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Escola de Sargentos das Armas

ESA
Curso de Formação de Sargentos

NV-006MR-23-ESA-SARGENTO
Cód.: 7908428804756
PIRATARIA
É CRIME!
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Não seja prejudicado com essa prática.


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Obra

ESA — Escola de Sargentos das Armas


Curso de Formação de Sargentos

Autores

MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

PORTUGUÊS • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Melissa Fernandes, Monalisa Costa, Nelson Sartori,
Paloma da Silveira Leite, Rebecca Soares

HISTÓRIA DO BRASIL • Jean Talvani e Otavio Massaro

GEOGRAFIA DO BRASIL • Vitor Silva e Zé Soares

INGLÊS • Rebecca Soares

ISBN: 978-65-5451-090-5

Edição: Março/2023

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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro
foi organizado de acordo com o Edital nº 3/SCA, de 9 de março
de 2023 para o Curso de Formação de Sargentos da área geral da
Escola de Sargentos das armas – ESA.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca própria da instituição, organizadora responsá-
vel pelo certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


teúdos complementares disponíveis on-line para este livro
em nossa plataforma: Curso Bônus de Atualidades com 14h de
videoaulas. Para acessar, basta seguir as orientações na próxi-
ma página.
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line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

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à Tópicos Relevantes e Atuais de Diversas Áreas - 2022 – disponível em videoaulas.


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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

MATEMÁTICA.......................................................................................................................21
NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE RACIOCÍNIO LÓGICO..................................................................... 21

REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS.................................................................................................................21

SUBCONJUNTOS...............................................................................................................................................21

OPERAÇÕES.......................................................................................................................................................22

União.................................................................................................................................................................. 22
Interseção.......................................................................................................................................................... 22
Diferença........................................................................................................................................................... 23
Complementar.................................................................................................................................................. 24

CONJUNTO UNIVERSO E CONJUNTO VAZIO..................................................................................................24

NÚMEROS PRIMOS...........................................................................................................................................25

FATORAÇÃO.......................................................................................................................................................25

NÚMERO DE DIVISORES ...................................................................................................................................25

MÁXIMO DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM...........................................................................25

CONJUNTO DOS NÚMEROS............................................................................................................... 26

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS..........................................................................................................26

Operações Fundamentais................................................................................................................................ 26

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS............................................................................................................27

Módulo............................................................................................................................................................... 27
Simétrico e Oposto........................................................................................................................................... 27
Operações com Intervalos Reais..................................................................................................................... 27

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS.........................................................................................................28

Representação na Reta Numérica................................................................................................................... 28


Representação Decimal................................................................................................................................... 28
Operações Fundamentais................................................................................................................................ 29

RAZÕES E PROPORÇÕES................................................................................................................... 29

GRANDEZAS DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE PROPORCIONAIS.............................................................31

FUNÇÕES E GRÁFICOS DE FUNÇÕES............................................................................................... 32

CONCEITO DE RELAÇÃO...................................................................................................................................32
CONCEITO DE FUNÇÃO, DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO..................................33

FUNÇÕES, INJETORAS, SOBREJETORA, BIJETORA.......................................................................................34

FUNÇÕES PARES E ÍMPARES............................................................................................................................35

FUNÇÕES PERIÓDICAS E FUNÇÕES COMPOSTAS.........................................................................................34

ZEROS OU RAIZ DE UMA FUNÇÃO...................................................................................................................35

FUNÇÃO CONSTANTE, FUNÇÃO CRESCENTE, FUNÇÃO DECRESCENTE......................................................35

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA.......................................................................................35

FUNÇÃO INVERSA.............................................................................................................................................36

FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM...................................................................................................... 36

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS...................................................................................36

VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................37

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE.......................................................................................37

FUNÇÃO QUADRÁTICA....................................................................................................................... 39

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS...................................................................................39

VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................40

MÁXIMOS E MÍNIMOS.......................................................................................................................................40

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE.......................................................................................41

FUNÇÃO MODULAR............................................................................................................................ 42

DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO MODULAR............................................................42

EQUAÇÕES MODULARES..................................................................................................................................43

INEQUAÇÕES MODULARES..............................................................................................................................43

FUNÇÃO EXPONENCIAL..................................................................................................................... 43

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO EXPONENCIAL...................................43

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS...................................................................................................44

FUNÇÃO LOGARÍTMICA..................................................................................................................... 45

DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES OPERATÓRIAS....................................................................45

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA....................................45

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS..................................................................................................46

LOGARITMOS DECIMAIS..................................................................................................................................47

TRIGONOMETRIA................................................................................................................................ 48
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO - RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS.......................................48

ARCOS NOTÁVEIS..............................................................................................................................................49

TRIGONOMETRIA EM UM TRIÂNGULO QUALQUER........................................................................................51

LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS............................................................................................................51

UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O GRAU E O RADIANO.....................................................53

CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO...........................................................................................................................54

REDUÇÃO AO 1ºQUADRANTE...........................................................................................................................54

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS....................................................................................55

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS.........................56

TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS......................................................................................................59

Fórmulas de Adição de Arcos.......................................................................................................................... 59


Arcos Duplos..................................................................................................................................................... 59
Arco Metade...................................................................................................................................................... 61
Transformação em Produto............................................................................................................................. 61

SISTEMAS DE EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS..................................................................62

RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS..........................................................................................................................65

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA......................................................................................... 69

FATORIAL, DEFINIÇÃO E OPERAÇÕES.............................................................................................................69

PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA CONTAGEM............................................................................69

ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES..............................................................................................71

PROBABILIDADE................................................................................................................................. 73

EXPERIMENTO ALEATÓRIO E EXPERIMENTO AMOSTRAL...........................................................................73

ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO.......................................................................................................................74

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS EQUIPROVÁVEIS....................................................................74

PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS.............................................................................................74

PROBABILIDADE CONDICIONAL......................................................................................................................75

PROPRIEDADE DAS PROBABILIDADES...........................................................................................................75

PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS........................................................................................76

EXPERIMENTOS BINOMIAIS............................................................................................................................77

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES.................................................................. 78

OPERAÇÕES COM MATRIZES..........................................................................................................................79


Adição................................................................................................................................................................ 79
Multiplicação por Escalar................................................................................................................................. 80
Transposição..................................................................................................................................................... 80
Produto.............................................................................................................................................................. 80

MATRIZ INVERSA..............................................................................................................................................81

DETERMINANTE DE UMA MATRIZ...................................................................................................................81

Definição............................................................................................................................................................ 81
Propriedades..................................................................................................................................................... 82

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES..............................................................................................................83

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES.................................................................................. 88

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS...............................................................................................................................88

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS.........................................................................................................................88

TERMO GERAL...................................................................................................................................................88

Soma dos Termos e Propriedades.................................................................................................................. 89

PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E INFINITAS)................................................................................89

Termo Geral....................................................................................................................................................... 89
Soma dos Termos e Propriedades.................................................................................................................. 89

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO............................................................................................... 90

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS..................................................................................................91

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS.................................................................................................91

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO...............................................................................................91

PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO................92

PROJEÇÃO ORTOGONAL..................................................................................................................................92

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA..................................................................................................... 93

PRISMAS............................................................................................................................................................93

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes e Troncos................................................................. 94

PIRÂMIDE...........................................................................................................................................................93

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes e Troncos................................................................. 94

CILINDRO............................................................................................................................................. 95

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes e Troncos................................................................. 95

CONE...................................................................................................................................................................97
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes e Troncos................................................................. 97

ESFERA...............................................................................................................................................................98

Elementos, Seção da Esfera, Área, Volumes e Partes da Esfera................................................................... 98

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS..................................................................................................99

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA.....................................................................................................101

PONTO..............................................................................................................................................................101

O Plano Cartesiano......................................................................................................................................... 101


Distância Entre Dois Pontos........................................................................................................................... 101
Ponto Médio de Segmento e Condição de Alinhamento de Três Pontos...................................................101

RETA.................................................................................................................................................................101

Equações Geral e Reduzida............................................................................................................................ 101


Interseção de Retas........................................................................................................................................ 102
Paralelismo e Perpendicularidade................................................................................................................. 102
Ângulo Entre Duas Retas................................................................................................................................ 103
Distância Entre Ponto e Reta e Distância Entre Duas Retas........................................................................ 103
Bissetrizes do Ângulo Entre Duas Retas....................................................................................................... 103
Área de Um Triângulo e Inequações do Primeiro Grau com Duas Variáveis..............................................104

CIRCUNFERÊNCIA...........................................................................................................................................105

Equações Geral e Reduzida............................................................................................................................ 105


Posições Relativas Entre Ponto e Circunferência......................................................................................... 105
Reta e Circunferência e Duas Circunferências.............................................................................................. 105
Problemas de Tangência................................................................................................................................ 107
Equações e Inequações do Segundo Grau com Duas Variáveis.................................................................108

ELIPSE..............................................................................................................................................................109

Definição.......................................................................................................................................................... 109
Equação........................................................................................................................................................... 110
Posições Relativas Entre Ponto e Elipse....................................................................................................... 110
Posições Relativas Entre Reta e Elipse......................................................................................................... 110

HIPÉRBOLE......................................................................................................................................................111

Definição.......................................................................................................................................................... 111
Equação da Hipérbole.................................................................................................................................... 111
Posições Relativas Entre Ponto e Hipérbole................................................................................................. 112
Posições Relativas Entre Reta e Hipérbole................................................................................................... 112
Equações Das Assíntotas da Hipérbole........................................................................................................ 113

PARÁBOLA.......................................................................................................................................................114
Definição.......................................................................................................................................................... 114
Equação........................................................................................................................................................... 114
Posições Relativas Entre Ponto e Parábola.................................................................................................. 114
Posições Relativas Entre Reta e Parábola.................................................................................................... 114

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA EQUAÇÃO GERAL.....................................................115

GEOMETRIA PLANA.........................................................................................................................117

ÂNGULO............................................................................................................................................................117

Definição, Elementos e Propriedades............................................................................................................ 117

CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS..................................................................................119

Ângulos na Circunferência............................................................................................................................. 119

PARALELISMO.................................................................................................................................................122

PERPENDICULARIDADE..................................................................................................................................122

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS....................................................................................................................123

PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO..............................................................................................................124

TRIÂNGULOS RETÂNGULOS...........................................................................................................................125

RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS RETÂNGULOS ..........................................................................125

RELAÇÕES MÉTRICAS EM TRIÂNGULOS QUAISQUER.................................................................................125

TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................126

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS...........................................................................................................126

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS..........................................................................................127

TEOREMA DE TALES........................................................................................................................................127

TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO..............................................128

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS..........................................................................................................................128

POLÍGONOS.....................................................................................................................................................130

POLÍGONOS REGULARES...............................................................................................................................131

PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS,


CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS.....................................................................................................................132

FÓRMULA DE HERON......................................................................................................................................134

RAZÃO ENTRE ÁREAS.....................................................................................................................................134

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO.....................................................................................................................135

POLINÔMIOS.....................................................................................................................................138

FUNÇÃO POLINOMIAL....................................................................................................................................138
IDENTIDADE DE UM POLINÔMIO....................................................................................................................138

Polinômio Identicamente Nulo...................................................................................................................... 138

GRAU DE UM POLINÔMIO...............................................................................................................................138

VALOR NUMÉRICO DE UM POLINÔMIO - RAIZ DE UM POLINÔMIO............................................................138

OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS....................................................................................................................139

DIVISÃO DE POLINÔMIOS...............................................................................................................................139

TEOREMA DO RESTO......................................................................................................................................140

TEOREMA DE D’ALEMBERT.............................................................................................................................140

DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI....................................................................................................................140

FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E PRODUTOS NOTÁVEIS......................................................141

MÁXIMO DIVISOR COMUM DE POLINÔMIOS................................................................................................142

EQUAÇÕES POLINOMIAIS................................................................................................................142

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA E TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO.............................................142

RAÍZES IMAGINÁRIAS....................................................................................................................................143

RAÍZES RACIONAIS.........................................................................................................................................143

RELAÇÕES DE GIRARD - RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES.........................................................144

TEOREMA DE BOLZANO.................................................................................................................................145

CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS: REPRESENTAÇÕES ALGÉBRICA E


TRIGONOMÉTRICA...........................................................................................................................146

OPERAÇÕES.....................................................................................................................................................147

MÓDULO...........................................................................................................................................................148

CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO...................................................................................................148

FÓRMULAS DE MOIVRE..................................................................................................................................148

Extração de Raízes.......................................................................................................................................... 149

BINÔMIO DE NEWTON......................................................................................................................150

DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E TERMO GERAL...........................................................150

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES BINOMIAIS E TRINOMIAIS..............................................................................151

PORTUGUÊS...................................................................................................................... 157
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS.....................................................................157
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O
RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO.......................157

FONÉTICA, ORTOGRAFIA E PONTUAÇÃO......................................................................................159

CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA.................................................................159

ACENTUAÇÃO GRÁFICA E PARTIÇÃO SILÁBICA..........................................................................................160

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................................161

MORFOLOGIA....................................................................................................................................163

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.................................................................................................163

CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................................167

MORFOSSINTAXE.............................................................................................................................188

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, TERMOS DA ORAÇÃO, ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E


REDUZIDAS), FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME RELATIVO, SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E
NOMINAL), SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL) E SINTAXE DE COLOCAÇÃO..............188

NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO............................................................................................................204

ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA, ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA................204

TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA.........................................................................................206

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA; LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO; NÍVEIS DE


LINGUAGEM, FUNÇÕES DA LINGUAGEM; FIGURAS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS
PALAVRAS........................................................................................................................................................206

INTRODUÇÃO À LITERATURA.........................................................................................................213

A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA,


EM PORTUGAL E NO BRASIL..........................................................................................................................213

LITERATURA BRASILEIRA................................................................................................................216

CONTEXTO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO,


BARROCO, ARCADISMO, ROMANTISMO, REALISMO, NATURALISMO, IMPRESSIONISMO,
PARNASIANISMO, SIMBOLISMO, PRÉ-MODERNISMO E MODERNISMO....................................................216

REDAÇÃO...........................................................................................................................................227

GÊNERO TEXTUAL...........................................................................................................................................227

TEXTUALIDADE E ESTILO (COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL; TIPOS DE DISCURSO;


INTERTEXTUALIDADE; DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; MECANISMOS DE COESÃO; A AMBIGUIDADE;
A NÃO CONTRADIÇÃO; PARALELISMOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS; CONTINUIDADE E
PROGRESSÃO TEXTUAL)................................................................................................................................232

TEXTO E CONTEXTO.......................................................................................................................................242

O TEXTO NARRATIVO: O ENREDO, O TEMPO E O ESPAÇO...........................................................................243

A TÉCNICA DA DESCRIÇÃO............................................................................................................................245
O NARRADOR...................................................................................................................................................245

O TEXTO ARGUMENTATIVO...........................................................................................................................246

O TEMA.............................................................................................................................................................247

A IMPESSOALIDADE........................................................................................................................................247

A CARTA ARGUMENTATIVA; A CRÔNICA ARGUMENTATIVA......................................................................248

A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO............................................................................................................249

O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO; A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMENTOS; A CONTRA-


ARGUMENTAÇÃO; O PARÁGRAFO; A INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM; FORMAS DE
DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO; A INTRODUÇÃO;
E A CONCLUSÃO..............................................................................................................................................250

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PELO


ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................264

ASSINADO EM LISBOA, EM 16 DE DEZEMBRO DE 1990, POR PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA,


SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE E, POSTERIORMENTE,
POR TIMOR LESTE, APROVADO NO BRASIL PELO DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO
DE 2008 E ALTERADO PELO DECRETO Nº 7.875, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012......................................264

HISTÓRIA DO BRASIL.................................................................................................... 273


BRASIL COLÔNIA..............................................................................................................................273

OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS...........................................................................................................273

O Brasil Antes da Chegada dos Europeus..................................................................................................... 273


As Principais Nações Indígenas do Brasil Antes da Chegada dos Portugueses.......................................273

PERÍODO PRÉ-COLONIAL...............................................................................................................................274

Expedições de Reconhecimento e Guarda Costa......................................................................................... 274


Economia do Pau-Brasil................................................................................................................................. 274
Expedição Colonizadora de Martim Afonso de Souza................................................................................. 275

PERÍODO COLONIAL — ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL.....................................275

A Organização Administrativa Colonial Portuguesa no Brasil - Capitanias Hereditárias;


o Governo Geral e Órgãos Administrativos; as Câmaras Municipais..........................................................275
A Economia e Sociedade Açucareira............................................................................................................. 276
Escravidão Africana........................................................................................................................................ 276
A Economia e Sociedade Mineradora........................................................................................................... 277
Economias Complementares......................................................................................................................... 277

CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL......................................................................................................................277

Entradas e Bandeiras...................................................................................................................................... 277


Invasões Estrangeiras — Invasões Francesas; a Invasão Holandesa; a Insurreição Pernambucana:
a Luta Contra o Invasor e a Gênese do Exército Brasileiro.......................................................................... 278
As Questões de Limites Entre Portugal e Espanha e a Formação das Atuais Fronteiras do Brasil:
Tratados de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz............................................................................. 279

AS REBELIÕES NATIVISTAS...........................................................................................................................279

Características; A Crise do Sistema Colonial Português; Principais Rebeliões Nativistas — Revolta de


Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Vila Rica.....................................279

MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA NO BRASIL.......................................................................................280

Caracterização; Influência Iluminista; Crise Econômica.............................................................................. 280


Principais Movimentos Pró-Independência: Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.........................280

BRASIL IMPÉRIO...............................................................................................................................281

O PERÍODO JOANINO......................................................................................................................................281

A Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil; O Governo de D. João VI no Brasil:


Política Interna e Externa; A Revolução do Porto e Partida da Família Real...............................................281

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL......................................................................................................................282

Fatores que Levaram à Independência do Brasil.......................................................................................... 282


O Grito do Ipiranga.......................................................................................................................................... 282

O PRIMEIRO REINADO.....................................................................................................................................283

Panorama Político-Partidário; A Constituição de 1824; Panorama Interno:


Autoritarismo do Imperador, Crise Econômica............................................................................................. 283
Panorama Externo: a Guerra da Cisplatina; A Guerra de Independência;
A Abdicação de D. Pedro I.............................................................................................................................. 283

PERÍODO REGENCIAL......................................................................................................................................283

A Regência de D. Pedro; Panorama Político-Partidário Conflituoso: Restauradores,


Liberais Moderados e Republicanos............................................................................................................. 283
A Regência Trina Provisória........................................................................................................................... 283
A Regência Trina Permanente ....................................................................................................................... 283
O Ato Adicional de 1834 ................................................................................................................................ 283
As Regências Unas ........................................................................................................................................ 283
As Revoltas Regenciais: Cabanagem, Balaiada, Malês, Sabinada e Farroupilha ......................................284
A Ação Pacificadora de Caxias: Balaiada, Farroupilha e Revoltas Liberais de 1842..................................284

O SEGUNDO REINADO.....................................................................................................................................284

Antecipação da Maioridade de D. Pedro II.................................................................................................... 284


Panorama Político-Partidário do II Império: Conservadores e Liberais; Rivalidades Iniciais;
as Revoltas Liberais de 1842; Conciliação; O Parlamentarismo Brasileiro.................................................284
A Economia e Sociedade Cafeeiras............................................................................................................... 285
A Breve Era Mauá............................................................................................................................................ 285
Política Externa: Campanha Contra Oribe e Rosas; a Questão Christie; a Campanha Contra Aguirre;
a Guerra da Tríplice Aliança; o Comando Vitorioso de Caxias na Guerra da Tríplice Aliança...................285
A Imigração Europeia..................................................................................................................................... 285
A Abolição da Escravatura............................................................................................................................. 286
A Crise do Império: Questão Religiosa; Republicanismo; Questão Militar; Positivismo;
a Proclamação da República......................................................................................................................... 286

BRASIL REPÚBLICA..........................................................................................................................287

A REPÚBLICA VELHA......................................................................................................................................287

A República da Espada: os Governos de Deodoro e de Floriano Peixoto...................................................287


Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado (1912 - 1916).................................................................287
As Revoltas da Armada.................................................................................................................................. 288
O Tenentismo, as Revoltas de 1922 - 1924 e a “Coluna Prestes”................................................................289
A Revolução Federalista................................................................................................................................. 289
A República Oligárquica: Caracterização: “Coronelismo”, “Voto de Cabresto”, Política do
“Café Com Leite”, Política de Valorização do Café, “Política dos Governadores”;
a Constituição de 1891................................................................................................................................... 289
Algumas Revoltas Sociais da República Velha: Revolta da Chibata, Revolta da Vacina,
o Fenômeno do Cangaço............................................................................................................................... 290
A Ruptura Oligárquica e a Revolução de 1930 ............................................................................................. 291

A ERA VARGAS................................................................................................................................................291

O Governo Provisório; A Revolução Constitucionalista de 1932; Governo Constitucional de Vargas;


a Constituição de 1934; Radicalização Ideológica: Comunistas Versus Integralistas; a Intentona
Comunista de 1935; a Revolta Integralista de 1938..................................................................................... 291
O Estado Novo (1937 - 1945); a CLT; a Saída de Vargas do Poder .............................................................293
O Brasil na II Guerra Mundial: Fatores que Levaram o Brasil a Participar do Conflito;
a Campanha da FEB....................................................................................................................................... 294

A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1945 E 1985..........................................................................................294

Governo Dutra................................................................................................................................................. 294


Segundo Governo Vargas............................................................................................................................... 295
Governo JK...................................................................................................................................................... 295
Governo Jânio ................................................................................................................................................ 296
Governo “Jango”............................................................................................................................................. 297
Governo Castello Branco................................................................................................................................ 298
Governo Costa e Silva..................................................................................................................................... 299
Governo Médici............................................................................................................................................... 299
Governo Geisel................................................................................................................................................ 299
Governo Figueiredo......................................................................................................................................... 300

A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ 2000).....................................................................................................300

O Governo Sarney; Crise e Hiperinflação da Década de 80; os Planos Cruzado,


Bresser e Verão — Caracterização e Razões do Insucesso......................................................................... 300
A Constituição de 1988.................................................................................................................................. 300
O Governo Collor; o Plano Collor; o Impeachment de Collor; o Governo Itamar Franco............................300
O Plano Real; os Governos de Fernando Henrique Cardoso até os Dias Atuais........................................301
GEOGRAFIA DO BRASIL................................................................................................ 309
O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS........................309

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO.........................................................................309

Posição Geográfica......................................................................................................................................... 309


Limites e Fusos Horários............................................................................................................................... 309

ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA...............................................................................................310

Origem, Formas e Classificações do Relevo................................................................................................. 310

TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS.....................................................................................................................312

A ATMOSFERA E OS CLIMAS..........................................................................................................................313

Fenômenos Climáticos................................................................................................................................... 313


Os Climas no Brasil......................................................................................................................................... 316

BIOMAS, HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE......................................................................................................316

Distribuição da Vegetação............................................................................................................................. 316


Características Gerais dos Domínios Morfoclimáticos............................................................................... 318
Aquíferos......................................................................................................................................................... 325
Hidrovias.......................................................................................................................................................... 325

RECURSOS HÍDRICOS.....................................................................................................................................325

Bacias Hidrográficas...................................................................................................................................... 325

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL............................................................................................................................329

O APROVEITAMENTO ECONÔMICO DOS RECURSOS NATURAIS E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS........329

Os Recursos Minerais..................................................................................................................................... 329

FONTES DE ENERGIA, MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E MEIO AMBIENTE.........................................329

O Setor Mineral e os Grandes Projetos de Mineração.................................................................................. 331

O ESPAÇO ECONÔMICO...................................................................................................................331

A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL...................................................................................................331

Ciclos Econômicos e a Expansão do Território............................................................................................ 331


Da Cafeicultura ao Brasil Urbano Industrial.................................................................................................. 333
Integração Territorial...................................................................................................................................... 334

A INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL........................................................................334

Modelo de Substituição das Importações, Abertura para Investimentos Estrangeiros............................334


Dinâmica Espacial da Indústria...................................................................................................................... 334
Polos Industriais............................................................................................................................................. 334
A Indústria nas Diferentes Regiões Brasileiras e a Reestruturação Produtiva...........................................334
AGRICULTURA BRASILEIRA...........................................................................................................................335

Dinâmicas Territoriais da Economia Rural.................................................................................................... 335


A Modernização da Agricultura..................................................................................................................... 336
Êxodo Rural..................................................................................................................................................... 337
Agronegócio e a Produção Agropecuária Brasileira..................................................................................... 337

COMÉRCIO.......................................................................................................................................................338

Globalização e Economia Nacional............................................................................................................... 338


Comércio Exterior........................................................................................................................................... 338
Integração Regional (Mercosul e Principais Parceiros Econômicos).........................................................339
Eixos de Circulação e Custos de Deslocamento.......................................................................................... 339

O ESPAÇO POLÍTICO.........................................................................................................................341

FORMAÇÃO TERRITORIAL..............................................................................................................................341

Território, Fronteiras e Faixas de Fronteiras.................................................................................................. 341


Mar Territorial.................................................................................................................................................. 341
Zona Econômica Exclusiva Brasileira (ZEE).................................................................................................. 341

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E


TERRITÓRIOS FEDERAIS.................................................................................................................................342

A DIVISÃO REGIONAL, SEGUNDO O IBGE, E OS COMPLEXOS REGIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS.......345

O ESPAÇO HUMANO.........................................................................................................................348

DEMOGRAFIA...................................................................................................................................................348

Transição Demográfica.................................................................................................................................. 348


Crescimento Populacional............................................................................................................................. 348
Estrutura Etária e Política Demográfica........................................................................................................ 349
Mobilidade Espacial (Migrações Internas e Externas)................................................................................. 349

MERCADO DE TRABALHO...............................................................................................................................351

Estrutura Ocupacional.................................................................................................................................... 351

DESENVOLVIMENTO HUMANO......................................................................................................................352

Os Indicadores Socioeconômicos................................................................................................................. 352


Rede Urbana, Hierarquia Urbana e Regiões Metropolitanas........................................................................ 354

REGIÕES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO (RIDE), ESPAÇO URBANO E


PROBLEMAS URBANOS..................................................................................................................................355
INGLÊS................................................................................................................................. 361
SUBSTANTIVOS (NOUNS)................................................................................................................361

GÊNERO............................................................................................................................................................361

SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS, INCONTÁVEIS E NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS NO


SINGULAR E NO PLURAL................................................................................................................................362

CASO GENITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO SAXÃO’S E COM A PREPOSIÇÃO OF...........................363

PRONOMES (PRONOUNS)................................................................................................................364

PRONOMES PESSOAIS...................................................................................................................................364

PRONOMES REFLEXIVOS...............................................................................................................................364

PRONOMES E ADJETIVOS DEMONSTRATIVOS............................................................................................365

PRONOMES E ADJETIVOS POSSESSIVOS....................................................................................................365

PRONOMES E ADJETIVOS INTERROGATIVOS (QUESTION WORDS)..........................................................366

ADJETIVOS INDEFINIDOS E PRONOMES INDEFINIDOS...............................................................................367

QUANTIFICADORES.........................................................................................................................................368

ARTIGOS (ARTICLES).......................................................................................................................369

ARTIGO DEFINIDO THE....................................................................................................................................369

ARTIGO INDEFINIDO A/NA..............................................................................................................................370

ADJETIVOS (ADJECTIVES): FORMAS E USOS, POSIÇÃO DOS ADJETIVOS E GRAUS DO


ADJETIVO..........................................................................................................................................371

ADVÉRBIOS (ADVERBS): FORMAS E USOS, POSIÇÃO DOS ADVÉRBIOS E GRAUS DO


ADVÉRBIO..........................................................................................................................................376

VERBOS (VERBS)..............................................................................................................................380

VERBOS NO TEMPO PRESENTE SIMPLES (SIMPLE PRESENT)...................................................................380

VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO (PRESENT CONTINUOUS)...................................................................383

VERBOS NO PASSADO SIMPLES (PAST SIMPLE )........................................................................................384

VERBOS NO PASSADO CONTÍNUO (PAST CONTINUOUS)...........................................................................385

VERBOS NO FUTURO IMEDIATO (FUTURE WITH GOING TO) E VERBOS NO FUTURO COM
SHALL/WILL (SIMPLE FUTURE).....................................................................................................................386

VERBOS NO PRESENTE PERFEITO (PRESENT PERFECT)............................................................................387

VERBOS MODAIS.............................................................................................................................................388

Can................................................................................................................................................................... 388
May.................................................................................................................................................................. 388
Could................................................................................................................................................................ 388
Might................................................................................................................................................................ 388
Should.............................................................................................................................................................. 388
Must................................................................................................................................................................. 388
Would............................................................................................................................................................... 389
Ought To.......................................................................................................................................................... 389

VERBOS NO MODO IMPERATIVO (IMPERATIVE)..........................................................................................389

FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (INFINTIVE AND GERUND)..............................................................389

VERBOS FRASAIS (PHRASAL VERBS)...........................................................................................................390

TAG QUESTIONS..............................................................................................................................................390

PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS).....................................................................................................395

PREPOSIÇÕES DE TEMPO, LUGAR.................................................................................................................395

PREPOSIÇÕES DE MOVIMENTO E FORMAS DE TRANSPORTE...................................................................398


REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS

Existem três maneiras distintas de se presentar


Conjuntos:

MATEMÁTICA z analítica;
z sintética;
z diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).

Na representação Analítica, destaca-se cada um


NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE dos elementos que pertencem a um determinado con-
RACIOCÍNIO LÓGICO junto. Nos exemplos mencionados (conjuntos M, P e
N), todos eles foram representados dessa maneira.
A Teoria de Conjuntos deve ser vista como Na representação Sintética, devemos destacar
um dos tópicos mais importantes da Matemática uma característica que seja comum a todos os elemen-
Contemporânea. tos pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exem-
É ela que dá sustentação lógica a outros tópicos plos citados, essa representação ficaria da seguinte
inerentes à Matemática, como por exemplo: Funções, maneira (abaixo, lê-se x/x como “x é tal que x tem a
Probabilidade, Análise Combinatória, Polinômios, propriedade”):
Progressões (Aritméticas e Geométricas) etc.
Acreditar nos alicerces estabelecidos por essa Teo- z M = {x / x é mês do ano com 31 dias};
ria é ter a garantia de que o rigor matemático, a coe- z P = {x / x é número primo};
são e a elegância na exposição do conteúdo terão seu z N = {x / x é país da América do Norte}.
lugar de destaque garantidos.
Na representação por Diagramas, devemos definir
NOÇÕES PRIMITIVAS
uma região (normalmente um círculo) onde devem
ser representados todos os elementos pertencentes ao
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções
conjunto. Importante não esquecer de nomear esse
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não
conjunto.
necessitam de demonstração. São elas:
Observe as situações abaixo (já apresentados ante-
riormente) que são exemplos dessa representação:
z conjunto;
z elemento;
P
z pertinência entre Conjunto e Elemento.

Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa- 2 17


dos por letras latinas maiúsculas: A, B, C etc.
Alguns exemplos de Conjuntos: 3
11 5
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro,
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos- 7
suem 31 dias; 13
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme-
19
ros primos até 19;
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto
dos países da América do Norte.
N
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos
componentes dos Conjuntos apresentados são ele- Estados Unidos
mentos destes (por exemplo, no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um
elemento desse conjunto). México
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre eles. Para
tanto, utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não Canadá
pertence).
MATEMÁTICA

Nos exemplos citados temos algumas situações


para destacar essa relação:

z o mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim- Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
bolicamente, Abril ∉ M;
z o número 11 pertence ao conjunto P, ou simbolica- SUBCONJUNTOS
mente, 11 ∈ P;
z o Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
mente, Haiti ∉ N. e somente se, todo elemento de A pertence também a B. 21
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) z O conjunto vazio está contido em qualquer con-
utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ junto! Representamos tal situação da seguinte
A ⇒ x ∈ B) (lê-se: A está contido em B, se, e somente se, maneira: Ø ⊂ A. Essa propriedade é de extrema
qualquer que seja x, x pertence a A, então x pertence a relevância para a simplificação de demonstrações
B). de Teoremas. Sem ela, diversas situações envol-
Por diagramas, poderíamos representar esta vendo conjuntos teriam suas “comprovações”
situação da seguinte maneira: apresentadas de uma maneira muito mais exte-
nuante (cansativa)!
B z Todo conjunto está contido em si mesmo! Repre-
sentamos essa situação da seguinte maneira: A ⊂
A. Esta propriedade tem lugar de destaque no con-
texto da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil
no que se refere à simplificação de demonstrações
A
de Teoremas. Ela também recebe o nome de Pro-
priedade Reflexiva.

OPERAÇÕES

União

Dados dois conjuntos A e B, chama-se União de A e


B o conjunto formado pelos elementos que pertencem
Figura 2. Subconjunto A do conjunto B
a A ou a B (disjunção lógica).
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∪ B = {x / x ∈ A
Perceba que todo elemento pertencente ao conjun- ou x ∈ B} (lê-se: os elementos do conjunto A união com
to A (no interior da região verde), automaticamente, B são representados por x, tal que x pertence a A ou x
pertence também a B. pertence a B).
É desta maneira que representamos por Diagra- Por diagramas, poderíamos representar esta
mas a relação de inclusão: A ⊂ B. Concluímos que A é situação da seguinte maneira:
subconjunto de B.
Diferentemente do que acontece quando relacio- A B
namos elementos com conjuntos –situação na qual
vigoram as relações de pertinência, ou seja, somente
utilizamos ∈ (pertence) ou ∉ (não pertence)–, quando
tratamos da relação entre conjuntos, utilizamos os
símbolos abaixo:

z ⊂ (está contido) ou;


z ⊄ (não está contido) ou;
z ⊃ (contém) ou;
z ⊅ (não contém).

Dá-se o nome de Subconjunto Impróprio de B à


seguinte situação:
Figura 7. União dos conjuntos A e B
A=B
Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
to A ∪ B (A união com B) são aqueles que pertencem
exclusivamente a A, unidos com aqueles que perten-
cem exclusivamente a B, unidos com aqueles que per-
tencem à interseção (como veremos em seguida).
É dessa maneira que representamos por Diagra-
mas a relação de disjunção lógica A ∪ B.

Interseção

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Interseção


de A e B o conjunto formado pelos elementos que per-
tencem a A e a B (conjunção lógica).
Figura 3. Subconjunto Impróprio de B
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∩ B = {x / x ∈ A
e x ∈ B} (lê-se: os elementos do conjunto A interseção
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
com B são representados por x, tal que x pertence a A
utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (A ⊂ B
e x pertence a B).
e B ⊂ A) (lê-se: A é igual a B, se, e somente se, A está
contido em B e B está contido em A).
Duas propriedades são bastante importantes e
impactam diretamente na compreensão de outros
conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
22
Por diagramas, poderíamos representar essa Observe as seguintes passagens para constatar a
situação da seguinte maneira: veracidade do Princípio:

A B A B

A B
Figura 8. Interseção dos conjuntos A e B

Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-


to A ∩ B (A interseção com B) são aqueles que perten-
cem a A e B simultaneamente.
É dessa maneira que representamos por Diagra-
mas a relação de conjunção lógica A ∩ B.

Dica
Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos
(interseção vazia) e Conjuntos Intersecantes
(interseção não vazia).
Anteriormente, por diagramas, representamos Figura 10. Interseção em relação ao Princípio da Inclusão-Exclusão
dois conjuntos A e B Intersecantes. Veja na figu-
ra abaixo como devemos representar Conjuntos Observe que, ao representarmos na figura (à
Disjuntos. esquerda) o conjunto A, automaticamente a interse-
ção de A com B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está
A B contida em A ((A ∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em rela-
ção ao conjunto B: automaticamente a interseção de
A com B (A ∩ B) foi adicionada (figura à direita), pois
ela está contida em B ((A ∩ B) ⊂ B). Portanto, temos
que eliminar a interseção uma vez (correspondente
ao termo n(A ∩ B) no Princípio da Inclusão-Exclusão),
para que a contagem não seja excedida.

Diferença

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença


Figura 9. Conjuntos A e B disjuntos
entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A
que não pertencem a B.
Apresentadas as operações de União e interseção
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
entre dois ou mais conjuntos (isso mesmo! É possível
expandir o que aprendemos nestes dois últimos tópicos utilizada neste contexto é a seguinte: A – B = {x / x ∈ A
para 3 ou 4 conjuntos por exemplo) um princípio é de e x ∉ B} (lê-se: os elementos do conjunto A diferença
extrema importância para não contabilizarmos a mais com B são representados por x, tal que x pertence a A
a quantidade de elementos de um conjunto qualquer. e x não pertence a B).
Trata-se do Princípio da Inclusão-Exclusão cuja nota-
ção (mais rigorosa e carregada de símbolos) é a seguin-
te: n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) (lê-se: o número
de elementos do conjunto A união com B é dado pelo
número de elementos de A, somado com o número de
elementos de B, menos o número de elementos de A
interseção com B).
MATEMÁTICA

23
Por diagramas, poderíamos representar esta A
situação da seguinte maneira:

A B

Figura 14. Conjunto Complementar de B em relação a A

Figura 11. Conjunto A diferença com B Importante!


c
Perceba que os elementos pertencentes ao conjun- O conjunto CBA = B = B só será diferente do con-
to A – B (A diferença com B) são aqueles que perten- junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de
cem exclusivamente ao conjunto A. que B ⊂ A.
Da mesma maneira podemos definir o conjunto B
– A (B diferença com A) são aqueles que pertencem
exclusivamente ao conjunto B (veja figura a seguir). CONJUNTO UNIVERSO E CONJUNTO VAZIO

A B Conjunto Universo

Um determinado conjunto recebe o nome de Con-


junto Universo quando a ele pertencem todos os
elementos.
Como exemplo de conjunto universo, considere
a seguinte situação: se fôssemos escolher um aluno
qualquer do 1º ano B do Ensino Médio de uma Esco-
la que apresentasse uma determinada característica
(como por exemplo o uso de óculos de grau), nosso
Conjunto Universo poderia ser representado pela Tur-
ma ao qual o aluno pertence (no caso o 1º ano B), ou
ainda a Escola em que ele estuda.
Perceba que, nesse caso, dá para escolher mais
de um conjunto Universo,isto é, você poderá esco-
Figura 12. Conjunto B diferença com A
lher o Conjunto Universo ao qual pertencem todos
os elementos que são de seu interesse e, dentre eles,
Complementar selecionar aqueles que apresentam a característica
procurada (ou de interesse).
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, cha-
ma-se Complementar de B em relação a A o conjunto Conjunto Vazio
A – B, isto é, o conjunto dos elementos de A que não
pertencem a B. Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou
utilizada neste contexto é a seguinte: CBA = A – B (lê-se: objeto) algum. A notação utilizada para representar
complementar de B em relação a A, equivale a A dife- um Conjunto Vazio é: {} ou ∅
rença com B). Importante! É muito comum as pessoas repre-
O complementar de B em relação a A também pode
c sentarem o Conjunto Vazio da seguinte maneira:
ser representado por: B ou B .
{∅}
Por diagramas, poderíamos representar esta
Na verdade, o que se tem aí é um conjunto que pos-
situação da seguinte maneira:
sui um único elemento que é o conjunto vazio.
Complicado?
O importante é não cometer esse erro de forma
alguma: utilize {} ou ∅ e nunca as duas representações
ao mesmo tempo!

24
São exemplos de Conjuntos Vazios: Como conclusão às assertivas propostas acima,
tem-se que:
z conjunto dos meses que apresentam 32 dias;
z países que fazem parte da América do Norte e que z um número b é sempre múltiplo dele mesmo  a
começam com a letra W; = 1 ∙ b ↔ a = b;
z número primo irracional; z para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
z seleção de futebol que tenha conquistado 10 Copas da forma a = k ∙ 2, k seria substituído por todos os
do Mundo. números naturais possíveis.

A definição de divisor está relacionada com a de


NÚMEROS PRIMOS múltiplo.
Um número natural b é divisor do número natural
São números divisíveis somente por 1 e por ele a, se a é múltiplo de b.
mesmo, distintamente. Exemplo: 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 ∙ 5. Logo, 15
Atenção: o número 1 não é primo. é múltiplo de 3 e também de 5.
Alguns números primos mais utilizados:
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, ... Dica
Exemplo: o número 7 é divido apenas por 1 e por
ele mesmo, ou seja, é um número primo. Um número natural tem uma quantidade finita de
Lembre-se: um número primo tem apenas dois divisores. Por exemplo, o número 6 poderá ter no
divisores (como dissemos, o 1 e ele mesmo). máximo 6 divisores, pois trabalhando no conjun-
to dos números naturais, não podemos dividir 6
FATORAÇÃO por um número maior do que ele. Os divisores
naturais de 6 são os números 1, 2, 3, 6, o que
A fatoração é o processo de decomposição, sepa- significa que o número 6 tem 4 divisores.
ração, de um produto entre números quaisquer, ou
seja, é a interpretação do resultado de uma multipli- MÁXIMO DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO
cação através de seus fatores multiplicativos. COMUM
Por exemplo, o número 14 pode ser fatorado como
2 · 7, ou ainda, 1 · 14. Como adição a essa ideia, temos Mínimo Múltiplo Comum (MMC)
que o 14 também pode ser expresso pela soma 6+8,
que, por sua vez, pode ser decomposta em fatores Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
envolvendo o número 2: 6 + 8 = 2 · 3 + 2 · 4. ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
Pelo fato de 2 ser um fator comum dessa soma, número natural. Agora, observe os múltiplos dos
podemos colocá-lo em evidência da seguinte forma: 2 números 4 e 6:
· 3 + 2 · 4 = 2 · (3 + 4). Afinal, 3 + 4 = 7, que multiplicado M(4) = 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36, ...
por 2 retornará 14. M(6) = 6, 12, 18, 24, 30, 36, 42, ...
A seguir, acompanhe a generalização dessas ideias Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os
por meio de expressões algébricas. números? São eles: 12, 24, 36. E qual o menor deles?
Sejam a, b, c, x e y ∈ R. É o número 12. Sendo assim, o número 12 é o menor
múltiplo comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e
z Evidenciação: ax + bx + cx = x · (a + b + c). 6 é igual a 12.

Exemplo: se tivermos 2x + 3x + 4x, então, z Cálculo do MMC por Fatoração Simultânea

2x + 3x + 4x = x · (2 + 3 + 4) = x · 9 = 9x Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números,


de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
z Agrupamento: ax + ay + bx + by = a · (x + y) + b · (x nea dos dois números. Veja:
+ y) = (x + y) · (a + b). Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8.

Exemplo: se tivermos 2x + 2y + 3x + 3y, então, 6–8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)

3–4 2 (nesse caso repetimos o número 3, pois ele não é dividido pelo 2)

3–2 2
2 · (x + y) +3 · (x + y) = (x + y) · (2 + 3) = (x + y) · 5
3–1 3

NÚMERO DE DIVISORES 1–1 MMC = 2 × 2 × 2 × 3 = 24.

Diz-se que um número natural “a” é múltiplo de outro Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
natural “b” se existir um número natural “k” tal que: Com esse método, é possível calcular o MMC entre
vários números. Vamos exercitar novamente, dessa
MATEMÁTICA

a=k∙b vez com mais números.


Ex.: calcule o MMC entre os números 10, 12, 20.
Exemplo: 15 é múltiplo de 5, pois 15 = 3 ∙ 5
Quando a = k ∙ b, segue que a é múltiplo de b, mas 10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
também a é múltiplo de k, como é o caso do número 5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o número 3, pois ele não é dividido pelo 2)
35, múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 ∙ 5. 5–3–5 3
Quando a = k ∙ b, então, a é múltiplo de b; se conhe-
5–1–5 5
cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, bas-
ta fazer k assumir todos os números naturais possíveis. 1–1–1 MMC = 2 × 2 × 3 × 5 = 60. 25
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. As reticências indicam que este conjunto tem infi-
Passos para calcular o MMC (fatoração simultânea): nitos números naturais.
O zero não é um número natural propriamente
„ montar uma coluna para os fatores primos e dito, pois não é um número de “contagem natural”.
colunas para cada um dos números; Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
„ começar a divisão dos números pelo menor números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
fator primo (2) e só ir aumentando quando Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
nenhum dos números puder ser dividido.
Dica
Se algum dos números não puder ser dividido, bas-
ta copiá-lo para a próxima linha. O objetivo é fazer O símbolo do conjunto dos números naturais é
com que todos os números cheguem ao valor 1. O MMC a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que
será a multiplicação dos fatores primos utilizados. representa os números naturais positivos, isto é,
excluindo o zero.
Máximo Divisor Comum (MDC)
Conceitos básicos relacionados aos números
O máximo divisor comum (MDC ou M.D.C.) corres- naturais:
ponde ao maior número divisível entre dois ou mais
números inteiros. z Sucessor: é o próximo número natural.
Os divisores comuns de 12 e 18 são 1, 2, 3 e 6. Den-
tre estes, o número maior é o 6. Sendo assim, o núme- Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é
ro 6 é o máximo divisor comum entre 12 e 18, ou seja, 52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
o MDC entre 12 e 18 é igual a 6.
z Antecessor: é o número natural anterior.
z Cálculo do MDC por Fatoração Simultânea
Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77
Podemos calcular o MDC entre 2 ou mais núme- é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
ros fazendo a fatoração simultânea dos dois números
(aqui, é importante ressaltar que a faremos a fatora- z Números consecutivos: são números em sequência.
ção até o momento em que o número 1 for quem divi-
de todos os números envolvidos ao mesmo tempo). Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
Veja: 10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
Ex.: Calcule o MDC entre 60 e 45. consecutivos.

60 – 45 3 (note que 3 é o número que divide o 60 e o 45 ao mesmo tempo) z Números naturais pares: são aqueles que, ao
20 – 15 5 (note que 5 é o número que divide o 20 e o 15 ao mesmo tempo) serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso
4–3
1 (aqui, paramos a fatoração, pois o número 1 é quem divide tudo ao o zero também é par. Logo, todos os números que
mesmo tempo
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares.
MDC = 3 · 5 · 1 = 15 z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
Logo, o MDC (60 e 45) = 15. em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.
Passos para calcular o MDC (fatoração simultânea):

„ montar uma coluna para os fatores primos e Importante!


colunas para cada um dos números;
A soma ou subtração de dois números pares tem
„ começar a divisão dos números pelo número
resultado par.
que divide todos os números ao mesmo tempo;
„ parar a fatoração quando o número 1 for quem
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.
divide todo os números ao mesmo tempo; A soma ou subtração de dois números ímpares
„ o MDC será a multiplicação dos fatores primos tem resultado par.
utilizados. Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
A soma ou subtração de um número par com
outro ímpar tem resultado ímpar.
Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
A multiplicação de números pares tem resultado
CONJUNTO DOS NÚMEROS par.
Ex.: 8 · 6 = 48.
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS
A multiplicação de números ímpares tem resul-
Operações Fundamentais tado ímpar:
Ex.: 3 · 7 = 21.
Os números construídos com os algarismos de 0 a A multiplicação de um número par por um núme-
9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun- ro ímpar tem resultado par:
to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos Ex.: 4 · 5 = 20.
entre chaves:
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
17, …}
26
CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS Principais propriedades da operação de
subtração:
Módulo
z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
Entende-se como módulo o valor correspondente a ros altera o resultado, a subtração de números não
distância entre o número e a origem, isto é, a distância possui a propriedade comutativa.
do número com o ponto 0. Por exemplo: o módulo de
-5 (|-5|) é 5, tal como o módulo de 5 é 5, pois ambos Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.
estão a 5 unidades de distância do ponto 0.
z Propriedade associativa: não há essa propriedade
Simétrico e Oposto na subtração.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
Um número será o simétrico ou o oposto de outro subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
quando ambos possuírem a mesma distância da origem, número, este número permanecerá inalterado.
isto é, quando os números possuírem mesmo módulo.
Por exemplo: o oposto de -7 é 7, pois ambos estão a Ex.: 13 – 0 = 13.
7 unidades de medida de distância do ponto 0.
z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
Operações com Intervalos Reais números inteiros sempre gera outro número
inteiro.
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
com estes números. São elas: adição, subtração, multi- Ex.: 33 – 10 = 23.
plicação e divisão.
Multiplicação
Adição
A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
É dada pela soma de dois números. Ou seja, a adi- tição de adições. Veja:
ção de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Veja mais alguns exemplos: três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre são as regras de sinais na multiplicação de
Principais propriedades da operação de adição: números.

z Propriedade comutativa: a ordem dos números SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO


não altera a soma.
Operações Resultados
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
+ + +
z Propriedade associativa: quando é feita a adição - - +
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri-
meiramente, e depois somar o outro, em qualquer + - -
ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
- + -
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
Dica
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
adição, pois qualquer número somado a zero é � A multiplicação de números de mesmo sinal
igual a ele mesmo. tem resultado positivo.
Ex.: 51 · 2 = 102; (-33) · (-3) = 99
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55. � A multiplicação de números de sinais diferen-
tes tem resultado negativo.
z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- Ex.: 25 · (-4) = -100; (-15) · 5 = -75
ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
Principais propriedades da operação de
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o multiplicação:
número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
z Propriedade comutativa: A · B é igual a B · A, ou
Subtração seja, a ordem não altera o resultado.
MATEMÁTICA

Subtrair dois números é o mesmo que diminuir, Ex.: 8 · 5 = 5 · 8 = 40.


de um deles, o valor do outro. Ou seja, subtrair 7 de 20
significa retirar 7 de 20, restando 13: 20 – 7 = 13. z Propriedade associativa: (A · B) · C é igual a (C · B) ·
Veja mais alguns exemplos: A, que é igual a (A · C) · B.
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20 Ex.: (3 · 4) · 2 = 3 · (4 · 2) = (3 · 2) · 4 = 24.

27
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- Principais propriedades da operação de divisão:
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
qualquer número, este número permanecerá z Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
inalterado. propriedade.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
Ex.: 15 · 1 = 15. propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
números inteiros sempre gera um número inteiro. por 1, o resultado será o próprio número.

Ex.: 9 · 5 = 45 Ex.: 1 = 15.


15

z Propriedade distributiva: essa propriedade é z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em uma


exclusiva da multiplicação. Veja como fica: A·(B+C) diferença enorme dentro das operações de números
= (A·B) + (A·C) inteiros, pois a divisão não possui essa propriedade,
uma vez que ao dividir números inteiros podemos
Ex.: 3 · (5+7) = 3 · (12) = 36 obter resultados fracionários ou decimais.
Usando a propriedade:
3 · (5+7) = 3 · 5 + 3 · 7 = 15+21 = 36 2
Ex.: 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos núme-
ros inteiros).
Divisão
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS
Quando dividimos A por B, queremos repartir a
quantidade A em partes de mesmo valor, sendo um Representação na Reta Numérica
total de B partes.
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 Na geometria plana, as retas são consideradas
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- entidades primitivas, ou seja, não necessitam de
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 definição formal, pois são intuitivamente concebidas
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes pelos seres humanos. Em geral, elas são representa-
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. das graficamente por meio de um traço contínuo sem
Algo que é muito importante e você deve lembrar lacunas e sem pontos em suas extremidades.
sempre são as regras de sinais na divisão de números. O que se estipula para elas, no entanto, são as
consequências de existirem, como colocam Dolce e
SINAIS NA DIVISÃO Pompeo (2013, p. 2): “Numa reta, bem como fora dela,
há infinitos pontos.”. Ora, bem assim são os números
Operações Resultados reais, infinitos, não só positiva e negativamente, como
+ + + também entre si, pois entre e 2, por exemplo, temos
o 1,5; 1,23; 1,0001; √2 = 1,412..., entre outros. Portanto,
- - + podemos representá-los graficamente em uma reta à
qual daremos o nome de reta real. A seguir, acom-
+ - - panhe a representação básica desse elemento gráfico.
- + - 5

–3 2 –2 –1 0 1 2 3
3 11 π
Dica –5 –1 1 9
3 4 2 2 2 4 4
– √3 – √2
� A divisão de números de mesmo sinal tem 3
resultado positivo.
Fonte: Iezzi e Murakami (2013).
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
� A divisão de números de sinais diferentes tem
Note a presença dos exemplos de números irra-
resultado negativo.
cionais, √2 e π, mas também de números inteiros,
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24
0, ,1 , –3 entre outros. Também podemos identificar
alguns dos números racionais presentes entre dois
Esquematizando:
inteiros quaisquer, como 1 e 9 , por exemplo.
2 4
Dividendo
Divisor
Representação Decimal
30 5
Há 3 tipos de representações dos números no con-
0 6
junto dos números racionais:
Resto Quociente
z Frações:
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
30 = 5 · 6 + 0 Ex.: 8 3 7 etc.
3 , 5 , 11

28
z Números decimais. 2 + 3 · 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Resposta: Letra A.
Ex.: 1,75
3. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir:
z Dízimas periódicas.
a) 0,555... é um número racional.
Ex.: 0,33333...
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Operações Fundamentais
Repare que o número 0,555... é uma dízima periódi-
z Adição de números decimais: segue a mesma lógi- ca. Vimos na teoria que as dízimas periódicas são
ca da adição comum. um tipo de número racional. Resposta: Certo.
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4 b) Todo número inteiro tem antecessor.
z Subtração de números decimais: segue a mesma ( ) CERTO  ( ) ERRADO
lógica da subtração comum.
Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante-
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18 cessor. Basta subtrair 1 unidade. Veja: o antecessor
de 35 é o 34. O antecessor de 0 é -1. E o antecessor de
z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
-299 é o -300. Resposta: Certo.
mesmo procedimento da multiplicação comum.
4. (FCC — 2018) Os canos de PVC são classificados de
Ex.: 4,6 · 1,75 = 8,05
acordo com a medida de seu diâmetro em polegadas.
z Divisão de números decimais: devemos multipli- Dentre as alternativas, aquela que indica o cano de
car ambos os números (divisor e dividendo) por maior diâmetro é
uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
a) 1/2.
modo a retirar todas as casas decimais presentes.
b) 1 ¼.
Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
c) 3/4.
Ex.: 5,7 ÷ 1,3 d) 1 ½.
5,7 · 100 = 570 e) 5/8.
1,3 · 100 = 130
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja, vamos
570 ÷ 130 = 4,38
dividir o numerador pelo denominador da fração. Veja:
5/8 = 0,625
Exercite seus conhecimentos realizando os itens
½ = 0,5
que seguem.
1 ¼ = 1 + 0,25 = 1,25
¾ = 0,75
1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado 1 ½ = 1 + 0,5 = 1,5
número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi- Logo, o maior diâmetro será 1 ½ polegadas, que
dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente corresponde a 1,5 polegadas. Resposta: Letra D.
(n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n
+ 2) é igual a

a) 440.
b) 420.
RAZÕES E PROPORÇÕES
c) 400.
d) 380. A razão entre duas grandezas é igual a divisão
e) 340. entre elas, veja:

2
Dividendo = 18 · n + 15
5
Dividendo = 17 · (n+2) + 1
18 · n + 15 = 17 · (n+2) + 1
18n + 15 = 17n + 34 + 1 Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está
18n – 17n = 35 – 15 para 5).
n = 20 Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
2 4
Letra A. =
3 6
2. (FGV — 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
MATEMÁTICA

a) 13. está para 3 assim como 4 está para 6).


b) 15. Os problemas mais comuns que envolvem razão e
c) 19. proporção é quando se aplica uma variável qualquer
d) 22. dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor
e) 23. dela. Veja o exemplo:

2 x
Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as = ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
demais operações:
29
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D = 2.000 · 2
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
ção: produto dos meios pelos extremos.
Meio: 3 e x;
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Extremos: 2 e 6.
ber R$4.000.
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe:
z Somas Internas
3·X=2.6
a c a+b c+d
= = =
3X = 12 b d b d

X = 12
3 É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X=4 minador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
Lembre-se de que a maioria dos problemas en- proporção.
volvendo esse tema são resolvidos utilizando essa
propriedade fundamental. Porém, algumas questões a c a+b c+d
= = =
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser b d a c
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. Va-
mos a elas. Vejamos um exemplo:

Propriedade das Proporções x


=
2
14 - x 5
z Somas Externas
x + 14 - x 2+5
=
a c a+c x 2
= =
b d b+d 14 7
=
x 2
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
7 . x = 2 · 14
uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- x=
14 · 2
=4
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos 7
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos Portanto, encontramos que x = 4.
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
fábrica. Quanto cada um vai receber?
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que mportante!
Diego vai receber, temos: Vale lembrar que essa propriedade também ser-
ve para subtrações internas.
C D
=
3 2
z Soma com Produto por Escalar
Utilizando a propriedade das somas externas:
a c a + 2b c + 2d
= = =
C D C+D b d b d
= =
3 2 3+2
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
então podemos substituir na proporção: proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
C D C+D 10.000 empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
= = = = 2.000 Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
3 2 3+2 5
o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
Aqui cabe uma observação importante! temos:
A B
Esse valor de 2.000, que chamamos de “Constante =
2 3
de Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real
das partes dentro da proporção. Veja:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
C funcionários na categoria B, podemos escrever que a
= 2.000 soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
3
C = 2000 · 3 2A + 3B = 13.000
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
D
= 2.000
30 2
Agora, multiplicando em cima e embaixo de um Usando uma das propriedades da proporção,
lado por 2 e do outro lado por 3, temos: somas externas, temos:

2A 3B X+Y+Z 900.000
= = 60.000
4 9 4+5+6 15

Aplicando a propriedade das somas externas, A menor dessas partes é aquela que é proporcional
podemos escrever o seguinte: a 4, logo:

2A 3B 2A + 3B X
=
4 = 60.000
=
4 9 4+9

X = 60.000 · 4
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
porção, temos: X = 240.000

2A
=
3B
=
2A + 3B
=
13.000
= 1.000 Inversamente Proporcional
4 9 4+9 13
É um tipo de questão menos recorrente, mas não
Logo, menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
2A quinhão inversamente proporcional a três números.
= 1.000
4 Vejamos um exemplo:
Exemplo:
2A = 4 · 1.000 Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
2A = 4.000 inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
A = 2.000 tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
Fazendo a mesma resolução em B: total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
3B cálculo, veja:
= 1.000
9
X X X
3B = 9 · 1.000 + + = 740.000
4 5 6
3B = 9.000
Agora vamos precisar tirar o M.M.C. (mínimo múl-
B = 3.000 tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
mos a fração.
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 4–5–6|2
anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será: 2–5–3|2
1–5–3|3
2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
1–5–1|5
GRANDEZAS DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE 1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60
PROPORCIONAIS
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e
Diretamente Proporcional multiplicando o resultado pelo numerador temos:

Um dos tópicos mais comuns em questões de prova 15x 12x


+ +
10x
é “dividir uma determinada quantia em partes propor- 60 60 60 = 740.000
cionais a determinados números. Vejamos um exemplo 37x
para entendermos melhor como esse assunto é cobrado: = 740.000
60
Exemplo:
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em X = 1.200.000
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
dessas partes corresponde a: Agora basta substituir o valor de X nas razões para
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- achar cada parte da divisão inversa.
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
MATEMÁTICA

é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor- x 1.200.000


= = 300.000
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de 4 4
razão. Veja:
x 1.200.000
= = 240.000
X Y Z 5 5
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6 x 1.200.000
= = 200.000
6 6

31
Logo, as partes dividas inversamente propor- 120 = 4x-2 5
cionais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente =
121 5x+2-1 8
300.000, 240.000 e 200.000.
Analise os exercícios a seguir para praticar seus 4x-2 5
conhecimentos. 5x+2-1 = 8
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
1. (FAEPESUL — 2016) Em uma turma de graduação em
Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos que 32x – 16 = 25x + 5
a razão entre o número de mulheres e o número total
5 7x = 21
de alunos é de . Determine a quantidade de homens
8 x=3
desta sala, sabendo que esta turma tem 120 alunos.
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
a) 43 homens. valor de X na primeira equação:
b) 45 homens.
c) 44 homens. 9x = 9 · 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
d) 46 homens. grupo.
e) 47 homens. Resposta: Letra D.

A razão entre o número de mulheres e o número 3. (IBADE — 2018) Três agentes penitenciários de um
total de alunos é de 5/8: país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
M 5 que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
=
T 8 o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
de cada um, em ordem crescente de valores.
A turma tem 120 alunos, então: T = 120
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00.
Fazendo os cálculos:
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00.
M 5 c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00.
= d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
T 8
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
M 5
= D + A + W = 721
120 8
A = D + 36
8 x M = 5 · 120 W = A - 44
Substituímos Arley em Wanderson:
8M = 600 W= A - 44
W= 36+D-44
600 W= D-8
M=
8 Substituímos na fórmula principal:
D + A + W = 721
M = 75 D + 36 + D + D – 8 = 721
A quantidade de homens da sala: 3D + 28 = 721
120 - 75 = 45 homens. 3D = 721 - 28
Resposta: Letra B. D = 693/3
D = 231
Substituímos o valor de D nas outras:
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas A = D + 36
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número A= 231+36= 267
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com W = A - 44
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- W= 267-44
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma W= 223
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00.
a) 30. Resposta: Letra D.
b) 29.
c) 28.
d) 27.
e) 26. FUNÇÕES E GRÁFICOS DE FUNÇÕES

A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o CONCEITO DE RELAÇÃO


número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
O conceito de função é um dos mais importantes
120 4x total de 9x em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
=
121 5x tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
depende da quantidade de energia consumida? Ou será
a razão em questão passará a ser de 5/8.
que a temperatura influencia o aumento de vendas de

32
sorvete? E assim, o seu estudo se torna apropriado para Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que
que sua aplicação ajude na resolução de problemas. expressa todos os elementos da relação, assim, para
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo de representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
associação entre eles, que faça corresponder a todo lei de formação, tem-se:
elemento do primeiro conjunto um único elemento do
segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um está 𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
em função do outro. Podemos representar uma função
𝑓: A → B
de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo segue
uma tabela que relaciona dois conjuntos, distância per- x ↦ 𝑓(x)
corrida e valor pago em uma corrida de táxi:
Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-
DISTÂNCIA PERCORRIDA ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:
10 15 20 25
(KM)
𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55
𝑓: A → B

Para toda distância percorrida nesta tabela, existe x ↦ 2x


um único correspondente de valor pago por corrida.
Um matemático diria que o valor pago na corrida de CONCEITO DE FUNÇÃO, DOMÍNIO,
taxi está em função da distância percorrida. Se cha- CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO
marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se
escrever então a fórmula que represente essa função: O domínio (D) de uma função é sempre o próprio
VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os
variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia- possíveis elementos do conjunto A (D=A) e nos gráficos
ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O
função permite escrever a sua correspondente Tabe- contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for-
la, bastando substituir os valores D e obter seus res- mado por todos os elementos do conjunto B e são for-
pectivos VP. Podemos dizer ainda, que o valor fixo na mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y)
fórmula (cinco) seria o valor da bandeira. podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos
Definição: uma relação 𝑓 de um conjunto A em os elementos do contra domínio que se relacionam
um conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é com algum elemento do domínio. Assim, quando todo
denotado por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte pro- elemento x ϵ A está associado a um elemento y ϵ B,
priedade: ⩝x ϵ A, existe um único y ϵ B tal que (x, dizemos que y é a imagem de x, e denotamos por y =
y) ϵ 𝑓. 𝑓(x).
Na figura abaixo, observa-se que as relações 𝑓 e g Seja uma função 𝑓: ℕ → ℕ, ou seja, com domínio
não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A e contra domínio nos naturais, definida por y = 𝑓(x)
tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se = x + 2. Seu conjunto imagem é formado por meio da
tem todo elemento de A com um único respectivo em substituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, perten-
B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para cente aos ℕ, em y = 𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1) = 1
todo elemento de A existe um único respectivo em B, + 2 = 3, e assim sucessivamente, de modo geral, a Im(
𝑓) = x + 2.
A f B
Importante!
Se tivermos um elemento do conjunto de parti-
da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.

A g B O domínio é um subconjunto dos ℝ no qual todas


as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para
a função abaixo qual seria seu domínio?

√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x
MATEMÁTICA

Assim, o domínio são todos valores possíveis para


A
H B x tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restri-
ções na função, a primeira que não existe raiz quadra-
da negativa e que o denominador não seja nulo. Para
isso faremos:

33
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a z Diagrama para funções bijetoras
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.
1 -1
4 2
B⇒CD(f) 7 5
9 7
A⇒D(f) 11 9

B
A
a d
g As funções Sobrejetoras são funções nas quais
b e o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí-
h nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que
c aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou
f
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos
que ela é uma função Bijetora (Figura 5c).

Im(f) FUNÇÕES PARES E ÍMPARES

Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) =


Diagrama A e B, em relação ao domínio (D), contra domínio (CD) e
𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x
imagem (Im).
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a
função for definida por 𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a
FUNÇÕES, INJETORAS, SOBREJETORA, BIJETORA
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun-
ções par e ímpar seguem na Figura 6.
As funções Injetoras são funções tais que os dis-
tintos elementos do domínio se relacionam com dis-
z Diagramas para funções pares
tintos elementos da imagem, ou seja, dois elementos
do domínio não podem ter a mesma imagem (Figura
5a). Uma função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora,
visto que para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓 -2
(x2). -1 1
0 2
z Diagrama para funções injetoras
1 5
2
2 0
3 B
2
5 4 A
6
A 8 z Funções Pares e Ímpares
10
B
-2 -10
z Diagrama para funções sobrejetora -1 -5
0 0
1 5
-2 12 2 10
-1 3
1 27 A B
3
B Diagramas para funções par (a) e ímpar (b).

A
Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ,
com potências pares são funções pares e com potên-
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x)
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))
34
FUNÇÕES PERIÓDICAS E FUNÇÕES COMPOSTAS

Funções periódicas a grosso modo são funções


especiais de fácil identificação visual ou gráfica, onde
se observa uma característica de repetição do decor-
rer da curva em intervalos subsequentes.
Uma função 𝑓 : ℝ → ℝ é dita periódica de tempo T, Função constante 𝑓(x) = c.
se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
T) para todo x ϵ ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período Assim, temos exemplos de funções constantes
T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde como mostra a figura a seguir.
n ϵ ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
domínio e contra domínio definido, ou seja, 𝑓: A → B
e g: B → C, então para todo x ϵ A temos um único y ϵ
B tal que y = 𝑓(x) e para todo y ϵ B tem-se um único z
ϵ C tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C,
definida por h(x) = z. Pode-se ainda indicá-la como 𝑓οg y=4
ou h(x) = 𝑓[g(x)]. y=–2
Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A Exemplos de funções constante.
composta de 𝑓οg é dada por 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
= 9x2 +2. Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] = função crescente em um intervalo, se para dois valo-
3(x2 + 2) = 3x2 + 2. res quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se
Podemos ainda, conhecendo a composta gο𝑓, vol- x1 < x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valo-
tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) = res de x os valores de y também aumentam (Figura
2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)? 9a).
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam- Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo: nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
todo {x1, x2} ∊ ℝ.
Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita
x+3
𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) = função decrescente em um intervalo, se para dois
2 valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva-
lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
ZEROS OU RAIZ DE UMA FUNÇÃO os valores de x os valores de y diminuem (Figura 9b).
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe- cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 >
cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor de –3x2 para todo {x1, x2} ∊ ℝ.
x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x) = 0.
Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1,
basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo:

1
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x =
2
a) b)
É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car-
tesiano será:
Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).

1 FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA


(x, y) = ,0
2
Funções definidas por mais de uma sentença
são funções em que cada subdomínio tem uma função
FUNÇÃO CONSTANTE, FUNÇÃO CRESCENTE, associada a ela e a união desses subdomínios forma
FUNÇÃO DECRESCENTE o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse-
guimos construir o gráfico das funções 𝑓(x) em cada
Uma relação 𝑓: ℝ → ℝ recebe a denominação de subdomínio, Figura 10, dois exemplos de funções com
MATEMÁTICA

função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ mais de uma sentença e diferentes subdomínios.
associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,

{
y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta
paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo –x + 1, se x < –2
ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}. a) 𝑓(x) = x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1
–x + 1, se x > 1
(Figura 10a);
35
b) 𝑓(x) = { –x2 + 1, se x < 1
(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
(Figura 10b).

(Figura 10a)

(Figura 10b)

FUNÇÃO INVERSA

Uma função 𝑓: A → B, bijetora de A em B, ou seja,


distintos elementos do domínio (A) se relacionam com
distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as
relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que duas funções mais a bissetriz em pontilhado.
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1.
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1,
3, 5, 7}, definida por 𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3,
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função
FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM
bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E
A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3,
CARACTERÍSTICAS
2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da
função inversa de 𝑓 é definida por:
A Função Linear é uma aplicação de ℝ → ℝ quan-
do cada elemento x ∊ ℝ associa o elemento ax ∊ ℝ com

{
y+1 a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax · a ≠ 0.
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x = O gráfico da função linear é uma reta que passa
2 pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano
cartesiano (Figura 12).
Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A · B | y = 2x – 1}, então:

𝑓–1 = { (y, x) ∊ B · A | x =
y+1
2

O domínio da f é A que é a imagem de f –1, já o


domínio de f–1 é B que é a imagem da f.
Na Figura 11, vemos os gráficos das funções 𝑓 e 𝑓 -1
acima, percebemos pela Figura 11c que eles são simé-
tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
do plano cartesiano. Para construir o gráfico basta
plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no
plano cartesiano e traçar uma reta.
36 Figura 12. Gráfico da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).
A aplicação de ℝ → ℝ, quando cada x ∊ ℝ estiver
associado ao elemento (ax + b) ∊ ℝ com a ≠ 0, a e b
constante real, recebe o nome de Função Afim, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe-
ficiente angular e b como coeficiente linear.
O gráfico para a função afim, 𝑓(x) = ax + b, também
é uma reta, onde o coeficiente angular indica a incli-
nação da reta e o coeficiente linear indica o local em
que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a
função afim, 𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a Assim colocando esses resultados sobre o eixo x, e
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar adicionado os sinais vemos em quais intervalos estão
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1 os sinais positivos e negativos da função.
→ y = 3, ou seja, o ponto (x, y) = (1, 3), seu gráfico segue 2º caso: a < 0 (decrescente):
na Figura 13.

Importante!  𝑓(x) = ax + b > 0 → x < – b b;


 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a a
Uma função afim, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 ,

transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim, b b
dizemos que uma função linear é um caso parti-
 f𝑓(x)
( x=
)= axax+ +b <b 0<→0 x→> –x < − ; ;
cular da função afim.
 a a

Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:

Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3). 1
2x + 1 = 0 → x = –
Uma Função Afim é crescente sempre que o coe- 2
ficiente angular for positivo e decrescente quando o
mesmo for negativo. Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),
então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
VARIAÇÕES DE SINAL

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida  x > – 1 → 𝑓(x) > 0 b


por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos  f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
2 a
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 . 
Inicialmente, identificamos onde a função é igual  fx <( x– = 1 b
) ax + b< <0 0 → x < − ;
→ 𝑓(x)
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).  2 a
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função afim temos
a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a

Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da


função afim, um quando o coeficiente angular é posi-
tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0):
1º caso: a > 0 (crescente):
MATEMÁTICA

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE


 b b
 f ( x==
𝑓(x) ) axax →0x →
+ b+>b0 > > – x > −; ; Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ-
 a a to delas são dadas por:

 f ( x= b b 𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
𝑓(x) =) axax →0x →
+ b+<b0 < < – x < −; ; 𝑓(x) · g(x) ≤ 0
 a a

37
De acordo com a regra de sinais do produto de Veja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-
números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × – tes delas são dadas por:
= –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
inequações pode ser encontrada da seguinte forma, 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x)
seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto > 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou g(x) g(x) g(x) g(x)
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- De acordo com a regra de sinais do quociente de
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+
chegando na solução geral S1 ⌒ S2. ÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu- não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0, para uma dessas inequações pode ser encontrado da
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . seguinte forma, seja a inequação quociente:
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) ·
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S =
𝑓(x)
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras ≥0
inequações produto. g(x)
Tomemos como exemplo a inequação produto (x +
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
Para o produto ser positivo temos duas situações:
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:
𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
 x+2>0→x>–2 b ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
 1
 3x b ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
f ( –x=
)1 > 0ax→+xb> < 0 → x < − ; chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
 3 a Por fim, a solução para a inequação quociente:

𝑓(x)
≥0
g(x)

É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1


⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
Logo, a solução para esse primeiro caso é: inequações quocientes.
Tomemos como exemplo a inequação quociente:

{
S1 ⌒ S2= x∊R|x>
1
{ (x + 2)
3 ≥1
(3x – 1)

 x+2<0→x<–2 b Ou seja,
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a
 (x + 2)
 f3x(–x1=
1 b (x + 2) (–2x + 3
)< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ; ≥1→ –1≥0→ ≥0

 3 a (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1

Assim temos:

𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)

Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 = Seguindo os dois passos acima temos:
{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:
 – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a
{
2

S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊ R | x < –2 ou x >


1
{ 
1 b
 f3x( –x1=
) > 0 ax > b<0→ x<−
→ x+ ;
3 
 3 a

38
Logo, a solução para esse primeiro caso é: função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto (x1, y)
= (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto:

{
S1 ⌒ S2= x∊R|
1
<x≤
3
{ 3 1
3 2 (xv, yv) = ,–
2 4

 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3 b Logo seu gráfico segue na Figura 14.


 f ( x=) ax + b > 0 →2x > − a ;

 f (3x 1 b
x=)– 1ax
< 0+→bx<< 0 → x < − ;
 3 a

Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒


S4} = {∅}. Assim, o conjunto solução para inequação
quociente:

(x + 2)
≥1
(3x – 1)
Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com
É: ^3 1
h
vértice: (x v, y v = 2 , – 4 e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a

{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x∊R|
1
<x≤
3
{ 𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.

3 2 Pela forma canônica tem-se que a função 𝑓(x) = ax2


+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:

[ ]
Quando se está trabalhando algebricamente com 2
uma inequação e no momento que se tem a necessida- b ∆
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x, 𝑓(x) = a x+ –
2a 4a2
(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver-
ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 .
Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
função canônica a zero chegamos nos valores das
raízes:
FUNÇÃO QUADRÁTICA
– b ± √∆
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E x=
CARACTERÍSTICAS 2a

A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli- Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ R. Um exemplo de função ∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 + bx + – (–3) – √1 3–1
c, é uma parábola, assim para sua construção é neces- x1 = = =2
sário mais que dois pontos, diferente do visto ante- 2·1 2
rior na construção da reta. Inicialmente encontra-se
os zeros ou raízes da função, o vértice e o ponto de – (–3) + √1 3+1
MATEMÁTICA

encontro com o eixo y. São três coeficientes na função x2 = = =2


quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a conca- 2·1 2
vidade da parábola está voltada para cima (a > 0) ou
para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a pará- Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1,
bola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja, quan- y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
do x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x
+ 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola corta o
eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar a pará-
bola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raízes da 39
Importante! Para ∆ > 0 temos:
Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um  b
número negativo é um número complexo. Quan-  f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℝb|>x 0
< x→ oux x>>−x2} ;
 1
a
do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes a>0→ 
são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá- 𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℝb|<x10<→x <xx< }− ;
tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0) 

2
a
teremos então a situação de duas raízes reais.
 b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℝb|>x10<→ } − ;
x < xx2>
 a
VARIAÇÕES DE SINAL a<0→ 
𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x x <0x→
ax∊+ℝb| < oux x<>−x2} ;
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida 

1
a
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com.
No gráfico da função quadrática com ∆ > 0, exis-
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
(abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0.
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática
vimos que as raízes são:

– b ± √∆
x=
2a

Com ∆ = b2 – 4ac. Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x)


Agora, teremos os casos para estudo do sinal da = x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor
função quadrática, quando o coeficiente a é positivo do delta, ∆ = 1 > 0, e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim,
(a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando concluímos para o estudo de sinal:
∆ > 0; ∆ < 0 e ∆ = 0
Para ∆ < 0 temos:
 b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0< →
1 oux x>>−2} ;
a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ ℝ  a
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℝ a>0→ 
𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<10< →
x <x2}< − ;
No gráfico da função quadrática com ∆ < 0, como 
 a
não existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo
x (abscissa). MÁXIMOS E MÍNIMOS

Dizemos que o número yM ∊ Im(𝑓) é o valor máxi-


mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, yM ≥
y ou yM ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D𝑓 tal que
yM = 𝑓(xM) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
função. Esse ponto também é conhecido como vértice
Para ∆ = 0 temos: da função quadrática ou da parábola. Denotamos o
vértice como:
a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊ ℝ
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℝ
 ∆
−–b b −∆
− b–∆
− 
(= yM ,)y
xM , (x )V==( )
v ,v,yyvv) = V
Vx(x V  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My
No gráfico da função quadrática com ∆ = 0, as raí-
M M
 a22a
4a a44a2a 
zes são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o
eixo x (abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a
Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice
𝑓(x) = 0.
é dado por:

−b b−∆
 ∆−–b − 
–∆
(=
xM , yM ) (V(x
V= xv ,v ,yyv v)) = VV  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx
 a22a
4a a44a
2a 
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2)
−–b( –3)
( xv , yv ) =VV  , ,   ,  V =
2

(=
xM , yM ) V= ) vy , vx ( V =
) My ,
 2a2 · 14a  4 a· 14 a2 

−3− b−
b −∆1
(=
xM , yM ) ( xv , yv ) =VV  , ,– 4  V =
V= ) vy , vx ( V =
) My , Mx (
 a224a a42a 

40
Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola  b
 𝑓(x) > 0, {x ∊ ℝ | x < –2 ou x > 3} a
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
está voltada para cima e o vértice será ponto de míni- 

mo da função.  f ( x=
) ax + b < 0 → x < −
b
;
 𝑓(x) < 0, {x ∊ ℝ | –2 < x <3}
 a
O vértice de uma função quadrática será ponto de
máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
da função quando a > 0. Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0:

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE g(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ.

Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x)
+ c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0. · g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) <
Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi- 0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
a solução será S = {x ∊ ℝ |–2 < x < 3}.
resultado para resolver essa inequação é encontrado
no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo No caso de inequação quociente faz-se o estudo
dos valores de a e de delta temos algumas combina- de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi-
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0: ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + =
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S)
para uma dessas inequações pode ser encontrada da
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa-
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 +
2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x)
= – x2 + 2x:
 b
f ( x )
= ax + b > 0
 ∆ = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 → x > − ;
2
a
 ∆ = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
∆ = b2 – 4ac →

 f ( x=
2
b
) –(1) ax b 0 x ;
g

+ < → < −
 fx( x==) ax +–b√9> 0 → x>− ;
= –1
b a
  1
2·2 a
𝑓(x) = 0 
1 b
) –(1)
 f ( x= ax ++b√9< 0 →
= x<− ;
 x2 =
 2·2 2 a
No caso de inequação produto faz-se o estudo de
sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se  x = –(2) – √4 = 2 b
 f (1 x=
) ax + b > 0 → x > − ;
como solução de acordo com a regra de sinais do pro-  2 · (–1) a
duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = g(x) = 0 
b
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma  f ( x=
x =) –(2)
ax ++b√4< 0 →
= 0 x<− ;
dessas inequações pode ser encontrada da seguinte 
 2 2 · (–1) a
forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e
g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0:
Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro b   b
b 1 
; ( x=
− > xf → )0 >ax
b+ ba> 0
+x =)x
→ ( fx > − ;
encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e  𝑓(x) a 
  a

 f ( x; =
)b> 0,
−ax

<x b
+xf → )00<→
∊ ℝ=
( x>
| xax
b+ x xb
< –1 ou
> ; ( fx
−x0=>)→
a< x < − b ;
g(x) = –x2 + 2x – 1:  a 

+
a 2   a
 b
 f; (ax−=  b  b
) > ax + b < 0 → x < − 1 ; 
x
→ f (0x>
) b ax
= + x+ab = ) x0
> (→f x > − ;
 b a
 f ( x=
) ax +b > 0 → x > −
 ∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2
a
; 
 𝑓(x)
;
b < 0,  x ∊ ℝ | –1 < x <
− < x →

f (0x<
) b ax
= + x+ab = a
) x0( →
< f

 x < −
b
;
∆ = b2 – 4ac → 
b
a 
 2 
 a
 f ( x=
) 2 ax + b < 0 → x < − ;
 ∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a

Para g(x) = – x2 + 2x, com ∆ > 0 e a < 0:


 –(–1) – √25 b
 fx( x==) ax2+· 1b > 0 →
1
x>− ;
= –2
a  b
𝑓(x) = 0  
 g(x) > 0,ax
f ( x=
) {x +
∊ℝb |
>00<→
x <x2}> a
; −
MATEMÁTICA

b

 fx( x==) –(–1) + √25  f ( x= b


) ax + b < 0 → x < − ;
ax + b < 0 →= 3x < − ; 
 g(x) < 0, {x ∊ ℝ | x < 0 ou x > 2}
a

 2
2·1 a
 b Assim, para a inequação quociente ser negativa, 𝑓(x)/
f ( x=
) ax +–(2)
b >±0 √0→ x > − ;

 a g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situações,
g(x) = 0  x =x = = 1 b
 f (1x=
) 2 ax + b < 0 → x < −
2 · (–1) ; a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solução será:

 a

Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com ∆ > 0 e a > 0:


41
b   b
; − > ( x0
x f→ ) > ax
= b ++xba >= 0 (1f
) x→ x
 > − ;
a   a
b 1  x ∊ ℝ | x < – 1 ou x >
S =   ⌒ {x ∊ ℝ | x < 0 ou x >2}
b
; ( x0
− < x f→ ) < ax
= b ++xba <=0 (2f
) x→ < −
x ;
a 
 
 a

= {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2

A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução


será:

b   b
; − > x →
 f0( x>
) b+
= axxa
+ b=
> (1f
) x0 →  x > − ;
a   a
b S2
=  x∊ℝ|–1<x<

⌒{x∊ℝ|
 b 0 < x < 2}
; − < x → f 0
( x<
) b+
axxa ) x0
+ b= ( → ;
a 

= <
2f 

x < −
a
Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|.
b   b
; − > x →0 ( xb
f > )+x
= axa +=
b (1f
) x> 0→ x > − ;
a   a
b =  x∊ℝ|0<x< 
b
Para funções modulares com potência quadrática
0 
;
a
− < x →


( xb
f < )+x
= ax ) x<
a +=
b ( 0
2f 
→ x < −
 a
; como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
lar em funções definidas por duas sentenças:
Logo, a solução das inequações quociente
 b
(2x2 + x – 1) < 0 é: f 2( x=
 x + 4x
 ) ax + b > 0 → x > −
a
;
(–x2 + 2x) 𝑓(x) = 
b
 f ( x2 =
) ax + b < 0 → x < − ;
 b b   –(x + 4x)
 a
 ) ; ax
f ( x= >b
− + x>→ 00→ >x +1x
b> −a ;= )x ( f 
 a a 
S1 ◡ S2 =  x ∊ ℝ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x >2 
 f ( x=

) ; ax
−+<bx<→ 00→ <x b<
2 −aa ;=) x ( f
+x 

A essas duas funções encontramos as suas raízes:
 a 

∆ = b2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16

FUNÇÃO MODULAR  –(4) – √16 b


 fx( x==) ax2 ·+1b > 0=→
1
–4 x > − ;
a
DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA 
FUNÇÃO MODULAR
 fx( x==) –(4) + √16 b
ax + b < 0 =→0 x < − ;

2

Uma função 𝑓: ℝ → ℝ definida pela associação de


2·1 a
cada x ∊ ℝ a 𝑓(x) = |x| ∊ ℝ é denominada Função
Modular. As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença
Considerando a definição de módulo de um núme- o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para
ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja,
≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi-
modular também da seguinte forma: tiva para a função nas duas sentenças segue o interva-
lo de x abaixo:
 b
 x, se x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a  2 b
𝑓(x) = 
 f ( x= b  x + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
a
;
) ax + b < 0 → x < − ;
 – x, se x < 0
 a 𝑓(x) = 
b
 f (2x=
) ax + b < 0 → x < − ;
 –x – 4x, –4 < x < 0
 a

O gráfico para a função modular 𝑓(x) = |x| é defi-


nido pela junção dos dois gráficos da função de duas Dessa forma construímos o gráfico para x2 + 4x no
sentenças (x e –x) e resultará em duas semi-retas de intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no
origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas intervalo entre –4 e 0 (Figura 16).
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran- As raízes das sentenças definidas pela função
tes do plano (Figura 15). modular podem também ser chamadas de ponto (s)
O domínio da função modular é o conjunto dos de inflexão da curva (funções quadráticas) ou da reta
reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊ (funções lineares ou Afim). Inflexão é um ponto sobre
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somen- uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse
te valores positivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo, caso indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓)
Im(𝑓) = ℝ+. Note que no gráfico da função as retas = ℝ+.
ficam acima do eixo x, onde todos valores para y são
positivos (Figura 15).

42
propriedade podemos resolver inequações modula-
res como |3x – 2| < 4 e sua solução é:

2
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3
b   b
; − > x→f (0
x=)> bax x
+ab >
+2 )0
= x (→f x > − ;
a   a
b S =  x ∊ ℝ | – < x < 2 
b
; − < x→f (x
0=)< bax+3
x
+ab <)0
= x (→f x < − ;
a 
 
 a

Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é:

|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8

Figura 16. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|. Ou

EQUAÇÕES MODULARES
8
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0
Lembrando da definição de módulo de um núme- 5
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k b   b
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu- ; −
 > ) 0
f (xx→
= ax bb
>+ +
8> 0→
xa ) xx( >
= f− ;
a   a
lar |x + 2| = 3 é: S=b
 x∊ℝ|x≤– ou x ≥ 0  b
< f
;
a



f (xx=
) 0
→ ax bb
<+ 5<
+ 0→
xa ) xx( <
= −

 a
;

 b
 x+2=3→x=1
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:
|x + 2| = 3 ⇔ 
 f ( x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
 x + 2 = –3 → x = –5
 a
|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x
S = {–5, 1}  b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 1, se x ≥ – 1
 a
Caso tenhamos duas funções modulares, como a |x + 1| = 
b
 f ( x=
 –x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin-  a
te forma:
Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:
 3 b
 f
3x( x+=)2 = ax
x –+1 b
→ >x 0
= →
– x > − ; S1 = {x ∊ ℝ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℝ | x ≥ 2} = {x ∊ ℝ | x ≥ 2}
2 a
|3x + 2| = |x – 1| ⇔  Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com
 f3x( x+=)2 =ax 1 b solução:
–x + < x0=→– x < − ;
+ 1b →
 4 a S2 = {x ∊ ℝ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℝ| x ≥ 8} = {∅}
b   b
; − > x → 0 > b+fx(a ) =
3x= )x (1f+b > 0 → x > −
ax ;
a   a
S= – ,–  Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:
b b
; − < x → 0 < b+fx(a ) =
2x= )x (4f+b < 0 → x < −
ax ;
a 
 
 a
S1 ◡ S2 = {x ∊ ℝ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℝ| x ≥ 2}
E na situação de uma função modular, como a
equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3. A solução da equação
é dada por: 2 FUNÇÃO EXPONENCIAL

 3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 b GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E


 f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ; CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO EXPONENCIAL
 a
|3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1
 f3x( x+=
)2 =ax = x<−b;
–2x++b3<→0x→ Seja a um número real, tal que seja maior que zero

 5 a e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℝ*+ –{1}), a função 𝑓:
ℝ → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ o número 𝑓(x) = ax,
Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2, é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
MATEMÁTICA

então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}. ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
exponenciais.
INEQUAÇÕES MODULARES Da definição de função exponencial, a partir de
algumas características, pode-se notar:
Uma das propriedades de módulo para números
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
⇔ –k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
𝑓(x1) < 𝑓(x2);
43
z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 < EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS
x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n Equações Exponenciais
> 0;
z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente Equações exponenciais são aquelas equações onde
se, r > 0; a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, = 2.
s > r; A forma de solucionar a equação exponencial é
z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente deixando todas as potências com a mesma base, como
se, α > 0; a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
> 0; ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℝ*+ –{1})
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
se, x1 > x2; ção o valor de x igual a:
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente
se, b < 0; 2x = 128 → 2x = 27→ x = 7
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen- S = {7}
te se, x1 < x2.
2+3x–2
Agora para a equação exponencial 52x = 1
O domínio da função exponencial é o conjunto temos x igual a:
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente 2 2
52x +3x–2 = 1 → 52x +3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
valores positivos não nulos (reais não negativos e não ∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25
nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note que no gráfico da
função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x,  –b – √∆ –3 – √25b
pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℝ. Além disso, temos que o ponto  f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –2
2 · 2a
1
2a
de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y) = 
(0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas –b + √∆
 fx( x==) ax –3 +√25b 1
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente +b < 0 →= x<− ; =
(0 < a < 1), segue como na Figura 17. 2
2a 2 · 2a 2
b   b
; − > x → 0 > b + x )xx=
a f (= )(1f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 2, 
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < − b;
ax
a 
 
 a

Inequações Exponenciais

Inequações exponenciais são aquelas inequações


onde a incógnita x está no expoente, como: 2x > 32 e
2x – 4x < 2.
A forma de solucionar a inequação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescen-
te com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a
desigualdade se mantém para as potências quando a
função é crescente e inverte quando é decrescente, ou
seja:

a > 1 → ax > ay ⇔ x > y


0 < a < 1 → ax > ay ⇔ x < y

Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente),


temos a solução igual a:

2x < 32 → 2x < 25 → x < 5


S = {x ∊ ℜ | x < 5}

E na inequação exponencial (decrescente):

x x
11x
521 ≥ 1  ≥≥ 125
125
555
Figura 17. Gráfico da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e
(b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ).

44
Temos duas formas:
1
z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
x x x x loga b ;
 1   1 
x x
1 1 n
≥→   ≥≥5 125
1125
521 ≥   5≥2≥125 → (5 ) 3 –1 x
≥ 53 → 5–x ≥ 53
 55   55  z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:

5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} logc b
loga b = , mudança de base com quociente;
x xx x xx x x x x logc a
 111   111   111   111  x –3

521 ≥     ≥≥125
521→≥     ≥≥125
125 5523 →
1 ≥    5 ≥2≥1125
≥     ≥ 125
 555   555   555   555  z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a
c,
mudança de base com produto;
x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} 1
z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
loga a

FUNÇÃO LOGARÍTMICA 1
z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b .
β
DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES
OPERATÓRIAS
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E
Antes de definir a Função Logarítmica, temos que CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA
ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga-
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações Seja a um número real, tal que seja maior que zero
exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+
não são possíveis deixar os dois membros com a mes- → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é
ma base, assim define-se o conceito de logaritmo, seja conhecida como Função Logarítmica. Assim funções
dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções
x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se logarítmicas.
deve dar à base a de modo que a potência obtida seja Da definição de função logarítmica algumas carac-
igual a b, ou seja: terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar:

loga b = x ⇔ ax = b z 𝑓: ℝ*+ → ℝ e g: ℝ → ℝ*+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) =


ax , relação inversa;
Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1;
e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2 z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1;
8 = 3 pois 23 = 8. z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0;
Logo, dessa definição decorrem algumas proprie- z a > 1; x > 1 → loga x > 0;
dades, seja (a ∊ ℜ*+ –{1}) e b > 0: z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0;
z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0.
z loga 1 = 0;
O domínio da função logarítmica é o conjunto
z loga a = 1; dos reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊
ℝ*+, existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: ℝ*+
z aloga b = b; → ℝ, 𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: ℝ → ℝ*+, g(x) =
ax, assim 𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função
assume qualquer valor real. Logo, Im (𝑓) = ℜ. Note que
z loga b = loga c ⇔ b = c;
no gráfico da função 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a
direita do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o
z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode
ponto de encontro da curva com o eixo x, é no ponto
ser generalizada para:
(x, y) = (1, 0), x = 1 → 𝑓(1) = loga 1 = 0. Assim, o gráfi-
x x
co para duas funções logarítmicas, crescente (a > 1) e
 1  1  n decrescente (0 < a < 1), segue como na Figura 18.
52a1≥Πnb ≥125
log = Σ loga bi, n ≥ 2;
5 5i
 i =1  i=1

x x
 1b1 
MATEMÁTICA

z b > 0 e c > 0 5 →2log


1 ≥a     ≥ 125a b – loga c, então loga
= log
x x  5c5 
 111 
521 ≥     ≥ = –125
loga c;
 5c5 

z α ∊ ℝ → loga bα = α · (loga b);

45
log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4 =
16 → 2x2 + 5x – 12 = 0

∆ = b2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121

 – b – √∆ b
– 5 – √121
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –4
2 ·a
1
2a 2

– b + √∆
 fx( x==) ax b
– 5 +√121 3
+b < 0 → = x<− ; =
 2
2a 2 ·a2 2

b  b
; − > x → 0 > b + x
a f (=
)xx=
)(3f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 4, 
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < − b;
ax
a 
 
 a

Inequações Logarítmicas

Inequações logarítmicas são aquelas inequações


do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓(x) > α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a inequação logarítmica é
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican-
do as desigualdades em casos de bases maiores que
um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x)
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman-
do em equação exponencial, loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα.
Esquematizando temos:

 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > g(x) se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a
Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2
x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x).
Ou
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
 b
f ( x=
) kax + b > 0 → x > − ;
Equações Logarítmicas  𝑓(x) > a se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > k ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) ax k+ b < 0 → x < − ;
 a
Equações logarítmicas são aquelas equações do
 b
tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com  0 < 𝑓(x) < a se a > 1
 f ( x=
) ax k+ b > 0 → x > −
a
;
(a ∊ ℜ*+ –{1}). loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b
) kax + b < 0 → x < − ;
A forma de solucionar a equação logarítmica é  𝑓(x) > a se 0 < a < 1
 a
deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan-
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23,
inversa e transformando em equação exponencial, para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x:
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que 2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25
x > –2/3 e x > –5/2:

 – (–5) – √25 b

f ( x=
)
 3x + 2

2→ x > −
ax + b > 0
<0→x>–3
b
a
;  fx( x==) ax2+· b2 > 0 →= x 0> − a ;
1



 f ( x= b
b
) ax + b < 0 → x < − ;
5
 fx( x==) –(–5) + √25 5

 a
2x + 5 > 0 → x > – 2
ax + b < 0 →= x < − ;
1
2·2 2 a
log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3
S = {3} Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0,
então a solução para 𝑓(x) > 0 é:
Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)
= 2 temos x igual a: b   b
; − >xf → )0 >ax
( x= b++xba> 0)→
= x (5fx> − ;
a   a
2x2 + 5x + 4 > 0 S
b1 =  x ∊ ℝ | x < 0 ou x > 
b
; − <xf →
( x=
)0 <ax
b++xba< 0)→
= x (2fx< − ;
∆ = b – 4ac = 25 – 32 = –7
2 a 
 
 a
logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ
46
Agora o estudo da inequação logarítmica começa z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1
na relação entre os logaritmos de mesma base, como é a mantissa;
a base é 2 então a função é crescente: z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
z A mantissa (m) é um valor tabelado;
a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2 – z A mantissa do decimal de x não se altera quando
5x – 3 ≤ 0 multiplica-se x por potência de 10 com expoente
inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49 quando temos log10p x, p ∊ ℤ.

Valores da característica (c) são dados da seguinte


 – (–5) – √49 1b
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x –> − ; forma:
2a
1
2·2
  log 2,3 → c = 0 b
 fx( x==) – ax
(–5) + √49 b f ( x =) ax + b > 0 → x > − ;
+ b < 0 →= x 3< − ;  log 31,421 → c = 1 a
1
2·2 a x>1 
 flog( x204 →c=2 b
Como para a g(x) = 2x2 – 5x – 3 temos a > 0 e ∆ > 0, =) ax + b < 0 → x < − ;
então a solução para g(x) ≤ 0 é:  log 6542,3 → c = 3 a
 log 0,2 → c = –1 b
 flog( x0,035
=) ax + b > 0 → x > − ;
b   b
; − > x f (x
→ 0=)> b
ax 1ab >=)0x (→
++
x x > −
f ;
a
b S2 =


 x∊ℝ|– ≤x≤3


a → c = –2 a
; − < →
x 0=
f (x )< b
ax 2ab <=)0x (→
x
++ f
x< −
b
; 0<x<1 
a 
 
 a
 flog( x0,00405 → c = –3 b
=) ax + b < 0 → x < − ;
Assim, a solução da inequação logarítmica log2  log 0,00053 → c = –4 a
(2x2 – 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções
acima: Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte
inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o

f ( x;=
b
>0>
b  oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o


) −
a
ax1+xb→
> →bx 5a− a=);x ( f
x
+> 

S = S1 ⌒ S2 = x ∊ ℝ | – ≤ x < 0 ou <bx ≤ 3  zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga-
b
 f ( x=

)
; ax
− 2+xb→
< <0< →bx+<2a
x − = ); x ( f 

rismo significativo.
 a a 
Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos: m = 1 + 0,3692 = 1,3692.
a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1
Mantissas
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então:
10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755
5
12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > –
3 13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732

Como a solução x > 1 é também maior que: 15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
5 18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
x>–
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989
3
20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201

Logo temos o intervalo de solução para x sendo: 21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598

S = {x ∊ ℜ | x > 1} 23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962

LOGARITMOS DECIMAIS 25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou 27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10 28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
MATEMÁTICA

𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a nota- 29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
escrever o valor 10 na base. Todas as características
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
e propriedades de logaritmos também valem para os
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
logaritmos decimais.
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
Segue algumas propriedades:
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428

z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x 35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
< c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ; 47
Mantissas
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 TRIGONOMETRIA
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO -
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786
RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010
Consideremos um triângulo retângulo ABC, reto
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117 em A. Os outros dois ângulos B e C são agudos e com-
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222 plementares, isto é, B + C = 90º.
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325 Para ângulos agudos, temos por definição:
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522 C
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
b
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981 a
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316 A c B
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
Figura 1. Triângulo Retângulo ABC
Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549
(IEZZI; MURAKAMI, 1977). B
cateto oposto a B
sen B = =
A seguir, analise os exercícios abaixo para praticar hipotenusa A
seus conhecimentos.

1. (FCC — 2016) O valor da expressão log2 16 + log4 8 + cateto oposto a C C


log8 4 é igual a: sen C = =
hipotenusa A
a) 5.
b) 23/2. cateto adjacente a B C
c) 37/6. cos B = =
d) 5/4. hipotenusa A
e) 41/8.

Resolvendo deixando todos log na mesma base: cateto adjacente a C B


cos C = =
log2 16 + log4 8 + log8 4 = log2 24 + log 22 23 + log23 22 hipotenusa A

3 2
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2 cateto oposto a B B
2 3 tg B = =
cateto adjacente a B C
Como log2 2 = 1 então temos:
cateto oposto a C C
3 2 3 2 tg C = =
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2 = 4 + + cateto adjacente a C B
2 3 2 3
Observações:
24 + 9 + 4 37
= = z os senos e cossenos de ângulos agudos são números
6 6
compreendidos entre 0 e 1, pois a medida do cateto
Resposta: Letra C. é sempre menor do que a medida da hipotenusa;
z o seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu
complemento e reciprocamente:

sen x = cos (90º – x) e cosx = sen (90º – x)

z no triângulo retângulo vale o Teorema de Pitágo-


ras: a2 = b2 + c2

Exemplo: no triângulo retângulo abaixo, determine:

48
C ARCOS NOTÁVEIS

Seno, Cosseno e Tangente de 45º

C
3
45°

L L√2

A 4 B

Figura 2. Triângulo Retângulo ABC, com catetos 3 e 4 45°

z a hipotenusa BC A L B
z sen B
Figura 3. Triângulo Retângulo ABC, com catetos L e hipotenusa L√2
z cos B
z tg B
z sen C Em um triângulo retângulo isósceles qualquer, se
z cos C for a medida de cada cateto, então, L √2 será a medida
z tg C da hipotenusa, pois:

Para encontrar a hipotenusa, vamos aplicar o Teo- (BC)2 = l2 + l2


rema de Pitágoras: (BC)2 = l2 . l2

z a2 = b2 + c2 BC = l √2
a2 = 32 + 42
a2 = 9 + 16 Neste contexto:
a2 = 25
a = ± 25 AC l 1
sen B̂ = → sen 45° = → sen 45° = →
a=±5 BC l√2 √2
a=5
√2
Descartamos o valor negativo, pois estamos tratan-
→sen 45° =
do de medida e não existe medida negativa. 2

cateto oposto a B 3
� sen B = = √2
hipotenusa 5 Portanto: sen 45º =
2

cateto adjacente a B 3
AB l 1
� cos B = = cos B̂ = → cos 45° = → cos 45° = →
hipotenusa 5 BC l√2 √2

√2
cateto oposto a B 3
→ cos 45° =
� tg B = = 2
cateto adjacente a B 4

√2
cateto oposto a C 4 Portanto: cos 45º =
� sen C = = 2
hipotenusa 5

AC l
cateto adjacente a c 3 tg B̂ = → tg 45° = → tg 45° = 1
� cos C = = AB l
hipotenusa 5
MATEMÁTICA


Portanto: tg 45º = 1

cateto oposto a C 4
� tg C = =
cateto adjacente a C 3

49
Seno, Cosseno e Tangente de 60º
AM l l 1
C cos  = → cos 60° = 2 → cos 60° = . →
AC l 2 l

1
→ cos 60° =
L L 2

(L√3)/2 1
Portanto: cos 60º =
2

60° 60° l 3 l√3 2


MC . →
tg  = → tg 60° =
2 → tg 60° =
A L/2 M L/2 B
AM l 2 l
2
C
→ tg 60° =√3

30° Portanto: tg 60º = √3

Seno, Cosseno e Tangente de 30º


L
(L√3)/2
No triângulo retângulo AMC do item anterior,
temos:

60°
AM l l 1
.
M L/2 A sen Ĉ = → sen 30° = 2 → sen 30° = →
AC l 2 l
Figura 4. Triângulo Equilátero ABC, com lados L

Em um triângulo equilátero qualquer, se l for a 1


→ sen 30° =
l 3 2
medida de cada um dos lados, então, será a
2
medida da altura, pois:
1
Portanto: sen 30º =
(AC)² = (AM)² + (MC)² 2

l² = b l + (MC)²
2
l
2 MC l 3 l√3 1
→ cos 30° = . →
2 cos Ĉ = → cos 30° = 2
(MC)² = l² - l AC l 2 l
4
2
4 2 - l
(MC)² = l √3
4 4
→ cos 30° =
(MC)² = 3 l 2 2
4
l 3
MC =
2 3
Portanto: cos 30º =
2
Desta maneira, temos:
l
AM 2 l 2
3 → tg 30° =
l√3 1 tg Ĉ = → tg 30° = l →
MC l 3
. → MC
sen  = → sen 60° = 2 → sen 60° =
2 2 l√3
AC l 2 1
1 √3
√3 → tg 30° = → tg 30° =
→ sen 60° = √3 3
2

3
Portanto: tg 30º =
√3 3
Portanto: sen 60º =
2 Observações: note que:
50
sen 30º = cos 60º = , cos 30º = sen 60º = , sen 45º = D
2
cos 45º =
2 x
Podemos construir a seguinte tabela:
C
ARCO 30º 45º 60º

1 2 3
Seno 45°
2 2 2 30°
A 60 B
3 2 1
Cosseno
2 2 2
Figura 6. Triângulo Retângulo BAD

Tangente 3 1 Pelo triângulo ABC, temos:


3
3
CB √3 CB 60· √3
Exemplo: na figura abaixo, uma árvore é vista sob tg 30° = = = = CB → CB = 20 · √3
um ângulo de 30°, a uma distância de 30m de sua base. 60 3 60 3
Considerando , a altura da árvore, em metros, é igual a:
Logo, podemos concluir que a medida de:
a) 35 BD = 20 · 3 +x
b) 17
c) 14 Pelo triângulo ABD, temos:
d) 28

^ 20· 3 + xh
e) 30
BD
tg 45° = =1= → 20 · 3 + x = 60 →
60 60

→ x = 60 - 20 · √3 →x = 20 · (3 - 3)

Portanto, x = 20 · (3 - 3)

TRIGONOMETRIA EM UM TRIÂNGULO QUALQUER


30°
A trigonometria permite determinar elemen-
30m tos (lados ou ângulos) não dados de um triângulo. A
obtenção desses elementos, em um triângulo qual-
quer, fundamenta-se em relações existentes entre os
elementos (lados e ângulos) do triângulo. As relações
Figura 5. Triângulo Retângulo formado com a árvore
mais importantes são conhecidas como Lei dos Senos
e Lei dos Cossenos, que veremos a seguir.
Pelo triângulo retângulo formado na figura, pode-
mos perceber facilmente que a altura da árvore seria LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS
o cateto oposto ao ângulo de 30º formado no solo.
Como a distância no solo é de 30m, temos duas infor- Lei dos Senos
mações importantes, o cateto oposto ao ângulo de 30º
que podemos chamar de h (altura da árvore) e o cate- “Em todo triângulo, as medidas dos lados são pro-
to adjacente ao ângulo de 30º (distância no solo), para porcionais aos senos dos ângulos opostos e a razão de
encontrar a altura usaremos a tangente de 30º: proporcionalidade é a medida do diâmetro da circun-
ferência circunscrita ao triângulo”.
Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-
cateto oposto h √3 ferência de raio R. Verifica-se que:
tg 30° = → tg 30°= → =
cateto adjacente 30 3
a b c
= = =2·R
sen A sen B sen C
H 30. √3
MATEMÁTICA

= →h = 10 √3 = 10.1,7
30 3

Resposta: Letra B.
Exemplo: determinar o valor de x, na figura abaixo:

51
→ x = 100 · 3
2

100 · 3· 2 100 · 6
x= →x → x = 50 · 6 metros
2· 2 2

Exemplo: dois lados de um terreno de forma


triangular medem 15 m e 10 m, formando um ângulo
Figura 23. Triângulo ABC inscrito em uma circunferência de raio R
de 60°, conforme a figura abaixo:

Lei dos Cossenos

“Em todo triângulo, o quadrado da medida de um


lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos
outros lados, menos o dobro do produto dessas medi-
das pelo cosseno do ângulo que eles formam.”
Seja o triângulo ABC, da figura. Verifica-se que:

z a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
z b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
z c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C

A
Figura 26. Triângulo com ângulo de 60º e lados 10 e 15 metros

c Qual é o comprimento do muro necessário para


b cercar o terreno (em metros)?
Como temos apenas um ângulo conhecido, vamos
C utilizar a lei dos cossenos:
B a Chamando de x o lado oposto ao ângulo de 60º,
temos:
Figura 24. Triângulo ABC
x² = 10² + 15² - 2 · 10 · 15 · cos60º
Exemplo: determine o valor de x no triângulo a seguir: 1
x² = 100 + 225 - 2 · 10 · 15 · 2
A x²= 325 - 150
x² = 175

120° x = ± 175
x = ±5 7
100m x=5 7

Observe que acima só nos interessa o valor positi-


vo, visto que estamos de posse de medida geométrica
45° (que tem sempre que ser positiva!).
Como o exercício pede o comprimento necessário
C do muro para cercar o terreno, logo vamos calcular o
x
B perímetro do triângulo, que será dado por:

Figura 25. Triângulo ABC com ângulos CÂB=120° e CB̂A = 45°


2p = 10 + 15 + 5 · 7
2p = 25 + 5 · 7
Como temos dois ângulos conhecidos, vamos utili-
zar a Lei dos Senos: 2p = 5 · (5 + 7 )

Portanto, o comprimento necessário de muro é


x 100 x 100 2
= 100 ·
2 → dado por: 5 · (5 + 7 ) metros.
= = →x·
sen 120° sen 45° 2
3 2 3
2 2

52
UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O é de 3 radianos, ou seja, que o comprimento do
GRAU E O RADIANO arco é o triplo da medida d do raio;
z o arco de uma volta, cuja medida é 360º, tem com-
Arcos na Circunferência primento igual a 2 · π · r e sua medida em radianos
será, portanto, 2 π pois α = ABr =
2·r·r
r 2 π , 6, 28
Seja uma circunferência, na qual são tomados dois
pontos A e B. A circunferência ficará dividida em duas Transformação de Graus em Radianos
partes chamadas Arcos. Os pontos A e B são as extremi-
dades desses arcos. Quando A e B coincidem, um desses As transformações de unidades de Graus em
arcos é chamado arco nulo e o outro, arco de uma volta. Radianos e vice-versa são feitas através de uma regra
de três simples, a partir da seguinte correspondência:

180º = π rad
B
r (Lê-se: 180 graus equivalem a π radianos)
Exemplo: Transforme os seguintes arcos de graus
α para radianos e vice-versa, lembrando que 180º = π
rad:
r
A z 120º
z 135º
z 150º
7r
z 6 rad
5r
z 4 rad
Figura 9. Setor circular em uma circunferência de raio r
z
4r
3 rad
Medida de um Arco em Graus
Para transformar graus em radianos, sem usar a
O arco de uma volta mede 360º e o arco nulo mede regra de três, basta multiplicar o valor em grau por
r
0º. Assim sendo, o arco de 1 grau (representado pelo 180 :
símbolo 1º) é um arco igual a 360 1
do arco de uma vol-
ta. Os submúltiplos do grau são o minuto e o segundo. z 120º
O arco de um minuto (representado pelo símbolo l´)
é um arco igual a 60 1
do arco de um grau. Simbolica- r 2 2r
120º · = 120c · π = ·π=
mente: 1º = 60´ 180 180c 3 3
O arco de um segundo (representado pelo símbolo
l´´) é um arco igual a 60
1
do arco de um minuto. Simbo- z 135º
licamente: 1´= 60´´
r 3r
135º · = 135c · π = 3 · π =
Medida de um Arco em Radianos 180 180c 4 4

A medida de um arco, em radianos, é a razão entre z 150º


o comprimento do arco e o raio da circunferência
sobre a qual este arco está determinado. Assim, temos: r 5r
150º · = 150c · π = 5 · π =
180 180c 6 6

Para transformar radianos em graus, sem usar a


regra de três, basta substituir π por 180º:
B A
7r
z
6

7r
= 7·180c = 7·30c = 210º
6 6
5r
Figura 10. Arco circular AB em uma circunferência de raio r
z
4

AB
α= r , onde AB é o comprimento do arco
5r
= 5·180c = 7·45c = 315º
4 4
MATEMÁTICA

Observações: z
4r
3
z o arco AB mede 1 radiano (1 rad), se o seu compri-
mento for igual ao raio da circunferência; 4r
= 4·180c = 4 · 60º = 240º
z a medida de um arco, em radianos, é um número 3 3
real “puro” e, portanto, é costume omitir o símbolo
rad. Ao dizer ou escrever que um certo arco mede
3, por exemplo, fica subentendido que sua medida
53
CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
Chamamos de Ciclo Trigonométrico a uma cir- 1º QUADRANTE
cunferência de raio unitário na qual fixamos um
ARCO SENO COSSENO TANGENTE
ponto como origem dos arcos e adotamos o sentido
anti-horário como sendo o positivo.
π
Arco Trigonométrico (30º) 1 3 3
6
2 2 3
Chamamos de Arco Trigonométrico AP ao con-
junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremida-
de P. Esses arcos são obtidos partindo da origem A e π
(45º) 2 2 1
girando em qualquer sentido (positivo ou negativo)
até a extremidade P, seja na primeira passagem ou 4 2 2
após várias voltas completas no ciclo trigonométrico.
Analogamente, chamamos de ângulo trigonométrico
AÔP ao conjunto dos “infinitos” ângulos de lado inicial π
→ → (60º) 3 1 3
OA e lado terminal OP. 2 2
3

P
(II) (I) α π
(90º) 1 0 Não existe
r A (Origem) A
O O 2
(III) (IV)


(120º) 3 -1 - 3
2 2
3
Figura 11. Quadrantes e orientação em uma circunferência de raio r

REDUÇÃO AO 1ºQUADRANTE 3π
(135º) 2 2 -1
-
Vamos deduzir fórmulas para calcular funções tri- 4 2 2
gonométricas de x, com x não pertencente ao 1º qua-
drante, relacionando x com algum elemento do 1º
quadrante (por isso o nome Redução ao 1º quadran- 5π
te). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir de uma (150º) 1
-
3
-
3
2 2 3
tabela que dê as funções circulares dos reais entre 0 e 6
r
2 .

π 180º 0 -1 0
Redução do 2º para o 1º Quadrante

sen x = sen (π – x) 7π
(210º) -1 3 3
cos x = - cos (π – x) -
6
2 2 3

Redução do 3º para o 1º Quadrante



sen x = - sen (x - π) (225º) 2 2 1
- -
4 2 2
cos x = - cos (x - π)

Redução do 4º para o 1º Quadrante



sen x = - sen (2π – x) (240º) -
3 -1 3
2 2
3
sen x = - sen (2π – x)

Podemos criar a seguinte tabela: 3π


(270º) -1 0 Não existe
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O 2
1º QUADRANTE

ARCO SENO COSSENO TANGENTE 5π


(300º) -
3 1 - 3
0 0 1 0 2 2
3

54
Vejamos agora as relações fundamentais da trigonometria:
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE sen x
z Relação Fundamental: tg x = cos x
ARCO SENO COSSENO TANGENTE
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
7π tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, então:
(315º) 2 2 -1
- C
4 2 2

11π
(330º) -1 3
-
3
2 2 3
6
a
2 π (360º) 0 1 0 b

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS

Teorema Fundamental da Trigonometria


A
sen2 x + cos2 x = 1 B c

Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo- Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2. b
b a = senx,
tgx = c = c
C cos x
a

sen x
Portanto: tg x = cos x

sen x
z Relação Fundamental: cotg (x) = cos x
a
b A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-
ção, o inverso da tangente. É representada com o sím-
bolo: cotg (x). Assim sendo, temos:

1
1 = 1 cos x = cos x
A cotg (x) = = sen x · sen x sen x
tg (x) cos x
B c
cos x
Portanto: cotg (x) = sen x
Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a

Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo 1


z Relação Fundamental: sec x = cos x
B, então:
A secante de um ângulo agudo x é, por definição,
bbl +b l =
2 2
c o inverso do cosseno. É representada com o símbolo
(sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x =
a a secx.
1
b2 c2 b 2 + c2 a 2 Portanto: sec x = cos x
= +
a2 aa = a2
= 2 =1
a
1
z Relação Fundamental: cossec (x) = senx
Portanto: sen2 x + cos2 x = 1

Observações: A cossecante de um ângulo agudo x é, por defini-


ção, o inverso do seno. É representada com o símbolo
MATEMÁTICA

z sen2 x = (sem x)2 cossec (x).


1
z sen2 x = 1 – cos2 x Portanto: cossec (x) = senx
z cos2 x = (cosx)2
z cos2 x = 1 – sen2 x z Relação Fundamental: sec2 x = 1 + tg2 x

Dividindo ambos os membros do Teorema Fundamen-


tal da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por cos2 x, temos:
55
sen²x + cos² = 1 3
Exemplo: sabendo que sen = 5 0º < x < 90º, calcu-
sen2 x + cos2 x 1 le as demais funções circulares de x.
= 3
cos2 x cos2 x Se sen x = 5 , temos que:

sen2 x cos2 x 3 2
+
cos2 x cos2 x sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos2 x = 1 → 9 + cos2 x = 1
25
tg² x +1 = sec²x 9 16 16
cos²x = 1 - 25 → cos²x = 25 → cos x = ! 25
sec²x = tg²x = 1
4
Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x cos x = ! 5 , como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá
o valor positivo.
z Relação Fundamental: cossec2 x = 1 + cotg2 x 4
Portanto: cos x = 5
3 4
Dividindo ambos os membros do Teorema Funda- Se sen x = 5 e cos x = 5' , temos que:
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
x, temos: 3
senx 5 3 5 3
tgx = cos x " 4 = 5 · 4 = 4
sen²x = cos²x = 1
5
sen2 x + cos2 x 1
= = 3
sen2 x sen2 x Se tg x = 4 temos que:

sen2 x cos2 x 1 1 1 4 4
= cotg x = tgx " 3 = 1 · 3 = 3
sen2 x
+
sen2 x sen2 x
4
1 + cotg²x = cossec²x
4
Se cos x = 5 temos que:
cossec²x = 1 + cotg²x
1 1
Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x sec x = cos x " 4 = 1 · 5 = 5
4 4
Logo, podemos construir a seguinte tabela: 5

RELAÇÕES FUNDAMENTAIS 3
Se sen x = 5 temos que:
sen x + cos x = 1
2 2

sen x 1 1 5 5
tg x = cos x cossec x = senx " 3 = 1 · 3 = 3
5
cos x
cotg(x) = sen x
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO
1 CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
sec x = cos x

1 Equações Trigonométricas
cossec(x) = senx

sec2 x = 1 + tg2 x Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-


tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
cossec x = 1 + cotg x
2 2
Resolvemos uma equação trigonométrica f (x) = g (x)
encontrando os números f (r) = g (r) que tornam a sen-
Exemplo: se 0º < x < 90º, então, a expressão: tença verdadeira. Vale ressaltar que r precisa perten-
cer aos respectivos domínios das funções.
sen2 x + cos2 x Todas equações trigonométricas podem ser redu-
cos x zidas em três equações fundamentais:

É igual a: z sen α = sen β


z cos α = cos β
sen2 x + cos2 x 1 z tg α = tg β
cos x = cos x = sec x

Exemplo: simplificando a expressão (tg x) · (cos x) ·


(cossec x), para 0º < x < 90º, obtém-se:

sen x 1
(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x =
sen x· cos x
= cos x · sen x = 1
56
Resolução de uma Equação sen α = sen β Logo:

Para resolver a equação sen α = sen β, utilizamos a


seguinte relação: π 5π 7π
S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = + 2kπ ou x = +
6 6 6
α = β + 2kπ
ou π
sen α = sen β → 2kπ ou x = - + 2kπ}
α = (π - β) + 2kπ 6

Resolução de uma Equação cos α = cos β


Exemplos: vamos resolver as seguintes equações:
Para resolver a equação cos α = cos β, utilizamos a
seguinte relação:
π
z sen α = sen β = sen α = β + 2kπ
5
ou → α = ± β + 2kπ
cos α = cos β →
α = -β + 2kπ
π
x= + 2kπ
5
ou Exemplos: vamos resolver as seguintes equações:
π
sen x = sen →
5
2
z cos x =
π 4π 2
x = (π - ) + 2kπ = + 2kπ
5 5
2 π π
cos x = → cos x = cos →x=
2 3 3

π 4π Logo:
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = = 2kπ}
5 5
1 π
z sen²x = S = {x ∈ ℝ/x = ± + 2kπ}
4 3
1 1 → senx = 1 →
sen²x = → senx = ! ! z cos²x + cosx = 0
4 4 2
cos²x + cos x = 0 → cos x · (cos x + 1) = 0

1 π π
sen x = → sen x = sen →x=
2 6 6
ou
cos x = 0 → cos x = cos ( π2 + 2kπ )

ou

sen x = -
1
2
→ sen x = sen π - (
π
6
)→ x = 5π
6
cos x +1 = 0 → cos x = -1 → cos x = cos (π + 2kπ)

Logo:
π
x= + 2kπ
6 π
S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = π + 2kπ}
ou 2
π
sen x = sen →
6
Resolução de uma Equação tg α = tg β

x= π-(π
6
) + 2kπ =

6
+ 2kπ Para resolver a equação tg α = tg β, utilizamos a
seguinte relação:
MATEMÁTICA

α = β + 2kπ
7π ou → α = β + kπ
x= + 2kπ tg α = tg β →
6 α = (β + π) + 2kπ

sen x = sen → ou
6
Exemplos: vamos resolver as seguintes equações:
x= π- ( 7π
6
) + 2kπ = - π6 + 2kπ
z tg x = - 3
57
2π 2π π 5π
tg x = - 3 → tgx = tg →x= 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
3 3 6 6


Logo: S = {x ∈ ℝ/0 + 2kπ ≤ x < π + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π
6 6 +
2π 2kπ}
S = {x ∈ ℝ/x = + kπ}
3
3
z tg x + cotg x = 2 Exemplo: vamos resolver a inequação cos x >
2

1
tg x + cotg x = 2 → tg x + tg x = 2 3
cos x >
2
tg²x + 1 = 2tg x → tg² x - 2tg x + 1 = 0
π 11π
2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
-(-2) ± √(-2)² - · 4 · 1 ·1 2 ± √4 - 4 2±0 6 6
tg x = = = =1
2·1 2 2 π 11π
S = {x ∈ ℝ/2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6
Logo:

π 1
S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} Exemplo: vamos resolver a inequação cos x < -
4 2

Inequações Trigonométricas 1
cos x < -
2
Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-
tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
2π 4π
Resolvemos uma inequação trigonométrica f (x) < g (x) + 2kπ < x < + 2kπ
obtendo o conjunto solução, ou conjunto verdade, dos 3 3
números reais r para os quais f (r) < g (r).
Todas inequações trigonométricas podem ser redu- 2π 4π
S = {x ∈ ℝ/ + 2kπ < x < + 2kπ}
zidas em seis equações fundamentais: 3 3

z sen x > m
Exemplo: Vamos resolver a inequação tg x > 1
z sen x < m
z cos x > m
tg x > 1
z cos x < m
z tg x > m π π 5π 3π
z tg x < m + 2kπ < x < + 2kπ ou 2kπ < x < + 2kπ
4 2 4 2
Vejamos um exemplo para cada uma das seis situa-
ções destacadas acima: π π
+ kπ < x < + kπ
4 2
2
Exemplo: vamos resolver a inequação sen x ≥ -
2
π π
S = {x ∈ ℝ/ + kπ < x < + kπ}
2 4 2
sen x ≥ -
2
Exemplo: vamos resolver a inequação
5π 7π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
4 4
tg x < 3
5π 7π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π π
4 4 + 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ
3
2kπ}
ou

1 π 4π
Exemplo: vamos resolver a inequação sen x < + 2kπ < x < + 2kπ
2 2 3

ou
1
sen x <
2 3π
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ
2
58
cos15º = cos(60º-45º) = cos(60º) · cos(45º) + sen(60º) ·
π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ sen(45º)
3
1 2 3 2 2 6 2+ 6
ou cos15º = 2 · 2 + 2 · 2 = 4 + 4 = 4
π 4π
+ 2kπ < x < + 2kπ Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub-
2 3
tração de arcos, calcule sen105º.
ou
sen105º = sen(60º + 45º) = sen(60º) · cos(45º)+sen(45º) ·
3π cos(60º)
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ}
2 3 2 2 1 6 2 6+ 2
sen105º = 2 · 2 + 2 2 = 4 + 4
· = 4
TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub-
Fórmulas de Adição de Arcos tração de arcos, calcule tg75º.

Se a e b são as determinações de dois arcos, veri- tg (45c) - tg (30c)


fica-se que: tg75° = tg(45° + 30°) = 1 - tg (45c) · tg (30c)

z Cosseno de (a + b) 1+ 3
3
tg75° = =
3
cos (a + b) = cos (a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) 1 - 1· 3

z Cosseno de (a – b) 3 3 3
1+ 3 3+ 3
= = =
cos(a – b) = cos (a) · cos(b) + sen(a) · sen(b) 3 3- 3
1- 3 3 3
z Seno de (a + b)
3+ 3
3
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) = =
3
3- 3
z Seno de (a – b)
=c m·d n=
3+ 3 3
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a) 3 3- 3

z Tangente de (a + b) 3+ 3
tg75° =
3- 3
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = 1 - tg (a) ·tg (b)
Arcos Duplos

z Tangente de (a – b) A partir das fórmulas de adição de arcos, temos:

tg (a) - tg (b) cos (a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)


tg (a - b) = 1 + tg (a) ·tg (b)
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)
A partir dessas relações podemos construir a tg (a) + tg (b)
seguinte Tabela Resumo: tg (a + b) = 1 - tg (a) ·tg (b)

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS Desta maneira, podemos obter as fórmulas do arco


cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) duplo.
Fórmulas de arco duplo são as expressões das fun-
cos(a – b) = cos(a) · cos(b) + sen(a) · sen(b) ções trigonométricas de arcos da forma 2a. É um caso
particular de adição de arcos. Para tanto, basta fazer b
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) = a nas fórmulas acima.
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a) Vejamos abaixo como ficarão estas fórmulas:
MATEMÁTICA

tg (a) + tg (b) z Cosseno de (2a)


tg (a+b) = 1 - tg (a) ·tg (b)
cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)
tg (a) - tg (b)
tg (a - b) = 1 + tg (a) ·tg (b)
Fazendo , temos:

Exemplo: utilizando as fórmulas de adição e sub- cos(a + a) = cos(a) · cos(a) – sen(a) · sen(a)
tração de arcos, calcule cos15º. cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
59
Portanto: cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
Observação: esta fórmula do cosseno do arco duplo 3π
3
apresenta duas outras variações, conforme utilizamos Exemplo: sendo tg x = 4 e π < x < , calcule sen(2x):
2
o Teorema Fundamental da Trigonometria (sen2 a + Sabemos que:
cos2 a = 1). Vejamos de que maneira isto acontece:
sen x
tg x = cos x
z Substituindo sen a = 1 – cos a, temos:
2 2

cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a) Se:

cos(2a) = cos2 (a) – [ 1 – cos2 (a)] 3


tg x = l
4
cos(2a) = cos2 (a) -1 + cos2 (a)
cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1 Logo:

Portanto, temos a 1ª variação: cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1 3 sen x 4·sen x


4 = cos x → cos x = 3 ( I)

z Substituindo cos2 a = 1 – sen2 a, temos:


Vamos substituir o valor do cos x em:
cos (2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
sen2 x + cos2 x = 1 sen²x + cos²x = 1⇒ sen²x = 1- cos²x
cos (2a) = [1 – sen2 (a)] – sen2 (a)
⇒ sen²x = 1- b 4·senx l
2

cos (2a) = 1 – sen2 (a) – sen2 (a) 3


cos (2a) =1 – 2 · sen2 (a) 16·se 2 x
sen²x = 1 - 9 " 9·
Portanto, temos a 2ª variação: cos(2a) = 1 – 2 · sen2 (a)
sen²x = 9 -16 · sen²x → 9 · sen²x + 16 · sen²x = 9
z Seno de (2a) 9
25 · sen²x = 9 → sen²x = 25 → senx ±
9 → senx = ±
25
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) 3
5
Fazendo b = a, temos: Como:

sen(a + a) = sen(a) · cos(a) + sen(a) · cos(a)


3r , x ∈ 3ºQ,
π<x<
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a) 2

Portanto: sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a) Logo o sen x é negativo.


Portanto:
z Tangente de (2a)
3
sen x = - 5 (II)
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = 1 - tg (a) ·tg (b)
De I e II, vem que:
Fazendo b = a, temos:
cosx = 4·senx → cosx 4 · senx → cosx 4 b - 5 l → cosx
3
3 3 3 ·
tg (a) + tg (a)
tg (a + a) = 1 - tg (a) ·tg (a) 4
= -5

2·tg (a)
tg (2a) = 1 - tg 2 (a) Com os valores de senx e cos x, vamos encontrar
sen(2x):
2·tg (a)
Portanto: tg (2a) = sen(2x) = 2 · sen(x) · cos(x)
1 - tg 2 (a)
sen(2x) = 2 · b - 5 l · b - 5 l
3 4
Logo, temos as seguintes fórmulas para arcos
duplos:
sen(2x) = 2 · b l
12
25
FÓRMULAS DE ARCO DUPLO
cos(2a) = cos2(a) – sen2(a) 24
sen(2x) = 25
cos(2a) = 2 · cos2(a) - 1
cos(2a) = 1 – 2 · sen2(a)
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)
2·tg (a)
tg(2a) =
1 - tg 2 (a)
60
Arco Metade Logo, temos as seguintes fórmulas para Arcos
Metade:
A partir das fórmulas anteriores podemos obter
mais três fórmulas importantes. FÓRMULAS DE ARCO METADE

sen b 2 l = !
x 1 - cos x
z Seno do Arco Metade 2

Vamos fazer o cálculo de b 2 l : cos b 2 l = !


x x 1 + cos x
2

tg b 2 l = !
cos2a = cos²a - sen²a x 1 - cos x
1 + cos x
cos2a = 1 - sen²a - sen²a
cos2a = 1 - 2sen²a
Transformação em Produto
2sen²a = 1 - cos2a
1 - cos 2a As somas e subtrações trigonométricas podem ser
sen²a = 2 transformadas em produtos, facilitando assim a reso-
lução de muitos exercícios.
x Para utilizar esse recurso, fazemos a aplicação de
Fazendo 2a = x, temos a = 2
. fórmulas.
Essas fórmulas são conhecidas como Fórmulas de
Logo: Werner.
Vejamos cada uma delas.
b l 1 - cos x
x
sen² 2 = m · cos c m
cos p + cos q = 2 · cos c
2 p+q p-q
2 2
b l
x 1 - cos x
sen² 2 = ± cos p - cos q = -2 · sen c p + q m · c p q m
2 -
2 2
z Cosseno do Arco Metade
sen p + sen q = 2 · sen c m · cos c m
p+q p-q
2 2
Vamos fazer o cálculo de cos b x l
2 :
sen p - sen q = 2 · sen c m · cos c m
p-q p+q
2 2
cos2a = cos²a - sen²a
sen (p + q)
cos2a = cos²a - (1 - cos²a) tg p + tg q = (cos p) · (cos q)

cos2a = cos²a - 1 + cos²a sen (p - q)


tg p - tg q =
cos2a = 2cos²a - 1 (cos p) · (cos q)

2cos²a = 1 + cos2a
Exemplos:
1 + cos 2a
cos²a =
cos8x + cos2x = 2 · cos b l · cos b 8x 2x l =
2 8x + 2x -
2 2
x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 = cos5x · cos3x
.

Logo: cos6x - cos4x = -2 · sen b 6x + 4x l b 6x - 4x l = - 2 · sen5x


2 · 2
cos² b 2 l = 1 + cos x
x · senx
2
sen3x + senx = 2 · sen b 3x + x l · cos b 3x x l = 2 · sen2x
-
cos b 2 l = !
x 1 + cos x 2 2
2 · cosx
z Tangente do Arco Metade
sen18x - sen 4x = 2 · sen b 18x - 4x l · cos b 18x + 4x l = 2
Vamos fazer o cálculo de tg b x l ·
2 2
2 : → · sen7x · cos11x

sen b 2 l 1 - cos x
x sen (3x + 2x) sen (5x)
tg3x + tg2x = cos 3x · cos 2x = cos 3x · cos 2x
→ tg b 2 l =
tg b x l = x 2
cos b 2 l
2 1 + cos x
MATEMÁTICA

x
2 sen (5x - x) sen (4x)
tg5x - tgx = cos 5x · cos x = cos 5x · cos x
1 - cos x
1 - cos x
tg b x l = → tg b x l =
2
2 1 + cos x 2 1 + cos x
2

tg b x l = ! 1 - cos x , (Para x ≠ π + kπ, k ∈ ℤ)


2 1 + cos x l 2 2
61
SISTEMAS DE EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES
1
TRIGONOMÉTRICAS P (x, y)
y
Equações Trigonométricas

As equações trigonométricas caracterizam-se por a


envolverem, pelo menos, uma razão trigonométri-
0 A (1, 0)
ca, o que significa que a incógnita constitui um arco
(ângulo) a ser determinado. Além disso, podem ser
reduzidas a equações trigonométricas chamadas de
equações fundamentais, quais sejam:

z sin(x) = sin(a)
z cos(x) = cos(a)
z sin(x) = sin(a)
Já o valor de cos(a) equivale à abscissa do ponto
determinado pelo ângulo a:
A fim de reduzir uma equação trigonométrica
mais complexa a uma equação fundamental, deve-se
usar fórmulas trigonométricas, como a relação funda- 1
P (x, y)
mental da trigonometria:

sin²(a) + cos²(a) = 1
a
Dica 0 x A (1, 0)
Além da soma e da diferença de dois arcos,
pode-se realizar operações secundárias ou, ain-
da, usar fórmulas que envolvam arco duplo. O
objetivo geral é obter uma equação fundamental
e, para isso, recomenda-se a reescrita da equa-
ção a ser solucionada, usando apenas o seno ou
o cosseno da incógnita que se quer determinar.
Por fim, a tan(a) é o tamanho do segmento AT indi-
cado a seguir, sendo T o ponto de encontro entre a
O círculo trigonométrico é uma circunferência de
reta t e o prolongamento do segmento OP:
raio 1 centrada na origem. Isso quer dizer que o seu
centro coincide com o centro do plano cartesiano, ou
seja, C(0,0). Veja: T

1
1
P

0 1 a
0 A (1, 0)

Se a for a medida de um ângulo no círculo trigono-


métrico, então o valor do sin(a) corresponde à ordena- Partindo dessas informações, pode-se encontrar as
da do ponto determinado por a: soluções das equações fundamentais. Vejamos:

z para sin(x) = sin(a), temos que os arcos x e a terão


o mesmo valor do seno se:

x = a + 2kπ
ou
x = π – a + 2kπ

62
z para cos(x) = cos(a), temos que os arcos x e a terão
o mesmo valor do cosseno se: sin

x = a + 2kπ
ou π–a a
m
x = – a + 2kπ

Ou seja, se

x = ± a + 2kπ

z para tan(x) = tan(a), temos que os arcos x e a terão


o mesmo valor do tangente se:

x = a + 2kπ
ou
x = π + a + 2kπ

Assim, conclui-se que


sin(x) ≤ m: usando a mesma análise anterior, se m
x = a + kπ = sin(a), então

O termo “2kπ” indica que, a partir do ponto P que 0≤x≤a


determina o arco a, dão-se k voltas em torno de P, ten- ou
do em vista que esses arcos possuem o mesmo valor
das suas funções trigonométricas. π – a ≤ x ≤ 2π

Inequações sin

Inequações caracterizam-se por envolverem uma


desigualdade entre duas sentenças, a qual pode ser >
(maior), < (menor), ≥ (maior ou igual) ou ≤ (menor ou π–a a
igual). Deste modo, encontra-se para quais os valores m
da incógnita em questão a desigualdade é satisfeita.

Inequações Trigonométricas

Inequações Trigonométricas são aquelas que


envolvem, ao menos, uma função trigonométrica da
incógnita. Para que sejam reduzidas, existem seis ine-
quações trigonométricas fundamentais, quais sejam:

z sin(x) ≥ m
z sin(x) ≤ m
z cos(x) ≥ m
z cos(x) ≤ m
z tan(x) ≥ m
z tan(x) ≤ m
cos(x) ≥ m: tomando o eixo x (o qual corresponde
sin(x) ≥ m: a partir do eixo y (que corresponde aos aos valores dos cossenos dos ângulos), podemos con-
valores dos senos dos ângulos), concluímos que se m = cluir que, sendo m = cos(a), com a um arco do primei-
sin(a), onde a é um arco do primeiro quadrante, então ro quadrante, então

a≤x≤π–a 0≤x≤a
ou
2π – a ≤ x ≤ 2π
MATEMÁTICA

63
t

π/2
a
a

m cos

2π – a π+a

3π/2

cos(x) ≤ m: da análise feita anteriormente, temos


que: tan(x) ≤ m: a partir da reta t que corresponde aos
valores das tangentes dos ângulos, obtemos:
a ≤ x ≤ 2π – a
0≤x≤a
ou
a r
≤x≤a+π
2
ou
3r
≤x≤2π
2
t
m cos
π/2

m
2π – a

z tan(x) ≥ m: considerando a reta t tangente ao cír-


culo trigonométrico no ponto (1, 0) e sendo tan(m)
= a, então

r
a≤x≤ π+a
2
ou 3π/2

3r
a+π≤x≤
2
Recapitulando as Fórmulas

z sin(x) = sin(a)

x = a + 2kπ
ou
x = π – a + 2kπ

64
z cos(x) = cos(a) z São conhecidos a hipotenusa e um ângulo agudo;

x = a + 2kπ Para determinar a amplitude do ângulo agudo


ou desconhecido, leva-se em conta que B e C são ângulos
x = – a + 2kπ complementares. Em seguida, usa-se as fórmulas b =
a sin B e c = a cos B para determinar o comprimento
z tan(x) = tan(a)
dos dois catetos.
x = a + 2kπ
„ Ex.:
ou
Sabendo que a hipotenusa a = 32, 63cm e que o
x = π + a + 2kπ ângulo agudo B = 34°, 52’ 8”, temos que:
RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS Cálculo de C:

Pode-se afirmar que os três lados e os três ângulos C = 90° – (34º 52’ 8”) = 55°7’52”
internos de um triângulo constituem seus elementos
principais. Isso quer dizer que as alturas, o raio do cír- Cálculo do comprimento dos catetos:
culo circunscrito, bem como outros elementos, consis-
tem em itens secundários. b = a sin B
Em matemática, a resolução de triângulos envol-
b = 32,63 · sin (55°7’52”)
ve determinar a medida de alguns elementos do triân-
gulo a partir de outras já conhecidas. Nesta seção, b ≃ 26,77 cm
buscou-se explicitar o modo como isso pode ser feito,
c = a cos B
tendo como foco de análise triângulos retângulos e
triângulos quaisquer. c = 32,63 · cos (55°7’52”)

Resolução de Triângulos Retângulos c ≃ 18,65


C
Consideremos um triângulo retângulo [ABC], do qual
os lados foram designados por a, b e c e os ângulos inter-
nos opostos a cada um dos lados por A, B e C. Veja a figura:
B a = 32,63
b

a 34º 52’8’’
c A c B

z São conhecidos um cateto e um ângulo agudo;

A b C Para determinar a amplitude do ângulo agudo des-


conhecido, considera-se que B e C são ângulos com-
Triângulo Retângulo plementares. Em seguida, tomando o ângulo oposto
ao cateto conhecido, sabemos que o seno desse ângulo
Esses elementos do triângulo atendem diversas é igual ao quociente entre o cateto conhecido (cate-
relações. Tomemos, como exemplo, A = 90°. to oposto) e a hipotenusa. Disso resulta que o com-
primento da hipotenusa é igual ao quociente entre o
a² = b² + c² cateto e o seno desse ângulo.
(Teorema de Pitágoras) Outra possibilidade é considerar o ângulo agudo
cujo cateto adjacente é o cateto conhecido. Sabe-se
B + C = 90° que o cosseno desse ângulo é igual ao quociente entre
(ângulos complementares) o cateto conhecido e a hipotenusa. Disso resulta que
o comprimento da hipotenusa é igual ao quociente
Pelas definições de seno e cosseno de um ângulo entre o cateto e o cosseno desse ângulo.
b e cos B = c , de onde Para determinar o terceiro lado do triângulo, usa-
agudo, sabemos que sin B = a -se o Teorema de Pitágoras.
a
resulta que b = a sin B e c = a cos B. Como B e C são
ângulos complementares, temos, ainda, que sin B = „ Ex.:
MATEMÁTICA

cos C e que cos B = sin C, passando as fórmulas ante-


riores a serem equivalentes a b = a cos C e c = a sin C
Conhecidos o cateto c = 57, 4cm e o ângulo agudo C =
respectivamente.
46°25’, tem-se que:
Sabe-se que, para definir um triângulo, é preciso
Cálculo de B:
conhecer três dos seus elementos, sendo um deles,
necessariamente, um lado. Como estamos a considerar
B = 90° – (46°25’) = 43°35’
triângulos retângulos, um dos ângulos já é conhecido
— o ângulo reto —, por isso bastam mais dois elemen-
tos. Existem, assim, quatro casos possíveis. Vejamos: 65
Cálculo do comprimento da hipotenusa e cateto: B

c
sin C =
a
57, 4 a = 18
a= c
sin (46°25’)

a ≃ 79,24cm
a² = b² + c²
(79,24)² = b² + (57,4)² A b=9 C
B ≃ 54,63cm
z São conhecidos os dois catetos;
B
O comprimento da hipotenusa pode ser determi-
nado por meio do Teorema de Pitágoras. Para deter-
minar a amplitude de cada um dos ângulos agudos,
a usa-se uma das razões trigonométricas.
c = 57’4
„ Ex.:

46º 25’ Conhecidos o cateto b = 22,6cm e o cateto c = 13,


5cm, tem-se que:
C b A Cálculo da hipotenusa:

z São conhecidos a hipotenusa e um cateto; a² = b² + c²


a² = (22,6)² + (13,5)²
Para determinar o comprimento do terceiro lado
do triângulo, usa-se o Teorema de Pitágoras. Conhe- a ≃ 26,33cm
cidos os três lados do triângulo, devem-se utilizar as
razões trigonométricas, a fim de determinar a ampli- Determinação das amplitudes dos dois ângulos
tude de cada um dos ângulos agudos. agudos:
b
tan B = c
„ Ex.:
22,6
Conhecidos a hipotenusa a = 18cm e o cateto b = 9 tan B = 13,5
cm, tem-se que:
Cálculo do segundo cateto (terceiro lado do 22,6
B = tan–1 ( )
triângulo): 13,5

B ≃ 59°8’54”
a² = b² + c²
C = 90° – B
18² = 9² + c²
C = 90° – (59°8’54”) = 30°51’6”
c ≃ 15,59cm
B
Determinação das amplitudes dos dois ângulos
agudos:

b
sin B = a a
c = 13,5
sin B = 9
18
B = sin–1(0,5) = 30°
C = 90° – B C A
b = 22,6
C = 90° – 30° = 60°
Resolução de Triângulos Quaisquer

Consideremos um triângulo obliquângulo (sem


nenhum ângulo reto) [ABC], do qual os lados foram
designados por a, b e c e os ângulos internos opostos a
cada um dos lados por A, B e C. Veja a figura:

66
B a sin B 5 $ sin 44°
b= = ≃ 4,01cm
sin A sin 60°

a sin C 5 $ sin 76°


c= = ≃ 5,6
sin A sin 60°
c a
A

A b C c
b

Esses elementos do triângulo atendem diversas 76°


relações, tais como: 44°
B a = 5 cm C
A + B + C = 180°
(soma das amplitudes dos ângulos internos de um triângulo)
z São conhecidos dois lados e o ângulo por eles
a b c formado;
sin A = sin B = sin C
(Lei dos senos) Considerando a e b os dois lados conhecidos e C o
ângulo conhecido, determinamos o lado c através da
a² = b² + c² – 2bc cos A lei dos cossenos, c² = a² + b² – 2ab cos C.
Em seguida, através da lei dos senos determina-
ou a sin C b sin C
mos sin A e sim B, sin A = c e sin B = c .
b² = a² + c² – 2ac cos B
ou „ Ex.:

c² = a² + b² – 2ab cos C Conhecidos a = 11,4cm, b = 6,2cm e C = 32º, tem-se


(Lei dos cossenos) que:
Cálculo de c:
Essas relações permitem resolver um triângulo
obliquângulo, se conhecidos alguns dos seus elemen- c²= a²+ b² − 2ab cosC
tos. Sabe-se que, para definir um triângulo, precisa-
c² = (11,4)² + (6,2)² – 2 · 11,4 · 6,2 · cos 32°
mos conhecer três dos seus elementos, sendo um
deles, necessariamente, um lado. Assim, pode-se con- c ≃ 6,97cm
siderar quatro casos:
Cálculo de A e B:
z São conhecidos dois ângulos e um lado;
sin A = a sin
c
C
Para determinar a amplitude do ângulo desco-
nhecido, considera-se que a soma das amplitudes dos sin A = 11,4  sin 32° / 6,97
ângulos internos de um triângulo é 180°. Assim, consi-
derando A o ângulo desconhecido, tem-se que A = 180° sin A ≃ 0,87
– (B + C). Para determinar os lados b e c, considerando A ≃ 60° 27’ 36”
a conhecido, usa-se a lei dos senos. Aplicando essa lei,
tem-se que: sin B =
b sin C
c
b a 6,2 $ sin 32°
sin B = sin A sin B =
6,97
a sin B c a
b= e = sin B ≃ 0,47
sin A sin C sin A
a sin C B ≃ 28°1’48”
c=
sin A
A
„ Ex.:

b = 6,2 cm
MATEMÁTICA

Sabendo que B = 44°, C = 76° e que a = 5cm, tem-se c


que:
Cálculo de A:
32°
A = 180° – (B + C) = 180° – (44° + 76°) = 60° B a = 11,4 cm C
Cálculo de b e c:

67
z São conhecidos os três lados; A

Conhecidos os três lados a, b e c, utiliza-se a lei dos


cossenos, para determinar cada um dos ângulos inter- 70°
nos do triângulo. c b = 4 cm

„ Ex.:

Sabendo que a = 22cm, b = 15,7cm e c = 8,3cm pela B a = 5 cm C


lei dos cossenos, tem-se que:

a²= b²+ c² − 2ab cos A Analise os exercícios que seguem para colocar
seus conhecimentos em prática.
22² = 15,7² + 8,3² – 2  15,7  8,3  cos A
cos A ≃ 0,65 1. (IMA — 2015) O valor da expressão dada por:
A ≃ 130°25’48”
tg30c + cotg30c
b²= a²+ c² − 2ab cos B f(x) = 2
cossec 30c
15,7² = 22² + 8,3² – 2  22  8,3  cos B
É um número:
cos B ≃ 0,84
B ≃ 32°58’12” a) Irracional
b) Racional Negativo
c²= a²+ b² − 2ab cos C c) Inteiro Positivo
8,3² = 22² + 15,7² – 2  22  15,7  cos C d) Inteiro Negativo

cos C ≃ 0,96 Partindo da expressão inicial e utilizando as rela-


C ≃ 16°43’12” ções fundamentais da trigonometria, temos:
tg30c + cotg30c
A f(x) =
2
cossec 30c
c = 8,3 cm b = 15,7 cm 2
1 tg 30c + 1
tg30c + 2
tg30c tg30c tg 30c + 1 sen2 30c
f(x) = = = ·
B C 1 1 tg30c 1
a = 22 cm 2 2
sen 30c sen 30c
2
z São conhecidos dois lados do triângulo e o ângu-
c 3
m 3 12
·b l
+1 +1
lo oposto a um deles; 3 1
2
9 9
f(x) = · 1 = · 1 =
2 3 4 3 4
3
Suponhamos que são conhecidos os lados a e b e o 3
3 = 3
ângulo A. Utiliza-se a lei dos senos, para determinar o
ângulo B. Em seguida, considerando o fato de a soma 12 3 1 1 3
= ·
4 =
dos ângulos internos de um triângulo ser igual a 180º, · =
9 3 3 3
calcula-se a amplitude de C. Por fim, determina-se o
terceiro lado do triângulo, lado c, através da lei dos Como temos um número irracional sendo dividido
cossenos. por um racional, logo f (x) é irracional. Resposta:
Conhecidos a = 10cm, b = 4cm e A = 70°, tem-se que: Letra A.
a b 2. (CRESCER CONSULTORIAS — 2018) Se as mediadas x
=
sin A sin B
e y são os lados do triângulo isósceles abaixo, é corre-
4 $ sin 70° to afirmar que o valor da expressão numérica x − y é:
sin B = 10
y
sin B ≃ 0,38
B ≃ 22,08° = 22°4’48”
C = 180° – (A + B) x
50 cm
C = 180° – (70° + 22, 08°)
C = 87, 92°= 87°55’12”
c²= a²+ b² − 2ab cos C
a) Um número múltiplo de dois e diferente de zero
c² = 10² + 4² – 2  10  4  cos 87,92 b) Um número múltiplo de três e diferente de zero
c) Um número nulo
C ≃ 10,63cm
d) Um número irracional
68
Temos um triângulo retângulo isósceles, logo os
catetos possuem a mesma medida, portanto: CONTAGEM E ANÁLISE
x=y COMBINATÓRIA
Substituindo x por y e fazendo x – y, temos:
x–y=y–y=0
Para estudarmos probabilidade é necessário uma
Logo a diferença x – y é um número nulo.
boa base em noções básicas de contagem, ou seja, você
Resposta: Letra C.
precisa saber muito bem o Princípio Fundamental da
Contagem e é isso que vamos estudar agora.
3. (CPCON — 2017) Dados: Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
cos y - cos x tante para o nosso estudo: fatorial.
A , x+y = 150° e x - y = 90°
=
2 1- 3 FATORIAL, DEFINIÇÃO E OPERAÇÕES

O fatorial é uma operação matemática utilizada


Encontramos A igual a: para simplificar a notação de algumas técnicas de
contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
a) -1 Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
b) – 2 + √3 e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
c) 2 - √3 com notação de n!:
d) - 2 - √3
n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.
Primeiramente, vamos encontrar o valor de x e y
através de um sistema linear 2x2. Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.
x + y = 150° O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120, mas
x - y = 90° quando esse n tende a ser grande o cálculo do fatorial tor-
na-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ...
∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos simplificar e
Fazendo a soma das linhas temos: usar em algumas operações essa simplificação para faci-
2x = 240º litar o cálculo. Assim, temos o fatorial para n=12, 12! = 12 ∙
11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando temos:
x = 240c
2 (n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n!
x = 120° (n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica:
Se x=120º, temos que: (n – 1)!

x + y=150º
y = 150º - x (n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)!
y = 150º - 120º
y = 30º Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
Substituindo x e y na expressão inicial, temos: 13!
temos:
11!
A cos y - cos x 2 · (cos 30° - cos 120°)
= →A= →A
2 13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
1- 3 1- 3 = = 13 ∙ 12 = 156
11! 11!

2· c - b - 1 lm 2· c m
3 3 1
+
2 2 2 2 PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA
= →A= →A
CONTAGEM
1- 3 1 - 3
O princípio multiplicativo, também conhecido
3 +1
= como o princípio fundamental da contagem, é defi-
1- 3 nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
quando se deseja fazer a contagem da combinação
^ 3 + 1h ^1 + 3h 3 +3+1+ 3 de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
^1 + 3h ^ 3h
A= · = 2 cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
1- 3 1² - quer contar elementos dessas combinações, mas res-
tringindo elementos a serem combinados.
MATEMÁTICA

4+2· 3 4+2· 3 4 2· 3 Na primeira situação podemos inicialmente traba-


= = = + = - 2- 3
1-3 -2 -2 -2 lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos.
Resposta: Letra E. Com isso, podemos formar da combinação de A com B
uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de
pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:
69
Então, a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp,
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo).
Agora, para a segunda situação, podemos inicial-
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}
com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:

(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares


(a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares


m linhas ∙

(am, b1), ⋯ ,(am, bn)


n pares

n+n+⋯+n=m∙n

Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-


zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo- (a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
Usando o princípio multiplicativo podemos saber de (a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori- ∙
m linhas ∙
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores ∙
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro: (am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares
Voltando ao exemplo do início da seção temos o
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares conjunto B, com a lei de formação sendo um conjunto
finito de números de três algarismos distintos formado
4 linhas ∙ pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos ele-

∙ mentos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser
muito grande esse conjunto é necessário utilizar uma
(a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares técnica de contagem. Aqui podemos usar o princípio
da multiplicação, com o caso de restrição, onde para
5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20 serem elementos distintos, o que aparecer no primeiro
algarismo não pode aparecer no segundo, nem no ter-
Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio ceiro, ou seja, o número 111 não é elemento de B:
de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
Horizonte.
Generalizando o princípio multiplicativo para A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
qualquer quantidade de conjuntos, temos: → B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6 pares
A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁ (princípio multiplicativo)

B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂ (a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6 pares
8 linhas ∙
∙ ∙
∙ ∙

Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr (a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6 pares
r

7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336

70
Assim, são 336 números distintos formados por Agora, observe um outro exemplo:
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8. Quantos são os anagramas da palavra CAJU?
Generalizando então o princípio multiplicativo, Resolução:
com restrição para elementos distintos, para qualquer Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
quantidade de elementos temos: letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U.

Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m CAJU CUJA ACJU AUJC


CAUJ CJUA ACUJ ...
com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak)
r elementos CUAJ CJAU AUCJ ...

Desta maneira, o número de anagramas é 4! =


4·3·2·1 = 24 anagramas.
a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙
[m – (r –1)] Dica
Anagrama é a ordenação de maneira distinta das
Então, a quantidade de r-uplas, ou sequência de r letras que compõem uma determinada palavra.
elementos, formados com elementos distintos dois a
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli- Permutação com Repetição
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
Até o momento vimos técnicas de contagem envol- Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio aditivo problema é causado por conta da repetição de letras
é empregado em situações em que se deseja a união na palavra ARARA.
entre conjuntos de resultados possíveis, onde em cada Veja que temos 3 letras A e 2 letras R. De maneira
um deles a contagem será feita utilizando o princípio da tradicional, faríamos 5! (número de letras na palavra),
multiplicação e, pôr fim, a soma deles dará o resultado mas é preciso que descontemos as letras repetidas.
Assim, devemos dividir pelo número de letras fatorial,
final do número de elementos da união desses conjuntos
ou seja, 3! e 2!.
de interesse. Por exemplo, qual a quantidade de núme-
ros inteiros positivos abaixo de 1000, formado pelos dígi- 5! 5·4·3! = 5·4
= = 10
tos {1, 2, 3}? Note que não foi informada a quantidade de 3!·2! 3!·2·1 2
algarismos que devem ter esses números inteiros, assim
eles podem ser um conjunto de números de 1 algaris- Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA.
mo ou números de 2 algarismos ou ainda número de 3
algarismos. Não entram números de 4 algarismos, pois Dica
eles devem estar abaixo de 1000. Para resolver esse pro-
blema, iremos utilizar primeiro o princípio multiplica- Na permutação com repetição devemos descon-
tivo e logo após o princípio da adição, onde somaremos tar os anagramas iguais, por isso dividimos pelo
os resultados de cada um dos possíveis conjuntos de fatorial do número de letras repetidas.
números em relação ao seus algarismos. Onde temos OU
entenda como SOMA (princípio aditivo), assim temos: Permutação Circular

Vamos imaginar que temos uma mesa circular com


1algarismo: três possíveis: 1,2,3; 5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras
2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo); distintas. Observe as duas disposições das pessoas A,
B, C, D, e E ao redor da mesa:
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);

A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo) E


A

ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES


B A
E D
Permutação Simples MESA
MESA

Imagine que temos 5 livros diferentes para serem


ordenados em uma estante. De quantas maneiras é D C C B
possível ordenar? Para questões envolvendo permu-
tação simples, devemos encarar de um modo geral
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro) Diante do conceito de permutação, essas duas
que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
MATEMÁTICA

um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
que ocupará o último lugar. Então, temos: Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar à
Modos de ordenar: mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalentes.
Isto porque não existe uma referência espacial (ponto
n · (n-1) · ... 1 = n! fixo determinado). Nestes casos, devemos utilizar a fór-
mula da permutação circular de n pessoas, que é:
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
maneiras de ordenar os livros na estante. Pc (n) = (n-1)! 71
Em nosso exemplo, o número de possibilidades de Combinação
posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:
Para entendermos esse tema, vamos imaginar
Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 que queremos fazer uma salada de frutas e precisa-
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã,
Arranjo Simples banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã,
banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes-
para colocar em um outro prato.
soas nas cadeiras de uma praça, mas tínhamos apenas
Você percebeu que a ordem aqui não importou?
3 cadeiras à disposição. De quantas formas podería- É exatamente isso, a ordem não importa e estamos
mos fazer isso? diante de um problema de Combinação. Será preciso
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí- calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos-
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei- sível formar.
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi Para resolvermos é necessário usar a fórmula:
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas n!
C(n, p) = (n - p) !p!
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
temos:
pela multiplicação a seguir:
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = 4!
C(4, 3) =
(4 - 3) !3!
5 · 4 · 3 = 60
4·3·2·1
C(4, 3) =
O exemplo acima é um caso típico de arranjo sim- 1·3·2·1
ples. Sua fórmula é dada a seguir:
C(4, 3) = 4
n!
A(n, p) =
(n - p) ! Dica
No arranjo a ordem importa.
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele- Na combinação a ordem não importa.
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade Exercite seus conhecimentos realizando os exercí-
da outra. cios que seguem.
Observe a resolução do nosso exemplo usando a
fórmula: 1. (VUNESP — 2016) Um Grupamento de Operações
Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
5! 5! investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
A(5, 3) = = = 5·4·3·2·1 = 60
(5 - 3) ! 2! 2·1 ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
Uma outra informação muito importante é que tes de se fazer essa distribuição é
nos problemas envolvendo arranjo simples a ordem
a) 6.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente
b) 10.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as c) 12.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme- d) 18.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as e) 20.
pessoas na praça:
Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
CADEIRA 1ª 2ª 3ª pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
OCUPANTE Ana Bianca Clara pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé não é relevante, então, vamos usar a combinação:
nessa disposição.
C(6, 3) = 6!
= 6 · 5 · 4 · 3! =
6·5·4
=
6·5·4
=
(6 - 3) !3! 3!3! 3! 3·2·1
CADEIRA 1ª 2ª 3ª 5 · 4 = 20.
OCUPANTE Clara Bianca Ana
Resposta: Letra E.

