entidades mencionadas
Prejuízo ao Erário no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
dor público, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades.
Já nos atos que causam prejuízo ao erário, não há
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento
um proveito econômico pelo agente, ocorre um prejuí-
que tenha por objeto a prestação de serviços públi-
zo aos cofres públicos. Aqui, o agente vai contribuir cos por meio da gestão associada sem observar
para que outro enriqueça às custas do dinheiro público, as formalidades previstas na lei;
deixar de observar alguma exigência prevista em lei, e XV - celebrar contrato de rateio de consórcio
essa inobservância causa algum prejuízo, por exemplo: público sem suficiente e prévia dotação orça-
frustrar a licitude de licitação ou processo seletivo, acar- mentária, ou sem observar as formalidades
DIREITO ADMINISTRATIVO
retando perda patrimonial etc. Perceba que com esse previstas na lei.
raciocínio não dá para confundir as duas espécies. XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
para a incorporação, ao patrimônio particular de
Art. 10 Constitui ato de improbidade administra- pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou valores públicos transferidos pela administração
omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprova- pública a entidades privadas mediante celebração
damente, perda patrimonial, desvio, apropriação, de parcerias, sem a observância das formali-
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou have- dades legais ou regulamentares aplicáveis à
res das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e espécie;
notadamente: XVII - permitir ou concorrer para que pessoa físi-
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
para a indevida incorporação ao patrimônio parti- ou valores públicos transferidos pela administração
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, pública a entidade privada mediante celebração de
de verbas ou de valores integrantes do acervo patri- parcerias, sem a observância das formalidades
monial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 285
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XVIII - celebrar parcerias da administração VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga-
pública com entidades privadas sem a obser- do a fazê-lo, desde que disponha das condições para
vância das formalidades legais ou regulamen- isso, com vistas a ocultar irregularidades;
tares aplicáveis à espécie; VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
XIX - agir para a configuração de ilícito na mento de terceiro, antes da respectiva divulga-
celebração, na fiscalização e na análise das ção oficial, teor de medida política ou econômica
prestações de contas de parcerias firmadas pela capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
administração pública com entidades privadas; VIII - descumprir as normas relativas à celebra-
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela ção, fiscalização e aprovação de contas de parcerias
administração pública com entidades privadas sem firmadas pela administração pública com entidades
a estrita observância das normas pertinentes privadas.
ou influir de qualquer forma para a sua apli- IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
cação irregular. 2021)
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
de 2021) 2021)
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter-
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
116, de 31 de julho de 2003.
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
§ 1º Nos casos em que a inobservância de forma-
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício
lidades legais ou regulamentares não implicar
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
perda patrimonial efetiva, não ocorrerá impo-
função gratificada na administração pública direta e
sição de ressarcimento, vedado o enriqueci-
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
mento sem causa das entidades referidas no art.
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendi-
1º desta Lei.
do o ajuste mediante designações recíprocas;
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da
XII - praticar, no âmbito da administração pública
atividade econômica não acarretará improbi-
dade administrativa, salvo se comprovado ato e com recursos do erário, ato de publicidade que
doloso praticado com essa finalidade. contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Consti-
tuição Federal, de forma a promover inequívoco
enaltecimento do agente público e personalização
O parágrafo segundo, do referido artigo, reforça a
de atos, de programas, de obras, de serviços ou de
ideia de que os atos descritos na Lei de Improbidade
campanhas dos órgãos públicos.
precisam de dolo, ou seja, a vontade livre e consciente
de alcançar o resultado ilícito.
O nepotismo passou a ser considerado de forma
expressa como ato de improbidade que atenta contra
Dos Atos de Improbidade Administrativa que
princípios. Já existe previsão sobre o nepotismo na
Atentam Contra os Princípios da Administração
Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Fede-
Pública
ral, mas o legislador resolveu incluir, também, no tex-
to da Lei de Improbidade, reforçando a vedação ao
Com relação aos atos de improbidade que aten-
nepotismo.
tam contra os princípios, a conduta do agente de
Tal inclusão se mostra muito importante, pois,
alguma forma vai violar os princípios que norteiam
a atividade da Administração Pública. Como é um rol apesar de já existir uma decisão sumulada a respeito
menor, se você memorizar as hipóteses do art. 11 e da proibição do nepotismo por violar a Constituição
tiver em mente o raciocínio explicado acima nos arts. Federal, a falta de norma expressa sobre o assunto no
9º e 10, fica fácil identificar na questão o que é o enri- âmbito da improbidade administrativa poderia levar
quecimento ilícito e o prejuízo ao erário. a questionamentos com relação à aplicação de san-
ções. Agora, o nepotismo caracteriza ato de improbi-
Art. 11 Constitui ato de improbidade administrativa dade que viola princípios e está sujeito às cominações
que atenta contra os princípios da administra- legais previstas no art. 12, da Lei de Improbidade.
ção pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legali- § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
dade, caracterizada por uma das seguintes condutas: contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente have-
2021) rá improbidade administrativa, na aplica-
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de ção deste artigo, quando for comprovado na
2021) conduta funcional do agente público o fim de
III - revelar fato ou circunstância de que tem obter proveito ou benefício indevido para si ou
ciência em razão das atribuições e que deva per- para outra pessoa ou entidade.
manecer em segredo, propiciando beneficiamento
por informação privilegiada ou colocando em risco a Outro ponto importante diz respeito à previsão do
segurança da sociedade e do Estado; parágrafo primeiro, o qual dispõe que somente have-
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em
rá improbidade administrativa quando for compro-
razão de sua imprescindibilidade para a segurança da
vado o fim de obter proveito ou benefício indevido.
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituí-
das em lei; Novamente o legislador faz ênfase à proibição de
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter haver condutas culposas nos atos de improbidade
concorrencial de concurso público, de chama- administrativa e caberá ao Ministério Público, titu-
mento ou de procedimento licitatório, com vistas lar da ação, provar que nas hipóteses descritas nesse
à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, artigo o agente tinha a finalidade de obter proveito ou
286 ou de terceiros; benefício indevido para si ou para outra pessoa.
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§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a DAS PENAS
quaisquer atos de improbidade administrativa tipi-
ficados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer Em decorrência da independência das instâncias,
outros tipos especiais de improbidade administra- as sanções previstas no art. 12 não excluem a possi-
tiva instituídos por lei. bilidade de responsabilização do agente em âmbito
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na criminal, civil e administrativo.
categoria de que trata este artigo pressupõe Além disso, é importante não confundir o ressar-
a demonstração objetiva da prática de ilega- cimento integral do dano com a multa, são coisas
lidade no exercício da função pública, com a diferentes. O ressarcimento integral do dano ocor-
indicação das normas constitucionais, legais rerá sempre que houver dano; trata-se de uma conse-
ou infralegais violadas. quência lógica decorrente da conduta ilícita. Se, por
exemplo, um agente público incorporar, por qualquer
A exigência do parágrafo 3º diz respeito à neces- forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou
sidade de motivação, fundamentação de todas as ale- valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
gações feitas, assim como deve ser feito nas decisões des referidas na lei, esse agente tem o dever de ressar-
proferidas pelo Judiciário, indicando as normas que cir o dano que foi causado a essa entidade, seja dano
foram violadas pelo agente público. financeiro ou patrimonial. Já a multa é uma sanção
Ou seja, se o Ministério Público ingressou com uma aplicada pela prática do ato ilícito.
ação contra um agente público pelo suposto come- A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe algumas alterações
timento de ato de improbidade administrativa que com relação às sanções. A suspensão dos direitos polí-
atenta contra princípios, não basta citar que cometeu ticos terá prazo máximo de 14 anos e o valor das mul-
tal ato, é preciso demonstrar de forma objetiva e indi- tas diminuiu. Veja:
car as normas constitucionais, legais ou infralegais
que foram violadas. Art. 12 Independentemente do ressarcimento
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das san-
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este ções penais comuns e de responsabilidade, civis e
artigo exigem lesividade relevante ao bem administrativas previstas na legislação específica,
jurídico tutelado para serem passíveis de sancio- está o responsável pelo ato de improbidade sujeito
namento e independem do reconhecimento da às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a
produção de danos ao erário e de enriqueci-
gravidade do fato:
mento ilícito dos agentes públicos
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou
§ 5º Não se configurará improbidade a mera
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda
nomeação ou indicação política por parte dos
da função pública, suspensão dos direitos políticos
detentores de mandatos eletivos, sendo neces-
até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equi-
sária a aferição de dolo com finalidade ilícita
valente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi-
por parte do agente.
ção de contratar com o poder público ou de receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
O legislador deixa claro no § 4º, do art. 11, que os ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
atos de improbidade referidos no artigo exigem lesi- soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo pra-
vidade relevante ao bem jurídico tutelado, ou seja, zo não superior a 14 (catorze) anos;
para que os atos aqui descritos sejam passíveis de II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens
sanção, será necessário que o aplicador da norma (o ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
juiz) no caso concreto observe se a conduta praticada se concorrer esta circunstância, perda da função
foi capaz de causar uma lesividade relevante ao bem pública, suspensão dos direitos políticos até 12
jurídico protegido. (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente
ao valor do dano e proibição de contratar com o
Além disso, a aplicação da sanção por violação aos
poder público ou de receber benefícios ou incenti-
princípios não vai depender da ocorrência de danos
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ao erário ou de enriquecimento ilícito dos agentes. ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
Se, por exemplo, um agente público deixar de prestar qual seja sócio majoritário, pelo prazo não supe-
contas quando estiver obrigado a fazê-lo, com vistas rior a 12 (doze) anos;
a ocultar irregularidades por ele praticadas, e ficar III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de
provado o dolo da conduta mesmo não havendo um multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor
prejuízo ao erário ou enriquecimento, o agente será da remuneração percebida pelo agente e proibição
responsabilizado. de contratar com o poder público ou de receber
DIREITO ADMINISTRATIVO
PREJUÍZO AO
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (ART. ATENTAM CONTRA PRINCÍ-
SANÇÃO ERÁRIO (ART.
9º) PIOS (ART. 11)
10)
Perda da função
Sim Sim ---
pública
Multa civil Valor do acréscimo patrimonial Valor do dano Até 24X o valor da remuneração
Proibição de contra-
tar ou receber benefí- Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
cios fiscais
Importante: Ressarcimento integral do dano → aplicável sempre que houver dano efetivo.
DA DECLARAÇÃO DE BENS
Na redação anterior, ou o agente entregava a declaração de bens elaborada por ele mesmo ou poderia de
forma facultativa entregar a cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na
conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
Na atual redação, o agente deve entregar a declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Fede-
ral (Declaração de Imposto de Renda). Tal declaração deve ser atualizada anualmente e na data em que o agente
público deixar o cargo. Se o agente deixar de prestar a declaração ou prestá-la falsa, sofrerá a pena de demissão.
Art. 13 A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de impos-
to de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal
do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1º (Revogado).
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o
agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recu-
sar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que
prestar declaração falsa.
§ 4º (Revogado).
O procedimento administrativo é realizado internamente com o intuito de investigar o suposto ato praticado por
um agente público. O início do processo administrativo pode dar-se de ofício, ou seja, pela própria administração
ou mediante representação de qualquer pessoa. Após a representação, a autoridade determinará a apuração dos
fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente; se for um agente
federal, por exemplo, o procedimento observará a Lei nº 8.112, de 1990.
Já o processo judicial é instaurado no Judiciário mediante petição apresentada pelo Ministério Público, que é o
titular da referida ação, para aplicação das penalidades referidas no art. 12 aos agentes públicos e aos particulares que,
mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou concorram dolosamente para a prática do ato de improbidade.
DIREITO ADMINISTRATIVO
São procedimentos independentes; no processo administrativo serão aplicadas as sanções de natureza administrati-
va, podendo inclusive ser aplicada a pena de demissão. O processo administrativo é mais rápido e a decisão de demissão
em âmbito administrativo produz efeitos imediatos em decorrência dos princípios da autoexecutoriedade e da presun-
ção de legitimidade dos atos. Sendo assim, a entidade que sofreu a lesão poderá instaurar um processo administrativo,
demitir o agente público e na ação judicial haverá a aplicação das demais penalidades referidas na lei.
Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instau-
rada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do repre-
sentante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver
as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos, observada
a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente. 289
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Art. 15 A comissão processante dará conhecimento Para entender melhor, imagine o seguinte. Um
ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de agente público está sendo investigado por, supos-
Contas da existência de procedimento administra- tamente, ter incorporado ao seu patrimônio bens,
tivo para apurar a prática de ato de improbidade. rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patri-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal monial das entidades mencionadas na lei.
ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, Há fortes indícios da prática do referido ato e no
designar representante para acompanhar o proce- curso da investigação o Ministério Público percebe
dimento administrativo. que o agente está começando a dilapidar todo o seu
patrimônio, gerando o perigo de dano irreparável
INDISPONIBILIDADE DE BENS ou de risco ao resultado útil do processo, uma vez
que essa conduta poderia inviabilizar o ressarci-
A indisponibilidade de bens é uma medida caute- mento dos valores indevidamente incorporados.
lar que pode ser requerida antes ou no curso da ação No caso hipotético narrado, se o Ministério Público
principal e visa garantir a futura devolução de dinhei- conseguir convencer o juiz de que a conduta do inves-
ro público em caso de condenação. Imagine que um tigado gera perigo de dano irreparável (desfazer-se
agente público esteja sendo investigado pela possível do patrimônio) ou risco ao resultado útil do proces-
prática de ato que gerou enriquecimento ilícito; é so (impossibilitando a futura reparação do dano), a
possível que o indiciado acabe com todo o seu patri- indisponibilidade de bens será deferida.
mônio, transfira para outras pessoas e ao final do pro-
cesso judicial não seja possível o ressarcimento aos § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada
cofres públicos. Para evitar que isso ocorra, o Ministé- sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contradi-
rio Público irá requerer ao juiz essa medida cautelar tório prévio puder comprovadamente frustrar a
para garantir o ressarcimento do prejuízo quando for efetividade da medida ou houver outras circuns-
proferida a decisão transitada em julgado. tâncias que recomendem a proteção liminar, não
Quando essa medida for deferida pelo juiz, o inves- podendo a urgência ser presumida.
tigado ou indiciado não poderá se desfazer de seus § 5º Se houver mais de um réu na ação, a soma-
bens. Tal medida de certa forma “trava” o patrimônio, tória dos valores declarados indisponíveis não
poderá superar o montante indicado na petição ini-
bloqueia os bens e ele não poderá, por exemplo, ven-
cial como dano ao erário ou como enriquecimento
der imóveis, movimentar aplicações financeiras, valo-
ilícito.
res em conta bancária etc. Foram acrescidos alguns § 6º O valor da indisponibilidade considerará a
artigos que regulamentam de forma mais detalhada estimativa de dano indicada na petição inicial,
a indisponibilidade. Além disso, não existe mais o permitida a sua substituição por caução idô-
sequestro de bens na lei. nea, por fiança bancária ou por seguro-garan-
tia judicial, a requerimento do réu, bem como a
Art. 16 Na ação por improbidade administrativa sua readequação durante a instrução do processo.
poderá ser formulado, em caráter antecedente § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro
ou incidente, pedido de indisponibilidade de dependerá da demonstração da sua efetiva
bens dos réus, a fim de garantir a integral recom- concorrência para os atos ilícitos apurados
posição do erário ou do acréscimo patrimonial ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da
resultante de enriquecimento ilícito. instauração de incidente de desconsideração
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, da personalidade jurídica, a ser processado
de 2021) na forma da lei processual.
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida
se refere o caput deste artigo poderá ser formu- por esta Lei, no que for cabível, o regime da tutela
lado independentemente da representação de provisória de urgência da Lei nº 13.105, de 16 de
que trata o art. 7º desta Lei. março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibili- § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida
dade de bens a que se refere o caput deste artigo relativa à indisponibilidade de bens caberá agra-
incluirá a investigação, o exame e o bloqueio vo de instrumento, nos termos da Lei nº 13.105,
de bens, contas bancárias e aplicações finan- de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos § 10 A indisponibilidade recairá sobre bens que
termos da lei e dos tratados internacionais. assegurem exclusivamente o integral ressar-
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que cimento do dano ao erário, sem incidir sobre
se refere o caput deste artigo apenas será defe- os valores a serem eventualmente aplicados a
rido mediante a demonstração no caso concreto título de multa civil ou sobre acréscimo patri-
de perigo de dano irreparável ou de risco ao monial decorrente de atividade lícita.
resultado útil do processo, desde que o juiz se § 11 A ordem de indisponibilidade de bens deve-
convença da probabilidade da ocorrência dos atos rá priorizar veículos de via terrestre, bens imó-
descritos na petição inicial com fundamento nos veis, bens móveis em geral, semoventes, navios e
respectivos elementos de instrução, após a oitiva aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e
do réu em 5 (cinco) dias. empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas
na inexistência desses, o bloqueio de contas bancá-
rias, de forma a garantir a subsistência do acusado
Importante ressaltar que agora a lei exige a
e a manutenção da atividade empresária ao longo
demonstração de perigo irreparável, antes o Supe- do processo.
rior Tribunal de Justiça entendia que o periculum in § 12 O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilida-
mora — perigo da demora — era implícito, presumido de de bens do réu a que se refere o caput deste arti-
no referido dispositivo. Com as alterações, é preciso go, observará os efeitos práticos da decisão, vedada
demonstrar perigo de dano irreparável ou de risco ao a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à
290 resultado útil do processo. prestação de serviços públicos.
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§ 13 É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados
em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta corrente.
§ 14 É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel
seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
A nova lei trouxe alguns dispositivos que possivelmente vão gerar uma certa discussão entre doutrinadores e
estudiosos do direito administrativo e talvez você já tenha até lido algum artigo a respeito ou ouviu algum profes-
sor falando sobre isso, mas para provas de concursos, fique com o que está previsto na letra da lei. Para facilitar
o entendimento deste tópico, veja o fluxograma que segue:
A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomen-
dem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
A lei, em seu § 11, art. 16, traz uma ordem para que o juiz determine a indisponibilidade dos bens, qual seja:
Além disso, existem hipóteses em que a indisponibilidade de bens será vedada, §§ 13 e 14, do art. 16:
z Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações
financeiras ou em conta corrente;
z Bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
PROCESSO JUDICIAL
No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada tinham
legitimidade para dar início à ação judicial de improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº 14.230, de 2021,
o Ministério Público passa a ser o único legitimado para propor a ação.
Art. 17 A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o
procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º (Revogado).
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4º (Revogado).
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou
da pessoa jurídica prejudicada.
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste artigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações pos-
teriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6º A petição inicial observará o seguinte:
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elementos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das
hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibilidade devidamente fundamentada;
II - será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a
legislação vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
de Processo Civil). 291
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§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as no polo passivo da demanda, poderá, em deci-
tutelas provisórias adequadas e necessárias, nos são motivada, converter a ação de improbidade
termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de 16 de administrativa em ação civil pública, regulada
março de 2015 (Código de Processo Civil). pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos
do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 A possibilidade de conversão de ação de improbi-
(Código de Processo Civil), bem como quando não dade administrativa em ação civil pública é uma for-
preenchidos os requisitos a que se referem os incisos ma de viabilizar a economia processual. Da decisão de
I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifes- conversão caberá recurso de agravo de instrumento.
tamente inexistente o ato de improbidade imputado.
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma,
§ 17 Da decisão que converter a ação de impro-
o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação
bidade em ação civil pública caberá agravo de
dos requeridos para que a contestem no prazo instrumento.
comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na for- § 18 Ao réu será assegurado o direito de ser interro-
ma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de gado sobre os fatos de que trata a ação, e a sua recu-
2015 (Código de Processo Civil). sa ou o seu silêncio não implicarão confissão.
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de § 19 Não se aplicam na ação de improbidade
2021) administrativa:
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de I - a presunção de veracidade dos fatos alegados
2021) pelo autor em caso de revelia;
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões prelimina- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma
res suscitadas pelo réu em sua contestação caberá dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de
agravo de instrumento. março de 2015 (Código de Processo Civil);
§ 10 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de III - o ajuizamento de mais de uma ação de impro-
2021) bidade administrativa pelo mesmo fato, com-
§ 10-A Havendo a possibilidade de solução consen- petindo ao Conselho Nacional do Ministério Público
sual, poderão as partes requerer ao juiz a inter- dirimir conflitos de atribuições entre membros de
rupção do prazo para a contestação, por prazo Ministérios Públicos distintos;
não superior a 90 (noventa) dias. IV - o reexame obrigatório da sentença de impro-
§ 10-B Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido cedência ou de extinção sem resolução de mérito.
o autor, o juiz: § 20 A assessoria jurídica que emitiu o parecer
I - procederá ao julgamento conforme o estado do pro- atestando a legalidade prévia dos atos adminis-
cesso, observada a eventual inexistência manifesta do trativos praticados pelo administrador público fica-
ato de improbidade; rá obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a venha a responder ação por improbidade admi-
otimizar a instrução processual. nistrativa, até que a decisão transite em julgado.
§ 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz pro- § 21 Das decisões interlocutórias caberá agra-
ferirá decisão na qual indicará com precisão a tipifica- vo de instrumento, inclusive da decisão que rejei-
ção do ato de improbidade administrativa imputável tar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua
ao réu, sendo-lhe vedado modificar o fato principal e a contestação.
capitulação legal apresentada pelo autor.
§ 10-D Para cada ato de improbidade administrativa, ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL
deverá necessariamente ser indicado apenas um tipo
dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais
§ 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste arti- detalhada os requisitos para que se possa realizar um
go, as partes serão intimadas a especificar as provas
acordo de não persecução civil no âmbito da improbi-
que pretendem produzir.
dade administrativa. Trata-se de um acordo celebrado
§ 10-F Será nula a decisão de mérito total ou par-
entre o Ministério Público e pessoas físicas ou jurídi-
cial da ação de improbidade administrativa que:
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele defi- cas investigadas pela prática de improbidade admi-
nido na petição inicial; nistrativa com o intuito de não prosseguir com a ação
II - condenar o requerido sem a produção das provas caso o acordo seja aceito e homologado pelo Judiciá-
por ele tempestivamente especificadas. rio; entretanto, para a aplicação desse acordo, devem
§ 11 Em qualquer momento do processo, verificada ser observados alguns requisitos, veja:
a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará a
demanda improcedente. Art. 17-B O Ministério Público poderá, confor-
§ 12 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de me as circunstâncias do caso concreto, celebrar
2021) acordo de não persecução civil, desde que dele
§ 13 (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de advenham, ao menos, os seguintes resultados:
2021) I - o integral ressarcimento do dano;
§ 14 Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídi- II - a reversão à pessoa jurídica lesada da van-
ca interessada será intimada para, caso queira, inter- tagem indevida obtida, ainda que oriunda de
vir no processo. agentes privados.
§ 15 Se a imputação envolver a desconsideração de § 1º A celebração do acordo a que se refere o caput
pessoa jurídica, serão observadas as regras previstas deste artigo dependerá, cumulativamente:
nos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de I - da oitiva do ente federativo lesado, em momen-
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). to anterior ou posterior à propositura da ação;
§ 16 A qualquer momento, se o magistrado iden- II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta)
tificar a existência de ilegalidades ou de irregu- dias, pelo órgão do Ministério Público competen-
laridades administrativas a serem sanadas sem te para apreciar as promoções de arquivamento
que estejam presentes todos os requisitos para de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento
292 a imposição das sanções aos agentes incluídos da ação;
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III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento da
ação de improbidade administrativa.
