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CÂMARA DE SÃO PAULO

Técnico Legislativo - Sem especialidade

NV-011OT-23-CAMARA-SP-TEC-LEG-SEM-ESP
Cód.: 7908428806651
Obra

CÂMARA DE SÃO PAULO


Técnico Legislativo - Sem especialidade

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro, Monalisa Costa e Paloma
Leite

REDAÇÃO DISCURSIVA • Nelson Sartori

RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO • Edson Júnior, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

CONHECIMENTOS GERAIS • Fernando Nishimura, Fernando Zantedeschi e Marcio Ferreira Neves

ISBN: 978-65-5451-241-1

Edição: Outubro/2023

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro
foi organizado de acordo com o Edital Normativo de Concur-
so Público nº 03/2023 para o cargo de Técnico Legislativo: Sem
Especialidade da Câmara de São Paulo.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca FGV, organizadora responsável pelo certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público.

Agora é com você!


SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTO.............................................................................. 11

ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS TEXTOS...................................................................................................13

TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS.......................................................................................................13

MARCAS DE TEXTUALIDADE............................................................................................................. 14

COESÃO E COERÊNCIA.....................................................................................................................................15

INTERTEXTUALIDADE.......................................................................................................................................18

MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA......................................................................................... 21

DESCRIÇÃO........................................................................................................................................................21

NARRAÇÃO........................................................................................................................................................22

EXPOSIÇÃO........................................................................................................................................................23

ARGUMENTAÇÃO..............................................................................................................................................24

INJUNÇÃO..........................................................................................................................................................24

TIPOS TEXTUAIS................................................................................................................................. 25

INFORMATIVO...................................................................................................................................................25

PUBLICITÁRIO E PROPAGANDÍSTICO.............................................................................................................25

NORMATIVO.......................................................................................................................................................25

DIDÁTICO............................................................................................................................................................25

DIVINATÓRIO.....................................................................................................................................................25

TIPOLOGIA DA FRASE PORTUGUESA............................................................................................... 26

ESTRUTURA E PROBLEMAS ESTRUTURAIS DAS FRASES: OPERAÇÕES DE


DESLOCAMENTO, SUBSTITUIÇÃO, MODIFICAÇÃO E CORREÇÃO................................................. 26

PONTUAÇÃO E SINAIS GRÁFICOS...................................................................................................................28

ORGANIZAÇÃO SINTÁTICA DAS FRASES: TERMOS E ORAÇÕES.................................................. 30

ORDEM DIRETA E INVERSA..............................................................................................................................47

TIPOS DE DISCURSO.......................................................................................................................... 47

REGISTROS DE LINGUAGEM.............................................................................................................. 49

Norma Culta...................................................................................................................................................... 49
FUNÇÕES DA LINGUAGEM E ATOS DE COMUNICAÇÃO................................................................. 50

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS...................................................................................... 50

FORMAS DE ABREVIAÇÃO................................................................................................................................54

CLASSES DE PALAVRAS: OS ASPECTOS MORFOLÓGICOS, SINTÁTICOS, SEMÂNTICOS


E TEXTUAIS.......................................................................................................................................... 57

ARTIGOS.............................................................................................................................................................57

NUMERAIS.........................................................................................................................................................57

SUBSTANTIVOS.................................................................................................................................................57

ADJETIVOS........................................................................................................................................................59

ADVÉRBIOS........................................................................................................................................................62

PRONOMES........................................................................................................................................................64

VERBOS..............................................................................................................................................................67

PREPOSIÇÕES...................................................................................................................................................72

CONJUNÇÕES....................................................................................................................................................75

INTERJEIÇÕES...................................................................................................................................................76

MODALIZADORES .............................................................................................................................................76

SEMÂNTICA......................................................................................................................................... 77

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO......................................................................................................................77

ANTÔNIMOS......................................................................................................................................................77

SINÔNIMOS........................................................................................................................................................77

PARÔNIMOS.......................................................................................................................................................77

HIPERÔNIMOS...................................................................................................................................................78

POLISSEMIA E AMBIGUIDADE.........................................................................................................................78

TIPOS DE DICIONÁRIOS E A ORGANIZAÇÃO DE VERBETES..........................................................................78

VOCABULÁRIO.................................................................................................................................... 78

NEOLOGISMOS..................................................................................................................................................78

ARCAÍSMOS.......................................................................................................................................................78

ESTRANGEIRISMOS..........................................................................................................................................78

LATINISMOS......................................................................................................................................................79
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO GRÁFICA......................................................................................... 79

A CRASE.............................................................................................................................................................80

REDAÇÃO DISCURSIVA...................................................................................................89
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO DISCURSIVA.......................................................................................... 89

RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO................................................................... 117


LÓGICA...............................................................................................................................................117

PROPOSIÇÕES.................................................................................................................................................117

CONECTIVOS...................................................................................................................................................118

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS.............................................................................................................................119

QUANTIFICADORES.........................................................................................................................................120

PREDICADOS...................................................................................................................................................122

CONJUNTOS E SUAS OPERAÇÕES.................................................................................................122

DIAGRAMAS.....................................................................................................................................................127

NÚMEROS INTEIROS, RACIONAIS E REAIS E SUAS OPERAÇÕES...............................................130

PORCENTAGEM.................................................................................................................................134

JUROS................................................................................................................................................136

PROPORCIONALIDADE DIRETA E INVERSA...................................................................................139

MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA E TEMPO.............................................140

ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, OBJETOS


OU EVENTOS FICTÍCIOS; DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES
FORNECIDAS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A
ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES..............................................................................................141

COMPREENSÃO E ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUAÇÃO, FORMAÇÃO DE CONCEITOS


E DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS...............................................................................................143

RACIOCÍNIO VERBAL......................................................................................................................................143

RACIOCÍNIO MATEMÁTICO............................................................................................................................143

RACIOCÍNIO SEQUENCIAL..............................................................................................................................143

ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL..........................................................................................................143

COMPREENSÃO DE DADOS APRESENTADOS EM GRÁFICOS E TABELAS.................................143

PROBLEMAS DE CONTAGEM E NOÇÕES DE PROBABILIDADE....................................................145


.
GEOMETRIA BÁSICA........................................................................................................................151

ÂNGULOS.........................................................................................................................................................151

TRIÂNGULOS...................................................................................................................................................153

POLÍGONOS.....................................................................................................................................................153

PROPORCIONALIDADE...................................................................................................................................157

PERÍMETRO......................................................................................................................................................157

ÁREA.................................................................................................................................................................158

NOÇÕES DE ESTATÍSTICA...............................................................................................................160

MÉDIA...............................................................................................................................................................160

MODA................................................................................................................................................................160

MEDIANA..........................................................................................................................................................161

DESVIO PADRÃO..............................................................................................................................................161

PLANO CARTESIANO.......................................................................................................................161

SISTEMA DE COORDENADAS.........................................................................................................................161

DISTÂNCIA.......................................................................................................................................................161

PROBLEMAS DE LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS,


GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS........................................................................................................162

CONHECIMENTOS GERAIS......................................................................................... 189


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE SISTEMA OPERACIONAL (WINDOWS 11)...............................189

EDIÇÃO DE ARQUIVOS (WORD).......................................................................................................191

PLANILHAS (EXCEL) ........................................................................................................................202

GERENCIADORES DE EMAIL (OUTLOOK).......................................................................................219

ORGANIZAÇÃO DE PASTAS/DIRETÓRIOS......................................................................................220

IMPRESSÃO/DIGITALIZAÇÃO..........................................................................................................222

BUSCAS E INSTALAÇÕES DE PROGRAMAS..................................................................................224

NOÇÕES DE SEGURANÇA................................................................................................................225

ARMAZENAMENTO NAS NUVENS.................................................................................................................228

CONEXÕES.........................................................................................................................................232
VIDEOCONFERÊNCIA (PRINCIPAIS APLICAÇÕES PARA REUNIÕES/PALESTRAS/CURSOS
REMOTOS).........................................................................................................................................232

PESQUISA NA WEB (CONFIABILIDADE, BUSCADORES)...............................................................236

LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO..............................................................................237

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO...............................................258


Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
texto nas linhas apresentadas.

LÍNGUA PORTUGUESA Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”


para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
perceptível quando identificamos como o raciocínio dele
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da aná-
TEXTO lise de dados, informações com fontes confiáveis ou se de
maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das conse-
A interpretação e a compreensão textual são aspectos quências, a fim de se identificar as causas.
Por isso, é preciso compreender como podemos inter-
essenciais a serem dominados por aqueles candidatos
pretar um texto mediante estratégias de leitura. Muitos
que buscam a aprovação em seleções e concursos públi-
pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é
cos. Trata-se de um assunto que abrange questões especí-
intrigante e de grande profundidade acadêmica; neste
ficas e de conteúdo geral nas provas; conhecer e dominar
material, selecionamos as estratégias mais eficazes que
estratégias que facilitem a apreensão desse assunto pode
podem contribuir para sua aprovação em seleções que
ser o grande diferencial entre o quase e a aprovação.
avaliam a competência leitora dos candidatos.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a inter- A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
pretação textual, ambas guardam uma relação de proxi- que focam nas formas de inferência sobre um texto.
midade com um assunto pouco explorado pelos cursos de Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o
português: a semântica, que incide suas relações de estu- processo de inferência, que se dá por dedução ou por
do sobre as relações de sentido que a forma linguística indução. Para entender melhor, veja este exemplo:
pode assumir. O marido da minha chefe parou de beber.
Portanto, neste material você encontrará recursos Observe que é possível inferir várias informa-
para solidificar seus conhecimentos em interpretação ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
e compreensão textual, associando a essas temáticas as enunciador é casada (informação comprovada pela
relações semânticas que permeiam o sentido de todo expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
amontoado de palavras, tendo em vista que qualquer dor está trabalhando (informação comprovada pela
aglomeração textual é, atualmente, considerada texto e, expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
dessa forma, deve ter um sentido que precisa ser reco- da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
nhecido por quem o lê. pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
breve diferença entre os termos compreensão e inter- interpretar essas informações.
pretação textual. Tratando-se de interpretação textual, os processos
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo sen- de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
tido, mas, como pretendemos deixar claro neste material, tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
ainda que existam relações de sinonímia entre palavras interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
do nosso vocabulário, a opção do autor por um termo ao texto junto da articulação com as informações acessa-
invés de outro reflete um sentido que deve ser interpreta- das pelo leitor do texto.
do no texto, uma vez que a interpretação realiza ligações A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
com o texto a partir das ideias que o leitor pode concluir senta como ocorre a relação desses processos:
com a leitura.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- INFERÊNCIA
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
essencialmente relacionados à significação das palavras
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- A partir desse esquema, conseguimos visualizar
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
compreensivo. iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
Esses assuntos completam o estudo basilar de semân- tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
tica com foco em provas e concursos, sempre de olho na ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
LÍNGUA PORTUGUESA

sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar com seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
afinco e dedicação, sem esquecer de praticar seus conhe- tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
cimentos realizando a seleção de exercícios finais, sele- de mundo na interpretação de textos.
cionados especialmente para que este material cumpra o
propósito de alcançar sua aprovação. A Indução

INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE As estratégias de interpretação que observam


INTERPRETAÇÃO métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
A inferência é uma relação de sentido conhecida za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
interpretação de texto. texto e que variam conforme o tipo textual. 11
.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos entre outras informações que podem vir como “aces-
identificar uma organização cronológica e espacial no sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- um objetivo mais definido.
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma O processo de interpretação por estratégias
ideia/ponto de vista. de dedução envolve a articulação de três tipos de
No processo interpretativo indutivo, as ideias são conhecimento:
organizadas a partir de uma especificação para uma
generalização. Vejamos um exemplo: „ conhecimento linguístico;
„ conhecimento textual;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa „ conhecimento de mundo.
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento Linguístico
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo Esse é o conhecimento basilar para compreensão
critério de beleza. (Barreto, 2010, p. 21) e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
O trecho em destaque na citação do escritor Lima uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías nhecimento das regras de uma língua.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento É importante salientar que as regras de reconhe-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de cimento sobre o funcionamento da língua não são,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ção cronológica de um texto. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
PROCURE
A propriedade vocabular leva o cérebro a aproxi- Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
mar as palavras que têm maior associação com linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimen-
SINÔNIMOS
o tema do texto to sobre como pronunciar português, passando pelo
ATENÇÃO AOS
Os conectivos (conjunções, preposições, pro- conhecimento de vocabulário e regras da língua, che-
nomes) são marcadores claros de opiniões, gando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016,
CONECTIVOS
espaços físicos e localizadores textuais p. 15).
Um exemplo em que a interpretação textual é pre-
A Dedução judicada pelo conhecimento linguístico é o texto a
seguir:
A leitura de um texto envolve a análise de diversos
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou
de maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.

Fique atento a essa informação, pois é uma das


primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pretação textual: formular hipóteses, a partir da
macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
12 ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22 set. 2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS TEXTOS
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar Em se tratando da organização das ideias em um
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento texto, podemos seguir por duas linhas de pensamento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas e estudo: a primeira refere-se ao produtor de um tex-
são algumas estratégias de interpretação em que to, a como o emissor deve organizar suas ideias, esta-
podemos usar métodos dedutivos. belecer uma hierarquia e uma conexão entre o que
deseja emitir. A segunda diz respeito ao intérprete
z Conhecimento Textual do texto, como interpretar, compreender e responder
corretamente às questões de interpretação textual.
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- Para compreender bem um texto, é necessário
mento linguístico e se desenvolve pela experiência conseguir interpretar a articulação entre as ideias
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de dele. Uma leitura eficiente compreende a ideia geral
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- que o texto deseja transmitir, e não somente decodifi-
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque ca os signos (letras) a fim de formar palavras e frases.
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que Cada texto apresenta uma intenção e, por trás
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê dela, uma ideia principal — que pode estar implíci-
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma ta ou explícita — e algumas ideias secundárias, que
reportagem como se lê um poema. dão suporte à ideia principal. Além disso, é necessário
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- identificar a progressão das ideias ao longo do texto e
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de como elas se conectam.
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
z Ideias principais: apresentam o núcleo do texto,
z Conhecimento de Mundo a mensagem primordial que o remetente/emissor
deseja transmitir. Não há nenhum texto sem uma
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental ideia principal, ou seja, um núcleo que norteia
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre todo o restante da mensagem. Sem uma ideia prin-
importante que o candidato a cargos públicos reserve cipal, o texto não terá sentido e será incoerente. A
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes ideia principal não precisa estar explícita no texto,
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- e necessariamente não é a primeira a ser exposta,
tar seu conhecimento de mundo. mas ela é compreendida ao longo da leitura atra-
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso vés de recursos linguísticos e dos sinais que o emis-
conhecimento de mundo que é relevante para a com- sor coloca no texto. Ela dá lógica ao texto e permite
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso a construção deste;
cérebro associar informações, a fim de compreender z Ideias secundárias: ao longo do discurso, o emis-
o novo texto que está em processo de interpretação. sor utiliza recursos e argumentos para apresentar
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- a ideia principal; esses recursos são as ideias se-
cício para atestarmos a importância da ativação do cundárias. Elas são ligadas por conectores, como
conhecimento de mundo em um processo de interpre- advérbios e conjunções, e seguem uma ideia ló-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: gica e sequencial ao longo do texto. Quanto mais
ideias secundárias são apresentadas, mais fácil
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- torna-se compreender a ideia principal e a inten-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que cionalidade do discurso, pois as ideias secundárias
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- levam o leitor à ideia principal.
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as As ideias secundárias podem ser apresentadas por
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de alguns meios. Entre eles, temos:
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e „ Apresentação de sinônimos ou ideias sinôni-
vales turbulentos. (Kleiman, 2016, p. 24) mas: por meio de ideias ou palavras correlacio-
nadas, é possível reforçar a ideia principal;
Agora tente responder as seguintes perguntas „ Antônimos: a apresentação de antônimos ou
sobre o texto: ideias contrárias reforça no entendimento do
Quem é o herói de que trata o texto? leitor o que não é a ideia principal e no que ela
Quem são as três irmãs? consiste;
Qual é o planeta inexplorado? „ Exemplificação: por meio de exemplos, ca-
LÍNGUA PORTUGUESA

Certamente, você não conseguiu responder nenhu- sos reais ou dados estatísticos, o leitor pode
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- compreender melhor do que se trata a ideia
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será principal.
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades. É necessário entender que existem as linguagens
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- literária e a não literária, que são bem diferentes entre
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo si. Seguindo o conceito, a linguagem literária é emotiva,
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen- sentimental e abarca as figuras de linguagem e o sentido
to prévio que é essencial para a interpretação de conotativo das palavras. Ou seja, apresenta o fantástico
questões. que precisa ser descoberto através de uma leitura atenta. 13
Já a linguagem não literária refere-se à transmis- é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
são de saberes e da informação no âmbito das neces- e por que buscar esse padrão é importante.
sidades da comunicação social. Você pode encontrá-la Os textos não são somente um aglomerado de pala-
na ciência, na técnica, no jornalismo e na conversação vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
entre os falantes. das e organizadas harmoniosamente de maneira que
Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
duas formas: ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
chama de coesão textual. Os articuladores responsá-
LINGUAGEM LINGUAGEM NÃO veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
LITERÁRIA LITERÁRIA são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
articulados de forma que garanta uma relação lógica
Intralinguística Extralinguística entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
Ambígua Exata peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
Conotação Denotação diretamente à significação do texto, aos sentidos que
ele produz para o leitor.
Sugestão Precisão
COESÃO COERÊNCIA
Transfiguração da
Realidade Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-
realidade
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
Subjetiva Objetiva na forma e na articulação dução de sentido/relação
entre as ideias lógica
Ordem inversa Ordem direta

Entendemos como texto não literário aqueles tex- Podemos usar uma metáfora muito interessante
tos que não pertencem ao gênero da literatura, ou quando se trata de compreender os processos de coe-
seja, não se trata de uma obra de ficção ou de criação são e coerência.
artística. Esse tipo de texto é caracterizado, principal- Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
mente, pela sua função comunicativa, informativa ou prédio. Tal qual uma boa construção precisa de um bom
persuasiva, e geralmente tem o objetivo de transmitir alicerce para manter-se em pé, um texto bem construí-
do depende da organização das nossas ideias, da forma
informações de maneira objetiva, utilizando princi-
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
palmente da linguagem denotativa.
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, a
Os textos não literários são encontrados em diver-
fim de defendermos nossas ideias adequadamente.
sos contextos, como jornais, revistas, artigos científicos,
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
manuais, relatórios, textos acadêmicos, documentos
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
legais, verbetes de dicionário, propagandas publicitá-
que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
rias, entre outros. Eles têm uma estrutura mais formal palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
e direta, com também uma linguagem específica e uso apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
de termos técnicos, a fim de transmitir conhecimentos cas que os processos envolvendo a coerência.
ou comunicar fatos de maneira precisa. Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
Diferentemente dos textos literários, que frequen- características da coerência em um texto e como esse
temente possuem elementos estéticos, figuras de processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
linguagem e/ou narrativas fictícias, os textos não lite- mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
rários são predominantemente informativos e bus- vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
cam apresentar a realidade de forma clara e direta, coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
sem focar em aspectos subjetivos ou poéticos. estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
Veja um exemplo de um texto não literário: chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”.
Concurso: Coincidência, conjuntura: concurso de Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
circunstâncias. Ação de cooperar, de ajudar: ofere- para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
cer seu concurso. Ação de entrar em concorrência passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
com outros por pretender alguma coisa; exame, são. A autora afirma que a coerência:
prova: apresentar-se a um concurso.
[...] Não está no texto em si; não nos é possível
REFERÊNCIAS apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o
CONCURSO. In: DICIO, Dicionário Online de Por- leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tuguês. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https:// tivos e interacionais e na materialidade linguística,
www.dicio.com.br/concurso/. Acesso em: 02 jun. 2023. confere sentido ao que lê. (Cavalcante, 2013, p. 31)

A seguir iremos nos deter aos processos de coesão


importantes para uma boa compreensão e elaboração
MARCAS DE TEXTUALIDADE textual. É importante destacar que esses processos
de coesão não podem ser dissociados da construção
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- de sentidos implícita no processo de organização da
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
14 ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro com fins estritamente didáticos.
COESÃO E COERÊNCIA
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
foi quente, com diversas interrupções e acusações
Coesão Referencial pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica-
ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para
A coesão é marcada por processos referenciais a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins-
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
inserem ou retomam uma porção textual. Os pro- os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifi-
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
pela construção de referentes em um texto, os quais eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […].
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala- de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wal-
vras, das quais falaremos a seguir. lace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces- vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo
sos referenciais que envolvem o uso de expressões que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
“as expressões que retomam referentes já apresentados riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
no texto por outras expressões são chamadas de anáfo- em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China
ras”. Vejamos o exemplo a seguir: e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra-
balho” nesse momento dos EUA.
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira. debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado.
Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir, Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony peração da informação apresentada é feita a partir de
Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo muitos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes
gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e destacados recupera o assunto informado e ajuda o lei-
o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na tor a construir seu posicionamento. É importante bus-
primeira luta que fez com Apollo Creed. car sempre o elemento a que o pronome faz referência;
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acesso em: 30
por exemplo, o primeiro pronome pessoal destacado
set. 2020. Adaptado. no texto refere-se ao termo “democratas”, já o segundo,
faz referência aos presidenciáveis que participavam do
A partir da leitura, podemos perceber que todos os debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- para uma parcela objetiva do texto, diferente do prono-
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- me “essa”, associado ao substantivo “tragédia”, que recu-
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas pera uma parcela textual maior, fazendo referência ao
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. momento de pandemia pelo qual o mundo passa.
Já os processos referenciais catafóricos apontam O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
para porções textuais que ainda não foram mencio- da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
a seguir: “Os documentos requeridos para os candi- coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
datos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e Não é possível saber qual dos homens estava
reservista” acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras rela-
Dica cionadas neste capítulo com os processos de coesão não
podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-norma-
Em provas de concursos e seleções, ainda se tiva, amplamente estudada nas gramáticas escolares. O
encontra a terminologia “expressões referen- interesse das principais bancas de concursos públicos é
ciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado avaliar a capacidade interpretativa e racional dos can-
no material. No entanto, é importante salientar didatos, dessa feita, a análise de processos coesivos visa
que, para linguistas e estudiosos, as anáforas analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que
são os processos referenciais que recuperam e/ e qual elemento está construindo as referências textuais.
ou apontam para porções textuais.
z Uso de Numerais
LÍNGUA PORTUGUESA

z Uso de Pronomes ou Pronominalização


Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
Utilizar pronomes para manter a coesão de um categorias gramaticais concorre para a progressão
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá- textual; uma das classes gramaticais que auxilia esse
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como processo é o uso de numerais.
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
estudo os principais pronomes utilizados em recursos essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
textuais para manter a coesão. em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
A pronominalização é a base de recursos anafó- vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
ricos que recuperam porções textuais ou ainda um riores numa relação de coesão.
nome específico a que o autor faz referência no texto. Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
Vejamos dois exemplos: meiro era para os professores, o segundo para os alunos. 15
As formas destacadas são numerais ordinais que artista, professor são substantivos que funcionam
recuperam informação no texto, evitando a repetição como adjetivos e colaboram na construção textual.
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
z Uso de Verbos Vicários
z Uso de Advérbios
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
são verbos usados em substituição de outros que já
processo de coesão. As formas adverbias que marcam
tempo e espaço podem também ser denominadas de foram muito utilizados no texto.
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... esperávamos.
Perceba que esses advérbios só podem ser associa- O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
dos a um referente se forem instaurados no discurso, oração pelo verbo “foi”.
isto é, se mantiverem associação com as pessoas que
produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje
não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
compreenderá que a marcação temporal refere-se Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso, Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
esses elementos são conhecidos como dêiticos. fizemos”
Independentemente de como são chamados, esses Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- falta de interesse”
to, auxiliando também a construção da coesão textual. Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”

z Uso de Nominalização
z Uso de Elipse
As expressões que retomam ideias e nomes, já
A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
apresentados no texto, mediante outras formas de
expressão, podem ser analisadas como processos ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
outras classes nominais. linguagem de uma gramática. Neste material, iremos
Essas expressões recuperam informações median- nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
Vejamos um exemplo:
pósito de manter a coesão textual.
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti- um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência
co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
maior (uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos
Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
anteriormente em outro segmento do texto, mas recu-
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados perável por marcas do próprio contexto verbal”. Veja-
da década de 1970. mos como ocorre, a partir do segmento abaixo:

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set.


