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ESA
Curso de Formação de Sargentos
NV-006MR-23-ESA-SARGENTO
Cód.: 7908428804756
PIRATARIA
É CRIME!
Todos os direitos autorais deste material são reservados e
protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial
ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.
Autores
PORTUGUÊS • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Melissa Fernandes, Monalisa Costa, Nelson Sartori,
Paloma da Silveira Leite, Rebecca Soares
ISBN: 978-65-5451-090-5
Edição: Março/2023
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MATEMÁTICA.......................................................................................................................21
NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE RACIOCÍNIO LÓGICO..................................................................... 21
REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS.................................................................................................................21
SUBCONJUNTOS...............................................................................................................................................21
OPERAÇÕES.......................................................................................................................................................22
União.................................................................................................................................................................. 22
Interseção.......................................................................................................................................................... 22
Diferença........................................................................................................................................................... 23
Complementar.................................................................................................................................................. 24
NÚMEROS PRIMOS...........................................................................................................................................25
FATORAÇÃO.......................................................................................................................................................25
Operações Fundamentais................................................................................................................................ 26
Módulo............................................................................................................................................................... 27
Simétrico e Oposto........................................................................................................................................... 27
Operações com Intervalos Reais..................................................................................................................... 27
RAZÕES E PROPORÇÕES................................................................................................................... 29
CONCEITO DE RELAÇÃO...................................................................................................................................32
CONCEITO DE FUNÇÃO, DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO..................................33
FUNÇÃO INVERSA.............................................................................................................................................36
VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................37
FUNÇÃO QUADRÁTICA....................................................................................................................... 39
VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................40
MÁXIMOS E MÍNIMOS.......................................................................................................................................40
FUNÇÃO MODULAR............................................................................................................................ 42
EQUAÇÕES MODULARES..................................................................................................................................43
INEQUAÇÕES MODULARES..............................................................................................................................43
FUNÇÃO EXPONENCIAL..................................................................................................................... 43
FUNÇÃO LOGARÍTMICA..................................................................................................................... 45
LOGARITMOS DECIMAIS..................................................................................................................................47
TRIGONOMETRIA................................................................................................................................ 48
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO - RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS.......................................48
ARCOS NOTÁVEIS..............................................................................................................................................49
CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO...........................................................................................................................54
REDUÇÃO AO 1ºQUADRANTE...........................................................................................................................54
TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS......................................................................................................59
RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS..........................................................................................................................65
PROBABILIDADE................................................................................................................................. 73
PROBABILIDADE CONDICIONAL......................................................................................................................75
EXPERIMENTOS BINOMIAIS............................................................................................................................77
MATRIZ INVERSA..............................................................................................................................................81
Definição............................................................................................................................................................ 81
Propriedades..................................................................................................................................................... 82
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS...............................................................................................................................88
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS.........................................................................................................................88
TERMO GERAL...................................................................................................................................................88
Termo Geral....................................................................................................................................................... 89
Soma dos Termos e Propriedades.................................................................................................................. 89
PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO................92
PROJEÇÃO ORTOGONAL..................................................................................................................................92
PRISMAS............................................................................................................................................................93
PIRÂMIDE...........................................................................................................................................................93
CILINDRO............................................................................................................................................. 95
CONE...................................................................................................................................................................97
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes e Troncos................................................................. 97
ESFERA...............................................................................................................................................................98
PONTO..............................................................................................................................................................101
RETA.................................................................................................................................................................101
CIRCUNFERÊNCIA...........................................................................................................................................105
ELIPSE..............................................................................................................................................................109
Definição.......................................................................................................................................................... 109
Equação........................................................................................................................................................... 110
Posições Relativas Entre Ponto e Elipse....................................................................................................... 110
Posições Relativas Entre Reta e Elipse......................................................................................................... 110
HIPÉRBOLE......................................................................................................................................................111
Definição.......................................................................................................................................................... 111
Equação da Hipérbole.................................................................................................................................... 111
Posições Relativas Entre Ponto e Hipérbole................................................................................................. 112
Posições Relativas Entre Reta e Hipérbole................................................................................................... 112
Equações Das Assíntotas da Hipérbole........................................................................................................ 113
PARÁBOLA.......................................................................................................................................................114
Definição.......................................................................................................................................................... 114
Equação........................................................................................................................................................... 114
Posições Relativas Entre Ponto e Parábola.................................................................................................. 114
Posições Relativas Entre Reta e Parábola.................................................................................................... 114
GEOMETRIA PLANA.........................................................................................................................117
ÂNGULO............................................................................................................................................................117
PARALELISMO.................................................................................................................................................122
PERPENDICULARIDADE..................................................................................................................................122
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS....................................................................................................................123
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS...........................................................................................................................125
TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................126
TEOREMA DE TALES........................................................................................................................................127
QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS..........................................................................................................................128
POLÍGONOS.....................................................................................................................................................130
POLÍGONOS REGULARES...............................................................................................................................131
FÓRMULA DE HERON......................................................................................................................................134
INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO.....................................................................................................................135
POLINÔMIOS.....................................................................................................................................138
FUNÇÃO POLINOMIAL....................................................................................................................................138
IDENTIDADE DE UM POLINÔMIO....................................................................................................................138
GRAU DE UM POLINÔMIO...............................................................................................................................138
DIVISÃO DE POLINÔMIOS...............................................................................................................................139
TEOREMA DO RESTO......................................................................................................................................140
TEOREMA DE D’ALEMBERT.............................................................................................................................140
DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI....................................................................................................................140
EQUAÇÕES POLINOMIAIS................................................................................................................142
RAÍZES IMAGINÁRIAS....................................................................................................................................143
RAÍZES RACIONAIS.........................................................................................................................................143
TEOREMA DE BOLZANO.................................................................................................................................145
OPERAÇÕES.....................................................................................................................................................147
MÓDULO...........................................................................................................................................................148
FÓRMULAS DE MOIVRE..................................................................................................................................148
BINÔMIO DE NEWTON......................................................................................................................150
PORTUGUÊS...................................................................................................................... 157
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS.....................................................................157
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O
RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO.......................157
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................................161
MORFOLOGIA....................................................................................................................................163
CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................................167
MORFOSSINTAXE.............................................................................................................................188
NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO............................................................................................................204
INTRODUÇÃO À LITERATURA.........................................................................................................213
LITERATURA BRASILEIRA................................................................................................................216
REDAÇÃO...........................................................................................................................................227
GÊNERO TEXTUAL...........................................................................................................................................227
TEXTO E CONTEXTO.......................................................................................................................................242
A TÉCNICA DA DESCRIÇÃO............................................................................................................................245
O NARRADOR...................................................................................................................................................245
O TEXTO ARGUMENTATIVO...........................................................................................................................246
O TEMA.............................................................................................................................................................247
A IMPESSOALIDADE........................................................................................................................................247
A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO............................................................................................................249
PERÍODO PRÉ-COLONIAL...............................................................................................................................274
CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL......................................................................................................................277
AS REBELIÕES NATIVISTAS...........................................................................................................................279
BRASIL IMPÉRIO...............................................................................................................................281
O PERÍODO JOANINO......................................................................................................................................281
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL......................................................................................................................282
O PRIMEIRO REINADO.....................................................................................................................................283
PERÍODO REGENCIAL......................................................................................................................................283
O SEGUNDO REINADO.....................................................................................................................................284
BRASIL REPÚBLICA..........................................................................................................................287
A REPÚBLICA VELHA......................................................................................................................................287
A ERA VARGAS................................................................................................................................................291
A ATMOSFERA E OS CLIMAS..........................................................................................................................313
RECURSOS HÍDRICOS.....................................................................................................................................325
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL............................................................................................................................329
O ESPAÇO ECONÔMICO...................................................................................................................331
COMÉRCIO.......................................................................................................................................................338
O ESPAÇO POLÍTICO.........................................................................................................................341
FORMAÇÃO TERRITORIAL..............................................................................................................................341
O ESPAÇO HUMANO.........................................................................................................................348
DEMOGRAFIA...................................................................................................................................................348
MERCADO DE TRABALHO...............................................................................................................................351
DESENVOLVIMENTO HUMANO......................................................................................................................352
GÊNERO............................................................................................................................................................361
PRONOMES (PRONOUNS)................................................................................................................364
PRONOMES PESSOAIS...................................................................................................................................364
PRONOMES REFLEXIVOS...............................................................................................................................364
QUANTIFICADORES.........................................................................................................................................368
ARTIGOS (ARTICLES).......................................................................................................................369
VERBOS (VERBS)..............................................................................................................................380
VERBOS NO FUTURO IMEDIATO (FUTURE WITH GOING TO) E VERBOS NO FUTURO COM
SHALL/WILL (SIMPLE FUTURE).....................................................................................................................386
VERBOS MODAIS.............................................................................................................................................388
Can................................................................................................................................................................... 388
May.................................................................................................................................................................. 388
Could................................................................................................................................................................ 388
Might................................................................................................................................................................ 388
Should.............................................................................................................................................................. 388
Must................................................................................................................................................................. 388
Would............................................................................................................................................................... 389
Ought To.......................................................................................................................................................... 389
TAG QUESTIONS..............................................................................................................................................390
PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS).....................................................................................................395
MATEMÁTICA z analítica;
z sintética;
z diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).
z o mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim- Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
bolicamente, Abril ∉ M;
z o número 11 pertence ao conjunto P, ou simbolica- SUBCONJUNTOS
mente, 11 ∈ P;
z o Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
mente, Haiti ∉ N. e somente se, todo elemento de A pertence também a B. 21
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) z O conjunto vazio está contido em qualquer con-
utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ junto! Representamos tal situação da seguinte
A ⇒ x ∈ B) (lê-se: A está contido em B, se, e somente se, maneira: Ø ⊂ A. Essa propriedade é de extrema
qualquer que seja x, x pertence a A, então x pertence a relevância para a simplificação de demonstrações
B). de Teoremas. Sem ela, diversas situações envol-
Por diagramas, poderíamos representar esta vendo conjuntos teriam suas “comprovações”
situação da seguinte maneira: apresentadas de uma maneira muito mais exte-
nuante (cansativa)!
B z Todo conjunto está contido em si mesmo! Repre-
sentamos essa situação da seguinte maneira: A ⊂
A. Esta propriedade tem lugar de destaque no con-
texto da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil
no que se refere à simplificação de demonstrações
A
de Teoremas. Ela também recebe o nome de Pro-
priedade Reflexiva.
OPERAÇÕES
União
Interseção
A B A B
A B
Figura 8. Interseção dos conjuntos A e B
Dica
Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos
(interseção vazia) e Conjuntos Intersecantes
(interseção não vazia).
Anteriormente, por diagramas, representamos Figura 10. Interseção em relação ao Princípio da Inclusão-Exclusão
dois conjuntos A e B Intersecantes. Veja na figu-
ra abaixo como devemos representar Conjuntos Observe que, ao representarmos na figura (à
Disjuntos. esquerda) o conjunto A, automaticamente a interse-
ção de A com B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está
A B contida em A ((A ∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em rela-
ção ao conjunto B: automaticamente a interseção de
A com B (A ∩ B) foi adicionada (figura à direita), pois
ela está contida em B ((A ∩ B) ⊂ B). Portanto, temos
que eliminar a interseção uma vez (correspondente
ao termo n(A ∩ B) no Princípio da Inclusão-Exclusão),
para que a contagem não seja excedida.
Diferença
23
Por diagramas, poderíamos representar esta A
situação da seguinte maneira:
A B
A B Conjunto Universo
24
São exemplos de Conjuntos Vazios: Como conclusão às assertivas propostas acima,
tem-se que:
z conjunto dos meses que apresentam 32 dias;
z países que fazem parte da América do Norte e que z um número b é sempre múltiplo dele mesmo a
começam com a letra W; = 1 ∙ b ↔ a = b;
z número primo irracional; z para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
z seleção de futebol que tenha conquistado 10 Copas da forma a = k ∙ 2, k seria substituído por todos os
do Mundo. números naturais possíveis.
Exemplo: se tivermos 2x + 2y + 3x + 3y, então, 6–8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
3–4 2 (nesse caso repetimos o número 3, pois ele não é dividido pelo 2)
3–2 2
2 · (x + y) +3 · (x + y) = (x + y) · (2 + 3) = (x + y) · 5
3–1 3
Diz-se que um número natural “a” é múltiplo de outro Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
natural “b” se existir um número natural “k” tal que: Com esse método, é possível calcular o MMC entre
vários números. Vamos exercitar novamente, dessa
MATEMÁTICA
60 – 45 3 (note que 3 é o número que divide o 60 e o 45 ao mesmo tempo) z Números naturais pares: são aqueles que, ao
20 – 15 5 (note que 5 é o número que divide o 20 e o 15 ao mesmo tempo) serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso
4–3
1 (aqui, paramos a fatoração, pois o número 1 é quem divide tudo ao o zero também é par. Logo, todos os números que
mesmo tempo
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares.
MDC = 3 · 5 · 1 = 15 z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
Logo, o MDC (60 e 45) = 15. em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.
Passos para calcular o MDC (fatoração simultânea):
27
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- Principais propriedades da operação de divisão:
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
qualquer número, este número permanecerá z Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
inalterado. propriedade.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
Ex.: 15 · 1 = 15. propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
números inteiros sempre gera um número inteiro. por 1, o resultado será o próprio número.
28
z Números decimais. 2 + 3 · 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Resposta: Letra A.
Ex.: 1,75
3. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir:
z Dízimas periódicas.
a) 0,555... é um número racional.
Ex.: 0,33333...
( ) CERTO ( ) ERRADO
Operações Fundamentais
Repare que o número 0,555... é uma dízima periódi-
z Adição de números decimais: segue a mesma lógi- ca. Vimos na teoria que as dízimas periódicas são
ca da adição comum. um tipo de número racional. Resposta: Certo.
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4 b) Todo número inteiro tem antecessor.
z Subtração de números decimais: segue a mesma ( ) CERTO ( ) ERRADO
lógica da subtração comum.
Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante-
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18 cessor. Basta subtrair 1 unidade. Veja: o antecessor
de 35 é o 34. O antecessor de 0 é -1. E o antecessor de
z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
-299 é o -300. Resposta: Certo.
mesmo procedimento da multiplicação comum.
4. (FCC — 2018) Os canos de PVC são classificados de
Ex.: 4,6 · 1,75 = 8,05
acordo com a medida de seu diâmetro em polegadas.
z Divisão de números decimais: devemos multipli- Dentre as alternativas, aquela que indica o cano de
car ambos os números (divisor e dividendo) por maior diâmetro é
uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
a) 1/2.
modo a retirar todas as casas decimais presentes.
b) 1 ¼.
Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
c) 3/4.
Ex.: 5,7 ÷ 1,3 d) 1 ½.
5,7 · 100 = 570 e) 5/8.
1,3 · 100 = 130
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja, vamos
570 ÷ 130 = 4,38
dividir o numerador pelo denominador da fração. Veja:
5/8 = 0,625
Exercite seus conhecimentos realizando os itens
½ = 0,5
que seguem.
1 ¼ = 1 + 0,25 = 1,25
¾ = 0,75
1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado 1 ½ = 1 + 0,5 = 1,5
número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi- Logo, o maior diâmetro será 1 ½ polegadas, que
dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente corresponde a 1,5 polegadas. Resposta: Letra D.
(n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n
+ 2) é igual a
a) 440.
b) 420.
RAZÕES E PROPORÇÕES
c) 400.
d) 380. A razão entre duas grandezas é igual a divisão
e) 340. entre elas, veja:
2
Dividendo = 18 · n + 15
5
Dividendo = 17 · (n+2) + 1
18 · n + 15 = 17 · (n+2) + 1
18n + 15 = 17n + 34 + 1 Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está
18n – 17n = 35 – 15 para 5).
n = 20 Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
2 4
Letra A. =
3 6
2. (FGV — 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
MATEMÁTICA
2 x
Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as = ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
demais operações:
29
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D = 2.000 · 2
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
ção: produto dos meios pelos extremos.
Meio: 3 e x;
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Extremos: 2 e 6.
ber R$4.000.
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe:
z Somas Internas
3·X=2.6
a c a+b c+d
= = =
3X = 12 b d b d
X = 12
3 É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X=4 minador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
Lembre-se de que a maioria dos problemas en- proporção.
volvendo esse tema são resolvidos utilizando essa
propriedade fundamental. Porém, algumas questões a c a+b c+d
= = =
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser b d a c
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. Va-
mos a elas. Vejamos um exemplo:
2A 3B X+Y+Z 900.000
= = 60.000
4 9 4+5+6 15
Aplicando a propriedade das somas externas, A menor dessas partes é aquela que é proporcional
podemos escrever o seguinte: a 4, logo:
2A 3B 2A + 3B X
=
4 = 60.000
=
4 9 4+9
X = 60.000 · 4
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
porção, temos: X = 240.000
2A
=
3B
=
2A + 3B
=
13.000
= 1.000 Inversamente Proporcional
4 9 4+9 13
É um tipo de questão menos recorrente, mas não
Logo, menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
2A quinhão inversamente proporcional a três números.
= 1.000
4 Vejamos um exemplo:
Exemplo:
2A = 4 · 1.000 Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
2A = 4.000 inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
A = 2.000 tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
Fazendo a mesma resolução em B: total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
3B cálculo, veja:
= 1.000
9
X X X
3B = 9 · 1.000 + + = 740.000
4 5 6
3B = 9.000
Agora vamos precisar tirar o M.M.C. (mínimo múl-
B = 3.000 tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
mos a fração.
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 4–5–6|2
anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será: 2–5–3|2
1–5–3|3
2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
1–5–1|5
GRANDEZAS DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE 1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60
PROPORCIONAIS
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e
Diretamente Proporcional multiplicando o resultado pelo numerador temos:
31
Logo, as partes dividas inversamente propor- 120 = 4x-2 5
cionais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente =
121 5x+2-1 8
300.000, 240.000 e 200.000.
Analise os exercícios a seguir para praticar seus 4x-2 5
conhecimentos. 5x+2-1 = 8
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
1. (FAEPESUL — 2016) Em uma turma de graduação em
Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos que 32x – 16 = 25x + 5
a razão entre o número de mulheres e o número total
5 7x = 21
de alunos é de . Determine a quantidade de homens
8 x=3
desta sala, sabendo que esta turma tem 120 alunos.
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
a) 43 homens. valor de X na primeira equação:
b) 45 homens.
c) 44 homens. 9x = 9 · 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
d) 46 homens. grupo.
e) 47 homens. Resposta: Letra D.
A razão entre o número de mulheres e o número 3. (IBADE — 2018) Três agentes penitenciários de um
total de alunos é de 5/8: país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
M 5 que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
=
T 8 o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
de cada um, em ordem crescente de valores.
A turma tem 120 alunos, então: T = 120
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
Fazendo os cálculos:
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
M 5 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
= d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
T 8
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
M 5
= D + A + W = 721
120 8
A = D + 36
8 x M = 5 · 120 W = A - 44
Substituímos Arley em Wanderson:
8M = 600 W= A - 44
W= 36+D-44
600 W= D-8
M=
8 Substituímos na fórmula principal:
D + A + W = 721
M = 75 D + 36 + D + D – 8 = 721
A quantidade de homens da sala: 3D + 28 = 721
120 - 75 = 45 homens. 3D = 721 - 28
Resposta: Letra B. D = 693/3
D = 231
Substituímos o valor de D nas outras:
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas A = D + 36
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número A= 231+36= 267
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com W = A - 44
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- W= 267-44
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma W= 223
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00.
a) 30. Resposta: Letra D.
b) 29.
c) 28.
d) 27.
e) 26. FUNÇÕES E GRÁFICOS DE FUNÇÕES
32
sorvete? E assim, o seu estudo se torna apropriado para Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que
que sua aplicação ajude na resolução de problemas. expressa todos os elementos da relação, assim, para
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo de representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
associação entre eles, que faça corresponder a todo lei de formação, tem-se:
elemento do primeiro conjunto um único elemento do
segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um está 𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
em função do outro. Podemos representar uma função
𝑓: A → B
de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo segue
uma tabela que relaciona dois conjuntos, distância per- x ↦ 𝑓(x)
corrida e valor pago em uma corrida de táxi:
Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-
DISTÂNCIA PERCORRIDA ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:
10 15 20 25
(KM)
𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55
𝑓: A → B
√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x
MATEMÁTICA
33
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a z Diagrama para funções bijetoras
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.
1 -1
4 2
B⇒CD(f) 7 5
9 7
A⇒D(f) 11 9
B
A
a d
g As funções Sobrejetoras são funções nas quais
b e o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí-
h nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que
c aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou
f
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos
que ela é uma função Bijetora (Figura 5c).
⇓
Im(f) FUNÇÕES PARES E ÍMPARES
A
Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ,
com potências pares são funções pares e com potên-
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x)
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))
34
FUNÇÕES PERIÓDICAS E FUNÇÕES COMPOSTAS
1
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x =
2
a) b)
É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car-
tesiano será:
Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).
função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ mais de uma sentença e diferentes subdomínios.
associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,
{
y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta
paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo –x + 1, se x < –2
ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}. a) 𝑓(x) = x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1
–x + 1, se x > 1
(Figura 10a);
35
b) 𝑓(x) = { –x2 + 1, se x < 1
(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
(Figura 10b).
(Figura 10a)
(Figura 10b)
FUNÇÃO INVERSA
{
y+1 a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax · a ≠ 0.
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x = O gráfico da função linear é uma reta que passa
2 pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano
cartesiano (Figura 12).
Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A · B | y = 2x – 1}, então:
𝑓–1 = { (y, x) ∊ B · A | x =
y+1
2
Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3). 1
2x + 1 = 0 → x = –
Uma Função Afim é crescente sempre que o coe- 2
ficiente angular for positivo e decrescente quando o
mesmo for negativo. Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),
então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
VARIAÇÕES DE SINAL
b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a
37
De acordo com a regra de sinais do produto de Veja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-
números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × – tes delas são dadas por:
= –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
inequações pode ser encontrada da seguinte forma, 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x)
seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto > 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou g(x) g(x) g(x) g(x)
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- De acordo com a regra de sinais do quociente de
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+
chegando na solução geral S1 ⌒ S2. ÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu- não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0, para uma dessas inequações pode ser encontrado da
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . seguinte forma, seja a inequação quociente:
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) ·
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S =
𝑓(x)
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras ≥0
inequações produto. g(x)
Tomemos como exemplo a inequação produto (x +
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
Para o produto ser positivo temos duas situações:
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:
𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
x+2>0→x>–2 b ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
1
3x b ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
f ( –x=
)1 > 0ax→+xb> < 0 → x < − ; chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
3 a Por fim, a solução para a inequação quociente:
𝑓(x)
≥0
g(x)
{
S1 ⌒ S2= x∊R|x>
1
{ (x + 2)
3 ≥1
(3x – 1)
x+2<0→x<–2 b Ou seja,
f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a
(x + 2)
f3x(–x1=
1 b (x + 2) (–2x + 3
)< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ; ≥1→ –1≥0→ ≥0
3 a (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1
Assim temos:
𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)
Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 = Seguindo os dois passos acima temos:
{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:
– 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b
f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a
{
2
38
Logo, a solução para esse primeiro caso é: função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto (x1, y)
= (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto:
{
S1 ⌒ S2= x∊R|
1
<x≤
3
{ 3 1
3 2 (xv, yv) = ,–
2 4
(x + 2)
≥1
(3x – 1)
Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com
É: ^3 1
h
vértice: (x v, y v = 2 , – 4 e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a
{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x∊R|
1
<x≤
3
{ 𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.
[ ]
Quando se está trabalhando algebricamente com 2
uma inequação e no momento que se tem a necessida- b ∆
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x, 𝑓(x) = a x+ –
2a 4a2
(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver-
ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 .
Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
função canônica a zero chegamos nos valores das
raízes:
FUNÇÃO QUADRÁTICA
– b ± √∆
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E x=
CARACTERÍSTICAS 2a
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli- Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ R. Um exemplo de função ∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 + bx + – (–3) – √1 3–1
c, é uma parábola, assim para sua construção é neces- x1 = = =2
sário mais que dois pontos, diferente do visto ante- 2·1 2
rior na construção da reta. Inicialmente encontra-se
os zeros ou raízes da função, o vértice e o ponto de – (–3) + √1 3+1
MATEMÁTICA
– b ± √∆
x=
2a
−b b−∆
∆−–b −
–∆
(=
xM , yM ) (V(x
V= xv ,v ,yyv v)) = VV ,, V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx
a22a
4a a44a
2a
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2)
−–b( –3)
( xv , yv ) =VV , , , V =
2
(=
xM , yM ) V= ) vy , vx ( V =
) My ,
2a2 · 14a 4 a· 14 a2
∆
−3− b−
b −∆1
(=
xM , yM ) ( xv , yv ) =VV , ,– 4 V =
V= ) vy , vx ( V =
) My , Mx (
a224a a42a
40
Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola b
𝑓(x) > 0, {x ∊ ℝ | x < –2 ou x > 3} a
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
mo da função. f ( x=
) ax + b < 0 → x < −
b
;
𝑓(x) < 0, {x ∊ ℝ | –2 < x <3}
a
O vértice de uma função quadrática será ponto de
máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
da função quando a > 0. Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0:
Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x)
+ c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0. · g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) <
Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi- 0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
a solução será S = {x ∊ ℝ |–2 < x < 3}.
resultado para resolver essa inequação é encontrado
no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo No caso de inequação quociente faz-se o estudo
dos valores de a e de delta temos algumas combina- de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi-
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0: ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + =
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S)
para uma dessas inequações pode ser encontrada da
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa-
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 +
2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x)
= – x2 + 2x:
b
f ( x )
= ax + b > 0
∆ = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 → x > − ;
2
a
∆ = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
∆ = b2 – 4ac →
f ( x=
2
b
) –(1) ax b 0 x ;
g
+ < → < −
fx( x==) ax +–b√9> 0 → x>− ;
= –1
b a
1
2·2 a
𝑓(x) = 0
1 b
) –(1)
f ( x= ax ++b√9< 0 →
= x<− ;
x2 =
2·2 2 a
No caso de inequação produto faz-se o estudo de
sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se x = –(2) – √4 = 2 b
f (1 x=
) ax + b > 0 → x > − ;
como solução de acordo com a regra de sinais do pro- 2 · (–1) a
duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = g(x) = 0
b
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma f ( x=
x =) –(2)
ax ++b√4< 0 →
= 0 x<− ;
dessas inequações pode ser encontrada da seguinte
2 2 · (–1) a
forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e
g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0:
Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro b b
b 1
; ( x=
− > xf → )0 >ax
b+ ba> 0
+x =)x
→ ( fx > − ;
encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e 𝑓(x) a
a
f ( x; =
)b> 0,
−ax
<x b
+xf → )00<→
∊ ℝ=
( x>
| xax
b+ x xb
< –1 ou
> ; ( fx
−x0=>)→
a< x < − b ;
g(x) = –x2 + 2x – 1: a
+
a 2 a
b
f; (ax−= b b
) > ax + b < 0 → x < − 1 ;
x
→ f (0x>
) b ax
= + x+ab = ) x0
> (→f x > − ;
b a
f ( x=
) ax +b > 0 → x > −
∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2
a
;
𝑓(x)
;
b < 0, x ∊ ℝ | –1 < x <
− < x →
f (0x<
) b ax
= + x+ab = a
) x0( →
< f
x < −
b
;
∆ = b2 – 4ac →
b
a
2
a
f ( x=
) 2 ax + b < 0 → x < − ;
∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a
b
2
2·1 a
b Assim, para a inequação quociente ser negativa, 𝑓(x)/
f ( x=
) ax +–(2)
b >±0 √0→ x > − ;
a g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situações,
g(x) = 0 x =x = = 1 b
f (1x=
) 2 ax + b < 0 → x < −
2 · (–1) ; a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solução será:
a
= {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2
b b
; − > x →
f0( x>
) b+
= axxa
+ b=
> (1f
) x0 → x > − ;
a a
b S2
= x∊ℝ|–1<x<
⌒{x∊ℝ|
b 0 < x < 2}
; − < x → f 0
( x<
) b+
axxa ) x0
+ b= ( → ;
a
= <
2f
x < −
a
Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|.
b b
; − > x →0 ( xb
f > )+x
= axa +=
b (1f
) x> 0→ x > − ;
a a
b = x∊ℝ|0<x<
b
Para funções modulares com potência quadrática
0
;
a
− < x →
( xb
f < )+x
= ax ) x<
a +=
b ( 0
2f
→ x < −
a
; como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
lar em funções definidas por duas sentenças:
Logo, a solução das inequações quociente
b
(2x2 + x – 1) < 0 é: f 2( x=
x + 4x
) ax + b > 0 → x > −
a
;
(–x2 + 2x) 𝑓(x) =
b
f ( x2 =
) ax + b < 0 → x < − ;
b b –(x + 4x)
a
) ; ax
f ( x= >b
− + x>→ 00→ >x +1x
b> −a ;= )x ( f
a a
S1 ◡ S2 = x ∊ ℝ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x >2
f ( x=
) ; ax
−+<bx<→ 00→ <x b<
2 −aa ;=) x ( f
+x
A essas duas funções encontramos as suas raízes:
a
∆ = b2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16
42
propriedade podemos resolver inequações modula-
res como |3x – 2| < 4 e sua solução é:
2
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3
b b
; − > x→f (0
x=)> bax x
+ab >
+2 )0
= x (→f x > − ;
a a
b S = x ∊ ℝ | – < x < 2
b
; − < x→f (x
0=)< bax+3
x
+ab <)0
= x (→f x < − ;
a
a
|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8
EQUAÇÕES MODULARES
8
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0
Lembrando da definição de módulo de um núme- 5
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k b b
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu- ; −
> ) 0
f (xx→
= ax bb
>+ +
8> 0→
xa ) xx( >
= f− ;
a a
lar |x + 2| = 3 é: S=b
x∊ℝ|x≤– ou x ≥ 0 b
< f
;
a
−
f (xx=
) 0
→ ax bb
<+ 5<
+ 0→
xa ) xx( <
= −
a
;
b
x+2=3→x=1
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:
|x + 2| = 3 ⇔
f ( x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
x + 2 = –3 → x = –5
a
|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x
S = {–5, 1} b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
x + 1, se x ≥ – 1
a
Caso tenhamos duas funções modulares, como a |x + 1| =
b
f ( x=
–x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin- a
te forma:
Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:
3 b
f
3x( x+=)2 = ax
x –+1 b
→ >x 0
= →
– x > − ; S1 = {x ∊ ℝ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℝ | x ≥ 2} = {x ∊ ℝ | x ≥ 2}
2 a
|3x + 2| = |x – 1| ⇔ Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com
f3x( x+=)2 =ax 1 b solução:
–x + < x0=→– x < − ;
+ 1b →
4 a S2 = {x ∊ ℝ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℝ| x ≥ 8} = {∅}
b b
; − > x → 0 > b+fx(a ) =
3x= )x (1f+b > 0 → x > −
ax ;
a a
S= – ,– Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:
b b
; − < x → 0 < b+fx(a ) =
2x= )x (4f+b < 0 → x < −
ax ;
a
a
S1 ◡ S2 = {x ∊ ℝ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℝ| x ≥ 2}
E na situação de uma função modular, como a
equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3. A solução da equação
é dada por: 2 FUNÇÃO EXPONENCIAL
então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}. ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
exponenciais.
INEQUAÇÕES MODULARES Da definição de função exponencial, a partir de
algumas características, pode-se notar:
Uma das propriedades de módulo para números
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
⇔ –k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
𝑓(x1) < 𝑓(x2);
43
z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 < EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS
x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n Equações Exponenciais
> 0;
z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente Equações exponenciais são aquelas equações onde
se, r > 0; a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, = 2.
s > r; A forma de solucionar a equação exponencial é
z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente deixando todas as potências com a mesma base, como
se, α > 0; a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
> 0; ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℝ*+ –{1})
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
se, x1 > x2; ção o valor de x igual a:
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente
se, b < 0; 2x = 128 → 2x = 27→ x = 7
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen- S = {7}
te se, x1 < x2.
2+3x–2
Agora para a equação exponencial 52x = 1
O domínio da função exponencial é o conjunto temos x igual a:
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente 2 2
52x +3x–2 = 1 → 52x +3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
valores positivos não nulos (reais não negativos e não ∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25
nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note que no gráfico da
função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x, –b – √∆ –3 – √25b
pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℝ. Além disso, temos que o ponto f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –2
2 · 2a
1
2a
de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y) =
(0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas –b + √∆
fx( x==) ax –3 +√25b 1
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente +b < 0 →= x<− ; =
(0 < a < 1), segue como na Figura 17. 2
2a 2 · 2a 2
b b
; − > x → 0 > b + x )xx=
a f (= )(1f ax
+b > 0 → x > − ;
a a
b S = – 2,
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx= +b < 0 → x < − b;
ax
a
a
Inequações Exponenciais
x x
11x
521 ≥ 1 ≥≥ 125
125
555
Figura 17. Gráfico da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e
(b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ).
44
Temos duas formas:
1
z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
x x x x loga b ;
1 1
x x
1 1 n
≥→ ≥≥5 125
1125
521 ≥ 5≥2≥125 → (5 ) 3 –1 x
≥ 53 → 5–x ≥ 53
55 55 z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:
5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} logc b
loga b = , mudança de base com quociente;
x xx x xx x x x x logc a
111 111 111 111 x –3
521 ≥ ≥≥125
521→≥ ≥≥125
125 5523 →
1 ≥ 5 ≥2≥1125
≥ ≥ 125
555 555 555 555 z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a
c,
mudança de base com produto;
x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} 1
z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
loga a
FUNÇÃO LOGARÍTMICA 1
z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b .
β
DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES
OPERATÓRIAS
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E
Antes de definir a Função Logarítmica, temos que CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA
ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga-
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações Seja a um número real, tal que seja maior que zero
exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+
não são possíveis deixar os dois membros com a mes- → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é
ma base, assim define-se o conceito de logaritmo, seja conhecida como Função Logarítmica. Assim funções
dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções
x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se logarítmicas.
deve dar à base a de modo que a potência obtida seja Da definição de função logarítmica algumas carac-
igual a b, ou seja: terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar:
x x
1b1
MATEMÁTICA
45
log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4 =
16 → 2x2 + 5x – 12 = 0
– b – √∆ b
– 5 – √121
f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –4
2 ·a
1
2a 2
– b + √∆
fx( x==) ax b
– 5 +√121 3
+b < 0 → = x<− ; =
2
2a 2 ·a2 2
b b
; − > x → 0 > b + x
a f (=
)xx=
)(3f ax
+b > 0 → x > − ;
a a
b S = – 4,
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx= +b < 0 → x < − b;
ax
a
a
Inequações Logarítmicas
b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
𝑓(x) > g(x) se a > 1
a
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔
b
f ( x=
0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
a
Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2
x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x).
Ou
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
b
f ( x=
) kax + b > 0 → x > − ;
Equações Logarítmicas 𝑓(x) > a se a > 1
a
loga 𝑓(x) > k ⇔
b
f ( x=
0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) ax k+ b < 0 → x < − ;
a
Equações logarítmicas são aquelas equações do
b
tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com 0 < 𝑓(x) < a se a > 1
f ( x=
) ax k+ b > 0 → x > −
a
;
(a ∊ ℜ*+ –{1}). loga 𝑓(x) > k ⇔
f ( x= b
) kax + b < 0 → x < − ;
A forma de solucionar a equação logarítmica é 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
a
deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan-
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23,
inversa e transformando em equação exponencial, para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x:
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que 2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25
x > –2/3 e x > –5/2:
– (–5) – √25 b
f ( x=
)
3x + 2
2→ x > −
ax + b > 0
<0→x>–3
b
a
; fx( x==) ax2+· b2 > 0 →= x 0> − a ;
1
f ( x= b
b
) ax + b < 0 → x < − ;
5
fx( x==) –(–5) + √25 5
a
2x + 5 > 0 → x > – 2
ax + b < 0 →= x < − ;
1
2·2 2 a
log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3
S = {3} Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0,
então a solução para 𝑓(x) > 0 é:
Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)
= 2 temos x igual a: b b
; − >xf → )0 >ax
( x= b++xba> 0)→
= x (5fx> − ;
a a
2x2 + 5x + 4 > 0 S
b1 = x ∊ ℝ | x < 0 ou x >
b
; − <xf →
( x=
)0 <ax
b++xba< 0)→
= x (2fx< − ;
∆ = b – 4ac = 25 – 32 = –7
2 a
a
logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ
46
Agora o estudo da inequação logarítmica começa z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1
na relação entre os logaritmos de mesma base, como é a mantissa;
a base é 2 então a função é crescente: z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
z A mantissa (m) é um valor tabelado;
a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2 – z A mantissa do decimal de x não se altera quando
5x – 3 ≤ 0 multiplica-se x por potência de 10 com expoente
inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49 quando temos log10p x, p ∊ ℤ.
Como a solução x > 1 é também maior que: 15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
5 18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
x>–
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989
3
20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
Logo temos o intervalo de solução para x sendo: 21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
S = {x ∊ ℜ | x > 1} 23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
LOGARITMOS DECIMAIS 25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou 27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10 28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
MATEMÁTICA
𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a nota- 29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
escrever o valor 10 na base. Todas as características
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
e propriedades de logaritmos também valem para os
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
logaritmos decimais.
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
Segue algumas propriedades:
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428
z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x 35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
< c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ; 47
Mantissas
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 TRIGONOMETRIA
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO -
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786
RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010
Consideremos um triângulo retângulo ABC, reto
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117 em A. Os outros dois ângulos B e C são agudos e com-
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222 plementares, isto é, B + C = 90º.
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325 Para ângulos agudos, temos por definição:
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522 C
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
b
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981 a
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316 A c B
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
Figura 1. Triângulo Retângulo ABC
Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549
(IEZZI; MURAKAMI, 1977). B
cateto oposto a B
sen B = =
A seguir, analise os exercícios abaixo para praticar hipotenusa A
seus conhecimentos.
3 2
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2 cateto oposto a B B
2 3 tg B = =
cateto adjacente a B C
Como log2 2 = 1 então temos:
cateto oposto a C C
3 2 3 2 tg C = =
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2 = 4 + + cateto adjacente a C B
2 3 2 3
Observações:
24 + 9 + 4 37
= = z os senos e cossenos de ângulos agudos são números
6 6
compreendidos entre 0 e 1, pois a medida do cateto
Resposta: Letra C. é sempre menor do que a medida da hipotenusa;
z o seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu
complemento e reciprocamente:
48
C ARCOS NOTÁVEIS
C
3
45°
L L√2
A 4 B
z a hipotenusa BC A L B
z sen B
Figura 3. Triângulo Retângulo ABC, com catetos L e hipotenusa L√2
z cos B
z tg B
z sen C Em um triângulo retângulo isósceles qualquer, se
z cos C for a medida de cada cateto, então, L √2 será a medida
z tg C da hipotenusa, pois:
z a2 = b2 + c2 BC = l √2
a2 = 32 + 42
a2 = 9 + 16 Neste contexto:
a2 = 25
a = ± 25 AC l 1
sen B̂ = → sen 45° = → sen 45° = →
a=±5 BC l√2 √2
a=5
√2
Descartamos o valor negativo, pois estamos tratan-
→sen 45° =
do de medida e não existe medida negativa. 2
cateto oposto a B 3
� sen B = = √2
hipotenusa 5 Portanto: sen 45º =
2
cateto adjacente a B 3
AB l 1
� cos B = = cos B̂ = → cos 45° = → cos 45° = →
hipotenusa 5 BC l√2 √2
√2
cateto oposto a B 3
→ cos 45° =
� tg B = = 2
cateto adjacente a B 4
√2
cateto oposto a C 4 Portanto: cos 45º =
� sen C = = 2
hipotenusa 5
AC l
cateto adjacente a c 3 tg B̂ = → tg 45° = → tg 45° = 1
� cos C = = AB l
hipotenusa 5
MATEMÁTICA
Portanto: tg 45º = 1
cateto oposto a C 4
� tg C = =
cateto adjacente a C 3
49
Seno, Cosseno e Tangente de 60º
AM l l 1
C cos  = → cos 60° = 2 → cos 60° = . →
AC l 2 l
1
→ cos 60° =
L L 2
(L√3)/2 1
Portanto: cos 60º =
2
60°
AM l l 1
.
M L/2 A sen Ĉ = → sen 30° = 2 → sen 30° = →
AC l 2 l
Figura 4. Triângulo Equilátero ABC, com lados L
l² = b l + (MC)²
2
l
2 MC l 3 l√3 1
→ cos 30° = . →
2 cos Ĉ = → cos 30° = 2
(MC)² = l² - l AC l 2 l
4
2
4 2 - l
(MC)² = l √3
4 4
→ cos 30° =
(MC)² = 3 l 2 2
4
l 3
MC =
2 3
Portanto: cos 30º =
2
Desta maneira, temos:
l
AM 2 l 2
3 → tg 30° =
l√3 1 tg Ĉ = → tg 30° = l →
MC l 3
. → MC
sen  = → sen 60° = 2 → sen 60° =
2 2 l√3
AC l 2 1
1 √3
√3 → tg 30° = → tg 30° =
→ sen 60° = √3 3
2
3
Portanto: tg 30º =
√3 3
Portanto: sen 60º =
2 Observações: note que:
50
sen 30º = cos 60º = , cos 30º = sen 60º = , sen 45º = D
2
cos 45º =
2 x
Podemos construir a seguinte tabela:
C
ARCO 30º 45º 60º
1 2 3
Seno 45°
2 2 2 30°
A 60 B
3 2 1
Cosseno
2 2 2
Figura 6. Triângulo Retângulo BAD
^ 20· 3 + xh
e) 30
BD
tg 45° = =1= → 20 · 3 + x = 60 →
60 60
→ x = 60 - 20 · √3 →x = 20 · (3 - 3)
Portanto, x = 20 · (3 - 3)
= →h = 10 √3 = 10.1,7
30 3
Resposta: Letra B.
Exemplo: determinar o valor de x, na figura abaixo:
51
→ x = 100 · 3
2
100 · 3· 2 100 · 6
x= →x → x = 50 · 6 metros
2· 2 2
z a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
z b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
z c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C
A
Figura 26. Triângulo com ângulo de 60º e lados 10 e 15 metros
120° x = ± 175
x = ±5 7
100m x=5 7
52
UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O é de 3 radianos, ou seja, que o comprimento do
GRAU E O RADIANO arco é o triplo da medida d do raio;
z o arco de uma volta, cuja medida é 360º, tem com-
Arcos na Circunferência primento igual a 2 · π · r e sua medida em radianos
será, portanto, 2 π pois α = ABr =
2·r·r
r 2 π , 6, 28
Seja uma circunferência, na qual são tomados dois
pontos A e B. A circunferência ficará dividida em duas Transformação de Graus em Radianos
partes chamadas Arcos. Os pontos A e B são as extremi-
dades desses arcos. Quando A e B coincidem, um desses As transformações de unidades de Graus em
arcos é chamado arco nulo e o outro, arco de uma volta. Radianos e vice-versa são feitas através de uma regra
de três simples, a partir da seguinte correspondência:
180º = π rad
B
r (Lê-se: 180 graus equivalem a π radianos)
Exemplo: Transforme os seguintes arcos de graus
α para radianos e vice-versa, lembrando que 180º = π
rad:
r
A z 120º
z 135º
z 150º
7r
z 6 rad
5r
z 4 rad
Figura 9. Setor circular em uma circunferência de raio r
z
4r
3 rad
Medida de um Arco em Graus
Para transformar graus em radianos, sem usar a
O arco de uma volta mede 360º e o arco nulo mede regra de três, basta multiplicar o valor em grau por
r
0º. Assim sendo, o arco de 1 grau (representado pelo 180 :
símbolo 1º) é um arco igual a 360 1
do arco de uma vol-
ta. Os submúltiplos do grau são o minuto e o segundo. z 120º
O arco de um minuto (representado pelo símbolo l´)
é um arco igual a 60 1
do arco de um grau. Simbolica- r 2 2r
120º · = 120c · π = ·π=
mente: 1º = 60´ 180 180c 3 3
O arco de um segundo (representado pelo símbolo
l´´) é um arco igual a 60
1
do arco de um minuto. Simbo- z 135º
licamente: 1´= 60´´
r 3r
135º · = 135c · π = 3 · π =
Medida de um Arco em Radianos 180 180c 4 4
7r
= 7·180c = 7·30c = 210º
6 6
5r
Figura 10. Arco circular AB em uma circunferência de raio r
z
4
AB
α= r , onde AB é o comprimento do arco
5r
= 5·180c = 7·45c = 315º
4 4
MATEMÁTICA
Observações: z
4r
3
z o arco AB mede 1 radiano (1 rad), se o seu compri-
mento for igual ao raio da circunferência; 4r
= 4·180c = 4 · 60º = 240º
z a medida de um arco, em radianos, é um número 3 3
real “puro” e, portanto, é costume omitir o símbolo
rad. Ao dizer ou escrever que um certo arco mede
3, por exemplo, fica subentendido que sua medida
53
CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
Chamamos de Ciclo Trigonométrico a uma cir- 1º QUADRANTE
cunferência de raio unitário na qual fixamos um
ARCO SENO COSSENO TANGENTE
ponto como origem dos arcos e adotamos o sentido
anti-horário como sendo o positivo.
π
Arco Trigonométrico (30º) 1 3 3
6
2 2 3
Chamamos de Arco Trigonométrico AP ao con-
junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremida-
de P. Esses arcos são obtidos partindo da origem A e π
(45º) 2 2 1
girando em qualquer sentido (positivo ou negativo)
até a extremidade P, seja na primeira passagem ou 4 2 2
após várias voltas completas no ciclo trigonométrico.
Analogamente, chamamos de ângulo trigonométrico
AÔP ao conjunto dos “infinitos” ângulos de lado inicial π
→ → (60º) 3 1 3
OA e lado terminal OP. 2 2
3
P
(II) (I) α π
(90º) 1 0 Não existe
r A (Origem) A
O O 2
(III) (IV)
2π
(120º) 3 -1 - 3
2 2
3
Figura 11. Quadrantes e orientação em uma circunferência de raio r
REDUÇÃO AO 1ºQUADRANTE 3π
(135º) 2 2 -1
-
Vamos deduzir fórmulas para calcular funções tri- 4 2 2
gonométricas de x, com x não pertencente ao 1º qua-
drante, relacionando x com algum elemento do 1º
quadrante (por isso o nome Redução ao 1º quadran- 5π
te). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir de uma (150º) 1
-
3
-
3
2 2 3
tabela que dê as funções circulares dos reais entre 0 e 6
r
2 .
π 180º 0 -1 0
Redução do 2º para o 1º Quadrante
sen x = sen (π – x) 7π
(210º) -1 3 3
cos x = - cos (π – x) -
6
2 2 3
54
Vejamos agora as relações fundamentais da trigonometria:
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE sen x
z Relação Fundamental: tg x = cos x
ARCO SENO COSSENO TANGENTE
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
7π tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, então:
(315º) 2 2 -1
- C
4 2 2
11π
(330º) -1 3
-
3
2 2 3
6
a
2 π (360º) 0 1 0 b
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo- Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2. b
b a = senx,
tgx = c = c
C cos x
a
sen x
Portanto: tg x = cos x
sen x
z Relação Fundamental: cotg (x) = cos x
a
b A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-
ção, o inverso da tangente. É representada com o sím-
bolo: cotg (x). Assim sendo, temos:
1
1 = 1 cos x = cos x
A cotg (x) = = sen x · sen x sen x
tg (x) cos x
B c
cos x
Portanto: cotg (x) = sen x
Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
sen2 x cos2 x 3 2
+
cos2 x cos2 x sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos2 x = 1 → 9 + cos2 x = 1
25
tg² x +1 = sec²x 9 16 16
cos²x = 1 - 25 → cos²x = 25 → cos x = ! 25
sec²x = tg²x = 1
4
Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x cos x = ! 5 , como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá
o valor positivo.
z Relação Fundamental: cossec2 x = 1 + cotg2 x 4
Portanto: cos x = 5
3 4
Dividindo ambos os membros do Teorema Funda- Se sen x = 5 e cos x = 5' , temos que:
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
x, temos: 3
senx 5 3 5 3
tgx = cos x " 4 = 5 · 4 = 4
sen²x = cos²x = 1
5
sen2 x + cos2 x 1
= = 3
sen2 x sen2 x Se tg x = 4 temos que:
sen2 x cos2 x 1 1 1 4 4
= cotg x = tgx " 3 = 1 · 3 = 3
sen2 x
+
sen2 x sen2 x
4
1 + cotg²x = cossec²x
4
Se cos x = 5 temos que:
cossec²x = 1 + cotg²x
1 1
Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x sec x = cos x " 4 = 1 · 5 = 5
4 4
Logo, podemos construir a seguinte tabela: 5
RELAÇÕES FUNDAMENTAIS 3
Se sen x = 5 temos que:
sen x + cos x = 1
2 2
sen x 1 1 5 5
tg x = cos x cossec x = senx " 3 = 1 · 3 = 3
5
cos x
cotg(x) = sen x
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO
1 CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
sec x = cos x
1 Equações Trigonométricas
cossec(x) = senx
sen x 1
(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x =
sen x· cos x
= cos x · sen x = 1
56
Resolução de uma Equação sen α = sen β Logo:
π 4π Logo:
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = = 2kπ}
5 5
1 π
z sen²x = S = {x ∈ ℝ/x = ± + 2kπ}
4 3
1 1 → senx = 1 →
sen²x = → senx = ! ! z cos²x + cosx = 0
4 4 2
cos²x + cos x = 0 → cos x · (cos x + 1) = 0
1 π π
sen x = → sen x = sen →x=
2 6 6
ou
cos x = 0 → cos x = cos ( π2 + 2kπ )
→
ou
sen x = -
1
2
→ sen x = sen π - (
π
6
)→ x = 5π
6
cos x +1 = 0 → cos x = -1 → cos x = cos (π + 2kπ)
Logo:
π
x= + 2kπ
6 π
S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = π + 2kπ}
ou 2
π
sen x = sen →
6
Resolução de uma Equação tg α = tg β
x= π-(π
6
) + 2kπ =
5π
6
+ 2kπ Para resolver a equação tg α = tg β, utilizamos a
seguinte relação:
MATEMÁTICA
α = β + 2kπ
7π ou → α = β + kπ
x= + 2kπ tg α = tg β →
6 α = (β + π) + 2kπ
5π
sen x = sen → ou
6
Exemplos: vamos resolver as seguintes equações:
x= π- ( 7π
6
) + 2kπ = - π6 + 2kπ
z tg x = - 3
57
2π 2π π 5π
tg x = - 3 → tgx = tg →x= 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
3 3 6 6
5π
Logo: S = {x ∈ ℝ/0 + 2kπ ≤ x < π + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π
6 6 +
2π 2kπ}
S = {x ∈ ℝ/x = + kπ}
3
3
z tg x + cotg x = 2 Exemplo: vamos resolver a inequação cos x >
2
1
tg x + cotg x = 2 → tg x + tg x = 2 3
cos x >
2
tg²x + 1 = 2tg x → tg² x - 2tg x + 1 = 0
π 11π
2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
-(-2) ± √(-2)² - · 4 · 1 ·1 2 ± √4 - 4 2±0 6 6
tg x = = = =1
2·1 2 2 π 11π
S = {x ∈ ℝ/2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6
Logo:
π 1
S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} Exemplo: vamos resolver a inequação cos x < -
4 2
Inequações Trigonométricas 1
cos x < -
2
Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-
tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
2π 4π
Resolvemos uma inequação trigonométrica f (x) < g (x) + 2kπ < x < + 2kπ
obtendo o conjunto solução, ou conjunto verdade, dos 3 3
números reais r para os quais f (r) < g (r).
Todas inequações trigonométricas podem ser redu- 2π 4π
S = {x ∈ ℝ/ + 2kπ < x < + 2kπ}
zidas em seis equações fundamentais: 3 3
z sen x > m
Exemplo: Vamos resolver a inequação tg x > 1
z sen x < m
z cos x > m
tg x > 1
z cos x < m
z tg x > m π π 5π 3π
z tg x < m + 2kπ < x < + 2kπ ou 2kπ < x < + 2kπ
4 2 4 2
Vejamos um exemplo para cada uma das seis situa-
ções destacadas acima: π π
+ kπ < x < + kπ
4 2
2
Exemplo: vamos resolver a inequação sen x ≥ -
2
π π
S = {x ∈ ℝ/ + kπ < x < + kπ}
2 4 2
sen x ≥ -
2
Exemplo: vamos resolver a inequação
5π 7π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
4 4
tg x < 3
5π 7π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π π
4 4 + 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ
3
2kπ}
ou
1 π 4π
Exemplo: vamos resolver a inequação sen x < + 2kπ < x < + 2kπ
2 2 3
ou
1
sen x <
2 3π
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ
2
58
cos15º = cos(60º-45º) = cos(60º) · cos(45º) + sen(60º) ·
π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ sen(45º)
3
1 2 3 2 2 6 2+ 6
ou cos15º = 2 · 2 + 2 · 2 = 4 + 4 = 4
π 4π
+ 2kπ < x < + 2kπ Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub-
2 3
tração de arcos, calcule sen105º.
ou
sen105º = sen(60º + 45º) = sen(60º) · cos(45º)+sen(45º) ·
3π cos(60º)
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ}
2 3 2 2 1 6 2 6+ 2
sen105º = 2 · 2 + 2 2 = 4 + 4
· = 4
TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub-
Fórmulas de Adição de Arcos tração de arcos, calcule tg75º.
z Cosseno de (a + b) 1+ 3
3
tg75° = =
3
cos (a + b) = cos (a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) 1 - 1· 3
z Cosseno de (a – b) 3 3 3
1+ 3 3+ 3
= = =
cos(a – b) = cos (a) · cos(b) + sen(a) · sen(b) 3 3- 3
1- 3 3 3
z Seno de (a + b)
3+ 3
3
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) = =
3
3- 3
z Seno de (a – b)
=c m·d n=
3+ 3 3
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a) 3 3- 3
z Tangente de (a + b) 3+ 3
tg75° =
3- 3
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = 1 - tg (a) ·tg (b)
Arcos Duplos
Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub- cos(a + a) = cos(a) · cos(a) – sen(a) · sen(a)
tração de arcos, calcule cos15º. cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
59
Portanto: cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
Observação: esta fórmula do cosseno do arco duplo 3π
3
apresenta duas outras variações, conforme utilizamos Exemplo: sendo tg x = 4 e π < x < , calcule sen(2x):
2
o Teorema Fundamental da Trigonometria (sen2 a + Sabemos que:
cos2 a = 1). Vejamos de que maneira isto acontece:
sen x
tg x = cos x
z Substituindo sen a = 1 – cos a, temos:
2 2
2·tg (a)
tg (2a) = 1 - tg 2 (a) Com os valores de senx e cos x, vamos encontrar
sen(2x):
2·tg (a)
Portanto: tg (2a) = sen(2x) = 2 · sen(x) · cos(x)
1 - tg 2 (a)
sen(2x) = 2 · b - 5 l · b - 5 l
3 4
Logo, temos as seguintes fórmulas para arcos
duplos:
sen(2x) = 2 · b l
12
25
FÓRMULAS DE ARCO DUPLO
cos(2a) = cos2(a) – sen2(a) 24
sen(2x) = 25
cos(2a) = 2 · cos2(a) - 1
cos(2a) = 1 – 2 · sen2(a)
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)
2·tg (a)
tg(2a) =
1 - tg 2 (a)
60
Arco Metade Logo, temos as seguintes fórmulas para Arcos
Metade:
A partir das fórmulas anteriores podemos obter
mais três fórmulas importantes. FÓRMULAS DE ARCO METADE
sen b 2 l = !
x 1 - cos x
z Seno do Arco Metade 2
tg b 2 l = !
cos2a = cos²a - sen²a x 1 - cos x
1 + cos x
cos2a = 1 - sen²a - sen²a
cos2a = 1 - 2sen²a
Transformação em Produto
2sen²a = 1 - cos2a
1 - cos 2a As somas e subtrações trigonométricas podem ser
sen²a = 2 transformadas em produtos, facilitando assim a reso-
lução de muitos exercícios.
x Para utilizar esse recurso, fazemos a aplicação de
Fazendo 2a = x, temos a = 2
. fórmulas.
Essas fórmulas são conhecidas como Fórmulas de
Logo: Werner.
Vejamos cada uma delas.
b l 1 - cos x
x
sen² 2 = m · cos c m
cos p + cos q = 2 · cos c
2 p+q p-q
2 2
b l
x 1 - cos x
sen² 2 = ± cos p - cos q = -2 · sen c p + q m · c p q m
2 -
2 2
z Cosseno do Arco Metade
sen p + sen q = 2 · sen c m · cos c m
p+q p-q
2 2
Vamos fazer o cálculo de cos b x l
2 :
sen p - sen q = 2 · sen c m · cos c m
p-q p+q
2 2
cos2a = cos²a - sen²a
sen (p + q)
cos2a = cos²a - (1 - cos²a) tg p + tg q = (cos p) · (cos q)
2cos²a = 1 + cos2a
Exemplos:
1 + cos 2a
cos²a =
cos8x + cos2x = 2 · cos b l · cos b 8x 2x l =
2 8x + 2x -
2 2
x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 = cos5x · cos3x
.
sen b 2 l 1 - cos x
x sen (3x + 2x) sen (5x)
tg3x + tg2x = cos 3x · cos 2x = cos 3x · cos 2x
→ tg b 2 l =
tg b x l = x 2
cos b 2 l
2 1 + cos x
MATEMÁTICA
x
2 sen (5x - x) sen (4x)
tg5x - tgx = cos 5x · cos x = cos 5x · cos x
1 - cos x
1 - cos x
tg b x l = → tg b x l =
2
2 1 + cos x 2 1 + cos x
2
z sin(x) = sin(a)
z cos(x) = cos(a)
z sin(x) = sin(a)
Já o valor de cos(a) equivale à abscissa do ponto
determinado pelo ângulo a:
A fim de reduzir uma equação trigonométrica
mais complexa a uma equação fundamental, deve-se
usar fórmulas trigonométricas, como a relação funda- 1
P (x, y)
mental da trigonometria:
sin²(a) + cos²(a) = 1
a
Dica 0 x A (1, 0)
Além da soma e da diferença de dois arcos,
pode-se realizar operações secundárias ou, ain-
da, usar fórmulas que envolvam arco duplo. O
objetivo geral é obter uma equação fundamental
e, para isso, recomenda-se a reescrita da equa-
ção a ser solucionada, usando apenas o seno ou
o cosseno da incógnita que se quer determinar.
Por fim, a tan(a) é o tamanho do segmento AT indi-
cado a seguir, sendo T o ponto de encontro entre a
O círculo trigonométrico é uma circunferência de
reta t e o prolongamento do segmento OP:
raio 1 centrada na origem. Isso quer dizer que o seu
centro coincide com o centro do plano cartesiano, ou
seja, C(0,0). Veja: T
1
1
P
0 1 a
0 A (1, 0)
x = a + 2kπ
ou
x = π – a + 2kπ
62
z para cos(x) = cos(a), temos que os arcos x e a terão
o mesmo valor do cosseno se: sin
x = a + 2kπ
ou π–a a
m
x = – a + 2kπ
Ou seja, se
x = ± a + 2kπ
x = a + 2kπ
ou
x = π + a + 2kπ
Inequações sin
Inequações Trigonométricas
z sin(x) ≥ m
z sin(x) ≤ m
z cos(x) ≥ m
z cos(x) ≤ m
z tan(x) ≥ m
z tan(x) ≤ m
cos(x) ≥ m: tomando o eixo x (o qual corresponde
sin(x) ≥ m: a partir do eixo y (que corresponde aos aos valores dos cossenos dos ângulos), podemos con-
valores dos senos dos ângulos), concluímos que se m = cluir que, sendo m = cos(a), com a um arco do primei-
sin(a), onde a é um arco do primeiro quadrante, então ro quadrante, então
a≤x≤π–a 0≤x≤a
ou
2π – a ≤ x ≤ 2π
MATEMÁTICA
63
t
π/2
a
a
m cos
2π – a π+a
3π/2
m
2π – a
r
a≤x≤ π+a
2
ou 3π/2
3r
a+π≤x≤
2
Recapitulando as Fórmulas
z sin(x) = sin(a)
x = a + 2kπ
ou
x = π – a + 2kπ
64
z cos(x) = cos(a) z São conhecidos a hipotenusa e um ângulo agudo;
Pode-se afirmar que os três lados e os três ângulos C = 90° – (34º 52’ 8”) = 55°7’52”
internos de um triângulo constituem seus elementos
principais. Isso quer dizer que as alturas, o raio do cír- Cálculo do comprimento dos catetos:
culo circunscrito, bem como outros elementos, consis-
tem em itens secundários. b = a sin B
Em matemática, a resolução de triângulos envol-
b = 32,63 · sin (55°7’52”)
ve determinar a medida de alguns elementos do triân-
gulo a partir de outras já conhecidas. Nesta seção, b ≃ 26,77 cm
buscou-se explicitar o modo como isso pode ser feito,
c = a cos B
tendo como foco de análise triângulos retângulos e
triângulos quaisquer. c = 32,63 · cos (55°7’52”)
a 34º 52’8’’
c A c B
c
sin C =
a
57, 4 a = 18
a= c
sin (46°25’)
a ≃ 79,24cm
a² = b² + c²
(79,24)² = b² + (57,4)² A b=9 C
B ≃ 54,63cm
z São conhecidos os dois catetos;
B
O comprimento da hipotenusa pode ser determi-
nado por meio do Teorema de Pitágoras. Para deter-
minar a amplitude de cada um dos ângulos agudos,
a usa-se uma das razões trigonométricas.
c = 57’4
Ex.:
B ≃ 59°8’54”
a² = b² + c²
C = 90° – B
18² = 9² + c²
C = 90° – (59°8’54”) = 30°51’6”
c ≃ 15,59cm
B
Determinação das amplitudes dos dois ângulos
agudos:
b
sin B = a a
c = 13,5
sin B = 9
18
B = sin–1(0,5) = 30°
C = 90° – B C A
b = 22,6
C = 90° – 30° = 60°
Resolução de Triângulos Quaisquer
66
B a sin B 5 $ sin 44°
b= = ≃ 4,01cm
sin A sin 60°
A b C c
b
b = 6,2 cm
MATEMÁTICA
67
z São conhecidos os três lados; A
Ex.:
a²= b²+ c² − 2ab cos A Analise os exercícios que seguem para colocar
seus conhecimentos em prática.
22² = 15,7² + 8,3² – 2 15,7 8,3 cos A
cos A ≃ 0,65 1. (IMA — 2015) O valor da expressão dada por:
A ≃ 130°25’48”
tg30c + cotg30c
b²= a²+ c² − 2ab cos B f(x) = 2
cossec 30c
15,7² = 22² + 8,3² – 2 22 8,3 cos B
É um número:
cos B ≃ 0,84
B ≃ 32°58’12” a) Irracional
b) Racional Negativo
c²= a²+ b² − 2ab cos C c) Inteiro Positivo
8,3² = 22² + 15,7² – 2 22 15,7 cos C d) Inteiro Negativo
x + y=150º
y = 150º - x (n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)!
y = 150º - 120º
y = 30º Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
Substituindo x e y na expressão inicial, temos: 13!
temos:
11!
A cos y - cos x 2 · (cos 30° - cos 120°)
= →A= →A
2 13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
1- 3 1- 3 = = 13 ∙ 12 = 156
11! 11!
2· c - b - 1 lm 2· c m
3 3 1
+
2 2 2 2 PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA
= →A= →A
CONTAGEM
1- 3 1 - 3
O princípio multiplicativo, também conhecido
3 +1
= como o princípio fundamental da contagem, é defi-
1- 3 nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
quando se deseja fazer a contagem da combinação
^ 3 + 1h ^1 + 3h 3 +3+1+ 3 de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
^1 + 3h ^ 3h
A= · = 2 cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
1- 3 1² - quer contar elementos dessas combinações, mas res-
tringindo elementos a serem combinados.
MATEMÁTICA
∙
m linhas ∙
∙
B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂ (a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6 pares
8 linhas ∙
∙ ∙
∙ ∙
∙
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr (a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6 pares
r
70
Assim, são 336 números distintos formados por Agora, observe um outro exemplo:
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8. Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
Generalizando então o princípio multiplicativo, Resolução:
com restrição para elementos distintos, para qualquer Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
quantidade de elementos temos: letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U.
um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
que ocupará o último lugar. Então, temos: Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar à
Modos de ordenar: mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalentes.
Isto porque não existe uma referência espacial (ponto
n · (n-1) · ... 1 = n! fixo determinado). Nestes casos, devemos utilizar a fór-
mula da permutação circular de n pessoas, que é:
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
maneiras de ordenar os livros na estante. Pc (n) = (n-1)! 71
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de Combinação
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:
Para entendermos esse tema, vamos imaginar
Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 que queremos fazer uma salada de frutas e precisa-
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã,
Arranjo Simples banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã,
banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
para colocar em um outro prato.
soas nas cadeiras de uma praça, mas tínhamos apenas
Você percebeu que a ordem aqui não importou?
3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería- É exatamente isso, a ordem não importa e estamos
mos fazer isso? diante de um problema de Combinação. Será preciso
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí- calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos-
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei- sível formar.
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi Para resolvermos é necessário usar a fórmula:
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas n!
C(n, p) = (n - p) !p!
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
temos:
pela multiplicação a seguir:
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = 4!
C(4, 3) =
(4 - 3) !3!
5 · 4 · 3 = 60
4·3·2·1
C(4, 3) =
O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim- 1·3·2·1
ples. Sua fórmula é dada a seguir:
C(4, 3) = 4
n!
A(n, p) =
(n - p) ! Dica
No arranjo a ordem importa.
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele- Na combinação a ordem não importa.
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade Exercite seus conhecimentos realizando os exercí-
da outra. cios que seguem.
Observe a resolução do nosso exemplo usando a
fórmula: 1. (VUNESP — 2016) Um Grupamento de Operações
Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
5! 5! investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
A(5, 3) = = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1 ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
Uma outra informação muito importante é que tes de se fazer essa distribuição é
nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem
a) 6.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
b) 10.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as c) 12.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme- d) 18.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as e) 20.
pessoas na praça:
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
CADEIRA 1ª 2ª 3ª pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
OCUPANTE Ana Bianca Clara pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé não é relevante, então, vamos usar a combinação:
nessa disposição.
C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! =
6·5·4
=
6·5·4
=
(6 - 3) !3! 3!3! 3! 3·2·1
CADEIRA 1ª 2ª 3ª 5 · 4 = 20.
OCUPANTE Clara Bianca Ana
Resposta: Letra E.
A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a 2. (IDECAN — 2016) Felipe é uma criança muito bagun-
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa.
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode
simples mudança na posição da ordem gera uma nova levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho, 1
72 possibilidade de posicionamento. boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carrinhos,
5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes Felipe Pode-se relacionar esse tipo de experimento às
pode visitar a sua avó sem levar o mesmo conjunto de situações cotidianas. Não há como, por exemplo, pre-
brinquedos já levados antes? ver a vida útil de todos os celulares de um lote fecha-
do, uma vez que isso dependerá das condições de uso
a) 100 vezes. impostas pelas pessoas que adquiriram o produto.
b) 115 vezes. Essas previsões de tempo são exemplos que demons-
c) 130 vezes. tram a característica de um experimento aleatório.
d) 140 vezes. Os experimentos aleatórios produzem possíveis
resultados denominados espaços amostrais (nos
Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1, quais temos nossos experimentos amostrais). Assim,
5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
1, queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo os resultados possíveis do experimento.
um de cada tipo. O total de possibilidades será dado Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
por: 7 · 5 · 4 = 140 possibilidades (conjuntos de brin- uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6.
quedos diferentes). Isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
Resposta: Letra D. conjunto dos resultados possíveis de um determinado
experimento aleatório (não se pode prever o resul-
3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um aeroporto, 30 tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
passageiros que desembarcaram de determinado algum padrão).
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais Agora, pense: você só tem interesse nos números
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espaço
para ser examinados. Constatou-se que exatamente
amostral é chamado evento – composto apenas pelos
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
resultados que são favoráveis. Conhecendo esses dois
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
conceitos, chegamos à fórmula para calcular a pro-
desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
babilidade de um evento de um determinado experi-
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
mento aleatório. É o que chamamos de probabilidade
item que segue.
de um evento qualquer.
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
Guarde o seguinte: o espaço amostral é igual a
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo
todas as possibilidades possíveis e o evento é um sub-
menos um deles tenha estado em C é superior a 100.
conjunto do espaço amostral.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Probabilidade de um Evento Qualquer
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles
n (evento)
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para Probabilidade do Evento =
n (espaço amostral)
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de
modo que pelo menos um seja de C, teremos:
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei- Na fórmula anterior, n (evento) é o número de
ros que seria: elementos do subconjunto evento, isto é, o número
29 de resultados favoráveis, e n (espaço amostral) é o
C30,2 = 30· 2 /2 = 15·29 = 435
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C, número total de resultados possíveis no experimento
que seria: aleatório.
24
C25,2 = 25· 2 = 25·12 = 300 Por isso, costumamos dizer também que:
Então, pelo menos um deles é de C, teremos:
435 - 300 = 135. Números de resultados favoráveis
Probabilidade do Evento =
Resposta: Certo. Número total de resultados
AMOSTRAL Importante!
Nos estudos da probabilidade, há um experimento Importante!
aleatório relacionado aos possíveis resultados obti- Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
dos, chamados de espaço amostral. Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
Por exemplo, se considerarmos uma urna com 30 100%.
bolas numeradas do 1 ao 30, ao retirarmos uma bola,
não saberemos dizer qual foi o número sorteado. O
resultado é muito difícil de ser previsto. 73
ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO
2 1
z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo P (A∩B) = 6 = 3
de 3 e 5
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
tempo. que 3 resultados atendem.
Portanto,
1
P(A ∩ B) = 3 1
20 P (A∩B) = =
6 2
Aplicando na fórmula, temos:
Usando a fórmula acima, temos:
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
1
6 4 1 6+4-1 9 P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
P (A ∪ B) = 20 + 20 - 20 = = P (A\B) = = ·
20 20 P (B) 1 3 1 3
2
PROBABILIDADE CONDICIONAL
PROPRIEDADE DAS PROBABILIDADES
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
recorrente em questões de concursos. Imagine que Axiomas de Probabilidade
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even-
z Axioma 1: a probabilidade de um certo evento
tos distintos:
ocorrer corresponde a um número não negativo.
A – sair um resultado ímpar
B – sair um número inferior a 4 P(A) ≥ 0
Para o evento A ser atendido, os resultados favo-
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os z Axioma 2: a probabilidade de ocorrer todo o espa-
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- ço amostral é igual a um.
damente a probabilidade de cada um desses eventos:
P(Ω) = 1
3 1
P(A) = = 0,5 = 50% Baseado no Axioma 1 e no Axioma 2 segue-se que
6 2
0 ≤P(A) ≤ 1.
3 1
P(B) = = 0,5 = 50% Teoremas
6 2
z Teorema 1: a probabilidade de um evento impossí-
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
vel ocorrer é P(Փ) = 0.
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Demonstração:
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per-
MATEMÁTICA
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o Seja Ω o espaço amostral de um processo aleatório.
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- Sabe-se que Ω = Ω + Փ, então aplicando a função pro-
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. babilidade de ambos os lados se têm:
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por-
Ω=Ω+Փ
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas P(Ω) = P(Ω) + P(Փ)
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
1 = 1 + P(Փ)
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
reu, é simplesmente: P(Փ) = 0 75
Outra forma de prova: Para eventos independentes alguns desses teoremas,
axiomas ou corolário anteriores viram a regra do “E” e
A⊆ΩeA∩∅=∅eA∪∅=A regra do “OU”. Na regra do “e” a probabilidade de ocor-
rência entre dois eventos A e B simultaneamente é P(A
P(A) = P(A ∪ ∅) = P(A) + P(∅)
e B) = P(A) · P(B) = P(A ∩ B). E a regra do “ou” a probabi-
P(∅) = P(A) – P(A) = 0 lidade de ocorrer o evento A ou o evento B é P(A ou B) =
P(A) + P(B) = P(A ∪ B), assim “e” → × e “ou” → +.
z Teorema 2 (Probabilidade do complemento):
seja Ω o espaço amostral. Então, a probabilidade PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS
de um evento A não ocorrer é:
Além da possibilidade de cálculo de probabilidade
P(AC) = 1 – P(A) em eventos únicos ou que ocorrem em apenas uma
realização, pode-se ter também algumas situações em
Demonstração: que os eventos de interesse vão ser realizados de for-
Sabe-se que AC = Ω – A, então aplicando a função mas sucessivas ou repetidas em duas ou mais vezes.
probabilidade de ambos os lados se têm: Um exemplo seria um experimento aleatório reali-
zado com seu respectivo espaço amostral, mas o inte-
AC = Ω – A resse será buscar nesse espaço amostral um evento em
determinado momento e outro logo posterior, poden-
P(AC) = P(Ω) – P(A) do essa busca ser realizada em forma de amostragem
P(AC) = 1 – P(A) com ou sem reposição. Assim, para realizar esse tipo
de cálculo de probabilidade para eventos sucessivos
Outra forma de prova: precisamos levar em conta a relação de independên-
cia entre esses eventos e aplicar os teoremas e axio-
Se A ∩ AC = ∅ e A ∪ AC = Ω: P(AC) = 1 – P(A): mas vistos anteriormente.