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo considerará a personalidade
do agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem
como as vantagens, para o interesse público, da rápida solução do caso.
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas
competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias.
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser celebrado no curso da investigação de apuração
do ilícito, no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério
Público, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá contemplar a adoção de mecanismos e procedi-
mentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação
efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras
medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas.
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará
impedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério Público do
efetivo descumprimento.
O art. 17-C estabelece que a sentença deverá observar, além dos requisitos previstos no Código de Processo
Civil, também os trazidos na lei. Destaca-se que o § 2º fala sobre a hipótese de litisconsórcio passivo, que ocorre
quando se tem mais de um réu no processo. Nessas circunstâncias, a lei prevê que a condenação ocorrerá no
limite da participação e dos benefícios diretos de cada um, vedada qualquer solidariedade; ou seja, cada réu
responderá pela sua participação ou de acordo com os seus benefícios em decorrência da prática do ato ilícito.
Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais corrigidas moneta-
riamente, do débito resultante de condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu demonstrar
incapacidade financeira de saldá-lo de imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 18-A A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará eventuais sanções
aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual continuidade de ilícito ou a
prática de diversas ilicitudes, observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um ter-
ço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)
O art. 18-A traz a possibilidade de unificação das penas. Após o juiz proferir a sentença judicial transitada em
julgado, da qual não caiba mais recurso, a próxima fase é cumprir o que foi determinado na sentença. Nessa fase de
cumprimento, o juiz unificará, ou seja, vai reunir eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em outros
processos da seguinte forma:
z Se houver continuidade de ilícito, o juiz aplica a maior sanção aumentada de 1/3 (um terço), ou soma as
penas optando por aquilo que for mais benéfico ao réu;
z No caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
Importante!
Nas hipóteses do art. 18-A, a suspensão de direitos políticos e a proibição de contratar ou de receber incenti-
vos fiscais observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos (parágrafo único, do art. 18-A).
294
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Proposta pelo MP,
único legitimado
(art. 17)
Natureza repressiva,
caráter sancionatório
(art. 17-D)
Importante: não existe mais a defesa preliminar; o requerido já será citado para apresentar a contestação.
As sanções trazidas na Lei de Improbidade Administrativa têm natureza repressiva, de caráter sancionatório.
O único momento em que a lei trata de alguma sanção penal é no art. 19, mas nesse caso a sanção será aplicada
ao denunciante e não ao agente que cometeu ato de improbidade.
Art. 19 Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instru-
ção processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual prazo, mediante decisão motivada.
Muitas pessoas acham estranho quando se fala que o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função ocorrerá sem prejuízo da sua remuneração, mas isso ocorre em decorrência da presunção de
inocência. Todos se presumem inocentes até que se prove o contrário por meio do devido processo legal.
Portanto, enquanto não houver uma decisão condenatória, não é possível que o servidor seja, desde já, conde-
nado a perder sua remuneração. Esse afastamento ocorrerá quando for necessário para a instrução processual ou
para evitar o cometimento de novos ilícitos. Por não ser uma sanção, deverá ter prazo determinado de até 90 dias,
podendo ser prorrogado mais uma vez por igual prazo. O afastamento não é por 90 dias e sim por até 90 dias,
sendo assim, se o for determinado que o agente se afaste por 60 dias, a prorrogação só poderá ser por mais 60 dias.
mento para a conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes decisões deverão ser consideradas na
formação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem
pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede o
trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no
art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as sanções apli-
cadas nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22 Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14
desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a ins-
tauração de inquérito policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 295
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Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a oportunidade
de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM AÇÃO QUE DISCUTA OS MESMOS FATOS, CONFIRMADA POR DECISÃO
COLEGIADA:
Impede o trâmite da ação de improbidade, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previs-
tos no CPP
DA PRESCRIÇÃO
A prescrição ocorre quando o decurso do tempo impede que o titular da ação de improbidade possa aplicar a
sanção ao suposto autor do ato de improbidade. Esse instituto existe no direito brasileiro para resguardar a segu-
rança jurídica. Sendo assim, o Estado tem um tempo determinado para poder sancionar os atos de improbidade.
A demora do Estado extingue a possibilidade de punir o suposto autor do ato ímprobo praticado por agentes
públicos e particulares.
Se, por exemplo, um agente público comete ato de improbidade que causa prejuízo ao erário, o Ministério
Público tem um prazo para ingressar com a ação e efetivar as sanções previstas na lei; passado o prazo, o Estado
não poderá mais responsabilizar o acusado.
Importante! Atente-se para este julgado, que trata da imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário:
Tese de repercussão geral STF nº 897 São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.3
Com as alterações da Lei nº 14.230, de 2021, o prazo prescricional passou a ser de 8 (oito) anos em todas as
hipóteses e a contagem se dá a partir da ocorrência do fato.
Art. 23 A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência. (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado);
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos referidos
nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corridos, reco-
meçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias,
se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do prazo
previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para a
prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a
qualquer deles estendem-se aos demais.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre os
marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
3 [Lei 8.429, de 1992, arts. 9 a 11 (1)]. RE 852475/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 8.8.2018.
296 (RE-852475)
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Suspensão: após a instauração de inquérito civil ou de processo administrativo, o prazo prescricional suspen-
de por até 180 dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo,
esgotado o prazo de suspensão;
z Interrupção: após a ocorrência das hipóteses previstas, volta a contar o prazo do zero.
Os conceitos de interrupção e suspensão são trazidos pela doutrina e é importante saber a diferença entre os
institutos para entender o conteúdo.
O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos, o Ministério Público apresenta a ação e no dia
da apresentação o prazo será interrompido. Na interrupção o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a apre-
sentação da Ação de Improbidade Administrativa pelo Ministério Público voltaríamos a contar os 8 anos, mas na
prescrição intercorrente do § 5º o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer então que
o prazo da prescrição intercorrente será de 4 anos.
Outro ponto importante é sobre a possibilidade de o Ministério Público, de ofício, a requerimento de auto-
ridade administrativa ou mediante representação, instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo
assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial para apurar os ilícitos.
Percebe-se aqui algumas possibilidades trazidas pela lei para que o Ministério Público possa obter os ele-
mentos necessários para a instauração da ação de improbidade administrativa. E conforme os §§ 2º e 3º, art. 23,
o inquérito civil deve respeitar o prazo de 365 dias, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período.
Importante!
O prazo do inquérito civil é de 365 dias corridos, prorrogável uma vez por igual período mediante fundamen-
tação, ou seja, 365 + 365. Cuidado com as provas: são 365 dias e não 1 ano.
Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolu-
mentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de improbidade se com-
provada má-fé.
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão responsabilizados nos termos
da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
Das Disposições Finais
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
disposições em contrário.
DIREITO ADMINISTRATIVO
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presi-
dência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Aces-
so em: 26 set. 2022.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Portal da Câmara dos Deputados, 2022. Disponível em: https://www.camara.leg.
br/. Acesso em: 26 set. 2022.
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019.
CARVALHO, M. Manual de Direito Administrativo. 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Guia da política de governança pública. Brasília: Casa Civil
da Presidência da República, 2018.
CASTRO JÚNIOR, R. de. Manual de Direito Administrativo. 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2020.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
297
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. b) A responsabilidade administrativa exime o funcionário
34ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2019. da responsabilidade civil ou criminal, pois estas são
PLANALTO. Portal da Legislação, 2022. Disponí- dependentes.
vel em: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. c) Caracteriza-se especialmente a responsabilidade pela
Acesso em: 26 set. 2022. falta ou inexatidão das necessárias averbações nas
SENADO FEDERAL. Senado Federal, 2022. Dispo- notas de despacho, guias e outros documentos da
nível em: https://www12.senado.leg.br/hpsenado. receita, ou que tenham com eles relação.
Acesso em: 26 set. 2022. d) A importância da indenização deverá ser descontada
da remuneração do funcionário, não excedendo o des-
conto de 20% (vinte por cento) do valor bruto.
e) Nos casos em que o funcionário é obrigado a repor
HORA DE PRATICAR! a importância do prejuízo causado para indenizar a
Fazenda Estadual, ser-lhe-á facultado optar pela for-
ma de reposição com o devido desconto em seus
1. (VUNESP — 2021) Cícero, que é funcionário público
vencimentos.
estadual, havia sido demitido do serviço público, mas,
posteriormente, foi absolvido pela Justiça, em decisão
4. (VUNESP — 2019) O funcionário é responsável por
que negou a existência da sua autoria. Nessa situa-
todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à
ção hipotética, portanto, considerando o Estatuto dos
Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, é
apurados. Conforme disciplinado na Lei nº 10.261/68,
correto afirmar que Cícero deverá ser
caracteriza-se especialmente a responsabilidade
quando o funcionário
a) reintegrado ao serviço público, em cargo superior ao
que ocupava e com todos os direitos e vantagens devi-
a) valer-se de sua qualidade para desempenhar ativi-
das, mediante certidão do cartório judicial que com-
dade estranha às suas funções para lograr qualquer
prove o teor da decisão absolutória.
proveito.
b) reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava
b) retirar, sem prévia permissão da autoridade compe-
e com todos os direitos e vantagens devidas, median-
tente, qualquer documento ou objeto existente na
te simples comprovação do trânsito em julgado de
repartição.
decisão judicial.
c) fundar sindicatos de funcionários ou dele fazer parte.
c) reincorporado ao serviço público, em cargo equivalen-
d) cometer faltas, danos, avarias e quaisquer outros pre-
te ao que ocupava e com todos os direitos e vantagens
juízos que sofrerem os bens e os materiais sob a sua
devidas, mediante certidão do cartório judicial que
guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização.
comprove a decisão absolutória.
e) incitar greves ou a elas aderir.
d) readmitido em outro cargo diferente do que ocupava,
sem os direitos e vantagens do cargo anterior, median-
5. (VUNESP — 2018) Arceus Cipriano foi processado cri-
te certidão do cartório judicial que comprove o teor da
minalmente sob a acusação de cometimento de crime
decisão absolutória.
contra a administração pública e pelos mesmos fatos
e) readmitido ao serviço público, no mesmo cargo ou em
também foi demitido do cargo público que ocupava.
cargo equivalente, com todos os direitos e vantagens Contudo, na seara criminal, logrou êxito em comprovar
devidas, mediante simples comprovação do trânsito que não foi o autor dos fatos, tendo sido absolvido por
em julgado de decisão judicial. esse fundamento, na instância criminal. Diante disso,
assinale a alternativa correta, nos termos do Estatu-
2. (VUNESP — 2019) Nos termos da Lei nº 10.261/68, to dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São
constitui um dos deveres do funcionário, dentre vários Paulo.
outros,
a) Arceus terá direito à reintegração ao serviço público,
a) residir no local onde exerce o cargo ou onde for no cargo que ocupava e com todos os direitos e van-
autorizado. tagens devidas, mediante simples comprovação do
b) abandonar o local de trabalho quando sofrer ofensas trânsito em julgado da decisão absolutória no juízo
físicas ou morais. criminal.
c) participar de todas as reuniões convocadas pelo sindi- b) Como a responsabilidade administrativa é indepen-
cato de classe. dente da civil e da criminal, a absolvição de Arceus
d) omitir-se diante das irregularidades cometidas pelo Cipriano na justiça criminal em nada altera decisão
seu chefe imediato. proferida na esfera administrativa.
e) retirar, ainda que com a anuência do seu superior ime- c) A demissão é nula porque a Administração Pública não
diato, qualquer objeto existente na repartição. deveria ter processado administrativamente Arceus e
proferido decisão demissória antes do trânsito em jul-
3. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei nº gado da sentença no processo criminal.
10.261/68, o funcionário é responsável por todos os d) Arceus poderá pedir o desarquivamento e a revisão da
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda decisão administrativa que o demitiu, utilizando como
Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados. documento novo a sentença absolutória proferida no
processo criminal.
Com relação ao tema, assinale a alternativa correta. e) Se a absolvição criminal ocorreu depois do prazo de
interposição do recurso da decisão demissória pro-
a) Será responsabilizado o funcionário que delegar a ferida no processo administrativo, não será possível
pessoas estranhas às repartições o desempenho de Arceus valer-se da sentença criminal para buscar a
298 encargos que lhe competirem, sem exceções. anulação da demissão.
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6. (VUNESP — 2022) A Lei Estadual no 10.261/68 dispõe Nesse caso, e conforme dispõe a Lei nº 10.261/68,
que será aplicada a pena de cassação de aposentado- após as devidas apurações pela autoridade compe-
ria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo tente, ele poderá sofrer a seguinte penalidade:
7. (VUNESP — 2021) Medéia, funcionária pública esta- 10. (VUNESP — 2018) Consoante o Estatuto dos Funcio-
dual, praticou, quando em atividade, falta grave para nários Públicos Civis do Estado de São Paulo, será
a qual é cominada a pena de demissão prevista no aplicada a pena de demissão nos casos de
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de
a) pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores
São Paulo. Porém, a portaria que instaurou o respecti-
a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
vo processo administrativo para apuração da infração
repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização.
foi publicada somente dois anos após Medéia ter se
b) aplicação indevida de dinheiros públicos.
aposentado do serviço público.
c) prática, em serviço, de ofensas físicas contra funcio-
nários ou particulares.
Nessa situação hipotética, considerando, ainda, o fato d) exercício de advocacia administrativa.
de que a falta cometida ocorreu um ano antes de sua e) prática de insubordinação grave.
aposentadoria, é correto afirmar que Medéia
11. (VUNESP — 2021) Considerando o disposto no Esta-
a) poderá ter sua aposentadoria cassada, uma vez que a tuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São
inatividade não impede a aplicação da sanção e não Paulo, assinale a alternativa correta a respeito das nor-
se operou a prescrição nesse caso. mas do processo administrativo.
b) deverá retornar ao serviço público, para trabalhar
pelo mesmo período que ficou aposentada, devendo a) Não poderá ser encarregado da apuração, paren-
pagar multa de até 5 vezes o valor dos seus proventos te consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
mensais. podendo atuar apenas como secretário no processo.
c) estaria sujeita à pena de cassação de sua aposentado- b) Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
ria, mas a portaria foi instaurada intempestivamente, do- se a constituir advogado, o presidente nomeará
tendo ocorrido a prescrição da pena. advogado dativo.
d) não mais poderá ser punida em razão de ter se apo- c) O acusado tem o direito de assistir à inquirição do
sentado, independentemente da data da portaria que denunciante, para que tenha ciência pessoal das
instaurou o processo administrativo. declarações que aquele deverá prestar em audiência.
e) estará sujeita apenas às penas de multa e ressar- d) Não comparecendo o acusado no interrogatório, será
cimento aos cofres públicos dos valores recebidos decretada sua condenação, podendo, contudo, partici-
durante todo o período da sua aposentadoria. par dos demais atos do processo até a fase recursal.
e) O acusado poderá, até a fase do seu interrogatório,
8. (VUNESP — 2019) Mário, que ocupava o cargo de con- constituir advogado para prosseguir na sua defesa,
tador no Tribunal de Justiça de São Paulo, está apo- vedada a constituição depois dessa fase processual.
sentado por tempo de serviço há 18 (dezoito) meses.
No início do ano de 2018, foi instaurado um processo 12. (VUNESP — 2021) A respeito das testemunhas no
administrativo no qual foi apurado que ele, durante o processo administrativo, o Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis estabelece que
período de atividade, aceitou ilegalmente outra função
pública.
a) nenhuma testemunha poderá se recusar a depor em
razão de função, ministério, ofício ou profissão.
De acordo com o que disciplina a Lei nº 10.261/68, a
b) o presidente e cada acusado poderão arrolar até 5
pena a ser aplicada a Mário será
(cinco) testemunhas.
c) as testemunhas de defesa terão competência para
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) suspensão do pagamento dos proventos relativos à fazer prova dos antecedentes do acusado.
aposentadoria, por até 6 (seis) meses. d) se tratando de servidor público, sua oitiva em audiên-
b) cassação da aposentadoria. cia se dará em segredo de justiça.
c) suspensão da aposentadoria e aplicada a pena de e) o Presidente poderá recusar até três testemunhas
demissão. arroladas pela defesa, que poderá substituí-las, se
d) multa no valor total da remuneração que recebeu em quiser.
razão da função ilegal.
e) suspensão da aposentadoria e colocado em 13. (VUNESP — 2018) Nos termos da Lei nº 10.261/1968,
disponibilidade. quanto ao procedimento disciplinar, assinale a alterna-
tiva correta.
9. (VUNESP — 2019) Mário, que ocupa há dez anos o car-
go efetivo de Médico Judiciário no Tribunal de Justiça a) A demissão a bem do serviço público acarreta a
de São Paulo, vem demonstrando ineficiência no servi- incompatibilidade permanente para nova investidura
ço, não cumprindo devidamente as sua obrigações. em cargo, função ou emprego público. 299
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b) A prova de antecedentes do acusado pode ser feita a) todos os envolvidos poderiam sofrer as penas da Lei
por todos os meios de prova em direito admitidos, tais de Improbidade, que se aplica a pessoas físicas e jurí-
como documentos, testemunhas, perícias etc. dicas, desde que tenham agido dolosamente, tanto por
c) Será instaurada sindicância quando a falta discipli- ação quanto por omissão, mas, na presente hipótese,
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de não restou caracterizada a improbidade em razão de
demissão ou disponibilidade. Atenas não ser entidade pública, que apenas recebe
d) Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá incentivo fiscal.
substituí-la, se quiser, levando, na mesma data desig- b) Deltóide não poderá sofrer qualquer pena, uma vez que
nada para a audiência, outra testemunha, independen- a lei de improbidade não se aplica à pessoa jurídica,
temente de notificação. mas Hércules se sujeitará às penas da Lei, indepen-
e) No processo administrativo, se houver denunciante, dentemente de dolo ou culpa, enquanto Ísis e Labão
este deverá prestar declarações depois do interroga- ficarão sujeitos às penas da referida Lei, desde que
tório do acusado, devendo ser notificado para tal fim. tenham agido dolosamente.
c) Ísis, por não ser agente público e nem a diretora da
14. (VUNESP — 2018) De acordo com a Lei no 10.261/1968, empresa, não será apenada pela Lei de Improbidade,
no que concerne aos recursos no processo adminis- enquanto Deltóide e Labão ficarão sujeitos às penas
trativo, é correta a seguinte afirmação: da Lei, mas Hércules somente responderá nos moldes
da Lei se agiu com dolo ou culpa.
a) O prazo para recorrer é de 15 (quinze) dias, contados d) a Lei de Improbidade não se aplica a Labão, por ser
da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial agente político e por não ter agido por meio de con-
do Estado ou da intimação do procurador do servidor, duta comissiva, mas Deltóide ficará sujeita às penas
se for o caso. da Lei, enquanto Ísis e Hércules somente poderão ser
b) Não cabe pedido de reconsideração de decisão toma- apenados na hipótese de terem agido dolosamente.
da pelo Governador do Estado em única instância. e) a Lei de Improbidade se aplica à Deltóide, mas Hércu-
c) O recurso não poderá ser apreciado pela autoridade com- les não responderá pelo mesmo ato de improbidade,
petente se incorretamente denominado ou endereçado. salvo se houve sua comprovada participação e benefí-
d) O recurso será apresentado ao superior hierárquico cios diretos, caso em que responderá no limite da sua
da autoridade que aplicou a pena, que, em 15 (quin- participação, enquanto Ísis e Labão ficarão sujeitos às
ze) dias, de forma motivada, deve manter a decisão ou penas da Lei, se agiram dolosamente.
reformá-la.
e) Os recursos não têm efeito suspensivo; e os que 17. (VUNESP — 2021) Perseu cometeu ato de improbida-
forem providos darão lugar às retificações necessá- de que causou lesão ao patrimônio público e lhe propi-
rias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. ciou enriquecimento ilícito. Narciso, que é a autoridade
responsável para a apuração da referida conduta, com
15. (VUNESP — 2021) A teor do que dispõe o Estatuto dos fundamento na Lei no 8.429/92, procedeu à abertura
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo a do inquérito cabível no caso.
respeito dos recursos e da revisão, no âmbito do pro-
cesso administrativo, é correto afirmar que Nessa situação hipotética, caberá a Narciso
representar
a) não caberá recurso ou pedido de reconsideração de
decisão tomada pelo Governador do Estado em única a) ao Juiz Cível, para a aplicação de multa civil a Perseu.
instância. b) ao Juiz Criminal, para as devidas sanções penais a
b) a autoridade que aplicou a penalidade não poderá apre- Perseu.
ciar o pedido de revisão quanto à sua admissibilidade. c) à Autoridade Policial, para a investigação da conduta
c) entre outros efeitos, a decisão que julgar procedente a de Perseu.
revisão poderá modificar a pena ou anular o processo. d) à Justiça Eleitoral, para a suspensão dos direitos polí-
d) nenhum recurso será admitido se incorretamente ticos de Perseu.
denominado ou endereçado. e) ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
e) do recurso deverá constar a exposição das razões de bens de Perseu.
inconformismo e o comprovante do recolhimento da
taxa recursal. 18. (VUNESP — 2021) Segundo o que estabelece a Lei
nº 8.429/92, na hipótese de funcionário público que
16. (VUNESP — 2022) Hércules é empresário, diretor da cometeu ato de improbidade administrativo, ensejan-
empresa privada Deltóide Engenharia, que está sen- do seu enriquecimento ilícito pessoal, devidamente
do acusada de cometer ato de improbidade contra o comprovado pelo competente processo administrati-
patrimônio da Atenas S/C, entidade privada que recebe vo, mas que veio a falecer antes de ressarcir os cofres
incentivo fiscal do poder público. Ísis, por sua vez, que é públicos, é correto afirmar que o seu sucessor
secretária executiva da Deltóide, está sendo acusada de
ter induzido à prática da improbidade na celebração do a) será obrigado a reparar os danos integralmente, inde-
convênio que teria gerado os danos aos cofres da Ate- pendentemente do seu valor.
nas. E, por fim, Labão, agente político, responsável pela b) poderá vir a ser condenado a pagar pelos danos, se o
intermediação do convênio, teria contribuído com os pre- falecido não possuía bens.
juízos por conduta omissiva na sua execução. c) não poderá ser responsabilizado, pois a pena não
pode passar da pessoa do condenado.
Nessa situação hipotética, considerando o disposto na d) ficará sujeito às cominações da Lei até o limite do
Lei de Improbidade Administrativa (Lei no 8.429/1992, valor da herança.
alterada pela Lei no 14.230/2021), é correto afirmar e) ficará sujeito às cominações da Lei até o limite do
300 que valor do dano causado.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
19. (VUNESP — 2022) De acordo com os termos da Lei
18 D
Federal no 8.429/92, constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da 19 D
administração pública a ação ou omissão dolosa que
viole os deveres de 20 B
9 GABARITO
1 B
2 A
3 C
4 D
5 A
6 E
7 A
8 B
9 A
DIREITO ADMINISTRATIVO
10 B
11 B
12 B
13 D
14 E
15 C
16 E
17 E
301
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ANOTAÇÕES
302
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os estabelecimentos prisionais possuem visitas
reguladas pela Lei de Execuções Penais. Todavia,
mensalmente a atividade correcional deve ser desem-
penhada nesses lugares (art. 13). Quem realiza tal visi-
ta é o Juiz Corregedor Permanente ou o juiz a quem,
NORMAS DA por decisão do Corregedor Geral da Justiça, essa atri-
buição for delegada.