2020. Adaptado. “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
culo XXI. O país proporcionou a inclusão social
Sem
Todas as marcações em negrito fazem referência de muitas pessoas. A nação obteve notorie-
Elipse
ao nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos dade internacional por causa disso. A pátria,
que se referem a esse nome inicial são expressões porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
nominalizadoras que servem para ligar ideias e cons- “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
truir o texto. culo XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
muitas pessoas, por causa disso obteve notorie-
Elipse
z Uso de Adjetivos dade internacional, porém ainda enfrenta certas
adversidades...”
Os adjetivos também são considerados expres-
sões nominalizadoras que fazem referência a uma Coesão Sequencial
porção textual ou a uma ideia referida no texto. No
exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor, A coesão sequencial é responsável por organizar a
compositor, músico, produtor, artista plástico progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
e professor” apresenta seis nomes que funcionam
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acres-
mover a evolução do debate assumido pelo autor.
centam informações sobre essa personalidade, referi-
da anteriormente. Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a
É importante recordar que não podemos identi- partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
ficar uma classe de palavra sem avaliar o contexto desinências e modos verbais. Neste material, iremos
em que ela está inserida. No exemplo mencionado, nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
16 as palavras cantor, compositor, músico, produtor, são utilizadas para garantir a progressão textual.
z Conjunções Coordenativas
Estudava sempre com afinco, a
FINAL
fim de ser aprovado
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Quando o edital for publicado, já
TEMPORAL
semântico independente. Na construção textual, elas estarei adiantado nos estudos
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando Importante!
na coesão:
Não confundir:
Afim de – relativo à afinidade, semelhança: “Físi-
Não apenas conversava com os
ADITIVA demais alunos como também ca e Química são disciplinas afins”.
atrapalhava o professor A fim de – relativo a ter finalidade, ter como
Eram ideias interessantes, porém objetivo, com desejo de: “Estou a fim de comer
ADVERSATIVA pastel”.
ninguém concordou com elas
Superou o estigma que pregava “ou
ALTERNATIVAS estuda, ou trabalha” e conseguiu ser z Conjunções Integrantes
aprovada
Ao final, faça os exercícios, pois As conjunções integrantes fazem parte das orações
EXPLICATIVA é uma forma de praticar o que subordinadas, na realidade, elas apenas integram,
aprendeu ligam uma oração principal a outra, subordinada.
O candidato não cumpriu sua pro- Como podemos notar, o papel dessas conjunções é
CONCLUSIVA messa. Ficamos, portanto, desa- essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
pontados com ele “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
tipos de conjunções integrantes: que e se.
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, Quando é possível subs-
Quero que a prova esteja
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá- tituir o que pelo pronome
fácil.
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as isso, estamos diante de
Quero. O quê? Isso
ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver- uma conjunção integrante
sidade, como demonstra a conjunção “mas”. Sempre haverá con-
junção integrante em Perguntei se ele estava
z Conjunções Subordinativas orações substantivas e, em casa.
consequentemente, em Perguntei. O quê? Isso
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor- períodos compostos
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas num texto, porém, diferentemente Coesão Recorrencial
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
z Uso de Repetições
para terem o sentido apreendido.
Exemplos de conjunções subordinativas atuando
As recorrências de repetições em textos são comu-
na coesão:
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
Como não havia estudado sufi- fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
CAUSAL
ciente, resolvi não fazer essa prova vras e expressões!
Falaram tão mal do filme que ele No entanto, a repetição é um recurso coesivo
CONSECUTIVA essencial para manter a progressão temática do texto,
nem entrou em cartaz
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo dido, levando o escritor a fugir da temática.
Conforme o Ministro da Eco- Embora também não recomendemos as repetições
LÍNGUA PORTUGUESA

CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
acabar quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
Ainda que vivamos um período
CONCESSIVA de poucos concursos, não pode-
mos desanimar CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES

Se estudarmos, conseguiremos O candidato foi encontrado com du-


CONDICIONAL Marcar
ser aprovados! zentos milhões de reais na mala, du-
ênfase
zentos milhões!
À proporção que aumentava
PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais Marcar
Existem Políticos e políticos
forte o candidato se tornava contraste
17
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamente,
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
por outro podem não ter agido errado” — Incorreto.
“Agora que sentei na minha cadeira de “Por um lado, os manifestantes agiram corretamen-
madeira, junto à minha mesa de madei- te, por outro podem ter causado prejuízo à população”
ra, colocada em cima deste assoalho — Correto.
Marcar a “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi
de madeira, olho minhas estantes de
continuida- sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
madeira e procuro um livro feito de pol-
de temática “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi
pa de madeira para escrever um artigo
contra o desmatamento florestal” Millôr sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto.
Fernandes
INTERTEXTUALIDADE
z Uso de Paráfrase
Existem diversos mecanismos que são meios impor-
A paráfrase é um recurso de reiteração que propor- tantes e, muitas vezes, imprescindíveis à construção de
ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a intertextua-
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre lidade. Ao nos referirmos à ideia de construção dos sen-
algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antunes tidos mediante o uso de gêneros textuais destacamos a
(2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em outro pon- estrutura, o propósito comunicativo e a função dos gêne-
to do texto, embora com palavras diferentes”. ros. Um outro elemento importante para a compreensão
Vejamos o seguinte exemplo: textual é a intertextualidade, que diz respeito à proprie-
dade de um texto se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
Castelão. Ceará no Castelão. vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
da capital cearense. A forma como o texto se apresen- Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em da qual podemos dar origem a um outro texto.
posições diferentes, cumpre um papel importante na A intertextualidade está presente em nosso dia
progressão temática do texto. a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
pelo uso de expressões textuais bem características, tamos esse exemplo que resume a ideia de intertex-
como: em outras palavras, em outros termos, isto é, tualidade que iremos trabalhar neste material:
quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas
expressões indicam que algo foi dito e passará a ser
ressignificado, garantindo a informatividade do texto.

z Uso de Paralelismo

As ideias similares devem fazer a correspondência


entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-
tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
plano das ideias e coerência entre as informações, ocorre
o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.

ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS


JUNTAS
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
Compreendida a ideia de intertextualidade e apre-
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintática a sentada sua importância para a análise textual em
qual a frase está inserida; vejamos um exemplo em que provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer
houve quebra de paralelismo: algumas das principais formas de realização da inter-
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” textualidade em textos e em gêneros utilizados por
— Errado. bancas de concurso.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
Antes, porém, é necessário apontar que, confor-
— Correto.
me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu-
Devemos manter a organização das orações, pois
ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor
não podemos coordenar orações reduzidas com orações
desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-las acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade,
ou somente desenvolvida ou somente reduzidas. estamos diante de um processo de intertextualidade
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é a mes- stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor
ma, porém deixamos de analisar os pares no âmbito sin- intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
tático e passamos ao plano das ideias. Vejamos o seguinte sensu. Desenvolvemos o fluxograma abaixo para tor-
18 exemplo: nar essa divisão mais didática:
maneira tal que transportasse os montes, e não
INTERTEXTUALIDADE
tivesse amor, nada seria [...]

STRICTO SENSU LATO SENSU z 11 Soneto – Luis Vaz de Camões

TEMÁTICA Amor é um fogo que arde sem se ver,


ESTILÍSTICA é ferida que dói, e não se sente;
EXPLÍCITA
IMPLÍCITA é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
Paródia
É um não querer mais que bem querer;
A paródia é um tipo de intertextualidade estilística é um andar solitário entre a gente;
em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja é nunca contentar se de contente;
verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex- é um cuidar que ganha em se perder.
tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
estilo do intérprete original, quanto em textos visuais, É querer estar preso por vontade;
como no exemplo a seguir: é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade [...]

Referência

A referência é um tipo de intertextualidade explí-


cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas
ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe-
rências, indicando os nomes dos títulos mencionados
ao final do trabalho.
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acesso em: 12 out. 2020. mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas — ABNT. A seguir, disponibilizamos um
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e exemplo de referência com a indicação de uma das
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- obras citadas neste material:
lidade textual.
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os
Paráfrase
sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-
siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o As referências também são muito comuns em tex-
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada tos jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e
um tipo de intertextualidade temática. demais documentos que sirvam de embasamento
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é teórico.
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I Citação
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos
de Luís Vaz de Camões. A citação também é um tipo de intertextualidade
explícita e diz respeito às formas de citação de uma
z Monte Castelo – Legião Urbana obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan-
do utilizamos as palavras de outros autores, devemos
Ainda que eu falasse a língua dos homens mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada
seria. É só o amor, é só o amor de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do
Que conhece o que é verdade
autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a
O amor é bom, não quer o mal
citação passa a ser indireta.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não sente inveja ou se envaidece


O amor é o fogo que arde sem se ver Independentemente da maneira como citamos em
É ferida que dói e não se sente um texto, é imprescindível dar os créditos aos autores
É um contentamento descontente das obras citadas, por isso, devemos mencioná-los nas
É dor que desatina sem doer [...] citações que também seguem o padrão estabelecido
pela ABNT.
z I Carta de São Paulo aos Coríntios
z Citação direta:
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de (Boaventura, 2004, p. 81). 19
z Citação indireta: z Amor I Love You – Marisa Monte

Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao Deixa eu dizer que te amo


trabalho acadêmico é diretamente proporcional à Deixa eu pensar em você
credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces- Isso me acalma, me acolhe a alma
sário atentar-se para os diversos tipos de citação Isso me ajuda a viver
aqui mencionados. [...]
Meu peito agora dispara
Lembre-se: a citação indireta é um tipo de Vivo em constante alegria
paráfrase. É o amor que está aqui
Amor, I love you (x8)
Alusão
Tinha suspirado, tinha beijado o papel
A alusão é um intertexto que faz referência a uma devotamente!
obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci- Era a primeira vez que lhe escreviam
mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí- Aquelas sentimentalidades
cita ou implícita. E o seu orgulho dilatava-se
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver- Ao calor amoroso que saía delas
dadeiro presente de grego. Como um corpo ressequido
A expressão “presente de grego” faz alusão aos Que se estira num banho tépido
fatos da Guerra de Troia, em que os gregos fingiram Sentia um acréscimo de estima por si mesma
presentear os troianos com um cavalo de madeira Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acesso em:
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem 12 out. 2020.
invadir a cidade de Troia e destruí-la por dentro.
z Tradução
Epígrafe
A tradução é uma espécie de paráfrase para muitos
A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní- autores, pois, como sabemos, há palavras e expressões
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê- que só existem na língua de origem do escritor original.
micos ou de outros gêneros para manter uma relação Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferentes
dessa citação com o assunto abordado na obra. é uma aproximação de sentidos, construída a partir das
Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo- leituras e do ponto de vista do tradutor. Muitos escritores
cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe- brasileiros são considerados como “literatura complexa”
tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas” por manterem em seus textos expressões tão brasileiras
(trecho da música Quase sem querer da banda Legião que se tornam difíceis de expressar em outras línguas. É
Urbana), para iniciar nosso debate sobre intertextua- o caso do mineiro de Cordisburgo, Guimarães Rosa, que
lidade e as possibilidades de escrevermos algo com- apresenta uma linguagem peculiar repleta de neologis-
pletamente inédito em nosso contexto atual. mos, como os destacados a seguir:

Outros Possíveis Processos Intertextuais Menos


Comuns Em Concursos Enxadachim: designa um trabalhador do campo,
que luta pela sobrevivência. A palavra reúne “enxa-
z Bricolagem da” e “espadachim”.
Taurophtongo: significa mugido, sendo a palavra
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que uma junção de dois termos gregos, relativos a touro
atua explicitamente no texto, pois se refere à mes- (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
cla de vários elementos advindos de vários textos ou Embriagatinhar: a mistura de “embriagado” e “(en)
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal gatinhar” serve para designar uma pessoa que, de
característica da bricolagem é o uso de outros frag- tão bêbada, chega a engatinhar.
mentos textuais para a formação de uma nova com- Velvo: adaptação do inglês velvet, que significa
posição textual. “veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor nome dado para uma planta de folhas aveludadas.
I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu Circuntristeza: como a própria palavra sugere,
um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz, refere-se à “tristeza circundante”.
para compor a letra da música. Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acesso em: 16 out. 2020.

“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen- Diante desse complexo léxico, como traduzir
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas expressões que até para um brasileiro podem ser
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto
calor amoroso que saía delas, como um corpo res- intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra-
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan-
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe
çada por falantes nativos.
que entrava enfim uma existência superiormente
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma z Pastiche
se cobria de um luxo radioso de sensações.”
Eça de Queirós – O Primo Basílio É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
20 quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Izaias Ivo Oliveria - 688.134.819-34, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
típico deste último era o programa de TV “Os trapa- A partir dessa imagem, podemos identificar que a
lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os três orientação gramatical mantida pelas frases apresenta
patetas”, na década de 1960, inspirou programas no marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo-
mundo todo. minante que o texto deve manter, organizado pelas
O pastiche também é comum em textos imagéticos, marcas do gênero textual ao qual o texto pertence.
como o exemplo a seguir:
TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no
texto. Também é chamado de sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente

Uma última informação muito importante sobre tipos


textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a
existência de predominância de algumas sequências em
detrimento de outras, de acordo com o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe
de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac-
terísticas e marcas linguísticas.

DESCRIÇÃO

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas


nominais que dominam o texto. Os gêneros que uti-
lizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequên-
cia descritiva como suporte para um propósito maior.
Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acesso em: 12 out. 2020. São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
classificados, lista de compras.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha,
MODOS DE ORGANIZAÇÃO que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito
de alguns aspectos do território que viria a ser chamado
DISCURSIVA
de Brasil.
Tipos ou sequências textuais são unidades que
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
estruturais, relativamente autônomas, organizadas em
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
frases”.
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim
Os tipos textuais marcam uma forma de organiza-
nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com
ção da estrutura do texto, que se molda a depender
uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tin-
do gênero discursivo e da necessidade comunicativa.
gida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor
Por exemplo, há gêneros que apresentam a predomi-
natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas
nância de narrações (contos, fábulas, romances, his-
assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergo-
tória em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a
nhas tão nuas, e com tanta inocência assim descober-
argumentação (redação do Enem, teses, dissertações,
tas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
artigos de opinião etc.).
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021.
seguinte figura, que demonstra como podemos identi-
ficar os tipos textuais e suas principais características, Note que apesar da presença pontual da sequência
tendo em vista que cada sequência textual apresenta narrativa, há predominância da descrição do cenário
características próprias que pouco ou nada sofrem em e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
alterações, mantendo uma estrutura linguística quase tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
LÍNGUA PORTUGUESA

rígida que nos permite classificar os tipos textuais em bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
cinco categorias (narrativo, descritivo, expositivo, de relato descritivo utilizado para manter a comuni-
instrucional e argumentativo). cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do
GÊNERO TEXTUAL mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos
usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros,
como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar
FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
mos ver no cardápio a seguir:
1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013. 21
z Moral: apresentação de valores morais que a his-
tória possa ter apresentado.

Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte


exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” Vamos
lê-la e identificar essas características, bem como apren-
der a identificar outros pontos do tipo textual narrativo.

Era um garoto que como eu Ama-


va os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América Situação inicial:
Não era belo, mas mesmo assim predomínio de
Havia mil garotas a fim equilíbrio
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
Cantava viva à liberdade

Mas uma carta sem esperar


Da sua guitarra, o separou
Complicação:
Fora chamado na América
início da tensão
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs

Mandado foi ao Vietnã


Clímax
Lutar com vietcongs

Era um garoto que como eu


Amava os Beatles e os Rolling
Stones Resolução
Girava o mundo, mas acabou
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/
noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-
Fazendo a guerra no Vietnã
divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em:
Cabelos longos não usa mais
30 ago. 2021.
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
Note que há a presença de muitos adjetivos, locu-
A mesma nota,
ções, substantivos, que buscam levar o leitor a ima- Situação final /
ra-tá-tá-tá
ginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne
Só gente morta caindo ao chão
etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de Ao seu país não voltará
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele Pois está morto no Vietnã [...]
está organizado de forma esquematizada em seções
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a No peito, um coração não há
Moral
facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente. Mas duas medalhas sim

NARRAÇÃO
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-
hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.
Os textos compostos predominantemente por
sequências narrativas cumprem o objetivo de contar Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man-
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
ção linguística que são caracterizadas por:
de algumas estratégias, como a organização dos fatos a
partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão
z presença de marcadores temporais e espaciais;
de um momento de tensão (chamado de clímax) e um
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. z verbos, predominantemente, utilizados no
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- passado;
vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles: z presença de narrador e personagens.

z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equilí-


brio, o que demanda uma situação conflituosa; Importante!
z Complicação: desenvolvimento da tensão apre- Os gêneros textuais que são predominantemen-
sentada inicialmente;
te narrativos apresentam outras tipologias tex-
z Ações (para o clímax): acontecimentos que am-
pliam a tensão;
tuais em sua composição, tendo em vista que
z Resolução: momento de solução da tensão; nenhum texto é composto exclusivamente por
z Situação final: retorno da situação equilibrada; uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
22 a resolução; dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas
linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizadas para demarcar um espaço físico ou temporal em
textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da histó-
ria, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: atualmente, naquele
dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante aprendermos
a identificar os principais tipos de narrador de um texto:

Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não
participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não parti-
cipa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa

Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula,
entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não significa
que não possam apresentar outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas
que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.

EXPOSIÇÃO

O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo tex-
tual, é muito comum a presença de dados, informações científicas, citações diretas e indiretas, que servem para
embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua

O infográfico acima apresenta as informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água no ano de
2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema tratado, e para isso, o autor
dispõe, além da linguagem clara e objetiva, de recursos visuais para atingir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados anteriormente, os textos expositivos também apresentam uma estrutura
que mistura elementos tipológicos de outras sequências textuais, tendo em vista que, para apresentar fatos e ideias,
utilizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes, injuntivos. 23
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos OPERADORES ARGUMENTATIVOS
argumentativos, uma vez que existem textos argumenta- É incontestável que...
tivos que são classificados como expositivos, pois utilizam Tal atitude é louvável / repudiável / notável...
exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação. É mister / é fundamental / é essencial...
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem Observe o exemplo a seguir:
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento “O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no
sobre uma questão não é posto em debate. tratamento das mais diversas doenças relacionadas
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. longe compensam o dinheiro gasto com essas doen-
Marcas linguísticas do texto expositivo: ças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos
por causa de afastamentos de trabalhadores devido
z apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- aos males causados pelo fumo. Portanto, é mis-
sença de verbos de estado; ter que sejam proibidas quaisquer propagandas de
z presença de adjetivos, locuções e substantivos que cigarros em todos os meios de comunicação.”
organizam a informação;
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/
z desenvolve-se mediante uso de recursos texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021.
enumerativos; Adaptado.
z presença de figuras de linguagem como metáfora
e comparação; Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen-
z pode apresentar um pensamento contrastivo ao te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor,
final do texto. ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin-
do a estrutura argumentativa desse tipo textual.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
INJUNÇÃO
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é carac-
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-
terizado por estabelecer um “propósito autônomo”
NARAM O MUNDO
(Cavalcante, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
a realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predomi-
nante em gêneros como: bula de remédio, tutoriais
Hedy Lamarr - conexão wireless
na internet, horóscopos e também nos manuais de
instrução.
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”
A principal marca linguística dessa tipologia é a
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
presença de verbos conjugados no modo imperati-
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
Para que possamos identificar corretamente essa
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
exemplo a seguir:
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj. Acesso em: 07 set. 2020. Adaptado.
Como faço para criar uma conta do Instagram?
ARGUMENTAÇÃO Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais ou Google Play Store (Android).
complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul- 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
dade na identificação, bem como em sua análise. para abri-lo.
O texto argumentativo tem por objetivo a defesa 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
de uma tese e a apresentação de argumentos que seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex- rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
científicos e filosóficos, dentre outros. cadastrar com sua conta do Facebook.
Outro aspecto importante dos textos argumentati- 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
vos é que eles são compostos por estruturas linguís- lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
ticas conhecidas como operadores argumentativos, as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
que organizam as orações subordinadas, estruturas se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
mais comuns nesse tipo textual. conta do Facebook, caso tenha saído dela.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso em: 07
algumas estruturas linguísticas que funcionam como set. 2020.
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
a leitura de textos argumentativos:
24
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No exemplo acima, podemos destacar a presença de BANHO E TOSA
verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe, Aqui o seu cão sai um gato!3
toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como:
instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos Lembre-se: polissemia é a diversidade de sentidos
textos injuntivos é a enumeração de passos a serem que uma palavra ou expressão podem assumir con-
cumpridos para a realização correta da tarefa ensina- forme o contexto em que estão inseridas.
da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
É importante lembrar que a principal marca lin- NORMATIVO
guística dessa tipologia é a presença de verbos conju-
gados no modo imperativo e em sua forma infinitiva. São textos que trazem regras, normas, para reger
Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar persuadir uma atividade ou um grupo. Devem possuir lingua-
o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gem direta e impessoal. Exemplos: leis, regimentos
gênero. internos, decretos.
Veja o próximo exemplo, retirado da Constituição
Federal, de 1988:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada


TIPOS TEXTUAIS pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
INFORMATIVO crático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
São textos que têm o objetivo de informar o leitor, II - a cidadania;
expor fatos e esclarecer dúvidas sobre diversos temas. III - a dignidade da pessoa humana;
A linguagem deve ser de fácil entendimento. Costu- IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
mam utilizar a 3ª pessoa e vir em prosa. tiva; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
Exemplos: notícias de jornais, blogs, sites e verbe- V - o pluralismo político.
tes de dicionários. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
Veja o exemplo a seguir, que utiliza dados e cita- o exerce por meio de representantes eleitos ou dire-
ções para tratar sobre a dengue: tamente, nos termos desta Constituição.

Vacina contra a dengue está em fase final de DIDÁTICO


produção
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que Os textos didáticos têm objetivos pedagógicos, com
40% da população mundial está em risco de con- as seguintes características:
trair o vírus da dengue: são cerca de 390 milhões
de infecções por ano. Em 2019, foram registrados z devem ser objetivos, coesos e impessoais;
1.281.759 casos prováveis de dengue no país. z precisam ter uma linguagem compatível com o
A forma mais eficaz de evitar doenças infecciosas nível de conhecimento dos receptores sobre o
é a vacina. Por isso, o Ministério da Saúde apoia
assunto;
o Instituto Butantan no desenvolvimento de uma
z devem permitir uma interpretação direta do
vacina contra a dengue, transmitida pelo mosquito
conteúdo.
Aedes aegypti.
“A vacina terá o potencial de proteger uma quanti-
dade cada vez maior de pessoas com apenas uma Esta apostila é um exemplo de texto didático.
dose”, explica o diretor da Divisão de Ensaios Clí-
nicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, DIVINATÓRIO
Alexander Precioso.
Fonte: Ministério da Saúde.2 Os textos de caráter divinatório têm a função de
fazer previsões. Alguns exemplos são o oráculo e o
PUBLICITÁRIO E PROPAGANDÍSTICO horóscopo.
Acompanhe a seguir o exemplo retirado de um
Esses textos têm como objetivo promover um pro- horóscopo:
duto ou uma ideia, utilizando linguagem persuasiva e
sendo vinculados em meios de comunicação de massa Horóscopo do dia de hoje para Capricórnio
e nas ruas, em outdoors e panfletos, por exemplo. Confira a previsão para 14 de dezembro
Costumam utilizar linguagem verbal e não verbal, O dia pode trazer boas notícias relacionadas a um
com textos simples e facilmente compreensíveis pelo projeto de publicação na internet que você está
LÍNGUA PORTUGUESA

público que jogam com o criativo, irônico e humorístico. envolvido. Outra possibilidade é de você receber
Acompanhe o exemplo a seguir, que utiliza o uma boa notícia relacionada a uma viagem inter-
humor e a polissemia da palavra “gato”: nacional ou sobre um exame ou concurso público
realizado. Dia de alegrias e fé renovada.4

2 SOARES, R. Texto Informativo – O que é, características, estrutura, exemplos e modelos. Escola Educação, 2019. Disponível em: https:// escolae-
ducacao.com.br/ texto-informativo/. Acesso em: 15 dez. 2022.
3 CARVALHO, P. 6 imagens que mostram que a propaganda é a alma de qualquer negócio. Quero Bolsa, 2022. Disponível em: https://querobolsa.
com.br/ revista/ 6-imagens-que-mostram-que-a-propaganda-e-a-alma-de-qualquer-negocio. Acesso em: 15 dez. 2022.
4 FERRARI, E. Previsões do signo de Capricórnio. Terra, 2022. Disponível em: https://www.terra.com.br/ vida-e-estilo/ horoscopo/signos/capricor-
nio/. Acesso em: 14 dez. 2022. 25
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Conjunções, advérbios, preposições e pronomes, princi-
TIPOLOGIA DA FRASE PORTUGUESA palmente, apresentam aspectos que podem transformar
completamente o sentido de um enunciado. Portanto,
Neste tópico, comentaremos os cinco tipos de fra- eles merecem especial atenção. Além disso, até mesmo
ses a seguir: exclamativas, declarativas, imperativas, uma vírgula pode mudar o sentido de um enunciado,
interrogativas e optativas. Acompanhe. assim, elas também devem ser observadas.
As frases reescritas precisam manter a essência do
EXCLAMATIVAS texto base, ou seja, a informação principal. É impor-
tante observar os tempos verbais empregados e a
Finalizadas com ponto de exclamação, expressam ordem das palavras também.
emoções intensas, de diversos tipos. Exemplos: Após a reescrita, as frases precisam:
Que lindo!
Não acredito! z manter o significado original;
Que horror! z manter a coesão;
z não expressar opinião que não esteja na frase
DECLARATIVAS original;
z respeitar a sequência das ideias apresentadas no
Encerradas com ponto-final, declaram alguma coi- texto original.
sa, afirmativa ou negativamente. Exemplos:
Ela saiu de casa. Há algumas maneiras de rescrever um texto. Des-
Ela não saiu de casa. tacaremos aqui o deslocamento dos enunciados e a
Estou indo para a aula. substituição de palavras ou trechos.

IMPERATIVAS SUBSTITUIÇÃO

Expressam ordem, pedido ou conselho. Utilizam A substituição pode ser realizada por meio de
verbos no imperativo e também podem ser afirmati- recursos como sinônimos, antônimos, locução ver-
vas ou negativas. Exemplos: bal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal,
Fique aqui. conectivos, dentre outros.
Não fique aqui.
Entregue isso. Sinônimos

INTERROGATIVAS Palavras ou expressões que possuem significados


iguais ou semelhantes. Ex.:
Expressam uma pergunta e podem ser diretas
(com interrogação no final) ou indiretas (sem interro- z O carro está com algum problema/O automóvel
gação). Exemplos: apresentou defeitos.
Você achou legal?
Queria saber se você achou legal. Antônimos
Vamos?
Palavras que possuem significados diferentes, ou
OPTATIVAS seja, significados opostos que podem ser usados para
substituir a palavra anterior. Ex.:
Expressam um desejo do emissor. Exemplos:
Vá com Deus! z O homem estava nervoso e inquieto/O senhor
Muita sorte para você! não estava calmo.
Bem-vinda!
Locução Verbal

Ao invés de usar a forma única do verbo, é possível


ESTRUTURA E PROBLEMAS substituir o verbo por uma locução verbal e vice-ver-
ESTRUTURAIS DAS FRASES: sa. Exs.:
OPERAÇÕES DE DESLOCAMENTO, z Vou solicitar os documentos amanhã/Solicitarei
SUBSTITUIÇÃO, MODIFICAÇÃO E os documentos amanhã.
CORREÇÃO
Verbo por Substantivo e Vice-Versa
A reescrita de textos é essencial em vários aspectos,
como para corrigir erros e escrever mais claramente. Pode-se usar um substantivo correspondente no
No contexto dos concursos públicos, para responder lugar de um verbo ou vice-versa, desde que isso faça
às questões apresentadas, é necessário identificar sentido dentro do contexto. Exs.:
qual é a opção cuja reescrita mantém o sentido do tex-
to original, sem que haja mudança de compreensão, z Caminhar: caminho;
baseada na intenção do emissor da mensagem. z Resolver: resolução;
A coesão é um dos principais pontos a se observar z Trabalhar: trabalho;
na produção de um texto e, consequentemente, na rees- z Necessitar: necessidade;
26 critura, para manter a coesão e a harmonia do texto. z Estudar: estudos;
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z Beijar: beijo; z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente,
z O trabalho enobrece o homem/Trabalhar eno- possivelmente;
brece o homem. z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.