Por exemplo, se temos um experimento aleatório
R·Ad ii
P(A ∪ AC) = P(A) + P(AC) = P(Ω) = 1 formado pelo espaço amostral de moedas dentro de
uma bolsa feminina, sendo que dentro dessa bolsa
P(AC) = 1 – P(A) existam duas moedas de 1centavo, três moedas de
10centavos e quatro moedas de 1real.
z Teorema 3 (Teorema da soma): se A e B são dois Se duas moedas são retiradas aleatoriamente des-
eventos do espaço amostral Ω a probabilidade que sa bolsa, qual seria, por exemplo, a probabilidade de
ocorra A ou B é: ambas moedas serem de 1centavo, fazendo as retira-
das com reposição? O espaço amostral de cada retira-
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) da é dado por Ω = {1c, 1c, 10c, 10c, 10c, 1R, 1R, 1R, 1R},
assim em cada retirada temos que o espaço amostral
Prova: (A ∪ B) = (A – B) ∪ B e (A – B) ∩ B = ∅ tem 9 resultados possíveis. Para retirar moedas com
reposição, fazemos retirada da primeira moeda, cal-
R . Ad. 4 culando-se a probabilidade de ocorrência de interesse
P(A ∪ B) = P[(A – B) ∪ B] = P(A – B) + P(B) = e após isso, ela retorna à bolsa para poder participar
4 da segunda retirada, assim da primeira retirada para
= P(A) – P(A∩B) + P(B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) a segunda o espaço amostral não se altera.
Logo, para calcular a probabilidade de duas moedas
Corolário: se dois eventos A e B são mutua- retiradas e as duas serem simultaneamente de 1centa-
mente exclusivos (disjuntos), isto é, A ∩ B = Փ, vo (1c), temos que lembrar do conceito de eventos inde-
assim P(A ∩ B) = 0, então: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). pendentes, em que a primeira retirada não interfere no
resultado da segunda, assim podemos usar a regra do
z Teorema 4: se A e B são dois eventos do espaço amos- “e”, em que ocorrendo as duas retiradas sucessivamen-
tral Ω e se A ⊆ B, então a probabilidade P(A) ≤ P(B). te seria o mesmo que a intersecção entre os eventos na
primeira e na segunda retirada, logo temos:
Prova: B = A ∪ (B – A) e A ∩ (B – A) = ∅
2 2 4
P(B) = P(A ∪ (B – A)) = P(A) + P(B – A) P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = . =
9 9 81
P(B) ≥ P(A)
Aonde em cada retirada o numerador é a quanti-
z Teorema 5: se A e B são dois eventos do espaço dade de resultados favoráveis para o evento moeda
amostral Ω, então a probabilidade P(A – B) = P(A) de 1centavo e o denominador é a quantidade de resul-
– P(A ∩ B). tados possíveis ou espaço amostral. Em cada retirada,
perceba que da primeira para segunda retirada os
Prova: A = (A – B) ∪ (A ∩ B) e (A – B) ∩ (A ∩ B) = ∅ valores não mudaram, pois como o cálculo está sendo
feito para amostragem com reposição, significa que a
R . Ad .
primeira retirada volta para a bolsa e o espaço amos-
P(A) = P[(A – B)∪(A ∩ B)] = P(A – B) + P(A ∩ B)
tral para a segunda retirada continua o mesmo, ou
P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B) seja, não se altera.
Se pensarmos nesse mesmo experimento aleatório
e no mesmo cálculo de probabilidade, mas agora com
76 uma amostragem sem reposição, ou seja, retira-se a
primeira moeda, calcula-se a probabilidade da pri- Em que P(X = k) é a probabilidade de que o evento
meira retirada, e esta não retorna à bolsa, logo, o espa- aconteça k vezes em n tentativas, p é a probabilidade
ço amostral irá alterar, sendo menor que o inicial. de um sucesso, q é a probabilidade de fracasso (q=1 –
Assim, para a probabilidade de ambas moedas serem p) e a combinação de resultados possíveis no espaço
de 1centavo temos: amostral igual a:
n!
2 1 4 Cn, k =
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = · = k! (n – k)!
9 8 36
A seguir, analise alguns exercícios comentados
Observe, agora, que o número de eventos favorá- para praticar o que aprendeu.
veis e o número de eventos possíveis para a segunda
retirada foi menor, pois a primeira moeda retirada 1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um grupo de 10
não voltou para participar da segunda. Então, se a pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele-
primeira moeda retirada foi de 1 centavo e tínhamos cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a
duas na bolsa, ela não é mais provável na segunda probabilidade de que no máximo duas dessas pes-
retirada. Assim, tanto o espaço amostral ficou com soas sejam crianças é igual a
uma moeda a menos como também o segundo evento,
pois já havia saído no primeiro. a) 1 .
6
b) 2 .
EXPERIMENTOS BINOMIAIS 6
c) 3 .
6
Dois times de futebol, A e B, jogam entre si 4 vezes.
Se a probabilidade do time A ganhar um jogo é de 1/3, d) 4 .
6
qual seria a probabilidade de o time A ganhar 2 jogos? e) 5 .
Então, a probabilidade do time A não ganhar um jogo 6
é 2/3, ou seja, a probabilidade do time B ganhar.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
Se os times jogam 4 vezes e o time A ganha 2 delas,
colocando as possibilidades de ordem nesses resultados, que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
sendo A indicando time A ganhador e B time B ganha- obter os casos favoráveis.
6
dor, temos: A, A, B, B ou A, B, B, A ou A, B, A, B ou B, B, A, Probabilidade de sortear 3 crianças: · 5 · 4 = 1
A. Logo, calculando as probabilidades usando as regras 1 5 10 9 8 6
1– = .
do “e” e do “ou”, a probabilidade de A ganhar 2 jogos é: 6 6
Resposta: Letra E.
{
ocorra é igual a:
= G
0 -1
B=
3 5
78
Exemplos: É uma matriz quadrada de ordem 2, cuja diagonal
secundária é composta pelos elementos a12 = - 8, e a21
=7
= G
0 0 0 0
E=
0 0 0 0 Matriz Diagonal
É uma matriz nula de ordem 2·4 É a matriz em que todos os elementos que não per-
tencem à diagonal principal são iguais a zero.
Exemplo:
e o
0 0
N=
0 0
–15 0 0
0 0 – √7
Matriz Quadrada de Ordem n
e o
2 -8 ordem, ou seja, In.
A= Exemplos:
7 0
= G
1 0
É uma matriz quadrada de ordem 2·2 I2 =
0 1
RS V
SS - 7 4 2 WWW É uma matriz identidade de ordem 2
B= S SS 2 3
9 0W WW
SS - 2 - 1 22 W W JK1 0 0N
O
5 K OO
T X I3 = KKK0 1 0O
K0 OO
É uma matriz quadrada de ordem 3·3 0 1
Observação: Para toda matriz quadrada, no lugar L P
de mencionarmos que sua ordem é n ⨉ m, dizemos
apenas que ela é uma matriz de ordem n. Por exem- É uma matriz identidade de ordem 3
plo, ao nos referirmos a uma matriz quadrada de RS V
ordem 3, estamos dizendo que essa matriz possui três SS1 0 0 0W
W
SS0 W
linhas e três colunas. 1 0 0W
WW
I4 = S
Diagonal Principal
SS0 0 1 0WWW
SS
S0 0 0 1W W
Chamamos de diagonal principal de uma matriz T X
quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que
possui índices iguais. É uma matriz identidade de ordem 4.
Exemplo:
OPERAÇÕES COM MATRIZES
e o
2 -8
A= Adição
7 0
Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n , cha-
É uma matriz quadrada de ordem 2, cuja diagonal mamos soma de A + B a matriz C = (cij)m ⨉ n tal que cij =
principal é uma matriz composta pelos elementos a11 aij + bij, para todo i e todo j. Isso significa que a soma
= 2, e a22 = 0 de duas matrizes A e B do tipo m ⨉ n é uma matriz C
do mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos
Diagonal Secundária elementos correspondentes em A e B.
Exemplo:
Chamamos de diagonal secundária de uma matriz
MATEMÁTICA
e o
2 -8
A=
7 0
79
Propriedades da Adição de Matrizes Propriedades de uma Matriz Transposta
[ ][ 2 ∙ 4 2 ∙ (– 1)
][ ]
4 –1 8 –2 matriz que tem o número de linhas de A e o número
2. 0 5 = 2 ∙ 0 2 ∙ 5 = 0 10 de colunas de B, pois AB é do tipo m ⨉ p.
3 √2 2 ∙ 3 2 ∙ √2 6 2 ∙ √2 Exemplos:
[ ] [ ]
Propriedades do Produto de um Número por Uma 1 –2
2 4 2
Matriz ∙ 0 5
–1 –3 5 4 0
2x3 2x3
[ ]
O produto de um número por uma matriz admite
2∙1+4∙0+2∙4 2 (– 2) + 4 ∙ 5 + 2 ∙ 0
as seguintes propriedades: (– 1) ∙ 1 + (– 3) ∙ 0 + 5 ∙ 4 (– 1) ∙ (– 2) + (– 3) ∙ 5 + 5 ∙ 0
z a · (b · A) = (a · b) · A;
z a · (A + B) = a . A + a · B;
[ 1019 16
– 13 ]
2x2
[ ]
z (a + b) · A = a · A + b · A; 1
–2 ∙ [ 3 –5 4 0 ]
z 1 · A = A. 1x4
12
3x1
[ ]
Transposição
1∙3 1 ∙ (– 5) 1∙4 1∙0
(– 2) ∙ 3 (– 2) ∙ (– 5) (– 2) ∙ 4 (– 2) ∙ 0
Dada a matriz A = (aij)m ⨉ n, chamamos transposta 12 ∙ 3 12 ∙ (– 5) 12 ∙ 4 12 ∙ 0
de A a matriz A = (aji’)n ⨉m tal que aji’ = aij para todo i e
t
[ ]
todo j. Isso significa que as colunas de At são ordena- 3 –5 4 0
damente iguais às linhas de A. – 6 10 – 8 0
Exemplos: 36 –60 48 0
3x4
Se A = >
4
5
2
7
-1
2
5 2x3
H [ 05 –33 –12 ] 3x2
∙
[ ]
1
–1
10 3x1
Sua transposta é:
[ 05 ∙∙ 11 ++ (–3 ∙3)(–∙1)(–+1)(–+2)1 ∙∙ 1010 ] = [ –1823 ] 1x2
[ 01 00 ] ∙ [ 00 01 ] = [ 00 00 ] Definição
[ ]
to de M.
A matriz A = 1 3
2 7 Exemplo:
Se M = [4], então o det M = 4
É inversível e:
Determinante de Matriz Quadrada de Ordem 2
A∙A = [
1 ] [ 2 7 ]
–1 7 –3 ∙ 1 3
–2 Determinante de Matriz Quadrada de Ordem 3
det M = a11 ∙ a22 ∙ a33 + a12 ∙ a23 ∙ a31 + a13 ∙ a21 ∙ a32 – a13 ∙
Qual é a inversa da matriz A = [ 2
0
1
3 ] ? a22 ∙ a31 – a11 ∙ a23 ∙ a32 – a12 ∙ a21 ∙ a33
[ ac ∙∙ 22 ++ db ∙∙ 00 ac ∙∙ 11 ++ db ∙∙ 33 ] = [ 01 01 ]
z os termos precedidos pelo sinal + são obtidos mul-
tiplicando-se os elementos seguindo as flechas
situadas na direção da diagonal principal;
z os termos precedidos pelo sinal – são obtidos mul-
{ a +2a3b= 1= 0
1 1
⇒a= eb=– tiplicando-se os elementos seguindo as flechas
2 6 situadas na direção da diagonal secundária.
{ c +2c3d= 0= 1
1
MATEMÁTICA
RS V
SS1 2 1W
W
> H
1
- 16 W
Seja M = S - 2W
2
A-1 = 1 SS5 3 WW
0 S2 - 1W
3 4 81
T X
Calcule o seu determinante. Se multiplicarmos a primeira linha da matriz por
2, teremos:
Utilizando a regra de Sarrus, temos que:
RS V
SS4 - 1 6W
W
1 2 1 1 2 W
det M = 5 3 -2 5 3 = M’ = S SS4 5 0W
WW , o det de M’ = - 56
2 4 -1 2 4 SS2 -1 1W
W
= 1 ∙ 3 ∙ (1) + 2 ∙ (- 2) ∙ 2 + 1 ∙ 5 ∙ 4 - (1 ∙ 3 ∙ 2 + 1 ∙ (- 2) ∙ 4 + T X
2 ∙ 5 ∙ (- 1)
Ou seja, det M’ = 2 . det M, o det de M’ = - 56, ou seja,
1 2 1 1 2 caso fosse multiplicada a primeira coluna da matriz M
det M = 5 3 -2 5 3 = por 2, o determinante da nova matriz M’ seria o dobro
2 4 -1 2 4
do det M.
= - 3 - 8 + 20 - (6 - 8 - 10) = 9 - (- 12) = 9 + 12 = 21
RS VW
SS4 -1 3W
Portanto o det de M = 21. S8 WW
M’ = S SS 5 0W WW , o det M’ = - 56
Propriedades S4 -1 1W
T X
z Matriz Transposta z Multiplicação da Matriz por uma Constante
e o , o det A = 14
RS W V 4 -1
SS- 1 2 0W Se A =
WW
M= S
2 3
SS 3 4 - 6W , o det M = - 10
SS 2 W
1 - 2WW Se quiséssemos descobrir o determinante de 3 · A,
T X faríamos:
Logo,
det 3 · A = (3)2 · det A = 9 · 14 = 126
RS V
SS- 1 3 2WWW z Troca de Filas Paralelas
Mt = S SS 2 4 1W WW , e o det Mt = - 10
SS 0 -6 - 2W W Seja M uma matriz de ordem n ≥ 2. Se trocarmos
T X de posição duas filas paralelas, obteremos uma nova
matriz M’ tal que det M’ = - det M.
z Fila Nula Exemplo:
RS V
SS2 - 1 3W
W z Filas Paralelas Iguais
W
M= S SS4 5 0W
WW , o det M = - 28 Se uma matriz M de ordem n ≥ 2 tem duas filas
SS2 -1 1W
W paralelas formadas por elementos respectivamente
T X iguais, então det M = 0.
Exemplo:
82
RS V
SS- 1 0 2W
W det A–1 =
1
W det A
Seja M = S SS 4 5 7W
WW , o det de M = 0
SS- 1 2W
W
0 Exemplo:
T X Seja:
Pois a 1ª e 3ª linhas são iguais. RS V
SS0 3 - 1W
W
W
z Filas Paralelas Proporcionais A= S SS2 -4 3WWW , o det A = 19
SS1 2 - 3WW
Se uma matriz de ordem n ≥ 2 tem duas filas para-
T X
lelas formadas por elementos respectivamente pro-
porcionais, então det M = 0. Logo,
Exemplo:
1 1
RS W V det A–1 = =
det A 19
SS 1 2 6W
W
Seja M = S SS 3 -1 - 3W
WW , o det M = 0
S- 2 z Matriz Triangular
4 12W
T X
O determinante de uma matriz triangular (aquela
Pois a 3ª coluna é a 2ª coluna multiplicada por 3. cujos elementos acima ou abaixo da diagonal princi-
pal são todos iguais a zero) é dado pelo produto dos
z Combinação Linear de Filas Paralelas elementos da diagonal principal.
Exemplos:
Se uma matriz quadrada M, de ordem n, tem uma
RS V
linha (ou coluna) que é combinação linear de outras
SS- 3 0 0W
W
linhas (ou colunas), então det M = 0.
SS 1 W
Exemplos: Seja A = 2 0WWW
SS
S4 -5 - 1WW
JK 1 - 2 - 1N
OO T X
KK O Como temos uma matriz triangular superior,
Seja M = K KK 3 4 7O
O , o det M = 0 ou seja, todos os elementos acima da diagonal prin-
K- 5 O
- 3O cipal são nulos, logo o determinante de A será dado
2
L P pelo produto dos elementos da diagonal principal da
matriz A.
Pois a 3ª coluna é a soma da 1ª coluna com a 2ª
Portanto: det A = ( - 3) · 2 · ( - 1) = 6
coluna.
RS V
JK2 NO SS1 -2 7 W
W
KK -3 5 OO S W
Seja B = S0 2WWW
Seja N = K 0O
4
KK1 4 OO , o det N = 0 SS
K3 S0 - 3WW
10 O
- 10 0
L P T X
Como temos uma matriz triangular inferior, ou
Pois a 3ª linha é o dobro da 1ª linha menos a 2ª seja, todos os elementos acima da diagonal princi-
linha. pal são nulos, logo o determinante de B será dado
pelo produto dos elementos da diagonal principal da
z Teorema de Binet matriz B.
Portanto: det B = 1 · 4 · ( - 3) = - 12
Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então
det (AB) = det A · det B. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES
Exemplo:
Equação Linear
e o , o det A = 5
3 2
Seja A = Denominamos equação linear toda equação do
-1 1
tipo:
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c
E
MATEMÁTICA
{
{
4x - y = 2
x + 7y = 1 x + 2y - 2z = - 5
2x - 3y + z = 9
Nesse caso, temos um sistema linear de duas incóg-
nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen- 3x - y + 3z = 8
dentes desse sistema.
{
O sistema acima admite como solução a tripla
- 3x + 2y - z = - 1 ordenada (1, -2, 1), pois substituindo essas coordena-
das em cada uma das equações lineares, temos:
x + y - 5z = 3
{ {
2x - 5y + 2z = 4 (1) +2 (- 2) - 2 (1) = - 5 1-4-2=-5
Nesse caso, temos um sistema linear de três incóg- 2(1) - 3 (- 2) + (1) = 9 ⇒ 2+6+1=9
nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde- 3+2+3=8
3(1) - (- 2) + 3(1) = 8
pendentes desse sistema.
Um sistema linear de m equações com n incógni- -5=-5
{
tas, indicado por m · n (lemos “m por n”), pode ser 9=9
{
representado por um conjunto de equações do tipo: Todas as sentenças são verdadeiras.
8=8
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1
Sistema Linear Homogêneo
a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2
S a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3 Chamamos de sistema linear homogêneo aquele
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ que possui todos os termos independentes nulos, ou
seja, iguais a zero.
am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm Exemplo:
{
Note que, pela definição do produto de matrizes, x + y + 2z = 0
o sistema linear genérico acima pode ser escrito na
3x + 4y - z = 0
][ ] [ ]
forma matricial da seguinte maneira:
[
2x + 3y - 3z = 0
a11 a12 a13 ... a1n x1 c1
a21 a22 a23 ... a2n x2 c2 Todo sistema linear homogêneo admite a solução
nula (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial. Além
a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3
dessa um sistema linear homogêneo pode ter outras
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙ soluções.
am1 am2 am3 ... amn xn cn
Métodos Práticos para a Resolução de um Sistema
Exemplos:
Escrevendo na forma matricial os dois exemplos z Regra de Cramer
anteriores, temos:
Inicialmente, consideremos o seguinte sistema
linear:
{ x4x+ -7yy == 21 ⇒ [ 1 ] ∙ [ y ] = [1 ]
4 -1 x 2
7
{ aa xx ++ bb yy == cc
[ ][][ ]
1 1 1
{
2 2 2
- 3x + 2y - z = - 1 -3 2 -1 x -1
x + y - 5z = 3 ⇒ 1 1 -5 ∙ y = 3
2x - 5y + 2z = 4 2 -5 2 z 4
84
É a matriz incompleta do sistema c1 e c2, são os ter-
Dz 30
mos independentes do sistema. z= = =3
D 10
a1 b1
D=
a2 b2 Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, 2, 3).
a1 c1 Impossível
Dy =
a2 c2
Sistema Possível e Determinado
É o determinante da matriz obtida por meio da tro-
ca dos coeficientes de y, pelos termos independentes, Um sistema será possível e determinado (SPD)
na matriz incompleta. quando o determinante D da matriz incompleta for
O exemplo acima é análogo para qualquer sistema diferente de zero, ou seja, D ≠ 0.
linear n · n, portanto a regra de Cramer pode ser apli-
cada para resolver qualquer sistema linear n · n, onde Sistema Possível e Indeterminado
D ≠ 0. A solução será dada pelas seguintes razões:
Um sistema será possível e indeterminado (SPI)
( )
quando o determinante D da matriz incompleta for
D1 D2 D3 Dn
X1 = ,X2 = ,X3 = , . . . , xn = igual a zero (D = 0) e os determinantes das incógnitas
D D D D também: (D1 = D2 = D3 = ... = Dn = 0)
Portanto:
� {4x2x -+y3y= =1 5
Dx 11 Dy 22 D = 4 - 1 = 14
x= = = 1, y = = = 22 2 3
D 11 D 11 Como D ≠ 0, o sistema é SPD
{ x - 2y + z = 0 3x - y + 3z = 3
� 2x + y - 3z = - 5
4x - y - z = - 1 1 2 -1
D = 2 - 3 4 = 0,
1 -2 1 0 -2 1 3 -1 3
D = 2 1 - 3 = 10, Dx = - 5 1 - 3 = 10
4 -1 -1 -1 -1 -1 Como D = 0, o sistema não é SPD vamos verificar
se é SPI ou SI.
MATEMÁTICA
1 0 1 1 -2 0
Dy = 2 - 5 - 3 = 20, Dz = 2 1 - 5 = 30
4 -1 -1 4 -1 -1 1 2 -1 1 1 -1 1 2 1
Dx = 2 - 3 4 = 0, Dy = 2 2 4 = 0, Dz = 2 - 3 2 = 0
3 -1 3 33 3 3 -1 3
Portanto:
Como D = 0, Dx = 0, Dy = 0 e Dz = 0, o sistema é SPI.
Dx 10 Dy 20
x= = = 1, y = = =2
D 10 D 10
85
{ - 2x + y - 3z = 0 Substituiremos a terceira linha por uma nova,
� x - y - 5z = 2 fazendo a seguinte operação:
3x - 2y + 2z = - 3
z Vamos multiplicar a 2ª equação por (- 1) e adicio-
-2 1 -3 nar o resultado a 3ª equação.
D= 1 -1 -5 =0
{
3 -2 -2 x + 2y - 2z = - 5
- 7y + 5z = 19
Como D = 0, o sistema não é SPD, vamos verificar 4z = 4
se é SPI ou SI.
Com o sistema escalonado, podemos determinar
0 1 -3 os valores das incógnitas da seguinte forma:
Dx = 2 - 1 - 5 = 40 Obtendo z na 3ª equação:
-3 -2 -2
4z = 4
Como Dx ≠ 0, o sistema é SI. Não é necessário ana-
lisar o determinante das incógnitas y e z, uma vez que 4
um deles já apresenta resultado diferente de zero. z=
4
Escalonamento de Sistemas Lineares z=1
Nem sempre a Regra de Cramer é um instrumento Obtendo y na 2ª equação:
prático para a resolução de sistemas lineares. Para a Como z = 1, vamos substituir o seu valor na 2ª
resolução de sistemas de três ou mais equações, pode- equação e encontrar o y:
mos fazer a solução de uma forma escalonada, ou seja,
vamos fazer o escalonamento do sistema. Um sistema - 7y + 5z = 19
estará escalonado quando, de equação para equação,
no sentido de cima para baixo, houver aumento dos - 7y + 5(1) = 19
coeficientes nulos situados antes dos coeficientes não - 7y + 5 = 19
nulos.
Exemplos: - 7y = 19 - 5
- 7y = 14
S1
{ x+y+z=3
0x + y + z = 2 , S2
0x + 0y + z = 1 { x+y+z-t=6
0x - y - 4z + 3t = - 13
0x + 0y + 12z - 6t = 20 y=
14
-7
Vejamos um exemplo prático de como resolver um y=-2
sistema linear por escalonamento:
{
Obtendo x na 1º equação:
2x - 3y + z = 9 Como y = - 2 e z = 1, vamos substituir os seus valo-
x + 2y - 2z = - 5 res na 1ª equação e encontrar o x:
3x - y + 3z = 8
x + 2y - 2z = - 5
Primeiramente vamos trocar de posição a linha 2
com a linha 1, para que a incógnita x que possui o coe- x + 2 (- 2) - 2(1) = - 5
ficiente 1 fique na primeira linha.
x-4-2=-5
{ x + 2y - 2z = - 5
2x - 3y + z = 9
3x - y + 3z = 8
x-6=-5
x=-5+6
x=1
Substituiremos a segunda linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação: Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, -2, 1).
[ ]
2 1 0
z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 3) e adicio- B= a b c é:
nar o resultado a 3ª equação. 4+a 2+b c
{
a) 0
x + 2y - 2z = - 5 b) 2b - c
- 7y + 5z = 19
c) a + b + c
- 7y + 9z = 23
d) 6 + a + b + c
e) 2bc + c - a
86
A matriz B é uma matriz quadrada de ordem 3, para 2
calcular os seus determinantes, vamos utilizar a m=
3
Regra de Sarrus:
Para encontrar o valor de k, basta calcular o determi-
2 1 0 2 1 nante em relação a uma das duas incógnitas, já que
a b c a b descobrimos o valor de m, porém para facilitar os
4+a 2+b c 4+a 2+b
cálculos vamos calcular o determinante em relação
Vamos fazer o produto das diagonais principais, a y, igualando o mesmo a zero, teremos o seguinte:
menos o produto das diagonais secundárias. 3 18
=0
2 ∙ b ∙ c + 1 ∙ c ∙ (4 + a) + 0 ∙ a ∙ (2 + b) - [0 ∙ b ∙ (4 + a) + 2 k
2 ∙ c ∙ (2 + b) + 1 ∙ a ∙ c] = 2bc +4c + ac - [4c + 2bc + ac] 3 ∙ k - 2 ∙ 18 = 0
= 2bc + 4c + ac - 4c - 2bc - ac = 0 Resposta: Letra A.
3k - 36 = 0
2. (ESAF — 2012) Dada as matrizes: 3k = 36
( ) ( )
2 3 2 4 36
A= eB= k=
1 3 1 3 3
Calcule o determinante do produto AB: k = 12
Não se esqueça que o exercício não pede os valores
a) 8
de m e k, mas sim o produto entre eles. Fazendo o
b) 12
produto entre m e k, teremos:
c) 9
d) 15 2 24
m∙k= ∙ 12 = =8
e) 6 3 3
Resposta: Letra A.
Pelo Teorema de Binet, temos que: o det (A ∙ B) = det
A ∙ det B
Calculando separadamente cada um dos determi- 4. (CESGRANRIO — 2011) Considere o sistema a seguir:
{
nantes, teremos:
x + 5y + z = 0
2 3 4x + y - 2z = 1
Det A = = 2 ∙ 3 - (3 ∙ 1) = 6 - 3 = 3
1 3 7x + 3y - 4z = - 1
2 4
Det B = =2∙3-4∙1=6-4=2 Nesse sistema o valor de x é:
1 3
Portanto o det (A ∙ B) = detA ∙ detB = 3 ∙ 2 = 6 Respos- a) 3
ta: Letra E. b) 2
c) 1
3. (UNIRIO — 2009) Se o sistema: d) 0
e) -1
{3x2x ++ my
y = 18
=k O exercício pede somente o valor da incógnita x,
portanto podemos utilizar a regra de Cramer, para
Possui infinitas soluções, o produto k ∙ m, vale: encontrar o seu valor. Pela regra de Cramer, sabe-
mos que:
a) 8 Dx
b) 12 x=
D
c) 15
d) 18 Calculando os respectivos determinantes pela regra
e) 20 de Sarrus, teremos:
3 1 D = - 4 - 7 + 12 - (7 - 6 - 80) = - 62 - (- 79) = - 62 + 79 = 17
=0
2 m Logo D = 17
3∙m-2∙1=0 Fazendo Dx, temos:
3m - 2 = 0 0 5 1
3m = 2 Dx = 1 1 -2
-1 3 -4
87
0 5 1 0 5 Sequências Numéricas Alternadas
Dx = 1 1 - 2 1 1 = 0 ∙ 1 ∙ (- 4) + 5 ∙ (- 2) ∙ (- 1)
-1 3 -4 -1 3 É bem comum aparecerem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
+ 1 ∙ 1 ∙ 3 - [1 ∙ 1 ∙ (- 1) + 0 ∙ (- 2) ∙ 3 + 5 ∙ 1 ∙ (- 4)]
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
Dx = 10 + 3 - (- 1 - 20) = 13 - (- 21) = 13 + 21 = 34 te exemplo:
Logo Dx = 34
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
Fazendo:
Dx 34 Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
x= = = 2, portanto x = 2. Resposta: Letra B. dizer que temos uma sequência que, de um número
D 17
para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
PROGRESSÕES 2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
Esse tema é cobrado de uma maneira que pode pare- Uma progressão aritmética é aquela em que os
cer como também pode ser complicado. Descobrir a lei termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
de formação ou padrão da sequência é o seu principal tante, normalmente representada pela letra r.
objetivo, pois nas questões sobre sequências/raciocínio
sequencial, você será apresentado a um conjunto de z Termo inicial: valor do primeiro número que
dados dispostos de acordo com alguma “regra” implíci- compõe a sequência;
ta, alguma lógica de formação. O desafio é exatamente z Razão: regra que permite, a partir de um termo,
descobrir essa “regra” para, com isso, encontrar outros obter o seguinte.
termos daquela mesma sequência.
Veja o exemplo abaixo: Observe o exemplo abaixo:
A primeira pergunta que podemos fazer para Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces-
achar a lei de formação é: os números estão aumen- sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
tando ou diminuindo? são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
operações de soma ou multiplicação entre os termos. gressões aritméticas, é importante você saber obter o
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei- termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
ro termo para o segundo, somamos o número dois e a seguir.
depois repetimos isso.
TERMO GERAL
2+2=4
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
4+2=6
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
6+2=8 outro termo. Temos a seguinte fórmula:
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem z o termo que buscamos é o da décima posição, isto
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per- é, a10;
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên- z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor z o termo inicial é 1, logo a1 = 1;
15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra- z n, ou seja, a posição que queremos é a de número
do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Nesse 10: n = 10.
caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
les números que só podem ser divididos por eles mes- Logo,
mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números an = a1 + (n– 1)r
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
88
a10 = 1 + (10 – 1)2 Dica
a10 = 1 + 2 × 9 PA crescente: se r > 0;
a10 = 1 + 18 PA decrescente: se r < 0;
PA constante: se r = 0.
a10 = 19
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
posição 200 é: PA (a1, a2, a3) a2 = (a1 + a3)
2
an = a1 + (n – 1)r
PA (2, 4, 6) 4 = (2+6)
a200 = 1 + (200 – 1)2 4 = 4.
2
a200 = 1 + 2 × 199
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E
a200 = 1 + 398 INFINITAS)
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
n # (a1 + an) do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
Sn =
2 mo número, o que chamamos de razão da progressão
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}. PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- e a soma dos termos.
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, Termo Geral
temos:
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
n # (a1 + an) termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
Sn =
2 primeiro termo (a1) e da razão (q):
7 # (1 + 13) an = a1 × qn-1
S7 =
2
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
7 # 14 ser encontrado assim:
S7 =
2
{2, 4, 8, 16, 32...}
98
S7 = = 49 a5 = 2 × 25-1
2
a5 = 2 × 24
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
a5 = 2 × 16
z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem a5 = 32
crescente.
Soma dos Termos e Propriedades
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
z Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
decrescente. A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
primeiros termos da progressão geométrica:
MATEMÁTICA
eponto
s com ponto
em comum em comum
r e s concorrentes e s concorrentes
r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralelas
r e srrreversas
ees reversas
s reversas
(b)
(a)
(c)
(b)
(d)
(c)
PROJEÇÃO ORTOGONAL
(e)
Chama-se projeção ortogonal de um ponto sobre
o plano, o pé da perpendicular ao plano, conduzida
Exemplo de projeções ortogonais: ponto (a); figura (b); reta (c); reta
pelo ponto. O plano é dito plano de projeção e a reta não perpendicular (d) e segmento de reta (e).
é a reta projetante do ponto. Chama-se projeção orto-
gonal de uma figura sobre um plano, ao conjunto das
projeções ortogonais dos pontos dessa figura sobre
o plano. Com base nessas definições temos também
que: se a reta é perpendicular ao plano, sua projeção
ortogonal sobre o plano é traço da reta no plano; se a
reta r não é perpendicular ao plano α, então a proje-
ção ortogonal dessa reta ao plano α é feita pela proje-
ção do plano β em que a reta r está contida. Chama-se
92
A área do prisma é dividida entre as áreas laterais
GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
PRISMAS lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes
e Troncos
Importante!
Considerando um polígono convexo de n lados em Para calcular a área da base de um prisma, deve-
um plano e um segmento de reta entre dois planos -se levar em conta o formato que cada prisma
paralelos, chamamos de prisma a reunião de todos
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
os segmentos congruentes e paralelos ao segmento de
reta e que passam pelos n pontos da região poligonal cula-se a área da base com a área do triângulo.
conhecida, como podemos observar na Figura 46.
Para um prisma reto, as bases podem ser, por
exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale-
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja
base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base,
área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é:
b · m b
Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular,
quadrangular e pentagonal.
f ( x=
) → ax +b > 0 → x > − ;
Triângulo
a
2
AB =
bf ·(m b
O prisma possui alguns elementos: duas bases con- ) → ax
x= + b < 0 → x(retângulo,
Paralelogramo < − ; quadrado)
gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n outros a
+ 2 no total, somando-se as bases) e n arestas laterais;
3n arestas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros; AL = n · b · h → n paralelogramos
e também, altura (h) que é a distância entre os planos
AT = AL + 2AB
das bases.
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris-
ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele No caso de um prisma regular de base de n lados,
cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos temos então que a área da base é formada por n triân-
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para-
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
regular é aquele cujas bases são polígonos regulares. área da base será:
Base Base
b·m (n · b) m
AB = n · =
2 2
AL = n · b · h → n paralelogramos
(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
Base Base 2
V = AB · h
V = a · AB · cos α
Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular,
altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é: quadrangular, pentagonal e hexagonal.
α + 60º + 90º = 180º → α = 30º Uma pirâmide possui uma base formada por um
polígono de n lados e n faces laterais (formadas por
triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late-
cos(α) = cos(30º) h √3
→ h = 5 · cos(30º) = 5 · cm rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
= 5 2 poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
distância entre o vértice e o plano da base.
AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da
AL = n · b · h = 4 5√3 base, já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâ-
= 30√3cm2
·3· 2 mide regular, temos ainda que as arestas laterais são
congruentes e as faces laterais são triângulos isósceles
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2 congruentes. À altura da face lateral de uma pirâmide
regular, dá-se o nome de apótema. O apótema da base
V = a · AB · cos(30º) = 5 √3 45√3 é a distância entre a projeção do vértice e o centro da
= cm3 base, até o apótema.
·9· 2 2 A área lateral de uma pirâmide regular é a soma
das áreas das faces laterais. A área total é a soma da
área da base com a área lateral. Para uma pirâmide
regular, as bases podem ser por exemplo um triângu-
lo, um quadrado, ou seja, a área da base será a área
de um triângulo que é a metade da base x altura e
nos paralelogramos a área é base x altura. Então seja
a aresta da base (b), o apótema da pirâmide (m) e o
apótema da base (m’) os cálculos da área da base, área
lateral e área total são:
AB = b · m' (n · b) m'
=
O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte n· 2 2
ou uma secção transversal no plano paralelo à base
do prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a
n·b·m
secção transversal e a base do prisma é o tronco do AL = → n triângulos
prisma. 2
Dica (n · b)
AT = AL + n·b·m
m'
(n · b) (m + m')
Como o prisma tem base e topo com o mesmo + =
AB =
polígono, então a secção transversal vai definir o 2 2 2
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas m2 = h2 + m’2
com as mesmas fórmulas de cálculos.
94
ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2
= = = = =
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2
A∆maior B3 H3 A3
= = =
A∆menor b3 h3 a3
AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5;
CILINDRO
VV= = VVmaior
(H– −h)h
(H )
b·A⋅ +AABbA
) h − H ( = V − V =V
A⋅b
–−VVmenor
menor== B ++ ⋅
√A BAA ·BA⋅ +A
+bBA
A+
b 3 ronem roiam
33
maior B b
h
Da relação de semelhança de triângulos, podem-se
MATEMÁTICA
H B A
= =
h b a r
O volume do cilindro é o produto da área da base Um corte transversal paralelo à base do cilindro,
pela medida da altura: não forma um tronco de cilindro, pois o novo sólido
continua
g1 + g 2 sendo um cilindro com altura ou geratriz
V = AB · h = π · r2 · h E = menor. , cilindro reto
O2volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz
O tronco do cilindro é formado pelo plano que A = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅52,
g, Figura E é dado por:
intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera- L
trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e V =
Figura 252
π ⋅ r ⋅ →
E sen 60º
Figura
cilindro
→ reto=
52
h
V (=
π ⋅ hr 2 ⋅h
) ( g=1)+º0g62()nes →
25arug
sen (60º) = g
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.
tronco
g tronco 2 g
3 √3 3
a g ⋅ sen ( 60º
h= h =)g= g ⋅ (60º) = g ·
· sen = ⋅ g ) º06 ( nes ⋅ g
2 2 2
b
2 22
3 g 3√3
Vcilindro= =AAb b⋅ ·hh==ππ ⋅·rr ⋅· hh ⋅=gπ
π⋅ ·⋅ ⋅ π ⋅ ·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅ bA =
22
Vcilindro ord
2 22 2 2
g1 g2 g2 3 3 3 3 2
g
E E VVcilindro == ππ ·⋅ g⋅2 g ⋅ · g · = √3 ⋅πg=⋅ 33 ⋅gπ√3
⋅ =
· g 2· π
3 ⋅ g ⋅ ⋅π= ord
cilindro 44 2 28 8 8 4
96
CONE
1 · AB · 1 · π · r2
V=
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes 3 h= 3 ·h
e Troncos
O tronco do cone é um sólido formado pelo corte
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a cone. Esse conjunto de pontos, que fica entre a secção
reunião dos segmentos de reta com uma extremidade transversal e a base do cone, é o tronco do cone.
em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
na Figura 53. V
g
h B
A¹ r B¹ H
O¹
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r) Da semelhança entre o cone original (cone maior)
com o cone da secção transversal (cone menor) temos
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
O volume do cone é um terço do produto da área caso da pirâmide:
da base pela medida da altura:
97
O1 r=4 A
R H
=
r h
G=5
(H-h=k)
Equador
Meridiano
C
O
Polo
Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e meri-
diano.
AEsfera = 4 · π · r2;
VEsfera = π · r3;
Existe uma gama de situações em que podemos ter Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a.
alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
interesse de encontrar alguns de seus elementos nes- No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular
sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos. de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode-
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber que implica em r = a√2/2.
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.
MATEMÁTICA
= A
= πr h⋅
2
=3
=3→→ VV
1. (VUNESP — 2016) Uma empresa π r 2 h um reserva- π r 2 h
VB possui VVB == A
A
33
B
tório de água no formato de um prisma reto de base
3
quadrada com 2 m de lado e 4,5 m de altura, conforme
mostra a figura. Resposta: Letra D.
2m
2m
a) 24 dias.
b) 23 dias.
c) 22 dias.
d) 21 dias.
e) 20 dias.
a) 48m3.
Na figura temos um prisma regular de base quadra- b) 64m3.
da, então a área da base é a área do quadrado e o c) 108m3.
volume é dado por: d) 111m3.
Ab = a · a = 2 · 2 = 4m2; e) 144m3.
V = Ab · h = 4 · 4,5 = 18m3;
Se: Seja o tronco de pirâmide com altura (H – h) = 9m,
1000l → 1m3 aresta da base menor igual a 3 e aresta da base
750l → xm3 → x = 0,75m3
maior igual a 4, temos que o volume do tronco da
Então:
pirâmide é:
1dia → 0,75m3
ydias → 18m3 → y = 24dias Resposta: Letra A.
(H – h)
Vtronco = [AB + √ABAb + Ab]
2. (VUNESP — 2019) Considere um cilindro A e um cone 3
B, de mesma altura e mesma base. A relação entre os
volumes VA e VB, do cilindro e do cone, respectivamen- (9)
Vtronco = [4 · 4 + √16 · 9 + 3 · 3] = 3[16 + √144 + 9]
te, é: 3
100
a) 256π cm3. Distância Entre Dois Pontos
b) 288π cm3.
c) 320π cm3. Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a
d) 576π cm3. distância entre eles da seguinte forma:
e) 1152π cm3.
d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2
Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que
é metade do diâmetro temos o volume do tronco
sendo: Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-
g1 + g 2 no, qual seria a distância entre A e B?
E= , cilindro reto
E g12+ g2 20 + 16 36
= = = 18 dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =
AL = 2 ⋅ π2 ⋅ r ⋅ E
= 2 2
= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17
cilindro reto
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
Vtronco= =ππ⋅·rr22 ⋅· E
Vtronco
cilindro reto
E → Vtronco=
2 Ponto Médio de Segmento e Condição de
Vtronco Alinhamento de Três Pontos
x1 + x2 y1 + y2
π · 42 · (20 + xPM = e
16) = 8π · 36 = 2 2
Vtronco =
288πcm3
2
Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1-
3), anterior é:
Resposta: Letra B.
3+1 4 5–3 2
xPM = e = 2 e yPM = = =1
2 2 2 2
GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA PM = (2,1)
RETA
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0
S
{ r : x+2y – 3=0
s : 2x+3y – 5=0
( ) ( )
[II]
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
a c
b≠0→y= – x+ –
b b P(x0,y0)=(1,1)
a c Paralelismo e Perpendicularidade
→ y = mx + q; m = – eq=–
b b
Sejam duas retas (r e s). Para que elas sejam para-
Ex.: sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa- lelas e distintas, não devem ter nenhum ponto em
ção da reta definida por eles é: comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien-
( )
tes das equações são:
5 7 5 7
{
a = y1 – y2 = – – = + =6
2 2 2 2 r : a1x+b1y+c1 = 0
S
5 7 s : a2x+b2y+c2 = 0
b = x2 – x1 = – – = –6
2 2
c = x1y2 – x2y1 =
7
2
∙
( )( )
–
7
2
– –
5
2
∙
5
2
= Por exemplo, as retas r e s são paralelas:
=–
49
4
+
25
4
=–
24
4
= –6 S
{ r : x+2y+3=0
s : 3x+6y+1 = 0
ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0 a1 b1 c1 1 2 3
= ≠ → = ≠
a2 b2 c2 3 6 1
Na forma reduzida temos:
Dica
a 6 c –6
b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1 Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar
b –6 b –6 a equação das retas paralelas a r, bastando
y = mx + q → y = x – 1 que os coeficientes a e b das retas paralelas
a b
Temos ainda a equação da reta passando por um sejam proporcionais a 1 e 2, ou seja, = .
ponto P(x0,y0): 1 2
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
paralela a r.
(y – y0) = m(x – x0)
Duas retas r e s são ditas perpendiculares se e
Interseção de Retas
somente se elas formarem entre si um ângulo reto,
mas pode-se também determinar essa perpendicula-
Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e
ridade relacionando o coeficiente angular das retas.
s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol-
Assim, se as equações das retas são dadas por:
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se
{
o ponto comum às retas.
r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
102
Então, a relação dos coeficientes angulares das equa-
ções das retas para que elas sejam perpendiculares é: m2 – m1
tgθ =
1 + m1 ∙ m2
r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1
Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:
{
Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
equação da reta s? a1 3
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3
b1 –1
{ r : y = x+2 → m1=1
s : y = m2x+q2
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = –
a2
b2
=–
2
1
= –2
{
A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
x2 – x1 r : ax+by+c1 = 0
P(x0,y0)∈s
s : ax+by+c2 = 0 → ax0+by0= –c2
a
r : ax + by + c = 0 → m= –
b ax0+by0 – c2 c1 – c2
dr,s= =
√a +b 2 2
√a2+b2
Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
anti-horário.
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi- Bissetrizes do Ângulo Entre Duas Retas
vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for
nulo então m também é nulo e se for reto então não Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que
se define m. essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
Quando duas retas r e s são concorrentes, pode- tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos
MATEMÁTICA
{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0
a1x+b1y+c1 a2x+b2y+c2
± =0
√a1 +b12 2
√a22+b22
103
Ex.: sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:
3x+3y –1 2x – 2y+1
→ ± =0
3√2 2√2
3x+3y –1 2x – 2y+1
– =0→
3√2 2√2
t1 :
(6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
= 0 → 12y – 5 = 0
6√2
3x+3y – 1 2x – 2y+1
+ =0→
3√2 2√2
t2 :
(6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
= 0 → 12x+1 = 0
6√2
Ex.: seja o triângulo no plano cartesiano formado
pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
Área de Um Triângulo e Inequações do Primeiro Grau desse triângulo é:
com Duas Variáveis
1 1
Aδ = ∙ BC ∙ AH Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2 2
– a2 – 3a+a+3
1 x1 y1 1
1 1 5
Aδ = ∙ x y 1 Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5=
2 2 2
2 2 2
x3 y3 1
{
em qual plano? – 2a = – 2 → a = 1;
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = –
a
b
=–
1
–1
=1
– 2b = – 3 → b =
3
;
→C
( )
1,
3
2
2
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
()
2
3) E< 0 em r β 3 3 3
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = –
2 2 2
Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-
sando pelos pontos (0,1) e (-1,0). 9 3 19 √19
1+ – r2 = – → r2 = →r=
4 2 4 2
{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0
{
Equações Geral e Reduzida
–2a = 2 → a = –1;
→ C (–1, –1)
Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio –2b = 2 → b = –1;
(r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
ção reduzida da circunferência dada por: a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2
17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3
P1(–1, –7)
P2(–5, –1)
S
{ λ1 : (x – a1)2+(y – b1)2 = r12
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22
Figura 29. Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de E a partir da comparação entre a distância entre os
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t). centros das circunferências e a soma dos raios pode-
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun- distância entre os centros C1 e C2:
ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa
entre elas e suas interseção? d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2
S
{ r : 3x+2y+17 = 0
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0
z circunferências exteriores, a distância entre os
centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2;
z circunferências tangentes exteriormente, a dis-
tância entre os centros é igual à soma dos raios,
Isolando x na equação da reta e substituindo na
{
d=r1+r2;
equação da circunferência temos: z circunferências tangentes interiores, a distância
entre os centros é igual ao módulo da diferença
17 2 dos raios, d=|r1 – r2|;
r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I) z circunferências secantes, a distância entre os cen-
3 3
tros está entre o módulo da diferença dos raios e a
( )
2 soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2;
S (I)
17 2 z circunferências de menor raio e interior à outra,
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0 → – – y +y2+6
3 3 a distância entre os centros está entre zero e o
( )
módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|;
17 2 z circunferências concêntricas, a distância entre os
– – y +8y+12=0
3 3 centros é zero, d = 0.
106
circunferência a esse ponto da reta é exatamente o valor
do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de feixes de
retas paralelas, em que a cada equação de reta dada por
Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si, os
valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor-
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que
serão paralelas à reta original.
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan-
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos
determinar as equações das retas tangentes. Para isso,
(c) (d) igualamos a distância do centro à reta paralela ao
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do
coeficiente C para cada uma delas.
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe-
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para-
lelas a reta r?
Primeiro definimos qual o centro e o raio da
circunferência:
S
{ λ1 : x2 + y2 = 36
λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0
ti || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0
Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C
Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma dCt = r → =5→ =5
delas: √A +B
2 2
√(5)2+(2)2
λ1 : x2 + y2 – 36 = 0 –10+10+C
→ =5
{
√25+4
–2a1 = 0 → a1 = 0;
λ1 → C1(0, 0)
–2b1 = 0 → b1 = 0; C
=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29
a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6 √29
λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0
t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0
λ2
{ –2a2 = –6 → a2 = 3;
–2b2 = –8 → b2 = 4;
→ C2(3, 4) Nos casos em que não se conhece a reta paralela à
reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên-
a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta
Agora calculamos a distância entre os centros e tangente por:
comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
z q uando o ponto é interior à circunferência não
d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2 existe reta tangente;
= √9+16 = √25 = 5; z quando o ponto pertence à circunferência:
r1 + r2 = 6 + 2 =8;
a – x0
|r1 – r2| = |6 – 2| = 4; y – y0 = (x – x0)
y0 – b ;
4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.
MATEMÁTICA
ma – b +(y0 – mx0) 20
=r
√m2+1
A
m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1)) 15
=3
√m +1 2
C
3m +7 10
=3
√m2+1 Raio
20 5
m=–
21
y – y0 = mi (x – x0) -1 0 5 10 15
20
y–7=– (x – (–1))
21
(a)
20
y–7=– (x+1)
21
t1: 20x+21y – 127 = 0
20
Assim, além dessa reta tangente podemos construir
o gráfico com a circunferência, os pontos e as retas tan-
gentes para visualizarmos mais facilmente qual seria a 15
segunda reta tangente, visto que da solução de m tivemos A
apenas um valor, e pelo ponto P ser externo sabemos
que existe mais uma reta tangente além da encontrada. C
Logo, a outra reta tangente é a t2: x = –1 ou x+1 = 0. 10
Raio
P
7
t2 t1 5
6
5
4
3
-1 0 5 10 15
2 c
1
c
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1
-2 (b)
-3
-4 Figura 32. Inequações com circunferência de centro C e raio r,
-5 com ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
-6 circunferência.
-7
Ex.: seja o sistema de inequações circulares:
Figura 31. Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-1,7)
exterior a circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.
108
{
Figura 34. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2,
λ1 : x2 + y2 ≤ 25 com solução exterior à circunferência.
S
λ2 : x2 + y2 ≥ 4
Assim, o conjunto solução para que ocorram as
A solução desse sistema pode ser dada via solução duas inequações simultaneamente é o sistema circu-
gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para lar formando uma coroa, conforme segue na Figura
cada uma das inequações temos: 35.
λ1 : x2 + y2 ≤ 25
6
{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)
4
a + b – r = –25 → 0+0 – r = –25 → r = 5
2 2 2 2
2
Então para a primeira circunferência temos o cen-
tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:
C
(x – a) + (y – b) – r ≤ 0 → (x – 0) +(y – 0) – 5 ≤ 0 → x
2 2 2 2 2 2 2 -6 -4 -2 0 2 4 6
+ y2 – 25≤0
-2
10
-4
5
-6
ELIPSE
-5
Definição
λ1 : x2+y2 ≥ 4
{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)
a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2
1
MATEMÁTICA
C
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
-1
Figura 36. Elipse de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias
-2 A1A2=2a, B1B2=2b e F1 F2=2c e c/a é a excentricidade, onde
a2=b2+c2.
-3
109
{
Equação
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1>0
Uma elipse de centro na origem e eixo maior na a2 b2
abscissa tem equação reduzida dada por:
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1=0
x2 y2 a 2
b2
+ =1
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1<0
Já uma elipse de centro na origem e eixo maior na a2 b2
ordenada tem equação reduzida dada por:
Posições Relativas Entre Reta e Elipse
y 2
x 2
+ =1
a 2
b2 A interseção da reta com a elipse é o P(x,y) que per-
tença ao mesmo tempo a reta r e à elipse. Logo para
Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo achar essa interseção basta ver as soluções do sistema:
maior paralelo à ordenada temos a equação:
{
r : Ax+By+C=0
(y – y0)2 (x – x0)2
+ =1 S
a2 b2 (x – x0)2 (y – y0)2
δ: + =1
a2 b2
Assim, uma elipse que tenha centro C(7,8) e eixo
(A1A2) maior (2a) igual a 10 e o menor (2b) igual a 8,
{
Sendo que, da solução desse sistema resulta uma
podemos ter as seguintes equações: equação do segundo grau, então para diferentes valo-
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
A1A2//x : (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2 da reta à elipse:
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42 z se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pontos
de solução, assim a reta é secante à elipse;
(x – 7)2 (y – 8)2 z se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
→ + =1 co ponto, assim a reta é tangente à elipse;
25 16 z se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e elipse, assim a reta
A1A2//y : (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2 é exterior à elipse.
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42
(y – 8)2 (x – 7)2
→ + =1
25 16
(x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
a2 b2
(y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64
{
r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0
S (y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64
{
equação da elipse temos:
δ : (y+2)2 (x – 4)2
+ =1 Figura 38. Elipse de centro C(-4,-2), semieixos (a=10 e b=8) e
S 100 64 distância focal (c=12) com interseção com reta secante (r) nos
pontos P1 e P2.
(I) (y+2)2 (–1,23+0,5y – 4)2
→ + =1
100 64 HIPÉRBOLE
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja, dois Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-
pontos de solução, assim a reta é secante à elipse. Para no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a hipérbole é o
determinar os pontos de interseção basta achar as raízes: conjunto dos pontos do plano cujo módulo da diferen-
ça das distâncias aos pontos (F1 e F2) é uma constante
(2a), sendo 0<2a<2c.
y2 – 3y – 38,3 = 0 → Δ=162,2
–b – √Δ 3 – 12,74
y1 = = = – 4,87
2a 2∙1
–b+√Δ 3+12,74
y2 = = = 7,87
2a 2∙1
Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e A interseção da reta com a hipérbole é o P(x,y) que
foco paralelo à ordenada temos a equação: pertença ao mesmo tempo à reta r e à hipérbole. Logo
para achar essa interseção basta ver as soluções do
{
sistema:
(y – y0)2 (x – x0)2
– =1
a2 b2 r : Ax+By+C=0
Ex.: Assim, uma hipérbole que tenha centro C(7,8) S
{
(x – x0)2 (y – y0)2
e eixo (A1A2) real (2a) igual a 8 e o imaginário (2b) r: + =1
igual a 6, podemos ter as seguintes equações: a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
– =1
a2 b2
{
ções (idem quando o foco é paralelo à ordenada):
(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1>0
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1=0
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1<0 Figura 40. Hipérbole com exemplos de retas: secante (r), tangente
a2 b2 (s) e exterior (t).
S
{ r : –2x+y – √3=0 → y = 2x+ √3(I)
(I)
γ : x2 – y2 = 1 →x2 – (2x+ √3)2 – 1=0
√
1 4
x2+4 x+ =0
3 3
(√) ()
2
1 4 16 16
→Δ= 4 – 4(1) = – =0 Figura 41. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=1 e b=1) e
3 3 3 3 distância focal (c=2√2) com interseção com reta tangente (r) no
ponto P.
→Δ=0
Equações das Assíntotas da Hipérbole
Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
seja, um ponto de solução. Assim, a reta é tangente à As duas retas, r1 e r2, que tangenciam os dois
hipérbole. Para determinar o ponto de interseção bas- ramos da curva de uma hipérbole de centro C(0,0) e
ta achar a raiz: semieixos, real e imaginário, a e b, respectivamente,
é chamada de assíntotas da hipérbole. Assim, uma
hipérbole de centro na origem do plano cartesiano
√
1 4
x2+4 x+ =0→Δ=0 tem suas assíntotas dadas por:
3 3
{
b
√
–b ± √Δ –b ± 0 –b 1
r1 : y = x
x1 = x2 = = = =–2 a
2a 2a 2a 3
x=–2
√
1
3
→ y = √3+2x=√3+2
( √)
–2
1
3
Ex.: assim, seja a hipérbole dada por:
x2 y2
–
√
1 γ: =1
→ y = √3 – 4 9 16
3
As retas, r1 e r2, assíntotas à hipérbole estão
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com demonstradas na Figura 42:
a hipérbole é o que podemos constatar na Figura 41,
{
sendo esse ponto solução para as duas equações, reta
a2 = 9 → a = 3
e hipérbole: x2 y2
r: – =1→ b2 = 16 → b =4
( √ √)
9 16
{
1 1 c2 = a2 +b2 = 9+16 = 25 → c = 5
P –2 3 ;√3 – 4 3
b 4
r1 : y = x→y= x
a 3
b 4
r2 : y = – x→y=– x
a 3
MATEMÁTICA
113
Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e
foco (VF) paralelo à abscissa temos a equação:
(y – y0)2 = 2p (x – x0)
(x – x0)2 = 2p (y – y0)
{
Dados um ponto (F) e uma reta d pertencentes a
um plano com F não pertencente a d, seja p a distância (y – y0)2 – 2p (x – x0)>0
entre F e a reta d, a parábola é o conjunto dos pontos
(y – y0)2 – 2p (x – x0)=0
do plano que estão na mesma distância de F e d.
(y – y0)2 – 2p (x – x0)<0
S
{ r : Ax+By+C = 0
x : (y – y0)2 = 2p(x – x0)
y2 = 2px
x2 = 2py
114
Figura 45. Parábola de vértice V(1,3), parâmetro (p=4) com
Figura 44. Parábola com exemplos de retas: secante (r), tangente (s) interseção com reta tangente (r) no ponto P.
e exterior (t).
RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA
Ex.: Sendo a reta dada por r:-3,46x+1,27y-1,27=0 e EQUAÇÃO GERAL
a parábola χ: (y – 3)2 = 8 (x – 1), qual a posição relativa
entre elas e suas interseções? Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e
y representa uma elipse, se a sua equação geral for
{
redutível à forma:
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0
S
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) (x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
k1 k2
Isolando y na equação da reta e substituindo na
equação da parábola temos: k1 > k2 → k1 = a2 e k2 = b2 → eixo maior horizontal
{
k1 < k2 → k1 = b2 e k2 = a2 → eixo maior vertical
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0 → y = 1 + 2,72x(I) (x0 ,y0) → centro
S (I)
χ : (y – 3) = 8(x – 1) → ((1+2,72x) –3)2 –8(x – 1) = 0
2
Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou (x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
seja, um ponto de solução, assim a reta é tangente à k1 k2
parábola. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz: k1 > 0 e k2 > 0 → k1 = a2 e k2 = –b2 → eixo real horizontal
k1 < 0 e k2 > 0 → k1 = –b2 e k2 = a2 → eixo real vertical
x2 – 2,55x +1,62 = 0 → Δ = 0
(x0 ,y0) → centro
–b±√Δ –b±0 –b 2,55
x1 = x2 = = = = = 1,275 Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
2a 2a 2a 2 representam uma parábola, se a sua equação geral for
redutível à forma:
Com os valores do eixo x para o ponto P de interse-
{
ção encontramos os respectivos valores para o eixo y:
x = ay2 +by+c (a ≠ 0)
x = 1,275 → y = 1+2,72x = 1+3,47 → y = 4,47
y = ax2 +bx+c (a ≠ 0)
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com a
parábola é o que podemos ver na Figura 41, sendo esse 1 y0 y02 +2px0
ponto solução para as duas equações, reta e hipérbole: a= ,b=– ,c= → eixo horizontal
2p p 2p
P(1,275;4,47)
1 x0 x02 +2py0
MATEMÁTICA
115
Exercite seus conhecimentos realizando os exercí- Para acharmos o valor da distância do foco da elipse,
cios que seguem. precisamos inicialmente achar os valores dos semiei-
xos maior e menor e depois achar o semi-foco a par-
1. (FCC — 2018) Em um plano cartesiano de eixos orto- tir da relação quadrática entre eles, assim temos:
gonais, os pontos de coordenadas (1, 1) e (4, 5) são as
extremidades da diagonal de um retângulo de lados x2 y2 x2 y2
() ()
9x2 + 25y2 = 1 → + =1→ +
=1
paralelos aos eixos x e y. Em tais condições, a área 1 1 1
2
1
2
a) 8. 1 1
b) 6. a= ; b= ; Centro(0,0)
3 5
c) 20.
d) 12. Assim, o eixo maior está na abscissa e da relação
e) 10. entre os valores dos semieixos e foco temos:
a) 1/3.
b) 2√5/3.
c) 1.
d) 3√5/4.
e) 4/3.
{
x1 y1 1
1 λ : x2+y2 = 4 → r = 2; Centro(0, 0)
A2 = ∙ x2 y2 1
2 r : (y – y0) = m(x – x0) → P(x0, y0) = P(3, 0)
x3 y3 1
x1 y1 1 x1 y1 1
1
2x AΔ= 2x ∙ x2 y2 1 = x2 y2 1
2
x3 y3 1 x3 y3 1
4 5 1
1 1 1 =|4+5+4 – 1 – 4 – 20| = |–12| =12
4 1 1
Resposta: Letra D.
z Definição de Ângulo
→ 0 – m0+3m
O(0, 0)
=2
√m2+1 Definimos ângulo como a união de duas semirre-
tas de mesma origem e não colineares (que não per-
3m tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:
= 2 → 3m = 2√m2+1
√m2+1
A
2
→ 9m = 4(m +1) → 5m = 4 → m = ±
2 2 2
√5
2
Como sabemos que nosso m<0 então m = – .
Logo, a equação da reta é: √5 O
2 6
r:y=– x+ B
√5 √5
Para achar o ponto T, que é a interseção da reta r à Figura 1. Definição de Ângulo
circunferência λ, isolamos o y na equação da reta e
substituímos na equação da circunferência: Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo
( )
e OA e OB são chamados de lados.
2 6 2 Observação 2: na figura acima o ângulo é indica-
x2 + – x+ =4 → 9x2 –24x+16 = 0 do por AOB ou BOA.
√5 √5
Δ = (–24)2 – 4 ∙ 9 ∙ 16 = 576 – 576 = 0 z Ponto Interior de um Ângulo
Como o Δ=0 então confirmamos que a reta r é tan-
Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos
gente a λ, pois só existe uma raiz real. Logo a coor-
que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
denado do ponto T no eixo x é:
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
9x2 – 24x+16 = 0; Δ = 0 do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.
– b ± √Δ b (–24) 24 4
x1 = x2 = =– =– = =
2a 2a 2∙9 18 3
Substituindo o valor de x na equação da reta r
temos:
A
2 6
r:y=– x+
√5 √5
( )
P
√
4 2 4 6 10 1 102 O
x= →y=– ∙ + = =
3 √5 3 √5 3√5 3 5
MATEMÁTICA
√
B
1 100 1 1 2√5
= √20 = √22 ∙ 5
3 5 3 3 3
Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-
pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores. los serão chamados de Opostos pelo Vértice
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.
F
O
H
O
Figura 3. Setor Angular
I G
Observação: a figura acima mostra o Setor Angu-
lar do AOB
A
A
B
O
O
B
C
Observação: AÔB é um ângulo agudo.
O B
119
F
r
C
r
A
D
Figura 14. Círculo
120
A A
O
O
B
B
Veja a figura:
Q
A O
P
B
O
Observação 1: o ângulo AÔB (α) é o Ângulo Central. z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu-
Observação 2: APB é o arco correspondente do lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
ângulo AÔB. exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.
A medida de um ângulo central é igual à medida de
seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α. Vejamos abaixo:
Veja a representação desta igualdade abaixo:
D N
MATEMÁTICA
M O
P
C
B
r s
r r
s
a Postulado de Euclides
b
O postulado de Euclides afirma o seguinte:
Denominamos Mediatriz de um segmento a reta Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-
perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo lhança entre triângulos:
seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg-
mento em duas partes iguais. z Caso AA (Ângulo-Ângulo): se dois triângulos pos-
suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
m então eles são semelhantes.
A B
M C B
A’
C’ B’
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA
Dois triângulos serão denominados de semelhan-
tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor- z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): se dois triângulos
respondência entre seus vértices de modo que: possuem dois pares de lados proporcionais e os
ângulos compreendidos entre eles são congruen-
z os ângulos correspondentes sejam congruentes. tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
z os lados homólogos sejam proporcionais.
A
A
C B
C B
A’
A’
C’ B’
= = =k ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
A’ B’ A’ C’ B’ C’ têm os três lados correspondentes proporcionais,
então esses dois triângulos são semelhantes.
123
A A
D
F
I
C B
C B
A’ E
A m3 D
F
C
F D
C B
G E
AC C
c
Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A
R
RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS
RETÂNGULOS a
A
B
a b c
= = = 2R
sen A sen B sen C
MATEMÁTICA
n m
CB
H z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado
a da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura
do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
AH que eles formam.
125
A A
e=1
E
α = 121.86°
Ϛ = 118.08°
b c d = 3,16 a = 6.66
D ɛ = 136.09°
C B Υ = 69,17° B
a
TEOREMA DE PITÁGORAS
B' Υ1 = 69,17°
D'
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- ɛ1 = 136.09°
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos.
d' = 3,16
B
a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08°
β1 = 94.8°
E'
e' = 2
A'
a
Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos)
c
F
g = 3.03
Ɵ = 98.82°
h = 4.6
A C H K = 50.63°
b
126
Q FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS
2.29
A transversal de um conjunto de retas todas para-
2.29 v = 120° P lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
σ = 120° rente com todas as retas deste conjunto.
Os pontos correspondentes de duas transversais
R u = 120° são pontos destas transversais que estão numa mes-
2.29 ma reta do conjunto de paralelas.
Os segmentos correspondentes de duas transver-
sais são segmentos que possuem por extremidades os
2.29 p = 120° O pontos correspondentes.
ξ = 120°
M o = 120° 2.29 t1 t2
2.29
N A A’
Q1
2.29 B B’
2.29
v1 = 120° P1
σ1 = 120°
C C’
R1
u1 = 120° 2.29
D D’
2.29
p1 = 120° O1
ξ1 = 120°
M1 o1 = 120°
2.29
2.29 Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais
N1
Observação 1: as transversais são indicadas por
Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos) t1 e t2
Observação 2: os pontos correspondentes são
S
indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
v = 1.67
Observação 3: os segmentos correspondentes são
ϕ = 114.29° indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’.
V
η1 = 80.03°
S'
v' = 1.67
θ1 = 114.29°
s' = 3.11
μ1 = 80.03°
V'
T' K1 = 46.47°
MATEMÁTICA
λ1 = 119.21°
u' = 1,95
t' = 2.77
U'
127
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC
no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois
t1 t2 ângulos congruentes.
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 51, temos:
A A’ b c
=
B’ n m
B
O teorema da bissetriz externa de um triângulo
nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz exter-
C C’ na, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao triângulo,
intercepta a reta que contém o lado oposto externamen-
te em segmentos proporcionais aos lados adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo
D D’ ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y
b c
=
y x
QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS
AC AB
=
CD BD
Figura 54. Trapézio com vértices ABCD
128
Observação 1: o lado AB é chamado de base maior. D C
Observação 2: o lado CD é chamado de base menor.
A B
Observação: AB // CD e AD // BC
A C
Observação: AB = BC = CD = DA
129
Propriedades dos Losangos POLÍGONOS
Polígonos e seus Elementos
z todo Losango tem as diagonais perpendiculares;
z todo Paralelogramo que tem as diagonais perpen- Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
diculares é Losango; A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
z todo Losango tem as diagonais nas bissetrizes secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
dos ângulos internos; ..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
z todo Paralelogramo que tem as diagonais nas bis-
reunião dos pontos dos n segmentos considerados.
setrizes dos ângulos internos é Losango.
Vejamos alguns exemplos:
Retângulo: um quadrilátero é um Retângulo A
se, e somente se, possuir os quatro ângulos internos D
congruentes.
C
B
K
E
D
Observação 1: AB = CD e BC = AD F
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°
H
A
F
H
D
Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer Nomeamos os Polígonos de acordo com o número
reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os n de lados:
outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
ela determina. z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
B n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono
A z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono
n = 20 – Icoságono
C n = 30 – Tricágono
n = 40 – Quadricágono
n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono
I Si = (n – 2) · 180º
Se = 360º
POLÍGONOS REGULARES
AB
MATEMÁTICA
131
Área de um Quadrado
B L C
L
K
L
H
J
L D
B C
M
N
A1
B1
z
h
C1
W
D1
V
S b D
T U
Figura 63. Área de um Retângulo
b
Figura 64. Área de um Paralelogramo
D
h
B
H
Área de um Trapézio
b D
b·h
A= 2
B
Área de um Losango
(b + B) · h
A= 2
133
A área de um Trapézio Retângulo também é dada Observação: a área é dada por A = L · r
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois: FÓRMULA DE HERON
D
A área um triângulo de lados com medidas a, b e c
e semiperímetro p será dada por:
A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)
h
B
b
c
Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo
(b + B) · h B
A= a
2
Figura 72. Triângulo ABC
Área do Círculo
Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo
b+c
raio ao quadrado.
RAZÃO ENTRE ÁREAS
A C’ B’
A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme- Abaixo seguem representados vários Polígonos
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança. inscritos em uma circunferência.
D
B
B’
C’
C’
E
A’
Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência
Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes
K
Observação 1: área do Polígono ABCDE: A1 L
Observação 2: área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Polígonos
ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’:
A1
A2
= k2
J
H
I
MATEMÁTICA
135
Q K
L
J
O
H
N
I
Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência
Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência
C
P
R
A
Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência A seguir analise alguns exercícios comentados
para praticar o conteúdo estudado.
G
1. (VUNESP — 2011) Meia pizza foi dividida em 3 fatias,
F cada uma delas com um ângulo diferente, conforme
mostra a figura.
2x
x – 20º
136
Note que meia pizza é uma semicircunferência. e) 7,0
Logo, a soma dos três ângulos será igual a 180º.
Fazendo a soma dos ângulos e igualando a 180º, Perceba que o comprimento do varal é a hipotenu-
encontramos o valor de x. sa do triângulo retângulo formado na figura. Nesse
Desta maneira, temos: caso, temos catetos iguais a 3m e 4m. Pela definição
de triângulo retângulo Pitagórico, a hipotenusa des-
x + 2x + x – 20º = 180º
se triângulo será igual a 5m. Veja que conhecendo
4x – 20º = 180º a definição não é necessário fazer cálculo algum.
Para fins didáticos, vamos resolver a questão utili-
4x = 200º
zando o Teorema de Pitágoras:
x = 50º a2 = b2 + c2
a2 = 32 + 42
Uma pizza inteira representa uma circunferência.
a2 = 9 + 16
Sabemos que a circunferência possui 360º. Se a piz-
a2 = 25
za toda deve ser dividida em x – 20°, as fatias devem
a = ±√25
possuir 50° – 20° = 30°
a = ±5
360° Como estamos tratando de medida, desconsidera-
Fazendo 30° = 12 mos o valor negativo.
Logo: a = 5
Concluímos que o número de fatias dessa pizza Resposta: Letra A.
seria igual a 12. Resposta: Letra D.
4. (VUNESP — 2015) As figuras, fora de escala, mos-
2. (ITAME — 2015) Sabendo-se que 8x, 6x e 4x são ângu- tram as dimensões de dois terrenos, A e B, ambos
los de um triângulo, qual o valor do menor ângulo? retangulares.
a) 10º
b) 20º
A B X + 7,5 m
c) 30º X
d) 40º
50 m 40 m
A soma dos ângulos internos de um triângulo é
igual a 180°. Portanto, basta somar os ângulos for- Sabendo-se que os dois terrenos têm a mesma área e
necidos e igualar a 180°. Fazendo isso, encontrare- que, no terreno A, será construído um galpão cuja área
mos o valor de x. terá 1/6 da área dos dois terrenos juntos, então a área
4x + 6x + 8x = 180º do galpão, em metros quadrados, será:
18x = 180º
x = 10º a) 450
Pelo enunciado, sabemos que o menor ângulo deste b) 500
triângulo é igual a 4x. Se x = 10°, então: c) 360
4x = 4 · 10° = 40° d) 420
Resposta: Letra D. e) 480
3. (VUNESP — 2020) Murilo vai colocar um varal em seu Os dois terrenos possuem a mesma área. Logo, a
quintal. Ele já colocou os ganchos em duas paredes ÁreaA=ÁreaB. Sabemos que a área de um retângulo
perpendiculares, conforme indicado pelas setas da ima- é dada por b · h (medida da base multiplicada pela
gem a seguir, de acordo com as distâncias marcadas. medida da altura).
Deste modo, teremos:
Teorema de Pitágoras ÁreaA = ÁreaB
a2 = b 2 + c
50x = 40 ⋅ (x+7,5)
anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos Identificamos o Grau de um Polinômio P(x) ana-
do polinômio lisando o maior expoente da variável x que possui
coeficiente não nulo, ou seja, diferente de zero. Repre-
a0 é o termo independente sentamos o grau do polinômio por gr (P).
n∈N Ex.:
x∈C
p(x) = 2x5 – 4x3 – x2 – 3 é um polinômio de grau 5:
Ex.: gr(p) = 5
P(1) = 3(1)3 + 5(1)2 – (1) + 2 P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1
P(1) = 3(1) + 5(1) – 1 + 2 Q(x): -1x5 +0x4 -2x3 +7x3 -0x +12
-----------------------------------------------------------------------------------
P(1) = 3 + 5 1 P(x) + Q(x): 8x5 -3x4 -x3 +5x2 +4x +11
P(1) = 9
Multiplicação de Polinômios
Logo: 1 não é raiz de P (x)
Para a Multiplicação entre Polinômios basta mul-
OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS tiplicar todos os termos de um polinômio por todos
os termos do outro polinômio e fazer a soma destes
termos no final.