CORREGEDORIA GERAL Entretanto, perceba que essa sistemática não
desobriga a visita mensal às Cadeias Públicas, sob
DE JUSTIÇA responsabilidade tanto dos Juízes de Varas Privativas
de Execuções Criminais como daqueles que acumulem
outros serviços anexos (art. 14).
Subseção II
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL
DA JUSTIÇA A subseção II ocupa-se das apurações prelimina-
res, sindicâncias e dos processos administrativos. O
Esse instrumento normativo é essencial para a art. 15 traz a definição de cada um de tais aspectos.
prova de escrevente do TJ-SP, pois revela um pouco do Assim, é imprescindível a memorização das seguintes
poder disciplinar do órgão e é objeto de várias ques- informações:
tões de prova.
A Corregedoria é o órgão que zela pela ética e dis- z Apuração preliminar: Ocorre quando a infração
ciplina da instituição. Por exemplo, existem inspeções não estiver suficientemente caracterizada ou defi-
cotidianas no Tribunal e extraordinárias, em razão de nida a autoria. Ao final, poderá ser arquivada ou
algum ponto específico que exija atenção. ensejar a instauração de Sindicância ou Processo
Assim, vale conhecer as regras a respeito da fun- Administrativo;
ção correcional, fiscalização e controle do Tribunal. z Sindicância: Ocorre quando a falta disciplinar,
por sua natureza, possa determinar as penas de
TOMO I – CAPÍTULO II repreensão, suspensão ou multa;
z Processo administrativo: Ocorre quando a fal-
ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
Seção I: Subseção I
as penas de demissão ou dispensa, demissão ou
dispensa a bem do serviço público e cassação de
A primeira subseção trata sobre a Corregedoria
aposentadoria.
Permanente e Correições Ordinárias, Extraordinárias
e Visitas Correcionais.
Todos esses procedimentos são instaurados por
A atividade correcional é fundamental para o bom
portaria e tramitam em formato digital, revelando-se
desempenho das atividades públicas, como mecanis-
um verdadeiro procedimento eletrônico.
mo de fiscalização e controle, prezando pelo princípio
É importante também memorizar determinados
da eficiência, legalidade, moralidade, entre outros. Se
poderes do Corregedor Geral da Justiça; por exemplo,
não existisse nenhuma fiscalização no Tribunal, ima-
ele pode avocar procedimento disciplinar em qual-
gine quantos atos de corrupção e desordem eventual-
quer fase, ou instaurá-lo originariamente, a pedido
mente poderiam ocorrer.
ou de ofício, designar Juiz Corregedor Processante
A função correcional é permanente, mas se divide
para todos os atos pertinentes e atribuir serviços auxi-
em (art. 6):
liares a unidade diversa daquela a que estiver vincu-
ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
tivo que afete a folha funcional do servidor, como Aos idosos
afastamentos e punições aplicadas ou cumpridas,
será informada à Secretaria competente da área de
recursos humanos (Prov. CSM nº 2.460/2017, art. Às gestantes
6º, parágrafo único, com sua redação dada pelo
Prov. CSM nº 2.619/2021).
Art. 16-A. Havendo alteração do posto de trabalho
Às lactantes
dos servidores a que se refere o artigo 15, com pro-
cedimento disciplinar digital em curso, este será
redistribuído ao Juiz Corregedor respectivo, obser- Às pessoas acompanhadas por
vadas as seguintes regras: crianças de colo
I – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma
das unidades de que trata o artigo 1°, incisos I, II e
VI do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo O atendimento prioritário ocorre mediante garantia
Provimento CSM nº 2.496/2019, os procedimentos de lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas com
disciplinares deverão ser encaminhados ao distri- numeração adequada ao atendimento preferencial, alo-
buidor em fila própria para envio à unidade de des- cação de espaço para atendimento exclusivo no balcão,
tino utilizando a funcionalidade de redistribuição, ou implantação de qualquer outro sistema que, observa-
preservando-se o número do processo, os andamen- das as peculiaridades existentes, assegure a prioridade.
tos já inseridos pela unidade de origem e a tramita- A prioridade também se aplica às advogadas públi-
ção digital. cas e privadas, promotoras e procuradoras do Ministério
II – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma Público gestantes ou lactantes, e a qualquer pessoa com
das Unidades de que trata o artigo 1°, incisos III, IV criança de colo, inclusive para preferência nas audiências
e V do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo de primeiro grau de jurisdição e nas sessões de julgamen-
Provimento CSM nº 2.496/2019, a Unidade de trami- to dos Colégios Recursais, desde que haja requerimento
tação deverá materializar, imprimir e encaminhar prévio, observada a ordem dos requerimentos e respeita-
os procedimentos disciplinares, mediante carga ao dos os demais beneficiários da Lei nº 10.048, de 2000 que
distribuidor, que providenciará o envio à Unidade disciplina o atendimento prioritário (art. 27-A).
de destino utilizando-se da funcionalidade de movi-
mentação unitária para as anotações necessárias. Seção II
Eventuais recursos serão interpostos eletronica- A segunda seção trata sobre as atribuições dos
mente e, após mantida a decisão, ou reformada par- ofícios. Em linhas gerais, os ofícios de justiça desem-
cialmente, remetidos à Corregedoria Geral da Justiça, penham os serviços de competência das varas e da
excepcionalmente por funcionalidade de redistribui- Corregedoria Permanente.
ção (art. 17).
Quanto ao duplo grau obrigatório, nos casos de Seção V
proposta de demissão ou dispensa, demissão ou dis-
pensa a bem do serviço público, ou cassação de apo- Nessa seção, fala-se um pouco sobre o sistema infor-
sentadoria, os autos serão sempre redistribuídos à matizado oficial. De acordo com o art. 46, os procedimen-
Corregedoria Geral para apreciação, independente- tos de registro e documentação dos processos judiciais e
mente da não interposição de recurso. administrativos realizar-se-ão diretamente no sistema
Perceba a importância dada à Corregedoria duran- informatizado oficial ou em livros e classificadores.
te toda a tramitação, especialmente na via recursal e A finalidade é (art. 46):
no reexame necessário.
Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corregedor Per- z Preservar a memória de dados extraídos dos feitos
manente, o Corregedor Geral da Justiça poderá apli- e da respectiva movimentação processual;
car, originariamente, as sanções cabíveis e, enquanto z Realizar o controle dos processos, de modo a garan-
não prescrita a infração, reexaminar, de ofício ou tir a segurança, assegurar a pronta localização físi-
mediante provocação, decisões absolutórias ou de ca, verificar o andamento e permitir a elaboração
arquivamento (art. 18). de estatísticas e outros instrumentos de aprimora-
mento da prestação jurisdicional.
TOMO I - CAPÍTULO III
Art. 48 Iniciada a operação do SAJ/PG, de utilização
O Capítulo III traz disposições acerca dos Ofícios obrigatória pelas varas e ofícios de justiça, serão
de Justiça. excluídos todos os programas eventualmente em uso.
São deveres dos distribuidores de ofícios de justiça no sistema informatizado (art. 52):
Art. 52 [...]
I - Cadastrar todos os feitos distribuídos ao respectivo juízo;
II - Anotar a movimentação e a prática dos atos processuais (citações, intimações, juntadas de mandados e respec-
tiva data, termos, despachos, cargas, sentenças, remessas à instância superior para recurso, entrega ou remessa de
autos que não importem em devolução etc.);
III - Consignar os serviços administrativos pertinentes (desarquivamentos, inutilização ou destruição de autos etc.).
O art. 53 postula que a inserção dos dados no sistema informatizado deve ser completa e abrangente, para que
todas as ocorrências da versão física do processo constem também na versão virtual. Isso formará bancos de dados
que servirão de memória permanente. Assim, o processo deve ser individualizado com exatidão, movimentações
processuais claras e atualizadas.
Art. 57 Nos ofícios de justiça, o registro e controle da movimentação dos feitos realizar-se-ão exclusivamente pelo
sistema informatizado oficial, vedadas a elaboração de fichário por nome de autor e a utilização de fichas indivi-
duais materializadas em papel ou constantes de outros sistemas informatizados.
Art. 58 As cartas precatórias Serão cadastradas no sistema informatizado seguindo as mesmas regras dos proces-
sos comuns, consignando-se, ainda, a indicação completa do juízo deprecante, e não apenas da comarca de origem,
os nomes das partes, a natureza da ação e a diligência deprecada.
Parágrafo único. As movimentações pertinentes, como a devolução à origem ou o retorno para novas diligências, e
respectivas datas, também serão anotadas no sistema.
Vale recapitular que a carta precatória é um instrumento de cooperação entre juízes da mesma instância que estão
em comarcas diferentes. Por exemplo: o juiz de São Paulo precisa de um depoimento de uma pessoa que está no Rio
de Janeiro; por meio da carta precatória, o juízo deprecado do Rio colhe o depoimento da pessoa e coopera com o juízo
deprecante de São Paulo.
É interessante conhecer na letra da lei sobre o cadastro no sistema, visto que faz parte da atuação dos serven-
tuários do Tribunal:
Art. 59. A extinção do processo, em caso de improcedência total da demanda, por força do acolhimento de impugnação
do devedor (art. 1.015, parágrafo único, do CPC) ou em razão da estabilização da tutela (art. 304 do CPC), e a extinção do
processo de execução, por força de procedência de embargos de devedor, serão cadastradas no sistema diretamente pelo
ofício de justiça assim que as respectivas sentenças transitarem em julgado (ou quando retornarem de superior instância
Sobre o cadastro de documentos em processos físicos (não digitais) a lei ainda especifica que:
Art. 60 A entrega definitiva dos autos de notificação, interpelação, protesto ou produção antecipada de provas,
quando os processos ainda tramitarem sob a forma física, será cadastrada pelo ofício de justiça, no sistema infor-
matizado, em campos distintos, observada a permanência em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias
e certidões pelos interessados no caso de produção antecipada de prova.
Art. 61 [...]
I - cadastrar diretamente no sistema informatizado oficial dados que, quando forem conhecidos, necessitarem de
retificação ou sofrerem alteração após a distribuição;
II - na hipótese de expedição de certidão de homonímia, a inserção, no sistema informatizado oficial, dos eventuais dados
de qualificação ainda não lançados no sistema, também certificando a adoção dessa providência no documento;
III - cadastrar, no sistema informatizado oficial, a decretação do segredo de justiça, a concessão da justiça gratuita,
o deferimento da tramitação prioritária do processo (idosos, pessoa com deficiência, portadores de doenças graves),
ou o reconhecimento de qualquer benefício processual a alguma das partes;
IV - proceder às alterações devidas no sistema, na hipótese de determinação judicial de retificação do procedimento
da ação para ordinário ou sumário. 305
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando: conhecidos,
Cadastrar diretamente no necessitarem de
sistema oficial, dados retificação ou sofrerem
alterações.
Inserção de dados de
A decretação do Segredo
qualificação ainda não
de justiça
lançados no sistema
COMPETÊNCIAS
DOS OFÍCIOS DE
JUSTIÇA
A concessão da justiça
Cadastrar
gratuita
O segredo de justiça pode ser gerado automaticamente pelo sistema informatizado, a depender da natureza da
ação. Todavia, se a mesma parte for vinculada a processos tramitando em outros ofícios de justiça, as retificações que
possam ser feitas de seus dados não serão aplicadas automaticamente aos feitos de outro juízo, conforme dita o art. 62.
Seção VI
Nessa seção, dispõe-se sobre os livros. Os arts. 63 e 64 listam alguns livros dos ofícios de justiça:
Art. 63 [...]
I - Visitas e Correições;
II - Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
IV - Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias, procedimentos disciplinares, representações etc.);
V - Registro das decisões terminativas proferidas em feitos administrativos;
VI - Pertinentes à Corregedoria Permanente, [...] quando for o caso e no que couber.
Art. 64 [...]
I - Livro de Cargas de Mandados, salvo se as respectivas varas forem atendidas pelas Seções Administrativa de Dis-
tribuição de Mandados;
II - controle, pela utilização de livros de folhas soltas ou outro meio idôneo, da remessa e recebimento de feitos aos
Tribunais, até que seja implementado no sistema informatizado oficial o controle eletrônico;
III - controle do horário de entrada e saída por intermédio do livro ponto ou do relógio mecânico, caso existam ser-
vidores não cadastrados no sistema de ponto biométrico;
IV - Livro de Registro Geral de Feitos, com índice, se não estiverem integrados ao sistema informatizado oficial;
V - Livro de Registro de Sentença, salvo se cadastrada no sistema informatizado oficial, com assinatura digital ou com
outro sistema de segurança aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça e que também impeça a sua adulteração.
Importante!
Segundo o art. 65, Nos ofícios de justiça integrados ao sistema informatizado oficial, os registros de remes-
sa e recebimento de feitos e petições formalizar-se-ão exclusivamente pelas vias eletrônicas. Isso faz sen-
tido, uma vez que o sistema informatizado tem correspondência com a via eletrônica/digital.
Sobre o procedimento, o art. 66 esclarece que todos os livros, inclusive aqueles de folhas soltas, deverão ser
abertos, numerados, autenticados e encerrados pelo escrivão judicial sempre na mesma vez; com esse objetivo,
pode ser utilizada autenticação mecânica previamente aprovada pelo Juiz Corregedor Permanente. A substitui-
ção de folhas é proibida. O parágrafo único dispõe que uma vez completado o uso das folhas soltas, elas serão
encaminhadas para encadernação imediatamente.
Acerca do livro de visitas e correições, o art. 67 dispõe:
Art. 67 O Livro de Visitas e Correições será organizado em folhas soltas, iniciado por termo padrão de abertura, dis-
ponibilizado no Portal da Corregedoria - modelos e formulários -, lavrado pelo Escrivão e formado gradativamente
pelos originais das atas de correições e visitas realizados na unidade, devidamente assinadas e rubricadas pelo Juiz
Corregedor Permanente, Escrivão e demais funcionários da unidade.
Exemplo: Se for realizada uma correição em uma vara, isso será anotado no livro.
Art. 67 [...]
§ 1° Os originais das atas que formarão o Livro de Visitas e Correições serão numeradas e chanceladas pelo Escrivão
306 Judicial após a sua anexação ao Livro.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2° O Livro de Visitas e Correições não excederá condenatória) será registrada no livro de registro
100 (cem) folhas, salvo determinação judicial em de sentença, porquanto impossível, neste caso, a
contrário ou para a manutenção da continuidade averbação.
da peça correcional, podendo, nestes casos, ser § 4° Todas as sentenças terão seu teor integralmen-
encerrado por termo contemporâneo à última ata, te registrado no sistema informatizado oficial e no
com mais ou menos folhas. livro tratado neste artigo.
§ 5° O registro da sentença, com indicação do núme-
Como se vê, o limite do livro é de 100 folhas, em ro de ordem, do livro e da folha em que realizado o
regra. Exceção: determinação judicial ou caso surja a assento, será certificado nos autos, na última folha
necessidade de manter a continuidade. da sentença registranda.
§ 6° As sentenças cadastradas no sistema informa-
Art. 69 A carga e descarga de autos entre os usuá- tizado oficial com assinatura digital ficam dispen-
rios internos do sistema informatizado oficial serão sadas da funcionalidade do registro, bem como da
feitas eletronicamente e controladas exclusivamen- elaboração de livro próprio e da certidão prevista
te por intermédio do sistema, onde serão registra- no § 5º deste artigo.
dos, obrigatoriamente, no campo próprio, o envio, § 7° Aplicam-se as disposições deste artigo, no que
o recebimento e a devolução, com indicação de data couber, às decisões terminativas proferidas em fei-
e de usuário responsável por cada ato. tos administrativos.
§ 8° Registra-se como sentença a decisão que extin-
Assim, o sistema controla a carga e descarga dos gue o processo em que houve estabilização da lide,
autos. Para os usuários externos (Ministério Público, na forma do artigo 304 do Código de Processo Civil.
Defensoria Pública, Procuradorias etc.) as cargas serão
efetuadas no sistema informatizado e terão recebi- O art. 73 prevê rigoroso controle sobre os livros em
mento automático, devendo ser impresso relatório da geral, incumbindo-se o Juiz Corregedor Permanente
carga em duas vias para que haja o lançamento efe- de coibir eventuais abusos ou excessos.
tivo do recebimento pelo destinatário, com posterior
arquivamento no classificador ou juntada aos autos. Art. 74 Os livros em andamento ou findos serão
O juiz pode indicar servidor autorizado a receber bem conservados, em local adequado e seguro den-
as cargas de autos remetidos à conclusão no sistema tro do ofício de justiça, devidamente ordenados e,
informatizado. E, em caso de indisponibilidade do quando for o caso, encadernados, classificados ou
sistema informatizado as cargas serão registradas no catalogados.
Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral. Quando §1° O desaparecimento e a danificação de qualquer
o sistema for reestabelecido, será feito o registro da livro serão comunicados imediatamente ao Juiz
carga no sistema para controle, anotando-se no livro Corregedor Permanente. A sua restauração será
(§ 2° e § 3°, art. 69). feita desde logo, sob a supervisão do juiz e à vista
dos elementos existentes.
Art. 70 O Livro de Carga de Mandados poderá ser §2° Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do
desdobrado em número equivalente ao dos oficiais último registro efetuado, os livros de cargas de
de justiça em exercício, destinando-se um para autos e mandados, desde que reputados sem utili-
cada qual. Serão também registradas no Livro de dade para conservação em arquivo pelo escrivão
Carga de Mandados as petições que, por despacho judicial, poderão ser inutilizados, mediante prévia
judicial, sirvam como tal. autorização do Juiz Corregedor Permanente. A
autorização consignará os elementos indispensá-
Sobre as baixas, fixe que, de acordo com o art. 71, veis à identificação do livro, e será arquivada em
todas as cargas receberão as correspondentes baixas, classificador próprio, com certidão da data e da
Segundo o art. 83, A escrituração de termos, atos e A primeira subseção da seção VIII trata sobre a
papéis em geral observará os critérios da clareza, obje- autuação, abertura de volumes e numeração de feitos.
tividade e síntese, sem descuidar da perfeita individua- É importante conhecer o passo a passo de tais proce-
lização de pessoas, fatos ou coisas, quando necessária. dimentos, de acordo com as normas de organização
308 Exemplo: constare, os requisitos de qualificação da judiciária:
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 87 Ao receber a petição inicial ou a denúncia, De acordo com o art. 94, Todos os atos e termos do
o ofício de justiça providenciará, em 24 (vinte e processo serão certificados nos autos e anotados no sis-
quatro) horas, a autuação, nela afixando a etiqueta tema informatizado oficial. Segundo o parágrafo úni-
que, gerada pelo sistema informatizado e oriunda co, a exceção é a emissão de documento que passe a
do distribuidor, atribui número ao processo e traz fazer imediatamente parte integrante dos autos (ofícios
outros dados relevantes (juízo, natureza do feito, expedidos, mandados etc.), por original ou por cópia,
nomes das partes, data etc.). rubricado pelo emitente. A data que consta no docu-
mento deve corresponder à da emissão efetiva dele.
Assim, ao ser recebida a peça inaugural, o ofício
em 24 horas irá autuar (montar o processo). Art. 96 É vedado o lançamento de cotas marginais
ou interlineares nos autos, a prática de sublinhar
Art. 87 [...] palavras à tinta ou a lápis, ou o emprego de expres-
Parágrafo único. É dispensada a lavratura de certi- sões injuriosas nos escritos apresentados no pro-
dão, no interior dos autos, da autuação e do regis- cesso, incumbindo ao serventuário, ao constatar a
tro do processo. irregularidade, comunicá-la imediatamente ao juiz.
z Eventuais situações especiais são tarjadas em colori- Art. 97 Deverá ser feita conclusão dos autos no
do, por exemplo, indicando prioridade de tramitação; prazo de 1 (um) dia e executados os atos proces-
z Em regras, os autos de processos não excederão suais no prazo de 5 (cinco) dias.
de 200 folhas em cada volume. Exceção: se houver
determinação judicial expressa em contrário ou A regra é conclusão dos autos em 1 dia e a execu-
necessidade de manter peça processual com seus ção dos atos processuais em até 5 dias.
documentos anexos;
z Se houver procedimento anterior à peça inaugu- Art. 98 Constarão dos termos de movimentação
ral (por exemplo: petição), esta terá numeração dos processos a data do efetivo encaminhamento
própria, apondo-se o número da folha, seguido dos autos e, sempre que possível, os nomes, por
da letra “i” (1-i; 2-i; 3-i...). Assim, a numeração dos extenso, dos juízes, representantes do Ministério
procedimentos preparatórios será aproveitada Público, advogados ou daqueles a quem se refiram.
integralmente;
z Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os Na movimentação processual precisam constar ele-
escreventes, deverão zelar pela numeração corre- mentos básicos (data, nome dos operadores do direito etc.).
ta das folhas dos autos;
z Em caso de eventual erro na numeração o que Art. 98 [...]
deve ser feito? A ocorrência deverá ser certificada, § 1° São vedados, sob qualquer pretexto, termos de
sendo proibida a renumeração; conclusão ou de vista sem data ou, ainda, a perma-
z Em hipótese de numeração repetida, será acrescen- nência dos autos em cartório depois de assinados
tada apenas uma letra do alfabeto, em sequência os respectivos termos.
(188-a, 188-b, 188-c etc.), certificando-se sempre.
Existe vedação expressa à ausência de data e ao
Subseção II descumprimento de prazo.
Ademais, o acadêmico precisa ser estagiário inscrito na OAB para poder acessar os autos em segredo de justiça.
Art. 161 A carga de autos judiciais e administrativos em andamento no cartório é reservada unicamente a advo-
gados ou estagiários de Direito regularmente inscritos na OAB, constituídos procuradores de alguma das partes,
ressalvado, nos processos findos e que não estejam sujeitos a segredo de justiça, a carga por advogado mesmo sem
procuração, pelo prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único: A carga de autos também poderá ser realizada por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público, o que implicará
intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.
A carga é direito de advogados e estagiários inscritos na OAB. Se o processo é findo e sem segredo de justiça, a
carga do advogado não precisa de procuração. A carga tem o efeito de intimar a pessoa que está com os autos em
relação a qualquer decisão contida no processo.
Art. 162 O escrivão ou o escrevente responsável pelo atendimento registrará a retirada e a devolução de autos,
mediante anotação no sistema informatizado oficial e no relatório de carga emitido pelo sistema (carga eletrônica),
observadas as seguintes cautelas:
I - na retirada dos autos, o advogado, estagiário de Direito ou pessoa credenciada lançará sua assinatura no rela-
tório de carga emitido pelo sistema informatizado, arquivando-se o documento provisoriamente em classificador
próprio;
II - Na devolução do feito, o servidor do ofício de justiça ou da seção administrativa efetuará a baixa no relatório de
carga, juntando-o imediatamente aos autos.
§1° O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral será utilizado quando não for possível a utilização do sistema
informatizado, caso em que serão lançados, no livro, a assinatura do destinatário e, nos autos, o termo de carga e
recebimento.
§2° No relatório eletrônico ou no livro de protocolo constarão o número da carteira profissional e respectiva seção,
expedida pela OAB, em nome do destinatário ou o número da carteira de identidade, quando tratar-se de pessoa
credenciada pelo advogado ou sociedade de advogados, facultado ao servidor, na dúvida, solicitar a exibição dos
documentos.