A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a 2. (IDECAN — 2016) Felipe é uma criança muito bagun-
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa.
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode
simples mudança na posição da ordem gera uma nova levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho, 1
72 possibilidade de posicionamento. boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carrinhos,
5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes Felipe Pode-se relacionar esse tipo de experimento às
pode visitar a sua avó sem levar o mesmo conjunto de situações cotidianas. Não há como, por exemplo, pre-
brinquedos já levados antes? ver a vida útil de todos os celulares de um lote fecha-
do, uma vez que isso dependerá das condições de uso
a) 100 vezes. impostas pelas pessoas que adquiriram o produto.
b) 115 vezes. Essas previsões de tempo são exemplos que demons-
c) 130 vezes. tram a característica de um experimento aleatório.
d) 140 vezes. Os experimentos aleatórios produzem possíveis
resultados denominados espaços amostrais (nos
Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1, quais temos nossos experimentos amostrais). Assim,
5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
1, queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo os resultados possíveis do experimento.
um de cada tipo. O total de possibilidades será dado Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
por: 7 · 5 · 4 = 140 possibilidades (conjuntos de brin- uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6.
quedos diferentes). Isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
Resposta: Letra D. conjunto dos resultados possíveis de um determinado
experimento aleatório (não se pode prever o resul-
3. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um aeroporto, 30 tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
passageiros que desembarcaram de determinado algum padrão).
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais Agora, pense: você só tem interesse nos números
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espaço
para ser examinados. Constatou-se que exatamente
amostral é chamado evento – composto apenas pelos
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
resultados que são favoráveis. Conhecendo esses dois
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
conceitos, chegamos à fórmula para calcular a pro-
desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
babilidade de um evento de um determinado experi-
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
mento aleatório. É o que chamamos de probabilidade
item que segue.
de um evento qualquer.
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2
Guarde o seguinte: o espaço amostral é igual a
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo
todas as possibilidades possíveis e o evento é um sub-
menos um deles tenha estado em C é superior a 100.
conjunto do espaço amostral.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Probabilidade de um Evento Qualquer
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles
n (evento)
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para Probabilidade do Evento =
n (espaço amostral)
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de
modo que pelo menos um seja de C, teremos:
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei- Na fórmula anterior, n (evento) é o número de
ros que seria: elementos do subconjunto evento, isto é, o número
29 de resultados favoráveis, e n (espaço amostral) é o
C30,2 = 30· 2 /2 = 15·29 = 435
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C, número total de resultados possíveis no experimento
que seria: aleatório.
24
C25,2 = 25· 2 = 25·12 = 300 Por isso, costumamos dizer também que:
Então, pelo menos um deles é de C, teremos:
435 - 300 = 135. Números de resultados favoráveis
Probabilidade do Evento =
Resposta: Certo. Número total de resultados

Voltando ao exemplo no qual apenas os números


ímpares nos interessam, temos:
PROBABILIDADE n (evento) = 3 possibilidades
n (espaço amostral) = 6 possibilidades
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- Logo:
ca que cria modelos que são utilizados para estudar
experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ- 3 1
são do resultado de determinado experimento. Probabilidade do Evento = = 0,50 = 50%
6 2

EXPERIMENTO ALEATÓRIO E EXPERIMENTO


MATEMÁTICA

AMOSTRAL Importante!
Nos estudos da probabilidade, há um experimento Importante!
aleatório relacionado aos possíveis resultados obti- Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
dos, chamados de espaço amostral. Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
Por exemplo, se considerarmos uma urna com 30 100%.
bolas numeradas do 1 ao 30, ao retirarmos uma bola,
não saberemos dizer qual foi o número sorteado. O
resultado é muito difícil de ser previsto. 73
ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO

Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos


os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
conjunto dos resultados possíveis de um determinado
experimento aleatório (não se pode prever o resul-
tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
algum padrão).
Agora, pense que você só tem interesse nos núme-
ros ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
la para calcular a probabilidade de um evento de um
determinado experimento aleatório, é o que podemos Figura 1. Simulação do lançamento de uma moeda honesta 1000
chamar de probabilidade de um evento qualquer. vezes em relação a suas respectivas frequências relativas.

Dica Já na definição clássica, definido o processo alea-


tório e seu espaço amostral, temos a relação entre o
Espaço amostral é igual a todas as possibilida- número de eventos favoráveis e o número de resul-
des possíveis e o evento é um subconjunto do tados possíveis. Assim, a probabilidade do evento de
espaço amostral. interesse é definida como o número de eventos (pon-
tos ou elementos) favoráveis divididos pelo número
PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS de elementos do espaço amostral:
EQUIPROVÁVEIS

Seja um processo aleatório, com um espaço amos- n(A)


P(A) =
tral definido e conhecido todos seus eventos ou resul- n(Ω)
tados possíveis, podemos definir a probabilidade de
um evento de interesse de duas formas: definição fre- Em que n(A) é o número de eventos ou resultados
quentista e definição clássica. favoráveis, e n(Ω) é o número de eventos ou resulta-
De acordo com a definição frequentista, se um dos do espaço amostral.
evento de probabilidade p for observado repetida- Assim, qual seria a probabilidade de se retirar
mente ao longo de realizações independentes, a rela- uma carta de ouros de um baralho honesto? Fazemos
ção da frequência observada desse evento ao número isso usando a definição clássica de probabilidade, se
total das repetições converge para p enquanto o núme- um baralho honesto tem 13 cartas do naipe ouros
ro das repetições se torna arbitrariamente grande. (evento A) e o total de cartas do baralho é 52 (espaço
Dizendo com outras palavras e colocando no contexto amostral), então a chance de uma carta de ouros ser
da construção de histogramas, pode-se entender que tirada ao acaso é:
quando n → ∞, as frequências das classes tendem a se
estabilizar.
Para exemplificar essa definição frequentista, se n(A) 13 1
tomarmos uma moeda honesta e realizarmos o experi- P(A) = = = ou 25%
mento de lançar essa moeda, qual seria a probabilida- n(Ω) 52 4
de de sair cara? Todos irão responder intuitivamente
que é 50%. Isto é intuitivo devido à lei dos grandes PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
números. Mas, pela definição frequentista faríamos o
lançamento dessa moeda, por exemplo, 1000 vezes, e Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
plotaríamos em um gráfico o número de lançamen- quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
tos versus a frequência relativa de caras (número de to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
caras/números de lançamentos).
Note que (Figura 1), quanto maior o n (número de P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
lançamentos) mais a frequência relativa tende a se
estabilizar em 50%, que seria a resposta da probabi- A fórmula pode ser traduzida como a probabilida-
lidade de sair cara, feita anteriormente e respondida de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
intuitivamente. Ou seja, a probabilidade do evento A babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
ocorrer na definição frequentista é: subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
eventos simultaneamente.
m Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
P(A) = lim 𝑓rA = lim tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
n→∞ n→∞
n (A) + P (B).
Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
Sendo m o número de eventos favoráveis e n o numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
número de resultados possíveis. acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
74 plo de 3 ou de 5?
Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e isso 2
nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sendo assim, P (A\B) = = 66,6%
3
podemos extrair os dados para aplicar na fórmula:
Uma outra forma de calculá-la é por meio da
z P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3 seguinte divisão:

Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades P (A k B)


P (A\B) =
P (B)
6
P(A) =
20 A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
z P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5 bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4),
temos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3.
4 Isto é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende.
P(B) = Logo,
20

2 1
z P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo P (A∩B) = 6 = 3
de 3 e 5

Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
tempo. que 3 resultados atendem.
Portanto,
1
P(A ∩ B) = 3 1
20 P (A∩B) = =
6 2
Aplicando na fórmula, temos:
Usando a fórmula acima, temos:
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
1
6 4 1 6+4-1 9 P (A + B) 3 = 1 2 = 2 = 66,6%
P (A ∪ B) = 20 + 20 - 20 = = P (A\B) = = ·
20 20 P (B) 1 3 1 3
2
PROBABILIDADE CONDICIONAL
PROPRIEDADE DAS PROBABILIDADES
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
recorrente em questões de concursos. Imagine que Axiomas de Probabilidade
vamos lançar um dado, e estamos analisando 2 even-
z Axioma 1: a probabilidade de um certo evento
tos distintos:
ocorrer corresponde a um número não negativo.
A – sair um resultado ímpar
B – sair um número inferior a 4 P(A) ≥ 0
Para o evento A ser atendido, os resultados favo-
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os z Axioma 2: a probabilidade de ocorrer todo o espa-
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- ço amostral é igual a um.
damente a probabilidade de cada um desses eventos:
P(Ω) = 1
3 1
P(A) = = 0,5 = 50% Baseado no Axioma 1 e no Axioma 2 segue-se que
6 2
0 ≤P(A) ≤ 1.
3 1
P(B) = = 0,5 = 50% Teoremas
6 2
z Teorema 1: a probabilidade de um evento impossí-
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
vel ocorrer é P(Փ) = 0.
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Demonstração:
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per-
MATEMÁTICA

gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o Seja Ω o espaço amostral de um processo aleatório.
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- Sabe-se que Ω = Ω + Փ, então aplicando a função pro-
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. babilidade de ambos os lados se têm:
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por-
Ω=Ω+Փ
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas P(Ω) = P(Ω) + P(Փ)
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por-
1 = 1 + P(Փ)
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor-
reu, é simplesmente: P(Փ) = 0 75
Outra forma de prova: Para eventos independentes alguns desses teoremas,
axiomas ou corolário anteriores viram a regra do “E” e
A⊆ΩeA∩∅=∅eA∪∅=A regra do “OU”. Na regra do “e” a probabilidade de ocor-
rência entre dois eventos A e B simultaneamente é P(A
P(A) = P(A ∪ ∅) = P(A) + P(∅)
e B) = P(A) · P(B) = P(A ∩ B). E a regra do “ou” a probabi-
P(∅) = P(A) – P(A) = 0 lidade de ocorrer o evento A ou o evento B é P(A ou B) =
P(A) + P(B) = P(A ∪ B), assim “e” → × e “ou” → +.
z Teorema 2 (Probabilidade do complemento):
seja Ω o espaço amostral. Então, a probabilidade PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS
de um evento A não ocorrer é:
Além da possibilidade de cálculo de probabilidade
P(AC) = 1 – P(A) em eventos únicos ou que ocorrem em apenas uma
realização, pode-se ter também algumas situações em
Demonstração: que os eventos de interesse vão ser realizados de for-
Sabe-se que AC = Ω – A, então aplicando a função mas sucessivas ou repetidas em duas ou mais vezes.
probabilidade de ambos os lados se têm: Um exemplo seria um experimento aleatório reali-
zado com seu respectivo espaço amostral, mas o inte-
AC = Ω – A resse será buscar nesse espaço amostral um evento em
determinado momento e outro logo posterior, poden-
P(AC) = P(Ω) – P(A) do essa busca ser realizada em forma de amostragem
P(AC) = 1 – P(A) com ou sem reposição. Assim, para realizar esse tipo
de cálculo de probabilidade para eventos sucessivos
Outra forma de prova: precisamos levar em conta a relação de independên-
cia entre esses eventos e aplicar os teoremas e axio-
Se A ∩ AC = ∅ e A ∪ AC = Ω: P(AC) = 1 – P(A): mas vistos anteriormente.
Por exemplo, se temos um experimento aleatório
R·Ad ii
P(A ∪ AC) = P(A) + P(AC) = P(Ω) = 1 formado pelo espaço amostral de moedas dentro de
uma bolsa feminina, sendo que dentro dessa bolsa
P(AC) = 1 – P(A) existam duas moedas de 1centavo, três moedas de
10centavos e quatro moedas de 1real.
z Teorema 3 (Teorema da soma): se A e B são dois Se duas moedas são retiradas aleatoriamente des-
eventos do espaço amostral Ω a probabilidade que sa bolsa, qual seria, por exemplo, a probabilidade de
ocorra A ou B é: ambas moedas serem de 1centavo, fazendo as retira-
das com reposição? O espaço amostral de cada retira-
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) da é dado por Ω = {1c, 1c, 10c, 10c, 10c, 1R, 1R, 1R, 1R},
assim em cada retirada temos que o espaço amostral
Prova: (A ∪ B) = (A – B) ∪ B e (A – B) ∩ B = ∅ tem 9 resultados possíveis. Para retirar moedas com
reposição, fazemos retirada da primeira moeda, cal-
R . Ad. 4 culando-se a probabilidade de ocorrência de interesse
P(A ∪ B) = P[(A – B) ∪ B] = P(A – B) + P(B) = e após isso, ela retorna à bolsa para poder participar
4 da segunda retirada, assim da primeira retirada para
= P(A) – P(A∩B) + P(B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) a segunda o espaço amostral não se altera.
Logo, para calcular a probabilidade de duas moedas
„ Corolário: se dois eventos A e B são mutua- retiradas e as duas serem simultaneamente de 1centa-
mente exclusivos (disjuntos), isto é, A ∩ B = Փ, vo (1c), temos que lembrar do conceito de eventos inde-
assim P(A ∩ B) = 0, então: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). pendentes, em que a primeira retirada não interfere no
resultado da segunda, assim podemos usar a regra do
z Teorema 4: se A e B são dois eventos do espaço amos- “e”, em que ocorrendo as duas retiradas sucessivamen-
tral Ω e se A ⊆ B, então a probabilidade P(A) ≤ P(B). te seria o mesmo que a intersecção entre os eventos na
primeira e na segunda retirada, logo temos:
Prova: B = A ∪ (B – A) e A ∩ (B – A) = ∅
2 2 4
P(B) = P(A ∪ (B – A)) = P(A) + P(B – A) P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = . =
9 9 81
P(B) ≥ P(A)
Aonde em cada retirada o numerador é a quanti-
z Teorema 5: se A e B são dois eventos do espaço dade de resultados favoráveis para o evento moeda
amostral Ω, então a probabilidade P(A – B) = P(A) de 1centavo e o denominador é a quantidade de resul-
– P(A ∩ B). tados possíveis ou espaço amostral. Em cada retirada,
perceba que da primeira para segunda retirada os
Prova: A = (A – B) ∪ (A ∩ B) e (A – B) ∩ (A ∩ B) = ∅ valores não mudaram, pois como o cálculo está sendo
feito para amostragem com reposição, significa que a
R . Ad .
primeira retirada volta para a bolsa e o espaço amos-
P(A) = P[(A – B)∪(A ∩ B)] = P(A – B) + P(A ∩ B)
tral para a segunda retirada continua o mesmo, ou
P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B) seja, não se altera.
Se pensarmos nesse mesmo experimento aleatório
e no mesmo cálculo de probabilidade, mas agora com
76 uma amostragem sem reposição, ou seja, retira-se a
primeira moeda, calcula-se a probabilidade da pri- Em que P(X = k) é a probabilidade de que o evento
meira retirada, e esta não retorna à bolsa, logo, o espa- aconteça k vezes em n tentativas, p é a probabilidade
ço amostral irá alterar, sendo menor que o inicial. de um sucesso, q é a probabilidade de fracasso (q=1 –
Assim, para a probabilidade de ambas moedas serem p) e a combinação de resultados possíveis no espaço
de 1centavo temos: amostral igual a:

n!
2 1 4 Cn, k =
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = · = k! (n – k)!
9 8 36
A seguir, analise alguns exercícios comentados
Observe, agora, que o número de eventos favorá- para praticar o que aprendeu.
veis e o número de eventos possíveis para a segunda
retirada foi menor, pois a primeira moeda retirada 1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em um grupo de 10
não voltou para participar da segunda. Então, se a pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele-
primeira moeda retirada foi de 1 centavo e tínhamos cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a
duas na bolsa, ela não é mais provável na segunda probabilidade de que no máximo duas dessas pes-
retirada. Assim, tanto o espaço amostral ficou com soas sejam crianças é igual a
uma moeda a menos como também o segundo evento,
pois já havia saído no primeiro. a) 1 .
6
b) 2 .
EXPERIMENTOS BINOMIAIS 6
c) 3 .
6
Dois times de futebol, A e B, jogam entre si 4 vezes.
Se a probabilidade do time A ganhar um jogo é de 1/3, d) 4 .
6
qual seria a probabilidade de o time A ganhar 2 jogos? e) 5 .
Então, a probabilidade do time A não ganhar um jogo 6
é 2/3, ou seja, a probabilidade do time B ganhar.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
Se os times jogam 4 vezes e o time A ganha 2 delas,
colocando as possibilidades de ordem nesses resultados, que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
sendo A indicando time A ganhador e B time B ganha- obter os casos favoráveis.
6
dor, temos: A, A, B, B ou A, B, B, A ou A, B, A, B ou B, B, A, Probabilidade de sortear 3 crianças: · 5 · 4 = 1
A. Logo, calculando as probabilidades usando as regras 1 5 10 9 8 6
1– = .
do “e” e do “ou”, a probabilidade de A ganhar 2 jogos é: 6 6
Resposta: Letra E.

P(2A) = P(A ∩ A ∩ B ∩ B) + P(A ∩ B ∩ B ∩ A) + P(A ∩ B 2. (VUNESP — 2019) Em um pote há 20 balas de moran-


∩ A ∩ B) + P(B ∩ B ∩ A ∩ A) go com recheio de chocolate, 15 balas de café com
recheio de chocolate e 10 balas de leite sem recheio.
1 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2 Retirando-se aleatoriamente uma bala desse pote, a
P(2A) = · · · + · · · + · · · + probabilidade de ela ter recheio de chocolate é:
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
a) 5 .
9
2 2 1 1 2 1 2 1 2 1 1 2 b) 2 .
(B
P∩+ )BA∩ ∩AB( P ∩ +B P)(2∩BA ·∩)=(B P· ∩+PP·)(A(2
BA∩ + )=
A
∩ ABA(·P∩P (AB·A=)∩A 2BA(()P
∩· A P

++P B=()∩
·A 2 ∩(·)P
B B+ ∩P· (BA∩ ∩AB) ∩ +P B(∩A∩A3)B+ ∩
P (AA∩
∩BB) ∩+PA(∩BB∩)B+ ∩P (AB∩
∩AB) ∩ A ∩ A)
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 7
c) 9 .
12 21 2 12 1 2 1 2 11 12 12 21 212 12 21 21 11 2 1 2 1 21 2 12 21 12 2 11 21 1 2 12 21 1 2 2 1 1 2
⋅⋅ ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ P (2 ⋅ A⋅+) =+⋅ P⋅(2 ⋅ A ⋅ ⋅) ⋅=⋅+ +⋅=⋅ )⋅A⋅ 2⋅(⋅P + ⋅ = )+A⋅ 2⋅( P ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ ⋅⋅ d) ⋅ 4+⋅ .⋅ .⋅ .+ . +. .. . . + . . .
+
3 3 3 33 3 3 3 33 33 33 33 3333 331 331 332 332 3 3 3 33 3 3 3 339 . 3 33 33 3 3 33 33 3 3 3 3 3 3
2 21P(2A) 11 122= 622·1 11· 12· 2· e) 1 .
P (2 A) = 6⋅P⋅(2 ⋅ ⋅A⋅) ⋅=⋅ 6⋅⋅ ⋅=⋅ )3⋅A⋅2⋅3(⋅P6⋅3= )3A 2( P 3
3 3 3 33 333 333 33 3 3 3 Considerando os eventos de interesse A, bala de
2 2 22 2 22 2 2 2 morango com recheio de chocolate, B, bala de café
2 −4  2   1
1 1
 
 2 2  121
   2 
) q(. 2 ) p2(−24P
),4P(2A)
= (2(.A
qC 2
))p==(626P (2
⋅ A) =
·,4⋅C
= ⋅⋅6·⋅⋅ )A= 2 C(
=
⋅ P

  4,2 6
= (Cp ))A2
= .(
2
(p)C(
q )
2P
·
4− 2
4,2 (
(q)p 2
4)– 2.( q )
4− 2
com recheio de chocolate, e evento C, bala de leite
 3   333  3 3  333   3 4, 2 sem recheio. Sabendo que o espaço amostral tem 45
balas e que se tem interesse em balas com recheio de
P (2 A) = 29, P (2 % 62A26)=
% ,9229, =% 62
)A26%2,(9P2 = )A 2( P chocolate, a probabilidade é dada por:
P(2A) = 29,62%
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B), sabendo que os
Com probabilidade de A ganhar sendo p e probabi- eventos A e B são mutuamente exclusivos temos que
lidade de A perder sendo q.
P(A ∩ B) = 0, assim a probabilidade de ter recheio é:
Uma grande quantidade de problemas que envol-
vem cálculo de probabilidades pode apresentar exata-
mente as mesmas características do problema descrito, 20 15 35 7
MATEMÁTICA

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) = + = =


o que leva à construção de um modelo estatístico teó- 45 45 45 9
rico, conhecido também como distribuição Binomial.
Esse tipo de problema pode ser resolvido direta- Resposta: Letra C.
mente pelo experimento Binomial ou distribuição
Binomial, onde determina-se a probabilidade de se 3. (FCC — 2020) Em determinado setor de um órgão
obterem k sucessos em n tentativas. Para isso, temos a público foi realizado um levantamento com relação aos
função de probabilidade dada por: cargos de nível superior. A tabela abaixo apresenta a
distribuição dos respectivos funcionários segundo o
P(X = k) = Ckn· pk · qn – k, cargo e sexo. 77
É uma matriz de ordem 2·2,
CARGO HOMENS MULHERES TOTAL
JK 9 1 NO
Economista 30 20 50 K 3 OO
C= KKK- 8 7 OO
Administrador 40 40 80
K 4 0 O
Contador 70 50 120 L P
Total 140 110 250 É uma matriz de ordem 3·2.

Toda matriz m · n tem os seus elementos represen-


Um funcionário é escolhido aleatoriamente neste tados por (aij), onde i representa a linha e j a coluna
setor para realizar uma tarefa. Seja E o evento indican- em que o elemento está localizado.
Exemplo:
do que o funcionário escolhido é economista e seja
H o evento indicando que o funcionário escolhido é
homem. Considerando, então, os eventos E e H, a pro-
e o
a11 a12
A=
babilidade de que pelo menos um destes dois eventos a21 a22

{
ocorra é igual a:

a) 64%. (lê-se a um um) elemento que está na 1ª linha


a11
b) 76%. e 1ª coluna
(lê-se a um dois) elemento que está na 1ª linha e
c) 56%. a12
2ª coluna
d) 80%.
(lê-se a um um) elemento que está na 2ª linha
e) 48%. a21
e 1ª coluna
(lê-se a um um) elemento que está na 2ª linha
Se o interesse é de que ocorra pelo menos um dos a22
e 2ª coluna
dois eventos, logo podem ocorrer somente o evento
E, ou somente o evento H ou, ainda, os dois eventos, Observação: Uma matriz M de ordem m ⨉ n tam-
E e H. Assim, das operações com eventos, temos que bém pode ser indicada por M = (aij) ou M = (aij) m ⨉ n.
isso quer dizer união entre E e H:
TIPOS DE MATRIZES
P(E ∪ H) = P(E) + P(H) – P(E ∩ H), assim a probabi-
lidade é: Matriz Linha

50 140 30 É toda matriz do tipo 1 ⨉ n, ou seja, é uma matriz


P(E ∪ H) = P(E) + P(H) – P(E ∩ H) = + – =
250 250 250 que possui apenas uma linha.
Exemplos:
C = [–3 4 1] é uma matriz linha de ordem 1·3
50 + 140 – 30 160 16 M = (–9 7 0 –√15) é uma matriz linha de ordem 1·4
= = = 0,64 = 64%
250 250 25
Matriz Coluna
Resposta: Letra A. É toda matriz do tipo m ⨉ 1, ou seja, é uma matriz
que possui apenas uma coluna.
Exemplos:
RS VW
MATRIZES, DETERMINANTES E SS - 2 WW
SISTEMAS LINEARES S 1 WW
A= S SS 7 WW
MATRIZES SS 0 WW
SS- 17WW
Matrizes podem ser definidas da seguinte manei- T X
ra: sejam dois números naturais m e n diferentes de É uma matriz coluna de ordem 4·1
zero, denominamos matriz de ordem m por n (indi-
ca-se m x n) qualquer tabela M formada por núme-
e o
ros pertencentes ao conjunto dos reais, sendo esses -6
B=
números distribuídos em m linhas e n colunas. 1
Exemplos:
É uma matriz coluna de ordem 2·1
> H
-2 1 0
A=
2 4 3 Matriz Nula

É a matriz que possui todos os elementos iguais a


É uma matriz de ordem 2·3,
zero.

= G
0 -1
B=
3 5

78
Exemplos: É uma matriz quadrada de ordem 2, cuja diagonal
secundária é composta pelos elementos a12 = - 8, e a21
=7
= G
0 0 0 0
E=
0 0 0 0 Matriz Diagonal

É uma matriz nula de ordem 2·4 É a matriz em que todos os elementos que não per-
tencem à diagonal principal são iguais a zero.
Exemplo:
e o
0 0
N=
0 0
–15 0 0

É a matriz nula de ordem 2·2 B= 0 1 0

0 0 – √7
Matriz Quadrada de Ordem n

É toda matriz do tipo n ⨉ n, ou seja, em uma matriz Matriz Identidade de Ordem n


quadrada de ordem n o número de linhas e colunas
são iguais. É toda matriz quadrada em que os elementos da
Exemplo: diagonal principal são iguais a 1. A matriz identidade
é representada pela letra maiúscula I, seguida da sua

e o
2 -8 ordem, ou seja, In.
A= Exemplos:
7 0

= G
1 0
É uma matriz quadrada de ordem 2·2 I2 =
0 1
RS V
SS - 7 4 2 WWW É uma matriz identidade de ordem 2
B= S SS 2 3
9 0W WW
SS - 2 - 1 22 W W JK1 0 0N
O
5 K OO
T X I3 = KKK0 1 0O
K0 OO
É uma matriz quadrada de ordem 3·3 0 1
Observação: Para toda matriz quadrada, no lugar L P
de mencionarmos que sua ordem é n ⨉ m, dizemos
apenas que ela é uma matriz de ordem n. Por exem- É uma matriz identidade de ordem 3
plo, ao nos referirmos a uma matriz quadrada de RS V
ordem 3, estamos dizendo que essa matriz possui três SS1 0 0 0W
W
SS0 W
linhas e três colunas. 1 0 0W
WW
I4 = S
Diagonal Principal
SS0 0 1 0WWW
SS
S0 0 0 1W W
Chamamos de diagonal principal de uma matriz T X
quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que
possui índices iguais. É uma matriz identidade de ordem 4.
Exemplo:
OPERAÇÕES COM MATRIZES

e o
2 -8
A= Adição
7 0
Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n , cha-
É uma matriz quadrada de ordem 2, cuja diagonal mamos soma de A + B a matriz C = (cij)m ⨉ n tal que cij =
principal é uma matriz composta pelos elementos a11 aij + bij, para todo i e todo j. Isso significa que a soma
= 2, e a22 = 0 de duas matrizes A e B do tipo m ⨉ n é uma matriz C
do mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos
Diagonal Secundária elementos correspondentes em A e B.
Exemplo:
Chamamos de diagonal secundária de uma matriz
MATEMÁTICA

quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que


possui a soma dos índices igual a n + 1.
[ –14 09 27 ] + [ –31 –01 05 ] = [ –14+–31 90 +– 10 27 ++ 05 ]
= [ 4 –1 7 ]
Exemplo:
–5 9 7

e o
2 -8
A=
7 0

79
Propriedades da Adição de Matrizes Propriedades de uma Matriz Transposta

A adição de matrizes do tipo admite as seguintes A matriz transposta admite as seguintes


propriedades: propriedades:

z A ssociativa: (A + B) + C = A + (B + C); z P1) (At)t = A;


z Comutativa: A + B = B + A; z P2) (A + B)t = At + Bt;
z Elemento Neutro: A + 0 = A, em que 0 é a matriz z P3) (k · A)t = k · At;
nula; z P4) (A ·B)t = Bt · At.
z Elemento simétrico: A + (- A) = 0, em que -A é a
matriz oposta de A. Produto

Multiplicação por Escalar Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)n ⨉ p , deno-


minamos o produto AB a matriz C = (cik)m ⨉ p tal que cik =
Dado um número k e uma matriz A = (aij)m ⨉ n, cha- ai1 · b1k + ai2 · b2k + ai3 · b3k + . . . + ain · bnk = ƩnJ=1 aij · bjk para
ma-se produto kA a matriz B = (bij)m ⨉ n tal que bij = kaij, todo i ∈ {1,2, ... ,m} e k ∈ {1,2, ... ,p}.
para todo i e todo j. Isso significa que multiplicar uma Observações: A definição dada garante a existên-
matriz A por um número k é construir uma matriz B cia do produto AB somente se o número de colunas de
formada por todos os elementos de A multiplicados A for igual ao número de linhas de B, pois A é do tipo
por k. m ⨉ n e B é do tipo n ⨉ p.
A definição dada afirma que o produto AB é uma

[ ][ 2 ∙ 4 2 ∙ (– 1)
][ ]
4 –1 8 –2 matriz que tem o número de linhas de A e o número
2. 0 5 = 2 ∙ 0 2 ∙ 5 = 0 10 de colunas de B, pois AB é do tipo m ⨉ p.
3 √2 2 ∙ 3 2 ∙ √2 6 2 ∙ √2 Exemplos:

[ ] [ ]
Propriedades do Produto de um Número por Uma 1 –2
2 4 2
Matriz ∙ 0 5
–1 –3 5 4 0
2x3 2x3

[ ]
O produto de um número por uma matriz admite
2∙1+4∙0+2∙4 2 (– 2) + 4 ∙ 5 + 2 ∙ 0
as seguintes propriedades: (– 1) ∙ 1 + (– 3) ∙ 0 + 5 ∙ 4 (– 1) ∙ (– 2) + (– 3) ∙ 5 + 5 ∙ 0

z a · (b · A) = (a · b) · A;
z a · (A + B) = a . A + a · B;
[ 1019 16
– 13 ]
2x2

[ ]
z (a + b) · A = a · A + b · A; 1
–2 ∙ [ 3 –5 4 0 ]
z 1 · A = A. 1x4
12
3x1

[ ]
Transposição
1∙3 1 ∙ (– 5) 1∙4 1∙0
(– 2) ∙ 3 (– 2) ∙ (– 5) (– 2) ∙ 4 (– 2) ∙ 0
Dada a matriz A = (aij)m ⨉ n, chamamos transposta 12 ∙ 3 12 ∙ (– 5) 12 ∙ 4 12 ∙ 0
de A a matriz A = (aji’)n ⨉m tal que aji’ = aij para todo i e
t

[ ]
todo j. Isso significa que as colunas de At são ordena- 3 –5 4 0
damente iguais às linhas de A. – 6 10 – 8 0
Exemplos: 36 –60 48 0
3x4

Se A = >
4
5
2
7
-1
2
5 2x3
H [ 05 –33 –12 ] 3x2

[ ]
1
–1
10 3x1

Sua transposta é:
[ 05 ∙∙ 11 ++ (–3 ∙3)(–∙1)(–+1)(–+2)1 ∙∙ 1010 ] = [ –1823 ] 1x2

RS VW Propriedades do Produto de Matrizes


SS 4 5 WW
A =S
t
SS2 7W W O produto de matrizes admite as seguintes
SS - 1 2 W W propriedades:
5 W3x2
T X
Se B = [– 1 0 ⁵√19 – 6]1·4, z A ssociativa: (A · B) · C = A · (B · C);
z Distributiva à direita em relação à adição: (A + B) ·
Sua transposta é: C = A · C + B · C;
RS V z Distributiva à esquerda: C · (A + B) = C· A + C · B;
SS - 1 WWW z (k · A) ·B = A · (k · B) = k · (A · B).
SS 0 WW
Bt = SS5 WW Observações: É muito importante notar que, em
SS 19WW
SS - 6 WW geral, a multiplicação de matrizes não é comutativa, ou
80 4x1 seja, para duas matrizes quaisquer A e B, temos AB ≠ BA.
T X
Quando A e B são tais que AB = BA, dizemos que A Propriedades de Uma Matriz Inversa
e B comutam. Notemos que uma condição necessária
para A e B comutarem é que sejam matrizes quadra- A matriz inversa admite as seguintes propriedades:
das e de mesma ordem.
É importante observar também que a implicação z ( A-1)-1 = A;
AB = 0 → A = 0 ou B = 0 não é válida para matrizes, z ( A · B)-1 = B-1 · A-1;
ou seja, é possível encontrar duas matrizes não nulas
z (At)-1 = (A-1)t.
cujo produto é a matriz nula.
Exemplo:
DETERMINANTE DE UMA MATRIZ

[ 01 00 ] ∙ [ 00 01 ] = [ 00 00 ] Definição

Determinantes podem ser definidos do seguinte


MATRIZ INVERSA
modo: considere o conjunto das matrizes quadra-
das de elementos reais. Seja M uma matriz de ordem
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Dizemos
n desse conjunto. Denominamos determinante da
que A é uma matriz invertível se existir uma matriz
matriz M (e indicamos por det M) o número que asso-
A-1 tal que A · A-1 = A-1 · A = In, onde In é a matriz identi-
ciamos à matriz M, operando seus elementos confor-
dade de ordem n.
me a ordem dessa matriz.
Observações: Se A não é invertível, dizemos que A
é uma matriz singular.
Determinante de Matriz Quadrada de Ordem 1
Se A é invertível, então é única a matriz A-1.
Exemplos:
Se M é de ordem 1, então o det M é o único elemen-

[ ]
to de M.
A matriz A = 1 3
2 7 Exemplo:
Se M = [4], então o det M = 4
É inversível e:
Determinante de Matriz Quadrada de Ordem 2

A– 1 = [ –72 –13 ] Se M é de ordem 2, então o det M é o produto dos


elementos da diagonal principal de M, menos o produ-
Pois to dos elementos da diagonal secundária de M.
Exemplo:

A ∙ A– 1 = [ 21 73 ] ∙ [ –72 –13 ] Se M = , então:

[ 21 ∙∙ 77 ++ 37 ∙∙ (–(– 2)2) 21 ∙∙ (–(– 3)3) ++ 37 ∙∙ 11 ] = [ 01 01 ] = I 2


det M = 2 ∙ 5 – [6 ∙ (– 1)· = 10 – (– 6) = 10 + 6 = 16

A∙A = [
1 ] [ 2 7 ]
–1 7 –3 ∙ 1 3
–2 Determinante de Matriz Quadrada de Ordem 3

[ 7–∙21∙ +1 (–3)+1∙2 –2∙3+1∙7 ] [ 0 1 ]


∙ 2 7 ∙ 3 + (– 3) ∙ 7
=
1 0
=I 2
Se M é de ordem 3, então o det M é dado por:

det M = a11 ∙ a22 ∙ a33 + a12 ∙ a23 ∙ a31 + a13 ∙ a21 ∙ a32 – a13 ∙
Qual é a inversa da matriz A = [ 2
0
1
3 ] ? a22 ∙ a31 – a11 ∙ a23 ∙ a32 – a12 ∙ a21 ∙ a33

Fazendo A-1 = , temos: Podemos memorizar essa definição da seguinte


maneira:

A– 1 ∙ A = [ ac bd ] ∙ [ 02 31 ] = [ 01 01 ] z repetimos, ao lado da matriz, as duas primeiras


colunas;

[ ac ∙∙ 22 ++ db ∙∙ 00 ac ∙∙ 11 ++ db ∙∙ 33 ] = [ 01 01 ]
z os termos precedidos pelo sinal + são obtidos mul-
tiplicando-se os elementos seguindo as flechas
situadas na direção da diagonal principal;
z os termos precedidos pelo sinal – são obtidos mul-
{ a +2a3b= 1= 0
1 1
⇒a= eb=– tiplicando-se os elementos seguindo as flechas
2 6 situadas na direção da diagonal secundária.

{ c +2c3d= 0= 1
1
MATEMÁTICA

⇒c=0ed= Tal processo é conhecido como Regra de Sarrus e


3 é utilizado para o cálculo de determinantes de ordem
3.
Portanto, Vejamos agora um exemplo numérico:

RS V
SS1 2 1W
W
> H
1
- 16 W
Seja M = S - 2W
2
A-1 = 1 SS5 3 WW
0 S2 - 1W
3 4 81
T X
Calcule o seu determinante. Se multiplicarmos a primeira linha da matriz por
2, teremos:
Utilizando a regra de Sarrus, temos que:
RS V
SS4 - 1 6W
W
1 2 1 1 2 W
det M = 5 3 -2 5 3 = M’ = S SS4 5 0W
WW , o det de M’ = - 56
2 4 -1 2 4 SS2 -1 1W
W
= 1 ∙ 3 ∙ (1) + 2 ∙ (- 2) ∙ 2 + 1 ∙ 5 ∙ 4 - (1 ∙ 3 ∙ 2 + 1 ∙ (- 2) ∙ 4 + T X
2 ∙ 5 ∙ (- 1)
Ou seja, det M’ = 2 . det M, o det de M’ = - 56, ou seja,
1 2 1 1 2 caso fosse multiplicada a primeira coluna da matriz M
det M = 5 3 -2 5 3 = por 2, o determinante da nova matriz M’ seria o dobro
2 4 -1 2 4
do det M.
= - 3 - 8 + 20 - (6 - 8 - 10) = 9 - (- 12) = 9 + 12 = 21
RS VW
SS4 -1 3W
Portanto o det de M = 21. S8 WW
M’ = S SS 5 0W WW , o det M’ = - 56
Propriedades S4 -1 1W
T X
z Matriz Transposta z Multiplicação da Matriz por uma Constante

Se M é a matriz de ordem n e Mt sua transposta, Se A é uma matriz de ordem n, então det (ɑ · A) =


então det Mt = det M ɑn · det A.
Exemplo: Exemplo:
Seja a Matriz:

e o , o det A = 14
RS W V 4 -1
SS- 1 2 0W Se A =
WW
M= S
2 3
SS 3 4 - 6W , o det M = - 10
SS 2 W
1 - 2WW Se quiséssemos descobrir o determinante de 3 · A,
T X faríamos:
Logo,
det 3 · A = (3)2 · det A = 9 · 14 = 126
RS V
SS- 1 3 2WWW z Troca de Filas Paralelas
Mt = S SS 2 4 1W WW , e o det Mt = - 10
SS 0 -6 - 2W W Seja M uma matriz de ordem n ≥ 2. Se trocarmos
T X de posição duas filas paralelas, obteremos uma nova
matriz M’ tal que det M’ = - det M.
z Fila Nula Exemplo:

Se os elementos de uma fila (linha ou coluna) qual- RS V


SS 1 - 1 2W
W
quer de uma matriz M de ordem n forem todos nulos, W
então det M = 0. Seja M = S SS 0 3 4W
WW , o det M = 13
Seja: SS- 3 W
5 1W
RS VW T X
SS 3 -1 4W
W Se trocarmos de posição a primeira coluna com a
M= S SS 0 0 0W
WW , o det de M = 0 segunda coluna, teremos:
SS- 3 2W
W
5 RS V
T X SS- 1 1 2W
W W
z Multiplicação de uma Fila por uma Constante M’ = S SS 3 0 4W
WW o det M’ = - 13
SS 5 -3 1W
W
Se multiplicarmos uma fila qualquer de uma T X
matriz M de ordem n por um número k, o determi-
nante da nova matriz M’ obtida será o produto de k Portanto a conclusão que chegamos é que: det M’
pelo determinante de M, isto é det M’ = k · det M. = - det M.
Exemplo: O raciocínio é análogo, caso fosse feita a troca de
Seja: linhas paralelas.

RS V
SS2 - 1 3W
W z Filas Paralelas Iguais
W
M= S SS4 5 0W
WW , o det M = - 28 Se uma matriz M de ordem n ≥ 2 tem duas filas
SS2 -1 1W
W paralelas formadas por elementos respectivamente
T X iguais, então det M = 0.
Exemplo:
82
RS V
SS- 1 0 2W
W det A–1 =
1
W det A
Seja M = S SS 4 5 7W
WW , o det de M = 0
SS- 1 2W
W
0 Exemplo:
T X Seja:
Pois a 1ª e 3ª linhas são iguais. RS V
SS0 3 - 1W
W
W
z Filas Paralelas Proporcionais A= S SS2 -4 3WWW , o det A = 19
SS1 2 - 3WW
Se uma matriz de ordem n ≥ 2 tem duas filas para-
T X
lelas formadas por elementos respectivamente pro-
porcionais, então det M = 0. Logo,
Exemplo:
1 1
RS W V det A–1 = =
det A 19
SS 1 2 6W
W
Seja M = S SS 3 -1 - 3W
WW , o det M = 0
S- 2 z Matriz Triangular
4 12W
T X
O determinante de uma matriz triangular (aquela
Pois a 3ª coluna é a 2ª coluna multiplicada por 3. cujos elementos acima ou abaixo da diagonal princi-
pal são todos iguais a zero) é dado pelo produto dos
z Combinação Linear de Filas Paralelas elementos da diagonal principal.
Exemplos:
Se uma matriz quadrada M, de ordem n, tem uma
RS V
linha (ou coluna) que é combinação linear de outras
SS- 3 0 0W
W
linhas (ou colunas), então det M = 0.
SS 1 W
Exemplos: Seja A = 2 0WWW
SS
S4 -5 - 1WW
JK 1 - 2 - 1N
OO T X
KK O Como temos uma matriz triangular superior,
Seja M = K KK 3 4 7O
O , o det M = 0 ou seja, todos os elementos acima da diagonal prin-
K- 5 O
- 3O cipal são nulos, logo o determinante de A será dado
2
L P pelo produto dos elementos da diagonal principal da
matriz A.
Pois a 3ª coluna é a soma da 1ª coluna com a 2ª
Portanto: det A = ( - 3) · 2 · ( - 1) = 6
coluna.
RS V
JK2 NO SS1 -2 7 W
W
KK -3 5 OO S W
Seja B = S0 2WWW
Seja N = K 0O
4
KK1 4 OO , o det N = 0 SS
K3 S0 - 3WW
10 O
- 10 0
L P T X
Como temos uma matriz triangular inferior, ou
Pois a 3ª linha é o dobro da 1ª linha menos a 2ª seja, todos os elementos acima da diagonal princi-
linha. pal são nulos, logo o determinante de B será dado
pelo produto dos elementos da diagonal principal da
z Teorema de Binet matriz B.
Portanto: det B = 1 · 4 · ( - 3) = - 12
Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então
det (AB) = det A · det B. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES
Exemplo:
Equação Linear

e o , o det A = 5
3 2
Seja A = Denominamos equação linear toda equação do
-1 1
tipo:
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c
E
MATEMÁTICA

Onde: a1, a2, a3, . . . , xn: são coeficientes reais, não


e o , o det B = 3
-2 -7 todos nulos.
B= x1, x2, x3, . . . , xn: São as incógnitas.
1 2
c: é o termo independente.
Quando o termo independente é nulo, dizemos
Logo, pelo Teorema de Binet, o det (A · B) = det A · que a equação linear é homogênea.
det B = 5 · 3 = 15. Exemplos:
Observação: decorre a seguinte relação do Teore-
ma de Binet: 83
z 4x + 3y - z = - 1; Solução de Um Sistema Linear
z 2x - y = 3;
z - 2x - y + 5z = 0 (Equação linear homogênea). Seja uma sequência ou n-upla ordenada de núme-
ros reais (a1, a2, a3, . . . , an), a qual será solução de um
Não são equações lineares as equações abaixo: sistema linear S, se for a solução de todas as equações
lineares de S, ou seja:
z x2 + y - z3 = 3;
z xy - 5z = -7;
a11a1 + a12a2 + a13a3 + . . . + a1nan = c1 (sentença verdadeira)
z x - 2y + √z = 3.
a21a1 + a22a2 + a23a3 + . . . + a2nan = c2 (sentença verdadeira)
Sistema Linear a31a1 + a32a2 + a33a3 + . . . + a3nan = c3 (sentença verdadeira)
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
Denominamos sistema linear o conjunto de duas am1a1 + am2a2 + am3a3 + . . . + amnan = cm (sentença verdadeira)
ou mais equações lineares com n incógnitas.
Exemplos: Exemplo:

{
{
4x - y = 2
x + 7y = 1 x + 2y - 2z = - 5
2x - 3y + z = 9
Nesse caso, temos um sistema linear de duas incóg-
nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen- 3x - y + 3z = 8
dentes desse sistema.

{
O sistema acima admite como solução a tripla
- 3x + 2y - z = - 1 ordenada (1, -2, 1), pois substituindo essas coordena-
das em cada uma das equações lineares, temos:
x + y - 5z = 3

{ {
2x - 5y + 2z = 4 (1) +2 (- 2) - 2 (1) = - 5 1-4-2=-5
Nesse caso, temos um sistema linear de três incóg- 2(1) - 3 (- 2) + (1) = 9 ⇒ 2+6+1=9
nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde- 3+2+3=8
3(1) - (- 2) + 3(1) = 8
pendentes desse sistema.
Um sistema linear de m equações com n incógni- -5=-5

{
tas, indicado por m · n (lemos “m por n”), pode ser 9=9

{
representado por um conjunto de equações do tipo: Todas as sentenças são verdadeiras.
8=8
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1
Sistema Linear Homogêneo
a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2
S a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3 Chamamos de sistema linear homogêneo aquele
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ que possui todos os termos independentes nulos, ou
seja, iguais a zero.
am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm Exemplo:

{
Note que, pela definição do produto de matrizes, x + y + 2z = 0
o sistema linear genérico acima pode ser escrito na
3x + 4y - z = 0

][ ] [ ]
forma matricial da seguinte maneira:

[
2x + 3y - 3z = 0
a11 a12 a13 ... a1n x1 c1
a21 a22 a23 ... a2n x2 c2 Todo sistema linear homogêneo admite a solução
nula (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial. Além
a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3
dessa um sistema linear homogêneo pode ter outras
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙ soluções.
am1 am2 am3 ... amn xn cn
Métodos Práticos para a Resolução de um Sistema
Exemplos:
Escrevendo na forma matricial os dois exemplos z Regra de Cramer
anteriores, temos:
Inicialmente, consideremos o seguinte sistema
linear:

{ x4x+ -7yy == 21 ⇒ [ 1 ] ∙ [ y ] = [1 ]
4 -1 x 2
7
{ aa xx ++ bb yy == cc

[ ][][ ]
1 1 1

{
2 2 2

- 3x + 2y - z = - 1 -3 2 -1 x -1
x + y - 5z = 3 ⇒ 1 1 -5 ∙ y = 3
2x - 5y + 2z = 4 2 -5 2 z 4
84
É a matriz incompleta do sistema c1 e c2, são os ter-
Dz 30
mos independentes do sistema. z= = =3
D 10
a1 b1
D=
a2 b2 Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, 2, 3).

Classificação de Sistemas Lineares


É o determinante da matriz incompleta do sistema.
Os sistemas lineares podem ser classificados con-
c1 b1 forme o esquema abaixo:
Dx =
c2 b2
Determinado

É o determinante da matriz obtida por meio da tro- Possível


ca dos coeficientes de x, pelos termos independentes,
Indeterminado
na matriz incompleta. Sistema

a1 c1 Impossível
Dy =
a2 c2
Sistema Possível e Determinado
É o determinante da matriz obtida por meio da tro-
ca dos coeficientes de y, pelos termos independentes, Um sistema será possível e determinado (SPD)
na matriz incompleta. quando o determinante D da matriz incompleta for
O exemplo acima é análogo para qualquer sistema diferente de zero, ou seja, D ≠ 0.
linear n · n, portanto a regra de Cramer pode ser apli-
cada para resolver qualquer sistema linear n · n, onde Sistema Possível e Indeterminado
D ≠ 0. A solução será dada pelas seguintes razões:
Um sistema será possível e indeterminado (SPI)

( )
quando o determinante D da matriz incompleta for
D1 D2 D3 Dn
X1 = ,X2 = ,X3 = , . . . , xn = igual a zero (D = 0) e os determinantes das incógnitas
D D D D também: (D1 = D2 = D3 = ... = Dn = 0)

Exemplos: Sistema Impossível


Vamos resolver os seguintes sistemas pela Regra
de Cramer: Um sistema será impossível (SI) quando o determi-
nante D da matriz incompleta for igual a zero (D = 0) e
� { 3x2x- +4yy == -45 pelo menos um dos determinantes das incógnitas for
diferente de zero.
Vamos classificar cada um dos sistemas lineares
abaixo:
D = 3 - 4 = 11, Dx = - 5 - 4 = 11, D = 3 - 5 = 22
2 1 4 1 2 4

Portanto:
� {4x2x -+y3y= =1 5
Dx 11 Dy 22 D = 4 - 1 = 14
x= = = 1, y = = = 22 2 3
D 11 D 11 Como D ≠ 0, o sistema é SPD

Logo a solução do sistema é o par ordenado (1, 2)



{ x + 2y - z = 1
2x - 3y + 4z = 2

{ x - 2y + z = 0 3x - y + 3z = 3
� 2x + y - 3z = - 5
4x - y - z = - 1 1 2 -1
D = 2 - 3 4 = 0,
1 -2 1 0 -2 1 3 -1 3
D = 2 1 - 3 = 10, Dx = - 5 1 - 3 = 10
4 -1 -1 -1 -1 -1 Como D = 0, o sistema não é SPD vamos verificar
se é SPI ou SI.
MATEMÁTICA

1 0 1 1 -2 0
Dy = 2 - 5 - 3 = 20, Dz = 2 1 - 5 = 30
4 -1 -1 4 -1 -1 1 2 -1 1 1 -1 1 2 1
Dx = 2 - 3 4 = 0, Dy = 2 2 4 = 0, Dz = 2 - 3 2 = 0
3 -1 3 33 3 3 -1 3
Portanto:
Como D = 0, Dx = 0, Dy = 0 e Dz = 0, o sistema é SPI.
Dx 10 Dy 20
x= = = 1, y = = =2
D 10 D 10
85
{ - 2x + y - 3z = 0 Substituiremos a terceira linha por uma nova,
� x - y - 5z = 2 fazendo a seguinte operação:
3x - 2y + 2z = - 3
z Vamos multiplicar a 2ª equação por (- 1) e adicio-
-2 1 -3 nar o resultado a 3ª equação.
D= 1 -1 -5 =0

{
3 -2 -2 x + 2y - 2z = - 5
- 7y + 5z = 19
Como D = 0, o sistema não é SPD, vamos verificar 4z = 4
se é SPI ou SI.
Com o sistema escalonado, podemos determinar
0 1 -3 os valores das incógnitas da seguinte forma:
Dx = 2 - 1 - 5 = 40 Obtendo z na 3ª equação:
-3 -2 -2
4z = 4
Como Dx ≠ 0, o sistema é SI. Não é necessário ana-
lisar o determinante das incógnitas y e z, uma vez que 4
um deles já apresenta resultado diferente de zero. z=
4
Escalonamento de Sistemas Lineares z=1
Nem sempre a Regra de Cramer é um instrumento Obtendo y na 2ª equação:
prático para a resolução de sistemas lineares. Para a Como z = 1, vamos substituir o seu valor na 2ª
resolução de sistemas de três ou mais equações, pode- equação e encontrar o y:
mos fazer a solução de uma forma escalonada, ou seja,
vamos fazer o escalonamento do sistema. Um sistema - 7y + 5z = 19
estará escalonado quando, de equação para equação,
no sentido de cima para baixo, houver aumento dos - 7y + 5(1) = 19
coeficientes nulos situados antes dos coeficientes não - 7y + 5 = 19
nulos.
Exemplos: - 7y = 19 - 5
- 7y = 14

S1
{ x+y+z=3
0x + y + z = 2 , S2
0x + 0y + z = 1 { x+y+z-t=6
0x - y - 4z + 3t = - 13
0x + 0y + 12z - 6t = 20 y=
14

-7
Vejamos um exemplo prático de como resolver um y=-2
sistema linear por escalonamento:

{
Obtendo x na 1º equação:
2x - 3y + z = 9 Como y = - 2 e z = 1, vamos substituir os seus valo-
x + 2y - 2z = - 5 res na 1ª equação e encontrar o x:
3x - y + 3z = 8
x + 2y - 2z = - 5
Primeiramente vamos trocar de posição a linha 2
com a linha 1, para que a incógnita x que possui o coe- x + 2 (- 2) - 2(1) = - 5
ficiente 1 fique na primeira linha.
x-4-2=-5

{ x + 2y - 2z = - 5
2x - 3y + z = 9
3x - y + 3z = 8
x-6=-5
x=-5+6
x=1
Substituiremos a segunda linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação: Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, -2, 1).

z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 2) e adicio-


Coloque seus conhecimentos em prática realizan-
nar o resultado a 2ª equação.
do os exercícios que seguem.
Substituiremos a terceira linha por uma nova,
1. (ESAF — 2009) O determinante da matriz:
fazendo a seguinte operação:

[ ]
2 1 0
z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 3) e adicio- B= a b c é:
nar o resultado a 3ª equação. 4+a 2+b c

{
a) 0
x + 2y - 2z = - 5 b) 2b - c
- 7y + 5z = 19
c) a + b + c
- 7y + 9z = 23
d) 6 + a + b + c
e) 2bc + c - a
86
A matriz B é uma matriz quadrada de ordem 3, para 2
calcular os seus determinantes, vamos utilizar a m=
3
Regra de Sarrus:
Para encontrar o valor de k, basta calcular o determi-
2 1 0 2 1 nante em relação a uma das duas incógnitas, já que
a b c a b descobrimos o valor de m, porém para facilitar os
4+a 2+b c 4+a 2+b
cálculos vamos calcular o determinante em relação
Vamos fazer o produto das diagonais principais, a y, igualando o mesmo a zero, teremos o seguinte:
menos o produto das diagonais secundárias. 3 18
=0
2 ∙ b ∙ c + 1 ∙ c ∙ (4 + a) + 0 ∙ a ∙ (2 + b) - [0 ∙ b ∙ (4 + a) + 2 k
2 ∙ c ∙ (2 + b) + 1 ∙ a ∙ c] = 2bc +4c + ac - [4c + 2bc + ac] 3 ∙ k - 2 ∙ 18 = 0
= 2bc + 4c + ac - 4c - 2bc - ac = 0 Resposta: Letra A.
3k - 36 = 0
2. (ESAF — 2012) Dada as matrizes: 3k = 36

( ) ( )
2 3 2 4 36
A= eB= k=
1 3 1 3 3
Calcule o determinante do produto AB: k = 12
Não se esqueça que o exercício não pede os valores
a) 8
de m e k, mas sim o produto entre eles. Fazendo o
b) 12
produto entre m e k, teremos:
c) 9
d) 15 2 24
m∙k= ∙ 12 = =8
e) 6 3 3
Resposta: Letra A.
Pelo Teorema de Binet, temos que: o det (A ∙ B) = det
A ∙ det B
Calculando separadamente cada um dos determi- 4. (CESGRANRIO — 2011) Considere o sistema a seguir:

{
nantes, teremos:
x + 5y + z = 0
2 3 4x + y - 2z = 1
Det A = = 2 ∙ 3 - (3 ∙ 1) = 6 - 3 = 3
1 3 7x + 3y - 4z = - 1
2 4
Det B = =2∙3-4∙1=6-4=2 Nesse sistema o valor de x é:
1 3
Portanto o det (A ∙ B) = detA ∙ detB = 3 ∙ 2 = 6 Respos- a) 3
ta: Letra E. b) 2
c) 1
3. (UNIRIO — 2009) Se o sistema: d) 0
e) -1
{3x2x ++ my
y = 18
=k O exercício pede somente o valor da incógnita x,
portanto podemos utilizar a regra de Cramer, para
Possui infinitas soluções, o produto k ∙ m, vale: encontrar o seu valor. Pela regra de Cramer, sabe-
mos que:
a) 8 Dx
b) 12 x=
D
c) 15
d) 18 Calculando os respectivos determinantes pela regra
e) 20 de Sarrus, teremos:

Se o sistema possui infinitas soluções, ele é um siste- 1 5 1


D= 4 1 -2
ma possível indeterminado (SPI). Pela regra de Cra- 7 3 -4
mer um sistema linear 2×2 será SPI, se e somente se,
D = 0, Dx = 0 e Dy = 0. 1 5 1 1 5
D= 4 1 - 2 4 1 = 1 ∙ 1 ∙ (- 4) + 5 ∙ (- 2) ∙ 7 + 1 ∙ 4 ∙
Para encontrar o valor de m vamos calcular o deter- 7 3 -4 7 3
minante da matriz incompleta, igualando o mesmo
a zero, teremos, portanto: 3 - [1 ∙ 1 ∙ 7 + 1 ∙ (- 2) ∙ 3 + 5 ∙ 4 ∙ (- 4)]
MATEMÁTICA

3 1 D = - 4 - 7 + 12 - (7 - 6 - 80) = - 62 - (- 79) = - 62 + 79 = 17
=0
2 m Logo D = 17
3∙m-2∙1=0 Fazendo Dx, temos:
3m - 2 = 0 0 5 1
3m = 2 Dx = 1 1 -2
-1 3 -4

87
0 5 1 0 5 Sequências Numéricas Alternadas
Dx = 1 1 - 2 1 1 = 0 ∙ 1 ∙ (- 4) + 5 ∙ (- 2) ∙ (- 1)
-1 3 -4 -1 3 É bem comum aparecerem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
+ 1 ∙ 1 ∙ 3 - [1 ∙ 1 ∙ (- 1) + 0 ∙ (- 2) ∙ 3 + 5 ∙ 1 ∙ (- 4)]
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
Dx = 10 + 3 - (- 1 - 20) = 13 - (- 21) = 13 + 21 = 34 te exemplo:
Logo Dx = 34
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
Fazendo:
Dx 34 Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
x= = = 2, portanto x = 2. Resposta: Letra B. dizer que temos uma sequência que, de um número
D 17
para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
PROGRESSÕES 2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS PROGRESSÕES ARITMÉTICAS

Esse tema é cobrado de uma maneira que pode pare- Uma progressão aritmética é aquela em que os
cer como também pode ser complicado. Descobrir a lei termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
de formação ou padrão da sequência é o seu principal tante, normalmente representada pela letra r.
objetivo, pois nas questões sobre sequências/raciocínio
sequencial, você será apresentado a um conjunto de z Termo inicial: valor do primeiro número que
dados dispostos de acordo com alguma “regra” implíci- compõe a sequência;
ta, alguma lógica de formação. O desafio é exatamente z Razão: regra que permite, a partir de um termo,
descobrir essa “regra” para, com isso, encontrar outros obter o seguinte.
termos daquela mesma sequência.
Veja o exemplo abaixo: Observe o exemplo abaixo:

2, 4, 6, 8,... {1,3,5,7,9,11,13, ...}

A primeira pergunta que podemos fazer para Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces-
achar a lei de formação é: os números estão aumen- sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
tando ou diminuindo? são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
operações de soma ou multiplicação entre os termos. gressões aritméticas, é importante você saber obter o
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei- termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
ro termo para o segundo, somamos o número dois e a seguir.
depois repetimos isso.
TERMO GERAL
2+2=4
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
4+2=6
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
6+2=8 outro termo. Temos a seguinte fórmula:

Logo, o nosso próximo termo será o número 10, an = a1 + (n-1)r


pois 8+2 = 10.
Caso os números estejam diminuindo, você pode Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões “n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
entre os termos. a posição do termo na PA.
Agora, observe essa outra sequência: Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que
2, 3, 5, 7, 11, 13, ... precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}

Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem z o termo que buscamos é o da décima posição, isto
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per- é, a10;
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên- z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor z o termo inicial é 1, logo a1 = 1;
15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra- z n, ou seja, a posição que queremos é a de número
do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Nesse 10: n = 10.
caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
les números que só podem ser divididos por eles mes- Logo,
mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números an = a1 + (n– 1)r
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
88
a10 = 1 + (10 – 1)2 Dica
a10 = 1 + 2 × 9 PA crescente: se r > 0;
a10 = 1 + 18 PA decrescente: se r < 0;
PA constante: se r = 0.
a10 = 19
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
posição 200 é: PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)
2
an = a1 + (n – 1)r
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)
a200 = 1 + (200 – 1)2  4 = 4.
2
a200 = 1 + 2 × 199
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E
a200 = 1 + 398 INFINITAS)

a200 = 399 Observe a sequência a seguir:

Soma dos Termos e Propriedades {2, 4, 8, 16, 32...}

A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
n # (a1 + an) do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
Sn =
2 mo número, o que chamamos de razão da progressão
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}. PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- e a soma dos termos.
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, Termo Geral
temos:
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
n # (a1 + an) termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
Sn =
2 primeiro termo (a1) e da razão (q):

7 # (1 + 13) an = a1 × qn-1
S7 =
2
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
7 # 14 ser encontrado assim:
S7 =
2
{2, 4, 8, 16, 32...}
98
S7 = = 49 a5 = 2 × 25-1
2
a5 = 2 × 24
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
a5 = 2 × 16
z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem a5 = 32
crescente.
Soma dos Termos e Propriedades
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
z Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
decrescente. A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
primeiros termos da progressão geométrica:
MATEMÁTICA

Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;


n
a1 # (q - 1)
z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão Sn =
iguais. q-1

Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a


soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
16, 32...}
89
4 2. (IBFC — 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
2 # (2 - 1) (progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
S4 =
2-1 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
2 # (16 - 1)
S4 = a) 324.
1 b) 36.
2 # 15 c) 108.
S4 = d) 216.
1
S4 = 30 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
termo, devemos usar a fórmula do termo geral da
z Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão PG. Veja:
Geométrica a4 = a2 · q4-2
a4 = 12 · 32
Suponha que você corra 1000 metros, depois, a4 = 12 · 9
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros a4 = 108
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você Resposta: Letra C.
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
Observe que o que temos é exatamente uma progres- 3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. (P.G.) e assinale o valor de y.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto P.G. = (y + 30; y; y – 60)
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos: a) +30.
b) +60.
a1 # (0 - 1) c) –30.
S∞ =
q-1 d) –60.
e) –90.
a1
S∞ = Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
1-q
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
y² = (y + 30) × (y - 60)
Dica y² = y² -60y +30y -1800
y² - y² +60y -30y = -1800
Em uma progressão geométrica, o quadrado do 30y = -1800
termo do meio é igual ao produto dos extremos. y = -1800/30
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 · a3 y = -60
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} Resposta: Letra D.
82 = 4 · 16
64 = 64. 4. (FCC — 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
A seguir, analise alguns exercícios comentados de do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
bancas variadas. de água, no 1° dia do experimento ela recebeu

1. (IBFC — 2015) O total de múltiplos de 4 existentes a) 64 gotas.


entre os números 23 e 125 é: b) 49 gotas.
c) 59 gotas.
a) 25. d) 44 gotas.
b) 26. e) 54 gotas.
c) 27.
d) 28. Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
e) 24. então, o a1 é dado por:
a65= a1 + (n-1).r
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o último 374 = a1 + (65-1)5
é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma PA de 374 = a1 + 64 . 5
razão igual a 4. Então, temos as seguintes informações: 374 = a1 + 320
a1 = 24 a1 = 54 gotas.
an = 124 Resposta: Letra E.
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
obter os múltiplos).
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
an = a1 + (n-1)r GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO
124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4 As primeiras noções ou conceitos primitivos da
124 – 24 + 4 = 4n geometria são as de ponto, reta e plano. Assim, o espa-
104 = 4n ço é o conjunto de todos os pontos e é nesse conjunto
n = 26. Resposta: Letra B. que desenvolvemos a Geometria espacial.
90
r e s com ponto comum→r ree ss concorrentes
com ponto em comum → r e s conc
 r e s coplanares 
  rrreeess coplanares
ssem
componto
ponto s em
→ r eem comum→→r er es paral
comum
paralelas s con
rreresesem
s coplanares
ponto comum 
  s reversas rrees não
s sem ponto
coplanares → rem comum → r e s para
e s reversas
r e s reversas
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS

Alguns postulados ou teoremas em relação aos pla-


nos devem ser enunciados:

z Teorema da interseção de planos: se dois planos


distintos têm um ponto em comum, então a inter-
seção desses planos é uma única reta que passa
por aquele ponto;
z Planos secantes: dois planos distintos que se cortam
(ou interceptam) são chamados de planos secantes
ou concorrentes, nesse caso a reta que está nos dois
planos ao mesmo tempo é chamada de traço;
z Paralelismo entre planos: dois planos são parale-
los se, e somente se, eles não têm ponto em comum
Exemplo de ponto (A), reta (r) e plano (α). ou são coincidentes, ou seja, se um plano contém
duas retas concorrentes, ambas paralelas a um
Temos ainda algumas proposições ou postulados outro plano, então esses dois planos são paralelos.
relacionando ponto, reta e plano:

z Postulado da existência: existe reta e numa reta


infinitos pontos; existe plano e num plano há infi-
nitos pontos;
z Postulado da determinação: dois pontos distintos
determinam uma única reta que passa por eles;
três pontos não colineares determinam um único
plano que passa por eles;
z Postulado da inclusão: se uma reta tem dois pon-
tos distintos num plano, então ela está contida no
plano;
z Retas concorrentes: duas retas são concorren-
tes se, e somente se, elas têm um único ponto em
comum;
z Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e Exemplo de planos secantes e traço.
somente se, ou são coincidentes ou são coplanares
e não tem ponto comum; POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO
z O plano pode ser determinado por três pontos
não colineares, por uma reta e um ponto, por duas Uma reta é paralela a um plano se, e somente se,
retas concorrentes ou por duas retas paralelas eles não têm ponto em comum. Se uma reta não está
distintas. contida num plano e é paralela a uma reta do plano,
então a reta também é paralela ao plano, ou seja, para
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS que uma reta não contida num plano seja paralela a
esse plano ela deve ser paralela a uma reta do plano.
Para falar de posições relativas entre duas retas, Temos ainda que uma reta e um plano podem
primeiramente definiremos retas reversas, assim ainda apresentar em comum: dois pontos distintos,
sejam duas retas, estas são chamadas de retas rever- fazendo, assim, com que a reta esteja contida no pla-
sas quando não existe um plano que as contenha. no; um único ponto, daí a reta e o plano são concor-
Agora podemos definir as posições relativas entre rentes ou são secantes; nenhum ponto em comum,
duas retas, então, sejam duas retas r e s distintas, assim a reta e o plano são paralelos.
em relação a posição relativas entre essas duas retas,
temos que ou elas são concorrentes, ou paralelas ou
reversas. Assim podemos ter o seguinte esquema:

rr ees com


srcom ponto em→comum → r→ e srconcorrentes
MATEMÁTICA

  eponto
s com ponto
em comum em comum
r e s concorrentes e s concorrentes
r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
 
  rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralelas

r e srrreversas
  ees reversas
s reversas

Exemplo reta paralela ao plano.


91
PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, projeção ortogonal sobre um plano α de um segmento
ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO de reta AB contida numa reta não perpendicular a α,
ao segmento A’ B’ onde A’ é projeção do ponto A ao
Uma reta e um plano são perpendiculares se, e plano α e B’ da projeção do ponto B.
somente se, eles têm um único ponto em comum e a
reta seja perpendicular a todas as retas do plano que
passam por esse ponto comum, como pode ser obser-
vado na Figura 25a. Caso a reta seja concorrente a
todos as retas do plano, dizemos então que a reta é
oblíqua ao plano. Se uma reta é perpendicular a um
plano, então ela forma ângulo reto com qualquer reta
do plano. Assim, podemos dizer que se uma reta é per-
pendicular a duas retas concorrentes do plano, então
ela é perpendicular ao plano. Duas retas são perpen-
diculares, quando as retas são reversas e formam um
ângulo reto, são chamadas ainda de retas ortogonais, (a)
como vemos na Figura b. Um plano α é perpendicu-
lar a um plano β se, e somente se, α contém uma reta
perpendicular ao plano β (Figura c), ou seja, o plano
β contém uma reta r que é perpendicular a uma reta
s do plano α.

(b)

(a)

(c)

(b)

(d)

(c)

Exemplo reta e plano perpendiculares (a); retas perpendiculares (b) e


planos perpendiculares (c).

PROJEÇÃO ORTOGONAL
(e)
Chama-se projeção ortogonal de um ponto sobre
o plano, o pé da perpendicular ao plano, conduzida
Exemplo de projeções ortogonais: ponto (a); figura (b); reta (c); reta
pelo ponto. O plano é dito plano de projeção e a reta não perpendicular (d) e segmento de reta (e).
é a reta projetante do ponto. Chama-se projeção orto-
gonal de uma figura sobre um plano, ao conjunto das
projeções ortogonais dos pontos dessa figura sobre
o plano. Com base nessas definições temos também
que: se a reta é perpendicular ao plano, sua projeção
ortogonal sobre o plano é traço da reta no plano; se a
reta r não é perpendicular ao plano α, então a proje-
ção ortogonal dessa reta ao plano α é feita pela proje-
ção do plano β em que a reta r está contida. Chama-se
92
A área do prisma é dividida entre as áreas laterais
GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
PRISMAS lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes
e Troncos
Importante!
Considerando um polígono convexo de n lados em Para calcular a área da base de um prisma, deve-
um plano e um segmento de reta entre dois planos -se levar em conta o formato que cada prisma
paralelos, chamamos de prisma a reunião de todos
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
os segmentos congruentes e paralelos ao segmento de
reta e que passam pelos n pontos da região poligonal cula-se a área da base com a área do triângulo.
conhecida, como podemos observar na Figura 46.
Para um prisma reto, as bases podem ser, por
exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale-
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja
base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base,
área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é:

b · m b
Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular,
quadrangular e pentagonal.
 f ( x=
) → ax +b > 0 → x > − ;
Triângulo
a
2
AB = 
bf ·(m b
O prisma possui alguns elementos: duas bases con- ) → ax
x= + b < 0 → x(retângulo,
Paralelogramo < − ; quadrado)
gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n  outros a
+ 2 no total, somando-se as bases) e n arestas laterais;
3n arestas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros; AL = n · b · h → n paralelogramos
e também, altura (h) que é a distância entre os planos
AT = AL + 2AB
das bases.
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris-
ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele No caso de um prisma regular de base de n lados,
cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos temos então que a área da base é formada por n triân-
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para-
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
regular é aquele cujas bases são polígonos regulares. área da base será:

Base Base
b·m (n · b) m
AB = n · =
2 2

AL = n · b · h → n paralelogramos

(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
Base Base 2

(a) Conhecendo os cálculos das áreas do prisma, para


achar o volume do prisma reto ou regular, basta fazer
o produto da área da base pela altura (h) do prisma:

V = AB · h

Para o prisma oblíquo, o volume vai depender


também do ângulo (α) entre a aresta lateral (a) e a
altura (h):
MATEMÁTICA

V = a · AB · cos α

Seja então um prisma oblíquo com base quadrada,


com aresta da base igual a 3 e aresta lateral igual a 5.
Sabe-se que o ângulo exterior formado entre a aresta
lateral e a aresta da base é de 60 graus, como podemos
observar na Figura 48. Quais são a área total e o volu-
(b) me desse prisma?
Figura 47. Exemplos de Prismas: (a) reto e oblíquo e (b) regular. 93
PIRÂMIDE

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes


e Troncos

Seja um polígono convexo em um plano α e um


ponto V fora desse plano, chamamos de pirâmide a
reunião dos segmentos com uma extremidade em V e
a outra nos pontos do polígono (Figura 49).
Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.

Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,


aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3
cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h):

a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ?

Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular,
altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é: quadrangular, pentagonal e hexagonal.

α + 60º + 90º = 180º → α = 30º Uma pirâmide possui uma base formada por um
polígono de n lados e n faces laterais (formadas por
triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late-
cos(α) = cos(30º) h √3
→ h = 5 · cos(30º) = 5 · cm rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
= 5 2 poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
distância entre o vértice e o plano da base.
AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da
AL = n · b · h = 4 5√3 base, já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâ-
= 30√3cm2
·3· 2 mide regular, temos ainda que as arestas laterais são
congruentes e as faces laterais são triângulos isósceles
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2 congruentes. À altura da face lateral de uma pirâmide
regular, dá-se o nome de apótema. O apótema da base
V = a · AB · cos(30º) = 5 √3 45√3 é a distância entre a projeção do vértice e o centro da
= cm3 base, até o apótema.
·9· 2 2 A área lateral de uma pirâmide regular é a soma
das áreas das faces laterais. A área total é a soma da
área da base com a área lateral. Para uma pirâmide
regular, as bases podem ser por exemplo um triângu-
lo, um quadrado, ou seja, a área da base será a área
de um triângulo que é a metade da base x altura e
nos paralelogramos a área é base x altura. Então seja
a aresta da base (b), o apótema da pirâmide (m) e o
apótema da base (m’) os cálculos da área da base, área
lateral e área total são:

AB = b · m' (n · b) m'
=
O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte n· 2 2
ou uma secção transversal no plano paralelo à base
do prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a
n·b·m
secção transversal e a base do prisma é o tronco do AL = → n triângulos
prisma. 2

Dica (n · b)
AT = AL + n·b·m
m'
(n · b) (m + m')
Como o prisma tem base e topo com o mesmo + =
AB =
polígono, então a secção transversal vai definir o 2 2 2
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas m2 = h2 + m’2
com as mesmas fórmulas de cálculos.

94
ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2
= = = = =
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2

A∆maior B3 H3 A3
= = =
A∆menor b3 h3 a3

Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos


planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área
da base ABCD?

AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5;

ABmaior A2 AABCD VB2


Conhecendo os cálculos das áreas da pirâmide, = → =
para achar o volume da pirâmide regular, basta fazer ABmenor a2 AEFGH VF2
o produto de um terço da área da base pela altura (h)
da pirâmide:
AABCD 52 AABCD 25 25 · 18
= → = → AABCD =
18 3 2
18 9 9
1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6
450
AABCD = = 50
O tronco da pirâmide é um sólido formado pelo 9
corte ou uma secção transversal no plano paralelo à
base da pirâmide. Esse conjunto de pontos que fica
entre a secção transversal e a base da pirâmide é o
tronco da pirâmide.

CILINDRO

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes


e Troncos

Seja um círculo de centro O e raio r em um plano α


Figura 50. Tronco de pirâmide.
e um segmento de reta não paralelo e não contido no
plano α, chamamos de cilindro a reunião dos segmen-
A área do tronco da pirâmide é encontrada soman-
tos congruentes e paralelos ao segmento de reta com
do a área da base maior, área da base menor e a área
uma extremidade nos pontos do círculo e a outra na
lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
sua secção circular paralela e distinta, como pode ser
da pirâmide o volume da pirâmide menor que foi for-
verificado na Figura 50.
mada pela secção transversal, ou seja, o volume da
pirâmide de base maior menos o volume da pirâmide
de base menor, sendo AB, área da base maior e Ab área
da base menor:

VV= = VVmaior
(H– −h)h
(H )
 b·A⋅ +AABbA
) h − H ( = V − V =V
A⋅b 
–−VVmenor
menor==   B ++ ⋅
√A BAA ·BA⋅ +A
+bBA
A+
b  3 ronem roiam
33
maior B b

h
Da relação de semelhança de triângulos, podem-se
MATEMÁTICA

fazer algumas relações:

H B A
= =
h b a r

Figura 50. Exemplo de Cilindro. 95


Um cilindro possui duas bases formadas por uma
circunferência de raio r em planos paralelos e gera-
trizes formadas por segmentos com uma extremida- r
de em um ponto da circunferência de centro O e raio
r, e a outra extremidade no ponto da circunferência
no plano paralelo acima da base, também de raio r. A E
altura do cilindro é a distância h entre os planos das
bases. g1
O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e
cilindro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas r
Secção
aos planos das bases, já no segundo, as geratrizes são Circular
perpendiculares aos planos das bases.
Reta
O cilindro reto também é chamado de cilindro de E
revolução, pois ele é gerado a partir da rotação de um g 2

retângulo em torno de um eixo que contém um dos


seus lados.
Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um Figura 51. Tronco de cilindro reto e oblíquo.
paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r). g1 + g 2g1 + g2
Como a superfície lateral de um cilindro reto é E= E = , cilindro retoreto
, cilindro
2 2
equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a AL = 2 ⋅ π ⋅ r A⋅ E
L
=2·π·r·E
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
do área da base igual à área da circunferência (πr2): π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
Vtronco= =ππ⋅·rr22 ⋅· E
Vtronco cilindroreto
cilindro
E → reto
VVtronco =
AB = π · r2
tronco
2
AL = 2 · π · r · h π · r · (g1 + g2)
2
=
AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r2 = 2 · π · r(h+r) 2

O volume do cilindro é o produto da área da base Um corte transversal paralelo à base do cilindro,
pela medida da altura: não forma um tronco de cilindro, pois o novo sólido
continua
g1 + g 2 sendo um cilindro com altura ou geratriz
V = AB · h = π · r2 · h E = menor. , cilindro reto
O2volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz
O tronco do cilindro é formado pelo plano que A = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅52,
g, Figura E é dado por:
intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera- L
trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e V =
Figura 252

π ⋅ r ⋅ →
E sen 60º
Figura
cilindro
→ reto=
52
h
V (=
π ⋅ hr 2 ⋅h
) ( g=1)+º0g62()nes →
25arug
sen (60º) = g
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.
tronco
g tronco 2 g
3 √3 3
a g ⋅ sen ( 60º
h= h =)g= g ⋅ (60º) = g ·
· sen = ⋅ g ) º06 ( nes ⋅ g
2 2 2
b
2 22
3  g  3√3
Vcilindro= =AAb b⋅ ·hh==ππ ⋅·rr ⋅· hh ⋅=gπ
π⋅ ·⋅ ⋅ π ⋅ ·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅ bA =
22
Vcilindro ord
2  22  2 2
g1 g2 g2 3 3 3 3 2
g
E E VVcilindro == ππ ·⋅ g⋅2 g ⋅ · g · = √3 ⋅πg=⋅ 33 ⋅gπ√3
⋅ =
· g 2· π
3 ⋅ g ⋅ ⋅π= ord
cilindro 44 2 28 8 8 4

Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g.

96
CONE
1 · AB · 1 · π · r2
V=
Conceito, Elementos, Classificação, Áreas e Volumes 3 h= 3 ·h
e Troncos
O tronco do cone é um sólido formado pelo corte
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a cone. Esse conjunto de pontos, que fica entre a secção
reunião dos segmentos de reta com uma extremidade transversal e a base do cone, é o tronco do cone.
em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
na Figura 53. V

g
h B

A¹ r B¹ H

Figura 53. Exemplo de Cone.


A¹ r B¹

Um cone possui uma base formada por uma circun-
ferência de raio r, geratrizes (g) formadas por segmen-
tos com uma extremidade em um ponto V e a outra nos
pontos da circunferência da base. A altura do cone é a G
distância h entre o vértice e o plano da base. H-h
O cone é classificado em: cone oblíquo e cone reto.
No primeiro, a reta VO é oblíqua ao plano da base, já
no segundo, a reta VO é perpendicular ao plano da
base. A geratriz de um cone reto também é chamada
de apótema do cone. R B
A
O
Importante!
O cone reto também é chamado de cone de revo- Figura 54. Tronco de cone.
lução, pois ele é gerado a partir da rotação de
um triângulo retângulo em torno de um eixo que A área do tronco do cone é encontrada somando a
contém um dos seus catetos. área da base maior, área da base menor e a área late-
ral. O volume é calculado, subtraindo, do volume total
do cone, o volume do cone menor, que foi formado
Secção meridiana de um cone é a interseção do cone
pela secção transversal, ou seja, o volume do cone de
com um plano que contém a reta VO, assim, a secção
base maior menos o volume do cone de base menor:
meridiana de um cone reto é um triângulo isósceles,
de altura h, com os lados iguais à geratriz e a base 2r.
Quando essa secção meridiana é um triângulo equiláte- VTronco = Vmaior – Vmenor = π · (H – h) · [R2 + R · r + r2]
ro, dizemos que o cone é equilátero (h = r√3 ou g = 2r). 3
Como a superfície lateral de um cone reto é equi-
valente a um setor circular de raio g e comprimento Sendo AB, área da base maior e Ab área da base
do arco 2πr, a área total é a soma da área lateral com menor, R o raio da base maior, r o raio da base menor
a área da base, sendo a área da base igual à área da e G a geratriz do tronco do cone, temos:
circunferência (πr2):
AL = π · (R + r) · G
AB = π · r2
AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)]
MATEMÁTICA

AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r) Da semelhança entre o cone original (cone maior)
com o cone da secção transversal (cone menor) temos
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
O volume do cone é um terço do produto da área caso da pirâmide:
da base pela medida da altura:

97
O1 r=4 A
R H
=
r h

ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2


= = = =
ABmenor ALmenor ATmenor r2 h2 G=5
k=(H-h)=h
A∆maior R3 H3 h
= =
A∆menor r 3
h 3

Ex.: Num tronco de cone, os perímetros das bases são R-r=4


16π cm e 8π cm e a geratriz G = 5cm, Figura 55, os valores r=4
da altura, da área lateral e do volume do tronco são: C
O B
PB = 16π = 2π R → R = 8cm;
R=8
Pb = 8π = 2πr → r = 4cm;
G = 5cm; (b)

Figura 55. Tronco do Cone de geratriz G = 5, R = 8, r = 4 e h = 3 (a) e


R H 8 H triângulos retângulos formados dentro do tronco a partir da altura do
= → = → H = 2h;
tronco, raios e geratriz (b).
r h 4 h
k = (H – h) = 2h – h = h; ESFERA

∆ABC Elementos, Seção da Esfera, Área, Volumes e Partes


h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16 da Esfera
=9
Considerando-se um ponto O e um segmento de
h = 3cm; medida r, chama-se esfera de centro O e raio r o con-
junto dos pontos P do espaço, tais que a distância do
H = 2h = 6cm; segmento OP seja menor ou igual a r.
AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2; A esfera possui alguns elementos: o eixo, uma reta
que passa pelo centro da esfera; os polos que são as
π · (H – h) interseções da superfície da esfera com o eixo; equa-
VTronco = · [R2 + R · r + r2] dor, uma secção perpendicular ao eixo passando pelo
3 centro da superfície; paralelo, uma seção perpendi-
cular ao eixo e paralela ao equador e o meridiano,
uma seção cujo plano passa pelo eixo, como pode ser
π · (3) observado na Figura 56. Distância polar é a distância
= · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
de um ponto do paralelo ao polo.
3
Polo
R=4
Paralelo
A
O1

G=5
(H-h=k)

Equador
Meridiano
C
O
Polo
Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e meri-
diano.

R=8 A área da superfície da esfera de raio r é igual a


4πr e o volume é quatro terços de πr3. O fuso esférico
é a interseção da superfície da esfera com um setor
(a)
diedral cuja aresta contém um diâmetro dessa super-
fície esférica, como podemos observar na Figura 57. A
área do fuso é 2r2α. Já a cunha esférica é dada por esta
mesma região do fuso esférico e vai até a região do
centro da esfera, ou seja, até o raio no eixo, formando
98 um volume que pode ser calculado com 2r3α/3.0
a√3 a√2 a a√6
·r= · →r=
2 2 2 6

Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da


esquerda para direita.

Assim, resumindo, temos as seguintes fórmulas


para esferas:

AEsfera = 4 · π · r2;

VEsfera = π · r3;

AFuso = 2 · r2 · α; Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a.

2 · r3 Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse


no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscri-
VCunha = ·α
ta ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do
3 raio da esfera em função da aresta do cubo, como na
Figura 60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual
Ex.: Seja uma superfície esférica com o compri- à diagonal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em
mento da circunferência do círculo máximo igual a r=a√3/2.
26π cm, qual seria a área dessa superfície e qual o
volume?
O comprimento do círculo é: 2πr = 26π → r = 13cm; A C
R
AEsfera = 4πr2 = 4π(13)2 = 676πcm2; a
R

VEsfera = πr3 = π(13)3 = 2197πcm3; E G


a√2

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS

Existe uma gama de situações em que podemos ter Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a.
alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
interesse de encontrar alguns de seus elementos nes- No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular
sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos. de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode-
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber que implica em r = a√2/2.
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.
MATEMÁTICA

Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.


Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de
aresta a.
Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regular
de aresta a, que podemos observar na Figura 59, usan-
do a relação métrica de triângulos retângulos, em que a
hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao produto
dos catetos, temos o valor da métrica do raio dada por:
99
3
Razão :
Exercite seus conhecimentos realizando os exercí-
cios que seguem.
3VB
VVA == 3V
V πr h
2
 3   A B

= A
= πr h⋅
2
=3
=3→→  VV
1. (VUNESP — 2016) Uma empresa π r 2 h um reserva- π r 2 h 
VB possui VVB == A
A

33
B
tório de água no formato de um prisma reto de base
3
quadrada com 2 m de lado e 4,5 m de altura, conforme
mostra a figura. Resposta: Letra D.

3. (COTEC — 2020) Um silo foi construído em forma de


tronco de pirâmide, conforme a figura abaixo. Sua
altura é de 9 metros e suas bases são quadrados de
4,5 m lados iguais a 4 metros e 3 metros, respectivamente.
Com base nessas informações, pode-se concluir que
a capacidade total desse silo é:

2m
2m

Esse reservatório está completamente cheio e essa


empresa gasta 750 litros de água por dia. Assim, essa
empresa poderá ser abastecida apenas com a água
contida nesse reservatório durante:

a) 24 dias.
b) 23 dias.
c) 22 dias.
d) 21 dias.
e) 20 dias.
a) 48m3.
Na figura temos um prisma regular de base quadra- b) 64m3.
da, então a área da base é a área do quadrado e o c) 108m3.
volume é dado por: d) 111m3.
Ab = a · a = 2 · 2 = 4m2; e) 144m3.
V = Ab · h = 4 · 4,5 = 18m3;
Se: Seja o tronco de pirâmide com altura (H – h) = 9m,
1000l → 1m3 aresta da base menor igual a 3 e aresta da base
750l → xm3 → x = 0,75m3
maior igual a 4, temos que o volume do tronco da
Então:
pirâmide é:
1dia → 0,75m3
ydias → 18m3 → y = 24dias Resposta: Letra A.
(H – h)
Vtronco = [AB + √ABAb + Ab]
2. (VUNESP — 2019) Considere um cilindro A e um cone 3
B, de mesma altura e mesma base. A relação entre os
volumes VA e VB, do cilindro e do cone, respectivamen- (9)
Vtronco = [4 · 4 + √16 · 9 + 3 · 3] = 3[16 + √144 + 9]
te, é: 3

a) VB=6VA. Vtronco = 3[16 + 12 + 9] = 3 · 37 = 111m3 Resposta:


b) VA=6VB. Letra D.
c) VB=3VA.
d) VA=3VB. 4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Um cilindro circular reto,
e) VB=2VA. cuja base tem diâmetro de 8 cm, foi cortado por um
plano inclinado em relação à base, dando origem ao
Como os sólidos têm a mesma altura (h) e a mesma tronco de cone apresentado. A altura maior do tronco
base de raio (r) então: de cone mede 20 cm e a menor, 16 cm. Nesse caso, o
VA = πr2h; volume do tronco de cone é igual a:
VA = π r 2 h; ;h 2 r π = AV
11 2 1
VB V
=B= ππrr2h;
h; ;h 2 r π = BV
3 3 3
Razão :
Razão:
: oãzaR
V3 = 2AV V = 3V
VAVA πB
πrr2h;h   33  2  hA2 r π B AV
==
AV 2 2 =π 2
3h·⋅  2 2  =
πrr2h;
=→ π =
⋅ h3r→ V
VBVB π rh;BhV
πr=  πhπrr2rh;hπ   r π A BV
VhB2 =
3   3
33 3

100
a) 256π cm3. Distância Entre Dois Pontos
b) 288π cm3.
c) 320π cm3. Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a
d) 576π cm3. distância entre eles da seguinte forma:
e) 1152π cm3.
d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2
Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que
é metade do diâmetro temos o volume do tronco
sendo: Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-
g1 + g 2 no, qual seria a distância entre A e B?
E= , cilindro reto
E g12+ g2 20 + 16 36
= = = 18 dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =
AL = 2 ⋅ π2 ⋅ r ⋅ E
= 2 2
= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17
cilindro reto
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
Vtronco= =ππ⋅·rr22 ⋅· E
Vtronco
cilindro reto
E → Vtronco=
2 Ponto Médio de Segmento e Condição de
Vtronco Alinhamento de Três Pontos

π · r2 · (g1 + g2) Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio


= de AB é dado por:
2

x1 + x2 y1 + y2
π · 42 · (20 + xPM = e
16) = 8π · 36 = 2 2
Vtronco =
288πcm3
2
Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1-
3), anterior é:
Resposta: Letra B.
3+1 4 5–3 2
xPM = e = 2 e yPM = = =1
2 2 2 2
GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA PM = (2,1)

PONTO Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2). Dize-


mos que são colineares quando o determinante deles
O Plano Cartesiano é nulo:

Sejam dois eixos (retas) x e y perpendiculares em x1 y1 1


relação ao ponto O, os quais determinam um plano α.
Chamamos esse plano α de plano cartesiano, sendo o x2 y2 1 = 0.
ponto O (0,0) a origem do sistema de coordenadas, sen-
do o eixo x (Ox) chamado de abscissa, o eixo y (Oy) de x3 y3 1
ordenada e para o ponto P pertencente ao plano α, ou
seja, pertencente ao plano cartesiano, suas coordenadas Ex.: assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e
são dadas pelos valores em x e y da projeção do ponto C(49,100) não são colineares!
aos eixos. Os eixos x e y ainda dividem o plano cartesia-
no em quatro regiões, chamadas quadrantes. Um ponto x1 y1 1 1 3 1
pertencente ao eixo x quando o y é nulo, e vice-versa,
quando os valores de x=y ou x=-y, esse ponto pertence x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
à bissetriz dos quadrantes, ou seja, os pontos (2,2) e (-2,- x3 y3 1 49 100 1
2) são bissetrizes dos quadrantes ímpares, e os pontos
1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 =
(-2,2) e (2,-2) são bissetrizes dos quadrantes pares.
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0

RETA

Equações Geral e Reduzida

Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-


MATEMÁTICA

res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos


fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o
ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
r. A equação geral da reta é dada por:

a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1


ax + by + c = 0
Figura 27. Plano cartesiano (x,y) de origem O e ponto P.
101
S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0

Ex.: sejam duas retas:

r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0

Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é:

S
{ r : x+2y – 3=0
s : 2x+3y – 5=0

Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r. r : x= – 2y+3 [I]


[I]
A equação geral ainda pode ser reescrita na forma s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6
reduzida: + 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II]

( ) ( )
[II]
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
a c
b≠0→y= – x+ –
b b P(x0,y0)=(1,1)

a c Paralelismo e Perpendicularidade
→ y = mx + q; m = – eq=–
b b
Sejam duas retas (r e s). Para que elas sejam para-
Ex.: sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa- lelas e distintas, não devem ter nenhum ponto em
ção da reta definida por eles é: comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien-

( )
tes das equações são:
5 7 5 7

{
a = y1 – y2 = – – = + =6
2 2 2 2 r : a1x+b1y+c1 = 0
S
5 7 s : a2x+b2y+c2 = 0
b = x2 – x1 = – – = –6
2 2

c = x1y2 – x2y1 =
7
2

( )( )

7
2
– –
5
2

5
2
= Por exemplo, as retas r e s são paralelas:

=–
49
4
+
25
4
=–
24
4
= –6 S
{ r : x+2y+3=0
s : 3x+6y+1 = 0

ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0 a1 b1 c1 1 2 3
= ≠ → = ≠
a2 b2 c2 3 6 1
Na forma reduzida temos:
Dica
a 6 c –6
b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1 Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar
b –6 b –6 a equação das retas paralelas a r, bastando
y = mx + q → y = x – 1 que os coeficientes a e b das retas paralelas
a b
Temos ainda a equação da reta passando por um sejam proporcionais a 1 e 2, ou seja, = .
ponto P(x0,y0): 1 2
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
paralela a r.
(y – y0) = m(x – x0)
Duas retas r e s são ditas perpendiculares se e
Interseção de Retas
somente se elas formarem entre si um ângulo reto,
mas pode-se também determinar essa perpendicula-
Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e
ridade relacionando o coeficiente angular das retas.
s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol-
Assim, se as equações das retas são dadas por:
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se

{
o ponto comum às retas.
r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
102
Então, a relação dos coeficientes angulares das equa-
ções das retas para que elas sejam perpendiculares é: m2 – m1
tgθ =
1 + m1 ∙ m2
r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1
Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:

{
Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
equação da reta s? a1 3
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3
b1 –1

{ r : y = x+2 → m1=1
s : y = m2x+q2
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = –
a2
b2
=–
2
1
= –2

E para serem perpendiculares precisamos satisfa- m2 – m1 3 – (–2)


zer a equação: tgθ = → tgθ = →tgθ=
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3
r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1 5 π
= =1⇒θ=
–5 4
Da equação da reta quando se conhece um ponto
temos:
Distância Entre Ponto e Reta e Distância Entre Duas
Retas
(y – y0) = m2(x – x0)
(y – 2) = –1(x – 3) Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no
plano cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto
y – 2= – x+3 P é:
x+y – 5=0
ax0+by0+c
dP,r =
√a2+b2
Importante!
Quando duas retas são paralelas os coeficientes Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân-
angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s cia entre o ponto e a reta é:
são paralelas então r // s ⟺ m1 = m2.
ax0+by0+c
dP,r =
√a2+b2
Ângulo Entre Duas Retas
3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3
Chamamos de coeficiente angular ou declive de → dP,r= = = = =
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas √(3) +(– 4)
2 2
√9+16 √25 5 5
(eixo x), o número real m dado por:
Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a
m = tgα distância entre as retas é a mesma que a distância da
reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten-
cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é:
y2 – y1

{
A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
x2 – x1 r : ax+by+c1 = 0
P(x0,y0)∈s
s : ax+by+c2 = 0 → ax0+by0= –c2
a
r : ax + by + c = 0 → m= –
b ax0+by0 – c2 c1 – c2
dr,s= =
√a +b 2 2
√a2+b2
Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
anti-horário.
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi- Bissetrizes do Ângulo Entre Duas Retas
vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for
nulo então m também é nulo e se for reto então não Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que
se define m. essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
Quando duas retas r e s são concorrentes, pode- tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos
MATEMÁTICA

mos determinar o ângulo formado entre elas: são dada por:

{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0

a1x+b1y+c1 a2x+b2y+c2
± =0
√a1 +b12 2
√a22+b22
103
Ex.: sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:

3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1


± =0→ ± =0
√3 +3
2 2
√2 +(–2)
2 2
√18 √8

3x+3y –1 2x – 2y+1
→ ± =0
3√2 2√2

3x+3y –1 2x – 2y+1
– =0→
3√2 2√2
t1 :
(6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
= 0 → 12y – 5 = 0
6√2

3x+3y – 1 2x – 2y+1
+ =0→
3√2 2√2
t2 :
(6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
= 0 → 12x+1 = 0
6√2
Ex.: seja o triângulo no plano cartesiano formado
pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
Área de Um Triângulo e Inequações do Primeiro Grau desse triângulo é:
com Duas Variáveis

Seja um triângulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2) x1 y1 1 a a+3 1


1 1
e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura Aδ = ∙ x2 y2 1 = ∙ a – 1 a 1
divido por 2, então para nosso triângulo no plano car- 2 2
x3 y3 1 a+1 a+1 1
tesiano temos:

1 1
Aδ = ∙ BC ∙ AH Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2 2

BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2


– (a – 1)(a+3)
x1 y1 1
x2 y2 1 1
Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a
x3 y3 1 2
AH = dA,BC =
√(x2 – x3)2+(y2 – y3)2

– a2 – 3a+a+3

1 x1 y1 1
1 1 5
Aδ = ∙ x y 1 Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5=
2 2 2
2 2 2
x3 y3 1

O estudo do sinal de uma função do primeiro grau


é usado para definir a região no gráfico que admite
solução para inequações do primeiro grau a duas
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a
regra para estudo do sinal e definição da região de
solução da inequação é a seguinte, dado a função de
duas variáveis E(x,y)=ax+by+c:

z primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio


E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0;
z segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0),
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
sinal de E é o mesmo de c;
z terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano
opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
z se a reta contiver a origem O, significa que o c=0,
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo
2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a
assim, atribuir o sinal dos planos.
104
{
Ex.: seja a inequação x - y+1>0, a solução dela está

{
em qual plano? – 2a = – 2 → a = 1;

1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = –
a
b
=–
1
–1
=1
– 2b = – 3 → b =
3
;
→C
( )
1,
3
2
2
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα

()
2
3) E< 0 em r β 3 3 3
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = –
2 2 2
Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-
sando pelos pontos (0,1) e (-1,0). 9 3 19 √19
1+ – r2 = – → r2 = →r=
4 2 4 2

Posições Relativas Entre Ponto e Circunferência

Seja um ponto P(x0,y0) e uma circunferência de cen-


tro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: (x-a)2+(y-b)2=-
r2, a posição de P depende de três situações, são elas:
ponto P exterior à circunferência, ponto P na circun-
ferência e ponto P interior à circunferência. Assim
temos, respectivamente, o seguinte:

{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0

Seja a circunferência λ: x2 + y2 + 2x + 2y - 2 = 0, o ponto


P(-4, -5) está em qual posição em relação à circunferência?
Primeiro determinamos o centro e o raio da
circunferência:
CIRCUNFERÊNCIA
x2 + y2 + 2x + 2y – 2 = 0

{
Equações Geral e Reduzida
–2a = 2 → a = –1;
→ C (–1, –1)
Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio –2b = 2 → b = –1;
(r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
ção reduzida da circunferência dada por: a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2

(x – a)2+(y – b)2=r2 Depois substituímos o ponto na equação da circun-


ferência e vemos a posição relativa:
Se, dados três pontos do tipo P(x0,y0) na circunferên-
cia, podemos encontrar a equação reduzida dela resol- P(–4, –5) → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r² → (–4 – 1) + (–5 – 1)2
vendo o sistema de três equações e três incógnitas, a – 22 = 25+36 – 4 = 57>0
partir da substituição dos pontos na equação abaixo:
Logo, o ponto é exterior à circunferência pois a dis-
(a–x0)2+(b – y0)2=r2
tância do ponto ao centro é PC>r.
Desenvolvendo essa equação reduzida chegamos
Reta e Circunferência e Duas Circunferências
na equação geral da circunferência:
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma circunferên-
x2+y2 – 2ax – 2by+(a2+b2 – r2)=0
cia de centro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ:
(x-a)2+(y-b)2=r2, a interseção da reta com a circunfe-
Ex.: Na equação da circunferência abaixo, encon- rência é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta
tre o centro e o raio: r e à circunferência. Logo para achar essa interseção
basta ver as soluções do sistema:
2x2+2y2 – 4x –6y – 3=0
MATEMÁTICA

Dividindo por 2 teremos os termos quadrados


iguais a unidade:
S
{ r : Ax + By + C = 0
λ : (x – a)2 + (y – b)2 = r2

3 Sendo que, a solução desse sistema resulta em uma


X2+y2 – 2x – 3y – =0 equação do segundo grau, então para diferentes valo-
2 res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
da reta à circunferência:
105
z se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pontos
– b – √Δ –104 – 78
de solução, assim a reta é secante à circunferên- y1= = = –7
cia, ou ainda, quando a distância do centro à reta é 2a 2 ∙ 13
menor que o raio; – b + √Δ –104 + 78
z se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni- y2= = = –1
co ponto, assim a reta é tangente à circunferência, 2a 2 ∙ 13
ou ainda, quando a distância do centro à reta é
igual ao raio; Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-
z se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, a solução não ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:
tem ponto comum entre reta e circunferência,
assim a reta é exterior à circunferência, ou ainda, 17 2
quando a distância do centro à reta é maior que y1 = –7 → x1 = – – ∙ (–7) = –1
ao raio. 3 3

17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3

Logo, os pontos de interseção da reta secante com


a circunferência são:

P1(–1, –7)
P2(–5, –1)

Da mesma forma podemos encontrar a interseção


entre duas circunferências, bastando encontrar o
ponto P(x,y) que pertença ao mesmo tempo às duas
circunferências, ou seja, a solução do sistema:

S
{ λ1 : (x – a1)2+(y – b1)2 = r12
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22

Figura 29. Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de E a partir da comparação entre a distância entre os
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t). centros das circunferências e a soma dos raios pode-
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun- distância entre os centros C1 e C2:
ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa
entre elas e suas interseção? d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2

S
{ r : 3x+2y+17 = 0
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0
z circunferências exteriores, a distância entre os
centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2;
z circunferências tangentes exteriormente, a dis-
tância entre os centros é igual à soma dos raios,
Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
d=r1+r2;
equação da circunferência temos: z circunferências tangentes interiores, a distância
entre os centros é igual ao módulo da diferença
17 2 dos raios, d=|r1 – r2|;
r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I) z circunferências secantes, a distância entre os cen-
3 3
tros está entre o módulo da diferença dos raios e a

( )
2 soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2;
S (I)
17 2 z circunferências de menor raio e interior à outra,
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0 → – – y +y2+6
3 3 a distância entre os centros está entre zero e o

( )
módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|;
17 2 z circunferências concêntricas, a distância entre os
– – y +8y+12=0
3 3 centros é zero, d = 0.

13y2+104y+91=0 → Δ=(104)2 – 4(13)(91)=6084 → Δ>0

Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,


dois pontos de solução, assim a reta é secante à cir-
cunferência. Para determinar os pontos de interseção
basta achar as raízes:

13y2 + 104y + 91 = 0 → Δ = 6084


(a) (b)

106
circunferência a esse ponto da reta é exatamente o valor
do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de feixes de
retas paralelas, em que a cada equação de reta dada por
Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si, os
valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor-
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que
serão paralelas à reta original.
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan-
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos
determinar as equações das retas tangentes. Para isso,
(c) (d) igualamos a distância do centro à reta paralela ao
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do
coeficiente C para cada uma delas.
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe-
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para-
lelas a reta r?
Primeiro definimos qual o centro e o raio da
circunferência:

(e) (f) λ : x2+y2+4x – 10y+4=0

Figura 30. Posições relativas entre duas circunferências de centro C1


e C2, (a) exteriores; (b) tangentes exteriores; (c) tangente interiores;
(d) secantes; (e) interior com menor raio e (f) concêntricas.
λ
{ –2a = 4 → a = –2;
–2b = –10 → b = 5;
→ C(–2, 5)

a2+b2 – r2 =4 → (–2)2+52 – r2 = 4 → r=5


Ex.: Dada duas circunferências, qual a posição
relativa entre elas? Agora igualamos ao raio a distância do centro C à
reta t paralela à reta r dada:

S
{ λ1 : x2 + y2 = 36
λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0
ti || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0

Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C
Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma dCt = r → =5→ =5
delas: √A +B
2 2
√(5)2+(2)2

λ1 : x2 + y2 – 36 = 0 –10+10+C
→ =5

{
√25+4
–2a1 = 0 → a1 = 0;
λ1 → C1(0, 0)
–2b1 = 0 → b1 = 0; C
=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29
a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6 √29
λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0
t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0

λ2
{ –2a2 = –6 → a2 = 3;
–2b2 = –8 → b2 = 4;
→ C2(3, 4) Nos casos em que não se conhece a reta paralela à
reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên-
a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta
Agora calculamos a distância entre os centros e tangente por:
comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
z q uando o ponto é interior à circunferência não
d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2 existe reta tangente;
= √9+16 = √25 = 5; z quando o ponto pertence à circunferência:

r1 + r2 = 6 + 2 =8;
a – x0
|r1 – r2| = |6 – 2| = 4; y – y0 = (x – x0)
y0 – b ;
4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.
MATEMÁTICA

z quando o ponto está externo à circunferência:


Logo, as circunferências são secantes, com dois
pontos de intersecção.
ma – b+(y0 – mx0)
Problemas de Tangência = r, y – y0 = mi(x – x0);
√m2 + 1
Quando o intuito é encontrar as equações das retas tan-
gentes à circunferência, usamos a definição de reta tangen- Ex.: Seja a circunferência λ:x2+y2-4x-5=0 e com pon-
te, que diz que existe um único ponto de interseção entre to P(-1,7) de interseção da reta tangente e a circunfe-
a reta e a circunferência, e a distância entre o centro da rência, a equação da reta tangente é dada por: 107
Primeiro definimos o centro e o raio da circunfe- Equações e Inequações do Segundo Grau com Duas
rência λ: Variáveis

λ : x2+y2 – 4x – 5=0 Uma inequação envolvendo uma circunferência


admitem infinitas soluções que podem ser represen-

{ –2a = –4 → a = 2; tadas num sistema de eixos coordenados por uma


λ → C(2, 0) região limitada pela circunferência. Alguns exemplos
–2b = 0 → b = 0; de regiões soluções:
Região que contém os pontos A(x,y) fora da circun-
a2 + b2 – r2 = –5 → (2)2 + 02 – r2 = –5 → r = 3 ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2
– r2≥0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 –
A distância entre o centro e o ponto é:
r2>0. Figura 32 a, quando for sinal sem igualdade usar
o contorno da circunferência pontilhada;
dcp= √(a – x0)2+(b – y0)2 = √(2 – (–1))2+(0 – 7)2 Região que contém os pontos A(x,y) dentro da circun-
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 – r2
= √9+49 = √58;
≤ 0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 – r2<0.
Se a distância do centro ao ponto é maior que o
raio, temos que o ponto está fora da circunferência.

ma – b +(y0 – mx0) 20
=r
√m2+1
A
m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1)) 15
=3
√m +1 2

C
3m +7 10
=3
√m2+1 Raio

20 5
m=–
21

y – y0 = mi (x – x0) -1 0 5 10 15

20
y–7=– (x – (–1))
21
(a)

20
y–7=– (x+1)
21
t1: 20x+21y – 127 = 0
20
Assim, além dessa reta tangente podemos construir
o gráfico com a circunferência, os pontos e as retas tan-
gentes para visualizarmos mais facilmente qual seria a 15
segunda reta tangente, visto que da solução de m tivemos A
apenas um valor, e pelo ponto P ser externo sabemos
que existe mais uma reta tangente além da encontrada. C
Logo, a outra reta tangente é a t2: x = –1 ou x+1 = 0. 10
Raio
P
7
t2 t1 5
6
5
4
3
-1 0 5 10 15
2 c
1
c
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1
-2 (b)
-3
-4 Figura 32. Inequações com circunferência de centro C e raio r,
-5 com ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
-6 circunferência.
-7
Ex.: seja o sistema de inequações circulares:
Figura 31. Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-1,7)
exterior a circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.
108
{
Figura 34. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2,
λ1 : x2 + y2 ≤ 25 com solução exterior à circunferência.
S
λ2 : x2 + y2 ≥ 4
Assim, o conjunto solução para que ocorram as
A solução desse sistema pode ser dada via solução duas inequações simultaneamente é o sistema circu-
gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para lar formando uma coroa, conforme segue na Figura
cada uma das inequações temos: 35.

λ1 : x2 + y2 ≤ 25
6

{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)
4
a + b – r = –25 → 0+0 – r = –25 → r = 5
2 2 2 2

2
Então para a primeira circunferência temos o cen-
tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:
C
(x – a) + (y – b) – r ≤ 0 → (x – 0) +(y – 0) – 5 ≤ 0 → x
2 2 2 2 2 2 2 -6 -4 -2 0 2 4 6
+ y2 – 25≤0
-2
10

-4

5
-6

C Figura 35. Solução simultânea das inequações com circunferência


-10 -5 0 5 10 de mesmo centro C(0,0) e raio 5 e 2, com solução na coroa entre as
circunferências.

ELIPSE
-5
Definição

Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-


-10 no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a elipse é o con-
junto dos pontos do plano cuja soma das distâncias
Figura 33. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 5, aos pontos (F1 e F2) é uma constante (2a), sendo 2a>2c.
com solução interior à circunferência.

λ1 : x2+y2 ≥ 4

{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)

a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2

Então para segunda circunferência temos o centro


na origem e o raio igual a dois, Figura 34:

(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2 + (y – 0)2 – 22 ≥ 0 →


x2 + y2 – 4 ≥ 0

1
MATEMÁTICA

C
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
-1
Figura 36. Elipse de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias
-2 A1A2=2a, B1B2=2b e F1 F2=2c e c/a é a excentricidade, onde
a2=b2+c2.
-3
109
{
Equação
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1>0
Uma elipse de centro na origem e eixo maior na a2 b2
abscissa tem equação reduzida dada por:
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1=0
x2 y2 a 2
b2
+ =1
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1<0
Já uma elipse de centro na origem e eixo maior na a2 b2
ordenada tem equação reduzida dada por:
Posições Relativas Entre Reta e Elipse
y 2
x 2

+ =1 Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma elipse de centro


a 2
b2 C(x0,y0) e semieixos maiores e menores, a e b, respecti-
vamente dada pela equação:
Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo
maior paralelo à abscissa temos a equação:
(x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
a
2
b2
(x – x0) 2
(y – y0) 2

+ =1
a 2
b2 A interseção da reta com a elipse é o P(x,y) que per-
tença ao mesmo tempo a reta r e à elipse. Logo para
Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo achar essa interseção basta ver as soluções do sistema:
maior paralelo à ordenada temos a equação:

{
r : Ax+By+C=0
(y – y0)2 (x – x0)2
+ =1 S
a2 b2 (x – x0)2 (y – y0)2
δ: + =1
a2 b2
Assim, uma elipse que tenha centro C(7,8) e eixo
(A1A2) maior (2a) igual a 10 e o menor (2b) igual a 8,

{
Sendo que, da solução desse sistema resulta uma
podemos ter as seguintes equações: equação do segundo grau, então para diferentes valo-
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
A1A2//x : (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2 da reta à elipse:
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42 z se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pontos
de solução, assim a reta é secante à elipse;
(x – 7)2 (y – 8)2 z se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
→ + =1 co ponto, assim a reta é tangente à elipse;
25 16 z se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e elipse, assim a reta
A1A2//y : (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2 é exterior à elipse.
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42

(y – 8)2 (x – 7)2
→ + =1
25 16

Posições Relativas Entre Ponto e Elipse

Seja um ponto P(x,y) e uma elipse de centro C(x0,y0)


e semieixos maiores e menores, a e b, respectivamen-
te dada pela equação:

(x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
a2 b2

A posição de P em relação a elipse pode ser: pon-


to P exterior à elipse, ponto P na elipse e ponto P
interior da elipse. Assim temos, respectivamente, as
inequações (idem quando o eixo maior é paralelo à
ordenada):

Figura 37. Elipse de centro C, semieixos (a e b) com exemplos de


110 retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).
Ex.: sendo a reta dada por r:-12,73x+6,4y-15,62=0
e a elipse:

(y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64

Qual a posição relativa entre elas e suas interseção?

{
r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0

S (y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64

Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
equação da elipse temos:

r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0 → x = –1,23+0,5y(I)

δ : (y+2)2 (x – 4)2
+ =1 Figura 38. Elipse de centro C(-4,-2), semieixos (a=10 e b=8) e
S 100 64 distância focal (c=12) com interseção com reta secante (r) nos
pontos P1 e P2.
(I) (y+2)2 (–1,23+0,5y – 4)2
→ + =1
100 64 HIPÉRBOLE

y2 –3y – 38,3 = 0 → Δ = (3)2 – 4(1) (38,3) = 162,2 → Δ > 0 Definição

Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja, dois Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-
pontos de solução, assim a reta é secante à elipse. Para no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a hipérbole é o
determinar os pontos de interseção basta achar as raízes: conjunto dos pontos do plano cujo módulo da diferen-
ça das distâncias aos pontos (F1 e F2) é uma constante
(2a), sendo 0<2a<2c.
y2 – 3y – 38,3 = 0 → Δ=162,2

–b – √Δ 3 – 12,74
y1 = = = – 4,87
2a 2∙1

–b+√Δ 3+12,74
y2 = = = 7,87
2a 2∙1

Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:

y1 = – 4,87 → x1 = –1,23 + 0,5 (–4,87) = –3,66


y2 = 7,87 → x2 = –1,23 + 0,5 (7,87) = 2,70

Logo, os pontos de interseção da reta secante com a


elipse é o que podemos ver na Figura 38. Esses pontos
são também solução para as duas equações, reta e elipse: Figura 39. Hipérbole de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias
A1A2=2a (eixo real), B1B2=2b (eixo imaginário) e F1 F2=2c (focal), c/a é
P1(2,7; 7,87) a excentricidade, onde c2=a2+b2.
P2(– 3,66; – 4,87)
Equação da Hipérbole
Dica
Uma hipérbole de centro na origem e foco na abs-
MATEMÁTICA

Na equação da elipse: cissa tem equação reduzida dada por:


(y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 , 64 x2 y2
– =1
O eixo maior está paralelo à ordenada (eixo y), a 2
b2
pois a variável y tem como denominador o qua-
drado da medida do semieixo maior. Já a variável Já uma hipérbole de centro na origem e foco na
x tem o semieixo menor. Logo, o eixo do denomi- ordenada tem equação reduzida dada por:
nador é paralelo ao eixo ordenado do numerador. 111
Posições Relativas Entre Reta e Hipérbole
y2 x2
– =1
a2 b2 Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma hipérbole de
centro C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, res-
Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e pectivamente, dada pela equação:
foco paralelo à abscissa temos a equação:
(x – x0)2 (y – y0)2
(x – x0)2 (y – y0)2 – =1
– =1 a2 b2
a 2
b 2

Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e A interseção da reta com a hipérbole é o P(x,y) que
foco paralelo à ordenada temos a equação: pertença ao mesmo tempo à reta r e à hipérbole. Logo
para achar essa interseção basta ver as soluções do

{
sistema:
(y – y0)2 (x – x0)2
– =1
a2 b2 r : Ax+By+C=0
Ex.: Assim, uma hipérbole que tenha centro C(7,8) S

{
(x – x0)2 (y – y0)2
e eixo (A1A2) real (2a) igual a 8 e o imaginário (2b) r: + =1
igual a 6, podemos ter as seguintes equações: a2 b2

Sendo que, da solução desse sistema resulta em


foco // x: (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
uma equação do segundo grau, então para diferentes
– =1→ – =1
a2 b2 42 32 valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à hipérbole:
(x – 7)2 (y – 8)2
→ – =1
16 9 z se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pontos
de solução, assim a reta é secante à hipérbole;
foco // y: (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2 z se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
– =1→ – =1 co ponto, assim a reta é tangente à hipérbole;
a2 b2 42 32 z se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e hipérbole, assim a
(y – 8)2 (x – 7)2
→ – =1 reta é exterior à hipérbole.
16 9

Posições Relativas Entre Ponto e Hipérbole

Seja um ponto P(x,y) e uma hipérbole de centro


C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
vamente dada pela equação:

(x – x0)2 (y – y0)2
– =1
a2 b2

A posição de P em relação a elipse pode ser: ponto


P exterior a elipse, ponto P na elipse e ponto P interior
da elipse. Assim temos, respectivamente, as inequa-

{
ções (idem quando o foco é paralelo à ordenada):

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1=0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1<0 Figura 40. Hipérbole com exemplos de retas: secante (r), tangente
a2 b2 (s) e exterior (t).

Ex.: sendo a reta dada por r:-2x+y-√3=0 e a hipérbo-


le r: x2 – y2 =1, qual a posição relativa entre elas e suas
interseções?
112
S
{ r : –2x+y – √3=0
γ : x2 – y2 = 1

Isolando y na equação da reta e substituindo na


equação da hipérbole temos:

S
{ r : –2x+y – √3=0 → y = 2x+ √3(I)
(I)
γ : x2 – y2 = 1 →x2 – (2x+ √3)2 – 1=0


1 4
x2+4 x+ =0
3 3

(√) ()
2
1 4 16 16
→Δ= 4 – 4(1) = – =0 Figura 41. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=1 e b=1) e
3 3 3 3 distância focal (c=2√2) com interseção com reta tangente (r) no
ponto P.
→Δ=0
Equações das Assíntotas da Hipérbole
Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
seja, um ponto de solução. Assim, a reta é tangente à As duas retas, r1 e r2, que tangenciam os dois
hipérbole. Para determinar o ponto de interseção bas- ramos da curva de uma hipérbole de centro C(0,0) e
ta achar a raiz: semieixos, real e imaginário, a e b, respectivamente,
é chamada de assíntotas da hipérbole. Assim, uma
hipérbole de centro na origem do plano cartesiano


1 4
x2+4 x+ =0→Δ=0 tem suas assíntotas dadas por:
3 3

{
b


–b ± √Δ –b ± 0 –b 1
r1 : y = x
x1 = x2 = = = =–2 a
2a 2a 2a 3

Com os valores do eixo x para o ponto P de interse- b


r2 : y = – x
ção encontramos os respectivos valores para o eixo y: a

x=–2

1
3
→ y = √3+2x=√3+2
( √)
–2
1
3
Ex.: assim, seja a hipérbole dada por:

x2 y2


1 γ: =1
→ y = √3 – 4 9 16
3
As retas, r1 e r2, assíntotas à hipérbole estão
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com demonstradas na Figura 42:
a hipérbole é o que podemos constatar na Figura 41,

{
sendo esse ponto solução para as duas equações, reta
a2 = 9 → a = 3
e hipérbole: x2 y2
r: – =1→ b2 = 16 → b =4

( √ √)
9 16

{
1 1 c2 = a2 +b2 = 9+16 = 25 → c = 5
P –2 3 ;√3 – 4 3
b 4
r1 : y = x→y= x
a 3

b 4
r2 : y = – x→y=– x
a 3
MATEMÁTICA

113
Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e
foco (VF) paralelo à abscissa temos a equação:

(y – y0)2 = 2p (x – x0)

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à ordenada temos a equação:

(x – x0)2 = 2p (y – y0)

Ex.: Assim, uma parábola que tenha vértice em


V(7,8) e parâmetro (p) igual a 4, podemos ter as seguin-
tes equações:

{ foco(VF) // x : (y – y0)2 = 2p (x – x0) → (y – 8)2 = 8(x – 7)

foco(VF) // y : (x – x0)2 = 2p (y – y0) → (x – 7)2 = 8(y – 8)

Posições Relativas Entre Ponto e Parábola

Seja um ponto P(x,y) e uma parábola de vértice


V(x0,y0) e parâmetro (p), dada pela equação (y – y0)2 =
Figura 42. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=3 e b=4) e
distância focal (2c=10) com as assíntotas, r1 e r2.
2p (x – x0), a posição de P em relação a parábola pode
ser: ponto P exterior a parábola, ponto P na parábola
PARÁBOLA e ponto P interior da parábola. Assim temos, respec-
tivamente, as inequações (idem quando o foco (VF) é
Definição paralelo a ordenada):

{
Dados um ponto (F) e uma reta d pertencentes a
um plano com F não pertencente a d, seja p a distância (y – y0)2 – 2p (x – x0)>0
entre F e a reta d, a parábola é o conjunto dos pontos
(y – y0)2 – 2p (x – x0)=0
do plano que estão na mesma distância de F e d.
(y – y0)2 – 2p (x – x0)<0

Posições Relativas Entre Reta e Parábola

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma parábola de


vértice V(x0,y0) e parâmetro (p) dado pela equação (y
– y0)2 – 2p (x – x0), a interseção da reta com a parábola
é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta r e à
parábola. Logo para achar essa interseção basta ver as
soluções do sistema:

S
{ r : Ax+By+C = 0
x : (y – y0)2 = 2p(x – x0)

Sendo que, da solução desse sistema resulta em


uma equação do segundo grau, então para diferentes
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à parábola:

Figura 43. Parábola de foco F, diretriz d, parâmetro p e vértice V,


z se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pontos
sendo a reta VF o eixo de simetria (VF=p/2).
de solução, assim a reta é secante à parábola;
z se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à parábola;
Equação
z se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e parábola, assim a
Uma parábola de vértice na origem e foco na abs-
reta é exterior à parábola.
cissa tem equação reduzida dada por:

y2 = 2px

Já uma parábola de vértice na origem e foco na


ordenada tem equação reduzida dada por:

x2 = 2py
114
Figura 45. Parábola de vértice V(1,3), parâmetro (p=4) com
Figura 44. Parábola com exemplos de retas: secante (r), tangente (s) interseção com reta tangente (r) no ponto P.
e exterior (t).
RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA
Ex.: Sendo a reta dada por r:-3,46x+1,27y-1,27=0 e EQUAÇÃO GERAL
a parábola χ: (y – 3)2 = 8 (x – 1), qual a posição relativa
entre elas e suas interseções? Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e
y representa uma elipse, se a sua equação geral for

{
redutível à forma:
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0
S
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) (x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
k1 k2
Isolando y na equação da reta e substituindo na
equação da parábola temos: k1 > k2 → k1 = a2 e k2 = b2 → eixo maior horizontal

{
k1 < k2 → k1 = b2 e k2 = a2 → eixo maior vertical
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0 → y = 1 + 2,72x(I) (x0 ,y0) → centro
S (I)
χ : (y – 3) = 8(x – 1) → ((1+2,72x) –3)2 –8(x – 1) = 0
2

Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y


representa uma hipérbole, se a sua equação geral for
x2 – 2,55x + 1,62 = 0 → Δ=(–2,55)2 – 4(1)(1,62) = 6,5 – 6,5 redutível à forma:
=0→Δ=0

Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou (x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
seja, um ponto de solução, assim a reta é tangente à k1 k2
parábola. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz: k1 > 0 e k2 > 0 → k1 = a2 e k2 = –b2 → eixo real horizontal
k1 < 0 e k2 > 0 → k1 = –b2 e k2 = a2 → eixo real vertical
x2 – 2,55x +1,62 = 0 → Δ = 0
(x0 ,y0) → centro
–b±√Δ –b±0 –b 2,55
x1 = x2 = = = = = 1,275 Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
2a 2a 2a 2 representam uma parábola, se a sua equação geral for
redutível à forma:
Com os valores do eixo x para o ponto P de interse-

{
ção encontramos os respectivos valores para o eixo y:
x = ay2 +by+c (a ≠ 0)
x = 1,275 → y = 1+2,72x = 1+3,47 → y = 4,47
y = ax2 +bx+c (a ≠ 0)
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com a
parábola é o que podemos ver na Figura 41, sendo esse 1 y0 y02 +2px0
ponto solução para as duas equações, reta e hipérbole: a= ,b=– ,c= → eixo horizontal
2p p 2p
P(1,275;4,47)
1 x0 x02 +2py0
MATEMÁTICA

a= ,b=– ,c= → eixo vertical


2p p 2p
(x0, y0) → vértice

115
Exercite seus conhecimentos realizando os exercí- Para acharmos o valor da distância do foco da elipse,
cios que seguem. precisamos inicialmente achar os valores dos semiei-
xos maior e menor e depois achar o semi-foco a par-
1. (FCC — 2018) Em um plano cartesiano de eixos orto- tir da relação quadrática entre eles, assim temos:
gonais, os pontos de coordenadas (1, 1) e (4, 5) são as
extremidades da diagonal de um retângulo de lados x2 y2 x2 y2

() ()
9x2 + 25y2 = 1 → + =1→ +
=1
paralelos aos eixos x e y. Em tais condições, a área 1 1 1
2
1
2

desse retângulo, em unidades de área do plano carte-


siano, é igual a: 9 25 3 5

a) 8. 1 1
b) 6. a= ; b= ; Centro(0,0)
3 5
c) 20.
d) 12. Assim, o eixo maior está na abscissa e da relação
e) 10. entre os valores dos semieixos e foco temos:

A diagonal do retângulo divide ao meio a figura 1 1 16 4


a2 = b2+c2 → c2 = – = →c=
geométrica, cada área é exatamente a área de um 9 25 225 15
triângulo retângulo. A área do triângulo no plano
Como a distância focal é 2c, assim temos o valor de
cartesiano é dada por metade do determinante das 8
coordenadas dos 3 pontos desse triângulo, assim 15 . Resposta: Letra A.
marcamos os pontos dados no plano e pela projeção
de cada um deles encontramos os demais pontos do 3. (FCC — 2016) Uma reta cruza o eixo das abscissas
retângulo: em x=3 e é tangente à circunferência x2+y2=4 no ponto
T, de coordenadas positivas. Nas condições dadas, a
ordenada y do ponto T é igual a:

a) 1/3.
b) 2√5/3.
c) 1.
d) 3√5/4.
e) 4/3.

Inicialmente, precisamos definir a equação da reta


tangente à circunferência e também construir o grá-
fico para saber quais das retas tangentes está no
ponto com as coordenadas positivas. Sendo a cir-
cunferência λ e a reta r:

{
x1 y1 1
1 λ : x2+y2 = 4 → r = 2; Centro(0, 0)
A2 = ∙ x2 y2 1
2 r : (y – y0) = m(x – x0) → P(x0, y0) = P(3, 0)
x3 y3 1

x1 y1 1 x1 y1 1
1
2x AΔ= 2x ∙ x2 y2 1 = x2 y2 1
2
x3 y3 1 x3 y3 1

4 5 1
1 1 1 =|4+5+4 – 1 – 4 – 20| = |–12| =12
4 1 1

Resposta: Letra D.

2. (FCC — 2017) A equação de uma elipse em um siste-


ma cartesiano é dada por 9x² + 25y² = 1. A distância
entre os focos desta elipse é igual a:
8
a) .
15
b) 1 .
2 Conhecendo o raio e o centro da circunferência
c) 8. podemos ver que por ela e passando pelo ponto P
podemos ter duas retas tangentes, mas somente
d) 4 .
15 uma delas contempla o ponto T tangente, com eixo
e) 2√34. x e y positivos. Note, que pela figura conseguimos
116
definir qual é essa reta, a reta decrescente, ou seja, o
coeficiente angular é negativo (m<0). Assim, defini- GEOMETRIA PLANA
mos em função de m a equação da reta r.
A Geometria Plana (ou Geometria Euclidiana) deve
r : (y – y0) = m(x – x0) → P(x0, y0) = P(3, 0)
ser vista como um dos principais ramos da Matemática.
r : (y – 0) = m(x – 3) → y = mx –3m Sua origem remonta a Euclides de Alexan-
dria (360 a.C. – 295 a.C.), que foi um matemático da
r : y – mx+3m = 0 antiguidade.
Dessa equação da reta r, passando pelo ponto P(3,0), Vamos estudar de agora em diante todos os tópicos
temos que os coeficientes da reta são a=-m, b=1 e relacionados à Geometria Plana!
c=3m, assim, a distância da origem da circunferên- Boa leitura e bons estudos!
cia até a reta r é:
ÂNGULO
by0+ax0+c y0 – mx0+3m
dOr = r → =r→ =2
√a2+b2 √m2+1 Definição, Elementos e Propriedades

z Definição de Ângulo
→ 0 – m0+3m
O(0, 0)
=2
√m2+1 Definimos ângulo como a união de duas semirre-
tas de mesma origem e não colineares (que não per-
3m tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:
= 2 → 3m = 2√m2+1
√m2+1
A
2
→ 9m = 4(m +1) → 5m = 4 → m = ±
2 2 2

√5

2
Como sabemos que nosso m<0 então m = – .
Logo, a equação da reta é: √5 O

2 6
r:y=– x+ B
√5 √5
Para achar o ponto T, que é a interseção da reta r à Figura 1. Definição de Ângulo
circunferência λ, isolamos o y na equação da reta e
substituímos na equação da circunferência: Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo

( )
e OA e OB são chamados de lados.
2 6 2 Observação 2: na figura acima o ângulo é indica-
x2 + – x+ =4 → 9x2 –24x+16 = 0 do por AOB ou BOA.
√5 √5
Δ = (–24)2 – 4 ∙ 9 ∙ 16 = 576 – 576 = 0 z Ponto Interior de um Ângulo
Como o Δ=0 então confirmamos que a reta r é tan-
Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos
gente a λ, pois só existe uma raiz real. Logo a coor-
que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
denado do ponto T no eixo x é:
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
9x2 – 24x+16 = 0; Δ = 0 do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.
– b ± √Δ b (–24) 24 4
x1 = x2 = =– =– = =
2a 2a 2∙9 18 3
Substituindo o valor de x na equação da reta r
temos:
A
2 6
r:y=– x+
√5 √5

( )
P


4 2 4 6 10 1 102 O
x= →y=– ∙ + = =
3 √5 3 √5 3√5 3 5
MATEMÁTICA


B
1 100 1 1 2√5
= √20 = √22 ∙ 5
3 5 3 3 3

Resposta: Letra B. Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo

Observação: na figura acima, o ponto P é um pon-


to interior ao AOB.
117
z Setor Angular Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes.

Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos „ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-
pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores. los serão chamados de Opostos pelo Vértice
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.

F
O
H

O
Figura 3. Setor Angular
I G
Observação: a figura acima mostra o Setor Angu-
lar do AOB

z Classificação dos Ângulos Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice

Vejamos de que maneira os ângulos podem ser


Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-
classificados.
tos pelo vértice.
„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto
chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum. quando sua medida for igual a 90º.

Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos O B

Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC Figura 7. Ângulo Reto


e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.
Observação: AÔB é um ângulo reto.
„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha-
mados de Adjacentes quando forem consecu- „ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
tivos e não tiverem pontos internos em comum. Agudo quando sua medida for menor que 90º.

A
A

B
O
O
B

Figura 8. Ângulo Agudo

C
Observação: AÔB é um ângulo agudo.

Figura 5. Ângulos Adjacentes


118
„ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de Bissetriz de um Ângulo
Obtuso quando sua medida for maior que 90º
e, ao mesmo tempo, menor que 180°. Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e
lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi-
A nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir-
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em
duas partes iguais.

O B

Figura 9. Ângulo Obtuso


C
Observação: AÔB é um ângulo obtuso.
Bissetriz
O
„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
lo é o complemento do outro.
B

Figura 12. Bissetriz de um Ângulo

CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS


I M
Ângulos na Circunferência

Vejamos abaixo as definições importantes acerca


de ângulos na circunferência.

z Circunferência: definimos circunferência como


O o conjunto de todos os pontos de um plano, de
H
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons-
tante positiva. A figura a seguir representa uma
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva).
Figura 10. Ângulos Complementares

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são comple-


mentares.
P
„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão
suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o r
suplemento do outro. C

Figura 13. Circunferência λ

z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos


MATEMÁTICA

C B os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo


O
é menor ou igual a uma constante positiva.
Figura 11. Ângulos Suplementares

Observação: os ângulos AÔC e AÔB são suplemen-


tares.

119
F

r
C
r
A

D
Figura 14. Círculo

z Elementos de uma Circunferência: na figura abai-


xo temos uma circunferência de centro C e raio r.

N Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ

Observação: na figura acima, F é um ponto exter-


B no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência.
r
z Medidas de um Ângulo pela Circunferência:
para medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da
C circunferência), primeiramente a dividimos em
r
360 “partes” e denominamos 1 Grau ( º ) a cada
“parte” obtida.
A
Fazer a medição do arco em graus é determinar a
D E quantidade de partes compreendida neste arco. Veja
a figura adiante:

Figura 15. Elementos de uma Circunferência


A
AC = raio
AB = diâmetro
S
DME = arco O
ANB = semicircunferência
AC = r e AB = 2r
B
z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-
ferência: sejam um ponto P e uma circunferência
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos:
Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência
„ o ponto P é interno à circunferência: d < r
„ o ponto P é externo à circunferência: d > r A Medida de um Ângulo é a medida do menor
„ o ponto P pertence à circunferência: d = r arco determinado pelo ângulo em uma circunferência
com o centro em seu vértice.

120
A A

O
O

B
B

Figura 18. Ângulo em uma Circunferência


Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência
A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi-
nalado na figura acima. Indicamos esta situação por: z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito
aquele que tem vértice na circunferência e lados
m (AOB) = AÔB secantes à mesma. O arco da circunferência com pon-
tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente.
z Ângulo Central: definimos um ângulo central
como sendo aquele cujo vértice coincide com o Veja a figura abaixo:
centro da circunferência. O arco de uma circunfe-
rência com pontos internos ao ângulo é o seu Arco
Correspondente. A

Veja a figura:

Q
A O
P

B
O

Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência

Observação 1: o ângulo AP̂B é inscrito na


circunferência.
Observação 2: AQB é o arco correspondente do
Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência ângulo AP̂B.

Observação 1: o ângulo AÔB (α) é o Ângulo Central. z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu-
Observação 2: APB é o arco correspondente do lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
ângulo AÔB. exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.
A medida de um ângulo central é igual à medida de
seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α. Vejamos abaixo:
Veja a representação desta igualdade abaixo:

D N
MATEMÁTICA

M O
P
C
B

Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência


121
Observação 1: APB é de vértice externo. Existência da Paralela
Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
^ .
dentes do ângulo APB Se duas retas distintas e coplanares e uma trans-
versal determinarem ângulos alternos, ou ângulos
PARALELISMO correspondentes congruentes, podemos concluir
então que essas duas retas são paralelas.
Retas Paralelas

Duas retas serão chamadas de paralelas se, e t


somente se, elas forem coincidentes (iguais) ou se
forem coplanares (pertencerem ao mesmo plano e
não possuírem nenhum ponto em comum).

r s

r r
s

Figura 23. Retas Paralelas r e s

Observação 1: β é um plano que contém as retas s


r e s.
Observação 2: r ⸦ β, s ⸦ β e r ∩ s = ø
Dadas duas retas r e s paralelas (ou não paralelas)
e uma reta t concorrente com r e s, temos:

Figura 25. Existência da Paralela


t
Observação: se α = β, então r//s

a Postulado de Euclides
b
O postulado de Euclides afirma o seguinte:

d r z por um ponto passa uma única reta paralela a


uma reta dada;
c z se duas retas paralelas distintas interceptam uma
transversal, então os ângulos alternos, ou ângulos
e correspondentes, são congruentes.
f
PERPENDICULARIDADE
s
h Retas Perpendiculares

g Duas retas serão chamadas de Perpendiculares


se, e somente se, forem concorrentes e formarem dois
ângulos retos suplementares, ou seja, cada um dos
ângulos medindo 90°.

Figura 24. Retas Paralelas r e s cortadas pela Transversal t r

Observação 1: a reta t será chamada de transver-


sal de r e s
Observação 2: os ângulos formados pela figura
acima são denominados de:

Alternos: â e ĝ, b̂ e ĥ, ĉ e ê, d̂ e f̂

Correspondentes: â e ê, b̂ e f̂, ĉ e ĝ, d̂ e ĥ O s


Colaterais: â e ĥ, b̂ e ĝ, ĉ e f̂, d̂ e ê

Figura 26. Retas r e s perpendiculares entre si


122
Mediatriz de um Segmento Casos de Semelhança

Denominamos Mediatriz de um segmento a reta Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-
perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo lhança entre triângulos:
seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg-
mento em duas partes iguais. z Caso AA (Ângulo-Ângulo): se dois triângulos pos-
suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
m então eles são semelhantes.

A B
M C B

A’

Figura 27. Mediatriz de um segmento AB qualquer

C’ B’
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA
Dois triângulos serão denominados de semelhan-
tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor- z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): se dois triângulos
respondência entre seus vértices de modo que: possuem dois pares de lados proporcionais e os
ângulos compreendidos entre eles são congruen-
z os ângulos correspondentes sejam congruentes. tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
z os lados homólogos sejam proporcionais.
A
A

C B
C B
A’
A’

C’ B’

Figura 32. Dois Triângulos Semelhantes


C’ B’

Figura 34. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LAL


 = Â’ , B ̂ = B ̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e
AB AC BC z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos
MATEMÁTICA

= = =k ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
A’ B’ A’ C’ B’ C’ têm os três lados correspondentes proporcionais,
então esses dois triângulos são semelhantes.

Observação: a constante k é chamada de Razão


de Semelhança.

123
A A

D
F
I

C B

C B
A’ E

Figura 37. Bissetrizes Internas e Incentro de um Triângulo ABC

Observação 1: Bissetrizes Internas do triângulo


ABC: AE, BF e CD
Observação 2: Incentro do ΔABC: I
Observação 3: uma observação importante é que
C’ B’ o incentro de um triângulo é o centro da circunferên-
cia nele inscrita.
Figura 35. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LLL
z Circuncentro: para definir o circuncentro de um
PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO triângulo, precisamos entender a definição de
mediatriz primeiramente. A mediatriz de um seg-
mento de reta é a reta perpendicular a esse seg-
Apresentamos abaixo os pontos notáveis (B.I.C.O.)
mento pelo seu ponto médio. Logo, o circuncentro
de um triângulo:
de um triângulo é o ponto de encontro das três
mediatrizes deste triângulo.
z Baricentro: para definir o baricentro de um triân-
gulo temos que definir primeiro o que é a mediana
de um triângulo. A mediana é o segmento que une A
um vértice ao ponto médio do lado oposto. Logo, m1
o baricentro será o ponto de encontro das três
m2
medianas do triângulo.

A m3 D
F

C
F D
C B
G E

Figura 38. Mediatrizes e Circuncentro de um Triângulo ABC


C B
E Observação 1: mediatrizes do triângulo ABC: m1,
m2 e m3
Figura 36. Medianas e Baricentro de um Triângulo ABC Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
gulo ABC: D, E e F
Observação 1: medianas do triângulo ABC: AE, BF Observação 3: circuncentro do ΔABC : C
e CD Observação 4: uma observação importante é que
Observação 2: pontos médios dos lados do triân- o circuncentro de um triângulo é o centro da circunfe-
gulo ABC: D, E e F rência nele circunscrita.
Observação 3: Baricentro do ΔABC : G
z Ortocentro: para definir ortocentro precisamos pri-
z Incentro: para definir o incentro de um triângu- meiro entender que a altura de um triângulo é o seg-
lo, vamos relembrar o conceito de bissetriz de um mento da perpendicular traçada de um vértice à reta
ângulo. A bissetriz de um ângulo é a semirreta com suporte do lado oposto e que possui extremidades
pontos internos ao ângulo e que determina com nesse vértice e no ponto de encontro com essa reta
seus lados dois ângulos adjacentes congruentes. A suporte. Logo, o ortocentro é o ponto de encontro
bissetriz interna de um triângulo é o segmento da das retas suportes das três alturas de um triângulo.
bissetriz de um ângulo interno que tem extremida-
des no vértice desse ângulo e no ponto de encontro
com o lado oposto. Logo, o incentro é o ponto de
encontro das bissetrizes internas deste triângulo.
124
A Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:
F D
z BC é a hipotenusa;
z AB e AC são os catetos;
O
z AH é a altura relativa à hipotenusa;
z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos
catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC.

No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC =


a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então valem
as seguintes relações:
C B
E
b2 = a · n
Figura 39. Alturas e Ortocentro de um Triângulo ABC c2 = a · m
a2 = b2 + c2
Observação 1: alturas do triângulo ABC: AE, BF e
CD h2 = m · n
Observação 2: ortocentro do ΔABC : O
b·c=a·h
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS
RELAÇÕES MÉTRICAS EM TRIÂNGULOS
Um triângulo recebe o nome de triângulo retân- QUAISQUER
gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a
90°. Observe na figura abaixo: z Lei dos Senos: em todo triângulo, as medidas dos
lados são proporcionais aos senos dos ângulos
B opostos e a razão de proporcionalidade é a medi-
da do diâmetro da circunferência circunscrita ao
triângulo.

Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-


ferência de raio R:

AC C
c
Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A

R
RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS
RETÂNGULOS a

Considere um Triângulo Retângulo ABC, com hipo-


tenusa BC e altura AH.

A
B

Figura 43. Triângulo ABC inscrito em uma Circunferência de Raio R


b c
h Verifica-se pela Lei dos Senos que:

a b c
= = = 2R
sen A sen B sen C
MATEMÁTICA

n m
CB
H z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado
a da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura
do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
AH que eles formam.

125
A A
e=1
E
α = 121.86°
Ϛ = 118.08°

b c d = 3,16 a = 6.66

D ɛ = 136.09°

C B Υ = 69,17° B
a

Figura 44. Triângulo ABC qualquer c = 4.17


δ = 94.8° b = 5.98
Seja um triângulo qualquer ABC, conforme a figu-
ra 44.
Neste caso, verifica-se que: C
a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos  C'
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B̂
b' = 5.98 α1 = 121.86°
c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos Ĉ
c' = 4.17

TEOREMA DE PITÁGORAS
B' Υ1 = 69,17°
D'
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- ɛ1 = 136.09°
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos.
d' = 3,16
B
a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08°

β1 = 94.8°
E'
e' = 2
A'
a
Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos)
c
F

g = 3.03
Ɵ = 98.82°

h = 4.6
A C H K = 50.63°
b

Figura 41. Triângulo Retângulo ABC l = 30.55°


f = 5.88
G
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
dados respectivamente por a, b e c. J
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa η = 98.82 l = 4.6°
K
e os lados b e c de catetos.
λ = 30.55°
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân- k = 3.03°
gulo: a2 = b2 + c2
j = 5.88
CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS
μ = 50.63°
Ao considerarmos a congruência entre figuras L
planas, dois elementos devem ser observados: os
lados e os ângulos correspondentes. Casos estes dois Figura 74. Congruência entre duas figuras planas (Triângulos)
elementos apresentem mesma medida, constataremos
que as respectivas figuras planas são congruentes.
Vejamos algumas figuras planas relacionadas
abaixo (observe a igualdade existente entre lados e
ângulos):

126
Q FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS
2.29
A transversal de um conjunto de retas todas para-
2.29 v = 120° P lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
σ = 120° rente com todas as retas deste conjunto.
Os pontos correspondentes de duas transversais
R u = 120° são pontos destas transversais que estão numa mes-
2.29 ma reta do conjunto de paralelas.
Os segmentos correspondentes de duas transver-
sais são segmentos que possuem por extremidades os
2.29 p = 120° O pontos correspondentes.

ξ = 120°
M o = 120° 2.29 t1 t2

2.29
N A A’
Q1
2.29 B B’
2.29
v1 = 120° P1
σ1 = 120°
C C’
R1
u1 = 120° 2.29

D D’
2.29
p1 = 120° O1

ξ1 = 120°
M1 o1 = 120°
2.29
2.29 Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais
N1
Observação 1: as transversais são indicadas por
Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos) t1 e t2
Observação 2: os pontos correspondentes são
S
indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
v = 1.67
Observação 3: os segmentos correspondentes são
ϕ = 114.29° indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’.
V
η1 = 80.03°

s = 3.11 TEOREMA DE TALES

O Teorema de Tales diz que se duas retas são


u = 1,95 transversais de um conjunto de retas paralelas, então,
ω = 119.21° a razão entre dois segmentos quaisquer de uma
Ψ = 46.47° delas é igual à razão entre os segmentos corres-
T
pondentes da outra.
U t = 2.77

S'

v' = 1.67
θ1 = 114.29°
s' = 3.11

μ1 = 80.03°
V'

T' K1 = 46.47°
MATEMÁTICA

λ1 = 119.21°
u' = 1,95

t' = 2.77
U'

Figura 76. Congruência entre duas figuras planas (Quadriláteros)

127
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC
no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois
t1 t2 ângulos congruentes.
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 51, temos:

A A’ b c
=
B’ n m
B
O teorema da bissetriz externa de um triângulo
nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz exter-
C C’ na, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao triângulo,
intercepta a reta que contém o lado oposto externamen-
te em segmentos proporcionais aos lados adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo
D D’ ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y

Figura 46. Feixe de Retas Paralelas, Transversais e Teorema de Tales

Pelo Teorema de Tales, temos as seguintes


igualdades:
C
a B x
AB AC AD BC BD CD
= = = = =
A’B’ A’C’ A’D’ B’C’ B’D’ C’D’ y

Figura 48. Teorema da Bissetriz Externa


TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E
EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO Pelo teorema da bissetriz externa, temos a seguin-
te igualdade:
O teorema da bissetriz interna de um triângu-
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz AC AB
interna, ou seja, bissetriz de um ângulo interno ao =
triângulo, sempre divide o lado oposto em segmentos CD BD
proporcionais aos lados adjacentes.
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo exter-
Seja AD a bissetriz do ângulo BAC no triângulo
no ao triângulo ABC no vértice A, ou seja, divide este
ABC, com AB = c, AC = b e BD = m e DC = n
ângulo externo em dois ângulos congruentes.
A Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 52, temos:

b c
=
y x

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS

Trapézio: um quadrilátero é um Trapézio se, e


somente se, tiver dois lados paralelos.
C B

Figura 47. Teorema da Bissetriz Interna

Pelo Teorema da Bissetriz Interna, temos a seguin-


te igualdade:

AC AB
=
CD BD
Figura 54. Trapézio com vértices ABCD

128
Observação 1: o lado AB é chamado de base maior. D C
Observação 2: o lado CD é chamado de base menor.

Classificação dos Trapézios

z Trapézio Isósceles: os lados não paralelos são


congruentes.

A B

Figura 58. Paralelogramo

Observação: AB // CD e AD // BC

Propriedades dos Paralelogramos

z em todo Paralelogramo os ângulos opostos são


congruentes;
z todo Quadrilátero convexo que possui ângulos
Figura 55. Trapézio Isósceles opostos congruentes é Paralelogramo.
z todo Retângulo é Paralelogramo;
z Trapézio Escaleno: os lados não paralelos não são z em todo Paralelogramo os lados opostos são
congruentes. congruentes;
z todo Quadrilátero convexo que possui os lados
D C opostos congruentes é Paralelogramo;
z todo Losango é Paralelogramo;
z em todo Paralelogramo as diagonais se intercep-
tam nos respectivos pontos médios.

Todo Quadrilátero convexo em que as diago-


nais se interceptam nos respectivos pontos médios é
Paralelogramo.
Losango: um quadrilátero é um Losango se, e
somente se, possuir os quatro lados congruentes.
AB B
Figura 56. Trapézio Escaleno

z Trapézio Retângulo: quando existem dois ângu-


los internos retos.

A C

Figura 57. Trapézio Retângulo

Paralelogramo: um quadrilátero é Paralelogra-


mo se, e somente se, possuir os lados opostos paralelos.
MATEMÁTICA

Figura 59. Losango

Observação: AB = BC = CD = DA

129
Propriedades dos Losangos POLÍGONOS
Polígonos e seus Elementos
z todo Losango tem as diagonais perpendiculares;
z todo Paralelogramo que tem as diagonais perpen- Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
diculares é Losango; A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
z todo Losango tem as diagonais nas bissetrizes secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
dos ângulos internos; ..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
z todo Paralelogramo que tem as diagonais nas bis-
reunião dos pontos dos n segmentos considerados.
setrizes dos ângulos internos é Losango.
Vejamos alguns exemplos:
Retângulo: um quadrilátero é um Retângulo A
se, e somente se, possuir os quatro ângulos internos D
congruentes.

C
B
K

E
D

Figura 60. Retângulo G

Observação 1: AB = CD e BC = AD F
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°
H

Propriedades dos Retângulos L M


Q O
z todo Retângulo tem as diagonais congruentes;
z todo Paralelogramo que tem diagonais congruen-
tes é um Retângulo.
R P N
Quadrado: um quadrilátero é um Quadrado se, e
somente se, possuir os quatro ângulos internos con- Figura 49. Polígonos
gruentes e os quatro lados congruentes.
Região Poligonal
B
A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior.
G

A
F

H
D

Figura 61. Quadrado


D E B
Observação 1: AB = BC = CD = AD
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°

Propriedades dos Quadrados


C
z todo Quadrado é Retângulo;
130 z todo Quadrado é Losango. Figura 50. Região Poligonal
Polígono Côncavo e Polígono Convexo Nomenclatura dos Polígonos

Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer Nomeamos os Polígonos de acordo com o número
reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os n de lados:
outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
ela determina. z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
B n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono

A z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono
n = 20 – Icoságono
C n = 30 – Tricágono
n = 40 – Quadricágono
n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono

z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10


n = 11 – Unodecágono
E n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono
D
n = 35 – Pentatricágono

Número de Diagonais de um Polígono Convexo

O Número de Diagonais em um Polígono Convexo


é dado pela expressão:
Figura 51. Polígono Convexo

Observação: em um polígono convexo, a região n (n – 3)


poligonal é convexa. d=
Por definição, um polígono que não é convexo é 2
côncavo.
Ângulos Internos de um Polígono Convexo

A soma dos ângulos internos de um polígono con-


G vexo é dada pela expressão:

I Si = (n – 2) · 180º

Ângulos Externos de um Polígono Convexo


H
F A soma dos ângulos externos de um polígono con-
vexo é dada pela expressão:

Se = 360º

POLÍGONOS REGULARES

Um Polígono é denominado de regular quando pos-


sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
J Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:

AB
MATEMÁTICA

Figura 52. Polígono Côncavo

Observação 2: em um polígono côncavo, a região


poligonal é côncava.

131
Área de um Quadrado

A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao


quadrado.

B L C

L
K
L

H
J
L D

Figura 62. Área de um Quadrado


I

Q Observação: a área é dada por A = L2


P
Área de um Retângulo
R
A área de um Retângulo é dada pelo produto das
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
O base vezes a altura.

B C
M
N

A1
B1
z
h
C1
W
D1
V
S b D
T U
Figura 63. Área de um Retângulo

Figura 53. Polígonos Regulares


Observação: a área é dada por A = b · h
PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS, POLÍGONOS
Área de um Paralelogramo
REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E
SEUS ELEMENTOS
Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto
de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa.
Perímetro de Polígonos
D
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta
somar os lados. h

b
Figura 64. Área de um Paralelogramo

132 Observação: a área é dada por A = b · h


Área de um Triângulo B

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Triângulo.
A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-
duto da base pela altura, dividido por dois.

D
h

B
H

Figura 65. Área de um Triângulo


D
Observação: a área é dada por:
d
b·h
A= Figura 67. Área de um Losango
2
Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-
A área de um Triângulo Retângulo também é
nal menor.
dada pelo produto da base pela altura, dividido por
Observação 2: a área é dada por:
dois.
D·d
B A= 2

Área de um Trapézio

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Trapézio.
h A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
dividido por dois:

b D

Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo

Observação: a área é dada por: h

b·h
A= 2
B
Área de um Losango

Á área de um Losango é dada pelo semiproduto B


das diagonais.
MATEMÁTICA

Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles

Observação: a área é dada por:

(b + B) · h
A= 2

133
A área de um Trapézio Retângulo também é dada Observação: a área é dada por A = L · r
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois: FÓRMULA DE HERON
D
A área um triângulo de lados com medidas a, b e c
e semiperímetro p será dada por:

A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)
h

B
b
c
Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo

Observação: a área é dada por:

(b + B) · h B
A= a
2
Figura 72. Triângulo ABC
Área do Círculo
Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo
b+c
raio ao quadrado.
RAZÃO ENTRE ÁREAS

Razão entre Áreas de Dois Triângulos Semelhantes

P A razão entre as áreas de dois triângulos seme-


lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.
r

Figura 70. Área de um Círculo B

Observação: a área é dada por A = π · r2 A’

Área do Setor Circular

Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r


pelo arco L.

A C’ B’

Figura 77. Dois Triângulos Semelhantes

Observação 1: área do Triângulo ABC: A1


L Observação 2: área do Triângulo A’ B’ C’: A2
O
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Triângulos
r
ABC e A’ B’ C’:
B
A1
A2
= k2

134 Figura 71. Área de um Setor Circular


Razão entre Áreas de Dois Polígonos Semelhantes INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO

A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme- Abaixo seguem representados vários Polígonos
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança. inscritos em uma circunferência.

D
B

Figura 79. Triângulo Equilátero inscrito em uma Circunferência


C’
G

B’
C’

C’
E
A’
Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência
Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes
K
Observação 1: área do Polígono ABCDE: A1 L
Observação 2: área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Polígonos
ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’:

A1
A2
= k2
J
H

I
MATEMÁTICA

Figura 81. Pentágono inscrito em uma Circunferência

135
Q K
L

J
O
H

N
I
Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência
Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência

Abaixo seguem representados vários Polígonos Q


circunscritos em uma Circunferência.

C
P

R
A

B Figura 86. Hexágono circunscrito em uma Circunferência

Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência A seguir analise alguns exercícios comentados
para praticar o conteúdo estudado.
G
1. (VUNESP — 2011) Meia pizza foi dividida em 3 fatias,
F cada uma delas com um ângulo diferente, conforme
mostra a figura.

2x

x – 20º

Se a pizza inteira tivesse sido dividida em fatias iguais,


D todas com ângulo de x – 20°, então, o número de fatias
dessa pizza seria:
E a) 9
b) 10
Figura 84. Quadrado circunscrito em uma Circunferência
c) 11
d) 12
e) 13

136
Note que meia pizza é uma semicircunferência. e) 7,0
Logo, a soma dos três ângulos será igual a 180º.
Fazendo a soma dos ângulos e igualando a 180º, Perceba que o comprimento do varal é a hipotenu-
encontramos o valor de x. sa do triângulo retângulo formado na figura. Nesse
Desta maneira, temos: caso, temos catetos iguais a 3m e 4m. Pela definição
de triângulo retângulo Pitagórico, a hipotenusa des-
x + 2x + x – 20º = 180º
se triângulo será igual a 5m. Veja que conhecendo
4x – 20º = 180º a definição não é necessário fazer cálculo algum.
Para fins didáticos, vamos resolver a questão utili-
4x = 200º
zando o Teorema de Pitágoras:
x = 50º a2 = b2 + c2
a2 = 32 + 42
Uma pizza inteira representa uma circunferência.
a2 = 9 + 16
Sabemos que a circunferência possui 360º. Se a piz-
a2 = 25
za toda deve ser dividida em x – 20°, as fatias devem
a = ±√25
possuir 50° – 20° = 30°
a = ±5
360° Como estamos tratando de medida, desconsidera-
Fazendo 30° = 12 mos o valor negativo.
Logo: a = 5
Concluímos que o número de fatias dessa pizza Resposta: Letra A.
seria igual a 12. Resposta: Letra D.
4. (VUNESP — 2015) As figuras, fora de escala, mos-
2. (ITAME — 2015) Sabendo-se que 8x, 6x e 4x são ângu- tram as dimensões de dois terrenos, A e B, ambos
los de um triângulo, qual o valor do menor ângulo? retangulares.

a) 10º
b) 20º
A B X + 7,5 m
c) 30º X

d) 40º
50 m 40 m
A soma dos ângulos internos de um triângulo é
igual a 180°. Portanto, basta somar os ângulos for- Sabendo-se que os dois terrenos têm a mesma área e
necidos e igualar a 180°. Fazendo isso, encontrare- que, no terreno A, será construído um galpão cuja área
mos o valor de x. terá 1/6 da área dos dois terrenos juntos, então a área
4x + 6x + 8x = 180º do galpão, em metros quadrados, será:
18x = 180º
x = 10º a) 450
Pelo enunciado, sabemos que o menor ângulo deste b) 500
triângulo é igual a 4x. Se x = 10°, então: c) 360
4x = 4 · 10° = 40° d) 420
Resposta: Letra D. e) 480

3. (VUNESP — 2020) Murilo vai colocar um varal em seu Os dois terrenos possuem a mesma área. Logo, a
quintal. Ele já colocou os ganchos em duas paredes ÁreaA=ÁreaB. Sabemos que a área de um retângulo
perpendiculares, conforme indicado pelas setas da ima- é dada por b · h (medida da base multiplicada pela
gem a seguir, de acordo com as distâncias marcadas. medida da altura).
Deste modo, teremos:
Teorema de Pitágoras ÁreaA = ÁreaB
a2 = b 2 + c
50x = 40 ⋅ (x+7,5)

Vara l 50x = 40x + 300


Representação 3m
vista de cima a
b 50x – 40x = 300
10x = 300
c x = 30
4m
Sendo x = 30, e as duas áreas tendo a mesma medi-
da, ao descobrirmos a área de um terreno, teremos
Murilo utilizou o teorema de Pitágoras para descobrir a área do outro.
MATEMÁTICA

o comprimento de corda de varal que ele terá disponí-


ÁreaA = ÁreaB = 50 · x = 50 · 30 = 1500m2
vel para colocar suas roupas. Sabendo-se que Murilo
colocará o varal bem esticado, se calcular corretamen- Pelo o enunciado, a área do galpão terá
1
6 da soma
te, descobrirá que terá de varal, em metros, o total de: das duas áreas.

a) 5,0 Neste contexto, teremos:


b) 5,5 1 1
ÁreaGalpão = (ÁreaA + ÁreaB) = · (1500 + 1500) =
c) 6,0 6 6
d) 6,5 137
3000 Um polinômio P(x) será Nulo, se e somente se,
= 500m 2
6 todos os seus coeficientes forem nulos. Representa-
mos um polinômio nulo da seguinte maneira: P(x) =
Resposta: Letra B. 0. É importante ressaltar que para um polinômio nulo
não se define grau.
Ex.:
Dado o polinômio P (x) = (a – 3) x3 + (b + 5)x2 + c,
determine os valores de a, b e c, para que P (x) seja
POLINÔMIOS nulo.
FUNÇÃO POLINOMIAL
a–3=0⇒a=3
Denominamos Polinômio (ou Função Polinomial)
em uma variável x e indicamos por P(x) toda expres- P(x) = 0, se e somente se: b + 5 = 0 ⇒ b = -5
são do tipo:
c=0
anx + an-1x
n n-1
+ an-2x n-2
+ ⋯ + a1x + a0
Tem-se que um polinômio é identicamente nulo
Onde: quando seu valor numérico é 0, independente do
valor de x.
an, an – 1, an – 2, ... ,a1, a0 : são números complexos
GRAU DE UM POLINÔMIO
e coeficientes do polinômio

anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos Identificamos o Grau de um Polinômio P(x) ana-
do polinômio lisando o maior expoente da variável x que possui
coeficiente não nulo, ou seja, diferente de zero. Repre-
a0 é o termo independente sentamos o grau do polinômio por gr (P).

n∈N Ex.:
x∈C
p(x) = 2x5 – 4x3 – x2 – 3 é um polinômio de grau 5:
Ex.: gr(p) = 5

p(x) = – 7x4 + 2x3 – x2 + 11x + 2, onde: a0 = 2, f(x) = – 2x4 + x é um polinômio de grau 4:


a1 = 11, a2 = –1, a3 = 2, a4 = –7 gr(f) = 4

f(x) = 9x3 + 1, onde: a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 9 g(x) = x3 + x2 + x + 1 é um polinômio de grau 3:


gr(g) = 3
IDENTIDADE DE UM POLINÔMIO
h(x) = – x2 é um polinômio de grau 2: gr(h) = 2
Polinômio Identicamente Nulo
t(x) = x – 3 é um polinômio de grau 1: gr(t) = 1
Considere dois polinômios P(x) e Q(x), dizemos
que esses dois Polinômios são Idênticos, se e somente q(x) = 7 é um polinômio constante, pois possui
se, os coeficientes dos termos correspondentes forem apenas o termo independente. Logo seu grau é
iguais, ou seja: zero: gr(q) = 0

P(x) = a0 + a1x + a2x2 + ⋯ + anxn VALOR NUMÉRICO DE UM POLINÔMIO - RAIZ DE


, temos: UM POLINÔMIO
Q(x) = b0 + b1x + b2x2 + ⋯ +bnxn
Para obter o Valor Numérico de um Polinômio
P(x) = Q(x) P(x) basta substituir a variável x por um número k
qualquer e efetuar as operações indicadas. Simbolica-

mente esse valor numérico é representado por P(k), se
a0 = b0, a1 = b1, a2 = b2, ⋯ , an = bn P(k) for igual a zero, ou seja, P(k) = 0, dizemos que k é
uma Raiz do polinômio.
Sendo dois Polinômios idênticos, para qualquer Ex.:
valor de x eles assumem o mesmo valor numérico. Dado o polinômio 3x3 + 5x2 – x + 2, temos:
Ex.:
Dados os polinômios: P(-2) = 3(-2)3 + 5(-2)2 – (-2) + 2
P(-2) = 3( -8) + 5(4) + 2 + 2
 P ( x ) = ax 3
− 4x + 2 e Q3( x ) = 7 x 3 − 4 x + b
 P(x) = ax – 4x + 2 e Q(x) = 7x – 4x + b
3
P (-2)= -24 + 20 + 4

 os mesmos serão iguais se, e somente se:
 os mesmos serão iguais se, e somente se: P(-2) = -24 = 24

a P(-2) = 0
 a = 77=
= eeb b= 2 2
138
Logo: -2 é raiz de P(x) Também podemos efetuar a subtração da seguinte
maneira:
Fazendo por exemplo P(1), temos:

P(1) = 3(1)3 + 5(1)2 – (1) + 2 P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1

P(1) = 3(1) + 5(1) – 1 + 2 Q(x): -1x5 +0x4 -2x3 +7x3 -0x +12
-----------------------------------------------------------------------------------
P(1) = 3 + 5 1 P(x) + Q(x): 8x5 -3x4 -x3 +5x2 +4x +11
P(1) = 9
Multiplicação de Polinômios
Logo: 1 não é raiz de P (x)
Para a Multiplicação entre Polinômios basta mul-
OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS tiplicar todos os termos de um polinômio por todos
os termos do outro polinômio e fazer a soma destes
termos no final.
Adição de Polinômios
Ex.:
Dados:
Para a Adição de Polinômios temos que realizar a
soma dos coeficientes dos termos que apresentam o
P(x) = 5x3 – x2 e Q(x) = 2x7 = -4x5 -2x +9
mesmo grau.
Ex.: (5x3 – x2) . (2x7 – 4x5 – 2x +9) =
5x3 . (2x7) + 5x3 . (-4x5) + 5x3 . (-2x) + 5x3 . (9) -x2 . (2x7) –
P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q (x) = x5 + 2x3 – 7x2
x2 . (-4x5) -x2 . (-2x) – x2 . (9) =
– 12
(5 . 2 . x7 . x3) + [ 5 . (-4) x5 . x3] + [5 . (-2) x3 . x]
P(x) + Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) +
+ (5 . 9 . X3) + (-2 . x2 . x7) + [ -1 . (-4) . x2 . x5]
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
+ [ -1 . (-2) . x2 . x ] + (9x2) =
P(x) + Q(x) = 9x – 3x + x – 2x + 4x – 1 + x +2x
5 4 3 2 5 3
10x10 – 20x8 – 10x4 + 45x3 – 2x9 + 4x7 + 2x3 – 9x2 =
– 7x2 – 12
10x10 – 2x9 – 20x8 = 4x7 – 10x4 + 45x3 + 2x3 – 9x2 =
P(x) + Q(x) = (9x + x ) – 3x + (x + 2x ) + (-2x – 7x )
5 5 4 3 3 2 2

+ 4x + (-1 – 12) 10x10 – 2x9 – 20x8 + 4x7 – 10x4 + 47x3 – 9x2

P(x) + Q(x) = 10x5 – 3x4 + 3x3 – 9x2 + 4x – 13 DIVISÃO DE POLINÔMIOS

Também podemos efetuar a soma da seguinte Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um
maneira: polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x)
por B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal
que:
P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1

Q(x): 1x5 +0x4 +2x3 +7x3 +0x -12 quociente resto


----------------------------------------------------------------------------------- ↑ ↑
P(x) + Q(x): 10x5 -3x4 +3x3 -9x2 +4x -13
A(x) = Q(x) ‧ B(x) + R(x)
↓ ↓
Subtração de Polinômios
dividendo divisor
Para a Subtração de Polinômios temos que reali-
Indicando no Método da Chave, temos:
zar a diferença dos coeficientes dos termos que apre-
sentam o mesmo grau.
Ex.: A(x) B(X)
Dados:
R(x) Q(x)
P(x) = 9x – 3x + x – 2x + 4x – 1 e Q(x) = x + x + 2x –
5 4 3 2 5 5 3

7x2 - 12
P(x) – Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) –
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
MATEMÁTICA

P(x) – Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 – x5 – 2x3


+ 7x2 + 12

P(x) – Q(x) = (9x5 – x5) – 3x4 + (x3 – 2x3) + (-2x2 + 7x2)


+ 4x + (-1 + 12)

P(x) – Q(x) = 8x5 – 3x4 + x3 + 5x2 + 4x + 11

139
Observações:
P(x) = (x – a) . Q (x) + R (x),
z o grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x) onde R (x) = k (constante), pois gr (x – a) = 1
e B(x);
z o grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre menor P(a) = (a – a) . Q (a) + k → P(a) = k
que o grau do divisor B(x);
z se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o Logo R(x) = P(a)
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).
Ex.:
Divisão pelo Método da Chave O resto da divisão do polinômio P(x) = 2x3 + 2x2,
pelo binômio (x – 2) é dado pelo valor numérico do
Vamos dividir o polinômio A(x) = x4 + 4x3 + 4x2 + 9 polinômio P(x) para x=2, ou seja, para x igual a raiz
pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1 do binômio.
Para tanto façamos uso do Método da Chave: Logo teremos:

z Passo 1: escrevemos os polinômios na ordem P(2) = (2) ‧ P(2) = 2 ‧ (2)3 + 2 ‧ (2)2 = 2 ‧ 8 + 2 ‧ 4 = 16 + 8 =


decrescente de seus expoentes (nesse caso já 24
estão), e completemos o polinômio com termos de
coeficiente zero: Logo, o resto R(x) = 24.