Adição de Polinômios
Ex.:
Dados:
Para a Adição de Polinômios temos que realizar a
soma dos coeficientes dos termos que apresentam o
P(x) = 5x3 – x2 e Q(x) = 2x7 = -4x5 -2x +9
mesmo grau.
Ex.: (5x3 – x2) . (2x7 – 4x5 – 2x +9) =
5x3 . (2x7) + 5x3 . (-4x5) + 5x3 . (-2x) + 5x3 . (9) -x2 . (2x7) –
P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q (x) = x5 + 2x3 – 7x2
x2 . (-4x5) -x2 . (-2x) – x2 . (9) =
– 12
(5 . 2 . x7 . x3) + [ 5 . (-4) x5 . x3] + [5 . (-2) x3 . x]
P(x) + Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) +
+ (5 . 9 . X3) + (-2 . x2 . x7) + [ -1 . (-4) . x2 . x5]
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
+ [ -1 . (-2) . x2 . x ] + (9x2) =
P(x) + Q(x) = 9x – 3x + x – 2x + 4x – 1 + x +2x
5 4 3 2 5 3
10x10 – 20x8 – 10x4 + 45x3 – 2x9 + 4x7 + 2x3 – 9x2 =
– 7x2 – 12
10x10 – 2x9 – 20x8 = 4x7 – 10x4 + 45x3 + 2x3 – 9x2 =
P(x) + Q(x) = (9x + x ) – 3x + (x + 2x ) + (-2x – 7x )
5 5 4 3 3 2 2
Também podemos efetuar a soma da seguinte Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um
maneira: polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x)
por B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal
que:
P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1
7x2 - 12
P(x) – Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) –
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
MATEMÁTICA
139
Observações:
P(x) = (x – a) . Q (x) + R (x),
z o grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x) onde R (x) = k (constante), pois gr (x – a) = 1
e B(x);
z o grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre menor P(a) = (a – a) . Q (a) + k → P(a) = k
que o grau do divisor B(x);
z se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o Logo R(x) = P(a)
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).
Ex.:
Divisão pelo Método da Chave O resto da divisão do polinômio P(x) = 2x3 + 2x2,
pelo binômio (x – 2) é dado pelo valor numérico do
Vamos dividir o polinômio A(x) = x4 + 4x3 + 4x2 + 9 polinômio P(x) para x=2, ou seja, para x igual a raiz
pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1 do binômio.
Para tanto façamos uso do Método da Chave: Logo teremos:
z Passo 2: dividimos o termo de maior grau do divi- O Teorema de D’Alembert diz que a divisão de
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim um polinômio P(x) por um binômio (x – a) será exata
nós obtemos o primeiro termo do quociente, a se, e somente se, P(a) = 0.
seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor, Ex.:
e subtraímos esse produto do dividendo: A divisão do polinômio P(x) = x3 + x2 – 11x, pelo
binômio (x – 2) é exata, pois:
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
P(2) = (2)3 + (2)2 – 11 ‧ 2 + 10 = 8 + 4 – 22 + 10 = 22 – 22
– x4 – x3 + x2 x2
=0
3x3 + 5x2
DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI
z Passo 3: caso a diferença obtida tenha grau maior
ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo Pelo dispositivo prático de Briot-Ruffini podemos
dividendo. Repetimos então o processo a partir do encontrar o quociente e o resto da divisão de um poli-
segundo passo: nômio P(x) de grau n (n ≥ 1) por um binômio (x – a),
sendo (n – 1) o grau do quociente.
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1 Ex.:
Vamos efetuar a seguinte divisão:
– x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
3x3 + 5x2 + 0x (3x3 – 8x2 + 5x +6) : (x – 2)
– 3x3 – 3x2 + 3x
z Passo 1: determinamos a raiz do binômio (x – 2),
2x2 + 3x + 9 que é o número 2. Colocamos a raiz do lado esquer-
– 2x2 – 2x + 2 do do dispositivo e, do lado direito, os coeficien-
tes de todos os termos do dividendo, em ordem
x + 11 decrescente de expoente:
O Teorema do Resto nos garante o seguinte: z Passo 2: abaixamos o primeiro coeficiente do divi-
dendo e em seguida multiplicamos esse coeficiente
O resto da divisão de um polinômio P (x) por um pela raiz e somamos o produto ao segundo coefi-
binômio (x – a) é o próprio valor numérico do polinô- ciente do dividendo, escrevendo o resultado obti-
mio para x = a, que indicamos por P(a). do abaixo desse:
De acordo com a definição da divisão, temos:
2 3 –856
↓
3
Fazendo o produto do coeficiente e a raiz e soman-
do com o segundo coeficiente, teremos:
140 3 ‧ 2 + (– 8) = 6 – 8 = – 2
O resultado obtido é colocado em baixo do segun- z Diferença de Quadrados
do coeficiente, no caso o -8.
a2 – b2 = (a + b) ‧ (a – b)
2 3 –856
3 –2 Ex.:
z Passo 3: pegamos o resultado obtido, no caso o -2,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi- 4x2 – 25y2 = (2x)2 – (5y)2 = (2x – 5y) ‧ (2x + 5y)
ciente da terceira coluna, logo teremos:
Ex.:
(– 2) ‧ 2 + 5 = – 4 + 5 = 1
23152 – 23142 = (2315 + 2314) ‧ (2315 – 2314) = 4629 ‧
O resultado obtido é colocado em baixo do terceiro 1 = 4629
coeficiente, no caso o 5.
z Quadrado da Soma
2 3 –856
3 –21 a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 = (a + b) ‧ (a + b)
z Passo 4: pegamos o resultado obtido, no caso o 1,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi- Ex.:
ciente da quarta coluna, logo teremos:
4a2 + 20a + 25 = (2a)2 + 2 ‧ (2a) ‧ (5) + (5)2 = (2a + 5)2 =
1‧2+6=2+6=8 (2a + 5) ‧ (2a + 5)
Q(x) = 3x2 – 2x + 1 e R(x) = 8 27x3 + 54x2y + 36xy2 + 8y3 = (3x)3 + 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3 ‧
(3x) ‧ (2y)2 + (2y)3 = (3x + 2y)3 = (3x + 2y) ‧ (3x + 2y) ‧ (3x
É importante entender que o grau do quociente sem- + 2y)
pre será uma unidade inferior ao grau do dividendo.
z Cubo da Diferença
FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E
PRODUTOS NOTÁVEIS
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
z Fatoração
Ex.:
Consiste na transformação de uma soma (ou sub-
tração) de dois termos em um produto. 27x3 – 54x2y + 36xy2 – 8y3 = (3x)3 – 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3 ‧
(3x) ‧ (2y)2 – (2y)3 = (3x – 2y)3 = (3x – 2y) ‧ (3x – 2y) ‧ (3x
z Fator Comum – 2y)
ax + ay = a ‧ (x + y) z Soma de Cubos
Exemplo: 5x + 5y = 5 ‧ (x + y)
MATEMÁTICA
a3 + b3 = (a + b) ‧ (a2 – ab + b2)
z Agrupamento Ex.:
ax + ay + bx + by = a ‧ (x + y) + b ‧ (x + y) = (x + y) ‧ (a + b)
8x3 + 27 = (2x)3 + 33 = (2x + 3) ‧ [(2x)2 – (2x) ‧ 3 + 32] = (2x
Ex.: + 3) ‧ (4x2 – 6x + 9)
3x + 3y + 7x + 7y = 3 ‧ (x + y) + 7 ‧ (x +y) = (x + y) ‧ (3 + 7)
141
z Diferença de Cubos 4(1)4 + 3(1)3 – 2(1)2 + (1) + k = 2
4+3–2+1+k=2
a3 – b3 = (a – b) ‧ (a2 + ab + b2)
k+6=2
Ex.: k=–4
Se k = 4, temos que P(x) = 4x4 + 3x3 – 2x2 + x – 4.
8x3 – 27 = (2x)3 – 33 = (2x – 3) ‧ [(2x)2 + (2x) ‧ 3 + 32] = Fazendo P(3), teremos:
(2x – 3) ‧ (4x2 + 6x + 9)
P(3) = 4(3)4 + 3(3)3 – 2(3)2 + (3) – 4
MÁXIMO DIVISOR COMUM DE POLINÔMIOS P(3) = 4 ‧ 81 + 3 ‧ 27 – 2 ‧ 9 – 1
P(3) = 324 + 81 – 18 – 1
O MDC de polinômios corresponde ao maior divi-
sor que os polinômios podem ter. Deste modo, é neces- P(3) = 405 – 19
sário decompor o polinômio para encontrá-lo. Por
exemplo: P(3) = 386
(4x² - 4y²) e (2x - 2y) Resposta: Letra A.
Pode-se decompor o primeiro Polinômio, uma
diferença entre dois quadrados em:
(2x - 2y).(2x + 2y) 3. (CETRO — 2014) Dados os polinômios A(x) = 2x3 – (b
O segundo Polinômio pode ser decomposto da – 1)x + 2 e B(x) = ax3 + 2x + 2, e sabendo que A(x) –
seguinte forma:
B(x) é um polinômio identicamente nulo, o valor de (a
2(x - y)
Então, o MDC de (4x² - 4y²) e (2x - 2y) é (x - y). + b) é igual a:
Para encontrar o MDC de Polinômios, utiliza-se dos
produtos notáveis vistos no tópico anterior. a) 1
A seguir, pratique seus conhecimentos com alguns b) 2
exercícios comentados. c) 3
d) 4
1. (VUNESP — 2013) O resto da divisão do polinômio e) 5
P(x) = x4 + 2x3 + mx2 – 2 pelo binômio (x + 1) é igual a
Se A(x) – B(x) é um polinômio identicamente nulo,
8, sendo m uma constante real, então m vale:
podemos concluir que A(x) = B(x). Pela igualdade de
polinômios temos:
a) 8
b) 10 2x3 – (b – 1)x + 2 = ax3 + 2x – 2
c) 11
Como os polinômios são iguais, podemos comparar
d) 7
os coeficientes das variáveis.
e) 9
Logo, temos que:
Pelo Teorema do Resto, temos que o resto da divisão
2=a⇒a=2
de um polinômio P(x) de grau maior e igual a 1, pelo
binômio do primeiro grau b ‧ (x – a), com b diferente – (b – 1) = 2 ⇒ – b + 1 = 2 ⇒ b = – 1
de zero, é o valor numérico de P(x) para x igual a
raiz do divisor. Se (x + 1) divide P(x), logo temos que Portanto (a + b) = 2 + (– 1) = 2 – 1 = 1 Resposta: Letra A.
-1 é uma raiz de P(x). Fazendo P(– 1) = 8, temos:
P(– 1) = 8
x4 + 2x3 + mx2 – 2 = 8 EQUAÇÕES POLINOMIAIS
(– 1) + 2(– 1) + m(– 1) – 2 = 8
4 3 2
x1 = – 1, x2 = 1 e x3 = 4
Portanto x1 = 2 + i e x2 = 2 – i
Colocando P(x) na forma fatorada, temos:
Consequências:
P(x) = 2 ‧ [x – (– 1)] ‧ (x – 1) ‧ (x – 4)
z sendo o complexo z = a + bi (b ≠ 0), com multiplici-
dade m raiz de uma equação polinomial de coefi-
P(x) = 2 ‧ (x + 1) ‧ (x – 1) ‧ (x – 4) cientes reais, então o conjugado z = a – bi, também
é raiz dessa equação com a mesma multiplicidade;
RAÍZES IMAGINÁRIAS z uma equação polinomial de coeficientes reais pos-
sui um número par de raízes complexas;
Seja z = a + bi (a, b ∈ R e b ≠ 0) raiz da equação P(x) z uma equação polinomial de grau ímpar admite
= 0 de coeficientes reais, temos que z = a – bi, também pelo menos uma raiz real.
é raiz dessa equação.
Desta forma, podemos dizer que as Raízes Comple- RAÍZES RACIONAIS
xas “aparecem sempre em dupla”: se um complexo (z
= a + bi) é raiz de um Polinômio, seu conjugado (z = A Raiz ou o Zero de uma equação polinomial é o
a – bi) também será. valor de x que a verifica, ou seja, que torna a igualda-
Vejamos: de válida.
Ex.:
P(x) = (x – a – bi) ‧ (x – a + bi) ‧ Q(x) + px + Na equação x2 – 5x + 6 = 0, 2 é uma raiz da equação,
q pois:
(1)2 – 5 ‧ (1) + 6 = 1 – 5 + 6 = 7 – 5 = 2
143
RELAÇÕES DE GIRARD - RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES
As Relações de Girard estabelecem relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações de
Girard são importantíssimas no estudo das equações polinomiais, vejamos quais são essas relações:
z 1º caso:
Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0, onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fatores do
primeiro grau temos:
a a
b c
x2 + x+ = x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2
a a
b b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma das
a a
b
raízes é –
a
c c
= x1 ‧ x2 ⇒ x1 ‧ x2 = , o produto das raízes
a a
c
é
a
z 2º caso:
Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau, temos:
144
Pela identidade de polinômios, temos:
p(0) = 3 ‧ (0)3 – 13 ‧ (0)2 + 19 ‧ (0) – 5 = – 5
Ex.: e) 368
z quantas raízes reais a equação 3x3 – 13x2 + 19x – 5 Fazendo primeiro P(1) = 2, temos:
= 0 pode apresentar no intervalo ]0,1[. Aplicando o 4(1)4 + 3(1)3 – 2(1)2 + (1) + k = 2
Teorema de Bolzano, temos:
4+3–2+1+k=2
k+6=2
k=–4 145
Se k = 4, temos que P(x) = 4x4 + 3x3 – 2x2 + x – 4.
Fazendo P(3), teremos: P(x) = (x – 1) ‧ (x2 + 3x + 3) + 4
a∈R
a∈R
i=√–1
146
Onde:
75 4
a = Re(z): parte real de z 3 18
b = Im(z): parte imaginária de z
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
Partindo da definição, temos as seguintes logo teremos: i75 = i3 = – i
consequências:
Igualdade de Números Complexos
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número
imaginário. Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
te se, suas partes reais e imaginárias também forem
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado iguais, ou seja:
número imaginário puro.
{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número
real. z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2
i1 = i z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i)
i = (√– 1) = –1
2 2
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i
i3 = i2 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i
i4 = i2 ‧ i2 = (– 1) ‧ (– 1) = 1 z1 + z2 = – 2 + 9i
Observe que a cada quatro potências os resul- Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja,
tados se repetem, ou seja, as potências de i são fazemos a operação entre parte real e parte real; e
cíclicas entre parte imaginária e parte imaginária, na sub-
tração é importante se atentar a ordem em que os
números complexos são apresentados.
Como consequência dessa repetição, podemos con-
Para um melhor entendimento da Dica acima,
cluir que só existem quatro valores possíveis para as
segue um exemplo.
potências de i:
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2
i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i)
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
MATEMÁTICA
z1 ‧ z2 = 7 + 11i z = a – bi
Frente à equação acima, é importante que você Observe que o conjugado tem apenas o sinal da
não se esqueça que i2 = – 1 parte imaginária trocado e é representado por z.
Exs.:
Divisão de Números Complexos
z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos é necessário reescrever a divisão como uma z=i⇒z=–i
fração e racionalizar o denominador dessa fração. z=7⇒z=7
Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é
Observação: Veja que quando o complexo z tem
a regra prática para dividir dois números complexos.
somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
z1 z1 z2 z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
= ‧ número complexo, que veremos a seguir.
z2 z2 z2
Propriedades do Conjugado de um Número
Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine: Complexo
z1
Para todo z ∈ C, temos:
z2
z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 ‧ 4 – 1 ‧ 2i + 4 ‧ i + 2 ‧ i2) z z + z = 2 ‧ Re(z)
= = =
z2 (4 – 2i) ‧ (4 + 2i) 42 – (2i)2 z z – z = 2 ‧ Im(z) ‧ i
z z = z ⟺ z ∈ R
[– 4 – 2i + 4i + 2 ‧ (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i
= = =
16 – 4i 2
16 – 4 ‧ (– 1) 16 + 4 Conjugado da Soma e do Produto
– 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i
=– + =– + =– + i Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos
20 20 20 10 10 10 10
que:
MÓDULO
z z1 + z2 = z1 + z2
Denominamos Norma de um número complexo z z z1 ‧ z2 = z1 ‧ z2
= a + bi ao número real não negativo N (z) = a2 + b2.
Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um FÓRMULAS DE MOIVRE
número complexo z = a + bi ao número real não nega-
tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número Potencialização e Radiciação
complexo também pode ser representado da seguinte
maneira: ⍴ ou r. A forma trigonométrica se torna muito útil para
Ex.: o cálculo de Potência de um número complexo. Para
elevar um complexo a um expoente, basta elevar o
z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13 módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
pelo mesmo expoente, ou seja:
z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2 zn = ⍴n ‧ [cos (n ‧ θ) + i ‧ sen (n ‧ θ)]
z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22 A fórmula acima é conhecida como a Primeira
Fórmula de Moivre.
Ex.: calcule (2 + 2i)5
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma
trigonométrica:
148
{b = 2
a=2 Então:
2 + 2i ⇒
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 8 ‧ (cos 270° + i ‧ sen 270°)
Calculando o módulo de z, temos:
Logo, temos que:
⍴ = √a + b = √2 + 2 = √4 + 4 = √8 = 2 ‧ √2
2 2 2 2
{n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}
Calculando o argumento de z, temos:
Como:
}
θ = 45° (porque o
( )
a 2 1 √2 √2
cos θ = = =
‧ = ponto P(2, 2) pertence θ + 2 ‧ kπ θ + 2 ‧ kπ
⍴ 2 ‧ √2 √2 √2 2 n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
⇒ ao primeiro quadrante) n n
b 2 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = = ‧ =
2 ‧ √2 √2 √2 2
Teremos:
( )
Então:
2kπ + 270° 2kπ + 270°
n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°) 3 3
( )
(2 + 2i)5 = [2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)]5
2 ‧ 0 ‧ π + 270° 2 ‧ 0 ‧ π + 270°
∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
(2 + 2i)5 = (2 ‧ √2)5 ‧ (cos 5 ‧ 45° + i ‧ sen 5 ‧ 45°) 3 3
(2 + 2i) = 32 ‧ 4 ‧ √2 ‧ (cos 225° + i ‧ sen 225°)
( 270° 270°
)
5
∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
( ) 3 3
√2 √2
(2 + 2i)5 = 128 √2 ‧ – 2 – 2 i
∛– 8i = 2 ‧ (cos 90° + i ‧ sen 90°)
– 128 ‧ √2 ‧ √2 128 ‧ √2 ‧ √2
(2 + 2i)5 = – i ∛– 8i = 2 ‧ (0 + i ‧ 1)
2 2
∛– 8i = 2i
– 128
128 ‧ 2
‧2 – i
(2 + 2i) =
5 Para k = 1,
2 2
(2 + 2i)5 = – 128 – 128i
∛– 8i = ∛8 ‧ ( cos
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3 )
( )
Extração de Raízes 2 ‧ 180° + 270° 2 ‧ 180° + 270°
∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
Para Extrair as Raízes de um número complexo,
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento
θ + 2 ‧ kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para
∛– 8i = 2 ‧ ( cos 360° +3 270° + i ‧ sen 360° +3 270°)
( )
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi- 630° 630°
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
θ + 2 ‧ kπ
+ i ‧ sen
θ + 2 ‧ kπ
i
) ∛– 8i = 2 ‧ (cos 210° + i ‧ sen 210°)
( )
n n √3 1
∛– 8i = 2 ‧ – – i
(k ∈ N/ 0 ≤ k ≤ n – 1) 2 2
2 ‧ √3 2 ‧ 1
A fórmula acima é conhecida como a Segunda ∛– 8i = – – i
2 2
Fórmula de Moivre.
Ex.: Calcule ∛– 8i ∛– 8i = – √3 – i
Primeiramente vamos passar – 8i para a forma
trigonométrica: Para k = 2,
– 8i ⇒
{ a=0
b=–8
∛– 8i = ∛8 ‧ ( cos
2 ‧ 2 ‧ π + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 2 ‧ π + 270°
3 )
Calculando o módulo de z, temos:
∛– 8i = 2 ‧ ( cos
4 ‧ 180° + 270°
3
+ i ‧ sen
4 ‧ 180° + 270°
3 )
MATEMÁTICA
⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8 ∛– 8i = 2 ‧ ( cos 720° +3 270° + i ‧ sen 720° +3 270°)
Calculando o argumento de z, temos:
∛– 8i = 2 ‧ ( cos
990°
3
+ i ‧ sen
990°
3 )
}
a 0
cos θ = ⍴ = 8 =0 ∛– 8i = 2 ‧ (cos 330° + i ‧ sen 330°)
⇒ θ = 270°
( )
b –8 √3 1
sen θ = ⍴ = 8 =–1 ∛– 8i = 2 ‧ – – i
2 2 149
2 ‧ √3 2‧1 Logo:
∛– 8i = – i
2 2
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ)
∛– 8i = √3 – i
z = √2 ‧ (cos 45º + i ‧ sen 45º)
Portanto:
O valor de θ, pode ser representado em graus ou
radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i} muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao
invés de radianos, levando em conta os valores do
Representação no Plano de Argand Gauss seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°).
Neste contexto, uma outra resposta possível para o
Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre- exemplo acima seria:
sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um
( )
ponto, da seguinte maneira: π π
z = √2 ‧ cos + i ‧ sen
4 4
lm
b z=a+bi
BINÔMIO DE NEWTON
⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2
}
a 1 1 √2 √2 θ = 45º (porque o ponto
cos θ = ⍴ = = ‧ =
√2 √2 √2 2
⇒ P(1,1) pertence ao
b 1 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = √2 = √2 ‧ √2 = 2
primeiro quadrante)
150
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2. coeficientes binomiais.
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
raciocínio: to do Teorema Binomial é:
(x+a)n = Cn, p xn – p ap
Equações Binomiais
3!
= C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
(
zk = 6√64 ‧ cos
π + 2kπ
6
+ i ‧ sen
π + 2kπ
6 )
[ ( ) ( )]
P3 2,1
=
2!1! π π π π
cos +k‧ + i ‧ sen +k‧
zk = 2 ‧ 6 3 6 3
Para o termo xa , a quantidade de produtos do tipo
2
xa2 no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos:
são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
repetição temos: Para k = 0,
p31,2 =
3!
1!2!
= C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2. z0 = 2 ‧ [ (
cos
π
6
+0‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+0‧
π
3 )]
Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma
única forma que é com a escolha de a para os três fato-
[
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+ i ‧ sen
π
6 ] =2‧
√3
2
1
+2‧ i
2
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do z0 = √3 + i
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio Para k = 1,
cúbico:
[ ( ) ( )]
MATEMÁTICA
π π π π
cos +1‧ + i ‧ sen +1‧
(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3. z1 = 2 ‧ 6 3 6 3
[ ( ) ( )]
2
π π π π a)
cos +3‧ + i ‧ sen +3‧ 5
z3 = 2 ‧ 6 3 6 3 1
b)
[ ] ( ) ( )
5
7π 7π √3 1 1
z3 = 2 ‧ cos + i ‧ sen =2‧ – +2‧ – i c)
6 6 2 2 36
1
z3 = – √3 – i d)
24
1
e)
Para k = 4, 12
[ ( ) ( )]
π π π π 2. (DECEx — 2021) O valor de uma viatura militar decres-
cos +4‧ + i ‧ sen +4‧ ce linearmente com o tempo. Se hoje ela custa 50 mil
z4 = 2 ‧ 6 3 6 3
dólares e daqui a 5 anos vale apenas 10 mil dólares,
[ ]
3π 3π qual seria o valor da viatura daqui a três anos?
z4 = 2 ‧ cos 2 + i ‧ sen 2 = 2 ‧ 0 + 2 ‧ (– 1)i
a) 26 mil
z4 = – 2i b) 30 mil
c) 24 mil
Para k = 5, d) 32 mil
e) 34 mil
z5 = 2 ‧ [ (
cos
π
6
+5‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+5‧
π
3 )] 3. (DECEx — 2021) A expressão que fornece o número
de anagramas da palavra SARGENTO, onde as vogais
z5 = 2 ‧ [ cos
11π
6
+ i ‧ sen
11π
6 ] ( ) ( )
=2‧
√3
2
+2‧ –
1
2
i
aparecem em ordem alfabética, é:
8!—5!
a)
z5 = √3 – i 3!
8!
b)
Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 = 3!
0 é: c) 8!
8!—3!
S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i} d)
5!
e) 8!—3!
Equações Trinomiais
4. (DECEx — 2021) Considere a e b números reais positi-
Denominamos Equação Trinomial, toda equação vos. Se log a=2 e log b=3, o valor de log(a.b2) é igual a:
que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
a) 18a
ax2n + bxn + c = 0 b) 12
c) 11
Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N d) 10
Podemos resolver qualquer equação trinomial e) 8
fazendo o seguinte:
5. (DECEx — 2021) Numa PA crescente, os seus dois
z dizemos que xn = y; primeiros termos são as raízes da equação X2 −
z encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0; 11X+24=0. Sabendo que o número de termos dessa
z logo após fazemos a substituição em xn = y1 e xn = PA é igual ao produto dessas raízes, então a soma dos
y2, encontrando assim as raízes. termos dessa progressão é igual a:
xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1
152
6. (DECEx — 2021) Observe o gráfico da função modular Y
f : R → R definida pela lei f(x) = |x|. 3
2
Y
3
1
2
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
1 -1
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -2
e)
-1
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -1
-1
a)
Y
-2 3
b)
Y 2
3
2 1
1 X
-3 -2 -1 0 1 2 3
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
-1
-1
b)
-2 Y
c) 3
Y
3 2
2
1
1
X
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -3 -2 -1 0 1 2 3
-1 -1
-2 c)
MATEMÁTICA
d)
153
a) 5
Y
b) 6
3
c) 4
d) 7
2
e) 3
1
13. (DECEx — 2021) Observe o paralelepípedo retorretân-
X gulo da figura abaixo.
-3 -2 -1 0 1 2 3
D
-1
d) C
A
Y
3
B
H
2
1 G
E
X
-3 -2 -1 0 1 2 3 F
I. O grau de p(x) é 5. 1 D
II. O coeficiente de x3 é zero.
III. O valor numérico de p(x) para x = -1 é 9. 2 A
IV. Um polinômio q(x) é igual a p(x) se, e somente se, pos- 3 B
sui mesmo grau de p(x) e os coeficientes são iguais.
4 E
E correto o que se afirma em:
5 C
a) II, IlI e IV apenas.
b) I, lI, IlI e IV. 6 C
c) IlI e IV apenas.
7 B
d) I, lI e IlI apenas.
e) I e lI apenas. 8 A
18. (DECEx — 2020) Um triângulo possui lados com compri- 9 E
mentos medindo 5 cm, 6 cm e 8 cm. O valor do cosseno
do ângulo oposto ao lado de menor comprimento é: 10 C
a) 25/32. 11 C
b) -1/20. 12 D
c) -1 .
d) 53/80. 13 B
e) 1.
14 B
19. (DECEx — 2019) Uma esfera de raio 10 cm está inscri-
15 A
ta em um cone equilátero. O volume desse cone, em
cm3, é igual a 16 E
a) 1000π. 17 D
b) 1500π.
c) 2000π. 18 A
d) 2500π.
19 E
e) 3000π.
20 E
20. (DECEx — 2019) O Exército Brasileiro pretende cons-
truir um depósito de munições, e a seção transversal
da cobertura desse depósito tem a forma de um arco
de circunferência apoiado em colunas de sustentação
que estão sobre uma viga. O comprimento dessa viga ANOTAÇÕES
é de 16 metros e o comprimento da maior coluna, que
está posicionada sobre o ponto médio da viga, é de 4
metros, conforme a figura abaixo.
Y
4m
A B
16m X
2
a) y = 100— (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 8.
2
b) y = 100— (x—6) − 8, se 0 ≤ x ≤ 8.
2
c) y = 100— (x + 8) + 6, se 0 ≤ x ≤ 16.
2
d) y = 100 + (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 16.
2
e) y = 100— (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 16.
155
ANOTAÇÕES
156
exercícios finais, selecionados especialmente para
que este material cumpra o propósito de alcançar sua
aprovação.
com a semântica.
INFERÊNCIA
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
compreensivo.
Esses assuntos completam o estudo basilar de
semântica com foco em provas e concursos, sempre A partir desse esquema, conseguimos visualizar
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estraté-
praticar seus conhecimentos realizando a seleção de gias que compõem cada maneira de inferir informações 157
de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhe- tema; ele estará também postulando uma possí-
cimento de mundo na interpretação de textos. vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
A INDUÇÃO ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.
As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto Fique atento a essa informação, pois é uma das
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
texto e que variam conforme o tipo textual. cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
tificar uma organização cronológica e espacial no desen- entre outras informações que podem vir como “aces-
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjun- um objetivo mais definido.
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. O processo de interpretação por estratégias
No processo interpretativo indutivo, as ideias são de dedução envolve a articulação de três tipos de
organizadas a partir de uma especificação para uma conhecimento:
generalização. Vejamos um exemplo:
z Conhecimento Linguístico;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa z Conhecimento Textual;
espécie de animal. O que observei neles, no tempo z Conhecimento de Mundo.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, Conhecimento Linguístico
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo Esse é o conhecimento basilar para compreensão
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
O trecho em destaque na citação do escritor Lima uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías nhecimento das regras de uma língua.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento É importante salientar que as regras de reconhe-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de cimento sobre o funcionamento da língua não são,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ção cronológica de um texto. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
A propriedade vocabular leva o Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
PROCURE cérebro a aproximar as palavras linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimen-
SINÔNIMOS que têm maior associação com o to sobre como pronunciar português, passando pelo
tema do texto conhecimento de vocabulário e regras da língua, che-
gando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016,
Os conectivos (conjunções, prepo-
p. 15).
ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
Um exemplo em que a interpretação textual é pre-
CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos
judicada pelo conhecimento linguístico é o texto a
e localizadores textuais
seguir:
A DEDUÇÃO
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas
seu aprendizado. exigentes.
171
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar as
funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
172 z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
173
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.
PRONOMES
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
174 sobre eles:
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
PORTUGUÊS
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quan- São utilizados para introduzir uma pergunta ao
tos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, quantas; texto.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como; Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O Quantos anos tem seu pai?
cachorro que estava doente morreu. A caneta que O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
emprestei nunca recebi de volta. tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
relativo “que”. indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
� Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
ser uma pessoa ou objeto personificado. tantivos, dando fluidez à leitura.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
� O pronome relativo quem pode fazer referência realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele
zação da atividade. O tempo estava instável)3.
que cala).
� Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
Pronomes Possessivos
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
� Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois 1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
termos que devem ser um possuidor e uma coisa SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
possuída. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue- 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
matéria (coisa possuída). 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. Outras funções dos pronomes possessivos:
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
gunta: “de quem/do que?” z Delimitam o substantivo a que se referem;
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
do que? Do filme). z Não concordam com o referente;
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de z O pronome possessivo que acompanha o substan-
quem? Do rapaz). tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
3 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021. 177
VERBOS Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à
outra mais antiga.
Certamente, a classe de palavras mais complexa e Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
importante dentre as palavras da língua portuguesa é bordara (ação anterior) da banheira.
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
e os agentes desses atos, além de ser uma importante z Futuro:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso, atente-se às nossas dicas. Futuro do presente: Indica um fato que deve
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam ser realizado em um momento vindouro.
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa- Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um Futuro do pretérito: Expressa um fato poste-
fato. rior em relação a outro fato já passado.
As flexões verbais são marcadas por desinências, Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.
que podem ser:
A partir dessas informações, podemos também
z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no identificar os verbos conjugados nos tempos simples
singular ou plural, bem como em qual pessoa ver- e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); são formados por uma única palavra, ou verbo, conju-
z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo gado no presente, passado ou futuro.
verbais a ação foi realizada. Já os tempos compostos são formados por dois
verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-
Iremos apresentar essas desinências a seguir. bo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Antes, porém, de abordarmos as desinências modo- Agora, vamos conhecer as desinências modo-tempo-
-temporais, precisamos explicar o que são modo e rais dos tempos simples e compostos, respectivamente:
tempo verbais.
Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples
Modos
MODO MODO
TEMPO
Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma INDICATIVO SUBJUNTIVO
relação enunciada pelo verbo. -e (1ª conjuga-
Presente * ção) e -a (2ª e 3ª
z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de conjugações)
certeza.
Ex.: Estudei muito para ser aprovado. -ra (3ª pessoa
Pretérito perfeito *
z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude do plural)
de dúvida, desejo ou possibilidade. -va (1ª conjuga-
Pretérito
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado. ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, conjugações)
convite, conselho, súplica ou pedido.
Pretérito mais-
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. -ra *
-que-perfeito
Tempos Futuro -rá e -re -r
Futuro do
O tempo designa o recorte temporal em que a ação -ria *
pretérito
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe *Nem todas as formas verbais apresentam desi-
a seguir: nências modo-temporais.
Tu és Foste
composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O Ele / você é Foi
homem teria realizado sua missão.
Nós somos Fomos
Classificação dos Verbos Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram
Os verbos são classificados quanto a sua forma
de conjugação e podem ser divididos em: regula-
res, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, 179
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas
z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia
muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
bons anos que não vejo Mariana”.
z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
PORTUGUÊS
passiva analítica.
z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:
Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em
particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
181
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par- sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
ticípio irregular. o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / designado partícula apassivadora, nesse contexto.
Os traficantes foram expulsos pelos policiais. Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
“Se” (partícula apassivadora).
Infinitivo: Marca as conjugações verbais.
O “se” exercerá essa função apenas:
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
passear);
Com verbos que concordam com o sujeito;
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, Com a voz passiva sintética.
pôr);
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
sair). to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 183
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos; z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla- discórdia.
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; “Para”
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; não cair em armadilhas;
comigo sempre é assim. z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
“Contra” z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Direção: Olhar contra o sol; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho z Destino ou direção: Olhe para frente!
contra o peito.
“Perante”
“De”
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; “Por”
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Origem: Você descende de família humilde; sorteio;
z Posse: Este é o carro de João; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Conformidade: Copiar por original;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Definição: Pessoa de coragem; z Meio: Ir por terra;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Meio: Viver de ilusões; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais; “Sem”
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
corajosa. dinheiro.
“Desde” “Sob”
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
z Tempo: Desde ontem ele não aparece. Pedro II;
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
“Em” z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
184 z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; ram logo;
z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito z Preposição “de”:
de finanças;
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu Com artigo definido masculino e feminino:
nada grave; de + o/os = do/dos
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, de + a/as = da/das
a língua é indispensável para que possamos pen- � Com artigo indefinido:
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + um= dum
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, de + uns = duns
não passei no exame; de + uma = duma
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + umas = dumas
para com os mais velhos; � Com pronome demonstrativo:
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + este(s)= deste, destes
um short. de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esse(s) = desse, desses
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + essa(s)= dessa, dessas
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + isso = disso
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + aquele(s) = daquele, daqueles
fim de; por meio de; em virtude de. de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo
� Com o pronome pessoal:
Importante! de + ele(s) = dele, deles
Algumas locuções prepositivas apresentam de + ela(s) = dela, delas
semelhanças morfológicas, mas significa- � Com o pronome indefinido:
dos completamente diferentes. Observe estes de + outro(s)= doutro, doutros
de + outra(s) = doutra, doutras
exemplos5:
� Com advérbio:
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
de + aqui= daqui
nejamento inicial = Concordância.
de + aí= daí
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + ali= dali
posta do programa = Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- z Preposição “em”:
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = Com artigo definido:
Oposição. em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
Combinações e Contrações � Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
em + essa(s)= nessa, nessas
As preposições podem se ligar a outras palavras de
em + isso = nisso
outras classes gramaticais por meio de dois processos:
combinação e contração. em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
em + aquele(s) = naquele, naqueles
ma redução.
em + aquela(s) = naquelas
a + o = ao
a + os = aos em + aquilo = naquilo
z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem � Com pronome pessoal:
redução. em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas
Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: z Preposição “per”:
a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquela = àquela para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo
VALOR NOCIONAL DAS Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma
SENTIDO
PREPOSIÇÕES oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto saudades.
Posse Carro de Marcelo “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subir.
O cachorro está sob a
Lugar
mesa
z Conclusivas: Ligam duas ideias, de forma que a
Votar em branco / Chegar segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
Modo
aos gritos portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
Causa Preso por agressão destarte, pois (deslocado na frase).
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Assunto Falar sobre política
aprovado.
Descende de família Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
Origem
simples -se.
Olhe para frente! / Iremos
Destino
a Paris Dica
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
CONJUNÇÕES gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
Assim como as preposições, as conjunções também concomitante acarreta em redundância.
são invariáveis e também auxiliam na organização
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- Conjunções Subordinativas
ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
coordenativas ou subordinativas. dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
Conjunções Coordenativas daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
As conjunções coordenativas são aquelas que para terem o sentido apreendido.
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, � Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: uma vez que, como (equivale a porque) etc.
186
Ex.: Como não choveu, a represa secou. apenas dois tipos de conjunções integrantes: “que” e
� Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia “se”.
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc. � Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
� Comparativa: Iniciam orações comparando ações integrante.
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, Isso).
maior), tanto... quanto etc. � Sempre haverá conjunção integrante em orações
Ex.: Corria como um touro. substantivas e, consequentemente, em períodos
Ela dança tanto quanto Carlos. compostos.
� Conformativa: Expressam a conformidade de Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
uma ideia com a da oração principal. Conforme, quê? Isso).
como, segundo, de acordo com, consoante etc. � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. bo e uma conjunção integrante.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
tempo. (errado).
� Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que INTERJEIÇÕES
etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não As interjeições também fazem parte do grupo de
tivesse gostado. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
Trabalhava, por mais que a perna doesse. conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
� Condicional: Iniciam uma oração com ideia de to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
que, a menos que, somente se etc. uma frase. Ex.: Tchau!
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- As interjeições indicam relações de sentido diver-
do sua mensagem. sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen-
Posso lhe ajudar, caso necessite. timentos e sensações mais expressos pelo uso de
� Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro- interjeições:
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alívio Arre! Ufa! Ah!
� Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
que, a fim de que etc.
Ex.: A professora dá exemplos para que você Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
aprenda! Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Comprou um computador a fim de que pudesse
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
trabalhar tranquilamente.
� Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
logo que, desde que etc.
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
do Futuro.
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
Importante! de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
Os valores semânticos das conjunções não se expresso no texto.
prendem às formas morfológicas desses ele- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
mentos. O valor das conjunções é construído va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
contextualmente, por isso, é fundamental estar nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
atento aos sentidos estabelecidos no texto. por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
a procura? (Se = causal = já que) alterado.
Por que ficar preso na cidade, quando existe tan- Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
PORTUGUÊS
to ar puro no campo? (Quando = causal = já que). papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
Conjunções Integrantes
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Simples Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
ce a ação na frase;
DETERMINADO Composto
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Elíptico Ex.: Corta-se cabelo.
Com verbos flexionados na 3ª Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
pessoa do plural “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
INDETERMINADO item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
Com verbos acompanhados do
oração.
se (índice de indeterminação do
sujeito)
Importante notar que não há preposição entre
Usado para fenômenos da o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
INEXISTENTE natureza ou com verbos “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
impessoais sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
Simples: quando há apenas um núcleo. ção “-se”.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Sujeito simples: O aluguel da casa; Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Composto: quando há dois núcleos ou mais. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. ça da partícula -se.
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores; Predicado
Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
aparece na oração, mas é possível de ser identi- É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
ficado devido à flexão do verbo ao qual se refe- o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
re.Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: mos essenciais na oração, há casos em que a oração
(Eu) não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
z Indeterminado: quando não é possível identificar impossível existir uma oração sem sujeito.
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. O predicado pode ser:
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
partícula “se”. Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar);
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, Predicado: seguem sua marcha;
não se referindo a nenhuma palavra determi- z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
nada no contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Entende-se que alguém passou cedo; Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos
diretos ou de ligação) sem complemento dire- Para determinar o predicado, basta separar o
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
pronome se, pronome que atua como índice de do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
indeterminação do sujeito. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: Não se vê com a neblina. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Dias)
condição. Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, Ocorre quando há dois núcleos significativos:
mas um estado momentâneo ou permanente que um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
o predicativo do sujeito; transitivo, predicativo do objeto).
z Predicativo do sujeito: função exercida por subs- Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- Verbo intransitivo: parou
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Predicativo do sujeito: atento
Ex.: O garoto está bastante feliz. Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Verbo de ligação: está. está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Predicativo do sujeito: bastante feliz. considerado predicativo do sujeito.
Ex.: Seu batom é muito forte. Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo de ligação: é. Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: muito forte. Predicativo do sujeito: desorientado
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
Predicado Verbal ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- do de Assis)
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do Verbo transitivo direto: achou
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os Objeto direto: o raciocínio
demais termos do predicado. Predicativo do objeto: exato
O verbo do predicado pode ser classificado em No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza um
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, que é o
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. objeto direto dessa oração. Com isso, podemos concluir
que temos um caso de predicativo do objeto, visto que
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é o sujeito.
ge um complemento não preposicionado, o objeto O que é o predicativo do objeto?
direto. É o termo que confere uma característica, uma
qualidade, ao que se refere.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
A formação do predicativo do objeto se dá por um
Noel Rosa
adjetivo ou por um substantivo.
Verbo Transitivo Direto: Fazer.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Predicativo do objeto: proveitoso
Verbo Transitivo Direto: trouxe;
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- Predicativo do objeto: vitoriosa
vo indireto tem como necessidade o complemen- Para facilitar a identificação do predicativo do
to acompanhado de uma preposição para fazer objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
sentido. centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Ex.: Nós acreditamos em você. fica é relacionar o predicativo ao nome.
Verbo transitivo indireto: acreditamos O filme foi proveitoso.
Preposição: em Ela era vitoriosa.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Verbo transitivo indireto: obedeceu dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Preposição: a (a + os) ligação (foi e era, respectivamente).
Ex.: Os professores concordaram com isso.
Verbo transitivo indireto: concordaram TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Preposição: com;
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o São vocábulos que se agregam a determinadas
verbo de sentido incompleto que exige dois com- estruturas para torná-las completas. De acordo com
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto a gramática da língua portuguesa, esses termos são
indireto (com preposição). divididos em:
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis) Complementos Verbais
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas São termos que completam o sentido de verbos
Objeto indireto 1: lhe transitivos diretos e transitivos indiretos.
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras z Objeto direto: Revela o alvo da ação. Não é acom-
190 Objeto indireto 2: lhe; panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. z Objeto direto interno: Representado por palavra
Gostaria de vê-lo no topo do mundo. que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = mesmo significado.
aqueles). Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos.
Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto
Como diferenciar objeto direto de sujeito?
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
exercem função de objeto direto, os pronomes oblí- O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa va analítica e se transforma em sujeito.
função sintática. Os jogos da seleção foram ignorados.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
quem? A minha pessoa”) z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. preposição obrigatória, que se liga diretamente a
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
“Convidaram quem? Ela”) Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= casa 260.
“Receberam quem? Nós”) Gosto de ti, meu nobre.
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Não troque o certo pelo duvidoso.
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do Vamos insistir em promover o novo romance de
pronome relativo que. ficção.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
esse algo é o objeto direto) z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
z Objeto direto preposicionado
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
preposição no seu complemento, algumas palavras
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
tido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
facultativos.
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
uma mensagem.
Formato de parágrafo, em bold, da seguinte forma:
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Não entendo nem a ele nem a ti. Complemento Nominal
Respeitava-se aos mais antigos.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Amavam-se um ao outro. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
feita.” (Ciro dos Anjos). presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição: do do nome.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
le templo. Para melhor identificar um complemento nomi-
A escultura atrai a todos os visitantes. nal, siga a instrução:
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Nome + preposição + quem ou quê
pedestal. Como diferenciar complemento nominal de com-
Ao povo ninguém engana. plemento verbal?
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- diretamente ao verbo “obedecia”)
sente para indicar parte de um todo, quando assim Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
PORTUGUÊS
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
bebeu uma porção da água, e não ela toda. ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
O vocativo é um termo que não mantém relação PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para As orações são sintaticamente independentes. Isso
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- significa que uma não possui relação sintática com
PORTUGUÊS
ja se comunicar. É um termo independente, pois verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
não faz parte da estrutura da oração. período.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
consulta. (Fernando Pessoa)
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 3: a obra nasce.
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
outro termo da oração. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) 193
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à são introduzidas pelas conjunções subordinativas
porta da sala de Damasceno integrantes que e se.
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
Conjunção adversativa: mas nada impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite;
Orações Coordenadas Sindéticas z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes
As orações coordenadas podem aparecer ligadas interrogativos (onde, como, quando, quanto,
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- quem etc.);
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
sindética. Veremos agora cada uma delas: roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira;
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
simultaneidade.
no infinitivo.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras;
bém, mas ainda, bem como, como também, se-
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
não também, que (= e).
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
Os convidados não compareceram nem explica- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
ram o motivo; rir a nenhum termo na oração.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, cional) (or. sub. subst. subje.);
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- z Orações subordinadas substantivas objetivas
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a reto da oração principal.
morte.” (Laurindo Rabelo); Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
se excluem. subst. obj. dir.);
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... z Orações subordinadas substantivas completi-
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez vas nominais: exercem a função de complemento
... talvez). nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
Ex.: Ora responde, ora fica calado. da oração principal.
Você quer suco de laranja ou refrigerante? Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica mento nominal)
sobre um raciocínio. Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início pl. nom.);
de frase). z Orações subordinadas substantivas predicati-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima vas: funcionam como predicativos do sujeito da
semana. oração principal. Sempre figuram após o verbo de
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo ligação ser.
Mendes Campos); Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem sujeito)
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
porquanto, pois. sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale z Orações subordinadas substantivas apositivas:
a “pois”) funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos de dois-pontos ou entre vírgulas.
com fome. Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
� Orações subordinadas adverbiais causais: são z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
que, visto que etc. z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- iniciadas por conjunções;
que ficamos sem gasolina; z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
� Orações subordinadas adverbiais comparati- por pronomes relativos;
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
qual, como, mais etc. conectivos;
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
que a importada; prepositiva.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São conjunção.
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
por mais que, se bem que etc. rante. (desenvolvida).
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
� Orações subordinadas adverbiais condicionais:
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, Orações Reduzidas de Infinitivo
contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal; Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos; S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
são introduzidas por: que (precedido na oração direta reduzida de infinitivo)
anterior de termos intensivos como tão, tanto, A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
predicativa reduzida de infinitivo)
PORTUGUÊS
Concordância do Infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito cal brasileira seres estranhos;
implícito “nós”) � Verbos impessoais (haver e fazer)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração) vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. � Verbo na voz passiva sintética
(verbos pronominais) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser � Verbo concordando com o antecedente correto
indicando tempo) do pronome relativo ao qual se liga
Estudo para me considerarem capaz de aprova- Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) tinham experiência;
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, � Sujeito coletivo com especificador plural
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
particípio); � Sujeito oracional
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- singular);
ção verbal) � Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono to ou complemento no plural
sendo sujeito do infinitivo). Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
atrito. (verbo no singular).
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o Casos Facultativos
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
com valor genérico) estádio;
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece- z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
dido de preposição de ou para) fizeram rir;
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de z Fui eu quem faltou/faltei à aula;
imperativo) z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
� Concordância do verbo parecer brasileira;
Flexiona-se ou não o infinitivo. z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o ciência. (1,5% corresponde ao singular);
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- z Chegaram/Chegou João e Maria;
vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona- z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
do de acordo com o sujeito, no plural) aqui;
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
logo o infinitivo será impessoal); brasileira;
� Concordância dos verbos impessoais z O problema do sistema é/são os impostos;
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica z Hoje é/são 22 de agosto;
sempre na 3ª pessoa do singular. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. a aprovação;
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
auxiliar fica no singular) Silepse de Número e de Pessoa
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul; Conhecida também como “concordância irregular,
200 � Concordância com sujeito oracional ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
z Silepse de número: usa-se um termo discordando Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
do número da palavra referente, para concordar então é um adjunto adnominal.
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- z Com função de predicativo do objeto
dade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Concordância Nominal seus subordinados.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
vam abandonados a casa e o quintal. � Menos / pseudo
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- São invariáveis.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Ex.: Havia menos violência antigamente.
substantivos por um pronome: Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. to é pseudo-objetivo;
(substitui-se por “eles”) � Muito / bastante
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Quando modificam o substantivo: concordam com ele.
existem complicados”. Quando modificam o verbo: invariáveis. 201
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito irritados. Lista de Flexão dos Dois Elementos
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados. � Nos substantivos compostos formados por pala-
Se ambos os termos puderem ser substituídos por vras variáveis, especialmente substantivos e
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi- adjetivos:
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis; segunda-feira – segundas-feiras;
� Tal qual matéria-prima – matérias-primas;
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, couve-flor – couves-flores;
com o substantivo posterior. guarda-noturno – guardas-noturnos;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os primeira-dama – primeiras-damas;
pais. � Nos substantivos compostos formados por
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais temas verbais repetidos:
quais os pais. corre-corre – corres-corres;
z Silepse (também chamada concordância figurada) pisca-pisca – piscas-piscas;
É a que se opera não com o termo expresso, mas o pula-pula – pulas-pulas.
que está subentendido. Nestes substantivos também é possível a flexão
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
linda!) -piscas, pula-pulas;
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
com o estabelecimento aberto no final de semana.) Flexão Apenas do Primeiro Elemento
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.); z Nos substantivos compostos formados por subs-
� Possível tantivo + substantivo em que o segundo termo
Concordará com o artigo, em gênero e número, em limita o sentido do primeiro termo:
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. decreto-lei – decretos-lei;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / cidade-satélite – cidades-satélite;
Conheci crianças as mais belas possíveis. público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
PLURAL DE COMPOSTOS Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
Substantivos públicos-alvos, elementos-chaves;
z Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
O adjetivo concorda com o substantivo referente em
pôr do sol – pores do sol;
gênero e número. Se o termo que funciona como adjeti-
fim de semana – fins de semana;
vo for originalmente um substantivo fica invariável.
pé de moleque – pés de moleque.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Flexão Apenas do Segundo Elemento
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular)
� Nos substantivos compostos formados por tema
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
Adjetivos
adjetivo:
bate-papo – bate-papos;
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
mo elemento concordará com o substantivo referente. arranha-céu – arranha-céus;
Os demais ficarão na forma masculina singular. ex-namorado – ex-namorados;
Se um dos elementos for originalmente um subs- vice-presidente – vice-presidentes;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. ção do primeiro elemento:
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o zum-zum – zum-zuns;
plural, pois ambos são adjetivos. tico-tico – tico-ticos;
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no lufa-lufa – lufa-lufas;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. reco-reco – reco-recos;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o � Nos substantivos compostos grafados ligada-
plural do substantivo referente, “folhas”. mente, sem hífen:
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. girassol – girassóis;
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- pontapé – pontapés;
bém pode ser um substantivo. mandachuva – mandachuvas;
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma fidalgo – fidalgos;
lógica de “musgo” do exemplo anterior. � Nos substantivos compostos formados com
grão, grã e bel:
Dica grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos;
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- bel-prazer – bel-prazeres.
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” Não flexão dos elementos;
são sempre invariáveis. � Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
202 elementos flexionados no plural (peles-vermelhas). re em frases substantivadas e em substantivos
compostos por um tema verbal e uma palavra � Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”,
invariável ou outro tema verbal oposto: “quanta”) ligado ao substantivo
o disse me disse – os disse me disse; Ex.: Que alegria!
o leva e traz – os leva e traz; � Pronome interrogativo (no final de frase é
o cola-tudo – os cola-tudo. acentuado)
Ex.: Por que não vai conosco?
FUNÇÕES DO SE Não vai conosco por quê?
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é
Embora já tenhamos abordado esse tema anterior- acentuado)
mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade;
cobradas desse vocábulo. � Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
Funções Morfológicas Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer-
tas coisas;
z Pronome; � Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
z Conjunção. adjetivo)
Ex.: Que bela tarde!
Funções Sintáticas � Interjeição (sempre acentuado)
Ex.: Quê! Você tem coragem?
� Pronome reflexivo com a função sintática de obje- � Partícula expletiva
to direto Ex.: Que experto que é teu irmão!
Ex.: Elas não se encontram na redação; � Faz parte da locução expletiva
� Pronome reflexivo com a função sintática do obje- Ex.: Ele é que sabe das coisas!
to indireto � Conjunção causal (igual a “porque”)
Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar; Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- adequadas;
ca do objeto direto � Conjunção integrante
Ex.: Admiravam-se de longe; Ex.: Suponhamos que elas viessem;
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- � Conjunção comparativa
ca do objeto indireto Ex.: Uma era mais esperta que a outra;
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas; � Conjunção concessiva (igual a “embora”)
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele;
infinitivo � Conjunção condicional (igual a “se”)
Ex.: Ela deixou-se ir; Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
� Pronome apassivador gar a mercadoria;
Ex.: Compram-se jornais; � Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
� Pronome de realce Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos;
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução; � Conjunção temporal
� Índice de indeterminação do sujeito Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram
Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo; tudo;
� Parte integrante dos verbos essencialmente � Conjunção final
pronominais Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse;
Ex.: Queixou-se muito da vida; � Conjunção consecutiva
� Conjunção subordinativa integrante Ex.: Falou tanto que ficou rouco;
Ex.: Ela queria ver se conseguiria; � Conjunção aditiva
� Conjunção subordinativa condicional Ex.: Anda que anda e nada encontra;
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos. � Conjunção explicativa
Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.
FUNÇÕES DO QUE
FUNÇÕES DO SEM QUE
Funções Morfológicas
Locução conjuntiva com valor de condição, conces-
z Pronome; são, consequência, negação de consequência, negação
z Substantivo; de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para
z Preposição; formar orações subordinadas reduzidas de infinitivo.
z Advérbio; Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
z Interjeição; atrás.”
z Conjunção. Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
PORTUGUÊS
6 Sextilha
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos
que atraem o pronome para ênclise: 7 Sétima
ABAB Cruzada
Verso é cada linha de um texto poético, que,
geralmente, organiza-se em estrofes ritmadas, basea- Interpolada ou
ABBA ou ABCA
das na sonoridade, contendo figuras de linguagem e intercalada
buscando criar um efeito de sentido conhecido como
rima. ABCD Versos soltos ou brancos
204
As rimas podem ser: z Soneto: composto por 14 versos, sendo duas estro-
fes quartetos, ou conjuntos de quatro versos e outras
z Rima pobre: entre palavras da mesma classe gra- duas, tercetos, ou seja, conjuntos de três versos:
matical. Exemplo: “Já vi sua fotografia, tenho sau-
dade noite e dia”; Soneto da Separação
z Rima rica: entre palavras de classes gramaticais (Vinícius de Moraes)
diferentes. Exemplo: “Onde estiver, vai me ouvir
dizer: não vivo sem você”. De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como bruma
Tipos de Rimas E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
A norma padrão diz respeito às regras organizadas A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a padrões sociais; embora saibamos que a influência de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica sintática.
busca formalizar em regras e padrões as suas normas
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre VARIAÇÃO DIAFÁSICA
a linguagem.
Mudança no som, como
PADRÃO INFORMAL veio (pronúncia com E aber-
Diafásica fonética to) e more (pronúncia com
E fechado, assemelhando-
Coloquialismo
-se quase a pronúncia de i)
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné- Ocorre em contextos de
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que informalidade, em que há
apresenta formas informais no falar e/ou escrever. Diafásica lexical mais liberdade para usar
gírias e expressões lexicais
Oralidade diferentes
Ocorre com a alteração
A oralidade marca as maneiras informais de se Diafásica sintática dos elementos sintáticos,
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela ocasionando erros
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
PORTUGUÊS
Assíndeto
Importante!
Observe que, quando se trata de identificar uma É a figura que consiste na omissão reiterada de
determinada função em um texto, dizemos que conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
ela predomina naquele texto (ou em grande parte denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre clara e dinâmica.
isoladamente: o mais comum é que em um texto Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
se combinem duas ou mais funções de linguagem. esqueça.” (Pitty)
208 “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Anáfora oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
de silepse:
Consiste na repetição de palavra ou expressões no
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum z Silepse de Gênero: Há uma discordância entre
em textos estruturados em versos consecutivos (poe- os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a adjetivos. Notamos na oração a presença do con-
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido. traste entre os gêneros masculino e feminino.
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de trata-
É um resto de toco, é um pouco sozinho mento certamente se refere a alguma autoridade do
É um caco de vidro, é a vida, é o sol sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom z Silepse de Número: Há uma discordância entre o
Jobim) verbo e o sujeito da oração quando ele expressa
“Quando não tinha nada eu quis uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo con-
Quando tudo era ausência, esperei corda com a ideia que nele está contida.
Quando tive frio, tremi Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury) vam” concorda com “alunos”)
z Silepse de Pessoa: Há uma discordância entre o
Aliteração verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujei-
Recurso sonoro que consiste na repetição de sons to expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
consonantais para intensificar a rima e o ritmo. flexão verbal na primeira pessoa.
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade) Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
“Se desmorono ou se edifico, futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p.
se permaneço ou me desfaço, plural)
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.” (Cecília Meireles) Anacoluto
“Sabes também quanto é passageira essa desavença prego da palavra fora do seu sentido normal.
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim) Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes (Carlos Drummond de Andrade)
também quanto essa desavença é passageira”. Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan-
do Pessoa)
Silepse Observe:
Sinédoque
Antonomásia ou Perífrase
Eufemismo Importante!
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão
sões de um idioma.
que serve para amenizar/ suavizar uma informação
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para
que cada falante seleciona do léxico para se
validar a polidez nas relações sociais.
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de bele- comunicar.
za.” (feia)
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus”
Sinonímia
(morreu)
São palavras ou expressões que, empregadas em
Hipérbole
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos
Uso de expressões intencionalmente exageradas
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
para dar maior ênfase à mensagem expressa pelo
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
emissor.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade o que pode não acontecer em outras situações. O
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
(Cazuza) exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”. lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
(Pollo) de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
Ironia so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga- capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá- do texto.
PORTUGUÊS
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.
Parônimos
z Absorver/absolver
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
Tentaremos absorver toda esta água com
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
esponjas. (sorver)
se contexto.
Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados (inocentar).
Homonímia
z Poema
Mais profícuo do que tentar definir a Literatura é Antes de mais nada, é necessário entender que
encontrar um caminho para decidir o que torna um existem as linguagens literária e a não literária, que
texto, em sentido lato, literário. A literatura está geral- são bem diferentes entre si. Seguindo o conceito, a
mente associada à ideia de estética, ou melhor, à ideia linguagem literária é emotiva, sentimental e abarca
de ocorrência de algum procedimento que seja estéti- as figuras de linguagem e o sentido conotativo das
co. Segundo Aristóteles, um texto é literário, portanto, palavras. Ou seja, apresenta o fantástico que precisa
quando consegue produzir um efeito estético no leitor ser descoberto através de uma leitura atenta. Já a lin-
e quando provoca catarse no receptor. guagem não literária se refere à transmissão de sabe-
res e da informação no âmbito das necessidades da 213
comunicação social. Você pode encontrá-la na ciência, Pintando mil segredos delicados,
na técnica, no jornalismo e na conversação entre os Brandas iras, suspiros magoados,
falantes. Temerosa ousadia e pena ausente.
Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
duas formas: Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
LINGUAGEM LINGUAGEM NÃO
LITERÁRIA LITERÁRIA Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Intralinguística Extralinguística Aqui falta saber, engenho e arte.
Luís de Camões
Ambígua Clara/exata
Conotação Denotação
Importante!
Sugestão Precisão
Para a compreensão dos gêneros literários, pre-
Transfiguração da cisamos saber que o lirismo e a subjetividade
Realidade
realidade não são exclusivos do gênero lírico. Também é
preciso separar a participação do “eu-lírico”, ou
Subjetiva Objetiva
seja, a voz que fala no poema da voz do artista
Ordem inversa Ordem direta (o poeta).
Além do mais, é importante salientar que os tex-
GÊNEROS LITERÁRIOS tos líricos são marcados pelo uso da primeira
pessoa, a linguagem conotativa das palavras,
Na teoria literária, o estudo dos gêneros literá- assim como por figuras de linguagem.
rios se ocupa em agrupar as diversas modalidades de
expressão literária pelas suas características de forma
e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti- Gênero Dramático
lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre
os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a Do grego, a palavra “drama” significa “ação”. Tra-
mistura entre eles. Para classificar uma obra, então, é ta-se de um modo específico de textos baseado na per-
necessário verificar a predominância de um gênero. A formance. Sendo assim, o gênero dramático abrange os
classificação básica dos gêneros compreende: o lírico, textos em forma de diálogos destinados à encenação.
o épico e o dramático. No gênero dramático, não há uma narração de
fatos, como existe no romance, tendo em vista que
Gênero Lírico os personagens assumem seus papéis diante de um
público envolvido com os acontecimentos.
Vale destacar que uma peça é uma obra literária,
A poesia lírica surgiu na Grécia Antiga, sendo ori-
enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado,
ginalmente declamada ao som da lira, daí a origem da
como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos
palavra “lírico”. A lira, pela tradição literária, passou
empregados na apresentação, como: maquiagem, ilu-
a simbolizar a poesia.
minação, imposição de voz, cenário e figurino.
No gênero lírico, predomina o sentimento, a emo-
ção, a subjetividade e a expressão do “eu”. Trata-se da
manifestação do mundo interior através de uma visão z Exemplos de textos dramáticos:
pessoal do mundo.
Quanto à temática, a lírica expressa os sentimen- Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri-
tos internalizados por um indivíduo (sujeito lírico, vados das paixões humanas do qual fazem parte
narrador), sejam eles positivos ou negativos, emoções personagens nobres e heroicas, sejam deuses
de amor, raiva, angústia, solidão, saudade, tristeza, ou semideuses. Os finais são sempre nefastos.
dentre outras. Dessa forma, o gênero lírico se volta Como exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de
para a subjetividade da voz poética. Sófocles, e “Romeu e Julieta”, de Shakespeare;
A linguagem lírica se mostra densamente meta- Comédia: textos humorísticos de caráter crí-
fórica, sendo predominante a exploração da sonori- tico, irônico, jocoso e satírico, podendo ser
dade e o arranjo das palavras. Aqui, estamos falando até mesmo obscenos, cuja temática são ações
especificamente do lirismo na Literatura, que pode se cotidianas das quais fazem parte persona-
identificar com outras formas de arte, sendo encon- gens humanos e estereotipados, geralmente
trado na própria poesia, em romances, em filmes ou o povo e a nobreza. O objetivo era o de fazer
quadros, além de outras formas de arte. sátiras políticas, críticas sociais e paródias, com
Observe neste poema as características do gêne- o intuito de causar o riso;
ro lírico e a subjetividade que aparece embalada por Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele-
emoções e sentimentos: mentos trágicos e cômicos na representação teatral;
Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa se
Eu cantarei de amor tão docemente, caracteriza pela crítica social. É um texto curto,
Por uns termos em si tão concertados, formado por diálogos simples, que são repre-
Que dois mil acidentes namorados sentados por personagens caricaturais em ações
Faça sentir ao peito que não sente. corriqueiras, cômicas, burlescas. Como exemplo
famoso na língua portuguesa, pode-se citar “A
214 Farei que amor a todos avivente, farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente;
Auto: surgido na Idade Média, os autos são textos curtos, de linguagem simples, com elementos cômicos e
intenção moralizadora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pecados, ou representam anjos, demô-
nios e santos. Um dos autos mais famosos na língua portuguesa é o “Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visi-
tação”, de Gil Vicente. Modernamente, podem ser encontrados textos notáveis que revelam certa influência
medieval, como é o caso do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
O gênero narrativo se estrutura pela narração, sendo característica a narração das ações das personagens em
determinado tempo e espaço.
A forma narrativa consagrada na antiguidade era a épica, em que se faziam relatos de versos sobre as origens
das nacionalidades e os acontecimentos históricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis das epopeias
eram personagens históricos ou semideuses, isto é, pessoas que se destacaram por excepcionais façanhas. Cum-
pre ressaltar as mais célebres epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Eneida”, de Virgílio; e “Os Lusía-
das”, de Camões.
Modernamente, as formas narrativas resultam da evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza a
pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira em torno de um único conflito e, em consequência, decorre
a unidade de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas dos jornais, explora fatos da atualidade e do
cotidiano.
Inicialmente, torna-se importante salientar que toda a produção literária no Ocidente foi dividida didatica-
mente em “Eras ou Épocas”, as quais poderão ser melhor compreendidas adiante.
A Literatura Portuguesa foi a primeira e maior influência da Literatura Brasileira. Considerando que a maioria
dos movimentos literários surgiram na Europa, sobretudo, na França, a Literatura Portuguesa se alimentou de
fontes, principalmente, francesas e inglesas, o que, de certa forma, também caracteriza a Literatura Brasileira, em
especial, até o Realismo. Afinal, a maioria dos escritores renomados da literatura brasileira nasceram, cresceram
ou estudaram na Europa neste período.
Na Literatura de Portugal, as Eras são classificadas em: Medieval, Clássica e Moderna, sendo que dentro de
cada uma há um conjunto de movimentos literários. Dessa forma, os movimentos literários do Trovadorismo
(1189) e do Humanismo (1418) estão agrupados na Era Medieval. Na Era Clássica, deparamos com o Classicismo
(1527), o Barroco (1580) e o Arcadismo (1756). Por fim, na Era Moderna, também denominada Era Romântica,
estão os movimentos: Romantismo (1825), Realismo-Naturalismo (1865), Simbolismo (1890) e Modernismo (1915).
No entanto, de forma geral, os movimentos literários no Brasil sempre afloraram com uma ou duas décadas de
defasagem em relação a Portugal, como pode ser observado na linha do tempo disposta abaixo:
Humanismo 1418-1527 *
Note que na Era Medieval não há datas relativas aos movimentos literários no Brasil, isso porque o Brasil ain-
da não possuía uma produção literária respectiva aos estilos desta era.
Classicismo 1527-1580 *
Literatura de Informação
ERA CLÁSSICA sobre o Brasil e Literatura * 1500-1601
dos Jesuítas
O primeiro movimento no qual o Brasil participa é o da Literatura de Informação e Literatura dos Jesuítas,
com início em 1500.
215
CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E
Movimentos OBRAS DO QUINHENTISMO
Portugal Brasil
Literários
z Pero Vaz de Caminha (1450 — 1500) O Barroco surgiu pelas oposições e pelos conflitos
religiosos. Esse contexto histórico acabou influen-
Conhecido como autor da famosa “Carta de Pero ciando na produção artística, gerando o fenômeno do
Vaz de Caminha”, ao rei D. Manuel I, que é conside- Barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela
rada o primeiro documento escrito sobre o Brasil oposição entre o mundo material e o espiritual.
e relata o descobrimento das terras do país. Ficou Quanto às características do estilo, podemos
conhecida como sendo o marco inicial da literatura de encontrar metáforas, antíteses e hipérboles.
informação do Brasil. Outros acontecimentos históricos importantes des-
te período foram:
z Padre José de Anchieta (1534 — 1597)
z 1630 a 1654: as invasões holandesas no Brasil;
Um dos primeiros autores da literatura brasileira, z Os bandeirantes: indivíduos que iam aos sertões
escreveu “Na festa de São Lourenço” (1583) e “Arte de Gra- coloniais com a intenção de capturar indígenas
mática da Língua mais usada na Costa do Brasil” (1595). para uso como mão de obra escrava.
É também conhecido como o Apóstolo do Brasil,
embora seja espanhol, por ter sido um dos responsá- Características na Arte
veis por trazer o Cristianismo para o país, sendo
também um dos fundadores da cidade de São Paulo. z Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/humano;
z Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e
z Padre Manuel de Nóbrega (1517 — 1570) contornos e ausência de simetrias;
z Temas religiosos;
Suas obras são consideradas documentos históricos z Personagens retratadas com expressões dramáti-
sobre a colônia e a ação jesuítica no Brasil do século XVI. cas, cenas conflituosas;
Entre elas, podemos destacar “Cartas do Brasil” (1886) e z Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa
um “Diálogo sobre a Conversão dos Gentios” (1557). e essência íntima;
z Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade
BARROCO do tempo e incerteza da vida.
O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi- z Tomás Antônio Gonzaga (1744 — 1810)
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da
Costa, em 1768, e, também, a partir da fundação da Um dos grandes poetas árcades, de pseudônimo
“Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica. Vale lembrar que Dirceu. Sua obra que merece destaque é Marília de
o nome dessa escola literária provém das Arcádias, ou Dirceu (1792), que é carregada de lirismo e baseada
seja, das sociedades literárias da época. no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joa-
quina de Seixas.
Contexto Histórico
ROMANTISMO
z 1780: Inconfidência Mineira;
z 1835: Revolução Farroupilha — uma das revoltas O Romantismo corresponde ao período aproxi-
provinciais que aconteceram no território brasilei- mado entre 1774 e 1849, embora influencie a arte até
ro durante o Período Regencial. Ganha notorieda- hoje. Marcou a Era das Revoluções, quando diversas
de por sua duração de dez anos; transformações políticas, sociais e econômicas ocor-
z 1808: a vinda da Família Real para o Brasil. reram no Ocidente, como a Revolução Industrial e
a Revolução Francesa. Os artistas românticos, movi-
Características na Arte e na Literatura dos por esse ideal de mudanças, começaram a mudar
a teoria e a prática de suas artes. Além do campo artís-
z Rompimento com a estética barroca, opondo-se tico, observamos uma visão transformadora também
aos exageros e rebuscamentos; na filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou
z Influência do movimento iluminista; a aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli-
z Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa de da de experimentar a vida.
resgatar as tradições clássicas, a estética greco-ro- O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e ao
mana e as figuras mitológicas; subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas
z Preferência por sonetos; no período. Na Europa, obras com temáticas medie-
z Racionalismo: a razão era constantemente valorizada; vais eram bastante comuns, já que esse era o passado
z Bucolismo e pastoralismo: retratam uma natureza histórico europeu.
tranquila e serena, um refúgio calmo do campo, os No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835
costumes rurais, que se contrastavam com os cen- e 1880, período da consolidação da independência.
tros urbanos monárquicos; Seu marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros
z Idealização da mulher amada, assim como a valo- poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
218 rização da pureza e ingenuidade humana; em 1836. Porém, o Romantismo brasileiro buscava
resgatar os nossos ancestrais que já viviam aqui: Autores e Obras
os índios. A literatura desse período também retra-
tava as lutas políticas e sociais existentes em nosso z Primeira Geração
país, como o movimento abolicionista. Também não
podemos nos esquecer que, devido à época, começa- Poesia:
vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela-
ção delicada entre indústrias e operários, assim como Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” (1848), “Últi-
a corrupção e o materialismo. mos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857), “Cantos”
(1857);
Contexto Histórico Casimiro de Abreu: “As Primaveras” (1859).
de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex,
parecem inchar ou deformar; produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
z Oposição de estruturas idênticas que interagem inspiradas na indústria e nos objetos de consumo;
umas com as outras, produzindo o efeito ótico; z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho
z Observador participante; maior, transformando o real em hiper-real.
z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração;
z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
ao observador.
223
Terceira Fase do Modernismo (1945 — 1980):
“Pós-Modernista”
Os artistas buscam a renovação estética inspira- Trata-se de um dos conceitos mais discutidos nas
da nas vanguardas europeias (Cubismo, Futurismo, questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social,
Surrealismo). mas a noção de pós-modernidade reúne uma série de
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre os
Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e quais: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929). -fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierár-
quico, pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano,
Segunda Fase do Modernismo (1930 — 1945): “Fase pós-capitalismo. A pós-modernidade se coloca também
de Consolidação” em relação com o feminismo, a ecologia, o ambiente, a
religião, a planificação, o espaço, o marketing, a adminis-
As temáticas nacionalistas e regionalistas com pre- tração. O geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é
domínio da prosa de ficção caracterizam esse momen- incontornável, o fim do século XX se conjuga em “pós”.
to de amadurecimento. Na década de 30, a poesia Resumiremos algumas das características da
brasileira se consolida, o que significa o maior êxito pós-modernidade:
224 para os modernistas.
z propensão a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas;
z colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e social);
z celebração do consumo como expressão pessoal;
z pluralidade cultural;
z polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos;
z falências das metanarrativas emancipadoras como aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade,
igualdade e fraternidade.