§3° A baixa da carga de autos, constante de relatório eletrônico ou de livro protocolo, far-se-á imediatamente, à
vista do interessado, sendo-lhe facultada a obtenção de recibo de autos, assinado pelo servidor, em instrumento
previamente confeccionado pelo interessado e do qual constarão designação do ofício de justiça ou da seção admi-
nistrativa, número do processo, tipo de demanda, nome das partes e data da devolução. A cada auto processual cor-
responderá um recibo e a subscrição pelo servidor não implica reconhecimento da respectiva regularidade interna.
Deverá constar a
assinatura no relatório
Na retirada dos autos
de carga do responsável
pela retirada
Registrará a retirada e
O ESCRIVÃO OU
devolução dos autos
ESCREVENTE
mediante anotação no
RESPONSÁVEL PELO
sistema oficial, devendo
ATENDIMENTO
observar:
O servidor efetuará a
baixa no relatório de
Na devolução do feito
carga, juntando-o aos
autos
De acordo com o art. 163, os advogados, a sociedade de advogados, os representantes judiciais da Fazenda
Pública e os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, mediante petição dirigida ao Juiz Corregedor
Permanente, poderão indicar prepostos, funcionários ou estagiários autorizados a retirarem, em nome daqueles, os
autos em carga.
Atente-se aos prazos para retirada dos autos previstos no art. 164 e parágrafos seguintes:
Não havendo fluência de prazo:
z Na fluência de prazo, os autos não sairão do ofício de justiça, salvo nas hipóteses expressamente previstas na
legislação vigente, ressalvado, porém, em seu curso ou em outras hipóteses de impossibilidade de retirada dos
autos, o direito de requisição de cópias quando houver justificada urgência na extração respectiva, mediante
314 autorização judicial, observando-se o procedimento próprio (§1°);
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Na fluência de prazo comum, só em conjunto ou desentranhados, anotando-se a folha dos autos em
mediante prévio ajuste por petição nos autos os pro- que lançada a certidão de desentranhamento, veda-
curadores das partes ou seus prepostos retirarão os da a renumeração das folhas do processo.
autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual § 2° As peças e documentos juntados por equívoco aos
cada procurador ou preposto poderá retirá-los pelo autos serão imediatamente desentranhados e junta-
dos aos autos corretos ou, quando não digam respei-
prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, mediante carga,
to a feitos da vara ou ofício de justiça, devolvidos ao
independentemente de ajuste, observado o término setor de protocolo, de tudo lavrando-se certidão.
do expediente forense (§ 2°).
Segundo os incisos do art. 172, quando se decide
Além dos prazos, devemos nos atentar ao que dis- pelo desentranhamento, o oficial de justiça é quem irá:
põe o art. 166, sendo vedada a retenção do documento
de identificação do advogado ou do estagiário de Direi- Art. 172 [...]
to no ofício de justiça, para a finalidade de controle de I - desentranhar as peças, certificando-se;
carga de autos, em qualquer modalidade ou circunstân- II - manter os documentos em local adequado, para
cia. Esse dispositivo tem como escopo evitar abusos. sua posterior entrega;
Segundo o art. 167: III - intimar o interessado a retirar a documentação
O advogado deve restituir, no prazo legal, os autos no prazo de 5 (cinco) dias, se outro não for assina-
que tiver retirado do ofício de justiça. Se intimado lado pelo Juiz.
pessoalmente, o advogado não devolver os autos no
prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de
cartório e incorrerá em multa correspondente à meta- Importante!
de do salário mínimo. Não é necessária a certificação do número do
processo em relação àquilo que eventualmente
Art. 167 [...]
§ 1º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato
necessite ser desentranhado dele (peças, docu-
à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil mentos), salvo se tratar de título de crédito ou
para procedimento disciplinar e imposição das haver determinação judicial.
penalidades.
§ 2º O expediente de cobrança de autos receberá
autuação singela, sem necessidade de registro. O art. 174 traz uma norma referente ao que fazer
§ 3º Devolvidos os autos, o ofício de justiça, depois após o trânsito em julgado, ou seja, quando não cabe
de seu minucioso exame, juntará o expediente de mais nenhum tipo de recurso:
cobrança de autos, certificando a data e o nome de
quem os retirou e devolveu. Art. 174 Transitada em julgado a sentença, os obje-
§ 4º Na hipótese de extravio dos autos, o expediente tos anexados às manifestações processuais serão
de cobrança instruirá o respectivo procedimento de devolvidos às partes ou seus procuradores, median-
te solicitação ou intimação para retirada em até 30
restauração.
(trinta) dias, sob pena de destruição.
Art. 168 O escrivão ou o chefe de seção deverá,
mensalmente, até o décimo dia útil do mês sub-
sequente, verificar o cumprimento dos prazos de Exemplo: após o trânsito, um CD anexado aos autos
devolução dos autos retirados, relacionar, em duas será devolvido à parte, mediante sua solicitação, sob
vias, os autos em poder das partes além dos pra- pena de destruição.
zos legais ou fixados, a primeira encaminhada, sob
forma de representação, ao Juiz Corregedor Perma- Seção XIX
nente (art. 168).
A décima nona seção trata de assuntos correlatos
9 C
19. (VUNESP — 2018) Quanto ao Processo Eletrônico,
assinale a alternativa correta. 10 A
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi- os demais, de modo a garantir sua inclusão social e
tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta cidadania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei
convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado nº 13.146, de 2015 decorre da Convenção (juntamente
ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009 com seus protocolos), sendo incorporada no ordena-
pelo Decreto nº 6.949. mento jurídico brasileiro com status de Emenda Cons-
A importância do Decreto nº 6.949, de 2009 é imen- titucional, conforme explanado.
sa, uma vez que ele foi o primeiro tratado internacio- O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes-
nal de direitos humanos a adotar a norma do artigo soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se
5º, § 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o pessoa com deficiência aquela que possui impedi-
mesmo rito de aprovação cabível para as emendas mento de longo prazo, sendo este de natureza física,
constitucionais (aprovação em cada Casa do Congres- mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu-
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici-
dos respectivos membros). pação plena e efetiva na sociedade em igualdades
de condições com as demais pessoas. 323
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Pessoa com Deficiência Art. 3° [...]
II - Desenho universal: concepção de produtos,
Impedimento de longo prazo; ambientes, programas e serviços a serem usados
Natureza física, mental, intelectual ou sensorial; por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
Causar barreiras ou obstruir sua participação ção ou de projeto específico, incluindo os recursos
plena e efetiva na sociedade em igualdades de de tecnologia assistiva.
condições com as demais pessoas.
Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
Além de conceituar pessoas com deficiência, o ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
art. 2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como te de ter ou não alguma deficiência.
deve ser procedida a avaliação para caracterizar
Art. 3° [...]
essas pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que
III - Tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
a avaliação será realizada por uma equipe multipro-
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
fissional e interdisciplinar, de modo a considerar os
metodologias, estratégias, práticas e serviços que
aspectos que permeiam o indivíduo (todo o contexto objetivem promover a funcionalidade, relacio-
social). Para determinar ou não a deficiência, a equi- nada à atividade e à participação da pessoa com
pe analisará três enfoques: biológico, psicológico e deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
social, considerando, para tanto: sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social.
z Os impedimentos nas funções e nas estruturas do
corpo; Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-
z Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
z A limitação no desempenho de atividades e a com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
restrição de participação. autônoma.
Art. 3° [...]
XI - Moradia para a vida independente da pes-
Impedir, prejudicar ou anular o reconhecimento
CONHECIMENTOS GERAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a Art. 36. O poder público deve implementar servi-
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, ços e programas completos de habilitação pro-
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote- fissional e de reabilitação profissional para que a
ção à maternidade e à infância, a assistência aos pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
desamparados, na forma desta Constituição. ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua
livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base
A PcD tem direito ao trabalho de sua livre escolha e
em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei,
aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igual- programa de habilitação ou de reabilitação que
dade de oportunidades com as demais pessoas (art. possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua
34). Assim, são as pessoas jurídicas de direito público, capacidade e habilidade profissional ou adquirir
privado ou de qualquer natureza obrigadas a garantir novas capacidades e habilidades de trabalho.
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos (§ 1º do § 2º A habilitação profissional corresponde ao
art. 34). processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
Voltando à inclusão e aos princípios constitucio- ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
nais, a PcD tem direito, em igualdade de oportunidades aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
ção, permitindo nível suficiente de desenvolvimento
com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis
profissional para ingresso no campo de trabalho.
de trabalho, abrangendo igual remuneração por traba- § 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabi-
lho de igual valor (§ 2º do art. 34). litação profissional e de educação profissional devem
Doutra banda, é vedada restrição ao trabalho da ser dotados de recursos necessários para atender a
PcD e qualquer discriminação em razão de sua condi- toda pessoa com deficiência, independentemente de
ção, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, con- sua característica específica, a fim de que ela possa
tratação, admissão, exames admissional e periódico, ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado
permanência no emprego, ascensão profissional e rea- e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele
bilitação profissional, bem como exigência de aptidão progredir.
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabili-
plena (§ 3º do art. 34).
tação profissional e de educação profissional deverão
Também é assegurada a pessoa com deficiência o ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
CONHECIMENTOS GERAIS
2. (VUNESP — 2020) Para fins de sua aplicação, a Lei 6. (VUNESP — 2022) O Estatuto da Pessoa com Deficiên-
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei cia resultou em significativo avanço de inclusão social
nº 13.146/2015) define como barreiras qualquer entra- e de cidadania para uma parcela significativa da popu-
ve ou obstáculo, atitude ou comportamento que limite lação brasileira, prevendo que:
ou impeça a participação social da pessoa, bem como
o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à aces- a) é permitida a cobrança diferenciada de tarifas ou de
sibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pes-
à comunicação, ao acesso à informação, à compreen- soa com deficiência, desde que não ultrapasse o per-
328 são, à circulação com segurança. centual de 10% (dez por cento) da tarifa normal.
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b) a pessoa com deficiência segurada do Regime Geral 10. (VUNESP — 2021) Quando se trata de pessoas com
de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposen- deficiência, as barreiras sociais, oriundas da desigual-
tadoria em igualdade de condições com as demais dade social e de outros processos sociais podem
pessoas. ser consideradas como expressões da questão
c) é assegurado à pessoa com deficiência que não pos- social. Assim compreendida, a deficiência em muitos
sua meios para prover sua subsistência, nem de tê-la momentos da vida, é vista como uma questão de des-
provida por sua família, o benefício mensal de 1/2 vantagem social. No Brasil, a Lei nº 13.145 (2015) ins-
(meio) salário-mínimo, nos termos da Lei de Orgânica titui o Estatuto da Pessoa com Deficiência e define, no
da Assistência Social. artigo 10, a competência do poder público em garantir
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de
soa, inclusive para casar-se e constituir união estável. toda a vida.
e) nos programas habitacionais públicos deve haver uma
reserva de, no mínimo, 5% (cinco por cento) das unida-
O parágrafo único desse mesmo artigo determina que,
des habitacionais para pessoas com deficiência.
em situações de risco, emergência ou estado de cala-
midade pública, o poder público deverá adotar medi-
7. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei nº
das para sua proteção e segurança, por considerá-la
13.146/2015, é correto afirmar que
pessoa
a) todos os direitos previstos para a pessoa com defi-
a) incapaz.
ciência não são extensivos aos seus acompanhantes
ou ao seu atendente pessoal, sem qualquer ressalva b) excluída.
prevista na Lei. c) incompetente.
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de d) vulnerável.
benefícios decorrentes de ação afirmativa. e) despreparada.
c) a deficiência não afeta o direito de conservar a ferti-
lidade, sendo obrigatória a esterilização compulsória 11. (VUNESP — 2019) Segundo o que estabelece a Lei no
nos casos previstos em lei. 13.146/2015, a pessoa com deficiência, em situação
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- de curatela, que necessitar se submeter à intervenção
soa, inclusive para casar-se e constituir união estável. cirúrgica
e) a pessoa com deficiência não tem atendimento priori-
tário no que diz respeito ao acesso à informação e ao a) não poderá ser obrigada a se submeter à cirurgia, sem
recebimento de restituição de imposto de renda. seu consentimento, e este não pode ser suprido.
b) tem dispensada por lei a sua participação na obtenção
8. (VUNESP — 2017) De acordo com a Lei no 13.146/2015, do consentimento para a intervenção.
toda pessoa com deficiência tem direito a igualdade c) poderá submeter-se à cirurgia com seu consentimento
de oportunidades com as demais pessoas e será pro- suprido, na forma da lei.
tegida de toda forma de negligência, discriminação, d) é considerada vulnerável e será submetida à cirur-
exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e gia, sendo inexigível o seu consentimento ou de seu
tratamento desumano ou degradante. curador.
e) somente terá o direito de expressar seu consentimen-
Conforme o artigo 5o (parágrafo único) da referida lei, to se estiver em situação de risco.
para fins dessa proteção, são consideradas especial-
mente vulneráveis as seguintes pessoas com deficiên- 12. (VUNESP — 2017) Nos termos da Lei Federal nº
cia: a criança, o adolescente, o idoso e 13.146/2015, a pessoa com deficiência
8 B
14. (VUNESP — 2021) Nos termos do que dispõe a Lei nº
13.146/2015, assinale a alternativa correta. 9 B
MATEMÁTICA
número, este número permanecerá inalterado.
Ex.: 13 – 0 = 13.
Operações Resultados
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma. + + +
- - +
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
+ - -
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri- - + -
meiramente, e depois somar o outro, em qualquer
ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
Dica
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10 � A multiplicação de números de mesmo sinal
tem resultado positivo.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
adição, pois qualquer número somado a zero é � A multiplicação de números de sinais diferen-
igual a ele mesmo. tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.
Principais propriedades da operação de
z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- multiplicação:
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o seja, a ordem não altera o resultado.
número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
Subtração
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
Subtrair dois números é o mesmo que diminuir, x A, que é igual a (A x C) x B.
de um deles, o valor do outro. Ou seja, subtrair 7 de 20
significa retirar 7 de 20, restando 13: 20 – 7 = 13. Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
Veja mais alguns exemplos:
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11 z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neutro
MATEMÁTICA
2A 3B 25 x 100 = 2500%
=
4 9 0,35 x 100 = 35%
0,586 x 100 = 58,6%
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte: Número Relativo
Valor da bicicleta =1720,00 4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí.
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) então, a porcentagem de entrevistados que não gos-
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja tam de nenhum dos dois é de
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
(juros) e dividir por 800,00 resultado: a) 80%.
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. b) 61%.
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja, c) 20%.
está errada. d) 10%.
336 Resposta: Errado. e) 5%.
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Vamos dispor as informações em forma de conjun- z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen-
tos para facilitar nossa resolução: to de uma grandeza implica a redução da outra;
Graviola Açai
Vamos esquematizar para sabermos quando será
direta ou inversamente proporcionais:
DIRETAMENTE
60% – 15% = 15% 50% – 15% = + / + OU - / -
PROPORCIONAL
45% 35%
z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
de uma grandeza implica o aumento da outra; montar a relação e analisar: 337
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5 (prof.) --------- 12 (dias) 40 3 ?
= ·
30 (prof.) -------- X (dias) X 6 ?
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um Analisando isoladamente duas a duas:
aumento (+), mas, como agora estamos com uma equi-
pe maior, o trabalho será realizado de forma mais 1000 (panf.) -------- 40 (min)
rápida. Logo, a quantidade de dias deverá diminuir 2000 (panf.) ------ -- X (min)
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro-
porcionais e vamos resolver multiplicando na hori- Perceba que de 1000 panfletos para 2000 panfletos
zontal. Observe: o valor aumenta (+) e que o tempo também irá aumen-
tar (+). Logo, as grandezas são diretas e devemos man-
5 (prof.) 12 (dias) ter a razão.
30 (prof.) X (dias)
40 3 1000
30 · X = 5 · 12 = ·
X 6 2000
30X = 60
Agora, basta resolver a proporção para acharmos
X=2 o valor de X.
Da mesma forma que na regra de três simples, 6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
cada uma delas isoladamente duas a duas.
6 ? ?
X
=
?
·?
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
Analisando isoladamente duas a duas:
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a
parte dependente de um lado e igualando as razões da 6 (pág.) -------- 45 (linhas)
seguinte forma – se for direta, vamos manter a razão, X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
agora, se for inversa, vamos inverter a razão. Observe:
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor
40 ? ?
= · diminui (-) e que o número de páginas irá aumentar
X ? ?
(+). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-
ter a razão.
Analisando isoladamente duas a duas:
6 (imp.) -------- 40 (min) 6
=
30 ?
·
3 (imp.) ---- ---- X (min) X 45 ?
6
=
2 3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada
X 6 quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
2X = 36
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guar-
X = 18 danapos por dia. O número de guardanapos compra-
dos foi
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto
respeitando as novas condições é igual a 18. a) 60.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- b) 70.
ria com exercícios comentados de diversas bancas. c) 80.
Vamos lá! d) 90.
e) 100.
1. (CEBRASPE-CESPE – 2019) No item seguinte apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- x = dias
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 3 guardanapos por dia -------- x
porcentagens e descontos. 2 guardanapos por dia -------- x+15
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- São valores inversamente proporcionais, quanto
prou alimentos em quantidades suficientes para que mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 Assim, multiplicamos na horizontal:
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos 3x = 2 · (x+15)
chegou de surpresa para passar o restante do mês 3x = 30+2x
com a família. 3x-2x = 30
Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas x = 30
consumir diariamente a mesma quantidade de ali- Podemos substituir em qualquer uma das duas
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão situações:
antes do dia 20 do mesmo mês. 3 guardanapos · 30 dias= 90
2 guardanapos · 45(30+15) dias = 90.
( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Letra D.
CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO Importante!
(1000,00)
No regime de juros simples, taxas de juros
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
proporcionais são também taxas de juros
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
equivalentes.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto Soma e Produto das Raízes
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
Cálculo das Raízes da Equação z A soma das raízes é dada por –b/a.
z O produto das raízes é dado por c/a.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
colocá-los na seguinte expressão: Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
Produto: c/a = 2 / 1 = 2
-b ! 2 Quais são os dois números que somados resultam
b - 4ac
x= “3” e multiplicados, “2”?
2a
Soma: 3 = (2 + 1);
Produto 2 = (2 ×1);
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
utilizando o sinal negativo (-). ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Vamos aplicar isso em um exemplo: Vamos lá!
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Identificando os valores de a, b e c. 1. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
a=1 interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
b = -3 depoimento, com relação à responsabilização pela
c=2 prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
Substituindo na fórmula: A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja 8
-b ! 2
b - 4ac anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho que
x= S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a 140 anos,
2a
então é correto afirmar que S2 nasceu antes de 1984.
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
x= ( ) CERTO ( ) ERRADO
2×1
S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de
3! 9-8 idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos
x=
2 dizer que:
3!1 Idade de S2 = Idade de S4 + 2
x= Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-
2
tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que:
3+1 X2 = X4 + 2
x1 = =2
2 Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a
3-1 140 anos:
x2 = =1 X1 + X2 + X3 + X4 = 140
2
32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri- 74 + 2.X4 = 140
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual 2.X4 = 66
a: X4 = 33
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim,
Δ = b2 - 4ac S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.
Resposta: Errado.
Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:
2. (CEBRASPE-CESPE – 2017) Em um tanque A, há uma
MATEMÁTICA
4. (CONSULPLAN – 2016) Julgue a afirmativa: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um Substituir esta variável na outra equação pela
número ímpar. expressão achada no item anterior.
5. (IBFC – 2018) José perguntou ao seu avô Pedro, que 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
é professor de matemática, com que idade ele se for-
mou na faculdade. Pedro disse ao neto que sua idade 40 – 4y – y = 5
era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = -5y = 5 – 40
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre-
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: -5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
a) 18.
b) 21. y=7
c) 24.
d) 27. Logo, voltando na primeira equação, acharemos o
valor de “x”
Achando as raízes da equação:
x = 10 – y
x² -10x + 21 = 0
x = 10 – 7
-(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
x= x=3
2×1
Assim, x = 3 e y = 7.
10 ! 100 - 84
x=
2
344
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Dica Substituindo o valor de “y” na primeira equação
achamos o valor de “x”:
Método da substituição
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
x + y = 10
2: Substituir essa variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior. x + 2 = 10
x = 10 – 2
Há um outro método para resolver um sistema
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou x=8
soma) de equações. Veja:
Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
multiplicação, pois já temos a condição necessária Masculino 34
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos Feminino 26
fazer apenas a soma das equações. Veja:
Observe que na coluna da esquerda colocamos as
categorias de valores que a variável pode assumir, ou
*
x + y = 10
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
4x - y = 5 camos o número de Frequências, isto é, o número de
observações (ou repetições) relativas a cada um dos
5x = 15 valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
x=3 Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
mos, ainda, representar as frequências relativas (per-
Substituindo o valor de “x” na primeira equação centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
achamos o valor de “y”: 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
x + y = 10
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
3 + y = 10
RELATIVAS (Fri)
y = 10 – 3
y=7 Masculino 56,67%
Feminino 43,33%
Veja um outro exemplo que vamos precisar
multiplicar: Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
onde Fi é o número de frequências de determinado
valor da variável, e n é o número total de observações.
*
x + y = 10
Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
x - 2y = 4 pode assumir um grande número de valores distintos.
Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos:
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
(
- x - y = - 10
1,51m 12
x - 2y = 4
1,54m 17
1,57m 4
Fazendo a soma: 1,60m 2
MATEMÁTICA
1,63m 10
(
- x - y = - 10
x - 2y = 4 1,67m 5
1,75m 13
-3y = -6
1,81m 15
y = -6 / -3
1,89m 2
y= 2
345
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Quando isso acontece, é importante resumir os Agora suponha, por exemplo, que queremos saber
dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu- a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar
intervalos que chamaremos de “classes”. em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:
1,80 | - 1,90 17
Rio de Janeiro
O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 São Paulo
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas- 0 2 4 6 8 10 12 14
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
contabilizadas. Gráfico de Setores (ou de Pizza)
Veja novamente a última tabela, agora com a colu-
na de frequências absolutas acumuladas à direita: Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
FREQUÊNCIAS AB- alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU- de pizza.
(FI)
LADAS (FCA)
1,50 | - 1,60 33 33 Média de Notas Escolares Trimestrais
1,60 | - 1,70 17 50
1,70 | - 1,80 13 63
1,80 | - 1,90 17 80
GRÁFICOS
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos- São mais utilizados nas representações de séries
tas para dados agrupados por valor ou por atributo. temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
Vamos supor que estamos interessados nas idades de o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as no número de alunos dentre as séries que estão em
respectivas frequências. evidência para estudo dentro da escola. Observe:
Idade × Frequência
Evolução anual no número de alunos do sétimo ao nono ano
35
25
Frequência Absoluta Simples
30
20 25
20
15
15
10 10
5
5 0
2017 2018 2019 2020
0 Sétimo ano Oitavo ano Nono ano
20 23 27 30 33
346
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Histograma Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros:
Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
É muito utilizado na representação gráfica de dados mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
agrupados em classes (distribuição de frequências). casas até chegar em centímetro. Logo,
Imagine que realizamos uma pesquisa sobre os salá-
rios dos funcionários de uma empresa de cosméticos e 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
obtivemos a seguinte distribuição de frequências.