A(x)= x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 e B(x) = x2 + x -1 TEOREMA DE D’ALEMBERT

z Passo 2: dividimos o termo de maior grau do divi- O Teorema de D’Alembert diz que a divisão de
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim um polinômio P(x) por um binômio (x – a) será exata
nós obtemos o primeiro termo do quociente, a se, e somente se, P(a) = 0.
seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor, Ex.:
e subtraímos esse produto do dividendo: A divisão do polinômio P(x) = x3 + x2 – 11x, pelo
binômio (x – 2) é exata, pois:
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
P(2) = (2)3 + (2)2 – 11 ‧ 2 + 10 = 8 + 4 – 22 + 10 = 22 – 22
– x4 – x3 + x2 x2
=0
3x3 + 5x2
DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI
z Passo 3: caso a diferença obtida tenha grau maior
ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo Pelo dispositivo prático de Briot-Ruffini podemos
dividendo. Repetimos então o processo a partir do encontrar o quociente e o resto da divisão de um poli-
segundo passo: nômio P(x) de grau n (n ≥ 1) por um binômio (x – a),
sendo (n – 1) o grau do quociente.
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1 Ex.:
Vamos efetuar a seguinte divisão:
– x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
3x3 + 5x2 + 0x (3x3 – 8x2 + 5x +6) : (x – 2)
– 3x3 – 3x2 + 3x
z Passo 1: determinamos a raiz do binômio (x – 2),
2x2 + 3x + 9 que é o número 2. Colocamos a raiz do lado esquer-
– 2x2 – 2x + 2 do do dispositivo e, do lado direito, os coeficien-
tes de todos os termos do dividendo, em ordem
x + 11 decrescente de expoente:

Logo obtemos: quociente Q(x) = x2 + 3x + 2 e resto


raiz do binômio coeficientes do dividendo
R(x) = x + 11
2 3 –8 5 6
TEOREMA DO RESTO

O Teorema do Resto nos garante o seguinte: z Passo 2: abaixamos o primeiro coeficiente do divi-
dendo e em seguida multiplicamos esse coeficiente
O resto da divisão de um polinômio P (x) por um pela raiz e somamos o produto ao segundo coefi-
binômio (x – a) é o próprio valor numérico do polinô- ciente do dividendo, escrevendo o resultado obti-
mio para x = a, que indicamos por P(a). do abaixo desse:
De acordo com a definição da divisão, temos:
2 3 –856

3
Fazendo o produto do coeficiente e a raiz e soman-
do com o segundo coeficiente, teremos:

140 3 ‧ 2 + (– 8) = 6 – 8 = – 2
O resultado obtido é colocado em baixo do segun- z Diferença de Quadrados
do coeficiente, no caso o -8.
a2 – b2 = (a + b) ‧ (a – b)
2 3 –856
3 –2 Ex.:
z Passo 3: pegamos o resultado obtido, no caso o -2,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi- 4x2 – 25y2 = (2x)2 – (5y)2 = (2x – 5y) ‧ (2x + 5y)
ciente da terceira coluna, logo teremos:
Ex.:
(– 2) ‧ 2 + 5 = – 4 + 5 = 1
23152 – 23142 = (2315 + 2314) ‧ (2315 – 2314) = 4629 ‧
O resultado obtido é colocado em baixo do terceiro 1 = 4629
coeficiente, no caso o 5.
z Quadrado da Soma
2 3 –856
3 –21 a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 = (a + b) ‧ (a + b)
z Passo 4: pegamos o resultado obtido, no caso o 1,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi- Ex.:
ciente da quarta coluna, logo teremos:
4a2 + 20a + 25 = (2a)2 + 2 ‧ (2a) ‧ (5) + (5)2 = (2a + 5)2 =
1‧2+6=2+6=8 (2a + 5) ‧ (2a + 5)

O resultado obtido é colocado em baixo do quarto z Quadrado da Diferença


coeficiente, no caso o 6.
a2 – 2ab + b2 = (a – b)2 = (a – b) ‧ (a – b)
2 3 –856
3 –218 Ex.:
Fazendo o processo para o último coeficiente a
divisão está encerrada. Os três primeiro números 9x4 – 24x2 + 16 = (3x2)2 – 2 ‧ (3x2) ‧ (4) + (4)2 = (3x2 – 4)2
obtidos são os coeficientes do quociente e o último = (3x2 – 4) ‧ (3x2 – 4)
número é o resto da divisão, para uma melhor visuali-
zação podemos separar da seguinte forma: z Cubo da Soma

2 3 –85 6 (a + b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 + b3


3 –21 8
Ex.:
Logo, teremos:

Q(x) = 3x2 – 2x + 1 e R(x) = 8 27x3 + 54x2y + 36xy2 + 8y3 = (3x)3 + 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3 ‧
(3x) ‧ (2y)2 + (2y)3 = (3x + 2y)3 = (3x + 2y) ‧ (3x + 2y) ‧ (3x
É importante entender que o grau do quociente sem- + 2y)
pre será uma unidade inferior ao grau do dividendo.
z Cubo da Diferença
FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E
PRODUTOS NOTÁVEIS
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
z Fatoração
Ex.:
Consiste na transformação de uma soma (ou sub-
tração) de dois termos em um produto. 27x3 – 54x2y + 36xy2 – 8y3 = (3x)3 – 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3 ‧
(3x) ‧ (2y)2 – (2y)3 = (3x – 2y)3 = (3x – 2y) ‧ (3x – 2y) ‧ (3x
z Fator Comum – 2y)

ax + ay = a ‧ (x + y) z Soma de Cubos

Exemplo: 5x + 5y = 5 ‧ (x + y)
MATEMÁTICA

a3 + b3 = (a + b) ‧ (a2 – ab + b2)
z Agrupamento Ex.:
ax + ay + bx + by = a ‧ (x + y) + b ‧ (x + y) = (x + y) ‧ (a + b)
8x3 + 27 = (2x)3 + 33 = (2x + 3) ‧ [(2x)2 – (2x) ‧ 3 + 32] = (2x
Ex.: + 3) ‧ (4x2 – 6x + 9)

3x + 3y + 7x + 7y = 3 ‧ (x + y) + 7 ‧ (x +y) = (x + y) ‧ (3 + 7)
141
z Diferença de Cubos 4(1)4 + 3(1)3 – 2(1)2 + (1) + k = 2
4+3–2+1+k=2
a3 – b3 = (a – b) ‧ (a2 + ab + b2)
k+6=2
Ex.: k=–4
Se k = 4, temos que P(x) = 4x4 + 3x3 – 2x2 + x – 4.
8x3 – 27 = (2x)3 – 33 = (2x – 3) ‧ [(2x)2 + (2x) ‧ 3 + 32] = Fazendo P(3), teremos:
(2x – 3) ‧ (4x2 + 6x + 9)
P(3) = 4(3)4 + 3(3)3 – 2(3)2 + (3) – 4
MÁXIMO DIVISOR COMUM DE POLINÔMIOS P(3) = 4 ‧ 81 + 3 ‧ 27 – 2 ‧ 9 – 1
P(3) = 324 + 81 – 18 – 1
O MDC de polinômios corresponde ao maior divi-
sor que os polinômios podem ter. Deste modo, é neces- P(3) = 405 – 19
sário decompor o polinômio para encontrá-lo. Por
exemplo: P(3) = 386
(4x² - 4y²) e (2x - 2y) Resposta: Letra A.
Pode-se decompor o primeiro Polinômio, uma
diferença entre dois quadrados em:
(2x - 2y).(2x + 2y) 3. (CETRO — 2014) Dados os polinômios A(x) = 2x3 – (b
O segundo Polinômio pode ser decomposto da – 1)x + 2 e B(x) = ax3 + 2x + 2, e sabendo que A(x) –
seguinte forma:
B(x) é um polinômio identicamente nulo, o valor de (a
2(x - y)
Então, o MDC de (4x² - 4y²) e (2x - 2y) é (x - y). + b) é igual a:
Para encontrar o MDC de Polinômios, utiliza-se dos
produtos notáveis vistos no tópico anterior. a) 1
A seguir, pratique seus conhecimentos com alguns b) 2
exercícios comentados. c) 3
d) 4
1. (VUNESP — 2013) O resto da divisão do polinômio e) 5
P(x) = x4 + 2x3 + mx2 – 2 pelo binômio (x + 1) é igual a
Se A(x) – B(x) é um polinômio identicamente nulo,
8, sendo m uma constante real, então m vale:
podemos concluir que A(x) = B(x). Pela igualdade de
polinômios temos:
a) 8
b) 10 2x3 – (b – 1)x + 2 = ax3 + 2x – 2
c) 11
Como os polinômios são iguais, podemos comparar
d) 7
os coeficientes das variáveis.
e) 9
Logo, temos que:
Pelo Teorema do Resto, temos que o resto da divisão
2=a⇒a=2
de um polinômio P(x) de grau maior e igual a 1, pelo
binômio do primeiro grau b ‧ (x – a), com b diferente – (b – 1) = 2 ⇒ – b + 1 = 2 ⇒ b = – 1
de zero, é o valor numérico de P(x) para x igual a
raiz do divisor. Se (x + 1) divide P(x), logo temos que Portanto (a + b) = 2 + (– 1) = 2 – 1 = 1 Resposta: Letra A.
-1 é uma raiz de P(x). Fazendo P(– 1) = 8, temos:
P(– 1) = 8
x4 + 2x3 + mx2 – 2 = 8 EQUAÇÕES POLINOMIAIS
(– 1) + 2(– 1) + m(– 1) – 2 = 8
4 3 2

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA E


1–2+m–2=8 TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO
m–3=8
O Teorema Fundamental da Álgebra diz que
m = 11 toda equação polinomial P(x) = 0 de grau n ≥ 1 admite,
Resposta: Letra C. pelo menos, uma raiz complexa.
Utilizando o Teorema Fundamental da Álgebra,
2. (MS CONCURSOS — 2011) Considere o polinômio P(x) podemos demonstrar que um polinômio de grau n ≥
1 pode ser decomposto em um produto de fatores do
– 4x4 + 3x3 – 2x2 + x + k. Sabendo que P(1) = 2, então 1º grau.
o valor de P(3) é: Ex.:
Seja a equação polinomial de grau n ≥ 1:
a) 386
b) 405
c) 324 P(x) = anxn + xn – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0
d) 81
e) 368

Fazendo primeiro P(1) = 2, temos:


142
Pelo TFA, existe um número x1 tal que P(x1) = 0. Portanto:
Assim, temos:
P(a + bi) = 0 + p(a + bi) + q = 0
P(x) = (x – x1) ‧ Q1(x) = 0 (I)
pa + q + pbi = 0
Podemos concluir que x – x1 = 0 ou Q1(x) = 0, sendo
pa + q = 0 (I)
n > 1; Q1(x) não é um polinômio constante.
Logo, ele admite uma raiz x2, tal que: pbi = 0 (II)

Q1(x) = (x – x2) ‧ Q2(x) (II) Em (II) p = 0, substituindo em (I), temos q = 0.


Logo R(x) = 0, portanto P(x) é divisível por (x – a –
Substituindo (I) em (II), temos: bi) e por (x – a + bi), de onde concluímos que: a – bi é
raiz da equação P(x) = 0.
Ex.:
P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ Q2(x) = 0
As raízes da equação x2 – 4x + 5 = 0, são dois núme-
ros complexos conjugados:
Procedendo do mesmo modo, podemos escrever:
– (– 4) ± √(– 4)2 – 4 ‧ 1
P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ Qn(x)
‧5 4 ± √16 – 20
x= = =
2‧1 2
Sendo Qn uma constante e an o coeficiente de xn,
4 ± √4 ‧ 4 ± √4 ‧
pela identidade de polinômios temos: Qn = an .
Portanto: 4 ± √– 4 (– 1) √– 1 4 ± 2i
= = =
2 2 2 2
P(x) = an ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ (x – xn)
4 + 2i 2(2 + i)
x1 = = =2+i
Ex.: 2 2
Considere o polinômio P(x) = 2x3 – 8x2 – 2x + 8, 4 – 2i 2(2 – i)
cujas raízes são: x2 = = =2–i
2 2

x1 = – 1, x2 = 1 e x3 = 4
Portanto x1 = 2 + i e x2 = 2 – i
Colocando P(x) na forma fatorada, temos:
Consequências:
P(x) = 2 ‧ [x – (– 1)] ‧ (x – 1) ‧ (x – 4)
z sendo o complexo z = a + bi (b ≠ 0), com multiplici-
dade m raiz de uma equação polinomial de coefi-
P(x) = 2 ‧ (x + 1) ‧ (x – 1) ‧ (x – 4) cientes reais, então o conjugado z = a – bi, também
é raiz dessa equação com a mesma multiplicidade;
RAÍZES IMAGINÁRIAS z uma equação polinomial de coeficientes reais pos-
sui um número par de raízes complexas;
Seja z = a + bi (a, b ∈ R e b ≠ 0) raiz da equação P(x) z uma equação polinomial de grau ímpar admite
= 0 de coeficientes reais, temos que z = a – bi, também pelo menos uma raiz real.
é raiz dessa equação.
Desta forma, podemos dizer que as Raízes Comple- RAÍZES RACIONAIS
xas “aparecem sempre em dupla”: se um complexo (z
= a + bi) é raiz de um Polinômio, seu conjugado (z = A Raiz ou o Zero de uma equação polinomial é o
a – bi) também será. valor de x que a verifica, ou seja, que torna a igualda-
Vejamos: de válida.
Ex.:
P(x) = (x – a – bi) ‧ (x – a + bi) ‧ Q(x) + px + Na equação x2 – 5x + 6 = 0, 2 é uma raiz da equação,
q pois:

P(x) = (x2 – 2ax + a2 + b2) ‧ Q(x) + px + q


(2)2 – 5 ‧ (2) + 6 = 4 – 10 + 6 = 10 – 10 = 0
MATEMÁTICA

Entretanto, 1 não é raiz da equação, pois:

(1)2 – 5 ‧ (1) + 6 = 1 – 5 + 6 = 7 – 5 = 2

Resolver uma equação polinomial é determinar


todas as suas raízes, formando assim o conjunto solu-
ção ou conjunto verdade dessa equação.

143
RELAÇÕES DE GIRARD - RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES

As Relações de Girard estabelecem relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações de
Girard são importantíssimas no estudo das equações polinomiais, vejamos quais são essas relações:

z 1º caso:

Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0, onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fatores do
primeiro grau temos:

ax2 + bx + c = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2)

ax2 + bx + c = a ‧ (x2 – x ‧ x2 – x ‧ x1 + x1 ‧ x2)

ax2 + bx + c = a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax2 + bx + c a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧


= x2]

a a
b c
x2 + x+ = x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2
a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma das
a a
b
raízes é –
a

c c
= x1 ‧ x2 ⇒ x1 ‧ x2 = , o produto das raízes
a a
c
é
a

z 2º caso:

Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau, temos:

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x –


x3)

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 +


(x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3) x – x1 ‧ x2 ‧ x3)]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2x3)x – x1 ‧ x2 ‧


ax3 + bx2 + cx + d
= x3)]
a
a
b c d
x3 + x2 + x+ = x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3)x – x1 ‧ x2 ‧ x3
a a a

144
Pela identidade de polinômios, temos:
p(0) = 3 ‧ (0)3 – 13 ‧ (0)2 + 19 ‧ (0) – 5 = – 5

b b p(1) = 3 ‧ (1)3 – 13 ‧ (1)2 + 19 ‧ (1) – 5 = 3 – 13 + 19 –


= – (x1 + x2 + x3) ⇒ (x1 + x2 + x3) = – , 5 = 22 – 18 = 4
a a
c c Como p(0) e p(1) possuem sinais contrários, a equa-
= x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = , ção pode ter uma ou três raízes reais no intervalo dado
a a
d d z quantas raízes reais a equação x2 – 4x + 5 = 0 pode
= – (x1 ‧ x2 ‧ x3) ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = – apresentar no intervalo ]–1,3[. Aplicando o Teore-
a a
ma de Bolzano, temos:
Ex.:
Vamos utilizar as relações de Girard para as p(– 1) = (– 1)2 – 4 ‧ (– 1) + 5 = 1 + 4 + 5 = 10
seguintes equações: p(3) = (3)2 – 4 ‧ (3) + 5 = 9 – 12 + 5 = 14 – 12 =
2
z x2 – 5x + 6 = 0
Como p(– 1) e p(3) possuem sinais iguais, a equa-
As raízes são x1 e x2, os coeficientes são a = 1, b = – 5 ção pode ter duas ou nenhuma raiz real no intervalo
e c = 6. Pelas relações de Girard, temos: dado.
A seguir, analise alguns exercícios comentados.
b (– 5)
x1 + x2 = – ⇒ x1 + x2 = – = – (– 5) = 5 1. (VUNESP — 2013) O resto da divisão do polinômio
a 1
P(x) = x4 + 2x3 + mx2 – 2 pelo binômio (x + 1) é igual a
c 6 8, sendo m uma constante real, então m vale:
x1 ‧ x2 = ⇒ x1 ‧ x2 = =6
a 1 a) 8
b) 10
z 2x3 – 7x2 + x – 2 = 0 c) 11
d) 7
e) 9
As raízes são x1, x2 e x3, os coeficientes são a = 2,
b = –7, c = 1 e d = –2. Pelas relações de Girard, temos: Pelo Teorema do Resto, temos que o resto da divisão
de um polinômio P(x) de grau maior e igual a 1, pelo
b (– 7) – (– 7) 7 binômio do primeiro grau b ‧ (x – a), com b diferente
x1 + x2 + x3 = – ⇒ x1 + x2 + x3 = – = = de zero, é o valor numérico de P(x) para x igual a
a 2 2 2
raiz do divisor. Se (x + 1) divide P(x), logo temos que
c 1 -1 é uma raiz de P(x). Fazendo P(– 1) = 8, temos:
x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 =
a 2 P(– 1) = 8
d (– 2) – (– 2) 2 x4 + 2x3 + mx2 – 2 = 8
x1 ‧ x2 ‧ x3 = – ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = – = = =1
a 2 2 2 (– 1)4 + 2(– 1)3 + m(– 1)2 – 2 = 8
1–2+m–2=8
m–3=8
m = 11
TEOREMA DE BOLZANO
Resposta: Letra C.
Seja P(x) = 0 uma equação polinomial com os seus
coeficientes reais em um intervalo (a,b) real e aberto. 2. (MS CONCURSOS — 2011) Considere o polinômio P(x)
– 4x4 + 3x3 – 2x2 + x + k. Sabendo que P(1) = 2, então
z se P(a) e P(b) tiverem o mesmo sinal, existirá um o valor de P(3) é:
número par de raízes reais ou não existem raízes
da equação nesse intervalo; a) 386
z se P(a) e P(b) tiverem sinais contrários, existirá b) 405
um número ímpar de raízes reais nesse intervalo. c) 324
d) 81
MATEMÁTICA

Ex.: e) 368

z quantas raízes reais a equação 3x3 – 13x2 + 19x – 5 Fazendo primeiro P(1) = 2, temos:
= 0 pode apresentar no intervalo ]0,1[. Aplicando o 4(1)4 + 3(1)3 – 2(1)2 + (1) + k = 2
Teorema de Bolzano, temos:
4+3–2+1+k=2
k+6=2
k=–4 145
Se k = 4, temos que P(x) = 4x4 + 3x3 – 2x2 + x – 4.
Fazendo P(3), teremos: P(x) = (x – 1) ‧ (x2 + 3x + 3) + 4

P(3) = 4(3)4 + 3(3)3 – 2(3)2 + (3) – 4


P(x) = x ‧ x2 + 3x ‧ + 3 ‧ x – x2 – 3x – 3 + 4
P(3) = 4 ‧ 81 + 3 ‧ 27 – 2 ‧ 9 – 1
P(3) = 324 + 81 – 18 – 1 P(x) = x3 + 3x2 + 3x – x2 – 3x – 3 + 4
P(3) = 405 – 19
P(x) = x3 + 2x2 + 1
P(3) = 386
Resposta: Letra A.
Resposta: Letra A.
5. (MS CONCURSOS — 2011) Através do dispositivo de
3. (CETRO — 2014) Dados os polinômios A(x) = 2x3 – (b Briot-Ruffini é possível obtermos o quociente Q(x) e o
resto R(x) da divisão de um polinômio P(x) por um poli-
– 1)x + 2 e B(x) = ax3 + 2x + 2, e sabendo que A(x) –
nômio D(x), como na figura.
B(x) é um polinômio identicamente nulo, o valor de (a
+ b) é igual a:
–1 1 0 –3 2 0 4
a) 1 1 –1 –2 4 –4 8
b) 2
c) 3 a) O polinômio P(x) possui grau 4
d) 4 b) A raiz do polinômio D(x) é igual a 2
e) 5 c) O resto R(x) da divisão de P(x) por D(x) é igual a 8
d) O quociente Q(x) é um polinômio de grau 2
Se A(x) – B(x) é um polinômio identicamente nulo,
podemos concluir que A(x) = B(x). Pela igualdade de Vamos analisar cada uma das afirmações:
polinômios temos:
a) (F) Pela figura podemos perceber que o polinômio
2x3 – (b – 1)x + 2 = ax3 + 2x – 2 possui seis coeficientes, são eles: 1, 0, -3, 2, 0, 4, logo
Como os polinômios são iguais, podemos comparar se trata de um polinômio de grau 6.
os coeficientes das variáveis. b) (F) Pelo dispositivo prático de Brioti-Ruffini sabe-
Logo, temos que: mos que a raiz é o primeiro número que aparece da
esquerda para a direita, na primeira linha, nesse
2=a⇒a=2 caso o -1. Logo a raiz do polinômio é -1.
– (b – 1) = 2 ⇒ – b + 1 = 2 ⇒ b = – 1 c) (V) O resto da divisão pelo dispositivo prático
Portanto (a + b) = 2 + (– 1) = 2 – 1 = 1 Resposta: Letra de Brioti-Ruffini, sempre será o último número da
A. segunda linha, abaixo do último coeficiente do poli-
nômio. Nesse caso o resto da divisão realmente é 8.
4. (FUNDEP — 2014) Dividindo-se o polinômio P(x) por d) (F) O coeficientes do quociente de uma divisão
(x – 1), obtêm-se como quociente x2 + 3x + 3 e resto 4. pelo dispositivo prático de Brioti-Ruffini, sempre
O polinômio P(x) é: aparecerão na segunda linha, os coeficientes são os
valores que estão entre as duas barras, são eles: 1,
-1, -2, 4 e -4, como aparecem cinco coeficientes, logo
a) x3 + 2x2 + 1
o grau do coeficiente é 5. Resposta: Letra C.
b) x3 + 2x2 – 3
c) x2 + 4x + 6
d) x2 + 2x
CONJUNTO DOS NÚMEROS
Pelo enunciado, temos: COMPLEXOS: REPRESENTAÇÕES
D(x) = x – 1 ALGÉBRICA E TRIGONOMÉTRICA
Q(x) = x2 + 3x + 3
Denominamos conjunto dos Números Comple-
R(x) = 4 xos, representados por ℂ, o conjunto dos pares orde-
nados de números reais, que podem ser escritos na
Utilizando o algoritmo da divisão temos que:
forma:
P(x) = D(x) ‧ Q(x) + R(x)
z = a + bi
Logo, teremos:
Com:

a∈R
a∈R
i=√–1

146
Onde:
75 4
a = Re(z): parte real de z 3 18
b = Im(z): parte imaginária de z
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
Partindo da definição, temos as seguintes logo teremos: i75 = i3 = – i
consequências:
Igualdade de Números Complexos
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número
imaginário. Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
te se, suas partes reais e imaginárias também forem
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado iguais, ou seja:
número imaginário puro.

{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número
real. z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2

Ex.: se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor


Exs.: de a e b, sabendo que z1 = z2
Como z1 = z2, temos: a + bi = – 9 + 4i
z z = 4 – 6i, Re(z) = 4 e Im(z) = – 6 (número imaginário). Portanto: a = – 9 e b = 4
2i 2
z z = , Re(z) = 0 e Im(z) = (número imagináriopuro).
5 5 OPERAÇÕES
z z = 12, Re(z) = 12 e Im(z) = 0 (número real).
Adição de Números Complexos
Potências de i
Sejam dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 =
Sendo i = √– 1, podemos construir as seguintes a2 + b2i, a Soma z1 + z2 é o número complexo cujo a
relações para as Potências de i: parte real é a soma das partes reais de z1 e z2 e a parte
imaginária é a soma das partes imaginárias de z1 e z2.
i0 = 1 Ex.: Dados z1 = – 6 + 2i e z2 = 4 + 7i, determine z1 + z2

i1 = i z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i)
i = (√– 1) = –1
2 2
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i
i3 = i2 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i

i4 = i2 ‧ i2 = (– 1) ‧ (– 1) = 1 z1 + z2 = – 2 + 9i

i5 = i4 ‧ i = 1 ‧ i = i Subtração de Números Complexos

i6 = i5 ‧ i = i ‧ i = i2 = – 1 Dados dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a2


i7 = i6 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i + b2i, definimos a Subtração z1 – z2 como:

z1 – z2 = z1 + (– z2) = (a1 + b1i) +


Importante! (–a2 – b2i) = (a1 – a2) + (b1 – b2) ‧ i

Observe que a cada quatro potências os resul- Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja,
tados se repetem, ou seja, as potências de i são fazemos a operação entre parte real e parte real; e
cíclicas entre parte imaginária e parte imaginária, na sub-
tração é importante se atentar a ordem em que os
números complexos são apresentados.
Como consequência dessa repetição, podemos con-
Para um melhor entendimento da Dica acima,
cluir que só existem quatro valores possíveis para as
segue um exemplo.
potências de i:
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2

i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i)
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
MATEMÁTICA

Assim sendo, para encontrar qualquer valor de


uma potência de i, basta dividir o expoente da potên- z1 – z2 = 3 – 5 + i + 2i
cia e analisar o resto da divisão, ou seja:
A potência in z1 – z2 =– 2 + 3i
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão
de n por 4 Multiplicação de Números Complexos
Ex.: encontre o valor de i75
Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da A Multiplicação entre os números complexos z1 =
chave, temos: a1 + b1i e z2 = a2 + b2i é o complexo z1 ‧ z2, cuja parte
147
real é o produto das partes reais menos o produto das Módulo do Produto, do Quociente e da Soma de
partes imaginárias, e a parte imaginária é a soma dos Números Complexos
produtos da parte real de um deles pela parte imagi-
nária do outro. Sejam z1 e z2 números complexos quaisquer, então
temos que:
z1 ‧ z2 = (a1 + b1i) ‧ (a2 + b2i) = (a1 ‧ a2 – b1 ‧ b2) + (a1 ‧ b2 + b1
‧ a2) ‧ i z |z1 ‧ z2| = |z1|‧|z2|
z1 |z1|
z = , (z2 ≠ 0)
Ex.: dados z1 = 2 + i e z2 = 5 + 3i, determine z1 ‧ z2 z2 |z2|
z |z1 + z2| ≤ |z1| + |z2|
z1 ‧ z2 = (2 + i) ‧ (5 + 3i)
z1 ‧ z2 = 2 ‧ 5 + 2 ‧ 3i + 5 ‧ i + 3i2 CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO

z1 ‧ z2 = 10 + 6i + 5i + 3 ‧ (– 1) Dado um número complexo z = a + bi, chamamos


z1 ‧ z2 = 10 – 3 + 11i de Conjugado de z, o complexo z, tal que:

z1 ‧ z2 = 7 + 11i z = a – bi

Frente à equação acima, é importante que você Observe que o conjugado tem apenas o sinal da
não se esqueça que i2 = – 1 parte imaginária trocado e é representado por z.
Exs.:
Divisão de Números Complexos
z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos é necessário reescrever a divisão como uma z=i⇒z=–i
fração e racionalizar o denominador dessa fração. z=7⇒z=7
Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é
Observação: Veja que quando o complexo z tem
a regra prática para dividir dois números complexos.
somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
z1 z1 z2 z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
= ‧ número complexo, que veremos a seguir.
z2 z2 z2
Propriedades do Conjugado de um Número
Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine: Complexo
z1
Para todo z ∈ C, temos:
z2
z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 ‧ 4 – 1 ‧ 2i + 4 ‧ i + 2 ‧ i2) z z + z = 2 ‧ Re(z)
= = =
z2 (4 – 2i) ‧ (4 + 2i) 42 – (2i)2 z z – z = 2 ‧ Im(z) ‧ i
z z = z ⟺ z ∈ R
[– 4 – 2i + 4i + 2 ‧ (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i
= = =
16 – 4i 2
16 – 4 ‧ (– 1) 16 + 4 Conjugado da Soma e do Produto
– 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i
=– + =– + =– + i Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos
20 20 20 10 10 10 10
que:
MÓDULO
z z1 + z2 = z1 + z2
Denominamos Norma de um número complexo z z z1 ‧ z2 = z1 ‧ z2
= a + bi ao número real não negativo N (z) = a2 + b2.
Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um FÓRMULAS DE MOIVRE
número complexo z = a + bi ao número real não nega-
tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número Potencialização e Radiciação
complexo também pode ser representado da seguinte
maneira: ⍴ ou r. A forma trigonométrica se torna muito útil para
Ex.: o cálculo de Potência de um número complexo. Para
elevar um complexo a um expoente, basta elevar o
z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13 módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
pelo mesmo expoente, ou seja:
z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2 zn = ⍴n ‧ [cos (n ‧ θ) + i ‧ sen (n ‧ θ)]

z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22 A fórmula acima é conhecida como a Primeira
Fórmula de Moivre.
Ex.: calcule (2 + 2i)5
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma
trigonométrica:
148
{b = 2
a=2 Então:
2 + 2i ⇒
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 8 ‧ (cos 270° + i ‧ sen 270°)
Calculando o módulo de z, temos:
Logo, temos que:
⍴ = √a + b = √2 + 2 = √4 + 4 = √8 = 2 ‧ √2
2 2 2 2
{n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}
Calculando o argumento de z, temos:
Como:

}
θ = 45° (porque o

( )
a 2 1 √2 √2
cos θ = = =
‧ = ponto P(2, 2) pertence θ + 2 ‧ kπ θ + 2 ‧ kπ
⍴ 2 ‧ √2 √2 √2 2 n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
⇒ ao primeiro quadrante) n n
b 2 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = = ‧ =
2 ‧ √2 √2 √2 2
Teremos:

( )
Então:
2kπ + 270° 2kπ + 270°
n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°) 3 3

Logo, temos que: Fazendo k = 0, k = 1 e k = 2, teremos portanto:


Para k = 0,

( )
(2 + 2i)5 = [2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)]5
2 ‧ 0 ‧ π + 270° 2 ‧ 0 ‧ π + 270°
∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
(2 + 2i)5 = (2 ‧ √2)5 ‧ (cos 5 ‧ 45° + i ‧ sen 5 ‧ 45°) 3 3
(2 + 2i) = 32 ‧ 4 ‧ √2 ‧ (cos 225° + i ‧ sen 225°)
( 270° 270°
)
5
∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen

( ) 3 3
√2 √2
(2 + 2i)5 = 128 √2 ‧ – 2 – 2 i
∛– 8i = 2 ‧ (cos 90° + i ‧ sen 90°)
– 128 ‧ √2 ‧ √2 128 ‧ √2 ‧ √2
(2 + 2i)5 = – i ∛– 8i = 2 ‧ (0 + i ‧ 1)
2 2
∛– 8i = 2i
– 128
128 ‧ 2
‧2 – i
(2 + 2i) =
5 Para k = 1,
2 2
(2 + 2i)5 = – 128 – 128i
∛– 8i = ∛8 ‧ ( cos
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3 )
( )
Extração de Raízes 2 ‧ 180° + 270° 2 ‧ 180° + 270°
∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
Para Extrair as Raízes de um número complexo,
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento
θ + 2 ‧ kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para
∛– 8i = 2 ‧ ( cos 360° +3 270° + i ‧ sen 360° +3 270°)
( )
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi- 630° 630°
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
θ + 2 ‧ kπ
+ i ‧ sen
θ + 2 ‧ kπ
i
) ∛– 8i = 2 ‧ (cos 210° + i ‧ sen 210°)

( )
n n √3 1
∛– 8i = 2 ‧ – – i
(k ∈ N/ 0 ≤ k ≤ n – 1) 2 2
2 ‧ √3 2 ‧ 1
A fórmula acima é conhecida como a Segunda ∛– 8i = – – i
2 2
Fórmula de Moivre.
Ex.: Calcule ∛– 8i ∛– 8i = – √3 – i
Primeiramente vamos passar – 8i para a forma
trigonométrica: Para k = 2,

– 8i ⇒
{ a=0
b=–8
∛– 8i = ∛8 ‧ ( cos
2 ‧ 2 ‧ π + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 2 ‧ π + 270°
3 )
Calculando o módulo de z, temos:
∛– 8i = 2 ‧ ( cos
4 ‧ 180° + 270°
3
+ i ‧ sen
4 ‧ 180° + 270°
3 )
MATEMÁTICA

⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8 ∛– 8i = 2 ‧ ( cos 720° +3 270° + i ‧ sen 720° +3 270°)
Calculando o argumento de z, temos:
∛– 8i = 2 ‧ ( cos
990°
3
+ i ‧ sen
990°
3 )
}
a 0
cos θ = ⍴ = 8 =0 ∛– 8i = 2 ‧ (cos 330° + i ‧ sen 330°)
⇒ θ = 270°

( )
b –8 √3 1
sen θ = ⍴ = 8 =–1 ∛– 8i = 2 ‧ – – i
2 2 149
2 ‧ √3 2‧1 Logo:
∛– 8i = – i
2 2
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ)
∛– 8i = √3 – i
z = √2 ‧ (cos 45º + i ‧ sen 45º)
Portanto:
O valor de θ, pode ser representado em graus ou
radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i} muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao
invés de radianos, levando em conta os valores do
Representação no Plano de Argand Gauss seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°).
Neste contexto, uma outra resposta possível para o
Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre- exemplo acima seria:
sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um

( )
ponto, da seguinte maneira: π π
z = √2 ‧ cos + i ‧ sen
4 4
lm

b z=a+bi
BINÔMIO DE NEWTON

|z|=p DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E


TERMO GERAL

Usamos as técnicas de contagem como o diagra-


θ ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
a para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
0 Re
n ∈ N e x, a ∈ ℝ.
Alguns casos particulares já são conhecidos:
Onde:
z (x + a)0 = 1;
|z|= ⍴ é o módulo de um número complexo z (x + a)1 = x + a;
θ é o argumento de um número complexo z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 .
Utilizando o Teorema de Pitágoras, no triângulo
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n
retângulo, obtido no plano Argand-Gauss, temos que:
mais trabalhoso fica:
⍴ = √a2 + b2
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
r fatores
Consideremos nesse triângulo retângulo as seguin-
tes relações:
Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-
a ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a),
cos θ = ⍴ ⇒ a = ⍴ ‧ cos θ
selecionamos exatamente um termo, podendo ser x
b
sen θ = ⍴ ⇒ b = ⍴ ‧ sen θ ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro-
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter-
mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos
Sendo θ = arc tg (b/a)
e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan-
Como z = a + bi, temos:
tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do
binômio (x+a)n.
z = ⍴ ‧ cos θ + ( ⍴ ‧ sen θ)i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ)
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
Esta é a Forma Trigonométrica do complexo z. veis seleções para cada termo do fator, temos:
Ex.: Vamos colocar z = 1 + i na Forma Trigonométrica
Se z = 1 + i, logo a = 1 e b = 1
Calculando o módulo de z, temos:

⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2

Calculando o argumento de z, temos:

}
a 1 1 √2 √2 θ = 45º (porque o ponto
cos θ = ⍴ = = ‧ =
√2 √2 √2 2
⇒ P(1,1) pertence ao
b 1 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = √2 = √2 ‧ √2 = 2
primeiro quadrante)

150
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2. coeficientes binomiais.
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
raciocínio: to do Teorema Binomial é:

(x+a)n = Cn, p xn – p ap

No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o


coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p


10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8

Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES BINOMIAIS E


TRINOMIAIS

Equações Binomiais

Denominamos Equação Binomial, toda equação


que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3
axn + b = 0
Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
Sendo a, b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N
forma de combinações temos o seguinte: do binômio
Podemos resolver qualquer equação binomial, iso-
(x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
lando xn e aplicando a definição de radiciação em C.
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3, Para um melhor entendimento, vamos ver um
ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ- exemplo a seguir.
to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 64
uma única forma que é com a escolha de x para os três =0
fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
do binômio é 1 ou C3,0. x6 + 64 = ⇒ x6 = – 64 ⇒ x= 6√–64
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
x a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2
Fazendo z = – 64, temos: ⍴ = |z| = 64 e θ = π .
são iguais a x e uma igual a a, da permutação com Logo:
repetição temos:

3!
= C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
(
zk = 6√64 ‧ cos
π + 2kπ
6
+ i ‧ sen
π + 2kπ
6 )
[ ( ) ( )]
P3 2,1
=
2!1! π π π π
cos +k‧ + i ‧ sen +k‧
zk = 2 ‧ 6 3 6 3
Para o termo xa , a quantidade de produtos do tipo
2

xa2 no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos:
são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
repetição temos: Para k = 0,

p31,2 =
3!
1!2!
= C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2. z0 = 2 ‧ [ (
cos
π
6
+0‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+0‧
π
3 )]
Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma
única forma que é com a escolha de a para os três fato-
[
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+ i ‧ sen
π
6 ] =2‧
√3
2
1
+2‧ i
2
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do z0 = √3 + i
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio Para k = 1,
cúbico:

[ ( ) ( )]
MATEMÁTICA

π π π π
cos +1‧ + i ‧ sen +1‧
(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3. z1 = 2 ‧ 6 3 6 3

Desse exemplo, podemos definir então o Teorema


Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o [ π π
z1 = 2 ‧ cos 2 + i ‧ sen 2 ] = 2 ‧ 0 + 2 ‧ 1i

desenvolvimento do binômio é dado por:


z1 = 2i
(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +
Cn, n an Para k = 2,
151
z2 = 2 ‧ [ (
cos
π
6
+2‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+2‧
π
3 )] HORA DE PRATICAR!
z2 = 2 ‧ [ cos

6
+ i ‧ sen

6 ] ( )
=2‧ –
√3
2
1
+2‧ i
2
1. (DECEx — 2021) Em uma urna existem 5 bolinhas
numeradas de 1 a 5. Quatro dessas bolinhas são
retiradas, uma a uma, sem reposição. Qual a proba-
z2 = – √3 + i bilidade de que a sequência de números observados,
nessas retiradas, seja crescente?
Para k = 3,

[ ( ) ( )]
2
π π π π a)
cos +3‧ + i ‧ sen +3‧ 5
z3 = 2 ‧ 6 3 6 3 1
b)

[ ] ( ) ( )
5
7π 7π √3 1 1
z3 = 2 ‧ cos + i ‧ sen =2‧ – +2‧ – i c)
6 6 2 2 36
1
z3 = – √3 – i d)
24
1
e)
Para k = 4, 12

[ ( ) ( )]
π π π π 2. (DECEx — 2021) O valor de uma viatura militar decres-
cos +4‧ + i ‧ sen +4‧ ce linearmente com o tempo. Se hoje ela custa 50 mil
z4 = 2 ‧ 6 3 6 3
dólares e daqui a 5 anos vale apenas 10 mil dólares,

[ ]
3π 3π qual seria o valor da viatura daqui a três anos?
z4 = 2 ‧ cos 2 + i ‧ sen 2 = 2 ‧ 0 + 2 ‧ (– 1)i
a) 26 mil
z4 = – 2i b) 30 mil
c) 24 mil
Para k = 5, d) 32 mil
e) 34 mil

z5 = 2 ‧ [ (
cos
π
6
+5‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+5‧
π
3 )] 3. (DECEx — 2021) A expressão que fornece o número
de anagramas da palavra SARGENTO, onde as vogais

z5 = 2 ‧ [ cos
11π
6
+ i ‧ sen
11π
6 ] ( ) ( )
=2‧
√3
2
+2‧ –
1
2
i
aparecem em ordem alfabética, é:

8!—5!
a)
z5 = √3 – i 3!
8!
b)
Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 = 3!
0 é: c) 8!
8!—3!
S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i} d)
5!
e) 8!—3!
Equações Trinomiais
4. (DECEx — 2021) Considere a e b números reais positi-
Denominamos Equação Trinomial, toda equação vos. Se log a=2 e log b=3, o valor de log(a.b2) é igual a:
que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
a) 18a
ax2n + bxn + c = 0 b) 12
c) 11
Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N d) 10
Podemos resolver qualquer equação trinomial e) 8
fazendo o seguinte:
5. (DECEx — 2021) Numa PA crescente, os seus dois
z dizemos que xn = y; primeiros termos são as raízes da equação X2 −
z encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0; 11X+24=0. Sabendo que o número de termos dessa
z logo após fazemos a substituição em xn = y1 e xn = PA é igual ao produto dessas raízes, então a soma dos
y2, encontrando assim as raízes. termos dessa progressão é igual a:

Ex.: vamos calcular as raízes da equação: x6 + 7x3 a) 1.100


–8=0 b) 1.200
Fazendo x3 = y, temos: y2 + 7y – 8 = 0. c) 1.452
Resolvendo a equação do segundo grau na variá- d) 1.350
vel y, temos: y1 = 1 e y2 = – 8. e) 1.672
Vamos resolver a equação binomial:

xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1

152
6. (DECEx — 2021) Observe o gráfico da função modular Y
f : R → R definida pela lei f(x) = |x|. 3

2
Y
3
1
2
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
1 -1

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -2
e)
-1

-2 7. (DECEx — 2021) O produto de todos os números reais


que satisfazem a equação modular |3x−12|=18 é um
número P. Então, o valor de P é igual a:
Nessas condições, assinale a alternativa que ilustra o grá-
fico da função g : R → R definida pela lei g(x) = |x + 1|. a) −100
b) −20
Y c) −2
3 d) 10
e) 20
2

1 8. (DECEx — 2021) Assinale a alternativa cujo gráfico


representa a função exponencial f(x) = 2x
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
-1 Y
3
-2
a)
2
Y
3
1
2
X
1 -3 -2 -1 0 1 2 3

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -1

-1
a)
Y
-2 3
b)
Y 2
3

2 1

1 X
-3 -2 -1 0 1 2 3
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
-1
-1
b)
-2 Y
c) 3
Y
3 2
2
1
1
X
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X -3 -2 -1 0 1 2 3
-1 -1
-2 c)
MATEMÁTICA

d)

153
a) 5
Y
b) 6
3
c) 4
d) 7
2
e) 3
1
13. (DECEx — 2021) Observe o paralelepípedo retorretân-
X gulo da figura abaixo.
-3 -2 -1 0 1 2 3
D
-1
d) C
A
Y
3
B
H
2

1 G
E
X
-3 -2 -1 0 1 2 3 F

-1 Sobre este sólido, assinale a única alternativa correta.


e)
a) As retas CD e CG são ortoganais entre si
9. (DECEx — 2021) Identifique o ângulo X, em radianos,
do intervalo [0 ,2π] cujo sen X é igual ao sen 2X. b) A reta CF é paralelo ao plano (ADH).
c) As retas AC e HF são paralelas entre si.
r
a) rad d) A reta AB é perpendicular ao plano (EFG)
9
r e) As retas BF e DH são perpendiculares entre si.
b) rad
4
r
c) rad
6
r 14. (DECEx — 2021) Qual é a posição do ponto P (5 , 3) em
d) rad
2 relação à circunferência de centro C (3 , 1) e raio igual
r
e) rad a 5 unidades?
3
10. (DECEx — 2021) Sejam A e B matrizes de ordem 2 a) Externo.
tais que detA = 2 e detB= 5. Marque a alternativa que b) Interno, não coincidente com o centro.
expressa o valor de det (2AB). c) Pertence à circunferência.
d) Coincidente com o centro.
a) 30 e) Excêntrico.
b) 20
c) 40 (DECEx — 2020) Mudando para base 3 o log57
15.
d) 50 obtemos:
e) 10
a) log37/log35.
11. (DECEx — 2021) Considere um triângulo retângulo b) log73/log53 .
ABC, retângulo em A. Sendo H o pé da altura relativa à c) log35,
hipotenusa e sabendo que AH = 6 cm e BH = 2 cm, o d) log37.
produto dos comprimentos dos catetos é igual a: e) log53/log73 .

a) 150 cm² 6. (DECEx — 2019) O conjunto solução da inequação


b) 144 cm² 2cos2x+sen x > 2, no intervalo [0, π], é
c) 120 cm²
d) 180 cm² 0, r
e) 108 cm² a)
6
12. (DECEx — 2021) A “Operação Carro – Pipa” destina-se 5r
b) 6 ,r
combater a seca no Nordeste. Essa logística é feita
através de caminhões tanque. Admitindo que esses
tanques sejam cilíndricos (raio = 0,8m e altura 6,25m). r 2r
c) 0, [U] ,r
Quantas viagens desses carros cheios (carradas) serão 3 3
necessárias para abastecer totalmente uma cisterna r
comunitária, em forma de paralelepípedo retângulo, d) 0,
3
cujas dimensões são: 7mX6mX2m? (Considere π = 3)
r 5r
e) 0, [U] ,r
6 6
154
17. (DECEx — 2020) Dado o polinômio p(x)=4x4+ 3x5-5x + 9 GABARITO
x2+ 2.Analise as informações a seguir:

I. O grau de p(x) é 5. 1 D
II. O coeficiente de x3 é zero.
III. O valor numérico de p(x) para x = -1 é 9. 2 A
IV. Um polinômio q(x) é igual a p(x) se, e somente se, pos- 3 B
sui mesmo grau de p(x) e os coeficientes são iguais.
4 E
E correto o que se afirma em:
5 C
a) II, IlI e IV apenas.
b) I, lI, IlI e IV. 6 C
c) IlI e IV apenas.
7 B
d) I, lI e IlI apenas.
e) I e lI apenas. 8 A
18. (DECEx — 2020) Um triângulo possui lados com compri- 9 E
mentos medindo 5 cm, 6 cm e 8 cm. O valor do cosseno
do ângulo oposto ao lado de menor comprimento é: 10 C

a) 25/32. 11 C
b) -1/20. 12 D
c) -1 .
d) 53/80. 13 B
e) 1.
14 B
19. (DECEx — 2019) Uma esfera de raio 10 cm está inscri-
15 A
ta em um cone equilátero. O volume desse cone, em
cm3, é igual a 16 E
a) 1000π. 17 D
b) 1500π.
c) 2000π. 18 A
d) 2500π.
19 E
e) 3000π.
20 E
20. (DECEx — 2019) O Exército Brasileiro pretende cons-
truir um depósito de munições, e a seção transversal
da cobertura desse depósito tem a forma de um arco
de circunferência apoiado em colunas de sustentação
que estão sobre uma viga. O comprimento dessa viga ANOTAÇÕES
é de 16 metros e o comprimento da maior coluna, que
está posicionada sobre o ponto médio da viga, é de 4
metros, conforme a figura abaixo.
Y
4m

A B
16m X

Considerando um plano cartesiano de eixos ortogo-


nais xy, com origem no ponto A, de modo que o semi-
-eixo x esteja na direção de AB, é correto afirmar que a
função que modela o arco AB da seção transversal do
telhado, com relação ao plano cartesiano de eixos xy,
é dada por
MATEMÁTICA

2
a) y = 100— (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 8.
2
b) y = 100— (x—6) − 8, se 0 ≤ x ≤ 8.
2
c) y = 100— (x + 8) + 6, se 0 ≤ x ≤ 16.
2
d) y = 100 + (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 16.
2
e) y = 100— (x—8) − 6, se 0 ≤ x ≤ 16.

155
ANOTAÇÕES

156
exercícios finais, selecionados especialmente para
que este material cumpra o propósito de alcançar sua
aprovação.

INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO


PORTUGUÊS
A inferência é uma relação de sentido conhecida
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE
Dica
DE TEXTOS
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS texto nas linhas apresentadas.
SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O
RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”
EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO para se buscar essas pistas.
A primeira e mais importante delas é identificar a
Introdução orientação do pensamento do autor do texto, que fica
perceptível quando identificamos como o raciocínio
A interpretação e a compreensão textual são dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
aspectos essenciais a serem dominados por aque- da análise de dados, informações com fontes confiáveis
les candidatos que buscam a aprovação em seleções ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
e concursos públicos. Trata-se de um assunto que das consequências, a fim de se identificar as causas.
abrange questões específicas e de conteúdo geral nas Por isso, é preciso compreender como podemos
provas; conhecer e dominar estratégias que facilitem interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
a apreensão desse assunto pode ser o grande diferen- Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
cial entre o quase e a aprovação. que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
Além disso, seja a compreensão textual, seja a neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
interpretação textual, ambas guardam uma relação zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
de proximidade com um assunto pouco explorado ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
pelos cursos de português: a semântica, que incide A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
suas relações de estudo sobre as relações de sentido que focam nas formas de inferência sobre um texto.
que a forma linguística pode assumir. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
Portanto, neste material você encontrará recursos o processo de inferência, que se dá por dedução
para solidificar seus conhecimentos em interpretação ou por indução. Para entender melhor, veja esse
e compreensão textual, associando a essas temáticas exemplo:
as relações semânticas que permeiam o sentido de O marido da minha chefe parou de beber.
todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- Observe que é possível inferir várias informa-
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa enunciador é casada (informação comprovada pela
ser reconhecido por quem o lê. expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma dor está trabalhando (informação comprovada pela
breve diferença entre os termos compreensão e expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
interpretação textual. da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
material, ainda que existam relações de sinonímia interpretar essas informações.
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor Tratando-se de interpretação textual, os processos
por um termo ao invés de outro reflete um sentido de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
interpretação realiza ligações com o texto a partir interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. texto junto da articulação com as informações acessa-
Já a compreensão busca a análise de algo exposto das pelo leitor do texto.
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas senta como ocorre a relação desses processos:
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos
linguísticos essencialmente relacionados à significa-
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação
PORTUGUÊS

com a semântica.
INFERÊNCIA
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
compreensivo.
Esses assuntos completam o estudo basilar de
semântica com foco em provas e concursos, sempre A partir desse esquema, conseguimos visualizar
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estraté-
praticar seus conhecimentos realizando a seleção de gias que compõem cada maneira de inferir informações 157
de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhe- tema; ele estará também postulando uma possí-
cimento de mundo na interpretação de textos. vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
A INDUÇÃO ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.
As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto Fique atento a essa informação, pois é uma das
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
texto e que variam conforme o tipo textual. cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
tificar uma organização cronológica e espacial no desen- entre outras informações que podem vir como “aces-
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjun- um objetivo mais definido.
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. O processo de interpretação por estratégias
No processo interpretativo indutivo, as ideias são de dedução envolve a articulação de três tipos de
organizadas a partir de uma especificação para uma conhecimento:
generalização. Vejamos um exemplo:
z Conhecimento Linguístico;
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa z Conhecimento Textual;
espécie de animal. O que observei neles, no tempo z Conhecimento de Mundo.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, Conhecimento Linguístico
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo Esse é o conhecimento basilar para compreensão
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
O trecho em destaque na citação do escritor Lima uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías nhecimento das regras de uma língua.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento É importante salientar que as regras de reconhe-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de cimento sobre o funcionamento da língua não são,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ção cronológica de um texto. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
A propriedade vocabular leva o Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
PROCURE cérebro a aproximar as palavras linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimen-
SINÔNIMOS que têm maior associação com o to sobre como pronunciar português, passando pelo
tema do texto conhecimento de vocabulário e regras da língua, che-
gando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016,
Os conectivos (conjunções, prepo-
p. 15).
ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
Um exemplo em que a interpretação textual é pre-
CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos
judicada pelo conhecimento linguístico é o texto a
e localizadores textuais
seguir:
A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou
de maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
158 forme Kleiman (2016, p. 47):
disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam cor-
retamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
vio que é essencial para a interpretação de questões.

Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.

Como é possível notar, o texto é uma peça publici- FONÉTICA, ORTOGRAFIA E


tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
PONTUAÇÃO
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
PORTUGUESA
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos.
As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos
casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica da
Conhecimento Textual
grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é deri-
vada de processos históricos de evolução da língua.
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci-
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-
fia das palavras.
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior par-
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que
te das regras não são efêmeras, porém, são em grande
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê
número. Neste material, iremos apresentar uma forma
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
condensada e prática de nunca mais esquecer os acentos
reportagem como se lê um poema.
e os motivos pelos quais as palavras são acentuadas.
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto à
escrita correta. Veja:
Conhecimento de Mundo
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos.
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
importante que o candidato a cargos públicos reserve
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes USAMOS X: USAMOS CH:
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo. � Depois da sílaba en, se
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso a palavra não for deri- � Depois da sílaba en, se
conhecimento de mundo que é relevante para a com- vada de palavras inicia- a palavra for derivada
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso das por CH: enxerido, de palavras inicia-
cérebro associar informações, a fim de compreender enxada
das por CH: encher,
PORTUGUÊS

o novo texto que está em processo de interpretação. � Depois de ditongo:


encharcar
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- caixa, faixa
� Em palavras derivadas
cício para atestarmos a importância da ativação do � Depois da sílaba inicial
me se a palavra não for de vocábulos que são
conhecimento de mundo em um processo de interpre- grafados com CH: re-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: derivada de vocábulo
iniciado por CH: mexer, cauchutar, fechadura
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou mexilhão
valentemente todos os risos desdenhosos que tenta-
ram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enganam” Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020. 159
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- Tonicidade Silábica
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem;
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio. monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou (forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu-
-jer. Ex.: viajar, lisonjear. lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força.
Termos derivados do latim escritos com j;
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, z Monossílabas Átonas
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa; Os monossílabos átonos são designados assim, pois
z É com S ou com Z? Palavras que designam nacio- não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; Ex.: Essa chance nos foi dada.
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- z Monossílabas Tônicas
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
Embriaguez; lucidez; acidez. Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
Essas regras para correção ortográfica das pala- contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da z Oxítonas
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de São chamadas assim as palavras que apresentam
informação, pois além de contribuir para seu conhe- tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa sílaba mais forte.
também aumentará. Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA E PARTIÇÃO SILÁBICA z Paroxítonas

Número de Sílabas São chamadas assim as palavras que apresentam a


sílaba tônica na penúltima sílaba.
Antes de compreendermos os processos norteado- Ex.: a-çú-car.
res da divisão silábica, é importante identificar uma
sílaba. Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que z Proparoxítonas
se pronuncia em apenas uma emissão de voz, como a
palavra “pá”, por exemplo. São chamadas assim as palavras que apresentam a
Para compreender o processo de formação silábi- sílaba tônica na antepenúltima sílaba.
ca e, consequentemente, reconhecer os números de Ex.: rá-pi-do.
sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
dividir a palavra em sílabas. Notações Léxicas
Esse processo é chamado de divisão silábica e
constitui a identificação e delimitação das sílabas de São notações léxicas todos os sinais e símbolos
cada palavra. As palavras classificam-se em monossí- acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das
labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla- palavras. Vejamos alguns exemplos:
bas (mais de uma sílaba).
Veja alguns exemplos: z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo
Separam-se: para direita que indica sílaba tônica em palavras
que precisam ser sinalizadas;
z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o; z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons- tônica e fechada em palavras que precisam ser
-ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção; sinalizadas;
z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de- z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar; esquerda que representa a junção de duas vogais
z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs, A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol- mado de crase;
-ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são. z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
lico, não é considerado um sinal.
Não se separam:
Acentuação Gráfica
z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai;
z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho; Muitas são as regras de acentuação das palavras
ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo; da língua portuguesa; para compreender essas regras,
z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có- faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
160 -lo-go; pneu. respeitar a divisão das sílabas.
Regras de Acentuação � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
já apareceu na frase) do verbo:
z Palavras monossílabas: acentuam-se os monossí- Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só; filmes de terror;
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto- � Para separar palavras ou locuções explicativas,
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua- retificativas:
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns; Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto- anos;
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: � Para separar datas e nomes de lugar:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;
abdômen, hímen.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto
e, nem, ou:
Importante! Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em A vírgula também é facultativa quando o termo


ditongo. que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:
rádio etc. Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa.
z Palavras proparoxítonas: a regra mais simples e Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
ser acentuadas!
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns � Entre o sujeito e o verbo:
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
ram a explicação. (errado)
ou proparoxítona.
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
São as chamadas proparoxítonas aparentes.
sertaram minha visão. (errado);
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
dicativo do sujeito:
pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
palavras:
ção. (errado)
His-tó-ria/ his-tó-ri-a
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
Vá-cuo/ vá-cu-o
Pá-tio/ pá-ti-o dem. (errado)
Antes de concluir, é importante mencionar o uso Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
do acento nas formas verbais ter e vir: (errado);
Ele tem / Eles têm � Entre um substantivo e seu complemento nominal
Ele vem / Eles vêm ou adjunto adnominal:
Perceba que, no plural, essas formas admitem o Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân- pelos alunos. (errado);
cia verbal quando usar esses verbos. � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva:
PONTUAÇÃO Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
professor para a feira. (errado);
Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere- � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
mos a seguir as regras sobre seus usos. Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado).
Uso de Vírgula
Uso de Ponto e Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e e vírgula (;):
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade. � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
PORTUGUÊS

Quando se trata de separar termos de uma mesma


oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: ficou triste;
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:
� Para separar os termos de mesma função: Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta; to, exausto;
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de � No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
enumeração: zeugma):
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
arrastado pelo tsunami; ouvinte. 161
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, � Para indicar o fim de oração absoluta ou de
sorvete; período.
� Em enumerações, portarias, sequências: Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Carlos Drummond de Andrade;
O Procurador-Geral da República; � Nas abreviaturas
O Colégio de Procuradores da República; Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
O Conselho Superior do Ministério Público Federal. sec. = secretário.
a.C. = antes de Cristo.
Dois-Pontos
Dica
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
não foi concluída. Servem para: Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
tos químicos não vêm com ponto final:
� Introduzir uma citação (discurso direto): Exemplos: km, m, cm, He, K, C
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas Ponto de Interrogação
respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Marca uma entonação ascendente (elevação da
distributivo ou uma oração subordinada substan- voz) em tom questionador. Usa-se:
tiva apositiva:
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes- � Em frase interrogativa direta:
sores, jornalistas, médicos; Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?;
� Introduzir uma explicação ou enumeração após � Entre parênteses para indicar incerteza:
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
saber, como: que havia palavra melhor no contexto;
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, � Junto com o ponto de exclamação, para denotar
Filosofia, Ciências...; surpresa:
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?);
(relação semântica de oposição, explicação/causa � E interrogações retóricas:
ou consequência): Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um que não jogaremos comida fora à toa”).
homem culto.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com Ponto de Exclamação
cautela;
� Marcar invocação em correspondências: � É empregado para marcar o fim de uma frase com
Ex.: Prezados senhores: entonação exclamativa:
Comunico, por meio deste, que... Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança!;
Travessão � Aparece após uma interjeição:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico;
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
discurso de interlocutor: Ex.: Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”;
— Bom dia, Maria! � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
— Bom dia, Pedro!; marcar uma ênfase:
� Serve também para colocar em relevo certas Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
expressões, orações ou termos. Pode ser subs- metros em 20 segundos!!!
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
colchetes: Reticências
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) São usadas para:
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada) � Assinalar interrupção do pensamento:
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- Ex.: ― Estou ciente de que...
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. ― Pode dizer...;
� Indicar partes suprimidas de um texto:
Parênteses Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Têm função semelhante à dos travessões e das ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- depois desceu as escadas apressadamente.);
mos, expressões ou orações. � Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...;
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Para indicar hesitação:
jantar. (oração intercalada) Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha;
Ponto-Final � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
mente com outras intenções:
162 É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Uso das Aspas � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
São usadas em citações ou em algum termo que é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí- Ex.: Parecer, do latim *parescere;
das por itálico ou negrito, que têm a mesma função � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
de destaque. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
Usam-se nos seguintes casos: da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
� Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, Uso da Barra
afirma Dad Squarisi, 64;
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas: � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna substituída pela conjunção “ou”:
que desejava. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Não gosto de “pavonismos”. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;
Dê um “up” no seu visual; � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, ção das conjunções e/ou:
às vezes com ironia ou malícia: Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. e/ou escritos;
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” � Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
sonoro; ção entre si:
� Para citar nomes de mídias, livros etc.: Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
Colchetes � Para separar os versos de poesias, quando escritos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
Representam uma variante dos parênteses, porém barras para indicar a separação das estrofes:
têm uso mais restrito. Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
Usam-se nos seguintes casos: passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
� Para incluir num texto uma observação de nature- te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles;
za elucidativa: � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de não foi escrita na sua totalidade:
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”; Ex.: a/c = aos cuidados de;
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), s/ = sem;
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado � Para separar o numerador do denominador nos
que pareça, o texto original é assim mesmo: números fracionários, substituindo a barra da
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- fração:
do.” (Machado de Assis); Ex.: 1/3 = um terço;
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda � Nas datas:
Fonologia: Ex.: 31/03/1983
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy]; � Nos números de telefone:
� Para suprimir parte de um texto (assim como Ex.: 225 03 50/51/52;
parênteses): � Nos endereços:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;
desceu as escadas apressadamente. � Na indicação de dois anos consecutivos:
Ou: Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des- � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
ceu as escadas apressadamente (caso não preferí- Ex.: /s/.
vel segundo as normas da ABNT).
Embora não existam regras muito definidas sobre
Asterisco a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
� É colocado à direita e no canto superior de uma lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé:
PORTUGUÊS

Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo


triste acrescido do sufixo -eza*. MORFOLOGIA
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo; ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- Introdução
tuição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- No dia a dia, usamos unidades comunicativas para
nhado aos responsáveis; estabelecer diálogos e contatos, formando enunciados. 163
Essas unidades comunicativas chamamos de pala- designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
vras. Elas surgem da necessidade de comunicação do propriamente dito.
e os processos de formação para sua construção são Alguns exemplos de radicais:
conhecidos da nossa competência linguística, pois Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
como falantes da língua, ainda que não saibamos o pedra – pedreiro - pedregulho;
significado de antever, podemos inferir que esse ter- Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
Reconhecer os processos que auxiliam na forma- Importante!
ção de novas palavras é essencial para o estudante da
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos que apresentam o mesmo radical e guardam o
e palavras novas que podem ser criadas a partir da mesmo valor semântico no radical, são conheci-
estrutura da língua; não é à toa que, muitas vezes, das como cognatas.
somos surpreendidos com o uso inédito de algum
termo.
Porém, precisamos ter consciência de que nem Afixos ou Morfemas Derivacionais
todo contexto é apropriado para o uso de novas estru-
turas vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha outras
estudar os processos de formação de palavras e as formas e sentidos pelos morfemas derivacionais, que
consequências dessas novas constituições, focando são assim chamados pois auxiliam no processo de cria-
nesse conteúdo; sempre cobrado pelas bancas mais ção de palavras a partir da derivação, ou seja, a inclusão
exigentes. de prefixos e sufixos no radical dos vocábulos.
Vale notar que algumas bancas denominam os afi-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS xos de infixos.
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
Radical e Morfema Lexical morfológicas que se anexam ao radical das palavras e
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
As palavras são formadas por estruturas que, uni- Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
das, podem se modificar e criar novos sentidos em
contextos diversos. Os morfemas são as menores uni- z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden- rior do radical.
tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada Exs.:
por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar In: infeliz.
que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça Anti: antipatia.
no qual podemos juntar outra peça para formar uma Pós: posterior.
estrutura maior; porém, se você já montou um que- Bi: bisavô.
bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as Contra: contradizer.
peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
se encaixam. rior do radical.
Assim, como falantes da língua, reconhecemos Exs.:
essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, mente: Felizmente.
a todo momento estamos aptos a criar novas pala- dade: Lealdade.
vras a partir das regras que o sistema linguístico nos eiro: Blogueiro.
oferece. ista: Dentista.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o gudo: Narigudo.
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças”
existentes na língua, algumas misturando termos de É importante destacar que essa pequena amostra,
outras línguas com morfemas da língua portuguesa listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
para a formação de novas palavras, como: bloguei- sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras você tenha consciência do quão rico é o processo de
ganham novos morfemas e, consequentemente, novas formação de palavras por afixos.
acepções nas redes sociais como, por exemplo, biscoi- Além disso, não é interessante que você decore esses
teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus- morfemas derivacionais, mas que você compreenda
cam receber elogios nesse ambiente. o valor semântico que cada um deles estabelece na
As peças do quebra-cabeças que formam as pala- língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados,
vras da língua portuguesa possuem os seguintes comumente, para criar uma relação com o ambiente
nomes: profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro,
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc.
Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos, Os sufixos costumam mudar mais a classes das
Consoantes e Vogais de Ligação palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos
vocábulos.
O radical, também chamado de semantema, é o
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual Desinências ou Morfemas Flexionais
se anexam os demais morfemas, criando as palavras
derivadas. Devido a essa importante característica, o Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
radical é também conhecido como morfema lexical, desinências, são os mais estudados na língua portu-
164 pois se trata da significação própria dos vocábulos, guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem- Exs.:
pos e conjugações e as relações de gênero em femini- Gas - ô - metro;
no e masculino. Alv - i - negro;
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os Tecn - o - cracia;
morfemas flexionais em: Pe - z - inho;
Cafe - t- eira;
z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro- Pau - l - ada;
fessor/professora; livro/livros; Cha - l - eira;
z Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema Inset - i - cida;
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã; Pobre - t- ão;
z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica Paris - i - ense;
uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar- Gira - s - sol;
cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas. Legal - i - dade.

Não confunda: PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS


Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos; A partir do conhecimento dos morfemas que auxi-
Morfema lexical: radical. liam o processo de ampliação das palavras da língua,
Morfema gramatical: significado interno à estrutu- podemos iniciar o estudo sobre os processos de for-
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções mação de palavras.
etc. As palavras na língua portuguesa são criadas a
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
Vogais Temáticas ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os
processos de formação de palavras:
A vogal temática liga o radical a uma desinência,
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver- FORMAÇÃO DE PALAVRAS
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
radical para a união de outras desinências. DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO
Ex.: Amar e Amor. � Prefixal � Justaposição
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju- � Sufixal � Aglutinação
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou � Prefixal e sufixal
3º conjugação: � Parassintética
Exs.: � Regressiva
Amar – 1º conjugação; � Imprópria ou conversão
Comer – 2º conjugação;
Partir – 3º conjugação. Como é possível notar, os dois processos de forma-
É importante não se confundir: a vogal temática ção de palavras são a derivação e a composição. As
não existe em palavras que apresentam flexão de palavras formadas por processos derivativos apresen-
gênero. Logo, as palavras gato/gata possuem uma tam mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las
desinência e não uma vogal temática! agora!
Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis- PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá
ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s. As palavras formadas por processos de derivação
Note que as palavras terminadas em vogais tônicas são classificadas a partir de seis categorias:
não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó.
z Prefixal ou prefixação;
Tema z Sufixal ou sufixação;
z Prefixal e sufixal;
O tema é a união do radical com a vogal temática. z Parassintética ou parassíntese;
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática, z Regressiva;
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá z Imprópria ou conversão.
apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras
que não apresentem vogal temática também não irão A seguir, iremos estudar a diferença entre cada
possuir tema. uma dessas classes e identificar as peculiaridades de
Exs.: cada uma.
Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare. Derivação Prefixal
PORTUGUÊS

Vogais e Consoantes de Ligação Como o próprio nome indica, as palavras forma-


das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
As consoantes e vogais de ligação têm uma função mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais mem; infeliz; refazer.
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên- Pré-vestibular: prefixo pré-;
cias, aquelas facilitam a pronúncia. Disposição: prefixo dis-;
1  O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 165
Deslealdade: prefixo des-; A seguir, apresentamos alguns processos de con-
Super-homem: prefixo super; versão das palavras por derivação imprópria:
Infeliz: prefixo in-;
Refazer: prefixo re-. z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado;
Derivação Sufixal z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Substantivos comuns - substantivos próprios:
a formação de palavras por derivação sufixal refere- leão - Nara Leão;
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete;
como em: Judas - ele é o judas do programa.
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria. Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Lealdade: sufixo -dade; são mais comuns no processo de formação de deter-
Francesa: sufixo -esa;
minadas classes gramaticais, vejamos:
Belíssimo: sufixo -íssimo;
Inquietude: sufixo -tude;
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
Sofrimento: sufixo -mento;
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço;
Harmonizar: sufixo -izar;
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
Gentileza: sufixo -eza;
Lotação: sufixo -ção; -izar, -ar;
Assessoria: sufixo -ria. z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:
-mente.
Derivação Prefixal e Sufixal
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos: Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz- seguir que podem auxiliar na compreensão do proces-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
(prefixo -re com sufixo -ção). ser decorada, mas como um método para apreender o
sentido de alguns desses radicais e prefixos.
Derivação Parassintética
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
estrutura primitiva. É importante não confundir, con- PREFIXO
tudo, com o processo de derivação por sufixação e Acro Alto Acrofobia/acrobata
prefixação. Veja: Agro Campo Agropecuária
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o sentido,
como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “emagro-” não Algia Dor Nevralgia
existe), basta fazer o seguinte exercício para estabelecer Bio Vida Biologia
por qual processo a palavra foi formada: retirar o prefixo
Biblio Livro Biblioteca
ou o sufixo da palavra em que paira dúvida. Caso a pala-
vra que restou exista, estaremos diante de um processo Crono Tempo Cronologia
por derivação sufixal e prefixal; caso contrário, a palavra Caco Mau cacofonia
terá sido formada por derivação parassintética.
Cali Belo Caligrafia
Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
entediar etc. Dromo Local Autódromo

Derivação Regressiva Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da


língua portuguesa também se aglutinam a radicais e
Já na derivação regressiva, a nova palavra será prefixos latinos.
formada pela subtração de um elemento da estrutura
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
RADICAIS E PREFIXO LATINOS
Almoço (almoçar);
Ataque (atacar); RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Amasso (amassar). Arbori Árvore Arborizar
A derivação regressiva, geralmente, forma substanti-
Beli Guerra Belicoso
vos abstratos derivados de verbos. É possível que alguns
autores reconheçam esse processo como redução. Cida Que mata Homicida
Des- dis Separação Discordar
Derivação Imprópria
Equi Igual Equivalente
A derivação imprópria, a partir de seu processo de Ex- Para fora Exonerar
formação de palavras, provoca a conversão de uma Fide Fé Fidelidade
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
166 tantivo, por exemplo. Mater Mãe Materno
Processos de Composição z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini-
As palavras formadas por processos de composi- ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático,
ção podem ser classificadas em duas categorias: justa- hiper-requintado, inter-racial, super-racional;
posição e aglutinação. z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais
As palavras formadas por qualquer um desses pro- utilizado em palavras formadas de prefixo termi-
cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma nado em vogal seguido de palavra iniciada por R
vez que nesse processo há a junção de duas palavras ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra,
que já existem para a formação de um novo termo, antirrugas etc.;
com um novo sentido. z É importante esclarecer que em prefixos termina-
dos em vogais, aplicados a palavras cuja primei-
z Composição por justaposição: nesse processo, ra letra seja H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói;
as palavras envolvidas conservam sua autonomia anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo;
morfológica, permanecendo a tonicidade original z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados),
de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz Ex, Vice, Soto, Além, Aquém, Recém, Sem devem
de conta, navio-escola, malmequer; ser empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal;
z Composição por aglutinação: na formação de pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice-
palavras por aglutinação, há mudanças na toni- -governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea-
cidade dos termos envolvidos, que passam a ser no; recém-nascido; sem-teto;
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró- z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas
leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente); a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê). hífen. Ex.: circum-navegação; pan-americano;
z Também devemos empregar hífen em palavras
Palavras Compostas e Derivadas formadas pelos sufixos de origem tupi-guara-
ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu;
Agora que já conhecemos os processos de forma- capim-açu.
ção de palavras, precisamos identificar as palavras
que são compostas e as palavras que são derivadas.
Importante!
z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc; A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc. das palavras compostas por justaposição com
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir de moleque, que antes contavam com o hífen,
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras agora já não utilizam mais. Porém, não foram
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
todas as palavras justapostas que foram atin-
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
gidas pela reforma; palavras justapostas que
A partir das palavras primitivas, o falante pode
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
designam plantas ou bichos ainda são escritas
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei-
dos seis processos derivacionais. no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
Já as palavras compostas guardam a independên- porco-da-Índia.
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala-
vras para a formação de um novo sentido.
CLASSES DE PALAVRAS
Uso do Hífen Conforme o Novo Acordo Ortográfico
Introdução
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu-
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
lado com a reforma ortográfica da língua que entrou
em vigor em 2009 no Brasil. mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam-
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
contextos, o que podemos ver como uma facilitação e suas funções.
do aprendizado de quando usá-lo ou não. Analogamente, para compreender bem as funções
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
conforme o novo acordo ortográfico, é esta: precisamos conhecer como essa forma se classifica e
como se organiza.
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Por isso, em língua portuguesa, estudamos as
Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório. formas das palavras na morfologia, que organiza as
classes das palavras em dez categorias. A seguir, estu-
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa daremos detalhadamente cada uma delas e também
PORTUGUÊS

regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas
seu aprendizado. exigentes.

z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão ARTIGOS


unidos por hífen quando o segundo termo apre-
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo- Os artigos devem concordar em gênero e número
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
reeducação, preestabelecer; minantes dos substantivos. 167
Essa classe está dividida em artigos definidos e Na primeira frase, podemos substituir o termo um por
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e o senti-
determinantes objetivos, individualizando a palavra, do será mantido, pois o que se pretende defender é que a
já os indefinidos funcionam como determinantes espécie do indivíduo que se posicionou contra o projeto é
imprecisos. um deputado e não uma deputada, por exemplo.
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — Já na segunda oração, a alteração do gênero não
um —variam em gênero e número, tornando-se “os, implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os
deputado, marcando a quantidade.
indefinidos. Assim, temos:
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
z Artigos definidos: o, os; a, as; que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir:

Os artigos podem ser combinados às preposições. z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante


São as chamadas contrações. Algumas contrações destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
comuns na língua são: cordância com palavras femininas é inaceitável
pela gramática.
z em + a = na; Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
z a + o = ao; Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
z a + a = à;
z de + a = da. z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
Dica SUBSTANTIVOS
Toda palavra determinada por um artigo torna-
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
etc. característica básica dessa classe é admitir um deter-
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
NUMERAIS xionam-se em gênero, número e grau.

São palavras que se relacionam diretamente ao Tipos de Substantivos


substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
ção. Os numerais podem ser: A classificação dos substantivos admite nove tipos
diferentes. São eles:
z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os z Simples: Formados a partir de um único radical.
meninos eram bons em português; Ex.: vento, escola;
z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che- ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar; z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo substantivo. Ex.: pedra, dente;
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: z Derivado: são formados a partir de substantivos
Ele ganha o triplo no novo emprego; primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), dentista (dente),
z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi- florista (flor);
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou z Concreto: Designam seres com independência
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
recebeu metade do pagamento. pendentemente de sua conotação espiritual ou
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
Dúzia: conjunto de doze unidades; depende de uma pessoa, um substantivo concreto
Novena: período de nove dias; a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
Década: período de dez anos; gem, liberalismo, feiura;
Século: período de cem anos; z Comum: Designam todos os seres de uma espécie.
Bimestre: período de dois meses. Ex.: homem, cidade;
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Um: Numeral ou Artigo? Pedro, Fortaleza;
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun-
A forma um pode assumir na língua a função de to de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada.
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
podemos reconhecer cada função? É preciso observar É importante destacar que a classificação de um
o contexto em uso. Observe: substantivo depende do contexto em que ele está inse-
rido. Vejamos:
z Durante a votação, houve um deputado que se Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma
posicionou contra o projeto; pessoa = Próprio);
z Durante a votação, apenas um deputado se posi- O amigo mostrou-se um judas (judas significando
168 cionou contra o projeto. traidor = comum).
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
feminino. das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- terminada em L e que tem como plural “males”.
formes. Os substantivos uniformes podem ser: Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma- corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien- mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
te / a cliente; O líder / a líder; e méis.
z Epicenos: Designam geralmente animais que Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
apresentam distinção entre masculino e feminino, plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo Ex.: capelães, capitães, escrivães.
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; Contudo, há substantivos que admitem até três
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá formas de plural, como os seguintes:
fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Já os substantivos biformes designam os substan- que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
tivos que apresentam duas formas para os gêneros órgãos; órfão / órfãos.
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. por justaposição. O plural dessas formas obedece às
Outros substantivos modificam o radical para seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no. Estes são chamados de substantivos heteroformes: z Variam os dois elementos:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
Gênero e Significação tres -salas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
Alguns substantivos uniformes podem aparecer das -noturnos;
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
-feiras.
z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: Relato de experiência, associado a z Varia apenas um elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
Algumas formas substantivas mantêm o radical e canas-de-açúcar;
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no Substantivo + substantivo com função adjetiva.
significado: Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; abaixo-assinados.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
Além disso, algumas palavras na língua causam difi- formados por
culdade na identificação do gênero, pois são usadas em verbo + advérbio
contextos informais com gêneros diferentes. Alguns verbo + substantivo plural
exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese; a ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
omoplata / o guaraná; o formicida; o telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Variação de Grau
PORTUGUÊS

mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no


masculino quanto no feminino: O personagem / a per- A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
uma diminuição.
Flexão de Número
z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufixos
Os substantivos flexionam-se em número, de aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
Casa / casas. fogaréu, boqueirão, poetastro; 169
z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do aumen- Locuções Adjetivas
tativo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
pequenina, papelucho. adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
Dica referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu
vras, podendo assumir um valor: estudo:
Afetivo: filhinha / mãezona;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. z Voo de águia / aquilino;
z Poder de aluno / discente;
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas z Conselho de professores / docente;
z Cor de chumbo / plúmbea;
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras z Luz da lua / lunar;
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da z Sangue de baço / esplênico;
inicial maiúscula. z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
inicias das palavras que designam:
É importante destacar que, mais do que “decorar”
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela; damental reconhecer as principais características de
z Nomes de cidades, países, estados, continentes uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, apresentar valor de posse.
Ceará, Nárnia, Londres; Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia A abertura de conta pode ser realizada on-line.
das Crianças; Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
Gabinete da Vice-presidência, Organização das perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
Nações Unidas; posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
nome próprio, como no exemplo dado, este tam- zando o substantivo “abertura”.
bém deverá ser escrito com inicial maiúscula; Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da demonstrando seu caráter adverbial.
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; As locuções adjetivas também desempenham fun-
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, numerais e orações substantivas.
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
fados com maiúsculas apenas quando utilizados Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer Já as locuções adverbiais desempenham função de
advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-
orações adjetivas com esses valores.
do uma direção, devem ser escritos com minúscu-
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
Adjetivo de Relação
Atente-se: Em palavras com hífen, pode-se optar
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer
pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
seguintes características:
por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
ADJETIVOS bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan- de quem o descreve;
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de
podem indicar: relação sempre são posicionados após o substanti-
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Qualidade: professor chato; z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
z Estado: aluno triste; tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
170 z Aspecto, aparência: estrada esburacada. — pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: Os graus compara- Formação dos Adjetivos
tivo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode
ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”. Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
simples ou compostos.
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
te americano (não é subjetivo; posicionado após o z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
substantivo; derivado de substantivo; não existe a palavras. A partir deles, é possível formar novos
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; z Derivados: São palavras que derivam de verbos
roteiro carnavalesco. ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
rengo etc.;
Variação de Grau z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
tuguês, escuro, honesto etc.;
O adjetivo pode variar em dois graus: compara- z Compostos: Formados a partir da união de dois ou
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
respectivas categorias. amarelo-ouro etc.

z Grau comparativo: Exprime a característica de Dica


um ser, comparando-o com outro da mesma classe
nos seguintes sentidos: O plural dos adjetivos simples é realizado da
mesma forma que o plural dos substantivos.
„ Igualdade: Compara elementos colocando-os
em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto Plural dos Adjetivos Compostos
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos
quanto simplórios; O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
„ Superioridade: Compara, evidenciando um tes regras:
elemento como superior ao outro. Mais do que,
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente z Invariável:
do que o dinheiro;
„ Inferioridade: Compara, evidenciando um ele- „ Os adjetivos compostos azul-marinho, azul-ce-
mento como inferior ao outro. Menos do que, leste, azul-ferrete;
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados „ Locuções formadas de cor + de + substantivo,
do que mulheres. como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
z Grau superlativo: Em relação ao grau superlati- quesa, camisas amarelo-ouro.
vo, é importante considerar que o valor semântico
desse grau apresenta variações, podendo indicar: z Varia o último elemento:

„ Característica de um ser elevada ao último „ Primeiro elemento é palavra invariável, como


grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí- em mal-educados, recém-formados;
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso- „ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla-
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo). ros, cabelos castanho-escuros.
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
absoluto analítico). Adjetivos Pátrios
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
sintético); Os adjetivos pátrios, também conhecidos como
„ Característica de um ser relacionada com gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
outros indivíduos da mesma classe: Superla- de seres e objetos.
tivo relativo, que pode ser de superioridade (o O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de
mais) ou de inferioridade (o menos). um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorren- zonense, fluminense, cearense.
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os con-
z Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é for-
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
mado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente
inferioridade).
usado para designar profissões. O gentílico que
Importante! Ao compararmos duas qualidades
designa nossa nacionalidade teve origem com as
de um mesmo ser, devemos empregar a forma
pessoas que comercializavam o pau-brasil; esse
analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Porém, se uma mesma característica referir-se
PORTUGUÊS

a seres diferentes, empregamos a forma sinté-


Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso
tica (melhor, pior, menor etc.).
país:
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

171
ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar as
funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
172 z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
Locuções adjetivas apresentam valor de posse

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
GRAU Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
COMPARATIVO
Muito Mais - -
Pouco Menos - -
PORTUGUÊS

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

173
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
174 sobre eles:
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.

Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
PORTUGUÊS

z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;


z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimo-
nioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Bispos. 175
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
nomes de tratamento e suas respectivas designações a festa.
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
da Presidência da República. Portanto, essas designa- o substantivo, indicando grande, porém incerta,
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- quantidade de algo.
ro textual abordado for um gênero oficial. Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
Pronomes Demonstrativos
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-
tamento é importante destacar que o plural de Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, apontam elementos a que se referem as pessoas do
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
maioria das abreviaturas terminadas com a letra da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. textual.
Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
tíssimo Juiz; z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú- z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
blica nunca deve ser abreviado. z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.

Pronomes Indefinidos Usamos este, esta, isto para indicar:

Os pronomes indefinidos indicam quantidade de � Referência ao espaço físico, indicando a proximi-


maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª dade de algo ao falante.
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte como prova.
tabela: � Referência ao tempo presente.
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
pagarei a última prestação da casa.
PRONOMES INDEFINIDOS2
� Referência ao espaço textual.
Variáveis Invariáveis Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém curava um presente para o marido (o pronome
refere-se ao último termo mencionado).
Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém
nenhumas Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
Todo, toda, todos, todas Quem me “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo mento de algo de quem fala.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Certo, certa, certos, certas Nada z Indicar distância que se deseja manter.
Vários, várias Cada Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Quanto, quanta, quantos, quantas Que fia nesses políticos.
z Referência ao tempo passado.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
Qualquer, quaisquer estive em São Paulo.
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Qual, quais Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
Um, uma, uns, umas falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
sa expressão utilizada.
As palavras certo e bastante serão pronomes
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
serão adjetivos quando vierem depois.
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
to de quem fala e de quem ouve.
indefinido).
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
Busco o modelo de carro certo (adjetivo). � Referência a um tempo muito remoto, um passa-
A palavra bastante frequentemente gera dúvida do muito distante.
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
do. Por isso, atente-se ao seguinte: tas abertas. Bons tempos aqueles!
� Referência a um afastamento afetivo.
z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen- Ex.: Não conheço mais aquela mulher.
te ao termo “muito”. � Referência ao espaço textual, indicando o pri-
Ex.: Elas são bastante famosas. meiro termo de uma relação expositiva.
z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-
ao termo “suficiente”. riu beber chá; aquela, refrigerante.
2  Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
176 quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020.
Dica � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
para indicar locais físicos.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
ção demonstrativa referencial. Veja: � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo mindo as formas aonde e donde.
esqueceu de preencher o gabarito.
Ex.: Irei aonde você for.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
� O relativo “onde” pode ser empregado sem
ceu de preencher o gabarito.
antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Pronomes Relativos
� Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
Uma das classes de pronomes mais complexas, os
do em substituição a outros pronomes relativos,
pronomes relativos têm função muito importante na
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
língua, refletida em assuntos de grande relevância
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, guísticos, como o “queísmo”.
é essencial conhecer adequadamente a função desses Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. guém se lembra.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- textual, desfazendo estruturas ambíguas.
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos: Pronomes Interrogativos

z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quan- São utilizados para introduzir uma pergunta ao
tos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, quantas; texto.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como; Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O Quantos anos tem seu pai?
cachorro que estava doente morreu. A caneta que O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
emprestei nunca recebi de volta. tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
relativo “que”. indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
� Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
ser uma pessoa ou objeto personificado. tantivos, dando fluidez à leitura.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
� O pronome relativo quem pode fazer referência realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele
zação da atividade. O tempo estava instável)3.
que cala).
� Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
Pronomes Possessivos
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
� Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois 1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
termos que devem ser um possuidor e uma coisa SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
possuída. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue- 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
matéria (coisa possuída). 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas

O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-


Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
cujo: Cujo o, cuja a a uma coisa.
Não podemos substituir cujo por outro pronome Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
relativo. pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
O pronome relativo cujo pode ser preposicionado. do pronome é com o objeto da posse.
PORTUGUÊS

Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. Outras funções dos pronomes possessivos:
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
gunta: “de quem/do que?” z Delimitam o substantivo a que se referem;
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
do que? Do filme). z Não concordam com o referente;
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de z O pronome possessivo que acompanha o substan-
quem? Do rapaz). tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
3  Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021. 177
VERBOS „ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à
outra mais antiga.
Certamente, a classe de palavras mais complexa e Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-
importante dentre as palavras da língua portuguesa é bordara (ação anterior) da banheira.
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
e os agentes desses atos, além de ser uma importante z Futuro:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso, atente-se às nossas dicas. „ Futuro do presente: Indica um fato que deve
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam ser realizado em um momento vindouro.
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa- Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um „ Futuro do pretérito: Expressa um fato poste-
fato. rior em relação a outro fato já passado.
As flexões verbais são marcadas por desinências, Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.
que podem ser:
A partir dessas informações, podemos também
z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no identificar os verbos conjugados nos tempos simples
singular ou plural, bem como em qual pessoa ver- e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); são formados por uma única palavra, ou verbo, conju-
z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo gado no presente, passado ou futuro.
verbais a ação foi realizada. Já os tempos compostos são formados por dois
verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-
Iremos apresentar essas desinências a seguir. bo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Antes, porém, de abordarmos as desinências modo- Agora, vamos conhecer as desinências modo-tempo-
-temporais, precisamos explicar o que são modo e rais dos tempos simples e compostos, respectivamente:
tempo verbais.
Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples
Modos
MODO MODO
TEMPO
Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma INDICATIVO SUBJUNTIVO
relação enunciada pelo verbo. -e (1ª conjuga-
Presente * ção) e -a (2ª e 3ª
z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de conjugações)
certeza.
Ex.: Estudei muito para ser aprovado. -ra (3ª pessoa
Pretérito perfeito *
z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude do plural)
de dúvida, desejo ou possibilidade. -va (1ª conjuga-
Pretérito
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado. ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, conjugações)
convite, conselho, súplica ou pedido.
Pretérito mais-
Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. -ra *
-que-perfeito
Tempos Futuro -rá e -re -r
Futuro do
O tempo designa o recorte temporal em que a ação -ria *
pretérito
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe *Nem todas as formas verbais apresentam desi-
a seguir: nências modo-temporais.

z Presente: Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos


(Indicativo)
Pode expressar não apenas um fato atual, como
também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar:
no mesmo horário. Ter (presente do indicativo) + verbo principal
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e particípio.
instala uma ditadura. Ex.: Tenho estudado.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! � Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo
(equivalente a estudarei). auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) +
verbo principal no particípio.
z Passado: Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do
„ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente indicativo) + verbo principal no particípio.
no passado. Ex.: Terei saído.
Ex.: Estudei até ser aprovado. � Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar:
„ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal
pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou no particípio.
durativa. Ex.: Teria estudado.
Ex.: Estudava todos os dias.
178
Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além
(Subjuntivo) das formas nominais. Vamos conhecer as particulari-
dades de cada um a seguir:
� Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter
(presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio. z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis
Ex.: (que eu) Tenha estudado. de compreender, pois apresentam regularidade no
� Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
verbo principal no particípio. têm o paradigma morfológico com o radical, que
Ex.: (se eu) Tivesse estudado permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
� Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro sim-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
— INDICATIVO — INDICATIVO
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
As formas nominais do verbo são as formas no
infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em Ele/ você canta Cantou
determinados contextos. São chamadas nominais pois Nós cantamos Cantamos
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. Vós cantais Cantastes
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu Eles/ vocês cantam Cantaram
valor indica duração de uma ação e, por vezes,
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se alteração no radical e nas desinências verbais.
compadeceu. Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
z Particípio: Marcado pelas terminações mais ocorre irregularmente, seguindo um paradigma
comuns -ado, -ido, podendo terminar também em
próprio para cada grupo verbal.
-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero. Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
Quando cheguei, ela já tinha partido. plo. Isso é importante para não confundir os verbos irre-
Ele tinha aberto a janela. gulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig- — INDICATIVO — INDICATIVO
nado. Pode ser pessoal ou impessoal: Eu estou Estive

„ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de con- Tu estás Estiveste


jugação, pois está ligado às pessoas do discurso. Ele/ você está Esteve
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Nós estamos Estivemos
Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem
que ele ensina; Vós estais Estivestes
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome Eles/ vocês estão Estiveram
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
conjugação; Partir - 3ª conjugação. z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas
alterações no radical e nas desinências verbais,
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou consideradas anomalias morfológicas; por isso,
orações reduzidas. recebem essa classificação. Um exemplo bem
Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver- usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na
bos que funcionam como um verbo. língua portuguesa, apenas dois verbos são classifi-
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de cados dessa forma: os verbos ser e ir.
trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos Vejamos a conjugação o verbo “ser”:
de encontrar uma solução.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
Dica — INDICATIVO — INDICATIVO
Não confunda locuções verbais com tempos Eu sou Fui
compostos. O particípio formador de tempo
PORTUGUÊS

Tu és Foste
composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O Ele / você é Foi
homem teria realizado sua missão.
Nós somos Fomos
Classificação dos Verbos Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram
Os verbos são classificados quanto a sua forma
de conjugação e podem ser divididos em: regula-
res, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, 179
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.

z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias Quando chegou, encontrou o animal morto
Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa
Tinha enxugado a louça quando o programa
Enxugar A roupa está enxuta
começou
180
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar Onde está o documento impresso?
Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa!

Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas

Deixe os legumes submersos por alguns


Submergir Após ter submergido os legumes, reparou no amigo
minutos
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso!

z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.

z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.

„ O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia
muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
„ Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
„ O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
„ O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
„ Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
„ O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
bons anos que não vejo Mariana”.

z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
PORTUGUÊS

passiva analítica.

z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:

„ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
„ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em
particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
181
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par- sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
ticípio irregular. o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / designado partícula apassivadora, nesse contexto.
Os traficantes foram expulsos pelos policiais. Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
“Se” (partícula apassivadora).
„ Infinitivo: Marca as conjugações verbais.
O “se” exercerá essa função apenas:
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
„ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
passear);
„ Com verbos que concordam com o sujeito;
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, „ Com a voz passiva sintética.
pôr);
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
sair). to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.

Dica z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-


cionará nessa condição quando não for possível
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- identificar o sujeito explícito ou subentendido.
ção, pois origina-se do verbo “poer”. Além disso, não podemos confundir essa função
O mesmo acontece com verbos que deste do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
derivam. ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
estar na voz ativa.
Vozes Verbais
Outra importante característica do “se” como índi-
As vozes verbais definem o papel do sujeito na ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
estar na 3ª pessoa do singular.
� Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação Ex.: Acredita-se em Deus.
verbal.
Ex.: O policial deteve os bandidos. z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle-
� Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
verbal. procidade, auxiliando a construção dessas vozes
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial — verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
passiva analítica; cipais características são:
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
� Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes- „ Sujeito recebe e pratica a ação;
mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. „ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O ou indireto;
menino se agrediu.
„ O sujeito da frase poderá estar explícito ou
� Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
implícito.
mo tempo, porém há uma ação compartilhada
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
e sofrem a ação. presente de aniversário (implícito).
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
cumprimentaram. será parte integrante dos verbos pronominais,
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
A voz passiva é realizada a partir da troca de fun- do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva estar explícito ou implícito.
se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do filha.
objeto direto. z Partícula de realce: Será partícula de realce o
Importante! Não confunda os verbos pronomi- “se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais juízo no sentido e na compreensão global do texto.
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
A partícula de realce não exerce função sintática,
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
pronome que faz parte integrante do seu significado, pois é desnecessária.
diferentemente das vozes verbais, que acompanham Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
o pronome “se” com função sintática própria. z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
Outras Funções do “Se” “se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
Como vimos, o “se” pode funcionar como item pela conjunção “caso”.
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
182 mento também acumula outras atribuições: dar, será aprovado).
Conjugação de Verbos Derivados A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. São
conjugados da mesma forma os verbos dispor, interpor,
Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo sobrepor, compor, opor, repor, transpor, entrepor, supor.
primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
importante ter clara a conjugação de seus “originários”. PRESENTE — INDICATIVO
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu- Eu Ponho
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas: Tu Pões
Ele/Você Põe
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor; Nós Pomos
z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Ver: Antever, rever, prever; Vós Pondes
z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir. Eles/Vocês Põem

Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-


PREPOSIÇÕES
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os Conceito
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- São palavras invariáveis que ligam orações ou
ção são, predominantemente, regulares. outras palavras. As preposições apresentam funções
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
PRESENTE — INDICATIVO aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
Eu Crio sem a presença da preposição, modificando a transiti-
Tu Crias vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais4.
Ele/Você Cria
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
Nós Criamos com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
Vós Criais te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Eles/Vocês Criam
chamadas pois pertencem a outras classes grama-
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
mente são irregulares e apresentam alguma modifi- equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
conjugação do verbo “passear”: (quando equivaler a “por causa de”).
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
PRESENTE — INDICATIVO plos de uso em diferentes situações:
Eu Passeio
“A”
Tu Passeias
Ele/Você Passeia z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;
z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
Nós Passeamos
z Destino (em correlação com a preposição de): De
Vós Passeais Santos à Bahia;
Eles/Vocês Passeiam z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
z Direção: Levantar as mãos aos céus;
Conjugação de Alguns Verbos z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
Vamos agora conhecer algumas conjugações de z Lugar: Ir a Santa Catarina;
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Modo: Falar aos gritos;
to de questões em concursos. z Sucessão: Dia a dia;
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo: z Tempo: Nasci a três de maio;
z Proximidade: Estar à janela.
PRESENTE — INDICATIVO
Eu Adiro “Após”
Tu Aderes
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
PORTUGUÊS

Ele/Você Adere z Tempo: Logo após o almoço descansamos.


Nós Aderimos
“Com”
Vós Aderis
Eles/Vocês Aderem z Causa: Ficar pobre com a inflação;

4  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 183
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos; z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla- discórdia.
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; “Para”
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; não cair em armadilhas;
comigo sempre é assim. z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
“Contra” z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Direção: Olhar contra o sol; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho z Destino ou direção: Olhe para frente!
contra o peito.
“Perante”
“De”
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; “Por”
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Origem: Você descende de família humilde; sorteio;
z Posse: Este é o carro de João; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Conformidade: Copiar por original;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Definição: Pessoa de coragem; z Meio: Ir por terra;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Meio: Viver de ilusões; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais; “Sem”
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
corajosa. dinheiro.

“Desde” “Sob”

z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
z Tempo: Desde ontem ele não aparece. Pedro II;
z Lugar: Ficar sob o viaduto;
“Em” z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.

z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de “Sobre”


dólares;
z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi z Direção: Ir sobre o adversário;
bom; z Lugar: Cair sobre o inimigo.
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
mãos em concha; Locuções Prepositivas
z Transformação ou alteração: Transformou dóla-
res em reais; São grupos de palavras que equivalem a uma
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; preposição.
z Fim: Pedir em casamento; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Modo: Escrever em francês; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Sucessão: De grão em grão; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; positivas sempre terminam em uma preposição (há
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
do concessivo “não obstante”).
“Entre” Veja alguns exemplos:

z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
184 z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; ram logo;
z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito z Preposição “de”:
de finanças;
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu „ Com artigo definido masculino e feminino:
nada grave; de + o/os = do/dos
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, de + a/as = da/das
a língua é indispensável para que possamos pen- � Com artigo indefinido:
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + um= dum
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, de + uns = duns
não passei no exame; de + uma = duma
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + umas = dumas
para com os mais velhos; � Com pronome demonstrativo:
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + este(s)= deste, destes
um short. de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esse(s) = desse, desses
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + essa(s)= dessa, dessas
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + isso = disso
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + aquele(s) = daquele, daqueles
fim de; por meio de; em virtude de. de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo
� Com o pronome pessoal:
Importante! de + ele(s) = dele, deles
Algumas locuções prepositivas apresentam de + ela(s) = dela, delas
semelhanças morfológicas, mas significa- � Com o pronome indefinido:
dos completamente diferentes. Observe estes de + outro(s)= doutro, doutros
de + outra(s) = doutra, doutras
exemplos5:
� Com advérbio:
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
de + aqui= daqui
nejamento inicial = Concordância.
de + aí= daí
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + ali= dali
posta do programa = Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- z Preposição “em”:
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = „ Com artigo definido:
Oposição. em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
Combinações e Contrações � Com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
em + essa(s)= nessa, nessas
As preposições podem se ligar a outras palavras de
em + isso = nisso
outras classes gramaticais por meio de dois processos:
combinação e contração. em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
em + aquele(s) = naquele, naqueles
ma redução.
em + aquela(s) = naquelas
a + o = ao
a + os = aos em + aquilo = naquilo
z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem � Com pronome pessoal:
redução. em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas
Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: z Preposição “per”:

z Preposição “a”: „ Com as formas antigas do artigo definido (lo,


la):
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra- per + lo(s) = pelo, pelos
tivo feminino: per + la(s) = pela, pelas
a + a= à
a + as= às z Preposição “para” (pra):
„ Com o pronome demonstrativo:
„ Com artigo definido:
PORTUGUÊS

a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquela = àquela para (pra) + a(s)= pra, pras
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo

5  Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.


6  Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020. 185
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como,
Preposições não só, mas também, não apenas, como ainda,
senão (após não só).
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
o que significa Semântica. Semântica é a área do O gato era o preferido, não só da filha, senão de
conhecimento que relaciona o significado da palavra toda família.
ao seu contexto. z Adversativas: Colocam informações em oposição,
É importante ressaltar que as preposições podem contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-
apresentar valor relacional ou podem atribuir um tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
valor nocional. Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
As preposições que apresentam um valor rela- A culpa não foi a população, senão dos vereadores
cional cumprem uma relação sintática com verbos (equivale a “mas sim”).
ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma Importante! A conjunção “e” pode apresentar
relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
valor adversativo, principalmente quando é antecedi-
bios, os quais também apresentarão função deverbal.
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
não deixava.
pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
complemento nominal). z Alternativas: Ligam orações com ideias que não
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi- acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,
gida pelo adjetivo). ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo Ex.: Estude ou vá para a festa.
advérbio). Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Em todos esses casos, a preposição mantém uma
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga, Importante! A palavra “senão” pode funcionar
sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença. como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
nal é preponderante apresentam uma modificação
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são z Explicativas: Ligam orações, de forma que em
componentes obrigatórios na construção da senten- uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por-
ça, divergindo das preposições de valor relacional. que, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
As preposições de valor nocional estabelecem uma Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo enxada!
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir: Viva bem, pois isso é o mais importante.

VALOR NOCIONAL DAS Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma
SENTIDO
PREPOSIÇÕES oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto saudades.
Posse Carro de Marcelo “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subir.
O cachorro está sob a
Lugar
mesa
z Conclusivas: Ligam duas ideias, de forma que a
Votar em branco / Chegar segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
Modo
aos gritos portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
Causa Preso por agressão destarte, pois (deslocado na frase).
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Assunto Falar sobre política
aprovado.
Descende de família Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
Origem
simples -se.
Olhe para frente! / Iremos
Destino
a Paris Dica
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
CONJUNÇÕES gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
Assim como as preposições, as conjunções também concomitante acarreta em redundância.
são invariáveis e também auxiliam na organização
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- Conjunções Subordinativas
ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
coordenativas ou subordinativas. dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
Conjunções Coordenativas daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
As conjunções coordenativas são aquelas que para terem o sentido apreendido.
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, � Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: uma vez que, como (equivale a porque) etc.
186
Ex.: Como não choveu, a represa secou. apenas dois tipos de conjunções integrantes: “que” e
� Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia “se”.
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc. � Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
� Comparativa: Iniciam orações comparando ações integrante.
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, Isso).
maior), tanto... quanto etc. � Sempre haverá conjunção integrante em orações
Ex.: Corria como um touro. substantivas e, consequentemente, em períodos
Ela dança tanto quanto Carlos. compostos.
� Conformativa: Expressam a conformidade de Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
uma ideia com a da oração principal. Conforme, quê? Isso).
como, segundo, de acordo com, consoante etc. � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. bo e uma conjunção integrante.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
tempo. (errado).
� Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que INTERJEIÇÕES
etc.
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não As interjeições também fazem parte do grupo de
tivesse gostado. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
Trabalhava, por mais que a perna doesse. conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
� Condicional: Iniciam uma oração com ideia de to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
que, a menos que, somente se etc. uma frase. Ex.: Tchau!
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- As interjeições indicam relações de sentido diver-
do sua mensagem. sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen-
Posso lhe ajudar, caso necessite. timentos e sensações mais expressos pelo uso de
� Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro- interjeições:
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alívio Arre! Ufa! Ah!
� Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
que, a fim de que etc.
Ex.: A professora dá exemplos para que você Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
aprenda! Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Comprou um computador a fim de que pudesse
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
trabalhar tranquilamente.
� Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
logo que, desde que etc.
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
do Futuro.
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
Importante! de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
Os valores semânticos das conjunções não se expresso no texto.
prendem às formas morfológicas desses ele- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
mentos. O valor das conjunções é construído va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
contextualmente, por isso, é fundamental estar nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
atento aos sentidos estabelecidos no texto. por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
a procura? (Se = causal = já que) alterado.
Por que ficar preso na cidade, quando existe tan- Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
PORTUGUÊS

to ar puro no campo? (Quando = causal = já que). papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
Conjunções Integrantes

As conjunções integrantes fazem parte das orações


subordinadas; na realidade, elas apenas integram
uma oração principal à outra, subordinada. Existem
187
situações analógicas, como um almoço tradicional
MORFOSSINTAXE brasileiro constituído basicamente de arroz e feijão,
por exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, TERMOS DA ORAÇÃO, a seguir cada um deles.
ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E
REDUZIDAS), FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME Sujeito
RELATIVO, SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E
NOMINAL), SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
E NOMINAL) E SINTAXE DE COLOCAÇÃO pelo verbo.
O sujeito pode ser:
Conceitos Básicos da Sintaxe
� O termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre � O elemento que pratica ou recebe a ação expressa
os grandes grupos de palavras existentes na língua, pelo verbo;
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru- � O termo que pode ser substituído por um pronome
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases, do caso reto;
nós construímos um painel morfológico. � O termo com o qual o verbo concorda.
As palavras normalmente recebem uma dupla clas- Ex.: A população implorou pela compra da vacina
sificação: a morfológica, que está relacionada à classe da COVID-19.
gramatical a que pertence, e a sintática, relacionada à
função específica que assumem em determinada frase. No exemplo anterior a população é:

Frase z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-


rou pela compra da vacina);
Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento que pratica a ação de implorar;
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
conjunto de palavras. implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Ex.: Fogo! z O termo que pode ser substituído por um pronome
Silêncio! do caso reto.
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano (Ela implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Ramos).
Núcleo do Sujeito
Oração
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- do determinada função sintática, que atua ou sofre
tá-lo completo ou incompleto. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a poluição. tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque). pronome.

Período z O sujeito simples contém apenas um núcleo.


Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Sujeito: O povo
orações. Núcleo do sujeito: povo
Classifica-se em: z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
de dois ou mais termos.
� Simples: possui apenas uma oração. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ex.: O sol surgiu radiante. Sujeito: As luzes e as cores
Ninguém viu o acidente. Núcleo do sujeito: luzes/cores
� Composto: possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” Dica
(Chico Buarque)
Chegou em casa e tomou banho. Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
Os termos que formam o período simples são dis- governador.
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- Quem pediu uma providência ao governador?
grantes (complemento verbal, complemento nominal Resposta: A população (sujeito).
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
adjunto adverbial e aposto). outro.
O que iria de um lado para o outro?
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).

São aqueles indispensáveis para a estrutura bási-


ca da oração. Costuma-se associar esses termos a
188
Tipos de Sujeito Classificação do Sujeito Quanto à Voz

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Simples Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
ce a ação na frase;
DETERMINADO Composto
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Elíptico Ex.: Corta-se cabelo.
Com verbos flexionados na 3ª Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
pessoa do plural “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
INDETERMINADO item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
Com verbos acompanhados do
oração.
se (índice de indeterminação do
sujeito)
Importante notar que não há preposição entre
Usado para fenômenos da o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
INEXISTENTE natureza ou com verbos “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
impessoais sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
„ Simples: quando há apenas um núcleo. ção “-se”.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Sujeito simples: O aluguel da casa; Ex.: A minha saia azul está rasgada.
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. ça da partícula -se.
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores; Predicado
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
aparece na oração, mas é possível de ser identi- É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
ficado devido à flexão do verbo ao qual se refe- o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
re.Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: mos essenciais na oração, há casos em que a oração
(Eu) não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
z Indeterminado: quando não é possível identificar impossível existir uma oração sem sujeito.
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. O predicado pode ser:
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
partícula “se”. Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar);
„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, Predicado: seguem sua marcha;
não se referindo a nenhuma palavra determi- z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
nada no contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Entende-se que alguém passou cedo; Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
„ Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos
diretos ou de ligação) sem complemento dire- Para determinar o predicado, basta separar o
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
pronome se, pronome que atua como índice de do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
indeterminação do sujeito. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: Não se vê com a neblina. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Dias)
condição. Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.

Esse tipo de situação ocorre quando uma oração Classificação do Predicado


não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
PORTUGUÊS

são impessoais e normalmente representam fenôme- A classificação do predicado depende do significa-


nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer do e do tipo de verbo que apresenta.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Fazia um mês que tinha sumido. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Basta de confusão. a um predicativo do sujeito).
Há dois anos esse restaurante abriu. O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome). 189
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo z Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de cons-
Mendes) truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Predicado: são mais bonitas. plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo oração.
Bilac) Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Predicado: estão cheias de calafrios. Verbo intransitivo: adormeciam.

É importante não confundir: Predicado Verbo-Nominal

z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, Ocorre quando há dois núcleos significativos:
mas um estado momentâneo ou permanente que um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
o predicativo do sujeito; transitivo, predicativo do objeto).
z Predicativo do sujeito: função exercida por subs- Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- Verbo intransitivo: parou
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Predicativo do sujeito: atento
Ex.: O garoto está bastante feliz. Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Verbo de ligação: está. está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Predicativo do sujeito: bastante feliz. considerado predicativo do sujeito.
Ex.: Seu batom é muito forte. Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo de ligação: é. Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: muito forte. Predicativo do sujeito: desorientado
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
Predicado Verbal ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- do de Assis)
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do Verbo transitivo direto: achou
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os Objeto direto: o raciocínio
demais termos do predicado. Predicativo do objeto: exato
O verbo do predicado pode ser classificado em No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza um
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, que é o
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. objeto direto dessa oração. Com isso, podemos concluir
que temos um caso de predicativo do objeto, visto que
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é o sujeito.
ge um complemento não preposicionado, o objeto O que é o predicativo do objeto?
direto. É o termo que confere uma característica, uma
qualidade, ao que se refere.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
A formação do predicativo do objeto se dá por um
Noel Rosa
adjetivo ou por um substantivo.
Verbo Transitivo Direto: Fazer.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Predicativo do objeto: proveitoso
Verbo Transitivo Direto: trouxe;
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- Predicativo do objeto: vitoriosa
vo indireto tem como necessidade o complemen- Para facilitar a identificação do predicativo do
to acompanhado de uma preposição para fazer objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
sentido. centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Ex.: Nós acreditamos em você. fica é relacionar o predicativo ao nome.
Verbo transitivo indireto: acreditamos O filme foi proveitoso.
Preposição: em Ela era vitoriosa.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Verbo transitivo indireto: obedeceu dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Preposição: a (a + os) ligação (foi e era, respectivamente).
Ex.: Os professores concordaram com isso.
Verbo transitivo indireto: concordaram TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Preposição: com;
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o São vocábulos que se agregam a determinadas
verbo de sentido incompleto que exige dois com- estruturas para torná-las completas. De acordo com
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto a gramática da língua portuguesa, esses termos são
indireto (com preposição). divididos em:
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis) Complementos Verbais
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas São termos que completam o sentido de verbos
Objeto indireto 1: lhe transitivos diretos e transitivos indiretos.
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras z Objeto direto: Revela o alvo da ação. Não é acom-
190 Objeto indireto 2: lhe; panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. z Objeto direto interno: Representado por palavra
Gostaria de vê-lo no topo do mundo. que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = mesmo significado.
aqueles). Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos.
Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto
Como diferenciar objeto direto de sujeito?
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
exercem função de objeto direto, os pronomes oblí- O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa va analítica e se transforma em sujeito.
função sintática. Os jogos da seleção foram ignorados.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
quem? A minha pessoa”) z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. preposição obrigatória, que se liga diretamente a
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
“Convidaram quem? Ela”) Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= casa 260.
“Receberam quem? Nós”) Gosto de ti, meu nobre.
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Não troque o certo pelo duvidoso.
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do Vamos insistir em promover o novo romance de
pronome relativo que. ficção.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
esse algo é o objeto direto) z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
z Objeto direto preposicionado
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
preposição no seu complemento, algumas palavras
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
tido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
facultativos.
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
uma mensagem.
Formato de parágrafo, em bold, da seguinte forma:
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Não entendo nem a ele nem a ti. Complemento Nominal
Respeitava-se aos mais antigos.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Amavam-se um ao outro. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
feita.” (Ciro dos Anjos). presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição: do do nome.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
le templo. Para melhor identificar um complemento nomi-
A escultura atrai a todos os visitantes. nal, siga a instrução:
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Nome + preposição + quem ou quê
pedestal. Como diferenciar complemento nominal de com-
Ao povo ninguém engana. plemento verbal?
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- diretamente ao verbo “obedecia”)
sente para indicar parte de um todo, quando assim Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
PORTUGUÊS

for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
bebeu uma porção da água, e não ela toda. ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).

z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência Agente da Passiva


dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado. É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
Andrade) raramente, da preposição de. 191
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares z Modo: O dia começou alegremente.
ser, estar, viver, andar, ficar. z Intensidade: Almoçou pouco.
z Causa: Ela tremia de frio.
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO z Companhia: Venha jantar comigo.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu- roupas.
ra básica da oração, são importantes para compreen- z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
são do enunciado porque trazem informações novas. z Finalidade: Vivia para o trabalho.
Esses termos são chamados acessórios da oração. z Meio: Viajou de avião devido à rapidez.
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel.
Adjunto Adnominal z Negação: Não permitirei que permaneça aqui.
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã.
São termos que acompanham o substantivo, z Origem: Descendia de nobres.
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo. Não confunda!
Categorias morfológicas que podem funcionar Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
como adjunto adnominal: adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
z Artigos; o sentido seja parecido.
z Adjetivos; Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
z Numerais; é um adjunto adnominal)
z Pronomes; Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
z Locuções adjetivas. adjunto adverbial)

Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Aposto


ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si. Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
Estava conquistando o respeito dos seus. ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
O novo regulamento originou a revolta dos identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
funcionários. tar algo, alguém ou um fato.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto Aposto: filha de D. Raimunda
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
exercem essa função sintática quando assumem des obras.
valor de pronomes possessivos. Aposto: Machado de Assis.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Classifica-se nas seguintes categorias:
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal? z Explicativo: Usado para explicar o termo anterior.
Separa-se do substantivo a que se refere por uma
Quando o adjunto adnominal for representado pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido ou dois-pontos.
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
a dica: ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao � Enumerativo: Usado para desenvolver ideias que
qual se liga for concreto. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
Ex.: A casa da idosa desapareceu. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Se indicar posse ou o agente daquilo que Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
expressa o substantivo abstrato. riachos.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo preconceito, antipatia e arrogância;
daquilo que expressa o substantivo. z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
foi respeitada. malmente, por um pronome indefinido.
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: estavam empolgados com a feira.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
-Bissau, países africanos onde se fala português;
Adjunto Adverbial � Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
Termo representado por advérbios, locuções rumo;
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- � Circunstancial: Exprime uma característica
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas circunstancial.
circunstâncias. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
apropriadas;
z Tempo: Quero que ele venha logo. � Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
192 z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida. substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
substantivos próprios. O aposto se relaciona sintaticamente com outro
Exs.: O mês de abril. termo da oração.
O rio Amazonas. A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impe-
Meu primo José; cável.
z Aposto da oração: É um comentário sobre o fato Sujeito: a cozinha de Lufe.
expresso pela oração, ou uma palavra que condensa. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua sujeito).
preocupação.
O noticiário disse que amanhã fará muito calor – PERÍODO COMPOSTO
ideia que não me agrada;
� Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente. Observe os exemplos a seguir:
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra A apostila de Português está completa.
para as perguntas. Um verbo: Uma oração = período simples
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. Português e Matemática são disciplinas essen-
ciais para ser aprovado em concursos.
Dica Dois verbos: duas orações = período composto
O período composto é formado por duas ou mais
� O aposto pode aparecer antes do termo a que orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
se refere, normalmente antes do sujeito. períodos simples e período compostos.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
� Segundo o gramático Cegalla, quando o apos-
to se refere a um termo preposicionado, pode ele O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
vir igualmente preposicionado. para evitar aglomeração
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo. Para não esquecer:
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Período simples é aquele formado por uma só
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. (adje- oração.
tivos, apostos do predicativo do sujeito) Período composto é aquele formado por duas ou
Falou comigo deste modo: calma e maliciosamente. mais orações.
(advérbios, aposto do adjunto adverbial de modo). Classifica-se nas seguintes categorias:

z Diferença de aposto especificativo e adjunto z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;


adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. z Por subordinação:
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente. „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?); vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O pletivas nominais, predicativas, apositivas;
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo „ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
adjetivo. explicativas;
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- comparativas, concessivas, condicionais, con-
jetivo) formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
Homem desesperado, João sempre perde o con- temporais.
trole.
(aposto; núcleo: homem – substantivo). z Por coordenação e subordinação: orações for-
madas por períodos mistos;
Vocativo z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.

O vocativo é um termo que não mantém relação PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para As orações são sintaticamente independentes. Isso
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- significa que uma não possui relação sintática com
PORTUGUÊS

ja se comunicar. É um termo independente, pois verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
não faz parte da estrutura da oração. período.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
consulta. (Fernando Pessoa)
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 3: a obra nasce.
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
outro termo da oração. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) 193
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à são introduzidas pelas conjunções subordinativas
porta da sala de Damasceno integrantes que e se.
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
Conjunção adversativa: mas nada impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite;
Orações Coordenadas Sindéticas z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes
As orações coordenadas podem aparecer ligadas interrogativos (onde, como, quando, quanto,
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- quem etc.);
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
sindética. Veremos agora cada uma delas: roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira;
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
simultaneidade.
no infinitivo.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras;
bém, mas ainda, bem como, como também, se-
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
não também, que (= e).
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
Os convidados não compareceram nem explica- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
ram o motivo; rir a nenhum termo na oração.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, cional) (or. sub. subst. subje.);
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- z Orações subordinadas substantivas objetivas
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a reto da oração principal.
morte.” (Laurindo Rabelo); Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
se excluem. subst. obj. dir.);
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... z Orações subordinadas substantivas completi-
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez vas nominais: exercem a função de complemento
... talvez). nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
Ex.: Ora responde, ora fica calado. da oração principal.
Você quer suco de laranja ou refrigerante? Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica mento nominal)
sobre um raciocínio. Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início pl. nom.);
de frase). z Orações subordinadas substantivas predicati-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima vas: funcionam como predicativos do sujeito da
semana. oração principal. Sempre figuram após o verbo de
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo ligação ser.
Mendes Campos); Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem sujeito)
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
porquanto, pois. sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale z Orações subordinadas substantivas apositivas:
a “pois”) funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos de dois-pontos ou entre vírgulas.
com fome. Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);

Formado por orações sintaticamente dependentes, Orações Subordinadas Adjetivas


considerando a função sintática em relação a um ver-
bo, nome ou pronome de outra oração. Desempenham função de adjetivo (adjunto adno-
Tipos de orações subordinadas: minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São
introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a
z Substantivas; qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
z Adjetivas; As orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
z Adverbiais. explicativas e restritivas.

Orações Subordinadas Substantivas z Orações subordinadas adjetivas explicativas:


não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
194 São classificadas nas seguintes categorias: tam uma explicação sobre o termo antecedente.
São consideradas termo acessório no período, Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola- tivessem bom estudo;
das por vírgulas. � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
cria trinta gatos; porção que, quanto mais, quanto menos etc.
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
especificam ou limitam a significação do termo aprecio;
antecedente, acrescentando-lhe um elemento indis- � Orações subordinadas adverbiais temporais:
pensável ao sentido. Não são isoladas por vírgulas. são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
incurável; agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Dica
Para separar as orações de um período composto, é
Como diferenciar as orações subordinadas adje- necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
vas explicativas? (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
Ele visitará o irmão que mora em Recife. esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
visitar apenas o que mora em Recife) ções verbais. Exs.:
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [para fixar outros] – 2ª oração
mora em Recife) [que os rodeiam] – 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
Orações Subordinadas Adverbiais ção (M. de Assis)
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
Exprimem uma circunstância relativa a um fato basta, pertencente à 1ª (oração principal).
expresso em outra oração. Têm função de adjunto A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
adverbial. São introduzidas por conjunções subor- ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos
seguintes grupos: Orações Reduzidas

� Orações subordinadas adverbiais causais: são z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
que, visto que etc. z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- iniciadas por conjunções;
que ficamos sem gasolina; z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
� Orações subordinadas adverbiais comparati- por pronomes relativos;
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
qual, como, mais etc. conectivos;
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
que a importada; prepositiva.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São conjunção.
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
por mais que, se bem que etc. rante. (desenvolvida).
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
� Orações subordinadas adverbiais condicionais:
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, Orações Reduzidas de Infinitivo
contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal; Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos; S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
são introduzidas por: que (precedido na oração direta reduzida de infinitivo)
anterior de termos intensivos como tão, tanto, A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
predicativa reduzida de infinitivo)
PORTUGUÊS

tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma


que, sem que. Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; completiva nominal reduzida de infinitivo)
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles); substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi- z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas pelas mãos.
por: para que, a fim de que, porque e que (= para O meu manual para fazer bolos certamente vai
que) agradar a todos; 195
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
continua jogando bola. meus pais, nem que culpe meus parentes.
Sem estudar, não passarão. Oração principal: Espero.
Ele passou mal, de tanto comer doces. Oração coordenada 1: que você não me culpe.
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais.
Orações Reduzidas de Gerúndio Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes.

Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-


sitivas, adjetivas, adverbiais. Importante!
O segredo para classificar as orações é per-
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
livre dos juros;
relativos).
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
z Agora ouvimos artistas cantando no shopping. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta); entre si
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
coração; cautelosa, não faz tudo sozinha.
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
contou a verdade. Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa;
Orações Reduzidas de Particípio
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
entre si
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado.
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
presente
nós mesmos, ainda resiste;
Oração subordinada adverbial 2: quando não
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
estou;
ria problemas. (condicional)
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
mo período
(causal/temporal)
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
Comprada a casa, a família se mudou logo.
seu papel, no entanto a realidade não é assim.
(temporal).
Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as
O particípio concorda em gênero e número com os penitenciárias cumpram seu papel
termos referentes. Oração coordenada sindética adversativa da ante-
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- rior: no entanto a realidade não é assim.
quentes em provas de concurso.
REGÊNCIA
Períodos Mistos
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
São períodos que apresentam estruturas oracio- relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
nais de coordenação e subordinação. posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas advérbio) exige complemento preposicionado, esse
dentro de um conjunto de orações que são subordina- nome é um termo regente, e seu complemento é um
das a uma oração principal. termo regido, pois há uma relação de dependência
entre o nome e seu complemento.
1ª oração 2ª oração 3ª oração O nome exige um complemento nominal sempre ini-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
O homem entrou na que todos forma de pronome oblíquo átono.
e pediu
sala calassem. Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
foram leais.
verbo verbo verbo Observação: Complemento de “lhe”: predicativo
do sujeito (desprovido de preposição)
1ª oração: oração coordenada assindética. Pronome oblíquo átono: lhe
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. sujeito (desprovido de preposição).
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
em relação à 2ª oração. Regência Verbal
Resumindo: período composto por coordenação e
subordinação. Relação de dependência entre um verbo e seu
As orações subordinadas são coordenadas entre si, complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
ligadas ou não por conjunção. retas, isto é, com ou sem preposição.
Há verbos que admitem mais de uma regência sem
z Orações subordinadas substantivas coordena- que o sentido seja alterado.
196 das entre si Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos. res de pessoas.”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Objeto indireto: dos favores recebidos. direto e indireto
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
seu significado. vo indireto)
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
(aspiramos = sorvemos) to e indireto);
V. T. D.: aspiramos � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
Objeto direto: ar poluídos. predicativo do objeto
Os funcionários aspiram a um mês de férias. Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
(aspiram = almejam) to com sentido de “convocar”);
V. T. I.: aspiram Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
Objeto indireto: a um mês de férias dicativo do objeto com sentido de “denominar,
A seguir, uma lista dos principais verbos que qualificar”);
geram dúvidas quanto à regência: � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
� Abraçar: transitivo direto Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. indireto com sentido de “ser difícil”)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço; A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);
to com sentido de “acariciar”) � Esquecer: admite três possibilidades
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto Ex.: Esqueci os acontecimentos.
no sentido de “ser agradável a”); Esqueci-me dos acontecimentos.
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Esqueceram-me os acontecimentos;
transitivo direto e indireto � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não transitivo direto e indireto
personificado) Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
personificado) Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
reto: refere-se a coisas e pessoas); disposição”)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da direto e indireto com sentido de envolver-se”);
preposição a, rege indiferentemente objeto direto � Informar: transitivo direto e indireto
e objeto indireto. Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo sobre
indireto) Informaram o réu de sua condenação.
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, Informaram o réu sobre sua condenação.
rege apenas objeto direto: Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Ajudaram o ladrão a fugir. sa: objeto indireto, com a preposição a
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto Informaram a condenação ao réu;
direto: � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
Ajudei-o muito à noite; reto, com as preposições em e por
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
sitivo direto com sentido de “angustiar”) tivo direto e indireto
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” sitivo com sentido de “cortejar”)
como complemento); Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
vo direto com sentido de “respirar”) ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo “encantar-se”);
indireto no sentido de “desejar”); � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
PORTUGUÊS

� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.


Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
“prestar assistência” � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
O médico assistia os acidentados. tivo direto e indireto
O médico assistia aos acidentados. Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
Não assisti ao final da série; indireto).
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. direto e indireto); 197
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
transitivo direto e indireto cia: verbal e nominal.
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) Concordância Verbal
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
indireto); É a adaptação em número – singular ou plural –
� Suceder: intransitivo; transitivo direto e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no sujeito.
sentido de “ocorrer”). Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
de “vir depois”). quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
de ‘brasis’ – digamos assim –, ganha disparando dos
Regência Nominal outros, pois houve influências de todos os povos aqui:
europeus, asiáticos e africanos.
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér- Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
bios) exigem complementos preposicionados, exceto um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
singular.
Advérbios Terminados em “Mente” Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
regência dos adjetivos: cado verbal.
análoga / analogicamente a Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
contrária / contrariamente a Ex.: Prefiro natação a futebol.
compatível / compativelmente com Verbo bitransitivo: Prefiro
Objeto direto: natação
diferente / diferentemente de
Objeto indireto: a futebol
favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
Concordância Verbal com o Sujeito Simples
próxima / proximamente a/de
relativa / relativamente a
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
sujeito.
Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
Nomes a que se Referem
exorbitante.
Diferentes situações:
Alguns nomes regem preposições semelhantes a
sua primeira sílaba. Vejamos:
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
dependente, dependência de
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
inclusão, inserção em
multidão gritou entusiasmada;
inerente em/a
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o
descrente de/em
verbo posterior ao pronome relativo concorda
desiludido de/com com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi-
desesperançado de tes do Brasil que se situam mais próximos do
desapego de/a Meridiano?;
convívio com z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
convivência com verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
demissão, demitido de quem resolveu a questão;
encerrado em
enfiado em Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
imersão, imergido, imerso em cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
instalação, instalado em nós quem resolvemos a questão.
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
supremacia sobre demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
CONCORDÂNCIA plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se essa questão;
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Observe o exemplo: Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
A pequena garota andava sozinha pela cidade. ver artigo definido antes de uma palavra plura-
A: Artigo, feminino, singular; lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Garota: Substantivo, feminino, singular. Unidos continuam uma potência.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos z Estados Unidos continua uma potência.
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
198 número (singular) do substantivo. de de Santos fica em São Paulo.”)
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Importante! singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
davam (preferencialmente no singular);
verbo fica no singular ou no plural. � Gradação entre os núcleos do sujeito
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
me acalmar (preferencialmente no singular);
� Núcleos do sujeito no infinitivo
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
mitivo (nada, tudo, ninguém)
Mais de um aluno compareceu à aula.
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
nem um nem outro
A expressão mais de um tem particularidades: Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: foco nos estudos;
Mais de um irmão se abraçaram. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
Mais de um aluno, mais de um professor esta- bem como, assim como, tanto quanto
vam presentes. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
final;
z Quando o sujeito é formado por um número per- z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
centual ou fracionário, o verbo concorda com o aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
numerado ou com o número inteiro, mas pode como; não só... mas também etc.)
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
vier precedido de um determinante, o verbo con- popularidade em alta;
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é com o núcleo único. Mas, se houver determinante
viver bem. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. sujeito passa a ser composto.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o combustíveis aumentaram.
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não Concordância Verbal do Verbo Ser
chegou (Duas horas deram...).
Bateu o sino duas vezes (O sino bateu). � Concorda com o sujeito
Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez Ex.: Nós somos unha e carne;
badaladas soaram). � Concorda com o sujeito (pessoa)
Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio Ex.: Os meninos foram ao supermercado;
da escola soou dez badaladas). � Em predicados nominais, quando o sujeito for
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o representado por um dos pronomes tudo, nada,
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
dem-se casas de veraneio aqui. dará com o predicativo (preferencialmente) ou
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão com o sujeito
interessada; Ex.: No início, tudo é/são flores;
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa que ou quem
Majestade está preocupada? Ex.: Quem foram os classificados?
Suas Excelências precisam de algo? � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! Ex.: São nove horas.
É frio aqui.
Concordância Verbal com o Sujeito Composto Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� O verbo fica no singular quando precede termos
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
PORTUGUÊS

ticais diferentes menos etc. junto a especificações de preço, peso,


Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos; quantidade, distância, e também quando seguido
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com do pronome o
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
garam ontem; Divertimentos é o que não lhe falta.
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada Dez reais é nada diante do que foi gasto;
ou nenhum � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
ter o espírito esportivo; ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o 199
verbo concordará com o termo não preposiciona- Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
do entre eles. verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. singular.
São eles que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
trução adequada) Ficou combinado que sairíamos à tarde.
São nessas horas que a gente precisa de ajuda. Urge que você estude.
(construção inadequada) Era preciso encontrar a verdade

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Casos mais Frequentes em Provas

Concordância do Infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito cal brasileira seres estranhos;
implícito “nós”) � Verbos impessoais (haver e fazer)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração) vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. � Verbo na voz passiva sintética
(verbos pronominais) Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser � Verbo concordando com o antecedente correto
indicando tempo) do pronome relativo ao qual se liga
Estudo para me considerarem capaz de aprova- Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) tinham experiência;
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, � Sujeito coletivo com especificador plural
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
particípio); � Sujeito oracional
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- singular);
ção verbal) � Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono to ou complemento no plural
sendo sujeito do infinitivo). Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
atrito. (verbo no singular).
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o Casos Facultativos
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
com valor genérico) estádio;
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece- z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
dido de preposição de ou para) fizeram rir;
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de z Fui eu quem faltou/faltei à aula;
imperativo) z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
� Concordância do verbo parecer brasileira;
Flexiona-se ou não o infinitivo. z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o ciência. (1,5% corresponde ao singular);
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- z Chegaram/Chegou João e Maria;
vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona- z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
do de acordo com o sujeito, no plural) aqui;
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
logo o infinitivo será impessoal); brasileira;
� Concordância dos verbos impessoais z O problema do sistema é/são os impostos;
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica z Hoje é/são 22 de agosto;
sempre na 3ª pessoa do singular. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. a aprovação;
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
auxiliar fica no singular) Silepse de Número e de Pessoa
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul; Conhecida também como “concordância irregular,
200 � Concordância com sujeito oracional ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
z Silepse de número: usa-se um termo discordando Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
do número da palavra referente, para concordar então é um adjunto adnominal.
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- z Com função de predicativo do objeto
dade: todas as flores);
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Concordância Nominal seus subordinados.

Define-se como a adaptação em gênero e número Algumas Convenções


que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, � Obrigado / próprio / mesmo
adjetivos, numerais). Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em A própria enfermeira virá para o debate.
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos. Dica
Casos com Adjetivos O termo mesmo no sentido de “realmente” será
invariável.
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
Há casos em que o adjetivo concordará apenas apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
tencer somente a este.
ficar a sós;
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
� Quite / anexo / incluso
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Concordam com os elementos a que se referem.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
Ex.: Estamos quites com o banco.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Seguem anexas as certidões negativas.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Inclusos, enviamos os documentos solicitados;
Existem complicadas regras e conceitos.
� Meio
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
Quando significar “metade”: concordará com o
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
elemento referente.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
Quando significar “um pouco”: será invariável.
francesa e alemã. Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar � Grama
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a do significar unidade de medida, é masculino.
língua inglesa, a francesa e a alemã. Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;
z Com função de predicativo do sujeito � É proibido entrada / É proibida a entrada
Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
com a soma dos elementos. seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. rão com o determinante.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por nhada está boa.
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos É proibido entrada de crianças. / É proibida a
quanto com o nome mais próximo. entrada de crianças.
PORTUGUÊS

Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
vam abandonados a casa e o quintal. � Menos / pseudo
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- São invariáveis.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Ex.: Havia menos violência antigamente.
substantivos por um pronome: Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. to é pseudo-objetivo;
(substitui-se por “eles”) � Muito / bastante
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Quando modificam o substantivo: concordam com ele.
existem complicados”. Quando modificam o verbo: invariáveis. 201
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito irritados. Lista de Flexão dos Dois Elementos
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados. � Nos substantivos compostos formados por pala-
Se ambos os termos puderem ser substituídos por vras variáveis, especialmente substantivos e
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi- adjetivos:
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis; segunda-feira – segundas-feiras;
� Tal qual matéria-prima – matérias-primas;
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, couve-flor – couves-flores;
com o substantivo posterior. guarda-noturno – guardas-noturnos;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os primeira-dama – primeiras-damas;
pais. � Nos substantivos compostos formados por
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais temas verbais repetidos:
quais os pais. corre-corre – corres-corres;
z Silepse (também chamada concordância figurada) pisca-pisca – piscas-piscas;
É a que se opera não com o termo expresso, mas o pula-pula – pulas-pulas.
que está subentendido. Nestes substantivos também é possível a flexão
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
linda!) -piscas, pula-pulas;
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
com o estabelecimento aberto no final de semana.) Flexão Apenas do Primeiro Elemento
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.); z Nos substantivos compostos formados por subs-
� Possível tantivo + substantivo em que o segundo termo
Concordará com o artigo, em gênero e número, em limita o sentido do primeiro termo:
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. decreto-lei – decretos-lei;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / cidade-satélite – cidades-satélite;
Conheci crianças as mais belas possíveis. público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
PLURAL DE COMPOSTOS Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
Substantivos públicos-alvos, elementos-chaves;
z Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
O adjetivo concorda com o substantivo referente em
pôr do sol – pores do sol;
gênero e número. Se o termo que funciona como adjeti-
fim de semana – fins de semana;
vo for originalmente um substantivo fica invariável.
pé de moleque – pés de moleque.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Flexão Apenas do Segundo Elemento
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular)
� Nos substantivos compostos formados por tema
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
Adjetivos
adjetivo:
bate-papo – bate-papos;
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
mo elemento concordará com o substantivo referente. arranha-céu – arranha-céus;
Os demais ficarão na forma masculina singular. ex-namorado – ex-namorados;
Se um dos elementos for originalmente um subs- vice-presidente – vice-presidentes;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. ção do primeiro elemento:
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o zum-zum – zum-zuns;
plural, pois ambos são adjetivos. tico-tico – tico-ticos;
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no lufa-lufa – lufa-lufas;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. reco-reco – reco-recos;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o � Nos substantivos compostos grafados ligada-
plural do substantivo referente, “folhas”. mente, sem hífen:
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. girassol – girassóis;
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- pontapé – pontapés;
bém pode ser um substantivo. mandachuva – mandachuvas;
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma fidalgo – fidalgos;
lógica de “musgo” do exemplo anterior. � Nos substantivos compostos formados com
grão, grã e bel:
Dica grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos;
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- bel-prazer – bel-prazeres.
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” Não flexão dos elementos;
são sempre invariáveis. � Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
202 elementos flexionados no plural (peles-vermelhas). re em frases substantivadas e em substantivos
compostos por um tema verbal e uma palavra � Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”,
invariável ou outro tema verbal oposto: “quanta”) ligado ao substantivo
o disse me disse – os disse me disse; Ex.: Que alegria!
o leva e traz – os leva e traz; � Pronome interrogativo (no final de frase é
o cola-tudo – os cola-tudo. acentuado)
Ex.: Por que não vai conosco?
FUNÇÕES DO SE Não vai conosco por quê?
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é
Embora já tenhamos abordado esse tema anterior- acentuado)
mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade;
cobradas desse vocábulo. � Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
Funções Morfológicas Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer-
tas coisas;
z Pronome; � Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
z Conjunção. adjetivo)
Ex.: Que bela tarde!
Funções Sintáticas � Interjeição (sempre acentuado)
Ex.: Quê! Você tem coragem?
� Pronome reflexivo com a função sintática de obje- � Partícula expletiva
to direto Ex.: Que experto que é teu irmão!
Ex.: Elas não se encontram na redação; � Faz parte da locução expletiva
� Pronome reflexivo com a função sintática do obje- Ex.: Ele é que sabe das coisas!
to indireto � Conjunção causal (igual a “porque”)
Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar; Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- adequadas;
ca do objeto direto � Conjunção integrante
Ex.: Admiravam-se de longe; Ex.: Suponhamos que elas viessem;
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- � Conjunção comparativa
ca do objeto indireto Ex.: Uma era mais esperta que a outra;
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas; � Conjunção concessiva (igual a “embora”)
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele;
infinitivo � Conjunção condicional (igual a “se”)
Ex.: Ela deixou-se ir; Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
� Pronome apassivador gar a mercadoria;
Ex.: Compram-se jornais; � Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
� Pronome de realce Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos;
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução; � Conjunção temporal
� Índice de indeterminação do sujeito Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram
Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo; tudo;
� Parte integrante dos verbos essencialmente � Conjunção final
pronominais Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse;
Ex.: Queixou-se muito da vida; � Conjunção consecutiva
� Conjunção subordinativa integrante Ex.: Falou tanto que ficou rouco;
Ex.: Ela queria ver se conseguiria; � Conjunção aditiva
� Conjunção subordinativa condicional Ex.: Anda que anda e nada encontra;
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos. � Conjunção explicativa
Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.
FUNÇÕES DO QUE
FUNÇÕES DO SEM QUE
Funções Morfológicas
Locução conjuntiva com valor de condição, conces-
z Pronome; são, consequência, negação de consequência, negação
z Substantivo; de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para
z Preposição; formar orações subordinadas reduzidas de infinitivo.
z Advérbio; Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
z Interjeição; atrás.”
z Conjunção. Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
PORTUGUÊS

Funções Sintáticas ção reduzida de infinitivo.


Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade
de informação e não será exercida sem que esta esteja
� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”)
assegurada a todos os veículos de comunicação visual.”
Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece
Poderia ser reescrita como “A democracia não será
termos;
efetiva sem liberdade de informação e não será exer-
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi- cida sem esta estar assegurada a todos os veículos
sa”) ligado ao verbo de comunicação visual”, formando agora uma oração
Ex.: Elas não sabiam o que fazer; reduzida de infinitivo. 203
COLOCAÇÃO PRONOMINAL Versificação

Estudo da posição dos pronomes na oração. Não cobre amor,


que amor não é cobre. VERSO
z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo. É ouro.
Casos que atraem o pronome para próclise:
Não peça amor,
„ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.: que amor não é peça. ESTROFE
Não me submeto a essas condições. É todo.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel. Mas chama, chama amor,
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se que amor é chama.
apresente como um rico investidor, ele nada tem. É fogo!
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: Em
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. (C. Lemos)
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na espe-
rança de sermos ouvidos, muito lhe agradecemos. Estrutura Estrófica
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
CLASSIFICAÇÃO DAS
NÚMERO DE VERSOS
z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver- ESTROFES
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: 2 Dístico

„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos 3 Terceto


que estejam conjugados no futuro, caso não
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: 4 Quadra ou Quarteto
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
dos nossos estudantes. 5 Quintilha ou Quinteto

6 Sextilha
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos
que atraem o pronome para ênclise: 7 Sétima

„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- 8 Oitava


to honrada com esse título.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por 9 Nona
favor.
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o 10 Décima
quanto sou importante. Irregular — Não há
Mais de 10
classificação
Casos proibidos:

„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / Dica


Dá-me esse caderno! (certo). Como contar as sílabas?
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
Conta-se até a última sílaba tônica da última
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
palavra do verso.
-se de nada (correto).
Exemplo: pa la vras não e ram di tas.
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). Última sílaba tônica (para a rima).
No interior do verso, a sílaba terminada em
vogal se une à sílaba seguinte, se ela também
começar por vogal.
Exemplo: Um/ cor/po a/ber/to/ co/mo os/ a/ni/
NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO mais —> 10 sílabas métricas.
� Elisão: junção da vogal final de uma palavra
ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA,
com a vogal inicial da palavra seguinte.
ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA
PRINCIPAIS TIPOS DE RIMAS
Neste tópico, serão apresentadas as noções básicas
referentes ao estudo de poemas, buscando facilitar a
sua compreensão. ESQUEMA RIMÁTICO CLASSIFICAÇÃO

VERSO AABB Emparelhada

ABAB Cruzada
Verso é cada linha de um texto poético, que,
geralmente, organiza-se em estrofes ritmadas, basea- Interpolada ou
ABBA ou ABCA
das na sonoridade, contendo figuras de linguagem e intercalada
buscando criar um efeito de sentido conhecido como
rima. ABCD Versos soltos ou brancos
204
As rimas podem ser: z Soneto: composto por 14 versos, sendo duas estro-
fes quartetos, ou conjuntos de quatro versos e outras
z Rima pobre: entre palavras da mesma classe gra- duas, tercetos, ou seja, conjuntos de três versos:
matical. Exemplo: “Já vi sua fotografia, tenho sau-
dade noite e dia”; Soneto da Separação
z Rima rica: entre palavras de classes gramaticais (Vinícius de Moraes)
diferentes. Exemplo: “Onde estiver, vai me ouvir
dizer: não vivo sem você”. De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como bruma
Tipos de Rimas E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

Vagueio campos noturnos (A) De repente da calma fez-se o vento


Muros soturnos (A) Que dos olhos desfez a última chama
EMPARELHADA E da paixão fez-se o pressentimento
paredes de solidão (B) AABB
sufocam minha canção (B) E do momento imóvel fez-se o drama.
(Ferreira Gullar)
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
Tu és um beijo materno! (A) E de sozinho o que se fez contente.
Tu és um riso infantil, (B)
ALTERNADAS
Sol entre as flores de inverno, (A) ABAB
Fez-se do amigo próximo o distante
Rosa entre as flores de abril! (B) Fez-se da vida uma aventura errante
(J. de Deus) De repente, não mais que de repente.

z Trova: também chamadas de quadrinhas, as tro-


z Rimas Emparelhadas: rimas que ocorrem em encon- vas são pequenos poemas de apenas uma estrofe:
tros, sucedendo uma à outra. Sua estrutura é AABB;
z Rimas Alternadas: rimas cujo efeito sonoro O amor que a teu lado levas
encontra sonoridade com os versos ímpares, como, a que lugar te conduz,
por exemplo, quando o primeiro verso rima com o que entras coberto de trevas
terceiro. Sua estrutura é ABAB. e sais coberto de luz?
(Olavo Bilac)

z Balada: formada por três oitavas e uma quadra,


Saudade! Olhar de minha mãe rezando (A) geralmente, de versos octossílabos. Era uma forma
E o pranto lento deslizando em fio... (B) de poesia cultuada pelos franceses no século XVIII,
Saudade! Amor dminha terra... O rio (B) OPOSTAS
ABBA e, no Brasil, os Parnasianos reviveram esse modelo
Cantigas de águas claras soluçando. (A)
de poesia. Exemplo:
(Da Costa e Silva)

Vi-te pequena: ias rezando


Para a primeira comunhão:
Toda de branco, murmurando,
Na fronte o véu, rosas na mão.
Não ias só: grande era o bando
Ouve ó Glaura, o som da lira
Mas entre todas te escolhi:
Que suspira lagrimosa. Minha alma foi-te acompanhando,
Amorosa, em noite escura, ENCADEADAS A vez primeira em que te vi.
Sem ventura, nem prazer.
(Silva Alvarenga) Tão branca e moça! o olhar tão brando!
Tão inocente o coração!
Toda de branco, fulgurando,
z Rimas Opostas ou Intercaladas: essas rimas Mulher em flor! flor em botão!
encontram sonoridade com os seguintes versos: o Inda, ao lembrá-lo, a mágoa abrando.
primeiro rima com o quarto e o segundo rima com Esqueço o mal que vem em ti,
o terceiro, construindo, assim, a estrutura “ABBA”; E, o meu rancor estrangulando,
z Rimas Encadeadas: essas rimas não apresentam Bendigo o dia em que te vi.
uma estrutura fixa como as demais, pois as pala-
vras das rimas se situam no fim de um verso e no Rosas na mão, brancas... E, quando
início de outro, como demonstrado no exemplo Te vi passar, branca visão,
anterior. Vi, com espanto, palpitando
Dentro de mim, esta paixão...
O coração pus ao teu mando...
PORTUGUÊS

POEMAS DE FORMAS FIXAS E, porque escravo me rendi,


Ando gemendo, aos gritos ando,
Há poesias que apresentam uma forma fixa a – Porque te amei! porque – te vi!
seguir. A tradição desses poemas remonta escolas lite-
rárias apegadas à forma e à classificação linguística. A Depois fugiste... E, inda te amando,
seguir, alguns exemplos: Nem te odiei, nem te esqueci:
– Toda de branco... Ias rezando...
Maldito o dia em que te vi!
(Olavo Bilac) 205
Além desses, são poemas de formas fixas o Rondó em vista que é o atual idioma da Galiza, na Espa-
e a Sextilhas. nha. Foi falado até o século XIV.
O Rondó se refere a um poema de forma fixa, z Século: Português arcaico
composto em versos de oito ou dez sílabas, em duas z Fatos: A mistura de povos da península Ibérica
rimas, com a seguinte estrutura: uma quintilha (rimas realmente enriqueceu o sistema linguístico euro-
AABBA); um terceto (rimas AAB), ao qual se ajusta a peu, fazendo emergir não apenas o galego, como
guisa de refrão, a primeira ou primeiras palavras da também o nosso português. A presença de árabes,
peça; uma segunda quintilha (rimas AABBA), também muçulmanos e romanos fortaleceu o surgimen-
seguida do mesmo refrão. to do português, marcado nos textos literários do
Já as Sextilhas correspondem às estrofes de seis Trovadorismo.
versos. z Século: Português moderno
z Fatos: Língua oficial de 6 países, além do Brasil:
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau,
Cabo Verde, Angola e Portugal. Além disso, é um
TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA dos idiomas reconhecidos oficialmente na Orga-
nização das Nações Unidas (ONU) e nestes territó-
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA; LINGUAGEM, rios: Macau e Goa.
LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO; NÍVEIS DE
LINGUAGEM, FUNÇÕES DA LINGUAGEM; FIGURAS LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO
DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
A linguagem é um processo que relaciona cinco
História da Língua Portuguesa fatores. Acompanhe a seguir:

A complexidade do fenômeno linguístico desa- z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um


fia a compreensão do homem em diferentes locais e papel na sociedade;
épocas. Vamos traçar, brevemente, a história da cons- z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante
trução desse saber metalinguístico, enfatizando o sig- saber o grau de intimidade que se tem com quem
nificado, que é o objeto dos estudos semânticos. está falando;
z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca-
Principais Aspectos dos Estudos Sobre a História da ções ideológicas;
Língua Portuguesa z Situação imediata: O que se apresenta quando a
fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou
z Século: IV a.C. imaterial (tempo, espaço);
z Fatos: O gramático hindu Panini se propõe a des- z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais,
crever minunciosamente o ramo da língua Sâns- ideológicas e históricas que permeiam a fala.
crito, braço de inúmeras línguas; entre elas, estava
o latim, que, mais tarde, originou o português. Observando esses cinco aspectos, pode-se perce-
z Século: IV/V a.C. Pré-românico ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela,
z Fatos: As preocupações dos gregos com a arbitra- também importam fatores como a intimidade entre os
riedade da linguagem deram origem a um dos pri- sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto
meiros tratados sobre linguagem que orientaram sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa,
os estudos linguísticos por muito tempo. Os prin- ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a
cipais filósofos que contribuíram para isso foram sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura.
Crátilo e Platão. Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado
não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que
Nesse período, que antecedeu as conquistas roma- deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos.
nas, o latim já era uma língua que ganhava espaço Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a
entre os povos conquistados. Assim, surgiu o latim parte operacional da linguagem, por meio da qual
vulgar, língua que deu origem a todas as demais lín- esta se realiza.
guas latinas, incluindo o português. Ressaltamos que
Já o discurso envolve elementos enunciativos que
o latim culto, língua ainda falada no Vaticano, não era
englobam agentes localizados no tempo, no local e na
a variante usada pelo povo; por isso, as mudanças que
língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a
ocasionaram novos idiomas derivam do latim vulgar.
marca pessoal do indivíduo que fala.
z Século: Românico
RESUMINDO
z Fatos: Fortalecendo o latim vulgar e levando ao surgi-
mento de outras línguas, como o galego. Além desse, Processo de interação entre participantes
Linguagem
idiomas estabelecidos hoje, como o Espanhol, o Italia- da enunciação
no e o Português, são remanescentes desse período. Língua Sistema pelo qual a linguagem opera
z Século: Galego-português Marcas deixada pela língua em práticas
z Fatos: Remonta aos idos de 1170/1220. O testamen- Discurso de determinada classe social
to de Afonso II, rei de Portugal, é um dos documen- Exemplo: Discurso político
tos mais antigos escritos nessa língua, que marca
um território na península Ibérica. Esse idioma Efeito da linguagem que pertence a uma
marca não apenas aspectos históricos da língua Estilo pessoa, marcando suas idiossincrasias
206 na fala
portuguesa, mas aspectos sociais e políticos, tendo
NÍVEIS DE LINGUAGEM E VARIAÇÕES z Variação diatópica ou geográfica
LINGUÍSTICAS
A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
ela pode ser considerada um conjunto de dialetos. uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
Alguém já disse que em país algum se fala uma língua nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
só, há várias línguas dentro da língua oficial. E no Bra- também o exemplo das variações que ocorrem em
sil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cida- diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha-
dão tem a sua. A essa característica da língua damos mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
o nome de variação linguística. De forma sintética, lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: para representar um carinho feito em alguém. O que
padrão formal e padrão informal; cada um desses em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
tipos apresenta suas peculiaridades e espécies deriva- no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
das. Vejamos: variação denominamos diatópica lexical, já que lexi-
cal significa algo relativo ao vocabulário.
PADRÃO FORMAL
z Variação diastrática ou sociocultural
Norma Culta
A variação diastrática, como também ocorre com
a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida
dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
pelos padrões definidos conforme a classe social mais
víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
abastada, detentora de poder político e cultural. As
variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, trática lexical. E falar “Houveram menas percas” no
as regras da língua, direcionando o que é considerado lugar de “Houve menos perdas” é variação diastráti-
permitido e aquilo que não é. ca sintática.

Norma Padrão z Variação diafásica ou estilística

A norma padrão diz respeito às regras organizadas A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a padrões sociais; embora saibamos que a influência de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica sintática.
busca formalizar em regras e padrões as suas normas
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre VARIAÇÃO DIAFÁSICA
a linguagem.
Mudança no som, como
PADRÃO INFORMAL veio (pronúncia com E aber-
Diafásica fonética to) e more (pronúncia com
E fechado, assemelhando-
Coloquialismo
-se quase a pronúncia de i)
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné- Ocorre em contextos de
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que informalidade, em que há
apresenta formas informais no falar e/ou escrever. Diafásica lexical mais liberdade para usar
gírias e expressões lexicais
Oralidade diferentes
Ocorre com a alteração
A oralidade marca as maneiras informais de se Diafásica sintática dos elementos sintáticos,
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela ocasionando erros
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
PORTUGUÊS

orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali- z Variação diacrônica


zados apenas pela linguagem oral.
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido
Linguagem Coloquial estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos.
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as
A linguagem coloquial marca formas fora do palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, Além dessas, a variação diacrônica também marca a
existem alguns tipos de variação linguística; dentre presença de gírias comuns em determinadas épocas,
elas, as mais comuns em provas de concurso são: como broto, chocante, carango etc. 207
FUNÇÕES DA LINGUAGEM FIGURAS DE LINGUAGEM — FIGURAS DE SINTAXE

Função Emotiva ou Expressiva Consistem em modificações da estrutura da oração


(ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe-
Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo- tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na para conferir mais expressividade ao enunciado.
primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
interior; também é comum o uso de interjeições, reti- Elipse
cências, ponto de exclamação e interrogação para
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é Utilizada para omitir termos numa oração que não
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e foram mencionados anteriormente, mas que podem
narrativas de teor romântico ou dramático. ser facilmente identificados pelo interlocutor. Essa
omissão pode ser percebida por indícios gramaticais
Função Apelativa ou Conativa ou dentro do próprio contexto.
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava
Tem como objetivo convencer e influenciar o atrasada. (“elipse sujeito -ela”)
comportamento do receptor da mensagem. Essa fun- Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os
ção caracteriza-se pela presença das formas tu, você, políticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposi-
vocês (explícitas ou subtendidas no texto), de vocati- ção – “de mãos erguidas”)
vos e de formas verbais no imperativo que expressam
ordem, sugestão, apelo etc. Essa função é predomi-
Zeugma
nante em textos publicitários, propagandas, horósco-
pos, manuais de advertências, tutoriais etc.
Considerado um caso particular de elipse, o zeug-
ma consiste omissão em orações seguintes de palavras
Função Referencial
expressas na oração anterior.
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró-
prio assunto, o que faz dela uma função predominan- Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos lho a outra.
livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e Pleonasmo
impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
sentindo específico. Consiste na repetição de termos ou ideias com o
objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
Função Fática Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
cius de Moraes)
Essa função serve para estabelecer ou interromper “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se
a comunicação com o interlocutor. Pode ser encontra- a si mesma.” (Machado de Assis).
da em expressões de cumprimento, saudações, discur-
sos etc. Dica

Função Metalinguística ou Metalinguagem Existe o pleonasmo literário, que é um recur-


so estilístico aceitável e muito explorado na
Acontece quando a linguagem é usada para expli- literatura e na música. O problema é quando o
car a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor pleonasmo se torna vicioso. Expressões como
explica o código utilizando o próprio código. Na cate- “fatos reais”, “subir para cima”, “ganhar de gra-
goria de textos, merecem destaque as gramáticas e os ça”, “cego dos olhos” e outras constituem um
dicionários. vício de linguagem. A repetição da ideia tor-
na-se, portanto, desnecessária, pois não traz
Função Poética nenhum reforço à ideia apresentada.