Voz Verbal Dentro de cada um dos grupos de conjunções aci-


ma citados é possível haver substituição entre as con-
É possível mudar a voz verbal sem mudar a men-
junções sem que haja prejuízo no entendimento final
sagem do enunciado. Exs.:
do trecho reescrito.
z Eu fiz todo o trabalho/Todo o trabalho foi feito
por mim. DESLOCAMENTO

Palavra por Locução Correspondente Deslocamento é o recurso utilizado para reescre-


ver determinado trecho, que se baseia em modificar
Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locu- de lugar determinados termos. Ou seja: um termo
ção que corresponda a ela, ou vice-versa. Ex.: que estava no início pode ir para o final do texto e
vice-versa.
z O amor materno é singular/O amor de mãe é Podemos citar como exemplo os períodos a seguir:
singular.
z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boe-
Conectivos com Mesmo Valor Semântico chat;
z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São
Os conectivos são palavras ou expressões que têm
Paulo.
a função de ligar os períodos e parágrafos do texto.
Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou
advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem Para reescrever frases utilizando o deslocamento,
uma relação entre os termos conectados. é necessário observar se há mudança de sentido e se
Por meio da substituição de conectivos, é possí- a correção gramatical foi mantida. Do mesmo modo,
vel modificar e reescrever um trecho sem que haja para analisar uma questão de reescritura, é neces-
mudança de sentido. sário observar qual elemento foi deslocado e se esse
deslocamento provocou mudança de sentido ou ina-
dequação gramatical.
Importante! É possível deslocar os seguintes termos em uma
oração:
Identifique a relação que cada conector indica,
pois, ao substituir um conector por outro que não Adjunto Adverbial
possui relação semântica, pode ocorrer mudan-
ça no sentido do texto. Ao usar um conectivo Ex.: Na semana passada, participei de todas as
para substituir outro, é necessário que ambos aulas da faculdade. Participei de todas as aulas da
estabeleçam o mesmo tipo de relação. faculdade na semana passada.
Observando os pontos anteriormente menciona-
A seguir, relembraremos algumas das principais dos, é possível perceber que neste caso não há mudan-
relações que os conectores expressam: ça de sentido, e que a correção gramatical foi mantida,
já que o adjunto adverbial de tempo no final da ora-
z Adição: e, também, além disso, mas também; ção não precisa de vírgula.
z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no
entanto; Adjetivo
z Causa: por isso, portanto, certamente;
z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na socieda- Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas;
de atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até Meu namorado novo trabalha com vendas.
que; Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do
z Consequência: logo, consequentemente, por con- substantivo, e na segunda frase, aparece depois. No
sequência; entanto, é possível perceber não há mudança de sen-
z Confirmação/Reafirmação: ou seja, nesse senti-
LÍNGUA PORTUGUESA

tido e que a correção gramatical foi mantida, já que


do, nessa perspectiva, em suma, em outras pala-
essa mudança não implica necessidade de vírgula
vras, dessa forma;
nem provoca erro gramatical.
z Hipótese/Probabilidade: a menos que, mesmo
que, supondo que;
Pronome Indefinido
z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem
como;
z Finalidade: a fim de, para, para que, com a finali- Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz;
dade de, com o objetivo de; Não quero que situação alguma tire nossa paz.
z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto Neste caso, não há mudança de sentido e a correção
é; gramatical foi mantida, pois essa mudança não implica
z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente, necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical.
com efeito; 27
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Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
sobre as diferenças entre os recursos: em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Deslocamento Substituição
z Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
Substitui determinado termo
Muda um termo de lugar den-
do trecho, mantendo o mes-
tro do próprio enunciado „ Entre o sujeito e o verbo:
mo sentido
Antes Antes
Ex.: Dessa forma, todos po- Ex.: Dessa forma, todos po- Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
deremos ir juntos ao local do deremos ir juntos ao local do ram a explicação. (errado)
evento evento Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
Depois sertaram minha visão. (errado);
Depois
Ex.: Todos poderemos, dessa
Ex.: Assim, todos poderemos
forma, ir juntos ao local do „ Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo
ir juntos ao local do evento
evento
predicativo do sujeito:

Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
tanto a questões de concursos quanto à produção de ção. (errado)
redações e textos diversos. Os alunos precisam de, que os professores os aju-
Nas questões, é necessário analisar as opções dem. (errado)
dadas para encontrar aquela na qual a escrita esteja Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
gramaticalmente correta e o sentido original do texto (errado);
esteja presente, sem mudanças na compreensão.
Já nas redações, a reescrita é essencial para corri- „ Entre um substantivo e seu complemento
gir erros e escrever de forma mais clara. Ela auxilia, nominal ou adjunto adnominal:
também, para poder utilizar o texto-base como sub-
sídio para a escrita, fazendo modificações de alguns Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
trechos e adaptando-os para a sua escrita. pelos alunos. (errado);

PONTUAÇÃO E SINAIS GRÁFICOS „ Entre locução verbal de voz passiva e agente da


passiva:
Uso de Vírgula
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
professor para a feira. (errado);
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
„ Entre o objeto e o predicativo do objeto:
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade.
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Quando se trata de separar termos de uma mesma
Considero interessantes, as suas aulas. (errado).
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:

� Para separar os termos de mesma função: Uso de Ponto e Vírgula


Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
enumeração: e vírgula (;):
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
arrastado pelo tsunami; � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
já apareceu na frase) do verbo: ficou triste;
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
filmes de terror; to, exausto;
� Para separar palavras ou locuções explicativas, � No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
retificativas: zeugma):
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
anos;
ouvinte.
� Para separar datas e nomes de lugar:
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto sorvete;
e, nem, ou: � Em enumerações, portarias, sequências:
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
O Procurador-Geral da República;
A vírgula também é facultativa quando o termo O Colégio de Procuradores da República;
que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for O Conselho Superior do Ministério Público Federal.
uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
28 Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
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Dois-Pontos Lembre-se: símbolos do sistema métrico decimal e
elementos químicos não vêm com ponto final:
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda Exemplos: km, m, cm, He, K, C.
não foi concluída. Servem para:
Ponto de Interrogação
� Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um Marca uma entonação ascendente (elevação da
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas voz) em tom questionador. Usa-se:
respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, � Em frase interrogativa direta:
distributivo ou uma oração subordinada substan- Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?;
tiva apositiva: � Entre parênteses para indicar incerteza:
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes- Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
sores, jornalistas, médicos; que havia palavra melhor no contexto;
� Introduzir uma explicação ou enumeração após � Junto com o ponto de exclamação, para denotar
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a surpresa:
saber, como: Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, !?);
Filosofia, Ciências...; � E interrogações retóricas:
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
(relação semântica de oposição, explicação/causa que não jogaremos comida fora à toa”).
ou consequência):
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um Ponto de Exclamação
homem culto.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
cautela;
entonação exclamativa:
� Marcar invocação em correspondências:
Ex.: Que linda mulher!
Ex.: Prezados senhores:
Coitada dessa criança!;
Comunico, por meio deste, que...
� Aparece após uma interjeição:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
Travessão
� Usado para substituir vírgulas em vocativos
enfáticos:
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”;
discurso de interlocutor: Ex.:
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
— Bom dia, Maria!
marcar uma ênfase:
— Bom dia, Pedro!;
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
� Serve também para colocar em relevo certas expres-
metros em 20 segundos!!!
sões, orações ou termos. Pode ser substituído por vír-
gula, dois-pontos, parênteses ou colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- Reticências
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que São usadas para:
vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- � Assinalar interrupção do pensamento:
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...;
Parênteses � Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
Têm função semelhante à dos travessões e das desceu as escadas apressadamente. (Também pode
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
mos, expressões ou orações. depois desceu as escadas apressadamente.);
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) � Para sugerir prolongamento da fala:
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...;
jantar. (oração intercalada) � Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
LÍNGUA PORTUGUESA

Ponto-Final vergonha;
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: mente com outras intenções:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
período. Uso das Aspas
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade; São usadas em citações ou em algum termo que
� Nas abreviaturas precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí-
Ex.: apart. ou apto. = apartamento. das por itálico ou negrito, que têm a mesma função
sec. = secretário. de destaque.
a.C. = antes de Cristo. 29
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Usam-se nos seguintes casos: � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
� Antes e depois de citações: da gramática.
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
afirma Dad Squarisi, 64;
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- Uso da Barra
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas: A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava. � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
Não gosto de “pavonismos”. substituída pela conjunção “ou”:
Dê um “up” no seu visual; Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
às vezes com ironia ou malícia: � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. ção das conjunções e/ou:
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
sonoro; e/ou escritos;
� Para citar nomes de mídias, livros etc.: � Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. ção entre si:
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Colchetes (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
Representam uma variante dos parênteses, porém � Para separar os versos de poesias, quando escritos
têm uso mais restrito. seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Usam-se nos seguintes casos: barras para indicar a separação das estrofes:
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
� Para incluir num texto uma observação de nature- passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
za elucidativa: te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles;
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”; � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), não foi escrita na sua totalidade:
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado Ex.: a/c = aos cuidados de;
que pareça, o texto original é assim mesmo: s/ = sem;
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- � Para separar o numerador do denominador nos
do.” (Machado de Assis); números fracionários, substituindo a barra da
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda fração:
Ex.: 1/3 = um terço;
Fonologia:
� Nas datas:
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];
Ex.: 31/03/1983
� Para suprimir parte de um texto (assim como
� Nos números de telefone:
parênteses):
Ex.: 225 03 50/51/52;
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
� Nos endereços:
desceu as escadas apressadamente.
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
ou
� Na indicação de dois anos consecutivos:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;
ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
vel segundo as normas da ABNT).
Ex.: /s/.
Asterisco
Embora não existam regras muito definidas sobre
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
� É colocado à direita e no canto superior de uma
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- ORGANIZAÇÃO SINTÁTICA DAS
vo, o que origina um novo substantivo; FRASES: TERMOS E ORAÇÕES
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE
tuição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
nhado aos responsáveis; os grandes grupos de palavras existentes na língua,
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: nós construímos um painel morfológico.
30 Ex.: Parecer, do latim *parescere;
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As palavras normalmente recebem uma dupla � o termo que pode ser substituído por um pronome
classificação: a morfológica, que está relacionada à do caso reto;
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- � o termo com o qual o verbo concorda.
cionada à função específica que assumem em deter- Ex.: A população implorou pela compra da vacina
minada frase. da covid-19.

Frase No exemplo anterior a população é:

Frase é todo enunciado com sentido completo. z o elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras. z o elemento que pratica a ação de implorar;
Ex.: Fogo! z o termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Silêncio! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano z o termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos). do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da covid-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal por-
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
que é a respeito dela que o predicado diz algo. O núcleo
tá-lo completo ou incompleto.
indica a palavra que realmente está exercendo determi-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
nada função sintática, que atua ou sofre a ação. O núcleo
poluição.
do sujeito apresentará um substantivo, ou uma palavra
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque).
com valor de substantivo, ou pronome.
Período
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais
Sujeito: O povo
orações.
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
� Composto: possui duas ou mais orações. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Dica
Chegou em casa e tomou banho.
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
PERÍODO SIMPLES — TERMOS DA ORAÇÃO as expressões interrogativas quem? ou o quê?
antes do verbo.
Os termos que formam o período simples são dis- Ex.: A população pediu uma providência ao
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- governador.
grantes (complemento verbal, complemento nominal Quem pediu uma providência ao governador?
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Resposta: A população (sujeito).
adjunto adverbial e aposto). Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
outro.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO O que iria de um lado para o outro?
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- Tipos de Sujeito
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se


exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos a
em:
seguir cada um deles.
Simples
Sujeito
DETERMINADO Composto
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada Elíptico
pelo verbo.
Com verbos flexionados na 3ª
O sujeito pode ser: pessoa do plural
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa se (índice de indeterminação do
pelo verbo; sujeito) 31
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item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
Usado para fenômenos da
INEXISTENTE natureza ou com verbos oração.
impessoais
Importante notar que não há preposição entre
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
„ Simples: quando há apenas um núcleo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é indeter-
Núcleo: aluguel
minado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”.
Sujeito simples: O aluguel da casa;
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Núcleos: sons, cores.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Sujeito composto: Os sons e as cores;
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não ça da partícula -se.
aparece na oração, mas é possível de ser identi-
ficado devido à flexão do verbo ao qual se refe- Predicado
re.Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito:
(Eu) É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
z Indeterminado: quando não é possível identificar mos essenciais na oração, há casos em que a oração
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
do por um índice de indeterminação do sujeito, a impossível existir uma oração sem sujeito.
partícula “se”. O predicado pode ser:

„ colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.


não se referindo a nenhuma palavra determi- Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
nada no contexto. (José de Alencar);
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Predicado: seguem sua marcha;
Entende-se que alguém passou cedo; z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
„ colocando-se verbos (intransitivos, transitivos to (oração sem sujeito):
diretos ou de ligação) sem complemento dire- Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
pronome se, pronome que atua como índice de
indeterminação do sujeito. Para determinar o predicado, basta separar o
Ex.: Não se vê com a neblina. sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
Entende-se que ninguém consegue ver nessa do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
condição. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
A seguir, pratique seus conhecimentos com o exer- Dias)
cício comentado abaixo. Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
Classificação do Predicado
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
são impessoais e normalmente representam fenôme-
A classificação do predicado depende do significa-
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer
do e do tipo de verbo que apresenta.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Basta de confusão. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Há dois anos esse restaurante abriu. a um predicativo do sujeito).
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
Classificação do Sujeito Quanto à Voz O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome).
z Voz ativa (sujeito agente) Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Mendes)
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- Predicado: são mais bonitas.
ce a ação na frase; Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
z Voz passiva sintética (sujeito paciente) Bilac)
Ex.: Corta-se cabelo. Predicado: estão cheias de calafrios.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
32 “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
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É importante não confundir: Predicado Verbo-Nominal

z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, Ocorre quando há dois núcleos significativos:
mas um estado momentâneo ou permanente que um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
o predicativo do sujeito; transitivo, predicativo do objeto).
z Predicativo do sujeito: função exercida por subs- Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- Verbo intransitivo: parou
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Predicativo do sujeito: atento
Ex.: O garoto está bastante feliz. Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Verbo de ligação: está. está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Predicativo do sujeito: bastante feliz. considerado predicativo do sujeito.
Ex.: Seu batom é muito forte. Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo
Verbo de ligação: é. Bilac)
Predicativo do sujeito: muito forte. Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: desorientado
Predicado Verbal No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do do de Assis)
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os Verbo transitivo direto: achou
demais termos do predicado. Objeto direto: o raciocínio
O verbo do predicado pode ser classificado em Predicativo do objeto: exato
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige concluir que temos um caso de predicativo do obje-
um complemento não preposicionado, o objeto direto. to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” o sujeito.
Noel Rosa O que é o predicativo do objeto?
Verbo Transitivo Direto: Fazer. É o termo que confere uma característica, uma
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. qualidade, ao que se refere.
Verbo Transitivo Direto: trouxe; A formação do predicativo do objeto se dá por um
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- adjetivo ou por um substantivo.
vo indireto tem como necessidade o complemen- Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
to acompanhado de uma preposição para fazer Predicativo do objeto: proveitoso
sentido. Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Ex.: Nós acreditamos em você. Predicativo do objeto: vitoriosa
Verbo transitivo indireto: acreditamos Para facilitar a identificação do predicativo do
Preposição: em objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Verbo transitivo indireto: obedeceu fica é relacionar o predicativo ao nome.
Preposição: a (a + os) O filme foi proveitoso.
Ex.: Os professores concordaram com isso. Ela era vitoriosa.
Verbo transitivo indireto: concordaram Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Preposição: com; dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o ligação (foi e era, respectivamente).
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
indireto (com preposição).
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- São vocábulos que se agregam a determinadas
tras.” (Machado de Assis) estruturas para torná-las completas. De acordo com
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava a gramática da língua portuguesa, esses termos são
Objeto direto 1: anedotas divididos em:
LÍNGUA PORTUGUESA

Objeto indireto 1: lhe


Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia Complementos Verbais
Objeto direto 2: outras
Objeto indireto 2: lhe; São termos que completam o sentido de verbos
z Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de cons- transitivos diretos e transitivos indiretos.
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
oração. panhado de preposição.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Verbo intransitivo: adormeciam. Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
aqueles). 33
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Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto Como diferenciar objeto direto de sujeito?
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas varia- Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
ções lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre exercem O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
função de objeto direto, os pronomes oblíquos me, te, se, va analítica e se transforma em sujeito.
nos, vos também podem exercer essa função sintática.
Os jogos da seleção foram ignorados.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. z Objeto indireto: é complemento verbal regido de
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
“Convidaram quem? Ela”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
“Receberam quem? Nós”) casa 260.
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Gosto de ti, meu nobre.
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
Não troque o certo pelo duvidoso.
pronome relativo que.
Vamos insistir em promover o novo romance de
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
esse algo é o objeto direto) ficção.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais:
pode ser representado pelos seguintes pronomes
z Objeto direto preposicionado oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os
pronomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
preposição no seu complemento, algumas palavras Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
requerem o uso da preposição para não perder o sen- Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
tido de “alvo” do sujeito.
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
facultativos.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
„ Exemplos com ocorrência obrigatória de
preposição: z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Não entendo nem a ele nem a ti. uma mensagem.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. Complemento Nominal
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos). Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
„ Exemplos com ocorrência facultativa de
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
preposição:
presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
le templo. do do nome.
A escultura atrai a todos os visitantes. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
pedestal. Para melhor identificar um complemento nomi-
Ao povo ninguém engana. nal, siga a instrução:
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Nome + preposição + quem ou quê
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- Como diferenciar complemento nominal de com-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- plemento verbal?
sente para indicar parte de um todo, quando assim Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
bebeu uma porção da água, e não ela toda. diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
z Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
enfatizar um único significado.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
Andrade) Agente da Passiva
z Objeto direto interno: representado por palavra
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
mesmo significado. lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
Ex.: Riu um riso aterrador. raramente, da preposição de.
Dormiu o sono dos justos. Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
ser, estar, viver, andar, ficar.
34
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TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
roupas;
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu- z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
ra básica da oração, são importantes para compreen- z Finalidade: Vivia para o trabalho;
são do enunciado porque trazem informações novas. z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
Esses termos são chamados acessórios da oração. z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
Adjunto Adnominal z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
z Origem: Descendia de nobres.
São termos que acompanham o substantivo,
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar, Não confunda!
especificar o elemento representado pelo substantivo. Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
Categorias morfológicas que podem funcionar adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
como adjunto adnominal: nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido.
z artigos; Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
z adjetivos; é um adjunto adnominal)
z numerais; Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
z pronomes; adjunto adverbial)
z locuções adjetivas.
Aposto
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto. Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
Iam cheios de si. ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
Estava conquistando o respeito dos seus.
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
O novo regulamento originou a revolta dos
tar algo, alguém ou um fato.
funcionários.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
bicicleta.
Aposto: filha de D. Raimunda
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
des obras.
exercem essa função sintática quando assumem
Aposto: Machado de Assis.
valor de pronomes possessivos.
Classifica-se nas seguintes categorias:
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal? z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Separa-se do substantivo a que se refere por uma
Quando o adjunto adnominal for representado por pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
uma locução adjetiva, ele pode ser confundido com com- ou dois-pontos.
plemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica: Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
ontem, acabaram de voltar de férias.
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de
qual se liga for concreto. todos;
Ex.: A casa da idosa desapareceu. � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
Se indicar posse ou o agente daquilo que foram resumidas ou abreviadas em um termo
expressa o substantivo abstrato. anterior. Mostra os elementos contidos em um só
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; termo.
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
daquilo que expressa o substantivo. riachos.
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
foi respeitada. preconceito, antipatia e arrogância;
Notava-se o amor pelo seu trabalho. z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Adjunto Adverbial estavam empolgados com a feira.
LÍNGUA PORTUGUESA

Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-


Termo representado por advérbios, locuções -Bissau, países africanos onde se fala português;
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- � Comparativo: estabelece uma comparação
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas implícita.
circunstâncias. Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
rumo;
z Tempo: Quero que ele venha logo; � Circunstancial: exprime uma característica
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; circunstancial.
z Modo: O dia começou alegremente; Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
z Intensidade: Almoçou pouco; apropriadas;
z Causa: Ela tremia de frio; � Especificativo: é o aposto que aparece junto a um
z Companhia: Venha jantar comigo; substantivo de sentido genérico, sem pausa, para 35
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especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
substantivos próprios. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Exs.: O mês de abril. outro termo da oração.
O rio Amazonas. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
Meu primo José; O aposto se relaciona sintaticamente com outro
z Aposto da oração: é um comentário sobre o termo da oração.
fato expresso pela oração, ou uma palavra que A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é im-
condensa. pecável.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua Sujeito: a cozinha de Lufe.
preocupação. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
O noticiário disse que amanhã fará muito calor — sujeito).
ideia que não me agrada;
� Distributivo: dispõe os elementos equitativamente. PERÍODO COMPOSTO
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
para as perguntas. Observe os exemplos a seguir:
A apostila de Português está completa.
Sua presença era inesperada, o que causou
Um verbo: uma oração = período simples
surpresa.
Português e Matemática são disciplinas essen-
ciais para ser aprovado em concursos.
Dica Dois verbos: duas orações = período composto
� O aposto pode aparecer antes do termo a que O período composto é formado por duas ou mais
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
se refere, normalmente antes do sujeito.
períodos simples e período compostos.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
� Segundo o gramático Cegalla, quando o apos- PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
to se refere a um termo preposicionado, pode ele O povo levantou-se cedo
vir igualmente preposicionado. Era dia de eleição
para evitar aglomeração
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo. Para não esquecer:
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Período simples é aquele formado por uma só
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. oração.
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Período composto é aquele formado por duas ou
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- mais orações.
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial Classifica-se nas seguintes categorias:
de modo).
z Por coordenação: orações coordenadas
z Diferença de aposto especificativo e adjunto adno- assindéticas;
minal: normalmente, é possível retirar a preposição
que precede o aposto. Caso seja um adjunto, se for „ Orações coordenadas sindéticas: aditi-
retirada a preposição, a estrutura fica prejudicada. vas, adversativas, alternativas, conclusivas,
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. explicativas.
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente. z Por subordinação:
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?);
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
pletivas nominais, predicativas, apositivas;
adjetivo.
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
explicativas;
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado — ad-
„ Orações subordinadas adverbiais: causais,
jetivo) comparativas, concessivas, condicionais, con-
Homem desesperado, João sempre perde o con- formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
trole. temporais.
(aposto; núcleo: homem — substantivo).
z Por coordenação e subordinação: orações for-
Vocativo madas por períodos mistos;
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
O vocativo é um termo que não mantém relação
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- As orações são sintaticamente independentes. Isso
ja se comunicar. É um termo independente, pois significa que uma não possui relação sintática com
não faz parte da estrutura da oração. verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha período.
consulta. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
36 Ela te diz isso desde ontem, Fábio. (Fernando Pessoa)
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Oração coordenada 1: Deus quer Orações Subordinadas Substantivas
Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce. São classificadas nas seguintes categorias:
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho são introduzidas pelas conjunções subordinativas
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à integrantes que e se.
porta da sala de Damasceno Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi impostos.
Conjunção adversativa: mas nada Não sei se poderei sair hoje à noite;
z Orações subordinadas substantivas justapostas:
Orações Coordenadas Sindéticas introduzidas por advérbios ou pronomes interroga-
tivos (onde, como, quando, quanto, quem etc.);
As orações coordenadas podem aparecer ligadas z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- roubadas.
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome Não sei quem lhe disse tamanha mentira;
sindética. Veremos agora cada uma delas: z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou no infinitivo.
simultaneidade. Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras;
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
bém, mas ainda, bem como, como também, se- exercem a função de sujeito. O verbo da oração
não também, que (= e). principal deve vir na voz ativa, passiva analítica ou
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se referir a
Os convidados não compareceram nem explica- nenhum termo na oração.
ram o motivo; Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. cional) (or. sub. subst. subje.);
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, z Orações subordinadas substantivas objetivas
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- diretas: exercem a função de objeto direto de um
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. verbo transitivo direto ou transitivo direto e indire-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. to da oração principal.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
morte.” (Laurindo Rabelo); Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou subst. obj. dir.);
se excluem. z Orações subordinadas substantivas completi-
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... vas nominais: exercem a função de complemento
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
... talvez). da oração principal.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (complemen-
Você quer suco de laranja ou refrigerante? to nominal)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
sobre um raciocínio. plemento nominal oracional) (or. sub. subst. compl.
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- nom.);
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início z Orações subordinadas substantivas predicati-
de frase). vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima oração principal. Sempre figuram após o verbo de
semana. ligação ser.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Mendes Campos); sujeito)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
porquanto, pois. z Orações subordinadas substantivas apositivas:
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
a “pois”) de dois-pontos ou entre vírgulas.
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata.
LÍNGUA PORTUGUESA

com fome. (aposto)


Só quero uma coisa: que você volte imediatamen-
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO te. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);

Formado por orações sintaticamente dependentes, Orações Subordinadas Adjetivas


considerando a função sintática em relação a um ver-
bo, nome ou pronome de outra oração. Desempenham função de adjetivo (adjunto adno-
Tipos de orações subordinadas: minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São
introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a
z substantivas; qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
z adjetivas; As orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
z adverbiais. explicativas e restritivas. 37
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z Orações subordinadas adjetivas explicativas: � Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas
tam uma explicação sobre o termo antecedente. por: para que, a fim de que, porque e que (= para
São consideradas termo acessório no período, que)
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola- Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
das por vírgulas. tivessem bom estudo;
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
cria trinta gatos; nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: porção que, quanto mais, quanto menos etc.
especificam ou limitam a significação do termo Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
antecedente, acrescentando-lhe um elemento aprecio;
indispensável ao sentido. Não são isoladas por � Orações subordinadas adverbiais temporais:
vírgulas. são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
incurável. agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Como diferenciar as orações subordinadas adje-
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- Para separar as orações de um período composto, é
vas explicativas? necessário atentar-se para dois elementos fundamentais:
Ele visitará o irmão que mora em Recife. os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos (conjun-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai ções ou pronomes relativos). Após assinalar esses ele-
visitar apenas o que mora em Recife) mentos, deve-se contar quantas orações ele representa, a
partir da quantidade de verbos ou locuções verbais. Exs.:
Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
[“A recordação de uns simples olhos basta] — 1ª
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
oração
mora em Recife)
[para fixar outros] — 2ª oração
[que os rodeiam] — 3ª oração
Orações Subordinadas Adverbiais
[e se deleitem com a imaginação deles]. — 4ª ora-
ção (M. de Assis)
Exprimem uma circunstância relativa a um fato
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
expresso em outra oração. Têm função de adjunto basta, pertencente à 1ª (oração principal).
adverbial. São introduzidas por conjunções subor- A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
seguintes grupos:
Orações Reduzidas
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
que, visto que etc. nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
que ficamos sem gasolina; iniciadas por conjunções;
� Orações subordinadas adverbiais comparati- z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal por pronomes relativos;
qual, como, mais etc. z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) conectivos;
que a importada; z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: prepositiva.
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, conjunção.
por mais que, se bem que etc. Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; rante. (desenvolvida).
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,
contanto que, a menos que etc. Orações Reduzidas de Infinitivo
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para
tal; Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos; S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
são introduzidas por: que (precedido na oração direta reduzida de infinitivo)
anterior de termos intensivos como tão, tanto, A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma predicativa reduzida de infinitivo)
que, sem que. Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; completiva nominal reduzida de infinitivo)
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
38 fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles); substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés z Orações subordinadas substantivas coordena-
pelas mãos. das entre si
O meu manual para fazer bolos certamente vai Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
agradar a todos; meus pais, nem que culpe meus parentes.
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, Oração principal: Espero.
continua jogando bola. Oração coordenada 1: que você não me culpe.
Sem estudar, não passarão. Oração coordenada 2: que não culpe meus pais.
Ele passou mal, de tanto comer doces. Oração coordenada 3: nem que culpe meus
parentes.
Orações Reduzidas de Gerúndio

Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo- Importante!


sitivas, adjetivas, adverbiais.
O segredo para classificar as orações é per-
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando ceber os conectivos (conjunções e pronomes
livre dos juros; relativos).
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
z Agora ouvimos artistas cantando no shopping. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta); entre si
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
coração; cautelosa, não faz tudo sozinha.
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
contou a verdade. Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa;
Orações Reduzidas de Particípio
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
entre si
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado.
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
falsa.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por presente
nós mesmos, ainda resiste; Oração subordinada adverbial 2: quando não
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- estou;
ria problemas. (condicional) � Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. mo período
(causal/temporal) Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
Comprada a casa, a família se mudou logo. seu papel, no entanto a realidade não é assim.
(temporal). Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as
O particípio concorda em gênero e número com os penitenciárias cumpram seu papel
termos referentes. Oração coordenada sindética adversativa da ante-
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- rior: no entanto a realidade não é assim.
quentes em provas de concurso.
REGÊNCIA
Períodos Mistos
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
São períodos que apresentam estruturas oracio- relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
nais de coordenação e subordinação. posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas advérbio) exige complemento preposicionado, esse
dentro de um conjunto de orações que são subordina- nome é um termo regente, e seu complemento é um
das a uma oração principal. termo regido, pois há uma relação de dependência
entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre
1ª oração 2ª oração 3ª oração
iniciado por preposição, exceto se o complemento
O homem entrou na que todos vier em forma de pronome oblíquo átono.
e pediu Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
LÍNGUA PORTUGUESA

sala calassem.
foram leais.
verbo verbo verbo Observação: complemento de “lhe”: predicativo do
sujeito (desprovido de preposição)
1ª oração: oração coordenada assindética. Pronome oblíquo átono: lhe
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. sujeito (desprovido de preposição).
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
em relação à 2ª oração. Regência Verbal
Resumindo: período composto por coordenação e
subordinação. Relação de dependência entre um verbo e seu
As orações subordinadas são coordenadas entre si, complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
ligadas ou não por conjunção. retas, isto é, com ou sem preposição. 39
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Há verbos que admitem mais de uma regência sem O médico assistia os acidentados.
que o sentido seja alterado. O médico assistia aos acidentados.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
recebidos. Não assisti ao final da série;
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no
Aquela moça não se esquecia dos favores particípio.
recebidos. É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
V. T. I.: se esquecia res de pessoas.”
Objeto indireto: dos favores recebidos.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando direto e indireto
seu significado. Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
(aspiramos = sorvemos) vo indireto)
V. T. D.: aspiramos O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
Objeto direto: ar poluídos. to e indireto);
Os funcionários aspiram a um mês de férias. � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
(aspiram = almejam) predicativo do objeto
V. T. I.: aspiram Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
Objeto indireto: a um mês de férias to com sentido de “convocar”);
A seguir, uma lista dos principais verbos que Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
geram dúvidas quanto à regência: dicativo do objeto com sentido de “denominar,
qualificar”);
� Abraçar: transitivo direto � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. reto; intransitivo
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço; Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto indireto com sentido de “ser difícil”)
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
to com sentido de “acariciar”) vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);
no sentido de “ser agradável a”); � Esquecer: admite três possibilidades
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Ex.: Esqueci os acontecimentos.
transitivo direto e indireto Esqueci-me dos acontecimentos.
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não Esqueceram-me os acontecimentos;
personificado) � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto transitivo direto e indireto
personificado) Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
reto: refere-se a coisas e pessoas); Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da disposição”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
e objeto indireto. direto e indireto com sentido de envolver-se”);
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo � Informar: transitivo direto e indireto
direto) Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
indireto) sobre
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, Informaram o réu de sua condenação.
rege apenas objeto direto: Informaram o réu sobre sua condenação.
Ajudaram o ladrão a fugir. Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto sa: objeto indireto, com a preposição a
direto: Informaram a condenação ao réu;
Ajudei-o muito à noite; � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto reto, com as preposições em e por
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sitivo direto com sentido de “angustiar”) � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com tivo direto e indireto
sentido de “desejar muito” — não admite “lhe” Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
como complemento); sitivo com sentido de “cortejar”)
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- indireto com sentido de “desejar muito”)
vo direto com sentido de “respirar”) “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
indireto no sentido de “desejar”); “encantar-se”);
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
40 “prestar assistência” Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
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� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- A: artigo, feminino, singular;
tivo direto e indireto Pequena: adjetivo, feminino, singular;
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) Garota: substantivo, feminino, singular.
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
indireto). adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo número (singular) do substantivo.
direto e indireto); Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; cia: verbal e nominal.
transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) Concordância Verbal
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e É a adaptação em número — singular ou plural
indireto); — e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
� Suceder: intransitivo; transitivo direto sujeito.
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
sentido de “ocorrer”). te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de
de “vir depois”). “brasis” — digamos assim —, ganha disparando dos
outros, pois houve influências de todos os povos aqui:
Regência Nominal europeus, asiáticos e africanos.
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de um
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér- sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo correspon-
bios) exigem complementos preposicionados, exceto dente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no singular.
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Advérbios Terminados em “Mente” “[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — pre-
dicado verbal.
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
regência dos adjetivos: Ex.: Prefiro natação a futebol.
análoga / analogicamente a Verbo bitransitivo: Prefiro
contrária / contrariamente a Objeto direto: natação
compatível / compativelmente com Objeto indireto: a futebol
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a Concordância Verbal com o Sujeito Simples
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
relativa / relativamente a sujeito.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos exorbitante.
Nomes a que se Referem Diferentes situações:

Alguns nomes regem preposições semelhantes a z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
sua primeira sílaba. Vejamos: sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
dependente, dependência de multidão gritou entusiasmada.
inclusão, inserção em z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
inerente em/a bo posterior ao pronome relativo concorda com o
descrente de/em antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
desiludido de/com Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
desesperançado de z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
desapego de/a verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
convívio com quem resolveu a questão.
convivência com
demissão, demitido de Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
encerrado em cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
enfiado em nós quem resolvemos a questão.
LÍNGUA PORTUGUESA

imersão, imergido, imerso em


instalação, instalado em z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
interessado, interesse em demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / de
intercalação, intercalado entre vós, o verbo pode concordar com o pronome no plural
supremacia sobre ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resolviam essa
questão. / Alguns de nós resolvíamos essa questão.
CONCORDÂNCIA z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- ver artigo definido antes de uma palavra plura-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
Observe o exemplo: artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
A pequena garota andava sozinha pela cidade. Unidos continuam uma potência. 41
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z Estados Unidos continua uma potência. Em “grande parte dos pagamentos realizados...
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- foi tributado”, não houve concordância adequada,
de de Santos fica em São Paulo.”) deveria ser “foi tributada”, para concordar com o
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C.

Importante! � Os verbos bater, dar e soar concordam com o


número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
verbo fica no singular ou no plural.
chegou (Duas horas deram...).
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
Camões.
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
badaladas soaram).
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, da escola soou dez badaladas).
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Mais de um aluno compareceu à aula. verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
Mais de cinco alunos compareceram à aula. dem-se casas de veraneio aqui.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
A expressão mais de um tem particularidades: interessada.
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: Majestade está preocupada?
Mais de um irmão se abraçaram. Suas Excelências precisam de algo?
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à fes- z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
ta. exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
vam presentes. Concordância Verbal com o Sujeito Composto

z Quando o sujeito é formado por um número per- � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o ticais diferentes
numerado ou com o número inteiro, mas pode Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
concordar com o especificador dele. Se o numeral � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
vier precedido de um determinante, o verbo con- Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 garam ontem;
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
ou nenhum
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
viver bem. ter o espírito esportivo;
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. singular
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
A seguir, pratique seus conhecimentos com o exer-
davam (preferencialmente no singular);
cício comentado abaixo.
� Gradação entre os núcleos do sujeito
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
1. (FGV — 2008) “... mostram que um terço dos paga-
me acalmar (preferencialmente no singular);
mentos realizados por intermédio de instituições
� Núcleos do sujeito no infinitivo
financeiras foi tributado apenas por aquela contribui-
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
ção...” Assinale a alternativa em que, ao se alterar o
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
termo “um terço”, não se tenha mantido a concordân-
cia em conformidade com a norma culta. Desconside- mitivo (nada, tudo, ninguém)
re a possibilidade de concordância atrativa. Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por nem um nem outro
intermédio de instituições financeiras foi tributado Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
apenas por aquela contribuição. � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza- Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
dos por intermédio de instituições financeiras foram foco nos estudos;
tributados apenas por aquela contribuição. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza- como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu- bem como, assim como, tanto quanto
tado apenas por aquela contribuição. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados final;
por intermédio de instituições financeiras foram tribu- z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
tados apenas por aquela contribuição. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados como; não só... mas também etc.)
por intermédio de instituições financeiras foi tributado Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
42 apenas por aquela contribuição. popularidade em alta;
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z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
co núcleo, o verbo fica no singular concordando foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
com o núcleo único. Mas, se houver determinante posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o particípio);
sujeito passa a ser composto. z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos ção verbal)
combustíveis aumentaram. Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
sendo sujeito do infinitivo).
Concordância Verbal do Verbo Ser
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
� Concorda com o sujeito no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
Ex.: Nós somos unha e carne; impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
� Concorda com o sujeito (pessoa) Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
Ex.: Os meninos foram ao supermercado. com valor genérico)
� Em predicados nominais, quando o sujeito for São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
representado por um dos pronomes tudo, nada, dido de preposição de ou para)
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- Soldados, recuar! (infinitivo com valor de
dará com o predicativo (preferencialmente) ou imperativo)
com o sujeito
Ex.: No início, tudo é/são flores. � Concordância do verbo parecer
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for Flexiona-se ou não o infinitivo.
que ou quem Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
Ex.: Quem foram os classificados? equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona-
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo do de acordo com o sujeito, no plural)
Ex.: São nove horas. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal).
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? � Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. auxiliar fica no singular)
Divertimentos é o que não lhe falta. Trata-se de problemas psicológicos.
Dez reais é nada diante do que foi gasto; Geou muitas horas no sul.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- � Concordância com sujeito oracional
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
verbo concordará com o termo não preposiciona- singular.
do entre eles. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
São eles que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Urge que você estude.
trução adequada) Era preciso encontrar a verdade.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada) Casos mais Frequentes em Provas

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
Concordância do Infinitivo
� Sujeito posposto distanciado
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal: Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- cal brasileira seres estranhos;
LÍNGUA PORTUGUESA

to esclarecido) � Verbos impessoais (haver e fazer)


Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
implícito “nós”) Havia problemas no setor.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
(dois pronomes implícitos: eu, nós) vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Até me encontrarem, vocês terão de procurar � Verbo na voz passiva sintética
muito. (preposição no início da oração) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. � Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais) do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
indicando tempo) tinham experiência;
Estudo para me considerarem capaz de aprova- � Sujeito coletivo com especificador plural
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram; 43
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� Sujeito oracional Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no singular); Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjunto Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
ou complemento no plural minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar atri- cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
to. (verbo no singular). Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
Casos Facultativos do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
estádio; francesa e alemã.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
fizeram rir; os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Fui eu quem faltou/faltei à aula; a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? língua inglesa, a francesa e a alemã.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira; z Com função de predicativo do sujeito
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
ciência. (1,5% corresponde ao singular); Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Chegaram/Chegou João e Maria; com a soma dos elementos.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
aqui; Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
brasileira;
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z O problema do sistema é/são os impostos;
quanto com o nome mais próximo.
z Hoje é/são 22 de agosto;
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos a
vam abandonados a casa e o quintal.
aprovação;
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Silepse de Número e de Pessoa
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular,
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- z Com função de predicativo do objeto
dade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Concordância Nominal seus subordinados.

Define-se como a adaptação em gênero e número Algumas Convenções


que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, � Obrigado / próprio / mesmo
adjetivos, numerais). Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em A própria enfermeira virá para o debate.
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos. Dica
Casos com Adjetivos O termo mesmo no sentido de “realmente” será
invariável.
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
apenas queriam ficar sozinhas.)
Há casos em que o adjetivo concordará apenas A locução “a sós” é invariável.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
44 tencer somente a este. ficar a sós;
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� Quite / anexo / incluso Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Concordam com os elementos a que se referem. também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ex.: Estamos quites com o banco. Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Seguem anexas as certidões negativas. um substantivo; mantém-se no singular)
Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
� Meio Adjetivos
Quando significar “metade”: concordará com o ele-
mento referente. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
mo elemento concordará com o substantivo referente.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Os demais ficarão na forma masculina singular.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
Se um dos elementos for originalmente um subs-
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quando tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
significar unidade de medida, é masculino. Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”; plural, pois ambos são adjetivos.
� É proibido entrada / É proibida a entrada No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
Se o sujeito vier determinado, a concordância do ver- singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
bo e do predicativo do sujeito será regular, ou seja, Nesse caso, o termo composto não concorda com o
tanto o verbo quanto o predicativo concordarão com plural do substantivo referente, “folhas”.
o determinante. Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta caminha- O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
da está boa. bém pode ser um substantivo.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a entra- O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
da de crianças. lógica de “musgo” do exemplo anterior.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
� Menos / pseudo Lembre-se: azul-marinho, azul-celeste, ultraviole-
São invariáveis. ta e qualquer adjetivo composto iniciado por “cor-de”
Ex.: Havia menos violência antigamente. são sempre invariáveis.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumento é
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois
pseudo-objetivo;
elementos flexionados no plural (peles-vermelhas).
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele. Lista de Flexão dos Dois Elementos
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito � Nos substantivos compostos formados por pala-
irritados. vras variáveis, especialmente substantivos e
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bastan- adjetivos:
te irritados. segunda-feira — segundas-feiras;
Se ambos os termos puderem ser substituídos por matéria-prima — matérias-primas;
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substituí- couve-flor — couves-flores;
dos por “bem”, ficarão invariáveis; guarda-noturno — guardas-noturnos;
� Tal qual primeira-dama — primeiras-damas;
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, com � Nos substantivos compostos formados por
o substantivo posterior. temas verbais repetidos:
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os corre-corre — corres-corres;
pais. pisca-pisca — piscas-piscas;
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais quais pula-pula — pulas-pulas.
os pais. Nestes substantivos também é possível a flexão
z Silepse (também chamada concordância figurada)
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
É a que se opera não com o termo expresso, mas o que
-piscas, pula-pulas.
está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é linda!)
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos Flexão Apenas do Primeiro Elemento
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasileiros, z Nos substantivos compostos formados por subs-
estamos esperançosos.); tantivo + substantivo em que o segundo termo
limita o sentido do primeiro termo:
LÍNGUA PORTUGUESA

� Possível
Concordará com o artigo, em gênero e número, em decreto-lei — decretos-lei;
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. cidade-satélite — cidades-satélite;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Conheci público-alvo — públicos-alvo;
crianças as mais belas possíveis. elemento-chave — elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
PLURAL DE COMPOSTOS dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves;
Substantivos z Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar — canas-de-açúcar;
O adjetivo concorda com o substantivo referente em pôr do sol — pores do sol;
gênero e número. Se o termo que funciona como adjetivo fim de semana — fins de semana;
for originalmente um substantivo fica invariável. pé de moleque — pés de moleque. 45
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Flexão Apenas do Segundo Elemento Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução;
� Índice de indeterminação do sujeito
� Nos substantivos compostos formados por tema Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo;
verbal ou palavra invariável + substantivo ou � Parte integrante dos verbos essencialmente
adjetivo: pronominais
bate-papo — bate-papos; Ex.: Queixou-se muito da vida;
quebra-cabeça — quebra-cabeças; � Conjunção subordinativa integrante
arranha-céu — arranha-céus; Ex.: Ela queria ver se conseguiria;
ex-namorado — ex-namorados; � Conjunção subordinativa condicional
vice-presidente — vice-presidentes; Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos.
� Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento: FUNÇÕES DO QUE
zum-zum — zum-zuns;
tico-tico — tico-ticos; Funções Morfológicas
lufa-lufa — lufa-lufas;
reco-reco — reco-recos; z Pronome;
� Nos substantivos compostos grafados ligada- z Substantivo;
mente, sem hífen: z Preposição;
girassol — girassóis; z Advérbio;
pontapé — pontapés; z Interjeição;
mandachuva — mandachuvas; z Conjunção.
fidalgo — fidalgos;
� Nos substantivos compostos formados com Funções Sintáticas
grão, grã e bel:
grão-duque — grão-duques; � Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”)
grã-fino — grã-finos; Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece
bel-prazer — bel-prazeres. termos;
Não flexão dos elementos;
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos � Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi-
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- sa”) ligado ao verbo
re em frases substantivadas e em substantivos Ex.: Elas não sabiam o que fazer;
compostos por um tema verbal e uma palavra � Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”,
invariável ou outro tema verbal oposto: “quanta”) ligado ao substantivo
o disse me disse — os disse me disse; Ex.: Que alegria!
o leva e traz — os leva e traz; � Pronome interrogativo (no final de frase é
o cola-tudo — os cola-tudo. acentuado)
Ex.: Por que não vai conosco?
FUNÇÕES DO SE Não vai conosco por quê?
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é
Embora já tenhamos abordado esse tema anterior- acentuado)
mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade;
cobradas desse vocábulo. � Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
Funções Morfológicas Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer-
tas coisas;
z Pronome; � Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
z Conjunção. adjetivo)
Ex.: Que bela tarde!
Funções Sintáticas � Interjeição (sempre acentuado)
Ex.: Quê! Você tem coragem?
� Pronome reflexivo com a função sintática de obje- � Partícula expletiva
to direto Ex.: Que experto que é teu irmão!
Ex.: Elas não se encontram na redação; � Faz parte da locução expletiva
� Pronome reflexivo com a função sintática do obje- Ex.: Ele é que sabe das coisas!
to indireto � Conjunção causal (igual a “porque”)
Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar; Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- adequadas;
ca do objeto direto � Conjunção integrante
Ex.: Admiravam-se de longe; Ex.: Suponhamos que elas viessem;
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- � Conjunção comparativa
ca do objeto indireto Ex.: Uma era mais esperta que a outra;
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas; � Conjunção concessiva (igual a “embora”)
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele;
infinitivo � Conjunção condicional (igual a “se”)
Ex.: Ela deixou-se ir; Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
� Pronome apassivador gar a mercadoria;
Ex.: Compram-se jornais; � Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
46 � Pronome de realce Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos;
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� Conjunção temporal estrutura “Sujeito — Verbo — Complementos — Adj.
Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram Adverbial”, apresentando, pois, uma sentença em
tudo; ordem inversa, enfatiza-se determinado termo. Veja-
� Conjunção final mos os exemplos a seguir:
Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse;
� Conjunção consecutiva z Ordem Direta
Ex.: Falou tanto que ficou rouco;
� Conjunção aditiva Verbo
Ex.: Anda que anda e nada encontra; O jornalista faleceu em São Paulo.
� Conjunção explicativa Sujeito Adj. Adverbial
Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.
z Ordem Inversa
FUNÇÕES DO SEM QUE
Adj. Adverbial
Locução conjuntiva com valor de condição, conces-
Faleceu, em São Paulo, o jornalista.
são, consequência, negação de consequência, negação de
causa, modo. Essa locução pode ser substituída para for- Verbo Sujeito
mar orações subordinadas reduzidas de infinitivo.
Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse Note que o verbo foi colocado na primeira posição, para
atrás.” receber destaque, ou seja, a ênfase está no verbo falecer.
Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira A ordem inversa pode ser usada para:
sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma oração
reduzida de infinitivo. z mudar a intenção do discurso. Ex.:
Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade de
informação e não será exercida sem que esta esteja asse- „ “Certo homem” = um homem qualquer;
gurada a todos os veículos de comunicação visual.” „ “Homem certo” = um homem específico e certo
Poderia ser reescrita como “A democracia não será dentro de um contexto.
efetiva sem liberdade de informação e não será exercida
sem esta estar assegurada a todos os veículos de comu- z enfatizar uma característica:
nicação visual”, formando agora uma oração reduzida
de infinitivo. „ “A bela mulher” = ressalta-se a beleza da
mulher;
„ “Uma mulher bela” = o adjetivo bela caracteri-
ORDEM DIRETA E INVERSA
za o substantivo mulher, mas não possui tanto
enfoque quanto no exemplo anterior.
Compreender as propriedades de organização sin-
tática de determinada língua é essencial para que seus z enfatizar um termo:
usuários possam estabelecer uma comunicação efeti-
va. No caso da língua portuguesa, tal organização se „ “Iremos à praia amanhã”. = o destaque está no
dá de maneira direta ou inversa. verbo iremos.
Neste tópico, trataremos sobre esses dois formatos „ “Amanhã, iremos à praia.” = ressalta-se o adj.
de organização de sentenças, visando compreender os adverbial de tempo amanhã.
efeitos de sentido produzidos em cada um.

Ordem Direta

Um dos formatos de organização sintática possí- TIPOS DE DISCURSO


veis na nossa língua é conhecido por ordem direta. Tal
ordenação foi descrita a seguir: Nos textos narrativos, existem dois tipos de discurso
que podem ser utilizados ao tratar de diálogos ou “falas”
Sujeito — Verbo — Complementos — Adjunto Adverbial dos personagens: o discurso direto e o discurso indireto.
Explicaremos as características de cada um a seguir.
z Exemplo:
DISCURSO DIRETO
Verbo Adj. Adverbial
A chuva provocou enchentes hoje. É a reprodução exata ou literal da fala das perso-
nagens, sem participação do narrador. Ele é bastante
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito Complemento (Objeto Direto)


comum em muitos textos exatamente por transcrever
literalmente as palavras do outro, além disso, aproxi-
Em geral, os usuários elaboram seus enunciados, ma o leitor da história.
seguindo esse parâmetro de ordem vocabular, de Características:
modo involuntário e natural.
z introduzido por um verbo de elocução;
Ordem Inversa z usa dois-pontos;
z há mudança de linha para um novo parágrafo;
Embora a ordem direta seja considerada padrão z é iniciado por um travessão, que indica a mudança
e, portanto, “mais correta”, elaborar enunciados que da voz do narrador para a voz da personagem;
apresentam os termos em ordem diferente constitui z o discurso em si está na primeira pessoa do discur-
um recurso bastante eficaz da língua. Ao modificar a so (eu/nós).
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DISCURSO DISCURSO
Importante! DIRETO
MUDANÇA
INDIRETO
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os pronomes (meu,
verbos de elocução. Os verbos de elocução são meus, minha,
pronomes (seu,
aqueles que introduzem as falas dos persona- minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
gens. Os principais são: falar, contar, destacar, nossos, nossa,
ressaltar, dizer, afirmar, perguntar, declarar, inda- nossas)
gar e questionar.
z Mudança nos tempos verbais

DISCURSO INDIRETO
DISCURSO
DISCURSO DIRETO MUDANÇA
Neste discurso, o narrador traz, em suas palavras, INDIRETO
as falas das personagens. Características: pretérito
presente do
passa para imperfeito do
z é introduzido por um verbo de elocução; indicativo
indicativo
z logo após há um termo (geralmente “que”), que
mostra a mudança da voz do narrador para a men- pretérito mais-
pretérito perfeito do
sagem da personagem; passa para que-perfeito do
indicativo
z não há mudança de linha ou de parágrafo, o texto indicativo
corrido; futuro do
z o discurso em si está na terceira pessoa do discurso futuro do presente
passa para pretérito do
(ele, ela, eles, elas). do indicativo
indicativo
MUDANÇA ENTRE OS DISCURSOS pretérito
presente do
passa para imperfeito do
Em questões de concurso, geralmente é aborda- subjuntivo
subjuntivo
da a mudança de um discurso para o outro. Seja do
direto para o indireto ou do indireto para o direto, há pretérito
mudanças principalmente nos verbos, e elas devem futuro do subjuntivo passa para imperfeito do
ser observadas para manter a correção gramatical. subjuntivo
pretérito
Passagem de Discurso Direto para Discurso Indireto
imperativo passa para imperfeito do
No caso da passagem do discurso direto para o discur- subjuntivo
so indireto, é necessário acrescentar informações como
um pronome ou o nome do autor da mensagem e mudar z Mudança na pontuação das frases
o tempo verbal. Além disso, são eliminadas as pontuações
como travessão e dois-pontos, já que o texto é corrido. DISCURSO
Por exemplo: DISCURSO DIRETO MUDANÇA
INDIRETO
Discurso direto: João afirmou:
— Comecei minha faculdade na semana passada. frases interrogativas frases
passam para
Discurso indireto: João afirmou que começou sua (?) declarativas (.)
faculdade na semana anterior. frases exclamativas frases
Discurso direto: Luna e Ana disseram: passam para
(!) declarativas (.)
— Nós viajaremos amanhã.
Discurso indireto: Elas disseram que viajariam frases imperativas frases
passam para
no dia seguinte. (! ou .) declarativas (.)
As mudanças ocorrem em diversos aspectos, como
destacaremos a seguir:5 z Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais

z Mudança das pessoas do discurso DISCURSO DISCURSO


MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
DISCURSO DISCURSO ontem passa para no dia anterior
MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
hoje passa para naquele dia
1ª pessoa passa para 3ª pessoa
agora passa para naquele momento
pronomes (eu, pronomes (ele,
passam para amanhã passa para no dia seguinte
nós) ela, eles, elas)
pronomes (ele, ela, aqui, aí, cá passam para ali, lá
pronomes (me,
eles, elas, lhe, lhes, aquele, aquela,
mim, comigo, nos, passam para este, esta, isto passam para
se, si, consigo, o, aquilo
conosco)
os, a, as)

5 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso em:
48 28 mar. 2022.
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DISCURSO INDIRETO LIVRE PADRÃO INFORMAL

Para finalizar, é importante mencionar o discurso Coloquialismo


indireto livre, que é mais dinâmico. Nele, as falas das
personagens (na 1ª pessoa) estão inseridas dentro do Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné-
discurso do narrador (na 3ª pessoa). Ou seja, há uma tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que
mistura dos dois tipos anteriores. Neste tipo, nem apresenta formas informais no falar e/ou escrever.
sempre há o uso dos verbos de elocução.
Esse tipo de discurso não apresenta uma estrutura Oralidade
fixa, mas também não há indício da introdução das
falas das personagens no texto. A oralidade marca as maneiras informais de se
Não é muito indicado porque as duas vozes são
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela
confundidas dentro da narração, já que ele funciona
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
como se o narrador assumisse o papel do personagem,
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali-
mostrando o seu ponto de vista.
zados apenas pela linguagem oral.
Exemplo de Discurso Indireto Livre
Linguagem Coloquial
Juliana estava revoltada com o namorado e com
a briga que tiveram. Como Paulo foi capaz de falar A linguagem coloquial marca formas fora do
aquelas coisas? Quem é que ele pensa que é? padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos,
existem alguns tipos de variação linguística; dentre
elas, as mais comuns em provas de concurso são:

z Variação diatópica ou geográfica


REGISTROS DE LINGUAGEM
A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível;
rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
ela pode ser considerada um conjunto de dialetos.
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
Alguém já disse que em país algum se fala uma língua
só, há várias línguas dentro da língua oficial. E no Bra- nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
sil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cida- também o exemplo das variações que ocorrem em
dão tem a sua. A essa característica da língua damos diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha-
o nome de variação linguística. De forma sintética, mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
padrão formal e padrão informal; cada um desses para representar um carinho feito em alguém. O que
tipos apresenta suas peculiaridades e espécies deriva- em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxei-
das. Vejamos: ra, no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim.
Essa variação denominamos diatópica lexical, já que
PADRÃO FORMAL lexical significa algo relativo ao vocabulário.