Medidas de Área (Superfície)
SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA A unidade principal tomada como referência é o
MILHARES DE REAIS
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
10 – 15 15
diferentes que servem para medir dimensões maiores
15 – 20 17 ou menores. A conversão de unidades de superfície
20 – 25 13 segue potências de 100. Veja o esquema a seguir:
25 - 30 7
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
Esses dados podem ser resumidos com um histo- quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro) 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
Medidas de Temperatura
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) O instrumento para a medição de temperatura é o
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) termômetro, que é um tubo graduado com um líquido
em seu interior (mercúrio ou álcool). As escalas mais
Medidas de Tempo comuns para medir temperatura são:
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu- z Celsius: Medida em graus centígrados;
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como z Kelvin: Medido em Kelvin;
se faz a relação nessa unidade. z Fahrenheit: Medida em graus Fahrenheit.
Para transformar de uma unidade maior para a
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja: As conversões entre essas escalas termométricas
são dadas pelas fórmulas a seguir:
1 hora = 60 minutos
h = 4 x 60 = 240 minutos De graus Celsius para Kelvin: TK = ToC + 273;
De graus Celsius para Fahrenheit: ToC / 5 = (ToF-
Para transformar de uma unidade menor para a 32) / 9.
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
Veja os exemplos a seguir:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Exemplo 1: Transformar 250 K para °C:
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações:
TK = ToC + 273
250 = ToC + 273
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
ToC = 273 – 250
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) ToC = –23°
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e Exemplo 2: Transformar 85 oC para oF:
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes, ToC / 5 = (ToF-32) / 9
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
85/5 = (ToF-32) / 9
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do 17 = (ToF-32) / 9
dia.
17 × 9 = ToF-32
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.
153 + 32 = ToF
Medidas de Massa
ToF = 185°
As unidades a seguir são as mais utilizadas quando
Veja, agora, algumas relações que você precisar ter
estamos trabalhando a massa de uma matéria. Veja
quais são: em mente para resolver diversas questões:
a) 50. a) 0,1
b) 20. b) 1,0
c) 5. c) 10,0
d) 2. d) 100,0
e) 1 000,0
Para responder à questão, é necessário que lembre-
mos da seguinte relação: Vamos fazer as devidas conversões: 4 m3 = 4 × 103
1 m³ = 1000 l. Logo, 50 m³ = 50000 l. Então, a quan- dm3 = 4 000 dm3 = 4 000 litros
tidade de tonéis é de: 50000 / 1000 = 50 tonéis. Res- O volume de leite, em litros, contido em cada emba-
posta: Letra A. lagem é (4000 litros) ÷ 4000 = 1 litro.
Logo, 1 litro = 1000 ml. Resposta: Letra E.
2. (ENCCEJA – 2019) De acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produ-
ção brasileira de café, no segundo semestre de 2014,
foi estimada em 47 milhões de sacas de 60 kg cada.
NOÇÕES DE GEOMETRIA
Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 jul. 2014 (adaptado).
FORMAS
A produção brasileira de café, em milhão de quilogra-
mas, segundo essa estimativa, foi de: A geometria é a área da matemática que estuda
as formas. As formas geométricas, por sua vez, con-
a) 107. sistem nos formatos das coisas as quais observamos,
b) 282. sendo constituídas por um conjunto de pontos.
c) 2 420. Podemos classificar as formas geométricas em:
d) 2 820. planas e não planas.
a) 200.
b) 400.
c) 20 000.
d) 40 000.
z 3 lados — Triângulo;
z 4 lados — Quadrilátero;
z 5 lados — Pentágono;
z 6 lados — Hexágono;
z 7 lados — Heptágono;
z 8 lados — Octógono;
z 9 lados — Eneágono;
z 10 lados — Decágono;
z 12 lados — Dodecágono;
z 20 lados — Icoságono.
z Não Polígonos
z Não Poliedros
São formas geométricas não delimitadas total-
mente por segmentos de retas. Podem ser abertas ou
Os não poliedros, também chamados de corpos
fechadas. Ex.:
redondos, apresentam superfícies arredondadas. Esfe-
ras, cones e cilindros são exemplos de corpos redondos.
z Poliedros
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PERÍMETRO D
ÁREA DE POLÍGONOS
B
Área de um Quadrado
b
A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao
Figura 64. Área de um Paralelogramo
quadrado.
Área de um Triângulo
L D
Área de um Retângulo B
H
A área de um Retângulo é dada pelo produto das
b
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
base vezes a altura.
Figura 65. Área de um Triângulo
B C
Observação: A área é dada por:
b·h
A= 2
b D
Área de um Paralelogramo
MATEMÁTICA
b·h
A= 2
351
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Área de um Losango A área de um Trapézio Retângulo também é dada
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
Á área de um Losango é dada pelo semiproduto pela altura, dividido por dois:
das diagonais.
D
B
B
b
D Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo
(b + B) · h
A= 2
Área do Círculo
D·d
A= 2
Área de um Trapézio
h A
B
L
O
B
r
Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles B
(b + B) · h
A= 2 Figura 71. Área de um Setor Circular
352
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Observação: A área é dada por A = L · r
A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c) P
O
ÂNGULO
A
z Definição de Ângulo
A
Figura 3. Setor Angular
353
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Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha- Observação: AÔB é um ângulo reto.
mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum. Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
Agudo quando sua medida for menor que 90º.
A
A
B
O
O
B
H
O B
A
O H
Prismas
Bissetriz de um Ângulo
TEOREMA DE PITÁGORAS
a
c
MATEMÁTICA
A C
b
V = AB · h
V = a · AB · cos α
Importante!
Para calcular a área da base de um prisma, deve-
-se levar em conta o formato que cada prisma Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
cula-se a área da base com a área do triângulo. Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,
aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3
cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h):
Para um prisma reto, as bases podem ser, por
exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale-
a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ?
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a
base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base, altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é:
área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é:
α + 60º + 90º = 180º → α = 30º
b · m b h √3
f ( x=
) → ax +b > 0 → x > − ;
Triângulo
a
cos(α) = cos(30º) =
5
→ h = 5 · cos(30º) = 5 ·
2
cm
2
AB =
bf ·(m Paralelogramo b AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
x=
) → ax + b < 0 → x(retângulo,
< − ; quadrado)
outros a
5√3
AL = n · b · h → n paralelogramos AL = n · b · h = 4 · 3 · = 30√3cm2
2
AT = AL + 2AB
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2
No caso de um prisma regular de base de n lados,
temos então que a área da base é formada por n triân- √3 45√3
gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para- V = a · AB · cos(30º) = 5 · 9 · = cm3
2 2
lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
área da base será:
b·m (n · b) m
AB = n · =
2 2
AL = n · b · h → n paralelogramos
(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
2
356
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O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a secção
transversal e a base do prisma é o tronco do prisma.
Dica
Como o prisma tem base e topo com o mesmo
polígono, então a secção transversal vai definir o
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas
com as mesmas fórmulas de cálculos.
Pirâmede
1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6
V=V =VVmaior −– V
(H– −h)h
(H )
b·A⋅ +AABbA
)h − H ( =
A⋅b
menor= + ⋅ ⋅ + +
b · m' (n · b) m' Vmenor = + √A AA · A A
+ A
A
AB = n · = maior
33
B B B B b bB b 3 r
2 2
n·b·m
AL = → n triângulos fazer algumas relações:
2
H B A
(n · b) = =
n·b·m (n · b) (m + m') h b a
AT = AL + AB = + m' =
2 2 2
m2 = h2 + m’2 357
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ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2 formadas por segmentos com uma extremidade em um
= = = = = ponto da circunferência de centro O e raio r, e a outra
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2 extremidade no ponto da circunferência no plano para-
lelo acima da base, também de raio r. A altura do cilin-
A∆maior B3 H3 A3 dro é a distância h entre os planos das bases.
= = = O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e cilin-
A∆menor b3 h3 a3 dro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas aos
planos das bases, já no segundo, as geratrizes são per-
pendiculares aos planos das bases.
Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos O cilindro reto também é chamado de cilindro de
planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3 revolução, pois ele é gerado a partir da rotação de um
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área
retângulo em torno de um eixo que contém um dos
da base ABCD?
seus lados.
Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5; cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
ABmaior A2 AABCD VB2 de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um
= → = paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
ABmenor a2 AEFGH VF2 quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r).
AABCD 52 AABCD 25 25 · 18 Como a superfície lateral de um cilindro reto é
= → = → AABCD = equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
18 3 2
18 9 9 o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
do área da base igual à área da circunferência (πr2):
450
AABCD = = 50
9 AB = π · r2
AL = 2 · π · r · h
AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r2 = 2 · π · r(h+r)
V = AB · h = π · r2 · h
g1 g2
E E
AB = π · r2
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r)
MATEMÁTICA
1 1
Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g. V= · AB · h = · π · r2 · h
3 3
359
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O tronco do cone é um sólido formado pelo corte ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do = = = =
cone. Esse conjunto de pontos, que fica entre a secção ABmenor ALmenor ATmenor r2 h2
transversal e a base do cone, é o tronco do cone.
A∆maior R3 H3
V = =
A∆menor r3 h3
A¹ r B¹ H R H 8 H
= → = → H = 2h;
O¹
r h 4 h
k = (H – h) = 2h – h = h;
A¹ r B¹
O¹ ∆ABC
h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16 = 9
h = 3cm;
G H = 2h = 6cm;
H-h
AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2;
π · (H – h)
VTronco = · [R2 + R · r + r2]
3
R B
A π · (3)
O = · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
3
AL = π · (R + r) · G
AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)]
R=8
Da semelhança entre o cone original (cone maior)
com o cone da secção transversal (cone menor) temos (a)
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
caso da pirâmide:
R H
=
r h
360
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O1 r=4 A
G=5
k=(H-h)=h
h
Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da
esquerda para direita.
Equador
Meridiano
Polo
Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e meri-
diano.
Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.
A área da superfície da esfera de raio r é igual a
Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regular
MATEMÁTICA
2m
2m
= 2
= πr h⋅ =3→→
π r 2 h um reserva- π r 2 h
=3 VV
VB =
A
VB possui = A
1. (VUNESP - 2016) Uma empresa V
33
B
=
2
π · 42 · (20 + 16)
Vtronco = = 8π · 36 = 288πcm3
2
Resposta: Letra B.
c) 40.
Número de reclamações do Serviço B
Número de reclamações do Serviço A
7.200 700
d) 20.
e) 30. 7.100 600
7.000 500
3. (VUNESP — 2022) A Taxa Selic é a taxa básica de juros
da economia brasileira, que serve como referência para 6.900 400
o cálculo de juros diversos. No mês de janeiro de 2021, a
6.800 300
Taxa Selic era de 2,00% e, em dezembro, de 9,25%.
6.700 200
Logo, é correto afirmar que, de janeiro para dezembro de
6.600 100
2021, houve um aumento, nessa taxa, correspondente a Janeiro Fevereiro
364 a) 362,50%
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Com base nas informações apresentadas no gráfico,
assinale a alternativa que apresenta uma informação
correta. NÚMERO GLOBAL DE ASSINANTES (EM MILHÕES)
(https://super.abril.com.br. Adaptado)
160
servidores
Considerando que o valor médio da anuidade resulta
da divisão do valor do faturamento global anual pelo
número global de assinantes, ao analisar os gráficos
apresentados, pode-se concluir que, de 2016 a 2020, o
valor médio da anuidade do serviço via satélite sempre
foi que o da TV a cabo, que, por sua vez, no ano
18 anos 19 anos 20 anos de 2020, tinha um valor médio de anuidade ao
triplo do valor médio da anuidade do streaming.
Sabendo-se que a razão do número de servidores que
prestam serviços há 20 anos para esse estado e o núme- Os termos que completam, respectiva e corretamente,
2 a frase são:
ro total de servidores desse grupo é , conclui-se, corre-
5
tamente, que os que prestam serviço ao estado há exatos a) maior ... superior
19 anos são em número de b) menor ... igual
c) menor ... inferior
a) 190. d) menor ... superior
b) 210. e) maior ... inferior
c) 230.
d) 200. 9. (VUNESP — 2022) A produção de uma peça é feita em
e) 220. prensas, do mesmo tipo, trabalhando ao mesmo tem-
po, e com a mesma capacidade de produção. Para a
8. (VUNESP — 2021) Nos últimos anos, a TV a cabo, a TV produção de certa quantidade dessa peça, geralmente
via satélite e o streaming têm disputado a atenção e a utilizam-se 4 prensas trabalhando por 5 horas, ininter-
fidelização dos consumidores para os seus produtos ruptas. Na última vez em que se produziu essa quan-
e pacotes de serviço. Os gráficos a seguir apresentam tidade de peças, utilizou-se apenas 3 prensas, nas
o número de assinantes ao redor do mundo e o fatura- mesmas condições de funcionamento citadas.
mento global anual provenientes das anuidades des-
MATEMÁTICA
sas três modalidades de tecnologia de entretenimento Sendo assim, o tempo que foi necessário para essa
de 2016 a 2020. fabricação, comparado ao tempo para a fabricação
com 4 prensas, foi maior em
a) 3 horas e 15 minutos.
b) 2 horas e 45 minutos.
c) 1 hora e 40 minutos.
d) 2 horas e 06 minutos.
e) 1 hora e 20 minutos. 365
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10. (VUNESP — 2021) Em um restaurante, em qualquer exercer ocargo A e os demais para exercer o cargo B,
dia, a razão entre o número de sucos vendidos para aquela razão inicial passou a ser igual a
5
.
o número de refrigerantes vendidos é 5 para 11. Certo 4
dia, a diferença entre os números de refrigerantes e
Depois do concurso, o número de servidores que pas-
sucos vendidos foi 84.
saram a exercer o cargo Bfoi igual a
A soma do número de refrigerantes e o número de
a) 180.
sucos vendidos nesse dia foi
b) 170.
c) 160.
a) 224. d) 190.
b) 240. e) 200.
c) 256.
d) 272.
15. (VUNESP — 2021) A razão entre o número de servido-
e) 288.
res recém-contratados e o número de servidores que
1
11. (VUNESP — 2022) Para a produção de uma quantida- já atuavam em certo órgão público é .
5
de Q de litros de um suco concentrado em 4,5 horas,
3 máquinas idênticas trabalham, juntas e ininterrupta- Se, contando todos esses servidores, tem-se, ao todo,
mente, com a capacidade máxima de produção. 168 funcionários, então a diferença entre o número de
Da última vez em que se produziu a quantidade Q de servidores que já atuavam no órgão e o número de ser-
litros de suco, uma das 3 máquinas parou a produção vidores recém-contratados é
no exato momento em que se produziu 60% da referi-
da quantidade de litros, e as demais máquinas concluí- a) 116.
ram o serviço, nas mesmas condições de trabalho. b) 114.
c) 118.
Nessa ocasião, o tempo necessário para a produção d) 112.
da quantidade Q de litros do suco foi maior em e) 120.
Se um hectare equivale a 10 mil m2, então é correto O valor recebido por cada irmão para a viagem está
afirmar que uma fazenda com 200 alqueires paulista compreendido entre
tem área equivalente, em hectare, a
a) R$ 1.550,00 e R$ 1.600,00.
a) 484. b) R$ 1.600,00 e R$ 1.650,00.
b) 476. c) R$ 1.650,00 e R$ 1.700,00.
c) 4 800. d) R$ 1.700,00 e R$ 1.750,00.
d) 480. e) R$ 1.750,00 e R$ 1.800,00.
e) 4 760.
17. (VUNESP — 2021) Um processo seletivo para o cargo
13. (VUNESP — 2022) Para a fabricação de 100 peças de de digitador em um escritório adota na prova prática o
determinado produto em 4 horas, são necessárias três seguinte cálculo para nota:
impressoras 3D, idênticas, trabalhando juntas e inin-
terruptamente, com igual capacidade de produção. NOTA = 10 – (D × 0,05) – (F × 0,2)
Se a mesma quantidade de peças for fabricada por 5
dessas impressoras, nas mesmas condições anterior- Nessa fórmula, D corresponde ao número de erros de
mente identificadas, a redução do tempo será de digitação e F ao número de erros na formatação do
documento.
a) 1 hora e 36 minutos. Considere um candidato cujo número de erros de digita-
b) 1 hora e 45 minutos. ção superou o número de erros de formatação em 20 e
c) 2 horas e 00 minuto. que teve um total de erros, considerando digitação e for-
d) 1 hora e 54 minutos. matação, igual a 28.
e) 2 horas e 12 minutos.
De acordo com o cálculo apresentado, a nota desse
candidato será
14. (VUNESP — 2021) Em determinado órgão público, antes
do último concurso, o número de servidores que exerciam
um cargo A excedia em 30 o número de servidores que a) 2,0.
exerciam umcargo B, sendo a razão entre esses números b) 5,0.
6 c) 5,6.
de servidores igual a . Após o último concurso, com d) 7,4.
5
a entrada de 30 novos servidores, sendo uma parte para e) 8,0.
366
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18. (VUNESP — 2022) Um pedaço de papelão retangular
17 E
tem área de 182 cm2, sendo que os menores lados
têm 1 cm a menos de medida que os maiores lados. 18 A
20 E
a) 14 cm.
b) 15 cm.
c) 16 cm.
d) 17 cm.
e) 18 cm. ANOTAÇÕES
19. (VUNESP — 2022) Uma folha retangular de papel, com
medidas de 60 cm e 45 cm, será dividida em duas par-
tes, tendo como referência para essa divisão uma das
diagonais do retângulo.
a) 95 cm.
b) 90 cm.
c) 85 cm.
d) 80 cm.
e) 75 cm.
9 GABARITO
1 D
2 D
3 A
4 E
5 B
6 B
7 B
8 A
9 C
10 A
11 A
MATEMÁTICA
12 A
13 A
14 C
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16 E
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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nicolai Bressan de Carvalho - 399.971.188-47, vedada, por quaisquer meios e a qualquer
título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ANOTAÇÕES
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TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Pasta com Pasta sem Pasta vazia Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
subpasta subpasta Byte
(B)
No Windows 10, a organização segue a seguinte Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos
definição: somente leitura... os atributos dos itens podem ser
definidos pelo item Propriedades no menu de con-
z Pastas texto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que
tenham o atributo oculto, desde que ajuste a configu-
Estruturas do sistema operacional: Arquivos de
ração correspondente.
Programas (Program Files), Usuários (Users), Win-
dows. A primeira pasta da unidade é chamada
ÁREA DE TRABALHO
raiz (da árvore de diretórios), representada pela
barra invertida: Documentos (Meus Documentos),
A interface gráfica do Windows é caracterizada
Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas;
Windows exibe ícones de pastas, arquivos, programas,
Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Docu-
atalhos, barra de tarefas (com programas que podem
mentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus
ser executados e programas que estão sendo executa-
Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas;
dos) e outros componentes do Windows.
Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
A área de trabalho do Windows 10, também conhe-
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, cida como Desktop, é reconhecida pela presença do
programas e atalhos; papel de parede ilustrando o fundo da tela. É uma
Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP),
discos rígidos que foram excluídos, permitindo uma foto (extensão JPG), além de outros formatos grá-
a recuperação dos dados. ficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos
que o computador está pronto para executar tarefas.
z Atalhos
z Drivers
O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.
antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações de Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e
manipulação de informações no computador, desde o estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
básico (formatar discos de armazenamento) até o avan- ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão
çado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas). direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do
para executar o Explorador de Arquivos. Windows (como Lixeira e Computador).
Como o Windows 10 está associado a uma conta No canto inferior esquerdo encontraremos o botão
Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou
o usuário tem disponível um espaço de armazenamento pela combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o
de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador menu Iniciar será apresentado na interface de blocos
370 de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive que surgiu com o Windows 8, interface Metro.
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A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.
Navegador padrão do
Atalhos
Windows 10
Itens Excluídos
Barra de Tarefas
Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)
Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.
INFORMÁTICA
Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.
Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone. 371
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A área de transferência é um dos principais recur-
sos do Windows, que permite o uso de comandos, reali-
zação de ações e controle das ações que serão desfeitas.
Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.
Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as configu-
rações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema operacional,
personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações, e pode ser
acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de teclado Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).
Otimizar
Firewall do Windows
Painel de controle
WINDOWS 10 O QUE
Win+S Pesquisar
1 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
376 2 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster.
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WINDOWS 10 O QUE
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em
Modo tablet
dispositivos tipo conversíveis
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
INFORMÁTICA
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O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.
O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.
O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.
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A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.
Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a inserção
de pequenas notas de texto na área de trabalho do Windows, como recados do tipo Post-It.
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um ende-
reço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para visualização de vídeos, assim como o “Windows Media Player”.
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, como
o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é o recurso do Windows para manter ele sempre atualizado.
Está em Configurações (atalho de teclado Windows+I), Atualização e segurança.
z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft Word 2010 possuem a extensão DOCX;
z Os documentos de texto habilitados para macros3, possuem a extensão DOCM;
z Um modelo4 de documento é um arquivo que pode ser usado para criar novos arquivos a partir de uma forma-
tação preestabelecida. A extensão é DOTX;
z Um modelo de documento habilitado para macros contém além da formatação básica para criação de outros
documentos, comandos programados para automatização de tarefas. A extensão é DOTM;
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft Excel 2010 possuem a extensão XLSX;
z As pastas de trabalho habilitadas para macros possuem a extensão XLSM;
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a extensão XLTX;
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para macros possuem a extensão XLTM;
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma planilha que não foi salva, que pode ser recuperada pelo
usuário, possui a extensão XLSB (binário);
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated Values) contém textos separados por vírgula, que podem ser
importados pelo Excel, podem ser usados em mala direta do Word, incorporados a um banco de dados, etc.;
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato, que pode ser usado no Outlook 2016;
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem armazenar outros arquivos e pastas;
INFORMÁTICA
z Os arquivos compactados podem ser criados pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta Compactada;
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, recebem a extensão HTML e uma pasta será criada para os
arquivos auxiliares (imagens, vídeos, etc.);
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transferido para outros arquivos do próprio Office através da Área
de Transferência do Windows;
3 Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas são
escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o programa
perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
4 Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo. 379
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z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans- por download via Internet quando se comprava uma
ferido para outros arquivos do Windows, mas a licença vitalícia. Atualmente, tem-se o formato de
formatação poderá ser perdida; assinatura em que a instalação é realizada a partir de
download da internet e, enquanto forem realizados os
pagamentos da assinatura, o usuário terá acesso ao
pacote Microsoft 365.
MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR
MS-WORD 2016 OU SUPERIOR
O pacote de aplicativos para escritório é, sem dúvi-
da, um dos mais úteis aplicativos que um computador Estrutura Básica dos Documentos
pode ter instalado. Independente do perfil de utiliza-
ção do usuário, alguns dos aplicativos disponíveis em Os documentos produzidos com o editor de textos
um pacote como o Microsoft Office atende a diferentes Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
tarefas cotidianas, indo desde as mais simples, até as
mais complexas. z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Micro-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que soft Word 2007 e superiores. Os documentos são
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente arquivos editáveis pelo usuário, que podem ser
está na versão Microsoft 365, que disponibiliza recur- compartilhados com outros usuários para edição
sos via Internet (computação nas nuvens), com arma- colaborativa;
zenamento de arquivos no Microsoft OneDrive. z Os Modelos (Template): com extensão DOTX, con-
Por sua vez, serviços adicionais de comunicação têm formatações que serão aplicadas aos novos
como o Microsoft Outlook e Microsoft Teams fazem documentos criados a partir deles. O modelo é usa-
parte do pacote Microsoft Office 365. do para a padronização de documentos;
As extensões dos arquivos editáveis produzidos z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na (Document Template Macros – modelo de
tabela a seguir. documento com macros): As macros são códigos
desenvolvidos em Visual Basic for Applications
EXTENSÕES DE (VBA) para a automatização de tarefas;
MICROSOFT OFFICE z Páginas: unidades de organização do texto, segun-
ARQUIVOS
do a orientação, o tamanho do papel e margens.