Preocupa-se com a maneira como a mensagem Polissíndeto


será transmitida. Essa função, embora seja comum
em poesias, também pode ser encontrada em slogans Figura que consiste no uso excessivo e repetitivo
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas de conjunções.
etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o vo Bilac)
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor,
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
que a interpreta de maneira subjetiva.
Oliveira)

Assíndeto
Importante!
Observe que, quando se trata de identificar uma É a figura que consiste na omissão reiterada de
determinada função em um texto, dizemos que conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
ela predomina naquele texto (ou em grande parte denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre clara e dinâmica.
isoladamente: o mais comum é que em um texto Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
se combinem duas ou mais funções de linguagem. esqueça.” (Pitty)
208 “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Anáfora oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
de silepse:
Consiste na repetição de palavra ou expressões no
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum z Silepse de Gênero: Há uma discordância entre
em textos estruturados em versos consecutivos (poe- os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a adjetivos. Notamos na oração a presença do con-
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido. traste entre os gêneros masculino e feminino.
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de trata-
É um resto de toco, é um pouco sozinho mento certamente se refere a alguma autoridade do
É um caco de vidro, é a vida, é o sol sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom z Silepse de Número: Há uma discordância entre o
Jobim) verbo e o sujeito da oração quando ele expressa
“Quando não tinha nada eu quis uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo con-
Quando tudo era ausência, esperei corda com a ideia que nele está contida.
Quando tive frio, tremi Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury) vam” concorda com “alunos”)
z Silepse de Pessoa: Há uma discordância entre o
Aliteração verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujei-
Recurso sonoro que consiste na repetição de sons to expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
consonantais para intensificar a rima e o ritmo. flexão verbal na primeira pessoa.
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade) Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
“Se desmorono ou se edifico, futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p.
se permaneço ou me desfaço, plural)
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.” (Cecília Meireles) Anacoluto

Assonância Consiste na quebra ou interrupção da estrutura


normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
Figura de linguagem que aborda o uso de som em do restante da sentença e não estabelece nenhuma
harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais. ligação sintática com os demais.
Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da vogal a. Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
FIGURAS DE PALAVRAS
Onomatopeia
As figuras de palavras estão associadas ao signifi-
Recurso sonoro que procura representar os sons cado delas. Caracterizam-se por apresentar uma subs-
específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de tituição ou transposição do sentido real da palavra
uma percepção aproximada da realidade. para assumir um sentido figurado construído dentro
Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus- de um contexto. A substituição de uma palavra por
tiado na prova”. outra pode acontecer por uma relação muito próxi-
“Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da reunião”. ma (contiguidade) ou por uma comparação/analogia
(similaridade).
Hipérbato ou Inversão
Comparação
Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem
Analogia explícita entre dois termos; a principal
direta dos termos da oração. Essa inversão confere
diferença entre a comparação e a metáfora, que é
maior efeito estilístico na construção do enunciado.
outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves
ração se estabelece com o uso de conectivos.
tormentos” (Luiz Vaz de Camões)
Ex.: Minha boca é como um túmulo.
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os
A menina é como um doce.
bons no mundo de graves tormentos.
Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
nublada.
Anástrofe
Metáfora
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre-
Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
judicando o entendimento do enunciado. gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana-
Ex.: logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
PORTUGUÊS

“Sabes também quanto é passageira essa desavença prego da palavra fora do seu sentido normal.
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim) Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes (Carlos Drummond de Andrade)
também quanto essa desavença é passageira”. Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan-
do Pessoa)
Silepse Observe:

Consiste na concordância com o termo que está


subtendido na oração e não com o termo expresso na 209
z Metáfora: relação de semelhança não explícita. � A coisa pela sua representação:
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida-
O que foi isso, Foi um candidato tos é chegar à Presidência da República).
homem? “ficha suja” que me � O inventor pelo invento:
abraçou... Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego
comprou uma obra de Picasso no museu).
� A matéria pelo objeto:
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque-
la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas
aquela mobília.)
� O proprietário pela propriedade
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao
consultório médico buscar meus exames).

Sinédoque

z Comparação: relação de semelhança estabele- Atualmente as gramáticas não realizam distinção


cida por conectivos. entre metonímia e sinédoque; a diferença entre essas
figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se estabe-
lece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando
se amplia ou se reduz a significação das palavras. As
relações entre os termos são basicamente as seguin-
tes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela
espécie, particular pelo geral (ou vice-versa).
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).
É preciso pensar na criança (nas crianças).

Antonomásia ou Perífrase

A antonomásia é uma figura que consiste na subs-


tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020. buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
nome por outro, o que pode configurar uma espécie
Metonímia de apelido para o ser designado.
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema
Consiste na substituição de um termo pelo outro “O navio negreiro”. (Castro Alves)
em virtude de uma relação de proximidade ou conti- Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza- tos Dumont)
da dos seguintes modos: Observação: A antonomásia é uma espécie de
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi-
� A parte pelo todo: sas, animais ou lugares) por meio de características,
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o atributos ou um fato que o celebrizou.
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
garantir alimento aos filhos). Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris)
� O autor pela obra: Qualquer dúvida consulte o pai dos burros.
Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os (dicionário)
leitores da obra de Machado de Assis são cultos).
� O continente pelo conteúdo: Sinestesia
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A
menina bebeu todo o suco da jarra). Consiste no recurso que engloba um conjunto de
� A marca pelo produto: percepções e sensações interligadas aos processos
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão,
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário). audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per-
� Singular pelo plural: cepção ou sensação de um sentido é atribuída a outro.
Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam.” (Ca-
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais). simiro de Abreu)
� O concreto pelo abstrato: “E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os da”. (Ferreira Gullar)
jovens estão cada vez mais ansiosos).
� A causa pelo efeito: FIGURAS DE PENSAMENTO
Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a
casa com o meu trabalho). Processo expressivo que enfatiza o aspecto semân-
� O instrumento pelo agente: tico da linguagem. As figuras de pensamento introdu-
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do zem uma ideia diferente daquela que a palavra em
210 veículo atropelou o cachorro). seu sentido real exprime.
Antítese intensidade à expressão. Os termos da oração são fru-
tos de uma hierarquia e podem ser de ordem crescen-
Consiste no emprego de conceitos que se opõem e que te ou decrescente.
podem ocorrer de maneira simultânea em uma mesma Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um
oração. Na antítese, os conceitos antônimos não se contra- bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
dizem e estão relacionados a referentes distintos. (Machado de Assis)
Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní- “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
cius de Moraes) ro Lobato)
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
Apóstrofe
Personificação ou Prosopopeia
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
Consiste em atribuir características, sentimentos e personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
comportamentos próprios de seres humanos a seres meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia-
em textos literários, como fábulas e apólogos.
na), nos textos religiosos, políticos e poéticos.
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma
Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende-
sacada...” (cantiga popular).
mos nessa luta”.
“As pedras andam vagarosamente”.
“Senhor, tende piedade de nós”.
Paradoxo
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
Consiste no emprego de conceitos opostos e contra-
ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo, Quando escolhemos determinadas palavras ou
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen- expressões dentro de um conjunto de possibilidades
te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao de uso, estamos levando em conta o contexto que
autor uma licença poética. influencia e permite o estabelecimento de diferentes
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a relações de sentido. Essas relações podem se dar por
acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller) mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves)

Eufemismo Importante!
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão
sões de um idioma.
que serve para amenizar/ suavizar uma informação
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para
que cada falante seleciona do léxico para se
validar a polidez nas relações sociais.
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de bele- comunicar.
za.” (feia)
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus”
Sinonímia
(morreu)
São palavras ou expressões que, empregadas em
Hipérbole
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos
Uso de expressões intencionalmente exageradas
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
para dar maior ênfase à mensagem expressa pelo
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
emissor.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade o que pode não acontecer em outras situações. O
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
(Cazuza) exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”. lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
(Pollo) de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
Ironia so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga- capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá- do texto.
PORTUGUÊS

vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento.


Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e Antonímia
onze contos de réis...” (Machado de Assis)
“Parece um anjinho, briga com todos”. São palavras ou expressões que, empregadas em
um determinado contexto, têm significados opostos.
Gradação As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
não) em uma escala progressiva de maior ou menor casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: 211
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.

z Absorver/absolver
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
„ Tentaremos absorver toda esta água com
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
esponjas. (sorver)
se contexto.
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
de seus pecados (inocentar).
Homonímia

Homônimos são palavras que têm a mesma pro- z Aferir/auferir


núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a „ Realizaremos uma prova para aferir seus
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- conhecimentos (avaliar, cotejar).
nimos importantes: „ O empresário consegue sempre auferir lucros
em seus investimentos (obter).
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) z Cavaleiro/cavalheiro
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
„ Todos os cavaleiros que integravam a cavala-
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
ria do rei participaram na batalha (homem que
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
anda de cavalo).
bucho (estômago) buxo (arbusto) „ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) sempre as portas para eu passar (homem edu-
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cado e cortês).
sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio) z Cumprimento/comprimento
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção) „ O comprimento do tecido que eu comprei é de
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) 3,50 metros (tamanho, grandeza).
cerrar (fechar) serrar (cortar) „ Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
cervo (veado) servo (criado)
z Delatar/dilatar
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
„ Um dos alunos da turma delatou o colega que
pagamento) xadrez)
chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
círio (vela) sírio (natural da Síria)
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
cito (forma do verbo citar) sito (situado) do seu estômago (alargar, estender).
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo) z Dirigente/diligente
coser (costurar) cozer (cozinhar)
exotérico (que se expõe em „ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
esotérico (secreto)
público) rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
espectador (aquele que expectador (aquele que tem soa que dirige, gere).
assiste) esperança, que espera) „ Minha funcionária é diligente na realização de
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) suas funções (expedito, aplicado).
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) z Discriminar/descriminar
estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior) „ Ela se sentiu discriminada por não poder
extrato (o que se extrai de entrar naquele clube (diferenciar, segregar).
estrato (camada)
algo)
212
„ Em muitos países se discute sobre descrimi- Uma estratégia para entender o fenômeno literário
nar o uso de algumas drogas (descriminalizar, é a oposição. Por exemplo, ao opor o texto científico ao
inocentar). texto artístico, tem-se que: enquanto o texto científico
emprega as palavras sem preocupação com a beleza,
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. o texto artístico, ao contrário, possui essa preocupa-
Acessado em 17/10/2020. ção. Outra comparação é em relação ao emprego e o
sentido das palavras. Sabe-se que no texto científico
Polissemia (Plurissignificação) as palavras são empregadas no seu sentido dicionari-
zado, denotativo, enquanto no texto artístico busca-se
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- empregá-las com mais autonomia, atribuindo prefe-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras rência ao seu sentido conotativo.
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- PROSA E POESIA
semia é encontrada no exemplo a seguir:
Os textos literários se dividem em duas partes:
prosa e poesia. Para tanto, nesse tópico serão apresen-
tadas as definições de cada uma delas.
Comecemos pela poesia: a poesia é a linguagem
subjetiva, metafísica e vaga com o mundo interior do
poeta. Quanto a sua forma, estrutura-se perante um
texto curto, com orações e períodos curtos, em que
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. sobressaem a estética, a harmonia e o ritmo. Trata-se
da mais antiga composição do mundo.
Hipônimo e Hiperônimo A Prosa, por sua vez, é consolidada por uma lin-
guagem objetiva e usual e diz-se de um veículo natu-
Relação estabelecida entre termos que guardam ral do pensamento humano. Outrossim, a prosa
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- possui diversas formas, chamadas de subgêneros lite-
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – rários, bem como: romances, críticas, novelas, contos
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... etc. Vejamos as diferenças entre um texto em forma
de poesia e outro em forma de prosa:

z Poema

INTRODUÇÃO À LITERATURA „ frases curtas;


„ destaque para a beleza dos versos;
A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A „ uso de rimas: porta/importa, minha/vizinha;
EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL E „ uso de métrica: contagem de sílabas poéticas;
NO BRASIL „ texto escrito em forma de versos.

A Literatura está ligada à escrita e sua origem per- z Prosa


de-se nos tempos. Não há um único marco histórico do
surgimento da escrita, tendo em vista que os desenhos „ frases longas, em só período;
das cavernas são considerados escritos antigos. Nesse „ não há beleza no texto, somente a informação;
viés, a Literatura é a arte de compor escritos artísti- „ texto objetivo: transmitir uma mensagem;
cos, em prosa ou em verso, de acordo com princípios „ não há métrica, nem rima, nem ritmo;
teóricos e práticos, é o exercício dessa arte ou da elo- „ texto escrito em forma de parágrafos.
quência e poesia.
Sabe-se que a “Literatura” vem do latim “litteris”,
em tradução “Letras”, e possivelmente, uma tradução
Dica
do grego “grammatikee”. Na Roma antiga, literatura Embora os nomes sejam parecidos, é importante
significava uma instrução ou um conjunto de saberes se atentar ao fato de que os termos “poema” e
ou habilidades para escrever e ler bem. “poesia” não significam a mesma coisa. Poema
O escrever e o ler bem, por sua vez, relacionam-se é um texto literário composto de versos, estrofes
com as artes da gramática, da retórica e da poética. e, às vezes, rima. Já a poesia é a própria manifes-
Por extensão, referem-se especificamente à arte ou ao
tação artística, baseada na linguagem subjetiva
ofício de escrever de forma artística. Nos dias atuais, o
e estética.
termo “Literatura” também é utilizado como referên-
cia a um corpo ou conjunto escolhido de textos como,
A Linguagem Literária e a Não Literária
por exemplo, a literatura inglesa, a literatura médica,
a literatura portuguesa, a literatura japonesa etc.
PORTUGUÊS

Mais profícuo do que tentar definir a Literatura é Antes de mais nada, é necessário entender que
encontrar um caminho para decidir o que torna um existem as linguagens literária e a não literária, que
texto, em sentido lato, literário. A literatura está geral- são bem diferentes entre si. Seguindo o conceito, a
mente associada à ideia de estética, ou melhor, à ideia linguagem literária é emotiva, sentimental e abarca
de ocorrência de algum procedimento que seja estéti- as figuras de linguagem e o sentido conotativo das
co. Segundo Aristóteles, um texto é literário, portanto, palavras. Ou seja, apresenta o fantástico que precisa
quando consegue produzir um efeito estético no leitor ser descoberto através de uma leitura atenta. Já a lin-
e quando provoca catarse no receptor. guagem não literária se refere à transmissão de sabe-
res e da informação no âmbito das necessidades da 213
comunicação social. Você pode encontrá-la na ciência, Pintando mil segredos delicados,
na técnica, no jornalismo e na conversação entre os Brandas iras, suspiros magoados,
falantes. Temerosa ousadia e pena ausente.
Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
duas formas: Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
LINGUAGEM LINGUAGEM NÃO
LITERÁRIA LITERÁRIA Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Intralinguística Extralinguística Aqui falta saber, engenho e arte.
Luís de Camões
Ambígua Clara/exata

Conotação Denotação
Importante!
Sugestão Precisão
Para a compreensão dos gêneros literários, pre-
Transfiguração da cisamos saber que o lirismo e a subjetividade
Realidade
realidade não são exclusivos do gênero lírico. Também é
preciso separar a participação do “eu-lírico”, ou
Subjetiva Objetiva
seja, a voz que fala no poema da voz do artista
Ordem inversa Ordem direta (o poeta).
Além do mais, é importante salientar que os tex-
GÊNEROS LITERÁRIOS tos líricos são marcados pelo uso da primeira
pessoa, a linguagem conotativa das palavras,
Na teoria literária, o estudo dos gêneros literá- assim como por figuras de linguagem.
rios se ocupa em agrupar as diversas modalidades de
expressão literária pelas suas características de forma
e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti- Gênero Dramático
lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre
os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a Do grego, a palavra “drama” significa “ação”. Tra-
mistura entre eles. Para classificar uma obra, então, é ta-se de um modo específico de textos baseado na per-
necessário verificar a predominância de um gênero. A formance. Sendo assim, o gênero dramático abrange os
classificação básica dos gêneros compreende: o lírico, textos em forma de diálogos destinados à encenação.
o épico e o dramático. No gênero dramático, não há uma narração de
fatos, como existe no romance, tendo em vista que
Gênero Lírico os personagens assumem seus papéis diante de um
público envolvido com os acontecimentos.
Vale destacar que uma peça é uma obra literária,
A poesia lírica surgiu na Grécia Antiga, sendo ori-
enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado,
ginalmente declamada ao som da lira, daí a origem da
como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos
palavra “lírico”. A lira, pela tradição literária, passou
empregados na apresentação, como: maquiagem, ilu-
a simbolizar a poesia.
minação, imposição de voz, cenário e figurino.
No gênero lírico, predomina o sentimento, a emo-
ção, a subjetividade e a expressão do “eu”. Trata-se da
manifestação do mundo interior através de uma visão z Exemplos de textos dramáticos:
pessoal do mundo.
Quanto à temática, a lírica expressa os sentimen- „ Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri-
tos internalizados por um indivíduo (sujeito lírico, vados das paixões humanas do qual fazem parte
narrador), sejam eles positivos ou negativos, emoções personagens nobres e heroicas, sejam deuses
de amor, raiva, angústia, solidão, saudade, tristeza, ou semideuses. Os finais são sempre nefastos.
dentre outras. Dessa forma, o gênero lírico se volta Como exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de
para a subjetividade da voz poética. Sófocles, e “Romeu e Julieta”, de Shakespeare;
A linguagem lírica se mostra densamente meta- „ Comédia: textos humorísticos de caráter crí-
fórica, sendo predominante a exploração da sonori- tico, irônico, jocoso e satírico, podendo ser
dade e o arranjo das palavras. Aqui, estamos falando até mesmo obscenos, cuja temática são ações
especificamente do lirismo na Literatura, que pode se cotidianas das quais fazem parte persona-
identificar com outras formas de arte, sendo encon- gens humanos e estereotipados, geralmente
trado na própria poesia, em romances, em filmes ou o povo e a nobreza. O objetivo era o de fazer
quadros, além de outras formas de arte. sátiras políticas, críticas sociais e paródias, com
Observe neste poema as características do gêne- o intuito de causar o riso;
ro lírico e a subjetividade que aparece embalada por „ Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele-
emoções e sentimentos: mentos trágicos e cômicos na representação teatral;
„ Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa se
Eu cantarei de amor tão docemente, caracteriza pela crítica social. É um texto curto,
Por uns termos em si tão concertados, formado por diálogos simples, que são repre-
Que dois mil acidentes namorados sentados por personagens caricaturais em ações
Faça sentir ao peito que não sente. corriqueiras, cômicas, burlescas. Como exemplo
famoso na língua portuguesa, pode-se citar “A
214 Farei que amor a todos avivente, farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente;
„ Auto: surgido na Idade Média, os autos são textos curtos, de linguagem simples, com elementos cômicos e
intenção moralizadora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pecados, ou representam anjos, demô-
nios e santos. Um dos autos mais famosos na língua portuguesa é o “Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visi-
tação”, de Gil Vicente. Modernamente, podem ser encontrados textos notáveis que revelam certa influência
medieval, como é o caso do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.

Gênero Épico ou Narrativo

O gênero narrativo se estrutura pela narração, sendo característica a narração das ações das personagens em
determinado tempo e espaço.
A forma narrativa consagrada na antiguidade era a épica, em que se faziam relatos de versos sobre as origens
das nacionalidades e os acontecimentos históricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis das epopeias
eram personagens históricos ou semideuses, isto é, pessoas que se destacaram por excepcionais façanhas. Cum-
pre ressaltar as mais célebres epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Eneida”, de Virgílio; e “Os Lusía-
das”, de Camões.
Modernamente, as formas narrativas resultam da evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza a
pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira em torno de um único conflito e, em consequência, decorre
a unidade de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas dos jornais, explora fatos da atualidade e do
cotidiano.

A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL E NO BRASIL

Inicialmente, torna-se importante salientar que toda a produção literária no Ocidente foi dividida didatica-
mente em “Eras ou Épocas”, as quais poderão ser melhor compreendidas adiante.
A Literatura Portuguesa foi a primeira e maior influência da Literatura Brasileira. Considerando que a maioria
dos movimentos literários surgiram na Europa, sobretudo, na França, a Literatura Portuguesa se alimentou de
fontes, principalmente, francesas e inglesas, o que, de certa forma, também caracteriza a Literatura Brasileira, em
especial, até o Realismo. Afinal, a maioria dos escritores renomados da literatura brasileira nasceram, cresceram
ou estudaram na Europa neste período.
Na Literatura de Portugal, as Eras são classificadas em: Medieval, Clássica e Moderna, sendo que dentro de
cada uma há um conjunto de movimentos literários. Dessa forma, os movimentos literários do Trovadorismo
(1189) e do Humanismo (1418) estão agrupados na Era Medieval. Na Era Clássica, deparamos com o Classicismo
(1527), o Barroco (1580) e o Arcadismo (1756). Por fim, na Era Moderna, também denominada Era Romântica,
estão os movimentos: Romantismo (1825), Realismo-Naturalismo (1865), Simbolismo (1890) e Modernismo (1915).
No entanto, de forma geral, os movimentos literários no Brasil sempre afloraram com uma ou duas décadas de
defasagem em relação a Portugal, como pode ser observado na linha do tempo disposta abaixo:

Linha do Tempo dos Movimentos Literários no Brasil e em Portugal

Movimentos Literários Portugal Brasil

ERA MEDIEVAL Trovadorismo 1198-1418 *

Humanismo 1418-1527 *

Note que na Era Medieval não há datas relativas aos movimentos literários no Brasil, isso porque o Brasil ain-
da não possuía uma produção literária respectiva aos estilos desta era.

Movimentos Literários Portugal Brasil

Classicismo 1527-1580 *

Literatura de Informação
ERA CLÁSSICA sobre o Brasil e Literatura * 1500-1601
dos Jesuítas

Barroco 1580-1756 1601-1768

Arcadismo 1756-1825 1768-1836


PORTUGUÊS

O primeiro movimento no qual o Brasil participa é o da Literatura de Informação e Literatura dos Jesuítas,
com início em 1500.

215
CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E
Movimentos OBRAS DO QUINHENTISMO
Portugal Brasil
Literários

1836- O Quinhentismo corresponde às manifestações


Romantismo 1825-1865 literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI,
1881
momento de descobrimento, exploração e colonização.
Realismo/ 1881- Durante esse período, uma literatura genuinamente
1865-1890
Naturalismo 1893 brasileira, a qual mostra a visão do homem brasileiro,
ainda não era possível. O que temos é um ponto de vista
ERA 1893-
Simbolismo 1890-1915 do viajante colonizador acerca do Novo Mundo, além de
MODERNA 1902
uma preocupação em documentar e descrever a viagem
Modernismo 1922- para o Rei de Portugal, cujas pretensões eram mercanti-
1915-1927 listas: novas terras e riquezas para Portugal.
(1ª fase) 1930

Modernismo 1930- Contexto Histórico


1927-1940
(2ª fase) 1945
O Quinhentismo foi um período da literatura bra-
Pós-modernis- A partir de A partir
sileira datado de 1500 a 1601. Assim, insere-se nos
mo 1939 de 45
cenários das Grandes Navegações e da Contrarrefor-
ma Católica. Nesse viés, durante os séculos XV e XVI,
Portugal buscava expandir suas terras e, para isso,
realizou expedições que encaminhavam os navegan-
LITERATURA BRASILEIRA tes para a África, a Ásia e a América.
Em consequência, houve a descoberta da Améri-
CONTEXTO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS, ca por Cristóvão Colombo (1451 — 1506), em 12 de
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO outubro de 1492, responsável por fazer com que os
QUINHENTISMO, BARROCO, ARCADISMO, espanhóis e os portugueses assinassem o Tratado de
ROMANTISMO, REALISMO, NATURALISMO, Tordesilhas, no ano de 1494, respaldando a divisão
IMPRESSIONISMO, PARNASIANISMO, do novo continente entre ambas as nações. Por con-
SIMBOLISMO, PRÉ-MODERNISMO E MODERNISMO seguinte, em 22 de abril de 1500, os portugueses che-
garam ao Brasil.
Contexto Histórico Outro fator histórico importante a ser citado é a
chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil, em 29 de
O marco inicial da Literatura Brasileira coincide com o março de 1549, sob o comando de Manuel de Nóbre-
período histórico chamado Renascimento. Especialmente ga, que deu início à missão de catequização dos indí-
em Portugal, este período coincide com o esplendor das genas da América, em nome da Companhia de Jesus.
conquistas ultramarinas, grandes navegações, continen- Nesse âmbito, a Coroa portuguesa detinha o apoio da
tes recém-descobertos e a fase de colonização de povos. Igreja, assim como a Igreja detinha o apoio da Coroa
Após o duro golpe da Reforma Protestante de Marti- Portuguesa, para converter os nativos ao catolicismo
nho Lutero, no fim do século XV, Portugal recuperava o e combater a ameaça protestante.
seu prestígio com a descoberta feita por Vasco da Gama Assim, os principais momentos desse período his-
de um novo caminho para as Índias. Esse espírito de tórico são, em resumo:
ufania gerou a maior epopeia da Língua Portuguesa: Os
Lusíadas, escrito por Luís Vaz de Camões, que ficou com- z 1500 — 1601: Quinhentismo — Grandes Navega-
preendido como a mais alta expressão de amor à pátria. ções e Contrarreforma Católica;
Enquanto isso, no Brasil de 1500, as primeiras produ- z 1492: descoberta da América por Cristóvão Colombo;
ções possuíam mais caráter documental do que literário. z 1500: chegada dos portugueses ao Brasil;
Desde então, a forma como foi escrita a história de nos- z 1549: chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil.
so país, tem refletido até hoje nas produções artísticas e,
consequentemente, nas literárias. Se observarmos, desde Características
o período Colonial (do Descobrimento à chegada da Famí-
lia Real ao Brasil), passando pelo Período Imperial, além A literatura quinhentista pode ser dividida em
de diversas revoltas internas em prol da Independência dois grupos, sendo eles: a literatura de informação e a
e da abolição da escravatura, do Período Regencial, da literatura de formação ou catequese.
Proclamação da República, em 1889, do Período Repu-
blicano, marcado pelos governos militares, ditaduras e a
z Literatura de Informação
reconquista da democracia, todos esses acontecimentos
permeiam a nossa Literatura.
Além disso, diversas transformações de âmbito polí- Documentação do processo colonizador: registros
tico e social decorreram das duas Grandes Guerras, que descritivos/ informações que os viajantes e missioná-
refletiram no mundo e, consequentemente, no Brasil, rios europeus anotaram sobre o homem e a natureza
ideológica e politicamente. Políticas mundiais de comba- que viviam naquela época e contexto. Sem preocupa-
te ao comunismo influenciaram líderes e momentos, a ção estética.
liberdade de expressão foi cerceada e um período som-
brio foi instaurado em nossa história até 1985, quando o z Literatura de Formação
direito à democracia foi restabelecido, além da globaliza-
ção, a internet e as mídias sociais, tudo isso reflete no pen- Obras de cunho pedagógico e moral: produzidas
samento, no sentimento e na expressão artística, como pelos missionários jesuítas que buscavam catequizar
216 poderemos acompanhar nas Escolas Literárias. os indígenas. Deixaram cartas, tratados, crônicas e
poemas, registros de prática religiosa com certo refi- A arte barroca é então caracterizada pelos deta-
namento estético. lhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. É comum
Assim, as características do Quinhentismo consoli- encontrar o uso de imagens contrastantes como o cre-
dam uma literatura documental, histórica e de caráter púsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia), além de tex-
informativo. Como segue: tos repletos de antíteses e inversões sintáticas.
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publi-
„ textos informativos e descritivos; cação da obra “Prosopopeia” (1601), de Bento Teixei-
„ utilização de adjetivos; ra, e terminou em 1768 com a publicação de “Obras
„ linguagem simples; Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
„ crônicas de viagens; Na escultura e arquitetura do Barroco, Aleijadinho
„ destaque para a conquista material e espiritual. foi, sem dúvidas, um dos maiores nomes.

Autores e Obras Contexto Histórico

z Pero Vaz de Caminha (1450 — 1500) O Barroco surgiu pelas oposições e pelos conflitos
religiosos. Esse contexto histórico acabou influen-
Conhecido como autor da famosa “Carta de Pero ciando na produção artística, gerando o fenômeno do
Vaz de Caminha”, ao rei D. Manuel I, que é conside- Barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela
rada o primeiro documento escrito sobre o Brasil oposição entre o mundo material e o espiritual.
e relata o descobrimento das terras do país. Ficou Quanto às características do estilo, podemos
conhecida como sendo o marco inicial da literatura de encontrar metáforas, antíteses e hipérboles.
informação do Brasil. Outros acontecimentos históricos importantes des-
te período foram:
z Padre José de Anchieta (1534 — 1597)
z 1630 a 1654: as invasões holandesas no Brasil;
Um dos primeiros autores da literatura brasileira, z Os bandeirantes: indivíduos que iam aos sertões
escreveu “Na festa de São Lourenço” (1583) e “Arte de Gra- coloniais com a intenção de capturar indígenas
mática da Língua mais usada na Costa do Brasil” (1595). para uso como mão de obra escrava.
É também conhecido como o Apóstolo do Brasil,
embora seja espanhol, por ter sido um dos responsá- Características na Arte
veis por trazer o Cristianismo para o país, sendo
também um dos fundadores da cidade de São Paulo. z Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/humano;
z Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e
z Padre Manuel de Nóbrega (1517 — 1570) contornos e ausência de simetrias;
z Temas religiosos;
Suas obras são consideradas documentos históricos z Personagens retratadas com expressões dramáti-
sobre a colônia e a ação jesuítica no Brasil do século XVI. cas, cenas conflituosas;
Entre elas, podemos destacar “Cartas do Brasil” (1886) e z Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa
um “Diálogo sobre a Conversão dos Gentios” (1557). e essência íntima;
z Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade
BARROCO do tempo e incerteza da vida.

No período entre 1601 e 1768, enquanto o mundo Características na Literatura


Ocidental vivia uma atormentada crise entre homem e
igreja, percebemos uma intenção na arte de reconciliar z Rebuscamento, virtuosismo, ornamentação exa-
o homem com a fé, porém de uma forma mais subjetiva gerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de
e conflituosa. metáforas e associações;
Para diversos pesquisadores, o Barroco constitui não z Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas,
apenas um estilo artístico, mas todo um período históri- hipérboles e antíteses;
co e um movimento sociocultural em que se formularam z Obsessão pela linguagem culta, jogo de palavras.
novos modos de entender o mundo, o Homem e Deus.
Autores e Obras

z Padre Antônio Vieira (1608 — 1697)

Foi um religioso, filósofo, escritor e maior orador


sacro da Língua Portuguesa. As suas principais obras
são “Sermão da Sexagésima”, que retrata sobre a arte
de pregar, além do “Sermão de Santo Antônio”, que
PORTUGUÊS

tem como tema a escravidão indígena.

z Bento Teixeira (1561 — 1600)

Foi um poeta luso-brasileiro, cuja principal obra


é denominada “Prosopopeia”, considerada o marco
inicial do Barroco na Literatura Brasileira. Trata-se
de um poema escrito semelhantemente a “Os Lusía-
“A Coroação da Virgem”, de Carraci (depois de 1595)
das”, sobre os feitos dos heróis portugueses em terras 217
brasileiras e africanas, com o objetivo de louvar o z Uso de pseudônimos, geralmente nomes de pastores;
donatário da capitania de Pernambuco, Jorge de Albu- z Apreço por filosofias como inutilia truncat (“tirar
querque Coelho. o inútil” da poesia, entendendo-se o inútil como
sendo o excesso de rebuscamento formal); fugere
z Gregório de Matos (1636 — 1696) urbem (“fuga da urbanidade” e preferência pela
vida campestre); locus amoenus (preceito de que
Conhecido como “Boca do Inferno”, foi um advo- o campo, o ambiente bucólico, é o ideal para o
gado e poeta do Brasil colônia, sendo considerado um homem); carpe diem (“aproveitar o presente” para
dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Bra- contemplar a realidade, sem se preocupar com o
sil. Produziu diversas sátiras desumanas, além de poe- futuro) e aurea mediocritas (o “homem media-
sias religiosas, líricas e satíricas. no” é aquele que alcança a felicidade, não devendo,
assim, procurar riquezas e posses em vida).
ARCADISMO
Autores e Obras
No período entre 1768 e 1836, o Arcadismo coin-
cide com a expulsão dos jesuítas do Brasil, a vinda z Cláudio Manuel da Costa (1729 — 1789)
da corte portuguesa, a descoberta de ouro em Minas
Gerais e a Proclamação da Independência. Artistica- Poeta, advogado e jurista brasileiro, é considerado
mente, é um período marcado pela recuperação da o precursor do Arcadismo no Brasil e se destacou por
cultura greco-latina, a apreciação da natureza e da sua obra literária, mais precisamente a poesia. O poe-
simplicidade. ta mineiro, em seus textos, aborda elementos locais,
descrevendo paisagens, temática pastoril e expressan-
do um forte sentimento nacionalista.

z José de Santa Rita Durão (1722 — 1784)

Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire


Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um
dos precursores do indianismo no Brasil.

z José Basílio da Gama (1741 — 1795)

Poeta mineiro e autor do poema épico “O Uraguai”


(1769), um marco na literatura brasileira, que aborda
“O Senhor e a Senhora Andrews”, de Thomas Gainsborough as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios.

O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi- z Tomás Antônio Gonzaga (1744 — 1810)
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da
Costa, em 1768, e, também, a partir da fundação da Um dos grandes poetas árcades, de pseudônimo
“Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica. Vale lembrar que Dirceu. Sua obra que merece destaque é Marília de
o nome dessa escola literária provém das Arcádias, ou Dirceu (1792), que é carregada de lirismo e baseada
seja, das sociedades literárias da época. no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joa-
quina de Seixas.
Contexto Histórico
ROMANTISMO
z 1780: Inconfidência Mineira;
z 1835: Revolução Farroupilha — uma das revoltas O Romantismo corresponde ao período aproxi-
provinciais que aconteceram no território brasilei- mado entre 1774 e 1849, embora influencie a arte até
ro durante o Período Regencial. Ganha notorieda- hoje. Marcou a Era das Revoluções, quando diversas
de por sua duração de dez anos; transformações políticas, sociais e econômicas ocor-
z 1808: a vinda da Família Real para o Brasil. reram no Ocidente, como a Revolução Industrial e
a Revolução Francesa. Os artistas românticos, movi-
Características na Arte e na Literatura dos por esse ideal de mudanças, começaram a mudar
a teoria e a prática de suas artes. Além do campo artís-
z Rompimento com a estética barroca, opondo-se tico, observamos uma visão transformadora também
aos exageros e rebuscamentos; na filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou
z Influência do movimento iluminista; a aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli-
z Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa de da de experimentar a vida.
resgatar as tradições clássicas, a estética greco-ro- O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e ao
mana e as figuras mitológicas; subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas
z Preferência por sonetos; no período. Na Europa, obras com temáticas medie-
z Racionalismo: a razão era constantemente valorizada; vais eram bastante comuns, já que esse era o passado
z Bucolismo e pastoralismo: retratam uma natureza histórico europeu.
tranquila e serena, um refúgio calmo do campo, os No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835
costumes rurais, que se contrastavam com os cen- e 1880, período da consolidação da independência.
tros urbanos monárquicos; Seu marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros
z Idealização da mulher amada, assim como a valo- poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
218 rização da pureza e ingenuidade humana; em 1836. Porém, o Romantismo brasileiro buscava
resgatar os nossos ancestrais que já viviam aqui: Autores e Obras
os índios. A literatura desse período também retra-
tava as lutas políticas e sociais existentes em nosso z Primeira Geração
país, como o movimento abolicionista. Também não
podemos nos esquecer que, devido à época, começa- „ Poesia:
vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela-
ção delicada entre indústrias e operários, assim como Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” (1848), “Últi-
a corrupção e o materialismo. mos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857), “Cantos”
(1857);
Contexto Histórico Casimiro de Abreu: “As Primaveras” (1859).

z 1808: Imprensa no Brasil; „ Prosa


z 1840 — 1889: crise do 2º reinado;
z 1888: abolição da escravidão. José de Alencar: “O guarani” (1857), “Iracema”
(1865).
Características
z Segunda Geração
z Liberdade de expressão e de criação, retrato e
valorização do “eu”; „ Álvares de Azevedo: “Lira dos vinte anos”;
z Rebeldia e idealismo, preocupação em retratar o “Noite na Taverna” e “Macário”;
mundo não como ele é, mas como ele poderia ser, „ Fagundes Varela: “Noturnas”; “Cantos e Fanta-
uma vez que a realidade para esses autores era sias” e “Anchieta ou O Evangelho nas Selvas”;
considerada desesperadora, repleta de limitações „ Casimiro de Abreu: “As Primaveras” (1859),
ao crescimento pessoal, político e artístico; “Saudades” (1856) e “Suspiros” (1856);
z Exaltação da pátria, da mulher e do amor;
„ Junqueira Freire: “Inspirações do Claustro” e
z Indianismo e culto à nossa fauna e flora, além
“Contradições poéticas”.
de estar presente o nacionalismo, o regionalismo
ou o sertanismo;
z Terceira Geração
z Individualismo e sentimentalismo, considerando
que seus desejos, paixões e frustrações pessoais
„ Castro Alves: “Espumas Flutuantes” (1870), “Os
são mais importantes do que os acontecimentos
Escravos” (1883).
externos;
z A natureza como força incontrolável e trans-
cendental, uma personagem que reflete o “eu”, Modalidades do Romantismo
assumindo emoções, como tristeza, e esbanjando
exuberância diante da alegria e das conquistas do z Romance de folhetim — Teixeira e Sousa: “O filho
indivíduo; do pescador”;
z Pessimismo da realidade e escapismo, expressões z Romance urbano — Joaquim Manuel de Macedo:
de angústia, frustração, desespero, tristeza, entre “A Moreninha”;
outras emoções que acabam caracterizando esse z Romance regionalista — Bernardo Guimarães: “O
estado de espírito como o “mal do século”; ermitão de Muquém” e “Escrava Isaura”;
z Temas como morte, suicídio, fuga para a natureza z Romance indianista e histórico — José de Alen-
ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal. car: “O Guarani”.

Primeira Geração — Nacionalista REALISMO

As obras desse período abordam a natureza, o O Realismo é um movimento cultural e literário


país e idealizam tudo. Em Portugal, os temas mais fre- que surgiu em oposição ao Romantismo, no século XIX.
quentes eram o nacionalismo, o romance histórico e Sua temática principal foca nos problemas sociais da
o medievalismo. No Brasil, esse apego ao passado era época, usando de linguagem clara e objetiva. A Revo-
visto no indianismo. lução Francesa e a Revolução Industrial trouxeram
o crescimento do poder da burguesia na sociedade,
Segunda Geração — Ultrarromântica portanto, as pessoas nas cidades estavam em busca de
melhores condições de vida por meio do trabalho nas
O mal do século tem papel de destaque e as obras fábricas. Assim, os comércios e a vida burguesa passa-
acabam sendo caracterizadas pelo exagero no subjeti- ram a estar mais presentes nas narrativas.
vismo e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo Em certas obras, percebe-se um forte tom de ironia
de morte são frequentes. e crítica social. Os integrantes desse movimento repu-
diavam a artificialidade do Arcadismo e do Roman-
PORTUGUÊS

Terceira Geração — Romântica tismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida,


os problemas e costumes das classes média e baixa
Há a quebra das regras da literatura. Os poemas sem haver a necessidade de se inspirar em modelos
começaram a ser escritos de maneira diferente e, na do passado. O movimento manifestou-se também na
prosa, começam a aparecer palavras que antes não escultura, na pintura e em alguns aspectos sociais.
eram da literatura, ou seja, palavras mais usadas pelo O marco do Realismo foi a publicação do romance
povo. Nessa geração os autores também começaram a “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857. No
falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o Brasil, foi a publicação do livro “Memórias Póstumas
realismo, próximo movimento literário. de Brás Cubas”, de Machado de Assis. 219
Contexto Histórico z Escritores naturalistas retratam pessoas margina-
lizadas pela sociedade;
z 1889: Proclamação da República; z As personagens são comparadas aos animais
z 1889 até a Revolução de 1930: Primeira República. (zoomorfismo);
z Análise biológica e patológica das personagens;
Características z Abordagem de temas polêmicos como miséria, adul-
tério, crimes e sexualidade desvelada;
z Objetividade como forma de opor ao excesso de sub- z Forte influência Darwinista, na qual o homem não
jetividade e idealizações existentes no Romantismo; possui livre arbítrio, sendo guiado pela heredita-
z Correção e clareza de linguagem para manter o riedade e pelo meio social em que vive;
ideal de representar a realidade verdadeiramente; z Cientificismo exagerado, apontando para as rela-
z Contenção das emoções, focando-se em análises ções e fenômenos sociais como se observasse uma
mais objetivas; experiência científica;
z Análise psicológica dos personagens; z A realidade é abordada a partir do pensamento
z Narrativa lenta, buscavam construir análises, mui- científico, sob influência do positivismo;
tas vezes, inclusive, utilizando métodos científicos, z Linguagem simples e objetiva;
da sociedade contada nas histórias; z Os pintores recriavam paisagens naturais, ou seja,
z Impessoalidade do Narrador, em terceira pessoa, pintavam aquilo que observavam;
sugerindo-se certo grau de impessoalidade; z Grande desejo de reformar a sociedade.
z A filosofia positivista de Auguste Comte, olhar cientí-
fico para analisar comportamentos sociais, o Cientifi- Autores e Obras
cismo, o Darwinismo, o Empirismo, o Determinismo;
z Literatura de combate social, crítica à burguesia, z Aluísio de Azevedo (1857 — 1913): “O Mulato”
ao adultério e ao clero. (1881), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890);
z Adolfo Caminha (1867 — 1897): “A Normalista”
Autores e Obras (1893) e “Bom Crioulo” (1895);
z Raul Pompeia: “O Ateneu”.
z Machado de Assis (1839 — 1908): “Ressurreição”
(1872), “A mão e a luva” (1874), “Helena” (1876), IMPRESSIONISMO
“Iaiá Garcia” (1878), “Memórias Póstumas de Brás
Cubas” (1881), “Quincas Borba” (1886), “Dom Cas- O Impressionismo não chegou a configurar, na
murro” (1899), “Esaú e Jacó” (1904), “Memorial de Literatura, uma escola, corrente ou movimento artís-
Aires” (1908); tico, mas a teorização da atitude artística impressio-
z Raul d’Ávila Pompeia (1863 — 1895): “O Ateneu”. nista deve muito à pintura (Monet, Degas, Cézanne,
Pissaro, Sisley, Renoir) e à música (Debussy e Ravel).
NATURALISMO

Surgido no século XIX, é considerado uma ramifi-


cação do Realismo, pois ambos traçam o mesmo obje-
tivo: retratar a realidade como ela é, porém, usando
de métodos um pouco distintos.
Uma das grandes preocupações das obras natu-
ralistas é a relação entre o homem e as “forças da
natureza”, voltando-se às descobertas relacionadas à
biologia e à sociologia, especialmente considerando
comportamentos patológicos, os desejos e as taras,
com destaque para as tendências animalescas dos
homens. Isso ocorre devido ao fato de esse movimento
ter grande influência da Teoria da Evolução de Char-
les Darwin e de outras correntes de pensamento cien-
tífico que predominavam na Europa da época.
O Naturalismo surgiu na França, tendo como prin-
cipal representante o escritor francês Émile Zola, que “Le Déjeuner des canotiers” (1881), de Pierre-Auguste Renoir
ficou famoso com a publicação de “Germinal”, em
1881, que marcou o início deste movimento artístico Aos impressionistas não interessa a fixação “foto-
na Europa. Esse texto denunciava as péssimas condi- gráfica” das formas e das imagens. Valorizando a cor
ções de vida dos trabalhadores das minas de carvão e os efeitos tonais, pretendem reproduzir a “percep-
no interior da França no século XIX. ção visual do instante”, as “impressões” provocadas
Os escritores naturalistas do Brasil se ocuparam, pelo objeto no sujeito. O romance psicológico de tipo
principalmente, com os temas mais obscuros da moderno, de estrutura não linear, em que a história é
alma humana e, por isso, outros fatos importantes narrada do ponto de vista do herói-autor, ou do ponto
da história do país acabaram sendo deixados de lado, de vista plurifocal, ou seja, a partir da perspectiva de
como a Abolição da Escravatura e a Proclamação da várias personagens, surge no bojo do Impressionismo,
República. com Henry James (Os Embaixadores — 1903); Joseph
Conrad (LordJim — 1900); Ítalo Svevo (A Consciência
Características do Zeno — 1923) e Marcel Proust (Em Busca do Tempo
Perdido 1913 — 1927).
220 z Desdobramento do Realismo;
Esse movimento é perfeitamente identificável Os únicos países em que ele floresceu de forma
em autores como Machado de Assis, Raul Pompeia e expressiva foram a França e o Brasil. Na França, o
Coelho Neto, dentre os brasileiros, e Eça de Queirós movimento surgiu em 1866, com a publicação da
e Cesário Verde, dentre os portugueses. As obras bus- revista “Le Parnasse Contemporain”, que congregava
cam grafar a aparência vivida da realidade humana, poetas defensores de uma poesia antirromântica, des-
com exatidão e esmero científico, mas voltados para a critivista, mimética e formalista. Entre esses poetas,
pintura refinada das impressões subjetivas, dos esta- destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle.
dos da alma das personagens. No Brasil, o movimento por uma poesia de rea-
ção contrária ao Romantismo teve lugar no início da
Características década de 1880, com a publicação do livro Fanfarras
(1882), de Teófilo Dias, obra inaugural da estética no
z Descrição de impressões e aspectos psicológicos país. Três grandes autores se destacam: Olavo Bilac
das personagens com detalhes para constituir as (“o príncipe dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto
impressões sensoriais de um incidente ou cena; de Oliveira.
z Caráter “hermético” (difícil), exigindo leitores inte-
lectualmente sofisticados; Características
z Pesquisas sobre óptica e seus efeitos, a presen-
ça dos contrastes e de transparências luminosas, z Estilo majoritariamente poético, não produzindo
auxiliam no desvanecimento da forma, percebida, grandes manifestações em prosa;
agora, sem contornos; z A “arte pela arte” como um movimento para reba-
z União entre o concreto e o abstrato; ter o excesso de sentimentalismo trazido pelo
z A percepção do tempo e o fluxo da memória, a lem- Romantismo;
brança crítica e a compreensão do sentido da expe- z Aproximação entre a literatura e as artes plásticas:
riência passada e a “procura do tempo perdido”; tinha apreço pelas métricas, geralmente caracteri-
z A fixação do instante, momentos cotidianos fuga- zadas por versos decassílabos; apresentava cunho
zes, as impressões da realidade em detrimento da descritivo, temas clássicos, objetividade, impessoa-
razão e da emoção. lidade e temas universais, como poesia, vaidade e
beleza;
Autores e Obras z O racionalismo da poesia como fruto do trabalho
do poeta — um trabalho árduo, difícil, que depen-
z Graça Aranha (1868 — 1931): “Espírito Moderno” dia de fatores como o conhecimento técnico, apli-
(1925); cado com esmero na produção poética;
z Raul Pompeia (1863 — 1985): “O Ateneu”. z Rigidez formal no tocante ao vocabulário (refina-
do e erudito), à sintaxe, à rima e à métrica utiliza-
PARNASIANISMO dos pelo poeta.

O Parnasianismo localiza-se entre o final do sécu- Autores e Obras


lo XIX e o início do século XX, foi contemporâneo do
Realismo e do Naturalismo. O nome Parnasianismo z Olavo Bilac: “Via Láctea”;
remonta à denominação de um monte da Grécia Anti- z Raimundo Correia: “Sinfonias” (1883).
ga (Monte Parnaso), onde, segundo a mitologia, os
poetas se isolavam do mundo para maior integração SIMBOLISMO
com os deuses, por meio de sua poesia, considerada
por eles a mais alta expressão artística humana. Apesar de ter sido uma reação ao Parnasianismo,
em alguns aspectos, o Simbolismo dividiu com aquele
Contexto Histórico estilo o espaço cultural europeu entre o final do século
XIX e o início do século XX.
z Contemporâneo do Realismo e do Naturalismo;
z Estilo especificamente poético, desenvolveu-se
junto com o Realismo e com o Naturalismo;
z A maior preocupação dos poetas parnasianos é
com o fazer poético.
PORTUGUÊS

“A Noite Estrelada”, de Van Gogh (1889)

Se, no Brasil esse movimento foi superado pela


“O espelho de Vênus”, de Edward Coley Burne-Jones (1833 — 1898) escola parnasiana, que dominou a cena artística do 221
período, na Europa, ele representou considerável No entanto, há características comuns às obras desse
avanço em direção à arte moderna que dominaria o período: a ruptura com a linguagem pomposa parnasia-
século XX. na, a exposição da realidade social brasileira, o regio-
nalismo, a marginalidade exposta nas personagens e a
Contexto Histórico associação aos fatos políticos, econômicos e sociais.
Caracteriza-se pelas produções do início do século
z Fundação da Academia Brasileira de Letras; XX até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Foi um
z Origem: a poesia de Baudelaire; período de intensa movimentação literária que mar-
z Características: desmistificação da poesia, sines- cou a transição entre o Simbolismo e o Modernismo.
tesia, musicalidade, preferência pela cor branca, Apesar disso, para muitos estudiosos deve ser con-
sensualismo, dor e revolta. siderado uma escola literária, uma vez que o período
apresenta inúmeras produções artísticas e literárias
Características distintas. Em outras palavras, ele reúne um sincretis-
mo estético, com presença de características neorrea-
z Formação das bases intelectuais de filósofos como listas, neoparnasianas e neossimbolistas.
Henri Bergson, Arthur Schopenhauer e Soren Os principais autores pré-modernistas são: Eucli-
Kierkegaard; des da Cunha, Augusto dos Anjos, Lima Barreto, Graça
z Decadentismo, marcado pela agonia, pela melan- Aranha e Monteiro Lobato.
colia e pelo pessimismo, descrença nos atributos
racionais e a saturação das conquistas científi- VANGUARDAS EUROPEIAS
cas conduziram à crença em uma decadência da
civilização; Tendo início nas duas primeiras décadas do Século
z A arte da sugestão; XX, as vanguardas foram manifestações artístico-lite-
z A sinestesia e a musicalidade. rárias, surgidas na Europa, que vieram provocar uma
ruptura da arte moderna com a tradição cultural do
Autores e Obras século anterior.
Em relação ao contexto histórico, houve o advento
z Cruz e Souza (poeta representante): “Missal” e da tecnologia, as consequências da Revolução Industrial,
“Broquéis”. a Primeira Guerra Mundial e a atmosfera política que
resultou desses grandes acontecimentos, o que propor-
PRÉ-MODERNISMO cionou um sentimento nacionalista, um progresso espan-
toso das grandes potências mundiais e uma disputa pelo
É o período de transição entre as tendências do final poder. Nesse cenário, várias correntes ideológicas foram
do Simbolismo e do Parnasianismo, no século XIX, e o criadas, como o nazismo, o fascismo e o comunismo.
Modernismo, no século XX. O Pré-Modernismo acontece No âmbito das artes, alguns movimentos surgiram,
anos antes da Semana da Arte Moderna, em 1922. com a mesma terminação “ismo”, as correntes artísti-
Alguns anos após a abolição da escravatura, mui- cas que chamamos de vanguardas.
tos imigrantes — a maioria italianos — vêm ao Bra- É importante conhecer alguns dos objetivos das
sil com o intuito de substituir a mão de obra rural e vanguardas: o questionamento, a quebra dos padrões,
escrava. Enquanto os ex-escravos são marginalizados o protesto contra a arte conservadora e a criação de
nos centros urbanos, a urbanização de São Paulo faz novos padrões estéticos que fossem mais coerentes
surgir uma nova classe social: a operária. com a realidade histórica e social do século que sur-
Nessa época, acontecem algumas mudanças nos gia. Essas manifestações se destacaram por sua radi-
estados brasileiros, como a ascensão do café no Sul calidade, que influenciou a arte em todo o mundo.
e Sudeste e o declínio da cana-de-açúcar no Nordes- Os movimentos e as tendências artísticas, tais
te. Em termos de regência administrativa, o governo como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o
republicano não promovia as esperadas mudanças Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrea-
sociais, pois a sociedade se encontrava dividida entre lismo, a Op art e a Pop art expressam a perplexidade
a elite detentora de dinheiro, respeito e poder das oli- do homem contemporâneo.
garquias rurais, a classe trabalhadora rural e os mar- Como uma reação ao Impressionismo, o Expressio-
ginalizados nos centros urbanos. nismo surge. Subjaz ao Expressionismo a preocupação
Eclodiram diversos movimentos sociais pelo Brasil em expressar as emoções humanas, transparecendo
em virtude da desigualdade social, como a Revolta de em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias
Canudos, ocorrida no final do século XIX, no sertão da do homem moderno. No Impressionismo, o enfoque
Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro. Além desse, se resumia na busca pela sensação de luz e sombra.
surgiram os movimentos protestantes no meio urbano, Sobre o Fauvismo, trata-se de um movimento que
como a Revolta da Chibata, em 1910, contra o maltrato teve basicamente dois princípios: a simplificação das figu-
da Marinha à corporação, e as greves de operários. ras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figuras
No começo do século XX, apareceram os primei- não são representadas tal qual a forma real, ao passo que
ros indícios da crise cafeeira com a superprodução de as cores são usadas de maneira organizada, como saem
café, a chamada crise da “República Café com Leite”. do tubo de tinta. O nome deriva de “fauves” (feras, no
É em meio a esse quadro na sociedade que começa, francês), devido à agressividade no emprego das cores.
no Brasil, uma nova produção literária, intitulada de No Cubismo também não há a preocupação de
Pré-Modernismo pelo crítico literário Tristão de Ataíde. representar realisticamente as formas de um objeto,
Destacam-se, neste período, as obras Os sertões (Euclides porém a intenção do movimento artístico era repre-
da Cunha) e Canaã (Graça Aranha). Contudo, o Pré-Mo- sentá-lo de vários ângulos, em um único plano. O
dernismo não é tido como uma “escola literária”, pois Cubismo, com passar do tempo, evoluiu em duas
apresenta características individuais muito marcantes. grandes tendências: Cubismo Analítico e Cubismo
222
Sintético. O movimento teve o seu melhor momen-
to entre 1907 e 1914, e mudou para sempre a forma
de ver a realidade. Foi um movimento que se desen-
volveu em todas as artes e exerceu influência sobre
vários artistas.
O Futurismo abrange sua criação em expressar
o real, assinalando a velocidade exposta pelas figu-
ras em movimento no espaço. Posteriormente, foram
criados outros movimentos de arte moderna. Reper-
cutiu principalmente na França e na Itália.
O movimento Abstracionista surgiu em oposi-
ção à arte figurativa ou objetiva. São formas de arte “Moviment in squares”, de Bridget Riley (1961).
que não são regidas pela exata cópia dos objetos do
mundo. O termo Pop Art (abreviação das palavras em
O Dadaísmo é um movimento que abrange a arte inglês Popular Art) foi utilizado pela primeira vez
em todos os seus campos, pois não foi apenas uma cor- em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para
rente artística, mas um verdadeiro movimento literá- denominar a arte popular que estava sendo criada
rio, musical, filosófico e até mesmo político. A palavra em publicidade, no desenho industrial, nos cartazes
dada em francês significa cavalo de madeira, mas e nas revistas ilustradas. Representava os componen-
sua utilização marca o nonsense ou falta de sentido tes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa
que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). influência na vida cotidiana na segunda metade do
À princípio, o movimento não envolveu uma estética século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposi-
específica, mas provavelmente as principais expres- ção ao expressionismo abstrato que dominava a cena
sões do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua
ready made. O intuito deste movimento era protestar iconografia era a da televisão, da fotografia, dos qua-
contra os estragos trazidos da guerra, denunciando de drinhos, do cinema e da publicidade.
forma irônica toda aquela loucura que estava acon- A Pop Art proporcionou a transformação do que
tecendo. Como negação total da cultura, o Dadaísmo era considerado vulgar em refinado, e aproximou a
defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. arte das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de
Sobre o Surrealismo, trata-se de um movimen- objetos próprios e populares. Com o objetivo da crítica
to artístico e literário surgido em Paris por volta dos irônica do bombardeamento da sociedade pelos obje-
anos 20, inserido no contexto das vanguardas que tos de consumo, operava com signos estéticos massifi-
viriam a definir o modernismo no período entre as cados da publicidade, quadrinhos e ilustrações. Assim,
duas Grandes Guerras Mundiais. muito do que era considerado “brega”, virou moda.
A expressão Op Art deriva do inglês Optical Art, Suas principais características são:
significando Arte Óptica. A Op Art passou por um
desenvolvimento relativamente lento, apesar de ter z Linguagem figurativa e realista, referindo-se aos cos-
ganhado força na metade da década de 1950. Trata-se tumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
de um movimento excessivamente cerebral e sistemá- z Temática extraída do ambiente urbano das grandes
tico, mais próximo das ciências do que das humani- cidades, de seus aspectos sociais e culturais: história
dades, sem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop em quadrinhos, revistas, jornais sensacionalistas, foto-
Art. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser grafias, anúncios publicitários, cinema, rádio, televisão,
tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia. música, espetáculos populares, elementos da sociedade
A razão da Op Art é a representação do movimento de consumo e de conveniências (alimentos enlatados,
através da pintura apenas com a utilização de elemen- geladeiras, carros, estradas, postos de gasolina etc.);
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação z Ausência de planejamento crítico: os temas são
da Op Art foi a evolução da ciência, que está presen- concebidos como simples motivos que justificam a
te em praticamente todos os trabalhos, baseando-se realização da pintura;
principalmente nos estudos psicológicos, sobre a vida z Representação de caráter inexpressivo, preferen-
moderna, e da Física, sobre a Óptica. Também havia a cialmente frontal e repetitiva;
manifestação das mudanças nas cidades modernas e z Combinação da pintura com objetos reais integra-
o sofrimento do homem com a alteração constante em dos na composição da obra como flores de plástico,
seus ritmos de vida. garrafas, entre outros, buscando apresentar uma
As principais características da Op Art são: nova forma dadaísta em consonância aos novos
tempos;
z Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões z Formas e figuras em escala natural e ampliada;
de óticas; z Preferência por referências ao status social, fama,
z Defender a arte de “menos expressão e mais violência e desastres, a sensualidade e o erotismo,
visualização”; aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade de
z Quando as obras são observadas, dão a impressão consumo;
PORTUGUÊS

de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex,
parecem inchar ou deformar; produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
z Oposição de estruturas idênticas que interagem inspiradas na indústria e nos objetos de consumo;
umas com as outras, produzindo o efeito ótico; z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho
z Observador participante; maior, transformando o real em hiper-real.
z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração;
z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
ao observador.
223
Terceira Fase do Modernismo (1945 — 1980):
“Pós-Modernista”

Muitos estudiosos afirmam que essa fase termina


em 1960, enquanto outros, definem o fim dessa fase
nos anos 80. Há ainda os que ponderam que a tercei-
ra fase modernista prolonga-se até os dias atuais, não
havendo, pois, um consenso.
Nesse momento, tem-se um predomínio e diversi-
dade da prosa, com a prosa urbana, a prosa intimista
e a prosa regionalista. Além disso, surge um grupo de
Arte da Coca-Cola inspirada na Pop Art (1960) escritores denominado “Geração de 45”, muitas vezes
chamados de neoparnasianos, pois eles buscavam
Características uma poesia mais equilibrada.

z Ruptura com o academicismo; Características


z Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana;
z Linguagem coloquial, simples; z Libertação estética;
z Exposição da realidade social brasileira; z Ruptura com o tradicionalismo;
z Regionalismo e nacionalismo; z Experimentações artísticas;
z Marginalidade das personagens: o sertanejo, o cai- z Liberdade formal (versos livres, abandono das for-
pira e o mulato; mas fixas, ausência de pontuação);
z Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e sociais. z Linguagem com humor;
z Valorização do cotidiano.
Autores e Obras
Alguns Autores e Principais Obras
z Euclides da Cunha (1866 — 1909): “Os Sertões:
Campanha de Canudos”; z Oswald de Andrade (1890 — 1954): “Memórias
z Graça Aranha (1868 — 1931): “Canaã”; Sentimentais de João Miramar”, “Serafim Ponte
z Monteiro Lobato (1882 — 1948): série de livros do Grande”, “Marco Zero I — A Revolução Melancóli-
Sítio do Pica-Pau Amarelo. ca”, “Marco Zero II — Chão”;
z Mário de Andrade (1893 — 1945): “Amar, verbo
MODERNISMO intransitivo “(1927) e “Macunaíma” (1928);
z Manuel Bandeira (1886 — 1968): “Libertinagem”
O Modernismo é o principal movimento literário (1930), “Estrela da Manhã” (1936);
do século XX, que foi fortemente influenciado pelos z Carlos Drummond de Andrade (1902 — 1987):
movimentos de vanguarda que ocorreram na Europa “A Rosa do Povo” (1945);
no início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolu- z Rachel de Queiroz (1902-2003): “O quinze” (1930);
cionário em diversos níveis. z Graciliano Ramos (1892 — 1953): “Angústia”
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a Sema- (1936), “Vidas Secas” (1938), “Memórias do Cárce-
na de Arte Moderna de 1922, momento marcado pela re” (1953 — obra póstuma);
fervura de novas ideias e modelos. O Modernismo surge z João Cabral de Melo Neto (1920 — 1999): “Morte
em um momento de insatisfação política no Brasil, cau- e vida Severina”;
sada também em decorrência da Primeira Guerra Mun- z Clarice Lispector (1920 — 1977): “A Hora da
dial (1914 — 1918), que trouxe reflexos para a sociedade Estrela”, “A Paixão segundo G. H.”, “Laços de Famí-
brasileira. Assim, numa tentativa de reestruturar o país lia” e “Perto do Coração Selvagem”;
politicamente, também no campo das artes — estimula- z Guimarães Rosa (1908 — 1967): “Corpo de Baile:
do pelas Vanguardas Europeias —, encontra-se a moti- Noites do Sertão” (1956), “Grande Sertão: Vere-
vação para romper com o tradicionalismo. das” (1956), “Primeiras Estórias” (1962) e “Campo
Geral” (1964).
Primeira Fase do Modernismo (1922 — 1930): “Fase
Heroica” PÓS-MODERNISMO

Os artistas buscam a renovação estética inspira- Trata-se de um dos conceitos mais discutidos nas
da nas vanguardas europeias (Cubismo, Futurismo, questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social,
Surrealismo). mas a noção de pós-modernidade reúne uma série de
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre os
Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e quais: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929). -fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierár-
quico, pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano,
Segunda Fase do Modernismo (1930 — 1945): “Fase pós-capitalismo. A pós-modernidade se coloca também
de Consolidação” em relação com o feminismo, a ecologia, o ambiente, a
religião, a planificação, o espaço, o marketing, a adminis-
As temáticas nacionalistas e regionalistas com pre- tração. O geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é
domínio da prosa de ficção caracterizam esse momen- incontornável, o fim do século XX se conjuga em “pós”.
to de amadurecimento. Na década de 30, a poesia Resumiremos algumas das características da
brasileira se consolida, o que significa o maior êxito pós-modernidade:
224 para os modernistas.
z propensão a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas;
z colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e social);
z celebração do consumo como expressão pessoal;
z pluralidade cultural;
z polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos;
z falências das metanarrativas emancipadoras como aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade,
igualdade e fraternidade.

A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, de modo que conduz em um único e mesmo movimento, a
uma lógica cultural que valoriza o relativismo e a (in)diferença, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e
indeterminados, a uma configuração de traços sociais que significaria a erupção de um movimento de descontinui-
dade da condição moderna: mudanças dos sistemas produtivos e crise do trabalho, eclipse da historicidade, crise do
individualismo e onipresença da cultura narcisista de massa. A pós-modernidade tem predomínio do instantâneo,
da perda de fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada vez menor através do avanço da tecnologia.
No campo urbano, a cidade está em pedaços, porque nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes graus de comple-
xidade: o efêmero, o fragmentário, o descontínuo, o caótico predomina. Mudam-se valores: é o novo, o fugidio, o efêmero, o
fugaz e o individualismo que valem. A aceleração transforma o consumo numa rapidez nunca vivenciada: tudo é descartá-
vel (desde copos a maridos/ou esposas). A publicidade manipula desejos, promove a sedução, cria imagens e signos, eventos
como espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao transitório da vida. As telecomunicações possibilitam imagens vistas em
todas as partes do planeta, facilitando a mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o computador, o caixa 24 horas
e a telemática são compulsivamente disseminados. As lutas mudam: agora não é contra o patrão, mas contra a falta deles.
Os pobres só se dizem presentes nos acontecimentos de massa, lugares de deslocamento das energias de revolta.
Nesse sentido, o pós-modernismo invade o cotidiano com a tecnologia eletrônica em massa e individual, em que a
saturação de informações, diversões e serviços, causam um “rebu” pós-moderno, com a tecnologia programando cada
vez mais o dia a dia dos indivíduos.
O pós-modernismo também teve uma expressividade na economia. Seu papel foi mostrar aos indivíduos a capa-
cidade de consumo, a adotarem estilos de vida e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e serviços e se
entregarem ao presente e ao prazer.
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele não nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua maneira,
hiper-realiza o mundo, transformando-o em um espetáculo. Os pós-modernistas querem rir levianamente de
tudo, encaram uma ideia de ausência de valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida.
No pós-modernismo, o homem vive imerso em um rio de testes permanentes, em que a informação e a comunicação
transportam a impulsividade para o consumo.
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em 1945. Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e descobertas tecno-
lógicas, sociais, artísticas, científicas e arquitetônicas.
Completando o cenário moderno às metrópoles industriais, as classes médias consumidoras de moda e de
lazer, surgiram as famílias nucleares — pessoas isoladas em apartamentos — e a cultura de massa (revistas, fil-
mes, novelas). Dessa forma, dando vitória à razão técnico-científica, inspirada no Iluminismo, a máquina fez a
humanidade recuar seus hábitos religiosos, morais e foi ditando novos valores, mais livres, urbanos, mas sempre
atrelados no progresso social.
As multinacionais trouxeram os serviços de tecnologia em geral, como informações e comunicações em tempo real, o
que garante uma economia pela informação.
Nas chamadas sociedades programadas, codificar e manipular o conhecimento e a informação é vital, onde a
programação da produção do consumo e da vida social significa projetar o comportamento.
O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética, a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicológicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
Em resumo, o pós-modernismo pode ser caracterizado como as definições de natureza sociocultural e estética
que marcam o capitalismo da era contemporânea. Este movimento, que também pode ser chamado de pós-indus-
trial ou financeiro, predomina mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é caracterizado pela avalanche
recente de inovações tecnológicas, pela subversão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente
influência do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno.
Nada mais é realmente concreto na era atual, tudo é fluído na pós-modernidade. Dessa afirmação, podemos
retirar o termo proferido pelo polonês Zygmunt Bauman “modernidade líquida”, que se tornou popular. Tempo
e espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado pela
ética do prazer imediato como objetivo prioritário, denominado hedonismo.
A humanidade é induzida a levar sua liberdade ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de proba-
bilidades, desde que sua escolha recaia sempre no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetividade também
ser incessantemente fracionada.
PORTUGUÊS

Épocas Literárias

A literatura, assim como as outras artes, é o produto do trabalho de um artista que vive as consequências da
história. Desse modo, a criação literária está diretamente relacionada ao momento histórico no qual se insere.
As idades literárias recebem denominações variadas: escolas literárias, períodos, estilos e movimentos.
Os estilos de época do Ocidente, desde a Idade Média, podem ser classificados da seguinte forma:

225
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Teocentrismo, grande te- Poemas de amor, cavalhei-


Medievalismo/ Séculos XII a XV, na Europa mor a Deus, rescos, cantigas, novelas
Trovadorismo Feudal grande domínio da Igreja, de cavalaria, exaltação do
feudalismo guerreiro cristão

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Antropocentrismo, volta Ordem, regularidade, pre-


aos padrões clássicos cisão formal, predomínio
Renascimento
Séculos XV ao XVI, na Eu- (greco-latinos) da cultu- das epopeias para enfa-
/Quinhentismo/
ropa de Estados Nacionais ra, grandes descobertas tizar a força do Homem,
Classicismo
(América, caminho para as predomínio de formas
Índias) fixas na poesia lírica

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Irregularidade, rebusca-
Séculos XVI e XVII, na Eu- Volta ao conservadorismo
mento formal, o homem
ropa de Estados absolutis- da Igreja, forte presença
dividido entre o céu e a
Barroco tas. Século XVII e meados da Companhia de Jesus
terra, dualismos, predomi-
do séc. XVIII na América na União Ibérica (domínio
nância da poesia lírica e da
luso-espanhola espanhol)
oratória sacra

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Iluminismo, ideais liberais Volta à regularidade


Arcadismo/ principiantes, grande crise clássica, neoclassicismo,
Século XVIII
Neoclassicismo das sociedades coloniais, predominância da poesia
ideologias burguesas pastoril

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Ênfase sobre a indivi-


Identificações com ideais dualidade, desprezo aos
da França (Revolução padrões rígidos dos clássi-
Romantismo Século XIX
Francesa), Independência cos, nacionalismo, predo-
do Brasil minância do romance e da
poesia lírica

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Ênfase na sensibilidade,
Transição para o século
utilização da força sonora
Simbolismo Século XIX (última década) XX, tendências decadentis-
da palavra, predominância
tas em geral, Belle époque
da poesia lírica

ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Ruptura com os parna-


sianos, força para as van-
Modernismo — No Brasil,
Semana de Arte Moderna guardas, desdobramentos
a comemoração dos 100
Século XX (1ª metade) em 1922, grandes rupturas múltiplos: Movimento
anos da Independência é
com a arte tradicional Antropófago, Movimento
decisiva para “Reformas”
Pau-Brasil, Verde-Amarelo
etc.

226
ABRANGÊNCIA DA
ESTILO/MOVIMENTO ASPECTOS HISTÓRICOS PRINCIPAIS LINHAS
ÉPOCA

Convivência de muitas
Pós-guerra, Guerra Fria,
tendências discrepan-
mundo dividido em blocos
tes, maior aceitação de
de direita e de esquerda,
todas as vanguardas,
Século XX (anos 50: acentuação das diferenças
Pós-modernismo movimentos de rupturas
contemporaneidade) entre mundo desenvolvido
e retomadas, arte feita
e subdesenvolvido, muitos
de bricolagens (apro-
movimentos jovens de
veitamento de restos),
rebelião
incertezas

REDAÇÃO
GÊNERO TEXTUAL

O que São os Gêneros Textuais?

Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros autores que buscaram
definir e classificar esses elementos, e, inicialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêneros literários que
estudamos na escola. Podemos nos remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, referentes aos clássicos da lite-
ratura grega. Afinal, quem nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que
esses textos têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pensar que nada, além do fato de terem sido
escritos pelo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias respeita um padrão textual estabelecido e reconhe-
cido na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os elementos que caracte-
rizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas de Ilíada e
Odisseia, é preciso buscar as semelhanças entre uma notícia e um artigo de opinião, por exemplo, e também é
fundamental identificar as razões que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes.

Importante!
Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de classificação de um
gênero textual.

Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual gêne-
ro estamos tratando é indicado por “rotinas de comportamentos estereotipados e anônimos que se estabilizaram
pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro elemento que precisamos
identificar para classificar um gênero é o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas
típicas de quem vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor diferencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos textuais
não têm apelo ao ambiente social e são muito mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O fator social dos
gêneros textuais também irá direcionar outros aspectos importantes na classificação desses elementos, justamen-
te devido à dinâmica social em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente modificado, como se
deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam a uma
finalidade específica e momentânea, como aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
PORTUGUÊS

PROPAGANDAS e os contos de fadas – parte 3. Encantamentos Literários, 2009. Disponível em: http://encantamentosdaliteratura.blogspot.
com/2010/08/propagandas-e-os-contos-de-fadas-parte_16.html. Acesso em: 10 fev. 2023.

227
O gênero anúncio apresenta uma clara referên- GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi Não podem sofrer altera-
modificada para que o propósito do anúncio fosse Podem ser alterados ção, sob pena de serem
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui- reclassificados
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún- Estabelecem uma função Organizam os gêneros
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua social textuais
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
fim de que a principal função do anúncio se cumpra,
Apesar de não existir um número quantificável de
qual seja: vender um produto.
gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêne-
A partir desses exemplos, já podemos enumerar
ros mais comuns nas provas de concursos, com o fito de
mais algumas características comuns a todos os tipos
nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolu-
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
ção de questões que envolvam esse assunto. Por isso, a
propósito de um gênero, para alguns autores, como
seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
abordados em importantes bancas de concursos no país.
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
Posteriormente, trazemos questões de provas de con-
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a cursos anteriores que irão nos auxiliar a praticar esse
posição de que o propósito comunicativo é o critério conteúdo.
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
é vinculado ao poder do autor.
NOTÍCIA
Além disso, um gênero textual, para ser identifi-
cado como tal, é amparado por um protótipo textual,
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e,
o qual também pode ser reconhecido como estereó-
como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira
tipo textual, que resguarda características básicas
objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequên-
do gênero. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio
cias textuais narrativas e descritivas na sua composição
mencionado acima, identificamos traços do gênero
linguística, por isso, é fundamental sempre termos em
contos de fada tanto na porção textual do anúncio que
mente as características basilares de todos os principais
menciona “varinha de condão” quanto pelas imagens tipos textuais, os quais tratamos anteriormente.
que remetem ao conto da “Cinderela”. Como aprendemos no início deste capítulo, os gêne-
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os ros textuais possuem características que os distinguem
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a
também a escrever esse gênero quando necessitam. questões sociais, um propósito comunicativo e apresen-
Isso é o que torna a característica da prototipicidade tar uma configuração mais ou menos padrão que varia
tão importante no reconhecimento e na classificação em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas
um gênero devem ser reconhecidos por uma comu- características. Seu propósito comunicativo é informar
nidade, reafirmando o teor social desses elementos e uma comunidade sobre assuntos de interesse comum,
estabelecendo a importância de um indivíduo adqui- por isso, a notícia deve ser comunicada com imparciali-
rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais dade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente
gêneros se é exposto. sua opinião sobre os fatos; outra importante característi-
Portanto, a partir de todas essas informações sobre ca da notícia é a sua configuração prototípica, seu padrão
os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira textual reconhecido por leitores de uma comunidade.
resumida, os gêneros textuais são ações linguísti- Essa configuração própria da notícia é reconhecida
cas situadas socialmente que servem a propósitos pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. Veja-
específicos e são reconhecidos pelos seus traços mos na prática como reconhecer o esquema prototípico
em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com desse gênero:
as características básicas para a correta identificação
dos gêneros textuais:
Casal suspeito de assaltos é preso após
colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: da polícia, em Fortaleza
z Ações sociais Foram apreendidos três aparelhos celu-
z Ações com configuração prototípica lares roubados e uma arma de fogo com Lead
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade seis munições.
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes Um casal suspeito de realizar assaltos foi
preso após capotar um carro ao dirigir na
contramão enquanto fugia da polícia na
Outra importante característica que devemos refor-
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
que Jorge, em Fortaleza.
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia
há um número exato de gêneros textuais que possamos
em alta velocidade pelas ruas após abor-
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
dar de forma fria os pertences. “A mulher
estava conduzindo o carro e o comparsa
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS dela abordava as pessoas colocando a
Relação com aspectos Associação a aspectos arma na cabeça”, afirmou.
228 sociais linguísticos Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
seu propósito de informar, é fundamental que o autor que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- trua sua própria opinião sobre o tema.
nar seu texto imparcial e objetivo: A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
O quê? dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
Onde? MANCHETE perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
Quando? primeira por seu caráter essencialmente informativo.

CORPO DA Como? NOTÍCIA REPORTAGEM


NOTÍCIA
Por quê? Apresenta um fato de for- Questiona fatos e efeitos
ma simples e objetiva de um fato determinado
Apresenta argumentos
Objetivo é informar
sobre um mesmo fato

É importante ressaltar que, com o advento das Apuração dos fatos


Apuração extensa
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o objetiva
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas Conteúdo sem ordem
diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a determinada, pode apre-
informação, porém também abre margem para a cria- Conteúdo de curto prazo
sentar entrevistas, dados,
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema
imagens, etc
de organização das notícias tentando passar alguma
credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos Conteúdo segue o mode-
afirmar que a fonte de publicação é tão importante lo da pirâmide invertida
para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru- (conf. acima)
tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.
que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
cia e também é muito abordada em provas de concursos.
É importante ressaltar que nenhum gênero é com-
REPORTAGEM posto apenas por uma única sequência textual e que,
portanto, a reportagem também apresentará esse
A reportagem é um gênero textual que, diferen- paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
temente da notícia, além de oferecer informações mentativo, porém pode apresentar outras sequências
acerca de um assunto, também apresenta os pontos textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter A seguir, daremos continuidade aos nossos estu-
argumentativo; essa é a principal diferença entre os dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro-
gêneros notícia e reportagem. vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou provas de seleções: o artigo de opinião.
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por ARTIGO DE OPINIÃO
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre- tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no
diente” dos textos desse gênero que são representados, âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
predominantemente, pela sequência argumentativa. circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
É importante relembrarmos que o tipo textual sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
argumentativo é organizado em três macro partes: cussão de um problema de âmbito social. E, por meio
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse dessa discussão, podemos defender nossa opinião,
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais como também refutar opiniões contrárias às nossas,
de ampla repercussão e interesse do público, algo que ou ainda, propor soluções para a questão controversa.
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
busca apenas a divulgação da informação. nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele terá
Diante disso, o suporte de veiculação das repor- que usar de informações, fatos, opiniões que serão seus
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:
como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
PORTUGUÊS

As reportagens têm um caráter de “matérias espe-


se busca convencer o outro de uma determinada
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por
podem ser veiculadas em suportes escritos, como
meio de um processo de argumentação a favor de
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das uma determinada posição assumida pelo produtor
redes sociais, estas são os principais meios de divulga- e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
ção desse gênero atualmente. um processo que prevê uma operação constante de
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- sustentação das afirmações realizadas, por meio
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre da apresentação de dados consistentes que possam
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. convencer o interlocutor (2011, p. 305). 229
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: enci-
clopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que
percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação pre-
sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”
(KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto. E,
dependendo da intenção, apoiar ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente.
Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco-
lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua
produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
estruturação:

z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
texto é concluído.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamentos de terceiros) – Acei-
Desenvolvimento
tação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado

No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.

EDITORIAL

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.

EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.

EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS


z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural
z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante
z Linguagem clara, objetiva e impessoal

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.

230
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS
Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresen-
Parágrafo 1
tar o assunto ao leitor
Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos
Parágrafo 2
do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir

A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
critério, o próximo gênero estudado é a crônica.

CRÔNICA

O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA


z Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em
z Limita-se a contar fatos do cotidiano debate
z Pode apresentar um tom humorístico z Uso de argumentos e fatos
z Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa z Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
z Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo

Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:

O que é um livro?

O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
PORTUGUÊS

– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.

Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
231
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- cipais formas de marcação, em um texto, de processos
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em
cas que os processos envolvendo a coerência.
algumas metodologias (e também em alguns editais de Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. características da coerência em um texto e como esse
processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
Dica mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
Gêneros do discurso marcam o processo de inte- coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
ração verbal; como todo discurso materializa-se estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex- chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que se encontra mais na mente que no texto”.
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
variantes vocabulares de acordo com as deman- passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
das sociais e culturais de estudo dos gêneros. são. A autora afirma que a coerência:

TEXTUALIDADE E ESTILO (COESÃO E [...] Não está no texto em si; não nos é possível apon-
tá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói [...]
COERÊNCIA TEXTUAL; TIPOS DE DISCURSO;
numa dada situação comunicativa, na qual o leitor,
INTERTEXTUALIDADE; DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; com base em seus conhecimentos sociocognitivos e
MECANISMOS DE COESÃO; A AMBIGUIDADE; A interacionais e na materialidade linguística, confe-
NÃO CONTRADIÇÃO; PARALELISMOS SINTÁTICOS re sentido ao que lê (CAVALCANTE, 2013, p. 31).
E SEMÂNTICOS; CONTINUIDADE E PROGRESSÃO
TEXTUAL) A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
importantes para uma boa compreensão e elaboração
textual. É importante destacar que esses processos
COERÊNCIA E COESÃO
de coesão não podem ser dissociados da construção
de sentidos implícita no processo de organização da
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- com fins estritamente didáticos.
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência COESÃO REFERENCIAL
e por que buscar esse padrão é importante.
Os textos não são somente um aglomerado de pala- A coesão é marcada por processos referenciais
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula- relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
das e organizadas harmoniosamente de maneira que inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela- cessos marcados pela referenciação caracterizam-se
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se pela construção de referentes em um texto, os quais
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
vras, das quais falaremos a seguir.
articulados de forma que garanta uma relação lógica
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli- sos referenciais que envolvem o uso de expressões
gível e faça sentido em determinado contexto. A res- anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada “as expressões que retomam referentes já apresentados
diretamente à significação do texto, aos sentidos que no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
ele produz para o leitor. ras”. Vejamos o exemplo a seguir:

COESÃO COERÊNCIA O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que


Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa- vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro- Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
na forma e na articulação dução de sentido/relação missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
entre as ideias lógica preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony
Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo
gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e
Podemos usar uma metáfora muito interessante o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
quando se trata de compreender os processos de coe- primeira luta que fez com Apollo Creed.
são e coerência.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um 30/09/2020. Adaptado.
prédio. Tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé, um texto bem construí- A partir da leitura, podemos perceber que todos os
do depende da organização das nossas ideias, da forma termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre- rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
232 a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
Já os processos referenciais catafóricos apontam O uso de pronomes pode ser um aliado na constru-
para porções textuais que ainda não foram mencio- ção da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar
nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo ambiguidades, ocasionando o efeito oposto e prejudi-
a seguir: “Os documentos requeridos para os candi- cando a coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua
datos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e mulher.
reservista” Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado.
Dica Por fim, destacamos que as classes de palavras
relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
Em provas de concursos e seleções, ainda se são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
encontra a terminologia “expressões referen- va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
ciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado escolares. O interesse das principais bancas de con-
no material. No entanto, é importante salientar cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
que, para linguistas e estudiosos, as anáforas tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
são os processos referenciais que recuperam e/ de processos coesivos visa analisar a capacidade do
ou apontam para porções textuais. candidato de reconhecer a que e qual elemento está
construindo as referências textuais.
Uso de Pronomes ou Pronominalização
Uso de Numerais
Utilizar pronomes para manter a coesão de um
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá- Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como categorias gramaticais concorre para a progressão
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste textual; uma das classes gramaticais que auxilia esse
estudo os principais pronomes utilizados em recursos processo é o uso de numerais.
textuais para manter a coesão. Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
A pronominalização é a base de recursos anafó- essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
ricos que recuperam porções textuais ou ainda um em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
nome específico a que o autor faz referência no texto. vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
Vejamos dois exemplos: riores numa relação de coesão.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden primeiro era para os professores, o segundo para os
foi quente, com diversas interrupções e acusações alunos.
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica- As formas destacadas são numerais ordinais que
ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para recuperam informação no texto, evitando a repetição
a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins- de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifi- Uso de Advérbios
ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […]. Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões de processo de coesão. As formas adverbias que marcam
casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace tempo e espaço podem também ser denominadas de
perguntou aos dois o que eles fariam até que uma vacina marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
“não tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou Perceba que esses advérbios só podem ser associa-
sua resposta atacando a China - “deveriam ter fechado suas dos a um referente se forem instaurados no discurso,
fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas isto é, se mantiverem associação com as pessoas que
da Rússia e da própria China e, com pouca modéstia, disse produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje
que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA. não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
compreenderá que a marcação temporal refere-se
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado. ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso,
esses elementos são conhecidos como dêiticos.
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu- Independentemente de como são chamados, esses
peração da informação apresentada é feita a partir de elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono- to, auxiliando também a construção da coesão textual.
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
o leitor a construir seu posicionamento. É importante Uso de Nominalização
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe-
PORTUGUÊS

rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal As expressões que retomam ideias e nomes, já
destacado no texto refere-se ao termo “democratas”, apresentados no texto, mediante outras formas de
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que expressão, podem ser analisadas como processos
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex- outras classes nominais.
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Essas expressões recuperam informações median-
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
maior, fazendo referência ao momento de pandemia uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
pelo qual o mundo passa. Vejamos um exemplo: 233
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti- culo XXI. O país proporcionou a inclusão social
Sem
co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado de muitas pessoas. A nação obteve notorie-
Elipse
Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e dade internacional por causa disso. A pátria,
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor- porém, ainda enfrenta certas adversidades...”
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados “O Brasil evoluiu bastante desde o início do sé-
da década de 1970. culo XXI e proporcionou a inclusão social de
Com
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em: muitas pessoas, por causa disso obteve notorie-
Elipse
30/09/2020. Adaptado. dade internacional, porém ainda enfrenta certas
adversidades...”
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se COESÃO SEQUENCIAL
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
doras que servem para ligar ideias e construir o texto. A coesão sequencial é responsável por organizar a
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
Uso de Adjetivos tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
mover a evolução do debate assumido pelo autor.
Os adjetivos também são considerados expressões Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a
nominalizadoras que fazem referência a uma porção partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo desinências e modos verbais. Neste material, iremos
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
músico, produtor, artista plástico e professor” apre- são utilizadas para garantir a progressão textual.
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações Conjunções Coordenativas
sobre essa personalidade, referida anteriormente.
É importante recordar que não podemos identifi- As conjunções coordenativas são aquelas que
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
semântico independente. Na construção textual, elas
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
ta, professor são substantivos que funcionam como
informações relevantes ao texto.
adjetivos e colaboram na construção textual.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
na coesão:
Uso de Verbos Vicários

O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e Não apenas conversava com


significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários ADITIVA os demais alunos como tam-
são verbos usados em substituição de outros que já bém atrapalhava o professor
foram muito utilizados no texto. Eram ideias interessantes, porém
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas
esperávamos.
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda Superou o estigma que pregava
oração pelo verbo “foi”. ALTERNATIVAS “ou estuda, ou trabalha” e conse-
guiu ser aprovada
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES Ao final, faça os exercícios,
EXPLICATIVA pois é uma forma de praticar o
Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim” que aprendeu
Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
fizemos” O candidato não cumpriu sua
Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por CONCLUSIVA promessa. Ficamos, portanto,
falta de interesse” desapontados com ele
Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
Uso de Elipse precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
A elipse é uma forma de omissão de uma informa- orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
linguagem de uma gramática. Neste material, iremos sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades Conjunções Subordinativas
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
pósito de manter a coesão textual. Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir apresentadas num texto, porém, diferentemente
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
maior (uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
anteriormente em outro segmento do texto, mas recu- para terem o sentido apreendido.
perável por marcas do próprio contexto verbal”. Veja- Exemplos de conjunções subordinativas atuando
234 mos como ocorre, a partir do segmento abaixo: na coesão:
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
Como não havia estudado su- essencial para manter a progressão temática do texto,
CAUSAL ficiente, resolvi não fazer essa isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
prova dido, levando o escritor a fugir da temática.
Falaram tão mal do filme que ele Embora também não recomendemos as repetições
CONSECUTIVA exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
nem entrou em cartaz
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
Conforme o Ministro da Eco-
CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
acabar
O candidato foi encontra-
Ainda que vivamos um período do com duzentos milhões
Marcar ênfase
CONCESSIVA de poucos concursos, não pode- de reais na mala, duzen-
mos desanimar tos milhões!

Se estudarmos, conseguiremos Marcar contraste Existem Políticos e políticos


CONDICIONAL
ser aprovados!
“Agora que sentei na minha
À proporção que aumentava cadeira de madeira, junto
PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais à minha mesa de madeira,
forte o candidato se tornava colocada em cima deste
assoalho de madeira, olho
Estudava sempre com afinco, a Marcar a continuidade
FINAL minhas estantes de madei-
fim de ser aprovado temática
ra e procuro um livro feito
Quando o edital for publicado, já de polpa de madeira para
TEMPORAL escrever um artigo contra
estarei adiantado nos estudos
o desmatamento florestal”
Millôr Fernandes
Importante!
Uso de Paráfrase
Não confundir:
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-
“Física e Química são disciplinas afins”. porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata-
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje- do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”. sobre algo utilizando-se de outras palavras. Confor-
me Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra
vez, em outro ponto do texto, embora com palavras
Conjunções Integrantes diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
As conjunções integrantes fazem parte das orações
subordinadas, na realidade, elas apenas integram,
ligam uma oração principal a outra, subordinada. Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é Castelão. Ceará no Castelão.
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
tipos de conjunções integrantes: que e se. da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
posições diferentes, cumpre um papel importante na
Quando é possível subs- progressão temática do texto.
Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada
fácil.
isso, estamos diante de pelo uso de expressões textuais bem características,
Quero. O quê? Isso
uma conjunção integrante como: em outras palavras, em outros termos, isto é,
quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas
Sempre haverá con-
expressões indicam que algo foi dito e passará a ser
junção integrante em Perguntei se ele estava
ressignificado, garantindo a informatividade do texto.
orações substantivas e, em casa.
consequentemente, em Perguntei. O quê? Isso
Uso de Paralelismo
períodos compostos
As ideias similares devem fazer a correspondên-
COESÃO RECORRENCIAL
PORTUGUÊS

cia entre si; a essa organização de ideias no texto,


dá-se o nome de paralelismo. Quando as construções
Uso de Repetições de frases e orações são semelhantes, ocorre o para-
lelismo sintático. Quando há sequência de expres-
As recorrências de repetições em textos são comu- sões simétricas no plano das ideias e coerência entre
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. as informações, ocorre o paralelismo semântico ou
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro- paralelismo de sentido.
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
vras e expressões! 235
Falar, contar, destacar, ressaltar, dizer, afirmar,
ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
perguntar, declarar, indagar e questionar.
JUNTAS
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não Discurso Indireto
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
Neste discurso, o narrador traz, em suas palavras,
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti- as falas das personagens.
ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo Características:
em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” z É introduzido por um verbo de elocução;
— Errado. z Logo após há um termo (geralmente “que”), que
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem” mostra a mudança da voz do narrador para a men-
— Correto. sagem da personagem;
Devemos manter a organização das orações, pois z Não há mudança de linha ou de parágrafo, o texto
não podemos coordenar orações reduzidas com ora- corrido;
ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo z O discurso em si está na terceira pessoa do discur-
e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente so (ele, ela, eles, elas).
reduzidas.
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é Mudança entre os Discursos
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- Em questões de concurso, geralmente é aborda-
mos o seguinte exemplo: da a mudança de um discurso para o outro. Seja do
“Por um lado, os manifestantes agiram corre- direto para o indireto ou do indireto para o direto, há
tamente, por outro podem não ter agido errado” mudanças principalmente nos verbos, e elas devem
— Incorreto. ser observadas para manter a correção gramatical.
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu- Passagem de Discurso Direto para Discurso Indireto
lação” — Correto. No caso da passagem do discurso direto para o dis-
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma curso indireto, é necessário acrescentar informações
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto. como um pronome ou o nome do autor da mensagem
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma e mudar o tempo verbal. Além disso, são eliminadas
foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto. as pontuações como travessão e dois-pontos, já que o
texto é corrido.
TIPOS DE DISCURSO Por exemplo:
Discurso direto: João afirmou:
Discurso Direto e Indireto — Comecei minha faculdade na semana passada.
Discurso indireto: João afirmou que começou sua
Nos textos narrativos, existem dois tipos de discur- faculdade na semana anterior.
so que podem ser utilizados ao tratar de diálogos ou Discurso direto: Luna e Ana disseram:
“falas” dos personagens. São eles o discurso direto e o — Nós viajaremos amanhã.
discurso indireto, explicaremos as características de Discurso indireto: Elas disseram que viajariam
cada um a seguir. no dia seguinte.
As mudanças ocorrem em diversos aspectos, como
Discurso Direto destacaremos a seguir:7

É a reprodução exata ou literal da fala das perso- z Mudança das pessoas do discurso
nagens, sem participação do narrador. Ele é bastante
comum em muitos textos exatamente por transcrever
literalmente as palavras do outro, além disso, aproxi- DISCURSO DISCURSO
MUDANÇA
ma o leitor da história. DIRETO INDIRETO
Características: 1ª pessoa passa para 3ª pessoa
pronomes (eu, pronomes (ele,
z Introduzido por um verbo de elocução; passam para
nós) ela, eles, elas)
z Usa dois-pontos;
z Há mudança de linha para um novo parágrafo; pronomes (ele,
z É iniciado por um travessão, que indica a mudança pronomes (me, ela, eles, elas,
da voz do narrador para a voz da personagem; mim, comigo, nos, passam para lhe, lhes, se, si,
z O discurso em si está na primeira pessoa do discur- conosco) consigo, o, os, a,
so (eu/nós). as)
pronomes (meu,
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os verbos meus, minha,
pronomes (seu,
de elocução. minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
Os verbos de elocução são aqueles que introduzem nossos, nossa,
as falas dos personagens. nossas)
Os principais são:

7 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso
236 em: 28 mar. 2022.
z Mudança nos tempos verbais Exemplo de Discurso Indireto Livre

DISCURSO Juliana estava revoltada com o namorado e com


DISCURSO DIRETO MUDANÇA a briga que tiveram. Como Paulo foi capaz de falar
INDIRETO
aquelas coisas? Quem é que ele pensa que é?
pretérito
presente do
passa para imperfeito do INTERTEXTUALIDADE
indicativo
indicativo
pretérito mais- Existem diversos mecanismos que são meios
pretérito perfeito do
passa para que-perfeito do importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons-
indicativo
indicativo trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles,
a intertextualidade. Ao nos referirmos à ideia de
futuro do
futuro do presente construção dos sentidos mediante o uso de gêneros
passa para pretérito do
do indicativo textuais destacamos a estrutura, o propósito comu-
indicativo
nicativo e a função dos gêneros. Um outro elemento
pretérito importante para a compreensão textual é a intertex-
presente do
passa para imperfeito do tualidade, que diz respeito à propriedade de um texto
subjuntivo
subjuntivo se relacionar com outros.
pretérito Para se entender melhor a estrutura e a função
futuro do subjuntivo passa para imperfeito do do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
subjuntivo vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
pretérito e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
imperativo passa para imperfeito do Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
subjuntivo da qual podemos dar origem a um outro texto.
A intertextualidade está presente em nosso dia
z Mudança na pontuação das frases a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
DISCURSO tamos esse exemplo que resume a ideia de intertex-
DISCURSO DIRETO MUDANÇA tualidade que iremos trabalhar neste material:
INDIRETO
frases interrogativas frases
passam para
(?) declarativas (.)
frases exclamativas frases
passam para
(!) declarativas (.)
frases imperativas frases
passam para
(! ou .) declarativas (.)

z Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais

DISCURSO DISCURSO
MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
ontem passa para no dia anterior
hoje passa para naquele dia
agora passa para naquele momento
amanhã passa para no dia seguinte Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.

aqui, aí, cá passam para ali, lá


Compreendida a ideia de intertextualidade e apre-
aquele, aquela, sentada sua importância para a análise textual em
este, esta, isto passam para
aquilo provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer
algumas das principais formas de realização da inter-
DISCURSO INDIRETO LIVRE textualidade em textos e em gêneros utilizados por
bancas de concurso.
Para finalizar, é importante mencionar o discurso Antes, porém, é necessário apontar que, confor-
indireto livre, que é mais dinâmico. Nele, as falas das me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu-
personagens (na 1ª pessoa) estão inseridas dentro do ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor
discurso do narrador (na 3ª pessoa). Ou seja, há uma acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade,
mistura dos dois tipos anteriores. Neste tipo, nem estamos diante de um processo de intertextualidade
PORTUGUÊS

sempre há o uso dos verbos de elocução. stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor
Esse tipo de discurso não apresenta uma estrutura intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
fixa, mas também não há indício da introdução das sensu. Desenvolvemos o quadro abaixo para tornar
falas das personagens no texto. essa divisão mais didática:
Não é muito indicado porque as duas vozes são
confundidas dentro da narração, já que ele funciona
como se o narrador assumisse o papel do personagem,
mostrando o seu ponto de vista.
237
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
INTERTEXTUALIDADE

Amor é um fogo que arde sem se ver,


STRICTO SENSU LATO SENSU é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
TEMÁTICA
é dor que desatina sem doer.
ESTILÍSTICA
EXPLÍCITA É um não querer mais que bem querer;
IMPLÍCITA
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
PARÓDIA é um cuidar que ganha em se perder.

A paródia é um tipo de intertextualidade estilística É querer estar preso por vontade;


em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja é servir a quem vence, o vencedor;
verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex- é ter com quem nos mata, lealdade [...]
tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
estilo do intérprete original, quanto em textos visuais, REFERÊNCIA
como no exemplo a seguir:
A referência é um tipo de intertextualidade explí-
cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas
ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe-
rências, indicando os nomes dos títulos mencionados
ao final do trabalho.
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um
exemplo de referência com a indicação de uma das
obras citadas neste material:

Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020.


KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3.
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- ed. São Paulo: Contexto, 2015.
lidade textual.
As referências também são muito comuns em textos
PARÁFRASE jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais
documentos que sirvam de embasamento teórico.
A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-
siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o CITAÇÃO
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada
um tipo de intertextualidade temática. A citação também é um tipo de intertextualidade
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é explícita e diz respeito às formas de citação de uma
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan-
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I do utilizamos as palavras de outros autores, devemos
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição
de Luís Vaz de Camões. fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada
de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do
Monte Castelo – Legião Urbana autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a
citação passa a ser indireta.
Ainda que eu falasse a língua dos homens Independente da maneira como citamos em um tex-
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras
seria. É só o amor, é só o amor
citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que
Que conhece o que é verdade
também seguem o padrão estabelecido pela ABNT.
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver z Citação direta:
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
É dor que desatina sem doer [...] vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
I Carta de São Paulo aos Coríntios (BOAVENTURA, 2004, p. 81).

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos z Citação indireta:


anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
maneira tal que transportasse os montes, e não sário atentar-se para os diversos tipos de citação
238 tivesse amor, nada seria [...] aqui mencionados.
Dica Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
A citação indireta é um tipo de paráfrase. É o amor que está aqui
Amor, I love you (x8)
ALUSÃO
Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!
A alusão é um intertexto que faz referência a uma
obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci- Era a primeira vez que lhe escreviam
mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí- Aquelas sentimentalidades
cita ou implícita. E o seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um verda- Como um corpo ressequido
deiro presente de grego.
Que se estira num banho tépido
A expressão “presente de grego” faz alusão aos Sentia um acréscimo de estima por si mesma
fatos da Guerra de Troia, em que os gregos fingiram Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acessado
presentear os troianos com um cavalo de madeira em: 12/10/2020.
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
invadir a cidade de Troia e destruí-la por dentro. Tradução

EPÍGRAFE A tradução é uma espécie de paráfrase para mui-


tos autores, pois, como sabemos, há palavras e expres-
A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní- sões que só existem na língua de origem do escritor
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê- original. Dessa forma, a tradução de textos em línguas
micos ou de outros gêneros para manter uma relação diferentes é uma aproximação de sentidos, construída
dessa citação com o assunto abordado na obra. a partir das leituras e do ponto de vista do tradutor.
Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo- Muitos escritores brasileiros são considerados como
cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe- “literatura complexa” por manterem em seus textos
tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas” expressões tão brasileiras que se tornam difíceis de
(trecho da música Quase sem querer da banda Legião expressar em outras línguas. É o caso do mineiro de
Urbana), para iniciar nosso debate sobre intertextua- Cordisburgo, Guimarães Rosa, que apresenta uma
lidade e as possibilidades de escrevermos algo com- linguagem peculiar repleta de neologismos, como os
pletamente inédito em nosso contexto atual. destacados a seguir:

OUTROS POSSÍVEIS PROCESSOS INTERTEXTUAIS


MENOS COMUNS EM CONCURSOS Enxadachim: Designa um trabalhador do campo,
que luta pela sobrevivência. A palavra reúne “enxa-
Bricolagem da” e “espadachim”.
Taurophtongo: Significa mugido, sendo a palavra
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que uma junção de dois termos gregos, relativos a touro
atua explicitamente no texto, pois se refere à mes- (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
cla de vários elementos advindos de vários textos ou Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal “(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa que,
característica da bricolagem é o uso de outros frag- de tão bêbada, chega a engatinhar.
mentos textuais para a formação de uma nova com- Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa
posição textual. “veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor nome dado para uma planta de folhas aveludadas.
I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu Circuntristeza: Como a própria palavra sugere,
um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz, refere-se à “tristeza circundante”.
para compor a letra da música. Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acessado em: 16/10/2020.

“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen- Diante desse complexo léxico, como traduzir
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas expressões que até para um brasileiro podem ser
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto
calor amoroso que saía delas, como um corpo res-
intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra-
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan-
que entrava enfim uma existência superiormente çada por falantes nativos.
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma Pastiche
se cobria de um luxo radioso de sensações.”
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
PORTUGUÊS

Eça de Queirós – O Primo Basílio


um modelo estrutural serve para inspirar um novo
Amor I Love You – Marisa Monte quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
Deixa eu dizer que te amo lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os três
Deixa eu pensar em você patetas”, na década de 1960, inspirou programas no
Isso me acalma, me acolhe a alma mundo todo.
Isso me ajuda a viver O pastiche também é comum em textos imagéticos,
[...] como o exemplo a seguir: 239
� Semântica (ou lexical): Ocorre quando determi-
nado vocábulo assume dois ou mais significados.
Ex.: O rapaz pediu um prato ao garçom. (Prato
pode se referir ao objeto ou à refeição).

A NÃO CONTRADIÇÃO

Em diferentes tipos e gêneros textuais, como o tex-


to dissertativo-argumentativo exigido no ENEM, posi-
cionar-se perante a uma questão social ou de qualquer
outro âmbito é uma exigência, afinal, espera-se do
escrevente uma visão crítica, embasada e consisten-
te. Tal consistência é construída em um texto a partir
de vários parâmetros, um deles é a coerência. Quando
dizemos, cotidianamente, que uma pessoa é coeren-
te, entende-se que essa é uma virtude daqueles que
praticam o que acreditam e pregam. Assim funciona
também no texto, a coerência dá-se na organização
lógica das ideias e na capacidade do autor de, até o
final do seu texto, manter sua argumentação e, mui-
tas vezes, convencer o leitor com seu posicionamento
Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acessado em: 12/10/2020. e argumento. A coerência é um pré-requisito da não
contradição. E a respeito da última, analisemos agora.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO A não contradição permeia por campos filosóficos de
forma abrangente, sendo um dos princípios da lógica.
Denotação Por esse conceito, entendemos que uma proposição não
pode ser ao mesmo tempo verdadeira e falsa, se analisa-
O sentido denotativo da linguagem compreende o sig- das sob mesmo aspecto. Ao entender a não contradição,
nificado literal da palavra independente do seu contexto o autor tem a capacidade de construir um texto convin-
de uso. Preocupa-se com o significado mais objetivo e lite- cente e coerente. No âmbito jurídico, por exemplo, é de
ral associado ao significado que aparece nos dicionários. suma importância que os juristas a dominem.
A denotação tem como finalidade dar ênfase à informa- Dessa maneira, podemos agora pensar nas dife-
ção que se quer passar para o receptor de forma mais rentes formas de coerência em um texto e, conse-
objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utilizada quentemente, da não contradição. A depender do tipo
em textos informativos, como notícias, reportagens, jor- textual, a coerência se dá de diferentes formas, o fato
nais, artigos, manuais didáticos, entre outros. é que ela é indispensável para que um texto tenha
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: lógica em suas construções sintáticas entre os perío-
chamas) dos e parágrafos. Veja os exemplos a seguir:
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo) z Ex.: 1 - Thiago é um grande torcedor e ama ir ao
estádio ver seu time perder;
Conotação z Ex.: 2 - Gosto de crianças mal educadas porque elas
me tratam bem.
O sentido conotativo compreende o significado figu-
rado e depende do contexto em que está inserido. A Note que nos dois exemplos acima cria-se uma
conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos expectativa no leitor de que: 1- o torcedor gostaria de
quais a língua dispõe para expressar diferentes sentidos ir ao estádio para ver o seu time ganhar, e não perder;
ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A cono- 2- que seria mais provável não gostar de crianças mal
tação tem como finalidade dar ênfase à expressividade educadas, afinal, comumente, elas não tratam as pes-
da mensagem de maneira que ela possa provocar senti- soas bem. Como a expectativa do leitor é quebrada por
mentos ou diferentes sensações no leitor. Por esse moti- falta de lógica, trata-se de construções incoerentes.
vo, é muito utilizada em poesias, conversas cotidianas, Além do princípio da não contradição, vale lembrar
letras de músicas, anúncios publicitários e outros. que o princípio da não tautologia também faz parte
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. de um texto coerente. A tautologia é a redundância no
Você mora no meu coração. texto. Ocorre quando o escrevente utiliza de diferentes
sinônimos para, no final das contas, dizer algo óbvio
AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA (pela lógica) ou que já foi dito no texto. Suponhamos
que haja em um texto a seguinte construção:
Ocorre quando há uma duplicidade de sentido ou
uma falta de clareza no enunciado. Ela pode ser de z Ex.: O padeiro faz pão todos os dias. Diariamente
dois tipos: o padeiro acorda e vai até a padaria fazer a massa
dos pães para vendê-los. E de domingo a domingo
� Sintática (ou estrutural): Ocorre devido à posi- ele está lá vendendo seus pães na padaria.
ção inadequada de algum elemento na frase.
Ex.: O celular se tornou um grande aliado do O exemplo acima carece de coerência por trazer
homem, mas esse nem sempre realiza todas as informações pleonásticas que não acrescentam ideias
suas tarefas. (Esse e suas podem se referir ao novas e relevantes ao texto. São apenas sinônimos que
240 homem e ao celular). dizem a mesma coisa, resultando em incoerências.
Por fim, o princípio da relevância é aquele que Os principais elementos coordenativos que estabe-
exige do texto coerência quanto ao seu tema. Imagine lecem a boa relação de paralelismo são:
que, ao escrever um texto, você, pessoalmente, acre-
dite que trazer informações extras seja importante. � Conectivos aditivos: e, nem.
Mas será que realmente são? Quando o princípio da Ex.: “É necessário que você estude e que estipule
relevância não é respeitado, o texto carece de nexo e um horário de estudos”;
pode confundir seu leitor ou corretor. Os corretores � Correlação de valor aditivo: não só/somente;
de bancas de concursos e vestibulares não podem ter mas/como também tanto/quanto.
dúvidas quanto ao que foi escrito, portanto, é impor-
Ex.: “Não só corrigiu os erros, como também aju-
tante que as informações estejam claras. No exemplo
dou a todos”;
abaixo é possível perceber no trecho que o princípio
� Correlação de valor alternativo: ou...ou; quer...
da relevância não foi respeitado. Veja:
quer; seja...seja.
z Ex.: O desmatamento no Brasil tem sido um gran- Ex.: “Seja na alegria, seja na tristeza, estarei ao seu
de problema que só aumenta. Os órgãos responsá- lado”.
veis pela preservação das matas brasileiras têm se
omitido quanto ao problema. A vacinação contra Vejamos alguns exemplos de quebra do paralelis-
a Covid-19 avançou, o que melhorou a situação da mo sintático:
pandemia no Brasil.
z “Não gosto de calor nem de que faça frio” (primei-
Note que no exemplo construído acima, a última ro objeto indireto é um substantivo, segundo uma
informação é desconexa e avulsa, tornando-se irre- oração);
levante. De nada adianta sabermos, nesse contexto, z “João enriqueceu com investimentos arriscados,
sobre a vacinação contra a Covid-19, visto que não isto é, negociando day trade. (o complemento de
agrega nada na temática do desmatamento. enriquecer é uma expressão nominal, logo, a expli-
Em suma, o recurso responsável pela não contradição cação após a partícula expletiva, deve ser da mes-
de um texto é a coerência. É importante que não se asso- ma natureza);
cie aqui a coesão, visto que ela é responsável pela cons- z “Não só corrigiu os erros e ajudou a todos” (a cor-
trução gramatical e estrutural do texto, como o uso dos relação não só estabelece que o complemento seja
conectivos. A coerência, em contrapartida, é responsável mas/como também);
pela construção de sentido e significado de um texto.
z “Lamentei não ter feito nada pelo cãozinho e que
ele saísse tão humilhado” (mistura de orações
PARALELISMO
reduzida e desenvolvida);
z “Aspirei e gostei do ar” (o verbo aspirar é regido
Paralelismo é o estudo do uso adequado de estru-
pela preposição “a”, diferente do verbo gostar).
turas sintáticas e semânticas na língua portuguesa.
Um texto deve ser compreendido como um todo coe-
rente e coeso; dessa forma, as ideias debatidas devem Paralelismo Semântico
ser apresentadas relacionando-se entre si e mantendo
a devida correspondência. Assim como o paralelismo deve ser mantido entre
Ao organizar as ideias por meio de palavras, as termos equivalentes, ele deve também ser observado
normas da gramática normativa prescrevem que entre as ideias do texto, a fim de garantir a coerência
devemos coordenar frases que tenham os mesmos global do conteúdo.
tipos de constituintes, assim, correlacionando adje- Para cumprir com a organização das ideias tex-
tivos com adjetivos; substantivos com substantivos; tuais, o conteúdo deve ser apresentado de forma
termos preposicionados com termos preposicionados; coerente; nesse aspecto, o paralelismo tem função
orações desenvolvidas com orações desenvolvidas etc. primordial.
Dessa forma, tornam-se errados os seguintes Ex.: Encontrei duas pessoas na rua: uma era sua
exemplos, por quebra de paralelismo sintático: irmã, a outra estava de muletas.
Ex.: “Tenho uma prima inteligente e que tem A frase acima desrespeita o paralelismo, pois não
muito dinheiro.” se direciona o enunciado para saber sobre o estado
“Leio para me informar e porque objetivo me físico das pessoas encontradas na rua, mas sim sobre
tornar mais inteligente.”
possíveis parentescos entre elas e o falante.
A primeira oração quebra o paralelismo sintático,
Para que as frases apresentem uma boa estrutura
pois mistura constituintes diferentes, apresentando
um adjetivo e uma oração adjetiva. Devemos sempre paralela, é preciso buscar uma coordenação entre as
manter a relação de paralelo entre os constituintes, a ideias defendidas no texto.
forma correta é: “Tenho uma prima inteligente e rica.” A seguir, apresentamos algumas estruturas com o
A segunda oração quebra o paralelismo pelo mes- paralelismo semântico prejudicado e algumas suges-
mo motivo, pois apresenta constituintes diferentes; tões de correção.
primeiro uma oração reduzida seguida de uma ora-
PORTUGUÊS

ção desenvolvida. Para manter o paralelismo, deve- z O coronel da polícia militar fez duas operações: a
mos manter um único tipo de oração: “Leio para me primeira no Morro do sacramento, a segunda no
informar e para me tornar mais inteligente”. pulmão. (errado)
Motivo: As ideias não mantêm relação de coorde-
Paralelismo Sintático nação. O correto seria relacionar dois locais ou
dois órgãos.
O paralelismo sintático observa as relações entre os O coronel da polícia militar fez uma operação no
constituintes das orações, que devem manter uma estru- Morro do sacramento, posteriormente, passou por
tura semelhante, como vimos nos exemplos anteriores. uma cirurgia no pulmão. (correto); 241
z Afonso tem um carro a diesel e outro importado. coordenativa aditiva “e” seria uma das formas de ideias
(errado) para se obter a coesão e progressão textual.
Motivo: Não podemos relacionar a origem do car- Para ficar mais claro, observe o exemplo abaixo
ro e o tipo de combustível. e, especialmente, os termos em destaque. Note como,
Afonso tem um carro movido a diesel, ele possui desta forma, as informações são bem articuladas e
um outro carro, importado. (correto) conectadas no texto.
Ex.: Assim que chegou em casa, Rodrigo cumpri-
CONTINUIDADE E PROGRESSÃO TEXTUAL mentou sua mãe e sua irmã. Ele estava muito cansado
porque havia trabalhado muito, por isso foi dormir.
A palavra progressão nos remete a ideia de pro- Tanto sua mãe quanto sua irmã entenderam seu can-
gresso, de algo que tende a continuar a acontecer, a saço e deixaram o menino descansar.
progredir. Um texto bem construído funciona da mes-
TEXTO E CONTEXTO
ma forma, é preciso estruturá-lo a partir de “fases”, ou
seja, obedecer a sua estrutura.
De uma maneira geral, os textos são divididos em Um fator essencial para estudar os fundamentos da
parágrafos e esses parágrafos, para serem organizados, Língua Portuguesa é entender a construção da comuni-
precisam estar conectados de uma maneira coesa. À cação e a maneira como ela se manifesta em sociedade.
organização textual por meio de conectivos de coesão A relação entre locutor (autor) e interlocutor
e continuidade damos o nome de progressão textual. (leitor) em cada mensagem é o objeto principal de
Para alcançar a progressão textual, é preciso saber estudo da comunicação, seja ela verbal ou não verbal,
que a progressão textual obedece ao gênero textual e seja ela escrita, oral ou gestual.
organiza o texto por meio da coesão. É ela que “costura” os A comunicação escrita, por sua vez, é a forma docu-
parágrafos intercalando ideias. Por estes motivos é preci- mental da comunicação verbal. Dentro dela, algumas
so dominar o gênero e o tipo textual que será produzido. terminologias devem ser bem definidas para o estudo
Pensemos no exemplo de um artigo de opinião, da língua, bem como os conceitos de texto e contexto.
que basicamente cumpre três passos (1) introdução,
(2) desenvolvimento e (3) conclusão: O que é o Texto

z Introdução: Espaço para apresentar aos leitores a Texto pode ser designado como uma manifestação
temática que será abordada no artigo e que será linguística de sentido, elaborado a partir de um conjun-
defendida (ou não) por quem escreve; to de signos linguísticos de um determinado idioma que,
z Desenvolvimento: Utilizando-se de quantos pará- quando combinados, expressam ideias e argumentos do
grafos achar necessário, é o momento de argumen- autor. Ou seja, uma junção de palavras que dão sentido
tar e defender um ponto de vista. Essa precisa ser à mensagem que o locutor pretende passar.
a parte mais longa do texto porque é nela que as É a partir da decodificação dos signos presentes
justificativas e a tese serão desenvolvidas; no texto que o leitor consegue interpretar qualquer
z Conclusão: Neste momento, o autor retoma suas informação lá presente. Observe o esquema a seguir
principais ideias e conclui seu raciocínio. Em sobre como funciona o fluxo da comunicação:
alguns casos, pode-se propor uma solução para um
problema apresentado.

Ao observar a estrutura acima, percebemos que Sinais Gestos Sons Palavra Escrita
para escrever um artigo de opinião é necessário res-
peitar sua estrutura, como uma ordem lógica. A pro-
gressão textual, nesse caso, ocorre com a continuidade Cores Desenhos Palavra Falada
das ideias para se chegar a algum lugar. Caso a ordem
fosse invertida, não seria o mesmo gênero textual,
pois ele só existe nos moldes preestabelecidos.
Agora, em se tratando da coesão, como dito ante-
riormente, a progressão textual dá-se no uso dos conec-
tivos que ligam períodos e parágrafos de um texto. É
Receptor
necessário que o autor tenha um conhecimento satisfa- Emissor Canal
(interlocutor,
tório dos diferentes tipos e classificação dos conectivos. (locutor, escritor, Código
leitor, ouvinte,
Afinal, cada tipo de conjunção estabelece uma relação falante, etc.). Mensagem
etc.).
de sentido entre informações. Dentre os diferentes
tipos de conectivos, podemos citar os de adição, opo-
sição, comparação, hipótese, dúvida e diversos outros. Para entender melhor a relação da comunicação
Utilizar o conectivo correto entre períodos e pará- com os signos linguísticos, pense nisso da seguinte
grafos garante um bom entendimento do texto e sua forma: alguém que não está familiarizado com o man-
progressão textual. Vejamos abaixo um exemplo de darim provavelmente não conseguiria ler um texto
um conectivo sendo usado de forma incorreta e como
escrito neste idioma, mas a partir do momento que o
compromete o entendimento do texto.
leitor é capaz de reconhecer as letras deste alfabeto
Ex.: Ana amava sua mãe, mas gostava muito de
e formar palavras, combinando cada um dos signos,
estar com ela todos os dias.
Neste caso, a conjunção coordenativa adversativa de modo a dar sentido à mensagem escrita, só então a
“mas” traz a ideia de oposição, o que não faz sentido e comunicação é efetiva. O propósito de todo e qualquer
quebra a progressão textual. Veja a forma correta: “Ana texto é expressar, por meio de símbolos linguísticos,
amava sua mãe e gostava de estar com ela todos os dias.” uma mensagem que será interpretada pelo leitor.
Estar com a mãe todos os dias é uma informação adi-
242 cional ao fato de Ana amá-la. Neste caso, a conjunção
A Importância do Contexto dedicarão durante meses torcendo por um desenlace
que favoreça os mocinhos da narrativa.
A decodificação dos símbolos e signos, no entan- A respeito dos tipos de narrativa no enredo, vere-
to, não é o único fator responsável pela compreensão mos agora um exemplo de narrativa linear. Lembre-se
do texto. Além do fator linguístico, é necessário que o que essa narrativa obedece a uma ordem cronológica
interlocutor utilize seus conhecimentos históricos, cul- dos fatos, seguindo basicamente 4 passos:
turais e sociais no momento da leitura. Estes fatores
também se aplicam para a produção textual. Chama- z A apresentação das personagens, do espaço, do
mos isso de contexto: o ambiente físico ou situacional tempo;
que envolve a mensagem e torna o texto um objeto de z O conflito entre as personagens principais que
recorte da realidade de quem escreve para quem lê. será o responsável pelo desenrolar da história;
Para exemplificar a ideia do contexto como fator z O clímax, momento no qual o principal conflito é
chave para a interpretação textual, pode-se pensar solucionado;
numa anedota, uma piada escrita. Mesmo que a pia- z Por último, o desfecho, quando todos os conflitos
da em questão seja escrita no seu idioma nativo, se são solucionados.
o contexto envolve humor sobre algo regional do sul
de Minas ou do interior do Ceará, é provável que um Tais elementos podem ser percebidos na lenda da
leitor que mora Rio de Janeiro ou em São Paulo não “Vitória Régia” reproduzida abaixo:
compreenda a informação ali posta. Sendo assim, o Diz a lenda que a Lua era um deus que namorava as
contexto é uma das ferramentas mais importantes mais lindas jovens índias e sempre que se escondia,
para a totalidade da compreensão de um texto. escolhia e levava algumas moças consigo. Em uma
aldeia indígena, havia uma linda jovem, a guerreira
Dica Naiá, que sonhava com a Lua e mal podia esperar o
dia em que o deus iria chamá-la.
Questões que envolvem reflexões sobre texto e Os índios mais experientes alertavam Naiá dizen-
contexto costumam estar “escondidas” em sim- do que quando a Lua levava uma moça, essa jovem
ples questões de interpretação de texto. deixava a forma humana e virava uma estrela no
céu. No entanto, a jovem não se importava, já que
era apaixonada pela Lua. Essa paixão virou obses-
O TEXTO NARRATIVO: O ENREDO, O TEMPO E O
são no momento em que Naiá não queria mais
ESPAÇO
comer nem beber nada, só admirar a Lua.
Numa noite em que o luar estava muito bonito, a
O tipo textual narrativo está ligado à narração e moça chegou à beira de um lago, viu a lua refletida
a contação de histórias. Em momentos diferentes do no meio das águas e acreditou que o deus havia des-
passado, a narração era reproduzida pela oralidade. cido do céu para se banhar ali. Assim, a moça se ati-
Lendas, “causos”, fábulas e outros gêneros eram passa- rou no lago em direção à imagem da Lua. Quando
dos de geração em geração, cada qual com seu objetivo percebeu que aquilo fora uma ilusão, tentou voltar,
específico, que poderia ser uma lição de moral ou até porém não conseguiu e morreu afogada.
mesmo uma explicação sobre fenômenos da natureza. Comovido pela situação, o deus Lua resolveu trans-
Dentro do tipo textual narrativo, há muitos gêneros formar a jovem em uma estrela diferente de todas
as outras: uma estrela das águas – Vitória-régia.
textuais. Esses gêneros diferem entre si pelo desenvol-
Por esse motivo, as flores perfumadas e brancas
vimento dos elementos estruturais da narrativa, como
dessa planta só abrem no período da noite.”
o enredo, o espaço, o tempo, o número de persona-
gens etc. O romance, a fábula, o conto, a lenda, o conto
Na lenda da “Vitória Régia”, a construção lógica e
maravilhoso, piada, contos de fadas, entre outros. O
linear é bastante perceptível, visto que os 4 elementos
que todos eles têm em comum é a organização da nar-
do enredo são desenvolvidos. Além disso, o enredo é
rativa por meio de núcleos dramáticos (personagens)
construído em parágrafos que também são divididos
e os elementos estruturais que serão analisados de
de forma estratégica, a fim de organizar as informa-
maneira minuciosa nos próximos parágrafos.
ções e auxiliar a compreensão do leitor.
O Enredo Mas, como dito, há também enredos que não são
lineares. Veremos um exemplo não linear a seguir:
O primeiro elemento a ser analisado é o enredo.
Tal elemento é, basicamente, o planejamento do tex- Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro
to narrativo a ser escrito, é por meio dele que a trama
lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto
será organizada. Quando pensamos em uma contação
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas con-
de história, é natural esperarmos que o enredo seja siderações me levaram a adotar diferente método: a
construído de uma maneira linear, afinal, compreen- primeira é que eu não sou propriamente um autor
der e construir uma história é muito mais fluido desta defunto, mas um defunto autor, para quem a cam-
maneira. Porém, nem sempre o enredo cumpre essa pa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria
PORTUGUÊS

expectativa. Na verdade, há muitos autores que optam assim mais galante e mais novo. Moisés, que também
pela narrativa não linear, desafiando o leitor a estabe- contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no
lecer parâmetros diferenciados na construção de sua cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
interpretação dos fatos. É comum que nos textos nar-
rativos haja, no enredo, um problema central que gere O trecho acima é um clássico exemplo de narrati-
conflito entre as personagens principais e que esse con- va não linear. No livro “Memórias Póstumas de Brás
flito seja um mote para o desenrolar da narrativa até Cubas”, Machado de Assis constrói sua personagem
seu desfecho. Vale lembrar que as telenovelas se apro- protagonista, Brás Cubas, que escolhe narrar sua vida
veitam muito disto para fisgar os espectadores que se a partir de seu fim, ou seja, de sua morte. 243
O Tempo era considerado inteligente, tinha ao mesmo tempo a
inquieta sensação de inconsciência: alguma coisa lhe
Na narrativa, o tempo pode ser definido de for- havia escapado. A chave de sua inteligência também
ma cronológica ou psicológica. O tempo cronológico lhe escapava. Pois às vezes, procurando imitar a si
define-se pela ordem dos acontecimentos e pela cro- mesmo, dizia coisas que iriam certamente provocar
de novo o rápido movimento no tabuleiro de damas,
nologia, é o tempo real. Nele, temos a noção de que a
pois era esta a impressão de mecanismo automá-
história se passa em anos, horas, dias ou até mesmo,
tico que ele tinha dos membros de sua família: ao
como é o caso das fábulas, em um tempo indefinido,
dizer alguma coisa inteligente, cada adulto olharia
apenas sabemos que se trata do passado. O tempo cro- rapidamente o outro, com um sorriso claramente
nológico pode ser marcado também por advérbios ou suprimido dos lábios, um sorriso apenas indicado
locuções adverbiais de tempo que não denotam datas com os olhos, “como nós sorriríamos agora, se não
específicas, mas momentos do dia (dia, tarde, noite fôssemos bons educadores” - e, como numa quadri-
etc.). Ademais, a escolha desse tipo de tempo exige lha de dança de filme de faroeste, cada um teria de
do escritor adequação da linguagem à época escolhi- algum modo trocado de par e lugar. Em suma, eles se
da, não por acaso o tempo cronológico também pode entendiam, os membros de sua família; e entendiam-
ser chamado de tempo histórico. Veja como o escritor -se à sua custa. Fora de se entenderem à sua custa,
Aluísio de Azevedo constrói o tempo cronológico no desentendiam-se permanentemente, mas como nova
trecho a seguir do seu romance “O Cortiço”: forma de dançar uma quadrilha: mesmo quando se
desentendiam, sentia que eles estavam submissos às
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, regras de um jogo, como se tivessem concordado em
abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de por- se desentenderem.
tas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto
de quem dormiu de uma assentada sete horas de É possível perceber que a percepção da persona-
chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência gem frente aos acontecimentos e seus sentimentos
de neblina as derradeiras notas da última guitarra leva o leitor a entrar junto dela em reflexões que não
da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e estão em um tempo real e cronológico, mas sim em
tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade um tempo psicológico. Nele, o tempo pode passar de
perdido em terra alheia. A roupa lavada, que ficara
maneira distinta, mais devagar e mais depressa, a
de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-
depender de cada pessoa.
-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras
do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e
O Espaço
em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam
uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações
de espumas secas. Entretanto, das portas surgiam O espaço na narrativa é definido pelo local onde
cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos a história se desenvolve. Esse espaço pode ser físi-
bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigar- co, social e até psicológico. No caso do espaço físi-
reava-se grosso por toda a parte; começavam as co, podemos pensar em exemplos de histórias que
xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, ambientalizam o espaço e já o deixam claro ao leitor
suplantando todos os outros; trocavam-se de jane- de que local se trata. É o que acontece no roman-
la para janela as primeiras palavras, os bons-dias; ce regionalista “O Quinze”, de Rachel de Queiroz no
reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequeno trecho abaixo:
pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das
casas vinham choros abafados de crianças que ain- A velha casa de taipa negrejava ao sol o telhado de
da não andam. jirau. Na latada, coberta de folhas secas, o cachor-
ro cochilava ao calor do mormaço. Chico Bento
Pode-se perceber que o autor narra a manhã entrou, no mesmo passo lento, a modo que curvado
daquele local específico, e em um recorte histórico sob a cruz de remendos que ressaltava vivamente,
específico, de maneira linear e cronológica. Fica mui- como um agouro, nas costas desbotadas da velha
to claro para o leitor o tempo em que tudo acontece. blusa de mescla.
Já no tempo psicológico, a compreensão é mais
complexa, pois a contagem do tempo é vista sob o ponto No exemplo acima temos a exatidão do espaço em
de vista da personagem e não obedece a acontecimen- que se passa a narrativa e como ele é. O leitor con-
tos lineares e cronológicos, sendo mais intimista e par- segue visualizar esse local mentalmente apenas pela
ticular. Ele é chamado por alguns críticos de fluxo de descrição feita.
consciência, já que podemos viajar junto com a perso- Já o espaço social é o local coletivo em que as per-
nagem em seu pensamento, sentimento etc. O recurso sonagens circulam. Ele possui uma significação no
do flashback também é bastante utilizado nesse tempo, recorte regional onde está. Um bom exemplo para isso
já que permite voltar ao passado e trazer elementos sig- é o espaço já citado no trecho do livro “O Cortiço”. Este
nificativos para desenvolver a narrativa. Uma escritora livro possui uma ambientalização bastante específica
brasileira muito conhecida por escrever em tempo psi- e é necessário que haja conhecimentos prévios para
cológico é Clarice Lispector. A autora possui diversos se entender bem do que se trata, neste caso, os corti-
contos nos quais o fluxo de consciência está presente. ços (habitações improvisadas e pouco salubres) do Rio
Assim acontece no conto “Miopia Progressiva”: de Janeiro no século XIX. Este é o espaço social no qual
as personagens estão inseridas.
Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligen-
Por fim, o espaço psicológico é aquele onde os
te dependia da instabilidade dos outros. Às vezes o
que ele dizia despertava de repente nos adultos um acontecimentos estão nos pensamentos das persona-
olhar satisfeito e astuto. Satisfeito, por guardarem gens, não há um lugar físico. Clarice Lispector, mais
em segredo o fato de acharem-no inteligente e não o uma vez utilizada aqui como exemplo, desenvolveu
mimarem; astuto, por participarem mais do que ele o espaço psicológico em seu famoso romance “A Hora
244 próprio daquilo que ele dissera. Assim, pois, quando da Estrela”, veja:
Não, menti, agora vi tudo: ele não era inocente me encantava. Sabia cantar bonito, ninguém mais
coisa alguma, apesar de ser uma vítima geral do naquele lugarejo cantava como ela.
mundo. Tinha, descobri agora, dentro de si a dura Veja que o autor descreve a mulher sob seu ponto
semente do mal, gostava de se vingar, este era o seu de vista e de como as características da moça o marca-
grande prazer e o que lhe dava força de vida. Mais va de maneira específica. Possivelmente, nem todas as
do que ela que não tinha anjo da guarda.
pessoas do lugarejo a viam da mesma forma.
Em suma, a técnica da descrição necessita de uma
Neste caso, somos levados pelo fluxo de consciên- enumeração de características, de modo que elas con-
cia de quem narra e adentramos a um espaço que não
sigam construir sentidos para o leitor. Além disso, a
existe de maneira concreta, pois trata-se das ideias da
escolha dos adjetivos e locuções adjetivas corretas
personagem que ocorrem sem seu pensamento.
para cada situação é indispensável.
A TÉCNICA DA DESCRIÇÃO Vale lembrar que os verbos no tempo passado são
os mais utilizados para o tipo textual descritivo. Alguns
O tipo textual descritivo é o texto que valoriza gêneros textuais descritivos, além dos já citados, são: diá-
a descrição dos detalhes de alguma situação, lugar, rios, cardápios, anúncio de classificados (como vendas
objeto e até mesmo pessoas. Esse tipo textual pode, de móveis ou vagas de empregos), entre outros. Observe
por vezes, estar inserido em textos narrativos, como que cada um dos gêneros citados neste tópico exigem
a descrição física e psicológica de alguma personagem uma forma distinta de se descrever, ou seja, o conheci-
de romance, por exemplo. Porém, fora do campo fic- mento a respeito do gênero a ser escrito é fundamental.
cional, o texto descritivo também pode estar presente
em textos científicos, já que neles também pode haver O NARRADOR
descrições de métodos e resultados.
Do ponto de vista linguístico, a técnica da descri- O narrador de um texto é o responsável por escre-
ção possui elementos fundamentais. Por se tratar de vê-lo sob sua perspectiva. As diferenças entre os tipos
um tipo textual que envolve a exposição de caracterís- de narradores variam a partir do gênero textual em
ticas, o uso dos adjetivos e locuções adjetivas é muito questão e a intenção da construção de quem narra. Os
comum. Além disso, a enumeração dos elementos que narradores podem ou não fazer parte das histórias,
serão analisados também é uma característica da des- podem ser protagonistas, podem observar e narrar
crição. Dito isso, é importante recordar: a descrição acontecimentos vendo-os “de fora”, sabendo tudo que
sempre se adapta ao gênero textual ao qual ela está se passa, mas sem ter sua identidade revelada. Portan-
inserida, podendo mudar em diferentes contextos. to, são diversas as maneiras de se construir um narra-
A descrição pode ser dividida em dois tipos prin- dor em textos de diferentes tipos.
cipais: a objetiva e a subjetiva. Veremos cada uma Escolher o narrador que será utilizado em seu tex-
delas nos parágrafos seguintes. to é indispensável para a construção do foco narrati-
A descrição objetiva trata de descrever as situações, vo. Para isso, é necessário definir alguns pontos, como
pessoas, lugares etc., exatamente como eles são. É uma por exemplo:
descrição concreta e denotativa, ou seja, não há figu-
ras de linguagem, nem rodeios e tampouco opiniões de z De que ponto de vista o seu narrador fala;
quem descreve. Tudo é descrito em sua literalidade. Em z É um narrador que dialoga com o leitor ou não;
textos jornalísticos, por exemplo, é ideal que a descrição z Quem é a pessoa que narra e sua importância na
seja objetiva, pois os leitores precisam de informações narrativa;
precisas e reais dos fatos. Assim também ocorre com z Como o narrador receberá as informações para
textos jurídicos, não é possível que neles haja descrições construir seus argumentos e defesas.
que possuam ambiguidade, por isso as descrições neces-
sariamente devem ser objetivas. Veja os exemplos:
Decidido o foco narrativo, entenda que o narrador
Ex.: O suspeito tinha estatura média, vestia calça
será o porta voz do seu texto, ou seja, dar a atenção neces-
jeans, moletom azul e tênis roxo. Invadiu o banco às
sária para desenvolvê-lo bem é de extrema importância.
14h15, quando não havia ninguém olhando. Conse-
Imagine a relevância, por exemplo, que um narrador
guiu fugir em um Opala Azul e foi visto pela última
tem em uma narrativa de romance policial. A depender
vez na Avenida Belo Horizonte às 18h do mesmo dia.
Ex.: Os dois filhos de Isabel são muito diferentes. da maneira como ele passa as informações para os lei-
Arthur é alto, mede 1,80, tem olhos azuis e grandes. tores, as pistas para desvendar a trama mudam, assim
Já Sabrina tem os olhos puxados e castanhos do pai, como a construção da interpretação do desfecho final.
além de ser baixa e medir 1,60. Os narradores podem ser divididos, de maneira
Note que as informações acima descrevem fatos geral, em dois: os de primeira pessoa e os de terceira
reais sem levar em conta opiniões pessoais e subje- pessoa. Vamos conhecer detalhadamente cada um deles.
tivas de quem escreve. Um bom escritor descritivo é
também um bom observador, já que percebe os deta- Narrador de Primeira Pessoa (ou Narrador
lhes muitas vezes imperceptíveis a outros olhos. Personagem)
PORTUGUÊS

A descrição subjetiva, por sua vez, é descrita total-


mente sob o ponto de vista de quem a escreve. A emo- O narrador em primeira pessoa, ou narrador per-
ção do escritor entra em jogo e todas as suas vivências, sonagem, como o próprio nome sugere, participa da
crenças e costumes interferem na maneira como des- história ao mesmo tempo em que a conta. Ou seja, os
creverá uma pessoa, lugar etc. As figuras de linguagem fatos são narrados de maneira subjetiva pela pers-
são essenciais, pois funcionam como um recurso lin- pectiva dele. O narrador personagem conduz os fatos
guístico muitas vezes poético. Veja o exemplo: da maneira que suas emoções comandam, por isso,
Ex.: Era uma pessoa bonita como os finais da tarde o foco é dado não em partes relevantes para o texto
de inverno. O cheiro de alfazema que recendia dela como um todo, mas para o que é interessante para ele. 245
Um dos exemplos mais emblemáticos de um nar- No trecho abaixo, podemos perceber como o narra-
rador personagem na literatura brasileira é a perso- dor do romance russo “Crime e Castigo”, de Dostoiévs-
nagem Bentinho do livro “Dom Casmurro”, romance ki, conhece perfeitamente as emoções da personagem
clássico do escritor Machado de Assis. Na trama, principal, o jovem Raskólnikov. Atente-se às partes em
somos levados a acreditar que Capitu, par amoroso negrito, especialmente.
de Bentinho, o traiu com seu amigo Escobar. Porém,
levando-se em conta que Bentinho provavelmente Quando frequentava a universidade, costumava
tinha problemas de confusão mental e como a história parar – mais amiúde quando voltava para casa, e tal-
construída por Machado de Assis é escrita em 1ª pes- vez o tivesse feito umas cem vezes – precisamente nes-
soa, muitos sugerem que a traição, na verdade, não se lugar, e ficar perscrutando o panorama realmente
aconteceu e existe apenas na cabeça da personagem. magnífico e sempre chegando quase a surpreender-se
Analisemos um trecho: com uma impressão vaga e sem solução. [...] Agora se
lembrava súbita e bruscamente dessas suas questões
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas e perplexidades antigas, e lhe pareceu que não estava
me fez esquecer a primeira amada do meu coração? se lembrando delas por acaso. [...] Sentia-se mesmo
Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, quase ridículo, e ao mesmo tempo experimentava no
nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é peito uma pressão que chegava a provocar dor. Em
este propriamente o resto do livro. O resto é saber algum ponto profundo, lá embaixo, que mal avistava
se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da sob os pés, apareciam-lhe agora todo aquele passado
de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por de antes, e os pensamentos de antes, e as tarefas de
efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, antes, e os temas de antes, e as impressões de antes, e
se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, todo esse panorama, e ele mesmo, e tudo, tudo... Pare-
como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes da cia que ele havia voado para algum ponto no alto e
tua mulher para que ela não se meta a enganar-te que tudo desaparecera de sua vista... [...] depois, deu
com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que meia volta e foi pra casa. Teve a impressão de que
não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da naquele momento ele mesmo se havia amputado de
Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava tudo e de todos.9
dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é Veja como o narrador onisciente, neste caso, tem
a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a a certeza total de como o protagonista se sente e, ao
minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extre- mesmo tempo, transmite isso aos leitores de uma for-
mosos ambos e tão queridos também, quis o destino ma intimista e cheia de detalhes.
que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra
lhes seja leve! Vamos à “História dos Subúrbios”.8 O TEXTO ARGUMENTATIVO

O trecho acima é a parte final de Dom Casmurro, na A argumentação é um dos principais recursos lin-
qual o narrador faz reflexões sobre o possível adultério guísticos quando o objetivo é convencer alguém de
da esposa e a deslealdade do amigo. Note que não há um ponto de vista, de um posicionamento ideológico
uma certeza de os fatos serem reais ou fantasiosos. Ao ou até mesmo para se convencer a assistir a um filme
leitor, basta escolher acreditar, ou não, na narrativa. que está em cartaz nos cinemas. Também, na redação
do Enem, exige-se que o autor argumente e se posicio-
Narrador de Terceira Pessoa (ou Narrador ne a respeito de algum fato social.
Observador/Onisciente) Porém, argumentar não se baseia em achismos, pelo
contrário, argumentos genéricos empobrecem o texto e
O narrador de terceira pessoa, ou narrador obser- diminuem a chance de convencimento por parte do autor.
vador, é aquele que narra os fatos e sabe de tudo que Portanto, qual é a forma certa de argumentar em um
texto? Primeiramente, é preciso que o autor esteja bem
se passa na trama. Ele também é o responsável por
informado a respeito do assunto, pois é um pré-requisi-
mostrar as emoções e sentimentos dos personagens,
to para a boa argumentação. Depois, basta seguir alguns
mas não o faz sob seu ponto de vista, faz porque é
passos estruturais e redigir seu texto argumentativo.
onisciente e tudo sabe sobre a história. O ensaio, a carta ao leitor, o artigo de opinião, o
Por ser onisciente, o narrador de terceira pessoa debate, o manifesto, entre outros, são alguns dos gêne-
pode, eventualmente, trazer informações do passado da ros textuais nos quais se exige uma argumentação
personagem, explicando traumas e emoções. Além dis- efetiva. Além disso, acrescenta-se o próprio gênero
so, a depender da narrativa, informações sobre o futuro dissertativo-argumentativo exigido no Enem.
da personagem também podem ser levantadas por ele. A linguagem utilizada nos textos argumentativos
No caso da narração em terceira pessoa, a narração é é, preferencialmente, formal e os temas podem ser
neutra, sendo assim, não toma partido nos conflitos. diversos, pois o que importa é convencer alguém sob
Alguns estudiosos costumam separar o narrador um ponto de vista, independentemente do tema, des-
observador do narrador onisciente. Para eles, a dife- de o mais simples ao mais complexo.
rença entre os dois dá-se na intimidade e conheci- Suponhamos que a proposta de um texto argu-
mento profundo que o narrador onisciente tem das mentativo seja debater o uso de agrotóxicos no Brasil,
personagens. Dessa forma, o narrador onisciente é preciso que algumas questões estejam preestabeleci-
acaba se aprofundando mais nas emoções das per- das, como um projeto de texto, vejamos:
sonagens, por conhecê-las de perto. Enquanto isso, o
narrador observador as retrataria de maneira mais z Qual quantidade de agrotóxicos que nós brasilei-
superficial e pouco aprofundada. ros consumimos?

8 ASSIS, M. de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDo-
wnload.do?select_action&co_obra=16931&co_midia=2. Acesso em: 14 mar. 2022.
246 9 DOSTOIÉVSKI, F. Crime e Castigo. São Paulo: Editora 34, 2001.
z Por que é legalizado o uso desses agrotóxicos no O tema de uma proposta textual é importantíssimo.
Brasil? Ele é o fator inicial para a desenvoltura de um texto.
z Por que eles são nocivos à saúde? Mas, antes de tudo, é necessário que se entenda, a prio-
z Como o agronegócio contribui com isso? ri, dois tópicos. O primeiro diz respeito à diferenciação
entre tema e título. Algumas pessoas costumam confun-
Essas são apenas algumas propostas de reflexão que di-los, mas são itens bem diferentes.
precisam ser consideradas antes de iniciar o texto, já O tema é o assunto a ser desenvolvido, pode ser
que o estudo para a boa argumentação é indispensável. um tema de artigo de opinião, de redação do Enem ou
A estrutura do texto argumentativo tem os três até mesmo de resenha. Já o título pode ser algo obri-
passos tradicionais de um texto: introdução, desenvol- gatório em alguns gêneros textuais e dispensável em
vimento e conclusão. Cada uma dessa partes tem um outros. Na redação do Enem, por exemplo, sabemos
objetivo específico, vejamos a seguir: que o título não é obrigatório, já em um artigo de opi-
nião, o próprio título, se bem articulado, já pode ser
z Introdução: Nela, o autor expõe o tema que será uma técnica de persuasão.
argumentado, introduzindo também sua posição O segundo tópico a ser analisado é em relação à
sobre o assunto. Feita uma boa introdução, é possí- análise do tema. Entendê-lo é primordial, por isso
vel prender a atenção do leitor, que se interessará façamos uma análise esmiuçada do seguinte tema: “Os
em ler todo o restante da argumentação do autor.
desafios para a eficiente manutenção e administração
Usar argumentos fortes na introdução é uma dica
da saúde pública como garantia de direito constitucio-
de ouro para atrair a atenção de quem lê seu texto;
nal e humano no Brasil”. Veja que esse tema possui
z Desenvolvimento: Este é o momento em que você
organizará o seu texto e seus argumentos. Tome muitos detalhes e minúcias. Vejamos:
muito cuidado com essa organização, pois uma
argumentação mal colocada e mal construída pode z Podemos perceber que o foco central do tema é
ter resultado reverso e causar descredibilidade ao debater a saúde pública no Brasil e sua manuten-
seu texto. Além disso, saiba que fontes confiáveis ção e administração;
também são de suma importância, então tenha z Porém, essa análise deve ter também o foco de ana-
cuidado com as fontes que usará. Os argumentos lisar o direito à saúde como algo constitucional;
devem ser divididos em parágrafos para que as z Não obstante, o tema também propõe que a saú-
ideias sejam bem divididas e estruturadas; de seja analisada sob o ponto de vista dos direitos
z Conclusão: Toda a tese defendida pelo autor terá humanos.
aqui seu desfecho, portanto, é importante guardar
a criatividade para uma proposta de solução para o Trata-se, portanto, de um tema complexo que exi-
problema, essa proposta deve ser eficiente e dentro ge análises prévias antes de o texto começar a ser pro-
de uma lógica possível de ser alcançada. No caso do duzido. Em algumas bancas de concurso e também no
exemplo do uso de agrotóxicos, seriam bem-vindas Enem, a não compreensão do tema leva ao seu tangen-
aqui ideias que possam minimizar o uso de agro- ciamento, fazendo com que o candidato perca pontos na
tóxicos nas plantações de alimentos no Brasil. Note correção. O tangenciamento do tema é um problema
que usei o termo minimizar e não acabar com os corriqueiro que pode ser evitado por meio da interpre-
agrotóxicos, pois isso seria impossível e utópico. tação e de uma análise detalhista como fizemos acima.
Suponhamos que um artigo de opinião tenha o
Lembre-se que o uso dos conectivos certos torna o seguinte tema: “O aumento do armamento da popu-
texto mais compreensível e o enriquece, deixando-o mais lação brasileira”. Agora imagine que, ao escrever o
convincente. Seguir a estrutura correta, utilizar bons
texto, sejam abordados pelo autor apenas os preços
argumentos e recursos linguísticos, tudo isso atrelado a
das armas de fogo no Brasil. Isso seria uma fuga ao
uma prática diária de leitura e boa informação resulta
tema, já que tudo que há por detrás deste problema
em um texto argumentativo satisfatório e irrefutável.
não foi analisado, como a falta de segurança pública,
Para finalizar, observe o parágrafo de introdu-
ção de uma redação nota 1.000 da edição de 2020 do o risco que as crianças têm em casa com essas armas,
Enem. Note como a candidata traz argumentos fortes, entre outras coisas. Portanto, compreender um tema
como a citação de um filósofo, fazendo com que seu é entendê-lo e analisá-lo por completo.
texto seja categórico no que se propõe: Outro erro comum ao se interpretar um tema é con-
fundi-lo com assunto. Imagine que o assunto em questão
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre seja “trabalho”. Ora, dentro deste assunto pode-se haver
saúde física e mental seria imprescindível para a dezenas de temas, neste caso, direitos trabalhistas, tra-
manutenção da integridade humana. Nesse contex- balho escravo contemporâneo, direitos das mulheres no
to, elucida-se a necessidade de maior atenção ao trabalho, trabalho infantil, entre muitos outros.
aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetí- Então, tome cuidado! Se o tema proposto for “Tra-
vel a doenças, também é alvo de estigmatização na balho escravo contemporâneo”, será mesmo que cabe-
sociedade brasileira. Tal discriminação é configura- ria falar do trabalho remoto durante a pandemia, por
da a partir da carência informacional concatenada exemplo? Nesta situação, haveria grandes chances de
à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a fuga e tangenciamento do tema.
PORTUGUÊS

falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que


esse revés deve ser solucionado urgentemente. [...]10 A IMPESSOALIDADE

O TEMA

10 Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/enem/enem-confira-redacoes-nota-mil-da-edicao-de-2020/> Acesso em: 14 mar.


2022. 247
A impessoalidade em um texto ocorre através da linguagem objetiva sem traços de subjetividade, ou seja, não
deve conter a opinião do autor, pelo menos não de maneira explícita.
Alguns gêneros textuais exigem impessoalidade do autor, já que a informação precisa ser o mais impessoal
possível. Já outros são um pouco mais complexos, porque exigem posicionamento, mas não de maneira totalmen-
te pessoal, explícita, em primeira pessoa.
Primeiramente, deve-se entender que para um texto ser impessoal ele precisa ser escrito necessariamente em
3ª pessoa e nunca em 1ª. Expressões como “eu acho”, “eu penso que”, “na minha opinião” não são aceitas. A maio-
ria dos textos dissertativos exigidos em provas de seleção exige impessoalidade justamente pelo fato de requerer
formalidade. Pode soar como contraditório, mas é importante que, ainda que não haja pessoalidade, o autor se
posicione. Para não ficar confuso, observe o exemplo:

É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos trans-
portes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação
do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os
interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma,
se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a
aspectos educacionais e econômicos. [...]11

Note que mesmo não havendo verbos na primeira pessoa, é fato que o autor do texto reconhece que a tecnolo-
gia e a internet trouxeram muitos benefícios à vida contemporânea, mas deixa claro que as informações compar-
tilhadas na rede podem prejudicar os envolvidos. O fato de abordar tais aspectos em seu texto já demonstra, por
parte do autor, certos posicionamentos.
A impessoalidade, portanto, não quer dizer não se posicionar, mas não o fazer de maneira tendenciosa nem
com emoções exacerbadas explícitas no texto. Ocultar certos termos pode auxiliar no alcance da impessoalidade,
por exemplo:
Ex.: Em minha opinião os agentes de saúde são muito importantes durante a pandemia. / Pode-se observar que
os agentes de saúde foram peças fundamentais no sistema de saúde durante a pandemia.
De maneira geral, as duas afirmações dizem a mesma coisa, a diferença é que a última é mais formal e impes-
soal. Outros recursos linguísticos que podem ser utilizados para construir um texto impessoal são:

z A utilização de verbos na voz passiva;


z Utilizar o sujeito indeterminado;
z Ocultar o agente utilizando expressões que generalizam (é preciso, é necessário etc.);
z Utilizar um sujeito que não representa uma pessoa específica, mas um grupo delas (o time de futebol, o grupo
de professores, etc.).

Dica
Não se esqueça: os textos dissertativos-argumentativos, as resenhas e outros, exigem posicionamento,
mas de maneira impessoal, portanto, não se esqueça de construir boas argumentações. Ser impessoal não
significa ser superficial.

A CARTA ARGUMENTATIVA; A CRÔNICA ARGUMENTATIVA

Carta Argumentativa: Características

As cartas argumentativas são textos que pretendem advogar pelo ponto de vista de quem escreve e convencer
quem está lendo. São formadas pelas seguintes partes: data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura.
O corpo do texto possui três elementos: a ideia principal do escritor, o desenvolvimento dos argumentos e a
conclusão da ideia.
A linguagem utilizada deve ser objetiva, com clareza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no presen-
te do indicativo (as vezes, no imperativo), predominantemente na 1ª ou 3ª pessoa.
Confira o modelo a seguir:

11Disponível em: <https://vaidebolsa.com.br/blog/ensino-medio/redacao-do-enem-exemplos-de-redacao-nota-mil-para-voce-se-inspi-


rar/#:~:text=1%20%E2%80%93%20Autora%3A%20Thais%20Saeger%20Ruschmann,transportes%20e%20das%20rela%C3%A7%C3%B5es%20
248 sociais.> Acesso em: 14 mar. 2022.
Brasília, 30 de julho de 2009.

Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney,

Com as minhas considerações, venho tratar de um assunto bastante recorrente na mídia nos últimos meses, o
qual envolve diretamente V. Exa., como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho o maior respeito. Trata-se
de denúncias de favorecimento a vários senadores, por via de Atos Secretos, inclusive o Senhor, fato que envergonha
a todos nós, brasileiros.

A minha visão é de que o Senhor Presidente deveria pedir afastamento do cargo.

Sem querer fazer um julgamento precipitado, mesmo porque todos são inocentes até que se prove o contrário,
o fato é que as denúncias existem e não são simples. São muitos os indícios de beneficiamento ilícito, como casos de
nepotismo e aumento de verba indenizatória, sem publicação nos devidos órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelên-
cia aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que sair, pelo menos temporariamente, seria uma prova de
que pretende colaborar com as investigações.

Tais investigações constituem um elemento decisivo para a transparência pública, uma vez que a sociedade
precisa ter conhecimento de como o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo aplicados. Num país em que
a educação e saúde, só para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de mal a pior, é inadmissível aceitarmos que
ocorrências dessa natureza sejam consideradas normais. Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Senador
deve pedir licença, visando sempre ao interesse público.

Como cidadão brasileiro, consciente de minhas obrigações e direitos, é este o meu posicionamento. Se quem
não deve não teme, dê-se a chance de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denúncias infundadas, e isso só
pode ser feito a partir do momento em que não mais ocupar a Presidência dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem
estará desvinculada de toda e qualquer “manobra” que porventura exista para não prolongar o caso.

Com os meus respeitos,

Povo Consciente.

Disponível em: <http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/modelo-de-carta-argumentativa.html>. Acesso em 28 jan. 2021.

Crônica Argumentativa — Características

A partir da observação dos fatos do dia a dia, o escritor formula o texto que, geralmente, é curto, crítico e/ou
bem-humorado. Os canais de comunicação utilizam-na em abundância, em especial, revistas e jornais.
Juntando-se aspectos dos textos argumentativos e das crônicas, tem-se a crônica argumentativa, que pode ser
narrativa, dissertativa ou descritiva.
Observe, a seguir, alguns pontos principais sobre essa categoria de texto:

z Pressupõe um título;
z Traz temas do dia a dia, escritos em primeira pessoa, com criatividade e subjetividade;
z A linguagem é dinâmica e concisa, por isso, os textos tendem a serem curtos e coloquiais, com tom contemporâneo;
z Como une o jornalismo à literatura, possui argumentação e convencimento e também narração;
z O espaço e o tempo são limitados, assim como o número de personagens.