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, de modo que conduz em um único e mesmo movimento, a
uma lógica cultural que valoriza o relativismo e a (in)diferença, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e
indeterminados, a uma configuração de traços sociais que significaria a erupção de um movimento de descontinui-
dade da condição moderna: mudanças dos sistemas produtivos e crise do trabalho, eclipse da historicidade, crise do
individualismo e onipresença da cultura narcisista de massa. A pós-modernidade tem predomínio do instantâneo,
da perda de fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada vez menor através do avanço da tecnologia.
No campo urbano, a cidade está em pedaços, porque nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes graus de comple-
xidade: o efêmero, o fragmentário, o descontínuo, o caótico predomina. Mudam-se valores: é o novo, o fugidio, o efêmero, o
fugaz e o individualismo que valem. A aceleração transforma o consumo numa rapidez nunca vivenciada: tudo é descartá-
vel (desde copos a maridos/ou esposas). A publicidade manipula desejos, promove a sedução, cria imagens e signos, eventos
como espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao transitório da vida. As telecomunicações possibilitam imagens vistas em
todas as partes do planeta, facilitando a mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o computador, o caixa 24 horas
e a telemática são compulsivamente disseminados. As lutas mudam: agora não é contra o patrão, mas contra a falta deles.
Os pobres só se dizem presentes nos acontecimentos de massa, lugares de deslocamento das energias de revolta.
Nesse sentido, o pós-modernismo invade o cotidiano com a tecnologia eletrônica em massa e individual, em que a
saturação de informações, diversões e serviços, causam um “rebu” pós-moderno, com a tecnologia programando cada
vez mais o dia a dia dos indivíduos.
O pós-modernismo também teve uma expressividade na economia. Seu papel foi mostrar aos indivíduos a capa-
cidade de consumo, a adotarem estilos de vida e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e serviços e se
entregarem ao presente e ao prazer.
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele não nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua maneira,
hiper-realiza o mundo, transformando-o em um espetáculo. Os pós-modernistas querem rir levianamente de
tudo, encaram uma ideia de ausência de valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida.
No pós-modernismo, o homem vive imerso em um rio de testes permanentes, em que a informação e a comunicação
transportam a impulsividade para o consumo.
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em 1945. Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e descobertas tecno-
lógicas, sociais, artísticas, científicas e arquitetônicas.
Completando o cenário moderno às metrópoles industriais, as classes médias consumidoras de moda e de
lazer, surgiram as famílias nucleares — pessoas isoladas em apartamentos — e a cultura de massa (revistas, fil-
mes, novelas). Dessa forma, dando vitória à razão técnico-científica, inspirada no Iluminismo, a máquina fez a
humanidade recuar seus hábitos religiosos, morais e foi ditando novos valores, mais livres, urbanos, mas sempre
atrelados no progresso social.
As multinacionais trouxeram os serviços de tecnologia em geral, como informações e comunicações em tempo real, o
que garante uma economia pela informação.
Nas chamadas sociedades programadas, codificar e manipular o conhecimento e a informação é vital, onde a
programação da produção do consumo e da vida social significa projetar o comportamento.
O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética, a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicológicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
Em resumo, o pós-modernismo pode ser caracterizado como as definições de natureza sociocultural e estética
que marcam o capitalismo da era contemporânea. Este movimento, que também pode ser chamado de pós-indus-
trial ou financeiro, predomina mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é caracterizado pela avalanche
recente de inovações tecnológicas, pela subversão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente
influência do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno.
Nada mais é realmente concreto na era atual, tudo é fluído na pós-modernidade. Dessa afirmação, podemos
retirar o termo proferido pelo polonês Zygmunt Bauman “modernidade líquida”, que se tornou popular. Tempo
e espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado pela
ética do prazer imediato como objetivo prioritário, denominado hedonismo.
A humanidade é induzida a levar sua liberdade ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de proba-
bilidades, desde que sua escolha recaia sempre no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetividade também
ser incessantemente fracionada.
PORTUGUÊS
Épocas Literárias
A literatura, assim como as outras artes, é o produto do trabalho de um artista que vive as consequências da
história. Desse modo, a criação literária está diretamente relacionada ao momento histórico no qual se insere.
As idades literárias recebem denominações variadas: escolas literárias, períodos, estilos e movimentos.
Os estilos de época do Ocidente, desde a Idade Média, podem ser classificados da seguinte forma:
225
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
Irregularidade, rebusca-
Séculos XVI e XVII, na Eu- Volta ao conservadorismo
mento formal, o homem
ropa de Estados absolutis- da Igreja, forte presença
dividido entre o céu e a
Barroco tas. Século XVII e meados da Companhia de Jesus
terra, dualismos, predomi-
do séc. XVIII na América na União Ibérica (domínio
nância da poesia lírica e da
luso-espanhola espanhol)
oratória sacra
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
Ênfase na sensibilidade,
Transição para o século
utilização da força sonora
Simbolismo Século XIX (última década) XX, tendências decadentis-
da palavra, predominância
tas em geral, Belle époque
da poesia lírica
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
226
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA
Convivência de muitas
Pós-guerra, Guerra Fria,
tendências discrepan-
mundo dividido em blocos
tes, maior aceitação de
de direita e de esquerda,
todas as vanguardas,
Século XX (anos 50: acentuação das diferenças
Pós-modernismo movimentos de rupturas
contemporaneidade) entre mundo desenvolvido
e retomadas, arte feita
e subdesenvolvido, muitos
de bricolagens (apro-
movimentos jovens de
veitamento de restos),
rebelião
incertezas
REDAÇÃO
GÊNERO TEXTUAL
Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros autores que buscaram
definir e classificar esses elementos, e, inicialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêneros literários que
estudamos na escola. Podemos nos remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, referentes aos clássicos da lite-
ratura grega. Afinal, quem nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que
esses textos têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pensar que nada, além do fato de terem sido
escritos pelo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias respeita um padrão textual estabelecido e reconhe-
cido na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os elementos que caracte-
rizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas de Ilíada e
Odisseia, é preciso buscar as semelhanças entre uma notícia e um artigo de opinião, por exemplo, e também é
fundamental identificar as razões que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes.
Importante!
Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de classificação de um
gênero textual.
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual gêne-
ro estamos tratando é indicado por “rotinas de comportamentos estereotipados e anônimos que se estabilizaram
pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro elemento que precisamos
identificar para classificar um gênero é o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas
típicas de quem vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor diferencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos textuais
não têm apelo ao ambiente social e são muito mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O fator social dos
gêneros textuais também irá direcionar outros aspectos importantes na classificação desses elementos, justamen-
te devido à dinâmica social em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente modificado, como se
deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam a uma
finalidade específica e momentânea, como aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
PORTUGUÊS
PROPAGANDAS e os contos de fadas – parte 3. Encantamentos Literários, 2009. Disponível em: http://encantamentosdaliteratura.blogspot.
com/2010/08/propagandas-e-os-contos-de-fadas-parte_16.html. Acesso em: 10 fev. 2023.
227
O gênero anúncio apresenta uma clara referên- GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi Não podem sofrer altera-
modificada para que o propósito do anúncio fosse Podem ser alterados ção, sob pena de serem
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui- reclassificados
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún- Estabelecem uma função Organizam os gêneros
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua social textuais
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
fim de que a principal função do anúncio se cumpra,
Apesar de não existir um número quantificável de
qual seja: vender um produto.
gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêne-
A partir desses exemplos, já podemos enumerar
ros mais comuns nas provas de concursos, com o fito de
mais algumas características comuns a todos os tipos
nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolu-
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
ção de questões que envolvam esse assunto. Por isso, a
propósito de um gênero, para alguns autores, como
seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
abordados em importantes bancas de concursos no país.
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
Posteriormente, trazemos questões de provas de con-
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a cursos anteriores que irão nos auxiliar a praticar esse
posição de que o propósito comunicativo é o critério conteúdo.
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
é vinculado ao poder do autor.
NOTÍCIA
Além disso, um gênero textual, para ser identifi-
cado como tal, é amparado por um protótipo textual,
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e,
o qual também pode ser reconhecido como estereó-
como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira
tipo textual, que resguarda características básicas
objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequên-
do gênero. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio
cias textuais narrativas e descritivas na sua composição
mencionado acima, identificamos traços do gênero
linguística, por isso, é fundamental sempre termos em
contos de fada tanto na porção textual do anúncio que
mente as características basilares de todos os principais
menciona “varinha de condão” quanto pelas imagens tipos textuais, os quais tratamos anteriormente.
que remetem ao conto da “Cinderela”. Como aprendemos no início deste capítulo, os gêne-
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os ros textuais possuem características que os distinguem
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a
também a escrever esse gênero quando necessitam. questões sociais, um propósito comunicativo e apresen-
Isso é o que torna a característica da prototipicidade tar uma configuração mais ou menos padrão que varia
tão importante no reconhecimento e na classificação em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas
um gênero devem ser reconhecidos por uma comu- características. Seu propósito comunicativo é informar
nidade, reafirmando o teor social desses elementos e uma comunidade sobre assuntos de interesse comum,
estabelecendo a importância de um indivíduo adqui- por isso, a notícia deve ser comunicada com imparciali-
rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais dade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente
gêneros se é exposto. sua opinião sobre os fatos; outra importante característi-
Portanto, a partir de todas essas informações sobre ca da notícia é a sua configuração prototípica, seu padrão
os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
resumida, os gêneros textuais são ações linguísti- Essa configuração própria da notícia é reconhecida
cas situadas socialmente que servem a propósitos pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. Veja-
específicos e são reconhecidos pelos seus traços mos na prática como reconhecer o esquema prototípico
em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com desse gênero:
as características básicas para a correta identificação
dos gêneros textuais:
Casal suspeito de assaltos é preso após
colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: da polícia, em Fortaleza
z Ações sociais Foram apreendidos três aparelhos celu-
z Ações com configuração prototípica lares roubados e uma arma de fogo com Lead
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade seis munições.
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes Um casal suspeito de realizar assaltos foi
preso após capotar um carro ao dirigir na
contramão enquanto fugia da polícia na
Outra importante característica que devemos refor-
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
que Jorge, em Fortaleza.
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia
há um número exato de gêneros textuais que possamos
em alta velocidade pelas ruas após abor-
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
dar de forma fria os pertences. “A mulher
estava conduzindo o carro e o comparsa
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS dela abordava as pessoas colocando a
Relação com aspectos Associação a aspectos arma na cabeça”, afirmou.
228 sociais linguísticos Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
seu propósito de informar, é fundamental que o autor que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- trua sua própria opinião sobre o tema.
nar seu texto imparcial e objetivo: A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
O quê? dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
Onde? MANCHETE perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
Quando? primeira por seu caráter essencialmente informativo.
z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
texto é concluído.
No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
EDITORIAL
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão
O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.
230
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS
Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresen-
Parágrafo 1
tar o assunto ao leitor
Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos
Parágrafo 2
do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir
A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
critério, o próximo gênero estudado é a crônica.
CRÔNICA
O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
PORTUGUÊS
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
231
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- cipais formas de marcação, em um texto, de processos
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em
cas que os processos envolvendo a coerência.
algumas metodologias (e também em alguns editais de Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. características da coerência em um texto e como esse
processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
Dica mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
Gêneros do discurso marcam o processo de inte- coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
ração verbal; como todo discurso materializa-se estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex- chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”.
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
variantes vocabulares de acordo com as deman- passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
das sociais e culturais de estudo dos gêneros. são. A autora afirma que a coerência:
TEXTUALIDADE E ESTILO (COESÃO E [...] Não está no texto em si; não nos é possível apon-
tá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói [...]
COERÊNCIA TEXTUAL; TIPOS DE DISCURSO;
numa dada situação comunicativa, na qual o leitor,
INTERTEXTUALIDADE; DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; com base em seus conhecimentos sociocognitivos e
MECANISMOS DE COESÃO; A AMBIGUIDADE; A interacionais e na materialidade linguística, confe-
NÃO CONTRADIÇÃO; PARALELISMOS SINTÁTICOS re sentido ao que lê (CAVALCANTE, 2013, p. 31).
E SEMÂNTICOS; CONTINUIDADE E PROGRESSÃO
TEXTUAL) A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
importantes para uma boa compreensão e elaboração
textual. É importante destacar que esses processos
COERÊNCIA E COESÃO
de coesão não podem ser dissociados da construção
de sentidos implícita no processo de organização da
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- com fins estritamente didáticos.
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência COESÃO REFERENCIAL
e por que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de pala- A coesão é marcada por processos referenciais
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula- relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
das e organizadas harmoniosamente de maneira que inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela- cessos marcados pela referenciação caracterizam-se
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se pela construção de referentes em um texto, os quais
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
vras, das quais falaremos a seguir.
articulados de forma que garanta uma relação lógica
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli- sos referenciais que envolvem o uso de expressões
gível e faça sentido em determinado contexto. A res- anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada “as expressões que retomam referentes já apresentados
diretamente à significação do texto, aos sentidos que no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
ele produz para o leitor. ras”. Vejamos o exemplo a seguir:
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal As expressões que retomam ideias e nomes, já
destacado no texto refere-se ao termo “democratas”, apresentados no texto, mediante outras formas de
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que expressão, podem ser analisadas como processos
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex- outras classes nominais.
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Essas expressões recuperam informações median-
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
maior, fazendo referência ao momento de pandemia uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
pelo qual o mundo passa. Vejamos um exemplo: 233
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti- culo XXI. O país proporcionou a inclusão social
Sem
co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado de muitas pessoas. A nação obteve notorie-
Elipse
Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e dade internacional por causa disso. A pátria,
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor- porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
da década de 1970. culo XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em: muitas pessoas, por causa disso obteve notorie-
Elipse
30/09/2020. Adaptado. dade internacional, porém ainda enfrenta certas
adversidades...”
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se COESÃO SEQUENCIAL
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
doras que servem para ligar ideias e construir o texto. A coesão sequencial é responsável por organizar a
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
Uso de Adjetivos tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
mover a evolução do debate assumido pelo autor.
Os adjetivos também são considerados expressões Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a
nominalizadoras que fazem referência a uma porção partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo desinências e modos verbais. Neste material, iremos
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
músico, produtor, artista plástico e professor” apre- são utilizadas para garantir a progressão textual.
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações Conjunções Coordenativas
sobre essa personalidade, referida anteriormente.
É importante recordar que não podemos identifi- As conjunções coordenativas são aquelas que
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
semântico independente. Na construção textual, elas
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
ta, professor são substantivos que funcionam como
informações relevantes ao texto.
adjetivos e colaboram na construção textual.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
na coesão:
Uso de Verbos Vicários
É a reprodução exata ou literal da fala das perso- z Mudança das pessoas do discurso
nagens, sem participação do narrador. Ele é bastante
comum em muitos textos exatamente por transcrever
literalmente as palavras do outro, além disso, aproxi- DISCURSO DISCURSO
MUDANÇA
ma o leitor da história. DIRETO INDIRETO
Características: 1ª pessoa passa para 3ª pessoa
pronomes (eu, pronomes (ele,
z Introduzido por um verbo de elocução; passam para
nós) ela, eles, elas)
z Usa dois-pontos;
z Há mudança de linha para um novo parágrafo; pronomes (ele,
z É iniciado por um travessão, que indica a mudança pronomes (me, ela, eles, elas,
da voz do narrador para a voz da personagem; mim, comigo, nos, passam para lhe, lhes, se, si,
z O discurso em si está na primeira pessoa do discur- conosco) consigo, o, os, a,
so (eu/nós). as)
pronomes (meu,
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os verbos meus, minha,
pronomes (seu,
de elocução. minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
Os verbos de elocução são aqueles que introduzem nossos, nossa,
as falas dos personagens. nossas)
Os principais são:
7 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso
236 em: 28 mar. 2022.
z Mudança nos tempos verbais Exemplo de Discurso Indireto Livre
DISCURSO DISCURSO
MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
ontem passa para no dia anterior
hoje passa para naquele dia
agora passa para naquele momento
amanhã passa para no dia seguinte Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.
sempre há o uso dos verbos de elocução. stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor
Esse tipo de discurso não apresenta uma estrutura intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
fixa, mas também não há indício da introdução das sensu. Desenvolvemos o quadro abaixo para tornar
falas das personagens no texto. essa divisão mais didática:
Não é muito indicado porque as duas vozes são
confundidas dentro da narração, já que ele funciona
como se o narrador assumisse o papel do personagem,
mostrando o seu ponto de vista.
237
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
INTERTEXTUALIDADE
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen- Diante desse complexo léxico, como traduzir
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas expressões que até para um brasileiro podem ser
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto
calor amoroso que saía delas, como um corpo res-
intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra-
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan-
que entrava enfim uma existência superiormente çada por falantes nativos.
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma Pastiche
se cobria de um luxo radioso de sensações.”
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
PORTUGUÊS
A NÃO CONTRADIÇÃO
ção desenvolvida. Para manter o paralelismo, deve- z O coronel da polícia militar fez duas operações: a
mos manter um único tipo de oração: “Leio para me primeira no Morro do sacramento, a segunda no
informar e para me tornar mais inteligente”. pulmão. (errado)
Motivo: As ideias não mantêm relação de coorde-
Paralelismo Sintático nação. O correto seria relacionar dois locais ou
dois órgãos.
O paralelismo sintático observa as relações entre os O coronel da polícia militar fez uma operação no
constituintes das orações, que devem manter uma estru- Morro do sacramento, posteriormente, passou por
tura semelhante, como vimos nos exemplos anteriores. uma cirurgia no pulmão. (correto); 241
z Afonso tem um carro a diesel e outro importado. coordenativa aditiva “e” seria uma das formas de ideias
(errado) para se obter a coesão e progressão textual.
Motivo: Não podemos relacionar a origem do car- Para ficar mais claro, observe o exemplo abaixo
ro e o tipo de combustível. e, especialmente, os termos em destaque. Note como,
Afonso tem um carro movido a diesel, ele possui desta forma, as informações são bem articuladas e
um outro carro, importado. (correto) conectadas no texto.
Ex.: Assim que chegou em casa, Rodrigo cumpri-
CONTINUIDADE E PROGRESSÃO TEXTUAL mentou sua mãe e sua irmã. Ele estava muito cansado
porque havia trabalhado muito, por isso foi dormir.
A palavra progressão nos remete a ideia de pro- Tanto sua mãe quanto sua irmã entenderam seu can-
gresso, de algo que tende a continuar a acontecer, a saço e deixaram o menino descansar.
progredir. Um texto bem construído funciona da mes-
TEXTO E CONTEXTO
ma forma, é preciso estruturá-lo a partir de “fases”, ou
seja, obedecer a sua estrutura.
De uma maneira geral, os textos são divididos em Um fator essencial para estudar os fundamentos da
parágrafos e esses parágrafos, para serem organizados, Língua Portuguesa é entender a construção da comuni-
precisam estar conectados de uma maneira coesa. À cação e a maneira como ela se manifesta em sociedade.
organização textual por meio de conectivos de coesão A relação entre locutor (autor) e interlocutor
e continuidade damos o nome de progressão textual. (leitor) em cada mensagem é o objeto principal de
Para alcançar a progressão textual, é preciso saber estudo da comunicação, seja ela verbal ou não verbal,
que a progressão textual obedece ao gênero textual e seja ela escrita, oral ou gestual.
organiza o texto por meio da coesão. É ela que “costura” os A comunicação escrita, por sua vez, é a forma docu-
parágrafos intercalando ideias. Por estes motivos é preci- mental da comunicação verbal. Dentro dela, algumas
so dominar o gênero e o tipo textual que será produzido. terminologias devem ser bem definidas para o estudo
Pensemos no exemplo de um artigo de opinião, da língua, bem como os conceitos de texto e contexto.
que basicamente cumpre três passos (1) introdução,
(2) desenvolvimento e (3) conclusão: O que é o Texto
z Introdução: Espaço para apresentar aos leitores a Texto pode ser designado como uma manifestação
temática que será abordada no artigo e que será linguística de sentido, elaborado a partir de um conjun-
defendida (ou não) por quem escreve; to de signos linguísticos de um determinado idioma que,
z Desenvolvimento: Utilizando-se de quantos pará- quando combinados, expressam ideias e argumentos do
grafos achar necessário, é o momento de argumen- autor. Ou seja, uma junção de palavras que dão sentido
tar e defender um ponto de vista. Essa precisa ser à mensagem que o locutor pretende passar.
a parte mais longa do texto porque é nela que as É a partir da decodificação dos signos presentes
justificativas e a tese serão desenvolvidas; no texto que o leitor consegue interpretar qualquer
z Conclusão: Neste momento, o autor retoma suas informação lá presente. Observe o esquema a seguir
principais ideias e conclui seu raciocínio. Em sobre como funciona o fluxo da comunicação:
alguns casos, pode-se propor uma solução para um
problema apresentado.
Ao observar a estrutura acima, percebemos que Sinais Gestos Sons Palavra Escrita
para escrever um artigo de opinião é necessário res-
peitar sua estrutura, como uma ordem lógica. A pro-
gressão textual, nesse caso, ocorre com a continuidade Cores Desenhos Palavra Falada
das ideias para se chegar a algum lugar. Caso a ordem
fosse invertida, não seria o mesmo gênero textual,
pois ele só existe nos moldes preestabelecidos.
Agora, em se tratando da coesão, como dito ante-
riormente, a progressão textual dá-se no uso dos conec-
tivos que ligam períodos e parágrafos de um texto. É
Receptor
necessário que o autor tenha um conhecimento satisfa- Emissor Canal
(interlocutor,
tório dos diferentes tipos e classificação dos conectivos. (locutor, escritor, Código
leitor, ouvinte,
Afinal, cada tipo de conjunção estabelece uma relação falante, etc.). Mensagem
etc.).
de sentido entre informações. Dentre os diferentes
tipos de conectivos, podemos citar os de adição, opo-
sição, comparação, hipótese, dúvida e diversos outros. Para entender melhor a relação da comunicação
Utilizar o conectivo correto entre períodos e pará- com os signos linguísticos, pense nisso da seguinte
grafos garante um bom entendimento do texto e sua forma: alguém que não está familiarizado com o man-
progressão textual. Vejamos abaixo um exemplo de darim provavelmente não conseguiria ler um texto
um conectivo sendo usado de forma incorreta e como
escrito neste idioma, mas a partir do momento que o
compromete o entendimento do texto.
leitor é capaz de reconhecer as letras deste alfabeto
Ex.: Ana amava sua mãe, mas gostava muito de
e formar palavras, combinando cada um dos signos,
estar com ela todos os dias.
Neste caso, a conjunção coordenativa adversativa de modo a dar sentido à mensagem escrita, só então a
“mas” traz a ideia de oposição, o que não faz sentido e comunicação é efetiva. O propósito de todo e qualquer
quebra a progressão textual. Veja a forma correta: “Ana texto é expressar, por meio de símbolos linguísticos,
amava sua mãe e gostava de estar com ela todos os dias.” uma mensagem que será interpretada pelo leitor.
Estar com a mãe todos os dias é uma informação adi-
242 cional ao fato de Ana amá-la. Neste caso, a conjunção
A Importância do Contexto dedicarão durante meses torcendo por um desenlace
que favoreça os mocinhos da narrativa.
A decodificação dos símbolos e signos, no entan- A respeito dos tipos de narrativa no enredo, vere-
to, não é o único fator responsável pela compreensão mos agora um exemplo de narrativa linear. Lembre-se
do texto. Além do fator linguístico, é necessário que o que essa narrativa obedece a uma ordem cronológica
interlocutor utilize seus conhecimentos históricos, cul- dos fatos, seguindo basicamente 4 passos:
turais e sociais no momento da leitura. Estes fatores
também se aplicam para a produção textual. Chama- z A apresentação das personagens, do espaço, do
mos isso de contexto: o ambiente físico ou situacional tempo;
que envolve a mensagem e torna o texto um objeto de z O conflito entre as personagens principais que
recorte da realidade de quem escreve para quem lê. será o responsável pelo desenrolar da história;
Para exemplificar a ideia do contexto como fator z O clímax, momento no qual o principal conflito é
chave para a interpretação textual, pode-se pensar solucionado;
numa anedota, uma piada escrita. Mesmo que a pia- z Por último, o desfecho, quando todos os conflitos
da em questão seja escrita no seu idioma nativo, se são solucionados.
o contexto envolve humor sobre algo regional do sul
de Minas ou do interior do Ceará, é provável que um Tais elementos podem ser percebidos na lenda da
leitor que mora Rio de Janeiro ou em São Paulo não “Vitória Régia” reproduzida abaixo:
compreenda a informação ali posta. Sendo assim, o Diz a lenda que a Lua era um deus que namorava as
contexto é uma das ferramentas mais importantes mais lindas jovens índias e sempre que se escondia,
para a totalidade da compreensão de um texto. escolhia e levava algumas moças consigo. Em uma
aldeia indígena, havia uma linda jovem, a guerreira
Dica Naiá, que sonhava com a Lua e mal podia esperar o
dia em que o deus iria chamá-la.
Questões que envolvem reflexões sobre texto e Os índios mais experientes alertavam Naiá dizen-
contexto costumam estar “escondidas” em sim- do que quando a Lua levava uma moça, essa jovem
ples questões de interpretação de texto. deixava a forma humana e virava uma estrela no
céu. No entanto, a jovem não se importava, já que
era apaixonada pela Lua. Essa paixão virou obses-
O TEXTO NARRATIVO: O ENREDO, O TEMPO E O
são no momento em que Naiá não queria mais
ESPAÇO
comer nem beber nada, só admirar a Lua.
Numa noite em que o luar estava muito bonito, a
O tipo textual narrativo está ligado à narração e moça chegou à beira de um lago, viu a lua refletida
a contação de histórias. Em momentos diferentes do no meio das águas e acreditou que o deus havia des-
passado, a narração era reproduzida pela oralidade. cido do céu para se banhar ali. Assim, a moça se ati-
Lendas, “causos”, fábulas e outros gêneros eram passa- rou no lago em direção à imagem da Lua. Quando
dos de geração em geração, cada qual com seu objetivo percebeu que aquilo fora uma ilusão, tentou voltar,
específico, que poderia ser uma lição de moral ou até porém não conseguiu e morreu afogada.
mesmo uma explicação sobre fenômenos da natureza. Comovido pela situação, o deus Lua resolveu trans-
Dentro do tipo textual narrativo, há muitos gêneros formar a jovem em uma estrela diferente de todas
as outras: uma estrela das águas – Vitória-régia.
textuais. Esses gêneros diferem entre si pelo desenvol-
Por esse motivo, as flores perfumadas e brancas
vimento dos elementos estruturais da narrativa, como
dessa planta só abrem no período da noite.”
o enredo, o espaço, o tempo, o número de persona-
gens etc. O romance, a fábula, o conto, a lenda, o conto
Na lenda da “Vitória Régia”, a construção lógica e
maravilhoso, piada, contos de fadas, entre outros. O
linear é bastante perceptível, visto que os 4 elementos
que todos eles têm em comum é a organização da nar-
do enredo são desenvolvidos. Além disso, o enredo é
rativa por meio de núcleos dramáticos (personagens)
construído em parágrafos que também são divididos
e os elementos estruturais que serão analisados de
de forma estratégica, a fim de organizar as informa-
maneira minuciosa nos próximos parágrafos.
ções e auxiliar a compreensão do leitor.
O Enredo Mas, como dito, há também enredos que não são
lineares. Veremos um exemplo não linear a seguir:
O primeiro elemento a ser analisado é o enredo.
Tal elemento é, basicamente, o planejamento do tex- Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro
to narrativo a ser escrito, é por meio dele que a trama
lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto
será organizada. Quando pensamos em uma contação
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas con-
de história, é natural esperarmos que o enredo seja siderações me levaram a adotar diferente método: a
construído de uma maneira linear, afinal, compreen- primeira é que eu não sou propriamente um autor
der e construir uma história é muito mais fluido desta defunto, mas um defunto autor, para quem a cam-
maneira. Porém, nem sempre o enredo cumpre essa pa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria
PORTUGUÊS
expectativa. Na verdade, há muitos autores que optam assim mais galante e mais novo. Moisés, que também
pela narrativa não linear, desafiando o leitor a estabe- contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no
lecer parâmetros diferenciados na construção de sua cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
interpretação dos fatos. É comum que nos textos nar-
rativos haja, no enredo, um problema central que gere O trecho acima é um clássico exemplo de narrati-
conflito entre as personagens principais e que esse con- va não linear. No livro “Memórias Póstumas de Brás
flito seja um mote para o desenrolar da narrativa até Cubas”, Machado de Assis constrói sua personagem
seu desfecho. Vale lembrar que as telenovelas se apro- protagonista, Brás Cubas, que escolhe narrar sua vida
veitam muito disto para fisgar os espectadores que se a partir de seu fim, ou seja, de sua morte. 243
O Tempo era considerado inteligente, tinha ao mesmo tempo a
inquieta sensação de inconsciência: alguma coisa lhe
Na narrativa, o tempo pode ser definido de for- havia escapado. A chave de sua inteligência também
ma cronológica ou psicológica. O tempo cronológico lhe escapava. Pois às vezes, procurando imitar a si
define-se pela ordem dos acontecimentos e pela cro- mesmo, dizia coisas que iriam certamente provocar
de novo o rápido movimento no tabuleiro de damas,
nologia, é o tempo real. Nele, temos a noção de que a
pois era esta a impressão de mecanismo automá-
história se passa em anos, horas, dias ou até mesmo,
tico que ele tinha dos membros de sua família: ao
como é o caso das fábulas, em um tempo indefinido,
dizer alguma coisa inteligente, cada adulto olharia
apenas sabemos que se trata do passado. O tempo cro- rapidamente o outro, com um sorriso claramente
nológico pode ser marcado também por advérbios ou suprimido dos lábios, um sorriso apenas indicado
locuções adverbiais de tempo que não denotam datas com os olhos, “como nós sorriríamos agora, se não
específicas, mas momentos do dia (dia, tarde, noite fôssemos bons educadores” - e, como numa quadri-
etc.). Ademais, a escolha desse tipo de tempo exige lha de dança de filme de faroeste, cada um teria de
do escritor adequação da linguagem à época escolhi- algum modo trocado de par e lugar. Em suma, eles se
da, não por acaso o tempo cronológico também pode entendiam, os membros de sua família; e entendiam-
ser chamado de tempo histórico. Veja como o escritor -se à sua custa. Fora de se entenderem à sua custa,
Aluísio de Azevedo constrói o tempo cronológico no desentendiam-se permanentemente, mas como nova
trecho a seguir do seu romance “O Cortiço”: forma de dançar uma quadrilha: mesmo quando se
desentendiam, sentia que eles estavam submissos às
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, regras de um jogo, como se tivessem concordado em
abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de por- se desentenderem.
tas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto
de quem dormiu de uma assentada sete horas de É possível perceber que a percepção da persona-
chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência gem frente aos acontecimentos e seus sentimentos
de neblina as derradeiras notas da última guitarra leva o leitor a entrar junto dela em reflexões que não
da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e estão em um tempo real e cronológico, mas sim em
tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade um tempo psicológico. Nele, o tempo pode passar de
perdido em terra alheia. A roupa lavada, que ficara
maneira distinta, mais devagar e mais depressa, a
de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-
depender de cada pessoa.
-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras
do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e
O Espaço
em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam
uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações
de espumas secas. Entretanto, das portas surgiam O espaço na narrativa é definido pelo local onde
cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos a história se desenvolve. Esse espaço pode ser físi-
bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigar- co, social e até psicológico. No caso do espaço físi-
reava-se grosso por toda a parte; começavam as co, podemos pensar em exemplos de histórias que
xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, ambientalizam o espaço e já o deixam claro ao leitor
suplantando todos os outros; trocavam-se de jane- de que local se trata. É o que acontece no roman-
la para janela as primeiras palavras, os bons-dias; ce regionalista “O Quinze”, de Rachel de Queiroz no
reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequeno trecho abaixo:
pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das
casas vinham choros abafados de crianças que ain- A velha casa de taipa negrejava ao sol o telhado de
da não andam. jirau. Na latada, coberta de folhas secas, o cachor-
ro cochilava ao calor do mormaço. Chico Bento
Pode-se perceber que o autor narra a manhã entrou, no mesmo passo lento, a modo que curvado
daquele local específico, e em um recorte histórico sob a cruz de remendos que ressaltava vivamente,
específico, de maneira linear e cronológica. Fica mui- como um agouro, nas costas desbotadas da velha
to claro para o leitor o tempo em que tudo acontece. blusa de mescla.
Já no tempo psicológico, a compreensão é mais
complexa, pois a contagem do tempo é vista sob o ponto No exemplo acima temos a exatidão do espaço em
de vista da personagem e não obedece a acontecimen- que se passa a narrativa e como ele é. O leitor con-
tos lineares e cronológicos, sendo mais intimista e par- segue visualizar esse local mentalmente apenas pela
ticular. Ele é chamado por alguns críticos de fluxo de descrição feita.
consciência, já que podemos viajar junto com a perso- Já o espaço social é o local coletivo em que as per-
nagem em seu pensamento, sentimento etc. O recurso sonagens circulam. Ele possui uma significação no
do flashback também é bastante utilizado nesse tempo, recorte regional onde está. Um bom exemplo para isso
já que permite voltar ao passado e trazer elementos sig- é o espaço já citado no trecho do livro “O Cortiço”. Este
nificativos para desenvolver a narrativa. Uma escritora livro possui uma ambientalização bastante específica
brasileira muito conhecida por escrever em tempo psi- e é necessário que haja conhecimentos prévios para
cológico é Clarice Lispector. A autora possui diversos se entender bem do que se trata, neste caso, os corti-
contos nos quais o fluxo de consciência está presente. ços (habitações improvisadas e pouco salubres) do Rio
Assim acontece no conto “Miopia Progressiva”: de Janeiro no século XIX. Este é o espaço social no qual
as personagens estão inseridas.
Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligen-
Por fim, o espaço psicológico é aquele onde os
te dependia da instabilidade dos outros. Às vezes o
que ele dizia despertava de repente nos adultos um acontecimentos estão nos pensamentos das persona-
olhar satisfeito e astuto. Satisfeito, por guardarem gens, não há um lugar físico. Clarice Lispector, mais
em segredo o fato de acharem-no inteligente e não o uma vez utilizada aqui como exemplo, desenvolveu
mimarem; astuto, por participarem mais do que ele o espaço psicológico em seu famoso romance “A Hora
244 próprio daquilo que ele dissera. Assim, pois, quando da Estrela”, veja:
Não, menti, agora vi tudo: ele não era inocente me encantava. Sabia cantar bonito, ninguém mais
coisa alguma, apesar de ser uma vítima geral do naquele lugarejo cantava como ela.
mundo. Tinha, descobri agora, dentro de si a dura Veja que o autor descreve a mulher sob seu ponto
semente do mal, gostava de se vingar, este era o seu de vista e de como as características da moça o marca-
grande prazer e o que lhe dava força de vida. Mais va de maneira específica. Possivelmente, nem todas as
do que ela que não tinha anjo da guarda.
pessoas do lugarejo a viam da mesma forma.
Em suma, a técnica da descrição necessita de uma
Neste caso, somos levados pelo fluxo de consciên- enumeração de características, de modo que elas con-
cia de quem narra e adentramos a um espaço que não
sigam construir sentidos para o leitor. Além disso, a
existe de maneira concreta, pois trata-se das ideias da
escolha dos adjetivos e locuções adjetivas corretas
personagem que ocorrem sem seu pensamento.
para cada situação é indispensável.
A TÉCNICA DA DESCRIÇÃO Vale lembrar que os verbos no tempo passado são
os mais utilizados para o tipo textual descritivo. Alguns
O tipo textual descritivo é o texto que valoriza gêneros textuais descritivos, além dos já citados, são: diá-
a descrição dos detalhes de alguma situação, lugar, rios, cardápios, anúncio de classificados (como vendas
objeto e até mesmo pessoas. Esse tipo textual pode, de móveis ou vagas de empregos), entre outros. Observe
por vezes, estar inserido em textos narrativos, como que cada um dos gêneros citados neste tópico exigem
a descrição física e psicológica de alguma personagem uma forma distinta de se descrever, ou seja, o conheci-
de romance, por exemplo. Porém, fora do campo fic- mento a respeito do gênero a ser escrito é fundamental.
cional, o texto descritivo também pode estar presente
em textos científicos, já que neles também pode haver O NARRADOR
descrições de métodos e resultados.
Do ponto de vista linguístico, a técnica da descri- O narrador de um texto é o responsável por escre-
ção possui elementos fundamentais. Por se tratar de vê-lo sob sua perspectiva. As diferenças entre os tipos
um tipo textual que envolve a exposição de caracterís- de narradores variam a partir do gênero textual em
ticas, o uso dos adjetivos e locuções adjetivas é muito questão e a intenção da construção de quem narra. Os
comum. Além disso, a enumeração dos elementos que narradores podem ou não fazer parte das histórias,
serão analisados também é uma característica da des- podem ser protagonistas, podem observar e narrar
crição. Dito isso, é importante recordar: a descrição acontecimentos vendo-os “de fora”, sabendo tudo que
sempre se adapta ao gênero textual ao qual ela está se passa, mas sem ter sua identidade revelada. Portan-
inserida, podendo mudar em diferentes contextos. to, são diversas as maneiras de se construir um narra-
A descrição pode ser dividida em dois tipos prin- dor em textos de diferentes tipos.
cipais: a objetiva e a subjetiva. Veremos cada uma Escolher o narrador que será utilizado em seu tex-
delas nos parágrafos seguintes. to é indispensável para a construção do foco narrati-
A descrição objetiva trata de descrever as situações, vo. Para isso, é necessário definir alguns pontos, como
pessoas, lugares etc., exatamente como eles são. É uma por exemplo:
descrição concreta e denotativa, ou seja, não há figu-
ras de linguagem, nem rodeios e tampouco opiniões de z De que ponto de vista o seu narrador fala;
quem descreve. Tudo é descrito em sua literalidade. Em z É um narrador que dialoga com o leitor ou não;
textos jornalísticos, por exemplo, é ideal que a descrição z Quem é a pessoa que narra e sua importância na
seja objetiva, pois os leitores precisam de informações narrativa;
precisas e reais dos fatos. Assim também ocorre com z Como o narrador receberá as informações para
textos jurídicos, não é possível que neles haja descrições construir seus argumentos e defesas.
que possuam ambiguidade, por isso as descrições neces-
sariamente devem ser objetivas. Veja os exemplos:
Decidido o foco narrativo, entenda que o narrador
Ex.: O suspeito tinha estatura média, vestia calça
será o porta voz do seu texto, ou seja, dar a atenção neces-
jeans, moletom azul e tênis roxo. Invadiu o banco às
sária para desenvolvê-lo bem é de extrema importância.
14h15, quando não havia ninguém olhando. Conse-
Imagine a relevância, por exemplo, que um narrador
guiu fugir em um Opala Azul e foi visto pela última
tem em uma narrativa de romance policial. A depender
vez na Avenida Belo Horizonte às 18h do mesmo dia.
Ex.: Os dois filhos de Isabel são muito diferentes. da maneira como ele passa as informações para os lei-
Arthur é alto, mede 1,80, tem olhos azuis e grandes. tores, as pistas para desvendar a trama mudam, assim
Já Sabrina tem os olhos puxados e castanhos do pai, como a construção da interpretação do desfecho final.
além de ser baixa e medir 1,60. Os narradores podem ser divididos, de maneira
Note que as informações acima descrevem fatos geral, em dois: os de primeira pessoa e os de terceira
reais sem levar em conta opiniões pessoais e subje- pessoa. Vamos conhecer detalhadamente cada um deles.
tivas de quem escreve. Um bom escritor descritivo é
também um bom observador, já que percebe os deta- Narrador de Primeira Pessoa (ou Narrador
lhes muitas vezes imperceptíveis a outros olhos. Personagem)
PORTUGUÊS
O trecho acima é a parte final de Dom Casmurro, na A argumentação é um dos principais recursos lin-
qual o narrador faz reflexões sobre o possível adultério guísticos quando o objetivo é convencer alguém de
da esposa e a deslealdade do amigo. Note que não há um ponto de vista, de um posicionamento ideológico
uma certeza de os fatos serem reais ou fantasiosos. Ao ou até mesmo para se convencer a assistir a um filme
leitor, basta escolher acreditar, ou não, na narrativa. que está em cartaz nos cinemas. Também, na redação
do Enem, exige-se que o autor argumente e se posicio-
Narrador de Terceira Pessoa (ou Narrador ne a respeito de algum fato social.
Observador/Onisciente) Porém, argumentar não se baseia em achismos, pelo
contrário, argumentos genéricos empobrecem o texto e
O narrador de terceira pessoa, ou narrador obser- diminuem a chance de convencimento por parte do autor.
vador, é aquele que narra os fatos e sabe de tudo que Portanto, qual é a forma certa de argumentar em um
texto? Primeiramente, é preciso que o autor esteja bem
se passa na trama. Ele também é o responsável por
informado a respeito do assunto, pois é um pré-requisi-
mostrar as emoções e sentimentos dos personagens,
to para a boa argumentação. Depois, basta seguir alguns
mas não o faz sob seu ponto de vista, faz porque é
passos estruturais e redigir seu texto argumentativo.
onisciente e tudo sabe sobre a história. O ensaio, a carta ao leitor, o artigo de opinião, o
Por ser onisciente, o narrador de terceira pessoa debate, o manifesto, entre outros, são alguns dos gêne-
pode, eventualmente, trazer informações do passado da ros textuais nos quais se exige uma argumentação
personagem, explicando traumas e emoções. Além dis- efetiva. Além disso, acrescenta-se o próprio gênero
so, a depender da narrativa, informações sobre o futuro dissertativo-argumentativo exigido no Enem.
da personagem também podem ser levantadas por ele. A linguagem utilizada nos textos argumentativos
No caso da narração em terceira pessoa, a narração é é, preferencialmente, formal e os temas podem ser
neutra, sendo assim, não toma partido nos conflitos. diversos, pois o que importa é convencer alguém sob
Alguns estudiosos costumam separar o narrador um ponto de vista, independentemente do tema, des-
observador do narrador onisciente. Para eles, a dife- de o mais simples ao mais complexo.
rença entre os dois dá-se na intimidade e conheci- Suponhamos que a proposta de um texto argu-
mento profundo que o narrador onisciente tem das mentativo seja debater o uso de agrotóxicos no Brasil,
personagens. Dessa forma, o narrador onisciente é preciso que algumas questões estejam preestabeleci-
acaba se aprofundando mais nas emoções das per- das, como um projeto de texto, vejamos:
sonagens, por conhecê-las de perto. Enquanto isso, o
narrador observador as retrataria de maneira mais z Qual quantidade de agrotóxicos que nós brasilei-
superficial e pouco aprofundada. ros consumimos?
8 ASSIS, M. de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDo-
wnload.do?select_action&co_obra=16931&co_midia=2. Acesso em: 14 mar. 2022.
246 9 DOSTOIÉVSKI, F. Crime e Castigo. São Paulo: Editora 34, 2001.
z Por que é legalizado o uso desses agrotóxicos no O tema de uma proposta textual é importantíssimo.
Brasil? Ele é o fator inicial para a desenvoltura de um texto.
z Por que eles são nocivos à saúde? Mas, antes de tudo, é necessário que se entenda, a prio-
z Como o agronegócio contribui com isso? ri, dois tópicos. O primeiro diz respeito à diferenciação
entre tema e título. Algumas pessoas costumam confun-
Essas são apenas algumas propostas de reflexão que di-los, mas são itens bem diferentes.
precisam ser consideradas antes de iniciar o texto, já O tema é o assunto a ser desenvolvido, pode ser
que o estudo para a boa argumentação é indispensável. um tema de artigo de opinião, de redação do Enem ou
A estrutura do texto argumentativo tem os três até mesmo de resenha. Já o título pode ser algo obri-
passos tradicionais de um texto: introdução, desenvol- gatório em alguns gêneros textuais e dispensável em
vimento e conclusão. Cada uma dessa partes tem um outros. Na redação do Enem, por exemplo, sabemos
objetivo específico, vejamos a seguir: que o título não é obrigatório, já em um artigo de opi-
nião, o próprio título, se bem articulado, já pode ser
z Introdução: Nela, o autor expõe o tema que será uma técnica de persuasão.
argumentado, introduzindo também sua posição O segundo tópico a ser analisado é em relação à
sobre o assunto. Feita uma boa introdução, é possí- análise do tema. Entendê-lo é primordial, por isso
vel prender a atenção do leitor, que se interessará façamos uma análise esmiuçada do seguinte tema: “Os
em ler todo o restante da argumentação do autor.
desafios para a eficiente manutenção e administração
Usar argumentos fortes na introdução é uma dica
da saúde pública como garantia de direito constitucio-
de ouro para atrair a atenção de quem lê seu texto;
nal e humano no Brasil”. Veja que esse tema possui
z Desenvolvimento: Este é o momento em que você
organizará o seu texto e seus argumentos. Tome muitos detalhes e minúcias. Vejamos:
muito cuidado com essa organização, pois uma
argumentação mal colocada e mal construída pode z Podemos perceber que o foco central do tema é
ter resultado reverso e causar descredibilidade ao debater a saúde pública no Brasil e sua manuten-
seu texto. Além disso, saiba que fontes confiáveis ção e administração;
também são de suma importância, então tenha z Porém, essa análise deve ter também o foco de ana-
cuidado com as fontes que usará. Os argumentos lisar o direito à saúde como algo constitucional;
devem ser divididos em parágrafos para que as z Não obstante, o tema também propõe que a saú-
ideias sejam bem divididas e estruturadas; de seja analisada sob o ponto de vista dos direitos
z Conclusão: Toda a tese defendida pelo autor terá humanos.
aqui seu desfecho, portanto, é importante guardar
a criatividade para uma proposta de solução para o Trata-se, portanto, de um tema complexo que exi-
problema, essa proposta deve ser eficiente e dentro ge análises prévias antes de o texto começar a ser pro-
de uma lógica possível de ser alcançada. No caso do duzido. Em algumas bancas de concurso e também no
exemplo do uso de agrotóxicos, seriam bem-vindas Enem, a não compreensão do tema leva ao seu tangen-
aqui ideias que possam minimizar o uso de agro- ciamento, fazendo com que o candidato perca pontos na
tóxicos nas plantações de alimentos no Brasil. Note correção. O tangenciamento do tema é um problema
que usei o termo minimizar e não acabar com os corriqueiro que pode ser evitado por meio da interpre-
agrotóxicos, pois isso seria impossível e utópico. tação e de uma análise detalhista como fizemos acima.
Suponhamos que um artigo de opinião tenha o
Lembre-se que o uso dos conectivos certos torna o seguinte tema: “O aumento do armamento da popu-
texto mais compreensível e o enriquece, deixando-o mais lação brasileira”. Agora imagine que, ao escrever o
convincente. Seguir a estrutura correta, utilizar bons
texto, sejam abordados pelo autor apenas os preços
argumentos e recursos linguísticos, tudo isso atrelado a
das armas de fogo no Brasil. Isso seria uma fuga ao
uma prática diária de leitura e boa informação resulta
tema, já que tudo que há por detrás deste problema
em um texto argumentativo satisfatório e irrefutável.
não foi analisado, como a falta de segurança pública,
Para finalizar, observe o parágrafo de introdu-
ção de uma redação nota 1.000 da edição de 2020 do o risco que as crianças têm em casa com essas armas,
Enem. Note como a candidata traz argumentos fortes, entre outras coisas. Portanto, compreender um tema
como a citação de um filósofo, fazendo com que seu é entendê-lo e analisá-lo por completo.
texto seja categórico no que se propõe: Outro erro comum ao se interpretar um tema é con-
fundi-lo com assunto. Imagine que o assunto em questão
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre seja “trabalho”. Ora, dentro deste assunto pode-se haver
saúde física e mental seria imprescindível para a dezenas de temas, neste caso, direitos trabalhistas, tra-
manutenção da integridade humana. Nesse contex- balho escravo contemporâneo, direitos das mulheres no
to, elucida-se a necessidade de maior atenção ao trabalho, trabalho infantil, entre muitos outros.
aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetí- Então, tome cuidado! Se o tema proposto for “Tra-
vel a doenças, também é alvo de estigmatização na balho escravo contemporâneo”, será mesmo que cabe-
sociedade brasileira. Tal discriminação é configura- ria falar do trabalho remoto durante a pandemia, por
da a partir da carência informacional concatenada exemplo? Nesta situação, haveria grandes chances de
à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a fuga e tangenciamento do tema.
PORTUGUÊS
O TEMA
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos trans-
portes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação
do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os
interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma,
se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a
aspectos educacionais e econômicos. [...]11
Note que mesmo não havendo verbos na primeira pessoa, é fato que o autor do texto reconhece que a tecnolo-
gia e a internet trouxeram muitos benefícios à vida contemporânea, mas deixa claro que as informações compar-
tilhadas na rede podem prejudicar os envolvidos. O fato de abordar tais aspectos em seu texto já demonstra, por
parte do autor, certos posicionamentos.
A impessoalidade, portanto, não quer dizer não se posicionar, mas não o fazer de maneira tendenciosa nem
com emoções exacerbadas explícitas no texto. Ocultar certos termos pode auxiliar no alcance da impessoalidade,
por exemplo:
Ex.: Em minha opinião os agentes de saúde são muito importantes durante a pandemia. / Pode-se observar que
os agentes de saúde foram peças fundamentais no sistema de saúde durante a pandemia.
De maneira geral, as duas afirmações dizem a mesma coisa, a diferença é que a última é mais formal e impes-
soal. Outros recursos linguísticos que podem ser utilizados para construir um texto impessoal são:
Dica
Não se esqueça: os textos dissertativos-argumentativos, as resenhas e outros, exigem posicionamento,
mas de maneira impessoal, portanto, não se esqueça de construir boas argumentações. Ser impessoal não
significa ser superficial.
As cartas argumentativas são textos que pretendem advogar pelo ponto de vista de quem escreve e convencer
quem está lendo. São formadas pelas seguintes partes: data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura.
O corpo do texto possui três elementos: a ideia principal do escritor, o desenvolvimento dos argumentos e a
conclusão da ideia.
A linguagem utilizada deve ser objetiva, com clareza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no presen-
te do indicativo (as vezes, no imperativo), predominantemente na 1ª ou 3ª pessoa.
Confira o modelo a seguir:
Com as minhas considerações, venho tratar de um assunto bastante recorrente na mídia nos últimos meses, o
qual envolve diretamente V. Exa., como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho o maior respeito. Trata-se
de denúncias de favorecimento a vários senadores, por via de Atos Secretos, inclusive o Senhor, fato que envergonha
a todos nós, brasileiros.
Sem querer fazer um julgamento precipitado, mesmo porque todos são inocentes até que se prove o contrário,
o fato é que as denúncias existem e não são simples. São muitos os indícios de beneficiamento ilícito, como casos de
nepotismo e aumento de verba indenizatória, sem publicação nos devidos órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelên-
cia aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que sair, pelo menos temporariamente, seria uma prova de
que pretende colaborar com as investigações.
Tais investigações constituem um elemento decisivo para a transparência pública, uma vez que a sociedade
precisa ter conhecimento de como o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo aplicados. Num país em que
a educação e saúde, só para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de mal a pior, é inadmissível aceitarmos que
ocorrências dessa natureza sejam consideradas normais. Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Senador
deve pedir licença, visando sempre ao interesse público.
Como cidadão brasileiro, consciente de minhas obrigações e direitos, é este o meu posicionamento. Se quem
não deve não teme, dê-se a chance de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denúncias infundadas, e isso só
pode ser feito a partir do momento em que não mais ocupar a Presidência dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem
estará desvinculada de toda e qualquer “manobra” que porventura exista para não prolongar o caso.
Povo Consciente.
A partir da observação dos fatos do dia a dia, o escritor formula o texto que, geralmente, é curto, crítico e/ou
bem-humorado. Os canais de comunicação utilizam-na em abundância, em especial, revistas e jornais.
Juntando-se aspectos dos textos argumentativos e das crônicas, tem-se a crônica argumentativa, que pode ser
narrativa, dissertativa ou descritiva.
Observe, a seguir, alguns pontos principais sobre essa categoria de texto:
z Pressupõe um título;
z Traz temas do dia a dia, escritos em primeira pessoa, com criatividade e subjetividade;
z A linguagem é dinâmica e concisa, por isso, os textos tendem a serem curtos e coloquiais, com tom contemporâneo;
z Como une o jornalismo à literatura, possui argumentação e convencimento e também narração;
z O espaço e o tempo são limitados, assim como o número de personagens.
A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO
A argumentação é um recurso importantíssimo em diversos gêneros textuais. É importante que antes de se conhe-
cer os diferentes tipos de argumentos, entendamos a diferença de argumentação e persuasão.
A argumentação pretende convencer os leitores por meio de argumentos concretos sem recorrer para o lado
emocional, ao passo que, a persuasão tem como característica principal a linguagem apelativa.
É muito comum que encontremos textos persuasivos em anúncios publicitários, como no exemplo abaixo:
PORTUGUÊS
A linguagem do anúncio publicitário acima é persuasiva porque não argumenta os motivos pelos quais as
crianças precisam se vacinar, apenas persuade/convence os pais a levarem seus filhos a se vacinar caso estejam
inseridos naquela faixa etária. 249
O texto persuasivo também pode estar presente no O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO;
nosso dia a dia, como por exemplo nas relações fami- A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMENTOS; A
liares. Para convencer um filho de arrumar o quarto, CONTRA-ARGUMENTAÇÃO; O PARÁGRAFO; A
muitos pais usam a persuasão dizendo que caso não INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM; FORMAS
faça o que pediram, não terá sobremesa, ou que os DE DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO-
magoarão etc. ARGUMENTATIVO; A INTRODUÇÃO; E A
A persuasão, resumidamente, está ligada à sedu- CONCLUSÃO
ção, por isso, para persuadir alguém por diferentes
motivos, é necessário abrir mão da racionalidade e Neste material, vamos trabalhar a redação discur-
recorrer à emoção. siva. Você estudará algumas características inovado-
Agora que já entendemos a diferença de argu- ras no conceito de produção de textos para quem quer
mentação e persuasão, veremos que os argumentos atingir um melhor resultado em provas que exijam do
são diversos e dividem-se basicamente em 4 tipos, os candidato a habilidade de produzir um texto.
quais veremos a seguir. Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da redação
discursiva em sua estrutura textual, bem como todos os
z Argumento de autoridade: nesse tipo de argumen- passos para a sua produção com eficiência. Porém, antes
to, o autor faz uso de opiniões de estudiosos da de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas que
área a ser argumentada. Se, por exemplo, o tex- geralmente são apresentadas pelos alunos para que se pos-
to argumentativo tiver como tema qual máscara sa dar solução aos principais problemas que eles relatam.
de proteção da Covid 19 é mais eficaz, certamen-
te deve-se levar em consideração argumentos de DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
infectologistas, médicos e outros profissionais da CONCURSOS PÚBLICOS
área da saúde. O argumento de autoridade, como
o nome sugere, transmite segurança e poder de Por que é tão difícil produzir um texto eficiente?
convencimento, já que se espera que argumentos
científicos de estudiosos tenham embasamento Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às pro-
suficiente para convencer os leitores; vas que cobram dos candidatos habilidades na produção
z Argumento de consenso: no argumento de consen- de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão
so, o autor recorre a informações de senso comum despreparados que terminam por desistir dos concursos
e consentimento geral para convencer o leitor. que trazem a redação como critério de classificação.
Por exemplo: “O Brasil carece de investimento Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não
nos esportes para incentivar os jovens”, essa é está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e
uma informação que, certamente, grande parte que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exer-
da população está de acordo, por isso não será citam essa habilidade normalmente em ambientes
difícil que a maioria dos leitores concorde com virtuais, como sites de comunicação e elaboração de
quem escreve. Note que nesse tipo de argumento e-mails. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de
o conhecimento científico, estatísticas e dados em “pacto da mediocridade” (sem intenção ofensiva), que
geral não são levados em conta, mas sim os conhe- caracteriza a postura displicente de como se escreve e
cimentos gerais; a aceitação mútua de erros e desvios da norma culta
z Argumento de exemplificação/histórico: esses escrita: “ele escreve errado, mas eu aceito para não
argumentos se utilizam de fatos históricos para ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”.
comprovar um fato específico. Imagine que para Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que
retomar ideias de industrialização e condições de mais se assemelham a códigos criptografados do que
trabalho, o autor busque argumentos históricos da à própria língua portuguesa.
Revolução Industrial, por exemplo. O argumento O maior problema é que isso gera um reforço nega-
de exemplificação é próximo disso, mas ao contrá- tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática
rio de comprovar teorias por meio de fatos históri- ideal da comunicação verbal normatizada. O resul-
cos, as comprovações acontecem a partir de fatos tado é que, quando ocorre a exigência da produção
cotidianos que sejam de conhecimento da maioria escrita, a prática que se tem não promove a eficiência
das pessoas ou que tenham sido noticiados em nessa categoria de comunicação.
algum momento. A última hipótese poderia ser
exemplificada com o número de casos confirma- Como, em pouco tempo, desenvolver a habilidade da
dos de Covid-19 em uma cidade, por exemplo, para escrita em quem tem dificuldade de passar para o
se argumentar que ali o uso de máscaras não é papel o que tem na sua cabeça?
mais necessário;
z Argumento lógico: o argumento lógico constrói- Inicialmente, em um procedimento tradicional de
-se pela construção de causa e efeito. Um ótimo produção de textos, começa-se pela apresentação de
exemplo desse argumento seria o seguinte: “No exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru-
mundo todo, percebe-se que nas regiões onde tura, apresentam-se as partes que o compõem.
há saneamento básico e tratamento de água, há Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes
menos doenças como a virose.” Aqui, vemos que e de como elaborá-las separadamente: como se cons-
as informações se constroem de forma lógica, o trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora-
fato de haver saneamento básico e água tratada é ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos.
a causa de haver menos doenças, o efeito é justa- Também é mostrado como podem ser os parágrafos
mente esse. que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
250
do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo
formação de um bloco contínuo e completo. candidato. Essa objetividade é um fator determinante
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen- para que sua composição fique delimitada àquilo que é
te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con- possível desenvolver em sua redação.
ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a E o que é a delimitação do tema? É simples. É a
escritura da sua redação após terem terminado o estu- elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi-
do do livro didático e sentem muita dificuldade no cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o
momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo número de linhas que é proposto para se desenvolver
aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas,
não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi-
dificuldade como uma inabilidade pessoal. mento da argumentação;
Como proposta de solução para essa dificulda-
de, vamos partir de um princípio inverso em que se z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem
começa da materialização do texto eficiente, satisfa- a função de apresentar e chamar a atenção sobre
zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem-
todo para depois estudarmos as partes. brar que são poucas as instituições que solicitam
Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras que o candidato dê um título ao texto. Se ele não
de redação, o que proporciona um ponto de partida for pedido, não é para colocá-lo.
concreto na produção de redações eficientes a partir
de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca em maiúscula?
organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
ter da originalidade e da criatividade de cada autor. Há duas possibilidades:
As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
z A primeira forma convencionada diz que só a pri-
doras dos critérios de correção dos textos, tais como
meira palavra do título deve ser iniciada por letra
progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
maiúscula, como em:
sequentemente, coerência, além de atender natural-
mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
É bom fazer redação com o Nélson!
Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
dato uma projeção bem aproximada da extensão do
seu texto em número de linhas. z A segunda forma permite que você coloque todas
Essa proposta também tem a finalidade de desen- as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção
volver uma maior agilidade na projeção e na constru- dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti-
ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração do próprio), como preposições e artigos:
durante a prova.
É Bom Fazer Redação com o Nélson!
Qual o peso ou a importância da redação em um
concurso público?
Importante!
O peso da redação é muito grande, por isso, ela Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas.
faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais, Use pontuação significativa se for necessário,
a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em como interrogação e exclamação. O ponto final
grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale é dispensável.
um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
ver sucesso em sua redação.
Os candidatos costumam dedicar seu tempo de É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?
estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-
mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro- A letra cursiva (letra de mão) só será necessária se
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é for uma exigência do edital. De uma maneira geral, o
preciso exercitar sempre. que se pede é a legibilidade.
É importante sempre se lembrar de respeitar as
O que conta mais para um bom resultado: ter bons regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
conhecimentos sobre o assunto apresentado na minúscula devem ser diferenciadas:
proposta ou ter bons conhecimentos em língua Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>.
portuguesa?
O que é texto em prosa?
Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
importância. No que diz respeito aos conhecimentos de Texto em prosa é aquele que naturalmente usa-
língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e mos para escrever um bilhete, uma carta, nos comu-
à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que nicarmos em e-mail etc. Ele se constrói em estrutura
PORTUGUÊS
quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda- linear (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma
des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que, comum de escrever.
em prova, inclusive, pouco peso têm. É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
Qual é a diferença entre tema e título? vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
em verso:
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará-
ter geral e abrangente e propõe questões que devem
251
A rosa de Hiroxima partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a con-
clusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas Introdução
Pensem nas meninas
Cegas inexatas A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Pensem nas mulheres ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
Rotas alteradas
sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
Pensem nas feridas
sobre o tema proposto pela banca.
Como rosas cálidas
Esse momento é muito importante para o leitor,
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa pois é aí que será mostrada a identificação de suas
Da rosa de Hiroxima ideias com o tema. É um bom momento para apresen-
A rosa hereditária tá-lo aos argumentos sequencialmente ordenados de
A rosa radioativa acordo com a progressão que você dará à sua redação
Estúpida e inválida (progressão textual).
A rosa com cirrose A introdução deve ser clara e chamar a atenção para
A anti-rosa atômica dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do
Sem cor sem perfume desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar alguma
Sem rosa sem nada. 12 previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor
os caminhos por que percorrerá em sua explanação.
Agora um exemplo de texto em prosa: Lembre-se de que o leitor, corretor de seu traba-
lho, é um professor experiente e é a organização que
Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’) mais o impressionará nesse momento. Por isso, não
é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É tenha medo de ser objetivo e previamente ilustrativo
cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais quanto aos seus propósitos de trabalho.
dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um Ex.: Parágrafo de introdução
castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante mentando novos valores à vida do homem moder-
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95). no principalmente no que diz respeito a sua vida
Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da
mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
tecnologia em campos como o da educação (2) e o
minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.13
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda
muito além disso, atingindo vários outros espaços
do cotidiano (4) da maioria das pessoas.
É importante notar que redação para concurso é
em prosa.
z (1) A tese: a tecnologia vem implementando novos
O que eu faço se errar uma palavra quando estiver valores à vida do homem moderno principalmente
passando a limpo minha redação? no que diz respeito a sua vida em sociedade;
z (2), (3), (4) Argumentos levantados a fim de sus-
Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém, tentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia
muitas instituições orientam os candidatos a passar um em campos como o da educação (2) / o dos serviços
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo sociais (3) / inovações atingindo vários outros espa-
como se nada houvesse acontecido. Geralmente, nesses ços do cotidiano (4).
casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca
tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir: Desenvolvimento
Vamos começar nossa redassão redação agora.
Entendeu? O desenvolvimento é a parte em que você deve
expor os elementos que vão fundamentar sua tese,
ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO que pode vir especificada por intermédio de argu-
DISCURSIVA mentos, pormenores, exemplos, citações, dados esta-
tísticos, explicações, definições, confrontos de ideias e
Neste assunto, trabalharemos alguns elementos contra-argumentações.
importantes para iniciarmos nossa produção de textos. Você poderá usar tantos parágrafos quanto achar
A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza necessário para desenvolver suas teorias; porém, em
redações de curta extensão, o ideal é que cada pará-
pela exposição e defesa de uma ideia que será anali-
grafo apresente objetivamente apenas um dos argu-
sada e discutida a partir de um ponto de vista. Para
mentos a serem desenvolvidos ou, ainda, que esses
tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com
argumentos sejam agrupados caso vários deles devam
argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para refor-
ser apresentados para sustentar sua tese.
çar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias. Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
Para atender a esse propósito, a dissertação deve desenvolvimento da tecnologia em campos como o
apresentar uma organização estrutural que conduza da educação”:
as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto Alguns argumentam que é importante reconhecer
ao reconhecimento da verdade proposta como tese. o papel das redes mundiais de informação para
Compreende-se como estrutura básica de uma disser- o favorecimento da construção do conhecimen-
tação a divisão da exposição da argumentação em três to. Hoje é possível visitar um museu, consultar uma
z ...entende-se que...
z ...concluímos que...
z ...conclui-se que...
z ...é necessário que...
z ...faz-se necessário que...
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO
5º Parágrafo
PARÁGRAFO DISSERTATIVO
Tendo em vista os aspectos observa-
dos ________________, só nos resta esperar que Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estru-
______________________, ou quem saiba _________________. tura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as
Consequentemente, _____________.
várias modalidades de parágrafos que podem ser utiliza-
dos para a elaboração de uma boa dissertação. Mostrare-
Sugerimos a você que faça suas primeiras reda- mos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e
ções com base em uma das máscaras prontas. Confor- os vários arranjos que são possíveis ao construí-las.
me for avançando nos estudos, você poderá construir
suas próprias máscaras personalizadas. Parágrafo de Introdução
Por fim, preparamos uma máscara de organização
sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se O parágrafo de introdução tem como uma de suas
organizar. funções mais importantes a de apresentar a tese que
será defendida no decorrer da redação.
É também possível e bastante didático que você faça
PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)
uma prévia dos argumentos que serão trabalhados na
1º TEMA: ________________________________________________ sustentação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orien-
________________. tado, logo de saída, a acompanhar o ritmo do seu pensa-
mento e a sequência das suas argumentações.
2º TESE: __________________________________________________
________________.
z Tipos Diferentes de Parágrafos de Introdução
3º ARGUMENTOS a) ______________________________.
Declaração Inicial
b) ______________________________.
c) ________________________________.
Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de iní-
cio para, em seguida, justificar-se e comprovar-se a
(1º parágrafo) Tese + argumentos assertiva com exemplos, comparações, testemunhos
de autores etc.
___________________________________________________________
___________________________________________________________ Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo apli-
__________________________________________________________ cado à nossa proposta básica, que é o projeto arroz
__________________________________________________________. com feijão. Mais uma vez, colocamos a disposição
vazia do parágrafo, que poderá ser utilizada por você
sempre que desejar, seguida de um exemplo.
(2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento) Modelo nº 1:
apresentar o tópico frasal (frase que introduz o pará- da ao prazer, justificando os hábitos do passado como
grafo) sob a forma de divisão ou discriminação das responsáveis pela tradição alimentar que preservamos.
ideias a serem desenvolvidas (normalmente, a divisão
vem precedida por uma definição, ambas no mesmo Interrogação
parágrafo ou em parágrafos distintos).
Usamos aqui como representação desse modelo o A ideia núcleo do parágrafo por interrogação é
conceito de silogismo. Silogismo é um termo filosófico colocada por intermédio de uma pergunta a qual ser-
com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica ve mais como recurso retórico, uma vez que a questão
perfeita, constituída de três proposições declarativas levantada deve ser respondida pelo próprio autor. 257
Seu desenvolvimento é feito por intermédio da momento aos artifícios empregados no próprio pará-
confecção de uma resposta à pergunta. grafo de alusão histórica, já que este também se serve
de referências cronológicas.
Modelo nº 5:
Modelo nº 2:
No caso das _______________, porque cada Podemos enumerar alguns exemplos de conclu-
qual tem seus próprios valores ________________. En- sões satisfatórias que todos poderão usar em seus tex-
quanto a _________________, as ________, por sua vez, tos dissertativos.
_____________________.
Conclusão por Síntese ou Resumo
Ao preenchermos o modelo, teremos:
No caso das proteínas do bife e da salada que O primeiro recurso com que trabalharemos será
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada o do resumo ou da síntese geral. Nesse caso, retoma-
qual tem seus próprios valores para a alimentação. -se, resumidamente, aquilo que se explorou durante
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem o texto:
as perdas musculares pelo desgaste do dia a dia, as
verduras, por sua vez, oferecem as fibras que nos Modelo nº 1:
auxiliam no processamento dos alimentos pelo nosso
organismo ajudando na absorção dos nutrientes. Levando-se em consideração esses as-
pectos __________ somos levados a acreditar que
Desenvolvimento por Exploração de Causa e não é apenas por _______________, mas também
Consequência ________________. Sendo assim, ______________.
interlocutor.
A CONTRA-ARGUMENTAÇÃO Exemplos de informações de senso comum que
devem ser evitadas no texto:
Neste tópico, conheceremos um novo recurso “O homem depende do ambiente para viver”.
argumentativo: a contra-argumentação. “A mulher de hoje ocupa papel social diferente da
Geralmente, a contra-argumentação é desen- mulher do século XIX”.
volvida no gênero textual dissertativo-argumenta- Essas informações são fatos já comprovados histo-
tivo, aquele exigido no Enem. Mas não se engane, ricamente que não apresentam grau de informativi-
você irá perceber que a contra-argumentação pode dade forte. 263
FIM DO USO DO TREMA
ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS
NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA O trema já estava caindo em desuso, visto que não
é necessário ter o acento para identificar a pronúncia.
PORTUGUESA PELO ACORDO Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o tre-
ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA ma não é mais utilizado, seja em palavras portugue-
sas ou aportuguesadas.
PORTUGUESA Muitos não lembram, mas o trema era representado
por dois pontinhos em cima do “u” que indicavam hiato.
ASSINADO EM LISBOA, EM 16 DE DEZEMBRO DE
1990, POR PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA, SÃO z Antes do acordo: freqüência; cinqüenta; conse-
TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, qüência; tranqüilo;
MOÇAMBIQUE E, POSTERIORMENTE, POR TIMOR z Depois do acordo: frequência; cinquenta; conse-
LESTE, APROVADO NO BRASIL PELO DECRETO Nº quência; tranquilo.
6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 E ALTERADO
PELO DECRETO Nº 7.875, DE 27 DE DEZEMBRO DE Atenção: o trema ainda é usado em nomes pró-
2012 prios estrangeiros como Bündchen e Müller, por
exemplo.
O novo acordo ortográfico é um documento que
normaliza diversas mudanças na língua portuguesa. ACENTUAÇÃO
Ele foi assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser
obrigatório a partir de 2016. Esse documento foi ela- O acento diferencial não é mais usado em pala-
borado com base nas mudanças práticas da língua e vras paroxítonas com vogal tônica aberta ou fecha-
nos estudos desenvolvidos por linguistas. Além disso, da que possuem a mesma escrita.
tem o objetivo de padronizar a ortografia em diversos
países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa. z Antes do acordo: pára (verbo); pólo (substantivo);
É importante estudar essas mudanças na língua, pêlo (substantivo);
pois a ortografia é um aspecto responsável por “tirar” z Depois do acordo: para (verbo); polo (substanti-
pontos na avaliação da redação, logo, pode ser essen- vo); pelo (substantivo).
cial para prejudicar sua nota.
Nos casos em que o acento marca a diferença entre
ALFABETO verbos no singular e plural, como em vem (singular) e
vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento
z Como era: foi mantido.
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aber-
A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z; to e fechado (mêdo: medo, almôço: almoço), nem em
letras repetidas, como em palavras paroxítonas termina-
das em “êem” nem em palavras com o hiato “oo”.
z Como está:
z Antes do acordo: lêem, vôo, abençôo;
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
z Depois do acordo: leem, voo, abençoo.
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfa-
beto; agora, contamos com o acréscimo das letras K,
O acento agudo não é mais usado em palavras
W e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português
paroxítonas com ditongo aberto ei e oi.
brasileiro. Essa mudança ocorreu com a intenção de
oficializar letras que, na prática, já faziam parte de
z Antes do acordo: andróide, alcatéia, idéia, diar-
diversas palavras em português. Ou seja, as letras não
réia, estóico;
estavam no alfabeto, mas já eram utilizadas no coti- z Depois do acordo: androide, alcateia, ideia, diar-
diano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações reia, estoico.
como: km, Yago, Kamila, Wilson, Olympikus, entre
outros.
É comum confundir com as paroxítonas com as
Pensando nisso, o acordo procurou tornar ofi-
oxítonas terminadas em ditongo aberto. As oxítonas
cial as letras que já eram utilizadas pelos falantes do
com ditongos abertos continuam com acento: herói e
português.
dói.
O acento em palavras paroxítonas com i e u tôni-
co depois de ditongo não é mais utilizado.
Importante!
Ter tornado essas letras oficiais não muda a z Antes do acordo: feiúra, bocaiúva;
escrita de palavras que já existem, ou seja, pala- z Depois do acordo: feiura, bocaiuva.
vras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a
ser escritas como “kilo” e “kilômetro”. HÍFEN
A oficialização significa, sim, que a partir de
z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro ter-
agora novas palavras podem usar essas letras.
mo acaba em vogal e o segundo termo começa com
vogal inicial diferente.
Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação.
pelo novo acordo ortográfico foram: o fim do uso do z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo
trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso elemento começando em -h, utiliza-se hífen.
do hífen, que detalharemos a seguir: Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano.
264
z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro termi- Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo.
nado em vogal e que o segundo elemento começa
com vogal igual. DIVISÃO SILÁBICA
Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo.
z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, O novo acordo mantém as regras de divisão silá-
pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado. bica já existentes; no entanto, faz uma especificação
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação. sobre a separação das palavras em linhas diferentes.
z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, Quando é necessário separar as palavras que já
pelo uso, se perde a noção de composição. têm hífen, a nova regra prevê que o hífen seja repeti-
Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva. do em cima e em baixo.
z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia--se todos
que não têm um elemento de ligação e que formam os anos.
uma unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.
a) conativa (apelativa).
b) metalinguística.
De acordo com o texto, analise as afirmações abaixo: c) poética.
d) denotativa.
I. “O” é um artigo definido e seu valor semântico é de e) fática.
notoriedade.
II. “O” é um artigo indefinido e seu valor semântico é de Leia o texto a seguir para responder às questões 11,
generalização. 12 e 13.
III. “Ele” é um pronome e o termo “é” é um verbo não
nocional. “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
IV. A expressão “cara” é característica da linguagem pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro
informal. lugar o meu nascimento ou a minha morte. Supos-
to o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
Quais estão corretas? considerações me levaram a adotar diferente método:
a primeira é que eu não sou propriamente um autor
a) Apenas I, III e IV. defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
b) Apenas III e IV. foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
c) I, II, III e IV. mais galante e mais novo. Moisés, que também con-
d) Apenas II e III. tou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo:
e) Apenas I e IV. diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
(Trecho do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado
266 de Assis)
11. (DECEx — 2021) O autor personagem decidiu iniciar a) demarca a superioridade europeia, para enfatizar a
sua narrativa pelo fim, pois: miséria dos indígenas.
b) descreve a exuberância das terras, para impressionar
a) todos gostam de ouvir sobre a morte de alguém. a Coroa Portuguesa.
b) escritor que é escritor sempre faz dessa forma. c) evidencia a ausência de trabalho dos povos autócto-
c) é comum para esse tipo de narrativa. nes (povos nativos).
d) ninguém tinha feito assim antes. d) informa sobre o potencial econômico e a oportunida-
e) a história é de terror. de de conversão católica.
e) realça somente a possibilidade da catequese para os
povos nativos.
12.
(DECEx — 2021) Qual a diferença entre “AUTOR
DEFUNTO” e “DEFUNTO AUTOR”?
15. (DECEx — 2020) Segundo o acordo ortográfico de
2009/2010, quanto à acentuação, marque a alterna-
a) são sinônimos.
tiva em que a palavra em negrito está correta.
b) o primeiro iniciou sua carreira após a morte e o segun-
do, em vida.
a) Quanto à limpeza, eu sou paranóica.
c) o primeiro foi autor em vida e o segundo, só após a
b) Sempre precisamos de novas ideias.
morte. c) Nesta cidade, todos os hotéis são bons.
d) o primeiro escreve sobre a sua morte e o segundo, d) Os docentes não vêem com bons olhos a nova pro-
após a sua morte. posta de calendário escolar.
e) o primeiro tem como tema em sua obra a morte e o e) Meu esposo sempre para o carro para atender ao
segundo, o ato de escrever. celular.
13. (DECEx — 2021) Neste trecho do livro “Memórias Pós- 16. (DECEx — 2019)
tumas de Brás Cubas” de Machado de Assis o autor-
-personagem faz uma comparação com Moisés. Essa Quando o cérebro começa a falhar
comparação é baseada em ambos:
O cérebro humano é fascinante. Ele nos permite pen-
a) serem amigos. sar, imaginar, agir, falar, coordenar nossos movimentos,
b) falarem de suas mortes. armazenar informações e muito mais. Assim, doenças
c) serem escritores. que atinjam o cérebro podem limitar consideravelmente
d) gostarem da vida. a capacidade de manifestarmos a nossa forma humana.
e) gostam do novo. As chamadas doenças neurodegenerativas constituem
um grupo de enfermidades que, em sua maioria, surgem
14. (DECEx — 2021) Leia um fragmento da Carta de Pero com o envelhecimento. Geralmente, são associadas
Vaz de Caminha, a seguir. (A imagem é meramente à demência, cujo exemplo mais comum é a doença de
ilustrativa) Alzheimer. Com o aumento da expectativa de vida das
pessoas, é natural e necessário que a ciência se preocu-
pe em entender como essas doenças se desenvolvem e
identificar potenciais formas de tratá-las.
Você certamente conhece alguém ou alguma história
de uma pessoa acometida por uma doença neuro-
degenerativa. Deve ter conhecimento também sobre
o sofrimento causado aos pacientes e seus familia-
res. Existem dezenas dessas doenças, que têm em
comum uma progressiva degeneração das funções
cerebrais, que invariavelmente levam a inabilidades
físicas, demência e, na maioria dos casos, à morte.
Mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo
sofrem com a doença de Alzheimer (DA), a principal
forma de demência conhecida. Esse número tende
a crescer à medida que a longevidade da população
mundial aumenta e que hábitos de vida nada saudá-
Fonte: https://www.culturagenial.com/carta-pero-vaz-de-caminha/ veis são adotados. Apesar disso, a DA ainda não dis-
põe de nenhuma forma de diagnóstico precoce — o
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, que prejudica o início do acompanhamento médico
nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem e de possíveis intervenções experimentais — e, infe-
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares lizmente, ainda não tem cura. Isso não quer dizer, no
[...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me entanto, que a ciência nesse campo esteja parada.
parece que será salvar esta gente.” Muito se descobriu nas últimas três décadas.
Uma pergunta frequente que muitos se fazem ao enve-
lhecer é se estariam desenvolvendo DA e ainda não
PORTUGUÊS
pela via da colonização, não somente foi legitimada individualista. Trata-se da bondade que se expressa
pelas Igrejas católica e protestante, como também nas relações de cooperação e solidariedade com os
contou com teorias religiosas abomináveis, como outros. Nessa bondade, o indivíduo é tanto melhor,
aquela segundo a qual a pessoa negra não tinha alma quanto mais consegue fortalecer o outro. Por isso,
humana, salvo se fosse batizada na fé cristã. nesse sentido, a bondade só existe quando o indiví-
duo se coloca como fonte de favorecimento da vida
do outro. Em outras palavras, alteridade e bondade
são termos que se interpenetram de ponta a ponta.
269
Toda a questão recai em saber o que significa a alte- a) negou a religião a qual poderia prescindir
ridade, o outro, que é o alvo da minha bondade. Ser b) negou a religião à qual poderia almejar
outro não é ser alguém que eu não sou. Ser outro é ser c) negou a religião a qual poderia aspirar
irredutível a mim, é ser o radicalmente diferente, o que d) negou a religião à qual poderia aludir
jamais pode ser assimilado ao meu modo de pensar, e) negou a religião a qual poderia necessitar
sentir e querer. Por isso, quando me relaciono com o
outro, me relaciono com o inadequado, com o indizí- 18. (DECEx — 2019) Após a leitura atenta do texto apre-
vel, com aquele ou aquela que jamais pode ser enqua- sentado a seguir, responda à questão proposta.
drado nos limites do meu conhecimento ou mesmo
dos meus sentimentos. Relacionar-se com o outro é O fim do canudinho de plástico
abrir mão de formas narcisistas de viver. Em outros
termos, só nos relacionamos com o outro quando nos Por Devorah Lev-Tov / Quinta-feira, 5 de Julho de 2018
abrimos àquele ou àquela que jamais se identifica
comigo por inteiro. Isso é extremamente difícil. Em 2015, um vídeo perturbador de uma tartaru-
Quase sempre não nos relacionamos com o outro, ga marinha oliva sofrendo com um canudo plástico
mas com o que o outro pensa, com a cor da pele do preso em sua narina viralizou, mudando a atitude de
outro, com a profissão que desempenha, com o time muitos espectadores quanto ao utensílio plástico tão
de futebol de alguém, com as crenças religiosas que conveniente para muitos.
ele ou ela tem. Quando rotulamos alguém, quando Mas, como pode o canudo plástico, um item insigni-
o enquadramos nos referenciais de nossa religião, ficante utilizado brevemente antes de ser descartado,
quando o reduzimos à nossa moralidade, então, não causar tanto estrago? Primeiramente, ele consegue
mais nos relacionamos com o outro, mas com um chegar facilmente aos oceanos devido a sua leveza.
objeto que pode ser usado, manipulado e, por vezes, Ao chegar lá, o canudo não se decompõe. Pelo con-
descartado. Por isso, onde usamos e funcionaliza- trário, ele se fragmenta lentamente em pedaços cada
mos alguém, matamos sua alteridade, destruímos vez menores, conhecidos como microplásticos, que
seu modo de ser outro. Onde o outro aparece, rela- são frequentemente confundidos com comida pelos
ções gratuitas se estabelecem. (...) animais marinhos.
Por vezes, a religião é um espaço de potencialização da E, em segundo lugar, ele não pode ser reciclado. “Infe-
bondade; outras vezes, é o contrário que acontece. Isso, lizmente, a maioria dos canudos plásticos são leves
talvez, nos possibilite pensar em um termômetro para demais para os separadores manuais de reciclagem,
a religiosidade humana: quanto mais uma religião me indo parar em aterros sanitários, cursos d’água e, por
favorece a me abrir ao outro para fortalecer o seu cami- fim, nos oceanos”, explica Dune Ives, diretor execu-
nho, melhor ela é. Quanto mais ela me fecha em mim tivo da organização Lonely Whale. A ONG viabilizou
mesmo, promovendo a ditadura do individualismo e do uma campanha de marketing de sucesso chamada
egocentrismo, por mais que fale de Deus, de amor ou de “Strawless in Seattle” (ou “Sem Canudos em Seattle”)
qualquer outra realidade sagrada, pior ela é. em apoio à iniciativa “Strawless Ocean” (ou “Oceanos
Em outras palavras, a qualidade da experiência reli- Sem Canudos”).
giosa pode ser medida pela sua capacidade de pro- Nos Estados Unidos, milhões de canudos de plástico
mover a bondade humana. Foi exatamente isso que são descartados todos os dias. No Reino Unido, esti-
Dalai Lama falou para o teólogo brasileiro Leonardo ma-se que pelo menos 4,4 bilhões de canudos sejam
Boff, no intervalo de um encontro promovido pela jogados fora anualmente. Hotéis são alguns dos pio-
ONU, após ser perguntado por este qual seria a melhor res infratores: o Hilton Waikoloa Village, que se tornou
religião. Sua resposta foi: “Aquela que te faz melhor”. o primeiro resort na ilha do Havaí a banir os canudos
Para explicar sua resposta, continuou: “Aquela que te plásticos no início deste ano, utilizou mais de 800 mil
faz mais compassivo é a melhor religião”. Não seria canudos em 2017.
o mesmo que afirmar que a melhor religião é aquela Mas é claro que os canudos são apenas parte da
que faz alguém mais bondoso? Se for assim, então, quantidade monumental de resíduos que vão parar
todos os ritos, mitos, dogmas, conceitos de Deus etc. em nossos oceanos. “Nos últimos 10 anos, produzi-
só têm sentido se tornam o ser humano mais capaz mos mais plástico do que em todo o século passado e
de fortalecer outros humanos (sem contar a natureza 50% do plástico que utilizamos é de uso único e des-
como um todo). Por isso, quando a religião fortalece cartado imediatamente”, diz Tessa Hempson, gerente
a maldade humana, melhor é abandoná-la para ficar de operações do Oceans.
com a bondade humana, pois é esta que nos permite Without Borders, uma nova fundação da empresa de
entender a grandeza de qualquer divindade: ser capaz safáris de luxo & Beyond. “Um milhão de aves mari-
de tornar os seres humanos mais humanizados. nhas e 100 mil mamíferos marinhos são mortos
anualmente pelo plástico nos oceanos. 44% de todas
(Alexandre Marques Cabral. Departamento de Filosofia, as espécies de aves marinhas, 22% das baleias e gol-
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ciência Hoje, texto
finhos, todas as espécies de tartarugas, e uma lista
publicado em 12/9/2019. Disponível em cienciahoje.org.br)
crescente de espécies de peixes já foram documenta-
dos com plástico dentro ou em volta de seus corpos”.
Em outras palavras, negou a religião à qual gostaria
Mas, agora, o próprio canudo plástico começou a
de aderir, para ser bom.
finalmente se tornar uma espécie ameaçada, com
algumas cidades nos Estados Unidos (Seattle, em
No trecho acima, há correção gramatical quanto às Washington; Miami Beach e Fort Myers Beach, na Fló-
regras de regência. rida; e Malibu, Davis e San Luis Obispo, na Califórnia)
banindo seu uso, além de outros países que limitam
Assinale a alternativa em que, alterando-se o seg- itens de plástico descartável, o que inclui os canudos.
mento em destaque, manteve-se a correção grama- Belize, Taiwan e Inglaterra estão entre os mais recen-
tical segundo a norma culta. Desconsidere inevitáveis tes países a proporem a proibição.
270 alterações de sentido.
Mesmo ações individuais podem causar um impacto Consumimos o planeta com um apetite insaciável,
significativo no meio ambiente e influenciar a indús- criando uma devastação ecológica sem precedentes.
tria: a proibição em uma única rede de hotéis remo- Isso tudo graças à ciência? Ao menos, é assim que
ve milhões de canudos em um único ano. As redes pensam os descontentes, mas não é nada disso.
Anantara e AVANI estimam que seus hotéis tenham Primeiro, a ciência não promete a redenção humana.
utilizado 2,49 milhões de canudos na Ásia em 2017, e Ela simplesmente se ocupa de compreender como
a AccorHotels estima o uso de 4,2 milhões de canu- funciona a natureza, ela é um corpo de conhecimento
dos nos Estados Unidos e Canadá também no último sobre o Universo e seus habitantes, vivos ou não, acu-
ano. mulado através de um processo constante de refina-
Embora utilizar um canudo não seja a melhor das mento e testes conhecido como método científico.
hipóteses, algumas pessoas ainda os preferem ou até A prática da ciência provê um modo de interagir com o
necessitam deles, como aqueles com deficiências ou mundo, expondo a essência criativa da natureza. Dis-
dentes e gengivas sensíveis. Se quiser usar um canu- so, aprendemos que a natureza é transformação, que
do, os reutilizáveis de metal ou vidro são a alternati- a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e
va ideal. A Final Straw, que diz ser o primeiro canudo destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às
retrátil reutilizável do mercado, está arrecadando fun- estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta trans-
dos através do Kickstarter. formação constante da matéria, onde todo elo é igual-
“A maioria das pessoas não pensa nas consequên- mente importante, do que é criado ao que é destruído.
cias que o simples ato de pegar ou aceitar um canudo A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas
plástico tem em suas vidas e nas vidas das futuras oferece a possibilidade de vivermos livres do medo
gerações” diz David Laris, diretor de criação e chef irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a
do Cachet Hospitality Group, que não utiliza canudos autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece a
de plástico. “A indústria hoteleira tem a obrigação de liberdade da escolha informada. Ao transformar
começar a reduzir a quantidade de resíduos plásticos mistério em desafio, a ciência adiciona uma nova
que gera”. dimensão à vida, abrindo a porta para um novo tipo
de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões
Adaptado de https://www.nationalgeographicbrasil.com/planeta- organizadas.
ou-plastico/2018/07/fim-canudinhoplastico- A ciência não diz o que devemos fazer com o conheci-
canudo-poluicao-oceano . Acesso em 14 de março de 2019.
mento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral
tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa
Marque a alternativa correta quanto à concordância sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos
verbal. da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclu-
sive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal,
a) Um milhão de canudos plásticos são mais do que os devemos culpar o inventor da pólvora pelas mortes por
oceanos podem suportar. tiros e explosivos ao longo da história? Ou o inventor do
b) Descarta-se ainda milhares de canudos plásticos microscópio pelas armas biológicas?
anualmente. A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine
c) Haverão montanhas de resíduos plásticos nos ocea- um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pes-
nos dos quais os canudos são apenas parte. soas vivendo no mato, sem os confortos tecnológicos
d) Mais de um hotel já deixaram de consumir canudos modernos, caçando para comer. Quantos optariam por
descartáveis. isso?
e) Se quiser usar um canudo, os reutilizáveis de metal ou A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não
vidro são a alternativa ideal. da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência
pode escolher o seu destino responsavelmente. Nos-
19. (DECEx — 2020) so futuro depende disso.
Sobre a importância da ciência Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College
(EUA).
Parece paradoxal que, no início deste milênio, duran-
te o que chamamos com orgulho de “era da ciência”, Depois de ler o texto, compreende-se que a importância
tantos ainda acreditem em profecias de fim de mun- da ciência está, principalmente, em poder
do. Quem não se lembra do bug do milênio ou da
enxurrada de absurdos ditos todos os dias sobre a a) escolher, enquanto sociedade, nosso destino de for-
previsão maia de fim de mundo no ano 2012? ma responsável.
Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciência, b) estabelecer as diferenças principais entre a ciência e
um senso de que fomos traídos, de que promessas não o charlatanismo.
foram cumpridas. Afinal, lutamos para curar doenças c) explicar que a ciência não pode oferecer a salvação
apenas para descobrir outras novas. Criamos tecnolo- eterna, porque não prova a existência divina.
gias que pretendem simplificar nossas vidas, mas pas- d) abrir a porta para um novo tipo de espiritualidade.
samos cada vez mais tempo no trabalho. Pior ainda: tem e) direcionar a conduta humana em relação ao conheci-
PORTUGUÊS
271
20. (DECEx — 2019) TEXTO 1 Em qual das opções abaixo, na frase destaca-
da ao passá-la para o plural, o verbo permanecerá
Por que Cultivar a Ética no Trabalho? inalterado?
Ética é uma palavra de origem grega, que vem no termo a) Quando isso acontece, se não houver forma de cor-
ethos; que por sua vez significa: “costume superior”, rigir o problema, na maioria das vezes, o profissio-
“bom costume” e aquilo que “pertence ao caráter”. E nal acaba sendo desligado da organização para não
também a área da filosofia que se ocupa em estudar a influenciar negativamente os demais.
moral do homem, ou seja, suas condutas em todos os b) Ética é uma palavra de origem grega, que vem no
contextos. Um profissional de caráter superior é aquele termo ethos, que por sua vez significa: “costume
que tem sempre comportamentos corretos e que con- superior”, “bom costume” e aquilo que “pertence ao
duz suas ações baseado em bons princípios. caráter”.
Uma empresa, por exemplo, demonstra sua ética por c) Uma empresa, por exemplo, demonstra sua ética por
meio dos valores que cultiva e da cultura organizacio- meio dos valores que cultiva e da cultura organizacio-
nal que dissemina. Logo, quando um colaborador age de nal que dissemina.
forma incongruente com isso, ele está desequilibrando d) Esta mesma lógica, baseada em bons princípios, se
aquele sistema e tendo atitudes que vão de encontro ao aplica às nossas relações sociais, afetivas, financei-
que ela prega. Quando isso acontece, se não houver for- ras e familiares, pois somos nós, individual e coletiva-
ma de corrigir o problema, na maioria das vezes, o profis- mente, que construímos a nossa sociedade.
sional acaba sendo desligado da organização para não e) Ser ética é também ser uma instituição que paga
influenciar negativamente os demais. seus funcionários em dia, que oferece a eles salários
Com certeza não é isso que deseja que aconteça com e benefícios compatíveis com o mercado e, muitas
você. Contudo, a ética deve ser algo da pessoa e não vezes, até superiores.
consequência de uma exigência da sua empresa. Isso
quer dizer que o profissional deve ser correto porque os
seus valores são naturalmente assim, porque verdadei- 9 GABARITO
ramente cultiva uma postura ética e não porque seu líder
exige isso. Assim, em se tratando de ética, não adianta 1 C
parecer ético, é preciso ter uma moral idônea e que seja
comprovada por atitudes corretas também. 2 D
Valorize e Cultive uma Conduta Ética Sempre
Sabe aquele profissional que seus atos falam por si? 3 C
Este é o colaborador que cultiva a ética no trabalho
4 C
e na vida e que é um espelho positivo para todos ao
seu redor. Nunca seu impulso é o de fazer algo errado 5 A
para abafar um erro ou para evitar a responsabilidade
por suas consequências culpando os outros. 6 D
Mas não é só. A ética no trabalho também é representa-
da pelo líder justo, que não difere seus liderados, sempre 7 A
lhes trata com respeito, equanimidade e que confere a 8 A
estes oportunidades reais de aprimoramento, desenvol-
vimento e crescimento. É ilustrada por profissionais cor- 9 B
retos, responsáveis e comprometidos em entregar o seu
melhor tanto à empresa como ao mundo. 10 E
Ser ética é também ser uma instituição que paga seus
11 D
funcionários em dia, que oferece a ele salários e bene-
fícios compatíveis com o mercado e, muitas vezes, 12 C
até superiores. Neste tipo de organização, todos os
tipos de profissionais são bem-vindos, reconhecidos 13 B
e respeitados. independentemente, de sua: origem,
credo, gênero, classe, cor ou orientação sexual. 14 D
Não estamos falando de um mundo perfeito, mas de 15 B
um mundo possível e real, onde as empresas e os
profissionais éticos caminham e constroem resulta- 16 D
dos positivos juntos, sem jamais ter que, para isso,
burlar as regras, trapacear e prejudicar ninguém para 17 D
ter sucesso e alcançar prosperidade. 18 E
Esta mesma lógica, baseada em bons princípios, se
aplica às nossas relações sociais, afetivas, financeiras 19 A
e familiares, pois somos nós, individual e coletivamen-
te, que construímos a nossa sociedade. Portanto, é por 20 A
meio da nossa ética e de valores positivos e congruen-
tes que podemos torná-la melhor para todos também.
Eu acredito, e você? Faça sua parte, seja sempre ético e
correto em seu trabalho e em sua vida e seja a diferen-
ça que você deseja ver no mundo!
BRASIL COLÔNIA
OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS
Os tupis, por habitarem o litoral e terem sido os primeiros a entrarem em contato com os colonizadores, são
os mais conhecidos e descritos nos documentos da época. Sobre eles, temos conhecimento graças às descrições
feitas por padres, viajantes e funcionários da Coroa portuguesa que resultaram em uma imagem dos povos pré-
-cabralinos, como se todos fossem iguais. O que sabemos sobre eles serve de base para o entendimento das demais
sociedades tribais.
A organização social básica era a tribo, que se subdividia em aldeias ou tabas, cada uma delas com um chefe.
A aldeia era formada por um conjunto de quatro a sete ocas, dispostas de forma circular, delimitando uma praça
central — a ocara — onde eram realizadas as cerimônias religiosas, as festas e a reunião dos líderes para decidir
uma guerra ou migração. Geralmente, em torno da aldeia, era levantada uma cerca de troncos — a caiçara — com
a finalidade de defendê-la.
As aldeias ligadas entre si por parentesco, costumes e tradição formavam uma tribo. O parentesco garantia
a manutenção do modo de ser do grupo e perpetuava-se através de uniões obrigatórias com pessoas de fora. A
relação de parentesco criava a relação de aliança grupal, na qual o casamento significava uma possibilidade
de reforço do poderio do grupo. A família era patriarcal e o casamento poligâmico em algumas comunidades e
monogâmico em outras.
A chefia realizava a organização interna da aldeia. Entre os tupis, a chefia era exercida pelos homens mais
velhos e os líderes guerreiros. Eles tomavam as decisões sobre a guerra, a migração, as grandes caçadas e o sacri-
fício dos inimigos.
Para prover a sua alimentação, os povos indígenas caçavam, pescavam e coletavam crustáceos, frutos e raízes.
A divisão do trabalho nas aldeias obedecia a dois critérios: sexo e idade. Os homens derrubavam as matas, prepa-
ravam o terreno para o plantio, caçavam, pescavam, guerreavam e confeccionavam canoas, arcos, flechas e ador-
nos. As mulheres plantavam, colhiam, faziam cestaria e cerâmica. Quanto às crianças, a divisão entre meninos e
meninas ocorria a partir dos cinco anos de idade, quando as meninas brincavam e ajudavam as mulheres em seus
trabalhos e os meninos seguiam o exemplo dos homens, buscando aprender sobre a caça e a pesca.
Quando os recursos próximos à aldeia se esgotavam, migravam para outro lugar. O nomadismo da população
indígena também ocorria pela procura de um lugar ideal e quase utópico, chamado “terra sem mal”, onde teriam
prosperidade constante. Os indígenas procuravam lugares próximos aos rios e lagos, para ter acesso mais fácil à caça
e, eventualmente, à agricultura. A chegada em um território ocupado por outra comunidade podia gerar guerras.
Os povos indígenas estavam muito envolvidos com a natureza e tinham uma maneira peculiar de entendê-la, por
meio de uma concepção mítica de mundo. A própria natureza era tida como uma dádiva das divindades ou transfor-
mava-se na própria divindade, como a mãe-terra. Portanto, a religião indígena pode ser classificada como politeísta.
Nas épocas de plantio, de colheita, de caça, ou nas estações de chuva ou de seca, os membros da aldeia se reu-
niam e os pajés, líderes religiosos, relatavam as lendas e os mitos de cultuar. O pajé, preocupado em manter vivas
as tradições tribais, usava vestimentas especiais, como mantos, plumas coladas ao corpo, máscaras de madeira,
visando à transmissão de sua mensagem. Também bebia o cauim, fumava o tabaco, cantava, dançava e invocava
os mitos. O ambiente revestia-se dessa atmosfera mágica e religiosa, a fim de agradecer a chuva, uma boa colheita
ou a decisão do conselho de chefes para migração.
Os povos indígenas que ocupavam o território do Brasil podem ser classificados em quatro grandes troncos
linguísticos, a saber:
HISTÓRIA DO BRASIL
z Tupi: viviam no litoral e foram os primeiros a entrar em contato com os portugueses. Utilizavam-se da pesca,
caça e coleta na mata. Eram considerados desse tronco os tamoios, os guaranis, os tupinambás, os tabajaras,
entre outros;
z Macro-Jê: algumas comunidades viviam na Serra do Mar, mas se localizavam, principalmente, no Planalto
Central. Apenas no século XVII, foi que os grupos macro-jê passaram a ser atacados, por conta da escraviza-
ção indígena. Eram considerados desse tronco os timbiras, os aimorés, os Goitacazes, os carijós, os carajás, os
bororós, os botocudos, entre outros;
z Karib: ocupavam a região da Planície Amazônica, além dos atuais Amapá e Roraima. Bastante hostis aos inva-
sores, praticavam, inclusive, a antropofagia. Assim como os macro-jê, entraram em contato com os brancos no
século XVII, por conta dos aldeamentos religiosos e das fortificações militares. Eram considerados desse tronco
os atroari e os uaimiri; 273
z Aruak: estabeleciam-se na região amazônica e na Ilha de Marajó, com destaque para seus utensílios em cerâ-
mica. Eram considerados desse tronco os aruá, pareci, cunibó, guaná e terena.
Fonte: Atlas Histórico Escolar. 8ª ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 12.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL
O rei de Portugal quase nada sabia sobre a nova terra e suas riquezas. As notícias contidas nos documentos da época
eram insuficientes em informações. No entanto, interessada na continuação do comércio asiático, a Coroa organizou expe-
dições exploradoras, com a finalidade de fazer um reconhecimento geográfico e econômico do Brasil. Portugal desconhecia
os potenciais da Nova Terra, mas a manutenção dessa colônia era importante como defesa da sua rota no Atlântico Sul.
A primeira expedição exploradora veio para o Brasil em 1501, comandada por Gaspar de Lemos. Esse navegou
grande parte do nosso litoral, dando nome a uma série de acidentes geográficos, entre eles: Cabo de São Roque, Cabo
de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos e Cabo de São Tomé, e constatou a presença de florestas de pau-brasil.
No ano seguinte, Portugal permitiu que a exploração de pau-brasil, um monopólio real, fosse feita por mercadores
de Lisboa — os cristãos novos, isto é, judeus convertidos ao cristianismo. Essa exploração seria feita sob a forma de
arrendamento, por um prazo de três anos. O arrendatário era obrigado a enviar anualmente uma expedição de seis
navios e a estabelecer feitorias fortificadas no litoral.
O primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha, que, em 1503, financiou uma expedição, sob o comando de Gon-
çalo Coelho. Foram localizadas florestas de pau-brasil e um dos membros da expedição, Américo Vespúcio, fundou
uma feitoria em Cabo Frio, hoje no estado do Rio de Janeiro. O arrendamento fracassou, porque o grupo arrendatá-
rio não conseguiu proteger o litoral, constantemente atacado por estrangeiros, principalmente corsários franceses.
Economia do Pau-Brasil
Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase da chegada portuguesa é caracterizada pela instituição das
feitorias após a chegada da esquadra de Cabral em 22 de abril de 1500, até a instituição das capitanias hereditá-
rias. Essas feitorias eram fortificações militares que visavam garantir o domínio sobre uma área e explorá-la. Fo-
274 ram construídas em Porto Seguro, Cabo Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de pau-brasil, mas também
do jacarandá, que possuíam valor para a fabricação de embarcação, móveis, além da tinta do pau-brasil para te-
cidos. A mão de obra empregada foi a indígena, que trocava produtos europeus em força de trabalho e permissão
no uso da madeira; essa relação ficou conhecida como escambo.
Na década de 1530, o comércio asiático estava em crise. Devido a esse fato, a Coroa de Portugal deu início
à colonização do Brasil, que deveria se tornar lucrativa. Com esse objetivo, foi enviada, em 1530, a expedição
colonizadora de Martim Afonso de Souza, para distribuir sesmarias, colocar fim ao contrabando dos franceses,
promover uma nova atividade econômica, implantando a agricultura colonial de exportação da cana-de-açúcar,
policiar a costa brasileira e reconhecê-la geograficamente, averiguando os limites do Tratado de Tordesilhas, e
fundar núcleos de povoamento.
Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente em 1532, organizou a administração, deu início à plan-
tação da cana-de-açúcar e organizou o primeiro engenho do Brasil, o engenho do Governador.
A Organização Administrativa Colonial Portuguesa no Brasil — Capitanias Hereditárias; o Governo Geral e Órgãos
Administrativos; as Câmaras Municipais
HISTÓRIA DO BRASIL
O território da América Portuguesa foi dividido em quinze lotes, sendo quatorze capitanias, que, por sua vez,
eram administradas por doze donatários. O donatário era o responsável com poder proeminente e, além do uso da
terra, também administrava o trabalho indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e o distanciamento era
evidente e preocupante, de modo que, em 1572, a Coroa Portuguesa fragmentou a administração em dois governos-
-gerais: o Governo do Norte, no qual a capital se localizava em Salvador e que era composto da Capitania da Baía até
a capitania do Maranhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro e composto pela região de Ilhéus até o sul.
Ademais, reuniam-se regiões que não pareciam pertencer ao mesmo espaço administrativo e político.
A vinda de forasteiros causou tensão entre os rantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes adentra-
bandeirantes paulistas e os “emboabas” portugueses vam o interior – os sertões – procurando por indígenas
sobre o direito de exploração do ouro, assim eclodiu, e assaltando as missões jesuítas que transportavam os
entre 1707 e 1709, a Guerra dos Emboabas. Derrota- indígenas, onde eram criadas vilas em que trabalhavam
dos e expulsos, os bandeirantes deslocaram-se para e eram catequizados. Assim, as duas categorias, colonos
oeste do território, onde encontram ouro em Cuiabá e jesuítas, se viam em constante litígio.
(1717) e em Goiás Velho (1721). Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja,
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu em relação aos indígenas, freou, em alguma medida,
domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se
ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas- para o tráfico atlântico, que causava menos incômo-
sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção do moral que o trabalho compulsório indígena que, é
da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e preciso reiterar, continuou a existir. 277
Invasões Estrangeiras — Invasões Francesas; a Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia,
Invasão Holandesa; a Insurreição Pernambucana: os holandeses se voltaram para Pernambuco, que tam-
a Luta Contra o Invasor e a Gênese do Exército bém era importante centro produtor de açúcar. Organi-
Brasileiro zados, 7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o
ataque em 1630, e Olinda foi ocupada pelos holandeses.
Desde o início da chegada dos portugueses à Amé- Estes, por sua vez, investiram na colônia que acabavam
rica, a costa da colônia fora alvo de inúmeras invasões de conquistar: Maurício de Nassau foi feito governador-
-geral do Brasil holandês e transformou substancialmen-
estrangeiras, de povos franceses, ingleses, holandeses,
te a área. Nassau restabeleceu os engenhos que haviam
entre outros. Contudo, o inconveniente não vinha
sido abandonados pelos colonos portugueses, recompôs
apenas dos piratas, pois a França já havia tentado o tráfico de escravizados, forneceu crédito e obrigou o
quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os plantio para subsistência da capitania. Além disso, Nas-
holandeses também não ficaram para trás. sau se mostrou tolerante na questão religiosa.
A primeira tentativa da França de colonização A administração do Brasil holandês por Nassau trou-
da América Portuguesa ficou conhecida como Fran- xe bons feitos para a região, como a criação da Cidade
ça Antártica, e foi empreendida por Nicolas Durand Maurícia, melhorando a situação da população da região,
que antes se via em péssimas habitações e sem acesso às
de Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro devidas condições de higiene. Foi também sob sua super-
em 1555 e permaneceu lá por três anos: um período visão que se construiu as três primeiras pontes de gran-
curto, mas que trouxe muitas repercussões no que se de proporção no território colonial, e criou-se um espaço
refere ao imaginário em relação aos grupos indíge- que recolhia espécies variadas de fauna e flora.
nas. Em 1612, a França realizou a segunda invasão, Embora Nassau tenha feito uma administração
dessa vez em São Luís, no Maranhão. Ali, tentaram popular na região, acabou retornando à Europa em
1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com-
instalar a França Equinocial, começando por instituir
patriotas. A partir daí, deu-se um declínio do chamado
uma feitoria na ilha de São Luís e se relacionando com Brasil holandês, e as “guerras brasílicas”, que visavam
as sociedades indígenas que habitavam a região. à retomada do território pelos portugueses, prologa-
A França Equinocial tinha apoio da Coroa francesa ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final-
e se instituiu sob a autoridade de Daniel de la Tou- mente retomaram o espaço invadido.
che, fundador do povoado de Saint Louis, que seria
apenas o território inicial de uma vasta extensão ocu- z A Insurreição Pernambucana
pada pelos franceses: desde o litoral maranhense até
o espaço do que hoje é o atual Tocantins. Em 1615, os A relação entre Holanda e Portugal nem sempre
foi tranquila e, quando da crise de sucessão da monar-
franceses foram expulsos pelas tropas lusitanas e o
quia portuguesa, que entregava o trono português à
território ocupado por colonos portugueses que inse- Coroa espanhola — o que ficou conhecido como União
riram a cultura de açúcar na região. Em 1626, os fran- Ibérica —, Portugal assumiu, consequentemente, os
ceses tomaram o território da contemporânea Guiana inimigos da Coroa Espanhola e, entre eles, estavam
Francesa, e apenas aí tiveram êxito. os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os domí-
Se a França falhou na fundação de uma colônia nios coloniais também foram fundidos, ficando sob o
duradoura na América Portuguesa, a Holanda teria comando da Casa Real espanhola, dinastia que ficou
conhecida como “filipina”.
mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima-
Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo
de sucessão da monarquia portuguesa, que entregava tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira tenta-
o trono português à Coroa espanhola, (ato conhecido tiva falhou. Seria criada, então, a Companhia Holande-
como União Ibérica), Portugal assumiu, consequente- sa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por capital
mente, os inimigos da Coroa Espanhola, e entre eles do Estado e investidores privados, cujos objetivos eram
estavam os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os a tomada das áreas açucareiras e o controle do merca-
do de escravos na África. Finalmente, em 1624, a capital
domínios coloniais também foram fundidos, ficando
foi ocupada por um dia, mas retomada, posteriormen-
sob o comando da Casa Real espanhola, na dinastia te, em ação coordenada por Matias de Albuquerque
que ficou conhecida como “filipina”. (governador português vigente), evitando, assim, que
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- as fazendas de cana e engenhos fossem tomados. Novo
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo ataque aconteceu em 1627, mas o objetivo parecia ser
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten- apenas a pilhagem e, não, a ocupação da área.
tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan- Como não conseguiam ocupar a capitania da Bah-
ia, os holandeses se voltaram para Pernambuco, que
desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por
também era importante centro produtor de açúcar.
capital do Estado e investidores privados, cujos objeti- Organizados, 7.280 homens, em 65 embarcações, ini-
vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle ciaram o ataque em 1630 e Olinda foi ocupada pelos
do mercado de escravos na África. holandeses. Estes, por sua vez, investiram na colônia
Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um que acabavam de conquistar: Maurício de Nassau foi
dia, mas retomada em seguida em ação coordenada feito governador-geral do “Brasil holandês” e trans-
por Matias de Albuquerque (governador português formou, substancialmente, a área. Nassau restabele-
ceu os engenhos que haviam sido abandonados pelos
vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e
colonos portugueses, recompôs o tráfico de escravi-
os engenhos fossem tomados. Novo ataque aconteceu zados, forneceu crédito e obrigou o plantio para sub-
em 1627, mas o objetivo parecia ser apenas a pilha- sistência da capitania. Além disso, Nassau mostrou-se
278 gem e não a ocupação da área. tolerante na questão religiosa.
A administração do “Brasil holandês” por Nassau AS REBELIÕES NATIVISTAS
trouxe bons feitos para a região, como a criação da
Cidade Maurícia, o que melhorou a situação da popula- Características; a Crise do Sistema Colonial
ção da região que, antes, se via em péssimas habitações Português; Principais Rebeliões Nativistas — Revolta
e sem acesso às devidas condições de higiene. Foi tam- de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos
bém sob sua supervisão que se construiu as três primei- Mascates e a Revolta de Vila Rica
ras pontes de grande proporção no território colonial e
se criou um espaço que recolhia espécies variadas de z Revolta de Beckman
fauna e flora. Também foi durante a administração de
Nassau que artistas passaram pelo nordeste. O holan-
O descontentamento com o governador Francisco
dês Frans Post, por exemplo, teve grande destaque ao
de Sá Meneses era grande: havia sua aparente apatia
representar paisagens de Pernambuco.
Embora Nassau tenha feito uma administração pela situação de miséria no Maranhão e, ponto fun-
popular na região, acabou retornando à Europa em damental, havia a legislação a respeito da escraviza-
1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com- ção indígena, questão que se relacionava com a ação
patriotas. A insurreição tem início em 1645, quando jesuítica. No dia 25 de fevereiro de 1684, liderados
os insurgentes liderados por Antônio Dias Cardoso pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, os insurgen-
derrotaram os holandeses no Monte das Tabocas, tes tomaram a cidade de São Luís e instituíram uma
quando também conseguiram isolar os holandeses junta de governo com representantes dos latifundiá-
em Recife e Itamaracá. rios, do clero e do povo.
Em 1646, em uma empreitada levada por mulhe- Depois de conquistada a cidade, o movimento
res camponesas, os holandeses são novamente der- foi perdendo a adesão popular e terminou em 1685,
rotados na Batalha de Tejucupapo, sendo tal evento com a chegada do novo governador Gomes Freira de
um marco histórico para as mulheres no Brasil. Com o Andrade e das tropas lusas, quando foi decretada a
incremento cada vez maior de exércitos portugueses e prisão dos principais líderes, pondo fim à revolta.
isolamento dos remanescentes holandeses, a Batalha Embora descontentes com as autoridades coloniais, os
dos Guararapes foi marco de sua expulsão. revoltosos não pretendiam, nesse movimento, romper
Com a retomada portuguesa, os judeus, que com a Coroa portuguesa, não ainda.
tinham conhecido uma grande liberdade no período
da ocupação, partem para Nova York, onde teriam z Guerra dos Emboabas
papel relevante na política e na economia da cidade.
Para evitar uma possível retaliação, Portugal indeni- A Guerra dos Embobas está inserida dentro daquilo
zou a Holanda, que reconheceu o nordeste brasileiro
que os historiadores chamam de “revoltas nativistas”,
como território luso.
que implicam certo amor à pátria e desacordo com a
A partir daí, deu-se um declínio do chamado “Bra-
metrópole. No início do século XVIII, o ouro foi desco-
sil holandês” e as “guerras brasílicas”, que visavam
berto na região das Minas e teve-se início o conflito entre
à retomada do território pelos portugueses, prologa-
ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final- bandeirantes paulistas e emboabas (termo que designa-
mente retomaram o espaço invadido. va forasteiros), pela administração do território aurífero.
A Guerra dos Emboabas foi, sobretudo, uma con-
tenda entre práticas e concepções políticas diversas:
As Questões de Limites entre Portugal e Espanha e
de um lado os paulistas e, de outro, os forasteiros.
a Formação das Atuais Fronteiras do Brasil: Tratados
Não se pode reduzir o conflito apenas aos desejos de
de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz
obtenção de terra e riqueza, existindo, ainda, ques-
tões sociais e políticas mais profundas.
A configuração dos limites territoriais alterou-se
Os descobridores do ouro, bandeirantes paulistas,
bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494. Duran-
acreditavam que mereciam tratamento especial, ou as
te a União Ibérica, quando as possessões de Espanha e
chamadas mercês, pelos serviços prestados à Coroa,
Portugal foram fundidas, o respeito aos limites do ter-
como o desbravamento do território e, consequente, a
ritório deixou de ser levada a sério. Porém a atividade
descoberta de metais preciosos; isso não ocorreu, o que
bandeirante e a atividade pecuária aumentavam o espa-
gerou ressentimento por parte dos paulistas. A guerra
ço ocupado por colonos ligados a Portugal. O Tratado
terminou em 1709, após a Coroa apoiar os emboabas
de Utrecht, de 1713, teve como objetivo resolver esses
com o intuito de sufocar os revoltosos paulistas.
problemas. Definiu que a Colônia de Sacramento, atual
Uruguai, era posse portuguesa. O Tratado de Madri, de
z Revolta dos Mascates
1750, devolveu a Colônia de Sacramento aos espanhóis,
enquanto estabelecia a região dos Sete Povos das Mis-
sões (atual Rio Grande do Sul), do atual Centro-Oeste A revolta dos Mascates data de 1710 e faz parte de um
e boa parte da Amazônia como posses portuguesas. conjunto de eventos que se caracterizam pela ruptura
HISTÓRIA DO BRASIL
Embora o Tratado de El Pardo, em 1761, tenha revogado com a ordem colonial. O início do conflito se deu quando
o Tratado de Madri, o Tratado de Santo Ildefonso (1777) os comerciantes de Recife, apelidados pejorativamente
restabeleceu a decisão do Tratado de Madri. O Tratado de mascates, clamaram pela autonomia do povoado que
de Badajoz, 1801, ratificou a Colônia de Sacramento era, até então, compreendido como porto de Olinda, cida-
como propriedade da Espanha. de já em decadência. A elite açucareira de Olinda reagiu
violentamente ao pedido de autonomia de Recife, convo-
cando a população pobre e criando milícias.
279
A revolta durou menos de um ano. O grupo, forma- Com a invasão napoleônica à Espanha e a prisão
do majoritariamente pela população pobre e pela elite do rei em 1807, D. João viu a possibilidade de o Impé-
açucareira, marchou contra Recife, forçando o gover- rio Português entrar em colapso, como começava a
nador da capitania a fugir para a Bahia, o que deu aos ocorrer com o Império Espanhol. Sendo assim, em
revoltosos controle de boa parte da região por um um acordo com a Inglaterra, “escondido” da França,
tempo. O grupo de revoltosos, mais especificamente a D. João partiu com a Família Real para o Brasil (1808),
elite de Olinda, incorporou à sua pauta o propósito de onde pretendia manter a unidade de seu império e
tornar Pernambuco independente, vislumbrando um fugir da prisão pelo exército napoleônico.
regime republicano. Como plano alternativo, caso o Em terras brasileiras, o então príncipe regente deu
plano de independência falhasse, concebeu-se a cria- fim ao Pacto Colonial (abrindo os portos para a Inglater-
ção de um protetorado francês, o que nunca ocorreu, ra), criou a Imprensa Nacional, a Biblioteca Nacional, o
posto que a conjuntura delicada da França não torna- Banco do Brasil, além de outros órgãos administrativos,
va viável esse tipo de apoio. como a junta de Comércio e o Conselho da Fazenda.
Um ano depois, os comerciantes de Recife retoma- Em 1815, o Brasil foi elevado a Reino Unido de Por-
ram o controle da capitania após combaterem no inte- tugal, Brasil e Algarves. Dois anos depois, nasceu em
Pernambuco o primeiro grande movimento pela inde-
rior com os revoltosos e receberem reforços de Lisboa.
pendência do Brasil: a Revolução Pernambucana, que
Ao final, os mascates saíram vitoriosos: a elite de Olin-
reunia oficiais, negociantes liberais e padres.
da foi derrotada, o controle da capitania recobrado,
Em Portugal, eclodiu, em 1820, a Revolução Libe-
Recife foi transformada em vila, convertendo-se em
ral do Porto, que exigia uma nova constituição e o
sede da capitania de Pernambuco. Apesar do fracasso
retorno de D. João VI à Europa. Em meio à formação
da revolta, pela primeira vez falou-se em autogoverno das Juntas Constitucionais (nas quais o Brasil também
ou declarou-se a preferência pela forma republicana possuía representantes), D. João deixa seu filho, D.
de governo, o que constituiu um marco importante. Pedro, como príncipe-regente, e volta para Portugal.
Durante 1822, houve diversos movimentos de oposi-
z Revolta de Vila Rica ção a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na Bahia.
Entre diversas tendências, venceu aquela que defendeu a
A motivação para a Revolta de Vila Rica, de 1720, é construção de um Estado independente, que mantivesse a
encontrada nas práticas fiscais aplicadas pela Fazen- escravidão e o poder das elites econômicas. Assim, a lide-
da Real. Os revoltosos intentavam obrigar a Coroa a rança de D. Pedro em 7 de setembro de 1822 era a garan-
suspender o estabelecimento das Casas de Fundição, tia mais próxima da unidade em uma imensa porção de
locais onde o ouro era transforado em barras e nos terra marcada por regionalismos e profundas diferenças
quais retirava-se a parte referente ao pagamento das sociais. As elites temiam que uma agitação social incluísse
taxações da Coroa. O conflito se deu entre as autorida- pobres e escravizados, que eram 80% da população.
des metropolitanas e a elite socioeconômica da região.
Os revoltosos faziam ações de pilhagem na região, Principais Movimentos Pró-Independência:
gritando frases que expressavam descontentamento Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana
com a administração. O governador da capitania rea-
giu com intensidade: fechou os caminhos de entrada z Inconfidência Mineira
de Vila Rica e prendeu os protagonistas do levante,
enviando-os ao Rio de Janeiro. Felipe dos Santos foi Formada por um grupo eclético e aliada à elite eco-
executado por conta de sua oratória, que apoiava os nômica de Minas, homens e mulheres contestaram as
revoltosos, tornando-o vítima do suplício público. relações coloniais, planejando um levante armado que
declararia Minas uma República. No grupo, havia cône-
MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA NO BRASIL gos eruditos, poetas, professores, inúmeros homens de
letras e membros da elite econômica. As pessoas envol-
Caracterização; Influência Iluminista; Crise vidas na Inconfidência apontavam para a diversidade
Econômica das atividades desenvolvidas em Minas e, portanto, para
a possibilidade de autossuficiência da capitania.
D. José I, em 1750, colocou em prática as reformas O que levou esse grupo a de fato considerar a rebelião
de Estado de seu ministro, Marquês de Pombal. Desta- foi a articulação de fatores político-administrativos, eco-
cam-se: criação do Erário Régio (controlar os gastos da nômicos e culturais. A política metropolitana continuava
Coroa), extinção das Capitanias Hereditárias (1759), a taxar a capitania e seus habitantes, sem considerar que
expulsão dos jesuítas e a instituição da derrama (para a produção aurífera havia decaído, insistindo na impo-
evitar as fraudes causadas com a cobrança do quinto, sição da “derrama” (cobrança de impostos atrasados).
passou a exigir que os mineradores da colônia pagas-
Além disso, a administração ficava quase inteiramente
sem um valor fixo de 1500 quilos de ouro por ano).
fora das mãos da elite local, o que causava desagrado.
Com a instituição da derrama e das imposições cen-
Supõe-se que a Conjuração começou a tomar for-
tralizadoras da Coroa, movimentos revoltosos e levan-
tes se convertem em uma categoria mais organizada, ma na década de 1780, sendo que o projeto de autono-
robusta e de cunho separatista que buscava autonomia mia das Minas foi formalmente debatido em reuniões
de regiões coloniais. Exemplos são a Conjuração Minei- locais apenas em 1788. Na metade da década de 1780,
ra (1788-89), que sob os ideais do iluminismo buscava falava-se de uma “República Florente” e evidenciava-
a independência de Minas Gerais e fundação de uma -se a capacidade de Minas de se tornar soberana.
república; e a Conjuração Baiana (1798), com ideais e Tiradentes foi o mais ativo propagandista das ideias
propostas semelhantes à mineira, além da luta pela da Conjuração: eloquente orador, fez ideias de autono-
abolição da escravidão. As guerras de independência mia circularem por redes que aglutinavam diferentes
dos Estados Unidos (1776) e do Haiti (1790) também segmentos sociais, e esse é um fator essencial para a com-
280 surgiam como símbolos de emancipação da colônia. preensão da punição severa que esse personagem sofreu.
A Conjuração teria início com um motim, que pois soldados e populares invadiram repetidas vezes
deveria ocorrer no mês de fevereiro, em Vila Rica, no os armazéns para roubar carne e farinha. As ideias
momento de imposição da derrama. Se saíssem vito- contrárias à opressão colonial encontraram um clima
riosos, os conjurados irromperiam a rebelião por toda favorável para serem aceitas.
a capitania, declarando a independência de Minas e a Em agosto de 1798, apareceram afixados nas pare-
implementação de uma República. des das casas, igrejas e lugares públicos de Salvador
Os conjurados observavam atentamente a Revo- vários panfletos manuscritos direcionados ao “povo
lução Americana e procuravam aprender com a baiano”, propondo a instalação da “República Baien-
movimentação que acontecia no norte do continente, se”. Os revoltosos queriam que todos aderissem ao
entrevendo as possibilidades de uma República Confe- novo regime e que as autoridades metropolitanas fos-
derada. Pretendia-se exaurir a Corte e fazê-la negociar; sem depostas. Na proposta aparecia também a preten-
contudo, Minas se viu sozinha, tanto na colônia, como são de abolir a escravidão e instaurar a liberdade de
no cenário internacional. A Conjuração foi denuncia- comércio.
da por Joaquim Silvério dos Reis, ativo participante da Não faltaram, porém, os traidores. O movimento
conjuração, que delatou a ação para receber o perdão foi delatado ao governador que imediatamente orde-
das muitas dívidas que tinha com a Coroa. nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro
Feita a delação, ocorreram seis denúncias, a der- de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os conju-
rama foi suspensa, os conspiradores foram presos e rados, encontra-se Cipriano Barato, que foi absolvido,
abriu-se a “devassa”, busca por provas que iriam cons- enquanto outros participantes foram condenados ao
tituir os autos do processo da Conjuração Mineira. Ao degredo na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João
final de três longos anos, os conjurados considerados de Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
culpados foram degradados para a África, houve o na forca e esquartejados.
sequestro de seus bens e alguns foram condenados à
forca. Quanto a Tiradentes, sua pena foi aplicada pela
Coroa de modo a ser exemplar e espetacular, ficando
por muito tempo na memória dos colonos: foi enfor-
cado no Rio de Janeiro, seu corpo foi esquartejado e
BRASIL IMPÉRIO
salgado e os pedaços ficaram em exibição em pon-
O PERÍODO JOANINO
tos estratégicos do Caminho Novo, sendo sua cabeça
exposta no centro de Vila Rica.
A Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil;
O Governo de D. João VI no Brasil: Política Interna e
Externa; a Revolução do Porto e Partida da Família
Real
As Regências Unas
O fuzilamento de Frei Caneca.
A Regência Una de Feijó (1835-1838) destacou-
Fonte: Meio Norte.
-se pelo autoritarismo contra rebeliões de homens
livres pobres e escravizados. No entanto, foi nesse
HISTÓRIA DO BRASIL
Panorama Externo: a Guerra da Cisplatina; a Guerra período que eclodiram as principais revoltas regio-
de Independência; a Abdicação de D. Pedro I nais pelo Brasil. Em 1838, os conservadores assu-
miriam a liderança sob a Regência Una de Araújo
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina Lima (1838-1840), responsável por tirar a autonomia
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do das províncias na nomeação de cargos públicos; no
Rio da Prata. Após um desgastante e custoso conflito entanto, sua preocupação maior, que era deter as
(o Banco do Brasil chegou a falir), a independência do revoltas regionais, não se concretizou, ficando a car-
Uruguai foi reconhecida. go da antecipação do Golpe da Maioridade em 1840.
A instabilidade política também podia ser veri- Araújo Lima ainda foi responsável pela fundação de
ficada em episódios como a Noite das Garrafadas, duas importantes instituições, o Instituto Histórico e
demonstrando a grande divergência entre brasileiros Geográfico Brasileiro (IHGB) e o Colégio D. Pedro II,
e portugueses. no Rio de Janeiro. 283
As Revoltas Regenciais: Cabanagem, Balaiada, Panorama Político-Partidário do II Império:
Malês, Sabinada e Farroupilha Conservadores e Liberais; Rivalidades Iniciais;
as Revoltas Liberais de 1842; Conciliação; O
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão Parlamentarismo Brasileiro
de diversos movimentos separatistas nas províncias
do país. Entre eles, destacam-se:
284
recusou a indenizar os ingleses pelo saque da mercado-
ria do navio Christie (por isso, o impasse ficou conhecido
por Questão Christie). O Brasil invadiria novamente o
Uruguai em 1864; dessa vez, resultaria no maior conflito
armado da história da América do Sul.
Em 1864, a Campanha contra Aguirre levou o Bra-
sil a depor o então presidente uruguaio para colocar
seu aliado Venâncio Flores. Essa atitude desagradou
diretamente o ditador uruguaio Solano Lopez. Assim,
em 1865, teve início a Guerra do Paraguai, ou Guerra
da Tríplice Aliança, iniciada a partir da intervenção
brasileira sobre os governos do Uruguai e da Argen-
tina, desagradando os interesses paraguaios na Bacia
Platina. Em resposta, os paraguaios invadiram o atual
Representação feita, em 1882, por Victor Meirelles sobre a Batalha
do Riachuelo travada durante a Guerra do Paraguai.
Mato Grosso do Sul. A guerra opôs os paraguaios, lide-
rados pelo ditador Solano Lopez, e a Tríplice Aliança,
Fonte: Wikimedia Commons. formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Vale destacar que o comando vitorioso de Caxias
A Economia e Sociedade Cafeeiras passou a ser extremamente decisivo a partir de 1867,
com destaque para as vitórias nas batalhas de Humai-
tá, Avaí (representada no quadro de Victor Meirel-
O Segundo Reinado foi marcado também por uma
les, a seguir), Itororó, Lomas Valentinas, Angostura e
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo
a tomada de Assunção em janeiro de 1869. O Brasil
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da acabou indo mais além que uruguaios e argentinos,
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- arrastando a guerra até o assassinato de Lopez, em
midores, além de algumas condições internas: 1870. Mesmo vitorioso, o Brasil passou a enfrentar
um processo de crise, que desencadearia o início do
z abertura de caminhos que ligavam o litoral ao inte- processo enfraquecimento da monarquia brasileira,
rior passando pelo Vale do Paraíba; culminando em sua queda, em 1889.
z disponibilidade de terras herdadas da política de
vigilância na época do ouro;
z sistema de transporte modernizado com a instala-
ção das ferrovias a partir de 1860.
a Questão Christie; a Campanha Contra Aguirre; a XIX; inclusão do discurso racista, segundo o qual o Brasil
Guerra da Tríplice Aliança; o Comando Vitorioso de deveria se “embranquecer” para se desenvolver.
Caxias na Guerra da Tríplice Aliança Os primeiros imigrantes europeus não portugueses
foram os suíços, trazidos ao Brasil a mando de D. João VI.
Na política externa, o Brasil travou um importan- Em 1818, o governo assentou famílias suíças nas serras flu-
te conflito em 1852. A Campanha contra Oribe e Rosas, minenses, e lá fundaram o município de Nova Friburgo.
como ficou conhecida, teve como objetivo manter sua No mesmo ano, colonos alemães foram mandados
hegemonia sobre o Rio da Prata. Sendo assim, o Exérci- para a Bahia. Em 1824, os alemães chegaram ao sul do
to Brasileiro depôs Oribe do governo uruguaio e Rosas país e instalaram-se em São Leopoldo, no Rio Grande do
do governo argentino. Já na década de 1860, o Brasil Sul. Durante muito tempo, eles foram os mais numerosos
rompeu relações entre 1863 e 1865 com a Inglaterra por imigrantes do Brasil, superados posteriormente pelos
conta de tensões em mar, quando o governo brasileiro se italianos. A imigração alemã foi longa, estendendo-se 285
de 1824 até a década de 1960, com certo crescimento A tardia Lei Áurea, de 1888, validava assim uma
durante o período de 1920, por consequência do fim da situação que já se via irreversível; ou seja: o movi-
Primeira Guerra Mundial. mento abolicionista, em suas diversas facetas e mani-
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, aboliu o tráfico festações, havia feito todo o trabalho até ali. Contudo,
negreiro no Brasil. Isso fez com que os cafeicultores forças- a assinatura da lei por Isabel marca definitiva e ofi-
sem o Império a adotar medidas mais efetivas para atrair cialmente o fim da escravidão no Brasil.
imigrantes para o trabalho nas lavouras. Essa pressão seria A consequência para a monarquia foi definitiva, o
reforçada com a abolição da escravatura em 1888.
golpe de misericórdia havia sido dado e a última sus-
Com isso, a imigração italiana teve o seu auge entre
tentação havia se perdido, uma vez que os cafeicultores
1880 e 1930, principalmente em São Paulo e Minas
logo romperam completamente os laços com o Império.
Gerais e, posteriormente, nos estados do sul. Os imigran-
tes italianos fixaram-se no território brasileiro com os
mais variados negócios, como ramo cafeeiro, atividades A Crise do Império: Questão Religiosa;
artesanais, policultura, atividade madeireira, produção Republicanismo; Questão Militar; Positivismo; a
de borracha, vinicultura e comércio. No início do sécu- Proclamação da República
lo XX, foi a vez dos japoneses desembarcarem rumo às
lavouras de café em São Paulo e no Paraná em fuga do Houve o surgimento da Questão Militar, envolven-
empobrecimento que a modernização de seu país cau- do os direitos sociais e políticos dos militares. Com o
sava aos pequenos agricultores. surgimento do Partido Republicano em 1873, uma ala
mais radical do Partido Liberal passou a contestar a
A Abolição da Escravatura centralização monárquica. O movimento abolicionis-
ta ganhava cada vez maior repercussão em busca da
Com o fim da Guerra Civil estadunidense (1861-1865) aprovação de leis que dessem fim à escravidão.
e a abolição da escravidão naquele país, o “pesadelo” Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
abolicionista voltou a assombrar as elites brasileiras, tão vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
dependentes desse tipo de mão de obra. Assim, como as
venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
próprias elites percebiam que não haveria maneiras de
conhecido como Questão Religiosa.
se escapar desse debate em território nacional, toma-
O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
ram algumas medidas de modo a fazer o Estado tomar
a vanguarda das discussões, na intenção de propor um vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
ritmo gradual e seguro para a causa abolicionista. Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição parecia
É sob essa perspectiva que surge a Lei do Ventre inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
Livre, em 1871, que estipulava que negros nascidos a par- sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
tir da promulgação dessa lei fossem livres, embora deves- bindo seus eventos e organizando ataques.
sem prestar serviços ao senhor até a idade de 21 anos, Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
a título de ressarcimento pelos gastos de sua criação, ou decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
que os senhores recebessem uma indenização quando o em 13 de maio de 1888, perdendo o apoio dos cafei-
escravizado completasse oito anos. Essa lei também fez cultores do Vale do Paraíba, que ficaram conhecidos
com que se passasse a se reconhecer socialmente as famí- como republicanos de última hora. Por fim, um golpe
lias de libertos, e inaugurou uma série de debates políti- militar com o apoio de setores civis realizou a Procla-
cos a respeito dos direitos políticos dessa população. mação da República, em 1889.
A elite cafeeira paulista engrossava as fileiras crí-
ticas às políticas intervencionistas do Estado, sobretu-
z A Questão Militar
do a partir de 1873, quando se agruparam em torno
do Partido Republicano Paulista. Eram homens que
Após o fim da Guerra do Paraguai, muitos grupos
advogavam a causa republicana, mas preferiam silen-
ciar-se a respeito dos debates abolicionistas, visto que do exército reivindicaram determinados interesses
eram grandes proprietários de escravizados. corporativos, como melhores condições, diminuição
Dez anos depois, já havia uma quantidade elevada da intervenção civil monárquica sobre o Alto Oficiala-
de sociedades abolicionistas; a escravidão havia sido to e maior espaço de participação na política.
extinta nas províncias do Amazonas e Ceará, em 1884, Na década de 1880, esse descontentamento passou
e, um ano depois, era promulgada a Lei Saraiva-Cotegi- para outros temas: os militares defendiam políticas de
pe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que garantia industrialização, urbanização acelerada, maior inves-
liberdade aos escravos com 60 anos de idade ou mais, timento em ferrovias, além de muitos oficiais e solda-
cabendo aos proprietários de escravos indenização. dos serem adeptos do abolicionismo. Em um episódio
É importante dizer que os brancos não foram os úni- em que um soldado foi impedido e depois punido por
cos, nem mesmo os mais importantes, em torno da causa homenagear os jangadeiros do Ceará na luta contra
abolicionista. Negros escravizados tiveram participação a escravidão, o exército e diversos líderes militares,
ativa nesse processo: com astuta percepção do momen-
como Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, se
to em que viviam, esses indivíduos tinham consciência
solidarizaram e também foram deslocados de suas
de que o sistema escravocrata perdia sua legitimidade;
funções ou receberam advertências.
assim, fugiam, revoltavam-se e utilizavam-se constante-
mente da violência para contestar as condições em que Mesmo com a “anistia”, o Império não conseguiu
viviam. Ademais, outras formas de solidariedade, como desarticular uma posição mais ampla para além dos epi-
o casamento, o apadrinhamento, as associações em sódios: os militares estavam convencidos de seu direito e
irmandades, a proliferação de quilombos, entre outras, sua obrigação de intervir na política para salvar o país dos
286 forçaram as elites brancas à negociação. desmandos da elite imperial; essa saída seria a república.
z A Questão Religiosa Marechal Deodoro obrigou o visconde de Ouro
Preto a se demitir – aquele que havia formado um
O artigo 5° da Constituição de 1824 estipulava que gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar que
o catolicismo era a religião oficial do Império, sen- a monarquia podia se renovar. Entre a demissão de
Ouro Preto e a proclamação da República, houve um
do permitidos apenas cultos domésticos ou privados
espaço de tempo; o anúncio foi feito na Câmara Muni-
para outras denominações. A Igreja Católica entrou cipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio e, no
em conflito com a Monarquia por conta da vigência dia seguinte, já se falava nos jornais do Governo Pro-
do beneplácito régio, que previa que as bulas papais visório. No dia 16 de novembro, o Governo Provisório
teriam de ser aceitas pelo governo imperial. anunciou o banimento da família real, dando um pra-
Em 1872, o papa Pio IX ordenou que todos os zo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil.
maçons fossem excomungados da Igreja. A medida, Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto
rejeitada pelo imperador, foi posta em prática por republicano não se tornou por isso mais consolida-
do. Era notável que mudanças aconteciam no âmbito
dois bispos de Olinda e Belém, que acabaram presos.
político e social: o romantismo deu lugar ao mate-
rialismo e ao positivismo; passava-se a almejar o
z Positivismo progresso e a modernidade, que eram associados à
república. Porém, apesar das ideias progressistas e
O projeto sociopolítico de Comte pressupunha uma modernas, ainda havia dúvidas sobre o projeto repu-
evolução ordeira da sociedade, incompatível com blicano e seu futuro.
revoluções e mudanças bruscas. Curiosamente, no Até 1894, o país experimentou a tutela militar. Os dois
Brasil, os ideais positivistas serviram para alavancar primeiros governos foram encabeçados pelo marechal
uma troca de regime com a Proclamação da República. Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Estado de 15 de
O aparente paradoxo se explica, em parte, pelo fato novembro, e foram sucedidos por Floriano Peixoto.
de a influência positivista ter resultado em pensamen- Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu a
tos muito diversos no Brasil, conforme se combinou primeira Revolta Armada, que também ficou conhe-
cida como Revolta da Esquadra, liderada por mem-
com outras correntes ideológicas. Nenhum setor
bros da Marinha Brasileira. Seu estopim se deu por
teve maior presença da ideologia comtiana do que as
conta do autoritarismo de Deodoro, que havia, inclu-
Forças Armadas, de onde saiu o vitorioso movimen- sive, fechado o Congresso (em clara violação da Cons-
to republicano e a ideia de adotar o lema “Ordem e tituição), demonstrando sua inabilidade em lidar com
Progresso”. Várias das medidas governamentais dos a oposição. Com a Primeira República, veio também
primeiros anos da República tiveram inspiração posi- uma crise econômica e de descontentamento. Por fim,
tivista, como a reforma educativa e a separação oficial em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou, ten-
entre Igreja e Estado, ambos em 1891.2 do em vista a possível guerra civil caso insistisse em
manter-se no poder.
Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência
e se manteve no cargo, embora devesse ter convocado
novas eleições. Foi no governo de Floriano que surgiu
BRASIL REPÚBLICA o que ficou conhecido como “florianismo”, movimen-
to que aconteceu entre 1893 e 1897, no Rio de Janeiro,
A REPÚBLICA VELHA com expressiva participação popular. O líder conse-
guira, de fato, entusiasmar setores expressivos das
A República da Espada: os Governos de Deodoro e de camadas médias urbanas e da população em geral,
mas o autoritarismo permaneceu.
Floriano Peixoto
Ainda assim, a Marinha não recuou e, em setem-
bro de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação
Em 1889, a campanha republicana ganhou força de novas eleições presidenciais, visto que se sentiam
no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”, particularmente negligenciados pelo poder republica-
espécie de força paralela ao Exército composta por no. Esse grupo estava crente de que era preciso rebe-
negros libertos, que procurava proteger a monarquia. lar a Armada contra Floriano para que assim pudesse
A situação dos libertos ainda era delicada e, na época, recuperar seu antigo prestígio.
acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos- Floriano Peixoto, por sua vez, reprimiu a armada e
decretou estado de sítio, recebendo a alcunha de Mare-
sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à
chal de Ferro. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
família imperial, pois receavam que sua condição de convocadas, transferindo o governo a civis e inauguran-
libertos pudesse ser revertida. do um novo modo de se fazer política, em um período
Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro que ficou conhecido como República Oligárquica.
Sant’Ana, o imperador Dom Pedro II sofreu um aten-
tado que, embora não tenha causado nenhuma gra- Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado
vidade, tornou-se um evento notório quando lhe (1912 - 1916)
HISTÓRIA DO BRASIL
z Contestado (1912-1916)
(defendendo um Estado forte, autoritário e interven- Partido Republicano Paulista, venceu a disputa. Era
cionista para a modernização do país). a vitória da corrente moderada do PRP, que preten-
dia uma política de pacificação do país e garantia dos
interesses das elites cafeicultoras de São Paulo. A par-
tir de 1898, foi criada a Política dos Governadores,
ou Política dos Estados, que reconhecia a autonomia
das elites regionais — o que significava, por vezes,
ignorar os excessos dessa elite.
5 VALORIZAÇÃO do café. Brasil Escola, 2022. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/valorizacao-cafe.htm. Acesso em: 24 nov.
290 2022.
z Revolta da Vacina A indignação dos derrotados e as acusações de fraude
eleitoral foram incorporadas pelas oligarquias contrárias
A República estava ainda em processo de conso- a São Paulo, pelo Exército, pelo movimento operário e
lidação após a independência e, no início, muitos se pelas classes médias. O assassinato de João Pessoa em 26
empolgaram e aderiram ao projeto republicano. Mas, de julho de 1930 indignou a opinião pública, que acusava
com o passar dos anos, o descontentamento e desa- motivações políticas por trás do crime. No início de outu-
pontamento apareceram, e com eles, as revoltas. bro, Minas, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba
Em 1904, ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta
mobilizaram tropas até as fronteiras de São Paulo.
popular contra as medidas que pretendiam erradi-
Com a iminência de uma guerra civil, uma junta mili-
car a febre amarela, chamada de Revolta da Vacina.
tar depôs Washington Luís em 24 de outubro de 1930. Em
Nela, a população pobre, que havia sido expulsa dos
31 de outubro, Getúlio Vargas chegou ao Rio de Janeiro na
centros das grandes cidades e se fixado em seus arre-
dores, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola, condição de líder da Revolução, aclamado pelos tenentes
cuja iniciativa foi do sanitarista Oswaldo Cruz. e pela multidão. Em 3 de novembro de 1930, tinha início
Mesmo que a movimentação tenha sido resultado o governo provisório (1930-1934) sob a chefia de Vargas.
da desinformação a respeito da vacina, não podemos
limitá-la somente a isso, pois haviam mais elementos no
movimento: a população pobre se revoltava pela forma
como vinha sendo tratada pelo governo republicano.
A população reagiu com violência, quebrou trans-
portes públicos, depredou edifícios e atacou agentes
higienistas. O governo, por sua vez, também revidou
com violência: decretou estado de sítio, suspendeu
direitos constitucionais, prendeu os líderes e os depor-
tou para o Acre. Embora a revolta tenha sido controla-
da pelo governo e a varíola contida, o número de óbitos
foi grande, sendo trinta mortos e mais de cem feridos.
z Cangaço
Getúlio Vargas sendo recebido no Rio de Janeiro durante a
O movimento do cangaço foi uma forma conhecida Revolução de 1930.
como banditismo social, isto é, a violência dos ataques e
saques aos municípios e vilarejos do sertão nordestino Fonte: Aventuras na História.
envolvia disputas de terras, coronelismo, vinganças pes-
soais, revolta com a situação de miséria e a falta de assis- A ERA VARGAS
tência do poder público. Esses bandos eram formados por
jagunços e antigos capangas de fazendeiros que peram- O Governo Provisório; a Revolução Constitucionalista
bulavam armados pelo interior do nordeste. Os cangacei- de 1932; Governo Constitucional de Vargas; a
ros tornaram-se extremamente temidos por todo o país, Constituição de 1934; Radicalização Ideológica:
sendo seu mais famoso líder Virgulino Ferreira da Silva, o
Comunistas Versus Integralistas; a Intentona
Lampião. Quando de sua morte, em 1938, sua cabeça foi
Comunista de 1935; a Revolta Integralista de 1938
exibida em praça pública, ao lado de outros do seu bando,
como sua companheira, conhecida como Maria Bonita.
Uma coligação entre oligarquias adversárias de São
Paulo e frações do Exército ocupou o poder na queda da
República Oligárquica. Todavia, a única coisa que unia
todos esses setores era a oposição aos oligarcas do Par-
tido Republicano Paulista (PRP): os tenentes defendiam
um governo forte e centralizado que tutelasse a socieda-
de e intervisse na economia, as elites gaúchas positivistas
eram inclinadas a um Estado centralizado e interventor,
as elites mineiras liberais simpatizavam com o federalis-
mo e com algumas reformas sociais.