Editor de Textos DOCX As principais definições estão na guia Layout, mas
Planilhas de Cálculos XLSX também encontrará algumas definições na guia
Apresentações de Slides PPTX Design;
z Seção: divisão de formatação do documento,
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre
As extensões do Microsoft Office, para arquivos que forem usadas configurações diferentes, como
editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo margens, colunas, tamanho da página, orientação,
formatado com XML, que foi introduzido na versão cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras,
2007. as seções serão usadas;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
Microsoft Office formatação. Finalizado com Enter, contém for-
matação independente do parágrafo anterior e do
Office 2003 Office 2007 parágrafo seguinte;
Office 365
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo finalizado com Quebra de Linha, a configuração
Microsoft Office eram identificados com extensões atual permanece na próxima linha;
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
de concursos ainda apresentam essas extensões nas caracteres de formatação etc.
alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
Language) foi implementado para oferecer portabili- Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
dade aos documentos produzidos. As extensões dos vos de formato DOC são abertos em Modo de Compati-
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras, bilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para
como DOCX, XLSX e PPTX. usar todos os recursos da versão atual, é necessário
Com o avanço dos recursos de computação na “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
nuvem, o Office foi disponibilizado na versão on-line, Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
que posteriormente se chamou 365, e é a versão atual ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
do pacote. Com um novo formato de licenciamento, instale um pacote de compatibilidade, disponível para
com assinaturas mensais e anuais, ao invés da venda download no site da Microsoft.
de licenças de uso, a instalação do Office 365 no com- Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
putador disponibiliza a última versão do pacote para podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
escritórios. Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse
Antes, o usuário comprava uma cópia e poderia PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos-
instalar ela “para sempre”: era uma licença de uso se um documento do Word.
vitalícia e uma mídia (disquetes, CD ou DVD) era Durante a edição de um documento, o Microsoft
380 entregue. A seguir, a instalação passou a ser oferecida Word:
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z Faz a gravação automática dos dados editados GUIA GRUPO ITEM ÍCONE
enquanto o arquivo não tem um nome ou local
Recortar
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
salvos”; Copiar
Área de
z Faz a gravação automática de auto recuperação Transferência
dos arquivos em edição que tenham nome e local Colar
definidos, permitindo recuperar as alterações que Pincel de
não tenham sido salvas; Página
Formatação
Inicial
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal- Nome da
Calibri (Corp
vamento automático”, associado à conta Microsoft, fonte
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri- Tamanho da
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal- fonte
Fonte
vamento será realizado; Aumentar
fonte
z O formato de documento RTF (Rich Text Format)
Diminuir
é padrão do acessório do Windows chamado Wor- fonte
dPad, e por ser portável, também poderá ser edita-
Folha de
do pelo Microsoft Word.
Rosto
BOTÃO/GUIA DICA
Comandos para o documento atual:
Arquivo Salvar, salvar como, imprimir, salvar
e enviar
INFORMÁTICA
Seleção
Seleção Botão prin- vertical,
Seleção
cipal pres- Alt iniciando
Utilizando-se do teclado e do mouse, como no siste- bloco
sionado no local do
ma operacional, podemos selecionar palavras, linhas, cursor
parágrafos e até o documento inteiro.
Dica Dica
Assim como no Windows, as operações com Teclas de atalhos e seleção com mouse são
mouse e teclado também são questionadas nos importantes, tanto nos concursos como no dia
programas do Microsoft Office. Entretanto, por a dia. Experimente praticar no computador. No
terem conteúdos distintos (textos, planilhas e Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30)
apresentações de slides), a seleção poderá ser no início de um documento em branco e aper-
diferente para algumas ações. tar Enter, ele criará um texto “aleatório” com 10
parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO pode praticar à vontade.
Selecionar Seleciona o
- Ctrl+T
tudo documento
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Cabeçalhos
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé5.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft PowerPoint... depende, podendo ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.
(Digite aqui)
Parágrafos
Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:
2 2 4 6 8 10 10 14 16
Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).
- - Âncoras de objetos
Fontes
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.
PÁGINA INICIAL
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Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:
z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016.
Colunas
O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.
INFORMÁTICA
Nenhum
Marcadores de Documento
Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.
NÚMEROS LETRAS
1. Exemplo a. Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo
i. Exemplo 1) Exemplo
ii. Exemplo a) Exemplo
iii. Exemplo 2) Exemplo
iv. Exemplo a) Exemplo
Para trabalhar com a formatação de marcadores Múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renumeração
dos demais itens.
Tabelas
As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, têm linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma úni-
ca), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elemen-
tos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
386 tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
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As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
WORD EXCEL
Somente o conteúdo da primeira célula será
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos
mantido
Em inglês, com referências direcionais Em português, com referências posicionais
Tabela, Fórmulas
=SUM(ABOVe) =SOMA(A1:A5)
Recalcula automaticamente e manualmente
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente
(F9)
Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5
Quebra de linha manual Shift+Enter Alt+Enter
Copia apenas a primeira formatação da
Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes
origem
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima
Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda
F9 Atualizar os campos de uma mala direta Atualizar o resultado das fórmulas
INFORMÁTICA
EPSON8D025B(L5190 SERIES)
Pronto
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Imprimir em Um Lado
Apenas imprimir um lado d..
Agrupado
1;2;3 1;2;3; 1;2;3; Numeração de Páginas
Orientação Retrato
Disponível na guia Inserir permite que um núme-
A4 ro seja apresentado na página, informando a sua
21cm x 29,7 cm
numeração em relação ao documento.
Margens Personalizadas
Combinado com o uso das seções, a numeração de
página pode ser diferente em formatação a cada seção
do documento, como no caso de um TCC.
1 Página por Folha
Configurar Página
Controle de Quebras
Legendas
Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em alguns
textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o usuário
poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.
Inserir
Legenda
Legenda
Legenda
Figura 1
Opção
Rótulo: Figura
Posição: Abaixo do item selecionado
Índices
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.
Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
INFORMÁTICA
Inserção de Objetos
Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:
z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter); 389
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).
z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.
Campos Predefinidos
Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e fórmu-
las, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos e referências.
Caixas de Texto
A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2)
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
INFORMÁTICA
391
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Barra de Acesso Rápido Coluna
Barra de Fórmulas
Faixa
de Opções
Célula
Linha
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão Microsoft Office 365
(2022) são 16.384 colunas (nomeadas de A até XFD) e 1.048.576 linhas (numeradas de 1 a 1.048.576).
A quantidade de linhas e colunas podem variar, de acordo com o software e a versão. Existem planilhas com
256, 1.024, 16.384 ou 65.536 colunas. Existem planilhas com 65.536 ou 1.048.576 linhas;
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante.
E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:
z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:
392 z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
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z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.
Geral
123 Sem formato específico
Número
12 4,00
Moeda
R$4,00
Contábil
R$4,00
Data Abreviada
04/01/1900
Data Completa
quarta-feira, 4 de janeiro de 1900
Hora
00:00:00
Porcentagem
400,00%
1 Fração
2 4
2 Científico
10 4,00E+00
Texto
ab 4
Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00
Moeda Contábil
R$ 150,00 R$ 150,00
R$ 170,00 R$ 170,00
INFORMÁTICA
R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
R$ 10,54 R$ 10,54
O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%) 393
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VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0
1 100% 100,00%
2 200% 200,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
1 R$1,00 1,00
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED, para
arredondar.
Simbologia Específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
394 z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
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Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2. 395
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Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.
função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
=A1&A2&A3 é igual a
& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos
=CONCATENAR(A1;A2;A3)
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
396 A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
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z #DIV/0! indica que a fórmula está tentando dividir a mediana é 5.
um valor por 0; Se temos uma sequência de valores com quantida-
z #NOME? indica que a fórmula possui um texto que de par, a mediana será a média dos valores que estão
o Excel 2007 não reconhece; no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1),
z #NULO! a fórmula contém uma interseção de duas ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A
áreas que não se interceptam; média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
z #NUM! a fórmula apresenta um valor numérico
inválido; z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das célu-
z #REF! indica que na fórmula existe a referência las selecionadas.
para uma célula que não existe;
z #VALOR! indica que a fórmula possui um tipo erra- =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
do de argumento; área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
z ##### indica que o tamanho da coluna não é sufi- nas um será mostrado.
ciente para exibir seu valor.
z MAIOR(valores;posição): exibe o maior valor de
Uso de Fórmulas, Funções e Macros uma série, segundo o argumento apresentado.
z SOMA(valores): realiza a operação de soma nas Valores iguais ocupam posições diferentes.
células selecionadas. =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
las A1 até D6.
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição
dos valores numéricos informados em seus argumen- z MÍNIMO(valores): exibe o menor valor das célu-
tos. Se existirem células com textos, elas serão ignora- las selecionadas.
das. Células vazias não são somadas.
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- área de A1 até D6.
tentes nas células A1, A2 e A3;
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis- z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de
tentes nas células A1 até A5; uma série, segundo o argumento apresentado.
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
célula A1, com 34 (valor literal) e B3; Valores iguais ocupam posições diferentes.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis- =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas cé-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, lulas A1 até D6.
operando apenas áreas quadrangulares;
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e
com B1 e C1 até C3; retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com outro caso seja falso.
3 e o valor A1 duas vezes.
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
de soma nas células selecionadas, se uma condição primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
for atendida. segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última
parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais se-
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para rão realizadas as duas operações, somente uma delas,
que seja somado): segundo o resultado do teste.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- A função SE usa operadores relacionais (maior,
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15; menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. textos literais.
vazias não entram no cálculo da média. de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z MED(valores): informa a mediana de uma série
de valores. =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor
é negativo”;”Valor é positivo”))
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequên-
cia de valores com quantidade ímpar, eles serão orde- Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
nados e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for
para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo 397
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teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer- Os intervalos de teste e de soma podem ser os
rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não é mesmos.
menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a
mensagem final “Valor é positivo” será mostrada. =SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é de A1 até A10 que sejam maiores que 6.
usado somente no início da digitação da célula. =SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
As funções CONT são usadas para informar a quanti- de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem
dade de células, que atendem às condições especificadas. menores que 3.
z CONT.NÚM: para contar quantas células possuem SOMASES (células para somar; células1;
números; teste1;células2;teste2)
z CONT.VALORES: quantidade de células que estão
preenchidas; Verifica as células que atendem aos testes e soma
z CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não as células correspondentes.
estão preenchidas; Os intervalos de teste e de soma podem ser os
z CONT.SE: quantidade de células que atendem à mesmos.
uma condição específica;
z CONT.SES: quantidade de células que atendem a
MÉDIASE(células para testar; teste; células
várias condições simultaneamente.
para calcular a média)
CONT.VALORES(células): esta função conta
Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
todas as células em um intervalo, exceto as
a média das células correspondentes.
células vazias.
Os intervalos de teste e de média podem ser os
mesmos.
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
contagem, informando quantas células estão preen-
chidas com valores, quaisquer valores. PROCV(valor_procurado; matriz_tabela;
núm_índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
CONT.NÚM (células): conta todas as células
em um intervalo, exceto células vazias e célu- A função PROCV é utilizada para localizar o va-
las com texto. lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
Por exemplo: =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO)
CONT.SE(células;condição): Esta função conta
e =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
quantas vezes aparece um determinado valor
A função PROCV é um membro das funções de pes-
(número ou texto) em um intervalo de células
quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
(o usuário tem que indicar qual é o critério a
Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para
ser contado)
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- ESQUERDA(texto;quantidade)
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).
CONT.SES(células1;condição1;células2;con-
dição2): Esta função conta quantas vezes apa- =ESQUERDA(“Nova Concursos”;8) exibe “Nova”
rece um determinado valor (número ou texto) DIREITA(texto;quantidade)
em um intervalo de células (o usuário tem que
indicar qual é o critério a ser contado), aten- Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
dendo a todas as condições especificadas. de caracteres especificados, a partir do final.
Efetua um teste nas células especificadas, e soma Junta os textos especificados em um intervalo de
398 as correspondentes nas células para somar. células para uma nova sequência.
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=CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1 até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona nas
versões antigas do Office.
NÚM.CARACT(célula)
INT(valor)
TRUNCAR(valor;casas decimais)
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
ARRED(valor;casas decimais)
Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
FUNÇÕES LÓGICAS
Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula
Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.
399
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Impressão
A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa.
Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, a possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas,
fazendo com que a impressão seja muito parecida com a tela que está sendo visualizada.
Ambos estão na guia Layout da Página.
E na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.
Inserção de Objetos
A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.
400
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A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados
no Excel.
Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.
Gráficos
Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos com os
dados existentes nas células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.
z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
z Os gráficos de Linhas representam valores com linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de Linhas:
Linha, Linha Empilhada, 100% Empilhada, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, 100% Empilhada
com Marcadores, e 3D.
z Os gráficos de Pizza representam valores proporcionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza, Pizza 3D,
Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.
z Os gráficos de Barras representam dados de forma semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizontal. São
opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D Empilhadas, e 3D
INFORMÁTICA
100% Empilhadas.
z Os gráficos de Área representam dados de forma semelhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada. 401
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.
Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.
403
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A numeração de páginas está associada ao Cabeçalho e Rodapé.
O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.
De Arquivo
De banco de dados
404
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Do Azure
De serviços online
De outras fontes
INFORMÁTICA
Classificação de Dados
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’
Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem defini-
Classificar por uma lista
da pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa
CORREIO ELETRÔNICO
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo que o
usuário não esteja on-line, a mensagem será armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo disponível até
406 ela ser acessada novamente.
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O correio eletrônico (popularmente conhecido Formas de Acesso ao Correio Eletrônico
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet, Podemos usar um programa instalado em nosso
e se mantém usual até os dias de hoje. dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
O Mozilla Thunderbird é um cliente de suas características e protocolos. Confira.
e-mail gratuito com código aberto que po-
derá ser usado em diferentes plataformas FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O eM Client é um cliente de e-mail gratui-
Protocolo SMTP para enviar mensa-
to para uso pessoal no ambiente Windo-
gens e POP3 para receber. As men-
ws e Mac. Facilmente configurável. Tem
Cliente de E-mail sagens são transferidas do servidor
a versão Pro, para clientes corporativos
para o cliente e são apagadas da
O Microsoft Outlook, integrante do caixa de mensagens remota
pacote Microsoft Office, é um cliente Protocolo IMAP4 para enviar e para
de e-mail que permite a integração de receber mensagens. As mensagens
várias contas em uma caixa de entrada Webmail são copiadas do servidor para a
combinada janela do navegador e são mantidas
O Microsoft Outlook Express foi o cliente na caixa de mensagens remota
de e-mail padrão das antigas versões
do Windows. Ainda aparece listado nos
editais de concursos, porém não pode
ser utilizado nas versões atuais do siste-
ma operacional
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails
Webmail. Quando o usuário utiliza um
navegador de Internet qualquer para
@ acessar sua caixa de mensagens no
servidor de e-mails, ele está acessando Receber – POP3 Receber IMAP4
pela modalidade webmai
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NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS As Opções de Internet, disponível no menu Fer-
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
Chrome
Um dos mais populares de Controle do Windows, devido à alta integração do
navegadores do merca- navegador com o sistema operacional.
Google
do, multiplataforma e
de fácil utilização Mozilla Firefox
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
de transferência de hipertextos; vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure: e Intranet, como em Transferência de dados e
protocolo seguro de transferência de hipertextos; arquivos, como em Segurança da Informação.
z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de trans-
ferência de arquivos; z FTP – File Transfer Protocol: protocolo de trans-
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol: protoco- ferência de arquivos:
lo simples de transferência de e-mail;
Opera com duas portas TCP, uma para dados
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- (20) e outra para comandos (21);
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que
Transfere qualquer tipo de informação;
envolvem as redes de computadores. Mensagens de
erros, problemas de conexão, instabilidades e proble- Pode transferir em modo byte a byte (arquivos
mas de segurança da informação se tornam mais claros de textos) ou bit a bit (arquivos executáveis);
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento. Os navegadores de Internet possuem suporte
para acesso aos servidores FTP;
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol: protocolo
O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
de transferência de hipertextos:
ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma
mais rápida que nos navegadores de Internet;
Opera pela porta TCP 80;
Pode utilizar criptografia;
Transfere arquivos HTML (Hyper Text Mar-
kup Language – linguagem de marcação de O modo anônimo caiu em desuso, e poucos ser-
hipertextos); vidores FTP ainda aceitam conexão anônima.
Protocolo mais utilizado para navegação, tanto FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
na Internet como na Intranet; Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo FTP – Comando OPEN (iniciar
navegador de Internet, que exibe o conteúdo; transferência)
Cliente
E-mail Servidor Servidor
E-mail E-mail
Dica
O protocolo https é o mais questionado em pro-
vas de concursos públicos. Implementa seguran- Cada informação acessada será copiada para o
ça na conexão, possibilitando a troca de dados computador local, e então exibida rapidamente em
caso de navegação entre páginas (Voltar ou Próximo),
segura entre o cliente e o servidor.
por meio das ferramentas de navegação de páginas do
navegador (ou teclas Alt+seta à esquerda para Voltar e
SITES
Alt+seta à direita para Próximo).
Os sites, como observado, são localizações na rede. Ao pressionar F5, o navegador recarrega a página
Um site pode armazenar um conjunto de domínios armazenada localmente e exibe novamente na janela
ou pastas ou arquivos. A primeira página de um site do navegador. Os itens diferentes serão confirmados
é o seu índice (index.html, index.php, home.asp etc.). na sequência.
e a partir dela poderemos acessar as outras informa- Ao pressionar Ctrl+F5, toda a página é recarregada
ções armazenadas. na origem, ignorando a cópia local.
Todos os dados acessados em modo “normal” de
É possível acessar diretamente uma informação,
navegação serão copiados para o computador. Aces-
digitando o seu endereço na Barra de Endereços.
sando a pasta de arquivos temporários, é possível
Os recursos de sites acessados pelo usuário serão
recuperar algum arquivo que foi acessado recente-
armazenados em uma lista, no computador local,
mente e não está disponível no site de origem (como
chamada Histórico. Podemos excluir todo o histórico
vídeos, por exemplo).
através das opções de Internet existentes no menu/
Os arquivos temporários aceitam o sinal de inter-
função Ferramentas dos navegadores, ou evitar o seu
rogação no nome, porque na simbologia dos servi-
registro, utilizando o modo anônimo de navegação
dores, o sinal de interrogação indica que é um item
(Navegação InPrivate). temporário, que em breve será excluído.
Os nomes entre os navegadores mudam um pou-
co, mas o princípio de funcionamento é semelhan- Favoritos
te. Outra diferença é o atalho de teclado associado.
Confira: São os links de páginas que o usuário adicionou
em seu bookmarks, dentro de seu navegador web. As
z Internet Explorer: Navegação InPrivate (Ctrl+Shift+P) informações de favoritos produzem arquivos LNK
(links, atalhos), armazenados na pasta Favoritos, do
Arquivo Editar Exibir FavoritosFerramentas Ajuda computador local, do usuário.
Excluir Histórico de Navegação Ctrl+Shift+Del
Navegação InPrivate Ctrl+Shift+P Os itens existentes em Favoritos não estão disponí-
veis em modo off-line, somente quando conectados à
Internet, sujeito à disponibilidade do recurso no servi-
z Mozilla Firefox: Nova janela privativa (Ctrl+Shift+P) dor. Páginas dinâmicas (como o Mural de Recados do
Facebook), não serão adicionadas corretamente aos
INFORMÁTICA
Importante!
As bancas costumam questionar funcionali-
dades do Microsoft Bing que são idênticas às
funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o Imprimir, do Mozilla Firefox
nome do navegador da Microsoft na questão, a
banca procura desestabilizar o candidato com a
dúvida acerca do recurso questionado.
IMPRESSÃO DE PÁGINAS
417
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Janela de Impressão do Google Chrome
Com um grupo no Teams, a mensagem será enviada para todos os participantes e todos poderão interagir com
todos (semelhante a um grupo de WhatsApp).
Você poderá realizar o chat com apenas um outro colaborador ou criar um grupo com vários contatos para
realizar uma reunião por texto via Teams.
Para montar um grupo de conversa no Teams, siga os passos descritos a seguir.
Em chat, clique em novo chat
Depois que o grupo estiver montado, você poderá adicionar participantes. Clique no canto superior direito e
adicione os novos participantes da conversa
z Não incluir o histórico de chats (igual ao WhatsApp, a pessoa não saberá o que foi conversado antes de seu
ingresso no grupo);
z Incluir histórico do número de dias anteriores: define a quantidade de dias das conversas do grupo, que o
novo participante terá acesso;
z Incluir todo o histórico de chats (igual ao Telegram, quem for adicionado no grupo saberá tudo que foi conver-
sado desde o início).
INFORMÁTICA
419
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Para excluir participantes do grupo, abra a lista e clique no “X” à frente do nome
Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar
Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)
Compartilhar
Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat
421
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Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa
Participantes
Link do chat
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
422 (reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.
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Chamadas de Áudio
Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.
Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.
As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.
Chamadas de Vídeo
Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:
Tempo decorrido
423
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Em “Mais opções” ou “Mais ações” iremos encontrar:
Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.
Os aplicativos do Microsoft Office 365 estão disponíveis no Microsoft Teams, para compartilhamento de con-
teúdo e funções adicionais.
Na conversa, seja chat ou reunião, acesse a guia Arquivos. Ao clicar no botão Novo (New), é possível criar
arquivos do Word (documento de texto), Excel (planilha de cálculos) ou PowerPoint (Apresentação de slides).
A edição será pelo Microsoft 365 (versão online) ou então pelo aplicativo Office correspondente da área de tra-
424 balho se o mesmo se encontrar instalado no dispositivo.
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O carregamento do arquivo, se este se encontrar no PC, poderá ser feito por meio da opção Enviar (Upload).
Você pode arrastar e soltar os arquivos que estiverem sendo exibidos em uma janela do Explorador de Arquivos.
Arquivos vazios (tamanho 0 KB) não podem ser compartilhados.
“Obter link” pode ser utilizado para compartilhar o item com outros usuários: será criado um link de acesso ao
arquivo que será armazenado no OneDrive ou SharePoint.
Coeditando um Arquivo
Os arquivos que foram carregados no Microsoft Teams e compartilhados com a equipe, podem ser acessados
e editados simultaneamente.
Para fazer isso, basta abrir o arquivo e iniciar a edição, que as alterações serão mescladas. Cada usuário faz a
sua parte e o Microsoft Teams/Office se encarrega de manter todos atualizados.
Apenas pessoas da organização com o link de acesso, podem exibir e editar. Usuários externos podem apenas
visualizar. Ao compartilhar um documento, planilha ou apresentação, informe o endereço do e-mail do usuário,
uma mensagem (opcional) e envie. É possível apenas copiar o link do compartilhamento e enviar por outros
canais, como o chat do Teams ou conversa no WhatsApp.