A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO

A argumentação é um recurso importantíssimo em diversos gêneros textuais. É importante que antes de se conhe-
cer os diferentes tipos de argumentos, entendamos a diferença de argumentação e persuasão.
A argumentação pretende convencer os leitores por meio de argumentos concretos sem recorrer para o lado
emocional, ao passo que, a persuasão tem como característica principal a linguagem apelativa.
É muito comum que encontremos textos persuasivos em anúncios publicitários, como no exemplo abaixo:
PORTUGUÊS

A linguagem do anúncio publicitário acima é persuasiva porque não argumenta os motivos pelos quais as
crianças precisam se vacinar, apenas persuade/convence os pais a levarem seus filhos a se vacinar caso estejam
inseridos naquela faixa etária. 249
O texto persuasivo também pode estar presente no O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO;
nosso dia a dia, como por exemplo nas relações fami- A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMENTOS; A
liares. Para convencer um filho de arrumar o quarto, CONTRA-ARGUMENTAÇÃO; O PARÁGRAFO; A
muitos pais usam a persuasão dizendo que caso não INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM; FORMAS
faça o que pediram, não terá sobremesa, ou que os DE DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO-
magoarão etc. ARGUMENTATIVO; A INTRODUÇÃO; E A
A persuasão, resumidamente, está ligada à sedu- CONCLUSÃO
ção, por isso, para persuadir alguém por diferentes
motivos, é necessário abrir mão da racionalidade e Neste material, vamos trabalhar a redação discur-
recorrer à emoção. siva. Você estudará algumas características inovado-
Agora que já entendemos a diferença de argu- ras no conceito de produção de textos para quem quer
mentação e persuasão, veremos que os argumentos atingir um melhor resultado em provas que exijam do
são diversos e dividem-se basicamente em 4 tipos, os candidato a habilidade de produzir um texto.
quais veremos a seguir. Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da redação
discursiva em sua estrutura textual, bem como todos os
z Argumento de autoridade: nesse tipo de argumen- passos para a sua produção com eficiência. Porém, antes
to, o autor faz uso de opiniões de estudiosos da de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas que
área a ser argumentada. Se, por exemplo, o tex- geralmente são apresentadas pelos alunos para que se pos-
to argumentativo tiver como tema qual máscara sa dar solução aos principais problemas que eles relatam.
de proteção da Covid 19 é mais eficaz, certamen-
te deve-se levar em consideração argumentos de DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
infectologistas, médicos e outros profissionais da CONCURSOS PÚBLICOS
área da saúde. O argumento de autoridade, como
o nome sugere, transmite segurança e poder de Por que é tão difícil produzir um texto eficiente?
convencimento, já que se espera que argumentos
científicos de estudiosos tenham embasamento Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às pro-
suficiente para convencer os leitores; vas que cobram dos candidatos habilidades na produção
z Argumento de consenso: no argumento de consen- de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão
so, o autor recorre a informações de senso comum despreparados que terminam por desistir dos concursos
e consentimento geral para convencer o leitor. que trazem a redação como critério de classificação.
Por exemplo: “O Brasil carece de investimento Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não
nos esportes para incentivar os jovens”, essa é está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e
uma informação que, certamente, grande parte que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exer-
da população está de acordo, por isso não será citam essa habilidade normalmente em ambientes
difícil que a maioria dos leitores concorde com virtuais, como sites de comunicação e elaboração de
quem escreve. Note que nesse tipo de argumento e-mails. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de
o conhecimento científico, estatísticas e dados em “pacto da mediocridade” (sem intenção ofensiva), que
geral não são levados em conta, mas sim os conhe- caracteriza a postura displicente de como se escreve e
cimentos gerais; a aceitação mútua de erros e desvios da norma culta
z Argumento de exemplificação/histórico: esses escrita: “ele escreve errado, mas eu aceito para não
argumentos se utilizam de fatos históricos para ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”.
comprovar um fato específico. Imagine que para Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que
retomar ideias de industrialização e condições de mais se assemelham a códigos criptografados do que
trabalho, o autor busque argumentos históricos da à própria língua portuguesa.
Revolução Industrial, por exemplo. O argumento O maior problema é que isso gera um reforço nega-
de exemplificação é próximo disso, mas ao contrá- tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática
rio de comprovar teorias por meio de fatos históri- ideal da comunicação verbal normatizada. O resul-
cos, as comprovações acontecem a partir de fatos tado é que, quando ocorre a exigência da produção
cotidianos que sejam de conhecimento da maioria escrita, a prática que se tem não promove a eficiência
das pessoas ou que tenham sido noticiados em nessa categoria de comunicação.
algum momento. A última hipótese poderia ser
exemplificada com o número de casos confirma- Como, em pouco tempo, desenvolver a habilidade da
dos de Covid-19 em uma cidade, por exemplo, para escrita em quem tem dificuldade de passar para o
se argumentar que ali o uso de máscaras não é papel o que tem na sua cabeça?
mais necessário;
z Argumento lógico: o argumento lógico constrói- Inicialmente, em um procedimento tradicional de
-se pela construção de causa e efeito. Um ótimo produção de textos, começa-se pela apresentação de
exemplo desse argumento seria o seguinte: “No exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru-
mundo todo, percebe-se que nas regiões onde tura, apresentam-se as partes que o compõem.
há saneamento básico e tratamento de água, há Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes
menos doenças como a virose.” Aqui, vemos que e de como elaborá-las separadamente: como se cons-
as informações se constroem de forma lógica, o trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora-
fato de haver saneamento básico e água tratada é ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos.
a causa de haver menos doenças, o efeito é justa- Também é mostrado como podem ser os parágrafos
mente esse. que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
250
do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo
formação de um bloco contínuo e completo. candidato. Essa objetividade é um fator determinante
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen- para que sua composição fique delimitada àquilo que é
te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con- possível desenvolver em sua redação.
ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a E o que é a delimitação do tema? É simples. É a
escritura da sua redação após terem terminado o estu- elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi-
do do livro didático e sentem muita dificuldade no cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o
momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo número de linhas que é proposto para se desenvolver
aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas,
não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi-
dificuldade como uma inabilidade pessoal. mento da argumentação;
Como proposta de solução para essa dificulda-
de, vamos partir de um princípio inverso em que se z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem
começa da materialização do texto eficiente, satisfa- a função de apresentar e chamar a atenção sobre
zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem-
todo para depois estudarmos as partes. brar que são poucas as instituições que solicitam
Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras que o candidato dê um título ao texto. Se ele não
de redação, o que proporciona um ponto de partida for pedido, não é para colocá-lo.
concreto na produção de redações eficientes a partir
de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca em maiúscula?
organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
ter da originalidade e da criatividade de cada autor. Há duas possibilidades:
As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
z A primeira forma convencionada diz que só a pri-
doras dos critérios de correção dos textos, tais como
meira palavra do título deve ser iniciada por letra
progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
maiúscula, como em:
sequentemente, coerência, além de atender natural-
mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
É bom fazer redação com o Nélson!
Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
dato uma projeção bem aproximada da extensão do
seu texto em número de linhas. z A segunda forma permite que você coloque todas
Essa proposta também tem a finalidade de desen- as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção
volver uma maior agilidade na projeção e na constru- dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti-
ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração do próprio), como preposições e artigos:
durante a prova.
É Bom Fazer Redação com o Nélson!
Qual o peso ou a importância da redação em um
concurso público?
Importante!
O peso da redação é muito grande, por isso, ela Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas.
faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais, Use pontuação significativa se for necessário,
a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em como interrogação e exclamação. O ponto final
grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale é dispensável.
um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
ver sucesso em sua redação.
Os candidatos costumam dedicar seu tempo de É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?
estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-
mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro- A letra cursiva (letra de mão) só será necessária se
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é for uma exigência do edital. De uma maneira geral, o
preciso exercitar sempre. que se pede é a legibilidade.
É importante sempre se lembrar de respeitar as
O que conta mais para um bom resultado: ter bons regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
conhecimentos sobre o assunto apresentado na minúscula devem ser diferenciadas:
proposta ou ter bons conhecimentos em língua Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>.
portuguesa?
O que é texto em prosa?
Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
importância. No que diz respeito aos conhecimentos de Texto em prosa é aquele que naturalmente usa-
língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e mos para escrever um bilhete, uma carta, nos comu-
à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que nicarmos em e-mail etc. Ele se constrói em estrutura
PORTUGUÊS

quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda- linear (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma
des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que, comum de escrever.
em prova, inclusive, pouco peso têm. É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
Qual é a diferença entre tema e título? vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
em verso:
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará-
ter geral e abrangente e propõe questões que devem
251
A rosa de Hiroxima partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a con-
clusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas Introdução
Pensem nas meninas
Cegas inexatas A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Pensem nas mulheres ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
Rotas alteradas
sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
Pensem nas feridas
sobre o tema proposto pela banca.
Como rosas cálidas
Esse momento é muito importante para o leitor,
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa pois é aí que será mostrada a identificação de suas
Da rosa de Hiroxima ideias com o tema. É um bom momento para apresen-
A rosa hereditária tá-lo aos argumentos sequencialmente ordenados de
A rosa radioativa acordo com a progressão que você dará à sua redação
Estúpida e inválida (progressão textual).
A rosa com cirrose A introdução deve ser clara e chamar a atenção para
A anti-rosa atômica dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do
Sem cor sem perfume desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar alguma
Sem rosa sem nada. 12 previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor
os caminhos por que percorrerá em sua explanação.
Agora um exemplo de texto em prosa: Lembre-se de que o leitor, corretor de seu traba-
lho, é um professor experiente e é a organização que
Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’) mais o impressionará nesse momento. Por isso, não
é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É tenha medo de ser objetivo e previamente ilustrativo
cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais quanto aos seus propósitos de trabalho.
dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um Ex.: Parágrafo de introdução
castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante mentando novos valores à vida do homem moder-
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95). no principalmente no que diz respeito a sua vida
Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da
mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
tecnologia em campos como o da educação (2) e o
minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.13
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda
muito além disso, atingindo vários outros espaços
do cotidiano (4) da maioria das pessoas.
É importante notar que redação para concurso é
em prosa.
z (1) A tese: a tecnologia vem implementando novos
O que eu faço se errar uma palavra quando estiver valores à vida do homem moderno principalmente
passando a limpo minha redação? no que diz respeito a sua vida em sociedade;
z (2), (3), (4) Argumentos levantados a fim de sus-
Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém, tentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia
muitas instituições orientam os candidatos a passar um em campos como o da educação (2) / o dos serviços
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo sociais (3) / inovações atingindo vários outros espa-
como se nada houvesse acontecido. Geralmente, nesses ços do cotidiano (4).
casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca
tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir: Desenvolvimento
Vamos começar nossa redassão redação agora.
Entendeu? O desenvolvimento é a parte em que você deve
expor os elementos que vão fundamentar sua tese,
ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO que pode vir especificada por intermédio de argu-
DISCURSIVA mentos, pormenores, exemplos, citações, dados esta-
tísticos, explicações, definições, confrontos de ideias e
Neste assunto, trabalharemos alguns elementos contra-argumentações.
importantes para iniciarmos nossa produção de textos. Você poderá usar tantos parágrafos quanto achar
A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza necessário para desenvolver suas teorias; porém, em
redações de curta extensão, o ideal é que cada pará-
pela exposição e defesa de uma ideia que será anali-
grafo apresente objetivamente apenas um dos argu-
sada e discutida a partir de um ponto de vista. Para
mentos a serem desenvolvidos ou, ainda, que esses
tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com
argumentos sejam agrupados caso vários deles devam
argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para refor-
ser apresentados para sustentar sua tese.
çar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias. Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
Para atender a esse propósito, a dissertação deve desenvolvimento da tecnologia em campos como o
apresentar uma organização estrutural que conduza da educação”:
as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto Alguns argumentam que é importante reconhecer
ao reconhecimento da verdade proposta como tese. o papel das redes mundiais de informação para
Compreende-se como estrutura básica de uma disser- o favorecimento da construção do conhecimen-
tação a divisão da exposição da argumentação em três to. Hoje é possível visitar um museu, consultar uma

12 Disponível em: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/rosa-de-hiroxima. Acesso: 21 jun. 2022.


252 13 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hiroshima. Acesso em: 21 jun. 2022. Adaptado.
biblioteca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por z Tema: A alimentação do brasileiro;
meio da internet, saberes de nível mundial podem ser z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e
alcançados por qualquer pessoa que os deseje. Basta tem tudo de que ele necessita para seu longo dia
estar diante de um computador, ou de posse de um de trabalho;
desses modernos aparelhos celulares, para se ligar a z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão;
qualquer momento ao universo virtual. Hoje é pos- proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do
sível ler qualquer livro a qualquer momento em um cafezinho preto com açúcar.
desses dispositivos.
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o 1° Parágrafo
desenvolvimento da tecnologia em campos como o
dos serviços sociais”: Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida
Outro aspecto que merece destaque especial é é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
quanto ao atendimento oferecido ao cidadão pelos tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
órgãos do serviço público. Já é possível registrar os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
um boletim de ocorrência via computador ou ainda bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
agendar a emissão de passaportes junto às agencias com açúcar, fornecem um completo abastecimento de
da Polícia Federal em qualquer lugar do Brasil. Con-
energia somada ao prazer.
sultas médicas podem ser marcadas em hospitais
públicos ou privados e os exames realizados podem
2° Parágrafo
ser consultados diretamente do banco de dados des-
sas entidades.
Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as É de fundamental importância o consumo de
inovações em vários outros espaços do cotidiano”: alimentos ricos no fornecimento de energia para a
E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
de muitas outras formas a tecnologia interfere por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
positivamente em nossas vidas. As relações sociais abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
intensificaram-se depois do surgimento das várias carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
redes de relacionamento, tendo início com o Orkut e o da energia própria consumida durante o dia.
Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem
em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria 3° Parágrafo
muito esforço coletivo para tais eventos. Programas
como o Zoom e o Google Meet possibilitam que as Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
pessoas conversem e interajam em diferentes partes mos servem para repor a massa muscular perdida
do mundo sem nenhum custo além dos já dispensa- durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras
dos com seus provedores residenciais. Uma mãe que das verduras e folhas, que ajudam no processamento dos
mora longe dos filhos já pode vê-los, ou aos netos, pela alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
tela de um notebook ou celular, sempre que sentir reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
saudade. tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
Conclusão
4° Parágrafo
A conclusão é a retomada da ideia principal, que
agora deve aparecer de forma muito mais convin- Ainda convém lembrarmos outro hábito que
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter, cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu- reabastece nosso cérebro de energia desviada para
mentação básica empregada no desenvolvimento. os órgãos processadores da digestão no momento em
Ex.: considerações finais: que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên-
Tendo em vista os aspectos observados sobre esse cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos.
admirável mundo de facilidades técnicas, só nos res-
ta comentar que não foi só o computador que tor- 5° Parágrafo
nou a vida do cidadão mais simples e confortável,
mas outros campos da tecnologia também contri- Levando-se em consideração esses aspectos prá-
buíram para isso. Os aparelhos de GPS, que nos ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar
orientam a qualquer direção, ou ainda diversos que não é apenas por prazer que somos seduzidos
dispositivos médicos portáteis, garantem a melho- pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
ra da qualidade de vida de todos os homens do nos- nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo
so tempo. assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos
causará debilidade, além de insatisfação.
TEORIA DAS MÁSCARAS Observe o texto apresentado e sua estrutura.
PORTUGUÊS

Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A ali-


Depois de observar as dificuldades que as pessoas mentação do brasileiro” e que, a partir desse tema,
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos tivéssemos que produzir uma dissertação sobre ele.
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a A primeira coisa a fazer seria a delimitação do
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar tema, ou seja, deveríamos buscar com objetividade
um referencial mais concreto e imediato. uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: capazes de argumentar, como esta:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo
z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”. 253
O próximo passo seria o de levantar alguns argu- Observe como ficou a sequência completa do
mentos que sustentassem a tese proposta com valor segundo parágrafo:
de verdade. Veja como fizemos: É de fundamental importância o consumo de
Já que estávamos falando da alimentação dos alimentos ricos no fornecimento de energia para a
brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
especialistas em alimentação mundial: o valor nutri- abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
cional que compõe o nosso prato mais popular — isso carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em da energia própria consumida durante o dia.
bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na Veja agora uma coletânea de frases que podem
maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei- auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
Decompomos esse prato e identificamos seus prin- z É de conhecimento geral que...
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque z Todos sabem que, em nosso país, há tempos,
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos observa-se...
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso z Cogita-se, com muita frequência, que...
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas” z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de...
presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à z É de fundamental importância o (a)....
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco-
temos a primeira parte de nosso projeto organizado. brir as causas de....
O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará- z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla- Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o
ro ao leitor sobre o que será falado e também qual quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
será a sequência de argumentos que será apresentada às relações de coesão. As conjunções foram posicio-
para dar credibilidade a nossa tese. nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de
Veja o modelo do primeiro parágrafo: argumentação.
Veja as estruturas vazias e seus respectivos pará-
Todos sabem o quanto, em nosso país, __ grafos completos:
_______________________________________. Verifica-se que
________________________, __________________________,
além de ______________________, fornecem (ou: resultam, 3º Parágrafo
culminam, têm como consequência...) ________.
Além disso, ________________________________
______________. E, somando-se a isso, ________________
Compare agora com o parágrafo preenchido com que ________________________________________________
a tese e com os argumentos e veja a amarração que _. Daí _______________________ e de _________________
conseguimos: _____________________.
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
tam para o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
mos servem para repor a massa muscular perdida
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
com açúcar, fornecem um completo abastecimento
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
de energia somada ao prazer.
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
seguintes, impondo a eles estruturas programadas
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
berá que a continuidade e a progressão textual foram
4º Parágrafo
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
texto e aos argumentos. Ainda convém lembrarmos __________
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase _____________________, (que é): _______________.
de apresentação que valoriza o primeiro argumento, Esse ____________________________________ para
depois fomos completando os espaços em branco que ____________________________. Essa(s) _______________
ligavam os argumentos entre si com relações preesta- ___________________________.
belecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―;
explicação ― com o “que” ― causa ― com a locução Ainda convém lembrarmos outro hábito que
“por causa de”. contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
Veja que, para manter a continuidade textual cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho após
recuperando sempre a ideia central do parágrafo, as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
preocupamo-nos em acrescentar o pronome demons- reabastece nosso cérebro de energia desviada para
trativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre os órgãos processadores da digestão no momento em
esse argumento. que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên-
cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos.
É de fundamental importância o __________________ Para os parágrafos de desenvolvimento, também
_______________ para _______________. Podemos men-
podemos relacionar frases que você poderá escolher
cionar, por exemplo, ___________ que _______________,
por causa de ____________. Esse _____________________ para dar originalidade ao seu texto:
____________________________________.
z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que...
254
z Pode-se mencionar, por exemplo, ...
z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... MÁSCARA 1
z Alguns argumentam que...
z Além disso... 1º Parágrafo
z Outro fator existente...
Todos sabem o quanto, em nos-
z Outra preocupação constante...
z Ainda convém lembrar... so país, __________________________________
z Por outro lado... ____. Verifica-se que _____________________,
z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto... _______________________________ além de
______________________________ fornecem (ou: re-
Lembramos que esses exemplos são apenas suges- sultam, culminam, têm como consequência...)
tões e que você poderá desenvolver construções que _______________________.
atendam sua necessidade a partir de quando for
adquirindo experiência com a produção de textos. 2º Parágrafo
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também É de fundamental importância o ___________
podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação. _________________________ para ____________________.
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo: Podemos mencionar, por exemplo, ________________
que ___________________, por causa de ___________.
Levando-se em consideração esses as- Esse ____________________.
pectos _________________, somos levados a acredi-
tar que __________________________, mas também
_____________________. Sendo assim, ________________ 3º Parágrafo
_________________.
Além disso, _______________________________
Teremos, após preencher o modelo: __________. E, somando-se a isso, __________________
que ________________________________________. Daí
Levando-se em consideração esses aspectos prá- ________________________ e de ______________________.
ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar
que não é apenas por prazer que somos seduzidos
pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela 4º Parágrafo
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo
assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos Ainda convém lembrarmos ________________
causará debilidade além de insatisfação. (que é): __________________________. Esse
Os aspectos conclusivos presentes nesse último ____________________ para ______________________. Es-
parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che- sa(s) ____________________________.
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial.
As frases em destaque dão força conclusiva ao pará- 5o Parágrafo
grafo, conduzindo a sequência textual a uma possível
solução para os problemas propostos, ou, ainda, podem Levando-se em consideração esses aspec-
gerar simples constatações das verdades idealizadas. tos ________________, somos levados a acreditar que
Você também pode contar com uma pequena lista _____________, mas também _______________. Sendo as-
de frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa:
sim, ___________________.
z Em virtude dos fatos mencionados...
z Por isso tudo... Agora que vimos o processo de criação das más-
z Levando-se em consideração esses aspectos... caras, você poderá começar também seu trabalho
z Dessa forma... de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
z Em vista dos argumentos apresentados... dois outros modelos de máscaras de redação que você
z Dado o exposto... poderá usar como base para suas próprias criações.
z Por todos esses aspectos... Observe como as máscaras garantem o encadea-
z Pela observação dos aspectos analisados... mento das ideias, a coesão entre as orações e a coe-
z Portanto... / logo... / então... rência com as várias possibilidades argumentativas. A
seguir, temos mais um exemplo de máscara:
Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
com as seguintes frases:

z ...somos levados a acreditar que...


z ...é-se levado a acreditar que...
z ...entendemos que...
PORTUGUÊS

z ...entende-se que...
z ...concluímos que...
z ...conclui-se que...
z ...é necessário que...
z ...faz-se necessário que...

Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e


como se deu a criação da primeira máscara:
255
MÁSCARA 2 Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos
para os argumentos “b” e “c”
1º Parágrafo
____________________________________________________
Entre os aspectos referentes a ____________________________________________________
_____________________, três pontos merecem destaque es-
pecial. O primeiro é _____________________; o segundo
____________________________________________________
________________ e, por fim, ______________. ____________________________________________________
____________________________________________________
2º Parágrafo _________.
Alguns argumentam que _______________________ ____________________________________________________
para __________________________. Isso porque ____________________________________________________
________________________. Dessa forma, _______________. ____________________________________________________
____________________________________________________
3º Parágrafo
____________________________________________________
_________.
Outra preocupação constante é
_________________________, pois _______________________. Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dizendo
Como se isso não bastasse, ___________________ que que, se algum dos argumentos não for considerado,
____________________. Daí ______________ que _____________ e a ideia inicial não poderá ser sustentada, ou que os
que ________________________. resultados propostos não serão atingidos)
4º Parágrafo ____________________________________________________
Também merece destaque _____________ o
____________________________________________________
(a) qual ____________________________. Diante disso, ____________________________________________________
_____________________ para que __________________________. ____________________________________________________
_______________________________________________.

APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO
5º Parágrafo
PARÁGRAFO DISSERTATIVO
Tendo em vista os aspectos observa-
dos ________________, só nos resta esperar que Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estru-
______________________, ou quem saiba _________________. tura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as
Consequentemente, _____________.
várias modalidades de parágrafos que podem ser utiliza-
dos para a elaboração de uma boa dissertação. Mostrare-
Sugerimos a você que faça suas primeiras reda- mos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e
ções com base em uma das máscaras prontas. Confor- os vários arranjos que são possíveis ao construí-las.
me for avançando nos estudos, você poderá construir
suas próprias máscaras personalizadas. Parágrafo de Introdução
Por fim, preparamos uma máscara de organização
sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se O parágrafo de introdução tem como uma de suas
organizar. funções mais importantes a de apresentar a tese que
será defendida no decorrer da redação.
É também possível e bastante didático que você faça
PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)
uma prévia dos argumentos que serão trabalhados na
1º TEMA: ________________________________________________ sustentação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orien-
________________. tado, logo de saída, a acompanhar o ritmo do seu pensa-
mento e a sequência das suas argumentações.
2º TESE: __________________________________________________
________________.
z Tipos Diferentes de Parágrafos de Introdução
3º ARGUMENTOS a) ______________________________.
„ Declaração Inicial
b) ______________________________.

c) ________________________________.
Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de iní-
cio para, em seguida, justificar-se e comprovar-se a
(1º parágrafo) Tese + argumentos assertiva com exemplos, comparações, testemunhos
de autores etc.
___________________________________________________________
___________________________________________________________ Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo apli-
__________________________________________________________ cado à nossa proposta básica, que é o projeto arroz
__________________________________________________________. com feijão. Mais uma vez, colocamos a disposição
vazia do parágrafo, que poderá ser utilizada por você
sempre que desejar, seguida de um exemplo.
(2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento) Modelo nº 1:

Construa o parágrafo unindo as informações anterio- É fato notório que ________________________


res ao argumento “a” . ________. Sabe-se que ________________________, além
da _________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________ _______.
__________________________________________________________
__________________________________________________________. Preenchendo o modelo, teremos:
É fato notório que a alimentação do brasileiro é
256 boa e tem tudo de que necessitamos para suprir os
desgastes de um dia de trabalho. Sabe-se que os car- que se conectam de tal modo que, a partir das pri-
boidratos do arroz e do feijão, as proteínas do bife e da meiras duas, chamadas premissas, é possível deduzir
salada, além da glicose do cafezinho preto com açú- uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por
car fornecem um completo abastecimento de energia Aristóteles em sua obra Analíticos anteriores.
somada ao prazer.
Modelo nº 3:
„ Definição
_____________ pode ser representado de duas
O parágrafo por definição é entendido como um maneiras diferentes: _________, que é ___________,
método preferencialmente didático, pois busca, por inter- e _____________, que é _______________. Enquanto a
primeira ______ se apresenta ____________________,
médio de uma explicação clara e breve, a exposição do
esta, por sua vez, realiza-se por intermédio de
significado de uma ideia, palavra ou de uma expressão.
É a forma de exposição dos diversos lados pelos _____________________.
quais se pode encarar um assunto. Pode apresentar
tanto o significado que o termo carrega no uso geral Preenchendo o modelo, teremos:
quanto aquele que o falante pretende determinar O silogismo pode ser representado de duas manei-
para o propósito do seu discurso. ras diferentes: silogismo simples, que é formado por
Uma definição é um enunciado que descreve um um único núcleo argumentativo, e silogismo composto,
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos que é formado por diversos núcleos argumentativos de
associados. elaboração complexa. Enquanto a primeira teoria se
Veja como, em nosso parágrafo de exemplo, explo- apresenta pela estrutura filosófica básica consagrada
ramos o conceito global e generalizado sobre o assun- pela antiguidade, esta, por sua vez, realiza-se por inter-
to. Você perceberá como o modelo vazio traz a indução médio de vários silogismos desenvolvidos para atender
do assunto a ser definido. às novas perspectivas de sedução e convencimento.
Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
a base dessa informação deve sustentar-se em uma „ Alusão Histórica
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode A elaboração de um parágrafo por alusão histórica é
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida. um recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor
por meio de fatos históricos, lendas, tradições, crendices,
Modelo nº 2: anedotas ou acontecimentos de que o autor tenha sido
participante ou testemunha (desenvolve-se geralmente
por meio da comparação com o presente ou retorno a ele).
______________ é a denominação dada a A vantagem desse método é o de podermos mos-
_____________. Essa ________________________, mas a hi-
trar o desenvolvimento cronológico de um assunto,
pótese mais aceita é a de que _______________________.
expondo sua evolução no tempo.
Outra versão afirma que esse ___________________,
Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma
que tem origem ________________. O que se sabe é que
tese, lembre-se de que a história é a ciência que estuda
_________________. o homem e sua ação no tempo e no espaço, concomi-
tantemente à análise de processos e eventos ocorridos
Preenchendo o modelo, teremos: no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conse-
Arroz com feijão é a denominação dada a um pra- guinte, um grande valor argumentativo.
to típico da América Latina. Essa receita não tem uma Observe como é simples:
origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
seria fruto de uma combinação do arroz (de origem Modelo nº 4:
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o
feijão, que já seria consumido no Brasil pelos índios.
Desde a época da __________, sabe-se
Outra versão afirma que esse prato foi a união do
que ___________________ para _________________.
arroz com a feijoada, que tem origem africana ou Principalmente hoje em dia, reconhece-se que
portuguesa. O que se sabe é que, ao longo dos sécu- ___________________________.
los, esse prato foi se popularizando por todo o país,
passando a ser uma parte quase que indispensável da Preenchendo o modelo, temos:
refeição dos brasileiros. Desde a época da escravidão no Brasil, sabia-se
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era
„ Divisão boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia,
O parágrafo de divisão, processo também qua- principalmente, já se reconhece que os carboidratos
se que exclusivamente didático, por causa das suas do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras
características de objetividade e clareza, consiste em fornecem um completo abastecimento de energia soma-
PORTUGUÊS

apresentar o tópico frasal (frase que introduz o pará- da ao prazer, justificando os hábitos do passado como
grafo) sob a forma de divisão ou discriminação das responsáveis pela tradição alimentar que preservamos.
ideias a serem desenvolvidas (normalmente, a divisão
vem precedida por uma definição, ambas no mesmo „ Interrogação
parágrafo ou em parágrafos distintos).
Usamos aqui como representação desse modelo o A ideia núcleo do parágrafo por interrogação é
conceito de silogismo. Silogismo é um termo filosófico colocada por intermédio de uma pergunta a qual ser-
com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica ve mais como recurso retórico, uma vez que a questão
perfeita, constituída de três proposições declarativas levantada deve ser respondida pelo próprio autor. 257
Seu desenvolvimento é feito por intermédio da momento aos artifícios empregados no próprio pará-
confecção de uma resposta à pergunta. grafo de alusão histórica, já que este também se serve
de referências cronológicas.
Modelo nº 5:
Modelo nº 2:

Será possível determinar qual é No passado, quando pensávamos em


_________________ para ___________________? (Respos- __________, notávamos que ______________ era
ta) _________________________________________________ ______________ comparada à que vemos recentemen-
________________________________. te. Hoje, por outro lado, _____________________________
tornaram-se _______________. O resultado disso é que
Preenchendo o modelo, teremos:
Será possível determinar qual é a melhor com- _____________, na atualidade, tornou-se _______________.
binação de alimentos para atender às necessidades
diárias de nossa população? Qualquer nutricionista Preenchendo o modelo, teremos:
dirá que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e No passado, quando pensávamos em alimentação,
proteínas devem compor essa alimentação e não há notávamos que sua relação com a sobrevivência era mui-
quase nada mais apropriado do que nosso tradicional to maior comparada à que vemos nos nossos atuais.
prato de todos os dias. O arroz com feijão tem as pro- Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a
porções perfeitas para satisfazer essa necessidade que qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se
todos têm de recomposição de força e de energia. o foco desse pensamento. O resultado disso é que comer,
na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver.
Parágrafos de Desenvolvimento
„ Desenvolvimento por Exploração de Porme-
Após o primeiro parágrafo, que, como já vimos, nores ou de Enumerações
pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor- Nesse modelo de parágrafo, tem-se por objetivo enu-
dar os elementos que sustentarão essas afirmações merar características, relacionar aspectos importantes
iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os sobre algum assunto. A apresentação das ideias pode ser
recursos argumentativos que articularão o convenci- ou não ordenada segundo uma ordem de importância.
mento do leitor quanto à tese apresentada. A ordem depende do que se pretende enfatizar.

z Tipos Diferentes de Parágrafos de Desenvolvimento Modelo nº 3:


As possibilidades de ordenação do parágrafo são
várias: exploração de aspectos espaciais e temporais, Entre os aspectos referentes a
enumeração de pormenores, apresentação de analo- ____________________________, três pontos merecem desta-
gia ou contraste, citação de exemplos e apresentação que especial. O primeiro é _______________________________;
de causas e consequências. Acompanhe a seguir. o segundo diz respeito __________________ e, por fim, ______
___________________________.
„ Desenvolvimento por Exploração Espacial

Ao argumentar, você pode se servir da exposição de Ao preenchermos o modelo, teremos:


informações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram. Entre os aspectos referentes à alimentação dos bra-
sileiros, três pontos merecem destaque especial. O pri-
Modelo nº 1: meiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz com
feijão; o segundo diz respeito às proteínas presentes no
bife com salada e, por fim, a glicose somada à cafeína no
A cidade (ou região) em destaque é cafezinho preto com açúcar, que fornecem um completo
____________, que fica localizada em ____________________, abastecimento de energia somada ao prazer.
região __________ de ____________. É aí onde se localiza
________________________ dessa região. Cercada por
„ Desenvolvimento por exploração de contraste
________________________, foi bem no centro desse ______
de ideias
_________________________________________.
Na ordenação do parágrafo por exposição de con-
Preenchendo o modelo, teremos: trastes entre si, você pode se servir de comparações,
A cidade em destaque é Pindaíba da Serra, que fica ideias paralelas, ideias diferentes e ideias opostas.
localizada em Monte Mole, região nobre de Pindora-
ma. É aí onde se localiza uma das mais belas reservas Modelo nº 4:
naturais de paioca-rija, um cipó medicinal e afrodisíaco
muito cobiçado pelos moradores dessa região. Cerca-
da por uma densa floresta de mambutis gigantes, foi Muitos acreditam que
bem no centro desse santuário tropical que a próspera ___________________________, por causa da
cidadezinha se tornou uma espécie de centro cultural da _____________________. Por outro lado, sabe-se também
região por preservar até hoje um dos mais tradicionais que ______________________________________, quando mui-
rituais de nossa história: a sagração da taioba-plus, enti- tas vezes _________________________________.
dade sagrada e reverenciada pelos devotos naobilicos.
Ao preenchermos o modelo, teremos:
„ Desenvolvimento por Exploração Temporal
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açúcar
Nesse modelo, o leitor é informado do momento pode causar excitação e ansiedade quando consumido em
em que os fatos ocorreram com a indicação de datas excesso, por causa da cafeína e da glicose presentes nele.
e outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse Por outro lado, sabe-se também que essas substâncias
258
fornecem uma carga suplementar de energia nos deixan- Parágrafo de Conclusão
do despertos logo após o almoço, quando muitas vezes
somos acometidos por uma sonolência indesejada. A conclusão de uma dissertação é o momento de
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi
„ Desenvolvimento por Exploração de Ideias atingido. É de fundamental importância que não ocor-
Analógicas e Comparação ra contradição com a tese proposta no início de sua
redação, o que descaracterizaria toda a argumentação.
Para organização das ideias, nossos redatores utilizam Nesse momento, deve-se fazer uma síntese geral ou
expressões que indicam confronto, valendo-se do artifí- retomar a ideia inicial, reforçando os pontos de par-
cio de contrapor ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. tida do raciocínio. Pode-se também demonstrar que
Tal confronto tanto pode ser tanto de contrastes uma solução a um problema foi encontrada ou que
como de semelhanças. Analogia e comparação são uma proposta de solução pode ser alcançada, ou, ain-
também espécies de confronto: da, que uma resposta a uma pergunta foi encontrada.
Esse momento pode também gerar um questio-
A analogia é uma semelhança parcial que sugere namento final, desde que não concorra com suas
uma semelhança oculta, mais completa. Na com- exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser
paração, as semelhanças são reais, sensíveis numa contemplada na conclusão para que ele não se sinta
forma verbal própria, em que entram normalmente frustrado pela expectativa criada quanto ao tema.
os chamados conectivos de comparação (quanto, A volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
como, do que, tal qual) [...]14. que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza-
dor da conclusão também colabora para a progressão
Por exemplo: e continuidade textual.

Modelo nº 5: z Tipos Diferentes de Parágrafos de Conclusão

No caso das _______________, porque cada Podemos enumerar alguns exemplos de conclu-
qual tem seus próprios valores ________________. En- sões satisfatórias que todos poderão usar em seus tex-
quanto a _________________, as ________, por sua vez, tos dissertativos.
_____________________.
„ Conclusão por Síntese ou Resumo
Ao preenchermos o modelo, teremos:
No caso das proteínas do bife e da salada que O primeiro recurso com que trabalharemos será
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada o do resumo ou da síntese geral. Nesse caso, retoma-
qual tem seus próprios valores para a alimentação. -se, resumidamente, aquilo que se explorou durante
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem o texto:
as perdas musculares pelo desgaste do dia a dia, as
verduras, por sua vez, oferecem as fibras que nos Modelo nº 1:
auxiliam no processamento dos alimentos pelo nosso
organismo ajudando na absorção dos nutrientes. Levando-se em consideração esses as-
pectos __________ somos levados a acreditar que
„ Desenvolvimento por Exploração de Causa e não é apenas por _______________, mas também
Consequência ________________. Sendo assim, ______________.

Dentro de uma perspectiva lógica e simples, deve- Ao preenchermos o modelo, teremos:


mos compreender causa como um fator gerador de Levando-se em consideração esses aspectos prá-
problemas e consequência como os problemas gera- ticos do prato do brasileiro, somos levados a acredi-
dos pela causa. Trabalhar com causas e consequências tar que não é apenas por prazer que somos seduzidos
é apresentar os aspectos que levaram ao problema pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
discutido e às suas decorrências. nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sen-
do assim, a falta de qualquer um desses ingredientes
Modelo nº 6: nos causará debilidade, além de insatisfação.

„ Conclusão por Questionamento


É de fundamental importância o
__________________ para ___________________. Pode- Nesse modelo, parte-se de um questionamento
mos mencionar, por exemplo, ________________ que para encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueça de
________________, por causa _____________. que você não deve colocar em dúvida os argumentos
desenvolvidos em sua redação.
Ao preenchermos o modelo, teremos:
Modelo nº 2:
PORTUGUÊS

É de fundamental importância o consumo de


alimentos ricos no fornecimento de energia para a
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, O que mais há para ser tomado como
____________ (?) ___________ acreditar que ____________,
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente mas também ___________ (?). Certamente que sim,
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
pois _________________.
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
da energia própria consumida durante o dia.

14 Ibidem, p. 232. 259


Preenchendo o modelo, teremos: Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal)
O que mais há para ser tomado como positivo e
prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
leva a acreditar que não é apenas por prazer que No passado, quando pensávamos em
somos seduzidos pela nossa culinária, mas também ____________, notávamos que ________________ era
por tudo o que ela nos oferece para a manutenção _________________ comparada à que vemos recentemente.
Hoje, por outro lado, _____________________________ torna-
de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará ram-se ____________. O resultado disso é que __________, na
a saúde de nossa população? Certamente que sim, atualidade, tornou-se _____________________.
pois a carência de tais ingredientes nos causará debi-
lidade, além de insatisfação. Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de
Ideias)
„ Conclusão por Resposta, Solução ou Proposta
Muitos acreditam que _____________________,
Levanta-se uma (ou mais) hipóteses ou sugestões
por causa da _________________. Por outro lado, sa-
do que se deve fazer para transformar a história mos-
be-se também que ________________, quando muitas
trada durante o desenrolar do texto.
vezes _______________.
Modelo nº 3:
Modelo nº 5 — Conclusão (Síntese ou Resumo)
Tendo em vista os aspectos observados so-
bre ___________, só nos resta esperar que ___________. Levando-se em consideração esses aspec-
Ou quem saiba ainda que _______________ para tos _______________, somos levados a acreditar que
que ______________________. Consequentemente, não é apenas por _____________________, mas também
___________________________. __________. Sendo assim, _________________.

Preenchendo o modelo, teremos:


Tendo em vista os aspectos observados sobre Nova máscara
nossa alimentação, só nos resta esperar que se
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio. É fato notório que
______________________________. Sabe-se
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de que ____________________________, além da
nossa combinação alimentar para que o mundo saiba __________________.
que no Brasil se come bem. Consequentemente, será
possível a qualquer um balancear com eficiência e bai- Entre os aspectos referentes a
xo custo do que se põe na mesa de sua casa. _____________________________, três pontos merecem
Agora, comece a criar seus próprios arranjos e uti- destaque especial. O primeiro é ___________________
____________; o segundo __________________________ e,
lizar essas técnicas para compor redações eficientes por fim, _____________________________________.
que garantam seu sucesso em qualquer tipo de con-
curso que peça a você um posicionamento específico No passado, quando pensávamos em
sobre qualquer tema. _____________, notávamos que ___________________ era
________________ comparada à que vemos recentemen-
te. Hoje, por outro lado, __________________________
CONSTRUINDO AS MÁSCARAS DE REDAÇÃO tornaram-se _________________. O resultado dis-
so é que _________, na atualidade, tornou-se
Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja _________________.
como arranjamos os modelos de maneiras diferentes.
Muitos acreditam que
Modelo nº 1 — Introdução (Declaração Inicial) __________________________, por causa da
______________________. Por outro lado, sabe-se tam-
É fato notório que __________________________. bém que ___________________, quando muitas vezes
Sabe-se que ______________________, além da _________ ______________.
_____________________________.
Levando-se em consideração esses aspec-
tos _____________________, somos levados a acredi-
Modelo nº 2 — Desenvolvimento (Pormenores tar que não é apenas por ________________________,
ou de Enumerações) mas também ______________________. Sendo assim,
________________________.
Entre os aspectos referentes a
______________________, três pontos merecem des- Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda-
taque especial. O primeiro é _____________________;
o segundo _____________________ e por fim ção com uma declaração inicial. Como abordamos um
tema geral, sem uma relevância científica notória e
_________________________.
que representa na verdade um conhecimento cultural
somado às observações de médicos e nutricionistas,
a declaração foi a melhor alternativa, já que não se
compromete com a obrigatoriedade de recorrência a
uma fonte de conhecimento referencial.
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen-
volvimento mesclando os vários modelos apresenta-
dos anteriormente.
Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diver-
260 sas alternativas para a estruturação de nosso projeto,
também nos orientavam dando caminhos a seguir na PROJETO DE TEXTO — ANÁLISE DE PROPOSTAS E
argumentação. É como se montássemos realmente RESPECTIVOS PROJETOS POSSÍVEIS
um quebra-cabeça.
Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos Neste tópico, trabalharemos com a análise de algu-
de desenvolvimento para esse projeto: por enumera- mas propostas de variadas instituições para mostrar as
ções, o temporal e o por contraste. Forçamos um pouco diferenças entre elas. Veremos também como vêm sendo
a barra, primeiro criando a máscara para, só depois, apresentados os temas e como agir diante das diferentes
completar nossa redação. Afinal de contas, essa é a exigências feitas nas últimas provas de concursos.
vantagem do projeto de máscaras. Veja como ficou: Depois passaremos ao trabalho de orientação de
como evitar erros comuns e como buscar soluções para
É fato notório que a comida dos brasileiros alguns problemas que venhamos a enfrentar quando
é muito boa e tem tudo de que eles necessitam para o estivermos escrevendo a nossa redação durante a prova.
seu longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz com Veja a proposta a seguir:
feijão nos fornece um completo abastecimento de
energia somado ao prazer.
PROVA DISCURSIVA
Entre os aspectos referentes a esse par
considerado completo que é o arroz com feijão, três � Nesta folha, faça o que se pede, usando, caso dese-
pontos merecem destaque especial. O primeiro je, o espaço para rascunho indicado no presente ca-
está na riqueza de carboidratos presentes nele e que derno. Em seguida, transcreva o texto para a folha de
nos reabastece repondo a energia consumida durante
texto definitivo da prova discursiva, no local apropria-
o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e mar-
cante que o alimento oferece, tornando-o sempre uma do, pois não será avaliado fragmento de texto escrito
escolha positiva quanto ao prazer e, por fim, deve-se em local indevido
levar em conta a vantagem do baixo custo dessa com- � Qualquer fragmento de texto além da extensão má-
binação se comparado a outros alimentos também xima de linhas disponibilizadas será desconsiderado
computados como importantes para a composição � Na Folha de Texto Definitivo, a presença de qualquer
de uma alimentação rica. marca identificadora no espaço destinado à transição
No passado, quando pensávamos em ali- do texto definitivo acarretará a anulação da sua prova
mentação, notávamos que sua relação com sobre- discursiva
vivência era muito maior comparada à que vemos � Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 13,00
recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade des- pontos, dos quais até 0,60 ponto será atribuído ao que-
ses alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio- sito apresentação (legibilidade, respeito às margens e
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resulta- indicação de parágrafos) e estrutura textual (organiza-
do disso é que comer, na atualidade, tornou-se um
ção das ideias em texto estruturado)
ritual de bem viver.

Muitos acreditam que a comida presente Inicialmente, o candidato é orientado a usar a


em nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun- folha de rascunho e depois transcrevê-la para a folha
do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por definitiva. Por quê? Porque muitos candidatos deixam
outro lado, sabe-se também que poderá engordar, para fazer suas redações ao término da prova objeti-
quando muitas vezes for consumida sem medida, va, quando a prova discursiva ocorre concomitante-
com inspiração apenas no sabor e no prazer que ofe- mente a esta, e acabam administrando mal o tempo.
rece. Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações
diretamente na folha definitiva e têm de assumir os
Levando-se em consideração esses aspec-
tos práticos do prato do brasileiro, somos levados a riscos de cometer erros que não podem ser revertidos.
acreditar que não é apenas por prazer que somos se- Ou, ainda, não conseguem passar o texto “a limpo” e
duzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o esperam que seja corrigido assim mesmo.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim, concluímos que a falta desse ingre-
diente em nossa mesa nos causará debilidade, além de Importante!
insatisfação.
Por determinação apresentada geralmente nos
Com esses modelos apresentados, desejamos mos- editais, os rascunhos não serão lidos.
trar como é possível programar e treinar nossos tra-
balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
Porém, é de fundamental importância que você busque
Dessa forma, os candidatos perdem a oportunidade
ou crie um modelo de máscara com o qual você mais se
de disputar a vaga para esse concurso, pois são desclas-
identifique. Isso para que, no momento de produção de
sificados como se não houvessem feito sua redação.
sua redação, principalmente se ocorrer durante uma
Como falam sobre um lugar apropriado para a
prova de concurso, você já esteja organizado.
transcrição do texto e declaram que não considera-
Com isso, espera-se que você tenha a vantagem de
rão fragmentos de textos escritos em lugar indevido,
partir direto para a elaboração de seu texto sem ter
os candidatos deverão ficar atentos às margens e ao
PORTUGUÊS

de ficar parado buscando inspiração em um momento


número de linhas disponibilizado. Ou seja, se ultrapas-
em que todo segundo é importante.
sadas as trinta linhas da folha, certamente a conclusão
ficará fragmentada. Se a margem for ultrapassada,
aquela parte da palavra não será lida. O resultado des-
sas desatenções prejudicará toda a coerência do texto,
além de comprometer a estrutura dissertativa.
Por fim, vêm as orientações quanto ao erro de gra-
fia, que nem sempre aparecem nesse quadro inicial,
261
mas que sempre servem como referência para todas A humanização é um movimento com crescente e
as provas. Lembre-se sempre de que o corretor não disseminada presença, assumindo diferentes senti-
é um perito do serviço de inteligência nacional, que dos segundo a proposta de intervenção eleita. Apa-
busca meios científicos e investigativos para decodifi- rece, à primeira vista, como a busca de um ideal,
car informações relevantes de uma mensagem secre- pois, surgindo em distintas frentes de atividades
ta. Por isso, se seu texto tiver problemas quanto à e com significados variados, segundo os seus pro-
legibilidade, mais pontos serão perdidos, ou pior, será ponentes, tem representado uma síntese de aspi-
desclassificado caso não se possa ler o que foi escrito. rações genéricas por uma perfeição moral das
Veja como as bancas costumam trabalhar com ações e relações entre os sujeitos humanos envol-
o possível erro na transcrição de uma palavra. Você vidos. Cada uma dessas frentes arrola e classifica
deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase, um conjunto de questões práticas, teóricas, com-
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o res- portamentais e afetivas que teriam uma resultante
pectivo substituto. humanizadora.
Exemplo: Nos serviços de saúde, essa intenção humanizado-
ra se traduz em diferentes proposições: melhorar
Errou? a relação médico-paciente; organizar ativida-
des de convívio, amenizadas e lúdicas, como as
Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito brinquedotecas e outras ligadas às artes plásticas,
felizes. à música e ao teatro; garantir acompanhante na
internação da criança; implementar novos pro-
Corrigiu! cedimentos na atenção psiquiátrica, na realiza-
ção do parto — parto humanizado — e na atenção
Como informação extra, eles alertam para que não ao recém-nascido de baixo peso — programa da
se usem parênteses com essa finalidade. Os parênte- mãe-canguru —; amenizar as condições do aten-
ses são elementos gramaticais de pontuação e, como dimento aos pacientes em regime de terapia
tais, devem ser usados em sua indicação correta, iso- intensiva; denunciar a “mercantilização” da medi-
cina; criticar a “instituição total” e tantas outras
lando termos pertinentes ao texto, e é dessa forma
proposições.
que será avaliado seu uso.
Observe agora os seguintes textos motivadores e o Internet: www.scielo.br
tema que deve ser abordado obrigatoriamente:

Direito à Saúde A Necessidade de Humanização dos Serviços


O direito à saúde é parte do conjunto de direitos Públicos de Saúde
chamados de direitos sociais, que têm como inspi-
ração o valor da igualdade entre as pessoas. No z Compreendendo a Proposta
Brasil, esse direito apenas foi reconhecido na CF;
antes disso, o Estado apenas oferecia atendimento O primeiro passo, ao analisar os textos propos-
à saúde para trabalhadores com carteira assinada tos, é buscar os principais pontos de maior destaque
e suas famílias; as outras pessoas tinham acesso a por eles abordados. Destacamos as palavras-chave
esses serviços como um favor e não como um direi- de cada parágrafo para construir uma síntese sobre
to. Na Constituinte de 1988, as responsabilidades as principais ideias. Essa é uma atitude que também
do Estado foram repensadas, e promover a saúde pode ser tomada durante a análise das propostas, pois
de todos passou a ser seu dever: “A saúde é direi- é assim que poderá se construir a tese em sintonia
to de todos e dever do Estado, garantido mediante
com o tema.
políticas sociais e econômicas que visem à redução
O próximo passo é organizar essas informações,
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
relacionando-as ao tema, como se elas pudessem res-
universal e igualitário às ações e serviços para a
promoção, proteção e recuperação” (CF, art. 196).
ponder a uma pergunta feita a partir dele. Veja uma
A saúde é um direito de todos porque sem ela não possibilidade:
há condições de uma vida digna, e é um dever do
Estado porque é financiada pelos impostos que z Como Humanizar os Serviços Públicos de
são pagos pela população. Dessa forma, para que Saúde?
o direito à saúde seja uma realidade, é preciso que
o Estado crie condições de atendimento em pos- Vamos agora produzir algumas possíveis respostas
tos de saúde, hospitais, programas de prevenção, com as palavras que destacamos no texto:
medicamentos etc., e, além disso, é preciso que esse
atendimento seja universal (atingindo a todos os „ Cobrar dos governantes condições dignas de
que precisam) e integral (garantindo tudo de que a atendimento por se tratar de um dever do Esta-
pessoa precise). do reverter em benefícios à população os valo-
A criação do SUS está diretamente relacionada à res arrecadados em impostos;
tomada de responsabilidade por parte do Esta- „ Responsabilizar o governo pela proteção e
do. Organizado com o objetivo de proteger, o SUS
recuperação da saúde de todos.
deve promover e recuperar a saúde de todos os
brasileiros, independentemente de onde morem,
de trabalharem ou não e de quais sintomas apre- z Por que é Necessário Humanizar os Serviços
sentem. Infelizmente, esse sistema ainda não está Públicos?
completamente organizado e ainda existem muitas
falhas, no entanto seus direitos estão garantidos e „ Para garantir a todos o direito à saúde, já que
devem ser cobrados para que sejam cumpridos. se trata de uma determinação de nossa Cons-
tituição, prestando serviços de atendimento ao
262 Internet: nev.incubadora.fapesp.br (com adaptações). público;
„ Para destacar que a humanização dos serviços aparecer em outros gêneros e até mesmo na nossa
públicos não é apenas uma aspiração de perfei- vida cotidiana.
ção moral, mas, antes de tudo, um programa de A contra-argumentação é, resumidamente, o que
melhoria nas relações de convívio com os agen- seu nome sugere, uma forma de contestar uma tese ou
tes de saúde, promovendo o desenvolvimento argumento. Para isso, o tema deve ser passível a dis-
de novos procedimentos de atendimento aos cussão, ou seja, um tema que permita ser entendido
pacientes; por diferentes pontos de vista. Não se pode contra-ar-
„ Para poder denunciar as especulações e a mer- gumentar fatos que não mudam, como por exemplo o
cantilização dos serviços médicos e criticar a fato de o Brasil estar na América do Sul, eis um caso
instituição em sua totalidade e rejeitar proposi- não passível de argumentação.
ções que não atendam às aspirações populares. Para construir sua contra-argumentação, lembre-
-se de elaborar sua tese de maneira relevante. Estude
Agora, vamos criar uma tese que se encaixe com também os argumentos que você irá contrapor, afinal,
essas respostas, como, por exemplo: não é possível contra-argumentar apenas dizendo
Já passou da hora de reconhecer no povo brasilei- “não concordo com isso”.
ro o valor de homem vivente e não apenas de ver esse Alguns recursos linguísticos podem auxiliar na
povo como se fosse um coletivo impessoal; como se contra-argumentação, como os termos “em contra-
não respirassem, nem pensassem; como se fossem um partida”, “na verdade”, “ao contrário de” etc. Ao con-
número em um gráfico de estatística e não existissem. tra-argumentar, lembre-se de retomar os argumentos
Em seguida, vamos buscar, nas respostas que que irá contra. Sustente seu ponto de vista levantando
elaboramos, ações que promovam essa proposta de hipóteses concretas que de fato se contraponham às
humanização, como, por exemplo: argumentações anteriores.
Nos debates, a contra-argumentação também se
„ Treinar os profissionais de saúde para que faz muito presente, afinal há uma série de discus-
recepcionem os pacientes com um atendimen- sões e contra-argumentos com o objetivo de derru-
to mais atencioso nesse momento de carência; bar o argumento do lado opositor. Vale ressaltar que
„ Unificar as informações sobre o oferecimen- opiniões pessoais, religiosas, entre outras, não são
to de serviços apropriados aos pacientes, bem argumentos. Na verdade, elas estão relacionadas à
como oferecer meios de locomoção contínua apelação, o que deve ser evitado.
aos que necessitam buscar outras unidades que Veja, na prática, um exemplo de como um argumen-
possam atendê-los; to e um contra-argumento poderiam ser construídos:
„ Fiscalizar e avaliar continuamente a qua-
lidade dos serviços oferecidos, expondo z Argumento a favor da posse de armas no Brasil:
os resultados à população, além de apresen- A posse de armas no Brasil é uma solução para a
tar cronogramas dos projetos de evolução de problemática da violência, visto que cada cidadão
desenvolvimento científico e tecnológico a teria a capacidade de se defender em situações de
serem implementados em prol da saúde. perigo e de seus familiares;
z Contra-argumentação: A posse de armas no Bra-
Feito isso, vamos usar o processo inverso com as sil não é uma solução para a violência, visto que
palavras-chave e organizar nosso projeto de texto. oferece risco às crianças do núcleo familiar de
Observe: quem as possui. Ademais, é de responsabilidade do
Já passou da hora de reconhecer no povo brasi- Estado garantir segurança aos cidadãos civis.
leiro o valor de homem vivente e não apenas de ver
esse povo como se fosse um coletivo impessoal; como A INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM
se não respirassem, nem pensassem; como se fossem
um número em um gráfico de estatística e não existis- Os textos podem ser entendidos como eventos
sem. Para que o homem prevaleça com sua dignidade, nos quais elementos sociocomunicativos, históricos
deve-se procurar treinar melhor os profissionais e culturais trabalham para construir sentidos. Assim,
de saúde, unificar as informações sobre o ofereci- segundo Costa Val (1991), a linguagem é um lugar de
mento de serviços, além de fiscalizar e avaliar con- interação humana, por meio da qual o falante produz
tinuamente a qualidade dos serviços oferecidos. ações significantes.
Daqui para frente, você já sabe: é o arroz com fei- Nesse sentido, um dos critérios atribuídos ao tex-
jão, ou seja, os modelos que apresentamos extensa- to é a informatividade, que é a capacidade de um
mente ao longo do material. texto transmitir informações novas e relevantes para
Demonstramos aqui algumas formas diferentes de quem está lendo. Ela é prejudicada quando a infor-
análise de propostas, mas que compreendem pratica- mação repassada pelo texto recaí no senso comum,
mente a forma básica de trabalho com todas as dife- ou seja, no conhecimento notório de qualquer agente
rentes instituições e diferentes propostas, assim como social. Nesse caso, o texto torna-se um amontoado de
dissemos que faríamos. informações óbvias que só servem para “enrolar” o
PORTUGUÊS

interlocutor.
A CONTRA-ARGUMENTAÇÃO Exemplos de informações de senso comum que
devem ser evitadas no texto:
Neste tópico, conheceremos um novo recurso “O homem depende do ambiente para viver”.
argumentativo: a contra-argumentação. “A mulher de hoje ocupa papel social diferente da
Geralmente, a contra-argumentação é desen- mulher do século XIX”.
volvida no gênero textual dissertativo-argumenta- Essas informações são fatos já comprovados histo-
tivo, aquele exigido no Enem. Mas não se engane, ricamente que não apresentam grau de informativi-
você irá perceber que a contra-argumentação pode dade forte. 263
FIM DO USO DO TREMA
ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS
NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA O trema já estava caindo em desuso, visto que não
é necessário ter o acento para identificar a pronúncia.
PORTUGUESA PELO ACORDO Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o tre-
ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA ma não é mais utilizado, seja em palavras portugue-
sas ou aportuguesadas.
PORTUGUESA Muitos não lembram, mas o trema era representado
por dois pontinhos em cima do “u” que indicavam hiato.
ASSINADO EM LISBOA, EM 16 DE DEZEMBRO DE
1990, POR PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA, SÃO z Antes do acordo: freqüência; cinqüenta; conse-
TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, qüência; tranqüilo;
MOÇAMBIQUE E, POSTERIORMENTE, POR TIMOR z Depois do acordo: frequência; cinquenta; conse-
LESTE, APROVADO NO BRASIL PELO DECRETO Nº quência; tranquilo.
6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 E ALTERADO
PELO DECRETO Nº 7.875, DE 27 DE DEZEMBRO DE Atenção: o trema ainda é usado em nomes pró-
2012 prios estrangeiros como Bündchen e Müller, por
exemplo.
O novo acordo ortográfico é um documento que
normaliza diversas mudanças na língua portuguesa. ACENTUAÇÃO
Ele foi assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser
obrigatório a partir de 2016. Esse documento foi ela- O acento diferencial não é mais usado em pala-
borado com base nas mudanças práticas da língua e vras paroxítonas com vogal tônica aberta ou fecha-
nos estudos desenvolvidos por linguistas. Além disso, da que possuem a mesma escrita.
tem o objetivo de padronizar a ortografia em diversos
países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa. z Antes do acordo: pára (verbo); pólo (substantivo);
É importante estudar essas mudanças na língua, pêlo (substantivo);
pois a ortografia é um aspecto responsável por “tirar” z Depois do acordo: para (verbo); polo (substanti-
pontos na avaliação da redação, logo, pode ser essen- vo); pelo (substantivo).
cial para prejudicar sua nota.
Nos casos em que o acento marca a diferença entre
ALFABETO verbos no singular e plural, como em vem (singular) e
vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento
z Como era: foi mantido.
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aber-
A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z; to e fechado (mêdo: medo, almôço: almoço), nem em
letras repetidas, como em palavras paroxítonas termina-
das em “êem” nem em palavras com o hiato “oo”.
z Como está:
z Antes do acordo: lêem, vôo, abençôo;
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
z Depois do acordo: leem, voo, abençoo.
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfa-
beto; agora, contamos com o acréscimo das letras K,
O acento agudo não é mais usado em palavras
W e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português
paroxítonas com ditongo aberto ei e oi.
brasileiro. Essa mudança ocorreu com a intenção de
oficializar letras que, na prática, já faziam parte de
z Antes do acordo: andróide, alcatéia, idéia, diar-
diversas palavras em português. Ou seja, as letras não
réia, estóico;
estavam no alfabeto, mas já eram utilizadas no coti- z Depois do acordo: androide, alcateia, ideia, diar-
diano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações reia, estoico.
como: km, Yago, Kamila, Wilson, Olympikus, entre
outros.
É comum confundir com as paroxítonas com as
Pensando nisso, o acordo procurou tornar ofi-
oxítonas terminadas em ditongo aberto. As oxítonas
cial as letras que já eram utilizadas pelos falantes do
com ditongos abertos continuam com acento: herói e
português.
dói.
O acento em palavras paroxítonas com i e u tôni-
co depois de ditongo não é mais utilizado.
Importante!
Ter tornado essas letras oficiais não muda a z Antes do acordo: feiúra, bocaiúva;
escrita de palavras que já existem, ou seja, pala- z Depois do acordo: feiura, bocaiuva.
vras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a
ser escritas como “kilo” e “kilômetro”. HÍFEN
A oficialização significa, sim, que a partir de
z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro ter-
agora novas palavras podem usar essas letras.
mo acaba em vogal e o segundo termo começa com
vogal inicial diferente.
Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação.
pelo novo acordo ortográfico foram: o fim do uso do z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo
trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso elemento começando em -h, utiliza-se hífen.
do hífen, que detalharemos a seguir: Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano.
264
z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro termi- Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo.
nado em vogal e que o segundo elemento começa
com vogal igual. DIVISÃO SILÁBICA
Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo.
z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, O novo acordo mantém as regras de divisão silá-
pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado. bica já existentes; no entanto, faz uma especificação
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação. sobre a separação das palavras em linhas diferentes.
z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, Quando é necessário separar as palavras que já
pelo uso, se perde a noção de composição. têm hífen, a nova regra prevê que o hífen seja repeti-
Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva. do em cima e em baixo.
z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia--se todos
que não têm um elemento de ligação e que formam os anos.
uma unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.

A seguir, há um quadro comparativo com algumas HORA DE PRATICAR!


palavras mais comuns em relação ao uso do hífen:
1. (DECEx — 2021)
ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO
“Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista!
Microondas Micro-ondas Pinta um canto de céu, uma nuvem de gaze
Semi-analfabeto Semianalfabeto Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze
Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista.”
Co-autor Coautor
Infra-estrutura Infraestrutura Esses versos pertencem à 2ª estrofe de um soneto. Ana-
Extra-escolar Extraescolar lisando seus aspectos formais, conclui-se que o poema:
Dia-a-dia Dia a dia
a) tem doze versos de dez sílabas e rimas alternadas.
Ultra-som Ultrassom b) tem quatro versos de dez sílabas e ausência de rimas.
Re-eleição Reeleição c) tem quatorze versos de doze sílabas e rimas ricas.
d) tem versos brancos e livres e quatro quartetos.
USO DAS LETRAS MAIÚSCULAS e) não tem número fixo de estrofes nem de sílabas
métricas.
De acordo com o novo acordo ortográfico da Lín-
gua Portuguesa, as letras maiúsculas são usadas em 2. (DECEx — 2021) “D. Carolina é o prazer em ebulição;
se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior
graça; aquele rosto moreno, vivo e delicado, aquele
z Nomes próprios de pessoas, animais, lugares (cida-
corpinho, ligeiro como a abelha, perderia metade do
des, países, continentes...), acidentes geográficos,
que vale, se não estivesse em contínua agitação. O
rios, instituições e entidades;
beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se
z Marcas;
pendura na mais tênue flor e voeja nos ares. D. Caro-
z Nomes de festas e festividades;
lina é um beija-flor completo.”
z Nomes astronômicos;
z Títulos de periódicos e em siglas;
MACEDO, J.M.de. A moreninha. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. p.77.
z Símbolos ou abreviaturas.
A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, é o
Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Ala-
primeiro romance do Romantismo brasileiro. Nessa
goas, Jogos Olímpicos, Revista Veja.
passagem, evidenciam-se as seguintes característi-
As letras minúsculas são usadas em todas as outras
cas desse movimento:
situações, como: dias da semana, meses e estações do
ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro,
a) Sentimentalismo exacerbado e linguagem próxima ao
verão, sul, nordeste.
coloquial.
O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcional
b) Aproximação da leitora e ambientação no contexto
para títulos de livros (totalmente em maiúsculas ou
burguês.
apenas com maiúscula inicial), palavras de catego-
c) Narrador em primeira pessoa e predomínio do sonho.
rizações (rio, rua, igreja…), nomes de áreas do saber
d) Idealização feminina e metaforização da natureza.
(biologia), matérias e disciplinas (português, matemá-
e) Eu lírico introspectivo e representações vagas.
tica), versos que não iniciam o período e palavras liga-
das a uma religião.
3. (DECEx — 2021) Assinale a alternativa em que os vocá-
PORTUGUÊS

bulos obedecem às mesmas regras de acentuação grá-


USO DO ACENTO GRAVE
fica das palavras “temática” e “saúde”, respectivamente:
Apesar da dificuldade de muitos com as regras do
a) hífen, ótimo.
uso de crase, o novo acordo prevê que o acento grave
b) parabéns, mágico.
continue a ser utilizado apenas para marcar a ocor-
c) médico, conteúdo.
rência de crase, nos casos já previstos nas normas gra-
d) robótica, café.
maticais. Não há alteração quanto a novas formas de
e) revólver, faísca.
uso ou proibição da crase.
265
4. (DECEx — 2021) Marque a alternativa que classifica as 8. (DECEx — 2021) Leia a seguir os versos de João
palavras abaixo quanto à acentuação, respectivamente: Cabral Melo Neto.

Tábua / Céu / Tórax “Está apenas em que a terra


é por aqui mais macia;
a) Paroxítona / Paroxítona / Paroxítona. está apenas no pavio,
b) Oxítona / Monossílabo átono / Paroxítona. ou melhor, na lamparina:”
c) Paroxítona / Monossílabo tônico / Paroxítona.
d) Monossílabo átono / Paroxítona / Oxítona. O valor semântico correto para a expressão destaca-
e) Proparoxítona / Paroxítona / Oxítona. da é de:

5. (DECEx — 2021) São exemplos de verbos irregulares, a) retificação.


exceto: b) valoração.
c) condição.
d) comparação.
a) Restrinjo a passagem de alunos por aqui a partir de
e) contradição.
hoje.
b) Quando tinha três anos, já media um metro.
9. (DECEx — 2021) Observe:
c) Todos os anos, ela me dava um presente.
“O bom escritor sabe que elementos como a coerên-
d) Minha mãe faz bolos deliciosos.
cia e a coesão são indispensáveis para a inteligibi-
e) Nós pedimos uma pizza. lidade dos textos escritos, bem como o respeito às
normas gramaticais.”
6. (DECEx — 2021) Dentre as palavras destacadas, é um Se o termo escritor fosse colocado no plural, quantas
advérbio: outras alterações seriam necessárias para manter a
correção da frase?
a) Desculpe-me... mas sente-se mal?
b) Da família, só elas duas estão vivas. a) Duas.
c) Afinal, não tenho culpa do ocorrido. b) Três.
d) Por que você não veio à festa? c) Quatro.
e) Até Maria chegou atrasada. d) Uma.
e) Cinco.
7. (DECEx — 2021) Observe o enunciado abaixo:
10. (DECEx — 2021) Observe a tira do Calvin a seguir.

COMO VAI  . OUÇA, EU SUPONHO


OI
  .UH HUH... QUE VOCÊ DEVE
EU, CALVIN
BELO DIA LÁ FORA. ESTAR PENSANDO
NÃO?.. É... POR QUE EU LIGUEI...

A função da linguagem predominante na fala de Calvin,


por testar o canal de contato com outra pessoa, é a:

a) conativa (apelativa).
b) metalinguística.
De acordo com o texto, analise as afirmações abaixo: c) poética.
d) denotativa.
I. “O” é um artigo definido e seu valor semântico é de e) fática.
notoriedade.
II. “O” é um artigo indefinido e seu valor semântico é de Leia o texto a seguir para responder às questões 11,
generalização. 12 e 13.
III. “Ele” é um pronome e o termo “é” é um verbo não
nocional. “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
IV. A expressão “cara” é característica da linguagem pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro
informal. lugar o meu nascimento ou a minha morte. Supos-
to o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
Quais estão corretas? considerações me levaram a adotar diferente método:
a primeira é que eu não sou propriamente um autor
a) Apenas I, III e IV. defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
b) Apenas III e IV. foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
c) I, II, III e IV. mais galante e mais novo. Moisés, que também con-
d) Apenas II e III. tou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo:
e) Apenas I e IV. diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
(Trecho do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado
266 de Assis)
11. (DECEx — 2021) O autor personagem decidiu iniciar a) demarca a superioridade europeia, para enfatizar a
sua narrativa pelo fim, pois: miséria dos indígenas.
b) descreve a exuberância das terras, para impressionar
a) todos gostam de ouvir sobre a morte de alguém. a Coroa Portuguesa.
b) escritor que é escritor sempre faz dessa forma. c) evidencia a ausência de trabalho dos povos autócto-
c) é comum para esse tipo de narrativa. nes (povos nativos).
d) ninguém tinha feito assim antes. d) informa sobre o potencial econômico e a oportunida-
e) a história é de terror. de de conversão católica.
e) realça somente a possibilidade da catequese para os
povos nativos.
12.
(DECEx — 2021) Qual a diferença entre “AUTOR
DEFUNTO” e “DEFUNTO AUTOR”?
15. (DECEx — 2020) Segundo o acordo ortográfico de
2009/2010, quanto à acentuação, marque a alterna-
a) são sinônimos.
tiva em que a palavra em negrito está correta.
b) o primeiro iniciou sua carreira após a morte e o segun-
do, em vida.
a) Quanto à limpeza, eu sou paranóica.
c) o primeiro foi autor em vida e o segundo, só após a
b) Sempre precisamos de novas ideias.
morte. c) Nesta cidade, todos os hotéis são bons.
d) o primeiro escreve sobre a sua morte e o segundo, d) Os docentes não vêem com bons olhos a nova pro-
após a sua morte. posta de calendário escolar.
e) o primeiro tem como tema em sua obra a morte e o e) Meu esposo sempre para o carro para atender ao
segundo, o ato de escrever. celular.

13. (DECEx — 2021) Neste trecho do livro “Memórias Pós- 16. (DECEx — 2019)
tumas de Brás Cubas” de Machado de Assis o autor-
-personagem faz uma comparação com Moisés. Essa Quando o cérebro começa a falhar
comparação é baseada em ambos:
O cérebro humano é fascinante. Ele nos permite pen-
a) serem amigos. sar, imaginar, agir, falar, coordenar nossos movimentos,
b) falarem de suas mortes. armazenar informações e muito mais. Assim, doenças
c) serem escritores. que atinjam o cérebro podem limitar consideravelmente
d) gostarem da vida. a capacidade de manifestarmos a nossa forma humana.
e) gostam do novo. As chamadas doenças neurodegenerativas constituem
um grupo de enfermidades que, em sua maioria, surgem
14. (DECEx — 2021) Leia um fragmento da Carta de Pero com o envelhecimento. Geralmente, são associadas
Vaz de Caminha, a seguir. (A imagem é meramente à demência, cujo exemplo mais comum é a doença de
ilustrativa) Alzheimer. Com o aumento da expectativa de vida das
pessoas, é natural e necessário que a ciência se preocu-
pe em entender como essas doenças se desenvolvem e
identificar potenciais formas de tratá-las.
Você certamente conhece alguém ou alguma história
de uma pessoa acometida por uma doença neuro-
degenerativa. Deve ter conhecimento também sobre
o sofrimento causado aos pacientes e seus familia-
res. Existem dezenas dessas doenças, que têm em
comum uma progressiva degeneração das funções
cerebrais, que invariavelmente levam a inabilidades
físicas, demência e, na maioria dos casos, à morte.
Mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo
sofrem com a doença de Alzheimer (DA), a principal
forma de demência conhecida. Esse número tende
a crescer à medida que a longevidade da população
mundial aumenta e que hábitos de vida nada saudá-
Fonte: https://www.culturagenial.com/carta-pero-vaz-de-caminha/ veis são adotados. Apesar disso, a DA ainda não dis-
põe de nenhuma forma de diagnóstico precoce — o
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, que prejudica o início do acompanhamento médico
nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem e de possíveis intervenções experimentais — e, infe-
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares lizmente, ainda não tem cura. Isso não quer dizer, no
[...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me entanto, que a ciência nesse campo esteja parada.
parece que será salvar esta gente.” Muito se descobriu nas últimas três décadas.
Uma pergunta frequente que muitos se fazem ao enve-
lhecer é se estariam desenvolvendo DA e ainda não
PORTUGUÊS

(Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.;


FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, sabem. Por isso, vários grupos de pesquisa têm buscado
2001.) sinais capazes de prever o Alzheimer muito antes que a
doença se estabeleça. Mas não há motivo de preocupa-
Nesse trecho, o relato de Caminha alinha-se ao proje- ção se você é jovem ainda: o aparecimento da DA só é
to colonizador da Coroa Portuguesa para a nova terra, comum a partir dos 65 anos, e o esquecimento ocasio-
pois, essencialmente, nal de algo pode ser apenas circunstancial. Porém, se os
problemas de memória afetam a sua qualidade de vida, aí
sim é o momento de se consultar com um neurologista.
267
As causas específicas da DA ainda não são totalmente Ainda não dispomos de uma medicação que inter-
estabelecidas. Uma explicação bem aceita para o desen- rompa ou reverta o quadro neurodegenerativo de
volvimento da DA consiste no acúmulo substancial do pacientes com DA ou outras formas de demência.
peptídeo beta-amiloide (Aβ) no cérebro de pacientes, Isso certamente causa uma aflição nos familiares dos
o que prejudica o funcionamento dos neurônios e de pacientes ao verem aquele quadro evoluir sem que
outras células cerebrais, danificando a memória. A ação muito possa ser feito. No entanto, é bastante impor-
do Aβ também pode gerar outros eventos tóxicos para o tante que a qualidade de vida dos pacientes seja pre-
cérebro que levam a outros sintomas da doença, como servada na medida do possível.
ansiedade, depressão e apatia. Além disso, a progressão Uma informação interessante é que a musicoterapia
do Alzheimer leva a novos sintomas, como distúrbios de – exposição controlada e estímulo dos pacientes a
sono, agitação e dificuldades motoras. músicas que lhe são prazerosas – tem claros efeitos
Como não existe detecção da DA antes do surgimento positivos em sintomas de agitação, confusão mental
dos sintomas, os níveis aumentados de Aβ só haviam e bem-estar geral. A música ativa circuitos cerebrais
sido observados em pacientes que já apresentavam per- bastante complexos relacionados às emoções e pode,
da de memória. Avanços importantes têm sido alcança- de fato, fazer bem.
dos recentemente com o desenvolvimento de técnicas Por fim, há de se ressaltar o cuidado que se deve ter
que permitem detectar pequenas variações nos níveis com falsas promessas de reversão ou cura da DA ou de
de Aβ no líquor (fluido que banha nosso cérebro e nossa outras condições neurodegenerativas. Terapias milagro-
medula espinhal) e no sangue em pacientes com risco sas com pílulas ou cirurgias, mesmo que aplicadas por
de desenvolver a doença. Esses testes ainda não estão médicos, ainda não têm validade clínica e não há com-
disponíveis em hospitais, mas a perspectiva é que eles provação científica alguma de que funcionam. A com-
estejam acessíveis dentro de uma década. provação científica é realmente necessária para mostrar
Essas observações também indicam que marcadores que os medicamentos têm a ação esperada e que não
prejudicam mais ainda o já debilitado paciente.
cerebrais e bioquímicos da DA poderiam ser identificados
Ainda há muitos mares a serem navegados na com-
décadas antes do aparecimento dos sintomas clínicos.
preensão das doenças neurodegenerativas, mas o
Isso gera a perspectiva de que potenciais intervenções
público em geral pode nos ajudar dando seu suporte e
profiláticas e/ou terapêuticas possam ser empregadas
apoiando, sempre que possível, iniciativas de pesquisa
em pacientes que apresentam indicativos bioquímicos
nessa área.
ou moleculares de DA antes do estabelecimento clínico
da doença. A identificação sistemática desses marcado- (Mychael V. Lourenço. Instituto de Bioquímica Médica, Universidade
res poderá contribuir não apenas para o entendimento Federal do Rio de Janeiro. Matéria publicada em 10/6/19.
da progressão, mas também para o desenvolvimento de Disponível em: cienciahoje.org.br)
terapias eficientes no futuro.
A DA é uma doença progressiva que afeta primaria- Mas não há motivo de preocupação se você é jovem
mente algumas regiões do cérebro, como o hipocam- ainda: o aparecimento da DA só é comum a partir dos
po. O hipocampo é fortemente associado à formação 65 anos, e o esquecimento ocasional de algo pode ser
e manutenção de memórias no cérebro, e seu funcio- apenas circunstancial.
namento alterado parece, portanto, levar à perda de No excerto acima, o trecho após os dois-pontos tem
memórias em pacientes com Alzheimer. No entanto, papel de
há um rápido acometimento de outras regiões do
cérebro, incluindo os córtices pré-frontal e temporal, o a) enumeração.
que ajuda a explicar os sintomas clínicos da doença. b) explicitação.
(...) c) exemplificação.
Muitos testes clínicos têm sido feitos em pacientes de d) explicação.
diferentes condições neurodegenerativas. Esses estu- e) exceção.
dos têm se concentrado em duas estratégias: o desen-
volvimento de novas drogas com alvos específicos e o 17. (DECEx — 2019) Texto para a questão abaixo.
emprego de medicamentos já aprovados para tratar
outras doenças. Infelizmente, muitos dos fármacos tes- Religião e Bondade
tados em pacientes têm apresentado resultados negati-
vos, mas há boas razões para se animar e ter esperança. Quantas maldades as religiões fizeram e ainda fazem
No caso da DA, muito esforço tem sido feito em em nome da bondade? Da inquisição na Idade Média,
desenvolver anticorpos que bloqueiem a ação do passando pela escravidão, pelo apartheid, pelos fun-
peptídeo Aβ. O insucesso clínico dessa abordagem damentalismos contemporâneos e também pela
possivelmente se deve ao fato de que o tratamento intolerância religiosa no Brasil, resulta uma análise
comece tarde demais, apenas quando o quadro de histórico-filosófica da relação entre religião e bondade.
mau funcionamento cerebral já está estabelecido e No seu leito de morte, o filósofo francês judeu Henri
os pacientes já apresentam sintomas clínicos. Bergson (1859-1941) disse a um amigo, também filóso-
Contudo, vários resultados também sugerem que esta- fo, que na ocasião o visitava: “Passei a vida inteira pro-
mos progredindo em entender e tratar melhor as doenças curando a verdade; deveria ter passado procurando ser
neurodegenerativas. Por exemplo, um novo composto bom”. Anos antes, esse grande e conhecido pensador
se mostrou eficaz em reduzir os níveis de um marcador quis se converter ao catolicismo, mas não o fez. Abriu
da doença de Huntington. No caso de pacientes com mão da conversão, para ser solidário com seus irmãos
Parkinson, terapias ainda em avaliação sugerem que a e irmãs judeus, que foram dizimados durante a Segun-
estimulação elétrica controlada de algumas regiões do da Guerra Mundial. Em outras palavras, negou a religião
cérebro dos pacientes pode diminuir os sintomas de tre- à qual gostaria de aderir, para ser bom. Exatamente ao
mores e de falta de coordenação motora. abandonar a adesão à religião de que tanto gostava, ele
tornou-se bom.Isso, contudo, não quer dizer que somen-
268 te abandonando a religião alguém consegue ser bom.
Pensemos em São Francisco de Assis (1182-1226), Isso transformou senhores de engenho no Brasil
conhecido como “pobrezinho de Assis”. Antes de sua em benfeitores, uma vez que eles seriam responsá-
conversão radical à fé cristã, sentia nojo dos “leprosos”, veis por “humanizarem” os escravos e as escravas,
mal olhava para os pobres e não tinha qualquer víncu- ao levá-los para as águas do batismo. A cruz des-
lo afetivo profundo com a natureza. Após querer ser um cia goela abaixo, enquanto a chibata cortava corpos
cruzado, sonho comum a muitos jovens de seu tempo, negros na América como um todo.
Francisco conheceu uma tradução da Bíblia, quando Também vale a pena lembrar da intolerância religio-
estivera preso por causa de sua participação em um sa no Brasil. Cristãos falam que Deus é amor, porém
combate em Perúgia, na Itália. Acometido por algu- alguns deles invadem terreiros de candomblé e de
mas doenças, depois de um ano no cárcere, Francisco umbanda, destroem seus espaços e acreditam que
retorna ao lar transfigurado. Decidira abandonar tudo e estão promovendo a vontade de Deus. E a homofo-
seguir os passos de Cristo. Rapidamente, “converteu-se” bia cristã? E a inferiorização da mulher em diversas
aos pobres, aos leprosos e à natureza como um todo, religiões, sobretudo nas conhecidas religiões mono-
passando a amá-los e protegê-los até a sua morte. Foi teístas – judaísmo, cristianismo e islamismo? Quem
na religião que Francisco potencializou sua bondade consegue enxergar bondade em práticas e teorias
universal. religiosas que promovem exclusão e diminuição
Esses dois exemplos já nos deixam perceber a com- do outro, ainda quando assim o fazem em nome do
plexidade da relação entre religião e bondade. Pode- amor?
mos abandonar uma religião para exercer a bondade Isso tudo serve para mostrar que bondade e religião
e podemos aderir a uma religião e, assim, fortalecer não são a mesma coisa. Como mostrado acima, a
nossa capacidade de ser bondoso. Por outro lado, religião pode incentivar a maldade, a crueldade jus-
muitos exemplos históricos já nos fazem duvidar de tamente em nome da bondade. Talvez seja esse o
que o simples fato de alguém ser religioso o leva a sentido do famoso ditado popular: “De boa intenção
ser bom. Às vezes, como sabido, o que ocorre é o o inferno está cheio”. Os inquisidores medievais, por
contrário. exemplo, não deveriam inquirir um “herege” querendo
O casamento entre altar religioso e poder político, na destruí-lo, mas só poderiam abordá-lo com miseri-
Idade Média, e também em outros momentos da his- córdia no coração. Aliás, deve-se lembrar que o tribu-
tória, nos mostra quando e como a religião, em nome nal da inquisição católica (também existiu inquisição
da bondade, produz assassinatos, perseguições e protestante) era conhecido como “tribunal da mise-
outros diversos males. Quem lê o manual medieval ricórdia”. Quando o corpo de um herege queimava
de caça às bruxas, chamado O martelo das feiticei- nas chamas por ordem do “braço secular”, que efe-
ras, de Heinrich Kraemer e James Sprenger, publicado tivamente enviava para o fogo aqueles e aquelas que
originalmente em 1486, fica perplexo com a relação a Igreja anteriormente havia julgado e condenado, os
entre religião e maldade. Mulheres as mais diversas padres que participavam do processo deveriam ter o
eram facilmente consideradas bruxas e deveriam ser coração repleto de amor, pois estavam orando pela
perseguidas, silenciadas e mortas pelo fato de serem misericórdia divina e pela salvação de suas almas.
dotadas de “poderes demoníacos”. De fato, religião e bondade não são a mesma coisa. Mas,
Quantas mulheres foram assassinadas por não corres- por que é assim? Por que discursos tão cheios de reve-
ponderem aos ideais morais e religiosos da Igreja cristã? rência ao sagrado, ao ser humano e à natureza muitas
Em uma parte extremamente preconceituosa do referido vezes produzem genocídio, ódio à diferença, ressenti-
livro, seus autores dizem que toda mulher é naturalmen- mento e práticas de exclusão? Qual a diferença da reli-
te torta, porque segue a primeira mulher, Eva, que nas- gião na vida de São Francisco de Assis para a religião (a
ceu da costela de Adão e a costela é torta. Por isso, toda mesma, diga-se de passagem) na vida dos inquisidores?
mulher deveria ser corrigida, retificada, regulada, quando Todas essas questões dependem diretamente do que
não presa e morta, caso não fosse corrigida. chamamos de bondade. É a bondade que nos permite
A inquisição medieval não é a palavra final da maldade entender por que ora a religião condiciona práticas de
religiosa. Que se pense, agora, nos fundamentalismos destruição, ora a mesma religião pode possibilitar a bon-
religiosos contemporâneos. Homens-bomba, mulheres- dade profunda das pessoas. Por isso, devemos pergun-
bomba islâmicos, mas também Ku Klux Klan, movimento tar: quando exercemos a bondade?
que se legitimava pela fé cristã, são sinais de que a mal- O que entendemos por bondade não possui qualquer
dade religiosa não morreu com o fim da Idade Média. O traço individualista. É claro que muitas vezes fala-
apartheid, por exemplo, foi institucionalizado pelo político mos que alguém é bom individualmente, quando, por
e pastor protestante sul-africano Daniel François Malan exemplo, possui um bom desempenho em um espor-
(1874-1959), em 1948. Essa política segregacionista, que te coletivo ou mesmo individual. Falamos que alguém
vinha se construindo por meio de medidas legais desde o é um bom corredor e assim o dizemos pensando no
início do século 20, produzindo a exclusão dos negros e a indivíduo, que compete com os outros e os vence
violência generalizada na África do Sul, durou até 1994. E em uma competição. Portanto, é possível falar que
isso ainda é pouco. alguém é bom justamente porque derrota os outros.
A escravidão de africanos e seus descendentes, que Mas há uma outra bondade que não se refere à com-
alimentou o desejo europeu de expansão econômica petitividade e nem pode gerar qualquer perspectiva
PORTUGUÊS

pela via da colonização, não somente foi legitimada individualista. Trata-se da bondade que se expressa
pelas Igrejas católica e protestante, como também nas relações de cooperação e solidariedade com os
contou com teorias religiosas abomináveis, como outros. Nessa bondade, o indivíduo é tanto melhor,
aquela segundo a qual a pessoa negra não tinha alma quanto mais consegue fortalecer o outro. Por isso,
humana, salvo se fosse batizada na fé cristã. nesse sentido, a bondade só existe quando o indiví-
duo se coloca como fonte de favorecimento da vida
do outro. Em outras palavras, alteridade e bondade
são termos que se interpenetram de ponta a ponta.
269
Toda a questão recai em saber o que significa a alte- a) negou a religião a qual poderia prescindir
ridade, o outro, que é o alvo da minha bondade. Ser b) negou a religião à qual poderia almejar
outro não é ser alguém que eu não sou. Ser outro é ser c) negou a religião a qual poderia aspirar
irredutível a mim, é ser o radicalmente diferente, o que d) negou a religião à qual poderia aludir
jamais pode ser assimilado ao meu modo de pensar, e) negou a religião a qual poderia necessitar
sentir e querer. Por isso, quando me relaciono com o
outro, me relaciono com o inadequado, com o indizí- 18. (DECEx — 2019) Após a leitura atenta do texto apre-
vel, com aquele ou aquela que jamais pode ser enqua- sentado a seguir, responda à questão proposta.
drado nos limites do meu conhecimento ou mesmo
dos meus sentimentos. Relacionar-se com o outro é O fim do canudinho de plástico
abrir mão de formas narcisistas de viver. Em outros
termos, só nos relacionamos com o outro quando nos Por Devorah Lev-Tov / Quinta-feira, 5 de Julho de 2018
abrimos àquele ou àquela que jamais se identifica
comigo por inteiro. Isso é extremamente difícil. Em 2015, um vídeo perturbador de uma tartaru-
Quase sempre não nos relacionamos com o outro, ga marinha oliva sofrendo com um canudo plástico
mas com o que o outro pensa, com a cor da pele do preso em sua narina viralizou, mudando a atitude de
outro, com a profissão que desempenha, com o time muitos espectadores quanto ao utensílio plástico tão
de futebol de alguém, com as crenças religiosas que conveniente para muitos.
ele ou ela tem. Quando rotulamos alguém, quando Mas, como pode o canudo plástico, um item insigni-
o enquadramos nos referenciais de nossa religião, ficante utilizado brevemente antes de ser descartado,
quando o reduzimos à nossa moralidade, então, não causar tanto estrago? Primeiramente, ele consegue
mais nos relacionamos com o outro, mas com um chegar facilmente aos oceanos devido a sua leveza.
objeto que pode ser usado, manipulado e, por vezes, Ao chegar lá, o canudo não se decompõe. Pelo con-
descartado. Por isso, onde usamos e funcionaliza- trário, ele se fragmenta lentamente em pedaços cada
mos alguém, matamos sua alteridade, destruímos vez menores, conhecidos como microplásticos, que
seu modo de ser outro. Onde o outro aparece, rela- são frequentemente confundidos com comida pelos
ções gratuitas se estabelecem. (...) animais marinhos.
Por vezes, a religião é um espaço de potencialização da E, em segundo lugar, ele não pode ser reciclado. “Infe-
bondade; outras vezes, é o contrário que acontece. Isso, lizmente, a maioria dos canudos plásticos são leves
talvez, nos possibilite pensar em um termômetro para demais para os separadores manuais de reciclagem,
a religiosidade humana: quanto mais uma religião me indo parar em aterros sanitários, cursos d’água e, por
favorece a me abrir ao outro para fortalecer o seu cami- fim, nos oceanos”, explica Dune Ives, diretor execu-
nho, melhor ela é. Quanto mais ela me fecha em mim tivo da organização Lonely Whale. A ONG viabilizou
mesmo, promovendo a ditadura do individualismo e do uma campanha de marketing de sucesso chamada
egocentrismo, por mais que fale de Deus, de amor ou de “Strawless in Seattle” (ou “Sem Canudos em Seattle”)
qualquer outra realidade sagrada, pior ela é. em apoio à iniciativa “Strawless Ocean” (ou “Oceanos
Em outras palavras, a qualidade da experiência reli- Sem Canudos”).
giosa pode ser medida pela sua capacidade de pro- Nos Estados Unidos, milhões de canudos de plástico
mover a bondade humana. Foi exatamente isso que são descartados todos os dias. No Reino Unido, esti-
Dalai Lama falou para o teólogo brasileiro Leonardo ma-se que pelo menos 4,4 bilhões de canudos sejam
Boff, no intervalo de um encontro promovido pela jogados fora anualmente. Hotéis são alguns dos pio-
ONU, após ser perguntado por este qual seria a melhor res infratores: o Hilton Waikoloa Village, que se tornou
religião. Sua resposta foi: “Aquela que te faz melhor”. o primeiro resort na ilha do Havaí a banir os canudos
Para explicar sua resposta, continuou: “Aquela que te plásticos no início deste ano, utilizou mais de 800 mil
faz mais compassivo é a melhor religião”. Não seria canudos em 2017.
o mesmo que afirmar que a melhor religião é aquela Mas é claro que os canudos são apenas parte da
que faz alguém mais bondoso? Se for assim, então, quantidade monumental de resíduos que vão parar
todos os ritos, mitos, dogmas, conceitos de Deus etc. em nossos oceanos. “Nos últimos 10 anos, produzi-
só têm sentido se tornam o ser humano mais capaz mos mais plástico do que em todo o século passado e
de fortalecer outros humanos (sem contar a natureza 50% do plástico que utilizamos é de uso único e des-
como um todo). Por isso, quando a religião fortalece cartado imediatamente”, diz Tessa Hempson, gerente
a maldade humana, melhor é abandoná-la para ficar de operações do Oceans.
com a bondade humana, pois é esta que nos permite Without Borders, uma nova fundação da empresa de
entender a grandeza de qualquer divindade: ser capaz safáris de luxo & Beyond. “Um milhão de aves mari-
de tornar os seres humanos mais humanizados. nhas e 100 mil mamíferos marinhos são mortos
anualmente pelo plástico nos oceanos. 44% de todas
(Alexandre Marques Cabral. Departamento de Filosofia, as espécies de aves marinhas, 22% das baleias e gol-
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ciência Hoje, texto
finhos, todas as espécies de tartarugas, e uma lista
publicado em 12/9/2019. Disponível em cienciahoje.org.br)
crescente de espécies de peixes já foram documenta-
dos com plástico dentro ou em volta de seus corpos”.
Em outras palavras, negou a religião à qual gostaria
Mas, agora, o próprio canudo plástico começou a
de aderir, para ser bom.
finalmente se tornar uma espécie ameaçada, com
algumas cidades nos Estados Unidos (Seattle, em
No trecho acima, há correção gramatical quanto às Washington; Miami Beach e Fort Myers Beach, na Fló-
regras de regência. rida; e Malibu, Davis e San Luis Obispo, na Califórnia)
banindo seu uso, além de outros países que limitam
Assinale a alternativa em que, alterando-se o seg- itens de plástico descartável, o que inclui os canudos.
mento em destaque, manteve-se a correção grama- Belize, Taiwan e Inglaterra estão entre os mais recen-
tical segundo a norma culta. Desconsidere inevitáveis tes países a proporem a proibição.
270 alterações de sentido.
Mesmo ações individuais podem causar um impacto Consumimos o planeta com um apetite insaciável,
significativo no meio ambiente e influenciar a indús- criando uma devastação ecológica sem precedentes.
tria: a proibição em uma única rede de hotéis remo- Isso tudo graças à ciência? Ao menos, é assim que
ve milhões de canudos em um único ano. As redes pensam os descontentes, mas não é nada disso.
Anantara e AVANI estimam que seus hotéis tenham Primeiro, a ciência não promete a redenção humana.
utilizado 2,49 milhões de canudos na Ásia em 2017, e Ela simplesmente se ocupa de compreender como
a AccorHotels estima o uso de 4,2 milhões de canu- funciona a natureza, ela é um corpo de conhecimento
dos nos Estados Unidos e Canadá também no último sobre o Universo e seus habitantes, vivos ou não, acu-
ano. mulado através de um processo constante de refina-
Embora utilizar um canudo não seja a melhor das mento e testes conhecido como método científico.
hipóteses, algumas pessoas ainda os preferem ou até A prática da ciência provê um modo de interagir com o
necessitam deles, como aqueles com deficiências ou mundo, expondo a essência criativa da natureza. Dis-
dentes e gengivas sensíveis. Se quiser usar um canu- so, aprendemos que a natureza é transformação, que
do, os reutilizáveis de metal ou vidro são a alternati- a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e
va ideal. A Final Straw, que diz ser o primeiro canudo destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às
retrátil reutilizável do mercado, está arrecadando fun- estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta trans-
dos através do Kickstarter. formação constante da matéria, onde todo elo é igual-
“A maioria das pessoas não pensa nas consequên- mente importante, do que é criado ao que é destruído.
cias que o simples ato de pegar ou aceitar um canudo A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas
plástico tem em suas vidas e nas vidas das futuras oferece a possibilidade de vivermos livres do medo
gerações” diz David Laris, diretor de criação e chef irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a
do Cachet Hospitality Group, que não utiliza canudos autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece a
de plástico. “A indústria hoteleira tem a obrigação de liberdade da escolha informada. Ao transformar
começar a reduzir a quantidade de resíduos plásticos mistério em desafio, a ciência adiciona uma nova
que gera”. dimensão à vida, abrindo a porta para um novo tipo
de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões
Adaptado de https://www.nationalgeographicbrasil.com/planeta- organizadas.
ou-plastico/2018/07/fim-canudinhoplastico- A ciência não diz o que devemos fazer com o conheci-
canudo-poluicao-oceano . Acesso em 14 de março de 2019.
mento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral
tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa
Marque a alternativa correta quanto à concordância sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos
verbal. da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclu-
sive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal,
a) Um milhão de canudos plásticos são mais do que os devemos culpar o inventor da pólvora pelas mortes por
oceanos podem suportar. tiros e explosivos ao longo da história? Ou o inventor do
b) Descarta-se ainda milhares de canudos plásticos microscópio pelas armas biológicas?
anualmente. A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine
c) Haverão montanhas de resíduos plásticos nos ocea- um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pes-
nos dos quais os canudos são apenas parte. soas vivendo no mato, sem os confortos tecnológicos
d) Mais de um hotel já deixaram de consumir canudos modernos, caçando para comer. Quantos optariam por
descartáveis. isso?
e) Se quiser usar um canudo, os reutilizáveis de metal ou A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não
vidro são a alternativa ideal. da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência
pode escolher o seu destino responsavelmente. Nos-
19. (DECEx — 2020) so futuro depende disso.

Sobre a importância da ciência Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College
(EUA).
Parece paradoxal que, no início deste milênio, duran-
te o que chamamos com orgulho de “era da ciência”, Depois de ler o texto, compreende-se que a importância
tantos ainda acreditem em profecias de fim de mun- da ciência está, principalmente, em poder
do. Quem não se lembra do bug do milênio ou da
enxurrada de absurdos ditos todos os dias sobre a a) escolher, enquanto sociedade, nosso destino de for-
previsão maia de fim de mundo no ano 2012? ma responsável.
Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciência, b) estabelecer as diferenças principais entre a ciência e
um senso de que fomos traídos, de que promessas não o charlatanismo.
foram cumpridas. Afinal, lutamos para curar doenças c) explicar que a ciência não pode oferecer a salvação
apenas para descobrir outras novas. Criamos tecnolo- eterna, porque não prova a existência divina.
gias que pretendem simplificar nossas vidas, mas pas- d) abrir a porta para um novo tipo de espiritualidade.
samos cada vez mais tempo no trabalho. Pior ainda: tem e) direcionar a conduta humana em relação ao conheci-
PORTUGUÊS

sempre tanta coisa nova e tentadora no mercado que mento obtido.


fica impossível acompanhar o passo da tecnologia.
Os mais jovens se comunicam de modo quase que
incompreensível aos mais velhos, com Facebook,
Twitter e textos em celulares. Podemos ir à Lua, mas
a maior parte da população continua mal nutrida.

271
20. (DECEx — 2019) TEXTO 1 Em qual das opções abaixo, na frase destaca-
da ao passá-la para o plural, o verbo permanecerá
Por que Cultivar a Ética no Trabalho? inalterado?

Ética é uma palavra de origem grega, que vem no termo a) Quando isso acontece, se não houver forma de cor-
ethos; que por sua vez significa: “costume superior”, rigir o problema, na maioria das vezes, o profissio-
“bom costume” e aquilo que “pertence ao caráter”. E nal acaba sendo desligado da organização para não
também a área da filosofia que se ocupa em estudar a influenciar negativamente os demais.
moral do homem, ou seja, suas condutas em todos os b) Ética é uma palavra de origem grega, que vem no
contextos. Um profissional de caráter superior é aquele termo ethos, que por sua vez significa: “costume
que tem sempre comportamentos corretos e que con- superior”, “bom costume” e aquilo que “pertence ao
duz suas ações baseado em bons princípios. caráter”.
Uma empresa, por exemplo, demonstra sua ética por c) Uma empresa, por exemplo, demonstra sua ética por
meio dos valores que cultiva e da cultura organizacio- meio dos valores que cultiva e da cultura organizacio-
nal que dissemina. Logo, quando um colaborador age de nal que dissemina.
forma incongruente com isso, ele está desequilibrando d) Esta mesma lógica, baseada em bons princípios, se
aquele sistema e tendo atitudes que vão de encontro ao aplica às nossas relações sociais, afetivas, financei-
que ela prega. Quando isso acontece, se não houver for- ras e familiares, pois somos nós, individual e coletiva-
ma de corrigir o problema, na maioria das vezes, o profis- mente, que construímos a nossa sociedade.
sional acaba sendo desligado da organização para não e) Ser ética é também ser uma instituição que paga
influenciar negativamente os demais. seus funcionários em dia, que oferece a eles salários
Com certeza não é isso que deseja que aconteça com e benefícios compatíveis com o mercado e, muitas
você. Contudo, a ética deve ser algo da pessoa e não vezes, até superiores.
consequência de uma exigência da sua empresa. Isso
quer dizer que o profissional deve ser correto porque os
seus valores são naturalmente assim, porque verdadei- 9 GABARITO
ramente cultiva uma postura ética e não porque seu líder
exige isso. Assim, em se tratando de ética, não adianta 1 C
parecer ético, é preciso ter uma moral idônea e que seja
comprovada por atitudes corretas também. 2 D
Valorize e Cultive uma Conduta Ética Sempre
Sabe aquele profissional que seus atos falam por si? 3 C
Este é o colaborador que cultiva a ética no trabalho
4 C
e na vida e que é um espelho positivo para todos ao
seu redor. Nunca seu impulso é o de fazer algo errado 5 A
para abafar um erro ou para evitar a responsabilidade
por suas consequências culpando os outros. 6 D
Mas não é só. A ética no trabalho também é representa-
da pelo líder justo, que não difere seus liderados, sempre 7 A
lhes trata com respeito, equanimidade e que confere a 8 A
estes oportunidades reais de aprimoramento, desenvol-
vimento e crescimento. É ilustrada por profissionais cor- 9 B
retos, responsáveis e comprometidos em entregar o seu
melhor tanto à empresa como ao mundo. 10 E
Ser ética é também ser uma instituição que paga seus
11 D
funcionários em dia, que oferece a ele salários e bene-
fícios compatíveis com o mercado e, muitas vezes, 12 C
até superiores. Neste tipo de organização, todos os
tipos de profissionais são bem-vindos, reconhecidos 13 B
e respeitados. independentemente, de sua: origem,
credo, gênero, classe, cor ou orientação sexual. 14 D
Não estamos falando de um mundo perfeito, mas de 15 B
um mundo possível e real, onde as empresas e os
profissionais éticos caminham e constroem resulta- 16 D
dos positivos juntos, sem jamais ter que, para isso,
burlar as regras, trapacear e prejudicar ninguém para 17 D
ter sucesso e alcançar prosperidade. 18 E
Esta mesma lógica, baseada em bons princípios, se
aplica às nossas relações sociais, afetivas, financeiras 19 A
e familiares, pois somos nós, individual e coletivamen-
te, que construímos a nossa sociedade. Portanto, é por 20 A
meio da nossa ética e de valores positivos e congruen-
tes que podemos torná-la melhor para todos também.
Eu acredito, e você? Faça sua parte, seja sempre ético e
correto em seu trabalho e em sua vida e seja a diferen-
ça que você deseja ver no mundo!

José Roberto Marques Disponível em: https://www.ibccoaching.


com.br/portal/comportamento/importancia-conduta-etica-trabalho
272
HISTÓRIA DO BRASIL

BRASIL COLÔNIA
OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS

O Brasil Antes da Chegada dos Europeus

Os tupis, por habitarem o litoral e terem sido os primeiros a entrarem em contato com os colonizadores, são
os mais conhecidos e descritos nos documentos da época. Sobre eles, temos conhecimento graças às descrições
feitas por padres, viajantes e funcionários da Coroa portuguesa que resultaram em uma imagem dos povos pré-
-cabralinos, como se todos fossem iguais. O que sabemos sobre eles serve de base para o entendimento das demais
sociedades tribais.
A organização social básica era a tribo, que se subdividia em aldeias ou tabas, cada uma delas com um chefe.
A aldeia era formada por um conjunto de quatro a sete ocas, dispostas de forma circular, delimitando uma praça
central — a ocara — onde eram realizadas as cerimônias religiosas, as festas e a reunião dos líderes para decidir
uma guerra ou migração. Geralmente, em torno da aldeia, era levantada uma cerca de troncos — a caiçara — com
a finalidade de defendê-la.
As aldeias ligadas entre si por parentesco, costumes e tradição formavam uma tribo. O parentesco garantia
a manutenção do modo de ser do grupo e perpetuava-se através de uniões obrigatórias com pessoas de fora. A
relação de parentesco criava a relação de aliança grupal, na qual o casamento significava uma possibilidade
de reforço do poderio do grupo. A família era patriarcal e o casamento poligâmico em algumas comunidades e
monogâmico em outras.
A chefia realizava a organização interna da aldeia. Entre os tupis, a chefia era exercida pelos homens mais
velhos e os líderes guerreiros. Eles tomavam as decisões sobre a guerra, a migração, as grandes caçadas e o sacri-
fício dos inimigos.
Para prover a sua alimentação, os povos indígenas caçavam, pescavam e coletavam crustáceos, frutos e raízes.
A divisão do trabalho nas aldeias obedecia a dois critérios: sexo e idade. Os homens derrubavam as matas, prepa-
ravam o terreno para o plantio, caçavam, pescavam, guerreavam e confeccionavam canoas, arcos, flechas e ador-
nos. As mulheres plantavam, colhiam, faziam cestaria e cerâmica. Quanto às crianças, a divisão entre meninos e
meninas ocorria a partir dos cinco anos de idade, quando as meninas brincavam e ajudavam as mulheres em seus
trabalhos e os meninos seguiam o exemplo dos homens, buscando aprender sobre a caça e a pesca.
Quando os recursos próximos à aldeia se esgotavam, migravam para outro lugar. O nomadismo da população
indígena também ocorria pela procura de um lugar ideal e quase utópico, chamado “terra sem mal”, onde teriam
prosperidade constante. Os indígenas procuravam lugares próximos aos rios e lagos, para ter acesso mais fácil à caça
e, eventualmente, à agricultura. A chegada em um território ocupado por outra comunidade podia gerar guerras.
Os povos indígenas estavam muito envolvidos com a natureza e tinham uma maneira peculiar de entendê-la, por
meio de uma concepção mítica de mundo. A própria natureza era tida como uma dádiva das divindades ou transfor-
mava-se na própria divindade, como a mãe-terra. Portanto, a religião indígena pode ser classificada como politeísta.
Nas épocas de plantio, de colheita, de caça, ou nas estações de chuva ou de seca, os membros da aldeia se reu-
niam e os pajés, líderes religiosos, relatavam as lendas e os mitos de cultuar. O pajé, preocupado em manter vivas
as tradições tribais, usava vestimentas especiais, como mantos, plumas coladas ao corpo, máscaras de madeira,
visando à transmissão de sua mensagem. Também bebia o cauim, fumava o tabaco, cantava, dançava e invocava
os mitos. O ambiente revestia-se dessa atmosfera mágica e religiosa, a fim de agradecer a chuva, uma boa colheita
ou a decisão do conselho de chefes para migração.

As Principais Nações Indígenas do Brasil Antes da Chegada dos Portugueses

Os povos indígenas que ocupavam o território do Brasil podem ser classificados em quatro grandes troncos
linguísticos, a saber:
HISTÓRIA DO BRASIL

z Tupi: viviam no litoral e foram os primeiros a entrar em contato com os portugueses. Utilizavam-se da pesca,
caça e coleta na mata. Eram considerados desse tronco os tamoios, os guaranis, os tupinambás, os tabajaras,
entre outros;
z Macro-Jê: algumas comunidades viviam na Serra do Mar, mas se localizavam, principalmente, no Planalto
Central. Apenas no século XVII, foi que os grupos macro-jê passaram a ser atacados, por conta da escraviza-
ção indígena. Eram considerados desse tronco os timbiras, os aimorés, os Goitacazes, os carijós, os carajás, os
bororós, os botocudos, entre outros;
z Karib: ocupavam a região da Planície Amazônica, além dos atuais Amapá e Roraima. Bastante hostis aos inva-
sores, praticavam, inclusive, a antropofagia. Assim como os macro-jê, entraram em contato com os brancos no
século XVII, por conta dos aldeamentos religiosos e das fortificações militares. Eram considerados desse tronco
os atroari e os uaimiri; 273
z Aruak: estabeleciam-se na região amazônica e na Ilha de Marajó, com destaque para seus utensílios em cerâ-
mica. Eram considerados desse tronco os aruá, pareci, cunibó, guaná e terena.

Fonte: Atlas Histórico Escolar. 8ª ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 12.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Expedições de Reconhecimento e Guarda Costa

O rei de Portugal quase nada sabia sobre a nova terra e suas riquezas. As notícias contidas nos documentos da época
eram insuficientes em informações. No entanto, interessada na continuação do comércio asiático, a Coroa organizou expe-
dições exploradoras, com a finalidade de fazer um reconhecimento geográfico e econômico do Brasil. Portugal desconhecia
os potenciais da Nova Terra, mas a manutenção dessa colônia era importante como defesa da sua rota no Atlântico Sul.
A primeira expedição exploradora veio para o Brasil em 1501, comandada por Gaspar de Lemos. Esse navegou
grande parte do nosso litoral, dando nome a uma série de acidentes geográficos, entre eles: Cabo de São Roque, Cabo
de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos e Cabo de São Tomé, e constatou a presença de florestas de pau-brasil.
No ano seguinte, Portugal permitiu que a exploração de pau-brasil, um monopólio real, fosse feita por mercadores
de Lisboa — os cristãos novos, isto é, judeus convertidos ao cristianismo. Essa exploração seria feita sob a forma de
arrendamento, por um prazo de três anos. O arrendatário era obrigado a enviar anualmente uma expedição de seis
navios e a estabelecer feitorias fortificadas no litoral.
O primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha, que, em 1503, financiou uma expedição, sob o comando de Gon-
çalo Coelho. Foram localizadas florestas de pau-brasil e um dos membros da expedição, Américo Vespúcio, fundou
uma feitoria em Cabo Frio, hoje no estado do Rio de Janeiro. O arrendamento fracassou, porque o grupo arrendatá-
rio não conseguiu proteger o litoral, constantemente atacado por estrangeiros, principalmente corsários franceses.

Economia do Pau-Brasil

Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase da chegada portuguesa é caracterizada pela instituição das
feitorias após a chegada da esquadra de Cabral em 22 de abril de 1500, até a instituição das capitanias hereditá-
rias. Essas feitorias eram fortificações militares que visavam garantir o domínio sobre uma área e explorá-la. Fo-
274 ram construídas em Porto Seguro, Cabo Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de pau-brasil, mas também
do jacarandá, que possuíam valor para a fabricação de embarcação, móveis, além da tinta do pau-brasil para te-
cidos. A mão de obra empregada foi a indígena, que trocava produtos europeus em força de trabalho e permissão
no uso da madeira; essa relação ficou conhecida como escambo.

Expedição Colonizadora de Martim Afonso de Souza

Na década de 1530, o comércio asiático estava em crise. Devido a esse fato, a Coroa de Portugal deu início
à colonização do Brasil, que deveria se tornar lucrativa. Com esse objetivo, foi enviada, em 1530, a expedição
colonizadora de Martim Afonso de Souza, para distribuir sesmarias, colocar fim ao contrabando dos franceses,
promover uma nova atividade econômica, implantando a agricultura colonial de exportação da cana-de-açúcar,
policiar a costa brasileira e reconhecê-la geograficamente, averiguando os limites do Tratado de Tordesilhas, e
fundar núcleos de povoamento.
Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente em 1532, organizou a administração, deu início à plan-
tação da cana-de-açúcar e organizou o primeiro engenho do Brasil, o engenho do Governador.

PERÍODO COLONIAL - ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL

A Organização Administrativa Colonial Portuguesa no Brasil — Capitanias Hereditárias; o Governo Geral e Órgãos
Administrativos; as Câmaras Municipais

z Capitanias Hereditárias e Governo Geral e seus órgãos Administrativos

O território da América Portuguesa frequentemente sofria invasões de corsários de variadas nacionalidades,


ficando evidente para a Coroa a necessidade de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas o tratado
de Tordesilhas não frearia as incursões e estabelecimentos não autorizados. Neste sentido, foram criadas frentes
colonizadoras independentes, que apresentavam pouca comunicação entre si, relacionando-se imediatamente ape-
nas com a metrópole. O sistema administrativo pelo qual se optou foram as chamadas capitanias hereditárias, for-
ma de administração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa não tinha recursos necessários para realizar
a exploração de tão amplos domínios, por isso doou lotes de terras a particulares que, com seus recursos econômicos
e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimento dos espaços. Ademais, os lotes de terra eram hereditários.

HISTÓRIA DO BRASIL

Fonte: Grupo Escolar1.

O território da América Portuguesa foi dividido em quinze lotes, sendo quatorze capitanias, que, por sua vez,
eram administradas por doze donatários. O donatário era o responsável com poder proeminente e, além do uso da
terra, também administrava o trabalho indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e o distanciamento era
evidente e preocupante, de modo que, em 1572, a Coroa Portuguesa fragmentou a administração em dois governos-
-gerais: o Governo do Norte, no qual a capital se localizava em Salvador e que era composto da Capitania da Baía até
a capitania do Maranhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro e composto pela região de Ilhéus até o sul.
Ademais, reuniam-se regiões que não pareciam pertencer ao mesmo espaço administrativo e político.

1 Disponível em: https://www.grupoescolar.com/pesquisa/capitanias-hereditarias.html. Acesso em: 9 fev. 2022. 275


z Câmaras Municipais poder efetivo estava localizado na casa-grande e no
engenho. Assim, os senhores de engenho tornaram-se
As Câmaras Municipais existiam nos principais o grupo social mais destacado, embora sua posição
núcleos urbanos do Brasil: São Vicente, Porto Seguro, não tivesse surgido de um arranjo hereditário, como
Ilhéus, Olinda, Salvador, Vitória, São Paulo e Rio de era o caso da nobreza europeia.
Janeiro. Eram órgãos representativos, formados por No contexto colonial, no qual a economia era
vereadores, tesoureiros e escrivães subordinados ao sustentada pelo trabalho forçado, ser branco e não
Juiz Ordinário. Todas essas pessoas eram escolhidas desempenhar trabalho braçal já indicava alguma
pelos “homens bons”. Esses eram proprietários de ascensão social, pelo menos, para o “povo”. Havia
grandes extensões de terras, que se constituíam na eli- trabalhos que eram desempenhados apenas por cati-
te local e, por isso, eram os donos do poder local. Até a vos, fossem eles indígenas ou africanos. Assim, nessa
última década do século XVII, o cargo mais importan- sociedade marcada pelo escravismo, a cor tornou-se
te da Câmara era o de Juiz Ordinário. Era de sua com- logo um indicador social.
petência a aplicação da lei no nível do município. Os Ademais, se a díade senhores e escravizados era
vereadores determinavam os impostos, fiscalizavam central nessa sociedade constituída sob o empreen-
os oficiais da municipalidade e aplicavam as leis. dimento açucareiro, havia, também, ao redor, os
agregados do senhor, pessoas que, embora não tives-
A Economia e Sociedade Açucareira sem relevância econômica, eram importantes para o
desempenho político e social dos senhores de enge-
O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza- nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra,
ção, apenas um produto produzido na colônia. Ele era comerciantes, homens livres que não possuíam auto-
responsável pelo surgimento de códigos, costumes e nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e
hábitos. Foi apenas no século XVI que se desenvolveu lhe davam influência política.
o hábito, na Europa, do consumo do açúcar feito da
cana, que passou de produto de requinte para um uso Escravidão Africana
frequente no cotidiano das pessoas.
Como já foi exposto, depois dos primeiros trin- A escravidão era conhecida pelos europeus, pelo
ta anos, reconheceu-se a necessidade de povoar, ao menos, desde a Grécia e Roma antigas. Contudo, a for-
menos, a faixa litorânea de terra da nova colônia, ma assumida na América portuguesa, sobretudo no
para, assim, evitar invasões estrangeiras que começa- empreendimento açucareiro, trouxe características
vam a crescer. Contudo, já não se pretendia apenas específicas. Em primeiro lugar, desde o início do tráfi-
povoar a colônia, passava-se, também, a uma forma co atlântico, no século XVI, até seu término no século
de colonização que visava outro objetivo: o ganho XIX, a taxa de nascimento entre os cativos foi negati-
monetário. O projeto colonial tomava contornos de va, em razão, principalmente, das mortes precoces e
empresa colonial, exigindo maior investimento para da violência do sistema.
a produção de produtos que deveriam ser exportados A escravização atlântica demonstrava novos
para o mercado europeu. A produção era, portando, padrões e intensidade: os escravizados eram destituí-
direcionada para fora da colônia. dos de suas famílias, sociedades, comunidades e desen-
Formaram-se grandes centros produtivos, os cha- raizados de tudo o que conheciam. A grande diferença
mados latifúndios, que se dedicavam à produção de trazida pela escravidão atlântica moderna consistiu em
apenas um produto em grande escala. Esse produto fazer do trabalho compulsório a base de todo o sistema
seria, de início, a cana-de-açúcar. A partir de então, econômico da colônia: era a partir do trabalho escravi-
o empreendimento do açúcar estabeleceu-se no Nor- zado que, primeiro nos engenhos, depois, na minera-
deste da América Portuguesa. ção, e em todas as atividades econômicas importantes,
Alguns pontos tornaram o empreendimento açu- se construía a economia da colônia.
careiro mais feliz na região nordeste: a proximidade A escravidão também era uma instituição pre-
com a metrópole e o clima e a hidrografia fundamen- sente na África, porém, mais uma vez, trazia carac-
tais para o transporte do produto internamente. Nesse terísticas muito diversas daquelas apresentadas pela
momento, Portugal concentrou sua atenção no Brasil escravidão atlântica. Nesse continente, o sistema de
e no empreendimento açucareiro, estabelecendo um escravidão constituía-se em relação ao pertencimento
monopólio. Contudo, mesmo que a Coroa tenha tentado e parentesco: de modo muito genérico, ser escravo sig-
controlar todo o processo de produção e mercantiliza- nificava “não pertencer”, “estar à margem”, mas essa
ção de açúcar, isso não ocorreu, uma vez que os holan- era uma condição que poderia mudar, pois um escra-
deses eram responsáveis pela comercialização, no vizado poderia ser absolvido pela sociedade.
exterior, do produto produzido na colônia portuguesa. Com a indústria do açúcar, o trabalho escravo pas-
O tabaco também foi um produto importante para sou a ser essencial, sustentando toda a economia, no
o sistema econômico colonial, visto que era um pro- entanto se acreditava que não era possível mantê-la
duto importante a ser trocado por africanos a serem tão lucrativa sem o trabalho compulsório. O tráfico
escravizados, assim como a cachaça. Além disso, não atlântico inaugurou, também, um nível de violência
havia possibilidade de tal produto disputar com o das relações escravistas sem precedentes.
monopólio do açúcar. Os cativos eram capturados no interior do con-
A partir do século XVI, toda a empresa colonial tinente africano e levados para a costa. Lá, eram
seria sustentada pelo empreendimento do açúcar: a embarcados em navios para o Novo Mundo, onde
formação de cidades e vilas, a divisão do território e desempenhariam o trabalho conscrito. Muitos escra-
a relação entre os grupos sociais. Até 1763, quando a vizados morriam na longa viagem pelo Atlântico, fos-
capital passou para o Rio de Janeiro, era em Salvador se pelas condições péssimas de higiene, fosse pela falta
que se desenvolviam as atividades administrativas. de mantimentos ou doenças. Mas, dentro dos porões
276 Ainda assim, nos primeiros anos da colonização, o dos Navios Negreiros essas pessoas também criavam
laços com os outros cativos, mesmo que muitas vezes depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudan-
fossem trazidos de partes diferentes do continente, ça da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro
iniciando-se ali a resistência ao regime. (1763). O mercado interno tornou-se mais integrado
Embora já existissem rotas de comércio de escravi- para o abastecimento da Capitania das Minas.
zados controladas por muçulmanos na África, os por- Com o declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a
tugueses criaram várias feitorias e portos no litoral do população espalhou-se, principalmente, para o sul de
continente, para suprir a constante demanda de mão- Minas e para a Zona da Mata. Outra consequência foi
-de-obra escravizada no Novo Mundo, dominando o a cultural, com o florescimento das artes, em especial
comércio atlântico. Assim, para a América portugue- na arquitetura com Aleijadinho.
sa, vieram, sobretudo, escravizados da Senegâmbia e
costa ocidental da África. Economias Complementares
Se os jesuítas tentaram proteger, em alguma medi-
da, as populações indígenas do trabalho forçado, o z Economia Pecuária
mesmo não aconteceu com os negros escravizados. A
Igreja fazia coro ao discurso que compreendia a impo-
Com o estabelecimento do governo-geral, foi adotada
sição do trabalho forçado aos africanos como uma
a prática de doar sesmarias (grandes porções de terra)
maneira de civilizá-los e impor-lhes disciplina.
destinadas à pecuária em áreas do interior. Houve pecuá-
O trabalho compulsório, por si só, já dava, ao coti-
ria em vários locais onde se estabeleceram colonos.
diano, tons de violência. Contudo, a ordem e discipli-
na eram mantidas pela constante ameaça de castigos, No Nordeste, essa atividade ocupou uma vasta
comunitários ou não, além de várias técnicas violentas, área do interior desde a Bahia até Piauí e Goiás. São
como a manutenção dos cativos acorrentados. Porém, Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também eram
isso não significa que os escravizados não criaram for- núcleos importantes. Com o declínio do Ciclo do
mas de resistência, seja ela solitária ou em grupo. Ouro em Minas Gerais, a pecuária acabou sendo uma
É necessário compreender a resistência tanto nos importante atividade no atual sul do estado.
atos individuais de insubordinação diários, quanto
nas revoltas e quilombos. Ainda, é preciso atentar-se CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL
para a complexidade das relações entre escravizados
e senhores: os espaços urbano e rural traziam diferen- Entradas e Bandeiras
ças significativas, sendo que o escravo urbano possuía
algum nível de mobilidade maior, pois, por vezes, Uma questão fundamental na colonização portu-
desempenhava trabalhos que exigiam que se afastas- guesa diz respeito ao trato dos indígenas pelos colonos,
se dos senhores, enquanto, nas zonas rurais, o traba- pois enquanto estes queriam escravizar as populações
lho tendia a ser mais pesado e policiado. O sistema nativas, as missões jesuíticas procuravam protegê-los
escravista sustentava-se pela violência em um misto do trabalho forçado e encaminhá-los à catequese. A
de paternalismo e hierarquia. concepção de trabalho das sociedades indígenas era
A resistência coletiva dos escravos originou os um tanto diferente da concepção europeia, já que não
chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam- havia nessas sociedades interesse imediato por exce-
pamento militarizado) ou mocambos (que significava dentes e sua produção se caracterizava por uma con-
esconderijo). Na América portuguesa, os quilombos cepção coletiva de fabrico e consumo.
foram agrupamentos de escravizados fugidos, que Muitos indígenas, ao terem contato com os colo-
tentavam escapar do violento sistema. Esses escra- nizadores, foram se retirando para o interior, procu-
vizados se mantinham à margem da sociedade, em rando escapar do trabalho compulsório. Uma questão
lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as se mostrou central nesse contexto: a necessidade cris-
relações de proximidade com vilarejos e comunida- tã de catequização das populações indígenas. Para
des das proximidades.
a Igreja, esses indivíduos eram importantes “novos
fiéis” que precisavam ser encaminhados.
A Economia e Sociedade Mineradora
Muito embora se tenha encorpado o discurso que
diz respeito à substituição do trabalho indígena pelo
Os bandeirantes encontraram ouro na região de
trabalho, também compulsório, dos africanos, o que
Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um
de fato se percebe nas pesquisas historiográficas é que
grande fluxo migratório, em que milhares de portu-
uma ação não anulou a outra, pois ambas as popula-
gueses se deslocaram para as minas e intensificou-se
ções foram utilizadas como mão de obra forçada.
o tráfico de escravizados da África. A população da
região chegou a 300 mil habitantes, sendo que 50% Um exemplo notável do processo de escravização
desse montante eram escravos. indígena pode ser apontado pelas atividades dos bandei-
HISTÓRIA DO BRASIL

A vinda de forasteiros causou tensão entre os rantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes adentra-
bandeirantes paulistas e os “emboabas” portugueses vam o interior – os sertões – procurando por indígenas
sobre o direito de exploração do ouro, assim eclodiu, e assaltando as missões jesuítas que transportavam os
entre 1707 e 1709, a Guerra dos Emboabas. Derrota- indígenas, onde eram criadas vilas em que trabalhavam
dos e expulsos, os bandeirantes deslocaram-se para e eram catequizados. Assim, as duas categorias, colonos
oeste do território, onde encontram ouro em Cuiabá e jesuítas, se viam em constante litígio.
(1717) e em Goiás Velho (1721). Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja,
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu em relação aos indígenas, freou, em alguma medida,
domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se
ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas- para o tráfico atlântico, que causava menos incômo-
sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção do moral que o trabalho compulsório indígena que, é
da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e preciso reiterar, continuou a existir. 277
Invasões Estrangeiras — Invasões Francesas; a Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia,
Invasão Holandesa; a Insurreição Pernambucana: os holandeses se voltaram para Pernambuco, que tam-
a Luta Contra o Invasor e a Gênese do Exército bém era importante centro produtor de açúcar. Organi-
Brasileiro zados, 7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o
ataque em 1630, e Olinda foi ocupada pelos holandeses.
Desde o início da chegada dos portugueses à Amé- Estes, por sua vez, investiram na colônia que acabavam
rica, a costa da colônia fora alvo de inúmeras invasões de conquistar: Maurício de Nassau foi feito governador-
-geral do Brasil holandês e transformou substancialmen-
estrangeiras, de povos franceses, ingleses, holandeses,
te a área. Nassau restabeleceu os engenhos que haviam
entre outros. Contudo, o inconveniente não vinha
sido abandonados pelos colonos portugueses, recompôs
apenas dos piratas, pois a França já havia tentado o tráfico de escravizados, forneceu crédito e obrigou o
quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os plantio para subsistência da capitania. Além disso, Nas-
holandeses também não ficaram para trás. sau se mostrou tolerante na questão religiosa.
A primeira tentativa da França de colonização A administração do Brasil holandês por Nassau trou-
da América Portuguesa ficou conhecida como Fran- xe bons feitos para a região, como a criação da Cidade
ça Antártica, e foi empreendida por Nicolas Durand Maurícia, melhorando a situação da população da região,
que antes se via em péssimas habitações e sem acesso às
de Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro devidas condições de higiene. Foi também sob sua super-
em 1555 e permaneceu lá por três anos: um período visão que se construiu as três primeiras pontes de gran-
curto, mas que trouxe muitas repercussões no que se de proporção no território colonial, e criou-se um espaço
refere ao imaginário em relação aos grupos indíge- que recolhia espécies variadas de fauna e flora.
nas. Em 1612, a França realizou a segunda invasão, Embora Nassau tenha feito uma administração
dessa vez em São Luís, no Maranhão. Ali, tentaram popular na região, acabou retornando à Europa em
1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com-
instalar a França Equinocial, começando por instituir
patriotas. A partir daí, deu-se um declínio do chamado
uma feitoria na ilha de São Luís e se relacionando com Brasil holandês, e as “guerras brasílicas”, que visavam
as sociedades indígenas que habitavam a região. à retomada do território pelos portugueses, prologa-
A França Equinocial tinha apoio da Coroa francesa ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final-
e se instituiu sob a autoridade de Daniel de la Tou- mente retomaram o espaço invadido.
che, fundador do povoado de Saint Louis, que seria
apenas o território inicial de uma vasta extensão ocu- z A Insurreição Pernambucana
pada pelos franceses: desde o litoral maranhense até
o espaço do que hoje é o atual Tocantins. Em 1615, os A relação entre Holanda e Portugal nem sempre
foi tranquila e, quando da crise de sucessão da monar-
franceses foram expulsos pelas tropas lusitanas e o
quia portuguesa, que entregava o trono português à
território ocupado por colonos portugueses que inse- Coroa espanhola — o que ficou conhecido como União
riram a cultura de açúcar na região. Em 1626, os fran- Ibérica —, Portugal assumiu, consequentemente, os
ceses tomaram o território da contemporânea Guiana inimigos da Coroa Espanhola e, entre eles, estavam
Francesa, e apenas aí tiveram êxito. os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os domí-
Se a França falhou na fundação de uma colônia nios coloniais também foram fundidos, ficando sob o
duradoura na América Portuguesa, a Holanda teria comando da Casa Real espanhola, dinastia que ficou
conhecida como “filipina”.
mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima-
Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo
de sucessão da monarquia portuguesa, que entregava tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira tenta-
o trono português à Coroa espanhola, (ato conhecido tiva falhou. Seria criada, então, a Companhia Holande-
como União Ibérica), Portugal assumiu, consequente- sa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por capital
mente, os inimigos da Coroa Espanhola, e entre eles do Estado e investidores privados, cujos objetivos eram
estavam os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os a tomada das áreas açucareiras e o controle do merca-
do de escravos na África. Finalmente, em 1624, a capital
domínios coloniais também foram fundidos, ficando
foi ocupada por um dia, mas retomada, posteriormen-
sob o comando da Casa Real espanhola, na dinastia te, em ação coordenada por Matias de Albuquerque
que ficou conhecida como “filipina”. (governador português vigente), evitando, assim, que
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- as fazendas de cana e engenhos fossem tomados. Novo
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo ataque aconteceu em 1627, mas o objetivo parecia ser
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten- apenas a pilhagem e, não, a ocupação da área.
tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan- Como não conseguiam ocupar a capitania da Bah-
ia, os holandeses se voltaram para Pernambuco, que
desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por
também era importante centro produtor de açúcar.
capital do Estado e investidores privados, cujos objeti- Organizados, 7.280 homens, em 65 embarcações, ini-
vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle ciaram o ataque em 1630 e Olinda foi ocupada pelos
do mercado de escravos na África. holandeses. Estes, por sua vez, investiram na colônia
Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um que acabavam de conquistar: Maurício de Nassau foi
dia, mas retomada em seguida em ação coordenada feito governador-geral do “Brasil holandês” e trans-
por Matias de Albuquerque (governador português formou, substancialmente, a área. Nassau restabele-
ceu os engenhos que haviam sido abandonados pelos
vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e
colonos portugueses, recompôs o tráfico de escravi-
os engenhos fossem tomados. Novo ataque aconteceu zados, forneceu crédito e obrigou o plantio para sub-
em 1627, mas o objetivo parecia ser apenas a pilha- sistência da capitania. Além disso, Nassau mostrou-se
278 gem e não a ocupação da área. tolerante na questão religiosa.
A administração do “Brasil holandês” por Nassau AS REBELIÕES NATIVISTAS
trouxe bons feitos para a região, como a criação da
Cidade Maurícia, o que melhorou a situação da popula- Características; a Crise do Sistema Colonial
ção da região que, antes, se via em péssimas habitações Português; Principais Rebeliões Nativistas — Revolta
e sem acesso às devidas condições de higiene. Foi tam- de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos
bém sob sua supervisão que se construiu as três primei- Mascates e a Revolta de Vila Rica
ras pontes de grande proporção no território colonial e
se criou um espaço que recolhia espécies variadas de z Revolta de Beckman
fauna e flora. Também foi durante a administração de
Nassau que artistas passaram pelo nordeste. O holan-
O descontentamento com o governador Francisco
dês Frans Post, por exemplo, teve grande destaque ao
de Sá Meneses era grande: havia sua aparente apatia
representar paisagens de Pernambuco.
Embora Nassau tenha feito uma administração pela situação de miséria no Maranhão e, ponto fun-
popular na região, acabou retornando à Europa em damental, havia a legislação a respeito da escraviza-
1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com- ção indígena, questão que se relacionava com a ação
patriotas. A insurreição tem início em 1645, quando jesuítica. No dia 25 de fevereiro de 1684, liderados
os insurgentes liderados por Antônio Dias Cardoso pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, os insurgen-
derrotaram os holandeses no Monte das Tabocas, tes tomaram a cidade de São Luís e instituíram uma
quando também conseguiram isolar os holandeses junta de governo com representantes dos latifundiá-
em Recife e Itamaracá. rios, do clero e do povo.
Em 1646, em uma empreitada levada por mulhe- Depois de conquistada a cidade, o movimento
res camponesas, os holandeses são novamente der- foi perdendo a adesão popular e terminou em 1685,
rotados na Batalha de Tejucupapo, sendo tal evento com a chegada do novo governador Gomes Freira de
um marco histórico para as mulheres no Brasil. Com o Andrade e das tropas lusas, quando foi decretada a
incremento cada vez maior de exércitos portugueses e prisão dos principais líderes, pondo fim à revolta.
isolamento dos remanescentes holandeses, a Batalha Embora descontentes com as autoridades coloniais, os
dos Guararapes foi marco de sua expulsão. revoltosos não pretendiam, nesse movimento, romper
Com a retomada portuguesa, os judeus, que com a Coroa portuguesa, não ainda.
tinham conhecido uma grande liberdade no período
da ocupação, partem para Nova York, onde teriam z Guerra dos Emboabas
papel relevante na política e na economia da cidade.
Para evitar uma possível retaliação, Portugal indeni- A Guerra dos Embobas está inserida dentro daquilo
zou a Holanda, que reconheceu o nordeste brasileiro
que os historiadores chamam de “revoltas nativistas”,
como território luso.
que implicam certo amor à pátria e desacordo com a
A partir daí, deu-se um declínio do chamado “Bra-
metrópole. No início do século XVIII, o ouro foi desco-
sil holandês” e as “guerras brasílicas”, que visavam
berto na região das Minas e teve-se início o conflito entre
à retomada do território pelos portugueses, prologa-
ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final- bandeirantes paulistas e emboabas (termo que designa-
mente retomaram o espaço invadido. va forasteiros), pela administração do território aurífero.
A Guerra dos Emboabas foi, sobretudo, uma con-
tenda entre práticas e concepções políticas diversas:
As Questões de Limites entre Portugal e Espanha e
de um lado os paulistas e, de outro, os forasteiros.
a Formação das Atuais Fronteiras do Brasil: Tratados
Não se pode reduzir o conflito apenas aos desejos de
de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz
obtenção de terra e riqueza, existindo, ainda, ques-
tões sociais e políticas mais profundas.
A configuração dos limites territoriais alterou-se
Os descobridores do ouro, bandeirantes paulistas,
bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494. Duran-
acreditavam que mereciam tratamento especial, ou as
te a União Ibérica, quando as possessões de Espanha e
chamadas mercês, pelos serviços prestados à Coroa,
Portugal foram fundidas, o respeito aos limites do ter-
como o desbravamento do território e, consequente, a
ritório deixou de ser levada a sério. Porém a atividade
descoberta de metais preciosos; isso não ocorreu, o que
bandeirante e a atividade pecuária aumentavam o espa-
gerou ressentimento por parte dos paulistas. A guerra
ço ocupado por colonos ligados a Portugal. O Tratado
terminou em 1709, após a Coroa apoiar os emboabas
de Utrecht, de 1713, teve como objetivo resolver esses
com o intuito de sufocar os revoltosos paulistas.
problemas. Definiu que a Colônia de Sacramento, atual
Uruguai, era posse portuguesa. O Tratado de Madri, de
z Revolta dos Mascates
1750, devolveu a Colônia de Sacramento aos espanhóis,
enquanto estabelecia a região dos Sete Povos das Mis-
sões (atual Rio Grande do Sul), do atual Centro-Oeste A revolta dos Mascates data de 1710 e faz parte de um
e boa parte da Amazônia como posses portuguesas. conjunto de eventos que se caracterizam pela ruptura
HISTÓRIA DO BRASIL

Embora o Tratado de El Pardo, em 1761, tenha revogado com a ordem colonial. O início do conflito se deu quando
o Tratado de Madri, o Tratado de Santo Ildefonso (1777) os comerciantes de Recife, apelidados pejorativamente
restabeleceu a decisão do Tratado de Madri. O Tratado de mascates, clamaram pela autonomia do povoado que
de Badajoz, 1801, ratificou a Colônia de Sacramento era, até então, compreendido como porto de Olinda, cida-
como propriedade da Espanha. de já em decadência. A elite açucareira de Olinda reagiu
violentamente ao pedido de autonomia de Recife, convo-
cando a população pobre e criando milícias.

279
A revolta durou menos de um ano. O grupo, forma- Com a invasão napoleônica à Espanha e a prisão
do majoritariamente pela população pobre e pela elite do rei em 1807, D. João viu a possibilidade de o Impé-
açucareira, marchou contra Recife, forçando o gover- rio Português entrar em colapso, como começava a
nador da capitania a fugir para a Bahia, o que deu aos ocorrer com o Império Espanhol. Sendo assim, em
revoltosos controle de boa parte da região por um um acordo com a Inglaterra, “escondido” da França,
tempo. O grupo de revoltosos, mais especificamente a D. João partiu com a Família Real para o Brasil (1808),
elite de Olinda, incorporou à sua pauta o propósito de onde pretendia manter a unidade de seu império e
tornar Pernambuco independente, vislumbrando um fugir da prisão pelo exército napoleônico.
regime republicano. Como plano alternativo, caso o Em terras brasileiras, o então príncipe regente deu
plano de independência falhasse, concebeu-se a cria- fim ao Pacto Colonial (abrindo os portos para a Inglater-
ção de um protetorado francês, o que nunca ocorreu, ra), criou a Imprensa Nacional, a Biblioteca Nacional, o
posto que a conjuntura delicada da França não torna- Banco do Brasil, além de outros órgãos administrativos,
va viável esse tipo de apoio. como a junta de Comércio e o Conselho da Fazenda.
Um ano depois, os comerciantes de Recife retoma- Em 1815, o Brasil foi elevado a Reino Unido de Por-
ram o controle da capitania após combaterem no inte- tugal, Brasil e Algarves. Dois anos depois, nasceu em
Pernambuco o primeiro grande movimento pela inde-
rior com os revoltosos e receberem reforços de Lisboa.
pendência do Brasil: a Revolução Pernambucana, que
Ao final, os mascates saíram vitoriosos: a elite de Olin-
reunia oficiais, negociantes liberais e padres.
da foi derrotada, o controle da capitania recobrado,
Em Portugal, eclodiu, em 1820, a Revolução Libe-
Recife foi transformada em vila, convertendo-se em
ral do Porto, que exigia uma nova constituição e o
sede da capitania de Pernambuco. Apesar do fracasso
retorno de D. João VI à Europa. Em meio à formação
da revolta, pela primeira vez falou-se em autogoverno das Juntas Constitucionais (nas quais o Brasil também
ou declarou-se a preferência pela forma republicana possuía representantes), D. João deixa seu filho, D.
de governo, o que constituiu um marco importante. Pedro, como príncipe-regente, e volta para Portugal.
Durante 1822, houve diversos movimentos de oposi-
z Revolta de Vila Rica ção a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na Bahia.
Entre diversas tendências, venceu aquela que defendeu a
A motivação para a Revolta de Vila Rica, de 1720, é construção de um Estado independente, que mantivesse a
encontrada nas práticas fiscais aplicadas pela Fazen- escravidão e o poder das elites econômicas. Assim, a lide-
da Real. Os revoltosos intentavam obrigar a Coroa a rança de D. Pedro em 7 de setembro de 1822 era a garan-
suspender o estabelecimento das Casas de Fundição, tia mais próxima da unidade em uma imensa porção de
locais onde o ouro era transforado em barras e nos terra marcada por regionalismos e profundas diferenças
quais retirava-se a parte referente ao pagamento das sociais. As elites temiam que uma agitação social incluísse
taxações da Coroa. O conflito se deu entre as autorida- pobres e escravizados, que eram 80% da população.
des metropolitanas e a elite socioeconômica da região.
Os revoltosos faziam ações de pilhagem na região, Principais Movimentos Pró-Independência:
gritando frases que expressavam descontentamento Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana
com a administração. O governador da capitania rea-
giu com intensidade: fechou os caminhos de entrada z Inconfidência Mineira
de Vila Rica e prendeu os protagonistas do levante,
enviando-os ao Rio de Janeiro. Felipe dos Santos foi Formada por um grupo eclético e aliada à elite eco-
executado por conta de sua oratória, que apoiava os nômica de Minas, homens e mulheres contestaram as
revoltosos, tornando-o vítima do suplício público. relações coloniais, planejando um levante armado que
declararia Minas uma República. No grupo, havia cône-
MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA NO BRASIL gos eruditos, poetas, professores, inúmeros homens de
letras e membros da elite econômica. As pessoas envol-
Caracterização; Influência Iluminista; Crise vidas na Inconfidência apontavam para a diversidade
Econômica das atividades desenvolvidas em Minas e, portanto, para
a possibilidade de autossuficiência da capitania.
D. José I, em 1750, colocou em prática as reformas O que levou esse grupo a de fato considerar a rebelião
de Estado de seu ministro, Marquês de Pombal. Desta- foi a articulação de fatores político-administrativos, eco-
cam-se: criação do Erário Régio (controlar os gastos da nômicos e culturais. A política metropolitana continuava
Coroa), extinção das Capitanias Hereditárias (1759), a taxar a capitania e seus habitantes, sem considerar que
expulsão dos jesuítas e a instituição da derrama (para a produção aurífera havia decaído, insistindo na impo-
evitar as fraudes causadas com a cobrança do quinto, sição da “derrama” (cobrança de impostos atrasados).
passou a exigir que os mineradores da colônia pagas-
Além disso, a administração ficava quase inteiramente
sem um valor fixo de 1500 quilos de ouro por ano).
fora das mãos da elite local, o que causava desagrado.
Com a instituição da derrama e das imposições cen-
Supõe-se que a Conjuração começou a tomar for-
tralizadoras da Coroa, movimentos revoltosos e levan-
tes se convertem em uma categoria mais organizada, ma na década de 1780, sendo que o projeto de autono-
robusta e de cunho separatista que buscava autonomia mia das Minas foi formalmente debatido em reuniões
de regiões coloniais. Exemplos são a Conjuração Minei- locais apenas em 1788. Na metade da década de 1780,
ra (1788-89), que sob os ideais do iluminismo buscava falava-se de uma “República Florente” e evidenciava-
a independência de Minas Gerais e fundação de uma -se a capacidade de Minas de se tornar soberana.
república; e a Conjuração Baiana (1798), com ideais e Tiradentes foi o mais ativo propagandista das ideias
propostas semelhantes à mineira, além da luta pela da Conjuração: eloquente orador, fez ideias de autono-
abolição da escravidão. As guerras de independência mia circularem por redes que aglutinavam diferentes
dos Estados Unidos (1776) e do Haiti (1790) também segmentos sociais, e esse é um fator essencial para a com-
280 surgiam como símbolos de emancipação da colônia. preensão da punição severa que esse personagem sofreu.
A Conjuração teria início com um motim, que pois soldados e populares invadiram repetidas vezes
deveria ocorrer no mês de fevereiro, em Vila Rica, no os armazéns para roubar carne e farinha. As ideias
momento de imposição da derrama. Se saíssem vito- contrárias à opressão colonial encontraram um clima
riosos, os conjurados irromperiam a rebelião por toda favorável para serem aceitas.
a capitania, declarando a independência de Minas e a Em agosto de 1798, apareceram afixados nas pare-
implementação de uma República. des das casas, igrejas e lugares públicos de Salvador
Os conjurados observavam atentamente a Revo- vários panfletos manuscritos direcionados ao “povo
lução Americana e procuravam aprender com a baiano”, propondo a instalação da “República Baien-
movimentação que acontecia no norte do continente, se”. Os revoltosos queriam que todos aderissem ao
entrevendo as possibilidades de uma República Confe- novo regime e que as autoridades metropolitanas fos-
derada. Pretendia-se exaurir a Corte e fazê-la negociar; sem depostas. Na proposta aparecia também a preten-
contudo, Minas se viu sozinha, tanto na colônia, como são de abolir a escravidão e instaurar a liberdade de
no cenário internacional. A Conjuração foi denuncia- comércio.
da por Joaquim Silvério dos Reis, ativo participante da Não faltaram, porém, os traidores. O movimento
conjuração, que delatou a ação para receber o perdão foi delatado ao governador que imediatamente orde-
das muitas dívidas que tinha com a Coroa. nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro
Feita a delação, ocorreram seis denúncias, a der- de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os conju-
rama foi suspensa, os conspiradores foram presos e rados, encontra-se Cipriano Barato, que foi absolvido,
abriu-se a “devassa”, busca por provas que iriam cons- enquanto outros participantes foram condenados ao
tituir os autos do processo da Conjuração Mineira. Ao degredo na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João
final de três longos anos, os conjurados considerados de Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
culpados foram degradados para a África, houve o na forca e esquartejados.
sequestro de seus bens e alguns foram condenados à
forca. Quanto a Tiradentes, sua pena foi aplicada pela
Coroa de modo a ser exemplar e espetacular, ficando
por muito tempo na memória dos colonos: foi enfor-
cado no Rio de Janeiro, seu corpo foi esquartejado e
BRASIL IMPÉRIO
salgado e os pedaços ficaram em exibição em pon-
O PERÍODO JOANINO
tos estratégicos do Caminho Novo, sendo sua cabeça
exposta no centro de Vila Rica.
A Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil;
O Governo de D. João VI no Brasil: Política Interna e
Externa; a Revolução do Porto e Partida da Família
Real

Quando a corte portuguesa embarcou, fugindo estra-


tegicamente de Lisboa em novembro de 1807, o fez por-
que tinha consciência dos acontecimentos recentes na
Europa, em um momento em que o expansionismo de
Napoleão Bonaparte parecia irrefreável.
Uma experiência ainda mais próxima de Portugal
acendeu para a monarquia o sinal vermelho e mos-
trou que os prognósticos eram corretos: o rei espa-
nhol, Fernando VII, foi deposto do trono por Napoleão,
em maio de 1808.
A fuga da corte portuguesa foi um sucesso em
curto prazo; contudo, a longo prazo ocasionou uma
quebra de legitimidade do Império português em um
momento em que os ares eram revolucionários.
A presença da corte no Brasil causava incômodo
em algumas parcelas da população; o exemplo mais
evidente desse desconforto foi a Revolução Pernam-
bucana, que estourou na província de Pernambuco,
em 1817. Antes da chegada da corte, em 1808, essa
Tiradentes Esquartejado, Pedro Américo. província ligava seu comércio diretamente a Portugal,
posto que as dificuldades logísticas – como rotas ter-
Fonte: Wikimedia Commons. restres ou fluviais – impediam o estabelecimento de
HISTÓRIA DO BRASIL

relações com o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim des-


z Conjuração Baiana ses benefícios concedidos ao comércio pernambucano
um período de graves secas e crises de abastecimento.
A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates O movimento revolucionário pautava a necessi-
(1798) teve um caráter mais popular. Participaram dade de se combater a crise e recuperar os benefícios
dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalhadores comerciais, assim como a possibilidade de se romper
negros, além de alguns escravos. com a monarquia. Em partes, e por um curto período, os
Desde que a Coroa transferira a sede do governo revoltosos – homens livres, escravizados, ricos e pobres
colonial para o Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se – saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
um processo de declínio socioeconômico e político o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma
de Salvador. Em 1797, a alta dos preços dos produtos república; entretanto, foram violentamente reprimidos
levou a uma série de incidentes nas ruas da cidade, com prisões e condenações em praça pública. 281
Na Europa, cessada a agitação política entre portu- Já em 1822, o príncipe regente também recebia pres-
gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim, sões a fim de que retornasse a Portugal, o que gerou um
gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de episódio bastante curioso no dia 9 de janeiro de 1822, o
“Dia do Fico”. Naquele dia, D. Pedro recebeu um requeri-
pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse mento que continha 8 mil assinaturas solicitando-o que
a Portugal. A relutância do rei em retornar causava ficasse no Brasil. Não se sabe quais foram as verdadeiras
indignação na população lusa, em um momento no palavras proferidas pelo jovem príncipe regente; contu-
qual a metrópole passava por uma grave crise de pro- do, consagrou-se na memória social a perspectiva de
que ele ficaria a fim de preservar os interesses da popu-
dução agrícola e de desvalorização do papel moeda.
lação brasileira.
Essa agitação culminou na chamada Revolução Libe- Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
ral do Porto, também conhecida como Regeneração de esse evento, tendo figuras proeminentes, como José
1820. O prolongamento da ausência régia na metrópole Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei” campanhas por maior autonomia da colônia, mas não
reivindicava uma separação radical. Foram convocados
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo- representantes de todas as províncias e, mais tarde, uma
gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cidade do assembleia legislativa e constituinte.
Porto a fim de redigirem uma Constituição que, embora Já a politização da sociedade colonial, com a chegada
conservadora, propunha a limitação do poder do monar- da corte em 1808, deu-se em conteúdos bastante inova-
dores. Aspectos da ainda recente Revolução Francesa
ca e sua submissão à carta constitucional.
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode-
A Regeneração também inovava ao propor a trans- lo estamental de sociedade, procurando novas formas
ferência da soberania – antes circunscrita ao rei – às organização da sociedade, e também na crítica aos pri-
chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes vilégios da nobreza e dos corpos sociais mais altos.
constituídas fizeram com que D. João retornasse com Depois da revolução de independência do Haiti
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
sua família a Portugal, em abril de 1821, deixando, preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma
entretanto, seu filho D. Pedro de Alcântara no Brasil. revolução menos radical que a francesa e bem menos
radical que a de São Domingos, que fora liderada por
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL escravos que, em alguns dias, dizimaram os senhores de
engenho e suas famílias para formar um governo anties-
cravista, consolidado em 1804.
Fatores que Levaram à Independência do Brasil
Esse movimento era muito temido na perspectiva das
elites coloniais brasileiras. A escravidão foi um elemen-
A promulgação da Constituição proposta pela Assem- to importante: a dimensão do escravismo na América
bleia Constituinte de 1820 teria validade para todos os Portuguesa era tão grande que foi capaz de influenciar
portugueses, o que incluía os habitantes das colônias todos os outros aspectos da vida social, como valores,
formas de pensar, comportamento e práticas políticas.
portuguesas, inclusive na América. Algumas medidas,
A independência, nesse sentido, mudou a forma de
no entanto, causaram profundo desconforto nos grandes compreender a sociedade: não era mais uma socieda-
comerciantes do Brasil que já estavam acomodados sob os de estamental legitimada por Deus, embora o rico ain-
privilégios concedidos pela presença da corte na colônia. da fosse rico, mas agora havia um parlamento; assim,
A presença da corte no Brasil (1808-1820) foi moldan- a escravidão tornou-se uma escravidão nacional, e não
mais portuguesa.
do as consciências dos colonos a respeito da possibilida- A chegada da corte também dinamizou fluxos econô-
de de se constituir um governo real que permanecesse micos internos, graças à necessidade de abastecimento.
no Brasil. Assim, a ideia de independência começa a Em verdade, essa dinâmica e a diversificação da produ-
ganhar força por volta de 1821, como uma reação à Rege- ção era anterior à chegada da corte, mas se intensificou
a partir de 1808. O Rio de Janeiro foi um epicentro que
neração de 1820, uma vez que esta era entendida como
conectou São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande de São
uma revolução contrária ao Brasil. Pedro (atualmente Rio Grande do Sul), tanto é que essas
Com o conflito de interesses latente, os colonos que foram as primeiras regiões a encamparem o projeto de
ganharam com a presença da corte reivindicavam um independência centrada na figura de Pedro I, justamente
governo no Brasil; a percepção da necessidade de um por esses auspícios econômicos, mas também políticos.
Estado Nacional brasileiro evoluiu, o que foi a grande
O Grito do Ipiranga
novidade revolucionária. Foi nessa configuração que
entrou a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
Outra determinação polêmica das Cortes era que as
províncias do Brasil se transformassem em províncias
portuguesas, o que gerou, segundo comenta D. Pedro em
carta a seu pai, “um choque mui grande nos brasileiros”.
O que o príncipe regente precisava fazer era equilibrar-
-se em um cenário instável, no qual havia a necessidade
de se cumprir os decretos das Cortes ao mesmo tempo
em que era necessário corresponder os interesses do
povo do território no qual ele se encontrava.
Enquanto as Cortes foram convocadas com a fina-
lidade de reorganizar o Império Português dentro da Independência ou morte, Pedro Américo.
dinâmica colonial, os colonos agrupavam-se cada vez
282 mais em torno da ideia de separação. Fonte: Wikimedia Commons.
Durante 1822, houve diversos movimentos de oposi- Juntava-se a isso a crise econômica e a disputa pela
ção a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na Bahia. sucessão do trono em Portugal, levando D. Pedro I à
Entre diversas tendências, venceu aquela que defendeu abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
a construção de um Estado independente que mantives-
se a escravidão e o poder das elites econômicas. PERÍODO REGENCIAL
Assim, a liderança de D. Pedro em 7 de setembro de
A Regência de D. Pedro; Panorama Político-
1822 era a garantia mais próxima da unidade em uma
Partidário Conflituoso: Restauradores, Liberais
imensa porção de terra marcada por regionalismos
Moderados e Republicanos
e profundas diferenças sociais, pois as elites temiam
que uma agitação social incluísse pobres e escraviza- Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de D.
dos (que somavam 80% da população). Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No entanto,
ele tinha apenas cinco anos de idade naquela ocasião.
O PRIMEIRO REINADO Então, o Parlamento buscou uma alternativa: a regência.
O período regencial durou de 1831 até 1840 e foi
Panorama Político-Partidário; a Constituição marcado por grandes conflitos regionais. Os grupos
de 1824; Panorama Interno: Autoritarismo do políticos dividiam-se em:
Imperador, Crise Econômica
z Restauradores: defendiam o retorno de D. Pedro I
Entre 1822 e 1831, temos a primeira fase adminis- e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II;
trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina- z Liberais moderados: exigiam poderes monárqui-
do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava cos com restrições;
a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite z Liberais exaltados: favoráveis ao federalismo,
da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito- com maior autonomia das províncias.
res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela A Regência Trina Provisória
estabelecia, entre outras coisas:
Durante a Regência Trina Provisória, Francisco de
z existência do poder moderador, que poderia sus- Lima e Silva, Carneiro de Campos e Nicolau de Campos
pender os poderes legislativo, executivo e judiciário; Vergueiro estiveram à frente do poder. Durante esse
z poder hereditário; curto período, o ministério deposto por D. Pedro I foi
z voto censitário, calculado pela renda. readmitido, houve perdão aos processos políticos e os
estrangeiros foram demitidos do Exército Brasileiro.
Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
co, a Confederação do Equador, exigindo uma república A Regência Trina Permanente
liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi- A Regência Trina Permanente (1831-1835) foi lidera-
tos sociais. Esse movimento teve como principal líder da por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carva-
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso. lho e João Bráulio Muniz. Nesse período, ajuntamentos
noturnos foram proibidos, bem como criaram-se o Códi-
go de Processo Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adi-
cional de 1834 (dando poder a assembleias regionais) e
a Lei Feijó (que abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista
grossa”, para que ele ainda existisse na prática).

O Ato Adicional de 1834

Durante o período, foram criados: o Código de Pro-


cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó
(que abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista grossa”
para que ele ainda existisse na prática).

As Regências Unas
O fuzilamento de Frei Caneca.
A Regência Una de Feijó (1835-1838) destacou-
Fonte: Meio Norte.
-se pelo autoritarismo contra rebeliões de homens
livres pobres e escravizados. No entanto, foi nesse
HISTÓRIA DO BRASIL

Panorama Externo: a Guerra da Cisplatina; a Guerra período que eclodiram as principais revoltas regio-
de Independência; a Abdicação de D. Pedro I nais pelo Brasil. Em 1838, os conservadores assu-
miriam a liderança sob a Regência Una de Araújo
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina Lima (1838-1840), responsável por tirar a autonomia
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do das províncias na nomeação de cargos públicos; no
Rio da Prata. Após um desgastante e custoso conflito entanto, sua preocupação maior, que era deter as
(o Banco do Brasil chegou a falir), a independência do revoltas regionais, não se concretizou, ficando a car-
Uruguai foi reconhecida. go da antecipação do Golpe da Maioridade em 1840.
A instabilidade política também podia ser veri- Araújo Lima ainda foi responsável pela fundação de
ficada em episódios como a Noite das Garrafadas, duas importantes instituições, o Instituto Histórico e
demonstrando a grande divergência entre brasileiros Geográfico Brasileiro (IHGB) e o Colégio D. Pedro II,
e portugueses. no Rio de Janeiro. 283
As Revoltas Regenciais: Cabanagem, Balaiada, Panorama Político-Partidário do II Império:
Malês, Sabinada e Farroupilha Conservadores e Liberais; Rivalidades Iniciais;
as Revoltas Liberais de 1842; Conciliação; O
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão Parlamentarismo Brasileiro
de diversos movimentos separatistas nas províncias
do país. Entre eles, destacam-se:

z Cabanada (1832-34, Pernambuco): lutou pela res-


tauração da monarquia sob comando de D. Pedro I
e pelo fim da escravidão;
z Revolta dos Malês (1835, Salvador): revolta de
escravizados que convocavam outros na mesma
situação a marchar contra a escravidão;
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): exigiu melhores
condições de vida para a população da região. Viti-
mou cerca de 30 mil pessoas;
z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do
Sul): pregou a independência do estado e o desejo
de melhores condições para os criadores de gado;
z Sabinada (1837-38, Bahia): lutou pela independên-
cia da Bahia e pelo fim da escravidão;
z Balaiada (1838-41, Maranhão): colocou-se contra
a desigualdade social e contra as injustiças come-
tidas pelas elites. D. Pedro II em 1876.

A Ação Pacificadora de Caxias: Balaiada, Farroupilha Fonte: Wikimedia Commons.


e Revoltas Liberais de 1842
Com o golpe da maioridade, teve início o período
O desafio inicial do imperador era debelar as conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu
revoltas regionais herdadas do período regencial, até 1889. Por meio de uma manobra conhecida como
sendo que, em 1842, eclodiu ainda a Revolta Liberal “parlamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia
em Minas Gerais e em São Paulo, marcando a dispu- poder sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento.
ta de poder entre liberais e conservadores por espaço Embora o legislativo fosse dividido entre o Partido Con-
no poder. Liderada, em terras paulistas, por Tobias de servador (saquaremas) e o Partido Liberal (luzias), ambos
Aguiar e Padre Feijó, eles conquistaram diversas cida- tinham posições semelhantes, como a manutenção da
des do interior, sendo, no entanto, derrotados pela escravidão e a centralização de poder pelo imperador.
tropa do Barão de Caxias em Campinas. Em terras O Império começou a sofrer com a legislação inter-
mineiras, a liderança ficou a cargo de Teófilo Otoni, nacional inglesa para a proibição do tráfico, o que o
que conseguiu a adesão de algumas cidades e o blo- levou a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Quei-
queio da Estrada Real entre Ouro Preto e Rio de Janei- rós (que extinguia o tráfico atlântico de escravos) e a
ro, mas acabou derrotado por Caxias em Santa Luzia. Lei de Terras (que postulava que a terra só poderia
Essas derrotas fortaleceram a moral tanto do jovem ser adquirida por meio de compra, excluindo futuros
imperador quanto do Exército Brasileiro, que passou escravizados libertos e os imigrantes europeus que
a ver em Caxias um grande líder. começaram a vir para o país).
Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia-
O SEGUNDO REINADO da a partir da intervenção brasileira sobre os gover-
nos do Uruguai e da Argentina, o que foi contra os
Antecipação da Maioridade de D. Pedro II interesses paraguaios na Bacia Platina. Em resposta,
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul.
Preocupando-se em garantir a unidade do territó- A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo ditador
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores) Solano Lopez, à Tríplice Aliança, formada por Brasil,
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D. Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil acabou indo
Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840). bem mais além que os outros dois países, arrastando a
guerra até o assassinato de Lopez em 1870. Mesmo vito-
rioso, o Brasil passou a enfrentar um processo de crise.

284
recusou a indenizar os ingleses pelo saque da mercado-
ria do navio Christie (por isso, o impasse ficou conhecido
por Questão Christie). O Brasil invadiria novamente o
Uruguai em 1864; dessa vez, resultaria no maior conflito
armado da história da América do Sul.
Em 1864, a Campanha contra Aguirre levou o Bra-
sil a depor o então presidente uruguaio para colocar
seu aliado Venâncio Flores. Essa atitude desagradou
diretamente o ditador uruguaio Solano Lopez. Assim,
em 1865, teve início a Guerra do Paraguai, ou Guerra
da Tríplice Aliança, iniciada a partir da intervenção
brasileira sobre os governos do Uruguai e da Argen-
tina, desagradando os interesses paraguaios na Bacia
Platina. Em resposta, os paraguaios invadiram o atual
Representação feita, em 1882, por Victor Meirelles sobre a Batalha
do Riachuelo travada durante a Guerra do Paraguai.
Mato Grosso do Sul. A guerra opôs os paraguaios, lide-
rados pelo ditador Solano Lopez, e a Tríplice Aliança,
Fonte: Wikimedia Commons. formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Vale destacar que o comando vitorioso de Caxias
A Economia e Sociedade Cafeeiras passou a ser extremamente decisivo a partir de 1867,
com destaque para as vitórias nas batalhas de Humai-
tá, Avaí (representada no quadro de Victor Meirel-
O Segundo Reinado foi marcado também por uma
les, a seguir), Itororó, Lomas Valentinas, Angostura e
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo
a tomada de Assunção em janeiro de 1869. O Brasil
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da acabou indo mais além que uruguaios e argentinos,
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- arrastando a guerra até o assassinato de Lopez, em
midores, além de algumas condições internas: 1870. Mesmo vitorioso, o Brasil passou a enfrentar
um processo de crise, que desencadearia o início do
z abertura de caminhos que ligavam o litoral ao inte- processo enfraquecimento da monarquia brasileira,
rior passando pelo Vale do Paraíba; culminando em sua queda, em 1889.
z disponibilidade de terras herdadas da política de
vigilância na época do ouro;
z sistema de transporte modernizado com a instala-
ção das ferrovias a partir de 1860.