Em meio às tensões entre liberais e autoritários,
estava Getúlio Vargas, fazendo o papel de mediador
de interesses em conflitos, dando equilíbrio entre os
Lampião e Maria Bonita.
grupos em disputa e isolando seus opositores. Esse
Fonte: Aventuras na História. esquema ganhou o nome de “Estado de compromis-
HISTÓRIA DO BRASIL
A Ruptura Oligárquica e a Revolução de 1930 so”, reunindo liberais da velha prática política, refor-
madores políticos e sociais, o empresariado industrial,
Washington Luís (1926-1930) não se deu conta da que ainda era dependente da ajuda do café, a classe
frágil relação entre as oligarquias mais poderosas, em operária, organizada em torno de organizações sindi-
especial São Paulo e Minas Gerais, indicando o também cais, e uma classe média que ocupava cargos de fun-
paulista Júlio Prestes para a sua sucessão e não Antô- cionários públicos e profissionais liberais.
nio Carlos de Andrada, de Minas Gerais. Os mineiros Nesse período, destacam-se a fundação do Ministé-
romperam e apoiaram a Aliança Liberal, encabeçada rio do Trabalho e o Ministério da Educação, em 1931,
por Getúlio Vargas e João Pessoa, contra Júlio Prestes. e a vigência do novo Código Eleitoral (direito ao voto
A máquina política dominada pelos paulistas levou a feminino e Justiça Eleitoral autônoma para monitorar
melhor sobre a inovadora e reformista campanha da resultados e coibir fraudes), em 1932. Entre as tendên-
Aliança Liberal nas eleições de maio de 1930. cias político-ideológicas nos anos 1930, destacam-se: 291
z Positivismo corporativista: Estado forte, buro-
cratizado e interventor na economia, na educação
e nas relações de trabalho;
z Liberalismo: livre-iniciativa na economia, direito
inviolável de propriedade, liberdade individual,
liberdade de expressão, federalismo, independên-
cia entre os Três Poderes, limitação na participação
política popular e repressão contra movimentos
de massa;
z Esquerda (reformista e revolucionária): para os
comunistas, a saída para a crise capitalista era o
fim da propriedade privada e a construção de uma
sociedade igualitária. Ficavam entre a defesa da
revolução radical e a construção de uma aliança
entre setores democráticos e progressistas. Em
1934, socialistas, nacionalistas e comunistas aca-
baram convergindo na formação da Aliança Nacio- Cartaz convocando os paulistas a lutarem na Revolução
nal Libertadora (ANL). Suas principais bandeiras Constitucionalista de 1932.
eram o antifascismo, a crítica aos latifundiários e a
crítica ao capital financeiro e estrangeiro; Fonte: Wikimedia Commons.
z Fascismo: organizados sob a Ação Integralista
Brasileira (AIB), a ideologia integralista mistura- Para a redação de uma nova Constituição, hou-
va nacionalismo, civismo, corporativismo, anti- ve a formação de uma Assembleia Constituinte, que
comunismo e antiliberalismo, que deveriam ser se reuniu entre 1933 e 1934. Mesmo aprovando o
conduzidos por um Estado forte. Possuíam forte aumento dos poderes da União, sobretudo no campo
inspiração nos movimento nazifascistas europeus. da legislação econômica e social, frente aos estados, o
princípio federalista foi mantido.
O voto passaria a ser obrigatório e secreto, mas
continuava proibido aos analfabetos. Houve a criação
da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da jornada
de oito horas diárias e das férias anuais, que acaba-
ram demorando em ser implementadas. O governo foi
derrotado com a aprovação da pluralidade sindical.
Vargas foi confirmado como presidente pelo voto indi-
reto com mandato até 1938, quando deveriam ocorrer
novas eleições.
No entanto, a Intentona Comunista, iniciada
em julho de 1935, acabou mudando os rumos. Pres-
tes divulgou um manifesto pedindo a derrubada de
Integralistas reunidos. Vargas e defendendo todo poder à Aliança Nacional
Libertadora. Getúlio respondeu suspendendo as ativi-
Fonte: Toda Matéria. dades da ANL. No final de novembro de 1935, vários
quartéis se rebelaram em Natal, Recife e no Rio de
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista. Janeiro, mas acabaram derrotados.
A tensão teve início com a nomeação do coronel João A repressão foi intensa, com prisões, deportações,
Alberto (pernambucano, tenentista e de esquerda), proibição do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e
causando a ira dos paulistas, organizados sob Frente declaração de “estado de guerra” pelo governo. Ainda
Única Paulista (junção do PRP com o Partido Democrá- em 1935, o governo instituiu o Tribunal de Segurança
tico). Com a pressão, Vargas acabou nomeando Pedro Nacional para realizar julgamentos rápidos, pratica-
de Toledo (paulista e civil). A intenção de acalmar os mente sem direito de defesa. Na prática, a Constitui-
ânimos foi por água abaixo com a depredação do Diá- ção de 1934 estava suspensa.
rio Carioca (crítico do Governo Provisório), o que levou Em 1937, aproveitando-se do clima de agitação,
ao acirramento dos ânimos entre liberais e tenentistas. o governo alegou ter descoberto um documento que
A visita do ministro Osvaldo Aranha foi vista como provava um plano de tomada do poder pelos comu-
uma provocação pelos liberais. Em 23 de maio, a ten- nistas, denominado Plano Cohen. Essa falsificação ser-
tativa de tomar de assalto o Partido Popular Paulista viu de pretexto para que Vargas fechasse o Congresso
(PPP) acabou com a morte de Martins, Miragaia, Dráu- e suspendesse a constituição, dando início à ditadura,
zio e Camargo. Suas iniciais, MMDC, deram nome à
chamada de Estado Novo.
sociedade secreta criada para derrubar Vargas. A revol-
ta explodiu em 9 de julho, durou quase 3 meses e ter-
minou com a rendição de São Paulo em 3 de outubro.
292
Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcio-
nou da seguinte maneira:
mento das indústrias dependia da proteção estatal; as oli- Com a criação do Departamento Administrativo do
garquias e a classe média urbana, que se assustavam com Serviço Público (DASP), além de centralizar a reforma
administrativa, o governo tinha poderes para elabo-
a expansão da esquerda e julgavam que para “manter a
rar o orçamento dos órgãos públicos e controlar a exe-
ordem” era necessário um governo forte. cução orçamentária deles. Com a criação do DASP e
Além disso, Vargas tinha também o apoio dos milita- do Conselho Nacional de Economia, não só a atuação
res. Durante o período, foram implacáveis o autoritarismo, administrativa e econômica do governo passou a ser
a censura, a repressão policial e política e a perseguição muito mais efetiva, como também aumentou conside-
daqueles que fossem considerados inimigos do Estado. ravelmente o poder do Estado.
6 VELASCO, V. Levante Integralista, InfoEscola, [s.d.]. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/levante-integralista/. Acesso em: 24
nov. 2022.
7 Ibid. 293
A cafeicultura foi convenientemente defendida, a Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em
exportação agrícola foi diversificada, a dívida exter- 1941, e o torpedeamento de vários navios mercantes
na foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos aliados
mineração de ferro e carvão expandiu e a legislação em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes, Filin-
trabalhista foi consolidada com a adoção da Consoli- to Müller e Francisco Campos, defensores da aliança
dação das Leis do Trabalho (CLT). com os alemães, marcou a tomada de decisão. Em
As principais empresas estatais criadas no perío- 1944, foram mandados 25.000 soldados da Força Expe-
do foram: CSN — Companhia Siderúrgica Nacional dicionária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a
(1940); Companhia Vale do Rio Doce (1942); CNA — participação do Brasil no conflito.
Companhia nacional de Álcalis (1943); FNM — Fábri-
ca Nacional de Motores (1943) e CHESF — Companhia
A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1945 E 1985
Hidroelétrica do São Francisco (1945).
O antigetulismo tentava apontar para a contradi-
ção de um regime ditatorial que lutava por democra- Governo Dutra
cia ao lado dos aliados na Europa. A pressão política
acabou por levar o governo a aprovar o Ato Adicional Os eleitos, presidente e congressistas, tomaram pos-
nº 9, que previa a realização de eleições e a liberda- se em janeiro de 1946, e logo deram início aos traba-
de partidária. Entre abril e julho de 1945, o Partido lhos da Assembleia Constituinte que, oito meses depois,
Comunista Brasileiro voltou a funcionar, e foram fun- entregou uma nova constituição para o país, que man-
dados a União Democrática Nacional (UDN), o Partido tinha as conquistas sociais estabelecidas anteriormen-
Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Demo- te, mas marcava o estabelecimento da democracia e
crático (PSD). dos direitos políticos como elementos imprescindíveis.
O debate sobre a possibilidade de Vargas concor- Dutra assumiu no contexto da Guerra Fria e, desde o
rer às eleições foi bastante tenso; quando ele nomeou
início, deixou claro de que lado estava: adotou uma polí-
seu irmão Benjamin Vargas para a chefia da Polícia do
tica externa de alinhamento automático aos Estados Uni-
Distrito Federal, a oposição e o Alto Comando do Exér-
cito não aceitaram. Todavia, sem maiores resistências, dos, rompeu relações diplomáticas com a União Soviética
Getúlio aceitou a deposição em 29 de outubro de 1945. e estabeleceu os comunistas enquanto inimigos internos.
Na ausência de Congresso, José Linhares, presi- Desde 1945, Vargas havia anistiado os comunistas, e nas
dente do STF, dirigiu o país até a posse do eleito Eurico eleições desse ano, o Partido Comunista ocupou 9% dos
Gaspar Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas seguia, assentos do Congresso, mas a legalidade duraria pouco.
mesmo de sua fazenda em São Borja (RS), uma lide- Não precisou de muito, já que as greves do início
rança importante. Não à toa, voltaria ao Palácio do de 1946 foram suficientes para o governo responder
Catete através do voto em 1951. com forte repressão aos trabalhadores, sobretudo aos
comunistas, intervindo em mais de 140 sindicatos,
O Brasil na II Guerra Mundial: Fatores que Levaram o declarando ilegal a Confederação dos Trabalhadores
Brasil a Participar do Conflito; a Campanha da FEB do Brasil, e regulamentando o direito à greve. Em
1947, o Partido Comunista teve seu registro cassado
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em 1948, o Con-
o governo de Vargas ensaiou uma neutralidade para
gresso cassou todos os mandatos eleitos pela legenda.
negociar tanto com os Aliados quanto com o Eixo,
conseguindo financiamento dos Estados Unidos para Na economia, Dutra promoveu uma liberalização
a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda e aguda das importações, subsidiando-as com o câmbio
trocas comerciais com a Alemanha. desvalorizado; diminuiu a inflação à custa das reser-
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava vas internacionais alcançadas durante a Segunda
o desenrolar do conflito para determinar apoio ao Guerra, e não deu prosseguimento ao plano de indus-
provável vencedor, em seu governo haviam grupos trialização iniciado no governo anterior.
divididos e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo Em 1948, apresentou o Plano Salte (Saúde, Alimen-
Aranha, que era ministro das Relações Exteriores, tação, Transporte e Energia), mas boa parte do plano
era favorável aos Estados Unidos, enquanto os gene- não saiu do papel. Desde 1946, Vargas já havia rompi-
rais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao do com Dutra. Era preciso desassociar-se da imagem
nazismo. desse governo e planejar seu retorno.
Em 1949, iniciada a corrida eleitoral, Vargas des-
pontou com um programa nacionalista e industria-
lizante e percorreu todos os estados, costurando
alianças. Tocava em aspectos sensíveis, como aumen-
to do custo de vida, inflação, bem-estar social, sobera-
nia produtiva, dentre outros, conseguindo sensibilizar
empresários interessados na industrialização e operá-
rios saudosos do trabalhismo.
O candidato da União Democrática Nacional (UDN),
mais uma vez, foi Eduardo Gomes, e foi novamente
derrotado por suas próprias palavras: em comício,
anunciou ser a favor da extinção do salário-mínimo e
em benefício da liberdade contratual. O resultado das
Emblema utilizado pela Força Expedicionária Brasileira durante a
Segunda Guerra Mundial. eleições foi surpreendente, sendo 48,7% para Getúlio
Vargas ante 29,7% para o brigadeiro Eduardo Gomes.
294 Fonte: Wikimedia Commons. Vargas voltava “aos braços do povo”.
Segundo Governo Vargas Getúlio Vargas passou os últimos dias isolado no
Catete, com a opinião pública contrária à sua perma-
Vargas retornou ao Catete pelo voto popular, mas nência no poder. Na madrugada do dia 24 de agosto,
logo percebeu as dificuldades de governar sob um quando reuniu seu ministério, apenas um ministro,
regime democrático. Além disso, teria que pagar a Tancredo Neves, era partidário de uma resistência.
conta das diversas reivindicações que havia pactuado Contudo, Vargas sabia que sem os militares e os traba-
durante a campanha eleitoral. lhadores mobilizados seria inviável e, se negociasse,
Já no final de 1951, Getúlio enviou ao congresso seria desmoralizado. Assim, nas primeiras horas da
o projeto para criação da Petrobras, mantendo-se de manhã, o presidente cometeu suicídio.
acordo com suas propostas de estabelecer um desen- A reação foi tremenda, nunca vista nem repetida
volvimento autônomo, e a dependência da importação em toda história do Brasil. Uma população colérica,
de petróleo atrapalhava seus planos industrializantes. amargurada, saiu às ruas depredando qualquer sím-
A “Campanha do Petróleo” mobilizou e agrupou seto- bolo de oposição a Getúlio Vargas, como as redações
res contraditórios, sendo um dos poucos episódios de de O Globo e da Tribuna da Imprensa e a sede da Stan-
dard Oil. Iniciava-se uma caçada a Carlos Lacerda, que
maior consenso na história política brasileira. Outra
primeiro se refugiou na embaixada norte-americana
proposta do governo estava associada ao investimen-
e logo foi transferido de helicóptero, quando a popu-
to em energia elétrica; contudo, apenas em 1962 a Ele-
lação ameaçou invadir o prédio. Em frente ao quar-
trobras foi finalmente viabilizada.
tel-general da 3ª Zona Aérea, a população também
No seu governo, também aconteceu a expansão da
ameaçou invadir, mas foi duramente reprimida pelos
indústria de base, sobretudo siderúrgica, assim como a oficiais da Aeronáutica.
fabricação de automóveis, principalmente tratores e cami-
nhões, o que refletiu positivamente no governo seguinte, Governo JK
que conseguiu implementar a indústria de automóveis.
Evidentemente, a nacionalização de áreas conside- Em fevereiro de 1956, dois oficiais udenistas da Aero-
radas estratégicas, como energia e petróleo, e a pro- náutica planejaram instalar um foco de sedição na parte
posta de diversificação do mercado interno, causaram central do Brasil e iniciar uma guerra civil, dado o ódio
o primeiro embate sério de propostas entre o ideário que mantinham a respeito do resultado das eleições do
nacional-desenvolvimentista do governo e aqueles ano anterior, uma vitória “getulista” que havia alçado
que acreditavam em um desenvolvimento associado Juscelino Kubistchek à presidência da república.
com o capital internacional. Rapidamente foram desmobilizados. O oportunis-
Havia, ainda, a pressão exercida pelos latifundiá- mo de Carlos Lacerda já havia se manifestado pouco
rios intocáveis e de industriais que consideravam a tempo antes, quando pretendeu impugnar a eleição
legislação trabalhista onerosa demais, e a crise que se justificando que o candidato vencedor não havia obti-
abateu sob os partidos governistas. A oposição, sobre- do a maioria absoluta dos votos, mesmo que a Consti-
tudo a UDN, soube utilizar essas contradições. tuição não mencionasse esse aspecto. Certo foi que a
Para piorar, a partir de 1952, o apoio ao programa repercussão foi imensa, adentrando os quartéis e fer-
de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dimi- vendo o caldo golpista, recebendo simpatia, inclusive,
nuiu e o Banco Mundial iniciou a cobrança da dívida do presidente em exercício, Café Filho.
pelos empréstimos vencidos. Os sintomas foram ele- Quando Café Filho se afastou, alegando doença,
vação da inflação, aumento do gasto público e do cus- quem assumiu foi o vice-presidente da Câmara dos
to de vida e diminuição dos salários. deputados, Carlos Luz, um aberto simpatizante do
As greves da primeira metade de 1953 deram golpismo em curso. Para que o golpe se efetivasse, era
um empurrão maior, sendo afrouxadas apenas com necessário, contudo, tirar do caminho o único militar
a nomeação de João Goulart, hábil articulador com legalista do governo, Henrique Teixeira Lott, que
os sindicatos, para o Ministério do Trabalho. Um ano ocupava o cargo de Ministro da Guerra.
depois, a proposta de duplicar o valor do salário míni- Em novembro de 1955, Luz convocou o Ministro da
mo elevou ainda mais a temperatura, agitando os Guerra com intenções de contrariá-lo ao ponto de for-
çar sua renúncia e, na madrugada do dia 11, prevendo a
quartéis em disposições golpistas, tornadas públicas
movimentação golpista, convocou o presidente do Sena-
no “Manifesto dos Coronéis”, de autoria de Golbery
do e o líder da maioria na Câmara para anunciar seu
do Couto e Silva. A crise levou à demissão de Goulart,
contragolpe, e assim colocou suas tropas leais na rua.
assim como do Ministro da Guerra de Vargas.
Em sessão extraordinária, os deputados depuse-
Em 5 de agosto de 1954, iniciava-se a contagem
ram Carlos Luz que, por sua vez, foi sucedido pelo
regressiva para o fim trágico do governo Vargas. Um
presidente do Senado, Nereu Ramos. Contudo, a
atentado deixou o principal opositor, Carlos Lacerda, aventura golpista só foi finalizada quando o congresso
HISTÓRIA DO BRASIL
levemente ferido, e levou à morte o major Rubens Vaz. interditou o vice-presidente Café Filho, que havia se
A campanha de desmoralização do governo mobili- recuperado e estava disposto a reassumir o governo.
zada pela imprensa foi intensificada, denunciando Quando Juscelino assumiu, nomeou Lott como seu
verdades e muitas outras calúnias, isolando cada vez Ministro da Guerra, anistiou os revoltosos e procurou
mais o presidente no Palácio do Catete. cooptar os militares com seus projetos de governo,
A Aeronáutica assumiu as investigações e logo como a modernização do exército, a efetivação de
chegou-se à conclusão de que se tratava de crime de uma indústria bélica, a compra de um moderno avião
mando, e o pior: o mandante foi o chefe da Guarda Viscount para a Aeronáutica e de um porta-aviões da
Presidencial, Gregório Fortunato. Embora Getúlio fos- marinha britânica, rebatizado de Minas Gerais, sem
se inocente, as pressões foram corroendo a autoridade falar na distribuição de cargos para militares. A estra-
do presidente, culminando na invasão do Catete pelos tégia funcionou em curto prazo, mas a ausência de
oficiais da Aeronáutica para confiscar documentos. punição aos insubmissos cobraria logo um caro preço. 295
A marca do seu governo estava sintetizada, contu- espaço de cinco anos. Quadros tinha fama de mora-
do, no seu Plano de Metas, que tinha como intenção lista, mas também de administrador honesto; não se
viabilizar um crescimento de “cinquenta anos em considerava getulista, tampouco inimigo destes.
cinco”. E, de fato, Juscelino efetivou logo uma agenda Assim, logo chamou a atenção da UDN que, em uma
de crescimento acelerado, sobretudo na área indus- colisão com pequenos partidos paulistas, decidiu apoiá-
trial de bens de consumo duráveis. -lo à presidência. Seu jeito espalhafatoso foi certeiro,
Seu governo deu prioridade ao setor de transporte propondo medidas austeras de combate à inflação, de
rodoviário, mas a estendeu para o setor automobilís- limpeza moral da administração pública, e dizendo que,
tico como um todo; além disso, deu ênfase à indústria com sua “vassoura”, varreria a corrupção do país.
pesada, de alimentos, e alocou recursos para a área de Do outro lado, as opções eram curtas, e o PSD
energia. Entre 1956 e 1960, expandiu de forma inédita resolveu lançar a candidatura do marechal Lott, que
a malha rodoviária, aumentando a possibilidade de gozava de prestígio entre políticos e militares, e não
circulação de mercadorias e de comunicação. possuía menor carisma eleitoral. O vice trazia a forte
Esse período também foi rico em inovações, com presença de João Goulart, novamente, pelo PTB.
aumento expressivo da participação política, de alte- Elegeu-se, finalmente, Jânio Quadros para presidente,
rações nos comportamentos culturais e de maneiras com mais cinco milhões e meio de votos, e João Goulart
de se repensar o lugar do Brasil no mundo. para vice, com mais de quatro milhões e meio de votos.
Intelectuais trabalhavam juntamente ao governo Isso aconteceu porque a legislação da época previa vota-
em órgãos como o Instituto Superior de Estudos ção independente no pleito para presidente e vice.
Brasileiros (Iseb), em teorias econômicas e sociais, Quadros estabeleceu uma política externa inde-
como a ideia de subdesenvolvimento, advindas da pendente, restabeleceu relações diplomáticas e/ou
Comissão Econômica para a América Latina e o comerciais com a União Soviética e demais países
Caribe (Cepal), com Celso Furtado, a busca da brasili- socialistas, conseguiu renegociar a dívida externa
dade, cuja valoração estava no cotidiano das pessoas, e propôs um completo programa para estabilizar a
refletida nas peças de companhias como o Teatro de inflação. Por outro lado, entrava em choque constan-
Arena, Opinião e Oficina. temente com o congresso, a imprensa e com o vice-
O cinema também partilhou dessa busca da brasi- -presidente; rompeu com a UDN por conta de sua
lidade, com as chanchadas e a incorporação nata da política externa; baixou inúmeros decretos de caráter
ideia de subdesenvolvimento nos filmes do movimen- moralista; propôs uma caçada aos corruptos e conde-
to do Cinema Novo. Diametralmente oposta a essa nava e achincalhava mesmo sem provas.
brasilidade estava a Bossa Nova, uma outra maneira Seu isolamento na presidência era quase intranspo-
de exportar a modernidade em ascensão do país, mas nível, mas ele tinha um plano para se livrar das “amar-
também produto dessa época. ras constitucionais”. Em julho de 1961, enviou João
Diferentemente de Vargas, que propunha um pro- Goulart em missão econômica à República Popular da
jeto nacionalista de industrialização, Juscelino apos- China e em agosto concedeu a Grã-Cruz da Ordem do
tou em uma industrialização financiada pelo capital Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o que foi inad-
externo. O projeto ousado no Plano de Metas só podia missível para Carlos Lacerda, denunciando seu gover-
ser implementado por meio do escancaramento do no em cadeia nacional de rádio e televisão.
país às multinacionais e à concessão de privilégios fis- No dia 25 de agosto, Jânio Quadros, tentando burlar
cais e econômicos, o que aumentou significativamen- todos esses entraves, entregou uma carta de renúncia
te a dependência do país. a seus ministros militares para que fosse entregue ao
Em pouco tempo, empresas estrangeiras domina- Congresso às quinze horas. Com isso, Jânio pretendia
ram setores do desenvolvimento econômico brasilei- causar uma comoção nacional que o reconduzisse ao
ro, a dívida externa aumentou por conta dos gastos e governo com plenos poderes.
a inflação foi inevitável (40% em 1959). A bomba fis- Além disso, contava com a desconfiança que os
cal foi a construção de Brasília, planejada ainda em militares possuíam de seu vice que, por sua vez, esta-
1956 e forçada para ser entregue ainda no governo de va longe, na China comunista, o que inviabilizaria
Juscelino, servindo bem aos propósitos do presiden- qualquer tentativa de Goulart assumir o governo.
te: barganhar com poderosos interessados em lucrar A manobra foi um fracasso. O Congresso aceitou a
com o projeto e desviar a atenção da população dos renúncia, o povo não se mobilizou nem os governa-
problemas imediatos, como a questão da concentra- dores se manifestaram. O presidente da Câmara dos
ção agrária e a inflação. Além de tudo, era o melhor Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente,
exemplo da modernidade cantada por Juscelino. e uma nova crise de sucessão estava armada.
Os ministros militares haviam deixado claro que
Governo Jânio João Goulart não assumiria a presidência e que, se
voltasse ao Brasil, seria preso. Mais uma vez, o mare-
Embora Juscelino Kubistchek tenha chegado ao chal Lott, no Rio de Janeiro, marcou a divisão nas
final do seu mandato com popularidade considerá- Forças Armadas e lançou um manifesto em apoio à
vel, eram visíveis os problemas enfrentados pelo país, legalidade; contudo, foi preso e isolado em uma ilha
sobretudo por conta da grave situação financeira. O na entrada da baía de Guanabara.
próximo governante teria pela frente bastante traba- No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Bri-
lho porque, para controlar a inflação, seria preciso zola propôs outras formas de resistência: mobilizou
fazer ajustes nada populares, como diminuição dos a Brigada Militar gaúcha, instalou a Rádio Guaíba no
salários, créditos e gastos públicos. subsolo do Palácio Piratini e de lá lançou a Rádio da
Em uma campanha bastante inusitada, a estrela Legalidade, sublevando a população e convocando o
foi Jânio Quadros, que possuía uma carreira políti- país inteiro a garantir a ordem institucional.
ca meteórica, sendo eleito vereador, deputado esta- Os militares golpistas ordenaram o bombardea-
296 dual, prefeito e governador de São Paulo em um curto mento do Palácio Piratini, mas militares legalistas da
base sabotaram a decolagem, esvaziando os pneus e os graves problemas econômicos, buscando controlar a
desarmando os aviões que seriam utilizados. Nesse inflação e retomar o crescimento.
mesmo tempo, outro militar legalista, o general José Para a parte econômica, o governo apresentou o
Machado Lopes, comandando o III Exército, aderiu- Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado. Planejado
-se à resistência. O número de resistentes no Sul era para dois momentos, em princípio propunha um modelo
alto, contando com mais de 80 mil pessoas. ortodoxo, aos moldes do Fundo Monetário Internacional,
Em seguida, o governador de Goiás, Mauro Bor- visando controlar as finanças públicas; posteriormente,
ges, declarou seu apoio e, no restante do país, greves previa o andamento das reformas estruturais, prevendo
estouravam por todo lado exigindo respeito à Consti- gastos menores, impostos mais progressivos e integrados,
tuição. O país estava à beira de uma guerra civil quan- agricultura mais produtiva e revisão das condições de
do o Congresso interviu na crise, propondo a adoção crédito, incidindo diretamente em dois problemas gra-
do parlamentarismo; assim, Goulart poderia assumir, ves: os custos de alimentação e moradia.
mas com os poderes limitados. O plano fracassou em diversas frentes, sobretudo pela
Embora houvesse incerteza quanto a isso e, do Sul, indisposição dos setores mais amplos em aceitar os acor-
Brizola insistisse para que João Goulart marchasse dos necessários. Sindicatos não aceitaram as medidas
com o III Exército para Brasília e assumisse o poder restritivas de salários, os empresários e associações do
integralmente, Jango acabou aceitando, provavelmen- mercado não aceitaram o controle dos preços, e os indus-
te temoroso dos resultados de uma guerra civil. triais abandonaram em 1963 o consenso que haviam ofe-
recido inicialmente. No final desse ano, o governo cedeu
Governo “Jango” às pressões, aumentando os salários dos funcionários
públicos e liberando crédito. O Plano Trienal havia sido
Jango tomou posse no dia 7 de setembro de 1961, em derrotado.
regime de emergência, com a inflação ascendente e com Entre setembro e outubro de 1963, a crise foi turbi-
elevada dívida externa a ser paga logo no início de 1962. nada por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal
O golpismo escancarado havia regredido por conta da de não permitir a posse dos militares eleitos (entre verea-
elevada tensão política, mas as conspirações não cessa- dores e deputados) nas eleições do ano anterior; essa
ram. Logo ficaria claro que, da esquerda à direita, não situação ocasionou uma rebelião de sargentos e cabos,
havia disposição de facilitar a governança de João Gou- sobretudo da Marinha e Aeronáutica, que terminou com
lart, levando-o ao ocaso mediante um golpe civil-militar a condescendência do presidente diante da insubordina-
das direitas. ção militar, embora os revoltosos tivessem sido presos.
O parlamentarismo foi um fracasso desde o início, Nesse mesmo ano, Carlos Lacerda clamou ao gover-
e logo foi completamente desacreditado por lideranças no dos Estados Unidos que interviesse de modo a pre-
civis e militares, tendo o PSD e a UDN retirado o apoio ao servar a “democracia” no continente e frear o “golpe”
modelo ainda no começo de 1962. comunista planejado por João Goulart. A incapacidade
O Primeiro Ministério, cujo lema era “unidade nacio- do presidente em lidar com esse evento – entre declarar
nal”, tinha Tancredo Neves como primeiro-ministro, e Estado de Sítio ou não – é considerado o início da ruína
sua ideia era consolidar um governo com uma agenda do seu governo.
reformista, “gradual e moderada”, mas que não estabele- A partir do final de 1963, a grande imprensa foi fun-
cia prazos nem caminhos. damental para repercutir uma tese que dizia que as
As esquerdas radicalizavam ante o dinamismo enxu- reformas de base insistidas pelo governo eram mero
to do governo, propondo reformas mais radicais, a cami- pretexto para um golpe que levaria o país ao comunis-
nhar para a “Revolução Brasileira”. Em novembro de mo. A imprensa fazia coro aos interesses dos empresários
1961, o discurso de Francisco Julião, líder das Ligas Cam- e executivos a serviço do capital estrangeiro e ressoava
ponesas, deixava claro a tônica política do momento: “a nas classes médias, temerosas de uma “proletarização”
reforma agrária será feita na lei ou na marra, com flores do país. Organizações financiadas pela Central Intelligen-
ou com sangue”. ce Agency (CIA), como o Instituto de Pesquisa e Estudos
Desmoralizado por todos os lados, o gabinete Tan- Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática
credo renunciou em julho de 1962, e os dois ministérios (Ibad), também se engajaram na produção de propagan-
sucessores, de Francisco de Paula Brochado da Rocha da e articulação golpista.
e de Hermes de Lima, buscaram formas de retomar o A virada fundamental ocorreu no início de 1964: o
presidencialismo. comício da Central do Brasil, no dia 13 de março, no qual
As eleições de 1962 para os governos estaduais e para João Goulart defendeu enfaticamente as reformas de
o legislativo consolidaram a ascensão do PTB de Jango e, base e que foi visto pela direita como o passo decisivo em
desse modo, o plebiscito que visava escolher entre presi- direção ao golpe comunista. A reação das direitas se deu
dencialismo e parlamentarismo foi adiantado para janei- com a inauguração da Marcha da Família com Deus
ro de 1963, dando vitória inconteste ao presidencialismo. pela Liberdade, no dia 19 de março.
Esse momento inaugurou nova fase do governo de Em menos de duas semanas, na madrugada do dia
HISTÓRIA DO BRASIL
Jango, cuja percepção entre trabalhistas, socialistas e 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu de
comunistas era de desentrave para o andamento das Minas Gerais com suas tropas, dando início ao processo
reformas de base (reforma agrária, bancária, eleitoral, que culminaria no golpe civil-militar do dia 1º de abril de
tributária e revisão da remessa de lucros das multina-
1964.
cionais). Contudo, a mobilização não-parlamentar de
esquerdas, Frente de Mobilização Popular, ainda acu-
sava Jango de ser “conciliatório”, por manter as propostas Movimento Militar de 31 de Março de 1964
reformistas dentro de um Congresso majoritariamente
conservador e dominado por elites regionais. O tempo de disputas institucionais e nas ruas em
No ano de 1963, o presidente teve que lidar com dois torno da implementação das reformas de base pro-
temas que mobilizavam ou implicavam a população de postas pelo presidente João Goulart foi findado com
alguma forma: a reforma agrária, carro-chefe da sua um golpe militar, apoiado por parte expressiva da
agenda reformista, disputada no âmbito institucional, e sociedade civil, no dia 31 de março de 1964. 297
A ditadura inaugurou 21 anos de generais na dire- Além desta articulação interna, o golpe foi apoia-
ção do Estado brasileiro, sem nenhum tipo de alter- do pelos Estados Unidos, que prepararam, inclusive,
nância partidária no poder e com um alto nível de uma operação militar – conhecida como Brother Sam
violência política. Contudo, para entendermos melhor – para caso houvesse resistência por parte de João
esse período, é preciso retornar às disputas políticas Goulart. Em sessão do Congresso Nacional, convocada
em torno da aceitação ou não do varguismo. para as 2h40 de 2 de abril de 1964, o Senador Auro de
A modernização industrial iniciada pelo nacionalista
Moura Andrade declarava vaga a presidência, muito
Getúlio Vargas, e sua proposta de uma política externa
mais autônoma em relação às grandes potências, levou embora Goulart ainda estivesse no Brasil.
a um alargamento da participação política interna; os Goulart, por sua vez, exauridas todas as possibi-
governos que o sucederam tiveram de se equilibrar lidades de resistir ao golpe, partiu para o exílio no
entre essa nova dinâmica interna, de grande politiza- Uruguai. Apesar de tudo, uma pesquisa de opinião
ção, dentro de um contexto marcado pelos fantasmas da mostrava que Jango gozava de amplo respaldo: 45%
Guerra Fria, assim como sucessivas ameaças golpistas. considerava seu governo “ótimo” ou “bom”; 49% pla-
Desde o final do governo de Juscelino Kubistchek, nejavam reelegê-lo em 1965; e apenas 16% considera-
a economia dava sinais de crise, com a diminuição va seu governo “ruim” ou “péssimo”.
da taxa de crescimento, desequilíbrio das finanças
públicas e aumento da inflação, crise essa agravada Governo Castello Branco
pela renúncia de Jânio Quadros apenas oito meses
após sua posse. A tentativa fracassada de setores gol-
pistas dentro das Forças Armadas de impedir a posse Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional
de Goulart, principal herdeiro do varguismo, elevou a elegeu, no dia 9 de abril de a1964, o Marechal Humber-
gravidade das sucessivas crises. to de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presi-
Empossado, Jango não foi capaz de se equilibrar e dência da república. O discurso oficial afirmava, com
atender às demandas dos distintos grupos, e seu gover- apoio de importantes lideranças como Juscelino Kubist-
no foi perdendo cada vez mais apoio popular, isolan- chek e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam
do-se em relação ao conservadorismo institucional. no poder apenas por um período curto, até que a cor-
O golpe militar de 1964 foi aplaudido e auxiliado por rupção fosse extinta e o crescimento econômico fosse
conspiradores ligados à UDN e aos demais setores civis retomado, gozando, assim, de grande legitimidade. Con-
antivarguistas, tendo à frente civis como Ademar de Bar- tudo, logo descobriu-se que a intervenção de 1964 seria
ros, governador de São Paulo, Carlos Lacerda, governa- muito diferente das demais intervenções militares.
dor da Guanabara, e Magalhães Pinto, governador das
No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio-
Minas Gerais. Foi apoiado também por militares anti-
comunistas radicais, pelo núcleo ligado ao Instituto de nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran-
Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), que já colhia infor- cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador
mações desde 1961, e pela cúpula da Igreja Católica. do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos.
O golpe civil-militar foi justificado pela Doutrina Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
de Segurança Nacional, cujo conteúdo foi reitera- cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre-
damente ministrado na Escola Superior de Guerra to do estado de sítio, assim como marcava as eleições
(ESG), criada em 1949, e que contou com assistência presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que,
francesa e norte-americana. O objetivo da ESG era evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as
treinar quadros de alto nível para as tarefas de dire- primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini-
ção e planejamento da segurança nacional. cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek.
Nesse contexto, às Forças Armadas foi atribuída A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965
uma nova função, desempenhar o papel de dirigente,
fez com que o governo planejasse, também, o controle
diferentemente do papel de interventor transitório
ocupado em outros golpes na história recente brasi- do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio-
leira. Assim, os militares passaram a ocupar variadas nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
funções políticas e administrativas, chegando a ocupar ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei-
quase 30% de todos os cargos civis do Estado em 1979. ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
criar uma fachada democrática.
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposicio-
nista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indiretas para
presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já o terceiro
Ato Institucional (AI-3) previa eleições indiretas para os
governos estaduais. A Lei da Imprensa e a Lei de Segu-
rança Nacional, de 1967, solaparam de vez a liberdade
de expressão e quarto Ato Institucional (AI-4) foi baixado
para garantir a aprovação da nova Constituição Federal.
Na intenção de erradicar a elite política e intelec-
tual reformista do coração do Estado, o governo de
Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de
700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas
receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu-
cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido
dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230
Tanque passando pela cidade do Rio de Janeiro em 1964. punições aos militares oposicionistas ao longo de todo
298 Fonte: Site Outras Palavras. o regime foram efetuadas sob seu mando.
A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas O endividamento externo é, também, marca des-
principais medidas estavam sintetizadas no Plano de se período, agravado ainda mais pela primeira crise
Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a problema estava no financiamento das indústrias
reorganização das finanças públicas mediante um novo estatais mediante crédito de bancos privados inter-
sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros
externa a fim de alcançar novos empréstimos. altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal-
No que se refere à nova política salarial, os salá- tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para
rios eram reajustados baseados em um cálculo que mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem-
considerava não somente a inflação dos últimos doze po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên-
meses, como também a previsão de inflação dos pró- cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o
ximos doze meses. Assim, “como a inflação era siste- alocavam entre os últimos.
maticamente subestimada, a nova legislação provocou
perda salarial sistemática, com perversos efeitos distri- Governo Geisel
butivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94).
Esse arrocho salarial era visto pelo governo como Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces-
um fator para a insatisfação popular e para a conse- sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da
quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964, ditadura. O novo presidente ficou responsável por
foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH), uma nova fase de institucionalização do regime,
mais tarde incrementado pela criação do Fundo de conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando ção para o um poder civil.
uma política de financiamento para a construção de Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri-
casas populares e um fundo para o trabalhador demi- meiro diz respeito ao restabelecimento da profissiona-
tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder- lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do
nização autoritária pressupunha o controle das poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu-
organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo tenção do controle da oposição de centro e de esquerda,
Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais. além daqueles indivíduos considerados “subversivos”;
o terceiro planejava a construção de uma democracia
Governo Costa e Silva restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção
das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o
O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de me frente às classes médias e empresariais.
março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como Somava-se a isso a aproximação do governo à
“linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci-
disso, implementou uma política externa mais nacio- mentos provam que a tendência autoritária do regime
nalista e menos alinhada aos Estados Unidos. ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei-
Seu breve governo ficou marcado pela implementa- ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que
ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições
viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele- de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a
cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos, tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no
suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia partido de modo a ampliar o número de votos.
a decretação de estado de sítio sem autorização prévia Além disso, militares de extrema direita respon-
mediante a centralização excessiva do poder Executivo deram violentamente às medidas propostas por Gei-
Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
de comunicação e sob os produtos culturais.
mesmo tempo em que organizações anticomunistas
tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo,
Governo Médici
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen-
O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
sura foi largamente utilizada até 1976.
rastazu Médici, o general de maior patente entre
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor
dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como
os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia
direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
HISTÓRIA DO BRASIL
acusado de subversivo, baseado em uma simples sus- vez que setores importantes da sociedade descredita-
peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre-
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir
“milagre econômico”, cuja taxa de crescimento o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo.
médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
ficou concentrada – e sustentada pelos juros baixos – veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
no setor de bens de consumo duráveis, além de um apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
crescimento exponencial no setor automobilístico. No repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
campo social, contudo, a situação não era favorável, são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
uma vez que o arrocho salarial e a concentração de tacar que embora somente esses dois casos tenham
renda não permitiram a transformação dos ganhos de repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
produtividade dos trabalhadores. denúncias eram feitas em relação às torturas. 299
Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro- O resultado foi a diminuição da inflação e um
ta do partido governista nas eleições do ano seguinte, boom consumista, que rendeu boa popularidade ao
fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun- presidente naquele momento. Esse consumismo, con-
to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão com que faltasse uma série de produtos na prateleira;
do mandato do presidente, de cinco para seis anos, mesmo que o governo tentasse importar esses gêne-
eleições indiretas para governadores de Estado e a ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita-
nomeação de um terço do Senado pelo presidente. dura impossibilitava.
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote, O Cruzado II foi anunciado em novembro de
inviabilizando o acesso da oposição à televisão. 1986, e previa o descongelamento dos preços, há mui-
O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na to exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas
industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico, dos serviços públicos. A inflação, que estava contida,
nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais, passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três
promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo- meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional
ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento de televisão para anunciar a moratória da dívida
econômico, dependendo cada vez mais de quantidade externa do Brasil. A crise parecia não ter fim.
vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar O Plano Bresser foi lançado tendo o objetivo de con-
que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em trolar a alta inflação da época. Ganhou esse nome por
seu governo, intercalada com períodos de crescimento, ter sido conduzido pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos
que seguiriam até o início do governo Figueiredo. Bresser-Pereira. Esse plano ocorreu depois de o Plano
Cruzado falhar no controle do aumento de preços.
Governo Figueiredo Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão,
criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi
O último presidente da ditadura foi João Baptista
um completo fiasco, pois, àquela altura, o governo já
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
havia perdido toda a sustentação política e se tornara
lidação da abertura. O último presidente não possuía
a mesma expertise política de seu antecessor e não extremamente impopular.
conseguiu manter o controle do processo de abertura. A partir desse momento, o país caminhou à hipe-
Seu governo ficou marcado pela maior crise eco- rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços
nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série de supermercado eram reajustados todos os dias e filas
de protestos e a emersão de novos movimentos sociais aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda
ocorreram sob sua governança, assim como violentos vez que surgia o menor indício de aumento dos preços.
ataques terroristas praticados pela extrema direita Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo
militar, intencionando parar o processo de abertura. da Constituinte, transformando os próprios congres-
sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com
A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ 2000) ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora-
dos e algumas propostas do PMDB foram considera-
O Governo Sarney; Crise e Hiperinflação da Década das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se
de 80; os Planos Cruzado, Bresser e Verão — tornaram constitucionais.
Caracterização e Razões do Insucesso Há que se dizer, por fim, que até o final do gover-
no Sarney, nenhuma ruptura significativa em relação
A morte de Tancredo havia abatido enormemente o
à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio
país, levando a uma comoção que há bastante tempo não
presidente, como dissemos), e também porque nenhum
se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a rampa
julgamento havia acontecido para punir militares envol-
do Planalto em um gesto bastante simbólico, pois se trata-
vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças
va do primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura.
se voltaram, enfim, para a primeira eleição direta que
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
escolheria um presidente da república em 21 anos.
presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec- A Constituição de 1988
tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso, A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos
organizar uma economia que herdava da ditadura dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto
dívida externa e inflação monstruosas. restabeleceu eleições diretas para presidente e demais
Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney cargos executivos, reduziu o mandato para quatro
decretou o congelamento dos preços, tentando dimi- anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de
nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir
orçamento e proibiu a contratação de funcionários dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44
públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária horas semanais, criou o abono de férias e o seguro-
passou a ser determinado pela inflação dos três últi- -desemprego, o décimo terceiro salário para aposen-
mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para tados, definiu como crimes inafiançáveis o racismo e
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí- a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de
colas, elevaram-na a 14% em agosto. expressão e aumentou significativamente os mecanis-
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru- mos de participação popular direta.
zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a O Governo Collor; o Plano Collor; o Impeachment de
conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que Collor; o Governo Itamar Franco
cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-
no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e
serviços, além de basear o salário na média do poder foram vividas como a possibilidade real de mudan-
300 de compra dos seis meses anteriores. ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa
pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente,
programa radical, como a supressão da dívida exter- Itamar Franco, e foi em seu governo que finalmente
na, considerada demasiadamente onerosa à classe houve o controle da inflação. O Ministério da Fazen-
trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco- em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe-
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima- sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua sequência à abertura comercial.
fama de “caçador de marajás”. O ministro também criou um padrão de valor
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula monetário, conhecido como Unidade Real de Valor
parecia radical demais, o que fez com que a grande (URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma
mídia, políticos conservadores, empresários e mili- URV – 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul- março de 1994 – e o cruzeiro real.
gamentos e punições, se aglutinassem em torno de Além disso, os salários foram estabelecidos a partir
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio de uma média da inflação dos últimos quatro meses.
do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB. Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
A disputa foi dura. que permanecia fixo, a equipe econômica finalmente
Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Collor sucesso que logo se converteu em inflação baixa.
passou a atacar seu adversário dizendo que o petis- Ainda durante o governo de Itamar, foi possível
ta confiscaria poupanças e apartamentos da classe chegar a um arguto acordo de renegociação da dívi-
média, além de ser incentivador do aborto. As emis- da, após os norte-americanos finalmente aceitarem a
soras de televisão tiveram papel fundamental para o proposta de Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder
declínio do candidato esquerdista, transmitindo com descontos para os montantes. Mas foi o sucesso do pla-
frequência os “alarmes” de Collor, em especial a Rede no real que marcou seu breve período à frente da pre-
Globo, durante seu principal telejornal. Collor, assim, sidência, sucesso esse que impulsionou seu ministro
foi eleito presidente pelo Partido da Reconstrução ao executivo federal.
Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
O Plano Real; os Governos de Fernando Henrique
nenhum apoio da estrutura partidária.
Cardoso até os Dias Atuais
No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla-
no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli-
z Governo FHC
cações em bancos e depósitos em contas correntes,
além da abertura comercial e do congelamento dos
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em
preços. Cerca de 95 bilhões de dólares foram confisca-
1995; é importante comentarmos que em seu governo
dos para bloquear a liquidez, a fim de conter a infla-
foi aprovada uma emenda constitucional que permi-
ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente
tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente
seu adversário faria caso chegasse à presidência.
da república. A votação foi permeada de acusações de
Ao fracasso de sua estratégia para economia,
compra de votos, que nunca foram devidamente apu-
somaram-se denúncias de corrupção no seu governo,
radas, e permitiu que FHC se reelegesse em 1998.
sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor,
A ampla mobilização popular reivindicando
em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um
melhorias nas condições de vida, desde os movimen-
amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa-
tos organizados no final da ditadura, começou a fru-
nha de Fernando Collor, conhecido como “PC Farias”.
tificar nos governos de FHC. Em 1995, foi criado o
Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis- programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as era a transferência de uma renda mínima a famílias
denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a pobres com a condição de manterem suas crianças
“laranjas” para o financiamento da campanha; desco- frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo
briram-se também “contas-fantasma” que financiavam governo federal, que foi capaz de estender o progra-
reformas na casa do presidente, mas que logo desco- ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo,
briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além também, o Bolsa Alimentação.
da compra de um carro para sua esposa com dinheiro Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan-
ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias. ças no modelo de proteção social tiveram início com
Uma série de protestos tomou conta do país: a o primeiro governo civil após a ditadura e registra-
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o
Congresso um pedido de impeachment do presidente; acesso à saúde, à seguridade e à educação básica.
HISTÓRIA DO BRASIL
surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga- Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa-
nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen-
tiveram papel importante e simbólico nos protestos: tralização de responsabilidades e recursos. Além da
por conta dos rostos pintados com as cores nacionais, descentralização e colaboração entre os níveis gover-
ficaram conhecidos como “cara-pintadas”. namentais, o Plano Real foi importante ao tornar
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a possível maior fluxo de recursos para a área social,
abertura do processo de impedimento e, no final des- o que produziu, por exemplo, a municipalização da
se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos
favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso à educação e à saúde se tornaram quase universais,
dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan- e a assistência social foi consideravelmente dilatada
do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o mediante programas de garantia de renda para idosos
mandato, e se tornou inelegível por 8 anos. e pessoas com deficiência. 301
No governo FHC também foram criados programas O governo Lula teve início com dois projetos para
que formavam uma rede de proteção social, como a a área social: o Fome Zero, uma proposta de políti-
previdência rural, e ainda programas não-contribu- ca de segurança alimentar para o Brasil; e Política
tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação Econômica e Reformas Estruturais. O primeiro foi
do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás, fruto do trabalho de 45 pesquisadores orientados por
Agente Jovem, Programa de Saúde da Família, Progra- José Graziano da Silva, e consistia em uma combina-
ma de apoio à Agricultura Familiar. Nesses progra- ção de políticas assistenciais com ações extensivas de
mas, houve uma opção pela transferência direta da incentivo à agricultura familiar.
renda monetária, distanciando-se de programas como O segundo documento, que foi preparado por eco-
os de distribuição de cestas básicas, que muitas vezes nomistas de orientação liberal, focalizava a política
econômica e incluía um capítulo de propostas de polí-
valiam à manipulação clientelista, tão comum na polí-
tica social. Assim, ele pretendia: recompor o equilíbrio
tica brasileira.
da previdência pública, garantindo sua sobrevivência
O governo de FHC também foi pioneiro no enfren-
a longo prazo; diminuir a pressão sobre os recursos,
tamento de algumas heranças da ditadura, no cam- permitindo o resgaste da capacidade de gastos públi-
po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída cos; e aumentar a equidade, reduzindo as distorções
a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja nas transferências de renda realizadas pelo Estado.
proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos O governo petista optou, então, por iniciativas de
durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico forte impacto simbólico, no ambiente nacional e inter-
para aqueles que perderam alguém e nunca chega- nacional. Nos primeiros dias da nova administração,
ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois, lançou-se o já mencionado programa Fome Zero e
em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo uma reforma da previdência social. Com a reforma da
indenizações às vítimas da ditadura. previdência, procurava-se reparar privilégios vigen-
tes, estabelecendo o mesmo teto para as aposentado-
z Governo Lula rias dos empregados do setor público e privado. Essa
foi uma medida bem recebida pelas agências interna-
Em 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Sil- cionais, que esperavam que o novo governo demons-
va, representante do Partido dos Trabalhadores (PT), trasse moderação política e se mantivesse dentro dos
assumiu a presidência do Brasil. Sua eleição signifi- parâmetros de austeridade fiscal.
cou, para muitos, a primeira grande mudança das eli- No que se refere ao Fome Zero, faltava consistên-
tes governantes desde a redemocratização, ainda que cia, pois muitas ações precisavam ser realizadas, e se
esse novo governo se sustentasse em uma coalização, carecia de articulação de vários setores. A fragilidade
do programa foi se evidenciando e, ainda em 2003, o
o que significa a inclusão de partidos que já haviam
Ministério de Segurança Alimentar, que havia sido
estado no poder nos últimos dezenove anos.
criado para mobilizar as ações necessárias para o fun-
As propostas de políticas sociais do Partido dos Tra-
cionamento do programa, foi fundido com o Ministé-
balhadores indicam uma reunião de continuidades e
rio da Assistência Social.
mudanças da forma de gestão, continuidade na política Assim, engendrou um novo programa de transfe-
econômica e algumas mudanças no âmbito social. rência de renda, o Bolsa Família, que unificou três
No que se refere à transferência de renda, que foi programas criados na administração de FHC: Bolsa-Es-
a caraterística mais marcante do governo de Lula, ela cola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás. Também foram
indica uma movimentação caraterística de proteção realizadas iniciativas que priorizaram a ação gover-
social, o que se afastava das expectativas reformistas namental na área da educação; além disso, propôs-se
que pairavam sobre o Partido dos Trabalhadores. a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
Com a redemocratização, como vimos, passou-se mento do Ensino Fundamental e Desenvolvimento
a identificar a necessidade de redirecionar as ações da Educação Básica (Fundeb), o que incluía o ensino
de políticas sociais como descentralização, participa- médio no sistema de incentivos que vinham sendo
ção dos beneficiários nas tomadas de decisões, racio- realizados pela administração anterior.
nalização dos gastos e maior isonomia na prestação Alguns autores argumentam que, embora de um
de serviços e benefícios. Além disso, constatou-se ser ponto de vista de classe, o PT continua sendo um par-
necessário políticas emergenciais voltadas para a tido dos trabalhadores, principalmente no que se refe-
população mais vulnerável economicamente. re à sua origem, pois é inegável que o PT foi criado por
O percurso feito até aqui indica que, quando o Par- e para trabalhadores. Houve um claro rompimento
tido dos Trabalhadores assumiu o governo em 2003, já com os interesses desse grupo; após assumir o poder,
haviam sido tomadas algumas ações visando a refor- as ideias, discursos e ações resguardadas pela direção
do partido apresentaram semelhanças embaraço-
ma do sistema de proteção social herdado da ditadu-
sas com as dos representantes da grande burguesia.
ra, além do êxito razoável na luta contra a pobreza,
De todo modo, as multidões continuaram indicando,
principalmente no que toca ao acesso à educação e
em momentos cruciais, o Partido dos Trabalhadores
saúde; entretanto, pouco tinha sido feito para a redu- como seu representante.
ção das desigualdades notáveis entre ricos e pobres, O governo Lula reuniu em seus quadros adminis-
brancos e negros. E essa é uma questão fundamental. trativos tanto líderes sindicais e intelectuais do PT,
Durante as eleições, a campanha de Lula ignorava quanto convictos neoliberais, o que o tornou, em uma
esses avanços, condicionando a resolução desses pro- análise mais sóbria, um governo muito pouco afeito
blemas à sua vitória, e foi assim que Lula ganhou as aos interesses da classe que dizia representar. Lula
eleições, insistindo na redução da pobreza e das desi- cumpriu sua promessa de moderar as propostas mais
gualdades, embora sem propostas que embasassem radicais do programa petista antes do lançamento da
302 concretamente tal propósito. “Carta ao povo brasileiro”, de 2002.
Um evidente exemplo foi a preocupação com o Para conseguir pôr em prática suas intenções de
pagamento da dívida externa, mesmo existindo pro- mudanças estruturais, o governo teria que se apoiar em
blemas sociais evidentes, como rodovias danificadas ampla campanha pública que expusesse suas intenções e
e insuficientes, adversidades nas redes elétricas, de motivações. Isso, contudo, não ocorreu, e o capital finan-
saúde, saneamento, entre outros. Essa foi uma escolha ceiro, por sua vez, reagiu rapidamente, mobilizando a
impensável para o Lula do século anterior. Assim, sua opinião pública e deslegitimando os discursos de Dilma,
administração deu prosseguimento à política econô- que tencionavam defender seu projeto econômico.
mica de FHC, elevou o superávit, prometeu a flexibi- A recuada do governo, traduzida pelo aumento dos
lização do mercado de trabalho e a reforma sindical. juros, foi uma tentativa de abrandar os ataques reali-
zados pelos representantes ideológicos dos interesses
rentistas, procurando recompor o bloco de poder polí-
Dica tico mobilizado pela administração de Lula, tática que
Superávit é o resultado positivo de todas as seria reforçada em 2015.
receitas e despesas do governo, ou seja, é o equi- A estratégia, no entanto, não foi bem sucedida,
valente ao que o governo consegue economizar pois, na busca pela governabilidade, Dilma perdeu
para o pagamento de juros da dívida pública. bastante popularidade, dado que se voltava cada vez
mais à uma política econômica que primava pela
FMI é a sigla do Fundo Monetário Internacional,
ortodoxia, sobretudo na austeridade fiscal e salarial,
organização financeira que pode oferecer aju-
pondo à parte os interesses populares, que represen-
da financeira pontual e temporária aos países tavam o grosso de seu eleitorado.
membros. A opinião empresarial era a de que o Bolsa Família
reduzia a procura por empregos e dificultava a con-
As limitações das administrações de Lula são evi- tratação; esse argumento é difícil de ser sustentado,
dentes, embora seja difícil negligenciar os avanços no tendo em vista que o valor do benefício sempre foi
campo social. Por exemplo, a reforma agrária — pauta muito inferior ao do salário-mínimo, que foi ganhan-
importante para esquerda —, não foi considerada; e a do cada vez mais encorpo. Além disso, figuras públi-
reforma tributária apenas aumentou a carga tributária, cas reconhecidas usavam os meios de comunicação
evitando propostas como a taxação de grandes fortunas. para apontar que os gastos sociais e aumentos sala-
Outra crítica é que os programas sociais não se cons- riais eram responsáveis pela desaceleração do inves-
tituíram enquanto direito, ou seja, não foram incorpo- timento privado e da redução dos lucros.
rados enquanto emendas à Constituição, o que significa Quanto aos projetos sociais, Dilma tinha um gran-
que podiam ser retirados a qualquer momento. de desafio, considerando que seu predecessor, Lula,
conquistara popularidade amparando-se justamen-
z Governo Dilma te nesse tipo de programa. No primeiro mandato de
Dilma, o desemprego diminuiu, o salário-mínimo
Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do aumentou e a presidente deu sequência aos progra-
Brasil, foi eleita em 2010, em um contexto de otimismo mas de transferência de renda.
no qual a economia se recuperava dos efeitos da cri- Na questão dos avanços da legislação trabalhista,
se financeira global de 2008. Embora Dilma não tenha é possível apontar, por exemplo, a regulamentação do
explicitado seu objetivo em campanha, logo ficou evi- trabalho doméstico, que embora tenha incomodado os
dente o que pretendia: questionar o poder estrutural setores mais conservadores da população brasileira, foi
do capital financeiro na determinação de taxas de juros um movimento muito importante para os trabalhado-
e câmbio, o que significava se afastar do caminho das res da área, pois assegurava direitos básicos como jor-
políticas econômicas conservadoras do governo Lula. nada de trabalho regulamentada, férias e piso salarial.
Todavia, o governo não se preparou para lidar com as Em sua administração, uma das ações mais impor-
óbvias reações que vieram dos grupos que tiveram seus tantes talvez tenha sido a ampliação do Minha Casa
Minha Vida, programa habitacional que assegurou
interesses recolocados. Esses grupos possuíam, ainda, o
moradia para 1,7 milhões de famílias apenas em seu
poder sobre os meios de comunicação, manipulando as
primeiro mandato. O programa oferecia subsídio para
informações e não tardando a acusar o governo de “irres-
o financiamento de moradias à população de baixa
ponsável tecnicamente” e “politicamente populista”.
renda, tornando possível o sonho da casa própria para
O governo de Dilma não conseguiu sustentar a
famílias que teriam bastante dificuldade em adquirir
pretensão inicial, recuando diante da reação dos inte-
um imóvel em outras circunstâncias.
resses rentistas, que foram atingidos pela guerra dos No âmbito da saúde, Dilma lançou o programa Mais
juros; assim, em abril de 2013, o Banco Central iniciou Médicos, que atendeu seis mil municípios e estendeu
um novo ciclo de elevação das taxas de juros, que era o acesso a médicos a cerca de cinquenta milhões de
HISTÓRIA DO BRASIL
III. A Revolução Industrial. aos quais vieram juntar-se com o tempo alguns repu-
IV. A abertura dos portos às nações amigas. blicanos que, desiludidos com a experiência, aumen-
V. Fundação do Banco do Brasil. taram o rol dos descontentes, exaltando as glórias do
Império e ressaltando os vícios do regime republica-
Assinale a alternativa que apresenta todas as contri- no. (COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
buições corretas, dentre as listadas acima. momentos decisivos. – 6.ed. – São Paulo: Fundação
Editora da UNESP, 1999, p. 387).
a) I e II.
b) Somente a II. O texto acima refere-se ao contexto da Proclamação
c) I e III. da República no Brasil e, nele, a autora faz menção
d) III e IV. aos diversos argumentos republicanos de então. A
e) IV e V. esse respeito, assinale a afirmativa INCORRETA. 305
a) Os republicanos procuravam atenuar os males do 15. (DECEx — 2020) No transcurso da Era Vargas, principal-
Império afirmando que advinham menos do imperador mente entre os anos de 1934-37, ocorreu um dualismo
e muito mais da estrutura monárquica montada que o ideológico entre uma direita inclinada para os ideais fas-
levou a ser, ao mesmo tempo, o seu maior represen- cistas, encabeçada ao redor do Movimento Integralista
tante e também a sua maior vítima. de Plínio Salgado, e a esquerda Marxista, tendo como
b) Os republicanos traziam à tona as revoluções e pro- partido político o Partido Comunista Brasileiro (PCB), e
nunciamentos a partir da Inconfidência Mineira, afir- como liderança o famigerado, Luís Carlos Prestes.
mando que a República sempre fora uma aspiração
nacional e que a Monarquia era uma anomalia na A respeito do Integralismo, qual das características
América, repleta de repúblicas. abaixo não fazia parte de seu ideário?
c) Criticando a centralização excessiva do governo monár-
quico e a fraude eleitoral que possibilitava ao governo a) Nacionalismo
vencer sempre as eleições, consideravam a República a b) Militarismo
solução natural para os problemas, sendo efetivada por c) Monopartidarismo
um grupo de homens idealistas e corajosos que conse- d) Liberalismo
guiram integrar o país às tendências do período. e) Anticomunismo
d) As arbitrariedades, os abusos do Poder Moderador, a
manutenção da escravidão, a má gestão financeira e 16. (DECEx — 2020) A Aliança Nacional Libertadora (ANL)
as guerras externas foram usadas como fatores da e a Colina seguiam a orientação:
progressiva impopularidade da monarquia.
e) Alguns republicanos afirmavam que a democracia no a) Nazista
Brasil tivera origens étnicas no povoamento, e a Procla- b) Fascista
mação da República fora fruto da constituição etnográ- c) Liberal
fica, da transição para um regime de trabalho agrícola d) Comunista
e industrial, da propaganda republicana, da corrupção e) Democrática
política e da deficiente administração do Império.
17. (DECEx — 2019) Na Segunda Guerra Mundial, dife-
13. (DECEx — 2021) “Entendeu o vice-presidente que rentemente do que ocorreu na Primeira Guerra, teve a
podia governar até o fim do mandato, apesar de ser participação direta do Brasil no conflito. O governo no
claro que devia convocar novas eleições, segundo o qual se deu a inserção brasileira na Segunda Guerra
Artigo n.º 42 da Constituição, pois não haviam sido Mundial foi:
decorridos dois anos de mandato.( ... ).
O ambiente mostrava-se explosivo. ( ... )”. a) Juscelino Kubitschek.
b) Getúlio Vargas.
(FROTA, 2000. P. 489)
c) João Goulart.
d) Eurico Gaspar Dutra.
O governo Floriano Peixoto é considerado um dos mais e) Jânio Quadros.
conturbados do Brasil Republicano. Podemos afirmar
que foram conflitos enfrentados por esse governo as 18. (DECEx — 2019) Muitos europeus acreditavam que,
revoltas do (a): em direção ao sul, o mar seria habitado por monstros
e estaria sempre em chamas. Se arriscassem cruzar o
a) Vacina e de Canudos. oceano Atlântico, à época conhecido como mar Tene-
b) Contestado e Generoso Ponce. broso, iriam se deparar com o fim do mundo.
c) Chibata e Cangaço.
d) Fortaleza de Santa Cruz e Constitucionalista. Mesmo assim, os portugueses se lançaram às Gran-
e) Armada e Federalista. des Navegações, no final do século XV. Considerando:
14. (DECEx — 2019) Uma das primeiras medidas tomadas I. A Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos;
pelo Governo Provisório de Vargas após a Revolução II. A Criação da Companhia das Índias Ocidentais;
de 1930 foi que: III. A existência de um poder centralizador e de um Esta-
do unificado;
a) Interventores ocuparam os cargos dos antigos pre- IV. A descoberta da imensa mina de prata em Potosí
sidentes estaduais, excluindo-se o Estado de Minas pelos lusitanos;
Gerais, em cujo governo conservou-se Olegário V. A invenção da bússola pelos portugueses na Escola
Maciel. de Sagres.
b) A Constituinte foi formada por variados representan-
tes dos partidos estaduais, quase todos egressos da Assinale abaixo a alternativa que apresenta as causas
política existente na República Velha. que levaram à Expansão Marítima Portuguesa.
c) Vargas revelou intenções de pacificação, organizando
o seu Ministério com membros de variadas correntes
a) I e II
políticas até mesmo adversários.
b) I e III
d) O Congresso continuou funcionando, com a Consti-
c) I, II e III
tuição de 1891 ainda em vigor, com destituição dos
d) III e IV
Governadores e nomeação de interventores para
e) IV e V
todos os Estados.
e) Ocorreu censura de imprensa e o fechamento de
19. (DECEx — 2019) A industrialização da segunda metade
todos os partidos políticos, o que possibilitou mais
do século XVIII, particularmente na Inglaterra, iniciou-
força e estabilidade ao Governo Provisório.
306 se com a mecanização do setor têxtil, cuja produção
tinha amplos mercados nas colônias inglesas. Qual
tratado abriu as portas das colônias portuguesas para
as manufaturas inglesas?
9 GABARITO
1 A
2 A
3 D
4 A
5 D
6 E
7 C
8 C
9 B
10 B
11 C
12 A
13 E
14 A
15 D
16 D
17 B
18 B
19 B
20 E
HISTÓRIA DO BRASIL
ANOTAÇÕES
307
ANOTAÇÕES
308
GEOGRAFIA DO BRASIL
Posição Geográfica
O Brasil está localizado na porção centro-oriental na América do Sul e é o maior país em extensão territorial do
subcontinente. O território é cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma área
de 8.515.767 km2, sendo classificado como um país de dimensões continentais, e dentre os países com maiores
extensões territoriais do mundo, esse está em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e em quarto lugar,
considerando terras contínuas.
GEOGRAFIA DO BRASIL
O país possui 23.086 km de fronteiras. Destes, 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois paí-
ses da América do Sul, sendo eles Chile e Equador, não fazem fronteira com o Brasil. A costa brasileira é banhada
pelo Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí. O território brasi-
leiro está localizado, em sua totalidade, no hemisfério ocidental. Por esse motivo os fusos horários presentes no
território brasileiro estão atrasados em relação ao Meridiano de Greenwich, e por conta de o país possuir uma
grande extensão territorial, os fusos horários no território brasileiro estão divididos em 4: 309
ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA
e a bauxita.
Os minerais metálicos são abundantes no Brasil.
Encontrados, principalmente, em rochas que se for-
maram durante a era Proterozóica, os mais importan-
tes são:
AROLDO DE AZEVEDO
Planaltos
� Das Guianas
� Brasileiro, subdividido em:
� Atlântico
� Central
� Meridional
Planícies
� Amazônica
� Do Pantanal
� Costeira
AZIZ AB’SABER
Planaltos
� Das Guianas, englobando a região serrana e o planalto
Norte-Amazônico
� Brasileiro, subdividido em:
� Central
� Meridional
� Nordestino
� Serras e Planaltos do Leste e Sudeste
� Maranhão-Piauí
I - Guiano � Uruguaio-rio-grandense
Planícies
II - Brasileiro Planícies
A Amazônica
1 - Atlântico
B Costeira Planaltos
� Planícies e terras baixas amazônicas
C Pantanal 2 - Meridional � Planícies e terras baixas costeiras
D Pampas ou
Planície Gaúcha 3 - Central � Planície do Pantanal
312
z Bacias Sedimentares: formações mais recentes Por último, o solo tipo Salmourão, encontrado na
que os escudos, localizam-se em áreas de relevo do região Centro-Sul do nosso país, forma-se a partir da
tipo “depressão”, pois são, justamente, o resulta- decomposição de rochas de origem graníticas e gnais-
do da erosão dos maciços antigos. Correspondem ses mais claros.
a aproximadamente 60% dos solos do Brasil. As
bacias Amazônica e do Paraná são exemplos de Resolva o exercício comentado a fim de verificar
bacias sedimentares brasileiras; seus conhecimentos.
z Terrenos de origem vulcânica: representando pou-
1. (UNESP — 2020) Originário da decomposição do
co mais do que 4% da estrutura geológica brasileira,
calcário e do gnaisse, com elevado teor de material
correspondem às formações relacionadas a ativida-
orgânico, é solo de cor negra ou cinza escuro, propício
des vulcânicas. Vale lembrar que não existem vulcões
ao cultivo da cana-de-açúcar, além do fumo, milho e
ativos no nosso país, porém, há milhões de anos, parte cacau. Assinale a alternativa que indica o tipo de solo
do nosso território sofria com ações vulcânicas. Parte descrito e a sua área de ocorrência no Brasil.
esta que deu origem a estruturas como, por exemplo,
o arquipélago de Fernando de Noronha. a) Terra roxa, sul da Região Sul.
b) Massapé, porção oriental da Região Nordeste.
c) Arenoso, porção oriental da Região Norte.
d) Lixiviado, norte da Região Centro-Oeste.
e) Argiloso, sul da Região Sudeste.
Fenômenos Climáticos
Em cada uma das estruturas geológicas, ocorre
a formação de tipos de minerais e solos diferentes.
z El Niño: Pela proximidade com a costa do Ocea-
Tomando como base as estruturas geológicas presen- no Pacífico, o Brasil sofre influência do fenômeno
tes no território nacional, podemos classificar e iden- climático El Niño. Tal fenômeno provoca grandes
tificar quatro tipos de solos: alterações na dinâmica dos climas do país, como o
excesso de chuvas em algumas regiões, em especial
z Solo Terra Roxa; na região sul e no Sudeste e períodos de secas e estia-
z Solos aluviais; gens em outras, como é o caso da região nordeste.
z Solo Massapé;
Segundo pesquisas e dados científicos, o maior
z Solo Salmourão.
desafio da humanidade no século XXI são as mudan-
ças climáticas e as questões ambientais. Essas mudan-
O solo Terra Roxa, formado a partir do processo ças ocorrem devido ao aumento da concentração dos
de decomposição de rochas basálticas de origem vul- gases atmosféricos (gases produzidos pelas atividades
cânica, é conhecido pelo seu elevado nível de fertilida- humanas). O processo de aquecimento global afetará
de e por ter um aspecto de coloração vermelha. Esse os recursos naturais, o acesso à água, a produção de
tipo de solo encontra-se nos territórios de São Paulo, alimentos, a saúde e o meio ambiente. A medida que a
temperatura média do planeta aumenta, centenas de
Mato Grosso do Sul, Goiás, sul de Minas Gerais e, com
milhões de pessoas passam fome, sofrem com a escas-
maior presença, na região Sul do país. sez de água e inundações costeiras.
Os solos aluviais (ou de aluvião), considerados fér- Hoje, a economia mundial e a sociedade serão afe-
teis, por sua vez, são tipos que podem ser identificados tadas em níveis que ainda são desconhecidos. A análise
em diversas localidades do território nacional, pois são dos impactos ambientais e das questões climáticas e suas
formados a partir do processo de acumulação de sedi- relações com a produção e o consumo (inclusive energia),
mentos, principalmente em áreas de vales e de várzeas. chega à conclusão de que a transição para uma “econo-
mia de baixo carbono” é essencial para a humanidade.
Na região sudeste, podemos encontrá-los ao longo das
Embora o Brasil seja um dos países líderes na dis-
GEOGRAFIA DO BRASIL
margens dos rios Paraná e Tietê, por exemplo. cussão sobre mudanças climáticas, por conta de sua
O solo tipo Massapé também é conhecido pelo seu matriz energética, pesquisas científicas, abundância de
elevado nível de fertilidade. Sua coloração apresenta recursos naturais e outros motivos, o Brasil ainda não
um aspecto mais escuro, o que ocorre por conta do está imune às consequências das mudanças climáticas.
seu processo de formação, decorrente da decomposi- Ao formular a Política Nacional de Mudanças Cli-
ção de rochas como: filitos, calcários e gnaisses mais máticas e adotar compromissos nacionais voluntários
para tomar ações de redução de emissões de gases de
escuros. Com grande ocorrência na região Nordeste, efeito estufa, é óbvio que irá reduzir suas emissões pro-
este tipo de solo recebe seu nome devido ao termo jetadas em 36,1% a 38,9% até 2020. O país busca for-
‘’amassa pé’’, dado no Recôncavo Baiano, pois, nesta mas de mitigar com eficácia as mudanças climáticas e
localidade, o solo é duro e pegajoso. garantir o bem-estar de seus cidadãos ao longo prazo.
1 URREA, P. Monte Roraima. Pixabay, 2018. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/roraima-venezuela-viajar-por-3854607/. Acesso em:
21. nov. 2022. 313
Os organismos ligados à questão ambiental no Brasil parte é devolvida ao espaço. Porém, devido à presen-
estão cientes da urgência e da relevância do tema “mudan- ça de gases de efeito estufa, parte da radiação solar da
ças climáticas”, e da importância da participação do setor radiação superficial ficará na atmosfera, o que impe-
privado nos esforços para reduzir os gases de efeito estufa de que esse calor retorne totalmente ao espaço. Desta
e se adaptar às regiões vulneráveis ao clima e. forma, o equilíbrio de energia é mantido e grandes
Portanto, deve haver um comprometimento de órgãos amplitudes térmicas são evitadas.
públicos e privados com a transição para uma economia Para entendermos melhor, suponhamos que haja
de baixo carbono. O Brasil pode ter um papel de liderança um carro estacionado em um local muito ensolara-
nessa questão; do. Os raios solares passam pelas janelas e aquecem
o interior do veículo. O calor é frequentemente tra-
z Ilha de Calor: um outro problema climático pre- zido de volta do carro e dissipado pelo vidro, mas ele
sente nos centros urbanos é a Ilha de Calor. Em
encontrou dificuldades. Portanto, parte do calor per-
comparação com a área circundante, a ilha de
manece no carro, mantendo-o aquecido.
calor é uma área de alta temperatura, que ocor-
re principalmente nas grandes cidades. Portanto, Por exemplo, os gases de efeito estufa na atmosfe-
esse fenômeno climático também é denomina- ra funcionam como o vidro de um carro, permitindo a
do Ilha de Calor Urbana. Isso porque, quando a entrada da radiação solar e dificultando o retorno de
luz solar atinge diretamente o centro da cidade, o toda a radiação ao espaço.
calor é facilmente acumulado devido à dificuldade
de dissipação do calor. Causas do Efeito Estufa
Ao analisarmos o conceito de microclima urbano, Nas últimas décadas, a emissão de gases de efeito
entendemos que as Ilhas de Calor fazem parte desse estufa na atmosfera terrestre aumentou significativa-
ambiente, que são formados pela aglomeração de edifí- mente, exacerbando o efeito estufa. A alta concentra-
cios em grandes cidades, o que pode levar à retenção de ção desses gases está relacionada principalmente às
calor se comparado às áreas periféricas (por exemplo, atividades industriais, que geralmente são realizadas
cidades menores e áreas rurais).Observe o esquema a com a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o
seguir que apresenta a ocorrência de uma Ilha de Calor: crescimento da produção agrícola, o desmatamento
e o uso de meios de transporte também levaram ao
aumento das emissões de gases.