Norma Culta z Variação diastrática ou sociocultural

A norma culta da língua portuguesa é estabelecida A variação diastrática, como também ocorre com
pelos padrões definidos conforme a classe social mais a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,
abastada, detentora de poder político e cultural. As dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
as regras da língua, direcionando o que é considerado lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
permitido e aquilo que não é. trática lexical. E falar “Houveram menas percas” no
lugar de “Houve menos perdas” é variação diastráti-
Norma Padrão
ca sintática.
A norma padrão diz respeito às regras organizadas
z Variação diafásica ou estilística
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras
e preceitos que devem ser respeitados na utilização
LÍNGUA PORTUGUESA

A variação diafásica, como ocorreu com a diató-


da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs-
trato, tendo em vista que também considera fatores pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
sociais, como a norma culta. lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
por morar em determinado lugar nem porque todos
Língua Formal de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
A língua formal não está, diretamente, associada tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
a padrões sociais; embora saibamos que a influência representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
busca formalizar em regras e padrões as suas normas gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
a linguagem. variação diafásica sintática. 49
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VARIAÇÃO DIAFÁSICA
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU
METALINGUAGEM
Mudança no som, como veio (pronúncia com E
Diafásica
aberto) e more (pronúncia com E fechado, asseme-
fonética Acontece quando a linguagem é usada para expli-
lhando-se quase a pronúncia de i)
car a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor
Ocorre em contextos de informalidade, em que há
Diafásica explica o código utilizando o próprio código. Na cate-
mais liberdade para usar gírias e expressões lexi-
lexical goria de textos, merecem destaque as gramáticas e os
cais diferentes
Diafásica Ocorre com a alteração dos elementos sintáti- dicionários.
sintática cos, ocasionando erros
FUNÇÃO POÉTICA
z Variação diacrônica
Preocupa-se com a maneira como a mensagem
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido será transmitida. Essa função, embora seja comum
estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos. em poesias, também pode ser encontrada em slogans
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas
palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você. etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o
Além dessas, a variação diacrônica também marca a ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor,
presença de gírias comuns em determinadas épocas,
que a interpreta de maneira subjetiva.
como broto, chocante, carango etc.

Importante!
FUNÇÕES DA LINGUAGEM E ATOS DE Observe que, quando se trata de identificar uma
determinada função em um texto, dizemos que
COMUNICAÇÃO ela predomina naquele texto (ou em grande par-
te dele). Isso porque dificilmente uma função
FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA
ocorre isoladamente: o mais comum é que em
Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo-
um texto se combinem duas ou mais funções de
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na linguagem.
primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
cências, ponto de exclamação e interrogação para
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e
narrativas de teor romântico ou dramático. PALAVRAS

FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA No dia a dia, usamos unidades comunicativas


para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de
Tem como objetivo convencer e influenciar o
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica-
comportamento do receptor da mensagem. Essa fun-
ção e os processos de formação para sua construção
ção caracteriza-se pela presença das formas tu, você,
são conhecidos da nossa competência linguística, pois
vocês (explícitas ou subtendidas no texto), de vocati-
como falantes da língua, ainda que não saibamos o
vos e de formas verbais no imperativo que expressam
significado de antever, podemos inferir que esse ter-
ordem, sugestão, apelo etc. Essa função é predomi-
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
nante em textos publicitários, propagandas, horósco-
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
pos, manuais de advertências, tutoriais etc. Reconhecer os processos que auxiliam na forma-
ção de novas palavras é essencial para o estudante da
FUNÇÃO REFERENCIAL língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos
Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró- e palavras novas que podem ser criadas a partir da
prio assunto, o que faz dela uma função predominan- estrutura da língua; não é à toa que, muitas vezes,
te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos somos surpreendidos com o uso inédito de algum
livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes- termo.
se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e Porém, precisamos ter consciência de que nem
impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um todo contexto é apropriado para o uso de novas estru-
sentindo específico. turas vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos
estudar os processos de formação de palavras e as
FUNÇÃO FÁTICA consequências dessas novas constituições, focando
nesse conteúdo; sempre cobrado pelas bancas mais
Essa função serve para estabelecer ou interromper a exigentes.
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
50 expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ESTRUTURA DAS PALAVRAS São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e
Radical e Morfema Lexical auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
As palavras são formadas por estruturas que, uni-
das, podem se modificar e criar novos sentidos em z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
contextos diversos. Os morfemas são as menores uni- rior do radical.
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden- Exs.:
tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada In: infeliz.
por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar Anti: antipatia.
que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça Pós: posterior.
no qual podemos juntar outra peça para formar uma Bi: bisavô.
estrutura maior; porém, se você já montou um que- Contra: contradizer.
bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que rior do radical.
se encaixam. Exs.:
Assim, como falantes da língua, reconhecemos mente: felizmente.
essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, dade: lealdade.
a todo momento estamos aptos a criar novas pala- eiro: blogueiro.
vras a partir das regras que o sistema linguístico nos ista: dentista.
oferece. gudo: narigudo.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças” É importante destacar que essa pequena amostra,
existentes na língua, algumas misturando termos de listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
outras línguas com morfemas da língua portuguesa sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
para a formação de novas palavras, como: bloguei-
você tenha consciência do quão rico é o processo de
ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras
formação de palavras por afixos.
ganham novos morfemas e, consequentemente, novas
Além disso, não é interessante que você decore
acepções nas redes sociais como, por exemplo, biscoi-
esses morfemas derivacionais, mas que você com-
teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus-
preenda o valor semântico que cada um deles esta-
cam receber elogios nesse ambiente.
belece na língua, como os sufixos -eiro e -ista que são
As peças do quebra-cabeças que formam as pala-
usados, comumente, para criar uma relação com o
vras da língua portuguesa possuem os seguintes
ambiente profissional de alguma área, como: padeiro,
nomes:
costureiro, blogueiro, dentista, escafandrista, equili-
brista etc.
Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos,
Os sufixos costumam mudar mais a classes das
Consoantes e Vogais de Ligação
palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos
vocábulos.
O radical, também chamado de semantema, é o
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual
se anexam os demais morfemas, criando as palavras Desinências ou Morfemas Flexionais
derivadas. Devido a essa importante característica, o
radical é também conhecido como morfema lexical, Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
pois se trata da significação própria dos vocábulos, desinências, são os mais estudados na língua portu-
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti- guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
do propriamente dito. estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
Alguns exemplos de radicais: pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
Ex.: pastel — pastelaria — pasteleiro; no e masculino.
pedra — pedreiro — pedregulho; Para facilitar a compreensão, podemos dividir os
Terra — aterrado — enterrado — terreiro. morfemas flexionais em:

Atente-se: palavras da mesma família etimológica, z Aditivos: adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
ou seja, que apresentam o mesmo radical e guardam fessor/professora; livro/livros;
o mesmo valor semântico no radical, são conhecidas z Subtrativos: elimina-se um elemento do morfema
como cognatas. lexical. Ex.: irmão/irmã; órfão/órfã;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Nulos: quando a ausência de uma letra indica uma


Afixos ou Morfemas Derivacionais flexão. Ex.: o singular dos substantivos é marcado
por essa ausência, como em: mesa (0)6 /mesas.
A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha
outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio- Não confunda:
nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro- Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos Morfema lexical: radical.
vocábulos. Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
Vale notar que algumas bancas denominam os afi- ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções
xos de infixos. etc.
6 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 51
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Vogais Temáticas
FORMAÇÃO DE PALAVRAS

A vogal temática liga o radical a uma desinência, DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO


que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver- � Prefixal � Justaposição
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao � Sufixal � Aglutinação
radical para a união de outras desinências. � Prefixal e sufixal
Ex.: Amar e Amor. � Parassintética
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju- � Regressiva
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou � Imprópria ou conversão
3º conjugação:
Exs.: Como é possível notar, os dois processos de formação
Amar — 1ª conjugação; de palavras são a derivação e a composição. As pala-
Comer — 2ª conjugação; vras formadas por processos derivativos apresentam
Partir — 3ª conjugação. mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las agora!
É importante não se confundir: a vogal temática
não existe em palavras que apresentam flexão de PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
gênero. Logo, as palavras gato/gata possuem uma
desinência e não uma vogal temática! As palavras formadas por processos de derivação
Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja são classificadas a partir de seis categorias:
(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá z prefixal ou prefixação;
ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s. z sufixal ou sufixação;
Note que as palavras terminadas em vogais tônicas z prefixal e sufixal;
não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó. z parassintética ou parassíntese;
z regressiva;
Tema z imprópria ou conversão.

O tema é a união do radical com a vogal temática. A seguir, iremos estudar a diferença entre cada uma
dessas classes e identificar as peculiaridades de cada uma.
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras Derivação Prefixal
que não apresentem vogal temática também não irão
possuir tema. Como o próprio nome indica, as palavras formadas
por derivação prefixal são formadas pelo acréscimo de
Exs.:
um prefixo à estrutura primitiva, como:
Vendesse — tema: vende;
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
Mares — tema: mare.
mem; infeliz; refazer.
Pré-vestibular: prefixo pré-;
Vogais e Consoantes de Ligação Disposição: prefixo dis-;
Deslealdade: prefixo des-;
As consoantes e vogais de ligação têm uma função Super-homem: prefixo super;
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de Infeliz: prefixo in-;
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais Refazer: prefixo re-.
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên-
cias, aquelas facilitam a pronúncia. Derivação Sufixal
Exs.:
Gas - ô - metro; De maneira comparativa, podemos afirmar que a
Alv - i - negro; formação de palavras por derivação sufixal refere-se ao
Tecn - o - cracia; acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, como em:
Pe - z - inho; Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofrimen-
Cafe - t- eira; to; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Pau - l - ada; Lealdade: sufixo -dade;
Cha - l - eira; Francesa: sufixo -esa;
Inset - i - cida; Belíssimo: sufixo -íssimo;
Pobre - t- ão; Inquietude: sufixo -tude;
Paris - i - ense; Sofrimento: sufixo -mento;
Gira - s - sol; Harmonizar: sufixo -izar;
Legal - i - dade. Gentileza: sufixo -eza;
Lotação: sufixo -ção;
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Assessoria: sufixo -ria.

A partir do conhecimento dos morfemas que auxi- Derivação Prefixal e Sufixal


liam o processo de ampliação das palavras da língua,
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for- Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
mação de palavras. um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
As palavras na língua portuguesa são criadas a Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
partir de dois processos básicos que apresentam clas- mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os (prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração
52 processos de formação de palavras: (prefixo -re com sufixo -ção).
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Derivação Parassintética
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
Na derivação parassintética, um acréscimo simul- RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma PREFIXO
estrutura primitiva. É importante não confundir, con- Acro Alto Acrofobia/acrobata
tudo, com o processo de derivação por sufixação e
Agro Campo Agropecuária
prefixação. Veja:
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o sentido, Algia Dor Nevralgia
como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “emagro-” Bio Vida Biologia
não existe), basta fazer o seguinte exercício para estabe-
Biblio Livro Biblioteca
lecer por qual processo a palavra foi formada: retirar o
prefixo ou o sufixo da palavra em que paira dúvida. Caso Crono Tempo Cronologia
a palavra que restou exista, estaremos diante de um pro- Caco Mau cacofonia
cesso por derivação sufixal e prefixal; caso contrário, a
palavra terá sido formada por derivação parassintética. Cali Belo Caligrafia
Ex.: entristecer, desalmado, espairecer, desgelar, Dromo Local Autódromo
entediar etc.
Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da
Derivação Regressiva língua portuguesa também se aglutinam a radicais e
prefixos latinos.
Já na derivação regressiva, a nova palavra será
formada pela subtração de um elemento da estrutura
RADICAIS E PREFIXO LATINOS
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
Almoço (almoçar); RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Ataque (atacar); Arbori Árvore Arborizar
Amasso (amassar).
A derivação regressiva, geralmente, forma substanti- Beli Guerra Belicoso
vos abstratos derivados de verbos. É possível que alguns Cida Que mata Homicida
autores reconheçam esse processo como redução. Des- dis Separação Discordar

Derivação Imprópria Equi Igual Equivalente


Ex- Para fora Exonerar
A derivação imprópria, a partir de seu processo de Fide Fé Fidelidade
formação de palavras, provoca a conversão de uma
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs- Mater Mãe Materno
tantivo, por exemplo.
A seguir, apresentamos alguns processos de con- Processos de Composição
versão das palavras por derivação imprópria:
As palavras formadas por processos de composi-
z Particípio do verbo — substantivo: teria passado ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
— o passado; posição e aglutinação.
z Verbos — substantivos: almoçar — o almoço; As palavras formadas por qualquer um desses pro-
z Substantivos — adjetivos: o gato - mulher gato; cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma
z Substantivos comuns — substantivos próprios: vez que nesse processo há a junção de duas palavras
leão — Nara Leão; que já existem para a formação de um novo termo,
z Substantivos próprios — comuns: Gillete — gile- com um novo sentido.
te; Judas — ele é o judas do programa.
z Composição por justaposição: nesse processo,
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos as palavras envolvidas conservam sua autonomia
são mais comuns no processo de formação de deter- morfológica, permanecendo a tonicidade original
minadas classes gramaticais, vejamos: de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz
de conta, navio-escola, malmequer;
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti- z Composição por aglutinação: na formação de
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço; palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
LÍNGUA PORTUGUESA

-izar, -ar;
z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
-mente. vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).

LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS Palavras Compostas e Derivadas

Apresentamos alguns radicais e prefixos na lis- Agora que já conhecemos os processos de forma-
ta a seguir que podem auxiliar na compreensão do ção de palavras, precisamos identificar as palavras
processo de formação de palavras. Novamente, aler- que são compostas e as palavras que são derivadas.
tamos que essa lista não deve ser encarada como
uma “tabuada” a ser decorada, mas como um método z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente
para apreender o sentido de alguns desses radicais e etc.;
prefixos. z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc. 53
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Palavras derivadas são aquelas formadas a partir não utilizam mais. Porém, não foram todas as pala-
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras vras justapostas que foram atingidas pela reforma;
que detêm a raiz com sentido lexical independente. palavras justapostas que designam plantas ou bichos
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc. ainda são escritas com hífen. Ex.: cana-de-açúcar;
A partir das palavras primitivas, o falante pode pimenta-do-reino; castanha-do-Pará; João-de-barro;
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala- bem-te-vi; porco-da-Índia.
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um
dos seis processos derivacionais. FORMAS DE ABREVIAÇÃO
Já as palavras compostas guardam a independên-
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- À primeira vista, abreviaturas, siglas e abrevia-
vras para a formação de um novo sentido. ções parecem ser elementos semelhantes, no entan-
to possuem características únicas que devem ser
USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO consideradas.
ORTOGRÁFICO A abreviatura refere-se à redução de palavras
a algumas letras ou sílabas. Ela representa parte da
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu- palavra como um todo, e são reduções tradicionais,
lado com a reforma ortográfica da língua que entrou fixas de certa forma.
em vigor em 2009 no Brasil. A forma correta de abreviar uma palavra deve
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos seguir algumas regras: escreva a primeira sílaba
contextos, o que podemos ver como uma facilitação seguida de ponto final abreviativo; caso a palavra
do aprendizado de quando usá-lo ou não. tenha acento gráfico na primeira sílaba, ele será man-
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, tido. Se a primeira letra da segunda sílaba for uma
conforme o novo acordo ortográfico, é esta: vogal, a abreviação irá até a consoante; se a segunda
sílaba se iniciar por duas consoantes, serão mantidas
z Palavras com final em vogais iguais: usa-se hífen. na abreviatura. Alguns exemplos são:
Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório.
z Of.: Ofício;
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa z Ed.: Edição;
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- z V. Exa.: Vossa Excelência;
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar z Cód.: Código;
seu aprendizado. z Set.: Setembro;
z Out.: Outubro;
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão z Nov.: Novembro.
unidos por hífen quando o segundo termo apre-
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo- Já a abreviação reduz foneticamente a palavra,
rientador, coautor, preenchimento, reeleição,
de forma a não causar dificuldade na compreensão.
reeducação, preestabelecer;
Como exemplos, podemos citar:
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini-
z Moto: motocicleta;
ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático,
z Fone: telefone;
hiper-requintado, inter-racial, super-racional;
z Foto: fotografia;
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais
z Pneu: pneumático.
utilizado em palavras formadas de prefixo termi-
nado em vogal seguido de palavra iniciada por R
ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, A sigla é um tipo de abreviatura formada pelas
antirrugas etc.; letras iniciais das palavras, principalmente títulos de
z É importante esclarecer que em prefixos termina- determinada instituição. São exemplos de siglas no
dos em vogais, aplicados a palavras cuja primei- Brasil:
ra letra seja H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói;
anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo; z ONU: Organização das Nações Unidas;
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), z ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas;
Ex, Vice, Soto, Além, Aquém, Recém, Sem devem z CNPq: Conselho Nacional de Pesquisa;
ser empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal; z FMI: Fundo Monetário Internacional;
pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice- z UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro;
-governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea- z STF: Supremo Tribunal Federal;
no; recém-nascido; sem-teto; z ABL: Academia Brasileira de Letras;
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas z CREA: Conselho Regional de Engenharia e Arqui-
a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam tetura;
hífen. Ex.: circum-navegação; pan-americano; z IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
z Também devemos empregar hífen em palavras
formadas pelos sufixos de origem tupi-guara- Algumas são originárias de outras línguas, princi-
ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu; palmente do inglês, e, quando utilizadas com frequên-
capim-açu. cia, acabam substituindo a própria palavra da qual
são originadas, como, por exemplo:
Atente-se: a reforma ortográfica de 2009 elimi-
nou o hífen das palavras compostas por justaposição z LASER: Light Amplification by Stimulated Emission
com um termo de ligação. Assim, palavras como Pé de of Radiation (Amplificação da Luz por Emissão
54 moleque, que antes contavam com o hífen, agora já Estimulada de Radiação);
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z Unesco: United Nations Educational, Scientific and „ DNER: Departamento Nacional de Estradas de
Cultural Organization (Organização das Nações Rodagem;
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); „ Dr.: Doutor;
z W.C.: water-closet (banheiro, sanitário). „ Dr.ª: Doutora;
„ Dz.: dúzia (s).
Se a sigla tiver mais de três letras e puder ser pro-
nunciada como uma palavra, apenas a inicial será z E
escrita em letra maiúscula:
„ Ed.: edição;
z Detran: Departamento Estadual de trânsito; „ E.D.: espera deferimento;
z Embrapa: Empresa Brasileira de pesquisa agrope- „ Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica;
cuária; „ Embratel: Empresa Brasileira de Telecomunica-
z Bovespa: Bolsa de Valores do Estado de São Paulo; ções;
z Embraer: Empresa Brasileira de Aeronáutica; „ ES: Espírito Santo (Estado do);
z Embratel: Empresa Brasileira de Telecomunicações. „ Etc.: et cetera (e outras coisas);
„ EUA: Estados Unidos da América;
Glossário de Abreviaturas, Abreviações e Siglas „ Ex.: exemplo;
„ Exmo.: Excelentíssimo;
z A „ Ex.ª: Excelência.

„ ABI: Associação Brasileira de Imprensa; z F


„ ABL: Academia Brasileira de Letras;
„ a.C. ou A.C.: antes de Cristo; „ FAB: Força Aérea Brasileira;
„ AC: Acre (Estado do); „ Fev.: fevereiro;
„ A/C: ao(s) cuidado(s); „ FGTS: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;
„ Ago.: agosto; „ Fifa: Federação Internacional das Associações
„ AL: Alagoas (Estado de); de Futebol;
„ AM: Amazonas (Estado do); „ fl.: folha; fls. = folhas;
„ Apart. ou ap.: apartamento; „ FN; Fernando de Noronha;
„ AP: Amapá (Estado do); „ FUNAI: Fundação Nacional do dos Povos
„ Av.: Avenida. Indígenas.

z B z G
„ BA: Bahia (Estado da); „ g: grama(s);
„ BCG: Bacilo de Calmette e Guérin (vacinação
„ Gen.: general;
contra a tuberculose);
„ GO: Goiás (Estado de).
„ BNH: Banco Nacional de Habitação;
„ Bibl.: Bibliografia, bibliográfico ou biblioteca;
z H
„ BR: Brasil.
„ h: hora(s);
z C
„ ha: hectare (s);
„ Hab.: habitante.
„ Cap.:capítulo; caps. = capítulos;
„ CBF: Confederação Brasileira de Futebol;
z I
„ c/c: onta corrente;
„ CE: Ceará (Estado do);
„ Cent.: centavo; „ IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
„ CEP: Código de Endereçamento Postal; tica;
„ Cf. ou cfr.: confira, confronte, compare; „ id.: idem (o mesmo);
„ Cia.: Companhia; „ Ilma.: Ilustríssima;
„ Cit.: citação, citado(s), citada(s); „ Ilmo.: Ilustríssimo;
„ Cm: centímetro(s); „ I.N.R.I.: Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum (Jesus
„ CNP: Conselho Nacional de Petróleo; Nazareno, Rei dos Judeus);
„ Cód.: código; „ INSS: Instituto Nacional de Seguro Social;
„ Ir.: Irmão, Irmã.
LÍNGUA PORTUGUESA

„ CPF: Cadastro de Pessoa Física;


„ Créd.: crédito;
„ Cx.: Caixa. z J

z D „ Jan.: janeiro;
„ Jul.: julho;
„ D.: Dom, Dona; „ Jun.: junho.
„ D.ª: Dona;
„ d.C.: depois de Cristo; z K
„ DDD: Discagem Direta à Distância;
„ DD.: digníssimo; „ K: Kallium (potássio, elemento da tabela perió-
„ DF: Distrito Federal; dica);
„ Dm: decímetro(s); „ Kg: quilograma(s); 55
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„ Km: quilômetro(s); „ PR: Paraná (Estado do);
„ Km²: quilômetro(s) quadrado(s); „ Prof.: professor;
„ Kw: quilowatt. „ Prof.ª: professora;
„ P. S.: post scriptum (depois do escrito).
z L
z Q
„ l: litro (s);
„ L: Leste; „ ql.: quilate(s).
„ lat.: latitude/latim;
„ lb.: libra(s); z R
„ long.: longitude;
„ Ltda., Lt.da: limitada (comercialmente). „ R.: rua;
„ Rem.te: remetente;
z M „ Rev.mo: Reverendíssimo;
„ RJ: Rio de Janeiro (Estado do);
„ m: metro(s); „ RN: Rio Grande do Norte (Estado do);
„ m²: metro(s) quadrado(s); „ RO: Rondônia (Estado de);
„ m³: metro(s) cúbico(s); „ RR: Roraima (Estado de);
„ m ou min: minuto(s); „ RS: Rio Grande do Sul (Estado do).
„ MM.: Meritíssimo;
„ MA: Maranhão (Estado do); z S
„ MW: megawatt(s);
„ MG: Minas Gerais (Estado de); „ S.: São, Santo (a), Sul;
„ mg: miligrama; „ S.A.: Sociedade Anônima;
„ ml: mililitro(s); „ SC: Santa Catarina (Estado de);
„ MS: Mato Grosso do Sul (Estado de); „ s.d.: sem data;
„ MT: Mato Grosso (Estado de). „ SE: Sergipe (Estado de);
„ séc.: século;
z N „ Senac: Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial;
nº.: número; „ S.O.: Sudoeste;
N.: Norte; „ S.O.S.: save our souls (literalmente: “salvai
Nac.: nacional; nossas almas”, pedido de socorro enviado por
N.E.: Nordeste; navios e aviões);
N.O.: Noroeste; „ SP: São Paulo (Estado de);
Nov.: novembro; „ Sr.: Senhor;
N. Sr.ª: Nossa Senhora; „ Srs.: Senhores;
N. da E.: Nota da Editora; „ Sr.ª: Senhora;
N. do T.: Nota do Tradutor. „ Sr.ªs: Senhoras;
„ Srta: Senhorita.
z O
z T
„ O.: Oeste;
„ obs.: observação, observações; „ Tel.: telefone, telegrama;
„ OEA: Organização dos Estados Americanos; „ TO: Tocantins (Estado do);
„ O.K.: all correct (está tudo bem); „ TV: televisão.
„ ONU: Organização das nações Unidas;
„ op. cit.: opus citatum (obra citada). z U

z P „ Unesco: United Nations Educational Scientific


and Cultural Organization (Organização Educa-
„ pág.: página; cional Científica e Cultural das Nações Unidas);
„ págs.: páginas; „ USA: Estados Unidos da América.
„ PA: Pará (Estado do);
„ pal.: palavra(s); z V
„ PB: Paraíba (Estado da);
„ P.D.: pede deferimento; „ V: volt;
„ p.ex.: por exemplo; „ V.: você;
„ PE: Pernambuco (Estado de); „ V.S.ª: Vossa Senhoria;
„ Pe.: padre; „ V.S.ªs: Vossas Senhorias;
„ P.F.: por favor; „ V. Ex.ª: Vossa Excelência.
„ pg.: pago;
„ PI: Piauí (Estado do); z W
„ PIS: Programa de Integração Social;
„ pl.: plural; „ W: watt (uote);
56 „ p.p.: por procuração; próximo passado; „ W.C.: water-closet (banheiro, sanitário).
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Um: Numeral ou Artigo?
CLASSES DE PALAVRAS: OS
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, A forma um pode assumir na língua a função de
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
SINTÁTICOS, SEMÂNTICOS E podemos reconhecer cada função? É preciso observar
TEXTUAIS o contexto em uso. Observe:

ARTIGOS z Durante a votação, houve um deputado que se


posicionou contra o projeto;
Os artigos devem concordar em gênero e número z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- cionou contra o projeto.
minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti- Na primeira frase, podemos substituir o termo um
gos indefinidos. Os definidos funcionam como deter- por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
indefinidos funcionam como determinantes imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou con-
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — tra o projeto é um deputado e não uma deputada, por
um — variam em gênero e número, tornando-se “os, exemplo.
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os Já na segunda oração, a alteração do gênero não
indefinidos. Assim, temos: implicaria em mudanças no sentido, pois o que se pre-
tende indicar é que o projeto foi rejeitado por um depu-
z Artigos definidos: o, os; a, as; tado, marcando a quantidade.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o que
Os artigos podem ser combinados às preposições. sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
São as chamadas contrações. Algumas contrações Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir:
comuns na língua são:
z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante
z em + a = na; destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
z a + o = ao; cordância com palavras femininas é inaceitável
z a + a = à; pela gramática.
z de + a = da. Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Dica
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
Toda palavra determinada por um artigo torna- aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar
etc. SUBSTANTIVOS

NUMERAIS Os substantivos classificam os seres em geral. Uma


característica básica dessa classe é admitir um deter-
São palavras que se relacionam diretamente ao minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- xionam-se em gênero, número e grau.
ção. Os numerais podem ser:
Tipos de Substantivos
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os A classificação dos substantivos admite nove tipos
meninos eram bons em português; diferentes. São eles:
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; z Simples: formados a partir de um único radical.
chegou em último/penúltimo/antepenúltimo Ex.: vento, escola;
lugar; z Compostos: formados pelo processo de justaposi-
z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: z Primitivos: possibilitam a formação de um novo
Ele ganha o triplo no novo emprego; substantivo. Ex.: pedra, dente;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi- z Derivados: são formados a partir de substantivos
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), dentista (dente),
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele florista (flor);
recebeu metade do pagamento. z Concretos: designam seres com independência
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, pendentemente de sua conotação espiritual ou
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qua-
Dúzia: conjunto de doze unidades; lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
Novena: período de nove dias; em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
Década: período de dez anos; depende de uma pessoa, um substantivo concreto
Século: período de cem anos; a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
Bimestre: período de dois meses. gem, liberalismo, feiura; 57
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z Comuns: designam todos os seres de uma espécie. Além disso, algumas palavras na língua causam
Ex.: homem, cidade; dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
z Próprios: designam uma determinada espécie. das em contextos informais com gêneros diferentes.
Ex.: Pedro, Fortaleza; Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
z Coletivos: usados no singular, designam um con- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
junto de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, fonema; o trema.
manada. Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
É importante destacar que a classificação de um masculino quanto no feminino: o personagem / a per-
substantivo depende do contexto em que ele está inse- sonagem; o laringe / a laringe; o xerox / a xerox.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Flexão de Número
pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando Os substantivos flexionam-se em número, de
traidor = comum). maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:
casa / casas.
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
feminino. das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- terminada em L e que tem como plural “males”.
formes. Os substantivos uniformes podem ser: Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem
plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / corais;
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma- papel / papéis; anzol / anzóis.
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
/ a cliente; o líder / a líder; e méis.
z Epicenos: designam geralmente animais que apre- Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
sentam distinção entre masculino e feminino, mas plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho Ex.: capelães, capitães, escrivães.
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça Contudo, há substantivos que admitem até três
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; formas de plural, como os seguintes:
girafa macho / girafa fêmea;
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
a criança; o monstro; a testemunha; o indivíduo.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Já os substantivos biformes designam os substan- que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
tivos que apresentam duas formas para os gêneros órgãos; órfão / órfãos.
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré. por justaposição. O plural dessas formas obedece às
Outros substantivos modificam o radical para seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no. Estes são chamados de substantivos heteroformes: z Variam os dois elementos:
Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora.
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
Gênero e Significação tres -salas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
Alguns substantivos uniformes podem aparecer das -noturnos;
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
-feiras.
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: relato de experiência, associado a z Varia apenas um elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
Algumas formas substantivas mantêm o radical e canas-de-açúcar;
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no Substantivo + substantivo com função adjetiva.
significado: Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; abaixo-assinados.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
58 z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
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Destacamos, ainda, que os substantivos compostos Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar
formados por pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
verbo + advérbio aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
verbo + substantivo plural vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
ficam invariáveis. Ex.: os bota-fora; os saca-rolha. forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
Variação de Grau las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.

A flexão de grau dos substantivos exprime a varia- ADJETIVOS


ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
uma diminuição. Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos podem indicar:
aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra, z Qualidade: professor chato;
fogaréu, boqueirão, poetastro; z Estado: aluno triste;
z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do
aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
Locuções Adjetivas
do ser.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor
pequenina, papelucho.
dos adjetivos, indicando as mesmas características
deles.
Lembre-se: o emprego do grau aumentativo ou
Elas são formadas por preposição + substantivo,
diminutivo dos substantivos pode alterar o sentido referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
das palavras, podendo assumir um valor: tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
Afetivo: filhinha / mãezona; A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu
estudo:
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
z voo de águia / aquilino;
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras z poder de aluno / discente;
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da z conselho de professores / docente;
inicial maiúscula. z cor de chumbo / plúmbea;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as z luz da lua / lunar;
inicias das palavras que designam: z sangue de baço / esplênico;
z nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas z noite de inverno / hibernal ou invernal.
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela; É importante destacar que, mais do que “decorar”
z Nomes de cidades, países, estados, continentes formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, damental reconhecer as principais características de
Ceará, Nárnia, Londres; uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia apresentar valor de posse.
das Crianças; Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- A abertura de conta pode ser realizada on-line.
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
Gabinete da Vice-Presidência, Organização das sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
Nações Unidas; bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
zando o substantivo “abertura”.
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei
Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);
LÍNGUA PORTUGUESA

bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-


z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; demonstrando seu caráter adverbial.
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: As locuções adjetivas também desempenham fun-
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- numerais e orações substantivas.
fados com maiúsculas apenas quando utilizados Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- Já as locuções adverbiais desempenham função de
do uma direção, devem ser escritos com minúscu- advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
las. Ex.: Correu a América de norte a sul; orações adjetivas com esses valores.
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. 59
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Adjetivo de Relação

No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer o aspecto morfológico designado como “adjetivo de relação”,
muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as seguintes características:

z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apresentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino bonito”, o adjeti-
vo não é de relação, já que é subjetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos de quem o descreve;
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de relação sempre são posicionados após o substantivo. Ex.: Casa
paterna, mapa mundial;
z Derivado do substantivo: derivam-se do substantivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal — pai; mun-
dial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus comparativo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode ser mapa
“mundialíssimo” ou “pouco mundial”.

Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presidente americano (não é subjetivo; posicionado após o substantivo;
derivado de substantivo; não existe a forma variada em grau “americaníssimo”); plataforma petrolífera; economia
mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco.

Variação de Grau

O adjetivo pode variar em dois graus: comparativo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas respectivas
categorias.

z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mesma classe nos seguintes
sentidos:

„ Igualdade: compara elementos colocando-os em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto quanto, tão quanto.
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios;
„ Superioridade: compara, evidenciando um elemento como superior ao outro. Mais do que, melhor do que. Ex.:
O amor é mais suficiente do que o dinheiro;
„ Inferioridade: compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro. Menos do que, pior do que. Ex.:
Homens são menos engajados do que mulheres.

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau apre-
senta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado ao
advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: superlativo relativo, que
pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o menos).
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).

Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais
alta, mais magra, mais bonito etc.).

Ex.: A modelo é mais alta que magra.

Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).

Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
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Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável:

„ os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete;


„ locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.

z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
em nosso país.

Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

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ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar as
funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Lembre-se:
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa confusão,
devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo, modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
62 tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
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Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
GRAU Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
COMPARATIVO
Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: as formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.
LÍNGUA PORTUGUESA

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem); 63
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z Em uma sequência de advérbios terminados com z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco
o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe (plural);
a terminação destacada. Ex.: A questão precisa ser z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s),
pensada política e socialmente. ela(s).

PRONOMES Não devemos usar pronomes do caso reto como


objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”.
Pronomes são palavras que representam ou acom- Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é pos-
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função sível usar os pronomes do caso reto como comple-
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- mento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos
vra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefini- “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
ção, quantidade, localização no tempo, no espaço e no Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei ape-
meio textual, entre outras funções. nas ela na festa.
Os pronomes exercem papel importante na análi- Após a preposição “entre”, em estrutura de recipro-
se sintática e também na interpretação textual, pois cidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
colaboram para a complementação de sentido de ter- Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
mos essenciais da oração, além de estruturar a orga-
nização textual, contribuindo para a coesão e também Pronomes de Tratamento
para a coerência de um texto.
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
Pronomes Pessoais sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- apresentam algumas peculiaridades importantes:
curso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais infor-
mações sobre eles: z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à
2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a
PRONOMES DO PRONOMES DO
PESSOAS esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
CASO RETO CASO OBLÍQUO
do singular.
1ª pessoa do Me, mim, Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
Eu
singular comigo z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à
2ª pessoa do 3ª pessoa).
Tu Te, ti, contigo Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tri-
singular
bunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
3ª pessoa do Se, si, consigo
Ele/Ela
singular o, a, lhe
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
1ª pessoa do rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for-
Nós Nos, conosco
plural mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso
2ª pessoa do e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Vós Vos, convosco Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem
plural
ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
3ª pessoa do Se, si, consigo reconhecidos socialmente por suas funções, como juí-
Eles/Elas
plural os, as, lhes zes, reis, clérigos, entre outras.

Os pronomes pessoais do caso reto costumam Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de
substituir o sujeito. tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. sociais que designam:
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam fun-
cionar como complemento verbal ou adjunto. z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu-
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo. ques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais;
z Os pronomes que estarão relacionados ao obje- z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-
to direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
Informei-o sobre todas as questões; z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: respectivos femininos;
lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — complementados por z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;
preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são cerimonioso a comerciantes importantes;
pronomes substantivos. z Vossa Santidade (V. S.): papa;
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev-
podem ser regidos por preposição e que os pronomes ma.): bispos.
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblí-
quos, dependendo da função que exercem. Os exemplos apresentados fazem referência a pro-
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de nomes de tratamento e suas respectivas designações
preposição e costumam ter função de complemento: sociais conforme indica o Manual de Redação oficial
da Presidência da República. Portanto, essas designa-
z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
64 (plural); ro textual abordado for um gênero oficial.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: Pronomes Demonstrativos

z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
tamento é importante destacar que o plural de apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,
eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na
maioria das abreviaturas terminadas com a letra z 1ª pessoa: este, estes / esta, estas;
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. z 2ª pessoa: esse, esses / essa, essas;
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
tíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú- Usamos este, esta, isto para indicar:
blica nunca deve ser abreviado.
� Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante.
Pronomes Indefinidos
Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova;
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
� Referência ao tempo presente.
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem pagarei a última prestação da casa;
variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte � Referência ao espaço textual.
tabela: Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
curava um presente para o marido (o pronome
PRONOMES INDEFINIDOS7 refere-se ao último termo mencionado).
Variáveis Invariáveis
Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém me “este” refere-se ao próprio texto).
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Usamos esse, essa, isso para indicar:
Ninguém
nenhumas
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Todo, toda, todos, todas Quem
mento de algo de quem fala.
Outro, outra, outros, outras Outrem Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você;
Muito, muita, muitos, muitas Algo z Indicar distância que se deseja manter.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo fia nesses políticos;
Certo, certa, certos, certas Nada z Referência ao tempo passado.
Vários, várias Cada Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo;
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Tanto, tanta, tantos, tantas - Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
Qualquer, quaisquer -
sa expressão utilizada.
Qual, quais -
Um, uma, uns, umas - Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:

� Referência ao espaço físico, indicando afastamen-


As palavras certo e bastante serão pronomes to de quem fala e de quem ouve.
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
serão adjetivos quando vierem depois. � Referência a um tempo muito remoto, um passa-
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome do muito distante.
indefinido). Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
Busco o modelo de carro certo (adjetivo). tas abertas. Bons tempos aqueles!
A palavra bastante frequentemente gera dúvida � Referência a um afastamento afetivo.
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- Ex.: Não conheço mais aquela mulher;
do. Por isso, atente-se ao seguinte: � Referência ao espaço textual, indicando o pri-
meiro termo de uma relação expositiva.
z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen- Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-
LÍNGUA PORTUGUESA

te ao termo “muito”. riu beber chá; aquela, refrigerante.


Ex.: Elas são bastante famosas;
z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente Dica
ao termo “suficiente”.
Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
a festa; ção demonstrativa referencial. Veja:
z Bastante (pronome indefinido): concorda com Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo
o substantivo, indicando grande, porém incerta, esqueceu de preencher o gabarito.
quantidade de algo. Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros. ceu de preencher o gabarito.
7 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 65
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Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem
antecedente.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
pronomes relativos têm função muito importante na � Emprego de o qual: o pronome relativo “o qual” e
língua, refletida em assuntos de grande relevância suas variações (os quais, a qual, as quais) é usado em
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, substituição a outros pronomes relativos, sobretudo
é essencial conhecer adequadamente a função desses
o “que”, a fim de evitar fenômenos linguísticos, como
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.
o “queísmo”.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) ninguém
ou a um pronome substantivo mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- se lembra.
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos: O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
textual, desfazendo estruturas ambíguas.
z Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quan-
to, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quanta, Pronomes Interrogativos
quantas.
z Invariáveis: que, quem, onde, como. São utilizados para introduzir uma pergunta ao
z Emprego do pronome relativo que: pode ser associa- texto.
do a pessoas, coisas ou objetos. Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O cachor- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
ro que estava doente morreu. A caneta que empres- Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
tei nunca recebi de volta. Quantos anos tem seu pai?
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
relativo “que”.
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
� Emprego do relativo quem: seu antecedente deve ser
indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
uma pessoa ou objeto personificado.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. Atenção: os pronomes interrogativos que e quem
� O pronome relativo quem pode fazer referência a são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
algo subentendido: quem cala consente (aquele que tantivos, dando fluidez à leitura.
cala). Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
� Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
ser um pronome indefinido ou demonstrativo; pode zação da atividade. O tempo estava instável)8.
sofrer flexões.
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Per- Pronomes Possessivos
di tudo quanto poupei a vida inteira.
� Emprego do relativo cujo: deve ser empregado para Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
indicar posse e aparecer relacionando dois termos discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
que devem ser um possuidor e uma coisa possuída.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portugue- 1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
matéria (coisa possuída). 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas

O relativo cujo deve concordar em gênero e número 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
com a coisa possuída. PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
cujo: Cujo o, cuja a
Não podemos substituir cujo por outro pronome Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
relativo. a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
O pronome relativo cujo pode ser preposicionado. a uma coisa.
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per- pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
gunta: “de quem/do que?”
do pronome é com o objeto da posse.
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
Outras funções dos pronomes possessivos:
do que? Do filme).
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
z delimitam o substantivo a que se referem;
quem? Do rapaz).
z concordam com o substantivo que vem depois
� Emprego do pronome relativo onde: empregado dele;
para indicar locais físicos. z não concordam com o referente;
Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu. z o pronome possessivo que acompanha o substan-
� Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin- tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
do as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
66 8 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30 jul. 2021.
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Colocação Pronominal z Número-pessoal: indicando se o verbo está no sin-
gular ou plural, bem como em qual pessoa verbal
Estudo da posição dos pronomes na oração. foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. verbais a ação foi realizada.
Casos que atraem o pronome para próclise:
Iremos apresentar essas desinências a seguir.
„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-
Não me submeto a essas condições. -temporais, precisamos explicar o que são modo e
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- tempo verbais.
tivos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se Modos
apresente como um rico investidor, ele nada
tem. Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: relação enunciada pelo verbo.
Em se tratando de futebol, Maradona foi um
ídolo. z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na certeza.
esperança de sermos ouvidos, muito lhe Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
agradecemos. z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- de dúvida, desejo ou possibilidade.
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do ver- convite, conselho, súplica ou pedido.
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

„ os pronomes devem ficar no meio dos verbos Tempos


que estejam conjugados no futuro, caso não
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
dos nossos estudantes.
Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe
a seguir:
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos
que atraem o pronome para ênclise:
z Presente:
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
Pode expressar não apenas um fato atual, como
to honrada com esse título.
também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
no mesmo horário.
favor.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o instala uma ditadura.
quanto sou importante. Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!
(equivalente a estudarei).
Casos proibidos:
z Passado:
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
Dá-me esse caderno! (certo). „ Pretérito perfeito: ação realizada plenamente
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- no passado.
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou- Ex.: Estudei até ser aprovado.
-se de nada (correto). „ Pretérito imperfeito: ação inacabada, que
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). durativa.
Ex.: Estudava todos os dias.
VERBOS „ Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à
LÍNGUA PORTUGUESA

outra mais antiga.


Certamente, a classe de palavras mais complexa e Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
importante dentre as palavras da língua portuguesa é bordara (ação anterior) da banheira.
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
e os agentes desses atos, além de ser uma importante z Futuro:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso, atente-se às nossas dicas. „ Futuro do presente: indica um fato que deve
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam ser realizado em um momento vindouro.
em número, pessoa, modo e tempo, além da designação Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato. „ Futuro do pretérito: expressa um fato poste-
As flexões verbais são marcadas por desinências, rior em relação a outro fato já passado.
que podem ser: Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 67
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A partir dessas informações, podemos também Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
identificar os verbos conjugados nos tempos simples
e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples As formas nominais do verbo são as formas no
são formados por uma única palavra, ou verbo, conju- infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em
gado no presente, passado ou futuro. determinados contextos. São chamadas nominais pois
Já os tempos compostos são formados por dois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-
bo auxiliar é o único a sofrer flexões. z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu
Agora, vamos conhecer as desinências modo-tempo- valor indica duração de uma ação e, por vezes,
rais dos tempos simples e compostos, respectivamente: pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples compadeceu.
z Particípio: marcado pelas terminações mais
MODO MODO comuns -ado, -ido, podendo terminar também em
TEMPO -do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente
INDICATIVO SUBJUNTIVO
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em
-e (1ª conjuga-
número e gênero.
Presente * ção) e -a (2ª e 3ª
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
conjugações)
Quando cheguei, ela já tinha partido.
-ra (3ª pessoa Ele tinha aberto a janela.
Pretérito perfeito *
do plural) Ela tinha pago a conta.
-va (1ª conjuga-
Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
conjugações)
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
Pretérito mais-
-ra * do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
-que-perfeito
nado. Pode ser pessoal ou impessoal:
Futuro -rá e -re -r
Futuro do „ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
-ria * jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
pretérito
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
comer eu. Comermos nós. É para aprenderem
*Nem todas as formas verbais apresentam desi-
que ele ensina;
nências modo-temporais. „ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos jugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer
(Indicativo) — 2ª conjugação; partir — 3ª conjugação.

z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
ter (presente do indicativo) + verbo principal orações reduzidas.
particípio. Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
Ex.: Tenho estudado. bos que funcionam como um verbo.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de
auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indicativo) + trabalhar para pagar as contas.
verbo principal no particípio. Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos
Ex.: Tinha passado. de encontrar uma solução.
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do
indicativo) + verbo principal no particípio.
Dica
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: Não confunda locuções verbais com tempos
ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal compostos. O particípio formador de tempo
no particípio. composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O
Ex.: Teria estudado. homem teria realizado sua missão.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos Classificação dos Verbos


(Subjuntivo)
Os verbos são classificados quanto a sua forma de con-
� Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: jugação e podem ser divididos em: regulares, irregulares,
ter (presente do subjuntivo) + verbo principal anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexi-
particípio. vos, impessoais e auxiliares, além das formas nominais.
Ex.: (que eu) Tenha estudado. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo
auxiliar: ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
verbo principal no particípio. de compreender, pois apresentam regularidade no
Ex.: (se eu) Tivesse estudado uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
� Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro sim- bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. têm o paradigma morfológico com o radical, que
68 Ex.: (quando eu) Tiver estudado. permanece inalterado. Ex.: verbo cantar:
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PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
— INDICATIVO — INDICATIVO REGULAR IRREGULAR
Eu canto Cantei Absolver Absolvido Absolto
Tu cantas Cantaste Abstrair Abstraído Abstrato
Ele/ você canta Cantou Aceitar Aceitado Aceito
Nós cantamos Cantamos Benzer Benzido Bento
Vós cantais Cantastes Cobrir Cobrido Coberto
Eles/ vocês cantam Cantaram Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam Demitir Demitido Demisso
alteração no radical e nas desinências verbais.
Despertar Despertado Desperto
Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
ocorre irregularmente, seguindo um paradigma Dispersar Dispersado Disperso
próprio para cada grupo verbal. Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença
na conjugação do verbo estar, que utilizamos como Entregar Entregado Entregue
exemplo. Isso é importante para não confundir os ver- Morrer Morrido Morto
bos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: verbo Expelir Expelido Expulso
estar:
Enxugar Enxugado Enxuto
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO Findar Findado Findo
— INDICATIVO — INDICATIVO Fritar Fritado Frito
Eu estou Estive Ganhar Ganhado Ganho
Tu estás Estiveste Gastar Gastado Gasto
Ele/ você está Esteve Imprimir Imprimido Impresso
Nós estamos Estivemos Inserir Inserido Inserto
Vós estais Estivestes Isentar Isentado Isento
Eles/ vocês estão Estiveram Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas
alterações no radical e nas desinências verbais, Matar Matado Morto
consideradas anomalias morfológicas; por isso, Omitir Omitido Omisso
recebem essa classificação. Um exemplo bem Pagar Pagado Pago
usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na
Prender Prendido Preso
língua portuguesa, apenas dois verbos são classifi-
cados dessa forma: os verbos ser e ir. Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Vejamos a conjugação o verbo “ser”:
Secar Secado Seco
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO Submergir Submergido Submerso
— INDICATIVO — INDICATIVO Suspender Suspendido Suspenso
Eu sou Fui Tingir Tingido Tinto
Tu és Foste Torcer Torcido Torto
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
LÍNGUA PORTUGUESA

Eles / vocês são Foram REGULAR IRREGULAR


Eu já tinha aceitado
Aceitar O convite foi aceito
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen- o convite
tam uma forma específica de irregularidade que oca- Aviso quando
siona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são Entregar tiver entregado a Está entregue!
classificados como anômalos. encomenda
Quando chegou,
z Abundantes: são formas verbais abundantes os ver- Havia morrido há
Morrer encontrou o animal
bos que apresentam mais de uma forma de particí- dias
morto
pio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente,
apresentam uma forma de particípio regular e outra A bala foi expelida Esta é a bala
Expelir
irregular. Vejamos alguns verbos abundantes: por aquela arma expulsa 69
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PARTICÍPIO PARTICÍPIO „ o verbo haver, com sentido de existir ou mar-
INFINITIVO cando tempo decorrido, também será impes-
REGULAR IRREGULAR
soal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas
Tinha enxugado a vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso
Enxugar louça quando o pro- A roupa está enxuta público;
grama começou „ os verbos ser e estar também são verbos
Depois de ter fin- impessoais quando designam fenômeno climá-
Findar dado o trabalho, Trabalho findo! tico ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tar-
descansou de quando chegamos;
„ o verbo ser para indicar hora, distância ou data
Se tivesse imprimi-
Onde está o docu- concorda com esses elementos;
Imprimir do tínhamos como
mento impresso? „ o verbo fazer também poderá ser impessoal,
provar
quando indicar tempo decorrido ou tempo cli-
Eu tinha limpado a mático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui
Limpar Que casa tão limpa!
casa faz muito calor;
Dados importantes „ os verbos impessoais não apresentam sujei-
Informações esta- to; sintaticamente, classifica-se como sujeito
Omitir tinham sido omiti-
vam omissas inexistente;
dos por ela
„ o verbo ser será impessoal quando o espa-
Após ter submer- Deixe os legumes
ço sintático ocupado pelo sujeito não estiver
Submergir gido os legumes, submersos por
preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo para-
reparou no amigo alguns minutos
digma do verbo fazer, podendo ser impessoal,
Nunca tinha sus- Você está também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que
Suspender
pendido ninguém suspenso! não vejo Mariana”.

z Defectivos: são verbos que não apresentam algu- z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando nas formas compostas dos verbos e também nas
um “defeito” na conjugação (por isso, o nome). locuções verbais. Os principais verbos auxiliares
Alguns exemplos de defectivos são os verbos colo- dos tempos compostos são ter e haver.
rir, precaver, reaver etc.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
Esses verbos não são conjugados na primeira pes- concordância verbal; porém, o verbo principal deter-
soa do singular do presente do indicativo, bem como: mina a regência estabelecida na oração.
aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, Apresentam forte carga semântica que indica
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo- modo e aspecto da oração. São importantes na forma-
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. ção da voz passiva analítica.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
nos temporais também apresentam essa característi- z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos
ca, como latir, bramir, chover. três formas nominais dos verbos:

z Pronominais: esses verbos apresentam um prono- „ Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor
me oblíquo átono integrando sua forma verbal. É durativo da ação e equivale a um advérbio ou
importante lembrar que esses pronomes não apre- adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando;
sentam função sintática. Predominantemente, os „ Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
verbos pronominas apresentam transitividade -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-
indireta, ou seja, são VTI. Ex.: sentar-se. ficado em particípio regular e irregular, sendo
as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
— INDICATIVO — INDICATIVO A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
Eu me sento Sentei-me os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-
Tu te sentas Sentaste-te ticípio irregular.
Ele/ você se senta Sentou-se Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos „ Infinitivo: marca as conjugações verbais.
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (amar,
passear);
z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblí- ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (comer,
quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen- pôr);
te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos, IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (partir,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo sair).
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen-
tamos friamente; Lembre-se:
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da O verbo “pôr” corresponde à segunda conjugação,
natureza, como chover, trovejar, nevar etc. pois origina-se do verbo “poer”.
70 O mesmo acontece com verbos que deste derivam.
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Vozes Verbais indeterminação do sujeito, a oração precisa estar na
voz ativa.
As vozes verbais definem o papel do sujeito na
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Outra importante característica do “se” como índi-
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
� Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
verbal. estar na 3ª pessoa do singular.
Ex.: O policial deteve os bandidos; Ex.: Acredita-se em Deus.
� Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
verbal. z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial — xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
passiva analítica; procidade, auxiliando a construção dessas vozes
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
� Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo cipais características são:
tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O „ sujeito recebe e pratica a ação;
menino se agrediu; „ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
� Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes- ou indireto;
mo tempo, porém há uma ação compartilhada „ o sujeito da frase poderá estar explícito ou
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti- implícito.
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
e sofrem a ação. Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- presente de aniversário (implícito).
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
cumprimentaram. z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se”
será parte integrante dos verbos pronominais,
A voz passiva é realizada a partir da troca de funções acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos transfor- do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
mar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, estar explícito ou implícito.
só há voz passiva com a presença do objeto direto. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha;
Importante! Não confunda os verbos pronomi- z Partícula de realce: será partícula de realce o “se”
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- no sentido e na compreensão global do texto. A
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um partícula de realce não exerce função sintática,
pronome que faz parte integrante do seu significado, pois é desnecessária.
diferentemente das vozes verbais, que acompanham Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos;
o pronome “se” com função sintática própria. z Conjunção: o “se” será conjunção condicional
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
Outras Funções do “Se” “se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
Como vimos, o “se” pode funcionar como item pela conjunção “caso”.
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
mento também acumula outras atribuições: dar, será aprovado).

z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética Conjugação de Verbos Derivados


é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
designado partícula apassivadora, nesse contexto. importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
“Se” (partícula apassivadora). mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas:
O “se” exercerá essa função apenas:
Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;
LÍNGUA PORTUGUESA

z
„ com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
„ com verbos que concordam com o sujeito; z Ver: antever, rever, prever;
„ com a voz passiva sintética. z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.

Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire- Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun- O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
cionará nessa condição quando não for possível verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
identificar o sujeito explícito ou subentendido. Além que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
disso, não podemos confundir essa função do “se” ção são, predominantemente, regulares.
com a de apassivador, já que, para ser índice de 71
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PRESENTE — INDICATIVO PREPOSIÇÕES

Eu Crio Conceito
Tu Crias
Ele/Você Cria São palavras invariáveis que ligam orações ou
outras palavras. As preposições apresentam funções
Nós Criamos importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Vós Criais aspecto sintático, pois complementam o sentido de
Eles/Vocês Criam verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- sentido de palavras deverbais9.
mente são irregulares e apresentam alguma modifi- As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
conjugação do verbo “passear”: te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
chamadas pois pertencem a outras classes grama-
PRESENTE — INDICATIVO
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
Eu Passeio posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
Tu Passeias equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
Ele/Você Passeia
(quando equivaler a “por causa de”).
Nós Passeamos Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
Vós Passeais plos de uso em diferentes situações:
Eles/Vocês Passeiam
“A”

Conjugação de Alguns Verbos z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;
z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
Vamos agora conhecer algumas conjugações de z Destino (em correlação com a preposição de): De
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- Santos à Bahia;
to de questões em concursos. z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
PRESENTE — INDICATIVO z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
Eu Adiro z Lugar: Ir a Santa Catarina;
Tu Aderes z Modo: Falar aos gritos;
z Sucessão: Dia a dia;
Ele/Você Adere z Tempo: Nasci a três de maio;
Nós Aderimos z Proximidade: Estar à janela.
Vós Aderis
“Após”
Eles/Vocês Aderem
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
“Com”
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
entrepor, supor. z Causa: Ficar pobre com a inflação;
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
PRESENTE — INDICATIVO z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
Eu Ponho nos para o futuro;
Tu Pões z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
z Matéria: Vinho se faz com uva;
Ele/Você Põe z Modo: Andar com elegância;
Nós Pomos z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
Vós Pondes comigo sempre é assim.

Eles/Vocês Põem “Contra”

z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;


z Direção: Olhar contra o sol;
9 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação. Exemplo:
a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que
72 completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
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z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho “Perante”
contra o peito.
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
“De”
“Por”
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio;
z Matéria: Material feito de plástico; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Conformidade: Copiar por original;
z Origem: Você descende de família humilde; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Posse: Este é o carro de João; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Meio: Ir por terra;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Definição: Pessoa de coragem; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Instrumento: Comer de garfo e faca;
z Meio: Viver de ilusões; “Sem”
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
z Modo: Olhar alguém de frente; z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
z Preço: Caderno de 10 reais; dinheiro.
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa “Sob”
corajosa.
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
“Desde” Pedro II;
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.
z Tempo: Desde ontem ele não aparece.
“Sobre”
“Em”
z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
z Direção: Ir sobre o adversário;
dólares;
z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Lugar: Cair sobre o inimigo.
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi
bom; Locuções Prepositivas
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
mãos em concha; São grupos de palavras que equivalem a uma
z Transformação ou alteração: Transformou dóla- preposição.
res em reais; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Fim: Pedir em casamento; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Modo: Escrever em francês; positivas sempre terminam em uma preposição (há
z Sucessão: De grão em grão; apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; do concessivo “não obstante”).
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. Veja alguns exemplos:

“Entre” z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-


ram logo;
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
de finanças;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu
LÍNGUA PORTUGUESA

discórdia.
nada grave;
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
“Para”
a língua é indispensável para que possamos pen-
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos;
z Consequência: Você deve ser muito esperto para
não cair em armadilhas; z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência; não passei no exame;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal; z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim para com os mais velhos;
como nós estamos para as galinhas; z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
z Referência: Para mim, ela está mentindo; um short.
z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Destino ou direção: Olhe para frente! 73
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Outros exemplos de locuções prepositivas: abai- de + aquele(s) = daquele, daqueles
xo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de; de + aquela(s) = daquela, daquelas
adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + aquilo= daquilo
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a � Com o pronome pessoal:
fim de; por meio de; em virtude de. de + ele(s) = dele, deles
de + ela(s) = dela, delas
� Com o pronome indefinido:
Importante! de + outro(s)= doutro, doutros
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- de + outra(s) = doutra, doutras
lhanças morfológicas, mas significados completa- � Com advérbio:
de + aqui= daqui
mente diferentes. Observe estes exemplos10:
de + aí= daí
A opinião dos diretores vai ao encontro do planeja-
de + ali= dali
mento inicial = Concordância.
As decisões do público foram de encontro à pro- z Preposição “em”:
posta do programa = Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas „ Com artigo definido:
= Substituição. em + a(s)= na, nas
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = em + o(s)= no, nos
Oposição. � Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
Combinações e Contrações em + essa(s)= nessa, nessas
em + isso = nisso
em + este(s) = neste, nestes
As preposições podem se ligar a outras palavras de
em + esta(s) = nesta, nestas
outras classes gramaticais por meio de dois processos:
em + isto = nisto
combinação e contração.
em + aquele(s) = naquele, naqueles
em + aquela(s) = naquelas
z Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu- em + aquilo = naquilo
ma redução. � Com pronome pessoal:
a + o = ao em + ele(s) = nele, neles
a + os = aos em + ela(s) = nela, nelas
z Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução.
z Preposição “per”:
Veja a lista a seguir11, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: „ Com as formas antigas do artigo definido (lo,
la):
z Preposição “a”: per + lo(s) = pelo, pelos
per + la(s) = pela, pelas
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra-
tivo feminino: z Preposição “para” (pra):
a + a= à
a + as= às „ Com artigo definido:
„ Com o pronome demonstrativo: para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquele = àquele para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
a + aquelas = àquelas Preposições
a + aquilo = àquilo
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
z Preposição “de”:
o que significa Semântica. Semântica é a área do
conhecimento que relaciona o significado da palavra
„ Com artigo definido masculino e feminino:
ao seu contexto.
de + o/os = do/dos
É importante ressaltar que as preposições podem
de + a/as = da/das
apresentar valor relacional ou podem atribuir um
� Com artigo indefinido:
de + um= dum valor nocional.
de + uns = duns As preposições que apresentam um valor rela-
de + uma = duma cional cumprem uma relação sintática com verbos
de + umas = dumas ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
� Com pronome demonstrativo: deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
de + este(s)= deste, destes relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
de + esta(s)= desta, destas bios, os quais também apresentarão função deverbal.
de + isto= disto Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
de + esse(s) = desse, desses pela regência do verbo concordar).
de + essa(s)= dessa, dessas Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de + isso = disso complemento nominal).
10 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.
74 11 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020.
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Estou desconfiado do funcionário (preposição exi- z Alternativas: ligam orações com ideias que não
gida pelo adjetivo). acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
advérbio). Ex.: Estude ou vá para a festa.
Em todos esses casos, a preposição mantém uma Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
relação sintática com a classe de palavras a qual se
liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na Importante! A palavra “senão” pode funcionar
sentença. como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
nal é preponderante apresentam uma modificação
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma
componentes obrigatórios na construção da senten- delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque,
ça, divergindo das preposições de valor relacional. pois, (se vier no início da oração), porquanto.
As preposições de valor nocional estabelecem uma Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo enxada!
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir: Viva bem, pois isso é o mais importante.

VALOR NOCIONAL DAS Importante! “Pois” com sentido explicativo ini-


SENTIDO
PREPOSIÇÕES cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
Posse Carro de Marcelo saudades.
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado
O cachorro está sob a entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,
Lugar
mesa pois, a subir.
Votar em branco / Chegar
Modo
aos gritos z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a
Causa Preso por agressão segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
Assunto Falar sobre política destarte, pois (deslocado na frase).
Descende de família Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado.
Origem
simples Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
-se.
Olhe para frente! / Iremos
Destino
a Paris
Dica
CONJUNÇÕES As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
Assim como as preposições, as conjunções também ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
são invariáveis e também auxiliam na organização concomitante acarreta em redundância.
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
ções. Por manterem relação direta com a organização Conjunções Subordinativas
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas. Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
Conjunções Coordenativas apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
As conjunções coordenativas são aquelas que subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não para terem o sentido apreendido.
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo � Causal: iniciam a oração dando ideia de causa.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
uma vez que, como (equivale a porque) etc.
z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como, Ex.: Como não choveu, a represa secou.
não só, mas também, não apenas, como ainda, � Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia
senão (após não só). de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. modo que, de forma que, de sorte que etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

O gato era o preferido, não só da filha, senão de Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
toda família. � Comparativa: iniciam orações comparando ações
z Adversativas: colocam informações em oposição, e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). maior), tanto... quanto etc.
Ex.: Não tenho um filho, mas dois. Ex.: Corria como um touro.
A culpa não foi a população, senão dos vereadores Ela dança tanto quanto Carlos.
(equivale a “mas sim”). � Conformativa: expressam a conformidade de
uma ideia com a da oração principal. Conforme,
Importante! A conjunção “e” pode apresentar como, segundo, de acordo com, consoante etc.
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho Amanhã chove, segundo informa a previsão do
não deixava. tempo. 75
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� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia INTERJEIÇÕES
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que As interjeições também fazem parte do grupo de
etc. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
tivesse gostado. to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
Trabalhava, por mais que a perna doesse. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de uma frase. Ex.: Tchau!
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto As interjeições indicam relações de sentido diver-
que, a menos que, somente se etc. sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen-
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- timentos e sensações mais expressos pelo uso de
do sua mensagem. interjeições:
Posso lhe ajudar, caso necessite.
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro- VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
quanto menos...menos etc.
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de Alívio Arre! Ufa! Ah!
ser aprovado. Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
que, a fim de que etc. Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Ex.: A professora dá exemplos para que você Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
aprenda!
Comprou um computador a fim de que pudesse Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
trabalhar tranquilamente. Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
logo que, desde que etc.
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia É salutar lembrar que o sentido exato de cada
do Futuro. interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
Atenção! Os valores semânticos das conjunções interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
não se prendem às formas morfológicas desses ele- expresso no texto.
mentos. O valor das conjunções é construído contex- Isso acontece pois qualquer expressão exclamativa
tualmente, por isso, é fundamental estar atento aos que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
sentidos estabelecidos no texto. como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
procura? (Se = causal = já que) dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto Antes de concluirmos, é importante ressaltar o papel
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). das locuções interjetivas, conjunto de palavras que fun-
ciona como uma interjeição, como: Meu Deus! Ora bolas!
Conjunções Integrantes Valha-me Deus!

As conjunções integrantes fazem parte das orações MODALIZADORES


subordinadas; na realidade, elas apenas integram
uma oração principal à outra, subordinada. Existem Os modalizadores são elementos que auxiliam o emis-
apenas dois tipos de conjunções integrantes: “que” e sor a demonstrar seu ponto de vista, sua intenção, como,
“se”. por exemplo: expressar dúvida, certeza, afetividade etc.
Observe a seguir alguns exemplos de modalizadores:
� Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
nome “isso”, estamos diante de uma conjunção ASSEVERATIVOS
integrante.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? z Afirmativos:
Isso).
� Sempre haverá conjunção integrante em orações „ evidentemente;
substantivas e, consequentemente, em períodos „ claro;
compostos. „ lógico;
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O „ sem dúvida.
quê? Isso).
� Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- z Negativos:
bo e uma conjunção integrante.
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual „ de forma alguma;
(errado). „ de jeito nenhum.
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).

76
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
QUASE ASSEVERATIVOS/DUBTÁVEIS mensagem de maneira que ela possa provocar sentimen-
tos ou diferentes sensações no leitor. Por esse motivo, é
z Talvez; muito utilizada em poesias, conversas cotidianas, letras
z Provavelmente; de músicas, anúncios publicitários e outros.
z Possivelmente. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração.
DELIMITADORES
ANTÔNIMOS
z Quase;
z Uma espécie de; São palavras ou expressões que, empregadas em
z Geograficamente; um determinado contexto, têm significados opostos.
z Biologicamente. As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
DEONTOLÓGICOS dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
Exprimem proibições, permissões e obrigatorieda-
des. Exemplos:

z necessariamente;
z obrigatoriamente.

AFETIVOS

z Subjetivos (trazem a reação do emissor ao que é


exposto):

„ espantosamente;
„ felizmente;
„ infelizmente.

z Intersubjetivos (trazem a relação com o


coenunciador):
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.
„ sinceramente;
„ francamente; A relação de sentido estabelecida na tirinha é
„ estranhamente. construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto.

SINÔNIMOS
SEMÂNTICA
São palavras ou expressões que, empregadas em um
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO
determinado contexto, têm significados semelhantes. É
importante entender que a identidade dos sinônimos
Denotação é ocasional, ou seja, em alguns contextos uma palavra
pode ser empregada no lugar de outra, o que pode não
O sentido denotativo da linguagem compreende o acontecer em outras situações. O uso das palavras “cha-
significado literal da palavra independente do seu con- mar”, “clamar” e “bradar”, por exemplo, pode ocorrer de
texto de uso. Preocupa-se com o significado mais objetivo maneira equivocada se utilizadas como sinônimos, uma
e literal associado ao significado que aparece nos dicio- vez que a intensidade de suas significações é diferente.
nários. A denotação tem como finalidade dar ênfase à O emprego dos sinônimos é um importante recurso
informação que se quer passar para o receptor de forma para a coesão textual, uma vez que essa estratégia revela,
mais objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utili- além do domínio do vocabulário do falante, a capacidade
zada em textos informativos, como notícias, reportagens, que ele tem de realizar retomadas coesivas, o que contri-
jornais, artigos, manuais didáticos, entre outros. buiu para melhor fluidez na leitura do texto.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
LÍNGUA PORTUGUESA

chamas) PARÔNIMOS
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)
Parônimos são palavras que apresentam sentido
diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
Conotação mos nos exemplos a seguir:

O sentido conotativo compreende o significado figu-


z Absorver/absolver
rado e depende do contexto em que está inserido. A
conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos
„ Tentaremos absorver toda esta água com
quais a língua dispõe para expressar diferentes sentidos
esponjas. (sorver)
ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A conota-
ção tem como finalidade dar ênfase à expressividade da 77
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados (inocentar).

z Aferir/auferir

„ Realizaremos uma prova para aferir seus


conhecimentos (avaliar, cotejar).
„ O empresário consegue sempre auferir lucros Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020.
em seus investimentos (obter).
TIPOS DE DICIONÁRIOS E A ORGANIZAÇÃO DE
z Cavaleiro/cavalheiro VERBETES

„ Todos os cavaleiros que integravam a cavala- Os dicionários são livros que trazem explicações
ria do rei participaram na batalha (homem que acerca do significado das palavras, que são apresenta-
anda de cavalo). das em ordem alfabética.
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre Alguns tipos são: dicionários bilíngues (exemplo:
sempre as portas para eu passar (homem edu- português-inglês/inglês-português); dicionário de
cado e cortês). sinônimos; dicionário de termos de uma área espe-
cífica, como medicina ou informática; dicionário de
z Cumprimento/comprimento gírias.
Os verbetes costumam trazer a classificação da
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de palavra (substantivo masculino, adjetivo), separação
3,50 metros (tamanho, grandeza). silábica, origem e seus diversos significados.
„ Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação). Veja a seguir um exemplo de verbete retirado do
z Delatar/dilatar dicionário Priberam on-line12:

„ Um dos alunos da turma delatou o colega que


chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
do seu estômago (alargar, estender).

z Dirigente/diligente

„ O dirigente da empresa não quis prestar decla-


rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
soa que dirige, gere).
„ Minha funcionária é diligente na realização de
suas funções (expedito, aplicado).

z Discriminar/descriminar

„ Ela se sentiu discriminada por não poder


entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
„ Em muitos países se discute sobre descrimi-
nar o uso de algumas drogas (descriminalizar,
inocentar).
VOCABULÁRIO
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/.
Acessado em 17/10/2020. NEOLOGISMOS

HIPERÔNIMOS Consiste na criação e introdução de novas palavras


em nosso vocabulário. Podem ser classificados em
Hipônimo e Hiperônimo literário, científico, popular ou estrangeiro.
Ex.: Inventei o verbo teadorar. Intransitivo. Teado-
Relação estabelecida entre termos que guardam ro, Teodora.
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – ARCAÍSMOS
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...
São expressões antigas que com o passar do tempo
POLISSEMIA E AMBIGUIDADE entram em desuso em determinada língua.
Ex.: “Vosmecê” = por você
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- “Físico” = médico
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras Magote = grande quantidade.
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- ESTRANGEIRISMOS
semia é encontrada no exemplo a seguir:

78 12 CONCURSO. Dicionário Priberam Online, 2023. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/concurso. Acesso em: 15 jun. 2023.
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Considera-se também barbarismo o emprego des- „ Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
necessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando -úgio. Ex.: sacrilégio; pedágio;
já existe palavra ou expressão correspondente na „ Verbos terminados em: -ger e -gir. Ex.: proteger;
língua. fugir.
Ex.: Minha prima pegou o bouquet no meu casa-
mento. (buquê) Usamos J em:
Vamos tomar um drink? (drinque)
„ Formas verbais terminadas: em -jar ou -jer. Ex.:
LATINISMOS viajar; lisonjear;
„ Termos derivados do latim escritos com j. Ex.:
Uso de termos em latim que poderiam ser substi- majestade; jejum.
tuídos por equivalentes em língua portuguesa.
Ex.: Essa é uma condição sine qua non z É com Ç ou S?
(indispensável).
Este é o modus operandi dele (o modo como ele „ Após ditongos, usamos, geralmente, Ç quando
age). houver som de S. Ex.: eleição;
„ Escrevemos S quando houver som de Z. Ex.:
Neusa; coisa.

z É com S ou com Z?
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO
GRÁFICA „ Palavras que designam nacionalidade ou títu-
los de nobreza e terminam em -ês e -esa devem
ORTOGRAFIA ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; inglês;
marquesa; duquesa;
„ Palavras que designam qualidade, cuja ter-
As regras de ortografia são muitas e, na maioria
minação seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
embriaguez; lucidez; acidez.
lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
vezes, é derivada de processos históricos de evolução
Essas regras para correção ortográfica das pala-
da língua.
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra- importante ficar atento e manter uma rotina de leitu-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra- Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir
fia das palavras. da leitura e da escrita de textos, por isso, recomenda-
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior mos que se mantenha atualizado e leia fontes confiá-
parte das regras não são efêmeras, porém, são em veis de informação, pois, além de contribuir para seu
grande número. conhecimento geral, sua habilidade em língua portu-
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- guesa também aumentará.
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto NÚMERO DE SÍLABAS
à escrita correta. Veja:
Antes de compreendermos os processos norteado-
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. res da divisão silábica, é importante identificar uma
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. sílaba.
Sílaba é um fonema ou um grupo de fonemas que
USAMOS X: USAMOS CH: se pronuncia em apenas uma emissão de voz, como a
palavra “pá”, por exemplo.
� Depois da sílaba en, se � Depois da sílaba en, se a Para compreender o processo de formação silábi-
a palavra não for deri- palavra for derivada de ca e, consequentemente, reconhecer os números de
vada de palavras inicia- palavras iniciadas por sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
das por CH: enxerido, CH: encher, encharcar dividir a palavra em sílabas.
enxada � Em palavras derivadas Esse processo é chamado de divisão silábica e
� Depois de ditongo: cai- de vocábulos que são constitui a identificação e delimitação das sílabas de
xa, faixa grafados com CH: re- cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
� Depois da sílaba inicial cauchutar, fechadura labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla-
bas (mais de uma sílaba). Veja alguns exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

me, se a palavra não for


derivada de vocábulo Separam-se:
iniciado por CH: mexer,
mexilhão z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o;
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são;
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020. cons-ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção;
z Vogais iguais/grupo consonantal CC (Ç): co-or-
z É com G ou com J? -de-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar;
z Encontros consonantais disjuntos (PT, DV, GN,
Usamos G em: BS, TM, FT, CT, LS): ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no;
ab-sol-ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
„ Substantivos terminados em: -agem; -igem;
-ugem. Ex.: viagem, ferrugem; 79
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Não se separam: z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
lico. Não é considerado um sinal.
z Ditongos e tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai;
z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho; ACENTUAÇÃO GRÁFICA
ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo;
z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi- Muitas são as regras de acentuação das palavras
-có-lo-go; pneu. da língua portuguesa; para compreender essas regras,
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
TONICIDADE SILÁBICA respeitar a sua divisão.

Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em Regras de Acentuação


monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas
e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica z Palavras monossílabas: acentuam-se os monossí-
(forte) de uma palavra, basta pronunciar o vocábulo e labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
notar qual sílaba é pronunciada com mais força. chá; pé, fé, mês; nó, pó, só;
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
Monossílabas Átonas nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns;
Os monossílabos átonos são designados assim pois z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto, nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
pronunciados de forma fraca em seus contextos de bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
uso. abdômen, hímen.
Ex.: Essa chance nos foi dada.
Atente-se: acentuam-se as paroxítonas termina-
Monossílabas Tônicas das em ditongo.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
Os monossílabos tônicos apresentam autonomia rádio etc.
fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
z Palavras proparoxítonas: a regra mais simples
sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado.
e fácil de lembrar — todas as proparoxítonas
Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
devem ser acentuadas!
Oxítonas
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
São chamadas assim as palavras que apresentam
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
sílaba mais forte.
ou proparoxítona.
Ex.: mo-co-tó; pa-ra-béns; vo-cê.
São as chamadas proparoxítonas aparentes.
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Paroxítonas
final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
São chamadas assim as palavras que apresentam a
palavras:
sílaba tônica na penúltima sílaba.
Ex.: a-çú-car.
z his-tó-ria/ his-tó-ri-a;
Proparoxítonas z vá-cuo/ vá-cu-o;
z pá-tio/ pá-ti-o.
São chamadas assim as palavras que apresentam a
sílaba tônica na antepenúltima sílaba. Antes de concluir, é importante mencionar o uso
Ex.: rá-pi-do. do acento nas formas verbais ter e vir:

Notações Léxicas z Ele tem / Eles têm;


z Ele vem / Eles vêm.
São notações léxicas todos os sinais e símbolos
acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das Perceba que, no plural, essas formas admitem o
palavras. Vejamos alguns exemplos: uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
cia verbal quando usar esses verbos.
z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para
direita que indica sílaba tônica em palavras que A CRASE
precisam ser sinalizadas;
z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal Fenômeno gramatical que corresponde à junção
tônica e fechada em palavras que precisam ser da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
sinalizadas; junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
esquerda que representa a junção de duas vogais marcação (`) + (a) = (à).
A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha- Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
80 mado de crase; Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
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Regra geral: haverá crase sempre que o termo � Antes de forma verbal infinitiva
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Os produtos começaram a chegar.
quente aceite o artigo a. “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) com franqueza, parecem dar a entender que o
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- fazem por exceção de regra.” (MM);
ge preposição). � Antes de expressão de tratamento
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
palavra que não aceita artigo). Excelência;
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- a regência do verbo exigir preposição
dam no momento de identificação: Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Casos Convencionados Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
o pacote.
z Locuções adverbiais formadas por palavras Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;
femininas: � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Espero vocês à noite na estação de metrô. contrato.
Estou à beira-mar desde cedo; Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
z Locuções prepositivas formadas por palavras suspeita de fraude.
femininas: Eles estavam conservando a certa altura.
Ex.: Ficaram à frente do projeto; Faremos a obra a qualquer custo.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras A campanha será disponibilizada a toda a
femininas: comunidade;
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão � Antes de demonstrativos
aumentando; Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
� Quando indicar marcação de horário, no plural � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. personalidades históricas
Fique atento ao seguinte: entre números teremos Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
que de = a / da = à, portanto: � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); O pacote foi entregue a ti ontem;
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou � Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
aquilo: lado)
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
àquele outono. de justiça;
Por favor, entregue as flores àquela moça que está � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
sentada. sem determinante
Dedique-se àquilo que lhe faz bem; Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou Astronauta volta a Terra em dois meses.
de: Os pesquisadores chegaram a terra depois da
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. expedição marinha.
Referimo-nos à de preto; Vocês o observaram a distância.
� Com o pronome relativo a qual, as quais:
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Crase Facultativa
de sair.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Nestes casos, podemos escrever as palavras das
férias. duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
Casos Proibitivos
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor se tem proximidade
orientação de quando não usar a crase. Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
� Antes de pronomes possessivos no singular
� Antes de nomes masculinos Ex.: Iremos a/à sua residência;
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- � Após preposição até, com ideia de limite
rial agrada a todos.” (MM) Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
O carro é movido a álcool. “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Venda a prazo; às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
� Antes de palavras femininas que não aceitam afeto.” (CBr. 1, 67)
artigos Casos Especiais
Ex.: Iremos a Fortaleza.
Macete de crase: Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Se vou a; Volto da = Crase há! Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? forem femininos, normalmente a crase não será utili-
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza; evitar ambiguidades.
81
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Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto a) aeródromo / protótipo / alcoólatra.
direto). b) ínterim / bígamo / pégada.
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de c) ávaro / êxodo / idólatra.
instrumento). d) misântropo / édito / invólucro.
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto). e) leucócito / âmago / aziago.
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
instrumento). 3. (FGV — 2023) Assinale a frase em que o artigo desta-
cado mostra valor diferente do de posse.
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Nomes de Lugares a) O lutador trazia o rosto ferido.
b) O policial estava com a farda rasgada.
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa c) O monge estava absorto com as meditações.
crase d) O estudante não trouxe a mãe para a festa.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, e) Na loja, a mulher viu os celulares na vitrine.
moro em Copacabana, passo por Copacabana);
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase 4. (FGV — 2023) Entre as opções a seguir, assinale aque-
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, la em que o aumentativo destacado perdeu o valor de
passo pela Bahia). aumentativo, designando uma outra realidade.