A Breve Era Mauá

O Segundo Reinado foi marcado por uma fase de


modernização, também chamada de Era Mauá, fazendo
referência ao empresário do Império responsável por
diversos empreendimentos no período, como ferrovias,
hidrovias, bancos e telégrafos. O aparecimento de novas
técnicas de transportes — como ferrovias e navegação
—, a comunicação pelo telégrafo, o surgimento de indús-
trias de máquinas e o aumento da atividade comercial
Representação feita, em 1882, por Victor Meirelles sobre a Batalha
caracterizam esse desenvolvimento econômico, acom- do Riachuelo travada durante a Guerra do Paraguai.
panhado do crescimento de centros urbanos. Fonte: Wikimedia Commons.
A rede ferroviária chegou a nove mil quilômetros
de trilhos, o que colocava o Brasil atrás apenas dos A Imigração Europeia
Estados Unidos, no continente americano. A primeira
ferrovia foi a Estrada de Ferro D. Pedro II, construída
Antes mesmo da proibição do tráfico negreiro, os
em 1854, no Rio de Janeiro, por iniciativa do Barão de
grandes produtores e proprietários de terra preocupa-
Mauá. Entre 1874 e 1884, o número de indústrias no
ram-se em encontrar formas de substituir a mão de obra
país saltou de 175 para 600, concentrando-se na pro-
dução de alimentos e tecidos e localizados, principal- de origem africana.
mente, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais A utilização da mão de obra imigrante europeia foi
e Rio Grande do Sul. vista positivamente por alguns motivos: dificuldade em
empregar homens livres brasileiros; contexto de crise
Política Externa: Campanha Contra Oribe e Rosas; que assolou alguns países europeus durante o século
HISTÓRIA DO BRASIL

a Questão Christie; a Campanha Contra Aguirre; a XIX; inclusão do discurso racista, segundo o qual o Brasil
Guerra da Tríplice Aliança; o Comando Vitorioso de deveria se “embranquecer” para se desenvolver.
Caxias na Guerra da Tríplice Aliança Os primeiros imigrantes europeus não portugueses
foram os suíços, trazidos ao Brasil a mando de D. João VI.
Na política externa, o Brasil travou um importan- Em 1818, o governo assentou famílias suíças nas serras flu-
te conflito em 1852. A Campanha contra Oribe e Rosas, minenses, e lá fundaram o município de Nova Friburgo.
como ficou conhecida, teve como objetivo manter sua No mesmo ano, colonos alemães foram mandados
hegemonia sobre o Rio da Prata. Sendo assim, o Exérci- para a Bahia. Em 1824, os alemães chegaram ao sul do
to Brasileiro depôs Oribe do governo uruguaio e Rosas país e instalaram-se em São Leopoldo, no Rio Grande do
do governo argentino. Já na década de 1860, o Brasil Sul. Durante muito tempo, eles foram os mais numerosos
rompeu relações entre 1863 e 1865 com a Inglaterra por imigrantes do Brasil, superados posteriormente pelos
conta de tensões em mar, quando o governo brasileiro se italianos. A imigração alemã foi longa, estendendo-se 285
de 1824 até a década de 1960, com certo crescimento A tardia Lei Áurea, de 1888, validava assim uma
durante o período de 1920, por consequência do fim da situação que já se via irreversível; ou seja: o movi-
Primeira Guerra Mundial. mento abolicionista, em suas diversas facetas e mani-
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, aboliu o tráfico festações, havia feito todo o trabalho até ali. Contudo,
negreiro no Brasil. Isso fez com que os cafeicultores forças- a assinatura da lei por Isabel marca definitiva e ofi-
sem o Império a adotar medidas mais efetivas para atrair cialmente o fim da escravidão no Brasil.
imigrantes para o trabalho nas lavouras. Essa pressão seria A consequência para a monarquia foi definitiva, o
reforçada com a abolição da escravatura em 1888.
golpe de misericórdia havia sido dado e a última sus-
Com isso, a imigração italiana teve o seu auge entre
tentação havia se perdido, uma vez que os cafeicultores
1880 e 1930, principalmente em São Paulo e Minas
logo romperam completamente os laços com o Império.
Gerais e, posteriormente, nos estados do sul. Os imigran-
tes italianos fixaram-se no território brasileiro com os
mais variados negócios, como ramo cafeeiro, atividades A Crise do Império: Questão Religiosa;
artesanais, policultura, atividade madeireira, produção Republicanismo; Questão Militar; Positivismo; a
de borracha, vinicultura e comércio. No início do sécu- Proclamação da República
lo XX, foi a vez dos japoneses desembarcarem rumo às
lavouras de café em São Paulo e no Paraná em fuga do Houve o surgimento da Questão Militar, envolven-
empobrecimento que a modernização de seu país cau- do os direitos sociais e políticos dos militares. Com o
sava aos pequenos agricultores. surgimento do Partido Republicano em 1873, uma ala
mais radical do Partido Liberal passou a contestar a
A Abolição da Escravatura centralização monárquica. O movimento abolicionis-
ta ganhava cada vez maior repercussão em busca da
Com o fim da Guerra Civil estadunidense (1861-1865) aprovação de leis que dessem fim à escravidão.
e a abolição da escravidão naquele país, o “pesadelo” Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
abolicionista voltou a assombrar as elites brasileiras, tão vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
dependentes desse tipo de mão de obra. Assim, como as
venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
próprias elites percebiam que não haveria maneiras de
conhecido como Questão Religiosa.
se escapar desse debate em território nacional, toma-
O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
ram algumas medidas de modo a fazer o Estado tomar
a vanguarda das discussões, na intenção de propor um vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
ritmo gradual e seguro para a causa abolicionista. Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição parecia
É sob essa perspectiva que surge a Lei do Ventre inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
Livre, em 1871, que estipulava que negros nascidos a par- sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
tir da promulgação dessa lei fossem livres, embora deves- bindo seus eventos e organizando ataques.
sem prestar serviços ao senhor até a idade de 21 anos, Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
a título de ressarcimento pelos gastos de sua criação, ou decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
que os senhores recebessem uma indenização quando o em 13 de maio de 1888, perdendo o apoio dos cafei-
escravizado completasse oito anos. Essa lei também fez cultores do Vale do Paraíba, que ficaram conhecidos
com que se passasse a se reconhecer socialmente as famí- como republicanos de última hora. Por fim, um golpe
lias de libertos, e inaugurou uma série de debates políti- militar com o apoio de setores civis realizou a Procla-
cos a respeito dos direitos políticos dessa população. mação da República, em 1889.
A elite cafeeira paulista engrossava as fileiras crí-
ticas às políticas intervencionistas do Estado, sobretu-
z A Questão Militar
do a partir de 1873, quando se agruparam em torno
do Partido Republicano Paulista. Eram homens que
Após o fim da Guerra do Paraguai, muitos grupos
advogavam a causa republicana, mas preferiam silen-
ciar-se a respeito dos debates abolicionistas, visto que do exército reivindicaram determinados interesses
eram grandes proprietários de escravizados. corporativos, como melhores condições, diminuição
Dez anos depois, já havia uma quantidade elevada da intervenção civil monárquica sobre o Alto Oficiala-
de sociedades abolicionistas; a escravidão havia sido to e maior espaço de participação na política.
extinta nas províncias do Amazonas e Ceará, em 1884, Na década de 1880, esse descontentamento passou
e, um ano depois, era promulgada a Lei Saraiva-Cotegi- para outros temas: os militares defendiam políticas de
pe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que garantia industrialização, urbanização acelerada, maior inves-
liberdade aos escravos com 60 anos de idade ou mais, timento em ferrovias, além de muitos oficiais e solda-
cabendo aos proprietários de escravos indenização. dos serem adeptos do abolicionismo. Em um episódio
É importante dizer que os brancos não foram os úni- em que um soldado foi impedido e depois punido por
cos, nem mesmo os mais importantes, em torno da causa homenagear os jangadeiros do Ceará na luta contra
abolicionista. Negros escravizados tiveram participação a escravidão, o exército e diversos líderes militares,
ativa nesse processo: com astuta percepção do momen-
como Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, se
to em que viviam, esses indivíduos tinham consciência
solidarizaram e também foram deslocados de suas
de que o sistema escravocrata perdia sua legitimidade;
funções ou receberam advertências.
assim, fugiam, revoltavam-se e utilizavam-se constante-
mente da violência para contestar as condições em que Mesmo com a “anistia”, o Império não conseguiu
viviam. Ademais, outras formas de solidariedade, como desarticular uma posição mais ampla para além dos epi-
o casamento, o apadrinhamento, as associações em sódios: os militares estavam convencidos de seu direito e
irmandades, a proliferação de quilombos, entre outras, sua obrigação de intervir na política para salvar o país dos
286 forçaram as elites brancas à negociação. desmandos da elite imperial; essa saída seria a república.
z A Questão Religiosa Marechal Deodoro obrigou o visconde de Ouro
Preto a se demitir – aquele que havia formado um
O artigo 5° da Constituição de 1824 estipulava que gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar que
o catolicismo era a religião oficial do Império, sen- a monarquia podia se renovar. Entre a demissão de
Ouro Preto e a proclamação da República, houve um
do permitidos apenas cultos domésticos ou privados
espaço de tempo; o anúncio foi feito na Câmara Muni-
para outras denominações. A Igreja Católica entrou cipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio e, no
em conflito com a Monarquia por conta da vigência dia seguinte, já se falava nos jornais do Governo Pro-
do beneplácito régio, que previa que as bulas papais visório. No dia 16 de novembro, o Governo Provisório
teriam de ser aceitas pelo governo imperial. anunciou o banimento da família real, dando um pra-
Em 1872, o papa Pio IX ordenou que todos os zo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil.
maçons fossem excomungados da Igreja. A medida, Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto
rejeitada pelo imperador, foi posta em prática por republicano não se tornou por isso mais consolida-
do. Era notável que mudanças aconteciam no âmbito
dois bispos de Olinda e Belém, que acabaram presos.
político e social: o romantismo deu lugar ao mate-
rialismo e ao positivismo; passava-se a almejar o
z Positivismo progresso e a modernidade, que eram associados à
república. Porém, apesar das ideias progressistas e
O projeto sociopolítico de Comte pressupunha uma modernas, ainda havia dúvidas sobre o projeto repu-
evolução ordeira da sociedade, incompatível com blicano e seu futuro.
revoluções e mudanças bruscas. Curiosamente, no Até 1894, o país experimentou a tutela militar. Os dois
Brasil, os ideais positivistas serviram para alavancar primeiros governos foram encabeçados pelo marechal
uma troca de regime com a Proclamação da República. Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Estado de 15 de
O aparente paradoxo se explica, em parte, pelo fato novembro, e foram sucedidos por Floriano Peixoto.
de a influência positivista ter resultado em pensamen- Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu a
tos muito diversos no Brasil, conforme se combinou primeira Revolta Armada, que também ficou conhe-
cida como Revolta da Esquadra, liderada por mem-
com outras correntes ideológicas. Nenhum setor
bros da Marinha Brasileira. Seu estopim se deu por
teve maior presença da ideologia comtiana do que as
conta do autoritarismo de Deodoro, que havia, inclu-
Forças Armadas, de onde saiu o vitorioso movimen- sive, fechado o Congresso (em clara violação da Cons-
to republicano e a ideia de adotar o lema “Ordem e tituição), demonstrando sua inabilidade em lidar com
Progresso”. Várias das medidas governamentais dos a oposição. Com a Primeira República, veio também
primeiros anos da República tiveram inspiração posi- uma crise econômica e de descontentamento. Por fim,
tivista, como a reforma educativa e a separação oficial em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou, ten-
entre Igreja e Estado, ambos em 1891.2 do em vista a possível guerra civil caso insistisse em
manter-se no poder.
Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência
e se manteve no cargo, embora devesse ter convocado
novas eleições. Foi no governo de Floriano que surgiu
BRASIL REPÚBLICA o que ficou conhecido como “florianismo”, movimen-
to que aconteceu entre 1893 e 1897, no Rio de Janeiro,
A REPÚBLICA VELHA com expressiva participação popular. O líder conse-
guira, de fato, entusiasmar setores expressivos das
A República da Espada: os Governos de Deodoro e de camadas médias urbanas e da população em geral,
mas o autoritarismo permaneceu.
Floriano Peixoto
Ainda assim, a Marinha não recuou e, em setem-
bro de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação
Em 1889, a campanha republicana ganhou força de novas eleições presidenciais, visto que se sentiam
no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”, particularmente negligenciados pelo poder republica-
espécie de força paralela ao Exército composta por no. Esse grupo estava crente de que era preciso rebe-
negros libertos, que procurava proteger a monarquia. lar a Armada contra Floriano para que assim pudesse
A situação dos libertos ainda era delicada e, na época, recuperar seu antigo prestígio.
acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos- Floriano Peixoto, por sua vez, reprimiu a armada e
decretou estado de sítio, recebendo a alcunha de Mare-
sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à
chal de Ferro. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
família imperial, pois receavam que sua condição de convocadas, transferindo o governo a civis e inauguran-
libertos pudesse ser revertida. do um novo modo de se fazer política, em um período
Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro que ficou conhecido como República Oligárquica.
Sant’Ana, o imperador Dom Pedro II sofreu um aten-
tado que, embora não tenha causado nenhuma gra- Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado
vidade, tornou-se um evento notório quando lhe (1912 - 1916)
HISTÓRIA DO BRASIL

foram atribuídos significados maiores: apontava a


z Guerras de Canudos (1896-1898)
fragilidade do regime e a demonstração manifesta de
descontentamentos. As autoridades tentavam censu- Em 1896, teve início um conflito de grande visibilida-
rar as manifestações de insatisfação e clamados pela de nos anos iniciais da República: Canudos. A rebelião
República, mas era inútil dissimular normalidade. A opunha a população de Canudos, um arraial que cresceu
monarquia não se sustentava mais. O Exército, por no interior na Bahia, ao recém-criado regime republica-
sua vez, se manifestava exigindo maior representação no. Esse movimento sociorreligioso foi liderado por Antô-
política, como vimos, e era dele que viriam os princi- nio Conselheiro e durou de 1896 a 1897. Essa população
pais defensores da República. se rebelava contra o aumento do imposto republicano.
2 A influência positivista na Proclamação da República. Secretaria da Educação do Paraná, [s.d.]. Disponível em: http://www.sociologia.seed.
pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=165. Acesso em: 24 nov. 2022. 287
desempregados. Eles haviam sido recrutados em
vários estados brasileiros. Os donos das fazendas fica-
ram preocupados com tantos desocupados que inva-
diam as propriedades para sobreviverem.
Na região de Campos Novos, surgiu um monge, José
Maria, que era um desertor do exercito paranaense.
Monarquista, agrupou a população pobre, sem terra e
desempregada, que via nele um curandeiro e profeta,
formando grupos com alguma militarização. Ele pregava
a existência de um reino milenarista, que tinha a crença
de que o Messias destruiria o mal e inauguraria um reino
de felicidade, um reino paradisíaco de mil anos. Nesse
reino, vigoraria a lei de Deus, todos teriam lugar para
plantar e haveria prosperidade e justiça.
Os sobreviventes de Canudos em 1897.
José Maria foi morto em 1912 após luta contra a
Fonte: MultiRio.
força policial requisitada por fazendeiros da região;
porém, os paranaenses acabaram derrotados. No
entanto, os redutos foram sendo constantemente ata-
Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos,
o grupo sob liderança de Conselheiro peregrinava pelo cados, até finalmente serem derrotados em 1916 por
sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes após forças do governo federal. Ao fim, um tratado territo-
a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte. rial foi assinado entre Santa Catarina e Paraná.
O que gerou tanto incômodo no governo republi-
cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
Era uma experiência social e política muito distinta
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu-
dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri-
buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro- Área contestada Área
de
prietários de terra nem aos chefes políticos da região. Guerra

O governo enviou a Canudos quatro expedições


formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces-
so no quarto e últimos atentado. Prometeram que se a
população se rendesse, sobreviveriam, mas o acordo
não foi mantido e comunidade foi dizimada. A Repú-
blica queria transformar Canudos em um exemplo:
era isso que se recebia por não fazer parte do sistema.

z Contestado (1912-1916)

Desde a criação da província do Paraná, em 1853, Região do “Contestado”.


seus dirigentes questionavam os limites estabelecidos
com Santa Catarina. Essa divergência, entre outros Fonte: Senado Federal
fatores, levou à Questão do Contestado, como ficou
conhecida a região disputada por Santa Catarina e As Revoltas da Armada
Paraná. Em 1890, catarinenses solicitaram ao governo
brasileiro a definição de limites entre Santa Catarina
A Revolta da Armada pode ser compreendida como
e Paraná. Sem resposta, resolveram entrar com uma
um movimento de marinheiros que exigia maior par-
ação judicial para ficarem com a posse da região situa-
ticipação política e melhores salários em um contex-
da ao sul dos rios Negro e Iguaçu.
to de grande turbulência política e social no início da
Por duas vezes, o governo federal deu ganho de
República, contrastado com o autoritarismo das pre-
causa a Santa Catarina (1904-1910) e o Paraná conse-
sidências de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
guiu impedir a demarcação de terras. Concomitante-
Se a primeira revolta da armada obteve sucesso com
mente a essa questão, no ano de 1910, a companhia
a renúncia de Deodoro, a segunda foi mais intensa, de
estadunidense Brazil Railway Company ganhou a con-
modo que os revoltosos acabaram derrotados na cida-
cessão para construir uma estrada de ferro que liga-
de de Desterro, que acabou rebatizada de Florianópo-
va o estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Para
lis, depois da vitória das forças do governo federal.
cumprir um dos termos do contrato, a companhia se
responsabilizou por 9 km de cada lado da via férrea.
Isso ocasionou a desapropriação de terras dos antigos
habitantes, que não possuíam a propriedade legal.
Em 1911, a Lumber, poderosa empresa madeireira
ligada a Brazil Railway, estabeleceu-se na zona con-
testada. Tinha autorização para explorar a madeira
da região, comprometendo-se pela colonização. Isso
afastava a possibilidade de um acordo entre Paraná e
Santa Catarina, pois ambas queriam ficar com a posse
da região, onde se esperava um grande desenvolvi-
mento econômico. Quando a construção da estrada de
288 ferro terminou, deixou cerca de 8 mil trabalhadores
A Revolução Federalista

A Revolução Federalista ocorreu entre 1893 e 1895


na região Sul do Brasil. Esse movimento:

[...] expôs a divisão entre os republicanos, isto é,


entre os que defendiam maiores poderes para o pre-
sidente da República e os que apoiavam a descen-
tralização do poder, com maior participação dos
estados.3

Note, ainda, o seguinte:

Além disso, militares do Exército e da Marinha dis-


putavam mais espaço no governo republicano. O
conflito foi marcado pela violência e crueldade. A
revolução foi derrotada pelas tropas fiéis a Floria-
no Peixoto, que se tornou o “Marechal de Ferro”,
consolidando a República no Brasil de forma enér-
Bateria militar durante a Revolta da Armada, ocorrida durante o gica e violenta.4
governo de Floriano Peixoto.
A República Oligárquica: Caracterização:
Fonte: Wikimedia Commons.
“Coronelismo”, “Voto de Cabresto”, Política do “Café
com Leite”, Política de Valorização do Café, “Política
O Tenentismo, as Revoltas de 1922 - 1924 e a dos Governadores”; a Constituição de 1891
“Coluna Prestes”
Em uma tentativa de consolidar o projeto republica-
O movimento Tenentista destacou-se primeiro no, procurou-se alterar rapidamente nomes e símbolos,
com os “18 do Forte de Copacabana” em julho de 1922. procurando evidenciar a mudança de regime. O largo do
Entre 1924 e 1926, a Coluna Prestes, sob a liderança de Paço passou a se chamar 15 de novembro e a Estrada de
Miguel Costa, Luís Carlos Prestes e Juarez Távora, pre- Ferro Pedro II passou a ser a Central do Brasil. Mudou-
tendia sacudir o país, guiada pelo sentimento patrió- -se, também, o impresso no papel-moeda, deixando de
tico de libertar as massas da dominação dos coronéis. lado imagens da monarquia e pondo no lugar símbolos
da República. Ainda assim, a população não se acostu-
mou tão rapidamente com as mudanças, por vezes se
referindo aos nomes e símbolos advindos do tempo da
monarquia. Procurou-se, ainda, construir novos heróis e
o principal deles foi Tiradentes, transformado, no perío-
do, em mártir da República.
A Constituição de 1891 estabeleceu as bases do novo
regime: presidencialista e federalista. Para além disso, a
Igreja separou-se do Estado e se instituiu o regime civil
para casamentos, nascimentos e mortes. O federalismo
organizava o novo regime em bases descentralizadas, de
modo que as antigas províncias, agora estados, obtives-
sem maior autonomia, caindo por terra a concepção de
Coluna Prestes. centralismo que vigorava na monarquia.
Como se sabe, houve um consenso a respeito da
Fonte: Wikimedia Commons. importância do Exército para a efetivação do golpe de
1889 e para a implantação da República, o que lhe confe-
A insatisfação tinha entre seus atores: a classe riu enorme prestígio; mas também incentivou a ambição
média (descontente com a inflação), os intelectuais política desse grupo, o que não foi visto com os mesmos
(viam o coronelismo como uma “pedra no caminho” bons olhos. Havia desunião e desacordo entre as elites
para o Brasil se tornar civilizado), os empresários civis a respeito do papel que deveria ser desempenhando
(ligados aos setores têxteis e alimentícios que exigiam pelo Exército na nova sociedade e no novo regime.
uma política de industrialização para o país), os ope- Em 1894, depois de anos em que o governo da
rários (combativos e organizados em torno do Partido República havia ficado nas mãos de militares, novas
Comunista, fundado em 1922) e os oficiais do Exército eleições foram convocadas, e Prudente de Morais, do
HISTÓRIA DO BRASIL

(defendendo um Estado forte, autoritário e interven- Partido Republicano Paulista, venceu a disputa. Era
cionista para a modernização do país). a vitória da corrente moderada do PRP, que preten-
dia uma política de pacificação do país e garantia dos
interesses das elites cafeicultoras de São Paulo. A par-
tir de 1898, foi criada a Política dos Governadores,
ou Política dos Estados, que reconhecia a autonomia
das elites regionais — o que significava, por vezes,
ignorar os excessos dessa elite.

3 HIGA, C. C. Revolução Federalista. Mundo Educação, 2022. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/revolucao-fede-


ralista.htm. Acesso em: 24 nov. 2022.
4 Ibid. 289
O controle do governo federal, a partir desse perío- Algumas Revoltas Sociais da República Velha:
do, revezava-se entre Minas Gerais e São Paulo, posto Revolta da Chibata, Revolta da Vacina, o Fenômeno
serem essas as unidades da federação reconhecidas do Cangaço
como as mais importantes, já que seus eleitorados
eram grandes e implicavam em significativa presen- z Revolta da Chibata
ça parlamentar. Esse momento ficou conhecido como
Política do Café com Leite. No Brasil, como em outras partes do Ocidente,
A estabilidade política da República garantia-se por teorias como o darwinismo cultural ganharam for-
meio de três procedimentos: a conservação, pelos gover- ça, o que significa dizer que a compreensão de raça
nadores, dos conflitos à esfera regional; o reconheci- se fazia a partir de dados essenciais e fixos, e que a
mento, pelo governo federal, da autonomia dos estados humanidade, por sua vez, se dividia a partir de hierar-
frente à política interna e, por fim, a manutenção de um quias consideradas naturais.
processo eleitoral em que as fraudes eram frequentes. A conclusão era de que os brancos caucasianos,
Alguns dos processos de fraudes presentes no regime “mais evoluídos”, estariam no topo dessa hierarquia,
podem ser exemplificados pela chamada “degola”, que e que os negros se encontravam na base dessa pirâmi-
consistia no não reconhecimento do eleito pela Comis- de social, passíveis de toda “degeneração hereditária”.
são de Verificação da Câmara dos Depurados, e pelo A mestiçagem, por sua vez, era compreendida como
“voto de cabresto”, que era uma prática muito comum um grande mal e decadência social.
e dizia respeito à lealdade dos votantes ao chefe local. Assim, Oswaldo Cruz iniciou movimentos que preten-
Havia, ainda, o chamado “curral eleitoral”, que aludia diam melhorar a saúde no interior, pois os sertões fervi-
ao barracão onde os votantes eram mantidos e vigiados, lhavam de doenças. Os grandes alvos das doenças eram
saindo do local apenas na hora de depositar o voto, que os sertanejos, caipiras, populações do interior e ex-escra-
já estava dado ao receberem um envelope fechado. vos, ou seja, tratava-se de uma questão social também.
O voto era uma espécie de moeda de troca, já que Nesse contexto, os marinheiros, entre 22 e 27 de
as relações de poder se desenvolviam a partir do novembro de 1910, protagonizaram, na baía de Gua-
município, o que deu origem ao que os historiadores nabara, a Revolta da Chibata. Os marujos eram majo-
chamam de coronelismo. Esse fenômeno dava vistas ritariamente negros e mestiços, e a ordem na Marinha
a um complexo sistema de negociação entre chefes era mantida com a aplicação de castigos físicos, como
locais e governadores de estados, e destes com o pre- no uso do chicote, o que deu nome à rebelião.
sidente. O coronel foi um elemento fundamental na Embora o uso da chibata na manutenção da ordem
estrutura oligárquica, que se baseou nos poderes per- tenha sido uma herança da Marinha portuguesa, no
sonalizados, concentrado nas grandes fazendas e lati- Brasil ela tomou novas conotações, dado que era asso-
fúndios. O coronel apoiava o governo estadual com ciada à escravidão; e, mesmo que a escravidão tenha
seus votos e em troca o governo garantia o poder do sido abolida em 1888, continuavam, na Marinha, as
coronel sobre seus dependentes e oponentes, por meio da práticas de castigo físico típicas do período e, ainda
cessão de cargos públicos. A República mantinha-se, des- por cima, amparadas pela legislação.
sa forma, por via de favoritismo, negociações e repressão. A revolta se deu na ocasião das eleições entre Her-
mes da Fonseca e Rui Barbosa. Enquanto a candidatura
de Hermes da Fonseca representava a volta do Exército
ao poder, a de Rui Barbosa indicava o funcionamento
regular das instituições e a permanência das lideran-
ças civis no exercício do governo. Hermes da Fonseca
ganhou as eleições e, enquanto em terra se celebrava
sua vitória, nos navios de guerra a situação era tensa.
O castigo de 250 chibatadas infligido a Marcelino
Rodrigues Menezes foi o estopim, em um cenário que
prenunciava revolta há bastante tempo. Os marinheiros,
em 16 de novembro, ocuparam navios e direcionaram
seus canhões para a cidade, mandando uma advertên-
cia ao governo: ou os castigos corporais na Marinha do
Brasil eram suspensos, ou a capital seria bombardeada.
Charge de 1927 ironizando a prática do voto de cabresto. O governo cedeu, os revoltosos receberam anis-
tia e os navios foram devolvidos. Contudo, em 24
Fonte: Educação O Globo.
de dezembro, 22 marujos foram presos na ilha das
z Política de Valorização do Café Cobras, acusados de conspiração; um deles havia sido
o principal líder da revolta, João Cândido. Desses 22
O café era o produto de maior importância nessa homens, apenas dois sobreviveram após as torturas.
época e, por isso, comandava a economia brasileira. João Cândido recebeu a alcunha de Almirante Negro
Assim, as medidas do governo tinham o intuito de pela imprensa e se tornou um herói popular.
favorecer a agricultura e o café. Note que: Após a Revolta da Chibata, a Marinha recuou até
o fim da Primeira República, mas o movimento fazia
Para proteger os interesses dos cafeicultores, tor- parte de um contexto mais amplo de revoltas milita-
nava-se necessário manter baixo o valor da moe- res, como a Revolta da Escola Militar da Praia Ver-
da nacional. Assim, mesmo que o preço do café no melha, a Revolta dos Sargentos e a Primavera de
exterior estivesse baixo, quando convertido em Sangue, movimentos que apontavam para a fissura
moeda brasileira dava bons lucros aos fazendeiros. no centro do poder republicano.
A desvalorização da moeda nacional encarecia os
produtos importados.5

5 VALORIZAÇÃO do café. Brasil Escola, 2022. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/valorizacao-cafe.htm. Acesso em: 24 nov.
290 2022.
z Revolta da Vacina A indignação dos derrotados e as acusações de fraude
eleitoral foram incorporadas pelas oligarquias contrárias
A República estava ainda em processo de conso- a São Paulo, pelo Exército, pelo movimento operário e
lidação após a independência e, no início, muitos se pelas classes médias. O assassinato de João Pessoa em 26
empolgaram e aderiram ao projeto republicano. Mas, de julho de 1930 indignou a opinião pública, que acusava
com o passar dos anos, o descontentamento e desa- motivações políticas por trás do crime. No início de outu-
pontamento apareceram, e com eles, as revoltas. bro, Minas, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba
Em 1904, ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta
mobilizaram tropas até as fronteiras de São Paulo.
popular contra as medidas que pretendiam erradi-
Com a iminência de uma guerra civil, uma junta mili-
car a febre amarela, chamada de Revolta da Vacina.
tar depôs Washington Luís em 24 de outubro de 1930. Em
Nela, a população pobre, que havia sido expulsa dos
31 de outubro, Getúlio Vargas chegou ao Rio de Janeiro na
centros das grandes cidades e se fixado em seus arre-
dores, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola, condição de líder da Revolução, aclamado pelos tenentes
cuja iniciativa foi do sanitarista Oswaldo Cruz. e pela multidão. Em 3 de novembro de 1930, tinha início
Mesmo que a movimentação tenha sido resultado o governo provisório (1930-1934) sob a chefia de Vargas.
da desinformação a respeito da vacina, não podemos
limitá-la somente a isso, pois haviam mais elementos no
movimento: a população pobre se revoltava pela forma
como vinha sendo tratada pelo governo republicano.
A população reagiu com violência, quebrou trans-
portes públicos, depredou edifícios e atacou agentes
higienistas. O governo, por sua vez, também revidou
com violência: decretou estado de sítio, suspendeu
direitos constitucionais, prendeu os líderes e os depor-
tou para o Acre. Embora a revolta tenha sido controla-
da pelo governo e a varíola contida, o número de óbitos
foi grande, sendo trinta mortos e mais de cem feridos.

z Cangaço
Getúlio Vargas sendo recebido no Rio de Janeiro durante a
O movimento do cangaço foi uma forma conhecida Revolução de 1930.
como banditismo social, isto é, a violência dos ataques e
saques aos municípios e vilarejos do sertão nordestino Fonte: Aventuras na História.
envolvia disputas de terras, coronelismo, vinganças pes-
soais, revolta com a situação de miséria e a falta de assis- A ERA VARGAS
tência do poder público. Esses bandos eram formados por
jagunços e antigos capangas de fazendeiros que peram- O Governo Provisório; a Revolução Constitucionalista
bulavam armados pelo interior do nordeste. Os cangacei- de 1932; Governo Constitucional de Vargas; a
ros tornaram-se extremamente temidos por todo o país, Constituição de 1934; Radicalização Ideológica:
sendo seu mais famoso líder Virgulino Ferreira da Silva, o
Comunistas Versus Integralistas; a Intentona
Lampião. Quando de sua morte, em 1938, sua cabeça foi
Comunista de 1935; a Revolta Integralista de 1938
exibida em praça pública, ao lado de outros do seu bando,
como sua companheira, conhecida como Maria Bonita.
Uma coligação entre oligarquias adversárias de São
Paulo e frações do Exército ocupou o poder na queda da
República Oligárquica. Todavia, a única coisa que unia
todos esses setores era a oposição aos oligarcas do Par-
tido Republicano Paulista (PRP): os tenentes defendiam
um governo forte e centralizado que tutelasse a socieda-
de e intervisse na economia, as elites gaúchas positivistas
eram inclinadas a um Estado centralizado e interventor,
as elites mineiras liberais simpatizavam com o federalis-
mo e com algumas reformas sociais.
Em meio às tensões entre liberais e autoritários,
estava Getúlio Vargas, fazendo o papel de mediador
de interesses em conflitos, dando equilíbrio entre os
Lampião e Maria Bonita.
grupos em disputa e isolando seus opositores. Esse
Fonte: Aventuras na História. esquema ganhou o nome de “Estado de compromis-
HISTÓRIA DO BRASIL

A Ruptura Oligárquica e a Revolução de 1930 so”, reunindo liberais da velha prática política, refor-
madores políticos e sociais, o empresariado industrial,
Washington Luís (1926-1930) não se deu conta da que ainda era dependente da ajuda do café, a classe
frágil relação entre as oligarquias mais poderosas, em operária, organizada em torno de organizações sindi-
especial São Paulo e Minas Gerais, indicando o também cais, e uma classe média que ocupava cargos de fun-
paulista Júlio Prestes para a sua sucessão e não Antô- cionários públicos e profissionais liberais.
nio Carlos de Andrada, de Minas Gerais. Os mineiros Nesse período, destacam-se a fundação do Ministé-
romperam e apoiaram a Aliança Liberal, encabeçada rio do Trabalho e o Ministério da Educação, em 1931,
por Getúlio Vargas e João Pessoa, contra Júlio Prestes. e a vigência do novo Código Eleitoral (direito ao voto
A máquina política dominada pelos paulistas levou a feminino e Justiça Eleitoral autônoma para monitorar
melhor sobre a inovadora e reformista campanha da resultados e coibir fraudes), em 1932. Entre as tendên-
Aliança Liberal nas eleições de maio de 1930. cias político-ideológicas nos anos 1930, destacam-se: 291
z Positivismo corporativista: Estado forte, buro-
cratizado e interventor na economia, na educação
e nas relações de trabalho;
z Liberalismo: livre-iniciativa na economia, direito
inviolável de propriedade, liberdade individual,
liberdade de expressão, federalismo, independên-
cia entre os Três Poderes, limitação na participação
política popular e repressão contra movimentos
de massa;
z Esquerda (reformista e revolucionária): para os
comunistas, a saída para a crise capitalista era o
fim da propriedade privada e a construção de uma
sociedade igualitária. Ficavam entre a defesa da
revolução radical e a construção de uma aliança
entre setores democráticos e progressistas. Em
1934, socialistas, nacionalistas e comunistas aca-
baram convergindo na formação da Aliança Nacio- Cartaz convocando os paulistas a lutarem na Revolução
nal Libertadora (ANL). Suas principais bandeiras Constitucionalista de 1932.
eram o antifascismo, a crítica aos latifundiários e a
crítica ao capital financeiro e estrangeiro; Fonte: Wikimedia Commons.
z Fascismo: organizados sob a Ação Integralista
Brasileira (AIB), a ideologia integralista mistura- Para a redação de uma nova Constituição, hou-
va nacionalismo, civismo, corporativismo, anti- ve a formação de uma Assembleia Constituinte, que
comunismo e antiliberalismo, que deveriam ser se reuniu entre 1933 e 1934. Mesmo aprovando o
conduzidos por um Estado forte. Possuíam forte aumento dos poderes da União, sobretudo no campo
inspiração nos movimento nazifascistas europeus. da legislação econômica e social, frente aos estados, o
princípio federalista foi mantido.
O voto passaria a ser obrigatório e secreto, mas
continuava proibido aos analfabetos. Houve a criação
da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da jornada
de oito horas diárias e das férias anuais, que acaba-
ram demorando em ser implementadas. O governo foi
derrotado com a aprovação da pluralidade sindical.
Vargas foi confirmado como presidente pelo voto indi-
reto com mandato até 1938, quando deveriam ocorrer
novas eleições.
No entanto, a Intentona Comunista, iniciada
em julho de 1935, acabou mudando os rumos. Pres-
tes divulgou um manifesto pedindo a derrubada de
Integralistas reunidos. Vargas e defendendo todo poder à Aliança Nacional
Libertadora. Getúlio respondeu suspendendo as ativi-
Fonte: Toda Matéria. dades da ANL. No final de novembro de 1935, vários
quartéis se rebelaram em Natal, Recife e no Rio de
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista. Janeiro, mas acabaram derrotados.
A tensão teve início com a nomeação do coronel João A repressão foi intensa, com prisões, deportações,
Alberto (pernambucano, tenentista e de esquerda), proibição do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e
causando a ira dos paulistas, organizados sob Frente declaração de “estado de guerra” pelo governo. Ainda
Única Paulista (junção do PRP com o Partido Democrá- em 1935, o governo instituiu o Tribunal de Segurança
tico). Com a pressão, Vargas acabou nomeando Pedro Nacional para realizar julgamentos rápidos, pratica-
de Toledo (paulista e civil). A intenção de acalmar os mente sem direito de defesa. Na prática, a Constitui-
ânimos foi por água abaixo com a depredação do Diá- ção de 1934 estava suspensa.
rio Carioca (crítico do Governo Provisório), o que levou Em 1937, aproveitando-se do clima de agitação,
ao acirramento dos ânimos entre liberais e tenentistas. o governo alegou ter descoberto um documento que
A visita do ministro Osvaldo Aranha foi vista como provava um plano de tomada do poder pelos comu-
uma provocação pelos liberais. Em 23 de maio, a ten- nistas, denominado Plano Cohen. Essa falsificação ser-
tativa de tomar de assalto o Partido Popular Paulista viu de pretexto para que Vargas fechasse o Congresso
(PPP) acabou com a morte de Martins, Miragaia, Dráu- e suspendesse a constituição, dando início à ditadura,
zio e Camargo. Suas iniciais, MMDC, deram nome à
chamada de Estado Novo.
sociedade secreta criada para derrubar Vargas. A revol-
ta explodiu em 9 de julho, durou quase 3 meses e ter-
minou com a rendição de São Paulo em 3 de outubro.

292
Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcio-
nou da seguinte maneira:

z o poder político concentrava-se todo nas mãos do pre-


sidente da República;
z o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as
Câmaras Municipais foram fechadas;
z houve o fechamento de todos os partidos políticos;
z o sistema judiciário ficou subordinado ao Poder
Executivo;
z os Estados eram governados por interventores
nomeados por Vargas, os quais, por sua vez, nomea-
vam os prefeitos municipais;
Cerimônia de queima das bandeiras estaduais em 1937, dias após o z a Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram
golpe do Estado Novo. total liberdade de ação, prendendo, torturando e assassi-
nando qualquer pessoa suspeita de se opor ao governo;
Fonte: Blog Futebol e Diplomática. z a propaganda pela imprensa e pelo rádio foi larga-
mente usada pelo governo, por meio do Departa-
z Revolta Integralista de 1938 mento de Imprensa e Propaganda (DIP). O DIP era
incansável tanto na censura quanto na propaganda,
Ocorrido em maio de 1938, foi uma insurgência voltada para todos os setores da sociedade, como ope-
contra a Ditadura do Estado Novo e o governo de rários, estudantes, classe média, crianças e militares.
Getúlio Vargas. Procurava-se, assim, formar uma “ideologia estadono-
vista” que fosse aceita pelas diversas camadas sociais,
O líder Plínio Salgado, no entanto ao mesmo tem-
por grupos profissionais e intelectuais. Cabia também
ao DIP o preparo das gigantescas manifestações ope-
po em que entre os integralistas apoiava a insur-
rárias, particularmente no dia 1º de maio, quando os
gência contra Vargas, fazia um movimento oposto
trabalhadores, além de comemorarem o Dia do Tra-
junto ao Presidente tentando se reaproximar do
balho, prestavam uma homenagem a Vargas, apelida-
governo. Em 11 de março um primeiro movimento
do de “o pai dos pobres”.
revoltoso tomou corpo com algumas manifestações
na Marinha e uma tentativa de invasão da Rádio
Mayrink Veiga. Enquanto os revoltosos eram bru-
talmente reprimidos Plínio Salgado se refugiava em
São Paulo evitando se declarar publicamente sobre
o levante.6

É importante notar o seguinte:

Os integralistas foram reprimidos e presos em todo


país. Plínio Salgado negou qualquer participação
nos levantes e foi poupado da prisão até 1939 quan-
do foi encarcerado por alguns dias. Meses depois
foi novamente preso e encaminhado para o exílio
onde ficou até a retomada da democracia em 1945.7

O Estado Novo (1937 - 1945); a CLT; a Saída de


Vargas do Poder

Embora Vargas agisse habilidosamente, com o intuito


de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atua-
ção que gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos
convergiam para sua criação: a defesa de um Estado for- Propaganda veiculada durante o Estado Novo.
te por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para
manter os preços do café; os industriais, que seguiam a Fonte: Indagação.
mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o cresci-
HISTÓRIA DO BRASIL

mento das indústrias dependia da proteção estatal; as oli- Com a criação do Departamento Administrativo do
garquias e a classe média urbana, que se assustavam com Serviço Público (DASP), além de centralizar a reforma
administrativa, o governo tinha poderes para elabo-
a expansão da esquerda e julgavam que para “manter a
rar o orçamento dos órgãos públicos e controlar a exe-
ordem” era necessário um governo forte. cução orçamentária deles. Com a criação do DASP e
Além disso, Vargas tinha também o apoio dos milita- do Conselho Nacional de Economia, não só a atuação
res. Durante o período, foram implacáveis o autoritarismo, administrativa e econômica do governo passou a ser
a censura, a repressão policial e política e a perseguição muito mais efetiva, como também aumentou conside-
daqueles que fossem considerados inimigos do Estado. ravelmente o poder do Estado.
6 VELASCO, V. Levante Integralista, InfoEscola, [s.d.]. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/levante-integralista/. Acesso em: 24
nov. 2022.
7 Ibid. 293
A cafeicultura foi convenientemente defendida, a Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em
exportação agrícola foi diversificada, a dívida exter- 1941, e o torpedeamento de vários navios mercantes
na foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos aliados
mineração de ferro e carvão expandiu e a legislação em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes, Filin-
trabalhista foi consolidada com a adoção da Consoli- to Müller e Francisco Campos, defensores da aliança
dação das Leis do Trabalho (CLT). com os alemães, marcou a tomada de decisão. Em
As principais empresas estatais criadas no perío- 1944, foram mandados 25.000 soldados da Força Expe-
do foram: CSN — Companhia Siderúrgica Nacional dicionária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a
(1940); Companhia Vale do Rio Doce (1942); CNA — participação do Brasil no conflito.
Companhia nacional de Álcalis (1943); FNM — Fábri-
ca Nacional de Motores (1943) e CHESF — Companhia
A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1945 E 1985
Hidroelétrica do São Francisco (1945).
O antigetulismo tentava apontar para a contradi-
ção de um regime ditatorial que lutava por democra- Governo Dutra
cia ao lado dos aliados na Europa. A pressão política
acabou por levar o governo a aprovar o Ato Adicional Os eleitos, presidente e congressistas, tomaram pos-
nº 9, que previa a realização de eleições e a liberda- se em janeiro de 1946, e logo deram início aos traba-
de partidária. Entre abril e julho de 1945, o Partido lhos da Assembleia Constituinte que, oito meses depois,
Comunista Brasileiro voltou a funcionar, e foram fun- entregou uma nova constituição para o país, que man-
dados a União Democrática Nacional (UDN), o Partido tinha as conquistas sociais estabelecidas anteriormen-
Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Demo- te, mas marcava o estabelecimento da democracia e
crático (PSD). dos direitos políticos como elementos imprescindíveis.
O debate sobre a possibilidade de Vargas concor- Dutra assumiu no contexto da Guerra Fria e, desde o
rer às eleições foi bastante tenso; quando ele nomeou
início, deixou claro de que lado estava: adotou uma polí-
seu irmão Benjamin Vargas para a chefia da Polícia do
tica externa de alinhamento automático aos Estados Uni-
Distrito Federal, a oposição e o Alto Comando do Exér-
cito não aceitaram. Todavia, sem maiores resistências, dos, rompeu relações diplomáticas com a União Soviética
Getúlio aceitou a deposição em 29 de outubro de 1945. e estabeleceu os comunistas enquanto inimigos internos.
Na ausência de Congresso, José Linhares, presi- Desde 1945, Vargas havia anistiado os comunistas, e nas
dente do STF, dirigiu o país até a posse do eleito Eurico eleições desse ano, o Partido Comunista ocupou 9% dos
Gaspar Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas seguia, assentos do Congresso, mas a legalidade duraria pouco.
mesmo de sua fazenda em São Borja (RS), uma lide- Não precisou de muito, já que as greves do início
rança importante. Não à toa, voltaria ao Palácio do de 1946 foram suficientes para o governo responder
Catete através do voto em 1951. com forte repressão aos trabalhadores, sobretudo aos
comunistas, intervindo em mais de 140 sindicatos,
O Brasil na II Guerra Mundial: Fatores que Levaram o declarando ilegal a Confederação dos Trabalhadores
Brasil a Participar do Conflito; a Campanha da FEB do Brasil, e regulamentando o direito à greve. Em
1947, o Partido Comunista teve seu registro cassado
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em 1948, o Con-
o governo de Vargas ensaiou uma neutralidade para
gresso cassou todos os mandatos eleitos pela legenda.
negociar tanto com os Aliados quanto com o Eixo,
conseguindo financiamento dos Estados Unidos para Na economia, Dutra promoveu uma liberalização
a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda e aguda das importações, subsidiando-as com o câmbio
trocas comerciais com a Alemanha. desvalorizado; diminuiu a inflação à custa das reser-
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava vas internacionais alcançadas durante a Segunda
o desenrolar do conflito para determinar apoio ao Guerra, e não deu prosseguimento ao plano de indus-
provável vencedor, em seu governo haviam grupos trialização iniciado no governo anterior.
divididos e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo Em 1948, apresentou o Plano Salte (Saúde, Alimen-
Aranha, que era ministro das Relações Exteriores, tação, Transporte e Energia), mas boa parte do plano
era favorável aos Estados Unidos, enquanto os gene- não saiu do papel. Desde 1946, Vargas já havia rompi-
rais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao do com Dutra. Era preciso desassociar-se da imagem
nazismo. desse governo e planejar seu retorno.
Em 1949, iniciada a corrida eleitoral, Vargas des-
pontou com um programa nacionalista e industria-
lizante e percorreu todos os estados, costurando
alianças. Tocava em aspectos sensíveis, como aumen-
to do custo de vida, inflação, bem-estar social, sobera-
nia produtiva, dentre outros, conseguindo sensibilizar
empresários interessados na industrialização e operá-
rios saudosos do trabalhismo.
O candidato da União Democrática Nacional (UDN),
mais uma vez, foi Eduardo Gomes, e foi novamente
derrotado por suas próprias palavras: em comício,
anunciou ser a favor da extinção do salário-mínimo e
em benefício da liberdade contratual. O resultado das
Emblema utilizado pela Força Expedicionária Brasileira durante a
Segunda Guerra Mundial. eleições foi surpreendente, sendo 48,7% para Getúlio
Vargas ante 29,7% para o brigadeiro Eduardo Gomes.
294 Fonte: Wikimedia Commons. Vargas voltava “aos braços do povo”.
Segundo Governo Vargas Getúlio Vargas passou os últimos dias isolado no
Catete, com a opinião pública contrária à sua perma-
Vargas retornou ao Catete pelo voto popular, mas nência no poder. Na madrugada do dia 24 de agosto,
logo percebeu as dificuldades de governar sob um quando reuniu seu ministério, apenas um ministro,
regime democrático. Além disso, teria que pagar a Tancredo Neves, era partidário de uma resistência.
conta das diversas reivindicações que havia pactuado Contudo, Vargas sabia que sem os militares e os traba-
durante a campanha eleitoral. lhadores mobilizados seria inviável e, se negociasse,
Já no final de 1951, Getúlio enviou ao congresso seria desmoralizado. Assim, nas primeiras horas da
o projeto para criação da Petrobras, mantendo-se de manhã, o presidente cometeu suicídio.
acordo com suas propostas de estabelecer um desen- A reação foi tremenda, nunca vista nem repetida
volvimento autônomo, e a dependência da importação em toda história do Brasil. Uma população colérica,
de petróleo atrapalhava seus planos industrializantes. amargurada, saiu às ruas depredando qualquer sím-
A “Campanha do Petróleo” mobilizou e agrupou seto- bolo de oposição a Getúlio Vargas, como as redações
res contraditórios, sendo um dos poucos episódios de de O Globo e da Tribuna da Imprensa e a sede da Stan-
dard Oil. Iniciava-se uma caçada a Carlos Lacerda, que
maior consenso na história política brasileira. Outra
primeiro se refugiou na embaixada norte-americana
proposta do governo estava associada ao investimen-
e logo foi transferido de helicóptero, quando a popu-
to em energia elétrica; contudo, apenas em 1962 a Ele-
lação ameaçou invadir o prédio. Em frente ao quar-
trobras foi finalmente viabilizada.
tel-general da 3ª Zona Aérea, a população também
No seu governo, também aconteceu a expansão da
ameaçou invadir, mas foi duramente reprimida pelos
indústria de base, sobretudo siderúrgica, assim como a oficiais da Aeronáutica.
fabricação de automóveis, principalmente tratores e cami-
nhões, o que refletiu positivamente no governo seguinte, Governo JK
que conseguiu implementar a indústria de automóveis.
Evidentemente, a nacionalização de áreas conside- Em fevereiro de 1956, dois oficiais udenistas da Aero-
radas estratégicas, como energia e petróleo, e a pro- náutica planejaram instalar um foco de sedição na parte
posta de diversificação do mercado interno, causaram central do Brasil e iniciar uma guerra civil, dado o ódio
o primeiro embate sério de propostas entre o ideário que mantinham a respeito do resultado das eleições do
nacional-desenvolvimentista do governo e aqueles ano anterior, uma vitória “getulista” que havia alçado
que acreditavam em um desenvolvimento associado Juscelino Kubistchek à presidência da república.
com o capital internacional. Rapidamente foram desmobilizados. O oportunis-
Havia, ainda, a pressão exercida pelos latifundiá- mo de Carlos Lacerda já havia se manifestado pouco
rios intocáveis e de industriais que consideravam a tempo antes, quando pretendeu impugnar a eleição
legislação trabalhista onerosa demais, e a crise que se justificando que o candidato vencedor não havia obti-
abateu sob os partidos governistas. A oposição, sobre- do a maioria absoluta dos votos, mesmo que a Consti-
tudo a UDN, soube utilizar essas contradições. tuição não mencionasse esse aspecto. Certo foi que a
Para piorar, a partir de 1952, o apoio ao programa repercussão foi imensa, adentrando os quartéis e fer-
de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dimi- vendo o caldo golpista, recebendo simpatia, inclusive,
nuiu e o Banco Mundial iniciou a cobrança da dívida do presidente em exercício, Café Filho.
pelos empréstimos vencidos. Os sintomas foram ele- Quando Café Filho se afastou, alegando doença,
vação da inflação, aumento do gasto público e do cus- quem assumiu foi o vice-presidente da Câmara dos
to de vida e diminuição dos salários. deputados, Carlos Luz, um aberto simpatizante do
As greves da primeira metade de 1953 deram golpismo em curso. Para que o golpe se efetivasse, era
um empurrão maior, sendo afrouxadas apenas com necessário, contudo, tirar do caminho o único militar
a nomeação de João Goulart, hábil articulador com legalista do governo, Henrique Teixeira Lott, que
os sindicatos, para o Ministério do Trabalho. Um ano ocupava o cargo de Ministro da Guerra.
depois, a proposta de duplicar o valor do salário míni- Em novembro de 1955, Luz convocou o Ministro da
mo elevou ainda mais a temperatura, agitando os Guerra com intenções de contrariá-lo ao ponto de for-
çar sua renúncia e, na madrugada do dia 11, prevendo a
quartéis em disposições golpistas, tornadas públicas
movimentação golpista, convocou o presidente do Sena-
no “Manifesto dos Coronéis”, de autoria de Golbery
do e o líder da maioria na Câmara para anunciar seu
do Couto e Silva. A crise levou à demissão de Goulart,
contragolpe, e assim colocou suas tropas leais na rua.
assim como do Ministro da Guerra de Vargas.
Em sessão extraordinária, os deputados depuse-
Em 5 de agosto de 1954, iniciava-se a contagem
ram Carlos Luz que, por sua vez, foi sucedido pelo
regressiva para o fim trágico do governo Vargas. Um
presidente do Senado, Nereu Ramos. Contudo, a
atentado deixou o principal opositor, Carlos Lacerda, aventura golpista só foi finalizada quando o congresso
HISTÓRIA DO BRASIL

levemente ferido, e levou à morte o major Rubens Vaz. interditou o vice-presidente Café Filho, que havia se
A campanha de desmoralização do governo mobili- recuperado e estava disposto a reassumir o governo.
zada pela imprensa foi intensificada, denunciando Quando Juscelino assumiu, nomeou Lott como seu
verdades e muitas outras calúnias, isolando cada vez Ministro da Guerra, anistiou os revoltosos e procurou
mais o presidente no Palácio do Catete. cooptar os militares com seus projetos de governo,
A Aeronáutica assumiu as investigações e logo como a modernização do exército, a efetivação de
chegou-se à conclusão de que se tratava de crime de uma indústria bélica, a compra de um moderno avião
mando, e o pior: o mandante foi o chefe da Guarda Viscount para a Aeronáutica e de um porta-aviões da
Presidencial, Gregório Fortunato. Embora Getúlio fos- marinha britânica, rebatizado de Minas Gerais, sem
se inocente, as pressões foram corroendo a autoridade falar na distribuição de cargos para militares. A estra-
do presidente, culminando na invasão do Catete pelos tégia funcionou em curto prazo, mas a ausência de
oficiais da Aeronáutica para confiscar documentos. punição aos insubmissos cobraria logo um caro preço. 295
A marca do seu governo estava sintetizada, contu- espaço de cinco anos. Quadros tinha fama de mora-
do, no seu Plano de Metas, que tinha como intenção lista, mas também de administrador honesto; não se
viabilizar um crescimento de “cinquenta anos em considerava getulista, tampouco inimigo destes.
cinco”. E, de fato, Juscelino efetivou logo uma agenda Assim, logo chamou a atenção da UDN que, em uma
de crescimento acelerado, sobretudo na área indus- colisão com pequenos partidos paulistas, decidiu apoiá-
trial de bens de consumo duráveis. -lo à presidência. Seu jeito espalhafatoso foi certeiro,
Seu governo deu prioridade ao setor de transporte propondo medidas austeras de combate à inflação, de
rodoviário, mas a estendeu para o setor automobilís- limpeza moral da administração pública, e dizendo que,
tico como um todo; além disso, deu ênfase à indústria com sua “vassoura”, varreria a corrupção do país.
pesada, de alimentos, e alocou recursos para a área de Do outro lado, as opções eram curtas, e o PSD
energia. Entre 1956 e 1960, expandiu de forma inédita resolveu lançar a candidatura do marechal Lott, que
a malha rodoviária, aumentando a possibilidade de gozava de prestígio entre políticos e militares, e não
circulação de mercadorias e de comunicação. possuía menor carisma eleitoral. O vice trazia a forte
Esse período também foi rico em inovações, com presença de João Goulart, novamente, pelo PTB.
aumento expressivo da participação política, de alte- Elegeu-se, finalmente, Jânio Quadros para presidente,
rações nos comportamentos culturais e de maneiras com mais cinco milhões e meio de votos, e João Goulart
de se repensar o lugar do Brasil no mundo. para vice, com mais de quatro milhões e meio de votos.
Intelectuais trabalhavam juntamente ao governo Isso aconteceu porque a legislação da época previa vota-
em órgãos como o Instituto Superior de Estudos ção independente no pleito para presidente e vice.
Brasileiros (Iseb), em teorias econômicas e sociais, Quadros estabeleceu uma política externa inde-
como a ideia de subdesenvolvimento, advindas da pendente, restabeleceu relações diplomáticas e/ou
Comissão Econômica para a América Latina e o comerciais com a União Soviética e demais países
Caribe (Cepal), com Celso Furtado, a busca da brasili- socialistas, conseguiu renegociar a dívida externa
dade, cuja valoração estava no cotidiano das pessoas, e propôs um completo programa para estabilizar a
refletida nas peças de companhias como o Teatro de inflação. Por outro lado, entrava em choque constan-
Arena, Opinião e Oficina. temente com o congresso, a imprensa e com o vice-
O cinema também partilhou dessa busca da brasi- -presidente; rompeu com a UDN por conta de sua
lidade, com as chanchadas e a incorporação nata da política externa; baixou inúmeros decretos de caráter
ideia de subdesenvolvimento nos filmes do movimen- moralista; propôs uma caçada aos corruptos e conde-
to do Cinema Novo. Diametralmente oposta a essa nava e achincalhava mesmo sem provas.
brasilidade estava a Bossa Nova, uma outra maneira Seu isolamento na presidência era quase intranspo-
de exportar a modernidade em ascensão do país, mas nível, mas ele tinha um plano para se livrar das “amar-
também produto dessa época. ras constitucionais”. Em julho de 1961, enviou João
Diferentemente de Vargas, que propunha um pro- Goulart em missão econômica à República Popular da
jeto nacionalista de industrialização, Juscelino apos- China e em agosto concedeu a Grã-Cruz da Ordem do
tou em uma industrialização financiada pelo capital Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o que foi inad-
externo. O projeto ousado no Plano de Metas só podia missível para Carlos Lacerda, denunciando seu gover-
ser implementado por meio do escancaramento do no em cadeia nacional de rádio e televisão.
país às multinacionais e à concessão de privilégios fis- No dia 25 de agosto, Jânio Quadros, tentando burlar
cais e econômicos, o que aumentou significativamen- todos esses entraves, entregou uma carta de renúncia
te a dependência do país. a seus ministros militares para que fosse entregue ao
Em pouco tempo, empresas estrangeiras domina- Congresso às quinze horas. Com isso, Jânio pretendia
ram setores do desenvolvimento econômico brasilei- causar uma comoção nacional que o reconduzisse ao
ro, a dívida externa aumentou por conta dos gastos e governo com plenos poderes.
a inflação foi inevitável (40% em 1959). A bomba fis- Além disso, contava com a desconfiança que os
cal foi a construção de Brasília, planejada ainda em militares possuíam de seu vice que, por sua vez, esta-
1956 e forçada para ser entregue ainda no governo de va longe, na China comunista, o que inviabilizaria
Juscelino, servindo bem aos propósitos do presiden- qualquer tentativa de Goulart assumir o governo.
te: barganhar com poderosos interessados em lucrar A manobra foi um fracasso. O Congresso aceitou a
com o projeto e desviar a atenção da população dos renúncia, o povo não se mobilizou nem os governa-
problemas imediatos, como a questão da concentra- dores se manifestaram. O presidente da Câmara dos
ção agrária e a inflação. Além de tudo, era o melhor Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente,
exemplo da modernidade cantada por Juscelino. e uma nova crise de sucessão estava armada.
Os ministros militares haviam deixado claro que
Governo Jânio João Goulart não assumiria a presidência e que, se
voltasse ao Brasil, seria preso. Mais uma vez, o mare-
Embora Juscelino Kubistchek tenha chegado ao chal Lott, no Rio de Janeiro, marcou a divisão nas
final do seu mandato com popularidade considerá- Forças Armadas e lançou um manifesto em apoio à
vel, eram visíveis os problemas enfrentados pelo país, legalidade; contudo, foi preso e isolado em uma ilha
sobretudo por conta da grave situação financeira. O na entrada da baía de Guanabara.
próximo governante teria pela frente bastante traba- No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Bri-
lho porque, para controlar a inflação, seria preciso zola propôs outras formas de resistência: mobilizou
fazer ajustes nada populares, como diminuição dos a Brigada Militar gaúcha, instalou a Rádio Guaíba no
salários, créditos e gastos públicos. subsolo do Palácio Piratini e de lá lançou a Rádio da
Em uma campanha bastante inusitada, a estrela Legalidade, sublevando a população e convocando o
foi Jânio Quadros, que possuía uma carreira políti- país inteiro a garantir a ordem institucional.
ca meteórica, sendo eleito vereador, deputado esta- Os militares golpistas ordenaram o bombardea-
296 dual, prefeito e governador de São Paulo em um curto mento do Palácio Piratini, mas militares legalistas da
base sabotaram a decolagem, esvaziando os pneus e os graves problemas econômicos, buscando controlar a
desarmando os aviões que seriam utilizados. Nesse inflação e retomar o crescimento.
mesmo tempo, outro militar legalista, o general José Para a parte econômica, o governo apresentou o
Machado Lopes, comandando o III Exército, aderiu- Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado. Planejado
-se à resistência. O número de resistentes no Sul era para dois momentos, em princípio propunha um modelo
alto, contando com mais de 80 mil pessoas. ortodoxo, aos moldes do Fundo Monetário Internacional,
Em seguida, o governador de Goiás, Mauro Bor- visando controlar as finanças públicas; posteriormente,
ges, declarou seu apoio e, no restante do país, greves previa o andamento das reformas estruturais, prevendo
estouravam por todo lado exigindo respeito à Consti- gastos menores, impostos mais progressivos e integrados,
tuição. O país estava à beira de uma guerra civil quan- agricultura mais produtiva e revisão das condições de
do o Congresso interviu na crise, propondo a adoção crédito, incidindo diretamente em dois problemas gra-
do parlamentarismo; assim, Goulart poderia assumir, ves: os custos de alimentação e moradia.
mas com os poderes limitados. O plano fracassou em diversas frentes, sobretudo pela
Embora houvesse incerteza quanto a isso e, do Sul, indisposição dos setores mais amplos em aceitar os acor-
Brizola insistisse para que João Goulart marchasse dos necessários. Sindicatos não aceitaram as medidas
com o III Exército para Brasília e assumisse o poder restritivas de salários, os empresários e associações do
integralmente, Jango acabou aceitando, provavelmen- mercado não aceitaram o controle dos preços, e os indus-
te temoroso dos resultados de uma guerra civil. triais abandonaram em 1963 o consenso que haviam ofe-
recido inicialmente. No final desse ano, o governo cedeu
Governo “Jango” às pressões, aumentando os salários dos funcionários
públicos e liberando crédito. O Plano Trienal havia sido
Jango tomou posse no dia 7 de setembro de 1961, em derrotado.
regime de emergência, com a inflação ascendente e com Entre setembro e outubro de 1963, a crise foi turbi-
elevada dívida externa a ser paga logo no início de 1962. nada por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal
O golpismo escancarado havia regredido por conta da de não permitir a posse dos militares eleitos (entre verea-
elevada tensão política, mas as conspirações não cessa- dores e deputados) nas eleições do ano anterior; essa
ram. Logo ficaria claro que, da esquerda à direita, não situação ocasionou uma rebelião de sargentos e cabos,
havia disposição de facilitar a governança de João Gou- sobretudo da Marinha e Aeronáutica, que terminou com
lart, levando-o ao ocaso mediante um golpe civil-militar a condescendência do presidente diante da insubordina-
das direitas. ção militar, embora os revoltosos tivessem sido presos.
O parlamentarismo foi um fracasso desde o início, Nesse mesmo ano, Carlos Lacerda clamou ao gover-
e logo foi completamente desacreditado por lideranças no dos Estados Unidos que interviesse de modo a pre-
civis e militares, tendo o PSD e a UDN retirado o apoio ao servar a “democracia” no continente e frear o “golpe”
modelo ainda no começo de 1962. comunista planejado por João Goulart. A incapacidade
O Primeiro Ministério, cujo lema era “unidade nacio- do presidente em lidar com esse evento – entre declarar
nal”, tinha Tancredo Neves como primeiro-ministro, e Estado de Sítio ou não – é considerado o início da ruína
sua ideia era consolidar um governo com uma agenda do seu governo.
reformista, “gradual e moderada”, mas que não estabele- A partir do final de 1963, a grande imprensa foi fun-
cia prazos nem caminhos. damental para repercutir uma tese que dizia que as
As esquerdas radicalizavam ante o dinamismo enxu- reformas de base insistidas pelo governo eram mero
to do governo, propondo reformas mais radicais, a cami- pretexto para um golpe que levaria o país ao comunis-
nhar para a “Revolução Brasileira”. Em novembro de mo. A imprensa fazia coro aos interesses dos empresários
1961, o discurso de Francisco Julião, líder das Ligas Cam- e executivos a serviço do capital estrangeiro e ressoava
ponesas, deixava claro a tônica política do momento: “a nas classes médias, temerosas de uma “proletarização”
reforma agrária será feita na lei ou na marra, com flores do país. Organizações financiadas pela Central Intelligen-
ou com sangue”. ce Agency (CIA), como o Instituto de Pesquisa e Estudos
Desmoralizado por todos os lados, o gabinete Tan- Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática
credo renunciou em julho de 1962, e os dois ministérios (Ibad), também se engajaram na produção de propagan-
sucessores, de Francisco de Paula Brochado da Rocha da e articulação golpista.
e de Hermes de Lima, buscaram formas de retomar o A virada fundamental ocorreu no início de 1964: o
presidencialismo. comício da Central do Brasil, no dia 13 de março, no qual
As eleições de 1962 para os governos estaduais e para João Goulart defendeu enfaticamente as reformas de
o legislativo consolidaram a ascensão do PTB de Jango e, base e que foi visto pela direita como o passo decisivo em
desse modo, o plebiscito que visava escolher entre presi- direção ao golpe comunista. A reação das direitas se deu
dencialismo e parlamentarismo foi adiantado para janei- com a inauguração da Marcha da Família com Deus
ro de 1963, dando vitória inconteste ao presidencialismo. pela Liberdade, no dia 19 de março.
Esse momento inaugurou nova fase do governo de Em menos de duas semanas, na madrugada do dia
HISTÓRIA DO BRASIL

Jango, cuja percepção entre trabalhistas, socialistas e 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu de
comunistas era de desentrave para o andamento das Minas Gerais com suas tropas, dando início ao processo
reformas de base (reforma agrária, bancária, eleitoral, que culminaria no golpe civil-militar do dia 1º de abril de
tributária e revisão da remessa de lucros das multina-
1964.
cionais). Contudo, a mobilização não-parlamentar de
esquerdas, Frente de Mobilização Popular, ainda acu-
sava Jango de ser “conciliatório”, por manter as propostas Movimento Militar de 31 de Março de 1964
reformistas dentro de um Congresso majoritariamente
conservador e dominado por elites regionais. O tempo de disputas institucionais e nas ruas em
No ano de 1963, o presidente teve que lidar com dois torno da implementação das reformas de base pro-
temas que mobilizavam ou implicavam a população de postas pelo presidente João Goulart foi findado com
alguma forma: a reforma agrária, carro-chefe da sua um golpe militar, apoiado por parte expressiva da
agenda reformista, disputada no âmbito institucional, e sociedade civil, no dia 31 de março de 1964. 297
A ditadura inaugurou 21 anos de generais na dire- Além desta articulação interna, o golpe foi apoia-
ção do Estado brasileiro, sem nenhum tipo de alter- do pelos Estados Unidos, que prepararam, inclusive,
nância partidária no poder e com um alto nível de uma operação militar – conhecida como Brother Sam
violência política. Contudo, para entendermos melhor – para caso houvesse resistência por parte de João
esse período, é preciso retornar às disputas políticas Goulart. Em sessão do Congresso Nacional, convocada
em torno da aceitação ou não do varguismo. para as 2h40 de 2 de abril de 1964, o Senador Auro de
A modernização industrial iniciada pelo nacionalista
Moura Andrade declarava vaga a presidência, muito
Getúlio Vargas, e sua proposta de uma política externa
mais autônoma em relação às grandes potências, levou embora Goulart ainda estivesse no Brasil.
a um alargamento da participação política interna; os Goulart, por sua vez, exauridas todas as possibi-
governos que o sucederam tiveram de se equilibrar lidades de resistir ao golpe, partiu para o exílio no
entre essa nova dinâmica interna, de grande politiza- Uruguai. Apesar de tudo, uma pesquisa de opinião
ção, dentro de um contexto marcado pelos fantasmas da mostrava que Jango gozava de amplo respaldo: 45%
Guerra Fria, assim como sucessivas ameaças golpistas. considerava seu governo “ótimo” ou “bom”; 49% pla-
Desde o final do governo de Juscelino Kubistchek, nejavam reelegê-lo em 1965; e apenas 16% considera-
a economia dava sinais de crise, com a diminuição va seu governo “ruim” ou “péssimo”.
da taxa de crescimento, desequilíbrio das finanças
públicas e aumento da inflação, crise essa agravada Governo Castello Branco
pela renúncia de Jânio Quadros apenas oito meses
após sua posse. A tentativa fracassada de setores gol-
pistas dentro das Forças Armadas de impedir a posse Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional
de Goulart, principal herdeiro do varguismo, elevou a elegeu, no dia 9 de abril de a1964, o Marechal Humber-
gravidade das sucessivas crises. to de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presi-
Empossado, Jango não foi capaz de se equilibrar e dência da república. O discurso oficial afirmava, com
atender às demandas dos distintos grupos, e seu gover- apoio de importantes lideranças como Juscelino Kubist-
no foi perdendo cada vez mais apoio popular, isolan- chek e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam
do-se em relação ao conservadorismo institucional. no poder apenas por um período curto, até que a cor-
O golpe militar de 1964 foi aplaudido e auxiliado por rupção fosse extinta e o crescimento econômico fosse
conspiradores ligados à UDN e aos demais setores civis retomado, gozando, assim, de grande legitimidade. Con-
antivarguistas, tendo à frente civis como Ademar de Bar- tudo, logo descobriu-se que a intervenção de 1964 seria
ros, governador de São Paulo, Carlos Lacerda, governa- muito diferente das demais intervenções militares.
dor da Guanabara, e Magalhães Pinto, governador das
No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio-
Minas Gerais. Foi apoiado também por militares anti-
comunistas radicais, pelo núcleo ligado ao Instituto de nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran-
Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), que já colhia infor- cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador
mações desde 1961, e pela cúpula da Igreja Católica. do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos.
O golpe civil-militar foi justificado pela Doutrina Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
de Segurança Nacional, cujo conteúdo foi reitera- cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre-
damente ministrado na Escola Superior de Guerra to do estado de sítio, assim como marcava as eleições
(ESG), criada em 1949, e que contou com assistência presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que,
francesa e norte-americana. O objetivo da ESG era evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as
treinar quadros de alto nível para as tarefas de dire- primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini-
ção e planejamento da segurança nacional. cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek.
Nesse contexto, às Forças Armadas foi atribuída A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965
uma nova função, desempenhar o papel de dirigente,
fez com que o governo planejasse, também, o controle
diferentemente do papel de interventor transitório
ocupado em outros golpes na história recente brasi- do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio-
leira. Assim, os militares passaram a ocupar variadas nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
funções políticas e administrativas, chegando a ocupar ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei-
quase 30% de todos os cargos civis do Estado em 1979. ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
criar uma fachada democrática.
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposicio-
nista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indiretas para
presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já o terceiro
Ato Institucional (AI-3) previa eleições indiretas para os
governos estaduais. A Lei da Imprensa e a Lei de Segu-
rança Nacional, de 1967, solaparam de vez a liberdade
de expressão e quarto Ato Institucional (AI-4) foi baixado
para garantir a aprovação da nova Constituição Federal.
Na intenção de erradicar a elite política e intelec-
tual reformista do coração do Estado, o governo de
Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de
700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas
receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu-
cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido
dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230
Tanque passando pela cidade do Rio de Janeiro em 1964. punições aos militares oposicionistas ao longo de todo
298 Fonte: Site Outras Palavras. o regime foram efetuadas sob seu mando.
A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas O endividamento externo é, também, marca des-
principais medidas estavam sintetizadas no Plano de se período, agravado ainda mais pela primeira crise
Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a problema estava no financiamento das indústrias
reorganização das finanças públicas mediante um novo estatais mediante crédito de bancos privados inter-
sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros
externa a fim de alcançar novos empréstimos. altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal-
No que se refere à nova política salarial, os salá- tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para
rios eram reajustados baseados em um cálculo que mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem-
considerava não somente a inflação dos últimos doze po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên-
meses, como também a previsão de inflação dos pró- cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o
ximos doze meses. Assim, “como a inflação era siste- alocavam entre os últimos.
maticamente subestimada, a nova legislação provocou
perda salarial sistemática, com perversos efeitos distri- Governo Geisel
butivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94).
Esse arrocho salarial era visto pelo governo como Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces-
um fator para a insatisfação popular e para a conse- sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da
quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964, ditadura. O novo presidente ficou responsável por
foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH), uma nova fase de institucionalização do regime,
mais tarde incrementado pela criação do Fundo de conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando ção para o um poder civil.
uma política de financiamento para a construção de Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri-
casas populares e um fundo para o trabalhador demi- meiro diz respeito ao restabelecimento da profissiona-
tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder- lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do
nização autoritária pressupunha o controle das poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu-
organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo tenção do controle da oposição de centro e de esquerda,
Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais. além daqueles indivíduos considerados “subversivos”;
o terceiro planejava a construção de uma democracia
Governo Costa e Silva restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção
das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o
O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de me frente às classes médias e empresariais.
março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como Somava-se a isso a aproximação do governo à
“linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci-
disso, implementou uma política externa mais nacio- mentos provam que a tendência autoritária do regime
nalista e menos alinhada aos Estados Unidos. ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei-
Seu breve governo ficou marcado pela implementa- ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que
ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições
viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele- de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a
cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos, tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no
suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia partido de modo a ampliar o número de votos.
a decretação de estado de sítio sem autorização prévia Além disso, militares de extrema direita respon-
mediante a centralização excessiva do poder Executivo deram violentamente às medidas propostas por Gei-
Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
de comunicação e sob os produtos culturais.
mesmo tempo em que organizações anticomunistas
tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo,
Governo Médici
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen-
O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
sura foi largamente utilizada até 1976.
rastazu Médici, o general de maior patente entre
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor
dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como
os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia
direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
HISTÓRIA DO BRASIL

acusado de subversivo, baseado em uma simples sus- vez que setores importantes da sociedade descredita-
peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre-
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir
“milagre econômico”, cuja taxa de crescimento o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo.
médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
ficou concentrada – e sustentada pelos juros baixos – veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
no setor de bens de consumo duráveis, além de um apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
crescimento exponencial no setor automobilístico. No repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
campo social, contudo, a situação não era favorável, são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
uma vez que o arrocho salarial e a concentração de tacar que embora somente esses dois casos tenham
renda não permitiram a transformação dos ganhos de repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
produtividade dos trabalhadores. denúncias eram feitas em relação às torturas. 299
Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro- O resultado foi a diminuição da inflação e um
ta do partido governista nas eleições do ano seguinte, boom consumista, que rendeu boa popularidade ao
fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun- presidente naquele momento. Esse consumismo, con-
to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão com que faltasse uma série de produtos na prateleira;
do mandato do presidente, de cinco para seis anos, mesmo que o governo tentasse importar esses gêne-
eleições indiretas para governadores de Estado e a ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita-
nomeação de um terço do Senado pelo presidente. dura impossibilitava.
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote, O Cruzado II foi anunciado em novembro de
inviabilizando o acesso da oposição à televisão. 1986, e previa o descongelamento dos preços, há mui-
O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na to exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas
industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico, dos serviços públicos. A inflação, que estava contida,
nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais, passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três
promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo- meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional
ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento de televisão para anunciar a moratória da dívida
econômico, dependendo cada vez mais de quantidade externa do Brasil. A crise parecia não ter fim.
vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar O Plano Bresser foi lançado tendo o objetivo de con-
que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em trolar a alta inflação da época. Ganhou esse nome por
seu governo, intercalada com períodos de crescimento, ter sido conduzido pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos
que seguiriam até o início do governo Figueiredo. Bresser-Pereira. Esse plano ocorreu depois de o Plano
Cruzado falhar no controle do aumento de preços.
Governo Figueiredo Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão,
criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi
O último presidente da ditadura foi João Baptista
um completo fiasco, pois, àquela altura, o governo já
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
havia perdido toda a sustentação política e se tornara
lidação da abertura. O último presidente não possuía
a mesma expertise política de seu antecessor e não extremamente impopular.
conseguiu manter o controle do processo de abertura. A partir desse momento, o país caminhou à hipe-
Seu governo ficou marcado pela maior crise eco- rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços
nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série de supermercado eram reajustados todos os dias e filas
de protestos e a emersão de novos movimentos sociais aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda
ocorreram sob sua governança, assim como violentos vez que surgia o menor indício de aumento dos preços.
ataques terroristas praticados pela extrema direita Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo
militar, intencionando parar o processo de abertura. da Constituinte, transformando os próprios congres-
sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com
A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ 2000) ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora-
dos e algumas propostas do PMDB foram considera-
O Governo Sarney; Crise e Hiperinflação da Década das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se
de 80; os Planos Cruzado, Bresser e Verão — tornaram constitucionais.
Caracterização e Razões do Insucesso Há que se dizer, por fim, que até o final do gover-
no Sarney, nenhuma ruptura significativa em relação
A morte de Tancredo havia abatido enormemente o
à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio
país, levando a uma comoção que há bastante tempo não
presidente, como dissemos), e também porque nenhum
se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a rampa
julgamento havia acontecido para punir militares envol-
do Planalto em um gesto bastante simbólico, pois se trata-
vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças
va do primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura.
se voltaram, enfim, para a primeira eleição direta que
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
escolheria um presidente da república em 21 anos.
presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec- A Constituição de 1988
tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso, A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos
organizar uma economia que herdava da ditadura dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto
dívida externa e inflação monstruosas. restabeleceu eleições diretas para presidente e demais
Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney cargos executivos, reduziu o mandato para quatro
decretou o congelamento dos preços, tentando dimi- anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de
nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir
orçamento e proibiu a contratação de funcionários dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44
públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária horas semanais, criou o abono de férias e o seguro-
passou a ser determinado pela inflação dos três últi- -desemprego, o décimo terceiro salário para aposen-
mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para tados, definiu como crimes inafiançáveis o racismo e
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí- a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de
colas, elevaram-na a 14% em agosto. expressão e aumentou significativamente os mecanis-
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru- mos de participação popular direta.
zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a O Governo Collor; o Plano Collor; o Impeachment de
conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que Collor; o Governo Itamar Franco
cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-
no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e
serviços, além de basear o salário na média do poder foram vividas como a possibilidade real de mudan-
300 de compra dos seis meses anteriores. ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa
pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente,
programa radical, como a supressão da dívida exter- Itamar Franco, e foi em seu governo que finalmente
na, considerada demasiadamente onerosa à classe houve o controle da inflação. O Ministério da Fazen-
trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco- em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe-
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima- sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua sequência à abertura comercial.
fama de “caçador de marajás”. O ministro também criou um padrão de valor
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula monetário, conhecido como Unidade Real de Valor
parecia radical demais, o que fez com que a grande (URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma
mídia, políticos conservadores, empresários e mili- URV – 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul- março de 1994 – e o cruzeiro real.
gamentos e punições, se aglutinassem em torno de Além disso, os salários foram estabelecidos a partir
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio de uma média da inflação dos últimos quatro meses.
do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB. Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
A disputa foi dura. que permanecia fixo, a equipe econômica finalmente
Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Collor sucesso que logo se converteu em inflação baixa.
passou a atacar seu adversário dizendo que o petis- Ainda durante o governo de Itamar, foi possível
ta confiscaria poupanças e apartamentos da classe chegar a um arguto acordo de renegociação da dívi-
média, além de ser incentivador do aborto. As emis- da, após os norte-americanos finalmente aceitarem a
soras de televisão tiveram papel fundamental para o proposta de Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder
declínio do candidato esquerdista, transmitindo com descontos para os montantes. Mas foi o sucesso do pla-
frequência os “alarmes” de Collor, em especial a Rede no real que marcou seu breve período à frente da pre-
Globo, durante seu principal telejornal. Collor, assim, sidência, sucesso esse que impulsionou seu ministro
foi eleito presidente pelo Partido da Reconstrução ao executivo federal.
Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
O Plano Real; os Governos de Fernando Henrique
nenhum apoio da estrutura partidária.
Cardoso até os Dias Atuais
No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla-
no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli-
z Governo FHC
cações em bancos e depósitos em contas correntes,
além da abertura comercial e do congelamento dos
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em
preços. Cerca de 95 bilhões de dólares foram confisca-
1995; é importante comentarmos que em seu governo
dos para bloquear a liquidez, a fim de conter a infla-
foi aprovada uma emenda constitucional que permi-
ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente
tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente
seu adversário faria caso chegasse à presidência.
da república. A votação foi permeada de acusações de
Ao fracasso de sua estratégia para economia,
compra de votos, que nunca foram devidamente apu-
somaram-se denúncias de corrupção no seu governo,
radas, e permitiu que FHC se reelegesse em 1998.
sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor,
A ampla mobilização popular reivindicando
em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um
melhorias nas condições de vida, desde os movimen-
amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa-
tos organizados no final da ditadura, começou a fru-
nha de Fernando Collor, conhecido como “PC Farias”.
tificar nos governos de FHC. Em 1995, foi criado o
Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis- programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as era a transferência de uma renda mínima a famílias
denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a pobres com a condição de manterem suas crianças
“laranjas” para o financiamento da campanha; desco- frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo
briram-se também “contas-fantasma” que financiavam governo federal, que foi capaz de estender o progra-
reformas na casa do presidente, mas que logo desco- ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo,
briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além também, o Bolsa Alimentação.
da compra de um carro para sua esposa com dinheiro Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan-
ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias. ças no modelo de proteção social tiveram início com
Uma série de protestos tomou conta do país: a o primeiro governo civil após a ditadura e registra-
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o
Congresso um pedido de impeachment do presidente; acesso à saúde, à seguridade e à educação básica.
HISTÓRIA DO BRASIL

surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga- Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa-
nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen-
tiveram papel importante e simbólico nos protestos: tralização de responsabilidades e recursos. Além da
por conta dos rostos pintados com as cores nacionais, descentralização e colaboração entre os níveis gover-
ficaram conhecidos como “cara-pintadas”. namentais, o Plano Real foi importante ao tornar
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a possível maior fluxo de recursos para a área social,
abertura do processo de impedimento e, no final des- o que produziu, por exemplo, a municipalização da
se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos
favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso à educação e à saúde se tornaram quase universais,
dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan- e a assistência social foi consideravelmente dilatada
do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o mediante programas de garantia de renda para idosos
mandato, e se tornou inelegível por 8 anos. e pessoas com deficiência. 301
No governo FHC também foram criados programas O governo Lula teve início com dois projetos para
que formavam uma rede de proteção social, como a a área social: o Fome Zero, uma proposta de políti-
previdência rural, e ainda programas não-contribu- ca de segurança alimentar para o Brasil; e Política
tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação Econômica e Reformas Estruturais. O primeiro foi
do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás, fruto do trabalho de 45 pesquisadores orientados por
Agente Jovem, Programa de Saúde da Família, Progra- José Graziano da Silva, e consistia em uma combina-
ma de apoio à Agricultura Familiar. Nesses progra- ção de políticas assistenciais com ações extensivas de
mas, houve uma opção pela transferência direta da incentivo à agricultura familiar.
renda monetária, distanciando-se de programas como O segundo documento, que foi preparado por eco-
os de distribuição de cestas básicas, que muitas vezes nomistas de orientação liberal, focalizava a política
econômica e incluía um capítulo de propostas de polí-
valiam à manipulação clientelista, tão comum na polí-
tica social. Assim, ele pretendia: recompor o equilíbrio
tica brasileira.
da previdência pública, garantindo sua sobrevivência
O governo de FHC também foi pioneiro no enfren-
a longo prazo; diminuir a pressão sobre os recursos,
tamento de algumas heranças da ditadura, no cam- permitindo o resgaste da capacidade de gastos públi-
po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída cos; e aumentar a equidade, reduzindo as distorções
a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja nas transferências de renda realizadas pelo Estado.
proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos O governo petista optou, então, por iniciativas de
durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico forte impacto simbólico, no ambiente nacional e inter-
para aqueles que perderam alguém e nunca chega- nacional. Nos primeiros dias da nova administração,
ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois, lançou-se o já mencionado programa Fome Zero e
em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo uma reforma da previdência social. Com a reforma da
indenizações às vítimas da ditadura. previdência, procurava-se reparar privilégios vigen-
tes, estabelecendo o mesmo teto para as aposentado-
z Governo Lula rias dos empregados do setor público e privado. Essa
foi uma medida bem recebida pelas agências interna-
Em 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Sil- cionais, que esperavam que o novo governo demons-
va, representante do Partido dos Trabalhadores (PT), trasse moderação política e se mantivesse dentro dos
assumiu a presidência do Brasil. Sua eleição signifi- parâmetros de austeridade fiscal.
cou, para muitos, a primeira grande mudança das eli- No que se refere ao Fome Zero, faltava consistên-
tes governantes desde a redemocratização, ainda que cia, pois muitas ações precisavam ser realizadas, e se
esse novo governo se sustentasse em uma coalização, carecia de articulação de vários setores. A fragilidade
do programa foi se evidenciando e, ainda em 2003, o
o que significa a inclusão de partidos que já haviam
Ministério de Segurança Alimentar, que havia sido
estado no poder nos últimos dezenove anos.
criado para mobilizar as ações necessárias para o fun-
As propostas de políticas sociais do Partido dos Tra-
cionamento do programa, foi fundido com o Ministé-
balhadores indicam uma reunião de continuidades e
rio da Assistência Social.
mudanças da forma de gestão, continuidade na política Assim, engendrou um novo programa de transfe-
econômica e algumas mudanças no âmbito social. rência de renda, o Bolsa Família, que unificou três
No que se refere à transferência de renda, que foi programas criados na administração de FHC: Bolsa-Es-
a caraterística mais marcante do governo de Lula, ela cola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás. Também foram
indica uma movimentação caraterística de proteção realizadas iniciativas que priorizaram a ação gover-
social, o que se afastava das expectativas reformistas namental na área da educação; além disso, propôs-se
que pairavam sobre o Partido dos Trabalhadores. a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
Com a redemocratização, como vimos, passou-se mento do Ensino Fundamental e Desenvolvimento
a identificar a necessidade de redirecionar as ações da Educação Básica (Fundeb), o que incluía o ensino
de políticas sociais como descentralização, participa- médio no sistema de incentivos que vinham sendo
ção dos beneficiários nas tomadas de decisões, racio- realizados pela administração anterior.
nalização dos gastos e maior isonomia na prestação Alguns autores argumentam que, embora de um
de serviços e benefícios. Além disso, constatou-se ser ponto de vista de classe, o PT continua sendo um par-
necessário políticas emergenciais voltadas para a tido dos trabalhadores, principalmente no que se refe-
população mais vulnerável economicamente. re à sua origem, pois é inegável que o PT foi criado por
O percurso feito até aqui indica que, quando o Par- e para trabalhadores. Houve um claro rompimento
tido dos Trabalhadores assumiu o governo em 2003, já com os interesses desse grupo; após assumir o poder,
haviam sido tomadas algumas ações visando a refor- as ideias, discursos e ações resguardadas pela direção
do partido apresentaram semelhanças embaraço-
ma do sistema de proteção social herdado da ditadu-
sas com as dos representantes da grande burguesia.
ra, além do êxito razoável na luta contra a pobreza,
De todo modo, as multidões continuaram indicando,
principalmente no que toca ao acesso à educação e
em momentos cruciais, o Partido dos Trabalhadores
saúde; entretanto, pouco tinha sido feito para a redu- como seu representante.
ção das desigualdades notáveis entre ricos e pobres, O governo Lula reuniu em seus quadros adminis-
brancos e negros. E essa é uma questão fundamental. trativos tanto líderes sindicais e intelectuais do PT,
Durante as eleições, a campanha de Lula ignorava quanto convictos neoliberais, o que o tornou, em uma
esses avanços, condicionando a resolução desses pro- análise mais sóbria, um governo muito pouco afeito
blemas à sua vitória, e foi assim que Lula ganhou as aos interesses da classe que dizia representar. Lula
eleições, insistindo na redução da pobreza e das desi- cumpriu sua promessa de moderar as propostas mais
gualdades, embora sem propostas que embasassem radicais do programa petista antes do lançamento da
302 concretamente tal propósito. “Carta ao povo brasileiro”, de 2002.
Um evidente exemplo foi a preocupação com o Para conseguir pôr em prática suas intenções de
pagamento da dívida externa, mesmo existindo pro- mudanças estruturais, o governo teria que se apoiar em
blemas sociais evidentes, como rodovias danificadas ampla campanha pública que expusesse suas intenções e
e insuficientes, adversidades nas redes elétricas, de motivações. Isso, contudo, não ocorreu, e o capital finan-
saúde, saneamento, entre outros. Essa foi uma escolha ceiro, por sua vez, reagiu rapidamente, mobilizando a
impensável para o Lula do século anterior. Assim, sua opinião pública e deslegitimando os discursos de Dilma,
administração deu prosseguimento à política econô- que tencionavam defender seu projeto econômico.
mica de FHC, elevou o superávit, prometeu a flexibi- A recuada do governo, traduzida pelo aumento dos
lização do mercado de trabalho e a reforma sindical. juros, foi uma tentativa de abrandar os ataques reali-
zados pelos representantes ideológicos dos interesses
rentistas, procurando recompor o bloco de poder polí-
Dica tico mobilizado pela administração de Lula, tática que
Superávit é o resultado positivo de todas as seria reforçada em 2015.
receitas e despesas do governo, ou seja, é o equi- A estratégia, no entanto, não foi bem sucedida,
valente ao que o governo consegue economizar pois, na busca pela governabilidade, Dilma perdeu
para o pagamento de juros da dívida pública. bastante popularidade, dado que se voltava cada vez
mais à uma política econômica que primava pela
FMI é a sigla do Fundo Monetário Internacional,
ortodoxia, sobretudo na austeridade fiscal e salarial,
organização financeira que pode oferecer aju-
pondo à parte os interesses populares, que represen-
da financeira pontual e temporária aos países tavam o grosso de seu eleitorado.
membros. A opinião empresarial era a de que o Bolsa Família
reduzia a procura por empregos e dificultava a con-
As limitações das administrações de Lula são evi- tratação; esse argumento é difícil de ser sustentado,
dentes, embora seja difícil negligenciar os avanços no tendo em vista que o valor do benefício sempre foi
campo social. Por exemplo, a reforma agrária — pauta muito inferior ao do salário-mínimo, que foi ganhan-
importante para esquerda —, não foi considerada; e a do cada vez mais encorpo. Além disso, figuras públi-
reforma tributária apenas aumentou a carga tributária, cas reconhecidas usavam os meios de comunicação
evitando propostas como a taxação de grandes fortunas. para apontar que os gastos sociais e aumentos sala-
Outra crítica é que os programas sociais não se cons- riais eram responsáveis pela desaceleração do inves-
tituíram enquanto direito, ou seja, não foram incorpo- timento privado e da redução dos lucros.
rados enquanto emendas à Constituição, o que significa Quanto aos projetos sociais, Dilma tinha um gran-
que podiam ser retirados a qualquer momento. de desafio, considerando que seu predecessor, Lula,
conquistara popularidade amparando-se justamen-
z Governo Dilma te nesse tipo de programa. No primeiro mandato de
Dilma, o desemprego diminuiu, o salário-mínimo
Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do aumentou e a presidente deu sequência aos progra-
Brasil, foi eleita em 2010, em um contexto de otimismo mas de transferência de renda.
no qual a economia se recuperava dos efeitos da cri- Na questão dos avanços da legislação trabalhista,
se financeira global de 2008. Embora Dilma não tenha é possível apontar, por exemplo, a regulamentação do
explicitado seu objetivo em campanha, logo ficou evi- trabalho doméstico, que embora tenha incomodado os
dente o que pretendia: questionar o poder estrutural setores mais conservadores da população brasileira, foi
do capital financeiro na determinação de taxas de juros um movimento muito importante para os trabalhado-
e câmbio, o que significava se afastar do caminho das res da área, pois assegurava direitos básicos como jor-
políticas econômicas conservadoras do governo Lula. nada de trabalho regulamentada, férias e piso salarial.
Todavia, o governo não se preparou para lidar com as Em sua administração, uma das ações mais impor-
óbvias reações que vieram dos grupos que tiveram seus tantes talvez tenha sido a ampliação do Minha Casa
Minha Vida, programa habitacional que assegurou
interesses recolocados. Esses grupos possuíam, ainda, o
moradia para 1,7 milhões de famílias apenas em seu
poder sobre os meios de comunicação, manipulando as
primeiro mandato. O programa oferecia subsídio para
informações e não tardando a acusar o governo de “irres-
o financiamento de moradias à população de baixa
ponsável tecnicamente” e “politicamente populista”.
renda, tornando possível o sonho da casa própria para
O governo de Dilma não conseguiu sustentar a
famílias que teriam bastante dificuldade em adquirir
pretensão inicial, recuando diante da reação dos inte-
um imóvel em outras circunstâncias.
resses rentistas, que foram atingidos pela guerra dos No âmbito da saúde, Dilma lançou o programa Mais
juros; assim, em abril de 2013, o Banco Central iniciou Médicos, que atendeu seis mil municípios e estendeu
um novo ciclo de elevação das taxas de juros, que era o acesso a médicos a cerca de cinquenta milhões de
HISTÓRIA DO BRASIL

apenas o início da retratação. pessoas que residiam em municípios do interior e em


Os regimes de metas de inflação e de metas de supe- áreas periféricas. Foram inauguradas 144 de Unidades
rávit primária concediam enorme poder estrutural ao de Pronto Atendimento, e a Farmácia Popular distri-
capital financeiro, de modo que, se hipoteticamente a buiu remédios a mais de dez milhões de pessoas.
inflação subisse e o Banco Central não subisse também No setor educacional, Dilma lançou o Programa
as taxas de juros, provavelmente se veria bombardea- Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Empre-
do por acusações de que sua autonomia estava compro- go (Pronatec), que tinha como objetivo expandir e
metida pela interferência política. Se, por outro lado, a interiorizar as ofertas a cursos técnicos, além da for-
arrecadação tributária diminuísse e o gasto primário mação inicial e continuada. Houve, ainda, a criação
não trilhasse a mesma direção, o governo era atacado, do Ciência sem Fronteiras, que visava a formação
acusado de não cuidar da credibilidade da trajetória da acadêmica de pesquisadores em programas de inter-
dívida pública, tampouco da inflação. câmbio, oferecendo bolsas de estudos e financiando 303
projetos. Além disso, até 2014, as matrículas em cur-
sos superiores aumentaram em 122%, evidenciando HORA DE PRATICAR!
uma expansão do acesso ao ensino superior.
Além de todos esses programas, foi no governo Dil- 1. (DECEx — 2021) Entre os diversos movimentos, orga-
ma que a chamada Lei do Feminicídio foi sancionada. nizados por particulares, de interiorização do Brasil, a
partir do século XVII, tivemos um que se notabilizou
Com a lei, o assassinato de mulheres, decorrente de vio-
para busca de índios para torná-los escravos. Este
lência doméstica ou discriminação de gênero, passou a
movimento ficou conhecido como:
ser considerado crime hediondo. Foi uma grande con-
quista, levando em consideração que o Brasil possui a a) bandeirismo de preação.
5° taxa mais alta de feminicídios do mundo: no ano de b) escravismo de conquista.
2010, eram registrados cinco espancamento a cada dois c) sertanismo de contrato.
minutos; em 2013, se reportava um feminicídio a cada d) extrativismo sertanejo.
noventa minutos; e em 2015, o serviço de denúncia e) entradas.
registrou 179 casos de agressão por dia.
Foi também no mandato de Dilma que se inau- 2. (DECEx — 2021) Durante o início da colonização do
gurou a Casa da Mulher, programa que integra no Brasil por Portugal, teve-se a figura política dos gover-
mesmo espaço serviços especializados de apoio aos nadores-gerais. O primeiro governador-geral, que
diversos tipos de violências sofridas por mulheres. governou de 1549 a 1553, foi:
Nesse espaço, têm-se acesso ao acolhimento e à tria-
gem, apoio psicossocial, juizado especializado em a) Tomé de Sousa.
b) Lourenço da Veiga.
violência doméstica e familiar contra mulher, defesa
c) D. Luís Fernandes de Vasconcelos.
pública, serviço de promoção de autonomia econômi-
d) Mem de Sá.
ca, espaço de cuidado às crianças, alojamento de pas-
e) Duarte da Costa.
sagem, entre outras ações de apoio.
3. (DECEx — 2021) No final do século XIX a monarquia
z Governo Temer e Governo Bolsonaro Brasileira estava desgastada politicamente, o que
resultou numa crise. Sobre os fatos ocorridos duran-
Em pouco mais de dois anos de presença na presi- te a crise da monarquia brasileira e Proclamação da
dência, Michel Temer teve como principais medidas a República, pode-se afirmar que:
flexibilização das leis trabalhistas e liberalização eco-
nômica, com o corte de gastos estatais na economia e a) a Igreja Católica foi a única instituição que apoiou o
no setor público, em especial, pela aprovação da Emen- imperador até a sua queda.
da 95, que “congela” os gastos de Estado por 20 anos. b) o Manifesto Republicano já havia sido lançado no final
No campo político, aprofundou-se ao fim do segundo do século XVIII, pela Conjuração Carioca.
mandato de Dilma Rousseff o fenômeno do antipetismo c) a proclamação da República foi efetivada sem a parti-
no Brasil. A Operação Lava Jato teve entre seus alvos o cipação de militares do Exército.
d) com a abolição da escravidão, muitos senhores de
ex-presidente Lula, que acabou preso em abril de 2018.
escravos passaram a apoiar a causa republicana.
O contexto geral de crise política e econômica favo-
e) o governo monárquico não reagiu à situação difícil que
receu o discurso mais radical de oposição à esquerda.
se encontrava.
Com isso, as eleições presidenciais de 2018 foram ven-
cidas por Jair Bolsonaro. 4. (DECEx — 2021) Pode-se destacar como primeiras
Seu governo foi marcado por uma continuidade no providências do governo republicano no Brasil (1889-
programa de privatizações e contingenciamento nos 1891), a:
investimentos públicos, pela pandemia de Covid-19,
por alguns escândalos de corrupção envolvendo alia- a) separação entre Igreja e Estado, criando os registros
dos, pela política externa mais agressiva com relação à civis e extinguido o padroado.
gerência de recursos naturais, pela tensão com alguns b) primeira Constituição republicana, que estabeleceu o
governadores e pelo aumento da inflação, que volta a voto universal e secreto.
preocupar o país, principalmente com a alta de alimen- c) promulgação da grande naturalização, com o objetivo
tos e combustíveis. de amenizar o xenofobismo contra os ingleses pobres.
Para responder ao difícil contexto, o governo prome- d) reforma financeira, com o objetivo de estimular o
desenvolvimento da agricultura.
teu medidas de redução tributária e aumentos em auxí-
e) instituição do centralismo e a transformação das pro-
lios sociais para reverter o complexo quadro.
víncias em estados membros da federação.
z Terceiro Governo Lula
5. (DECEx — 2021) O primeiro passo da expansão ultra-
marina portuguesa foi a conquista de:
Em 1° de janeiro de 2023, após 20 anos de sua pri-
meira posse, Luiz Inácio Lula da Silva assume seu a) Moçambique.
terceiro mandato como presidente do Brasil pelo Par- b) Senegal.
tido dos Trabalhadores (PT) tendo como vice-presi- c) Guiné.
dente, Geraldo Alckmin, filiado ao Partido Socialista d) Ceuta.
304 Brasileiro (PSB). e) Angola.
6. (DECEx — 2021) No contexto da Expansão Ultramarina 9. (DECEx — 2019) Na América portuguesa, em conse-
Europeia dos séculos XV e XVI, pode-se afirmar que: quência da ofensiva francesa e do declínio do trato
asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o
a) os cristãos novos não puderam participar da expan- povoamento e a valorização do território. (ALENCAS-
são portuguesa porque esta era uma atividade desen- TRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: formação
volvida somente por quem tinha posse de terras. do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das
b) os espanhóis, ao chegarem à América, perderam o inte- Letras, 2000, p. 20).
resse de continuar buscando uma rota para a China. As medidas mencionadas na afirmativa acima refe-
c) ao longo do século XV, a exploração do litoral africano rem-se aos sistemas de administração que Portugal
rendeu poucos lucros aos mercadores portugueses. empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronoló-
d) os nobres portugueses, associados aos cristãos gica, a partir de 1534, tais sistemas foram
novos, desenvolveram uma mentalidade burguesa e
a) Feitorias e Governo Geral.
capitalista ao longo do século XVI.
b) Capitanias Hereditárias e Governo Geral.
e) em finais do século XIV, a atividade comercial passou
c) Governo Geral e Feitorias.
a ser importante fonte de renda em Portugal.
d) Governo Geral e Capitanias Hereditárias.
e) Feitorias e Capitanias Hereditárias.
7. (DECEx — 209) A respeito da ocupação territorial da
Capitania de São Vicente e do contato dos portugue- 10. (DECEx — 2019) As primeiras atividades econômicas na
ses com os nativos, analise as afirmativas a seguir: América Portuguesa, por parte do governo, concentra-
ram-se na extração de pau-brasil, dentro do regime de:
I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses,
reconhecendo de imediato a importância fundamental a) doação.
da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar b) estanco.
proveito delas para efetivarem a ocupação da terra. c) escambo.
II. Considerando o estado de unidade política que impe- d) concessão.
rava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista, e) permissão.
dominação e exploração passariam por alianças for-
jadas por rivalidades que não havia entre os nativos, 11. (DECEx — 2019) Ideias republicanas estavam presen-
o que levaria ao rompimento de sua unidade e, conse- tes entre os brasileiros há tempos. No século XVIII, ins-
quentemente, à sua total aniquilação. piraram movimentos contra o domínio português. Em
III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número 1870, um grupo de políticos lançou, no Rio de Janei-
considerável de prisioneiros de guerra prometia um ro, o Manifesto Republicano. Os seguintes episódios,
possível mecanismo de suprimento de mão de obra ocorridos na segunda metade do século XIX, abalaram
cativa para os eventuais empreendimentos coloniais. o Império Brasileiro. Considerando os seguintes fatos:
IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na forma-
ção de alianças com os europeus, particularmente nas I. Questão Militar.
ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais. II. Questão de Fronteiras.
III. Questão Religiosa.
Assinale IV. Questão da Cisplatina.
V. Questão Abolicionista.
a) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
b) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. Assinale abaixo a alternativa em que todas as pro-
c) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. posições estão corretas no que se refere às ques-
tões que contribuiram para o fim do período Imperial
d) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
Brasileiro.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
a) I e II.
8. (DECEx — 2021) No Brasil do final do século XVIII, hou-
b) I, II e III.
ve a decadência da mineração e a reanimação da pro-
c) I, III e V.
dução agrícola. Para isso, contribuíram:
d) III, IV e V.
e) IV e V.
I. O aumento da população europeia, com a ampliação
dos mercados consumidores de gêneros tropicais. 12. (DECEx — 2019) Duas linhas de interpretação surgi-
II. A extinção dos Estados do Brasil, do Grão-Pará e Rio ram já nos primeiros anos: a dos vencedores e a dos
Negro e do Maranhão e Piauí. vencidos, a dos republicanos e a dos monarquistas,
HISTÓRIA DO BRASIL

III. A Revolução Industrial. aos quais vieram juntar-se com o tempo alguns repu-
IV. A abertura dos portos às nações amigas. blicanos que, desiludidos com a experiência, aumen-
V. Fundação do Banco do Brasil. taram o rol dos descontentes, exaltando as glórias do
Império e ressaltando os vícios do regime republica-
Assinale a alternativa que apresenta todas as contri- no. (COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
buições corretas, dentre as listadas acima. momentos decisivos. – 6.ed. – São Paulo: Fundação
Editora da UNESP, 1999, p. 387).
a) I e II.
b) Somente a II. O texto acima refere-se ao contexto da Proclamação
c) I e III. da República no Brasil e, nele, a autora faz menção
d) III e IV. aos diversos argumentos republicanos de então. A
e) IV e V. esse respeito, assinale a afirmativa INCORRETA. 305
a) Os republicanos procuravam atenuar os males do 15. (DECEx — 2020) No transcurso da Era Vargas, principal-
Império afirmando que advinham menos do imperador mente entre os anos de 1934-37, ocorreu um dualismo
e muito mais da estrutura monárquica montada que o ideológico entre uma direita inclinada para os ideais fas-
levou a ser, ao mesmo tempo, o seu maior represen- cistas, encabeçada ao redor do Movimento Integralista
tante e também a sua maior vítima. de Plínio Salgado, e a esquerda Marxista, tendo como
b) Os republicanos traziam à tona as revoluções e pro- partido político o Partido Comunista Brasileiro (PCB), e
nunciamentos a partir da Inconfidência Mineira, afir- como liderança o famigerado, Luís Carlos Prestes.
mando que a República sempre fora uma aspiração
nacional e que a Monarquia era uma anomalia na A respeito do Integralismo, qual das características
América, repleta de repúblicas. abaixo não fazia parte de seu ideário?
c) Criticando a centralização excessiva do governo monár-
quico e a fraude eleitoral que possibilitava ao governo a) Nacionalismo
vencer sempre as eleições, consideravam a República a b) Militarismo
solução natural para os problemas, sendo efetivada por c) Monopartidarismo
um grupo de homens idealistas e corajosos que conse- d) Liberalismo
guiram integrar o país às tendências do período. e) Anticomunismo
d) As arbitrariedades, os abusos do Poder Moderador, a
manutenção da escravidão, a má gestão financeira e 16. (DECEx — 2020) A Aliança Nacional Libertadora (ANL)
as guerras externas foram usadas como fatores da e a Colina seguiam a orientação:
progressiva impopularidade da monarquia.
e) Alguns republicanos afirmavam que a democracia no a) Nazista
Brasil tivera origens étnicas no povoamento, e a Procla- b) Fascista
mação da República fora fruto da constituição etnográ- c) Liberal
fica, da transição para um regime de trabalho agrícola d) Comunista
e industrial, da propaganda republicana, da corrupção e) Democrática
política e da deficiente administração do Império.
17. (DECEx — 2019) Na Segunda Guerra Mundial, dife-
13. (DECEx — 2021) “Entendeu o vice-presidente que rentemente do que ocorreu na Primeira Guerra, teve a
podia governar até o fim do mandato, apesar de ser participação direta do Brasil no conflito. O governo no
claro que devia convocar novas eleições, segundo o qual se deu a inserção brasileira na Segunda Guerra
Artigo n.º 42 da Constituição, pois não haviam sido Mundial foi:
decorridos dois anos de mandato.( ... ).
O ambiente mostrava-se explosivo. ( ... )”. a) Juscelino Kubitschek.
b) Getúlio Vargas.
(FROTA, 2000. P. 489)
c) João Goulart.
d) Eurico Gaspar Dutra.
O governo Floriano Peixoto é considerado um dos mais e) Jânio Quadros.
conturbados do Brasil Republicano. Podemos afirmar
que foram conflitos enfrentados por esse governo as 18. (DECEx — 2019) Muitos europeus acreditavam que,
revoltas do (a): em direção ao sul, o mar seria habitado por monstros
e estaria sempre em chamas. Se arriscassem cruzar o
a) Vacina e de Canudos. oceano Atlântico, à época conhecido como mar Tene-
b) Contestado e Generoso Ponce. broso, iriam se deparar com o fim do mundo.
c) Chibata e Cangaço.
d) Fortaleza de Santa Cruz e Constitucionalista. Mesmo assim, os portugueses se lançaram às Gran-
e) Armada e Federalista. des Navegações, no final do século XV. Considerando:

14. (DECEx — 2019) Uma das primeiras medidas tomadas I. A Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos;
pelo Governo Provisório de Vargas após a Revolução II. A Criação da Companhia das Índias Ocidentais;
de 1930 foi que: III. A existência de um poder centralizador e de um Esta-
do unificado;
a) Interventores ocuparam os cargos dos antigos pre- IV. A descoberta da imensa mina de prata em Potosí
sidentes estaduais, excluindo-se o Estado de Minas pelos lusitanos;
Gerais, em cujo governo conservou-se Olegário V. A invenção da bússola pelos portugueses na Escola
Maciel. de Sagres.
b) A Constituinte foi formada por variados representan-
tes dos partidos estaduais, quase todos egressos da Assinale abaixo a alternativa que apresenta as causas
política existente na República Velha. que levaram à Expansão Marítima Portuguesa.
c) Vargas revelou intenções de pacificação, organizando
o seu Ministério com membros de variadas correntes
a) I e II
políticas até mesmo adversários.
b) I e III
d) O Congresso continuou funcionando, com a Consti-
c) I, II e III
tuição de 1891 ainda em vigor, com destituição dos
d) III e IV
Governadores e nomeação de interventores para
e) IV e V
todos os Estados.
e) Ocorreu censura de imprensa e o fechamento de
19. (DECEx — 2019) A industrialização da segunda metade
todos os partidos políticos, o que possibilitou mais
do século XVIII, particularmente na Inglaterra, iniciou-
força e estabilidade ao Governo Provisório.
306 se com a mecanização do setor têxtil, cuja produção
tinha amplos mercados nas colônias inglesas. Qual
tratado abriu as portas das colônias portuguesas para
as manufaturas inglesas?

a) Tratado de Utrecht, de 1713.


b) Tratado de Methuen, de 1703.
c) Tratado de Paris, de 1763.
d) Tratado de Madri, de 1750.
e) Tratado de Utrecht, de 1715.

20. (DECEx — 2019) Na disputa entre Portugal e Espanha


pelos territórios a serem descobertos navegando-se a
Oeste, o limite que vigorou até o fim da União Ibérica foi o:

a) meridiano de Cabo Verde.


b) meridiano de Greenwich.
c) trópico de Capricórnio.
d) meridiano de Utrecht.
e) meridiano de Tordesilhas.

9 GABARITO

1 A

2 A

3 D

4 A

5 D

6 E

7 C

8 C

9 B

10 B

11 C

12 A

13 E

14 A

15 D

16 D

17 B

18 B

19 B

20 E
HISTÓRIA DO BRASIL

ANOTAÇÕES

307
ANOTAÇÕES

308
GEOGRAFIA DO BRASIL

O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Posição Geográfica

O Brasil está localizado na porção centro-oriental na América do Sul e é o maior país em extensão territorial do
subcontinente. O território é cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma área
de 8.515.767 km2, sendo classificado como um país de dimensões continentais, e dentre os países com maiores
extensões territoriais do mundo, esse está em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e em quarto lugar,
considerando terras contínuas.

GEOGRAFIA DO BRASIL

Fonte: https://pt.mapsofworld.com/brasil/. Acesso: 04 de Maio de 2021.

Limites e Fusos Horários

O país possui 23.086 km de fronteiras. Destes, 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois paí-
ses da América do Sul, sendo eles Chile e Equador, não fazem fronteira com o Brasil. A costa brasileira é banhada
pelo Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí. O território brasi-
leiro está localizado, em sua totalidade, no hemisfério ocidental. Por esse motivo os fusos horários presentes no
território brasileiro estão atrasados em relação ao Meridiano de Greenwich, e por conta de o país possuir uma
grande extensão territorial, os fusos horários no território brasileiro estão divididos em 4: 309
ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA

Origem, Formas e Classificações do Relevo

Transcorridos mais de cinco séculos desde o início


da colonização Portuguesa, o Brasil ainda guarda em
seu território uma impressionante diversidade de pai-
sagens naturais, o que constitui inestimável tesouro.
Montanhas recobertas por florestas tropicais, cam-
pos de gramíneas estendendo-se a perder de vista,
planícies inundáveis que abrigam a maior floresta
equatorial do mundo e serras que abrigam grandes
extensões de pinheirais nativos, são alguns exemp1os
da exuberante natureza brasileira.
No entanto, é preciso alertar que essas paisagens
naturais, mais do que nunca, correm o risco de desapare-
cer devido à incessante degradação imposta pelo homem,
que age destrutivamente na busca do lucro imediato.
Um dos maiores geógrafos brasileiros, o professor
Aziz Nacib Ab’Saber, classificou as paisagens brasilei-
Fonte: Brasil Escola.
ras sob o ponto de vista morfoclimático, pois resultam
da interação dos seguintes fenômenos naturais:
As linhas de longitude representadas no mapa
esboçam e demarcam o que chamamos de horário
z estrutura geológica e relevo;
real dos fusos, também conhecida como hora exa-
z clima;
ta, porém essa divisão não é seguida à risca, poden-
do causar alguns problemas, como por exemplo, em z formação vegetal;
determinadas localidades do território nacional com z rede hidrográfica.
dois fusos divergentes de forma simultânea. Toda-
via, o modelo de fusos horários adotado no Brasil é o Para que possamos compreender melhor as pai-
conhecido como Hora Legal. sagens morfoclimáticas identificadas pelo professor
De acordo com a representação no mapa, o pri- Ab’Saber, bem como apontar algumas ameaças à sua
meiro fuso horário está duas horas atrasadas em existência, é necessário, antes, estudar cada um dos
relação ao Meridiano de Greenwich, e em relação à elementos naturais que as compõem.
Brasília (hora oficial do Brasil, este fuso está adianta-
do uma hora. Temos, então, localizado nesse fuso as Estrutura Geológica e Relevo
Ilhas Oceânicas que pertencem à Federação Brasilei-
ra, como por exemplo o arquipélago de Fernando de Estrutura Geológica é a base de um território que
Noronha e Penedos de São Pedro e São Paulo. corresponde a sua composição rochosa. Já o Relevo é
O segundo fuso horário presente no território bra- a forma apresentada pelo território aos nossos olhos:
sileiro está três horas atrasado em relação ao Meridia- montanhas mais altas, montanhas rebaixadas, planí-
no de Greenwich, é considerado como o horário oficial cies e depressões.
de Brasília e corresponde às regiões Nordeste, Sudeste O território brasileiro é parte integrante da placa
e Sul, além de abranger também os estados de Goiás, sul-americana. Esta, juntamente com as demais pla-
Tocantins, Pará e Amapá, bem como o Distrito Federal. cas tectônicas, constitui a crosta terrestre, invólucro
O terceiro fuso horário está atrasado uma hora em rochoso do planeta com cerca de 30 quilômetros de
relação ao fuso de Brasília e quatro horas em relação espessura.
ao Meridiano de Greenwich. Quando ocorre o horário Material pastoso em estado de fusão genericamen-
de verão, que está suspenso de acordo com o gover-
te chamado de magma.
no atual, a diferença desse fuso em relação à Brasília
Ao flutuar sobre o magma, as placas tectônicas
aumenta mais uma hora nos Estados que não adota-
vam o horário de verão, sendo eles: Roraima, Rondônia frequentemente se chocam, provocando simultanea-
e o Amazonas. No entanto, os horários permaneciam mente terremotos e elevações montanhosas (dobra-
iguais nos estados da região Centro-Oeste quais sejam mentos modernos). Nessas áreas é comum surgirem
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – sendo que estes vulcões, já que a presença das fendas que individuali-
adotam o horário especial que é o horário de verão. zam as placas permite o extra vazamento do magma.
Já o quarto e último fuso horário brasileiro está Entretanto, nada disso ocorre no território bra-
atrasado duas horas em relação ao fuso oficial de sileiro, que está localizado no centro da placa sul-a-
Brasília e cinco horas atrasado em relação ao Meri- mericana. Longe da borda dessa placa, local que fica
diano de Greenwich. Por sua vez, quando o país esta- exposto a colisão com outras placas tectônicas, em
va no horário especial, horário de verão, a diferença nosso país raramente são registrados abalos sísmi-
aumentava para três horas. Essa diferença estava pre- cos ou vulcanismo atuante. Essa teoria pode ser com-
sente em todo o território do estado do Acre e na por- provada visualmente, pois no Brasil só ocorrem dois
ção sudoeste do estado do Amazonas. No ano de 2008 dos três tipos principais de estrutura geológica (escu-
esse fuso foi extinto e a área que o abrangia passou a dos cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos
fazer parte do fuso -4, entretanto, no ano de 2013, em modernos) encontradas na crosta terrestre:
setembro, a extinção foi negada após a realização de
um referendo que foi homologado em 2010. z Maciços antigos ou escudos cristalinos: é o emba-
samento mais antigo da crosta terrestre. Formados
no período geológico Pré-cambriano, apresentam
310 rochas cristalinas magmáticas e metamórficas;
z Bacias sedimentares: são formadas por rochas z a bauxita, explorada no vale do rio Trombetas, no
originárias da deposição de sedimentos nas conca- Pará, e a cassiterita, principalmente em Rondônia
vidades da crosta terrestre. Por isso, essas rochas e Minas Gerais;
recebem o nome de sedimentares, tendo sido for- z o Brasil é também o nono produtor mundial de
madas no Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico a ouro, encontrado principalmente em Minas Gerais,
partir de sedimentos transportados pelos agentes explorado em minas profundas, e no Pará, onde
externos que modelam o relevo: as intempéries - geralmente é extraído em garimpos clandestinos.
chuva, vento, neve etc.
Impulsionada pelo Estado, a exploração desses
Dobramentos Modernos e de outros minérios constituiu um dos pilares que
sustentaram o início do processo de industrialização,
Além desses dois tipos de relevo, há um terceiro:
nas décadas de 1940 e 1950. 0 marco dessa época foi a
os Dobramentos Modernos ou Montanhas Jovens que
criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em
constituem as maiores elevações da Terra, formadas
Volta Redonda (RJ), em 1941.
no período Terciário da Era Cenozóica. Essas monta-
Todavia, desde os anos 1950, tem crescido gradual-
nhas ocorrem nas áreas de contato entre placas tec-
mente a participação do capital estrangeiro no setor,
tônicas, que são também os locais mais vulneráveis a
especialmente dos Estados Unidos, Inglaterra, Cana-
pressão que ainda hoje e exercida pelas forças inter-
dá, Alemanha e Japão. Exemplo disso é a atual política
nas oriundas do magma. Nessas áreas, costumam
de flexibilização dos monopólios estatais, que muitas
serem frequentes abalos sísmicos (terremotos) e ativi-
vezes resultou na privatização de empresas. Foi o caso
dades vulcânicas (vulcões ativos).
da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), privatizada
As Bacias Sedimentares em 1997.

Já sabemos que as rochas sedimentares são for- Classificações do Relevo


madas por detritos dos mais variados tipos de rochas,
que foram submetidas ao intemperismo, processo z A classificação do relevo de Aroldo de Azevedo
físico-químico responsável pela sua desagregação
e transformação. Esses detritos, transportados pela Uma das mais antigas divisões do relevo foi feita
água, vento ou gelo, depositam-se nas grandes depres- na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo
sões da superfície terrestre, formando as bacias e serviu de base para todas as outras divisões feitas
sedimentares. posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou em
Durante a era Mesozóica, quando a bacia sedimen- conta principalmente as diferenças de altitude.
tar do Paraná estava sendo formada, ocorreu uma Desse modo, as planícies foram classificadas como
intensa atividade vulcânica no território brasileiro, as partes do relevo relativamente planas com altitu-
basicamente sob forma de imensos derrames de lava. des inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos
Esses derrames vulcânicos formaram rochas basál- foram considerados as formas de relevo levemente
ticas, cuja decomposição originou a terra roxa, solo onduladas, cujas altitudes superam 200 metros.
extremamente fértil que determinou a vocação agro- Essa classificação divide todo o território brasi-
pecuária do oeste do estado de São Paulo e norte do leiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda
estado do Paraná. a superfície do país, e planícies, que ocupam os 41%
A bacia sedimentar do Paraná também se destaca restantes.
pela ocorrência de outro magnífico recurso estratégi-
co: um imenso depósito de água potável. Trata-se do z A classificação do relevo de Aziz Ab’Saber
Aquífero Guarani, um gigantesco lençol freático que
ocupa uma área total de 1.200.000 km2, estendendo- No final da década seguinte, em 1950, o profes-
-se por terras brasileiras e dos outros três países do sor Aziz Nacib Ab’Saber aperfeiçoou a divisão do
Mercosul. professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios
geomorfológicos, especialmente as noções de sedi-
Os Escudos Cristalinos mentação e de erosão. As áreas nas quais o processo
de erosão é mais intenso do que o de sedimentação
Os afloramentos dos escudos cristalinos corres- foram chamadas de planaltos. As áreas em que o
pondem a 36% do território brasileiro. São áreas ricas processo de sedimentação supera o de erosão foram
em ocorrências minerais de grande valor comercial. denominadas planícies.
Esses minerais podem ser não-metálicos, como o gra-
nito e as pedras preciosas, ou metálicas, como o ferro
GEOGRAFIA DO BRASIL

e a bauxita.
Os minerais metálicos são abundantes no Brasil.
Encontrados, principalmente, em rochas que se for-
maram durante a era Proterozóica, os mais importan-
tes são:

z o ferro, explorado principalmente no Quadrilátero


Ferrífero, em Minas Gerais, e na Serra dos Carajás,
no Pará;
z o manganês, cujas principais jazidas situam-se no
maciço de Urucum (MS) e na Serra do Navio (AP); a
extração, porém, é major em Conselheiro Lafaiette
(MG) e na Serra dos Carajás (PA); 311
Compare as duas classificações:

AROLDO DE AZEVEDO
Planaltos
� Das Guianas
� Brasileiro, subdividido em:
� Atlântico
� Central
� Meridional
Planícies
� Amazônica
� Do Pantanal
� Costeira

AZIZ AB’SABER
Planaltos
� Das Guianas, englobando a região serrana e o planalto
Norte-Amazônico
� Brasileiro, subdividido em:
� Central
� Meridional
� Nordestino
� Serras e Planaltos do Leste e Sudeste
� Maranhão-Piauí
I - Guiano � Uruguaio-rio-grandense
Planícies
II - Brasileiro Planícies
A Amazônica
1 - Atlântico
B Costeira Planaltos
� Planícies e terras baixas amazônicas
C Pantanal 2 - Meridional � Planícies e terras baixas costeiras
D Pampas ou
Planície Gaúcha 3 - Central � Planície do Pantanal

z A classificação do relevo de Jurandyr Ross


Nota-se, assim, que essa classificação não leva em
conta as cotas altimétricas do relevo, mas os aspectos Em 1989 o professor Jurandyr Ross elaborou outra
de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia. classificação do relevo, dessa vez usando como crité-
rio três importantes fatores geomorfológicos:
„ A morfoestrutura: origem geológica;
„ O paleoclima: ação de antigos agentes climáticos;
„ O morfoclima: influência dos atuais agentes
climáticos.
Trata-se de uma divisão inovadora, que conjuga o
passado geológico e o passado climático com os atuais
agentes escultores do relevo.
Com base nesses critérios, o professor Ross identi-
fica três tipos de relevo:
z Planaltos: porções residuais salientes do relevo,
que oferecem mais resistência ao processo erosivo;
z Planícies: superfícies essencialmente planas, nas
quais o processo de sedimentação supera o de erosão;
z Depressões: áreas rebaixadas por erosão que cir-
cundam as bordas das bacias sedimentares, inter-
pondo-se entre estas e os maciços cristalinos.
TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS
Os solos presentes no território brasileiro são forma-
dos a partir de três estruturas geológicas. São estas:.
z Escudos Cristalinos: formações mais antigas do
Planaltos
planeta, em sua maioria, localizados em baixas e
Planícies Das Guianas médias altitudes, sendo muito resistentes à erosão.
Brasileiro Por sua idade geológica, também são conhecidos
Uruguaio-Rio-Grandense como “maciços antigos” e representam cerca de
36% do solo brasileiro. Como exemplo de Escudos
Cristalinos, podemos citar o Escudo das Guianas
(Figura 1), localizado no norte do país, e o Escudo
Brasileiro, localizado no centro-norte;

312
z Bacias Sedimentares: formações mais recentes Por último, o solo tipo Salmourão, encontrado na
que os escudos, localizam-se em áreas de relevo do região Centro-Sul do nosso país, forma-se a partir da
tipo “depressão”, pois são, justamente, o resulta- decomposição de rochas de origem graníticas e gnais-
do da erosão dos maciços antigos. Correspondem ses mais claros.
a aproximadamente 60% dos solos do Brasil. As
bacias Amazônica e do Paraná são exemplos de Resolva o exercício comentado a fim de verificar
bacias sedimentares brasileiras; seus conhecimentos.
z Terrenos de origem vulcânica: representando pou-
1. (UNESP — 2020)  Originário da decomposição do
co mais do que 4% da estrutura geológica brasileira,
calcário e do gnaisse, com elevado teor de material
correspondem às formações relacionadas a ativida-
orgânico, é solo de cor negra ou cinza escuro, propício
des vulcânicas. Vale lembrar que não existem vulcões
ao cultivo da cana-de-açúcar, além do fumo, milho e
ativos no nosso país, porém, há milhões de anos, parte cacau. Assinale a alternativa que indica o tipo de solo
do nosso território sofria com ações vulcânicas. Parte descrito e a sua área de ocorrência no Brasil.
esta que deu origem a estruturas como, por exemplo,
o arquipélago de Fernando de Noronha. a) Terra roxa, sul da Região Sul.
b) Massapé, porção oriental da Região Nordeste.
c) Arenoso, porção oriental da Região Norte.
d) Lixiviado, norte da Região Centro-Oeste.
e) Argiloso, sul da Região Sudeste.

O tipo de solo descrito na questão é o do tipo Mas-


sapé, muito rico em nutrientes e presente na região
Nordeste, extremamente importante para o desen-
volvimento da lavoura de cana-de-açúcar no ciclo
econômico do Brasil colonial. Resposta: Letra B.
Figura 1: Ao fundo, o Monte Roraima, localizado sobre o Escudo das
Guianas (Fonte: adaptado de Pixabay, 20181)
A ATMOSFERA E OS CLIMAS

Fenômenos Climáticos
Em cada uma das estruturas geológicas, ocorre
a formação de tipos de minerais e solos diferentes.
z El Niño: Pela proximidade com a costa do Ocea-
Tomando como base as estruturas geológicas presen- no Pacífico, o Brasil sofre influência do fenômeno
tes no território nacional, podemos classificar e iden- climático El Niño. Tal fenômeno provoca grandes
tificar quatro tipos de solos: alterações na dinâmica dos climas do país, como o
excesso de chuvas em algumas regiões, em especial
z Solo Terra Roxa; na região sul e no Sudeste e períodos de secas e estia-
z Solos aluviais; gens em outras, como é o caso da região nordeste.
z Solo Massapé;
Segundo pesquisas e dados científicos, o maior
z Solo Salmourão.
desafio da humanidade no século XXI são as mudan-
ças climáticas e as questões ambientais. Essas mudan-
O solo Terra Roxa, formado a partir do processo ças ocorrem devido ao aumento da concentração dos
de decomposição de rochas basálticas de origem vul- gases atmosféricos (gases produzidos pelas atividades
cânica, é conhecido pelo seu elevado nível de fertilida- humanas). O processo de aquecimento global afetará
de e por ter um aspecto de coloração vermelha. Esse os recursos naturais, o acesso à água, a produção de
tipo de solo encontra-se nos territórios de São Paulo, alimentos, a saúde e o meio ambiente. A medida que a
temperatura média do planeta aumenta, centenas de
Mato Grosso do Sul, Goiás, sul de Minas Gerais e, com
milhões de pessoas passam fome, sofrem com a escas-
maior presença, na região Sul do país. sez de água e inundações costeiras.
Os solos aluviais (ou de aluvião), considerados fér- Hoje, a economia mundial e a sociedade serão afe-
teis, por sua vez, são tipos que podem ser identificados tadas em níveis que ainda são desconhecidos. A análise
em diversas localidades do território nacional, pois são dos impactos ambientais e das questões climáticas e suas
formados a partir do processo de acumulação de sedi- relações com a produção e o consumo (inclusive energia),
mentos, principalmente em áreas de vales e de várzeas. chega à conclusão de que a transição para uma “econo-
mia de baixo carbono” é essencial para a humanidade.
Na região sudeste, podemos encontrá-los ao longo das
Embora o Brasil seja um dos países líderes na dis-
GEOGRAFIA DO BRASIL

margens dos rios Paraná e Tietê, por exemplo. cussão sobre mudanças climáticas, por conta de sua
O solo tipo Massapé também é conhecido pelo seu matriz energética, pesquisas científicas, abundância de
elevado nível de fertilidade. Sua coloração apresenta recursos naturais e outros motivos, o Brasil ainda não
um aspecto mais escuro, o que ocorre por conta do está imune às consequências das mudanças climáticas.
seu processo de formação, decorrente da decomposi- Ao formular a Política Nacional de Mudanças Cli-
ção de rochas como: filitos, calcários e gnaisses mais máticas e adotar compromissos nacionais voluntários
para tomar ações de redução de emissões de gases de
escuros. Com grande ocorrência na região Nordeste, efeito estufa, é óbvio que irá reduzir suas emissões pro-
este tipo de solo recebe seu nome devido ao termo jetadas em 36,1% a 38,9% até 2020. O país busca for-
‘’amassa pé’’, dado no Recôncavo Baiano, pois, nesta mas de mitigar com eficácia as mudanças climáticas e
localidade, o solo é duro e pegajoso. garantir o bem-estar de seus cidadãos ao longo prazo.
1 URREA, P. Monte Roraima. Pixabay, 2018. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/roraima-venezuela-viajar-por-3854607/. Acesso em:
21. nov. 2022. 313
Os organismos ligados à questão ambiental no Brasil parte é devolvida ao espaço. Porém, devido à presen-
estão cientes da urgência e da relevância do tema “mudan- ça de gases de efeito estufa, parte da radiação solar da
ças climáticas”, e da importância da participação do setor radiação superficial ficará na atmosfera, o que impe-
privado nos esforços para reduzir os gases de efeito estufa de que esse calor retorne totalmente ao espaço. Desta
e se adaptar às regiões vulneráveis ao clima e. forma, o equilíbrio de energia é mantido e grandes
Portanto, deve haver um comprometimento de órgãos amplitudes térmicas são evitadas.
públicos e privados com a transição para uma economia Para entendermos melhor, suponhamos que haja
de baixo carbono. O Brasil pode ter um papel de liderança um carro estacionado em um local muito ensolara-
nessa questão; do. Os raios solares passam pelas janelas e aquecem
o interior do veículo. O calor é frequentemente tra-
z Ilha de Calor: um outro problema climático pre- zido de volta do carro e dissipado pelo vidro, mas ele
sente nos centros urbanos é a Ilha de Calor. Em
encontrou dificuldades. Portanto, parte do calor per-
comparação com a área circundante, a ilha de
manece no carro, mantendo-o aquecido.
calor é uma área de alta temperatura, que ocor-
re principalmente nas grandes cidades. Portanto, Por exemplo, os gases de efeito estufa na atmosfe-
esse fenômeno climático também é denomina- ra funcionam como o vidro de um carro, permitindo a
do Ilha de Calor Urbana. Isso porque, quando a entrada da radiação solar e dificultando o retorno de
luz solar atinge diretamente o centro da cidade, o toda a radiação ao espaço.
calor é facilmente acumulado devido à dificuldade
de dissipação do calor. Causas do Efeito Estufa

Ao analisarmos o conceito de microclima urbano, Nas últimas décadas, a emissão de gases de efeito
entendemos que as Ilhas de Calor fazem parte desse estufa na atmosfera terrestre aumentou significativa-
ambiente, que são formados pela aglomeração de edifí- mente, exacerbando o efeito estufa. A alta concentra-
cios em grandes cidades, o que pode levar à retenção de ção desses gases está relacionada principalmente às
calor se comparado às áreas periféricas (por exemplo, atividades industriais, que geralmente são realizadas
cidades menores e áreas rurais).Observe o esquema a com a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o
seguir que apresenta a ocorrência de uma Ilha de Calor: crescimento da produção agrícola, o desmatamento
e o uso de meios de transporte também levaram ao
aumento das emissões de gases.
Perfil das ilhas de calor urbanas
O aumento da concentração de gases de efeito estu-
fa na atmosfera levou a mudanças irreversíveis na
dinâmica do clima da Terra. Segundo dados do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em cem
anos, a temperatura de cada continente subiu cerca
de 0,85ºC, e a temperatura do oceano subiu 0,55ºC.
Quanto maior a quantidade de gases de efeito estu-
fa que são emitidos para a atmosfera, maior será a
dificuldade desse calor emitido se espalhar no espaço,
Área Centro da Área Área o que leva a um aumento anormal da temperatura e
Área Periférica Área cidade Área Verde Área Rural
Rural Comercial Residencial
confirma a teoria do aquecimento global. É importan-
Periférica
te ressaltar, no entanto, que a relação entre o efeito
estufa e o aquecimento global não é consistente entre
Quando ocorre Ilha de Calor, a diferença de tem-
acadêmicos e pessoas comuns. Parte da população e da
peratura entre os centros urbanos e rurais é de cerca
comunidade científica não acredita que o aumento do
de 5 ° a 10° graus. Durante o dia essa elevação nota-
gás leve a um aumento da temperatura. Eles acreditam
damente sentida, mas, à noite, as pessoas tendem a
que o alto aquecimento é apenas uma fase da mudança
notar mais, pois a calçada de prédios e ruas são aque-
cidas pelo sol o dia todo. Da mesma forma, nas gran- dinâmica do clima da Terra. A indústria é a principal
des cidades, outro fenômeno chamado reversão de responsável pela emissão de gases de efeito estufa na
calor também é comum. Isso ocorre quando a atmos- atmosfera, o que leva ao aquecimento global.
fera se inverte, ou seja, quando o ar frio fica em baixa De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
altitude, enquanto o ar quente fica em uma camada Mudanças Climáticas, estas são as principais conse-
mais alta. quências do efeito estufa:
Além desses citados anteriormente, existe o efeito
estufa, que é um fenômeno natural importante para z derretimento das calotas polares e aumento do
a vida no planeta. É responsável por manter a tem- nível dos oceanos;
peratura média global, evitando grandes amplitudes z aumento da segurança alimentar, prejudicando as
térmicas e proporcionando a vida na Terra. colheitas e a pesca;
No entanto, o comportamento humano está agra- z risco de extinção de espécies e danos a diversos
vando esse fenômeno, com o aumento da emissão de ecossistemas;
gases de efeito estufa na atmosfera, levando a mudan- z redução de territórios por conta do aumento do
ças climáticas em todo o planeta. Essa alta concentra- nível do mar, causando deslocamentos populacio-
ção de gás torna difícil o retorno do calor ao espaço, nais em massa;
aumentando assim a temperatura do planeta. z falta de água em algumas regiões;
Como ocorre o efeito estufa? z inundações em áreas localizadas nas latitudes do
Devido à alta concentração de gases de efeito estu- Norte e no Pacífico Equatorial;
fa na atmosfera, a energia solar refletida pela superfí- z possibilidade da ocorrência de conflitos em decor-
cie é difícil de se dispersar no espaço e ser capturada. rência da escassez de recursos naturais;
O sol irradia calor para a terra. Parte do calor é absor- z problemas de saúde provocados pelo aumento das
314 vida pela superfície da Terra e pelo oceano, e a outra temperaturas e pela ocorrência de ondas de calor;
z previsão de aumento da temperatura da Terra em históricos, como edifícios e estátuas. A camada de ozô-
até 2ºC até 2100, quando se compara ao período nio é uma camada de gás a uma altitude de 25 quilô-
pré-industrial. metros na estratosfera, que protege a Terra da radiação
ultravioleta prejudicial aos seres humanos. A camada
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre de ozônio concentra 90% dessa molécula de gás e forma
Mudanças Climáticas, entre 2010 e 2050, as emissões uma capa protetora contra os raios ultravioleta.
de gases de efeito estufa deve ser reduzidas de 40% Além disso, a camada de ozônio é uma parte essen-
para 70%. Para tanto, os países devem estabelecer cial da vida, porque forma uma camada de proteção
metas para reduzir essas emissões de gases. Uma das contra a radiação ultravioleta. Sem ela, a vida na ter-
possibilidades que se tornou realidade em alguns paí- ra seria impossível. O gás ozônio (O3), é um dos gases
ses é a utilização de energias alternativas, renováveis​​ que constituem a atmosfera. Esse gás é a forma mole-
e limpas, em substituição do uso de combustíveis fós- cular do oxigênio e possui alta reatividade, podendo
seis. Além disso, as atividades diárias podem ser coor- ser produzido de duas maneiras:
denadas para controlar o efeito estufa, tais como:
z Na troposfera: o óxido nitroso (N2O) e a luz solar
z reduzir o uso de transporte para percorrer curtas são produzidos pela oxidação do oxigênio (O2);
distâncias; z Na estratosfera: é produzida pela radiação ultra-
z escolher usar bicicleta ou transporte público, ou
violeta, que se decompõe em dois átomos de oxigê-
quaisquer outros tipos individuais (que não emi-
nio sob a ação da molécula de oxigênio (O2), e cada
tam gases poluentes) e outras formas de transports
coletivos; átomo de oxigênio é combinado com a molécula de
z aumentar a utilização de produtos biodegradáveis; oxigênio (O2).
z estimular e praticar a coleta seletiva.
O papel e a função do gás ozônio também variam
Chuva Ácida de local para local:

A chuva ácida é o tipo de chuva com grandes con- z Na troposfera: altos níveis causam poluição do ar
centrações de ácido sulfúrico, ácido nítrico e ácido e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à
nitroso, causada por reações químicas na atmosfera. saúde humana;
Mesmo em um ambiente sem poluição, todas as chu- z Na estratosfera: a camada de ozônio é formada
vas são ácidas. No entanto, quando o pH é inferior absorvendo quase 90% dos raios ultravioletas do
a 4,5, a chuva torna-se um problema ambiental. Eles
sol para produzir um efeito benéfico.
são causados ​​por um grande número de produtos pro-
duzidos pela queima de combustíveis fósseis lançados
na atmosfera devido às atividades humanas. O buraco na camada de ozônio é a área onde a
Mesmo em condições naturais, o dióxido de carbono concentração de ozônio na estratosfera fica abaixo de
(CO2) na atmosfera tornou a água da chuva ligeiramente 50%. Os buracos na camada de ozônio estão relaciona-
ácida. O pH natural da água é 7 e é 5,6 quando está em dos aos gases produzidos pelas atividades humanas.
equilíbrio com o CO2 na atmosfera, e quase não há ácido. O principal gás é o CFC (clorofluorocarbono) formado
Os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e o nitrogênio (N2O, NO por cloro, flúor e carbono. A lista também inclui óxido
e NO2) são os principais componentes da chuva ácida. nitroso e o CO2 emitido por veículos e queima de com-
Esses compostos são liberados na atmosfera pela queima bustíveis fósseis.
de combustíveis fósseis. Quando reagem com gotículas
Os CFCs são usados há muito tempo em latas de
de água na atmosfera, formam ácido sulfúrico (H2SO4) e
ácido nítrico (HNO3). Esses dois ácidos juntos aumentam aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de
a acidez da água da chuva. refrigeração. O gás CFC é o principal vilão da cama-
Como vimos, a liberação de gás devido ao uso de da de ozônio. As moléculas de CFC podem destruir até
combustíveis fósseis é a principal causa da chuva áci- 100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo
da. Portanto, são resultados do uso de combustíveis de Montreal (1987), foi decidido banir completamente
fósseis o transporte, as usinas termelétricas, indústria o uso de CFCs até o final do século XX. Sem a proteção
e outras formas de combustão. Tal gás também podem da camada de ozônio, nossa taxa de crescimento das
ser formado por causas naturais, como os gases libe- plantas diminuirá, o que reduzirá a fotossíntese.
rados durante erupções vulcânicas. Além disso, os raios ultravioletas também dificul-
Os países industrializados são os mais afetados
tam o desenvolvimento dos organismos aquáticos e
pela chuva ácida. No entanto, o fluxo de ar pode trans-
portar poluentes para lugares distantes. Isso aconte- reduzem a produtividade do fitoplâncton. Essa situa-
ceu em lagos escandinavos, que se tornaram ácidos ção leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
pela chuva devido às atividades industriais na Alema- do ecossistema. O forte efeito desses raios ultravioleta
GEOGRAFIA DO BRASIL

nha, França e Reino Unido. Para a natureza, a conse- também pode causar muitos danos à saúde humana,
quência da chuva ácida é destruição da vegetação e tais como: destruição do DNA celular, câncer de pele,
acidificação do solo, das águas dos rios e lagos. cegueira, deformação e atrofia muscular, além de dei-
Um exemplo das consequências da chuva ácida xar o sistema imunológico enfraquecido. A camada de
foi observado no Brasil, localizada na região litorânea ozônio e o efeito estufa são os fenômenos naturais que
da cidade cubana de São Paulo, onde a concentração garantem a manutenção da vida na Terra.
industrial é alta. A chuva ácida destruiu a vegetação A camada de ozônio pode proteger a Terra dos
das encostas da Serra do Mar e erodiu o solo. Quando
raios ultravioleta, e o efeito estufa pode garantir tem-
a acidificação atinge o solo e as águas dos rios e lagos,
os organismos que vivem nesses locais são afetados. A peratura suficiente para manter a sobrevivência dos
água e o solo tornam-se inadequados para a vivência organismos. No entanto, o efeito estufa causado pela
certos organismos, levando-os à morte. liberação de poluentes tem aumentado, levando ao
A chuva ácida também pode causar a corrosão de aumento da temperatura média da terra, o que é uma
mármore e calcário e a oxidação de metais em locais característica do aquecimento global. 315
Os Climas no Brasil BIOMAS, HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE

A maior parte do território brasileiro está locali- Distribuição da Vegetação


zada nas baixas latitudes entre o Equador e o Trópi-
co de Capricórnio. Portanto, o clima quente e úmido O Brasil, por contar com grande diversidade climáti-
predomina. Em relação à umidade, existem algumas ca, apresenta várias formações vegetais. Tem desde den-
diferenças de clima de uma região para outra, de ultra sas florestas latifoliadas tropicais, que ocupam mais da
úmido (mais de 2500 mm de chuva por ano) a semiári- metade de seu território, até formações xerófilas, como
do (entre 300 e 600 mm de chuva anual). a Caatinga. Há, também, formações típicas de clima
As regiões brasileiras apresentam seis tipos de temperado, como a Mata de Araucárias. Possui grandes
climas classificados com relação às zonas térmicas extensões, no centro do país, de uma formação complexa
da Terra, sendo eles: equatorial, tropical, tropical tipo Savana, conhecida como Cerrado, sem contar o com-
semiárido, tropical de altitude, tropical litorâneo, plexo do Pantanal, as matas galerias e as formações de
subtropical e clima equatorial. Vejamos as principais mangue. Veremos a seguir alguns dos domínios naturais:
características de cada um dos climas do Brasil:
z Floresta Amazônica (floresta latifoliada equa-
z Tropical torial): possuindo o maior banco genético ou
biodiversidade do planeta, a Floresta Amazônica
Localizado na região central do Brasil, mais pre- apresenta três estratos:
sente na região Centro-Oeste, esse clima tem duas
estações distintas: „ Caiapó: é uma área permanentemente alagada
e ao longo dos rios encontramos vegetação de
„ a temperatura é moderada e seca no inverno, o pequeno porte, como, por exemplo, a vitória-régia;
verão é quente e chuvoso;
„ a temperatura média anual é superior a 18º C e
a amplitude térmica anual chega a 7º C. A pre-
cipitação anual varia de 1.000 mm a 1.500 mm.
Quanto à umidade, a região central do país pos-
sui clima semiúmido.

z Tropical Semiárido

Esse clima é característico do Nordeste, região que


inclui uma área chuvosa e outra com menos chuvas, e a
maior temperatura do país. No clima tropical semiárido,
a temperatura média anual é de cerca de 27º C e a ampli-
tude térmica é de cerca de 5º C. O índice de chuvas não
é maior que 800 mm por ano. Neste tipo climático, está
presente o Polígono das Secas, área que passa por cons-
tantes processos de escassez de água e de chuvas.

z Tropical Litorâneo
„ Várzea: área sujeita a inundações periódicas, com
Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, o clima
vegetação de médio porte, que raramente ultra-
tropical costeiro domina a maior parte do litoral do
país. Afetado pelas massas de ar do Atlântico, o clima passa 20 metros de altura, como a seringueira;
nessa área é quente e chuvoso. A temperatura média
anual está entre 18ºC e 26ºC, e o índice de precipitação
é de cerca de 1.500 mm / ano. No litoral nordeste, as
chuvas no outono e inverno são mais intensas. Na cos-
ta sudeste, são mais fortes no verão.

z Tropical de Altitude

A área montanhosa e serrana do Sudeste possui um


clima tropical com alturas tropicais. Devido à altitude,
apresentam a temperatura mais baixa de toda a região
tropical, com média inferior a 18º C. Sua amplitude tér-
mica anual também está entre 7º C e 9º C, e seu padrão de
chuvas é semelhante ao do clima tropical. No inverno, a
entrada de frentes frias pode causar geadas.

z Subtropical

O clima subtropical ocorre na parte sul do país,


abaixo da zona tropical de Mori; por isso o nome sub-
„ Caetê ou terra firme: área que nunca inunda,
tropical. Possui duas estações distintas: verão quente
e inverno rigoroso, durante o qual podem ocorrer na qual encontramos vegetação de grande por-
geadas ou neve. A precipitação é uniformemente dis- te, com árvores que chegam a atingir 60 metros
tribuída ao longo do ano, variando de 1.500 mm a de altura, como a castanheira.
2.000 mm por ano. A temperatura média anual está
quase sempre abaixo de 18º C, e a amplitude térmica
316 está entre 9º C e 13º C.
z Floresta latifoliada tropical: esta formação foi
altamente devastada ao longo da história do Bra-
sil. Originalmente, estendia-se do Rio Grande do z Caatinga: vegetação xerófila, adaptada ao clima
Norte ao Rio Grande do Sul, alargando-se signifi- semiárido, na qual predomina um estrado arbus-
cativamente em Minas Gerais e São Paulo. Possui tivo caducifoliado e espinhoso; ocorrem também
um estrato exposto à ação intensa das massas de cactáceas. O nome Caatinga significa, em tupi-gua-
ar úmido provenientes do Oceano Atlântico. Nessa rani, “mata branca”, cor predominante da vege-
área, ela é muito densa, quase impermeável, sendo tação durante a estação seca. No verão, devido à
conhecida como Mata Atlântica (floresta latifolia- ocorrência de chuva, brotam folhas verdes e flores;
da tropical úmida da encosta);

z Mata de Araucárias ou dos Pinhais (floresta


aciculifoliada): é uma floresta na qual predomi-
na a Araucária angustifólia, espécie adaptada ao
clima subtropical ou temperado. Assemelha-se, na z Cerrado: muito parecido com a Savana Africana,
densidade vegetal, a um bosque. Originariamen- é constituído por uma vegetação caducifólia. Pre-
te, dominava vastas extensões da área planáltica dominantemente arbustiva, de raízes profundas,
da região Sul e mesmo pontos altos do território galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais
de São Paulo (Campos do Jordão), Rio de Janeiro água), é uma formação plenamente adaptada ao
(Petrópolis) e Minas Gerais (Pico da Bandeira). clima tropical típico, com chuvas abundantes no
Em seu interior, há ocorrência de erva-mate, ipês, verão e inverno bastante seco;
canela, cedros etc;

GEOGRAFIA DO BRASIL

z Mata dos Cocais: esta formação vegetal está encra- z Complexo do Pantanal: dentro do Pantanal Mato-
vada entre a Floresta Amazônica, o errado e a Caa- -grossense há campos inundáveis, florestas tro-
tinga. É, portanto, uma mata de transição entre picais e mesmo cerrado nas áreas mais altas. O
formações bastante distintas, constituída por pal- Pantanal, portanto, não é uma formação vegetal,
meiras ou palmáceas, com grande predominância mas um complexo que agrupa várias formações
do babaçu e ocorrência esporádica de carnaúba; em seu interior. 317
O mapa que mostra os domínios morfoclimáticos do
território brasileiro contém informações sobre a asso-
ciação das condições físicas de relevo, clima e vegetação.
Trata-se de uma síntese do que foi estudado de forma
isolada nos anexos anteriores. Assim, por exemplo, o
domínio amazônico é formado por terras baixas (relevo),
florestadas (vegetação) e equatoriais (clima);

Brasil - Vegetação original


Cerrados
Campos
z Campos naturais: formações rasteiras ou herbáceas, Caatinga
constituídas por gramíneas que atingem até 60 cm de Complexo do
altura. Sua origem pode estar associada a solos rasos Pantanal
ou temperaturas baixas em regiões de altitudes ele- Vegetação litorânea
vadas, áreas sujeitas à inundação periódica ou ainda Floresta latifoliada
solos arenosos. Os campos mais famosos do Brasil equatorial (Amazônica)
estão localizados no extremo sul, na Campanha Gaú- Floresta latifoliada
cha. Em Mato Grosso do Sul destacam-se os campos tropical (mata Atlântica)
de Vacaria e, no restante do país, aparecem manchas Mata de Araucária
isoladas na Amazônia, no Pantanal e nas regiões ser- Indica a porcentagem
ranas do Sudeste e do planalto das Guianas; da mata original
desmatada até 1991.

Características Gerais dos Domínios Morfoclimáticos

A Fitogeografia (do grego phytón, que significa plan-


ta) é o ramo da Geografia responsável por realizar o
estudo da distribuição dos vegetais na superfície da Ter-
ra. No Brasil, a vegetação original que cobria o território
nacional foi, em uma grande extensão territorial do país,
desmatada por conta de atividades antrópicas (realiza-
das pelos seres humanos). Ao longo da história do nosso
país medidas foram tomadas para reduzir os níveis de
desmatamento que ocorreram de forma desordenada, e
esse desmatamento tem como consequências o desequi-
líbrio do clima e de toda a cadeia ecológica.

z Vegetação litorânea: nas praias e dunas, é muito


importante a ocorrência de vegetação rasteira, res-
ponsável pela fixação da areia, impedindo que seja
transportada pelo vento. A restinga é uma formação
vegetal que se desenvolve na areia, com predomi-
nância de arbustos e ocorrência de algumas árvo-
res, como o chapéu-de-sol, o coqueiro e a goiabeira.
Os mangues são nichos ecológicos responsáveis
pela reprodução de milhares de espécies de peixes,
moluscos e crustáceos. Em áreas planas do litoral, na
foz e ao longo do curso dos rios, o terreno é invadi-
do pela água do mar nos períodos de maré cheia e a
vegetação arbustiva que aí se desenvolve é as haló-
fitas (adaptada à presença de sal) e a pneumatófila
(durante a maré baixa, as raízes ficam expostas).

Fonte: https://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/. Acesso


em: 4 mai. 2021.

No Brasil, podemos classificar as formações vege-


tais em três grupos:

z formações florestais ou arbóreas: grupo de espé-


318 cies constituídas de árvores de grande porte;
z formações arbustivas (árvores de pequeno porte
– arbustos) e herbáceas (são plantas com o caule
com consistência mole);
z formações complexas e litorâneas.

A partir de agora veremos as principais caracterís-


ticas de cada um dos tipos de vegetação presentes no
território brasileiro.

Formações Florestais ou Arbóreas

z Floresta Latifoliada Equatorial ou Floresta


Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/esperanca-para-a-mata-
Amazônica: floresta ocupa quase 40% do terri- atlantica/. Acesso em: 15 mar. 2023.
tório nacional, e vem sofrendo com a prática do
desmatamento intenso ao longo dos últimos anos. z Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais: esta
A Floresta Amazônica tem como principais carac- vegetação está localizada ao longo do Planalto
terísticas: mata heterogênea, com milhares de Meridional (regiões sul e sudeste), com uma exten-
espécies de vegetais, sempre perene (as folhas se são que vai do estado de São Paulo até o Rio Gran-
mantém verdes o tempo todo e não ocorre a per- de do Sul, embora a maior concentração desta
da das folhas pelas árvores), é uma floresta densa, vegetação esteja no estado do Paraná, é conhecida
intricada (com plantas que ficam bem próximas como Mata de Araucária ou Floresta dos Pinhais
umas das outras), são divididas em três andares ou ( grande presença de pinheiros), é uma formação
camadas (vegetação estratificada) de acordo com a vegetal presente no clima subtropical, é homogê-
proximidade dos rios, classificadas a seguir: nea e espaçada, suas folhas tem formato de agulha
(aciculifoliadas). Neste tipo de floresta encontra-
„ Mata de Igapó: essa vegetação é encontrada ao
mos espécies vegetais como: pinheiro, erva-mate
longo dos rios e é inundada de forma perma-
etc;
nente pelas cheias dos rios (fluviais);
„ Mata de Várzea: vegetação que está sujeita a
inundações ao longo dos rios;
„ Mata de Terra Firme ou Caetê: vegetação
encontrada em áreas com maior altimetria
do relevo (baixos planaltos), estas áreas estão
livres de inundações dos rios.

Como destaque das principais espécies vegetais da


Amazônia temos: seringueira, castanheira, guaraná,
cacaueiro, dentre outras;

Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta-
com-araucarias/. Acesso em: 4 mai. 2021.

z Mata dos Cocais: os cocais, também conhecidos


como palmeiras, localizam-se em grandes exten-
sões nos estados do Maranhão e Piauí. Por sua vez,
essa espécie uma vegetação de transição entre a
Floresta Amazônica e a Caatinga no sertão nordes-
tino, tendo como principais espécies: o babaçu e
a carnaúba. Além disso, aparecem, também, espé-
Fonte: https://veja.abril.com.br/. Acesso em: 4 mai. 2021. cies como: o tucum, buriti, açaí, oiticica etc.

z Floresta Latifoliada Tropical ou Mata Atlântica: A vegetação dos cocais está localizada na parte oci-
GEOGRAFIA DO BRASIL

a Mata Atlântica, também conhecida como floresta dental do Nordeste, é uma importante fonte de obten-
latifoliada tropical, foi explorada de forma intensa, ção de renda para as populações locais, são exploradas
principalmente durante o período colonial (extração e são utilizadas na produção de cosméticos e combus-
de pau-brasil) e praticamente não existe mais. Além tível (como o biodiesel). Em regra, a vegetação está dis-
do pau-brasil, eram presentes, também, neste tipo de tribuída da seguinte forma: o babaçu é encontrado em
vegetação, plantas de madeira nobre. O que ainda maior quantidade no Maranhão e na parte ocidental do
resta da Mata Atlântica são alguns trechos localiza- Piauí, enquanto a carnaúba é mais presente na porção
dos nas encostas da Serra do Mar. Além do pau-brasil oriental do Piauí até o estado do Rio Grande do Norte;
como dito anteriormente, podemos encontrar espé-
cies como: cedro, ipê, jacarandá, peroba etc.;

319
Fonte: https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/. Acesso em: 4 mai. 2021.
Fonte: http://www.geoimagens.com.br/buscar-imagens/mata-dos-
cocais/mata-dos-cocais-6/. Acesso em: 4 mai. 2021.
z Cerrado: a vegetação Cerrado está localizada prin-
z Matas de galerias ou ciliares: são conhecidas cipalmente na região central do país, porém pode
como as pequenas florestas que se desenvolvem ocorrer a presença deste tipo nos estados de Minas
ao longo dos cursos dos rios e são encontradas em Gerais, São Paulo, Bahia, totalizando áreas que
diversas partes do território brasileiro. Quanto podem chegar a 2000000 km².
mais próximas dos cursos d’água, maior é a diver-
sidade desta vegetação, são vegetações fechadas e O Cerrado tradicional é composto por vegetação de
ricas, à medida que ocorre o afastamento do leito árvores e arbustos que estão associados a uma vege-
do rio, ocorre a redução da umidade, e aos pou- tação baixa inferior, formada basicamente por gramí-
cos vão aparecendo novas espécies que são menos neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente
necessitadas de água. nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o
tropical subúmido, com duas estações bem distintas
Dentro dessas matas são encontradas espécies – uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são,
como: sapucaia, paxiúba e palmeiras. em grande parte, pobres e de baixa fertilidade (devido
aos altos índices de acidez). É comum a presença das
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão
e as gramíneas ou vegetação rasteira.

Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais. Acesso em: 4


mai. 2021.

Formações Arbustivas e Herbáceas

z Caatinga: também conhecida como mata branca, é


o tipo de vegetação presente no Sertão Nordestino
ou Nordeste semiárido (região com poucas chuvas, Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm. Acesso
são escassas e são distribuídas de forma irregular em: 4 mai. 2021.
ao longo do ano). As principais características da
Caatinga são: Campos

„ vegetação com árvores e arbustos espinhentos No Brasil os campos também são conhecidos como
ou que perdem as folhas durante a estação seca; Pampas, estão presentes na região sul do país, em
„ são plantas xerófilas (vegetação que se adapta áreas com o relevo suave (pequenas alterações na
a ambientes secos); altimetria – altura), podem se apresentar de forma
„ presença de arbustos associados às cactáceas e contínua (somente com gramíneas), ou coma presen-
às bromeliáceas; ça de pequenas arbustos que ficam isolados na pai-
„ vegetação com caules a galhos tortos, raízes sagem, que formam os chamados campos sujos. As
profundas e em grande quantidade. atividades econômicas desenvolvidas nesta região,
„ os solos nessa região quase sempre são pedre- destaque para a pecuária extensiva – gado criado sol-
gosos, e são de pequena espessura. to em grandes extensões de terras, e a monocultura:
soja ou arroz.
Na caatinga as espécies que podemos destacar são: Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-
„ Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro; quilha e flecha.
„ Cactáceas: mandacaru e xiquexique;
„ Bromeliáceas: macambira e caroá.
320
z Mangue: esta vegetação está presente em faixas lito-
râneas com clima tropical e que sofrem a ação das
marés ou da água salobra (salgada), tendo como vege-
tação as halófilas (ambientes salinos).

Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-pampa-
conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/. Acesso em: 15 mar. 2023.