Se o arquivo não ultrapassar 25MB de tamanho, poderá ser enviado como anexo por e-mail. Se for maior,
permanecerá no OneDrive e um link é enviado para o convidado. O convidado precisará usar a versão desktop do
Office instalada no seu computador para acessar o arquivo.
A coautoria só é suportada em formatos de arquivo modernos, incluindo: .docx (Word ), .pptx (PowerPoint ) e
.xlsx (Excel ).
Os aplicativos que aceitam a coautoria são o Word e PowerPoint em suas versões mais recentes (Office 2010
ou superior). O Microsoft Excel app móvel e a versão mais recente do Excel do Microsoft 365 também aceitam
coautoria. 425
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O Microsoft PowerPoint, dentro do Microsoft Teams, compartilhado para coautoria com outros editores, apre-
senta controle de versões “avançado” em relação aos outros programas.
A apresentação é aberta pelo Microsoft Teams no navegador de Internet, podendo ser editada localmente
Após ter sido compartilhada com outros editores, via OneDrive ou SharePoint, eles poderão editar o conteúdo
da apresentação de slides.
Durante a edição, será mostrada na parte superior da Faixa de Opções do PowerPoint os avatares dos usuários
que estão editando a apresentação simultaneamente. Um balão colorido com o nome do usuário poderá acompa-
nhar o que cada um está fazendo nos slides da apresentação. Ative esta funcionalidade em Arquivo > Opções >
Avançado > Exibir > Mostrar sinalizadores de presença para itens selecionados.
Como proprietário da apresentação compartilhada, você será notificado das alterações realizadas quando
você não estava online.
Se o controle de alterações estiver ativado, cada modificação será sinalizada para ser aprovada ou rejeitada
pelo dono do arquivo. Esse recurso funciona em documentos compartilhados armazenados no OneDrive e no
SharePoint.
O Histórico de Versões estará disponível para os itens, bastando clicar no nome do arquivo na barra de título
do aplicativo. E caso existam alterações conflitantes, que alteram a apresentação, ao Salvar, será oferecida a com-
426 paração entre elas.
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Microsoft SharePoint
O armazenamento de arquivos na nuvem por usuários “comuns” é realizado pelo Microsoft OneDrive. Nas
edições corporativas e estudantis, é pelo SharePoint (além do OneDrive).
Nas edições corporativas e estudantis, o OneDrive é usado para arquivos em geral que serão compartilhados
com outros usuários externos, e o SharePoint é usado para arquivos compartilhados com os membros da equipe
(que devem pertencer à mesma instituição). Ele não está disponível na edição Office 365 doméstica.
OneDrive é voltado para o compartilhamento de arquivos via Internet, enquanto o SharePoint é voltado para o
compartilhamento de arquivos via Intranet (e Internet). O SharePoint utiliza de tecnologia de nuvem híbrida, para
permitir este compartilhamento em todas as redes.
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A Biblioteca de Documentos é o local de armazenamento de arquivos do SharePoint, que poderá ser acessada
por outros usuários da instituição.
Compartilhar um documento é gerar um link para acesso de outros usuários aos recursos armazenados. O
SharePoint compartilha apenas com usuários da mesma instituição.
Sincronizar arquivos com o computador é possível. Os dados armazenados no SharePoint estão em servidores da
Microsoft, em nuvens híbridas distribuídas em toda a Internet. O usuário poderá manter uma cópia de todos os seus
arquivos em seu disco rígido local. Ele deverá instalar o OneDrive e configurar com o login e senha que usa na instituição.
Enquanto a versão doméstica do Office 365 oferece o Microsoft Sway para a criação de sites, nas versões corpo-
rativas a criação de sites é realizada pelo SharePoint. O site poderá ser compartilhado com outros usuários da ins-
tituição e com usuários externos, desde que as permissões de acesso da assinatura Office da empresa permitam.
As páginas web desenvolvidas com o SharePoint utilizam o conceito de Web Parts, para que sejam sites respon-
sivos. Um site responsivo é aquele que se adapta às diferentes telas. As Web Parts modernas são projetadas para
serem mais fáceis de usar, serem mais rápidas e ter uma ótima aparência. Com web parts modernas, não é neces-
sário empregar nenhum código. É importante observar que, por motivos de segurança, as Web Parts modernas
não permitem a inserção de código como JScript.
Todas as informações armazenadas no SharePoint poderão ser editadas, compartilhadas e acompanhadas.
Acompanhar significa que as alterações ou atualizações do arquivo serão notificadas para quem pediu o acompanha-
mento. E também é possível definir Alertas, que são notificações sobre alterações e exclusões específicas em um item.
Você pode especificar se pretende receber os alertas por e-mail ou por mensagem de texto, e com que frequência.
Microsoft OneNote
z Marcas: sinalizadores que definem o tipo de anotação realizada, como Tarefa, Contato, Crítico, Ideia, Senha etc.;
z Feed: histórico de anotações realizadas no OneNote;
z Nova página: nova anotação;
z Nova seção: nova seção, ou divisão, ou grupo, para separação das anotações;
z Inserir Impressão do Arquivo: adicionar na nota um arquivo PDF ou documento de impressora;
z Áudio: adicionar áudio na anotação;
z Matemática: desenho de fórmulas matemáticas na tela, que poderão ser convertidas em fórmulas como se
tivessem sido digitadas;
z Cor da página: cor da anotação;
z Mostrar autores: visualizar os autores das anotações que aparecem em seu Bloco de Anotações.
O arquivo do OneNote é um “Bloco de Anotações”, as divisões do arquivo são as “Seções” e o conteúdo ou ano-
tações são as “Páginas”.
As páginas com anotações são gravadas na conta Microsoft (OneDrive) e compartilhada com os dispositivos
que estão com o aplicativo OneNote e a mesma conta de acesso.
Os demais recursos são semelhantes aos encontrados no Word, Excel e PowerPoint.
A reunião pode ser definida como uma comunicação entre duas ou mais pessoas (participantes), com textos,
vídeo, áudio, arquivos e compartilhamentos de tela.
Uma reunião poderá ser realizada imediatamente ou agendada no Calendário. Ao acessar o item Calendário,
no lado esquerdo da tela do Teams, clique no botão correspondente na barra de ferramentas.
Para realizar o agendamento, basta localizar a data e horário no Calendário e seguir o passo a passo para adi-
cionar um evento. Ou clicar no botão “Nova reunião” e preencher as informações essenciais.
INFORMÁTICA
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Preencha os campos solicitados, e ao clicar em “Salvar”, você terá o link de acesso para ser compartilhado com
os participantes.
A repetição do evento poderá ser “Não se repete” (evento único), “Todos os dias de semana (Segundo a Sexta)”,
Diariamente, Semanalmente, Mensalmente, Anualmente ou Personalizada. Em “Personalizada” é possível definir
o início, a frequência (por exemplo, a cada 10 dias) e a data de encerramento da repetição.
A mensagem para os participantes da reunião é uma composição semelhante ao e-mail do Microsoft Outlook,
com formatação, links, tabelas, imagens etc. Reunião criada, link disponível.
Agora o usuário poderá copiar o link e enviar por e-mail ou chat (até no WhatsApp, Facebook Messenger etc.)
para os participantes, ou ainda adicionar no Google Agenda. Quem tem smartphone Android ou usa o Google Agen-
da no iOS, poderá adicionar o evento em seu calendário por meio das opções personalizáveis do Google Agenda.
INFORMÁTICA
, 431
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Ingressando em uma Reunião (pelo Teams)
Ao acessar o Teams e localizar o chat da reunião, o participante poderá ingressar pelo botão “Ingressar agora”.
Na tela inicial, os ajustes preliminares serão apresentados.
É possível ingressar na reunião com a imagem da câmera, ou câmera desligada. É possível também ingressar
na reunião com o áudio do microfone, ou mutado (sem áudio). Em ambos, as Configurações permitem ajustes dos
dispositivos conectados.
O link da reunião será enviado por e-mail para o endereço de correio eletrônico do participante. O participante
pode ingressar na reunião por meio do aplicativo (na área de chat, do lado esquerdo), ou pela tela do navegador
de Internet, ou ainda pelo link de acesso contido na mensagem de e-mail do convite.
Na mensagem também são adicionados links de acesso por e-mail e ID da conferência de VTC (Virtual Teams
Conference). São usados em conexões por telefone convencional, especialmente entre operadoras de telefonia nos
Estados Unidos.
Gravação da Reunião
O organizador (anfitrião) da reunião pode iniciar e parar uma gravação. Outros usuários que pertencem à
mesma organização do anfitrião também poderão iniciar a gravação, que continua mesmo que a pessoa que ini-
ciou a gravação tenha saído da reunião. Os participantes serão informados que a gravação está sendo realizada e
ela para automaticamente quando todos saem da reunião.
Pessoas de fora da organização, convidados e anônimos não podem iniciar ou parar uma gravação de reunião.
Para iniciar a gravação, acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Iniciar gravação e transcrição” e para
finalizar acesse “Mais ações” ou “Mais opções” e clique em “Parar gravação e transcrição”.
Se uma pessoa começar a gravar uma reunião, essa gravação será armazenada na nuvem e estará disponível
para todos os participantes no OneDrive. A gravação não expira, ou seja, não é apagada automaticamente após
um período de tempo, por exemplo.
No começo, eram armazenadas no Microsoft Stream. O motivo da mudança para o OneDrive ou SharePoint
se deu foi por conta do processamento lento do Stream, tornando a gravação disponível apenas depois de certo
tempo, o que não ocorre nos dois aplicativos mais modernos. Vale notar que apenas o proprietário da gravação
pode deletá-la.
No OneDrive, a gravação poderá ser compartilhada com qualquer usuário, mediante link de acesso e permis-
sões. No SharePoint, a gravação poderá ser acessada diretamente por qualquer usuário da organização que tenha
o link de acesso ou participou da reunião.
O que determina o local da gravação da reunião? Se a reunião foi realizada por um canal (entre membros da
instituição), ela estará salva no SharePoint. Se for uma simples reunião, ela será armazenada no OneDrive.
A gravação da reunião poderá ser acessada nas guias da reunião, exibidas na parte superior da janela, que
contém o chat de conversas, Arquivos, Detalhes, Anotações, Quadros de Avisos, e Gravações.
Teclas de Atalhos
No aplicativo Desktop instalado no computador e no acesso por meio do navegador de Internet, alguns atalhos
432 de teclado poderão ser usados durante a operação do Microsoft Teams.
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Confira as principais (todas as teclas de atalhos estão disponíveis na página da Microsoft):
No item “Configurações e muito mais”, localizado no canto superior da barra de títulos do Microsoft Teams,
você poderá ver os atalhos de teclado na tela do aplicativo, para consulta rápida.
Configurações
Zoom (100%)
Atalhos do teclado
Sobre
Verificar atualizações
Baixar o aplicativo móvel
Importante!
O Microsoft Teams é um tema novo em concursos públicos e também é um recurso extremamente prático
INFORMÁTICA
semelhante ao WhatsApp, em que muitas pessoas aprendem usando. Portanto, fica a sugestão: instale e use
um pouco o Microsoft Teams para se familiarizar com o aplicativo.
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A sincronização referencial (arquivos sob deman-
ONEDRIVE da) mantém o item online (50 MB na nuvem) e apenas
um link armazenado localmente. Quando o link é acio-
ARMAZENAMENTO E COMPARTILHAMENTO DE nado, o arquivo será transferido e exibido localmente.
ARQUIVOS Para saber qual item está online e/ou local, basta
olhar para o ícone do item.
O Microsoft One Drive é o serviço de armazena-
mento de dados na nuvem da Microsoft e a unificação
dos serviços SkyDrive, Windows Live Folder e Windo-
ws Live SkyDrive.
O usuário que possui uma conta Microsoft, pessoal
ou corporativa, gratuita ou paga, poderá usar o espa-
ço de armazenamento de dados online para gravar
arquivos e pastas, compartilhar o acesso, permitir a
edição, colaboração e exclusão de itens. Fonte: Nishimura, 2022.
O Microsoft OneDrive é um serviço associado ao
Windows 10 e Windows 11, ou seja, serão armazena- z Pasta de Trabalho.xlsx: está armazenado local-
das localmente em uma pasta de arquivos as cópias mente e sincronizado com a nuvem;
dos itens que estiverem armazenados na nuvem. z Apresentação1.pptx: está armazenado apenas na
Ao adquirir uma licença de uso do Microsoft 365 nuvem;
(Office 365), um espaço de armazenamento no Micro- z Documento.docx: está armazenado localmente,
soft OneDrive será disponibilizado para a conta. O sincronizado com a nuvem e compartilhado com
espaço de armazenamento varia de acordo com cada outros usuários;
configuração do usuário. Confira na tabela a seguir. z Simulado.pdf: está armazenado apenas na nuvem
e compartilhado com outros usuários.
ESPAÇO OBSERVAÇÃO
Entre suas vantagens, temos:
Promocional:
Conta pessoal
100 GB por dois z Acesso em praticamente qualquer lugar. Basta
gratuita
5 GB anos usar um dispositivo com acesso à Internet;
OneDrive Basic
OneDrive Stan- z Fazer backup e proteger. Sincronização das fotos
5 GB
dalone 100GB da câmera do smartphone e itens armazenados
nas pastas monitoradas pelo aplicativo OneDrive;
Conta corporativa z Compartilhamento e colaboração. Compartilhar
Até 1 TB –
(Microsoft 365) itens para visualização, revisão ou edição, com
Para cada conta controle total ou modo visitante, com senha de
Conta assinada acesso ou data de expiração do compartilhamento.
(Microsoft 365
(Microsoft 365 Até 1 TB
Family), totali-
Personal)
zando 6 TB Dica
O aplicativo local do OneDrive no Windows pode
armazenar o item ou somente um atalho para o
Importante! item na nuvem, que será transferido por deman-
Para usar o Microsoft OneDrive, você não precisa da quando executado.
ter uma conta Microsoft. Você poderá associar
uma conta pessoal ou corporativa Microsoft, Compartilhamento
além de contas de outros domínios (como o
Gmail) e acessar o OneDrive sem login, através
de links compartilhados publicamente.
434
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título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ao selecionar o item “Compartilhar”, o usuário Nas edições corporativas e estudantis, é pelo Share-
tem acesso a um diálogo a partir do qual poderá defi- Point (além do OneDrive).
nir como será o compartilhamento combinando as Nas edições corporativas e estudantis, o OneDrive
opções. Observe a imagem abaixo. é usado para arquivos em geral, que serão comparti-
lhados com outros usuários externos, e o SharePoint
z Qualquer pessoa com o link pode editar (fazer é usado para arquivos compartilhados com os mem-
alterações): os usuários que acessam o link edi- bros da equipe (que devem pertencer à mesma insti-
tam o documento online; tuição). Ele não está disponível para edição Office 365
z Qualquer pessoa com o link pode exibir (não é doméstica.
possível fazer alterações): os usuários que aces- O OneDrive é voltado para o compartilhamento de
sam o link apenas visualizam o documento onli- arquivos via Internet, enquanto o SharePoint é vol-
ne, sendo possível transferir uma cópia para o seu tado para o compartilhamento de arquivos via Intra-
dispositivo; net (e Internet). O SharePoint utiliza de tecnologia de
nuvem híbrida, para permitir este compartilhamento
em todas as redes.
Observe a imagem abaixo.
Organização Pública
Híbrida
Privada
Organização X
Organização Y Comunitária
Organização Z
Importante!
O link compartilhado tem um endereço encurta-
do como um aliases (apelido). O usuário convi-
dado a acessar o item receberá um link do tipo
https://1drv.ms em referência ao serviço 1 One
drv Drive ms Microsoft.
INFORMÁTICA
MICROSOFT SHAREPOINT
2. (VUNESP — 2022) A Área de Transferência do MS-Win- Caso, a seguir, o usuário clique no botão denominado
dows 10, em sua configuração padrão, permite que Tachado, do grupo Fonte, guia Página Inicial, a aparência
o conjunto de aplicativos do MS-Office 2016 possa dessa mesma palavra ficará da seguinte forma:
copiar itens de documentos do Office, e os cole em
outro documento do Office. a) CLARAS
b) claras
Em relação à quantidade máxima de itens que podem c) claras
ser copiados na Área de Transferência, tem-se que ela d) claras
e) claras
a) é maior ou igual 100 e inferior a 1 000 itens.
b) depende do tamanho da memória do computador. 6. (VUNESP — 2022) Deseja-se, em um documento cria-
c) é maior ou igual a 20 e inferior a 100 itens. do no editor de texto MS-Word 2016, em português e
d) depende do tamanho do disco do computador. em sua configuração padrão, criar colunas. Por meio
e) é maior ou igual a 1 000 itens. do botão Colunas, acessível no grupo Configurar Pági-
na da guia Layout, na janela que se abre ao se escolher
3. (VUNESP — 2021) Um usuário de um computador “Mais colunas...”, pode-se utilizar recursos práticos
com o sistema operacional MS-Windows 10, em sua para a configuração das colunas.
configuração padrão, deseja criar uma nova pasta na
Área de Trabalho. Dois desses recursos diretamente disponíveis são:
Uma das formas de criar essa pasta é com o mouse, a) Linha entre colunas e Colunas de mesma largura.
em sua configuração padrão, selecionar b) Marca d’água das colunas e Cor de fundo das colunas.
c) Estilo de borda das colunas e Animação de fundo das
a) um espaço vazio na Área de Trabalho, pressionar o colunas.
seu botão direito e, na janela que surge na tela, sele- d) Cor de fundo das colunas e Espessura de borda das
cionar o Explorador de Arquivos e selecionar a opção colunas.
Criar nova pasta. e) Largura das colunas e Visualização das colunas em
b) o Explorador de Arquivos e selecionar a opção Criar 3D.
nova pasta e, em seguida, selecionar Área de Trabalho.
c) o Explorador de Arquivos e selecionar a opção Área de 7. (VUNESP — 2022) Por meio do MS-Word 2016, em sua
Trabalho e, em seguida, selecionar Criar pasta. configuração padrão, um psicólogo preparou um lau-
d) um espaço vazio na Barra de Ferramentas, pressionar do de avaliação psicológica, primeiro digitando o texto
o seu botão esquerdo e, na janela que surge na tela, e, em seguida, aplicando as seguintes 3 formatações,
selecionar Nova Pasta. na sequência especificada.
436
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I. Aplicou alinhamento justificado em todo o texto. a) configurar uma marca d´água no documento a ser
II. Marcou alguns trechos de texto em negrito. impresso.
III. Criou uma lista numerada. b) inserir numeração de páginas no documento a ser
impresso.
Os tipos de formatação a que se referem os itens I, c) imprimir somente as páginas e/ou intervalo de pági-
II e III são, respectivamente, encontrados nos grupos nas digitadas no quadro “Páginas:”.
, e da guia Página Inicial. d) colocar uma cor de fundo no documento a ser impresso.
e) inserir data de impressão no documento a ser impresso.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
vamente, as lacunas do enunciado. 11. (VUNESP — 2022) No editor de planilha eletrônica
MS-Excel 2016 (em português e em sua configuração
a) Fonte … Parágrafo … Fonte padrão), pode-se inserir diversos tipos de gráficos.
b) Parágrafo … Parágrafo … Fonte
c) Fonte … Fonte … Parágrafo Três desses tipos são:
d) Fonte … Fonte … Fonte
e) Parágrafo … Fonte … Parágrafo a) Colunas, Linhas e Diagonais.
b) Dispersão, Convergência e Caótica.
8. (VUNESP — 2022) Um assistente social, redigindo um c) Ações, Ferramentas e Suplementos.
documento por meio do MS-Word 2016, em sua configu- d) Pizza, Barras e Área.
ração padrão, aplicou várias opções de formatações. e) Superfície, 3D e 4D.
Assinale a alternativa que apresenta apenas ícones de 12. (VUNESP — 2022) A planilha a seguir foi elaborada por
formatação de parágrafo, encontrados no grupo Pará- meio do MS-Excel 2016, em sua configuração padrão.
grafo da guia Página Inicial.
A B
a) 1 Mês Atendimentos
2 Janeiro 30
b)
3 Fevereiro 40
4 Março 25
c)
5 Abril 23
6 Maio 38
d)
7 Junho 20
8
e)
O valor exibido na célula A8, após esta ser preenchida
com a fórmula =MAIOR(B2:B7;2) será:
9. (VUNESP — 2021) Um usuário do MS-Word 2016, em
português e na sua configuração padrão, selecionou a) 38
uma palavra de um parágrafo que estava com estilo b) 30
normal de fonte. A seguir, com essa palavra selecio- c) 40
nada, escolheu, na guia Página Inicial, grupo Fonte, d) 20
um efeito de fonte que deixou essa palavra com letras e) 25
bem pequenas acima da linha de texto.
13. (VUNESP — 2021) No MS-Excel 2016, em português
O efeito selecionado foi o e na sua configuração padrão, elaborou-se a seguinte
planilha, contendo as atividades a serem desenvolvi-
a) Sobrescrito. das em uma empresa, as descrições dessas ativida-
b) Subscrito. des e o responsável por cada atividade.
c) Tachado.
d) Todas em maiúsculas.
e) Versalete.
INFORMÁTICA
a) Ctrl + F 1 E
b) Ctrl + B
2 C
438 c) Ctrl + L
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3 E
4 D
5 D
6 A
7 E
8 D
9 A
10 C
11 D
12 A
13 B
14 D
15 A
16 B
17 A
18 C
19 E
20 E
ANOTAÇÕES
INFORMÁTICA
439
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ANOTAÇÕES
440
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RACIOCÍNIO LÓGICO
AVALIAR A HABILIDADE DO(A) CANDIDATO(A) EM ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA
DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS
FICTÍCIOS
Neste tipo de conteúdo, intitulado Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas
e eventos fictícios, você notará a presença de situações diversas do mundo real, nas quais, a partir de um con-
junto de hipóteses, ou seja, informações previamente conhecidas, será requisitada uma informação implícita ao
problema.
Os enunciados irão fornecer o mínimo possível de afirmações sobre os objetos de estudo, sejam frases de
negação, do tipo: “Maria não é a mais nova”, ou, ainda, afirmações, como “João é o mais velho.” Você perceberá,
também, que frases de afirmação te dão mais conclusões do que frases negativas, uma vez que, no primeiro tipo,
as relações são mutuamente excludentes, ou seja, em um mesmo problema, se João é o mais velho, então ele não
é o mais novo e não há nenhuma outra pessoa mais velha do que ele.
Como, muitas vezes, os enunciados trazem uma gama de informações, recomenda-se o uso de uma tabela sim-
ples que deve ser preenchida de acordo com as interpretações do problema. Cabe ressaltar, ainda, que a tabela
não será completamente preenchida logo no primeiro momento, no qual o uso da interpretação será necessário
para finalização dos exercícios.
Acompanhe os exemplos a seguir e perceba a construção da tabela com os indivíduos do problema e suas
possíveis características.
1. (CONSULPLAN — 2021) Adriana, Bruna e Cléo são professoras em uma escola pública e lecionam as disciplinas de
português, matemática e ciências, mas não necessariamente nessa ordem. Verificando a idade das três, a professora
de português, que é prima de Bruna, é a mais nova. Além disso, considere que a professora de ciências é mais nova do
que Cléo. Nesse contexto, é necessariamente correto afirmar que:
Primeiramente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema:
1º: Foi dito que a professora de português é prima de Bruna e é a mais nova dentre as três, logo, podemos marcar
com um “x” as lacunas que relacionam Bruna com as características de professora de português e ser a mais
nova, já que não são características dela, mas sim de sua prima.