Perfil das ilhas de calor urbanas
O aumento da concentração de gases de efeito estu-
fa na atmosfera levou a mudanças irreversíveis na
dinâmica do clima da Terra. Segundo dados do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em cem
anos, a temperatura de cada continente subiu cerca
de 0,85ºC, e a temperatura do oceano subiu 0,55ºC.
Quanto maior a quantidade de gases de efeito estu-
fa que são emitidos para a atmosfera, maior será a
dificuldade desse calor emitido se espalhar no espaço,
Área Centro da Área Área o que leva a um aumento anormal da temperatura e
Área Periférica Área cidade Área Verde Área Rural
Rural Comercial Residencial
confirma a teoria do aquecimento global. É importan-
Periférica
te ressaltar, no entanto, que a relação entre o efeito
estufa e o aquecimento global não é consistente entre
Quando ocorre Ilha de Calor, a diferença de tem-
acadêmicos e pessoas comuns. Parte da população e da
peratura entre os centros urbanos e rurais é de cerca
comunidade científica não acredita que o aumento do
de 5 ° a 10° graus. Durante o dia essa elevação nota-
gás leve a um aumento da temperatura. Eles acreditam
damente sentida, mas, à noite, as pessoas tendem a
que o alto aquecimento é apenas uma fase da mudança
notar mais, pois a calçada de prédios e ruas são aque-
cidas pelo sol o dia todo. Da mesma forma, nas gran- dinâmica do clima da Terra. A indústria é a principal
des cidades, outro fenômeno chamado reversão de responsável pela emissão de gases de efeito estufa na
calor também é comum. Isso ocorre quando a atmos- atmosfera, o que leva ao aquecimento global.
fera se inverte, ou seja, quando o ar frio fica em baixa De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
altitude, enquanto o ar quente fica em uma camada Mudanças Climáticas, estas são as principais conse-
mais alta. quências do efeito estufa:
Além desses citados anteriormente, existe o efeito
estufa, que é um fenômeno natural importante para z derretimento das calotas polares e aumento do
a vida no planeta. É responsável por manter a tem- nível dos oceanos;
peratura média global, evitando grandes amplitudes z aumento da segurança alimentar, prejudicando as
térmicas e proporcionando a vida na Terra. colheitas e a pesca;
No entanto, o comportamento humano está agra- z risco de extinção de espécies e danos a diversos
vando esse fenômeno, com o aumento da emissão de ecossistemas;
gases de efeito estufa na atmosfera, levando a mudan- z redução de territórios por conta do aumento do
ças climáticas em todo o planeta. Essa alta concentra- nível do mar, causando deslocamentos populacio-
ção de gás torna difícil o retorno do calor ao espaço, nais em massa;
aumentando assim a temperatura do planeta. z falta de água em algumas regiões;
Como ocorre o efeito estufa? z inundações em áreas localizadas nas latitudes do
Devido à alta concentração de gases de efeito estu- Norte e no Pacífico Equatorial;
fa na atmosfera, a energia solar refletida pela superfí- z possibilidade da ocorrência de conflitos em decor-
cie é difícil de se dispersar no espaço e ser capturada. rência da escassez de recursos naturais;
O sol irradia calor para a terra. Parte do calor é absor- z problemas de saúde provocados pelo aumento das
314 vida pela superfície da Terra e pelo oceano, e a outra temperaturas e pela ocorrência de ondas de calor;
z previsão de aumento da temperatura da Terra em históricos, como edifícios e estátuas. A camada de ozô-
até 2ºC até 2100, quando se compara ao período nio é uma camada de gás a uma altitude de 25 quilô-
pré-industrial. metros na estratosfera, que protege a Terra da radiação
ultravioleta prejudicial aos seres humanos. A camada
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre de ozônio concentra 90% dessa molécula de gás e forma
Mudanças Climáticas, entre 2010 e 2050, as emissões uma capa protetora contra os raios ultravioleta.
de gases de efeito estufa deve ser reduzidas de 40% Além disso, a camada de ozônio é uma parte essen-
para 70%. Para tanto, os países devem estabelecer cial da vida, porque forma uma camada de proteção
metas para reduzir essas emissões de gases. Uma das contra a radiação ultravioleta. Sem ela, a vida na ter-
possibilidades que se tornou realidade em alguns paí- ra seria impossível. O gás ozônio (O3), é um dos gases
ses é a utilização de energias alternativas, renováveis que constituem a atmosfera. Esse gás é a forma mole-
e limpas, em substituição do uso de combustíveis fós- cular do oxigênio e possui alta reatividade, podendo
seis. Além disso, as atividades diárias podem ser coor- ser produzido de duas maneiras:
denadas para controlar o efeito estufa, tais como:
z Na troposfera: o óxido nitroso (N2O) e a luz solar
z reduzir o uso de transporte para percorrer curtas são produzidos pela oxidação do oxigênio (O2);
distâncias; z Na estratosfera: é produzida pela radiação ultra-
z escolher usar bicicleta ou transporte público, ou
violeta, que se decompõe em dois átomos de oxigê-
quaisquer outros tipos individuais (que não emi-
nio sob a ação da molécula de oxigênio (O2), e cada
tam gases poluentes) e outras formas de transports
coletivos; átomo de oxigênio é combinado com a molécula de
z aumentar a utilização de produtos biodegradáveis; oxigênio (O2).
z estimular e praticar a coleta seletiva.
O papel e a função do gás ozônio também variam
Chuva Ácida de local para local:
A chuva ácida é o tipo de chuva com grandes con- z Na troposfera: altos níveis causam poluição do ar
centrações de ácido sulfúrico, ácido nítrico e ácido e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à
nitroso, causada por reações químicas na atmosfera. saúde humana;
Mesmo em um ambiente sem poluição, todas as chu- z Na estratosfera: a camada de ozônio é formada
vas são ácidas. No entanto, quando o pH é inferior absorvendo quase 90% dos raios ultravioletas do
a 4,5, a chuva torna-se um problema ambiental. Eles
sol para produzir um efeito benéfico.
são causados por um grande número de produtos pro-
duzidos pela queima de combustíveis fósseis lançados
na atmosfera devido às atividades humanas. O buraco na camada de ozônio é a área onde a
Mesmo em condições naturais, o dióxido de carbono concentração de ozônio na estratosfera fica abaixo de
(CO2) na atmosfera tornou a água da chuva ligeiramente 50%. Os buracos na camada de ozônio estão relaciona-
ácida. O pH natural da água é 7 e é 5,6 quando está em dos aos gases produzidos pelas atividades humanas.
equilíbrio com o CO2 na atmosfera, e quase não há ácido. O principal gás é o CFC (clorofluorocarbono) formado
Os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e o nitrogênio (N2O, NO por cloro, flúor e carbono. A lista também inclui óxido
e NO2) são os principais componentes da chuva ácida. nitroso e o CO2 emitido por veículos e queima de com-
Esses compostos são liberados na atmosfera pela queima bustíveis fósseis.
de combustíveis fósseis. Quando reagem com gotículas
Os CFCs são usados há muito tempo em latas de
de água na atmosfera, formam ácido sulfúrico (H2SO4) e
ácido nítrico (HNO3). Esses dois ácidos juntos aumentam aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de
a acidez da água da chuva. refrigeração. O gás CFC é o principal vilão da cama-
Como vimos, a liberação de gás devido ao uso de da de ozônio. As moléculas de CFC podem destruir até
combustíveis fósseis é a principal causa da chuva áci- 100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo
da. Portanto, são resultados do uso de combustíveis de Montreal (1987), foi decidido banir completamente
fósseis o transporte, as usinas termelétricas, indústria o uso de CFCs até o final do século XX. Sem a proteção
e outras formas de combustão. Tal gás também podem da camada de ozônio, nossa taxa de crescimento das
ser formado por causas naturais, como os gases libe- plantas diminuirá, o que reduzirá a fotossíntese.
rados durante erupções vulcânicas. Além disso, os raios ultravioletas também dificul-
Os países industrializados são os mais afetados
tam o desenvolvimento dos organismos aquáticos e
pela chuva ácida. No entanto, o fluxo de ar pode trans-
portar poluentes para lugares distantes. Isso aconte- reduzem a produtividade do fitoplâncton. Essa situa-
ceu em lagos escandinavos, que se tornaram ácidos ção leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
pela chuva devido às atividades industriais na Alema- do ecossistema. O forte efeito desses raios ultravioleta
GEOGRAFIA DO BRASIL
nha, França e Reino Unido. Para a natureza, a conse- também pode causar muitos danos à saúde humana,
quência da chuva ácida é destruição da vegetação e tais como: destruição do DNA celular, câncer de pele,
acidificação do solo, das águas dos rios e lagos. cegueira, deformação e atrofia muscular, além de dei-
Um exemplo das consequências da chuva ácida xar o sistema imunológico enfraquecido. A camada de
foi observado no Brasil, localizada na região litorânea ozônio e o efeito estufa são os fenômenos naturais que
da cidade cubana de São Paulo, onde a concentração garantem a manutenção da vida na Terra.
industrial é alta. A chuva ácida destruiu a vegetação A camada de ozônio pode proteger a Terra dos
das encostas da Serra do Mar e erodiu o solo. Quando
raios ultravioleta, e o efeito estufa pode garantir tem-
a acidificação atinge o solo e as águas dos rios e lagos,
os organismos que vivem nesses locais são afetados. A peratura suficiente para manter a sobrevivência dos
água e o solo tornam-se inadequados para a vivência organismos. No entanto, o efeito estufa causado pela
certos organismos, levando-os à morte. liberação de poluentes tem aumentado, levando ao
A chuva ácida também pode causar a corrosão de aumento da temperatura média da terra, o que é uma
mármore e calcário e a oxidação de metais em locais característica do aquecimento global. 315
Os Climas no Brasil BIOMAS, HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE
z Tropical Semiárido
z Tropical Litorâneo
Várzea: área sujeita a inundações periódicas, com
Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, o clima
vegetação de médio porte, que raramente ultra-
tropical costeiro domina a maior parte do litoral do
país. Afetado pelas massas de ar do Atlântico, o clima passa 20 metros de altura, como a seringueira;
nessa área é quente e chuvoso. A temperatura média
anual está entre 18ºC e 26ºC, e o índice de precipitação
é de cerca de 1.500 mm / ano. No litoral nordeste, as
chuvas no outono e inverno são mais intensas. Na cos-
ta sudeste, são mais fortes no verão.
z Tropical de Altitude
z Subtropical
GEOGRAFIA DO BRASIL
z Mata dos Cocais: esta formação vegetal está encra- z Complexo do Pantanal: dentro do Pantanal Mato-
vada entre a Floresta Amazônica, o errado e a Caa- -grossense há campos inundáveis, florestas tro-
tinga. É, portanto, uma mata de transição entre picais e mesmo cerrado nas áreas mais altas. O
formações bastante distintas, constituída por pal- Pantanal, portanto, não é uma formação vegetal,
meiras ou palmáceas, com grande predominância mas um complexo que agrupa várias formações
do babaçu e ocorrência esporádica de carnaúba; em seu interior. 317
O mapa que mostra os domínios morfoclimáticos do
território brasileiro contém informações sobre a asso-
ciação das condições físicas de relevo, clima e vegetação.
Trata-se de uma síntese do que foi estudado de forma
isolada nos anexos anteriores. Assim, por exemplo, o
domínio amazônico é formado por terras baixas (relevo),
florestadas (vegetação) e equatoriais (clima);
Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta-
com-araucarias/. Acesso em: 4 mai. 2021.
z Floresta Latifoliada Tropical ou Mata Atlântica: A vegetação dos cocais está localizada na parte oci-
GEOGRAFIA DO BRASIL
a Mata Atlântica, também conhecida como floresta dental do Nordeste, é uma importante fonte de obten-
latifoliada tropical, foi explorada de forma intensa, ção de renda para as populações locais, são exploradas
principalmente durante o período colonial (extração e são utilizadas na produção de cosméticos e combus-
de pau-brasil) e praticamente não existe mais. Além tível (como o biodiesel). Em regra, a vegetação está dis-
do pau-brasil, eram presentes, também, neste tipo de tribuída da seguinte forma: o babaçu é encontrado em
vegetação, plantas de madeira nobre. O que ainda maior quantidade no Maranhão e na parte ocidental do
resta da Mata Atlântica são alguns trechos localiza- Piauí, enquanto a carnaúba é mais presente na porção
dos nas encostas da Serra do Mar. Além do pau-brasil oriental do Piauí até o estado do Rio Grande do Norte;
como dito anteriormente, podemos encontrar espé-
cies como: cedro, ipê, jacarandá, peroba etc.;
319
Fonte: https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/. Acesso em: 4 mai. 2021.
Fonte: http://www.geoimagens.com.br/buscar-imagens/mata-dos-
cocais/mata-dos-cocais-6/. Acesso em: 4 mai. 2021.
z Cerrado: a vegetação Cerrado está localizada prin-
z Matas de galerias ou ciliares: são conhecidas cipalmente na região central do país, porém pode
como as pequenas florestas que se desenvolvem ocorrer a presença deste tipo nos estados de Minas
ao longo dos cursos dos rios e são encontradas em Gerais, São Paulo, Bahia, totalizando áreas que
diversas partes do território brasileiro. Quanto podem chegar a 2000000 km².
mais próximas dos cursos d’água, maior é a diver-
sidade desta vegetação, são vegetações fechadas e O Cerrado tradicional é composto por vegetação de
ricas, à medida que ocorre o afastamento do leito árvores e arbustos que estão associados a uma vege-
do rio, ocorre a redução da umidade, e aos pou- tação baixa inferior, formada basicamente por gramí-
cos vão aparecendo novas espécies que são menos neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente
necessitadas de água. nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o
tropical subúmido, com duas estações bem distintas
Dentro dessas matas são encontradas espécies – uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são,
como: sapucaia, paxiúba e palmeiras. em grande parte, pobres e de baixa fertilidade (devido
aos altos índices de acidez). É comum a presença das
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão
e as gramíneas ou vegetação rasteira.
vegetação com árvores e arbustos espinhentos No Brasil os campos também são conhecidos como
ou que perdem as folhas durante a estação seca; Pampas, estão presentes na região sul do país, em
são plantas xerófilas (vegetação que se adapta áreas com o relevo suave (pequenas alterações na
a ambientes secos); altimetria – altura), podem se apresentar de forma
presença de arbustos associados às cactáceas e contínua (somente com gramíneas), ou coma presen-
às bromeliáceas; ça de pequenas arbustos que ficam isolados na pai-
vegetação com caules a galhos tortos, raízes sagem, que formam os chamados campos sujos. As
profundas e em grande quantidade. atividades econômicas desenvolvidas nesta região,
os solos nessa região quase sempre são pedre- destaque para a pecuária extensiva – gado criado sol-
gosos, e são de pequena espessura. to em grandes extensões de terras, e a monocultura:
soja ou arroz.
Na caatinga as espécies que podemos destacar são: Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-
Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro; quilha e flecha.
Cactáceas: mandacaru e xiquexique;
Bromeliáceas: macambira e caroá.
320
z Mangue: esta vegetação está presente em faixas lito-
râneas com clima tropical e que sofrem a ação das
marés ou da água salobra (salgada), tendo como vege-
tação as halófilas (ambientes salinos).
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-pampa-
conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/. Acesso em: 15 mar. 2023.
Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html. Acesso fisica/dominios-morfoclimaticos.html. Acesso em: 15 mar. 2023.
em: 15 mar. 2023.
321
Aproveitamento Econômico e Problemas Ambientais Nas proximidades de Manaus, suas águas barren-
tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras,
A partir da década de 1930, a história da deterio- formando um espetáculo de dimensões magníficas;
ração dos impactos ambientais no Brasil e no mundo nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas.
começou a mudar. Em nosso país, esse fenômeno é Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta-
acompanhado pelo processo de industrialização e neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
urbanização. Esses eventos proporcionaram certo jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha.
desenvolvimento para o país, mas com esse desen- Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten-
volvimento não houve a adoção e a implantação de são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior
uma legislação apropriada para evitar danos ao meio território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas-
ambiente. O crescimento das cidades e das indústrias ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar
relacionadas ao crescimento populacional é uma luta qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um
diária para conter a deterioração do meio ambiente. pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for-
Dentre os principais problemas ambientais pode- ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais
mos destacar alguns. de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis.
O desmatamento é considerado como um dos A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água
mais antigos e mais graves problemas ambientais que encontrada em nosso território, e é habitada por
nosso país possui, pois, desde a chegada dos portugue- menos e 8% da população nacional
ses e dos diversos ciclos de exploração esse problema No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla-
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais
vem sendo agravado. O processo de urbanização e
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto
crescimento das cidades, a expansão das atividades
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas.
agropecuárias, a extração de madeira de lei, a utili-
Essa característica confere a bacia um grande poten-
zação das terras para a criação de bovinos, principal-
cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte.
mente a pecuária extensiva foram determinantes para
Tamanho potencial explica a existência de um
o agravamento dessa situação. E como consequências ambicioso projeto que prevê a construção de nada
do processo de desmatamento podemos destacar: a menos que 76 usinas hidrelétricas.
destruição da biodiversidade, os processos de erosão Desse total, em 2003 estavam em operação apenas
e empobrecimento dos solos, a redução no clico das sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra-
chuvas, o aumento das temperaturas e a questão do fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das
aquecimento global. obras explicam a demora na implementação desse
As queimadas, em sua maioria, estão diretamente projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente
associadas à prática da agricultura. Em nosso país as controverso quanto ao seu impacto socioambiental -
queimadas vêm aumentando de forma considerável por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo-
nos últimos anos, vide os exemplos de 2020 ocorridos restas e áreas indígenas.
no Pantanal e na Amazônia. Como consequências das
queimadas destaca-se o aceleramento do processo de A Bacia Sanfranciscana
desertificação, a poluição do ar e o processo de empo-
brecimento dos solos. A bacia do Rio São Francisco drena uma longa
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as
Recursos Hídricos: Bacias Hidrográficas chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na
Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul-
Um aspecto importante propiciado pelo relevo é -norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
o grande potencial hidráulico existente no território nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
brasileiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície para sudeste até desembocar no oceano Atlântico.
do nosso país situa-se acima dos 200 metros de altitu- A bacia hidrográfica do São Francisco é importan-
de, e essa imensa área é percorrida por extensos rios te por vários motivos:
de planalto.
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce z pelo volume de água que transporta em plena
do planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa região semiárida, inclusive durante os períodos
rede hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra-
maiores bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local
e a Platina. de chuvas generosas (perto da linha do Equador),
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei- o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da
Canastra, área de precipitação relativamente
ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande
abundante situada em Minas Gerais (responde por
importância socioeconômica para o nosso país.
cerca de 75% da geração de água do rio);
Agora, vamos conhecer algumas características
z pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação
das três principais bacias hidrográficas do Brasil:
das populações ribeirinhas e a criação de inúmeras
Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca- cidades. No século XVI, serviu de via natural de pene-
na e Platina. tração do interior. Mais tarde, no século XVII, ganhou
o apelido de Rio dos Currais devido à concentração
A Bacia Amazônica de fazendas de gado bovino em suas margens;
z porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas
praticamente metade do território brasileiro. regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes-
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com investimentos em hidrovias dificultaram essa inte-
322 o nome de Solimões. gração tão propagada;
z pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga- A bacia do rio Paraná é importantíssima para o
ção dos solos férteis situados à sua margem. E o Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico,
caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual- hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze-
mente se destaca pela importância da fruticultura nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi-
irrigada com a água do Rio São Francisco. ca economia do Centro-Sul.
O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi-
Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o
do São Francisco. “A população que habita o vale, porém, Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes-
mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”. mo sendo binacional quase toda a energia e consumi-
Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre- da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que
paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos. o Paraguai tem direito.
A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre Apesar de toda a sua importância socioeconômica,
da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho. Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante
Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas pertinentes. A mais frequente dessas críticas repor-
do rio diminui de forma dramática nos meses de seca, ta-se a ausência de eclusas no projeto original da
comprometendo, inclusive, o abastecimento de água hidrelétrica, para possibilitar a navegação. Só agora,
dos moradores da região. no início do século XXI, o projeto de construção das
A propósito da população local, é preciso destacar eclusas está sendo levado a sério, para tornar reali-
que Sobradinho formou o maior represamento de dade a hidrovia Mercosul, com cerca de 7.000 quilô-
água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70 metros de vias navegáveis. As obras necessárias ao
mil pessoas foram removidas para áreas distantes até vencimento do desnível, de quase 130 metros, pode-
700 quilômetros em consequência da construção da rão ser realizadas mediante a construção de uma
represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados escada de quatro eclusas, cada urna com câmara de
e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado, 120 m de comprimento e 17 m de largura. A hidro-
Santo S, Casa Nova e Remanso. via do Mercosul interligara Buenos Aires, Assunção,
Além desse impacto social, houve a inundação de Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de Goiás, ao
inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso do Sul e
perda enorme para as gerações futuras, que não pode- a todo o interior de São Paulo, até as proximidades de
rão conhecer a história de povos ancestrais que habi- Piracicaba e Sorocaba.
taram a região em épocas remotas. Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí-
Outro sério problema detectado no vale do São ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias
milhares de toneladas de sedimentos, provenientes como principal sistema de transporte mostra-se hoje
tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie- corno um problema, pois depende dos derivados de
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível petróleo, uma fonte de energia questionável:
para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
O agravamento desse problema tende a comprometer z é uma fonte de energia não-renovável;
a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado z é poluente, pois sua queima produz CO2, gás que
ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma provoca o efeito estufa, considerado responsável
hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor- pelo aquecimento global;
tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas. z precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro-
duz aproximadamente 80% do total que consome;
ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO z mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró-
Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)
� leo será sempre uma opção custosa, que encarece
Vazão média anual: 3.360m²/s
� os produtos transportados.
Municípios banhados pela bacia: 509
�
Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-
� O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal predominância de climas úmidos, tem uma extensa
População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas
� rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras
Declividade média: 8,8 cm/km
� oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades
Vazão média na foz: 2.943 m³/s
� de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário
é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos
Tipo de foz: estuário
�
rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico,
Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s
�
bastante explorado no Centro-Sul do país em decor-
rência da concentração urbano-industrial, mas subu-
Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu- tilizado em outras regiões, como a Amazônia
do, da sensível diminuição do volume das águas causa- O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do
GEOGRAFIA DO BRASIL
da por influência das atividades humanas, estão sendo Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
implementados programas ecológicos, muitos dos quais -se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas titui um importante recurso natural. Em decorrência
dramáticas formas de degradação ambiental. da natureza do relevo, predominam os rios de planal-
to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração
A Bacia Platina de eletricidade mais importante do Brasil.
Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta
A peculiaridade dessa bacia está na sua composi- os seguintes aspectos:
ção, já que são três os seus principais rios formadores: Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor-
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios naram-se bacias sedimentares. Em nosso território,
origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti- só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no
na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a
capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu. Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas. 323
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo- Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran-
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida- de número de cursos de águas menores e canais flu-
de da água do rio Amazonas provém do derretimento viais criados pelos processos de cheia e vazante. A
de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla-
regime misto (nival e pluvial). naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm-
Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm bia, Peru e Bolívia.
para o interior têm como destino final o oceano, como Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a
o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá- baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação
gua no mar (estuário da Prata). de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre
Há rios temporários apenas no Sertão nordestino, o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
são perenes. ondas se formam, invadindo o continente. Localiza-
Predominam rios de planalto em áreas de elevado da numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
índice pluviométrico. A existência de muitos desní- cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
veis no terreno e o grande volume de água possibilita o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio
a produção de hidroeletricidade. Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô-
Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis- nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá,
ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso;
em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
mente no oceano formam estuários. z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi-
madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses,
o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde
I V
se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
II gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
IV escoar parte da produção de grãos (destaque para
a soja) das regiões que banha.
VI
III A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior
do país, foi construída no rio Tocantins e atende às
necessidades de consumo de energia do Projeto Cara-
VII jás, no Pará. Dentre os principais afluentes da bacia
Tocantins-Araguaia, estão os rios do Sono, Palma e
Melo Alves, todos situados na margem direita do rio
Araguaia. Seu rio principal, o Tocantins nasce na
I: bacia Amazônica
confluência dos rios Maranhão e Paraná, em Goiás,
II: bacia Araguaio-Tocantins
percorrendo 2.640 km até desembocar na foz do Ama-
III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
zonas. Durante o período de cheias, seu trecho nave-
IV: bacia do São Francisco gável é de 1.900 km, entre as cidades de Belém (PA) e
V: bacia do Nordeste Peixe (GO). Em seu curso inferior situa-se a Hidrelé-
VI: bacia do Leste trica de Tucuruí, a segunda maior do país, que abas-
VII: bacia do Sul tece os projetos de mineração da Serra do Carajás e
da Albrás.
As principais bacias hidrográficas brasileiras são: O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato
Grosso, na fronteira com Goiás. Tem cerca de 2.600
z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidro- km de extensão. Desemboca no rio Tocantins em São
gráfica do planeta tem sua vertente delimitada João do Araguaia, logo antes de Marabá. A construção
pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido questionada
pelo planalto das Guianas e pelo planalto Central. por ONGs que criticam os impactos ambientais que
Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia corta-
Marañon, e passa a ser denominado Solimões da ria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indí-
fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro. genas, afetando cerca de 10 mil índios;
A partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio
mais extenso (total de 7100 km) e de maior volume z Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná
de água do planeta. Esse fato é explicado pela pre- e Bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado
sença de afluentes de ambos os lados que, por esta- pela segunda maior bacia hidrográfica do plane-
rem nos dois hemisférios (norte e sul), permitem a ta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e
dupla captação das cheias de verão. Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontra-
rem em território argentino. A bacia do rio Paraná
Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua apresenta o maior potencial hidrelétrico instalado
maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra- do país, além de trechos importantes para a nave-
sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri- gação, com destaque para a hidrovia do Tietê. A
co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar, bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato-
que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo- -grossense, é amplamente navegável. Já a bacia
nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave- do Uruguai, com pequeno potencial hidrelétrico e
gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais poucos trechos navegáveis, tem importância eco-
324 de 50 km em alguns trechos. nômica apenas regional;
z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun- A hidrovia serve para o transporte de cargas, pes-
tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes- soas e veículos, tornando-se uma importante ligação
te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias com os países do Mercosul. São 2.400 km de percurso
hidrográficas que os compõem não possuem liga- navegável ligando as localidades de Anhembi e Foz
ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali- do Iguaçu. Em função de suas diversas quedas, o rio
zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal Paraná possui navegação de porte até a cidade argen-
de cada uma delas tem sua própria vertente, deli- tina de Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em
drenagem, drenando todo o centro-sul da América do
mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por
Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar;
exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas
pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul,
Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu.
Aquíferos
maiores estados produtores de soja do País e é conside- so país situa-se acima dos 200 metros de altitude, e essa
rada a Hidrovia do Mercosul. Em seu trecho paulista, a imensa área é percorrida por extensos rios de planalto.
Hidrovia Tietê-Paraná possui 800 quilômetros de vias O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce do
planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa rede
navegáveis, dez reservatórios, dez barragens, 23 pon-
hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas maiores
tes, 19 estaleiros e 30 terminais intermodais de cargas.
bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica e a Platina.
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei-
Sua infraestrutura, administrada pelo Departamento ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande
Hidroviário - DH transformou o modal em uma alternati- importância socioeconômica para o nosso país.
va econômica para o transporte de cargas, além de propi- Agora, vamos conhecer algumas características
ciar o reordenamento da matriz de transportes da região das três principais bacias hidrográficas do Brasil:
centro-oeste do Estado e impulsionar o desenvolvimento Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca-
regional de cidades como Barra Bonita e Pederneiras. na e Platina. 325
A Bacia Amazônica z porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas
A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes-
praticamente metade do território brasileiro. te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do investimentos em hidrovias dificultaram essa inte-
país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com gração tão propagada;
o nome de Solimões. z pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga-
Nas proximidades de Manaus, suas águas barren- ção dos solos férteis situados à sua margem. E o
tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras, caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual-
formando um espetáculo de dimensões magníficas; mente se destaca pela importância da fruticultura
nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas. irrigada com a água do Rio São Francisco.
Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta-
neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância
jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha.
Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten- do São Francisco. “A população que habita o vale, porém,
são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”.
território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas- Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre-
ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos.
qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre
pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for- da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho.
ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas
de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis. do rio diminui de forma dramática nos meses de seca,
A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água comprometendo, inclusive, o abastecimento de água
encontrada em nosso território, e é habitada por dos moradores da região.
menos e 8% da população nacional A propósito da população local, é preciso destacar
No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla- que Sobradinho formou o maior represamento de
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto mil pessoas foram removidas para áreas distantes até
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas.
700 quilômetros em consequência da construção da
Essa característica confere a bacia um grande poten-
represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados
cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte.
Tamanho potencial explica a existência de um e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado,
ambicioso projeto que prevê a construção de nada Santo S, Casa Nova e Remanso.
menos que 76 usinas hidrelétricas. Além desse impacto social, houve a inundação de
Desse total, em 2003 estavam em operação apenas inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma
sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra- perda enorme para as gerações futuras, que não pode-
fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das rão conhecer a história de povos ancestrais que habi-
obras explicam a demora na implementação desse taram a região em épocas remotas.
projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente Outro sério problema detectado no vale do São
controverso quanto ao seu impacto socioambiental - Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por
por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo- milhares de toneladas de sedimentos, provenientes
restas e áreas indígenas. tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie-
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível
A Bacia Sanfranciscana para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
O agravamento desse problema tende a comprometer
A bacia do Rio São Francisco drena uma longa a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma
chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor-
Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul- tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas.
-norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
para sudeste até desembocar no oceano Atlântico. ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO
A bacia hidrográfica do São Francisco é importan- Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)
�
te por vários motivos: Vazão média anual: 3.360m²/s
�
Municípios banhados pela bacia: 509
�
z pelo volume de água que transporta em plena Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-
�
região semiárida, inclusive durante os períodos nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal
de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra- População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas
�
sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local Declividade média: 8,8 cm/km
�
de chuvas generosas (perto da linha do Equador), Vazão média na foz: 2.943 m³/s
�
o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da Tipo de foz: estuário
�
Canastra, área de precipitação relativamente Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s
�
abundante situada em Minas Gerais (responde por
cerca de 75% da geração de água do rio);
z pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu-
das populações ribeirinhas e a criação de inúmeras do, da sensível diminuição do volume das águas causa-
cidades. No século XVI, serviu de via natural de pene- da por influência das atividades humanas, estão sendo
tração do interior. Mais tarde, no século XVII, ganhou implementados programas ecológicos, muitos dos quais
o apelido de Rio dos Currais devido à concentração de por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas
326 fazendas de gado bovino em suas margens; dramáticas formas de degradação ambiental.
A Bacia Platina Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta
os seguintes aspectos:
A peculiaridade dessa bacia está na sua composi- Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor-
ção, já que são três os seus principais rios formadores: naram-se bacias sedimentares. Em nosso território,
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no
origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti- Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a
na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas
Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas.
capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu.
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo-
A bacia do rio Paraná é importantíssima para o
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida-
Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico,
hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze- de da água do rio Amazonas provém do derretimento
nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi- de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um
ca economia do Centro-Sul. regime misto (nival e pluvial).
O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi- Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm
da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o para o interior têm como destino final o oceano, como
Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes- o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá-
mo sendo binacional quase toda a energia e consumi- gua no mar (estuário da Prata).
da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que Há rios temporários apenas no Sertão nordestino,
o Paraguai tem direito. onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios
Apesar de toda a sua importância socioeconômi- são perenes.
ca, Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante Predominam rios de planalto em áreas de elevado
pertinentes. A mais frequente dessas críticas reporta-se índice pluviométrico. A existência de muitos desní-
a ausência de eclusas no projeto original da hidrelétri-
veis no terreno e o grande volume de água possibilita
ca, para possibilitar a navegação. Só agora, no início
a produção de hidroeletricidade.
do século XXI, o projeto de construção das eclusas está
sendo levado a sério, para tornar realidade a hidrovia Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis-
Mercosul, com cerca de 7.000 quilômetros de vias nave- ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz
gáveis. As obras necessárias ao vencimento do desnível, em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
de quase 130 metros, poderão ser realizadas mediante a mente no oceano formam estuários.
construção de uma escada de quatro eclusas, cada urna
com câmara de 120 m de comprimento e 17 m de lar-
gura. A hidrovia do Mercosul interligara Buenos Aires,
Assunção, Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de
Goiás, ao Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso
do Sul e a todo o interior de São Paulo, até as proximida- I V
des de Piracicaba e Sorocaba. II
Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí- IV
ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias VI
como principal sistema de transporte mostra-se hoje III
corno um problema, pois depende dos derivados de
petróleo, uma fonte de energia questionável:
VII
z é uma fonte de energia não-renovável;
z é poluente, pois sua queima produz CO2, gás que
provoca o efeito estufa, considerado responsável
pelo aquecimento global; I: bacia Amazônica
z precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro- II: bacia Araguaio-Tocantins
duz aproximadamente 80% do total que consome; III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
z mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró- IV: bacia do São Francisco
leo será sempre uma opção custosa, que encarece V: bacia do Nordeste
os produtos transportados. VI: bacia do Leste
VII: bacia do Sul
O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
predominância de climas úmidos, tem uma extensa
rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras As principais bacias hidrográficas brasileiras são:
oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades
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de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidrográfica
é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos do planeta tem sua vertente delimitada pelos diviso-
rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, res de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto
bastante explorado no Centro-Sul do país em decor- das Guianas e pelo planalto Central. Seu rio principal
rência da concentração urbano-industrial, mas subu- nasce no Peru, com o nome de Marañon, e passa a ser
tilizado em outras regiões, como a Amazônia denominado Solimões da fronteira brasileira até o
O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do
encontro com o rio Negro. A partir daí, recebe o nome
Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
de Amazonas. É o rio mais extenso (total de 7100 km)
-se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
titui um importante recurso natural. Em decorrência e de maior volume de água do planeta. Esse fato é
da natureza do relevo, predominam os rios de planal- explicado pela presença de afluentes de ambos os
to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração lados que, por estarem nos dois hemisférios (norte e
de eletricidade mais importante do Brasil. sul), permitem a dupla captação das cheias de verão. 327
Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua navegação, com destaque para a hidrovia do Tie-
maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra- tê. A bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal
sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri- Mato-grossense, é amplamente navegável. Já a
co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar, bacia do Uruguai, com pequeno potencial hidrelé-
que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo- trico e poucos trechos navegáveis, tem importân-
nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave- cia econômica apenas regional;
gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun-
de 50 km em alguns trechos. tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes-
Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran- te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias
de número de cursos de águas menores e canais flu- hidrográficas que os compõem não possuem liga-
viais criados pelos processos de cheia e vazante. A ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali-
maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla- zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal
naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm- de cada uma delas tem sua própria vertente, deli-
bia, Peru e Bolívia. mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por
Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas
baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul,
de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu.
o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
Aquíferos
ondas se formam, invadindo o continente. Localiza-
da numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
Os Aquíferos são fontes importantes de recursos
cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio devido à sua grande quantidade de água armazena-
Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô- das. No entanto, torna-se problemático ao seu uso
nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá, excessivo e, principalmente, sua contaminação com
Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso; a poluição do solo e o uso de reagentes químicos na
superfície, pois isso compromete a duração e a energia
z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi- para renovar este recurso natural. No Brasil, existem
dois aquíferos principais e importantes: o Guarani,
madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
localizado Sul-Sul e se estende de outros países, além
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
do Alter do Chão, localizado na região norte.
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
No mapa a seguir podemos observar a localização
pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses,
dos principais aquíferos brasileiros:
o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde
se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
escoar parte da produção de grãos (destaque para
a soja) das regiões que banha.
Importante!
Da Cafeicultura ao Brasil Urbano Industrial
Êxodo Rural é o processo onde ocorre a migração
dos habitantes das áreas rurais para os centros
No século XIX, o produto que impulsionou a econo-
urbanos, por diversos motivos: desemprego no
mia brasileira foi o café, e isso contribuiu para o for-
talecimento da aristocracia no sudeste do país (região
campo, busca por melhores condições de vida etc.
que concentrava a produção deste gênero agrícola). Hipertrofia Urbana é o processo onde ocorre o
Ocorreram investimentos pesados no setor e toda desenvolvimento desordenado e de forma rápida
a produção era destinada à exportação. de regiões que passaram pelo processo de urbani-
Os espaços econômicos continuaram elitistas, e as zação em um curto espaço de tempo, provocando,
desigualdades e injustiças sociais continuaram per- assim, um inchaço populacional das cidades pela
meando a sociedade brasileira, e um dos grandes pro- falta de estrutura que atenda às necessidades da
blemas sociais da época era a concentração fundiária população da cidade em questão.
(a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento
significativo da concentração de terras aqui no Brasil).
A necessidade de investir na infraestrutura para O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de
atender a demanda de produção de café era cada vez transportes e de comunicações com o objetivo de promo-
mais intensa, foram realizados investimentos eleva- ver uma integração do território brasileiro, além de seu
projeto ser nacionalista com forte intervenção estatal e de
dos no transporte ferroviário, por exemplo, que era
criação de indústrias de base, fortalecendo assim o mer-
a principal forma de ligação das áreas produtoras de
cado nacional, porém, com os investimentos e infraestru-
café com os principais portos da época. O café chegou a
tura concentrados no Sudeste, houve um aumento das
GEOGRAFIA DO BRASIL
Modelo de Substituição das Importações, Abertura Nos anos dos governos dos militares, em especial
para Investimentos Estrangeiros no final dos anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu
o chamado Milagre Econômico Brasileiro – em que o
Essa fase é marcada pelo início do processo de país apresentava taxas de crescimento econômico em
internacionalização da nossa economia promovida torno de 10% ao ano – crescimento do PIB.
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente
334 conhecido como JK, onde foi desenvolvido o processo O que é o PIB?
PIB é a sigla que define Produto Interno Bruto, que estaduais e municipais, começam a criar uma série de
representa a soma de todas as riquezas que o país situações para que determinados segmentos indus-
produz durante o período de um ano, mas esse estudo triais se deslocassem para regiões como Norte, Nor-
também pode ser realizado de forma mensal ou tri- deste e Centro-Oeste.
mestral, depende do objeto de estudo realizado. Tem início um período de forte isenção fiscal –
É importante destacar o processo de desconcentração redução de impostos – por parte dos gestores públicos,
das indústrias que começa a ocorrer no período em que para atrair indústrias para seu território, iniciando
os militares estão no poder, e nesse aspecto, destacamos um processo que ficou conhecido com Guerra Fiscal
a instalação da Zona Franca de Manaus – um polo indus- ou Guerra dos Lugares – onde as unidades da Fede-
trial na zona Norte do país, onde os objetivos eram além ração disputavam para oferecer as melhores e mais
de promover uma política de desenvolvimento regional, atrativas cargas tributárias e atrair as grandes marcas
estabelecer também um processo de integração entre industriais para seus territórios.
as regiões do país. Assim como ocorreu a instalação de
indústrias na região Norte, o mesmo ocorre em outras AGRICULTURA BRASILEIRA
regiões, sendo que esse processo é a principal caracterís-
ticas da próxima fase. Dinâmicas Territoriais da Economia Rural
Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
industrialização brasileira, é importante destacar o A formação do setor agrícola brasileiro ocorreu
processo de crise econômica, ocorrida em nosso país com uma enorme concentração de terras. Uma grande
desde os anos 70, intensificando-se nos anos 80 e se quantidade das terras agricultáveis do país está con-
estendendo até meados dos anos 90. centrada nas mãos de um pequeno grupo de proprietá-
O mundo viveu uma grave crise econômica nos anos rios rurais, que controla grande parte da produção. A
70, ocasionada pelo 1º choque do petróleo, que ocasionou concentração fundiária gera muitos conflitos no meio
um aumento no valor do barril, e esse aumento gerou rural, demonstrando cada vez mais a necessidade da
reflexos em todo o mundo. Em nosso país, o choque do realização do processo de reforma agrária. A política
petróleo significou a retirada de capitais pelos investido- de Sesmarias ( no período colonial, que distribuía ter-
res, e esse episódio acabou expondo a grande dependên- ras para as pessoas próximas à coroa portuguesa); a
cia que o Brasil tinha em relação às questões econômicas Lei de Terras de 1850, que regulamentava a posse das
e tecnológicas perante as nações mais industrializadas. propriedades através do processo de compra e venda
Assim, com o agravamento da crise e elevação dos juros – aumentando ainda mais a concentração fundiária,
no mercado financeiro internacional, na década de 1980 pois as terras estavam nas mãos da elite econômica e
começa a ocorrer o processo de sucateamento da indús- política do país e a modernização tecnológica provo-
tria no Brasil. cada pela Revolução Verde compõem os fatores que
Nos anos 90, o país começa a adotar medidas impos- nos permitem compreender a dinâmica de concen-
tas por organismos financeiros internacionais, como tração de terras existentes no meio rural brasileiro,
o FMI – Fundo Monetário Internacional, que visava tornando a estrutura desse importante setor da eco-
promover a implantação de medidas neoliberais na nomia extremamente desigual.
condução da economia, privatizando empresas esta-
tais (pertenciam ao Estado brasileiro) e aumentando o A Estrutura Fundiária
processo de internacionalização da economia.
A estrutura da terra do Brasil é caracterizada pela
concentração: os grandes proprietários de terras têm o
Importante! controle da maior parte das terras agricultáveis do país.
Este processo ocorre desde o período colonial, e com
Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econômi- o passar dos anos se agravou. A organização fundiá-
cas, baseadas nas ideias liberais do pensador ria de um país pode ser compreendida de acordo com
Adam Smith, que começam a ser implantadas no a dimensão das terras agricultáveis e distribuição das
mundo nos anos 70 e 80 em nações como EUA propriedades. No caso do Brasil, os dados relacionados à
e Inglaterra, e as ideias neoliberais visam reduzir questão mostram extrema desigualdade entre o número
a participação do Estado(governo) na economia de pequenos e médios agricultores e o tamanho das pro-
e permitir uma regulação mais flexível na con- priedades rurais e suas respectivas posses.
dução de ações econômicas – o mercado age Para melhor compreender a estrutura fundiária
com mais intensidade. Para a América Latina, brasileira, o IBGE dividiu as propriedades em duas
essas ações foram impostas pelo Consenso de modalidades:
Washington.
GEOGRAFIA DO BRASIL
O Êxodo rural é um processo de migração caracterizado pelo deslocamento de uma população das áreas rurais
para as áreas urbanas. Este fenômeno ocorre em escala global. A ocorrência e o aumento do êxodo rural é uma
consequência da implementação de modernas relações capitalistas na produção agrícola, na qual o modelo eco-
nômico de grandes proprietários de terras e a mecanização intensiva das atividades rurais expulsam os pequenos
produtores do campo. O processo intensivo de mecanização das atividades agrícolas substituiu em larga escala o
trabalho humano e os pequenos produtores que não podem mecanizar sua produção, pois não possuem recursos
financeiros para tal situação, acabam sendo prejudicados.
Outra razão que oferece êxodo rural são os fatores atrativos que as cidades têm: as oportunidades de trabalho
nos grandes centros urbanos, que não demandam de qualificação profissional, principalmente nos setores secun-
dário e terciário, faz com que o cidadão migre procurando emprego e melhores condições de vida.
No entanto, este processo gera vários problemas sociais nos ambientes urbanos, sendo que alguns desses
migrantes não têm nenhuma qualificação profissional, o que é uma exigência do mercado que está cada vez
mais competitivo, gerando assim situações como o desemprego e o subemprego. Nessas cidades, alguns ficam em
situação de rua, sendo que as opções de sobrevivência que restam são a coleta de materiais recicláveis; trabalhar
como flanelinha, entre outras coisas, deixando esses cidadãos em situações de vulnerabilidade social, ou seja, o
problema que estava localizado nas áreas rurais foi transferido para os ambientes urbanos, e as consequências
desse processo representam um estado de calamidade social.
Com o intenso processo de utilização de tecnologias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se
bases da economia brasileira. No século XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola brasileira das extensas
monoculturas para uma diversificação da produção. No Brasil é possível encontrar uma grande variedade de
produtos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando por outros
como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou
que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores
agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros.
PRINCIPAL
PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES
COMPRADOR
Milho 3º 1º 76 Irã
.
Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15
Os dados podem sofrer variações, pois com alguns produtos como a soja, o Brasil reveza com os EUA o posto de prin-
GEOGRAFIA DO BRASIL
cipal produtor, ao passo que a Índia se destaca como produtora de carne bovina. O setor agropecuário alcançou níveis
elevados de participação na economia brasileira e o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – também conhecido como Plano
Safra), já tem o valor de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores para o biênio 2020/2021, onde a maior parte
vai para custeio e para a comercialização. Estes valores são distribuídos de acordo com o nível de importância do gênero
ou atividade na economia brasileira. Os principais produtos do agronegócio brasileiro são:
z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante desde o período colonial, com produção anual estimada de 47
milhões de toneladas, com destino da produção para o etanol (combustível veicular) e para a produção do
açúcar. As áreas produtoras com maior destaque são: São Paulo (60% da cana produzida no país); estados do
Centro-Oeste, Maranhão; Paraná; Minas Gerais e a tradicional Zona da Mata Nordestina;
z Café: principal produto no século XIX e início do Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e exportador de
café do mundo, são mais de 2 milhões de hectares de áreas destinadas ao consumo, destaque para o estado de
Minas Gerais que detém 50% da produção nacional; 337
z Soja: principal produto do agronegócio brasileiro, financeiras, proporcionando assim a construção de uma
com destaque para a produção nas regiões Centro- Nova Ordem Mundial, o que podemos perceber hoje é um
-Oeste e Nordeste, além de uma parcela de produ- processo exatamente ao contrário, que podemos chamá-
ção na região Sul; -lo de desglobalização, onde os países vêm promovendo
z Outros produtos do agronegócio brasileiro: mi-
lho, citricultura, arroz, algodão. a adoção de medidas protecionistas e restritivas, que aca-
bam por representar uma tendência da sociedade moder-
Na pecuária, o destaque vai para a criação de bovi- na que é caracterizada por um fechamento total, uma
nos que o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabe- espécie de isolamento, e um exemplo deste processo é a
ças de gado. Guerra Comercial entre os EUA e China, disputando mer-
cados, áreas de influencias, inovações tecnológicas etc.
do país, e é responsável por apenas 2,2% das emissões mais acentuada) ou até o limite de distância de 200
de gases poluentes emitidos pelo setor de transportes. milhas, para casos em que a margem continental
As ferrovias eletrificadas proporcionariam uma redu- não atinge essa distância. Se a margem continental
ção desses percentuais de poluentes emitidos ainda se estender mais de 200 milhas náuticas o estado
mais significativamente, e os benefícios atingiriam costeiro pode requerer a extensão da plataforma
uma gama maior de pessoas, pois onde passam os continental, até um limite de 350 milhas náuticas.
cabos elétricos, passam também os cabos de internet
e cabos de fibra óptica, democratizando assim esses Zona Econômica Exclusiva Brasileira (ZEE)
serviços em diversas regiões.
O setor agrícola é altamente dependente do setor A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) é uma área
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor- localizada além de águas territoriais, na qual cada
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais, visto país costeiro tem a prioridade para o uso de recur-
do potencial de produção agropecuário que o país tem, sos marinhos naturais (tanto vivos quanto sem vida) 341
em sua gestão ambiental. Estabelecida pela Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (CNUM), também
conhecida como Convenção Montego Bay, a área econômica exclusiva estende-se até 200 milhas (náuticas), o que
equivale a 370 km.
Além da exploração e gestão dos recursos naturais, o país costeiro nessa área possui a jurisdição em relação à
exploração e ao estabelecimento e uso de ilhas artificiais, para a pesquisa científica marinha e para a proteção e
conservação do ambiente marinho.
Apesar da exclusividade concedida ao país costeiro na área, todos os outros estados desfrutam da liberdade de
navegação e podem sobrevoar, bem como pode ser realizada a instalação de cabos submarinos e dutos e outros
usos legais do mar.
O país que tem a administração da ZEE também deve promover o uso dos recursos que estão vivos nessa área, deter-
minando a captura e a exploração de forma legalizada da fauna marinha. Se o país não conseguir atingir o máximo
estabelecido, pode ser que ocorra a autorização para que outros países explorem o excedente, caso haja algum tipo de
acordo entre as partes.
A ZEE brasileira representa uma área aproximada de água de 3,6 milhões de km². É uma área oceânica com
uma dimensão equivalente a cerca de 40% do território brasileiro. Devido à sua importância estratégica e riqueza
natural, a Marinha do Brasil é responsável pela sua defesa, denominando-a Amazônia Azul.
O valor da Amazônia Azul é comparável ao da Amazônia Verde. A região tem riquezas e potenciais econômicos
como pesca, mineração, enorme biodiversidade de espécies marítimas, óleo, uso da energia das marés e energia
eólica em alto mar.
O Brasil requereu a expansão plataforma continental à ONU, devido à extensão da sua margem continental
que é superior ao limite de 200 milhas náuticas. Caso os projetos sejam aceitos pela ONU o país adicionará cerca
de 900. 000 km² à zona ZEE, um total de cerca de 4,5 milhões de km², área maior que o bioma da Amazônia cor-
respondendo a cerca de 52% de nossa área continental.
No mapa a seguir, pode-se observar a delimitação da Amazônia Azul:
Arquipélago
de São Pedro
e São Paulo
Atol das
Rocas
Arquipélago de
Fernando de
Noronha
Ilha de
Trinidade e
Martin Vaz
Hoje, a República Federativa no Brasil é formada por vinte e seis estados e o Distrito Federal, que possuem
suas competências legislativas, políticas e administrativas próprias. Porém, nem sempre nosso país apresentou
essa divisão político-administrativa.
Foi no ano de 1889, com a Proclamação da República, que surgiram os estados. No Brasil Império (período
anterior à República), havia a organização do território através de províncias. E, mesmo com a criação de estados
não existia a figura do governador, a função do executivo estadual era exercida pelo “presidente do estado.
Veja a seguir um breve histórico sobre a organização político administrativa do Brasil no decorrer do século XX.
1903: o Acre foi incorporado ao Brasil após acordos com a Bolívia;
342
1942: criação do Território de Fernando de Noronha;
1943 : criação de cinco territórios federais:
O Governo Federal utilizou como critério e lógica para a criação desses territórios a presença do governo central em
áreas que eram pouco povoadas e que estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças externas.
1946: extinção dos territórios de Ponta Porã e Iguaçu;
1956: o Território Federal de Guaporé passou a ser chamado de Território Federal de Rondônia como forma de ho-
menagear o Marechal Cândido Rondon, grande sertanista do Brasil, defensor dos indígenas e desbravador da flores-
ta Amazônica. Rondon foi o responsável por encontrar as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, considerada a maior
relíquia histórica de Rondônia;
1960: transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília e fundação do Distrito Federal. Onde o antigo
Distrito Federal estava localizado foi criado um novo estado, chamado de Guanabara. Porém, entre os anos de
1974 e 1975, ocorreu a junção dos territórios da Guanabara e do Rio de Janeiro formando assim um único estado.
O estado da Guanabara estava localizado onde hoje está a cidade do Rio de Janeiro.
1977: o estado do Mato Grosso foi dividido em duas unidades federativas; a porção sul passou a se chamar
Mato Grosso do Sul. A lei que sancionou essa divisão foi assinada no dia 11 de outubro de 1977 pelo presidente e
General Ernesto Geisel;
1981: o território de Rondônia foi elevado à condição de estado da Federação, através da lei Complementar nº
41, de 22 de dezembro de 1981. Entretanto, o aniversário de instalação do estado só ocorreu no dia 04 de janeiro
de 1982 com a posse do governador Coronel Jorge Teixeira de Oliveira. O aniversário de Rondônia é celebrado no
dia 04 de janeiro (data da instalação). Atente-se à diferença entre a criação e a instalação de um estado:
De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, a criação de um estado depende da aprovação no plenário da
Câmara Federal, e a instalação é quando o estado passa a funcionar administrativamente como Estado. É quando
o governador assume e assina os primeiros atos.
O Estado de Rondônia foi instalado apenas com dois poderes constituídos. Com a criação do Estado foi extinto
o território, quando o então presidente da República João Baptista Figueiredo indicou o Coronel Jorge Teixeira,
que já ocupava o cargo de governador, para continuar no cargo de maior importância no Estado em 29 de dezem-
bro de 1981.
1988: criação do estado do Tocantins a partir da divisão do estado de Goiás. O território de Fernando de Noro-
nha foi extinto e passou a pertencer ao estado de Pernambuco na condição de Distrito, sendo Fernando de Noro-
nha o único Distrito Estadual presente no território brasileiro.
Alterações político-administrativas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988:
O Brasil atualmente está organizado em 27 unidades federativas, possuindo 26 estados e um Distrito Federal.
As Unidades Federativas (estados) estão organizadas em Municípios, e estes, em Distritos.
Os estados e o Distrito Federal são chefiados por um governador e possuem uma capital, onde estão localizadas
as sedes de cada governo, já os municípios são governados pelo prefeito.
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito Federal não pode ser dividido ou regionalizado em municí-
pios, mas possui uma divisão administrativa e é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual União, Distrito Federal e Municípios que possuem autonomia
homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o mesmo plano hierárquico, devendo receber tratamento jurí-
dico-formal isonômico.
Acompanhe o conceito de federação, de acordo com a CF, de 1988:
GEOGRAFIA DO BRASIL
Art. 18 É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder
soberano e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação
são: a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões
político-administrativa que, atualmente, não existem.
República
Federativa Estados Municípios Distritos*
do Brasil
http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do- http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-
brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023. brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023.
a ter oito regiões que podem ser observadas a seguir: uma reestruturação do departamento, que foi nomea-
do Instituto Nacional de Estatística (INE) e incorpora-
do ao Conselho Nacional de Geografia em 1938, dando
origem ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca (IBGE).
A partir da criação do IBGE foram introduzidos
elementos da Escola Quantitativa, que utilizava a
matemática e a estatística como suporte para análises,
referências e tabulação de dados.
Em 1941, com a coordenação do engenheiro Fábio
Macedo Soares Guimarães, teve início um projeto de
regionalização do território brasileiro baseado em
aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação). 345
Dessa forma, o Brasil foi dividido em 5 regiões: Norte, Sul, Leste, Nordeste e Centro-Oeste. O critério de Fábio
Macedo sofreu adaptações ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui.
Observe o mapa a seguir com a atual regionalização do território brasileiro, que, além de levar em conta
aspectos físicos e naturais, também tem como critério aspectos políticos-administrativo:
Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
conômicos chamada de divisão geoeconômica, e dividiu o país em três complexos regionais: Amazônia, Centro-
-Sul e Nordeste.
Nessa forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidiam com as fronteiras estaduais. Dessa for-
ma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha que possui indicadores socioeconômi-
cos semelhantes ao Nordeste) encontra-se na região Nordeste; outro exemplo é o estado do Maranhão, a porção
leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste, no Complexo da Amazônia. Tem-se, ainda,
o sul do estado do Mato Grosso, que se encontra no Complexo Centro-Sul (região com maiores níveis de desenvol-
vimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem essa proposta.
346
Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa a seguir:
No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira utilizaram como
critérios para elaborar uma nova proposta de regionalização o nível de desenvolvimento do “meio técnico-cientí-
fico-informacional”. Isso quer dizer que, a informação e as finanças estão irradiadas de maneiras desiguais e dis-
tintas pelo território brasileiro, dividindo assim, o país em quatro complexos regionais que foram denominados
“quatro brasis”. Os complexos nessa forma de regionalização são os seguintes:
z Região Amazônica: inclui os estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. Baixas densida-
des técnicas e demográficas;
z Região Nordeste: estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta agricultura pouco mecanizada em comparação à
Região Centro-Oeste e à região Concentrada;
z Região Centro-Oeste: formada por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Apresenta agricultura
globalizada, isto é: moderna, mecanizada e produtiva;
z Região Concentrada: inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Regiões que concentram maiores populações, indústrias, principais portos, aeroportos,
shopping centers, supermercados, principais rodovias e infovias e maiores cidades e universidades. Portanto,
são as regiões que reúnem os principais meios técnicos-científicos e as finanças do país.
Assim, para critérios de aprendizagem e fixação, apresentaremos a seguir um quadro resumo com as três
principais formas de regionalização cobradas em concursos públicos. Porém, não deixe de ler e estudar sobre as
outras divisões regionais.
Nº DE ANO DE ELABORAÇÃO
NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES
REGIÕES DA PROPOSTA
GEOGRAFIA DO BRASIL
Nordeste, Amazônia e
3 Características históricas e econômicas Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul
Nordeste, Centro-Oeste, Milton Santos e Maria
4 Meio técnico-científico-informacional Início dos anos 2000
Concentrada e Amazônia Laura Silveira
Norte Anos 40, com reformula-
Nordeste ção nos anos 70 e atua-
Aspectos naturais, elementos sociais,
5 Centro-Oeste IBGE lização em 1988, através
econômicos, políticos e administrativos
Sudeste de promulgação da CF, de
Sul 1988
DEMOGRAFIA
Expectativa de vida do brasileiro ao
nascer (1940 - 2019)
Transição Demográfica
Apesar de serem menos populosas, as regiões Norte e Centro–Oeste apresentam um constante aumento da represen-
tatividade populacional brasileira, enquanto as demais regiões apresentam uma leve tendência de declínio.
A estrutura etária da população brasileira corresponde à média de idade que o país possui a partir do estudo
da quantidade de pessoas jovens (até 19 anos), adultas (de 20 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos de idade).
A pirâmide etária da população brasileira vem passando por transformações ao longo dos anos, caracteri-
zando uma mudança no perfil demográfico do país no que diz respeito ao crescimento demográfico nacional. No
passado, com elevadas taxas de natalidade, a pirâmide etária brasileira possuía a base mais ampla e o topo mais
estreito, o que significava que o país possuía a maioria da população jovem. Nos dias atuais, pode-se afirmar que
o país está em uma fase de transição, com a redução das taxas de natalidade e um aumento da expectativa de
vida, além da redução das taxas de mortalidade. Para se ter uma ideia, em 1960, a taxa de fecundidade (número
de filhos por mulher), no Brasil, era de 6,21; já nos dias atuais esse número despencou para 1,81. Por outro lado, a
expectativa de vida subiu de 54,6 para 73,6 no mesmo período.
Neste sentido, nota-se que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento populacional, ou seja,
um aumento da idade média de sua população. A médio e longo prazo, isso poderá causar um sério problema,
pois está acontecendo uma contribuição para a redução da População Economicamente Ativa (PEA), que são as
pessoas aptas a exercer algum trabalho. Com isso, os gastos sociais, em especial os gastos da Previdência Social,
tendem a elevar-se, causando um problema semelhante ao que acontece, atualmente, em alguns países europeus:
o inchaço do setor previdenciário.
É importante destacar que, por conta da pandemia nos últimos meses, em algumas unidades da federação,
como Rio de Janeiro e São Paulo, o número de óbitos passou a ser maior que o número de nascimentos, propor-
cionando uma mudança na demografia brasileira, em nível pequeno.
GEOGRAFIA DO BRASIL
O deslocamento populacional interno (também conhecido como migração) ocorre em nosso país desde o
período colonial, porém esses movimentos se intensificaram a partir do século XX, em especial após a 1ª Guerra
Mundial (1914-1918).
Na história do Brasil, nossa economia foi caracterizada pelos ciclos, ou fases, nos quais um determinado pro-
duto surgia e se consolidava como o mais importante. Ocorreram os seguintes ciclos econômicos:
Nas regiões metropolitanas mais populosas, con- a) A produção de frango nunca teve uma participação
centra-se cerca de 37,26% da população do país. Vale expressiva no cenário brasileiro.
ressaltar que, de acordo com esses novos critérios, b) Entre 1996 e 2006, o aumento das áreas destinadas às
nem toda RM (Região Metropolitana) tem, especifica- pastagens superou o aumento das áreas de lavouras.
mente, uma metrópole. c) Considerando-se o aumento das áreas de lavouras entre
Em relação às migrações externas, o Brasil, ao lon- 1996 e 2006, os melhores resultados vieram da região Sul.
go dos séculos, caracterizou-se por ser um país de imi- d) Estudos recentes apontam uma tendência de diminuição
grantes. Apesar dos fluxos migratórios intensos entre do número de estabelecimentos rurais especializados.
os séculos XVI e XX, na segunda metade do século XX, e) No que diz respeito à pecuária bovina, percebeu-se
em especial nos anos 80 e 90, passou a ser um país de uma tendência de interiorização nas últimas décadas.
emigrantes, já que muitos brasileiros estavam deixan-
do o país. Os principais destinos eram os EUA, a Euro- 3. (DECEx — 2021) Bem mais que um limite, a fronteira
pa Ocidental, o Japão, regiões com moedas fortes e é, sobretudo, uma zona de interações. A Constituição
indicadores sociais elevados, além do Paraguai, como Brasileira de 1988 considera, nas fronteiras terrestres,
um desdobramento da expansão da fronteira agrícola faixa de fronteira uma largura de:
(os produtores brasileiros que migraram para o país
vizinho eram denominados brasiguaios). a) 150 km.
Nos anos 2000, com a ascensão econômica que o b) 10 km.
país teve e com as crises econômicas nas áreas que c) 200 km.
eram os principais destinos dos brasileiros, esses d) 50 km.
deram início ao movimento de volta para o país. e) 100 km.
c) Os polos de inovação que surgiram com o aumento do aliam alta produtividade e preservação ambiental.
número de universidades no Sul e oro.este. atraíram c) À medida que a fronteira agrícola avança, surgem as
para essas regiões um volume de capitais que, atual- contradições sociais do campo e o meio natural é
mente, concentram 75% da atividade industrial. devastado. Atualmente, o Cerrado brasileiro é a grande
d) A Zona Franca de Manaus e os polos de inovação fronteira agrícola do século XXI, que avança a partir da
repercutiram na criação das chamadas indústrias de expansão do Sudeste, restando atualmente menos de
ponta, as quais se concentraram na Região Norte por 20% de sua vegetação natural.
conta de incentivos fiscais e fraca atuação sindical, d) A questão da Fronteira Agrícola sempre é alvo de muita
surgindo nova região industrial central. polêmica, pois junto está associada à expansão das mono-
e) Se até o início da década de 60, o Sul e o Nordeste culturas e a criação de áreas de preservação em proprieda-
eram regiões industriais periféricas, atualmente essas des privadas, restringindo assim o acesso público a áreas
regiões concentram a atividade industrial brasileira, com potencial turístico e de recursos biológicos.
com mais de 60% do capital industrial investido. 357
e) A área de expansão das fronteiras agrícolas traz consigo a II. A variação topográfica é responsável pela existência
problemática da escassez de água. A caatinga, uma área de três estratos de vegetação de mata: de igapó, de
que apresenta um déficit hídrico, se toma ainda mais frágil várzea e de terra firme.
com a expansão das grandes monoculturas, que degra- III. A exuberância da vida vegetal da Amazônia reflete a
dam o solo e impõem ainda mais pressão sobre os pou- alta fertilidade dos solos, em geral de textura argilosa
cos recursos hídricos disponíveis. e com elevado teor de matéria orgânica.
IV. Trata-se de uma floresta latifoliada, perene e higrófila,
14. (DECEx — 2020) O planejamento regional da Amazô- que abriga também “enclaves” de campos, cerrado e
nia foi deflagrado em 1953 com a criação da Supe- até mesmo de caatinga.
rintendência do Plano de Valorização Econômica da
Amazônia (SPVEA), cujo objetivo era coordenar planos Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas
federais para a região, dividindo-a em regiões de pla- corretas.
nejamento, Oriental e Ocidental, com suas respectivas
área de influencia e composição. Assinale a alternati- a) I e II
va que apresenta os estados brasileiros que compõem b) I e III
a Amazônia Oriental. c) II e III
d) II e IV
a) Maranhão, Pará, Amapá e Tocantins. e) III e IV
b) Mato Grosso do Sul, Acre e Pará.
c) Amazonas, Roraima e Piauí. 17. (DECEx — 2020) É uma faixa de transição que se cons-
d) Acre, Rondônia e Mato Grosso. tituí de unidade paisagística nas quais mesclam vege-
e) Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. tação da região Nordeste e Norte, respectivamente. O
texto se refere a (ao):
15. (DECEx — 2020) Desde sua ocupação pelos portugue-
ses, no século XVI, o Brasil teve o território dividido a) Pantanal
internamente a fim de facilitar seu controle adminis- b) Pradaria.
trativo. No final do século XIX, quase todos os estados c) Restinga.
brasileiros já apresentavam sua configuração atual; no d) Manguezal.
entanto, novas modificações na configuração territo- e) Mata dos Cocais.
rial continuaram ocorrendo.
18. (DECEx — 2020)
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de e RIGOLIN, Tércio Barbosa –
Fronteiras da Globalização, volume 3, 3ª edição. Página: 28.
Curso transforma soldados em verdadeiros guerreiros
de selva, aptos a dominarem as peculiaridades da
Com base no texto acima e nos conhecimentos acer- amazônia.
ca da evolução da divisão política do Brasil, julgue as
afirmativas abaixo:
Manaus (AM) – Eles estão dispostos a superar o que
para muitos é “impossível” para se tornarem Guerrei-
I. Em 1956 o território federal de Guaporé passa a deno- ros de Selva, dignos de ostentar, no chapéu bandeiran-
minar-se Territorial Federal de Rondônia, em homena- te, no brevê e no facão, a cara da onça, símbolo do
gem ao sertanista Marechal Cândido Rondon. Guerreiro que venceu as três fases do curso conside-
II. Em 1960 é criado o Distrito Federal, no estado de rado o melhor e mais difícil do mundo, na formação de
Goiás, e a mudança da capital do Rio de Janeiro para militares que operam em ambiente de selva.
Brasília. Durante o curso, nome e posto do militar são substi-
III. Em 1974 ocorre a fusão dos estados da Guanabara e tuídos por uma numeração que o torna simplesmente
do Rio de Janeiro, com a capital sediada na cidade do “aluno”. Dessa forma, a equipe de instrutores, compos-
Rio de Janeiro. ta por oficiais e sargentos do CIGS, identifica e acom-
IV. Em 1988 é criado o estado de Tocantins e é extinto o panha cada um.
território de Fernando de Noronha que, em 1989, torna- O COS 18/1 para oficiais e 18/2 para subtenentes e
-se distrito do estado do Rio Grande do Norte. sargentos compõem a primeira turma de 2018. Nes-
sa segunda fase, dos 90 alunos que iniciaram o curso,
Quanto a essas afirmações: apenas 65 conseguiram manter os índices de rendi-
mento para seguir para a fase de Operações. “Além do
a) Somente a I, a II e a III estão corretas vigor físico e da preparação prévia, é primordial para o
b) Somente a II, a III e IV estão corretas combatente ter uma habilidade natatória, para que ele
c) Somente a I, a II e a IV estão corretas possa cumprir todas as missões, devido à peculiarida-
d) Somente a I, a III e a IV estão corretas de do ambiente amazônico. É realmente bem cansati-
e) Somente a I e a III estão corretas vo, mas o guerreiro tem que ser persistente”, enfatizou
o aluno número 30, apontando a estratégia utilizada
16. (DECEx — 2020) A Amazônia é a maior floresta tropi- por ele para vencer cada desafio.
cal do mundo. Estende-se por mais de 8 milhões de
km² e por diversos países sul-americanos. Sobre esse Crédito: Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro
bioma, é correto afirmar que: (CCOMSEx) abril 2018
I. No Brasil, a floresta ocupa áreas de nove estados da Com base no texto acima e nas peculiaridades do ambien-
federação: AC, AM, AP, MA, MS, PA, RO, RR e TO. te amazônico que os alunos encontraram durante o Curso
de Operações na Selva (COS), é correto afirmar que:
358
a) Os alunos do COS encontraram um ambiente seco e advindo de anomalias climáticas observadas nas últi-
quente. mas décadas.
b) Os alunos do COS encontraram um ambiente pobre III. O Cerrado, adaptado à alternância do clima tropical,
em biodiversidade. ocupa mais de 3 milhões de km2 e apresenta solos
c) Os alunos do COS encontraram um ambiente formado pobres. É uma formação tipicamente latifoliada que,
por grandes árvores bem distantes umas das outras. dentre outras características, perde as folhas durante
d) Os alunos do COS encontraram um ambiente muito o período de seca.
úmido e quente. IV. A Mata dos Cocais é uma faixa de transição situada
e) Os alunos do COS encontraram um ambiente caracte- entre os domínios da Floresta Amazônica, do Cerrado
rizado por uma grande amplitude térmica. e da Caatinga. Predominam as palmeiras, com desta-
que para o babaçu, a carnaúba e o buriti.
19. (DECEx — 2021) Observe o mapa a seguir que mostra
a distribuição dos domínios morfoclimáticos brasilei- Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas
ros. Assinale a alternativa que identifica a correspon- corretas, dentre as listadas acima.
dência incorreta entre a letra e o respectivo nome do
Domínio Morfoclimático. a) I e II
b) I e III
Brasil: domínios morfoclimáticos c) I e IV
d) II e III
e) II e IV
9 GABARITO
A
1 C
2 E
B
3 A
C 4 E
5 D
D 6 D
E 6 E
7 E
8 E
10 D
Fonte: adaptado de Aziz Ab’Saber. In: Terra, Lygia. Conexões:
11 B
estuidos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009, p. 196.
12 A
a) “B” corresponde ao domínio morfoclimático da Caatinga.
b) “C” corresponde ao domínio morfoclimático do Cerrado. 13 A
c) “D” corresponde ao domínio morfoclimático de Mares de
14 A
morros.
d) “E” corresponde ao domínio morfoclimático do Pantanal. 15 A
e) “F” corresponde ao domínio morfoclimático das Pradarias.
16 D
20. (DECEx — 2019) Segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber,
17 E
existem grandes extensões do território brasileiro em
que vários elementos naturais (clima, vegetação, rele- 18 D
vo, hidrografia e solo) interagem de forma singular,
caracterizando uma unidade paisagística: são os cha- 19 D
GEOGRAFIA DO BRASIL
360
INGLÊS
SUBSTANTIVOS (NOUNS)
GÊNERO
Diferentemente da língua portuguesa, na qual as terminações dos substantivos podem indicar o gênero a que
se referem na oração (rico/rica, estressado/estressada, ocupado/ocupada), em inglês, os substantivos não possuem
gênero gramatical. Porém, vale ressaltar que, em alguns casos, existem algumas mudanças nos substantivos para
indicar o gênero em. Confira:
Há, também, substantivos diferentes que serão usados para representar uma pessoa do sexo feminino e uma pessoa
do sexo masculino:
Os demais substantivos da língua inglesa são neutros, ou seja, podem representar qualquer sexo ou gênero:
MALE/FEMALE MASCULINO/FEMININO
Lawyer Advogado(a)
Doctor Médico(a)
Employee Funcionário(a)
Teacher Professor(a)
Importante!
Note que, nem sempre, haverá substantivos com formas distintas para cada gênero. Portanto saiba que a
língua inglesa age, muitas vezes, de forma neutra com relação a questões linguísticas de gênero, ou seja,
não faz distinção entre gêneros (masculino, feminino etc.).
INGLÊS
361
SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS, INCONTÁVEIS E
Advice Conselho Beauty Beleza
NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS NO
SINGULAR E NO PLURAL Courage Coragem Fun Diversão
Você pode usar the com substantivos contáveis quan- Normalmente, o artigo indefinido não é usado com
do existe apenas um ser/coisa para ser referido(a). substantivos incontáveis. Em vez disso, o artigo defi-
nido the pode ser usado nesses casos ao se referir a
z The baby stared at the moon in fascination (O bebê itens específicos.
olhou fascinado para a lua);
z Please take me to the doctor near the market. I’m z I found the luggage that I had lost. I appreciated
not feeling well (Por favor, leve-me ao médico perto the honesty of the salesman (Encontrei a baga-
do mercado. Eu não estou me sentindo bem). gem que havia perdido. Apreciei a honestidade do
vendedor).