Formações Complexas e Litorâneas

z Complexo do Pantanal: denomina-se Complexo Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-


do Pantanal o conjunto de diversas formações de aumento-do-nivel-do-mar/. Acesso em: 15 mar. 2023.
vegetação que estão presentes na área do Panta-
nal Mato-Grossense. Nesta região ocorrem inunda- Os domínios morfoclimáticos podem ser com-
ções em certos períodos do ano, o que possibilita a preendidos como o resultado da interação entre os
existência de três tipos de áreas: as áreas que estão elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, cli-
sempre alagadas, as áreas que são periodicamente ma, vegetação e hidrografia).
alagadas e as áreas que estão livres de inundações. O geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber realizou estu-
dos e estabeleceu esta classificação citada anterior-
Como espécies de vegetais aqui nesta região, desta- mente. De acordo com o professor, essa delimitação
cam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado, paratu- ocorre a partir de uma abordagem integrada da natu-
do, capim-mimoso e vários bosques chaquenhos, com a reza, ao estudar somente o território brasileiro, a
presença de Quebracho e do angico, dentre outros tipos; identificação e a classificação são mais precisas.
No Brasil foram identificados seis grandes domínios
morfoclimáticos – paisagísticos: três domínios abran-
gem áreas florestadas originalmente (Amazônia, Arau-
cárias e Mares de Morros – Mata Atlântica) e os outros
correspondem a áreas com um predomínio de espécies
vegetais herbáceas e arbustivas (Cerrado, Caatinga e
Campos – também conhecido como pradarias).
Por sua vez, segundo os estudos do professor
Ab’Sáber, existem faixas de transição entre os domí-
nios morfoclimáticos, como por exemplo, o Pantanal,
trechos de Cerrado e também da Caatinga, assim como
Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/ a Mata dos Cocais e a Vegetação Litorânea – Mangues).
estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense. Observe a seguir os domínios morfoclimáticos do
ghtml. Acesso em: 15 mar. 2023. Brasil de acordo com os estudos do professor Ab’Sáber:

z Vegetação Litorânea: no Litoral brasileiro exis-


tem dois tipos de vegetação:

„ Vegetação das praias e das dunas (jundu): são


vegetações arbustivas e herbáceas, que conse-
guem sobreviver em solo arenoso, sofrendo fortes
influências da ação do mar (por meio das marés
e dos ventos). Nas praias, a vegetação é mais mir-
rada (pobre – grande quantidade de sal e poucos
nutrientes), enquanto nas dunas a vegetação é
mais diversificada e contínua, por conta da maior
GEOGRAFIA DO BRASIL

quantidade de nutrientes e menor quantidade de


cloreto de sódio presente na água do mar; Amazônico
Cerrado
Mares de morros
Caatingas
Araucárias
Pradarias
Faixas de Transição

Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html. Acesso fisica/dominios-morfoclimaticos.html. Acesso em: 15 mar. 2023.
em: 15 mar. 2023.
321
Aproveitamento Econômico e Problemas Ambientais Nas proximidades de Manaus, suas águas barren-
tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras,
A partir da década de 1930, a história da deterio- formando um espetáculo de dimensões magníficas;
ração dos impactos ambientais no Brasil e no mundo nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas.
começou a mudar. Em nosso país, esse fenômeno é Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta-
acompanhado pelo processo de industrialização e neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
urbanização. Esses eventos proporcionaram certo jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha.
desenvolvimento para o país, mas com esse desen- Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten-
volvimento não houve a adoção e a implantação de são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior
uma legislação apropriada para evitar danos ao meio território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas-
ambiente. O crescimento das cidades e das indústrias ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar
relacionadas ao crescimento populacional é uma luta qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um
diária para conter a deterioração do meio ambiente. pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for-
Dentre os principais problemas ambientais pode- ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais
mos destacar alguns. de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis.
O desmatamento é considerado como um dos A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água
mais antigos e mais graves problemas ambientais que encontrada em nosso território, e é habitada por
nosso país possui, pois, desde a chegada dos portugue- menos e 8% da população nacional
ses e dos diversos ciclos de exploração esse problema No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla-
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais
vem sendo agravado. O processo de urbanização e
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto
crescimento das cidades, a expansão das atividades
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas.
agropecuárias, a extração de madeira de lei, a utili-
Essa característica confere a bacia um grande poten-
zação das terras para a criação de bovinos, principal-
cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte.
mente a pecuária extensiva foram determinantes para
Tamanho potencial explica a existência de um
o agravamento dessa situação. E como consequências ambicioso projeto que prevê a construção de nada
do processo de desmatamento podemos destacar: a menos que 76 usinas hidrelétricas.
destruição da biodiversidade, os processos de erosão Desse total, em 2003 estavam em operação apenas
e empobrecimento dos solos, a redução no clico das sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra-
chuvas, o aumento das temperaturas e a questão do fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das
aquecimento global. obras explicam a demora na implementação desse
As queimadas, em sua maioria, estão diretamente projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente
associadas à prática da agricultura. Em nosso país as controverso quanto ao seu impacto socioambiental -
queimadas vêm aumentando de forma considerável por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo-
nos últimos anos, vide os exemplos de 2020 ocorridos restas e áreas indígenas.
no Pantanal e na Amazônia. Como consequências das
queimadas destaca-se o aceleramento do processo de A Bacia Sanfranciscana
desertificação, a poluição do ar e o processo de empo-
brecimento dos solos. A bacia do Rio São Francisco drena uma longa
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as
Recursos Hídricos: Bacias Hidrográficas chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na
Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul-
Um aspecto importante propiciado pelo relevo é -norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
o grande potencial hidráulico existente no território nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
brasileiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície para sudeste até desembocar no oceano Atlântico.
do nosso país situa-se acima dos 200 metros de altitu- A bacia hidrográfica do São Francisco é importan-
de, e essa imensa área é percorrida por extensos rios te por vários motivos:
de planalto.
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce z pelo volume de água que transporta em plena
do planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa região semiárida, inclusive durante os períodos
rede hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra-
maiores bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local
e a Platina. de chuvas generosas (perto da linha do Equador),
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei- o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da
Canastra, área de precipitação relativamente
ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande
abundante situada em Minas Gerais (responde por
importância socioeconômica para o nosso país.
cerca de 75% da geração de água do rio);
Agora, vamos conhecer algumas características
z pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação
das três principais bacias hidrográficas do Brasil:
das populações ribeirinhas e a criação de inúmeras
Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca- cidades. No século XVI, serviu de via natural de pene-
na e Platina. tração do interior. Mais tarde, no século XVII, ganhou
o apelido de Rio dos Currais devido à concentração
A Bacia Amazônica de fazendas de gado bovino em suas margens;
z porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas
praticamente metade do território brasileiro. regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes-
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com investimentos em hidrovias dificultaram essa inte-
322 o nome de Solimões. gração tão propagada;
z pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga- A bacia do rio Paraná é importantíssima para o
ção dos solos férteis situados à sua margem. E o Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico,
caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual- hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze-
mente se destaca pela importância da fruticultura nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi-
irrigada com a água do Rio São Francisco. ca economia do Centro-Sul.
O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi-
Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o
do São Francisco. “A população que habita o vale, porém, Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes-
mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”. mo sendo binacional quase toda a energia e consumi-
Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre- da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que
paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos. o Paraguai tem direito.
A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre Apesar de toda a sua importância socioeconômica,
da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho. Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante
Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas pertinentes. A mais frequente dessas críticas repor-
do rio diminui de forma dramática nos meses de seca, ta-se a ausência de eclusas no projeto original da
comprometendo, inclusive, o abastecimento de água hidrelétrica, para possibilitar a navegação. Só agora,
dos moradores da região. no início do século XXI, o projeto de construção das
A propósito da população local, é preciso destacar eclusas está sendo levado a sério, para tornar reali-
que Sobradinho formou o maior represamento de dade a hidrovia Mercosul, com cerca de 7.000 quilô-
água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70 metros de vias navegáveis. As obras necessárias ao
mil pessoas foram removidas para áreas distantes até vencimento do desnível, de quase 130 metros, pode-
700 quilômetros em consequência da construção da rão ser realizadas mediante a construção de uma
represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados escada de quatro eclusas, cada urna com câmara de
e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado, 120 m de comprimento e 17 m de largura. A hidro-
Santo S, Casa Nova e Remanso. via do Mercosul interligara Buenos Aires, Assunção,
Além desse impacto social, houve a inundação de Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de Goiás, ao
inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso do Sul e
perda enorme para as gerações futuras, que não pode- a todo o interior de São Paulo, até as proximidades de
rão conhecer a história de povos ancestrais que habi- Piracicaba e Sorocaba.
taram a região em épocas remotas. Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí-
Outro sério problema detectado no vale do São ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias
milhares de toneladas de sedimentos, provenientes como principal sistema de transporte mostra-se hoje
tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie- corno um problema, pois depende dos derivados de
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível petróleo, uma fonte de energia questionável:
para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
O agravamento desse problema tende a comprometer z é uma fonte de energia não-renovável;
a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado z é poluente, pois sua queima produz CO2, gás que
ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma provoca o efeito estufa, considerado responsável
hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor- pelo aquecimento global;
tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas. z precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro-
duz aproximadamente 80% do total que consome;
ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO z mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró-
Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)
� leo será sempre uma opção custosa, que encarece
Vazão média anual: 3.360m²/s
� os produtos transportados.
Municípios banhados pela bacia: 509

Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-
� O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal predominância de climas úmidos, tem uma extensa
População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas
� rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras
Declividade média: 8,8 cm/km
� oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades
Vazão média na foz: 2.943 m³/s
� de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário
é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos
Tipo de foz: estuário

rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico,
Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s

bastante explorado no Centro-Sul do país em decor-
rência da concentração urbano-industrial, mas subu-
Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu- tilizado em outras regiões, como a Amazônia
do, da sensível diminuição do volume das águas causa- O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do
GEOGRAFIA DO BRASIL

da por influência das atividades humanas, estão sendo Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
implementados programas ecológicos, muitos dos quais -se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas titui um importante recurso natural. Em decorrência
dramáticas formas de degradação ambiental. da natureza do relevo, predominam os rios de planal-
to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração
A Bacia Platina de eletricidade mais importante do Brasil.
Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta
A peculiaridade dessa bacia está na sua composi- os seguintes aspectos:
ção, já que são três os seus principais rios formadores: Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor-
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios naram-se bacias sedimentares. Em nosso território,
origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti- só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no
na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a
capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu. Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas. 323
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo- Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran-
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida- de número de cursos de águas menores e canais flu-
de da água do rio Amazonas provém do derretimento viais criados pelos processos de cheia e vazante. A
de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla-
regime misto (nival e pluvial). naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm-
Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm bia, Peru e Bolívia.
para o interior têm como destino final o oceano, como Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a
o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá- baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação
gua no mar (estuário da Prata). de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre
Há rios temporários apenas no Sertão nordestino, o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
são perenes. ondas se formam, invadindo o continente.  Localiza-
Predominam rios de planalto em áreas de elevado da numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
índice pluviométrico. A existência de muitos desní- cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
veis no terreno e o grande volume de água possibilita o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio
a produção de hidroeletricidade. Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô-
Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis- nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá,
ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso;
em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
mente no oceano formam estuários. z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi-
madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses,
o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde
I V
se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
II gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
IV escoar parte da produção de grãos (destaque para
a soja) das regiões que banha.
VI
III A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior
do país, foi construída no rio Tocantins e atende às
necessidades de consumo de energia do Projeto Cara-
VII jás, no Pará. Dentre os principais afluentes da bacia
Tocantins-Araguaia, estão os rios do Sono, Palma e
Melo Alves, todos situados na margem direita do rio
Araguaia.  Seu rio principal, o Tocantins nasce na
I: bacia Amazônica
confluência dos rios Maranhão e Paraná, em Goiás,
II: bacia Araguaio-Tocantins
percorrendo 2.640 km até desembocar na foz do Ama-
III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
zonas. Durante o período de cheias, seu trecho nave-
IV: bacia do São Francisco gável é de 1.900 km, entre as cidades de Belém (PA) e
V: bacia do Nordeste Peixe (GO). Em seu curso inferior situa-se a Hidrelé-
VI: bacia do Leste trica de Tucuruí, a segunda maior do país, que abas-
VII: bacia do Sul tece os projetos de mineração da Serra do Carajás e
da Albrás.
As principais bacias hidrográficas brasileiras são: O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato
Grosso, na fronteira com Goiás. Tem cerca de 2.600
z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidro- km de extensão. Desemboca no rio Tocantins em São
gráfica do planeta tem sua vertente delimitada João do Araguaia, logo antes de Marabá. A construção
pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido questionada
pelo planalto das Guianas e pelo planalto Central. por ONGs que criticam os impactos ambientais que
Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia corta-
Marañon, e passa a ser denominado Solimões da ria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indí-
fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro. genas, afetando cerca de 10 mil índios;
A partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio
mais extenso (total de 7100 km) e de maior volume z Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná
de água do planeta. Esse fato é explicado pela pre- e Bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado
sença de afluentes de ambos os lados que, por esta- pela segunda maior bacia hidrográfica do plane-
rem nos dois hemisférios (norte e sul), permitem a ta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e
dupla captação das cheias de verão. Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontra-
rem em território argentino. A bacia do rio Paraná
Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua apresenta o maior potencial hidrelétrico instalado
maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra- do país, além de trechos importantes para a nave-
sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri- gação, com destaque para a hidrovia do Tietê. A
co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar, bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato-
que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo- -grossense, é amplamente navegável. Já a bacia
nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave- do Uruguai, com pequeno potencial hidrelétrico e
gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais poucos trechos navegáveis, tem importância eco-
324 de 50 km em alguns trechos. nômica apenas regional;
z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun- A hidrovia serve para o transporte de cargas, pes-
tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes- soas e veículos, tornando-se uma importante ligação
te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias com os países do Mercosul. São 2.400 km de percurso
hidrográficas que os compõem não possuem liga- navegável ligando as localidades de Anhembi e Foz
ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali- do Iguaçu. Em função de suas diversas quedas, o rio
zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal Paraná possui navegação de porte até a cidade argen-
de cada uma delas tem sua própria vertente, deli- tina de Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em
drenagem, drenando todo o centro-sul da América do
mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por
Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar;
exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas
pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul,
Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu.

Aquíferos

Os Aquíferos são fontes importantes de recursos


devido à sua grande quantidade de água armazena-
das. No entanto, torna-se problemático ao seu uso
excessivo e, principalmente, sua contaminação com
a poluição do solo e o uso de reagentes químicos na
superfície, pois isso compromete a duração e a energia
para renovar este recurso natural. No Brasil, existem
dois aquíferos principais e importantes: o Guarani,
localizado Sul-Sul e se estende de outros países, além
do Alter do Chão, localizado na região norte.
No mapa a seguir podemos observar a localização
z Bacia do Rio São Francisco: é uma extensa bacia
dos principais aquíferos brasileiros:
hidrográfica, responsável pela drenagem de apro-
ximadamente 7,5% do território nacional. O rio
São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atra-
vessa o sertão semiárido mineiro e baiano, possi-
bilitando a sobrevivência da população ribeirinha
de baixa renda, a irrigação em pequenas proprie-
dades e em grandes projetos agroindustriais e a
criação de gado. O São Francisco é um rio bastante
aproveitado para a produção de hidroeletricidade.

Ele é navegável em um longo trecho dos estados de


Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três
Marias não lhe retenha muita água. Possui área de
aproximadamente 645.000 km² e é responsável pela
drenagem de 7,5% do território nacional. É a terceira
bacia hidrográfica do Brasil, ocupando 8% do territó-
rio nacional. É a segunda maior bacia localizada intei-
ramente em território nacional. A bacia encontra-se
nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco,
Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Situa-se
quase inteiramente em áreas de planalto.
Hidrovias
RECURSOS HÍDRICOS
z Hidrovia Tietê-Paraná (Mercosul): o sistema hidro- Bacias Hidrográficas
viário Tietê-Paraná possui 2.400 quilômetros de vias
navegáveis de Piracicaba e Conchas (ambos em São Um aspecto importante propiciado pelo relevo é o
Paulo) até Goiás e Minas Gerais (ao norte) e Mato Gros- grande potencial hidráulico existente no território brasi-
so do Sul, Paraná e Paraguai (ao sul). Liga cinco dos leiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície do nos-
GEOGRAFIA DO BRASIL

maiores estados produtores de soja do País e é conside- so país situa-se acima dos 200 metros de altitude, e essa
rada a Hidrovia do Mercosul. Em seu trecho paulista, a imensa área é percorrida por extensos rios de planalto.
Hidrovia Tietê-Paraná possui 800 quilômetros de vias O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce do
planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa rede
navegáveis, dez reservatórios, dez barragens, 23 pon-
hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas maiores
tes, 19 estaleiros e 30 terminais intermodais de cargas.
bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica e a Platina.
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei-
Sua infraestrutura, administrada pelo Departamento ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande
Hidroviário - DH transformou o modal em uma alternati- importância socioeconômica para o nosso país.
va econômica para o transporte de cargas, além de propi- Agora, vamos conhecer algumas características
ciar o reordenamento da matriz de transportes da região das três principais bacias hidrográficas do Brasil:
centro-oeste do Estado e impulsionar o desenvolvimento Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca-
regional de cidades como Barra Bonita e Pederneiras. na e Platina. 325
A Bacia Amazônica z porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas
A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes-
praticamente metade do território brasileiro. te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do investimentos em hidrovias dificultaram essa inte-
país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com gração tão propagada;
o nome de Solimões. z pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga-
Nas proximidades de Manaus, suas águas barren- ção dos solos férteis situados à sua margem. E o
tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras, caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual-
formando um espetáculo de dimensões magníficas; mente se destaca pela importância da fruticultura
nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas. irrigada com a água do Rio São Francisco.
Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta-
neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância
jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha.
Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten- do São Francisco. “A população que habita o vale, porém,
são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”.
território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas- Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre-
ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos.
qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre
pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for- da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho.
ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas
de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis. do rio diminui de forma dramática nos meses de seca,
A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água comprometendo, inclusive, o abastecimento de água
encontrada em nosso território, e é habitada por dos moradores da região.
menos e 8% da população nacional A propósito da população local, é preciso destacar
No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla- que Sobradinho formou o maior represamento de
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto mil pessoas foram removidas para áreas distantes até
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas.
700 quilômetros em consequência da construção da
Essa característica confere a bacia um grande poten-
represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados
cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte.
Tamanho potencial explica a existência de um e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado,
ambicioso projeto que prevê a construção de nada Santo S, Casa Nova e Remanso.
menos que 76 usinas hidrelétricas. Além desse impacto social, houve a inundação de
Desse total, em 2003 estavam em operação apenas inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma
sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra- perda enorme para as gerações futuras, que não pode-
fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das rão conhecer a história de povos ancestrais que habi-
obras explicam a demora na implementação desse taram a região em épocas remotas.
projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente Outro sério problema detectado no vale do São
controverso quanto ao seu impacto socioambiental - Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por
por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo- milhares de toneladas de sedimentos, provenientes
restas e áreas indígenas. tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie-
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível
A Bacia Sanfranciscana para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
O agravamento desse problema tende a comprometer
A bacia do Rio São Francisco drena uma longa a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma
chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor-
Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul- tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas.
-norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
para sudeste até desembocar no oceano Atlântico. ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO
A bacia hidrográfica do São Francisco é importan- Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)

te por vários motivos: Vazão média anual: 3.360m²/s

Municípios banhados pela bacia: 509

z pelo volume de água que transporta em plena Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-

região semiárida, inclusive durante os períodos nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal
de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra- População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas

sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local Declividade média: 8,8 cm/km

de chuvas generosas (perto da linha do Equador), Vazão média na foz: 2.943 m³/s

o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da Tipo de foz: estuário

Canastra, área de precipitação relativamente Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s

abundante situada em Minas Gerais (responde por
cerca de 75% da geração de água do rio);
z pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu-
das populações ribeirinhas e a criação de inúmeras do, da sensível diminuição do volume das águas causa-
cidades. No século XVI, serviu de via natural de pene- da por influência das atividades humanas, estão sendo
tração do interior. Mais tarde, no século XVII, ganhou implementados programas ecológicos, muitos dos quais
o apelido de Rio dos Currais devido à concentração de por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas
326 fazendas de gado bovino em suas margens; dramáticas formas de degradação ambiental.
A Bacia Platina Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta
os seguintes aspectos:
A peculiaridade dessa bacia está na sua composi- Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor-
ção, já que são três os seus principais rios formadores: naram-se bacias sedimentares. Em nosso território,
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no
origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti- Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a
na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas
Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas.
capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu.
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo-
A bacia do rio Paraná é importantíssima para o
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida-
Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico,
hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze- de da água do rio Amazonas provém do derretimento
nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi- de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um
ca economia do Centro-Sul. regime misto (nival e pluvial).
O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi- Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm
da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o para o interior têm como destino final o oceano, como
Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes- o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá-
mo sendo binacional quase toda a energia e consumi- gua no mar (estuário da Prata).
da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que Há rios temporários apenas no Sertão nordestino,
o Paraguai tem direito. onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios
Apesar de toda a sua importância socioeconômi- são perenes.
ca, Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante Predominam rios de planalto em áreas de elevado
pertinentes. A mais frequente dessas críticas reporta-se índice pluviométrico. A existência de muitos desní-
a ausência de eclusas no projeto original da hidrelétri-
veis no terreno e o grande volume de água possibilita
ca, para possibilitar a navegação. Só agora, no início
a produção de hidroeletricidade.
do século XXI, o projeto de construção das eclusas está
sendo levado a sério, para tornar realidade a hidrovia Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis-
Mercosul, com cerca de 7.000 quilômetros de vias nave- ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz
gáveis. As obras necessárias ao vencimento do desnível, em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
de quase 130 metros, poderão ser realizadas mediante a mente no oceano formam estuários.
construção de uma escada de quatro eclusas, cada urna
com câmara de 120 m de comprimento e 17 m de lar-
gura. A hidrovia do Mercosul interligara Buenos Aires,
Assunção, Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de
Goiás, ao Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso
do Sul e a todo o interior de São Paulo, até as proximida- I V
des de Piracicaba e Sorocaba. II
Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí- IV
ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias VI
como principal sistema de transporte mostra-se hoje III
corno um problema, pois depende dos derivados de
petróleo, uma fonte de energia questionável:
VII
z é uma fonte de energia não-renovável;
z é poluente, pois sua queima produz CO2, gás que
provoca o efeito estufa, considerado responsável
pelo aquecimento global; I: bacia Amazônica
z precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro- II: bacia Araguaio-Tocantins
duz aproximadamente 80% do total que consome; III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
z mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró- IV: bacia do São Francisco
leo será sempre uma opção custosa, que encarece V: bacia do Nordeste
os produtos transportados. VI: bacia do Leste
VII: bacia do Sul
O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
predominância de climas úmidos, tem uma extensa
rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras As principais bacias hidrográficas brasileiras são:
oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades
GEOGRAFIA DO BRASIL

de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidrográfica
é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos do planeta tem sua vertente delimitada pelos diviso-
rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, res de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto
bastante explorado no Centro-Sul do país em decor- das Guianas e pelo planalto Central. Seu rio principal
rência da concentração urbano-industrial, mas subu- nasce no Peru, com o nome de Marañon, e passa a ser
tilizado em outras regiões, como a Amazônia denominado Solimões da fronteira brasileira até o
O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do
encontro com o rio Negro. A partir daí, recebe o nome
Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
de Amazonas. É o rio mais extenso (total de 7100 km)
-se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
titui um importante recurso natural. Em decorrência e de maior volume de água do planeta. Esse fato é
da natureza do relevo, predominam os rios de planal- explicado pela presença de afluentes de ambos os
to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração lados que, por estarem nos dois hemisférios (norte e
de eletricidade mais importante do Brasil. sul), permitem a dupla captação das cheias de verão. 327
Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua navegação, com destaque para a hidrovia do Tie-
maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra- tê. A bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal
sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri- Mato-grossense, é amplamente navegável. Já a
co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar, bacia do Uruguai, com pequeno potencial hidrelé-
que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo- trico e poucos trechos navegáveis, tem importân-
nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave- cia econômica apenas regional;
gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun-
de 50 km em alguns trechos. tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes-
Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran- te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias
de número de cursos de águas menores e canais flu- hidrográficas que os compõem não possuem liga-
viais criados pelos processos de cheia e vazante. A ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali-
maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla- zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal
naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm- de cada uma delas tem sua própria vertente, deli-
bia, Peru e Bolívia. mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por
Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas
baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul,
de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu.
o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
Aquíferos
ondas se formam, invadindo o continente.  Localiza-
da numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
Os Aquíferos são fontes importantes de recursos
cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio devido à sua grande quantidade de água armazena-
Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô- das. No entanto, torna-se problemático ao seu uso
nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá, excessivo e, principalmente, sua contaminação com
Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso; a poluição do solo e o uso de reagentes químicos na
superfície, pois isso compromete a duração e a energia
z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi- para renovar este recurso natural. No Brasil, existem
dois aquíferos principais e importantes: o Guarani,
madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
localizado Sul-Sul e se estende de outros países, além
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
do Alter do Chão, localizado na região norte.
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
No mapa a seguir podemos observar a localização
pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses,
dos principais aquíferos brasileiros:
o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde
se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
escoar parte da produção de grãos (destaque para
a soja) das regiões que banha.

A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do


país, foi construída no rio Tocantins e atende às necessi-
dades de consumo de energia do Projeto Carajás, no Pará.
Dentre os principais afluentes da bacia Tocantins-Ara-
guaia, estão os rios do Sono, Palma e Melo Alves, todos
situados na margem direita do rio Araguaia. Seu rio prin-
cipal, o Tocantins nasce na confluência dos rios Maranhão
e Paraná, em Goiás, percorrendo 2.640 km até desembocar
na foz do Amazonas. Durante o período de cheias, seu tre-
cho navegável é de 1.900 km, entre as cidades de Belém
(PA) e Peixe (GO). Em seu curso inferior situa-se a Hidrelé-
trica de Tucuruí, a segunda maior do país, que abastece os
projetos de mineração da Serra do Carajás e da Albrás.
O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato
Grosso, na fronteira com Goiás. Tem cerca de 2.600
km de extensão. Desemboca no rio Tocantins em São Hidrovias
João do Araguaia, logo antes de Marabá. A construção
da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido questionada z Hidrovia Tietê-Paraná (Mercosul): o sistema
por ONGs que criticam os impactos ambientais que hidroviário Tietê-Paraná possui 2.400 quilôme-
poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia corta- tros de vias navegáveis de Piracicaba e Conchas
ria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indí- (ambos em São Paulo) até Goiás e Minas Gerais (ao
genas, afetando cerca de 10 mil índios; norte) e Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai (ao
sul). Liga cinco dos maiores estados produtores de
z Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná soja do País e é considerada a Hidrovia do Merco-
e Bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado sul. Em seu trecho paulista, a Hidrovia Tietê-Para-
pela segunda maior bacia hidrográfica do plane- ná possui 800 quilômetros de vias navegáveis, dez
ta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e reservatórios, dez barragens, 23 pontes, 19 estalei-
Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontra- ros e 30 terminais intermodais de cargas.
rem em território argentino. A bacia do rio Paraná
apresenta o maior potencial hidrelétrico insta-
328 lado do país, além de trechos importantes para a
Sua infraestrutura, administrada pelo Departa- Também podemos destacar o processo de uso de pro-
mento Hidroviário - DH transformou o modal em dutos químicos pelo setor produtivo agrícola que gera a
uma alternativa econômica para o transporte de car- contaminação das reservas subterrâneas existentes.
gas, além de propiciar o reordenamento da matriz de
transportes da região centro-oeste do Estado e impul- O APROVEITAMENTO ECONÔMICO DOS RECURSOS
sionar o desenvolvimento regional de cidades como NATURAIS E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
Barra Bonita e Pederneiras.
A hidrovia serve para o transporte de cargas, pes- Os Recursos Minerais
soas e veículos, tornando-se uma importante ligação
com os países do Mercosul. São 2.400 km de percurso rmação rochosa. Graças a isso, tem grandes reser-
navegável ligando as localidades de Anhembi e Foz vas minerais. Destaque para minerais metálicos, como
do Iguaçu. Em função de suas diversas quedas, o rio ferro, manganês e bauxita (minério de alumínio). O
Paraná possui navegação de porte até a cidade argen- minério de ferro tem maior destaque, ao passo que
tina de Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em o ouro, o cobre e o nióbio, não menos importantes,
drenagem, drenando todo o centro-sul da América do possuem produção em menor escala.
Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar;
Para obter uma ideia da importância da indústria
mineral para o país, a exportação de minerais gera um
equilíbrio positivo na balança comercial brasileira,
que representa 18% de todos os produtos exportados.

z Minério de Ferro: o Brasil está entre os 5 maio-


res produtores em minério de ferro no mundo. É
extraído nos estados de Minas Gerais, Pará e Mato
Grosso do Sul. Em Minas Gerais, o ferro é explo-
rado no quadrilátero ferrífero (região Central-Sul
do Estado), no estado do Pará, a exploração ocorre
na Serra dos Carajás, localizada no estado sudeste.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o
minério de ferro representa 93% das exportações
do setor de mineração do país. Seu maior uso é ser
matéria-prima para produção de aço;
z Manganês: semelhante ao minério de ferro, o
z Bacia do Rio São Francisco: é uma extensa bacia manganês serve como matéria-prima para pro-
hidrográfica, responsável pela drenagem de apro- dução de aço, sendo responsável por dar liga a
ximadamente 7,5% do território nacional. O rio seus componentes. A maior parte do manganês é
São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atra- destinada a este propósito. No Brasil, concentra-
vessa o sertão semiárido mineiro e baiano, possi- -se principalmente na parte norte do território,
bilitando a sobrevivência da população ribeirinha especialmente no estado de Amapá, mas também
de baixa renda, a irrigação em pequenas proprie- é encontrado no quadrilátero ferrífero em Minas
dades e em grandes projetos agroindustriais e a Gerais, e na Serra dos Carajás, no Pará;
criação de gado. O São Francisco é um rio bastante z Bauxita: outro mineral importante para o país, é a
aproveitado para a produção de hidroeletricidade. matéria-prima do alumínio. O Brasil tem a terceira
maior reserva do mundo. As reservas são encon-
Ele é navegável em um longo trecho dos estados de tradas principalmente nos estados de Minas Gerais
Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três e no Pará. O processo de transformar este miné-
Marias não lhe retenha muita água. Possui área de rio de alumínio é muito caro e caro para o meio
aproximadamente 645.000 km² e é responsável pela ambiente. Por isso, a reciclagem de latas de alumí-
drenagem de 7,5% do território nacional. É a terceira nio é tão importante.
bacia hidrográfica do Brasil, ocupando 8% do territó-
rio nacional. É a segunda maior bacia localizada intei- Embora o Brasil tenha tantos recursos minerais
ramente em território nacional. A bacia encontra-se e riquezas, o processo de transformação e produção
nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, desses recursos está nas mãos de grandes empresas
Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Situa-se multinacionais. Consequentemente, uma grande par-
quase inteiramente em áreas de planalto. te dos lucros não permanece no país, o que geraria
GEOGRAFIA DO BRASIL

mais lucros que poderiam ser revertidos em progra-


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL mas sociais e assim beneficiariam a população do país.

Os principais problemas enfrentadas em relação ao FONTES DE ENERGIA, MATRIZ ENERGÉTICA


processo de degradação ambiental nas bacias hidrográ- BRASILEIRA E MEIO AMBIENTE
ficas do Brasil estão o processo de poluição das águas,
tanto em áreas rurais como em áreas urbanas, e as cau- Fonte de energia são as matérias-primas utilizadas
sas dessa poluição são o lançamento de esgoto industrial para a produção de energia, que movimentam máqui-
e doméstico (em alguns casos esse lançamento ocorre nas de maneira direta ou indireta. São extraídas da
in natura – quando o esgoto é lançado diretamente no natureza e precisam passar por processos de trans-
manancial de água sem nenhum tipo de tratamento), formação para gerar energia. As fontes de energia
além do processo de assoreamento dos rios causado pela são classificadas como renováveis, como hidrelétrica;
retirada da vegetação ciliar das encostas dos rios. solar; eólica (ventos); geotérmica (do calor proveniente 329
do interior da Terra); Biomassa (produzida a partir da Lixívia e outras
renováveis
utilização de matérias-orgânicas); energia das marés Carvão
Outras não 5,9% 5,7%
(força das ondas) e do hidrogênio (através do pro-
cesso de reação química entre oxigênio e hidrogênio renováveis
que acaba por liberar energia), e as outras formas de 0,6%
energia são as não renováveis, como os combustíveis Lenha e Carvão
fósseis; o petróleo; carvão mineral; gás natural e o gás vegetal
de xisto, além da energia nuclear, produzida através 8,0%
do processo de fissão (quebra) nuclear dos átomos de
Urânio e Tório.
Cabe ao mundo contemporâneo o desafio de uti- Petróleo e
Derivados da
lizar energias não poluentes e renováveis, com o derivados
cana
objetivo de reduzir os impactos da matriz energética 36,4%
17,0%
sobre o meio ambiente. No Brasil, já temos programas
de produção de energia com o objetivo de reduzir os
impactos ambientais, como por exemplo a produção Hidráulica
de etanol para combustível veicular, que foi inserido 12,0%
em nosso país nos anos 70 a partir do Programa do
Álcool Brasileiro, principalmente depois do 1º choque Gás natural
do petróleo ocorrido em 1973, que provocou aumen- 13,0%
Nuclear
tos consideráveis no valor de barril. 1,4%
O Brasil destaca-se também pela produção de ener-
gia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque para
as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte, Cachoei- Fonte: epe.gov.br
ra Dourada. Em relação à energia eólica, destaque
para o crescimento apresentado na região nordeste, O histórico do agravamento dos impactos ambien-
na interface continente-oceano (litoral), com ênfase tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a
para a Usina de Prainha no Ceará. Para a produção partir dos anos 30. No nosso país especificamente
da energia solar, há um destaque especial no cinturão esse fenômeno veio acompanhado do processo de
do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na industrialização e da urbanização, eventos esses que
região Sul. Como destaque da biomassa, temos o pro- proporcionaram um certo desenvolvimento do país,
cessamento de cana-de-açúcar e a produção de etanol, porém, este desenvolvimento não veio acompanhado
conforme dito anteriormente. de legislações adequadas para não provocar degrada-
Em relação as fontes de energia não renováveis, ções ao meio ambiente.
enfatizamos a utilização de gás natural, que é impor- O crescimento urbano e industrial associado ao
tado da Bolívia; as poucas reservas de carvão mineral crescimento populacional são batalhas que são trava-
localizadas em estados da região Sul, principalmen- das cotidianamente para conter o avanço da degrada-
te Santa Catarina; o processo de extração e refino de ção ambiental.
petróleo que é realizado pela Petrobras desde os anos Dentre os principais problemas ambientais pode-
50, quando ocorreu sua inauguração, e, nesse quesito, mos destacar:
podemos destacar as reservas localizadas nas Bacias
de Campos e Santos.
z O desmatamento: é considerado como um dos mais
Também é importante realçar a presença das reser-
antigos e mais graves problemas ambientais que
vas de petróleo no pré-sal, localizado entre os estados
de Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando uma nosso país possui, desde a chegada dos portugueses e
área de mais de 800 km de extensão. Essa reserva de dos diversos ciclos de exploração este problema vem
petróleo está localizada a uma profundidade superior a sendo agravado. O processo de urbanização e cresci-
sete mil metros abaixo do nível do mar, abaixo de uma mento das cidades, a expansão das atividades agro-
camada de sal com espessura de 2 km, o que duran- pecuárias, a extração de madeira de lei, a utilização
te muito tempo inviabilizou a sua exploração, porém, das terras para a criação de bovinos, principalmente
com o desenvolvimento tecnológico, a Petrobras já a pecuária extensiva, foram determinantes para o
extrai grandes quantidades de petróleo na região. agravamento desta situação, e como consequências
Estima-se que as reservas no pré-sal ultrapassam do processo de desmatamento podemos destacar: a
200 milhões de barris, e por conta dessas reservas destruição da biodiversidade; os processos de erosão
encontradas, o Brasil passou a ser autossuficiente na e empobrecimento dos solos; a redução no ciclo das
produção de petróleo. chuvas; o aumento das temperaturas e a questão do
Em relação a energia nuclear, destaque para as aquecimento global;
Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém z As queimadas: em sua maioria, as queimadas estão
sem muita representatividade na matriz energéti- diretamente associadas à prática da agricultura. Em
ca brasileira. No campo abaixo podemos observar a nosso país as queimadas vêm aumentando de forma
quantidade de energia produzida por cada segmento considerável nos últimos anos, vide os exemplos de
para atender a nossa matriz de consumo. 2020 ocorridos no Pantanal e na Amazônia. Como
consequências das queimadas, destaca-se o acelera-
mento do processo de desertificação; a poluição do ar
e o processo de empobrecimento dos solos;
z A questão do lixo: essa questão é considerada
como o grande desafio das autoridades brasileiras,
visto que o consumo do ser humano e a produção
de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda-
330 des se potencializam com a coleta e o tratamento
que ocorrem de forma inadequadas, mesmo com de veículos automotivos e o processo de impermea-
a lei federal nº 12.305 de 2010, também conheci- bilização dos solos, causando assim, um aumento
da como a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que da temperatura das áreas centrais em relação às
proíbe o descarte do lixo coletado em lixões a céu áreas periféricas, que podem chegar a 10º C;
aberto (o ideal é a construção de aterros sanitá- z um outro problema ambiental dos centros urba-
rios), o problema ainda persiste, ora por falta de nos é a formação das chuvas ácidas: ocorrem em
interesse dos agentes públicos em promover políti- regiões que o nível de poluentes na atmosfera é
cas para resolver a questão, ora por conta da falta alto e, ao entrar em contato com as gotículas de
de consciência da população em colaborar e con- água, promovem o aumento da acidez da chuva.
tribuir para amenizar os impactos deste problema. Esse fenômeno tem como principais consequên-
Como consequências deste tipo de problema temos cias a destruição de lavouras agrícolas localizadas
a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos, próximas a centros urbanos; a corrosão de monu-
por conta da produção de chorume; a produção de mentos históricos e o aumento de doenças de pele;
gases tóxicos e o aquecimento global; z por último, vamos destacar o fenômeno da inversão
z A poluição dos solos por conta da utilização de térmica: ocorre principalmente em áreas urbanizadas
agrotóxicos no setor agrícola e o descarte incorreto com elevados índices de poluição, em especial no inver-
dos produtos químicos utilizados no meio rural: nes- no. O fenômeno ocorre da seguinte forma: a camada de
se contexto, nosso país é um grande produtor agrí- ar poluído impede a troca de ar na atmosfera (que é
cola e o país que mais utiliza agrotóxicos em todo um fenômeno de ordem natural), e esse impedimento
o mundo. Como impactos ambientais decorrentes faz que fique uma camada de ar frio e poluído próximo
dessa situação, destacamos o processo de empobreci- a superfície, como consequência, esse fenômeno gera
mento do solo; a contaminação dos lençóis freáticos e uma série de doenças respiratórias.
a destruição da biodiversidade (flora e fauna);
z Poluição do ar: nosso país está entre as nações O Setor Mineral e os Grandes Projetos de Mineração
que mais emitem dióxido de carbono, e esse pro-
blema tem como principais causas o crescimento No Brasil, a indústria de mineração possui grande
da indústria e uma elevada concentração de veí- representatividade, sendo uma atividade econômica
culos automotivos, porém, não podemos esquecer com destaque para os setores de exploração, minera-
de destacar a emissão do gás metano na atividade ção e de transformação mineral. As principais empre-
pecuária. Os impactos ambientais causados pela sas mineradoras do país são:
liberação dos gases do efeito estufa (GEE), são: o
aumento do buraco na Camada de Ozônio; agra- z Vale;
vamento de mudanças climáticas provocadas pelo z Samarco;
aquecimento global e a contaminação da água, z CBMM;
comprometimento da fauna e da flora; z Alunorte;
z A poluição da água nos centros urbanos princi- z Namisa;
palmente: está associada à falta de políticas para z Magnesita;
descarte do esgoto e tratamento, pouco mais da z Votorantim;
metade dos domicílios brasileiros tem o sistema de z Hispanobras.
coleta de esgoto e fornecimento de água potável,
grande parte do esgoto doméstico produzido em No Brasil, ocorre a importação e exportação de
nosso país é lançado in natura – diretamente nos recursos minerais, os minérios aqui produzidos,
rios sem qualquer forma de tratamento. em alguns casos não são suficientes para atender a
demanda de consumo do mercado interno. Os prin-
O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água cipais importadores dos minerais brasileiros são paí-
doce do mundo, porém somente 4% está própria para ses como o Canadá, EUA, China, Japão e Países Baixos,
o consumo, de acordo com estudos da ANA (Agência destaque para a exportação de alumínio, cobre, ferro,
Nacional das Águas). Como consequências deste tipo estanho, manganês, níquel, nióbio e ouro.
de problema ambiental, destacamos a destruição e
perda da biodiversidade; a falta de água com quali-
dade para o consumo humano e uma queda na quali-
dade de vida da população, além do agravamento de
doenças associadas as questões citadas acima. O ESPAÇO ECONÔMICO
O Governo Federal sancionou a lei nº 14.026 de
julho de 2020, o Marco de Saneamento Básico, que A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL
GEOGRAFIA DO BRASIL

visa universalizar no território nacional os sistemas


de coleta de esgoto e tratamento de água até o ano de Ciclos Econômicos e a Expansão do Território
2033, promovendo parcerias público-privadas para
buscar resolver os problemas que mais afligem os A formação do espaço geográfico pode ser definida
brasileiros. Serão investidos cerca de R$ 753 bilhões, com base nas relações de poder que são estabelecidas
totalizando R$ 47 bilhões por ano no setor. através dos diversos modos de produção, e podem ser
motivadas por fatores sociais, políticos, econômicos -
internos e externos - condicionados ao longo do tempo.
z dentre os problemas ambientais em ambientes A formação de Estados com governos centraliza-
urbanos, podemos destacar: a formação das ilhas dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou
de calor (também conhecidas como micro climas), a formação de um espaço geograficamente mais inte-
que são provocadas por retirada da cobertura grado. Nesse período começava a articulação entre o
vegetal; verticalização das construções, que impe- modo de produção capitalista (alteração das relações
dem uma maior circulação dos ventos; circulação servis por um sistema assalariado). 331
A chegada dos colonizadores europeus na América A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas
provocou uma desorganização e uma desestruturação Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco-
do espaço nativo aqui existente e a instalação de um nômico. A região da Zona da Mata entra em proces-
processo de colonização e exploração, com total sub- so de marginalização dentro da estrutura econômica
missão política e econômica aos interesses da metró- brasileira, principalmente após a transferência da for-
pole (conhecido como mercantilismo e oficializado ça produtiva para a região Sudeste.
através do Pacto Colonial – o qual estabelece que a O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco-
colônia só podia manter relações comerciais com sua nômicos desenvolvidos no período colonial, com um
respectiva metrópole), sendo assim, esta mercanti-
maior destaque para as atividades realizadas durante
lização da produção provocou a criação de espaços
o século XVIII.
geográficos distintos, separados por uma hierarquia
colonial, estabelecida pelo pacto citado anteriormente. É importante destacar atividades que foram desen-
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira volvidas de forma paralela, porém, simultânea, como
foi predominantemente agroexportadora, com base por exemplo a pecuária, que exerce papel extrema-
na relação escravista de trabalho, que perdurou até mente importante no processo de interiorização do
1888 com a assinatura da lei Áurea, que aboliu oficial- nosso país.
mente a escravidão no país.
O Brasil colônia tinha como principal função ser-
vir como um complemento da economia da metrópo-
le europeia. Aqui, houve uma ocupação do litoral em
maior escala em detrimento da ocupação das porções
interiores do território no início da colonização, fato
este que proporcionou desigualdades regionais que
ainda podem ser observadas até os dias atuais.
O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
ca da monocultura de gêneros tropicais), pautava
a macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil se
constituiu em um espaço geográfico periférico dentro
do sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta
fase do capitalismo mercantilista.
A economia colonial baseava-se no trabalho
compulsório, no início com a mão de obra indígena
e depois com o escravo africano. No contexto inter-
nacional da época, a economia estava integrada ao
processo de expansão do capitalismo mercantil e era
caracterizada por ciclos produtivos.
O primeiro ciclo econômico colonial foi o pau-bra-
sil, presente na região da Mata Atlântica sua seiva era
usada no processo de tingimento de tecidos e, a madei-
ra, na produção de móveis. Este modelo de exploração
durou até por volta de 1555, quando começou a ocor- Fonte: Google Imagens.
rer uma escassez de matéria prima e a elevação do
custo, fato que diminuiu o interesse dos colonizadores A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
por este tipo de comércio. ve-se como principal ciclo econômico. Foram desco-
A partir de 1530 um novo ciclo econômico - ligado bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
à produção açucareira - tem início. Com grande desta- contribuiu para impulsionar o processo de ocupação
que nos séculos XVI e XVII, na região conhecida como da porção centro-sul do país; formaram-se vilas, que
Zona da Mata nordestina, onde há a presença do solo passaram posteriormente ao status de cidades, ocor-
tipo massapé (muito rico em nutrientes), a cana-de- rendo assim a transferência de pessoas, serviços e
-açúcar era um produto extremamente importante capitais para as áreas mineradoras.
nessa época e sua produção era voltada exclusiva- A região Sudeste começa a desempenhar um papel
mente para o mercado europeu. extremamente importante tanto para o atendimen-
Neste período, devido a demanda de crescimento to das demandas de mercado externo quanto para
populacional, inicia-se uma diversificação da produção estruturar o mercado interno. O desenvolvimento
para atender a demanda de consumo do mercado inter- provocado pelo ciclo do ouro traz também um surto
no (porém nada que substituísse totalmente os grandes de urbanização que facilitava o aumento das práti-
produtos da economia brasileira). Nestes espaços secun- cas comerciais e o processo de interiorização do país,
dários que aqui se formaram, podemos destacar a produ- fatores esses que foram determinantes para a trans-
ção de tabaco, algodão e cacau, em especial nas regiões ferência da capital do país para o Rio de Janeiro, pro-
do Recôncavo Baiano, Sertão Nordestino e sul da Bahia. vocando assim uma reorganização espacial do país
A estrutura produtiva era moldada de acordo com neste período.
as necessidades. Nas grandes propriedades existia Os primeiros sinais de decadência na produção
um complexo de produção constituído por engenho, aurífera foram surgindo e, consequentemente, os
casa grande, senzala e áreas destinadas para a pecuá- capitais eram destinados para outras atividades eco-
nômicas, por exemplo, para a produção de algodão
ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
– que teve um aumento da demanda no mercado
o modelo dominante era a subsistência, que visava
externo, principalmente após a ocorrência da Revolu-
atender aos interesses de pequenos grupos que habi- ção Industrial na Inglaterra.
tavam as imediações das macroestruturas produtivas. No século XIX, o país estava com um governo cen-
A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo tralizador vinculado aos interesses aristocráticos e
que o senhor de engenho tinha grande influência na escravagistas que divergia um pouco das ideias libe-
332 vida política e na economia. rais que emergiam em diversas localidades do mundo.
Os países centrais que já haviam passado por pro- Além do café, outros produtos foram desenvolvi-
cessos de industrialização exigiam das nações perifé- dos em espaços do território de formas diferentes,
ricas maiores quantidades de matérias-primas, além como, por exemplo, a borracha na região da Amazô-
de mercados consumidores, fatores estes que provo- nia e eles foram determinantes para que o Brasil se
caram uma mudança nas relações trabalhistas que encontrasse fragmentado até por volta de 1930, sendo
eram pautadas no trabalho assalariado, porém, com a estes espaços isolados e/ou fragmentados classificados
resistência muito forte das elites em colocar um ponto como ilhas ou arquipélagos econômicos que se encon-
final no processo de escravidão. travam totalmente ou parcialmente isolados entre si.
A partir de 1929, em especial com a quebra da
No mapa abaixo, podemos observar os principais
Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações
ciclos econômicos desde o período colonial até o Bra-
nas relações econômicas globais. No Brasil, essa crise
sil república. internacional foi sentida no modelo agrário exporta-
dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café
com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na
presidência da República), foi interrompida com a
chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu
mudanças políticas importantes no país.
Vargas incentivou a industrialização, tendo em vis-
ta que o país necessitava de produtos e não tinha condi-
ções de importar – a demanda de produção industrial
nacional era insuficiente para atender a demanda de
consumo interno – dessa maneira, o espaço econô-
mico brasileiro que era fortemente ligado ao agrário
rural, foi gradativamente transferido para o urbano
industrial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio
de Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que
favorecia essa mudança, além de contar com mercado
consumidor em crescente expansão e capitais disponí-
veis, provenientes da produção cafeeira.
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen-
volvimento industrial provocaram um acelerado êxo-
do rural, principalmente para e região centro-sul, que
futuramente passou a sofrer com a hipertrofia urbana.

Importante!
Da Cafeicultura ao Brasil Urbano Industrial
Êxodo Rural é o processo onde ocorre a migração
dos habitantes das áreas rurais para os centros
No século XIX, o produto que impulsionou a econo-
urbanos, por diversos motivos: desemprego no
mia brasileira foi o café, e isso contribuiu para o for-
talecimento da aristocracia no sudeste do país (região
campo, busca por melhores condições de vida etc.
que concentrava a produção deste gênero agrícola). Hipertrofia Urbana é o processo onde ocorre o
Ocorreram investimentos pesados no setor e toda desenvolvimento desordenado e de forma rápida
a produção era destinada à exportação. de regiões que passaram pelo processo de urbani-
Os espaços econômicos continuaram elitistas, e as zação em um curto espaço de tempo, provocando,
desigualdades e injustiças sociais continuaram per- assim, um inchaço populacional das cidades pela
meando a sociedade brasileira, e um dos grandes pro- falta de estrutura que atenda às necessidades da
blemas sociais da época era a concentração fundiária população da cidade em questão.
(a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento
significativo da concentração de terras aqui no Brasil).
A necessidade de investir na infraestrutura para O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de
atender a demanda de produção de café era cada vez transportes e de comunicações com o objetivo de promo-
mais intensa, foram realizados investimentos eleva- ver uma integração do território brasileiro, além de seu
projeto ser nacionalista com forte intervenção estatal e de
dos no transporte ferroviário, por exemplo, que era
criação de indústrias de base, fortalecendo assim o mer-
a principal forma de ligação das áreas produtoras de
cado nacional, porém, com os investimentos e infraestru-
café com os principais portos da época. O café chegou a
tura concentrados no Sudeste, houve um aumento das
GEOGRAFIA DO BRASIL

representar cerca de 65% das exportações brasileiras.


disparidades econômicas regionais no país.
Com o capital proveniente das exportações de café, A partir do governo do presidente JK, ocorre a
começaram a ocorrer investimentos gradativos no setor internacionalização da economia brasileira, com
industrial, com destaque para a figura do Barão de Mauá, a abertura para as multinacionais (em especial as
defensor de uma política industrial no nosso país, e essa empresas automobilísticas), é colocado em prática
nova atividade industrial concentrava-se no Sudeste, o Plano de Metas: crescer 50 anos em 5, baseado no
região que já contava com uma infraestrutura que atendia seguinte tripé econômico: capital privado nacional;
as demandas iniciais desse processo de industrialização. capital estatal e capital privado internacional. O país
Medidas políticas e econômicas (substituição do tra- investiu nas indústrias de bens de consumo, passan-
balho escravo pelo assalariado, investimentos em infraes- do a partir desse momento a ter um parque indus-
trutura de transportes e comunicações, incentivos ao trial mais solidificado e um pouco mais diversificado,
crescimento do mercado consumidor interno) foram porém, com a permanência das desigualdades regio-
importantes para o desenvolvimento ocorrido no período. nais existentes desde outros momentos históricos. 333
Integração Territorial de abertura do mercado brasileiro para sediar as
filiais das grandes indústrias estrangeiras, em espe-
O processo de integração do território nacional cial das automobilísticas. Esse período foi marcado
brasileiro teve início a partir dos anos 30, com a polí- por um tripé econômico:
tica implantada pelo presidente Vargas. Essa política
ficou conhecida como a Marcha para o Oeste, que z Capital Privado Internacional;
visava a ocupação da porção centro-norte do país. z Capital Privado Nacional;
O presidente JK, visando diminuir as desigualdades z Capital Estatal.
regionais, criou organismos responsáveis por alavan-
car o crescimento de cada uma das regiões do país, JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como slo-
como por exemplo a SUDENE (Superintendência de gan promover o crescimento do país em “50 anos em 5”.
Desenvolvimento do Nordeste). Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta-
Nos governos militares foram criadas superinten- vam a realização de investimentos nas seguintes áreas:
dências para outras regiões também (SUDECO, SUDAM,
SUDESUL), com o intuito de promover uma desindus- z educação;
trialização ou descentralização industrial para ame- z transportes;
nizar e diminuir as desigualdades entre as regiões, z energia;
um exemplo desta política de desenvolvimento foi a z alimentação;
implantação de um projeto industrial no meio da flo- z indústria de base.
resta Amazônica, o polo industrial da Zona Franca de
Manaus. Assim, várias cidades e capitais do “interior” Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover-
foram ganhando papéis de destaque dentro do proces- no acreditavam que o país daria passos cada vez mais
so de hierarquia urbana com sua evolução de cresci- largos em direção ao desenvolvimento que todos tan-
mento econômico, como as cidades de Rio Verde em to almejavam. Ocorreu a entrada de empresas mul-
tinacionais, que estimulou o setor de bens duráveis,
Goiás e Araguaína no Tocantins, que cresceram em
como por exemplo o setor automobilístico, fazendo
função da lavoura de soja e ganharam novos papeis de
com que o governo brasileiro investisse no setor de
destaque, porém, não sendo suficientes para reduzir e/ transportes, em especial no setor rodoviário, causan-
ou acabar as disparidades regionais existentes. do um problema que se arrasta até os dias atuais – a
Um outro fator importante na tentativa de integrar dependência do setor rodoviário. A chegada dessas
o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro- corporações internacionais foi provocada pelo fenô-
cesso de expansão da fronteira agrícola para a região meno conhecido como desconcentração industrial.
Centro-Oeste e para a porção sul da Amazônia, assim
como a expansão da fronteira pecuária, dentro de um Dinâmica Espacial da Indústria
contexto do processo de globalização da agricultura.
Um setor que também passou por um processo de
A maior concentração de indústrias ocorria na
desenvolvimento intenso, principalmente na região região Sudeste, em especial no estado de São Paulo,
Amazônica, foi o de extração de reservas minerais, por conta de todo o histórico de importância que a
com destaque para a extração de minério de ferro no região exercia para a economia do país, desde o perío-
estado do Pará (Serra dos Carajás). do colonial, perpassando por vários ciclos econômicos,
Nos anos 80 e 90, o processo de desconcentração neste contexto, há um destaque para a região do ABCD
industrial em nível nacional continuou ocorrendo, Paulista, área de elevada concentração industrial.
com grandes deslocamentos para as regiões Nordeste
e Centro-Oeste, dentro de uma política estatal conhe-
Polos Industriais
cida como Guerra Fiscal ou Guerra dos lugares, forma
encontrada pelos governos de estados e municípios
para atrair complexos industriais para seus territó- O processo de industrialização do país teve iní-
rios, baseados em políticas de subsídios (isenção fiscal cio no sudeste brasileiro, principalmente no estado
como o principal), proporcionando, assim, um maior de São Paulo, por conta dos fatores locacionais, em
especial: mão de obra; infraestrutura de transportes
processo de interiorização industrial e fomentando o
e capitais acumulados por conta do ciclo do café. No
crescimento de cidades de pequeno e médio porte.
Sudeste podemos destacar os polos industriais em São
É importante salientar o processo de disparidades
Paulo e no Rio de Janeiro.
regionais existentes em nosso país que acaba inter-
Nas décadas seguintes ocorre o processo de des-
ferindo em um maior desenvolvimento das variadas
localidades, e como consequências destas desigualda- concentração industrial e a formação no polo na
des regionais, temos a questão estrutural (na maioria Zona Franca de Manaus; a instalação de indústrias
dos casos precária), a falta de mão de obra para aten- no Nordeste, em especial nas regiões metropolitanas.
der a demanda do mercado de trabalho, e os gargalos Nos anos 90, a industrialização da região Centro-Oes-
estruturais (a falta de infraestrutura) que impedem o te, principalmente com a formação dos complexos
maior desenvolvimento destas regiões que acabam se agroindustriais, e na região Sul, o processo de indus-
acentuando ainda mais com o passar dos anos. trialização ocorreu nos anos 80, 90 e 2000.

A INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA A Indústria nas Diferentes Regiões Brasileiras e a


MUNDIAL Reestruturação Produtiva

Modelo de Substituição das Importações, Abertura Nos anos dos governos dos militares, em especial
para Investimentos Estrangeiros no final dos anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu
o chamado Milagre Econômico Brasileiro – em que o
Essa fase é marcada pelo início do processo de país apresentava taxas de crescimento econômico em
internacionalização da nossa economia promovida torno de 10% ao ano – crescimento do PIB.
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente
334 conhecido como JK, onde foi desenvolvido o processo O que é o PIB?
PIB é a sigla que define Produto Interno Bruto, que estaduais e municipais, começam a criar uma série de
representa a soma de todas as riquezas que o país situações para que determinados segmentos indus-
produz durante o período de um ano, mas esse estudo triais se deslocassem para regiões como Norte, Nor-
também pode ser realizado de forma mensal ou tri- deste e Centro-Oeste.
mestral, depende do objeto de estudo realizado. Tem início um período de forte isenção fiscal –
É importante destacar o processo de desconcentração redução de impostos – por parte dos gestores públicos,
das indústrias que começa a ocorrer no período em que para atrair indústrias para seu território, iniciando
os militares estão no poder, e nesse aspecto, destacamos um processo que ficou conhecido com Guerra Fiscal
a instalação da Zona Franca de Manaus – um polo indus- ou Guerra dos Lugares – onde as unidades da Fede-
trial na zona Norte do país, onde os objetivos eram além ração disputavam para oferecer as melhores e mais
de promover uma política de desenvolvimento regional, atrativas cargas tributárias e atrair as grandes marcas
estabelecer também um processo de integração entre industriais para seus territórios.
as regiões do país. Assim como ocorreu a instalação de
indústrias na região Norte, o mesmo ocorre em outras AGRICULTURA BRASILEIRA
regiões, sendo que esse processo é a principal caracterís-
ticas da próxima fase. Dinâmicas Territoriais da Economia Rural
Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
industrialização brasileira, é importante destacar o A formação do setor agrícola brasileiro ocorreu
processo de crise econômica, ocorrida em nosso país com uma enorme concentração de terras. Uma grande
desde os anos 70, intensificando-se nos anos 80 e se quantidade das terras agricultáveis do país está con-
estendendo até meados dos anos 90. centrada nas mãos de um pequeno grupo de proprietá-
O mundo viveu uma grave crise econômica nos anos rios rurais, que controla grande parte da produção. A
70, ocasionada pelo 1º choque do petróleo, que ocasionou concentração fundiária gera muitos conflitos no meio
um aumento no valor do barril, e esse aumento gerou rural, demonstrando cada vez mais a necessidade da
reflexos em todo o mundo. Em nosso país, o choque do realização do processo de reforma agrária. A política
petróleo significou a retirada de capitais pelos investido- de Sesmarias ( no período colonial, que distribuía ter-
res, e esse episódio acabou expondo a grande dependên- ras para as pessoas próximas à coroa portuguesa); a
cia que o Brasil tinha em relação às questões econômicas Lei de Terras de 1850, que regulamentava a posse das
e tecnológicas perante as nações mais industrializadas. propriedades através do processo de compra e venda
Assim, com o agravamento da crise e elevação dos juros – aumentando ainda mais a concentração fundiária,
no mercado financeiro internacional, na década de 1980 pois as terras estavam nas mãos da elite econômica e
começa a ocorrer o processo de sucateamento da indús- política do país e a modernização tecnológica provo-
tria no Brasil. cada pela Revolução Verde compõem os fatores que
Nos anos 90, o país começa a adotar medidas impos- nos permitem compreender a dinâmica de concen-
tas por organismos financeiros internacionais, como tração de terras existentes no meio rural brasileiro,
o FMI – Fundo Monetário Internacional, que visava tornando a estrutura desse importante setor da eco-
promover a implantação de medidas neoliberais na nomia extremamente desigual.
condução da economia, privatizando empresas esta-
tais (pertenciam ao Estado brasileiro) e aumentando o A Estrutura Fundiária
processo de internacionalização da economia.
A estrutura da terra do Brasil é caracterizada pela
concentração: os grandes proprietários de terras têm o
Importante! controle da maior parte das terras agricultáveis do país.
Este processo ocorre desde o período colonial, e com
Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econômi- o passar dos anos se agravou. A organização fundiá-
cas, baseadas nas ideias liberais do pensador ria de um país pode ser compreendida de acordo com
Adam Smith, que começam a ser implantadas no a dimensão das terras agricultáveis e distribuição das
mundo nos anos 70 e 80 em nações como EUA propriedades. No caso do Brasil, os dados relacionados à
e Inglaterra, e as ideias neoliberais visam reduzir questão mostram extrema desigualdade entre o número
a participação do Estado(governo) na economia de pequenos e médios agricultores e o tamanho das pro-
e permitir uma regulação mais flexível na con- priedades rurais e suas respectivas posses.
dução de ações econômicas – o mercado age Para melhor compreender a estrutura fundiária
com mais intensidade. Para a América Latina, brasileira, o IBGE dividiu as propriedades em duas
essas ações foram impostas pelo Consenso de modalidades:
Washington.
GEOGRAFIA DO BRASIL

z Agricultura Familiar: nela, o tamanho das proprie-


dades é menor que 4 módulos fiscais por família;
A entrada de capitais estrangeiros, sem uma maior z Agricultura patronal: o tamanho das propriedades
regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a é superior a 4 módulos fiscais.
fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico,
além do baixo poder de competitividade, e isso levou Compreende-se como módulo fiscal o espaço
várias empresas a falência. mínimo necessário para a viabilidade da exploração
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil econômica de uma propriedade rural. O tamanho esti-
era gritante, a região Sudeste chegou a ser responsá- pulado para um módulo fiscal varia segundo o muni-
vel por concentrar cerca de 80% das indústrias pre- cípio e a região do Brasil (podendo variar entre 5 e
sentes no território brasileiro. Diante desse cenário, 115 hectares – lembrando que cada hectare tem 10 mil
a partir dos anos 90 e se intensificando nos anos m²), dessa forma é possível diferentes classificações
2000, o governo brasileiro, juntamente com governos para o mesmo espaço. 335
Para conhecer melhor a realidade do campo bra- descontada do seu salário, fato que o impede de
sileiro, o IBGE faz levantamentos estatísticos, como o ir embora. Tal situação se faz real, principalmen-
Censo Agropecuário, o último foi realizado em 2017 e te em estados como Pará, Mato Grosso e Goiás, e
apurou que 90% das propriedades do país se enqua- esses não são as únicas unidades da federação bra-
dram na modalidade da agricultura familiar. sileira com este tipo de problema.
Todas essas propriedades somadas, no entanto,
representam apenas 27% das terras agricultáveis bra- A Modernização da Agricultura
sileiras. Essas fazendas podem ser classificadas como
minifúndios (imóveis rurais menores que o módulo rodução ficou conhecido como Revolução Verde,
fiscal estabelecido para o município) ou pequenas que além de receber produtos químicos e sementes
propriedades (de 1 a 4 módulos fiscais). melhoradas e selecionadas, contava também com a
Por seu turno, as propriedades que se enquadram utilização de maquinários no campo e com a forte
na modalidade não familiar ou patronal são as médias injeção de capitais de grupos específicos.
(com tamanho de 4 a 15 módulos fiscais). Como pode-se No Brasil, país com um histórico agrícola muito
perceber, o Brasil tem propriedades ainda muito maio- intenso e forte (conforme vimos anteriormente), as
res, com várias dessas ultrapassando a marca de 600 consequências da Revolução Verde foram chegando
módulos fiscais, o que, de acordo com o Estatuto da Ter- em ritmo diferente dos outros países da América Lati-
ra, criado pelo Governo Federal nos anos 60, represen- na), a extensão do nosso território e a tropicalidade
ta o que se chama de latifúndio – grande propriedade. dos nossos climas contribuíram para atrair os investi-
mentos para o setor agrícola.
Relações de Trabalho no Campo A agricultura brasileira se modernizava em ritmo
cada vez mais acelerado, porém, esse processo ocorreu
O subaproveitamento do espaço agrário brasileiro é de forma desigual dentro do território nacional, visto
caracterizado por uma baixa produtividade em relação que a modernização da agricultura atingia uma parcela
aos outros países que possuem uma agricultura pauta- pequena das propriedades rurais, aquelas que possuíam
da na mecanização. O que faz o Brasil ter uma baixa as melhores condições financeiras, garantindo a esse
produtividade é a predominância da prática da agro- grupo restrito de produtores o aumento da produtivi-
pecuária tradicional, sem o emprego de tecnologia em dade, variedade de produtos lançados no mercado e o
larga escala pela maioria dos produtores rurais. aumento das exportações – esse modelo é caracterizado
O Brasil é um país extremamente agrícola, quase a como agricultura comercial, que pratica a monocultu-
metade do território é ocupada por estabelecimentos ra voltada para a exportação, também conhecida como
rurais. No setor agrícola brasileiro, existem relações o latifúndio agrário exportador. Um outro tipo de agri-
de trabalho que são diversas, como por exemplo a uti-
cultura presente no nosso país é a agricultura familiar
lização da mão de obra familiar; a presença de possei-
– onde ocorre o emprego de mão de obra em grande
ros; o sistema de parceria, os arrendatários da terra,
quantidade, não há a utilização de máquinas e outros
além dos trabalhadores assalariados temporários e da
equipamentos em grande quantidade e ocorre a prática
presença do trabalho escravo no campo. Veja abaixo
de policultura, que visa atender o mercado interno, prin-
as características dos termos que acabamos de citar:
cipalmente o mercado de alimentos.
O processo de mecanização e modernização da
z Mão de obra familiar: é a relação de trabalho
agricultura trouxe problemas para a maioria dos tra-
estabelecida entre os entes da família, onde estes
balhadores rurais que se viram à margem de toda essa
exercem todas as etapas do processo produtivo.
situação exclusivamente pela questão econômica.
z Posseiros: são trabalhadores rurais que ocupam e/
A Revolução Verde provocou a formação de um
ou cultivam terras devolutas - (terras que perten-
exército de desempregados no campo (o uso da mão
cem ao poder público);
z Parceria: é o sistema no qual ocorre um acordo de obra em grande quantidade se fazia cada vez
entre dois trabalhadores ou produtores rurais, de menor com a utilização das máquinas), sendo assim,
modo que se um possui a propriedade da terra e o essa parcela de trabalhadores desempregados no
outro apenas a força de trabalho, esse segundo ofere- campo opta por migrar para os centros urbanos atra-
ce a sua força de trabalho, cultiva a terra e depois irá vés do processo conhecido como Êxodo rural.
dividir uma parte da produção com o proprietário; Os conflitos no campo para uma maior equidade em
z Arrendatário: esse sistema ocorre quando um relação à questão fundiária aumentavam cada vez mais,
agricultor não possui terra, mas dispõe de capital provocando assim o surgimento de movimentos sociais
ou recurso financeiro, e arrenda (aluga) a proprie- que lutavam pela reforma agrária, como a Pastoral da
dade por um certo período de tempo, através da Terra e, posteriormente, com o Movimento dos Trabalha-
assinatura de um contrato; dores Sem-Terra (MST). Também podemos destacar como
z Trabalhadores assalariados temporários: são ponto negativo do processo de mecanização e moderni-
trabalhadores rurais que recebem salário, mas zação da produção agropecuária o aumento da concen-
exercem seu trabalho apenas em um período do tração fundiária (grandes porções de terras nas mãos de
ano, normalmente esse processo ocorre no perío- poucas pessoas, porém, este é um problema que está pre-
do de colheitas; sente na realidade brasileira desde o período colonial).
z Trabalho escravo no campo: em pleno século XXI Os pequenos, médios e grandes produtores rurais
ainda é possível encontrar trabalhadores na con- começaram a se deslocar pelo território brasileiro
dição de escravidão ou em condições semelhantes, em um movimento que ficou conhecido como expan-
o trabalhador não tem direitos trabalhistas, não são da fronteira agrícola. Muitas famílias saíram da
recebe salário, sendo que tudo que ele utiliza na região Sul em direção às regiões Centro-Oeste e para a
área produtora (desde alimentação e moradia e porção sul da região da Amazônia, constituindo uma
até as suas ferramentas de trabalho), são contabi- nova dinâmica no cenário brasileiro, com destaque
336 lizados, criando assim uma dívida e que essa será para a soja e a criação de gado.
Êxodo Rural

O Êxodo rural é um processo de migração caracterizado pelo deslocamento de uma população das áreas rurais
para as áreas urbanas. Este fenômeno ocorre em escala global. A ocorrência e o aumento do êxodo rural é uma
consequência da implementação de modernas relações capitalistas na produção agrícola, na qual o modelo eco-
nômico de grandes proprietários de terras e a mecanização intensiva das atividades rurais expulsam os pequenos
produtores do campo. O processo intensivo de mecanização das atividades agrícolas substituiu em larga escala o
trabalho humano e os pequenos produtores que não podem mecanizar sua produção, pois não possuem recursos
financeiros para tal situação, acabam sendo prejudicados.
Outra razão que oferece êxodo rural são os fatores atrativos que as cidades têm: as oportunidades de trabalho
nos grandes centros urbanos, que não demandam de qualificação profissional, principalmente nos setores secun-
dário e terciário, faz com que o cidadão migre procurando emprego e melhores condições de vida.
No entanto, este processo gera vários problemas sociais nos ambientes urbanos, sendo que alguns desses
migrantes não têm nenhuma qualificação profissional, o que é uma exigência do mercado que está cada vez
mais competitivo, gerando assim situações como o desemprego e o subemprego. Nessas cidades, alguns ficam em
situação de rua, sendo que as opções de sobrevivência que restam são a coleta de materiais recicláveis; trabalhar
como flanelinha, entre outras coisas, deixando esses cidadãos em situações de vulnerabilidade social, ou seja, o
problema que estava localizado nas áreas rurais foi transferido para os ambientes urbanos, e as consequências
desse processo representam um estado de calamidade social.

Agronegócio e a Produção Agropecuária Brasileira

Com o intenso processo de utilização de tecnologias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se
bases da economia brasileira. No século XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola brasileira das extensas
monoculturas para uma diversificação da produção. No Brasil é possível encontrar uma grande variedade de
produtos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando por outros
como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou
que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores
agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros.

RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO

PRINCIPAL
PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES
COMPRADOR

Açúcar 1º 1º 132 Rússia

Café 1º 1º 129 EUA

Suco de Laranja 1º 1º 74 Bélgica

Soja em grão 2º 1º 42 China

Carne bovina 2º 1º 143 China

Carne de frango 3º 1º 145 Rússia


Óleo de soja 3º 2º 47 -

Farelo de soja 3º 2º 60 Japão

Milho 3º 1º 76 Irã

Carne suína 4º 4º 72 Rússia

.
Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15

Os dados podem sofrer variações, pois com alguns produtos como a soja, o Brasil reveza com os EUA o posto de prin-
GEOGRAFIA DO BRASIL

cipal produtor, ao passo que a Índia se destaca como produtora de carne bovina. O setor agropecuário alcançou níveis
elevados de participação na economia brasileira e o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – também conhecido como Plano
Safra), já tem o valor de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores para o biênio 2020/2021, onde a maior parte
vai para custeio e para a comercialização. Estes valores são distribuídos de acordo com o nível de importância do gênero
ou atividade na economia brasileira. Os principais produtos do agronegócio brasileiro são:

z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante desde o período colonial, com produção anual estimada de 47
milhões de toneladas, com destino da produção para o etanol (combustível veicular) e para a produção do
açúcar. As áreas produtoras com maior destaque são: São Paulo (60% da cana produzida no país); estados do
Centro-Oeste, Maranhão; Paraná; Minas Gerais e a tradicional Zona da Mata Nordestina;
z Café: principal produto no século XIX e início do Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e exportador de
café do mundo, são mais de 2 milhões de hectares de áreas destinadas ao consumo, destaque para o estado de
Minas Gerais que detém 50% da produção nacional; 337
z Soja: principal produto do agronegócio brasileiro, financeiras, proporcionando assim a construção de uma
com destaque para a produção nas regiões Centro- Nova Ordem Mundial, o que podemos perceber hoje é um
-Oeste e Nordeste, além de uma parcela de produ- processo exatamente ao contrário, que podemos chamá-
ção na região Sul; -lo de desglobalização, onde os países vêm promovendo
z Outros produtos do agronegócio brasileiro: mi-
lho, citricultura, arroz, algodão. a adoção de medidas protecionistas e restritivas, que aca-
bam por representar uma tendência da sociedade moder-
Na pecuária, o destaque vai para a criação de bovi- na que é caracterizada por um fechamento total, uma
nos que o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabe- espécie de isolamento, e um exemplo deste processo é a
ças de gado. Guerra Comercial entre os EUA e China, disputando mer-
cados, áreas de influencias, inovações tecnológicas etc.

Importante! Comércio Exterior


Pecuária Intensiva: os rebanhos são criados em
estábulos, confinados em pequenas e médias Nos anos 90, durante o governo Collor, ocorreu
propriedades, com grandes cuidados em rela- um processo acelerado de abertura econômica, uma
ção à alimentação, higiene e saúde. Esse tipo de redução das alíquotas de importações, privatizações
pecuária necessita de maiores investimentos e de empresas estatais e uma desregulamentação do
mão de obra qualificada. Estado, além da redução de subsídios. Ocorreram
Pecuária Extensiva: os rebanhos são numero- também profundas mudanças na estrutura industrial
sos, criados soltos e com pouca necessidade do país. Esse cenário de estímulo à competitividade
de cuidados e investimentos, alimentando-se de não proporcionou a pequenas e médias empresas o
pasto natural. suporte financeiro e técnico para suportar e se ade-
quarem a essas mudanças e muitas acabaram fechan-
do as portas. A grande dificuldade dos pequenos e
O Brasil destaca-se também na criação de suínos, com médios empresários nos dias atuais está relacionada
rebanho superior a 38 milhões de cabeças, com destaque
para a região Sul do país com quase a metade do reba- à dificuldade de realizar investimentos em tecnologia,
nho, seguido por Nordeste e Sudeste. A criação de suínos já que o crédito concedido para tal ação depende ain-
gera lucros superiores a US$ 1 bilhão por ano. da da autorização e do resguardo do Estado. A questão
Destaque também para a criação de ovinos e capri- burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa
nos, com rebanho superior a 14 milhões de animais, forma, o Brasil acabou por implantar as políticas eco-
com destaques para as regiões Sul e Nordeste. nômicas neoliberais como uma política de Estado.
O Brasil destaca-se como grande produtor de aves,
No início dos anos 2000, o país passou por um perío-
chegando a dominar uma fatia do mercado de 90% do
comércio de carne de frango. do de crescimento econômico bastante significativo,
Destaques também para a equinocultura que gera com índices do PIB em torno de 6% ao ano, entrando
lucros superiores a R$ 7,3 bilhões por ano, criação de no seleto grupo das maiores economias do mundo, che-
bubalinos, asininos e muares. gando a ser classificado como um emergente da econo-
mia mundial – e passou a fazer parte do BRIC – grupo
COMÉRCIO composto pelas economias emergentes do mundo no
período: Brasil , Rússia, Índia e China, e, posteriormente,
Globalização e Economia Nacional o grupo passou a contar também com a África do Sul
(em 2011) e passou a se denominar BRICS.
O Brasil é um país com enorme potencial para se O crescimento econômico do início do século não se
firmar entre as grandes potências do mundo, porém, repetiu na década seguinte e o país passou a enfrentar
após um crescimento considerável no início deste
quedas significativas no seu PIB, em especial entre os anos
século, na última década o processo de crescimento
de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na tabela abaixo:
econômico e os números do nosso PIB (Produto Inter-
no Bruto – total de riquezas que o país produz em um
determinado período) vem apresentando resultados RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO O
desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é IBGE
como garantir o processo de solidificação da econo- ANO PIB
mia dentro desta lógica de internacionalização.
A internacionalização econômica pode ser com- 2010 7,5%
preendida como um grande mercado, resultado máxi- 2011 4,0%
mo do processo de globalização. A partir dos anos 90,
2012 1,9%
com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis-
mo e socialismo, que era determinada pela Guerra 2013 3%
Fria, as nações do mundo começaram um processo de 2014 0,5%
estreitamento de laços, através da superação de bar-
reiras físicas e geográficas, bem como a superação de 2015 -3,5%
barreiras políticas e ideológicas. 2016 -3,3%
O modelo de mundo globalizado e o processo de inter-
nacionalização ultrapassam qualquer barreira de esfera 2017 1,1%
econômica, e abrangem áreas como ciência, política, cul- 2018 2,2%
tura etc. Mesmo sabendo que o processo de globalização 2019 3,5%
pregava uma maior interação entre os povos e nações
338 nos aspectos políticos, econômicos, culturais, territoriais, Fonte: IBGE
A balança comercial (saldo entre importações e As outras formas de integração na América do Sul:
exportações) brasileira vem desde 2017 apresentando podemos destacar a UNASUL – União das Nações do Sul.
superávits (as exportações estão superando as expor- Fundada em 2008 através do Tratado Constitutivo da
tações – em resumo o país está vendendo mais do que UNASUL, assinado em Brasília, ficou decidido que a sede
está comprando) desde 2017. seria em Quito no Equador, o Parlamento sulamericano
em Cochabamba na Bolívia, e a sede do seu banco em
A eleição do novo presidente Jair Bolsonaro, pro-
Caracas na Venezuela. O bloco, além de caráter político,
vocou uma mudança nas relações externas, com uma tinha também o objetivo de se tornar uma organização
maior aproximação com os EUA e com o presidente multissetorial, com a junção de duas uniões aduanei-
Donald Trump, e foi adotada uma política econômica ras – Mercosul e Comunidade Andina de Nações. Com
defendida pelo então Ministro da Economia Paulo Gue- as mudanças nas políticas de seus membros, em março
des que é um defensor do modelo neoliberal, e previa de 2019 o bloco passou a se chamar Prosul – Foro para o
a implantação de uma modelo de privatizações em Progresso da América do Sul, diferente da UNASUL que
vários setores da sociedade, porém, por enquanto, essa tinha líderes de esquerda. A Prosul tem em seus repre-
desburocratização e uma menor participação do Esta- sentantes líderes de direita que ascenderem ao poder no
continente nos últimos anos.
do Brasileiro nas questões econômicas não ocorreram.
E para finalizarmos, destaque para as propostas de
Na perspectiva internacional, é de extrema impor- integração na América do Sul como o IIRSA, que foi
tância ressaltar os três maiores parceiros comerciais criado em 2000 em Brasília como Iniciativa para a Inte-
do país: China, EUA e Argentina. A Guerra Comer- gração da Infraestrutura Regional Sulamericana, com
cial entre EUA e China rendeu frutos positivos para o objetivo de interligar e desenvolver a infraestrutura
o Brasil em determinados momentos. Um setor que que interligasse fisicamente os seus membros entre as
é bastante vantajoso para o Brasil na política comer- principais regiões econômicas do subcontinente ame-
cial com os chineses rendeu respectivamente em 2018 ricano, e a finalidade era diminuir os custos do setor
US$ 32,7 bilhões e em 2019 US$ 32,7 bilhões, de acordo de transportes e aumentar o fluxo de mercadorias e as
com previsões do IBGE. exportações intrarregional e extrarregional.
Porém, em 2020, um ano atípico por conta da
pandemia do novo coronavírus, as projeções para a Eixos de Circulação e Custos de Deslocamento
economia do Brasil e de várias nações do mundo não
são muito animadoras, de acordo com as projeções do O processo de urbanização potencializou e alterou
a dinâmica das cidades em todo o mundo. A estrutu-
FMI o PIB do nosso país deve sofrer uma retração em
ra urbana sofre profundas alterações, o processo de
torno de 5,8%. industrialização que ocorreu e ocorre de forma dinâ-
No plano internacional, algumas declarações de mica/acelerada e o progresso sem controle passaram a
membros da alta cúpula do governo em relação aos exigir uma estrutura urbana que atendesse as necessi-
chineses vem causando um certo desgaste com o par- dades das populações, tornando-se um ator coadjuvan-
ceiro asiático, fato este que pode comprometer a polí- te deste processo, juntamente com o setor industrial.
tica econômica do país nos próximos anos. Podemos afirmar que o processo de industriali-
zação é o acontecimento histórico que causou maior
Integração Regional (Mercosul e Principais Parceiros impacto ao espaço geográfico. Cada país passou por
Econômicos) este processo em tempos históricos distintos, e isso
explica porque os espaços em nível mundial se tor-
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) que foi ofi- naram tão heterogêneos. A relação existente entre
cializado no início dos anos 90, através da assinatura industrialização e urbanização pode ser compreen-
do Tratado de Assunção, em 1991, tinha como princi- dida pela atuação da indústria enquanto agente de
pais objetivos promover a dinamização da economia transformação e modernização das sociedades, mes-
regional, movimentando entre os seus membros mer- mo que não seja o único agente a contribuir para isso.
cadorias, pessoas, força de trabalho e capitais. Tam- Dessa forma, são ampliados os fatores atrativos das
bém estava previsto no documento assinado pelos cidades, os elementos que são característicos do meio
membros signatários (fundadores) Brasil, Argentina, urbano responsáveis por atrair os migrantes que são
Paraguai e Uruguai a livre circulação de bens, servi- oriundos das áreas rurais.
ços e fatores produtivos. Porém, por conta da desi- Um outro fator de extrema importância para que
gualdade entre os seus membros, em 1995 através da toda essa dinâmica ocorra é a rede de transportes. O
assinatura do Protocolo de Ouro Preto, o bloco era Brasil é um país de dimensões continentais, e, confor-
transformado em uma união aduaneira com a fixação me vimos no tópico a respeito da formação do territó-
de uma tarifa externa comum – TEC. rio brasileiro, nosso país possui uma enorme extensão
União Aduaneira é uma classificação de bloco eco- no sentido norte-sul, assim como possui uma grande
nômico que conta com uma tarifa externa comum distância no sentido leste-oeste. Para promover o pro-
cesso de integração entre os pontos distintos e lon-
GEOGRAFIA DO BRASIL

(TEC), pela livre circulação de mercadorias que são


oriundas dos países associados ou membros. gínquos do país é necessário que exista uma rede de
Os anos 2000 foram muito desafiadores para o Mer- transportes integrada e articulada, ligando as diver-
cosul, em especial pelo distanciamento do Brasil, princi- sas localidades e facilitando o deslocamento de pes-
pal economia da região, pelo golpe de estado no Paraguai soas, bens, serviços e produtos.
e a consequente suspensão do país do bloco, assim como A rede de transportes tem um papel fundamental
a situação crítica da Venezuela que fez com que o país para facilitar o escoamento da produção, o desloca-
presidido por Nicolás Maduro fosse suspenso do bloco mento de cargas, e consequentemente contribuir para
em dezembro de 2016, por ruptura da ordem democráti- a injeção de capitais estrangeiros e para o crescimen-
ca e descumprimento das normas do bloco. to e desenvolvimento da economia. Em nosso país, a
Atualmente, o bloco enfrenta dificuldades para a opção encontrada para dinamizar este processo, prin-
assinatura de acordos, em especial com a União Euro- cipalmente a partir da segunda metade do século XX,
peia, por conta da política ambiental do seu principal foi a canalização de recursos para o modal (sistema
membro - o Brasil. de transportes) rodoviário – em especial a partir do 339
governo do presidente JK, porém, a canalização dos Existem alguns projetos de construção de ferro-
recursos para as rodovias provocou um sucateamen- vias em andamento, embora vários estejam com suas
to dos modais ferroviários e hidroviários – com a obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas
redução dos recursos estatais para estes modelos de pelo Governo Federal, através do PAC – Programa de
transporte. Aceleração do Crescimento, para o setor. O projeto
O modal rodoviário foi e ainda é o principal meio mais importante e relevante em relação ao transporte
de deslocamento, transporte de bens, cargas e pessoas ferroviário no Brasil é a Ferrovia Norte-Sul, que pos-
no país, a prioridade pelo transporte rodoviário como sui algumas áreas concluídas e em operação.
forma de favorecimento de empresas estrangeiras, A política de privatização dos anos 90 também che-
que se instalavam em nosso país, sobretudo a partir gou ao setor ferroviário e até contribuiu para o aumen-
dos anos 50 do século XX, as empresas que aqui se to da utilização do modal ferroviário, porém, continua
instalaram, eram principalmente, do setor automo- atendendo a interesses e deslocamentos de determina-
bilístico. O governo de JK facilitou a entrada destas dos grupos e regiões, a maior concentração da malha
empresas aqui no país. A política do governo brasilei- ferroviária ainda se encontra nas regiões Sul e Sudeste.
ro era promover uma estruturação do modal rodoviá- O transporte hidroviário é o que possui a menor
rio, construir polos industriais de automóveis em todo participação no sistema de modais do Brasil, e isso
o país, ampliar a geração de empregos, proporcionar é uma grande contradição, já que nosso país possui
o crescimento da economia e hoje com o desenvolvi- potencial para desenvolver e utilizar esse meio de
mento tecnológico no processo fabril, a utilização de transporte. A rede hidroviária presente no territó-
mão de obra em larga escala nesse setor é cada vez rio brasileiro é ampla e vários rios das nossas bacias
mais reduzida. hidrográficas são navegáveis, não necessitando de
Uma outra característica negativa deste proces- muitos investimentos para construir estruturas, pois
so foi a concentração dos investimentos do setor de não há a necessidade de grandes empreendimentos,
transportes de forma desigual pelo território nacio- como por exemplo a construção de obras de correção
nal. Ocorreu a concentração desses investimentos na e instalação de equipamentos. A justificativa dada
porção centro-sul e nas faixas litorâneas, uma peque- para a não realização de investimentos excessivos em
na alteração pode ser observada a partir da decisão do hidrovias no Brasil é a existência de rios de planal-
governo federal em transferir a capital para a região tos em nosso território, que são rios que apresentam
declives mais acentuados (possuem quedas d’água ou
central do país e construir Brasília, dessa forma ocor-
são encachoeirados), sendo necessárias obras para a
reram investimentos em locais que até então não
correção e que facilitariam o transporte de cargas;
eram conectados com o restante do país. Nesse con-
um outro agravante para a implantação deste meio de
texto, foram construídas as rodovias Belém-Brasília,
transporte é o fato de que os rios navegáveis ou rios
Cuiabá-Porto Velho, Transamazônica, dentre tantas
de planície estão localizados em áreas afastadas dos
outras. Um aspecto negativo também a ser observado
grandes centros econômicos.
é o fato de o Brasil possuir uma grande extensão terri-
Ocorrem, em certas regiões, investimentos em
torial e o transporte modal rodoviário não ser o ideal
rodovias que deveriam ser aplicados em hidrovias,
para o transporte, principalmente de cargas, entre
como por exemplo a Rodovia Transamazônica, uma
grandes distâncias. O transporte rodoviário possui
estrada que se encontra quase de forma paralela ao
um custo de manutenção maior, os combustíveis são Rio Amazonas, que é totalmente propício a navegação.
mais caros, e a emissão de poluentes é maior (os auto- A partir dos anos 80, após a oficialização do Merco-
móveis funcionam com combustíveis que são deriva- sul, os demais membros do bloco (Paraguai, Uruguai
dos de petróleo – altamente poluente). e Argentina) adotaram uma política de transportes de
Nos anos 90, em decorrência da política neoliberal mercadorias para uma maior integração do chama-
(menor participação do Estado na tomada de decisões do Cone Sul, os investimentos por parte do Governo
em relação à economia) implantada no país, ocorreu Federal, mas ainda são insuficientes para dinamizar
o processo de privatização das rodovias, que teve seu esse meio de transporte. As principais hidrovias do
início, conforme dito acima, nos anos 90, mas que Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco e a
permanece até os dias atuais, através de concessões hidrovia do Rio Amazonas, dentre outras.
públicas. Os meios de transporte no Brasil necessitam de
A qualidade das rodovias no país é ruim, muitas uma diversificação, além de investimentos que real-
não são pavimentadas, os gastos públicos são onerados, mente atendam à demanda específica daquele modal
visto que o processo de privatização ou de concessão e da região em questão. O ideal seria promover a inte-
pública ocorre principalmente com aquelas rodovias gração entre diferentes meios de transporte através
que já são pavimentadas e não exigem investimentos da instalação de plataformas multimodais que per-
tão elevados, as rodovias que necessitam de maiores mitem uma dinâmica diferenciada em relação ao
investimentos dificilmente entram nesse processo. transporte de pessoas e cargas, isso proporcionaria
O transporte ferroviário em nosso país foi o modal a redução da dependência em relação ao transporte
predominante até as primeiras décadas do século XX, rodoviário; também seria interessante que ocorres-
já que esse estava ligado principalmente para estrutu- sem investimentos que promovessem a integração
rar o deslocamento de produtos e mercadorias rela- das porções Oeste e Norte do país, assim facilitaria
cionados a economia cafeeira, este é o motivo para uma maior integração com outros vizinhos da Améri-
a consolidação deste meio de transporte na região ca do Sul e até um maior escoamento de produtos pela
sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem orla do Oceano Pacífico, ampliando as trocas comer-
um alto custo no seu processo de implantação, mas os ciais, principalmente com nações asiáticas.
custos relacionados à manutenção são relativamente Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode
baixos, nem isso foi suficiente para que muitas ferro- ter uma carga que corresponde ao volume trans-
vias ficassem sucateadas, abandonadas e muitas até portado por até 220 caminhões, um único vagão de
340 desativadas, salvo algumas exceções. metrô tem capacidade suficiente para transportar 250
passageiros, para transportar essa mesma quantidade conforme registramos aqui no tópico Evolução da Estru-
de passageiros seriam necessários três ônibus ou 50 tura Fundiária no Brasil. Segundo dados da CNA – Confe-
carros, o que provocaria um trânsito bastante carre- rencia da Agricultura e Pecuária do Brasil, a participação
gado e congestionado. A capacidade de transporte é deste setor no PIB gira em torno de 21,4%. As políticas
uma vantagem que os trilhos possuem em relação aos econômicas para o agronegócio vêm se intensificando e
outros modais de transporte, além de ser mais segu- se consolidando nos últimos anos.
ro, mais barato e menos poluente. Os investimentos
no setor são vistos como alternativas mais prudentes
para transformar os caminhos do país, transportando
cargas pesadas e também pessoas nos grandes centros O ESPAÇO POLÍTICO
urbanos e populacionais.
Nosso país está longe da realidade de nações
FORMAÇÃO TERRITORIAL
europeias, por exemplo, as linhas de metrô no Bra-
sil totalizam 309 quilômetros em todas as cidades
Território, Fronteiras e Faixas de Fronteiras
que dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso,
somente em Londres, são 402 quilômetros; em relação
O Brasil localiza-se na porção centro-oriental na Amé-
ao transporte de cargas, cerca de 25% dos produtos
rica do Sul, sendo o maior país em extensão territorial do
são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse per-
subcontinente. Nosso território é cortado pela Linha do
centual gira em torno de 88%.
Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma
A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a
área de 8.515.767 km2. Isso o classifica como um país de
ser um pouco maior nos últimos anos. No ano de 2016,
dimensões continentais e o coloca entre os países com
o volume de cargas transportadas registrou o número
maiores extensões territoriais do mundo, ocupando o
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação
quinto lugar, tratando-se de terras descontínuas, e quar-
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do
to lugar, considerando-se terras contínuas.
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de
O país tem 23.086 km de fronteiras; destes, 15.719 km
1997, dois produtos que são essenciais e importantes
são consideradas fronteiras terrestres. Um detalhe é que
para a economia do país – a soja e o minério de ferro,
somente dois países da América do Sul (Chile e Equador)
foram os responsáveis para alavancar esses números.
Nos centros urbanos em diversas regiões, o transpor- não fazem fronteira com nosso país. A costa brasileira,
te sobre os trilhos vem ganhando importância. O Brasil localizada na porção leste, é banhada pelo Oceano Atlân-
tem mais de 1.062 quilômetros para trens, metrôs e VLT’s tico e constitui o total de 7.367 km, indo do Cabo Orange
– veículos leves sobre trilhos. Esses meios de transporte ao Arroio Chuí.
registraram um aumento em torno de 37,4% na quantida-
de de passageiros na última década, para atender a esta Mar Territorial
demanda de crescimento, houve a ampliação de 6,7% na
extensão de linhas operacionais, 10,3% no número de esta- A Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar
ções, 17,6% no número de linhas, compraram mais vagões (CNUM), realizada no dia 10 de dezembro de 1982,
e houve uma redução no intervalo entre os trens, e estes introduziu o conceito de área econômica exclusiva e
investimentos atendem as multidões que se deslocam também estabeleceu os conceitos de mar territorial e
diariamente pelas grandes cidades do país. Por exemplo, plataformas continentais, que são diferentes, porém,
o número de pessoas que se deslocam diariamente na causam confusão em boa parte da sociedade.
região metropolitana de São Paulo através dos sistemas
metro ferroviários representam cerca de 70,4% do volume z Mar Territorial: faixa marítima que se estende
nacional, que corresponde a 8,5 milhões de pessoas. até 12 milhas náuticas (22 km), contadas pela cos-
O transporte sobre trilhos é recomendado para ta que é considerada parte do território do país.
deslocamento por longas distâncias, principalmente A soberania também é exercida no espaço aéreo,
transporte de cargas, isso resulta em economias. O assim como no leito e no subsolo. É do marco do
valor de um frete é, por exemplo, quase a metade se mar territorial (ou das águas territoriais) que são
comparado com o modal rodoviário, e isto resultaria contadas em 200 milhas de extensão para a delimi-
também em uma redução do valor final do produto no tação da zona econômica exclusiva;
mercado consumidor. z Plataforma Continental: parte do subsolo do
As vantagens relacionadas às questões ambientais mar, ou seja, é a margem continental que começa
também são relevantes: o transporte ferroviário cor- na costa e cai com uma ligeira inclinação para a
responde a um percentual de 25% do volume de cargas encosta continental (na qual a inclinação é muito
GEOGRAFIA DO BRASIL

do país, e é responsável por apenas 2,2% das emissões mais acentuada) ou até o limite de distância de 200
de gases poluentes emitidos pelo setor de transportes. milhas, para casos em que a margem continental
As ferrovias eletrificadas proporcionariam uma redu- não atinge essa distância. Se a margem continental
ção desses percentuais de poluentes emitidos ainda se estender mais de 200 milhas náuticas o estado
mais significativamente, e os benefícios atingiriam costeiro pode requerer a extensão da plataforma
uma gama maior de pessoas, pois onde passam os continental, até um limite de 350 milhas náuticas.
cabos elétricos, passam também os cabos de internet
e cabos de fibra óptica, democratizando assim esses Zona Econômica Exclusiva Brasileira (ZEE)
serviços em diversas regiões.
O setor agrícola é altamente dependente do setor A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) é uma área
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor- localizada além de águas territoriais, na qual cada
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais, visto país costeiro tem a prioridade para o uso de recur-
do potencial de produção agropecuário que o país tem, sos marinhos naturais (tanto vivos quanto sem vida) 341
em sua gestão ambiental. Estabelecida pela Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (CNUM), também
conhecida como Convenção Montego Bay, a área econômica exclusiva estende-se até 200 milhas (náuticas), o que
equivale a 370 km.
Além da exploração e gestão dos recursos naturais, o país costeiro nessa área possui a jurisdição em relação à
exploração e ao estabelecimento e uso de ilhas artificiais, para a pesquisa científica marinha e para a proteção e
conservação do ambiente marinho.
Apesar da exclusividade concedida ao país costeiro na área, todos os outros estados desfrutam da liberdade de
navegação e podem sobrevoar, bem como pode ser realizada a instalação de cabos submarinos e dutos e outros
usos legais do mar.
O país que tem a administração da ZEE também deve promover o uso dos recursos que estão vivos nessa área, deter-
minando a captura e a exploração de forma legalizada da fauna marinha. Se o país não conseguir atingir o máximo
estabelecido, pode ser que ocorra a autorização para que outros países explorem o excedente, caso haja algum tipo de
acordo entre as partes.
A ZEE brasileira representa uma área aproximada de água de 3,6 milhões de km². É uma área oceânica com
uma dimensão equivalente a cerca de 40% do território brasileiro. Devido à sua importância estratégica e riqueza
natural, a Marinha do Brasil é responsável pela sua defesa, denominando-a Amazônia Azul.
O valor da Amazônia Azul é comparável ao da Amazônia Verde. A região tem riquezas e potenciais econômicos
como pesca, mineração, enorme biodiversidade de espécies marítimas, óleo, uso da energia das marés e energia
eólica em alto mar.
O Brasil requereu a expansão plataforma continental à ONU, devido à extensão da sua margem continental
que é superior ao limite de 200 milhas náuticas. Caso os projetos sejam aceitos pela ONU o país adicionará cerca
de 900. 000 km² à zona ZEE, um total de cerca de 4,5 milhões de km², área maior que o bioma da Amazônia cor-
respondendo a cerca de 52% de nossa área continental.
No mapa a seguir, pode-se observar a delimitação da Amazônia Azul:

Arquipélago
de São Pedro
e São Paulo
Atol das
Rocas
Arquipélago de
Fernando de
Noronha

Ilha de
Trinidade e
Martin Vaz

Scientific American Brasil. Oceanos: origens, transformações e o futuro. Adaptado.

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS


FEDERAIS

Hoje, a República Federativa no Brasil é formada por vinte e seis estados e o Distrito Federal, que possuem
suas competências legislativas, políticas e administrativas próprias. Porém, nem sempre nosso país apresentou
essa divisão político-administrativa.
Foi no ano de 1889, com a Proclamação da República, que surgiram os estados. No Brasil Império (período
anterior à República), havia a organização do território através de províncias. E, mesmo com a criação de estados
não existia a figura do governador, a função do executivo estadual era exercida pelo “presidente do estado.
Veja a seguir um breve histórico sobre a organização político administrativa do Brasil no decorrer do século XX.
1903: o Acre foi incorporado ao Brasil após acordos com a Bolívia;
342
1942: criação do Território de Fernando de Noronha;
1943 : criação de cinco territórios federais:

z Guaporé (Região Norte);


z Rio Branco (Região Norte);
z Amapá (Região Norte);
z Ponta Porã (Região Centro-Oeste);
z Iguaçu (Região Sul).

O Governo Federal utilizou como critério e lógica para a criação desses territórios a presença do governo central em
áreas que eram pouco povoadas e que estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças externas.
1946: extinção dos territórios de Ponta Porã e Iguaçu;
1956: o Território Federal de Guaporé passou a ser chamado de Território Federal de Rondônia como forma de ho-
menagear o Marechal Cândido Rondon, grande sertanista do Brasil, defensor dos indígenas e desbravador da flores-
ta Amazônica. Rondon foi o responsável por encontrar as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, considerada a maior
relíquia histórica de Rondônia;
1960: transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília e fundação do Distrito Federal. Onde o antigo
Distrito Federal estava localizado foi criado um novo estado, chamado de Guanabara. Porém, entre os anos de
1974 e 1975, ocorreu a junção dos territórios da Guanabara e do Rio de Janeiro formando assim um único estado.
O estado da Guanabara estava localizado onde hoje está a cidade do Rio de Janeiro.
1977: o estado do Mato Grosso foi dividido em duas unidades federativas; a porção sul passou a se chamar
Mato Grosso do Sul. A lei que sancionou essa divisão foi assinada no dia 11 de outubro de 1977 pelo presidente e
General Ernesto Geisel;
1981: o território de Rondônia foi elevado à condição de estado da Federação, através da lei Complementar nº
41, de 22 de dezembro de 1981. Entretanto, o aniversário de instalação do estado só ocorreu no dia 04 de janeiro
de 1982 com a posse do governador Coronel Jorge Teixeira de Oliveira. O aniversário de Rondônia é celebrado no
dia 04 de janeiro (data da instalação). Atente-se à diferença entre a criação e a instalação de um estado:
De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, a criação de um estado depende da aprovação no plenário da
Câmara Federal, e a instalação é quando o estado passa a funcionar administrativamente como Estado. É quando
o governador assume e assina os primeiros atos.
O Estado de Rondônia foi instalado apenas com dois poderes constituídos. Com a criação do Estado foi extinto
o território, quando o então presidente da República João Baptista Figueiredo indicou o Coronel Jorge Teixeira,
que já ocupava o cargo de governador, para continuar no cargo de maior importância no Estado em 29 de dezem-
bro de 1981.
1988: criação do estado do Tocantins a partir da divisão do estado de Goiás. O território de Fernando de Noro-
nha foi extinto e passou a pertencer ao estado de Pernambuco na condição de Distrito, sendo Fernando de Noro-
nha o único Distrito Estadual presente no território brasileiro.
Alterações político-administrativas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988:

z o estado do Tocantins foi criado após o desmembramento do norte de Goiás;


z o estado de Goiás permaneceu na região Centro-Oeste, já o estado do Tocantins está na região Norte;
z os territórios de Roraima e Amapá que estavam sob a administração do Governo Federal passaram a ser esta-
dos autônomos;
z o território federal de Fernando de Noronha foi incorporado à administração estadual de Pernambuco.

O Brasil atualmente está organizado em 27 unidades federativas, possuindo 26 estados e um Distrito Federal.
As Unidades Federativas (estados) estão organizadas em Municípios, e estes, em Distritos.
Os estados e o Distrito Federal são chefiados por um governador e possuem uma capital, onde estão localizadas
as sedes de cada governo, já os municípios são governados pelo prefeito.
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito Federal não pode ser dividido ou regionalizado em municí-
pios, mas possui uma divisão administrativa e é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual União, Distrito Federal e Municípios que possuem autonomia
homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o mesmo plano hierárquico, devendo receber tratamento jurí-
dico-formal isonômico.
Acompanhe o conceito de federação, de acordo com a CF, de 1988:
GEOGRAFIA DO BRASIL

Art. 18 É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder
soberano e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação
são: a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões
político-administrativa que, atualmente, não existem.

Pode-se representar a organização do país da seguinte maneira:

República
Federativa Estados Municípios Distritos*
do Brasil

* O Distrito Federal é uma unidade da federação e não é subdivisão de qualquer município.


343
Abaixo temos o mapa político do Brasil com todas as suas Unidades Federativas e suas respectivas capitais
listadas.

Fonte: http://www.geografia-ensinareaprender.com/2012/09/exercicios-viagem-do-conhecimento-2012.html. Acesso em: 15 mar. 2023.

Os 26 Estados do Brasil e suas respectivas capitais são:

Distrito Federal – Brasília (DF)

Acre – Rio Branco (AC)


Alagoas – Maceió (AL)
Amapá - Macapá (AP)
Amazonas – Manaus (AM)
Bahia – Salvador (BA)
Ceará – Fortaleza (CE)
Espírito Santo – Vitória (ES)
Goiás – Goiânia (GO)
Maranhão – São Luís (MA)
Mato Grosso – Cuiabá (MT)
Mato Grosso do Sul – Campo Grande (MS)
Minas Gerias – Belo Horizonte (MG)
Pará – Belém (PA)
Paraíba – João Pessoa (PB)
Paraná – Curitiba (PR)
Pernambuco – Recife (PE)
Piauí – Teresina (PI)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ)
Rio Grande do Norte – Natal (RN)
Rondônia – Porto Velho (RO)
Roraima – Boa Vista (RR)
Santa Catarina – Florianópolis (SC)
São Paulo – São Paulo (SP)
Sergipe – Aracaju (SE)
344 Tocantins – Palmas (TO)
A DIVISÃO REGIONAL, SEGUNDO O IBGE, E OS
COMPLEXOS REGIONAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS

O termo região (do latim, regere, derivação de rex,


autoridade que determinava o limite das fronteiras)
diz respeito à parte do território que possui uma
unidade que a diferencia em relação a outras áreas.
O processo de regionalização pode ser baseado em
aspectos naturais (clima e vegetação), assim como em
critérios políticos, econômicos, sociais, culturais, his-
tóricos e administrativos.
Por conta das dimensões territoriais do Brasil,
existe a necessidade de regionalizá-lo para realizar
estudos sobre as diversas localidades existentes. O
conceito de regionalização pode ser compreendido
como divisão do espaço com critérios estabelecidos de
maneira prévia; os resultados dessa divisão em áreas
ou porções menores são chamados de regiões, com http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-
características distintas entre si. brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023.
Regionalizar contribui para que os poderes políti-
cos e administrativos possam ter mais dados e infor- Delgado de Carvalho, em 1913, elaborou uma pro-
mações coletadas para auxiliar no desenvolvimento posta de regionalização baseada em elementos natu-
de projetos econômicos e sociais. rais e humanos, e o país passou a ter cinco regiões. Os
As regionalizações existentes no território brasilei- estudos de Delgado de Carvalho tiveram como base a
ro até por volta de 1939 eram pautadas no estudo de topografia e o clima, que sofriam a influência de gru-
características naturais do país. O elemento principal pos humanos ao mesmo tempo que influenciavam
era fator condicionante que pautava o desenvolvi- esses grupos, proporcionando assim uma interação
mento do restante da área. dos seres humanos com o meio ambiente de acordo
No ano de 1889, o engenheiro André Rebouças com as necessidades locais. Sua proposta de regionali-
dividiu o país em dez regiões agrícolas para regionali- zação pode ser vista no mapa a seguir:
zar o país. Veja no mapa a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do- http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-
brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023. brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023.

No ano de 1871 foi criada a Diretoria Geral de


Estatísticas, com a finalidade de desenvolver e catalo-
Em 1893, o geógrafo francês Élisée Reclus fez uma gar os dados estatísticos do Brasil; posteriormente, o
divisão do país utilizando como critério as regiões natu- órgão passou a se chamar Departamento Nacional de
rais. Assim, de acordo com esse critério, o Brasil passou Estatística (DNE). No governo de Getúlio Vargas houve
GEOGRAFIA DO BRASIL

a ter oito regiões que podem ser observadas a seguir: uma reestruturação do departamento, que foi nomea-
do Instituto Nacional de Estatística (INE) e incorpora-
do ao Conselho Nacional de Geografia em 1938, dando
origem ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca (IBGE).
A partir da criação do IBGE foram introduzidos
elementos da Escola Quantitativa, que utilizava a
matemática e a estatística como suporte para análises,
referências e tabulação de dados.
Em 1941, com a coordenação do engenheiro Fábio
Macedo Soares Guimarães, teve início um projeto de
regionalização do território brasileiro baseado em
aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação). 345
Dessa forma, o Brasil foi dividido em 5 regiões: Norte, Sul, Leste, Nordeste e Centro-Oeste. O critério de Fábio
Macedo sofreu adaptações ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui.
Observe o mapa a seguir com a atual regionalização do território brasileiro, que, além de levar em conta
aspectos físicos e naturais, também tem como critério aspectos políticos-administrativo:

BRASIL: POLÍTICO – ADMINISTRATIVO

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023.

Outras Formas de Regionalização

Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
conômicos chamada de divisão geoeconômica, e dividiu o país em três complexos regionais: Amazônia, Centro-
-Sul e Nordeste.
Nessa forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidiam com as fronteiras estaduais. Dessa for-
ma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha que possui indicadores socioeconômi-
cos semelhantes ao Nordeste) encontra-se na região Nordeste; outro exemplo é o estado do Maranhão, a porção
leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste, no Complexo da Amazônia. Tem-se, ainda,
o sul do estado do Mato Grosso, que se encontra no Complexo Centro-Sul (região com maiores níveis de desenvol-
vimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem essa proposta.
346
Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html. Acesso em: 15 mar. 2023.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira utilizaram como
critérios para elaborar uma nova proposta de regionalização o nível de desenvolvimento do “meio técnico-cientí-
fico-informacional”. Isso quer dizer que, a informação e as finanças estão irradiadas de maneiras desiguais e dis-
tintas pelo território brasileiro, dividindo assim, o país em quatro complexos regionais que foram denominados
“quatro brasis”. Os complexos nessa forma de regionalização são os seguintes:

z Região Amazônica: inclui os estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. Baixas densida-
des técnicas e demográficas;
z Região Nordeste: estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta agricultura pouco mecanizada em comparação à
Região Centro-Oeste e à região Concentrada;
z Região Centro-Oeste: formada por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Apresenta agricultura
globalizada, isto é: moderna, mecanizada e produtiva;
z Região Concentrada: inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Regiões que concentram maiores populações, indústrias, principais portos, aeroportos,
shopping centers, supermercados, principais rodovias e infovias e maiores cidades e universidades. Portanto,
são as regiões que reúnem os principais meios técnicos-científicos e as finanças do país.

Assim, para critérios de aprendizagem e fixação, apresentaremos a seguir um quadro resumo com as três
principais formas de regionalização cobradas em concursos públicos. Porém, não deixe de ler e estudar sobre as
outras divisões regionais.

Nº DE ANO DE ELABORAÇÃO
NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES
REGIÕES DA PROPOSTA
GEOGRAFIA DO BRASIL

Nordeste, Amazônia e
3 Características históricas e econômicas Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul
Nordeste, Centro-Oeste, Milton Santos e Maria
4 Meio técnico-científico-informacional Início dos anos 2000
Concentrada e Amazônia Laura Silveira
Norte Anos 40, com reformula-
Nordeste ção nos anos 70 e atua-
Aspectos naturais, elementos sociais,
5 Centro-Oeste IBGE lização em 1988, através
econômicos, políticos e administrativos
Sudeste de promulgação da CF, de
Sul 1988

O processo de regionalização, juntamente com a tabulação de dados socioeconômicos e demográficos, permite


que sejam implantadas políticas públicas em diferentes esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal), com o
objetivo de garantir os direitos assegurados pelos cidadãos mediante a Constituição Federal. 347
A implantação dessas políticas varia de acor- Todos os estados da região Nordeste têm dados abaixo
do com a região, porém, sabe-se que os setores que da média nacional, ao contrário do que ocorre em todos os
demandam maiores cuidados por parte de nossos estados das regiões Sul e Sudeste, áreas em que a expecta-
governantes são saúde, educação, segurança e habi- tiva de vida para a população é acima da média nacional.
tação. Nesse contexto, o Brasil ainda tem um longo O envelhecimento populacional nacional e, conse-
caminho a ser trilhado para melhorar as condições de quentemente, o aumento da expectativa de vida pode
vida de seu povo. ser explicado com o fenômeno da transição demográ-
fica, em que é registrado um aumento da expectativa
de vida e uma queda nas taxas de natalidade.
No gráfico a seguir, percebe-se o aumento da
O ESPAÇO HUMANO expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:

DEMOGRAFIA
Expectativa de vida do brasileiro ao
nascer (1940 - 2019)
Transição Demográfica

Para compreendermos melhor a questão demográ-


fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento
dos dados divulgados recentemente pelo IBGE, eles
traçam um panorama geral da população brasileira.
Segundo esses dados, a expectativa de vida dos bra-
sileiros era de 76,6 anos, sendo a expectativa de vida
dos homens 73,1 anos e, das mulheres, 80,1. Os indica-
dores vêm aumentando ano após ano, desde a década
de 40 quando a expectativa de vida dos brasileiros era
de 45,5 anos (G1, 2020).
Sobre a mortalidade infantil – crianças que chegam a
óbito antes de completarem 1 ano de vida – cabe ressaltar
que é maior entre os meninos. Entre os nascidos do sexo
masculino, em 2018, cerca de 13,8 não chegaram ao pri-
meiro ano de vida. Já entre as meninas esse número é de
11,8 mortes a cada mil nascimentos – dados do IBGE (G1,
2018). Esse padrão se repete ao longo da vida, quando
as mulheres completam 20 anos de idade, elas têm cer-
ca de 4,5 mais chances de chegarem aos 25 anos que um
homem da mesma idade.
Essa diferença de acordo com o IBGE, pode ser expli-
cada pela alta taxa de homicídios, suicídios, acidentes de
trânsito e outras mortes não naturais entre os indivíduos
do sexo masculino. A partir dos anos 80, esses fatores, os
quais têm papel significativo nas mortes dos homens na
sociedade brasileira, são, em grande parte, causados pelo
aumento populacional, agravamento da desigualdade
social, aumento da criminalidade etc. Fonte: G1,2020
Um outro fator que promove consequências diretas
nas questões demográficas é a mortalidade na infân- Crescimento Populacional
cia – crianças que vêm a óbito antes de completarem 5
anos de vida. As taxas vêm caindo ao longo dos anos. Por O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo, com
exemplo, em 2019, esse número era de 14,4 contra 14,9, população estimada em 211.755.692 habitantes espalha-
de 2017, e 15,5, em 2015. dos entre 5.570 municípios, de acordo com o Instituto
As chances são maiores no grupo que tem menos de 1
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – tal estima-
ano de vida – o número registrado, no ano passado, mos-
tiva se refere a 1º de julho de 2020. A população cresceu
tra que cerca de 85% das crianças que morreram tinham
menos que 1 ano. Porém, mesmo com esses dados, as 0,77% em relação aos dados do ano de 2019. O estado
taxas de mortalidade infantil vêm diminuindo. No ano de São Paulo segue na liderança com 46,289 milhões de
passado foram registradas quatorze mortes a cada grupo pessoas, sendo que, desse número, quase 84% vivem nas
de mil nascimentos, contra 17,2 em 2010 – dados do IBGE. cidades e pouco menos de 16% vivem no campo.
No Brasil, nos últimos dezenove anos, os índices regis- Esse contingente populacional sobre uma área de
traram queda de 56,11% nas mortes de recém-nascidos e 8.515.692km² resultou em uma densidade demográ-
59,8% para crianças de até cinco anos – dados do relató- fica de, aproximadamente, 23,8 habitantes por km².
rio do Unicef em 2020. Em relação à expectativa de vida,
A heterogeneidade da população brasileira é uma
o estado de Santa Catarina tem os maiores índices, com
79,9 anos (3,3 anos acima da média nacional), e o estado marca em sua história, pois a população se distribui
do Maranhão tem a pior expectativa de vida, registrando de forma irregular pelo território nacional desde o
71,4, seguido do Piauí, com 71,6, e Rondônia, com 71,9 – período colonial, época na qual a maior concentração
ou seja, para cada criança nascida no Maranhão, estima- populacional ocorria na porção oriental do país, em
-se que ela viva, em média, 8,5 anos a menos do que uma uma faixa que tem a extensão aproximada de 200km
348 criança nascida em Santa Catarina. entre a faixa litorânea e o interior.
A concentração populacional nas porções centro-sul e litorânea do país, é maior e isso se deve aos ciclos eco-
nômicos realizados ao longo da nossa história. Nosso país possui uma ocupação territorial diversificada, demons-
trando uma heterogeneidade estatístico-demográfica de sua população.
Podem-se ver, por exemplo, unidades da federação densamente povoadas, como Brasília, com 444 hab./km² e
Rio de Janeiro, com 365 hab./km², além de áreas com reduzidas densidades demográficas, como, por exemplo, em
Roraima ou no Amazonas (ambas possuem em torno de 2 hab./km²).
A concentração populacional na vertente (que é um termo frequentemente utilizado na Geografia como sinô-
nimo de “lado”, “flanco”) é resultante do processo histórico da ocupação que ocorreu da faixa litorânea para o
interior do país de forma gradual. Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste e Sul, ocorrem elevadas
taxas de densidade demográfica; algumas, inclusive, chegam a ultrapassar a marca de 10 mil hab./km². Em contra-
partida, as taxas mais baixas são nos estados da região amazônica (norte do país) e na região Centro-Oeste. A cida-
de de Brasília é uma exceção, pois o processo de construção da cidade foi em um momento específico da história
do país, que contou com políticas criadas pelo Governo Federal para ocupar diversas áreas do território nacional.
A tabela a seguir mostra dados sobre o nosso país e as regiões administrativas:

POPULAÇÃO TOTAL (ABSOLUTA) DENSIDADE POPULAÇÃO POPULAÇÃO


BRASIL/REGIÃO
EM MILHÕES (HAB./KM²) URBANA (%) RURAL (%)

Brasil 211.755.692 23,8 84,4 15,6

Sudeste 89.012.240 87 92,9 7,1

Nordeste 57.374.243 36,06 73,1 26,9

Sul 30.192.315 42,5 84,9 15,1

Norte 18.672.591 4,12 73,5 26,5

Centro-Oeste 16.504.303 8,7 88,8 11,2

Fonte: IBGE. Anuário da população Brasileira (julho, 2020)

Apesar de serem menos populosas, as regiões Norte e Centro–Oeste apresentam um constante aumento da represen-
tatividade populacional brasileira, enquanto as demais regiões apresentam uma leve tendência de declínio.

Estrutura Etária e Política Demográfica

A estrutura etária da população brasileira corresponde à média de idade que o país possui a partir do estudo
da quantidade de pessoas jovens (até 19 anos), adultas (de 20 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos de idade).
A pirâmide etária da população brasileira vem passando por transformações ao longo dos anos, caracteri-
zando uma mudança no perfil demográfico do país no que diz respeito ao crescimento demográfico nacional. No
passado, com elevadas taxas de natalidade, a pirâmide etária brasileira possuía a base mais ampla e o topo mais
estreito, o que significava que o país possuía a maioria da população jovem. Nos dias atuais, pode-se afirmar que
o país está em uma fase de transição, com a redução das taxas de natalidade e um aumento da expectativa de
vida, além da redução das taxas de mortalidade. Para se ter uma ideia, em 1960, a taxa de fecundidade (número
de filhos por mulher), no Brasil, era de 6,21; já nos dias atuais esse número despencou para 1,81. Por outro lado, a
expectativa de vida subiu de 54,6 para 73,6 no mesmo período.
Neste sentido, nota-se que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento populacional, ou seja,
um aumento da idade média de sua população. A médio e longo prazo, isso poderá causar um sério problema,
pois está acontecendo uma contribuição para a redução da População Economicamente Ativa (PEA), que são as
pessoas aptas a exercer algum trabalho. Com isso, os gastos sociais, em especial os gastos da Previdência Social,
tendem a elevar-se, causando um problema semelhante ao que acontece, atualmente, em alguns países europeus:
o inchaço do setor previdenciário.
É importante destacar que, por conta da pandemia nos últimos meses, em algumas unidades da federação,
como Rio de Janeiro e São Paulo, o número de óbitos passou a ser maior que o número de nascimentos, propor-
cionando uma mudança na demografia brasileira, em nível pequeno.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Mobilidade Espacial (Migrações Internas e Externas)

O deslocamento populacional interno (também conhecido como migração) ocorre em nosso país desde o
período colonial, porém esses movimentos se intensificaram a partir do século XX, em especial após a 1ª Guerra
Mundial (1914-1918).
Na história do Brasil, nossa economia foi caracterizada pelos ciclos, ou fases, nos quais um determinado pro-
duto surgia e se consolidava como o mais importante. Ocorreram os seguintes ciclos econômicos:

z ciclo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII);


z ciclo da mineração ou do ouro (século XVIII);
z ciclo da borracha (entre 1870 e 1910);
z ciclo do café (final do século XIX e início do século XX).
349
Cada ciclo, ou seja, cada período em que deter- A inserção das regiões Norte e Centro-Oeste no
minado produto ficava em evidência, dependia das processo produtivo do país fazia parte de um conjun-
condições do mercado externo (visto que os produtos to de ações governamentais que tinha como objetivo
eram voltados para exportação), e necessitava de uma principal promover a ocupação do interior do país e
grande quantidade de mão de obra, provocando gran- buscar a redução das desigualdades existentes entre
des deslocamentos populacionais de diversas regiões as regiões. Como proposta para auxiliar nesse proces-
do país para as áreas produtoras (essas migrações são so, foram criados órgãos de planejamento e desenvol-
chamadas de inter-regionais), que ocorriam de forma vimento regionais, especificamente para as regiões
moderada. Houve, ainda, um aumento no volume de mais estagnadas do país. Como exemplo de iniciativa
pessoas deslocando-se, principalmente, a partir da nesse sentido, podemos citar a SUDAM (Superinten-
segunda metade do século XX. dência de Desenvolvimento da Amazônia) e a SUDENE
Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea – que (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
colocou um ponto final na escravatura –, os fluxos e A construção de grandes rodovias, como, por
os deslocamentos populacionais aumentaram, já que exemplo, a Belém-Brasília, a Transamazônica e a Cuia-
o ex-escravo podia deslocar-se livremente pelo terri- bá-Santarém, bem como a criação de projetos agrope-
tório (fato que antes não era possível). cuários e para a extração de recursos minerais, como o
As maiores migrações inter-regionais da história do Projeto Carajás (no Pará), foram algumas das medidas
Brasil foram realizadas por nordestinos para os grandes adotadas para inserir a região Amazônica no contexto
centros econômicos da região Sudeste. Essas migrações de desenvolvimento nacional.
tiveram início ainda no século XIX e decorreram, em Alguns fatores como a instabilidade política e eco-
maior quantidade, durante o século XX, persistindo até nômica que eram marcantes, principalmente nos anos
os dias atuais, mesmo que em um ritmo menos acelera- 80, foram responsáveis por uma mudança de compor-
do nas últimas décadas – veremos os motivos que contri- tamento nos processos migratórios inter-regionais do
país. A crise econômica proporcionou a desconcentração
buem para esse fenômeno mais adiante.
produtiva (deslocamento de indústrias e suas estruturas
Esses movimentos migratórios ocorreram, em espe-
para o interior do país) através da política de incentivos
cial, por conta do crescimento e desenvolvimento econô-
fiscais (redução de impostos) que eram concedidos pelos
mico alcançado pela região Sudeste – a princípio, com a
governos municipais e estaduais, além do uso de mão
lavoura de café e, depois, com os surtos industriais. Além
de obra mais barata presente na porção interior do país.
desses, contribuíram para que ocorresse o deslocamen- Isso refletiu e contribuiu para a ocorrência de novos flu-
to dos nordestinos, em massa, para o Sudeste. Alguns fa- xos migratórios intrarregionais.
tores repulsivos (que expulsam ou forçam a população a Nas últimas décadas, é possível perceber uma redu-
sair de uma determinada região), tais como: ção do deslocamento de nordestinos para São Paulo. Por
exemplo, na década de 1980, pela primeira vez na histó-
z o declínio que a economia do Nordeste vinha so- ria, o município registrou um saldo migratório negativo;
frendo há várias décadas; a diferença entre o número de pessoas que saíram e o
z fatores naturais como a falta de chuvas e, conse- número de pessoas que chegaram entre 1980 e 1991, foi
quentemente, a ocorrência das secas. em torno de 750 mil. A maioria das pessoas que deixa-
ram a metrópole do Sudeste foram para cidades do inte-
No fim dos anos 50, a construção de Brasília ser- rior do próprio estado, como Ribeirão Preto e Campinas.
viu como um estímulo para a população nordesti- Muitas dessas pessoas realizaram o fenômeno que
na migrar para a porção central do país (havia uma no estudo da demografia, é conhecido como migração de
demanda de mão de obra elevada), fazendo com que, retorno (volta para cidade de origem). Entre 1999 e 2004,
nos anos 60, a região Centro-Oeste fosse palco de uma por exemplo, cerca de 714 mil nordestinos deixaram o
das maiores correntes migratórias da nossa história. Sudeste e retornaram para a sua região de origem (isso
No sul do país o processo de modernização da agri- se deve ao fato de um maior desenvolvimento que ocor-
cultura provocado pela mecanização do campo (utili- re, atualmente, no Nordeste brasileiro).
zação de máquinas no processo de produção agrícola) Mesmo com as mudanças no quadro de desenvol-
e a Revolução Verde – processo de mecanização da vimento regional, a região Sudeste continua sendo o
produção agrícola – juntamente com a concentração principal destino das migrações internas, seguido pelo
fundiária (local onde as terras estão concentradas no Nordeste e pelo Centro-Oeste. O Sudeste também é a
região que possui a maior parcela de habitantes que são
qual pertencem a uma pessoa ou a um grupo econô-
oriundos de outras regiões, sendo que a maioria desses
mico) na região, impulsionaram o deslocamento de
migrantes tem, como área de origem, o Nordeste.
pessoas para a região central do país.
O Centro-Oeste é a região que apresenta o maior
Os fatores que contribuíram para a expansão da
percentual de imigrantes nascidos em outras regiões
fronteira agrícola do Sudeste para o Centro-Oeste e, (cerca de 34,1% de acordo com dados do IBGE de 2012).
logo depois, para a região da Amazônia foram: A criação do órgão de desenvolvimento regional, nos
anos 60, o Sudeco (Superintendência de Desenvol-
z a construção de uma malha rodoviária que promo- vimento do Centro-Oeste) e as políticas de subsídios
veu a integração das regiões do país; que foram ofertadas para atividades agropecuárias
z o desenvolvimento de técnicas de correção dos impulsionaram o agronegócio, servindo como fatores
solos do Cerrado; de atração populacional para a região Centro-Oeste.
z a assistência realizada pelos engenheiros agrôno- A migração pode ocorrer de várias formas, como,
mos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- por exemplo, de forma espontânea ou forçada. Nos
cuária (Embrapa); casos em que o migrante não se desloca por vontade
z os financiamentos por parte dos governos esta- própria, existem fatores naturais ou conjunturais que
350 duais e federal. podem impulsionar sua saída. Vejamos:
z Êxodo Rural: movimento de deslocamento de pes- z Setor Primário (atividades ligadas à agricultura,
soas das áreas rurais para as áreas urbanas, por pecuária, extrativismo mineral etc.);
conta do desemprego no campo, falta de moradia, z Setor Secundário (atividades ligadas à indústria);
dentre outros fatores; z Setor Terciário (atividades ligadas ao comércio e à
z Transumância: um tipo de movimento migratório prestação de serviços).
que é temporário e pode ser reversível; é determi-
nado pelas condições climáticas (sazonalidade), O conceito de trabalho ao longo da história da
como mudanças das estações ou secas temporárias; humanidade, teve diferentes significados, chegando
a ser classificado como uma atividade desmerecida e,
z Movimento Pendular: é um movimento migra-
posteriormente, passando a ser uma necessidade para
tório diário, comum em grandes centros urba-
os seres humanos. Esses conceitos contribuem para a
nos-industriais, no qual os trabalhadores residem compreensão do processo evolutivo do termo trabalho.
em uma cidade e deslocam-se para trabalhar em O contexto histórico possibilita uma compreensão
outra; nesse caso, a cidade onde o cidadão reside do termo em sua plenitude, a qual deve levar em con-
passa a ser chamada de cidade-dormitório. ta aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais.
O trabalho, no mundo globalizado, sofreu alterações
No mapa abaixo temos os principais fluxos migra- ganhando nova formatação, com o emprego da tecno-
tórios do Brasil e os respectivos períodos da história logia, a qual provocou impactos positivos e negativos
em que ocorreram: nas relações trabalhistas.
O trabalho remoto e a comunicação via e-mail ou
por aplicativos de mensagens, até pouco tempo, eram
consideradas situações impossíveis. No entanto, hoje
essa situação é uma realidade garantida por lei, prote-
gendo o trabalhador. Assim, o processo tornou-se mais
direto e construtivo no qual todos podem se beneficiar.
A pandemia provocada pelo novo coronavírus e
a necessidade de isolamento social aceleraram esse
processo de trabalho remoto, inclusive, boa parte das
empresas puderam fazer a opção de continuar nes-
se formato. Tal situação demonstra a existência de
uma democratização nos espaços laborais. Cada vez
mais as grandes corporações vêm deixando de lado as
visões tradicionalistas; a verticalização das relações
vem perdendo espaço para um ambiente com maior
linearidade e contribuição de todas as partes para o
processo produtivo.
No cenário do mundo do trabalho e da produção,
fica evidente a desigualdade entre alguns setores, até
porque o desenvolvimento e as transformações pro-
movidas pela inserção de novas tecnologias não estão
disponíveis para todos de forma homogênea (afir-
mando as desigualdades provocadas pelo processo de
globalização). As atividades, por fim, se verticalizam
Disponível em: SANTOS, R. B. Migração no Brasil. São Paulo:
(concentram-se) em espaços regionalizados e isso fica
evidente nas disparidades que existem no Brasil em
Scipione, 1994. relação ao processo de industrialização da nossa eco-
nomia – os setores produtivos da região Sudeste têm
MERCADO DE TRABALHO um considerável destaque.
Se o processo de análise for, ainda, mais profundo,
Estrutura Ocupacional é possível encontrar no estado de São Paulo (na região
metropolitana), uma maior concentração de atividades
Ao abordarmos a divisão inter-regional do trabalho e produtivas, mesmo com toda a desconcentração indus-
da produção no Brasil, é importante destacar as ativida- trial ocorrida nos últimos trinta anos. O referido esta-
des desenvolvidas em cada uma das localidades do terri- do ainda polariza as atividades econômicas, havendo,
tório nacional e a forma que cada uma dessas atividades diferentes atividades econômicas dentro de uma mes-
ma localidade. Também podemos chamar esse proces-
GEOGRAFIA DO BRASIL

contribui para estimular o desenvolvimento.


so de seletividade dos lugares. O geógrafo Milton Santos
Tais atividades, ou ciclos econômicos, contribuem
classificou esses lugares como espaços luminosos (uma
para o processo de integração econômica. O Brasil apre-
maior infraestrutura com concentração de empresas,
senta ambientes de trabalho e de produção bastante atividades econômicas e concentração financeira) e
diversificados, dado o tamanho do seu território. Sendo espaços opacos (infraestrutura de nível menor em rela-
assim, torna-se imprescindível conhecer as contribui- ção aos espaços luminosos).
ções de cada região para a evolução da economia do país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Para compreender esse processo de produção eco- Geografia e Estatística (IBGE), a PEA – População Eco-
nômica e a divisão do trabalho, primeiramente é im- nomicamente Ativa brasileira compreende 63,05% da
portante entender como está estruturada a economia população, sendo que esse número não considera os
em sua totalidade. Através da divisão de setores e suas cidadãos que não têm vínculo empregatício, ou seja,
respectivas atividades, pode-se classificar a produção trabalham com contrato formal ou com registro em
econômica da seguinte forma: carteira. Ainda de acordo com o IBGE, do total da 351
população ativa no Brasil, dos setores produtivos, os O indicador ideal é o Índice de Gini, criado pelo
trabalhadores estão distribuídos da seguinte maneira: estatístico italiano Conrado Gini, que mede a concen-
pouco mais de 20% encontram-se no setor primário tração de renda, apontando como está distribuída a
(atividades como agricultura, pecuária, mineração, riqueza de um país. O valor também varia entre 0,0 e
pesca etc.), 21% no setor secundário (indústria) e 59% 1,0, sendo que, quanto mais próximo a 0,0, menor será
no setor terciário (comércio e prestação de serviços). a desigualdade de renda e, quanto mais próximo a 1,0,
Dessa forma, conclui-se que a maior parte da maior será a concentração de renda. Atualmente, o
população empregada no Brasil encontra-se vincula- índice de Gini do Brasil é de 0,509, conforme dados de
da ao setor terciário, causando a ocorrência do fenô- 2020, mostrando uma elevada desigualdade entre os
meno de terciarização da economia. Isso ocorre por mais pobres e os mais ricos do país.
conta do processo intenso de mecanização do campo e Para finalizarmos os indicadores socioeconômicos,
da indústria (setores primário e secundário, respecti- vamos aos dados preocupantes, frutos desse cenário
vamente), provocando a substituição do homem pela pelo qual o país passa, por conta da pandemia provo-
máquina. Dessa forma, a maior parte da população cada pela Covid-19. Cresceu o número de desempre-
encontra emprego em maior quantidade somente no gados chegando à marca de 14 milhões de pessoas e,
setor de serviço e comércio. em relação ao número de desalentados (pessoas que
A participação da mulher no mercado de traba- estão desempregadas e que desistiram, momentanea-
lho, no Brasil, é um processo que vem sofrendo alte- mente, de procurar emprego), esse número chega a
rações nas últimas décadas e que tem mostrado a sua 5,8 milhões. Os cidadãos na condição de desalentados
importância na economia. As mulheres estão alcan- ocupam-se pela informalidade.
çando destaque profissional em diversos setores. No
entanto, é nítido que as funções exercidas, os cargos URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
ocupados e as remunerações ainda são menores, estan-
do defasados quando comparados com os dos homens. Processo de Urbanização
Elas recebem, em média, 70% do salário que os
homens ganham para a execução das mesmas tarefas e Até quase a metade do século XX (por volta de
responsabilidades, ocupando os mesmos postos de tra- 1940), o Brasil ainda era classificado como um país
balho. Além disso, as condições de trabalho e a forte hie- que possui atividades econômicas concentradas, em
rarquia nas instituições, tanto públicas quanto privadas, sua totalidade, no meio rural; a maioria da popula-
ainda provocam um desfavorecimento para as mulhe- ção vivia no campo. De acordo com o geógrafo Mil-
res em relação aos seus colegas do sexo masculino. Os ton Santos, o processo de urbanização brasileiro foi
cargos de chefia são exercidos, na maioria dos setores, rápido, intenso, violento e heterogêneo no século XX,
quase que exclusivamente por homens e, mesmo nas diferentemente de vários outros países do mundo. Tal
profissões tidas como femininas, a ocupação dos cargos processo provocou um conjunto de mudanças entre
por indivíduos do sexo masculino ainda persiste. as regiões do nosso país.
É fato que ainda há um longo caminho a percorrer O modelo agrário e exportador foi importante para
para que a nossa sociedade esteja livre do passado his- a estruturação urbana e territorial do país. Algumas
tórico, patriarcal e machista e que haja equidade de cidades, como, por exemplo: São Paulo, Curitiba e Belo
gêneros em nosso país. Horizonte organizaram suas atividades comerciais
voltadas para a exportação. No final do século XIX e
DESENVOLVIMENTO HUMANO início do XX, o processo de urbanização do nosso país
ocorria de forma lenta e gradual, em especial centra-
Os Indicadores Socioeconômicos lizados nas cidades administrativas do setor agrário
exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da popula-
Os principais indicadores socioeconômicos são o ção brasileira vivia em áreas urbanas. Nesse contexto,
PIB, a renda per capita, o IDH, o Coeficiente de Gini e a destacamos as três principais cidades da época: Rio de
taxa de desemprego. A renda per capita do brasileiro, Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
no ano de 2020, teve um decréscimo de 4,8%, chegan- No período entre 1940 e 1980, há menos de 40 anos,
do ao valor de R$ 35.178,00. No entanto, sabe-se que a localidade de residência de uma grande parcela da
esses valores não condizem com a realidade do país, população se inverteu. De acordo com o Censo demo-
tendo em vista que estamos em uma sociedade extre- gráfico de 2010, no ano de 1940 o índice de urbaniza-
mamente desigual. ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice
Em relação ao IDH – Índice de Desenvolvimento atingiu o percentual de 67,59. A população total do país
Humano (calculado pela renda per capita, nível de esco- triplicou durante essas quatro décadas; já a popula-
laridade e expectativa de vida), para os padrões da ONU, ção urbana multiplicou-se por mais de sete vezes nes-
o Brasil tem apresentado valores considerados altos se mesmo período. Em 2010, a população brasileira,
– valor de 0,710, dados de dezembro de 2020, número nas áreas urbanas, representava cerca de 84,36% da
piorado em comparação aos anos anteriores, demons- população total do país, com um número de habitantes
trando um reflexo da pandemia na sociedade brasileira. maior que toda a população do país em 1991.
No ranking mundial, estamos na posição número Já no ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a
84, dentre 189 países que tiveram as condições de vida população residente em áreas urbanas está em torno
das suas populações estudadas. Vale lembrar que o de 84,4%, apresentando, assim, certa estabilização em
IDH varia entre 0,0 e 1,0, sendo que, quanto mais pró- relação aos grandes deslocamentos populacionais. O
ximo a 1,0, melhores são as condições de vida que as êxodo rural, por sua vez, vem apresentando quedas
populações têm e, quanto mais próximo a 0,0, piores significativas nas últimas décadas.
são essas condições de vida. No entanto, o IDH não é É importante destacar que o crescimento urbano
o indicador ideal para verificar as reais condições de ocorreu de forma paralela ao processo de industriali-
352 vida de um país. zação e esteve concentrado em algumas áreas no país,
em especial no Sudeste, com destaque para o esta- mércio e os complexos de indústrias. No espaço ur-
do de São Paulo e para as cidades industriais de seu bano, a produção de atividades econômicas e toda
entorno. O processo de industrialização serviu como essa mega estrutura proporcionam hábitos que ca-
incentivo para um processo acelerado de migrações racterizam o modo de vida do ser humano;
internas para as regiões citadas. Neste contexto, as z Cidade: o conceito de cidade está ligado ao proces-
pessoas migravam em busca de empregos e melhores so estabelecido de acordo com o número de habi-
condições de vida. tantes; nesse espaço, caracterizado como cidade,
Porém, vale destacar que, como é uma lógica do
ocorre a produção de diversas e variadas ativida-
próprio sistema capitalista, o crescimento popula-
cional dos centros urbanos de forma acelerada e des econômicas.
desordenada, foi superior à oferta total de vagas no
mercado de trabalho para toda a população. Tal fato De acordo com os critérios do IBGE, são conside-
gerou uma maior competitividade por empregos, radas cidades rurais todas as cidades com popula-
moradias nas áreas mais centralizadas e alimentos, ção inferior a vinte mil habitantes. Assim, as cidades
acirrando a segregação espacial. Os valores dos ter- podem ser divididas em cidades rurais e cidades urba-
renos em áreas urbanas não possibilitaram o acesso nas, sendo que as cidades rurais podem se formar em
de grande parte dos trabalhadores à casa própria e áreas que possuem as caraterísticas do espaço urbano;
acabou por expulsar das áreas centrais das cidades os
trabalhadores mais pobres que se deslocaram à pro- z Metrópole: a metrópole é uma capital do estado ou
cura de moradia em áreas inadequadas, degradadas é uma cidade com altas taxas de desenvolvimento;
ou distantes dos centros das grandes cidades, gerando
promove impactos, influência e dependência em
uma ocupação desordenada do espaço e provocando
o processo de formação de periferias e, posteriormen- relação as outras cidades, sendo que tais influên-
te, da favelização. cias são nos campos social, político e econômico;
Como as cidades são lugares de segregação e exclu-
são a dinâmica de construção de imóveis e de ocupa- As metrópoles são classificadas da seguinte maneira:
ção de territórios atende ao interesse do capital (por
vezes especulativo), fazendo com que dentro de uma „ Metrópole Regional: exerce influência em ní-
mesma área estejam, lado a lado, prédios verticais de veis e esferas locais e, como exercem influên-
alto padrão e condomínios horizontais, além do que, cia, são de extrema importância para uma de-
em áreas não tão distantes, uma grande quantidade terminada região;
de pessoas vive em condições extremamente precá- „ Metrópoles Nacionais: formada pelo conjunto de
rias, em barracos, embaixo de viadutos e, até mesmo, grandes cidades do país, realizam o processo de
em caixas de papelão. No contexto atual, esses fatores
impacto em diversas localidades e diversas regiões.
continuam ocorrendo, tendo em vista que o processo
de desigualdade e exclusão são cada vez mais percep-
tíveis na sociedade brasileira. z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: com-
A geografia urbana tem, como principal objetivo, o preende-se como macrorregião todos os muníci-
estudo do espaço geográfico das cidades, metrópoles e pios que estão localizados em seus limites territo-
megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da observação riais e que se influenciam de forma mútua. As me-
da produção do espaço e das atividades econômicas, galópoles são formadas pelo conjunto de metrópo-
políticas e sociais, além da preocupação com a origem, les que estão interligadas e próximas do ponto de
crescimento, desenvolvimento e com as relações de vista geográfico. O processo de delimitação e de-
dependência e influência que uma cidade estabelece marcação das divisas e limites fica quase impossí-
com todas as outras que estão em seu entorno. vel de ser determinado. O processo de conurbação
Também, é objeto de estudo da geografia humana pode ser compreendido como a junção entre dois
a dinâmica de crescimento da população das cidades, ou mais municípios os quais se unem devido ao rá-
a forma como ocorre o processo de organização terri-
pido processo de crescimento de ambos e não é pos-
torial, o modo como se deram os diversos processos de
urbanização e quais foram os papéis desempenhados sível mais identificar as áreas de limite de cada um.
pelas cidades para a ocorrência do fenômeno, conhe-
cido como êxodo rural. A geografia urbana trabalha Podemos destacar, também, outros objetos de
em linhas diferentes da geografia rural, pois o objeto estudo da geografia urbana, a qual não se limita em
de estudo da segunda é a análise e a compreensão dos somente compreender, entender e analisar os pro-
espaços rurais e agrícolas que foram se transforman- cessos de urbanização em todo o mundo. Ocorre uma
do com o passar dos anos, mesmo estando separados correlação com outras áreas, como a história das
fisicamente (em alguns casos, não mais). O espaço cidades, as suas principais características, os modos
urbano e o espaço rural estão interligados, sendo que de produção que foram e são estabelecidos ali e com
um acaba por exercer os processos de influência e todo o processo de relação que existe no meio urbano.
dependência para com o outro.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Os outros assuntos que são desenvolvidos e estu-


A geografia urbana tem vários conceitos que pro-
dados pela geografia urbana são:
porcionam o estudo e a compreensão do espaço geo-
gráfico nas cidades, como seus processos de alteração
e transformação. Dentre os principais conceitos dessa z o processo de urbanização que ocorre em uma
área de conhecimento, podemos destacar: cidade;
z os problemas que são gerados pelo fato de as cida-
z Espaço ou meio urbano: compreende-se como es- des crescerem de forma não organizada e não
paço geográfico ou meio urbano as atividades, po- estruturada e quais são as consequências geradas
líticas públicas e práticas sociais que são responsá- por esses processos;
veis pela formação da paisagem de um determina- z a questão da dinâmica de circulação de pessoas, os
do território; nesse espaço, encontramos, em sua desafios da implantação e da solução para os pro-
composição, habitações (algumas organizadas e blemas de mobilidade urbana, o fluxo e a logística
bem estruturadas) e outras cidades, pontos de co- no setor de transportes; 353
z os modelos e modos de produção que são reproduzi- São Paulo. Com o passar do tempo, as cidades podem
dos nas cidades, bem como quais os tipos de trabalho desenvolver outras funções, aumentando assim os
que são oferecidos naquela localidade específica; seus contatos com um número cada vez maior de
z como a população residente naquele fragmento lugares. Dessa forma, as cidades assumem o papel
do espaço geográfico se relaciona com os espaços de dar dinâmica aos fluxos nos territórios, a fim de
públicos e privados e quais são os modos de vida comandar as políticas comerciais regionais, nacionais
estabelecidos ali; e, em alguns casos, internacionais.
z como as cidades são caracterizadas e de que forma O acúmulo de funções por uma determinada cidade
seus bairros e /ou distritos são distribuídos; permite que ela possua um maior poder territorial. Essas
z os problemas sociais enfrentados pelos habitantes, funções são determinadas pela presença de grandes
empresas, bancos nacionais e internacionais, as quais
em especial, a questão da desigualdade social, a
também servirão para atrair populações das mais diver-
concentração de renda;
sas localidades em busca de melhores condições de vida.
z como a dinâmica do êxodo rural contribuiu para As cidades, quando crescem, não permitem só o sur-
o processo de surgimento e formação das favelas; gimento e o crescimento de redes urbanas, mas também
z como ocorreu o processo de industrialização e o contribuem para o surgimento de redes territoriais (trans-
estabelecimento de centros industriais; portes, telecomunicações, eletricidade). Pode-se concluir,
z quais são os impactos gerados pelo processo de com isso, que quanto maior for o crescimento de uma
industrialização nos centros urbanos, como a for- cidade, maior será a dinâmica de produção e distribuição
mação de ilhas de calor, ocorrência de chuvas áci- de alimentos, assim como o deslocamento de cargas, mer-
das e o processo de inversão térmica. cadorias e pessoas por várias regiões do território.
A densidade e o tamanho das redes urbanas, assim
Nesse contexto, a geografia urbana tem extrema como os difusores dos fluxos de informações, mercado-
importância e nos ajuda a compreender o processo de rias, bens, serviços e capitais, fazem da rede urbana um
produção do espaço urbano, as relações que ocorrem fator importante na organização do território.
entre os seres humanos e esse meio, além de com- Do final do século XIX até por volta da década de
preender o crescimento das grandes cidades e como 1970, as cidades eram classificadas através de um siste-
ocorre o processo de influência dessas cidades com ma de pirâmide. Ocorria entre as cidades um processo de
outras localidades e territorialidades a partir da ótica dependência da cidade A com as cidades vizinhas que,
geopolítica. Também é possível compreender, através posteriormente, poderia se relacionar com a cidade mais
importante nessa hierarquia.
da geografia urbana, como os processos de organiza-
Cada cidade ocupava um papel dentro dessa hierar-
ção das cidades, as políticas habitacionais deficitárias
quia e, para ocorrer uma mudança no papel e na impor-
que causam problemas habitacionais que são impul-
tância de cada cidade, deveriam passar por um processo
sionados pelo crescimento das populações de forma com vários degraus e etapas, mudando assim suas clas-
rápida e desorganizada. sificações de acordo com a sua importância na rede
A partir desses estudos é possível a criação e o esta- urbana. Subir esses degraus e passar por várias etapas
belecimento de políticas públicas que sejam eficientes significava ascender na hierarquia urbana.
e suficientes para a cidade se reestruturar e continuar Com o desenvolvimento dos sistemas de transportes
crescendo, porém, a partir deste momento, de forma e telecomunicações ocorreram alterações e surgiu uma
organizada e planejada. nova hierarquia urbana. O desenvolvimento das redes
permitiu a integração de localidades mais distantes aos
Rede Urbana, Hierarquia Urbana e Regiões grandes centros, através do deslocamento dos fluxos glo-
Metropolitanas bais de informação, mercadorias e capital de forma cada
vez mais intensa.
O processo de interligação entre as cidades possi- No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE, exis-
bilita a formação de uma rede urbana. Nesse processo tiam na rede urbana brasileira nove metrópoles, duas
cada cidade vai se especializando em atividades, cons- possuíam alcance nacional (São Paulo e Rio de Janeiro,
tituindo, assim, certa hierarquia entre os municípios. sendo que São Paulo era considerada como uma cidade
Podemos citar, como exemplo, o caso da cidade de global) e sete metrópoles regionais – Porto Alegre, Curi-
tiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.
Santos, onde está localizado o Porto, que possui uma
Era uma característica associar o termo metrópole
função específica na rede urbana no estado de São
ao processo de conturbação de uma cidade central, com
Paulo. Há, portanto, uma interação entre as atividades
população superior a 1 milhão de habitantes ou mais, que
realizadas no interior do estado e a cidade de Santos, polarizava as demais cidades de seu entorno.
em decorrência da dinâmica do seu porto. Atualmente, o IBGE considera a existência de quinze
Existem, assim, cidades com outras funções cen- metrópoles brasileiras. Foram agregadas ao grupo ante-
trais. Vejamos: rior Manaus, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianópolis e
Campinas (a única cidade que não é capital considerada
z Função religiosa: Juazeiro do Norte (CE) e Apareci- como metrópole nacional), vale destacar que essas três
da do Norte (SP).; últimas foram inseridas no seleto grupo de metrópoles
z Função histórica e cultural: Ouro Preto (MG), Cida- nacionais agora em junho de 2020.
de de Goiás (GO), Paraty (RJ); A reclassificação do termo metrópole nacional vem
z Função turística: Campos do Jordão (SP), Porto ocorrendo desde o ano 2000. O IBGE e o IPEA (Instituto de
Seguro (BA), Bonito (MS); Pesquisa Econômica Aplicada) desenvolveram novos cri-
z Função industrial: Contagem (MG), Cubatão (SP), térios e, de acordo com os estudos realizados, as regiões
Volta Redonda (RJ), Camaçari (BA), Suape (PE). metropolitanas sofreram alterações, que compreendem
às áreas conturbadas nas grandes metrópoles. Esse estu-
De acordo com o nível de importância histórica, do considerava a existência de vinte e três regiões metro-
algumas cidades podem exercer várias funções den- politanas e, hoje, já são trinta e seis. Os aspectos levados
354 tro de uma rede urbana, como é o caso da cidade de em consideração são os seguintes:
z nível de atração de investimentos e migração; 2. (DECEx — 2021) Em relação à dinâmica recente e às
z a dinâmica econômica; características do agronegócio praticado no Brasil, a
z a capacidade de atrair setores de tecnologia de ponta. única afirmação que condiz com a realidade é:

Nas regiões metropolitanas mais populosas, con- a) A produção de frango nunca teve uma participação
centra-se cerca de 37,26% da população do país. Vale expressiva no cenário brasileiro.
ressaltar que, de acordo com esses novos critérios, b) Entre 1996 e 2006, o aumento das áreas destinadas às
nem toda RM (Região Metropolitana) tem, especifica- pastagens superou o aumento das áreas de lavouras.
mente, uma metrópole. c) Considerando-se o aumento das áreas de lavouras entre
Em relação às migrações externas, o Brasil, ao lon- 1996 e 2006, os melhores resultados vieram da região Sul.
go dos séculos, caracterizou-se por ser um país de imi- d) Estudos recentes apontam uma tendência de diminuição
grantes. Apesar dos fluxos migratórios intensos entre do número de estabelecimentos rurais especializados.
os séculos XVI e XX, na segunda metade do século XX, e) No que diz respeito à pecuária bovina, percebeu-se
em especial nos anos 80 e 90, passou a ser um país de uma tendência de interiorização nas últimas décadas.
emigrantes, já que muitos brasileiros estavam deixan-
do o país. Os principais destinos eram os EUA, a Euro- 3. (DECEx — 2021) Bem mais que um limite, a fronteira
pa Ocidental, o Japão, regiões com moedas fortes e é, sobretudo, uma zona de interações. A Constituição
indicadores sociais elevados, além do Paraguai, como Brasileira de 1988 considera, nas fronteiras terrestres,
um desdobramento da expansão da fronteira agrícola faixa de fronteira uma largura de:
(os produtores brasileiros que migraram para o país
vizinho eram denominados brasiguaios). a) 150 km.
Nos anos 2000, com a ascensão econômica que o b) 10 km.
país teve e com as crises econômicas nas áreas que c) 200 km.
eram os principais destinos dos brasileiros, esses d) 50 km.
deram início ao movimento de volta para o país. e) 100 km.

REGIÕES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO 4. (DECEx — 2021) O Sistema Nacional de Unidades de


(RIDE), ESPAÇO URBANO E PROBLEMAS URBANOS Conservação (SNUC) foi criado pela lei 9.985, de 18
de julho de 2000 e tem como um dos objetivos pro-
As RIDE’s foram criadas com o intuito de pro- teger os recursos naturais necessários à subsistência
porcionar o desenvolvimento econômico e social. A de populações tradicionais, respeitando e valorizando
ideia é promover investimentos em áreas de extre- seu conhecimento, sua cultura, promovendo-as social
ma importância para o cidadão, como: saneamento e economicamente, sendo denominadas Unidades de
ambiental, educação, turismo, segurança pública, Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, con-
saúde, habitação, geração de empregos, proteção ao forme a restrição ao uso. Entende-se por Unidades de
meio ambiente, serviços de telecomunicação, infraes- Conservação de Uso Sustentável as (os):
trutura, entre outros fatores.
Vale destacar, que as RIDE’s da região do Entorno a) Parques Nacionais.
de Brasília – atende à demanda das cidades satélites, b) Monumentos Naturais.
sendo que algumas funcionam como cidades-dor- c) Parques Biológicos.
mitórios, na qual o cidadão só vai para dormir, pois d) Estações Ecológicas.
trabalha em outro município; a RIDE de Juazeiro e e) Reservas Extrativistas.
Petrolina e, por último, a RIDE localizada na região da
Grande Teresina no Piauí. 5. (DECEx — 2021) O Brasil tem um território de dimen-
sões continentais. Suas terras se estendem pela
Zona Climática Intertropical e seu litoral é igualmente
extenso. Essas e outras características, imprimiram
HORA DE PRATICAR! no clima nacional, forte influência das massas de ar
oceânicas. Observe as massas de ar que atuam no ter-
1. (DECEx — 2021) Leia o texto da campanha do Minis- ritório brasileiro e analise as afirmativas abaixo:
tério da Saúde em favor da amamentação publicado
Verão Inverno
em 2008: “NADA MAIS NATURAL QUE AMAMENTAR. mEa
Equador mea Equador
NADA MAIS IMPORTANTE QUE APOIAR. AMAMENTA-
GEOGRAFIA DO BRASIL

ÇÃO: PARTICIPE E APOIE A MULHER”. O uso deste tipo mEc mEc


de campanha pelo Governo Federal do Brasil está dire-
tamente relacionado: mEa→Equatorial
atlântica
Mec→Equatorial
a) à redução da expectativa de vida ao nascer verificada continental
Mta→Tropical
no país no último decênio. mTc atlântica mTc mTa
b) à difusão da ideologia de gênero. mTa mTc→Tropical
mPa
Alisios de
continental sudeste
c) às altas taxas de mortalidade infantil que ainda persis- Mpa→Polar
tem no país. atlântica

d) à necessidade de fragilizar a ação de multinacionais


que monopolizam o comércio de laticínios. I. As massas de ar equatoriais e tropicais têm sua atua-
e) às elevadas taxas de fecundidade verificadas no país ção atenuada no inverno, em função do avanço da
nas últimas décadas. Massa Polar Atlântica (mPa). 355
II. Em grande parte da Amazônia, o clima é quente e úmi-
do o ano inteiro porque permanecem atuando massas PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA (1980)
quentes e úmidas – Massa Equatorial Continental 75-79
(mEc) e Massa Equatorial Atlântica (mEa). 70-74

III. Na área central do país, por consequência do encon- 65-69


60-64
tro da Massa Tropical Atlântica (mTa) e a Massa Polar
55-59
Atlântica (mPa), forma-se uma frente fria e há ocorrên- 50-54
cia de fortes chuvas no inverno. 45-49
IV. No clima subtropical ocorrem verões amenos e inver- 40-44
nos rigorosos, com chuvas mal distribuídas ao longo 35-39
do ano, consequência da ação dominante da Massa 30-34
Polar Atlântica (mPa). 25-29
20-24
15-19
Estão corretas as afirmativas:
10-14
5-9
a) I e IV 0-4
b) II e III HOMENS MULHERES
c) I e III
PIRÂMIDE ETÁRIA BRASILEIRA (2015)
d) I e II
e) III e IV 75-79
70-74
65-69
6. (DECEx — 2021) Marcado por diferentes característi-
60-64
cas físicas, o Nordeste brasileiro é comumente dividi- 55-59
do em quatro sub-regiões: Meio-norte, Sertão, Agreste 50-54
e Zona da Mata. Das características abaixo, a única 45-49
que não se encontra diretamente relacionada às pecu- 40-44
liaridades da Zona da Mata nordestina é: 35-39
30-34
a) Presença de latifúndios. 25-29
20-24
b) Clima tropical úmido.
15-19
c) Solo de massapé. 10-14
d) Vegetação de Caatinga. 5-9
e) Planícies e tabuleiros litorâneos. 0-4
HOMENS MULHERES
7. (DECEx — 2020) Nas últimas décadas, o Brasil vem
passando por significativas mudanças estruturais em Com base nas características da população brasileira
sua composição demográfica. Sobre esse assunto, e analisando os gráficos, é correto afirmar que:
assinale a opção correta.
a) A tendência é que o numero de brasileiros com mais
a) O Brasil permanece como um país cuja maior parte da de 70 anos seja cada vez maior, o que traz a necessi-
população vive no campo, onde a taxa de natalidade é dade de políticas públicas que atendam exclusivamen-
muito baixa. te a essa geração.
b) Os avanços na medicina ainda não foram suficientes b) A mudança na estrutura etária, de 1980 para 2015, tor-
para reduzir a taxa de mortalidade ao longo dos anos. na a pirâmide etária do Brasil similar à estrutura etá-
c) A taxa de fecundidade, que indica o número de nasci- ria das nações subdesenvolvidas, com base cada vez
dos vivos, tem apresentado expressivo aumento neste mais estreita.
século. c) Após os anos de 1980, a crise econômica fez com que
d) O envelhecimento da população brasileira se mantém muitos dos jovens brasileiros migrassem para a Euro-
em níveis baixíssimos, seguindo a tendência mundial. pa, o que refletiu na redução da população nessa faixa
e) Paralelamente à redução da natalidade, a esperança etária em 2015.
de vida ao nascer tem aumentado no Brasil. d) O aumento da população das cidades fez com que
diminuísse a qualidade de vida, a exemplo da alta mor-
8. (DECEx — 2019) As características de uma popula- talidade infantil que estreita a base da pirâmide etária.
ção de um país podem ser definidas com parâmetros e) Alterações na base da pirâmide são reflexos das políti-
como idade e gênero. Por muitos anos, a população cas de controle de natalidade e planejamento familiar,
brasileira foi classificada como jovem. A distribuição que tiveram início nos anos 80 e foram intensificadas
da população por faixa etária em 1980 e em 2015 é a partir das crises econômicas dos anos 90.
apresentada nos gráficos a seguir e ilustram uma
mudança na estrutura etária da população brasileira 9. (DECEx — 2020) A partir dos anos 1970, acompanhando
ao longo de 25 anos. uma tendência mundial, houve uma série de mudanças
na localização das atividades industriais brasileiras.