2º: Como o problema diz que a professora de ciências é mais nova do que Cléo, sabemos então que Cléo também
não é professora de ciências e não é a mais nova. Isso nos leva ao fato de que se nem Bruna nem Cléo são as mais
novas, então Adriana que é.
3º: Portanto, como a professora mais nova é também professora de português, temos que Adriana é a professora
de português.
4º: Com isso, já podemos completar os espaços da tabela e analisar as alternativas da questão. Note que as
lacunas em destaque são frutos das interpretações apresentadas nos passos anteriores.
CLÉO X X V X V X
“Cléo é professora de português.”: Não é uma afirmação correta, pois ela é de matemática.
“Bruna é a professora mais velha.”: Não é uma afirmação correta, pois Bruna é a do meio.
“Adriana é professora de português.”: É uma afirmação correta, como vimos na tabela.
“Cléo não é professora de matemática.”: Não é uma afirmação correta como vimos na tabela. Resposta: Letra D.
2. (FUNRIO — 2012) Os carros X, Y e Z possuem 100, 110 e 150 cavalos de potência, não necessariamente nessa ordem.
Sabe-se que um deles é de fabricação nacional e que os outros dois são importados, sendo um de fabricação alemã e
o outro de fabricação japonesa. Porém não se sabe qual a correta associação entre carros e países de fabricação. No
entanto, sabe-se que: o carro X possui 100 cavalos de potência; o carro que possui 150 cavalos de potência é de fabrica-
ção alemã; o carro que possui 110 cavalos de potência não é nacional; e que o carro Y não é de fabricação japonesa. 441
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Qual o país de fabricação e a potência do carro Y?
Primeiramente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema. Note que as
marcações nas lacunas em destaque se referem às informações retiradas a partir do enunciado.
1º: Se o carro de 150 cavalos é alemão e o de 110 não é nacional, então o de 110 cavalos só pode ser japonês.
2º: Se o carro Y não é japonês e o carro X tem 100 cavalos, então o alemão de 150 cavalos será o carro Y.
X V X X V X X
Y X X V X V X
Z X V X X X V
3. (FUNRIO — 2012) André, Paulo e Raul possuem 30, 35 e 40 anos de idade, não necessariamente nessa ordem. Eles são
engenheiro, médico e psicólogo, porém não se sabe a correta associação entre nomes e profissão. Sabe-se, porém,
que André não tem 40 anos de idade nem é engenheiro, que Paulo possui 35 anos de idade, que Raul não é médico, e
que o médico não possui 30 anos de idade.
Novamente, podemos dispor uma tabela simples com as características principais do problema. Perceba
que as marcações nas lacunas em destaque se referem às informações retiradas a partir do enunciado.
1º: Se André não tem 40 anos de idade e Paulo possui 35, então sobra apenas a idade de 30 anos para André.
2º: Se André não é engenheiro e o médico não tem 30 anos, então sobra apenas a profissão de psicólogo para
André.
3º: Se Raul não é médico e André é psicólogo, então Raul é engenheiro, portanto, Paulo é médico.
ANDRÉ V X X X X V
RAUL X X V V X X
PAULO X V X X V X
Respectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul é psicólogo, médico e engenheiro. Resposta: Letra B.
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – verdadeiro ou falso. Quando temos uma declaração verdadeira,
o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F).
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PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES Exemplo: Que lindo cabelo!
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que sentam percepções subjetivas;
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Ex.: Paula vai à praia. Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci-
samos de três requisitos fundamentais:
Uma ordem não pode ser classificada como verda-
deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos;
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen-
tando uma situação, um fato; sição lógica.
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa: Não são proposições – perguntas, exclamações e
ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro ordens.
ou o valor lógico falso para a declaração. Temos um outro caso menos cobrado em provas,
mas que também não é proposição lógica, sendo o
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen- paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição seguir:
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma Ex.: Esta frase é uma mentira.
informação completa (temos o sujeito claro na oração) Quando atribuímos um valor de verdade para a
e podemos afirmar se é verdade ou falsa.
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso,
Importante! então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira
e já sabemos que isso é falso.
Proposição Lógica é uma oração declarativa que Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
admite apenas um valor lógico: V ou F. resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a
Ou então podemos também esquematizar o que é definição de um paradoxo.
uma proposição lógica assim:
Chama-se proposição toda sentença declarativa SENTENÇA ABERTA
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- Dizemos que uma sentença é aberta quando não
mente com o sentido completo (caráter informativo). conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo a seguir:
Verdadeira Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
Sentença mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Ou Sentido
Declarativa Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa
completo
informação não consegue ser completa e por isso temos
mais um caso que não é proposição lógica. Observe
Falsa
outros exemplos:
Obrigatório
X + 5 = 10
Verbo
Aquele carro é amarelo.
Toda proposição pode ser representada simbolica-
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo: 5+5
X – Y = 20
z p: Sabino é um pintor esperto;
z r: Kate é uma mulher alta. Todos os exemplos acima são sentenças abertas,
então podemos resumir da seguinte forma:
Na situação temos duas proposições sendo repre- As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
sentadas pelas letras p e r. cas (X ou Y) tornam a sentença aberta.
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições Sempre será uma proposição lógica na escrita
RACIOCÍNIO LÓGICO
lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são pro- matemática e podemos notar que há verbos nos casos
posições. Isto é fundamental, pois várias questões de a seguir:
prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
algumas frases e você precisa identificar qual delas
z = (é igual);
não é uma proposição. Vejamos os casos em que mais
z ≠ (é diferente);
aparecem:
z > (é maior);
� Perguntas: são as orações interrogativas. z < (é menor);
Exemplo: Que horas vamos ao cinema? z ≥ (é maior ou igual);
Essa pergunta não pode ser classificada como ver- z ≤ (é menor ou igual);
dadeira ou falsa;
� Exclamações: são frases exclamativas. 443
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Esquematizando o que não são proposições lógicas: p v q;
p → q;
Sentenças Interrogativas(?) p ⟷ q.
z Sabino corre e Marcos compra leite; Trata-se de uma tabela na qual conseguimos
z O gato é azul ou o pato é preto; apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar. proposição.
Cada conectivo tem sua representação simbólica e Números de Linhas de Tabela Verdade
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA las verdade para proposições compostas.
z Na linguagem simbólica:
z 3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira
p ^ q; coluna fazendo o agrupamento pela metade do
444 p v q; número de linhas da tabela.
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Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
P Q P^Q
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
V V V
P Q PVQ V F F
V F V F
V F F F
F F
P Q PVQ
V V F
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- V F V
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógicos. F V V
Número de linhas da tabela verdade: F F F
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren- Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()
der todas as combinações lógicas possíveis para cada
conectivo lógico. Teremos resposta verdadeira quando os valores
lógicos envolvidos forem iguais.
Negação (~P)
P Q PQ
Uma proposição, quando negada, recebe valores
V V V
lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
V F F
que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
F V F
P ~P F F V
V F
Conectivo Condicional “se..., então” (→)
F V
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
Dupla Negação ~(~P) do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
dicional só tem uma possibilidade de tal ocorrência
A dupla negação nada mais é do que a própria pro- Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
posição. Isto é, ~(~P) = P do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.
P ~P ~(~P) P Q P→ Q
RACIOCÍNIO LÓGICO
V F V V V V
F V F V F F
F V V
Conectivo Conjunção “e” (^) F F V
Só teremos uma resposta verdadeira quando todos Condicional falsa: Vai Ficar Falsa
os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros.
VF=F
445
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TAUTOLOGIA CONECTIVOS LÓGICOS
F V V Tabela de Conectivos
CONTINGÊNCIA Exemplo:
Sempre que uma proposição composta recebe Na linguagem natural: Maria é bailarina ou
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente- Juliano é atleta;
mente dos valores lógicos das proposições simples Na linguagem simbólica: p v q.
componentes, dizemos que a proposição em questão é
uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda- z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda- representação simbólica é: v.
deiros e alguns falsos.
Exemplo:
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
contingência, conforme a tabela verdade.
Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
do ou a raposa é lenta;
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q) Na linguagem simbólica: p v q.
V V F F F
z Condicional (conectivos “se, então”): Sua repre-
V F V V V sentação simbólica é →.
F V F V V
F F F V V Exemplo:
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Exemplo:
IDENTIFICA AS REGULARIDADES DE
Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e UMA SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU
somente se ele receber dinheiro;
FIGURAL, DE MODO A INDICAR QUAL É
Na linguagem simbólica: p⟷q.
O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO
z Negação: Uma proposição quando negada, recebe
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
valores lógicos opostos dos valores lógicos da pro-
posição original. O símbolo que iremos utilizar é Esse tema é cobrado de uma maneira que pode
¬p ou ~p. parecer como também pode ser complicado. Desco-
brir a lei de formação ou padrão da sequência é o seu
Exemplos: principal objetivo, pois nas questões sobre sequên-
cias/raciocínio sequencial, você será apresentado a
p: O gato é amarelo; um conjunto de dados dispostos de acordo com algu-
~p: O gato não é amarelo; ma “regra” implícita, alguma lógica de formação. O
q: Raciocínio Lógico é difícil; desafio é exatamente descobrir essa “regra” para,
~q: É falso que raciocínio lógico é difícil; com isso, encontrar outros termos daquela mesma
r: Maria chegou tarde em casa ontem; sequência.
~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em Veja o exemplo abaixo:
casa ontem.
2, 4, 6, 8,...
z O termo que buscamos é o da décima posição, isto z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
decrescente.
é, a10;
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;
z O termo inicial é 1, logo a1 = 1;
z n, ou seja, a posição que queremos é a de número
z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
10: n = 10
iguais.
Logo,
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
an = a1 + (n– 1)r
Dica
a10 = 1 + (10 – 1)2
PA crescente: se r > 0;
a10 = 1 + 2 × 9 PA decrescente: se r < 0;
a10 = 1 + 18 PA constante: se r = 0.
a1 # (0 - 1) a) +30.
S∞ = b) +60.
q-1 c) –30.
d) –60.
a1 e) –90.
S∞ =
1-q
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Dica y² = (y + 30) × (y - 60)
Em uma progressão geométrica, o quadrado do y² = y² -60y +30y -1800
termo do meio é igual ao produto dos extremos. y² - y² +60y -30y = -1800
30y = -1800
{a1, a2, a3} (a2)2 = a1 × a3
y = -1800/30
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} y = -60
82 = 4 × 16 Resposta: Letra D.
64 = 64.
SEQUÊNCIA COM FIGURAS E DE PALAVRAS
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas. Não há teoria específica para esse assunto, mas
vamos responder alguns exercícios para pegarmos o
1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- jeito das questões que envolvem sequências com figu-
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão ras e de palavras. É assim o modo que se aprende esta
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR- matéria.
RETO afirmar que o valor de q é igual a: Mãos à obra:
LOGICALOGICALOGICALOGICA...
ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE
A 2020ª letra dessa sequência é ARGUMENTAÇÃO
a) C ESTRUTURA LÓGICA
b) A
c) L A negação com o Conectivo “não”
d) O
e) I Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos,
Temos o ciclo “L O G I C A” com 6 elementos. Agora isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
basta dividir a posição 2020 pela quantidade de ele- e vice-versa. Exemplo:
mentos do ciclo. Veja: p: Matemática é difícil.
2020 / 6 = 336 + resto 4 (~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
Ou seja, temos 336 ciclos completos mais 4
elementos: Outras maneiras que podemos usar para negar
Resto 1 = L uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro-
Resto 2 = O vas de concursos são:
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resto 3 = G
Resto 4 = I (Gabarito) z Não é verdade que matemática é difícil;
Resposta: Letra E. z É falso que matemática é difícil.
p ⊻ q.
p ⟷ q. A B
DIAGRAMAS LÓGICOS
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há Veja que margaridas e Margaridas são termos
contato de alguns elementos de A com B equívocos. Não respeitamos esta regra, porque esse
silogismo tem 4 termos. O termo margaridas está
Veja que em todas as representações o conjunto empregado em 2 sentidos, valendo por 2 termos;
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda- z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na con-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate- clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: Exemplos: 453
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Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não distribuído);
Os portugueses não são espanhóis;
Logo, os portugueses não são inteligentes.
z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:
Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);
z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:
z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:
Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando!
REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas negativas, nada se conclui
médio e menor
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu-
z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
são negativa
que os termos das premissas
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca
z O termo médio não pode entrar na conclusão
z De duas premissas particulares, nada se conclui
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez
VERDADES E MENTIRAS
Estamos diante de um assunto bem interessante, pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a um
caso onde várias pessoas afirmam certas situações e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas tam-
bém há aquela que só mente. Então, o seu dever é entender o que o enunciado está querendo e achar quem são
454 os mentirosos e verdadeiros.
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Em algumas questões, você terá que fazer um teste a) Lucas.
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis- b) Sandro.
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência c) Rogério.
entre as informações, sua suposição estará correta e d) Vitor.
você conseguirá achar quem está falando a verdade e) Paulo.
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
tipo de questão praticando bastante. Se um estiver falando a verdade, outro está mentindo.
Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as
1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três demais frases são verdadeiras. Assim, analisando
irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu as afirmações, percebemos que a frase de Rogério
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação. (que é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi
Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles Paulo. Resposta: Letra E.
quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
cada um. 3. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
nota que um deles não entregou sua parte, consegue
Sabendo que somente um dos três falou a verdade, detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que do as seguintes alegações:
disse a verdade são, respectivamente,
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
a) Huguinho e Luizinho. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
b) Huguinho e Zezinho. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
c) Zezinho e Huguinho. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
d) Luizinho e Zezinho. V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
e) Luizinho e Huguinho.
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
mações contraditórias, pois numa contradição
haverá uma “verdade e mentira”. a) Arnaldo.
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos b) Belarmino.
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- c) Cleocimar.
mações contraditórias: d) Dionésio.
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se e) Ercílio.
contradizem.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que- o que diz Dionésio e Ercílio:
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
para quem não está na contradição). IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
ele quebrou o vaso. a verdade:
Eliminamos as letras C, D e E. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
Luizinho falando a verdade. a verdade e disse que foi o Ercílio.
Resposta: Letra A. Resposta: Letra E.
RACIOCÍNIO LÓGICO
2. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS
Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
uma pessoa. Na delegacia:
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre
z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério; os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos
z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas; agora resolver algumas questões que envolvem pro-
z Rogério disse que tinha sido Paulo; blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria,
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor; pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso. já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo resolver questões para entendermos como são cobra-
assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi das em provas. 455
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1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos remos interessados em verificar se eles são válidos ou
uma das duas opções e que ninguém disse que não inválidos. Então, passemos a seguir a entender o que sig-
gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e nifica um argumento válido e um argumento inválido.
filmes ao mesmo tempo?
Argumentos Válidos
a) 110.
b) 130. Também podem ser chamados de argumentos
c) 150. bem-construído ou legítimo.
d) 170. Para que o argumento seja válido, não basta que
e) 190. a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
Temos uma questão que relaciona os conceitos de ou seja, quando a conclusão é uma consequência
conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos necessária das premissas, dizemos que o argumento
somar todos os valores e descontar do total. Fica: é válido.
Total = 320. Vamos analisar o exemplo:
Séries = 256.
Filmes = 194. z p1: Todo padre é homem;
Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de z p2: José é padre;
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B. z c: José é homem.
2. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra- Quando temos argumentos utilizando os quantifi-
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana cadores lógicos, representamos por meio dos diagra-
chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana. mas lógicos para saber a validade de um argumento.
Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço. Veja que temos uma proposição do tipo Todo A é B,
A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no logo:
serviço nesse dia foram:
Homem
a) Bete, Ana e Carol.
b) Bete, Carol e Ana.
c) Ana, Carol e Bete. Padre
d) Ana, Bete e Caro.
e) Carol, Bete e Ana.
José
Ana chegou depois de Bete Então, Ana não foi a
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
Carol chegou antes de Ana Se Carol chegou antes
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A. Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
Carol não foi a primeira a chegar no serviço. Já ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
alternativa E. um padre não ser homem, podemos afirmar que José
Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana. também é homem, como afirma nossa conclusão.
Resposta: Letra B. Logo, o argumento é válido.
Vamos analisar agora um argumento usando
3. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a devemos usa o seguinte lembrete:
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con-
clui-se que: z Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
premissas são verdadeiras;
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. z Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios. conectivo envolvido no argumento;
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante. z Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola. valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios. mento é válido.
Patrícia
Não Deu Argumento
Erro Inválido
Não gostam de chocolate
457
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d) Se não tenho um dia produtivo, então não acordei
HORA DE PRATICAR! cedo e não me alimentei.
e) Se tenho um dia produtivo, então acordei cedo ou me
1. (VUNESP — 2022) Uma equivalente lógica para a afir- alimentei.
mação – Se o dia foi corrido, então trabalhei muito –
está contida na alternativa: 6. (VUNESP — 2021) Uma afirmação equivalente à afir-
mação ‘Se Alice estuda, então ela faz uma boa prova,
a) Se não trabalhei muito, então o dia não foi corrido. e se Alice estuda, então ela não fica triste’ é
b) O dia não foi corrido e trabalhei muito.
c) Se trabalhei muito, então o dia foi corrido. a) Se Alice estuda, então ela não faz uma boa prova ou
d) Se o dia não foi corrido, então não trabalhei muito. ela fica triste.
e) O dia foi corrido e não trabalhei muito. b) Se Alice fica triste e não faz uma boa prova, então ela
não estuda.
2. (VUNESP — 2022) Considere a seguinte proposição: c) Se Alice estuda, então ela faz uma boa prova e ela não
fica triste.
“Cláudia é advogada se, e somente se, Paulo é assis- d) Alice estuda e ela faz uma boa prova e não fica triste.
tente social.” e) Alice não estuda, e ela faz uma boa prova ou não fica
triste.
Assinale a alternativa que contém uma negação lógica
para a proposição dada. 7. (VUNESP — 2022) Considere falsa a proposição “Se
João é engenheiro, então José é juiz e Pedro é advo-
a) Se Paulo não é assistente social, então Cláudia não é gado”. Do ponto de vista do raciocínio lógico, é neces-
advogada. sariamente verdadeiro:
b) Ou Paulo é assistente social ou Cláudia é advogada.
c) Cláudia é advogada e Paulo não é assistente social. a) José não é juiz.
d) Paulo é assistente social e Cláudia não é advogada. b) João é engenheiro.
e) Cláudia não é advogada se, e somente se, Paulo não é c) João não é engenheiro.
assistente social. d) José é juiz.
e) Pedro não é advogado.
3. (VUNESP — 2022) Uma equivalente lógica para a pro-
posição “Se eu me cuido, então sou saudável” está 8. (VUNESP — 2022) Se Cristiano está fazendo este con-
contida na alternativa: curso ou Valéria é funcionária pública, então Cristiano
estudou ou Valéria tem curso superior completo. Se
a) Eu não me cuido e não sou saudável. Cristiano estudou, então Mirian não é advogada. Se
b) Se sou saudável, então eu me cuido. Valéria tem curso superior completo, então ela prestou
c) Eu não me cuido ou sou saudável. algum vestibular.
d) Sou saudável e eu não me cuido.
e) Eu me cuido e sou saudável. Sabendo que Valéria nunca prestou vestibular e que
Mirian é advogada, conclui-se, corretamente, que
4. (VUNESP — 2021) Considere as proposições p e q, em
que: p: o dia está ensolarado e a temperatura é baixa. a) Valéria não tem curso superior completo e é funcioná-
q: é inverno. ria pública.
b) Cristiano não estudou e está fazendo esse concurso.
A negação da condicional p → q está corretamente c) Cristiano estudou ou Valéria é funcionária pública.
representada por: d) Se Valéria não é funcionária pública, então Cristiano
estudou.
a) Se o dia não está ensolarado ou a temperatura não e) Cristiano não está fazendo esse concurso e Valéria
está baixa, então não é inverno. não é funcionária pública.
b) Se o dia não está ensolarado ou a temperatura não
está baixa, então é inverno. 9. (VUNESP — 2021) Um trabalho foi feito por pelo menos
c) Se o dia não está ensolarado e a temperatura não está um dentre quatro alunos. O professor, que conhece o
baixa, então é inverno. estilo desses alunos, sabe que se Hosana não fez o
d) O dia não está ensolarado ou a temperatura não é bai- trabalho, então Iago fez. Ou Gabriela, ou Iago, fez o tra-
xa e é inverno. balho, mas não ambos. Jeremias fez o trabalho se e
e) O dia está ensolarado e a temperatura é baixa e não é somente se Gabriela não fez.
inverno.
Jeremias contou ao professor que ele não pode participar
5. (VUNESP — 2021) Uma proposição equivalente a “Se desse trabalho, logo fez (fizeram) esse trabalho apenas
acordei cedo e me alimentei, então tenho um dia pro-
dutivo” é a proposição: a) Gabriela e Hosana.
b) Gabriela e Iago.
a) Não tenho um dia produtivo e não acordei cedo e não c) Hosana e Iago.
me alimentei. d) Hosana.
b) Tenho um dia produtivo e não acordei cedo e não me e) Iago.
alimentei.
c) Se não tenho um dia produtivo, então não acordei
cedo ou não me alimentei.
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10. (VUNESP — 2021) Sabe-se que das afirmações a d) Ninguém erra e merece uma segunda chance.
seguir, apenas a afirmação (III) é falsa. e) Existe quem não erra e não merece uma segunda
chance.
I. Em um mesmo dia, ou João corre 10 km ou João pra-
tica meditação. 14. (VUNESP — 2021) Considere as afirmações:
II. Se João corre 10 km, então ele fica o dia todo bem
humorado. I. Não existe mecânico que não goste de carro.
III. Ontem João estava bem humorado. II. Alguns funileiros gostam de carro.
IV. No dia em que João pratica meditação, ele não conver-
sa com ninguém. A partir dessas afirmações, é correto concluir que
Sendo assim, é correto concluir que ontem João a) alguns funileiros são mecânicos.
b) se José gosta de carro, então José é funileiro.
a) correu 10 km. c) se Carlos não gosta de carro, então Carlos não é mecânico.
b) correu 10 km ou não praticou meditação. d) qualquer mecânico é funileiro.
c) não estava bem humorado e conversou com alguém. e) quem gosta de carro é mecânico ou funileiro.
d) não conversou com ninguém.
e) não estava bem humorado e correu 10 km. 15. (VUNESP — 2021) Observe o diagrama a seguir.
20 E
19. (VUNESP — 2021) A sequência a seguir foi criada com
um padrão. Os números seguidos por um espaço tra-
cejado são antecedidos por uma vogal, e o número
antecedido por um espaço tracejado é seguido por
uma vogal. ANOTAÇÕES
1A2E3I4O5U6A7E8I9O10U11A12E ... 35_ ... 41_ ... 59_
... 67_ ... _70 ... E98I99O100
a) UAOEO
b) UAIEO
c) EAIUO
d) UAEIO
e) AUIEI
a) 14.
b) 18.
c) 16.
d) 20.
e) 17.
9 GABARITO
1 A
2 B
3 C
4 E
5 C
6 C
7 B
8 E
9 A
10 D
11 C
12 C
13 B
460
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