Uncountable Nouns (Substantivos Incontáveis)
Substantivos incontáveis podem ser expressos
Trata-se de substantivos que nomeiam tudo o que em quantidades, porém, carecem da especificação da
não pode ser contabilizado um a um, como substanti- quantidade, seja ela dada por slices (fatias), volumes,
vos abstratos, fluidos e gases, coisas apresentadas em como liters (litros), ou recipients, como a glass of (um
partículas muito pequenas, fenômenos da natureza, copo de).
doenças etc. (CAMPOS, 2010). Apresentam-se no sin-
gular, porém muitas vezes se remetem ao coletivo. z Yesterday I drank two bottles of beer by myself.
Normalmente, não são usados junto a números e arti- (Ontem eu bebi duas garrafas de cerveja sozinha);
gos (COLLINS, 2017). z How many slices of bread do you eat in the morning?
362 Substantivos abstratos: (Quantas fatias de pão você come de manhã?);
z Would you give a glass of water, please? (Você me z para remeter ao local de morada ou trabalho de
daria um copo d’água, por favor?). alguém.
Alguns substantivos podem ser contáveis ou incon- Let’s have some drink’s at Joe’s. (Vamos tomar
táveis, dependendo do contexto ou da situação. É um algumas bebidas no [estabelecimento do] Joe).
fenômeno que acontece, geralmente, com partes de
animais (contáveis), que também são comidas (incon- Geralmente, adiciona-se apóstrofo e s à frente do
táveis) (CAMPOS, 2010). sujeito de posse ou associação dentro de uma frase,
como em “I went to Jane’s yesterday.” (Eu fui a [casa
z We’ll have two coffees (Nós vamos querer dois da] Jane ontem.). Contudo, o emprego dessa estrutura
cafés) — contável; obedece a algumas regras, vejamos:
z I don’t like coffee (Eu não gosto de café) — incontável;
z I had chicken for dinner (Eu comi frango no jantar) z Em nomes terminados com a letra s, pode-se acres-
— diferente de I have a chicken in my backyard (Eu centar somente o apóstrofo;
tenho um frango no meu quintal).
Denis’ group is very quiet (O grupo de Dênis é
CASO GENITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO muito quieto);
SAXÃO’S E COM A PREPOSIÇÃO OF
Mas também podemos ver Denis’s group is very
O genitive case (caso genitivo) é usado para desig- quiet.
nar posse ou para associar um objeto a algo ou alguém.
É um caso gramatical característico de substantivos e z Em casos de mais de um agente possuidor ou asso-
pronomes. O genitivo pode ser representado através ciação, adicionamos a estrutura somente ao último
do emprego de ‘ (apóstrofo) + s ou da preposição of nome citado;
(de). Observe:
Roberta, Stela and Louise’s mom is sick (a mãe
z I bought Jim’s car (eu comprei o carro do Jim); de Roberta, Stela e Louise está doente);
My computer’s design is vintage (o design do No que diz respeito ao emprego da preposição of,
meu computador é clássico). temos uma gama extensa de possibilidades que vão
muito além do caso genitivo. Mas, o que interessa para
z para se referir a algo associado a um lugar específico; nós, neste momento, é identificar de que modo este
caso associa os componentes de uma frase, sugerindo
The city’s population is in progressive growth posse entre eles (COLLINS, 2017). Portanto, observe:
(a população da cidade está em progressivo
crescimento). z The picture of a church (a foto de uma igreja);
INGLÊS
z para falar sobre coisas de mesmo tipo, pertencen- É o mesmo que dizer “The church’s picture”.
tes a diferentes pessoas, evitando repetições;
z The top height of the buildings in New York is 500
My cellphone is the same as Karen’s. (Meu celu- meters (a altura máxima dos edifícios em Nova Ior-
lar é o mesmo que o da Karen). que é de 500 metros). 363
Equivale a “The New York’s buildings top height is 500 meters”.
Essas frases aparecem, também, em títulos de filmes, tais como “The father of the bride” (O pai da noiva), estru-
tura que equivale a “The bride’s father.”
PRONOMES (PRONOUNS)
PRONOMES PESSOAIS
Os subject pronouns podem ser definidos como palavras que indicam pessoas, lugares, objetos, animais, entre
outros. São pronomes que representam os sujeitos (que realizam a ação) nas orações.
z A primeira pessoa do singular “I” (eu) deve ser escrita sempre em letra maiúscula, seja no início de uma frase
ou não (CAMPOS, 2010);
z “You” (tu, você, vós, vocês) é o pronome que utilizamos na intenção de dirigir a palavra a alguém, formal ou
informalmente, não há essa diferenciação (CAMPOS, 2010);
z “He”(ele) e “she”(ela) podem ser utilizados para se dirigir a animais de estimação, porém, trata-se de um caso
facultativo (CAMPOS, 2010);
z “It” é um pronome neutro utilizado para se referir a objetos, animais, indivíduos de sexualidade não-binária e
bebês de sexo ainda indefinido na barriga da mãe. Não existe tabu na língua inglesa ao se referir a uma pessoa
ou a um bebê como “it”.
PRONOMES REFLEXIVOS
São pronomes empregados quando o próprio sujeito sofre ação da oração, a ação que ele produz “reflete” de
volta ao sujeito.
I checked it myself.
MYSELF A mim, a mim mesmo, -me
Eu mesmo chequei.
Don’t blame yourself.
YOURSELF A ti, a você mesmo, -te, -se
Não se culpe.
He learned how to play the guitar by himself.
HIMSELF A si, a si mesmo, -se
Ele aprendeu como tocar violão sozinho.
She promised herself she wouldn’t go.
HERSELF A si, a si mesma, -se
364 Ela prometeu a si mesma que não iria.
The machine did it itself.
ITSELF A si, a si mesmo/a, -se
A máquina o fez por si mesma.
We can start the presentation ourselves.
OURSELVES A nós, a nós mesmos, -nos Nós podemos começar a apresentação nós
mesmos.
You should take care of yourselves.
YOURSELVES A vós, a vocês mesmos, -vos, -se
Vocês devem cuidar de si mesmos.
They can help themselves.
THEMSELVES A si, a eles mesmos, a elas mesmas, - se
Eles mesmos podem se servir.
z Para demonstrar que a ação executada pelo verbo reflete para o próprio sujeito;
z Para dar ênfase a quem executou determinada ação, conforme vimos no exemplo da 1ª pessoa do singular: “I
checked it myself.” (Eu mesmo chequei);
z Para demonstrar que o sujeito executou uma ação sozinho, sem ajuda de terceiros, conforme o exemplo expos-
to na 3ª pessoa do singular masculina: “He learned how to play the guitar by himself.” (Ele aprendeu como
tocar violão sozinho.).
Importante!
Note que para expressar a ação realizada “sozinho(a)”, empregamos a preposição “by” (por).
“She did the homework all by herself.” (Ela fez a tarefa de casa toda sozinha.)
Os pronomes demonstrativos são usados para localizar o objeto de uma oração no espaço ou tempo, esteja
ele próximo ou não. São eles:
PRONOME PRONOME
DEMONSTRATIVO SIGNIFICADO DEMONSTRATIVO SIGINIFICADO
(SINGULAR) (PLURAL)
This Esse(a), este(a), isso, isto These Esses(as), estes(as)
That Aquele(a), aquilo Those Aqueles(as)
Note que, em ambos os casos, os pronomes mencionam objetos mais próximos ao locutor.
z Helen will show us that beautiful painting. (Helen vai nos mostrar aquela linda pintura);
z How much for those pants? (Quanto custam aquelas calças?).
Os pronomes possessivos expressam pertencimento de algo a alguém. No caso da língua inglesa, existem dois
grupos de possessivos, os possessive adjectives e os possessive pronouns. Vejamos, por ora, o caso dos pronomes
possessivos cuja função é substituir o nome próprio ao final da oração, como objeto da oração, sem qualquer
flexão de número ou grau. 365
These socks are mine.
MINE Meu, minha, meus, minhas
Estas meias são minhas.
Os pronomes interrogativos são elementos linguísticos usados em perguntas mais amplas, conhecidas como
elementos de ‘’WH-questions’’, quando se espera por respostas que não se restrinjam a “sim” ou “não” e/ou res-
postas com substantivos. Observe a seguir:
Where have you been? I’ve been jogging at the park. (Estive
Where (onde, aonde)
(Onde você esteve?) correndo no parque?)
Whose car is that? (De quem é aque- That is John’s car. (Aquele carro é do
Whose (de quem)
le carro?) John.)
When did you go there? I went there last week. (Eu fui lá se-
When (quando)
(Quando você foi lá?) mana passada)
Which ice cream flavour do you like? I like vanilla ice cream! (Eu gosto de
Which (qual)
(Qual sabor de sorvete você gosta?) sorvete de baunilha!)
Os pronomes indefinidos, por sua vez, são usados para identificar um substantivo em um sentido não especí-
fico. São frequentemente usados para descrever um substantivo com um elemento de incerteza, ou seja, sem, de
fato, especificar a qualidade do pronome ou substantivo a que se refere. Observe a tabela com alguns exemplos:
Do you have any There should be some She knows every single
I have no idea.
advice? information here. room.
Exemplos: (Eu não tenho [ne-
(Você tem algum (Deve haver alguma in- (Ela conhece todos os
nhuma] ideia.)
conselho?) formação aqui.) quartos.)
Nada, nenhuma
Qualquer coisa, nada Alguma coisa Tudo, todas as coisas
coisa
I have nothing to
Didn’t you buy any- There is something
Everthing is going to be talk with you. (Eu
thing for dinner? wrong with my cellphone.
Exemplos: alright. (Tudo vai ficar não tenho nada
(Você não comprou (Há algo de errado com
bem.) para falar com
nada para o jantar?) meu celular.)
você.)
z Any é um prefixo utilizado em orações interrogativas quando se espera uma resposta negativa, orações nega-
INGLÊS
tivas (na presença de outra estrutura negativa) e afirmativas com o significado de “qualquer”;
z Some é um prefixo utilizado somente em orações afirmativas e interrogativas, expressando convites e oferecimentos;
z No é um prefixo estritamente negativo e não deve NUNCA ser utilizado se já houver uma negação na frase.
Exemplo: “I don’t have no money to buy food.” (Eu não tenho nenhum dinheiro para comprar comida.)
O correto seria: “I have no money to buy food.” Ou “I don’t have any money to buy food.” 367
QUANTIFICADORES I have another party to go today (Eu tenho outra
festa para ir hoje).
Quantificadores De Substantivos Contáveis
z Every: todo(a)
z Many: muitos(as), vários(as)
Acompanha substantivos no singular.
Exemplos: Exemplos:
They have many goals in life (Eles têm vários obje- I wake up at six o’clock every day (Eu acordo às seis
tivos na vida); horas todo dia);
We have many stories to tell (Nós temos muitas We get together every October 15th (Nós nos reuni-
histórias para contar). mos todo dia 15 de outubro.
z Enough: demais, suficiente, bastante z Não se usa o the nos seguintes casos:
Antecede substantivos incontáveis no singular Substantivos que integrem uma oração que
ou substantivos contáveis no plural. expressa senso-comum ou generalização, sal-
Exemplos: vo se é a intenção do interlocutor especificar o
objeto do qual se fala. Exemplos:
Didn’t you have enough beer already? (Você já não
The cats like milk (Os gatos gostam de leite) —
bebeu cerveja o suficiente?);
gatos específicos;
They don’t have enough cups to receive us (Eles não
Cats like milk (Gatos gostam de leite) — gatos
têm copos suficientes para nos receber). em geral.
z Correto: He has great ability with kids (Ele tem nos preguiçosos não ajudam em casa).
grande habilidade com crianças).
Veja que lazy atribui a característica de “preguiço-
The (CAMPOS, 2010): sos” ao nome boys (meninos).
1 CAMPOS, G, T. Manual Compacto de Gramática da Língua Inglesa. 1ª ed. São Paulo: Editora Rideel. Disponível em: https://middleware-bv.
am4.com.br/SSO/unifalmg/9788533948815. Acesso em: 1 set. 2022 371
Observe, também, que os adjetivos em inglês são colocados antes do substantivo ao qual se refere.
Diferentemente da língua portuguesa, os adjetivos tomam uma posição distinta na oração, vindo antes do subs-
tantivo, como visto no exemplo anterior. Confira a diferença entre o uso de adjetivos em português e em inglês:
TIPOS DE ADJETIVOS
Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos em alguns grupos específicos, conforme a ideia que expres-
sam em uma oração. Observe alguns exemplos na tabela a seguir:
TIPOS EXEMPLO
Adjetivos de tamanho big (grande), small (pequeno), huge (enorme), tiny (minúsculo)
Adjetivos de cor green (verde), orange (laranja), blue (azul), silver (prateado)
Adjetivos de material plastic (plástico), metal (metal), cotton (algodão), wood (madeira)
Adjetivos de opinião beautiful (bonito), weird (estranho), awful (horrível), good (bom)
Adjetivos de religião atheist (ateu), catholic (católico), jewish (judeu), buddist (budista)
Adjetivos de idade old (velho), young (jovem), teenager (adolescente), adult (adulto)
Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso que fazemos em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo, como dito
anteriormente, veja mais alguns exemplos:
Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica, veja:
propósito nome
z That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4).
z Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5).
372 � I lost my heart-shaped (1) yellow (2) Indian (3) cotton (4) pillow (5) on our trip to Bali!
Eu perdi minha almofada amarela de formato de coração de algodão indiano na nossa viagem para Bali!
Os adjetivos possessivos no inglês são parecidos com os pronomes possessivos e seus usos. Em uma oração,
eles pedem que um substantivo os acompanhe logo em seguida. Observe os adjetivos possessivos junto ao prono-
me ao qual se referem:
É comum ao falante da língua portuguesa se confundir e traduzir his and her para “seu, sua”, pois no portu-
guês é possível a construção de uma frase como “ela ama seus pais”, considerando que “seu” é pronome possessi-
vo referente ao sujeito ela. Também configura erro utilizar o adjetivo possessivo your (seu, sua) para caracterizar
possessivamente qualquer sujeito da oração que não seja you.
Dica
Portanto, para não esquecer:
� his: dele;
� her: dela;
� your: seu, sua.
Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos e aos
adjetivos superlativos, se referindo aos adjetivos relativos da língua portuguesa.
Comparatives (Comparativos)
Usamos os adjetivos comparativos para estabelecer comparação entre dois ou mais seres (substantivos),
podendo esta comparação ser de igualdade, superioridade ou inferioridade.
Estabelece comparação sem qualificar um nome de maneira mais positiva ou negativa que outro, determi-
nando igualdade entre eles. Quando a oração comparativa é afirmativa, utiliza-se as estruturas as (tão/tanto) +
adjetivo + as (quanto)(CAMPOS, 2010, p. 99). Observe os exemplos:
She is as intelligent as her sister (Ela é tão inteligente quanto a irmã dela);
I study as much as my cousin (Eu estudo tanto quanto minha prima).
Quando é negativa, utiliza-se not so (não tão) + adjetivo + as (quanto/como)(CAMPOS, 2010, p. 99). Observe:
He is not so good as you think (Ele não é tão bom quanto você pensa);
Life is not so difficult in the beach as in the city (A vida não é tão difícil na praia como é na cidade).
É utilizado para expressar que um nome executa algo “a mais” que o outro. Para isso, podemos utilizar a estru-
tura more (mais) + adjetivo + than (do que) ou adicionar intensidade ao próprio adjetivo, de modo a dispensar
o uso do more, o que implica em algumas regrinhas a serem seguidas. Veja o exemplo para compreender:
Jenna was more competitive than the rest of the group (Jenna era mais competititva que o resto do grupo). 373
Observe que a palavra competitive possui mais de duas sílabas, portanto, é indispensável o uso da estrutura
more […] than. Agora observe:
They run faster than their cousins (Eles correm mais rápido que os primos deles).
Este segundo caso envolve um adjetivo com duas sílabas. Sempre que houver um adjetivo com duas ou menos
sílabas, há regras gramaticais específicas a serem utilizadas (CAMPOS, 2010):
Adjetivos terminados em e, acrescenta-se -r, como em wise – wiser (sábio – mais sábio);
Adjetivos, de modo geral, acrescenta-se -er ao final, como é o caso de fast – faster (veloz – mais veloz);
Adjetivos terminados em y precedido por consoante, a última consoante é removida e é acrescentado
-ier, como é o caso de busy – busier (ocupado – mais ocupado);
Adjetivos terminados em consoante + vogal + consoante, dobra-se a última consoante antes da adição de
-er, como é o caso de hot – hotter (quente – mais quente).
It’s getting colder and colder (Está ficando cada vez mais frio);
She’s becoming more and more beautiful everyday (Ela está ficando cada vez mais linda todos os dias).
Temos também a estrutura the + comparative adjective + [...] + the + comparative adjective equivalente a
“quanto mais [...] mais” (CAMPOS, 2010):
The more people they bring, the merrier (Quanto mais pessoas eles trouxerem, melhor).
É utilizado para expressar que um nome executa algo “a menos” que o outro. Para isso, podemos utilizar a
estrutura less (menos) + adjetivo + than (do que), muito semelhante ao comparativo de superioridade, mas sem
acarretar mudanças ao adjetivo em si. Veja:
My brother can read less words than I can (Meu irmão consegue ler menos palavras que eu consigo);
He seems to be less happy with his new girlfriend than with the other one (Ele parece estar menos feliz
com a nova namorada dele do que com a outra).
Superlatives (Superlativos)
Usamos os adjetivos superlativos para intensificar o grau de superioridade ou inferioridade de um ser (subs-
tantivo) em detrimento de outros.
He is my least favorite character in the movie (Ele é o meu personagem menos favorito do filme);
Was it the worst party you’ve ever been to? (Essa foi a pior festa a que você já foi?).
Adjetivos com mais de duas sílabas, devemos colocar the most (o/a mais) antes dele, como o exemplo abaixo:
They have the most profitable business in Dubai (Eles têm o negócio mais rentável de Dubai).
Observe que profitable tem mais que duas sílabas e, portanto, necessita do emprego de the most para intensi-
ficar a ideia.
This is the busiest avenue in the city (Esta é a avenida mais movimentada da cidade).
As regras gramaticais importantes a serem estabelecidas quanto ao emprego de adjetivos superlativos monos-
sílabos ou dissílabos são:
z Adjetivos, de modo geral, acrescenta-se -est, como em rich - richest (rico – mais rico) e tall – tallest (alto – mais alto);
z Adjetivos terminados em y precedido por consoante, substitui-se a consoante por -iest, como em dry – driest
(seco – mais seco) e crazy – craziest (louco – mais louco);
z Adjetivos terminados em consoante + vogal + consoante, dobra-se a última consoante antes de acrescentar
374 -est, como em fat – fattest gordo – mais gordo) e sad – saddest (triste – mais triste).
Contudo, há algumas exceções. Alguns adjetivos possuem formas irregulares nos modos comparativo e super-
lativo. São exemplos deles:
Menor/menos que/O(a)
Little Less than The least
menor
Importante!
Um dos erros mais comuns do estudante de língua inglesa é confundir o superlativo com o comparativo.
Para evitar este problema, lembre-se que o comparativo sempre expressa a ideia de adjetivos que compa-
ram dois ou mais seres. Já o superlativo qualifica superior ou inferior apenas um ser em relação a todos os
outros.
Os adjetivos interrogativos são também conhecidos na língua inglesa como Wh- questions. No entanto, não são
todos que se qualificam como adjetivos. Os adjetivos interrogativos são utilizados em perguntas acompanhando os
substantivos, ou seja, quantificando e qualificando-os de algum modo. Observe a tabela e seus respectivos exemplos:
WHAT O quê, o que, que, qual, quais What route should we take? Que rota devemos tomar?
WHICH Qual, quais, que Which one do you prefer? Qual deles você prefere?
How many years have you spent Quantos anos você passou no
HOW MANY Quantos, quantos
abroad? exterior?
Quando falamos em adjetivos determinantes, nos referimos aos adjetivos que usamos para determinar sobre
qual substantivo estamos falando em uma oração. Confira na tabela a seguir os principais adjetivos determinan-
tes e seus usos em exemplos.
This (este, esta, isto) This cake is huge. Este bolo é enorme.
These (estes, estas) These shoes are ugly. Estes sapatos são feios.
That (aquele, aquela) That book was old. Aquele livro era velho.
INGLÊS
Those (aqueles, aquelas) Those kids can’t swim. Aquelas crianças não sabem nadar.
Neither (nenhum, nenhuma) Neither car is for sale. Nenhum dos carros está à venda.
375
Every (cada, todo, toda) Every girl in town knows him. Toda garota da cidade o conhece.
Both (ambos, os dois) Both my parents love musicals. Ambos meus pais amam musicais.
Each (cada, cada um) Each one of you can learn. Cada um de vocês pode aprender.
Either (qualquer um, ambos, nenhum) We can chose either book. Podemos escolher qualquer livro.
Other (outro, outra, outros, outras) She has other problems. Ela tem outros problemas.
Another (um outro, uma outra) Can I have another slice of pie? Eu poderia comer uma outra fatia de torta?
É utilizado com a finalidade de adicionar uma informação a um objeto ou pessoa a que nos referimos utilizan-
do verbos conjugados no particípio (CAMPOS, 2010).
Quando tratamos de objeto, lugar ou pessoa que provocam o sentimento ao qual o adjetivo se refere, adicio-
namos o sufixo -ing (particípio presente/gerúndio). Para compreender melhor, veja os exemplos (CAMPOS, 2010,
p. 105):
Quando tratamos de pessoas cujo sentimento ao qual o adjetivo se refere é provocado, adicionamos o sufixo
-ed (particípio passado) (CAMPOS, 2010). Veja:
z She got surprised by the party we threw (Ela ficou surpresa com a festa que promovemos);
z I get relaxed when he gives me a massage (Eu fico relaxada quando ele me faz uma massagem).
São adjetivos que caracterizam os habitantes de diferentes nações, podendo variar o sufixo quanto a -an, -ish,
-ese entre outros irregulares. Lembrando que essa categoria de adjetivos deve sempre aparecer com a primeira
letra maiúscula, independente de sua posição no texto. Veja alguns exemplos:
China Chinese
Advérbios com mais de uma palavra formam o que chamamos de locuções adverbiais.
TIPOS DE ADVÉRBIOS
Os advérbios de tempo são palavras que indicam o momento em que a ação ocorre. São palavras como today
(hoje), tonight (hoje à noite), yesterday (ontem), early (cedo), before (antes), now (agora), entre outras. Além disso,
estes são divididos entre definidos e indefinidos (CAMPOS, 2010).
Os definidos (definite) são, em sua maioria, locuções adverbiais, e, geralmente, são posicionados após o verbo
ou ao final da oração.
Vejamos a tabela abaixo.
AFTER TOMORROW My friends are coming after tomorrow. Meus amigos estão vindo depois de amanhã.
SOME TIME AGO They got divorced some time ago. Eles se divorciaram há algum tempo.
EVER SINCE I haven’t seen him ever since. Eu não o vejo desde então.
IN THE MORNING We ate pizza in the morning. Nós comemos pizza de manhã.
IN THE AFTERNOON They love to take a walk in the afternoon. Eles amam caminhar à tarde.
Os advérbios indefinidos (indefinite), por sua vez, costumam aparecer entre o sujeito e o verbo, mas também
podem aparecer ao final da oração (CAMPOS, 2010).
AFTER We went to the movies after dinner. Nós fomos ao cinema depois do jantar.
ALREADY He already knows the big news. Ele já sabe da grande notícia.
TOMORROW Walter isn’t coming to the party tomorrow. Walter não vem à festa amanhã.
Essa categoria de advérbios é responsável por expressar o modo/a maneira como a ação é realizada.
Quando os adverbs of manner são utilizados após um verbo intransitivo (isto é, que não precisa de complemen-
to para que seu sentido seja compreendido), devem ser posicionados logo após o verbo (CAMPOS, 2010).
No caso de orações com verbos transitivos, por sua vez, os advérbios devem aparecer após o complemento.
Além disso, em inglês, os advérbios de modo são formados a partir de adjetivos, em sua maioria, acrescidos do
sufixo -ly (correspondem, em português, às palavras terminadas em -mente).
Existem algumas regras que devem ser observadas:
INGLÊS
z Quando o adjetivo termina em y, troca-se o y por i antes de adicionar o sufixo -ly. Exemplos: easy/easily (fácil/
facilmente); happy/ happily (feliz/felizmente);
z Quando o adjetivo termina em le, troca-se o le por ly. Exemplos: simple /simply (simples/simplesmente); horri-
ble/horribly (horrível/horrivelmente);
z Quando o adjetivo termina em e (sem o l antes), mantem-se o e e acrescenta-se ly. Exemplo: brave/bravely
(coragem/corajosamente). Exceções: true/truly (verdade/verdadeiramente); due/duly (devido/devidamente); 377
z Quando o adjetivo termina em ic, acrescenta-se ally depois de ic. Exemplos: romantic/romantically (românti-
co/romanticamente); automatic/automatically (automático/automaticamente);
z Quando o adjetivo termina em ly, não se acrescenta nada. Exemplos: daily/daily (diário/diariamente).
SLOWLY He walked slowly to the door. Ele andou lentamente até a porta.
CAREFULLY The doctor carefully examined the patient. O médico examinou o paciente cuidadosamente.
GLADLY They gladly received our gift. Eles alegremente receberam nosso presente.
SINCERELY She speaks sincerely about loving you. Ela fala sinceramente sobre amar você.
QUICKLY Gaby was getting nervous quickly. Gaby estava ficando nervosa rapidamente.
KINDLY He kindly led me into his room. Ele gentilmente me guiou à sua sala.
Os adverbs of place expressam o lugar em que a ação é realizada, mesmo que de maneira empírica.
WHEREVER We can go wherever you want. Nós podemos ir a qualquer lugar que você quiser.
BEHIND The shoes were behind the door. Os sapatos estavam atrás da porta
UNDER He left the book under his desk. Ele deixou o livro debaixo da mesa dele.
NEAR There’s an excelent pizza place near here. Há uma ótima pizzaria perto daqui.
WITHIN Within my memories, she’s always alive. Dentro de minhas memórias, ela está sempre viva.
ABROAD I want to live abroad someday. Eu quero morar no exterior algum dia.
Os adverbs of degree or intensity expressam a intensidade da ação realizada. As medidas podem ser abstratas,
como no caso de o “quanto” e “até que ponto” (CAMPOS, 2010).
EXACTLY He knew exactly what I wanted. Ele sabia exatamente o que eu queria.
STRONGLY She strongly agrees with them. Ela concorda veementemente com eles.
BARELY She barely looked at me. Ela mal olhou para mim.
Vale ressaltar que o termo too altera um adjetivo no sentido de “demasia”, sugerindo excesso. O termo very,
por sua vez, não sugere excesso, apenas expressa a ideia de “bastante” (CAMPOS, 2010).
Expressam abrangência.
JUST They just think about themselves. Eles só pensam neles mesmos.
GENERALLY She talked generally about the task. Ela falou de maneira geral sobre a tarefa.
378
Papai comprou esse presente especialmente
ESPECIALLY Daddy bought this gift especially for you!
para você!
ONLY She only eats healthy food. Ela só come comidas saudáveis.
SURELY She surely knows how to dance. Ela certamente sabe dançar.
CERTAINLY John certainly didn’t mean no harm. John certamente não quis fazer mal algum.
EVIDENTLY The kids evidently love their parents. As crianças evidentemente amam seus pais.
I definitely love to stay home on Eu definitivamente amo ficar em casa aos finais de
DEFINITELY
weekends. semana.
BY ALL MEANS By all means, I’m going to your party. Sem dúvidas eu irei à sua festa.
NOT He is not the guy for you. Ele não é o cara para você.
Thirdly, they didn’t even understand what I Em terceiro lugar, eles nem mesmo entenderam o
THIRDLY
said. que eu disse.
AT LAST At last, they played my favorite song. Por último, eles tocaram minha música favorita.
FIRST OF ALL First of all, let’s take a picture of the group. Primeiro de tudo, vamos tirar uma foto do grupo.
Expressam incerteza ou questionamento da ação e, geralmente, precedem o verbo (CAMPOS, 2010). 379
MAYBE Maybe she doesn’t like cats. Talvez ela não goste de gatos.
PROBABLY They probably had too much to drink. Eles provavelmente beberam demais.
Lucas will likely get a good job, he’s very Lucas provavelmente conseguirá um bom empre-
LIKELY
qualified. go, ele é muito qualificado.
NEVER Mom never says how much she cares. Mamãe nunca diz o quanto ela se importa.
OFTEN Ian often visits his grandparents. Ian frequentemente visita os avós dele.
HARDLY EVER My baby hardly ever cries. Meu bebê quase nunca chora.
Mudam, de forma interrogativa, a maneira como a ação é realizada e, geralmente, aparecem ao início da ora-
ção, como na língua portuguesa.
WHERE Did you see where she went? Você viu onde ela foi?
HOW How much do you feed your dog? Quanto você alimenta o seu cachorro?
WHY Why didn’t they come? Por que eles não vieram?
HOW OFTEN How often do you read a book? Com que frequência você lê um livro?
WHAT What did you buy at the supermarket? O que você comprou no supermercado?
VERBOS (VERBS)
O estudo dos tempos verbais na língua inglesa é um dos mais importantes tópicos a se abordar, para uma
maior compreensão técnica do idioma. Diferentemente da língua portuguesa, o inglês possui poucos tempos ver-
bais que, em suma, possuem características e conjugações simples e semelhantes, o que facilita os estudos.
Cada tempo verbal possui usos específicos e características únicas que devem ser exploradas durante o apro-
fundamento no conhecimento sobre a língua.
Dica: quando se utiliza da palavra “simples” em um tempo verbal, é importante saber que essa conjugação
envolverá somente um verbo principal.
O presente simples é utilizado para expressar ações que acontecem no momento presente, tais como ações
habituais, referência a eventos futuros, declarações e verdades universais (CAMPOS, 2010, p. 143). Exemplos:
O presente simples em inglês possui uma divisão simples entre os pronomes: os pronomes da terceira pessoa
do singular se enquadram em uma categoria e os demais, em outra.
No geral, o padrão de conjugação no presente simples se estabelece retirando o to do verbo no infinitivo em
todos os casos. Exemplo:
z To eat (comer):
Observe que o to atua para colocar o verbo no infinitivo. Ou seja, ele remete aos sufixos ar, er, ir e or (andar,
correr, sorrir, compor) e foi removido para realizar a conjugação de acordo com o pronome em questão. Se não
removêssemos o to, nosso exemplo ficaria, em português: “Eu comer pão”. Agora observe o seguinte exemplo:
z To love (amar):
z I love to eat bread (Eu amo comer pão).
Quando utilizarmos mais de um verbo na oração, o to aparecerá a partir do segundo verbo exposto, pois ele
entrará no infinitivo. Sem ele, nossa frase ficaria “eu amo como pão”, o que não faz sentido algum em nenhum
dos idiomas.
Esta regra se aplica a seguinte lista de pronomes (veja como exemplo a conjugação do verbo citado
anteriormente):
TO EAT SIGNIFICADO
I (eu) I eat bread. Eu como pão.
You (tu,
You eat bread. Você come pão.
você)
He eats bread.
He/She/It Ele come pão;
She eats bread.
(ele, ela) Ela come pão.
It eats bread.
We (nós) We eat bread. Nós comemos pão.
You (vós,
You eat bread. Vocês comem pão.
vocês)
They (eles,
They eat bread. Eles(as) comem pão.
elas)
Observe que, no caso dos pronomes na terceira pessoa do singular — he, she e it —, a conjugação ocorrerá de
modo diferenciado. Aos verbos que acompanham estes pronomes, acrescenta-se os sufixos -s, -es ou -ies.
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, apresentam terminação padrão s, como é o caso do verbo
to drink (beber), to play (jogar) e to speak (falar). Veja:
TO DRINK SIGNIFICADO
He (ele) He drinks water. Ele bebe água.
She (ela) She drinks water. Ela bebe água.
It (ele, ela, neutro) It drinks water. Ele(a) bebe água.
No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss, sh, o e z, acrescentamos -es, como no caso do verbo to finish
(terminar). Considere the homework como “lição de casa”:
TO FINISH SIGNIFICADO
He (ele) He finishes the homework. Ele termina a lição de casa.
She (ela) She finishes the homework. Ela termina a lição de casa.
It (ele, ela, neutro) It finishes the homework. Ele(a) termina a lição de casa.
INGLÊS
Dica
Mnemônico para auxiliar:
O SHampoo aZul da Xuxa é CHeiroSo.
Já no caso de verbos com terminados em y e precedidos por uma consoante, como em to study (estudar), to
fly (voar) e to cry (chorar), removemos o y e acrescentamos o -ies. Veja o exemplo: 381
TO STUDY SIGNIFICADO
Há também uma regra determinada para o verbo to have (ter). Na terceira pessoa do singular, ele deixa de ser
have e passa a ser conjugado como has. Exemplo:
TO HAVE SIGNIFICADO
She (ela) She has to study math. Ela tem que estudar matemática.
It (ele, ela, neutro) It has to study math. Ele(a) tem que estudar matemática.
Note, mais uma vez, que o to apareceu entre os verbos has e study, pois a intenção foi expressar o segundo no
infinitivo: “Ela tem que estudar matemática”.
Observe a frase:
“I have to study math.” (Eu tenho que estudar matemática.).
Através da conceituação de forma verbal enfática, sabemos que, se o sujeito da oração precisasse enfatizar o
quanto precisa estudar matemática, ele poderia fazer uso do verbo auxiliar do, derivado de to do, que significa
“fazer, executar”. Ficaria então:
z “I do not have to study math.” (Eu não tenho que estudar matemática.).
Contraindo essa soma do+not, temos don’t. Portanto, “I don’t have to study math”.
Veja mais exemplos para os demais sujeitos:
Conforme vimos anteriormente, verbos terminados em o, na terceira pessoa do singular, ganham -es ao final,
o que aconteceu com o verbo do no início da frase. Como esse verbo auxiliar apareceu primeiro na oração, que
é negativa, e já sofreu a alteração que indica 3ª pessoa do singular, o verbo to have não precisa ser alterado
novamente.
Quando há intenção de se fazer uma pergunta na língua inglesa — com exceção do verbo to be, que veremos
logo mais —, o auxiliar sempre virá antes do sujeito e do verbo principal da frase. Além disso, a formulação de
perguntas em inglês sem utilização de pronomes interrogativos (what, when etc.), culminam em respostas afirma-
382 tivas ou negativas. Observe:
z Interrogative (Interrogativa):
“Do you have to study math?” (Você tem que estudar matemática?);
z Answer (Resposta):
“Yes, I have to study math.”; ou “No, I don’t have to study math.” (Sim, eu tenho que estudar matemática.;
Não, eu não tenho que estudar matemática.).
É quando há necessidade de conferir uma negação prévia ou quando já se sugere que virá uma resposta nega-
tiva para a pergunta. Veja alguns exemplos:
Observe que, para concordar que a ação não é realizada, fazemos uso do no e do don’t/doesn’t. “Yes, I don’t eat
bread” configura erro.
O uso do presente contínuo, também conhecido por presente progressivo (present progressive), é utilizado
para expressar ações que se iniciam no presente e seguem continuamente, ações temporárias, ações planejadas e
certas para o futuro e ações repetidas (CAMPOS, 2010). Orações no presente contínuo normalmente contam com
advérbios como now (agora), at this moment (neste momento), today (hoje), etc.
Sua estrutura, obrigatoriamente, necessita do conhecimento do verbo to be. Somado a ele, adiciona-se um ver-
bo de ação no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
Observe:
INGLÊS
He is working
z Verbos terminados em e, acrescenta-se -d: to love O mesmo ocorre quando as frases são interrogati-
— loved (amor — amou); vas, pois iniciamos a pergunta com o uso do auxiliar
z Aos demais verbos, acrescenta-se -ed: to work — did:
worked (trabalhar — trabalhou);
z Verbos terminados em consoante + vogal + con- Did I study at a public Eu estudei em uma esco-
soante, cuja última sílaba é tônica, dobra-se a últi- school? la pública?
ma consoante acrescenta-se -ed: to stop — stopped
(parar — parou); Did you work really hard? Você trabalhou duro?
z Verbos terminados em y precedido por uma
Did she finish high school Ela terminou o ensino
vogal, acrescenta-se -ed: to play — played (jogar
in January? médio em janeiro?
384 — jogou);
Did we start a new busi- Nós começamos um VERBO
VERBO NO
ness course? novo curso de negócios? IRREGULAR TRADUÇÃO
INFINITIVO
NO PASSADO
Did you cry the whole Vocês choraram durante
movie? o filme todo? Manter, guar-
To keep Kept dar/Manteve,
Did they try to convince Eles tentaram convencê- guardou
her of the truth? -la da verdade?
Acordar/
To wake up Woke up
No caso das interrogativas negativas, portanto, acordou
temos: Pegar, conse-
To get Got guir/Pegou,
Didn’t I study at a public Eu não estudei em uma conseguiu
school? escola pública? To bring Brought Trazer/trouxe
Didn’t you work really Comprar/
Você não trabalhou duro? To buy Bought
hard? comprou
Didn’t she finish high Ela não terminou o ensi- To sell Sold Vender/vendeu
school in January? no médio em janeiro?
Didn’t we start a new Nós não começamos um Sendo assim, quando a intenção for trazer nos-
business course? novo curso de negócios?
so exemplo do presente simples ao passado simples,
Didn’t you cry the whole Vocês não choraram temos:
movie? durante o filme todo?
Didn’t they try to convince Eles não tentaram con- z I eat bread (Eu como pão);
her of the truth? vencê-la da verdade? z I ate bread (Eu comi pão).
Quando nos referimos aos verbos irregulares do VERBOS NO PASSADO CONTÍNUO (PAST
passado, não podemos definir nenhuma regra espe- CONTINUOUS)
cífica para identificá-los, mas podemos memorizar as
exceções para melhor nos comunicarmos em inglês.
O uso do passado contínuo é utilizado para expres-
Confira a seguir uma tabela de verbos irregulares
para exemplificar: sar ações que se iniciam no passado e seguiram con-
tinuamente nele ou que aconteceram enquanto outro
VERBO fato ocorria, paralelamente no passado.
VERBO NO Para utilizar o passado contínuo é preciso utilizar
IRREGULAR TRADUÇÃO
INFINITIVO
NO PASSADO o to be, também no tempo passado. Separaremos os
To eat Ate Comer/comeu sujeitos em dois grupos para conjugarmos o verbo ser
e estar no tempo passado na afirmativa:
To come Came Vir/veio
O futuro simples no inglês é o tempo verbal usado para expressar ações que poderão ou não acontecer em uma
data futura, indicar previsões ou expressar desejos e esperanças (CAMPOS, 2010. p. 172).
Considere sleep como “dormir”:
Affirmative, Negative, Interrogative and Interrogative Negative Forms (Formas Afirmativas, Negativas,
Interrogativas e Interrogativas Negativas)
To Be + Going To
Outro desdobramento do tempo verbal futuro, é a junção do verbo to be com a estrutura going to que, grosso
modo, significa “indo a”. É utilizado para expressar intenções e previsões. A conjugação das orações com going to
no futuro simples se dá do mesmo modo que as orações com verb to be no presente simples.
A estrutura ficará da seguinte forma:
I am going to work
She is going to spend Christmas with her family (Ela vai passar o Natal com a família dela);
Aren’t we going to travel next month? (Nos não vamos viajar mês que vem?);
z Previsão:
They aren’t going to believe my story (Eles não vão acreditar na minha história);
Are you going to spend vacation in Bahamas? (Você vai passar as férias nas Bahamas?).
Will x To Be Going To
Em orações cuja intenção é expressar um futuro incerto, uma decisão tomada repentinamente ou previsões
sem embasamento, usamos o will.
Exemplos:
z We are without bread! I’ll buy more in the afternoon (Nós estamos sem pão! Eu vou comprar mais à tarde);
z Look how dark the sky is... It’ll rain (Olha como o céu está escuro... Vai chover);
z They won’t last together, look how much they fight (Eles não vão durar juntos, olha o tanto que brigam).
z I’m going to get married next month (Eu vou me casar no mês que vem);
z I saw on the news that is going to rain this weekend (Eu vi no noticiário que irá chover neste fim de semana);
z I’m not going to give you my password (Eu não vou te dar minha senha).
O presente perfeito é um tempo verbal da língua inglesa que não encontra equivalente em português, sendo
assim um dos tempos verbais mais complexos de se entender do idioma. Porém, entender sua estrutura e propó-
sito facilitam a compreensão de quem estuda inglês. Apesar de ser similar ao passado simples quando traduzido
literalmente, o presente perfeito serve para expressar ações no tempo passado de modo indeterminado, ou seja,
que não precisam necessariamente ter menção de tempo.
No passado simples, as ações ocorrem e terminam no passado e isto é comumente expresso com alguns advér-
bios de tempo e palavras e expressões de tempo como last week (semana passada), yesterday (ontem), at 3 o’clock
(às 3 horas), before lunch (antes do almoço), two months ago (há dois meses), entre outros.
O presente perfeito, por outro lado, é utilizado quando a ação a ser reportada é mais importante do que quan-
do ela ocorreu no passado, ou seja, sem indicação temporal. Além disso, para expressar acontecimentos passados
por esse tempo verbal, devem haver consequências ou repercussões no tempo presente. Sua estrutura se baseia
no verbo auxiliar have, seguido de um verbo no particípio. Confira:
No caso dos sujeitos I, you, we e they utilizamos o verbo auxiliar have, e, no caso dos sujeitos he, she e it, usamos has,
que é sua conjugação base no presente. E é por este motivo que este tempo verbal leva o nome de presente perfeito.
Observe que o verbo no particípio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os verbos irregulares no
passado, também serão irregulares no particípio. Os verbos regulares mantêm a sua estrutura do passado
simples mesmo quando conjugadas no particípio. Veja:
O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e, portanto, assume sua forma no particípio de maneira idên-
tica à sua forma no passado simples: talked.
Em frases negativas no presente perfeito, é o verbo auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao
has, podendo vir contraído como haven’t ou hasn’t.
z She hasn’t called me to explain it (Ela não me ligou para explicar); 387
z They haven’t started the monthly planning (Eles May
não começaram o planejamento mensal);
z It hasn’t made any sense to me (Isso não fez O verbo modal may pode ser considerado a versão
nenhum sentido para mim). formal do can, mas que, por sua vez, expressa apenas
possibilidade, pedido ou permissão.
Em orações interrogativas e interrogativas negati-
vas, inverte-se a posição do verbo auxiliar e do sujeito. z Afirmativa: He may get it wrong (Ele pode enten-
der errado) — possibilidade;
z Haven’t you considered joining the army? (Você z Negativa: My family may not like it (Minha família
não considerou se juntar ao exército?); pode não gostar disso) — possibilidade;
z Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou z Interrogativa: May I be excused? (Você pode me
louco?); dar licença?) — permissão.
z Has Jenna commented anything? (Jenna comentou
alguma coisa?). Could
Alguns advérbios de frequência são utilizados jun- O could significa ‘’poderia’’ ou ‘’conseguiria’’, indi-
tamente ao presente perfeito para indicar ações que ca uma possibilidade , uma habilidade, uma sugestão,
já ocorreram ou não em algum momento na vida, sem pedido ou permissão, mas também pode significar
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever ‘’podia’’ ou ‘’conseguia’’ (ou sabia — habilidade), sen-
(já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles do o passado do verbo modal can. Observe seus usos:
são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo
yet que deve sempre estar ao fim da oração. Observe z Afirmativa: She could play the piano (Ela sabia
alguns exemplos: tocar piano) —habilidade, age como passado de can;
z Negativa: We could not/couldn’t tell her that (Nós
z She has never been to another country (Ela nunca não podíamos contar isso a ela) — permissão ou
esteve em outro país); possibilidade;
z I have already made many mistakes (Eu já cometi z Interrogativa: Could you pass me the salt? (Você
muitos erros); poderia me passar o sal?) — possibilidade ou pedido.
z Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?);
z They haven’t decided anything yet (Eles não decidi- Might
ram nada ainda).
O verbo modal might pode ser considerado a ver-
VERBOS MODAIS são formal do could, mas, assim como o may, expres-
sa apenas possibilidade ou pedido. Ele também pode
Os verbos modais da língua inglesa, conhecidos assumir um papel de dedução.
como modal verbs, são verbos auxiliares que acompa-
nham o verbo de ação na oração, conferindo-lhes dife- z Afirmativa: She might be a little sad. (Ela pode
rentes sentidos, cada qual de acordo com seu uso e estar um pouco triste) — possibilidade/dedução;
propósito. Diferentemente dos tempos verbais, os ver- z Negativa: Our cousins might not come to the
bos modais não se modificam segundo os pronomes, party. (Meus primos podem não vir à festa)
mas se mantêm no mesmo padrão em orações afirma- — possibilidade;
tivas, negativas ou interrogativas com qualquer um z Interrogativa: Might I help you? (Eu posso te aju-
dos pronomes da língua inglesa. A seguir, cada um dar?) — pedido.
destes será estudado.
Should
Can
O verbo modal should expressa os sentidos de
O verbo modal can significa ‘’poder/conseguir’’ (ou ‘’dever’’ ou ‘’deveria’’ com sentido de sugestão, conse-
‘’saber’’ — ‘’habilidade’’) e expressa tanto uma possibi- lho ou aviso. Confira seu uso:
lidade quanto uma habilidade. O can também assume,
em algumas ocasiões, o sentido de permissão. Confira z Afirmativa: You should wash your hands (Você
os exemplos de seu uso na afirmativa, na negativa e deveria lavar suas mãos);
na interrogativa. z Negativa: Anna should not/shouldn’t be upset
(Anna não deveria estar chateada);
z Afirmativa: She can play the piano (Ela sabe tocar z Interrogativa: Should I try and talk to him? (Eu
piano) — habilidade; devo tentar falar com ele?).
z Negativa: We can not/can’t go with you (Nós não
podemos ir com você) — possibilidade; Must
z Interrogativa: Can I visit grandma this weekend?
(Eu posso visitar a vovó esse fim de semana?) O verbo modal must significa ‘’dever’’ com sentido
— permissão. de obrigatoriedade, proibição, regra. Em outros casos,
pode indicar uma dedução, presumindo a ação ou o
Observe que, na negativa, acrescenta-se o not (não) sentimento do sujeito da oração. Confira seu uso:
após o verbo modal ou implanta-se o not no próprio
verbo através de uma modificação contraída. Essa z Afirmativa: Monica must be so happy with the
regra se aplica a outros verbos modais, como veremos pregnancy (A Monica deve estar tão feliz com a
388 a seguir. gravidez) — dedução;
z Negativa: You must not swear (Você não deve z Get out of the way! (Saia do caminho!);
falar palavrões) — proibição; z Wait for me, please (Espere por mim, por favor);
z Interrogativa: Must we visit him? (Nós devemos z Stay here, I’ll be right back (Fique aqui, eu já volto);
visitá-lo?) — obrigação. z Do whatever you have to do (Faça o que tiver que
fazer).
Would
Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru-
Diferentemente dos demais verbos modais, o ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-
would, por si só, não expressa significado na língua -se do (fazer) e not (não) para início de frase, podendo
inglesa, mas age como modificador do verbo que o
aparecer em sua forma contraída don’t. Observe:
segue, transformando-o em um verbo no futuro do
pretérito indicativo, ou seja, verbos terminados em
z Do not feed the animals (Não alimente os animais);
-ria, os quais representam uma situação que, possi-
velmente, teria ocorrido em algum momento antes z Don’t talk to me like this (Não fale comigo assim);-
de determinada situação no passado. O modal would Do not start it without me (Não comece sem mim);
também pode conferir sentido de possibilidade, dese- z Don’t cry, it’s okay (Não chore, está tudo bem).
jo ou pedido (ou sugestão no sentido de oferta). Con-
fira a seguir: FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (INFINTIVE
AND GERUND)
z Afirmativa: We would love to go (Nós amaríamos
ir) — desejo; O uso do presente contínuo é utilizado para
z Interrogativa: Dad wouldn’t understand this expressar ações que se iniciam no presente e seguem
situation (Papai não entenderia essa situação)
continuamente. Para utilizar o presente simples con-
— possibilidade;
tínuo, é preciso utilizar um verbo muito famoso da
z Interrogativa: Would you like some water? (Você
língua inglesa: o verbo ser e estar — to be. Antes de
gostaria de um pouco de água?) — pedido/sugestão.
entender o presente simples contínuo, devemos ter
Will pleno conhecimento do uso desse verbo importante
do idioma.
O verbo modal will age diferente dos demais ver- Novamente, separaremos os sujeitos em dois gru-
bos modais, pois modifica o tempo verbal do verbo pos para conjugarmos o verbo ser e estar no tempo
que o segue, transformando a oração em um futuro presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas uma
simples, não possuindo significado próprio. exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
apresenta conjugação diferenciada):
z Afirmativa: I will visit my friends abroad (Eu visi-
tarei meus amigos no exterior);
z Negativa: They will not/won’t believe me (Eles não I (eu) am (sou, estou)
acredião em mim);
z Interrogativa: Will you be there? (Você estará lá?). You (tu, você) are (é, está)
Is she? (Ela é? Ela está?) Observe que, na tabela apresentada, algumas expres-
sões possuem equivalência na língua portuguesa e outras
Is it? (Ele/ela é? Ele/ela está?)
não. Isso ocorre devido ao fato de que traduções não são
suficientes para entender o contexto de um idioma, é pre-
A partir do conhecimento deste tempo verbal, ciso entender a cultura, a história, o humor e até a popu-
podemos explorar a estrutura do present continuous. lação de um país para realmente poder entender como
Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação este idioma foi construído e fundamentado.
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo Este aprofundamento permitirá um conhecimen-
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
to mais amplo do idioma, o que será benéfico sempre
Observe:
que se fizer necessário estudar aspectos linguísticos
que estão intrinsecamente relacionados à cultura, aos
Lucy is playing with the other kids (Lucy está brin-
cando com as outras crianças). costumes e à população de um país.
You aren’t doing your job well (Você não está fazen-
do seu trabalho bem). TAG QUESTIONS
Are they studying for the test? (Eles estão estudan-
do para a prova?) Question Tag no Presente
z Incorreto: I am going to travel with you, am I not? (Eu vou viajar com vocês, não vou?);
z Correto: I am going to travel with you, aren’t I? (Eu vou viajar com vocês, não vou?).
Em orações negativas, “I am not” (eu não sou), podemos usar o final tag “am I?” (sou?).
Veja os exemplos:
z I am not going to plan anything, am I? (Eu não vou planejar nada, vou?);
z I’m not going to work tomorrow, am I? (Eu não vou trabalhar amanhã, vou?).
É importante ter em mente que as regras dos auxiliares também se aplicam aos tempos verbais contínuos
(presente contínuo, passado contínuo, futuro contínuo) e perfeitos (presente perfeito, passado perfeito e futuro
perfeito).
Os contínuos obedecerão à estrutura do verbo to be, agente essencial para suas conjugações. Quanto aos tem-
pos verbais perfeitos e perfeitos contínuos, também partiremos do uso de seus respectivos auxiliares.
Veja:
z Presente contínuo:
I’m teaching you properly, aren’t I? (Eu estou te ensinado apropriadamente, não estou?);
She isn’t sick again, is she? (Ela não está doente de novo, está?).
z Presente perfeito:
She hasn’t called me to explain that, has she? (Ela não me ligou pra me explicar aquilo, ligou?);
You have lied to me about him, haven’t you? (Você tem mentido pra mim sobre ele, não tem?).
I have been trying to call you, haven’t I? (Eu venho tentando te ligar, não venho?);
You have been working hard lately, haven’t you? (Você está trabalhando duro ultimamente, não está?).
z Passado contínuo:
He wasn’t learning Portuguese, was he? (Ele não estava aprendendo português, estava?);
They were travelling to California last month, weren’t they? (Eles estavam viajando para a Califórnia mês
passado, não estavam?).
z Passado perfeito:
I had tried to learn English, hadn’t I? (Eu tenho tentado aprender inglês, não tenho?);
We had left by the time you arrived, hadn’t we? (Nós havíamos saído quando vocês chegaram, não
havíamos?).
She hadn’t been fighting the disease anymore, had she? (Ela não vem lutando contra a doença mais, não é?);
You had been trying enough, hadn’t you? (Você vem tentando o suficiente, não é?).
z Futuro contínuo:
You won’t be taking anyone with you, will you? (Você não vai levar ninguém com você, vai?);
She will be calling your mom to come too, won’t she? (Ela vai ligar pra sua mãe vir também, não vai?).
z Futuro perfeito:
She will have read the entire book until Monday, won’t she? (Ela já terá lido o livro inteiro até segunda-feira,
não terá?);
You won’t have spoken to him by Wednesday, will you? (Você não terá falado com ele na quarta-feira, terá?).
Quando se trata de verbos modais, verbos específicos da língua inglesa que seguem suas próprias normas para
alterações de estrutura, também temos regras para o emprego das question tags. Antes, porém, devemos relem-
brar os modais e seus usos:
No caso dos modais, o verbo auxiliar para estruturar frases afirmativas, negativas e interrogativas é o próprio
verbo modal. Este conhecimento é de extrema relevância para a construção desta estrutura. Agora observe as
orações a seguir:
z My parents can come, can’t they? (Meus pais podem vir, não podem?);
z They could visit us, couldn’t they? (Eles poderiam nos visitar, não é?);
z She should stop smoking, shouldn’t she? (Ela deveria parar de fumar, não deveria?);
z You must do it, mustn’t you? (Você deve fazê-lo, não é?);
z We would love to go, wouldn’t we? (Nós amaríamos ir, não é?).
Nos exemplos acima, o trecho inicial de cada frase é marcado por cada verbo modal em questão (can, could,
should, must, would). É possível observar que as frases estão na afirmativa, o que indica que suas terminações,
referentes ao trecho marcado pela question tag, obrigatoriamente, estão na forma negativa. Este final, portanto, é
marcado pelo auxiliar de cada modal, ele próprio, somado ao not (não) e ao sujeito da oração. Vale ressaltar que
os auxiliares nas tags, quando negativos, devem sempre vir em sua forma contraída, como nos exemplos acima:
can’t, couldn’t, shouldn’t, mustn’t, wouldn’t. Veja mais alguns exemplos a seguir:
z Anna wouldn’t agree with it, would she? (Anna não concordaria com isso, concordaria?);
z I should talk to him, shouldn’t I? (Eu deveria falar com ele, não deveria?);
z My sisters could help us, couldn’t they? (Minhas irmãs poderiam nos ajudar, não poderiam?).
Apenas dois verbos modais se comportam de modo diferente quando a oração inicial está na afirmativa, são
eles: may e might.
Confira os exemplos:
z He may be traveling soon, may he not? (Ele pode estar viajando, não é?);
z They might know the answer, might they not? (Eles podem saber a resposta, não é?).
Em orações negativas, porém, estes verbos modais adquirem o aspecto padrão dos demais modais.
Veja os exemplos:
z He may not be traveling, may he? (Ele pode não estar viajando, não é?);
z They might not know the answer, might they? (Eles podem não saber a resposta, não é?).
Quando se trata de pronomes indefinidos relacionados a pessoas (everybody, someone, no one, anybody, etc)
utilizaremos as question tags referindo-se à terceira pessoa do plural they. O auxiliar, no entanto, ainda depende-
rá do tempo verbal contido na oração.
Veja exemplos:
INGLÊS
z Everybody loves to study here, don’t they? (Todo mundo ama estudar aqui, não é?);
z Anybody could write this, couldn’t they? (Qualquer pessoa poderia escrever isso, não poderia?);
z Did someone knew she was sick, didn’t they? (Alguém sabia que ela estava doente, não é?).
393
Quando a oração envolve pronomes indefinidos relacionados a coisas (nothing), lugares (somewhere), tempo
(anytime) etc., as question tags se referirão ao pronome it.
Observe:
z Nothing can hurt us here, can’t it? (Nada pode nos ferir aqui, não é?);
z Anytime is time, isn’t it? (Qualquer hora é hora, certo?);
z Somewhere would still be open at that time, wouldn’t it? (Algum lugar ainda estaria aberto àquela hora, não
estaria?).
O modo imperativo relaciona-se a pedidos, proibições, sugestões e exigências. No caso das question tags, pode-
mos usar como exemplo a expressão let’s (vamos).
Quando usamos este termo, o final da oração é irregular, assumindo forma de plural e mudando seu auxiliar
para shall (vamos), sem fazer uso da regra de inversão negativa-afirmativa. Veja:
Atenção: sempre que o termo let’s for utilizado, ele será seguido pela expressão shall we.
Há, também, outras possibilidades de imperativos, nas quais usa-se o will ou o would para exercer o papel de
auxiliar na question tag, na forma negativa ou afirmativa, independentemente do início da oração.
z Get my phone for me, won’t you? (Pegue meu telefone para mim, você pode?);
z Do not leave now, wouldn’t you? (Não vá embora agora, você poderia?).
TAG ANSWERS
As tag answers são formas de respostas curtas que podem simplificar a comunicação. Todas elas seguem a
mesma regra das question tags, baseando-se nos auxiliares da oração e em seus pronomes, cada qual, com seu uso
específico. Sendo assim, se uma pergunta é feita no presente simples, a resposta deverá ser sim ou não, somada ao
sujeito em questão seguido do verbo auxiliar do tempo verbal em sua forma afirmativa ou negativa.
A fim de compreender melhor o conteúdo, observe a tabela abaixo.
She is in my class, isn’t she? Yes, she is. / No, she isn’t.
(Ela está na minha turma, não está?) (Sim, ela é. / Não, ela não é.)
Present (to be)
Are you happy about it? Yes, I am. / No, I am not.
(Você está feliz com isso?) (Sim, eu estou. / Não, eu não estou.)
They weren’t tired, were they? (Eles não Yes, they were. / No, they weren’t.
estavam cansados, estavam?) (Sim, eles estavam. / Não, eles não estavam.)
Past (to be)
Was he a healthy kid? Yes, he was. / No, he wasn’t.
(Ele era uma criança saudável?) (Sim, ele era. Não, ele não era.)
Will your mom let you go? Yes, she will. / No, she won’t.
(Sua mãe vai te deixar ir?) (Sim, ela vai. / Não, ela não vai.)
Future (will)
Will they help you? Yes, they will. / No, they won’t.
(Eles vão te ajudar?) (Sim, eles vão. / Não, eles não vão)
394
PERGUNTA REPOSTA (TAG ANSWER)
PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS)
PREPOSIÇÕES DE TEMPO, LUGAR
Assim como no português, as preposições na língua inglesa são elementos que funcionam como conectivos
entre orações, ligando-as de acordo com a relação que se pretende estabelecer entre uma informação e outra,
complementando o sentido de uma frase. Algumas preposições são recorrentes e aparecem em quase toda comu-
nicação verbal na língua inglesa. Conheça, a seguir, algumas delas:
395
ON SOBRE A; EM CIMA DE; ACIMA DE; EM; NO; NA
TO PARA; A
Além destas preposições, existem diversas outras, com diferentes aplicações a depender do contexto. Você
perceberá, por exemplo, que muitas delas você já conhece como advérbios ou conjunções.
Quando usamos uma preposição seguida por uma oração (sujeito + verbo + predicado), ela atua como conjun-
ção. Exemplo:
Quando ela é seguida de uma frase (conjunto de palavras que constituem uma ideia), somente, atua como
preposição. Exemplo:
z I’ll wait for you until 9 o’clock (Eu vou te esperar até às 9 horas).
Quando a preposição complementa a ação do verbo, como um predicado, ela atua como advérbio.
About Aproximadamente
After Depois
Ago Atrás
Around Em torno de
At Às
396
PREPOSIÇÕES DE TEMPO SIGNIFICADO
Before Antes
By Até
During Durante
For Por
Since Desde
Until/till Até
Up to Até agora
About Sobre
Against Contra
Along Adiante
As Como, tão
397
PREPOSIÇÕES COM OUTRAS APLICAÇÕES SIGNIFICADO
Despite Apesar de, a despeito de
Except Salvo, exceto
Like Como
Of De
Off Fora de
Onto Para
Opposite Contrário, contra
Than Do que
Unlike Diferente de, ao contrário de
Upon Após, depois de
With Com
Within Dentro de, no prazo de
Without Sem
PREPOSIÇÕES SIGNIFICADO
Ahead of Antes de
Thanks to Graças a
Up to Até
As preposições de movimento indicam o local onde uma ação ocorre, que alguém ou algo está, lugares ou dire-
ções em que estão “indo a” ou “vindo de” (COLLINS, 2017). Geralmente as usamos junto a verbos de movimento.
Muitas preposições também são vistas como advérbios. Lembrando que advérbio é uma estrutura que acres-
centará sentido ao verbo, podendo ser usada sem um objeto na oração (COLLINS, 2017). Diferenciando-se da
preposição que, por sua vez, conecta ideias na oração, ligando o verbo ao objeto.
A preposição de movimento mais comum é a preposição to (para), que descreve o movimento na direção de
algo, por exemplo:
398
Mas quando se fala de ir para algum lugar, existe Movimento para longe (e, muitas vezes, para bai-
um ponto de partida. Ponto de partida esse que será xo) de algo.
indicado pela preposição from (de). Veja exemplos:
Please take your papers off my desk (Por favor,
z She arrived from Italy last weekend (Ela chegou da tire seus papéis [fora] da minha mesa);
Itália no último final de semana); The wineglass fell off the table and shattered on
z I received a letter from my ex-boyfriend (Eu recebi the floor (A taça de vinho caiu [para fora] da
uma carta do meu ex-namorado); mesa e se estilhaçou no chão).
z They usually come from other countries by airplane
(Eles usualmente vêm de outros países de avião). z Onto: sobre, em cima.
Aqui está uma lista de outras preposições de movi- Movimento para a superfície de algo.
mento mais comuns, com frases de exemplo para cada
uma: They threw their bags onto the table (Eles joga-
ram suas malas na mesa);
z Across: através. Move the kettle onto the counter (Mova a chalei-
ra para o balcão).
Movimento de um lado para o outro, de um ponto
de partida a um ponto de chegada. z Out of: fora, para fora.
It took us three days to drive across the desert Indica movimento de dentro para fora.
(Levamos três dias para dirigir através o deserto);
The dog ran across the road and nearly got hit Take your hands out of your pockets and help
by a car (O cachorro correu através a estrada e me! (Tire as mãos dos bolsos e me ajude!);
quase foi atropelado por um carro). He went out of the room to smoke a cigarette
(Saiu do quarto para fumar um cigarro).
z Around: ao redor, em torno de, por, pelo(a).
z Over: Sobre, acima.
Movimento passando por algo em uma rota curva,
em volta e não através. Movimento acima e através da superfície superior
de algo.
A big dog was running around my porch (Um
cachorro grande estava correndo ao redor da We are flying over the mountains (Estamos
minha varanda); voando sobre as montanhas);
They walked around the town for an hour (Eles The cat jumped over the wall (O gato pulou por
caminharam pela cidade por uma hora). cima do muro).
Indica algo distante do ponto onde um movimento Movimento de passar por algo, deixando-o para
começa. trás.
The mouse ran away from the cat and escaped We could see children in the playground as we
(O rato correu para longe do gato e escapou). drove past the school (Podíamos ver crianças no
parquinho enquanto passávamos pela escola);
z Down: para baixo, descer. We gave the marathoners water as they ran
past us (Demos água aos maratonistas enquan-
Movimento de um ponto mais alto para um ponto to eles passavam por nós).
mais baixo.
z Through: por, através, por meio de.
They ran down the hill to the stream below.(Eles
desceram a colina até o riacho abaixo); Movimento de um lado para outro. Assemelha-se a
He climbed down the ladder to the bottom of the across, mas este traz a ideia de passar através, dentro
well (Ele desceu a escada até o fundo do poço). de algo.
z Into: para dentro. The train goes through a tunnel under the hill
(O trem passa por um túnel sob a colina);
Movimento em direção a um espaço fechado; Hey! You just went through a red light! (Ei! Você
movimento resultando em contato físico. acabou de passar por um sinal vermelho!).
He got into the car and closed the door (Ele z Towards: em direção à.
INGLÊS
z Up: acima, subir. “Don’t speak so loud! The baby now.”
de Rosângela Munhoz It was just one word in one email, but it caused huge
financial losses for a multinational company. The mes-
Quais destas características, de acordo com o texto, sage, written in English, was sent by a native speaker to
se referem ao transporte público feito pelos ônibus do a colleague for whom English was a second language.
Rio de Janeiro: Unsure of the word, the recipient found two contradictory
meanings in his dictionary. He acted on the wrong one.
401
Months later, senior management investigated why Lima had just been moved from a prison in the mains-
the project had failed, costing hundreds of thousands tream penitential system to a facility run (1)
of dollars. “It all traced back to this one word,” says the Association for the Protection and Assistance to
Chia Suan Chong, a UK-based communications skills Convicts (APAC) in the town of Itaúna, in Minas Gerais
and intercultural trainer, who didn’t reveal the tricky state. Unlike in the mainstream system, “which steals
word because it is highly industry-specific and pos- your femininity”, as Lima puts it, at the APAC jail she
sibly identifiable. “Things spiralled out of control is allowed to wear her own clothes and have a mirror,
because both parties were thinking the opposite.” make-up and hair dye. But the difference between the
When such misunderstandings happen, it’s usually regimes is far more than skin-deep.
the native speakers who are to blame. Ironically, they The APAC system has been gaining growing recog-
are worse at delivering their message than people who nition as a safer, cheaper and more humane answer
speak English as a second or third language, according to the country’s prison crisis. All APAC prisoners
must have passed through the mainstream system
to Chong. “A lot of native speakers are happy that English
and must show remorse and be willing to follow the
has become the world’s global language. They feel they
strict regime of work and study which is part of the
don’t have to spend time learning another language.”
system’s philosophy. There are no guards or weapons
The non-native speakers, it turns out, speak more and visitors are greeted by an inmate who unlocks the
purposefully and carefully, trying to communicate main door to the small women’s jail.
efficiently with limited, simple language, typical of Inmates are known as recuperandos (recovering peo-
someone speaking a second or third language. Anglo- ple), reflecting the APAC focus (2) restorative
phones, on the other hand, often talk too fast for others justice and rehabilitation. They must study and work,
to follow, and use jokes, slang, abbreviations and refe- sometimes in collaboration with the local community.
rences specific to their own culture, says Chong. “The If they do not - or if they try to abscond - they risk being
native English speaker is the only one who might not returned to the mainstream system. There have been
feel the need to adapt to the others,” she adds. physical fights but never a murder at an APAC jail.
About the words purposefully, carefully and efficiently Choose the alternative containing the correct words
(paragraph 4) , it is correct to say that to respectively complete gaps (1) and (2).
13. (DECEx — 2020) According to the text, read the state- 15.
(DECEx — 2019) “ American?” Complete
ments and choose the correct alternative. the space with the correct form of the verb and the
I. The company had a profit of hundreds of thousands pronoun.
of dollars.
II. The tricky word that caused the problem isn’t mentio- a) Are you.
ned in the text. b) You are.
III. Native speakers don’t usually think they should adapt c) Am you.
d) You is.
in order to make themselves understood.
e) Is you.
IV. Using abbreviations in emails facilitates the
communication.
16. (DECEx — 2020) “The President ________ The New
V. Non-native speakers choose language from a limited
York Times everyday.” Complete the space with the
repertoire.
correct forms of the verb.
a) I, II and III are correct.
a) are reading.
b) II, III and IV are correct. b) is read.
c) I, IV and V are correct. c) reads.
d) II, IV and V are correct. d) is reading.
e) II, III and V are correct. e) read.
14. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a Leia o texto a seguir para responder às questões 17 e 18.
questão.
Teaching English in the Brazilian countryside
Prison without guards or weapons in Brazil
“In Brazil, countryside youth want to learn about new
Tatiane Correia de Lima is a 26-year-old mother of places, new cultures and people. However, they think
two who is serving a 12-year sentence in Brazil. The their everyday lives are an obstacle to that, because
South American country has the world’s fourth largest they imagine that country life has nothing to do with
prison population and its jails regularly come under other parts of the world”, says Rafael Fonseca. Rafael
the spotlight for their poor conditions, with chronic teaches English in a language school in a cooperative
overcrowding and gang violence provoking deadly coffee cultivation in Paraguaçu. His learners are the
riots. children of rural workers.
402
Rafael tells us that the objective of the project being (Título omitido propositadamente)
developed in the cooperative is to give the young peo-
ple more opportunities of growth in the countryside, Italian children have been told not to turn up to school
and that includes the ability to communicate with unless they can prove they have been properly vacci-
international buyers. “In the future, our project may nated. The deadline follows months of national debate
help overcome the lack of succession in countryside over compulsory vaccination. The new law came amid a
activities because, nowadays, rural workers’ children surge in measles cases - but Italian officials say vacci-
become lawyers, engineers, teachers, and sometimes nation rates have improved since it was introduced. Chil-
even doctors, but those children very rarely want to dren must receive a range of mandatory immunisations
have a profession related to rural work”, says Rafael. before attending school. They include vaccinations for
“That happens”, he adds, “because their parents unders- chickenpox, polio, measles, mumps and rubella.
tand that life in the countryside can be hard work and they Children up to the age of six years will be excluded
do not want to see their children running the same type from nursery and kindergarten without proof of vac-
of life that they have. Their children also believe that life cination under the new rules. Those aged between six
in the country does not allow them to have contact with and 16 cannot be banned from attending school, but
other parts of the world, meet other people and improve their parents face fines if they do not complete the
cultural bounds. The program intends to show them that mandatory course of immunisations.
by means of a second language they can travel, commu- Italian media report that regional authorities are han-
nicate with new people and learn about new cultures as dling the situation in a number of different ways. In
a means of promoting and selling what they produce in Bologna, the local authority has set letters of suspen-
the country, and that includes receiving visitors in their sion to the parents of some 300 children, and a total
workplace from abroad.” of 5,000 children do not have their vaccine documen-
Rafael’s strategy is to contextualize the English language tation up to date. In other areas there have been no
and keep learners up-to-date with what happens in the reported cases, while still others have been given a
global market. “Integrating relevant topics about country- grace period of a few days beyond the deadline.
side living can be transformative in the classroom. The The new law was passed to raise Italy’s dropping vac-
local regional and cultural aspects are a great source of cination rates from below 80% to the World Health
inspiration and learning not only for the young, but for us Organisation’s 95% target.
all.”
Adapted from https://www.bbc.com/news/world-europe-47536981
Adapted from http://www.cambridge.org/elt/blog/2019/01/21/
teaching-english-in-the-brazilian-classroom/ Choose the most appropriate title for the text.
17. (DECEx — 2019) In the sentence “... our project may a) Italy bans unvaccinated children from school.
help overcome the lack of succession in countryside b) Italian vaccination rates increased to 80% this year.
activities...” (paragraph 2), the word overcome means c) National debate over compulsory vaccination has no
deadline.
a) increase a problem. d) Parents to face fines if they are not immunised in Italy.
b) hide a problem. e) Italy prohibits immunisation campaigns in schools.
c) control a problem.
d) start a problem. 20. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a
e) neglect a problem. questão.
18. (DECEx — 2019) According to the text, read the state- Lego wants to replace plastic blocks with sustainable
ments and choose the correct alternative. materials
I. Rafael tries to show them that their everyday lives are
not an obstacle. The Lego Group wants to replace the plastic in their
II. Those children’s parents don’t want them to attend products with a “sustainable material” by 2030, the
university. company announced.
III. Rafael brings classroom topics close to what the chil- The world’s largest toy company will invest $1 billion
dren see and live. in their new LEGO Sustainable Materials Centre in
IV. Those children may replace their parents in the future Denmark, which will be devoted to finding and imple-
as rural workers. menting new sustainable alternatives for their current
V. The language school reaffirms that country life has building materials. Lego plans on hiring 100 specia-
nothing to do with other parts of the world. lists for the center. There is no official definition of a
sustainable material.
a) I, II and IV are correct. Legos have been made with a strong plastic known as
b) II, IV, and V are correct. acrylonitrile butadiene styrene since 1963. The com-
c) All of them are correct. pany uses more than 6,000 tons of plastic annually to
d) I, III, IV and V are correct. manufacture its products, according to NBC News.
e) I, III and IV are correct. Changing the raw material could have a large effect on
Lego’s carbon footprint, especially considering that
INGLÊS
19. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a only 10% of the carbon emissions from Lego products
questão. come from its factories. The other 90% is produced
from the extraction and refinement of raw materials,
as well as distribution from factories to toy stores.
403
The company has already taken steps to lower its car-
bon footprint, including a reduction of packaging size
and an investment in an offshore wind farm.
9 GABARITO
1 D
2 D
3 B
4 E
5 C
6 B
7 C
8 D
9 A
10 D
11 A
12 E
13 E
14 E
15 A
16 C
17 C
18 E
19 A
20 B
ANOTAÇÕES
404