Sobre os fatores que contribuíram para a dispersão


industrial no Brasil, julgue as afirmações abaixo:

I. No processo de dispersão regional, a desconcentra-


ção das indústrias foi motivada pela aglomeração
356
desfavorável na região Metropolitana de São Paulo, 12. (DECEx — 2019) O sistema de transportes constitui um
como poluição, congestionamentos frequentes no elemento importante na economia nacional. Os custos
trânsito, altos preços dos terrenos, sindicatos fortes, de transporte incidem sobre os custos das matérias-pri-
maiores custos com alimentação e moradia, etc. mas e dos produtos finais, sendo, portanto, um elemento
II. O auge do processo de dispersão industrial no Brasil determinante da competitividade das mercadorias.
se deu entre 1970 e 1985. Depois de um curto inter- As redes de transportes implantadas no Brasil, nas últi-
valo, o processo foi retomado após 1992, ganhando mas décadas do século XIX e início do século XX refle-
força no século XXI. tiam as necessidades do modelo agroexportador. O
III. Um fator de pouca relevância para o processo de transporte ferroviário era predominante nesse período.
descentralização industrial, tanto em escala nacional Que alterações na política de transportes foram ado-
como regional, foi a chamada “guerra fiscal”. tadas a partir da década de 1930, com a mudança da
IV. As regiões mais beneficiadas com a dispersão indus- economia brasileira para um caráter urbano industrial?
trial foram a Nordeste, a Norte e a Centro-Oeste; no
entanto, foram as que mais enfrentaram problemas a) A política de transportes passou a priorizar o transpor-
para o desenvolvimento industrial mais precoce, como te rodoviário, política que se consolidou com a cria-
a falta de uma boa rede de transportes e de um merca- ção da Petrobras e o desenvolvimento da indústria
do consumidor forte. automobilística.
b) Com uma economia cada vez mais voltada para a
Quanto a essas afirmações: exportação de recursos minerais, os investimentos
nas hidrovias e ferrovias representaram 70% dos
a) Todas estão corretas recursos disponíveis.
b) Somente a I está correta c) As ferrovias foram modernizadas e ainda represen-
c) Somente a II e a III estão corretas tam o principal modal da economia brasileira e via de
d) Nenhuma está correta escoamento da produção do interior do País.
e) Somente a I, a II e a IV estão corretas d) Priorizou-se o transporte hidroviário, consorciado ao
ferroviário. com o objetivo de aproveitar o potencial
10. (DECEx — 2019) A partir da década de 1990, inten- dos rios brasileiros e facilitar o processo de escoa-
sificou-se no Brasil o processo de desconcentração mento da produção do interior para os portos.
industrial, ou seja, muitas indústrias deixaram áreas e) Com a expansão das fronteiras agrícolas, aumentou
tradicionais e instalaram unidades fabris em novos consideravelmente o cultivo de cana de açúcar, fator que
espaços na busca de vantagens econômicas, como contribuiu para a expansão da indústria automobilística
menores custos de produção. Um dos fatores respon- mesmo durante a crise do petróleo na década de 1980.
sáveis pelo processo de dispersão espacial da indús-
tria, no Brasil, é: 13. (DECEx — 2019) A partir das décadas de 60 e 70, com
a industrialização, houve também uma mecanização
a) dispersão demográfica do país. do campo brasileiro, com a introdução de máquinas e
b) esgotamento das atividades tecnológicas nas áreas uso de insumos em muitas regiões agrícolas.
industriais tradicionais.
c) predomínio de mão de obra qualificada no interior do Leia atentamente as opções a seguir e assinale aquela
território. que corretamente traz uma análise sobre a situação
d) guerra fiscal entre estados e municípios. da expansão da fronteira agrícola do Brasil:
e) crescimento das cidades médias.
a) Fronteira Agrícola é uma expressão utilizada para
11. (DECEx — 2019) Sobre o processo de desconcentra- designar o avanço da produção agropecuária sobre
ção industrial do Brasil, iniciado a partir da década de o meio natural. Trata-se de uma região na qual as
90, é correto afirmar que: atividades capitalistas fazem frente com as grandes
reservas florestais e áreas pouco povoadas. No Brasil,
a) Os enclaves industriais são os núcleos industriais iso- a fronteira agrícola, que antes se localizava na região
lados, que surgiram a partir da década de 1990 nas do Cerrado, atualmente se encontra na região Norte,
regiões Nordeste e Sul, recebendo principalmente as em contato com a Floresta Amazônica.
indústrias fabris, de alimentos e automobilística. b) Notabilizadas por grande mecanização e técnicas
b) As indústrias deixaram as áreas tradicionais e instala- avançadas de cultivo, as fronteiras agrícolas são
ram unidades fabris em novos espaços em busca de espaços de alta produtividade e produção destinada
vantagens econômicas, como isenção de impostos e principalmente à agroindústria, que para garantir o
menores custos de produção. escoamento da produção, desenvolve técnicas que
GEOGRAFIA DO BRASIL

c) Os polos de inovação que surgiram com o aumento do aliam alta produtividade e preservação ambiental.
número de universidades no Sul e oro.este. atraíram c) À medida que a fronteira agrícola avança, surgem as
para essas regiões um volume de capitais que, atual- contradições sociais do campo e o meio natural é
mente, concentram 75% da atividade industrial. devastado. Atualmente, o Cerrado brasileiro é a grande
d) A Zona Franca de Manaus e os polos de inovação fronteira agrícola do século XXI, que avança a partir da
repercutiram na criação das chamadas indústrias de expansão do Sudeste, restando atualmente menos de
ponta, as quais se concentraram na Região Norte por 20% de sua vegetação natural.
conta de incentivos fiscais e fraca atuação sindical, d) A questão da Fronteira Agrícola sempre é alvo de muita
surgindo nova região industrial central. polêmica, pois junto está associada à expansão das mono-
e) Se até o início da década de 60, o Sul e o Nordeste culturas e a criação de áreas de preservação em proprieda-
eram regiões industriais periféricas, atualmente essas des privadas, restringindo assim o acesso público a áreas
regiões concentram a atividade industrial brasileira, com potencial turístico e de recursos biológicos.
com mais de 60% do capital industrial investido. 357
e) A área de expansão das fronteiras agrícolas traz consigo a II. A variação topográfica é responsável pela existência
problemática da escassez de água. A caatinga, uma área de três estratos de vegetação de mata: de igapó, de
que apresenta um déficit hídrico, se toma ainda mais frágil várzea e de terra firme.
com a expansão das grandes monoculturas, que degra- III. A exuberância da vida vegetal da Amazônia reflete a
dam o solo e impõem ainda mais pressão sobre os pou- alta fertilidade dos solos, em geral de textura argilosa
cos recursos hídricos disponíveis. e com elevado teor de matéria orgânica.
IV. Trata-se de uma floresta latifoliada, perene e higrófila,
14. (DECEx — 2020) O planejamento regional da Amazô- que abriga também “enclaves” de campos, cerrado e
nia foi deflagrado em 1953 com a criação da Supe- até mesmo de caatinga.
rintendência do Plano de Valorização Econômica da
Amazônia (SPVEA), cujo objetivo era coordenar planos Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas
federais para a região, dividindo-a em regiões de pla- corretas.
nejamento, Oriental e Ocidental, com suas respectivas
área de influencia e composição. Assinale a alternati- a) I e II
va que apresenta os estados brasileiros que compõem b) I e III
a Amazônia Oriental. c) II e III
d) II e IV
a) Maranhão, Pará, Amapá e Tocantins. e) III e IV
b) Mato Grosso do Sul, Acre e Pará.
c) Amazonas, Roraima e Piauí. 17. (DECEx — 2020) É uma faixa de transição que se cons-
d) Acre, Rondônia e Mato Grosso. tituí de unidade paisagística nas quais mesclam vege-
e) Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. tação da região Nordeste e Norte, respectivamente. O
texto se refere a (ao):
15. (DECEx — 2020) Desde sua ocupação pelos portugue-
ses, no século XVI, o Brasil teve o território dividido a) Pantanal
internamente a fim de facilitar seu controle adminis- b) Pradaria.
trativo. No final do século XIX, quase todos os estados c) Restinga.
brasileiros já apresentavam sua configuração atual; no d) Manguezal.
entanto, novas modificações na configuração territo- e) Mata dos Cocais.
rial continuaram ocorrendo.
18. (DECEx — 2020)
ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de e RIGOLIN, Tércio Barbosa –
Fronteiras da Globalização, volume 3, 3ª edição. Página: 28.
Curso transforma soldados em verdadeiros guerreiros
de selva, aptos a dominarem as peculiaridades da
Com base no texto acima e nos conhecimentos acer- amazônia.
ca da evolução da divisão política do Brasil, julgue as
afirmativas abaixo:
Manaus (AM) – Eles estão dispostos a superar o que
para muitos é “impossível” para se tornarem Guerrei-
I. Em 1956 o território federal de Guaporé passa a deno- ros de Selva, dignos de ostentar, no chapéu bandeiran-
minar-se Territorial Federal de Rondônia, em homena- te, no brevê e no facão, a cara da onça, símbolo do
gem ao sertanista Marechal Cândido Rondon. Guerreiro que venceu as três fases do curso conside-
II. Em 1960 é criado o Distrito Federal, no estado de rado o melhor e mais difícil do mundo, na formação de
Goiás, e a mudança da capital do Rio de Janeiro para militares que operam em ambiente de selva.
Brasília. Durante o curso, nome e posto do militar são substi-
III. Em 1974 ocorre a fusão dos estados da Guanabara e tuídos por uma numeração que o torna simplesmente
do Rio de Janeiro, com a capital sediada na cidade do “aluno”. Dessa forma, a equipe de instrutores, compos-
Rio de Janeiro. ta por oficiais e sargentos do CIGS, identifica e acom-
IV. Em 1988 é criado o estado de Tocantins e é extinto o panha cada um.
território de Fernando de Noronha que, em 1989, torna- O COS 18/1 para oficiais e 18/2 para subtenentes e
-se distrito do estado do Rio Grande do Norte. sargentos compõem a primeira turma de 2018. Nes-
sa segunda fase, dos 90 alunos que iniciaram o curso,
Quanto a essas afirmações: apenas 65 conseguiram manter os índices de rendi-
mento para seguir para a fase de Operações. “Além do
a) Somente a I, a II e a III estão corretas vigor físico e da preparação prévia, é primordial para o
b) Somente a II, a III e IV estão corretas combatente ter uma habilidade natatória, para que ele
c) Somente a I, a II e a IV estão corretas possa cumprir todas as missões, devido à peculiarida-
d) Somente a I, a III e a IV estão corretas de do ambiente amazônico. É realmente bem cansati-
e) Somente a I e a III estão corretas vo, mas o guerreiro tem que ser persistente”, enfatizou
o aluno número 30, apontando a estratégia utilizada
16. (DECEx — 2020) A Amazônia é a maior floresta tropi- por ele para vencer cada desafio.
cal do mundo. Estende-se por mais de 8 milhões de
km² e por diversos países sul-americanos. Sobre esse Crédito: Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro
bioma, é correto afirmar que: (CCOMSEx) abril 2018

I. No Brasil, a floresta ocupa áreas de nove estados da Com base no texto acima e nas peculiaridades do ambien-
federação: AC, AM, AP, MA, MS, PA, RO, RR e TO. te amazônico que os alunos encontraram durante o Curso
de Operações na Selva (COS), é correto afirmar que:
358
a) Os alunos do COS encontraram um ambiente seco e advindo de anomalias climáticas observadas nas últi-
quente. mas décadas.
b) Os alunos do COS encontraram um ambiente pobre III. O Cerrado, adaptado à alternância do clima tropical,
em biodiversidade. ocupa mais de 3 milhões de km2 e apresenta solos
c) Os alunos do COS encontraram um ambiente formado pobres. É uma formação tipicamente latifoliada que,
por grandes árvores bem distantes umas das outras. dentre outras características, perde as folhas durante
d) Os alunos do COS encontraram um ambiente muito o período de seca.
úmido e quente. IV. A Mata dos Cocais é uma faixa de transição situada
e) Os alunos do COS encontraram um ambiente caracte- entre os domínios da Floresta Amazônica, do Cerrado
rizado por uma grande amplitude térmica. e da Caatinga. Predominam as palmeiras, com desta-
que para o babaçu, a carnaúba e o buriti.
19. (DECEx — 2021) Observe o mapa a seguir que mostra
a distribuição dos domínios morfoclimáticos brasilei- Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas
ros. Assinale a alternativa que identifica a correspon- corretas, dentre as listadas acima.
dência incorreta entre a letra e o respectivo nome do
Domínio Morfoclimático. a) I e II
b) I e III
Brasil: domínios morfoclimáticos c) I e IV
d) II e III
e) II e IV

9 GABARITO
A
1 C

2 E
B
3 A
C 4 E

5 D

D 6 D

E 6 E

7 E

8 E

10 D
Fonte: adaptado de Aziz Ab’Saber. In: Terra, Lygia. Conexões:
11 B
estuidos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009, p. 196.
12 A
a) “B” corresponde ao domínio morfoclimático da Caatinga.
b) “C” corresponde ao domínio morfoclimático do Cerrado. 13 A
c) “D” corresponde ao domínio morfoclimático de Mares de
14 A
morros.
d) “E” corresponde ao domínio morfoclimático do Pantanal. 15 A
e) “F” corresponde ao domínio morfoclimático das Pradarias.
16 D
20. (DECEx — 2019) Segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber,
17 E
existem grandes extensões do território brasileiro em
que vários elementos naturais (clima, vegetação, rele- 18 D
vo, hidrografia e solo) interagem de forma singular,
caracterizando uma unidade paisagística: são os cha- 19 D
GEOGRAFIA DO BRASIL

mados domínios morfoclimáticos. Entre eles ocorrem


20 C
faixas de transição.

Sobre os domínios morfoclimáticos e as faixas de


transição, considere as seguintes afirmações:

I. A exuberância da Floresta Amazônica contrasta com


a pobreza de grande parte de seus solos, geralmente
ácidos, intemperizados e de baixa fertilidade.
II. Tipicamente associados à Campanha Gaúcha, os cam-
pos apresentam um relevo com suaves ondulações,
cobertas principalmente por gramíneas. Neste domí-
nio, há um preocupante processo de desertificação 359
ANOTAÇÕES

360
INGLÊS

SUBSTANTIVOS (NOUNS)
GÊNERO

Diferentemente da língua portuguesa, na qual as terminações dos substantivos podem indicar o gênero a que
se referem na oração (rico/rica, estressado/estressada, ocupado/ocupada), em inglês, os substantivos não possuem
gênero gramatical. Porém, vale ressaltar que, em alguns casos, existem algumas mudanças nos substantivos para
indicar o gênero em. Confira:

MALE MASCULINO FEMALE FEMININO

Actor Ator Actress Atriz

Waiter Garçom Waitress Garçonete

Host Anfitrião Hostess Anfitriã

Lion Leão Lioness Leoa

Heir Herdeiro Heirness Herdeira

Há, também, substantivos diferentes que serão usados para representar uma pessoa do sexo feminino e uma pessoa
do sexo masculino:

MALE MASCULINO FEMALE FEMININO

Boy Garoto Girl Garota

Father Pai Mother Mãe

Rooster Galo Chicken Galinha

Nephew Sobrinho Niece Sobrinha

Os demais substantivos da língua inglesa são neutros, ou seja, podem representar qualquer sexo ou gênero:

MALE/FEMALE MASCULINO/FEMININO

Lawyer Advogado(a)

Doctor Médico(a)

Employee Funcionário(a)

Teacher Professor(a)

Importante!
Note que, nem sempre, haverá substantivos com formas distintas para cada gênero. Portanto saiba que a
língua inglesa age, muitas vezes, de forma neutra com relação a questões linguísticas de gênero, ou seja,
não faz distinção entre gêneros (masculino, feminino etc.).
INGLÊS

361
SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS, INCONTÁVEIS E
Advice Conselho Beauty Beleza
NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS NO
SINGULAR E NO PLURAL Courage Coragem Fun Diversão

Countable Nouns (Substantivos Contáveis) Fluidos e gases:

São substantivos que nomeiam tudo que pode ser


contado, um a um, e podem se apresentar tanto no Blood Sangue Tea Chá
singular quanto no plural (CAMPOS, 2010).
Fog Neblina Air Ar
Para falar de substantivos contáveis, é importan-
te conhecer as regras que estabelecem o plural dos
nomes e conhecer substantivos que não se alteram Partículas muito pequenas para contar:
conforme o estado singular e plural. Veja exemplos:
Dirt Poeira Rice Arroz
Table/ Mesa/ Month/ Mês/ Hair Cabelo Sugar Açúcar
tables mesas months meses

Book/ Fenômenos da natureza:


Livro/livros Egg/eggs Ovo/ovos
books

Ovelha/ Peixe/ Darkness Escuridão Fire Fogo


Sheep Fish
ovelhas peixes
Humidity Umidade Wind Vento
Homem/ Woman/ Mulher/
Man/men
homens women mulheres Doenças:
Espécie/ Dado/
Species Dice
espécies dados Flu Gripe Polio Poliomielite

Cholera Cólera Smallpox Varicela


Você não pode se referir a um substantivo contável
singular sozinho. Geralmente, ele aprece precedido
por um artigo ou número. Ao dizer “artigo”, referi- Confira alguns exemplos de uso de uncountable
mo-nos aos artigos indefinidos a e an (um, uma) e ao nouns:
artigo definido the (o, a).
Quando o substantivo contável é mencionado pela z Her jewellery is designed by a well-known celebri-
ty (As joias dela são desenhadas por uma famosa
primeira vez, você usa um artigo indefinido a (um,
celebridade);
uma), para palavras que começam com som de con-
z I needed some advice, so I went to see the counsellor
soante, ou an (um, uma), se o substantivo começa com
(Eu precisava de alguns conselhos, então fui ver o
som de vogal. No entanto, quando um substantivo
conselheiro).
contável é mencionado pela segunda vez, geralmente
ele é precedido pelo artigo definido the, por se tratar
Às vezes, quando substantivos incontáveis são tra-
de um substantivo já conhecido.
tados como substantivos contáveis, você pode usar o
artigo indefinido:
z I saw a (artigo indefinido) cat yesterday. The (artigo
definido) cat was grey with black stripes (Eu vi um
z Please select a wine that you like (Por favor, selecio-
gato ontem. O gato era cinza com listras brancas). ne um vinho que você gosta).

Você pode usar the com substantivos contáveis quan- Normalmente, o artigo indefinido não é usado com
do existe apenas um ser/coisa para ser referido(a). substantivos incontáveis. Em vez disso, o artigo defi-
nido the pode ser usado nesses casos ao se referir a
z The baby stared at the moon in fascination (O bebê itens específicos.
olhou fascinado para a lua);
z Please take me to the doctor near the market. I’m z I found the luggage that I had lost. I appreciated
not feeling well (Por favor, leve-me ao médico perto the honesty of the salesman (Encontrei a baga-
do mercado. Eu não estou me sentindo bem). gem que havia perdido. Apreciei a honestidade do
vendedor).
Uncountable Nouns (Substantivos Incontáveis)
Substantivos incontáveis podem ser expressos
Trata-se de substantivos que nomeiam tudo o que em quantidades, porém, carecem da especificação da
não pode ser contabilizado um a um, como substanti- quantidade, seja ela dada por slices (fatias), volumes,
vos abstratos, fluidos e gases, coisas apresentadas em como liters (litros), ou recipients, como a glass of (um
partículas muito pequenas, fenômenos da natureza, copo de).
doenças etc. (CAMPOS, 2010). Apresentam-se no sin-
gular, porém muitas vezes se remetem ao coletivo. z Yesterday I drank two bottles of beer by myself.
Normalmente, não são usados junto a números e arti- (Ontem eu bebi duas garrafas de cerveja sozinha);
gos (COLLINS, 2017). z How many slices of bread do you eat in the morning?
362 Substantivos abstratos: (Quantas fatias de pão você come de manhã?);
z Would you give a glass of water, please? (Você me z para remeter ao local de morada ou trabalho de
daria um copo d’água, por favor?). alguém.

Alguns substantivos podem ser contáveis ou incon- „ Let’s have some drink’s at Joe’s. (Vamos tomar
táveis, dependendo do contexto ou da situação. É um algumas bebidas no [estabelecimento do] Joe).
fenômeno que acontece, geralmente, com partes de
animais (contáveis), que também são comidas (incon- Geralmente, adiciona-se apóstrofo e s à frente do
táveis) (CAMPOS, 2010). sujeito de posse ou associação dentro de uma frase,
como em “I went to Jane’s yesterday.” (Eu fui a [casa
z We’ll have two coffees (Nós vamos querer dois da] Jane ontem.). Contudo, o emprego dessa estrutura
cafés) — contável; obedece a algumas regras, vejamos:
z I don’t like coffee (Eu não gosto de café) — incontável;
z I had chicken for dinner (Eu comi frango no jantar) z Em nomes terminados com a letra s, pode-se acres-
— diferente de I have a chicken in my backyard (Eu centar somente o apóstrofo;
tenho um frango no meu quintal).
„ Denis’ group is very quiet (O grupo de Dênis é
CASO GENITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO muito quieto);
SAXÃO’S E COM A PREPOSIÇÃO OF
Mas também podemos ver Denis’s group is very
O genitive case (caso genitivo) é usado para desig- quiet.
nar posse ou para associar um objeto a algo ou alguém.
É um caso gramatical característico de substantivos e z Em casos de mais de um agente possuidor ou asso-
pronomes. O genitivo pode ser representado através ciação, adicionamos a estrutura somente ao último
do emprego de ‘ (apóstrofo) + s ou da preposição of nome citado;
(de). Observe:
„ Roberta, Stela and Louise’s mom is sick (a mãe
z I bought Jim’s car (eu comprei o carro do Jim); de Roberta, Stela e Louise está doente);

„ Jim’s = possuidor do objeto determinado no z Nomes precedidos de adjetivo possessivo, somente


caso genitivo; o substantivo recebe a estrutura (COLLINS, 2017).
„ Car = objeto pertencente/associado a Jim.
„ They slept at their grandmother’s house (eles
z The content of that book is too disturbing (o conteú- dormiram na casa da avó deles).
do daquele livro é muito perturbador).
Em casos que se referem a um, dentre mais obje-
„ The content = “objeto” de posse; tos associados a algo ou alguém, fazemos uso tanto da
„ Of the book = possuidor do objeto, sujeito a que preposição of como do ‘s (COLLINS, 2017) Veja:
o conteúdo do livro está associado.
z Rebecca, a friend of Gina’s, is coming too (Rebecca,
Empregamos a estrutura ‘s quando (COLLINS, uma amiga de Gina, está vindo também);
2017): z This is the better of your father’s books (este é o
melhor dentre os livros do seu pai).
z o ente de associação é um ser animado (pessoa,
grupo de pessoas, animais ou instituições);
Importante!
„ The university’s budget has been cut (o orçamen- Usa-se ‘s para associar ou determinar posse de
to da universidade vem sendo cortado). um objeto a um ente animado. Para associação
ou posse de objeto a um ser inanimado, usa-se
z para especificar uma parte ou qualidade de um a preposição of.
objeto;

„ My computer’s design is vintage (o design do No que diz respeito ao emprego da preposição of,
meu computador é clássico). temos uma gama extensa de possibilidades que vão
muito além do caso genitivo. Mas, o que interessa para
z para se referir a algo associado a um lugar específico; nós, neste momento, é identificar de que modo este
caso associa os componentes de uma frase, sugerindo
„ The city’s population is in progressive growth posse entre eles (COLLINS, 2017). Portanto, observe:
(a população da cidade está em progressivo
crescimento). z The picture of a church (a foto de uma igreja);
INGLÊS

z para falar sobre coisas de mesmo tipo, pertencen- „ É o mesmo que dizer “The church’s picture”.
tes a diferentes pessoas, evitando repetições;
z The top height of the buildings in New York is 500
„ My cellphone is the same as Karen’s. (Meu celu- meters (a altura máxima dos edifícios em Nova Ior-
lar é o mesmo que o da Karen). que é de 500 metros). 363
„ Equivale a “The New York’s buildings top height is 500 meters”.

Essas frases aparecem, também, em títulos de filmes, tais como “The father of the bride” (O pai da noiva), estru-
tura que equivale a “The bride’s father.”

PRONOMES (PRONOUNS)
PRONOMES PESSOAIS

Os subject pronouns podem ser definidos como palavras que indicam pessoas, lugares, objetos, animais, entre
outros. São pronomes que representam os sujeitos (que realizam a ação) nas orações.

Na tabela abaixo, observe seu uso e exemplos:

1ª PESSOA I would love to visit your family.


I Eu
(SINGULAR) Eu adoraria visitar tua família.

2ª PESSOA You never call your relatives.


YOU Você, tu
(SINGULAR) Você nunca liga para seus parentes.

3ª PESSOA He should be more careful.


HE Ele
(SINGULAR) Ele deve ser mais cuidadoso.

3ª PESSOA She goes scuba-diving every year.


SHE Ela
(SINGULAR) Ela faz mergulho todo ano.

3ª PESSOA It’s going to be an amazing year.


IT Ele, ela (neutro)
(SINGULAR) Vai ser um ano incrível.

1ª PESSOA We were really tired after the game.


WE Nós
(PLURAL) Nós estávamos muito cansados depois do jogo.

2ª PESSOA You could come to NY one day.


YOU Vocês, vós
(PLURAL) Vocês poderiam vir a Nova Iorque um dia.

3ª PESSOA They decided to stay home for Christmas.


THEY Eles, elas
(PLURAL) Eles decidiram ficar em casa no Natal.

É importante lembrar que:

z A primeira pessoa do singular “I” (eu) deve ser escrita sempre em letra maiúscula, seja no início de uma frase
ou não (CAMPOS, 2010);
z “You” (tu, você, vós, vocês) é o pronome que utilizamos na intenção de dirigir a palavra a alguém, formal ou
informalmente, não há essa diferenciação (CAMPOS, 2010);
z “He”(ele) e “she”(ela) podem ser utilizados para se dirigir a animais de estimação, porém, trata-se de um caso
facultativo (CAMPOS, 2010);
z “It” é um pronome neutro utilizado para se referir a objetos, animais, indivíduos de sexualidade não-binária e
bebês de sexo ainda indefinido na barriga da mãe. Não existe tabu na língua inglesa ao se referir a uma pessoa
ou a um bebê como “it”.

PRONOMES REFLEXIVOS

São pronomes empregados quando o próprio sujeito sofre ação da oração, a ação que ele produz “reflete” de
volta ao sujeito.

I checked it myself.
MYSELF A mim, a mim mesmo, -me
Eu mesmo chequei.
Don’t blame yourself.
YOURSELF A ti, a você mesmo, -te, -se
Não se culpe.
He learned how to play the guitar by himself.
HIMSELF A si, a si mesmo, -se
Ele aprendeu como tocar violão sozinho.
She promised herself she wouldn’t go.
HERSELF A si, a si mesma, -se
364 Ela prometeu a si mesma que não iria.
The machine did it itself.
ITSELF A si, a si mesmo/a, -se
A máquina o fez por si mesma.
We can start the presentation ourselves.
OURSELVES A nós, a nós mesmos, -nos Nós podemos começar a apresentação nós
mesmos.
You should take care of yourselves.
YOURSELVES A vós, a vocês mesmos, -vos, -se
Vocês devem cuidar de si mesmos.
They can help themselves.
THEMSELVES A si, a eles mesmos, a elas mesmas, - se
Eles mesmos podem se servir.

Os pronomes reflexivos podem ser empregados nas seguintes ocasiões:

z Para demonstrar que a ação executada pelo verbo reflete para o próprio sujeito;
z Para dar ênfase a quem executou determinada ação, conforme vimos no exemplo da 1ª pessoa do singular: “I
checked it myself.” (Eu mesmo chequei);
z Para demonstrar que o sujeito executou uma ação sozinho, sem ajuda de terceiros, conforme o exemplo expos-
to na 3ª pessoa do singular masculina: “He learned how to play the guitar by himself.” (Ele aprendeu como
tocar violão sozinho.).

Importante!
Note que para expressar a ação realizada “sozinho(a)”, empregamos a preposição “by” (por).
“She did the homework all by herself.” (Ela fez a tarefa de casa toda sozinha.)

PRONOMES E ADJETIVOS DEMONSTRATIVOS

Os pronomes demonstrativos são usados para localizar o objeto de uma oração no espaço ou tempo, esteja
ele próximo ou não. São eles:

PRONOME PRONOME
DEMONSTRATIVO SIGNIFICADO DEMONSTRATIVO SIGINIFICADO
(SINGULAR) (PLURAL)
This Esse(a), este(a), isso, isto These Esses(as), estes(as)
That Aquele(a), aquilo Those Aqueles(as)

Observe os seguintes exemplos:

z We really need this money! (Nós realmente precisamos deste dinheiro!);


z They should see these flowers. (Eles deveriam ver estas flores).

Note que, em ambos os casos, os pronomes mencionam objetos mais próximos ao locutor.

Observe mais alguns exemplos:

z Helen will show us that beautiful painting. (Helen vai nos mostrar aquela linda pintura);
z How much for those pants? (Quanto custam aquelas calças?).

Nesses casos, os pronomes mencionam objetos mais distantes ao locutor.

Por fim, observe os exemplos abaixo:

z This party will be awesome! (Essa festa vai ser incrível!);


z I still remember those sweet moments. (Eu ainda me lembro daqueles momentos doces).
z Ambos mencionam momentos. Note que primeiro remete a um momento próximo, fazendo uso de this,
enquanto o segundo remete a momentos mais distantes, fazendo uso de those.
INGLÊS

PRONOMES E ADJETIVOS POSSESSIVOS

Os pronomes possessivos expressam pertencimento de algo a alguém. No caso da língua inglesa, existem dois
grupos de possessivos, os possessive adjectives e os possessive pronouns. Vejamos, por ora, o caso dos pronomes
possessivos cuja função é substituir o nome próprio ao final da oração, como objeto da oração, sem qualquer
flexão de número ou grau. 365
These socks are mine.
MINE Meu, minha, meus, minhas
Estas meias são minhas.

Is this book yours?


YOURS Teu, tua, seu, sua
Este livro é seu?

That enormous mansion is his.


HIS Dele
Aquela mansão enorme é dele.

All those white clothes are hers.


HERS Dela
Todas aquelas roupas brancas são dela.

This rubber bone is its.


ITS Dele, dela (neutro)
Este osso de borracha é dele.

Keep your hands off of it, it’s ours!


OURS Nosso, nossa
Tire suas mãos daí, é nosso!

Are these records yours?


YOURS Vosso, vossa, seu, sua
Estes discos são seus?

None of the reports are theirs.


THEIRS Deles, delas
Nenhum dos relatórios são deles.

PRONOMES E ADJETIVOS INTERROGATIVOS (QUESTION WORDS)

Os pronomes interrogativos são elementos linguísticos usados em perguntas mais amplas, conhecidas como
elementos de ‘’WH-questions’’, quando se espera por respostas que não se restrinjam a “sim” ou “não” e/ou res-
postas com substantivos. Observe a seguir:

PRONOME INTERROGATIVO PERGUNTA RESPOSTA

What city do you prefer to live? I prefer to live in London.


What (que, o que, a que, qual, quais)
(Que cidade você prefere morar?) (Eu prefiro morar em Londres.)

Where have you been? I’ve been jogging at the park. (Estive
Where (onde, aonde)
(Onde você esteve?) correndo no parque?)

Who is that boy? He is my son.


Who (quem)
(Quem é aquele garoto?) (Ele é meu filho)

Whose car is that? (De quem é aque- That is John’s car. (Aquele carro é do
Whose (de quem)
le carro?) John.)

To whom did you lend your costume?


I lent it to Marcela. (Eu emprestei ela
Whom (a quem, para quem, de quem) (Para quem você emprestou sua
à Marcela.)
fantasia?)

When did you go there? I went there last week. (Eu fui lá se-
When (quando)
(Quando você foi lá?) mana passada)

Which ice cream flavour do you like? I like vanilla ice cream! (Eu gosto de
Which (qual)
(Qual sabor de sorvete você gosta?) sorvete de baunilha!)

Because I was working. (Porque eu


Why did you arrive so late? (Por que estava trabalhando.) ou I was wor-
Why (por que, por quê)
você chegou tão tarde?) king, that’s why (Eu estava trabalhan-
do, este é o porquê.)

Abaixo, apresentam-se algumas informações importantes, vejamos.

z Ambos what e which podem ser utilizados para perguntar “qual”;


z Who nunca deve aparecer próximo a uma preposição. Quando necessário, deve-se utilizar whom ou colocar
a preposição ao final da pergunta. Exemplo: Who are you going to travel with? (Com quem você está indo via-
jar?) ou Who did you buy gifts for? (Para quem você comprou presentes?;
z Perguntas com why geralmente são respondidas com because logo no início da oração, mas também podem
366 ser respondidas com “that is why” (este é o porquê).
A partir dos exemplos, é possível observar que, no caso dos pronomes interrogativos, a resposta sempre envol-
ve um nome/substantivo, ainda que de modo oculto ou subentendido. Os pronomes interrogativos jamais refe-
rem-se às circunstâncias ou razões.

ADJETIVOS INDEFINIDOS E PRONOMES INDEFINIDOS

Os pronomes indefinidos, por sua vez, são usados para identificar um substantivo em um sentido não especí-
fico. São frequentemente usados para descrever um substantivo com um elemento de incerteza, ou seja, sem, de
fato, especificar a qualidade do pronome ou substantivo a que se refere. Observe a tabela com alguns exemplos:

ANY SOME EVERY NO

Algum(a), qualquer, Algum(a), alguns,


Todo(a), cada Nenhum
sequer algumas

Do you have any There should be some She knows every single
I have no idea.
advice? information here. room.
Exemplos: (Eu não tenho [ne-
(Você tem algum (Deve haver alguma in- (Ela conhece todos os
nhuma] ideia.)
conselho?) formação aqui.) quartos.)

Pessoas Anybody/Anyone Somebody/Someone Everybody/Everyone Nobody/No one

Alguém, qualquer Alguém, algum(a)


Todo mundo Ninguém
pessoa pessoa

Somebody told me you No one should


Is there anybody Everyone knows your ad-
are single. (Alguém me judge you. (Nin-
Exemplos: home? (Tem alguém dress. (Todo mundo sabe
disse que você está guém deveria lhe
em casa?) seu endereço.)
solteiro.) julgar.)

Coisas Anything Something Everything Nothing

Nada, nenhuma
Qualquer coisa, nada Alguma coisa Tudo, todas as coisas
coisa

I have nothing to
Didn’t you buy any- There is something
Everthing is going to be talk with you. (Eu
thing for dinner? wrong with my cellphone.
Exemplos: alright. (Tudo vai ficar não tenho nada
(Você não comprou (Há algo de errado com
bem.) para falar com
nada para o jantar?) meu celular.)
você.)

Lugares Anywhere Somewhere Everywhere Nowhere

Qualquer lugar, lugar


Algum lugar Todo lugar Lugar nenhum
algum

I can’t find my glass- I couldn’t park my


We will find groceries
es anywhere! (Eu não I see flowers everywhere car nowhere. (Eu
somewhere. (Nós vamos
Exemplos: consigo encontrar I look. (Eu vejo flores em não consegui es-
encontrar suprimentos
meus óculos em todo lugar que olho.) tacionar meu carro
em algum lugar.)
lugar algum!) em lugar nenhum.)

Tempo Anytime Sometime Everytime No time

Qualquer hora, hora Hora nenhuma,


Alguma hora Toda hora
alguma tempo nenhum

You can call me I have no time for


Come and visit me some- Everytime I sleep, I dream
anytime. (Você pode studies. (Eu não te-
Exemplos: time. (Venha e me visite about you. (Toda hora que
me ligar a qualquer nho tempo nenhum
alguma hora.) durmo, sonho com você.)
hora.) para estudos.)

Abaixo, apresentam-se algumas informações importantes.

z Any é um prefixo utilizado em orações interrogativas quando se espera uma resposta negativa, orações nega-
INGLÊS

tivas (na presença de outra estrutura negativa) e afirmativas com o significado de “qualquer”;
z Some é um prefixo utilizado somente em orações afirmativas e interrogativas, expressando convites e oferecimentos;
z No é um prefixo estritamente negativo e não deve NUNCA ser utilizado se já houver uma negação na frase.

Exemplo: “I don’t have no money to buy food.” (Eu não tenho nenhum dinheiro para comprar comida.)
O correto seria: “I have no money to buy food.” Ou “I don’t have any money to buy food.” 367
QUANTIFICADORES I have another party to go today (Eu tenho outra
festa para ir hoje).
Quantificadores De Substantivos Contáveis
z Every: todo(a)
z Many: muitos(as), vários(as)
Acompanha substantivos no singular.
Exemplos: Exemplos:
They have many goals in life (Eles têm vários obje- I wake up at six o’clock every day (Eu acordo às seis
tivos na vida); horas todo dia);
We have many stories to tell (Nós temos muitas We get together every October 15th (Nós nos reuni-
histórias para contar). mos todo dia 15 de outubro.

z Several: vários(as), diversos(as) z Neither: nem, nenhum(a), tampouco

Usado antes de substantivos no plural. Precede substantivos no singular.


Exemplos: Exemplos:
That store sells several gym equipments (Aquela Do you like to eat raw fish or roasted Chicken? (Você
loja vende diversos equipamentos de ginástica); gosta de comer peixe cru ou frango assado?)
She told me several lies about you (Ela me contou Neither (Nenhum).
várias mentiras a seu respeito).
Quantificadores De Substantivos Incontáveis
z A few: alguns, algumas, um pequeno número,
poucos(as) z A little: um pouco de, algum(a)

Usado com substantivos no plural (CAMPOS, Exemplos:


2010). We must have a little faith (Nós devemos ter um
Exemplos: pouco de fé);
We only have a few coins (Nós temos apenas algu- You only liked it a little (Você gostou apenas um
mas moedas);
pouco)
She has a few problems with her teacher (Ela tem
alguns problemas com sua professora).
z Much: muito(a)
z Both: ambos(as)
Precede substantivos no singular.
Exemplos:
Exemplos:
They have much patience with their kids (Eles têm
Both me and my brother are blond (Eu e meu irmão,
muita paciência com seus filhos);
ambos somos loiros);
The plant needs much water (A planta precisa de
She’s living the best of both worlds (Ela vive o
muita água).
melhor dos dois mundos).
z A lot: muito(a)
z Couple: pouco(a) de algo semelhante ou igual
entre si, par, dupla, casal
Sem a estrutura of, carrega o mesmo sentido de
Exemplos: much e faz referência ao “quanto”, remetendo a inten-
I spent a couple of hours reading last night (Eu pas- sidade, acompanhando substantivos incontáveis, de
sei algumas horas lendo ontem à noite); modo não específico. Normalmente vem ao final da
Just a couple of people came to my birthday (Somen- frase, sendo assim, uma expressão informal (CAM-
te um par de pessoas veio ao meu aniversário). POS, 2010)

z Few: poucos(as) Exemplos:


She trusts you a lot (Ela confia muito em você);
Carrega um sentido de negativa, sugerindo “quase They eat a lot (Eles comem muito).
nenhum” ou “não tanto quanto esperado” (CAMPOS,
2010, p .40) e pode vir antecedido por very (muito). z Little: pouco(a)
Antecede substantivos no plural.
Exemplos: Carrega o sentido de menos que a little, ideia
We have few people to help (Temos poucas pessoas negativa.
para ajudar); They had very little time to talk (Eles tiveram mui-
Few patients have recovered (Poucos pacientes se to pouco tempo para conversar);
recuperaram). We had little hope it could happen (Nós tínhamos
pouca esperança de que poderia acontecer).
z Another: outro(a)
z Less: menos
Precede substantivos no singular, excepcionalmente.
Exemplos: Exemplos:
Don’t you want to drink another glass of juice? I’ve been eating less since I got sick (Eu venho
368 (Você não quer beber outro copo de suco?); comendo menos desde que fiquei doente);
Do you work less than your wife? (Você trabalha Dica
menos que sua esposa?).
Alguns elementos da língua agem como intensi-
QUANTIFICADORES DE SUBSTANTIVOS ficadores dos quantificadores, como very (mui-
CONTÁVEIS OU INCONTÁVEIS to, muita), so (tanto, tanta), much (muito, muita)
— We had so much hope (Nós tínhamos tanta
z A lot of: muitos(as), um monte de esperança.); They had very little patience with
the kids (Eles tinham muito pouca paciência
Exemplos: com as crianças).
We have a lot of reports to read (Nós temos um
monte de relatórios para ler);
He will give you a lot of love when you arrive (Ele te
dará muito amor quando você chegar). ARTIGOS (ARTICLES)
z Bit: pouco(a) Os artigos, na língua inglesa, são palavras usadas
para acompanhar o substantivo na oração e, assim
Usado antes de substantivos contáveis ou como em português, podem ser classificados como
incontáveis definidos e indefinidos. Entretanto, não recebem tan-
Exemplos: tas variações como na gramática da língua portuguesa,
The lecture was a bit too long (O sermão foi um de modo que não existem artigos compostos, contá-
pouco longo demais); veis ou incontáveis, nem mesmo variação de gênero
Tonight I’m drinking just a little bit of wine (Essa de acordo com o substantivo que acompanham.
noite estou bebendo somente um pouquinho de Os artigos da língua inglesa podem ser classifica-
vinho). dos como definidos ou indefinidos segundo seu signi-
ficado e propósito. Observe a tabela a seguir.
z Some: alguns, algumas, um pouco de
THE O, a, os, as
Antecede substantivos incontáveis no singular
ou substantivos contáveis no plural. A Um, uma
Exemplos: AN Um, uma
May I have some water? (Eu posso beber um pouco
de água?) – Substantivo incontável no singular;
ARTIGO DEFINIDO THE
There are some people outside. (Há algumas pesso-
as lá fora.) – Substantivo contável no plural, pois peo- Esse artigo é utilizado para se referir exclusiva-
ple é o plural de person (pessoa). mente ao substantivo na oração, ou seja, especifica-se,
no discurso, o objeto. Em inglês, é marcado pelo uso
z Any: nenhum(a), algum(a), qualquer de the, que pode acompanhar tanto um substantivo
no singular quanto no plural. Observe:
Usado em orações positivas como “qualquer”, em
orações negativas como “nenhum(a)” e em orações z The table is broken (A mesa está quebrada);
interrogativas como “algum(a)”. Precede substantivos z The children are happy (As crianças estão felizes);
incontáveis no singular ou substantivos contáveis z He loved the book (Ele amou o livro);
no plural. z The classes start at 9 am (As aulas começam às 9
Exemplos: da manhã).
He doesn’t have any friends (Ele não tem nenhum
amigo); Existem algumas regras para o uso do artigo the.
Is there any other way? (Há algum outro caminho?). Vejamos.

z Enough: demais, suficiente, bastante z Não se usa o the nos seguintes casos:

Antecede substantivos incontáveis no singular „ Substantivos que integrem uma oração que
ou substantivos contáveis no plural. expressa senso-comum ou generalização, sal-
Exemplos: vo se é a intenção do interlocutor especificar o
objeto do qual se fala. Exemplos:
Didn’t you have enough beer already? (Você já não
The cats like milk (Os gatos gostam de leite) —
bebeu cerveja o suficiente?);
gatos específicos;
They don’t have enough cups to receive us (Eles não
Cats like milk (Gatos gostam de leite) — gatos
têm copos suficientes para nos receber). em geral.

z All: todo(a), tudo


INGLÊS

„ Nomes próprios, salvo se o nome especificar


um conjunto ou uma família, usando seu sobre-
Antecede substantivos incontáveis no singular nome. Exemplos:
ou substantivos contáveis no plural. São Paulo is a big city (São Paulo é uma cidade
I’ve been working all day long (Eu trabalhei o dia grande);
todo); The United Kingdom is in lockdown (O Reino
All lives matter (Todas as vidas importam). Unido está em lockdown); 369
The Kennedys are coming to dinner (Os Kenne- She is hanging out with the cool ones. (Ela está
dys estão vindo para o jantar). saindo com os legais);
They love playing with the youngs. (Eles amam
„ Nomes de idiomas (mas pode ser usado para se jogar com os jovens).
referir a nacionalidades). Exemplos:
French is a difficult language. (francês é uma „ Nomes de jornais, bancos e instituições pri-
língua difícil); vadas, bem como ONGs e órgãos públicos.
The French invented the croissant (Os franceses Exemplos:
inventaram o croissant). The UNO decided to stop violence (A Organização
das Nações Unidas decidiu parar a violência);
„ Quando houver a presença da forma posses- The New Yorker just tweeted about it (O New
siva na oração, diferentemente do português. Yorker acabou de tuitar sobre isso).
Exemplos:
Our English book is here. (O nosso livro de „ Nomes de instrumentos musicais, ritmos e dan-
inglês está aqui);
ça. Exemplos:
John is Lucy’s brother. (John é o irmão da Lucy).
She loves to play the piano (Ela ama tocar piano);
The tango is an Argentinian dance (O tango é
z O the deve ser utilizado nas seguintes situações:
uma dança argentina).
„ Substantivos únicos em sua espécie ou para
„ Nomes de construções e obras famosas:
referir-se a um único ser de modo específico.
We just saw the Eiffel Tower (Acabamos de ver
Exemplos:
a Torre Eiffel);
The ocean is still a mystery (O oceano ainda é
um mistério); The Coliseum is outstanding! (O Coliseu é
The moon shines for you (A lua brilha para incrível!).
você).
„ Para nos referirmos ao elemento gramatical de
„ Orações cujo substantivo já foi mencionado gradação comparativa (quanto mais..., quanto
anteriormente pelo interlocutor, pressupondo- menos...). Exemplos:
-se que a pessoa a qual a mensagem se direcio- The less we speak the better (Quanto menos
na já saiba do que se está falando. Exemplos: falarmos, melhor);
The job is perfect for you! (O emprego é perfeito The more we study the more tired we get (Quan-
para você!); to mais estudamos, mais cansadas ficamos).
They saw the damage and got worried. (Eles
viram o estrago e ficaram preocupados). „ Antes de números ordinais. Exemplos:
She lives on the 1st floor (Ela mora no 1º andar);
„ Para falar de pontos específicos do globo terres- The party is on the 23rd of June (A festa é no 23º
tre. Exemplos: dia de junho);
The Equator is a pointer for countries’ weather.
(O Equador é um indicador para o clima dos „ Repete-se o the em casos que podem ocasionar
países); ambiguidade. Exemplo:
They were discussing the Greenwich meridian I hired the best dentist and the best secretary (Eu
scales. (Eles estavam discutindo sobre as esca- contratei a melhor secretária).
las do meridiano de Greenwich).
Atenção: note que o the assegura a informação de
„ Nomes de acidentes geográficos, rios, arquipé- que se trata de pessoas distintas e não de uma só que
lagos, montanhas etc. Exemplos: desempenhe a função de dois cargos (CAMPOS, 2010).
The Nile is the longest river on Earth (O Nilo é o
rio mais longo do mundo); ARTIGO INDEFINIDO A/NA
The Alps are great places to practice sports
(Os Alpes são ótimos lugares para se praticar
Esse tipo de artigo faz referência a um substantivo
esportes).
não específico, ou seja, não há a identificação do obje-
to de maneira exclusiva. Em inglês, é marcado pelo
„ Áreas geográficas do plano cartesiano (norte,
uso de a e an, palavras que possuem suas próprias
sul, leste, oeste etc.). Exemplos:
The northeast of Brazil is a dry place (O nordes- regras gramaticais. É importante salientar a diferença
te do Brasil é um local árido); de uso entre ambas as palavras:
They went to the south (Eles foram para o sul).
z Usa-se a quando o substantivo, que segue o artigo,
„ Países com nomes compostos ou que expres- inicia-se com uma consoante: a table (uma mesa);
sam plural. Exemplos: z Usa-se an quando o substantivo, que segue o artigo,
The USA fought against Germany. (Os Estados inicia-se em uma vogal: an elephant (um elefante).
Unidos lutaram contra a Alemanha);
Have you ever been to the Netherlands? (Você já O mesmo acontece quando a palavra se inicia com
esteve nos Países Baixos). o som de uma vogal, como é o caso de an hour (uma
hora), an homage (uma homenagem), an honest man
„ Adjetivos que tomam forma de substantivos no (um homem honesto). Nestes casos, o som da letra h
370 plural. Exemplos: é mudo.
Em contrapartida, há palavras que se iniciam com z Antes de substantivos precedidos por preposições:
as vogais u e eu, e pronuncia-se o som de “you”. Neste I need to go to school. (eu preciso ir à escola);
caso, utilizamos o artigo a:
„ Há exceção para caso de ir ao edifício. No exem-
z a European (uma europeia); plo da escola, portanto, se quero me referir à
z a unit (uma unidade); materialidade do prédio, devo dizer: I need to
z a university (uma universidade) (CAMPOS, 2010). go to the school. (eu preciso ir [ao prédio] da
escola).
Veja a seguir em quais situações os artigos indefi-
nidos são empregados1: z Antes de substantivos plurais com sentido geral:
kids love to play (crianças amam brincar);
z Para referir-se a algo pela primeira vez: z Antes de nomes de materiais, refeições, bebidas,
comidas, matérias, esporte: my son studies Biology
You guys have a beautiful house! (Vocês têm uma (meu filho estuda biologia);
casa linda!). z Antes de substantivos abstratos. Ex.: Love is beauti-
ful (o amor é lindo);
z Para se referir a profissões: z ntes de designação de espécies através do uso de
man (homem) e woman (mulher): man is dealing
with consequences of their own behavior (o homem
She’s a singer (Ela é uma cantora).
está lidando com as consequências do próprio
comportamento);
z Para referir-se a nacionalidades e religiões:
z ntes de substantivos incontáveis singulares: water
is a natural resource (a água é um recurso natural);
He’s an Irishman (Ele é um irlandês).
� Antes de meses ou dias da semana. Ex.: Mondays
are the worse (segundas-feiras são as piores).
z Para referir-se a algo/alguém no singular, sem
intenção de enfatizar a quantidade:
Dica
I lent her a dry t-shirt and an umbrella (Eu a empres- A diferença de uso de the e a/an está na
tei uma camiseta seca e um guarda-chuva). especificidade:
É diferente de: � I met the boy at the police station (eu encon-
I lent her one t-shirt and two umbrellas (Eu a trei o garoto na delegacia) — um garoto especí-
emprestei uma blusa e dois guarda-chuvas). fico, já mencionado e/ou conhecido;
� I met a boy at the police station (eu encontrei
z Para referir-se a frequências de tempo: um garoto na delegacia) — um garoto ainda não
mencionado ou desconhecido.
I workout at the gym four times a week (Eu treino
na academia quatro vezes na semana).

z Para referir-se a nomes de medidas:


ADJETIVOS (ADJECTIVES): FORMAS
It costs U$30 a pound (Custa 30 dólares por libra). E USOS, POSIÇÃO DOS ADJETIVOS E
GRAUS DO ADJETIVO
Importante! Os adjetivos são palavras que atribuem qualida-
O uso de a e an serve apenas para o singular. des e características aos substantivos que os acompa-
nham. Podem se referir à cor, ao tamanho, à textura,
Quando os substantivos se apresentam no plu-
ao sabor, ao material, à emoção, ao sentimento, entre
ral, deve-se utilizar the ou elementos quantifica-
muitas outras possíveis atribuições de qualidades.
dores como many (muitos), much (muito), some Podem apresentar variação quanto ao grau, esta-
(alguns), any (algum, nenhum), a few (alguns) etc. belecendo-se relações comparativas ou superlativas.
Adjetivos, na língua inglesa, não possuem variação
quanto ao gênero (masculino e feminino) e número
Casos que Dispensam o Uso de Artigos (singular e plural), como ocorre na língua portuguesa.
Sendo assim, um adjetivo é usado de maneira imu-
A/an: quando tratamos de uma ideia abstrata tável para referir-se a qualquer substantivo, seja ele
(CAMPOS, 2010). Ex.: no masculino ou no feminino, no singular ou no plu-
ral. Veja a seguir alguns exemplos:
z Incorreto: He has a great ability with kids (Ele tem
uma grande habilidade com crianças); z Those lazy boys don’t help at home (Aqueles meni-
INGLÊS

z Correto: He has great ability with kids (Ele tem nos preguiçosos não ajudam em casa).
grande habilidade com crianças).
Veja que lazy atribui a característica de “preguiço-
The (CAMPOS, 2010): sos” ao nome boys (meninos).
1 CAMPOS, G, T. Manual Compacto de Gramática da Língua Inglesa. 1ª ed. São Paulo: Editora Rideel. Disponível em: https://middleware-bv.
am4.com.br/SSO/unifalmg/9788533948815. Acesso em: 1 set. 2022 371
Observe, também, que os adjetivos em inglês são colocados antes do substantivo ao qual se refere.
Diferentemente da língua portuguesa, os adjetivos tomam uma posição distinta na oração, vindo antes do subs-
tantivo, como visto no exemplo anterior. Confira a diferença entre o uso de adjetivos em português e em inglês:

PORTUGUÊS Eu gosto do meu vestido azul

INGLÊS I like my blue dress

TIPOS DE ADJETIVOS

Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos em alguns grupos específicos, conforme a ideia que expres-
sam em uma oração. Observe alguns exemplos na tabela a seguir:

TIPOS EXEMPLO

Adjetivos de tamanho big (grande), small (pequeno), huge (enorme), tiny (minúsculo)

Adjetivos de cor green (verde), orange (laranja), blue (azul), silver (prateado)

Adjetivos de material plastic (plástico), metal (metal), cotton (algodão), wood (madeira)

Adjetivos de origem (sempre


Chinese (chinês), American (americano), Canadian (canadense)
com iniciais em maiúsculo)

Adjetivos de opinião beautiful (bonito), weird (estranho), awful (horrível), good (bom)

Adjetivos de religião atheist (ateu), catholic (católico), jewish (judeu), buddist (budista)

Adjetivos de propósito soccer-field (campo de futebol), desk (mesa), flip-flops (chinelos)

Adjetivos de idade old (velho), young (jovem), teenager (adolescente), adult (adulto)

Adjetivos de formato square (quadrado), round (redondo), triangular (triangular)

ORDEM DOS ADJETIVOS

Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso que fazemos em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo, como dito
anteriormente, veja mais alguns exemplos:

z She has a blue car (Ela tem um carro azul);


z The red-haired boy was running (O menino ruivo estava correndo);
z Would you give me that round pillow, please? (Você me daria aquele travesseiro redondo, por favor?);
z I like the black and white sneakers better (Eu gosto mais do tênis preto e branco).

Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica, veja:

opinião tamanho idade formato

cor origem religião material

propósito nome

Veja alguns exemplos:

z That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4).

Aquela era uma igrejinha batista pequena e bela.


(1 opinião > 2 tamanho > 3 religião > 4 nome);

z Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5).

Aquelas calças de couro marrons de cavalgar eram muito feias.

(1 opinião > 2 cor > 3 material > 4 propósito > 5 nome);

372 � I lost my heart-shaped (1) yellow (2) Indian (3) cotton (4) pillow (5) on our trip to Bali!
Eu perdi minha almofada amarela de formato de coração de algodão indiano na nossa viagem para Bali!

(1 formato > 2 cor > 3 origem > 4 material > 5 nome).

POSSESSIVE ADJECTIVES (ADJETIVOS POSSESSIVOS)

Os adjetivos possessivos no inglês são parecidos com os pronomes possessivos e seus usos. Em uma oração,
eles pedem que um substantivo os acompanhe logo em seguida. Observe os adjetivos possessivos junto ao prono-
me ao qual se referem:

PRONOME ADJETIVO POSSESSIVO EXEMPLO TRADUÇÃO


I My I love my family. Eu amo minha família.
You Your Is this your brother? Este é seu irmão?
He His He needs his wallet. Ele precisa de sua carteira.
She Her Her mom is sick. A mãe dela está doente.
It Its Where is its toy? Onde está o brinquedo dele/dela?
We Our We love to spend our money! Nós amamos gastar nosso dinheiro!
You Your Are these your kids? Estes são seus filhos?
They Their Their car is very noisy. O carro deles é muito barulhento.

É comum ao falante da língua portuguesa se confundir e traduzir his and her para “seu, sua”, pois no portu-
guês é possível a construção de uma frase como “ela ama seus pais”, considerando que “seu” é pronome possessi-
vo referente ao sujeito ela. Também configura erro utilizar o adjetivo possessivo your (seu, sua) para caracterizar
possessivamente qualquer sujeito da oração que não seja you.

Dica
Portanto, para não esquecer:
� his: dele;
� her: dela;
� your: seu, sua.

GRAU DOS ADJETIVOS

Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos e aos
adjetivos superlativos, se referindo aos adjetivos relativos da língua portuguesa.

Comparatives (Comparativos)

Usamos os adjetivos comparativos para estabelecer comparação entre dois ou mais seres (substantivos),
podendo esta comparação ser de igualdade, superioridade ou inferioridade.

z Comparative of Equality (Comparativo de Igualdade)

Estabelece comparação sem qualificar um nome de maneira mais positiva ou negativa que outro, determi-
nando igualdade entre eles. Quando a oração comparativa é afirmativa, utiliza-se as estruturas as (tão/tanto) +
adjetivo + as (quanto)(CAMPOS, 2010, p. 99). Observe os exemplos:

„ She is as intelligent as her sister (Ela é tão inteligente quanto a irmã dela);
„ I study as much as my cousin (Eu estudo tanto quanto minha prima).

Quando é negativa, utiliza-se not so (não tão) + adjetivo + as (quanto/como)(CAMPOS, 2010, p. 99). Observe:

„ He is not so good as you think (Ele não é tão bom quanto você pensa);
„ Life is not so difficult in the beach as in the city (A vida não é tão difícil na praia como é na cidade).

z Comparative of Superiority (Comparativo de Superioridade)


INGLÊS

É utilizado para expressar que um nome executa algo “a mais” que o outro. Para isso, podemos utilizar a estru-
tura more (mais) + adjetivo + than (do que) ou adicionar intensidade ao próprio adjetivo, de modo a dispensar
o uso do more, o que implica em algumas regrinhas a serem seguidas. Veja o exemplo para compreender:

„ Jenna was more competitive than the rest of the group (Jenna era mais competititva que o resto do grupo). 373
Observe que a palavra competitive possui mais de duas sílabas, portanto, é indispensável o uso da estrutura
more […] than. Agora observe:

„ They run faster than their cousins (Eles correm mais rápido que os primos deles).

Este segundo caso envolve um adjetivo com duas sílabas. Sempre que houver um adjetivo com duas ou menos
sílabas, há regras gramaticais específicas a serem utilizadas (CAMPOS, 2010):

„ Adjetivos terminados em e, acrescenta-se -r, como em wise – wiser (sábio – mais sábio);
„ Adjetivos, de modo geral, acrescenta-se -er ao final, como é o caso de fast – faster (veloz – mais veloz);
„ Adjetivos terminados em y precedido por consoante, a última consoante é removida e é acrescentado
-ier, como é o caso de busy – busier (ocupado – mais ocupado);
„ Adjetivos terminados em consoante + vogal + consoante, dobra-se a última consoante antes da adição de
-er, como é o caso de hot – hotter (quente – mais quente).

Também há comparação de superioridade na estrutura comparative adjective + and + comparative adjec-


tive, no sentido de expressar “cada vez mais” (CAMPOS, 2010). Veja:

„ It’s getting colder and colder (Está ficando cada vez mais frio);
„ She’s becoming more and more beautiful everyday (Ela está ficando cada vez mais linda todos os dias).

Temos também a estrutura the + comparative adjective + [...] + the + comparative adjective equivalente a
“quanto mais [...] mais” (CAMPOS, 2010):

„ The more people they bring, the merrier (Quanto mais pessoas eles trouxerem, melhor).

z Comparative of Inferiority (Comparativo de Inferioridade)

É utilizado para expressar que um nome executa algo “a menos” que o outro. Para isso, podemos utilizar a
estrutura less (menos) + adjetivo + than (do que), muito semelhante ao comparativo de superioridade, mas sem
acarretar mudanças ao adjetivo em si. Veja:

„ My brother can read less words than I can (Meu irmão consegue ler menos palavras que eu consigo);
„ He seems to be less happy with his new girlfriend than with the other one (Ele parece estar menos feliz
com a nova namorada dele do que com a outra).

Superlatives (Superlativos)

Usamos os adjetivos superlativos para intensificar o grau de superioridade ou inferioridade de um ser (subs-
tantivo) em detrimento de outros.

z De inferioridade (o menos, o pior):

„ He is my least favorite character in the movie (Ele é o meu personagem menos favorito do filme);
„ Was it the worst party you’ve ever been to? (Essa foi a pior festa a que você já foi?).

z De superioridade (o(a) mais, o(a) melhor):

Adjetivos com mais de duas sílabas, devemos colocar the most (o/a mais) antes dele, como o exemplo abaixo:

„ They have the most profitable business in Dubai (Eles têm o negócio mais rentável de Dubai).

Observe que profitable tem mais que duas sílabas e, portanto, necessita do emprego de the most para intensi-
ficar a ideia.

„ This is the busiest avenue in the city (Esta é a avenida mais movimentada da cidade).

As regras gramaticais importantes a serem estabelecidas quanto ao emprego de adjetivos superlativos monos-
sílabos ou dissílabos são:

z Adjetivos, de modo geral, acrescenta-se -est, como em rich - richest (rico – mais rico) e tall – tallest (alto – mais alto);
z Adjetivos terminados em y precedido por consoante, substitui-se a consoante por -iest, como em dry – driest
(seco – mais seco) e crazy – craziest (louco – mais louco);
z Adjetivos terminados em consoante + vogal + consoante, dobra-se a última consoante antes de acrescentar
374 -est, como em fat – fattest gordo – mais gordo) e sad – saddest (triste – mais triste).
Contudo, há algumas exceções. Alguns adjetivos possuem formas irregulares nos modos comparativo e super-
lativo. São exemplos deles:

ADJETIVO COMPARATIVO SUPERLATIVO TRADUÇÃO

Bad Worse than The worst Pior que/O(a) pior

Mais distante que/O(a)


Far Farther than The farthest
mais distante

Good Better than The best Melhor que/O(a) melhor

Menor/menos que/O(a)
Little Less than The least
menor

Well Better than The best Melhor que/O(a) melhor

Much/Many More than The most Mais que/O(a) mais

Mais velho(a) que/O(a)


Old Older/Elder than The oldest/The eldest
mais velho(a)

Mais perto que/O(a)/Mais


Near Nearer than The next/The nearest
próximo(a)

Importante!
Um dos erros mais comuns do estudante de língua inglesa é confundir o superlativo com o comparativo.
Para evitar este problema, lembre-se que o comparativo sempre expressa a ideia de adjetivos que compa-
ram dois ou mais seres. Já o superlativo qualifica superior ou inferior apenas um ser em relação a todos os
outros.

INTERROGATIVE ADJECTIVES (ADJETIVOS INTERROGATIVOS)

Os adjetivos interrogativos são também conhecidos na língua inglesa como Wh- questions. No entanto, não são
todos que se qualificam como adjetivos. Os adjetivos interrogativos são utilizados em perguntas acompanhando os
substantivos, ou seja, quantificando e qualificando-os de algum modo. Observe a tabela e seus respectivos exemplos:

WHAT O quê, o que, que, qual, quais What route should we take? Que rota devemos tomar?

WHICH Qual, quais, que Which one do you prefer? Qual deles você prefere?

WHOSE De quem Whose book is this? De quem é este livro?

How much water did you drink


HOW MUCH Quanta, quanto Quanta água você bebeu hoje?
today?

How many years have you spent Quantos anos você passou no
HOW MANY Quantos, quantos
abroad? exterior?

DETERMINERS ADJECTIVES (ADJETIVOS DETERMINANTES)

Quando falamos em adjetivos determinantes, nos referimos aos adjetivos que usamos para determinar sobre
qual substantivo estamos falando em uma oração. Confira na tabela a seguir os principais adjetivos determinan-
tes e seus usos em exemplos.

This (este, esta, isto) This cake is huge. Este bolo é enorme.

These (estes, estas) These shoes are ugly. Estes sapatos são feios.

That (aquele, aquela) That book was old. Aquele livro era velho.
INGLÊS

Those (aqueles, aquelas) Those kids can’t swim. Aquelas crianças não sabem nadar.

All my classmates skipped class Todos os meus colegas faltaram a aula


All (todo, toda, todos, todas)
today. hoje.

Neither (nenhum, nenhuma) Neither car is for sale. Nenhum dos carros está à venda.
375
Every (cada, todo, toda) Every girl in town knows him. Toda garota da cidade o conhece.

Both (ambos, os dois) Both my parents love musicals. Ambos meus pais amam musicais.

Each (cada, cada um) Each one of you can learn. Cada um de vocês pode aprender.

Either (qualquer um, ambos, nenhum) We can chose either book. Podemos escolher qualquer livro.

Other (outro, outra, outros, outras) She has other problems. Ela tem outros problemas.

Another (um outro, uma outra) Can I have another slice of pie? Eu poderia comer uma outra fatia de torta?

PARTICIPLE ADJECTIVES (ADJETIVOS PARTICÍPIOS)

É utilizado com a finalidade de adicionar uma informação a um objeto ou pessoa a que nos referimos utilizan-
do verbos conjugados no particípio (CAMPOS, 2010).
Quando tratamos de objeto, lugar ou pessoa que provocam o sentimento ao qual o adjetivo se refere, adicio-
namos o sufixo -ing (particípio presente/gerúndio). Para compreender melhor, veja os exemplos (CAMPOS, 2010,
p. 105):

z It was such a relaxing trip! (Foi uma viagem tão relaxante!);


z She’s so boring, I don’t like her (Ela é tão entediante, eu não gosto dela).
z

Quando tratamos de pessoas cujo sentimento ao qual o adjetivo se refere é provocado, adicionamos o sufixo
-ed (particípio passado) (CAMPOS, 2010). Veja:

z She got surprised by the party we threw (Ela ficou surpresa com a festa que promovemos);
z I get relaxed when he gives me a massage (Eu fico relaxada quando ele me faz uma massagem).

NATIONALITY ADJECTIVES (ADJETIVOS DE NACIONALIDADE)

São adjetivos que caracterizam os habitantes de diferentes nações, podendo variar o sufixo quanto a -an, -ish,
-ese entre outros irregulares. Lembrando que essa categoria de adjetivos deve sempre aparecer com a primeira
letra maiúscula, independente de sua posição no texto. Veja alguns exemplos:

COUNTRY (PAÍS) NATIONALITY (NACIONALIDADE)

Australia (Austrália) Australian

Brazil (Brasil) Brazilian

England (Inglaterra) English

Turkey (Turquia) Turkish

China Chinese

Japan (Japão) Japanese

France (França) French

Czech Republic (República Tcheca) Czech

Greece (Grécia) Greek

ADVÉRBIOS (ADVERBS): FORMAS E USOS, POSIÇÃO DOS ADVÉRBIOS E GRAUS DO


ADVÉRBIO
Advérbios são uma classe de palavras cuja característica principal é a capacidade de alterar o sentido do ver-
bo. Dependendo do sentido que conferem à oração, os advérbios podem ser classificados em advérbios de tempo,
modo, lugar, grau, afirmação, negação, ordem, dúvida, intensidade, frequência e interrogativos.
Em uma oração na língua inglesa, geralmente, os advérbios aparecem depois do verbo principal da frase. Caso
este verbo tenha um complemento, o advérbio deve aparecer depois do complemento.
376 Exemplo:
z She speaks Portuguese well. (Como Portuguese é um complemento do verbo speak, o advérbio deve ser posi-
cionado depois deste termo).

Advérbios com mais de uma palavra formam o que chamamos de locuções adverbiais.

TIPOS DE ADVÉRBIOS

Adverbs of Time (Advérbios de Tempo)

Os advérbios de tempo são palavras que indicam o momento em que a ação ocorre. São palavras como today
(hoje), tonight (hoje à noite), yesterday (ontem), early (cedo), before (antes), now (agora), entre outras. Além disso,
estes são divididos entre definidos e indefinidos (CAMPOS, 2010).
Os definidos (definite) são, em sua maioria, locuções adverbiais, e, geralmente, são posicionados após o verbo
ou ao final da oração.
Vejamos a tabela abaixo.

AFTER TOMORROW My friends are coming after tomorrow. Meus amigos estão vindo depois de amanhã.

Eu não estou me sentindo muito bem nesse


AT PRESENT I’m not feeling very well at present.
momento.

SOME TIME AGO They got divorced some time ago. Eles se divorciaram há algum tempo.

EVER SINCE I haven’t seen him ever since. Eu não o vejo desde então.

NO LONGER We no longer smoke cigarrettes. Nós já não fumamos cigarros mais.

IN THE MORNING We ate pizza in the morning. Nós comemos pizza de manhã.

IN THE AFTERNOON They love to take a walk in the afternoon. Eles amam caminhar à tarde.

Os advérbios indefinidos (indefinite), por sua vez, costumam aparecer entre o sujeito e o verbo, mas também
podem aparecer ao final da oração (CAMPOS, 2010).

LATE The TV show started late. O programa de TV começou tarde.

IMMEDIATELY Put your coat on immediately. Coloque seu casaco imediatamente.

SOON She soon began to worry. Ela rapidamente começou a se preocupar.

AFTER We went to the movies after dinner. Nós fomos ao cinema depois do jantar.

NOW Let’s go now. Vamos agora.

ALREADY He already knows the big news. Ele já sabe da grande notícia.

TOMORROW Walter isn’t coming to the party tomorrow. Walter não vem à festa amanhã.

Adverbs of Manner (Advérbios de Modo)

Essa categoria de advérbios é responsável por expressar o modo/a maneira como a ação é realizada.
Quando os adverbs of manner são utilizados após um verbo intransitivo (isto é, que não precisa de complemen-
to para que seu sentido seja compreendido), devem ser posicionados logo após o verbo (CAMPOS, 2010).

z Exemplo: she writes well.

No caso de orações com verbos transitivos, por sua vez, os advérbios devem aparecer após o complemento.

z Exemplo: she speaks Italian well.

Além disso, em inglês, os advérbios de modo são formados a partir de adjetivos, em sua maioria, acrescidos do
sufixo -ly (correspondem, em português, às palavras terminadas em -mente).
Existem algumas regras que devem ser observadas:
INGLÊS

z Quando o adjetivo termina em y, troca-se o y por i antes de adicionar o sufixo -ly. Exemplos: easy/easily (fácil/
facilmente); happy/ happily (feliz/felizmente);
z Quando o adjetivo termina em le, troca-se o le por ly. Exemplos: simple /simply (simples/simplesmente); horri-
ble/horribly (horrível/horrivelmente);
z Quando o adjetivo termina em e (sem o l antes), mantem-se o e e acrescenta-se ly. Exemplo: brave/bravely
(coragem/corajosamente). Exceções: true/truly (verdade/verdadeiramente); due/duly (devido/devidamente); 377
z Quando o adjetivo termina em ic, acrescenta-se ally depois de ic. Exemplos: romantic/romantically (românti-
co/romanticamente); automatic/automatically (automático/automaticamente);
z Quando o adjetivo termina em ly, não se acrescenta nada. Exemplos: daily/daily (diário/diariamente).

Vejamos a tabela abaixo.

SLOWLY He walked slowly to the door. Ele andou lentamente até a porta.

CAREFULLY The doctor carefully examined the patient. O médico examinou o paciente cuidadosamente.

GLADLY They gladly received our gift. Eles alegremente receberam nosso presente.

SINCERELY She speaks sincerely about loving you. Ela fala sinceramente sobre amar você.

QUICKLY Gaby was getting nervous quickly. Gaby estava ficando nervosa rapidamente.

KINDLY He kindly led me into his room. Ele gentilmente me guiou à sua sala.

EXTREMELY We are extremely patient. Nós somos extremamente pacientes.

Adverbs of Place (Advérbios de Lugar)

Os adverbs of place expressam o lugar em que a ação é realizada, mesmo que de maneira empírica.

Observemos a tabela abaixo.

THERE We’ll be there in half an hour. Nós estaremos lá em meia hora.

WHEREVER We can go wherever you want. Nós podemos ir a qualquer lugar que você quiser.

BEHIND The shoes were behind the door. Os sapatos estavam atrás da porta

UNDER He left the book under his desk. Ele deixou o livro debaixo da mesa dele.

NEAR There’s an excelent pizza place near here. Há uma ótima pizzaria perto daqui.

WITHIN Within my memories, she’s always alive. Dentro de minhas memórias, ela está sempre viva.

ABROAD I want to live abroad someday. Eu quero morar no exterior algum dia.

Adverbs of Degree or Intensity (Advérbios de Grau ou Intensidade)

Os adverbs of degree or intensity expressam a intensidade da ação realizada. As medidas podem ser abstratas,
como no caso de o “quanto” e “até que ponto” (CAMPOS, 2010).

QUITE I’m not quite sure. Eu não tenho completa certeza.

EXACTLY He knew exactly what I wanted. Ele sabia exatamente o que eu queria.

STRONGLY She strongly agrees with them. Ela concorda veementemente com eles.

Sua mãe estava tão preocupada com


SO Your mom was so worried about you.
você.

ALMOST She almost got fired. Ela quase foi demitida.

ENOUGH We arrived early enough. Nós chegamos cedo o suficiente.

BARELY She barely looked at me. Ela mal olhou para mim.

Vale ressaltar que o termo too altera um adjetivo no sentido de “demasia”, sugerindo excesso. O termo very,
por sua vez, não sugere excesso, apenas expressa a ideia de “bastante” (CAMPOS, 2010).

Focusing Adverbs (Advérbios de Foco)

Expressam abrangência.

JUST They just think about themselves. Eles só pensam neles mesmos.

GENERALLY She talked generally about the task. Ela falou de maneira geral sobre a tarefa.
378
Papai comprou esse presente especialmente
ESPECIALLY Daddy bought this gift especially for you!
para você!

ONLY She only eats healthy food. Ela só come comidas saudáveis.

Particularmente, eu não acho que essa seja


PARTICULARLY Particularly, I don’t think this is a good idea.
boa ideia.

Eles estão preocupados principalmente com


MAINLY They’re mainly worried about homeless people.
pessoas sem teto.

Você não pode simplesmente pedir que eu


SIMPLY You can’t simply ask me to leave my house.
deixe minha casa.

Adverbs of Affirmation (Advérbios de Afirmação)

Expressam certeza e assertividade em relação ao verbo.

SURELY She surely knows how to dance. Ela certamente sabe dançar.

INDEED They indeed hate you. Eles de fato te odeiam.

CERTAINLY John certainly didn’t mean no harm. John certamente não quis fazer mal algum.

EVIDENTLY The kids evidently love their parents. As crianças evidentemente amam seus pais.

OBVIOUSLY He obviously loves you. Ele obviamente te ama.

I definitely love to stay home on Eu definitivamente amo ficar em casa aos finais de
DEFINITELY
weekends. semana.

BY ALL MEANS By all means, I’m going to your party. Sem dúvidas eu irei à sua festa.

Adverbs of Negation (Advérbios de Negação)

Expressam negação daquilo que é expresso na oração.

NO No, we can’t. Não, nós não podemos.

NOT He is not the guy for you. Ele não é o cara para você.

Adverbs of Order (Advérbios de Ordem)

Expressam a sequência ou a ordem em que as ações, na oração, são realizadas.

FIRST You said it first! Você disse primeiro!

And, secondly, I’m really bad at making


SECONDLY E, em segundo lugar, eu sou ruim em fazer amigos.
friends.

Thirdly, they didn’t even understand what I Em terceiro lugar, eles nem mesmo entenderam o
THIRDLY
said. que eu disse.

AT LAST At last, they played my favorite song. Por último, eles tocaram minha música favorita.

FIRST OF ALL First of all, let’s take a picture of the group. Primeiro de tudo, vamos tirar uma foto do grupo.

Inicialmente, eles entregaram os melhores resulta-


INITIALLY Initially, they delivered their best results.
dos deles.
INGLÊS

Finalmente, ela se sentou na poltrona para


FINALLY Finally, she sat in the armchair to rest.
descansar.

Adverbs of Doubt (Advérbios de Dúvida)

Expressam incerteza ou questionamento da ação e, geralmente, precedem o verbo (CAMPOS, 2010). 379
MAYBE Maybe she doesn’t like cats. Talvez ela não goste de gatos.

POSSIBLY Anna possibly speaks Chinese. Anna possivelmente fala chinês.

PERHAPS Perhaps I should be studying math. Talvez eu deva estudar matemática.

PROBABLY They probably had too much to drink. Eles provavelmente beberam demais.

Lucas will likely get a good job, he’s very Lucas provavelmente conseguirá um bom empre-
LIKELY
qualified. go, ele é muito qualificado.

Adverbs of Frequency (Advérbios de Frequência)

Expressam a frequência que uma ação é realizada.

RARELY He rarely calls. Ele raramente liga.

NEVER Mom never says how much she cares. Mamãe nunca diz o quanto ela se importa.

USUALLY I usually work out in the morning. Eu geralmente malho de manhã.

OFTEN Ian often visits his grandparents. Ian frequentemente visita os avós dele.

ALWAYS She’s always so clever. Ela é sempre tão esperta.

SOMETIMES Hannah sometimes gives me a ride. Hannah me dá carona às vezes.

HARDLY EVER My baby hardly ever cries. Meu bebê quase nunca chora.

Adverbs of Interrogation (Advérbios Interrogativos)

Mudam, de forma interrogativa, a maneira como a ação é realizada e, geralmente, aparecem ao início da ora-
ção, como na língua portuguesa.

WHEN When is she coming? Quando ela vem?

WHERE Did you see where she went? Você viu onde ela foi?

HOW How much do you feed your dog? Quanto você alimenta o seu cachorro?

WHY Why didn’t they come? Por que eles não vieram?

HOW OFTEN How often do you read a book? Com que frequência você lê um livro?

WHAT What did you buy at the supermarket? O que você comprou no supermercado?

VERBOS (VERBS)
O estudo dos tempos verbais na língua inglesa é um dos mais importantes tópicos a se abordar, para uma
maior compreensão técnica do idioma. Diferentemente da língua portuguesa, o inglês possui poucos tempos ver-
bais que, em suma, possuem características e conjugações simples e semelhantes, o que facilita os estudos.
Cada tempo verbal possui usos específicos e características únicas que devem ser exploradas durante o apro-
fundamento no conhecimento sobre a língua.
Dica: quando se utiliza da palavra “simples” em um tempo verbal, é importante saber que essa conjugação
envolverá somente um verbo principal.

VERBOS NO TEMPO PRESENTE SIMPLES (SIMPLE PRESENT)

O presente simples é utilizado para expressar ações que acontecem no momento presente, tais como ações
habituais, referência a eventos futuros, declarações e verdades universais (CAMPOS, 2010, p. 143). Exemplos:

z I study math (Eu estudo matemática);


z I wake up at 6 a.m. everyday (Eu acordo às 6 da manhã todos os dias);
z The show starts at 9 p.m. and ends at 11 p.m (O show começa às 9 horas da noite e termina às 11 da noite);
z I love you (Eu amo você);
380 z Summer follows spring (O verão segue a primavera).
Affirmative Forms (Formas Afirmativas)

O presente simples em inglês possui uma divisão simples entre os pronomes: os pronomes da terceira pessoa
do singular se enquadram em uma categoria e os demais, em outra.
No geral, o padrão de conjugação no presente simples se estabelece retirando o to do verbo no infinitivo em
todos os casos. Exemplo:

z To eat (comer):

„ I eat bread (Eu como pão).

Observe que o to atua para colocar o verbo no infinitivo. Ou seja, ele remete aos sufixos ar, er, ir e or (andar,
correr, sorrir, compor) e foi removido para realizar a conjugação de acordo com o pronome em questão. Se não
removêssemos o to, nosso exemplo ficaria, em português: “Eu comer pão”. Agora observe o seguinte exemplo:

z To love (amar):
z I love to eat bread (Eu amo comer pão).

Quando utilizarmos mais de um verbo na oração, o to aparecerá a partir do segundo verbo exposto, pois ele
entrará no infinitivo. Sem ele, nossa frase ficaria “eu amo como pão”, o que não faz sentido algum em nenhum
dos idiomas.
Esta regra se aplica a seguinte lista de pronomes (veja como exemplo a conjugação do verbo citado
anteriormente):

TO EAT SIGNIFICADO
I (eu) I eat bread. Eu como pão.
You (tu,
You eat bread. Você come pão.
você)
He eats bread.
He/She/It Ele come pão;
She eats bread.
(ele, ela) Ela come pão.
It eats bread.
We (nós) We eat bread. Nós comemos pão.
You (vós,
You eat bread. Vocês comem pão.
vocês)
They (eles,
They eat bread. Eles(as) comem pão.
elas)

Observe que, no caso dos pronomes na terceira pessoa do singular — he, she e it —, a conjugação ocorrerá de
modo diferenciado. Aos verbos que acompanham estes pronomes, acrescenta-se os sufixos -s, -es ou -ies.
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, apresentam terminação padrão s, como é o caso do verbo
to drink (beber), to play (jogar) e to speak (falar). Veja:

TO DRINK SIGNIFICADO
He (ele) He drinks water. Ele bebe água.
She (ela) She drinks water. Ela bebe água.
It (ele, ela, neutro) It drinks water. Ele(a) bebe água.

No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss, sh, o e z, acrescentamos -es, como no caso do verbo to finish
(terminar). Considere the homework como “lição de casa”:

TO FINISH SIGNIFICADO
He (ele) He finishes the homework. Ele termina a lição de casa.
She (ela) She finishes the homework. Ela termina a lição de casa.
It (ele, ela, neutro) It finishes the homework. Ele(a) termina a lição de casa.
INGLÊS

Dica
Mnemônico para auxiliar:
O SHampoo aZul da Xuxa é CHeiroSo.

Já no caso de verbos com terminados em y e precedidos por uma consoante, como em to study (estudar), to
fly (voar) e to cry (chorar), removemos o y e acrescentamos o -ies. Veja o exemplo: 381
TO STUDY SIGNIFICADO

He (ele) He studies math. Ele estuda matemática.

She (ela) She studies math. Ela estuda matemática.

It (ele, ela, neutro) It studies math. Ele(a) estuda matemática.

Há também uma regra determinada para o verbo to have (ter). Na terceira pessoa do singular, ele deixa de ser
have e passa a ser conjugado como has. Exemplo:

TO HAVE SIGNIFICADO

He (ele) He has to study math. Ele tem que estudar matemática.

She (ela) She has to study math. Ela tem que estudar matemática.

It (ele, ela, neutro) It has to study math. Ele(a) tem que estudar matemática.

Note, mais uma vez, que o to apareceu entre os verbos has e study, pois a intenção foi expressar o segundo no
infinitivo: “Ela tem que estudar matemática”.

Negative Forms (Formas Negativas)

Observe a frase:
“I have to study math.” (Eu tenho que estudar matemática.).
Através da conceituação de forma verbal enfática, sabemos que, se o sujeito da oração precisasse enfatizar o
quanto precisa estudar matemática, ele poderia fazer uso do verbo auxiliar do, derivado de to do, que significa
“fazer, executar”. Ficaria então:

z “I do have to study math.” (Eu tenho que estudar matemática.).

Notou como nada mudou quando trouxemos o exemplo para o português?


Do é um verbo auxiliar que está presente, implicitamente, em todas as construções afirmativas. Nem sem-
pre ele precisa aparecer, pois sua função de verbo auxiliar vai ser fundamental somente nos casos negativos e
interrogativos.
Na construção de frases negativas, utilizaremos o auxiliar do e a negação not (não), da seguinte maneira:

z “I do not have to study math.” (Eu não tenho que estudar matemática.).

Contraindo essa soma do+not, temos don’t. Portanto, “I don’t have to study math”.
Veja mais exemplos para os demais sujeitos:

You (você) You don’t have to study math.

He doesn’t have to study math;


He, she, it (ele, ela, neutro) She doesn’t have to study math;
It doesn’t have to study math.

We (nós) We don’t have to study math.

You (vocês) You don’t have to study math.

They (eles, elas) They don’t have to study math.

Conforme vimos anteriormente, verbos terminados em o, na terceira pessoa do singular, ganham -es ao final,
o que aconteceu com o verbo do no início da frase. Como esse verbo auxiliar apareceu primeiro na oração, que
é negativa, e já sofreu a alteração que indica 3ª pessoa do singular, o verbo to have não precisa ser alterado
novamente.

z Do + es + not = Does not = Doesn’t.

Interrogative Forms (Formas Interrogativas)

Quando há intenção de se fazer uma pergunta na língua inglesa — com exceção do verbo to be, que veremos
logo mais —, o auxiliar sempre virá antes do sujeito e do verbo principal da frase. Além disso, a formulação de
perguntas em inglês sem utilização de pronomes interrogativos (what, when etc.), culminam em respostas afirma-
382 tivas ou negativas. Observe:
z Interrogative (Interrogativa):

„ “Do you have to study math?” (Você tem que estudar matemática?);

z Answer (Resposta):

„ “Yes, I have to study math.”; ou “No, I don’t have to study math.” (Sim, eu tenho que estudar matemática.;
Não, eu não tenho que estudar matemática.).

Veja mais exemplos:

Yes, I have to study math.


I (eu) Do I have to study math?
No, I don’t have to study math.

Yes, he has to study math.


Does he have to study math?
No, he doesn’t have to study math.

Yes, she has to study math.


He, she, it (ele, ela, neutro) Does she have to study math?
No, she doesn’t have to study math.

Yes, it has to study math.


Does it have to study math?
No, it doesn’t have to study math.

Yes, we have to study math.


We (nós) Do we have to study math?
No, we don’t have to study math.

Yes, they have to study math.


They (eles, elas) Do they have to study math?
No, they don’t have to study math.

Interrogative Negative Forms (Formas Interrogativas Negativas)

É quando há necessidade de conferir uma negação prévia ou quando já se sugere que virá uma resposta nega-
tiva para a pergunta. Veja alguns exemplos:

Yes, I eat bread.


Don’t you eat bread?
No, I don’t eat bread.

Doesn’t it eat bread? Yes, it eats bread./No, it doesn’t eat bread.

Yes, they eat bread.


Don’t they eat bread?
No, they don’t eat bread.

Observe que, para concordar que a ação não é realizada, fazemos uso do no e do don’t/doesn’t. “Yes, I don’t eat
bread” configura erro.

VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO (PRESENT CONTINUOUS)

O uso do presente contínuo, também conhecido por presente progressivo (present progressive), é utilizado
para expressar ações que se iniciam no presente e seguem continuamente, ações temporárias, ações planejadas e
certas para o futuro e ações repetidas (CAMPOS, 2010). Orações no presente contínuo normalmente contam com
advérbios como now (agora), at this moment (neste momento), today (hoje), etc.
Sua estrutura, obrigatoriamente, necessita do conhecimento do verbo to be. Somado a ele, adiciona-se um ver-
bo de ação no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
Observe:
INGLÊS

SUJEITO VERBO TO BE VERBO PRINCIPAL + COMPLEMENTO

He is working

Veja alguns exemplos de usos do gerúndio:

z ações acontecendo no momento: 383


„ Lucy is playing with the other kids (Lucy está z Verbos terminados em y precedido por uma con-
brincando com as outras crianças); soante, substitui-se o y por -ied: to fly — flied (voar
— voou).
z ações temporárias:
No entanto, existem muitas exceções e muitos ver-
„ I’m studying in the evening this month (Eu estou bos que não se comportam da mesma maneira quan-
estudando à noite este mês); do conjugados no tempo passado, verbos que são
chamados irregulares.
z ações planejadas: A mudança nos verbos para o tempo passado atra-
vés de modificações na estrutura do próprio verbo
„ We’re travelling to Copacabana next week (Esta- ocorre apenas em frases afirmativas. Em frases nega-
mos viajando para Copacabana na próxima tivas e interrogativas, utilizamos o verbo auxiliar did
semana); e o verbo retorna ao seu estado original (infinitivo
sem o to).
z ações repetidas: Confira alguns exemplos com verbos regulares em
casos afirmativos:
„ They’re always working late on Thursdays
(Eles estão sempre trabalhando até tarde nas
quintas-feiras). I studied at a public Eu estudei em uma esco-
school. la pública.
Acrescenta-se -ing ao verbo principal sem alterar
You worked really hard! Você trabalhou duro!
sua grafia na maioria das vezes. Contudo, há exceções
(CAMPOS, 2010): She finished high school Ela terminou o ensino
in January. médio em janeiro.
z verbos terminados em e, substitui-se a vogal por
-ing: to make — making (fazer — fazendo); com We started a new busi- Nós começamos um
exceção do verbo to be, ficando apenas being; ness course. novo curso de negócios.
z verbos terminados em consoante + vogal + con- You cried the whole Vocês choraram durante
soante, cuja última sílaba seja tônica, duplicamos movie. o filme todo.
a última consoante e acrescentamos -ing: to travel
— travelling (viajar — viajando); They tried to convince her Eles tentaram convencê-
of the truth -la da verdade.
„ porém, verbos terminados em w ou x, somen-
te recebem o -ing: to snow — snowing (nevar Observe agora as mesmas frases negativas, quando
— nevando); to relax — relaxing (relaxar se faz necessário o uso do verbo auxiliar do passado
— relaxando); did + not, costumeiramente contraído para didn’t. Note
„ e caso a sílaba tônica não seja a última, apenas que o verbo retorna ao seu estado original infinitivo.
acrescentamos -ing: to open – opening (abrir
– abrindo);
I didn’t study at a public Eu não estudei em uma
school! escola pública.
z verbos terminados em ie, substitui-se por -ying: to
lie — lying (mentir — mentindo). You didn’t work really
Você não trabalhou duro!
hard!
VERBOS NO PASSADO SIMPLES (PAST SIMPLE )
She didn’t finish high Ela não terminou o ensi-
O passado simples da língua inglesa é utilizado para school in January. no médio em janeiro.
expressar ações e hábitos realizados e finalizados no We didn’t start a new Nós não começamos um
tempo passado. Ao utilizarmos este tempo verbal, deve- business course. novo curso de negócios.
mos ter em mente dois conceitos importantes: o uso do
verbo auxiliar did (passado do verbo auxiliar do) e a You didn’t cry the whole Vocês não choraram
existência de dois grupos de verbos no passado (regula- movie. durante o filme todo.
res e irregulares).
They didn’t try to convin- Eles não tentaram con-
Os verbos regulares no passado possuem uma ter-
ce her of the truth. vencê-la da verdade
minação padrão, veja as regras e alterações:

z Verbos terminados em e, acrescenta-se -d: to love O mesmo ocorre quando as frases são interrogati-
— loved (amor — amou); vas, pois iniciamos a pergunta com o uso do auxiliar
z Aos demais verbos, acrescenta-se -ed: to work — did:
worked (trabalhar — trabalhou);
z Verbos terminados em consoante + vogal + con- Did I study at a public Eu estudei em uma esco-
soante, cuja última sílaba é tônica, dobra-se a últi- school? la pública?
ma consoante acrescenta-se -ed: to stop — stopped
(parar — parou); Did you work really hard? Você trabalhou duro?
z Verbos terminados em y precedido por uma
Did she finish high school Ela terminou o ensino
vogal, acrescenta-se -ed: to play — played (jogar
in January? médio em janeiro?
384 — jogou);
Did we start a new busi- Nós começamos um VERBO
VERBO NO
ness course? novo curso de negócios? IRREGULAR TRADUÇÃO
INFINITIVO
NO PASSADO
Did you cry the whole Vocês choraram durante
movie? o filme todo? Manter, guar-
To keep Kept dar/Manteve,
Did they try to convince Eles tentaram convencê- guardou
her of the truth? -la da verdade?
Acordar/
To wake up Woke up
No caso das interrogativas negativas, portanto, acordou
temos: Pegar, conse-
To get Got guir/Pegou,
Didn’t I study at a public Eu não estudei em uma conseguiu
school? escola pública? To bring Brought Trazer/trouxe
Didn’t you work really Comprar/
Você não trabalhou duro? To buy Bought
hard? comprou
Didn’t she finish high Ela não terminou o ensi- To sell Sold Vender/vendeu
school in January? no médio em janeiro?

Didn’t we start a new Nós não começamos um Sendo assim, quando a intenção for trazer nos-
business course? novo curso de negócios?
so exemplo do presente simples ao passado simples,
Didn’t you cry the whole Vocês não choraram temos:
movie? durante o filme todo?

Didn’t they try to convince Eles não tentaram con- z I eat bread (Eu como pão);
her of the truth? vencê-la da verdade? z I ate bread (Eu comi pão).

Quando nos referimos aos verbos irregulares do VERBOS NO PASSADO CONTÍNUO (PAST
passado, não podemos definir nenhuma regra espe- CONTINUOUS)
cífica para identificá-los, mas podemos memorizar as
exceções para melhor nos comunicarmos em inglês.
O uso do passado contínuo é utilizado para expres-
Confira a seguir uma tabela de verbos irregulares
para exemplificar: sar ações que se iniciam no passado e seguiram con-
tinuamente nele ou que aconteceram enquanto outro
VERBO fato ocorria, paralelamente no passado.
VERBO NO Para utilizar o passado contínuo é preciso utilizar
IRREGULAR TRADUÇÃO
INFINITIVO
NO PASSADO o to be, também no tempo passado. Separaremos os
To eat Ate Comer/comeu sujeitos em dois grupos para conjugarmos o verbo ser
e estar no tempo passado na afirmativa:
To come Came Vir/veio

Partir, sair, dei-


VERBO PRIN-
To leave Left xar/Partiu, saiu,
SUJEITO VERBO TO BE CIPAL + COM-
deixou
PLEMENTO
Entender/
To understand Understood I was working
entendeu

To say Said Dizer/disse


She was working
To send Sent Enviar/enviou

Escrever/ We are working


To write Wrote
escreveu

To read Read Ler/leu Veja exemplos:

To run Ran Correr/correu


z Luke was playing with Jimmy. (Luke estava brin-
Emprestar (a)/ cando com Jimmy);
To lend Lent
emprestou (a) z You weren’t doing it correctly. (Você não estava
INGLÊS

Colocar, pôr/ fazendo corretamente);


To put Put
Colocou, pôs z Were they working abroad? (Eles estavam traba-
To drive Drove Dirigir/dirigiu lhando no exterior?);
z Wasn’t she travelling with you? (Ela não estava
To take Took Levar/levou
viajando com você?). 385
VERBOS NO FUTURO IMEDIATO (FUTURE WITH GOING TO) E VERBOS NO FUTURO COM SHALL/WILL (SIMPLE
FUTURE)

O futuro simples no inglês é o tempo verbal usado para expressar ações que poderão ou não acontecer em uma
data futura, indicar previsões ou expressar desejos e esperanças (CAMPOS, 2010. p. 172).
Considere sleep como “dormir”:

Affirmative, Negative, Interrogative and Interrogative Negative Forms (Formas Afirmativas, Negativas,
Interrogativas e Interrogativas Negativas)

I will not sleep./I won’t


I will sleep./I’ll sleep. Will I sleep? Won’t I sleep?
sleep.
Eu vou dormir. Eu vou dormir? Eu não vou dormir?
Eu não vou dormir.

You will not sleep./You


You will sleep./You’ll sleep. Will you sleep? Won’t you sleep?
won’t sleep.
Você vai dormir. Você vai dormir? Você não vai dormir?
Você não vai dormir.

He will not sleep./He won’t


He will sleep./He’ll sleep. Will he sleep? Won’t he sleep?
sleep.
Ele vai dormir. Ele vai dormir? Ele não vai dormir?
Ele não vai dormir.

She will not sleep./She


Won’t she sleep?
She will sleep./She’ll sleep. won’t sleep. Will she sleep?

Ela vai dormir. Ela vai dormir?


Ela não vai dormir?
Ela não vai dormir.

It will not sleep./It won’t


It will sleep./It’ll sleep. Won’t it sleep?
sleep. Will it sleep?

Ele(a)/isso vai dormir?


Ele(a)/isso vai dormir. Ele(a)/isso não vai dormir?
Ele(a)/isso não vai dormir.

We will not sleep./We won’t


We will sleep./We’ll sleep. Won’t we sleep?
sleep. Will we sleep?

Nós vamos dormir?


Nós vamos dormir. Nós não vamos dormir?
Nós não vamos dormir.

You will not sleep./You


You will sleep./You’ll sleep.
won’t sleep. Will you sleep? Won’t you sleep?

Vocês vão dormir? Vocês não vão dormir?


Vocês vão dormir.
Vocês não vão dormir.

They will sleep./They’ll They will not sleep./They


Will they sleep? Won’t they sleep?
sleep. won’t sleep.
Eles(as) vão dormir? Eles(as) não vão dormir?
Eles(as) vão dormir. Eles(as) não vão dormir.

To Be + Going To

Outro desdobramento do tempo verbal futuro, é a junção do verbo to be com a estrutura going to que, grosso
modo, significa “indo a”. É utilizado para expressar intenções e previsões. A conjugação das orações com going to
no futuro simples se dá do mesmo modo que as orações com verb to be no presente simples.
A estrutura ficará da seguinte forma:

SUJEITO VERBO TO BE GOING TO VERBO PRINCIPAL

I am going to work

She is going to work

You are going to work

386 Confira a seguir alguns exemplos:


z Intenção:

„ She is going to spend Christmas with her family (Ela vai passar o Natal com a família dela);
„ Aren’t we going to travel next month? (Nos não vamos viajar mês que vem?);

z Previsão:

„ They aren’t going to believe my story (Eles não vão acreditar na minha história);
„ Are you going to spend vacation in Bahamas? (Você vai passar as férias nas Bahamas?).

Will x To Be Going To

Em orações cuja intenção é expressar um futuro incerto, uma decisão tomada repentinamente ou previsões
sem embasamento, usamos o will.
Exemplos:

z We are without bread! I’ll buy more in the afternoon (Nós estamos sem pão! Eu vou comprar mais à tarde);
z Look how dark the sky is... It’ll rain (Olha como o céu está escuro... Vai chover);
z They won’t last together, look how much they fight (Eles não vão durar juntos, olha o tanto que brigam).

Diferentemente, o to be going to expressa intenções consolidadas e previsões embasadas.


Exemplos:

z I’m going to get married next month (Eu vou me casar no mês que vem);
z I saw on the news that is going to rain this weekend (Eu vi no noticiário que irá chover neste fim de semana);
z I’m not going to give you my password (Eu não vou te dar minha senha).

VERBOS NO PRESENTE PERFEITO (PRESENT PERFECT)

O presente perfeito é um tempo verbal da língua inglesa que não encontra equivalente em português, sendo
assim um dos tempos verbais mais complexos de se entender do idioma. Porém, entender sua estrutura e propó-
sito facilitam a compreensão de quem estuda inglês. Apesar de ser similar ao passado simples quando traduzido
literalmente, o presente perfeito serve para expressar ações no tempo passado de modo indeterminado, ou seja,
que não precisam necessariamente ter menção de tempo.
No passado simples, as ações ocorrem e terminam no passado e isto é comumente expresso com alguns advér-
bios de tempo e palavras e expressões de tempo como last week (semana passada), yesterday (ontem), at 3 o’clock
(às 3 horas), before lunch (antes do almoço), two months ago (há dois meses), entre outros.
O presente perfeito, por outro lado, é utilizado quando a ação a ser reportada é mais importante do que quan-
do ela ocorreu no passado, ou seja, sem indicação temporal. Além disso, para expressar acontecimentos passados
por esse tempo verbal, devem haver consequências ou repercussões no tempo presente. Sua estrutura se baseia
no verbo auxiliar have, seguido de um verbo no particípio. Confira:

SUJEITO HAVE/HAS (AUXILIAR) VERBO NO PARTICÍPIO COMPLEMENTO

I have been to Brazil.

Tradução: Eu estive no Brasil

No caso dos sujeitos I, you, we e they utilizamos o verbo auxiliar have, e, no caso dos sujeitos he, she e it, usamos has,
que é sua conjugação base no presente. E é por este motivo que este tempo verbal leva o nome de presente perfeito.
Observe que o verbo no particípio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os verbos irregulares no
passado, também serão irregulares no particípio. Os verbos regulares mantêm a sua estrutura do passado
simples mesmo quando conjugadas no particípio. Veja:

SUJEITO HAVE/HAS (AUXILIAR) VERBO NO PARTICÍPIO COMPLEMENTO

He has talked to the principal.

Tradução: Ele conversou com o diretor.


INGLÊS

O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e, portanto, assume sua forma no particípio de maneira idên-
tica à sua forma no passado simples: talked.
Em frases negativas no presente perfeito, é o verbo auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao
has, podendo vir contraído como haven’t ou hasn’t.

z She hasn’t called me to explain it (Ela não me ligou para explicar); 387
z They haven’t started the monthly planning (Eles May
não começaram o planejamento mensal);
z It hasn’t made any sense to me (Isso não fez O verbo modal may pode ser considerado a versão
nenhum sentido para mim). formal do can, mas que, por sua vez, expressa apenas
possibilidade, pedido ou permissão.
Em orações interrogativas e interrogativas negati-
vas, inverte-se a posição do verbo auxiliar e do sujeito. z Afirmativa: He may get it wrong (Ele pode enten-
der errado) — possibilidade;
z Haven’t you considered joining the army? (Você z Negativa: My family may not like it (Minha família
não considerou se juntar ao exército?); pode não gostar disso) — possibilidade;
z Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou z Interrogativa: May I be excused? (Você pode me
louco?); dar licença?) — permissão.
z Has Jenna commented anything? (Jenna comentou
alguma coisa?). Could

Alguns advérbios de frequência são utilizados jun- O could significa ‘’poderia’’ ou ‘’conseguiria’’, indi-
tamente ao presente perfeito para indicar ações que ca uma possibilidade , uma habilidade, uma sugestão,
já ocorreram ou não em algum momento na vida, sem pedido ou permissão, mas também pode significar
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever ‘’podia’’ ou ‘’conseguia’’ (ou sabia — habilidade), sen-
(já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles do o passado do verbo modal can. Observe seus usos:
são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo
yet que deve sempre estar ao fim da oração. Observe z Afirmativa: She could play the piano (Ela sabia
alguns exemplos: tocar piano) —habilidade, age como passado de can;
z Negativa: We could not/couldn’t tell her that (Nós
z She has never been to another country (Ela nunca não podíamos contar isso a ela) — permissão ou
esteve em outro país); possibilidade;
z I have already made many mistakes (Eu já cometi z Interrogativa: Could you pass me the salt? (Você
muitos erros); poderia me passar o sal?) — possibilidade ou pedido.
z Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?);
z They haven’t decided anything yet (Eles não decidi- Might
ram nada ainda).
O verbo modal might pode ser considerado a ver-
VERBOS MODAIS são formal do could, mas, assim como o may, expres-
sa apenas possibilidade ou pedido. Ele também pode
Os verbos modais da língua inglesa, conhecidos assumir um papel de dedução.
como modal verbs, são verbos auxiliares que acompa-
nham o verbo de ação na oração, conferindo-lhes dife- z Afirmativa: She might be a little sad. (Ela pode
rentes sentidos, cada qual de acordo com seu uso e estar um pouco triste) — possibilidade/dedução;
propósito. Diferentemente dos tempos verbais, os ver- z Negativa: Our cousins might not come to the
bos modais não se modificam segundo os pronomes, party. (Meus primos podem não vir à festa)
mas se mantêm no mesmo padrão em orações afirma- — possibilidade;
tivas, negativas ou interrogativas com qualquer um z Interrogativa: Might I help you? (Eu posso te aju-
dos pronomes da língua inglesa. A seguir, cada um dar?) — pedido.
destes será estudado.
Should
Can
O verbo modal should expressa os sentidos de
O verbo modal can significa ‘’poder/conseguir’’ (ou ‘’dever’’ ou ‘’deveria’’ com sentido de sugestão, conse-
‘’saber’’ — ‘’habilidade’’) e expressa tanto uma possibi- lho ou aviso. Confira seu uso:
lidade quanto uma habilidade. O can também assume,
em algumas ocasiões, o sentido de permissão. Confira z Afirmativa: You should wash your hands (Você
os exemplos de seu uso na afirmativa, na negativa e deveria lavar suas mãos);
na interrogativa. z Negativa: Anna should not/shouldn’t be upset
(Anna não deveria estar chateada);
z Afirmativa: She can play the piano (Ela sabe tocar z Interrogativa: Should I try and talk to him? (Eu
piano) — habilidade; devo tentar falar com ele?).
z Negativa: We can not/can’t go with you (Nós não
podemos ir com você) — possibilidade; Must
z Interrogativa: Can I visit grandma this weekend?
(Eu posso visitar a vovó esse fim de semana?) O verbo modal must significa ‘’dever’’ com sentido
— permissão. de obrigatoriedade, proibição, regra. Em outros casos,
pode indicar uma dedução, presumindo a ação ou o
Observe que, na negativa, acrescenta-se o not (não) sentimento do sujeito da oração. Confira seu uso:
após o verbo modal ou implanta-se o not no próprio
verbo através de uma modificação contraída. Essa z Afirmativa: Monica must be so happy with the
regra se aplica a outros verbos modais, como veremos pregnancy (A Monica deve estar tão feliz com a
388 a seguir. gravidez) — dedução;
z Negativa: You must not swear (Você não deve z Get out of the way! (Saia do caminho!);
falar palavrões) — proibição; z Wait for me, please (Espere por mim, por favor);
z Interrogativa: Must we visit him? (Nós devemos z Stay here, I’ll be right back (Fique aqui, eu já volto);
visitá-lo?) — obrigação. z Do whatever you have to do (Faça o que tiver que
fazer).
Would
Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru-
Diferentemente dos demais verbos modais, o ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-
would, por si só, não expressa significado na língua -se do (fazer) e not (não) para início de frase, podendo
inglesa, mas age como modificador do verbo que o
aparecer em sua forma contraída don’t. Observe:
segue, transformando-o em um verbo no futuro do
pretérito indicativo, ou seja, verbos terminados em
z Do not feed the animals (Não alimente os animais);
-ria, os quais representam uma situação que, possi-
velmente, teria ocorrido em algum momento antes z Don’t talk to me like this (Não fale comigo assim);-
de determinada situação no passado. O modal would Do not start it without me (Não comece sem mim);
também pode conferir sentido de possibilidade, dese- z Don’t cry, it’s okay (Não chore, está tudo bem).
jo ou pedido (ou sugestão no sentido de oferta). Con-
fira a seguir: FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (INFINTIVE
AND GERUND)
z Afirmativa: We would love to go (Nós amaríamos
ir) — desejo; O uso do presente contínuo é utilizado para
z Interrogativa: Dad wouldn’t understand this expressar ações que se iniciam no presente e seguem
situation (Papai não entenderia essa situação)
continuamente. Para utilizar o presente simples con-
— possibilidade;
tínuo, é preciso utilizar um verbo muito famoso da
z Interrogativa: Would you like some water? (Você
língua inglesa: o verbo ser e estar — to be. Antes de
gostaria de um pouco de água?) — pedido/sugestão.
entender o presente simples contínuo, devemos ter
Will pleno conhecimento do uso desse verbo importante
do idioma.
O verbo modal will age diferente dos demais ver- Novamente, separaremos os sujeitos em dois gru-
bos modais, pois modifica o tempo verbal do verbo pos para conjugarmos o verbo ser e estar no tempo
que o segue, transformando a oração em um futuro presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas uma
simples, não possuindo significado próprio. exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
apresenta conjugação diferenciada):
z Afirmativa: I will visit my friends abroad (Eu visi-
tarei meus amigos no exterior);
z Negativa: They will not/won’t believe me (Eles não I (eu) am (sou, estou)
acredião em mim);
z Interrogativa: Will you be there? (Você estará lá?). You (tu, você) are (é, está)

We (nós) are (somos, estamos)


Ought To
You (vós, vocês) are (são, estão)
O verbo modal Ought To significa deve/deveria.
Sua maior diferença com o Should é que o Ought To é They (eles, elas) are (são, estão)
utilizado quando há um maior nível de formalidade.
Utiliza-se o verbo modal Ought To para dar conselhos, He (ele) is (é, está)
sugestões, etc. Veja seu uso:
She (ela) is (é, está)
z Afirmativa: You ought to sit. (Você deve se sentar) It (ele, ela, neutro) is (é, está)
z Negativa: You ought not to sit. (Você não deve se
sentar)
Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo
z Interrogativa: Ought I to dance? (Você deveria
ser apresentado nas suas opções em contração aren’t
dançar?)
e isn’t.
VERBOS NO MODO IMPERATIVO (IMPERATIVE)
I (eu) am not (não sou, não estou)
O modo imperativo é um recurso linguístico usado
quando o interlocutor pretende dar uma ordem, um
are not ou aren’t
comando, uma proibição ou uma instrução de modo You (tu, você)
(não é, não está)
direto. Quando utilizamos o imperativo na língua
inglesa, a oração não necessita vir acompanhada de are not ou aren’t
We (nós)
INGLÊS

um sujeito porque através do contexto subentende-se (não somos, não estamos)


quem receberá a ordem.
Em alguns casos, quando a ação presente na fra- are not ou aren’t
You (vós, vocês)
se é afirmativa, é necessário que o verbo esteja em (não são, não estão)
sua forma no infinitivo (ou seja, sem conjugação), no
are not ou aren’t
entanto, sem o to. Observe a seguir alguns exemplos They (eles, elas)
(não são, não estão)
afirmativos: 389
is not ou isn’t To fill in someone’s shoes Assumir o lugar de alguém
He (ele) To run errands Resolver tarefas fora de casa
(não é, não está)
To come up with Pensar e expor ideias, soluções
is not ou isn’t Estar esgotado com algo ou
She (ela) To be fed up with
(não é, não está) alguém
is not ou isn’t To cost an arm and a leg Custar muito caro
It (ele, ela, neutro)
(não é, não está) Chicken feed Salário baixo
Raining cats and dogs Chuva muito forte
Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo. To give the could shoulder Ignorar alguém
Observe: Muito fácil, “mamão com
A piece of cake
açúcar”
Am I? (Eu sou? Eu estou?) Pessoas iguais, “farinha do
Two peas in a pod
mesmo saco”
Are you? (Você é? Você está?) The last straw O limite, “a gota d’água”
As far as I know Até onde eu sei
Are we? (Nós somos? Nós estamos?) Abusar de algo, “passar da
To be out of line
Are you? (Você é? Você está?) conta”
To hit the road Pegar a estrada
Are they? (Eles são? Eles estão?) To be saved by the bell Ser “salvo pelo gongo”
To break the ice “Quebrar o gelo”, descontrair
Is he? (Ele é? Ele está?)

Is she? (Ela é? Ela está?) Observe que, na tabela apresentada, algumas expres-
sões possuem equivalência na língua portuguesa e outras
Is it? (Ele/ela é? Ele/ela está?)
não. Isso ocorre devido ao fato de que traduções não são
suficientes para entender o contexto de um idioma, é pre-
A partir do conhecimento deste tempo verbal, ciso entender a cultura, a história, o humor e até a popu-
podemos explorar a estrutura do present continuous. lação de um país para realmente poder entender como
Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação este idioma foi construído e fundamentado.
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo Este aprofundamento permitirá um conhecimen-
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua.
to mais amplo do idioma, o que será benéfico sempre
Observe:
que se fizer necessário estudar aspectos linguísticos
que estão intrinsecamente relacionados à cultura, aos
Lucy is playing with the other kids (Lucy está brin-
cando com as outras crianças). costumes e à população de um país.
You aren’t doing your job well (Você não está fazen-
do seu trabalho bem). TAG QUESTIONS
Are they studying for the test? (Eles estão estudan-
do para a prova?) Question Tag no Presente

VERBOS FRASAIS (PHRASAL VERBS) Antes de estudarmos o primeiro tipo de question


tags, bem como seu uso em cada tempo verbal, é
Todo idioma possui uma gama de expressões idio- necessário relembrar quais são os verbos auxiliares
máticas oriundas de sua cultura, do folclore, dos cos- de cada um deles. Para o presente, temos dois verbos
tumes e das interações entre grupos sociais em um auxiliares para estruturar frases negativas e interro-
país. As expressões idiomáticas no inglês são frases gativas: do, utilizado para os pronomes I, you, we e
que não significam exatamente o que se esperaria tra- they, e o does, utilizado para he, she e it. Este conhe-
duzindo-as ao pé da letra. Em alguns casos, as expres- cimento é de extrema relevância para a construção
sões possuem equivalência na língua portuguesa, em desta estrutura. Agora observe a oração:
outros, são tão características daquela cultura que
nem sequer possuem um equivalente direto e preci- z You love cheese, don’t you? (Você ama queijo, não
sam ser explicadas com outras palavras. é?).
Algumas expressões são utilizadas em conversas
comuns do cotidiano, cada qual possui sua peculiarida- No exemplo acima, o trecho inicial da frase é mar-
de, sem regras que padronizem o uso. Basta um conhe- cado pelo tempo verbal presente indicado pelo verbo
cimento mais popular do idioma, através de músicas, to love (amar). É, também, uma frase afirmativa, o
filmes, séries e vídeos, para ser capaz de identificar que indica que o seu final marcado pela question tag,
quando uma expressão não quer dizer o que ela literal- obrigatoriamente, deve estar na forma negativa. Este
mente significaria ao ser traduzida. Confira uma lista final, portanto, é marcado pelo auxiliar do, pois refe-
de expressões idiomáticas comuns na língua inglesa: re-se ao sujeito you (você), somado ao not (não) segui-
do, novamente, do sujeito da oração.
To make a long face Fazer cara de desgosto
Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, quando
To make something up Inventar uma história negativos, devem sempre vir em sua forma contraída.
Recompor suas emoções, Ou seja, em vez de do not, usa-se don’t, como no exem-
To pull yourself together
390 endireitar-se plo acima. Confira mais alguns exemplos a seguir:
z She enjoys the summer, doesn’t she? (Ela aprecia o z He didn’t care about it, did he? (Ele não se impor-
verão, não é?); tou com isso, não é?);
z He doesn’t care about it, does he? (Ele não se z I looked awful, didn’t I? (Eu estava horrível, não é?).
importa com isso, não é?);
z I look awful, don’t I? (Eu estou horrível, não é?). Quando se trata do verbo irregular to be nos tem-
pos passado e passado contínuo, usam-se os próprios
Observe que as orações afirmativas possuem tags verbos (was e were) como auxiliares da question tag,
negativas e as orações negativas possuem tags afirma- em sua forma contraída (wasn’t e weren’t). Confira os
tivas, apenas com o auxiliar e a repetição do pronome exemplos:
da oração ao final.
Quando se trata do verbo irregular to be nos tem- z He was feeling better, wasn’t he? (Ele estava se
pos presente e presente contínuo, usam-se os pró- sentindo melhor, não estava?);
prios verbos (is e are) como auxiliares da question z Anna and Josh were running, weren’t they? (Anna
tag, em sua forma contraída (isn’t e aren’t). Confira os e Josh estavam correndo, não estavam?);
exemplos: z You weren’t here two minutes ago, were you? (Você
não estava aqui há dois minutos, estava?).
z She is feeling weak, isn’t she? (Ela está se sentindo
fraca, não está?); Questions Tags no Futuro
z The kids are happy today, aren’t they? (As crianças
estão felizes hoje, não estão?); Para o futuro, temos duas formas para trabalhar: o
z My grandma isn’t here anymore, is she? (Minha futuro com will e com going to. Trabalharemos ambos
avó não está mais aqui, está?). separadamente.

A única exceção à regra ao uso de question tags Futuro com Will


com o verbo to be dá-se quando se trata da primei-
ra pessoa do singular I (eu). Em orações afirmativas, O verbo auxiliar para estruturar frases afirmati-
neste caso, se deve usar o verbo are. Note: vas, negativas e interrogativas, neste caso, é o próprio
will. Este conhecimento é de extrema relevância para
z Incorreto: I am a nice person, am I not? (Eu sou a construção desta estrutura. Agora observe a oração
uma boa pessoa, não sou?); em questão:
z Correto: I am a nice person, aren’t I? (Eu sou uma
boa pessoa, não sou?). z They will visit us, won’t they? (Eles nos visitarão,
não é?).
Contudo, em orações negativas, “I am not” (eu não
sou), pode-se utilizar a tag “am I?”. Veja os exemplos: No exemplo acima, o trecho inicial da frase é mar-
cado pelo tempo verbal futuro, indicado pelo verbo
z I am not wrong, am I? (Eu não estou errada, will visit (visitará). É também uma frase afirmativa, o
estou?); que indica que seu final, o trecho marcado pela ques-
z I’m not doing it right, am I? (Eu não estou fazendo tion tag, obrigatoriamente, deve estar na forma nega-
certo, estou?). tiva. Este final, então, é marcado pelo auxiliar will
somado ao not (não), seguido do sujeito da oração. A
Question Tag no Passado mesma regra se aplica ao futuro contínuo.
Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, quando
Para o passado, temos apenas um verbo auxiliar negativos, devem sempre vir em sua forma contraída,
para estruturar tanto frases negativas quanto interro- ou seja, em vez de will not, usa-se won’t. Confira mais
gativas, o did, sendo ele utilizado para todo e qualquer alguns exemplos a seguir:
pronome. Este conhecimento é de extrema relevância
para a construção desta estrutura. Agora observe a z Paul will love it, won’t he? (Paul amará isso, não é?);
oração em questão: z I won’t have to say anything, will I? (Eu não terei
que falar nada, não é?);
z We had another chance, didn’t we? (Nós tínhamos z Both of you will go, won’t you? (Ambos irão, não é?).
outra chance, não é?).
Futuro com Going To
No exemplo acima, o trecho inicial da frase é
marcado pelo tempo verbal passado, indicado pelo Quando se trata do tempo verbal futuro com going
verbo had (tinha). É também uma frase afirmativa, o to, usa-se o verbo to be como auxiliar, são eles os pró-
que indica que o seu final marcado pela question tag, prios verbos (is e are) que atuam como auxiliares da
obrigatoriamente, deve estar na forma negativa. Esse question tag, em sua forma contraída (isn’t e aren’t).
final, então, é marcado pelo auxiliar did, pois refere-se Ou seja, segue-se a mesma regra padrão do verbo to be
ao passado, somado ao not (não), seguido do sujeito no presente, salvo pelo uso de going to antes do verbo
da oração. Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, principal da oração. Confira os exemplos:
INGLÊS

quando negativos, devem sempre vir em sua forma


contraída, ou seja, em vez de did not, usa-se didn’t, z She is going to travel to China, isn’t she? (Ela vai
como no exemplo acima. Confira mais alguns exem- viajar pra China, não vai?);
plos a seguir: z My children aren’t going to sleep, are they? (Meus
filhos não vão dormir, vão?);
z She enjoyed the summer, didn’t she? (Ela apreciou z You are going to prepare our meal, aren’t you?
o verão, não é?); (Você vai preparar nossa refeição, não vai?). 391
A única exceção à regra do uso de question tags com o verbo to be como auxiliar do futuro com going to, dá-se
quando se trata da primeira pessoa do singular I (eu) em orações afirmativas. Neste caso, deve-se usar o verbo are.
Observe:

z Incorreto: I am going to travel with you, am I not? (Eu vou viajar com vocês, não vou?);
z Correto: I am going to travel with you, aren’t I? (Eu vou viajar com vocês, não vou?).

Em orações negativas, “I am not” (eu não sou), podemos usar o final tag “am I?” (sou?).
Veja os exemplos:

z I am not going to plan anything, am I? (Eu não vou planejar nada, vou?);
z I’m not going to work tomorrow, am I? (Eu não vou trabalhar amanhã, vou?).

Question Tags nos Tempos Verbais Contínuos e Perfeitos

É importante ter em mente que as regras dos auxiliares também se aplicam aos tempos verbais contínuos
(presente contínuo, passado contínuo, futuro contínuo) e perfeitos (presente perfeito, passado perfeito e futuro
perfeito).
Os contínuos obedecerão à estrutura do verbo to be, agente essencial para suas conjugações. Quanto aos tem-
pos verbais perfeitos e perfeitos contínuos, também partiremos do uso de seus respectivos auxiliares.
Veja:

z Presente contínuo:

„ I’m teaching you properly, aren’t I? (Eu estou te ensinado apropriadamente, não estou?);
„ She isn’t sick again, is she? (Ela não está doente de novo, está?).

z Presente perfeito:

„ She hasn’t called me to explain that, has she? (Ela não me ligou pra me explicar aquilo, ligou?);
„ You have lied to me about him, haven’t you? (Você tem mentido pra mim sobre ele, não tem?).

z Presente perfeito contínuo:

„ I have been trying to call you, haven’t I? (Eu venho tentando te ligar, não venho?);
„ You have been working hard lately, haven’t you? (Você está trabalhando duro ultimamente, não está?).

z Passado contínuo:

„ He wasn’t learning Portuguese, was he? (Ele não estava aprendendo português, estava?);
„ They were travelling to California last month, weren’t they? (Eles estavam viajando para a Califórnia mês
passado, não estavam?).

z Passado perfeito:

„ I had tried to learn English, hadn’t I? (Eu tenho tentado aprender inglês, não tenho?);
„ We had left by the time you arrived, hadn’t we? (Nós havíamos saído quando vocês chegaram, não
havíamos?).

z Presente perfeito contínuo:

„ She hadn’t been fighting the disease anymore, had she? (Ela não vem lutando contra a doença mais, não é?);
„ You had been trying enough, hadn’t you? (Você vem tentando o suficiente, não é?).

z Futuro contínuo:

„ You won’t be taking anyone with you, will you? (Você não vai levar ninguém com você, vai?);
„ She will be calling your mom to come too, won’t she? (Ela vai ligar pra sua mãe vir também, não vai?).

z Futuro perfeito:

„ She will have read the entire book until Monday, won’t she? (Ela já terá lido o livro inteiro até segunda-feira,
não terá?);
„ You won’t have spoken to him by Wednesday, will you? (Você não terá falado com ele na quarta-feira, terá?).

z Futuro perfeito contínuo:


392
„ I won’t be working this Saturdat, will I? (Eu não estarei trabalhando neste sábado, estarei?);
„ They will be paying the bills tomorrow, won’t they? (Eles estarão pagando as contas amanhã, não estarão?).

Tag Question com Verbos Modais

Quando se trata de verbos modais, verbos específicos da língua inglesa que seguem suas próprias normas para
alterações de estrutura, também temos regras para o emprego das question tags. Antes, porém, devemos relem-
brar os modais e seus usos:

CAN Poder, conseguir Expressa habilidade, capacidade, possibilidade

COULD Poderia, conseguiria Expressa possibilidade, permissão, capacidade

SHOULD Deveria Expressa sugestão, conselho, dever

MUST Dever Expressa obrigatoriedade, dever

MAY Poder Expressa permissão e possibilidade

MIGHT Poderia Expressa permissão e possibilidade leve

WOULD Verbo + ia (modificador de verbos) Expressa possibilidade e idealização

No caso dos modais, o verbo auxiliar para estruturar frases afirmativas, negativas e interrogativas é o próprio
verbo modal. Este conhecimento é de extrema relevância para a construção desta estrutura. Agora observe as
orações a seguir:

z My parents can come, can’t they? (Meus pais podem vir, não podem?);
z They could visit us, couldn’t they? (Eles poderiam nos visitar, não é?);
z She should stop smoking, shouldn’t she? (Ela deveria parar de fumar, não deveria?);
z You must do it, mustn’t you? (Você deve fazê-lo, não é?);
z We would love to go, wouldn’t we? (Nós amaríamos ir, não é?).

Nos exemplos acima, o trecho inicial de cada frase é marcado por cada verbo modal em questão (can, could,
should, must, would). É possível observar que as frases estão na afirmativa, o que indica que suas terminações,
referentes ao trecho marcado pela question tag, obrigatoriamente, estão na forma negativa. Este final, portanto, é
marcado pelo auxiliar de cada modal, ele próprio, somado ao not (não) e ao sujeito da oração. Vale ressaltar que
os auxiliares nas tags, quando negativos, devem sempre vir em sua forma contraída, como nos exemplos acima:
can’t, couldn’t, shouldn’t, mustn’t, wouldn’t. Veja mais alguns exemplos a seguir:

z Anna wouldn’t agree with it, would she? (Anna não concordaria com isso, concordaria?);
z I should talk to him, shouldn’t I? (Eu deveria falar com ele, não deveria?);
z My sisters could help us, couldn’t they? (Minhas irmãs poderiam nos ajudar, não poderiam?).

Apenas dois verbos modais se comportam de modo diferente quando a oração inicial está na afirmativa, são
eles: may e might.
Confira os exemplos:

z He may be traveling soon, may he not? (Ele pode estar viajando, não é?);
z They might know the answer, might they not? (Eles podem saber a resposta, não é?).

Em orações negativas, porém, estes verbos modais adquirem o aspecto padrão dos demais modais.
Veja os exemplos:

z He may not be traveling, may he? (Ele pode não estar viajando, não é?);
z They might not know the answer, might they? (Eles podem não saber a resposta, não é?).

Question Tags com Pronomes Indefinidos

Quando se trata de pronomes indefinidos relacionados a pessoas (everybody, someone, no one, anybody, etc)
utilizaremos as question tags referindo-se à terceira pessoa do plural they. O auxiliar, no entanto, ainda depende-
rá do tempo verbal contido na oração.
Veja exemplos:
INGLÊS

z Everybody loves to study here, don’t they? (Todo mundo ama estudar aqui, não é?);
z Anybody could write this, couldn’t they? (Qualquer pessoa poderia escrever isso, não poderia?);
z Did someone knew she was sick, didn’t they? (Alguém sabia que ela estava doente, não é?).

393
Quando a oração envolve pronomes indefinidos relacionados a coisas (nothing), lugares (somewhere), tempo
(anytime) etc., as question tags se referirão ao pronome it.
Observe:

z Nothing can hurt us here, can’t it? (Nada pode nos ferir aqui, não é?);
z Anytime is time, isn’t it? (Qualquer hora é hora, certo?);
z Somewhere would still be open at that time, wouldn’t it? (Algum lugar ainda estaria aberto àquela hora, não
estaria?).

Question Tags no Modo Imperativo

O modo imperativo relaciona-se a pedidos, proibições, sugestões e exigências. No caso das question tags, pode-
mos usar como exemplo a expressão let’s (vamos).
Quando usamos este termo, o final da oração é irregular, assumindo forma de plural e mudando seu auxiliar
para shall (vamos), sem fazer uso da regra de inversão negativa-afirmativa. Veja:

z Let’s go to the movies, shall we? (Vamos ao cinema, não vamos?);


z Let’s dance, shall we? (Vamos dançar, não vamos?).

Atenção: sempre que o termo let’s for utilizado, ele será seguido pela expressão shall we.

Há, também, outras possibilidades de imperativos, nas quais usa-se o will ou o would para exercer o papel de
auxiliar na question tag, na forma negativa ou afirmativa, independentemente do início da oração.

z Get my phone for me, won’t you? (Pegue meu telefone para mim, você pode?);
z Do not leave now, wouldn’t you? (Não vá embora agora, você poderia?).

TAG ANSWERS

As tag answers são formas de respostas curtas que podem simplificar a comunicação. Todas elas seguem a
mesma regra das question tags, baseando-se nos auxiliares da oração e em seus pronomes, cada qual, com seu uso
específico. Sendo assim, se uma pergunta é feita no presente simples, a resposta deverá ser sim ou não, somada ao
sujeito em questão seguido do verbo auxiliar do tempo verbal em sua forma afirmativa ou negativa.
A fim de compreender melhor o conteúdo, observe a tabela abaixo.

PERGUNTA REPOSTA (TAG ANSWER)

Do you like cheese? Yes, I do. / No, I don’t.


(Você gosta de queijo?) (Sim, gosto. /Não, não gosto.)
Present
Does she read the newspaper? Yes, she does. / No, she doesn’t.
(Ela lê o jornal?) (Sim, ela lê. / Não, ela não lê.)

She is in my class, isn’t she? Yes, she is. / No, she isn’t.
(Ela está na minha turma, não está?) (Sim, ela é. / Não, ela não é.)
Present (to be)
Are you happy about it? Yes, I am. / No, I am not.
(Você está feliz com isso?) (Sim, eu estou. / Não, eu não estou.)

Did you go to school? Yes, I did. / No, I didn’t.


(Você foi à escola?) (Sim, eu fui. / Não, não fui.)
Past
Did Ruben call you? Yes, he did. / No, he didn’t.
(Ruben te ligou?) (Sim, ele ligou. / Não, ele não ligou.)

They weren’t tired, were they? (Eles não Yes, they were. / No, they weren’t.
estavam cansados, estavam?) (Sim, eles estavam. / Não, eles não estavam.)
Past (to be)
Was he a healthy kid? Yes, he was. / No, he wasn’t.
(Ele era uma criança saudável?) (Sim, ele era. Não, ele não era.)

Will your mom let you go? Yes, she will. / No, she won’t.
(Sua mãe vai te deixar ir?) (Sim, ela vai. / Não, ela não vai.)
Future (will)
Will they help you? Yes, they will. / No, they won’t.
(Eles vão te ajudar?) (Sim, eles vão. / Não, eles não vão)

Are we going to see him? Yes, we are. / No, we aren’t.


Future (going (Nós vamos vê-lo?) (Sim, nós vamos. / Não, nós não vamos.)
to) Is he prepared? Yes, he is. / No, he isn’t.
(Ele está preparado?) (Sim, ele está. / Não, ele não está.)

394
PERGUNTA REPOSTA (TAG ANSWER)

Has he been there before? Yes, he has. / No, he hasn’t.


(Ele esteve lá antes?) (Sim, ele esteve. / Não, não esteve.
Present perfect
Have they heard the rumor? Yes, they have. / No, they haven’t.
(Eles ouviram o rumor?) (Sim, eles ouviram. / Não, eles não ouviram.)

Had you seen it before? Yes, I had. / No, I hadn’t.


(Você tinha visto isso antes?) (Sim, eu tinha. / Não, eu não tinha.)
Past perfect Had she planned the visit beforehand?
(Ela havia preparado a reunião de Yes, she had. / No, she hadn’t.
antemão?) (Sim, ela havia. / Não ela não havia.)

Yes, it will. / No, it won’t


Will the movie have ended by 4?
(Sim, terá. / Não, não terá.)
(O filme terá acabado até às 4?)
Future perfect Will the committee girls have prepared
the party by then?
Yes, they will. / No, they won’t.
(O comitê terá preparado a festa até lá?)
(Sim, elas terão. / Não, elas não terão.)

PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS)
PREPOSIÇÕES DE TEMPO, LUGAR

Assim como no português, as preposições na língua inglesa são elementos que funcionam como conectivos
entre orações, ligando-as de acordo com a relação que se pretende estabelecer entre uma informação e outra,
complementando o sentido de uma frase. Algumas preposições são recorrentes e aparecem em quase toda comu-
nicação verbal na língua inglesa. Conheça, a seguir, algumas delas:

IN DENTRO DE; EM; DE; NO; NA

Usamos a preposição in para indicar tempo:


� She was born in July (Ela nasceu em julho).
Usamos a preposição in para indicar lugar:
� Oliver lives in Romenia (Oliver mora na Romênia..
Usamos a preposição in para indicar que um objeto ou pessoa está dentro de um determinado local:
� Her pencils are in her pencil case (Os lápis dela estão no estojo dela);
� Lucas is working in his bedroom.(Lucas está trabalhando no quarto dele).
Usamos in para indicar um período do dia:
� I like to eat pizza in the morning (Eu gosto de comer pizza de manhã).

AT À; ÀS; EM; NA; NO

Usamos a preposição at para falar as horas:


� Is this meeting at 5 pm? (Esta reunião é às 17h?).
Usamos a preposição at para falar sobre endereços completos (com número, nome da rua, entre outros
elementos):
� They live at 97, Broadway Street, California.(Eles moram na Rua Broadway, número 97, Califórnia).
Usamos a preposição at para indicar locais específicos:
He works at the National Bank (Ele trabalha no Banco Nacional);
� Will you be waiting for us at the airport? (Você esperará por nós no aeroporto?).
Usamos at para alocar uma ação em um dado período do dia, de maneira mais ampla:
� I like to look at the stars at night (Eu gosto de olhar para as estrelas à noite).
INGLÊS

395
ON SOBRE A; EM CIMA DE; ACIMA DE; EM; NO; NA

Usamos a preposição on para indicar datas de maneira específica:


� She was born on July 17th, 1992 (Ela nasceu em 17 de julho de 1992).
Usamos a preposição on antes dos dias da semana:
� We have to work on the weekend (Nós temos que trabalhar no fim de semana);
� Ron never goes jogging on Sundays (Ron nunca faz cooper aos domingos).
Usamos a preposição on para indicar que um objeto ou pessoa sobre determinada superfície:
� Her pencils are on her desk (Os lápis dela estão em sua escrivaninha);
� Joseph is dancing on the stage (Joseph está dançando no palco).
Usamos a preposição on para indicar endereços (apenas nomes):
� The office is on Maple Avenue (O escritório é na avenida Maple).
Usamos a preposição on para falar de meios de informação:
� We watch the Oprah Winfrey show on TV (Nós assistimos ao show da Oprah Winfrey na TV);
� You can purchase our products on our website (Você pode adquirir nossos produtos em nosso site).
Usamos on para situar um objeto ou pessoa dentro de um meio de transporte em movimento:
I’m on the bus, going to work. (Estou no ônibus, indo trabalhar.).

FOR PARA; DURANTE; POR; HÁ

Usamos a preposição for para indicar a finalidade de algo:


� My wife uses our porch area for painting (Minha esposa usa nossa área da sacada para pintar).
Usamos a preposição for para expressar o motivo ou o propósito do objeto em questão:
� This store is for women only (Esta loja é apenas para mulheres).
Usamos a preposição for para indicar a duração de tempo de algum evento ou acontecimento:
� He has been working in that company for eleven years (Ele trabalha naquela empresa há onze anos);
� You’ve been in the bathroom for half an hour (Você está no banheiro há uma hora).

TO PARA; A

Usamos a preposição to para indicar deslocamento de um local ao outro, movimento ou destino:


� His family is moving to Australia in a month (A família dele vai se mudar para a Austrália em um mês);
� Grandma is going to the store (A vovó está indo à loja).
Usamos a preposição to para indicar a duração de tempo de um acontecimento entre seu início e seu fim:
� We studied together from 2011 to 2016 (Nós estudamos juntos de 2011 a 2016).
Usamos a preposição to para estabelecer comparação:
� We prefer drinking juice to drinking soda (Nós preferimos beber suco a beber refrigerante).

Além destas preposições, existem diversas outras, com diferentes aplicações a depender do contexto. Você
perceberá, por exemplo, que muitas delas você já conhece como advérbios ou conjunções.
Quando usamos uma preposição seguida por uma oração (sujeito + verbo + predicado), ela atua como conjun-
ção. Exemplo:

z After I saw him, I called you (Depois que o vi, te liguei).

Quando ela é seguida de uma frase (conjunto de palavras que constituem uma ideia), somente, atua como
preposição. Exemplo:

z I’ll wait for you until 9 o’clock (Eu vou te esperar até às 9 horas).

Quando a preposição complementa a ação do verbo, como um predicado, ela atua como advérbio.

z They’re playing outside (Eles estão brincando lá fora).

Confira mais exemplos de preposições a seguir:

PREPOSIÇÕES DE TEMPO SIGNIFICADO

About Aproximadamente

After Depois

Ago Atrás

Around Em torno de

At Às

396
PREPOSIÇÕES DE TEMPO SIGNIFICADO

Before Antes

By Até

During Durante

For Por

From Desde, da, das

Over Ao longo de, durante

Past Antes (hora)

Since Desde

Until/till Até

Up to Até agora

PREPOSIÇÕES DE LUGAR SIGNIFICADO


Above Acima
Across Do outro lado
Along Ao longo de
Among Entre
Around Ao redor de
Behind Atrás
Below Abaixo
Beside Ao lado
Between Entre (duas coisas)
Beyond Além
By Ao lado de
Down Para baixo, abaixo
Far from Longe de
In Em
In front Em frente à
Inside Dentro
Into Em
Near Perto
Next to Próximo a/ao
On Sobre
Onto Em, sobre
Out Fora, para fora
Outside Fora
Over Sobre, mais de, acima de, demais
Through Através
Toward Em direção a
Under Debaixo
Underneath Sob, abaixo, debaixo de
Upon Em, sobre

PREPOSIÇÕES COM OUTRAS APLICAÇÕES SIGNIFICADO


INGLÊS

About Sobre
Against Contra
Along Adiante
As Como, tão
397
PREPOSIÇÕES COM OUTRAS APLICAÇÕES SIGNIFICADO
Despite Apesar de, a despeito de
Except Salvo, exceto
Like Como
Of De
Off Fora de
Onto Para
Opposite Contrário, contra
Than Do que
Unlike Diferente de, ao contrário de
Upon Após, depois de
With Com
Within Dentro de, no prazo de
Without Sem

Há também preposições compostas por mais de uma palavra:

PREPOSIÇÕES SIGNIFICADO

According to De acordo com, segundo

Ahead of Antes de

Along with Junto de, junto com

Apart from Separado de, para além de

As far as Até, na medida que

As well as Assim como, bem como, além de

Because of Por causa de

By means of Por meio de, mediante

Due to Devido a, em virtude de

For the sake Por amor de

In addition to Além de, também

Instead of Ao invés de, em vez de

On behalf of Em nome de, em prol de

On top of Acima de, por cima de

Such as Tal como

Thanks to Graças a

Up to Até

PREPOSIÇÕES DE MOVIMENTO E FORMAS DE TRANSPORTE

As preposições de movimento indicam o local onde uma ação ocorre, que alguém ou algo está, lugares ou dire-
ções em que estão “indo a” ou “vindo de” (COLLINS, 2017). Geralmente as usamos junto a verbos de movimento.
Muitas preposições também são vistas como advérbios. Lembrando que advérbio é uma estrutura que acres-
centará sentido ao verbo, podendo ser usada sem um objeto na oração (COLLINS, 2017). Diferenciando-se da
preposição que, por sua vez, conecta ideias na oração, ligando o verbo ao objeto.
A preposição de movimento mais comum é a preposição to (para), que descreve o movimento na direção de
algo, por exemplo:

z How do you go to work? (Como você vai para o trabalho?);


z He drove to London for five hours (Ele dirigiu para Londres por cinco horas);
z Nobody came to the party (Ninguém veio para a festa).

398
Mas quando se fala de ir para algum lugar, existe Movimento para longe (e, muitas vezes, para bai-
um ponto de partida. Ponto de partida esse que será xo) de algo.
indicado pela preposição from (de). Veja exemplos:
„ Please take your papers off my desk (Por favor,
z She arrived from Italy last weekend (Ela chegou da tire seus papéis [fora] da minha mesa);
Itália no último final de semana); „ The wineglass fell off the table and shattered on
z I received a letter from my ex-boyfriend (Eu recebi the floor (A taça de vinho caiu [para fora] da
uma carta do meu ex-namorado); mesa e se estilhaçou no chão).
z They usually come from other countries by airplane
(Eles usualmente vêm de outros países de avião). z Onto: sobre, em cima.

Aqui está uma lista de outras preposições de movi- Movimento para a superfície de algo.
mento mais comuns, com frases de exemplo para cada
uma: „ They threw their bags onto the table (Eles joga-
ram suas malas na mesa);
z Across: através. „ Move the kettle onto the counter (Mova a chalei-
ra para o balcão).
Movimento de um lado para o outro, de um ponto
de partida a um ponto de chegada. z Out of: fora, para fora.

„ It took us three days to drive across the desert Indica movimento de dentro para fora.
(Levamos três dias para dirigir através o deserto);
„ The dog ran across the road and nearly got hit „ Take your hands out of your pockets and help
by a car (O cachorro correu através a estrada e me! (Tire as mãos dos bolsos e me ajude!);
quase foi atropelado por um carro). „ He went out of the room to smoke a cigarette
(Saiu do quarto para fumar um cigarro).
z Around: ao redor, em torno de, por, pelo(a).
z Over: Sobre, acima.
Movimento passando por algo em uma rota curva,
em volta e não através. Movimento acima e através da superfície superior
de algo.
„ A big dog was running around my porch (Um
cachorro grande estava correndo ao redor da „ We are flying over the mountains (Estamos
minha varanda); voando sobre as montanhas);
„ They walked around the town for an hour (Eles „ The cat jumped over the wall (O gato pulou por
caminharam pela cidade por uma hora). cima do muro).

z Away from: longe de. z Past: por, pelo(a).

Indica algo distante do ponto onde um movimento Movimento de passar por algo, deixando-o para
começa. trás.

„ The mouse ran away from the cat and escaped „ We could see children in the playground as we
(O rato correu para longe do gato e escapou). drove past the school (Podíamos ver crianças no
parquinho enquanto passávamos pela escola);
z Down: para baixo, descer. „ We gave the marathoners water as they ran
past us (Demos água aos maratonistas enquan-
Movimento de um ponto mais alto para um ponto to eles passavam por nós).
mais baixo.
z Through: por, através, por meio de.
„ They ran down the hill to the stream below.(Eles
desceram a colina até o riacho abaixo); Movimento de um lado para outro. Assemelha-se a
„ He climbed down the ladder to the bottom of the across, mas este traz a ideia de passar através, dentro
well (Ele desceu a escada até o fundo do poço). de algo.

z Into: para dentro. „ The train goes through a tunnel under the hill
(O trem passa por um túnel sob a colina);
Movimento em direção a um espaço fechado; „ Hey! You just went through a red light! (Ei! Você
movimento resultando em contato físico. acabou de passar por um sinal vermelho!).

„ He got into the car and closed the door (Ele z Towards: em direção à.
INGLÊS

entrou no carro e fechou a porta);


„ The car crashed into the wall (O carro bateu na Movimento na direção de algo.
parede).
„ The night sky got brighter as they drove towards
z Off: fora, para fora, de(a). the city (O céu noturno ficou mais brilhante
enquanto eles dirigiam em direção à cidade);
399
„ At last, she could recognize the person coming 3. (DECEx — 2021) Complete the sentence below using
towards her (Finalmente, ela pôde reconhecer the appropriate pronoun: “Sometimes, you want a
a pessoa que vinha em sua direção). search engine to find pages that have one word on
____ but not another word”.
z Under: debaixo, abaixo.
a) They.
Movimento diretamente abaixo de algo. b) Them.
c) Their.
„ The mouse ran under the chair (O rato correu d) These.
debaixo da cadeira); e) There.
„ Submarines can travel under water (Submari-
nos podem viajar debaixo d’água). 4. (DECEx — 2021) Mark the correct alternative.

z Up: acima, subir. “Don’t speak so loud! The baby     now.”

Movimento de um ponto inferior para um ponto a) sleeps.


superior de algo. b) are sleeping.
c) sleep.
„ Jack and Jill ran up the hill (Jack e Jill correram d) to sleep.
colina acima); e) is sleeping.
„ The boat takes two hours going up the river and
one hour coming down (O barco leva duas horas 5. (DECEx — 2021) Observe the extract below:
subindo o rio e uma hora descendo).
“Everybody’s going on holiday”, Bill said. He laughed.
Quando nos referimos a meios de transporte, “It’s going to be wonderful. No work for two weeks”
como car (carro), bus (ônibus), taxi (táxi), train (trem)
etc., usamos a preposição by (de) para nos referirmos Choose the option in which you can observe the same
a utilização de um desses meios para deslocamento, verb tense as in the highlighted words.
observe:
a) They are travel until Saturday.
z She loves to travel by plane (Ela ama viajar de b) We can playing basketball really well.
avião); c) I am eating. Can you call me later?
z I’d rather go there by car (Eu preferiria ir até lá de d) She is going home every weekend.
carro); e) I studying Japanese. It is fantastic!
z We would love to get to know the city by taxi (Nós
amaríamos conhecer a cidade de taxi). 6. (DECEx — 2021) Read the comic strip and mark the
best option about the attitude of the soldier who is
Essa lista é apenas uma amostra das preposições giving food to the squirrel.
de movimento existentes na língua inglesa, pois exis-
I’M GIVING
tem muitas outras para serem estudadas. THIS
IF HE DOESN’T THAT’S
SQUIRREL THAT’S
SET SICK, IT’S CRUEL
A TASTE KIND
SAFE FOR ME
OF
TO EAT
COOCKIES’S
HORA DE PRATICAR! STEW

1. (DECEx — 2021) Todas as palavras abaixo formam o


plural em inglês como a palavra “photo”, exceto:
a) The soldier intends to kill the squirrel.
a) video.
b) The soldier is suspicious of the quality of the food.
b) piano.
c) The soldier wants to know the squirrel’s opinion about
c) radio.
the food.
d) hero.
d) The soldier loves animals and cares about them.
e) kilo.
e) The soldier is sure that the food is healthy and delicious.
2. (DECEx — 2021) Complete the blanks with the right
7. (DECEx — 2021) Marque a única alternativa correta de
articles when necessary.
acordo com o texto abaixo.
Attention: the blank space (  ) in the options means
The Ovambo people in Namibia traditionally build a
no article. “In my cottage there are    tables in the
house for their children, using wooden poles standing
dining room and there is    armchair in    living
closely together to form circular walls. However, as
room.
the region where they live is running short of trees,
this enterprising ethnic group is turning to a more
a) a, an, ___.
abundant building material: the empty beer bottles
b) ___ , a, the.
that litter the roadsides and are cheaply available at
c) a, ___, ___.
local stores.
d) ___ , an, the.
e) a, an, an.
400
a) Como são um grupo étnico empreendedor, os Ovam- a) Clean and comfortable.
bos estão se voltando para os investimentos no ramo b) Fast and dangerous.
da construção. c) Efficient and plentiful.
b) Na Namíbia, encontra-se o litro da cerveja à venda a d) Uncomfortable and plentiful.
preços baixos nas lojas de beira de estrada. e) Clean and dangerous.
c) Em função da escassez de madeira, os Ovambos
estão construindo casas com garrafas de cerveja 11. (DECEx — 2020) Leia o texto a seguir e responda a
vazias. questão.
d) As casas são construídas próximas umas das outras
no interior de uma muralha circular feita de madeira. Computer says no: Irish vet fails oral English test needed
e) O povo Ovambo tem a tradição de construir casas to stay in Australia
para as crianças utilizando madeira e tijolos.
Louise Kennedy is an Irish veterinarian with degrees
in history and politics – both obtained in English. She
8. (DECEx — 2021) Which option has one word out of
is married to an Australian and has been working in
context?
Australia as an equine vet on a skilled worker visa for
the past two years. As a native English speaker, she
a) shorts – sneakers – swimsuit – cap – T-shirt – skirt. has excellent grammar and a broad vocabulary, but
b) short – tall – good-looking – pretty – heavy – thin. has been unable to convince a machine she can speak
c) friendly – serious – funny – nice – smart – shy. English well enough to stay in Australia.
d) Brazilian – Russian – New Yorker – France – Spanish But she is now scrambling for other visa options after a
– English. computer-based English test – scored by a machine –
e) China – Mexico – Germany – Turkey – India – United essentially handed her a fail in terms of convincing immi-
Kingdom. gration officers she can fluently speak her own language.
Earlier this year, Kennedy decided she would seek per-
9. (DECEx — 2021) In the sentence “Jackson wasn´t manent residency in Australia. She knew she would
really angry, he was only pretending.”, the verb in bold have to sit a mandatory English proficiency test but
means that: was shocked when she got the results. While she pas-
sed all other components of the test including writing
and reading, (...). She got 74 when the government
a) Jackson acted like he was angry.
requires 79. “There’s obviously a flaw in their compu-
b) Jackson will be angry. ter software, when a person with perfect oral fluency
c) Jackson tried not be angry. cannot get enough points,” she said.
d) Jackson wants to be angry. The test providers have categorically denied there is
e) Jackson becomes angry easily. anything wrong with its computer-based test or the
scoring engine trained to analyse candidates’ respon-
10. (DECEx — 2021) Text: ses. “We do not offer a pass or a fail, simply a score
and the immigration department set the bar very high
Rio de Janeiro for people seeking permanent residency”, they say.
Kennedy, who is due to have a baby in October, says
“Rio de Janeiro is Brazil’s heart, its cultural capital she will now have to pursue a bridging visa, while
and emotional nerve-center (…). It’s wise to remember she seeks a more expensive spouse visa so she can
that the romantic sparking lights that glimmer in the remain with her Australian husband.
hillsides illuminate the city’s notorious shanty towns.
Adapted from https://www.theguardian.com/australia-news/2017/
Crime, especially in the tourist-filled Copacabana dis- aug/08/computer-says-no-irish-vet-fails-oral-english-test-
trict, is common. Most visitors are easy targets, if only needed-to-stay-in australia
because they usually lack a tan. Don’t wear expensive
watches or jewelry and carry as little cash as possi- Which one from the highlighted verbs in the text con-
ble, especially when going to the beach. (…) The sub- veys a different verb tense?
way system (Metro) is clean, fast and efficient, but only
goes as far as Botafogo. It does not extend to Copaca- a) has
bana. Buses are plentiful but are uncomfortable and b) handed
can be dangerous. (…) Business visitors should not be c) decided
surprised when meetings start late or executives are d) knew
informally dressed. This relaxed attitude is counter- e) got
balanced by the “carioca’s” quickness and creativity.
“Cafezinhos” (literally little coffees), usually highly sug- Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13.
ared, and mineral water are staple of nearly every busi-
ness meeting in this city. In meetings between men and 12. (DECEx — 2020) Leia o texto a seguir e responda a
women (and between women), kisses on both cheecks questão.
are common. Men shake hands enthusiastically. Cario-
cas are easy going and slow to take offence. (…)” Native English speakers are the world’s worst
communicators
Source: 1998 Business Travel Guide adaptado de Inglês Intrumental
INGLÊS

de Rosângela Munhoz It was just one word in one email, but it caused huge
financial losses for a multinational company. The mes-
Quais destas características, de acordo com o texto, sage, written in English, was sent by a native speaker to
se referem ao transporte público feito pelos ônibus do a colleague for whom English was a second language.
Rio de Janeiro: Unsure of the word, the recipient found two contradictory
meanings in his dictionary. He acted on the wrong one.
401
Months later, senior management investigated why Lima had just been moved from a prison in the mains-
the project had failed, costing hundreds of thousands tream penitential system to a facility run     (1)
of dollars. “It all traced back to this one word,” says the Association for the Protection and Assistance to
Chia Suan Chong, a UK-based communications skills Convicts (APAC) in the town of Itaúna, in Minas Gerais
and intercultural trainer, who didn’t reveal the tricky state. Unlike in the mainstream system, “which steals
word because it is highly industry-specific and pos- your femininity”, as Lima puts it, at the APAC jail she
sibly identifiable. “Things spiralled out of control is allowed to wear her own clothes and have a mirror,
because both parties were thinking the opposite.” make-up and hair dye. But the difference between the
When such misunderstandings happen, it’s usually regimes is far more than skin-deep.
the native speakers who are to blame. Ironically, they The APAC system has been gaining growing recog-
are worse at delivering their message than people who nition as a safer, cheaper and more humane answer
speak English as a second or third language, according to the country’s prison crisis. All APAC prisoners
must have passed through the mainstream system
to Chong. “A lot of native speakers are happy that English
and must show remorse and be willing to follow the
has become the world’s global language. They feel they
strict regime of work and study which is part of the
don’t have to spend time learning another language.”
system’s philosophy. There are no guards or weapons
The non-native speakers, it turns out, speak more and visitors are greeted by an inmate who unlocks the
purposefully and carefully, trying to communicate main door to the small women’s jail.
efficiently with limited, simple language, typical of Inmates are known as recuperandos (recovering peo-
someone speaking a second or third language. Anglo- ple), reflecting the APAC focus     (2) restorative
phones, on the other hand, often talk too fast for others justice and rehabilitation. They must study and work,
to follow, and use jokes, slang, abbreviations and refe- sometimes in collaboration with the local community.
rences specific to their own culture, says Chong. “The If they do not - or if they try to abscond - they risk being
native English speaker is the only one who might not returned to the mainstream system. There have been
feel the need to adapt to the others,” she adds. physical fights but never a murder at an APAC jail.

Adapted from http://www.bbc.com/capital/story/20161028-native- Adapted from https://www.bbc.com/news/world-latin-


english-speakers-are-the-worlds-worst-communicators america-44056946

About the words purposefully, carefully and efficiently Choose the alternative containing the correct words
(paragraph 4) , it is correct to say that to respectively complete gaps (1) and (2).

a) they are adjectives. a) to, in


b) they are nouns. b) in, of
c) they are verbs. c) at, on
d) they are prepositions. d) by, from
e) they are adverbs. e) by, on

13. (DECEx — 2020) According to the text, read the state- 15.
(DECEx — 2019) “     American?” Complete
ments and choose the correct alternative. the space with the correct form of the verb and the
I. The company had a profit of hundreds of thousands pronoun.
of dollars.
II. The tricky word that caused the problem isn’t mentio- a) Are you.
ned in the text. b) You are.
III. Native speakers don’t usually think they should adapt c) Am you.
d) You is.
in order to make themselves understood.
e) Is you.
IV. Using abbreviations in emails facilitates the
communication.
16. (DECEx — 2020) “The President ________ The New
V. Non-native speakers choose language from a limited
York Times everyday.” Complete the space with the
repertoire.
correct forms of the verb.
a) I, II and III are correct.
a) are reading.
b) II, III and IV are correct. b) is read.
c) I, IV and V are correct. c) reads.
d) II, IV and V are correct. d) is reading.
e) II, III and V are correct. e) read.

14. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a Leia o texto a seguir para responder às questões 17 e 18.
questão.
Teaching English in the Brazilian countryside
Prison without guards or weapons in Brazil
“In Brazil, countryside youth want to learn about new
Tatiane Correia de Lima is a 26-year-old mother of places, new cultures and people. However, they think
two who is serving a 12-year sentence in Brazil. The their everyday lives are an obstacle to that, because
South American country has the world’s fourth largest they imagine that country life has nothing to do with
prison population and its jails regularly come under other parts of the world”, says Rafael Fonseca. Rafael
the spotlight for their poor conditions, with chronic teaches English in a language school in a cooperative
overcrowding and gang violence provoking deadly coffee cultivation in Paraguaçu. His learners are the
riots. children of rural workers.
402
Rafael tells us that the objective of the project being (Título omitido propositadamente)
developed in the cooperative is to give the young peo-
ple more opportunities of growth in the countryside, Italian children have been told not to turn up to school
and that includes the ability to communicate with unless they can prove they have been properly vacci-
international buyers. “In the future, our project may nated. The deadline follows months of national debate
help overcome the lack of succession in countryside over compulsory vaccination. The new law came amid a
activities because, nowadays, rural workers’ children surge in measles cases - but Italian officials say vacci-
become lawyers, engineers, teachers, and sometimes nation rates have improved since it was introduced. Chil-
even doctors, but those children very rarely want to dren must receive a range of mandatory immunisations
have a profession related to rural work”, says Rafael. before attending school. They include vaccinations for
“That happens”, he adds, “because their parents unders- chickenpox, polio, measles, mumps and rubella.
tand that life in the countryside can be hard work and they Children up to the age of six years will be excluded
do not want to see their children running the same type from nursery and kindergarten without proof of vac-
of life that they have. Their children also believe that life cination under the new rules. Those aged between six
in the country does not allow them to have contact with and 16 cannot be banned from attending school, but
other parts of the world, meet other people and improve their parents face fines if they do not complete the
cultural bounds. The program intends to show them that mandatory course of immunisations.
by means of a second language they can travel, commu- Italian media report that regional authorities are han-
nicate with new people and learn about new cultures as dling the situation in a number of different ways. In
a means of promoting and selling what they produce in Bologna, the local authority has set letters of suspen-
the country, and that includes receiving visitors in their sion to the parents of some 300 children, and a total
workplace from abroad.” of 5,000 children do not have their vaccine documen-
Rafael’s strategy is to contextualize the English language tation up to date. In other areas there have been no
and keep learners up-to-date with what happens in the reported cases, while still others have been given a
global market. “Integrating relevant topics about country- grace period of a few days beyond the deadline.
side living can be transformative in the classroom. The The new law was passed to raise Italy’s dropping vac-
local regional and cultural aspects are a great source of cination rates from below 80% to the World Health
inspiration and learning not only for the young, but for us Organisation’s 95% target.
all.”
Adapted from https://www.bbc.com/news/world-europe-47536981
Adapted from http://www.cambridge.org/elt/blog/2019/01/21/
teaching-english-in-the-brazilian-classroom/ Choose the most appropriate title for the text.

17. (DECEx — 2019) In the sentence “... our project may a) Italy bans unvaccinated children from school.
help overcome the lack of succession in countryside b) Italian vaccination rates increased to 80% this year.
activities...” (paragraph 2), the word overcome means c) National debate over compulsory vaccination has no
deadline.
a) increase a problem. d) Parents to face fines if they are not immunised in Italy.
b) hide a problem. e) Italy prohibits immunisation campaigns in schools.
c) control a problem.
d) start a problem. 20. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a
e) neglect a problem. questão.

18. (DECEx — 2019) According to the text, read the state- Lego wants to replace plastic blocks with sustainable
ments and choose the correct alternative. materials
I. Rafael tries to show them that their everyday lives are
not an obstacle. The Lego Group wants to replace the plastic in their
II. Those children’s parents don’t want them to attend products with a “sustainable material” by 2030, the
university. company announced.
III. Rafael brings classroom topics close to what the chil- The world’s largest toy company will invest $1 billion
dren see and live. in their new LEGO Sustainable Materials Centre in
IV. Those children may replace their parents in the future Denmark, which will be devoted to finding and imple-
as rural workers. menting new sustainable alternatives for their current
V. The language school reaffirms that country life has building materials. Lego plans on hiring 100 specia-
nothing to do with other parts of the world. lists for the center. There is no official definition of a
sustainable material.
a) I, II and IV are correct. Legos have been made with a strong plastic known as
b) II, IV, and V are correct. acrylonitrile butadiene styrene since 1963. The com-
c) All of them are correct. pany uses more than 6,000 tons of plastic annually to
d) I, III, IV and V are correct. manufacture its products, according to NBC News.
e) I, III and IV are correct. Changing the raw material could have a large effect on
Lego’s carbon footprint, especially considering that
INGLÊS

19. (DECEx — 2019) Leia o texto a seguir e responda a only 10% of the carbon emissions from Lego products
questão. come from its factories. The other 90% is produced
from the extraction and refinement of raw materials,
as well as distribution from factories to toy stores.

403
The company has already taken steps to lower its car-
bon footprint, including a reduction of packaging size
and an investment in an offshore wind farm.

Adapted from http://time.com/3931946/lego-sustainable-


materials/

According to the text, choose the correct statement.

a) A new sustainable material has already been chosen.


b) Lego has already reduced the size of their packaging.
c) Lego is planning to reduce the size of their products.
d) Lego’s raw material will continue to be the same.
e) They are going to hire 100 specialists in 2030.

9 GABARITO

1 D

2 D

3 B

4 E

5 C

6 B

7 C

8 D

9 A

10 D

11 A

12 E

13 E

14 E

15 A

16 C

17 C

18 E

19 A

20 B

ANOTAÇÕES

404

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