Macetes a) O entregador tocou a campainha e esperou no portão.


b) O fazendeiro tinha um cachorrão para vigiar a
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído plantação.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra c) O panelão da feijoada já estava sobre o fogão.
a, com a, à moda de, durante a; d) O apartamento tinha um varandão na frente.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. e) Na parte de trás, havia um terrenão para o plantio de
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase; frutas.
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a 5. (FGV — 2022) Abaixo há locuções adjetivas introduzi-
uma equivaler a a duas, não ocorre crase; das, respectivamente, pelas preposições com e sem.
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos Assinale a opção em que a substituição dessas locu-
por a este, a esta e a isto; ções por adjetivos é feita de forma incorreta.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
nomes de cidades quando esses termos estiverem a) carne com sal / sem sal = salgada e insossa.
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- b) campo com água / sem água = úmido e seco.
tância de 200 metros do pico da montanha. c) líquido com açúcar / sem açúcar = doce e salgado.
d) fruta com sabor / sem sabor = saborosa e insípida.
A compreensão da crase vai muito além da estética e) flores com perfume / sem perfume = perfumadas e
gramatical, pois serve também para evitar ambigui- inodoras.
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, 6. (FGV — 2023)
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações Texto 1
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
advérbio de instrumento da ação de pintar.
Menos mortes e engarrafamentos: movimento
quer reduzir a velocidade nas cidades brasileiras
HORA DE PRATICAR! (adaptado)

1. (FGV — 2023) As questões notacionais da Língua Por- Por Marcela Donini e Tiago Medina
tuguesa se referem, entre outras coisas, a palavras e
expressões que frequentemente provocam dúvidas Mais que uma mudança de cidade e país, a vida da
em relação à sua ortografia. fonoaudióloga Paula Dallegrave Priori mudou de estilo
a partir de 2021. Acompanhada do marido e da filha,
A esse respeito, assinale a opção ortograficamente então com menos de 3 anos, ela trocou Porto Alegre
correta. por Barcelona. O carro da família, tão necessário para
deslocamentos na capital gaúcha, ficou do lado de
a) A cerca de vinte carros enguiçados na avenida. cá do oceano. Se antes era um elemento presente no
b) Os livros foram vendidos há cerca de dez semanas. cotidiano, tornou-se anacrônico na nova cidade.
c) Os clientes esperaram o médico a cerca de duas “A percepção do trânsito em relação a Porto Alegre
horas. é bem clara: aqui é muito melhor. Não percebemos
d) O padre falou por horas há cerca do pecado original. o ambiente tóxico que é o trânsito aí”, compara ela,
e) Os policiais estavam acerca de cem metros do usuária frequente do metrô, além de pedestre habi-
assaltante. tual. Aliás, caminhar na rua com a filha é, agora, mais
tranquilo. “Os carros não andam em alta velocidade,
2. (FGV — 2023) Entre as opções abaixo, assinale aquela respeitam o pedestre, faixa de trânsito, usam a seta,
em que todos os vocábulos são proparoxítonos, com enfim tu consegues prever o que vai acontecer.”
82 acentos gráficos corretos.
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Tendência em cidades que são exemplo em mobilida- central na mobilidade. “Ainda habita em nós uma ques-
de ativa, a redução de velocidade foi decretada pelo tão de status do carro. A bicicleta é vista como veículo
governo espanhol em maio de 2021. Desde então, os só no Código de Trânsito Brasileiro. Para as pessoas,
limites na maioria das vias urbanas de todas as cida- nem sempre. Diria que até é um pouco marginalizada,
des espanholas são de até 30 km/h [...]. como considerar que quem anda de bicicleta não teve
Um movimento no Brasil quer entrar nessa onda e rea- sucesso”, diz.
dequar os limites nas vias das cidades de todo o país. Carboni sabe bem do que Santos está falando. A ati-
A União de Ciclistas do Brasil (UCB), em parceria com vista, que não tem carro há oito anos, costuma contar
outras entidades como a Fundação Thiago Gonzaga, a história de suas idas ao mercado: “Na hora de pagar,
propõe uma alteração no Código de Trânsito Brasileiro sempre perguntam se tenho o ticket do estacionamen-
que fixaria em 60km/h o máximo permitido nas vias to, e eu respondo que não tenho carro. Até que um dia
de trânsito rápido e 50km/h nas vias arteriais. [...] O uma caixa falou ‘Deus há de prover um pra você’”.
máximo para vias coletoras e locais permaneceria em Apesar de o caminho até um trânsito mais seguro ser
40km/h e 30 km/h. longo, os especialistas ouvidos pelo Matinal são oti-
[...] mistas. Bohn lembra que já se avançou muito: “Hoje
O documento publicado pela entidade apoia-se ainda não é mais aceitável beber e dirigir como era 20 anos
em experiências brasileiras e estrangeiras nas quais atrás”. A engenheira da WRI faz questão de ressaltar
a redução das velocidades levou a maior segurança que as novas gerações têm outro entendimento, espe-
no trânsito. São Paulo, por exemplo, fez alterações cialmente em relação ao carro.
significativas nesse sentido desde 2011. Em 2015, Paula que o diga. A porto-alegrense cuja história abre
foram reduzidos os limites em duas das principais a reportagem tem convicção de que o novo estilo de
vias expressas, as marginais Tietê e Pinheiros [...]. O vida irá mudar a perspectiva da filha, de 4 anos, sobre
sucesso da operação, destaca o relatório da UCB, foi mobilidade. “Hoje, ela está muito mais acostumada
verificado no ano seguinte, quando a cidade registrou a ver as pessoas fazendo as coisas de bicicleta. Os
uma queda de 52% no número de mortes nas duas ciclistas enfrentam dia de chuva, de frio. Isso é nor-
marginais. mal”, diz. Além do automóvel, também ficou para trás
Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam o hábito de entregar o celular na mão da pequena
a relação entre velocidades menores e menos mortes, para driblar a impaciência dos momentos de trânsito
mas ainda falta comunicar efetivamente esses dados parado.
à população. Uma pesquisa de opinião encomendada
pela UCB a uma empresa terceirizada revelou que 82% Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/
dos entrevistados conhecem alguém que morreu no reportagem-matinal/reduzir-velocidade-nas-cidades-brasileiras/
trânsito, e 9 em cada 10 consideram alto o número
de mortes nas vias brasileiras. Quando a questão são Em diversas passagens do texto 1, um pronome pes-
limites de velocidade mais baixos, metade concorda soal é empregado com sentido genérico, isto é, em
que isso evitaria mais óbitos, mas 8 em cada 9 deixa- referência a um conjunto indeterminado de indivíduos
ram de citar a redução dos limites como fator impor- (e não em referência apenas aos interlocutores).
tante para essa queda.
[...] “As pessoas sempre pensam que vão ter perda O único caso em que esse emprego genérico não se
se forem mais devagar. Ao contrário, o trânsito flui verifica é:
melhor”, diz, citando o exemplo da ponte Rio-Niterói,
onde o limite passou de 110km/h para 80km/h e hou- a) “Os carros não andam em alta velocidade, respeitam o
ve melhoria na fluidez. “Por isso, estamos deixando de pedestre, faixa de trânsito, usam a seta, enfim tu con-
falar em redução, e usando o termo readequação de segues prever o que vai acontecer.”
velocidades”, explica. b) “Se você abrir toda a torneira, a água vai acumular.”
Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Segu- c) “‘Acelerar significa apenas que você vai chegar mais
ras, destaca uma ilustração didática aprendida com a rápido num gargalo’.”
engenheira de transportes e professora da Universida- d) “‘Ainda habita em nós uma questão de status do
de Federal de Alagoas Jessica Lima. “Pense em uma carro’.”
torneira aberta, com ralo pequeno. Se você abrir toda e) “Até que um dia uma caixa falou ‘Deus há de prover um
a torneira, a água vai acumular. Se abrir menos, ela vai pra você’.”
escoar, vai passar mais lentamente, mas constante-
mente”, exemplifica. “É preciso mudar a visão de que 7. (FGV — 2023) O vocábulo “você” é um pronome de
‘a velocidade vai fazer eu chegar primeiro’. Já está pro- tratamento íntimo, usado em relacionamentos de
vado que a redução da velocidade máxima não tem amizade. Em algumas frases, entretanto, ele se refere,
impacto na velocidade média. As cidades são feitas indeterminadamente, a todas as pessoas.
LÍNGUA PORTUGUESA

de gargalos. Acelerar significa apenas que você vai


chegar mais rápido num gargalo”, completa. A frase abaixo em que isso ocorre, é:
[...]
Status do carro a) Quando você é mais jovem, as pessoas o culpam por
Em cidades planejadas para o carro, não à toa a popu- crimes que você nunca cometeu, dizia-me meu avô;
lação mais vulnerável no trânsito são pedestres, ciclis- b) Num dos programas da TV, um famoso apresentador
tas e motociclistas – e dentro desse grupo, as vítimas disse: “TV é tudo de mentira. Se o programa não esti-
mais comuns são pessoas negras, destaca Carboni. ver bom, finja que está. Pule, grite, assim você vai apa-
Para a engenheira civil e gerente de mobilidade ativa recer na telinha e ficar famoso”;
do WRI, Paula Manoela dos Santos, a questão geracio- c) Um ex-presidente da República ficou irritado quando,
nal é chave na mudança de visão que ainda precisa ser numa entrevista, o repórter o tratou por “você”;
feita para o carro deixar de ser visto como o elemento
83
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d) Meu pai repreendia constantemente a mãe dele: “Não da onda, para me pôr em dia com o perdão. Por exem-
interrompa quem lhe conta uma história que você já plo, minha tolerância em relação a mim, como pessoa
conhece”; que escreve, é perdoar eu não saber como me apro-
e) Você, que é presidente atual do Senado, deve preocu- ximar de um modo “literário” (isto é, transformado na
par-se com as preocupações dos cidadãos. veemência da arte) da “coisa social”. Desde que me
conheço o fato social teve em mim importância maior
8. (FGV — 2022) Todas as frases abaixo mostram uma que qualquer outro: em Recife os mocambos foram
forma sublinhada, composta de não + verbo; substi- a primeira verdade para mim. Muito antes de sentir
tuindo essa forma por um só verbo, de sentido equiva- “arte”, senti a beleza profunda da luta. Mas é que tenho
lente, a opção inadequada, é: um modo simplório de me aproximar do fato social:
eu queria “fazer” alguma coisa, como se escrever não
a) As nações europeias pediram que o exército russo não fosse fazer. O que não consigo é usar escrever para
avançasse em seus propósitos / recuasse; isso, ainda que a incapacidade me doa e me humilhe.
b) O autor declarou que não dispunha de tempo para O problema de justiça é em mim um sentimento tão
escrever os demais capítulos da novela / carecia; óbvio e tão básico que não consigo me surpreender
c) Não aceitou a oferta pelo carro, por considerá-la baixa com ele – e, sem me surpreender, não consigo escre-
/ recusou; ver. E também porque para mim escrever é procurar.
d) Não abriu a sua casa para evitar a curiosidade do O sentimento de justiça nunca foi procura em mim,
público / fechou; nunca chegou a ser descoberta, e o que me espanta
e) Por sua idade avançada, preferia não gastar dinheiro / é que ele não seja igualmente óbvio em todos. Tenho
economizar. consciência de estar simplificando primariamente o
problema. Mas, por tolerância hoje para comigo, não
9. (FGV — 2023) Assinale a opção que indica a frase em estou me envergonhando totalmente de não contribuir
que ocorreu a troca indevida de uma palavra por seu para algo humano e social por meio do escrever. É que
parônimo. não se trata de querer, é questão de não poder. Do que
me envergonho, sim, é de não “fazer”, de não contribuir
a) Fazei grande provisão de papel e tinta que te propor- com ações. (Se bem que a luta pela justiça leva à polí-
cionarei oportunidade de escrever grandes façanhas. tica, e eu ignorantemente me perderia nos meandros
b) Aquilo que pensamos saber com frequência nos impe- dela.) Disso me envergonharei sempre. E nem sequer
de de aprender.
pretendo me penitenciar. Não quero, por meios indire-
c) Como todas as outras pessoas, historiadores são
tos e escusos, conseguir de mim a minha absolvição.
mais perceptivos depois que as coisas obedecem.
Disso quero continuar envergonhada. Mas, de escre-
d) Graves incidentes ocorrem nas rodovias nos finais de
ver o que escrevo, não me envergonho: sinto que, se
semana, alguns deles com vítimas.
eu me envergonhasse, estaria pecando por orgulho.
e) Costureira decente não perde a linha.
“Mas é que tenho um modo simplório de me aproximar
do fato social: eu queria ‘fazer’ alguma coisa, como se
10. (FGV — 2023) A respeito da interculturalidade, analise
escrever não fosse fazer.”
as afirmativas a seguir.
Nesse segmento do texto, o termo “fazer” aparece
I. É o termo descritivo que se refere à multiplicidade de
entre aspas para indicar que:
culturas existentes em um determinado espaço, sem
que haja relações entre elas.
II. É a prática de julgar a cultura do outro baseado nas a) o vocábulo está empregado em sentido irônico;
suas próprias crenças, moral, leis, costumes e hábitos. b) a ação de fazer se opõe à de escrever;
III. É a práxis desenvolvida nas formas de relações e c) o fazer, nesse caso, é visto como algo simplório;
articulações sociais entre pessoas e grupos culturais d) a crítica ao ato de escrever literatura é justa;
diferentes, de modo a não supervalorizar ou erradicar e) o sentido do verbo se restringe a algo concreto.
as diferenças culturais.
12. (FGV — 2023) “É preferível um bom nome a muitas
Está correto o que se afirma em riquezas e uma boa graça a prata e ouro.”

a) I, apenas. Assinale a opção em que o verbo preferir apresenta


b) II, apenas. uma construção adequada.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas. a) Prefiro mais cinema do que teatro.
e) I, II e III. b) Prefiro cinema do que teatro.
c) Prefiro antes cinema do que teatro.
11. (FGV — 2022) d) Prefiro cinema a teatro.
e) Prefiro mais cinema a teatro.
Texto
13. (FGV — 2023)
Literatura e justiça
Texto 1
Clarice Lispector
Estudo revela novo alvo para busca de terapias contra
Hoje, de repente, como num verdadeiro achado, minha doença de Parkinson [fragmento]
tolerância para com os outros sobrou um pouco para Experimentos com camundongos feitos na USP mos-
84 mim também (por quanto tempo?). Aproveitei a crista traram que a micróglia, um tipo de célula imunológica
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presente no sistema nervoso central, ajuda a limitar a a diminuição de dopamina, o fator responsável pelas
perda de neurônios alterações motoras”, aponta Parga.
Agência Fapesp Estudo conduzido no Instituto de Esse conhecimento é promissor principalmente para
Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo a pequena parcela de casos de Parkinson e Alzheimer
(ICB-USP) revelou um possível mecanismo protetor que tem causas genéticas, um total de 5% a 7% dos
contra a doença de Parkinson. diagnósticos. “Conhecendo melhor o comportamento
Em camundongos, foi observado que a micróglia, um desses genes talvez possamos, no futuro, antecipar o
tipo de célula imunológica do sistema nervoso que diagnóstico da doença, além de propor terapias que
compõe a chamada glia – conjunto diversificado de consistem na manipulação deles”, afirma Britto.
células que dá suporte ao funcionamento dos neurô- O Laboratório de Neurobiologia Celular agora se
nios – pode limitar a perda de capacidade motora e a aprofunda nos resultados obtidos e nas hipóteses
morte neuronal. levantadas e também estuda as possíveis implica-
Todos os testes foram conduzidos em animais que ções da micróglia em modelos animais da doença de
receberam 6-hidroxidopamina, uma toxina indutora de Alzheimer.
sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson,
aplicada diretamente no cérebro. Antes, metade dos Disponível em: https://www1.folha.uol.com.b/ciencia/2023/06/
animais teve as micróglias praticamente eliminadas estudo-revela-novo-alvo-para-a-busca-de-terapias-contra-a-doenca-
de-parkinson.shtm
por uma substância, chamada PLX5622. O grupo que
manteve essas células registrou perdas menos signifi-
cativas de neurônios e de movimento quando compa- Todas as alternativas abaixo são reescrituras de algu-
rado aos demais roedores. ma passagem do texto 1. O único caso em que não se
“Esses resultados sugerem um possível alvo para o verifica erro relativo ao emprego do acento grave é:
tratamento da doença no futuro, quando descobrirmos
mecanismos capazes de ativar a micróglia de maneira a) Todos os testes foram conduzidos em animais que
benéfica”, disse a doutoranda Carolina Parga à asses- receberam 6-hidroxidopamina, uma toxina induto-
soria de imprensa do ICB-USP. Ela é primeira autora de ra de manifestações semelhantes as da doença de
um artigo publicado no Journal of Neuroimmunology. Parkinson;
[...] b) O grupo que manteve essas células registrou perdas
A descoberta contradiz o que os próprios pesquisado- menos significativas de neurônios e de movimento
res do ICB e outros estudiosos da área haviam visto quando comparado as demais cobaias;
anteriormente sobre essas células. Até então acredi- c) “Esses resultados sugerem um possível alvo para o
tava-se o contrário, pois, quando elas eram bloquea- tratamento da doença no futuro”, disse a doutoranda
das por fármacos, os sintomas do Parkinson eram Carolina Parga à esta assessoria de imprensa;
mitigados. d) A descoberta constitui uma contradição em relação a
“A hipótese mais provável para explicar essa diferen- observações feitas anteriormente pelos próprios pes-
ça nos resultados é a atuação dos dois fenótipos da quisadores do ICB e outros estudiosos da área;
micróglia, algo já identificado anteriormente na litera- e) Outra característica, a negativa, que impulsiona essa
tura científica. Uma característica, a positiva, que pro- perda neuronal, vai predominando a proporção que a
tege contra a perda neuronal, talvez se manifeste no doença vai evoluindo.
início da doença, e a outra característica, a negativa,
que impulsiona essa perda neuronal, vai predominan- 14. (FGV — 2022)
do à medida que a doença vai evoluindo; o mesmo
pode ocorrer em outras doenças neurodegenerativas, Texto 2
como o Alzheimer e algumas formas de epilepsia”,
detalha Luiz Roberto Giorgetti de Britto, coordenador “Os policiais militares são os primeiros a chegar ao
do estudo pelo Laboratório de Neurobiologia Celular local do crime, para isolar a área e preservar as provas.
do ICB. [...] Delegado e investigadores da Delegacia de Homicí-
“Isso reforça a importância de desenvolvermos for- dios (DH) vão até o local, onde conversam com teste-
mas de diagnósticos mais assertivas para as doen- munhas e familiares das vítimas. Os peritos criminais
ças neurodegenerativas, para assim chegarmos a também comparecem para analisar provas e colher
soluções terapêuticas. Pois trata-se de doenças que informações. O corpo é recolhido pelo Instituto Médi-
podem estar ativas durante décadas antes do diag- co Legal (IML)”
nóstico, que em geral se dá só após a manifestação
de sintomas, mas sendo mitigadas pela micróglia e (Gazeta do Povo, 30/11/2021)
outros mecanismos”, complementa.
Mudanças Genéticas “Os policiais militares são os primeiros a chegar ao
LÍNGUA PORTUGUESA

No estudo também foram identificados dois genes local do crime, para isolar a área e preservar as pro-
que podem estar relacionados à doença de Parkinson. vas”; nesse segmento do texto 2, as formas verbais
Esses genes apresentavam menor expressão apenas “isolar” e “preservar” poderiam também aparecer no
nos grupos em que as micróglias foram eliminadas. plural “isolarem” e “preservarem”.
“São dois genes relacionados à transmissão por dopa-
mina [substância que influencia nossas emoções, A frase abaixo em que há dupla possibilidade de con-
aprendizado e locomoção, além de outras funções] cordância do termo destacado é:
entre alguns grupos de neurônios do sistema nervo-
so, o que sugere que a micróglia pode ser responsável a) Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer;
pela modulação da expressão de genes que atuam b) Só quem é superficial conhece a si mesmo;
nesses processos. Isso ajuda a explicar como a sua c) Uma descoberta consiste em ver o que todo mundo já
ausência resulta na perda de neurônios, o que causa viu e pensar o que ninguém pensou;
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d) A família é um conjunto de pessoas que se defendem sonegação fiscal por parte das empresas e não deixar
em bloco e se atacam em particular; de arrecadar tributos.
e) Originalidade é a arte de esconder suas fontes. A Receita Federal, através do sistema SPED (Sistema
Público de Escrituração Digital), montou uma verda-
15. (FGV — 2022) Observe o seguinte texto, retirado de um deira armadilha para as pessoas físicas e jurídicas que
livro de Sociologia: não declaram suas movimentações financeiras.
O que antes era feito em papel passou a ser digital
“Os escravos tinham o direito legal de casar-se, mas e online, ou seja, hoje em dia a Receita Federal pode
os que desejavam fazê-lo enfrentavam alguns obstá- identificar uma operação clandestina antes mesmo de
culos, entre outros motivos porque os escravos supe- ser concluída.
ravam enormemente o número de escravas.” E, a partir de 2023, será possível cruzar a movimenta-
ção bancária gerada pelas empresas (de qualquer por-
Nesse texto, aparece um emprego especial do verbo te) com as informações repassadas pelas instituições
fazer, que só não se repete na seguinte frase: financeiras, intermediadores financeiros e instituições
de pagamento para arrecadar os tributos devidos nes-
a) Algumas pessoas construíram casas à beira da via sas operações.
férrea e nunca se declararam arrependidas de o terem Não importa a forma de transferência utilizada pelas
feito; empresas, TED, DOC, Pix etc. Tudo será informado
b) Ela caminhava todos os dias por duas horas todas as para o fisco e, como já dissemos, no caso do Pix, a
manhãs; eu também já fiz isso; informação será retroativa.”
c) Ler romances de Machado de Assis é uma tarefa
agradável; não fazê-lo é perda de oportunidade de (Arvi Consultoria)
progresso;
d) Todos os estudantes cumpriram as suas tarefas; João “Sabemos que no Brasil existe muita sonegação, mui-
foi o único a não fazer a redação; tas empresas, principalmente as menores, não decla-
e) Plantar árvores frutíferas é útil e agradável; o agricultor ram tudo aquilo que movimentam. Porém, do outro
que faz isso pode ganhar muito dinheiro. lado da mesa, está a Receita Federal — com super-
computadores e com analistas bem treinados para
16. (FGV — 2023) auditar as milhares de informações que chegam aos
bancos de dados do órgão”.
Amanhã irei ao cinema com este amigo a meu lado.
Nesse fragmento do texto observamos que
Transforme essa frase de discurso direto em uma
frase de discurso indireto, começando-a por “Ele dis- a) nem todos os delitos são punidos, porque falta moder-
se que” e assinale a opção que apresenta a forma nização tecnológica e dedicação dos funcionários
correta. públicos.
b) a sonegação fiscal tende a desaparecer no país, em
a) Ele disse que amanhã iria ao cinema com esse amigo função das providências legais tomadas contra ela.
a seu lado. c) a conjunção “porém” faz a oposição, respectivamente,
b) Ele disse que no dia seguinte iria ao cinema com este entre a legalidade e a ilegalidade.
amigo a meu lado. d) as providências legais aparecem sempre após a verifi-
c) Ele disse que no dia seguinte iria ao cinema com aque- cação de delitos.
le amigo do lado dele. e) o termo “órgão” se refere ao termo anterior
d) Ele disse que amanhã irá ao cinema com aquele ami- “supercomputadores”.
go a seu lado.
e) Ele disse que amanhã iria ao cinema com este amigo 18. (FGV — 2023) “Diz-se que o macarrão era apenas um
a seu lado. canudinho de massa que os chineses usavam para
tomar bebidas. Marco Polo não entendeu o uso, ensi-
17. (FGV — 2023) nou seus compatriotas a cozinhar e a comer o macar-
rão e transformou-o em sucesso culinário definitivo”.
Texto
(Millôr Fernandes)

“Estamos em 2022 e, neste momento, a maioria das


Sobre esse pequeno texto, assinale a afirmativa
transações bancárias, segundo o Banco Central, é rea-
adequada.
lizada na modalidade Pix. Essa modalidade já superou
a TED e o DOC.
a) “Diz-se” indica que o autor não se responsabiliza pelo
Sabemos que no Brasil existe muita sonegação, mui-
que é dito.
tas empresas, principalmente as menores, não decla-
b) O termo “apenas” indica uma limitação no uso do
ram tudo aquilo que movimentam. Porém, do outro
macarrão.
lado da mesa está a Receita Federal — com supercom-
c) A forma diminutiva “canudinho” indica desprezo pelo
putadores e com analistas bem treinados para auditar
macarrão.
as milhares de informações que chegam aos bancos
d) O texto ensina que o importante é a coisa e não o uso
de dados do órgão.
que se faz dela.
As Secretarias de Fazenda Estaduais e as Prefeituras
e) O erro de Marco Polo fez com que os chineses mudas-
estão se modernizando cada vez mais (é o caso do
sem hábitos.
DF, que possui a Malha Fiscal), com o uso de tecno-
logia para tratamento das informações recebidas
86 através das obrigações acessórias, a fim de evitar a
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19. (FGV — 2023) Como os povos originários do Brasil
lidaram com a colonização, que queria acabar com o 15 D
seu mundo? Quais estratégias esses povos utilizaram 16 C
para cruzar esse pesadelo e chegar ao século XXI ain-
da esperneando, reivindicando e desafinando o coro 17 D
dos contentes?
18 A
Vi as diferentes manobras que os nossos antepassa- 19 C
dos fizeram e me alimentei delas, da criatividade e da
poesia que inspirou a resistência desses povos. 20 C

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 1° ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019, p. 20.

Ailton Krenak defende no texto a ideia de que os povos ANOTAÇÕES


originários do Brasil

a) entregaram-se ao sistema colonial sem resistência.


b) tornaram-se miscigenados despreocupados com a
ancestralidade indígena.
c) mobilizaram-se em torno da arte em contraposição à
colonialidade.
d) alteraram-se conforme as normas da sociedade brasi-
leira para sobreviver.
e) lançaram-se por caminhos ditados pela metrópole
portuguesa.

20. (FGV — 2023)

Muitas pessoas acreditam que as histórias são con-


tadas para colocar as pessoas para dormir. Eu conto
as minhas para acordá-las.

Nesse pensamento há uma referência ao seguinte


modo de organização discursiva:

a) descrição.
b) narração.
c) dissertação argumentativa.
d) dissertação expositiva.
e) dissertação injuntiva.

9 GABARITO

1 C

2 A

3 E

4 A

5 C

6 E

7 B
LÍNGUA PORTUGUESA

8 D

9 D

10 C

11 E

12 D

13 D

14 D
87
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ANOTAÇÕES

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